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0508741-74.2018.4.05.8500
2018-10-30 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ/INSS (00.000.000/0000-00) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0416-88)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-07-06 10:44:51
Sentença - LOAS-Idoso
2019-09-18T10:21:13
Acórdão - Recurso provido - reforma sentença - concede o benefício.
MARCOS ANTONIO GARAPA DE CARVALHO
2019-09-18 09:15:00
SERGIO SILVA FEITOSA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
SE007148
SENTENÇA 1. RELATÓRIO. Dispensado o relatório, conforme autorização do art. 38, da Lei 9.099/1995, cuja incidência foi recepcionada pelo art. 1o, da Lei no 10.259/2001. 2. FUNDAMENTAÇÃO. O benefício de amparo social (também designado como assistencial de prestação continuada), previsto no art. 203, V, da Constituição Federal, consiste na garantia de um salário mínimo mensal ao portador de deficiência e ao idoso que comprovem a impossibilidade de sustento pelas próprias forças ou pelo concurso de sua família. A Lei no 8.742/93, recentemente alterada pela Lei no 12.435, de 06/07/2011, dispõe acerca da organização da Assistência Social e assim regulamentou o comando constitucional: “Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.(Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se: (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) (...)” Nos termos do diploma legal supra, o pretendente ao benefício deve comprovar (1) que é idoso ou portador de deficiência (física, intelectual ou sensorial) que lhe retire a capacidade de participar plena e efetivamente na sociedade, pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos; (2) renda familiar per capita inferior a 1⁄4 do salário mínimo (não como critério único, conforme interpretação do Supremo Tribunal Federal). Comprovada está a condição de idosa da requerente, como se vê nos documentos pessoais da mesma anexados à exordial, nos termos do art 34 do Estatuto do Idoso. Satisfeito o primeiro requisito, passa-se a aferir a miserabilidade do(a) autor(a). No entanto, vale ressaltar que segundo decidiu o Supremo Tribunal Federal em 18/04/2013 (RE 567.985/MT e RE 580.963/PR) é inconstitucional a definição da miserabilidade com base no critério de 1⁄4 do salário mínimo (§ 3o do art. 20 da LOAS), devendo a condição socioeconômica do requerente, ou seja, sua situação fática, ser aferida no caso concreto. Ao examinar a situação fática, o laudo social (anexo no. 19) e fotos de anexos 20/24 e 30/33 não evidenciam o direito da parte autora ao benefício assistencial, uma vez que não reconheceu sua hipossuficiência econômica, consoante previsto no art. 20, § 3o, da lei 8.742/1993, posto que o ambiente social em que vive o grupo familiar não traduz a condição de miserabilidade exigida em lei para a concessão do benefício ora pleiteado. O laudo social e seus esclarecimentos foram satisfatórios e conclusivos, motivo pelo qual rejeito a impugnação de anexo 35, até porque a situação da família do autor atualmente, apesar de humilde, não se confunde com a miserabilidade necessária para a concessão do benefício, ressaltando-se que a renda per capta é superior a meio salário mínimo, apesar de este não ser um critério absoluto, conforme mencionado acima. Assim, comprovada a ausência de miserabilidade, pelo que nego o benefício requerido. 3. DISPOSITIVO. 3.1. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido. 3.2. Defiro das benesses da Justiça gratuita. 3.3. Sem custas e honorários no primeiro grau. 3.4. Registre-se e Intimem-se, observadas as disposições da Lei n. 10.259/2001. 3.5. Havendo recurso, promova a intimação da parte recorrida para apresentar contrarrazões, encaminhando posteriormente os autos à Turma Recursal, tudo independentemente de novo despacho. Sergio Silva Feitosa
VOTO GILBERTO COSTA recorreu contra sentença que julgou improcedente seupedido amparo social à pessoa idosa, pretendendo areforma da decisão recorrida. A sentença deve ser reformada. Para que não se incorra numa aplicação inconstitucional da norma, faz-se necessário a adequação dela ao que diz a CF/88, o que determinaria que: a) o Juiz pode reconhecer a existência de "família" composta por outros membros além daqueles descritos no art. 20, § 1o, da Lei n.o 8.742/93, alterada pela Lei n.o 12.435/2011; b) o grau de deficiência para o trabalho deve ser aferido caso a caso, sendo que sempre que ela for igual ou superior a dois anos, quando temporária, o direito ao benefício será incontestável, mas o fato de ser menor não impede a fruição da prestação assistencial, de acordo com o caso concreto, especialmente em razão do estado de necessidade social da pessoa, facultando-se ao ente federal administrador da Assistência Social submetê-la a perícia administrativas em prazo inferior a dois anos, para a revisão prevista no art. 21 da Lei n.o 8.742/93; e c) a renda per capita igual ou inferior a 1/4 do salário-mínimo indica estado absoluto de necessidade financeira, mas o fato dala ser superior àquele patamar não exclui, por si só, a carência econômica para fins de concessão do amparo social, que pode e deve ser aferido em cada caso individualmente. Estabelecidos esses parâmetros, o requisito etário estava satisfeito na data de entrada do requerimento administrativo (DER), pois a parte autora contava então com ao menos 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Emrelação ao requisito renda, olaudo social do anexo n.o 27 deixa evidenteque ele foi atendido, poiso fato de um dos integrantes do grupo familiar da parte autora receber benefício da Seguridade Social no valor de um salário-mínimo não impede a concessão do amparo social, pois o art. 34 da Lei n.o 10.741/2003, ainda que aplicado analogicamente, estabelece que aquela prestação não deve ser levada em conta, para efeito de cálculo da renda per capita dos integrantes, já que se trata de mínimo existencial indispensável para a sobrevivência digna de uma pessoa no estado em que se encontra a parte autora. O mesmo se diga com relação aos rendimentos percebidos por seu filho solteiro, que superam em pouco um salário-mínimo, pois este não será suficiente para a manutenção do idoso e suas necessidades decorrentes do envelhecimento. Sobreo aspecto da residência da parte recorrente, não se vê ali nenhuma notade capacidade econômica acima do patamar que justificaria a concessãodo amparo, além do que a lei não está a exigir estado de miséria, poisnão há tal conceito expressamente definido na legislação nacional. Além disso, a assistência social não pode ser confundida com a esmola queordinariamente se dá aos miseráveis pedintes de rua, pois é mecanismode integração social daqueles que necessitam de ajuda financeira (art.203 da CF/88) e prova da solidariedade que deve impregnar as ações doEstado Social. E, no caso de idosos desprovidos de recursos para a sua própria manutenção, taisprestações ainda mais se justificam como meios de lhes assegurar odireito à vida digna e à saúde, bem como instrumento para colocá-los asalvo de toda forma de negligência (art. 230 da CF/88). Nãofosse somente isso, os benefícios da Assistência Social devem serencarados como feramentas de distribuição de renda, instrumentos docombate à concentração de riqueza no Brasil, não como meros mecanismosde compensação da ausência de estrutura digna de vida para grande partedos brasileiros. Taisutilidades devem ser prestadas especialmente na região Nordeste, em quemais de 70% (setenta por cento) da população vivem em condições de"carência social",conforme consta no estudo "Uma análise das condições de vida dapopulação brasileira 2012" do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística - IBGE, especialmente o capítulo "Padrão de vida edistribuição de renda", mas especialmente ainda a tabela 5.23(ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/pdf/padrao_vida_pdf.pdf.Acesso em 30/04/2014); e em que o Coeficiente de Gini ("ìndice deGini") era da ordem de 0,539 em 2008(http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=3&op=1&vcodigo=FDT810&t=indice-gini-pessoas-10-anos-mais.Acesso em 30/04/2014) e não melhorou de lá pra cá. Emais. Mesmo tomando como limite apenas a lei em si, o que se devefazercom os olhos em sua função social e as exigências do bem dacomunidade(art. 5o do Decreto-Lei - DL n.o 4.657/42, alterado pela Lein.o12.376/2010), ainda que a renda da família fosse superior aoestabelecido na norma infraconstitucional, o que não se comprovou neste processo, pois o INSS nenhuma prova trouxe aos autos neste sentido, aquilo que sobejasse - se é que se pode falar em sobejar em uma família pobre como a da parte autora -, tal fato não teria ocondão de retirar o núcleo familiar em questão do estado de necessidadeeconômica em que se encontra, especialmente devido à presença de umapessoa necessitada de cuidados mais do que diferenciados, que precisa detratamentos especializados, geralmente de difícil acesso através do Sistema Único de Saúde - SUS,o que agrava as consequências da enfermidade da parte demandante. Quanto à data de início do benefício (DIB), ela deve retroagir até a do requerimento administrativo (DER), pois todos os requisitos estavam ali satisfeitos. Amparado em tais fundamentos, voto por conhecer e prover o recurso, reformar a sentença recorrida e: a) de ofício, proclamar a prescrição das parcelas do benefício vencidas há mais de cinco anos do ajuizamento da ação; b)nos termos do art. 4o da Lei n.o 10.259/2001, antecipar os efeitos da tutela de mérito e cominar ao réu a obrigaçãode implantar o benefício descrito no RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDOabaixo, no prazo de 15 (quinze) dias, como data de início do benefício(DIB) e data de início de pagamento (DIP) ali especificadas; c)acolher o pedido formulado na inicial, confirmar a antecipação detutela acima deferida, e condenar o réu a implantar, de modo definitivo,o benefício devido à parte autora; e d) julgar procedente a demanda. Aautarquia deverá ser intimada a comprovar nos autos, no prazo de 15(quinze) dias, o cumprimento do preceito cominatório acima estabelecido,sob pena de multa diária de de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais), a incidir apartir do 16o (décimo sexto) dia da sua intimação e até que se comprove oadimplemento da obrigação de fazer. Condeno o réu ao pagamento das parcelas devidas do benefício desde a DIB até o dia anterior à DIP, descontados eventuais valores comprovadamente (por documentos) pagos no mesmo período decorrente de outra prestação da Seguridade Social não acumulável; tudo acrescido de correção monetária, incidente desde o vencimento de cada uma delas, e juros de mora desde a citação; sendo que a correção monetária e os juros de mora devem respeitar as seguintes diretrizes [STF, RE n.o 870.947/SE – RG (repercussão geral]:a) a correção monetária deverá ser calculada de acordo com o vencimento das parcelas originalmente devidas, utilizando-se como índice o IPCA-E; e b) os juros de mora serão devidos desde a citação, a observar o seguinte: i)até junho/2009, regramento previsto para os juros de mora no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal para a classe da ação; ii) de julho/2009 e até junho/2012, 0,5% (meio por cento) ao mês de juros de mora (art. 1o-F da Lei n.o 9.494/97, alterada pela Lei n.o 11.960/2009); e iii) a partir de julho/2012, taxa de juros aplicada às cadernetas de poupança (art. 1o-F da Lei n.o 9.494/97, alterada pela Lei n.o 11.960/2009 e Lei n.o 12.703/2012); valores a serem estabelecidos no juízo de origem, após o trânsito em julgado desta decisão. Condenoa autarquia ao pagamento dos honorários do(s) perito(s) queatuou(uaram) no feito, valor a ser incluído na requisição de pequenovalor a ser expedida após o trânsito em julgado desta decisão. Fica facultado à autarquia submeter a parte autora a novas perícias, a fim de constatara cessação das condições que ensejaram a concessão do benefício, porém não antes dedecorrido o prazo de 2 (dois) anos previsto no art. 21 da Lei n.o 8.742/93,contado da implantação dobenefício, sob pena dascominações legaisaplicáveis à espécie emcaso de cessação indevida dobenefício,contrária ao aqui estabelecido.Em razão de entender presentes os requisitos da Lei n.o 1.060/50, defiro a gratuidade da justiça. Semcustas ou honorários advocatícios, pois a sucumbente foi a parterecorrida, não a parte recorrente (art. 55o da Lei n.o 9.099/95 e art.1o da Lei n.o 10.259/2001). É como voto. RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AMPARO SOCIAL À PESSOA IDOSA (CÓDIGO N.o B-88 NO INSS) SEGURADO(A) GILBERTO COSTA CPF 138.442.295-15 RMI SALÁRIO-MÍNIMO DIB 14/02/2018 DIP 18/09/2019 VALOR A SER PAGO VIA RPV/PRECATÓRIO A SER CALCULADO PELO SETOR DE CÁLCULOS DO JUÍZO DE ORIGEM, APÓS A COMPROVAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO, SUJEITO A COBRANÇA DE DIFERENÇAS DECORRENTES DE REVISÃO POR INICIATIVA DO SEGURADO, RESPEITADO O PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO BENEFÍCIO, PREVISTO EM LEI. ACÓRDÃO
724
1,449
0
0
5-SE
1
248.545729
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
benefício de amparo social (também designado como assistencial de prestação continuada), previsto no art. 203, V, da Constituição Federal, consiste na garantia de um salário mínimo mensal ao portador de deficiência e ao idoso que comprovem a impossibilidade de sustento pelas próprias forças ou pelo concurso de sua família. A Lei no 8.742/93, recentemente alterada pela Lei no 12.435, de 06/07/2011, dispõe acerca da organização da Assistência Social e assim regulamentou o comando constitucional: “Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.(Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se: (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) II - impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011) (...)” Nos termos do diploma legal supra, o pretendente ao benefício deve comprovar (1) que é idoso ou portador de deficiência (física, intelectual ou sensorial) que lhe retire a capacidade de participar plena e efetivamente na sociedade, pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos; (2) renda familiar per capita inferior a 1⁄4 do salário mínimo (não como critério único, conforme interpretação do Supremo Tribunal Federal). Comprovada está a condição de idosa da requerente, como se vê nos documentos pessoais da mesma anexados à exordial, nos termos do art 34 do Estatuto do Idoso. Satisfeito o primeiro requisito, passa-se a aferir a miserabilidade do(a) autor(a). No entanto, vale ressaltar que segundo decidiu o Supremo Tribunal Federal em 18/04/2013 (RE 567.985/MT e RE 580.963/PR) é inconstitucional a definição da miserabilidade com base no critério de 1⁄4 do salário mínimo (§ 3o do art. 20 da LOAS), devendo a condição socioeconômica do requerente, ou seja, sua situação fática, ser aferida no caso concreto. Ao examinar a situação fática, o laudo social (anexo no. 19) e fotos de anexos 20/24 e 30/33 não evidenciam o direito da parte autora ao benefício assistencial, uma vez que não reconheceu sua hipossuficiência econômica, consoante previsto no art. 20, § 3o, da lei 8.742/1993, posto que o ambiente social em que vive o grupo familiar não traduz a condição de miserabilidade exigida em lei para a concessão do benefício ora pleiteado. O laudo social e seus esclarecimentos foram satisfatórios e conclusivos, motivo pelo qual rejeito a impugnação de anexo 35, até porque a situação da família do autor atualmente, apesar de humilde, não se confunde com a miserabilidade necessária para a concessão do benefício, ressaltando-se que a renda per capta é superior a meio salário mínimo, apesar de este não ser um critério absoluto, conforme mencionado acima. Assim, comprovada a ausência de miserabilidade, pelo que nego o benefício requerido. 3. DISPOSITIVO. 3.1. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido. 3.2. Defiro das benesses da Justiça gratuita. 3.3. Sem custas e honorários no primeiro grau. 3.4. Registre-se e Intimem-se, observadas as disposições da Lei n. . 3.5. Havendo recurso, promova a intimação da parte recorrida para apresentar contrarrazões, encaminhando posteriormente os autos à Turma Recursal, tudo independentemente de novo despacho. Sergio Silva Feitosa
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
16
0506187-05.2018.4.05.8101
2018-08-10 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-14 09:50:36
Sentença - Rural - Aposentadoria por idade - Improcedente
2019-09-19T14:12:06
Acórdão - AI. Segurado Especial. Nega Autor.
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA TR-1
2019-09-05 14:00:00
JOSÉ JOAQUIM DE OLIVEIRA RAMOS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
CE008442
SENTENÇA Tipo A I - Relatório Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01. II - Fundamentação Cuida-se de ação especial previdenciária em que a parte Autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de aposentadoria por idade na qualidade de segurado(a) especial (trabalhador(a) rural), bem como ao pagamento de parcelas atrasadas devidamente corrigidas e acrescidas de juros de mora desde o requerimento administrativo. Ausentes questões preliminares, passo à apreciação do mérito. O benefício de aposentadoria por idade é devido ao trabalhador rural, desde que este comprove o exercício de atividade rurícola, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, que, em regra, é de 180 meses, nos termos do art. 25, inciso II da Lei 8.213/91, além da idade mínima de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher. - Requisito etário No caso em exame, observo que a parte autora preenche o requisito etário (60 anos, se homem, e 55 se mulher), pois nascido(a) em 27/02/1963. - Atividade rural Quanto à comprovação do exercício de atividade rural, nos termos dos Artigos 142 e 143 da Lei n. 8.213/91, ou seja, no período imediatamente anterior ao requerimento, observo que a parte autora apresentou documentos idôneos que se perfazem como início razoável de prova material (Art. 55, § 3o, da LB), dentre os quais destacam-se: ·Declaração de ITR de 2008 a 2017 (anexo 7); ·DARF ́s de garantia safra (anexo 05); ·CONTAG de 2013/2016 (anexo 04); Destaco, nesse ponto, que, para a concessão da aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício (Súmula 14 da TNU). Aliás, considerando a DER em 28/02/2018, esclareço que o(a) autor(a) deveria comprovar o exercício da atividade rurícola desde 2003. Por outro lado, apesar de a colheita de provas em audiência lhe ter sido favorável, observo que o(a) autor(a) exerceu atividade urbana junto à Prefeitura Municipal de Aracati no cargo de Merendeira/Prestadora de serviços nos período de 01/02/2005 a30/04/2005 e de 01/02/2006 até 01/12/2008, em período que abrange o período de carência necessário para concessão do benefício. Assim, não atendido um dos requisitos para concessão da aposentadoria (carência), o pleito deve ser julgado improcedente. Por outro lado, observo não haver atendimento da idade mínima para consideração da possibilidade de concessão da aposentadoria híbrida. III - Dispositivo Ante o exposto, extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, julgando IMPROCEDENTE o pedido de aposentadoria por idade, na qualidade de segurada especial, da parte Autora, por falta de período total de carência. Sem custas e honorários advocatícios (arts. 54 e 55 da Lei 9.099/95 combinados com o art. da Lei 10.259/00). Defiro o pedido de justiça gratuita. Transitada em julgado, arquive-se. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE DE SEGURADO ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (ART. 46 DA LEI 9.099/95). RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de aposentadoria por idade rural. A condição legal de trabalhador (a) rural, apta a conferir o direito à percepção do benefício de Aposentadoria por Idade, depende de um conjunto harmônico de provas em que haja, no mínimo, um início de documentos consistentes, o qual, adicionado à prova testemunhal compatível e não contraditória com os documentos trazidos, demonstre que a parte autora, durante o período de carência, detinha a condição de segurada especial. Recorde-se que, para a aposentadoria por idade da parte autora, como segurado(a) especial/trabalhador(a) rural, seria necessária a comprovação do labor na agricultura em regime de economia familiar, durante o período de carência estabelecido na tabela constante do art. 142 da Lei n.o 8.213/91, nos meses imediatamente anteriores à data do requerimento administrativo. No presente caso, observo a sentença impugnada analisou de forma cautelosa as provas constantes nos autos, não merecendo reforma. Para melhor ilustrar, bem como a fim de evitar repetições desnecessárias, colaciono trecho do julgado impugnado, o qual adoto como parte da fundamentação: - Atividade rural Quanto à comprovação do exercício de atividade rural, nos termos dos Artigos 142 e 143 da Lei n. 8.213/91, ou seja, no período imediatamente anterior ao requerimento, observo que a parte autora apresentou documentos idôneos que se perfazem como início razoável de prova material (Art. 55, § 3o, da LB), dentre os quais destacam-se: ·Declaração de ITR de 2008 a 2017 (anexo 7); ·DARF ́s de garantia safra (anexo 05); ·CONTAG de 2013/2016 (anexo 04); Destaco, nesse ponto, que, para a concessão da aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício (Súmula 14 da TNU). Aliás, considerando a DER em 28/02/2018, esclareço que o(a) autor(a) deveria comprovar o exercício da atividade rurícola desde 2003. Por outro lado, apesar de a colheita de provas em audiência lhe ter sido favorável, observo que o(a) autor(a) exerceu atividade urbana junto à Prefeitura Municipal de Aracati no cargo de Merendeira/Prestadora de serviços nos período de 01/02/2005 a30/04/2005 e de 01/02/2006 até 01/12/2008, em período que abrange o período de carência necessário para concessão do benefício. Assim, não atendido um dos requisitos para concessão da aposentadoria (carência), o pleito deve ser julgado improcedente. Por outro lado, observo não haver atendimento da idade mínima para consideração da possibilidade de concessão da aposentadoria híbrida. Assim, ante a existência de provas do exercício de atividade urbana pelo autor durante razoável período, inclusive em concomitância com o período de carência, revela-se obstáculo intransponível para o decreto de procedência almejado, uma vez que descaracteriza a indispensabilidade da atividade rural para a subsistência da família durante o referido interregno. Cumpre destacar ainda o período em que a autora apresenta registro como contribuinte individual (1/5/200330/6/2003; 1/8/2003 A 31/1/2004 E 1/3/2004 A 31/3/2004) Destarte, as provas constantes nos autos não contribuem para a formação do convencimento quanto ao exercício da atividade rural exercida pela parte autora durante todo o período de carência legalmente exigido. Assim, a sentença recorrida deve ser mantida em todos os seus termos. Ante o exposto, CONHEÇO, porém NEGO PROVIMENTO ao recurso. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (RE-AgR 353986, Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe 14/08/2008). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. É o voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em CONHECER, porém NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais José Eduardo de Melo Vilar Filho e Leopoldo Fontenele Teixeira. Fortaleza/CE, 5 de setembro de 2019.
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0
1
29-CE
0
337.7775
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de ação especial previdenciária em que a parte Autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de aposentadoria por idade na qualidade de segurado(a) especial (trabalhador(a) rural), bem como ao pagamento de parcelas atrasadas devidamente corrigidas e acrescidas de juros de mora desde o requerimento administrativo. Ausentes questões preliminares, passo à apreciação do mérito. O benefício de aposentadoria por idade é devido ao trabalhador rural, desde que este comprove o exercício de atividade rurícola, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, que, em regra, é de 180 meses, nos termos do art. 25, inciso II da Lei 8.213/91, além da idade mínima de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher. - Requisito etário No caso em exame, observo que a parte autora preenche o requisito etário (60 anos, se homem, e 55 se mulher), pois nascido(a) em 27/02/1963. - Atividade rural Quanto à comprovação do exercício de atividade rural, nos termos dos Artigos 142 e 143 da Lei n. 8.213/91, ou seja, no período imediatamente anterior ao requerimento, observo que a parte autora apresentou documentos idôneos que se perfazem como início razoável de prova material (Art. 55, § 3o, da LB), dentre os quais destacam-se: ·Declaração de ITR de 2008 a 2017 (anexo 7); ·DARF ́s de garantia safra (anexo 05); ·CONTAG de 2013/2016 (anexo 04); Destaco, nesse ponto, que, para a concessão da aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício (Súmula 14 da TNU). Aliás, considerando a DER em 28/02/2018, esclareço que o(a) autor(a) deveria comprovar o exercício da atividade rurícola desde 2003. Por outro lado, apesar de a colheita de provas em audiência lhe ter sido favorável, observo que o(a) autor(a) exerceu atividade urbana junto à Prefeitura Municipal de Aracati no cargo de Merendeira/Prestadora de serviços nos período de 01/02/2005 a30/04/2005 e de 01/02/2006 até 01/12/2008, em período que abrange o período de carência necessário para concessão do benefício. Assim, não atendido um dos requisitos para concessão da aposentadoria (carência), o pleito deve ser julgado improcedente. Por outro lado, observo não haver atendimento da idade mínima para consideração da possibilidade de concessão da aposentadoria híbrida. III - Dispositivo Ante o exposto, extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC, julgando IMPROCEDENTE o pedido de aposentadoria por idade, na qualidade de segurada especial, da parte Autora, por falta de período total de carência. Sem custas e honorários advocatícios (arts. 54 e 55 da Lei combinados com o art. da Lei 10.259/00). Defiro o pedido de justiça gratuita. Transitada em julgado, arquive-se. Publique-se. Registre-se. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0500945-07.2019.4.05.8400
2019-01-23 00:00:00
AGÊNCIA DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS (ADJ) (00.000.000/0000-00) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0251-35)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-22 15:49:24
Sentença - Improcedente
2019-09-23T18:38:27
Acórdão - TR
null
null
ADRIAN SOARES AMORIM DE FREITAS
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
RN009280
SENTENÇA Deferida a Assistência Judiciária. Relatório dispensado. Cuida-se de pedido de pensão por morte. Está provado, nos autos, o óbito e o vínculo do instituidor com o RGPS – Regime Geral de Previdência Social. A controvérsia diz respeito à dependência econômica, já que a parte Autora reconhece a separação de direito antes do óbito. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA EX-COMPANHEIRA Importante pontuar os requisitos da união estável, pois é fundamental a demonstração desses antes da desconstituição da relação. Do contrário, pode ter havido até relação afetiva, mas algo assemelhado a um namoro, o que não surte efeito previdenciário. A companheira e o companheiro são beneficiários do RGPS na condição de dependentes do segurado (LBPS, art. 16, I). O conceito legal previdenciário é “pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3o do art. 226 da Constituição Federal” (LBPS, art. 16, § 3o). O conceito cível é mais preciso. Consoante o Código Civil: “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (CC, art. 1.723). Os requisitos são: união afetiva sexual caracterizada por convivência pública, contínua e duradoura estabelecida com o propósito de constituir família. Embora as máximas de experiência indiquem haver intuito de procriação (geração e criação de filhos), convivência na mesma residência e relacionamento estável, por vários anos ininterruptos, tais traços sociais não são determinantes. Por outro lado, não basta haver “prole em comum”, “residir na mesma casa” ou ter “contrato de união”. A análise dos requisitos é aberta e contextualizada a partir do propósito real da união afetiva sexual. Admite-se a união homoafetiva no Brasil. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, nos julgamentos da ADIn 4277 e da ADPF 132, deu interpretação conforme à Constituição de 1988 ao art. 1.723 do Código Civil de modo a excluir qualquer significado da expressão “entre o homem e a mulher” que impeça o reconhecimento de união entre pessoas do mesmo sexo. “O direito deve acompanhar o momento social. Assim como a sociedade não é estática, estando em constante transformação, o Direito não pode ficar estático à espera da lei. Como o fato social se antepõe ao jurídico e a jurisprudência antecede a lei, devem os juízes ter coragem de quebrar preconceitos e não ter medo de fazer justiça” (DIAS, Maria Berenice. União Homossexual: o preconceito e a justiça, Ed. Revista do Advogado, 2000, p.148). Portanto, tendo havido casamento dissolvido ou companheirismo encerrado, a ex-esposa ou a ex-companheira pode ser dependente previdenciária, desde que provada dependência econômica frente ao instituidor. Essa é a condição imposta por lei: o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei (LBPS, art. 76, §2o). Comprovação da dependência econômica Com relação à dependência econômica, a mesma é analisada no momento do óbito, segundo jurisprudência predominante. Além disso, o STJ entende ser dispensável a comprovação de recebimento de pensão alimentícia. A pensão alimentícia estaria na redação legal apenas como indicativa de presunção de dependência. Indo além disso, o STJ sumulou que “a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente” (Súmula 336, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2007, DJ 07/05/2007 p. 456). O Regulamento da Previdência Social pretendeu, ainda, condicionar a prova da dependência econômica à apresentação de três documentos, no art. 22, §3o, do RPS: Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - (Revogado pelo Decreto no 5.699, de 2006); VI - declaração especial feita perante tabelião; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. Contudo, por ausência de amparo legal e contrariedade a interpretação jurisprudencial do companheirismo no direito civil, tal condicionamento é ilegal. Essa é a jurisprudência consolidada da TNU: União estável. A prova da existência de união estável não precisa necessariamente ser documental, podendo ser exclusivamente testemunhal. PEDILEF no 2002.70.01.015099-6/PR, Rel. Juiz Fed. Osni Cardoso Filho, DJ 25.01.2005; PEDILEF no 2004.70.95.007478-7/PR, Rel. Juiz Fed. Renato César Pessanha de Souza, DJ 11.09.2006; PEDILEF no 2007.72.95.002652-0/SC, Rel. Juiz Fed. Ricarlos Almagro V. Cunha, DJ 13.10.2009; PEDILEF no 2005.38.00.760739-3/MG, Rel. Juiz Fed. José Antonio Savaris, DJ 01.03.2010. O mesmo é entendido com relação à dependência econômica, com mais razão, haja vista a situação ser meramente de fato. Em suma, a comprovação da dependência há de ser feita por documentos, fotos, depoimento pessoal e testemunhos, de maneira aberta, onde a conclusão é retirada do conjunto probatório, sem vinculação legal. DO CASO CONCRETO São incontroversos, nos autos, o óbito (anexo 10) e o vínculo do instituidor com o RGPS – Regime Geral de Previdência Social (anexo 12). Quanto ao ponto controvertido, dependência econômica, entendo não haver prova suficiente, segundo os critérios legais seguidos por esse juízo, a despeito da completa abertura dos meios de prova. A prova documental posterior ao divórcio e contemporânea ao óbito é inexistente. Registre-se inclusive queem relação ao plano funerário (anexo 9), verifica-se que foi adquirido em 12/12/2008, ou seja, anterior ao divórcio. O mesmo se observa em relação às fotos juntadas (anexo 15). Ademais, a situação econômica e laborativa da Autora demonstrou-se desconectada do instituidor. Os depoimentos pessoal e testemunhal não transmitiram convicção, foram evasivos e superficiais quanto à dependência econômica, tampouco à convivência sob o mesmo teto após o divórcio. Em audiência a parte autora informou que se divorciou do falecido, mas que continuaram a morar juntos em um imóvel de primeiro andar, juntamente com os dois filhos. O INSS questionou o fato dos boletins de ocorrência registrados (anexos 23 e 24), não tendo a autora sabido esclarecer de forma convincente, tampouco o fato dos endereços divergentes constantes no infoseg. Informou que requereu o divórcio litigioso e depois se mudou para uma outra casa, mas que na verdade nunca se separaram realmente. A declarante Leila, filha do falecido, informou que, no tocante ao divórcio,justificou que, como seu pai nunca aceitou, sua mãe requereu na forma litigiosa. Afirmou que após o divórcio, eles voltaram a viver juntos e que seu pai nunca teve outra família. Atualmente residem todos em um imóvel de primeiro andar. O INSS questionou o fato de constar informação nos boletins de ocorrência de que a autora e o falecido viviam separados, não tendo a declarante apresentado justificativa convincente. No tocante aos bens, esclareceu que o imóvel que eles vivem ficou dividido judicialmente.Relatou que a casa na Rua Andrionópolis, conjunto Santarém, constante no boletim de ocorrência, pertence a uma irmã de sua mãe, para onde esta costumava ir após as brigas. A testemunha Rosângela declarou que é vizinha da autora e que a conhece há cerca de quatro anos. Afirmou que nunca viu a autora e o falecido separados, mas que não sabe informar acerca das brigas do casal, porque passa muito tempo fora de casa. Entendo que não restou demonstrada a dependência econômica da postulante em relação ao segurado falecido, tampouco que eles mativeram uma união estável após o divórcio, ocorrido em 2012. DISPOSITIVO POSTO ISSO, JULGO IMPROCEDENTE o pedido de pensão por morte.
PROCESSO 0500945-07.2019.4.05.8400 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE DEPENDENTE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO: 1. A pensão por morte é devida ao conjunto de dependentes do segurado que vem a falecer; 2. A TNU e o STJ possuem entendimento predominante no sentido de que a prova exclusivamente testemunhal é suficiente à comprovação da qualidade de dependente; 3. Insuficiência, no caso concreto, do conjunto probatório. VOTO Trata-se de recurso inominado interposto em face de sentença que julgou improcedente pedido de pensão por morte. A pensão por morte é devida ao conjunto de dependentes do segurado que vem a falecer, aposentado ou não, desde que não tenha ocorrido a perda de sua condição de segurado. Não é objeto de recurso nos autos a qualidade de segurado do de cujus, de forma que a controvérsia gira em torno apenas da existência da dependência previdenciária. Tenho, contudo, que, no aspecto controvertido, a sentença bem resolveu a demanda, ao registrar o seguinte: “(...) São incontroversos, nos autos, o óbito (anexo 10) e o vínculo do instituidor com o RGPS – Regime Geral de Previdência Social (anexo 12). Quanto ao ponto controvertido, dependência econômica, entendo não haver prova suficiente, segundo os critérios legais seguidos por esse juízo, a despeito da completa abertura dos meios de prova. A prova documental posterior ao divórcio e contemporânea ao óbito é inexistente. Registre-se inclusive queem relação ao plano funerário (anexo 9), verifica-se que foi adquirido em 12/12/2008, ou seja, anterior ao divórcio. O mesmo se observa em relação às fotos juntadas (anexo 15). Ademais, a situação econômica e laborativa da Autora demonstrou-se desconectada do instituidor. Os depoimentos pessoal e testemunhal não transmitiram convicção, foram evasivos e superficiais quanto à dependência econômica, tampouco à convivência sob o mesmo teto após o divórcio. Em audiência a parte autora informou que se divorciou do falecido, mas que continuaram a morar juntos em um imóvel de primeiro andar, juntamente com os dois filhos. O INSS questionou o fato dos boletins de ocorrência registrados (anexos 23 e 24), não tendo a autora sabido esclarecer de forma convincente, tampouco o fato dos endereços divergentes constantes no infoseg. Informou que requereu o divórcio litigioso e depois se mudou para uma outra casa, mas que na verdade nunca se separaram realmente. A declarante Leila, filha do falecido, informou que, no tocante ao divórcio,justificou que, como seu pai nunca aceitou, sua mãe requereu na forma litigiosa. Afirmou que após o divórcio, eles voltaram a viver juntos e que seu pai nunca teve outra família. Atualmente residem todos em um imóvel de primeiro andar. O INSS questionou o fato de constar informação nos boletins de ocorrência de que a autora e o falecido viviam separados, não tendo a declarante apresentado justificativa convincente. No tocante aos bens, esclareceu que o imóvel que eles vivem ficou dividido judicialmente.Relatou que a casa na Rua Andrionópolis, conjunto Santarém, constante no boletim de ocorrência, pertence a uma irmã de sua mãe, para onde esta costumava ir após as brigas. A testemunha Rosângela declarou que é vizinha da autora e que a conhece há cerca de quatro anos. Afirmou que nunca viu a autora e o falecido separados, mas que não sabe informar acerca das brigas do casal, porque passa muito tempo fora de casa. Entendo que não restou demonstrada a dependência econômica da postulante em relação ao segurado falecido, tampouco que eles mativeram uma união estável após o divórcio, ocorrido em 2012. (...)”. Compulsando as provas produzidas nos autos, verifica-se que a insurgência apresentada na instância recursal não merece ser acolhida. Apurou-se na instrução que, quando do óbito do instituidor, a recorrente não convivia em união estável com o falecido. Além de haver averbação de divórcio litigioso em meados de 2012, foi juntada pesquisa do INFOSEG com Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela recorrente (anexo 23), no ano do falecimento do de cujus, no qual declara categoricamente que “foi casada com o acusado, Lindonor Francisco da Silva, durante 32 (trinta e dois) anos e desse relacionamento tem 02 (dois) filhos maiores de idade”; “requereu na justiça um auxílio financeiro por parte de Lindonor, haja vista os anos de união; que, por isso, Lindonor vem ameaçando”. Há, ainda, BO registrado pelo falecido (anexo 24) contra a autora, também em 2017, afirmando “que a acusada é sua ex-companheira e que na data desta ocorrência foi agredido fisicamente pela acusada”. Ademais disso, os endereços constantes nos cadastrados dos envolvidos não são coincidentes, levando a presunção de que, de fato, não mantinham união estável. Ante a existência de separação de fato antes do falecimento do instituidor, indispensável a comprovação da dependência econômica, sendo que, na hipótese em tela, a recorrente não se desincumbiu de tal ônus. Sendo as provas apresentadas insatisfatórias para comprovar a qualidade de dependente da parte autora, tenho que deve ser mantida a sentença de improcedência do pedido. Assim, não comprovada a existência de união estável e a dependência econômica quando do óbito do instituidor, não faz jus a autora à concessão de pensão por morte, razão pela qual nego provimento ao recurso. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, à unanimidade, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. Defiro o pedido de gratuidade judiciária. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa, dispensada a cobrança em razão do deferimento da gratuidade judiciária. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível para o cumprimento do acórdão, após baixa na distribuição.
1,377
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1
3-RN
0
180.012083
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Deferida a Assistência Judiciária. Relatório dispensado. Cuida-se de pedido de pensão por morte. Está provado, nos autos, o óbito e o vínculo do instituidor com o RGPS – Regime Geral de Previdência Social. A controvérsia diz respeito à dependência econômica, já que a parte Autora reconhece a separação de direito antes do óbito. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA EX-COMPANHEIRA Importante pontuar os requisitos da união estável, pois é fundamental a demonstração desses antes da desconstituição da relação. Do contrário, pode ter havido até relação afetiva, mas algo assemelhado a um namoro, o que não surte efeito previdenciário. A companheira e o companheiro são beneficiários do RGPS na condição de dependentes do segurado (LBPS, art. 16, I). O conceito legal previdenciário é “pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3o do art. 226 da Constituição Federal” (LBPS, art. 16, § 3o). O conceito cível é mais preciso. Consoante o Código Civil: “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (CC, art. 1.723). Os requisitos são: união afetiva sexual caracterizada por convivência pública, contínua e duradoura estabelecida com o propósito de constituir família. Embora as máximas de experiência indiquem haver intuito de procriação (geração e criação de filhos), convivência na mesma residência e relacionamento estável, por vários anos ininterruptos, tais traços sociais não são determinantes. Por outro lado, não basta haver “prole em comum”, “residir na mesma casa” ou ter “contrato de união”. A análise dos requisitos é aberta e contextualizada a partir do propósito real da união afetiva sexual. Admite-se a união homoafetiva no Brasil. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, nos julgamentos da ADIn 4277 e da ADPF 132, deu interpretação conforme à Constituição de 1988 ao art. 1.723 do Código Civil de modo a excluir qualquer significado da expressão “entre o homem e a mulher” que impeça o reconhecimento de união entre pessoas do mesmo sexo. “O direito deve acompanhar o momento social. Assim como a sociedade não é estática, estando em constante transformação, o Direito não pode ficar estático à espera da lei. Como o fato social se antepõe ao jurídico e a jurisprudência antecede a lei, devem os juízes ter coragem de quebrar preconceitos e não ter medo de fazer justiça” (DIAS, Maria Berenice. União Homossexual: o preconceito e a justiça, Ed. Revista do Advogado, 2000, p.148). Portanto, tendo havido casamento dissolvido ou companheirismo encerrado, a ex-esposa ou a ex-companheira pode ser dependente previdenciária, desde que provada dependência econômica frente ao instituidor. Essa é a condição imposta por lei: o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei (LBPS, art. 76, §2o). Comprovação da dependência econômica Com relação à dependência econômica, a mesma é analisada no momento do óbito, segundo jurisprudência predominante. Além disso, o STJ entende ser dispensável a comprovação de recebimento de pensão alimentícia. A pensão alimentícia estaria na redação legal apenas como indicativa de presunção de dependência. Indo além disso, o STJ sumulou que “a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente” (Súmula 336, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/04/2007, DJ 07/05/2007 p. 456). O Regulamento da Previdência Social pretendeu, ainda, condicionar a prova da dependência econômica à apresentação de três documentos, no art. 22, §3o, do RPS: Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - (Revogado pelo Decreto no 5.699, de 2006); VI - declaração especial feita perante tabelião; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. Contudo, por ausência de amparo legal e contrariedade a interpretação jurisprudencial do companheirismo no direito civil, tal condicionamento é ilegal. Essa é a jurisprudência consolidada da TNU: União estável. A prova da existência de união estável não precisa necessariamente ser documental, podendo ser exclusivamente testemunhal. PEDILEF no 2002.70.01.015099-6/PR, Rel. Juiz Fed. Osni Cardoso Filho, DJ 25.01.2005; PEDILEF no 2004.70.95.007478-7/PR, Rel. Juiz Fed. Renato César Pessanha de Souza, DJ 11.09.2006; PEDILEF no 2007.72.95.002652-0/SC, Rel. Juiz Fed. Ricarlos Almagro V. Cunha, DJ 13.10.2009; PEDILEF no 2005.38.00.760739-3/MG, Rel. Juiz Fed. José Antonio Savaris, DJ 01.03.2010. O mesmo é entendido com relação à dependência econômica, com mais razão, haja vista a situação ser meramente de fato. Em suma, a comprovação da dependência há de ser feita por documentos, fotos, depoimento pessoal e testemunhos, de maneira aberta, onde a conclusão é retirada do conjunto probatório, sem vinculação legal. DO CASO CONCRETO São incontroversos, nos autos, o óbito (anexo 10) e o vínculo do instituidor com o RGPS – Regime Geral de Previdência Social (anexo 12). Quanto ao ponto controvertido, dependência econômica, entendo não haver prova suficiente, segundo os critérios legais seguidos por esse juízo, a despeito da completa abertura dos meios de prova. A prova documental posterior ao divórcio e contemporânea ao óbito é inexistente. Registre-se inclusive queem relação ao plano funerário (anexo 9), verifica-se que foi adquirido em 12/12/2008, ou seja, anterior ao divórcio. O mesmo se observa em relação às fotos juntadas (anexo 15). Ademais, a situação econômica e laborativa da Autora demonstrou-se desconectada do instituidor. Os depoimentos pessoal e testemunhal não transmitiram convicção, foram evasivos e superficiais quanto à dependência econômica, tampouco à convivência sob o mesmo teto após o divórcio. Em audiência a parte autora informou que se divorciou do falecido, mas que continuaram a morar juntos em um imóvel de primeiro andar, juntamente com os dois filhos. O INSS questionou o fato dos boletins de ocorrência registrados (anexos 23 e 24), não tendo a autora sabido esclarecer de forma convincente, tampouco o fato dos endereços divergentes constantes no infoseg. Informou que requereu o divórcio litigioso e depois se mudou para uma outra casa, mas que na verdade nunca se separaram realmente. A declarante Leila, filha do falecido, informou que, no tocante ao divórcio,justificou que, como seu pai nunca aceitou, sua mãe requereu na forma litigiosa. Afirmou que após o divórcio, eles voltaram a viver juntos e que seu pai nunca teve outra família. Atualmente residem todos em um imóvel de primeiro andar. O INSS questionou o fato de constar informação nos boletins de ocorrência de que a autora e o falecido viviam separados, não tendo a declarante apresentado justificativa convincente. No tocante aos bens, esclareceu que o imóvel que eles vivem ficou dividido judicialmente.Relatou que a casa na Rua Andrionópolis, conjunto Santarém, constante no boletim de ocorrência, pertence a uma irmã de sua mãe, para onde esta costumava ir após as brigas. A testemunha Rosângela declarou que é vizinha da autora e que a conhece há cerca de quatro anos. Afirmou que nunca viu a autora e o falecido separados, mas que não sabe informar acerca das brigas do casal, porque passa muito tempo fora de casa. Entendo que não restou demonstrada a dependência econômica da postulante em relação ao segurado falecido, tampouco que eles mativeram uma união estável após o divórcio, ocorrido em 2012. DISPOSITIVO POSTO ISSO, JULGO IMPROCEDENTE o pedido de pensão por morte
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
10
0513239-46.2018.4.05.8103
2018-11-22 00:00:00
INSS - APSADJ (Sobral) (77.923.652/0003-94) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-02 10:32:40
Sentença - BPC - deficiente
2019-09-25T14:33:02
Acórdão - com voto
ANDRÉ DIAS FERNANDES (MAGISTRADO TURMA RECURSAL)
2019-09-24 13:00:00
EMANUEL JOSÉ MATIAS GUERRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
CE028935
SENTENÇA I. RELATÓRIO Trata-se de ação movida por LUSILANDIA BARBOSA DA SILVA contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à concessão do benefício assistencial de prestação continuada à pessoa com deficiência, bem como à percepção das parcelas vencidas, a contar da data do requerimento administrativo. Regularmente citado, o INSS apresentou contestação, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. Relatado no essencial. Passo à fundamentação. II. FUNDAMENTAÇÃO Inexistindo preliminares a apreciar, passo ao exame do mérito. O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Constituição Federal, em seu art. 203, inc. V, e no art. 20 da Lei no 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), e, para a sua concessão, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial e encontre-se impossibilitado de prover os meios necessários a sua manutenção ou tê-la provida por sua família (renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo). Há necessidade, portanto, da observância de dois requisitos: a) ser pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 (sessenta e cinco) anos; e b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família. a) pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos (sessenta e cinco) anos Não há necessidade de maiores digressões com relação ao requisito concernente à idade. Algumas considerações, no entanto, são pertinentes no que tange ao conceito de pessoa com deficiência. Inicialmente, registre-se que vigora um novo panorama do benefício assistencial, trazido pela Lei no 12.435, de 6 de julho de 2011, e pela Lei no 12.470, de 31 de agosto de 2011, as quais advieram como frutos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Referidos diplomas legais alteraram o art. 20 da Lei no 8.742/93, nos seguintes termos: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. § 9o A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. Cotejando o dispositivo legal acima colacionado com a anterior legislação do benefício assistencial, verifica-se que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100, in verbis: “3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho, in verbis: E M E N T A PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DO CASO CONCRETO. PRECEDENTE DESTA TURMA NACIONAL. A autarquia previdenciária apontou divergência entre Turmas e contrariedade à jurisprudência dominante do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sustentando não ser possível o deferimento de benefício assistencial, na hipótese de se tratar de incapacidade parcial. No entanto, já se pacificou, nesta Turma Nacional, constituindo a sua jurisprudência dominante, o entendimento de que, na análise da incapacidade, devem ser consideradas as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto, ou seja, a conjugação da incapacidade parcial com fatores como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela está inserida podem transformá-la em total, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. (grifo nosso) O aresto atacado, que deferiu o benefício à autora que, embora apenas parcialmente incapaz, tem 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, não apresenta qualificação profissional e somente exerceu atividades incompatíveis com a sua deficiência física, se ajustou ao posicionamento que vem prevalecendo neste Colegiado. Pedido de uniformização conhecido e improvido. (Processo: 2007.50.50.00.6748-1 Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal, Relator: ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, publicação: 13/05/2009) 8. A Lei n. 8.742/1993 trouxe também previsão no sentido de que o benefício deve ser usado em prol do desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais, salientando que a realização de habilitação e reabilitação, não constitui motivo de suspensão ou cessação do benefício recebido pelo deficiente, conforme disposto em seu art. 21, § 3o: Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei no 9.720, de 30.11.1998) § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei no 12.435, de 2011) Depreende-se que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões sócio-ambientais. Cabe, então, ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Nesse tocante, o Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007, que regulamenta o benefício assistencial, explicita como devem ser feitas as avaliações médica e social, nestes termos: Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. § 1o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento será realizada por meio de avaliação social e avaliação médica. § 2o A avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, a avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. § 3o As avaliações de que trata o § 1o serão realizadas, respectivamente, pelo serviço social e pela perícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim, instituídos por ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS. (...) § 5o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: I - comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e II - aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras diversas. § 6o O benefício poderá ser concedido nos casos em que não seja possível prever a duração dos impedimentos a que se refere o inciso I do § 5o, mas exista a possibilidade de que se estendam por longo prazo. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais - TNU, por sua vez, editou a Súmula 80, adotando o entendimento de que “para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente.” A realização de avaliação social ou outras providências similares, como a elaboração de auto de constatação e a realização de audiência, no entanto, se tornam desnecessárias nas situações em que, após a realização de perícia médica, verifica-se claramente que as limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais decorrentes da enfermidade ou sequela constatadas não tem o condão de obstruir, por período superior a dois anos, a participação do interessado na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. São esses, portanto, os parâmetros que devem ser considerados para o fim de se aferir o requisito concernente ao impedimento de longo prazo. b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Para aferição da situação de miserabilidade (impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família) do grupo familiar, considerado esse o conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Lei no 8.742/93, art. 20, § 1o), a LOAS fixou como patamar máximo a renda familiar mensal per capita de 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo, devendo ela manter-se inferior a esse limite (Lei no 8.742/93, art. 20, § 3o). Por esse motivo, estabeleceu o § 8o do art. 20 da LOAS que “a renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido”. O art. 20, §3o, da LOAS, por sua vez, foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 1.232, tendo o Supremo Tribunal Federal - STF definido que o critério de 1⁄4 do salário mínimo é objetivo e não pode ser conjugado com outros fatores indicativos da miserabilidade do indivíduo e de seu grupo familiar, cabendo ao legislador, e não ao juiz, na solução do caso concreto, a criação de outros requisitos para a aferição do estado de pobreza daquele que pleiteia o benefício assistencial. Ocorre que, ao julgar a Reclamação de no 4.374, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, o STF deixou claro que teve por constitucional, em tese, a norma do art. 20 da Lei no 8.742/93, mas não afirmou inexistirem outras situações concretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma. A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade dos comportamentos judiciais que, para atender, nos casos concretos, à Constituição, garantidora do princípio da dignidade humana e do direito à saúde e à obrigação estatal de prestar a assistência social “a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social", tenha de definir aquele pagamento diante da constatação, por outros meios, da necessidade da pessoa com deficiência ou do idoso. Reafirmando o entendimento esposado na Reclamação acima, o STF, incidentalmente, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 (Repercussão Geral em RE 567.985 e RE 580.963), asseverando que o juiz, no caso concreto, poderá fazer análise da situação em que se encontra o grupo familiar, de forma a avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. No julgamento acima referido (RE 580.963), também restou declarada a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do art. 34, parágrafo único, da Lei no 10.741/2003, segundo o qual o benefício de prestação continuada concedido a qualquer membro da família nos termos do Estatuto do Idoso não seria computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Segundo o STF, tal preceito viola o princípio da isonomia, ao não permitir a percepção conjunta de benefício assistencial ou previdenciário, de valor mínimo, de idoso com o assistencial de deficiente. A conclusão do julgado é pela possibilidade de exclusão do cômputo da renda per capita do grupo familiar de qualquer benefício mínimo (seja de natureza previdenciária ou assistencial) recebido por idoso e concedido nos termos do Estatuto do Idoso (art. 34 da Lei 10.741/2003, ou seja, idoso maior ou igual a 65 anos), ou benefício assistencial recebido por deficiente. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, por sua vez, firmou o posicionamento, consubstanciado na Súmula 79, no sentido de que “nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça, ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.” Feitas essas considerações gerais, passa-se ao exame, de forma individualizada, do preenchimento dos requisitos no caso concreto. II.1. Da existência de impedimento de longo prazo – pessoa com deficiência Analisando o laudo médico pericial (anexo 19), ficou demonstrado que o(a) autor(a), pessoa de 36 anos de idade ao tempo da perícia, é portadora do vírus HIV (CID10: B24.0 e B20.0), tendo sido reconhecido a existência de impedimento de longo prazo nos termos previstos na LOAS, em razão do preconceito e barreiras de interação devido ser portadora de doença estigmatizante. Urge salientar que, apesar da conclusão do experto acerca da inexistência de incapacidade laborativa, a autora é portadora do vírus HIV, o que exige uma análise sob um prisma multifacetado, considerando não só a aptidão física em sentido estrito, mas a real possibilidade de a postulante conseguir desenvolver atividade laborativa, razão pela qual devem ser analisados também os fatores sociais e pessoais. Nesse sentido, é o Enunciado no 78 da Turma Nacional de Uniformização: Enunciado 78: Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. E, da análise do laudo social produzido neste feito (anexo 21), constata-se que seu companheiro também é portador da referida enfermidade, que é incurável, e que ambos enfrentam preconceitos em sociedade, que impactam significativamente a sua participação plena e efetiva em igualdade de condições com as demais pessoas. Observa-se, portanto, que é evidente a dificuldade de regressar a autora ao mercado de trabalho, sendo tal situação agravada em razão de residir em Município pequeno (com pouca oferta de emprego) e possuir baixo grau de escolaridade (ensino fundamental incompleto). A exemplo: relatou a autora que enfrentou dificuldades de conseguir emprego e foi demitido por causa da doença, informando, inclusive, que sofre preconceitos de seus familiares, os quais evitam frenquentar sua residência. Foi mencionado, inclusive, que a autora encontra-se com a saúde mental comprometida, no qual faz necessário o uso de medicação, pois foi relatado alterações do humor, caracterizados por distúrbio no sono, choro fácil, falta de apetite e queixa de tristeza constante. De fato, o relato da autora se mostra totalmente verossímil, sendo inegável a estigmatização social da doença que a acomete, trazendo prejuízo à sua inserção no mercado de trabalho. Desse modo, considerando as condições pessoais e sociais, bem como seu problema de saúde, há de se concluir que há, na espécie, dificuldade de inserção da autora na sociedade em igualdade de condições, sendo pouco provável que ela efetivamente consiga desenvolver uma atividade laborativa. Posto isso, considero presentes, na espécie, impedimentos de longo prazo nos contornos exigidos para a concessão do benefício assistencial pretendido. II.2. Da impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Verifica-se da declaração da composição e renda familiar, apresentada nos autos (anexo 7, fl. 1), que a autora afirmou residir com o companheiro e uma filha, e que somente o primeira aufere renda, no valor de R$ 954,00. E, segundo laudo social carreado ao feito, foi confirmado o grupo familiar mencionado, porém foi informado que nenhum dos mebros possuem renda. Todavia, os extratos do CNIS e do PLENUS acostados aos autos (anexo 23), apesar de confirmarem a ausência de vínculo urbano ativo em nome dos componentes do grupo familiar, informam que o companheiro da autora recebe beneficio assistencial desde 22/05/2017 (NB 185.364.793-1). Assim, considerando ser possível a exclusão do benefício assistencial percebido pelo companheiro, consoante entendimento do STF acima mencionado, resta claro que a renda per capita é inferior ao estabelecido na legislação, uma vez que o grupo familiar resume-se ao autor, o qual não apresenta rendimentos. Corrobora essa circunstância o acervo fotográficolauto de constatação coligido aos autos (anexos 21/22) demonstrando que a parte autora habita imóvel cedido por seu irmão, de estrutura modesta, sendo adquirido a mobília e eletrodomésticos através de doações, não se verificando a presença de bens que denotem uma situação financeira confortável. Dessa forma, considero presentes os requisitos necessários ao deferimento do benefício assistencial pretendido. II.3. Do início do benefício O início do benefício deve corresponder à data do requerimento administrativo (DER: 08/06/2018 – anexo 3), pois as informações prestadas pelo perito do Juízo indicam que a suplicante encontra-se acometida com a patologia que deu origem aos impedimentos ora constatados desde momento anterior ao requerimento. Por sua vez, considero que o requisito da hipossuficiência financeira também estava presente desde a DER. II.4. Da antecipação de tutela Dado o caráter alimentar do benefício requerido e, em face do estado em que o processo se encontra, bem como por haver elementos mais do que suficientes para configurar a probabilidade do direito, sendo eles aptos para a declaração da existência do próprio direito, concedo a antecipação da tutela pretendida, autorizado pelo art. 4o da Lei 10.259/2001, em razão de estarem presentes os requisitos impostos pelo art. 300, caput, do NCPC, e como um meio de dar efetividade ao processo. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, resolvendo o mérito da demanda nos termos do art. 487, I, do NCPC, para condenar o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL a: a) conceder em favor da parte autora o benefício assistencial de prestação continuada, com DIB em 08/06/2018 (data do requerimento administrativo, anexo 3), devendo ser implantado a partir de 1o/8/2019 (DIP) no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação deste decisum, dada a antecipação da tutela ora concedida, sob pena de cominação de multa diária; b) pagar as parcelas em atraso desde a data do requerimento administrativo, devidamente corrigidas de acordo com o manual de cálculos da Justiça Federal, ficando desde já autorizado que sejam descontados, quando da elaboração dos cálculos, os valores eventualmente recebidos pelo(a) autor(a) decorrentes de benefício não acumulável com o ora concedido, nos termos da legislação aplicável. Condeno o INSS, ainda, ao pagamento dos honorários periciais antecipados por este Juízo, devidamente atualizados, em favor desta Seção Judiciária, conforme o disposto no art. 12, § 1o, da Lei no 10.259/2001 c/c art. 32, § 1o, da Resolução no 305/2014 do Conselho da Justiça Federal. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Em caso de eventual recurso, intime-se a parte contrária para contrarrazões. Apresentadas ou decorrido o prazo, remetam-se os autos para a Turma Recursal. Com o trânsito em julgado, à Contadoria para cálculo dos atrasados. Após, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor (RPV) em favor do demandante, nos termos do art. 17 da Lei no 10.259/01 e da Resolução no 458/2017 do Conselho da Justiça Federal, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários mínimos atualizados até esta data. Ultrapassado o referido valor de alçada e não havendo renúncia aos valores excedentes, expeça-se precatório. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no 10.259/2001. Sobral/CE, data supra. EMANUEL JOSÉ MATIAS GUERRA
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. PEDIDO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPC. ART. 203, INC. V DA CF E ART. 20 DA LEI No 8.742/1993. PESSOA DEFICIENTE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. SENTENÇA MANTIDA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. A parte ré/recorrente manifesta sua irresignação em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão de benefício assistencial. A Constituição Federal de 1988 assegura, em seu art. 203, inciso V, um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (65 anos, por força da Lei 10.471/2003), que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. O art. 20, §§ 2o e 3o da Lei no 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com as modificações patrocinadas pelas Leis nos 12.435 e 12.470/2011, determina que, para obter a concessão do benefício assistencial na qualidade de deficiente, a pessoa deve apresentar impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que possam obstaculizar a sua participação plena e efetiva no tecido social em igualdade de condições com as demais pessoas. Embora a incapacidade não precise ser permanente para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada (Súmula no 48 – TNU), há de haver impedimento de longo prazo, que é aquele capaz de produzir efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos, a teor do disposto no § 10 do art. 20 da Lei no 8.742/1993. Além disso, a renda mensal familiar, inclusive na hipótese do idoso, deve corresponder, em tese, a um montante inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo per capita ou equivalente, podendo, porém, ser utilizados outros parâmetros para aferir a miserabilidade, consoante orientação do STF (Recursos Extraordinários 567985 e 580963). Com efeito, no RE 580.963/PR, o STF declarou a inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/03, permitindo a exclusão da renda mensal per capita familiar da renda oriunda de benefícios assistenciais a deficientes e de benefícios previdenciários a idosos no valor de um salário mínimo. Por seu turno, no RE 567.985/MT, o STF decidiu que o juiz não está impedido de averiguar outros elementos caracterizadores de estado de pobreza, não se prendendo ao parâmetro estrito da regra legal de um quarto do salário mínimo. Por sua vez, no julgamento do REsp 1112557, representativo de controvérsia, o STJ firmou entendimento possibilitando a demonstração da condição de miserabilidade do beneficiário por outros meios de prova, quando a renda per capita do núcleo familiar for superior a 1⁄4 (um quarto) do salário-mínimo. Assim, a questão da miserabilidade deve ser aferida no caso concreto. Analisando atentamente a sentença recorrida, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. O conjunto probatório acostado aos autos (laudo médico, laudo social e fotos juntadas por assistente social – anexos 19 e 21/22) evidencia que a autora apresenta impedimento de longo prazo (Doença pelo HIV resultando em infecções micobacterianas/Doença pelo HIV resultando em candidíase) e que seu grupo familiar vivencia situação vulnerabilidade social, fazendo jus, portanto, ao amparo social requestado. Como bem elucidou o Juízo a quo na sentença prolatada (grifos acrescidos): “(...) II.1. Da existência de impedimento de longo prazo – pessoa com deficiência Analisando o laudo médico pericial (anexo 19), ficou demonstrado que o(a) autor(a), pessoa de 36 anos de idade ao tempo da perícia, é portadora do vírus HIV (CID10: B24.0 e B20.0), tendo sido reconhecido a existência de impedimento de longo prazo nos termos previstos na LOAS, em razão do preconceito e barreiras de interação devido ser portadora de doença estigmatizante. Urge salientar que, apesar da conclusão do experto acerca da inexistência de incapacidade laborativa, a autora é portadora do vírus HIV, o que exige uma análise sob um prisma multifacetado, considerando não só a aptidão física em sentido estrito, mas a real possibilidade de a postulante conseguir desenvolver atividade laborativa, razão pela qual devem ser analisados também os fatores sociais e pessoais. Nesse sentido, é o Enunciado no 78 da Turma Nacional de Uniformização: Enunciado 78: Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. E, da análise do laudo social produzido neste feito (anexo 21), constata-se que seu companheiro também é portador da referida enfermidade, que é incurável, e que ambos enfrentam preconceitos em sociedade, que impactam significativamente a sua participação plena e efetiva em igualdade de condições com as demais pessoas. Observa-se, portanto, que é evidente a dificuldade de regressar a autora ao mercado de trabalho, sendo tal situação agravada em razão de residir em Município pequeno (com pouca oferta de emprego) e possuir baixo grau de escolaridade (ensino fundamental incompleto). A exemplo: relatou a autora que enfrentou dificuldades de conseguir emprego e foi demitido por causa da doença, informando, inclusive, que sofre preconceitos de seus familiares, os quais evitam frenquentar sua residência. Foi mencionado, inclusive, que a autora encontra-se com a saúde mental comprometida, no qual faz necessário o uso de medicação, pois foi relatado alterações do humor, caracterizados por distúrbio no sono, choro fácil, falta de apetite e queixa de tristeza constante. De fato, o relato da autora se mostra totalmente verossímil, sendo inegável a estigmatização social da doença que a acomete, trazendo prejuízo à sua inserção no mercado de trabalho. Desse modo, considerando as condições pessoais e sociais, bem como seu problema de saúde, há de se concluir que há, na espécie, dificuldade de inserção da autora na sociedade em igualdade de condições, sendo pouco provável que ela efetivamente consiga desenvolver uma atividade laborativa. Posto isso, considero presentes, na espécie, impedimentos de longo prazo nos contornos exigidos para a concessão do benefício assistencial pretendido.”. Registre-se, ademais, que o próprio laudo pericial informa a existência de “Preconceito e barreiras de interação devido a ser portadora de doença estigmatizante”, asseverando a ocorrência, no caso concreto, de impedimento de longo prazo (quesitos 13 e 14 do laudo). Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para confirmar a sentença que julgou procedente o pedido formulado na inicial. Condeno o(a) recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, devidamente atualizado, a teor do art. 55 da Lei no. 9.099/95. Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Júlio Rodrigues Coelho Neto e Nagibe de Melo Jorge Neto. Fortaleza, data da sessão.
