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Sem legislar em causa própria
No final do ano passado, o Congresso Nacional aprovou a lei nº 13.254/16, que permite a regularização de recursos fora do Brasil não declarados à Receita Federal. Na mesma ocasião, foi aprovada emenda de minha autoria que proíbe políticos, detentores de cargos públicos e seus parentes até segundo grau de aderirem ao programa. Pautei-me no consagrado princípio constitucional da moralidade na esfera pública -afinal, a moral e a ética inspiram (ou deveriam inspirar) a atuação legislativa do Parlamento. Essa foi uma das lições que aprendi desde cedo pelos exemplos que tive na família. Agora, às vésperas de vencer o prazo de adesão ao programa (31 de outubro), fala-se em mudanças de regras. Numa das principais movimentações, tenta-se acabar com o artigo da lei oriundo de minha emenda, o que permitiria a autoridades públicas e seus parentes repatriar seus recursos. O Solidariedade é um dos partidos que articulam a alteração, indo, inclusive, ao STF (Supremo Tribunal Federal) para questionar o assunto. A ação é totalmente incoerente, já que deputados da legenda votaram a favor da emenda na Câmara. Será que, na época, ninguém percebeu do que se tratava? Ou todos, sem exceção, mudaram de ideia? Tivemos tempo suficiente para debater essa particularidade, inclusive com votações nominais. A emenda foi aprovada na Câmara por 351 votos -apenas 48 contrários. Vale lembrar que o deputado cassado e então presidente da Casa, Eduardo Cunha, foi um dos contra. Diante desses pontos, fica a dúvida: por que alterar algo que acabou de ser analisado, votado por nós deputados e senadores e sancionado pelo governo federal há menos de um ano? O esforço de mudanças nesse ponto da lei é no mínimo estranho. Estaremos legislando em causa própria? Queremos beneficiar aqueles envolvidos em corrupção? Nada mais longe das reais necessidades do Parlamento. Após a cassação de Dilma Rousseff e de Eduardo Cunha, uma pauta positiva é indispensável. O momento pede avanços. Temos inúmeros projetos essenciais para a retomada da economia a serem discutidos. A emenda constitucional do limite dos gastos públicos e a reforma trabalhista são apenas alguns exemplos de propostas que demandarão esforços enormes após as eleições municipais. No entanto, a população vê, pelos jornais, articulações para concessão de outra benesse. E isso menos de 15 dias depois de a Câmara tentar aprovar, na surdina, projeto de lei que anistiava políticos que tivessem cometido caixa dois em campanhas eleitorais passadas. A mudança na lei de repatriação, segundo relatou a coluna "Painel" desta Folha, em 28/9, visa liberar a inclusão de condenados por lavagem e sonegação entre os beneficiários, desde que o valor a ser repatriado não seja o objeto da condenação. Um imóvel fruto de sonegação que resultou em condenação, por exemplo, não poderia ser legalizado. Todavia, se a pessoa tiver uma conta na Suíça, o dinheiro ficaria livre para a proposta -ponto que, segundo especialistas, tende a beneficiar os próprios políticos e seus familiares. Mais uma vez, a Câmara se faz de surda, ignora o anseio da sociedade, o clamor das ruas. Tentar legislar em causa própria é inadmissível. Seja qual for a manobra. Tem-se que tratar de forma desigual os desiguais, e os parlamentares são assim. Precisamos, acima de tudo, dar o exemplo. BRUNO COVAS, deputado federal (PSDB-SP), foi eleito vice-prefeito de São Paulo, pela chapa de João Doria, no último domingo (2) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
opiniao
Sem legislar em causa própriaNo final do ano passado, o Congresso Nacional aprovou a lei nº 13.254/16, que permite a regularização de recursos fora do Brasil não declarados à Receita Federal. Na mesma ocasião, foi aprovada emenda de minha autoria que proíbe políticos, detentores de cargos públicos e seus parentes até segundo grau de aderirem ao programa. Pautei-me no consagrado princípio constitucional da moralidade na esfera pública -afinal, a moral e a ética inspiram (ou deveriam inspirar) a atuação legislativa do Parlamento. Essa foi uma das lições que aprendi desde cedo pelos exemplos que tive na família. Agora, às vésperas de vencer o prazo de adesão ao programa (31 de outubro), fala-se em mudanças de regras. Numa das principais movimentações, tenta-se acabar com o artigo da lei oriundo de minha emenda, o que permitiria a autoridades públicas e seus parentes repatriar seus recursos. O Solidariedade é um dos partidos que articulam a alteração, indo, inclusive, ao STF (Supremo Tribunal Federal) para questionar o assunto. A ação é totalmente incoerente, já que deputados da legenda votaram a favor da emenda na Câmara. Será que, na época, ninguém percebeu do que se tratava? Ou todos, sem exceção, mudaram de ideia? Tivemos tempo suficiente para debater essa particularidade, inclusive com votações nominais. A emenda foi aprovada na Câmara por 351 votos -apenas 48 contrários. Vale lembrar que o deputado cassado e então presidente da Casa, Eduardo Cunha, foi um dos contra. Diante desses pontos, fica a dúvida: por que alterar algo que acabou de ser analisado, votado por nós deputados e senadores e sancionado pelo governo federal há menos de um ano? O esforço de mudanças nesse ponto da lei é no mínimo estranho. Estaremos legislando em causa própria? Queremos beneficiar aqueles envolvidos em corrupção? Nada mais longe das reais necessidades do Parlamento. Após a cassação de Dilma Rousseff e de Eduardo Cunha, uma pauta positiva é indispensável. O momento pede avanços. Temos inúmeros projetos essenciais para a retomada da economia a serem discutidos. A emenda constitucional do limite dos gastos públicos e a reforma trabalhista são apenas alguns exemplos de propostas que demandarão esforços enormes após as eleições municipais. No entanto, a população vê, pelos jornais, articulações para concessão de outra benesse. E isso menos de 15 dias depois de a Câmara tentar aprovar, na surdina, projeto de lei que anistiava políticos que tivessem cometido caixa dois em campanhas eleitorais passadas. A mudança na lei de repatriação, segundo relatou a coluna "Painel" desta Folha, em 28/9, visa liberar a inclusão de condenados por lavagem e sonegação entre os beneficiários, desde que o valor a ser repatriado não seja o objeto da condenação. Um imóvel fruto de sonegação que resultou em condenação, por exemplo, não poderia ser legalizado. Todavia, se a pessoa tiver uma conta na Suíça, o dinheiro ficaria livre para a proposta -ponto que, segundo especialistas, tende a beneficiar os próprios políticos e seus familiares. Mais uma vez, a Câmara se faz de surda, ignora o anseio da sociedade, o clamor das ruas. Tentar legislar em causa própria é inadmissível. Seja qual for a manobra. Tem-se que tratar de forma desigual os desiguais, e os parlamentares são assim. Precisamos, acima de tudo, dar o exemplo. BRUNO COVAS, deputado federal (PSDB-SP), foi eleito vice-prefeito de São Paulo, pela chapa de João Doria, no último domingo (2) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Eleição no Recife terá divisão em aliança de Eduardo Campos
Dois anos após a morte do ex-governador Eduardo Campos, antigos aliados dele vão tentar na eleição em Recife colocar um fim à hegemonia do PSB em Pernambuco. O Estado é governado há quase dez anos pelo partido, que aposta na reeleição do prefeito da capital, Geraldo Julio, afilhado político do ex-presidenciável. Antes de se lançar à Presidência, Campos, no auge da popularidade do governo, conseguiu em 2012 emplacar na prefeitura Geraldo, de perfil técnico e pouco afeito a declarações políticas. Nos bastidores, a leitura governista é que na eleição municipal a figura de Campos, morto em acidente aéreo em meio à campanha eleitoral de 2014, será diluída com a de outros nomes históricos, como o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Na convenção de Geraldo, no último dia 30, estiveram presentes a viúva do ex-presidenciável, Renata, e o filho João, que não discursaram. O prefeito já firmou coligação com 20 partidos. Mas a eleição vai marcar o fim da aliança alinhavada por Campos no Estado com o PSDB e o DEM, em 2014. As duas siglas hoje têm pernambucanos ocupando ministérios do governo interino de Michel Temer (PMDB) –o tucano Bruno Araújo, na pasta das Cidades, e Mendonça Filho (DEM), na Educação. O motivo do rompimento é o lançamento das candidaturas dos deputados federal Daniel Coelho (PSDB) e estadual Priscila Krause (DEM) para a disputa da prefeitura. No campo estadual, o fim da parceria consolida um terceiro polo de poder formado por PSDB e DEM, que deve disputar espaços com a aliança capitaneada pelo PSB e com o bloco PT e PTB. Diante do vácuo de liderança, PT e PTB se uniram e agregaram partidos menores à coligação. O ex-prefeito petista João Paulo, que governou de 2001 a 2008, ficará na cabeça da chapa e a vice será o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB), filho do deputado federal Silvio Costa (PT do B), conhecido pela defesa ferrenha da presidente afastada Dilma Rousseff. O PT pernambucano também foi aliado de Campos até a decisão do PSB de lançá-lo como candidato a presidente, em 2013. Outros três nomes estarão na disputa: o deputado estadual Edilson Silva (PSOL), o empresário Carlos Augusto Costa (PV) e a professora Simone Fontana (PSTU). INVESTIGAÇÃO A Operação Turbulência, deflagrada pela PF em junho para investigar suposto esquema de propina a favor de campanhas do PSB, pode embaralhar as eleições na capital pernambucana. A investigação é um desmembramento da Operação Lava Jato. Os principais opositores adotam por enquanto cautela ao explorar a Turbulência, mas não descartam incluí-la na disputa contra Geraldo Julio. A leitura é que o assunto pode vir à tona à medida que fatos novos apareçam. Na semana passada, o Ministério Público Federal em Pernambuco denunciou 18 suspeitos no caso e citou o envolvimento de Eduardo Campos como "cliente" da suposta organização criminosa. O PSB pernambucano diz apoiar a investigação e sustenta que, ao final, não haverá dúvidas de que a campanha de Campos não cometeu nenhum ato ilícito.
poder
Eleição no Recife terá divisão em aliança de Eduardo CamposDois anos após a morte do ex-governador Eduardo Campos, antigos aliados dele vão tentar na eleição em Recife colocar um fim à hegemonia do PSB em Pernambuco. O Estado é governado há quase dez anos pelo partido, que aposta na reeleição do prefeito da capital, Geraldo Julio, afilhado político do ex-presidenciável. Antes de se lançar à Presidência, Campos, no auge da popularidade do governo, conseguiu em 2012 emplacar na prefeitura Geraldo, de perfil técnico e pouco afeito a declarações políticas. Nos bastidores, a leitura governista é que na eleição municipal a figura de Campos, morto em acidente aéreo em meio à campanha eleitoral de 2014, será diluída com a de outros nomes históricos, como o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Na convenção de Geraldo, no último dia 30, estiveram presentes a viúva do ex-presidenciável, Renata, e o filho João, que não discursaram. O prefeito já firmou coligação com 20 partidos. Mas a eleição vai marcar o fim da aliança alinhavada por Campos no Estado com o PSDB e o DEM, em 2014. As duas siglas hoje têm pernambucanos ocupando ministérios do governo interino de Michel Temer (PMDB) –o tucano Bruno Araújo, na pasta das Cidades, e Mendonça Filho (DEM), na Educação. O motivo do rompimento é o lançamento das candidaturas dos deputados federal Daniel Coelho (PSDB) e estadual Priscila Krause (DEM) para a disputa da prefeitura. No campo estadual, o fim da parceria consolida um terceiro polo de poder formado por PSDB e DEM, que deve disputar espaços com a aliança capitaneada pelo PSB e com o bloco PT e PTB. Diante do vácuo de liderança, PT e PTB se uniram e agregaram partidos menores à coligação. O ex-prefeito petista João Paulo, que governou de 2001 a 2008, ficará na cabeça da chapa e a vice será o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB), filho do deputado federal Silvio Costa (PT do B), conhecido pela defesa ferrenha da presidente afastada Dilma Rousseff. O PT pernambucano também foi aliado de Campos até a decisão do PSB de lançá-lo como candidato a presidente, em 2013. Outros três nomes estarão na disputa: o deputado estadual Edilson Silva (PSOL), o empresário Carlos Augusto Costa (PV) e a professora Simone Fontana (PSTU). INVESTIGAÇÃO A Operação Turbulência, deflagrada pela PF em junho para investigar suposto esquema de propina a favor de campanhas do PSB, pode embaralhar as eleições na capital pernambucana. A investigação é um desmembramento da Operação Lava Jato. Os principais opositores adotam por enquanto cautela ao explorar a Turbulência, mas não descartam incluí-la na disputa contra Geraldo Julio. A leitura é que o assunto pode vir à tona à medida que fatos novos apareçam. Na semana passada, o Ministério Público Federal em Pernambuco denunciou 18 suspeitos no caso e citou o envolvimento de Eduardo Campos como "cliente" da suposta organização criminosa. O PSB pernambucano diz apoiar a investigação e sustenta que, ao final, não haverá dúvidas de que a campanha de Campos não cometeu nenhum ato ilícito.
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Degradado, monumento do Exército no centro de São Paulo será restaurado
Em cima de seu cavalo a 48 metros de altura, Duque de Caxias anda meio esquecido e empoeirado. Imponente, espada na mão, o patrono do Exército brasileiro não é mais o que já foi um dia. Não ele próprio, pois o militar morreu em 1880, mas sua estátua em Campos Elíseos, no centro de São Paulo. Isso pode mudar nos próximos meses se os planos do Exército correrem bem. A ideia é restaurar o monumento em homenagem ao militar, criado por um dos ícones do movimento modernista brasileiro: o artista Victor Brecheret (1894-1955). Posto na praça Princesa Isabel em 1960, cinco anos após a morte do escultor, o monumento está desgastado, sujo e cheio de pichações. No próximo mês, a Fundação Cultural do Exército, responsável pelo patrimônio histórico e cultural da instituição, vai lançar um edital para a restauração da peça. "O monumento a Duque de Caxias é o mais importante do Exército e está degradado. Nós queremos torná-lo um ponto turístico de São Paulo, um lugar para as pessoas visitarem e conhecerem a história", explica Marcos Arbaitman, que assume a presidência da Fundação Cultural do Exército nesta segunda (23). Segundo Arbaitman, executivos da empresa Porto Seguro, que tem uma série de prédios na região, demonstraram interesse em bancar o projeto. Procurada pela reportagem, a empresa não confirmou oficialmente. A restauração não será tão fácil de sair do papel: o monumento é tombado pelas três instâncias do patrimônio histórico nacional (federal, estadual e municipal). Por isso, é necessário a aprovação dos órgãos responsáveis. Por sua vez, a prefeitura afirma que o Conpresp (conselho municipal de patrimônio) já autorizou a reforma. "Para deixar ruim, não precisa de nada. Para reformar, é uma grande burocracia", critica Arbaitman, que no futuro pretende abrir fortes do Exército para visitação. GUERRA E IMBRÓGLIO Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), o Duque de Caxias, foi um dos nomes mais importantes do Exército brasileiro. Lutou contra Portugal, pela Independência, na Revolução Farroupilha e também em guerras contra o Paraguai e a Argentina. Seu monumento no centro da capital tem uma história curiosa, com idas e vindas. Segundo o site "São Paulo Antiga", a ideia da homenagem foi do general Maurício José Cardoso, em 1939. Nos anos 1940, houve um concurso internacional de maquetes para escolher como seria o monumento. O pleito foi vencido por Brecheret. Para custear a obra, ocorreu uma campanha de arrecadação de verba na cidade. Um torneio de futebol entre Corinthians e Palestra Itália (hoje Palmeiras) teve renda revertida para o monumento –o alvinegro sagrou-se campeão da "Taça Duque de Caxias" em dois jogos. Em 1942, a peça foi iniciada pela equipe de Brecheret. No monumento, foi realizado até um jantar com dezenas de autoridades da época. A obra ficou pronta em 1950, mas só uma década depois foi inaugurada na praça.
cotidiano
Degradado, monumento do Exército no centro de São Paulo será restauradoEm cima de seu cavalo a 48 metros de altura, Duque de Caxias anda meio esquecido e empoeirado. Imponente, espada na mão, o patrono do Exército brasileiro não é mais o que já foi um dia. Não ele próprio, pois o militar morreu em 1880, mas sua estátua em Campos Elíseos, no centro de São Paulo. Isso pode mudar nos próximos meses se os planos do Exército correrem bem. A ideia é restaurar o monumento em homenagem ao militar, criado por um dos ícones do movimento modernista brasileiro: o artista Victor Brecheret (1894-1955). Posto na praça Princesa Isabel em 1960, cinco anos após a morte do escultor, o monumento está desgastado, sujo e cheio de pichações. No próximo mês, a Fundação Cultural do Exército, responsável pelo patrimônio histórico e cultural da instituição, vai lançar um edital para a restauração da peça. "O monumento a Duque de Caxias é o mais importante do Exército e está degradado. Nós queremos torná-lo um ponto turístico de São Paulo, um lugar para as pessoas visitarem e conhecerem a história", explica Marcos Arbaitman, que assume a presidência da Fundação Cultural do Exército nesta segunda (23). Segundo Arbaitman, executivos da empresa Porto Seguro, que tem uma série de prédios na região, demonstraram interesse em bancar o projeto. Procurada pela reportagem, a empresa não confirmou oficialmente. A restauração não será tão fácil de sair do papel: o monumento é tombado pelas três instâncias do patrimônio histórico nacional (federal, estadual e municipal). Por isso, é necessário a aprovação dos órgãos responsáveis. Por sua vez, a prefeitura afirma que o Conpresp (conselho municipal de patrimônio) já autorizou a reforma. "Para deixar ruim, não precisa de nada. Para reformar, é uma grande burocracia", critica Arbaitman, que no futuro pretende abrir fortes do Exército para visitação. GUERRA E IMBRÓGLIO Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), o Duque de Caxias, foi um dos nomes mais importantes do Exército brasileiro. Lutou contra Portugal, pela Independência, na Revolução Farroupilha e também em guerras contra o Paraguai e a Argentina. Seu monumento no centro da capital tem uma história curiosa, com idas e vindas. Segundo o site "São Paulo Antiga", a ideia da homenagem foi do general Maurício José Cardoso, em 1939. Nos anos 1940, houve um concurso internacional de maquetes para escolher como seria o monumento. O pleito foi vencido por Brecheret. Para custear a obra, ocorreu uma campanha de arrecadação de verba na cidade. Um torneio de futebol entre Corinthians e Palestra Itália (hoje Palmeiras) teve renda revertida para o monumento –o alvinegro sagrou-se campeão da "Taça Duque de Caxias" em dois jogos. Em 1942, a peça foi iniciada pela equipe de Brecheret. No monumento, foi realizado até um jantar com dezenas de autoridades da época. A obra ficou pronta em 1950, mas só uma década depois foi inaugurada na praça.
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Cabaninhas são opção para brincar no frio e até para assistir à TV
Com a chegada do inverno, fica difícil brincar no quintal ou ao ar livre. É nessa hora que as crianças costumam resgatar uma brincadeira antiga: as cabaninhas. Na sala, no quarto, no corredor... "Quando faz frio, não tem nada para fazer. Então monto minha cabana", diz Lucca Faraj, 10. Mas cabaninha não tem nada a ver com tédio. "É mais legal do que ver TV –se bem que também dá para colocar a televisão lá dentro", comenta Amanda Beatriz da Costa, 9, que costuma construir seu abrigo com paus de madeira e lençóis (veja dicas para montar a sua). Se na sua casa não tem espaço, Willian de Jesus, 9, diz que isso não é problema. Quando era pequeno, o garoto pegava um cobertor e ia brincar no carro. "Ficava com meus amigos contando piada lá dentro. Hoje não faço mais, porque tenho alergia a pó." A menina Ana Clara Luppo, 10, passa por um problema parecido. "Tenho asma, então aguento pouco tempo embaixo das cobertas", conta. Mas ela não dispensa montar um abrigo em casa. "Levo frutas, lanches e até almoço." A brincadeira já rendeu boas histórias: "Uma vez, dormi com meu irmão na cabaninha. Ele acordou para fazer xixi e pediu para eu ir junto, porque tinha medo de ir sozinho. Quando a gente voltou, nossa comida tinha sumido! Até hoje não sabemos o que aconteceu", diz, aos risos. Daiane Alves, 10, também costuma montar sua barraca com o irmão. "Um dia estávamos brincando de lutinha e esbarramos no lençol. Quebramos o ventilador e derrubamos tudo", conta. "Mas tudo bem. No final, foi ele quem arrumou a bagunça." Colaborou JÚLIA BARBON
folhinha
Cabaninhas são opção para brincar no frio e até para assistir à TVCom a chegada do inverno, fica difícil brincar no quintal ou ao ar livre. É nessa hora que as crianças costumam resgatar uma brincadeira antiga: as cabaninhas. Na sala, no quarto, no corredor... "Quando faz frio, não tem nada para fazer. Então monto minha cabana", diz Lucca Faraj, 10. Mas cabaninha não tem nada a ver com tédio. "É mais legal do que ver TV –se bem que também dá para colocar a televisão lá dentro", comenta Amanda Beatriz da Costa, 9, que costuma construir seu abrigo com paus de madeira e lençóis (veja dicas para montar a sua). Se na sua casa não tem espaço, Willian de Jesus, 9, diz que isso não é problema. Quando era pequeno, o garoto pegava um cobertor e ia brincar no carro. "Ficava com meus amigos contando piada lá dentro. Hoje não faço mais, porque tenho alergia a pó." A menina Ana Clara Luppo, 10, passa por um problema parecido. "Tenho asma, então aguento pouco tempo embaixo das cobertas", conta. Mas ela não dispensa montar um abrigo em casa. "Levo frutas, lanches e até almoço." A brincadeira já rendeu boas histórias: "Uma vez, dormi com meu irmão na cabaninha. Ele acordou para fazer xixi e pediu para eu ir junto, porque tinha medo de ir sozinho. Quando a gente voltou, nossa comida tinha sumido! Até hoje não sabemos o que aconteceu", diz, aos risos. Daiane Alves, 10, também costuma montar sua barraca com o irmão. "Um dia estávamos brincando de lutinha e esbarramos no lençol. Quebramos o ventilador e derrubamos tudo", conta. "Mas tudo bem. No final, foi ele quem arrumou a bagunça." Colaborou JÚLIA BARBON
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Para colunista, clima pesado do Brexit traz saudades até da Lava Jato
Semana passada, antes do referendo que definiria a saída ou permanência do Reino Unido da União Europeia resolvi não cumprimentar mais o vizinho que colocou na janela da sua casa um adesivo vermelho com a escrita "Brexit - Vote Out!" –a conclamação a favor da saída. "Brexit" é o neologismo que combina "Britain" e "exit", "Grã Bretanha" e "fora", trocadilho tão irritante para mim quanto "sapatênis" ou "namorido", que desgraçadamente pegaram no Brasil. De volta ao vizinho. A coisa me ofende porque significa que, para ele como para outras dezenas de milhões de britânicos, estrangeiros como eu e minha família não deveriam ter o direito de viver aqui pois, antes de mais nada, o que esteve em jogo neste referendo é a imigração. O mais estranho é que o babaca nem é inglês de verdade –é descendente de indianos. Lembrei de uma coisa que o sociólogo e ensaísta polonês Zygmunt Bauman disse num almoço em sua casa: "quando o ônibus começa a encher, os passageiros que já estão dentro sentem raiva dos que ainda querem subir". A xenofobia europeia é um fenômeno antigo e muito bizarro. Cresce sempre em proporção inversa à presença de imigrantes. Na Inglaterra, quanto menos imigrantes moram numa cidade, mais propensa fica a maioria da população local a apoiar o racista Nigel Farage, líder do partido de ultra direita Ukip. Na Polônia, o tema da imigração domina o debate em eleições nacionais apesar de 97% do país ser branco e católico e raríssimos refugiados quererem se asilar lá. Tem Marine Le Pen soltando a franga na França, Norbert Hofer na Áustria, Nikolaos Michaloliakos na Grécia etc etc. E o que dizer de Trump e sua cruzada contra gays e mexicanos nos Estados Unidos? Nesta complicada encruzilhada da história da humanidade, cada país parece ter o seu Bolsonaro. Nunca, nos 24 anos em que vivo aqui, vi um confronto político tão aberto e acirrado. De um lado, a Londres cosmopolita e liberal –onde 4 em cada 10 habitantes é estrangeiro– e os jovens, que tendem ser mais abertos às diversidades culturais. Do outro lado, o "country side" (interior) conservador e retrógrado e os mais velhos, nostálgicos dos tempos em que viviam no topo de um império que se estendia da Ásia às Américas. A impressão é que o referendo foi mais sintoma do que causa desta cisão profunda e irreparável, eco de outras cisões semelhantes pelo mundo afora. Segundo a ONU, 65 milhões de pessoas vivem hoje como refugiados, o maior número da história. Milhões destes refugiados estão dispostos a sacrificar suas vidas para viver na Europa. Só este ano quase 3.000 deles morreram afogados no Mediterrâneo tentando chegar à Europa. A tensão tende só a aumentar. Começo a sentir saudade da Lava Jato e de debater o impeachment.
serafina
Para colunista, clima pesado do Brexit traz saudades até da Lava JatoSemana passada, antes do referendo que definiria a saída ou permanência do Reino Unido da União Europeia resolvi não cumprimentar mais o vizinho que colocou na janela da sua casa um adesivo vermelho com a escrita "Brexit - Vote Out!" –a conclamação a favor da saída. "Brexit" é o neologismo que combina "Britain" e "exit", "Grã Bretanha" e "fora", trocadilho tão irritante para mim quanto "sapatênis" ou "namorido", que desgraçadamente pegaram no Brasil. De volta ao vizinho. A coisa me ofende porque significa que, para ele como para outras dezenas de milhões de britânicos, estrangeiros como eu e minha família não deveriam ter o direito de viver aqui pois, antes de mais nada, o que esteve em jogo neste referendo é a imigração. O mais estranho é que o babaca nem é inglês de verdade –é descendente de indianos. Lembrei de uma coisa que o sociólogo e ensaísta polonês Zygmunt Bauman disse num almoço em sua casa: "quando o ônibus começa a encher, os passageiros que já estão dentro sentem raiva dos que ainda querem subir". A xenofobia europeia é um fenômeno antigo e muito bizarro. Cresce sempre em proporção inversa à presença de imigrantes. Na Inglaterra, quanto menos imigrantes moram numa cidade, mais propensa fica a maioria da população local a apoiar o racista Nigel Farage, líder do partido de ultra direita Ukip. Na Polônia, o tema da imigração domina o debate em eleições nacionais apesar de 97% do país ser branco e católico e raríssimos refugiados quererem se asilar lá. Tem Marine Le Pen soltando a franga na França, Norbert Hofer na Áustria, Nikolaos Michaloliakos na Grécia etc etc. E o que dizer de Trump e sua cruzada contra gays e mexicanos nos Estados Unidos? Nesta complicada encruzilhada da história da humanidade, cada país parece ter o seu Bolsonaro. Nunca, nos 24 anos em que vivo aqui, vi um confronto político tão aberto e acirrado. De um lado, a Londres cosmopolita e liberal –onde 4 em cada 10 habitantes é estrangeiro– e os jovens, que tendem ser mais abertos às diversidades culturais. Do outro lado, o "country side" (interior) conservador e retrógrado e os mais velhos, nostálgicos dos tempos em que viviam no topo de um império que se estendia da Ásia às Américas. A impressão é que o referendo foi mais sintoma do que causa desta cisão profunda e irreparável, eco de outras cisões semelhantes pelo mundo afora. Segundo a ONU, 65 milhões de pessoas vivem hoje como refugiados, o maior número da história. Milhões destes refugiados estão dispostos a sacrificar suas vidas para viver na Europa. Só este ano quase 3.000 deles morreram afogados no Mediterrâneo tentando chegar à Europa. A tensão tende só a aumentar. Começo a sentir saudade da Lava Jato e de debater o impeachment.
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Leitor diz que Lula errou duplamente ao escolher Dilma como sucessora
Lula errou duplamente ao escolher Dilma Rousseff como candidata à sua sucessão na Presidência da República: na competência e no caráter da postulante. A incompetência está quebrando o país e transformando a vida dos humildes num inferno. Quanto ao caráter, ela está propiciando a mudança mais importante, desde os tempos de Rui Barbosa, para a recuperação moral, ética e institucional do Brasil. Isso por intermédio do juiz Sergio Moro e do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Sua escolha acabou por atirar suas gestões e reputação na lama e nos tribunais. Sérgio R. J. Franco, médico (Bebedouro, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor.online@grupofolha.com.br
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Leitor diz que Lula errou duplamente ao escolher Dilma como sucessoraLula errou duplamente ao escolher Dilma Rousseff como candidata à sua sucessão na Presidência da República: na competência e no caráter da postulante. A incompetência está quebrando o país e transformando a vida dos humildes num inferno. Quanto ao caráter, ela está propiciando a mudança mais importante, desde os tempos de Rui Barbosa, para a recuperação moral, ética e institucional do Brasil. Isso por intermédio do juiz Sergio Moro e do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Sua escolha acabou por atirar suas gestões e reputação na lama e nos tribunais. Sérgio R. J. Franco, médico (Bebedouro, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor.online@grupofolha.com.br
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Vaiado no Maracanãzinho, Luciano Huck atribui reação da torcida à crise no Brasil
MARCEL MERGUIZO ENVIADO ESPECIAL AO RIO O apresentador Luciano Huck, da TV Globo, foi vaiado por parte do ginásio do Maracanãzinho, neste domingo (7), durante a vitória da seleção brasileira masculina de vôlei sobre o México na Olimpíada do Rio. No intervalo entre a derrota no primeiro e a vitória no segundo set, Huck apareceu no telão e foi entrevistado por uma das repórteres da organização responsáveis por animar o público entre os pontos e os sets. Post de Luciano Huck no Instagram Quando começou a falar sobre sua torcida para a seleção, as vaias tomaram conta do Maracanãzinho. Após o jogo, Huck disse que a atual crise pela qual o Brasil passa pode ter sido a causa. "Ginásio é ginásio. Foi uma parte. Acho que tem a ver com a situação que o país passa", disse Huck à Folha. Questionado se seu posicionamento político pode ter influenciado o público, o apresentador concordou. "Pode. Talvez, sim". Huck é amigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à presidência em 2014. Vestindo uma camiseta do Time Brasil, o apresentador da TV Globo foi ao ginásio com os filhos Joaquim e Benício.
esporte
Vaiado no Maracanãzinho, Luciano Huck atribui reação da torcida à crise no Brasil MARCEL MERGUIZO ENVIADO ESPECIAL AO RIO O apresentador Luciano Huck, da TV Globo, foi vaiado por parte do ginásio do Maracanãzinho, neste domingo (7), durante a vitória da seleção brasileira masculina de vôlei sobre o México na Olimpíada do Rio. No intervalo entre a derrota no primeiro e a vitória no segundo set, Huck apareceu no telão e foi entrevistado por uma das repórteres da organização responsáveis por animar o público entre os pontos e os sets. Post de Luciano Huck no Instagram Quando começou a falar sobre sua torcida para a seleção, as vaias tomaram conta do Maracanãzinho. Após o jogo, Huck disse que a atual crise pela qual o Brasil passa pode ter sido a causa. "Ginásio é ginásio. Foi uma parte. Acho que tem a ver com a situação que o país passa", disse Huck à Folha. Questionado se seu posicionamento político pode ter influenciado o público, o apresentador concordou. "Pode. Talvez, sim". Huck é amigo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à presidência em 2014. Vestindo uma camiseta do Time Brasil, o apresentador da TV Globo foi ao ginásio com os filhos Joaquim e Benício.
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Organizada invade CT do Palmeiras; presidente da torcida nega violência
A maior torcida organizada do Palmeiras, a Mancha Alvi Verde, invadiu o centro de treinamento do clube na manhã deste sábado (26). Depois da entrada, reuniram-se com alguns jogadores e com a comissão técnica para discutir a má campanha do time no ano. À tarde, o clube emitiu uma nota de repúdio à ação dos torcedores, na qual afirma que os integrantes da organizada forçaram a entrada no centro de treinamento, e que estudará possíveis atitudes junto da Federação Paulista, da Polícia Militar e do Ministério Público (leia íntegra abaixo). "Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube", diz trecho da nota, que diz que o treinamento foi interrompido no episódio. "Essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão", conclui. À Folha, o presidente da organizada, Nando Nigro, negou que tenha acontecido uma invasão, detalhou a entrada do grupo de cerca de 120 pessoas no CT, e disse que a conversa com os jogadores foi produtiva. "Não foi uma invasão, não agredimos ninguém, não depredamos. Chegamos, os portões estavam abertos, fomos abordados pelos seguranças, que disseram que não poderíamos entrar. Dissemos que o assunto não era com eles, eles entenderam, e então, sem violência alguma, fomos até o campo onde aconteciam os treinos", explica, ressaltando que tudo aconteceu antes do início do treino. "Ficamos cerca de 40 minutos no CT. Nesse tempo, se tivéssemos quebrado ou agredido, teria chegado até um helicóptero da PM. Enquanto eu estiver à frente da torcida, isso de quebrar carro ou bater em jogador não vai acontecer." "Queríamos falar com três jogadores, Zé Roberto, Prass e Robinho, que são os líderes do elenco. Falamos primeiro com o Cuca, que disse que precisaríamos conversar com o gerente de futebol [Cícero Souza], para ver se os jogadores aceitariam o papo. O Cícero conversou com os atletas, e então quase o grupo todo falou conosco: além dos três, Arouca, Egídio, Allione, Cristaldo, o volante Gabriel, Edu Dracena, Lucas", complementa. "Fomos lá para entender o que está acontecendo e pedir para que eles se resolvam. Perguntamos se existe racha no elenco, eles negaram, disseram que não existe isso. É normal que não se tenha afinidade com todo mundo, mas não é possível que um time que há alguns meses ganhou a Copa do Brasil esteja jogando assim. Cobramos empenho, então, que eles se doem. Demos um voto de confiança aos jogadores, dissemos que a torcida está fechada com eles. Como somos uma espécie de fiscal do clube, também somos cobrados por torcedores. Falamos com os jogadores, agora estamos juntos, atrás do mesmo resultado." Na última derrota do time, na quinta-feira, torcedores levaram faixas ao Pacaembu com mensagens de questionamento sobre o dinheiro proveniente do patrocinador e do Avanti, programa de sócio torcedor do clube. Além disso, uma das faixas mostrava a frase "elenco de série B". No começo da semana, outro incidente marcou a crise na equipe alviverde. Depois de perder para o Audax, torcedores picharam a frente do muro do estádio palmeirense. Desde 2013, quando jogadores foram atacados em Buenos Aires, o presidente Paulo Nobre cortou relações com a torcida, e não permite a reunião de membros da organizada com atletas do clube. LEIA A NOTA DO PALMEIRAS NA ÍNTEGRA "A Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público repudiar a ação da Mancha Verde, que invadiu a Academia de Futebol na manhã deste sábado (26). Os integrantes da organizada forçaram a entrada e atrapalharam o último treino da equipe antes da partida diante do Água Santa, válida pela 12ª rodada do Campeonato Paulista 2016. Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube. Diante da prática de se invadir o ambiente de trabalho de profissionais e estatutários na Academia de Futebol, o comando do Palmeiras irá estudar com Federação Paulista de Futebol, Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Ministério Público atitudes para que fatos lamentáveis como os de hoje não voltem a acontecer. Por fim, essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão."
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Organizada invade CT do Palmeiras; presidente da torcida nega violênciaA maior torcida organizada do Palmeiras, a Mancha Alvi Verde, invadiu o centro de treinamento do clube na manhã deste sábado (26). Depois da entrada, reuniram-se com alguns jogadores e com a comissão técnica para discutir a má campanha do time no ano. À tarde, o clube emitiu uma nota de repúdio à ação dos torcedores, na qual afirma que os integrantes da organizada forçaram a entrada no centro de treinamento, e que estudará possíveis atitudes junto da Federação Paulista, da Polícia Militar e do Ministério Público (leia íntegra abaixo). "Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube", diz trecho da nota, que diz que o treinamento foi interrompido no episódio. "Essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão", conclui. À Folha, o presidente da organizada, Nando Nigro, negou que tenha acontecido uma invasão, detalhou a entrada do grupo de cerca de 120 pessoas no CT, e disse que a conversa com os jogadores foi produtiva. "Não foi uma invasão, não agredimos ninguém, não depredamos. Chegamos, os portões estavam abertos, fomos abordados pelos seguranças, que disseram que não poderíamos entrar. Dissemos que o assunto não era com eles, eles entenderam, e então, sem violência alguma, fomos até o campo onde aconteciam os treinos", explica, ressaltando que tudo aconteceu antes do início do treino. "Ficamos cerca de 40 minutos no CT. Nesse tempo, se tivéssemos quebrado ou agredido, teria chegado até um helicóptero da PM. Enquanto eu estiver à frente da torcida, isso de quebrar carro ou bater em jogador não vai acontecer." "Queríamos falar com três jogadores, Zé Roberto, Prass e Robinho, que são os líderes do elenco. Falamos primeiro com o Cuca, que disse que precisaríamos conversar com o gerente de futebol [Cícero Souza], para ver se os jogadores aceitariam o papo. O Cícero conversou com os atletas, e então quase o grupo todo falou conosco: além dos três, Arouca, Egídio, Allione, Cristaldo, o volante Gabriel, Edu Dracena, Lucas", complementa. "Fomos lá para entender o que está acontecendo e pedir para que eles se resolvam. Perguntamos se existe racha no elenco, eles negaram, disseram que não existe isso. É normal que não se tenha afinidade com todo mundo, mas não é possível que um time que há alguns meses ganhou a Copa do Brasil esteja jogando assim. Cobramos empenho, então, que eles se doem. Demos um voto de confiança aos jogadores, dissemos que a torcida está fechada com eles. Como somos uma espécie de fiscal do clube, também somos cobrados por torcedores. Falamos com os jogadores, agora estamos juntos, atrás do mesmo resultado." Na última derrota do time, na quinta-feira, torcedores levaram faixas ao Pacaembu com mensagens de questionamento sobre o dinheiro proveniente do patrocinador e do Avanti, programa de sócio torcedor do clube. Além disso, uma das faixas mostrava a frase "elenco de série B". No começo da semana, outro incidente marcou a crise na equipe alviverde. Depois de perder para o Audax, torcedores picharam a frente do muro do estádio palmeirense. Desde 2013, quando jogadores foram atacados em Buenos Aires, o presidente Paulo Nobre cortou relações com a torcida, e não permite a reunião de membros da organizada com atletas do clube. LEIA A NOTA DO PALMEIRAS NA ÍNTEGRA "A Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público repudiar a ação da Mancha Verde, que invadiu a Academia de Futebol na manhã deste sábado (26). Os integrantes da organizada forçaram a entrada e atrapalharam o último treino da equipe antes da partida diante do Água Santa, válida pela 12ª rodada do Campeonato Paulista 2016. Reiteramos que todo torcedor, organizado ou não, tem total direito de vaiar, cobrar ou reclamar, desde que não aja com violência a pessoas ou patrimônio do clube. Reuniões com elenco e comissão técnica são prerrogativas exclusivas da diretoria de futebol e da presidência do clube. Diante da prática de se invadir o ambiente de trabalho de profissionais e estatutários na Academia de Futebol, o comando do Palmeiras irá estudar com Federação Paulista de Futebol, Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Ministério Público atitudes para que fatos lamentáveis como os de hoje não voltem a acontecer. Por fim, essa gestão, com todos seus erros e acertos, deixa claro que não admite que ninguém venha a ferir a autonomia do clube e jamais se dobrará a qualquer tipo de pressão."
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Presidentes Evo Morales e Nicolás Maduro prestam solidariedade a Lula
Os presidentes Evo Morales e Nicolás Maduro criticaram a 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4), e expressaram solidariedade ao ex-presidente Lula. Em discurso para organizações sociais em Chapare, o boliviano afirmou que a condução coercitiva de Lula foi uma "lição do imperialismo". Para Morales, os Estados Unidos estariam tentando ameaçar os presidentes e ex-presidentes anti-imperialistas da América Latina. "Quero expressar minha solidariedade ao companheiro Lula. Esta manhã detiveram o ex-presidente do Brasil. Nossa saudação revolucionária, a luta segue", disse. Já o venezuelano utilizou sua conta oficial no Twitter para dizer ao brasileiro que "o caminho foi longo e não puderam com você. Desse ataque miserável sairás mais forte, a Venezuela te abraça". Maduro também postou fotos suas ao lado de Lula na rede social. maduro Como parte das ações da nova fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento.
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Presidentes Evo Morales e Nicolás Maduro prestam solidariedade a LulaOs presidentes Evo Morales e Nicolás Maduro criticaram a 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4), e expressaram solidariedade ao ex-presidente Lula. Em discurso para organizações sociais em Chapare, o boliviano afirmou que a condução coercitiva de Lula foi uma "lição do imperialismo". Para Morales, os Estados Unidos estariam tentando ameaçar os presidentes e ex-presidentes anti-imperialistas da América Latina. "Quero expressar minha solidariedade ao companheiro Lula. Esta manhã detiveram o ex-presidente do Brasil. Nossa saudação revolucionária, a luta segue", disse. Já o venezuelano utilizou sua conta oficial no Twitter para dizer ao brasileiro que "o caminho foi longo e não puderam com você. Desse ataque miserável sairás mais forte, a Venezuela te abraça". Maduro também postou fotos suas ao lado de Lula na rede social. maduro Como parte das ações da nova fase da Lava Jato, Lula foi alvo nesta sexta de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo e foi encaminhado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento.
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Projeto de lei dos aeronautas vai beneficiar a aviação no Brasil? Sim
A SEGURANÇA DE VOO NÃO PODE ESPERAR Pilotos e comissários de voo têm a nobre missão de transportar diariamente milhares de vidas em segurança. O que pode acontecer se esses profissionais, responsáveis por operações tão complexas, ultrapassarem suas limitações como seres humanos? Segundo dados da Oaci (Organização Internacional de Aviação Civil), 20% dos acidentes possuem entre suas causas a fadiga dos profissionais. Por incrível que pareça, não existe hoje no Brasil nenhuma regulamentação específica para controlar esse risco. A legislação vigente, quando escrita, não levou em consideração fatores humanos, especialmente aquele que hoje é considerado uma das principais ferramentas na prevenção de acidentes aéreos: controle de fadiga. Melhorar a segurança de voo para toda a sociedade é o objetivo principal da nova Lei do Aeronauta, que está em tramitação no Congresso Nacional. O projeto surgiu da urgente necessidade de se equiparar a defasada regulamentação brasileira às normas já adotadas nos principais mercados da aviação mundial, como Estados Unidos, União Europeia e Austrália. Entre outros pontos, a nova lei flexibiliza –diminuindo ou aumentando em determinadas situações– as jornadas diárias de trabalho de pilotos e comissários. Esse tipo de mudança pode evitar, por exemplo, situações em que o sono torna-se incontrolável para os pilotos durante o voo, o que coloca em risco a segurança de todos. A modernização da legislação, seguindo as recomendações da Oaci, inclui o gerenciamento de risco da fadiga por meio de escalas de trabalhos inteligentes. Ao contrário do que pregam os que são contrários à nova lei, isso pode melhorar muito a produtividade dos profissionais e, consequentemente, reduzir erros que levam a acidentes. Um bom exemplo de como esse sistema pode ter impacto positivo na segurança de voo: o relatório final da investigação sobre o acidente que vitimou o governador Eduardo Campos apontou parâmetros compatíveis com cansaço e sonolência na análise de voz do copiloto. O resultado final do projeto, contudo, vai além da questão da segurança. Irá propiciar melhores negociações das empresas aéreas com as seguradoras, além de uma redução expressiva nas dispensas médicas dos tripulantes. Dessa forma, a nova lei trará ao Brasil as práticas mais modernas de segurança, ao mesmo tempo em que aumentará a competitividade das empresas por meio da diminuição dos custos. Ou seja, ganham as empresas, ganham os trabalhadores e, principalmente, ganha a sociedade. O projeto inclui e regulamenta diferentes segmentos que atualmente ficam à margem da lei, como aviação agrícola, táxi-aéreo, instrutores de voo e serviços aéreos especializados, eliminando distorções e melhorando a vida dos profissionais da área e dos empresários envolvidos. Não à toa, o projeto está totalmente acordado entre trabalhadores e sindicatos patronais desses setores. Depois de passar por dois turnos de votação em comissão no Senado e por mais duas comissões de mérito na Câmara dos Deputados, o PL 8.255/14 já foi debatido à exaustão por trabalhadores, sindicatos, empresas, entidades reguladoras e governo. Sofreu diversas mudanças e amadureceu, tendo hoje quase 100% de artigos acordados entre os interessados. Resta ainda a Comissão de Constituição e Justiça, que vai analisar a constitucionalidade do texto antes de devolvê-lo ao Senado, que dará a provação final antes do envio à sanção presidencial. O Sindicato Nacional dos Aeronautas não enxerga motivos para protelarmos esse passo. O quanto antes esse texto for sancionado, maiores são as chances de evitarmos novas tragédias na aviação brasileira. Estarão salvando vidas aqueles que ajudarem a tramitação célere do projeto. TIAGO ROSA DA SILVA, 35, comandante de linha aérea, é diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Projeto de lei dos aeronautas vai beneficiar a aviação no Brasil? SimA SEGURANÇA DE VOO NÃO PODE ESPERAR Pilotos e comissários de voo têm a nobre missão de transportar diariamente milhares de vidas em segurança. O que pode acontecer se esses profissionais, responsáveis por operações tão complexas, ultrapassarem suas limitações como seres humanos? Segundo dados da Oaci (Organização Internacional de Aviação Civil), 20% dos acidentes possuem entre suas causas a fadiga dos profissionais. Por incrível que pareça, não existe hoje no Brasil nenhuma regulamentação específica para controlar esse risco. A legislação vigente, quando escrita, não levou em consideração fatores humanos, especialmente aquele que hoje é considerado uma das principais ferramentas na prevenção de acidentes aéreos: controle de fadiga. Melhorar a segurança de voo para toda a sociedade é o objetivo principal da nova Lei do Aeronauta, que está em tramitação no Congresso Nacional. O projeto surgiu da urgente necessidade de se equiparar a defasada regulamentação brasileira às normas já adotadas nos principais mercados da aviação mundial, como Estados Unidos, União Europeia e Austrália. Entre outros pontos, a nova lei flexibiliza –diminuindo ou aumentando em determinadas situações– as jornadas diárias de trabalho de pilotos e comissários. Esse tipo de mudança pode evitar, por exemplo, situações em que o sono torna-se incontrolável para os pilotos durante o voo, o que coloca em risco a segurança de todos. A modernização da legislação, seguindo as recomendações da Oaci, inclui o gerenciamento de risco da fadiga por meio de escalas de trabalhos inteligentes. Ao contrário do que pregam os que são contrários à nova lei, isso pode melhorar muito a produtividade dos profissionais e, consequentemente, reduzir erros que levam a acidentes. Um bom exemplo de como esse sistema pode ter impacto positivo na segurança de voo: o relatório final da investigação sobre o acidente que vitimou o governador Eduardo Campos apontou parâmetros compatíveis com cansaço e sonolência na análise de voz do copiloto. O resultado final do projeto, contudo, vai além da questão da segurança. Irá propiciar melhores negociações das empresas aéreas com as seguradoras, além de uma redução expressiva nas dispensas médicas dos tripulantes. Dessa forma, a nova lei trará ao Brasil as práticas mais modernas de segurança, ao mesmo tempo em que aumentará a competitividade das empresas por meio da diminuição dos custos. Ou seja, ganham as empresas, ganham os trabalhadores e, principalmente, ganha a sociedade. O projeto inclui e regulamenta diferentes segmentos que atualmente ficam à margem da lei, como aviação agrícola, táxi-aéreo, instrutores de voo e serviços aéreos especializados, eliminando distorções e melhorando a vida dos profissionais da área e dos empresários envolvidos. Não à toa, o projeto está totalmente acordado entre trabalhadores e sindicatos patronais desses setores. Depois de passar por dois turnos de votação em comissão no Senado e por mais duas comissões de mérito na Câmara dos Deputados, o PL 8.255/14 já foi debatido à exaustão por trabalhadores, sindicatos, empresas, entidades reguladoras e governo. Sofreu diversas mudanças e amadureceu, tendo hoje quase 100% de artigos acordados entre os interessados. Resta ainda a Comissão de Constituição e Justiça, que vai analisar a constitucionalidade do texto antes de devolvê-lo ao Senado, que dará a provação final antes do envio à sanção presidencial. O Sindicato Nacional dos Aeronautas não enxerga motivos para protelarmos esse passo. O quanto antes esse texto for sancionado, maiores são as chances de evitarmos novas tragédias na aviação brasileira. Estarão salvando vidas aqueles que ajudarem a tramitação célere do projeto. TIAGO ROSA DA SILVA, 35, comandante de linha aérea, é diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Submissão
Num futuro não muito distante, a aliança entre grupos políticos moderados e fundamentalistas religiosos obtém expressiva vitória eleitoral. Logo se estabelece, num país de tradições laicas e liberais, o predomínio da repressão, do obscurantismo e do preconceito. Em "Submissão", polêmico livro de Michel Houellebecq recém-traduzido no Brasil, imagina-se o domínio de certa "Fraternidade Muçulmana" sobre o Estado francês. O Brasil por certo não é a França retratada nesse romance, e se o fanatismo de alguns grupos traz perigo à sociedade ocidental, não há sinais de sua atividade em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Brasília. Um espírito crescente de fundamentalismo se manifesta, contudo, em setores da sociedade brasileira –e, como nunca, o Congresso Nacional parece empenhado em refleti-lo, intensificá-lo e instrumentalizá-lo com fins demagógicos e de promoção pessoal. O ativismo legislativo que se iniciou com a gestão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara dos Deputados, e que Renan Calheiros (PMDB-AL) não deixou de seguir no Senado, possui o aspecto louvável de recuperar para o Parlamento um padrão de atuação e de debate por muito tempo sufocado. Essa aparência de progresso institucional se acompanha, porém, dos mais visíveis sintomas de reacionarismo político, prepotência pessoal e intimidação ideológica. Tornou-se rotineiro, nos debates do Congresso, que este ou aquele parlamentar invoque razões bíblicas para decisões que cumpre tratar com racionalidade e informação. Condena-se a união homoafetiva, por exemplo, em nome de preceitos religiosos e de textos –não importa se a Bíblia ou o Corão– que podem muito bem ser obedecidos na esfera privada, mas pouco têm a contribuir para a coexistência entre indivíduos numa sociedade civilizada e plural. Muitas religiões pregam a submissão da mulher ao homem, abominam o divórcio, estabelecem proibições a determinado tipo de alimento, condenam o consumo do álcool, reprovam o onanismo, legislam sobre o vestuário ou o corte de cabelo. Nem por isso se pretende, nas sociedades ocidentais, adaptar o Código Penal a esse tipo de prescrições, dos quais muitos exemplos podem ser encontrados no texto bíblico. Sobretudo, não é função do Estado legislar sobre a vida privada. Ainda assim, num evidente aceno a parcelas crescentes do eleitorado, uma verbiagem religiosa toma conta do Congresso. Nos tempos de Eduardo Cunha, mais do que nunca a bancada evangélica se associa à bancada da bala para impor um modelo de sociedade mais repressivo, mais intolerante, mais preconceituoso do que tem sido a tradição constitucional brasileira. O conservadorismo sem dúvida é forte no Brasil; a pena de morte, a redução da maioridade penal, a rejeição ao aborto e à liberação das drogas têm apoio em larga parcela da população –e diante de tais assuntos, naturalmente, cada pessoa tem o direito de se posicionar como lhe parecer melhor. Mas nossa sociedade também é, felizmente, mais complexa do que pretendem os mais conservadores. A tradição do sincretismo religioso, da liberalidade sexual, do bom humor, da convivência com pessoas vindas de todos os países e das mais diversas culturas, a prática do respeito, da cortesia e do perdão constituem elementos tão cultivados na identidade brasileira quanto o que possa haver –e indiscutivelmente há– de autoritário e violento em nosso cotidiano. O debate entre essas forças contraditórias é constante e, a rigor, interminável. Não combina com o açodamento das decisões que, em campos diversos, têm sido tomadas na Câmara dos Deputados. Seria equivocado criticar seu presidente por ter finalmente posto em votação algo que se arrastava há anos nos labirintos da Casa, como a reforma política. É inegável, entretanto, que Eduardo Cunha atropelou as próprias instâncias institucionais ao impor ideias como a do distritão na pauta de votações. A toque de caixa, questões intrincadas como a do financiamento às campanhas eleitorais sofreram apreciações seguidas, e nada comprova mais a precipitação do processo do que o fato de que, em cerca de 24 horas, inverteram-se os resultados do plenário. Uma espécie de furor sacrossanto, para o qual contribui em grande medida o interesse fisiológico de pressionar o Executivo, alastra-se para o Senado. No susto, acaba-se com a reeleição e se altera a duração dos mandatos políticos. O cidadão assiste a tudo sem sentir que foi consultado. No meio dessa febre decisória, há espaço para que o Legislativo comece a transformar-se numa espécie de picadeiro pseudorreligioso, onde se encenam orações e onde se reprime, com gás pimenta, quem protesta contra leis penais duras e sabidamente ineficazes. Setores políticos moderados se veem quase compelidos a conciliar-se com a virulência ideológica dos que consideram a defesa dos direitos humanos uma complacência diante do crime; dos que consideram a defesa do Estado laico uma agressão contra a fé; dos que consideram a racionalidade ocidental uma forma de subversão, e as conquistas do iluminismo uma espécie de conspiração diabólica. Os inquisidores da irmandade evangélica, os demagogos da bala e da tortura avançam sobre a ordem democrática e sobre a cultura liberal do Estado; que, diante deles, não prevaleça a submissão. editoriais@uol.com.br
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SubmissãoNum futuro não muito distante, a aliança entre grupos políticos moderados e fundamentalistas religiosos obtém expressiva vitória eleitoral. Logo se estabelece, num país de tradições laicas e liberais, o predomínio da repressão, do obscurantismo e do preconceito. Em "Submissão", polêmico livro de Michel Houellebecq recém-traduzido no Brasil, imagina-se o domínio de certa "Fraternidade Muçulmana" sobre o Estado francês. O Brasil por certo não é a França retratada nesse romance, e se o fanatismo de alguns grupos traz perigo à sociedade ocidental, não há sinais de sua atividade em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Brasília. Um espírito crescente de fundamentalismo se manifesta, contudo, em setores da sociedade brasileira –e, como nunca, o Congresso Nacional parece empenhado em refleti-lo, intensificá-lo e instrumentalizá-lo com fins demagógicos e de promoção pessoal. O ativismo legislativo que se iniciou com a gestão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara dos Deputados, e que Renan Calheiros (PMDB-AL) não deixou de seguir no Senado, possui o aspecto louvável de recuperar para o Parlamento um padrão de atuação e de debate por muito tempo sufocado. Essa aparência de progresso institucional se acompanha, porém, dos mais visíveis sintomas de reacionarismo político, prepotência pessoal e intimidação ideológica. Tornou-se rotineiro, nos debates do Congresso, que este ou aquele parlamentar invoque razões bíblicas para decisões que cumpre tratar com racionalidade e informação. Condena-se a união homoafetiva, por exemplo, em nome de preceitos religiosos e de textos –não importa se a Bíblia ou o Corão– que podem muito bem ser obedecidos na esfera privada, mas pouco têm a contribuir para a coexistência entre indivíduos numa sociedade civilizada e plural. Muitas religiões pregam a submissão da mulher ao homem, abominam o divórcio, estabelecem proibições a determinado tipo de alimento, condenam o consumo do álcool, reprovam o onanismo, legislam sobre o vestuário ou o corte de cabelo. Nem por isso se pretende, nas sociedades ocidentais, adaptar o Código Penal a esse tipo de prescrições, dos quais muitos exemplos podem ser encontrados no texto bíblico. Sobretudo, não é função do Estado legislar sobre a vida privada. Ainda assim, num evidente aceno a parcelas crescentes do eleitorado, uma verbiagem religiosa toma conta do Congresso. Nos tempos de Eduardo Cunha, mais do que nunca a bancada evangélica se associa à bancada da bala para impor um modelo de sociedade mais repressivo, mais intolerante, mais preconceituoso do que tem sido a tradição constitucional brasileira. O conservadorismo sem dúvida é forte no Brasil; a pena de morte, a redução da maioridade penal, a rejeição ao aborto e à liberação das drogas têm apoio em larga parcela da população –e diante de tais assuntos, naturalmente, cada pessoa tem o direito de se posicionar como lhe parecer melhor. Mas nossa sociedade também é, felizmente, mais complexa do que pretendem os mais conservadores. A tradição do sincretismo religioso, da liberalidade sexual, do bom humor, da convivência com pessoas vindas de todos os países e das mais diversas culturas, a prática do respeito, da cortesia e do perdão constituem elementos tão cultivados na identidade brasileira quanto o que possa haver –e indiscutivelmente há– de autoritário e violento em nosso cotidiano. O debate entre essas forças contraditórias é constante e, a rigor, interminável. Não combina com o açodamento das decisões que, em campos diversos, têm sido tomadas na Câmara dos Deputados. Seria equivocado criticar seu presidente por ter finalmente posto em votação algo que se arrastava há anos nos labirintos da Casa, como a reforma política. É inegável, entretanto, que Eduardo Cunha atropelou as próprias instâncias institucionais ao impor ideias como a do distritão na pauta de votações. A toque de caixa, questões intrincadas como a do financiamento às campanhas eleitorais sofreram apreciações seguidas, e nada comprova mais a precipitação do processo do que o fato de que, em cerca de 24 horas, inverteram-se os resultados do plenário. Uma espécie de furor sacrossanto, para o qual contribui em grande medida o interesse fisiológico de pressionar o Executivo, alastra-se para o Senado. No susto, acaba-se com a reeleição e se altera a duração dos mandatos políticos. O cidadão assiste a tudo sem sentir que foi consultado. No meio dessa febre decisória, há espaço para que o Legislativo comece a transformar-se numa espécie de picadeiro pseudorreligioso, onde se encenam orações e onde se reprime, com gás pimenta, quem protesta contra leis penais duras e sabidamente ineficazes. Setores políticos moderados se veem quase compelidos a conciliar-se com a virulência ideológica dos que consideram a defesa dos direitos humanos uma complacência diante do crime; dos que consideram a defesa do Estado laico uma agressão contra a fé; dos que consideram a racionalidade ocidental uma forma de subversão, e as conquistas do iluminismo uma espécie de conspiração diabólica. Os inquisidores da irmandade evangélica, os demagogos da bala e da tortura avançam sobre a ordem democrática e sobre a cultura liberal do Estado; que, diante deles, não prevaleça a submissão. editoriais@uol.com.br
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Luiz Roberto Gravina Pladevall: Parada Arriscada
Os setores de saneamento básico e recursos hídricos vêm sofrendo forte impacto diante da crise hídrica que assola o país, em especial a região Sudeste brasileira. Diante dos novos paradigmas advindos dessa condição, governos, sociedade e demais segmentos têm pela frente novos desafios para encontrar soluções para os momentos difíceis. O aumento dos custos operacionais das empresas de saneamento é um dos resultados da escassez de água. Em recente decisão, a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) decidiu conceder um ajuste tarifário de apenas 15,2%, distante dos 22,7% reivindicados pela Sabesp, que alega aumento substancial de custos provocados pela grave crise vivida pelo setor. A decisão da agência tem impactos diretos na saúde financeira da maior empresa de saneamento do país, inibindo os investimentos necessários para, exatamente, enfrentar esta crise e se preparar para as futuras necessidades. Limitar a concessão de reajustes, neste caso, impedirá uma ação mais efetiva da concessionária provocando até paralisações de obras e serviços de planejamento, consultoria e projetos em diversas regiões do Estado. Tudo isso pode comprometer soluções a curto, médio e longo prazos para a crise hídrica enfrentada pela população paulista. Sabemos que as decisões sobre reajustes tarifários têm forte impacto na opinião popular. Aumentar os custos dos serviços públicos para a população é uma medida que pesa diretamente no bolso do contribuinte, alterando o seu humor quanto a futuras decisões políticas. Por outro lado, não podemos nos deixar levar por soluções distantes das reais necessidades, como ocorre com o setor de saneamento básico e recursos hídricos. Sem sombra de dúvidas, os patamares atuais dos reajustes vão trazer prejuízos irreversíveis para os serviços de saneamento e, também, para a engenharia nacional. O panorama futuro do setor é sombrio, postergando a busca de níveis de atendimento em saneamento que realmente proporcionem melhoria na saúde e no bem estar da população. A Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento) defende a continuidade dos investimentos em projetos e consultoria. Além dos benefícios futuros se tornarem mais próximos, não se pode desperdiçar os talentos e a capacidade técnica de seus engenheiros, resultantes de décadas de investimentos. Essas corporações têm atuação essencial na oferta de soluções técnicas para reduzir os graves problemas enfrentados pelo setor. Contando com aproximadamente 1.800 profissionais altamente especializados do setor, as companhias do setor agregam os melhores times de profissionais da área de saneamento e meio ambiente do país. Formados nas melhores instituições nacionais de ensino, desenvolvendo pesquisa e criando soluções inestimáveis para toda engenharia nacional e representando uma força de trabalho com elevado expertise, graças à realização de centenas de projetos no território brasileiro, permanecem atuantes na melhoria dos serviços de infraestrutura do saneamento. Os estados, em especial o governo paulista, não podem esmorecer. Enfrentamos uma crise hídrica jamais vista na história de São Paulo e o remédio, apesar de ser amargo, deve ser adotado mesmo diante de eventuais prejuízos políticos. A hora não é de esmorecer, mas de investir fortemente na revisão do planejamento e na elaboração de projetos de engenharia. LUIZ ROBERTO GRAVINA PLADEVALL é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Luiz Roberto Gravina Pladevall: Parada ArriscadaOs setores de saneamento básico e recursos hídricos vêm sofrendo forte impacto diante da crise hídrica que assola o país, em especial a região Sudeste brasileira. Diante dos novos paradigmas advindos dessa condição, governos, sociedade e demais segmentos têm pela frente novos desafios para encontrar soluções para os momentos difíceis. O aumento dos custos operacionais das empresas de saneamento é um dos resultados da escassez de água. Em recente decisão, a Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) decidiu conceder um ajuste tarifário de apenas 15,2%, distante dos 22,7% reivindicados pela Sabesp, que alega aumento substancial de custos provocados pela grave crise vivida pelo setor. A decisão da agência tem impactos diretos na saúde financeira da maior empresa de saneamento do país, inibindo os investimentos necessários para, exatamente, enfrentar esta crise e se preparar para as futuras necessidades. Limitar a concessão de reajustes, neste caso, impedirá uma ação mais efetiva da concessionária provocando até paralisações de obras e serviços de planejamento, consultoria e projetos em diversas regiões do Estado. Tudo isso pode comprometer soluções a curto, médio e longo prazos para a crise hídrica enfrentada pela população paulista. Sabemos que as decisões sobre reajustes tarifários têm forte impacto na opinião popular. Aumentar os custos dos serviços públicos para a população é uma medida que pesa diretamente no bolso do contribuinte, alterando o seu humor quanto a futuras decisões políticas. Por outro lado, não podemos nos deixar levar por soluções distantes das reais necessidades, como ocorre com o setor de saneamento básico e recursos hídricos. Sem sombra de dúvidas, os patamares atuais dos reajustes vão trazer prejuízos irreversíveis para os serviços de saneamento e, também, para a engenharia nacional. O panorama futuro do setor é sombrio, postergando a busca de níveis de atendimento em saneamento que realmente proporcionem melhoria na saúde e no bem estar da população. A Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento) defende a continuidade dos investimentos em projetos e consultoria. Além dos benefícios futuros se tornarem mais próximos, não se pode desperdiçar os talentos e a capacidade técnica de seus engenheiros, resultantes de décadas de investimentos. Essas corporações têm atuação essencial na oferta de soluções técnicas para reduzir os graves problemas enfrentados pelo setor. Contando com aproximadamente 1.800 profissionais altamente especializados do setor, as companhias do setor agregam os melhores times de profissionais da área de saneamento e meio ambiente do país. Formados nas melhores instituições nacionais de ensino, desenvolvendo pesquisa e criando soluções inestimáveis para toda engenharia nacional e representando uma força de trabalho com elevado expertise, graças à realização de centenas de projetos no território brasileiro, permanecem atuantes na melhoria dos serviços de infraestrutura do saneamento. Os estados, em especial o governo paulista, não podem esmorecer. Enfrentamos uma crise hídrica jamais vista na história de São Paulo e o remédio, apesar de ser amargo, deve ser adotado mesmo diante de eventuais prejuízos políticos. A hora não é de esmorecer, mas de investir fortemente na revisão do planejamento e na elaboração de projetos de engenharia. LUIZ ROBERTO GRAVINA PLADEVALL é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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'Existe um jeito melhor para os negócios operarem', afirma indiano
Com muitas críticas à maneira como as empresas realizam seus negócios atualmente, Raj Sisodia, 57, criou a filosofia do 'capitalismo consciente'. O conceito surgiu de uma pesquisa em MBA em marketing e o termo, do CEO da Whole Foods, John Mackey. A ideia "é uma maneira de fazer negócio sem haver efeitos colaterais negativos", afirma. Autor de diversos livros, ele virá ao Brasil em 20 de agosto para o 1º CEO Summit, onde irá palestrar para 200 empresários e lançar seu novo livro "Empresas Humanizadas". Sisodia já participa de conferências para grandes empresas, como BMW e Google. Ele acredita que esses negócios "descobriram que existe uma maneira mais poderosa de obter sucesso no longo prazo, tanto financeiramente como de outras formas". Leia abaixo trechos da entrevista exclusiva dada à Folha. * O que é o 'capitalismo consciente'? É uma filosofia que contesta a empresa da maneira que ela se constitui atualmente, prezando a maximização dos lucros e o benefício dos acionistas, se baseando em quatro pilares. Primeiro, questionar qual é o impacto do seu negócio no mundo. Você precisa de lucro para sobreviver no mercado, mas deve haver um objetivo além disso. Depois, a ideia de que todas as pessoas envolvidas naquela empresa importam, não apenas os acionistas. É preciso gerar valor para empregados, comunidades, fornecedores, clientes. O terceiro pilar é a liderança consciente, em que líderes devem ser motivados por propósitos e pessoas, não apenas poder e dinheiro. Por último, a consciência cultural, baseada em confiança, transparência e diversão, ao contrário de medo e estresse. Por que o conceito tem chamado a atenção de grandes empresas? As empresas descobriram que existe uma maneira mais poderosa de obter sucesso no longo prazo, tanto financeiramente como de outras formas. Esses negócios passam a ter um impacto positivo não apenas em seus clientes e acionistas, mas na vida das pessoas, no meio ambiente, nas comunidades, etc. É uma maneira de fazer negócio sem haver efeitos colaterais negativos. Quais são esses efeitos colaterais negativos? Eles estão sobretudo no bem estar de funcionários. Em companhias tradicionais, os funcionários são muito estressados e pouco engajados, pois sentem que a empresa não liga para eles. Outro fator é que muitas empresas operam de uma maneira prejudicial para a comunidade e o meio ambiente. Em terceiro lugar, a maioria dos empreendimentos pressionam seus fornecedores para conseguir o que é melhor para a empresa. Por causa disso, muitos desses fornecedores podem acabar saindo do mercado ou param de pagar seus funcionários. Esses são alguns dos efeitos negativos que negócios tradicionais têm na sociedade como um todo. E não precisa ser desse jeito. Que tipo de empresa pode adotar a filosofia? O conceito é aplicável para qualquer tipo de negócio, eu acredito. Pode ser para grandes ou pequenas empresas, negócios privados ou públicos. E vai além dos negócios. Qualquer organização se beneficiaria ao pensar seu papel nesse sentido. É possível ter um governo consciente, uma organização sem fim lucrativo consciente, uma universidade consciente. Esses princípios são bastante universais. Como funcionaria um governo consciente? Um governo consciente seria motivado pelo propósito maior de um governo, o bem estar social. As pessoas que se envolvessem com política seriam motivadas por esse propósito maior, o de servir. Elas não estariam lá por poder ou por ganância. Infelizmente, o que se encontra em muitos lugares é pessoas envolvidas com política pelas razões erradas, porque estão com sede de poder e querem enriquecer. As pessoas do governo precisam ser líderes altruístas. E claro, o governo precisa pensar em todas as partes envolvidas, não apenas a população que vota, mas nas organizações, empresas. Mas um governo não deveria funcionar sempre assim? Deveria. Mas, infelizmente, o que acontece com o tempo é que muitas instituições, muitas organizações perdem de vista o seu propósito. Por exemplo, por que bancos existem? Eles perderam de vista o seu propósito real e focaram a maximização de lucros e ganhar o quanto podiam para atingir níveis cada vez mais altos, sem pensar no papel que possuem na sociedade, que é financiar outras atividades produtivas. Quando se perde de vista o propósito e se pensa apenas no lucro, é quando setores param de funcionar. Eles se tornam muito prejudiciais para a sociedade. Você acha que já existem 'governos conscientes' no Brasil? Não acho que existam muito lugares que apliquem o conceito. E o Brasil tem todo o escândalo da Petrobras acontecendo e tudo mais. O que eu acredito é que, em lugares onde o governo é maior e tem um papel mais importante, ele também pode ser mais corrupto. Há muito poder e ninguém assume a responsabilidade. Em muitos lugares, no mundo todo, isso é um problema. E empresas, você acha que as brasileiras já aplicam a filosofia? Sim, no Brasil acredito que já existam algumas. A organização Capitalismo Consciente Brasil também está espalhando a filosofia. Por exemplo, na última vez que estive no Brasil, me encontrei com a Natura, que me parece seguir muito da filosofia. Não fiz uma pesquisa muito profunda, mas acho que tenha muitas outras. Você tem exemplos de países que apliquem o 'governo consciente' no mundo? Eu acho que a ideia ainda está muito incipiente, mas sei que há um trabalho sendo feito em Cingapura, onde o governo tem operado de uma maneira muito eficaz. Há um interesse nas ideias também na Coreia do Sul. Mas eu diria que não há muitos exemplos de governo, nós não estamos focando isso. Nosso foco prioritário é o setor empresarial. Como você se envolveu com a filosofia? Eu era professor de marketing e fiz muita pesquisa sobre como o setor não funcionava muito bem, especialmente nos EUA, gastando mais dinheiro, mas obtendo resultados ruins. Iniciei, em 2005, um projeto de pesquisa para identificar empresas que gastam menos dinheiro em marketing, mas possuem mais lealdade e confiança dos clientes. A partir daí, descobri um conjunto de companhias onde não apenas os clientes são leais e confiantes, mas também funcionários, fornecedores e toda comunidade. Mas eu também descobri que essas empresas têm um propósito de existir que vai além de fazer dinheiro. Elas são lideradas por diferentes tipos de indivíduos e possuem essa cultura. Observei um padrão relevante de poucas despesas com marketing, baixíssima rotatividade de funcionários, rápido crescimento de comércio e, no longo prazo, um melhor desempenho financeiro. Existe, então, um jeito melhor para os negócios operarem, com mais sucesso no longo prazo, e todos possuíam essas características. Eu não chamava de 'capitalismo consciente' na época, mas comecei a trabalhar com o CEO da Whole Foods, John Mackey, e ele estava usando o termo para descrever essa filosofia. Quais conselhos você dá para uma empresa que deseja aplicar o conceito? Primeiro seria que eles devem encontrar qual seu propósito como um negócio, se perguntar por que existimos, por que precisamos existir e o que aconteceria se desaparecêssemos amanhã. Depois, descobrir como valorizar clientes, fornecedores e funcionários. Os funcionários devem ser a prioridade número um. Se você cuidar das suas pessoas, elas cuidarão do negócio. Por último, precisamos mudar o jeito que pensamos a liderança. É preciso identificar líderes que realmente se importam com as pessoas e não apenas saibam lidar com números. Acho que precisamos mudar a maneira com que identificamos e promovemos líderes. Você acha que a falta de bons líderes é o principal problema das empresas? Sim, eu diria que sim. Porque se não há um líder consciente, não há empresa consciente. Sem o tipo certo de liderança, nós realmente não podemos fazer essa mudança acontecer. Por isso é muito importante ter líderes que são inspiradores. RAIO-X Raj Sisodia Idade 57 Carreira Formado em engenharia, possui MBA em marketing, é professor desde 1985 e autor de oito livros, entre eles "A Regra de Três" e "Capitalismo Consciente" (tradução livre). Lançará um novo livro em outubro, chamado "Empresas humanizadas".
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'Existe um jeito melhor para os negócios operarem', afirma indianoCom muitas críticas à maneira como as empresas realizam seus negócios atualmente, Raj Sisodia, 57, criou a filosofia do 'capitalismo consciente'. O conceito surgiu de uma pesquisa em MBA em marketing e o termo, do CEO da Whole Foods, John Mackey. A ideia "é uma maneira de fazer negócio sem haver efeitos colaterais negativos", afirma. Autor de diversos livros, ele virá ao Brasil em 20 de agosto para o 1º CEO Summit, onde irá palestrar para 200 empresários e lançar seu novo livro "Empresas Humanizadas". Sisodia já participa de conferências para grandes empresas, como BMW e Google. Ele acredita que esses negócios "descobriram que existe uma maneira mais poderosa de obter sucesso no longo prazo, tanto financeiramente como de outras formas". Leia abaixo trechos da entrevista exclusiva dada à Folha. * O que é o 'capitalismo consciente'? É uma filosofia que contesta a empresa da maneira que ela se constitui atualmente, prezando a maximização dos lucros e o benefício dos acionistas, se baseando em quatro pilares. Primeiro, questionar qual é o impacto do seu negócio no mundo. Você precisa de lucro para sobreviver no mercado, mas deve haver um objetivo além disso. Depois, a ideia de que todas as pessoas envolvidas naquela empresa importam, não apenas os acionistas. É preciso gerar valor para empregados, comunidades, fornecedores, clientes. O terceiro pilar é a liderança consciente, em que líderes devem ser motivados por propósitos e pessoas, não apenas poder e dinheiro. Por último, a consciência cultural, baseada em confiança, transparência e diversão, ao contrário de medo e estresse. Por que o conceito tem chamado a atenção de grandes empresas? As empresas descobriram que existe uma maneira mais poderosa de obter sucesso no longo prazo, tanto financeiramente como de outras formas. Esses negócios passam a ter um impacto positivo não apenas em seus clientes e acionistas, mas na vida das pessoas, no meio ambiente, nas comunidades, etc. É uma maneira de fazer negócio sem haver efeitos colaterais negativos. Quais são esses efeitos colaterais negativos? Eles estão sobretudo no bem estar de funcionários. Em companhias tradicionais, os funcionários são muito estressados e pouco engajados, pois sentem que a empresa não liga para eles. Outro fator é que muitas empresas operam de uma maneira prejudicial para a comunidade e o meio ambiente. Em terceiro lugar, a maioria dos empreendimentos pressionam seus fornecedores para conseguir o que é melhor para a empresa. Por causa disso, muitos desses fornecedores podem acabar saindo do mercado ou param de pagar seus funcionários. Esses são alguns dos efeitos negativos que negócios tradicionais têm na sociedade como um todo. E não precisa ser desse jeito. Que tipo de empresa pode adotar a filosofia? O conceito é aplicável para qualquer tipo de negócio, eu acredito. Pode ser para grandes ou pequenas empresas, negócios privados ou públicos. E vai além dos negócios. Qualquer organização se beneficiaria ao pensar seu papel nesse sentido. É possível ter um governo consciente, uma organização sem fim lucrativo consciente, uma universidade consciente. Esses princípios são bastante universais. Como funcionaria um governo consciente? Um governo consciente seria motivado pelo propósito maior de um governo, o bem estar social. As pessoas que se envolvessem com política seriam motivadas por esse propósito maior, o de servir. Elas não estariam lá por poder ou por ganância. Infelizmente, o que se encontra em muitos lugares é pessoas envolvidas com política pelas razões erradas, porque estão com sede de poder e querem enriquecer. As pessoas do governo precisam ser líderes altruístas. E claro, o governo precisa pensar em todas as partes envolvidas, não apenas a população que vota, mas nas organizações, empresas. Mas um governo não deveria funcionar sempre assim? Deveria. Mas, infelizmente, o que acontece com o tempo é que muitas instituições, muitas organizações perdem de vista o seu propósito. Por exemplo, por que bancos existem? Eles perderam de vista o seu propósito real e focaram a maximização de lucros e ganhar o quanto podiam para atingir níveis cada vez mais altos, sem pensar no papel que possuem na sociedade, que é financiar outras atividades produtivas. Quando se perde de vista o propósito e se pensa apenas no lucro, é quando setores param de funcionar. Eles se tornam muito prejudiciais para a sociedade. Você acha que já existem 'governos conscientes' no Brasil? Não acho que existam muito lugares que apliquem o conceito. E o Brasil tem todo o escândalo da Petrobras acontecendo e tudo mais. O que eu acredito é que, em lugares onde o governo é maior e tem um papel mais importante, ele também pode ser mais corrupto. Há muito poder e ninguém assume a responsabilidade. Em muitos lugares, no mundo todo, isso é um problema. E empresas, você acha que as brasileiras já aplicam a filosofia? Sim, no Brasil acredito que já existam algumas. A organização Capitalismo Consciente Brasil também está espalhando a filosofia. Por exemplo, na última vez que estive no Brasil, me encontrei com a Natura, que me parece seguir muito da filosofia. Não fiz uma pesquisa muito profunda, mas acho que tenha muitas outras. Você tem exemplos de países que apliquem o 'governo consciente' no mundo? Eu acho que a ideia ainda está muito incipiente, mas sei que há um trabalho sendo feito em Cingapura, onde o governo tem operado de uma maneira muito eficaz. Há um interesse nas ideias também na Coreia do Sul. Mas eu diria que não há muitos exemplos de governo, nós não estamos focando isso. Nosso foco prioritário é o setor empresarial. Como você se envolveu com a filosofia? Eu era professor de marketing e fiz muita pesquisa sobre como o setor não funcionava muito bem, especialmente nos EUA, gastando mais dinheiro, mas obtendo resultados ruins. Iniciei, em 2005, um projeto de pesquisa para identificar empresas que gastam menos dinheiro em marketing, mas possuem mais lealdade e confiança dos clientes. A partir daí, descobri um conjunto de companhias onde não apenas os clientes são leais e confiantes, mas também funcionários, fornecedores e toda comunidade. Mas eu também descobri que essas empresas têm um propósito de existir que vai além de fazer dinheiro. Elas são lideradas por diferentes tipos de indivíduos e possuem essa cultura. Observei um padrão relevante de poucas despesas com marketing, baixíssima rotatividade de funcionários, rápido crescimento de comércio e, no longo prazo, um melhor desempenho financeiro. Existe, então, um jeito melhor para os negócios operarem, com mais sucesso no longo prazo, e todos possuíam essas características. Eu não chamava de 'capitalismo consciente' na época, mas comecei a trabalhar com o CEO da Whole Foods, John Mackey, e ele estava usando o termo para descrever essa filosofia. Quais conselhos você dá para uma empresa que deseja aplicar o conceito? Primeiro seria que eles devem encontrar qual seu propósito como um negócio, se perguntar por que existimos, por que precisamos existir e o que aconteceria se desaparecêssemos amanhã. Depois, descobrir como valorizar clientes, fornecedores e funcionários. Os funcionários devem ser a prioridade número um. Se você cuidar das suas pessoas, elas cuidarão do negócio. Por último, precisamos mudar o jeito que pensamos a liderança. É preciso identificar líderes que realmente se importam com as pessoas e não apenas saibam lidar com números. Acho que precisamos mudar a maneira com que identificamos e promovemos líderes. Você acha que a falta de bons líderes é o principal problema das empresas? Sim, eu diria que sim. Porque se não há um líder consciente, não há empresa consciente. Sem o tipo certo de liderança, nós realmente não podemos fazer essa mudança acontecer. Por isso é muito importante ter líderes que são inspiradores. RAIO-X Raj Sisodia Idade 57 Carreira Formado em engenharia, possui MBA em marketing, é professor desde 1985 e autor de oito livros, entre eles "A Regra de Três" e "Capitalismo Consciente" (tradução livre). Lançará um novo livro em outubro, chamado "Empresas humanizadas".
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Presidente diz que Muricy fica no São Paulo 'enquanto quiser'
Há uma semana, o técnico Muricy Ramalho teve o futuro discutido dentro do São Paulo e colocou o cargo à disposição da diretoria. O cenário era terrível. O time acabara de perder para o Palmeiras por 3 a 0 e havia completado o quarto clássico no ano sem vitória e sem ter feito gol. Nesta quinta-feira (2), um dia após o São Paulo retornar da Argentina derrotado para o San Lorenzo por 1 a 0 e com a classificação às oitavas de final da Libertadores ainda indefinida, o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, bancou a permanência de Muricy e até elogiou o time. "Muricy é o nosso treinador e vai continuar como técnico enquanto ele quiser. É um grande companheiro. Temos de entender que um ou outro resultado adverso não tira o brilho do trabalho dele ao longo do tempo", disse Aidar, durante o desembarque do São Paulo, em Guarulhos. Dentro do Morumbi, dirigentes e conselheiros afirmam que Aidar não está satisfeito com o trabalho de Muricy. Uma das críticas é a falta de partidas convincentes da equipe neste ano. Publicamente, no entanto, o cartola nega estar insatisfeito e até demonstra apoio ao treinador. Chegou a visitar o elenco tricolor na véspera da estreia na Libertadores, quando afirmou que o São Paulo era favorito. "Não é uma partida que vai fazer a gente tomar uma decisão. Não há menor duvida que Muricy é e continuará treinador do São Paulo", disse Aidar. "Futebol bem jogado, bem treinado. Gostamos muito do Muricy", completou, ao ser questionado se estava satisfeito com o desempenho do time.
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Presidente diz que Muricy fica no São Paulo 'enquanto quiser'Há uma semana, o técnico Muricy Ramalho teve o futuro discutido dentro do São Paulo e colocou o cargo à disposição da diretoria. O cenário era terrível. O time acabara de perder para o Palmeiras por 3 a 0 e havia completado o quarto clássico no ano sem vitória e sem ter feito gol. Nesta quinta-feira (2), um dia após o São Paulo retornar da Argentina derrotado para o San Lorenzo por 1 a 0 e com a classificação às oitavas de final da Libertadores ainda indefinida, o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, bancou a permanência de Muricy e até elogiou o time. "Muricy é o nosso treinador e vai continuar como técnico enquanto ele quiser. É um grande companheiro. Temos de entender que um ou outro resultado adverso não tira o brilho do trabalho dele ao longo do tempo", disse Aidar, durante o desembarque do São Paulo, em Guarulhos. Dentro do Morumbi, dirigentes e conselheiros afirmam que Aidar não está satisfeito com o trabalho de Muricy. Uma das críticas é a falta de partidas convincentes da equipe neste ano. Publicamente, no entanto, o cartola nega estar insatisfeito e até demonstra apoio ao treinador. Chegou a visitar o elenco tricolor na véspera da estreia na Libertadores, quando afirmou que o São Paulo era favorito. "Não é uma partida que vai fazer a gente tomar uma decisão. Não há menor duvida que Muricy é e continuará treinador do São Paulo", disse Aidar. "Futebol bem jogado, bem treinado. Gostamos muito do Muricy", completou, ao ser questionado se estava satisfeito com o desempenho do time.
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Criador da 'pílula do câncer' rebate resultados negativos de estudos
O professor aposentado de química da USP Gilberto Chierice, o "pai" da fosfoetanolamina sintética, que ficou conhecida como "pílula do câncer questionou, em um ofício da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro, os resultados independentes sobre a ação da droga. Os testes fazem parte da investigação patrocinada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e tiveram resultados divulgados nesta semana. Em resumo, eles apontam a segurança dos componentes da fórmula e uma ineficácia em agredir células tumorais in vitro. Outra constatação foi o baixo teor de fosfoetanolamina na cápsula: menos de um terço do total. A resposta de Chierice a essa crítica é a de que a "fosfo" e ácida, "portanto, para ser ingerida, tem que ser neutralizada, o que é feito com sais de cálcio, magnésio e zinco". O aparecimento de outras substâncias -monoetanolamina protonada e fosfobisetanolamina-, segundo o químico, poderiam ser "produto de degradação durante o processo de análise". Curiosamente, uma dessas substâncias "piratas", a monoetanolamina, e somente ela, mostrou razoável efeito antitumoral nos testes. Além de Chierice, Durvanei Augusto Maria também participou da elaboração do documento da Defensoria Pública. Originalmente ele fazia parte do mesmo grupo de trabalho do MCTI que analisa a "pílula do câncer". Segundo ele, um dos problemas dos estudos foi a ordem de grandeza testada, até 100 vezes menor que aquela já usada em outros testes. A comparação com a droga antitumorais clássicas como a cisplatina revelou que a monoetanolamina é 3.000 vezes menos potente, em seu melhor desempenho. O motivo da estridente diferença seria que a fosfoetanolamina, por ser uma molécula já presente no organismo, só "em excesso" poderia ter alguma ação farmacológica observável. Dessa forma, a "fosfo", que é um lipídio, com sua mera presença na membrana celular, influenciaria o funcionamento de diversas moléculas importantes para o funcionamento da célula -inclusive a tumoral. "Não há uma concentração em que ela se torne tóxica. Pode-se dar uma maior dose para conseguir suplantar o metabolismo que a célula já tem." Um dos testes, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, afirma Maria, usou uma formulação de sua autoria que está patenteada no exterior –por isso, diz, solicitou reiteradamente sua exclusão do grupo de trabalho. O ofício foi assinado pelo defensor público federal Daniel de Macedo Alves Pereira, encaminhando nesta terça (22) para a secretária executiva do MCTI Emília Maria Silva Ribeiro Curi, que ainda não avaliou o documento. A discussão tomou fôlego na mesmo dia em que o Senado aprovou o projeto de lei que autoriza produção, importação e uso da fosfoetanolamina, mesmo sem aprovação da Anvisa. Por fim, o ofício da Defensoria Pública da União pede que sejam esclarecidos o dispêndio da ordem de R$ 2 milhões para essa etapa da pesquisa patrocinada pelo MCTI, apresentando os "fatores que determinam gastos e lucro obtido por cada um dos laboratórios envolvidos" e dá um prazo de dez dias para que isso ocorra.
equilibrioesaude
Criador da 'pílula do câncer' rebate resultados negativos de estudosO professor aposentado de química da USP Gilberto Chierice, o "pai" da fosfoetanolamina sintética, que ficou conhecida como "pílula do câncer questionou, em um ofício da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro, os resultados independentes sobre a ação da droga. Os testes fazem parte da investigação patrocinada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e tiveram resultados divulgados nesta semana. Em resumo, eles apontam a segurança dos componentes da fórmula e uma ineficácia em agredir células tumorais in vitro. Outra constatação foi o baixo teor de fosfoetanolamina na cápsula: menos de um terço do total. A resposta de Chierice a essa crítica é a de que a "fosfo" e ácida, "portanto, para ser ingerida, tem que ser neutralizada, o que é feito com sais de cálcio, magnésio e zinco". O aparecimento de outras substâncias -monoetanolamina protonada e fosfobisetanolamina-, segundo o químico, poderiam ser "produto de degradação durante o processo de análise". Curiosamente, uma dessas substâncias "piratas", a monoetanolamina, e somente ela, mostrou razoável efeito antitumoral nos testes. Além de Chierice, Durvanei Augusto Maria também participou da elaboração do documento da Defensoria Pública. Originalmente ele fazia parte do mesmo grupo de trabalho do MCTI que analisa a "pílula do câncer". Segundo ele, um dos problemas dos estudos foi a ordem de grandeza testada, até 100 vezes menor que aquela já usada em outros testes. A comparação com a droga antitumorais clássicas como a cisplatina revelou que a monoetanolamina é 3.000 vezes menos potente, em seu melhor desempenho. O motivo da estridente diferença seria que a fosfoetanolamina, por ser uma molécula já presente no organismo, só "em excesso" poderia ter alguma ação farmacológica observável. Dessa forma, a "fosfo", que é um lipídio, com sua mera presença na membrana celular, influenciaria o funcionamento de diversas moléculas importantes para o funcionamento da célula -inclusive a tumoral. "Não há uma concentração em que ela se torne tóxica. Pode-se dar uma maior dose para conseguir suplantar o metabolismo que a célula já tem." Um dos testes, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, afirma Maria, usou uma formulação de sua autoria que está patenteada no exterior –por isso, diz, solicitou reiteradamente sua exclusão do grupo de trabalho. O ofício foi assinado pelo defensor público federal Daniel de Macedo Alves Pereira, encaminhando nesta terça (22) para a secretária executiva do MCTI Emília Maria Silva Ribeiro Curi, que ainda não avaliou o documento. A discussão tomou fôlego na mesmo dia em que o Senado aprovou o projeto de lei que autoriza produção, importação e uso da fosfoetanolamina, mesmo sem aprovação da Anvisa. Por fim, o ofício da Defensoria Pública da União pede que sejam esclarecidos o dispêndio da ordem de R$ 2 milhões para essa etapa da pesquisa patrocinada pelo MCTI, apresentando os "fatores que determinam gastos e lucro obtido por cada um dos laboratórios envolvidos" e dá um prazo de dez dias para que isso ocorra.
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BDS: liberdade, igualdade e justiça
Os pedidos para que Caetano Veloso e Gilberto Gil cancelem seu show em Israel ecoam cada vez mais fortes. Há alguns dias, os artistas iniciaram sua turnê em Amsterdã, a poucos quilômetros da Corte Internacional de Justiça, em Haia. A coincidência vai além da geografia: há 11 anos a Corte emitiu um parecer considerando o muro construído por Israel na Cisjordânia ocupada como ilegal e ressaltou o dever da comunidade internacional em garantir o cumprimento por Israel de suas obrigações com o direito internacional, não sendo permitido aos Estados aceitar ou colaborar com as violações israelenses. Entretanto, Estados e instituições continuam cooperando ou financiando entidades envolvidas nessas ilegalidades. Diante da inação de governos, tem cabido à sociedade civil internacional –em resposta a amplo chamado da sociedade civil palestina, no exílio inclusive– buscar justiça, igualdade e liberdade por meio de pressão não violenta a Israel em respeito ao direito internacional. Assim, o movimento de Boicotes, Desinvestimento e Sanções (BDS) reivindica, há dez anos, o cumprimento de três obrigações imputadas a Israel: o fim da ocupação dos territórios palestinos e o desmonte do muro; direitos iguais para os palestinos cidadãos de Israel; e o respeito e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos. Em nível comercial, militar e cultural, o BDS cresce e é impactante. Recente relatório da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta queda de 46% dos investimentos internacionais em Israel em 2014, especialmente pelo impacto do BDS no país. Diversas empresas, israelenses e internacionais, ligadas às violações israelenses do direito internacional, têm sofrido o impacto do BDS. A G4S, maior empresa de segurança privada do mundo, também presente no Brasil, provê serviços e equipamentos a prisões israelenses contrariando as Convenções de Genebra, e perdeu seu contrato com o Parlamento Europeu em 2012. No Rio Grande do Sul, o BDS conquistou a suspensão de um acordo entre o governo gaúcho e a israelense Elbit Systems, uma das responsáveis pela construção do muro ilegal na Cisjordânia e produtora de drones utilizados em ataques a Gaza. O movimento também avança cada vez mais em âmbito cultural. A Bienal de São Paulo, por exemplo, desvinculou o financiamento do Consulado de Israel de sua última edição depois de carta de 55 artistas participantes do evento opondo-se ao vínculo. Entre os muitos artistas que já cancelaram shows em Israel estão Lauryn Hill, Roger Waters, Snoop Dogg, Carlos Santana, Coldplay, e Elvis Costello. O crescente impacto do BDS é reconhecido inclusive por opositores do movimento: Shabtai Shavit, ex-chefe do serviço de inteligência israelense, a Mossad, recentemente escreveu que o BDS "tem crescido, e muitos judeus são membros". Em 2014, mais de 300 judeus sobreviventes e descendentes de vítimas do Holocausto lançaram uma nota condenando o massacre a Gaza e pedindo um amplo boicote econômico, acadêmico e cultural a Israel. Evidentemente, o BDS é fundamentalmente antirracista e se opõe a qualquer forma de discriminação e opressão, incluindo o antissemitismo e a islamofobia. O movimento não promove o boicote a indivíduos, mas a instituições conectadas com as políticas ilegais de Israel. Ressaltar a diversidade religiosa dos apoiadores do movimento BDS nem sequer seria necessário, não fosse a desinformação de uns e a desonestidade intelectual de outros que insistem em tentativas frustradas de associar tanto as políticas de um Estado como as críticas a essas políticas a uma ou a outra religião. MAHMOUD NAWAJAA, 29, é coordenador-geral do Comitê Nacional Palestino de BDS - Boicotes, Desinvestimento e Sanções * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
BDS: liberdade, igualdade e justiçaOs pedidos para que Caetano Veloso e Gilberto Gil cancelem seu show em Israel ecoam cada vez mais fortes. Há alguns dias, os artistas iniciaram sua turnê em Amsterdã, a poucos quilômetros da Corte Internacional de Justiça, em Haia. A coincidência vai além da geografia: há 11 anos a Corte emitiu um parecer considerando o muro construído por Israel na Cisjordânia ocupada como ilegal e ressaltou o dever da comunidade internacional em garantir o cumprimento por Israel de suas obrigações com o direito internacional, não sendo permitido aos Estados aceitar ou colaborar com as violações israelenses. Entretanto, Estados e instituições continuam cooperando ou financiando entidades envolvidas nessas ilegalidades. Diante da inação de governos, tem cabido à sociedade civil internacional –em resposta a amplo chamado da sociedade civil palestina, no exílio inclusive– buscar justiça, igualdade e liberdade por meio de pressão não violenta a Israel em respeito ao direito internacional. Assim, o movimento de Boicotes, Desinvestimento e Sanções (BDS) reivindica, há dez anos, o cumprimento de três obrigações imputadas a Israel: o fim da ocupação dos territórios palestinos e o desmonte do muro; direitos iguais para os palestinos cidadãos de Israel; e o respeito e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos. Em nível comercial, militar e cultural, o BDS cresce e é impactante. Recente relatório da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) aponta queda de 46% dos investimentos internacionais em Israel em 2014, especialmente pelo impacto do BDS no país. Diversas empresas, israelenses e internacionais, ligadas às violações israelenses do direito internacional, têm sofrido o impacto do BDS. A G4S, maior empresa de segurança privada do mundo, também presente no Brasil, provê serviços e equipamentos a prisões israelenses contrariando as Convenções de Genebra, e perdeu seu contrato com o Parlamento Europeu em 2012. No Rio Grande do Sul, o BDS conquistou a suspensão de um acordo entre o governo gaúcho e a israelense Elbit Systems, uma das responsáveis pela construção do muro ilegal na Cisjordânia e produtora de drones utilizados em ataques a Gaza. O movimento também avança cada vez mais em âmbito cultural. A Bienal de São Paulo, por exemplo, desvinculou o financiamento do Consulado de Israel de sua última edição depois de carta de 55 artistas participantes do evento opondo-se ao vínculo. Entre os muitos artistas que já cancelaram shows em Israel estão Lauryn Hill, Roger Waters, Snoop Dogg, Carlos Santana, Coldplay, e Elvis Costello. O crescente impacto do BDS é reconhecido inclusive por opositores do movimento: Shabtai Shavit, ex-chefe do serviço de inteligência israelense, a Mossad, recentemente escreveu que o BDS "tem crescido, e muitos judeus são membros". Em 2014, mais de 300 judeus sobreviventes e descendentes de vítimas do Holocausto lançaram uma nota condenando o massacre a Gaza e pedindo um amplo boicote econômico, acadêmico e cultural a Israel. Evidentemente, o BDS é fundamentalmente antirracista e se opõe a qualquer forma de discriminação e opressão, incluindo o antissemitismo e a islamofobia. O movimento não promove o boicote a indivíduos, mas a instituições conectadas com as políticas ilegais de Israel. Ressaltar a diversidade religiosa dos apoiadores do movimento BDS nem sequer seria necessário, não fosse a desinformação de uns e a desonestidade intelectual de outros que insistem em tentativas frustradas de associar tanto as políticas de um Estado como as críticas a essas políticas a uma ou a outra religião. MAHMOUD NAWAJAA, 29, é coordenador-geral do Comitê Nacional Palestino de BDS - Boicotes, Desinvestimento e Sanções * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Bauza diz que Tite na seleção 'parece a melhor opção' e deseja sorte ao técnico
A confirmação de Tite no comando da seleção brasileira movimentou o futebol brasileiro nesta quarta (15), e após o São Paulo derrotar o Vitória era quase certo que o assunto ia entrar em questão. Perguntado sobre a contratação, o técnico Edgardo Bauza deu sua opinião sobre a escolha da CBF. "Escolheram muito bem. Me parece a melhor opção pelo conhecimento que tem do futebol brasileiro", disse o treinador em entrevista coletiva. "Quero desejar sorte a Tite. Que possa trabalhar como fez no Corinthians, que a seleção possa estar no lugar onde tem que estar", completou Bauza. Tite chega à seleção para substituir Dunga, demitido na terça-feira (14), após a eliminação da seleção brasileira na primeira fase da Copa América. HOMENAGEM Ao marcar o primeiro gol do São Paulo na vitória por 2 a 0, Calleri tirou a camisa da equipe e mostrou outra com a foto de seu melhor amigo, morto na semana passada O atacante estava relacionado para o jogo contra o Atlético-PR, no sábado, mas foi informado do acidente de moto, viajou para a Argentina e não entrou em campo. "Foi uma semana muito difícil, perdi uma parte importante de minha vida. Quis jogar para fazer o gol e dedicar a ele. Agradeço ao São Paulo que me deu a chance de voltar à Argentina, e agora é tratar de ganhar tudo o que vier, principalmente a Libertadores". O São Paulo volta a campo no domingo (19) para enfrentar o Flamengo.
esporte
Bauza diz que Tite na seleção 'parece a melhor opção' e deseja sorte ao técnicoA confirmação de Tite no comando da seleção brasileira movimentou o futebol brasileiro nesta quarta (15), e após o São Paulo derrotar o Vitória era quase certo que o assunto ia entrar em questão. Perguntado sobre a contratação, o técnico Edgardo Bauza deu sua opinião sobre a escolha da CBF. "Escolheram muito bem. Me parece a melhor opção pelo conhecimento que tem do futebol brasileiro", disse o treinador em entrevista coletiva. "Quero desejar sorte a Tite. Que possa trabalhar como fez no Corinthians, que a seleção possa estar no lugar onde tem que estar", completou Bauza. Tite chega à seleção para substituir Dunga, demitido na terça-feira (14), após a eliminação da seleção brasileira na primeira fase da Copa América. HOMENAGEM Ao marcar o primeiro gol do São Paulo na vitória por 2 a 0, Calleri tirou a camisa da equipe e mostrou outra com a foto de seu melhor amigo, morto na semana passada O atacante estava relacionado para o jogo contra o Atlético-PR, no sábado, mas foi informado do acidente de moto, viajou para a Argentina e não entrou em campo. "Foi uma semana muito difícil, perdi uma parte importante de minha vida. Quis jogar para fazer o gol e dedicar a ele. Agradeço ao São Paulo que me deu a chance de voltar à Argentina, e agora é tratar de ganhar tudo o que vier, principalmente a Libertadores". O São Paulo volta a campo no domingo (19) para enfrentar o Flamengo.
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Depois de largar vício em cocaína, ex-Internética da Band lança livro
De biquíni azul clarinho, Marina Filizola anda pela praia, molha os pés na água e os homens começam a gritar pelo salva-vidas. Quando vê que o salvador é Paulo Zulu, ela finge um desmaio –e a cena termina com o modelo sem fôlego de tanto fazer respiração boca a boca. "Beijei muito aquele homem!", ela ri. A cena se passa em um comercial de sandálias. Marina foi modelo de propagandas como essa, trapezista, atriz em minissérie da TV Globo, musa de programa da Band, atleta de sucesso, participante de reality show –e hoje é escritora. Mas, vinda de uma família rica –conhecida por fabricar as balanças Filizola–, perdeu o equilíbrio. Nas várias profissões, uma acompanhante estava sempre ali: a cocaína, que, diz a autora, quase a levou à destruição. A história dessa dependência, da qual está livre desde 2012, aparece misturada a uma dose de ficção nos textos de"Leite em Pó - Crônicas de um Vício", livro de estreia de Marina, 35. As drogas chegaram cedo, aos 15, como um jeito de fazer amigos. "Usei socialmente, muito bem, obrigado. Mas a progressão da doença te leva ao isolamento, é a doença da autodestruição", diz Marina. VERBORRAGIA Esta é uma história que a escritora conta feito uma metralhadora: palavra atrás de palavra, seguida de palavra. O mesmo tom verborrágico está nas crônicas do seu livro. São textos que passeiam pelo submundo, pelas festas regadas a pó –mas também pela maternidade, daí o título do livro. A obra traz um lado de ser mãe politicamente incorreto –uma narradora que ama o filho, mas odeia a maternidade. Na vida real, junto aos Narcóticos Anônimos, Marina passou a frequentar as oficinas literárias de Marcelino Freire, seu padrinho na escrita. Durante sua recuperação, ela engravidou de Logan, hoje com dois anos. Ralou escrevendo quase quatro anos "em busca da própria voz". Encontrou-a quando Marcelino, em um exercício, lhe pediu para escrever "um texto proibido para os fiscais da alfândega". "Quando ela percebe que a literatura é esse jogo livre, ali aparece a voz da Marina. Um escritor inaugura um olhar para as coisas. E ela faz isso com muita graça e contundência", afirma Marcelino. TRAPÉZIO Graça e contundência ela não aplicou só à literatura. Caçula de quatro, foi a primeira a sair de casa, aos 17 anos. Já trabalhava como modelo, após ser abordada na porta da escola. Por jogar handebol, era a queridinha dos comerciais de tênis esportivos e isotônicos. Com Marina era tudo ao mesmo tempo. Depois do handebol, se jogou no circo –literalmente, porque era trapezista aérea. Gostava de estar nas alturas, brigando com limites. Na mesma época, encarnou a Internética no programa "O+", da Band. Era uma moça que ficava de calcinha e sutiã em uma gaiola de vidro, para fazer adolescentes babarem. "Comprei meu apartamento, meu carro. Ganhava um salário altíssimo para ficar numa casa de vidro com a bunda para cima!", diz Marina. Também trabalhou como atriz. Chegou a dançar no "cabaré" de Vera Fischer na série "Amazônia", na Globo –dividia o camarim com uma atriz do canal que também tinha intimidade com a droga. Marina diz ter achado televisão um mundo de muita vaidade. Foi fazer canoagem havaiana –e foi cinco vezes campeã brasileira da modalidade. "Não tinha antidopping no Brasil", diz. O pó e o sucesso pareciam estar lado a lado. Até que o caldo entornou. Passou a se drogar com mais intensidade, a isolar-se, a mentir para a família – a ir comprar sua droga chorando por não conseguir se conter. No fim, ela conta, mesmo os traficantes a evitavam. Não queriam menina de posses levantando suspeita na boca de fumo. Um momento marcante foi quando seu cachorro passou a não comer –e a dona ouviu de um veterinário que ele a estava imitando. Hoje, Marina fica com os olhos marejados ao contar essa história. Livre do vício há três anos e meio –também não bebe álcool nem café–, ela acha que loucura mesmo é a lucidez. "A real loucura é ficar sóbrio e aguentar tudo. É terminar o dia sem abrir uma cerveja e um papelote. Agora sim eu estou bem louca, muito mais louca do que quando eu achava que era louca". * LEIA TRECHO DE 'LEITE EM PÓ' "Juntei na balança 500 gramas de efedrina lidocaína cafeína e benzocaína (...). Tudo bem fresquinho, na temperatura perfeita. Juntei com o meio quilo de porcaria que tinha chegado em nossas mãos, e, em poucos segundos, virou quase um quilo venenoso da pior das piores drogas que o mercado poderia ter. Salpiquei a mistura final com remédio para matar vermes e baratas, que destruía de verdade com os usuários, deixava eles de olho vidrado, como ratos dopados andando de um lado para o outro, suando, cheio de tiques e com uma tremedeira do além, completamente paranoicos."
ilustrada
Depois de largar vício em cocaína, ex-Internética da Band lança livroDe biquíni azul clarinho, Marina Filizola anda pela praia, molha os pés na água e os homens começam a gritar pelo salva-vidas. Quando vê que o salvador é Paulo Zulu, ela finge um desmaio –e a cena termina com o modelo sem fôlego de tanto fazer respiração boca a boca. "Beijei muito aquele homem!", ela ri. A cena se passa em um comercial de sandálias. Marina foi modelo de propagandas como essa, trapezista, atriz em minissérie da TV Globo, musa de programa da Band, atleta de sucesso, participante de reality show –e hoje é escritora. Mas, vinda de uma família rica –conhecida por fabricar as balanças Filizola–, perdeu o equilíbrio. Nas várias profissões, uma acompanhante estava sempre ali: a cocaína, que, diz a autora, quase a levou à destruição. A história dessa dependência, da qual está livre desde 2012, aparece misturada a uma dose de ficção nos textos de"Leite em Pó - Crônicas de um Vício", livro de estreia de Marina, 35. As drogas chegaram cedo, aos 15, como um jeito de fazer amigos. "Usei socialmente, muito bem, obrigado. Mas a progressão da doença te leva ao isolamento, é a doença da autodestruição", diz Marina. VERBORRAGIA Esta é uma história que a escritora conta feito uma metralhadora: palavra atrás de palavra, seguida de palavra. O mesmo tom verborrágico está nas crônicas do seu livro. São textos que passeiam pelo submundo, pelas festas regadas a pó –mas também pela maternidade, daí o título do livro. A obra traz um lado de ser mãe politicamente incorreto –uma narradora que ama o filho, mas odeia a maternidade. Na vida real, junto aos Narcóticos Anônimos, Marina passou a frequentar as oficinas literárias de Marcelino Freire, seu padrinho na escrita. Durante sua recuperação, ela engravidou de Logan, hoje com dois anos. Ralou escrevendo quase quatro anos "em busca da própria voz". Encontrou-a quando Marcelino, em um exercício, lhe pediu para escrever "um texto proibido para os fiscais da alfândega". "Quando ela percebe que a literatura é esse jogo livre, ali aparece a voz da Marina. Um escritor inaugura um olhar para as coisas. E ela faz isso com muita graça e contundência", afirma Marcelino. TRAPÉZIO Graça e contundência ela não aplicou só à literatura. Caçula de quatro, foi a primeira a sair de casa, aos 17 anos. Já trabalhava como modelo, após ser abordada na porta da escola. Por jogar handebol, era a queridinha dos comerciais de tênis esportivos e isotônicos. Com Marina era tudo ao mesmo tempo. Depois do handebol, se jogou no circo –literalmente, porque era trapezista aérea. Gostava de estar nas alturas, brigando com limites. Na mesma época, encarnou a Internética no programa "O+", da Band. Era uma moça que ficava de calcinha e sutiã em uma gaiola de vidro, para fazer adolescentes babarem. "Comprei meu apartamento, meu carro. Ganhava um salário altíssimo para ficar numa casa de vidro com a bunda para cima!", diz Marina. Também trabalhou como atriz. Chegou a dançar no "cabaré" de Vera Fischer na série "Amazônia", na Globo –dividia o camarim com uma atriz do canal que também tinha intimidade com a droga. Marina diz ter achado televisão um mundo de muita vaidade. Foi fazer canoagem havaiana –e foi cinco vezes campeã brasileira da modalidade. "Não tinha antidopping no Brasil", diz. O pó e o sucesso pareciam estar lado a lado. Até que o caldo entornou. Passou a se drogar com mais intensidade, a isolar-se, a mentir para a família – a ir comprar sua droga chorando por não conseguir se conter. No fim, ela conta, mesmo os traficantes a evitavam. Não queriam menina de posses levantando suspeita na boca de fumo. Um momento marcante foi quando seu cachorro passou a não comer –e a dona ouviu de um veterinário que ele a estava imitando. Hoje, Marina fica com os olhos marejados ao contar essa história. Livre do vício há três anos e meio –também não bebe álcool nem café–, ela acha que loucura mesmo é a lucidez. "A real loucura é ficar sóbrio e aguentar tudo. É terminar o dia sem abrir uma cerveja e um papelote. Agora sim eu estou bem louca, muito mais louca do que quando eu achava que era louca". * LEIA TRECHO DE 'LEITE EM PÓ' "Juntei na balança 500 gramas de efedrina lidocaína cafeína e benzocaína (...). Tudo bem fresquinho, na temperatura perfeita. Juntei com o meio quilo de porcaria que tinha chegado em nossas mãos, e, em poucos segundos, virou quase um quilo venenoso da pior das piores drogas que o mercado poderia ter. Salpiquei a mistura final com remédio para matar vermes e baratas, que destruía de verdade com os usuários, deixava eles de olho vidrado, como ratos dopados andando de um lado para o outro, suando, cheio de tiques e com uma tremedeira do além, completamente paranoicos."
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Especial de Dia do Índio traz 12 livros para crianças com temas indígenas
Desde o último semestre, a "Folhinha" recebeu quase 40 livros sobre índios. Por que estão surgindo tantas obras com esse tema? Para que os povos indígenas não sejam lembrados só no Dia do Índio (19), uma lei de 2008 obriga o ensino da história e da cultura indígenas nas escolas. Isso fez com que diversas editoras publicassem materiais sobre o assunto. No ano passado, o governo lançou um edital (uma espécie de concurso) para selecionar livros e distribuí-los para as escolas do país. Ainda não saiu o resultado, mas muitos já estão chegando às prateleiras. Em edição especial para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil (18) e o Dia do Índio, selecionamos 12 destaques na seção Ciranda do Livro (abaixo, veja também mapa com povos retratados nas obras). * 1. DE PAI PRA FILHO Em nove histórias curtinhas, Cláudio e Orlando Villas Bôas narram o que ouviram dos índios em "Histórias do Xingu" (Companhia das Letrinhas; R$ 34,50). As narrativas se desenrolam tal qual conversa entre pai e filho, avô e neto. As ilustrações são de Rosinha. 2. SOM DE ÍNDIO Em "A Floresta Canta! Uma Expedição Sonora por Terras Indígenas do Brasil" (Peirópolis, R$ 44), Magda Pucci e Berenice Almeida mostram os instrumentos e sons de povos como o iudjá, cambeba e xavante. Sabia que o paiter-suruí, lá de Rondônia, é conhecido como povo cantor? 3. LEMBRANÇAS DA TRIBO "Tempo de Aldeia "? Fios de Memórias em Terras Indígenas" (Escrita Fina; R$ 19,90) é um diário de lembranças escrito por Edith Lacerda. Ela trabalhou como professora por quase quatro anos numa aldeia do povo uaimiri-atroari, localizada entre Amazonas e Roraima. 4. PELA HISTÓRIA Em "Uma Amizade (Im)possível "? As Aventuras de Pedro e Aukê no Brasil Colonial" (Companhia das Letrinhas; R$ 34), o menino Pedro e o indiozinho Aukê se encontram no século 16. Em parceria com o cartunista Spacca, Lilia Moritz Schwarcz traz uma aventura pela história. 5. NETO DA LUA Pajé é aqueles que conhece os poderes das árvores e das plantas. Em "Estrela Kaingáng - A Lenda do Primeiro Pajé" (Biruta; lançamento previsto para o segundo semestre de 2015), a escritora indígena Vãngri Kaingáng narra como a avó Lua ensinou a Kãká os saberes da floresta. 6. TRADIÇÃO Vovó sabe de tudo. O escritor Daniel Munduruku traz a tradição indígena de ouvir os mais velhos em "Foi Vovó que Disse" (ed. Edelbra; R$ 29,50). O pequeno Kaxiborempô, um menino mundurucu, aprendeu com a avó a respeitar o chão em que pisa e a ouvir o silêncio da floresta. 7. DE FAMÍLIA Imagine ter uma avó amiga de diferentes povos indígenas? Em "Olívia e os Índios" (Scipione; R$ 35), a antropóloga Betty Mindlin inventa uma história que leva uma menina da cidade, que é sua neta, para viver uma experiência na aldeia, em plena mata. 8. MENINOS E HOMENS Na obra, o menino Guayarê espera pelo ritual Wakaripé, quando meninos viram homens. Escrito e ilustrado por Yaguarê Yamã, o livro "Guayarê" (Biruta; lançamento previsto para o segundo semestre de 2015) traz a história do povo maraguá, que vive no Amazonas. 9. NA "FOLHINHA" "Contos dos Curumins Guaranis" (FTD; R$ 36,90) traz histórias escritas por dois adolescentes guaranis, Jeguaká Mirim e Tupã Mirin. Eles começaram a escrever ainda crianças, com o incentivo do pai. Algumas histórias desse livro foram primeiramente publicadas na "Folhinha". 10. TODAS AS ONÇAS Nove contos inspirados na tradição oral do povo bororo estão no livro "Preta, Parda e Pintada" (Berlendis & Vertecchia Editores; R$ 44), com texto de Helena Gomes. A onça, que pode ser preta, parda ou pintada, é personagem de destaque das histórias. 11. LIÇÕES DE VIDA Caioby é um menino tupinambá que come peixe com mingau, sabe fazer maracá e aprende a caçar com o pai. No "Um Dia na Vida de um Curumim" (Publifolhinha; R$ 27), Lidia Chaib apresenta esse povo, que existia aos milhares quando os portugueses chegaram ao Brasil. 12. ORIGEM DE TUDO Na Primeira Terra, besouro falava em silêncio e inhambu imitava as cores do mato. Em "Os Sete Bichos da Primeira Terra e Suas Sombras" (Publifolhinha; R$ 27), a poeta Josely Vianna Baptista reconta com pura poesia um mito guarani sobre a origem do mundo.
folhinha
Especial de Dia do Índio traz 12 livros para crianças com temas indígenasDesde o último semestre, a "Folhinha" recebeu quase 40 livros sobre índios. Por que estão surgindo tantas obras com esse tema? Para que os povos indígenas não sejam lembrados só no Dia do Índio (19), uma lei de 2008 obriga o ensino da história e da cultura indígenas nas escolas. Isso fez com que diversas editoras publicassem materiais sobre o assunto. No ano passado, o governo lançou um edital (uma espécie de concurso) para selecionar livros e distribuí-los para as escolas do país. Ainda não saiu o resultado, mas muitos já estão chegando às prateleiras. Em edição especial para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil (18) e o Dia do Índio, selecionamos 12 destaques na seção Ciranda do Livro (abaixo, veja também mapa com povos retratados nas obras). * 1. DE PAI PRA FILHO Em nove histórias curtinhas, Cláudio e Orlando Villas Bôas narram o que ouviram dos índios em "Histórias do Xingu" (Companhia das Letrinhas; R$ 34,50). As narrativas se desenrolam tal qual conversa entre pai e filho, avô e neto. As ilustrações são de Rosinha. 2. SOM DE ÍNDIO Em "A Floresta Canta! Uma Expedição Sonora por Terras Indígenas do Brasil" (Peirópolis, R$ 44), Magda Pucci e Berenice Almeida mostram os instrumentos e sons de povos como o iudjá, cambeba e xavante. Sabia que o paiter-suruí, lá de Rondônia, é conhecido como povo cantor? 3. LEMBRANÇAS DA TRIBO "Tempo de Aldeia "? Fios de Memórias em Terras Indígenas" (Escrita Fina; R$ 19,90) é um diário de lembranças escrito por Edith Lacerda. Ela trabalhou como professora por quase quatro anos numa aldeia do povo uaimiri-atroari, localizada entre Amazonas e Roraima. 4. PELA HISTÓRIA Em "Uma Amizade (Im)possível "? As Aventuras de Pedro e Aukê no Brasil Colonial" (Companhia das Letrinhas; R$ 34), o menino Pedro e o indiozinho Aukê se encontram no século 16. Em parceria com o cartunista Spacca, Lilia Moritz Schwarcz traz uma aventura pela história. 5. NETO DA LUA Pajé é aqueles que conhece os poderes das árvores e das plantas. Em "Estrela Kaingáng - A Lenda do Primeiro Pajé" (Biruta; lançamento previsto para o segundo semestre de 2015), a escritora indígena Vãngri Kaingáng narra como a avó Lua ensinou a Kãká os saberes da floresta. 6. TRADIÇÃO Vovó sabe de tudo. O escritor Daniel Munduruku traz a tradição indígena de ouvir os mais velhos em "Foi Vovó que Disse" (ed. Edelbra; R$ 29,50). O pequeno Kaxiborempô, um menino mundurucu, aprendeu com a avó a respeitar o chão em que pisa e a ouvir o silêncio da floresta. 7. DE FAMÍLIA Imagine ter uma avó amiga de diferentes povos indígenas? Em "Olívia e os Índios" (Scipione; R$ 35), a antropóloga Betty Mindlin inventa uma história que leva uma menina da cidade, que é sua neta, para viver uma experiência na aldeia, em plena mata. 8. MENINOS E HOMENS Na obra, o menino Guayarê espera pelo ritual Wakaripé, quando meninos viram homens. Escrito e ilustrado por Yaguarê Yamã, o livro "Guayarê" (Biruta; lançamento previsto para o segundo semestre de 2015) traz a história do povo maraguá, que vive no Amazonas. 9. NA "FOLHINHA" "Contos dos Curumins Guaranis" (FTD; R$ 36,90) traz histórias escritas por dois adolescentes guaranis, Jeguaká Mirim e Tupã Mirin. Eles começaram a escrever ainda crianças, com o incentivo do pai. Algumas histórias desse livro foram primeiramente publicadas na "Folhinha". 10. TODAS AS ONÇAS Nove contos inspirados na tradição oral do povo bororo estão no livro "Preta, Parda e Pintada" (Berlendis & Vertecchia Editores; R$ 44), com texto de Helena Gomes. A onça, que pode ser preta, parda ou pintada, é personagem de destaque das histórias. 11. LIÇÕES DE VIDA Caioby é um menino tupinambá que come peixe com mingau, sabe fazer maracá e aprende a caçar com o pai. No "Um Dia na Vida de um Curumim" (Publifolhinha; R$ 27), Lidia Chaib apresenta esse povo, que existia aos milhares quando os portugueses chegaram ao Brasil. 12. ORIGEM DE TUDO Na Primeira Terra, besouro falava em silêncio e inhambu imitava as cores do mato. Em "Os Sete Bichos da Primeira Terra e Suas Sombras" (Publifolhinha; R$ 27), a poeta Josely Vianna Baptista reconta com pura poesia um mito guarani sobre a origem do mundo.
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Aplicativos indispensáveis para quem vai viajar em 2016
Recentemente, apaguei dúzias de aplicativos de viagem do meu iPhone. Muitos são legais. Mas viajar tem mais a ver com explorar o mundo do que uma tela, então só mantive os que uso com mais frequência. Abaixo estão alguns que mereceram um lugar especial no meu smartphone na entrada de 2016. * O app francês é como um sonho para os "flâneurs" que adoram vagar sem um mapa e, mais tarde, querem saber por onde andaram. Antes de partir, clique em "tracker" e "start"; quando voltar ao hotel, horas mais tarde, você terá um mapa detalhado de onde esteve. Quanto: grátis A série de aplicativos disponibiliza frases e vocabulário básico –"obrigado", "quanto custa?", "mesa para dois, por favor"– na ponta dos dedos. Cada frase em inglês, no meu caso, é mostrada em idiomas estrangeiros. E, melhor, ao selecionar uma frase, o aplicativo a diz em voz alta, para que você aprenda a pronunciar. Quanto: grátis para as categorias básicas; US$ 4,99 para categorias adicionais, como "direção" e "excursões". Você pode estudar idiomas enquanto viaja –ou aguarda na fila do mercado– com esse aplicativo, que transforma o aprendizado em um questões de múltipla escolha, jogos de combinação de palavras e desafios de tradução. Os cursos estão disponíveis em idiomas que incluem espanhol, francês, italiano e alemão. Quanto: grátis Um dos mais novos aplicativos de viagem, o Vurb permite acessar todos os seus apps "burros de carga" em uma única tela. Você pode procurar ou descobrir destinos e eventos legais e, então, fazer uma reserva pelo OpenTable, comprar ingressos de cinema no Fandango, checar a localização do destino no Google Mapas, pedir um carro pelo Uber, procurar por resenhas no Yelp e no Foursquare, bater papo com seus amigos –tudo isso sem sair do Vurb. Quanto: grátis O app permite destacar suas passagens favoritas, adicionar notas e, apertando um botão, enviar (para si mesmo ou alguém) um trecho destacado dos livros digitais que você está lendo. Você pode baixar guias turísticos ou levar toda uma prateleira cheia de clássicos com você em uma viagem a Londres. Quanto: grátis (mas a maior parte dos livros é paga) O app sobre o clima tem mais penduricalhos do que qualquer pessoa precisa, mas também é o mais preciso entre todos os apps do tipo que já usei. Quanto: grátis (versão básica); US$ 1,99 para a Pro, que vem sem anúncios e informa a previsão para sete dias (não só três) Com uma navegação simples e passo a passo feita por voz, o Google Maps é minha primeira parada para mapas. E agora há navegação off-line também, o que não vai render cobranças por roaming. O Google Translate também é útil –pode ser usado de várias formas. Por exemplo, clicar no ícone da câmera e focalizar um cardápio para ver a tradução. Quanto: ambos são grátis Para algumas poucas pessoas, converter moedas é simples. Para todo o resto, há aplicativos. Este faz atualizações em tempo real e pode mostrar diferentes cotações simultaneamente. Quanto: grátis (uma versão Pro, por US$ 2,99, permite monitorar mais moedas) Esse organizador permite ao usuário encaminhar para seu e-mail as confirmações de hotéis, voos, aluguel de carro, entradas de teatros e reservas em restaurantes e, em troca, receber um itinerário digital da viagem. Quanto: grátis; a versão Pro custa US$ 49 por ano O app permite procurar por restaurantes e fazer uma reserva em poucas etapas. Os usuários ganham pontos depois do jantar, que podem ser trocador por descontos em casas selecionadas ou por vale-presentes da Amazon (nos EUA). Quanto: grátis Ame ou adore a polêmica empresa, o app é indispensável em dias chuvosos e quando já é tarde da noite, quando o transporte público é inconveniente e não há sinal de táxi à vista. Quanto: grátis
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Aplicativos indispensáveis para quem vai viajar em 2016Recentemente, apaguei dúzias de aplicativos de viagem do meu iPhone. Muitos são legais. Mas viajar tem mais a ver com explorar o mundo do que uma tela, então só mantive os que uso com mais frequência. Abaixo estão alguns que mereceram um lugar especial no meu smartphone na entrada de 2016. * O app francês é como um sonho para os "flâneurs" que adoram vagar sem um mapa e, mais tarde, querem saber por onde andaram. Antes de partir, clique em "tracker" e "start"; quando voltar ao hotel, horas mais tarde, você terá um mapa detalhado de onde esteve. Quanto: grátis A série de aplicativos disponibiliza frases e vocabulário básico –"obrigado", "quanto custa?", "mesa para dois, por favor"– na ponta dos dedos. Cada frase em inglês, no meu caso, é mostrada em idiomas estrangeiros. E, melhor, ao selecionar uma frase, o aplicativo a diz em voz alta, para que você aprenda a pronunciar. Quanto: grátis para as categorias básicas; US$ 4,99 para categorias adicionais, como "direção" e "excursões". Você pode estudar idiomas enquanto viaja –ou aguarda na fila do mercado– com esse aplicativo, que transforma o aprendizado em um questões de múltipla escolha, jogos de combinação de palavras e desafios de tradução. Os cursos estão disponíveis em idiomas que incluem espanhol, francês, italiano e alemão. Quanto: grátis Um dos mais novos aplicativos de viagem, o Vurb permite acessar todos os seus apps "burros de carga" em uma única tela. Você pode procurar ou descobrir destinos e eventos legais e, então, fazer uma reserva pelo OpenTable, comprar ingressos de cinema no Fandango, checar a localização do destino no Google Mapas, pedir um carro pelo Uber, procurar por resenhas no Yelp e no Foursquare, bater papo com seus amigos –tudo isso sem sair do Vurb. Quanto: grátis O app permite destacar suas passagens favoritas, adicionar notas e, apertando um botão, enviar (para si mesmo ou alguém) um trecho destacado dos livros digitais que você está lendo. Você pode baixar guias turísticos ou levar toda uma prateleira cheia de clássicos com você em uma viagem a Londres. Quanto: grátis (mas a maior parte dos livros é paga) O app sobre o clima tem mais penduricalhos do que qualquer pessoa precisa, mas também é o mais preciso entre todos os apps do tipo que já usei. Quanto: grátis (versão básica); US$ 1,99 para a Pro, que vem sem anúncios e informa a previsão para sete dias (não só três) Com uma navegação simples e passo a passo feita por voz, o Google Maps é minha primeira parada para mapas. E agora há navegação off-line também, o que não vai render cobranças por roaming. O Google Translate também é útil –pode ser usado de várias formas. Por exemplo, clicar no ícone da câmera e focalizar um cardápio para ver a tradução. Quanto: ambos são grátis Para algumas poucas pessoas, converter moedas é simples. Para todo o resto, há aplicativos. Este faz atualizações em tempo real e pode mostrar diferentes cotações simultaneamente. Quanto: grátis (uma versão Pro, por US$ 2,99, permite monitorar mais moedas) Esse organizador permite ao usuário encaminhar para seu e-mail as confirmações de hotéis, voos, aluguel de carro, entradas de teatros e reservas em restaurantes e, em troca, receber um itinerário digital da viagem. Quanto: grátis; a versão Pro custa US$ 49 por ano O app permite procurar por restaurantes e fazer uma reserva em poucas etapas. Os usuários ganham pontos depois do jantar, que podem ser trocador por descontos em casas selecionadas ou por vale-presentes da Amazon (nos EUA). Quanto: grátis Ame ou adore a polêmica empresa, o app é indispensável em dias chuvosos e quando já é tarde da noite, quando o transporte público é inconveniente e não há sinal de táxi à vista. Quanto: grátis
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Beijo é usado para testar e reforçar sistema imunológico do parceiro
De todos os comportamentos humanos, um dos mais curiosos é o beijo. Colocar a boca junto à de outra pessoa pareceu ser uma boa ideia em 90% de todas as culturas conhecidas, mas o comportamento é raramente visto em animais –até há algum contato labial aqui e ali, mas nada que pudesse fazer um observador indiscreto falar "uau, que baita amasso". Alguns cientistas decidiram estudar o papel do beijo, como um grupo da Universidade de Oxford. Uma das principais descobertas é que a seleção de parceiros é mediada pelo beijo –os humanos parecem ter desenvolvido a capacidade inconsciente de analisar o sistema imunológico de um potencial parceiro sexual dessa maneira. Diferentes estudos com voluntários têm mostrado que o nível do hormônio oxitocina, relacionado com o afeto e com o desejo, sobe quando encontramos um parceiro com um sistema imune significativamente diferente do nosso. Faz sentido: provavelmente, um eventual filho teria um sistema imunológico mais variado e, assim, provido de maiores recursos para se proteger de doenças. Pesquisas similares mostram também que homens, especificamente, conseguem ainda avaliar instintivamente os níveis de estrógeno –e, portanto, de fertilidade– da mulher beijada, apontou Helen Fisher, professora Universidade Rutgers, nos EUA. Tal fenômeno ocorre também pelos feromônios, moléculas que o corpo utiliza para enviar informações via olfato (o cheiro é criado pelo próprio corpo, ignore quem queira vender perfumes com feromônios que tornam qualquer um irresistível: eles simplesmente não funcionam). Outra explicação foi apontada por um grupo de pesquisadores holandeses. As bactérias da boca têm um papel importante no sistema imunológico humano, e eles descobriram que, quando um casal se beija, troca 80 milhões delas em apenas dez segundos –assim, o repertório de micróbios "do bem" de cada uma das partes fica cada vez mais variado e robusto. Essa noção do beijo como reforço do sistema imunológico, de um ponto de vista evolutivo, pode ter se desenvolvido a partir de um comportamento comum no reino animal: a mãe que mastiga os alimentos antes de passá-los pela boca aos filhotes. Até mesmo a "estratégia" de aumentar a intensidade do beijo aos poucos ajuda o corpo a "engrenar os motores imunológicos", e se proteger, por exemplo, contra o citomegalovirus humano, que pode causar febres e dores. PERIGO Nem tudo é cor-de-rosa, porém. Por trás de um beijo podem se esconder alguns perigos como a mononucleose e doenças respiratórias. Conhecida como doença do beijo, a mononucleose é uma doença viral que afeta especialmente os jovens, recém-ingressantes na prática. "O organismo ainda não está preparado para a exposição", diz a infectologista Graziella Hanna, do Hospital Santa Cruz. A médica ainda diz que outras doenças como herpes também são transmitidas pelo beijo e, de certo modo, é difícil escapar. "Quase toda população adulta já teve contato com o vírus". Pela proximidade entre os rostos, também há chance de transmissão de doenças respiratórias como gripe e tuberculose. Apesar de tudo, a médica diz a precaução que deve ser tomada é evitar o contato na presença de sintomas respiratórios como espirros, secreção nasal e tosse. Outra descoberta científica, esta ainda um pouco mais misteriosa, se refere ao maior desejo feminino por beijos. Um pesquisador da Universidade do Estado de Nova York acompanhou mais de 500 casais e descobriu um repetitivo padrão: as mulheres valorizavam mais o beijo do que os homens, tanto antes do sexo quanto no longo prazo, em relacionamentos antigos. Para a sexóloga Débora Pádua, sem o beijo é mais difícil progredir para a excitação, onde já há alterações fisiológicas como a lubrificação na mulher, por exemplo. "Os casais tem que incluir o beijo no dia a dia, não só antes do sexo. No começo é mecânico, mas isso acaba criando uma nova e melhor rotina. Se as mulheres pensassem mais em sexo, o mundo seria melhor... E os homens mais felizes", diz
ciencia
Beijo é usado para testar e reforçar sistema imunológico do parceiroDe todos os comportamentos humanos, um dos mais curiosos é o beijo. Colocar a boca junto à de outra pessoa pareceu ser uma boa ideia em 90% de todas as culturas conhecidas, mas o comportamento é raramente visto em animais –até há algum contato labial aqui e ali, mas nada que pudesse fazer um observador indiscreto falar "uau, que baita amasso". Alguns cientistas decidiram estudar o papel do beijo, como um grupo da Universidade de Oxford. Uma das principais descobertas é que a seleção de parceiros é mediada pelo beijo –os humanos parecem ter desenvolvido a capacidade inconsciente de analisar o sistema imunológico de um potencial parceiro sexual dessa maneira. Diferentes estudos com voluntários têm mostrado que o nível do hormônio oxitocina, relacionado com o afeto e com o desejo, sobe quando encontramos um parceiro com um sistema imune significativamente diferente do nosso. Faz sentido: provavelmente, um eventual filho teria um sistema imunológico mais variado e, assim, provido de maiores recursos para se proteger de doenças. Pesquisas similares mostram também que homens, especificamente, conseguem ainda avaliar instintivamente os níveis de estrógeno –e, portanto, de fertilidade– da mulher beijada, apontou Helen Fisher, professora Universidade Rutgers, nos EUA. Tal fenômeno ocorre também pelos feromônios, moléculas que o corpo utiliza para enviar informações via olfato (o cheiro é criado pelo próprio corpo, ignore quem queira vender perfumes com feromônios que tornam qualquer um irresistível: eles simplesmente não funcionam). Outra explicação foi apontada por um grupo de pesquisadores holandeses. As bactérias da boca têm um papel importante no sistema imunológico humano, e eles descobriram que, quando um casal se beija, troca 80 milhões delas em apenas dez segundos –assim, o repertório de micróbios "do bem" de cada uma das partes fica cada vez mais variado e robusto. Essa noção do beijo como reforço do sistema imunológico, de um ponto de vista evolutivo, pode ter se desenvolvido a partir de um comportamento comum no reino animal: a mãe que mastiga os alimentos antes de passá-los pela boca aos filhotes. Até mesmo a "estratégia" de aumentar a intensidade do beijo aos poucos ajuda o corpo a "engrenar os motores imunológicos", e se proteger, por exemplo, contra o citomegalovirus humano, que pode causar febres e dores. PERIGO Nem tudo é cor-de-rosa, porém. Por trás de um beijo podem se esconder alguns perigos como a mononucleose e doenças respiratórias. Conhecida como doença do beijo, a mononucleose é uma doença viral que afeta especialmente os jovens, recém-ingressantes na prática. "O organismo ainda não está preparado para a exposição", diz a infectologista Graziella Hanna, do Hospital Santa Cruz. A médica ainda diz que outras doenças como herpes também são transmitidas pelo beijo e, de certo modo, é difícil escapar. "Quase toda população adulta já teve contato com o vírus". Pela proximidade entre os rostos, também há chance de transmissão de doenças respiratórias como gripe e tuberculose. Apesar de tudo, a médica diz a precaução que deve ser tomada é evitar o contato na presença de sintomas respiratórios como espirros, secreção nasal e tosse. Outra descoberta científica, esta ainda um pouco mais misteriosa, se refere ao maior desejo feminino por beijos. Um pesquisador da Universidade do Estado de Nova York acompanhou mais de 500 casais e descobriu um repetitivo padrão: as mulheres valorizavam mais o beijo do que os homens, tanto antes do sexo quanto no longo prazo, em relacionamentos antigos. Para a sexóloga Débora Pádua, sem o beijo é mais difícil progredir para a excitação, onde já há alterações fisiológicas como a lubrificação na mulher, por exemplo. "Os casais tem que incluir o beijo no dia a dia, não só antes do sexo. No começo é mecânico, mas isso acaba criando uma nova e melhor rotina. Se as mulheres pensassem mais em sexo, o mundo seria melhor... E os homens mais felizes", diz
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Justiça encontra R$ 10 mi em conta de ex-primeira-dama; Cabral tem R$ 454
O Banco Central localizou R$ 10 milhões numa conta bancária da ex-primeira dama do Rio, a advogada Adriana Ancelmo. O ex-governador mantinha apenas R$ 454, de acordo com relatório disponibilizado pelo juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 10 milhões de todos os investigados de terem alguma relação com a propina paga no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), em Itaboraí. Além de Cabral e a mulher, foram alvo dos bloqueios as empresas relacionadas aos dois. De acordo com o Banco Central, o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo tinha R$ 1 milhão em conta. Já a empresa de Cabral, a Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica, não tinha nenhum recurso em contas com o seu CNPJ. Nos últimos dois anos, a empresa recebeu mais de R$ 1,5 milhão, segundo relatório da Receita Federal. Moro também determinou o bloqueio de recursos nas contas do ex-secretário Wilson Carlos, apontado como o operador administrativo do esquema. Foram encontrados apenas R$ 1.717, 22. O Banco Central também localizou apenas R$ 554 nas contas de Carlos Emanuel Miranda, apontado como operador financeira do Cabral. Sua empresa, a LRG Agropecuária, tinha outros R$ 4.819. Todos são suspeitos de participar, segundo o Ministério Público Federal do esquema de propina no Comperj, alvo do processo na Justiça Federal do Paraná.
poder
Justiça encontra R$ 10 mi em conta de ex-primeira-dama; Cabral tem R$ 454O Banco Central localizou R$ 10 milhões numa conta bancária da ex-primeira dama do Rio, a advogada Adriana Ancelmo. O ex-governador mantinha apenas R$ 454, de acordo com relatório disponibilizado pelo juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 10 milhões de todos os investigados de terem alguma relação com a propina paga no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), em Itaboraí. Além de Cabral e a mulher, foram alvo dos bloqueios as empresas relacionadas aos dois. De acordo com o Banco Central, o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo tinha R$ 1 milhão em conta. Já a empresa de Cabral, a Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica, não tinha nenhum recurso em contas com o seu CNPJ. Nos últimos dois anos, a empresa recebeu mais de R$ 1,5 milhão, segundo relatório da Receita Federal. Moro também determinou o bloqueio de recursos nas contas do ex-secretário Wilson Carlos, apontado como o operador administrativo do esquema. Foram encontrados apenas R$ 1.717, 22. O Banco Central também localizou apenas R$ 554 nas contas de Carlos Emanuel Miranda, apontado como operador financeira do Cabral. Sua empresa, a LRG Agropecuária, tinha outros R$ 4.819. Todos são suspeitos de participar, segundo o Ministério Público Federal do esquema de propina no Comperj, alvo do processo na Justiça Federal do Paraná.
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Kod serve carnes bem temperadas em ambiente despojado; veja avaliação
DE SÃO PAULO No começo da rua Simão Álvares, em Pinheiros, o chef Bruno Alves abriu, em junho, o Kod, em que explora, com os mais variados temperos, hambúrgueres e carnes preparadas na parrilla. A casa foi avaliada nesta semana pelos convidados da sãopaulo. Confira o resultado abaixo. * - Alcino Leite Neto - editor da Três Estrelas As carnes (inclusive rabada e língua) são bem preparadas, mas os hambúrgueres acabam roubando a cena Avaliação: bom * Luiza Fecarotta - crítica da Folha Bruno Alves foge do lugar-comum, tempera carne com toda sorte de temperos e provoca o paladar, mas falta acertar a mão nos preparos Avaliação: regular * Manuel da Costa Pinto - colunista da sãopaulo Diferentes carnes e formas de grelhar, com bons acompanhamentos em ambiente despojado e moderno. Menu do almoço tem ótimo preço Avaliação: bom * Marcelo Katsuki - blogueiro da Folha Hambúrgueres impressionam pela montagem, bons ingredientes e acompanhamentos criativos. Ambiente simples, bom serviço e preços justos Avaliação: bom * Crítico secreto - convidado da sãopaulo Ambiente bacana, serviço ágil e carnes corretas (com temperos provocantes), mas falta brilho. Dica? Guarde espaço para o cookie de sobremesa Avaliação: regular As visitas foram realizadas entre agosto e dezembro de 2016.
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Kod serve carnes bem temperadas em ambiente despojado; veja avaliaçãoDE SÃO PAULO No começo da rua Simão Álvares, em Pinheiros, o chef Bruno Alves abriu, em junho, o Kod, em que explora, com os mais variados temperos, hambúrgueres e carnes preparadas na parrilla. A casa foi avaliada nesta semana pelos convidados da sãopaulo. Confira o resultado abaixo. * - Alcino Leite Neto - editor da Três Estrelas As carnes (inclusive rabada e língua) são bem preparadas, mas os hambúrgueres acabam roubando a cena Avaliação: bom * Luiza Fecarotta - crítica da Folha Bruno Alves foge do lugar-comum, tempera carne com toda sorte de temperos e provoca o paladar, mas falta acertar a mão nos preparos Avaliação: regular * Manuel da Costa Pinto - colunista da sãopaulo Diferentes carnes e formas de grelhar, com bons acompanhamentos em ambiente despojado e moderno. Menu do almoço tem ótimo preço Avaliação: bom * Marcelo Katsuki - blogueiro da Folha Hambúrgueres impressionam pela montagem, bons ingredientes e acompanhamentos criativos. Ambiente simples, bom serviço e preços justos Avaliação: bom * Crítico secreto - convidado da sãopaulo Ambiente bacana, serviço ágil e carnes corretas (com temperos provocantes), mas falta brilho. Dica? Guarde espaço para o cookie de sobremesa Avaliação: regular As visitas foram realizadas entre agosto e dezembro de 2016.