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31-CE
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252.800463
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação movida por LUSILANDIA BARBOSA DA SILVA contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à concessão do benefício assistencial de prestação continuada à pessoa com deficiência, bem como à percepção das parcelas vencidas, a contar da data do requerimento administrativo. Regularmente citado, o INSS apresentou contestação, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. Relatado no essencial. Passo à fundamentação. II. FUNDAMENTAÇÃO Inexistindo preliminares a apreciar, passo ao exame do mérito. O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Constituição Federal, em seu art. 203, inc. V, e no art. 20 da Lei no 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), e, para a sua concessão, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial e encontre-se impossibilitado de prover os meios necessários a sua manutenção ou tê-la provida por sua família (renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo). Há necessidade, portanto, da observância de dois requisitos: a) ser pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 (sessenta e cinco) anos; e b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família. a) pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos (sessenta e cinco) anos Não há necessidade de maiores digressões com relação ao requisito concernente à idade. Algumas considerações, no entanto, são pertinentes no que tange ao conceito de pessoa com deficiência. Inicialmente, registre-se que vigora um novo panorama do benefício assistencial, trazido pela Lei no 12.435, de 6 de julho de 2011, e pela Lei no 12.470, de 31 de agosto de 2011, as quais advieram como frutos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Referidos diplomas legais alteraram o art. 20 da Lei no 8.742/93, nos seguintes termos: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS. § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. § 9o A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. Cotejando o dispositivo legal acima colacionado com a anterior legislação do benefício assistencial, verifica-se que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100, in verbis: “3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho, in verbis: EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DO CASO CONCRETO. PRECEDENTE DESTA TURMA NACIONAL. A autarquia previdenciária apontou divergência entre Turmas e contrariedade à jurisprudência dominante do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sustentando não ser possível o deferimento de benefício assistencial, na hipótese de se tratar de incapacidade parcial. No entanto, já se pacificou, nesta Turma Nacional, constituindo a sua jurisprudência dominante, o entendimento de que, na análise da incapacidade, devem ser consideradas as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto, ou seja, a conjugação da incapacidade parcial com fatores como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela está inserida podem transformá-la em total, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. (grifo nosso) O aresto atacado, que deferiu o benefício à autora que, embora apenas parcialmente incapaz, tem 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, não apresenta qualificação profissional e somente exerceu atividades incompatíveis com a sua deficiência física, se ajustou ao posicionamento que vem prevalecendo neste Colegiado. Pedido de uniformização conhecido e improvido. (Processo: 2007.50.50.00.6748-1 Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal, Relator: ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, publicação: 13/05/2009) 8. A Lei n. 8.742/1993 trouxe também previsão no sentido de que o benefício deve ser usado em prol do desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais, salientando que a realização de habilitação e reabilitação, não constitui motivo de suspensão ou cessação do benefício recebido pelo deficiente, conforme disposto em seu art. 21, § 3o: Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei no 9.720, de 30.11.1998) § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei no 12.435, de 2011) Depreende-se que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões sócio-ambientais. Cabe, então, ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Nesse tocante, o Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007, que regulamenta o benefício assistencial, explicita como devem ser feitas as avaliações médica e social, nestes termos: Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. § 1o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento será realizada por meio de avaliação social e avaliação médica. § 2o A avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, a avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. § 3o As avaliações de que trata o § 1o serão realizadas, respectivamente, pelo serviço social e pela perícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim, instituídos por ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS. (...) § 5o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: I - comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e II - aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras diversas. § 6o O benefício poderá ser concedido nos casos em que não seja possível prever a duração dos impedimentos a que se refere o inciso I do § 5o, mas exista a possibilidade de que se estendam por longo prazo. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais - TNU, por sua vez, editou a Súmula 80, adotando o entendimento de que “para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente.” A realização de avaliação social ou outras providências similares, como a elaboração de auto de constatação e a realização de audiência, no entanto, se tornam desnecessárias nas situações em que, após a realização de perícia médica, verifica-se claramente que as limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais decorrentes da enfermidade ou sequela constatadas não tem o condão de obstruir, por período superior a dois anos, a participação do interessado na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. São esses, portanto, os parâmetros que devem ser considerados para o fim de se aferir o requisito concernente ao impedimento de longo prazo. b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Para aferição da situação de miserabilidade (impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família) do grupo familiar, considerado esse o conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Lei no 8.742/93, art. 20, § 1o), a LOAS fixou como patamar máximo a renda familiar mensal per capita de 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo, devendo ela manter-se inferior a esse limite (Lei no 8.742/93, art. 20, § 3o). Por esse motivo, estabeleceu o § 8o do art. 20 da LOAS que “a renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido”. O art. 20, §3o, da LOAS, por sua vez, foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 1.232, tendo o Supremo Tribunal Federal - STF definido que o critério de 1⁄4 do salário mínimo é objetivo e não pode ser conjugado com outros fatores indicativos da miserabilidade do indivíduo e de seu grupo familiar, cabendo ao legislador, e não ao juiz, na solução do caso concreto, a criação de outros requisitos para a aferição do estado de pobreza daquele que pleiteia o benefício assistencial. Ocorre que, ao julgar a Reclamação de no 4.374, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, o STF deixou claro que teve por constitucional, em tese, a norma do art. 20 da Lei no 8.742/93, mas não afirmou inexistirem outras situações concretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma. A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade dos comportamentos judiciais que, para atender, nos casos concretos, à Constituição, garantidora do princípio da dignidade humana e do direito à saúde e à obrigação estatal de prestar a assistência social “a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social", tenha de definir aquele pagamento diante da constatação, por outros meios, da necessidade da pessoa com deficiência ou do idoso. Reafirmando o entendimento esposado na Reclamação acima, o STF, incidentalmente, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 (Repercussão Geral em RE 567.985 e RE 580.963), asseverando que o juiz, no caso concreto, poderá fazer análise da situação em que se encontra o grupo familiar, de forma a avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. No julgamento acima referido (RE 580.963), também restou declarada a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do art. 34, parágrafo único, da Lei no 10.741/2003, segundo o qual o benefício de prestação continuada concedido a qualquer membro da família nos termos do Estatuto do Idoso não seria computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Segundo o STF, tal preceito viola o princípio da isonomia, ao não permitir a percepção conjunta de benefício assistencial ou previdenciário, de valor mínimo, de idoso com o assistencial de deficiente. A conclusão do julgado é pela possibilidade de exclusão do cômputo da renda per capita do grupo familiar de qualquer benefício mínimo (seja de natureza previdenciária ou assistencial) recebido por idoso e concedido nos termos do Estatuto do Idoso (art. 34 da Lei 10.741/2003, ou seja, idoso maior ou igual a 65 anos), ou benefício assistencial recebido por deficiente. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, por sua vez, firmou o posicionamento, consubstanciado na Súmula 79, no sentido de que “nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça, ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.” Feitas essas considerações gerais, passa-se ao exame, de forma individualizada, do preenchimento dos requisitos no caso concreto. II.1. Da existência de impedimento de longo prazo – pessoa com deficiência Analisando o laudo médico pericial (anexo 19), ficou demonstrado que o(a) autor(a), pessoa de 36 anos de idade ao tempo da perícia, é portadora do vírus HIV (CID10: B24.0 e B20.0), tendo sido reconhecido a existência de impedimento de longo prazo nos termos previstos na LOAS, em razão do preconceito e barreiras de interação devido ser portadora de doença estigmatizante. Urge salientar que, apesar da conclusão do experto acerca da inexistência de incapacidade laborativa, a autora é portadora do vírus HIV, o que exige uma análise sob um prisma multifacetado, considerando não só a aptidão física em sentido estrito, mas a real possibilidade de a postulante conseguir desenvolver atividade laborativa, razão pela qual devem ser analisados também os fatores sociais e pessoais. Nesse sentido, é o Enunciado no 78 da Turma Nacional de Uniformização: Enunciado 78: Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. E, da análise do laudo social produzido neste feito (anexo 21), constata-se que seu companheiro também é portador da referida enfermidade, que é incurável, e que ambos enfrentam preconceitos em sociedade, que impactam significativamente a sua participação plena e efetiva em igualdade de condições com as demais pessoas. Observa-se, portanto, que é evidente a dificuldade de regressar a autora ao mercado de trabalho, sendo tal situação agravada em razão de residir em Município pequeno (com pouca oferta de emprego) e possuir baixo grau de escolaridade (ensino fundamental incompleto). A exemplo: relatou a autora que enfrentou dificuldades de conseguir emprego e foi demitido por causa da doença, informando, inclusive, que sofre preconceitos de seus familiares, os quais evitam frenquentar sua residência. Foi mencionado, inclusive, que a autora encontra-se com a saúde mental comprometida, no qual faz necessário o uso de medicação, pois foi relatado alterações do humor, caracterizados por distúrbio no sono, choro fácil, falta de apetite e queixa de tristeza constante. De fato, o relato da autora se mostra totalmente verossímil, sendo inegável a estigmatização social da doença que a acomete, trazendo prejuízo à sua inserção no mercado de trabalho. Desse modo, considerando as condições pessoais e sociais, bem como seu problema de saúde, há de se concluir que há, na espécie, dificuldade de inserção da autora na sociedade em igualdade de condições, sendo pouco provável que ela efetivamente consiga desenvolver uma atividade laborativa. Posto isso, considero presentes, na espécie, impedimentos de longo prazo nos contornos exigidos para a concessão do benefício assistencial pretendido. II.2. Da impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Verifica-se da declaração da composição e renda familiar, apresentada nos autos (anexo 7, fl. 1), que a autora afirmou residir com o companheiro e uma filha, e que somente o primeira aufere renda, no valor de R$ 954,00. E, segundo laudo social carreado ao feito, foi confirmado o grupo familiar mencionado, porém foi informado que nenhum dos mebros possuem renda. Todavia, os extratos do CNIS e do PLENUS acostados aos autos (anexo 23), apesar de confirmarem a ausência de vínculo urbano ativo em nome dos componentes do grupo familiar, informam que o companheiro da autora recebe beneficio assistencial desde 22/05/2017 (NB 185.364.793-1). Assim, considerando ser possível a exclusão do benefício assistencial percebido pelo companheiro, consoante entendimento do STF acima mencionado, resta claro que a renda per capita é inferior ao estabelecido na legislação, uma vez que o grupo familiar resume-se ao autor, o qual não apresenta rendimentos. Corrobora essa circunstância o acervo fotográficolauto de constatação coligido aos autos (anexos 21/22) demonstrando que a parte autora habita imóvel cedido por seu irmão, de estrutura modesta, sendo adquirido a mobília e eletrodomésticos através de doações, não se verificando a presença de bens que denotem uma situação financeira confortável. Dessa forma, considero presentes os requisitos necessários ao deferimento do benefício assistencial pretendido. II.3. Do início do benefício O início do benefício deve corresponder à data do requerimento administrativo (DER: 08/06/2018 – anexo 3), pois as informações prestadas pelo perito do Juízo indicam que a suplicante encontra-se acometida com a patologia que deu origem aos impedimentos ora constatados desde momento anterior ao requerimento. Por sua vez, considero que o requisito da hipossuficiência financeira também estava presente desde a DER. II.4. Da antecipação de tutela Dado o caráter alimentar do benefício requerido e, em face do estado em que o processo se encontra, bem como por haver elementos mais do que suficientes para configurar a probabilidade do direito, sendo eles aptos para a declaração da existência do próprio direito, concedo a antecipação da tutela pretendida, autorizado pelo art. 4o da Lei 10.259/2001, em razão de estarem presentes os requisitos impostos pelo art. 300, caput, do NCPC, e como um meio de dar efetividade ao processo. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, resolvendo o mérito da demanda nos termos do art. 487, I, do NCPC, para condenar o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL a: a) conceder em favor da parte autora o benefício assistencial de prestação continuada, com DIB em 08/06/2018 (data do requerimento administrativo, anexo 3), devendo ser implantado a partir de 1o/8/2019 (DIP) no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação deste decisum, dada a antecipação da tutela ora concedida, sob pena de cominação de multa diária; b) pagar as parcelas em atraso desde a data do requerimento administrativo, devidamente corrigidas de acordo com o manual de cálculos da Justiça Federal, ficando desde já autorizado que sejam descontados, quando da elaboração dos cálculos, os valores eventualmente recebidos pelo(a) autor(a) decorrentes de benefício não acumulável com o ora concedido, nos termos da legislação aplicável. Condeno o INSS, ainda, ao pagamento dos honorários periciais antecipados por este Juízo, devidamente atualizados, em favor desta Seção Judiciária, conforme o disposto no art. 12, § 1o, da Lei no 10.259/2001 c/c art. 32, § 1o, da Resolução no 305/2014 do Conselho da Justiça Federal. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Em caso de eventual recurso, intime-se a parte contrária para contrarrazões. Apresentadas ou decorrido o prazo, remetam-se os autos para a Turma Recursal. Com o trânsito em julgado, à Contadoria para cálculo dos atrasados. Após, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor (RPV) em favor do demandante, nos termos do art. 17 da Lei no 10.259/01 e da Resolução no 458/2017 do Conselho da Justiça Federal, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários mínimos atualizados até esta data. Ultrapassado o referido valor de alçada e não havendo renúncia aos valores excedentes, expeça-se precatório. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no 10.259/2001. Sobral/CE, data supra. EMANUEL JOSÉ MATIAS GUERRA
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
16
0500786-43.2019.4.05.8310
2019-05-15 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-21 18:32:20
Sentença - Improcedente
2019-09-27T10:42:28
Acórdão - NP
JORGE ANDRÉ DE CARVALHO MENDONÇA (TR2)
2019-09-26 09:15:00
ALLAN ENDRY VERAS FERREIRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
PE020418
PROCESSO N.o 0500786-43.2019.4.05.8310S AUTOR: Breno Henrique Dourado RÉU: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS SENTENÇA Vistos etc. I. Relatório Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei no 9.099/95, aplicada subsidiariamente ao rito estabelecido na Lei n.o 10.259/2001. II. Fundamentação Destaco, inicialmente, que os princípios da celeridade, economia processual, simplicidade, informalidade e oralidade, entre outros, orientam os processos de competência dos juizados especiais, revelando que a maior preocupação do operador do direito, nestas causas, deve ser a matéria de fundo, enfim, a busca da justiça, de forma simples e objetiva. No mérito, busca a parte autora, em síntese, a concessão do benefício previsto no art. 20 da Lei n.o 8.742/93. A Constituição Federal, em seu art. 203, V, garante “um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. Os beneficiários são, conforme previsão constitucional e do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, os idosos e deficientes que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Conforme previsto no §1o do referido dispositivo, “a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto”. Para a concessão, exige-se a presença de dois requisitos: condição pessoal do requerente caracterizada pela idade avançada ou deficiência; e a miserabilidade do núcleo familiar (renda per capta inferior a um quarto do salário mínimo). Na previsão do art. 20, §2o, da Lei n.o 8.742/93, com redação dada pela Lei n.o 13.146/2015, para efeito da concessão do benefício assistencial, considera-se pessoa portadora de deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Entenda-se como impedimentos de longo prazo, nos termos da lei, “aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos”. Anoto que a incapacidade não deve ser aferida pelo julgador tão somente do ponto de vista médico, sendo necessário, ainda, a análise do contexto sócio-econômico em que está inserido o postulante. Circunstâncias como o grau de instrução, região em que inserido, atividade econômica que exerce, situação financeira própria e da família, são fatores que necessariamente devem ser levados em consideração, por ocasião da apreciação do quesito incapacidade. De acordo com o entendimento consagrado na Súmula n.o 29, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, “para os efeitos do art. 20, § 2o, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento”. O outro requisito para o deferimento do benefício assistencial diz respeito à renda familiar, ao exigir, o art. 20, §3o, da Lei n.o 8.742/93, que a renda per capita da família do beneficiário seja inferior a um quarto do salário mínimo. Pois bem. Quanto ao requisito da incapacidade, realizado o exame pericial neste Juízo (anexo 22), atestou o expert que o autor é portador de “Outro Transtorno Hipercinético (F90.8 – CID/10)”, enfermidades que, segundo o perito judicial, não o impede de realizar as atividades habituais da sua idade. No mesmo sentido, o perito afirma que o periciando não necessita da dedicação exclusiva de um dos genitores, podendo desempenhar as atividades normais de sua faixa etária. De se ressaltar que, em relação a crianças e adolescentes, nos termos do Decreto no 6.214/2007, que regulamenta a Lei no 8.742/93, para fins de reconhecimento do direito ao benefício assistencial, deve ser analisada a existência de deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, sendo dispensável avaliar a incapacidade para o trabalho. In casu, a parte autora não possui qualquer patologia incapacitante, o que afasta, desta maneira, o direito à concessão do benefício pleiteado. Nessa ordem de ideias, não estando configurada a incapacidade do demandante, desnecessária a análise do segundo requisito exigido para a concessão do benefício, qual seja, a renda familiar. III. Dispositivo Por essas razões, julgo improcedente o pedido, pelas razões acima explicitadas, nos termos do art. 487, I, do CPC. Defiro a gratuidade ao demandante, de acordo com o art. 98, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Interposto(s) recursos(s) voluntário(s) tempestivo(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(s) recorrido(s) para oferecer(em) resposta(s), em 10 (dez) dias, e, decorrido o prazo, com ou sem contra-razões, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Registre-se. Publique-se. Intimem-se. Arcoverde, data da movimentação.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DEFICIENTE. MENOR DE IDADE. INCAPACIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITO LEGAL NÃO SATISFEITO. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. - Incabível a concessão do benefício assistencial de prestação continuada, previsto no art. 203, V da CF, bem como na Lei 8.742/93, quando a perícia médica judicial aponta a inexistência de qualquer incapacidade da parte autora, nem mesmo parcial. VOTO Trata-se de Recurso Inominado contra sentença proferida em sede de Ação Especial Cível com a qual se objetivou a concessão de beneficio assistencial a deficiente (LOAS), conforme previsão contida no art. 203, inciso V, da Constituição Federal de 1988 e, bem assim, na Lei no 8.742/93 com redação dada pela Lei no 12.435/11. Preliminarmente, verifico que as provas produzidas são suficientes para o julgamento da causa. As respostas do perito às perguntas do juízo foram suficientes para conhecer a realidade da situação médica da parte autora, não sendo necessárias maiores digressões. O laudo é claro para o efeito da constatação da capacidade. O art. 203, inciso V, da Carta Federal de 1988, prevê a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. São os requisitos para a concessão do benefício pleiteado: a) Incapacidade; b) Miserabilidade. Analisados os autos, verifica-se que o laudo pericial afirma, de forma categórica, que a parte autora não apresenta nenhuma incapacidade, nem mesmo parcial, para atividades próprias da idade do periciando (08 anos), não se enquadrado, portanto, no conceito de deficiente físico exigido pela Lei no 8.742/93 com redação dada pela Lei no 12.435/11 (anexo 22). Nesta esteira, apesar de constatar que a parte autora é portadora de Outro Transtorno Hipercinético (F90.8 – CID/10) e Epilepsia (G40.0 - CID/10), isso não a incapacita para qualquer tipo de atividade. Ressalto que o laudo pericial do juízo deve se sobrepor aos atestados médicos unilaterais, pois é prova produzida por profissional imparcial, equidistante dos interesses das partes e de confiança do juízo. Não havendo que se falar em incapacidade nem mesmo parcial, desnecessária a análise das circunstâncias pessoais do caso concreto. Estando plenamente capaz para o exercício de atividades próprias da sua idade, irrelevante se torna a existência de eventuais dificuldades de inserção social. Diante disso, também fica desnecessária a análise do requisito miserabilidade, eis que o benefício já é descabido de qualquer modo. De qualquer forma, ainda que desnecessário, visando evitar eventual anulação do acórdão pela TNU, é bom acrescentar que se trata de requerente com 08 anos de idade, estudante, residente na cidade de Arcoverde/PE, podendo desempenhar suas atividades normalmente. Ademais, sua patologia não a impossibilita de exercer as atividades da vida diária (normais para sua idade), tampouco impede o exercício de atividade laborativa por parte de seus pais ou responsáveis (anexo 22, conclusão). Por fim, o perito judicial atesta que “A vigilância e o cuidado para com o periciado são aqueles necessários para um menino de 8 anos de idade." Destarte, na hipótese em exame, verifica-se que a sentença recorrida analisou perfeitamente a lide, sendo desnecessárias novas considerações além das já lançadas no ato monocrático, devendo ser mantida pelos seus próprios fundamentos, por força do art. 46, da Lei no 9.099/95, norma de acordo com os princípios que regem os juizados especiais federais. Ante o exposto, voto pelo conhecimento do recurso para negar-lhe provimento. A sucumbência restringe-se a honorários, que arbitro em 10 (dez) por cento sobre o valor da causa (art. 55, caput da Lei 9.099/95). Fica, no entanto, suspensa a exigibilidade dos honorários advocatícios, nos termos do parágrafo 3o do art. 98 do NCPC. É como voto. JORGE ANDRÉ DE CARVALHO MENDONÇA Juiz Federal Relator ACÓRDÃO Vistos etc. Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto supra. Recife, data da movimentação.
821
649
0
0
28-PE
1
98.146759
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
AUTOR: Breno Henrique Dourado RÉU: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS SENTENÇA Vistos etc. I. Relatório Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei no 9.099/95, aplicada subsidiariamente ao rito estabelecido na Lei n.o 10.259/2001. II. Fundamentação Destaco, inicialmente, que os princípios da celeridade, economia processual, simplicidade, informalidade e oralidade, entre outros, orientam os processos de competência dos juizados especiais, revelando que a maior preocupação do operador do direito, nestas causas, deve ser a matéria de fundo, enfim, a busca da justiça, de forma simples e objetiva. No mérito, busca a parte autora, em síntese, a concessão do benefício previsto no art. 20 da Lei n.o 8.742/93. A Constituição Federal, em seu art. 203, V, garante “um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. Os beneficiários são, conforme previsão constitucional e do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, os idosos e deficientes que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Conforme previsto no §1o do referido dispositivo, “a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto”. Para a concessão, exige-se a presença de dois requisitos: condição pessoal do requerente caracterizada pela idade avançada ou deficiência; e a miserabilidade do núcleo familiar (renda per capta inferior a um quarto do salário mínimo). Na previsão do art. 20, §2o, da Lei n.o 8.742/93, com redação dada pela Lei n.o 13.146/2015, para efeito da concessão do benefício assistencial, considera-se pessoa portadora de deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Entenda-se como impedimentos de longo prazo, nos termos da lei, “aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos”. Anoto que a incapacidade não deve ser aferida pelo julgador tão somente do ponto de vista médico, sendo necessário, ainda, a análise do contexto sócio-econômico em que está inserido o postulante. Circunstâncias como o grau de instrução, região em que inserido, atividade econômica que exerce, situação financeira própria e da família, são fatores que necessariamente devem ser levados em consideração, por ocasião da apreciação do quesito incapacidade. De acordo com o entendimento consagrado na Súmula n.o 29, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, “para os efeitos do art. 20, § 2o, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento”. O outro requisito para o deferimento do benefício assistencial diz respeito à renda familiar, ao exigir, o art. 20, §3o, da Lei n.o 8.742/93, que a renda per capita da família do beneficiário seja inferior a um quarto do salário mínimo. Pois bem. Quanto ao requisito da incapacidade, realizado o exame pericial neste Juízo (anexo 22), atestou o expert que o autor é portador de “Outro Transtorno Hipercinético (F90.8 – CID/10)”, enfermidades que, segundo o perito judicial, não o impede de realizar as atividades habituais da sua idade. No mesmo sentido, o perito afirma que o periciando não necessita da dedicação exclusiva de um dos genitores, podendo desempenhar as atividades normais de sua faixa etária. De se ressaltar que, em relação a crianças e adolescentes, nos termos do Decreto no 6.214/2007, que regulamenta a Lei no 8.742/93, para fins de reconhecimento do direito ao benefício assistencial, deve ser analisada a existência de deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, sendo dispensável avaliar a incapacidade para o trabalho. In casu, a parte autora não possui qualquer patologia incapacitante, o que afasta, desta maneira, o direito à concessão do benefício pleiteado. Nessa ordem de ideias, não estando configurada a incapacidade do demandante, desnecessária a análise do segundo requisito exigido para a concessão do benefício, qual seja, a renda familiar. III. Dispositivo Por essas razões, julgo improcedente o pedido, pelas razões acima explicitadas, nos termos do art. 487, I, do CPC. Defiro a gratuidade ao demandante, de acordo com o art. 98, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Interposto(s) recursos(s) voluntário(s) tempestivo(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(s) recorrido(s) para oferecer(em) resposta(s), em 10 (dez) dias, e, decorrido o prazo, com ou sem contra-razões, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Registre-se. Publique-se. Intimem-se. Arcoverde, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0508517-35.2019.4.05.8102
2019-07-04 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-14 14:56:49
Sentença - Aux. Doença / Apos. Invalidez – Capacidade (Cegueira Monocular Agricultora)
2019-10-03T14:26:20
Acórdão - NEGA AUTOR
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA TR-1
2019-09-26 14:00:00
LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
4
CE014010
SENTENÇA – Tipo “B” Vistos, etc. I. RELATÓRIO A parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, almejando a concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Estando o relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos juizados especiais federais, passo à fundamentação e posterior decisão. II. FUNDAMENTAÇÃO Entendo não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial. Note-se que o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois, o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (arts. 59 e 60 da Lei n.o 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da mesma Lei). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. A respeito dos benefícios discutidos nesta ação leciona o Dr. Marcelo Leonardo Tavares (in Direito Previdenciário, 7.a ed., 2005, p. 150): “As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91)”. A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Ab initio, no que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial registrou que a postulante é portadora de cegueira monocular (anexo 10). Ressalta o médico/perito que a postulante apresenta incapacidade definitiva e irreversível somente em relação um dos olhos. No que tange ao outro, afirma que apresenta visão não comprometida. A despeito do labor campesino trazer eventual risco de lesão ao olho sadio, no entender desse Juízo, o exercício da agricultura não exige visão binocular, portanto, a requerente estaria apta a exercer tal atividade laborativa, bem como outras diversas atividades profissionais. Sobre o tema, importante trazer à baila o seguinte excerto jurisprudencial: “ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 203, V, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NÃO PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS. BENEFÍCIO INDEVIDO. RÉ-QUESTIONAMENTO. 1. O não-acolhimento das alegações deduzidas pelo Réu nãoimplica cerceamento de defesa, porquanto a magistrada julgou a questão posta a seu exame de acordo com o princípio do livre convencimento motivado, preconizado pelo artigo 131 do CPC. 2. O laudo pericial (fls. 80/81) atesta que o Autor apresenta deficiência de visão no olho direito há trinta anos, havendo apenas restrição para tarefas que exijam visão de profundidade, como dirigir veículos automotores. Conclui, entretanto, que não está incapacitado de maneira geral e definitiva para o trabalho. 3. Quanto ao requisito etário, este também não foi preenchido, porquanto o Autor nascido em 14.03.43, contava com 59 (cinquenta e nove) anos à época da propositura da ação, fato ocorrido em 05.11.2002. 4. Não comprovados os requisitos de deficiência ou idade, os quais são alternativos entre si, dispensável qualquer consideração acerca da comprovação ou não da hipossuficiência do Autor, exigência concomitante em relação aos dois primeiros. 5. Inocorrência de violação aos dispositivos legais objetados no recurso a justificar o pré-questionamento suscitado em apelação. 6. Prejudicada a argüição de pré- questionamento suscitada nas contra-razões de apelação, eis que a aludida peça temmesmo o caráter de resposta, não podendo ultrapassar esse limite. 7. Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada. Apelação, no mérito, não provida.” (TRF 3a Região, AC n.o 1089840, Sétima Turma, DJU 29/11/2006, p. 475, Relator Desembargador Antônio Cedenho, unânime, g.n.). Vê-se que a real deficiência de apenas um olho não autoriza o reconhecimento da incapacidade, mormente quando atestado pelo médico/perito a normalidade do outro olho, baseado em exame oftalmológico efetivamente realizado. Podendo, teoricamente, no aspecto físico/mental, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. No que concerne aos demais pressupostos exigidos para a concessão do benefício postulado, quais sejam, a qualidade de segurado(a) e a carência de, no mínimo, 12 (doze) meses, entendo não haver necessidade de se adentrar ao assunto, tendo em vista que o requisito da inaptidão laborativa, consoante elucidado acima, não foi preenchido, impedindo o acolhimento do pleito, por serem as exigências legais cumulativas e não alternativas. Destarte, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. III. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, com esteio no art. 487, I, do CPC. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Juazeiro do Norte/CE, data da movimentação.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. VISÃO MONOCULAR. AGRICULTOR. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU QUE ABARCOU TODO O OBJETO DA LIDE. MANTÉM SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA A QUE SE NEGA PROVIMENTO. RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, a teor do art. 1o da Lei no. 10.259/01. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de auxílio-doença. Com efeito, a concessão do auxílio-doença pressupõe, nos termos da Lei n. 8.213/91: i) a condição de Segurado; ii) o cumprimento da carência exigida; iii) a existência de incapacidade temporária para o trabalho; e iv) doença posterior à filiação ao RGPS. Destaque-se que todos os requisitos acima mencionados devem ser preenchidos concomitantemente, de forma que a exclusão de apenas um deles inviabiliza a concessão do benefício previdenciário. No caso presente, a fim de evitar repetições desnecessárias, colaciono trecho do julgado impugnado, o qual adoto como parte da fundamentação: “Ab initio, no que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial registrou que a postulante é portadora de cegueira monocular (anexo 10). Ressalta o médico/perito que a postulante apresenta incapacidade definitiva e irreversível somente em relação um dos olhos. No que tange ao outro, afirma que apresenta visão não comprometida. A despeito do labor campesino trazer eventual risco de lesão ao olho sadio, no entender desse Juízo, o exercício da agricultura não exige visão binocular, portanto, a requerente estaria apta a exercer tal atividade laborativa, bem como outras diversas atividades profissionais. Sobre o tema, importante trazer à baila o seguinte excerto jurisprudencial: “ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 203, V, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NÃO PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS. BENEFÍCIO INDEVIDO. RÉ-QUESTIONAMENTO. 1. O não-acolhimento das alegações deduzidas pelo Réu nãoimplica cerceamento de defesa, porquanto a magistrada julgou a questão posta a seu exame de acordo com o princípio do livre convencimento motivado, preconizado pelo artigo 131 do CPC. 2. O laudo pericial (fls. 80/81) atesta que o Autor apresenta deficiência de visão no olho direito há trinta anos, havendo apenas restrição para tarefas que exijam visão de profundidade, como dirigir veículos automotores. Conclui, entretanto, que não está incapacitado de maneira geral e definitiva para o trabalho. 3. Quanto ao requisito etário, este também não foi preenchido, porquanto o Autor nascido em 14.03.43, contava com 59 (cinquenta e nove) anos à época da propositura da ação, fato ocorrido em 05.11.2002. 4. Não comprovados os requisitos de deficiência ou idade, os quais são alternativos entre si, dispensável qualquer consideração acerca da comprovação ou não da hipossuficiência do Autor, exigência concomitante em relação aos dois primeiros. 5. Inocorrência de violação aos dispositivos legais objetados no recurso a justificar o pré-questionamento suscitado em apelação. 6. Prejudicada a argüição de pré- questionamento suscitada nas contra-razões de apelação, eis que a aludida peça temmesmo o caráter de resposta, não podendo ultrapassar esse limite. 7. Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada. Apelação, no mérito, não provida.” (TRF 3a Região, AC n.o 1089840, Sétima Turma, DJU 29/11/2006, p. 475, Relator Desembargador Antônio Cedenho, unânime, g.n.). Vê-se que a real deficiência de apenas um olho não autoriza o reconhecimento da incapacidade, mormente quando atestado pelo médico/perito a normalidade do outro olho, baseado em exame oftalmológico efetivamente realizado. Podendo, teoricamente, no aspecto físico/mental, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. Assim, a sentença recorrida deve ser mantida em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei no. 9099/95. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), obrigação cuja exigibilidade ficará suspensa por 5 anos, salvo se comprovado que deixou de existir a situação de hipossuficiência que justificou a concessão da gratuidade judiciária. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Nagibe de Melo Jorge Neto e José Eduardo de Melo Vilar Filho. Fortaleza/CE, 26 de setembro de 2019. Dartanhan Vercingetórix de Araújo e Rocha
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17-CE
1
41.070706
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, almejando a concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Estando o relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos juizados especiais federais, passo à fundamentação e posterior decisão. II. FUNDAMENTAÇÃO Entendo não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial. Note-se que o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois, o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (arts. 59 e 60 da Lei n.o 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da mesma Lei). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. A respeito dos benefícios discutidos nesta ação leciona o Dr. Marcelo Leonardo Tavares (in Direito Previdenciário, 7.a ed., 2005, p. 150): “As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91)”. A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Ab initio, no que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial registrou que a postulante é portadora de cegueira monocular (anexo 10). Ressalta o médico/perito que a postulante apresenta incapacidade definitiva e irreversível somente em relação um dos olhos. No que tange ao outro, afirma que apresenta visão não comprometida. A despeito do labor campesino trazer eventual risco de lesão ao olho sadio, no entender desse Juízo, o exercício da agricultura não exige visão binocular, portanto, a requerente estaria apta a exercer tal atividade laborativa, bem como outras diversas atividades profissionais. Sobre o tema, importante trazer à baila o seguinte excerto jurisprudencial: “ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 203, V, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NÃO PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS. BENEFÍCIO INDEVIDO. RÉ-QUESTIONAMENTO. 1. O não-acolhimento das alegações deduzidas pelo Réu nãoimplica cerceamento de defesa, porquanto a magistrada julgou a questão posta a seu exame de acordo com o princípio do livre convencimento motivado, preconizado pelo artigo 131 do CPC. 2. O laudo pericial (fls. 80/81) atesta que o Autor apresenta deficiência de visão no olho direito há trinta anos, havendo apenas restrição para tarefas que exijam visão de profundidade, como dirigir veículos automotores. Conclui, entretanto, que não está incapacitado de maneira geral e definitiva para o trabalho. 3. Quanto ao requisito etário, este também não foi preenchido, porquanto o Autor nascido em 14.03.43, contava com 59 (cinquenta e nove) anos à época da propositura da ação, fato ocorrido em 05.11.2002. 4. Não comprovados os requisitos de deficiência ou idade, os quais são alternativos entre si, dispensável qualquer consideração acerca da comprovação ou não da hipossuficiência do Autor, exigência concomitante em relação aos dois primeiros. 5. Inocorrência de violação aos dispositivos legais objetados no recurso a justificar o pré-questionamento suscitado em apelação. 6. Prejudicada a argüição de pré- questionamento suscitada nas contra-razões de apelação, eis que a aludida peça temmesmo o caráter de resposta, não podendo ultrapassar esse limite. 7. Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada. Apelação, no mérito, não provida.” (TRF 3a Região, AC n.o 1089840, Sétima Turma, DJU 29/11/2006, p. 475, Relator Desembargador Antônio Cedenho, unânime, g.n.). Vê-se que a real deficiência de apenas um olho não autoriza o reconhecimento da incapacidade, mormente quando atestado pelo médico/perito a normalidade do outro olho, baseado em exame oftalmológico efetivamente realizado. Podendo, teoricamente, no aspecto físico/mental, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. No que concerne aos demais pressupostos exigidos para a concessão do benefício postulado, quais sejam, a qualidade de segurado(a) e a carência de, no mínimo, 12 (doze) meses, entendo não haver necessidade de se adentrar ao assunto, tendo em vista que o requisito da inaptidão laborativa, consoante elucidado acima, não foi preenchido, impedindo o acolhimento do pleito, por serem as exigências legais cumulativas e não alternativas. Destarte, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. III. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, com esteio no art. 487, I, do CPC. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Juazeiro do Norte/CE, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
16
0527600-77.2018.4.05.8100
2018-10-31 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-07 14:46:51
Sentença - AUXÍLIO DOENÇA - AUDIÊNCIA
2019-10-03T15:34:00
Acórdão - com voto
ANDRÉ DIAS FERNANDES (MAGISTRADO TURMA RECURSAL)
2019-10-01 14:00:00
ANDRÉ LUIZ CAVALCANTI SILVEIRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE028108
SENTENÇA Trata-se de ação em que a parte autora postula em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS a concessão de aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, AUXÍLIO-DOENÇA. O benefício postulado foi indeferido na via administrativa em 26.7.2018(DER) por perícia médica contrária (anexo 5). Em harmonia com o alinhado no art. 59 da Lei n. 8.213/91, o benefício previdenciário de auxílio-doença alcança tão-somente aqueles segurados que estão em situação de incapacidade (para atividade laboral habitual ou todas as atividades) temporária para o trabalho, com quadro clínico de característica reversível. É devido, ainda, nos casos de incapacidade parcial (apenas para a atividade habitual) permanente enquanto não concluído o programa de reabilitação profissional. A aposentadoria por invalidez é concedida àquele que se encontra em situação de incapacidade laboral genérica (para todas as atividades laborais e permanente, sem provável reversão de seu quadro patológico, contanto que atenda aos requisitos estampados no art. 42 daquele mesmo diploma legal. Além da invalidez provisória ou definitiva, a depender de ser o caso de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, devem ser preenchidos os requisitos: 1) qualidade de segurado, pelo enquadramento dentre as hipóteses do art. 11 da Lei n. 8.213/91, ou pela permanência do 'período de graça' (art. 15); 2) carência (12 meses contributivos) ou ser o caso de dispensa dela (acidente ou doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91). Havendo a perda da qualidade de segurado, o período de carência anterior à perda somente é computado para totalização dela após mais 1/3 (até 5/1/17) ou 1/2 da carência (a contar de 6/1/17, data da MP 767/2017, convertida na Lei n. 13.457/17); 3) início da doença/deficiência causadora da incapacidade posterior ao (re)ingresso no RPGS (Regime Geral de Previdência Social), salvo apenas os casos em que, sendo a doença anterior, a incapacidade decorrer de progressão dela (art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91); 4) no caso de aposentadoria por invalidez, insuscetibilidade de reabilitação profissional para o exercício da atividade que lhe assegure a subsistência. Cumpridos os requisitos, o benefício deve ser concedido a contar de um do seguintes marcos: A) data de entrada de requerimento (DER) ou cessação (DCB), se a incapacidade tiver início em data anterior (Súmula n. 22, TNU); B) citação na ação, se a incapacidade tiver iniciado após a DER ou DCB, mas antes do ajuizamento (em analogia ao estabelecido na Súmula 576 do STJ); C) data da perícia, se for constatada incapacidade, mas o perito não fixar DII e nem houver elementos nos autos para que o juiz o faça (PEDILEF 200936007023962). No caso de verificados os requisitos para concessão do auxílio-doença, cabe, ainda, a análise de ser ou não o caso de conversão em aposentadoria por invalidez, conforme já pacificado pela TNU, verbis: - Súmula no 47 da TNU: "Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão da aposentadoria por invalidez". - Súmula no 77 da TNU: "O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual". Passo à análise dos fatos relacionados ao caso. I) Quanto ao requisito da incapacidade laboral. Os esclarecimentos prestados pela perita judicial, anexo 21, levam este juízo à convicção de que a parte autora se encontra incapaz para o trabalho em sua atividade habitual (Chefe do Programa Saúde da Família). Vejamos. Da análise do laudo pericial judicial, constata-se que a parte autora é portadora gonartrose bilateral e artrose secundária e trauma em pé esquerdo com dor e limitação funcional, bem como cisto complexo em ovário esquerdo e litíase biliar, encontrando-se incapaz temporariamente de exercer sua função habitual desde julho de 2018, conforme declarou a perita médica: "Deverá permanecer afastada de atividades laborativas por um período estimado em um ano, buscando otimização do tratamento já realizado e realização de cirurgias para as quais se encontra em fila de espera. Passado esse período, deverá ser reavaliado por médico assistente com averiguação de possível controle dossintomaserestabelecimentode capacidade laborativa.(...) Patologiacominíciodocumentadoemjulhode2018, conformedocumentaçãomédicaanexadaaoprocesso, anterior ao requerimento administrativo.(...) Início da incapacidade coincidente com o início documentado da patologia." (anexo 21). Portanto, evidenciada a incapacidade total e temporária, o requisito para a concessão do benefício restou cumprido. II) Quanto ao requisito da qualidade de segurado e da carência. Em análise do CNIS da autora, anexo 06, observa-se que a autora tem diversos registros junto ao RGPS. Assim, levando-se em conta a data da incapacidade, segundo a perita judicial, julho de 2018, a postulante havia perdido sua qualidade de segurada, tendo em vista que seu último vínculo foi como empregada da Prefeitura Municipal de Chorozinho, de04.01.2016 a 01.11.2016. Com o fito de constatar condição de desemprego, foi realizada audiência, na qual foram obtidas as seguintes informações: que a autora tem problemas nos pés (já teve três fraturas), pedra na vesícula e cisto no ovário esquerdo, com agravamento desde 2010; mesmo assim, trabalhou de 2013 a 2016 no Município de Chorozinho, pois lá começou como telefonista, depois como recepcionista e, por fim, chefe do posto de saúde; que após o ano de 2016 não mais trabalhou e nem foi atrás de novo emprego, poo cinta dos problemas de sáude. A testemunha afirmou que a autora iniciou seus trabalhos na prefeitura como telefonista, depois foi para o hospital municipal e, por fim, para o posto de saúde, onde trabalhou até 2016, saindo por motivo de mudança política. Indagada novamente a respeito de seu real período de labor, tendo em vista o ofício da Prefeitura Municipal de Chorozinho, anexo 27, com a contagem do tempo de serviço prestado pela autora ao citado Município, a postulante afirmou que começou a trabalhar em 1995 até 1998, como telefonista da Prefeitura; depois, somente retornou ao trabalho em 2001 e ali permaneceu até 2008; em seguida, voltou no ano de 2013 e saiu novamente em 2016, exonerada por conta da mudança de prefeito. Tendo em vista constar dos autos, anexos 9 e 10, documentação médica comprobatória da existência de incapacidade antes da data de início atestado pela perita judicial - julho de 2018, o feito foi convertido em diligência para que a jusperita esclarecesse se mantinha ou não suas conclusões contidas no anexo 21, cuja resposta pode ser vista no anexo 33: "Mantenho data de início da patologia e da incapacidade comprovada em julho de 2018, uma vez que as prescrições médicas contidas nos anexos 09 e 10 não são suficientes para firmar diagnóstico." Portanto, tendo em vista as informações contidas nos autos, notadamente as declarações prestadas em audiência, entendo que a postulante, conforme atestou a perita judicial, teve sua incapacidade iniciada em julho de 2018 e, neste período, não mais estava em seu período de graça, perdendo, pois, sua qualidade de segurada; impossibilitando, assim, a concessão do benefício pleiteado. Registro a inviabilidade de prorrogação do período de graça, porquanto a parte autora não contava com mais de 120 contribuições ininterruptas sem perda da qualidade de segurado, tampouco estava em condição de desemprego involuntário, tendo afirmado em audiência que não buscou nova colocação no mercado de trabalho, após 2016, por conta dos problemas de sáude. Tenho, portanto, como não cumprido o requisito analisado e improcedência é a medida que se impõe, tendo em vista o não cumprimento do requisito acima e a necessidade da concomitância de todos os requisitos para a concessão do benefício pleiteado. DISPOSITIVO. Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da parte autora (art. 487, inciso I, NCPC). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de gratuidade judiciária (art. 99, CPC).
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE CONCESSÃO/RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. QUALIDADE DE SEGURADO. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. SENTENÇA MANTIDA. VOTO Trata-se de recurso interposto pela AUTORA em face de sentença que julgou IMPROCEDENTE pedido de concessão de auxílio-doença, em razão da perda da qualidade de segurado. A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para a atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Destaque-se que todos os requisitos acima mencionados devem ser preenchidos concomitantemente, de forma que a exclusão de apenas um deles inviabiliza a concessão do benefício previdenciário. No caso presente, as seguintes questões foram devolvidas ao segundo grau por meio do recurso: (a) a qualidade de segurado. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (arts. 59 e 60 da Lei n.o 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da mesma Lei). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. No que concerne à comprovação da qualidade de segurado do(a) requerente, observe-se que o art. 15 da LBPS determina as hipóteses de manutenção da filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) após a cessação das contribuições – o denominado “período de graça” –, cuja prorrogação depende do atendimento das condições previstas nos parágrafos 1o e 2o. Transcreve-se: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. (sem grifos no original) No tocante ao cumprimento da carência exigida para concessão do benefício pleiteado, ressalte-se que o art. 26, II da LBPS determina que independe de carência a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez na hipótese de incapacidade decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de incapacidade decorrente das doenças especificadas na Portaria Interministerial no. 2.998, de 23.08.2001. Fora dessas hipóteses, o segurado deve comprovar o cumprimento da carência de 12 (doze) meses, sob pena de indeferimento do pedido. No caso dos autos, realizada perícia médica (anexo 21), ficou constatado que a parte autora apresenta “gonartrose bilateral e artrose secundária a trauma em pé esquerdo com dor e limitação funcional, bem como cisto complexo em ovário esquerdo e litíase Biliar”, sendo fixada como data do início da incapacidade o mês julho de 2018 (quesitos 8 e 9 do laudo). O CNIS de anexo 6 dá conta de que a postulante manteve seu último vínculo laborativo no período de 04/01/2016 a 1o/11/2016. Na espécie, deve ser aplicada apenas a extensão do período de graça do art. 15, II, Lei no 8.213/91 (12 meses). A extensão em razão do desemprego involuntário não favorece a postulante, uma vez que não foi comprovada tal situação. Os depoimentos colhidos em audiência deixaram claro que a autora alega situação de desemprego involuntário em razão de doenças. Ocorre, todavia, que a alegação da postulante não é corroborada pela real situação apresentada nos autos, em que se verifica que no período em que manteve seu último vínculo (04/01/2016 a 1o/11/2016) ainda não sofria com qualquer incapacitação, que somente se iniciou, como visto, em julho de 2018. Ademais, como bem ressaltou o magistrado a quo: “Com o fito de constatar condição de desemprego, foi realizada audiência, na qual foram obtidas as seguintes informações: que a autora tem problemas nos pés (já teve três fraturas), pedra na vesícula e cisto no ovário esquerdo, com agravamento desde 2010; mesmo assim, trabalhou de 2013 a 2016 no Município de Chorozinho, pois lá começou como telefonista, depois como recepcionista e, por fim, chefe do posto de saúde; que após o ano de 2016 não mais trabalhou e nem foi atrás de novo emprego, poo cinta dos problemas de sáude. (...) Registro a inviabilidade de prorrogação do período de graça, porquanto a parte autora não contava com mais de 120 contribuições ininterruptas sem perda da qualidade de segurado, tampouco estava em condição de desemprego involuntário, tendo afirmado em audiência que não buscou nova colocação no mercado de trabalho, após 2016, por conta dos problemas de saúde”. (grifo nosso) Resta evidente, portanto, que a parte autora sequer tentou nova colocação no mercado de trabalho, sob a alegativa de existência de problemas de saúde, que, reitere-se, só foram incapacitá-la para o trabalho quase dois anos após seu afastamento da prefeitura. Não resta dúvida, portanto, que não se está diante de uma situação involuntária de desemprego, visto que a postulante, desde seu último vínculo empregatício, simplesmente deixou de procurar trabalho. Assim, a autora manteve a qualidade de segurado até fevereiro/2017, ou seja, na data do início da incapacidade (julho/2018) não mais detinha tal qualidade. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para confirmar a sentença que julgou improcedente o pedido formulado na inicial. Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando a execução suspensa nos termos do art. 98, § 3o, do CPC/2015, em razão do deferimento da justiça gratuita. Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Dartanhan Vercingetórix de Araújo e Rocha e Nagibe de Melo Jorge Neto. Fortaleza, data da sessão. André Dias Fernandes
1,284
1,352
0
1
14-CE
1
279.709618
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação em que a parte autora postula em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS a concessão de aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, AUXÍLIO-DOENÇA. O benefício postulado foi indeferido na via administrativa em 26.7.2018(DER) por perícia médica contrária (anexo 5). Em harmonia com o alinhado no art. 59 da Lei n. 8.213/91, o benefício previdenciário de auxílio-doença alcança tão-somente aqueles segurados que estão em situação de incapacidade (para atividade laboral habitual ou todas as atividades) temporária para o trabalho, com quadro clínico de característica reversível. É devido, ainda, nos casos de incapacidade parcial (apenas para a atividade habitual) permanente enquanto não concluído o programa de reabilitação profissional. A aposentadoria por invalidez é concedida àquele que se encontra em situação de incapacidade laboral genérica (para todas as atividades laborais e permanente, sem provável reversão de seu quadro patológico, contanto que atenda aos requisitos estampados no art. 42 daquele mesmo diploma legal. Além da invalidez provisória ou definitiva, a depender de ser o caso de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, devem ser preenchidos os requisitos: 1) qualidade de segurado, pelo enquadramento dentre as hipóteses do art. 11 da Lei n. 8.213/91, ou pela permanência do 'período de graça' (art. 15); 2) carência (12 meses contributivos) ou ser o caso de dispensa dela (acidente ou doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91). Havendo a perda da qualidade de segurado, o período de carência anterior à perda somente é computado para totalização dela após mais 1/3 (até 5/1/17) ou 1/2 da carência (a contar de 6/1/17, data da MP 767/2017, convertida na Lei n. 13.457/17); 3) início da doença/deficiência causadora da incapacidade posterior ao (re)ingresso no RPGS (Regime Geral de Previdência Social), salvo apenas os casos em que, sendo a doença anterior, a incapacidade decorrer de progressão dela (art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91); 4) no caso de aposentadoria por invalidez, insuscetibilidade de reabilitação profissional para o exercício da atividade que lhe assegure a subsistência. Cumpridos os requisitos, o benefício deve ser concedido a contar de um do seguintes marcos: A) data de entrada de requerimento (DER) ou cessação (DCB), se a incapacidade tiver início em data anterior (Súmula n. 22, TNU); B) citação na ação, se a incapacidade tiver iniciado após a DER ou DCB, mas antes do ajuizamento (em analogia ao estabelecido na Súmula 576 do STJ); C) data da perícia, se for constatada incapacidade, mas o perito não fixar DII e nem houver elementos nos autos para que o juiz o faça (PEDILEF 200936007023962). No caso de verificados os requisitos para concessão do auxílio-doença, cabe, ainda, a análise de ser ou não o caso de conversão em aposentadoria por invalidez, conforme já pacificado pela TNU, verbis: - Súmula no 47 da TNU: "Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão da aposentadoria por invalidez". - Súmula no 77 da TNU: "O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual". Passo à análise dos fatos relacionados ao caso. I) Quanto ao requisito da incapacidade laboral. Os esclarecimentos prestados pela perita judicial, anexo 21, levam este juízo à convicção de que a parte autora se encontra incapaz para o trabalho em sua atividade habitual (Chefe do Programa Saúde da Família). Vejamos. Da análise do laudo pericial judicial, constata-se que a parte autora é portadora gonartrose bilateral e artrose secundária e trauma em pé esquerdo com dor e limitação funcional, bem como cisto complexo em ovário esquerdo e litíase biliar, encontrando-se incapaz temporariamente de exercer sua função habitual desde julho de 2018, conforme declarou a perita médica: "Deverá permanecer afastada de atividades laborativas por um período estimado em um ano, buscando otimização do tratamento já realizado e realização de cirurgias para as quais se encontra em fila de espera. Passado esse período, deverá ser reavaliado por médico assistente com averiguação de possível controle dossintomaserestabelecimentode capacidade laborativa.(...) Patologiacominíciodocumentadoemjulhode2018, conformedocumentaçãomédicaanexadaaoprocesso, anterior ao requerimento administrativo.(...) Início da incapacidade coincidente com o início documentado da patologia." (anexo 21). Portanto, evidenciada a incapacidade total e temporária, o requisito para a concessão do benefício restou cumprido. II) Quanto ao requisito da qualidade de segurado e da carência. Em análise do CNIS da autora, anexo 06, observa-se que a autora tem diversos registros junto ao RGPS. Assim, levando-se em conta a data da incapacidade, segundo a perita judicial, julho de 2018, a postulante havia perdido sua qualidade de segurada, tendo em vista que seu último vínculo foi como empregada da Prefeitura Municipal de Chorozinho, de04.01.2016 a 01.11.2016. Com o fito de constatar condição de desemprego, foi realizada audiência, na qual foram obtidas as seguintes informações: que a autora tem problemas nos pés (já teve três fraturas), pedra na vesícula e cisto no ovário esquerdo, com agravamento desde 2010; mesmo assim, trabalhou de 2013 a 2016 no Município de Chorozinho, pois lá começou como telefonista, depois como recepcionista e, por fim, chefe do posto de saúde; que após o ano de 2016 não mais trabalhou e nem foi atrás de novo emprego, poo cinta dos problemas de sáude. A testemunha afirmou que a autora iniciou seus trabalhos na prefeitura como telefonista, depois foi para o hospital municipal e, por fim, para o posto de saúde, onde trabalhou até 2016, saindo por motivo de mudança política. Indagada novamente a respeito de seu real período de labor, tendo em vista o ofício da Prefeitura Municipal de Chorozinho, anexo 27, com a contagem do tempo de serviço prestado pela autora ao citado Município, a postulante afirmou que começou a trabalhar em 1995 até 1998, como telefonista da Prefeitura; depois, somente retornou ao trabalho em 2001 e ali permaneceu até 2008; em seguida, voltou no ano de 2013 e saiu novamente em 2016, exonerada por conta da mudança de prefeito. Tendo em vista constar dos autos, anexos 9 e 10, documentação médica comprobatória da existência de incapacidade antes da data de início atestado pela perita judicial - julho de 2018, o feito foi convertido em diligência para que a jusperita esclarecesse se mantinha ou não suas conclusões contidas no anexo 21, cuja resposta pode ser vista no anexo 33: "Mantenho data de início da patologia e da incapacidade comprovada em julho de 2018, uma vez que as prescrições médicas contidas nos anexos 09 e 10 não são suficientes para firmar diagnóstico." Portanto, tendo em vista as informações contidas nos autos, notadamente as declarações prestadas em audiência, entendo que a postulante, conforme atestou a perita judicial, teve sua incapacidade iniciada em julho de 2018 e, neste período, não mais estava em seu período de graça, perdendo, pois, sua qualidade de segurada; impossibilitando, assim, a concessão do benefício pleiteado. Registro a inviabilidade de prorrogação do período de graça, porquanto a parte autora não contava com mais de 120 contribuições ininterruptas sem perda da qualidade de segurado, tampouco estava em condição de desemprego involuntário, tendo afirmado em audiência que não buscou nova colocação no mercado de trabalho, após 2016, por conta dos problemas de sáude. Tenho, portanto, como não cumprido o requisito analisado e improcedência é a medida que se impõe, tendo em vista o não cumprimento do requisito acima e a necessidade da concomitância de todos os requisitos para a concessão do benefício pleiteado. DISPOSITIVO. Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da parte autora (art. 487, inciso I, NCPC). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de gratuidade judiciária (art. 99, CPC
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
6
0503107-66.2019.4.05.8402
2019-08-22 00:00:00
Fazenda Nacional (00.394.460/0239-40) Município de Currais Novos (08.109.126/0001-00)
FAZENDA NACIONAL
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-23 17:06:05
Sentença - procedente
2019-10-04T11:39:08
Acórdão - TR
null
null
SOPHIA NÓBREGA CÂMARA LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,048
Direito Tributário
Contribuições
Contribuições Previdenciárias
1
RN001259A
SENTENÇA I – RELATÓRIO Dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese em face do contido no art. 1o da Lei 10.259/01. II – FUNDAMENTAÇÃO Cuida-se de ação proposta em face da FAZENDA NACIONAL e MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS, na qual a parte autora objetiva a não incidência da contribuição social do PSS sobre adicional de 1/3 de férias, adicional de insalubridade e serviços extraordinários, assim como a devolução de valores retidos na fonte àqueles títulos. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. Da legitimidade da União Com a vigência da Lei no 11.457/2007, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo a ela a administração das contribuições previdenciárias. Dessa forma, a partir de 02/05/2007, a União (Fazenda Nacional) passou a deter a legitimidade passiva "ad causam" nas ações judiciais em que se discute o recolhimento ou a devolução de valores relativos às contribuições previdenciárias. Ademais, conforme consulta deste Juízo ao CNIS, verifica-se que o Município de Currais Novos continua recolhendo contribuição previdenciária perante o INSS, o que demonstra não haver Regime Próprio de Previdência naquele ente Municipal. Do mérito propriamente dito Como se sabe, o modelo constitucional previdenciário dos servidores públicos federais está delineado em bases contributivas e atuariais, na conformidade da EC 20/98. Nesse passo, considerando que os valores pagos a título de adicional de um terço de férias e demais verbas não são incorporáveis à aposentadoria, não podem integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Nesse sentido decidiu a Turma Recursal do Estado em harmonia com o entendimento do STF: “EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO, PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF. TEMA 163: 1) Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade VOTO Retorna para readequação acórdão desta relatoria por força do julgamento proferido no tema 163 do índice de Repercussão Geral, que fixou a seguinte tese: “não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” Verifica-se que a tese firmada confirma o entendimento mais recente assentado não apenas no âmbito deste colegiado, mas na jurisprudência das cortes superiores. Cumpre ressaltar que, consoante fixado pelo Supremo Tribunal Federal a ausência de transito em julgado não impede que a tese firmada seja aplicada aos casos concretos: “Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Embargos com o objetivo de sobrestamento do feito. Aposentadoria especial. Conversão de tempo comum em especial. Repercussão geral. Ausência. Análise concluída. Trânsito em julgado. Desnecessidade. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE no 1.029.723/PR (Tema 943), Relator o Ministro Edson Fachin, em sessão realizada por meio eletrônico, finalizada em 20/4/2017 (DJe de 21/4/2017), assentou, dado o caráter infraconstitucional da matéria, a ausência de repercussão geral do tema versado nestes autos, relativo à possibilidade de conversão do tempo de serviço comum para especial, mediante a aplicação do fator 0,71 de conversão, nas hipóteses em que o trabalho tiver sido prestado em período anterior à Lei 9.032/95, para fins de concessão de aposentadoria especial com data de início posterior a essa legislação. 2. A existência de precedente firmado pelo Tribunal Pleno da Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma matéria, independentemente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. 3. Embargos de declaração rejeitados.(RE 993773 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 08/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG 28-08-2017 PUBLIC 29-08-2017). Com estes registros, cabe reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como “terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e “adicional de insalubridade”, assim como à restituição das parcelas não prescritas. Tendo em vista a hipótese de julgamento com aplicação de paradigma em recurso repetitivo, afirma-se irrecorrível a decisão, alertando-se as partes acerca da existência de jurisprudência firma do Supremo Tribunal Federal em tal sentido. Honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa nas hipóteses de ter recorrido a este colegiado a parte ré. Em se tratando de restituição de parcelas tributárias, cabível observar a correção pela taxa Selic, aplicável a título de correção e juros. É como voto” (TRRN, processo n.° 0511729-58.2010.4.05.8400, Juiz Federal Relator Almiro Lemos, julgado em 06.12.2018) Dessa forma, tem-se que a pretensão autoral merece acolhimento. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como para condenar a FAZENDA NACIONAL à restituição das parcelas não prescritas, com incidência de correção monetária e juros na forma do REsp 1495146/MG, aplicando-se, analogicamente e no que cabível, o Manual de Cálculos da Justiça Federal, respeitada a prescrição quinquenal. Determino ao MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS que se abstenha de descontar a contribuição previdenciária sobre a verba não incorporável aos proventos de aposentadoria. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Intimações na forma da Lei no 10.259/01. Caicó/RN, data de movimentação. SOPHIA NÓBREGA CÂMARA LIMA
PROCESSO 0503107-66.2019.4.05.8402 EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBAS NÃO INCORPORÁVEIS. APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF NO TEMA 163/RG. VOTO Discute-se a incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” O Supremo Tribunal Federal apreciou a questão no tema 163 do índice de Repercussão Geral, que fixou a seguinte tese: “não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade”. Esta a ementa: “Ementa: Direito previdenciário. Recurso Extraordinário com repercussão geral. Regime próprio dos Servidores públicos. Não incidência de contribuições previdenciárias sobre parcelas não incorporáveis à aposentadoria. 1. O regime previdenciário próprio, aplicável aos servidores públicos, rege-se pelas normas expressas do art. 40 da Constituição, e por dois vetores sistêmicos: (a) o caráter contributivo; e (b) o princípio da solidariedade. 2. A leitura dos §§ 3o e 12 do art. 40, c/c o § 11 do art. 201 da CF, deixa claro que somente devem figurar como base de cálculo da contribuição previdenciária as remunerações/ganhos habituais que tenham “repercussão em benefícios”. Como consequência, ficam excluídas as verbas que não se incorporam à aposentadoria. 3. Ademais, a dimensão contributiva do sistema é incompatível com a cobrança de contribuição previdenciária sem que se confira ao segurado qualquer benefício, efetivo ou potencial. 4. Por fim, não é possível invocar o princípio da solidariedade para inovar no tocante à regra que estabelece a base econômica do tributo. 5. À luz das premissas estabelecidas, é fixada em repercussão geral a seguinte tese: “Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade.” 6. Provimento parcial do recurso extraordinário, para determinar a restituição das parcelas não prescritas.” (RE 593068, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-056 DIVULG 21-03-2019 PUBLIC 22-03-2019) Destaca-se que a tese firmada confirma o entendimento mais recente assentado não apenas no âmbito deste colegiado, mas na jurisprudência das cortes superiores. Sem qualquer cabimento, por outro lado, a pretensão da Fazenda Nacional de modular os efeitos da decisão quando o Supremo assim não fez, ou, pior, estabelecer uma distinção sem qualquer relação com o que foi julgado, na medida em que afirmou-se na ementa do acórdão que “a dimensão contributiva do sistema é incompatível com a cobrança de contribuição previdenciária sem que se confira ao segurado qualquer benefício, efetivo ou potencial”, sem traçar qualquer distinção em relação aos servidores sem paridade. Com estes registros, cabe reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como “terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e “adicional de insalubridade”, assim como à restituição das parcelas não prescritas. Não tendo a sentença se afastado de tal entendimento, nego provimento ao recurso. Honorários advocatícios fixados em vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, acompanhar os termos do voto do relator. Verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível para o cumprimento do acórdão, após baixa na distribuição.
919
583
0
0
9-RN
0
0.74103
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Cuida-se de ação proposta em face da FAZENDA NACIONAL e MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS, na qual a parte autora objetiva a não incidência da contribuição social do PSS sobre adicional de 1/3 de férias, adicional de insalubridade e serviços extraordinários, assim como a devolução de valores retidos na fonte àqueles títulos. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. Da legitimidade da União Com a vigência da Lei no 11.457/2007, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo a ela a administração das contribuições previdenciárias. Dessa forma, a partir de 02/05/2007, a União (Fazenda Nacional) passou a deter a legitimidade passiva "ad causam" nas ações judiciais em que se discute o recolhimento ou a devolução de valores relativos às contribuições previdenciárias. Ademais, conforme consulta deste Juízo ao CNIS, verifica-se que o Município de Currais Novos continua recolhendo contribuição previdenciária perante o INSS, o que demonstra não haver Regime Próprio de Previdência naquele ente Municipal. Do mérito propriamente dito Como se sabe, o modelo constitucional previdenciário dos servidores públicos federais está delineado em bases contributivas e atuariais, na conformidade da EC 20/98. Nesse passo, considerando que os valores pagos a título de adicional de um terço de férias e demais verbas não são incorporáveis à aposentadoria, não podem integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Nesse sentido decidiu a Turma Recursal do Estado em harmonia com o entendimento do STF: “EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO, PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF. TEMA 163: 1) Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade VOTO Retorna para readequação acórdão desta relatoria por força do julgamento proferido no tema 163 do índice de Repercussão Geral, que fixou a seguinte tese: “não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” Verifica-se que a tese firmada confirma o entendimento mais recente assentado não apenas no âmbito deste colegiado, mas na jurisprudência das cortes superiores. Cumpre ressaltar que, consoante fixado pelo Supremo Tribunal Federal a ausência de transito em julgado não impede que a tese firmada seja aplicada aos casos concretos: “Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Embargos com o objetivo de sobrestamento do feito. Aposentadoria especial. Conversão de tempo comum em especial. Repercussão geral. Ausência. Análise concluída. Trânsito em julgado. Desnecessidade. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE no 1.029.723/PR (Tema 943), Relator o Ministro Edson Fachin, em sessão realizada por meio eletrônico, finalizada em 20/4/2017 (DJe de 21/4/2017), assentou, dado o caráter infraconstitucional da matéria, a ausência de repercussão geral do tema versado nestes autos, relativo à possibilidade de conversão do tempo de serviço comum para especial, mediante a aplicação do fator 0,71 de conversão, nas hipóteses em que o trabalho tiver sido prestado em período anterior à Lei 9.032/95, para fins de concessão de aposentadoria especial com data de início posterior a essa legislação. 2. A existência de precedente firmado pelo Tribunal Pleno da Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma matéria, independentemente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. 3. Embargos de declaração rejeitados.(RE 993773 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 08/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG 28-08-2017 PUBLIC 29-08-2017). Com estes registros, cabe reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como “terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e “adicional de insalubridade”, assim como à restituição das parcelas não prescritas. Tendo em vista a hipótese de julgamento com aplicação de paradigma em recurso repetitivo, afirma-se irrecorrível a decisão, alertando-se as partes acerca da existência de jurisprudência firma do Supremo Tribunal Federal em tal sentido. Honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa nas hipóteses de ter recorrido a este colegiado a parte ré. Em se tratando de restituição de parcelas tributárias, cabível observar a correção pela taxa Selic, aplicável a título de correção e juros. É como voto” (TRRN, processo n.° 0511729-58.2010.4.05.8400, Juiz Federal Relator Almiro Lemos, julgado em 06.12.2018) Dessa forma, tem-se que a pretensão autoral merece acolhimento. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como para condenar a FAZENDA NACIONAL à restituição das parcelas não prescritas, com incidência de correção monetária e juros na forma do REsp 1495146/MG, aplicando-se, analogicamente e no que cabível, o Manual de Cálculos da Justiça Federal, respeitada a prescrição quinquenal. Determino ao MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS que se abstenha de descontar a contribuição previdenciária sobre a verba não incorporável aos proventos de aposentadoria. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei ). Intimações na forma da Lei no . Caicó/RN, data de movimentação. SOPHIA NÓBREGA CÂMARA LIMA
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0500352-66.2019.4.05.8403
2019-02-07 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ (00.100.200/3000-04) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - Mossoró (29.979.036/0253-05)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-22 15:00:15
Sentença - Procedente.