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Nadador brasileiro tenta se intrometer na disputa entre arquirrivais nos 100 m livre
MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO A prova mais nobre e aguardada da natação nos Jogos Olímpicos começa a ser disputada na manhã desta terça-feira (9) com uma batalha entre arquirrivais e uma esperança brasileira. As eliminatórias serão realizadas a partir de 13h e as semifinais, a partir de 22h. Na condição de favoritos, o australiano Cameron McEvoy e o norte-americano Nathan Adrian chegam ao Rio no melhor de suas carreiras. Adrian, 27, atual campeão olímpico da distância, fez o segundo melhor tempo de sua carreira na seletiva de seu país, em junho (47s72). Na final do revezamento 4 x 100 m livre, no domingo (7), ele conduziu a equipe norte-americana ao ouro com uma parcial de 46s97, a melhor da prova. McEvoy não faz por menos. Aos 22 anos, é o grande xodó das provas de velocidade. No domingo, também teve bom desempenho ao fazer uma parcial de 47s00 para fechar o revezamento australiano e garantir o bronze. Além disso, em abril, durante a seletiva de seu país, assombrou o esporte ao vencer a prova com a marca de 47s04, melhor da história se desconsiderados os obtidos com supermaiôs. O recorde mundial vigente, de 46s91, pertencente ao brasileiro Cesar Cielo, foi obtido com o traje especial. Os dois já tiveram alguns confrontos diretos, e o australiano levou a melhor. No Pampacífico de Gold Coast, em 2014, por exemplo, ele triunfou e deixou o norte-americano em segundo. No Campeonato Mundial de Kazan, no ano passado, McEvoy terminou com a prata –atrás do chinês Ning Zetao– e Adrian foi somente o sétimo. No Rio, eles escreverão um novo capítulo da rivalidade, embora o norte-americano inclua outros nadadores na disputa. "Acho que resumir a disputa a Cam e eu é menosprezar os outros seis nadadores que estarão na final. Acho que uma vez que alguém tem um lugar na final dos 100 m, ele tem chance de ir ao pódio", disse o atual campeão olímpico. Um dos que desejam se intrometer nesta briga é o brasileiro Marcelo Chierighini, 25. De reserva no revezamento em Londres-2012, ele se transformou no melhor nadador do país nos 100 m livre. Foi finalista tanto no Mundial de Barcelona-2013 (terminou em sexto) quanto no Mundial de Kazan-2015 (terminou em quinto). Neste ano, já nadou duas vezes na casa de 48s20 e uma vez 48s12, ao abrir o revezamento 4 x 100 m livre do Brasil no domingo. Este tempo de 48s12 lhe daria bronze em Kazan. Mais do que isso, motivou o paulista para a prova individual. "O tempo no revezamento me deu confiança muito grande", afirmou. "Estou mais experiente e mais confortável para nadar os 100 m. Gostei do meu comportamento antes da prova", emendou. Chierighini, que mora e treina em Auburn (EUA) com o ex-treinador de Cesar Cielo, o australiano Brett Hawke, disse que faltam "detalhes mínimos" para nadar ainda mais rapidamente e entrar na briga por pódio. "Vou chamar a torcida para me apoiar", afirmou. A final dos 100 m livre ocorrerá nesta quarta-feira, após as 22h. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
esporte
Nadador brasileiro tenta se intrometer na disputa entre arquirrivais nos 100 m livre MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO A prova mais nobre e aguardada da natação nos Jogos Olímpicos começa a ser disputada na manhã desta terça-feira (9) com uma batalha entre arquirrivais e uma esperança brasileira. As eliminatórias serão realizadas a partir de 13h e as semifinais, a partir de 22h. Na condição de favoritos, o australiano Cameron McEvoy e o norte-americano Nathan Adrian chegam ao Rio no melhor de suas carreiras. Adrian, 27, atual campeão olímpico da distância, fez o segundo melhor tempo de sua carreira na seletiva de seu país, em junho (47s72). Na final do revezamento 4 x 100 m livre, no domingo (7), ele conduziu a equipe norte-americana ao ouro com uma parcial de 46s97, a melhor da prova. McEvoy não faz por menos. Aos 22 anos, é o grande xodó das provas de velocidade. No domingo, também teve bom desempenho ao fazer uma parcial de 47s00 para fechar o revezamento australiano e garantir o bronze. Além disso, em abril, durante a seletiva de seu país, assombrou o esporte ao vencer a prova com a marca de 47s04, melhor da história se desconsiderados os obtidos com supermaiôs. O recorde mundial vigente, de 46s91, pertencente ao brasileiro Cesar Cielo, foi obtido com o traje especial. Os dois já tiveram alguns confrontos diretos, e o australiano levou a melhor. No Pampacífico de Gold Coast, em 2014, por exemplo, ele triunfou e deixou o norte-americano em segundo. No Campeonato Mundial de Kazan, no ano passado, McEvoy terminou com a prata –atrás do chinês Ning Zetao– e Adrian foi somente o sétimo. No Rio, eles escreverão um novo capítulo da rivalidade, embora o norte-americano inclua outros nadadores na disputa. "Acho que resumir a disputa a Cam e eu é menosprezar os outros seis nadadores que estarão na final. Acho que uma vez que alguém tem um lugar na final dos 100 m, ele tem chance de ir ao pódio", disse o atual campeão olímpico. Um dos que desejam se intrometer nesta briga é o brasileiro Marcelo Chierighini, 25. De reserva no revezamento em Londres-2012, ele se transformou no melhor nadador do país nos 100 m livre. Foi finalista tanto no Mundial de Barcelona-2013 (terminou em sexto) quanto no Mundial de Kazan-2015 (terminou em quinto). Neste ano, já nadou duas vezes na casa de 48s20 e uma vez 48s12, ao abrir o revezamento 4 x 100 m livre do Brasil no domingo. Este tempo de 48s12 lhe daria bronze em Kazan. Mais do que isso, motivou o paulista para a prova individual. "O tempo no revezamento me deu confiança muito grande", afirmou. "Estou mais experiente e mais confortável para nadar os 100 m. Gostei do meu comportamento antes da prova", emendou. Chierighini, que mora e treina em Auburn (EUA) com o ex-treinador de Cesar Cielo, o australiano Brett Hawke, disse que faltam "detalhes mínimos" para nadar ainda mais rapidamente e entrar na briga por pódio. "Vou chamar a torcida para me apoiar", afirmou. A final dos 100 m livre ocorrerá nesta quarta-feira, após as 22h. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
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Erramos: PF desarticula organização suspeita de desviar ao menos R$ 57 mi do Fundeb
Diferentemente do informado no texto "PF desarticula organização suspeita de desviar ao menos R$ 57 mi do Fundeb" (Cotidiano - 13/07/2015 9h20), a cidade baiana que é investigada pela PF por desvios de recursos federais é Paramirim e não Parnamirim. O texto foi corrigido.
cotidiano
Erramos: PF desarticula organização suspeita de desviar ao menos R$ 57 mi do FundebDiferentemente do informado no texto "PF desarticula organização suspeita de desviar ao menos R$ 57 mi do Fundeb" (Cotidiano - 13/07/2015 9h20), a cidade baiana que é investigada pela PF por desvios de recursos federais é Paramirim e não Parnamirim. O texto foi corrigido.
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Criança com paralisia cerebral espera 1 hora por cadeira de rodas em avião
Vítima de paralisia cerebral ao nascer, Clara, 9, precisou esperar cerca de uma hora dentro de um avião para conseguir desembarcar no Brasil após nove horas de voo desde Orlando, nos Estados Unidos, onde mora com a família. O episódio aconteceu na manhã desta quinta-feira (9), quando seu pai, Carlos Pereira, pediu para a comissária de bordo que agilizasse a entrega do equipamento especial com o qual ela se locomove, que conta com suporte para o corpo, no portão de desembarque no Aeroporto Internacional do Recife. Durante o embarque em Orlando, Carlos despachara o item, que recebeu a etiqueta "gate delivery" (entrega no portão), o que deveria garantir que o objeto fosse restituído à família diretamente no portão. Em um desabafo emocionado em rede social, Carlos, que é o vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2016, relatou as dificuldades para fazer valer o direito de sua filha, para quem desenvolveu um aplicativo de comunicação alternativa que é considerado o melhor do mundo pela ONU. Primeiro desabafo Em entrevista à Folha, o analista de sistemas contou também os detalhes da longa espera. Segundo ele, após o pedido da cadeira de rodas, a comissária respondeu com um lacônico: "Vou ver". O pai de Clara disse ter ficado surpreso com a incerteza e, ao questionar, a réplica da funcionária da companhia Azul Linhas Aéreas foi um prenúncio da maratona que enfrentaria em solo brasileiro: "Às vezes, a Receita [Federal] embaça", teria dito a comissária. No momento do desembarque, a cadeira especial de Clara não estava no portão. Uma outra foi oferecida, mas Carlos se recusou a sair da aeronave, pois era um modelo padrão, destinada a adultos, o que colocava em risco sua filha. "Era uma cadeira sem estrutura." Carlos, a mulher, Aline, e a filha ficaram à espera no avião durante cerca de uma hora, junto com os tripulantes e a equipe de limpeza. Com o ar-condicionado desligado e uma temperatura de 29°C entre 8h e 9h no Recife, o calor na cabine foi ficando insuportável, causando desconfortos à criança. "Aline ficava abanando Clara." De acordo com Carlos, o funcionário de solo relatou que a Receita Federal precisava inspecionar a cadeira embarcada nos EUA e, por isso, ela não tinha sido liberada. No entanto, o pai questionava o fato de, mesmo passando pelo controle, a cadeira não poder chegar ao finger, como seria o esperado e previsto por uma regra da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que garante acessibilidade às pessoas com deficiência. Um funcionário ficava entre idas e vindas à Receita Federal para liberação, segundo Carlos, sem sucesso. A assessoria da Receita informou que o fiscal responsável pelo voo foi contatado duas vezes. A primeira quando a equipe da Azul ligou para informar que havia um passageiro se recusando a descer da aeronave na cadeira da Infraero e, a segunda, para autorizar um funcionário buscar a cadeira de Clara na esteira. O resgate do equipamento, no entanto, precisou ser feito pelo próprio pai. Na companhia de um funcionário, Carlos passou pelo controle de passaporte e foi até a esteira buscar a cadeira e então voltar ao desembarque para finalmente retirar a filha da aeronave. Por meio de nota, a Azul informou que "seguiu a orientação das autoridades aeroportuárias e que prestou toda assistência necessária e possível com objetivo de agilizar a restituição da cadeira especial no desembarque". A companhia, no entanto, não respondeu por que a cadeira não foi enviada diretamente para o portão de desembarque se estava assim sinalizada desde a origem, nem se o funcionário que fez a ponte entre Carlos e a Receita é da companhia ou da Infraero. NORMAS Para a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), relatora da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a regra da Anac é clara. "A partir do momento que a pessoa chegou no portão de embarque na própria cadeira, ela tem que voltar para o portão [no momento do desembarque]." Apesar da norma, ela, que também utiliza uma cadeira especial por ser tetraplégica, tem diversas histórias sobre a demora do retorno do equipamento ao fim de viagens aéreas. "Em Miami, uma vez, a funcionária do aeroporto mentiu para mim dizendo que minha cadeira estava na porta do finger", relata. Segundo Mara, a demora muitas vezes é justificada por controles de segurança, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Ao avaliar o episódio de Clara, ela vê uma falha da Azul. "Me parece que, nesse caso, foi um erro da companhia que, ao invés de levar para o portão, encaminhou para a esteira [de bagagens]." Carlos fez um segundo desabafo após chegar no hotel. "Eu não fiz isso para aparecer nem para criar confusão. Isso é um direito da pessoa com deficiência, ter sua cadeira entregue na porta do avião e devolvida na porta do avião." Segundo desbafo
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Criança com paralisia cerebral espera 1 hora por cadeira de rodas em aviãoVítima de paralisia cerebral ao nascer, Clara, 9, precisou esperar cerca de uma hora dentro de um avião para conseguir desembarcar no Brasil após nove horas de voo desde Orlando, nos Estados Unidos, onde mora com a família. O episódio aconteceu na manhã desta quinta-feira (9), quando seu pai, Carlos Pereira, pediu para a comissária de bordo que agilizasse a entrega do equipamento especial com o qual ela se locomove, que conta com suporte para o corpo, no portão de desembarque no Aeroporto Internacional do Recife. Durante o embarque em Orlando, Carlos despachara o item, que recebeu a etiqueta "gate delivery" (entrega no portão), o que deveria garantir que o objeto fosse restituído à família diretamente no portão. Em um desabafo emocionado em rede social, Carlos, que é o vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2016, relatou as dificuldades para fazer valer o direito de sua filha, para quem desenvolveu um aplicativo de comunicação alternativa que é considerado o melhor do mundo pela ONU. Primeiro desabafo Em entrevista à Folha, o analista de sistemas contou também os detalhes da longa espera. Segundo ele, após o pedido da cadeira de rodas, a comissária respondeu com um lacônico: "Vou ver". O pai de Clara disse ter ficado surpreso com a incerteza e, ao questionar, a réplica da funcionária da companhia Azul Linhas Aéreas foi um prenúncio da maratona que enfrentaria em solo brasileiro: "Às vezes, a Receita [Federal] embaça", teria dito a comissária. No momento do desembarque, a cadeira especial de Clara não estava no portão. Uma outra foi oferecida, mas Carlos se recusou a sair da aeronave, pois era um modelo padrão, destinada a adultos, o que colocava em risco sua filha. "Era uma cadeira sem estrutura." Carlos, a mulher, Aline, e a filha ficaram à espera no avião durante cerca de uma hora, junto com os tripulantes e a equipe de limpeza. Com o ar-condicionado desligado e uma temperatura de 29°C entre 8h e 9h no Recife, o calor na cabine foi ficando insuportável, causando desconfortos à criança. "Aline ficava abanando Clara." De acordo com Carlos, o funcionário de solo relatou que a Receita Federal precisava inspecionar a cadeira embarcada nos EUA e, por isso, ela não tinha sido liberada. No entanto, o pai questionava o fato de, mesmo passando pelo controle, a cadeira não poder chegar ao finger, como seria o esperado e previsto por uma regra da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que garante acessibilidade às pessoas com deficiência. Um funcionário ficava entre idas e vindas à Receita Federal para liberação, segundo Carlos, sem sucesso. A assessoria da Receita informou que o fiscal responsável pelo voo foi contatado duas vezes. A primeira quando a equipe da Azul ligou para informar que havia um passageiro se recusando a descer da aeronave na cadeira da Infraero e, a segunda, para autorizar um funcionário buscar a cadeira de Clara na esteira. O resgate do equipamento, no entanto, precisou ser feito pelo próprio pai. Na companhia de um funcionário, Carlos passou pelo controle de passaporte e foi até a esteira buscar a cadeira e então voltar ao desembarque para finalmente retirar a filha da aeronave. Por meio de nota, a Azul informou que "seguiu a orientação das autoridades aeroportuárias e que prestou toda assistência necessária e possível com objetivo de agilizar a restituição da cadeira especial no desembarque". A companhia, no entanto, não respondeu por que a cadeira não foi enviada diretamente para o portão de desembarque se estava assim sinalizada desde a origem, nem se o funcionário que fez a ponte entre Carlos e a Receita é da companhia ou da Infraero. NORMAS Para a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), relatora da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a regra da Anac é clara. "A partir do momento que a pessoa chegou no portão de embarque na própria cadeira, ela tem que voltar para o portão [no momento do desembarque]." Apesar da norma, ela, que também utiliza uma cadeira especial por ser tetraplégica, tem diversas histórias sobre a demora do retorno do equipamento ao fim de viagens aéreas. "Em Miami, uma vez, a funcionária do aeroporto mentiu para mim dizendo que minha cadeira estava na porta do finger", relata. Segundo Mara, a demora muitas vezes é justificada por controles de segurança, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Ao avaliar o episódio de Clara, ela vê uma falha da Azul. "Me parece que, nesse caso, foi um erro da companhia que, ao invés de levar para o portão, encaminhou para a esteira [de bagagens]." Carlos fez um segundo desabafo após chegar no hotel. "Eu não fiz isso para aparecer nem para criar confusão. Isso é um direito da pessoa com deficiência, ter sua cadeira entregue na porta do avião e devolvida na porta do avião." Segundo desbafo
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Neve artificial garante prática de esportes de inverno na Alemanha
Apesar de protestos de ambientalistas, quando as temperaturas não são baixas o suficiente, muitas regiões recorrem à neve distribuída por canhões. Mas na Zugspitze, a montanha mais alta do país, só há neve natural. Embora Áustria, Suíça, França e Itália sejam fortes concorrentes, a Alemanha também possui boas opções para a prática de esportes de inverno. Os destinos para os amantes do esqui e outras modalidades incluem a região do Harz, no norte da Alemanha, a cadeia de montanhas Erzgebirge, a Floresta Bávara, a famosa Floresta Negra e os Alpes alemães. Nos Alpes, de Berchtesgaden a Westallgäu, a localização é vantajosa. A partir de Munique, chega-se a qualquer estação de esqui em uma ou duas horas. E se não neva o suficiente na região, em muitos lugares, a neve é distribuída por canhões ao longo das pistas sobre as encostas. A maioria das estações de esqui da Baviera localizadas a até 1,5 mil metros de altura não sobreviveria sem a neve artificial. Apesar dos protestos de grupos ambientalistas, um reservatório do tamanho de dois campos de futebol no valor de 12,5 milhões de euros foi construído próximo à comunidade de Bayrischzell. O depósito deverá acumular água para a produção de neve artificial e garantir, assim, a prática do esporte de inverno na região nos próximos 25 anos. Mudanças climáticas e alternativas Para Thomas Bucher, da Associação Alpina Alemã, "um verdadeiro inverno não pode ser criado com canhões de neve". De acordo com um estudo encomendado pela DAV, devido às mudanças climáticas, para os esquiadores da Baviera só haverá, a longo prazo, duas regiões com neve certa: Garmisch-Partenkirchen, cidade próxima ao pico Zugspitze, de 2.962 metros de altura, e Oberstdorf, perto do pico Nebelhorn, com uma altitude de 2.224 metros. Como alternativa, a associação recomenda um turismo de inverno mais sustentável. O maior clube de esporte de montanha do mundo aposta, sobretudo, nas caminhadas sobre a neve. A associação desenvolveu junto a prefeituras, proprietários e guardas florestais, rotas ecológicas para a escalada de 180 montanhas, que podem ser conferidas no (em alemão). Neve de verdade Nos últimos dois anos, o inverno no ponto mais alto da Alemanha, a Zugspitze, só começou de verdade pouco antes da virada do ano. Mas para quem quer esquiar sobre neve de natural vale a pena esperar pelas baixas temperaturas no local, já que é proibido borrifar as encostas do Zugspitze com canhões de neve. Além disso, logo os turistas terão o acesso ao topo da montanha facilitado. Após 50 anos de uso, o antigo teleférico Eibsee será substituído por um maior. No início de 2015, começará a construção do novo teleférico, capaz de transportar quase três vezes mais passageiros do que o atual.
dw
Neve artificial garante prática de esportes de inverno na AlemanhaApesar de protestos de ambientalistas, quando as temperaturas não são baixas o suficiente, muitas regiões recorrem à neve distribuída por canhões. Mas na Zugspitze, a montanha mais alta do país, só há neve natural. Embora Áustria, Suíça, França e Itália sejam fortes concorrentes, a Alemanha também possui boas opções para a prática de esportes de inverno. Os destinos para os amantes do esqui e outras modalidades incluem a região do Harz, no norte da Alemanha, a cadeia de montanhas Erzgebirge, a Floresta Bávara, a famosa Floresta Negra e os Alpes alemães. Nos Alpes, de Berchtesgaden a Westallgäu, a localização é vantajosa. A partir de Munique, chega-se a qualquer estação de esqui em uma ou duas horas. E se não neva o suficiente na região, em muitos lugares, a neve é distribuída por canhões ao longo das pistas sobre as encostas. A maioria das estações de esqui da Baviera localizadas a até 1,5 mil metros de altura não sobreviveria sem a neve artificial. Apesar dos protestos de grupos ambientalistas, um reservatório do tamanho de dois campos de futebol no valor de 12,5 milhões de euros foi construído próximo à comunidade de Bayrischzell. O depósito deverá acumular água para a produção de neve artificial e garantir, assim, a prática do esporte de inverno na região nos próximos 25 anos. Mudanças climáticas e alternativas Para Thomas Bucher, da Associação Alpina Alemã, "um verdadeiro inverno não pode ser criado com canhões de neve". De acordo com um estudo encomendado pela DAV, devido às mudanças climáticas, para os esquiadores da Baviera só haverá, a longo prazo, duas regiões com neve certa: Garmisch-Partenkirchen, cidade próxima ao pico Zugspitze, de 2.962 metros de altura, e Oberstdorf, perto do pico Nebelhorn, com uma altitude de 2.224 metros. Como alternativa, a associação recomenda um turismo de inverno mais sustentável. O maior clube de esporte de montanha do mundo aposta, sobretudo, nas caminhadas sobre a neve. A associação desenvolveu junto a prefeituras, proprietários e guardas florestais, rotas ecológicas para a escalada de 180 montanhas, que podem ser conferidas no (em alemão). Neve de verdade Nos últimos dois anos, o inverno no ponto mais alto da Alemanha, a Zugspitze, só começou de verdade pouco antes da virada do ano. Mas para quem quer esquiar sobre neve de natural vale a pena esperar pelas baixas temperaturas no local, já que é proibido borrifar as encostas do Zugspitze com canhões de neve. Além disso, logo os turistas terão o acesso ao topo da montanha facilitado. Após 50 anos de uso, o antigo teleférico Eibsee será substituído por um maior. No início de 2015, começará a construção do novo teleférico, capaz de transportar quase três vezes mais passageiros do que o atual.
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Leitor comenta coluna de Contardo Calligaris sobre fundamentalismo
"Mas por que, em plena modernidade ocidental, alguém precisa impor suas práticas e crenças?", questiona Contardo Calligaris. Quem sabe a "Secretaria de Direitos Humanos" passasse a ser denominada "Secretaria de Direitos Divinos"? Não haveríamos mais motivos para equívocos, pois os parlamentares legislariam em nome de Deus. Todos os cidadãos se renderiam às leis sobrenaturais. Seria instaurada em nosso país uma "ditadura democrática evangélica". * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor comenta coluna de Contardo Calligaris sobre fundamentalismo"Mas por que, em plena modernidade ocidental, alguém precisa impor suas práticas e crenças?", questiona Contardo Calligaris. Quem sabe a "Secretaria de Direitos Humanos" passasse a ser denominada "Secretaria de Direitos Divinos"? Não haveríamos mais motivos para equívocos, pois os parlamentares legislariam em nome de Deus. Todos os cidadãos se renderiam às leis sobrenaturais. Seria instaurada em nosso país uma "ditadura democrática evangélica". * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Tatuadora cobre cicatrizes para ajudar mulheres vítimas de violência
Flavia Carvalho tinha 15 anos quando foi agredida pelo primeiro namorado, que vez ou outra se descontrolava e batia nela. À época, ele pedia perdão, e ela voltava. E muitas vezes se culpava pelos tapas e golpes que recebia. Mais de uma década depois, quando já era tatuadora profissional, Flavia se viu de novo diante de um caso de violência. Mas dessa vez, a vítima não era ela, e sim uma cliente. Uma jovem de 20 e poucos anos pediu à tatuadora que cobrisse uma cicatriz com um desenho. Era uma forma de ocultar de vez as marcas de uma agressão que sofrera havia quase dez anos. "A cliente tinha uma cicatriz bem grande no abdômen. Eu não perguntei, mas ela foi me contando que estava numa boate, um cara a abordou e ela não quis beijá-lo. Ela saiu e foi ao banheiro, mas ele a abordou de novo e a golpeou com um canivete", contou Flavia. "Ela precisou ser hospitalizada, ficou aquela marca bem grande. E depois de muito tempo, ela quis fazer uma tatuagem para cobrir a cicatriz. Foi transformador pra ela, ela tinha vergonha de usar biquíni, e a reação dela quando viu que não tinha mais a cicatriz me comoveu." Foi esse caso que inspirou Flavia a criar o projeto "A Pele da Flor", que tem como objetivo ajudar mulheres vítimas de violência a recuperarem a autoestima por meio de uma simples tatuagem. "Eu fiquei pensando no tanto de mulher que sofre violência doméstica, mas que não tem condição de fazer tatuagem, plástica ou algo para cobrir aquela marca. As cicatrizes fazem com que a mulher fique sempre lembrando da agressão e mudam a relação delas com o próprio corpo", diz. "Essa minha cliente se emocionou na hora que viu o resultado no espelho, me abraçou. Por causa daquela marca, ela tinha vergonha de mostrar o corpo até para um namorado. Eu vi a transformação dela ali e vi que era possível usar a tatuagem como ferramenta para resgatar autoestima." PREFEITURA Dois anos depois, já com a ideia materializada, Flavia começou a levar o projeto –de oferecer tatuagens gratuitas a mulheres que quisessem cobrir cicatrizes de episódios de violência que sofreram– para algumas ONGs, mas, de cara, recebeu vários "nãos". As entidades diziam que "não haveria demanda". A tatuadora, então, entrou em contato com a Secretaria da Mulher da Prefeitura de Curitiba, onde mora, e firmou uma parceria. Na última terça-feira, eles divulgaram o projeto pelo Facebook – e, em dois dias, Flavia já recebeu mensagens de mais de 40 mulheres contando seus casos de violência. Pelo menos 10 delas já estão marcando o dia e a hora para fazerem a tatuagem no estúdio de Flavia e acabarem de vez com marcas permanentes de agressões que elas querem esquecer. "Eu fiquei bem impressionada, quando me reuni com a Secretaria, a gente ficava pensando se ia ter demanda, porque eu ouvi bastante 'não', né. Mas à medida que você vai divulgando, os casos vão aparecendo", conta. "Vieram histórias bem diversas, de todos os tipos. Da menina novinha que apanhava do namorado, da mulher que apanhou do marido por anos, da professora com o aluno. Você imagina que é coisa de novela, mas é real mesmo, de todos os tipos. De todas as classes e idades." Nesta semana, Flavia já recebeu algumas das mulheres que a procuraram no estúdio e tirou a medida para fazer o desenho que cobrirá as cicatrizes delas. A tatuadora conta que, na maioria dos casos, as vítimas pedem desenhos femininos para tampar as marcas, como "flores, borboletas ou pássaros". "Um dos casos que mais me chamou a atenção foi de uma professora, que foi atacada por um aluno. Ele a esfaqueou 16 vezes, tem marca no braço, nas costas." "Outra, que vai vir semana que vem para cobrir (uma cicatriz), sofreu tentativa de homicídio. Ela foi esfaqueada oito vezes, perto do coração, ficou até na UTI. Ela tinha terminado o relacionamento com o namorado, que a agredia, e aí um dia ela estava indo para o trabalho, e ele a atacou. Depois (ele) se matou. Ela tem várias cicatrizes, mas o que mais a incomoda é uma na perna, porque ela não pode usar saia, shorts." 'PSICÓLOGA' Desde que o post sobre o trabalho de Flavia Carvalho foi divulgado pela Prefeitura de Curitiba, ela não parou de receber mensagens. Não só de mulheres querendo fazer a tatuagem para cobrir cicatrizes, mas também de gente que queria apenas compartilhar suas histórias de agressão. "Algumas das mulheres que me procuraram ainda não têm coragem de mostrar a cicatriz, nem de cobri-la, mas elas querem contar os casos, querem uma motivação para fazer a tatuagem um dia." Flavia conta que recebeu até mesmo mensagens de mulheres de outros Estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ela virou quase que uma "psicóloga" para elas e garante que está arranjando tempo para responder todas as mensagens. Vítima de agressão física na adolescência e de violência psicológica com seu primeiro marido, Flavia não esconde o sentimento de revolta que sente a cada vez que vê uma cicatriz em uma mulher causada por violência doméstica. "Mexe muito comigo ainda isso. Tem meninas novas vindo me contar esses casos e eu lembro de como eu, novinha, vivi isso. É bem difícil. É um misto de revolta da gente saber como isso acontece com tanta frequência com uma vontade de acolher, de abraçar essas meninas. Por isso, a ideia do projeto é fazer algo que faça com que essas mulheres se sintam bem."
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Tatuadora cobre cicatrizes para ajudar mulheres vítimas de violênciaFlavia Carvalho tinha 15 anos quando foi agredida pelo primeiro namorado, que vez ou outra se descontrolava e batia nela. À época, ele pedia perdão, e ela voltava. E muitas vezes se culpava pelos tapas e golpes que recebia. Mais de uma década depois, quando já era tatuadora profissional, Flavia se viu de novo diante de um caso de violência. Mas dessa vez, a vítima não era ela, e sim uma cliente. Uma jovem de 20 e poucos anos pediu à tatuadora que cobrisse uma cicatriz com um desenho. Era uma forma de ocultar de vez as marcas de uma agressão que sofrera havia quase dez anos. "A cliente tinha uma cicatriz bem grande no abdômen. Eu não perguntei, mas ela foi me contando que estava numa boate, um cara a abordou e ela não quis beijá-lo. Ela saiu e foi ao banheiro, mas ele a abordou de novo e a golpeou com um canivete", contou Flavia. "Ela precisou ser hospitalizada, ficou aquela marca bem grande. E depois de muito tempo, ela quis fazer uma tatuagem para cobrir a cicatriz. Foi transformador pra ela, ela tinha vergonha de usar biquíni, e a reação dela quando viu que não tinha mais a cicatriz me comoveu." Foi esse caso que inspirou Flavia a criar o projeto "A Pele da Flor", que tem como objetivo ajudar mulheres vítimas de violência a recuperarem a autoestima por meio de uma simples tatuagem. "Eu fiquei pensando no tanto de mulher que sofre violência doméstica, mas que não tem condição de fazer tatuagem, plástica ou algo para cobrir aquela marca. As cicatrizes fazem com que a mulher fique sempre lembrando da agressão e mudam a relação delas com o próprio corpo", diz. "Essa minha cliente se emocionou na hora que viu o resultado no espelho, me abraçou. Por causa daquela marca, ela tinha vergonha de mostrar o corpo até para um namorado. Eu vi a transformação dela ali e vi que era possível usar a tatuagem como ferramenta para resgatar autoestima." PREFEITURA Dois anos depois, já com a ideia materializada, Flavia começou a levar o projeto –de oferecer tatuagens gratuitas a mulheres que quisessem cobrir cicatrizes de episódios de violência que sofreram– para algumas ONGs, mas, de cara, recebeu vários "nãos". As entidades diziam que "não haveria demanda". A tatuadora, então, entrou em contato com a Secretaria da Mulher da Prefeitura de Curitiba, onde mora, e firmou uma parceria. Na última terça-feira, eles divulgaram o projeto pelo Facebook – e, em dois dias, Flavia já recebeu mensagens de mais de 40 mulheres contando seus casos de violência. Pelo menos 10 delas já estão marcando o dia e a hora para fazerem a tatuagem no estúdio de Flavia e acabarem de vez com marcas permanentes de agressões que elas querem esquecer. "Eu fiquei bem impressionada, quando me reuni com a Secretaria, a gente ficava pensando se ia ter demanda, porque eu ouvi bastante 'não', né. Mas à medida que você vai divulgando, os casos vão aparecendo", conta. "Vieram histórias bem diversas, de todos os tipos. Da menina novinha que apanhava do namorado, da mulher que apanhou do marido por anos, da professora com o aluno. Você imagina que é coisa de novela, mas é real mesmo, de todos os tipos. De todas as classes e idades." Nesta semana, Flavia já recebeu algumas das mulheres que a procuraram no estúdio e tirou a medida para fazer o desenho que cobrirá as cicatrizes delas. A tatuadora conta que, na maioria dos casos, as vítimas pedem desenhos femininos para tampar as marcas, como "flores, borboletas ou pássaros". "Um dos casos que mais me chamou a atenção foi de uma professora, que foi atacada por um aluno. Ele a esfaqueou 16 vezes, tem marca no braço, nas costas." "Outra, que vai vir semana que vem para cobrir (uma cicatriz), sofreu tentativa de homicídio. Ela foi esfaqueada oito vezes, perto do coração, ficou até na UTI. Ela tinha terminado o relacionamento com o namorado, que a agredia, e aí um dia ela estava indo para o trabalho, e ele a atacou. Depois (ele) se matou. Ela tem várias cicatrizes, mas o que mais a incomoda é uma na perna, porque ela não pode usar saia, shorts." 'PSICÓLOGA' Desde que o post sobre o trabalho de Flavia Carvalho foi divulgado pela Prefeitura de Curitiba, ela não parou de receber mensagens. Não só de mulheres querendo fazer a tatuagem para cobrir cicatrizes, mas também de gente que queria apenas compartilhar suas histórias de agressão. "Algumas das mulheres que me procuraram ainda não têm coragem de mostrar a cicatriz, nem de cobri-la, mas elas querem contar os casos, querem uma motivação para fazer a tatuagem um dia." Flavia conta que recebeu até mesmo mensagens de mulheres de outros Estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ela virou quase que uma "psicóloga" para elas e garante que está arranjando tempo para responder todas as mensagens. Vítima de agressão física na adolescência e de violência psicológica com seu primeiro marido, Flavia não esconde o sentimento de revolta que sente a cada vez que vê uma cicatriz em uma mulher causada por violência doméstica. "Mexe muito comigo ainda isso. Tem meninas novas vindo me contar esses casos e eu lembro de como eu, novinha, vivi isso. É bem difícil. É um misto de revolta da gente saber como isso acontece com tanta frequência com uma vontade de acolher, de abraçar essas meninas. Por isso, a ideia do projeto é fazer algo que faça com que essas mulheres se sintam bem."
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'Dodge enriqueceu o patrimônio cultural e moral do MPF', diz leitor
SUCESSÃO NA PGR A nova procuradora-geral, Raquel Dodge, pronunciou notável discurso de posse. Demonstrou com ideias republicanas e democratas uma fé profunda na dignidade humana. Sem malabarismos verbais, sem metáforas ou versos sutis, ela enriqueceu o patrimônio cultural e moral do MPF. Esse discurso deveria ser enviado a todos os alunos de direito do país. JOSÉ FERNANDO ROCHA (São Paulo, SP) * Influenciado pela minha vergonha alheia, posso estar enganado em relatar que o constrangimento prevaleceu nas fisionomias de Temer e Cármen Lúcia na posse de Raquel Dodge, quando ela defendeu a harmonia entre os Poderes e os direitos das minorias. Fica a pergunta: quem seria essa minoria? NILSON MOLARO (Araraquara, SP) * A nova procuradora-geral, Raquel Dogde, nem sequer mencionou a Lava Jato em suas palavras ao tomar posse. Pode ser um péssimo sinal para o combate à corrupção. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) * O Brasil parece uma ilha do Caribe. Quando você pensa que a tormenta passou, vem outro furacão. ROBERTO GODINHO (São Roque, SP) - CRISE NA VENEZUELA Presidentes da América Latina converteram-se em garotos de recado de Trump para Maduro. Que vergonha! Que tal obedecer à Constituição, que diz que "a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações"? Ou seja, contatar diretamente a Venezuela, em vez de ordenado por outro país. SÉRGIO LUIZ ZANDONÁ, advogado (Cascavel, PR) * Quando um governo faz uso político até de produtos de sobrevivência da população, privilegiando grupos simpáticos a ele, com certeza chegou ao caos total. A população está sendo covardemente atacada pela arma da fome, utilizada como ferramenta e como instrumento de opressão. Que a OEA e o mundo inteiro se posicionem com medidas enérgicas para impedir esse terrível crime contra o povo venezuelano! CECÍLIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) - VIOLÊNCIA NA ESCOLA Como professora aposentada, tenho que concordar com Cassiano Alves Macedo sobre as ameaças e humilhações que sofrem professores, inspetores e demais funcionários. É urgente a contratação de psicólogos e assistentes sociais para ajudar o professor na sua árdua missão. Além disso, aulas de teatro, dança, ioga e jardinagem poderiam ajudar no equilíbrio do ambiente. Não basta colocar mais computadores e mudar a grade curricular. RENATA ROSSINI, professora (São Paulo, SP) - LIXO NA RUAS Talvez fosse importante destacar, além da falha na varrição em São Paulo, a atitude das pessoas que jogam lixo nas ruas. Apontar os problemas pode ser mais efetivo se buscarmos suas causas e tentarmos corrigir as falhas. A falha maior está na atitude do cidadão que emporcalha a cidade. VIRGÍNIA MENDONÇA, professora (São Paulo, SP) - RUF 2017 Neste momento de escassez de recursos estaduais e federais para o financiamento das instituições de ensino superior (IES) públicas no Brasil, a quem interessa essa suposta disputa pela liderança do RUF entre a USP e a Unicamp e destas com a UFRJ? Não seria mais republicano defender a valorização de todas as IES públicas? BENEDITO H. MACHADO (Ribeirão Preto, SP) * Como ex-aluno da Faculdade de Medicina da USP, não foi sem desapontamento e preocupação que me foi dado saber, segundo o RUF, que a "alma mater" não detêm mais a primazia da qual tanto os "alumni" nos ufanamos até recentemente. Espero que esse mesmo sentimento inquiete a diretoria e congregação, a fim de que se detenha a decadência em sua fase ainda precoce. PAULO TAUFI MALUF JUNIOR, professor da FMUSP (São Paulo, SP) - 'CURA GAY' Lamentável! Da mesma forma que ninguém pode obrigar o outro a ter um comportamento hétero ou homoafetivo com base em suas escolhas e experiências pessoais, ninguém pode obrigar o outro a seguir uma religião e seus dogmas. Tratar homoafetividade como doença é igual a tratar religião como esquizofrenia. IVAN ZACHARAUSKAS (Campinas, SP) * Não estamos caminhando para o obscurantismo, estamos correndo em direção a ele. EDILSON BORGES (Rio de Janeiro, RJ) - COLUNISTAS Google, Tesla, Mercedes, Volvo e Stanford, entre outros, devem estar investindo na mobilidade e na segurança do trânsito em Marte. Afinal, no planeta Terra, carro é coisa do século passado, segundo o colunista Nabil Bonduki. Viva a ferradura e a bicicleta! MÁRCIO C. FERREIRA DA SILVA (São Paulo, SP) * Sobre a coluna de Vinicius Mota nenhuma instituição pública está imune à nefasta influência do poder econômico ou do crime organizado, por isso a fiscalização inerente ao sistema de freios e contrapesos, que impede a existência de instituições dotadas de superpoderes, é tão importante para a saúde da democracia brasileira. Toda concentração de poder é perniciosa. RAQUEL KOBASHI GALLINATI, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP) - PROPAGANDA A reportagem "De olho na eleições, Doria 'instala' propaganda na porta da prefeitura" exagera ao dizer que uma obra de arte tenha sido colocada pelo prefeito na frente do prédio da prefeitura para fazer propaganda eleitoral antecipada. Ninguém usaria tal expediente com fins propagandísticos, arriscando-se a punições legais. A obra é móvel e foi doada por um artista. No entanto, a Folha está mais preocupada com as eleições do que os políticos e acaba priorizando hipóteses que não se apoiam em fatos comprovados. ADRIANA RAMALHO, vereadora e líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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'Dodge enriqueceu o patrimônio cultural e moral do MPF', diz leitorSUCESSÃO NA PGR A nova procuradora-geral, Raquel Dodge, pronunciou notável discurso de posse. Demonstrou com ideias republicanas e democratas uma fé profunda na dignidade humana. Sem malabarismos verbais, sem metáforas ou versos sutis, ela enriqueceu o patrimônio cultural e moral do MPF. Esse discurso deveria ser enviado a todos os alunos de direito do país. JOSÉ FERNANDO ROCHA (São Paulo, SP) * Influenciado pela minha vergonha alheia, posso estar enganado em relatar que o constrangimento prevaleceu nas fisionomias de Temer e Cármen Lúcia na posse de Raquel Dodge, quando ela defendeu a harmonia entre os Poderes e os direitos das minorias. Fica a pergunta: quem seria essa minoria? NILSON MOLARO (Araraquara, SP) * A nova procuradora-geral, Raquel Dogde, nem sequer mencionou a Lava Jato em suas palavras ao tomar posse. Pode ser um péssimo sinal para o combate à corrupção. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) * O Brasil parece uma ilha do Caribe. Quando você pensa que a tormenta passou, vem outro furacão. ROBERTO GODINHO (São Roque, SP) - CRISE NA VENEZUELA Presidentes da América Latina converteram-se em garotos de recado de Trump para Maduro. Que vergonha! Que tal obedecer à Constituição, que diz que "a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações"? Ou seja, contatar diretamente a Venezuela, em vez de ordenado por outro país. SÉRGIO LUIZ ZANDONÁ, advogado (Cascavel, PR) * Quando um governo faz uso político até de produtos de sobrevivência da população, privilegiando grupos simpáticos a ele, com certeza chegou ao caos total. A população está sendo covardemente atacada pela arma da fome, utilizada como ferramenta e como instrumento de opressão. Que a OEA e o mundo inteiro se posicionem com medidas enérgicas para impedir esse terrível crime contra o povo venezuelano! CECÍLIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) - VIOLÊNCIA NA ESCOLA Como professora aposentada, tenho que concordar com Cassiano Alves Macedo sobre as ameaças e humilhações que sofrem professores, inspetores e demais funcionários. É urgente a contratação de psicólogos e assistentes sociais para ajudar o professor na sua árdua missão. Além disso, aulas de teatro, dança, ioga e jardinagem poderiam ajudar no equilíbrio do ambiente. Não basta colocar mais computadores e mudar a grade curricular. RENATA ROSSINI, professora (São Paulo, SP) - LIXO NA RUAS Talvez fosse importante destacar, além da falha na varrição em São Paulo, a atitude das pessoas que jogam lixo nas ruas. Apontar os problemas pode ser mais efetivo se buscarmos suas causas e tentarmos corrigir as falhas. A falha maior está na atitude do cidadão que emporcalha a cidade. VIRGÍNIA MENDONÇA, professora (São Paulo, SP) - RUF 2017 Neste momento de escassez de recursos estaduais e federais para o financiamento das instituições de ensino superior (IES) públicas no Brasil, a quem interessa essa suposta disputa pela liderança do RUF entre a USP e a Unicamp e destas com a UFRJ? Não seria mais republicano defender a valorização de todas as IES públicas? BENEDITO H. MACHADO (Ribeirão Preto, SP) * Como ex-aluno da Faculdade de Medicina da USP, não foi sem desapontamento e preocupação que me foi dado saber, segundo o RUF, que a "alma mater" não detêm mais a primazia da qual tanto os "alumni" nos ufanamos até recentemente. Espero que esse mesmo sentimento inquiete a diretoria e congregação, a fim de que se detenha a decadência em sua fase ainda precoce. PAULO TAUFI MALUF JUNIOR, professor da FMUSP (São Paulo, SP) - 'CURA GAY' Lamentável! Da mesma forma que ninguém pode obrigar o outro a ter um comportamento hétero ou homoafetivo com base em suas escolhas e experiências pessoais, ninguém pode obrigar o outro a seguir uma religião e seus dogmas. Tratar homoafetividade como doença é igual a tratar religião como esquizofrenia. IVAN ZACHARAUSKAS (Campinas, SP) * Não estamos caminhando para o obscurantismo, estamos correndo em direção a ele. EDILSON BORGES (Rio de Janeiro, RJ) - COLUNISTAS Google, Tesla, Mercedes, Volvo e Stanford, entre outros, devem estar investindo na mobilidade e na segurança do trânsito em Marte. Afinal, no planeta Terra, carro é coisa do século passado, segundo o colunista Nabil Bonduki. Viva a ferradura e a bicicleta! MÁRCIO C. FERREIRA DA SILVA (São Paulo, SP) * Sobre a coluna de Vinicius Mota nenhuma instituição pública está imune à nefasta influência do poder econômico ou do crime organizado, por isso a fiscalização inerente ao sistema de freios e contrapesos, que impede a existência de instituições dotadas de superpoderes, é tão importante para a saúde da democracia brasileira. Toda concentração de poder é perniciosa. RAQUEL KOBASHI GALLINATI, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP) - PROPAGANDA A reportagem "De olho na eleições, Doria 'instala' propaganda na porta da prefeitura" exagera ao dizer que uma obra de arte tenha sido colocada pelo prefeito na frente do prédio da prefeitura para fazer propaganda eleitoral antecipada. Ninguém usaria tal expediente com fins propagandísticos, arriscando-se a punições legais. A obra é móvel e foi doada por um artista. No entanto, a Folha está mais preocupada com as eleições do que os políticos e acaba priorizando hipóteses que não se apoiam em fatos comprovados. ADRIANA RAMALHO, vereadora e líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Marina and The Diamonds vem a SP com show 'maduro'
Ela já é uma fruta madura, pronta para virar vinho. Marina Diamandis, a cantora britânica que ficou famosa como Marina and The Diamonds, vai montar um "jardim elétrico" no palco do Lollapalooza agora em São Paulo para mostrar as músicas de seu terceiro disco, "Froot", corruptela de fruta em inglês. Na canção que dá nome ao álbum, ela canta que está vivendo a "dolce vita", cresceu ao longo dos verões e, "roliça e madura", pode ser colhida. Talvez tenha a ver com o seu amadurecimento nos últimos cinco anos. Diamandis, 29, despontou na cena musical em 2010 com o pop fácil de músicas como "Hollywood" e faixas um tanto pretensiosas como "I Am Not a Robot". Desde cedo, chamava a atenção o apelo visual atrelado à música. Nos clipes, ela encarnava de cheerleader a uma criatura nua e purpurinada. Logo veio a fase rebelde, quando tingiu os cabelos de loiro e quase ficou careca –tudo em nome do alter ego Electra Heart, que também batizou seu segundo disco. Mas a Marina and The Diamonds que vem agora ao país é um ser menos mutante, dizendo já ter "matado Electra Heart com remédios para dormir" e encontrado um lugar só seu na música e no palco. Também dispensou produtores badalados que trabalharam em seus primeiros discos, como Diplo e Greg Kurstin, para construir seu trabalho mais pessoal até agora. "Não tenho interesse em ser uma estrela do pop", diz a cantora. "Sei que não sou uma figura das massas, mas também não sou nada cult." De fato, é o caráter híbrido de Marina que parece distanciar sua música do panteão de mesmices do pop. Há referências claras, em especial as cantoras cheias de atitude que ela diz admirar, como Shirley Manson, do Garbage, PJ Harvey e Annie Lennox. E também há toques de pura fantasia, aliados a um visual ao mesmo tempo retrô e plastificado, que lembra Katy Perry nos momentos menos inspirados e Róisín Murphy, ex-Moloko, quando capricha. Ou seja, em certos aspectos Marina, como artista, ainda está se descobrindo, como uma menina que prova escondida as roupas da mãe. Não à toa, críticos já disseram que suas músicas todas falam de adolescência tardia, ou da chegada à fase adulta da vida. MULHERES ABRASIVAS "Nunca penso em estar ficando mais velha, mas vejo cada disco como um capítulo da minha vida", diz Marina. "É minha forma de documentar as coisas, construir uma crônica. Mas não faço nada só porque tenho uma turnê marcada. Gosto das anomalias, dessa atitude sem compromisso de mulheres que se deixam ser abrasivas." Seu espectro de referências, aliás, espelha a gama vocal que ela exibe nas canções, dos agudos estridentes de uma Kate Bush setentista ao vozeirão que míngua e às vezes explode de Fiona Apple. Marina canta bem e fez de seu maior trunfo um passeio desinibido entre o mundo indie, com todas as suas idiossincrasias, e o universo pop. Ela gosta de dizer que não é uma estrela pop, mas uma artista pop. Nesse sentido, diz estar longe de Beyoncé, Katy Perry, Lady Gaga e afins. Mas a embalagem plástica de suas canções, embora haja lampejos mais originais aqui e ali, não se desvencilha dos truques e artimanhas das divas que querem ser divas. No palco, ela pode ser virginal e instantes depois virar uma femme fatale descontrolada. Madonna, mesmo nunca citada pela cantora em entrevistas, é uma referência visual incontestável, das roupas da fase "Like a Virgin" que já usou ao clipe de "I'm a Ruin", uma "homenagem visual" para não dizer plágio, de "Frozen", da americana. Quando subir ao palco em São Paulo, extasiada por cantar num país tropical com um repertório que para ela tem algo de colorido e ensolarado, Marina talvez mostre melhor a tal maturidade alcançada.
ilustrada
Marina and The Diamonds vem a SP com show 'maduro'Ela já é uma fruta madura, pronta para virar vinho. Marina Diamandis, a cantora britânica que ficou famosa como Marina and The Diamonds, vai montar um "jardim elétrico" no palco do Lollapalooza agora em São Paulo para mostrar as músicas de seu terceiro disco, "Froot", corruptela de fruta em inglês. Na canção que dá nome ao álbum, ela canta que está vivendo a "dolce vita", cresceu ao longo dos verões e, "roliça e madura", pode ser colhida. Talvez tenha a ver com o seu amadurecimento nos últimos cinco anos. Diamandis, 29, despontou na cena musical em 2010 com o pop fácil de músicas como "Hollywood" e faixas um tanto pretensiosas como "I Am Not a Robot". Desde cedo, chamava a atenção o apelo visual atrelado à música. Nos clipes, ela encarnava de cheerleader a uma criatura nua e purpurinada. Logo veio a fase rebelde, quando tingiu os cabelos de loiro e quase ficou careca –tudo em nome do alter ego Electra Heart, que também batizou seu segundo disco. Mas a Marina and The Diamonds que vem agora ao país é um ser menos mutante, dizendo já ter "matado Electra Heart com remédios para dormir" e encontrado um lugar só seu na música e no palco. Também dispensou produtores badalados que trabalharam em seus primeiros discos, como Diplo e Greg Kurstin, para construir seu trabalho mais pessoal até agora. "Não tenho interesse em ser uma estrela do pop", diz a cantora. "Sei que não sou uma figura das massas, mas também não sou nada cult." De fato, é o caráter híbrido de Marina que parece distanciar sua música do panteão de mesmices do pop. Há referências claras, em especial as cantoras cheias de atitude que ela diz admirar, como Shirley Manson, do Garbage, PJ Harvey e Annie Lennox. E também há toques de pura fantasia, aliados a um visual ao mesmo tempo retrô e plastificado, que lembra Katy Perry nos momentos menos inspirados e Róisín Murphy, ex-Moloko, quando capricha. Ou seja, em certos aspectos Marina, como artista, ainda está se descobrindo, como uma menina que prova escondida as roupas da mãe. Não à toa, críticos já disseram que suas músicas todas falam de adolescência tardia, ou da chegada à fase adulta da vida. MULHERES ABRASIVAS "Nunca penso em estar ficando mais velha, mas vejo cada disco como um capítulo da minha vida", diz Marina. "É minha forma de documentar as coisas, construir uma crônica. Mas não faço nada só porque tenho uma turnê marcada. Gosto das anomalias, dessa atitude sem compromisso de mulheres que se deixam ser abrasivas." Seu espectro de referências, aliás, espelha a gama vocal que ela exibe nas canções, dos agudos estridentes de uma Kate Bush setentista ao vozeirão que míngua e às vezes explode de Fiona Apple. Marina canta bem e fez de seu maior trunfo um passeio desinibido entre o mundo indie, com todas as suas idiossincrasias, e o universo pop. Ela gosta de dizer que não é uma estrela pop, mas uma artista pop. Nesse sentido, diz estar longe de Beyoncé, Katy Perry, Lady Gaga e afins. Mas a embalagem plástica de suas canções, embora haja lampejos mais originais aqui e ali, não se desvencilha dos truques e artimanhas das divas que querem ser divas. No palco, ela pode ser virginal e instantes depois virar uma femme fatale descontrolada. Madonna, mesmo nunca citada pela cantora em entrevistas, é uma referência visual incontestável, das roupas da fase "Like a Virgin" que já usou ao clipe de "I'm a Ruin", uma "homenagem visual" para não dizer plágio, de "Frozen", da americana. Quando subir ao palco em São Paulo, extasiada por cantar num país tropical com um repertório que para ela tem algo de colorido e ensolarado, Marina talvez mostre melhor a tal maturidade alcançada.
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Para manter qualidade, marcas criam MBAs para capacitar seus franqueados
A administradora Fabiana Fernandes, 34, penou para colocar nos trilhos a gestão de sua franquia da rede de idiomas Yes! quando o negócio se expandiu de um para três pontos–todos no Rio. "Eu sofri porque não sabia fazer gestão de pessoas. Havia uma rotatividade grande de funcionários porque eles não percebiam nenhuma perspectiva de crescimento." O problema de Fernandes virou aula no MBA de franquias, criado em 2015, pela Yes! e restrito a franqueados. "Troquei ideias com outros colegas no curso e reestruturei os setores da empresa. Hoje, um instrutor de línguas sabe que pode crescer e virar um coordenador", afirma. No área de franquias, esse tipo de formação no qual a marca capacita o franqueado é tendência, segundo a ABF (associação do setor). "Esse aprendizado é um salto para melhorar a performance e crescer", diz Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF. "O propósito da formação é padronizar o mesmo serviço que é feito em qualquer parte do país e garantir eficiência", diz Maurício Mendes, que leciona na Yes!. O grupo Boticário é outro que implantou um curso para seus franqueados. O foco é treinar os filhos dos donos das lojas para que eles assumam no lugar dos pais, prestes a se aposentar. "Todas as nossas 3.570 franquias têm gestão familiar, e boa parte dos empresários está conosco há cerca de 30 anos. Muitos deles estão perto de passar o bastão para seus herdeiros", diz o diretor Ivan Murias. Cláudia Carbonell, 28, seguiu à frente das 13 franquias do Boticário abertas na zona leste de São Paulo pelo pai nos anos 2000. Ela aproveitou as aulas da rede para se capacitar na área financeira. "A gente sai com um planejamento estratégico em todas as áreas da franquia", conta. Criado em 2010, o curso dura dois anos e já atingiu 35% da rede. Modalidade dos curso de pós-graduação PERSONALIZADO Quem quer se capacitar no setor, que emprega 1,3 milhão de pessoas e responde por 2,4% do Produto Interno Bruto, segundo a ABF, tem várias opções de pós no mercado. A unidade carioca da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), por exemplo, mantém um MBA em gestão de franquias. "Personalizamos o conteúdo para atender a demanda das empresas", diz o coordenador Romualdo Ayres. Cerca de 20 dos 63 franqueados da Astral, que faz dedetização de pragas para indústrias, já se formaram na escola. "Estão na mão dos franqueados 10 mil contratos. O curso ajudou a unificar processos", diz o presidente da empresa, Beto Filho. A FIA (Fundação Instituto de Administração) tem um MBA semelhante em São Paulo. "As turmas não passam de 40 alunos para garantir a interação aluno-professor", diz a gestora Dayse Maciel. Para Beto Filho, que também é presidente da ABF no Rio, o segmento seguirá apostando na pós, mas também deve investir com mais força na primeira formação. "Vamos colocar no mercado, ainda neste ano, a primeira graduação em franchising do país", afirma.
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Para manter qualidade, marcas criam MBAs para capacitar seus franqueadosA administradora Fabiana Fernandes, 34, penou para colocar nos trilhos a gestão de sua franquia da rede de idiomas Yes! quando o negócio se expandiu de um para três pontos–todos no Rio. "Eu sofri porque não sabia fazer gestão de pessoas. Havia uma rotatividade grande de funcionários porque eles não percebiam nenhuma perspectiva de crescimento." O problema de Fernandes virou aula no MBA de franquias, criado em 2015, pela Yes! e restrito a franqueados. "Troquei ideias com outros colegas no curso e reestruturei os setores da empresa. Hoje, um instrutor de línguas sabe que pode crescer e virar um coordenador", afirma. No área de franquias, esse tipo de formação no qual a marca capacita o franqueado é tendência, segundo a ABF (associação do setor). "Esse aprendizado é um salto para melhorar a performance e crescer", diz Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF. "O propósito da formação é padronizar o mesmo serviço que é feito em qualquer parte do país e garantir eficiência", diz Maurício Mendes, que leciona na Yes!. O grupo Boticário é outro que implantou um curso para seus franqueados. O foco é treinar os filhos dos donos das lojas para que eles assumam no lugar dos pais, prestes a se aposentar. "Todas as nossas 3.570 franquias têm gestão familiar, e boa parte dos empresários está conosco há cerca de 30 anos. Muitos deles estão perto de passar o bastão para seus herdeiros", diz o diretor Ivan Murias. Cláudia Carbonell, 28, seguiu à frente das 13 franquias do Boticário abertas na zona leste de São Paulo pelo pai nos anos 2000. Ela aproveitou as aulas da rede para se capacitar na área financeira. "A gente sai com um planejamento estratégico em todas as áreas da franquia", conta. Criado em 2010, o curso dura dois anos e já atingiu 35% da rede. Modalidade dos curso de pós-graduação PERSONALIZADO Quem quer se capacitar no setor, que emprega 1,3 milhão de pessoas e responde por 2,4% do Produto Interno Bruto, segundo a ABF, tem várias opções de pós no mercado. A unidade carioca da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), por exemplo, mantém um MBA em gestão de franquias. "Personalizamos o conteúdo para atender a demanda das empresas", diz o coordenador Romualdo Ayres. Cerca de 20 dos 63 franqueados da Astral, que faz dedetização de pragas para indústrias, já se formaram na escola. "Estão na mão dos franqueados 10 mil contratos. O curso ajudou a unificar processos", diz o presidente da empresa, Beto Filho. A FIA (Fundação Instituto de Administração) tem um MBA semelhante em São Paulo. "As turmas não passam de 40 alunos para garantir a interação aluno-professor", diz a gestora Dayse Maciel. Para Beto Filho, que também é presidente da ABF no Rio, o segmento seguirá apostando na pós, mas também deve investir com mais força na primeira formação. "Vamos colocar no mercado, ainda neste ano, a primeira graduação em franchising do país", afirma.
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Dois fragmentos sobre o tempo
"Dou-lhe este relógio, não para que você se lembre do tempo, mas para que possa esquecê-lo por um momento de vez em quando, e não gaste todo o seu fôlego tentando conquistá-lo." William Faulkner SOBRE O TEXTO Os textos aqui apresentados são fragmentos de contos desenvolvidos no Coletivo Literário, grupo de escritores coordenado por Noemi Jaffe. "Hora Certa" e "De Pulso e Antichoque" decorreram de uma proposta em que, partindo da epígrafe de Faulkner acima, cada autor deveria narrar uma história passada em 1º de abril de 1964. Cada participante tinha, também, de adotar um ponto de vista diferente –no caso de Elidia Novaes, o de um mendigo; no de Carla Kinzo, o de um estrangeiro que se encontrava no Brasil. De pulso e antichoque ELIDIA NOVAES - Tá de bem comigo, amigão? Rua São Bento logo cedo, fervilhando de pedestres em frente à Botica Ao Veado d'Ouro. O homem segue sem reação com sua mala de caixeiro. Agora sorri para uma jovem de uniforme do Caetano de Campos. Levanta o polegar em sinal de positivo. - Tá de bem comigo, mocinha? Talvez ela o tenha ignorado. Talvez só não tenha ouvido. Desta vez são dois cavalheiros descendo a rua com olhos fixos no prédio da Bolsa de Valores. Sorriem vagamente em resposta e passam ansiosos pelo dia. Um casal vem do Mercado Central com uma sacola de lona que cheira a manjericão e orégano. Rapazes de calças jeans boca de sino carregando livros de capa dura a caminho do largo de São Francisco. Músicos da orquestra, funcionários do Banco do Brasil, soldados do Exército. Dois homens-placa conversam: um anuncia ouro, o outro, uma liquidação. Um trio toca Luiz Gonzaga na Quintino Bocaiúva. _Com a força dos meus braços Pego a enxada e cavo o chão Quando cai uma chuvada Pranto arroz, mio e feijão_ Ele fala com todos. - Tá de bem comigo, amigão? As pessoas que trabalham por ali já estão acostumadas. Às vezes, alguém lhe responde o cumprimento. - Tô de bem. E você? - Tudo bem, amigão. Seu relógio! Eska Automático -"traga no pulso esta obra-prima de precisão e técnica". A pessoa fita o próprio pulso, sorri e segue adiante. Ele sempre acerta. - Tá de bem comigo, mocinha? Ela espera o ônibus e venta frio. Resmunga algo. - Hmm. Omega -"algum dia, alguém que muito a quer ofertar-lhe-á o relógio com que você sonha". E quando alguém elogia sua memória? Ao menos sorri. Ele imediatamente avança para a próxima fase. - Quer trocar? O meu é Lincoln. "Lincoln define o bom gosto de seu possuidor." O diálogo costuma terminar por aí, alguns puxando o punho da camisa até cobrir o relógio e tomando o primeiro ônibus ou buscando a segurança do vendedor de churrasco grego ali na rua Direita. Mas quem trabalha naquela parte do centro entrega para ele seus relógios definitivamente sem conserto. Ele guarda todos e os alterna o tempo inteiro -às vezes usa até dois no mesmo pulso. Hoje ele não me viu; agora segue em direção ao viaduto do Chá. Mas aqui termina meu percurso. Trabalho no Cine Alhambra. Vendo balas ali no hall. Apareça! Temos um faroeste ótimo em cartaz. "Quando um Homem É Homem". John Wayne e Maureen O'Hara. Sabe como é com os faroestes: tem diversão, aventura, tiro pra todo lado. Além do mais, o mocinho sempre ganha no final. Conquista a garota, encontra o dinheiro roubado, prende o bandido, mata o índio. E ainda tem aquelas pistolas que a gente não vê por aí. Com um tiro, o caubói mata três fora da lei e ainda derruba um do telhado. A gente brinca que tem uns que acertam até na poltrona da fileira G. Hora certa CARLA KINZO Olho a máquina de escrever sobre a mesa e, depois, o livro que você me deu. Não para que você se lembre do tempo. Agora, Ana, e aqui: esse tempo. Você escrevendo o verbo dos dias que me prenderiam para sempre no dia em que parti –esquecer. (O livro me diz para não lembrar, você me diz para não esquecer; eu não te escrevo, mas fico à sua volta como um besouro.) (Você sob o sol: minha lâmpada.) Três e quinze da manhã. Sento à máquina, sem café. A mala feita ao lado da cama é pequena, como deve ser. Tento organizar um texto que me dê um álibi em volta do mecanismo das teclas. Se não tivessem me avisado tão em cima da hora, tão sem tempo pra pensar direito, esse texto já estaria escrito. Abro meus cadernos com anotações de um ano atrás, feitas no Brasil; cinema, literatura e, de repente, você: "Como se diz amanhã em changana?", "você me distrai"; "Diz!" "Por que, Ana?" "Porque sim" –e eu me rendo às suas respostas curtas, porque sim, era sempre assim. "Mundzuku". "Então mundzuku você não vai estar mais aqui." "Vem comigo." "Eu? Em Moçambique? Vou fazer o que em Moçambique?" Você ri. Eu finjo que rio; será que você se dá conta do que acontece em mim quando você ri e eu finjo? Volto para o quarto: agora e aqui. Três e quarenta cinco. Você em algum lugar em São Paulo e eu ainda aqui, neste lugar, em Maputo. Ainda. Por mais uma hora e quinze nesse quarto. De frente para o papel, penso se algum dia conseguirei ler o livro que você me deu de presente, a caminho do aeroporto, no dia em que voltei. "Faulkner?". Para que você não se esqueça. Lembro: deixar um artigo inacabado na máquina, como se estivesse me esperando. "Maputo, primeiro de abril de sessenta e quatro", digito. Quase quatro da manhã. "Os Cafajestes, primeiro longa de Ruy Guerra". Certo, Ruy Guerra. "O filme não se propõe a fazer um diagnóstico do Brasil, ainda que construa uma crítica contundente à classe média", repito o que escrevi em algum lugar, algum tempo atrás. "A atriz Norma Bengell faz uma aparição memorável". De repente, me dou conta, "a câmera é agressiva ao redor de sua nudez", é para você que escrevo, "no longo plano-sequência", como se conversássemos depois de uma aula, "são quatro profundos minutos", aquelas nossas conversas sérias sobre nossos países, "que ressoam por muito tempo", em que eu te revelava algo meu, "no deslocamento sem rumo", querendo te confessar, "daquelas personagens", de forma cifrada: "Nilava wena". CARLA KINZO, 35, é poeta e autora de "Cinematógrafo" (7Letras). ELIDIA NOVAES, 57, é contista, dramaturga, tradutora e professora. ADAMS CARVALHO, 36, é ilustrador.
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Dois fragmentos sobre o tempo"Dou-lhe este relógio, não para que você se lembre do tempo, mas para que possa esquecê-lo por um momento de vez em quando, e não gaste todo o seu fôlego tentando conquistá-lo." William Faulkner SOBRE O TEXTO Os textos aqui apresentados são fragmentos de contos desenvolvidos no Coletivo Literário, grupo de escritores coordenado por Noemi Jaffe. "Hora Certa" e "De Pulso e Antichoque" decorreram de uma proposta em que, partindo da epígrafe de Faulkner acima, cada autor deveria narrar uma história passada em 1º de abril de 1964. Cada participante tinha, também, de adotar um ponto de vista diferente –no caso de Elidia Novaes, o de um mendigo; no de Carla Kinzo, o de um estrangeiro que se encontrava no Brasil. De pulso e antichoque ELIDIA NOVAES - Tá de bem comigo, amigão? Rua São Bento logo cedo, fervilhando de pedestres em frente à Botica Ao Veado d'Ouro. O homem segue sem reação com sua mala de caixeiro. Agora sorri para uma jovem de uniforme do Caetano de Campos. Levanta o polegar em sinal de positivo. - Tá de bem comigo, mocinha? Talvez ela o tenha ignorado. Talvez só não tenha ouvido. Desta vez são dois cavalheiros descendo a rua com olhos fixos no prédio da Bolsa de Valores. Sorriem vagamente em resposta e passam ansiosos pelo dia. Um casal vem do Mercado Central com uma sacola de lona que cheira a manjericão e orégano. Rapazes de calças jeans boca de sino carregando livros de capa dura a caminho do largo de São Francisco. Músicos da orquestra, funcionários do Banco do Brasil, soldados do Exército. Dois homens-placa conversam: um anuncia ouro, o outro, uma liquidação. Um trio toca Luiz Gonzaga na Quintino Bocaiúva. _Com a força dos meus braços Pego a enxada e cavo o chão Quando cai uma chuvada Pranto arroz, mio e feijão_ Ele fala com todos. - Tá de bem comigo, amigão? As pessoas que trabalham por ali já estão acostumadas. Às vezes, alguém lhe responde o cumprimento. - Tô de bem. E você? - Tudo bem, amigão. Seu relógio! Eska Automático -"traga no pulso esta obra-prima de precisão e técnica". A pessoa fita o próprio pulso, sorri e segue adiante. Ele sempre acerta. - Tá de bem comigo, mocinha? Ela espera o ônibus e venta frio. Resmunga algo. - Hmm. Omega -"algum dia, alguém que muito a quer ofertar-lhe-á o relógio com que você sonha". E quando alguém elogia sua memória? Ao menos sorri. Ele imediatamente avança para a próxima fase. - Quer trocar? O meu é Lincoln. "Lincoln define o bom gosto de seu possuidor." O diálogo costuma terminar por aí, alguns puxando o punho da camisa até cobrir o relógio e tomando o primeiro ônibus ou buscando a segurança do vendedor de churrasco grego ali na rua Direita. Mas quem trabalha naquela parte do centro entrega para ele seus relógios definitivamente sem conserto. Ele guarda todos e os alterna o tempo inteiro -às vezes usa até dois no mesmo pulso. Hoje ele não me viu; agora segue em direção ao viaduto do Chá. Mas aqui termina meu percurso. Trabalho no Cine Alhambra. Vendo balas ali no hall. Apareça! Temos um faroeste ótimo em cartaz. "Quando um Homem É Homem". John Wayne e Maureen O'Hara. Sabe como é com os faroestes: tem diversão, aventura, tiro pra todo lado. Além do mais, o mocinho sempre ganha no final. Conquista a garota, encontra o dinheiro roubado, prende o bandido, mata o índio. E ainda tem aquelas pistolas que a gente não vê por aí. Com um tiro, o caubói mata três fora da lei e ainda derruba um do telhado. A gente brinca que tem uns que acertam até na poltrona da fileira G. Hora certa CARLA KINZO Olho a máquina de escrever sobre a mesa e, depois, o livro que você me deu. Não para que você se lembre do tempo. Agora, Ana, e aqui: esse tempo. Você escrevendo o verbo dos dias que me prenderiam para sempre no dia em que parti –esquecer. (O livro me diz para não lembrar, você me diz para não esquecer; eu não te escrevo, mas fico à sua volta como um besouro.) (Você sob o sol: minha lâmpada.) Três e quinze da manhã. Sento à máquina, sem café. A mala feita ao lado da cama é pequena, como deve ser. Tento organizar um texto que me dê um álibi em volta do mecanismo das teclas. Se não tivessem me avisado tão em cima da hora, tão sem tempo pra pensar direito, esse texto já estaria escrito. Abro meus cadernos com anotações de um ano atrás, feitas no Brasil; cinema, literatura e, de repente, você: "Como se diz amanhã em changana?", "você me distrai"; "Diz!" "Por que, Ana?" "Porque sim" –e eu me rendo às suas respostas curtas, porque sim, era sempre assim. "Mundzuku". "Então mundzuku você não vai estar mais aqui." "Vem comigo." "Eu? Em Moçambique? Vou fazer o que em Moçambique?" Você ri. Eu finjo que rio; será que você se dá conta do que acontece em mim quando você ri e eu finjo? Volto para o quarto: agora e aqui. Três e quarenta cinco. Você em algum lugar em São Paulo e eu ainda aqui, neste lugar, em Maputo. Ainda. Por mais uma hora e quinze nesse quarto. De frente para o papel, penso se algum dia conseguirei ler o livro que você me deu de presente, a caminho do aeroporto, no dia em que voltei. "Faulkner?". Para que você não se esqueça. Lembro: deixar um artigo inacabado na máquina, como se estivesse me esperando. "Maputo, primeiro de abril de sessenta e quatro", digito. Quase quatro da manhã. "Os Cafajestes, primeiro longa de Ruy Guerra". Certo, Ruy Guerra. "O filme não se propõe a fazer um diagnóstico do Brasil, ainda que construa uma crítica contundente à classe média", repito o que escrevi em algum lugar, algum tempo atrás. "A atriz Norma Bengell faz uma aparição memorável". De repente, me dou conta, "a câmera é agressiva ao redor de sua nudez", é para você que escrevo, "no longo plano-sequência", como se conversássemos depois de uma aula, "são quatro profundos minutos", aquelas nossas conversas sérias sobre nossos países, "que ressoam por muito tempo", em que eu te revelava algo meu, "no deslocamento sem rumo", querendo te confessar, "daquelas personagens", de forma cifrada: "Nilava wena". CARLA KINZO, 35, é poeta e autora de "Cinematógrafo" (7Letras). ELIDIA NOVAES, 57, é contista, dramaturga, tradutora e professora. ADAMS CARVALHO, 36, é ilustrador.
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Por linhas tortas
A tentativa recorrente de sustentar a economia com estímulos ao consumo —da expansão do crédito a reajustes de benefícios sociais— acabou catalogada entre os muitos erros da administração petista. Não deixa de ser irônico que, agora, um certo retorno das famílias às compras venha em socorro do reformista Michel Temer (PMDB). Nesta semana conheceremos os resultados do Produto Interno Bruto do segundo trimestre. Espera-se variação zero ou próxima disso; entretanto a expectativa de alta do consumo, após mais de dois anos de queda, embala o diagnóstico de que a descomunal recessão enfim começa a ficar para trás. O país não está em condições de desprezar nenhum alento na atividade econômica. Cumpre notar, de todo modo, que a recuperação não segue o roteiro planejado. Há um ano, quando apresentou pela primeira vez projeções detalhadas para o PIB de 2017, o Banco Central estimou crescimento impulsionado por expressiva retomada dos investimentos em obras, máquinas e fábricas. Estes, porém, não se desviaram da sinistra tendência de encolhimento iniciada ao final de 2013, resultante da deterioração da confiança dos empresários. "Essa ordem está um pouco diferente", diz o presidente do BC, Ilan Goldfajn. Bem diferente: enquanto o setor privado reluta em expandir negócios —e o claudicante ajuste nas contas do governo não inspira maior otimismo com o futuro—, famílias reagem à queda da inflação, ao corte dos juros e à liberação do FGTS. Dirão os pragmáticos, em especial os da política, que é o bastante para alguma melhora do movimento do comércio, do emprego e dos humores nacionais. A experiência ensina, no entanto, que tal efeito tem alcance limitado. Com a vexatória taxa de investimento brasileiro, na casa de 16% do PIB (almejam-se pelo menos 25%), um aumento contínuo do consumo não será acompanhado pela capacidade produtiva do país, gerando inflação e importações crescentes —como se viu no período que antecedeu o ciclo recessivo. Há que comemorar, repita-se, qualquer respiro da economia neste momento. Igualmente, deve-se resistir à tentação de imaginar que se encontrou uma trilha segura. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Por linhas tortasA tentativa recorrente de sustentar a economia com estímulos ao consumo —da expansão do crédito a reajustes de benefícios sociais— acabou catalogada entre os muitos erros da administração petista. Não deixa de ser irônico que, agora, um certo retorno das famílias às compras venha em socorro do reformista Michel Temer (PMDB). Nesta semana conheceremos os resultados do Produto Interno Bruto do segundo trimestre. Espera-se variação zero ou próxima disso; entretanto a expectativa de alta do consumo, após mais de dois anos de queda, embala o diagnóstico de que a descomunal recessão enfim começa a ficar para trás. O país não está em condições de desprezar nenhum alento na atividade econômica. Cumpre notar, de todo modo, que a recuperação não segue o roteiro planejado. Há um ano, quando apresentou pela primeira vez projeções detalhadas para o PIB de 2017, o Banco Central estimou crescimento impulsionado por expressiva retomada dos investimentos em obras, máquinas e fábricas. Estes, porém, não se desviaram da sinistra tendência de encolhimento iniciada ao final de 2013, resultante da deterioração da confiança dos empresários. "Essa ordem está um pouco diferente", diz o presidente do BC, Ilan Goldfajn. Bem diferente: enquanto o setor privado reluta em expandir negócios —e o claudicante ajuste nas contas do governo não inspira maior otimismo com o futuro—, famílias reagem à queda da inflação, ao corte dos juros e à liberação do FGTS. Dirão os pragmáticos, em especial os da política, que é o bastante para alguma melhora do movimento do comércio, do emprego e dos humores nacionais. A experiência ensina, no entanto, que tal efeito tem alcance limitado. Com a vexatória taxa de investimento brasileiro, na casa de 16% do PIB (almejam-se pelo menos 25%), um aumento contínuo do consumo não será acompanhado pela capacidade produtiva do país, gerando inflação e importações crescentes —como se viu no período que antecedeu o ciclo recessivo. Há que comemorar, repita-se, qualquer respiro da economia neste momento. Igualmente, deve-se resistir à tentação de imaginar que se encontrou uma trilha segura. editoriais@grupofolha.com.br
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Caixa dois deveria ser anistiado? NÃO
A NEGAÇÃO DA REALIDADE O dicionário "Houaiss" define "instinto" como o "impulso interior que faz um animal executar inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, da sua espécie ou da sua prole". Não é pela (ou com) razão, mas por instinto de sobrevivência e autoproteção que boa parte da classe política brasileira se esforça para viabilizar a anistia do caixa dois. Em defesa dessa prática afirma-se que ela não se confundiria com a corrupção; portanto, sendo recorrente há muito tempo, seria merecedora de perdão. Menciona-se, ainda, que os valores recebidos por essa via teriam sido destinados às campanhas eleitorais, não ao enriquecimento pessoal, o que não seria tão grave. Eles não poderiam estar mais enganados -ou não poderiam tentar nos enganar mais. Corrupção é receber, em razão da função, ainda que antes de assumi-la, vantagem indevida. Não faz diferença alguma se a propina é designada como agrado, comissão, pixuleco, cafezinho ou "contribuição de campanha". Empresa que destina valores a candidato, esperando receber apoio espúrio aos seus interesses, não realiza doação eleitoral. As contribuições aos mais variados candidatos, vinculados aos mais variados partidos e ideologias, revelam que não se trata de suporte a um programa de governo, mas, na verdade, de aposta em todos os que podem ganhar. Procura-se agradar a todos os potenciais vencedores da eleição para que depois seja possível cobrar favores e garantir a manutenção da "regra do jogo". Há décadas o esquema vem funcionando assim: o empresário promete destinar vantagens indevidas a diferentes agentes públicos, integrantes da mesma engrenagem criminosa. Os funcionários públicos recebem propina para permitir, por fraude em licitação e cartel, que o empresário conquiste contratos. Aos agentes políticos os repasses visam garantir que nomeiem e mantenham nos cargos públicos pessoas aderentes à negociata. Nesse conchavo, ninguém quer receber às claras os valores pela ajuda ilícita. Recorre-se aos operadores financeiros, verdadeiros lavadores profissionais de dinheiro, que viabilizam o pagamento por meio de contas no exterior, contratações de empresas de fachada e repasses de valores em espécie por meio do caixa dois. Ainda que seja recorrente e fenômeno histórico, o caixa dois não perde a sua natureza. Os crimes não perdem a sua natureza quando são muito praticados ou encarados como "modelo reinante". Considerando que o Brasil é, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o país com o maior número absoluto de homicídios, seria também o caso de pensar em anistiar essa prática criminosa? A prática do caixa dois atenta contra a democracia. Para a empreiteira que defrauda licitações públicas, o repasse de valores não é doação, mas investimento. Para o agente público que os recebe, é dívida que será paga com o exercício de suas funções, às custas da sociedade. Além disso, omitir recursos recebidos em campanha política esconde o quão comprometido um político está com aqueles que financiaram seu projeto de poder. Você não gostaria de saber quando o jogo do time de coração é apitado por um juiz que "torce" para o adversário? Não importa o nome, a recorrência ou o fim dado ao recurso indevido recebido por agente público. Caixa dois no Brasil está longe de ser diferente de corrupção, de ser um mero crime eleitoral ou um delito menor. Não importa a cor com que se queira pintar, não há simples ou inocente caixa dois. Pensar o contrário é negar a realidade. JÚLIO NORONHA é procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná ROBERSON POZZOBON é procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Caixa dois deveria ser anistiado? NÃOA NEGAÇÃO DA REALIDADE O dicionário "Houaiss" define "instinto" como o "impulso interior que faz um animal executar inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, da sua espécie ou da sua prole". Não é pela (ou com) razão, mas por instinto de sobrevivência e autoproteção que boa parte da classe política brasileira se esforça para viabilizar a anistia do caixa dois. Em defesa dessa prática afirma-se que ela não se confundiria com a corrupção; portanto, sendo recorrente há muito tempo, seria merecedora de perdão. Menciona-se, ainda, que os valores recebidos por essa via teriam sido destinados às campanhas eleitorais, não ao enriquecimento pessoal, o que não seria tão grave. Eles não poderiam estar mais enganados -ou não poderiam tentar nos enganar mais. Corrupção é receber, em razão da função, ainda que antes de assumi-la, vantagem indevida. Não faz diferença alguma se a propina é designada como agrado, comissão, pixuleco, cafezinho ou "contribuição de campanha". Empresa que destina valores a candidato, esperando receber apoio espúrio aos seus interesses, não realiza doação eleitoral. As contribuições aos mais variados candidatos, vinculados aos mais variados partidos e ideologias, revelam que não se trata de suporte a um programa de governo, mas, na verdade, de aposta em todos os que podem ganhar. Procura-se agradar a todos os potenciais vencedores da eleição para que depois seja possível cobrar favores e garantir a manutenção da "regra do jogo". Há décadas o esquema vem funcionando assim: o empresário promete destinar vantagens indevidas a diferentes agentes públicos, integrantes da mesma engrenagem criminosa. Os funcionários públicos recebem propina para permitir, por fraude em licitação e cartel, que o empresário conquiste contratos. Aos agentes políticos os repasses visam garantir que nomeiem e mantenham nos cargos públicos pessoas aderentes à negociata. Nesse conchavo, ninguém quer receber às claras os valores pela ajuda ilícita. Recorre-se aos operadores financeiros, verdadeiros lavadores profissionais de dinheiro, que viabilizam o pagamento por meio de contas no exterior, contratações de empresas de fachada e repasses de valores em espécie por meio do caixa dois. Ainda que seja recorrente e fenômeno histórico, o caixa dois não perde a sua natureza. Os crimes não perdem a sua natureza quando são muito praticados ou encarados como "modelo reinante". Considerando que o Brasil é, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o país com o maior número absoluto de homicídios, seria também o caso de pensar em anistiar essa prática criminosa? A prática do caixa dois atenta contra a democracia. Para a empreiteira que defrauda licitações públicas, o repasse de valores não é doação, mas investimento. Para o agente público que os recebe, é dívida que será paga com o exercício de suas funções, às custas da sociedade. Além disso, omitir recursos recebidos em campanha política esconde o quão comprometido um político está com aqueles que financiaram seu projeto de poder. Você não gostaria de saber quando o jogo do time de coração é apitado por um juiz que "torce" para o adversário? Não importa o nome, a recorrência ou o fim dado ao recurso indevido recebido por agente público. Caixa dois no Brasil está longe de ser diferente de corrupção, de ser um mero crime eleitoral ou um delito menor. Não importa a cor com que se queira pintar, não há simples ou inocente caixa dois. Pensar o contrário é negar a realidade. JÚLIO NORONHA é procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná ROBERSON POZZOBON é procurador da República e integrante da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Escritor José Luís Peixoto traz vida e morte a cada página de 'Morreste-me'
Passados quinze anos do seu lançamento, "Morreste-me", obra que inaugurou a carreira do português José Luís Peixoto, é finalmente publicada no Brasil. Não há ironia no fato de um livro dedicado à morte corresponder ao nascimento público do escritor, pois essa elegia, escrita com solenidade e contido lirismo, é também celebração da vida para o sobrevivente que carrega a memória como "vingança", como afronta ao mundo que pisoteia sua saudade. À "mágoa indiferente deste mundo que finge continuar", o narrador oferece sua resposta: "Pai. Tudo o que te sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei". ESCOLHAS LINGUÍSTICAS Dividida em quatro partes, a narrativa serve como guia, no Brasil, para recuperação da nossa sintaxe, crescentemente depauperada desde a Semana de 22. Crítica, aliás, que Manuel Bandeira fez ainda na década de 1920, na crônica "Um caso à parte", na qual recomenda o retorno urgente à "sintaxe lusíada" e afirma que o "modernismo era suportável quando extravagância de alguns". Com a inusitada forma pronominal do verbo "morrer", José Luís Peixoto submete o idioma à dor e nos relembra que a morte nunca se restringe ao outro. O autor reconstrói a força da língua portuguesa, como neste trecho, em que a luz enceguece: "Na berma da estrada, entre extensões amarelecidas de mato e cardos secos, entre searas gigantes de trigo, rompem ervas corajosas poucas, rompem papoilas que do fogo sangue das suas chamas ateiam o louro, o áureo". SEM OBVIEDADES Só um narrador consciente dos antagonismos que a passagem do tempo esconde poderia fazer com que morte e vida se defrontassem a cada página, num movimento incessante anunciado com perplexidade desde o início: "Regressei hoje a esta terra agora cruel. A nossa terra, pai. E tudo como se continuasse". Recusando obviedades estéticas, Peixoto elabora uma narrativa cujo luto cerrado esconde cuidadosa composição. Veja-se, por exemplo, na Parte 2, como a ideia de movimento migra do automóvel à busca empreendida pela memória. E, linhas depois, se materializa na viagem noturna do carro funerário – para, a seguir, tornar-se presente nos avanços e regressos do narrador que, ao volante, ruma na direção do passado: "["¦] Cada quilômetro em frente é um mês que recuo". Avançamos, sofremos e retornamos à vida com esse narrador que se impõe por não temer a "dor oceânica", por falar dela sem pieguice. Ele também nos seduz porque, na contramão da literatura atual, tem ousadia para, sem niilismo, falar da desesperança; e, sem chavões psicanalíticos, chorar a ausência paterna. MORRESTE-ME AUTOR José Luís Peixoto EDITORA Dublinense QUANTO R$ 29,90 (64 págs.) AVALIAÇÃO bom
ilustrada
Escritor José Luís Peixoto traz vida e morte a cada página de 'Morreste-me'Passados quinze anos do seu lançamento, "Morreste-me", obra que inaugurou a carreira do português José Luís Peixoto, é finalmente publicada no Brasil. Não há ironia no fato de um livro dedicado à morte corresponder ao nascimento público do escritor, pois essa elegia, escrita com solenidade e contido lirismo, é também celebração da vida para o sobrevivente que carrega a memória como "vingança", como afronta ao mundo que pisoteia sua saudade. À "mágoa indiferente deste mundo que finge continuar", o narrador oferece sua resposta: "Pai. Tudo o que te sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei". ESCOLHAS LINGUÍSTICAS Dividida em quatro partes, a narrativa serve como guia, no Brasil, para recuperação da nossa sintaxe, crescentemente depauperada desde a Semana de 22. Crítica, aliás, que Manuel Bandeira fez ainda na década de 1920, na crônica "Um caso à parte", na qual recomenda o retorno urgente à "sintaxe lusíada" e afirma que o "modernismo era suportável quando extravagância de alguns". Com a inusitada forma pronominal do verbo "morrer", José Luís Peixoto submete o idioma à dor e nos relembra que a morte nunca se restringe ao outro. O autor reconstrói a força da língua portuguesa, como neste trecho, em que a luz enceguece: "Na berma da estrada, entre extensões amarelecidas de mato e cardos secos, entre searas gigantes de trigo, rompem ervas corajosas poucas, rompem papoilas que do fogo sangue das suas chamas ateiam o louro, o áureo". SEM OBVIEDADES Só um narrador consciente dos antagonismos que a passagem do tempo esconde poderia fazer com que morte e vida se defrontassem a cada página, num movimento incessante anunciado com perplexidade desde o início: "Regressei hoje a esta terra agora cruel. A nossa terra, pai. E tudo como se continuasse". Recusando obviedades estéticas, Peixoto elabora uma narrativa cujo luto cerrado esconde cuidadosa composição. Veja-se, por exemplo, na Parte 2, como a ideia de movimento migra do automóvel à busca empreendida pela memória. E, linhas depois, se materializa na viagem noturna do carro funerário – para, a seguir, tornar-se presente nos avanços e regressos do narrador que, ao volante, ruma na direção do passado: "["¦] Cada quilômetro em frente é um mês que recuo". Avançamos, sofremos e retornamos à vida com esse narrador que se impõe por não temer a "dor oceânica", por falar dela sem pieguice. Ele também nos seduz porque, na contramão da literatura atual, tem ousadia para, sem niilismo, falar da desesperança; e, sem chavões psicanalíticos, chorar a ausência paterna. MORRESTE-ME AUTOR José Luís Peixoto EDITORA Dublinense QUANTO R$ 29,90 (64 págs.) AVALIAÇÃO bom
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Em baixa nos últimos anos, Flash será aposentado até 2020, diz Adobe
O Flash da Adobe Systems, uma tecnologia que era usada para alimentar boa parte dos conteúdos de mídia disponíveis on-line, será aposentado no fim de 2020, anunciou a companhia de software nesta terça-feira (25). A Adobe, juntamente com os parceiros Apple, Microsoft, Alphabet, Facebook e Mozilla Corp, disse que o suporte para o Flash será descontinuado em estágios nos próximos três anos. A popularidade do Flash tem caído desde 2007, quando a Apple decidiu não suportá-lo no iPhone. Em uma carta pública, o fundador da Apple, Steve Jobs, criticou em 2010 a confiabilidade, segurança e desempenho do programa. Desde então, outras tecnologias como o HTML5 surgiram como alternativa. Depois de 2020, a Adobe não fará atualizações para o Flash e os navegadores não irão mais o suportar. As empresas estão incentivando desenvolvedores a migrar seus softwares para padrões de programação modernos. "Poucas tecnologias tiveram um impacto tão profundo e positivo na era da internet", disse Govind Balakrishnan, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Adobe Creative Cloud. Criado há mais de 20 anos, o Flash foi um dos softwares preferidos de desenvolvedores para criar jogos, reprodutores de vídeo e aplicativos capazes de operar em vários navegadores online. Quando a Adobe comprou o Flash da Macromedia em 2005, a tecnologia estava em mais de 98% dos computadores pessoais conectados à internet, disse a Macromedia à época. A Adobe disse que trabalhará com o Facebook, Unity Technologies e Epic Games para ajudar os desenvolvedores que ainda usam o Flash a migrar seus jogos para outras tecnologias. A empresa disse que não espera um impacto negativo com o encerramento do Flash. "Na verdade, pensamos que a oportunidade para a Adobe é maior em um mundo pós-Flash", disse Govind Balakrishnan.
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Em baixa nos últimos anos, Flash será aposentado até 2020, diz AdobeO Flash da Adobe Systems, uma tecnologia que era usada para alimentar boa parte dos conteúdos de mídia disponíveis on-line, será aposentado no fim de 2020, anunciou a companhia de software nesta terça-feira (25). A Adobe, juntamente com os parceiros Apple, Microsoft, Alphabet, Facebook e Mozilla Corp, disse que o suporte para o Flash será descontinuado em estágios nos próximos três anos. A popularidade do Flash tem caído desde 2007, quando a Apple decidiu não suportá-lo no iPhone. Em uma carta pública, o fundador da Apple, Steve Jobs, criticou em 2010 a confiabilidade, segurança e desempenho do programa. Desde então, outras tecnologias como o HTML5 surgiram como alternativa. Depois de 2020, a Adobe não fará atualizações para o Flash e os navegadores não irão mais o suportar. As empresas estão incentivando desenvolvedores a migrar seus softwares para padrões de programação modernos. "Poucas tecnologias tiveram um impacto tão profundo e positivo na era da internet", disse Govind Balakrishnan, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da Adobe Creative Cloud. Criado há mais de 20 anos, o Flash foi um dos softwares preferidos de desenvolvedores para criar jogos, reprodutores de vídeo e aplicativos capazes de operar em vários navegadores online. Quando a Adobe comprou o Flash da Macromedia em 2005, a tecnologia estava em mais de 98% dos computadores pessoais conectados à internet, disse a Macromedia à época. A Adobe disse que trabalhará com o Facebook, Unity Technologies e Epic Games para ajudar os desenvolvedores que ainda usam o Flash a migrar seus jogos para outras tecnologias. A empresa disse que não espera um impacto negativo com o encerramento do Flash. "Na verdade, pensamos que a oportunidade para a Adobe é maior em um mundo pós-Flash", disse Govind Balakrishnan.
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Oposição egípcia protesta contra cessão de ilhas à Arábia Saudita
O Legislativo do Egito aprovou a transferência de duas ilhas no mar Vermelho à Arábia Saudita, em um contencioso acordo de fronteiras que causou raiva a muitos egípcios e deflagrou raros protestos contra o governo. A decisão da administração do presidente Abdel Fattah al-Sisi de submeter o acordo a uma votação pelo Legislativo surgiu a despeito de os tribunais egípcios o terem considerado inválido. O Legislativo está repleto de partidários de Sisi, antigo comandante do exército, e o debate sobre a questão causou discussões furiosas entre os legisladores que favorecem e os que se opõem ao acordo. A mídia estatal e privada buscou preparar a opinião pública para a votação em favor de transferir aos sauditas a soberania sobre as ilhas de Tiran e Sanafir, veiculando declarações de analistas e políticos que insistiam em que os territórios pertenciam à Arábia Saudita. Mas a decisão do governo de levar adiante a votação legislativa, a despeito de uma decisão judicial em contrário, provocou inquietação até mesmo entre os partidários do regime. Mais de 60 sites, alguns dos quais conhecidos por sua cobertura crítica do governo, foram bloqueados nas semanas que antecederam a votação, no que os analistas dizem ser parte de uma campanha de repressão a posições dissidentes. A polícia na terça-feira entrou em choque no centro do Cairo com dezenas de manifestantes que se opõem ao acordo. Pelo menos oito pessoas enfrentam acusações pela realização de protestos sem autorização e por insultos ao presidente. O Egito anunciou no ano passado o plano de transferir a soberania sobre as ilhas desabitadas à Arábia Saudita. Os atrasos gerados pelas decisões judiciais adversas à mudança de fronteiras causaram desentendimento entre as duas potências regionais, e Riad suspendeu por alguns meses seus embarques de petróleo para o Egito. O reino vinha sendo um aliado crucial para Sisi, despejando bilhões de dólares na economia do Egito para ajudá-la a superar uma crise, depois que Sisi derrubou seu predecessor, islâmico, em um golpe de Estado em 2013. Os dois governos se reconciliaram no começo do ano e o Egito agora é parte de uma aliança liderada pela Arábia Saudita, que cortou as relações diplomáticas e os elos de transporte com o Qatar por conta das políticas regionais adotadas pelo emirado. Ativistas lançaram contestações judiciais ao acordo sobre fronteiras, no ano passado, e conseguiram obter uma decisão da Suprema Corte Administrativa que bloqueia a transferência de soberania. O tribunal rejeitou o argumento do governo de que Tiran e Sanafir eram originalmente sauditas e foram confiadas ao Egito para salvaguardá-las durante as guerras contra Israel. O acordo de fronteiras foi inicialmente anunciado em abril do ano passado, quando o rei Salman bin Abdulaziz, o monarca saudita, fez uma visita de Estado ao Egito. A notícia chocou muitos egípcios, que cresceram estudando com livros de geografia que descreviam as ilhas como parte do território de seu país. Para muita gente, a decisão parece ser uma concessão humilhante feita a fim de garantir o apoio financeiro saudita. A negociação de fronteiras foi realizada em segredo, e antes do anúncio não era sabido que a Arábia Saudita tinha reivindicações quanto às ilhas. Os oponentes dizem que o governo está abrindo mão de territórios pelo qual soldados egípcios morreram, nas guerras para libertar a península do Sinai da ocupação israelense. O anúncio do acordo, no ano passado, provocou os maiores protestos já realizados contra o governo de Sisi. O presidente argumentou que caso não envolvia ceder território egípcio aos sauditas, mas restaurar terras que no passado eram parte do reino. Em discurso no ano passado, ele ordenou que os egípcios parassem de discutir a questão. Mas ela continua a incomodar, e causou críticas até mesmo de parte de alguns partidários do governo. Tradução de PAULO MIGLIACCI
mundo
Oposição egípcia protesta contra cessão de ilhas à Arábia SauditaO Legislativo do Egito aprovou a transferência de duas ilhas no mar Vermelho à Arábia Saudita, em um contencioso acordo de fronteiras que causou raiva a muitos egípcios e deflagrou raros protestos contra o governo. A decisão da administração do presidente Abdel Fattah al-Sisi de submeter o acordo a uma votação pelo Legislativo surgiu a despeito de os tribunais egípcios o terem considerado inválido. O Legislativo está repleto de partidários de Sisi, antigo comandante do exército, e o debate sobre a questão causou discussões furiosas entre os legisladores que favorecem e os que se opõem ao acordo. A mídia estatal e privada buscou preparar a opinião pública para a votação em favor de transferir aos sauditas a soberania sobre as ilhas de Tiran e Sanafir, veiculando declarações de analistas e políticos que insistiam em que os territórios pertenciam à Arábia Saudita. Mas a decisão do governo de levar adiante a votação legislativa, a despeito de uma decisão judicial em contrário, provocou inquietação até mesmo entre os partidários do regime. Mais de 60 sites, alguns dos quais conhecidos por sua cobertura crítica do governo, foram bloqueados nas semanas que antecederam a votação, no que os analistas dizem ser parte de uma campanha de repressão a posições dissidentes. A polícia na terça-feira entrou em choque no centro do Cairo com dezenas de manifestantes que se opõem ao acordo. Pelo menos oito pessoas enfrentam acusações pela realização de protestos sem autorização e por insultos ao presidente. O Egito anunciou no ano passado o plano de transferir a soberania sobre as ilhas desabitadas à Arábia Saudita. Os atrasos gerados pelas decisões judiciais adversas à mudança de fronteiras causaram desentendimento entre as duas potências regionais, e Riad suspendeu por alguns meses seus embarques de petróleo para o Egito. O reino vinha sendo um aliado crucial para Sisi, despejando bilhões de dólares na economia do Egito para ajudá-la a superar uma crise, depois que Sisi derrubou seu predecessor, islâmico, em um golpe de Estado em 2013. Os dois governos se reconciliaram no começo do ano e o Egito agora é parte de uma aliança liderada pela Arábia Saudita, que cortou as relações diplomáticas e os elos de transporte com o Qatar por conta das políticas regionais adotadas pelo emirado. Ativistas lançaram contestações judiciais ao acordo sobre fronteiras, no ano passado, e conseguiram obter uma decisão da Suprema Corte Administrativa que bloqueia a transferência de soberania. O tribunal rejeitou o argumento do governo de que Tiran e Sanafir eram originalmente sauditas e foram confiadas ao Egito para salvaguardá-las durante as guerras contra Israel. O acordo de fronteiras foi inicialmente anunciado em abril do ano passado, quando o rei Salman bin Abdulaziz, o monarca saudita, fez uma visita de Estado ao Egito. A notícia chocou muitos egípcios, que cresceram estudando com livros de geografia que descreviam as ilhas como parte do território de seu país. Para muita gente, a decisão parece ser uma concessão humilhante feita a fim de garantir o apoio financeiro saudita. A negociação de fronteiras foi realizada em segredo, e antes do anúncio não era sabido que a Arábia Saudita tinha reivindicações quanto às ilhas. Os oponentes dizem que o governo está abrindo mão de territórios pelo qual soldados egípcios morreram, nas guerras para libertar a península do Sinai da ocupação israelense. O anúncio do acordo, no ano passado, provocou os maiores protestos já realizados contra o governo de Sisi. O presidente argumentou que caso não envolvia ceder território egípcio aos sauditas, mas restaurar terras que no passado eram parte do reino. Em discurso no ano passado, ele ordenou que os egípcios parassem de discutir a questão. Mas ela continua a incomodar, e causou críticas até mesmo de parte de alguns partidários do governo. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Virgindade perde peso, mas beleza e finanças ainda influenciam romance
Na era dos aplicativos de paquera e dos anticoncepcionais, será que a seleção natural ainda afeta a maneira como as pessoas escolhem seus parceiros? Ao menos em parte, a resposta é sim, revelam dois estudos assinados por pesquisadores brasileiros – embora mudanças culturais recentes também sejam capazes de afetar preferências românticas. Um dos trabalhos mostrou, por exemplo, que os homens ainda dão mais importância à aparência física quando buscam uma namorada, enquanto as mulheres tendem a preferir sujeitos com melhores perspectivas financeiras – uma assimetria já prevista pelas abordagens evolucionistas do comportamento humano. O outro levantamento, por sua vez, indica que a diferença tradicional de tamanho entre os sexos – ou seja, a ideia de que o homem "deve" ser mais alto que sua parceira – ainda é a regra. NA HORIZONTAL NEM TUDO É IGUAL - Diferenças na altura dos parceiros em casais heterossexuais, gays e lésbicas Se os resultados parecem estereótipos do relacionamento entre homens e mulheres, é importante lembrar que, no caso do primeiro estudo, os pesquisadores também verificaram que ambos os sexos dão muito menos peso à virgindade do possível parceiro ou à sua vontade de ter filhos, diferentemente do que acontecia 30 anos atrás. Já o segundo trabalho também avaliou casais homossexuais (formados tanto por homens quanto por mulheres), verificando que, entre eles, a diferença de tamanho só é importante quando um dos membros do casal domina o relacionamento. IDADE MÉDIA IDEAL PARA CASAR - Homens continuam querendo casar mais tarde do que mulheres "Os dados, de certa forma, reforçam estereótipos, mas não necessariamente os justificam", argumenta André Souza, brasileiro que trabalha na Universidade do Alabama e é autor de um dos levantamentos. "Se eu fizer um estudo mostrando que beber e dirigir causa acidentes, não estou dizendo que tem de ser assim. Entender as forças que motivam nossos comportamentos deve ser o primeiro passo na tentativa de mudar ou influenciar esses comportamentos." DARWIN EXPLICA? Ambos os trabalhos adotam os pressupostos da chamada psicologia evolucionista, um ramo de pesquisa que busca usar a teoria da evolução como ferramenta para compreender a mente humana. O ponto de partida da ideia é simples: assim como todos os outros animais, a espécie humana foi forjada pela seleção natural, num processo que favoreceu os indivíduos com maior capacidade de sobreviver e, sobretudo, de se reproduzir. E não há nada mais crucial para a reprodução de espécies sexuadas (como a nossa) do que a escolha de parceiros. Ou seja, faz sentido esperar que esse "pedaço" do comportamento humano seja especialmente influenciado pelas pressões da seleção natural. Souza e seus colegas americanos David Buss e Daniel Conroy-Beam, da Universidade do Texas em Austin, decidiram comparar as preferências de parceiros de 1.186 homens e mulheres do Brasil (com idade média de 27 anos), entrevistados em 2014, com os de um grupo de 630 brasileiros e brasileiras (idade média: 22 anos) ouvidas em 1984. Os 30 anos que separam um grupo do outro são um "experimento natural" interessante, ajudando a inferir a relação entre diferenças nas respostas e possíveis mudanças culturais ao longo desse período. Para começo de conversa, no entanto, uma coisa não mudou: homens ainda preferem moças mais jovens, enquanto garotas ainda ficam de olho em rapazes mais velhos. "A pressão 'evolucionista' é a mesma para ambos os sexos: procriar da maneira mais bem-sucedida possível", resume Souza. "Um cara mais velho tem mais chances de ter um bom emprego e consequentemente mais recursos para prover. E mulheres mais novas têm mais chance de ser férteis e saudáveis." Esse mesmo raciocínio básico parece explicar outra constante: a atenção especial dada pelo sexo masculino à beleza, e a preocupação maior do sexo feminino com a estabilidade financeira do parceiro, diz ele. Por outro lado, nos anos 1980, em média, ambos os sexos viam a intenção de ter filhos como algo quase indispensável. Três décadas depois, porém, a tendência é classificar isso como algo "desejável, mas não muito importante" nas entrevistas - o que indica que as motivações ligadas à seleção natural não "controlam a mente" das pessoas, mas apenas as influenciam de maneira relativamente sutil e inconsciente. MAIOR É MELHOR Pode-se dizer que o segundo estudo é, ele próprio, fruto de uma escolha de parceiros. Dois de seus autores são a tcheca Jaroslava Varella Valentova, hoje professora do Instituto de Psicologia da USP, e seu marido, o brasileiro Marco Antonio Varella. Os dois se conheceram em congressos internacionais da área e acabam de ter seu primeiro bebê (uma menina). O casal e seus colegas obtiveram dados de 1.709 pessoas, de ambos os sexos e de diferentes orientações sexuais (homens e mulheres hétero, gays e lésbicas), que viviam no Brasil e na República Tcheca. Os participantes viam diagramas mostrando possíveis alturas relativas (suas e de seus parceiros) e tinham de indicar as que preferiam e as que realmente tinham em seus relacionamentos de longo prazo atuais. No caso dos heterossexuais, tanto as preferências quanto os parceiros reais mostraram um padrão claro: cerca de 80% dos homens namoravam ou estavam casados com mulheres mais baixas, enquanto cerca de 90% das mulheres se relacionavam com homens mais altos (os dados das preferências são bem parecidos). O tamanho maior tinha uma correlação considerável com o papel dominante do membro do casal – quanto mais alto em relação ao parceiro, mais ele tendia a estar no controle da relação. No caso dos casais de gays e lésbicas, a proporção de quem tinha um parceiro do mesmo tamanho ou menor era significativamente maior – mas, de novo, quanto maior a dominância do parceiro, em geral, maior era seu tamanho relativo.
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Virgindade perde peso, mas beleza e finanças ainda influenciam romanceNa era dos aplicativos de paquera e dos anticoncepcionais, será que a seleção natural ainda afeta a maneira como as pessoas escolhem seus parceiros? Ao menos em parte, a resposta é sim, revelam dois estudos assinados por pesquisadores brasileiros – embora mudanças culturais recentes também sejam capazes de afetar preferências românticas. Um dos trabalhos mostrou, por exemplo, que os homens ainda dão mais importância à aparência física quando buscam uma namorada, enquanto as mulheres tendem a preferir sujeitos com melhores perspectivas financeiras – uma assimetria já prevista pelas abordagens evolucionistas do comportamento humano. O outro levantamento, por sua vez, indica que a diferença tradicional de tamanho entre os sexos – ou seja, a ideia de que o homem "deve" ser mais alto que sua parceira – ainda é a regra. NA HORIZONTAL NEM TUDO É IGUAL - Diferenças na altura dos parceiros em casais heterossexuais, gays e lésbicas Se os resultados parecem estereótipos do relacionamento entre homens e mulheres, é importante lembrar que, no caso do primeiro estudo, os pesquisadores também verificaram que ambos os sexos dão muito menos peso à virgindade do possível parceiro ou à sua vontade de ter filhos, diferentemente do que acontecia 30 anos atrás. Já o segundo trabalho também avaliou casais homossexuais (formados tanto por homens quanto por mulheres), verificando que, entre eles, a diferença de tamanho só é importante quando um dos membros do casal domina o relacionamento. IDADE MÉDIA IDEAL PARA CASAR - Homens continuam querendo casar mais tarde do que mulheres "Os dados, de certa forma, reforçam estereótipos, mas não necessariamente os justificam", argumenta André Souza, brasileiro que trabalha na Universidade do Alabama e é autor de um dos levantamentos. "Se eu fizer um estudo mostrando que beber e dirigir causa acidentes, não estou dizendo que tem de ser assim. Entender as forças que motivam nossos comportamentos deve ser o primeiro passo na tentativa de mudar ou influenciar esses comportamentos." DARWIN EXPLICA? Ambos os trabalhos adotam os pressupostos da chamada psicologia evolucionista, um ramo de pesquisa que busca usar a teoria da evolução como ferramenta para compreender a mente humana. O ponto de partida da ideia é simples: assim como todos os outros animais, a espécie humana foi forjada pela seleção natural, num processo que favoreceu os indivíduos com maior capacidade de sobreviver e, sobretudo, de se reproduzir. E não há nada mais crucial para a reprodução de espécies sexuadas (como a nossa) do que a escolha de parceiros. Ou seja, faz sentido esperar que esse "pedaço" do comportamento humano seja especialmente influenciado pelas pressões da seleção natural. Souza e seus colegas americanos David Buss e Daniel Conroy-Beam, da Universidade do Texas em Austin, decidiram comparar as preferências de parceiros de 1.186 homens e mulheres do Brasil (com idade média de 27 anos), entrevistados em 2014, com os de um grupo de 630 brasileiros e brasileiras (idade média: 22 anos) ouvidas em 1984. Os 30 anos que separam um grupo do outro são um "experimento natural" interessante, ajudando a inferir a relação entre diferenças nas respostas e possíveis mudanças culturais ao longo desse período. Para começo de conversa, no entanto, uma coisa não mudou: homens ainda preferem moças mais jovens, enquanto garotas ainda ficam de olho em rapazes mais velhos. "A pressão 'evolucionista' é a mesma para ambos os sexos: procriar da maneira mais bem-sucedida possível", resume Souza. "Um cara mais velho tem mais chances de ter um bom emprego e consequentemente mais recursos para prover. E mulheres mais novas têm mais chance de ser férteis e saudáveis." Esse mesmo raciocínio básico parece explicar outra constante: a atenção especial dada pelo sexo masculino à beleza, e a preocupação maior do sexo feminino com a estabilidade financeira do parceiro, diz ele. Por outro lado, nos anos 1980, em média, ambos os sexos viam a intenção de ter filhos como algo quase indispensável. Três décadas depois, porém, a tendência é classificar isso como algo "desejável, mas não muito importante" nas entrevistas - o que indica que as motivações ligadas à seleção natural não "controlam a mente" das pessoas, mas apenas as influenciam de maneira relativamente sutil e inconsciente. MAIOR É MELHOR Pode-se dizer que o segundo estudo é, ele próprio, fruto de uma escolha de parceiros. Dois de seus autores são a tcheca Jaroslava Varella Valentova, hoje professora do Instituto de Psicologia da USP, e seu marido, o brasileiro Marco Antonio Varella. Os dois se conheceram em congressos internacionais da área e acabam de ter seu primeiro bebê (uma menina). O casal e seus colegas obtiveram dados de 1.709 pessoas, de ambos os sexos e de diferentes orientações sexuais (homens e mulheres hétero, gays e lésbicas), que viviam no Brasil e na República Tcheca. Os participantes viam diagramas mostrando possíveis alturas relativas (suas e de seus parceiros) e tinham de indicar as que preferiam e as que realmente tinham em seus relacionamentos de longo prazo atuais. No caso dos heterossexuais, tanto as preferências quanto os parceiros reais mostraram um padrão claro: cerca de 80% dos homens namoravam ou estavam casados com mulheres mais baixas, enquanto cerca de 90% das mulheres se relacionavam com homens mais altos (os dados das preferências são bem parecidos). O tamanho maior tinha uma correlação considerável com o papel dominante do membro do casal – quanto mais alto em relação ao parceiro, mais ele tendia a estar no controle da relação. No caso dos casais de gays e lésbicas, a proporção de quem tinha um parceiro do mesmo tamanho ou menor era significativamente maior – mas, de novo, quanto maior a dominância do parceiro, em geral, maior era seu tamanho relativo.
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Moro é parcial contra acusados, afirma advogado de Odebrecht
O juiz Sergio Moro não tem imparcialidade para julgar acusados na Lava Jato, na opinião de Nabor Bulhões, 65, advogado de Marcelo Odebrecht, um dos principais executivos presos pela operação.Para Bulhões, a prisão de seu cliente é ilegal porque não há nenhuma prova que o ligue a eventuais atos ilícitos da empresa, como ele defende na entrevista concedida à Folha.
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Moro é parcial contra acusados, afirma advogado de OdebrechtO juiz Sergio Moro não tem imparcialidade para julgar acusados na Lava Jato, na opinião de Nabor Bulhões, 65, advogado de Marcelo Odebrecht, um dos principais executivos presos pela operação.Para Bulhões, a prisão de seu cliente é ilegal porque não há nenhuma prova que o ligue a eventuais atos ilícitos da empresa, como ele defende na entrevista concedida à Folha.
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Técnico da Argentina reafirma que Messi deve ficar fora da Olimpíada
O técnico da seleção Argentina, Gerardo Martino, voltou a dizer que Lionel Messi não deve vir ao Brasil para a Olimpíada, em 2016. "Não temos resolvido se Messi estará ou não, mas não vejo como algo factível. Chocaria com jogadores sub-23 que estão fazendo coisas muito boas como Icardi, Dybala, Vietto e Calleri. Depois que ganhamos duas medalhas de ouro (em Atenas-2004 e Pequim-2008 ) a nossa visão mudou um pouco como encaramos a Olimpíada", afirmou o treinador, em entrevista ao canal TyC Sports. No caso da seleção brasileira, ele vê com outros olhos, porém, e se fosse o comandante o convocaria. "São coisas diferentes. o Brasil nunca ganhou a medalha de ouro, vai estar jogando em casa. Por isso acho que Neymar deve ir", afirmou Tata, que vê o time de Dunga como o maior rival da competição. Até hoje, Messi disputou apenas uma Olimpíada, a de Pequim, onde ele marcou quatro gols.
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Técnico da Argentina reafirma que Messi deve ficar fora da OlimpíadaO técnico da seleção Argentina, Gerardo Martino, voltou a dizer que Lionel Messi não deve vir ao Brasil para a Olimpíada, em 2016. "Não temos resolvido se Messi estará ou não, mas não vejo como algo factível. Chocaria com jogadores sub-23 que estão fazendo coisas muito boas como Icardi, Dybala, Vietto e Calleri. Depois que ganhamos duas medalhas de ouro (em Atenas-2004 e Pequim-2008 ) a nossa visão mudou um pouco como encaramos a Olimpíada", afirmou o treinador, em entrevista ao canal TyC Sports. No caso da seleção brasileira, ele vê com outros olhos, porém, e se fosse o comandante o convocaria. "São coisas diferentes. o Brasil nunca ganhou a medalha de ouro, vai estar jogando em casa. Por isso acho que Neymar deve ir", afirmou Tata, que vê o time de Dunga como o maior rival da competição. Até hoje, Messi disputou apenas uma Olimpíada, a de Pequim, onde ele marcou quatro gols.
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Lesão na costela faz presidente argentino cancelar viagem para Celac
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, não participará da cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que acontece nesta semana no Equador. A ausência foi recomendada por seus médicos. Há 15 dias, Macri fissurou uma costela ao cair enquanto brincava com sua filha de quatro anos, Antonia. A vice-presidente, Gabriela Michetti, será a representante do país no encontro, do qual também participará a presidente Dilma Rousseff. O diretor da unidade médica presidencial da Argentina, Marcelo Ballesteros, recomendou que Macri ficasse no país após a agenda intensa que teve na semana passada, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Já machucado, o presidente compareceu a 26 reuniões, além de duas entrevistas coletivas, em apenas três dias. A fissura na costela impede o dirigente de realizar esforços respiratórios e, por isso, viagens a locais com altitude superior a 2.400 metros não são recomendáveis. Quito, cidade-sede do evento, está a cerca de 2.800 metros do nível do mar.
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Lesão na costela faz presidente argentino cancelar viagem para CelacO presidente da Argentina, Mauricio Macri, não participará da cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que acontece nesta semana no Equador. A ausência foi recomendada por seus médicos. Há 15 dias, Macri fissurou uma costela ao cair enquanto brincava com sua filha de quatro anos, Antonia. A vice-presidente, Gabriela Michetti, será a representante do país no encontro, do qual também participará a presidente Dilma Rousseff. O diretor da unidade médica presidencial da Argentina, Marcelo Ballesteros, recomendou que Macri ficasse no país após a agenda intensa que teve na semana passada, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Já machucado, o presidente compareceu a 26 reuniões, além de duas entrevistas coletivas, em apenas três dias. A fissura na costela impede o dirigente de realizar esforços respiratórios e, por isso, viagens a locais com altitude superior a 2.400 metros não são recomendáveis. Quito, cidade-sede do evento, está a cerca de 2.800 metros do nível do mar.
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Ministro nega pedido do PSDB e diz que STF não é corte consultiva
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello negou nesta quarta-feira (8) pedido do PSDB para que o tribunal apontasse se haveria limites para o depoimento à Justiça Eleitoral do dono da UTC, Ricardo Pessoa, na ação em que o partido pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Celso de Mello afirmou que mostra-se "inviável" ao Supremo Tribunal Federal prestar a informação solicitada pelo PSDB. "Eis que não cabe a esta Corte exercer função consultiva e, em razão desta, esclarecer os limites que devem reger a inquirição da testemunha mencionada perante o Tribunal Superior Eleitoral", disse o ministro. Celso de Mello considera ainda que "o acordo de colaboração premiada, como se sabe, enquanto não recebida a denúncia, reveste-se de caráter sigiloso". Citado como chefe do cartel de empreiteiras que participava do esquema de corrupção da Petrobras, Pessoa deve ser ouvido na terça-feira (14) numa ação que corre no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PSDB argumentava que o acordo de delação premiada fechado pelo dono da UTC com o Ministério Público Federal poderia limitar a fala de Pessoa à Justiça Eleitoral, uma vez que os depoimentos ainda permanecem sob sigilo. A ideia é saber a extensão da fala do empresário. Em despacho enviado ao TSE na semana passada, o juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, afirmou que o depoimento do empresário depende do aval do STF. Moro argumentou que a autorização do STF é necessária porque o acordo de Pessoa está sob sigilo, sendo que uma eventual manifestação dele pode atrapalhar as investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. A ação contra Dilma movida pelo PSDB apura se houve "abuso de poder econômico e político" e "obtenção de recursos de forma ilícita" na campanha à reeleição da presidente. No fim do mês passado, o TSE negou recurso da coligação "Com a Força do Povo", puxada pelo PT, para cancelar os depoimentos de Ricardo Pessoa, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. O depoimento do empreiteiro foi marcado porque ele foi citado por Costa em seus esclarecimentos sobre o processo. A decisão foi tomada pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otavio de Noronha, antes de o STF confirmar o acordo de delação. Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.
poder
Ministro nega pedido do PSDB e diz que STF não é corte consultivaO ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello negou nesta quarta-feira (8) pedido do PSDB para que o tribunal apontasse se haveria limites para o depoimento à Justiça Eleitoral do dono da UTC, Ricardo Pessoa, na ação em que o partido pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Celso de Mello afirmou que mostra-se "inviável" ao Supremo Tribunal Federal prestar a informação solicitada pelo PSDB. "Eis que não cabe a esta Corte exercer função consultiva e, em razão desta, esclarecer os limites que devem reger a inquirição da testemunha mencionada perante o Tribunal Superior Eleitoral", disse o ministro. Celso de Mello considera ainda que "o acordo de colaboração premiada, como se sabe, enquanto não recebida a denúncia, reveste-se de caráter sigiloso". Citado como chefe do cartel de empreiteiras que participava do esquema de corrupção da Petrobras, Pessoa deve ser ouvido na terça-feira (14) numa ação que corre no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PSDB argumentava que o acordo de delação premiada fechado pelo dono da UTC com o Ministério Público Federal poderia limitar a fala de Pessoa à Justiça Eleitoral, uma vez que os depoimentos ainda permanecem sob sigilo. A ideia é saber a extensão da fala do empresário. Em despacho enviado ao TSE na semana passada, o juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, afirmou que o depoimento do empresário depende do aval do STF. Moro argumentou que a autorização do STF é necessária porque o acordo de Pessoa está sob sigilo, sendo que uma eventual manifestação dele pode atrapalhar as investigações sobre o escândalo de corrupção na Petrobras. A ação contra Dilma movida pelo PSDB apura se houve "abuso de poder econômico e político" e "obtenção de recursos de forma ilícita" na campanha à reeleição da presidente. No fim do mês passado, o TSE negou recurso da coligação "Com a Força do Povo", puxada pelo PT, para cancelar os depoimentos de Ricardo Pessoa, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. O depoimento do empreiteiro foi marcado porque ele foi citado por Costa em seus esclarecimentos sobre o processo. A decisão foi tomada pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otavio de Noronha, antes de o STF confirmar o acordo de delação. Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.
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SPHOJE: Terça tem bloqueios de 60 dias e ingressos para ver Morrissey
DE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA Trecho da av. Líder, na zona leste, será interditado a partir das 8h desta terça (15), em função da construção do corredor de ônibus Itaquera. O bloqueio será na faixa esquerda, entre a rua Vale do Ipojuca e a av. Itaquera, e terá duração de 60 dias. Já na zona sul, a rua Capitanias Hereditárias também será parcialmente interditada durante 60 dias a partir das 8h. Os motoristas devem evitar o trecho entre as ruas Vicente Danti e Antonio Aranha, bloqueado para obras de canalização do córrego Ponte Baixa. Vale lembrar: não devem circular nesta terça (15) veículos com placas que terminam em 3 ou 4. O rodízio no centro expandido vale das 7h às 10h e entre 17h e 20h * TEMPO As temperaturas sobem na capital, que terá máxima de 29ºC e mínima de 15ºC. O dia segue parcialmente nublado e sem chuva. * CULTURA E LAZER Ex-vocalista dos Smiths, Morrissey se apresenta no Brasil em novembro -e os ingressos já podem ser comprados pelo site ticketsforfun.com.br e nas bilheterias do Teatro Renault (R$ 140 a R$ 620) e do Citibank Hall (R$ 180 a R$ 600). No Centro Cultural São Paulo, o pianista Emili Brugalla e o violinista Corrado Bolsi, mais conhecidos por integrarem o Trio Kandinsky, mostram obras de compositores catalães e clássicos do século 20. Ingr.: R$ 10 (inteira) O "Guia" selecionou nove filmes avaliados como "ótimos" para assistir durante a semana. Entre eles, os dramas "Adeus à Linguagem", de Godard, e "Enquanto Somos Jovens", de Noah Baumbach. Programe-se! Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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SPHOJE: Terça tem bloqueios de 60 dias e ingressos para ver MorrisseyDE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA Trecho da av. Líder, na zona leste, será interditado a partir das 8h desta terça (15), em função da construção do corredor de ônibus Itaquera. O bloqueio será na faixa esquerda, entre a rua Vale do Ipojuca e a av. Itaquera, e terá duração de 60 dias. Já na zona sul, a rua Capitanias Hereditárias também será parcialmente interditada durante 60 dias a partir das 8h. Os motoristas devem evitar o trecho entre as ruas Vicente Danti e Antonio Aranha, bloqueado para obras de canalização do córrego Ponte Baixa. Vale lembrar: não devem circular nesta terça (15) veículos com placas que terminam em 3 ou 4. O rodízio no centro expandido vale das 7h às 10h e entre 17h e 20h * TEMPO As temperaturas sobem na capital, que terá máxima de 29ºC e mínima de 15ºC. O dia segue parcialmente nublado e sem chuva. * CULTURA E LAZER Ex-vocalista dos Smiths, Morrissey se apresenta no Brasil em novembro -e os ingressos já podem ser comprados pelo site ticketsforfun.com.br e nas bilheterias do Teatro Renault (R$ 140 a R$ 620) e do Citibank Hall (R$ 180 a R$ 600). No Centro Cultural São Paulo, o pianista Emili Brugalla e o violinista Corrado Bolsi, mais conhecidos por integrarem o Trio Kandinsky, mostram obras de compositores catalães e clássicos do século 20. Ingr.: R$ 10 (inteira) O "Guia" selecionou nove filmes avaliados como "ótimos" para assistir durante a semana. Entre eles, os dramas "Adeus à Linguagem", de Godard, e "Enquanto Somos Jovens", de Noah Baumbach. Programe-se! Veja mais opções de como aproveitar o dia em SP no site do "Guia Folha" * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Amanda Massuela
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Rede privada bate meta do ensino médio apenas em Roraima
Com exceção de Roraima, as redes privadas de todos os outros Estados ficaram com notas abaixo da meta no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015 no ensino médio. Em 17 deles, também houve queda no indicador do setor. O ensino médio particular do país caiu pela segunda vez consecutiva no Ideb –principal índice nacional da educação, que é calculado a cada dois anos e leva em conta avaliação de alunos em português e matemática, além de dados sobre reprovação e abandono. Os resultados, segundo especialistas, indicam problemas estruturais que atingem alunos de todas as escolas do Brasil: um modelo engessado, que não interessa ao estudante, professores pouco qualificados e falta de interesse e pressão da sociedade por uma educação melhor. PARTICULARES X PÚBLICAS - Comparação do Ideb das redes privada e estadual no ensino médio, por Estado As médias das regiões Norte e Nordeste da rede privada são inferiores às do restante do país, refletindo uma desigualdade que existe também na rede pública. Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, a piora nos indicadores do ensino privado indica uma acomodação da sociedade, em especial das elites e do empresariado. "Há uma mediocridade geral no país na qualidade do ensino. A qualidade das escolas privadas no Norte e Nordeste não deveria ser pior, uma vez que em ambos os casos elas atraem as elites", diz. "É resultado de uma miopia das elites, não há pressão para melhoria da educação." IDEB NO BRASIL - Abismo entre o desempenho das escolas públicas e privadas diminuiu Oliveira ainda cita as dificuldades do país com a qualidade dos professores, mesmo na rede particular. "O problema não é só formação. Sem carreira atrativa, quem resolve ser professor são aqueles que vão pior no Enem", diz. A posição das famílias em relação à educação dos jovens também é apontada pelo professor Flavio Comin, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), como uma hipótese. "O desempenho escolar é muito ligado a famílias bem ou mal sucedidas, e isso não depende só de fatores socioeconômicos", afirma. "Há pais que acham que basta pagar a escola, mas é muito mais do que isso." ABISMOS Com a queda média da rede particular em 2015, diminuiu o abismo para a rede estadual (que teve leve avanço). Se em 2013 a distância entre os índices era de 59%, ela passou agora para 51%. Em Pernambuco, por exemplo, onde o ensino médio público avançou, a distância com o particular é de 26%. No outro extremo, Mato Grosso do Sul tem o maior abismo entre as redes. O Ideb da particular é 90% maior do que o da estadual. A mesma distância existe no ensino médio do Ceará. O secretário federal de Educação Básica, Rossieli Soares Silva, reforça a importância de reforma da etapa. "Isso mostra, mais uma vez, que estamos em um momento de falência do modelo, para públicas e particulares." Um projeto no Congresso prevê reforma do ensino médio, o que poderia flexibilizar a grade curricular, hoje com 13 disciplinas obrigatórias. PARTICULARES X PÚBLICAS - Particulares PARTICULARES X PÚBLICAS - Públicas O que é o Ideb? O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos. Como esse desempenho é medido? São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio. Como são as provas? Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
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Rede privada bate meta do ensino médio apenas em RoraimaCom exceção de Roraima, as redes privadas de todos os outros Estados ficaram com notas abaixo da meta no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2015 no ensino médio. Em 17 deles, também houve queda no indicador do setor. O ensino médio particular do país caiu pela segunda vez consecutiva no Ideb –principal índice nacional da educação, que é calculado a cada dois anos e leva em conta avaliação de alunos em português e matemática, além de dados sobre reprovação e abandono. Os resultados, segundo especialistas, indicam problemas estruturais que atingem alunos de todas as escolas do Brasil: um modelo engessado, que não interessa ao estudante, professores pouco qualificados e falta de interesse e pressão da sociedade por uma educação melhor. PARTICULARES X PÚBLICAS - Comparação do Ideb das redes privada e estadual no ensino médio, por Estado As médias das regiões Norte e Nordeste da rede privada são inferiores às do restante do país, refletindo uma desigualdade que existe também na rede pública. Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, a piora nos indicadores do ensino privado indica uma acomodação da sociedade, em especial das elites e do empresariado. "Há uma mediocridade geral no país na qualidade do ensino. A qualidade das escolas privadas no Norte e Nordeste não deveria ser pior, uma vez que em ambos os casos elas atraem as elites", diz. "É resultado de uma miopia das elites, não há pressão para melhoria da educação." IDEB NO BRASIL - Abismo entre o desempenho das escolas públicas e privadas diminuiu Oliveira ainda cita as dificuldades do país com a qualidade dos professores, mesmo na rede particular. "O problema não é só formação. Sem carreira atrativa, quem resolve ser professor são aqueles que vão pior no Enem", diz. A posição das famílias em relação à educação dos jovens também é apontada pelo professor Flavio Comin, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), como uma hipótese. "O desempenho escolar é muito ligado a famílias bem ou mal sucedidas, e isso não depende só de fatores socioeconômicos", afirma. "Há pais que acham que basta pagar a escola, mas é muito mais do que isso." ABISMOS Com a queda média da rede particular em 2015, diminuiu o abismo para a rede estadual (que teve leve avanço). Se em 2013 a distância entre os índices era de 59%, ela passou agora para 51%. Em Pernambuco, por exemplo, onde o ensino médio público avançou, a distância com o particular é de 26%. No outro extremo, Mato Grosso do Sul tem o maior abismo entre as redes. O Ideb da particular é 90% maior do que o da estadual. A mesma distância existe no ensino médio do Ceará. O secretário federal de Educação Básica, Rossieli Soares Silva, reforça a importância de reforma da etapa. "Isso mostra, mais uma vez, que estamos em um momento de falência do modelo, para públicas e particulares." Um projeto no Congresso prevê reforma do ensino médio, o que poderia flexibilizar a grade curricular, hoje com 13 disciplinas obrigatórias. PARTICULARES X PÚBLICAS - Particulares PARTICULARES X PÚBLICAS - Públicas O que é o Ideb? O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado para avaliar a qualidade de escolas e das redes de ensino. Ele combina a taxa de aprovação escolar com o desempenho dos alunos. Como esse desempenho é medido? São usados os resultados de dois exames oficiais (Saeb e Prova Brasil), aplicados a cada dois anos no 5º e no 9º ano do ensino fundamental e no 3º ano do médio. Como são as provas? Elas avaliam os conhecimentos dos estudantes em português e matemática e acontecem em todas as escolas públicas com pelo menos 20 matriculados. No ensino médio e na rede privada, a aplicação é por amostragem.
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Fachin concede prazo para JBS entregar novos anexos de delação
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu nesta sexta (1) mais 60 dias para os delatores da JBS entregarem provas e novos materiais da colaboração premiada. Os delatores entregaram à PGR (Procuradoria-Geral da República) cerca de 40 novos anexos nesta quinta (31). O material tem documentos de corroboração de informações já prestadas e de novas revelações que serão apresentadas e inclui ao menos uma gravação de conversa com parlamentar em que há indícios de crimes, apurou a Folha. A JBS divulgou nota em que diz que a decisão do ministro Fachin de prorrogar o prazo para a apresentação de relatos na colaboração dos executivos da jbs é importante para que os esforços de levantamento de informações em andamento não sejam suspensos e possam ser integrados aos trabalhos da leniencia das empresas, recentemente homologada. "O esforço conjunto será útil a produção de mais provas para esclarecimento dos fatos", diz a nota.
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Fachin concede prazo para JBS entregar novos anexos de delaçãoO ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu nesta sexta (1) mais 60 dias para os delatores da JBS entregarem provas e novos materiais da colaboração premiada. Os delatores entregaram à PGR (Procuradoria-Geral da República) cerca de 40 novos anexos nesta quinta (31). O material tem documentos de corroboração de informações já prestadas e de novas revelações que serão apresentadas e inclui ao menos uma gravação de conversa com parlamentar em que há indícios de crimes, apurou a Folha. A JBS divulgou nota em que diz que a decisão do ministro Fachin de prorrogar o prazo para a apresentação de relatos na colaboração dos executivos da jbs é importante para que os esforços de levantamento de informações em andamento não sejam suspensos e possam ser integrados aos trabalhos da leniencia das empresas, recentemente homologada. "O esforço conjunto será útil a produção de mais provas para esclarecimento dos fatos", diz a nota.
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Foi demitido? Veja o que fazer para conseguir um novo emprego
DE SÃO PAULO Confira as dicas de Ricardo Ribas, gerente da recrutadora Page Personnel, para voltar ao mercado de trabalho. REAVALIE Em vez de disparar dezenas de currículos no primeiro dia, tire um tempo para investigar por que não deu certo com a empresa antiga. Esse também é o momento para pensar se vale a pena mudar de área ou aceitar uma proposta de cargo menor FALE OUTRA LÍNGUA Use o dinheiro da rescisão para fazer um intercâmbio e aumentar a fluência em algum idioma. Se quiser economizar, faça um curso na sua cidade -há deficit de profissionais bilíngues no Brasil VOLTE ÀS AULAS Invista em qualificação enquanto não se recoloca. Há formas de adquirir conhecimentos sem gastar muito. Busque livros sobre negócios e cursos on-line de grandes universidades -muitos são gratuitos FAÇA UMA SOCIAL Reative seus contatos. Dependa menos do e-mail e das redes sociais e convide colegas para um almoço ou happy hour
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Foi demitido? Veja o que fazer para conseguir um novo emprego DE SÃO PAULO Confira as dicas de Ricardo Ribas, gerente da recrutadora Page Personnel, para voltar ao mercado de trabalho. REAVALIE Em vez de disparar dezenas de currículos no primeiro dia, tire um tempo para investigar por que não deu certo com a empresa antiga. Esse também é o momento para pensar se vale a pena mudar de área ou aceitar uma proposta de cargo menor FALE OUTRA LÍNGUA Use o dinheiro da rescisão para fazer um intercâmbio e aumentar a fluência em algum idioma. Se quiser economizar, faça um curso na sua cidade -há deficit de profissionais bilíngues no Brasil VOLTE ÀS AULAS Invista em qualificação enquanto não se recoloca. Há formas de adquirir conhecimentos sem gastar muito. Busque livros sobre negócios e cursos on-line de grandes universidades -muitos são gratuitos FAÇA UMA SOCIAL Reative seus contatos. Dependa menos do e-mail e das redes sociais e convide colegas para um almoço ou happy hour
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Cidade belga ganha 'faixas' para quem escreve no celular enquanto anda
Pessoas que escrevem no celular enquanto andam ganharam, na cidade belga de Antuérpia, "faixas" provisórias, para evitar que elas se choquem com os demais pedestres. A iniciativa foi uma espécie de ação publicitária de uma empresa de smartphones localizada na cidade. A loja diz ter criado as chamadas "text walking lanes" porque muitas pessoas vinham quebrando seus aparelhos celulares por colidirem com transeuntes na rua. Estima-se que já haja mais celulares do que pessoas no planeta: números recém-divulgados por operadoras de telefonia e empresas associadas mostram que há cerca de 7,5 bilhões de celulares no mundo, em comparação a uma população global de cerca de 7,2 bilhões. "Você provavelmente anda pelas ruas enquanto escreve mensagens ou digita no Whatsapp e não presta atenção nos arredores –só no que está acontecendo na sua tela (de celular)", disse à Yahoo News um porta-voz da Mlab, loja de tecnologia de Antuérpia. "Isso causa colisões com postes ou pedestres. Você pode, sem saber, estar colocando sua vida em risco ao 'escrever enquanto anda' e cruzar a rua sem olhar para frente." Ainda que as "faixas exclusivas" sejam apenas temporárias, dizem autoridades, existe a possibilidade de elas se tornarem permanentes em Antuérpia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Cidade belga ganha 'faixas' para quem escreve no celular enquanto andaPessoas que escrevem no celular enquanto andam ganharam, na cidade belga de Antuérpia, "faixas" provisórias, para evitar que elas se choquem com os demais pedestres. A iniciativa foi uma espécie de ação publicitária de uma empresa de smartphones localizada na cidade. A loja diz ter criado as chamadas "text walking lanes" porque muitas pessoas vinham quebrando seus aparelhos celulares por colidirem com transeuntes na rua. Estima-se que já haja mais celulares do que pessoas no planeta: números recém-divulgados por operadoras de telefonia e empresas associadas mostram que há cerca de 7,5 bilhões de celulares no mundo, em comparação a uma população global de cerca de 7,2 bilhões. "Você provavelmente anda pelas ruas enquanto escreve mensagens ou digita no Whatsapp e não presta atenção nos arredores –só no que está acontecendo na sua tela (de celular)", disse à Yahoo News um porta-voz da Mlab, loja de tecnologia de Antuérpia. "Isso causa colisões com postes ou pedestres. Você pode, sem saber, estar colocando sua vida em risco ao 'escrever enquanto anda' e cruzar a rua sem olhar para frente." Ainda que as "faixas exclusivas" sejam apenas temporárias, dizem autoridades, existe a possibilidade de elas se tornarem permanentes em Antuérpia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Cidade italiana proíbe forno a lenha para conter poluição
Uma cidade italiana proibiu temporariamente o uso do forno a lenha, atingindo em cheio o jeito tradicional de preparo de um dos pratos típicos da gastronomia do país: a pizza. O objetivo, segundo as autoridades de San Vitaliano, nos arredores de Nápoles, no sul da Itália, é conter a poluição crescente. Um decreto assinado pelo prefeito da cidade proíbe o uso de fornos a lenha em padarias e restaurantes, incluindo pizzarias, a não ser que os proprietários dos estabelecimentos usem filtros especiais para reduzir a emissão de gases. A medida foi tomada pela "preocupação extrema" com a piora da qualidade do ar e ficará em vigor até 31 de março do ano que vem. A medida pode ser reintroduzida no futuro se os sistemas de filtragem do ar se provarem ineficientes para reduzir a poluição, acrescentaram as autoridades. Quem for pego infringindo o veto pode ser multado em até 1.032 euros (R$ 4.471). A baixa qualidade do ar é um problema de longa data em San Vitaliano. Segundo o jornal local "Il Mattino", a cidade é mais poluída do que Pequim. Somente neste ano, o nível de poluição em San Vitaliano superou o limite tolerado 114 vezes, contra 86 vezes em Milão, outra cidade italiana conhecida por ser extremamente poluída. Mas nem todo mundo diz estar convencido que os fornos a lenha sejam os verdadeiros culpados pelos altos índices de poluição. Moradores e pizzaiolos realizaram um protesto no último domingo em frente à prefeitura da cidade para pressionar pelo fim da proibição. "Não podemos ser acusados pela poluição", disse um dos manifestantes ao jornal italiano Corriere della Sera. "Nápoles tem mais pizzarias do que San Vitaliano, mas não tem o mesmo nível de poluição. Está claro que eles não querem mostrar a verdadeira causa disso. Essa determinação é um erro e vai nos custar muito dinheiro", acrescentou.
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Cidade italiana proíbe forno a lenha para conter poluiçãoUma cidade italiana proibiu temporariamente o uso do forno a lenha, atingindo em cheio o jeito tradicional de preparo de um dos pratos típicos da gastronomia do país: a pizza. O objetivo, segundo as autoridades de San Vitaliano, nos arredores de Nápoles, no sul da Itália, é conter a poluição crescente. Um decreto assinado pelo prefeito da cidade proíbe o uso de fornos a lenha em padarias e restaurantes, incluindo pizzarias, a não ser que os proprietários dos estabelecimentos usem filtros especiais para reduzir a emissão de gases. A medida foi tomada pela "preocupação extrema" com a piora da qualidade do ar e ficará em vigor até 31 de março do ano que vem. A medida pode ser reintroduzida no futuro se os sistemas de filtragem do ar se provarem ineficientes para reduzir a poluição, acrescentaram as autoridades. Quem for pego infringindo o veto pode ser multado em até 1.032 euros (R$ 4.471). A baixa qualidade do ar é um problema de longa data em San Vitaliano. Segundo o jornal local "Il Mattino", a cidade é mais poluída do que Pequim. Somente neste ano, o nível de poluição em San Vitaliano superou o limite tolerado 114 vezes, contra 86 vezes em Milão, outra cidade italiana conhecida por ser extremamente poluída. Mas nem todo mundo diz estar convencido que os fornos a lenha sejam os verdadeiros culpados pelos altos índices de poluição. Moradores e pizzaiolos realizaram um protesto no último domingo em frente à prefeitura da cidade para pressionar pelo fim da proibição. "Não podemos ser acusados pela poluição", disse um dos manifestantes ao jornal italiano Corriere della Sera. "Nápoles tem mais pizzarias do que San Vitaliano, mas não tem o mesmo nível de poluição. Está claro que eles não querem mostrar a verdadeira causa disso. Essa determinação é um erro e vai nos custar muito dinheiro", acrescentou.
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De pijama a kit para unhas, Temer ganhou 185 presentes desde posse
No dia em que completou 76 anos de idade, Michel Temer ganhou um instrumento de medição de ângulos geográficos e astronômicos do comandante da Marinha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Já em 17 de maio deste ano, o mais turbulento de sua gestão, quando veio a público a delação da JBS, o mimo recebido foi um porta-retrato com desenho do mapa do Brasil. Esses são alguns dos 185 presentes recebidos pelo presidente Michel Temer desde que chegou ao poder, em 12 de maio de 2016. Pode parecer muito, inclusive pelo fato de o beneficiário ser dono da menor popularidade dos últimos 28 anos. Mas o número e a relação das peças, obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação, mostram uma "tralha" bem mais modesta do que a recebida por Luiz Inácio Lula da Silva em seus oito anos de governo, por exemplo –mais de 9.000 itens, incluindo dezenas de peças de ouro e camisas de times de futebol. A Folha também pediu acesso aos presentes dados a Dilma Rousseff, mas a resposta foi negativa sob o argumento de que os itens não estão mais em poder da União. A lista de presentes a Temer inclui objetos recebidos de autoridades estrangeiras, como um vaso dado pelo presidente da China, Xi Jinping, uma mala e duas esculturas do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e dois copos para saquê do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Veja aqui todos os itens. Quando viajou à China, em setembro de 2016, Temer recebeu do prefeito de Xangai, Yang Xiong, um pijama masculino, "tamanho XL". Nem todos estão identificados. O presidente já recebeu oito presentes sem remetente, incluindo um facão e um chapéu de couro. A Presidência afirma que os presentes ficam armazenados no Palácios do Planalto e do Alvorada, sob cuidados técnicos. Ao término do mandato, se o objeto for considerado público, será integrado ao patrimônio da União. Se for classificado como privado, integrará o Acervo Privado do Presidente, que será levado ao término de seu mandato. Na lista de mimos mais singelos, encontra-se um kit para unhas dado pela Orquestra Criança Cidadã, projeto social do Recife. E duas canetas esferográficas, supostamente fornecidas a Temer pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que afirma se lembrar apenas de ter dado ao peemedebista uma bandeira do Brasil com a inscrição "educação é progresso" no lugar de "ordem e progresso". "Duas canetas esferográficas? Não me lembro. Vai ver que eu esqueci na mesa e eles acharam que era presente."
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De pijama a kit para unhas, Temer ganhou 185 presentes desde posseNo dia em que completou 76 anos de idade, Michel Temer ganhou um instrumento de medição de ângulos geográficos e astronômicos do comandante da Marinha, Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Já em 17 de maio deste ano, o mais turbulento de sua gestão, quando veio a público a delação da JBS, o mimo recebido foi um porta-retrato com desenho do mapa do Brasil. Esses são alguns dos 185 presentes recebidos pelo presidente Michel Temer desde que chegou ao poder, em 12 de maio de 2016. Pode parecer muito, inclusive pelo fato de o beneficiário ser dono da menor popularidade dos últimos 28 anos. Mas o número e a relação das peças, obtidas pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação, mostram uma "tralha" bem mais modesta do que a recebida por Luiz Inácio Lula da Silva em seus oito anos de governo, por exemplo –mais de 9.000 itens, incluindo dezenas de peças de ouro e camisas de times de futebol. A Folha também pediu acesso aos presentes dados a Dilma Rousseff, mas a resposta foi negativa sob o argumento de que os itens não estão mais em poder da União. A lista de presentes a Temer inclui objetos recebidos de autoridades estrangeiras, como um vaso dado pelo presidente da China, Xi Jinping, uma mala e duas esculturas do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e dois copos para saquê do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Veja aqui todos os itens. Quando viajou à China, em setembro de 2016, Temer recebeu do prefeito de Xangai, Yang Xiong, um pijama masculino, "tamanho XL". Nem todos estão identificados. O presidente já recebeu oito presentes sem remetente, incluindo um facão e um chapéu de couro. A Presidência afirma que os presentes ficam armazenados no Palácios do Planalto e do Alvorada, sob cuidados técnicos. Ao término do mandato, se o objeto for considerado público, será integrado ao patrimônio da União. Se for classificado como privado, integrará o Acervo Privado do Presidente, que será levado ao término de seu mandato. Na lista de mimos mais singelos, encontra-se um kit para unhas dado pela Orquestra Criança Cidadã, projeto social do Recife. E duas canetas esferográficas, supostamente fornecidas a Temer pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que afirma se lembrar apenas de ter dado ao peemedebista uma bandeira do Brasil com a inscrição "educação é progresso" no lugar de "ordem e progresso". "Duas canetas esferográficas? Não me lembro. Vai ver que eu esqueci na mesa e eles acharam que era presente."