2019-10-09T14:37:48
Acórdão - Turma Recursal
Carlos Wagner Dias Ferreira
2019-10-09 08:00:00
ARNALDO PEREIRA DE ANDRADE SEGUNDO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
RN009827
SENTENÇA (Tipo “A”) (RESOLUÇÃO CJF No 535, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006) 1.Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei n. 10.259/01. I - FUNDAMENTAÇÃO 2.A parte autora pleiteia a(o) concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, sob o fundamento de que mantém os requisitos legais para sua percepção. 3.Nos termos da legislação de regência, o benefício pretendido demanda a comprovação da qualidade de segurado(a) e carência, além da demonstração de incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual (art. 59, da Lei n. 8.213/91). 4.Quanto à condição de segurado(a) da parte requerente e o cumprimento do período de carência mínima exigida para a concessão do benefício, constato que, além de não ser a matéria litigiosa tratada nos autos, restaram devidamente comprovados, tendo em vista que o benefício ora postulado foi recebido até 15/01/2019, o que manteria sua qualidade de segurado, pelo menos, até 15/02/2020, conforme se pode verificar no anexo de no 20, fl. 04. 5.No tocante à incapacidade, o perito nomeado por este Juízo, de forma clara e conclusiva, atestou que a parte autora não estaria incapacitada para o trabalho, afirmando, por outro lado, que a enfermidade sofrida impõe à parte periciada limitação de grau leve para exercício de sua atual profissão (anexo 09). Confira-se: 3.1) O(a) periciando(a) é portador(a) de alguma doença, deficiência ou de alguma seqüela decorrente de acidente/doença? Desde quando? Indique o perito uma data provável •Nessas duas alternativas, a razão pela qual não se reconhece haver doença, deficiência ou sequela, mesmo com documentos / relato da autora, é a seguinte: - A(s) Doença(s) ou Sequela(s) é (são), com CIDs: Dermatite atópica patologia enumerada no CID 10 por L 20. - A data de início da doença ou sequela de acidente/doença é: a patologia iniciou-se há anos. 3.2)A doença ou seqüela é reversível, levando em conta a idade e as condições sócio-econômicas do(a) periciando(a)? Há prognóstico favorável ou pessimista? doença é reversível; prognóstico bom; Detalhamento (tratamento na rede pública, efeito de medicamentos e supervalorização dos sintomas): R: A autora encontra seu tratamento na rede publica de seu município (SUS) e amedicação utilizada não altera suas funções vitais ao ponto de chamar atenção. 4.1) A(s) doença(s), deficiência(s) ou seqüela(s) ocasiona(m), quanto à atual (ou última) atividade laborativa informada: LIMITAÇÃO, é possível o desempenho do trabalho, mas reduz a plena capacidade laborativa; Observações (se necessárias): Dificuldades para atividades com exposição solar de forma permanente e habitual. DAS ATIVIDADES HABITUAIS NO CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO 4.2) Em vista das atividades habituais do Periciando(a)/Autor(a) e do contexto sócio-econômico, a(s) doença(s) ou seqüela(s) ocasiona(m): LIMITAÇÃO: limita as condições de desempenhar atividade laborativa em grau; leve 4.3) Qual a DATA DE INÍCIO (comprovada) da limitação? Juntamente com a Doença/Sequela que o acomete, em: Há dois anos. COMPLEMENTO DE LAUDO PERICIAL R: A autora poderá ser acometida de incapacidade temporária e parcial, nos períodos de apresentação clínica das lesões de pele. Deverá nos momentos de incapacidade temporária e parcial evitar a atividades com exposição solar de forma permanente e habitual; além de evitar o contato com as substancias que sabidamente causam alergia. 6.Em que pese o perito judicial afirmar que a parte autora encontra-se capaz para o desempenho de sua atual profissão, impõe-se, quando diagnosticada a existência de limitação decorrente de sua moléstia, perquirir em cotejo com a situação pessoal da segurada, histórico profissional e condições da atual profissão se essa limitação dificulta ou impede o regular desempenho do seu ofício, comprometendo a sua subsistência. 7.Este entendimento restou consagrado pela Turma Recursal do Rio Grande do Norte, em situação análoga: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. BENEFÍCIO FUNDADO EM INCAPACIDADE. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS. ANULAÇÃO. (PROCESSO No 0502255-75.2015.4.05.8404 – Relator Almiro José da Rocha Lemos – Data de Julgamento: 16/12/2015) 8.In casu, cotejando as condições pessoais, profissionais e sociais da parte requerente com a limitação diagnosticada no laudo pericial, tenho que essa limitação obsta temporariamente o desempenho de sua atual profissão, pois o perito judicial destacou que a patologia sofrida pela autora a limita de realizar atividades que necessitem de exposição solar, as quais são inerentes à atividade de agricultora, última desenvolvida. 9.Já no que tange à data inicial do benefício, entendo que deve ser restabelecido desde a data imediatamente posterior à cessação, qual seja 16/01/2019, tendo em vista que, conforme o laudo, a parte autora se encontra com limitação incapacitante há dois anos (anexo 09, quesito 4.4), ou seja, em data anterior à cessação administrativa do último benefício concedido (DCB em 15/01/2019: anexo 20, fl. 04). II - DISPOSITIVO 10.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO formulado na inicial, extinguindo o feito com resolução de mérito (art. 487, I, do CPC), para condenar o INSS na obrigação de restabelecer, em favor da parte autora, o benefício de auxílio-doença, bem como a lhe pagar as parcelas vencidas a partir da data imediatamente posterior à cessação do benefício (16/01/2019), com DIP no trânsito em julgado, sobre as quais incidirão correção monetária, a contar de quando cada prestação deveria ter sido paga, e juros de mora, a partir da citação, pelos índices e percentagem, respectivamente, de acordo com a Lei no 11.960/2009, respeitada a prescrição quinquenal. 11.Deixo de conceder a tutela de urgência para implantação do benefício ora concedido antes do trânsito em julgado, por inexistir pedido expresso da parte autora. 12.Com o trânsito em julgado, expeça-se RPV. 13.Defiro o beneficio da assistência judiciária gratuita. 14.Sem custas e sem honorários (art. 55 da lei 9.099/1995). 15.Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Assu/RN, 22 de julho de 2019. ARNALDO PEREIRA DE ANDRADE SEGUNDO Juiz Federal
PROCESSO N°0500352-66.2019.4.05.8403 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DA INCAPACIDADE. LIMITAÇÃO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO INSS PROVIDO. 1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido deduzido na inicial, consistente concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença. 2. Em razões recursais, a autarquia previdenciária sustenta que o autor possui capacidade laborativa para o exercício de sua atividade. 3. O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 4. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. 5. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida, isso em consonância com a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização. 6. Contudo, o colegiado de uniformização mais recentemente evoluiu no entendimento acerca da impossibilidade de transmudar limitação em incapacidade à luz das ditas condições pessoais. Nesse sentido o PEDILEF 05025126120144058105 (Relator(a) JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224). 7. Com efeito, o enunciado da Súmula 47 da TNU diz respeito às hipóteses em que se verifica a existência de incapacidade parcial e, por conseguinte, revela-se imperiosa a aferição das condições pessoais e sociais a fim de perquirir a possibilidade de concessão da aposentadoria por invalidez (Súmula 47: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez). A Súmula 77 da TNU, por sua vez, dispõe que “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 8. A leitura do laudo médico revela que a autora possui 31 (trinta e um) anos de idade e ensino fundamental incompleto, tendo exercido como última ocupação a atividade de agricultora. Embora detentora deDermatite atópica (L 20), apresenta tão somente limitação leve ao exercício da sua atividade laborativa. 9. Como se vê, de fato, o laudo informa que parte a autora possui capacidade laboral, hipótese em que eventuais condições pessoais gerais adversas não podem ensejar a concessão de benefício previdenciário, que, neste caso, tem por pressuposto a contingência médica, não as adversidades pessoais ou mesmo econômicas. Cabe à parte autora identificar concretamente os fatos específicos que ensejariam o reconhecimento da incapacidade, que não devem ser presumidos. 10. Sentença digna de reforma. 11. Provimento do recurso interposto pelo INSS. 12. Sem condenação em honorários advocatícios. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto, nos termos do voto-ementa. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data do julgamento. CARLOS WAGNER DIAS FERREIRA
951
554
0
0
11-RN
1
165.182813
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
RESOLUÇÃO CJF No 535, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006) 1.Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei n. 10.259/01. I - FUNDAMENTAÇÃO 2.A parte autora pleiteia a(o) concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, sob o fundamento de que mantém os requisitos legais para sua percepção. 3.Nos termos da legislação de regência, o benefício pretendido demanda a comprovação da qualidade de segurado(a) e carência, além da demonstração de incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual (art. 59, da Lei n. 8.213/91). 4.Quanto à condição de segurado(a) da parte requerente e o cumprimento do período de carência mínima exigida para a concessão do benefício, constato que, além de não ser a matéria litigiosa tratada nos autos, restaram devidamente comprovados, tendo em vista que o benefício ora postulado foi recebido até 15/01/2019, o que manteria sua qualidade de segurado, pelo menos, até 15/02/2020, conforme se pode verificar no anexo de no 20, fl. 04. URL tocante à incapacidade, o perito nomeado por este Juízo, de forma clara e conclusiva, atestou que a parte autora não estaria incapacitada para o trabalho, afirmando, por outro lado, que a enfermidade sofrida impõe à parte periciada limitação de grau leve para exercício de sua atual profissão (anexo 09). Confira-se: 3.1) O(a) periciando(a) é portador(a) de alguma doença, deficiência ou de alguma seqüela decorrente de acidente/doença? Desde quando? Indique o perito uma data provável •Nessas duas alternativas, a razão pela qual não se reconhece haver doença, deficiência ou sequela, mesmo com documentos / relato da autora, é a seguinte: - A(s) Doença(s) ou Sequela(s) é (são), com CIDs: Dermatite atópica patologia enumerada no CID 10 por L 20. - A data de início da doença ou sequela de acidente/doença é: a patologia iniciou-se há anos. 3.2)A doença ou seqüela é reversível, levando em conta a idade e as condições sócio-econômicas do(a) periciando(a)? Há prognóstico favorável ou pessimista? doença é reversível; prognóstico bom; Detalhamento (tratamento na rede pública, efeito de medicamentos e supervalorização dos sintomas): R: A autora encontra seu tratamento na rede publica de seu município (SUS) e amedicação utilizada não altera suas funções vitais ao ponto de chamar atenção. 4.1) A(s) doença(s), deficiência(s) ou seqüela(s) ocasiona(m), quanto à atual (ou última) atividade laborativa informada: LIMITAÇÃO, é possível o desempenho do trabalho, mas reduz a plena capacidade laborativa; Observações (se necessárias): Dificuldades para atividades com exposição solar de forma permanente e habitual. DAS ATIVIDADES HABITUAIS NO CONTEXTO SÓCIO-ECONÔMICO 4.2) Em vista das atividades habituais do Periciando(a)/Autor(a) e do contexto sócio-econômico, a(s) doença(s) ou seqüela(s) ocasiona(m): LIMITAÇÃO: limita as condições de desempenhar atividade laborativa em grau; leve 4.3) Qual a DATA DE INÍCIO (comprovada) da limitação? Juntamente com a Doença/Sequela que o acomete, em: Há dois anos. COMPLEMENTO DE LAUDO PERICIAL R: A autora poderá ser acometida de incapacidade temporária e parcial, nos períodos de apresentação clínica das lesões de pele. Deverá nos momentos de incapacidade temporária e parcial evitar a atividades com exposição solar de forma permanente e habitual; além de evitar o contato com as substancias que sabidamente causam alergia. 6.Em que pese o perito judicial afirmar que a parte autora encontra-se capaz para o desempenho de sua atual profissão, impõe-se, quando diagnosticada a existência de limitação decorrente de sua moléstia, perquirir em cotejo com a situação pessoal da segurada, histórico profissional e condições da atual profissão se essa limitação dificulta ou impede o regular desempenho do seu ofício, comprometendo a sua subsistência. 7.Este entendimento restou consagrado pela Turma Recursal do Rio Grande do Norte, em situação análoga: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. BENEFÍCIO FUNDADO EM INCAPACIDADE. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS. ANULAÇÃO. (PROCESSO No 0502255-75.2015.4.05.8404 – Relator Almiro José da Rocha Lemos – Data de Julgamento: 16/12/2015) URL casu, cotejando as condições pessoais, profissionais e sociais da parte requerente com a limitação diagnosticada no laudo pericial, tenho que essa limitação obsta temporariamente o desempenho de sua atual profissão, pois o perito judicial destacou que a patologia sofrida pela autora a limita de realizar atividades que necessitem de exposição solar, as quais são inerentes à atividade de agricultora, última desenvolvida. 9.Já no que tange à data inicial do benefício, entendo que deve ser restabelecido desde a data imediatamente posterior à cessação, qual seja 16/01/2019, tendo em vista que, conforme o laudo, a parte autora se encontra com limitação incapacitante há dois anos (anexo 09, quesito 4.4), ou seja, em data anterior à cessação administrativa do último benefício concedido (DCB em 15/01/2019: anexo 20, fl. 04). II - DISPOSITIVO 10.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO formulado na inicial, extinguindo o feito com resolução de mérito (art. 487, I, do CPC), para condenar o INSS na obrigação de restabelecer, em favor da parte autora, o benefício de auxílio-doença, bem como a lhe pagar as parcelas vencidas a partir da data imediatamente posterior à cessação do benefício (16/01/2019), com DIP no trânsito em julgado, sobre as quais incidirão correção monetária, a contar de quando cada prestação deveria ter sido paga, e juros de mora, a partir da citação, pelos índices e percentagem, respectivamente, de acordo com a Lei no 11.960/2009, respeitada a prescrição quinquenal. 11.Deixo de conceder a tutela de urgência para implantação do benefício ora concedido antes do trânsito em julgado, por inexistir pedido expresso da parte autora. 12.Com o trânsito em julgado, expeça-se RPV. 13.Defiro o beneficio da assistência judiciária gratuita. 14.Sem custas e sem honorários (art. 55 da lei 9.099/1995). 15.Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Assu/RN, 22 de julho de 2019. ARNALDO PEREIRA DE ANDRADE SEGUNDO Juiz Federal
NÃO PROVIMENTO
PROVIMENTO
9
0513297-91.2019.4.05.8013
2019-05-02 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-02 11:14:08
Sentença - Procedente
2019-10-09T14:50:01
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2019-10-02 14:00:00
ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,179
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Conversão
1
AL011430
SENTENÇA Trata-se de ação proposta por ANA PAULA DOS SANTOS ARAUJO com pedido de CONVERSÃO de AUXÍLIO-DOENÇA, com conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, cumulado com o pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara a sua incapacidade total e definitiva para o trabalho e qualidade de segurado da Previdência Social. Dispensado o relatório, a teor do art. 38 da lei 9099/95. Passo a fundamentar e decidir. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. Objetivando a uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial que, após detalhado exame clínico e análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que a parte autora apresenta um quadro de Radiculopatia M51 e Gonartrose M17, estando incapacitada para o exercício de suas funções habituais. Segundo o laudo: “...4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Devido às limitações funcionais e estado físico geral. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Atividades que exijam esforços físicos braçais e/ou manuais repetitivos sob stress, sem uma adequação funcional. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim, desde que seja submetido a programa de readequação/reabilitação funcional. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Sim, o autor não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Sim, conforme apontada às seguintes: - : apresenta quadro clínico compatível conforme doc 18, rm do joelho esquerdo (02/02/18), leve condropatia incipiente. - : apresenta incapacidade para as atividades declaradas....” (Laudo Pericial) Segundo inteligência da Súmula 47 TNU: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.” Com efeito, apesar de ter a idade de 45 anos, o autor possui precária instrução formal e parca experiência profissional, conforme se pode observar pela leitura do seu CNIS. Somado a isto, há ainda as próprias limitações impostas pela patologia que o acomete, salientando que o autor já está em gozo de um auxílio-doença desde 2014, sem qualquer indício de que possa ser reabilitado para recolocação no mercado de trabalho. Logo, é de se ter que a sua readaptação ao mercado de trabalho é hipótese pouco provável, não sendo razoável exigir da parte autora – seja por seu precário estado físico, seja por sua condição sócio-cultural– seu ingresso no mercado de trabalho. Daí que entendo cabível a conversão do auxílio-doença percebido emaposentadoria por invalidez. No entanto não faz jus ao acréscimo de 25% pretendido, em razão da resposta ao quesito 7 do laudo pericial. Quanto à qualidade de segurado do RGPS, vejo que há nos autos tela CNIS que comprova que a parte autora encontra-se vinculada ao RGPS (anexo 7). Por todo o exposto, julgo PROCEDENTE EM PARTE o pedido inicial da parte autora, ao tempo em que: a) determino que o INSS converta o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA (NB 627.374.600-5) em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, com DIP em 1o de julho de 2019; b) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10(dez) dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste Juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15(quinze) dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00 em desfavor do órgão previdenciário; c) Sem retroativos vez tratar-se de benefício mínimo; d) condeno o réu ao pagamento de honorários periciais. Intime-se o INSS para o cumprimento da obrigação de fazer. Transitada em julgado a presente sentença, expeça-se RPV. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da lei n.o 9.099/95). Defiro a assistência judiciária gratuita. Intimem-se.
PROCESSO No 0513297-91.2019.4.05.8013 RECORRENTE: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO: ANA PAULA DOS SANTOS ARAUJO MAGISTRADO SENTENCIANTE: ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO DADOS: 45 ANOS; FUNDAMENTAL INCOMPLETO; ZELADORA DIAGNÓSTICO: Leve condropatia incipiente VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. condições pessoais analisadas. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Recurso inominado do INSS em face da sentença que julgou procedente pedido de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez, condenando o INSS a implantação do benefício de aposentadoria por invalidez. 2. Razões recursais do INSS, amparada, em síntese, no seguinte argumento: ausência de caracterização dos pressupostos necessários à transformação do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, fazendo jus a parte autora tão somente ao benefício de auxílio-doença. 3. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.° 8.213/91. A aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. 4. A discussão cinge-se quanto à extensão da incapacidade diagnosticada pela perícia judicial, isto é, se a incapacidade aferida poderia ensejar ou não o benefício da aposentadoria por invalidez, restando superado os requisitos inerentes à qualidade de segurado e carência. 5. No caso dos autos, verificou o perito que o requerente é portador de Leve condropatia incipiente, restando incapacitado para sua função habitual de forma temporária. Conforme registrado(anexo no19): [...] 4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Devido às limitações funcionais e estado físico geral. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Atividades que exijam esforços físicos braçais e/ou manuais repetitivos sob stress, sem uma adequação funcional. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim, desde que seja submetido a programa de readequação/reabilitação funcional. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Sim, o autor não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Sim, conforme apontada às CONCLUSÕES seguintes: Diagnóstico do autor: apresenta quadro clínico compatível conforme doc 18, rm do joelho esquerdo (02/02/18), leve condropatia incipiente. Capacidade para função habitual: apresenta incapacidade para as atividades declaradas. Capacidade para outras atividades laborais: pode exercer outras atividades laborais compatíveis com seu nível técnico e habilidades cognitivas. Capacidade para vida independente: não apresenta necessidade de supervisão ou auxílio para a vida independente. Data de início da incapacidade: em função das provas complementares anexadas e exame médico pericial específico, considerando o início das queixas relatadas, bem como a HND (história natural da doença), é possível inferir a comprovação da incapacidade a partir do doc 18, rm do joelho esquerdo (02/02/18), leve condropatia incipiente. Data da cessação da incapacidade: estimativa de tempo para tratamento e eventual cessação do benefício para que o autor volte ao seu trabalho habitual ou em atividade alternativa compatível: estima-se um período de 3 meses, a contar da data deste exame médico-pericial. [...] 6. Destarte, verifica-se que o expert foi categórico ao afirmar que a parte autora encontra-se incapacitada para sua atividade habitual de forma temporária (3 meses), com a DII em 02/02/2018. 7. Diante da constatação de incapacidade parcial assim preceitua o Enunciado no 47 da Súmula TNU: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.” 8. Assim sendo, apesar de o perito ter estimado um prazo para recuperação da parte autora, tendo em vista que a mesma está incapacitada para sua função habitual e atividades que exijam esforço físico braçais e repetitivos, conforme a perícia acima, considerando a gravidade da sua patologia, bem como as suas condições sociais (45 anos, fundamental incompleto), bem como estava em gozo de benefício de auxílio doença desde 2014 (07/2014 a 10/2018 e 04/2019 a 09/2019), entendo ser inviável que recupere a capacidade para a atividade habitual e que seja submetida à reabilitação profissional, motivo pelo qual, considerando o entendimento da Turma Nacional de Uniformização, abarcado por esta Turma Recursal, a incapacidade parcial deve ser equiparada à total, fazendo jus ao benefício de Aposentadoria por invalidez como foi concedido na sentença, não merecendo reforma o julgado a quo. 9. A jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência firmou posicionamento no sentido de que o reconhecimento do direito ao benefício previdenciário por incapacidade pode restar embasado na presença de condições pessoais ou sociais que comprovem a extrema dificuldade de inserção ou reinserção do segurado no mercado de trabalho, ainda quando não constatada incapacidade no laudo pericial (PEDILEF n.o 00058728220104013200, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, DOU 23 mar. 2012). 10. Dessa forma, entendo que se trata de hipótese de aposentadoria por invalidez, conforme Art. 42 da lei 8.213/91, o qual preceitua que “A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. 11. Por fim, destaco que o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Embora não publicado o acórdão, a notícia foi divulgada no sítio do STF. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 12. Decisão que não implica ofensa aos dispositivos elencados pelo recorrente em sua peça recursal, para fins de prequestionamento. 13. A sentença recorrida deu solução adequada à pretensão trazida a juízo, não havendo reparos a nela fazer, devendo ser mantida. 14. Recurso inominado improvido, com condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA JUIZ FEDERAL RELATOR
811
1,258
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0
9-AL
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91.819537
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta por ANA PAULA DOS SANTOS ARAUJO com pedido de CONVERSÃO de AUXÍLIO-DOENÇA, com conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, cumulado com o pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara a sua incapacidade total e definitiva para o trabalho e qualidade de segurado da Previdência Social. Dispensado o relatório, a teor do art. 38 da lei 9099/95. Passo a fundamentar e decidir. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. Objetivando a uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial que, após detalhado exame clínico e análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que a parte autora apresenta um quadro de Radiculopatia M51 e Gonartrose M17, estando incapacitada para o exercício de suas funções habituais. Segundo o laudo: “...4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Devido às limitações funcionais e estado físico geral. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Atividades que exijam esforços físicos braçais e/ou manuais repetitivos sob stress, sem uma adequação funcional. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim, desde que seja submetido a programa de readequação/reabilitação funcional. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Sim, o autor não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Sim, conforme apontada às seguintes: - : apresenta quadro clínico compatível conforme doc 18, rm do joelho esquerdo (02/02/18), leve condropatia incipiente. - : apresenta incapacidade para as atividades declaradas....” (Laudo Pericial) Segundo inteligência da Súmula 47 TNU: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez.” Com efeito, apesar de ter a idade de 45 anos, o autor possui precária instrução formal e parca experiência profissional, conforme se pode observar pela leitura do seu CNIS. Somado a isto, há ainda as próprias limitações impostas pela patologia que o acomete, salientando que o autor já está em gozo de um auxílio-doença desde 2014, sem qualquer indício de que possa ser reabilitado para recolocação no mercado de trabalho. Logo, é de se ter que a sua readaptação ao mercado de trabalho é hipótese pouco provável, não sendo razoável exigir da parte autora – seja por seu precário estado físico, seja por sua condição sócio-cultural– seu ingresso no mercado de trabalho. Daí que entendo cabível a conversão do auxílio-doença percebido emaposentadoria por invalidez. No entanto não faz jus ao acréscimo de 25% pretendido, em razão da resposta ao quesito 7 do laudo pericial. Quanto à qualidade de segurado do RGPS, vejo que há nos autos tela CNIS que comprova que a parte autora encontra-se vinculada ao RGPS (anexo 7). Por todo o exposto, julgo PROCEDENTE EM PARTE o pedido inicial da parte autora, ao tempo em que: a) determino que o INSS converta o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA (NB 627.374.600-5) em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, com DIP em 1o de julho de 2019; b) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10(dez) dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste Juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15(quinze) dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00 em desfavor do órgão previdenciário; c) Sem retroativos vez tratar-se de benefício mínimo; d) condeno o réu ao pagamento de honorários periciais. Intime-se o INSS para o cumprimento da obrigação de fazer. Transitada em julgado a presente sentença, expeça-se RPV. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da lei n.o 9.099/95). Defiro a assistência judiciária gratuita. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0501337-44.2019.4.05.8303
2019-03-27 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-26 18:05:33
Sentença - Sentença
2019-10-11T15:02:29
Acórdão - AUXÍLIO-DOENÇA
Joaquim Lustosa Filho
2019-10-11 09:30:00
BERNARDO MONTEIRO FERRAZ
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PE000573A
Processo no. 0501337-44.2019.4.05.8303S SENTENÇA Cuida-se de ação especial previdenciária promovida por MARCOS ANTONIO BEZERRA em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, buscando a obtenção de provimento jurisdicional que lhe garanta o direito ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez ou, ainda, o auxílio-acidente. Conforme se afere do art. 60 da Lei no. 8.213/91, o auxílio-doença consiste em um benefício previdenciário devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício, faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, exigindo, portanto, para o deferimento, a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (Lei no 8.213/81, art. 42). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade, pelo menos a princípio, de reabilitação. Neste contexto, cabe verificar se o Autor preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Passemos, agora, à análise das questões pertinentes à resolução da presente lide. Pois bem, em relação à qualidade de segurado, observa-se do documento presente no anexo 01 (pág 06) que o autor teve cessado o benefício cujo restabelecimento pleiteia nesta oportunidade em 19/01/2019, de modo a ser lídimo concluir pela subsistência do aludido requisito quando do ajuizamento da presente ação, a teor do disposto no art. 15, I e II, da Lei no 8.213/91. Impõe-se, desta maneira, a conclusão de que a parte autora atende ao requisito legal da condição de segurado e à carência, sem que se mostre necessária a produção de outras provas neste tocante (art. 5o da Lei no 9.099/95). No tocante ao requisito da incapacidade laboral, examinando o laudo pericial médico (anexo 14), elaborado por perito de confiança deste Juízo e equidistante do interesse das partes, observa-se que o postulante é portador de “Ataxia cerebelar de início tardio G 11.2”. Logo, concluiu o d. Expert que a patologia impede totalmente as atividades laborativas habituais (quesitos 04 e 05), pelas limitações físicas impostas (quesito 8), mas com possibilidade de recuperação (quesito 13), estimada esta em 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias (quesito 14). Concluiu-se, pois, pela existência de incapacidade total e temporária. Presentes, por conseguinte, os requisitos necessários ao restabelecimento do auxílio-doença desde a data da cessação administrativa (14/01/2019), uma vez que a enfermidade é contínua (quesito 16), com início no ano de 2007 (quesito 11), data anterior, portanto, a da irregular cessação levada a efeito pela autarquia ré. Por essas razões, julgo procedente o pedido, para condenar o INSS: a) antecipando os efeitos da tutela, a conceder, em 15 (quinze) dias, o benefício de auxílio doença em favor do Autor, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais), independentemente de eventual interesse em recorrer, haja vista que, se porventura for interposto o recurso do art. 42 da Lei n.o 9.099/95, este há de ser processado apenas no efeito devolutivo (art. 43 da Lei n.o 9.099/95); b) o benefício deverá ser mantido pelo prazo mínimo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, a contar da validação desta sentença, tempo estimado pela perícia para a recuperação da parte autora. Após esse período, o benefício será cessado, ressalvada a hipótese abaixo. b.1) Caso a autor considere que ainda está(ão) presente(s) a(s) patologia/doença que ensejou o deferimento do benefício, deverá exercer o direito ao pedido de prorrogação nos 15 (quinze) dias que antecedem a cessação do benefício estabelecido na presente sentença, nos termos do § 9o do art.60, da Lei no 8.213/91. b.2) Caso a parte autora exerça o direito ao pedido de prorrogação, o benefício deverá ser mantido até a data da efetiva realização da perícia médica pelo INSS, oportunidade em que o auxílio-doença poderá ser cessado, caso a perícia administrativa comprove que o segurado não mais apresenta incapacidade laboral, ou mantido, se for verificado que ainda persiste a incapacidade laborativa. c) pagar ao demandante as parcelas atrasadas, com DIB desde 14/01/2019 (data da cessação administrativa – anexo 01 pág 06) e DIP no 1o dia do mês da validação desta sentença, observada a prescrição quinquenal, mediante RPV, incidindo sobre o montante correção monetária com base no INPC e juros de mora com base no índice aplicável à caderneta de poupança. Para a implantação devem ser observados os seguintes elementos: BENEFÍCIO Auxílio- Doença DIB 14/01/2019 DIP 1o dia do mês da validação desta sentença Defiro a gratuidade ao Demandante (Lei no 1.060/50). Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Interposto(s) recursos(s) voluntário(s) tempestivo(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(s) recorrido(s) para oferecer(em) resposta(s), em 10 (dez) dias, e, decorrido o prazo, com ou sem contrarrazões, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, expeça-se Requisição de Pequeno Valor – RPV em favor da parte autora, observado o teto legal. Dispensado o reexame necessário, nos termos do art. 13 da Lei n.o 10.259/2001. Registre-se. Publique-se. Intimem-se. Serra Talhada, data da validação.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. BENEFÍCIO CONCEDIDO, REATIVADO OU PRORROGADO APÓS A PUBLICAÇÃO DA MP No 767/2017. MARCO TEMPORAL. ALTA PROGRAMADA. CABIMENTO. AFASTAMENTO DA OBRIGATORIEDADE DE REVISÃO ADMINISTRATIVA PARA A CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO. DCB A CONTAR DA DATA DO LAUDO PERICIAL. RECURSO DO INSS PROVIDO. O INSS interpôs recurso inominado contra sentença que julgou procedente o pedido de concessão de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. Em seu recurso, pugna que a DCB seja fixada com base no prazo de recuperação estimado pelo perito judicial, a contar da data da realização da perícia médica. A Turma Nacional de Uniformização, no julgamento do PEDILEF No 0500774-49.2016.4.05.8305, firmou a tese do cabimento da fixação de data estimada para a cessação do auxílio-doença, bem como a convocação do segurado para nova avaliação da persistência das condições que levaram à concessão do benefício na via judicial. Senão, vejamos: “a) os benefícios de auxílio-doença concedidos judicial ou administrativamente, sem Data de Cessação de Benefício (DCB), ainda que anteriormente à edição da MP no 739/2016, podem ser objeto de revisão administrativa, na forma e prazos previstos em lei e demais normas que regulamentam a matéria, por meio de prévia convocação dos segurados pelo INSS, para avaliar se persistem os motivos de concessão do benefício; b) os benefícios concedidos, reativados ou prorrogados posteriormente à publicação da MP no 767/2017, convertida na Lei n.o 13.457/17, devem, nos termos da lei, ter a sua DCB fixada, sendo desnecessária, nesses casos, a realização de nova perícia para a cessação do benefício; c) em qualquer caso, o segurado poderá pedir a prorrogação do benefício, com garantia de pagamento até a realização da perícia médica.” (PEDILEF n° 0500774-49.2016.4.05.8305, Relator: Fernando Moreira Gonçalves, Data de Julgamento: 19/04/2018). No caso, o perito fixou a data de início da incapacidade em 24/10/2007, estabelecendo o prazo ideal de 365 dias, desde a emissão do laudo (24/04/2019), para a reavaliação do autor (laudo pericial do anexo 14). O prazo estimado para recuperação do periciando deve ser contado da data da perícia judicial. Foi nesse momento que o perito pôde estabelecer um prazo para tratamento adequado do autor. Isso posto, dou provimento ao recurso inominado para fixar a DCB em 24/04/2020 (365 dias após a data da perícia médica realizada em 24/04/2019). Sem condenação em honorários advocatícios. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS,nos termos da fundamentação supra. Recife, data do julgamento.
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410
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18-PE
1
152.353854
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Cuida-se de ação especial previdenciária promovida por MARCOS ANTONIO BEZERRA em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, buscando a obtenção de provimento jurisdicional que lhe garanta o direito ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez ou, ainda, o auxílio-acidente. Conforme se afere do art. 60 da Lei no. 8.213/91, o auxílio-doença consiste em um benefício previdenciário devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício, faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, exigindo, portanto, para o deferimento, a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (Lei no 8.213/81, art. 42). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade, pelo menos a princípio, de reabilitação. Neste contexto, cabe verificar se o Autor preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Passemos, agora, à análise das questões pertinentes à resolução da presente lide. Pois bem, em relação à qualidade de segurado, observa-se do documento presente no anexo 01 (pág 06) que o autor teve cessado o benefício cujo restabelecimento pleiteia nesta oportunidade em 19/01/2019, de modo a ser lídimo concluir pela subsistência do aludido requisito quando do ajuizamento da presente ação, a teor do disposto no art. 15, I e II, da Lei no 8.213/91. Impõe-se, desta maneira, a conclusão de que a parte autora atende ao requisito legal da condição de segurado e à carência, sem que se mostre necessária a produção de outras provas neste tocante (art. 5o da Lei no 9.099/95). No tocante ao requisito da incapacidade laboral, examinando o laudo pericial médico (anexo 14), elaborado por perito de confiança deste Juízo e equidistante do interesse das partes, observa-se que o postulante é portador de “Ataxia cerebelar de início tardio G 11.2”. Logo, concluiu o d. Expert que a patologia impede totalmente as atividades laborativas habituais (quesitos 04 e 05), pelas limitações físicas impostas (quesito 8), mas com possibilidade de recuperação (quesito 13), estimada esta em 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias (quesito 14). Concluiu-se, pois, pela existência de incapacidade total e temporária. Presentes, por conseguinte, os requisitos necessários ao restabelecimento do auxílio-doença desde a data da cessação administrativa (14/01/2019), uma vez que a enfermidade é contínua (quesito 16), com início no ano de 2007 (quesito 11), data anterior, portanto, a da irregular cessação levada a efeito pela autarquia ré. Por essas razões, julgo procedente o pedido, para condenar o INSS: a) antecipando os efeitos da tutela, a conceder, em 15 (quinze) dias, o benefício de auxílio doença em favor do Autor, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais), independentemente de eventual interesse em recorrer, haja vista que, se porventura for interposto o recurso do art. 42 da Lei n.o 9.099/95, este há de ser processado apenas no efeito devolutivo (art. 43 da Lei n.o 9.099/95); b) o benefício deverá ser mantido pelo prazo mínimo de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, a contar da validação desta sentença, tempo estimado pela perícia para a recuperação da parte autora. Após esse período, o benefício será cessado, ressalvada a hipótese abaixo. b.1) Caso a autor considere que ainda está(ão) presente(s) a(s) patologia/doença que ensejou o deferimento do benefício, deverá exercer o direito ao pedido de prorrogação nos 15 (quinze) dias que antecedem a cessação do benefício estabelecido na presente sentença, nos termos do § 9o do art.60, da Lei no 8.213/91. b.2) Caso a parte autora exerça o direito ao pedido de prorrogação, o benefício deverá ser mantido até a data da efetiva realização da perícia médica pelo INSS, oportunidade em que o auxílio-doença poderá ser cessado, caso a perícia administrativa comprove que o segurado não mais apresenta incapacidade laboral, ou mantido, se for verificado que ainda persiste a incapacidade laborativa. c) pagar ao demandante as parcelas atrasadas, com DIB desde 14/01/2019 (data da cessação administrativa – anexo 01 pág 06) e DIP no 1o dia do mês da validação desta sentença, observada a prescrição quinquenal, mediante RPV, incidindo sobre o montante correção monetária com base no INPC e juros de mora com base no índice aplicável à caderneta de poupança. Para a implantação devem ser observados os seguintes elementos: BENEFÍCIO Auxílio- Doença DIB 14/01/2019 DIP 1o dia do mês da validação desta sentença Defiro a gratuidade ao Demandante (Lei no 1.060/50). Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Interposto(s) recursos(s) voluntário(s) tempestivo(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(s) recorrido(s) para oferecer(em) resposta(s), em 10 (dez) dias, e, decorrido o prazo, com ou sem contrarrazões, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, expeça-se Requisição de Pequeno Valor – RPV em favor da parte autora, observado o teto legal. Dispensado o reexame necessário, nos termos do art. 13 da Lei n.o 10.259/2001. Registre-se. Publique-se. Intimem-se. Serra Talhada, data da validação
PROVIMENTO
PROVIMENTO
26
0501937-41.2019.4.05.8311
2019-06-03 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-06 16:48:20
Sentença - procedente
2019-10-15T11:00:13
Acórdão - NP (tutela)
JORGE ANDRÉ DE CARVALHO MENDONÇA (TR2)
2019-10-10 09:15:00
DANIELA ZARZAR PEREIRA DE MELO QUEIROZ
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,118
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Tempo de Contribuição (Art. 55/6)
2
PE032423D
SENTENÇA I – RELATÓRIO: Dispensado o relatório nos termos do art. 38, parágrafo único, da Lei no 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais (art. 1o da Lei 10.259/01). II – FUNDAMENTAÇÃO: A parte autora pretende a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Para tanto, requer que o INSS reconheça o tempo de serviço laborado em condições especiais, no ensejo de que, após convertê-lo em tempo de serviço comum, seja concedido o benefício. 1) Dos requisitos da aposentadoria por tempo de contribuição: O benefício de aposentadoria por tempo de contribuição é tratado no art. 201, §7o, da Constituição Federal, que, após a edição da Emenda Constitucional n.o 20/98, prevê como requisitos para concessão: a)cumprimento da carência exigida, que é de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais, nos termos do art. 25, II, da Lei n.o 8.213/91, ressalvados os casos dos segurados filiados antes da edição da lei, em que os períodos de carência obedecem à tabela prevista no art. 142 do mesmo diploma; b)35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher. A referida Emenda Constitucional, contudo, previu, em seu art. 9o, regra de transição, aplicável aos segurados filiados ao regime antes da sua publicação. Segundo essas normas transitórias, o direito à aposentadoria por tempo de contribuição, desde que cumprido o período de carência (nos termos acima expostos) obedecerá aos requisitos adiante elencados: Para a aposentadoria com proventos integrais I.cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e II.tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a)35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher; e b)um período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo que, na data da publicação da Emenda n.o 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo acima. Para a aposentadoria com proventos proporcionais I.cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e I.tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a)30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; e b)um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda n.o 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo acima. No caso da aposentadoria proporcional, o cálculo da renda mensal inicial tomará por base o disposto no inciso II, §1o, do referido artigo: “Art. 9o. (...) §1o (...) II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.” Porém, cumpre tecer algumas considerações acerca da aplicação das regras de transição previstas no art. 9o da Emenda Constitucional no 20/98, em relação à aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais. É que, em relação aos critérios para concessão de aposentadoria integral, nas lições de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, estas não têm aplicabilidade por serem mais gravosas ao segurado, sendo essa situação reconhecida pelo INSS quando da edição da Instrução Normativa INSS/DC n 57/2001, não se exigindo idade mínima e pedágio de vinte por cento para a concessão de aposentadoria integral pelas regras de transição (cf. Manual de Direito Previdenciário, 6 ed., São Paulo: LTr, 2005, pp. 533/534). 2) Da conversão do tempo de serviço prestado sob condições especiais: No caso dos autos, o que se pretende é a conversão de tempo de serviço alegadamente prestado sob condições especiais em tempo de serviço comum, a fim de que, somados todos os períodos de atividade da parte autora, seja concedido o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. O deslinde da controvérsia exige análise, ainda que breve, das características e requisitos do benefício de aposentadoria especial, bem assim da viabilidade de conversão do tempo de serviço especial em comum. Dos requisitos para aposentadoria especial: Introduzida na legislação previdenciária brasileira pelo Decreto 3.807/60 (art. 31 e seguintes), a aposentadoria especial apresenta-se, em face das sucessivas mudanças no regramento que a disciplina, como um dos mais complexos institutos do rol de benefícios oferecidos pelo Regime Geral de Previdência Social. Na essência, trata-se de uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição com significativa redução da quantidade de anos necessários para a aposentação comum em virtude da presunção legal de que determinadas atividades sujeitam os trabalhadores mais rapidamente à incapacitação de se manter com dignidade (degradam a saúde do trabalhador mais rapidamente). Enquanto na aposentadoria por tempo de contribuição o trabalhador precisa provar 30 ou 35 anos de contribuição, a depender do sexo, na aposentadoria especial basta que comprove 15, 20 ou 25 anos de atividade laboral com agentes nocivos (insalubres, penosos ou perigosos) à saúde e à integridade física. A complexidade do instituto advém das constantes alterações na legislação aplicável à matéria, com destaque ao rol de profissões, aos agentes nocivos da atividade especial, aos instrumentos de comprovação e à possibilidade de conversão do tempo especial em comum, que se afiguram como as grandes responsáveis pela excessiva quantidade de litígios levados ao Poder Judiciário. Aliás, quanto à vigência da lei previdenciária no tempo, já é pacífico na jurisprudência que a norma aplicável é aquela vigente à época da prestação do trabalho, vedando-se a retroação, notadamente da lei nova mais gravosa, em face da garantia constitucional do direito adquirido. Preenchidos os requisitos para o gozo de determinado benefício, permanece resguardado o direito do segurado, mesmo que o dispositivo autorizador tenha sido ulteriormente revogado. É iterativa a jurisprudência neste sentido, tendo o STJ, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.310.034/PR, fixado a tese, in verbis: RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL E COMUM. CONVERSÃO. POSSIBILIDADE. ART. 9o, § 4o, DA LEI 5.890/1973, INTRODUZIDO PELA LEI 6.887/1980. CRITÉRIO. LEI APLICÁVEL. LEGISLAÇÃO VIGENTE QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DA APOSENTADORIA. 1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de desconsiderar, para fins de conversão entre tempo especial e comum, o período trabalhado antes da Lei 6.887/1980, que introduziu o citado instituto da conversão no cômputo do tempo de serviço. 2. Como pressupostos para a solução da matéria de fundo, destaca-se que o STJ sedimentou o entendimento de que, em regra; a) a configuração do tempo especial é de acordo com a lei vigente no momento do labor, e b) a lei em vigor quando preenchidas as exigências da aposentadoria é a que define o fator de conversão entre as espécies de tempo de serviço. Nesse sentido: REsp 1.151.363/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 5.4.2011, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. 3. A lei vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão entre tempos de serviço especial e comum, independentemente do regime jurídico à época da prestação do serviço. Na mesma linha: REsp 1.151.652/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 9.11.2009; REsp 270.551/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 18.03.2002; Resp 28.876/SP, Rel. Ministro Assis Toledo, Quinta Turma, DJ 11.09.1995; AgRg nos EDcl no Ag 1.354.799/PR, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 5.10.2011. 4. No caso concreto, o benefício foi requerido em 24.1.2002, quando vigente a redação original do art. 57, § 3o, da Lei 8.213/1991, que previa a possibilidade de conversão de tempo comum em especial. 5. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (STJ, RECURSO ESPECIAL No 1.310.034 –PR, J. 24/10/2012). Registre-se que é esta premissa - da aplicação da lei vigente à época do período laborado - que deve nortear a interpretação das exigências impostas ao segurado e ao empregador para o fim de comprovar o exercício de atividade especial. O atual regramento da aposentadoria especial tem esteio nos artigos 57 e 58 da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/91). Sucede que leis posteriores alteraram seu texto, trazendo alterações significativas ao instituto (Leis 9.032/95, 9.528/97 e 9.711/98). Confiram-se os dispositivos: Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 1o e §2o - omissis § 3o A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 4o O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 5o O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Parágrafo acrescentado pela Lei no 9.032, de 28.4.95). § 6o ao § 8o - omissis Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei no 9.528, de 10.12.97) § 1o A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei no 9.732, de 11.12.98) § 2o ao §4o - omissis(grifos apostos)” A Lei 9.032 de 25/04/95 trouxe basicamente duas alterações substanciais. A primeira concernente ao fim do enquadramento da categoria profissional. Antes de seu advento, para se considerar o tempo de serviço como especial admitia-se tanto o enquadramento por categorial profissional - conforme a atividade desempenhada pelo segurado - como o enquadramento por agente nocivo, independentemente do efetivo trabalho exposto a esses agentes. Após a alteração, o simples enquadramento no rol de atividades beneficiadas passou a ser insuficiente, porque se impôs a efetiva exposição do segurado a agentes nocivos à saúde, cuja relação - elencada pelo Poder Executivo – sempre foi encarada de forma enumerativa, e não exaustiva. A segunda alteração consistiu na introdução da exigência de que tal exposição, por seu turno, teria que se dar de forma permanente, não podendo ser ocasional nem intermitente. A Instrução Normativa INSS/DC 95/03, em seu art. 146, §1o, conceitua permanente como sendo “aquele em que o segurado no exercício de todas as suas funções, esteve efetivamente exposto a agentes nocivos físicos, químicos biológicos ou associação de agentes”. A mesma norma conceitua trabalho não ocasional nem intermitente como “aquele em que, na jornada de trabalho, não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade com exposição aos agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada, atividade comum e especial”. Diante da regra da irretroatividade, assim, até 25/04/95 a simples exposição ao agente agressivo configura a especialidade do trabalho. Após essa data, exigir-se-á que a exposição seja dentro da mesma jornada diária (permanente) sem interrupção ou alternância com atividade comum (não ocasional ou intermitente). No ano seguinte, surgiu nova alteração no disciplinamento da aposentadoria especial com a edição da Medida Provisória 1.523, de 11/10/96, convertida na Lei 9.528, de 10/12/97, que, como visto acima, alterou a redação do art. 58. Com a nova redação do caput e do §1o do art. 58, passou a ser do Poder Executivo a competência para estabelecer os agentes nocivos cuja exposição daria ensejo à concessão do benefício. Outra mudança significativa introduzida pela Lei 9.528/97 foi a exigência da apresentação de formulários próprios, conforme regulamentação do INSS, e de laudo técnico de médico ou de engenheiro do trabalho, vez que, anteriormente, só se exigia laudo para caracterizar a exposição a ruído acima do limite permitido. Assim, até 10/10/96 prescinde-se de laudo técnico para a comprovação da atividade especial. Após essa data (11/10/96) o laudo é indispensável diante da exigência da MP 1.528/96, convertida na Lei 9.528/97. Em face da exigência de que fossem apresentados formulário e laudo técnico, surgiram indagações sobre se seria essencial a contemporaneidade entre a análise pericial propriamente dita e o período em que foi exercida a atividade. Sim, porque, há de se convir que, com o passar dos anos, tornar-se-ia cada vez mais difícil, para o perito a reprodução das condições especiais a que se submetia o segurado, diminuindo-se, por consequência, o valor probante do laudo realizado. Entretanto, tendo em conta que a atualização dos laudos e formulários é de inteira responsabilidade do empregador, entendo que a confirmação deste acerca da subsistência de condições insalubres é suficiente para suprir este senão e atender à exigência prescrita em lei. O simples fato de ser extemporâneo em relação ao período laborado não desnatura a força probante do laudo pericial, bastando que haja a manutenção do mesmo lay out da empresa. Aliás, ainda que não haja essa referência na perícia, o simples fato de o perito ter feito o laudo indicando os agentes agressores poderá caracterizar o tempo especial, do contrário ou ele não o faria ou o apresentaria negando a existência do risco diante do avanço técnico da empresa. Do mesmo modo, a descaracterização do local de trabalho não é óbice ao reconhecimento da atividade especial. Se o local onde o segurado trabalhou não existe mais seja por encerramento da atividade da empresa, seja por reforma ou força maior, há de se buscar a similaridade. Como ensinam Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Fábio Lopes Vilela Berbel citando Wladimir Novaes Martinez: “Entende-se por similaridade os peritos localizarem estabelecimentos igual ou assemelhados, onde feita a inspeção, variando as conclusões alternativamente em conformidade com a identidade ou não dos cenários. Tal incumbência não é das mais fáceis, pois, por exemplo, não podemos ser presumido, como saber o nível de ruído de uma máquina hodiernamente inexistente?”. A prova por similaridade é totalmente possível. Impossível é não permitir ao segurado que efetue a prova da especialidade de sua profissão, sob pena de se estar infringindo o princípio da ampla defesa. No que toca à exigência para elaboração e manutenção de perfil profissiográfico previdenciário - PPP, consignada no §5o do art. 57 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela MP 1523/96 (Lei 9.528/97) merece menção o fato de que sua aplicabilidade restou contida até o advento de regulamentação administrativa, que se deu pela Instrução Normativa INSS/DC 99. Tal ato normativo, em seu art. 148, estabeleceu que só a partir de 1o/01/2004 seria exigida a apresentação do PPP para fins de aposentadoria especial. Portanto, o PPP não pode ser exigido para atividades prestadas antes desta data. Outro ponto que gerou polêmica jurisprudencial e doutrinária diz respeito à possibilidade de conversão do tempo laborado em condições especiais em tempo de serviço comum. O instituto da conversão do tempo de serviço nasceu a partir da constatação de que a atividade executada pelos segurados não é estanque, mas sujeita a alterações em toda sua vida produtiva. Assim é que, além de serem mesclados serviços em trabalhos nocivos de prazos diferentes (mineiro 15 anos e motorista de caminhão 25 anos) é comum que as pessoas trabalhem em serviços especiais e depois passem ao comum ou vice e versa. Na verdade, a conversão nada mais é do que uma grandeza matemática, como pode-se depreender da já citada obra de Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Fábio Lopes Vilela Berbel: “O tempo de serviço convertido sempre expressará valor diferente do que expressava antes da conversão. Isso ocorre porque o resultado da conversão é a equivalência de certo tempo em outro grau de nocividade. Por efeito conseqüente, certamente, um ano de tempo de serviço especial extremamente nocivo não correspondera a um ano de tempo comum, vez que a incapacidade laboral provocada por aquele se dá aos 15 anos de labor, enquanto nesse, se homem, aos 35 anos de trabalho.” A Lei 6.887, de 10/12/80, acrescentou o §4o ao art. 9o da Lei 5.890 de 08/06/73, criando a conversão do tempo de serviço. Às indagações quanto à retroatividade dessa lei entendida como benéfica, pode-se dizer que inexiste retroatividade, já que a própria lei entendida como benéfica manda aplicar a conversão do tempo de serviço exercido, sendo este obviamente o passado. Assim, admite-se a conversão tanto para os que trabalharam antes como após esse diploma legal. A atual lei que rege a conversão de tempo de serviço admite e sujeita a critérios definidos pelo MPAS (art. 57, §5o da Lei 8.213/91). O regulamento da matéria encontra-se nos arts. 66 a 70 do Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999. Por sua vez, o Decreto 4.827 de 03/09/03 alterou o art. 70 do Decreto 3.048/99 para excluir a vedação de conversão independentemente do tempo que faltava cumprir e da data da prestação do serviço, no que interessa: “Art.70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (...) § 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.” Significa, assim, dizer que o tempo de trabalho especial poderá ser convertido para especial usando dos multiplicadores do art. 66 e daqueles previstos no art. 70 do tempo especial para comum, bem como que a conversão poderá se operar ao tempo de trabalho especial prestado em qualquer período. Toda a discussão surgiu com a revogação expressa do art. 57, §5o, pelo art. 32 da Medida Provisória 1.633-10, de 28/05/98, aquele que autorizava a conversão do tempo especial para comum. Dizia o texto: O tempo de trabalho que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito da concessão de qualquer benefício”. Ocorre que, em 20/11/98, quando da conversão da aludida Medida Provisória na Lei 9.711/98, o Congresso Nacional não aprovou o texto do art. 32 da MP, mantendo intacto o dispositivo. Sobreveio, pois, nova polêmica, consistente na existência de amparo legal para o processamento da conversão do tempo laborado entre o início da vigência da MP 1.633/98 e a data em que foi convertida na Lei 9.711/98, e, finalmente, a partir da entrada em vigor desta última. Entendo não haver óbice à conversão de tempo especial em tempo comum, mesmo em se tratando de atividade exercida após 28/05/98. Afinal, não houve revogação da norma que a prevê, sendo despicienda a discussão acerca da validade da revogação do art. 57, § 5.o, e o Decreto 4.827/03 que autoriza a conversão em qualquer período. Por fim, o enquadramento das atividades laborativas aos sucessivos atos do Poder Executivo que regularam a matéria se faz da seguinte forma: PERÍODO TRABALHADO ENQUADRAMENTO Antes de05/03/97 Anexo aoDecreto 53.831/64 e Anexos I eII do Decreto 83.080/79 De06/03/97 a 06/05/99 Decreto2.172/97 De07/05/99 até agora Decreto3.048/99 Vínculos empregatícios da autora: Período compreendido entre 01/11/1989 a 01/04/2007: O autor apresentou PPP em anexo 03, informando que neste ínterim laborou na Sociedade Civil Hospital Geral do Jaboatão, no cargo de servente, exposto a vírus, fungos e bactérias, com uso de EPI eficaz. Embora somente os profissionais da área da saúde estejam contemplados no código 1.3.2 do anexo do Decreto n. 53.831/1964, os trabalhadores da área da limpeza também estão expostos aos mesmos agentes biológicos e se expõem a germes infecciosos tanto quanto os demais profissionais da área da saúde que laboram em hospitais. Após reiteradas decisões no mesmo sentido de considerar as atividades exercidas pelos profissionais de limpeza em hospitais como passíveis de enquadramento, a TNU emitiu a seguinte súmula 82: “O código 1.3.2 do quadro anexo ao Decreto n.o 53.831/64, além dos profissionais da área da saúde, contempla os trabalhadores que exercem atividades de serviços gerais em limpeza e higienização de ambientes hospitalares”. A TNU definiu ainda que o conceito de habitualidade e permanência no caso de agentes biológicos é diverso daquele utilizado para outros agentes nocivos, pois o que se protege não é o tempo de exposição, mas o risco de exposição a agentes biológicos. Dessa forma, podemos afirmar que o enquadramento é considerado o mesmo para os trabalhadores que exercem as suas atividades sujeitos a agentes biológicos de forma intermitente e ocasional, desde que exista o efetivo contato com referidos agentes. Ademais, os agentes biológicos estão enquadrados no código 3.0.1 do Anexo IV do RBPS (microorganismos e parasitas infecto-contagiosos vivos) e anexo II do decreto 3.048/99, item XXV. Porém, consta do PPP que foi utilizado Equipamento de Proteção Individual (EPI) eficaz. O Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida, fixou duas teses que deverão ser aplicadas nos casos em que se discutem os efeitos da utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) sobre o direito à aposentadoria especial. Na primeira tese, os ministros do STF decidiram, por maioria de votos, que “o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que se o Equipamento de Proteção Individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional de aposentadoria especial”. A outra tese fixada no julgamento, também por maioria de votos, é a de que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria”. Insta salientar porém que, seguindo a INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES No 77, de 21 de janeiro de 2015, a consideração do EPI como prova incontestável de eliminação dos riscos se deu apenas a partir de 03 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 02 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Portanto, no período anterior a esta data, o EPI não será considerado como fator apto a desconsideração da especialidade laboral. In verbis: Art. 268. Quando apresentado o PPP, deverão ser observadas, quanto ao preenchimento, para fins de comprovação de enquadramento de atividade exercida em condições especiais por exposição agentes nocivos, o seguinte: III - para atividade exercida até 03 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 02 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998, fica dispensado o preenchimento dos campos referentes às informações de EPI eficaz; Art. 279, § 6o: Somente será considerada a adoção de Equipamento de Proteção Individual - EPI em demonstrações ambientais emitidas a partir de 3 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 2 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998, e desde que comprovadamente elimine ou neutralize a nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do MTE, havendo ainda necessidade de que seja assegurada e devidamente registrada pela empresa, no PPP, a observância (...). § 7o Entende-se como prova incontestável de eliminação dos riscos pelo uso de EPI, citado no Parecer CONJUR/MPS/No 616/2010, de 23 de dezembro de 2010, o cumprimento do disposto no § 6o deste artigo. Portanto, apenas o período compreendido entre 01/11/1989 a 02/12/1998 será computado como especial. Período compreendido entre 01/04/2007 a 22/05/2017 (data final do PPP): O autor apresentou PPP em anexo 11, informando que neste ínterim laborou no Instituto Alcides D’Andrade Lima (hospital), no cargo de servente e auxiliar de serviços gerais, exposto a vírus e bactérias, sem uso de EPI eficaz. Pelos mesmos fundamentos do item anterior (entendimento da TNU acerca dos profissionais de limpeza em hospitais), e tendo em vista o enquadramento dos agentes nocivos, o tempo de contribuição será computado como especial. Do somatório dos períodos: Assim, tem-se que a parte demandante faz jus ao tempo comum total de 38 anos, 10 meses e 14 dias até a DER (04/07/2017), suficiente à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral, pretendida à luz da legislação atualmente em vigor. Partindo do pressuposto de que o requisito da idade mínima, previsto na Emenda Constitucional n.o 20/98 para a aposentadoria integral, é inaplicável, já que impõe regra mais gravosa que aquela originalmente prevista na Constituição da República (STJ RESP 797209 Órgão julgador: Quinta Turma Relator: ARNALDO ESTEVES LIMA DJ: 18/05/2009), é forçoso reconhecer que o pedido, quanto a esta modalidade de benefício, deve ser acolhido. A aplicação, ou não, do fator previdenciário é matéria a ser enfrentada por ocasião do cumprimento de sentença, porque somente aí será possível avaliar a vantagem financeira de sua inclusão (art. 29-C da Lei 8.213/91). Neste momento também será analisado qual a melhor DIB para o benefício (DER em 04/07/2017 ou DER em 17/10/2018 (anexos 05 e 06). DISPOSITIVO: Por tudo isso, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para condenar o INSS em: a) obrigação de fazer, consistente em implantar, em favor do(a) autor(a), desde a DER, aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais,; e b) em obrigação de dar, consistente em pagar as verbas vencidas. A condenação em obrigação de dar será acrescida de correção monetária pelo INPC a contar do vencimento de cada parcela, e de juros de mora com índices de poupança a contar da citação. Eis os dados básicos para o registro do benefício: TIPO DEBENEFÍCIO Aposentadoriaintegral. BENEFICIÁRIO(A) MAURIFIRMINO DA HORA RENDAMENSAL Adefinir. DIB 04/07/2017(DER) DIP Trânsitoem Julgado VERBASVENCIDAS A serem liquidadas. Sem custas. Sem honorários (artigo 55 da Lei no 9.099/95). Em caso de interposição de recurso tempestivo, intime-se o recorrido para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões. Após, remessa dos autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Pernambuco (Enunciado 34/Fonajef). Havendo o trânsito em julgado, intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer e informar a RMI do benefício no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 50,00. Informada a RMI, remetam-se os autos à Contadoria para cálculos dos atrasados, e, após intimação das partes, expeça-se a requisição de pagamento. Ultimadas tais providências, ao arquivo. Registre-se a presente sentença. Intimações na forma da Lei no 10.259/01. Jaboatão dos Guararapes, data da movimentação. DANIELA ZARZAR PEREIRA DE MELO QUEIROZ Juíza Federal da 30.a Vara/PE Merece registro o fato de que a nomenclatura funcional do trabalhador não é essencial para fins de enquadramento de determinada atividade como especial. Existe, inclusive, a Resolução CD/DNPS n. 566/70, que dispõe: “O trabalho do segurado na função de servente, auxiliar ou ajudante, quando realizado em condições idênticas ao do profissional classificado nos quadros anexos aos Decretos nos 63.230/68, e 53.831/64 poderá ser considerada para fins de aposentadoria especial, desde que comprovado o exercício habitual e permanente da atividade caracterizada como insalubre, penosa ou perigosa”. WEINTRAUB, Arthur Bragança de Vasconcellos e BERBEL, Fábio Lopes Vilela. Manual de Aposentadoria Especial. São Paulo: Quartier Latin. 2005, p. 161. “É aceitável laudo pericial produzido por similaridade de função, máxime quando todas as atividades desenvolvidas pelo autor possuem características comuns a exposição aos mesmos agentes nocivos.” (TRF 4aRegião. AC 2004.04.01.065473-6/RS. 6a Turma. Rel. Juiz Guilherme Pinho Machado. DJU 04.09.2002. Pág. 916).