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Prostração industrial
Entre todos os setores abatidos pela crise que assola o país –e é difícil imaginar que algum poderia passar incólume por 2015–, nenhum parece sofrer efeitos tão drásticos quanto a indústria, atingida em cheio pelos erros de política econômica acumulados ao longo dos últimos anos. Com o recuo de 0,3% em junho (em relação a maio), a indústria terminou o segundo trimestre com produção 2,1% menor que nos três meses anteriores. No semestre, a retração chega a 6,3%. Os estoques fabris, todavia, ainda estão em níveis elevados, segundo a FGV –sinal de que a redução da produção não tem bastado para compensar a queda das vendas. É difícil ser otimista nesse cenário, e a maior parte dos empresários espera mais do mesmo no segundo semestre. As dificuldades vêm de longe. Na década encerrada em 2014, o setor amargou continuada perda de competitividade devido a uma combinação de custos internos em elevação, sobretudo salariais, com tendência de valorização do real. Diante desse quadro adverso, foram de pouca valia, quando não equivocados, os estímulos dos governos petistas. Isolamento das cadeias mundiais de produção, fechamento do mercado interno e regras restritivas de conteúdo nacional, entre outros itens, completaram o conjunto de descalabros. Não por acaso, o país passou de uma posição de equilíbrio no comércio exterior de manufaturados, até meados da década passada, para deficit cada vez maiores, que atingiram US$ 110 bilhões em 2014. Na prática, ao longo desses dez anos, o país perdeu centenas de bilhões de dólares de demanda por seus produtos manufaturados, seja por falta de acesso a mercados externos, seja por ocupação de espaço local por importações. Há, porém, mudanças de fundo no quadro econômico que apontam para uma nova orientação estrutural para a indústria. A valorização cambial está sendo corrigida, e a recessão contribui para moderação das demandas salariais. Algumas empresas começam a optar por componentes locais e até pensam novamente em exportar. É um movimento lento, e não será suficiente ter condições de salário e câmbio no lugar certo. É preciso complementá-las com uma estratégia de integração com centros produtivos dinâmicos, custos decrescentes de impostos e logística e mais inovação. O quadro global de pequeno crescimento de comércio tampouco é favorável. Mesmo assim, pode-se argumentar que o país começa a corrigir os desequilíbrios mais gritantes e que um novo espaço estrutural para a indústria pode se abrir nos próximos anos. É preciso agarrar essa nova chance com uma estratégia coerente e de longo prazo. editoriais@uol.com.br
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Prostração industrialEntre todos os setores abatidos pela crise que assola o país –e é difícil imaginar que algum poderia passar incólume por 2015–, nenhum parece sofrer efeitos tão drásticos quanto a indústria, atingida em cheio pelos erros de política econômica acumulados ao longo dos últimos anos. Com o recuo de 0,3% em junho (em relação a maio), a indústria terminou o segundo trimestre com produção 2,1% menor que nos três meses anteriores. No semestre, a retração chega a 6,3%. Os estoques fabris, todavia, ainda estão em níveis elevados, segundo a FGV –sinal de que a redução da produção não tem bastado para compensar a queda das vendas. É difícil ser otimista nesse cenário, e a maior parte dos empresários espera mais do mesmo no segundo semestre. As dificuldades vêm de longe. Na década encerrada em 2014, o setor amargou continuada perda de competitividade devido a uma combinação de custos internos em elevação, sobretudo salariais, com tendência de valorização do real. Diante desse quadro adverso, foram de pouca valia, quando não equivocados, os estímulos dos governos petistas. Isolamento das cadeias mundiais de produção, fechamento do mercado interno e regras restritivas de conteúdo nacional, entre outros itens, completaram o conjunto de descalabros. Não por acaso, o país passou de uma posição de equilíbrio no comércio exterior de manufaturados, até meados da década passada, para deficit cada vez maiores, que atingiram US$ 110 bilhões em 2014. Na prática, ao longo desses dez anos, o país perdeu centenas de bilhões de dólares de demanda por seus produtos manufaturados, seja por falta de acesso a mercados externos, seja por ocupação de espaço local por importações. Há, porém, mudanças de fundo no quadro econômico que apontam para uma nova orientação estrutural para a indústria. A valorização cambial está sendo corrigida, e a recessão contribui para moderação das demandas salariais. Algumas empresas começam a optar por componentes locais e até pensam novamente em exportar. É um movimento lento, e não será suficiente ter condições de salário e câmbio no lugar certo. É preciso complementá-las com uma estratégia de integração com centros produtivos dinâmicos, custos decrescentes de impostos e logística e mais inovação. O quadro global de pequeno crescimento de comércio tampouco é favorável. Mesmo assim, pode-se argumentar que o país começa a corrigir os desequilíbrios mais gritantes e que um novo espaço estrutural para a indústria pode se abrir nos próximos anos. É preciso agarrar essa nova chance com uma estratégia coerente e de longo prazo. editoriais@uol.com.br
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Rainer Cadete viverá Dallagnol em filme sobre Lava Jato com globais
"Polícia Federal - A Lei É Para Todos", thriller investigativo sobre a Lava Jato, escalou atores de novelas da Globo como protagonistas. Na ficção, o juiz Sergio Moro será interpretado por Rodrigo Lombardi e o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, por Werner Schünemann. Antonio Calloni viverá o delegado Igor de Paula, coordenador da Lava Jato, e Flávia Alessandra, a delegada Érika Marena. As gravações começam em 16 de novembro. A produção ainda negocia quem interpretará o ex-presidente Lula. As informações foram antecipadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo". O intérprete de Deltan Dallagnol, que ainda estava indefinido, foi fechado na noite de quarta (19): Rainer Cadete. Estreia solo de Marcelo Antunez, que dirigiu com Roberto Santucci "Até Que a Sorte nos Separe", o filme começa com o caso Banestado, que teve Moro como juiz, em 2010, e vai até a 24ª fase da operação, com a condução coercitiva do ex-presidente Lula, ocorrida em março deste ano. A ideia é rodar outros dois filmes sobre a Lava Jato, baseados em entrevistas com os agentes da operação e como o próprio juiz Sergio Moro, de acordo com Tomi Blazick, produtor executivo do longa. A equipe fechou um acordo de cooperação com a Polícia Federal, em que detalharam, em conversas com delegados, investigadores e procuradores, os heróis do filme, como funciona o trabalho durante as operações. Em razão do tema "problemático", Blazick conta que o projeto desistiu de usar recursos públicos de financiamento. Tinha aprovado para captação R$ 12,5 milhões em incentivos, mas cancelou a solicitação à Ancine (Agência Nacional do Cinema). Segundo o produtor, o filme já levantou R$ 13,5 em investimentos privados —ele não quis revelar a fonte. CONCORRÊNCIA José Padilha, diretor de "Tropa de Elite" e produtor executivo de "Narcos", também prepara sua versão cinematográfica sobre a Lava Jato em um filme para a Netflix. O elenco ainda não foi anunciado. Especulou-se que Wagner Moura, que trabalhou com Padilha em "Tropa" e na série, viveria Sergio Moro, mas tanto o ator como o diretor negaram que o convite tenha existido.
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Rainer Cadete viverá Dallagnol em filme sobre Lava Jato com globais"Polícia Federal - A Lei É Para Todos", thriller investigativo sobre a Lava Jato, escalou atores de novelas da Globo como protagonistas. Na ficção, o juiz Sergio Moro será interpretado por Rodrigo Lombardi e o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, por Werner Schünemann. Antonio Calloni viverá o delegado Igor de Paula, coordenador da Lava Jato, e Flávia Alessandra, a delegada Érika Marena. As gravações começam em 16 de novembro. A produção ainda negocia quem interpretará o ex-presidente Lula. As informações foram antecipadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo". O intérprete de Deltan Dallagnol, que ainda estava indefinido, foi fechado na noite de quarta (19): Rainer Cadete. Estreia solo de Marcelo Antunez, que dirigiu com Roberto Santucci "Até Que a Sorte nos Separe", o filme começa com o caso Banestado, que teve Moro como juiz, em 2010, e vai até a 24ª fase da operação, com a condução coercitiva do ex-presidente Lula, ocorrida em março deste ano. A ideia é rodar outros dois filmes sobre a Lava Jato, baseados em entrevistas com os agentes da operação e como o próprio juiz Sergio Moro, de acordo com Tomi Blazick, produtor executivo do longa. A equipe fechou um acordo de cooperação com a Polícia Federal, em que detalharam, em conversas com delegados, investigadores e procuradores, os heróis do filme, como funciona o trabalho durante as operações. Em razão do tema "problemático", Blazick conta que o projeto desistiu de usar recursos públicos de financiamento. Tinha aprovado para captação R$ 12,5 milhões em incentivos, mas cancelou a solicitação à Ancine (Agência Nacional do Cinema). Segundo o produtor, o filme já levantou R$ 13,5 em investimentos privados —ele não quis revelar a fonte. CONCORRÊNCIA José Padilha, diretor de "Tropa de Elite" e produtor executivo de "Narcos", também prepara sua versão cinematográfica sobre a Lava Jato em um filme para a Netflix. O elenco ainda não foi anunciado. Especulou-se que Wagner Moura, que trabalhou com Padilha em "Tropa" e na série, viveria Sergio Moro, mas tanto o ator como o diretor negaram que o convite tenha existido.
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Aplicativo de namoro sério recebe investimento de R$ 5 mi no Brasil
O aplicativo de namoro Kickoff recebeu investimento de cerca de R$ 5 milhões para ampliar sua expansão no Brasil. A meta da empresa é atingir um milhão de usuários no final desse ano —atualmente, são 300 mil cadastrados. Parte do valor veio do Monashees, fundo de venture capital líder em investimentos em empresas de internet no Brasil. O restante é de investidores estrangeiros. A plataforma, nascida no Brasil, é parecida com o Tinder, mas conecta amigos de amigos que buscam um relacionamento sério. O Kickoff só mostra dez pessoas por dia, e todas têm pelo menos um amigo em comum com o usuário no Facebook. O funcionamento é análogo com outros aplicativos de paquera. É possível dar 'sim' ou 'não' e, em caso de a outra também clicar em sim, é aberta a opção de conversa. Com o valor do investimento, os criadores pretendem deixar o site mais seguro e reduzir as falhas —os usuários reclamam, por exemplo, de a mesma pessoa aparecer mais de uma vez. "Reconhecemos o problema e estamos correndo para consertar", afirma Pedro Guerra, um dos sócios, atribuindo os problemas ao crescimento acima do esperado. Em operação desde dezembro do ano passado, mais de 300 mil pessoas já usaram o Kickoff, com mais de 1,5 milhão de combinações e 15 milhões de mensagens trocadas. Além disso, a empresa irá desenvolver novas funcionalidades para tornar o aplicativo mais ágil. Para conseguir realizar essas mudanças, a empresa está aumentando a equipe de cinco para 10 ou 12 pessoas, contratando principalmente desenvolvedores Android, iOS e backend. Lançado inicialmente em São Paulo, atualmente o aplicativo funciona também no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília e Goiânia. A empresa, garante Guerra, também tem planos de expandir para outros países da América Latina. Para quem mora em cidades não atendidas, é possível se cadastrar e usar como experimento. Outra mudança anunciada com o investimento é a entrada de Carlo Dapuzzo, sócio da Monashees (responsável pela transação), no conselho da empresa.
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Aplicativo de namoro sério recebe investimento de R$ 5 mi no BrasilO aplicativo de namoro Kickoff recebeu investimento de cerca de R$ 5 milhões para ampliar sua expansão no Brasil. A meta da empresa é atingir um milhão de usuários no final desse ano —atualmente, são 300 mil cadastrados. Parte do valor veio do Monashees, fundo de venture capital líder em investimentos em empresas de internet no Brasil. O restante é de investidores estrangeiros. A plataforma, nascida no Brasil, é parecida com o Tinder, mas conecta amigos de amigos que buscam um relacionamento sério. O Kickoff só mostra dez pessoas por dia, e todas têm pelo menos um amigo em comum com o usuário no Facebook. O funcionamento é análogo com outros aplicativos de paquera. É possível dar 'sim' ou 'não' e, em caso de a outra também clicar em sim, é aberta a opção de conversa. Com o valor do investimento, os criadores pretendem deixar o site mais seguro e reduzir as falhas —os usuários reclamam, por exemplo, de a mesma pessoa aparecer mais de uma vez. "Reconhecemos o problema e estamos correndo para consertar", afirma Pedro Guerra, um dos sócios, atribuindo os problemas ao crescimento acima do esperado. Em operação desde dezembro do ano passado, mais de 300 mil pessoas já usaram o Kickoff, com mais de 1,5 milhão de combinações e 15 milhões de mensagens trocadas. Além disso, a empresa irá desenvolver novas funcionalidades para tornar o aplicativo mais ágil. Para conseguir realizar essas mudanças, a empresa está aumentando a equipe de cinco para 10 ou 12 pessoas, contratando principalmente desenvolvedores Android, iOS e backend. Lançado inicialmente em São Paulo, atualmente o aplicativo funciona também no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília e Goiânia. A empresa, garante Guerra, também tem planos de expandir para outros países da América Latina. Para quem mora em cidades não atendidas, é possível se cadastrar e usar como experimento. Outra mudança anunciada com o investimento é a entrada de Carlo Dapuzzo, sócio da Monashees (responsável pela transação), no conselho da empresa.
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'TV Folha' destaca 5G, internet das coisas e inovações do mercado mobile
O Mobile World Congress, em Barcelona (Espanha), movimentou o mundo da tecnologia nesta semana. O evento reúne anualmente grandes marcas para apresentar produtos, soluções e discutir o tema. Se no ano passado, realidade virtual pode ser considerado um dos destaques, a edição de 2017 ressalta as iniciativas e os investimentos para desenvolver a rede 5G, velocidade de banda na internet fundamental para o desenvolvimento da chamada internet das coisas —que faz diversos dispositivos eletrônicos conversarem entre si. Em programa ao vivo da "TV Folha" nesta quinta-feira (2), o enviado especial a Barcelona Ricardo Ampudia, Amon Borges, editor-assistente de "Mercado" e "Tec", e Roberto Dias, secretário de Redação, discutiram os principais pontos apresentados na feira. Veja as principais notícias no site especial do Mobile World Congress.
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'TV Folha' destaca 5G, internet das coisas e inovações do mercado mobileO Mobile World Congress, em Barcelona (Espanha), movimentou o mundo da tecnologia nesta semana. O evento reúne anualmente grandes marcas para apresentar produtos, soluções e discutir o tema. Se no ano passado, realidade virtual pode ser considerado um dos destaques, a edição de 2017 ressalta as iniciativas e os investimentos para desenvolver a rede 5G, velocidade de banda na internet fundamental para o desenvolvimento da chamada internet das coisas —que faz diversos dispositivos eletrônicos conversarem entre si. Em programa ao vivo da "TV Folha" nesta quinta-feira (2), o enviado especial a Barcelona Ricardo Ampudia, Amon Borges, editor-assistente de "Mercado" e "Tec", e Roberto Dias, secretário de Redação, discutiram os principais pontos apresentados na feira. Veja as principais notícias no site especial do Mobile World Congress.
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Cultura de depreciação da mulher é desnudada na montagem 'Carne'
É bem ilustrativo o jogo de perguntas e respostas que Fernanda Azevedo e Mônica Rodrigues fazem no espetáculo "Carne "" Histórias em Pedaços", espécie de resumo feminista que chega na sexta (26) ao Sesc Belenzinho. "Cachorro?", Fernanda pergunta. "Melhor amigo do homem", Mônica completa. "Cadela?", uma pergunta. "Puta", a outra, ironicamente, responde. A brincadeira não para aí. Seguem-se as comparações entre "vadio" (aquele que não faz nada) e "vadia", entre "atirado" (impetuoso) e "atirada". Para equivalentes aos adjetivos convertidos ao gênero feminino a resposta é sempre a mesma: "puta". A Kiwi não é uma companhia que costuma deixar o espectador em dúvida sobre suas posições políticas. Seus atores vão ao palco para passar um recado, e, no caso de "Carne", torna-se clara a manifestação em defesa "da igualdade de direitos entre homens e mulheres". A cena citada se soma à farta exposição documental, na qual são exibidos exemplos sobre a cultura de depreciação da mulher. A peça se vale de imagens publicitárias consideradas machistas por seus criadores –o roteiro é assinado por Fernanda Azevedo e Fernando Kinas, enquanto a direção é de Kinas. Estatísticas referentes à inserção da mulher na economia ou sobre registros de violência se combinam. As intérpretes cantam músicas e citam passagens bíblicas; discorrem sobre o simbolismo do Gênesis, mais exatamente sobre Eva ter surgido da costela de Adão, em papel secundário. A linguagem da peça segue modelo do teatro político que a Kiwi desenvolve desde 1996 e que tem influências do escritor e diretor alemão Peter Weiss (1916-1982). Combina o perfil documental às propostas poéticas que admitem leituras críticas diversas. Frequentemente, o grupo articula debates a seus trabalhos. Também faz parte das criações da Kiwi uma estratégia de portabilidade. "Carne" é um espetáculo com objetos e projeções, criado para poder ser apresentado em diversos tipos de espaços. Já foi exibido em salões paroquiais, escolas e em um centro de detenção da Fundação Casa para mulheres. A peça faz parte do projeto "Arte "" Substantivo Feminino", que mescla debates, e criações sobre mulheres, até abril no Sesc Belenzinho. (GF) CARNE - HISTÓRIA EM PEDAÇOS QUANDO sex. e sáb., às 21h30, e dom., às 18h30; até 6/3 ONDE Sesc Belenzinho; r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700 QUANTO R$ 6 a R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 16 anos
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Cultura de depreciação da mulher é desnudada na montagem 'Carne'É bem ilustrativo o jogo de perguntas e respostas que Fernanda Azevedo e Mônica Rodrigues fazem no espetáculo "Carne "" Histórias em Pedaços", espécie de resumo feminista que chega na sexta (26) ao Sesc Belenzinho. "Cachorro?", Fernanda pergunta. "Melhor amigo do homem", Mônica completa. "Cadela?", uma pergunta. "Puta", a outra, ironicamente, responde. A brincadeira não para aí. Seguem-se as comparações entre "vadio" (aquele que não faz nada) e "vadia", entre "atirado" (impetuoso) e "atirada". Para equivalentes aos adjetivos convertidos ao gênero feminino a resposta é sempre a mesma: "puta". A Kiwi não é uma companhia que costuma deixar o espectador em dúvida sobre suas posições políticas. Seus atores vão ao palco para passar um recado, e, no caso de "Carne", torna-se clara a manifestação em defesa "da igualdade de direitos entre homens e mulheres". A cena citada se soma à farta exposição documental, na qual são exibidos exemplos sobre a cultura de depreciação da mulher. A peça se vale de imagens publicitárias consideradas machistas por seus criadores –o roteiro é assinado por Fernanda Azevedo e Fernando Kinas, enquanto a direção é de Kinas. Estatísticas referentes à inserção da mulher na economia ou sobre registros de violência se combinam. As intérpretes cantam músicas e citam passagens bíblicas; discorrem sobre o simbolismo do Gênesis, mais exatamente sobre Eva ter surgido da costela de Adão, em papel secundário. A linguagem da peça segue modelo do teatro político que a Kiwi desenvolve desde 1996 e que tem influências do escritor e diretor alemão Peter Weiss (1916-1982). Combina o perfil documental às propostas poéticas que admitem leituras críticas diversas. Frequentemente, o grupo articula debates a seus trabalhos. Também faz parte das criações da Kiwi uma estratégia de portabilidade. "Carne" é um espetáculo com objetos e projeções, criado para poder ser apresentado em diversos tipos de espaços. Já foi exibido em salões paroquiais, escolas e em um centro de detenção da Fundação Casa para mulheres. A peça faz parte do projeto "Arte "" Substantivo Feminino", que mescla debates, e criações sobre mulheres, até abril no Sesc Belenzinho. (GF) CARNE - HISTÓRIA EM PEDAÇOS QUANDO sex. e sáb., às 21h30, e dom., às 18h30; até 6/3 ONDE Sesc Belenzinho; r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700 QUANTO R$ 6 a R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 16 anos
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Nuzman evita dar meta de medalhas e diz que espera Brasil no top 10
O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, evitou estipular uma meta de medalhas para o Brasil nos Jogos do Rio durante a Sabatina Olímpica da Folha, realizada nesta terça (29). No entanto, ele manteve o objetivo de que o Brasil fique entre os dez primeiros em número de medalhas conquistadas nos Jogos."Nós entendemos que era importante colocar um desafio, um desafio difícil, que é ficar entre os dez primeiros no número total de medalhas. Isso é o que realmente estamos fazendo, mas de onde elas podem vir não sou eu que vou dizer", afirmou.A meta foi estabelecida pelo COB juntamente com as confederações esportivas do país e levada ao Ministério do Esporte, que a aprovou.Leia a reportagem
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Nuzman evita dar meta de medalhas e diz que espera Brasil no top 10O presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, evitou estipular uma meta de medalhas para o Brasil nos Jogos do Rio durante a Sabatina Olímpica da Folha, realizada nesta terça (29). No entanto, ele manteve o objetivo de que o Brasil fique entre os dez primeiros em número de medalhas conquistadas nos Jogos."Nós entendemos que era importante colocar um desafio, um desafio difícil, que é ficar entre os dez primeiros no número total de medalhas. Isso é o que realmente estamos fazendo, mas de onde elas podem vir não sou eu que vou dizer", afirmou.A meta foi estabelecida pelo COB juntamente com as confederações esportivas do país e levada ao Ministério do Esporte, que a aprovou.Leia a reportagem
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Dinheiro para urna eletrônica é muito menor que verba a partidos, diz Toffoli
Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Dias Toffoli criticou nesta terça-feira (1º) o corte orçamentário imposto pelo governo à Justiça Eleitoral e afirmou que o recurso necessário para a realização das eleições municipais de 2016 com voto eletrônico é muito menor do que a verba destinada ao fundo partidário. O fundo é usado para manter a infraestrutura das siglas e para vitaminar campanhas eleitorais. Neste ano, as siglas vão receber mais de R$ 800 milhões. Ao todo, o corte no Judiciário soma R$ 1,74 bilhão –sendo que R$ 428,7 milhões foram retirados da Justiça Eleitoral. Segundo o TSE, o bloqueio pode afetar as eleições, uma vez que dificultará a compra de novas urnas. Antes do corte, uma licitação havia sido aberta para a aquisição de equipamentos, com despesa prevista de R$ 200 milhões. Toffoli afirmou que alguns Estados não terão como ter urnas eletrônicas se o governo não recuar da tesourada. De acordo com o ministro, pelo menos 35 mil urnas no Rio de Janeiro não poderão ser trocadas. "O contingenciamento total da Justiça Eleitoral representa mais de 80% das necessidades que temos que adquirir para as eleições do ano que vem. [O corte] acaba por atingir a possibilidade de realização das eleições com urnas eletrônicas em muitos locais do país porque é sempre necessária reaquisição de novas urnas para repor antigas", disse o ministro. O presidente do TSE afirmou ainda que está confiante de que a medida será revertida. "Nós estamos muito esperançosos de que o Congresso, o Ministério do Planejamento, Tesouro nacional e a Presidência irão excepcionalizar esses recursos necessários para a continuidade das urnas e das eleições, que tem data a ser marcada. É bom lembrar que esse valor que a Justiça Eleitoral está precisando é muito menor do que o fundo partidário", completou. Vice-presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes cobrou que seja costurado um entendimento e defendeu até que o Judiciário discuta uma realocação em suas despesas. O ministro afirmou que encomendou um estudo sobre o impacto financeiro da volta do voto em cédulas de papel. "É uma situação delicada, certamente isso vai ser objeto de negociação e terá que ser feita a devida avaliação. Eu também não sei qual é o custo da eleição no voto tradicional, porque também terá um custo significativo, além das dificuldades de voltar a esse modelo, até mesmo o aprendizado do eleitorado e também dos mesários, está totalmente ultrapassado, teremos que fazer essa revisão", disse. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que o governo tem disposição de debater a questão. "Nós vamos manter um diálogo com o Poder Judiciário, nossos órgãos técnicos vão estudar o problema, temos que dialogar também com o Poder Legislativo para que nós possamos equacionar essa situação, uma vez que o voto eletrônico é muito importante para a cidadania, para o país e para uma boa eleição", afirmou. Nos bastidores, a portaria dos presidentes de tribunais superiores do país reagindo ao corte é interpretada como um instrumento de pressão sobre o Executivo para diminuir o corte no Judiciário, diante do desgaste que o fim do voto eletrônico poderia trazer ao governo Dilma.
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Dinheiro para urna eletrônica é muito menor que verba a partidos, diz ToffoliPresidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Dias Toffoli criticou nesta terça-feira (1º) o corte orçamentário imposto pelo governo à Justiça Eleitoral e afirmou que o recurso necessário para a realização das eleições municipais de 2016 com voto eletrônico é muito menor do que a verba destinada ao fundo partidário. O fundo é usado para manter a infraestrutura das siglas e para vitaminar campanhas eleitorais. Neste ano, as siglas vão receber mais de R$ 800 milhões. Ao todo, o corte no Judiciário soma R$ 1,74 bilhão –sendo que R$ 428,7 milhões foram retirados da Justiça Eleitoral. Segundo o TSE, o bloqueio pode afetar as eleições, uma vez que dificultará a compra de novas urnas. Antes do corte, uma licitação havia sido aberta para a aquisição de equipamentos, com despesa prevista de R$ 200 milhões. Toffoli afirmou que alguns Estados não terão como ter urnas eletrônicas se o governo não recuar da tesourada. De acordo com o ministro, pelo menos 35 mil urnas no Rio de Janeiro não poderão ser trocadas. "O contingenciamento total da Justiça Eleitoral representa mais de 80% das necessidades que temos que adquirir para as eleições do ano que vem. [O corte] acaba por atingir a possibilidade de realização das eleições com urnas eletrônicas em muitos locais do país porque é sempre necessária reaquisição de novas urnas para repor antigas", disse o ministro. O presidente do TSE afirmou ainda que está confiante de que a medida será revertida. "Nós estamos muito esperançosos de que o Congresso, o Ministério do Planejamento, Tesouro nacional e a Presidência irão excepcionalizar esses recursos necessários para a continuidade das urnas e das eleições, que tem data a ser marcada. É bom lembrar que esse valor que a Justiça Eleitoral está precisando é muito menor do que o fundo partidário", completou. Vice-presidente do TSE, o ministro Gilmar Mendes cobrou que seja costurado um entendimento e defendeu até que o Judiciário discuta uma realocação em suas despesas. O ministro afirmou que encomendou um estudo sobre o impacto financeiro da volta do voto em cédulas de papel. "É uma situação delicada, certamente isso vai ser objeto de negociação e terá que ser feita a devida avaliação. Eu também não sei qual é o custo da eleição no voto tradicional, porque também terá um custo significativo, além das dificuldades de voltar a esse modelo, até mesmo o aprendizado do eleitorado e também dos mesários, está totalmente ultrapassado, teremos que fazer essa revisão", disse. O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que o governo tem disposição de debater a questão. "Nós vamos manter um diálogo com o Poder Judiciário, nossos órgãos técnicos vão estudar o problema, temos que dialogar também com o Poder Legislativo para que nós possamos equacionar essa situação, uma vez que o voto eletrônico é muito importante para a cidadania, para o país e para uma boa eleição", afirmou. Nos bastidores, a portaria dos presidentes de tribunais superiores do país reagindo ao corte é interpretada como um instrumento de pressão sobre o Executivo para diminuir o corte no Judiciário, diante do desgaste que o fim do voto eletrônico poderia trazer ao governo Dilma.
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O PT pelo avesso
O Pixuleko, boneco inflável que representa o ex-presidente Lula (PT) em trajes de presidiário, vai-se provando um sucesso. Apareceu pela primeira vez em Brasília no dia 16 de agosto, durante protesto contra o governo Dilma Rousseff (PT); circulou em seguida por capitais como São Paulo e Curitiba e agora começa a se multiplicar. Grupos de Brasília, São Paulo e Fortaleza aproveitaram manifestações do 7 de Setembro para exibir réplicas variadas do Pixuleko –o nome faz referência ao termo que, segundo um dos delatores da Operação Lava Jato, era empregado por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, para tratar de propina. Na Esplanada dos Ministérios, o Movimento Brasil, que criou a primeira versão do ícone, diz ter vendido 600 miniaturas do boneco, ao preço de R$ 10 a unidade. O grupo também comercializa, por R$ 30, camisetas com a imagem do Pixuleko ou do rosto de Sergio Moro, juiz federal responsável pela Lava Jato em Curitiba. De acordo com integrantes do movimento, tais negócios ajudam a bancar viagens de manifestantes e a manutenção dos bonecos gigantes –o maior deles mede 12 metros de altura e chega a 300 quilos quando inflado. A ironia salta aos olhos. Nas décadas de 1980 e 1990, um PT bastante diferente do atual também vendia adesivos e bandeiras para financiar suas atividades partidárias. Contava para isso com militantes de carteirinha que assumiam a tarefa voluntariamente. Iniciativas dessa natureza parecem hoje impensáveis para uma agremiação que se profissionalizou a caminho da Presidência –e que, instalada no poder, protagonizou os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia, nos quais desvios de dinheiro público e recursos de campanhas eleitorais andaram ruinosamente juntos. Petistas históricos como José Genoino e José Dirceu viram-se condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão; o mesmo Dirceu volta ao cárcere em meio às investigações da pilhagem na Petrobras. Não admira que o número de simpatizantes do PT seja cada vez menor, ou que exista uma debandada de prefeitos dispostos a tentar a reeleição em 2016 por outra sigla. A imagem da legenda está cada vez mais associada à dos esquemas ilícitos que abrigou, e seus principais nomes pouco fazem para mudar esse quadro. Entende-se, pois, o sucesso do Pixuleko. Mesmo que nada esteja provado contra Lula, o boneco vestido de presidiário sintetiza a ojeriza que seu partido desperta em camadas crescentes da sociedade. A oposição, não por mérito das agremiações políticas, arrumou um símbolo anti-PT. Falta ainda um programa de governo. editoriais@uol.com.br
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O PT pelo avessoO Pixuleko, boneco inflável que representa o ex-presidente Lula (PT) em trajes de presidiário, vai-se provando um sucesso. Apareceu pela primeira vez em Brasília no dia 16 de agosto, durante protesto contra o governo Dilma Rousseff (PT); circulou em seguida por capitais como São Paulo e Curitiba e agora começa a se multiplicar. Grupos de Brasília, São Paulo e Fortaleza aproveitaram manifestações do 7 de Setembro para exibir réplicas variadas do Pixuleko –o nome faz referência ao termo que, segundo um dos delatores da Operação Lava Jato, era empregado por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, para tratar de propina. Na Esplanada dos Ministérios, o Movimento Brasil, que criou a primeira versão do ícone, diz ter vendido 600 miniaturas do boneco, ao preço de R$ 10 a unidade. O grupo também comercializa, por R$ 30, camisetas com a imagem do Pixuleko ou do rosto de Sergio Moro, juiz federal responsável pela Lava Jato em Curitiba. De acordo com integrantes do movimento, tais negócios ajudam a bancar viagens de manifestantes e a manutenção dos bonecos gigantes –o maior deles mede 12 metros de altura e chega a 300 quilos quando inflado. A ironia salta aos olhos. Nas décadas de 1980 e 1990, um PT bastante diferente do atual também vendia adesivos e bandeiras para financiar suas atividades partidárias. Contava para isso com militantes de carteirinha que assumiam a tarefa voluntariamente. Iniciativas dessa natureza parecem hoje impensáveis para uma agremiação que se profissionalizou a caminho da Presidência –e que, instalada no poder, protagonizou os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia, nos quais desvios de dinheiro público e recursos de campanhas eleitorais andaram ruinosamente juntos. Petistas históricos como José Genoino e José Dirceu viram-se condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão; o mesmo Dirceu volta ao cárcere em meio às investigações da pilhagem na Petrobras. Não admira que o número de simpatizantes do PT seja cada vez menor, ou que exista uma debandada de prefeitos dispostos a tentar a reeleição em 2016 por outra sigla. A imagem da legenda está cada vez mais associada à dos esquemas ilícitos que abrigou, e seus principais nomes pouco fazem para mudar esse quadro. Entende-se, pois, o sucesso do Pixuleko. Mesmo que nada esteja provado contra Lula, o boneco vestido de presidiário sintetiza a ojeriza que seu partido desperta em camadas crescentes da sociedade. A oposição, não por mérito das agremiações políticas, arrumou um símbolo anti-PT. Falta ainda um programa de governo. editoriais@uol.com.br
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Gravador de voz de avião cuja queda matou Teori sofreu danos
O gravador de voz da cabine do avião King Air que se acidentou na última quinta-feira (19), matando o ministro do STF Teori Zavascki, sofreu danos pelo contato com a água do mar. Os investigadores da Aeronáutica ainda não sabem se há algo gravado no aparelho e se o material poderá ser acessado. As informações foram prestadas pela Aeronáutica, em nota, nesta segunda-feira (23). O aparelho, chamado de CVR, chegou a Brasília na manhã do último sábado (21) e está sob os cuidados do Labdata (Laboratório de Análise e Leitura de Dados de Gravadores de Voo), do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Em nota, a Aeronáutica informou que os próximos passos do Labdata são: "secagem do aparelho, verificação da integridade dos dados, processo de degravação dos dados e processo de transcrição". Porém, o tempo de duração de todo o processo "depende das condições do equipamento". Segundo a Aeronáutica, o CVR possui "duas partes". "A primeira é o gravador em si, que armazena os dados. Essa parte é altamente protegida. A segunda é chamada 'base', que contém cabos e circuitos que fazem a ligação com o armazenamento de dados. É essa segunda 'parte' que está molhada e precisa ser recuperada", informou a nota. O aeroporto para o qual o avião se dirigia, na cidade de Paraty (RJ), não dispõe de torre de controle. Se o aparelho estava acionado durante o voo, teria registrado conversas na cabine e contatos do piloto com a torre de controle do Campo de Marte, em São Paulo, de onde o avião partiu. A análise das supostas conversas poderia dar pistas aos investigadores sobre as causas do acidente.
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Gravador de voz de avião cuja queda matou Teori sofreu danosO gravador de voz da cabine do avião King Air que se acidentou na última quinta-feira (19), matando o ministro do STF Teori Zavascki, sofreu danos pelo contato com a água do mar. Os investigadores da Aeronáutica ainda não sabem se há algo gravado no aparelho e se o material poderá ser acessado. As informações foram prestadas pela Aeronáutica, em nota, nesta segunda-feira (23). O aparelho, chamado de CVR, chegou a Brasília na manhã do último sábado (21) e está sob os cuidados do Labdata (Laboratório de Análise e Leitura de Dados de Gravadores de Voo), do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Em nota, a Aeronáutica informou que os próximos passos do Labdata são: "secagem do aparelho, verificação da integridade dos dados, processo de degravação dos dados e processo de transcrição". Porém, o tempo de duração de todo o processo "depende das condições do equipamento". Segundo a Aeronáutica, o CVR possui "duas partes". "A primeira é o gravador em si, que armazena os dados. Essa parte é altamente protegida. A segunda é chamada 'base', que contém cabos e circuitos que fazem a ligação com o armazenamento de dados. É essa segunda 'parte' que está molhada e precisa ser recuperada", informou a nota. O aeroporto para o qual o avião se dirigia, na cidade de Paraty (RJ), não dispõe de torre de controle. Se o aparelho estava acionado durante o voo, teria registrado conversas na cabine e contatos do piloto com a torre de controle do Campo de Marte, em São Paulo, de onde o avião partiu. A análise das supostas conversas poderia dar pistas aos investigadores sobre as causas do acidente.
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Previsões de economistas já estendem recessão até 2017
A turbulência política, intensificada desde a deflagração do processo de impeachment contra a presidente Dilma, e as notícias econômicas negativas têm piorado as previsões de analistas para o PIB do Brasil em 2017. As projeções variam, mas em alguns casos chegam até a antever um terceiro ano consecutivo de contração da economia brasileira. Entre os mais pessimistas está o Credit Suisse, que prevê uma queda de 0,5% do PIB em 2017 após retrações de 3,7% e 3,5% em 2015 e 2016. PIB - Tri. x tri. imediatamente anterior, em % "Esta será a recessão mais profunda e prolongada desde 1901. A confiança está em níveis historicamente baixos, o mercado de trabalho está se deteriorando continuamente e tanto a inflação quanto o deficit fiscal reduziram o espaço para medidas de estímulo", afirma o banco em relatório. No mesmo documento, o Credit Suisse projeta para 2017 o dólar a R$ 5 e o desemprego em 12,6%. "A baixa taxa de aprovação do governo e sua enfraquecida base de apoio dentro do Congresso dificilmente favorecem qualquer melhoria legislativa relevante", diz o relatório, segundo o qual a CPMF não deve ser aprovada pelo Congresso. A consultoria MB Associados também vê possibilidade de retração em 2017. "Com Dilma na presidência a recessão permanece em 2017, com queda de pelo menos 1% do PIB", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB. "Ela continuará não conseguindo governar e, com a política monetária pressionada, o ano de 2017 fica contaminado e a recessão permanece até lá", afirma. "Sem a Dilma, ainda há necessidade de ajuste fiscal, mas pela novidade de um outro nome se torna possível acelerar esse processo e conseguir dar um alento um pouco melhor para 2017, com crescimento de 0,5%. Ainda assim, essa seria uma retomada muito lenta, muito fraca", afirma Vale. FOCUS Nem todos os analistas, porém, acham provável que a recessão permaneça até 2017.Os economistas ouvidos pela última pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (7), projetaram em média um crescimento de 1% para 2017. Essa também é a previsão do Banco Mizuho do Brasil, segundo Luciano Rostagno, seu estrategista-chefe. "Claro que ainda está distante, vai depender da evolução do cenário político, mas no momento isso é o mais provável. A indústria voltaria a crescer depois de o nível de estoques chegar a um patamar mais normalizado, e o setor de serviços teria feito também o seu ajuste na mão de obra e nas margens", afirma Rostagno, cujo cenário conta com avanços no ajuste fiscal em 2016. Outros analistas são mais otimistas. A LCA Consultores prevê crescimento de 1,8% em 2017, e a Gradual Investimentos e o Bradesco projetam uma expansão de 2%. Vídeo: entenda o que é o PIB e como é feito seu cálculo
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Previsões de economistas já estendem recessão até 2017A turbulência política, intensificada desde a deflagração do processo de impeachment contra a presidente Dilma, e as notícias econômicas negativas têm piorado as previsões de analistas para o PIB do Brasil em 2017. As projeções variam, mas em alguns casos chegam até a antever um terceiro ano consecutivo de contração da economia brasileira. Entre os mais pessimistas está o Credit Suisse, que prevê uma queda de 0,5% do PIB em 2017 após retrações de 3,7% e 3,5% em 2015 e 2016. PIB - Tri. x tri. imediatamente anterior, em % "Esta será a recessão mais profunda e prolongada desde 1901. A confiança está em níveis historicamente baixos, o mercado de trabalho está se deteriorando continuamente e tanto a inflação quanto o deficit fiscal reduziram o espaço para medidas de estímulo", afirma o banco em relatório. No mesmo documento, o Credit Suisse projeta para 2017 o dólar a R$ 5 e o desemprego em 12,6%. "A baixa taxa de aprovação do governo e sua enfraquecida base de apoio dentro do Congresso dificilmente favorecem qualquer melhoria legislativa relevante", diz o relatório, segundo o qual a CPMF não deve ser aprovada pelo Congresso. A consultoria MB Associados também vê possibilidade de retração em 2017. "Com Dilma na presidência a recessão permanece em 2017, com queda de pelo menos 1% do PIB", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB. "Ela continuará não conseguindo governar e, com a política monetária pressionada, o ano de 2017 fica contaminado e a recessão permanece até lá", afirma. "Sem a Dilma, ainda há necessidade de ajuste fiscal, mas pela novidade de um outro nome se torna possível acelerar esse processo e conseguir dar um alento um pouco melhor para 2017, com crescimento de 0,5%. Ainda assim, essa seria uma retomada muito lenta, muito fraca", afirma Vale. FOCUS Nem todos os analistas, porém, acham provável que a recessão permaneça até 2017.Os economistas ouvidos pela última pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (7), projetaram em média um crescimento de 1% para 2017. Essa também é a previsão do Banco Mizuho do Brasil, segundo Luciano Rostagno, seu estrategista-chefe. "Claro que ainda está distante, vai depender da evolução do cenário político, mas no momento isso é o mais provável. A indústria voltaria a crescer depois de o nível de estoques chegar a um patamar mais normalizado, e o setor de serviços teria feito também o seu ajuste na mão de obra e nas margens", afirma Rostagno, cujo cenário conta com avanços no ajuste fiscal em 2016. Outros analistas são mais otimistas. A LCA Consultores prevê crescimento de 1,8% em 2017, e a Gradual Investimentos e o Bradesco projetam uma expansão de 2%. Vídeo: entenda o que é o PIB e como é feito seu cálculo
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Vento danifica instalações, cancela provas e irrita atletas nos Jogos
LUIZA FRANCO DO RIO O vento não está colaborando com a Rio-2016. O clima imprevisível teve uma série de consequências para a Olimpíada. Neste domingo (7), o clima causou danos a estruturas da Rio 2016 e afetou o desempenho dos atletas. Por causa do vento, as provas de canoagem slalom foram adiadas; as de remo, canceladas. A equipe brasileira de vela, modalidade cujas competições começam nesta segunda (8), não treinou neste domingo por temer danos à estrutura dos barcos e risco aos atletas. No sambódromo, onde acontecem as competições de tiro com arco, os ventos da tarde têm tido impacto no resultado. "O recorde que o sul coreano bateu foi de manhã. Não teria acontecido à tarde", diz a chefe da delegação brasileira da modalidade, Joice Simões. Atletas de vôlei de praia citaram o vento em Copacabana como um dos maiores obstáculos. "O vento afeta a precisão do movimento. Na hora de sacar, por exemplo, é preciso jogar a bola mais baixo para não entregá-la tanto ao vento", diz o chefe da delegação de vôlei de praia, Franco Neto. Atletas, no entanto, lembram que as oscilações climáticas fazem parte do jogo e cabe ao atleta ter jogo de cintura para lidar com elas. No Parque Olímpico, o vento derrubou placas de sinalização, grades, guarda-sóis, a fachada do estádio aquático, da artista Adriana Varejão. No sábado anterior (30), a ventania danificou a rampa de acesso à Marina da Glória e a ressaca do mar de Copacabana atingiu a estrutura dos estúdios de TV. O clima também afeta o público. No último sábado o calor era tanto que as pessoas se abrigavam na sombra de postes.
esporte
Vento danifica instalações, cancela provas e irrita atletas nos Jogos LUIZA FRANCO DO RIO O vento não está colaborando com a Rio-2016. O clima imprevisível teve uma série de consequências para a Olimpíada. Neste domingo (7), o clima causou danos a estruturas da Rio 2016 e afetou o desempenho dos atletas. Por causa do vento, as provas de canoagem slalom foram adiadas; as de remo, canceladas. A equipe brasileira de vela, modalidade cujas competições começam nesta segunda (8), não treinou neste domingo por temer danos à estrutura dos barcos e risco aos atletas. No sambódromo, onde acontecem as competições de tiro com arco, os ventos da tarde têm tido impacto no resultado. "O recorde que o sul coreano bateu foi de manhã. Não teria acontecido à tarde", diz a chefe da delegação brasileira da modalidade, Joice Simões. Atletas de vôlei de praia citaram o vento em Copacabana como um dos maiores obstáculos. "O vento afeta a precisão do movimento. Na hora de sacar, por exemplo, é preciso jogar a bola mais baixo para não entregá-la tanto ao vento", diz o chefe da delegação de vôlei de praia, Franco Neto. Atletas, no entanto, lembram que as oscilações climáticas fazem parte do jogo e cabe ao atleta ter jogo de cintura para lidar com elas. No Parque Olímpico, o vento derrubou placas de sinalização, grades, guarda-sóis, a fachada do estádio aquático, da artista Adriana Varejão. No sábado anterior (30), a ventania danificou a rampa de acesso à Marina da Glória e a ressaca do mar de Copacabana atingiu a estrutura dos estúdios de TV. O clima também afeta o público. No último sábado o calor era tanto que as pessoas se abrigavam na sombra de postes.
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Mulher de 60 anos quer usar óvulos de filha morta e gerar o próprio neto
Uma mulher de 60 anos está travando uma batalha judicial no Reino Unido para ter acesso aos óvulos congelados de sua filha morta e, assim, poder dar à luz ao próprio neto. Ela está apelando contra a decisão do órgão regulador britânico de negar a transferência dos óvulos, armazenados em Londres, para uma clínica dos Estados Unidos, onde seriam fecundados com o sêmen de um doador. Sua filha, que morreu cinco anos atrás, teria aprovado a ideia. O Tribunal Superior do país rejeitou o pedido no ano passado, mas a mãe obteve permissão para recorrer da decisão. O último round do caso está ocorrendo na Corte de Apelação, perante um painel de três juízes. 'COMPAIXÃO NATURAL' Órgão responsável pela regulação desse tipo de procedimento no Reino Unido, a Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA, na sigla em inglês) afirmou em 2014 que o material não poderia ser liberado porque a filha não deixou um documento consentindo com o uso dos óvulos. Ela morreu de câncer de intestino, aos 28 anos. Durante os capítulos mais recentes do processo, os advogados da mãe argumentaram aos juízes que ela queria realizar os desejos da filha ao gestar e criar uma criança gerada a partir dos óvulos congelados. O advogado Jenni Richards acrescentou que os óvulos deveriam "simplesmente ser destruídos" se a corte não decidir a favor dela. Por sua vez, Catherine Callaghan, representante da HFEA, afirmou à corte em manifestação escrita que "é natural sentir compaixão pela perda da apelante e por sua vontade de manter a memória de sua filha viva ao tentar conceber uma criança usando os óvulos dela". Porém, não seria o papel do tribunal decidir se a mãe deveria ser autorizada ou não a passar por um tratamento de fertilidade usando os óvulos da filha. Nas palavras de Callaghan: "O papel é determinar se (o juiz Duncan) Oseley errou ao concluir que a comissão de aprovações estatutárias da HFEA agiu de acordo com a lei e racionalmente ao exercer seu amplo poder de decisão e se recusar a autorizar a exportação dos óvulos congelados a um centro de tratamento em Nova York para o uso proposto". CONSENTIMENTO Em junho de 2015, durante a tramitação do processo no Tribunal Superior, a mãe afirmou que sua filha estava desesperada para ter filhos e que pediu a ela: "carregue meus bebês". Os advogados da mulher e de seu marido disseram que a filha ficaria "devastada" se soubesse que seus óvulos não poderiam ser usados. Mas o juiz entendeu que o órgão regulador tinha razão ao dizer que ela não tinha deixado o "consentimento necessário" e afirmou que a negativa não apresentava nenhuma violação aos direitos humanos da família. Embora a filha tenha concordado que seus óvulos poderiam continuar armazenados para uso após sua morte, ela não informou em um formulário separado como gostaria que o material fosse usado. O magistrado disse que estava rejeitando o pleito "consciente da dor adicional que isso irá trazer aos reclamantes, cujo objetivo tem sido honrar os desejos de sua filha no leito de morte". As expectativas eram de que, se a família vencesse a batalha judicial, a mãe seria a primeira mulher no mundo a ficar grávida usando os óvulos de uma filha morta. Em fevereiro passado, quando batalhavam pelo direito de apelar da decisão, seus advogados sustentaram haver "evidência clara" do que a jovem desejava que acontecesse com seus óvulos quando ela morresse. CHANCE DE SUCESSO O magistrado Colman Treacy, da Corte de Apelação, afirmou que a documentação do caso o deixou em dúvidas sobre haver razões "suficientemente fortes" para permitir que o recurso fosse adiante. Mas, após ouvir as argumentações no tribunal, concluiu tratar-se "um caso passível de debate e com uma chance real de sucesso".
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Mulher de 60 anos quer usar óvulos de filha morta e gerar o próprio netoUma mulher de 60 anos está travando uma batalha judicial no Reino Unido para ter acesso aos óvulos congelados de sua filha morta e, assim, poder dar à luz ao próprio neto. Ela está apelando contra a decisão do órgão regulador britânico de negar a transferência dos óvulos, armazenados em Londres, para uma clínica dos Estados Unidos, onde seriam fecundados com o sêmen de um doador. Sua filha, que morreu cinco anos atrás, teria aprovado a ideia. O Tribunal Superior do país rejeitou o pedido no ano passado, mas a mãe obteve permissão para recorrer da decisão. O último round do caso está ocorrendo na Corte de Apelação, perante um painel de três juízes. 'COMPAIXÃO NATURAL' Órgão responsável pela regulação desse tipo de procedimento no Reino Unido, a Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana (HFEA, na sigla em inglês) afirmou em 2014 que o material não poderia ser liberado porque a filha não deixou um documento consentindo com o uso dos óvulos. Ela morreu de câncer de intestino, aos 28 anos. Durante os capítulos mais recentes do processo, os advogados da mãe argumentaram aos juízes que ela queria realizar os desejos da filha ao gestar e criar uma criança gerada a partir dos óvulos congelados. O advogado Jenni Richards acrescentou que os óvulos deveriam "simplesmente ser destruídos" se a corte não decidir a favor dela. Por sua vez, Catherine Callaghan, representante da HFEA, afirmou à corte em manifestação escrita que "é natural sentir compaixão pela perda da apelante e por sua vontade de manter a memória de sua filha viva ao tentar conceber uma criança usando os óvulos dela". Porém, não seria o papel do tribunal decidir se a mãe deveria ser autorizada ou não a passar por um tratamento de fertilidade usando os óvulos da filha. Nas palavras de Callaghan: "O papel é determinar se (o juiz Duncan) Oseley errou ao concluir que a comissão de aprovações estatutárias da HFEA agiu de acordo com a lei e racionalmente ao exercer seu amplo poder de decisão e se recusar a autorizar a exportação dos óvulos congelados a um centro de tratamento em Nova York para o uso proposto". CONSENTIMENTO Em junho de 2015, durante a tramitação do processo no Tribunal Superior, a mãe afirmou que sua filha estava desesperada para ter filhos e que pediu a ela: "carregue meus bebês". Os advogados da mulher e de seu marido disseram que a filha ficaria "devastada" se soubesse que seus óvulos não poderiam ser usados. Mas o juiz entendeu que o órgão regulador tinha razão ao dizer que ela não tinha deixado o "consentimento necessário" e afirmou que a negativa não apresentava nenhuma violação aos direitos humanos da família. Embora a filha tenha concordado que seus óvulos poderiam continuar armazenados para uso após sua morte, ela não informou em um formulário separado como gostaria que o material fosse usado. O magistrado disse que estava rejeitando o pleito "consciente da dor adicional que isso irá trazer aos reclamantes, cujo objetivo tem sido honrar os desejos de sua filha no leito de morte". As expectativas eram de que, se a família vencesse a batalha judicial, a mãe seria a primeira mulher no mundo a ficar grávida usando os óvulos de uma filha morta. Em fevereiro passado, quando batalhavam pelo direito de apelar da decisão, seus advogados sustentaram haver "evidência clara" do que a jovem desejava que acontecesse com seus óvulos quando ela morresse. CHANCE DE SUCESSO O magistrado Colman Treacy, da Corte de Apelação, afirmou que a documentação do caso o deixou em dúvidas sobre haver razões "suficientemente fortes" para permitir que o recurso fosse adiante. Mas, após ouvir as argumentações no tribunal, concluiu tratar-se "um caso passível de debate e com uma chance real de sucesso".
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Apple vende 13 milhões de iPhones em um fim de semana e bate recorde
A Apple anunciou nesta segunda-feira (28) que vendeu mais de 13 milhões de iPhones 6s e 6s Plus no primeiro fim de semana de comercialização dos produtos. Trata-se de um recorde para a companhia (em 2014, a empresa havia chegado a 10 milhões de unidades vendidas no lançamento dos modelos). Os novos iPhones chegaram às lojas de 12 países na sexta-feira (25), incluindo a China, país que havia ficado de fora do fim de semana de lançamento no ano passado por questões regulatórias. A companhia anunciou também que os produtos começarão a ser vendidos em cerca de 40 outros países entre 9 e 16 de outubro –o Brasil não está na lista. A expectativa é que o aparelho chegue às lojas do país até o fim do ano, a preços recordes. Os aparelhos, que têm aparência praticamente idêntica aos anteriores, têm entre as principais novidades um sistema chamado 3D touch, que usa a força com que o usuário toca a tela para acionar diferentes funções do aparelho.
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Apple vende 13 milhões de iPhones em um fim de semana e bate recordeA Apple anunciou nesta segunda-feira (28) que vendeu mais de 13 milhões de iPhones 6s e 6s Plus no primeiro fim de semana de comercialização dos produtos. Trata-se de um recorde para a companhia (em 2014, a empresa havia chegado a 10 milhões de unidades vendidas no lançamento dos modelos). Os novos iPhones chegaram às lojas de 12 países na sexta-feira (25), incluindo a China, país que havia ficado de fora do fim de semana de lançamento no ano passado por questões regulatórias. A companhia anunciou também que os produtos começarão a ser vendidos em cerca de 40 outros países entre 9 e 16 de outubro –o Brasil não está na lista. A expectativa é que o aparelho chegue às lojas do país até o fim do ano, a preços recordes. Os aparelhos, que têm aparência praticamente idêntica aos anteriores, têm entre as principais novidades um sistema chamado 3D touch, que usa a força com que o usuário toca a tela para acionar diferentes funções do aparelho.
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Tributar com justiça
Se não resta dúvida de que os brasileiros pagam muito para custear seu governo, tampouco parece realista imaginar que a carga de impostos possa ser reduzida ao longo dos próximos anos. Tributos federais, estaduais e municipais consomem quase 35% de toda a renda nacional, patamar só igualado ou superado em países mais ricos e menos populosos, europeus em sua maioria. Nem por isso, entretanto, os serviços públicos são satisfatórios, como se sabe —e nem por isso o dinheiro arrecadado é suficiente. Nos três níveis de governo, as despesas ultrapassam com folga a casa dos 40% do PIB. Como a dívida está em alta e ainda há áreas vitais subfinanciadas, como a saúde e a infraestrutura, a possibilidade de abrir mão de receitas não está no horizonte visível. Incidência da carga brasileira - Em % Dada a carga tributária como um fardo inevitável, cumpre torná-la menos nociva. É necessário, sem dúvida, simplificar a cobrança de impostos e contribuições, intento básico da reforma esboçada pelo governo Michel Temer (PMDB). Mas não só: a tributação brasileira precisa ser mais justa —com redistribuição da conta de maneira proporcional à capacidade de pagamento dos contribuintes. Para os dois objetivos deverá concorrer a tão debatida fusão dos múltiplos tributos hoje incidentes sobre a venda de mercadorias e serviços, que compõem, além de um emaranhado burocrático infernal para as empresas, um ônus desmesurado para os consumidores —sobretudo os mais carentes. Metade da arrecadação do país provém do gravame do consumo, uma fatia muito superior à recomendada pelas melhores práticas internacionais. No mundo desenvolvido, o percentual varia de 15%, nos Estados Unidos, a cerca de 30%, na Europa ocidental. Em contrapartida, menos de um quinto das receitas brasileiras origina-se da taxação direta de lucros, salários e outras fontes de renda, enquanto mesmo emergentes como Chile e México apresentam proporções acima dos 30%. Sem elevar a carga total —e esta deve ser uma condição imperativa—, deve-se caminhar rumo a um sistema tributário que contribua para reduzir a desigualdade entre ricos e pobres. Para tanto, não bastará reduzir o número de tributos indiretos, embutidos nos preços dos produtos e pagos igualmente por todos os consumidores; há que, gradativamente, depender menos deles e mais do Imposto de Renda, cujas alíquotas aumentam conforme a remuneração percebida. Não se duvide de que o objetivo é politicamente espinhoso e impossível de ser atingido com uma única reforma. No momento, as ambições oficiais limitam-se a harmonizar, gradualmente, a cobrança do PIS, da Cofins e do ICMS, todos incidentes sobre o consumo. Nesse processo, tendem a ser revistos incentivos e regimes especiais, o que ajudará a tornar o sistema mais equânime. A taxação das mercadorias, ademais, também deve obedecer a critérios de progressividade, com isenção para artigos essenciais e carga extra sobre itens cujo consumo se pretenda coibir. Quanto ao IR, a alíquota máxima da tabela das pessoas físicas, de 27,5%, é baixa para os padrões internacionais. Países de estágio de desenvolvimento semelhante usualmente cobram entre 30% e 40% dos rendimentos mais elevados. Outra área em que se pode avançar é a tributação dos dividendos distribuídos pelas empresas a seus sócios. Nos EUA e na Europa há imposto sobre os lucros e a distribuição destes, numa soma de até 50%; aqui, tributa-se só o lucro da pessoa jurídica, em 34%. Nos Estados e municípios, há espaço para ampliar a tributação sobre o patrimônio —ainda que esta seja menos representativa em todo o mundo, devido ao objetivo de estimular a formação de poupança. O imposto sobre heranças e doações, estadual, só nos últimos anos vem sendo cobrado com maior pertinácia; já o IPTU continua negligenciado por grande parte das prefeituras, dada a comodidade das verbas recebidas da União. Trata-se, sem dúvida, de uma agenda ampla e complexa —que, aliás, perderá sentido e legitimidade se o esforço reformista não for estendido ao controle e à eficiência das despesas públicas. O teto estabelecido para o gasto federal é apenas um primeiro e importante passo. A sociedade precisa, além de serviços de maior qualidade, da garantia de que o governo não permanecerá um sorvedouro insaciável de recursos. editoriais@grupofolha.com.br
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Tributar com justiçaSe não resta dúvida de que os brasileiros pagam muito para custear seu governo, tampouco parece realista imaginar que a carga de impostos possa ser reduzida ao longo dos próximos anos. Tributos federais, estaduais e municipais consomem quase 35% de toda a renda nacional, patamar só igualado ou superado em países mais ricos e menos populosos, europeus em sua maioria. Nem por isso, entretanto, os serviços públicos são satisfatórios, como se sabe —e nem por isso o dinheiro arrecadado é suficiente. Nos três níveis de governo, as despesas ultrapassam com folga a casa dos 40% do PIB. Como a dívida está em alta e ainda há áreas vitais subfinanciadas, como a saúde e a infraestrutura, a possibilidade de abrir mão de receitas não está no horizonte visível. Incidência da carga brasileira - Em % Dada a carga tributária como um fardo inevitável, cumpre torná-la menos nociva. É necessário, sem dúvida, simplificar a cobrança de impostos e contribuições, intento básico da reforma esboçada pelo governo Michel Temer (PMDB). Mas não só: a tributação brasileira precisa ser mais justa —com redistribuição da conta de maneira proporcional à capacidade de pagamento dos contribuintes. Para os dois objetivos deverá concorrer a tão debatida fusão dos múltiplos tributos hoje incidentes sobre a venda de mercadorias e serviços, que compõem, além de um emaranhado burocrático infernal para as empresas, um ônus desmesurado para os consumidores —sobretudo os mais carentes. Metade da arrecadação do país provém do gravame do consumo, uma fatia muito superior à recomendada pelas melhores práticas internacionais. No mundo desenvolvido, o percentual varia de 15%, nos Estados Unidos, a cerca de 30%, na Europa ocidental. Em contrapartida, menos de um quinto das receitas brasileiras origina-se da taxação direta de lucros, salários e outras fontes de renda, enquanto mesmo emergentes como Chile e México apresentam proporções acima dos 30%. Sem elevar a carga total —e esta deve ser uma condição imperativa—, deve-se caminhar rumo a um sistema tributário que contribua para reduzir a desigualdade entre ricos e pobres. Para tanto, não bastará reduzir o número de tributos indiretos, embutidos nos preços dos produtos e pagos igualmente por todos os consumidores; há que, gradativamente, depender menos deles e mais do Imposto de Renda, cujas alíquotas aumentam conforme a remuneração percebida. Não se duvide de que o objetivo é politicamente espinhoso e impossível de ser atingido com uma única reforma. No momento, as ambições oficiais limitam-se a harmonizar, gradualmente, a cobrança do PIS, da Cofins e do ICMS, todos incidentes sobre o consumo. Nesse processo, tendem a ser revistos incentivos e regimes especiais, o que ajudará a tornar o sistema mais equânime. A taxação das mercadorias, ademais, também deve obedecer a critérios de progressividade, com isenção para artigos essenciais e carga extra sobre itens cujo consumo se pretenda coibir. Quanto ao IR, a alíquota máxima da tabela das pessoas físicas, de 27,5%, é baixa para os padrões internacionais. Países de estágio de desenvolvimento semelhante usualmente cobram entre 30% e 40% dos rendimentos mais elevados. Outra área em que se pode avançar é a tributação dos dividendos distribuídos pelas empresas a seus sócios. Nos EUA e na Europa há imposto sobre os lucros e a distribuição destes, numa soma de até 50%; aqui, tributa-se só o lucro da pessoa jurídica, em 34%. Nos Estados e municípios, há espaço para ampliar a tributação sobre o patrimônio —ainda que esta seja menos representativa em todo o mundo, devido ao objetivo de estimular a formação de poupança. O imposto sobre heranças e doações, estadual, só nos últimos anos vem sendo cobrado com maior pertinácia; já o IPTU continua negligenciado por grande parte das prefeituras, dada a comodidade das verbas recebidas da União. Trata-se, sem dúvida, de uma agenda ampla e complexa —que, aliás, perderá sentido e legitimidade se o esforço reformista não for estendido ao controle e à eficiência das despesas públicas. O teto estabelecido para o gasto federal é apenas um primeiro e importante passo. A sociedade precisa, além de serviços de maior qualidade, da garantia de que o governo não permanecerá um sorvedouro insaciável de recursos. editoriais@grupofolha.com.br
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A quem serve a classe média indignada?
RESUMO Cientista político e presidente do Ipea rejeita, em novo livro, interpretações do Brasil como a de Sérgio Buarque de Holanda. Negando a ideia de que jeitinho e corrupção sejam exclusividades nacionais herdadas da colonização, aponta o "racismo de classe" e o abandono dos excluídos como raízes dos problemas do país. Confusão entre o público e o privado, compadrio, herança católica portuguesa, predomínio das relações pessoais e familiares sobre o sistema de mérito, corrupção. Ao contrário do que em geral se pensa, nada disso é característica exclusiva do Brasil. Para Jessé Souza, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), criou-se no Brasil, à esquerda e à direita, um legado de equívocos a partir do pensamento de Sérgio Buarque de Holanda (1902-82), que merece ser classificado como um verdadeiro "complexo de vira-lata". Para o professor de ciência política na UFF (Universidade Federal Fluminense), que acaba de lançar "A Tolice da Inteligência Brasileira" [Leya, 272 págs., R$ 39,90, e-book, R$ 26,99], a intelectualidade do país tende a idealizar as sociedades capitalistas avançadas, imaginando que em países como Estados Unidos ou França predomine a plena igualdade de oportunidades e a completa separação entre o Estado e os interesses privados. Mas o peso das origens familiares, do capital cultural acumulado ao longo de gerações, das pressões empresariais sobre o poder público está presente, diz ele, em qualquer país capitalista. Autor de estudos sobre Max Weber (1864-1920) e Jürgen Habermas, Jessé Souza desenvolve, em "A Tolice da Inteligência Brasileira", um sofisticado argumento teórico para mostrar de que modo o conceito weberiano de "patrimonialismo" –fundamento das críticas de Raymundo Faoro (1925-2003) à imobilidade do sistema social brasileiro e ao fracasso do capitalismo e da democracia entre nós– não foi originalmente pensado para ter aplicação nas sociedades modernas. Ao interesse teórico que marcou o início de sua carreira, Jessé Souza tem acrescentado, nos últimos anos, um intenso trabalho de investigação empírica, do qual resultaram livros como "Os Batalhadores Brasileiros: Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?" (editora UFMG, 2010), e "A Ralé Brasileira: Quem É e Como Vive" (ed. UFMG, 2009). O problema da economia e da democracia brasileiras, argumenta Souza, não nasce de supostas deficiências culturais que tenhamos frente aos países desenvolvidos, mas da incapacidade do sistema para integrar um vasto contingente de excluídos, a quem faltam não apenas recursos materiais, mas equipamentos básicos de educação, autoestima e cidadania. A lição de Florestan Fernandes, em especial de seu livro de 1964, "A Integração do Negro na Sociedade de Classes" (ed. Globo), é das poucas que saem preservadas do implacável julgamento crítico de "A Tolice da Inteligência Brasileira", repleto de palavras duras contra Roberto DaMatta, Fernando Henrique Cardoso e outros mestres do pensamento social entre nós. Folha - As ciências sociais brasileiras –com influência no discurso da imprensa e das classes médias– têm insistido no conceito de "patrimonialismo": a prática de tratar bens públicos como se fossem propriedade de uns poucos personagens com acesso permanente ao poder político. Você critica esse conceito, chamando-o de "conto de fadas para adultos". Poderia explicar? Jessé Souza - O conceito de patrimonialismo foi contrabandeado de Max Weber sem a menor preocupação com a contextualização histórica que é fundamental em Weber. Acho que isso está bem fundamentado no livro, mas a "incorreção científica" não é a questão principal aqui. O patrimonialismo só sobrevive como um conceito que quer dizer alguma coisa em um contexto que pressupõe o complexo de vira-lata do brasileiro. Essa é a questão principal. É só porque se imagina, candidamente, que existam países onde não há a apropriação privada do Estado para fins particulares –os EUA para os liberais brasileiros seriam esse paraíso– que se pode falar de patrimonialismo como particularidade brasileira. Imagine a meia dúzia de petroleiras americanas, que mandavam no governo Bush filho, atacando o Iraque, com base em mentiras comprovadas, pela posse do petróleo. E com isso matando milhões de pessoas e desestabilizando a região até hoje com consequências funestas que todos vemos. Quer melhor exemplo de apropriação privada do Estado para fins de lucro de meia dúzia sem qualquer preocupação com as consequências? A verdadeira questão é sempre em nome de que e de quem se apropria do Estado: para o lucro de meia dúzia –como foi a regra no Brasil e que é a real motivação do impeachment de hoje– ou para a maioria da sociedade. Minha tese é a de que, no Brasil, o patrimonialismo serve para duas coisas bem práticas: 1) A primeira é demonizar o Estado como ineficiente e corrupto e permitir a privatização e a virtual mercantilização de todas as áreas da sociedade, mesmo o acesso à educação e à saúde, que não deveria depender da sorte de nascer em berço privilegiado; 2) Serve como uma espécie de "senha" de ocasião para que o 1% que controla o dinheiro, a política (via financiamento privado de eleições) e a mídia em geral possa mandar no Estado mesmo sem voto. Não é coincidência que tenha havido grossa corrupção em todos os governos, mas apenas com Getúlio, Jango, Lula e Dilma, governos com alguma preocupação com a maioria da população, é que a "senha" do patrimonialismo tenha sido acionada com sucesso. Somos ou não feitos de tolos? A corrupção no Brasil, segundo muitos analistas, teria causas culturais, originadas na tradição ibérica e católica. Qual a sua discordância com relação a essa tese? Essa versão é falsa. Ela é "pré-científica", já que examina o fenômeno da transmissão cultural nos termos do senso comum que pensa mais ou menos assim: "Se meu avô é italiano, então também sou". Depende. A língua comum facilita certas interações, mas o decisivo e o que efetivamente constrói os seres humanos são as influências das instituições, como a família, a escola, a economia e a política. No Brasil, desde sempre, temos a escravidão como uma espécie de "instituição total" que determinou um tipo muito peculiar de família, de religião, de poder político, de exercício da justiça, de produção econômica, tudo isso muito distinto de Portugal, que desconhecia a escravidão, a não ser de modo muito tópico e localizado. A Igreja Católica, por exemplo, tinha muito poder e continha o mandonismo dos grandes senhores. Aqui o "senhor de terras e gente" mandava em tudo sem peias. O Brasil desde o ano zero foi, portanto, uma sociedade singular, apesar de colonizada por Portugal. Mas foi a partir desse engano que se criou uma ciência culturalista frágil e superficial, baseada no senso comum que hoje ganha a mente e os corações dos brasileiros de tão repetida por todos. O mais importante é que essa falsa ciência que constrói o brasileiro como inferior –posto que ligado ao "corpo" como emotividade e sexo, se opondo ao europeu e americano que seriam o "espírito", intelecto e moralidade distanciada– serve a interesses políticos. Esse racismo pela cultura só substitui o "racismo racial" clássico, mantendo todas as suas funções de legitimar privilégios. Na dimensão internacional, a intelectualidade brasileira dominante, colonizada até o osso, engole o racismo cultural e torna ontológica a suposta inferioridade brasileira; na dimensão interna e nacional, serve para separar "classes do espírito", como a classe média "coxinha", que seria "ética", posto que escandalizada com o "patrimonialismo seletivo" criado pela mídia, e as classes populares, tidas como "amorais", posto que guiadas pelo interesse imediato. Essa espécie de "racismo de classe", falso de fio a pavio, é o fio condutor do empobrecido debate público brasileiro. Você é muito crítico com relação a um dos formuladores desse "culturalismo", Sérgio Buarque de Holanda. As teses de "Raízes do Brasil" foram expostas em 1936. Será que ao menos naquela época a crítica a um Estado sem meritocracia, baseado no favoritismo e nas relações familiares, não era correta? Eu gostaria antes de tudo de saber onde fica esse país maravilhoso, formado apenas pelo mérito, que não favorece ninguém e onde relações familiares não decidem carreiras. Quem conhecer, por favor, me avise. Eu passei boa parte de minha vida adulta em países ditos "avançados" e nunca conheci um assim. A própria crença de que exista algo assim prova como o racismo e a "vira-latice" tomou conta de nossa alma. Sérgio Buarque de Holanda é o pai desse liberalismo amesquinhado e colonizado brasileiro. É necessário sempre separar a "pessoa" da "obra" e de seus efeitos sociais, que são o que importa. O liberalismo é fundamento importante da democracia, mas existem várias maneiras de ser liberal, e a nossa maneira é a pior possível. Buarque criou a semântica do falso conflito que permite encobrir todos os conflitos sociais verdadeiros entre nós e que nos faz de tolos até hoje. A absurda separação entre um Estado demonizado como corrupto e ineficiente e o mercado como reino de todas as virtudes, quando os dois no fundo são indissociáveis, só serve como mote para a meia dúzia que manda no Brasil e controla o dinheiro, a política e a informação via mídia virar o país de ponta-cabeça só para ter mais dinheiro no bolso. Como não se pode dizer que o que se quer é uma gorda taxa Selic e o acesso "privado" às riquezas brasileiras, como petróleo e ferro, para essa meia dúzia, então diz-se que é para acabar com o "mar de lama", sempre só no Estado, se ocupado por partidos populares, e sempre seletivamente construído via mídia conservadora em associação com as instituições que querem aumentar seu poder relativo vendendo-se como "guardiãs da moralidade pública". É esse discurso que transforma milhões de pessoas inteligentes em tolas. Essa parcela da classe média conservadora é explorada por esse 1% que lhe vende os milagres da privatização brasileira: a pior e mais cara telefonia do globo, por exemplo, campeã de reclamações. De resto, todos os bens e serviços produzidos aqui são piores e mais caros. Mas dessa espoliação da classe média por um mercado superfaturado que vai para o bolso do 1% mais rico ninguém fala. O filho do "coxinha" quer ter acesso a uma boa universidade pública, e o avô dele, quando está doente e o plano não paga, tem que ir ao SUS para doenças graves e tratamentos caros. Um Estado fraco só serve ao 1% mais rico que pode ficar ainda mais rico embolsando a Petrobras a preço de ocasião. O "coxinha" só é feito de tolo. A classe média "coxinha" que sai às ruas tirando onda de campeã da moralidade, por sua vez, explora e rouba o tempo das classes excluídas a baixo preço para poupar o tempo do trabalho doméstico e investir em mais estudo e mais trabalho valorizado e rentável. Luta de classes não é só cassetete na cabeça de trabalhador. É uma luta silenciosa e invisível (para a maioria) que implica monopólio de recursos para as classes privilegiadas e condenações à miséria eterna para a maioria dos 70% que não são da classe média ou do 1% mais rico. A fanfarra do patrimonialismo e da corrupção só do Estado serve, antes de tudo, para tornar essas lutas invisíveis. Como você vê a obra de Roberto DaMatta nesse contexto? A obra dele, que reflete fielmente as discussões de botequim de todo o Brasil, foi uma tentativa de "modernizar" Buarque. O mais irritante é que esse pessoal "tira onda" de crítico ao repetir as platitudes do Estado patrimonial e do "jeitinho" como prova da queda ancestral do brasileiro médio para auferir vantagens por relações de conhecimento com poderosos. A tese central de DaMatta, que se tornou uma espécie de "segunda pele" do brasileiro médio, é a de que a hierarquia social brasileira é fundada no capital social de relações pessoais. Essa seria a peculiaridade brasileira que viria de épocas ancestrais. Desde que a gente reflita duas vezes, essas teses caem como castelo de cartas. Se não, vejamos. O leitor que nos lê conhece alguém com acesso a relações pessoais com pessoas poderosas sem, antes, ter capital econômico ou capital cultural? Se o leitor conhecer, então DaMatta tem razão na sua tese do jeitinho. Como desconfio de que o leitor não conhece ninguém assim, então o que DaMatta faz é tornar invisível a distribuição injusta de capital econômico e cultural e, com isso, sepultar qualquer reflexão sobre a origem social de toda desigualdade. Para completar supõe –no fundo a cândida e infantil crença nos Estados Unidos como paraíso na terra– que existam países onde o capital em relacionamentos não decida previamente a vida da maior parte das pessoas. Teoria mais frágil e colonizada impossível. Mas é ela que faz a cabeça do brasileiro médio hoje. Ao lado do "culturalismo conservador", você critica o economicismo de raiz marxista. Quais as suas restrições a esse modelo explicativo? É que o capitalismo não é só troca de mercadorias e fluxo de capital. É preciso, por isso, superar o economicismo, seja liberal, seja marxista. O capitalismo é também um sistema social e moral que avalia todo mundo e que humilha e despreza uns e enobrece e legitima a felicidade de outros. É essa hierarquia social "invisível" (mas cuja realidade o estudo empírico pode mostrar) que diz o que é certo e errado, verdadeiro ou falso. O capitalismo é, portanto, um sistema de classificação e desclassificação que predetermina quem ganha e quem perde e legitima esses lugares. No livro, que resume meus 35 anos de trabalho teórico e empírico sobre esses temas, procurei mostrar que esses sistemas de classificação são os mesmos para Brasil e Argentina, do mesmo modo como atuam na França ou na Inglaterra. A peculiaridade do Brasil é a tolerância com o abandono da classe dos excluídos que chamo provocativamente de "ralé". Todos nossos problemas –insegurança, baixa produtividade, serviços públicos de má qualidade– advêm do esquecimento dessa classe. A corrupção existe em todos os países, você diz. Mas certamente há diferenças de grau entre a Dinamarca, digamos, e o Brasil. A corrupção é endêmica ao capitalismo. Se corrupção for enganar o outro, então o capitalismo é certamente mais engenhoso que qualquer outro sistema social. O que outros países como a Dinamarca ou Alemanha não têm é a corrupção "pequena" –a única que o cidadão feito de tolo enxerga no cotidiano– do agente público mal remunerado, como os policiais entre nós. Existem também arranjos institucionais mais ou menos bem-sucedidos. O Brasil ganharia com o financiamento público de eleições e com uma reforma política que tornasse mais transparente a relação com a economia. É nisso que falta avançar. Mas é preciso mesmo ser muito ingênuo para não perceber que a "grossa corrupção", a que drena capitais e privilégios para uma pequena minoria, é universal. Dilma tentou comprar essa briga no Brasil, enfrentando o grande capital especulativo. Hoje fica claro que esse pessoal não a perdoou pela ousadia. Suponha-se que Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro e Roberto DaMatta estejam errados ao atribuir a uma particularidade brasileira, a um vício cultural católico português a inexistência de um sistema de mérito real, de uma real impessoalidade do Estado e de uma legítima situação de igualdade de oportunidades no Brasil. Mesmo que essa situação não corresponda à realidade de um país como os Estados Unidos, que esses autores idealizam, será que essa crítica não expressa um desejo de transformação importante? Em vez de anular o valor dessa crítica, poderíamos alargar sua dimensão estendendo-a a outros países. O único caminho seguro, na vida pessoal ou na coletiva, é a verdade. Não se pode pensar uma sociedade e suas contradições alargando uma concepção falsa desde os pressupostos. Nem há razão para isso. O livro mostra, creio eu, que é possível um novo caminho para a percepção do Brasil e de suas singularidades. Um caminho que não vise apenas preservar os privilégios absurdos de uma pequena elite socialmente irresponsável, legitimados por uma pseudociência, mas que possa, inclusive, recuperar a inteligência viva dessa mesma classe média que é hoje manipulada a agir contra seus interesses. Você diz que as classes médias, predominantes nas manifestações de junho de 2013, são feitas de tolas quando compram automóveis com o triplo da taxa de lucro dos países europeus, pagam taxas de juros estratosféricas e usam serviços de celular entre os mais caros e ineficientes do mundo. Mas não teriam razão, do ponto de vista de seus interesses, ao reclamar de impostos que são uma parcela enorme do preço de bens como veículos automotores e geladeiras? A estrutura de impostos no Brasil tem de ser efetivamente revista no sentido de evitar impostos indiretos em produtos e serviços e atingir mais a renda diferencial, e, muito especialmente, o patrimônio. Desse ponto de vista, ela pode ter um pouco de razão. Mas o ponto mais importante para a tolice da classe média é que o Estado funciona como arrecadador de impostos, antes de tudo, para bancar e garantir a drenagem de recursos arrecadados da sociedade como um todo para a meia dúzia de plutocratas que manda na economia, na política via financiamento de eleições e na mídia. O pagamento de juros para essa meia dúzia e seus colegas estrangeiros –o único aspecto que ninguém nem sequer pensa em cortar em ocasiões de crise– compromete, por exemplo, o investimento em educação e saúde de qualidade para todos. O plutocrata vai aos EUA se operar se for preciso e manda o filho estudar em Miami ou na Suíça, como acontece realmente hoje em dia. A classe média que sai às ruas para apoiá-lo precisa do SUS quando a chapa esquenta e só conta com a universidade pública aqui mesmo para o filho. Ao mesmo tempo, paga os serviços e produtos mais caros e de menor qualidade relativa do globo no nosso mercado superfaturado. Esse "extra" também é um imposto que sai da classe média direto para o bolso da elite econômica. Mas dele nunca se fala. Essa classe média, portanto, é espoliada pela elite por mecanismos tanto de Estado quanto de mercado, e é ela que depois sai às ruas para defender os interesses dessa mesma elite usando o espantalho seletivo da corrupção apenas estatal. Essa é a real história da tolice pré-fabricada entre nós. O sentimento anti-Estado e pró-mercado tende a ser conservador e perverso no Brasil. Mas não poderíamos acusar a esquerda, em especial o PT, de um excessivo "estatismo", não no sentido econômico, mas no de considerar que a transformação social poderia vir de uma simples conquista do poder político pelo partido de esquerda? Em vez de privilegiar formas de auto-organização e de capilarização do partido nas periferias, o PT procurou agir "a partir de cima", e não "a partir de baixo". Como resultado, vemos nas periferias todo tipo de igrejas evangélicas, mas nenhum núcleo ou sede distrital de partidos políticos. O preço para assumir o poder sem essa organização foi a aliança com os setores mais retrógrados da política brasileira, como Collor, Maluf, os ruralistas e a bancada evangélica. O "estatismo" de esquerda, nesse sentido, não seria uma repetição para pior do populismo? O petismo não seria também um conto de fadas para adultos? O principal erro do PT para mim foi duplo e reflete sua dependência da narrativa liberal tão importante nele quanto em um partido conservador da elite como o PSDB. Esse foi um dos temas centrais do livro: mostrar que a ideologia liberal amesquinhada dominou também a dita "esquerda", colonizando a tradição social-democrata ou socialista democrática. O PT teria que ter criado uma narrativa independente mostrando a importância do passo a passo da ascensão social possível e mostrando as dificuldades também –sem cair, por exemplo, na fantasia da nova classe média, que gerou expectativas desmedidas. Essa narrativa poderia ter sido uma versão politizada, mostrando a importância da política inclusiva e da "vontade política" para a mobilidade social, de modo a se contrapor à leitura individualista da ascensão social da religião evangélica. Mas, para isso, teria sido necessário tocar no nó górdio da dominação social no Brasil, que é o papel de "partido político da elite" assumido pela imprensa conservadora desde o golpe contra Getúlio. É ela, afinal, quem chama a classe média moralista e feita de tola às ruas e é ela que manipula seletivamente e a seu bel-prazer o tema da corrupção como única moeda dos conservadores para mascarar seus interesses mais mesquinhos em pseudointeresse geral. É ela quem tira onda de "neutra", quando apenas obedece ao dinheiro. O medo desse confronto foi a real causa do que agora acontece. Em uma sociedade midiática, onde toda informação vem de cima para baixo, tem que existir o contraditório, a opinião alternativa, senão o voto do eleitor não é esclarecido nem autônomo, ou seja, rigorosamente, não tem democracia. Nesse sentido estamos mais perto da Coreia do Norte do que da Inglaterra ou da Alemanha. Confiar apenas nos "movimentos sociais" nesse contexto é ingenuidade. Esses movimentos também estão sob a égide do discurso único da mídia conservadora. Essa é para mim a real razão do fracasso relativo do projeto petista. MARCELO COELHO, 57, é colunista da Folha. SÉRGIO SISTER, 67, é artista plástico.
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A quem serve a classe média indignada?RESUMO Cientista político e presidente do Ipea rejeita, em novo livro, interpretações do Brasil como a de Sérgio Buarque de Holanda. Negando a ideia de que jeitinho e corrupção sejam exclusividades nacionais herdadas da colonização, aponta o "racismo de classe" e o abandono dos excluídos como raízes dos problemas do país. Confusão entre o público e o privado, compadrio, herança católica portuguesa, predomínio das relações pessoais e familiares sobre o sistema de mérito, corrupção. Ao contrário do que em geral se pensa, nada disso é característica exclusiva do Brasil. Para Jessé Souza, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), criou-se no Brasil, à esquerda e à direita, um legado de equívocos a partir do pensamento de Sérgio Buarque de Holanda (1902-82), que merece ser classificado como um verdadeiro "complexo de vira-lata". Para o professor de ciência política na UFF (Universidade Federal Fluminense), que acaba de lançar "A Tolice da Inteligência Brasileira" [Leya, 272 págs., R$ 39,90, e-book, R$ 26,99], a intelectualidade do país tende a idealizar as sociedades capitalistas avançadas, imaginando que em países como Estados Unidos ou França predomine a plena igualdade de oportunidades e a completa separação entre o Estado e os interesses privados. Mas o peso das origens familiares, do capital cultural acumulado ao longo de gerações, das pressões empresariais sobre o poder público está presente, diz ele, em qualquer país capitalista. Autor de estudos sobre Max Weber (1864-1920) e Jürgen Habermas, Jessé Souza desenvolve, em "A Tolice da Inteligência Brasileira", um sofisticado argumento teórico para mostrar de que modo o conceito weberiano de "patrimonialismo" –fundamento das críticas de Raymundo Faoro (1925-2003) à imobilidade do sistema social brasileiro e ao fracasso do capitalismo e da democracia entre nós– não foi originalmente pensado para ter aplicação nas sociedades modernas. Ao interesse teórico que marcou o início de sua carreira, Jessé Souza tem acrescentado, nos últimos anos, um intenso trabalho de investigação empírica, do qual resultaram livros como "Os Batalhadores Brasileiros: Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?" (editora UFMG, 2010), e "A Ralé Brasileira: Quem É e Como Vive" (ed. UFMG, 2009). O problema da economia e da democracia brasileiras, argumenta Souza, não nasce de supostas deficiências culturais que tenhamos frente aos países desenvolvidos, mas da incapacidade do sistema para integrar um vasto contingente de excluídos, a quem faltam não apenas recursos materiais, mas equipamentos básicos de educação, autoestima e cidadania. A lição de Florestan Fernandes, em especial de seu livro de 1964, "A Integração do Negro na Sociedade de Classes" (ed. Globo), é das poucas que saem preservadas do implacável julgamento crítico de "A Tolice da Inteligência Brasileira", repleto de palavras duras contra Roberto DaMatta, Fernando Henrique Cardoso e outros mestres do pensamento social entre nós. Folha - As ciências sociais brasileiras –com influência no discurso da imprensa e das classes médias– têm insistido no conceito de "patrimonialismo": a prática de tratar bens públicos como se fossem propriedade de uns poucos personagens com acesso permanente ao poder político. Você critica esse conceito, chamando-o de "conto de fadas para adultos". Poderia explicar? Jessé Souza - O conceito de patrimonialismo foi contrabandeado de Max Weber sem a menor preocupação com a contextualização histórica que é fundamental em Weber. Acho que isso está bem fundamentado no livro, mas a "incorreção científica" não é a questão principal aqui. O patrimonialismo só sobrevive como um conceito que quer dizer alguma coisa em um contexto que pressupõe o complexo de vira-lata do brasileiro. Essa é a questão principal. É só porque se imagina, candidamente, que existam países onde não há a apropriação privada do Estado para fins particulares –os EUA para os liberais brasileiros seriam esse paraíso– que se pode falar de patrimonialismo como particularidade brasileira. Imagine a meia dúzia de petroleiras americanas, que mandavam no governo Bush filho, atacando o Iraque, com base em mentiras comprovadas, pela posse do petróleo. E com isso matando milhões de pessoas e desestabilizando a região até hoje com consequências funestas que todos vemos. Quer melhor exemplo de apropriação privada do Estado para fins de lucro de meia dúzia sem qualquer preocupação com as consequências? A verdadeira questão é sempre em nome de que e de quem se apropria do Estado: para o lucro de meia dúzia –como foi a regra no Brasil e que é a real motivação do impeachment de hoje– ou para a maioria da sociedade. Minha tese é a de que, no Brasil, o patrimonialismo serve para duas coisas bem práticas: 1) A primeira é demonizar o Estado como ineficiente e corrupto e permitir a privatização e a virtual mercantilização de todas as áreas da sociedade, mesmo o acesso à educação e à saúde, que não deveria depender da sorte de nascer em berço privilegiado; 2) Serve como uma espécie de "senha" de ocasião para que o 1% que controla o dinheiro, a política (via financiamento privado de eleições) e a mídia em geral possa mandar no Estado mesmo sem voto. Não é coincidência que tenha havido grossa corrupção em todos os governos, mas apenas com Getúlio, Jango, Lula e Dilma, governos com alguma preocupação com a maioria da população, é que a "senha" do patrimonialismo tenha sido acionada com sucesso. Somos ou não feitos de tolos? A corrupção no Brasil, segundo muitos analistas, teria causas culturais, originadas na tradição ibérica e católica. Qual a sua discordância com relação a essa tese? Essa versão é falsa. Ela é "pré-científica", já que examina o fenômeno da transmissão cultural nos termos do senso comum que pensa mais ou menos assim: "Se meu avô é italiano, então também sou". Depende. A língua comum facilita certas interações, mas o decisivo e o que efetivamente constrói os seres humanos são as influências das instituições, como a família, a escola, a economia e a política. No Brasil, desde sempre, temos a escravidão como uma espécie de "instituição total" que determinou um tipo muito peculiar de família, de religião, de poder político, de exercício da justiça, de produção econômica, tudo isso muito distinto de Portugal, que desconhecia a escravidão, a não ser de modo muito tópico e localizado. A Igreja Católica, por exemplo, tinha muito poder e continha o mandonismo dos grandes senhores. Aqui o "senhor de terras e gente" mandava em tudo sem peias. O Brasil desde o ano zero foi, portanto, uma sociedade singular, apesar de colonizada por Portugal. Mas foi a partir desse engano que se criou uma ciência culturalista frágil e superficial, baseada no senso comum que hoje ganha a mente e os corações dos brasileiros de tão repetida por todos. O mais importante é que essa falsa ciência que constrói o brasileiro como inferior –posto que ligado ao "corpo" como emotividade e sexo, se opondo ao europeu e americano que seriam o "espírito", intelecto e moralidade distanciada– serve a interesses políticos. Esse racismo pela cultura só substitui o "racismo racial" clássico, mantendo todas as suas funções de legitimar privilégios. Na dimensão internacional, a intelectualidade brasileira dominante, colonizada até o osso, engole o racismo cultural e torna ontológica a suposta inferioridade brasileira; na dimensão interna e nacional, serve para separar "classes do espírito", como a classe média "coxinha", que seria "ética", posto que escandalizada com o "patrimonialismo seletivo" criado pela mídia, e as classes populares, tidas como "amorais", posto que guiadas pelo interesse imediato. Essa espécie de "racismo de classe", falso de fio a pavio, é o fio condutor do empobrecido debate público brasileiro. Você é muito crítico com relação a um dos formuladores desse "culturalismo", Sérgio Buarque de Holanda. As teses de "Raízes do Brasil" foram expostas em 1936. Será que ao menos naquela época a crítica a um Estado sem meritocracia, baseado no favoritismo e nas relações familiares, não era correta? Eu gostaria antes de tudo de saber onde fica esse país maravilhoso, formado apenas pelo mérito, que não favorece ninguém e onde relações familiares não decidem carreiras. Quem conhecer, por favor, me avise. Eu passei boa parte de minha vida adulta em países ditos "avançados" e nunca conheci um assim. A própria crença de que exista algo assim prova como o racismo e a "vira-latice" tomou conta de nossa alma. Sérgio Buarque de Holanda é o pai desse liberalismo amesquinhado e colonizado brasileiro. É necessário sempre separar a "pessoa" da "obra" e de seus efeitos sociais, que são o que importa. O liberalismo é fundamento importante da democracia, mas existem várias maneiras de ser liberal, e a nossa maneira é a pior possível. Buarque criou a semântica do falso conflito que permite encobrir todos os conflitos sociais verdadeiros entre nós e que nos faz de tolos até hoje. A absurda separação entre um Estado demonizado como corrupto e ineficiente e o mercado como reino de todas as virtudes, quando os dois no fundo são indissociáveis, só serve como mote para a meia dúzia que manda no Brasil e controla o dinheiro, a política e a informação via mídia virar o país de ponta-cabeça só para ter mais dinheiro no bolso. Como não se pode dizer que o que se quer é uma gorda taxa Selic e o acesso "privado" às riquezas brasileiras, como petróleo e ferro, para essa meia dúzia, então diz-se que é para acabar com o "mar de lama", sempre só no Estado, se ocupado por partidos populares, e sempre seletivamente construído via mídia conservadora em associação com as instituições que querem aumentar seu poder relativo vendendo-se como "guardiãs da moralidade pública". É esse discurso que transforma milhões de pessoas inteligentes em tolas. Essa parcela da classe média conservadora é explorada por esse 1% que lhe vende os milagres da privatização brasileira: a pior e mais cara telefonia do globo, por exemplo, campeã de reclamações. De resto, todos os bens e serviços produzidos aqui são piores e mais caros. Mas dessa espoliação da classe média por um mercado superfaturado que vai para o bolso do 1% mais rico ninguém fala. O filho do "coxinha" quer ter acesso a uma boa universidade pública, e o avô dele, quando está doente e o plano não paga, tem que ir ao SUS para doenças graves e tratamentos caros. Um Estado fraco só serve ao 1% mais rico que pode ficar ainda mais rico embolsando a Petrobras a preço de ocasião. O "coxinha" só é feito de tolo. A classe média "coxinha" que sai às ruas tirando onda de campeã da moralidade, por sua vez, explora e rouba o tempo das classes excluídas a baixo preço para poupar o tempo do trabalho doméstico e investir em mais estudo e mais trabalho valorizado e rentável. Luta de classes não é só cassetete na cabeça de trabalhador. É uma luta silenciosa e invisível (para a maioria) que implica monopólio de recursos para as classes privilegiadas e condenações à miséria eterna para a maioria dos 70% que não são da classe média ou do 1% mais rico. A fanfarra do patrimonialismo e da corrupção só do Estado serve, antes de tudo, para tornar essas lutas invisíveis. Como você vê a obra de Roberto DaMatta nesse contexto? A obra dele, que reflete fielmente as discussões de botequim de todo o Brasil, foi uma tentativa de "modernizar" Buarque. O mais irritante é que esse pessoal "tira onda" de crítico ao repetir as platitudes do Estado patrimonial e do "jeitinho" como prova da queda ancestral do brasileiro médio para auferir vantagens por relações de conhecimento com poderosos. A tese central de DaMatta, que se tornou uma espécie de "segunda pele" do brasileiro médio, é a de que a hierarquia social brasileira é fundada no capital social de relações pessoais. Essa seria a peculiaridade brasileira que viria de épocas ancestrais. Desde que a gente reflita duas vezes, essas teses caem como castelo de cartas. Se não, vejamos. O leitor que nos lê conhece alguém com acesso a relações pessoais com pessoas poderosas sem, antes, ter capital econômico ou capital cultural? Se o leitor conhecer, então DaMatta tem razão na sua tese do jeitinho. Como desconfio de que o leitor não conhece ninguém assim, então o que DaMatta faz é tornar invisível a distribuição injusta de capital econômico e cultural e, com isso, sepultar qualquer reflexão sobre a origem social de toda desigualdade. Para completar supõe –no fundo a cândida e infantil crença nos Estados Unidos como paraíso na terra– que existam países onde o capital em relacionamentos não decida previamente a vida da maior parte das pessoas. Teoria mais frágil e colonizada impossível. Mas é ela que faz a cabeça do brasileiro médio hoje. Ao lado do "culturalismo conservador", você critica o economicismo de raiz marxista. Quais as suas restrições a esse modelo explicativo? É que o capitalismo não é só troca de mercadorias e fluxo de capital. É preciso, por isso, superar o economicismo, seja liberal, seja marxista. O capitalismo é também um sistema social e moral que avalia todo mundo e que humilha e despreza uns e enobrece e legitima a felicidade de outros. É essa hierarquia social "invisível" (mas cuja realidade o estudo empírico pode mostrar) que diz o que é certo e errado, verdadeiro ou falso. O capitalismo é, portanto, um sistema de classificação e desclassificação que predetermina quem ganha e quem perde e legitima esses lugares. No livro, que resume meus 35 anos de trabalho teórico e empírico sobre esses temas, procurei mostrar que esses sistemas de classificação são os mesmos para Brasil e Argentina, do mesmo modo como atuam na França ou na Inglaterra. A peculiaridade do Brasil é a tolerância com o abandono da classe dos excluídos que chamo provocativamente de "ralé". Todos nossos problemas –insegurança, baixa produtividade, serviços públicos de má qualidade– advêm do esquecimento dessa classe. A corrupção existe em todos os países, você diz. Mas certamente há diferenças de grau entre a Dinamarca, digamos, e o Brasil. A corrupção é endêmica ao capitalismo. Se corrupção for enganar o outro, então o capitalismo é certamente mais engenhoso que qualquer outro sistema social. O que outros países como a Dinamarca ou Alemanha não têm é a corrupção "pequena" –a única que o cidadão feito de tolo enxerga no cotidiano– do agente público mal remunerado, como os policiais entre nós. Existem também arranjos institucionais mais ou menos bem-sucedidos. O Brasil ganharia com o financiamento público de eleições e com uma reforma política que tornasse mais transparente a relação com a economia. É nisso que falta avançar. Mas é preciso mesmo ser muito ingênuo para não perceber que a "grossa corrupção", a que drena capitais e privilégios para uma pequena minoria, é universal. Dilma tentou comprar essa briga no Brasil, enfrentando o grande capital especulativo. Hoje fica claro que esse pessoal não a perdoou pela ousadia. Suponha-se que Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro e Roberto DaMatta estejam errados ao atribuir a uma particularidade brasileira, a um vício cultural católico português a inexistência de um sistema de mérito real, de uma real impessoalidade do Estado e de uma legítima situação de igualdade de oportunidades no Brasil. Mesmo que essa situação não corresponda à realidade de um país como os Estados Unidos, que esses autores idealizam, será que essa crítica não expressa um desejo de transformação importante? Em vez de anular o valor dessa crítica, poderíamos alargar sua dimensão estendendo-a a outros países. O único caminho seguro, na vida pessoal ou na coletiva, é a verdade. Não se pode pensar uma sociedade e suas contradições alargando uma concepção falsa desde os pressupostos. Nem há razão para isso. O livro mostra, creio eu, que é possível um novo caminho para a percepção do Brasil e de suas singularidades. Um caminho que não vise apenas preservar os privilégios absurdos de uma pequena elite socialmente irresponsável, legitimados por uma pseudociência, mas que possa, inclusive, recuperar a inteligência viva dessa mesma classe média que é hoje manipulada a agir contra seus interesses. Você diz que as classes médias, predominantes nas manifestações de junho de 2013, são feitas de tolas quando compram automóveis com o triplo da taxa de lucro dos países europeus, pagam taxas de juros estratosféricas e usam serviços de celular entre os mais caros e ineficientes do mundo. Mas não teriam razão, do ponto de vista de seus interesses, ao reclamar de impostos que são uma parcela enorme do preço de bens como veículos automotores e geladeiras? A estrutura de impostos no Brasil tem de ser efetivamente revista no sentido de evitar impostos indiretos em produtos e serviços e atingir mais a renda diferencial, e, muito especialmente, o patrimônio. Desse ponto de vista, ela pode ter um pouco de razão. Mas o ponto mais importante para a tolice da classe média é que o Estado funciona como arrecadador de impostos, antes de tudo, para bancar e garantir a drenagem de recursos arrecadados da sociedade como um todo para a meia dúzia de plutocratas que manda na economia, na política via financiamento de eleições e na mídia. O pagamento de juros para essa meia dúzia e seus colegas estrangeiros –o único aspecto que ninguém nem sequer pensa em cortar em ocasiões de crise– compromete, por exemplo, o investimento em educação e saúde de qualidade para todos. O plutocrata vai aos EUA se operar se for preciso e manda o filho estudar em Miami ou na Suíça, como acontece realmente hoje em dia. A classe média que sai às ruas para apoiá-lo precisa do SUS quando a chapa esquenta e só conta com a universidade pública aqui mesmo para o filho. Ao mesmo tempo, paga os serviços e produtos mais caros e de menor qualidade relativa do globo no nosso mercado superfaturado. Esse "extra" também é um imposto que sai da classe média direto para o bolso da elite econômica. Mas dele nunca se fala. Essa classe média, portanto, é espoliada pela elite por mecanismos tanto de Estado quanto de mercado, e é ela que depois sai às ruas para defender os interesses dessa mesma elite usando o espantalho seletivo da corrupção apenas estatal. Essa é a real história da tolice pré-fabricada entre nós. O sentimento anti-Estado e pró-mercado tende a ser conservador e perverso no Brasil. Mas não poderíamos acusar a esquerda, em especial o PT, de um excessivo "estatismo", não no sentido econômico, mas no de considerar que a transformação social poderia vir de uma simples conquista do poder político pelo partido de esquerda? Em vez de privilegiar formas de auto-organização e de capilarização do partido nas periferias, o PT procurou agir "a partir de cima", e não "a partir de baixo". Como resultado, vemos nas periferias todo tipo de igrejas evangélicas, mas nenhum núcleo ou sede distrital de partidos políticos. O preço para assumir o poder sem essa organização foi a aliança com os setores mais retrógrados da política brasileira, como Collor, Maluf, os ruralistas e a bancada evangélica. O "estatismo" de esquerda, nesse sentido, não seria uma repetição para pior do populismo? O petismo não seria também um conto de fadas para adultos? O principal erro do PT para mim foi duplo e reflete sua dependência da narrativa liberal tão importante nele quanto em um partido conservador da elite como o PSDB. Esse foi um dos temas centrais do livro: mostrar que a ideologia liberal amesquinhada dominou também a dita "esquerda", colonizando a tradição social-democrata ou socialista democrática. O PT teria que ter criado uma narrativa independente mostrando a importância do passo a passo da ascensão social possível e mostrando as dificuldades também –sem cair, por exemplo, na fantasia da nova classe média, que gerou expectativas desmedidas. Essa narrativa poderia ter sido uma versão politizada, mostrando a importância da política inclusiva e da "vontade política" para a mobilidade social, de modo a se contrapor à leitura individualista da ascensão social da religião evangélica. Mas, para isso, teria sido necessário tocar no nó górdio da dominação social no Brasil, que é o papel de "partido político da elite" assumido pela imprensa conservadora desde o golpe contra Getúlio. É ela, afinal, quem chama a classe média moralista e feita de tola às ruas e é ela que manipula seletivamente e a seu bel-prazer o tema da corrupção como única moeda dos conservadores para mascarar seus interesses mais mesquinhos em pseudointeresse geral. É ela quem tira onda de "neutra", quando apenas obedece ao dinheiro. O medo desse confronto foi a real causa do que agora acontece. Em uma sociedade midiática, onde toda informação vem de cima para baixo, tem que existir o contraditório, a opinião alternativa, senão o voto do eleitor não é esclarecido nem autônomo, ou seja, rigorosamente, não tem democracia. Nesse sentido estamos mais perto da Coreia do Norte do que da Inglaterra ou da Alemanha. Confiar apenas nos "movimentos sociais" nesse contexto é ingenuidade. Esses movimentos também estão sob a égide do discurso único da mídia conservadora. Essa é para mim a real razão do fracasso relativo do projeto petista. MARCELO COELHO, 57, é colunista da Folha. SÉRGIO SISTER, 67, é artista plástico.
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Sobreviventes de ataques em Londres vivem para negar vitória a terroristas
Perder uma irmã. Um filho. As pernas. Dez anos depois dos ataques suicidas que deixaram 52 mortos na rede de transportes de Londres, sobreviventes dos ataques e familiares dos mortos, ainda tristes e revoltados, sentem-se marcados pelo que aconteceu. Mas eles compartilham a determinação de seguir adiante com suas vidas, negando a vitória aos extremistas. Leia a seguir algumas recordações deles sobre a manhã em que a capital britânica foi abalada pelas explosões que atingiram três trens do metrô e arrancaram o capô de um ônibus de dois andares. * MINHA SEGUNDA VIDA Gill Hicks embarcou num trem do metrô na estação de King's Cross em 7 de julho de 2005 e respeitou as regras de etiqueta próprias do metrô. Os passageiros ficam em pé a milímetros apenas de outras pessoas, sem olhar realmente para elas. Gill não notou o homem-bomba, mas hoje sabe que estava a centímetros de distância quando ele detonou sua mochila na linha Piccadilly do metrô. Ela, que perdeu as duas pernas abaixo do joelho, comentou: "Há uma linha divisória nítida. Para mim, o dia 7 de julho de 2005 foi o fim da vida número um e de tudo que eu conhecia nela. E o início da sorte de ter recebido a dádiva de uma segunda vida." Sua vida número dois começou quando ela acordou no hospital. A pulseira que tinha sido colocada em seu braço a identificava como "uma desconhecida". Gill disse que isso a fez tomar consciência da inteligência da humanidade, porque ela foi resgatada em condições perigosas de destroços que estavam a muitos metros debaixo da superfície da terra. "As palavras naquela pulseira me disseram que pessoas arriscaram suas vidas para vir salvar uma desconhecida –para salvar tantos desconhecidos quanto possível. Para mim, isso é humanidade, porque essas pessoas não foram seletivas. Não fazia diferença eu ser rica ou pobre, eu ter religião ou não, qual era a cor de minha pele, se eu era homem ou mulher. O que importava era eu ser uma vida humana preciosa." Antes uma designer "workaholic", Gill, 47 anos, passou a ser oradora motivacional e a comandar a organização beneficente M.A.D. (Making a Difference) for Peace (Fazendo uma Diferença pela Paz). A organização procura colocar pessoas de todo o mundo em contato e incentivá-las a enxergar a paz como um verbo –um ato de responsabilidade individual, algo que é feito diariamente. Para Gill, as pessoas têm a responsabilidade de unir forças contra o extremismo global e as ideologias destrutivas. Mas isso não significa que ela não sinta raiva. Na realidade, está furiosa. E se pergunta como a perda de vidas inocentes e o fato de ela ter perdido suas pernas podem ter fomentado qualquer causa. Ela procura usar essa indignação como combustível de seus projetos, para mantê-la motivada e seguindo adiante. Considera que tem pouca escolha a não ser festejar o fato de estar aqui todos os dias. "Hoje, aqui à sua frente, não consigo sentir o chão", ela comentou, aludindo à sensação de estar em pé sobre pernas artificiais. "Tive que aprender a aceitar o fato de não conseguir sentir o chão. Mas ainda estou em pé. Essa é uma habilidade real, uma habilidade nova que tive que aprender nos últimos dez anos." "NÃO VOU DEIXAR QUE ME DERROTEM" Esther Hyman estava no trabalho –era secretária de um consultório médico em Oxford– quando ouviu a notícia de que "alguma coisa estava acontecendo" em Londres. Sua irmã Miriam, 32 anos, que era pesquisadora de imagens em uma editora, estava indo para uma reunião na capital. Tinha saído do metrô depois de uma das explosões, quando todos os passageiros foram retirados. Seu pai conseguiu falar com ela rapidamente. Miriam lhe disse que ia fazer uma pequena pausa e então decidir se seguia adiante, indo à reunião. Quando anoiteceu e seus familiares ainda não tinham tido mais notícias dela, eles se preocuparam. Logo depois começaram a procurá-la em hospitais e a distribuir cartazes de "procura-se pessoa desaparecida". Só depois de quatro dias foram descobrir a verdade: Miriam tinha embarcado num ônibus que foi alvo dos ataques. Nos anos seguintes, Esther, que hoje tem 46 anos, analisou suas opções. Ela precisava tomar uma decisão. "Vou deixar que o que aconteceu me derrote? Vou perder a minha vida, também? Vou permitir que eles me aterrorizem, como querem, até me submeter à força?", disse Esther. "Ou vou sobreviver, com minha sanidade intacta, e fazer tudo o que posso para encarar o que aconteceu de frente?" Ceder não era uma opção. "Mim (Miriam) não teria aprovado", ela explicou. A família criou uma fundação e financiou o Centro Miriam Hyman de Oftalmologia Infantil, em Odisha, Índia. Pareceu apropriado, porque Miriam tinha começado a usar óculos na adolescência e ficara espantada ao enxergar tudo que antes lhe passava despercebido. Ela era uma pessoa muito visual e ficava fascinada por enxergar melhor as coisas da natureza, como os detalhes das folhas. Em conjunto com o Instituto de Educação do University College London, a fundação criou um programa educacional que usa a história de Miriam e a reação de sua família à morte dela para prevenir as chances de jovens se deixarem atrair por extremismos de quaisquer tipos. A fundação espera que o programa, lançado esta semana, seja usado por educadores em todo o mundo para oferecer aos jovens uma narrativa alternativa ao extremismo. Trata-se de fazer escolhas -e fazer as escolhas certas. "Tiraram a vida de Miriam", disse Ester. "Mas não podem tirar o tempo que tivemos de convivência com ela e o que optamos por fazer como reação a tê-la perdido daquela maneira." A MEMÓRIA NUNCA DESAPARECE Stavros Marangos se lembra do silêncio. Um dos primeiros membros do Corpo de Bombeiros de Londres a comparecer ao local da explosão de um ônibus na praça Tavistock, ele notou imediatamente que o trânsito, a agitação e o barulho usuais tinham desaparecido, substituídos pelo uivo de sirenes à distância. "Era um silêncio estranho", ele comentou. Seus superiores avisaram que podia haver bombas secundárias e disseram que nenhum bombeiro era obrigado a descer do caminhão. Mas todos desceram. "Foi como uma cena de um filme de guerra. Havia partes de corpos espalhados por toda parte, impossíveis de identificar." Uma pessoa no ônibus ainda estava viva, mas não havia mais macas. As equipes de resgate usaram o tampo de uma escrivaninha para levar o sobrevivente até o pátio da vizinha Associação Médica Britânica, onde médicos tinham se reunido para dar atendimento aos feridos. Dez anos depois, Marangos não consegue tirar a cena de sua cabeça. "No dia a dia, quando estou ocupado, fazendo outras coisas, a cena fica em segundo plano. Mas de vez em quando ela se destaca outra vez. Vou lhe repetir uma frase que ouvi em um filme sobre o Corpo de Bombeiros de Detroit. Um bombeiro veterano, com 32 anos de serviço, estava se aposentando e cunhou a frase: 'Eu queria que minha cabeça conseguisse esquecer o que meus olhos viram'." UM PEDAÇO DE SUA ALMA FOI ARRANCADO Quando ouviu a primeira notícia sobre problemas no metrô, Grahame Russell não prestou muita atenção, porque os primeiros relatos sugeriam que teria sido um corte de eletricidade. Mas na hora do almoço ele recebeu um telefonema do escritório de seu filho, Philip. O escritório tinha recebido uma mensagem de texto de Philip, que trabalhava com finanças, às 9h30, dizendo que estava prestes a subir num ônibus. E ele não tinha dado mais notícias desde então. "Obviamente, ficamos doentes de preocupação", disse Russell. Pouco depois um funcionário da polícia encarregado do contato com famílias chegou à sua porta. Philip foi classificado como "desaparecido" durante dias. Sua família identificou seu corpo no dia em que ele teria completado 29 anos. Dez anos mais tarde, Russell, que tem 72 anos hoje, diz que já desistiu de tentar encontrar algum sentido no que aconteceu. "É muito difícil", ele disse. "Quando um pedaço de sua alma é arrancado, a vida fica muito difícil. Tenho dificuldade em refletir e olhar para trás. Se eu fizesse isso toda hora, desabaria." Em vez disso, Russell mergulhou fundo em um projeto para criar um memorial mais personalizado na praça Tavistock, homenageando não apenas as vítimas, mas também os sobreviventes e os funcionários dos serviços de resgate, muitos dos quais arriscaram suas vidas em situações perigosas para conseguir chegar aos feridos. "Eles não são homenageados em nenhum lugar, e acho que precisamos ter alguma inscrição para agradecê-los", disse Russell. Ele espera criar um espaço de reflexão para todas as pessoas afetadas pela tragédia. "Mas também para que nos lembremos delas. Se esquecermos o que aconteceu, faremos tudo de novo." Tradução de CLARA ALLAIN
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Sobreviventes de ataques em Londres vivem para negar vitória a terroristasPerder uma irmã. Um filho. As pernas. Dez anos depois dos ataques suicidas que deixaram 52 mortos na rede de transportes de Londres, sobreviventes dos ataques e familiares dos mortos, ainda tristes e revoltados, sentem-se marcados pelo que aconteceu. Mas eles compartilham a determinação de seguir adiante com suas vidas, negando a vitória aos extremistas. Leia a seguir algumas recordações deles sobre a manhã em que a capital britânica foi abalada pelas explosões que atingiram três trens do metrô e arrancaram o capô de um ônibus de dois andares. * MINHA SEGUNDA VIDA Gill Hicks embarcou num trem do metrô na estação de King's Cross em 7 de julho de 2005 e respeitou as regras de etiqueta próprias do metrô. Os passageiros ficam em pé a milímetros apenas de outras pessoas, sem olhar realmente para elas. Gill não notou o homem-bomba, mas hoje sabe que estava a centímetros de distância quando ele detonou sua mochila na linha Piccadilly do metrô. Ela, que perdeu as duas pernas abaixo do joelho, comentou: "Há uma linha divisória nítida. Para mim, o dia 7 de julho de 2005 foi o fim da vida número um e de tudo que eu conhecia nela. E o início da sorte de ter recebido a dádiva de uma segunda vida." Sua vida número dois começou quando ela acordou no hospital. A pulseira que tinha sido colocada em seu braço a identificava como "uma desconhecida". Gill disse que isso a fez tomar consciência da inteligência da humanidade, porque ela foi resgatada em condições perigosas de destroços que estavam a muitos metros debaixo da superfície da terra. "As palavras naquela pulseira me disseram que pessoas arriscaram suas vidas para vir salvar uma desconhecida –para salvar tantos desconhecidos quanto possível. Para mim, isso é humanidade, porque essas pessoas não foram seletivas. Não fazia diferença eu ser rica ou pobre, eu ter religião ou não, qual era a cor de minha pele, se eu era homem ou mulher. O que importava era eu ser uma vida humana preciosa." Antes uma designer "workaholic", Gill, 47 anos, passou a ser oradora motivacional e a comandar a organização beneficente M.A.D. (Making a Difference) for Peace (Fazendo uma Diferença pela Paz). A organização procura colocar pessoas de todo o mundo em contato e incentivá-las a enxergar a paz como um verbo –um ato de responsabilidade individual, algo que é feito diariamente. Para Gill, as pessoas têm a responsabilidade de unir forças contra o extremismo global e as ideologias destrutivas. Mas isso não significa que ela não sinta raiva. Na realidade, está furiosa. E se pergunta como a perda de vidas inocentes e o fato de ela ter perdido suas pernas podem ter fomentado qualquer causa. Ela procura usar essa indignação como combustível de seus projetos, para mantê-la motivada e seguindo adiante. Considera que tem pouca escolha a não ser festejar o fato de estar aqui todos os dias. "Hoje, aqui à sua frente, não consigo sentir o chão", ela comentou, aludindo à sensação de estar em pé sobre pernas artificiais. "Tive que aprender a aceitar o fato de não conseguir sentir o chão. Mas ainda estou em pé. Essa é uma habilidade real, uma habilidade nova que tive que aprender nos últimos dez anos." "NÃO VOU DEIXAR QUE ME DERROTEM" Esther Hyman estava no trabalho –era secretária de um consultório médico em Oxford– quando ouviu a notícia de que "alguma coisa estava acontecendo" em Londres. Sua irmã Miriam, 32 anos, que era pesquisadora de imagens em uma editora, estava indo para uma reunião na capital. Tinha saído do metrô depois de uma das explosões, quando todos os passageiros foram retirados. Seu pai conseguiu falar com ela rapidamente. Miriam lhe disse que ia fazer uma pequena pausa e então decidir se seguia adiante, indo à reunião. Quando anoiteceu e seus familiares ainda não tinham tido mais notícias dela, eles se preocuparam. Logo depois começaram a procurá-la em hospitais e a distribuir cartazes de "procura-se pessoa desaparecida". Só depois de quatro dias foram descobrir a verdade: Miriam tinha embarcado num ônibus que foi alvo dos ataques. Nos anos seguintes, Esther, que hoje tem 46 anos, analisou suas opções. Ela precisava tomar uma decisão. "Vou deixar que o que aconteceu me derrote? Vou perder a minha vida, também? Vou permitir que eles me aterrorizem, como querem, até me submeter à força?", disse Esther. "Ou vou sobreviver, com minha sanidade intacta, e fazer tudo o que posso para encarar o que aconteceu de frente?" Ceder não era uma opção. "Mim (Miriam) não teria aprovado", ela explicou. A família criou uma fundação e financiou o Centro Miriam Hyman de Oftalmologia Infantil, em Odisha, Índia. Pareceu apropriado, porque Miriam tinha começado a usar óculos na adolescência e ficara espantada ao enxergar tudo que antes lhe passava despercebido. Ela era uma pessoa muito visual e ficava fascinada por enxergar melhor as coisas da natureza, como os detalhes das folhas. Em conjunto com o Instituto de Educação do University College London, a fundação criou um programa educacional que usa a história de Miriam e a reação de sua família à morte dela para prevenir as chances de jovens se deixarem atrair por extremismos de quaisquer tipos. A fundação espera que o programa, lançado esta semana, seja usado por educadores em todo o mundo para oferecer aos jovens uma narrativa alternativa ao extremismo. Trata-se de fazer escolhas -e fazer as escolhas certas. "Tiraram a vida de Miriam", disse Ester. "Mas não podem tirar o tempo que tivemos de convivência com ela e o que optamos por fazer como reação a tê-la perdido daquela maneira." A MEMÓRIA NUNCA DESAPARECE Stavros Marangos se lembra do silêncio. Um dos primeiros membros do Corpo de Bombeiros de Londres a comparecer ao local da explosão de um ônibus na praça Tavistock, ele notou imediatamente que o trânsito, a agitação e o barulho usuais tinham desaparecido, substituídos pelo uivo de sirenes à distância. "Era um silêncio estranho", ele comentou. Seus superiores avisaram que podia haver bombas secundárias e disseram que nenhum bombeiro era obrigado a descer do caminhão. Mas todos desceram. "Foi como uma cena de um filme de guerra. Havia partes de corpos espalhados por toda parte, impossíveis de identificar." Uma pessoa no ônibus ainda estava viva, mas não havia mais macas. As equipes de resgate usaram o tampo de uma escrivaninha para levar o sobrevivente até o pátio da vizinha Associação Médica Britânica, onde médicos tinham se reunido para dar atendimento aos feridos. Dez anos depois, Marangos não consegue tirar a cena de sua cabeça. "No dia a dia, quando estou ocupado, fazendo outras coisas, a cena fica em segundo plano. Mas de vez em quando ela se destaca outra vez. Vou lhe repetir uma frase que ouvi em um filme sobre o Corpo de Bombeiros de Detroit. Um bombeiro veterano, com 32 anos de serviço, estava se aposentando e cunhou a frase: 'Eu queria que minha cabeça conseguisse esquecer o que meus olhos viram'." UM PEDAÇO DE SUA ALMA FOI ARRANCADO Quando ouviu a primeira notícia sobre problemas no metrô, Grahame Russell não prestou muita atenção, porque os primeiros relatos sugeriam que teria sido um corte de eletricidade. Mas na hora do almoço ele recebeu um telefonema do escritório de seu filho, Philip. O escritório tinha recebido uma mensagem de texto de Philip, que trabalhava com finanças, às 9h30, dizendo que estava prestes a subir num ônibus. E ele não tinha dado mais notícias desde então. "Obviamente, ficamos doentes de preocupação", disse Russell. Pouco depois um funcionário da polícia encarregado do contato com famílias chegou à sua porta. Philip foi classificado como "desaparecido" durante dias. Sua família identificou seu corpo no dia em que ele teria completado 29 anos. Dez anos mais tarde, Russell, que tem 72 anos hoje, diz que já desistiu de tentar encontrar algum sentido no que aconteceu. "É muito difícil", ele disse. "Quando um pedaço de sua alma é arrancado, a vida fica muito difícil. Tenho dificuldade em refletir e olhar para trás. Se eu fizesse isso toda hora, desabaria." Em vez disso, Russell mergulhou fundo em um projeto para criar um memorial mais personalizado na praça Tavistock, homenageando não apenas as vítimas, mas também os sobreviventes e os funcionários dos serviços de resgate, muitos dos quais arriscaram suas vidas em situações perigosas para conseguir chegar aos feridos. "Eles não são homenageados em nenhum lugar, e acho que precisamos ter alguma inscrição para agradecê-los", disse Russell. Ele espera criar um espaço de reflexão para todas as pessoas afetadas pela tragédia. "Mas também para que nos lembremos delas. Se esquecermos o que aconteceu, faremos tudo de novo." Tradução de CLARA ALLAIN
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CPI da Petrobras protege Cunha e ataca Youssef, que o delatou
Em uma manobra para defender o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado na Operação Lava Jato, a cúpula da CPI da Petrobras impediu a convocação de personagens que poderiam implicá-lo no esquema de corrupção e obteve a aprovação de requerimentos para pressionar a família do doleiro Alberto Youssef, principal delator contra o peemedebista. Mesmo sem indícios que os envolvam no esquema, a CPI aprovou requerimentos do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha, para convocar e quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico das duas filhas do doleiro, da sua esposa e da sua irmã. Em sua delação premiada, Youssef afirmou que Cunha se beneficiava do esquema de corrupção na Petrobras e que, por meio de aliados, apresentou requerimento para pressionar uma das empresas a retomar o pagamento de propina. A Folha revelou que Cunha aparece como autor dos arquivos digitais de dois requerimentos da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) contra a empresa Mitsui, fornecedora da Petrobras. Os requerimentos contra sua família têm o efeito de provocar exposição midiática e desgaste, além de pressionar o doleiro. Também houve outra convocação que pode favorecer Cunha, do policial federal Dalmey Werlang, acusado de instalar uma escuta na cela de Youssef em Curitiba, o que poderia fragilizar as provas obtidas pela Polícia Federal. A pauta da sessão da CPI foi montada pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), homem de confiança de Cunha, que deixou de fora requerimentos para convocar três personagens relevantes: o empresário e delator da Lava Jato Júlio Camargo, que cuidava do contrato apontado como fonte da propina para Cunha, o ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira, que disse em depoimento ter entregue dinheiro para Cunha e depois recuou, e a ex-deputada Solange Almeida. ACORDO O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou no início da sessão que foi descumprido um acordo para que esses requerimentos estivessem na pauta. Parlamentares do PT, PPS e PSB acusaram a CPI de blindagem e defenderam a votação. "É evidente que tem uma blindagem escancarada, um acordo partidário para não votar isso aqui", disse Valente. Até o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), classificou de "vergonhosa" a sessão caso não aprovasse essas convocações. A CPI aprovou um bloco de 140 requerimentos, principalmente contrários ao PT e ao governo Dilma Rousseff, enquanto a sessão no plenário da Casa havia sido suspensa por Cunha. Pouco depois da aprovação desse bloco, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu início às votações no plenário da Casa, o que regimentalmente impede que a CPI fizesse votações —justamente quando parlamentares defendiam aprovar os requerimentos prejudicais a Cunha. Responsável por conduzir a votação já que o presidente Hugo Motta saiu mais cedo por ter compromisso familiar em seu Estado, o vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), disse que os requerimentos "serão incluídos em uma outra oportunidade". Imbassahy admitiu "sincronia" com Cunha para que a votação ocorresse na CPI. "O presidente Eduardo Cunha tem dado uma dinâmica em votação no plenário e também na CPI temos uma dinâmica muito intensa, então às vezes tem que fazer algum tipo de sincronia para que uma não atrapalhe a outra, talvez tenha acontecido isso", afirmou.
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CPI da Petrobras protege Cunha e ataca Youssef, que o delatouEm uma manobra para defender o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado na Operação Lava Jato, a cúpula da CPI da Petrobras impediu a convocação de personagens que poderiam implicá-lo no esquema de corrupção e obteve a aprovação de requerimentos para pressionar a família do doleiro Alberto Youssef, principal delator contra o peemedebista. Mesmo sem indícios que os envolvam no esquema, a CPI aprovou requerimentos do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha, para convocar e quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico das duas filhas do doleiro, da sua esposa e da sua irmã. Em sua delação premiada, Youssef afirmou que Cunha se beneficiava do esquema de corrupção na Petrobras e que, por meio de aliados, apresentou requerimento para pressionar uma das empresas a retomar o pagamento de propina. A Folha revelou que Cunha aparece como autor dos arquivos digitais de dois requerimentos da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) contra a empresa Mitsui, fornecedora da Petrobras. Os requerimentos contra sua família têm o efeito de provocar exposição midiática e desgaste, além de pressionar o doleiro. Também houve outra convocação que pode favorecer Cunha, do policial federal Dalmey Werlang, acusado de instalar uma escuta na cela de Youssef em Curitiba, o que poderia fragilizar as provas obtidas pela Polícia Federal. A pauta da sessão da CPI foi montada pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), homem de confiança de Cunha, que deixou de fora requerimentos para convocar três personagens relevantes: o empresário e delator da Lava Jato Júlio Camargo, que cuidava do contrato apontado como fonte da propina para Cunha, o ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira, que disse em depoimento ter entregue dinheiro para Cunha e depois recuou, e a ex-deputada Solange Almeida. ACORDO O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou no início da sessão que foi descumprido um acordo para que esses requerimentos estivessem na pauta. Parlamentares do PT, PPS e PSB acusaram a CPI de blindagem e defenderam a votação. "É evidente que tem uma blindagem escancarada, um acordo partidário para não votar isso aqui", disse Valente. Até o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), classificou de "vergonhosa" a sessão caso não aprovasse essas convocações. A CPI aprovou um bloco de 140 requerimentos, principalmente contrários ao PT e ao governo Dilma Rousseff, enquanto a sessão no plenário da Casa havia sido suspensa por Cunha. Pouco depois da aprovação desse bloco, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deu início às votações no plenário da Casa, o que regimentalmente impede que a CPI fizesse votações —justamente quando parlamentares defendiam aprovar os requerimentos prejudicais a Cunha. Responsável por conduzir a votação já que o presidente Hugo Motta saiu mais cedo por ter compromisso familiar em seu Estado, o vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), disse que os requerimentos "serão incluídos em uma outra oportunidade". Imbassahy admitiu "sincronia" com Cunha para que a votação ocorresse na CPI. "O presidente Eduardo Cunha tem dado uma dinâmica em votação no plenário e também na CPI temos uma dinâmica muito intensa, então às vezes tem que fazer algum tipo de sincronia para que uma não atrapalhe a outra, talvez tenha acontecido isso", afirmou.
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Fuvest divulga calendário do próximo vestibular; veja as principais datas
A Fuvest divulgou na tarde desta quarta-feira (13) o calendário do vestibular 2016. A fundação é responsável pelo maior vestibular do país, que seleciona os estudantes que ingressarão na USP e Santa Casa. Como em anos anteriores, as datas foram definidas em reunião com outras universidade paulistas, de forma a não coincidir as provas. Participaram do encontro, realizado no mês passado, a USP, Unesp, Unicamp, Unifesp, ITA, PUC-SP, Famema, PUC-Campinas e Famerp. Considerando as três universidade estaduais, a maratona de provas começará no dia 15 de novembro, com a primeira fase da Unesp, e terminará apenas em 19 de janeiro, quando se encerra a segunda fase da Unicamp. * Veja calendários: Fuvest Inscrição: 21 de agosto a 09 de setembro 1ª fase: 29 de novembro 2ª fase: 10 a 12 de janeiro de 2016 Unicamp Inscrição: 03 de agosto a 03 de setembro 1ª fase: 22 de novembro 2ª fase: 17 a 19 de janeiro de 2016 Unesp Inscrições: 14 de setembro a 13 de outubro 1ª fase: 15 de novembro 2ª fase: 13 e 14 de dezembro
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Fuvest divulga calendário do próximo vestibular; veja as principais datasA Fuvest divulgou na tarde desta quarta-feira (13) o calendário do vestibular 2016. A fundação é responsável pelo maior vestibular do país, que seleciona os estudantes que ingressarão na USP e Santa Casa. Como em anos anteriores, as datas foram definidas em reunião com outras universidade paulistas, de forma a não coincidir as provas. Participaram do encontro, realizado no mês passado, a USP, Unesp, Unicamp, Unifesp, ITA, PUC-SP, Famema, PUC-Campinas e Famerp. Considerando as três universidade estaduais, a maratona de provas começará no dia 15 de novembro, com a primeira fase da Unesp, e terminará apenas em 19 de janeiro, quando se encerra a segunda fase da Unicamp. * Veja calendários: Fuvest Inscrição: 21 de agosto a 09 de setembro 1ª fase: 29 de novembro 2ª fase: 10 a 12 de janeiro de 2016 Unicamp Inscrição: 03 de agosto a 03 de setembro 1ª fase: 22 de novembro 2ª fase: 17 a 19 de janeiro de 2016 Unesp Inscrições: 14 de setembro a 13 de outubro 1ª fase: 15 de novembro 2ª fase: 13 e 14 de dezembro
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Jurada do 'MasterChef' faz prato em escola ocupada na zona oeste de SP
A chef Paola Carosella, jurada de "MasterChef Júnior", da Band, e chef do restaurante Arturito (SP), visitou neste fim de semana a escola estadual Fernão Paes Dias, em Pinheiros, na região oeste. O colégio é um dos 195 ocupados por alunos em protesto contra a reorganização estrutural proposta pelo governo de São Paulo. "Não fui convocada por ninguém. Passei na escola porque queria saber como eles estavam se organizando, o que eles tinham para comer. Minha única preocupação é a educação e a alimentação, que vão de mãos dadas", disse ela à Folha. Paola conheceu a escola e ensinou os alunos a preparar escarola refogada. "Íamos fazer tortilhas, mas não tinha frigideira". Também os orientou em como organizar as poucas verduras no depósito e deu "uns esporros" porque achou o espaço sujo. "Vimos possíveis lugares para fazer hortas. Acho que toda escola tem que ter uma horta e alimentos frescos." Mudanças suspensas Estudantes que seriam afetados pelas mudanças - Destino das 196 escolas ocupadas - divisão dos ciclos de ensino - Como é hoje e como seria, segundo a proposta
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Jurada do 'MasterChef' faz prato em escola ocupada na zona oeste de SPA chef Paola Carosella, jurada de "MasterChef Júnior", da Band, e chef do restaurante Arturito (SP), visitou neste fim de semana a escola estadual Fernão Paes Dias, em Pinheiros, na região oeste. O colégio é um dos 195 ocupados por alunos em protesto contra a reorganização estrutural proposta pelo governo de São Paulo. "Não fui convocada por ninguém. Passei na escola porque queria saber como eles estavam se organizando, o que eles tinham para comer. Minha única preocupação é a educação e a alimentação, que vão de mãos dadas", disse ela à Folha. Paola conheceu a escola e ensinou os alunos a preparar escarola refogada. "Íamos fazer tortilhas, mas não tinha frigideira". Também os orientou em como organizar as poucas verduras no depósito e deu "uns esporros" porque achou o espaço sujo. "Vimos possíveis lugares para fazer hortas. Acho que toda escola tem que ter uma horta e alimentos frescos." Mudanças suspensas Estudantes que seriam afetados pelas mudanças - Destino das 196 escolas ocupadas - divisão dos ciclos de ensino - Como é hoje e como seria, segundo a proposta
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Há 37 anos, seção trouxe a notícia do homem que mordeu o cachorro
A seção "Saiu no NP" volta a resgatar, além das reportagens e das participações dos leitores no "Notícias Populares", colunas seções que marcaram a história do jornal. Nesta terça (26), você acompanha a publicação da primeira nota da seção "Acontece cada uma!", que era publicada às terças-feiras. SOROCABA (Do correspondente) - O pedreiro Juscelino Feliciano estava muito irritado com seu cão vira-latas, anteontem, [neste domingo, 25] quando chegou em sua casa, no Jardim Guadalupe, nesta cidade. De repente, num verdadeiro acesso de loucura, atacou o cachorro a dentadas. O animal não resistiu à violência do ataque e morreu, com sua cabeça degolada pelo dono. Segundo familiares do pedreiro que testemunharam a cena de sangue, Juscelino não disse nada e apenas avançou contra o animal. O pedreiro foi encaminhado ao Hospital dos Insanos de Sorocaba, sem ao menos saber que, inconscientemente, ele realizara um dos mais folclóricos exemplos a respeito da definição de notícia, conhecido pelos velhos jornalistas. Antigamente, nas redações, existia um ditado que alertava os principiantes em jornalismo: "Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas, se um homem morde um cachorro, isso é notícia".
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Há 37 anos, seção trouxe a notícia do homem que mordeu o cachorroA seção "Saiu no NP" volta a resgatar, além das reportagens e das participações dos leitores no "Notícias Populares", colunas seções que marcaram a história do jornal. Nesta terça (26), você acompanha a publicação da primeira nota da seção "Acontece cada uma!", que era publicada às terças-feiras. SOROCABA (Do correspondente) - O pedreiro Juscelino Feliciano estava muito irritado com seu cão vira-latas, anteontem, [neste domingo, 25] quando chegou em sua casa, no Jardim Guadalupe, nesta cidade. De repente, num verdadeiro acesso de loucura, atacou o cachorro a dentadas. O animal não resistiu à violência do ataque e morreu, com sua cabeça degolada pelo dono. Segundo familiares do pedreiro que testemunharam a cena de sangue, Juscelino não disse nada e apenas avançou contra o animal. O pedreiro foi encaminhado ao Hospital dos Insanos de Sorocaba, sem ao menos saber que, inconscientemente, ele realizara um dos mais folclóricos exemplos a respeito da definição de notícia, conhecido pelos velhos jornalistas. Antigamente, nas redações, existia um ditado que alertava os principiantes em jornalismo: "Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas, se um homem morde um cachorro, isso é notícia".
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Justiça cassa liminares que obrigavam USP entregar suposta droga anticâncer
Após a concessão de centenas de liminares obrigando a USP (Universidade de São Paulo) a fornecer cápsulas de fosfoetanolamina -substância que ficou conhecida como "pílula do câncer" –a pacientes com a doença, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decidiu, nesta quarta-feira (11), pela cassação das liminares. A decisão foi tomada após o Estado de São Paulo apresentar um recurso argumentando que a substância não tem ação benéfica comprovada em humanos e seus efeitos adversos não são conhecidos. Por não ser um remédio, a fosfoetanolamina não possui registro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão regulador de medicamentos humanos no país. Além da cassação, a decisão impede que os juízes do Estado de tomarem decisões futuras sobre o assunto. A "fosfo" se tornou popular após o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, conceder liminar favorável a uma paciente que desejava ter acesso à substância, ainda que a droga não tivesse passado por estudos com humanos. Após o episódio, várias liminares garantindo o fornecimento das cápsulas foram concedidas no Estado. O desembargador Sérgio Rui classificou como "irresponsável" o fornecimento de substância e afirmou que ela "não é um medicamento e vem sendo utilizada sem um mínimo de rigor científico e sem critério por pacientes de câncer que relatam melhora genérica em seus quadros clínicos, porque não foram realizadas pesquisas que permitam estabelecer uma correlação segura e indubitável entre seu uso e a hipotética evolução relatada". Remédio anticâncer
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Justiça cassa liminares que obrigavam USP entregar suposta droga anticâncerApós a concessão de centenas de liminares obrigando a USP (Universidade de São Paulo) a fornecer cápsulas de fosfoetanolamina -substância que ficou conhecida como "pílula do câncer" –a pacientes com a doença, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decidiu, nesta quarta-feira (11), pela cassação das liminares. A decisão foi tomada após o Estado de São Paulo apresentar um recurso argumentando que a substância não tem ação benéfica comprovada em humanos e seus efeitos adversos não são conhecidos. Por não ser um remédio, a fosfoetanolamina não possui registro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão regulador de medicamentos humanos no país. Além da cassação, a decisão impede que os juízes do Estado de tomarem decisões futuras sobre o assunto. A "fosfo" se tornou popular após o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, conceder liminar favorável a uma paciente que desejava ter acesso à substância, ainda que a droga não tivesse passado por estudos com humanos. Após o episódio, várias liminares garantindo o fornecimento das cápsulas foram concedidas no Estado. O desembargador Sérgio Rui classificou como "irresponsável" o fornecimento de substância e afirmou que ela "não é um medicamento e vem sendo utilizada sem um mínimo de rigor científico e sem critério por pacientes de câncer que relatam melhora genérica em seus quadros clínicos, porque não foram realizadas pesquisas que permitam estabelecer uma correlação segura e indubitável entre seu uso e a hipotética evolução relatada". Remédio anticâncer
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Autor faz da memória base e protagonista de narrativas
O mundo inventado e recriado por Sergio Sant'Anna neste "O Conto Zero e Outras Histórias" vai além da tão festejada memória do autor. Como se, no lugar de escrever, ele soltasse pandorgas no céu dos anos 4o e 5o, como se a técnica fosse incorporada pelo estilo, nesse caso o estilo é –não por acaso– matéria de memória. Em "O Conto Zero", que abre o livro, o garoto pressente (o que é diferente de "ver") a modernidade saindo de uma nuvem. A descrição que Sant'anna faz dos "luminosos" da Água Salutaris já vale quase o preço do ingresso. Não me atrevo a reproduzi-la nesta simplória resenha. Nota: a "modernidade" saía de uma nuvem dentro de um teleférico iluminado. "Conto Zero" também trata das gazetas desse garoto visionário e do irmão na época em que moravam em Londres, mas fala sobretudo das consciências pesadas de ambos diante de uma inocência que, desde aquela época, já se perdia e anunciava o próprio féretro graças à memória reinventada do autor, hoje septuagenário. Adiante temos "Flores Brancas" e mais oito histórias. Quando a memória não é necessariamente protagonista e serve "apenas" como base da narrativa. Como se Santa'Anna dissesse: posso me dar ao luxo de soltar pandorgas, ter amantes possuídas pelo diabo e criar raízes. Infelizmente o espaço é curto para esmiuçar "Vibrações" –ocasião em que o autor (ou sua memória) foi para Iowa e travou contato com artistas do mundo todo– e as outras histórias que, depois de tantos anos, reverberarão, agora, na mente de seus leitores. Mas creio que "O Conto" permite um resumo. Na busca de um conto que o redimisse de todos os outros, o autor misturou o desejo de chegar ao ponto zero (quem não quer o Aleph para si?) com a matéria da mais refinada ficção, como se as demais histórias se condensassem no encontro trágico de uma estudante com um mendigo. O cenário é a passarela que dá para os jardins do MAM, no Rio. Nem seria preciso dizer que a sobrevida da moça somente será plausível diante da inexistência do mendigo que, depois de ameaçá-la "também sou gente", se atira para a morte. Ele transformado em pasta humana no asfalto da via expressa, e ela, digamos, "transida pela experiência", encontrará refúgio numa escultura de ferro dentro do museu; agora a moça também é pasta, pasta da modernidade –como "se ela se perdesse num lago tranquilo e profundo dentro dela mesma,onde reinava a paz". O novo livro de Sergio Sant'Anna vai muito além da memória: trata de crateras infernais, de retornos inexoráveis, de amálgamas monstruosos e de paz. O CONTO ZERO AUTOR Sérgio Sant'Anna EDITORA Companhia das Letras QUANTO: R$ 39,90 (176 págs.)
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Autor faz da memória base e protagonista de narrativasO mundo inventado e recriado por Sergio Sant'Anna neste "O Conto Zero e Outras Histórias" vai além da tão festejada memória do autor. Como se, no lugar de escrever, ele soltasse pandorgas no céu dos anos 4o e 5o, como se a técnica fosse incorporada pelo estilo, nesse caso o estilo é –não por acaso– matéria de memória. Em "O Conto Zero", que abre o livro, o garoto pressente (o que é diferente de "ver") a modernidade saindo de uma nuvem. A descrição que Sant'anna faz dos "luminosos" da Água Salutaris já vale quase o preço do ingresso. Não me atrevo a reproduzi-la nesta simplória resenha. Nota: a "modernidade" saía de uma nuvem dentro de um teleférico iluminado. "Conto Zero" também trata das gazetas desse garoto visionário e do irmão na época em que moravam em Londres, mas fala sobretudo das consciências pesadas de ambos diante de uma inocência que, desde aquela época, já se perdia e anunciava o próprio féretro graças à memória reinventada do autor, hoje septuagenário. Adiante temos "Flores Brancas" e mais oito histórias. Quando a memória não é necessariamente protagonista e serve "apenas" como base da narrativa. Como se Santa'Anna dissesse: posso me dar ao luxo de soltar pandorgas, ter amantes possuídas pelo diabo e criar raízes. Infelizmente o espaço é curto para esmiuçar "Vibrações" –ocasião em que o autor (ou sua memória) foi para Iowa e travou contato com artistas do mundo todo– e as outras histórias que, depois de tantos anos, reverberarão, agora, na mente de seus leitores. Mas creio que "O Conto" permite um resumo. Na busca de um conto que o redimisse de todos os outros, o autor misturou o desejo de chegar ao ponto zero (quem não quer o Aleph para si?) com a matéria da mais refinada ficção, como se as demais histórias se condensassem no encontro trágico de uma estudante com um mendigo. O cenário é a passarela que dá para os jardins do MAM, no Rio. Nem seria preciso dizer que a sobrevida da moça somente será plausível diante da inexistência do mendigo que, depois de ameaçá-la "também sou gente", se atira para a morte. Ele transformado em pasta humana no asfalto da via expressa, e ela, digamos, "transida pela experiência", encontrará refúgio numa escultura de ferro dentro do museu; agora a moça também é pasta, pasta da modernidade –como "se ela se perdesse num lago tranquilo e profundo dentro dela mesma,onde reinava a paz". O novo livro de Sergio Sant'Anna vai muito além da memória: trata de crateras infernais, de retornos inexoráveis, de amálgamas monstruosos e de paz. O CONTO ZERO AUTOR Sérgio Sant'Anna EDITORA Companhia das Letras QUANTO: R$ 39,90 (176 págs.)