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. EPI EFICAZ. DESCARACTERIZAÇÃO DA NOCIVIDADE, COM EXCEÇÃO DO AGENTE RUÍDO A PARTIR DE 03/12/1998. EXPOSIÇÃO A VÍRUS, BACTÉRIAS, FUNGOS, ETC. CÓDIGOS 1.3.2 DO DECRETO No 53.831/1964 E 3.0.1 DOS DECRETOS No 2.172/1997 E 3.048/1999. RECURSO IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou o pedido procedente, concedendo ao autor o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. O INSS requer o reconhecimento comum do período de 01/11/1989 a 02/12/1998 por uso de EPI eficaz. Além disso, a menção a vírus, bactérias e fungos não é suficiente para o reconhecimento especial por exposição a agentes biológicos. Caso mantida a procedência, requer que a DIB seja fixada na citação, pois a documentação comprobatória somente foi apresentada por ocasião do ajuizamento dessa demanda. Pois bem. Quanto ao tema do EPI eficaz, foi ele decidido pelo STF, no dia 04/12/2014, por meio do RE com Agravo 664.335/SC. A interpretação que entendo correta quanto ao precedente é no sentido de que a utilização de EPI eficaz neutraliza os efeitos dos agentes nocivos, devendo o tempo ser contado como comum no período correspondente, salvo se o agente nocivo for o ruído. A interpretação dada por esta Turma ao precedente acima, porém, na sessão do dia 04/04/2019, foi ligeiramente diferente, a qual sigo por medida de economia processual. Naquela oportunidade entendeu-se que: 1) Se o PPP informa o uso de EPI eficaz (“sim”), não tendo sido apresentado o LTCAT valerá a informação, devendo o tempo ser considerado comum; 2) Se o PPP informa o uso de EPI eficaz (“sim”), mas foi apresentado o LTCAT, podem acontecer algumas situações: 2.1) Se o LTCAT diz que o EPI neutraliza os efeitos do agente nocivo, vale o EPI eficaz, situação na qual o tempo deve ser considerado comum; 2.2) Se o LTCAT diz que o EPI não neutraliza os efeitos do agente nocivo, afasta-se a informação do PPP no sentido de ter havido uso do EPI eficaz, a qual está errada, sendo o tempo contado como especial; 2.3) Se o LTCAT não se manifesta quanto à neutralização do agente nocivo pelo uso do EPI (não menciona que houve uso de EPI eficaz), a informação do PPP deve ser desconsiderada, já que este tem por base aquele. Exceções a tais orientações ocorrem apenas nos casos de ruído (STF), período anterior a 1998 (TNU) e nos casos teratológicos, ou seja, manifestamente absurdos (2a TRPE). Exceções a tais orientações ocorrem apenas nos casos de ruído (STF), período anterior a 1998 (TNU) e nos casos teratológicos, ou seja, manifestamente absurdos (2a TRPE). Como salientou a TNU, a exigência do EPI eficaz somente é possível a partir de 03/12/1998, de modo que somente analiso a repercussão do uso de EPI eficaz a partir de tal data: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TEMPO DE SERVIÇO SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. EPI EFICAZ. INFORMAÇÃO CONTIDA EM PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP). MATÉRIA DE FATO. SÚMULA 42 DA TNU. De fato esta TNU tem posicionamento no sentido de que a descaracterização da informação contida no PPP, no sentido de utilização de EPI eficaz, demandaria revolvimento de prova. contudo, a parte autora suscitou também uma questão de direito que deverá ser analisada, porquanto demonstrada satisfatoriamente a divergência jurisprudencial entre a turma Recursal do Pernambuco e a Turma Recursal do Rio Grande do Sul. Refiro-me ao entendimento de que o uso de EPI somente poderá ser considerado para atividades desempenhado a partir de 11 de dezembro de 1998, em virtude da alteração efetuada no § 2o do artigo 58 da Lei 8.213/91 pela Lei 9.732, de 11/12/1998. Em concordância com a turma Recursal do Rio Grande do Sul, penso que há de se observar o direito adquirido à consideração do tempo de serviço conforme a lei vigente à época de sua prestação. Até 02/12/1998 não havia no âmbito do direito previdenciário o uso eficaz do EPI como fator de descaracterização da atividade especial. Apenas com o advento da Medida Provisória 1.729 , publicada em 03/12/1998 e convertida na Lei no 9.732 /98, a redação do § 2o do art. 58 da Lei no 8.213 /1991 passou a exigir "informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância". Assim, as atividades realizadas antes deste marco temporal, deverão ser consideradas especiais independentemente de o documento atestar a eficácia do EPI, conclusão esta que é extraída do §6o do art.238 da própria IN no 45 do INSS. Ante o exposto voto por conhecer e dar parcial provimento ao PEDILEF, para determinar que as atividades exercidas até 02/12/1998 sejam tidas como especiais, independententemente de constar no PPP a informação acerca do uso de EPI eficaz. (Processo Pedido 05013092720154058300. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma): Relator(a): CARMEN ELIZANGELA DIAS MOREIRA DE RESENDE. Órgão julgador: TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO) Considerando que o período controvertido é abrangido pelo julgado da TNU, o fato de se usar EPI eficaz não descaracteriza a nocividade. Com relação aos agentes biológicos, os Decreto no 53.831/1964, 2172/1997 3.048/99 regulamentam o assunto da seguinte forma: D53831(código GERMES INFECCIOSOS OU PARASITÁRIOS HUMANOS – ANIMAIS Serviços de Assistência Médica, Odontológica e Hospitalar em que haja contato obrigatório com organismos doentes ou com materiais infecto-contagiantes. Trabalhos permanentes expostos ao contato com doentes ou materiais infecto-contagiantes - assistência médico, odontológica, hospitalar e outras atividades afins. D 2172 e 3048 (código 3.0.0 e 3.0.1): BIOLÓGICOS Exposição aos agentes citados unicamente nas atividades relacionadas. MICROORGANISMOS E PARASITAS INFECTO-CONTAGIOSOS VIVOS E SUAS TOXINAS(Redação dada pelo Decreto no 4.882, de 2003) a) trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados; b) trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos; c) trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia; d) trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos de animais deteriorados; e) trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto; f) esvaziamento de biodigestores; g) coleta e industrialização do lixo. Quando tratou dos agentes químicos, os Decretos 2.172/1997 e 3.048/1999 foram muito claros, dizendo que "o rol de agentes nocivos é exaustivo, enquanto que as atividades listadas, nas quais pode haver a exposição, é exemplificativa". Para os agentes biológicos, objeto de discussão nestes autos, não houve a mesma clareza. O texto normativo foi mais genérico quanto a estes, exigindo "exposição aos agentes citados unicamente nas atividades relacionadas". Parece-nos que, de forma diferente dos agentes químicos, para os biológicos o rol de atividades é exaustivo, não admitindo a analogia ou similitude. Embora mais duvidoso, chegamos à mesma conclusão, quanto ao rol dos agentes biológicos, também exaustivo. Todavia, outro foi o entendimento do STJ, ainda que para todos os agentes nocivos genericamente, no REsp 1306113/SC, sob a sistemática dos repetitivos, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJe 07/03/2013, quando ficou assentado que: À luz da interpretação sistemática, as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividades nocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a técnica médica e a legislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o trabalho seja permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais (art. 57, § 3o, da Lei 8.213/1991). Precedentes do STJ. A atividade do autor se enquadra, portanto, no código 3.0.1 do Decreto no 3.048/99, devendo o período ser computado como especial. O mesmo argumento se aplica na vigência do Decreto no 53.831/1964, não havendo disposição diversa. É bom notar que nenhuma argumentação de violação a dispositivos legais e/ou constitucionais pode ser aceita neste grau de jurisdição. Isso porque, ainda que concordemos com todos os argumentos, não poderemos deixar de seguir o precedente. Eles, portanto, deveriam ter sido formulados perante as instâncias competentes e no momento oportuno. Assim, a única defesa que viabilizaria uma análise aprofundada, no momento, seria a relativa a eventual existência de distinguinshing ou overruling pela própria Corte competente, o que não aconteceu. Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). Recuso Inominado improvido. Honorários a cargo do INSS à razão de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos da Lei no 9.099/95, aplicável ao JEF por força do art. 1o, da Lei no 10.259/01, observados os termos da Súmula no 111, do C. STJ. Cuidando-se de verba de natureza alimentar, torna-se evidente a possibilidade de dano de difícil reparação na hipótese de pagamento tardio. Assim, com fundamento no artigo 4o da Lei 10.259/2001 e, bem assim, diante da verossimilhança das alegações da parte requerente, conforme esclarecido neste julgado, ANTECIPAM-SE, EM PARTE, OS EFEITOS DA TUTELA, somente para determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS implantar/revisar, de imediato, o benefício previdenciário deferido (obrigação de fazer), com DIP na data do julgamento. O prazo para cumprimento é de 30 dias a contar da intimação do julgamento, sob pena de transcurso de multa diária no valor de R$ 100,00. É como voto. JORGE ANDRÉ DE CARVALHO MENDONÇA Juiz Federal ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a 2a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, por unanimidade,NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto supra. Recife, data do julgamento. JORGE ANDRÉ DE CARVALHO MENDONÇA
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30-PE
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63.991204
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
parte autora pretende a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Para tanto, requer que o INSS reconheça o tempo de serviço laborado em condições especiais, no ensejo de que, após convertê-lo em tempo de serviço comum, seja concedido o benefício. 1) Dos requisitos da aposentadoria por tempo de contribuição: O benefício de aposentadoria por tempo de contribuição é tratado no art. 201, §7o, da Constituição Federal, que, após a edição da Emenda Constitucional n.o 20/98, prevê como requisitos para concessão: a)cumprimento da carência exigida, que é de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais, nos termos do art. 25, II, da Lei n.o 8.213/91, ressalvados os casos dos segurados filiados antes da edição da lei, em que os períodos de carência obedecem à tabela prevista no art. 142 do mesmo diploma; b)35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher. A referida Emenda Constitucional, contudo, previu, em seu art. 9o, regra de transição, aplicável aos segurados filiados ao regime antes da sua publicação. Segundo essas normas transitórias, o direito à aposentadoria por tempo de contribuição, desde que cumprido o período de carência (nos termos acima expostos) obedecerá aos requisitos adiante elencados: Para a aposentadoria com proventos integrais I.cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e II.tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a)35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher; e b)um período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo que, na data da publicação da Emenda n.o 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo acima. Para a aposentadoria com proventos proporcionais I.cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e I.tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a)30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; e b)um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda n.o 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo acima. No caso da aposentadoria proporcional, o cálculo da renda mensal inicial tomará por base o disposto no inciso II, §1o, do referido artigo: “Art. 9o. (...) §1o (...) II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.” Porém, cumpre tecer algumas considerações acerca da aplicação das regras de transição previstas no art. 9o da Emenda Constitucional no 20/98, em relação à aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais. É que, em relação aos critérios para concessão de aposentadoria integral, nas lições de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, estas não têm aplicabilidade por serem mais gravosas ao segurado, sendo essa situação reconhecida pelo INSS quando da edição da Instrução Normativa INSS/DC n 57/2001, não se exigindo idade mínima e pedágio de vinte por cento para a concessão de aposentadoria integral pelas regras de transição (cf. Manual de Direito Previdenciário, 6 ed., São Paulo: LTr, 2005, pp. 533/534). 2) Da conversão do tempo de serviço prestado sob condições especiais: No caso dos autos, o que se pretende é a conversão de tempo de serviço alegadamente prestado sob condições especiais em tempo de serviço comum, a fim de que, somados todos os períodos de atividade da parte autora, seja concedido o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. O deslinde da controvérsia exige análise, ainda que breve, das características e requisitos do benefício de aposentadoria especial, bem assim da viabilidade de conversão do tempo de serviço especial em comum. Dos requisitos para aposentadoria especial: Introduzida na legislação previdenciária brasileira pelo Decreto 3.807/60 (art. 31 e seguintes), a aposentadoria especial apresenta-se, em face das sucessivas mudanças no regramento que a disciplina, como um dos mais complexos institutos do rol de benefícios oferecidos pelo Regime Geral de Previdência Social. Na essência, trata-se de uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição com significativa redução da quantidade de anos necessários para a aposentação comum em virtude da presunção legal de que determinadas atividades sujeitam os trabalhadores mais rapidamente à incapacitação de se manter com dignidade (degradam a saúde do trabalhador mais rapidamente). Enquanto na aposentadoria por tempo de contribuição o trabalhador precisa provar 30 ou 35 anos de contribuição, a depender do sexo, na aposentadoria especial basta que comprove 15, 20 ou 25 anos de atividade laboral com agentes nocivos (insalubres, penosos ou perigosos) à saúde e à integridade física. A complexidade do instituto advém das constantes alterações na legislação aplicável à matéria, com destaque ao rol de profissões, aos agentes nocivos da atividade especial, aos instrumentos de comprovação e à possibilidade de conversão do tempo especial em comum, que se afiguram como as grandes responsáveis pela excessiva quantidade de litígios levados ao Poder Judiciário. Aliás, quanto à vigência da lei previdenciária no tempo, já é pacífico na jurisprudência que a norma aplicável é aquela vigente à época da prestação do trabalho, vedando-se a retroação, notadamente da lei nova mais gravosa, em face da garantia constitucional do direito adquirido. Preenchidos os requisitos para o gozo de determinado benefício, permanece resguardado o direito do segurado, mesmo que o dispositivo autorizador tenha sido ulteriormente revogado. É iterativa a jurisprudência neste sentido, tendo o STJ, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.310.034/PR, fixado a tese, in verbis: RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL E COMUM. CONVERSÃO. POSSIBILIDADE. ART. 9o, § 4o, DA LEI 5.890/1973, INTRODUZIDO PELA LEI 6.887/1980. CRITÉRIO. LEI APLICÁVEL. LEGISLAÇÃO VIGENTE QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DA APOSENTADORIA. 1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de desconsiderar, para fins de conversão entre tempo especial e comum, o período trabalhado antes da Lei 6.887/1980, que introduziu o citado instituto da conversão no cômputo do tempo de serviço. 2. Como pressupostos para a solução da matéria de fundo, destaca-se que o STJ sedimentou o entendimento de que, em regra; a) a configuração do tempo especial é de acordo com a lei vigente no momento do labor, e b) a lei em vigor quando preenchidas as exigências da aposentadoria é a que define o fator de conversão entre as espécies de tempo de serviço. Nesse sentido: REsp 1.151.363/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 5.4.2011, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. 3. A lei vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão entre tempos de serviço especial e comum, independentemente do regime jurídico à época da prestação do serviço. Na mesma linha: REsp 1.151.652/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 9.11.2009; REsp 270.551/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 18.03.2002; Resp 28.876/SP, Rel. Ministro Assis Toledo, Quinta Turma, DJ 11.09.1995; AgRg nos EDcl no Ag 1.354.799/PR, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 5.10.2011. 4. No caso concreto, o benefício foi requerido em 24.1.2002, quando vigente a redação original do art. 57, § 3o, da Lei 8.213/1991, que previa a possibilidade de conversão de tempo comum em especial. 5. Recurso Especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (STJ, RECURSO ESPECIAL No 1.310.034 –PR, J. 24/10/2012). Registre-se que é esta premissa - da aplicação da lei vigente à época do período laborado - que deve nortear a interpretação das exigências impostas ao segurado e ao empregador para o fim de comprovar o exercício de atividade especial. O atual regramento da aposentadoria especial tem esteio nos artigos 57 e 58 da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/91). Sucede que leis posteriores alteraram seu texto, trazendo alterações significativas ao instituto (Leis 9.032/95, 9.528/97 e 9.711/98). Confiram-se os dispositivos: Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 1o e §2o - omissis § 3o A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 4o O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei no 9.032, de 28.4.95) § 5o O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Parágrafo acrescentado pela Lei no 9.032, de 28.4.95). § 6o ao § 8o - omissis Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei no 9.528, de 10.12.97) § 1o A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei no 9.732, de 11.12.98) § 2o ao §4o - omissis(grifos apostos)” A Lei 9.032 de 25/04/95 trouxe basicamente duas alterações substanciais. A primeira concernente ao fim do enquadramento da categoria profissional. Antes de seu advento, para se considerar o tempo de serviço como especial admitia-se tanto o enquadramento por categorial profissional - conforme a atividade desempenhada pelo segurado - como o enquadramento por agente nocivo, independentemente do efetivo trabalho exposto a esses agentes. Após a alteração, o simples enquadramento no rol de atividades beneficiadas passou a ser insuficiente, porque se impôs a efetiva exposição do segurado a agentes nocivos à saúde, cuja relação - elencada pelo Poder Executivo – sempre foi encarada de forma enumerativa, e não exaustiva. A segunda alteração consistiu na introdução da exigência de que tal exposição, por seu turno, teria que se dar de forma permanente, não podendo ser ocasional nem intermitente. A Instrução Normativa INSS/DC 95/03, em seu art. 146, §1o, conceitua permanente como sendo “aquele em que o segurado no exercício de todas as suas funções, esteve efetivamente exposto a agentes nocivos físicos, químicos biológicos ou associação de agentes”. A mesma norma conceitua trabalho não ocasional nem intermitente como “aquele em que, na jornada de trabalho, não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade com exposição aos agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada, atividade comum e especial”. Diante da regra da irretroatividade, assim, até 25/04/95 a simples exposição ao agente agressivo configura a especialidade do trabalho. Após essa data, exigir-se-á que a exposição seja dentro da mesma jornada diária (permanente) sem interrupção ou alternância com atividade comum (não ocasional ou intermitente). No ano seguinte, surgiu nova alteração no disciplinamento da aposentadoria especial com a edição da Medida Provisória 1.523, de 11/10/96, convertida na Lei 9.528, de 10/12/97, que, como visto acima, alterou a redação do art. 58. Com a nova redação do caput e do §1o do art. 58, passou a ser do Poder Executivo a competência para estabelecer os agentes nocivos cuja exposição daria ensejo à concessão do benefício. Outra mudança significativa introduzida pela Lei 9.528/97 foi a exigência da apresentação de formulários próprios, conforme regulamentação do INSS, e de laudo técnico de médico ou de engenheiro do trabalho, vez que, anteriormente, só se exigia laudo para caracterizar a exposição a ruído acima do limite permitido. Assim, até 10/10/96 prescinde-se de laudo técnico para a comprovação da atividade especial. Após essa data (11/10/96) o laudo é indispensável diante da exigência da MP 1.528/96, convertida na Lei 9.528/97. Em face da exigência de que fossem apresentados formulário e laudo técnico, surgiram indagações sobre se seria essencial a contemporaneidade entre a análise pericial propriamente dita e o período em que foi exercida a atividade. Sim, porque, há de se convir que, com o passar dos anos, tornar-se-ia cada vez mais difícil, para o perito a reprodução das condições especiais a que se submetia o segurado, diminuindo-se, por consequência, o valor probante do laudo realizado. Entretanto, tendo em conta que a atualização dos laudos e formulários é de inteira responsabilidade do empregador, entendo que a confirmação deste acerca da subsistência de condições insalubres é suficiente para suprir este senão e atender à exigência prescrita em lei. O simples fato de ser extemporâneo em relação ao período laborado não desnatura a força probante do laudo pericial, bastando que haja a manutenção do mesmo lay out da empresa. Aliás, ainda que não haja essa referência na perícia, o simples fato de o perito ter feito o laudo indicando os agentes agressores poderá caracterizar o tempo especial, do contrário ou ele não o faria ou o apresentaria negando a existência do risco diante do avanço técnico da empresa. Do mesmo modo, a descaracterização do local de trabalho não é óbice ao reconhecimento da atividade especial. Se o local onde o segurado trabalhou não existe mais seja por encerramento da atividade da empresa, seja por reforma ou força maior, há de se buscar a similaridade. Como ensinam Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Fábio Lopes Vilela Berbel citando Wladimir Novaes Martinez: “Entende-se por similaridade os peritos localizarem estabelecimentos igual ou assemelhados, onde feita a inspeção, variando as conclusões alternativamente em conformidade com a identidade ou não dos cenários. Tal incumbência não é das mais fáceis, pois, por exemplo, não podemos ser presumido, como saber o nível de ruído de uma máquina hodiernamente inexistente?”. A prova por similaridade é totalmente possível. Impossível é não permitir ao segurado que efetue a prova da especialidade de sua profissão, sob pena de se estar infringindo o princípio da ampla defesa. No que toca à exigência para elaboração e manutenção de perfil profissiográfico previdenciário - PPP, consignada no §5o do art. 57 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela MP 1523/96 (Lei 9.528/97) merece menção o fato de que sua aplicabilidade restou contida até o advento de regulamentação administrativa, que se deu pela Instrução Normativa INSS/DC 99. Tal ato normativo, em seu art. 148, estabeleceu que só a partir de 1o/01/2004 seria exigida a apresentação do PPP para fins de aposentadoria especial. Portanto, o PPP não pode ser exigido para atividades prestadas antes desta data. Outro ponto que gerou polêmica jurisprudencial e doutrinária diz respeito à possibilidade de conversão do tempo laborado em condições especiais em tempo de serviço comum. O instituto da conversão do tempo de serviço nasceu a partir da constatação de que a atividade executada pelos segurados não é estanque, mas sujeita a alterações em toda sua vida produtiva. Assim é que, além de serem mesclados serviços em trabalhos nocivos de prazos diferentes (mineiro 15 anos e motorista de caminhão 25 anos) é comum que as pessoas trabalhem em serviços especiais e depois passem ao comum ou vice e versa. Na verdade, a conversão nada mais é do que uma grandeza matemática, como pode-se depreender da já citada obra de Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Fábio Lopes Vilela Berbel: “O tempo de serviço convertido sempre expressará valor diferente do que expressava antes da conversão. Isso ocorre porque o resultado da conversão é a equivalência de certo tempo em outro grau de nocividade. Por efeito conseqüente, certamente, um ano de tempo de serviço especial extremamente nocivo não correspondera a um ano de tempo comum, vez que a incapacidade laboral provocada por aquele se dá aos 15 anos de labor, enquanto nesse, se homem, aos 35 anos de trabalho.” A Lei 6.887, de 10/12/80, acrescentou o §4o ao art. 9o da Lei 5.890 de 08/06/73, criando a conversão do tempo de serviço. Às indagações quanto à retroatividade dessa lei entendida como benéfica, pode-se dizer que inexiste retroatividade, já que a própria lei entendida como benéfica manda aplicar a conversão do tempo de serviço exercido, sendo este obviamente o passado. Assim, admite-se a conversão tanto para os que trabalharam antes como após esse diploma legal. A atual lei que rege a conversão de tempo de serviço admite e sujeita a critérios definidos pelo MPAS (art. 57, §5o da Lei 8.213/91). O regulamento da matéria encontra-se nos arts. 66 a 70 do Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999. Por sua vez, o Decreto 4.827 de 03/09/03 alterou o art. 70 do Decreto 3.048/99 para excluir a vedação de conversão independentemente do tempo que faltava cumprir e da data da prestação do serviço, no que interessa: “Art.70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (...) § 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período.” Significa, assim, dizer que o tempo de trabalho especial poderá ser convertido para especial usando dos multiplicadores do art. 66 e daqueles previstos no art. 70 do tempo especial para comum, bem como que a conversão poderá se operar ao tempo de trabalho especial prestado em qualquer período. Toda a discussão surgiu com a revogação expressa do art. 57, §5o, pelo art. 32 da Medida Provisória 1.633-10, de 28/05/98, aquele que autorizava a conversão do tempo especial para comum. Dizia o texto: O tempo de trabalho que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito da concessão de qualquer benefício”. Ocorre que, em 20/11/98, quando da conversão da aludida Medida Provisória na Lei 9.711/98, o Congresso Nacional não aprovou o texto do art. 32 da MP, mantendo intacto o dispositivo. Sobreveio, pois, nova polêmica, consistente na existência de amparo legal para o processamento da conversão do tempo laborado entre o início da vigência da MP 1.633/98 e a data em que foi convertida na Lei 9.711/98, e, finalmente, a partir da entrada em vigor desta última. Entendo não haver óbice à conversão de tempo especial em tempo comum, mesmo em se tratando de atividade exercida após 28/05/98. Afinal, não houve revogação da norma que a prevê, sendo despicienda a discussão acerca da validade da revogação do art. 57, § 5.o, e o Decreto 4.827/03 que autoriza a conversão em qualquer período. Por fim, o enquadramento das atividades laborativas aos sucessivos atos do Poder Executivo que regularam a matéria se faz da seguinte forma: PERÍODO TRABALHADO ENQUADRAMENTO Antes de05/03/97 Anexo aoDecreto 53.831/64 e Anexos I eII do Decreto 83.080/79 De06/03/97 a 06/05/99 Decreto2.172/97 De07/05/99 até agora Decreto3.048/99 Vínculos empregatícios da autora: Período compreendido entre 01/11/1989 a 01/04/2007: O autor apresentou PPP em anexo 03, informando que neste ínterim laborou na Sociedade Civil Hospital Geral do Jaboatão, no cargo de servente, exposto a vírus, fungos e bactérias, com uso de EPI eficaz. Embora somente os profissionais da área da saúde estejam contemplados no código 1.3.2 do anexo do Decreto n. 53.831/1964, os trabalhadores da área da limpeza também estão expostos aos mesmos agentes biológicos e se expõem a germes infecciosos tanto quanto os demais profissionais da área da saúde que laboram em hospitais. Após reiteradas decisões no mesmo sentido de considerar as atividades exercidas pelos profissionais de limpeza em hospitais como passíveis de enquadramento, a TNU emitiu a seguinte súmula 82: “O código 1.3.2 do quadro anexo ao Decreto n.o 53.831/64, além dos profissionais da área da saúde, contempla os trabalhadores que exercem atividades de serviços gerais em limpeza e higienização de ambientes hospitalares”. A TNU definiu ainda que o conceito de habitualidade e permanência no caso de agentes biológicos é diverso daquele utilizado para outros agentes nocivos, pois o que se protege não é o tempo de exposição, mas o risco de exposição a agentes biológicos. Dessa forma, podemos afirmar que o enquadramento é considerado o mesmo para os trabalhadores que exercem as suas atividades sujeitos a agentes biológicos de forma intermitente e ocasional, desde que exista o efetivo contato com referidos agentes. Ademais, os agentes biológicos estão enquadrados no código 3.0.1 do Anexo IV do RBPS (microorganismos e parasitas infecto-contagiosos vivos) e anexo II do decreto 3.048/99, item XXV. Porém, consta do PPP que foi utilizado Equipamento de Proteção Individual (EPI) eficaz. O Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida, fixou duas teses que deverão ser aplicadas nos casos em que se discutem os efeitos da utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) sobre o direito à aposentadoria especial. Na primeira tese, os ministros do STF decidiram, por maioria de votos, que “o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que se o Equipamento de Proteção Individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo à concessão constitucional de aposentadoria especial”. A outra tese fixada no julgamento, também por maioria de votos, é a de que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria”. Insta salientar porém que, seguindo a INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES No 77, de 21 de janeiro de 2015, a consideração do EPI como prova incontestável de eliminação dos riscos se deu apenas a partir de 03 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 02 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Portanto, no período anterior a esta data, o EPI não será considerado como fator apto a desconsideração da especialidade laboral. In verbis: Art. 268. Quando apresentado o PPP, deverão ser observadas, quanto ao preenchimento, para fins de comprovação de enquadramento de atividade exercida em condições especiais por exposição agentes nocivos, o seguinte: III - para atividade exercida até 03 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 02 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998, fica dispensado o preenchimento dos campos referentes às informações de EPI eficaz; Art. 279, § 6o: Somente será considerada a adoção de Equipamento de Proteção Individual - EPI em demonstrações ambientais emitidas a partir de 3 de dezembro de 1998, data da publicação da MP no 1.729, de 2 de dezembro de 1998, convertida na Lei no 9.732, de 11 de dezembro de 1998, e desde que comprovadamente elimine ou neutralize a nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do MTE, havendo ainda necessidade de que seja assegurada e devidamente registrada pela empresa, no PPP, a observância (...). § 7o Entende-se como prova incontestável de eliminação dos riscos pelo uso de EPI, citado no Parecer CONJUR/MPS/No 616/2010, de 23 de dezembro de 2010, o cumprimento do disposto no § 6o deste artigo. Portanto, apenas o período compreendido entre 01/11/1989 a 02/12/1998 será computado como especial. Período compreendido entre 01/04/2007 a 22/05/2017 (data final do PPP): O autor apresentou PPP em anexo 11, informando que neste ínterim laborou no Instituto Alcides D’Andrade Lima (hospital), no cargo de servente e auxiliar de serviços gerais, exposto a vírus e bactérias, sem uso de EPI eficaz. Pelos mesmos fundamentos do item anterior (entendimento da TNU acerca dos profissionais de limpeza em hospitais), e tendo em vista o enquadramento dos agentes nocivos, o tempo de contribuição será computado como especial. Do somatório dos períodos: Assim, tem-se que a parte demandante faz jus ao tempo comum total de 38 anos, 10 meses e 14 dias até a DER (04/07/2017), suficiente à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral, pretendida à luz da legislação atualmente em vigor. Partindo do pressuposto de que o requisito da idade mínima, previsto na Emenda Constitucional n.o 20/98 para a aposentadoria integral, é inaplicável, já que impõe regra mais gravosa que aquela originalmente prevista na Constituição da República (STJ RESP 797209 Órgão julgador: Quinta Turma Relator: ARNALDO ESTEVES LIMA DJ: 18/05/2009), é forçoso reconhecer que o pedido, quanto a esta modalidade de benefício, deve ser acolhido. A aplicação, ou não, do fator previdenciário é matéria a ser enfrentada por ocasião do cumprimento de sentença, porque somente aí será possível avaliar a vantagem financeira de sua inclusão (art. 29-C da Lei 8.213/91). Neste momento também será analisado qual a melhor DIB para o benefício (DER em 04/07/2017 ou DER em 17/10/2018 (anexos 05 e 06). DISPOSITIVO: Por tudo isso, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para condenar o INSS em: a) obrigação de fazer, consistente em implantar, em favor do(a) autor(a), desde a DER, aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais,; e b) em obrigação de dar, consistente em pagar as verbas vencidas. A condenação em obrigação de dar será acrescida de correção monetária pelo INPC a contar do vencimento de cada parcela, e de juros de mora com índices de poupança a contar da citação. Eis os dados básicos para o registro do benefício: TIPO DEBENEFÍCIO Aposentadoriaintegral. BENEFICIÁRIO(A) MAURIFIRMINO DA HORA RENDAMENSAL Adefinir. DIB 04/07/2017(DER) DIP Trânsitoem Julgado VERBASVENCIDAS A serem liquidadas. Sem custas. Sem honorários (artigo 55 da Lei no ). Em caso de interposição de recurso tempestivo, intime-se o recorrido para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões. Após, remessa dos autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Pernambuco (Enunciado 34/Fonajef). Havendo o trânsito em julgado, intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer e informar a RMI do benefício no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 50,00. Informada a RMI, remetam-se os autos à Contadoria para cálculos dos atrasados, e, após intimação das partes, expeça-se a requisição de pagamento. Ultimadas tais providências, ao arquivo. Registre-se a presente sentença. Intimações na forma da Lei no . Jaboatão dos Guararapes, data da movimentação. DANIELA ZARZAR PEREIRA DE MELO QUEIROZ Juíza Federal da 30.a Vara/PE Merece registro o fato de que a nomenclatura funcional do trabalhador não é essencial para fins de enquadramento de determinada atividade como especial. Existe, inclusive, a Resolução CD/DNPS n. 566/70, que dispõe: “O trabalho do segurado na função de servente, auxiliar ou ajudante, quando realizado em condições idênticas ao do profissional classificado nos quadros anexos aos Decretos nos 63.230/68, e 53.831/64 poderá ser considerada para fins de aposentadoria especial, desde que comprovado o exercício habitual e permanente da atividade caracterizada como insalubre, penosa ou perigosa”. WEINTRAUB, Arthur Bragança de Vasconcellos e BERBEL, Fábio Lopes Vilela. Manual de Aposentadoria Especial. São Paulo: Quartier Latin. 2005, p. 161. “É aceitável laudo pericial produzido por similaridade de função, máxime quando todas as atividades desenvolvidas pelo autor possuem características comuns a exposição aos mesmos agentes nocivos.” (TRF 4aRegião. AC 2004.04.01.065473-6/RS. 6a Turma. Rel. Juiz Guilherme Pinho Machado. DJU 04.09.2002. Pág
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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0501465-73.2019.4.05.8203
2019-06-12 00:00:00
APS TEIXEIRA (13.021.120) (29.979.036/0545-85) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-06 15:25:19
Sentença - Parcialmente procedente
2019-10-15T11:01:27
Acórdão - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO
RUDIVAL GAMA DO NASCIMENTO
2019-10-10 14:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB016544
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório circunstanciado, nos termos do art. 38 da Lei n.o 9.099/95 e art. 1o da Lei n.o 10.259/2001, bastando dizer tratar-se de ação previdenciária promovida pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, através da qual se pleiteia o restabelecimento de auxílio-doença c/c aposentadoria por invalidez c/c auxílio-acidente. Dos requisitos do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez O auxílio-doença é o benefício devido ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social que ficar incapacitado temporariamente para seu trabalho ou para a atividade habitual. O período de carência para a concessão do auxílio-doença é de 12 (doze) contribuições mensais, sendo dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza, doença profissional ou do trabalho e doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, conforme alteração introduzida pela Lei no. 13.135/2015 no texto da Lei no 8.213/1991. Na hipótese de segurado especial, faz-se necessária, apenas, a comprovação do exercício de atividade rural no período de 12 (doze) meses anteriores ao requerimento do benefício, conforme estatui o art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no. 8.213/91. Ademais, para a obtenção do benefício em comento mister se faz que a incapacidade laboral permaneça por mais de 15 (quinze) dias, consoante estabelece o art. 59 da Lei n. 8.213/91. Vejamos: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição, conforme preceitua o art. 42 da Lei no. 8.213/91. Outrossim, para obter o benefício o segurado deve comprovar o período de carência, que é idêntico ao do auxílio-doença. Saliente-se, portanto, que a principal diferença entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez diz respeito à natureza temporária da incapacidade, que é protegida pelo auxílio-doença e não existe na aposentadoria por invalidez. O caso dos autos De início, no tocante à aptidão laborativa, segundo concluiu a perícia médica judicial (anexo 15), a demandante é portadora de “Sequela de Legg Calve Perthes em quadril esquerdo (CID M91.1); Coxartrose de quadril esquerdo (CID M16.1)”, o que lhe causa incapacidade parcial e permanente, para todas as atividades que exijam esforços físicos exagerados e longos períodos em pé ou caminhada. Esclareceu ainda o expert que o postulante é passível de reabilitação (quesito 17), cujo início da incapacidade (DII) pode ser considerada a data do exame mais antigo, 10/05/2018 (quesito 11). Quanto à qualidade de segurado e ao período de carência, cumpre destacar que a parte autora recebeu auxílio-doença no período de 01/03/2011 a 16/05/2018 (anexo 20). Dessa forma, quando da cessação do benefício o requerente ainda padecia da enfermidade incapacitante, e, portanto, o benefício sequer deveria ter sido cessado, pelo que incontroversos tais requisitos. No que toca ao início da incapacidade, o laudo pericial declara que ela teve início em 10/05/2018 (quesito 11), motivo pelo qual fixo a DIB um dia após a DCB (17/05/2018). Nesse contexto, pelo fato de a incapacidade ser de natureza parcial e permanente e considerando a realidade social da autora, aliada ao fato desta não ser de idade avançada (34 anos), o caso é de concessão do benefício de auxílio-doença, com DIB fixada em 17/05/2018. Não é o caso de concessão de auxílio-acidente, já que não estão presentes os seus requisitos de forma cumulada: a) acidente de qualquer natureza; b) sequela definitiva dele resultante; e c) redução da capacidade laborativa. Em verdade, não basta existir uma sequela decorrente de uma lesão. É imprescindível que haja a redução da capacidade laborativa. Em petição de anexo 17, o INSS alega que não restou demonstrado que a parte autora estaria incapacitada para o seu trabalho por mais de 15(quinze) dias consecutivos, como exige o artigo 59 da Lei 8.213/91, já que pericianda apresentou mãos grossas indicando continuidade de suas atividades habituais. Há de se esclarecer que o benefício pretendido fora cessado em 16/05/2018 (anexo 20), e que em perícia administrativa realizada neste mesmo dia (anexo14,fl.2) não foi detectado indícios de que a postulante tivesse retornado ao trabalho (calosidade nas mãos, por exemplo), subentendendo-se que o retorno ao trabalho tenha ocorrido dentro do lapso da DCB até a perícia judicial. Nesse norte, entendo que os indícios de labor recente, constatado pelo perito judicial, decorre não da existência de capacidade laborativa, mas da necessidade de prover o seu sustento e de sua família, consoante inteligência da Súmula 72 da TNU, que prevê: É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou. Assim, afasto os argumentos aduzidos pelo INSS. Em tais termos, não vislumbrando no laudo contradição, insegurança nem inconsistência perceptível para um leigo no assunto, não há razão para desconsiderá-lo e, muito menos, para a realização de audiência, de maneira que o caso é de acolhimento da pretensão apresentada. Sendo assim, deve o réu, concomitante ao pagamento do auxílio-doença, oportunizar a parte acionante a reabilitação profissional, processo ao qual deverá o demandante comparecer, sob pena de cessação do benefício. O benefício deverá ser mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de outra atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, for aposentado por invalidez, conforme dispõe o art. 62 da Lei n.o 8.213. DISPOSITIVO Posto isso, extingo o processo com resolução do mérito (art. 487, I, do NCPC), para julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão autoral, condenando o INSS: a) ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com DIB em 17/05/2018e DIP em 01/08/2019, bem como oportunizar a parte autora o processo de reabilitação profissional; a.1) A reabilitação terá o prazo máximo de 12 (doze) meses, devendo a parte autora a ela comparecer, sob pena de cessação do benefício; a.2) Após o término do prazo da reabilitação, o demandante será reavaliado pelo réu, o qual poderá tomar uma das seguintes providências: (i) cessar a concessão do benefício, se houve êxito na reabilitação; (ii) prorrogá-lo, se ainda não habilitada a parte autora, mas ainda passível de habilitação; ou (iii) converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, em caso de impossibilidade de reabilitação da parte demandante. b) ao pagamento das parcelas em atraso entre a DIB e a DIP, acrescido de juros moratórios e correção monetária, ambos na forma do art. 1o-F da Lei 9494/97, com redação dada pela lei 11.960/2009, conforme planilha de cálculos a ser elaborada pela Contadoria Judicial. Os atrasados serão pagos mediante RPV, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a parte autora exercer atividade remunerada), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da obrigação de fazer, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 50,00 (cinqüenta reais). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95. Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o 10.259/2001. Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. SUBMISSÃO À REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. RECURSO DO INSS. OPOSIÇÃO À DETERMINAÇÃO DE REABILITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE PRERROGATIVA ADMINISTRATIVA. INOCORRÊNCIA. POSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO DETERMINAR O ENCAMINHAMENTO DO DEMANDANTE A SUBMISSÃO AO EXAME ADMINISTRATIVO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. PROVIMENTO PARCIAL. A sentença foi de procedência, para condenar oente público ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença,determinando, ainda, a submissão do autor ao processo de reabilitaçãoprofissional. O ente público recorre, pleiteando o reconhecimento da suadiscricionariedade na condução do procedimento de reabilitaçãoprofissional, afastando a imposição judicial de cumprimento obrigatóriodeste programa. Quanto àpossibilidade de se impor ao INSS a submissão da parte autora ao processode reabilitação profissional, merece provimento parcial o recurso do réu,tendo em vista a previsão legal disposta no art. 62 da Lei 8.213/91: “Osegurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para suaatividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitaçãoprofissional para o exercício de outra atividade”. Ademais, a TNU(Tema n.o 177) firmou entendimento no seguinte sentido: 1. “Constatada a existência de incapacidade parcial e permanente, não sendo o caso de aplicação da Súmula 47 da TNU, a decisão judicial poderá determinar o encaminhamento do segurado para análise administrativa de elegibilidade à reabilitação profissional, sendo inviável a condenação prévia à concessão de aposentadoria por invalidez condicionada ao insucesso da reabilitação; 2. A análise administrativa da elegibilidade à reabilitação profissional deverá adotar como premissa a conclusão da decisão judicial sobre a existência de incapacidade parcial e permanente, ressalvada a possibilidade de constatação de modificação das circunstâncias fáticas após a sentença”. Ante tais razões, orecurso do ente público merece parcial provimento. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados EspeciaisFederais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamentoocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autosvirtuais, por unanimidade de votos, deuparcial provimento ao recursodo INSS, a fim de possibilitar o demandante a submeter-se ao exameadministrativo de elegibilidade ao processo de reabilitação, devendo ser observadoo item 2 do tema 177, da TNU, acima mencionado. Sem custas e honoráriosprocessuais.
1,305
331
0
0
11-PB
1
55.048137
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
bastando dizer tratar-se de ação previdenciária promovida pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, através da qual se pleiteia o restabelecimento de auxílio-doença c/c aposentadoria por invalidez c/c auxílio-acidente. Dos requisitos do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez O auxílio-doença é o benefício devido ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social que ficar incapacitado temporariamente para seu trabalho ou para a atividade habitual. O período de carência para a concessão do auxílio-doença é de 12 (doze) contribuições mensais, sendo dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza, doença profissional ou do trabalho e doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, conforme alteração introduzida pela Lei no. 13.135/2015 no texto da Lei no 8.213/1991. Na hipótese de segurado especial, faz-se necessária, apenas, a comprovação do exercício de atividade rural no período de 12 (doze) meses anteriores ao requerimento do benefício, conforme estatui o art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no. 8.213/91. Ademais, para a obtenção do benefício em comento mister se faz que a incapacidade laboral permaneça por mais de 15 (quinze) dias, consoante estabelece o art. 59 da Lei n. 8.213/91. Vejamos: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição, conforme preceitua o art. 42 da Lei no. 8.213/91. Outrossim, para obter o benefício o segurado deve comprovar o período de carência, que é idêntico ao do auxílio-doença. Saliente-se, portanto, que a principal diferença entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez diz respeito à natureza temporária da incapacidade, que é protegida pelo auxílio-doença e não existe na aposentadoria por invalidez. O caso dos autos De início, no tocante à aptidão laborativa, segundo concluiu a perícia médica judicial (anexo 15), a demandante é portadora de “Sequela de Legg Calve Perthes em quadril esquerdo (CID M91.1); Coxartrose de quadril esquerdo (CID M16.1)”, o que lhe causa incapacidade parcial e permanente, para todas as atividades que exijam esforços físicos exagerados e longos períodos em pé ou caminhada. Esclareceu ainda o expert que o postulante é passível de reabilitação (quesito 17), cujo início da incapacidade (DII) pode ser considerada a data do exame mais antigo, 10/05/2018 (quesito 11). Quanto à qualidade de segurado e ao período de carência, cumpre destacar que a parte autora recebeu auxílio-doença no período de 01/03/2011 a 16/05/2018 (anexo 20). Dessa forma, quando da cessação do benefício o requerente ainda padecia da enfermidade incapacitante, e, portanto, o benefício sequer deveria ter sido cessado, pelo que incontroversos tais requisitos. No que toca ao início da incapacidade, o laudo pericial declara que ela teve início em 10/05/2018 (quesito 11), motivo pelo qual fixo a DIB um dia após a DCB (17/05/2018). Nesse contexto, pelo fato de a incapacidade ser de natureza parcial e permanente e considerando a realidade social da autora, aliada ao fato desta não ser de idade avançada (34 anos), o caso é de concessão do benefício de auxílio-doença, com DIB fixada em 17/05/2018. Não é o caso de concessão de auxílio-acidente, já que não estão presentes os seus requisitos de forma cumulada: a) acidente de qualquer natureza; b) sequela definitiva dele resultante; e c) redução da capacidade laborativa. Em verdade, não basta existir uma sequela decorrente de uma lesão. É imprescindível que haja a redução da capacidade laborativa. Em petição de anexo 17, o INSS alega que não restou demonstrado que a parte autora estaria incapacitada para o seu trabalho por mais de 15(quinze) dias consecutivos, como exige o artigo 59 da Lei 8.213/91, já que pericianda apresentou mãos grossas indicando continuidade de suas atividades habituais. Há de se esclarecer que o benefício pretendido fora cessado em 16/05/2018 (anexo 20), e que em perícia administrativa realizada neste mesmo dia (anexo14,fl.2) não foi detectado indícios de que a postulante tivesse retornado ao trabalho (calosidade nas mãos, por exemplo), subentendendo-se que o retorno ao trabalho tenha ocorrido dentro do lapso da DCB até a perícia judicial. Nesse norte, entendo que os indícios de labor recente, constatado pelo perito judicial, decorre não da existência de capacidade laborativa, mas da necessidade de prover o seu sustento e de sua família, consoante inteligência da Súmula 72 da TNU, que prevê: É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou. Assim, afasto os argumentos aduzidos pelo INSS. Em tais termos, não vislumbrando no laudo contradição, insegurança nem inconsistência perceptível para um leigo no assunto, não há razão para desconsiderá-lo e, muito menos, para a realização de audiência, de maneira que o caso é de acolhimento da pretensão apresentada. Sendo assim, deve o réu, concomitante ao pagamento do auxílio-doença, oportunizar a parte acionante a reabilitação profissional, processo ao qual deverá o demandante comparecer, sob pena de cessação do benefício. O benefício deverá ser mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de outra atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, for aposentado por invalidez, conforme dispõe o art. 62 da Lei n.o 8.213. DISPOSITIVO Posto isso, extingo o processo com resolução do mérito (art. 487, I, do NCPC), para julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão autoral, condenando o INSS: a) ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com DIB em 17/05/2018e DIP em 01/08/2019, bem como oportunizar a parte autora o processo de reabilitação profissional; a.1) A reabilitação terá o prazo máximo de 12 (doze) meses, devendo a parte autora a ela comparecer, sob pena de cessação do benefício; a.2) Após o término do prazo da reabilitação, o demandante será reavaliado pelo réu, o qual poderá tomar uma das seguintes providências: (i) cessar a concessão do benefício, se houve êxito na reabilitação; (ii) prorrogá-lo, se ainda não habilitada a parte autora, mas ainda passível de habilitação; ou (iii) converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, em caso de impossibilidade de reabilitação da parte demandante. b) ao pagamento das parcelas em atraso entre a DIB e a DIP, acrescido de juros moratórios e correção monetária, ambos na forma do art. 1o-F da Lei 9494/97, com redação dada pela lei 11.960/2009, conforme planilha de cálculos a ser elaborada pela Contadoria Judicial. Os atrasados serão pagos mediante RPV, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a parte autora exercer atividade remunerada), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da obrigação de fazer, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 50,00 (cinqüenta reais). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. . Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o . Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0500375-12.2019.4.05.8306
2019-02-25 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-06-30 09:05:25
Sentença - Aposentadoria Especial - Procedência
2019-10-23T14:18:37
Acórdão - RI INSS DPP - Aposentadoria especial
Guilherme Soares Diniz (TR2)
2019-10-21 09:15:00
FLÁVIA TAVARES DANTAS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,100
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
1
PB022784
PROCESSO 0500375-12.2019.4.05.8306T SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) I. RELATÓRIO Dispensado o relatório nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei no 10.259/01. II. FUNDAMENTAÇÃO II.1. DO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA A parte autora apresentou pedido de concessão dos benefícios de gratuidade da justiça, ao argumento de situação econômica que não lhe permite pagar as custas e demais despesas do processo, sem prejuízo próprio ou de sua família. A simples afirmação de insuficiência financeira para custear as despesas do processo não basta para autorizar a concessão do benefício de gratuidade de justiça. Nesse sentido, a declaração de pobreza firmada com a finalidade de obtenção do benefício goza de presunção relativa e deve ser cotejada com os demais elementos comprobatórios de rendimento e de insuficiência de recursos. A falta de regramento legal objetivo conduz à necessidade de padronização. Desse modo, é absolutamente razoável a adoção por este juízo, para a concessão do benefício de gratuidade de justiça, do critério utilizado pela Defensoria Pública da União para a prestação da assistência judiciária: renda mensal de até R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos da Resolução no. 134, de 07 de dezembro de 2016. No caso em foco, a remuneração auferida pelo demandante, ou declarada (Anexo 24), demonstra rendimento acima desse valor, razão por que deve ser indeferido o favor legal. Por outro lado, não demonstrou a parte autora comprometimento da renda apto a comprovar o estado de miserabilidade. Veja-se o precedente: PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PRODUÇÃO DE PROVAS. REVISÃO DO JULGADO. INCURSÃO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. TAXAS BANCÁRIAS. COBRANÇA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. De acordo com entendimento firmado nesta Corte, a declaração de pobreza, com o intuito de obter os benefícios da assistência judiciária gratuita, goza de presunção relativa, admitindo, portanto, prova em contrário. Precedentes. 2. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o pedido de assistência judiciária gratuita pode ser indeferido quando o magistrado tiver fundadas razões para crer que o requerente não se encontra no estado de miserabilidade declarado. 3. Ademais, para se chegar à conclusão de que a prova, cuja produção foi requerida pela parte, é ou não indispensável à solução da controvérsia, seria necessário se proceder ao reexame do conjunto fático-probatório dos autos, providência incompatível com a via estreita do recurso especial, conforme o enunciado da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4. "Nos contratos bancários celebrados até 30/4/2008 (fim da vigência da Resolução CMN 2.303/96) era válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada caso concreto." (REsp n. 1.255.573/RS, Relatora a Ministra Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, julgado em 28/8/2013, DJe 24/10/2013). 5. Agravo interno a que se nega provimento. (AINTARESP 201600269056, STJ, REL. MIN. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 3a TURMA, DJE: 01/07/2016) [Destaquei] Assim, indefiro o benefício de gratuidade de justiça. II.2. PREJUDICIAL DE MÉRITO Afasto, desde logo, a prejudicial de mérito de prescrição quinquenal das parcelas vencidas antes do ajuizamento da ação, porquanto não são postuladas parcelas anteriores ao lustro que precedeu o ajuizamento da ação. II.3. MÉRITO Trata-se de ação especial cível ajuizada por ZENEIDE BERNARDO DIAS contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, objetivando o cômputo do período laborado sob condições agressivas à saúde e à integridade física, com o fito de assegurar-lhe a aposentadoria especial ou, sucessivamente, por tempo de contribuição. A aposentadoria especial, modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição, é devida a trabalhadores que se sujeitam, na execução de suas atividades laborais, a condições nocivas à sua saúde ou à sua integridade física. A carência é idêntica à das demais aposentadorias, sendo o diferencial apenas a contagem do tempo contributivo, que poderá ser de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme o agente nocivo a que se encontre exposto o trabalhador. Assim, tornou-se pacífico na jurisprudência que “o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido” (REsp 381.687/RS, 5a Turma, Rel. Ministro GILSON DIPP, julgado em 06.06.2002, DJ 01.07.2002 p. 378). Com o propósito de restringir o alcance do instituto, a contagem e a comprovação do tempo de serviço especial sofreram sucessivas alterações legislativas, a seguir expostas: 1) Até 28/04/95, bastava que a atividade exercida estivesse enquadrada nas categorias profissionais previstas no anexo do Decreto no 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto no 83.080/79, existindo uma presunção juris et jure de exposição a agentes nocivos, perigosos ou insalubres. Todavia, o rol de atividades arroladas nos mencionados Decretos era considerado meramente exemplificativo, não havendo impedimento para que outras atividades sejam tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejam devidamente comprovadas. 2) A partir de 29/04/95, com a edição da Lei no 9.032/95, que alterou o art. 57 da Lei no 8.213/91, passou-se a exigir a comprovação de que o segurado efetivamente estivesse exposto, de modo habitual e permanente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física previstos no Anexo I do Decreto no 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto no 53.831/64, por meio da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030), sendo admissível, ainda, qualquer outro meio de prova. 3) Com a vigência do Decreto no 2.172/97, em 05/03/97, que regulamentou a MP 1.523/96 (convertida na Lei 9.528/97), passou-se a exigir para comprovação do exercício da atividade como especial a apresentação de laudo técnico, além da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030). Em suma: a prova quanto ao trabalhado especial há de ser analisada da seguinte forma: a) para o período anterior à edição da Lei no 9.032/95, mediante o enquadramento por categoria profissional; a) a partir da citada lei, mediante os formulários SB-40 e DSS-8030, emitidos pela empresa empregadora; c) a partir de 05/03/97, data de edição do Decreto 2.172/97, mediante os formulários SB-40 e DSS-8030 com base em laudo técnico. Por fim, complementando as inovações, o Decreto n. 4.032, de 26.11.2001, passou a exigir o perfil profissiográfico previdenciário, também elaborado com base em laudo técnico. Em relação à aposentadoria por tempo de contribuição, deve o requerente comprovar o preenchimento dos seguintes requisitos, previstos na Lei 8.213/91, artigos 52 a 59 e § 7°, e no art. 201 da CF/88, com a redação conferida pela Emenda Constitucional n.° 20/98, que substituiu a aposentadoria por tempo de serviço por essa nova espécie de aposentadoria: Tempo de contribuição de 35 anos, se do sexo masculino, ou 30 anos, se do sexo feminino (reduzidos em 05 cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio); Aqueles que, na data da promulgação da referida emenda constitucional, ainda não haviam preenchido esses requisitos, portanto não tinham alcançado, até então, o direito adquirido à aposentadoria nos moldes da regra anterior, passaram a submeter-se a uma regra de transição instituída pelo art. 9o da aludida EC n.o 20/98, que fixou os requisitos abaixo transcritos, pois também não poderiam ter desconsiderado o período anterior de trabalho, para submeterem-se integralmente ao novo regime instituído: a) idade mínima de 53 anos para os homens e 48 anos para as mulheres; b) tempo de contribuição de pelo menos 30 anos para os homens e 25 anos para a mulher; c) período de contribuições adicionais a 20% ou a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo supra mencionado, para obtenção, respectivamente, da aposentadoria integral ou proporcional. II.3.1 FATOR DE RISCO - RUÍDO Insta ainda destacar que, no caso de exposição do trabalhador a ruído, o PPP ou o laudo técnico é sempre exigido para comprovação das condições especiais em qualquer período, consoante iterativa jurisprudência. O Superior Tribunal de Justiça decidiu o Incidente de Uniformização de Jurisprudência (Petição 2012/0046729-7 – PET 9059/RS), de relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, publicado no DJe de 09/09/2013, acerca de entendimento divergente em relação ao índice mínimo do agente ruído a ser considerado para configurar o trabalho especial, alterando a Súmula 32 da TNU, verbis: “PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SER CONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97. ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído. 2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.” Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012. 3. Incidente de uniformização provido.” (Sem destaque na fonte) Nesse sentido, ainda, foi editada a Súmula n. 29, de 09 de junho de 2008, da Advocacia-Geral da União: "Atendidas as demais condições legais, considera-se especial, no âmbito do RGPS, a atividade exercida com exposição a ruído superior a 80 decibéis até 05/03/97, superior a 90 decibéis desta data até 18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir de então." II.3.2 CASO CONCRETO Quanto à comprovação dos vínculos empregatícios, cumpre destacar que as anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum (Enunciado no 12 do egrégio TST) e, não sendo ofertada pelo INSS contraprova capaz de elidi-la, não se lhes pode negar o valor probatório. No caso em foco, contudo, tais anotações foram corroboradas pelos registros constantes do sistema CNIS. Passo à análise. S. R. PEREIRA SERRALHARIA 01/04/1984 a 01/07/1984: de acordo com a CTPS (Anexo 4), a parte autora exerceu a função de auxiliar de soldador. Até o advento da Lei no 9.032/95 (28/04/95) é possível o enquadramento da atividade profissional, cuja prova é admitida por qualquer meio. Assim, deve ser reconhecida a especialidade laboral em razão do enquadramento da atividade profissional desse período, vez que anterior àquele marco legislativo, consoante expressa previsão da atividade de soldador no Decreto 53.831/64, Anexo, Código 2.5.3. GRAMAME INDUSTRIAL E AGRÍCOLA S.A. 22/08/1984 a 28/02/1986, 01/03/1986 a 30/09/1989 e 01/10/1989 a 08/03/1990: o perfil profissiográfico previdenciário (PPP) do anexo 08 dá conta do exercício da função de auxiliar de laboratório, auxiliar destilador e destilador, do setor laboratório de sacarose, tendo a parte autora sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidades de 79 e 87 decibéis, dentre outros agentes agressivos. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 53.831/64 (LT: 80 decibéis). Há que ser reconhecida, também, a especialidade laboral do interregno de 22/08/1984 a 28/02/1986, não obstante o patamar de ruído abaixo do limite de tolerância, em razão da exposição ao risco químico (ácido acético, formol e acetato de chumbo), conforme o Decreto no 53.831/64, Códigos 1.2.4, 1.2.9 e 1.2.11. GRAMAME INDUSTRIAL E AGRÍCOLA S.A. 09/04/1990 a 30/06/1995, 01/07/1995 a 30/06/1997 e 01/07/1997 a 09/11/1998: o PPP do anexo 09 aponta o exercício das funções de destilador e caldeireiro, dos setores de fabricação de álcool e oficina mecânica, tendo o demandante sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidades de 87 e 98 decibéis, dentre outros agentes agressivos. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial em razão do ruído, em conformidade com os Decretos 53.831/64 (LT: 80 decibéis) e 2.172/97 (LT: 90 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais fatores de risco. USINA CENTRAL OLHO D’ÁGUA S.A. 10/09/2001 A 23/09/2003: não se reconhece a especialidade laboral, vez que a intensidade de ruído apontada no PPP do anexo 10, de 89 decibéis, ficara abaixo do limite de tolerância previsto no Decreto no 2.172/97 (LT: 90 decibéis). Por outro lado, em relação à radiação, como se vê do Código 1.1.4 do Anexo ao Decreto 53.831/64, havia previsão do fator de risco radiação, "por trabalhos expostos a radiações para fins industriais, diagnósticos e terapêuticos - operadores de raio x, de rádium e substâncias radiativas, soldadores com arco elétrico e com oxiacetilênio, aeroviários de manutenção de aeronaves e motores, hélices e outros." Assim, o Decreto em comento não fazia distinção entre radiação ionizante e não ionizante. O mesmo não pode ser dito a partir da edição do Decreto 2.172/97, cujo Código 2.0.3 passou a prever apenas a radiação ionizante. MCM CONSTRUÇÕES E MONTAGENS LTDA. 05/01/2004 a 06/06/2005: de acordo com o PPP do anexo 12, em que pese a exposição abaixo do limite de tolerância do agente físico ruído (81,42 dB-A), faz jus o demandante à chancela da especialidade laboral, em face da exposição ao agente químico manganês, previsto nos códigos 1.2.7, do Anexo III, do Decreto n. 53.831/1964, 1.2.7, do Anexo I, do Decreto n. 83.080/79 e 1.0.14, do Anexo IV, do Decreto 3.048/99. CHARLYTON CORDEIRO DA ROCHA - ME 01/08/2005 a 08/11/2006: o PPP e o laudo técnico dos anexos 13 e 14 apontam o exercício da função de caldeireiro, tendo o demandante sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidade de 91,2 decibéis, dentre outros agentes agressivos, observada a metodologia prevista na NR 15, do MTE. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 4.882/03 (LT: 85 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais fatores de risco. LAFARGE BRASIL S.A. 09/11/2006 a 30/09/2011, 01/10/2011 a 31/03/2013 e 01/04/2013 a 24/10/2017 (DER): de acordo com o PPP do anexo 28, no exercício das funções de mecânico, técnico mecânico e técnico em manutenção mecânica, o demandante sofreu exposição, dentre outros fatores de risco, ao agente físico ruído com intensidade de 90,3 e 86,5 decibéis, observada a metodologia prevista na NHO da FUNDACENTRO. Desse modo, faz jus à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 4.882/03 (LT: 85 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais agentes agressivos. Acerca da extemporaneidade dos documentos, sempre combatida pelo INSS, faz-se imprescindível acentuar que, não obstante a diferença de datas entre o início da prestação dos serviços e a confecção do laudo/PPP, não há qualquer prejuízo em seu valor probante, uma vez que as informações são de teor meramente declarativo, não estando sujeitas a qualquer tipo de prescrição ou efeito negativo pelo desenrolar do tempo. Além do mais, as atividades em uma empresa tendem a ser exercidas de forma padronizada, isto é, divide-se cada atividade em operações que são repetitivas e semelhantes, de modo a otimizar a execução. Assim, é perfeitamente possível aferir-se, ainda que após um longo intervalo de tempo, se o trabalhador exercia atividades em condições especiais à sua saúde e integridade física. Tal entendimento é ratificado pela súmula 68 da TNU, segundo a qual “O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado”. II.3.3 USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) - RUÍDO No que concerne ao uso de equipamento de proteção individual ou coletivo pelo segurado, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário (ARE) n. 664.335, com repercussão geral reconhecida, decidiu que: “o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial”. A decisão faz referência ao uso de EPI (equipamento de proteção individual), sugerindo que, se comprovadamente houver o uso eficaz do EPI, restará descaracterizada a especialidade da atividade. No que tange ao uso de equipamento de proteção individual, no caso específico de exposição ao agente físico ruído a níveis acima dos limites de tolerância, o Supremo Tribunal Federal, no mesmo julgamento, estabeleceu que ainda que comprovada a utilização de EPI (protetores auriculares), resta mantida a especialidade da atividade. Com efeito, a tese fixada pela Corte Constitucional é no sentido de que “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria, pois, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas”. No caso em foco, conquanto os PPPs informem acerca do uso de EPI eficaz pela parte autora, em se tratando do agente ruído, consoante decidiu o STF, tal providência não descaracteriza a especialidade laboral. II.3.4 CONCLUSÃO Em remate, de acordo com a planilha do juízo anexada aos autos, parte integrante desta sentença, foi apurado o tempo total de serviço/contribuição especial de 28 anos e 09 dias, até a data do requerimento administrativo (DER: 24/10/2017), suficiente para a concessão do benefício de aposentadoria especial. II.3.5 TUTELA DE URGÊNCIA Em razão da falta de justificativa para a concessão de tutela de urgência, deve o pleito ser afastado. A previsão do art. 4o da Lei 10.259/01 autoriza o magistrado a deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação, situação não verificada nestes autos. Consigno, ainda, a presença do perigo da irreversibilidade do provimento, tendo em vista que, no caso de reforma do julgado, o pagamento de eventuais diferenças não poderia ser reavido, por se tratar de verba de natureza alimentar. Nesse contexto, ausentes os requisitos autorizadores da tutela provisória, indefiro a medida pretendida. III. DISPOSITIVO Em face do que se expôs, julgo procedente o pedido para determinar ao INSS a averbação do tempo de serviço especial, constante da planilha anexa, bem como a concessão à parte autora da aposentadoria especial, a partir da DER/DIB: 24/10/2017, e DIP no trânsito em julgado desta sentença. Em consequência, extingo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno, ainda, o INSS ao pagamento das parcelas atrasadas. Considerando a decisão proferida pelo STF no julgamento do RE 870.947-SE (repercussão geral - tema 810), inclusive o julgamento iniciado dos embargos de declaração, a indicar que não haverá modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, determino que a dívida seja acrescida, no tocante aos juros moratórios, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos do art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação modificada pela Lei no 11.960/09, a partir de cada vencimento. Quanto à correção monetária, deverá ser aplicado o IPCA-E. Sem custas. Sem honorários (artigo 55 da Lei 9.099/95). Indeferidos os benefícios de gratuidade da justiça. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Transitada em julgado, intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer no prazo de 15 (quinze) dias. Goiana (PE), data supra. FLÁVIA TAVARES DANTAS
EMENTA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL/ POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO INTEGRAL. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. AGENTE QUÍMICO. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES. RESSALVA DE ENTENDIMENTO PESSOAL. AUXILIAR DE LABORATÓRIO. ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE COMO ESPECIAL. USO DE EPI EFICAZ COMPROVADO PELO PPP. TEMPO DE SERVIÇO COMUM. TEMA 174 DA TNU. NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO DA METODOLOGIA PARA AFERIÇÃO DE RUÍDO A PARTIR DE 19/11/2003. RECURSO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDO. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria especial, ou, alternativamente de aposentadoria por tempo de contribuição. O INSS questiona o reconhecimento dos seguinte períodos, alegando, em síntese, que: a) 1984/1986 - agentes químicos que constem do anexo 11 da NR-15 precisam ser quantificados; b) 2004/2005 – EPI eficaz para agentes químicos afastam a especialidade do período; c) 2005/2006 - desde 2003 o nível de exposição normalizado (NEN) precisa ser medido d) 2006/2017 - PPP é inidôneo se apresenta informações que destoam do laudo técnico e desde 2003 o nível de exposição normalizado (NEN) precisa ser medido. Pois bem. Até 28/04/1995, para o reconhecimento das condições de trabalho como especiais, bastava ao segurado comprovar o exercício de uma das atividades previstas no anexo do Decreto no 53.831/1964 ou nos anexos I e II do Decreto no 83.080/1979, não sendo exigida a comprovação efetiva da exposição às condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. A partir de 29/04/1995, com a vigência da Lei no 9.032/1995, o reconhecimento da especialidade passou a depender da comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes nocivos. Essa prova é feita mediante a apresentação dos formulários DIRBEN, DSS-8030 ou SB-40, juntamente com o LTCAT, ou por meio do formulário PPP, documento este que pode dispensar a apresentação de laudo técnico, diante da presunção de congruência dos seus dados (PEDILEF 200971620018387, JUIZ FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF. Fonte: DOU 22/03/2013). Com a publicação da Medida Provisória no 1.523/96, posteriormente convertida na Lei no 9.528 de 06.03.97, a qual conferiu nova redação ao art. 58 da Lei no. 8.213/91, passou-se a exigir a elaboração de laudo técnico assinado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Não obstante, o STJ firmou posicionamento no sentido de que essa exigência só é possível a partir da publicação da referida Lei de 1997(Precedente: AgREsp no 518.554/PR). Passo a análise dos períodos questionados pelo Recorrente. PERÍODO DE 22/08/1984 a 28/02/1986 Com relação à exposição a agentes químicos, até 05/03/97, considera-se a relação de substâncias descritas nos Anexos dos Decretos no 53.831, de 1964 e no 83.080, de 1979 para avaliação da exposição e enquadramento de modo qualitativo. Para o período, o PPP descreve as funções desempenhadas da seguinte maneira: "Realizar a análise do sitema de pagamento de cana por teor de sacarose e suas respectivas impurezas, coletar amostras para metodologia digestor, realizar check list, realizar fechamento do movimento e cuidar das condições do laboratório". Ora, não vislumbro nesta descrição qualquer contato constante com substâncias químicas, sendo a atividade mais burocrática que técnica, motivo pelo qual entendo que o intervalo deveria ser computado como tempo de serviço comum. Contudo, ressalvo meu entendimento pessoal neste ponto. Considerando que o PPP(anexo 8) comprova que o autor exerceu o cargo de "auxiliar de laboratório", é possível enquadrar a atividade no item 2.1.2 do ANEXO II do Decreto 83.080, de 24 de janeiro de 1979 que prevê as seguintes categoria profisisonais como especiais: Químicos industriais, Químicos-toxicologistas, Técnicos em laboratórios de análises, Técnicos em laboratórios químicos e Técnicos de radioatividade. Assim, reconheço o citado intervalo como especial. PERÍODO DE 05/01/2004 a 06/06/2005 De fato, o Perfil Profissiográfico Previdenciário(anexo 12) comprova o contato do autor com ruído dentro do limite de tolerância, ferro e manganês, com utilização de equipamentos de proteção individual – EPI. O STF, no julgamento do ARE 664335, assentou a tese segundo a qual o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o equipamento de proteção individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucional para a concessão de aposentadoria especial. Exceção a tal raciocínio, contudo, apresenta-se quando em causa a submissão do trabalhador ao agente nocivo ruído acima dos limites legais de tolerância, cuja insalubridade, segundo a Corte Constitucional, não resta descaracterizada pela declaração do empregador, no PPP, da eficácia do equipamento de proteção individual (EPI), de modo que mantido o entendimento cristalizado por meio da Súmula 09 da TNU, que dispõe que O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Quanto ao agente ruído, é de se aplicar o tema 174 da TNU, vez que não há referência à metodologia da NHO 01 ou da NR-15. Pois bem, no caso concreto, houve a utilização de EPI eficaz, de modo que descaracterizada a insalubridade da atividade prestada e o direito à contagem majorada do intervalo de 05/01/2004 a 06/06/2005. PERÍODO DE 01/08/2005 a 08/11/2006 Em se tratando de reconhecimento da insalubridade da atividade exercida com exposição a ruído, o tempo laborado é considerado especial, para fins de conversão em comum, quando a exposição ocorrer nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto no 53.831/64; superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto no 2172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto no 4882, de 18 de novembro de 2003. Esta Turma tinha posição firmada no sentido de que ausência de menção à dosimetria, NHO 01 da Fundacentro,ou qualquer outra terminologia não constituiria impedimentode ser reconhecer o respectivo tempo de trabalho como especial por sujeição do segurado ao agente nocivo ruído, porentender que se deveria ater mais às conclusões dos documentos comprobatórios do que às técnicas determinadas pelas instruções normativas do INSS. Não obstante, no julgamento do tema 174, a TNU deu provimento aos embargos de declaração para considerar válido o PPP ou LTCAT que informe a metodologia tanto da NHO, quanto da NR-15, firmando as seguintes teses: (a) "A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a utilização das metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual, devendo constar do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) a técnica utilizada e a respectiva norma"; (b) "Em caso de omissão ou dúvida quanto à indicação da metodologia empregada para aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins de demonstrar a técnica utilizada na medição, bem como a respectiva norma". Verifico que não consta nem no PPP nem no LTCAT(anexos 13/14) o uso da metodologia da NHO ou da NR15 para medição dos níveis de ruído aos quais o autor esteve exposto. Por outro lado, o LTCAT informa que a exposição à calor, fumos metálicos, poeira de cimento, e iluminação era intermitente conforme anexo 14, fls. 4, o que afasta a insalubridade. Deste modo, reputo o período de 01/08/2005 a 08/11/2006 como tempo de serviço comum. PERÍODOS DE 09/11/2006 a 30/09/2011, 01/10/2011 a 31/03/2013 e 01/04/2013 a 24/10/2017 O PPP do anexo 28 cmprova que o autor esteve exposto ao agente físico ruído com intensidade de 90,3 e 86,5 decibéis, acima do limite de tolerância, observada a metodologia prevista na NHO da FUNDACENTRO. Assim, é caso de manter o reconhecimento dos períodos como especiais. CÁLCULO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO O novo cálculo do tempo de serviço do autor demonstra que, na DER, o autor havia atingindo o total de 23 anos, 9 meses e 27 dias de atividade especial,fazendo jus à concessão do benefício de aposentadoria especial. Por fim, ressalto que o fato de a(s) parte(s) haver(em) indicado dispositivos constitucionais/legais como aplicáveis à causa não enseja a necessária manifestação judicial a respeito, se a decisão encontra-se suficientemente fundamentada. Trata-se da melhor exegese do art. 489, § 1o, IV, do CPC/2015 ("Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador"). Desse modo, apenas cabe apreciar os argumentos deduzidos no processo que sejam aptos a, em tese, negar a conclusão adotada na decisão. Recurso do INSS parcialmente provido. Sentença reformada para reconhecer os períodos de 05/01/2004 a 06/06/2005 e01/08/2005 a 08/11/2006 como tempo de serviço comum. Sem honorários advocatícios ante a ausência de recorrente vencido. É como voto. ACÓRDÃO Vistos etc. Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO INTERPOSTO PELO INSS, nos termos do voto supra. Recife, data da movimentação.