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Nintendo vende bem no Natal, mas previsões ainda são pessimistas
A Nintendo emitiu um alerta sobre seus resultados nesta quarta-feira (28), afirmando que mesmo que venda menos consoles de videogames, o forte enfraquecimento do iene significa que as vendas da companhia fora do Japão vão inflar o lucro líquido da companhia neste ano fiscal. A companhia afirmou que as vendas do dispositivo portátil 3DS foram fracas na temporada de compras natalinas em meio à intensa concorrência. Apesar do lucro operacional ter subido quase 50% no trimestre de outubro a dezembro ante o mesmo período do ano anterior, o terceiro trimestre fiscal é o maior para a empresa, mas não vai conseguir compensar a fraqueza até o final de março. "Tivemos algum progresso no lucro, mas, de muitas formas, não tivemos uma performance perfeita", disse o presidente-executivo da Nintendo, Satoru Iwata, a jornalistas. O executivo está esperando conseguir levar a Nintendo para seu primeiro lucro operacional anual em quatro anos. Pressionada pelas rivais Sony e Microsoft no lado dos consoles e por populares jogos para celulares de outro, a Nintendo havia cortado pela metade a meta de lucro operacional para o ano que se encerra em março, para 20 bilhões de ienes (US$ 169 milhões). Analistas, em média, esperavam 36,6 bilhões de ienes, segundo dados da Thomson Reuters. A Nintendo obtém mais de 70% de suas vendas fora do Japão. A desvalorização do iene infla o valor das vendas internacionais da companhia quando estas são convertidas de volta para a moeda japonesa. A Nintendo registra ganhos cambiais em suas contas separadamente do lucro operacional. Impulsionada por esses ganhos, a empresa disse que agora espera um lucro líquido de 30 bilhões de ienes neste ano fiscal, acima dos 20 bilhões previstos anteriormente, em uma grande reviravolta a partir de um prejuízo líquido de 23,2 bilhões um ano antes. A companhia teve lucro operacional no trimestre de outubro a dezembro de 31,8 bilhões de ienes ante 21,7 bilhões um ano antes. O resultado foi ajudado por uma queda significativa nos custos uma vez que optou por produzir menos consoles de videogames.
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Nintendo vende bem no Natal, mas previsões ainda são pessimistasA Nintendo emitiu um alerta sobre seus resultados nesta quarta-feira (28), afirmando que mesmo que venda menos consoles de videogames, o forte enfraquecimento do iene significa que as vendas da companhia fora do Japão vão inflar o lucro líquido da companhia neste ano fiscal. A companhia afirmou que as vendas do dispositivo portátil 3DS foram fracas na temporada de compras natalinas em meio à intensa concorrência. Apesar do lucro operacional ter subido quase 50% no trimestre de outubro a dezembro ante o mesmo período do ano anterior, o terceiro trimestre fiscal é o maior para a empresa, mas não vai conseguir compensar a fraqueza até o final de março. "Tivemos algum progresso no lucro, mas, de muitas formas, não tivemos uma performance perfeita", disse o presidente-executivo da Nintendo, Satoru Iwata, a jornalistas. O executivo está esperando conseguir levar a Nintendo para seu primeiro lucro operacional anual em quatro anos. Pressionada pelas rivais Sony e Microsoft no lado dos consoles e por populares jogos para celulares de outro, a Nintendo havia cortado pela metade a meta de lucro operacional para o ano que se encerra em março, para 20 bilhões de ienes (US$ 169 milhões). Analistas, em média, esperavam 36,6 bilhões de ienes, segundo dados da Thomson Reuters. A Nintendo obtém mais de 70% de suas vendas fora do Japão. A desvalorização do iene infla o valor das vendas internacionais da companhia quando estas são convertidas de volta para a moeda japonesa. A Nintendo registra ganhos cambiais em suas contas separadamente do lucro operacional. Impulsionada por esses ganhos, a empresa disse que agora espera um lucro líquido de 30 bilhões de ienes neste ano fiscal, acima dos 20 bilhões previstos anteriormente, em uma grande reviravolta a partir de um prejuízo líquido de 23,2 bilhões um ano antes. A companhia teve lucro operacional no trimestre de outubro a dezembro de 31,8 bilhões de ienes ante 21,7 bilhões um ano antes. O resultado foi ajudado por uma queda significativa nos custos uma vez que optou por produzir menos consoles de videogames.
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Negociações entre Mercosul e União Europeia vivem semana crucial
As negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul vão viver uma semana crucial a partir desta segunda (2), em Brasília, onde os sul-americanos esperam receber uma oferta de carne bovina e etanol por parte dos europeus, que estão divididos sobre esses itens. Após uma troca de ofertas em maio do ano passado, a União Europeia garantiu que completaria a proposta agropecuária após as eleições da França e da Alemanha. "Não apresentar a oferta seria terrível", diz uma fonte do Mercosul, principalmente quando o objetivo é alcançar um acordo até o fim do ano. Na quinta (28), em reunião em Bruxelas, a Comissão Europeia, responsável pelas negociações comerciais, propôs aceitar 70 mil toneladas de carne bovina e 600 mil toneladas de etanol por ano de todos os países do Mercosul, disseram três fontes à AFP. A proposta preocupou países com maior tradição agrícola. França, Irlanda, Bélgica e outros "garantem que não é a hora" de apresentar a oferta e pedem para que isso ocorra "mais para o fim das negociações", de acordo com uma fonte europeia. Outros oito países, entre eles Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido, consideram que "é um bom momento de avançar e propor algo aos países do Mercosul, para dar fôlego às negociações". Nenhuma das fontes consultadas pela AFP confirmou se, nesta semana, a oferta europeia vai finalmente ser posta à mesa. Já são mais de 30 rodadas de negociações. A União Europeia "ainda discute as ofertas aduaneiras" com os países, disse na sexta (29) fonte do bloco europeu, que destacou a vontade de "encontrar equilíbrio justo entre a importância de seus produtos para nossos parceiros do Mercosul e a necessidade de proteger os agricultores europeus". OUTRAS DISCUSSÕES Desde a troca de ofertas no ano passado, a discussão sobre o acesso ao mercado de bens, serviços e compras públicas ficou paralisada até que a UE conclua sua oferta agropecuária. Mas isso não deteve outros grupos de trabalho, que debatem temas que terão que ser resolvidos politicamente. Sem a oferta agropecuária europeia, "depois de outubro não teremos nada para fazer, acaba o universo de assuntos técnicos", disse uma fonte. Entre os temas abertos, ficariam questões sobre indicações de origem controlada. Outro ponto é o acesso a medicamentos. Europeus querem maior proteção às descobertas de suas companhias farmacêuticas, mas o Mercosul interpreta a questão sob ótica da saúde pública.
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Negociações entre Mercosul e União Europeia vivem semana crucialAs negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul vão viver uma semana crucial a partir desta segunda (2), em Brasília, onde os sul-americanos esperam receber uma oferta de carne bovina e etanol por parte dos europeus, que estão divididos sobre esses itens. Após uma troca de ofertas em maio do ano passado, a União Europeia garantiu que completaria a proposta agropecuária após as eleições da França e da Alemanha. "Não apresentar a oferta seria terrível", diz uma fonte do Mercosul, principalmente quando o objetivo é alcançar um acordo até o fim do ano. Na quinta (28), em reunião em Bruxelas, a Comissão Europeia, responsável pelas negociações comerciais, propôs aceitar 70 mil toneladas de carne bovina e 600 mil toneladas de etanol por ano de todos os países do Mercosul, disseram três fontes à AFP. A proposta preocupou países com maior tradição agrícola. França, Irlanda, Bélgica e outros "garantem que não é a hora" de apresentar a oferta e pedem para que isso ocorra "mais para o fim das negociações", de acordo com uma fonte europeia. Outros oito países, entre eles Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido, consideram que "é um bom momento de avançar e propor algo aos países do Mercosul, para dar fôlego às negociações". Nenhuma das fontes consultadas pela AFP confirmou se, nesta semana, a oferta europeia vai finalmente ser posta à mesa. Já são mais de 30 rodadas de negociações. A União Europeia "ainda discute as ofertas aduaneiras" com os países, disse na sexta (29) fonte do bloco europeu, que destacou a vontade de "encontrar equilíbrio justo entre a importância de seus produtos para nossos parceiros do Mercosul e a necessidade de proteger os agricultores europeus". OUTRAS DISCUSSÕES Desde a troca de ofertas no ano passado, a discussão sobre o acesso ao mercado de bens, serviços e compras públicas ficou paralisada até que a UE conclua sua oferta agropecuária. Mas isso não deteve outros grupos de trabalho, que debatem temas que terão que ser resolvidos politicamente. Sem a oferta agropecuária europeia, "depois de outubro não teremos nada para fazer, acaba o universo de assuntos técnicos", disse uma fonte. Entre os temas abertos, ficariam questões sobre indicações de origem controlada. Outro ponto é o acesso a medicamentos. Europeus querem maior proteção às descobertas de suas companhias farmacêuticas, mas o Mercosul interpreta a questão sob ótica da saúde pública.
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Intervenções de artista querem alertar para relação entre homem e ambiente
O trabalho do artista plástico paulistano Eduardo Srur, 42, é fazer as pessoas enxergarem um cenário quase invisível: a própria cidade. Uma vez, chamou a atenção para a poluição do rio Pinheiros colocando sobre o leito caiaques com manequins. Em outra, atraiu olhares para monumentos ao vesti-los com coletes salva-vidas. Desafiado pela Folha a explorar o desperdício de comida, sua opção foi fazer uma intervenção na Ceagesp, maior central de distribuição de alimentos da América Latina. "Meu trabalho questiona a relação entre o homem e a natureza. Vi o descuido que a gente tem com o alimento no Brasil", diz. Para tirar o público da "anestesia cotidiana", Srur extrai objetos cotidianos do contexto original: no caso, aqui, criou uma caçamba parecida com a convencional, mas vazada, para mostrar que o lixo "não desaparece num passe de mágica". "É um choque visual, porque a função da caçamba é remover entulho. Tiro essa função e a reconstruo em linhas no espaço. A função é transformada em reflexão". Na intervenção que resultou na capa deste caderno, caixas e caixas de tomates, abacaxis e pimentões descartados foram despejadas dentro da escultura até que desceram as correntes do caminhão. A caçamba foi recolhida, mas a montanha de comida descartada ficou no chão. "É uma provocação, mostra como a sociedade se comporta: quer ver o lixo afastado, mas ele vai para algum lugar. A maioria não tem um destino adequado", diz o artista, que aplica a lógica do resíduo zero em suas obras. Suas famosas garrafas Pet gigantescas colocadas nas margens do rio Tietê em 2008, por exemplo, foram transformadas em mochilas. Srur participa de cada etapa -diz aos ajudantes como quer a comida, busca o lugar ideal para a instalação e olha no visor da câmera para ver se o enquadramento está bom. "Sou prático, gosto de executar minhas operações mentais." Não quer dizer que atue sozinho. "Artista não sabe fazer tudo." Algumas obras já lhe deram problemas: o "Touro Bandido", em posição de coito com uma vaca da Cow Parade, em 2010, o levou à delegacia (inquérito arquivado). O talento para "causar" virou fonte de renda. Criou uma empresa de intervenções para ações de marketing e sustentabilidade. "Agências precisam de ideias fora da caixa, e eu preciso de recursos da publicidade, infinitamente maiores que os da arte". Dediciu sair do ateliê, em parte, inspirado por Christo, não o da Bíblia, o artista búlgaro. "Vi que artista pode ter uma produção colaborativa e levar uma visão de empreendedorismo para o trabalho." Trocou o curso de publicidade por artes plásticas graças a uma aula chata de estatística. "Sempre gostei de arte, mas não era diferente de ninguém na escola. Foi uma aposta profissional. Não acho que artista seja diferente de médico ou advogado."
ambiente
Intervenções de artista querem alertar para relação entre homem e ambienteO trabalho do artista plástico paulistano Eduardo Srur, 42, é fazer as pessoas enxergarem um cenário quase invisível: a própria cidade. Uma vez, chamou a atenção para a poluição do rio Pinheiros colocando sobre o leito caiaques com manequins. Em outra, atraiu olhares para monumentos ao vesti-los com coletes salva-vidas. Desafiado pela Folha a explorar o desperdício de comida, sua opção foi fazer uma intervenção na Ceagesp, maior central de distribuição de alimentos da América Latina. "Meu trabalho questiona a relação entre o homem e a natureza. Vi o descuido que a gente tem com o alimento no Brasil", diz. Para tirar o público da "anestesia cotidiana", Srur extrai objetos cotidianos do contexto original: no caso, aqui, criou uma caçamba parecida com a convencional, mas vazada, para mostrar que o lixo "não desaparece num passe de mágica". "É um choque visual, porque a função da caçamba é remover entulho. Tiro essa função e a reconstruo em linhas no espaço. A função é transformada em reflexão". Na intervenção que resultou na capa deste caderno, caixas e caixas de tomates, abacaxis e pimentões descartados foram despejadas dentro da escultura até que desceram as correntes do caminhão. A caçamba foi recolhida, mas a montanha de comida descartada ficou no chão. "É uma provocação, mostra como a sociedade se comporta: quer ver o lixo afastado, mas ele vai para algum lugar. A maioria não tem um destino adequado", diz o artista, que aplica a lógica do resíduo zero em suas obras. Suas famosas garrafas Pet gigantescas colocadas nas margens do rio Tietê em 2008, por exemplo, foram transformadas em mochilas. Srur participa de cada etapa -diz aos ajudantes como quer a comida, busca o lugar ideal para a instalação e olha no visor da câmera para ver se o enquadramento está bom. "Sou prático, gosto de executar minhas operações mentais." Não quer dizer que atue sozinho. "Artista não sabe fazer tudo." Algumas obras já lhe deram problemas: o "Touro Bandido", em posição de coito com uma vaca da Cow Parade, em 2010, o levou à delegacia (inquérito arquivado). O talento para "causar" virou fonte de renda. Criou uma empresa de intervenções para ações de marketing e sustentabilidade. "Agências precisam de ideias fora da caixa, e eu preciso de recursos da publicidade, infinitamente maiores que os da arte". Dediciu sair do ateliê, em parte, inspirado por Christo, não o da Bíblia, o artista búlgaro. "Vi que artista pode ter uma produção colaborativa e levar uma visão de empreendedorismo para o trabalho." Trocou o curso de publicidade por artes plásticas graças a uma aula chata de estatística. "Sempre gostei de arte, mas não era diferente de ninguém na escola. Foi uma aposta profissional. Não acho que artista seja diferente de médico ou advogado."
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Fotos e caminhada são armas de frade filipino contra Duterte
Sob um céu sem nuvens no norte da Espanha, o frade de 46 anos afixa uma foto a um dos marcos do caminho de Santiago, rota de peregrinação que leva à cidade de mesmo nome na Galícia, a quase 800 km dali. A imagem mostra uma mulher sustentando o corpo do marido, assassinado à queima-roupa nas Filipinas em julho do ano passado. Frei Jun (nome de batismo Ciriaco Santiago 3º) partiu na última segunda (24) de Saint Jean Pied-de-Port, na França, com o objetivo de atrair a atenção internacional para sua campanha contra a guerra às drogas do presidente Rodrigo Duterte, da qual a foto é um testemunho. Michael Siaron, o morto, era acusado pela polícia de traficar metanfetamina e foi alvejado por um dos esquadrões da morte que já deixaram mais de 5.000 vítimas desde a posse de Duterte, há um ano. Outros 3.000 morreram em operações oficiais, supostamente ao reagir à polícia -familiares, testemunhas e entidades de direitos humanos negam e acusam o presidente de promover execuções extrajudiciais em massa. Frei Jun faz parte da ordem católica dos redentoristas, uma das mais ativas no país asiático contra a política antidrogas do presidente. Em dezembro do ano passado, o frade passou a fazer hora-extra no Departamento de Polícia de Manila. Das 21h às 3h30, acompanhava os jornalistas que documentam os assassinatos em bairros pobres da cidade. No Natal, organizou a exposição "Sob a Sombra da Morte, com fotos gigantes de vítimas da guerra à drogas na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O templo é o mais famoso do país, no qual mais de 80% da população é católica. Funciona 24 horas por dia durante o ano todo e chega a atrair 50 mil fieis por dia no final do ano. Depois das Filipinas, as fotografias dos jornalistas e do próprio frade foram expostas na Bósnia e, agora, seguem para a França. A peregrinação até Santiago faz parte desse esforço. Ao longo do caminho, que deve durar mais de um mês, ele pretende deixar imagens das vítimas e textos de repúdio à guerra às drogas e documentar seu cotidiano nas redes sociais. Em um dos posts da sua primeira semana, frei Jun relata como uma nota contra as execuções extrajudiciais deixada por ele no trecho de Roncesvalles foi encontrada por um casal de americanos, que se comprometeu a ajudar a divulgar a campanha. "Meu objetivo é encontrar meios de tornar o mundo todo consciente do que está acontecendo nas Filipinas", disse o frade à Folha quando organizou a exposição de fotos. O religioso diz que sentiu que era sua missão combater a política de Duterte desde julho do ano passado, quando as famílias das vítimas começaram a procurar a ordem redentorista para pedir socorro e apoio. A igreja organizou grupos de apoio e de reabilitação para viciados. "Com a divulgação das imagens de crueldade, não queremos ferir as pessoas. Mas todos precisam entender que a saúde espiritual inclui enfrentar os problemas do mundo. As Filipinas estão sofrendo uma intensa e flagrante violação dos direitos humanos." Em maio, em reunião da ONU sobre direitos humanos, o país foi criticado por 45 membros pela violência pessoal e pela decisão de retomar a pena de morte no país (a lei foi aprovada na Câmara e tramita no Senado). Um mês antes, comissão de direitos humanos descobrira um cárcere secreto com 13 homens e mulheres presos em um distrito na capital filipina. Duterte, que se elegeu prometendo matar mais de 100 mil traficantes e viciados, tem atacado publicamente os críticos da guerra às drogas. Veja vídeo
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Fotos e caminhada são armas de frade filipino contra DuterteSob um céu sem nuvens no norte da Espanha, o frade de 46 anos afixa uma foto a um dos marcos do caminho de Santiago, rota de peregrinação que leva à cidade de mesmo nome na Galícia, a quase 800 km dali. A imagem mostra uma mulher sustentando o corpo do marido, assassinado à queima-roupa nas Filipinas em julho do ano passado. Frei Jun (nome de batismo Ciriaco Santiago 3º) partiu na última segunda (24) de Saint Jean Pied-de-Port, na França, com o objetivo de atrair a atenção internacional para sua campanha contra a guerra às drogas do presidente Rodrigo Duterte, da qual a foto é um testemunho. Michael Siaron, o morto, era acusado pela polícia de traficar metanfetamina e foi alvejado por um dos esquadrões da morte que já deixaram mais de 5.000 vítimas desde a posse de Duterte, há um ano. Outros 3.000 morreram em operações oficiais, supostamente ao reagir à polícia -familiares, testemunhas e entidades de direitos humanos negam e acusam o presidente de promover execuções extrajudiciais em massa. Frei Jun faz parte da ordem católica dos redentoristas, uma das mais ativas no país asiático contra a política antidrogas do presidente. Em dezembro do ano passado, o frade passou a fazer hora-extra no Departamento de Polícia de Manila. Das 21h às 3h30, acompanhava os jornalistas que documentam os assassinatos em bairros pobres da cidade. No Natal, organizou a exposição "Sob a Sombra da Morte, com fotos gigantes de vítimas da guerra à drogas na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O templo é o mais famoso do país, no qual mais de 80% da população é católica. Funciona 24 horas por dia durante o ano todo e chega a atrair 50 mil fieis por dia no final do ano. Depois das Filipinas, as fotografias dos jornalistas e do próprio frade foram expostas na Bósnia e, agora, seguem para a França. A peregrinação até Santiago faz parte desse esforço. Ao longo do caminho, que deve durar mais de um mês, ele pretende deixar imagens das vítimas e textos de repúdio à guerra às drogas e documentar seu cotidiano nas redes sociais. Em um dos posts da sua primeira semana, frei Jun relata como uma nota contra as execuções extrajudiciais deixada por ele no trecho de Roncesvalles foi encontrada por um casal de americanos, que se comprometeu a ajudar a divulgar a campanha. "Meu objetivo é encontrar meios de tornar o mundo todo consciente do que está acontecendo nas Filipinas", disse o frade à Folha quando organizou a exposição de fotos. O religioso diz que sentiu que era sua missão combater a política de Duterte desde julho do ano passado, quando as famílias das vítimas começaram a procurar a ordem redentorista para pedir socorro e apoio. A igreja organizou grupos de apoio e de reabilitação para viciados. "Com a divulgação das imagens de crueldade, não queremos ferir as pessoas. Mas todos precisam entender que a saúde espiritual inclui enfrentar os problemas do mundo. As Filipinas estão sofrendo uma intensa e flagrante violação dos direitos humanos." Em maio, em reunião da ONU sobre direitos humanos, o país foi criticado por 45 membros pela violência pessoal e pela decisão de retomar a pena de morte no país (a lei foi aprovada na Câmara e tramita no Senado). Um mês antes, comissão de direitos humanos descobrira um cárcere secreto com 13 homens e mulheres presos em um distrito na capital filipina. Duterte, que se elegeu prometendo matar mais de 100 mil traficantes e viciados, tem atacado publicamente os críticos da guerra às drogas. Veja vídeo
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Com debandada, PSB pode voltar a tamanho anterior a 2006 na Câmara
Sexto maior partido da Câmara com 36 deputados em exercício, a bancada do PSB pode voltar ao tamanho que tinha antes das eleições de 2006 caso 14 integrantes se filiem ao DEM e PMDB. Em 2002, foram eleitos 22 deputados pela legenda. A possibilidade de debandada se tornou pública após parte da bancada descumprir decisão da executiva nacional e votar a favor da reforma trabalhista, com anuência da líder Tereza Cristina (MS). As divergências levaram ela a negociar a mudança de sigla, junto a um grupo de dissidentes, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Apesar da redução, aliados da direção partidária afinaram discurso e avaliam que a mudança é positiva porque manterá a coesão interna entre os filiados e evitará que o PSB se transforme em um partido sem coerência ideológica. Como exemplo, citam outros dois casos em que houve perdas importantes no PSB por divergências com os dirigentes –as saídas dos grupos capitaneados pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Com 18 deputados em 1999, o PSB chegou a eleger 36 em 2010 e 34 em 2014, quando também teve uma candidata à Presidência, Marina Silva (hoje na Rede), empatada em primeiro lugar nas pesquisas. Atualmente, uma das maiores pretensões do PSB é governar São Paulo, com o vice-governador Márcio França. "É preferível ter 10 deputados a menos, mas que não nos façam passar vergonha", diz o ex-deputado Beto Albuquerque (RS), que foi candidato a vice-presidente na chapa de Marina, sobre a debandada. Ele é um dos que defendem que o PSB não pode deixar de ser uma legenda de centro-esquerda para se tornar uma mistura ideológica. "Estar no PSB e flertar com o DEM é uma esquizofrenia." O grupo que apoiava diretamente o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em 2014, segue a mesma linha de pensamento. "Você não pode ter uma líder de partido expressando a posição de uma minoria. Há um sentimento de indignação e vexame ao que houve [na Câmara]", diz o deputado Tadeu Alencar (PE). O mineiro Júlio Delgado diz que Cristina "conspira contra o partido". "Eu troco a redução necessária do partido, que tem que ser feita agora, pela nitidez nas eleições de 2018". Segundo ele, ter posição ideológica clara atrairá tanto filiados como eleitores. Embora o PSB afirme que não faz parte do governo Temer, o ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) é filiado ao partido. A direção diz que o cargo é pessoal, e não partidário. Procurada, a deputada Tereza Cristina não se manifestou.
poder
Com debandada, PSB pode voltar a tamanho anterior a 2006 na CâmaraSexto maior partido da Câmara com 36 deputados em exercício, a bancada do PSB pode voltar ao tamanho que tinha antes das eleições de 2006 caso 14 integrantes se filiem ao DEM e PMDB. Em 2002, foram eleitos 22 deputados pela legenda. A possibilidade de debandada se tornou pública após parte da bancada descumprir decisão da executiva nacional e votar a favor da reforma trabalhista, com anuência da líder Tereza Cristina (MS). As divergências levaram ela a negociar a mudança de sigla, junto a um grupo de dissidentes, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Apesar da redução, aliados da direção partidária afinaram discurso e avaliam que a mudança é positiva porque manterá a coesão interna entre os filiados e evitará que o PSB se transforme em um partido sem coerência ideológica. Como exemplo, citam outros dois casos em que houve perdas importantes no PSB por divergências com os dirigentes –as saídas dos grupos capitaneados pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Com 18 deputados em 1999, o PSB chegou a eleger 36 em 2010 e 34 em 2014, quando também teve uma candidata à Presidência, Marina Silva (hoje na Rede), empatada em primeiro lugar nas pesquisas. Atualmente, uma das maiores pretensões do PSB é governar São Paulo, com o vice-governador Márcio França. "É preferível ter 10 deputados a menos, mas que não nos façam passar vergonha", diz o ex-deputado Beto Albuquerque (RS), que foi candidato a vice-presidente na chapa de Marina, sobre a debandada. Ele é um dos que defendem que o PSB não pode deixar de ser uma legenda de centro-esquerda para se tornar uma mistura ideológica. "Estar no PSB e flertar com o DEM é uma esquizofrenia." O grupo que apoiava diretamente o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em 2014, segue a mesma linha de pensamento. "Você não pode ter uma líder de partido expressando a posição de uma minoria. Há um sentimento de indignação e vexame ao que houve [na Câmara]", diz o deputado Tadeu Alencar (PE). O mineiro Júlio Delgado diz que Cristina "conspira contra o partido". "Eu troco a redução necessária do partido, que tem que ser feita agora, pela nitidez nas eleições de 2018". Segundo ele, ter posição ideológica clara atrairá tanto filiados como eleitores. Embora o PSB afirme que não faz parte do governo Temer, o ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) é filiado ao partido. A direção diz que o cargo é pessoal, e não partidário. Procurada, a deputada Tereza Cristina não se manifestou.
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Democracia 30 anos
Redemocratiazação do país faz 30 anos. Veja principais eventos
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Democracia 30 anosRedemocratiazação do país faz 30 anos. Veja principais eventos
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Morgan Stanley pagará US$ 3,2 bilhões para encerrar processos ligados à crise
O Morgan Stanley deve pagar US$ 3,2 bilhões para resolver acusações federais e estaduais de que enganou investidores sobre títulos lastreados em hipotecas residenciais que colapsaram durante a crise financeira, disse o escritório do procurador-geral de Nova York nesta quinta feira (11). O caso remonta a uma investigação da Residential Mortgage-Backed Securities Group, força-tarefa federal e estadual conjunta revelada em 2012 pelo presidente Barack Obama, que serve para investigar possível má conduta na crise financeira. Dos US$ 3,2 bilhões a serem pagos, US$ 550 milhões serão destinados para Nova York. O processo alega que o Morgan Stanley pintou um quadro róseo para investidores sobre a qualidade das hipotecas residenciais que havia securitizado, embora os empréstimos tivessem falhas relevantes. "Estamos satisfeitos por ter concluído esses processos envolvendo valores mobiliários lastreados em hipotecas", disse um porta-voz Morgan Stanley. Em comunicado, o procurador-geral de Nova York Eric Schneiderman afirmou que o acordo marca "mais uma vitória dos esforços para ajudar os nova-iorquinos a se recuperar após a devastação financeira provocada pelos grandes bancos."
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Morgan Stanley pagará US$ 3,2 bilhões para encerrar processos ligados à criseO Morgan Stanley deve pagar US$ 3,2 bilhões para resolver acusações federais e estaduais de que enganou investidores sobre títulos lastreados em hipotecas residenciais que colapsaram durante a crise financeira, disse o escritório do procurador-geral de Nova York nesta quinta feira (11). O caso remonta a uma investigação da Residential Mortgage-Backed Securities Group, força-tarefa federal e estadual conjunta revelada em 2012 pelo presidente Barack Obama, que serve para investigar possível má conduta na crise financeira. Dos US$ 3,2 bilhões a serem pagos, US$ 550 milhões serão destinados para Nova York. O processo alega que o Morgan Stanley pintou um quadro róseo para investidores sobre a qualidade das hipotecas residenciais que havia securitizado, embora os empréstimos tivessem falhas relevantes. "Estamos satisfeitos por ter concluído esses processos envolvendo valores mobiliários lastreados em hipotecas", disse um porta-voz Morgan Stanley. Em comunicado, o procurador-geral de Nova York Eric Schneiderman afirmou que o acordo marca "mais uma vitória dos esforços para ajudar os nova-iorquinos a se recuperar após a devastação financeira provocada pelos grandes bancos."
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Mérito de Ana Maria Machado é dar vida a figura histórica nacional
Dar vida a personagens históricos sobre os quais não há documentação abundante não é fácil. Mais ainda se essa figura tiver sido uma mulher que se relacionou de maneira intensa, porém muito discreta, com um dos personagens mais influentes da história do Brasil no século 19. Mesmo assim, a escritora Ana Maria Machado consegue, em "Um Mapa Todo Seu", reconstruir um retrato bastante detalhado de Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930). Além de contemplar hábitos pessoais e trajetória, a autora propõe uma reflexão sobre as razões que fizeram de "Zizinha" uma mulher ousada e excepcional em seu tempo. Aos 21, órfã, emancipada e herdeira de duas fortunas que a fariam bilionária, Eufrásia decide afastar-se dos familiares conservadores que queriam decidir como e com quem ela se casaria. Com a irmã, a moça então alforria seus escravos, fecha as propriedades no Brasil e embarca com sua riqueza –correspondente à dotação pessoal do imperador dom Pedro 2–para a Europa, fixando residência em Paris. Ainda que figure às vezes como uma afortunada que usufruiu da herança, Eufrásia se transformou numa mulher de negócios, frequentou a bolsa de Paris e investiu em empreendimentos tido como arriscados, ligados a novas tecnologias. Ao fim, conseguiu multiplicar sua fortuna –recebida do pai, capitalista agrário, e da mãe, de uma família de ricos fazendeiros de café. Bela, transitava entre poderosos, recusando um pretendente atrás do outro. Para algumas ocasiões, mandava costurar diamantes em seus vestidos exclusivos. Vivia num palacete que comprou perto do Arco do Triunfo, frequentado por membros da família real brasileira no exílio. O livro põe foco em sua relação com Joaquim Nabuco (1849-1910). Cheia de idas e vindas, esta não é uma novela com final feliz do ponto de vista convencional, afinal eles não se casaram, mas revela um vínculo mais profundo. Entre 1873 e 1887, trocaram cartas, encontraram-se em Paris, viajaram juntos, viveram o romance às escondidas numa temporada no Rio, encontrando-se em hotéis. Por muito tempo, Eufrásia hesitou comprometer-se com o abolicionista. Casar-se com ele significaria voltar ao Brasil e estar novamente sob o olhar intrometido da família. De seu lado, Nabuco se incomodava com o fato de ela ser tão mais rica e pertencer à aristocracia escravocrata que ele tanto atacava em suas campanhas políticas. Se o livro tem uma narrativa irregular é justamente por conta da inconstância da relação, e pelos longos períodos entre encontros sobre os quais não se sabe o suficiente. A autora não encontra boa solução para o drama de tantos romances históricos que tropeçam ao tentar mesclar explicações de contexto à trama. Alguns diálogos imaginários sobre hábitos e ambiente da época soam inverossímeis. Mas são questões que não reduzem o mérito do livro: de trazer à vida esse personagem tão rico da história do Brasil. UM MAPA TODO SEU AUTORA Ana Maria Machado EDITORA Alfaguara QUANTO R$ 39,90 (224 págs.)
ilustrada
Mérito de Ana Maria Machado é dar vida a figura histórica nacionalDar vida a personagens históricos sobre os quais não há documentação abundante não é fácil. Mais ainda se essa figura tiver sido uma mulher que se relacionou de maneira intensa, porém muito discreta, com um dos personagens mais influentes da história do Brasil no século 19. Mesmo assim, a escritora Ana Maria Machado consegue, em "Um Mapa Todo Seu", reconstruir um retrato bastante detalhado de Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930). Além de contemplar hábitos pessoais e trajetória, a autora propõe uma reflexão sobre as razões que fizeram de "Zizinha" uma mulher ousada e excepcional em seu tempo. Aos 21, órfã, emancipada e herdeira de duas fortunas que a fariam bilionária, Eufrásia decide afastar-se dos familiares conservadores que queriam decidir como e com quem ela se casaria. Com a irmã, a moça então alforria seus escravos, fecha as propriedades no Brasil e embarca com sua riqueza –correspondente à dotação pessoal do imperador dom Pedro 2–para a Europa, fixando residência em Paris. Ainda que figure às vezes como uma afortunada que usufruiu da herança, Eufrásia se transformou numa mulher de negócios, frequentou a bolsa de Paris e investiu em empreendimentos tido como arriscados, ligados a novas tecnologias. Ao fim, conseguiu multiplicar sua fortuna –recebida do pai, capitalista agrário, e da mãe, de uma família de ricos fazendeiros de café. Bela, transitava entre poderosos, recusando um pretendente atrás do outro. Para algumas ocasiões, mandava costurar diamantes em seus vestidos exclusivos. Vivia num palacete que comprou perto do Arco do Triunfo, frequentado por membros da família real brasileira no exílio. O livro põe foco em sua relação com Joaquim Nabuco (1849-1910). Cheia de idas e vindas, esta não é uma novela com final feliz do ponto de vista convencional, afinal eles não se casaram, mas revela um vínculo mais profundo. Entre 1873 e 1887, trocaram cartas, encontraram-se em Paris, viajaram juntos, viveram o romance às escondidas numa temporada no Rio, encontrando-se em hotéis. Por muito tempo, Eufrásia hesitou comprometer-se com o abolicionista. Casar-se com ele significaria voltar ao Brasil e estar novamente sob o olhar intrometido da família. De seu lado, Nabuco se incomodava com o fato de ela ser tão mais rica e pertencer à aristocracia escravocrata que ele tanto atacava em suas campanhas políticas. Se o livro tem uma narrativa irregular é justamente por conta da inconstância da relação, e pelos longos períodos entre encontros sobre os quais não se sabe o suficiente. A autora não encontra boa solução para o drama de tantos romances históricos que tropeçam ao tentar mesclar explicações de contexto à trama. Alguns diálogos imaginários sobre hábitos e ambiente da época soam inverossímeis. Mas são questões que não reduzem o mérito do livro: de trazer à vida esse personagem tão rico da história do Brasil. UM MAPA TODO SEU AUTORA Ana Maria Machado EDITORA Alfaguara QUANTO R$ 39,90 (224 págs.)
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Polícia investiga fabricantes que vendiam cachaça com Viagra na China
Fabricantes de bebidas alcoólicas adicionaram Viagra a milhares de garrafas na China, e diziam a clientes que o produto tinha qualidades especiais "benéficas à saúde", segundo autoridades responsáveis pela fiscalização de alimentos. Mais de 5,3 mil garrafas adulteradas foram apreendidas por investigadores na cidade de Liuzhou, no sul do país. Eles também encontraram pacotes com um pó branco identificado como sendo sildenafila, substância do medicamento Viagra, usado para combater a impotência sexual masculina. A polícia da região de Guanhxi, onde fica a cidade, está investigando dois fabricantes. Leia mais: Os planos da China para construir uma megalópole de 130 milhões de habitantes O setor responsável por fiscalizar alimentos e medicamentos em Liuzhou afirmou que a substância do Viagra havia sido misturada a três diferentes tipos de baijiu - uma espécie de cachaça bastante popular na China. Segundo as autoridades, a carga apreendida vale mais de 700 mil yuans (R$ 390 mil). Médicos recomendam que adultos que tenham prescrição para usar o Viagra tomem apenas uma dose por dia - quem tem mais de 65 anos deve ingerir uma quantidade ainda menor. OUTROS CASOS Problemas na área de segurança alimentar têm sido recorrentes na China. Em junho, policiais apreenderam mais de 100 mil toneladas de carne contrabandeada em várias cidades do país - parte disso com alguns anos de idade. Em 2008, um escândalo envolvendo leite adulterado chocou o país. Cerca de 300 mil pessoas foram afetadas e ao menos seis bebês morreram após consumir leite com melamina, substância usada na fabricação de plástico. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Polícia investiga fabricantes que vendiam cachaça com Viagra na ChinaFabricantes de bebidas alcoólicas adicionaram Viagra a milhares de garrafas na China, e diziam a clientes que o produto tinha qualidades especiais "benéficas à saúde", segundo autoridades responsáveis pela fiscalização de alimentos. Mais de 5,3 mil garrafas adulteradas foram apreendidas por investigadores na cidade de Liuzhou, no sul do país. Eles também encontraram pacotes com um pó branco identificado como sendo sildenafila, substância do medicamento Viagra, usado para combater a impotência sexual masculina. A polícia da região de Guanhxi, onde fica a cidade, está investigando dois fabricantes. Leia mais: Os planos da China para construir uma megalópole de 130 milhões de habitantes O setor responsável por fiscalizar alimentos e medicamentos em Liuzhou afirmou que a substância do Viagra havia sido misturada a três diferentes tipos de baijiu - uma espécie de cachaça bastante popular na China. Segundo as autoridades, a carga apreendida vale mais de 700 mil yuans (R$ 390 mil). Médicos recomendam que adultos que tenham prescrição para usar o Viagra tomem apenas uma dose por dia - quem tem mais de 65 anos deve ingerir uma quantidade ainda menor. OUTROS CASOS Problemas na área de segurança alimentar têm sido recorrentes na China. Em junho, policiais apreenderam mais de 100 mil toneladas de carne contrabandeada em várias cidades do país - parte disso com alguns anos de idade. Em 2008, um escândalo envolvendo leite adulterado chocou o país. Cerca de 300 mil pessoas foram afetadas e ao menos seis bebês morreram após consumir leite com melamina, substância usada na fabricação de plástico. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Gol e Infraero são punidas por cadeirante se arrastar em escada
Seis meses depois de a executiva Katya Hemelrijk da Silva, 39, que é cadeirante, ter se arrastado pelas escadas de um avião da Gol, em Foz do Iguaçu (PR), para conseguir embarcar, a Anac decidiu aplicar 11 infrações que somam R$ 230 mil contra a empresa aérea e a Infraero. O prazo para recurso é de 20 dias a partir do recebimento das infrações, todas baseadas em resolução –280/2013– sobre acessibilidade de passageiros com "necessidade de assistência especial" no transporte aéreo. O aeroporto paranaense não dispunha, naquele momento, do equipamento que facilita o embarque de pessoas com deficiência, o ambulifit, e Katya se recusou a ser carregada por uma equipe não treinada, uma vez que possui uma enfermidade que deixa os ossos do corpo extremamente frágeis. Como tinha de voltar a São Paulo para trabalhar e cuidar dos dois filhos, ela resolveu subir os degraus se arrastando. A cena foi fotografada. "Só multar não me agrada. Não era esse final que imaginei. Multa não resolve o problema da conscientização e da capacitação das pessoas", afirma Katya. Ela aguarda uma audiência com o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) para debater uma proposta efetiva para solução dos inúmeros problemas registrados com pessoas com deficiência em aeroportos brasileiros. Dentre os erros apontados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para a Gol estão: desrespeito à prioridade de embarque da passageira; deixar de adotar medidas para garantir a integridade física e moral dela e não ter provas de capacitação específica de seu pessoal no aeroporto de Foz do Iguaçu. Para a Infraero, empresa que administra o aeroporto, foram apontadas as seguintes falhas: não comprovação que mantém disponível informações sobre os meios para embarque e desembarque de passageiros com problemas de mobilidade e não comprovação de manter registro de troca de informações com operadores aéreos e com os passageiros com deficiência. OUTRO LADO Em nota, a Gol informou que não comentaria a notificação, lamentou o ocorrido com a cadeirante e declarou que está tomando medidas de melhoria no atendimento ao público com deficiência. A Infraero, também em nota, declarou que "aguarda a notificação" para tomar as devidas providências". A empresa informou ainda que adquiriu 15 ambulifts, com investimento de R$ 9,68 milhões, para os aeroportos que administra, inclusive para o de Foz do Iguaçu, que já está em operação.
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Gol e Infraero são punidas por cadeirante se arrastar em escadaSeis meses depois de a executiva Katya Hemelrijk da Silva, 39, que é cadeirante, ter se arrastado pelas escadas de um avião da Gol, em Foz do Iguaçu (PR), para conseguir embarcar, a Anac decidiu aplicar 11 infrações que somam R$ 230 mil contra a empresa aérea e a Infraero. O prazo para recurso é de 20 dias a partir do recebimento das infrações, todas baseadas em resolução –280/2013– sobre acessibilidade de passageiros com "necessidade de assistência especial" no transporte aéreo. O aeroporto paranaense não dispunha, naquele momento, do equipamento que facilita o embarque de pessoas com deficiência, o ambulifit, e Katya se recusou a ser carregada por uma equipe não treinada, uma vez que possui uma enfermidade que deixa os ossos do corpo extremamente frágeis. Como tinha de voltar a São Paulo para trabalhar e cuidar dos dois filhos, ela resolveu subir os degraus se arrastando. A cena foi fotografada. "Só multar não me agrada. Não era esse final que imaginei. Multa não resolve o problema da conscientização e da capacitação das pessoas", afirma Katya. Ela aguarda uma audiência com o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) para debater uma proposta efetiva para solução dos inúmeros problemas registrados com pessoas com deficiência em aeroportos brasileiros. Dentre os erros apontados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para a Gol estão: desrespeito à prioridade de embarque da passageira; deixar de adotar medidas para garantir a integridade física e moral dela e não ter provas de capacitação específica de seu pessoal no aeroporto de Foz do Iguaçu. Para a Infraero, empresa que administra o aeroporto, foram apontadas as seguintes falhas: não comprovação que mantém disponível informações sobre os meios para embarque e desembarque de passageiros com problemas de mobilidade e não comprovação de manter registro de troca de informações com operadores aéreos e com os passageiros com deficiência. OUTRO LADO Em nota, a Gol informou que não comentaria a notificação, lamentou o ocorrido com a cadeirante e declarou que está tomando medidas de melhoria no atendimento ao público com deficiência. A Infraero, também em nota, declarou que "aguarda a notificação" para tomar as devidas providências". A empresa informou ainda que adquiriu 15 ambulifts, com investimento de R$ 9,68 milhões, para os aeroportos que administra, inclusive para o de Foz do Iguaçu, que já está em operação.
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Candidato do PCO à Prefeitura de São Paulo propõe fim das multas e da PM
ANA LUIZA ALBUQUERQUE DE SÃO PAULO O candidato do Partido da Causa Operária (PCO) a prefeito de São Paulo, Henrique Áreas, 31, defende o armamento da população e a formação de milícias populares no lugar da PM. O candidato de extrema esquerda também quer o fim das multas. Formado em Ciências Sociais pela Unicamp, ele concorre pela primeira vez em uma eleição. Nascido em Ribeirão Preto (SP), foi diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios. * Folha - No seu programa há promessas como instituir um salário mínimo de R$ 4.000. De onde sairia a verba? Henrique Áreas - Não são promessas, é um programa nacional do PCO –que diz respeito, nesse caso, à necessidade que está na Constituição de garantir condições básicas para o trabalhador. A gente defende que não tem que pagar a dívida com banqueiros. Mas o programa o representa. Me representa, claro. Qualquer tipo de proposta específica de administração é uma enganação da população. A gente não costuma levar o debate às questões locais, achamos que estão subordinadas ao problema nacional. O sr. concorre ao cargo de prefeito. No âmbito da prefeitura, o que pretende fazer? Se considerássemos que o PCO tem chance de ganhar, usaríamos a prefeitura para ajudar na mobilização das pessoas. Uma proposta imediata seria a criação de conselhos populares e operários. Seria uma prefeitura para chamar a população para participar. O PCO prega o não pagamento das dívidas interna e externa da cidade. Como lidaria com o desemprego decorrente da fuga de capitais? Não haveria desemprego. No caso, se estatizássemos os bancos, sobraria o dinheiro da dívida para investir em obras e serviços para a população. O que causa desemprego é a necessidade das empresas de enxugar mão de obra, terceirizar. Se você para de pagar a dívida com os grandes capitalistas, tem mais condições de gerar empregos. O sr. também quer acabar com as multas e revogar a diminuição na velocidade das marginais. O sr. discorda de que essas medidas podem aumentar o número de acidentes? A gente discorda, porque a questão do trânsito é um problema de educação. O que a gente destaca é que os novos limites de velocidade servem para reprimir a população e retirar dinheiro, como uma forma de um novo imposto. É uma indústria da multa. Seu partido defende a formação de milícias populares no lugar da Polícia Militar. A PM é a maior responsável pela violência na cidade e tem o monopólio do armamento. Temos que tirar esse monopólio do Estado. As milícias seriam organizadas pela própria população nos bairros a partir de conselhos populares e democráticos. O que a gente percebe é que proibindo ou não, a pessoa que é mal intencionada dá um jeito de arranjar uma arma. Países desenvolvidos como os EUA têm o direito ao armamento.
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Candidato do PCO à Prefeitura de São Paulo propõe fim das multas e da PMANA LUIZA ALBUQUERQUE DE SÃO PAULO O candidato do Partido da Causa Operária (PCO) a prefeito de São Paulo, Henrique Áreas, 31, defende o armamento da população e a formação de milícias populares no lugar da PM. O candidato de extrema esquerda também quer o fim das multas. Formado em Ciências Sociais pela Unicamp, ele concorre pela primeira vez em uma eleição. Nascido em Ribeirão Preto (SP), foi diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios. * Folha - No seu programa há promessas como instituir um salário mínimo de R$ 4.000. De onde sairia a verba? Henrique Áreas - Não são promessas, é um programa nacional do PCO –que diz respeito, nesse caso, à necessidade que está na Constituição de garantir condições básicas para o trabalhador. A gente defende que não tem que pagar a dívida com banqueiros. Mas o programa o representa. Me representa, claro. Qualquer tipo de proposta específica de administração é uma enganação da população. A gente não costuma levar o debate às questões locais, achamos que estão subordinadas ao problema nacional. O sr. concorre ao cargo de prefeito. No âmbito da prefeitura, o que pretende fazer? Se considerássemos que o PCO tem chance de ganhar, usaríamos a prefeitura para ajudar na mobilização das pessoas. Uma proposta imediata seria a criação de conselhos populares e operários. Seria uma prefeitura para chamar a população para participar. O PCO prega o não pagamento das dívidas interna e externa da cidade. Como lidaria com o desemprego decorrente da fuga de capitais? Não haveria desemprego. No caso, se estatizássemos os bancos, sobraria o dinheiro da dívida para investir em obras e serviços para a população. O que causa desemprego é a necessidade das empresas de enxugar mão de obra, terceirizar. Se você para de pagar a dívida com os grandes capitalistas, tem mais condições de gerar empregos. O sr. também quer acabar com as multas e revogar a diminuição na velocidade das marginais. O sr. discorda de que essas medidas podem aumentar o número de acidentes? A gente discorda, porque a questão do trânsito é um problema de educação. O que a gente destaca é que os novos limites de velocidade servem para reprimir a população e retirar dinheiro, como uma forma de um novo imposto. É uma indústria da multa. Seu partido defende a formação de milícias populares no lugar da Polícia Militar. A PM é a maior responsável pela violência na cidade e tem o monopólio do armamento. Temos que tirar esse monopólio do Estado. As milícias seriam organizadas pela própria população nos bairros a partir de conselhos populares e democráticos. O que a gente percebe é que proibindo ou não, a pessoa que é mal intencionada dá um jeito de arranjar uma arma. Países desenvolvidos como os EUA têm o direito ao armamento.
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Exportações pressionam preços internos do milho
O preço do milho está em alta no mercado interno. Pesquisa diária da Folha aponta evolução de 3,8% nos últimos sete dias. Com a alta, a saca foi a R$ 27, acumulando evolução de 35% em relação aos valores de há um ano. A alta do cereal no mercado interno é resultado de uma valorização dos preços no mercado externo e da desvalorização do real. A alta do dólar estimula um reajuste de preços nos portos. Com isso, as exportações, principalmente as do Centro-Oeste, aquecem, diminuindo a oferta interna do produto, segundo avaliações da consultoria Clarivi. A maior valorização do preços vem ocorrendo em Mato Grosso, cujos preços deste mês superam em 10,5% os de setembro e em 42% ante o mesmo período do ano passado, conforme acompanhamento da Clarivi. Como ocorreu nas semanas anteriores, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) vem registrando aumento das exportações. As vendas externas subiram para 252 mil toneladas por dia útil, um volume 50% superior ao de setembro e 83% acima do de outubro do ano passado. As exportações deste mês deverão atingir o recorde de 5,9 milhões de toneladas. Até a quarta semana, 4 milhões de toneladas já haviam saído dos portos brasileiros. A queda do dólar torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional e serve para escoar os estoques provocados pelas recentes safras elevadas. * Frango O Brasil deverá apresentar hoje (28) o pedido formal de abertura de um painel contra a Indonésia, devido às barreiras impostas pelo país asiático às exportações de carne de frango brasileiro. Sem acordo Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que foram muitas as tentativas para um acordo entre os dois países, mas que não tiveram efeito. Açúcar Do começo deste mês até o início desta semana (26), o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) registrou alta de 31% nos preços do açúcar. Salto O preço do açúcar foi negociado a R$ 71,24 por saca nesta terça-feira (27) no Estado de São Paulo. Esse foi o maior valor desde 11 de março de 2011, segundo o Cepea. Deficit A alta ocorre devido às perspectivas de uma oferta mundial menor de açúcar do que o consumo. Esse deficit tem provoca a alta no mercado internacional. Em queda As vendas totais da Dupont caíram para US$ 4,87 bilhões no terceiro trimestre deste ano, um recuo de 17% em relação a igual período anterior. Efeito Brasil As operações agrícolas recuaram US$ 210 milhões no trimestre, provocadas principalmente pela queda nas vendas de sementes e de insumos no Brasil.
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Exportações pressionam preços internos do milhoO preço do milho está em alta no mercado interno. Pesquisa diária da Folha aponta evolução de 3,8% nos últimos sete dias. Com a alta, a saca foi a R$ 27, acumulando evolução de 35% em relação aos valores de há um ano. A alta do cereal no mercado interno é resultado de uma valorização dos preços no mercado externo e da desvalorização do real. A alta do dólar estimula um reajuste de preços nos portos. Com isso, as exportações, principalmente as do Centro-Oeste, aquecem, diminuindo a oferta interna do produto, segundo avaliações da consultoria Clarivi. A maior valorização do preços vem ocorrendo em Mato Grosso, cujos preços deste mês superam em 10,5% os de setembro e em 42% ante o mesmo período do ano passado, conforme acompanhamento da Clarivi. Como ocorreu nas semanas anteriores, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) vem registrando aumento das exportações. As vendas externas subiram para 252 mil toneladas por dia útil, um volume 50% superior ao de setembro e 83% acima do de outubro do ano passado. As exportações deste mês deverão atingir o recorde de 5,9 milhões de toneladas. Até a quarta semana, 4 milhões de toneladas já haviam saído dos portos brasileiros. A queda do dólar torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional e serve para escoar os estoques provocados pelas recentes safras elevadas. * Frango O Brasil deverá apresentar hoje (28) o pedido formal de abertura de um painel contra a Indonésia, devido às barreiras impostas pelo país asiático às exportações de carne de frango brasileiro. Sem acordo Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que foram muitas as tentativas para um acordo entre os dois países, mas que não tiveram efeito. Açúcar Do começo deste mês até o início desta semana (26), o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) registrou alta de 31% nos preços do açúcar. Salto O preço do açúcar foi negociado a R$ 71,24 por saca nesta terça-feira (27) no Estado de São Paulo. Esse foi o maior valor desde 11 de março de 2011, segundo o Cepea. Deficit A alta ocorre devido às perspectivas de uma oferta mundial menor de açúcar do que o consumo. Esse deficit tem provoca a alta no mercado internacional. Em queda As vendas totais da Dupont caíram para US$ 4,87 bilhões no terceiro trimestre deste ano, um recuo de 17% em relação a igual período anterior. Efeito Brasil As operações agrícolas recuaram US$ 210 milhões no trimestre, provocadas principalmente pela queda nas vendas de sementes e de insumos no Brasil.
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Adeus, cracolândia
A experiência internacional mostra que a recuperação de áreas urbanas degradadas passa por um conjunto de intervenções que contemplam, necessariamente, a oferta de moradias. É essa a decisão do governador Geraldo Alckmin ao transferir para projeto de habitação popular o terreno de 18 mil m² que sediou a antiga rodoviária da capital, na região da Luz. Os resultados virão rapidamente porque o terreno foi incorporado ao contrato de Parceria Público Privada (PPP) já assinado pelo governo do Estado para a revitalização de áreas do centro. Em poucos meses o terreno estará ocupado pela concessionária. Em um prazo estimado de 30 meses as edificações estarão prontas. Dessa forma, será eliminada a chamada cracolândia, uma chaga urbana que nos envergonha. A intervenção, naturalmente, não resolve os problemas do crack na cidade, mas vai eliminar o consumo em alta escala na região. Está provado que a violência e o consumo de drogas caem na medida da qualificação dos espaços urbanos. A solução urbanística prevê que a rua Santa Ifigênia e a alameda Cleveland, que hoje terminam no terreno, serão prolongadas por meio de bulevares ajardinados reservados a pedestres e cruzarão o imóvel. Essas passagens terão comércios que ocuparão cerca de 5.000 m², além de uma creche para o atendimento de 200 crianças. O projeto define dois perímetros de intervenção, um cultural e outro residencial. Na parte cultural, foi reservada uma área de cerca de 6.000 m² para a instalação da Escola de Música Tom Jobim, do governo do Estado, que contará com espaços para ensino e quatro auditórios para apresentações. O perímetro residencial prevê a construção de blocos de apartamentos de ótimo padrão arquitetônico, com imóveis de um e dois dormitórios e áreas que variam entre 36 e 54 m². A unidade do Corpo de Bombeiros que existe no lugar será mantida e integrada. E a PPP garante a manutenção dos edifícios e apoio à administração condominial por 20 anos. A PPP vai oferecer habitações para famílias de menor renda (até seis salários mínimos paulistas, equivalentes a R$ 6.000, que contarão com subsídio do governo) e também moradias no mercado popular (até dez mínimos paulistas, sem subsídio). Terão acesso às moradias famílias de pessoas que trabalham no centro e moram nas periferias. No total, serão 3.683 unidades construídas. As inscrições estão abertas no site www.habitacao.sp.gov.br, e os beneficiados serão escolhidos por sorteio. O investimento privado na PPP é de R$ 900 milhões, com contrapartida do governo de R$ 460 milhões, a serem desembolsados em 20 anos. Em poucos meses lançaremos um segundo edital, com foco no centro expandido da capital, para viabilizar cerca de 7.000 moradias a serem construídas ao longo da Radial Leste em imóveis do Metrô e da CPTM. E uma terceira PPP será lançada na divisa dos municípios de Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, onde poderemos construir mais 10 mil moradias. Somadas, as três PPPs irão viabilizar investimento privado superior a R$ 3 bilhões. No momento de grave crise econômica, as PPPs do governo do Estado são um alento para a economia. Além de oportunidades de negócios, emprego e renda, realizam serviços públicos inestimáveis, como colocar no passado uma realidade tão pavorosa como a cracolândia. RODRIGO GARCIA, 41, é secretário de Estado da Habitação de São Paulo e deputado federal licenciado (DEM-SP) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Adeus, cracolândiaA experiência internacional mostra que a recuperação de áreas urbanas degradadas passa por um conjunto de intervenções que contemplam, necessariamente, a oferta de moradias. É essa a decisão do governador Geraldo Alckmin ao transferir para projeto de habitação popular o terreno de 18 mil m² que sediou a antiga rodoviária da capital, na região da Luz. Os resultados virão rapidamente porque o terreno foi incorporado ao contrato de Parceria Público Privada (PPP) já assinado pelo governo do Estado para a revitalização de áreas do centro. Em poucos meses o terreno estará ocupado pela concessionária. Em um prazo estimado de 30 meses as edificações estarão prontas. Dessa forma, será eliminada a chamada cracolândia, uma chaga urbana que nos envergonha. A intervenção, naturalmente, não resolve os problemas do crack na cidade, mas vai eliminar o consumo em alta escala na região. Está provado que a violência e o consumo de drogas caem na medida da qualificação dos espaços urbanos. A solução urbanística prevê que a rua Santa Ifigênia e a alameda Cleveland, que hoje terminam no terreno, serão prolongadas por meio de bulevares ajardinados reservados a pedestres e cruzarão o imóvel. Essas passagens terão comércios que ocuparão cerca de 5.000 m², além de uma creche para o atendimento de 200 crianças. O projeto define dois perímetros de intervenção, um cultural e outro residencial. Na parte cultural, foi reservada uma área de cerca de 6.000 m² para a instalação da Escola de Música Tom Jobim, do governo do Estado, que contará com espaços para ensino e quatro auditórios para apresentações. O perímetro residencial prevê a construção de blocos de apartamentos de ótimo padrão arquitetônico, com imóveis de um e dois dormitórios e áreas que variam entre 36 e 54 m². A unidade do Corpo de Bombeiros que existe no lugar será mantida e integrada. E a PPP garante a manutenção dos edifícios e apoio à administração condominial por 20 anos. A PPP vai oferecer habitações para famílias de menor renda (até seis salários mínimos paulistas, equivalentes a R$ 6.000, que contarão com subsídio do governo) e também moradias no mercado popular (até dez mínimos paulistas, sem subsídio). Terão acesso às moradias famílias de pessoas que trabalham no centro e moram nas periferias. No total, serão 3.683 unidades construídas. As inscrições estão abertas no site www.habitacao.sp.gov.br, e os beneficiados serão escolhidos por sorteio. O investimento privado na PPP é de R$ 900 milhões, com contrapartida do governo de R$ 460 milhões, a serem desembolsados em 20 anos. Em poucos meses lançaremos um segundo edital, com foco no centro expandido da capital, para viabilizar cerca de 7.000 moradias a serem construídas ao longo da Radial Leste em imóveis do Metrô e da CPTM. E uma terceira PPP será lançada na divisa dos municípios de Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, onde poderemos construir mais 10 mil moradias. Somadas, as três PPPs irão viabilizar investimento privado superior a R$ 3 bilhões. No momento de grave crise econômica, as PPPs do governo do Estado são um alento para a economia. Além de oportunidades de negócios, emprego e renda, realizam serviços públicos inestimáveis, como colocar no passado uma realidade tão pavorosa como a cracolândia. RODRIGO GARCIA, 41, é secretário de Estado da Habitação de São Paulo e deputado federal licenciado (DEM-SP) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Leitor critica condenação de Jair Bolsonaro por ofender gays na TV
O deputado Jair Bolsonaro expressa ideias que não compartilho ("Bolsonaro é condenado por ofender gays na TV", "Poder", 15/4). Não acho que ser gay é resultado de má educação. Contudo condenar Jair Bolsonaro a pagar indenização é fazer vista grossa à Constituição. A liberdade de expressão protege todos os pensamentos, não apenas os politicamente corretos. IVAN BRUCE MALLIO (Taboão da Serra, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor critica condenação de Jair Bolsonaro por ofender gays na TVO deputado Jair Bolsonaro expressa ideias que não compartilho ("Bolsonaro é condenado por ofender gays na TV", "Poder", 15/4). Não acho que ser gay é resultado de má educação. Contudo condenar Jair Bolsonaro a pagar indenização é fazer vista grossa à Constituição. A liberdade de expressão protege todos os pensamentos, não apenas os politicamente corretos. IVAN BRUCE MALLIO (Taboão da Serra, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Cientistas encontram os culpados pela calvície
Preocupado com os cabelos cada vez mais rarefeitos e a perspectiva de se tornar careca? Ainda não dá para dizer que seus problemas acabaram, mas ao menos há um culpado mais claro para a jornada rumo à calvície: as células-tronco. Para ser mais específico, estamos falando das células-tronco dos folículos capilares, os locais do couro cabeludo (e da pele, de modo geral) onde os fios de cabelo são constantemente "cultivados" pelo organismo. Pesquisadores liderados pela médica japonesa Emi Nishimura, da Universidade Médica e Odontológica de Tóquio, descobriram como o envelhecimento progressivo dessas células faz com que os cabelos sumam. De quebra, identificaram uma molécula que parece proteger tais células e evitar a perda capilar –por enquanto, apenas em camundongos, embora já haja indícios de que o mesmo processo ocorre em seres humanos. CABELO, CEBELEIRA Com tantos tratamentos para a calvície (alguns razoavelmente úteis, outros pura picaretagem) por aí, seria de imaginar que os cientistas já conhecessem em detalhes as origens da queda de cabelo, mas o fato é que as raízes do processo ainda têm mistérios. Emi e seus colegas resolveram investigar o problema a partir de seus componentes mais básicos, como parte do processo natural de envelhecimento do organismo. Daí a importância das células-tronco, conhecidas por duas propriedades básicas: elas se autorrenovam, produzindo mais células-tronco, e dão origem a outros tipos de células em estado maduro. Ocorre que, com o passar do tempo, as células-tronco dos folículos capilares (apelidadas com a sigla inglesa HFSCs), em muitos casos, não conseguem mais se renovar nem dar origem a novos fios. Com isso, os fios que sobram ficam mais finos e os folículos antigos até desaparecem. Comparando as HFSCs e os folículos de camundongos idosos e jovens, os pesquisadores conseguiram marcar as células-tronco com um corante verde fluorescente, que lhes permitiu acompanhar todo o ciclo de vida delas. O que acontece é que, com o passar do tempo, as HFSCs perdem sua versatilidade, que lhes permitia dar origem a toda a estrutura do folículo capilar, e migram rumo à parte externa da pele, produzindo queratina e morrendo. SUICÍDIO CELULAR O próximo passo foi tentar entender por que as HFSCs acabavam se "suicidando" na fase final de seu ciclo de vida. Novas análises revelaram que esse processo era detonado pelo acúmulo de danos ao DNA dessas células, algo que surge quando elas se multiplicam muitas vezes, mas que também pode ser intensificado por fatores como doenças genéticas. Nesses casos, uma espécie de "controle de qualidade" do organismo parece levar ao sacrifício das HFSCs. Mais especificamente, esse processo leva à destruição de uma proteína codificada pelo gene COL17A1, o colágeno tipo 17, que parece ser crucial para a capacidade de autorrenovação das células-tronco capilares. Além de identificar a destruição do colágeno tipo 17 em camundongos, a equipe de Emi verificou o mesmo no couro cabeludo de humanos idosos. Além disso, camundongos transgênicos cujo organismo produz um suprimento extra dessa substância mostraram uma perda capilar bem menor. O leitor com poucos cabelos não necessariamente ficará desamparado enquanto as pesquisas sobre calvície caminham. Os testes realizados com as HFSCs podem ajudar na elaboração de uma estratégia antienvelhecimento do cabelo, que agiria preservando o colágeno tipo 17, que, por sua vez, manteria as células tronco no lugar, deixando os fios fortes e duradouros. A mesma estratégia pode ajudar em outras doenças associadas ao envelhecimento, como algumas demências. O desafio agora é verificar se uma abordagem desse tipo seria segura e eficaz em seres humanos. Os resultados estão na revista "Science".
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Cientistas encontram os culpados pela calvíciePreocupado com os cabelos cada vez mais rarefeitos e a perspectiva de se tornar careca? Ainda não dá para dizer que seus problemas acabaram, mas ao menos há um culpado mais claro para a jornada rumo à calvície: as células-tronco. Para ser mais específico, estamos falando das células-tronco dos folículos capilares, os locais do couro cabeludo (e da pele, de modo geral) onde os fios de cabelo são constantemente "cultivados" pelo organismo. Pesquisadores liderados pela médica japonesa Emi Nishimura, da Universidade Médica e Odontológica de Tóquio, descobriram como o envelhecimento progressivo dessas células faz com que os cabelos sumam. De quebra, identificaram uma molécula que parece proteger tais células e evitar a perda capilar –por enquanto, apenas em camundongos, embora já haja indícios de que o mesmo processo ocorre em seres humanos. CABELO, CEBELEIRA Com tantos tratamentos para a calvície (alguns razoavelmente úteis, outros pura picaretagem) por aí, seria de imaginar que os cientistas já conhecessem em detalhes as origens da queda de cabelo, mas o fato é que as raízes do processo ainda têm mistérios. Emi e seus colegas resolveram investigar o problema a partir de seus componentes mais básicos, como parte do processo natural de envelhecimento do organismo. Daí a importância das células-tronco, conhecidas por duas propriedades básicas: elas se autorrenovam, produzindo mais células-tronco, e dão origem a outros tipos de células em estado maduro. Ocorre que, com o passar do tempo, as células-tronco dos folículos capilares (apelidadas com a sigla inglesa HFSCs), em muitos casos, não conseguem mais se renovar nem dar origem a novos fios. Com isso, os fios que sobram ficam mais finos e os folículos antigos até desaparecem. Comparando as HFSCs e os folículos de camundongos idosos e jovens, os pesquisadores conseguiram marcar as células-tronco com um corante verde fluorescente, que lhes permitiu acompanhar todo o ciclo de vida delas. O que acontece é que, com o passar do tempo, as HFSCs perdem sua versatilidade, que lhes permitia dar origem a toda a estrutura do folículo capilar, e migram rumo à parte externa da pele, produzindo queratina e morrendo. SUICÍDIO CELULAR O próximo passo foi tentar entender por que as HFSCs acabavam se "suicidando" na fase final de seu ciclo de vida. Novas análises revelaram que esse processo era detonado pelo acúmulo de danos ao DNA dessas células, algo que surge quando elas se multiplicam muitas vezes, mas que também pode ser intensificado por fatores como doenças genéticas. Nesses casos, uma espécie de "controle de qualidade" do organismo parece levar ao sacrifício das HFSCs. Mais especificamente, esse processo leva à destruição de uma proteína codificada pelo gene COL17A1, o colágeno tipo 17, que parece ser crucial para a capacidade de autorrenovação das células-tronco capilares. Além de identificar a destruição do colágeno tipo 17 em camundongos, a equipe de Emi verificou o mesmo no couro cabeludo de humanos idosos. Além disso, camundongos transgênicos cujo organismo produz um suprimento extra dessa substância mostraram uma perda capilar bem menor. O leitor com poucos cabelos não necessariamente ficará desamparado enquanto as pesquisas sobre calvície caminham. Os testes realizados com as HFSCs podem ajudar na elaboração de uma estratégia antienvelhecimento do cabelo, que agiria preservando o colágeno tipo 17, que, por sua vez, manteria as células tronco no lugar, deixando os fios fortes e duradouros. A mesma estratégia pode ajudar em outras doenças associadas ao envelhecimento, como algumas demências. O desafio agora é verificar se uma abordagem desse tipo seria segura e eficaz em seres humanos. Os resultados estão na revista "Science".
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Seleção feminina de futebol dos EUA celebra Mundial com parada em NY
Parte de Nova York parou nesta sexta-feira (10) para receber as jogadoras de futebol da seleção dos Estados Unidos, cinco dias depois de elas conquistarem o tricampeonato do Mundial feminino. Ruas da cidade foram fechadas para uma parada da delegação, seguida de perto por milhares de fãs –inclusive por moradores que jogaram confete das janelas dos prédios. "Nunca, nem em meus sonhos mais malucos, poderia ter imaginado algo assim! Obrigada, NYC", escreveu no Twitter a jogadora Kelley O'Hara. Tuíte de Kelley O'Hara A comemoração teve início ao meio-dia (horário de Brasília) e terminou na prefeitura de Nova York, onde houve uma cerimônia para as atletas. Ao jornal "New York Times", que faz cobertura ao vivo do evento, o prefeito local Bill de Blasio comentou que essa é a primeira vez que uma equipe nacional de atletas mulheres recebe uma parada com chuva de confete. "Já era hora, não?", provocou ele. O evento ganhou muita atenção da imprensa dos EUA, que têm visto o futebol crescer recentemente, apesar de o futebol americano ser uma parte maior de sua tradição. Para garantir o tricampeonato da Copa do Mundo, a seleção americana derrotou o Japão, num "bis" da final do Mundial feminino de 2011, por 5 a 2. Os EUA também venceram a competição em 1991 e 1999.
esporte
Seleção feminina de futebol dos EUA celebra Mundial com parada em NYParte de Nova York parou nesta sexta-feira (10) para receber as jogadoras de futebol da seleção dos Estados Unidos, cinco dias depois de elas conquistarem o tricampeonato do Mundial feminino. Ruas da cidade foram fechadas para uma parada da delegação, seguida de perto por milhares de fãs –inclusive por moradores que jogaram confete das janelas dos prédios. "Nunca, nem em meus sonhos mais malucos, poderia ter imaginado algo assim! Obrigada, NYC", escreveu no Twitter a jogadora Kelley O'Hara. Tuíte de Kelley O'Hara A comemoração teve início ao meio-dia (horário de Brasília) e terminou na prefeitura de Nova York, onde houve uma cerimônia para as atletas. Ao jornal "New York Times", que faz cobertura ao vivo do evento, o prefeito local Bill de Blasio comentou que essa é a primeira vez que uma equipe nacional de atletas mulheres recebe uma parada com chuva de confete. "Já era hora, não?", provocou ele. O evento ganhou muita atenção da imprensa dos EUA, que têm visto o futebol crescer recentemente, apesar de o futebol americano ser uma parte maior de sua tradição. Para garantir o tricampeonato da Copa do Mundo, a seleção americana derrotou o Japão, num "bis" da final do Mundial feminino de 2011, por 5 a 2. Os EUA também venceram a competição em 1991 e 1999.