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25-PE
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124.629456
PROVIMENTO PARCIAL
PROCEDENTE
AGU
PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA A parte autora apresentou pedido de concessão dos benefícios de gratuidade da justiça, ao argumento de situação econômica que não lhe permite pagar as custas e demais despesas do processo, sem prejuízo próprio ou de sua família. A simples afirmação de insuficiência financeira para custear as despesas do processo não basta para autorizar a concessão do benefício de gratuidade de justiça. Nesse sentido, a declaração de pobreza firmada com a finalidade de obtenção do benefício goza de presunção relativa e deve ser cotejada com os demais elementos comprobatórios de rendimento e de insuficiência de recursos. A falta de regramento legal objetivo conduz à necessidade de padronização. Desse modo, é absolutamente razoável a adoção por este juízo, para a concessão do benefício de gratuidade de justiça, do critério utilizado pela Defensoria Pública da União para a prestação da assistência judiciária: renda mensal de até R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos da Resolução no. 134, de 07 de dezembro de 2016. No caso em foco, a remuneração auferida pelo demandante, ou declarada (Anexo 24), demonstra rendimento acima desse valor, razão por que deve ser indeferido o favor legal. Por outro lado, não demonstrou a parte autora comprometimento da renda apto a comprovar o estado de miserabilidade. Veja-se o precedente: PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. INDEFERIMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PRODUÇÃO DE PROVAS. REVISÃO DO JULGADO. INCURSÃO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. TAXAS BANCÁRIAS. COBRANÇA. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1. De acordo com entendimento firmado nesta Corte, a declaração de pobreza, com o intuito de obter os benefícios da assistência judiciária gratuita, goza de presunção relativa, admitindo, portanto, prova em contrário. Precedentes. 2. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o pedido de assistência judiciária gratuita pode ser indeferido quando o magistrado tiver fundadas razões para crer que o requerente não se encontra no estado de miserabilidade declarado. 3. Ademais, para se chegar à conclusão de que a prova, cuja produção foi requerida pela parte, é ou não indispensável à solução da controvérsia, seria necessário se proceder ao reexame do conjunto fático-probatório dos autos, providência incompatível com a via estreita do recurso especial, conforme o enunciado da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4. "Nos contratos bancários celebrados até 30/4/2008 (fim da vigência da Resolução CMN 2.303/96) era válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada caso concreto." (REsp n. 1.255.573/RS, Relatora a Ministra Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, julgado em 28/8/2013, DJe 24/10/2013). 5. Agravo interno a que se nega provimento. (AINTARESP 201600269056, STJ, REL. MIN. MARCO AURÉLIO BELLIZZE, 3a TURMA, DJE: 01/07/2016) [Destaquei] Assim, indefiro o benefício de gratuidade de justiça. II.2. PREJUDICIAL DE MÉRITO Afasto, desde logo, a prejudicial de mérito de prescrição quinquenal das parcelas vencidas antes do ajuizamento da ação, porquanto não são postuladas parcelas anteriores ao lustro que precedeu o ajuizamento da ação. II.3. MÉRITO Trata-se de ação especial cível ajuizada por ZENEIDE BERNARDO DIAS contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, objetivando o cômputo do período laborado sob condições agressivas à saúde e à integridade física, com o fito de assegurar-lhe a aposentadoria especial ou, sucessivamente, por tempo de contribuição. A aposentadoria especial, modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição, é devida a trabalhadores que se sujeitam, na execução de suas atividades laborais, a condições nocivas à sua saúde ou à sua integridade física. A carência é idêntica à das demais aposentadorias, sendo o diferencial apenas a contagem do tempo contributivo, que poderá ser de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme o agente nocivo a que se encontre exposto o trabalhador. Assim, tornou-se pacífico na jurisprudência que “o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido” (REsp 381.687/RS, 5a Turma, Rel. Ministro GILSON DIPP, julgado em 06.06.2002, DJ 01.07.2002 p. 378). Com o propósito de restringir o alcance do instituto, a contagem e a comprovação do tempo de serviço especial sofreram sucessivas alterações legislativas, a seguir expostas: 1) Até 28/04/95, bastava que a atividade exercida estivesse enquadrada nas categorias profissionais previstas no anexo do Decreto no 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto no 83.080/79, existindo uma presunção juris et jure de exposição a agentes nocivos, perigosos ou insalubres. Todavia, o rol de atividades arroladas nos mencionados Decretos era considerado meramente exemplificativo, não havendo impedimento para que outras atividades sejam tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejam devidamente comprovadas. 2) A partir de 29/04/95, com a edição da Lei no 9.032/95, que alterou o art. 57 da Lei no 8.213/91, passou-se a exigir a comprovação de que o segurado efetivamente estivesse exposto, de modo habitual e permanente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física previstos no Anexo I do Decreto no 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto no 53.831/64, por meio da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030), sendo admissível, ainda, qualquer outro meio de prova. 3) Com a vigência do Decreto no 2.172/97, em 05/03/97, que regulamentou a MP 1.523/96 (convertida na Lei 9.528/97), passou-se a exigir para comprovação do exercício da atividade como especial a apresentação de laudo técnico, além da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030). Em suma: a prova quanto ao trabalhado especial há de ser analisada da seguinte forma: a) para o período anterior à edição da Lei no 9.032/95, mediante o enquadramento por categoria profissional; a) a partir da citada lei, mediante os formulários SB-40 e DSS-8030, emitidos pela empresa empregadora; c) a partir de 05/03/97, data de edição do Decreto 2.172/97, mediante os formulários SB-40 e DSS-8030 com base em laudo técnico. Por fim, complementando as inovações, o Decreto n. 4.032, de 26.11.2001, passou a exigir o perfil profissiográfico previdenciário, também elaborado com base em laudo técnico. Em relação à aposentadoria por tempo de contribuição, deve o requerente comprovar o preenchimento dos seguintes requisitos, previstos na Lei 8.213/91, artigos 52 a 59 e § 7°, e no art. 201 da CF/88, com a redação conferida pela Emenda Constitucional n.° 20/98, que substituiu a aposentadoria por tempo de serviço por essa nova espécie de aposentadoria: Tempo de contribuição de 35 anos, se do sexo masculino, ou 30 anos, se do sexo feminino (reduzidos em 05 cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio); Aqueles que, na data da promulgação da referida emenda constitucional, ainda não haviam preenchido esses requisitos, portanto não tinham alcançado, até então, o direito adquirido à aposentadoria nos moldes da regra anterior, passaram a submeter-se a uma regra de transição instituída pelo art. 9o da aludida EC n.o 20/98, que fixou os requisitos abaixo transcritos, pois também não poderiam ter desconsiderado o período anterior de trabalho, para submeterem-se integralmente ao novo regime instituído: a) idade mínima de 53 anos para os homens e 48 anos para as mulheres; b) tempo de contribuição de pelo menos 30 anos para os homens e 25 anos para a mulher; c) período de contribuições adicionais a 20% ou a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo supra mencionado, para obtenção, respectivamente, da aposentadoria integral ou proporcional. II.3.1 FATOR DE RISCO - RUÍDO Insta ainda destacar que, no caso de exposição do trabalhador a ruído, o PPP ou o laudo técnico é sempre exigido para comprovação das condições especiais em qualquer período, consoante iterativa jurisprudência. O Superior Tribunal de Justiça decidiu o Incidente de Uniformização de Jurisprudência (Petição 2012/0046729-7 – PET 9059/RS), de relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, publicado no DJe de 09/09/2013, acerca de entendimento divergente em relação ao índice mínimo do agente ruído a ser considerado para configurar o trabalho especial, alterando a Súmula 32 da TNU, verbis: “PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SER CONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97. ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído. 2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.” Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012. 3. Incidente de uniformização provido.” (Sem destaque na fonte) Nesse sentido, ainda, foi editada a Súmula n. 29, de 09 de junho de 2008, da Advocacia-Geral da União: "Atendidas as demais condições legais, considera-se especial, no âmbito do RGPS, a atividade exercida com exposição a ruído superior a 80 decibéis até 05/03/97, superior a 90 decibéis desta data até 18/11/2003, e superior a 85 decibéis a partir de então." II.3.2 CASO CONCRETO Quanto à comprovação dos vínculos empregatícios, cumpre destacar que as anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum (Enunciado no 12 do egrégio TST) e, não sendo ofertada pelo INSS contraprova capaz de elidi-la, não se lhes pode negar o valor probatório. No caso em foco, contudo, tais anotações foram corroboradas pelos registros constantes do sistema CNIS. Passo à análise. S. R. PEREIRA SERRALHARIA 01/04/1984 a 01/07/1984: de acordo com a CTPS (Anexo 4), a parte autora exerceu a função de auxiliar de soldador. Até o advento da Lei no 9.032/95 (28/04/95) é possível o enquadramento da atividade profissional, cuja prova é admitida por qualquer meio. Assim, deve ser reconhecida a especialidade laboral em razão do enquadramento da atividade profissional desse período, vez que anterior àquele marco legislativo, consoante expressa previsão da atividade de soldador no Decreto 53.831/64, Anexo, Código 2.5.3. GRAMAME INDUSTRIAL E AGRÍCOLA S.A. 22/08/1984 a 28/02/1986, 01/03/1986 a 30/09/1989 e 01/10/1989 a 08/03/1990: o perfil profissiográfico previdenciário (PPP) do anexo 08 dá conta do exercício da função de auxiliar de laboratório, auxiliar destilador e destilador, do setor laboratório de sacarose, tendo a parte autora sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidades de 79 e 87 decibéis, dentre outros agentes agressivos. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 53.831/64 (LT: 80 decibéis). Há que ser reconhecida, também, a especialidade laboral do interregno de 22/08/1984 a 28/02/1986, não obstante o patamar de ruído abaixo do limite de tolerância, em razão da exposição ao risco químico (ácido acético, formol e acetato de chumbo), conforme o Decreto no 53.831/64, Códigos 1.2.4, 1.2.9 e 1.2.11. GRAMAME INDUSTRIAL E AGRÍCOLA S.A. 09/04/1990 a 30/06/1995, 01/07/1995 a 30/06/1997 e 01/07/1997 a 09/11/1998: o PPP do anexo 09 aponta o exercício das funções de destilador e caldeireiro, dos setores de fabricação de álcool e oficina mecânica, tendo o demandante sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidades de 87 e 98 decibéis, dentre outros agentes agressivos. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial em razão do ruído, em conformidade com os Decretos 53.831/64 (LT: 80 decibéis) e 2.172/97 (LT: 90 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais fatores de risco. USINA CENTRAL OLHO D’ÁGUA S.A. 10/09/2001 A 23/09/2003: não se reconhece a especialidade laboral, vez que a intensidade de ruído apontada no PPP do anexo 10, de 89 decibéis, ficara abaixo do limite de tolerância previsto no Decreto no 2.172/97 (LT: 90 decibéis). Por outro lado, em relação à radiação, como se vê do Código 1.1.4 do Anexo ao Decreto 53.831/64, havia previsão do fator de risco radiação, "por trabalhos expostos a radiações para fins industriais, diagnósticos e terapêuticos - operadores de raio x, de rádium e substâncias radiativas, soldadores com arco elétrico e com oxiacetilênio, aeroviários de manutenção de aeronaves e motores, hélices e outros." Assim, o Decreto em comento não fazia distinção entre radiação ionizante e não ionizante. O mesmo não pode ser dito a partir da edição do Decreto 2.172/97, cujo Código 2.0.3 passou a prever apenas a radiação ionizante. MCM CONSTRUÇÕES E MONTAGENS LTDA. 05/01/2004 a 06/06/2005: de acordo com o PPP do anexo 12, em que pese a exposição abaixo do limite de tolerância do agente físico ruído (81,42 dB-A), faz jus o demandante à chancela da especialidade laboral, em face da exposição ao agente químico manganês, previsto nos códigos 1.2.7, do Anexo III, do Decreto n. 53.831/1964, 1.2.7, do Anexo I, do Decreto n. 83.080/79 e 1.0.14, do Anexo IV, do Decreto 3.048/99. CHARLYTON CORDEIRO DA ROCHA - ME 01/08/2005 a 08/11/2006: o PPP e o laudo técnico dos anexos 13 e 14 apontam o exercício da função de caldeireiro, tendo o demandante sofrido exposição ao agente físico ruído com intensidade de 91,2 decibéis, dentre outros agentes agressivos, observada a metodologia prevista na NR 15, do MTE. Desse modo, faz jus o demandante à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 4.882/03 (LT: 85 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais fatores de risco. LAFARGE BRASIL S.A. 09/11/2006 a 30/09/2011, 01/10/2011 a 31/03/2013 e 01/04/2013 a 24/10/2017 (DER): de acordo com o PPP do anexo 28, no exercício das funções de mecânico, técnico mecânico e técnico em manutenção mecânica, o demandante sofreu exposição, dentre outros fatores de risco, ao agente físico ruído com intensidade de 90,3 e 86,5 decibéis, observada a metodologia prevista na NHO da FUNDACENTRO. Desse modo, faz jus à chancela do trabalho especial, em conformidade com o Decreto no 4.882/03 (LT: 85 decibéis), tornando despicienda a análise dos demais agentes agressivos. Acerca da extemporaneidade dos documentos, sempre combatida pelo INSS, faz-se imprescindível acentuar que, não obstante a diferença de datas entre o início da prestação dos serviços e a confecção do laudo/PPP, não há qualquer prejuízo em seu valor probante, uma vez que as informações são de teor meramente declarativo, não estando sujeitas a qualquer tipo de prescrição ou efeito negativo pelo desenrolar do tempo. Além do mais, as atividades em uma empresa tendem a ser exercidas de forma padronizada, isto é, divide-se cada atividade em operações que são repetitivas e semelhantes, de modo a otimizar a execução. Assim, é perfeitamente possível aferir-se, ainda que após um longo intervalo de tempo, se o trabalhador exercia atividades em condições especiais à sua saúde e integridade física. Tal entendimento é ratificado pela súmula 68 da TNU, segundo a qual “O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado”. II.3.3 USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) - RUÍDO No que concerne ao uso de equipamento de proteção individual ou coletivo pelo segurado, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Agravo em Recurso Extraordinário (ARE) n. 664.335, com repercussão geral reconhecida, decidiu que: “o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial”. A decisão faz referência ao uso de EPI (equipamento de proteção individual), sugerindo que, se comprovadamente houver o uso eficaz do EPI, restará descaracterizada a especialidade da atividade. No que tange ao uso de equipamento de proteção individual, no caso específico de exposição ao agente físico ruído a níveis acima dos limites de tolerância, o Supremo Tribunal Federal, no mesmo julgamento, estabeleceu que ainda que comprovada a utilização de EPI (protetores auriculares), resta mantida a especialidade da atividade. Com efeito, a tese fixada pela Corte Constitucional é no sentido de que “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria, pois, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas”. No caso em foco, conquanto os PPPs informem acerca do uso de EPI eficaz pela parte autora, em se tratando do agente ruído, consoante decidiu o STF, tal providência não descaracteriza a especialidade laboral. II.3.4 CONCLUSÃO Em remate, de acordo com a planilha do juízo anexada aos autos, parte integrante desta sentença, foi apurado o tempo total de serviço/contribuição especial de 28 anos e 09 dias, até a data do requerimento administrativo (DER: 24/10/2017), suficiente para a concessão do benefício de aposentadoria especial. II.3.5 TUTELA DE URGÊNCIA Em razão da falta de justificativa para a concessão de tutela de urgência, deve o pleito ser afastado. A previsão do art. 4o da Lei autoriza o magistrado a deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação, situação não verificada nestes autos. Consigno, ainda, a presença do perigo da irreversibilidade do provimento, tendo em vista que, no caso de reforma do julgado, o pagamento de eventuais diferenças não poderia ser reavido, por se tratar de verba de natureza alimentar. Nesse contexto, ausentes os requisitos autorizadores da tutela provisória, indefiro a medida pretendida. III. DISPOSITIVO Em face do que se expôs, julgo procedente o pedido para determinar ao INSS a averbação do tempo de serviço especial, constante da planilha anexa, bem como a concessão à parte autora da aposentadoria especial, a partir da DER/DIB: 24/10/2017, e DIP no trânsito em julgado desta sentença. Em consequência, extingo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno, ainda, o INSS ao pagamento das parcelas atrasadas. Considerando a decisão proferida pelo STF no julgamento do RE 870.947-SE (repercussão geral - tema 810), inclusive o julgamento iniciado dos embargos de declaração, a indicar que não haverá modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, determino que a dívida seja acrescida, no tocante aos juros moratórios, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos do art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação modificada pela Lei no 11.960/09, a partir de cada vencimento. Quanto à correção monetária, deverá ser aplicado o IPCA-E. Sem custas. Sem honorários (artigo 55 da Lei ). Indeferidos os benefícios de gratuidade da justiça. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Transitada em julgado, intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer no prazo de 15 (quinze) dias. Goiana (PE), data supra. FLÁVIA TAVARES DANTAS
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0522066-88.2019.4.05.8013
2019-07-15 00:00:00
Fazenda Nacional (00.394.460/0004-94)
FAZENDA NACIONAL
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-22 15:06:50
Sentença - extinção
2019-10-23T20:23:35
Acórdão - Acórdão
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2019-10-23 13:30:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
5,917
Direito Tributário
Impostos
IRPF/Imposto de Renda de Pessoa Física
1
AL008821
SENTENÇA Trata-se de pedido de isenção do IRPF, cumulada com o pedido de repetição de indébito, por meio da qual pretende reaver os valores pagos indevidamente a título de imposto de renda, em virtude de ser o demandante beneficiário da isenção tributária prevista no art. 6o, inciso XIV da Lei no 7.713/88. Dispensado o relatório (artigo 38 da Lei Federal no 9.099/1995, aplicável neste Juizado Especial Federal por força do artigo 1o da Lei Federal no 10.259/2001). Fundamento e decido. Na hipótese sub examine a parte autora não comprovou haver requerido administrativamente a isenção tributária, uma vez que deixou de juntar ao feito o ato administrativo que importou no indeferimento do pleito. Destarte, entendo configurada a carência de ação, vez que não houve resistência da União (Fazenda Nacional) ao pedido da parte autora, por falta da postulação desta, suprimindo a competência daquela, donde advém a falta de interesse processual. Vê-se, portanto, que não resta configurada a necessidade de intervenção do Judiciário por não ter sido demonstrada lesão a direito, haja vista a ausência de resistência à pretensão autoral. A lição de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari respalda o entendimento retro declinado, pois, segundo eles, é “necessária a demonstração do prévio ingresso na via administrativa, nos casos em que a anterior provocação da administração é considerada indispensável para a propositura da ação. O Judiciário não pode substituir a administração nas atividades que lhe são afetas, entre elas, a concessão do benefício previdenciário. A prestação jurisdicional só se justifica quando há a comprovação do conflito de interesses.”[1] Dessa forma, por restar ausente uma das condições da ação, entendo que o presente feito não deve prosseguir. Outro entendimento iria de encontro aos princípios regedores do Juizado Especial, da celeridade e economia processual, conforme dispõe o art. 2o da Lei n.o 9.099/95, dentre outros, gerando um adiamento injustificado do feito e procrastinando os outros processos que tramitam neste juízo. Isto posto, extingo o presente processo sem julgamento do mérito, ex vi do art. 485, VI, do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao procedimento deste Juizado. Arquivem-se os autos, em vista da determinação da Lei Federal no 10.259 em 2001, que, em seu artigo 5o, somente admite recurso contra sentença definitiva (com julgamento do mérito). Sem custas e honorários. Intimem-se. Maceió(AL), 22 de julho de 2019. Gustavo de Mendonça Gomes
PROCESSO No 0522066-88.2019.4.05.8013 RECORRENTE:ERICO DE LIMA GUSMÃO RECORRIDO: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) JUIZ SENTENCIANTE: GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES VOTO-EMENTA PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. SENTENÇA EXTINTIVA POR FALTA DE INTERESSE DE AGIR. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado contra sentença que extinguiu o feito sem resolução do mérito, sob o fundamento de que a parte autora não tem interesse de agir, uma vez que não requereu administrativamente o benefício fiscal de isenção de IR, bem como a devolução dos valores que supostamente pagou indevidamente. 2.Razões recursais no sentido de que é desnecessário o prévio requerimento administrativo para demandas desta natureza, em razão da garantia fundamental do princípio da inafastabilidade, ou pelo fato público e notório da negativa da União em pleito desta natureza. 3.As alegações da parte autora não merecem prosperar, por dois motivos principais. 4.Primeiro, porque existe procedimento administrativo específico, regulamentado no âmbito da Receita Federal do Brasil. Trata-se do procedimento disciplinado pela Instrução Normativa RFB n° 1.300, de 20.11.2012. No caso concreto, não existe comprovação fática de que a parte autora tivesse ingressado com pedido administrativo e tivesse seu pedido negado pela Administração Fazendária. Isso torna essa demanda judicial carente de condição da ação, vale dizer, do interesse de agir, uma vez que a prévia postulação administrativa, em matéria tributária que exige análise concreta de fatos individualizados para averiguar o direito do postulante, é condição essencial para o ingresso em juízo. 5.Além disso, e em sintonia com o entendimento jurídico aqui delineado, cabe trazer aos autos o recentíssimo entendimento firmado pela Segunda Turma do STJ, que, em julgamento realizado em 07.06.2018 e publicado em 28.11.2018, firmou a tese de que é preciso prévio requerimento administrativo em ação de repetição de indébito, principalmente em matérias com grande potencial de judicialização, como é aquela contida nessa ação. 6. Confira-se: “TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERESSE PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA DE RESISTÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA. 1. Trata-se, na origem, de Ação Ordinária de Restituição de Indébito Previdenciário para assegurar o direito da parte autora de repetir os valores das contribuições previdenciárias pagas a maior nos últimos 5 (cinco) anos. 2. A parte recorrente argumenta que o acórdão está omisso, que não resistiu à pretensão formulada na ação, não apresentando contestação e juntando os valores que entende devidos, e que inexiste interesse processual da parte recorrida por não ter apresentado requerimento administrativo. 3. Constato que não se configura a ofensa ao art. 1.022 do Código de Processo Civil/2015, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, em conformidade com o que lhe foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução. Nesse sentido: REsp 927.216/RS, Segunda Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 13.8.2007; e REsp 855.073/SC, Primeira Turma, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 28.6.2007. 4. Não se pode conhecer da irresignação contra a afronta aos arts. 85 e 485, VI, do CPC/2015, pois os referidos dispositivos legais não foram analisados pela instância de origem. Ausente, portanto, o requisito do prequestionamento, o que atrai, por analogia, o óbice da Súmula 282/STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada”. 5. Quanto à alegação da ausência de interesse de agir da parte recorrida em relação ao direito subjetivo de realizar a repetição dos valores dos últimos 5 (cinco) anos, entendo que merece prosperar a pretensão recursal. Compreende-se que, efetivamente, o direito de ação garantido pelo art. 5o, XXXV, da CF tem como legítimo limitador o interesse processual do pretenso autor da ação (CPC/2015 – Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade). O interesse de agir, também chamado interesse processual, caracteriza-se pela materialização do binômio necessidade-utilidade da atuação jurisdicional. A existência de conflito de interesses no âmbito do direito material faz nascer o interesse processual para aquele que não conseguiu satisfazer consensualmente seu direito. 6. Substanciado pelo apanhado doutrinário e jurisprudencial, tem-se que a falta de postulação administrativa dos pedidos de compensação ou de repetição do indébito tributário resulta, como no caso dos autos, na ausência de interesse processual dos que litigam diretamente no Poder Judiciário. O pedido, nesses casos, carece do elemento configurador de resistência pela Administração Tributária à pretensão. Não há conflito. Não há lide. Não há, por conseguinte, interesse de agir nessas situações. O Poder Judiciário é a via destinada à resolução dos conflitos, o que também indica que, enquanto não houver resistência da Administração, não há interesse de agir daquele que “judicializa” sua pretensão. 7. Dois aspectos merecem ser observados quanto a matérias com grande potencial de judicialização, como a tributária e a previdenciária. O primeiro, sob a ótica da análise econômica do direito, quando o Estado brasileiro realiza grandes despesas para financiar o funcionamento do Poder Executivo e do Poder Judiciário para que o primeiro deixe de exercer sua competência legal de examinar os pedidos administrativos em matéria tributária; e o segundo, em substituição ao primeiro, exerce a jurisdição em questões que os cidadãos poderiam ver resolvidas de forma mais célere e menos dispendiosa no âmbito administrativo. Criam-se, assim, um ciclo vicioso e condenações judiciais a título de honorários advocatícios cujos recursos financeiros poderiam ser destinados a políticas públicas de interesse social. 8. Outro ponto a ser considerado é o estímulo criado pelo Novo Código de Processo Civil de 2015 à solução consensual da lide, prevendo uma série de instrumentos materiais e processuais que direcionam as partes para comporem, de forma autônoma e segundo sua vontade, o objeto do litígio. 9. Em matéria tributária a questão já foi apreciada no âmbito do STJ que consolidou o entendimento da exigência do prévio requerimento administrativo nos pedidos de compensação das contribuições previdenciárias. Vejam-se: AgRg nos EDcl no REsp 886.334/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 10/8/2010, DJe 20/8/2010; REsp 952.419/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 2/12/2008, DJe 18/12/2008; REsp 888.729/SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 27/2/2007, DJ 16/3/2007, p. 340; REsp 544.132/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 23/5/2006, DJ 30/6/2006, p. 166. 10. Na esfera previdenciária, na área de benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o STJ, no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.369.834/SP (Tema 660), Relator Ministro Benedito Gonçalves, alinhando-se ao que foi firmado pelo Supremo Tribunal Federal no RE 631.240/MG (Tema 350, Relator Ministro Roberto Barroso), entendeu pela necessidade do prévio requerimento administrativo. 11. O Ministro Luís Roberto Barroso, no citado precedente, estabeleceu algumas premissas em relação à exigência do prévio requerimento administrativo: a) a instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5o, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo; b) a concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se configurando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise; c) a imposição de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas; d) a exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o posicionamento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado; e) na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de deferir a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração -, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento, ao menos tácito, da pretensão. 12. Como as matérias tributária e previdenciária relacionadas ao Regime Geral de Previdência Social possuem natureza jurídica distinta, mas complementares, pois, em verdade, tratam-se as relações jurídicas de custeio e de benefício (prestacional) titularizadas pela União e pelo INSS, respectivamente, com o fim último de garantir a cobertura dos riscos sociais de natureza previdenciária, entende-se que a ratio decidendi utilizada quando do julgamento da exigência ou não do prévio requerimento administrativo nos benefícios previdenciários pode também ser adotada para os pedidos formulados à Secretaria da Receita Federal concernentes às contribuições previdenciárias. 13. Recurso Especial conhecido em parte e, nessa parte, provido (STJ, REsp 1.734.733/PE, STJ, 2a Turma, rel. Min. Herman Benjamin, j. 07/06/2018, DJe 28/11/2018, sem destaque no original). 7.Por tais motivos, a sentença de extinção por ausência de prévio requerimento administrativo deve ser mantida em todos os seus termos, pelos fundamentos jurídicos aqui expostos. 8.Recurso inominado improvido, condenando-se a parte recorrente, vencida, ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE em NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO JUIZ FEDERAL RELATOR
391
1,515
0
0
6-AL
0
7.185301
NÃO PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
Trata-se de pedido de isenção do IRPF, cumulada com o pedido de repetição de indébito, por meio da qual pretende reaver os valores pagos indevidamente a título de imposto de renda, em virtude de ser o demandante beneficiário da isenção tributária prevista no art. 6o, inciso XIV da Lei no 7.713/88. Dispensado o relatório (artigo 38 da Lei Federal no 9.099/1995, aplicável neste Juizado Especial Federal por força do artigo 1o da Lei Federal no 10.259/2001). Fundamento e decido. Na hipótese sub examine a parte autora não comprovou haver requerido administrativamente a isenção tributária, uma vez que deixou de juntar ao feito o ato administrativo que importou no indeferimento do pleito. Destarte, entendo configurada a carência de ação, vez que não houve resistência da União (Fazenda Nacional) ao pedido da parte autora, por falta da postulação desta, suprimindo a competência daquela, donde advém a falta de interesse processual. Vê-se, portanto, que não resta configurada a necessidade de intervenção do Judiciário por não ter sido demonstrada lesão a direito, haja vista a ausência de resistência à pretensão autoral. A lição de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari respalda o entendimento retro declinado, pois, segundo eles, é “necessária a demonstração do prévio ingresso na via administrativa, nos casos em que a anterior provocação da administração é considerada indispensável para a propositura da ação. O Judiciário não pode substituir a administração nas atividades que lhe são afetas, entre elas, a concessão do benefício previdenciário. A prestação jurisdicional só se justifica quando há a comprovação do conflito de interesses.”[1] Dessa forma, por restar ausente uma das condições da ação, entendo que o presente feito não deve prosseguir. Outro entendimento iria de encontro aos princípios regedores do Juizado Especial, da celeridade e economia processual, conforme dispõe o art. 2o da Lei n.o 9.099/95, dentre outros, gerando um adiamento injustificado do feito e procrastinando os outros processos que tramitam neste juízo. Isto posto, extingo o presente processo sem julgamento do mérito, ex vi do art. 485, VI, do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao procedimento deste Juizado. Arquivem-se os autos, em vista da determinação da Lei Federal no 10.259 em 2001, que, em seu artigo 5o, somente admite recurso contra sentença definitiva (com julgamento do mérito). Sem custas e honorários. Intimem-se. Maceió(AL), 22 de julho de 2019. Gustavo de Mendonça Gomes
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0504075-93.2019.4.05.8015
2019-04-17 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-22 14:45:39
Sentença - Improcedente
2019-10-24T09:19:47
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2019-10-23 13:30:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL005821
SENTENÇA (TIPO A) Pretende a parte autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurada especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de DÁVILLA MARIA DOS SANTOS SILVA, nascida em 30/09/2018. O salário-maternidade consiste em um benefício devido à segurada da Previdência Social em substituição a remuneração que eventualmente deixou de perceber, durante os 120 (cento e vinte) dias de repouso, referentes à licença-maternidade. Para ter direito à percepção deste benefício, a segurada especial deve comprovar sua qualidade (art. 11, VII, da Lei no 8.213/91) e o exercício de atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores ao requerimento, mesmo que de forma descontínua (Lei no 9.876/99). E a análise do acervo probatório deve ter início a partir da presença de algum início de prova documental, por expresso imperativo legal (cf. artigo 55, § 3o da Lei Federal n.o 8.213/91) e jurisprudencial (cf. súmula 149 do STJ). Contudo, segundo a súmula 14 da TNU, não exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência. Ao analisar os autos nesta perspectiva, percebo que há início de prova material, porém diante da fragilidade da prova documental, deveria ser comprovado em audiência o exercício de atividade campesina no período de carência, circunstância não evidenciada. Em audiência, a autora alega que mora em Girau do Ponciano-AL; é casada e tem 3 filhos; que já recebeu salário-maternidade de 02 filhos; é agricultora desde criança; usa enxada; planta feijão, milho e mandioca; que a maniva serve para plantar a mandioca; xaxar é puxar terra para o feijão ou para a mandioca; que não se pode xaxar o feijão depois de florar; que já trabalhou em uma plantação de fumo. Ademais, a inspeção judicial restou negativa. A autora apresentou mãos lisas e pele preservada do sol, o que demonstra a falta de perfil campesino. Além do mais, a autora demonstrou desconhecimento a respeito do trabalho tipicamente rural que, segundo ela, costumava exercer. Embora a testemunha ouvida em Juízo tenha afirmado o desempenho da atividade agrícola da parte autora, esta por si só não é suficiente para comprovar o exercício de atividade rural durante o período exigido na legislação, visto se tratar de testemunho que não apresenta nenhum elemento de convicção, tratando-se de depoimento genérico, desprovido de consistência, comum em ações de benefício rural.Neste sentido, TRF5: (AC589217/PB, Des. Fed. Rubens de Mendonça Canuto: DJe 14/07/2016). Em sua oitiva, a testemunha informou que já conhece a autora desde criança; que a requerente é agricultora; que o esposo da autora é agricultor; que conhece as roça da autora, onde planta feijão e milho nas terras de Severino. A falta de conhecimento, a inspeção negativa e a ausência de essencialidade do labor rurícola são fatores que, juntamente analisados, acabam por descaracterizar a qualidade de segurada especial, pressuposto indispensável para a concessão do benefício. Não comprovada a qualidade de trabalhadora rural, a improcedência é a medida que se impõe. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
PROCESSO N° 0504075-93.2019.4.05.8015 RECORRENTE: JOSINETE DOS SANTOS SILVA RECORRIDO (A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS JUIZ IMPEDIDO: PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO PELA PROVA ORAL. INSPEÇÃO JUDICIAL POSITIVA. ATIVIDADE RURAL COMPROVADA NO PERÍODO DE CARÊNCIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. 1.Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de salário-maternidade, ante a ausência dos requisitos necessários para a concessão do benefício. Pretensão recursal fundamentada na existência de início de prova material corroborado pela prova produzida em juízo. Aduz, ainda, que houve equívoco na sentença, uma vez que a inspeção judicial foi positiva, mas foi registrada como negativa. 2.O salário maternidade é garantido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 (dez) meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto. 3.Nos termos do art. 55, § 3o, da Lei n. 8.213/91, e da Súmula n.o 149 do STJ, a comprovação do exercício de tais atividades deverá ser feita por meio de início de prova material, não se admitindo a prova exclusivamente testemunhal. Tal documentação, entretanto, não precisa guardar estrita correspondência com o tempo que se pretende provar como de efetivo exercício de atividade campesina, segundo pondera a TNU, por meio da Súmula n.o 14. 4.Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurada especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 5.Hipótese em que a recorrente requer o salário maternidade em face do nascimento de sua filha DÁVILLA MARIA DOS SANTOS SILVA, ocorrido em 03/09/2018 (anexo 06). 6.Compulsando os autos, constata-se a existência de início de prova material, senão vejamos: certidão de nascimento da filha constando os genitores como agricultores (anexo 06), certidão e escritura de compra e venda da terra (anexos 10 e 11), certidão eleitoral, fichas ambulatoriais, recebimento de dois salários-maternidade como segurada especial (anexo 28), entre outros. 7.Considero que a prova oral foi favorável. Em audiência, a autora disse que mora no Sítio Barbosa, em Girau de Possiano; que tem 3 filhos e já recebeu salário-maternidade de 2; que é agricultora desde criança; que na roça planta feijão, milho e às vezes mandioca; que a maniva é pinicada e depois é plantada no canteiro; explicou o que é xaxar; que não se pode xaxar o feijão depois de florar; que nunca viajou para trabalhar fora; que o dono da terra já a fichou um tempo; que já foi empregada em plantio de fumo; que ele pagava na diária ou por produção; que recebia 40 reais por diária; que nesse período plantava fumo; que, quando podia, trabalhava a semana inteira; que mesmo com filho pequeno trabalha de roça; deixa os filhos numa “cabaninha”, ou numa rede; que os filhos estudam; que trabalhou na roça; que só trabalhou na roça de fumo em um inverno. A testemunha, por sua vez, disse que a autora trabalha na roça; que o esposo dela também trabalha na roça; que a terra é de Severino; que ela planta feijão e milho; que ela já trabalhou em roça de fumo; que de vez em quando trabalha de diária. A autora demonstrou conhecimento do labor rural. O fato de trabalhar eventualmente como diarista em plantio de fumo não descaracteriza a qualidade de segurado especial. 8.Em relação à inspeção judicial, após assistir à audiência, verifico que realmente foi positiva, tendo havido equívoco na sentença. 9.No que se refere à correção monetária, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 10.Recurso inominado provido para, reformando a sentença: a) condenar o INSS ao pagamento, mediante RPV, das parcelas devidas a título de salário-maternidade em razão do nascimento DÁVILLA MARIA DOS SANTOS SILVA, ocorrido em 03/09/2018, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora (da citação), no mesmo patamar da caderneta de poupança, segundo cálculo a ser elaborado pelo juízo da execução; c) tanto que transitado em julgado o presente acórdão, expeça-se RPV; d) sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
569
850
0
1
10-AL
0
122.561563
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a parte autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurada especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de DÁVILLA MARIA DOS SANTOS SILVA, nascida em 30/09/2018. O salário-maternidade consiste em um benefício devido à segurada da Previdência Social em substituição a remuneração que eventualmente deixou de perceber, durante os 120 (cento e vinte) dias de repouso, referentes à licença-maternidade. Para ter direito à percepção deste benefício, a segurada especial deve comprovar sua qualidade (art. 11, VII, da Lei no 8.213/91) e o exercício de atividade rural nos últimos dez meses imediatamente anteriores ao requerimento, mesmo que de forma descontínua (Lei no 9.876/99). E a análise do acervo probatório deve ter início a partir da presença de algum início de prova documental, por expresso imperativo legal (cf. artigo 55, § 3o da Lei Federal n.o 8.213/91) e jurisprudencial (cf. súmula 149 do STJ). Contudo, segundo a súmula 14 da TNU, não exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência. Ao analisar os autos nesta perspectiva, percebo que há início de prova material, porém diante da fragilidade da prova documental, deveria ser comprovado em audiência o exercício de atividade campesina no período de carência, circunstância não evidenciada. Em audiência, a autora alega que mora em Girau do Ponciano-AL; é casada e tem 3 filhos; que já recebeu salário-maternidade de 02 filhos; é agricultora desde criança; usa enxada; planta feijão, milho e mandioca; que a maniva serve para plantar a mandioca; xaxar é puxar terra para o feijão ou para a mandioca; que não se pode xaxar o feijão depois de florar; que já trabalhou em uma plantação de fumo. Ademais, a inspeção judicial restou negativa. A autora apresentou mãos lisas e pele preservada do sol, o que demonstra a falta de perfil campesino. Além do mais, a autora demonstrou desconhecimento a respeito do trabalho tipicamente rural que, segundo ela, costumava exercer. Embora a testemunha ouvida em Juízo tenha afirmado o desempenho da atividade agrícola da parte autora, esta por si só não é suficiente para comprovar o exercício de atividade rural durante o período exigido na legislação, visto se tratar de testemunho que não apresenta nenhum elemento de convicção, tratando-se de depoimento genérico, desprovido de consistência, comum em ações de benefício rural.Neste sentido, TRF5: (AC589217/PB, Des. Fed. Rubens de Mendonça Canuto: DJe 14/07/2016). Em sua oitiva, a testemunha informou que já conhece a autora desde criança; que a requerente é agricultora; que o esposo da autora é agricultor; que conhece as roça da autora, onde planta feijão e milho nas terras de Severino. A falta de conhecimento, a inspeção negativa e a ausência de essencialidade do labor rurícola são fatores que, juntamente analisados, acabam por descaracterizar a qualidade de segurada especial, pressuposto indispensável para a concessão do benefício. Não comprovada a qualidade de trabalhadora rural, a improcedência é a medida que se impõe. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0505274-53.2019.4.05.8015
2019-05-21 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-14 15:30:23
Sentença - Improcedente
2019-10-24T09:30:24
Acórdão - voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2019-10-23 13:30:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL012801
SENTENÇA Trata-se de ação proposta por em face do INSS, por meio da qual objetiva a concessão de benefício assistencial de prestação continuada à pessoa com deficiência. De acordo com o art. 20, da Lei 8.742/93, três são os requisitos necessários para a concessão do aludido benefício: 1o) Não acumular o benefício assistencial com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória; 2o) Ser portador de deficiência, isto é, possuir impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; 3o) Não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família. A lei de regência (art. 20, § 1o, Lei 8.742/93), entende como família "o requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto". Acerca deste último requisito, cuja natureza é econômica, é importante registrar que o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do §3o do art. 20 da Lei 8.742/93, por entender que o critério de renda familiar per capita não superior a 1/4 do salário mínimo, por si só, está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade (Reclamação 4374 PE), devendo tal parâmetro ser conjugado com outros critérios indicativos de estado de vulnerabilidade social. A propósito, existem diversas normas que regulam programas de assistência social que trazem como referencial econômico para a concessão dos benefícios o percentual de meio salário mínimo, a exemplo do art. 5o da Lei. 9.533/97 que instituiu o Programa Federal de Garantia de Renda Mínima e do art. 2o, §2o da Lei 10.689/03 que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação. Verifica-se, ainda, que, para além de uma flexibilização no critério de 1⁄4 de salário mínimo per capita, o STF também julgou inconstitucional por omissão parcial, o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso. De acordo com a Corte Suprema, não há justificativa plausível para que seja excluído do cômputo da renda familiar apenas o benefício assistencial concedido ao idoso, devendo idêntica solução ser adotada quando o titular for deficiente. Ademais, em ambos os casos, estabeleceu-se que a exclusão pode ser operada independente da natureza do benefício (assistencial ou previdenciário), desde que este seja de renda mínima. (RE 580963, Relator(a):Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, PUBLIC 14-11-2013). Fincadas estas premissas, verifico que a parte autora NÃO preenche todos os requisitos mencionados. O INSS não demonstrou que o demandante percebe nenhum outro benefício da seguridade social. No caso em tela, o INSS realizou pesquisa socioeconômica (anexo 13), sendo observado que o grupo familiar é composto pelo autor, seus pais. Além deles, moram na mesma casa a irmã do autor, seu cunhado e dois filhos do casal. Da pesquisa socioeconômica constata-se que o demandante não apresenta sinais de pobreza, reside em um imóvel fácil acesso, em rua pavimentada, construído em tijolo, piso em cerâmica, teto com forro. Observa-se, ainda, que o imóvel encontra-se guarnecido por sofá, mesa, cadeiras, aparelho de TV, geladeira, fogão, televisores, todos em bom estado de conservação. Ademais, percebe-se claramente que não há que se falar em miserabilidade no presente caso, uma vez que a autora reside em imóvel com bom padrão, o que não se compatibiliza com o estado de necessidade econômica objetivada quando da criação do benefício assistencial. Não se pode confundir simplicidade com miserabilidade. É verdade que se fosse considerado, isoladamente, o critério renda per capita, poder-se-ia cogitar do atendimento ao requisito socioeconômico. No entanto, a meu ver, o requisito renda formal é apenas um indicativo, não fazendo prova plena da miserabilidade, especialmente quando comprovado, por outros meios, que a família não vive em extrema pobreza. Significa dizer que outros dados podem e devem ser considerados pelo Juízo quando da análise do preenchimento do requisito socioeconômico pelo grupo familiar a que se dirige o benefício assistencial. O estudo social descreve que o autor não tem mais condições de trabalhar e, por ser a casa simples, a pesquisa foi qualificada como positiva. Todavia, não ficou efetivamente caracterizada a miserabilidade. A casa é guarnecida do mínimo existencial, não podendo se confundir simplicidade e miserabilidade. Diante de tal quadro, não se admite que o benefício seja concedido como complementação de renda familiar para os necessitados, uma vez que se destina a dar o mínimo àqueles absolutamente desprovidos de meios de subsistência. Portanto, não estando presentes todos requisitos indispensáveis para a concessão do benefício postulado, entendo que o benefício não é devido. Diante do exposto, nos termos da fundamentação, julgo IMPROCEDENTE o pedido, resolvendo o feito com análise de mérito. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) intimem-se ambas as partes sobre este ou o retorno dos autos; c) nada sendo requerido pelas partes, remeta-se o processo para baixa e arquivamento. Concedo os benefícios da gratuidade da justiça. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
PROCESSO No0505274-53.2019.4.05.8015 RECORRENTE: ENIRALDO LINS DA SILVA RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR DADOS: 41 ANOS;ARAPIRACA/AL VOTO-EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. BENEFÍCIO DE AMPARO SOCIAL AO DEFICIENTE. NÃO ATENDIMENTO AO PRESSUPOSTO DE MISERABILIDADE. FOTOS E MANDADO DE CONSTATAÇÃO. SÚMULA 79 TNU. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de benefício assistencial de prestação continuada ao deficiente sob o fundamento do não atendimento ao pressuposto de hipossuficiência. Pretensão recursal escorada no argumento de que o requisito da hipossuficiência foi devidamente comprovado. 2. O art. 20, caput, da Lei n.° 8.742/93, estabelece que: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.” 3. Na hipótese, limita-se a discussão ao atendimento, ou não, do pressuposto de miserabilidade, necessário para a concessão do benefício assistencial pretendido. 4. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da norma do art. 20, § 3o da Lei n. 8.742/93, que estabelecia o critério de 1/4 de um salário mínimo para aferição da miserabilidade para a concessão dos benefícios assistenciais, de modo que, diante da ausência de critério legal válido para aferição da hipossuficiência econômica, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais fixou o entendimento de que a miserabilidade deve ser analisada em cada caso concreto, através de quaisquer meios de prova, não podendo ser esta avaliada exclusivamente com base na renda. (PEDILEF: 05023602120114058201, Relator Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, Dou 21/06/2013). A matéria inclusive já fora sumulada pela TNU, conforme Enunciado n. 79: "Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal". 5. O magistrado sentenciante não se convenceu do atendimento ao requisito de hipossuficiência, baseando-se em elementos de prova colhidos durante o processo, como fotos e o mandado de constatação. Conforme registrado na sentença (anexo 38): Fincadas estas premissas, verifico que a parte autora NÃO preenche todos os requisitos mencionados. O INSS não demonstrou que o demandante percebe nenhum outro benefício da seguridade social. No caso em tela, o INSS realizou pesquisa socioeconômica (anexo 13), sendo observado que o grupo familiar é composto pelo autor, seus pais. Além deles, moram na mesma casa a irmã do autor, seu cunhado e dois filhos do casal. Da pesquisa socioeconômica constata-se que o demandante não apresenta sinais de pobreza, reside em um imóvel fácil acesso, em rua pavimentada, construído em tijolo, piso em cerâmica, teto com forro. Observa-se, ainda, que o imóvel encontra-se guarnecido por sofá, mesa, cadeiras, aparelho de TV, geladeira, fogão, televisores, todos em bom estado de conservação. Ademais, percebe-se claramente que não há que se falar em miserabilidade no presente caso, uma vez que a autora reside em imóvel com bom padrão, o que não se compatibiliza com o estado de necessidade econômica objetivada quando da criação do benefício assistencial. Não se pode confundir simplicidade com miserabilidade. É verdade que se fosse considerado, isoladamente, o critério renda per capita, poder-se-ia cogitar do atendimento ao requisito socioeconômico. No entanto, a meu ver, o requisito renda formal é apenas um indicativo, não fazendo prova plena da miserabilidade, especialmente quando comprovado, por outros meios, que a família não vive em extrema pobreza. Significa dizer que outros dados podem e devem ser considerados pelo Juízo quando da análise do preenchimento do requisito socioeconômico pelo grupo familiar a que se dirige o benefício assistencial. O estudo social descreve que o autor não tem mais condições de trabalhar e, por ser a casa simples, a pesquisa foi qualificada como positiva. Todavia, não ficou efetivamente caracterizada a miserabilidade. A casa é guarnecida do mínimo existencial, não podendo se confundir simplicidade e miserabilidade. Diante de tal quadro, não se admite que o benefício seja concedido como complementação de renda familiar para os necessitados, uma vez que se destina a dar o mínimo àqueles absolutamente desprovidos de meios de subsistência. Portanto, não estando presentes todos requisitos indispensáveis para a concessão do benefício postulado, entendo que o benefício não é devido. 6. Compartilho o mesmo entendimento que o juízo a quo. Nota-se claramente que a família do(a) recorrente não vive em situação de miserabilidade. Além disso, a renda em si não é critério absoluto, visto que ao analisar os outros meios de prova (fotos da residência e mandado de constatação), resta claro que o núcleo familiar do autor não vive em estado de miserabilidade, a casa conta com móveis em bom estado de conservação, pintura bem conservada, piso em cerâmica, cômodos com razoável nível de conforto, o imóvel é próprio da família, possui área de serviço e garagem, afastando portanto o núcleo familiar do autor de uma situação de vulnerabilidade social. Vale salientar que a concessão de amparo social por parte do Estado deve ter caráter subsidiário. 7. Portanto, resta indevido o benefício vindicado. 8 Recurso inominado improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa (art. 54, parágrafo único, e art. 55 da Lei 9099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/01). Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, emNEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
898
967
0
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10-AL
0
84.819016
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação proposta por em face do INSS, por meio da qual objetiva a concessão de benefício assistencial de prestação continuada à pessoa com deficiência. De acordo com o art. 20, da Lei 8.742/93, três são os requisitos necessários para a concessão do aludido benefício: 1o) Não acumular o benefício assistencial com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória; 2o) Ser portador de deficiência, isto é, possuir impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; 3o) Não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família. A lei de regência (art. 20, § 1o, Lei 8.742/93), entende como família "o requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto". Acerca deste último requisito, cuja natureza é econômica, é importante registrar que o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do §3o do art. 20 da Lei 8.742/93, por entender que o critério de renda familiar per capita não superior a 1/4 do salário mínimo, por si só, está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade (Reclamação 4374 PE), devendo tal parâmetro ser conjugado com outros critérios indicativos de estado de vulnerabilidade social. A propósito, existem diversas normas que regulam programas de assistência social que trazem como referencial econômico para a concessão dos benefícios o percentual de meio salário mínimo, a exemplo do art. 5o da Lei. 9.533/97 que instituiu o Programa Federal de Garantia de Renda Mínima e do art. 2o, §2o da Lei 10.689/03 que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação. Verifica-se, ainda, que, para além de uma flexibilização no critério de 1⁄4 de salário mínimo per capita, o STF também julgou inconstitucional por omissão parcial, o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso. De acordo com a Corte Suprema, não há justificativa plausível para que seja excluído do cômputo da renda familiar apenas o benefício assistencial concedido ao idoso, devendo idêntica solução ser adotada quando o titular for deficiente. Ademais, em ambos os casos, estabeleceu-se que a exclusão pode ser operada independente da natureza do benefício (assistencial ou previdenciário), desde que este seja de renda mínima. (RE 580963, Relator(a):Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, PUBLIC 14-11-2013). Fincadas estas premissas, verifico que a parte autora NÃO preenche todos os requisitos mencionados. O INSS não demonstrou que o demandante percebe nenhum outro benefício da seguridade social. No caso em tela, o INSS realizou pesquisa socioeconômica (anexo 13), sendo observado que o grupo familiar é composto pelo autor, seus pais. Além deles, moram na mesma casa a irmã do autor, seu cunhado e dois filhos do casal. Da pesquisa socioeconômica constata-se que o demandante não apresenta sinais de pobreza, reside em um imóvel fácil acesso, em rua pavimentada, construído em tijolo, piso em cerâmica, teto com forro. Observa-se, ainda, que o imóvel encontra-se guarnecido por sofá, mesa, cadeiras, aparelho de TV, geladeira, fogão, televisores, todos em bom estado de conservação. Ademais, percebe-se claramente que não há que se falar em miserabilidade no presente caso, uma vez que a autora reside em imóvel com bom padrão, o que não se compatibiliza com o estado de necessidade econômica objetivada quando da criação do benefício assistencial. Não se pode confundir simplicidade com miserabilidade. É verdade que se fosse considerado, isoladamente, o critério renda per capita, poder-se-ia cogitar do atendimento ao requisito socioeconômico. No entanto, a meu ver, o requisito renda formal é apenas um indicativo, não fazendo prova plena da miserabilidade, especialmente quando comprovado, por outros meios, que a família não vive em extrema pobreza. Significa dizer que outros dados podem e devem ser considerados pelo Juízo quando da análise do preenchimento do requisito socioeconômico pelo grupo familiar a que se dirige o benefício assistencial. O estudo social descreve que o autor não tem mais condições de trabalhar e, por ser a casa simples, a pesquisa foi qualificada como positiva. Todavia, não ficou efetivamente caracterizada a miserabilidade. A casa é guarnecida do mínimo existencial, não podendo se confundir simplicidade e miserabilidade. Diante de tal quadro, não se admite que o benefício seja concedido como complementação de renda familiar para os necessitados, uma vez que se destina a dar o mínimo àqueles absolutamente desprovidos de meios de subsistência. Portanto, não estando presentes todos requisitos indispensáveis para a concessão do benefício postulado, entendo que o benefício não é devido. Diante do exposto, nos termos da fundamentação, julgo IMPROCEDENTE o pedido, resolvendo o feito com análise de mérito. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) intimem-se ambas as partes sobre este ou o retorno dos autos; c) nada sendo requerido pelas partes, remeta-se o processo para baixa e arquivamento. Concedo os benefícios da gratuidade da justiça. Publique-se. Registre-se. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
10
0503266-42.2019.4.05.8100
2019-02-12 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-05-31 11:31:28
Sentença - Aux. doença. pericia favorável. parc. proc.
2019-10-25T10:02:34
Acórdão - com voto.
GUSTAVO MELO BARBOSA (2ª TURMA RECURSAL)
2019-10-23 13:30:00
JOSÉ MAXIMILIANO MACHADO CAVALCANTI
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE009711
RELATÓRIO Dispensado, ex vi do disposto no art. 38 da Lei n° 9.099/95. FUNDAMENTAÇÃO Preliminarmente, defiro os benefícios da justiça gratuita. Trata-se de ação previdenciária na qual a parte autora deduz pretensão visando à concessão de benefício de auxílio-doença ou, alternativamente, aposentadoria por invalidez, na qualidade de segurado urbano, e o pagamento das parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo. Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no. 8.213/91, o auxílio-doença será devido “ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.” Ressalte-se que essa espécie de benefício não está submetida a um prazo máximo de concessão, devendo ser mantido enquanto perdurar a incapacidade para o labor habitual, ressalvado, evidentemente, o dever do INSS de submeter o segurado a realização de perícias médicas periodicamente. Importante consignar também que o art. 62 da Lei de Benefícios determina que o segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para a ocupação costumeira, deverá sujeitar-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outro trabalho, não cessando o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência. Caso o estado clínico ou patológico indicar a irrecuperabilidade do segurado, a Previdência deverá, então, aposentá-lo por invalidez permanente. Por sua vez, o artigo 42, do mesmo diploma legal, dispõe que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. No caso em tela, o perito do juízo constatou e expressamente firmou em seu parecer técnico que o autor sofre de “CID 10 H90.3 Perda de audição bilateral neuro-sensorial, com primeiro laudo mostrando alteração desde setembro de 2010" estando parcial e definitivamente incapacitado para a sua última atividade laboral como "encanador industrial" desde setembro/2010, em decorrência da sua patologia, em face de "exposição contínua a sons de alta intensidade de forma repetida". Prosseguindo, estabeleceu que o requerente pode, contudo e após reabilitação, desenvolver funções com "trabalhos braçais"e "atendimento ao público" (v. anexo 16), ao tempo em que esclareceu que na data do indeferimento do benefício, em 30/10/2018, a incapacidade laboral existia (v. anexo no 3). Dessa forma, muito embora tenha concluído, acertadamente, que o periciando não é inválido para toda e qualquer tipo de atividade laborativa, atesta que a patologia sofrida gerou incapacidade irreversível e definitiva para sua atividade habitual de "encanador industrial", haja vista a limitação física decorrente de sua patologia, concluindo, ao final, que o autor não pode desempenhar sua atual atividade. Nesse contexto, com fundamento no princípio do livre convencimento motivado, insculpido no art. 371, do CPC, e a considerar que o exercício da atividade laboral de "encanador industrial"exige exposiçãocontínua a sons de alta intensidade de forma repetida, entendo que há limitação, ainda que parcial, para o desempenho do trabalho pelo requerente. Outrossim, verifico que a doença incapacita o demandante parcial e definitivamente para o exercício das atividades laborais habituais (v. CNIS), o que, em tese, não ilide a possibilidade de passar a exercer outras atividades e outros serviços rentáveis que não exige os movimentos acima definidos, afastada, assim, a possibilidade de concessão de aposentadoria por invalidez. Assim, tenho por comprovada a incapacidade do segurado para suas atividades habituais, em razão do atual estado clínico. A parte autora deve ser encaminhada ao Programa de Reabilitação Profissional (art. 62 da Lei 8.213/1991), a fim de receber treinamento visando ao desenvolvimento de aptidão para o exercício de função compatível com suas limitações. Até que isso ocorra, fará jus ao auxílio-doença, não se aplicando ao caso as regras daMP 767, de 06 de janeiro de 2017 (convertida na Lei no 13.457/2017) quanto a fixação da DCB, porque, repito, o autor deverá ser submetido a processo de reabilitação profissional e pelo fato de que à época em que se deu o início de sua incapacidade não estava em vigência a MP 767, de 06 de janeiro de 2017 (convertida na Lei no 13.457/2017). Em seguida, passo à análise do segundo requisito exigido pela Lei de Benefícios, qual seja, a qualidade de segurado da parte demandante. Assim dispõe o art. 15 da Lei de Benefícios da Previdência Social: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuição. I – sem limite de prazo quemestá em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III – até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV – até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V – até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às forças armadas para prestar serviço militar; VI – até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo; § 1° O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2a Os prazos do inciso II ou do § 1° serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3° Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4° A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Por sua vez, artigo 14 do Regulamento da Previdência Social (Decreto no 3.048/1999) com redação dada pelo Decreto no 4.032/2001, estabelece que “o reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo final dos prazos fixados no art. 13 ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término daqueles prazos”. Para fazer jus ao auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, é necessário que o segurado comprove o cumprimento da carência exigida no art. 25, inc. I, da Lei de Benefícios, que consiste em 12 (doze) contribuições mensais. No caso dos autos, verifico pela tela do CNIS (v. anexo no 17) que o autor, por ocasião do início de sua incapacidade, em setembro de 2010, mantinha vínculo laboral com diversas empresas na condição de empregado, incapacidade que persiste até o presente momento. Logo, patente é a sua condição de segurado do RGPS. Destarte, diante das conclusões apontadas pela perícia realizada em juízo, dos elementos probatórios carreados aos autos e com arrimo na legislação previdenciária aplicada à espécie, e na informalidade que orienta os processos no âmbito dos juizados, não remanesce qualquer dúvida quanto ao seu direito ao concessão do benefício de auxílio-doença (NB 6254253937), uma vez que a parte requerente não se encontra em condições de trabalhar para prover o seu sustento. Reconhecida a plausibilidade do direito e considerado o caráter alimentar da verba, DEFIRO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. No que concerne à atualização do débito judicial, este juízo vinha decidindo pela aplicação do INPC, considerando a sistemática prevista no art. 41-A da Lei no 8.213/1991 e as decisões proferidas em sede de ADIs (4.357 e 4.425) que, por arrastamento, declararam a inconstitucionalidade, em parte, do art. 5o da Lei no 11.960/2009. Isso porque em recente decisão do STF, proferida nos autos do RE 870.947/SE, com reconhecimento de repercussão geral,restou assentado o entendimento do Min. Luiz Fux, segundo o qual, a inconstitucionalidade declarada nas ADIs nos 4.357 e 4.425, quanto à aplicação da TR como índice de correção monetária, refere-se apenas à atualização monetária do crédito no lapso temporal entre a data da inscrição do crédito em precatório e o seu efetivo pagamento, uma vez que a norma constitucional objeto de impugnação nas ADIs 4.357 e 4.425 (art. 100, § 12, da CF/88, incluído pela EC no 62/98) dizia respeito exclusivamente à atualização do precatório, não contemplando a atualização da condenação por ocasião do julgamento na fase de conhecimento. Contudo, verifico que o INSS vem apresentando inúmeros recursos tão somente para discutir os critérios de atualização estabelecidos nas sentenças quanto às parcelas vencidas, comprometendo a celeridade processual que se destaca entre os princípios dos Juizados Especiais Federais. Como se não bastasse, na grande maioria das vezes, os autores recorridos têm anunciado, em contrarrazões, que cedem à tese sustentada pela autarquia previdenciária para verem logo satisfeitas as obrigações, oportunidade em que é reconhecida a falta de interesse recursal. Noutras ocasiões têm adotado idêntico procedimento em audiência. Neste sentido, a fim de garantir a efetividade do direito, ressalvo o meu ponto de vista para estabelecer como critério de atualização monetária o previsto na Lei no 11.960/2009. D I S P O S I T I V O À luz do exposto, RESOLVO O MÉRITO DA PRESENTE DEMANDA, acolhendo parcialmente o pedido formulado na inicial, de modo a condenar o INSS a conceder imediatamente, independentemente do trânsito em julgado desta, porquanto antecipo os efeitos da tutela, o auxílio-doença, com DIB (data de início do benefício) fixada a partir da data do requerimento na via administrativa (30/10/2018-NB 6254253937– anexo no 3), e DIP (data de implantação do benefício) correspondente à data de 1o/05/2019, devendo as diferenças verificadas até a efetiva implantação serem pagas administrativamente. Deixo de fixar a DCB (Lei 13.457/17), porque o autor deverá ser submetido a processo de reabilitação profissional, até que isso ocorra fará jus ao benefício de auxílio doença. Condeno, ainda, a parte ré ao pagamento, por RPV, dos atrasados referentes ao período compreendido entre a data da concessão do benefício e a DIP. Tais parcelas deverão ser corrigidas monetariamente pelos critérios previsto na Lei no 11.960/2009. A implantação do benefício ora deferido deverá ocorrer no prazo de 10 (dez) dias úteis contados da remessa dos autos ao INSS, ultrapassado o qual passa a correr multa diária de R$ 100,00 (cem reais) pelo descumprimento. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Quanto ao pedido de gratuidade processual, o defiro, com fundamento no art. 4o, da Lei no 1.060/50, com redação dada pela Lei no 7.510/86. Publique-se e intimem-se observadas as disposições da Lei no. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo. Data supra JOSÉ MAXIMILIANO MACHADO CAVALCANTI Juiz Federal da 28a Vara/CE QUADRO RESUMO Processo no 05032664220194058100 NB 6254253937 DIB DER 30.10.2018
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA RECONHECIDA. CESSAÇÃO CONDICIONADA A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. DISCRICIONARIDADE DO MAGISTRADO. TEMA 177 TNU.SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente pedido de auxílio doença. Em suas razões, aduz, preliminarmente, a nulidade da sentença , sob alegação de não intimação do laudo médico pericial. No mérito, defende que cabe a autarquia definir acerca do processo de reabilitação, devendo ser afastada exigência de prévia reabilitação profissional do autor para cessação do benefício. Subsidiariamente, pugna pela aplicação integral da Lei 11.960/2009, no que toca à correção monetária. VOTO Não prospera o recurso manejado pela parte ré. De logo, cumpre registrar que não se vislumbra cerceamento de defesa ou ofensa ao contraditório e ampla defesa na ausência de intimação das partes da apresentação do laudo pericial no âmbito dos Juizados Especiais Federais, consoante inteligência do art. 12 da Lei 10.259/2001. Acrescente-se ainda que, no caso, há de se considerar que a perícia médica promovida (anexo no16) atendeu ao fim a que se destina, tendo avaliado corretamente a extensão e as limitações decorrentes das moléstias que recaem sobre o Requerente, com fundamentação coerente, além do que não houve comprovação de existência de erro ou vício no trabalho do expert. No mérito, examinando atentamente a sentença recorrida, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. No presente caso, à luz da prova pericial realizada (anexo no 16), restou comprovado que a parte autora sofre perda de audição bilateral neuro-sensorial há vários anos que lhe impõem incapacidade laborativa definitiva e parcial para sua atividade laboral habitual de encanador industrial. Como é cediço, as alterações promovidas pela Lei 13.457/2017 no art. 60, §8o da Lei no 8.213/91 previram que, “sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício.” Deste modo, sendo possível prever a data final da incapacidade, cabe ao Magistrado fixar a data de cessação do benefício, sob pena de cessação automática no prazo de 120 (cento e vinte) dias (art. 60, §9o). Importante registrar o teor do art. 60, §9o: “Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o deste artigo, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62 desta Lei.” Por sua vez, o art. 62 prevê que “Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade.” No caso concreto, o Juízo de Origem entendeu por bem não fixar a data de cessação do benefício, em razão de ser definitiva a incapacidade da parte autora para o exercício de sua atividade laborativa habitual, circunstância que lhe assegura participar de processo voltado à sua reabilitação profissional. Ora, conforme interpretação do disposto no art. 60, §9o, a cessação em 120 (cento e vinte) dias não deve ser fixada quando for o caso de encaminhamento do segurado a processo de reabilitação. Registre-se, ainda, que tal medida está dentro dos limites de discricionariedade do Magistrado, que, analisando as circunstâncias do caso concreto, entendeu por correta a determinação de reabilitação profissional, de modo que não se vislumbra qualquer descompasso com a realidade fática verificada nos autos. Por fim, tal posicionamento foi corroborado pela Turma Nacional de Jurisprudência, que nos autos do Pedido de Uniformização n.o 0506698-72.2015.4.05.8500/SE, julgado em 21/02/2019, no Tema 177 dos Representativos de Controvérsia, fixou a seguinte tese: " 1. Constatada a existência de incapacidade parcial e permanente, não sendo o caso de aplicação da Súmula 47 da TNU, a decisão judicial poderá determinar o encaminhamento do segurado para análise administrativa de elegibilidade à reabilitação profissional, sendo inviável a condenação prévia à concessão de aposentadoria por invalidez condicionada ao insucesso da reabilitação; 2. A análise administrativa da elegibilidade à reabilitação profissional deverá adotar como premissa a conclusão da decisão judicial sobre a existência de incapacidade parcial e permanente, ressalvada a possibilidade de constatação de modificação das circunstâncias fáticas após a sentença." Como se vê, examinando atentamente a sentença recorrida, é fácil constatar que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. Finalmente, importante destacar que o índice de correção monetária eleito pelo art. 1o-F da Lei n.o 9.494/1997, com redação dada pela Lei n.o 11.960/2009, foi reconhecido como inconstitucional no julgamento das ADIs 4357 e 4425, bem como do RE 870.947, também não merecendo prosperar o recurso neste ponto. O recurso inominado interposto pela ré não traz elementos capazes de infirmar as razões de decidir em que se ancora o julgado sitiado, que, portanto, há de ser mantido, em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei n.o 9.099/95. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e Gisele Chaves Sampaio Alcântara. Fortaleza, 23 de outubro de 2019. GUSTAVO MELO BARBOSA
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28-CE
1
108.144769
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Preliminarmente, defiro os benefícios da justiça gratuita. Trata-se de ação previdenciária na qual a parte autora deduz pretensão visando à concessão de benefício de auxílio-doença ou, alternativamente, aposentadoria por invalidez, na qualidade de segurado urbano, e o pagamento das parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo. Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no. 8.213/91, o auxílio-doença será devido “ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.” Ressalte-se que essa espécie de benefício não está submetida a um prazo máximo de concessão, devendo ser mantido enquanto perdurar a incapacidade para o labor habitual, ressalvado, evidentemente, o dever do INSS de submeter o segurado a realização de perícias médicas periodicamente. Importante consignar também que o art. 62 da Lei de Benefícios determina que o segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para a ocupação costumeira, deverá sujeitar-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outro trabalho, não cessando o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência. Caso o estado clínico ou patológico indicar a irrecuperabilidade do segurado, a Previdência deverá, então, aposentá-lo por invalidez permanente. Por sua vez, o artigo 42, do mesmo diploma legal, dispõe que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. No caso em tela, o perito do juízo constatou e expressamente firmou em seu parecer técnico que o autor sofre de “CID 10 H90.3 Perda de audição bilateral neuro-sensorial, com primeiro laudo mostrando alteração desde setembro de 2010" estando parcial e definitivamente incapacitado para a sua última atividade laboral como "encanador industrial" desde setembro/2010, em decorrência da sua patologia, em face de "exposição contínua a sons de alta intensidade de forma repetida". Prosseguindo, estabeleceu que o requerente pode, contudo e após reabilitação, desenvolver funções com "trabalhos braçais"e "atendimento ao público" (v. anexo 16), ao tempo em que esclareceu que na data do indeferimento do benefício, em 30/10/2018, a incapacidade laboral existia (v. anexo no 3). Dessa forma, muito embora tenha concluído, acertadamente, que o periciando não é inválido para toda e qualquer tipo de atividade laborativa, atesta que a patologia sofrida gerou incapacidade irreversível e definitiva para sua atividade habitual de "encanador industrial", haja vista a limitação física decorrente de sua patologia, concluindo, ao final, que o autor não pode desempenhar sua atual atividade. Nesse contexto, com fundamento no princípio do livre convencimento motivado, insculpido no art. 371, do CPC, e a considerar que o exercício da atividade laboral de "encanador industrial"exige exposiçãocontínua a sons de alta intensidade de forma repetida, entendo que há limitação, ainda que parcial, para o desempenho do trabalho pelo requerente. Outrossim, verifico que a doença incapacita o demandante parcial e definitivamente para o exercício das atividades laborais habituais (v. CNIS), o que, em tese, não ilide a possibilidade de passar a exercer outras atividades e outros serviços rentáveis que não exige os movimentos acima definidos, afastada, assim, a possibilidade de concessão de aposentadoria por invalidez. Assim, tenho por comprovada a incapacidade do segurado para suas atividades habituais, em razão do atual estado clínico. A parte autora deve ser encaminhada ao Programa de Reabilitação Profissional (art. 62 da Lei 8.213/1991), a fim de receber treinamento visando ao desenvolvimento de aptidão para o exercício de função compatível com suas limitações. Até que isso ocorra, fará jus ao auxílio-doença, não se aplicando ao caso as regras daMP 767, de 06 de janeiro de 2017 (convertida na Lei no 13.457/2017) quanto a fixação da DCB, porque, repito, o autor deverá ser submetido a processo de reabilitação profissional e pelo fato de que à época em que se deu o início de sua incapacidade não estava em vigência a MP 767, de 06 de janeiro de 2017 (convertida na Lei no 13.457/2017). Em seguida, passo à análise do segundo requisito exigido pela Lei de Benefícios, qual seja, a qualidade de segurado da parte demandante. Assim dispõe o art. 15 da Lei de Benefícios da Previdência Social: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuição. I – sem limite de prazo quemestá em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III – até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV – até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V – até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às forças armadas para prestar serviço militar; VI – até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo; § 1° O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2a Os prazos do inciso II ou do § 1° serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3° Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4° A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Por sua vez, artigo 14 do Regulamento da Previdência Social (Decreto no 3.048/1999) com redação dada pelo Decreto no 4.032/2001, estabelece que “o reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo final dos prazos fixados no art. 13 ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término daqueles prazos”. Para fazer jus ao auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, é necessário que o segurado comprove o cumprimento da carência exigida no art. 25, inc. I, da Lei de Benefícios, que consiste em 12 (doze) contribuições mensais. No caso dos autos, verifico pela tela do CNIS (v. anexo no 17) que o autor, por ocasião do início de sua incapacidade, em setembro de 2010, mantinha vínculo laboral com diversas empresas na condição de empregado, incapacidade que persiste até o presente momento. Logo, patente é a sua condição de segurado do RGPS. Destarte, diante das conclusões apontadas pela perícia realizada em juízo, dos elementos probatórios carreados aos autos e com arrimo na legislação previdenciária aplicada à espécie, e na informalidade que orienta os processos no âmbito dos juizados, não remanesce qualquer dúvida quanto ao seu direito ao concessão do benefício de auxílio-doença (NB 6254253937), uma vez que a parte requerente não se encontra em condições de trabalhar para prover o seu sustento. Reconhecida a plausibilidade do direito e considerado o caráter alimentar da verba, DEFIRO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. No que concerne à atualização do débito judicial, este juízo vinha decidindo pela aplicação do INPC, considerando a sistemática prevista no art. 41-A da Lei no 8.213/1991 e as decisões proferidas em sede de ADIs (4.357 e 4.425) que, por arrastamento, declararam a inconstitucionalidade, em parte, do art. 5o da Lei no 11.960/2009. Isso porque em recente decisão do STF, proferida nos autos do RE 870.947/SE, com reconhecimento de repercussão geral,restou assentado o entendimento do Min. Luiz Fux, segundo o qual, a inconstitucionalidade declarada nas ADIs nos 4.357 e 4.425, quanto à aplicação da TR como índice de correção monetária, refere-se apenas à atualização monetária do crédito no lapso temporal entre a data da inscrição do crédito em precatório e o seu efetivo pagamento, uma vez que a norma constitucional objeto de impugnação nas ADIs 4.357 e 4.425 (art. 100, § 12, da CF/88, incluído pela EC no 62/98) dizia respeito exclusivamente à atualização do precatório, não contemplando a atualização da condenação por ocasião do julgamento na fase de conhecimento. Contudo, verifico que o INSS vem apresentando inúmeros recursos tão somente para discutir os critérios de atualização estabelecidos nas sentenças quanto às parcelas vencidas, comprometendo a celeridade processual que se destaca entre os princípios dos Juizados Especiais Federais. Como se não bastasse, na grande maioria das vezes, os autores recorridos têm anunciado, em contrarrazões, que cedem à tese sustentada pela autarquia previdenciária para verem logo satisfeitas as obrigações, oportunidade em que é reconhecida a falta de interesse recursal. Noutras ocasiões têm adotado idêntico procedimento em audiência. Neste sentido, a fim de garantir a efetividade do direito, ressalvo o meu ponto de vista para estabelecer como critério de atualização monetária o previsto na Lei no 11.960/2009. D I S P O S I T I V O À luz do exposto, RESOLVO O MÉRITO DA PRESENTE DEMANDA, acolhendo parcialmente o pedido formulado na inicial, de modo a condenar o INSS a conceder imediatamente, independentemente do trânsito em julgado desta, porquanto antecipo os efeitos da tutela, o auxílio-doença, com DIB (data de início do benefício) fixada a partir da data do requerimento na via administrativa (30/10/2018-NB 6254253937– anexo no 3), e DIP (data de implantação do benefício) correspondente à data de 1o/05/2019, devendo as diferenças verificadas até a efetiva implantação serem pagas administrativamente. Deixo de fixar a DCB (Lei 13.457/17), porque o autor deverá ser submetido a processo de reabilitação profissional, até que isso ocorra fará jus ao benefício de auxílio doença. Condeno, ainda, a parte ré ao pagamento, por RPV, dos atrasados referentes ao período compreendido entre a data da concessão do benefício e a DIP. Tais parcelas deverão ser corrigidas monetariamente pelos critérios previsto na Lei no 11.960/2009. A implantação do benefício ora deferido deverá ocorrer no prazo de 10 (dez) dias úteis contados da remessa dos autos ao INSS, ultrapassado o qual passa a correr multa diária de R$ 100,00 (cem reais) pelo descumprimento. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei ). Quanto ao pedido de gratuidade processual, o defiro, com fundamento no art. 4o, da Lei no 1.060/50, com redação dada pela Lei no 7.510/86. Publique-se e intimem-se observadas as disposições da Lei no. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo. Data supra JOSÉ MAXIMILIANO MACHADO CAVALCANTI Juiz Federal da 28a Vara/CE QUADRO RESUMO Processo no 05032664220194058100 NB 6254253937 DIB DER
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0512116-83.2018.4.05.8015
2018-11-25 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-29 08:23:28
Sentença - Parcialmente procedente
2019-11-06T18:45:02
Acórdão - VOTO
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2019-11-06 13:30:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL004825
SENTENÇA Trata-se de ação proposta em face do INSS, por meio da qual objetiva a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, com o pagamento de parcelas retroativas a partir do requerimento administrativo. Fundamento e decido. Para a concessão de auxílio-doença, o art. 59 da Lei no 8.213/91 exige a prova da qualidade de segurado, o cumprimento da carência – 12 (doze) meses, nos termos do art. 25, I, da mesma lei – e a comprovação da incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias; para a concessão da aposentadoria por invalidez, o art. 42 da mesma lei exige a comprovação da qualidade de segurado e do prazo de carência de 12 meses, devendo ser concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação e recuperação. Em atenção ao disposto no art. 45 da Lei no. 8.213/91, caso o autor apresente necessidade de auxílio, vigilância, assistência e acompanhamento de terceiros, fará jus a um acréscimo de 25% no valor do benefício. Passo à análise do caso concreto. No caso, o perito judicial reconheceu a incapacidade parcial e temporária da parte autora (por 4 meses), fixando a DII em 07/05/2019. Assim, possível a concessão do auxílio-doença previdenciário, mas sem a pretendida conversão em aposentadoria por invalidez, eis que esta exige incapacidade total e definitiva. Tendo em vista que o início da incapacidade foi fixado em momento posterior ao ajuizamento, mas até a data da perícia realizada neste JEF, entendo que a DII deverá retroagir à data de protocolo da demanda judicial. Isso porque, como há uma inevitável dilação entre o pedido (ajuizamento da ação) e a realização da perícia, não se pode imputar aos interessados o prejuízo por tal demora, e assim o resultado favorável da perícia se presume retroativo à data da provocação. Ou seja, a perícia administrativa retroage à DER e a judicial ao ajuizamento. Portanto, supero as conclusões do laudo técnico atinentes à data de início da incapacidade (DII), fixando-a em 25/11/2018 (data de ajuizamento da ação judicial). A Lei no 13.457/2017 estabelece que a concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo de duração do benefício, sob pena de cessação automática no prazo de 120 dias. No caso, o perito judicial fixou o prazo de recuperação do autor em 4 (quatro) meses, devendo o benefício ser concedido por tal período. Registro, por oportuno, a inexistência de prejuízo à parte, já que, no caso de entender que ao final do prazo ainda se encontra incapaz, poderá formular pedido de prorrogação junto ao INSS. De acordo com o Termo de Homologação de Atividade Rural (anexo 20), verifico que o INSS reconheceu o exercício de atividades campesinas pelo autor durante o período necessário para comprovação da carência, ou seja, por 12 meses (de 11/10/2004 a 20/12/2017). Ademais, sendo o início da incapacidade do demandante fixado em 25/11/2018 (durante o período de graça), reputo presente sua qualidade de segurado nesta data. Por fim, o laudo médico indica que o início da incapacidade do autor remonta a 25/11/2018 (DII). Dessa forma, sendo a incapacidade posterior ao requerimento administrativo do benefício (DER em 09/08/2018), entendo que o benefício será devido desde o ajuizamento da presente ação (em 25/11/2018), pois este configura novo requerimento por parte do segurado. Dispositivo Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, CONDENAR o INSS a: a) IMPLANTAR o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIB em 25/11/2018, DIP em 01/07/2019 e DCB em 01/11/2019 b) PROMOVER a devolução dos valores adiantados a título de perícia, conforme estabelece o artigo 12, § 1o, da Lei n. 10.259/01; c) PAGAR as diferenças devidas, mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV), corrigidas monetariamente desde o vencimento de cada prestação pelo INPC, nos termos do caput do artigo 41-A, da Lei n. 8213/91, com redação dada pela Lei n. 11.430/2006. Os juros de mora deverão incidir, desde a citação, uma única vez, até o efetivo pagamento, sem capitalização, segundo índices oficiais de remuneração básica aplicados às cadernetas de poupança, nos termos estabelecidos no art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação conferida pela Lei no 11.960/2009.. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. Considerando a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social, determinar ao INSS que proceda à implantação do benefício objeto deste processo, nos termos acima determinados, no prazo 30 (trinta) dias. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Na primeira hipótese, certifique-se o trânsito em julgado. b) Após, com a satisfação do crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Caso o advogado pretenda destacar do montante da condenação o que lhe couber por força de honorários contratuais, na forma disciplinada pelo art. 22, § 4o, da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994, deverá juntar aos autos o respectivo contrato antes da elaboração do requisitório. Com a juntada do contrato, havendo previsão de incidência de honorários apenas sobre as parcelas vencidas até a sentença, acolho a retenção dos mesmos limitados em até 30% (trinta por cento), nos termos da súmula 111 do STJ. No entanto, prevendo o ajuste a incidência de verba honorária sobre parcelas vencidas e vincendas, fixo os honorários contratuais no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado, nos termos da súmula 08 da Turma Recursal de Alagoas. Ato contínuo, expeça-se RPV. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto da 10a Vara Federal de Alagoas RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO BENEFICIÁRIO Josene Maria Farias Ramos BENEFÍCIO No 624.312.041-8 CPF 051.375.184-09 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 25/11/2018 DIP 01/07/2019 DCB 01/11/2019 O STF ao julgar as ADI's 4.357/DF e 4.425/DF, de relatoria do Ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei no 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação.
PROCESSO No 0512116-83.2018.4.05.8015 RECORRENTE: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDA: JOSEANE MARIA FARIAS RAMOS JUIZ SENTENCIANTE: PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. DIB MANTIDA NA DAA. APLICAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DA TRU. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente procedente pedido de concessão de auxílio-doença, sem sua conversão em aposentadoria por invalidez, condenando o INSS ao pagamento das parcelas retroativas desde a data do ajuizamento da ação, qual seja, 25/11/2018 (anexo n° 38). 2. Pretensão recursal do INSS alegando que a perícia judicial teria atestado a incapacidade laborativa em momento posterior a DER e a DAA, logo a DIB deveria ser fixada no dia de realização do exame pericial (anexo n° 40). 3. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.°8.213/91. 4. Hipótese em que a perícia médica judicial (anexo n° 25) constatou que a parte recorrida apresenta discopatia lombar (CID 10: M51.2). Para além, afirmou que a patologia teve início há cerca de 10 (dez) anos, todavia fixou a DII na data do exame pericial, qual seja, 07/05/2019. 5. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). 6. Acerca da fixação de retroativos, verifica-se que, no caso em exame, o recorrido sofre com a patologia há cerca de 10 anos, para além, colacionou documentos probatórios que, analisados em conjunto com as demais provas, possibilitam auferir que a incapacidade é contemporânea ao ajuizamento da ação (anexos n° 14 a 17), razão pela qual se reputa mantida a DIB na data do ajuizamento da ação. 7. Ademais, corretamente pontuou o magistrado sentenciante: Tendo em vista que o início da incapacidade foi fixado em momento posterior ao ajuizamento, mas até a data da perícia realizada neste JEF, entendo que a DII deverá retroagir à data de protocolo da demanda judicial. Isso porque, como há uma inevitável dilação entre o pedido (ajuizamento da ação) e a realização da perícia, não se pode imputar aos interessados o prejuízo por tal demora, e assim o resultado favorável da perícia se presume retroativo à data da provocação. Ou seja, a perícia administrativa retroage à DER e a judicial ao ajuizamento. Portanto, supero as conclusões do laudo técnico atinentes à data de início da incapacidade (DII), fixando-a em 25/11/2018 (data de ajuizamento da ação judicial). 8. O termo inicial dos benefícios por incapacidade privilegia o princípio do livre convencimento motivado que permite ao magistrado a fixação da data do início do benefício mediante a análise do conjunto probatório. Precedentes TNU (PEDILEF n.o 0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho). 9. De acordo com recente posicionamento da TRU (autos 514006-55.2016.4.05.8200T, rel. Juiz Federal Júlio Rodrigues Coelho Neto, j. 18.03.2019), foi fixada a seguinte tese: “na hipótese do art. 60, § 8o da Lei n. 8.213/91, o marco inicial para contagem do prazo para cessação do benefício de auxíliodoença deve ser fixado na data de elaboração do laudo pericial, salvo se o médic não precisar data diversa e/ou o juiz não apontar expressamenteoutros elementos técnicos nos autos que justifiquem sua fixação em data diversa”. 10. Pois bem, no caso dos autos, está presente a hipótese de o juiz ter apontado expressamente outros elementos técnicos nos autos que justificam sua fixação em data diversa, conforme exposto no item 7, acima. 11. Destarte, não há qualquer irregularidade na sentença recorrida, razão pela qual deve ser mantida em todos os seus termos. 12. Recurso improvido, condenando-se a parte recorrente, vencida, ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei no 10.259/2001), observando-se a limitação contida na Súmula 111 do STJ. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
1,174
729
0
0
10-AL
1
245.276713
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta em face do INSS, por meio da qual objetiva a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, com o pagamento de parcelas retroativas a partir do requerimento administrativo. Fundamento e decido. Para a concessão de auxílio-doença, o art. 59 da Lei no 8.213/91 exige a prova da qualidade de segurado, o cumprimento da carência – 12 (doze) meses, nos termos do art. 25, I, da mesma lei – e a comprovação da incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias; para a concessão da aposentadoria por invalidez, o art. 42 da mesma lei exige a comprovação da qualidade de segurado e do prazo de carência de 12 meses, devendo ser concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação e recuperação. Em atenção ao disposto no art. 45 da Lei no. 8.213/91, caso o autor apresente necessidade de auxílio, vigilância, assistência e acompanhamento de terceiros, fará jus a um acréscimo de 25% no valor do benefício. Passo à análise do caso concreto. No caso, o perito judicial reconheceu a incapacidade parcial e temporária da parte autora (por 4 meses), fixando a DII em 07/05/2019. Assim, possível a concessão do auxílio-doença previdenciário, mas sem a pretendida conversão em aposentadoria por invalidez, eis que esta exige incapacidade total e definitiva. Tendo em vista que o início da incapacidade foi fixado em momento posterior ao ajuizamento, mas até a data da perícia realizada neste JEF, entendo que a DII deverá retroagir à data de protocolo da demanda judicial. Isso porque, como há uma inevitável dilação entre o pedido (ajuizamento da ação) e a realização da perícia, não se pode imputar aos interessados o prejuízo por tal demora, e assim o resultado favorável da perícia se presume retroativo à data da provocação. Ou seja, a perícia administrativa retroage à DER e a judicial ao ajuizamento. Portanto, supero as conclusões do laudo técnico atinentes à data de início da incapacidade (DII), fixando-a em 25/11/2018 (data de ajuizamento da ação judicial). A Lei no 13.457/2017 estabelece que a concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo de duração do benefício, sob pena de cessação automática no prazo de 120 dias. No caso, o perito judicial fixou o prazo de recuperação do autor em 4 (quatro) meses, devendo o benefício ser concedido por tal período. Registro, por oportuno, a inexistência de prejuízo à parte, já que, no caso de entender que ao final do prazo ainda se encontra incapaz, poderá formular pedido de prorrogação junto ao INSS. De acordo com o Termo de Homologação de Atividade Rural (anexo 20), verifico que o INSS reconheceu o exercício de atividades campesinas pelo autor durante o período necessário para comprovação da carência, ou seja, por 12 meses (de 11/10/2004 a 20/12/2017). Ademais, sendo o início da incapacidade do demandante fixado em 25/11/2018 (durante o período de graça), reputo presente sua qualidade de segurado nesta data. Por fim, o laudo médico indica que o início da incapacidade do autor remonta a 25/11/2018 (DII). Dessa forma, sendo a incapacidade posterior ao requerimento administrativo do benefício (DER em 09/08/2018), entendo que o benefício será devido desde o ajuizamento da presente ação (em 25/11/2018), pois este configura novo requerimento por parte do segurado. Dispositivo Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, CONDENAR o INSS a: a) IMPLANTAR o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIB em 25/11/2018, DIP em 01/07/2019 e DCB em 01/11/2019 b) PROMOVER a devolução dos valores adiantados a título de perícia, conforme estabelece o artigo 12, § 1o, da Lei n. 10.259/01; c) PAGAR as diferenças devidas, mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV), corrigidas monetariamente desde o vencimento de cada prestação pelo INPC, nos termos do caput do artigo 41-A, da Lei n. 8213/91, com redação dada pela Lei n. 11.430/2006. Os juros de mora deverão incidir, desde a citação, uma única vez, até o efetivo pagamento, sem capitalização, segundo índices oficiais de remuneração básica aplicados às cadernetas de poupança, nos termos estabelecidos no art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação conferida pela Lei no 11.960/2009.. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. Considerando a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social, determinar ao INSS que proceda à implantação do benefício objeto deste processo, nos termos acima determinados, no prazo 30 (trinta) dias. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Na primeira hipótese, certifique-se o trânsito em julgado. b) Após, com a satisfação do crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Caso o advogado pretenda destacar do montante da condenação o que lhe couber por força de honorários contratuais, na forma disciplinada pelo art. 22, § 4o, da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994, deverá juntar aos autos o respectivo contrato antes da elaboração do requisitório. Com a juntada do contrato, havendo previsão de incidência de honorários apenas sobre as parcelas vencidas até a sentença, acolho a retenção dos mesmos limitados em até 30% (trinta por cento), nos termos da súmula 111 do STJ. No entanto, prevendo o ajuste a incidência de verba honorária sobre parcelas vencidas e vincendas, fixo os honorários contratuais no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado, nos termos da súmula 08 da Turma Recursal de Alagoas. Ato contínuo, expeça-se RPV. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto da 10a Vara Federal de Alagoas RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO BENEFICIÁRIO Josene Maria Farias Ramos BENEFÍCIO No 624.312.041-8 CPF 051.375.184-09 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 25/11/2018 DIP 01/07/2019 DCB 01/11/2019 O STF ao julgar as ADI's 4.357/DF e 4.425/DF, de relatoria do Ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei no 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação
NÃO PROVIMENTO
PROVIMENTO
8
0501400-09.2018.4.05.8205
2018-05-23 00:00:00
APS PATOS (13.021.090) (29.979.036/0165-78) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-23 13:41:32
Sentença - parcialmente procedente
2019-11-08T09:00:50
Acórdão - SENTENÇA REFORMADA
RUDIVAL GAMA DO NASCIMENTO
2019-10-25 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB019226
Processo: 0501400-09.2018.4.05.8205Autor(es): MARINALDO MARTINIANO VIEIRATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), oINSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de umsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicial alternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários à concessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade deexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. 9.Se para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgouparcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido oseguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias;e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento deseguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia dePescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendopagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiuanualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente porcurimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águascontinentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o dedezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, oentão Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta deInconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender osefeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício daatividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormentedeferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativono 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc,todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de queos pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003,fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, emvirtude da paralisação temporária da pesca, no período de defesoreferente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídicacausada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais.Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERALROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, comobem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanaisnão tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foiproferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i)apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação;e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, oque justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles queatendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se.
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMETE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso, referente ao período de 01.12.2015 a 28.02.2016. 2. Em suas razões recursais o ente público, alega em sede de preliminar, a nulidade da sentença por ausência de instrução processual e ausência de fundamentação. Afirma que aos litigantes em processo judicial são assegurados o contraditório e a ampla defesa para que possam aduzir o que achar pertinente e necessário para o deslinde da demanda. Todavia, no caso dos autos, apesar de ter sido questionada a qualidade de segurado especial da parte recorrida na contestação o magistrado sentenciante não determinou a realização de audiência de instrução e julgamento para averiguar tal condição, considerando que apenas os frágeis documentos apresentados eram suficientes para a concessão do benefício pleiteado. Sustenta que a documentação juntada aos autos não comprova a condição de pescador(a) artesanal da parte autora. Que impugnou a prova documental e que seus argumentos não foram objeto de análise na sentença. No mérito argumenta que no Estado da Paraíba os pescadores artesanais só ficaram impedidos de pescar por 28 dias entre 2015/2016, no entanto, a sentença concedeu o direito ao pagamento de 90 dias de seguro defeso. Aduz que não se justifica o pagamento do seguro defeso durante o período em que não houve proibição da pesca e que não cabe ao judiciário flexibilizar os requisitos previstos na própria legislação de regência da matéria. 3. Extrai-se da sentença o seguinte: “Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.” 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos – “ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais. Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”. 4. A princípio deve ser esclarecido que as preliminares arguidas se confundem com o mérito e como tal serão apreciadas. 5. Alega-se no recurso do INSS que não houve a análise da condição de pescador artesanal da parte autora e que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 6. Em relação à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal já decidiu a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência, nos seguintes termos (vide Processo no 0501824-97.2017.4.05.8201): “Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. Neste contexto, observo que não houve descumprimento do julgado proferido pelo STF na ADIN 5447. Isto porque as razões ora expostas estão confluentes com a decisão revogatória da decisão liminar, ao entender vigente o período de defeso entre dezembro/2015 e fevereiro/2016. Ademais, quanto aos efeitos “ex nunc” do restabelecimento do DL 293/2010, a garantia da segurança alimentar e sobrevivência dos pescadores foi um dos fundamentos da decisão de revogação da liminar na ADIN, não sendo razoável entender-se, agora, que tal decisão impede o pagamento do benefício do seguro-defeso. Logo, entendo que a restrição da retroação dos efeitos do restabelecimento do DL 293/2010 não se destinou a invalidar os atos praticados conforme o DL 293/2010, mas, sim, limitou-se a vedar a invalidação dos atos praticados que não se harmonizem com o entendimento firmado a partir do julgamento da revogação da liminar da ADIN”. 7. Portanto, no caso em questão, deve ser flexibilizada a exigência do prazo de 30 (trinta) dias referentes ao período de defeso ocorrido entre 2015-2016. 8. Além da questão referente aos efeitos da duração da vigência do Decreto Legislativo no 293/2015 (que restabeleceu o período do defeso suspenso pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), o magistrado do JEF considerou que não seria acolhida na sentença qualquer impugnação à qualidade de pescador artesanal da parte autora, em razão de ter sido oportunizado ao INSS “prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento”. 9. Analisando os autos observa-se que o magistrado do JEF em decisão prolatada no processo no 0501304-91.2018.4.05.8205 e trasladada para este feito, considerando que o benefício foi indeferido de plano pelo INSS por não haver decorrido, no entendimento da autarquia, o tempo mínimo de suspensão da pesca exigido pela Resolução no 759 do CODEFAT e considerando que caberia à autarquia previdenciária a análise dos demais requisitos, determinou que a parte autora requeresse na via administrativa o benefício de seguro defeso pleiteado neste feito e acompanhasse o trâmite administrativo. Estabeleceu também ao INSS que, no prazo de 90 (noventa) dias analisasse os requerimentos, não os indeferindo apenas pela portaria, mas também, pelos demais requisitos e, após encerrado o prazo concedido a parte ré, determinou ainda que a parte autora juntasse aos autos cópia integral do processo. 10. Decorrido o prazo dado pelo magistrado do JEF para que a parte autora solicitasse o benefício de seguro defeso na via administrativa e para que o INSS analisasse os requerimentos apresentados e, considerando que não houve cumprimento da decisão por parte do INSS, o juiz sentenciante, em 15.04.2019, proferiu despacho determinando o regular prosseguimento do feito com a citação do ente público, no entanto, esclareceu no referido despacho que não acataria qualquer impugnação à qualidade de segurado especial (pescador) da parte autora, por já ter oportunizado prazo excessivamente elástico para a análise daquela condição. 11. Embora o juiz do JEF tenha considerado que o prazo concedido ao INSS foi suficiente para que ele se manifestasse sobre a qualidade de pescador artesanal da parte autora, sem que ele tivesse se pronunciado, o fato é que o que consta nos autos é um protocolo de requerimento administrativo do benefício referente aos pescadores da Colônia de Pescadores e Aquicultores – Z-51, da Cidade de Condado (anexo 7), uma declaração da Chefe do Serviço de Benefícios do INSS, datada de 01.02.2019, informando que o Serviço de Benefícios da Gerência de Campina Grande encontrava-se em fase de processamento dos defesos referentes ao período de 2015, judiciais e desta forma em 04.02.2019 estaria fazendo a entrega das cartas correspondentes a cada requerimento individualmente protocolado (anexo 13, fls. 02) e um outro documento, datado de 08.04.2019, também assinado pela Chefe do Serviço de Benefícios certificando que foram recepcionados no Serviço de Benefícios os requerimentos do Seguro Defeso referentes às Colônias Z-51/Condado e Z-56/Teixeira, os quais se encontravam em processamento, comunicando que os processos ainda pendentes da lista seriam devidamente processados no período de 15.04 a 30.05 (anexo 13, fls. 03). 12. Assim, é possível constatar que no caso dos autos, na verdade não houve a análise administrativa ou judicial da condição de pescador artesanal da parte autora e não foi permitido à autarquia previdenciária questionar tal requisito em sede de contestação. Ressalte-se, ainda, que na sentença não foi acolhida qualquer impugnação a tal requisito. 13. Ao analisar o caso a sentença limitou-se a apreciar a questão tomando como base acórdão proferido por esta Turma Recursal (processo no 0510409-10.2018.4.05.8200), considerando que esta Turma tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada, sendo razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. 14. Quanto à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal, de fato, vem decidindo a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência. Todavia no acórdão que serviu como paradigma para a sentença, como o INSS entendeu que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrangia a parte autora, foi considerada suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício, cabendo ao INSS processar o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão do benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 15. O posicionamento adotado no acórdão paradigma deve ser aplicado também no caso em questão, pois, como já mencionado anteriormente, não houve a apreciação da condição de pescador artesanal da parte autora na esfera administrativa ou judicial. Na verdade, sequer houve ato material de indeferimento do benefício, de modo que resta suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS para pagamento do defeso, não cabendo ao Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento dos demais requisitos legais, uma vez que cabe ao ente público receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei n.o 10.779/2003, sob pena de nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo e, sobretudo, em razão do princípio da adstrição da sentença ao pedido formulado na inicial. 16. Diante do exposto, é o caso de se dar parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença do JEF para afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e determinar ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA 17. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença para: a) afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício.
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14-PB
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PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Autor(es): MARINALDO MARTINIANO VIEIRATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), oINSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de umsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicial alternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários à concessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade deexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. URL para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgouparcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido oseguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias;e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento deseguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia dePescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendopagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiuanualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente porcurimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águascontinentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o dedezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, oentão Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta deInconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender osefeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício daatividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormentedeferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativono 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc,todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de queos pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003,fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, emvirtude da paralisação temporária da pesca, no período de defesoreferente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídicacausada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais.Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERALROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, comobem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanaisnão tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foiproferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i)apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação;e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, oque justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles queatendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se
PROVIMENTO
PROVIMENTO
8
0501616-67.2018.4.05.8205
2018-06-06 00:00:00
APS PATOS (13.021.090) (29.979.036/0165-78) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-24 17:18:16
Sentença - Parcialmente Procedente
2019-11-08T09:00:50
Acórdão - SENTENÇA REFORMADA
RUDIVAL GAMA DO NASCIMENTO
2019-10-25 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB018685
Processo: 0501616-67.2018.4.05.8205Autor(es): ADRIANO SILVA ALMEIDATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de umsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicial alternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários à concessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade deexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. 9.Se para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer comodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer osefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se.
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMETE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso, referente ao período de 01.12.2015 a 28.02.2016. 2. Em suas razões recursais o ente público, alega em sede de preliminar, a nulidade da sentença por ausência de instrução processual e ausência de fundamentação. Afirma que aos litigantes em processo judicial são assegurados o contraditório e a ampla defesa para que possam aduzir o que achar pertinente e necessário para o deslinde da demanda. Todavia, no caso dos autos, apesar de ter sido questionada a qualidade de segurado especial da parte recorrida na contestação o magistrado sentenciante não determinou a realização de audiência de instrução e julgamento para averiguar tal condição, considerando que apenas os frágeis documentos apresentados eram suficientes para a concessão do benefício pleiteado. Sustenta que a documentação juntada aos autos não comprova a condição de pescador(a) artesanal da parte autora. Que impugnou a prova documental e que seus argumentos não foram objeto de análise na sentença. No mérito argumenta que no Estado da Paraíba os pescadores artesanais só ficaram impedidos de pescar por 28 dias entre 2015/2016, no entanto, a sentença concedeu o direito ao pagamento de 90 dias de seguro defeso. Aduz que não se justifica o pagamento do seguro defeso durante o período em que não houve proibição da pesca e que não cabe ao judiciário flexibilizar os requisitos previstos na própria legislação de regência da matéria. 3. Extrai-se da sentença o seguinte: “Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.” 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos – “ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais. Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”. 4. A princípio deve ser esclarecido que as preliminares arguidas se confundem com o mérito e como tal serão apreciadas. 5. Alega-se no recurso do INSS que não houve a análise da condição de pescador artesanal da parte autora e que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 6. Em relação à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal já decidiu a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência, nos seguintes termos (vide Processo no 0501824-97.2017.4.05.8201): “Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. Neste contexto, observo que não houve descumprimento do julgado proferido pelo STF na ADIN 5447. Isto porque as razões ora expostas estão confluentes com a decisão revogatória da decisão liminar, ao entender vigente o período de defeso entre dezembro/2015 e fevereiro/2016. Ademais, quanto aos efeitos “ex nunc” do restabelecimento do DL 293/2010, a garantia da segurança alimentar e sobrevivência dos pescadores foi um dos fundamentos da decisão de revogação da liminar na ADIN, não sendo razoável entender-se, agora, que tal decisão impede o pagamento do benefício do seguro-defeso. Logo, entendo que a restrição da retroação dos efeitos do restabelecimento do DL 293/2010 não se destinou a invalidar os atos praticados conforme o DL 293/2010, mas, sim, limitou-se a vedar a invalidação dos atos praticados que não se harmonizem com o entendimento firmado a partir do julgamento da revogação da liminar da ADIN”. 7. Portanto, no caso em questão, deve ser flexibilizada a exigência do prazo de 30 (trinta) dias referentes ao período de defeso ocorrido entre 2015-2016. 8. Além da questão referente aos efeitos da duração da vigência do Decreto Legislativo no 293/2015 (que restabeleceu o período do defeso suspenso pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), o magistrado do JEF considerou que não seria acolhida na sentença qualquer impugnação à qualidade de pescador artesanal da parte autora, em razão de ter sido oportunizado ao INSS “prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento”. 9. Analisando os autos observa-se que o magistrado do JEF em decisão prolatada no processo no 0501304-91.2018.4.05.8205 e trasladada para este feito, considerando que o benefício foi indeferido de plano pelo INSS por não haver decorrido, no entendimento da autarquia, o tempo mínimo de suspensão da pesca exigido pela Resolução no 759 do CODEFAT e considerando que caberia à autarquia previdenciária a análise dos demais requisitos, determinou que a parte autora requeresse na via administrativa o benefício de seguro defeso pleiteado neste feito e acompanhasse o trâmite administrativo. Estabeleceu também ao INSS que, no prazo de 90 (noventa) dias analisasse os requerimentos, não os indeferindo apenas pela portaria, mas também, pelos demais requisitos e, após encerrado o prazo concedido a parte ré, determinou ainda que a parte autora juntasse aos autos cópia integral do processo. 10. Decorrido o prazo dado pelo magistrado do JEF para que a parte autora solicitasse o benefício de seguro defeso na via administrativa e para que o INSS analisasse os requerimentos apresentados e, considerando que não houve cumprimento da decisão por parte do INSS, o juiz sentenciante, em 15.04.2019, proferiu despacho determinando o regular prosseguimento do feito com a citação do ente público, no entanto, esclareceu no referido despacho que não acataria qualquer impugnação à qualidade de segurado especial (pescador) da parte autora, por já ter oportunizado prazo excessivamente elástico para a análise daquela condição. 11. Embora o juiz do JEF tenha considerado que o prazo concedido ao INSS foi suficiente para que ele se manifestasse sobre a qualidade de pescador artesanal da parte autora, sem que ele tivesse se pronunciado, o fato é que o que consta nos autos é um protocolo de requerimento administrativo do benefício referente aos pescadores da Colônia de Pescadores e Aquicultores – Z-51, da Cidade de Condado (anexo 7), uma declaração da Chefe do Serviço de Benefícios do INSS, datada de 01.02.2019, informando que o Serviço de Benefícios da Gerência de Campina Grande encontrava-se em fase de processamento dos defesos referentes ao período de 2015, judiciais e desta forma em 04.02.2019 estaria fazendo a entrega das cartas correspondentes a cada requerimento individualmente protocolado (anexo 13, fls. 02) e um outro documento, datado de 08.04.2019, também assinado pela Chefe do Serviço de Benefícios certificando que foram recepcionados no Serviço de Benefícios os requerimentos do Seguro Defeso referentes às Colônias Z-51/Condado e Z-56/Teixeira, os quais se encontravam em processamento, comunicando que os processos ainda pendentes da lista seriam devidamente processados no período de 15.04 a 30.05 (anexo 13, fls. 03). 12. Assim, é possível constatar que no caso dos autos, na verdade não houve a análise administrativa ou judicial da condição de pescador artesanal da parte autora e não foi permitido à autarquia previdenciária questionar tal requisito em sede de contestação. Ressalte-se, ainda, que na sentença não foi acolhida qualquer impugnação a tal requisito. 13. Ao analisar o caso a sentença limitou-se a apreciar a questão tomando como base acórdão proferido por esta Turma Recursal (processo no 0510409-10.2018.4.05.8200), considerando que esta Turma tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada, sendo razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. 14. Quanto à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal, de fato, vem decidindo a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência. Todavia no acórdão que serviu como paradigma para a sentença, como o INSS entendeu que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrangia a parte autora, foi considerada suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício, cabendo ao INSS processar o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão do benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 15. O posicionamento adotado no acórdão paradigma deve ser aplicado também no caso em questão, pois, como já mencionado anteriormente, não houve a apreciação da condição de pescador artesanal da parte autora na esfera administrativa ou judicial. Na verdade, sequer houve ato material de indeferimento do benefício, de modo que resta suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS para pagamento do defeso, não cabendo ao Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento dos demais requisitos legais, uma vez que cabe ao ente público receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei n.o 10.779/2003, sob pena de nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo e, sobretudo, em razão do princípio da adstrição da sentença ao pedido formulado na inicial. 16. Diante do exposto, é o caso de se dar parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença do JEF para afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e determinar ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA 17. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença para: a) afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício.
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14-PB
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413.275185
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Autor(es): ADRIANO SILVA ALMEIDATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de umsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicial alternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários à concessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade deexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. URL para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer comodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer osefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
9
0501530-86.2019.4.05.8003
2019-03-20 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-21 10:44:34
Sentença - sentença improcedente
2019-11-12T08:52:41
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2019-11-06 13:30:00
CAMILA MONTEIRO PULLIN
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
PE000891B
SENTENÇA (TIPO A) Pretende a autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurada especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. Embora não se ignore a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmulas 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmulas 149/STJ e 14/TNU), a prova produzida não demonstrou, de modo convergente e com a certeza necessária, que a parte autora exerceu labor rural sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Luyara Andryelly Soares Silva, em 16.06.2018. Disse que, durante a gravidez, trabalhou nas terras de sua tia, plantando milho e feijão, em 3 tarefas de terra. Afirma que reside com os genitores e a filha no assentamento Vitória, próximo de Várzea de Dona Joana. Disse que o genitor é assentado mas prefere trabalhar nas terras da tia, onde chove mais e é melhor para o plantio. Contudo, em depoimento não transmitiu credibilidade sobre o conhecimento das técnicas rurais, demonstrando falta de familiaridade com tal atividade. Desconhece o tamanho do terreno da tia, alegando que ela cria gado. Disse que colhe o milho maduro em 30 dias, destoando das práticas locais. A testemunha limitou-se a confirmar o trabalho rural da autora pelo período da carência. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos e pele preservada do sol, alegando que usa luvas. Como se não bastasse, os documentos juntados são extemporâneos ao intervalo de carência (contrato rural autenticada em data recente). Em razão da fragilidade da prova oral e documental produzidas, entendo por indemonstrado o serviço rural no intervalo de carência. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias.
PROCESSO No 0501530-86.2019.4.05.8003 RECORRENTE: ROSELANE MARQUES SOARES RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: CAMILA MONTEIRO PULLIN MILAN VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL DURANTE O PERÍODO DE CARÊNCIA.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O salário maternidade é garantido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 (dez) meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto. 2. Nos termos do art. 55, § 3o, da Lei n. 8.213/91, e da Súmula n.o 149 do STJ, a comprovação do exercício de tais atividades deverá ser feita por meio de início de prova material, não se admitindo a prova exclusivamente testemunhal. Tal documentação, entretanto, não precisa guardar estrita correspondência com o tempo que se pretende provar como de efetivo exercício de atividade campesina, segundo pondera a TNU, por meio da Súmula n.o 14. 3. Sentença de improcedência, fundamentada na fragilidade da prova oral e documental produzidas, entendo por indemonstrado o serviço rural no intervalo de carência. 4. Pretensão recursal da parte autora amparada, em síntese, no cumprimento dos requisitos legais exigidos para a concessão do benefício. 5. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurado especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de provas, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juiz de primeiro grau, que participou diretamente de sua produção. 6. Hipótese em que o início de prova material não foi corroborado pelos demais elementos colhidos em audiência em especial, pela inspeção judicial e prova oral produzida, não sendo suficientes para comprovar a carência necessária à concessão do beneficio perseguido. Em seu depoimento pessoal, a recorrente não demonstrou espontaneidade nem segurança aos questionamentos formulados pela magistrada. Por ser relevante, transcrevo o pertinente trecho da fundamentação da sentença: [...] A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Luyara Andryelly Soares Silva, em 16.06.2018. Disse que, durante a gravidez, trabalhou nas terras de sua tia, plantando milho e feijão, em 3 tarefas de terra. Afirma que reside com os genitores e a filha no assentamento Vitória, próximo de Várzea de Dona Joana. Disse que o genitor é assentado mas prefere trabalhar nas terras da tia, onde chove mais e é melhor para o plantio. Contudo, em depoimento não transmitiu credibilidade sobre o conhecimento das técnicas rurais, demonstrando falta de familiaridade com tal atividade. Desconhece o tamanho do terreno da tia, alegando que ela cria gado. Disse que colhe o milho maduro em 30 dias, destoando das práticas locais. A testemunha limitou-se a confirmar o trabalho rural da autora pelo período da carência. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos e pele preservada do sol, alegando que usa luvas. Como se não bastasse, os documentos juntados são extemporâneos ao intervalo de carência (contrato rural autenticada em data recente). Em razão da fragilidade da prova oral e documental produzidas, entendo por indemonstrado o serviço rural no intervalo de carência. [...] 7. Ressalte-se que ao realizar a inspeção judicial o magistrado verifica se as características próprias dos trabalhadores rurais são compatíveis com a idade e o tempo de atividade efetivamente desenvolvido, sendo que no caso concreto restou ausente o perfil campesino da autora. 8. Assim, considerando as provas produzidas nestes autos, tem-se que efetivamente não restou comprovado o labor rurícola pelo período de carência. 9. A configuração da qualidade de segurado especial deve ser analisada tomando-se o arcabouço probatório como um todo. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurado especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 10. Recurso improvido,condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
362
720
0
1
11-AL
0
153.602477
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurada especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. Embora não se ignore a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmulas 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmulas 149/STJ e 14/TNU), a prova produzida não demonstrou, de modo convergente e com a certeza necessária, que a parte autora exerceu labor rural sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Luyara Andryelly Soares Silva, em 16.06.2018. Disse que, durante a gravidez, trabalhou nas terras de sua tia, plantando milho e feijão, em 3 tarefas de terra. Afirma que reside com os genitores e a filha no assentamento Vitória, próximo de Várzea de Dona Joana. Disse que o genitor é assentado mas prefere trabalhar nas terras da tia, onde chove mais e é melhor para o plantio. Contudo, em depoimento não transmitiu credibilidade sobre o conhecimento das técnicas rurais, demonstrando falta de familiaridade com tal atividade. Desconhece o tamanho do terreno da tia, alegando que ela cria gado. Disse que colhe o milho maduro em 30 dias, destoando das práticas locais. A testemunha limitou-se a confirmar o trabalho rural da autora pelo período da carência. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos e pele preservada do sol, alegando que usa luvas. Como se não bastasse, os documentos juntados são extemporâneos ao intervalo de carência (contrato rural autenticada em data recente). Em razão da fragilidade da prova oral e documental produzidas, entendo por indemonstrado o serviço rural no intervalo de carência. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0509999-18.2019.4.05.8102
2019-08-06 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-09-30 17:36:58
Sentença - Loas: capacidade
2019-11-18T15:02:26
Acórdão - LOAS. Sem impedimentos. Nega Autor
LEOPOLDO FONTENELE TEIXEIRA (TURMA RECURSAL)
2019-11-14 14:00:00
LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
CE038715
Ementa: JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE BENEFÍCIO ASSISTÊNCIAL AO DEFICIENTE. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE DAS ATIVIDADES LABORAIS. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. Sentença: (Tipo “A” [1] – Fundamentação Individualizada) 1. Relatório Trata-se de ação de rito especial ajuizada em face do Instituto Nacional do Seguro Social/INSS onde a parte autora almeja a concessão/restabelecimento de amparo social para pessoa portadora de deficiência. Autos conclusos para sentença em 30 de setembro de 2019. Sem mais. É, no essencial, o breve relato. Passo a decidir. 2. Fundamentação O ponto controvertido consiste em saber se a parte autora preenche os requisitos para a concessão do benefício assistencial previsto no artigo 203, V, da Constituição Federal, ou seja, se é idosa ou portadora de deficiência e se é incapaz de manter a sua subsistência ou de tê-la mantida pela família. Ao regulamentar o dispositivo constitucional, a Lei 8.742/93, em seu art. 20, §§ 2o, definiu como beneficiários o idoso com 65 (sessenta e cinco) anos, bem como a pessoa com deficiência, como aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; por sua vez, considera-se impedimento de longo prazo o interregno mínimo de 2 (dois) anos nessas condições. Nesse particular, impende enfatizar que foram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em data de 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100, in verbis: 3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho,(...) Passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando-se aspectos clínicos do caso com as repercussões sócio-ambientais. Cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com os fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros tópicos) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Quanto à miserabilidade, considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. Quanto ao núcleo familiar, à luz do art. 20, § 1o, da Lei 8.742/93 (com redação alterada pela Lei no 12.435/2011, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. No caso dos autos, o perito do Juízo concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa, de modo que não se vislumbra a existência de impedimento de longo prazo. Com efeito, consignou o experto que o requerente é acometido de cardiopatia congênita, de modo que a situação verificada não configura impedimento de longo prazo. Com isso, diante da conclusão a que chegou o perito, mostra-se inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E PARA OS ATOS DA VIDA INDEPENDENTE NÃO DEMONSTRADA. PEDIDO IMPROCEDENTE. 1. O benefício assistencial destinado às pessoas carentes de recursos, idosas ou deficientes, que não dispõem de meios para prover a própria subsistência ou de tê-la provida pela família regula-se pelas disposições da Lei no 8.742/93. 2. Atestada a capacidade laborativa da requerente e não havendo nos autos prova apta a desconstituir as conclusões do profissional da confiança do Juízo, impõe-se a manutenção da sentença que julgou improcedente o pedido por não satisfeitos todos os requisitos exigidos pela lei de regência para a fruição da prestação assistencial. 3. Recurso de apelação desprovido.” (TRF 1a Região, AC n.o 200538100012845, Segunda Turma Suplementar, DJ 6/7/2011, p. 322, Relator(a) Juíza Federal Rogéria Maria Castro Debelli,unânime, g.n.). (sem grifo no original). Isso posto, mesmo levando-se em consideração este novo entendimento de deficiência (art. 20, §§ 2o e 10o, da lei 8.742/1993) e toda a sua relação direta com um ideal de justiça distributiva, justiça social e igualdade material, nota-se que a parte autora não preenche o referido requisito, pois a patologia diagnosticada, pelo menos por enquanto, não implica impedimento de longo prazo e nem impede a sua inserção no meio social. Assim, tendo em vista a não comprovação do pressuposto relacionado à deficiência, condição imprescindível para a concessão do benefício assistencial, deixo de analisar o requisito da miserabilidade. 3. Dispositivo Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pela parte autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, o que faço nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Ciência ao MPF. Juazeiro do Norte/CE, 30 de setembro de 2019. Lucas Mariano Cunha Aragão de Albuquerque Juiz Federal Titular da 17.a Vara/CE
SEGURIDADE SOCIAL. LOAS. IMPEDIMENTOS DE LONGO PRAZO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE IMPEDIMENTOS POR PERÍODO SUPERIOR A 2 ANOS. MATÉRIA OBJETO DE TEMA No 173 DA TNU E DE TESE FIXADA PELA TRU DA 5a REGIÃO. PRAZO QUE DEVE SER AFERIDO POR CRITÉRIOS DE ORDEM MÉDICA E NÃO SOCIAL. PERÍCIA MÉDICA QUE NÃO CONSTATOU IMPEDIMENTOS DE LONGO PRAZO. MANTÉM SENTENÇA. NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, a teor do art. 1o da Lei no. 10.259/01. VOTO É cediço que a Constituição Federal de 1988 assegura, em seu art. 203, inciso V, um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (65 anos ou mais, por força da Lei no. 10.471/2003), que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Ressalte-se que se enquadra na condição de deficiente aquela pessoa que ostente impedimentos que a impeçam de exercer os atos da vida normal em igualdades de condições com as demais pessoas. Para fins de benefício assistencial, tais impedimentos devem ser de longo prazo, assim considerado aquele superior a dois anos. A Turma Nacional de Uniformização, no julgamento do Tema no 173 de seus representativos de controvérsia, firmou a tese de que “Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, exige a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde o início do impedimento até a data prevista para a sua cessação." Por sua vez, a Turma Regional de Uniformização da 5a Região, nos autos do Processo no 0508587-54.2016.4.05.8200, conferindo interpretação teleológica à tese definida no Tema no 173 pela TNU, assentou que o prazo do impedimento no interregno mínimo de dois anos deve ser aferido por critérios de ordem médica e não social. Ressaltou, porém, o Órgão Regional de Uniformização a possibilidade de utilização de todas as evidências probatórias constante nos autos, desde que relacionadas à ciência médica, e não apenas ao laudo pericial. Na situação, o resultado da perícia médica não evidenciou impedimentos de longo prazo nos termos legais (v. anexo n. 23). Com efeito, o laudo é bastante claro no sentido de que a Promovente é portadora de cardiopatia congênita corrigida cirurgicamente sem sequelas. O laudo administrativo de anexo n. 12/5, igualmente, aponta: “há incapacidade laborativa temporária para recuperação cirúrgica de correção de CIA”. O laudo médico particular recente (anexo n. 12/1) informa impossibilidade de trabalhar em virtude de reabilitação cirúrgica. Em sendo assim e não havendo, no caso concreto, impedimentos de longo prazo, deve ser mantida a improcedência do pedido. Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso da parte autora. Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), obrigação cuja exigibilidade ficará suspensa por 5 anos, salvo se comprovado que deixou de existir a situação de hipossuficiência que justificou a concessão da gratuidade judiciária Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (RE-AgR 353986, Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe 14/08/2008). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais André Luiz Cavalcanti Silveira e Dartanhan Vercingetórix de Araújo Rocha. Fortaleza/CE, 14 de novembro de 2019. Leopoldo Fontenele Teixeira
1,042
673
0
0
17-CE
1
55.040949
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE BENEFÍCIO ASSISTÊNCIAL AO DEFICIENTE. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE DAS ATIVIDADES LABORAIS. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. Sentença: (Tipo “A” [1] – Fundamentação Individualizada) 1. Relatório Trata-se de ação de rito especial ajuizada em face do Instituto Nacional do Seguro Social/INSS onde a parte autora almeja a concessão/restabelecimento de amparo social para pessoa portadora de deficiência. Autos conclusos para sentença em 30 de setembro de 2019. Sem mais. É, no essencial, o breve relato. Passo a decidir. 2. Fundamentação O ponto controvertido consiste em saber se a parte autora preenche os requisitos para a concessão do benefício assistencial previsto no artigo 203, V, da Constituição Federal, ou seja, se é idosa ou portadora de deficiência e se é incapaz de manter a sua subsistência ou de tê-la mantida pela família. Ao regulamentar o dispositivo constitucional, a Lei 8.742/93, em seu art. 20, §§ 2o, definiu como beneficiários o idoso com 65 (sessenta e cinco) anos, bem como a pessoa com deficiência, como aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; por sua vez, considera-se impedimento de longo prazo o interregno mínimo de 2 (dois) anos nessas condições. Nesse particular, impende enfatizar que foram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em data de 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100, in verbis: 3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho,(...) Passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando-se aspectos clínicos do caso com as repercussões sócio-ambientais. Cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com os fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros tópicos) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Quanto à miserabilidade, considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. Quanto ao núcleo familiar, à luz do art. 20, § 1o, da Lei 8.742/93 (com redação alterada pela Lei no 12.435/2011, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. No caso dos autos, o perito do Juízo concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa, de modo que não se vislumbra a existência de impedimento de longo prazo. Com efeito, consignou o experto que o requerente é acometido de cardiopatia congênita, de modo que a situação verificada não configura impedimento de longo prazo. Com isso, diante da conclusão a que chegou o perito, mostra-se inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E PARA OS ATOS DA VIDA INDEPENDENTE NÃO DEMONSTRADA. PEDIDO IMPROCEDENTE. 1. O benefício assistencial destinado às pessoas carentes de recursos, idosas ou deficientes, que não dispõem de meios para prover a própria subsistência ou de tê-la provida pela família regula-se pelas disposições da Lei no 8.742/93. 2. Atestada a capacidade laborativa da requerente e não havendo nos autos prova apta a desconstituir as conclusões do profissional da confiança do Juízo, impõe-se a manutenção da sentença que julgou improcedente o pedido por não satisfeitos todos os requisitos exigidos pela lei de regência para a fruição da prestação assistencial. 3. Recurso de apelação desprovido.” (TRF 1a Região, AC n.o 200538100012845, Segunda Turma Suplementar, DJ 6/7/2011, p. 322, Relator(a) Juíza Federal Rogéria Maria Castro Debelli,unânime, g.n.). (sem grifo no original). Isso posto, mesmo levando-se em consideração este novo entendimento de deficiência (art. 20, §§ 2o e 10o, da lei 8.742/1993) e toda a sua relação direta com um ideal de justiça distributiva, justiça social e igualdade material, nota-se que a parte autora não preenche o referido requisito, pois a patologia diagnosticada, pelo menos por enquanto, não implica impedimento de longo prazo e nem impede a sua inserção no meio social. Assim, tendo em vista a não comprovação do pressuposto relacionado à deficiência, condição imprescindível para a concessão do benefício assistencial, deixo de analisar o requisito da miserabilidade. 3. Dispositivo Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pela parte autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, o que faço nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Ciência ao MPF. Juazeiro do Norte/CE, 30 de setembro de 2019. Lucas Mariano Cunha Aragão de Albuquerque Juiz Federal Titular da 17.a Vara/CE
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0500441-04.2019.4.05.8108
2019-01-25 00:00:00
INSS - APSADJ (Sobral) (77.923.652/0003-94) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-09-24 08:20:27
Sentença - Improcedente - salário-maternidade rural
2019-11-20T15:50:15
Acórdão - Com voto
GUSTAVO MELO BARBOSA (2ª TURMA RECURSAL)
2019-11-20 13:00:00
MARCELO SAMPAIO PIMENTEL ROCHA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
2
CE022985
SENTENÇA I – Relatório. Por força do disposto no caput, do art. 38, da Lei no 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/2001, dispenso à feitura do relatório, passo, pois, à fundamentação. II – Fundamentação. Inicialmente, acolho o pedido de Gratuidade da Justiça, eis que, com base no art. 99, §3o, do CPC/15, a afirmação da pessoa natural, na petição inicial, de que não dispõe de condições para pagar as custas processuais e os honorários de advogado presume-se verdadeira e autoriza a concessão do referido benefício. Os presentes autos versam sobre demanda de natureza previdenciária, pleiteando a parte autora, na qualidade de segurada especial, a concessão do benefício de salário-maternidade. Para fins de obtenção do benefício do salário-maternidade, nos termos do art. 71 da Lei no 8.213/91, a promovente deve comprovar: a) sua qualidade de segurada; b) a contribuição pelo tempo mínimo exigido por lei, quando aplicável, e; c) o nascimento do filho ou a adoção ou obtenção da guarda judicial de criança. No presente caso, a requerente sustenta ser trabalhadora rural e, portanto, segurada especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei no 8.213/91. Como tal, a autora está sujeita ao período de carência de 10 contribuições mensais, exigido pelo art. 25, inciso III, do mesmo diploma. Dito isto, deve-se ressaltar que a comprovação do tempo de serviço independe do efetivo recolhimento de contribuições, mas deverá obedecer ao preceituado no artigo 55, § 3° do PBPS, segundo o qual “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento”. Nesse contexto, percebe-se que a autora apresentou em seu nome somente documentos de natureza sindical, com filiação em 2016 (anexo 6). Além da precariedade de início de prova material, o depoimento produzido em audiência não foi convincente. Quanto ao benefício de salário-maternidade em relação aos demais filhos (outros seis, com o mesmo companheiro), afirmou nunca ter obtido êxito. Sobre o trabalho na agricultura, apresenta algum conhecimento, afirmando trabalhar com a ajuda do companheiro, que também, segundo ela, realiza "bicos" como servente ou carregador. A testemunha, por sua vez, afirmou que a requerente já trabalhou algumas vezes em casa de família e disse não ter conhecimento se o companheiro da mesma desenvove alguma atividade. Questionada se ele trabalha no roçado com a requerente, afirmou que "acha que sim". Quanto ao CNIS do companheiro da demandante, observa-se alguns vínculos curtos nos anos de 2012, 2013 e 2014 (anexo 13). Convém ressaltar que os autos trazem comprovante de residência revelando alto consumo de energia no local (anexo 4), fato incomum nas residências rurais observadas por este Juízo. Pelos motivos expostos, não formei convencimento acerca do enquadramento da Autora como segurada especial. III – Dispositivo. Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. TRABALHADORA RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. CONJUNTO PROBATÓRIO DESFAVORÁVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de salário-maternidade na condição de trabalhadora rural (segurada especial). O benefício de salário maternidade é devido à segurada especial — a exemplo do que ocorre com a segurada empregada, a trabalhadora avulsa e a empregada doméstica — durante o intervalo de 120 (cento e vinte) dias com início no período compreendido entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data da ocorrência deste, nos termos delineados no art. 71 da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei no 8.213/91). No entanto, para ser considerada segurada especial, a autora há de demonstrar, conforme preconiza o art. 11, caput, inciso I, alínea “a” e inciso VII e § 1o da Lei 8.213/91 — com a nova redação trazida pela Lei no 8.398/92 — o exercício efetivo de atividade rural em regime de economia familiar, assim entendido como aquela laborada pelos membros da própria família para a sua subsistência em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, embora se admita auxílio eventual ou esporádico de terceiros. Demais disso, deve ser preenchido o requisito relativo ao desempenho de atividade rural nos 10 (dez) meses anteriores à data do nascimento do(a) filho(a), à luz do estampado no parágrafo único do art. 39 (adicionado pela Lei 8.861, de 25 de março de 1994) combinado com o inciso III do art. 25 (acrescentado pela 9.876, de 26 de novembro de 1999), todos da Lei de Benefícios da Previdência Social. Contudo, a prova do cumprimento desta carência passa, inexoravelmente, por prova documental, não havendo nenhuma celeuma jurisprudencial em sentido contrário, tendo há muito tempo o Superior Tribunal de Justiça editado a Súmula 149: "a prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de da obtenção de benefício previdenciário". Compreendendo a dificuldade do homem do campo reunir documentação robusta, a Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) já sedimentou, em entendimento cristalizado na Súmula 14, que "Para concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência". Todavia, ainda que não corresponda a todo o período de carência, "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar", segundo a Súmula 34 também da TNU. Com esse sentir, tem-se admitido como início de prova material um vasto rol de documentos, dentre eles sindicais, certidões de casamento/nascimento/óbito, comprovantes de propriedade ou posse de terra, notas fiscais de compras de insumos agrícolas, documentos de participação em programas voltados aos trabalhadores do campo, entre outros de menor importância. No caso específico dos pedidos de salário-maternidade rural, considerando que as beneficiárias, geralmente, são muito jovens, a jurisprudência tem admitido a utilização de documentos de terceiros, na maioria da vezes, os pais da requerente. Todavia, para tanto, é imprescindível que ela exerça a agricultura no âmbito daquele grupo familiar. Ademais, importante ressaltar, contudo, que o início de prova material, como o próprio nome já o diz, tem caráter meramente indiciário dos fatos alegados, não se revestindo em prova absoluta e incontrastável. Esses documentos indiciários, ainda que sejam necessários e indispensáveis, não são suficientes para a comprovação da condição de segurado especial durante todo o período de carência. O início de prova material tem o condão de, tão só, revelar que os fatos alegados podem ser verdadeiros, a depender de posterior confirmação após análise de todo o contexto probatório. Destaque-se que circunstâncias como (a) acervo formado exclusivamente por documentos em nomes de terceiros estranhos ao núcleo familiar; (b) parte autora residente em zona urbana; (c) documentos não contemporâneos ao período de carência; (d) existência de vínculos urbanos duradouros ou consecutivos no CNIS, em nome da autora ou do consorte; (e) registros como contribuinte individual/empresário; (f) prova testemunhal contraditória com versão autoral, têm o condão de obstar o decreto de procedência perseguido, quando o conjunto probatório resultar desfavorável ao pleito. No caso sub examine, observo que a sentença impugnada analisou de forma cautelosa as provas constantes nos autos, não merecendo reforma. Para melhor ilustrar, bem como a fim de evitar repetições desnecessárias, colaciono trecho do julgado impugnado, o qual adoto como parte da fundamentação, nos termos do art. 46 da Lei n.o 9.099/1995: (...)Nesse contexto, percebe-se que a autora apresentou em seu nome somente documentos de natureza sindical, com filiação em 2016 (anexo 6). Além da precariedade de início de prova material, o depoimento produzido em audiência não foi convincente. Quanto ao benefício de salário-maternidade em relação aos demais filhos (outros seis, com o mesmo companheiro), afirmou nunca ter obtido êxito. Sobre o trabalho na agricultura, apresenta algum conhecimento, afirmando trabalhar com a ajuda do companheiro, que também, segundo ela, realiza "bicos" como servente ou carregador. A testemunha, por sua vez, afirmou que a requerente já trabalhou algumas vezes em casa de família e disse não ter conhecimento se o companheiro da mesma desenvolve alguma atividade. Questionada se ele trabalha no roçado com a requerente, afirmou que "acha que sim". Quanto ao CNIS do companheiro da demandante, observa-se alguns vínculos curtos nos anos de 2012, 2013 e 2014 (anexo 13). Convém ressaltar que os autos trazem comprovante de residência revelando alto consumo de energia no local (anexo 4), fato incomum nas residências rurais observadas por este Juízo. Pelos motivos expostos, não formei convencimento acerca do enquadramento da Autora como segurada especial. (...) De fato, apesar da existência de algum início de prova material, não existem elementos suficientes para demonstrar a qualidade de segurada da autora pelo período de carência pretendido. Afinal, além da escassa prova documental, os depoimentos colhidos em audiência não foram esclarecedores. Percebo ainda que a postulante e seu esposo não participam de nenhum programa governamental voltado aos trabalhadores rurais, embora aleguem sempre terem se dedicado à prática agrícola. Por fim, registro o posicionamento desta Turma Recursal no sentido de privilegiar o entendimento dos magistrados de 1a instância, sobretudo quando a prova for valorada de maneira adequada e mediante acurada análise, uma vez que estão mais próximos das partes e, consequentemente, tem melhores condições de avaliar a verdade real dos fatos e provas trazidos a juízo. Assim, diante de tal conjunto probatório, não reconheço que a autora tenha se dedicado à atividade de agricultura de subsistência, no regime de economia familiar, durante os dez meses que antecederam o parto de sua filha. Destarte, não comprovada a carência/qualidade de segurada especial da demandante, condição imprescindível para a concessão do salário-maternidade, deve ser mantida a improcedência do julgado. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Condenação da recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), suspensa a execução desta parcela enquanto litigar sob o pálio da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Srs. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e Gisele Chaves Sampaio Alcântara. Fortaleza/CE, 20 de novembro de 2019.
543
1,222
0
1
27-CE
0
241.772535
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
dispenso à feitura do relatório, passo, pois, à fundamentação. II – Fundamentação. Inicialmente, acolho o pedido de Gratuidade da Justiça, eis que, com base no art. 99, §3o, do CPC/15, a afirmação da pessoa natural, na petição inicial, de que não dispõe de condições para pagar as custas processuais e os honorários de advogado presume-se verdadeira e autoriza a concessão do referido benefício. Os presentes autos versam sobre demanda de natureza previdenciária, pleiteando a parte autora, na qualidade de segurada especial, a concessão do benefício de salário-maternidade. Para fins de obtenção do benefício do salário-maternidade, nos termos do art. 71 da Lei no 8.213/91, a promovente deve comprovar: a) sua qualidade de segurada; b) a contribuição pelo tempo mínimo exigido por lei, quando aplicável, e; c) o nascimento do filho ou a adoção ou obtenção da guarda judicial de criança. No presente caso, a requerente sustenta ser trabalhadora rural e, portanto, segurada especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei no 8.213/91. Como tal, a autora está sujeita ao período de carência de 10 contribuições mensais, exigido pelo art. 25, inciso III, do mesmo diploma. Dito isto, deve-se ressaltar que a comprovação do tempo de serviço independe do efetivo recolhimento de contribuições, mas deverá obedecer ao preceituado no artigo 55, § 3° do PBPS, segundo o qual “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento”. Nesse contexto, percebe-se que a autora apresentou em seu nome somente documentos de natureza sindical, com filiação em 2016 (anexo 6). Além da precariedade de início de prova material, o depoimento produzido em audiência não foi convincente. Quanto ao benefício de salário-maternidade em relação aos demais filhos (outros seis, com o mesmo companheiro), afirmou nunca ter obtido êxito. Sobre o trabalho na agricultura, apresenta algum conhecimento, afirmando trabalhar com a ajuda do companheiro, que também, segundo ela, realiza "bicos" como servente ou carregador. A testemunha, por sua vez, afirmou que a requerente já trabalhou algumas vezes em casa de família e disse não ter conhecimento se o companheiro da mesma desenvove alguma atividade. Questionada se ele trabalha no roçado com a requerente, afirmou que "acha que sim". Quanto ao CNIS do companheiro da demandante, observa-se alguns vínculos curtos nos anos de 2012, 2013 e 2014 (anexo 13). Convém ressaltar que os autos trazem comprovante de residência revelando alto consumo de energia no local (anexo 4), fato incomum nas residências rurais observadas por este Juízo. Pelos motivos expostos, não formei convencimento acerca do enquadramento da Autora como segurada especial. III – Dispositivo. Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0501582-46.2019.4.05.8015
2019-02-12 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-28 15:48:24
Sentença - Improcedente
2019-11-22T14:23:24
Acórdão - Acórdão
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2019-11-21 14:00:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
AL015665
SENTENÇA (TIPO A) Relatório dispensado nos termos do artigo 38, da Lei n. 9099/95 c/c artigo 1o da Lei n. 10259/2001. Pretende a parte autora obter pensão por morte, em razão do falecimento de Abelardo Alves Duarte ocorrido em 03/06/2018. O INSS contestou a ação. O benefício pleiteado tem fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 201, V, e está disciplinado na Lei n. 8.213/91, com alterações empreendidas pela MP no. 664, válida de 01/03/2015 até a publicação da Lei no. 13.135/15 em 18/06/2015, que passou a tratar das relações consolidadas na vigência da MP. Para sua concessão se exige: a) o óbito; b) a qualidade de segurado do falecido no momento do óbito; c) e a condição de dependente da parte autora. No caso de segurado especial, o artigo 39, inciso I, da Lei n. 8.213/91 é a norma de extensão, a qual garante a concessão de pensão “no valor de 1 (um) salário mínimo, (...), conforme disposto no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido”. Em audiência, autora disse que mora em Estrela de Alagoas-AL; que foi casada com o falecido; que se separou e depois voltou a morar com o mesmo novamente; teve uma filha com o falecido; que o óbito ocorreu no ano passado; que o de cujus era agricultor aposentado; que o velório foi na casa da requente; que o de cujus já trabalhou como motorista. Verifico que no processo em que requereu o benefício de aposentadoria, a requerente informou que estava divorciada. Assim como no processo se aposentadoria de Abelardo, o falecido apresentou contrato de comodato no qual informa que estava separado de fato. Testemunha alega que conhece a autora há 32 anos; que conheceu o falecido, que se chamava Abelardo; que tem conhecimento de que o casal se separou. A segunda testemunha disse que o casal convivia maritalmente. Decido. Não obstante reconheça a existência de provas indicativas do ofício rural do falecido, entendo que não restou comprovado à qualidade de dependente da autora com o falecido no momento anterior ao óbito. Como a instrução não convenceu sobre a união estável, a improcedência é a medida que se impõe. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se.
PROCESSO No 0501582-46.2019.4.05.8015 RECORRENTE: JURACI JULIA DE SOBRAL DUARTE RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. CONJUNTO PROBATÓRIO DESFAVORÁVEL. UNIÃO ESTÁVEL NÃO COMPROVADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO. 1. Recurso inominado de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de pensão por morte, por não verificar a presença de provas da dependência econômica da requerente ao tempo da morte do instituidor, Abelardo Alves Duarte, em 03/06/2018. 2. Pretensão recursal da parte autora amparada, em síntese, no argumento de que constam nos autos provas aptas a demonstrar a relação de dependência econômica que possuía com o falecido, sob o argumento que depois da averbação da separação do cartório a autora voltou a viver maritalmente com o ex-companheiros e que teria mantido relação conjugal até a data do seu óbito. 3. O direito à percepção do benefício de pensão por morte pressupõe, dentre outros requisitos, a qualidade de segurado do de cujus quando de seu falecimento e a relação de dependência do beneficiário em relação ao seu instituidor. A dependência dos filhos não emancipados, de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos, do cônjuge e da companheira é presumida, bastando, no tocante à companheira a comprovação da união estável, sendo certo que o direito à pensão por morte rege-se pela legislação vigente a época do óbito do instituidor, em observância ao principio tempus regit actum. 4. In casu, a questão gira em torno da relação de dependência da autora em relação a seu instituidor. 5. Quanto à qualidade de dependente da autora, têm-se, nos exatos termos do art. 16 da Lei n.o 8.213/91, que a dependência econômica entre companheiros é presumida: “Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência social, na condição de dependentes do segurado:I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; II – os pais; III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; § 1o A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.§ 3o Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3o do art. 226 da Constituição Federal. § 4o A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada”(destaquei). 6. Assim, apesar da dependência econômica da companheira ser presumida, necessária a comprovação da existência da união estável. Vale frisar que a Súmula 63 da TNU já uniformizou o entendimento de que é desnecessário o início de prova material para comprovar a união estável. Ipsis litteris: "A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material.". 7. Da análise das provas carreadas aos autos depreende-se que a autora casou com o falecido, e se separou em 28/05/1985 (anexo 5 – fls.: 3). Já o óbito ocorreu em 03/06/2018 (anexo 5 – fls.: 7). Apesar disto, afirma que sempre viveram juntos. 8. Entretanto, em que pese a alegação da requerente de que sempre viveu junto com o falecido, há fatos que torna duvidosa tal afirmação. A própria recorrente declarou em processo anteriormente manejado pela autora, intentando benefício de aposentadoria por idade (processo 0505909-94.2006.4.05.8013), que não morava com o ex-companheiro (anexo 9 – 0505909-94.2006.4.05.8013). Compulsando os autos tem-se que na certidão de óbito (anexo 5- fls.: 7) o endereço informado do falecido é divergente do endereço que a autora declarou no INSS(anexo 31 – fls.: 5). 9. Tecidas tais considerações, este Colegiado, examinando as provas, entende razoável privilegiar o registro de divórcio da requerente em momento anterior ao óbito, em detrimento das provas colhidas em audiência de instrução no sentido da permanência da relação conjugal. 10. Assim, não demonstrada a qualidade de dependente da parte autora, aqui recorrente, indevida a concessão do benefício pretendido, razão pela qual a sentença recorrida não merece qualquer reparo. 11. Recurso improvido, sem condenação em custas por ser o recorrente-vencido beneficiário da justiça gratuita. Condeno a parte autora ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento), em favor do recorrido, incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita, ressalvado a alteração das condições econômicas do autor e respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (art. 12 e 13 da Lein° 1.060/50). Condiciono o pagamento das verbas à demonstração, pela ré de que a parte autora não possui ou perdeu a condição de hipossuficiência econômica, mediante a indicação de bens livres e desembaraçados para submeter à força executiva. Tal valor estará tão-somente sujeito à correção monetária a partir da data em que foi fixada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO JUIZ FEDERAL RELATOR
456
898
0
1
10-AL
0
196.827361
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
artigo 1o da Lei n. 10259/2001. Pretende a parte autora obter pensão por morte, em razão do falecimento de Abelardo Alves Duarte ocorrido em 03/06/2018. O INSS contestou a ação. O benefício pleiteado tem fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 201, V, e está disciplinado na Lei n. 8.213/91, com alterações empreendidas pela MP no. 664, válida de 01/03/2015 até a publicação da Lei no. 13.135/15 em 18/06/2015, que passou a tratar das relações consolidadas na vigência da MP. Para sua concessão se exige: a) o óbito; b) a qualidade de segurado do falecido no momento do óbito; c) e a condição de dependente da parte autora. No caso de segurado especial, o artigo 39, inciso I, da Lei n. 8.213/91 é a norma de extensão, a qual garante a concessão de pensão “no valor de 1 (um) salário mínimo, (...), conforme disposto no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido”. Em audiência, autora disse que mora em Estrela de Alagoas-AL; que foi casada com o falecido; que se separou e depois voltou a morar com o mesmo novamente; teve uma filha com o falecido; que o óbito ocorreu no ano passado; que o de cujus era agricultor aposentado; que o velório foi na casa da requente; que o de cujus já trabalhou como motorista. Verifico que no processo em que requereu o benefício de aposentadoria, a requerente informou que estava divorciada. Assim como no processo se aposentadoria de Abelardo, o falecido apresentou contrato de comodato no qual informa que estava separado de fato. Testemunha alega que conhece a autora há 32 anos; que conheceu o falecido, que se chamava Abelardo; que tem conhecimento de que o casal se separou. A segunda testemunha disse que o casal convivia maritalmente. Decido. Não obstante reconheça a existência de provas indicativas do ofício rural do falecido, entendo que não restou comprovado à qualidade de dependente da autora com o falecido no momento anterior ao óbito. Como a instrução não convenceu sobre a união estável, a improcedência é a medida que se impõe. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
16
0514077-31.2019.4.05.8013
2019-05-09 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-10-03 15:08:53
Sentença - Parcial procedência
2019-11-22T17:44:59
Acórdão - voto
SERGIO DE ABREU BRITO
2019-11-21 14:00:00
ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL009177
SENTENÇA Trata-se ação proposta por HILDA DOS SANTOS MENDES, com pedido de concessão de BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA, cumulado com pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade a vida independente, bem como sustenta que a renda per capita familiar é superior a 1⁄4 do salário mínimo vigente. Dispensado o relatório, a teor do art. 38 da lei 9099/95. Fundamento e decido. O conceito e os requisitos para a concessão do Benefício de Prestação Continuada estão previstos no art. 20 da Lei 8.742/93 e seus parágrafos, fazendo-se pertinente sua transcrição: “Art. 20. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família". § 1oPara os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2oPara efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3oConsidera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (...) § 10.Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.” Como se pode notar, a norma exige, para a concessão do BPC, a presença dos seguintes requisitos: a) que o requerente seja idoso com mais de (sessenta e cinco anos) ou portador de deficiência, nos termos assinalados no §2o; b) a comprovação de que não possui meios de prover a própria manutenção nem de tê-la mantida por sua família, considerando o disposto nos parágrafos 1o e 3o. E mais. Em julgado recentíssimo, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência (TNU) alterou o teor da Súmula n. 48, que passou a dispor o seguinte: “Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde a data do início de sua caracterização.” (destaquei) Destarte, fincadas as premissas quanto aos requisitos para a concessão do benefício, passo à análise do caso concreto, verificando se o autor preenche os requisitos para gozo do benefício assistencial pretendido. No caso sub examine, tratando-se de autor que afirma ser deficiente, mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional da área médica, o qual, após análise dos documentos constantes dos autos, bem como da avaliação clínica realizada na parte autora, concluiu que A parte autora apresenta um quadro de Espondilartrose – CID 10: M 47.9, Transtornos especificados de discos intervertebrais com radiculopatia – CID 10: M 51.1 e Estenose de tecido conjuntivo e do disco dos forames intervertebrais – CID 10: M 99.7, estando temporariamente incapaz para o trabalho. Segundo o laudo: “(...)4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Pelo seu quadro clínico, ela não deverá voltar a exercer a antiga atividade, que exigia postura viciosa, o que poderia promover a recorrência habitual da sintomatologia. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? O principal fator de agravação neste caso seria o trabalho braçal, pois uma postura viciosa da coluna cervical, como a que exige sua antiga função, provocaria piora na evolução da doença. Qualquer atividade que determine maior esforço com carregamento de peso também poderia determinar agravação na evolução clínica. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra (s) atividade (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? A autora poderia prover seu sustento, num tipo de trabalho que não seja braçal ou de postura viciosa, através da reabilitação profissional. 7) O periciado encontra-se capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Ela necessitará eventualmente de assistência para algumas atividades de maior esforço, mesmo que domésticas como lavar roupas ou trocar um botijão de gás, por exemplo, quando em fase de agudização da sintomatologia. Porém, não há necessidade de auxílio nem supervisão habituais. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? Se anterior, se contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Os documentos anexados comprovam incapacidade permanente para as atividades declaradas a partir de 08/11/2018. E a data da cessação do benefício da LOAS foi a de 05/10/2018. ” (Anexo 20) Ressalte-se que, segundo a perita judicial, a demandante está impossibilitada de exercer as atividades declaradas, de forma possivelmente permanente, mas mantém a capacidade para o desempenho de outras atividades, desde o trabalho “...não seja braçal ou de postura viciosa, através da reabilitação profissional”. Contudo, a análise das condições pessoais da autora em conjunto com o seu atual estado clínico apontam justamente o contrário. Com efeito, a demandante já possui 56 anos, é analfabeta e reside em pequena cidade do interior alagoano, além de não possuir experiência profissional em atividade distinta da que exercia habitualmente. Nesse contexto, a readequação da autora para outra atividade laboral é hipótese que não condiz com a realidade do mercado de trabalho, pelo que entendo que sua reabilitação é bastante improvável, senão impossível. Por isso, que, no caso em apreço, a incapacidade para trabalho habitual equipara-se à inaptidão para o exercício de toda e qualquer atividade laborativa, pois não há como se exigir da parte autora – seja por seu precário estado físico, seja por sua condição sócio-cultural, seja em razão do local em que reside – seu ingresso no mercado de trabalho. Dessa forma, de acordo com o laudo médico judicial em conjunto com as suas condições pessoais, resta evidente que a parte autora encontra-se incapaz de maneira definitiva. Como se pode notar, portanto, o prazo total do impedimento, desde a data do início de sua caracterização, é de, no mínimo,2 (dois) anos, ou seja, a parte autora apresenta impedimento de longo prazo com duração mínima de dois anos, conforme exigência da Súmula n. 48 da TNU. Superado este ponto, cumpre avaliar o preenchimento do requisito da miserabilidade do demandante. Nesse sentido, saliento que em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE 567985 e 580963, reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, que fixou o critério de 1⁄4 do salário-mínimo. Segundo o ministro Gilmar Mendes, ao longo dos últimos anos houve uma “proliferação de leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais”, citando a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003 (Art. 2o. caput: (...) § 2o. Os benefícios do PNAA serão concedidos, na forma desta Lei, para unidade familiar com renda mensal per capita inferior a meio salário mínimo.), que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; e a Lei 10.219/2001, que criou o Bolsa Escola: “É fácil perceber que a economia brasileira mudou completamente nos últimos 20 anos. Desde a promulgação da Constituição, foram realizadas significativas reformas constitucionais e administrativas com repercussão no âmbito econômico e financeiro. A inflação galopante foi controlada, o que tem permitido uma significativa melhoria na distribuição de renda”. Para o Ministro, esse contexto proporcionou que fossem modificados também os critérios para a concessão de benefícios previdenciários e assistenciais se tornando “mais generosos” e apontando para meio salário mínimo o valor padrão de renda familiar per capita: “Portanto, os programas de assistência social no Brasil utilizam atualmente o valor de meio salário mínimo como referencial econômico para a concessão dos respectivos benefícios”, sustentou o ministro. Ele ressaltou que o novo limite objetivo (1/2 salário mínimo) é um indicador bastante razoável de que o critério de um quarto do salário mínimo utilizado pela Loas está completamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade das famílias, que, de acordo com o artigo 203, parágrafo 5o, da Constituição Federal, possuem o direito ao benefício assistencial. E concluiu que, ao longo dos vários anos desde a sua promulgação, a norma passou por um “processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas, políticas, econômicas, sociais e jurídicas”. No ponto, embora o STF não tenha modulado os efeitos da decisão, por insuficiência de quorum, é fácil perceber que a inconstitucionalidade reconhecida não se trata de vício original (até porque tal constitucionalidade já havia sido reconhecida anteriormente em ADI 1232, em 1998), mas superveniente, em decorrência das modificações do estado de fato e de direito. Logo, não tendo o próprio STF fixado um marco temporal para o surgimento de tal inconstitucionalidade, reconheço-a apenas a partir da decisão supra referida. Por fim, não há óbice à aplicabilidade da novel orientação pretoriana aos processos em curso. Isso porque, nos termos do art. 493 do CPC, “Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.” No caso concreto, de acordo com a avaliação social administrativa realizada pela autarquia previdenciária (anexo 24), o grupo familiar da demandante é composto apenas por ela própria, sendo que a única renda mensal decorre do pagamento oriundo do Programa de Transferência de Rendas do Governo Federal (Bolsa Família) no valor de R$ 91,00. O Formulário CadÚnico atualizado (anexo 34) corrobora o precário estado econômico/financeiro da autora. Dessa forma, reputo comprovada a miserabilidade da parte autora. Ao fim, considerando que a data de início de incapacidade fixada no laudo pericial é posterior à data de cessação do benefício anterior, entendo que as parcelas retroativas devem ser pagas somente a partir do ajuizamento da presente ação, consoante entendimento já sedimentado pela TNU. Por todo o exposto, julgo PROCEDENTE EM PARTE A pretensão autoral: a) determinar ao INSS que conceda à parte autora o benefício postulado, com DIP em 01/10/2019. b) condenar o INSS ao pagamento das diferenças devidas a contar do ajuizamento da ação em 09/05/2019, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, Ao pagamento das diferenças devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de mora desde a citação, fixando os juros no mesmo patamar de poupança e correção monetária pelo INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença; c) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10(dez) dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste Juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15(quinze) dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00 em desfavor do órgão previdenciário; Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei no 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95, e art. 4o da Lei n.o 9.289/96). Defiro a assistência judiciária gratuita. Intimem-se.