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Em casa, Flamengo perde para o Inter e se distancia do G4
Jogando para mais de 24 mil pessoas no estádio do Marcanã, neste domingo (18), o Flamengo parou nas boas defesas do goleiro Alisson e foi derrotado por 1 a 0 em jogo válido pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O resultado deixa o time carioca mais distante do G4 –grupo dos quatro melhores que se classificam para a Libertadores da América do próximo ano. A equipe comandado por Oswaldo de Oliveira caiu para a nona colocação e soma 44 pontos, cinco a mais que o Santos, quarto colocado. Em contrapartida, o Inter se aproximou dos quatro primeiros da competição nacional. Com 47 pontos, os gaúchos ocupam a sexta posição. O único gol da partida saiu dos pés de Ernando. O lateral do Inter recebeu cruzamento da direita e, de primeira, abriu o placar para o time visitante. Na próxima rodada, o Flamengo visita o Corinthians, no domingo (25), no Itaquerão. No sábado (24), o Internacional recebe o Joinville, no Beira-Rio. Veja vídeo
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Em casa, Flamengo perde para o Inter e se distancia do G4Jogando para mais de 24 mil pessoas no estádio do Marcanã, neste domingo (18), o Flamengo parou nas boas defesas do goleiro Alisson e foi derrotado por 1 a 0 em jogo válido pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O resultado deixa o time carioca mais distante do G4 –grupo dos quatro melhores que se classificam para a Libertadores da América do próximo ano. A equipe comandado por Oswaldo de Oliveira caiu para a nona colocação e soma 44 pontos, cinco a mais que o Santos, quarto colocado. Em contrapartida, o Inter se aproximou dos quatro primeiros da competição nacional. Com 47 pontos, os gaúchos ocupam a sexta posição. O único gol da partida saiu dos pés de Ernando. O lateral do Inter recebeu cruzamento da direita e, de primeira, abriu o placar para o time visitante. Na próxima rodada, o Flamengo visita o Corinthians, no domingo (25), no Itaquerão. No sábado (24), o Internacional recebe o Joinville, no Beira-Rio. Veja vídeo
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O que Brasil pode aprender com o Canadá na área da saúde?
Quando converso com as pessoas que encontro aqui no Brasil é bem comum eu ouvir: "Você é canadense? A vida deve ser muito melhor que aqui: vocês têm uma saúde excelente por lá!". Então decidi realmente entender isso. Será que o sistema de saúde canadense é melhor mesmo? E por quê? Nesse sentido, o Brasil tem algo a aprender com os canadenses e, quem sabe, vice-versa? Ambos, Brasil e Canadá, têm um sistema de saúde universal, ou seja, o acesso é garantido por lei para todos os cidadãos. Mas observe os números: o Canadá tem expectativa da vida de seis anos a mais -84 anos contra 78 anos. Lá, a taxa de mortalidade infantil é cerca de três vezes menor –quatro para cada mil partos versus estratosféricos 14 para cada mil nascimentos no Brasil. Vários outros índices canadenses têm, de fato, melhores resultados. Mas por que tanta diferença? Há quem diga que o motivo é porque o Brasil, sendo um país tropical, tem doenças tropicais, mas a explicação é mais simples: o Canadá é mais rico. O PIB per capita (indicação de quantos recursos existem para cada cidadão) é de R$ 132.000 por ano no país do hemisfério norte. Já no Brasil, é de apenas R$ 26.000 por ano –cinco vezes menor. Mas não adianta ser só rico, precisa-se investir bem, e o Canadá investe muito mais em saúde, direcionando 11% do PIB à área. Já no Brasil, utiliza-se algo em torno de 8%. Aqui, portanto, são 35% a menos de recursos –simplesmente não se emprega dinheiro suficiente para se chegar ao nível de saúde que o Canadá tem. Além disso, a população canadense é de apenas 35 milhões de pessoas. Já no Brasil, são 200 milhões –o país é considerado o maior do mundo com sistema de saúde 100% universal–, e o governo precisa garantir atendimento básico, de alta complexidade e remédios para todos os habitantes. Claramente, um desafio imenso que demanda altíssima eficiência em gestão. Contudo, não é só isso. Também acredito em outros fatores, menos visíveis, para explicar tanta diferença nos números relacionados à saúde entre os dois países. Um exemplo: o Brasil tem um sistema de saúde suplementar (via planos de saúde) que atende 25% da população. Já no Canadá, a saúde privada não é permitida a existir da mesma forma –são autorizados planos de saúde para apenas alguns procedimentos eletivos, odontológicos e medicamentos caros. Agora, imagine se no Brasil as classes sociais mais altas precisassem usar as mesmas clínicas e hospitais que as mais baixas. Será que o sistema de saúde público melhoraria? Mais um ponto: o Canadá tem uma cultura muito mais saudável. Eles consomem muito menos fast foods e refrigerantes e valorizam comida fresca e atividades físicas. Há também bastante espaço público, como parques e calçadas bem cuidadas. Os canadenses também são menos estressados. No Brasil, a maioria da população mora em cidades, mas sem acesso democrático a espaços públicos para fazer esportes e atividades físicas. Não é uma surpresa saber que o país está sofrendo com a obesidade e as doenças causadas por ela, como diabetes e cardiovasculares. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil ocupa a 125ª posição no ranking mundial que avalia sistemas de saúde. Descobri que Canada é o número 30! Nem está no top 10. Realmente, fiquei chocado porque sempre pensei que ele era um dos melhores. Mas na verdade não é. No Canadá, você precisa ver um médico? Agende com uma semana de antecedência. Um dermatologista? Um mês. Precisa fazer uma ressonância ou tomografia? Fila de espera de dois meses. Transplante? Podem ser anos. Por lá, alguns remédios simplesmente não existem –é necessário pagar por eles sozinho (não é como no Brasil que o governo, muitas vezes, subsidia). De certa forma, o Canadá oferece uma cobertura básica muito boa, mas algumas pessoas acabam "escapando entre os dedos". E se o Canadá é o número 30, quem ocupa primeiro lugar? A França. E o que ela faz para estar no topo do ranking mundial? Primeiramente, investe e muito. Mais de 20% dos salários dos franceses vão para a saúde. Há um sistema privado e público, mas o governo se envolve bastante como regulador, por exemplo, controlando gastos hospitalares. A França também foca bastante as doenças mais caras –diabetes, saúde mental e câncer– e paga 100% dos custos com remédios, cirurgias e outras terapias. Por isso, os franceses estão muito satisfeitos e seguros em termos de sua saúde. Outro diferencial interessante é o quanto eles priorizam a primeira infância (de zero a três anos). O governo reconhece a importância desse período da vida para a saúde em longo prazo. Por isso, novas mães na França têm condições luxuosas: após o parto, por exemplo, por lei podem ficar meses afastadas, recebendo uma bolsa financeira generosa para cuidar do bebê. Além disso, enfermeiras são designadas para visitas frequentes à casa delas, e as creches são subsidiadas e de altíssima qualidade. Há alguns fatores fundamentais que dificultam melhorias rápidas em saúde. De outro lado, há muito que pode ser feito sem ter tantos recursos financeiros: coisas como melhorias em gestão, uso de tecnologia, investimento em primeira infância, e mudanças na cultura. Sem esses tipos de ações, o Brasil não apenas arrisca não melhorar a saúde, mas também compromete todo o progresso conquistado nas últimas décadas. MICHAEL KAPPS, economista russo-canadense formado na Universidade Harvard (EUA), é cofundador da Tá.Na.Hora Saúde Digital e finalista Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2016
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O que Brasil pode aprender com o Canadá na área da saúde?Quando converso com as pessoas que encontro aqui no Brasil é bem comum eu ouvir: "Você é canadense? A vida deve ser muito melhor que aqui: vocês têm uma saúde excelente por lá!". Então decidi realmente entender isso. Será que o sistema de saúde canadense é melhor mesmo? E por quê? Nesse sentido, o Brasil tem algo a aprender com os canadenses e, quem sabe, vice-versa? Ambos, Brasil e Canadá, têm um sistema de saúde universal, ou seja, o acesso é garantido por lei para todos os cidadãos. Mas observe os números: o Canadá tem expectativa da vida de seis anos a mais -84 anos contra 78 anos. Lá, a taxa de mortalidade infantil é cerca de três vezes menor –quatro para cada mil partos versus estratosféricos 14 para cada mil nascimentos no Brasil. Vários outros índices canadenses têm, de fato, melhores resultados. Mas por que tanta diferença? Há quem diga que o motivo é porque o Brasil, sendo um país tropical, tem doenças tropicais, mas a explicação é mais simples: o Canadá é mais rico. O PIB per capita (indicação de quantos recursos existem para cada cidadão) é de R$ 132.000 por ano no país do hemisfério norte. Já no Brasil, é de apenas R$ 26.000 por ano –cinco vezes menor. Mas não adianta ser só rico, precisa-se investir bem, e o Canadá investe muito mais em saúde, direcionando 11% do PIB à área. Já no Brasil, utiliza-se algo em torno de 8%. Aqui, portanto, são 35% a menos de recursos –simplesmente não se emprega dinheiro suficiente para se chegar ao nível de saúde que o Canadá tem. Além disso, a população canadense é de apenas 35 milhões de pessoas. Já no Brasil, são 200 milhões –o país é considerado o maior do mundo com sistema de saúde 100% universal–, e o governo precisa garantir atendimento básico, de alta complexidade e remédios para todos os habitantes. Claramente, um desafio imenso que demanda altíssima eficiência em gestão. Contudo, não é só isso. Também acredito em outros fatores, menos visíveis, para explicar tanta diferença nos números relacionados à saúde entre os dois países. Um exemplo: o Brasil tem um sistema de saúde suplementar (via planos de saúde) que atende 25% da população. Já no Canadá, a saúde privada não é permitida a existir da mesma forma –são autorizados planos de saúde para apenas alguns procedimentos eletivos, odontológicos e medicamentos caros. Agora, imagine se no Brasil as classes sociais mais altas precisassem usar as mesmas clínicas e hospitais que as mais baixas. Será que o sistema de saúde público melhoraria? Mais um ponto: o Canadá tem uma cultura muito mais saudável. Eles consomem muito menos fast foods e refrigerantes e valorizam comida fresca e atividades físicas. Há também bastante espaço público, como parques e calçadas bem cuidadas. Os canadenses também são menos estressados. No Brasil, a maioria da população mora em cidades, mas sem acesso democrático a espaços públicos para fazer esportes e atividades físicas. Não é uma surpresa saber que o país está sofrendo com a obesidade e as doenças causadas por ela, como diabetes e cardiovasculares. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil ocupa a 125ª posição no ranking mundial que avalia sistemas de saúde. Descobri que Canada é o número 30! Nem está no top 10. Realmente, fiquei chocado porque sempre pensei que ele era um dos melhores. Mas na verdade não é. No Canadá, você precisa ver um médico? Agende com uma semana de antecedência. Um dermatologista? Um mês. Precisa fazer uma ressonância ou tomografia? Fila de espera de dois meses. Transplante? Podem ser anos. Por lá, alguns remédios simplesmente não existem –é necessário pagar por eles sozinho (não é como no Brasil que o governo, muitas vezes, subsidia). De certa forma, o Canadá oferece uma cobertura básica muito boa, mas algumas pessoas acabam "escapando entre os dedos". E se o Canadá é o número 30, quem ocupa primeiro lugar? A França. E o que ela faz para estar no topo do ranking mundial? Primeiramente, investe e muito. Mais de 20% dos salários dos franceses vão para a saúde. Há um sistema privado e público, mas o governo se envolve bastante como regulador, por exemplo, controlando gastos hospitalares. A França também foca bastante as doenças mais caras –diabetes, saúde mental e câncer– e paga 100% dos custos com remédios, cirurgias e outras terapias. Por isso, os franceses estão muito satisfeitos e seguros em termos de sua saúde. Outro diferencial interessante é o quanto eles priorizam a primeira infância (de zero a três anos). O governo reconhece a importância desse período da vida para a saúde em longo prazo. Por isso, novas mães na França têm condições luxuosas: após o parto, por exemplo, por lei podem ficar meses afastadas, recebendo uma bolsa financeira generosa para cuidar do bebê. Além disso, enfermeiras são designadas para visitas frequentes à casa delas, e as creches são subsidiadas e de altíssima qualidade. Há alguns fatores fundamentais que dificultam melhorias rápidas em saúde. De outro lado, há muito que pode ser feito sem ter tantos recursos financeiros: coisas como melhorias em gestão, uso de tecnologia, investimento em primeira infância, e mudanças na cultura. Sem esses tipos de ações, o Brasil não apenas arrisca não melhorar a saúde, mas também compromete todo o progresso conquistado nas últimas décadas. MICHAEL KAPPS, economista russo-canadense formado na Universidade Harvard (EUA), é cofundador da Tá.Na.Hora Saúde Digital e finalista Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2016
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João Doria é confirmado como candidato do PSDB à Prefeitura de SP
O empresário João Doria foi confirmado, na noite deste domingo (20), candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano. Candidato único, depois da desistência do vereador Andrea Matarazzo em disputar o segundo turno das prévias, Doria teve 3.152 votos –também foram registrados 68 votos em branco e 46 nulos. O empresário é apadrinhado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. De manhã, quando votou no diretório do PSDB no bairro do Butantã, Alckmin já havia "proclamado" a vitória. À tarde, ao lado de Doria enquanto o correligionário votava, no diretório dos Jardins, o governador elogiou o futuro candidato a prefeito. "O Doria é uma grande escolha, ele está preparado para recuperar a cidade de São Paulo", disse. Sobre a realização das prévias, Alckmin defendeu a tese de que o processo "não divide, escolhe". O governador tucano também criticou as denúncias de compra de votos e uso da máquina do Estado para a escolha de Doria como candidato. "Isso é uma ofensa e um desrespeito ao militante", afirmou. Em discurso para os militantes no auditório externo da Câmara Municipal, João Doria afirmou que "democracia se faz no voto". "A partir de agora temos uma única bandeira, a do PSDB, do 45", disse o empresário. Ele reverenciou o governador Geraldo Alckmin, a quem chamou de "grande liderança do partido" e puxou o coro "Geraldo, Geraldo, Geraldo". A militância respondeu com "Brasil, pra frente. Geraldo presidente". Doria voltou a dizer que a disputa para a Prefeitura de São Paulo é uma eleição nacional, porque "o ex-presidente Lula já avisou que vai defender o seu apadrinhado, o pior prefeito que a cidade já teve". "Venha, Lula, mas venha disputar nas ruas, e não com militante pago com R$ 30 e lanche", disse. Doria usou parte de seu discurso para fazer uma "referência especial" ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem chamou "figura da maior grandeza e dignidade do nosso partido" Ao falar dos adversários, Doria disse que "não há ressentimento", mesmo em relação ao ex-governador Alberto Goldman e ao presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, autores da representação contra o empresário. "Não há ressentimento de nossa parte. Temos que ter grandeza de alma, de política. Temos que fazer política sem rancor, sem ódio no coração." AS PRÉVIAS Neófito em eleições, Doria disputou prévias em um PSDB rachado: enquanto o empresário era apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, o vereador Andrea Matarazzo tinha a preferência do senador José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também esteve na disputa o deputado federal Ricardo Tripoli. Em 28 de fevereiro, na disputa do primeiro turno, Doria teve 44% dos votos, contra 33,2% de Matarazzo e 21,3% de Tripoli. O primeiro turno foi marcado por polêmicas, confusões e atrasos na apuração –que durou mais de seis horas. Antes da divulgação dos números, o ex-governador Alberto Goldman (aliado de Matarazzo) e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal (apoiador de Tripoli), enviaram à executiva municipal um pedido de impugnação da pré-candidatura de Doria. Segundo a petição, Doria teria cometido abuso de poder econômico, propaganda irregular, transporte de eleitores no dia da votação e infrações da lei da Cidade Limpa –irregularidades que ele e Alckmin negam. Na última sexta (18), Matarazzo anunciou a desistência de sua pré-candidatura e sua desfiliação do PSDB, repetindo as acusações da petição. "Infelizmente, a ala liderada pelo Geraldo Alckmin não me deixou outra alternativa. Não tem espaço para mim no partido que coaduna com a compra de votos, com abuso de poder econômico e com o tipo de manobras que fizeram", afirmou.
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João Doria é confirmado como candidato do PSDB à Prefeitura de SPO empresário João Doria foi confirmado, na noite deste domingo (20), candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano. Candidato único, depois da desistência do vereador Andrea Matarazzo em disputar o segundo turno das prévias, Doria teve 3.152 votos –também foram registrados 68 votos em branco e 46 nulos. O empresário é apadrinhado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. De manhã, quando votou no diretório do PSDB no bairro do Butantã, Alckmin já havia "proclamado" a vitória. À tarde, ao lado de Doria enquanto o correligionário votava, no diretório dos Jardins, o governador elogiou o futuro candidato a prefeito. "O Doria é uma grande escolha, ele está preparado para recuperar a cidade de São Paulo", disse. Sobre a realização das prévias, Alckmin defendeu a tese de que o processo "não divide, escolhe". O governador tucano também criticou as denúncias de compra de votos e uso da máquina do Estado para a escolha de Doria como candidato. "Isso é uma ofensa e um desrespeito ao militante", afirmou. Em discurso para os militantes no auditório externo da Câmara Municipal, João Doria afirmou que "democracia se faz no voto". "A partir de agora temos uma única bandeira, a do PSDB, do 45", disse o empresário. Ele reverenciou o governador Geraldo Alckmin, a quem chamou de "grande liderança do partido" e puxou o coro "Geraldo, Geraldo, Geraldo". A militância respondeu com "Brasil, pra frente. Geraldo presidente". Doria voltou a dizer que a disputa para a Prefeitura de São Paulo é uma eleição nacional, porque "o ex-presidente Lula já avisou que vai defender o seu apadrinhado, o pior prefeito que a cidade já teve". "Venha, Lula, mas venha disputar nas ruas, e não com militante pago com R$ 30 e lanche", disse. Doria usou parte de seu discurso para fazer uma "referência especial" ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem chamou "figura da maior grandeza e dignidade do nosso partido" Ao falar dos adversários, Doria disse que "não há ressentimento", mesmo em relação ao ex-governador Alberto Goldman e ao presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, autores da representação contra o empresário. "Não há ressentimento de nossa parte. Temos que ter grandeza de alma, de política. Temos que fazer política sem rancor, sem ódio no coração." AS PRÉVIAS Neófito em eleições, Doria disputou prévias em um PSDB rachado: enquanto o empresário era apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, o vereador Andrea Matarazzo tinha a preferência do senador José Serra e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também esteve na disputa o deputado federal Ricardo Tripoli. Em 28 de fevereiro, na disputa do primeiro turno, Doria teve 44% dos votos, contra 33,2% de Matarazzo e 21,3% de Tripoli. O primeiro turno foi marcado por polêmicas, confusões e atrasos na apuração –que durou mais de seis horas. Antes da divulgação dos números, o ex-governador Alberto Goldman (aliado de Matarazzo) e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal (apoiador de Tripoli), enviaram à executiva municipal um pedido de impugnação da pré-candidatura de Doria. Segundo a petição, Doria teria cometido abuso de poder econômico, propaganda irregular, transporte de eleitores no dia da votação e infrações da lei da Cidade Limpa –irregularidades que ele e Alckmin negam. Na última sexta (18), Matarazzo anunciou a desistência de sua pré-candidatura e sua desfiliação do PSDB, repetindo as acusações da petição. "Infelizmente, a ala liderada pelo Geraldo Alckmin não me deixou outra alternativa. Não tem espaço para mim no partido que coaduna com a compra de votos, com abuso de poder econômico e com o tipo de manobras que fizeram", afirmou.
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Tributo cobrado de empresas sobe até 150% com ajuste fiscal
Numa medida mais drástica que o esperado, o governo Dilma Rousseff desidratou o programa de desoneração tributária da folha de pagamentos das empresas, sua principal iniciativa para a geração e preservação de empregos. Por meio de medida provisória, foi promovida elevação geral da taxação dos empregadores hoje beneficiados, o que deverá levar a maior parte deles a deixar o programa. As novas regras foram defendidas pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda), que estima reduzir o custo da desoneração de R$ 25,2 bilhões para R$ 12,4 bilhões ao ano. Em 2015, a vantagem para os cofres federais será menor, porque a alta da tributação só começa a vigorar em junho. Calcula-se que a renúncia fiscal será reduzida em R$ 5,4 bilhões até dezembro. Do lado real da economia, isso significa que o número de empresas contempladas, hoje de 126,9 mil, cairá, nas estimativas oficiais, para 56,3 mil –o total de empregadores para os quais o programa continuaria vantajoso. Em número de empregos envolvidos, a queda é de 14,4 milhões para 7,9 milhões. Lançada em 2011 para ajudar produtores com dificuldades na competição com estrangeiros, a desoneração substituiu a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre as folhas de pagamento por uma taxação, de 1% ou 2%, sobre o faturamento total. 'EXTREMAMENTE CARO' A reviravolta na estratégia, porém, não foi justificada apenas pela necessidade de reforçar o Tesouro Nacional e cumprir a poupança prometida para restabelecer a confiança do mercado credor. Levy atacou a própria concepção do programa, que considerou "extremamente caro" e de "relativa ineficiência", entre outros termos pouco abonadores. "Você aplicou um negócio que era muito grosseiro [mal planejado]. Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano, e estudos mostram que ela não tem criado nem protegido empregos." Levy não detalhou os estudos a que se referia, mas, graças à desoneração ou não, os dados do emprego, ao menos até 2014, resistiam aos efeitos da deterioração da economia. A taxa de desemprego fechou 2014 em 4,3%, nos menores patamares medidos pela metodologia iniciada em 2001. Em janeiro a taxa subiu para 5,3%, acima dos 4,8% de janeiro de 2014. E empregar agora ficará mais caro. O cenário recessivo, com crise na indústria e encolhimento do comércio, prejudica a arrecadação, que caiu nos últimos quatro meses e suscitou dúvidas no mercado quanto às possibilidades de reequilíbrio do Orçamento. Levy preocupou-se em mostrar disposição para cumprir a meta de poupar R$ 66,3 bilhões neste ano para o abatimento da dívida pública, apesar dos sacrifícios impostos à atividade econômica –que também terão, obviamente, custos sociais. O ministro disse que o governo pode anunciar novas medidas de cortes de gastos ou aumento de receitas, sem rever o objetivo fixado. "Temos todas as condições de alcançar a meta."
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Tributo cobrado de empresas sobe até 150% com ajuste fiscalNuma medida mais drástica que o esperado, o governo Dilma Rousseff desidratou o programa de desoneração tributária da folha de pagamentos das empresas, sua principal iniciativa para a geração e preservação de empregos. Por meio de medida provisória, foi promovida elevação geral da taxação dos empregadores hoje beneficiados, o que deverá levar a maior parte deles a deixar o programa. As novas regras foram defendidas pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda), que estima reduzir o custo da desoneração de R$ 25,2 bilhões para R$ 12,4 bilhões ao ano. Em 2015, a vantagem para os cofres federais será menor, porque a alta da tributação só começa a vigorar em junho. Calcula-se que a renúncia fiscal será reduzida em R$ 5,4 bilhões até dezembro. Do lado real da economia, isso significa que o número de empresas contempladas, hoje de 126,9 mil, cairá, nas estimativas oficiais, para 56,3 mil –o total de empregadores para os quais o programa continuaria vantajoso. Em número de empregos envolvidos, a queda é de 14,4 milhões para 7,9 milhões. Lançada em 2011 para ajudar produtores com dificuldades na competição com estrangeiros, a desoneração substituiu a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre as folhas de pagamento por uma taxação, de 1% ou 2%, sobre o faturamento total. 'EXTREMAMENTE CARO' A reviravolta na estratégia, porém, não foi justificada apenas pela necessidade de reforçar o Tesouro Nacional e cumprir a poupança prometida para restabelecer a confiança do mercado credor. Levy atacou a própria concepção do programa, que considerou "extremamente caro" e de "relativa ineficiência", entre outros termos pouco abonadores. "Você aplicou um negócio que era muito grosseiro [mal planejado]. Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano, e estudos mostram que ela não tem criado nem protegido empregos." Levy não detalhou os estudos a que se referia, mas, graças à desoneração ou não, os dados do emprego, ao menos até 2014, resistiam aos efeitos da deterioração da economia. A taxa de desemprego fechou 2014 em 4,3%, nos menores patamares medidos pela metodologia iniciada em 2001. Em janeiro a taxa subiu para 5,3%, acima dos 4,8% de janeiro de 2014. E empregar agora ficará mais caro. O cenário recessivo, com crise na indústria e encolhimento do comércio, prejudica a arrecadação, que caiu nos últimos quatro meses e suscitou dúvidas no mercado quanto às possibilidades de reequilíbrio do Orçamento. Levy preocupou-se em mostrar disposição para cumprir a meta de poupar R$ 66,3 bilhões neste ano para o abatimento da dívida pública, apesar dos sacrifícios impostos à atividade econômica –que também terão, obviamente, custos sociais. O ministro disse que o governo pode anunciar novas medidas de cortes de gastos ou aumento de receitas, sem rever o objetivo fixado. "Temos todas as condições de alcançar a meta."
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Semana em SP tem festival com Caetano, feira de design e filme sobre metrópole espacial
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas na cidade de São Paulo para curtir a semana que vai de domingo (6) a sábado (12). DOMINGO | SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO * DOMINGO (6) Escola de rock | O guitarrista Joe Satriani mostra sua habilidade construída em 40 anos de carreira na música em show ao ar livre no Ibirapuera. Ele já foi professor de Kirk Hammett, do Metallica, e já tocou com Mick Jagger e a banda Deep Purple. Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Alvares Cabral, s/nº. Ibirapuera, tel. 3629-1075. Dom.: 18h. Livre. Grátis. * SEGUNDA (7) Doce encanado | O Festival do Cannoli da doceria Moscatel traz os canudos doces italianos preenchidos por doce de leite, chocolate, ricota com pistache e outros sabores. Quanto? A partir de R$ 8 cada um. Moscatel. R. 13 de Maio, 655, Bela Vista, tel. 3853-0954. Seg. e ter.: 9h às 18h. Qua. a sáb.: 9h às 23h30. Dom.: 9h às 19h. * TERÇA (8) Samba de Sá | A cantora Sandra de Sá faz shows nas terças de agosto no Bar Brahma, com convidados. No dia 8, é a vez de Toni Garrido (Cidade Negra) e o músico Ivo Meirelles, ex-presidente da Mangueira. O repertório terá ritmos como samba, funk e pagode. Bar Brahma. Av. São João, 677, Centro, tel. 2039-1250. Ter.: 22h. Ingr. R$ 60 a R$ 170. * QUARTA (9) Arte para a casa | Começa a feira Made (Mercado.Arte.Design), que reúne mais de cem peças como móveis, luminárias, vasos e outros itens de decoração assinados por designers brasileiros e estrangeiros. Pavilhão da Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Ibirapuera, tel. 5576.7637. Qua. (9) a sex. (11): 13h às 21h. Sáb.(12): 12h às 21h. Dom. (13): 12h às 20h. Ingr.: R$ 30. * QUINTA (10) Crise no espaço | Alpha, metrópole onde circulam criaturas de todo o o universo, é o cenário de "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas", novo filme de Luc Besson, diretor de "O 5º Elemento" (1997). Na trama, o capitão Valerian (Dane DeHaan, foto) precisa combater uma força maligna. Veja salas e horários em guia.folha.com.br * SEXTA (11) Amores arruinados | Na peça "Escombros", um grupo de pessoas caminha sobre ruínas e tenta compreender como seus relacionamentos e suas vidas desabaram. A montagem é do grupo paulistano Sobrevento, que comemora 30 anos com esse espetáculo. Espaço Sobrevento. R. Cel. Albino Barão, 42, Bresser, tel. 3399-3589. Sex. a seg.: 20h. Estreia: 11/8. Grátis. * SÁBADO (12) O antes, o agora e o depois | O Coala Festival leva 11 shows ao Memorial da América Latina. A tarde começa com Liniker e os Caramelows, segue com Tulipa Ruiz e traz os rappers Rincón Sapiência, Emicida e Rael. Caetano Veloso encerra a programação, às 20h20. Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, tel. 3823-4600. Sáb. (12): a partir das 11h. Ingr.: a partir de R$ 90.
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Semana em SP tem festival com Caetano, feira de design e filme sobre metrópole espacialRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas na cidade de São Paulo para curtir a semana que vai de domingo (6) a sábado (12). DOMINGO | SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO * DOMINGO (6) Escola de rock | O guitarrista Joe Satriani mostra sua habilidade construída em 40 anos de carreira na música em show ao ar livre no Ibirapuera. Ele já foi professor de Kirk Hammett, do Metallica, e já tocou com Mick Jagger e a banda Deep Purple. Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Alvares Cabral, s/nº. Ibirapuera, tel. 3629-1075. Dom.: 18h. Livre. Grátis. * SEGUNDA (7) Doce encanado | O Festival do Cannoli da doceria Moscatel traz os canudos doces italianos preenchidos por doce de leite, chocolate, ricota com pistache e outros sabores. Quanto? A partir de R$ 8 cada um. Moscatel. R. 13 de Maio, 655, Bela Vista, tel. 3853-0954. Seg. e ter.: 9h às 18h. Qua. a sáb.: 9h às 23h30. Dom.: 9h às 19h. * TERÇA (8) Samba de Sá | A cantora Sandra de Sá faz shows nas terças de agosto no Bar Brahma, com convidados. No dia 8, é a vez de Toni Garrido (Cidade Negra) e o músico Ivo Meirelles, ex-presidente da Mangueira. O repertório terá ritmos como samba, funk e pagode. Bar Brahma. Av. São João, 677, Centro, tel. 2039-1250. Ter.: 22h. Ingr. R$ 60 a R$ 170. * QUARTA (9) Arte para a casa | Começa a feira Made (Mercado.Arte.Design), que reúne mais de cem peças como móveis, luminárias, vasos e outros itens de decoração assinados por designers brasileiros e estrangeiros. Pavilhão da Bienal. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Ibirapuera, tel. 5576.7637. Qua. (9) a sex. (11): 13h às 21h. Sáb.(12): 12h às 21h. Dom. (13): 12h às 20h. Ingr.: R$ 30. * QUINTA (10) Crise no espaço | Alpha, metrópole onde circulam criaturas de todo o o universo, é o cenário de "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas", novo filme de Luc Besson, diretor de "O 5º Elemento" (1997). Na trama, o capitão Valerian (Dane DeHaan, foto) precisa combater uma força maligna. Veja salas e horários em guia.folha.com.br * SEXTA (11) Amores arruinados | Na peça "Escombros", um grupo de pessoas caminha sobre ruínas e tenta compreender como seus relacionamentos e suas vidas desabaram. A montagem é do grupo paulistano Sobrevento, que comemora 30 anos com esse espetáculo. Espaço Sobrevento. R. Cel. Albino Barão, 42, Bresser, tel. 3399-3589. Sex. a seg.: 20h. Estreia: 11/8. Grátis. * SÁBADO (12) O antes, o agora e o depois | O Coala Festival leva 11 shows ao Memorial da América Latina. A tarde começa com Liniker e os Caramelows, segue com Tulipa Ruiz e traz os rappers Rincón Sapiência, Emicida e Rael. Caetano Veloso encerra a programação, às 20h20. Memorial da América Latina. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, tel. 3823-4600. Sáb. (12): a partir das 11h. Ingr.: a partir de R$ 90.
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Brasil vence Bulgária e avança para a terceira fase da Liga Mudial de vôlei
DE SÃO PAULO A Seleção Brasileira encerrou a segunda etapa da Liga Mundial, na Sérvia, com vitória tranquila sobre a Bulgária, neste sábado (25). O time de de Bernardinho fechou a partida com o placar de 3 sets a 0 (parciais de 25-14, 25-21 e 25-12). Após cinco vitórias e uma derrota, o Brasil chegou a 15 pontos e permanece na segunda colocação geral, o mesmo número da Sérvia, líder do torneio. Depois das etapas do Rio de Janeiro e de Belgrado, na Sérvia, o Brasil joga a terceira e última semana da fase classificatória da Liga Mundial em Nancy, na França, no início de julho. Os jogos da seleção brasileira serão contra Polônia, Bélgica e França, nos dias 1, 2 e 3, respectivamente. "Foi uma semana dura. Sabíamos que teríamos três jogos difíceis aqui. Sofremos uma derrota, quando não conseguimos jogar muito bem, mas agora seguimos para a França, onde vamos com tudo para buscar a classificação para a Fase Final", afirmou o líbero Serginho após o jogo. O oposto Wallace terminou a partida como o maior pontuador, ao marcar 15 vezes (12 de ataque e três de bloqueio). O ponteiro Maurício Borges foi o segundo melhor na pontuação, com 14 acertos. O Brasil é o maior vencedor da Liga Mundial, com nove títulos (1993, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010), além de cinco medalhas de prata e quatro de bronze. A meta da equipe de Bernardinho é conseguir o 10º ouro nesta 27ª edição do torneio.
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Brasil vence Bulgária e avança para a terceira fase da Liga Mudial de vôlei DE SÃO PAULO A Seleção Brasileira encerrou a segunda etapa da Liga Mundial, na Sérvia, com vitória tranquila sobre a Bulgária, neste sábado (25). O time de de Bernardinho fechou a partida com o placar de 3 sets a 0 (parciais de 25-14, 25-21 e 25-12). Após cinco vitórias e uma derrota, o Brasil chegou a 15 pontos e permanece na segunda colocação geral, o mesmo número da Sérvia, líder do torneio. Depois das etapas do Rio de Janeiro e de Belgrado, na Sérvia, o Brasil joga a terceira e última semana da fase classificatória da Liga Mundial em Nancy, na França, no início de julho. Os jogos da seleção brasileira serão contra Polônia, Bélgica e França, nos dias 1, 2 e 3, respectivamente. "Foi uma semana dura. Sabíamos que teríamos três jogos difíceis aqui. Sofremos uma derrota, quando não conseguimos jogar muito bem, mas agora seguimos para a França, onde vamos com tudo para buscar a classificação para a Fase Final", afirmou o líbero Serginho após o jogo. O oposto Wallace terminou a partida como o maior pontuador, ao marcar 15 vezes (12 de ataque e três de bloqueio). O ponteiro Maurício Borges foi o segundo melhor na pontuação, com 14 acertos. O Brasil é o maior vencedor da Liga Mundial, com nove títulos (1993, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010), além de cinco medalhas de prata e quatro de bronze. A meta da equipe de Bernardinho é conseguir o 10º ouro nesta 27ª edição do torneio.
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Jovem quer preço baixo e conectividade no seu primeiro carro
MICHELE LOUREIRO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Fazer o "feliz proprietário" do primeiro carro é hoje questão de honra para montadoras. Em busca de fidelidade à marca, elas ampliam estratégias para laçar esse público jovem, mas que também inclui consumidores em ascensão, os "migrantes" dos usados para o segmento do zero. Preço, opções de financiamento e conectividade são apostas para atrair quem chega agora ao mercado de novos. Hoje, o segmento de entrada responde por 55% das vendas totais de veículos, segundo estudo da consultoria Jato Dynamics. Entre os dez modelos mais vendidos nesse nicho, os valores vão de R$ 34 mil a R$ 70 mil. "Os modelos mais comprados são os intermediários, uma vez que os preços de partida são, na maioria simbólicos, nem estão disponíveis", diz Milad Kalume Neto, gerente da Jato Dynamics. Até o cantor Wesley Safadão, que arrasta multidões aos seus shows de "arrocha", entrou na briga pelo consumidor do primeiro carro zero, em campanha da Renault. "Estamos falando cada vez mais a linguagem dos jovens", acredita Cláudio Rawicz, gerente de marketing. Para atrair os mais novos, o preço é fundamental. A Renault concorda: seu modelo de entrada mais vendido é o Sandero, que custa a partir de R$ 41 mil e está entre os dez mais emplacados no país no acumulado do ano até junho, com 26,4 mil unidades. "Além do valor, apostamos na facilidade do financiamento, já que esse público não tem carro para dar de entrada", diz o gerente. A campanha atual da marca prevê entrada de R$ 1 mil e parcelamento em até 60 vezes. Na Volkswagen, segmento de entrada também é coisa séria. Por duas décadas ela liderou as vendas desse nicho com o Gol, hoje na sexta posição do ranking. Mas Gol e Up! já venderam 50,8 mil unidades neste ano, até junho. O volume equivale a pouco mais de 50% do total de automóveis vendidos pela marca em 2016. "O Take Up! (R$ 33,9 mil) e o Novo Gol Trendline duas portas (R$ 34,2 mil) estão entre os modelos de entrada com menor custo no país", diz Henrique Sampaio, gerente de marketing. "A primeira compra é mais racional que emocional, o preço tem muita relevância." A Fiat tem três opções na manga para os primeiros proprietários de carro novo: Uno, Palio e o recém-lançado Mobi, que em junho vendeu mais entre estes modelos. Enquanto isso, Hyundai e General Motors brigam pelo topo, com HB20 e Onix, respectivamente. Por enquanto, a coreana se deu melhor: vendeu 78,9 mil unidades, 10 mil a mais que o concorrente. TECNOLOGIA Depois de pesquisar e visitar concessionárias, Marcela Mendonça, 24, preferiu o HB20. "Apesar de custar um pouco mais, ele tem mais tecnologia embarcada que o Onix. Isso pesou na decisão." A garota comprou a versão mais básica do modelo e contou com a ajuda do pai para pagar. "Desde os 18 quero ter um carro, só agora consegui realizar esse desejo", diz. Como ela, a maioria jovem olha preço, mas é seduzida também por conectividade. Ricardo Bacellar, diretor da KPMG para o setor automotivo, diz que o segmento de entrada mudou nos últimos anos. "As montadoras precisaram alterar os modelos para atender demandas dos jovens. Carro 'pelado' não vende mais. Isso acarretou em modelos com mais tecnologia, e um pouco mais caros." O segmento deve partir de preços cada vez mais altos, pela necessidade de incluir itens eletrônicos e seduzir o consumidor estreante. "Hoje o custo tecnológico de um veículo representa 25% do total. Em uma década, será 65%. É uma tendência sem volta", diz Bacelar.
sobretudo
Jovem quer preço baixo e conectividade no seu primeiro carro MICHELE LOUREIRO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Fazer o "feliz proprietário" do primeiro carro é hoje questão de honra para montadoras. Em busca de fidelidade à marca, elas ampliam estratégias para laçar esse público jovem, mas que também inclui consumidores em ascensão, os "migrantes" dos usados para o segmento do zero. Preço, opções de financiamento e conectividade são apostas para atrair quem chega agora ao mercado de novos. Hoje, o segmento de entrada responde por 55% das vendas totais de veículos, segundo estudo da consultoria Jato Dynamics. Entre os dez modelos mais vendidos nesse nicho, os valores vão de R$ 34 mil a R$ 70 mil. "Os modelos mais comprados são os intermediários, uma vez que os preços de partida são, na maioria simbólicos, nem estão disponíveis", diz Milad Kalume Neto, gerente da Jato Dynamics. Até o cantor Wesley Safadão, que arrasta multidões aos seus shows de "arrocha", entrou na briga pelo consumidor do primeiro carro zero, em campanha da Renault. "Estamos falando cada vez mais a linguagem dos jovens", acredita Cláudio Rawicz, gerente de marketing. Para atrair os mais novos, o preço é fundamental. A Renault concorda: seu modelo de entrada mais vendido é o Sandero, que custa a partir de R$ 41 mil e está entre os dez mais emplacados no país no acumulado do ano até junho, com 26,4 mil unidades. "Além do valor, apostamos na facilidade do financiamento, já que esse público não tem carro para dar de entrada", diz o gerente. A campanha atual da marca prevê entrada de R$ 1 mil e parcelamento em até 60 vezes. Na Volkswagen, segmento de entrada também é coisa séria. Por duas décadas ela liderou as vendas desse nicho com o Gol, hoje na sexta posição do ranking. Mas Gol e Up! já venderam 50,8 mil unidades neste ano, até junho. O volume equivale a pouco mais de 50% do total de automóveis vendidos pela marca em 2016. "O Take Up! (R$ 33,9 mil) e o Novo Gol Trendline duas portas (R$ 34,2 mil) estão entre os modelos de entrada com menor custo no país", diz Henrique Sampaio, gerente de marketing. "A primeira compra é mais racional que emocional, o preço tem muita relevância." A Fiat tem três opções na manga para os primeiros proprietários de carro novo: Uno, Palio e o recém-lançado Mobi, que em junho vendeu mais entre estes modelos. Enquanto isso, Hyundai e General Motors brigam pelo topo, com HB20 e Onix, respectivamente. Por enquanto, a coreana se deu melhor: vendeu 78,9 mil unidades, 10 mil a mais que o concorrente. TECNOLOGIA Depois de pesquisar e visitar concessionárias, Marcela Mendonça, 24, preferiu o HB20. "Apesar de custar um pouco mais, ele tem mais tecnologia embarcada que o Onix. Isso pesou na decisão." A garota comprou a versão mais básica do modelo e contou com a ajuda do pai para pagar. "Desde os 18 quero ter um carro, só agora consegui realizar esse desejo", diz. Como ela, a maioria jovem olha preço, mas é seduzida também por conectividade. Ricardo Bacellar, diretor da KPMG para o setor automotivo, diz que o segmento de entrada mudou nos últimos anos. "As montadoras precisaram alterar os modelos para atender demandas dos jovens. Carro 'pelado' não vende mais. Isso acarretou em modelos com mais tecnologia, e um pouco mais caros." O segmento deve partir de preços cada vez mais altos, pela necessidade de incluir itens eletrônicos e seduzir o consumidor estreante. "Hoje o custo tecnológico de um veículo representa 25% do total. Em uma década, será 65%. É uma tendência sem volta", diz Bacelar.
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Bolsa encosta em 77 mil pontos, mas fecha em baixa; dólar cai para R$ 3,13
A Bolsa brasileira encostou nos 77 mil pontos nesta quarta (4), mas não conseguiu sustentar o nível recorde e fechou em baixa, em dia de correção. O dólar se enfraqueceu perante as principais moedas do mundo e recuou para R$ 3,13 nesta sessão. O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, caiu 0,22%, para 76.591 pontos. O volume financeiro foi de R$ 8,9 bilhões, enquanto no ano a média diária é de R$ 8,3 bilhões. O dólar comercial caiu pelo quinto dia e fechou com desvalorização de 0,50%, para R$ 3,132. O dólar à vista recuou 0,60%, para R$ 3,125. O dia foi de correção no mercado acionário doméstico, que bateu recorde nominal na sessão passada –com correção pela inflação, a pontuação máxima do Ibovespa de maio de 2008 equivaleria a cerca de 130 mil pontos hoje. A Bolsa chegou a subir 0,31% e superou os 77 mil pontos, mas perdeu força ao longo do pregão. Os investidores aguardam a votação da segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer sob acusação de obstrução judicial e organização criminosa. "Até a votação, que deve ocorrer no final do mês, a agenda de reformas fica travada. Não se espera que a reforma da Previdência avance muito, mas mantemos o viés de alta para a Bolsa por causa do crescimento forte no exterior e pelos números animadores da economia brasileira no terceiro trimestre", avalia Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos. Segundo ele, esse otimismo do mercado com o Brasil deve durar pelo menos até 2019. "A partir daí já começa a haver algum ceticismo, mas o risco de alguém ser eleito no Brasil com bandeiras contrárias às reformas continua baixo", diz. Neste domingo, pesquisa Datafolha mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém a liderança da corrida presidencial com vantagem expressiva sobre os principais adversários. AÇÕES Dos 59 papéis do Ibovespa, 30 subiram e 29 caíram. A maior baixa do índice foi registrada pelas ações da Cemig, com queda de 2,49%. Em seguida vieram as ações da Petrobras, que caíram cerca de 2% em dia de desvalorização dos preços do petróleo no exterior. Os papéis preferenciais da estatal recuaram 2%, para R$ 15,66. Os papéis ordinários caíram 1,98%, para R$ 16,31. Na outra ponta, as ações da Natura lideraram os ganhos, com avanço de 4,19%. A segunda maior alta ficou com os papéis da Usiminas, que subiram 4,16%. A mineradora Vale viu suas ações caírem em uma intensidade menor, após a agência de classificação de risco Fitch elevar a nota de crédito da empresa para "BBB+" e melhorar a perspectiva de negativa para estável. Os papéis ordinários da Vale caíram 0,21%, para R$ 32,61. As ações preferenciais subiram 0,03%, para R$ 30,01. Os papéis do Itaú Unibanco caíram 0,89%. As ações preferenciais do Bradesco recuaram 0,65%, e as ordinárias tiveram baixa de 1,41%. O Banco do Brasil teve queda de 0,47%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil perderam 1,38%. Nesta sessão, a notícia de que o governo do Rio Grande do Sul quer vender cerca de 49% do capital votante do Banrisul fez as ações do banco despencarem 10,87%, para R$ 15,50. DÓLAR A desvalorização do dólar no cenário mundial ocorre após a moeda americana ganhar força na semana passada em meio à sinalização do banco central dos Estados Unidos de que vai aumentar os juros pela terceira vez no ano no país. "Na nossa avaliação é uma pausa na tendência de fortalecimento do dólar. A gente acha que o Fed vai subir os juros mesmo. Se essa visão se consolidar, tem tudo para o dólar continuar a subir", diz Crespo, da Guide. Nos Estados Unidos começa a ganhar força a discussão em torno de quem vai substituir Janet Yellen à frente do Fed. Jerome Powell, diretor do banco central americano, seria o nome favorito do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. Outro nome que corre é o do ex-diretor Kevin Warsh. O mercado avalia que um candidato menos conservador pode não elevar tanto os juros nos Estados Unidos, o que manteria a atratividade de ativos emergentes. O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou pelo sétimo dia. A queda foi de 1,14%, para 186,2 pontos. No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,478% para 7,468%. A taxa para janeiro de 2019 teve alta de 7,290% para 7,320%.
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Bolsa encosta em 77 mil pontos, mas fecha em baixa; dólar cai para R$ 3,13A Bolsa brasileira encostou nos 77 mil pontos nesta quarta (4), mas não conseguiu sustentar o nível recorde e fechou em baixa, em dia de correção. O dólar se enfraqueceu perante as principais moedas do mundo e recuou para R$ 3,13 nesta sessão. O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, caiu 0,22%, para 76.591 pontos. O volume financeiro foi de R$ 8,9 bilhões, enquanto no ano a média diária é de R$ 8,3 bilhões. O dólar comercial caiu pelo quinto dia e fechou com desvalorização de 0,50%, para R$ 3,132. O dólar à vista recuou 0,60%, para R$ 3,125. O dia foi de correção no mercado acionário doméstico, que bateu recorde nominal na sessão passada –com correção pela inflação, a pontuação máxima do Ibovespa de maio de 2008 equivaleria a cerca de 130 mil pontos hoje. A Bolsa chegou a subir 0,31% e superou os 77 mil pontos, mas perdeu força ao longo do pregão. Os investidores aguardam a votação da segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer sob acusação de obstrução judicial e organização criminosa. "Até a votação, que deve ocorrer no final do mês, a agenda de reformas fica travada. Não se espera que a reforma da Previdência avance muito, mas mantemos o viés de alta para a Bolsa por causa do crescimento forte no exterior e pelos números animadores da economia brasileira no terceiro trimestre", avalia Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos. Segundo ele, esse otimismo do mercado com o Brasil deve durar pelo menos até 2019. "A partir daí já começa a haver algum ceticismo, mas o risco de alguém ser eleito no Brasil com bandeiras contrárias às reformas continua baixo", diz. Neste domingo, pesquisa Datafolha mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém a liderança da corrida presidencial com vantagem expressiva sobre os principais adversários. AÇÕES Dos 59 papéis do Ibovespa, 30 subiram e 29 caíram. A maior baixa do índice foi registrada pelas ações da Cemig, com queda de 2,49%. Em seguida vieram as ações da Petrobras, que caíram cerca de 2% em dia de desvalorização dos preços do petróleo no exterior. Os papéis preferenciais da estatal recuaram 2%, para R$ 15,66. Os papéis ordinários caíram 1,98%, para R$ 16,31. Na outra ponta, as ações da Natura lideraram os ganhos, com avanço de 4,19%. A segunda maior alta ficou com os papéis da Usiminas, que subiram 4,16%. A mineradora Vale viu suas ações caírem em uma intensidade menor, após a agência de classificação de risco Fitch elevar a nota de crédito da empresa para "BBB+" e melhorar a perspectiva de negativa para estável. Os papéis ordinários da Vale caíram 0,21%, para R$ 32,61. As ações preferenciais subiram 0,03%, para R$ 30,01. Os papéis do Itaú Unibanco caíram 0,89%. As ações preferenciais do Bradesco recuaram 0,65%, e as ordinárias tiveram baixa de 1,41%. O Banco do Brasil teve queda de 0,47%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil perderam 1,38%. Nesta sessão, a notícia de que o governo do Rio Grande do Sul quer vender cerca de 49% do capital votante do Banrisul fez as ações do banco despencarem 10,87%, para R$ 15,50. DÓLAR A desvalorização do dólar no cenário mundial ocorre após a moeda americana ganhar força na semana passada em meio à sinalização do banco central dos Estados Unidos de que vai aumentar os juros pela terceira vez no ano no país. "Na nossa avaliação é uma pausa na tendência de fortalecimento do dólar. A gente acha que o Fed vai subir os juros mesmo. Se essa visão se consolidar, tem tudo para o dólar continuar a subir", diz Crespo, da Guide. Nos Estados Unidos começa a ganhar força a discussão em torno de quem vai substituir Janet Yellen à frente do Fed. Jerome Powell, diretor do banco central americano, seria o nome favorito do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. Outro nome que corre é o do ex-diretor Kevin Warsh. O mercado avalia que um candidato menos conservador pode não elevar tanto os juros nos Estados Unidos, o que manteria a atratividade de ativos emergentes. O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou pelo sétimo dia. A queda foi de 1,14%, para 186,2 pontos. No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais mistos. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,478% para 7,468%. A taxa para janeiro de 2019 teve alta de 7,290% para 7,320%.
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São Paulo é Estado mais competitivo, aponta estudo; SC ultrapassa PR
O Estado de São Paulo manteve a primeira posição no Ranking de Competitividade dos Estados em 2017, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Economist Intelligence Unit e a Tendências Consultoria. Santa Catarina, que estava em terceiro no ano passado, assumiu a vice-liderança no lugar do Paraná, que caiu uma posição. O DF permaneceu em quarto. O levantamento considera 66 indicadores, agrupados em dez pilares, como segurança pública, infraestrutura, solidez fiscal e potencial de mercado. Com 87,8 pontos no ranking geral, ante 88,9 em 2016, São Paulo ficou com as melhores notas, mais uma vez, em infraestrutura, educação, inovação e potencial de mercado. Na categoria solidez fiscal, que já era sua pior colocação (15º), o Estado caiu seis posições. A subida de Santa Catarina no ranking geral se deu pela melhora em segurança pública —de quarto para primeiro, trocando de posição com o Paraná—, além de avanços em solidez fiscal, capital humano, infraestrutura e potencial de mercado. O Rio de Janeiro, que aderiu neste mês ao programa de socorro federal para conseguir empréstimo de R$ 3,5 bilhões com a União, aparece em nono no ranking geral, apenas uma posição abaixo de 2016, mas manteve-se na última posição em solidez fiscal. O Estado melhorou consideravelmente nas categorias segurança pública (de 22º para 16º) e potencial de mercado (de 21º para 15º). O Espírito Santo, assim como o Paraná, adotou medidas impopulares nos últimos anos em busca do ajuste fiscal, mas também registrou queda no ranking, de sexto para oitavo. Minas Gerais e Rio Grande do Sul, Estados que decretaram calamidade financeira, melhoraram, passando de sétimo a sexto e de nono a sétimo, respectivamente. O estudo destaca a "dança das cadeiras" dos Estados em relação à solidez fiscal. O Ceará, que em 2016 aparecia em sétimo na categoria, alçou o primeiro lugar, e o então líder Roraima despencou para 24º. Alagoas passou de 23º para segundo, e a Bahia, de 12º para terceiro. O Mato Grosso do Sul, que no ano passado aparecia em terceiro, foi para 25º. "Mesmo alguns Estados que mostraram um considerável esforço de ajuste dos gastos correntes, isso se deu às custas, muitas vezes, de uma elevação do contingenciamento de despesas, afetando o grau de execução do orçamento e o nível de investimento público", ressalta o estudo. "E para alguns Estados com elevado endividamento, o esforço de geração de resultados primários acabou se mostrando insuficiente para deter a piora do deficit nominal e do endividamento", completa. NORDESTE A Paraíba foi o Estado do Nordeste com melhor colocação, na décima posição, à frente de Mato Grosso (12º) e Goiás (13º), desbancando feito de Pernambuco, que em 2016 aparecia em 13º e agora caiu para 18º. Nas últimas colocações do ranking geral ficaram Maranhão, Amapá e Sergipe, que passou da penúltima posição em 2016 para a última neste ano. Alagoas, o Estado lanterna do ranking em 2016, conseguiu saltar para a 24ª posição. Os Estados que mais avançaram em relação ao ano anterior foram Acre (25º para 19º), Rondônia (22º para 17º), além da própria Paraíba, que em 2016 estava em 15º. As principais quedas no ranking foram do Amapá (16º para 26º), Amazonas (17º para 22º) e Pernambuco.
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São Paulo é Estado mais competitivo, aponta estudo; SC ultrapassa PRO Estado de São Paulo manteve a primeira posição no Ranking de Competitividade dos Estados em 2017, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Economist Intelligence Unit e a Tendências Consultoria. Santa Catarina, que estava em terceiro no ano passado, assumiu a vice-liderança no lugar do Paraná, que caiu uma posição. O DF permaneceu em quarto. O levantamento considera 66 indicadores, agrupados em dez pilares, como segurança pública, infraestrutura, solidez fiscal e potencial de mercado. Com 87,8 pontos no ranking geral, ante 88,9 em 2016, São Paulo ficou com as melhores notas, mais uma vez, em infraestrutura, educação, inovação e potencial de mercado. Na categoria solidez fiscal, que já era sua pior colocação (15º), o Estado caiu seis posições. A subida de Santa Catarina no ranking geral se deu pela melhora em segurança pública —de quarto para primeiro, trocando de posição com o Paraná—, além de avanços em solidez fiscal, capital humano, infraestrutura e potencial de mercado. O Rio de Janeiro, que aderiu neste mês ao programa de socorro federal para conseguir empréstimo de R$ 3,5 bilhões com a União, aparece em nono no ranking geral, apenas uma posição abaixo de 2016, mas manteve-se na última posição em solidez fiscal. O Estado melhorou consideravelmente nas categorias segurança pública (de 22º para 16º) e potencial de mercado (de 21º para 15º). O Espírito Santo, assim como o Paraná, adotou medidas impopulares nos últimos anos em busca do ajuste fiscal, mas também registrou queda no ranking, de sexto para oitavo. Minas Gerais e Rio Grande do Sul, Estados que decretaram calamidade financeira, melhoraram, passando de sétimo a sexto e de nono a sétimo, respectivamente. O estudo destaca a "dança das cadeiras" dos Estados em relação à solidez fiscal. O Ceará, que em 2016 aparecia em sétimo na categoria, alçou o primeiro lugar, e o então líder Roraima despencou para 24º. Alagoas passou de 23º para segundo, e a Bahia, de 12º para terceiro. O Mato Grosso do Sul, que no ano passado aparecia em terceiro, foi para 25º. "Mesmo alguns Estados que mostraram um considerável esforço de ajuste dos gastos correntes, isso se deu às custas, muitas vezes, de uma elevação do contingenciamento de despesas, afetando o grau de execução do orçamento e o nível de investimento público", ressalta o estudo. "E para alguns Estados com elevado endividamento, o esforço de geração de resultados primários acabou se mostrando insuficiente para deter a piora do deficit nominal e do endividamento", completa. NORDESTE A Paraíba foi o Estado do Nordeste com melhor colocação, na décima posição, à frente de Mato Grosso (12º) e Goiás (13º), desbancando feito de Pernambuco, que em 2016 aparecia em 13º e agora caiu para 18º. Nas últimas colocações do ranking geral ficaram Maranhão, Amapá e Sergipe, que passou da penúltima posição em 2016 para a última neste ano. Alagoas, o Estado lanterna do ranking em 2016, conseguiu saltar para a 24ª posição. Os Estados que mais avançaram em relação ao ano anterior foram Acre (25º para 19º), Rondônia (22º para 17º), além da própria Paraíba, que em 2016 estava em 15º. As principais quedas no ranking foram do Amapá (16º para 26º), Amazonas (17º para 22º) e Pernambuco.
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'A cultura do happy hour é forte', diz viajante cervejeiro
CAROLINA DANTAS DE SÃO PAULO Edson Carvalho Junior, 35, natural de Porecatu (PR), tem a vida que muita gente gostaria de ter. Ele viaja o Brasil para provar cervejas artesanais -de carona e com hospedagem na casa de quem quer aprender sobre a bebida. O apreciador já bebericou em quatro Estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Agora, é a vez de São Paulo. Por aqui, o "Viajante Cervejeiro", como se intitula, ficará até o dia 6 de maio. sãopaulo - O paulistano tem alguma peculiaridade ao beber cerveja? Edson Carvalho Junior - Acho que ele está aprendendo a beber esse tipo de cerveja [artesanal], o que é uma forma diferente de apreciar. São Paulo, por ser deste tamanho, tem a sina de ser referência em tudo o que acontece. Mesmo que o movimento [da produção de cerveja artesanal] tenha começado no Sul do Brasil, em São Paulo cresceu muito rápido. Os lançamentos das cervejas são feitos aqui. O interessante é isso: pode ser uma segunda-feira e todos os bares têm gente. A cultura do happy hour é forte. Você já visitou o Rio de Janeiro. O estilo de vida interfere no jeito de apreciar a cerveja? Com certeza. A cena da cerveja artesanal em São Paulo está muito mais avançada que no Rio de Janeiro. Existem mais bares e mais produção. No Rio, ainda tem a cultura da cerveja supergelada, para o cara que quer só se refrescar no litoral. Tem gente que pede copos diferentes para beber cada cerveja. Isso é frescura ou faz sentido? Não é um costume que vemos só aqui. É detalhe de quem aprecia a cerveja artesanal. Eu, quando comecei a estudar, principalmente a escola belga, vi que existe essa tradição de cada cerveja ter seu "copo proprietário". Determinados formatos deixam perceber mais os aromas, manter a temperatura e a espuma. Quem começa a tomar esse tipo de cerveja fica até meio chato. Tanto que chamamos esse pessoal de 'beer-chato'. Eu já tive essa fase, mas relaxei. Quais bares de São Paulo você recomenda? O EAP [Empório Alto dos Pinheiros] tem muitos rótulos. Já o Brewdog, em Pinheiros, é de uma marca de cerveja escocesa. Gosto de mostrar também lugares escondidos nos bairros: tem o bar Tio da Cerveja [rua Costa Aguiar, 1.092-C, Ipiranga, tel. 3564-1777], que é pequeno e as pessoas às vezes ficam na calçada, mas tem uma boa variedade de rótulos. Como você enxerga a relação da gastronomia com a cerveja? Em São Paulo, você pede uma cerveja e o garçom começa a mostrar como harmonizá-la com a comida. Isso é raridade.
saopaulo
'A cultura do happy hour é forte', diz viajante cervejeiroCAROLINA DANTAS DE SÃO PAULO Edson Carvalho Junior, 35, natural de Porecatu (PR), tem a vida que muita gente gostaria de ter. Ele viaja o Brasil para provar cervejas artesanais -de carona e com hospedagem na casa de quem quer aprender sobre a bebida. O apreciador já bebericou em quatro Estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Agora, é a vez de São Paulo. Por aqui, o "Viajante Cervejeiro", como se intitula, ficará até o dia 6 de maio. sãopaulo - O paulistano tem alguma peculiaridade ao beber cerveja? Edson Carvalho Junior - Acho que ele está aprendendo a beber esse tipo de cerveja [artesanal], o que é uma forma diferente de apreciar. São Paulo, por ser deste tamanho, tem a sina de ser referência em tudo o que acontece. Mesmo que o movimento [da produção de cerveja artesanal] tenha começado no Sul do Brasil, em São Paulo cresceu muito rápido. Os lançamentos das cervejas são feitos aqui. O interessante é isso: pode ser uma segunda-feira e todos os bares têm gente. A cultura do happy hour é forte. Você já visitou o Rio de Janeiro. O estilo de vida interfere no jeito de apreciar a cerveja? Com certeza. A cena da cerveja artesanal em São Paulo está muito mais avançada que no Rio de Janeiro. Existem mais bares e mais produção. No Rio, ainda tem a cultura da cerveja supergelada, para o cara que quer só se refrescar no litoral. Tem gente que pede copos diferentes para beber cada cerveja. Isso é frescura ou faz sentido? Não é um costume que vemos só aqui. É detalhe de quem aprecia a cerveja artesanal. Eu, quando comecei a estudar, principalmente a escola belga, vi que existe essa tradição de cada cerveja ter seu "copo proprietário". Determinados formatos deixam perceber mais os aromas, manter a temperatura e a espuma. Quem começa a tomar esse tipo de cerveja fica até meio chato. Tanto que chamamos esse pessoal de 'beer-chato'. Eu já tive essa fase, mas relaxei. Quais bares de São Paulo você recomenda? O EAP [Empório Alto dos Pinheiros] tem muitos rótulos. Já o Brewdog, em Pinheiros, é de uma marca de cerveja escocesa. Gosto de mostrar também lugares escondidos nos bairros: tem o bar Tio da Cerveja [rua Costa Aguiar, 1.092-C, Ipiranga, tel. 3564-1777], que é pequeno e as pessoas às vezes ficam na calçada, mas tem uma boa variedade de rótulos. Como você enxerga a relação da gastronomia com a cerveja? Em São Paulo, você pede uma cerveja e o garçom começa a mostrar como harmonizá-la com a comida. Isso é raridade.
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O ministro assaltado
BRASÍLIA - Em conversa monitorada pela Lava Jato, o senador Aécio Neves e o empresário Joesley Batista manifestaram um desejo comum: derrubar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. "Tem que tirar esse cara", disse o dono da JBS. "Tem que tirar esse cara", concordou o ex-presidenciável tucano. Ao assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, o doutor Torquato Jardim deu esperanças aos investigados. Ele disse que a operação "não depende de pessoas" e que o comando da PF ainda será avaliado. Quando uma repórter perguntou se o ministro descartava ou não a demissão de Daiello, desconversou. "Não cabe essa resposta. Eu também estou sob avaliação", afirmou. Se Torquato seguir a linha de sua primeira entrevista, o país pode esperar uma gestão rica em polêmicas. Instado a opinar sobre o foro privilegiado, ele sugeriu que os ministros do STF não têm experiência para lidar com ações penais: "Dos 11, [só] o ministro Fux foi juiz de primeira instância. É a primeira vez que estão tratando de um processo criminal". Questionado se tentará influenciar o julgamento da chapa Dilma-Temer, o ministro deu outra declaração curiosa: "Se eu tivesse toda essa influência no TSE e quisesse praticar algum ato nas sombras, eu continuaria no Ministério da Transparência". Pouco depois, ele indicou que está disposto a comprar brigas no cargo. "Se eu não gostasse de conflito, seria pescador na Amazônia", disse. Diante das câmeras, Torquato revelou um temperamento imodesto. Apresentou-se como um leitor voraz da Constituição, disse que "viu nascer" alguns ministros do TSE e, ao citar Nelson Rodrigues, emendou que "só jornalistas antigos" saberiam de quem ele estava falando. O ministro só mudou o tom ao ouvir uma pergunta o sobre seu preparo para formular políticas de combate à violência, uma das principais atribuições da pasta. "A minha experiência com segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados", contou.
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O ministro assaltadoBRASÍLIA - Em conversa monitorada pela Lava Jato, o senador Aécio Neves e o empresário Joesley Batista manifestaram um desejo comum: derrubar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. "Tem que tirar esse cara", disse o dono da JBS. "Tem que tirar esse cara", concordou o ex-presidenciável tucano. Ao assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, o doutor Torquato Jardim deu esperanças aos investigados. Ele disse que a operação "não depende de pessoas" e que o comando da PF ainda será avaliado. Quando uma repórter perguntou se o ministro descartava ou não a demissão de Daiello, desconversou. "Não cabe essa resposta. Eu também estou sob avaliação", afirmou. Se Torquato seguir a linha de sua primeira entrevista, o país pode esperar uma gestão rica em polêmicas. Instado a opinar sobre o foro privilegiado, ele sugeriu que os ministros do STF não têm experiência para lidar com ações penais: "Dos 11, [só] o ministro Fux foi juiz de primeira instância. É a primeira vez que estão tratando de um processo criminal". Questionado se tentará influenciar o julgamento da chapa Dilma-Temer, o ministro deu outra declaração curiosa: "Se eu tivesse toda essa influência no TSE e quisesse praticar algum ato nas sombras, eu continuaria no Ministério da Transparência". Pouco depois, ele indicou que está disposto a comprar brigas no cargo. "Se eu não gostasse de conflito, seria pescador na Amazônia", disse. Diante das câmeras, Torquato revelou um temperamento imodesto. Apresentou-se como um leitor voraz da Constituição, disse que "viu nascer" alguns ministros do TSE e, ao citar Nelson Rodrigues, emendou que "só jornalistas antigos" saberiam de quem ele estava falando. O ministro só mudou o tom ao ouvir uma pergunta o sobre seu preparo para formular políticas de combate à violência, uma das principais atribuições da pasta. "A minha experiência com segurança pública foi ter duas tias e eu próprio assaltados", contou.
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Confira os lançamentos de livros em destaque nessa semana
O Cifras & Letras seleciona semanalmente lançamentos mais recentes na área de negócios e economia. Confira abaixo os destaques desta semana: NACIONAIS Recursos Desumanos AUTOR Pierre Lemaitre EDITORA Vestígio QUANTO R$ 44,90 (368 págs.) Conta em primeira pessoa a história de um executivo que, desempregado há quatro anos e se considerando velho para o mercado, vê suas esperanças retornarem quando é chamado para um processo seletivo misterioso que envolve a simulação de um sequestro de executivos. Tecnologias Emergentes - Mudança de Atitude e Diferenciais Competitivos nas Empresas AUTOR César Taurion EDITORA Évora QUANTO R$ 59,90 (368 págs.) Discute as transformações que o avanço tecnológico está produzindo no cotidiano de pessoas e empresas. Dividido em três partes, destaca os temas tecnologias emergentes da informação, "big data" e internet das coisas. *Fusões e Aquisições em Ato - Um Guia Prático* AUTOR Eduardo Luzio EDITORA Cengage Learning e Senac QUANTO R$ 99 (392 págs.) Apresenta os processos de fusão e aquisição de empresas a partir das perspectivas de compradores e vendedores. Explica os documentos envolvidos no processo e avalia o papel de assessorias especializadas no tema. *Como Vencer Quando Você Não É o Favorito* AUTOR Rubens Teixeira EDITORA Sextante QUANTO R$ 24,90 (192 págs.) Mostra como nem sempre o que traz o sucesso são as oportunidades que cada pessoa tem. Entre os tópicos abordados no livro estão autoconhecimento, busca da excelência, relacionamentos e planejamento. Traz seção de perguntas e respostas. INTERNACIONAIS The Second Curve - Thoughts on Reinventing Society AUTOR Charles Handy EDITORA Cornerstone QUANTO R$ 43,30 na Amazon Filósofo irlandês e autor de obras sobre negócios avalia transformações recentes da sociedade. Entre as questões discutidas estão a sustentabilidade do capitalismo, riscos do sistema financeiro e o papel de cada indivíduo em suas relações sociais. How to Perform Under Pressure - The Science of Doing Your Best When It Matters Most AUTORES Hendrie Weisinger e J. P. Pawliw-Fry EDITORA John Murra QUANTO R$ 26,80 na Amazon (286 págs.) Mostra como obter bons resultados quando se trabalha sob pressão. Explica o efeito da tensão sobre os indivíduos e mostra como grandes empresas lidam com ela. (FILIPE OLIVEIRA)
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Confira os lançamentos de livros em destaque nessa semanaO Cifras & Letras seleciona semanalmente lançamentos mais recentes na área de negócios e economia. Confira abaixo os destaques desta semana: NACIONAIS Recursos Desumanos AUTOR Pierre Lemaitre EDITORA Vestígio QUANTO R$ 44,90 (368 págs.) Conta em primeira pessoa a história de um executivo que, desempregado há quatro anos e se considerando velho para o mercado, vê suas esperanças retornarem quando é chamado para um processo seletivo misterioso que envolve a simulação de um sequestro de executivos. Tecnologias Emergentes - Mudança de Atitude e Diferenciais Competitivos nas Empresas AUTOR César Taurion EDITORA Évora QUANTO R$ 59,90 (368 págs.) Discute as transformações que o avanço tecnológico está produzindo no cotidiano de pessoas e empresas. Dividido em três partes, destaca os temas tecnologias emergentes da informação, "big data" e internet das coisas. *Fusões e Aquisições em Ato - Um Guia Prático* AUTOR Eduardo Luzio EDITORA Cengage Learning e Senac QUANTO R$ 99 (392 págs.) Apresenta os processos de fusão e aquisição de empresas a partir das perspectivas de compradores e vendedores. Explica os documentos envolvidos no processo e avalia o papel de assessorias especializadas no tema. *Como Vencer Quando Você Não É o Favorito* AUTOR Rubens Teixeira EDITORA Sextante QUANTO R$ 24,90 (192 págs.) Mostra como nem sempre o que traz o sucesso são as oportunidades que cada pessoa tem. Entre os tópicos abordados no livro estão autoconhecimento, busca da excelência, relacionamentos e planejamento. Traz seção de perguntas e respostas. INTERNACIONAIS The Second Curve - Thoughts on Reinventing Society AUTOR Charles Handy EDITORA Cornerstone QUANTO R$ 43,30 na Amazon Filósofo irlandês e autor de obras sobre negócios avalia transformações recentes da sociedade. Entre as questões discutidas estão a sustentabilidade do capitalismo, riscos do sistema financeiro e o papel de cada indivíduo em suas relações sociais. How to Perform Under Pressure - The Science of Doing Your Best When It Matters Most AUTORES Hendrie Weisinger e J. P. Pawliw-Fry EDITORA John Murra QUANTO R$ 26,80 na Amazon (286 págs.) Mostra como obter bons resultados quando se trabalha sob pressão. Explica o efeito da tensão sobre os indivíduos e mostra como grandes empresas lidam com ela. (FILIPE OLIVEIRA)
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