PROCESSO No0514077-31.2019.4.05.8013 RECORRENTE: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO: HILDA DOS SANTOS MENDES JUIZ(A) IMPEDIDO(A): ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO DE ARAÚJO DADOS: 56 ANOS; ANALFABETA; MACEIÓ/AL PROFISSÃO DECLARADA: TRABALHADORA RURAL / EMPREGADA DOMÉSTICA VOTO-EMENTA AMPARO SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. REQUISITO DA DEFICÊNCIA PRESENTE NA ESPÉCIE. BARREIRAS IMPEDITIVAS PARA EXERCER ATIVIDADE LABORAL. MISERABILIDADE COMPROVADA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DO LAUDO PERICIAL.SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença que julgou procedente o pedido de amparo social ao deficiente, com DIP em 01/10/2019,com o pagamento das parcelas retroativas desde a DAAem 09/05/2019. 2. Pretensão recursal escorada no seguinte ponto: a) não há impedimento de longo prazo, mas incapacidade permanente e relativa, de modo que a parte autora pode exercer atividade laborativa diversa da habitual como forma de garantir o sustento próprio. 3. De início, quanto ao pretendido efeito suspensivo ao recurso inominado, este somente deve ser atribuído para evitar dano irreparável à parte, a teor do art. 43 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei no 10.259/2001, situação esta excepcional que não se configura com a simples implantação imediata de benefício previdenciário. Fosse assim, considerando que a grande massa de processos que tramitam nos juizados especiais federais versa sobre questões previdenciárias, inverter-se-ia a regra de que o recurso inominado normalmente carece de efeito suspensivo. Pedido rejeitado. 4. O art. 20, caput, da Lei n.° 8.742/93, estabelece que: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”. 5. Nos termos do § 2o do supracitado artigo, para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Ademais, o § 10 do aludido artigo, considera-se impedimento de longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. 6. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização alterou recentemente a redação da Súmula 48, passando a ter o seguinte teor: "Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde a data do início sua caracterização".7. De início, o pressuposto da miserabilidade já foi devidamente comprovado pelos documentos juntados aos autos, tais quais: CadÙnico e também pela análise das fotos da residência da autora. 8. In casu, verifica-se que a parte autora encontra-se incapacitada permanentemente para sua função habitual, porém está capacitada para outras atividades laborais, devendo, no entanto, evitar trabalhosbraçais ou de postura viciosa, como asseverada laudo médico pericial (anexo 20): 4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Pelo seu quadro clínico, ela não deverá voltar a exercer a antiga atividade, que exigia postura viciosa, o que poderia promover a recorrência habitual da sintomatologia. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? O principal fator de agravação neste caso seria o trabalho braçal, pois uma postura viciosa da coluna cervical, como a que exige sua antiga função, provocaria piora na evolução da doença. Qualquer atividade que determine maior esforço com carregamento de peso também poderia determinar agravação na evolução clínica. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra (s) atividade (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? A autora poderia prover seu sustento, num tipo de trabalho que não seja braçal ou de postura viciosa, através da reabilitação profissional. 7) O periciado encontra-se capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Ela necessitará eventualmente de assistência para algumas atividades de maior esforço, mesmo que domésticas como lavar roupas ou trocar um botijão de gás, por exemplo, quando em fase de agudização da sintomatologia. Porém, não há necessidade de auxílio nem supervisão habituais. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? Se anterior, se contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Os documentos anexados comprovam incapacidade permanente para as atividades declaradas a partir de 08/11/2018. E a data da cessação do benefício da LOAS foi a de 05/10/2018. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelas informações colhidas na entrevista, no exame físico e nos documentos apresentados podemos concluir que a autora possui patologia denominada espondilartrose com discopatia cervical. Consideramos, portanto que a autora:Quanto à capacidade para a atividade declarada: está incapacitada para o exercício da última atividade declarada, porque esta exige postura viciosa, e ocasionaria agravação em sua evolução clínica, bem como para outras de maior esforço, como a antiga.Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: está incapacitada para as atividades de maior esforço físico, ou que demandem postura viciosa (como a última declarada). Mas, poderá ser reabilitada para função compatível com suas limitações físicas.Quanto à capacidade para a vida independente: não há necessidade de auxílio ou supervisão rotineira. Expectativa de tempo para o retorno à atividade declarada: não há expectativa de retorno à atividade declarada e ela deveria ser reabilitada. Já as condições para a reabilitação profissional envolvem a observação de diversos critérios e requerem também avaliação social, o que foge à alçada do exame médico-pericial. 9.Em que pese a incapacidade laborativa atestada não seja classificada como total, fazendo o expert referência ao processo de reabilitação, constata-se, a partir da análise das condições pessoais do recorrido, que este, possui 56 anos, possui baixo grau de instrução (analfabeta). Somado a isso, a doença lhe infligiu inúmeras restrições como a impossibilidade de exercer sua atividade habitual de maneira permanente, podendo exercer outras atividades respeitando as restrições apresentadas, o que repercute em um penoso reingresso ao mercado de trabalho. Assim, as condições socioeconômicas e culturais do demandante indicam que é muito improvável, senão impossível, que ele possa exercer alguma atividade profissional ou econômica que permita garantir a própria subsistência. 10. Considerando as barreiras apontadas em decorrência da doença que acomete a parte autora, somada com asbaixas condições econômicas e habitacionais de sua família, motivo pelo qual entendo devido o benefício vindicado. 11.Destarte, presentes os requisitos da incapacidade e da miserabilidade, faz jus o autor ao benefício vindicado, razão pela qual a sentença vergastada não merece reparos. 12. Recurso inominado improvido, com condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO DE ABREU BRITO
1,980
1,230
0
0
9-AL
1
147.171447
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se ação proposta por HILDA DOS SANTOS MENDES, com pedido de concessão de BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA, cumulado com pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade a vida independente, bem como sustenta que a renda per capita familiar é superior a 1⁄4 do salário mínimo vigente. Dispensado o relatório, a teor do art. 38 da lei 9099/95. Fundamento e decido. O conceito e os requisitos para a concessão do Benefício de Prestação Continuada estão previstos no art. 20 da Lei 8.742/93 e seus parágrafos, fazendo-se pertinente sua transcrição: “Art. 20. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família". § 1oPara os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2oPara efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3oConsidera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (...) § 10.Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.” Como se pode notar, a norma exige, para a concessão do BPC, a presença dos seguintes requisitos: a) que o requerente seja idoso com mais de (sessenta e cinco anos) ou portador de deficiência, nos termos assinalados no §2o; b) a comprovação de que não possui meios de prover a própria manutenção nem de tê-la mantida por sua família, considerando o disposto nos parágrafos 1o e 3o. E mais. Em julgado recentíssimo, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência (TNU) alterou o teor da Súmula n. 48, que passou a dispor o seguinte: “Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde a data do início de sua caracterização.” (destaquei) Destarte, fincadas as premissas quanto aos requisitos para a concessão do benefício, passo à análise do caso concreto, verificando se o autor preenche os requisitos para gozo do benefício assistencial pretendido. No caso sub examine, tratando-se de autor que afirma ser deficiente, mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional da área médica, o qual, após análise dos documentos constantes dos autos, bem como da avaliação clínica realizada na parte autora, concluiu que A parte autora apresenta um quadro de Espondilartrose – CID 10: M 47.9, Transtornos especificados de discos intervertebrais com radiculopatia – CID 10: M 51.1 e Estenose de tecido conjuntivo e do disco dos forames intervertebrais – CID 10: M 99.7, estando temporariamente incapaz para o trabalho. Segundo o laudo: “(...)4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Pelo seu quadro clínico, ela não deverá voltar a exercer a antiga atividade, que exigia postura viciosa, o que poderia promover a recorrência habitual da sintomatologia. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? O principal fator de agravação neste caso seria o trabalho braçal, pois uma postura viciosa da coluna cervical, como a que exige sua antiga função, provocaria piora na evolução da doença. Qualquer atividade que determine maior esforço com carregamento de peso também poderia determinar agravação na evolução clínica. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra (s) atividade (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? A autora poderia prover seu sustento, num tipo de trabalho que não seja braçal ou de postura viciosa, através da reabilitação profissional. 7) O periciado encontra-se capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Ela necessitará eventualmente de assistência para algumas atividades de maior esforço, mesmo que domésticas como lavar roupas ou trocar um botijão de gás, por exemplo, quando em fase de agudização da sintomatologia. Porém, não há necessidade de auxílio nem supervisão habituais. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? Se anterior, se contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Os documentos anexados comprovam incapacidade permanente para as atividades declaradas a partir de 08/11/2018. E a data da cessação do benefício da LOAS foi a de 05/10/2018. ” (Anexo 20) Ressalte-se que, segundo a perita judicial, a demandante está impossibilitada de exercer as atividades declaradas, de forma possivelmente permanente, mas mantém a capacidade para o desempenho de outras atividades, desde o trabalho “...não seja braçal ou de postura viciosa, através da reabilitação profissional”. Contudo, a análise das condições pessoais da autora em conjunto com o seu atual estado clínico apontam justamente o contrário. Com efeito, a demandante já possui 56 anos, é analfabeta e reside em pequena cidade do interior alagoano, além de não possuir experiência profissional em atividade distinta da que exercia habitualmente. Nesse contexto, a readequação da autora para outra atividade laboral é hipótese que não condiz com a realidade do mercado de trabalho, pelo que entendo que sua reabilitação é bastante improvável, senão impossível. Por isso, que, no caso em apreço, a incapacidade para trabalho habitual equipara-se à inaptidão para o exercício de toda e qualquer atividade laborativa, pois não há como se exigir da parte autora – seja por seu precário estado físico, seja por sua condição sócio-cultural, seja em razão do local em que reside – seu ingresso no mercado de trabalho. Dessa forma, de acordo com o laudo médico judicial em conjunto com as suas condições pessoais, resta evidente que a parte autora encontra-se incapaz de maneira definitiva. Como se pode notar, portanto, o prazo total do impedimento, desde a data do início de sua caracterização, é de, no mínimo,2 (dois) anos, ou seja, a parte autora apresenta impedimento de longo prazo com duração mínima de dois anos, conforme exigência da Súmula n. 48 da TNU. Superado este ponto, cumpre avaliar o preenchimento do requisito da miserabilidade do demandante. Nesse sentido, saliento que em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE 567985 e 580963, reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, que fixou o critério de 1⁄4 do salário-mínimo. Segundo o ministro Gilmar Mendes, ao longo dos últimos anos houve uma “proliferação de leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais”, citando a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003 (Art. 2o. caput: (...) § 2o. Os benefícios do PNAA serão concedidos, na forma desta Lei, para unidade familiar com renda mensal per capita inferior a meio salário mínimo.), que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; e a Lei 10.219/2001, que criou o Bolsa Escola: “É fácil perceber que a economia brasileira mudou completamente nos últimos 20 anos. Desde a promulgação da Constituição, foram realizadas significativas reformas constitucionais e administrativas com repercussão no âmbito econômico e financeiro. A inflação galopante foi controlada, o que tem permitido uma significativa melhoria na distribuição de renda”. Para o Ministro, esse contexto proporcionou que fossem modificados também os critérios para a concessão de benefícios previdenciários e assistenciais se tornando “mais generosos” e apontando para meio salário mínimo o valor padrão de renda familiar per capita: “Portanto, os programas de assistência social no Brasil utilizam atualmente o valor de meio salário mínimo como referencial econômico para a concessão dos respectivos benefícios”, sustentou o ministro. Ele ressaltou que o novo limite objetivo (1/2 salário mínimo) é um indicador bastante razoável de que o critério de um quarto do salário mínimo utilizado pela Loas está completamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade das famílias, que, de acordo com o artigo 203, parágrafo 5o, da Constituição Federal, possuem o direito ao benefício assistencial. E concluiu que, ao longo dos vários anos desde a sua promulgação, a norma passou por um “processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas, políticas, econômicas, sociais e jurídicas”. No ponto, embora o STF não tenha modulado os efeitos da decisão, por insuficiência de quorum, é fácil perceber que a inconstitucionalidade reconhecida não se trata de vício original (até porque tal constitucionalidade já havia sido reconhecida anteriormente em ADI 1232, em 1998), mas superveniente, em decorrência das modificações do estado de fato e de direito. Logo, não tendo o próprio STF fixado um marco temporal para o surgimento de tal inconstitucionalidade, reconheço-a apenas a partir da decisão supra referida. Por fim, não há óbice à aplicabilidade da novel orientação pretoriana aos processos em curso. Isso porque, nos termos do art. 493 do CPC, “Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.” No caso concreto, de acordo com a avaliação social administrativa realizada pela autarquia previdenciária (anexo 24), o grupo familiar da demandante é composto apenas por ela própria, sendo que a única renda mensal decorre do pagamento oriundo do Programa de Transferência de Rendas do Governo Federal (Bolsa Família) no valor de R$ 91,00. O Formulário CadÚnico atualizado (anexo 34) corrobora o precário estado econômico/financeiro da autora. Dessa forma, reputo comprovada a miserabilidade da parte autora. Ao fim, considerando que a data de início de incapacidade fixada no laudo pericial é posterior à data de cessação do benefício anterior, entendo que as parcelas retroativas devem ser pagas somente a partir do ajuizamento da presente ação, consoante entendimento já sedimentado pela TNU. Por todo o exposto, julgo PROCEDENTE EM PARTE A pretensão autoral: a) determinar ao INSS que conceda à parte autora o benefício postulado, com DIP em 01/10/2019. b) condenar o INSS ao pagamento das diferenças devidas a contar do ajuizamento da ação em 09/05/2019, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, Ao pagamento das diferenças devidas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de mora desde a citação, fixando os juros no mesmo patamar de poupança e correção monetária pelo INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença; c) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10(dez) dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste Juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15(quinze) dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00 em desfavor do órgão previdenciário; Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei no 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95, e art. 4o da Lei n.o 9.289/96). Defiro a assistência judiciária gratuita. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
13
0530633-75.2018.4.05.8100
2018-12-04 00:00:00
UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) - Procuradoria da Fazenda Nacional no Ceará - PFN/CE (00.394.460/0223-82)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-07-29 13:37:43
Sentença - IR - auxílio-creche- auxílio-escola -auxílio alimentação e auxílio-transporte
2019-11-28T14:51:23
Acórdão - Com voto
GISELE CHAVES SAMPAIO ALCÂNTARA (TURMA RECURSAL)
2019-11-20 13:00:00
GLEDISON MARQUES FERNANDES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,007
Direito Tributário
Crédito Tributário
Repetição de indébito
2
CE024387
SENTENÇA 1. Relatório. Cuida-se de ação promovida em desfavor da União Federal (Fazenda Nacional), por mio da qual a parte autora se insurge contra a incidência de imposto de renda sobre as parcelas pagas a título de auxílio-almoço, de auxílio-creche, de auxílio pré-escolar e auxílio-transporte, pugnando pela declaração de inexistência de relação jurídico-tributária válida a prestar-se como fundamento para o referido desconto, bem como pela condenação da ré em devolver os valores recolhidos em virtude da incidência da referida exação sobre as verbas em comento. Em sede de contestação, a União Federal defende a improcedência da demanda, sob o argumento, em suma, de que os valores pagos à parte autora a título de auxílio-almoço e auxílio-transporte, possuem natureza salarial e não indenizatória, razão pela qual serviriam de base de cálculo para a incidência do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF.Quanto ao auxílio-creche e auxílio pré-escolar, alegou dispensa para a apresentação de defesa, nos termos do Ato Declaratório no 13/2011, baseado no Parecer PGFN/CRN no 2118/2011 (v.anexo 14). É o que importa relatar, sobretudo por ser dispensada a feitura do relatório, nos termos do art. 38 da Lei n.° 9.099/95, aplicado ao caso por força do art. 1.° da Lei n.o 10.259/2001. É o relatório, decido. 2. Fundamentação. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Não havendo necessidade de dilação probatória, passo ao julgamento antecipado da lide. O imposto de renda incide sobre a renda ou o acréscimo patrimonial de qualquer natureza, conforme assevera o art. 43 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Para o deslinde da querela, deve-se tomar em conta o entendimento já pacificado nos tribunais pátrios de que o pagamento de verbas indenizatórias a empregados/servidores não configura fato gerador de imposto de renda, como definido no art. 43 do Código Tributário Nacional, eis que não corresponde à aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. As verbas recebidas a título de auxílio-alimentação (auxílio-almoço) e auxílio-transporte possuem natureza indenizatória, já que se destinam a cobrir os custos de refeição e deslocamento do empregado, não constituindo acréscimo patrimonial. O § 1.o do art. 22 da Lei n.o 8.460/92, incluído pela Lei no 9.257/97 e a Medida Provisória 2.165/2001 (art. 1o), reconhecem a natureza indenizatória do auxílio-alimentação e do auxílio-transporte ao consignarem que "a concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório" e"Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União, de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho, e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais.". No caso do auxílio-alimentação, embora o referido dispositivo seja destinado aos servidores públicos federais, não se pode tratar de forma diferenciada os empregados públicos, em face do princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, II, da Constituição Federal, segundo o qual é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Ademais, o art. 6.o, I, da Lei n.o 7.713/88 isentou do referido imposto a alimentação recebida pelos trabalhadores. No caso dos autos, os documentos comprovam que a parte autora percebe o auxílio-alimentação, dotado de natureza indenizatória, cujo pagamento deu azo à incidência do imposto de renda (contracheques acostados no anexo 07). É cabível, portanto a restituição do seu indébito, bem como a declaração de não incidência do imposto sobre tais verbas. Nesse sentido, vejamos o posicionamento firmado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO, AUXÍLIO-TRANSPORTE E PROVENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO. 1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao desate da controvérsia, só que de forma contrária aos interesses da parte. Logo, não padece de vícios de omissão, contradição ou obscuridade, a justificar sua anulação por esta Corte. Tese de violação do art. 535 do CPC repelida. 2. Esta Corte já se pronunciou no sentido de que não incide imposto de renda sobre os auxílios alimentação e transporte, por possuírem natureza indenizatória. 3. Entendimento pacífico do STJ quanto à não incidência do imposto de renda sobre proventos de anistiados políticos, nos termos da Lei n. 10.559/2002. Registre-se que a referida isenção também se aplica aos declarados anistiados antes da vigência da Lei n. 10.559/2002, segundo disposto no Decreto n. 4.897/2002, ressalvado o dever de retenção em caso de posterior indeferimento da substituição para o regime de prestação mensal, permanente e continuada. 4. Recurso especial não provido. (STJ, RESP 201102184788, Segunda Turma, DJE 18/10/2011, relator Min. Mauro Campbell Marques, g.n); TRIBUTÁRIO - PROCESSUAL CIVIL - INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC - IMPOSTO DE RENDA - NÃO INCIDÊNCIA SOBRE VERBAS INDENIZATÓRIAS - AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO - AUXÍLIO-TRANSPORTE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental. 2. O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). 3. Não incide imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de indenização. Precedentes. 4. O pagamento de verbas a título de auxílio-alimentação e auxílio-transporte correspondem ao pagamento de verbas indenizatórias, portanto, não incide na espécie imposto de renda. Agravo regimental improvido. (STJ, AGRESP 201000172325, Segunda Turma, DJE 23/4/2010, rel. Min. Humberto Martins, g.n). Referido entendimento também é adotado pelo Tribunal Regional Federal da 5.a Região: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PRELIMINARES REJEITADAS. PRAZO PRESCRICIONAL. LC 118/2005. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO-CRECHE. LICENÇA-PRÊMIO CONVERTIDA EM PECÚNIA. CARÁTER INDENIZATÓRIO. NÃO-INCIDÊNCIA. PRECEDENTES STJ. ATUALIZAÇÃO. SELIC. RESP No 1.111.175. HONORÁRIOS MANTIDOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 566.621 - RS, declarou a inconstitucionalidade do art. 4o da LC 118/2005, estabelecendo que o prazo prescricional de cinco anos, a partir do recolhimento indevido (art. 3o) aplica-se às ações ajuizadas a partir da vigência da citada lei (09 de junho de 2005). 2. Hipótese em que a ação foi proposta após tal data, razão pela qual a prescrição alcança os valores recolhidos há mais de cinco anos do ajuizamento da ação. 3. Não configura acréscimo patrimonial, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, a verba recebida a título de auxílio-creche, auxílio-alimentação e licença-prêmio convertida em pecúnia, pois ostentam natureza indenizatória. Precedentes STJ. 4. Atualização das quantias indevidamente recolhidas pela taxa SELIC. REsp no 1.111.175 - SP, processo submetido ao regime de recurso repetitivo. 5. Verba honorária mantida no percentual de 20% do valor da causa, pois em sintonia com o art. 20, parágrafo 4o, do CPC. 6. Apelação da União e remessa oficial desprovidas. Apelação do particular parcialmente provida. (TRF 5.a Região, APELREEX 00149501820104058300, Quarta Turma, DJE 25/11/2011, p. 248, rel. Desembargador Federal Edílson Nobre, unânime, g.n). Destarte, o recebimento de verbas a título de auxílio-almoço e auxílio-transporte não configuram acréscimo patrimonial nos termos do art. 43 e seus parágrafos do Código Tributário Nacional, tendo em vista a sua natureza indenizatória, de modo que não deve incidir o imposto de renda sobre tais valores, sendo devida, portanto, a restituição pleiteada pela parte autora. Quanto ao pedido autoral de declaração de não incidência do imposto de renda especificamente sobre valores recebidos a título de auxílio-creche/pré-escolar, vejamos. A educação, direito de todos e dever do Estado, é um direito fundamental previsto em diversos artigos da Constituição Federal (arts. 5.o, XXV, 6.o, 205, 208, v.g.) e da legislação pátria, merecendo destaque o art. 54, IV, da Lei n.o 8.069/90 (“É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: (...) IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”) e o art. 7.o do Decreto n.o 977/93, cuja finalidade é regulamentar o disposto no comando legal acima transcrito quanto à assistência pré-escolar destinada aos dependentes de servidores públicos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, este último com a seguinte redação: “Art. 7°. A assistência pré-escolar poderá ser prestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, que consiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade.” Como se pode notar, a assistência pré-escolar pode ser prestada de duas maneiras: de forma direta, mediante a criação de berçários, jardins de infância e pré-escolas; e indireta, por meio de pagamento em pecúnia. Desta forma, é fácil concluir que esta verba (prestação indireta) possui nítido caráter indenizatório, uma vez que se trata de mera devolução de despesa, não integrando, portanto, a base de cálculo do imposto de renda. De acordo com a orientação emanada dos Tribunais, o pagamento de auxílio-creche/pré-escolar tem natureza de ressarcimento, indenizatório, não se subsumindo, desse modo, no conceito de renda, nem representando acréscimo patrimonial apto a ensejar a incidência do tributo sob vergasta. No que concerne ao tema, já se manifestou a jurisprudência, verbis: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valores percebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram o salário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.o 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição" (Precedentes: REsp n.o 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl no REsp n.o 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.o 413.322/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido.” (STJ, AGA 200900546219, Primeira Turma,DJE 20/4/2010, Relator Min. Luiz Fux, unânime, g.n.); “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICO A TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimos patrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos a título de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituem simples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à Administração Pública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.” (STJ, RESP 200703083258, Primeira Turma, DJE 29/4/2009, Teori Albino Zavascki, unânime, g.n.) ; “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBA INDENIZATÓRIA. 1. A verba decorrente do recebimento de auxílio-creche, por possuir natureza indenizatória, não é passível de incidência de imposto de renda. 2. Recurso especial improvido.” (STJ,RESP 200302372692, Segunda Turma,DJ 6/3/2007, p. 249, Relator Min. João Otávio de Noronha, unânime, g.n.) e “Tributário. Apelação contra sentença que afastou a incidência do imposto de renda sobre o auxílio pré-escolar pago pela Administração Pública aos seus servidores. 1. A verba, auferida a título de auxílio pré-escolar, não pode ser considerada rendimento, e, tampouco acréscimo patrimonial, para efeito de tributação do imposto de renda, conforme a definição expressa no art. 43, do Código Tributário Nacional, mas tem nítido caráter indenizatório, por se tratar de mera restituição de uma despesa feita pelo servidor com instituições pré-escolares, cujo encargo a lei atribuiu à Administração Pública. 2. O enunciado da Súmula 310, do Superior Tribunal de Justiça, é claro no sentido de que o auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição. 3. Improvimento do recurso voluntário e da remessa oficial.” (TRF 5.a Região,APELREEX - Apelação / Reexame Necessário – 6812, Terceira Turma, DJE 16/6/2010, p. 251, Relator Desembargador Federal Vladimir Carvalho, unânime, g.n.). No mesmo sentido, mutatis mutandis, reconhecendo a natureza indenizatória para o fim abster-se de recolher contribuição previdenciária sobre o auxílio-creche, sumulou o Superior Tribunal de Justiça sob o n.o 310: “O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição.”. Com este raciocínio, para com todas vênias dos entendimentos dissonantes, tenho que nenhum acréscimo patrimonial advirá à parte demandante, em razão da percepção do auxílio-creche/pré-escolar/escola, que justifique a incidência do imposto de renda sobre essas verbas. Ocorrerá, apenas, a recomposição do patrimônio do trabalhador. Ademais, no caso dos autos, verifica-se que a União Federal, devidamente citada, deixou de oferecer contestação, concordando expressamente com o pedido formulado pela parte autora, em observância ao PARECER PGFN/CRN no 2118/2011, que leva em conta ajurisprudência pacífica dos tribunais superiores, nos seguintes termos (v. anexo no 14): “PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL – PGFN DISPENSAS ADMINISTRATIVAS DE CONTESTAÇÃO, RECURSO E COBRANÇA DISPOSITIVO DO ATO DECLARATÓRIO No 16/2011 APROVADOS PELO PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL No 13) “a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, (1) nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incidem contribuição previdenciária e imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de auxílio-creche pelos trabalhadores até o limite de cinco anos de idade de seus filhos e (2) ficam revogados os Atos Declaratórios PGFN no 2, de 27 de agosto de 2010, e PGFN no 11, de 1o de dezembro de 2008”.”. Dada a natureza indenizatória do auxílio-creche e do auxílio escola, percebidos conforme se denota dos contracheques acostados (anexo 7) sobre eles não deve incidir o imposto de renda, sendo devida, portanto, a restituição pleiteada pela parte autora. Em tal cenário, impõe-se o julgamento pela procedência do pedido. 3. Dispositivo. Ante o exposto, julgo procedente o PEDIDO, para declarar a inexigibilidade de imposto de renda sobre as parcelas pagas à parte autora a título de auxílio-almoço (auxílio-alimentação), auxílio-transporte, auxílio-creche e auxílio pré-escolar (auxílio-escola), condenando a União à restituição dos valores indevidamente descontados, assim como os que porventura tiverem sido recolhidos a esse título no curso desta ação, observada a prescrição. Esclareça-se que o valor da condenação sofre atualização pela taxa SELIC, que substitui a indexação monetária e os juros, nos termos da Súmula no 35 da TNU[1], conforme planilha de cálculo elaborada pela Contadoria deste juízo, parte integrante da presente sentença. Por último, condeno a ré a se abster, quando do levantamento do valor aqui reclamado através da respectiva RPV, de cobrar o imposto de renda de que trata o art. 27, da Lei no 10.833/2003, por se tratar de verba isenta de tal exação, devendo ser oficiado ao Senhor Gerente da Caixa Econômica Federal para as devidas providências. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Interposto recurso voluntário, intime-se a parte contrária para apresentar contrarrazões e encaminhem-se os autos para a Turma Recursal. Transitada esta em julgado, expeça-se a competente RPV com as cautelas de estilo. Após o pagamento da RPV e nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Publique-se.Registre-se.Intimem-se. Fortaleza/CE, data supra. Glêdison Marques Fernandes Juiz Federalda 33a Vara/CE
VOTO Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei n.o 9.099/95. Cinge-se o destramar da lide em determinar se é devida a incidência do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) sobre os valores pagos a título de auxílio-alimentação, auxílio creche, auxílio pré-escolar e auxílio-transporte. Como cediço, o imposto de renda incide sobre a renda ou o acréscimo patrimonial de qualquer natureza, conforme assevera o art. 43 do CTN, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Entretanto, as verbas recebidas a título de auxílio-alimentação e auxílio-transporte ostentam natureza indenizatória, já que se destinam a cobrir os custos de refeição e deslocamento do empregado, não configurando acréscimo patrimonial de qualquer natureza, para fins de tributação. Outrossim, o §1o. do art. 22 da Lei no. 8.460/92, incluído pela Lei no 9.257/97, reconhece a natureza indenizatória do auxílio-alimentação ao consignar que “a concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório”. Logo, tal verba não sofre a incidência do imposto de renda. Embora o referido dispositivo seja destinado aos servidores públicos federais, não se pode tratar de forma diferenciada os empregados públicos, em face do princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, II, da Constituição Federal, segundo o qual é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Nesse sentido, os seguintes julgados do colendo STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO, AUXÍLIO-TRANSPORTE E PROVENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO. 1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao desate da controvérsia, só que de forma contrária aos interesses da parte. Logo, não padece de vícios de omissão, contradição ou obscuridade, a justificar sua anulação por esta Corte. Tese de violação do art. 535 do CPC repelida. 2. Esta Corte já se pronunciou no sentido de que não incide imposto de renda sobre os auxílios alimentação e transporte, por possuírem natureza indenizatória. 3. Entendimento pacífico do STJ quanto à não incidência do imposto de renda sobre proventos de anistiados políticos, nos termos da Lei n. 10.559/2002. Registre-se que a referida isenção também se aplica aos declarados anistiados antes da vigência da Lei n. 10.559/2002, segundo disposto no Decreto n. 4.897/2002, ressalvado o dever de retenção em caso de posterior indeferimento da substituição para o regime de prestação mensal, permanente e continuada. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1278076/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 18/10/2011). TRIBUTÁRIO - PROCESSUAL CIVIL - INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC - IMPOSTO DE RENDA - NÃO INCIDÊNCIA SOBRE VERBAS INDENIZATÓRIAS - AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO - AUXÍLIO TRANSPORTE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental. 2. O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). 3. Não incide imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de indenização. Precedentes. 4. O pagamento de verbas a título de auxílio-alimentação e auxílio-transporte correspondem ao pagamento de verbas indenizatórias, portanto, não incide na espécie imposto de renda. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1177624/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 23/04/2010). Registre-se, ainda, que recentemente a TRU da 5a Região, em Sessão realizada no dia 13/03/2017, se pronunciou no mesmo sentido do exposto acima no processo de no 050328278.2015.4.05.8312, cuja ementa transcrevo: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA - IRPF. “AUXÍLIO-ALMOÇO”. VERBA DESTINADA A RESSARCIR PARCIALMENTE AS DESPESAS DO EMPREGADO COM A SUA PRÓPRIA ALIMENTAÇÃO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IRPF. De outro giro, quanto à incidência de imposto de renda sobre o auxílio-creche, para o deslinde da demanda, deve-se tomar em conta o entendimento já pacificado nos Pretórios de que o pagamento de verbas indenizatórias a empregados/servidores não configura fato gerador de imposto de renda, como definido no art. 43 do Código Tributário Nacional, eis que não corresponde à aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. A educação, direito de todos e dever do Estado, é um direito fundamental previsto em diversos artigos da Constituição Federal (arts. 5.o, XXV, 6.o, 205, 208, v.g.) e da legislação pátria, merecendo destaque o art. 54, IV, da Lei n.o 8.069/90 (“É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: (...) IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”) e o art. 7.o do Decreto n.o 977/93, cuja finalidade é regulamentar o disposto no comando legal acima transcrito quanto à assistência pré-escolar destinada aos dependentes de servidores públicos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, este último com a seguinte redação: “Art. 7°. A assistência pré-escolar poderá ser prestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, que consiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade.” Como se pode notar, a assistência pré-escolar pode ser prestada de duas maneiras: de forma direta, mediante a criação de berçários, jardins de infância e pré-escolas; e indireta, por meio de pagamento em pecúnia. Desta forma, é fácil concluir que esta verba (prestação indireta) possui nítido caráter indenizatório, uma vez que se trata de mera devolução de despesa, não integrando, portanto, a base de cálculo do imposto de renda. De acordo com a orientação emanada dos Tribunais, o pagamento de auxílio-creche/pré-escolar tem natureza de ressarcimento, indenizatório, não se subsumindo, desse modo, no conceito de renda, nem representando acréscimo patrimonial apto a ensejar a incidência do tributo sob vergasta. No que concerne ao tema, já se manifestou a jurisprudência, verbis: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICO A TÍTULO DE AUXÍLIO PRÉ-ESCOLAR. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA "A percepção de auxilio pré-escolar (ou auxílio-creche) não se ajusta à hipótese de incidência tributária do imposto de renda consistente na obtenção de acréscimo patrimonial decorrente da aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza (CTN, art. 43). Precedente: REsp 1.019.017/PI, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 29/4/2009. O auxílio pré-escolar, longe de incrementar o patrimônio de quem o recebe, refere-se à compensação (reembolso) efetuada pelo empregador com vistas a efetivar um direito que já se encontrava na esfera patrimonial do trabalhador, qual seja, o direito à assistência em creches e pré-escolas (CF, art. 7o, XXV)" (REsp 1.416.409/PB, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 5/3/2015, DJe 12/3/2015).Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1504862/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 11/05/2015). No mesmo sentido, é o entendimento do tema representativo 61 da TNU: “ Não incide imposto de renda sobre auxílio-creche, por tratar-se de vantagem com caráter indenizatório” Por tal razão, deve o julgado ser mantido em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei n.o 9.099/95. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor atualizado da condenação. Recurso ao qual se nega provimento. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e Gisele Chaves Sampaio Alcântara. Fortaleza, 20 de novembro de 2019. GISELE CHAVES SAMPAIO ALCÂNTARA
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33-CE
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236.731053
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Cuida-se de ação promovida em desfavor da União Federal (Fazenda Nacional), por mio da qual a parte autora se insurge contra a incidência de imposto de renda sobre as parcelas pagas a título de auxílio-almoço, de auxílio-creche, de auxílio pré-escolar e auxílio-transporte, pugnando pela declaração de inexistência de relação jurídico-tributária válida a prestar-se como fundamento para o referido desconto, bem como pela condenação da ré em devolver os valores recolhidos em virtude da incidência da referida exação sobre as verbas em comento. Em sede de contestação, a União Federal defende a improcedência da demanda, sob o argumento, em suma, de que os valores pagos à parte autora a título de auxílio-almoço e auxílio-transporte, possuem natureza salarial e não indenizatória, razão pela qual serviriam de base de cálculo para a incidência do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF.Quanto ao auxílio-creche e auxílio pré-escolar, alegou dispensa para a apresentação de defesa, nos termos do Ato Declaratório no 13/2011, baseado no Parecer PGFN/CRN no 2118/2011 (v.anexo 14). É o que importa relatar, sobretudo por ser dispensada a feitura do relatório, nos termos do art. 38 da Lei n.° 9.099/95, aplicado ao caso por força do art. 1.° da Lei n.o 10.259/2001. É o relatório, decido. 2. Fundamentação. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Não havendo necessidade de dilação probatória, passo ao julgamento antecipado da lide. O imposto de renda incide sobre a renda ou o acréscimo patrimonial de qualquer natureza, conforme assevera o art. 43 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Para o deslinde da querela, deve-se tomar em conta o entendimento já pacificado nos tribunais pátrios de que o pagamento de verbas indenizatórias a empregados/servidores não configura fato gerador de imposto de renda, como definido no art. 43 do Código Tributário Nacional, eis que não corresponde à aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza. As verbas recebidas a título de auxílio-alimentação (auxílio-almoço) e auxílio-transporte possuem natureza indenizatória, já que se destinam a cobrir os custos de refeição e deslocamento do empregado, não constituindo acréscimo patrimonial. O § 1.o do art. 22 da Lei n.o 8.460/92, incluído pela Lei no 9.257/97 e a Medida Provisória 2.165/2001 (art. 1o), reconhecem a natureza indenizatória do auxílio-alimentação e do auxílio-transporte ao consignarem que "a concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório" e"Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União, de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho, e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais.". No caso do auxílio-alimentação, embora o referido dispositivo seja destinado aos servidores públicos federais, não se pode tratar de forma diferenciada os empregados públicos, em face do princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, II, da Constituição Federal, segundo o qual é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Ademais, o art. 6.o, I, da Lei n.o 7.713/88 isentou do referido imposto a alimentação recebida pelos trabalhadores. No caso dos autos, os documentos comprovam que a parte autora percebe o auxílio-alimentação, dotado de natureza indenizatória, cujo pagamento deu azo à incidência do imposto de renda (contracheques acostados no anexo 07). É cabível, portanto a restituição do seu indébito, bem como a declaração de não incidência do imposto sobre tais verbas. Nesse sentido, vejamos o posicionamento firmado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO, AUXÍLIO-TRANSPORTE E PROVENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO. 1. O acórdão recorrido analisou todas as questões necessárias ao desate da controvérsia, só que de forma contrária aos interesses da parte. Logo, não padece de vícios de omissão, contradição ou obscuridade, a justificar sua anulação por esta Corte. Tese de violação do art. 535 do CPC repelida. 2. Esta Corte já se pronunciou no sentido de que não incide imposto de renda sobre os auxílios alimentação e transporte, por possuírem natureza indenizatória. 3. Entendimento pacífico do STJ quanto à não incidência do imposto de renda sobre proventos de anistiados políticos, nos termos da Lei n. 10.559/2002. Registre-se que a referida isenção também se aplica aos declarados anistiados antes da vigência da Lei n. 10.559/2002, segundo disposto no Decreto n. 4.897/2002, ressalvado o dever de retenção em caso de posterior indeferimento da substituição para o regime de prestação mensal, permanente e continuada. 4. Recurso especial não provido. (STJ, RESP 201102184788, Segunda Turma, DJE 18/10/2011, relator Min. Mauro Campbell Marques, g.n); TRIBUTÁRIO - PROCESSUAL CIVIL - INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC - IMPOSTO DE RENDA - NÃO INCIDÊNCIA SOBRE VERBAS INDENIZATÓRIAS - AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO - AUXÍLIO-TRANSPORTE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental. 2. O fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrente de acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN). 3. Não incide imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de indenização. Precedentes. 4. O pagamento de verbas a título de auxílio-alimentação e auxílio-transporte correspondem ao pagamento de verbas indenizatórias, portanto, não incide na espécie imposto de renda. Agravo regimental improvido. (STJ, AGRESP 201000172325, Segunda Turma, DJE 23/4/2010, rel. Min. Humberto Martins, g.n). Referido entendimento também é adotado pelo Tribunal Regional Federal da 5.a Região: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PRELIMINARES REJEITADAS. PRAZO PRESCRICIONAL. LC 118/2005. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. AUXÍLIO-CRECHE. LICENÇA-PRÊMIO CONVERTIDA EM PECÚNIA. CARÁTER INDENIZATÓRIO. NÃO-INCIDÊNCIA. PRECEDENTES STJ. ATUALIZAÇÃO. SELIC. RESP No 1.111.175. HONORÁRIOS MANTIDOS. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 566.621 - RS, declarou a inconstitucionalidade do art. 4o da LC 118/2005, estabelecendo que o prazo prescricional de cinco anos, a partir do recolhimento indevido (art. 3o) aplica-se às ações ajuizadas a partir da vigência da citada lei (09 de junho de 2005). 2. Hipótese em que a ação foi proposta após tal data, razão pela qual a prescrição alcança os valores recolhidos há mais de cinco anos do ajuizamento da ação. 3. Não configura acréscimo patrimonial, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, a verba recebida a título de auxílio-creche, auxílio-alimentação e licença-prêmio convertida em pecúnia, pois ostentam natureza indenizatória. Precedentes STJ. 4. Atualização das quantias indevidamente recolhidas pela taxa SELIC. REsp no 1.111.175 - SP, processo submetido ao regime de recurso repetitivo. 5. Verba honorária mantida no percentual de 20% do valor da causa, pois em sintonia com o art. 20, parágrafo 4o, do CPC. 6. Apelação da União e remessa oficial desprovidas. Apelação do particular parcialmente provida. (TRF 5.a Região, APELREEX 00149501820104058300, Quarta Turma, DJE 25/11/2011, p. 248, rel. Desembargador Federal Edílson Nobre, unânime, g.n). Destarte, o recebimento de verbas a título de auxílio-almoço e auxílio-transporte não configuram acréscimo patrimonial nos termos do art. 43 e seus parágrafos do Código Tributário Nacional, tendo em vista a sua natureza indenizatória, de modo que não deve incidir o imposto de renda sobre tais valores, sendo devida, portanto, a restituição pleiteada pela parte autora. Quanto ao pedido autoral de declaração de não incidência do imposto de renda especificamente sobre valores recebidos a título de auxílio-creche/pré-escolar, vejamos. A educação, direito de todos e dever do Estado, é um direito fundamental previsto em diversos artigos da Constituição Federal (arts. 5.o, XXV, 6.o, 205, 208, v.g.) e da legislação pátria, merecendo destaque o art. 54, IV, da Lei n.o 8.069/90 (“É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: (...) IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”) e o art. 7.o do Decreto n.o 977/93, cuja finalidade é regulamentar o disposto no comando legal acima transcrito quanto à assistência pré-escolar destinada aos dependentes de servidores públicos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, este último com a seguinte redação: “Art. 7°. A assistência pré-escolar poderá ser prestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, que consiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade.” Como se pode notar, a assistência pré-escolar pode ser prestada de duas maneiras: de forma direta, mediante a criação de berçários, jardins de infância e pré-escolas; e indireta, por meio de pagamento em pecúnia. Desta forma, é fácil concluir que esta verba (prestação indireta) possui nítido caráter indenizatório, uma vez que se trata de mera devolução de despesa, não integrando, portanto, a base de cálculo do imposto de renda. De acordo com a orientação emanada dos Tribunais, o pagamento de auxílio-creche/pré-escolar tem natureza de ressarcimento, indenizatório, não se subsumindo, desse modo, no conceito de renda, nem representando acréscimo patrimonial apto a ensejar a incidência do tributo sob vergasta. No que concerne ao tema, já se manifestou a jurisprudência, verbis: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBAS DE CARÁTER REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. 1. Os valores percebidos a título de auxílio-creche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram o salário-de-contribuição. Inteligência do verbete sumular n.o 310/STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição" (Precedentes: REsp n.o 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl no REsp n.o 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.o 413.322/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU de 14/04/2003) 2. Agravo Regimental desprovido.” (STJ, AGA 200900546219, Primeira Turma,DJE 20/4/2010, Relator Min. Luiz Fux, unânime, g.n.); “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS. REVISÃO DA VERBA FIXADA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PAGAMENTO A SERVIDOR PÚBLICO A TÍTULO DE AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA. REGIME TRIBUTÁRIO DAS INDENIZAÇÕES. 1. O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador, nos termos do art. 43 e seus parágrafos do CTN, os "acréscimos patrimoniais", assim entendidos os acréscimos ao patrimônio material do contribuinte. 2. No caso, os valores recebidos a título de "auxílio-creche", possuem natureza indenizatória e não representam acréscimo patrimonial, já que constituem simples reembolsos de despesas efetuadas pelos servidores por conta de obrigação legalmente imposta à Administração Pública. 3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.” (STJ, RESP 200703083258, Primeira Turma, DJE 29/4/2009, Teori Albino Zavascki, unânime, g.n.) ; “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. AUXÍLIO-CRECHE. NÃO-INCIDÊNCIA. VERBA INDENIZATÓRIA. 1. A verba decorrente do recebimento de auxílio-creche, por possuir natureza indenizatória, não é passível de incidência de imposto de renda. 2. Recurso especial improvido.” (STJ,RESP 200302372692, Segunda Turma,DJ 6/3/2007, p. 249, Relator Min. João Otávio de Noronha, unânime, g.n.) e “Tributário. Apelação contra sentença que afastou a incidência do imposto de renda sobre o auxílio pré-escolar pago pela Administração Pública aos seus servidores. 1. A verba, auferida a título de auxílio pré-escolar, não pode ser considerada rendimento, e, tampouco acréscimo patrimonial, para efeito de tributação do imposto de renda, conforme a definição expressa no art. 43, do Código Tributário Nacional, mas tem nítido caráter indenizatório, por se tratar de mera restituição de uma despesa feita pelo servidor com instituições pré-escolares, cujo encargo a lei atribuiu à Administração Pública. 2. O enunciado da Súmula 310, do Superior Tribunal de Justiça, é claro no sentido de que o auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição. 3. Improvimento do recurso voluntário e da remessa oficial.” (TRF 5.a Região,APELREEX - Apelação / Reexame Necessário – 6812, Terceira Turma, DJE 16/6/2010, p. 251, Relator Desembargador Federal Vladimir Carvalho, unânime, g.n.). No mesmo sentido, mutatis mutandis, reconhecendo a natureza indenizatória para o fim abster-se de recolher contribuição previdenciária sobre o auxílio-creche, sumulou o Superior Tribunal de Justiça sob o n.o 310: “O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição.”. Com este raciocínio, para com todas vênias dos entendimentos dissonantes, tenho que nenhum acréscimo patrimonial advirá à parte demandante, em razão da percepção do auxílio-creche/pré-escolar/escola, que justifique a incidência do imposto de renda sobre essas verbas. Ocorrerá, apenas, a recomposição do patrimônio do trabalhador. Ademais, no caso dos autos, verifica-se que a União Federal, devidamente citada, deixou de oferecer contestação, concordando expressamente com o pedido formulado pela parte autora, em observância ao PARECER PGFN/CRN no 2118/2011, que leva em conta ajurisprudência pacífica dos tribunais superiores, nos seguintes termos (v. anexo no 14): “PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL – PGFN DISPENSAS ADMINISTRATIVAS DE CONTESTAÇÃO, RECURSO E COBRANÇA DISPOSITIVO DO ATO DECLARATÓRIO No 16/2011 APROVADOS PELO PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL No 13) “a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, (1) nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incidem contribuição previdenciária e imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de auxílio-creche pelos trabalhadores até o limite de cinco anos de idade de seus filhos e (2) ficam revogados os Atos Declaratórios PGFN no 2, de 27 de agosto de 2010, e PGFN no 11, de 1o de dezembro de 2008”.”. Dada a natureza indenizatória do auxílio-creche e do auxílio escola, percebidos conforme se denota dos contracheques acostados (anexo 7) sobre eles não deve incidir o imposto de renda, sendo devida, portanto, a restituição pleiteada pela parte autora. Em tal cenário, impõe-se o julgamento pela procedência do pedido. 3. Dispositivo. Ante o exposto, julgo procedente o PEDIDO, para declarar a inexigibilidade de imposto de renda sobre as parcelas pagas à parte autora a título de auxílio-almoço (auxílio-alimentação), auxílio-transporte, auxílio-creche e auxílio pré-escolar (auxílio-escola), condenando a União à restituição dos valores indevidamente descontados, assim como os que porventura tiverem sido recolhidos a esse título no curso desta ação, observada a prescrição. Esclareça-se que o valor da condenação sofre atualização pela taxa SELIC, que substitui a indexação monetária e os juros, nos termos da Súmula no 35 da TNU[1], conforme planilha de cálculo elaborada pela Contadoria deste juízo, parte integrante da presente sentença. Por último, condeno a ré a se abster, quando do levantamento do valor aqui reclamado através da respectiva RPV, de cobrar o imposto de renda de que trata o art. 27, da Lei no 10.833/2003, por se tratar de verba isenta de tal exação, devendo ser oficiado ao Senhor Gerente da Caixa Econômica Federal para as devidas providências. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Interposto recurso voluntário, intime-se a parte contrária para apresentar contrarrazões e encaminhem-se os autos para a Turma Recursal. Transitada esta em julgado, expeça-se a competente RPV com as cautelas de estilo. Após o pagamento da RPV e nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Publique-se.Registre-se.Intimem-se. Fortaleza/CE, data supra. Glêdison Marques Fernandes Juiz Federalda 33a Vara/CE
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
4
0502155-78.2019.4.05.8308
2019-07-27 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-10-29 11:31:11
Sentença - Laudo desfavorável
2019-12-02T09:16:54
Acórdão - AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE.
Cláudio Kitner
2019-11-29 13:00:00
THALYNNI MARIA DE LAVOR PASSOS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PE036315
SENTENÇA I – Relatório Dispensado o relatório nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente ao Juizado Especial Federal em virtude do disposto no art. 1o da Lei 10.259/01. II - Fundamentação Cuida-se de ação proposta por JULYANNE PEREIRA NETO em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, colimando a concessão do benefício do auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Sem preliminares. Sem prejudiciais. Adentro ao mérito. A propósito dos benefícios previdenciários em questão, confira-se a legislação vigente: "Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. § 1.o A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2.o A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. "Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Destarte, a percepção do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez demanda a satisfação dos seguintes requisitos erigidos como essenciais pela legislação reitora da matéria (art. 25, art. 42 e art. 59 da Lei n.o 8.213/1991): Qualidade de segurado do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Carência de 12 (doze) meses. Incapacidade total e permanente. Na espécie, a prova pericial constatou que a parte autora está capaz. Confira-se o seguinte fragmento do complemento do laudo pericial (doc. 23): [...] DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: “Conclui-se que a pericianda não apresenta incapacidade.” Em relação ao pedido da parte autora sobre a complementação do laudo pericial, verifico que, apesar de ter acostado novos laudos, o momento oportuno para apresentação dos exames era na data de realização da perícia. Dessa forma, rejeito a complementação do laudo pericial, pois a perícia já analisou a doença com base em toda a documentação do processo, e INDEFIRO o pedido da parte autora. As partes foram regularmente intimadas para se manifestar sobre o laudo. Vez que estas não apresentaram, na oportunidade, qualquer vício no trabalho realizado pelo perito passivo de inquiná-lo de nulidade, não diviso óbices em adotar as conclusões ali apresentadas como razão de decidir. Destaque-se, ademais, que o laudo pericial foi emitido a partir de exame físico, afigurando-se satisfatório e adequado como meio probante. Desse modo, considerando que o laudo se afigurou como meio satisfatório e adequado à prova dos fatos, não há outra alternativa senão o indeferimento do pleito, tendo em vista a comprovação de que a capacidade laborativa da parte autora está preservada. Defrontado com esse quadro, curial a rejeição do pedido. III - DISPOSITIVO Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil). Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). Certificado o trânsito em julgado, ARQUIVEM-SE os autos. Expedientes necessários. P. R. I. Petrolina/PE, data da validação.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.CAPACIDADE LABORATIVA PRESERVADA.LAUDO MÉDICO OFICIAL ELABORADO POR TERCEIRO IMPARCIAL GOZA DE PRESUNÇÃO DE VERACIDADE.SOBREPOSIÇÃO DE LAUDOS PARTICULARES AOS LAUDOS JUDICIAIS.TESE REPELIDA PELA JURISPRUDÊNCIA DA TURMA.RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o seu pedido de concessão de benefício previdenciário de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Aduz a parte autora que, após a produção da prova pericial, passou novamente por consultas médicas com especialistas (fisioterapeuta, ortopedista, psiquiatra), que continuaram atestando a sua incapacidade laboral. Suficientemente relatado, passo a fundamentar. Cinge-se a controvérsia à existência de incapacidade. Um dos requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença é a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual, incluindo aqui as anteriormente exercidas (art. 42 e 59 da LBPS). Tal requisito, todavia, restou categoricamente afastado pelo laudo pericial, consoante se depreende da fundamentação sentencial, a qual adoto como razão de decidir: “...Em relação ao pedido da parte autora sobre a complementação do laudo pericial, verifico que, apesar de ter acostado novos laudos, o momento oportuno para apresentação dos exames era na data de realização da perícia. Dessa forma, rejeito a complementação do laudo pericial, pois a perícia já analisou a doença com base em toda a documentação do processo, e INDEFIRO o pedido da parte autora. As partes foram regularmente intimadas para se manifestar sobre o laudo. Vez que estas não apresentaram, na oportunidade, qualquer vício no trabalho realizado pelo perito passivo de inquiná-lo de nulidade, não diviso óbices em adotar as conclusões ali apresentadas como razão de decidir. Destaque-se, ademais, que o laudo pericial foi emitido a partir de exame físico, afigurando-se satisfatório e adequado como meio probante. Desse modo, considerando que o laudo se afigurou como meio satisfatório e adequado à prova dos fatos, não há outra alternativa senão o indeferimento do pleito, tendo em vista a comprovação de que a capacidade laborativa da parte autora está preservada”. Dessa forma, com o estabelecimento, pelo perito judicial, da ausência de incapacidade, outra conclusão não há que a da inexistência do direito vindicado. Saliento que a sobreposição de laudos particulares apresentados pela parte autora aos laudos judiciais é tese que tem sido repelida pela jurisprudência desta Turma Recursal. Então, não vejo motivo para afastar a conclusão pericial, precipuamente quando o laudo da autarquia coincide com o laudo judicial, em sentido contrário à pretensão autoral, não merecendo qualquer reparo a sentença vergastada. Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). Finalmente, e tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória ensejará a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos artigos 81 e 1026 do CPC. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA, nos moldes da fundamentação acima. Arbitro condenação em honorários em desfavor da parte autora em 10% (dez por cento), sobre o valor atualizado da causa, ficando suspensa a cobrança, enquanto perdurar a condição de hipossuficiência, durante o prazo prescricional de cinco anos. É como voto. ACÓRDÃO Decide a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto supra. Recife, data do julgamento.
622
592
0
0
8-PE
1
92.468183
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
aplicável subsidiariamente ao Juizado Especial Federal em virtude do disposto no art. 1o da Lei 10.259/01. II - Fundamentação Cuida-se de ação proposta por JULYANNE PEREIRA NETO em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, colimando a concessão do benefício do auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Sem preliminares. Sem prejudiciais. Adentro ao mérito. A propósito dos benefícios previdenciários em questão, confira-se a legislação vigente: "Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. § 1.o A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2.o A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. "Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Destarte, a percepção do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez demanda a satisfação dos seguintes requisitos erigidos como essenciais pela legislação reitora da matéria (art. 25, art. 42 e art. 59 da Lei n.o 8.213/1991): Qualidade de segurado do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). Carência de 12 (doze) meses. Incapacidade total e permanente. Na espécie, a prova pericial constatou que a parte autora está capaz. Confira-se o seguinte fragmento do complemento do laudo pericial (doc. 23): [...] DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: “Conclui-se que a pericianda não apresenta incapacidade.” Em relação ao pedido da parte autora sobre a complementação do laudo pericial, verifico que, apesar de ter acostado novos laudos, o momento oportuno para apresentação dos exames era na data de realização da perícia. Dessa forma, rejeito a complementação do laudo pericial, pois a perícia já analisou a doença com base em toda a documentação do processo, e INDEFIRO o pedido da parte autora. As partes foram regularmente intimadas para se manifestar sobre o laudo. Vez que estas não apresentaram, na oportunidade, qualquer vício no trabalho realizado pelo perito passivo de inquiná-lo de nulidade, não diviso óbices em adotar as conclusões ali apresentadas como razão de decidir. Destaque-se, ademais, que o laudo pericial foi emitido a partir de exame físico, afigurando-se satisfatório e adequado como meio probante. Desse modo, considerando que o laudo se afigurou como meio satisfatório e adequado à prova dos fatos, não há outra alternativa senão o indeferimento do pleito, tendo em vista a comprovação de que a capacidade laborativa da parte autora está preservada. Defrontado com esse quadro, curial a rejeição do pedido. III - DISPOSITIVO Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil). Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). Certificado o trânsito em julgado, ARQUIVEM-SE os autos. Expedientes necessários. P. R. I. Petrolina/PE, data da validação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0503846-85.2018.4.05.8204
2018-12-19 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS GUARABIRA (13.001.020) (29.979.036/0167-30) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-07-26 07:58:03
Sentença - Auxílio-doença - procedente
2019-12-02T15:56:45
Acórdão - PROVIMENTO PARCIAL
FERNANDO AMÉRICO DE FIGUEIREDO PORTO
2019-11-22 09:00:00
TERCIUS GONDIM MAIA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
1
PB010248
PROCESSO 0503846-85.2018.4.05.8204S SENTENÇA RELATÓRIO Dispensado (Lei no. 9.099/95). FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – objetivando a concessão de auxílio-doença, além da condenação da autarquia ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas, acrescidas de correção monetária e juros de mora. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei no 8.213/91). Doença ou lesão preexistente – o benefício não é devido ao segurado que se filiar ao RGPS já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (art. 59, pg. único da Lei no 8.213/91). Requisitos para a concessão do benefício: a) qualidade de segurado; b) cumprimento da carência, consistente em 12 (doze) contribuições mensais imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ou, no caso do segurado especial, o exercício de atividade rural, ainda de que forma descontínua, no período de 12 (doze) meses imediatamente anterior ao requerimento do benefício (art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no 8.213/91), salvo quando a incapacidade decorrer de acidente de qualquer natureza ou causa, ou de alguma das doenças especificadas no art. 151 da Lei no 8.213/91, hipóteses em que a carência é dispensada na forma do art. 26, II, da Lei no 8.213/91. No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação ao RGPS, com 6 (seis) contribuições mensais (art. 27-A da Lei no 8.213/91); c) existência de incapacidade laboral por mais de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 59 da Lei no 8.213/91. Data de início do benefício – a) segurado empregado, exceto o doméstico – a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, ficando a cargo da empresa o pagamento do salário integral do segurado referente aos primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de doença; b) demais segurados – a contar do início da incapacidade (art. 60, caput, da Lei no 8.213/91). Quando for requerido por segurado, inclusive o empregado, afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento administrativo (art. 60, § 1o, da Lei no 8.213/91). Data de cessação do benefício – não sendo fixado o prazo de sua duração no ato de concessão ou de reativação do auxílio-doença, o benefício cessará após o prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da data da concessão ou da reativação do auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS (art. 60, § § 8o e 9o, da Lei no 8.213/91). Data de cessação do benefício no caso de segurado insuscetível de recuperação para sua atividade habitual – o benefício será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez (art. 62 da Lei no 8.213/91). Da análise do preenchimento dos requisitos legais: No caso em tela, a parte autora pleiteia o restabelecimento de auxílio-doença alegando que está incapacitada para o exercício de seu trabalho habitual. O benefício foi cessado administrativamente em 09/11/2018 (anexo 07 – fls. 09). Qualidade de segurado e cumprimento da carência – foram demonstrados pelo CNIS (anexo 09), uma vez que a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença (NB: 551.361.663-3) no período do 13/11/2009 a 09/11/2018, na condição de segurado urbano. Incapacidade para o trabalho – o perito judicial concluiu que o demandante é portador de “B91 - Sequelas de poliomielite; M54.5 - Dor lombar baixa; M51.8 - Outros transtornos especificados de discos intervertebrais”, o que lhe causa incapacidade parcial e permanente para o exercício de sua atividade laboral (anexo 08). Consignou, ainda, que “as patologias que acometem o autor cursam com quadro álgico importante, incapacitando a continuidade de suas atividades laborais. Apto para atividades que não exija esforço físico, agachamento ou longos períodos em ortostase”. Nesse passo, diante do conjunto probatório, depreende-se que a parte autora, embora não esteja incapacitada para toda e qualquer atividade laboral, apresenta patologia que a incapacita para o trabalho do qual anteriormente se ocupava, uma vez que a patologia é de caráter permanente, o que é suficiente para a concessão do benefício de auxílio-doença, até que seja reabilitada pelo INSS para desenvolver outra atividade laboral que lhe garanta o sustento, como determina a Lei no 8.213/91. Se constatada, ao final do processo de reabilitação, a impossibilidade de recuperação da promovente, deverá seguir-se o que dispõe o parágrafo único do art. 62 da LBPS: Art. 62.O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Parágrafo único.O benefício a que se refere o caput deste artigo será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. (grifo nosso) Em tais termos, não vislumbrando, no laudo, contradição, insegurança nem inconsistência perceptível para um leigo no assunto, não há razão para desconsiderá-lo, tampouco, para a realização de audiência, de maneira que o caso é de acolhimento da pretensão apresentada. Data de início do benefício – considerando que o expert informou que a incapacidade teve início em “13/03/2019. Data que foi realizada tomografia computadorizada da coluna lombossacra.” No entanto, diante da existência de atestado datado de 06/08/2018 (anexo 04), constata-se que certamente a doença a que é acometida o autor já existia bem antes da data da realização da Tomografia Computadorizada, de tal sorte que o referido exame consigna uma condição que certamente já existia bem antes da data em que foi realizado. Reforçando tal conclusão deve ser considerado que o autor recebeu auxílio-doença no período de 13/11/2009 a 09/11/2018. As circunstâncias acima discriminadas autorizam concluir que o autor no momento da cessação administrativa do benefício perante o INSS ainda se encontrava acometida da doença que o incapacitava, razão pela qual o benefício deve ser concedido a contar da data imediatamente posterior a cessação do benefício, ou seja, em 10/11/2018. Data da cessação do benefício: no presente caso, considerando que o perito judicial não estimou data de recuperação para a patologia da demandante, esclarecendo que se trata de patologia de caráter permanente, deixo de fixar a data de cessação do benefício, ficando esta condicionada à realização de perícia médica na via administrativa. Correção monetária e juros de mora O Supremo Tribunal Federal, ao resolver questão de ordem na ADI 4.425/DF, manteve, até 25/03/2015, a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR) para fins de atualização monetária dos créditos inscritos em precatórios, nos termos da Emenda Constitucional no 62/2009. É certo que as normas constitucionais declaradas inconstitucionais no julgamento da ADI no 4.425/DF (§ 12 do art. 100 da CF, incluído pela EC no 62/2009, e, por arrastamento, o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09) referem-se apenas à atualização dos créditos inscritos em precatório, não alcançando a atualização referente ao período anterior à inscrição do crédito na requisição de pagamento. Nesse sentido, inclusive, o próprio Supremo Tribunal Federal, tanto no RE 870.947-SE, quanto na Rcl n. 21.147-MC, deixou claro que não se manifestou sobre a constitucionalidade da Taxa Referencial e dos juros da poupança como índices aplicáveis às condenações judiciais, já que o julgado (ADIs 4.357 e 4.425) se restringiu a declarar como inconstitucional a utilização desses índices entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento. No julgamento do RE 870.947/SE, o Supremo Tribunal Federal examinou a constitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97 no que diz respeito à atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública até a expedição do requisitório, isto é, entre o dano efetivo/ajuizamento da demanda e a condenação, bem como no que diz respeito à fixação dos juros moratórios nas condenações impostas à Fazenda Pública. Ao final do julgamento, apreciando o tema 810 da repercussão geral, o STF fixou as seguintes teses: I) o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia; quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09; II) o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade, uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Declarada pelo STF, portanto, a inconstitucionalidade da TR como índice de atualização monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública, na forma prevista no art. 1o-F da Lei no 9.494/94, na redação dada pela Lei no 11.960/2009, determino, por conseguinte, a aplicação dos índices de correção monetária previstos no Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal (INPC, IPCA-E, SELIC, conforme o caso). Com relação à taxa de juros de mora, na linha do que foi decidido pelo STF no julgamento do RE 870.947/SE, e considerando que a condenação não decorre de relação jurídico-tributária, também deve ser observado o Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, que dispõe que deve ser aplicada a disciplina prevista no art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com as modificações operadas pela Lei no 11.960/2009 (e, a partir 2012, também com as modificações determinadas pela MP no 567/2012, convertida na Lei no 12.703/2012). DISPOSITIVO Posto isso, julgo parcialmente PROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, com fundamento no art. 487, inciso I do CPC, determinando a concessão do benefício abaixo identificado: NOME DOSEGURADO ADRIANO RIBEIRO DA COSTA ESPÉCIEDE BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA NÚMERODO BENEFÍCIO 551.361.663-3 DIB 10/11/2018 DIP 01/07/2019 DCB ---------- Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso desde 10/11/2018 (DIB) até 30/06/2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente. Antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP, através de intimação dirigida à ADJ, comprovando, nos autos, o cumprimento da medida. Saliento que, havendo o interesse na prorrogação do benefício ora concedido, compete à parte autora, nos termos do parágrafo 11, do art. 60 da Lei n. 8213/91, com a redação conferida pela Lei n. 13.457/2017, formalizar pedido administrativo perante o INSS. Este, por sua vez, deverá manter o benefício ativo até que o segurado seja reabilitado pela autarquia previdenciária para o desempenho de outra atividade laboral que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei 9.099/95 c/c art. 98 do CPC/2015, cujos benefícios de gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado: a. determino a intimação do INSS para, em 10 (dez) dias, informar a RMI do benefício concedido, observando o acima determinado. Após remetam-se os autos à contadoria para cálculo das verbas vencidas; b. proceda-se na forma dos arts. 16 e 17 da Lei n. 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício e efetuado o pagamento dos atrasados através de RPV, observando-se o que dispõe a Resolução n. 405/2016 do CJF e, ainda, a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, se for o caso. Remetida a requisição ao TRF da 5a Região, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Guarabira/PB, conforme data de validação.
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. SUBMISSÃO À REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. RECURSO DO INSS. OPOSIÇÃO À DETERMINAÇÃO DE REABILITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE PRERROGATIVA ADMINISTRATIVA. INOCORRÊNCIA. POSSIBILIDADE DE O JUDICIÁRIO DETERMINAR O ENCAMINHAMENTO DO DEMANDANTE A SUBMISSÃO AO EXAME ADMINISTRATIVO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. PROVIMENTO PARCIAL. 1.A sentença foi de procedência, para condenar o ente público ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, determinando, ainda, a submissão do autor ao processo de reabilitação profissional. 2. O ente público recorre, pleiteando o reconhecimento da sua discricionariedade na condução do procedimento de reabilitação profissional, afastando a imposição judicial de cumprimento obrigatório deste programa. 3. A sentença motivou a procedência do pedido sob o entendimento de que: “No caso em tela, a parte autora pleiteia o restabelecimento de auxílio-doença alegando que está incapacitada para o exercício de seu trabalho habitual. O benefício foi cessado administrativamente em 09/11/2018 (anexo 07 – fls. 09). Qualidade de segurado e cumprimento da carência – foram demonstrados pelo CNIS (anexo 09), uma vez que a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença (NB: 551.361.663-3) no período do 13/11/2009 a 09/11/2018, na condição de segurado urbano. Incapacidade para o trabalho – o perito judicial concluiu que o demandante é portador de “B91 - Sequelas de poliomielite; M54.5 - Dor lombar baixa; M51.8 - Outros transtornos especificados de discos intervertebrais”, o que lhe causa incapacidade parcial e permanente para o exercício de sua atividade laboral (anexo 08). Consignou, ainda, que “as patologias que acometem o autor cursam com quadro álgico importante, incapacitando a continuidade de suas atividades laborais. Apto para atividades que não exija esforço físico, agachamento ou longos períodos em ortostase”. Nesse passo, diante do conjunto probatório, depreende-se que a parte autora, embora não esteja incapacitada para toda e qualquer atividade laboral, apresenta patologia que a incapacita para o trabalho do qual anteriormente se ocupava, uma vez que a patologia é de caráter permanente, o que é suficiente para a concessão do benefício de auxílio-doença, até que seja reabilitada pelo INSS para desenvolver outra atividade laboral que lhe garanta o sustento, como determina a Lei no 8.213/91. Se constatada, ao final do processo de reabilitação, a impossibilidade de recuperação da promovente, deverá seguir-se o que dispõe o parágrafo único do art. 62 da LBPS: Art. 62.O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Parágrafo único.O benefício a que se refere o caput deste artigo será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. (grifo nosso) Em tais termos, não vislumbrando, no laudo, contradição, insegurança nem inconsistência perceptível para um leigo no assunto, não há razão para desconsiderá-lo, tampouco, para a realização de audiência, de maneira que o caso é de acolhimento da pretensão apresentada.”. 4. Quanto à possibilidade de se impor ao INSS a submissão da parte autora ao processo de reabilitação profissional, merece provimento parcial o recurso do réu, tendo em vista a previsão legal disposta no art. 62 da Lei 8.213/91: “O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade”. 5. Ademais, a TNU (Tema n.o 177) firmou entendimento no sentido da possibilidade de o judiciário determinar o encaminhamento do segurado ao exame administrativo de elegibilidade à reabilitação profissional, uma vez constatada a existência de incapacidade parcial e permanente, sendo inviável a condenação prévia à concessão de aposentadoria por invalidez condicionada ao insucesso da reabilitação. 6. Ante tais razões, o recurso do ente público merece parcial provimento. 7. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do INSS, a fim de possibilitar o demandante a submeter-se ao exame administrativo de elegibilidade ao processo de reabilitação. Sem custas e honorários processuais.
2,084
678
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0
12-PB
1
218.737535
PROVIMENTO PARCIAL
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS – objetivando a concessão de auxílio-doença, além da condenação da autarquia ao pagamento das parcelas vencidas e vincendas, acrescidas de correção monetária e juros de mora. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei no 8.213/91). Doença ou lesão preexistente – o benefício não é devido ao segurado que se filiar ao RGPS já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (art. 59, pg. único da Lei no 8.213/91). Requisitos para a concessão do benefício: a) qualidade de segurado; b) cumprimento da carência, consistente em 12 (doze) contribuições mensais imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ou, no caso do segurado especial, o exercício de atividade rural, ainda de que forma descontínua, no período de 12 (doze) meses imediatamente anterior ao requerimento do benefício (art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no 8.213/91), salvo quando a incapacidade decorrer de acidente de qualquer natureza ou causa, ou de alguma das doenças especificadas no art. 151 da Lei no 8.213/91, hipóteses em que a carência é dispensada na forma do art. 26, II, da Lei no 8.213/91. No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação ao RGPS, com 6 (seis) contribuições mensais (art. 27-A da Lei no 8.213/91); c) existência de incapacidade laboral por mais de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 59 da Lei no 8.213/91. Data de início do benefício – a) segurado empregado, exceto o doméstico – a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, ficando a cargo da empresa o pagamento do salário integral do segurado referente aos primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de doença; b) demais segurados – a contar do início da incapacidade (art. 60, caput, da Lei no 8.213/91). Quando for requerido por segurado, inclusive o empregado, afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento administrativo (art. 60, § 1o, da Lei no 8.213/91). Data de cessação do benefício – não sendo fixado o prazo de sua duração no ato de concessão ou de reativação do auxílio-doença, o benefício cessará após o prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da data da concessão ou da reativação do auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS (art. 60, § § 8o e 9o, da Lei no 8.213/91). Data de cessação do benefício no caso de segurado insuscetível de recuperação para sua atividade habitual – o benefício será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez (art. 62 da Lei no 8.213/91). Da análise do preenchimento dos requisitos legais: No caso em tela, a parte autora pleiteia o restabelecimento de auxílio-doença alegando que está incapacitada para o exercício de seu trabalho habitual. O benefício foi cessado administrativamente em 09/11/2018 (anexo 07 – fls. 09). Qualidade de segurado e cumprimento da carência – foram demonstrados pelo CNIS (anexo 09), uma vez que a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença (NB: 551.361.663-3) no período do 13/11/2009 a 09/11/2018, na condição de segurado urbano. Incapacidade para o trabalho – o perito judicial concluiu que o demandante é portador de “B91 - Sequelas de poliomielite; M54.5 - Dor lombar baixa; M51.8 - Outros transtornos especificados de discos intervertebrais”, o que lhe causa incapacidade parcial e permanente para o exercício de sua atividade laboral (anexo 08). Consignou, ainda, que “as patologias que acometem o autor cursam com quadro álgico importante, incapacitando a continuidade de suas atividades laborais. Apto para atividades que não exija esforço físico, agachamento ou longos períodos em ortostase”. Nesse passo, diante do conjunto probatório, depreende-se que a parte autora, embora não esteja incapacitada para toda e qualquer atividade laboral, apresenta patologia que a incapacita para o trabalho do qual anteriormente se ocupava, uma vez que a patologia é de caráter permanente, o que é suficiente para a concessão do benefício de auxílio-doença, até que seja reabilitada pelo INSS para desenvolver outra atividade laboral que lhe garanta o sustento, como determina a Lei no 8.213/91. Se constatada, ao final do processo de reabilitação, a impossibilidade de recuperação da promovente, deverá seguir-se o que dispõe o parágrafo único do art. 62 da LBPS: Art. 62.O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Parágrafo único.O benefício a que se refere o caput deste artigo será mantido até que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. (grifo nosso) Em tais termos, não vislumbrando, no laudo, contradição, insegurança nem inconsistência perceptível para um leigo no assunto, não há razão para desconsiderá-lo, tampouco, para a realização de audiência, de maneira que o caso é de acolhimento da pretensão apresentada. Data de início do benefício – considerando que o expert informou que a incapacidade teve início em “13/03/2019. Data que foi realizada tomografia computadorizada da coluna lombossacra.” No entanto, diante da existência de atestado datado de 06/08/2018 (anexo 04), constata-se que certamente a doença a que é acometida o autor já existia bem antes da data da realização da Tomografia Computadorizada, de tal sorte que o referido exame consigna uma condição que certamente já existia bem antes da data em que foi realizado. Reforçando tal conclusão deve ser considerado que o autor recebeu auxílio-doença no período de 13/11/2009 a 09/11/2018. As circunstâncias acima discriminadas autorizam concluir que o autor no momento da cessação administrativa do benefício perante o INSS ainda se encontrava acometida da doença que o incapacitava, razão pela qual o benefício deve ser concedido a contar da data imediatamente posterior a cessação do benefício, ou seja, em 10/11/2018. Data da cessação do benefício: no presente caso, considerando que o perito judicial não estimou data de recuperação para a patologia da demandante, esclarecendo que se trata de patologia de caráter permanente, deixo de fixar a data de cessação do benefício, ficando esta condicionada à realização de perícia médica na via administrativa. Correção monetária e juros de mora O Supremo Tribunal Federal, ao resolver questão de ordem na ADI 4.425/DF, manteve, até 25/03/2015, a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR) para fins de atualização monetária dos créditos inscritos em precatórios, nos termos da Emenda Constitucional no 62/2009. É certo que as normas constitucionais declaradas inconstitucionais no julgamento da ADI no 4.425/DF (§ 12 do art. 100 da CF, incluído pela EC no 62/2009, e, por arrastamento, o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09) referem-se apenas à atualização dos créditos inscritos em precatório, não alcançando a atualização referente ao período anterior à inscrição do crédito na requisição de pagamento. Nesse sentido, inclusive, o próprio Supremo Tribunal Federal, tanto no RE 870.947-SE, quanto na Rcl n. 21.147-MC, deixou claro que não se manifestou sobre a constitucionalidade da Taxa Referencial e dos juros da poupança como índices aplicáveis às condenações judiciais, já que o julgado (ADIs 4.357 e 4.425) se restringiu a declarar como inconstitucional a utilização desses índices entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento. No julgamento do RE 870.947/SE, o Supremo Tribunal Federal examinou a constitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97 no que diz respeito à atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública até a expedição do requisitório, isto é, entre o dano efetivo/ajuizamento da demanda e a condenação, bem como no que diz respeito à fixação dos juros moratórios nas condenações impostas à Fazenda Pública. Ao final do julgamento, apreciando o tema 810 da repercussão geral, o STF fixou as seguintes teses: I) o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia; quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09; II) o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade, uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Declarada pelo STF, portanto, a inconstitucionalidade da TR como índice de atualização monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública, na forma prevista no art. 1o-F da Lei no 9.494/94, na redação dada pela Lei no 11.960/2009, determino, por conseguinte, a aplicação dos índices de correção monetária previstos no Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal (INPC, IPCA-E, SELIC, conforme o caso). Com relação à taxa de juros de mora, na linha do que foi decidido pelo STF no julgamento do RE 870.947/SE, e considerando que a condenação não decorre de relação jurídico-tributária, também deve ser observado o Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, que dispõe que deve ser aplicada a disciplina prevista no art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com as modificações operadas pela Lei no 11.960/2009 (e, a partir 2012, também com as modificações determinadas pela MP no 567/2012, convertida na Lei no 12.703/2012). DISPOSITIVO Posto isso, julgo parcialmente PROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, com fundamento no art. 487, inciso I do CPC, determinando a concessão do benefício abaixo identificado: NOME DOSEGURADO ADRIANO RIBEIRO DA COSTA ESPÉCIEDE BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA NÚMERODO BENEFÍCIO 551.361.663-3 DIB 10/11/2018 DIP 01/07/2019 DCB ---------- Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso desde 10/11/2018 (DIB) até 30/06/2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente. Antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP, através de intimação dirigida à ADJ, comprovando, nos autos, o cumprimento da medida. Saliento que, havendo o interesse na prorrogação do benefício ora concedido, compete à parte autora, nos termos do parágrafo 11, do art. 60 da Lei n. 8213/91, com a redação conferida pela Lei n. 13.457/2017, formalizar pedido administrativo perante o INSS. Este, por sua vez, deverá manter o benefício ativo até que o segurado seja reabilitado pela autarquia previdenciária para o desempenho de outra atividade laboral que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei c/c art. 98 do CPC/2015, cujos benefícios de gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado: a. determino a intimação do INSS para, em 10 (dez) dias, informar a RMI do benefício concedido, observando o acima determinado. Após remetam-se os autos à contadoria para cálculo das verbas vencidas; b. proceda-se na forma dos arts. 16 e 17 da Lei n. 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício e efetuado o pagamento dos atrasados através de RPV, observando-se o que dispõe a Resolução n. 405/2016 do CJF e, ainda, a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, se for o caso. Remetida a requisição ao TRF da 5a Região, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Guarabira/PB, conforme data de validação
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0519091-51.2018.4.05.8200
2018-12-19 00:00:00
APS JOÃO PESSOA - SUL (13.001.080) (29.979.036/0977-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-06-28 16:08:16
Sentença - Auxílio-doença - Improcedente
2019-12-02T15:56:45
Acórdão - RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO
FERNANDO AMÉRICO DE FIGUEIREDO PORTO
2019-11-29 09:00:00
RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
2
PB014139
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado na via administrativa em 13.07.2015, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez ou, sucessivamente, a concessão de auxílio-acidente. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro os pedidos do anexo 26. O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de transtorno não especificado de disco cervical e outras escolioses idiopáticas, enfermidades que limitam levemente o exercício da atividade habitual declarada, como atendente de telemarketing, sem recomendação de afastamento. Nesse contexto, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que não existe incapacidade. No anexo 26,a promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Quanto ao pedido de realização de nova perícia, desta vez com especialista em psiquiatria, indefiro o pedido, uma vez que as enfermidades invocadas para fundamentar esse pleito não foram alegadas/analisadas na esfera administrativa, conforme se observa do anexo 18, de modo que o INSS não teve a oportunidade de avaliar administrativamente as patologias agora invocadas como incapacitantes. Assim, como as enfermidades psiquiátricas não foram alegadas e analisadas na esfera administrativa, a promovente não tem interesse processual nesse mister, havendo necessidade de formalização de novo requerimento administrativo vinculado a essas enfermidades. Aliado a isso, observo que o único documento médico apresentado pela autora, relativamente à enfermidade psiquiátrica, foi emitido mais de um ano após a cessação do benefício, o que ratifica a ausência de interesse processual da promovente em relação a tal enfermidade. Ultrapassado esse ponto, tenho que não há nos autos qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. Ressalte-se que ser portador(a) de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Dessa forma, não havendo incapacidade atual, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Quanto ao pedido sucessivo de auxílio-acidente, cumpre esclarecer que, como asseverado pelo perito judicial, a doença ora em análise não decorre de acidente. A Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social, estabelece no seu art. 86 que o auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Logo, nos termos da legislação em vigor, será devido o auxílio-acidente ao segurado quando preenchidos determinados requisitos, dentre eles, a ocorrência de acidente de qualquer natureza (do trabalho ou não) sofrido pelo segurado. Nesse passo, inexistindo acidente de qualquer natureza, também não prospera o pedido de concessão de auxílio-acidente. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se João Pessoa/PB, data supra. ASSINADO ELETRONICAMENTE RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-ACIDENTE). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. DESNECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA. LIMITAÇÃO EM GRAU LEVE. REQUISITO DA INCAPACIDADE/REDUÇÃO DA CAPACIDADE NÃO PREENCHIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS 1. Cuida-se de pedido de concessão de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez), julgado improcedente. 2. O recorrente requer, em preliminar, a nulidade da sentença com o retorno dos autos para a continuidade dos atos processuais, inclusive, com a realização de audiência de instrução. Requer o restabelecimento do auxílio-doença ou a concessão do auxílio-acidente. 3. Consigne-se ser desnecessária a produção de prova testemunhal quando o julgador forma o seu convencimento com os elementos presentes nos autos, não cabendo falar-se em cerceamento de defesa (TRF-5a Região, 3a T, AC 567223, rel. Des. Fed. MARCELO NAVARRO, DJe 27.02.2014, pg. 553). 4. Colhe-se da sentença o seguinte teor: “O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de transtorno não especificado de disco cervical e outras escolioses idiopáticas, enfermidades que limitam levemente o exercício da atividade habitual declarada, como atendente de telemarketing, sem recomendação de afastamento. (...) Assim, como as enfermidades psiquiátricas não foram alegadas e analisadas na esfera administrativa, a promovente não tem interesse processual nesse mister, havendo necessidade de formalização de novo requerimento administrativo vinculado a essas enfermidades. Aliado a isso, observo que o único documento médico apresentado pela autora, relativamente à enfermidade psiquiátrica, foi emitido mais de um ano após a cessação do benefício, o que ratifica a ausência de interesse processual da promovente em relação a tal enfermidade.(...) Quanto ao pedido sucessivo de auxílio-acidente, cumpre esclarecer que, como asseverado pelo perito judicial, a doença ora em análise não decorre de acidente. A Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social, estabelece no seu art. 86 que o auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Logo, nos termos da legislação em vigor, será devido o auxílio-acidente ao segurado quando preenchidos determinados requisitos, dentre eles, a ocorrência de acidente de qualquer natureza (do trabalho ou não) sofrido pelo segurado.” 5. Vale salientar que mesmo analisando as condições pessoais envolvidas no caso concreto, não se vislumbra hipótese de deferimento do pedido, uma vez que as limitações atestadas no laudo pericial (de grau leve – 10%), quando confrontadas com a atividade profissional (atendente de telemarketing) e a faixa etária (41 anos), conduz à conclusão da possibilidade de exercício da atividade, com as cautelas, a cargo da parte autora, para o não agravamento da doença. 6. Além disso, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098). 7. Estão expressamente prequestionados todos os dispositivos indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos e art. 15, caput, da Lei no 10.259, de 12.07.2001. 8. Diante das razões acima expostas, nega-se provimento ao recurso do autor. 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e os acima expostos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
721
688
0
0
7-PB
1
190.877269
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado na via administrativa em 13.07.2015, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez ou, sucessivamente, a concessão de auxílio-acidente. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro os pedidos do anexo 26. O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de transtorno não especificado de disco cervical e outras escolioses idiopáticas, enfermidades que limitam levemente o exercício da atividade habitual declarada, como atendente de telemarketing, sem recomendação de afastamento. Nesse contexto, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que não existe incapacidade. No anexo 26,a promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Quanto ao pedido de realização de nova perícia, desta vez com especialista em psiquiatria, indefiro o pedido, uma vez que as enfermidades invocadas para fundamentar esse pleito não foram alegadas/analisadas na esfera administrativa, conforme se observa do anexo 18, de modo que o INSS não teve a oportunidade de avaliar administrativamente as patologias agora invocadas como incapacitantes. Assim, como as enfermidades psiquiátricas não foram alegadas e analisadas na esfera administrativa, a promovente não tem interesse processual nesse mister, havendo necessidade de formalização de novo requerimento administrativo vinculado a essas enfermidades. Aliado a isso, observo que o único documento médico apresentado pela autora, relativamente à enfermidade psiquiátrica, foi emitido mais de um ano após a cessação do benefício, o que ratifica a ausência de interesse processual da promovente em relação a tal enfermidade. Ultrapassado esse ponto, tenho que não há nos autos qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. Ressalte-se que ser portador(a) de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Dessa forma, não havendo incapacidade atual, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Quanto ao pedido sucessivo de auxílio-acidente, cumpre esclarecer que, como asseverado pelo perito judicial, a doença ora em análise não decorre de acidente. A Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social, estabelece no seu art. 86 que o auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Logo, nos termos da legislação em vigor, será devido o auxílio-acidente ao segurado quando preenchidos determinados requisitos, dentre eles, a ocorrência de acidente de qualquer natureza (do trabalho ou não) sofrido pelo segurado. Nesse passo, inexistindo acidente de qualquer natureza, também não prospera o pedido de concessão de auxílio-acidente. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se João Pessoa/PB, data supra. ASSINADO ELETRONICAMENTE RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0512025-74.2019.4.05.8300
2019-06-26 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-09-25 16:58:40
Sentença - Previdenciário - Improcedente
2019-12-10T14:09:29
Acórdão - AD.AI. Ausência de Incapacidade
Cláudio Kitner
2019-12-10 09:30:00
RAFAEL TAVARES DA SILVA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
0
NENHUM
SENTENÇA Trata-se de ação especial cível proposta pela parte autora em desfavor do INSS, objetivando a concessão de benefício previdenciário e/ou assistencial por incapacidade. I – FUNDAMENTAÇÃO No presente caso, desde logo se verifica que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, o que, nos termos da legislação aplicável à espécie (art. 42 e 59, da Lei no. 8.213/91 e art. 20 da Lei 12.435/2011) figura como requisito indispensável à concessão do benefício previdenciário e/ ou assistencial perseguido. Com efeito, da análise dos autos, observo que o perito designado por este Juízo conclui, de forma clara e enfática que, apesar de ser portadora de patologia indicada no laudo pericial, a parte autora não está incapacitada para o trabalho. Por sua vez, no que se refere ao conteúdo da petição do anexo 24, mister se faz salientar que conquanto nomime sua pretensão por pedido de esclarecimentos, a ora requerente, por intermédio de seu advogado, apresenta, na verdade, mero inconformismo face às conclusões de natureza eminentementetécnicas apresentadas pelo douto experto em seu laudo pericial. O que se requer de fato é, com base em laudo de assistente técnico da parte, a reconsideração da conclusão. Assim, considerando o teor do referido laudo médico-pericial, entendo que a improcedência da pretensão deduzida é manifesta, dispensando a produção de outra prova que, qualquer que seja o resultado, será sempre insuficiente para afastar essa conclusão. II - DISPOSITIVO Sob essa fundamentação, julgo improcedente o pedido. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios nos termos do artigo 55 da Lei no. 9.099/95. Defiro o benefício da Justiça Gratuita. Intime-se a parte autora apenas na forma da Lei no. 10.259/01. Recife (PE), data da movimentação. RAFAEL TAVARES DA SILVA
EMENTA CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. LAUDO DESFAVORÁVEL. CAPACITADO PARA FUNÇÕES LABORATIVAS. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS.RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o seu pedidode benefício por incapacidade, sob o fundamento de que a parte autora encontra-se capacitada para atividades laborativas. Pugna a parte autora, em preliminar, pela nulidade do processo a partir do ato viciado, com a consequente baixa dos autos ao Juízo a quo, para determinação de nova perícia por médico especialista em neurologia ou, ao menos, intimação ao mesmo perito para prestar esclarecimentos, com resposta aos quesitos complementares formulados pela parte autora, profira nova decisão. No mérito, o demandante possui intensa dificuldade na fala, de forma que se questiona qual empregador estaria disposto a contratar, como empregado, uma pessoa cuja fala não é compreendida, pois talaspecto da saúde do autor causa um real estigma, principalmente diante do fato de sua atividade habitual de vendedor. Pois bem. Em primeiro lugar, a realização de nova prova, inclusive pericial, é exceção. Assim, o juiz só a determinará quando julgá-la realmente indispensável diante de uma situação obscura presente nos elementos probantes dos autos. No presente caso, percebe-se que a perícia médica esclareceu todos os questionamentos necessários para a resolução da lide. Acerca da matéria, a TNU entende que "a realização de perícia por médico especialista só é necessária em casos especialíssimos e maior complexidade, como, por exemplo, no caso de doença rara, o que não é o caso dos autos." (PEDILEF 200972500071996, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVSKY, TNU, DOU 01/06/2012.). Assim, afasta-se a nulidade da sentença. No mérito, melhor sorte não assiste à parte autora. Um dos requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença é a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual, incluindo aqui as anteriormente exercidas (art. 42 e 59 da LBPS). No presente caso, o perito do juízo (anexo 20) concluiu que o autor é portador de portador de Sequela de AVC com afasia leve + Hipertensão Arterial Sistêmica + Diabetes mellitus, doençasque não o impedem de exercer atividades laborais, desde agosto de 2017. De modo a elucidar a lide, o julgamento foi convertido em diligência para que o perito esclarecesse os questionamentos trazidos pela parte autora (anexo 24). O perito em esclarecimentos posteriores (anexo 32) reiterou que não há elementos nos documentos apresentados para informar a existência de incapacidade no passado e que a doença que lhe acomete não compromete sua fala, apenas apresenta discreta dificuldade de expressar algumas palavras, se fazendo entender com clareza, sem cortar as sentenças. Dessa forma, restou comprovado que o autor dos elementos nos autos que o autor se encontra capacitado para suas atividades habituais. Registro ser desnecessária a análise das condições pessoais, quando não reconhecida a incapacidade do segurado, sequer em caráter parcial. É o teor do enunciado 77 da TNU: "O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual." Importa salientar que a circunstância das conclusões do perito judicial não se amoldarem às narrativas das partes sobre os fatos, por essa ou aquela razão, não torna o laudo incompleto e nem invalida as suas conclusões. Ressalte-se, ainda, que, segundo a jurisprudência pacífica desta Turma Recursal, não é possível contrariar as conclusões periciais com base exclusivamente em laudos particulares, emitidos de forma unilateral pela parte. Além disso, quando há divergência entre o laudo do perito do juízo e o parecer do assistente técnico, devem prevalecer as conclusões do primeiro, por ser ele terceiro imparcial e equidistante dos interesses das partes. Pelo exposto, concluo que não se trata de hipótese de concessão do benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, tendo em vista que o autor se encontra plenamente capaz de exercer quaisquer atividades laborais. Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). Assim, e tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória ensejará a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos arts. 81 e 1026 do NCPC. Por este entender, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA. Defiro a gratuidade da justiça. Arbitro condenação em honorários em desfavor do autor em 10% sobre o valor atualizado da causa, ficando suspensa enquanto perdurar a condição de hipossuficiência durante o prazo prescricional de cinco anos. É como voto. ACÓRDÃO Decide a Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos da ementa supra. Recife, data da movimentação. Claudio Kitner
282
808
0
0
19-PE
1
91.078241
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação especial cível proposta pela parte autora em desfavor do INSS, objetivando a concessão de benefício previdenciário e/ou assistencial por incapacidade. I – FUNDAMENTAÇÃO No presente caso, desde logo se verifica que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, o que, nos termos da legislação aplicável à espécie (art. 42 e 59, da Lei no. 8.213/91 e art. 20 da Lei 12.435/2011) figura como requisito indispensável à concessão do benefício previdenciário e/ ou assistencial perseguido. Com efeito, da análise dos autos, observo que o perito designado por este Juízo conclui, de forma clara e enfática que, apesar de ser portadora de patologia indicada no laudo pericial, a parte autora não está incapacitada para o trabalho. Por sua vez, no que se refere ao conteúdo da petição do anexo 24, mister se faz salientar que conquanto nomime sua pretensão por pedido de esclarecimentos, a ora requerente, por intermédio de seu advogado, apresenta, na verdade, mero inconformismo face às conclusões de natureza eminentementetécnicas apresentadas pelo douto experto em seu laudo pericial. O que se requer de fato é, com base em laudo de assistente técnico da parte, a reconsideração da conclusão. Assim, considerando o teor do referido laudo médico-pericial, entendo que a improcedência da pretensão deduzida é manifesta, dispensando a produção de outra prova que, qualquer que seja o resultado, será sempre insuficiente para afastar essa conclusão. II - DISPOSITIVO Sob essa fundamentação, julgo improcedente o pedido. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios nos termos do artigo 55 da Lei no. 9.099/95. Defiro o benefício da Justiça Gratuita. Intime-se a parte autora apenas na forma da Lei no. 10.259/01. Recife (PE), data da movimentação. RAFAEL TAVARES DA SILVA
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0503354-47.2019.4.05.8402
2019-09-06 00:00:00
Fazenda Nacional (00.394.460/0239-40) Município de Caicó (08.096.570/0001-39)
FAZENDA NACIONAL
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-06 15:07:31
Sentença - procedente
2019-12-11T14:21:04
Acórdão - NP
FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
2019-12-11 08:00:00
SOPHIA NÓBREGA CÂMARA LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,048
Direito Tributário
Contribuições
Contribuições Previdenciárias
1
RN008104
SENTENÇA I – RELATÓRIO Dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese em face do contido no art. 1o da Lei 10.259/01. II – FUNDAMENTAÇÃO Cuida-se de ação proposta em face da FAZENDA NACIONAL e MUNICÍPIO DE CAICÓ, na qual a parte autora objetiva a não incidência da contribuição social do PSS sobre adicional sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como a devolução de valores retidos na fonte àqueles títulos. Citado, o ente municipal reconheceu a procedência do pedido. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. Da legitimidade da União Com a vigência da Lei no 11.457/2007, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo a ela a administração das contribuições previdenciárias. Dessa forma, a partir de 02/05/2007, a União (Fazenda Nacional) passou a deter a legitimidade passiva "ad causam" nas ações judiciais em que se discute o recolhimento ou a devolução de valores relativos às contribuições previdenciárias. Do mérito propriamente dito Como se sabe, o modelo constitucional previdenciário dos servidores públicos federais está delineado em bases contributivas e atuariais, na conformidade da EC 20/98. Nesse passo, considerando que os valores pagos a título de adicional de um terço de férias e demais verbas não são incorporáveis à aposentadoria, não podem integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Nesse sentido decidiu a Turma Recursal do Estado em harmonia com o entendimento do STF: “EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO, PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF. TEMA 163: 1) Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade VOTO Retorna para readequação acórdão desta relatoria por força do julgamento proferido no tema 163 do índice de Repercussão Geral, que fixou a seguinte tese: “não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” Verifica-se que a tese firmada confirma o entendimento mais recente assentado não apenas no âmbito deste colegiado, mas na jurisprudência das cortes superiores. Cumpre ressaltar que, consoante fixado pelo Supremo Tribunal Federal a ausência de transito em julgado não impede que a tese firmada seja aplicada aos casos concretos: “Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Embargos com o objetivo de sobrestamento do feito. Aposentadoria especial. Conversão de tempo comum em especial. Repercussão geral. Ausência. Análise concluída. Trânsito em julgado. Desnecessidade. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE no 1.029.723/PR (Tema 943), Relator o Ministro Edson Fachin, em sessão realizada por meio eletrônico, finalizada em 20/4/2017 (DJe de 21/4/2017), assentou, dado o caráter infraconstitucional da matéria, a ausência de repercussão geral do tema versado nestes autos, relativo à possibilidade de conversão do tempo de serviço comum para especial, mediante a aplicação do fator 0,71 de conversão, nas hipóteses em que o trabalho tiver sido prestado em período anterior à Lei 9.032/95, para fins de concessão de aposentadoria especial com data de início posterior a essa legislação. 2. A existência de precedente firmado pelo Tribunal Pleno da Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma matéria, independentemente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. 3. Embargos de declaração rejeitados.(RE 993773 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 08/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG 28-08-2017 PUBLIC 29-08-2017). Com estes registros, cabe reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como “terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e “adicional de insalubridade”, assim como à restituição das parcelas não prescritas. Tendo em vista a hipótese de julgamento com aplicação de paradigma em recurso repetitivo, afirma-se irrecorrível a decisão, alertando-se as partes acerca da existência de jurisprudência firma do Supremo Tribunal Federal em tal sentido. Honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa nas hipóteses de ter recorrido a este colegiado a parte ré. Em se tratando de restituição de parcelas tributárias, cabível observar a correção pela taxa Selic, aplicável a título de correção e juros. É como voto” (TRRN, processo n.° 0511729-58.2010.4.05.8400, Juiz Federal Relator Almiro Lemos, julgado em 06.12.2018) Dessa forma, tem-se que a pretensão autoral merece acolhimento. Por fim, indefiro o pedido de tutela de urgência por não restar demonstrada situação que caracterize perigo de dano. III - Dispositivo Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDOpara reconhecer o direito da parte autora a não incidência de contribuição previdenciária sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como para condenar a FAZENDA NACIONAL à restituição das parcelas não prescritas, com incidência de correção monetária e juros na forma do REsp 1495146/MG, aplicando-se, analogicamente e no que cabível, o Manual de Cálculos da Justiça Federal, respeitada a prescrição quinquenal. Ademais, HOMOLOGO por sentença o reconhecimento da procedência do pedido formulado pelo MUNICÍPIO DE CAICÓ para que produza seus efeitos legais, nos termos do art. 487 inciso III do Novo Código de Processo Civil, devendo o ente municipal se abster de descontar a contribuição previdenciária sobre a verba não incorporável aos proventos de aposentadoria. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Intimações na forma da Lei no 10.259/01. Caicó/RN, data da assinatura no sistema. Sophia Nóbrega Câmara Lima
Autos n. 0503354-47.2019.4.05.8402 EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE VERBA QUE NÃO SE INCORPORA À APOSENTADORIA DO SERVIDOR/EMPREGADO PÚBLICO. NÃO INCIDÊNCIA. TEMA 163 DO STF (RG). PRECEDENTES DA TNU E STJ. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. SENTENÇA PROCEDENTE. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela Fazenda Nacional insurgindo-se contra sentença que julgou procedente pedido de não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incoporável à aposentadoria (e.g.: terço de férias, adicional de insalubridade, serviço extraordinário, adicional noturno e adicional de insalubridade). 2. Assentada a a legitimidade passiva da Fazenda Nacional para figurar em demandas deste jaez, eis que com o advento da Lei n. 11.457/2007, as atividades referentes a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais vinculadas ao INSS foram transferidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão da União, cuja representação, após os prazos estipulados no seu art. 16, ficou a cargo exclusivo da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para eventual questionamento quanto à exigibilidade das contribuições previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei n. 8.212/91, ainda que em demandas que têm por objetivo a restituição de indébito tributário (STJ, 2a. T., REsp n. 1355613/RS, rel. Min. Humberto Martins, DJe 02/05/2014). 3. A jurisprudência sedimentou-se de forma absoluta acerca da não incidência de contribuição previdenciárias sobre verbas remuneratórias que não se incorporam à aposentadoria. A matéria foi decidida pelo STF no Tema 163 de Repercussão Geral: "Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” (STF, Pleno, RE 593068, rel. Min. Roberto Barroso, DJe-056 22.03.2019). 4. E a tal entendimento, por óbvio, adequou-se o STJ (1a. T., EDcl no AgInt no REsp n. 1659.435-SC, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 06/09/2019). Em suma, não incide contribuição previdenciáriasobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como“terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e“adicional de insalubridade”, assim como há direito à restituição das parcelas nãoprescritas. 5.Afastada eventual violência aos arts. 7.o, inciso XVII; 40, § 3.o; 150, § 6.o; 153, inciso III; e 195, § 5.o, todos da Constituição, e ao art. 4o e § 1o da Lei n.o 10.887/04, para caso eventual de prequestionamento. 6.Sentença mantida. Recurso improvido. 7.Honorários advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto-ementa acima. Verificado o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao juízo de origem para o cumprimento do acórdão, após baixa na distribuição. Natal/RN, data do julgamento. Francisco Glauber Pessoa Alves
947
461
0
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9-RN
0
60.985775
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Cuida-se de ação proposta em face da FAZENDA NACIONAL e MUNICÍPIO DE CAICÓ, na qual a parte autora objetiva a não incidência da contribuição social do PSS sobre adicional sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como a devolução de valores retidos na fonte àqueles títulos. Citado, o ente municipal reconheceu a procedência do pedido. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. Da legitimidade da União Com a vigência da Lei no 11.457/2007, foi criada a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo a ela a administração das contribuições previdenciárias. Dessa forma, a partir de 02/05/2007, a União (Fazenda Nacional) passou a deter a legitimidade passiva "ad causam" nas ações judiciais em que se discute o recolhimento ou a devolução de valores relativos às contribuições previdenciárias. Do mérito propriamente dito Como se sabe, o modelo constitucional previdenciário dos servidores públicos federais está delineado em bases contributivas e atuariais, na conformidade da EC 20/98. Nesse passo, considerando que os valores pagos a título de adicional de um terço de férias e demais verbas não são incorporáveis à aposentadoria, não podem integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Nesse sentido decidiu a Turma Recursal do Estado em harmonia com o entendimento do STF: “EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO, PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. APLICAÇÃO DE ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF. TEMA 163: 1) Não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade VOTO Retorna para readequação acórdão desta relatoria por força do julgamento proferido no tema 163 do índice de Repercussão Geral, que fixou a seguinte tese: “não incide contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e ‘adicional de insalubridade” Verifica-se que a tese firmada confirma o entendimento mais recente assentado não apenas no âmbito deste colegiado, mas na jurisprudência das cortes superiores. Cumpre ressaltar que, consoante fixado pelo Supremo Tribunal Federal a ausência de transito em julgado não impede que a tese firmada seja aplicada aos casos concretos: “Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Embargos com o objetivo de sobrestamento do feito. Aposentadoria especial. Conversão de tempo comum em especial. Repercussão geral. Ausência. Análise concluída. Trânsito em julgado. Desnecessidade. Precedentes. 1. O Plenário da Corte, no exame do RE no 1.029.723/PR (Tema 943), Relator o Ministro Edson Fachin, em sessão realizada por meio eletrônico, finalizada em 20/4/2017 (DJe de 21/4/2017), assentou, dado o caráter infraconstitucional da matéria, a ausência de repercussão geral do tema versado nestes autos, relativo à possibilidade de conversão do tempo de serviço comum para especial, mediante a aplicação do fator 0,71 de conversão, nas hipóteses em que o trabalho tiver sido prestado em período anterior à Lei 9.032/95, para fins de concessão de aposentadoria especial com data de início posterior a essa legislação. 2. A existência de precedente firmado pelo Tribunal Pleno da Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre a mesma matéria, independentemente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. 3. Embargos de declaração rejeitados.(RE 993773 AgR-ED, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 08/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG 28-08-2017 PUBLIC 29-08-2017). Com estes registros, cabe reconhecer o direito da parte autora à não incidência de contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria, tais como “terço de férias”, “serviços extraordinários”, “adicional noturno” e “adicional de insalubridade”, assim como à restituição das parcelas não prescritas. Tendo em vista a hipótese de julgamento com aplicação de paradigma em recurso repetitivo, afirma-se irrecorrível a decisão, alertando-se as partes acerca da existência de jurisprudência firma do Supremo Tribunal Federal em tal sentido. Honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa nas hipóteses de ter recorrido a este colegiado a parte ré. Em se tratando de restituição de parcelas tributárias, cabível observar a correção pela taxa Selic, aplicável a título de correção e juros. É como voto” (TRRN, processo n.° 0511729-58.2010.4.05.8400, Juiz Federal Relator Almiro Lemos, julgado em 06.12.2018) Dessa forma, tem-se que a pretensão autoral merece acolhimento. Por fim, indefiro o pedido de tutela de urgência por não restar demonstrada situação que caracterize perigo de dano. III - Dispositivo Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDOpara reconhecer o direito da parte autora a não incidência de contribuição previdenciária sobre verbas não incorporáveis aos proventos de aposentadoria conforme requerido na inicial, assim como para condenar a FAZENDA NACIONAL à restituição das parcelas não prescritas, com incidência de correção monetária e juros na forma do REsp 1495146/MG, aplicando-se, analogicamente e no que cabível, o Manual de Cálculos da Justiça Federal, respeitada a prescrição quinquenal. Ademais, HOMOLOGO por sentença o reconhecimento da procedência do pedido formulado pelo MUNICÍPIO DE CAICÓ para que produza seus efeitos legais, nos termos do art. 487 inciso III do Novo Código de Processo Civil, devendo o ente municipal se abster de descontar a contribuição previdenciária sobre a verba não incorporável aos proventos de aposentadoria. Dispensado o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei ). Intimações na forma da Lei no . Caicó/RN, data da assinatura no sistema. Sophia Nóbrega Câmara Lima
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0516837-53.2019.4.05.8400
2019-08-27 00:00:00
AGÊNCIA DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS (ADJ) (00.000.000/0000-00) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0251-35)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-09-30 14:17:22
Sentença - Improcedente
2019-12-11T14:21:04
Acórdão - NP
FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
2019-12-11 08:00:00
JANINE DE MEDEIROS SOUZA BEZERRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
RN007618B
SENTENÇA 1. Relatório Trata-se de ação especial cível movida por CARLOS ANDRÉ DOS SANTOS contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pedindo benefício previdenciário de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicado subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. 2. Fundamentação Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no 8.213/91, “o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”. Por outro lado, o artigo 42 da Lei no 8.213/91 estabelece que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (destacado). A carência para a concessão do benefício é de 12 (doze) meses, não sendo exigido tal requisito nos casos de acidentes, doença profissional ou do trabalho ou doenças especificadas em listas elaboradas pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social (artigos 25, I, 26, II e 151, todos da Lei 8.213/91 e Portaria Interministerial no 2.998/01). Para os segurados especiais que não contribuírem na forma do art. 39, II, da Lei 8.213/91, fica assegurado o auxílio-doença, no valor mínimo, diante da comprovação do desempenho de atividade rural, mesmo que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em quantidade de meses correspondentes à carência pertinente (inciso I do mesmo dispositivo). Faz-se, ainda, necessária a manutenção da qualidade de segurado, fazendo jus ao benefício caso também se encontre no chamado “período de graça”, período em que, muito embora este não mais esteja recolhendo contribuições, tem direito a benefícios e serviços, em razão da conservação da condição de segurado, nos termos do artigo 15 do mesmo diploma legal. Para a concessão do auxílio-doença não é exigida a incapacidade plena do segurado, sendo bastante a incapacidade parcial para o desempenho das funções laborativas. Nas situações em que o exame técnico não indicar que a incapacidade teve princípio em momento anterior, a data de início do benefício deve corresponder à do laudo. Entretanto, se o perito designado indicar que o periciando já era incapaz na data da avaliação, sem precisar desde quando, mas se houver elementos pretéritos nos autos acerca da data do início da incapacidade, o benefício será devido desde aquela data, observando-se, porém, como limite temporal a DER ou a data do ajuizamento da ação, a depender do caso. É importante ressaltar que a análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, caso em que o julgador poderá avaliar se, no caso concreto, a parte dispõe de possibilidades materiais para exercer as atividades para as quais está capacitada do ponto de vista médico; isto é, se na prática a incapacidade relativa equivale à incapacidade absoluta (para o trabalho em geral). Nesse sentido: PEDILEF 00528625720084036301, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 16/08/2013 pág. 79/115. No caso em tela, o ponto controvertido reside em saber se a parte autora está incapacitada para o trabalho e, em caso positivo, se tal incapacidade é permanente ou temporária. Conforme laudo elaborado pelo(a) perito(a) designado(a) pelo Juízo, o(a) autor(a), apesar de ser portador(a) de espondilose (CID: M47), espondilolistese (CID: M43.1), espondilólise (CID: M43.0), transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia (CID: M51.1) e lumbago com ciática (CID: M54.4),não apresenta incapacidade, mas apenas limitação, para o desempenho das atividades habituais. Com relação às condições pessoais e sociais da parte requerente, verifica-se que se encontram expostas nos autos (petição inicial, perícia administrativa, perícia judicial): autor(a) com 36 anos; ensino fundamental incompleto, tendo informado que estádesempregado mas que já exerceu atividades laborativas como 2o Gelador, pescador da Transmar, pescador industrial da Produmar, etc; residente na zona urbana desta capital (Natal/RN). Assim, entendo que não há supedâneo para afastar a conclusão médica no sentido de que não há incapacidade laboral no presente caso, porquanto evidenciado na instrução a aptidão do autor ao trabalho habitual, sendo sua situação compatível com a limitação funcional que apresenta. Constata-se que as funções laborais não se encontram comprometidas pelo estado de saúde por ele apresentado, dispondo de capacidade laborativa para exercer suas funções com o quadro clínico que apresenta. Inclusive, quanto a este tema, a TNU é expressa em sua súmula n. 77, ao preconizar que não há necessidade de serem valoradas as condições pessoais e sociais quanto não se trata de caso de incapacidade. Senão vejamos: “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Ademais, segundo recente julgado da TNU, não é cabível equiparar limitação a uma incapacidade à luz de condições pessoais: "AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL NÃO VERIFICA A EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE, INEXISTINDO SEQUELAS DO ACIDENTE. A SENTENÇA JULGA O PEDIDO IMPROCEDENTE. O ACÓRDÃO DA SEGUNDA TURMA RECURSAL DO CEARÁ NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO ALEGA DIVERGÊNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TANTO PELA FALTA DE INTIMAÇÃO DO LAUDO, QUANTO PELA FALTA DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. Trata a presente ação de pedido de concessão de benefício por incapacidade, tendo o laudo pericial deixado de verificar a existência de incapacidade laboral ou para a vida independente, inexistindo seqüelas do acidente. A sentença, então, julga o pedido improcedente, sendo mantida pela Segunda Turma Recursal do Ceará. O incidente de uniformização alega divergência com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tanto pela falta de intimação, após a juntada do laudo pericial, quanto pela falta de análise das condições pessoais e sociais do Autor (...) É o relatório. Inicialmente, seria de se conhecer, apenas parcialmente, do pedido de uniformização, porque a Turma Nacional de Uniformização apenas decide sobre alegações de direito material, não sobre direito processual. Desse modo, a questão da alegada falta de intimação sobre o laudo pericial, não é matéria para ser apreciada em uniformização de jurisprudência. De qualquer modo, o entendimento majoritário é que, em sede de juizados especiais federais, não há nulidade, na falta dessa intimação, por conta das especificidades do sistema. Porém, no que se refere à alegação de falta de análise das condições pessoais, não deve ser conhecido o incidente, por força da Questão de Ordem 13 da Turma Nacional de Uniformização, porque essa análise só deve ser feita, quando existir alguma espécie de incapacidade, nos termos da Súmula 77 do mesmo ente. É por essa razão que a imensa maioria dos julgados da Turma Nacional de Uniformização apenas realiza esse exercício de avaliação das condições sócio-econômicas e pessoais, no caso de incapacidade parcial (...). Ou seja, se houver uma incapacidade para a atividade habitual, que seja permanente, ou seja, uma incapacidade parcial e permanente, deverá o julgador realizar a análise das condições sociais e pessoais. Não é aplicada no caso de ausência de incapacidade. Assim, no entender da Relatoria, deve ser interpretada a Súmula 77. Por isso, não conheço do incidente de uniformização. É como voto.” (PEDILEF 05025126120144058105, Relator(a) JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224). Cabe salientar também que a Turma Recursal já passou a adotar esse entendimento: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO. ENTENDIMENTO ATUAL DA TNU. AUXÍLIO-ACIDENTE. DIREITO INTERTEMPORAL. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO ACIDENTE: 1. Se parcial a incapacidade, então, necessariamente, deve haver análise das condições pessoais pela sentença de primeiro grau; 2. Se atestada apenas limitação, sem incapacidade, não cabe concessão de auxílio-doença, mas de auxílio-acidente, se preenchidas as demais condições legais. (Turma Recursal do Rio Grande do Norte, processo 0501265-28.2017.4.05.8400, julgado em 14/06/2017, composta pelos Juízes Federais Carlos Wagner Dias Ferreira, Almiro José da Rocha Lemos e Francisco Glauber Pessoa Alves). Sendo assim, considerando a inexistência de incapacidade laborativa nos termos da legislação pertinente, requisito indispensável para a concessão do benefício requestado, a parte autora não faz jus ao pedido postulado na inicial. 3. Dispositivo Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Natal/RN, 30 de setembro de 2019.
Autos n. 0516837-53.2019.4.05.8400 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INCAPACIDADE LABORAL. NÃO COMPROVAÇÃO. IMPROVIMENTO DO RECURSO DA PARTE AUTORA. 1. Cuida-se de Recurso Inominado por meio do qual a parte autora se insurge contra sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, em virtude da ausência de incapacidade laboral. Insiste no preenchimento do requisito clínico, pugnando pela concessão do benefício. Subsidiariamente, pugna pela conversão do feito em diligência para fins de realização de nova perícia com médico especialista. 2. De início, vislumbra-se que o laudo médico pericial demonstrou, de modo claro e inequívoco, a situação de saúde vivenciada pela parte autora, não havendo razões para refutá-lo.Assim, tendo em vista a imparcialidade do expert nomeado pelo juiz, a sua má atuação depende de avaliação contextualizada com os demais elementos de prova. Portanto, ausente a demonstração de erro na realização da perícia, encontra-se garantida a idoneidade da citada prova judicial e a credibilidade do perito. Ademais, as conclusões periciais são baseadas em exames e atestados médicos apresentados pela parte autora. Indefiro o pedido de nova perícia judicial. 3. Rejeito a impugnação ao laudo médico interposta pela autora, tendo em vista que, nos termos do § 5°, art. 156, do CPC,nas localidades onde não houver profissional especialista na matéria, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. Outrossim, a TNU entende que "a realização de perícia por médico especialista só é necessária em casos especialíssimos e maior complexidade, como, por exemplo, no caso de doença rara, o que não é o caso dos autos." (PEDILEF 200972500071996, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVSKY, TNU, DOU 01/06/2012.) 4. De acordo com o artigo 59, da Lei 8.213/1991, o auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. Já o artigo 42, da mesma Lei, prevê que a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando for o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. 5. Assim, tendo em vista que para fazer jus aos benefícios é indispensável a qualidade de segurado, convém observar o artigo 15 da já mencionada Lei 8.213/1991, que prevê as hipóteses em que, independentemente de contribuições, é mantida a qualidade de segurado – o chamado período de graça. Vale destacar que o segurado que deixar de exercer atividade remunerada manterá a qualidade por 12 (doze) meses; que será prorrogado para 24 (vinte e quatro) meses quando o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete perda da qualidade de segurado; ou, 36 (trinta e seis) meses em caso de desemprego. 6. De acordo com o Enunciado 47 da TNU, uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez. Ressalte-se, ainda, que a análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, ou seja, quando há incapacidade parcial (Enunciado 77 da TNU: O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual). Ela é despicienda se não há incapacidade, destacando-se que existir patologia não é sinônimo de existir incapacidade. 7. Outrossim, a Turma Nacional de Uniformização vem decidindo reiteradamente que é desnecessária a análise das condições pessoais e sociais do segurado quando não for reconhecida a incapacidade para a atividade habitual, senão vejamos: “PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ATIVIDADE DE RURÍCOLA. PERÍCIA MÉDICA APONTA AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA No 42 DA TNU. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS. APLICAÇÃO DA SÚMULA No 77 DA TNU. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (...) 6. Infere-se do Acórdão recorrido menção expressa ao cotejo fático-probatório baseado na perícia médica judicial realizada por oftalmologista onde não se constata a incapacidade da parte autora. 7. Como se vê, a Turma Recursal de origem, consonante às provas coligidas aos autos realizou detida análise das circunstâncias probatórias ao firmar a decisão. Desse modo, a teor das razões recursais resta imperativa reavaliar a instrução fático-probatória para balizar a sua tese, frente a documentos de versões colidentes. Tal assertiva implica, por óbvio, na incidência da Súmula no 42 desta Corte Uniformizadora (“Não se conhece de incidente de uniformização que implique reexame de matéria de fato”). Deveras, tal como o Superior Tribunal de Justiça não ter como missão o julgamento ordinário de fatos em sede de recurso, a mesma máxima é aplicável a essa Corte. Interpretação contrária implicaria em submeter esse colegiado a terceira instância ordinária, para reavaliar fatos à luz da concepção valorativa do julgador. 8. Ademais, conforme dispõe a Súmula no 77 deste Colegiado, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.” (PEDILEF 05125046620114058100, Relator Juiz Federal Douglas Camarinha Gonzales, DOU 03/07/2015). PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO NEGATIVO. CONDIÇÕES SOCIAIS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 44 E 77 DA TNU. (...) 4. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida. 5. Acontece que, in casu, observando os autos, nota-se que o autor/recorrente – 54 anos de idade, analfabeto, agricultor e residente Parelhas/RN – é portador de diplopia após acidente vascular (H 532), tratando-se de patologia que não acarreta nenhuma incapacidade, sendo atestada apenas limitação e sendo a doença ou seqüela reversível (anexo 14). 6. Cumpre destacar a observação registrada pelo perito no sentido de que o autor tem boa visão no olho bilateral e a patologia analisada impossibilita a autora apenas de exercer atividades que necessitem de visão binocular; não havendo esta necessidade para o desempenho da atual atividade da autora, qual seja, a de agricultura. 7. Portanto, considerando o fato de os outros elementos de prova constantes nos autos não reunirem forças capazes de infirmar a conclusão explicitada pelo expert, imperioso convir no sentido de que o laudo pericial constitui ferramenta fundamental para reconhecer a inexistência da alegada incapacidade. 8. Improvimento do recurso inominado. 7. A meu ver, a sentença, confirmada pelo acórdão recorrido, está em consonância com a jurisprudência da TNU já que, inexistindo incapacidade, não é obrigatória a análise das condições sociais em que inserido o requerente, nos termos do que dispõe a Súmula 77 da TNU, in verbis: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 8. Pretende o autor a rediscussão do julgado, o que é vedado nessa esfera, nos termos da Súmula 42 da TNU. 9. Incidente de Uniformização de Jurisprudência não conhecido. Aplicação da Questão de Ordem n. 13 e das Súmulas 42 e 77 da TNU. (PEDILEF 05003019720154058402, Relatora Juíza Federal Flávia Pellegrino Soares Millani, DOU 27/09/2016). AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL NÃO VERIFICA A EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE, INEXISTINDO SEQUELAS DO ACIDENTE. A SENTENÇA JULGA O PEDIDO IMPROCEDENTE. O ACÓRDÃO DA SEGUNDA TURMA RECURSAL DO CEARÁ NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO ALEGA DIVERGÊNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TANTO PELA FALTA DE INTIMAÇÃO DO LAUDO, QUANTO PELA FALTA DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. (...) 6. Infere-se do Acórdão recorrido menção expressa ao cotejo fático-probatório baseado na perícia médica judicial realizada por oftalmologista onde não se constata a incapacidade da parte autora. 7. Como se vê, a Turma Recursal de origem, consonante às provas coligidas aos autos realizou detida análise das circunstâncias probatórias ao firmar a decisão. Desse modo, a teor das razões recursais resta imperativa reavaliar a instrução fático-probatória para balizar a sua tese, frente a documentos de versões colidentes. Tal assertiva implica, por óbvio, na incidência da Súmula no 42 desta Corte Uniformizadora (“Não se conhece de incidente de uniformização que implique reexame de matéria de fato”). Deveras, tal como o Superior Tribunal de Justiça não ter como missão o julgamento ordinário de fatos em sede de recurso, a mesma máxima é aplicável a essa Corte. Interpretação contrária implicaria em submeter esse colegiado a terceira instância ordinária, para reavaliar fatos à luz da concepção valorativa do julgador. 8. Ademais, conforme dispõe a Súmula no 77 deste Colegiado, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual. 9. Incidente de Uniformização de Jurisprudência não conhecido. (PEDILEF 05125046620114058100, Rel. Juiz Federal DOUGLAS CAMARINHA GONZALES, DOU 03/07/2015 PÁGINAS 116/223) (grifei) Como o requerente pretende uniformizar tese contrária ao entendimento deste colegiado, não é o caso de conhecimento deste pleito, nos termos da Questão de Ordem n.o 013 desta TNU. 4. Em face do exposto, tenho que o incidente nacional de uniformização de jurisprudência formulado pela parte autora não merecer ser conhecido. Data da Decisão 11/12/2015 Data da Publicação 19/02/2016" (grifa-se). "O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual". (grifa-se). Ou seja, se houver uma incapacidade para a atividade habitual, que seja permanente, ou seja, uma incapacidade parcial e permanente, deverá o julgador realizar a análise das condições sociais e pessoais. Não é aplicada no caso de ausência de incapacidade. Assim, no entender da Relatoria, deve ser interpretada a Súmula 77. Por isso, não conheço do incidente de uniformização. É como voto.” (PEDILEF 05025126120144058105, Relator Juiz Federal Luiz Eduardo Bianchi Cerqueira, DOU 05/04/2017). 8. Diante dos precedentes da Turma Nacional de Uniformização, que tornaram mais claro os Enunciados 47 e 77 daquele Colegiado, esta Turma Recursal amadureceu o entendimento anterior passando a considerar que a limitação não equivale à incapacidade, ainda que parcial. Neste sentido: Autos n. 0502819-95.2017.4.05.8400, rel. Juiz Federal Almiro José da Rocha Lemos, composição, ainda, dos Juízes Federais Francisco Glauber Pessoa Alves e Carlos Wagner Dias Ferreira (vencido), data de julgamento 14/06/2017. 9. Não se olvida que em determinadas condições particulares, a depender do estilo da quesitação e da resposta da prova técnica, a intensidade da limitação poderá ser num grau tal que se configura em incapacidade, ainda que parcial, a ensejar a aplicação do Enunciado 77. Porém, isso será a exceção, aferida pontualmente, e não a regra. Também a depender do caso concreto, quando não houver a especificidade na perícia quanto à intensidade da limitação, poderá fazer-se necessária a complementação da prova. 10. Dentro dessa linha de raciocínio, firmam-se as seguintes premissas: a) somente há necessidade de análise das condições pessoais e sociais do segurado quando for constatada a incapacidade; b) a presença de mera limitação não é suficiente para concessão do benefício de auxílio-doença, ainda que tais condições sejam desfavoráveis, daí porque despicienda sua análise; c) havendo dúvida concreta acerca das repercussões da limitação no desempenho da atividade laboral, tendo em vista que, conforme descrito no item anterior, algumas restrições afiguram-se em verdadeira(s) incapacidade(s), é possível a análise das referidas condições; d) a eventual omissão do laudo quanto ao grau de limitação enseja a integração da prova, mediante anulação da sentença, dado o princípio do juiz natural e os precedentes do Colegiado nesse sentido específico -entendimento firmado numa série de precedentes na Sessão de Julgamento do dia 26 de agosto de 2015, presentes os Juízes FederaisAlmiro José da Rocha Lemos, Francisco Glauber Pessoa Alves e Carlos Wagner Dias Ferreira (Processo no. 0506595-74.2015.4.05.8400; Processo no. 0500777-38.2015.4.05.8402; Processo no. 0505306-09.2015.4.05.8400; Processo no. 0505997-23.2015.4.05.8400; Processo no. 0501352-40.2015.4.05.8404). 11. Destacou o juízo monocrático: “No caso em tela, o ponto controvertido reside em saber se a parte autora está incapacitada para o trabalho e, em caso positivo, se tal incapacidade é permanente ou temporária. Conforme laudo elaborado pelo(a) perito(a) designado(a) pelo Juízo, o(a) autor(a), apesar de ser portador(a) de espondilose (CID: M47), espondilolistese (CID: M43.1), espondilólise (CID: M43.0), transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia (CID: M51.1) e lumbago com ciática (CID: M54.4), não apresenta incapacidade, mas apenas limitação, para o desempenho das atividades habituais. Com relação às condições pessoais e sociais da parte requerente, verifica-se que se encontram expostas nos autos (petição inicial, perícia administrativa, perícia judicial): autor(a) com 36 anos; ensino fundamental incompleto,tendo informado que estádesempregado mas que já exerceu atividades laborativas como 2o Gelador, pescador da Transmar, pescador industrial da Produmar, etc; residente na zona urbana desta capital (Natal/RN). Assim, entendo que não há supedâneo para afastar a conclusão médica no sentido de que não há incapacidade laboral no presente caso, porquanto evidenciado na instrução a aptidão do autor ao trabalho habitual, sendo sua situação compatível com a limitação funcional que apresenta. Constata-se que as funções laborais não se encontram comprometidas pelo estado de saúde por ele apresentado, dispondo de capacidade laborativa para exercer suas funções com o quadro clínico que apresenta. Inclusive, quanto a este tema, a TNU é expressa em sua súmula n. 77, ao preconizar que não há necessidade de serem valoradas as condições pessoais e sociais quanto não se trata de caso de incapacidade. Senão vejamos: “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual [...] Sendo assim, considerando a inexistência de incapacidade laborativa nos termos da legislação pertinente, requisito indispensável para a concessão do benefício requestado, a parte autora não faz jus ao pedido postulado na inicial.” (Trecho de Sentença – Anexo 21). 12. Com efeito, consoante se observa no laudo médico pericial (anexo 17), a parte autora é portadora de espondilose (CID 10: M 47), espondilolistese (CID 10: M 43.1), espondilólise (CID 10: M 43.0), transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia (CID 10: M 51.1) e lumbago com ciática (CID 10: M 54.4), enfermidades que ocasionam mera limitação para a atividade laborativa, sendo possível o trabalho, embora haja redução da plena capacidade. Na oportunidade, destacou o expert: “Não foi constatada incapacidade laboral. Há limitação para atividades que demandem sobrecarga e movimentos repetitivos usuais da coluna lombar.” 13. Desse modo, tenho que, ainda que se considere as considerações pessoais e sociais do demandante – que conta com 36 anos, ensino fundamental incompleto, última ocupação informada pescador e reside em Natal/RN, não há que se falar em incapacidade, requisito indispensável à concessão do benefício.Destaca-se que a existência de doença não induz a presença de incapacidade laborativa, pois doença não é sinônimo de incapacidade. 14. Sentença devidamente fundamentada que remanesce ao recurso interposto, cujas razões não afastam sua adequação ao direito vigente. 15. Recurso da parte autora improvido. Sentença mantida. 16. Custas e honorários pelo recorrente vencido em 10% do valor da causa, com a isenção da gratuidade na forma do § 3o do art. 98 do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto-ementa do relator. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível de origem. Natal/RN, data do julgamento. Francisco Glauber Pessoa Alves
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7-RN
1
34.130116
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação especial cível movida por CARLOS ANDRÉ DOS SANTOS contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pedindo benefício previdenciário de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicado subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. 2. Fundamentação Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no 8.213/91, “o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”. Por outro lado, o artigo 42 da Lei no 8.213/91 estabelece que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (destacado). A carência para a concessão do benefício é de 12 (doze) meses, não sendo exigido tal requisito nos casos de acidentes, doença profissional ou do trabalho ou doenças especificadas em listas elaboradas pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social (artigos 25, I, 26, II e 151, todos da Lei 8.213/91 e Portaria Interministerial no 2.998/01). Para os segurados especiais que não contribuírem na forma do art. 39, II, da Lei 8.213/91, fica assegurado o auxílio-doença, no valor mínimo, diante da comprovação do desempenho de atividade rural, mesmo que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em quantidade de meses correspondentes à carência pertinente (inciso I do mesmo dispositivo). Faz-se, ainda, necessária a manutenção da qualidade de segurado, fazendo jus ao benefício caso também se encontre no chamado “período de graça”, período em que, muito embora este não mais esteja recolhendo contribuições, tem direito a benefícios e serviços, em razão da conservação da condição de segurado, nos termos do artigo 15 do mesmo diploma legal. Para a concessão do auxílio-doença não é exigida a incapacidade plena do segurado, sendo bastante a incapacidade parcial para o desempenho das funções laborativas. Nas situações em que o exame técnico não indicar que a incapacidade teve princípio em momento anterior, a data de início do benefício deve corresponder à do laudo. Entretanto, se o perito designado indicar que o periciando já era incapaz na data da avaliação, sem precisar desde quando, mas se houver elementos pretéritos nos autos acerca da data do início da incapacidade, o benefício será devido desde aquela data, observando-se, porém, como limite temporal a DER ou a data do ajuizamento da ação, a depender do caso. É importante ressaltar que a análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, caso em que o julgador poderá avaliar se, no caso concreto, a parte dispõe de possibilidades materiais para exercer as atividades para as quais está capacitada do ponto de vista médico; isto é, se na prática a incapacidade relativa equivale à incapacidade absoluta (para o trabalho em geral). Nesse sentido: PEDILEF 00528625720084036301, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 16/08/2013 pág. 79/115. No caso em tela, o ponto controvertido reside em saber se a parte autora está incapacitada para o trabalho e, em caso positivo, se tal incapacidade é permanente ou temporária. Conforme laudo elaborado pelo(a) perito(a) designado(a) pelo Juízo, o(a) autor(a), apesar de ser portador(a) de espondilose (CID: M47), espondilolistese (CID: M43.1), espondilólise (CID: M43.0), transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia (CID: M51.1) e lumbago com ciática (CID: M54.4),não apresenta incapacidade, mas apenas limitação, para o desempenho das atividades habituais. Com relação às condições pessoais e sociais da parte requerente, verifica-se que se encontram expostas nos autos (petição inicial, perícia administrativa, perícia judicial): autor(a) com 36 anos; ensino fundamental incompleto, tendo informado que estádesempregado mas que já exerceu atividades laborativas como 2o Gelador, pescador da Transmar, pescador industrial da Produmar, etc; residente na zona urbana desta capital (Natal/RN). Assim, entendo que não há supedâneo para afastar a conclusão médica no sentido de que não há incapacidade laboral no presente caso, porquanto evidenciado na instrução a aptidão do autor ao trabalho habitual, sendo sua situação compatível com a limitação funcional que apresenta. Constata-se que as funções laborais não se encontram comprometidas pelo estado de saúde por ele apresentado, dispondo de capacidade laborativa para exercer suas funções com o quadro clínico que apresenta. Inclusive, quanto a este tema, a TNU é expressa em sua súmula n. 77, ao preconizar que não há necessidade de serem valoradas as condições pessoais e sociais quanto não se trata de caso de incapacidade. Senão vejamos: “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Ademais, segundo recente julgado da TNU, não é cabível equiparar limitação a uma incapacidade à luz de condições pessoais: "AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL NÃO VERIFICA A EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE, INEXISTINDO SEQUELAS DO ACIDENTE. A SENTENÇA JULGA O PEDIDO IMPROCEDENTE. O ACÓRDÃO DA SEGUNDA TURMA RECURSAL DO CEARÁ NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO ALEGA DIVERGÊNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TANTO PELA FALTA DE INTIMAÇÃO DO LAUDO, QUANTO PELA FALTA DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. Trata a presente ação de pedido de concessão de benefício por incapacidade, tendo o laudo pericial deixado de verificar a existência de incapacidade laboral ou para a vida independente, inexistindo seqüelas do acidente. A sentença, então, julga o pedido improcedente, sendo mantida pela Segunda Turma Recursal do Ceará. O incidente de uniformização alega divergência com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tanto pela falta de intimação, após a juntada do laudo pericial, quanto pela falta de análise das condições pessoais e sociais do Autor (...) É o relatório. Inicialmente, seria de se conhecer, apenas parcialmente, do pedido de uniformização, porque a Turma Nacional de Uniformização apenas decide sobre alegações de direito material, não sobre direito processual. Desse modo, a questão da alegada falta de intimação sobre o laudo pericial, não é matéria para ser apreciada em uniformização de jurisprudência. De qualquer modo, o entendimento majoritário é que, em sede de juizados especiais federais, não há nulidade, na falta dessa intimação, por conta das especificidades do sistema. Porém, no que se refere à alegação de falta de análise das condições pessoais, não deve ser conhecido o incidente, por força da Questão de Ordem 13 da Turma Nacional de Uniformização, porque essa análise só deve ser feita, quando existir alguma espécie de incapacidade, nos termos da Súmula 77 do mesmo ente. É por essa razão que a imensa maioria dos julgados da Turma Nacional de Uniformização apenas realiza esse exercício de avaliação das condições sócio-econômicas e pessoais, no caso de incapacidade parcial (...). Ou seja, se houver uma incapacidade para a atividade habitual, que seja permanente, ou seja, uma incapacidade parcial e permanente, deverá o julgador realizar a análise das condições sociais e pessoais. Não é aplicada no caso de ausência de incapacidade. Assim, no entender da Relatoria, deve ser interpretada a Súmula 77. Por isso, não conheço do incidente de uniformização. É como voto.” (PEDILEF 05025126120144058105, Relator(a) JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224). Cabe salientar também que a Turma Recursal já passou a adotar esse entendimento: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO. ENTENDIMENTO ATUAL DA TNU. AUXÍLIO-ACIDENTE. DIREITO INTERTEMPORAL. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO ACIDENTE: 1. Se parcial a incapacidade, então, necessariamente, deve haver análise das condições pessoais pela sentença de primeiro grau; 2. Se atestada apenas limitação, sem incapacidade, não cabe concessão de auxílio-doença, mas de auxílio-acidente, se preenchidas as demais condições legais. (Turma Recursal do Rio Grande do Norte, processo 0501265-28.2017.4.05.8400, julgado em 14/06/2017, composta pelos Juízes Federais Carlos Wagner Dias Ferreira, Almiro José da Rocha Lemos e Francisco Glauber Pessoa Alves). Sendo assim, considerando a inexistência de incapacidade laborativa nos termos da legislação pertinente, requisito indispensável para a concessão do benefício requestado, a parte autora não faz jus ao pedido postulado na inicial. 3. Dispositivo Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Natal/RN, 30 de setembro de
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0523069-90.2019.4.05.8300
2019-11-11 00:00:00
Caixa Econômica Federal - CEF (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-14 11:37:15
Sentença - Improcedência - FGTS/TR
2019-12-11T14:24:29
Acórdão - FGTS - correção
JOSÉ BAPTISTA DE ALMEIDA FILHO NETO (TURMA RECURSAL)
2019-12-11 10:00:00
DIÊGO F. GUIMARÃES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,158
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Organização Político-administrativa / Administração Pública
FGTS/Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
1
PE037841
SENTENÇA I.Relatório Trata-se de ação especial cível proposta contra a Caixa Econômica Federal – CEF, objetivando a correção monetária do saldo de FGTS, com aplicação do INPC, IPCA ou qualquer outro índice que reponha adequadamente as perdas inflacionárias sofridas, bem como o pagamento das diferenças devidas. Argumenta a parte autora que a Taxa Referencial (TR) aplicada aos saldos de FGTS não repõe o valor da moeda. II. Fundamentação Em recente decisão monocrática nos autos do RESP 1381683 – PE (15/09/2016), o Superior Tribunal de Justiça não conheceu do recurso especial, por entender não reunir as condições para a sua admissibilidade. Assim, restou prejudicada a decisão à fl. 312 do referido processo, que determinava a suspensão da tramitação das correlatas ações a todas as instâncias da Justiça comum, estadual e federal, inclusive Juizados Especiais Cíveis e as respectivas Turmas ou Colégios Recursais, motivo pelo qual passo a analisar a presente matéria. II.I – Questão processual: ilegitimidade passiva da ré Inicialmente, não se há de falar em ilegitimidade passiva “ad causam” da Caixa Econômica Federal. A propósito, o enunciado no 249 da Súmula do STJ: “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS.” Outrossim, consoante remansosa jurisprudência, a legitimidade em debate é exclusiva da Caixa. Isso porque é a empresa pública quem administra o fundo e eventual ilegalidade na atualização a menor dos valores depositados a ela beneficiaria. Não merece prosperar, portanto, a segunda preliminar. Veja-se: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO MONETÁRIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. ÍNDICES DE JUNHO/87, JANEIRO/89, ABRIL/90, MAIO/90, JULHO/90 E FEVEREIRO/91. LEGITIMIDADE PASSIVA EXCLUSIVA DA CEF. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO AFASTADO. PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA (SÚMULA No 210/STJ). ÍNDICES APLICÁVEIS. SÚMULA 252/STJ. JULGAMENTO PELO STJ EM RECURSO REPETITIVO. ADEQUAÇÃO (CPC, ART. 543-C, PARÁGRAFO 7o, II). 1. Interposto recurso especial, a Vice-Presidência desta Corte, com base em recurso representativo da controvérsia, determinou o retorno dos autos ao Órgão Julgador originário para fins de, querendo, se adequar ao paradigma indicado (art. 543-C, parágrafo 7o, II, do CPC). 2. O colendo STJ, ao julgar o REsp no 1112520/PE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, submetido ao regime do art. 543-C do CPC, decidiu que: - "esta Corte tem o entendimento no sentido de que, nas demandas que tratam da atualização monetária dos saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser gestora do Fundo, com a exclusão da União e dos bancos depositários (Súmula 249/STJ); - outrossim, não deve prevalecer a interpretação da recorrente quanto à ocorrência de prescrição quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é trintenária a prescrição para cobrança de correção monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos termos das Súmula 210/STJ: 'A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta anos';” (TRF 5a REGIÃO; TERCEIRA TURMA; AC 9905033483 AC - Apelação Cível – 157010; DJE - Data: 28/11/2013) II.II. MÉRITO No que concerne aos índices de correção monetária do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, não obstante a sucessão de leis, decretos e resoluções que trataram de especificar como se daria a remuneração dos saldos dessas contas, observo que, há muito, o índice aplicado para a correção monetária de saldo de FGTS é o mesmo usado para a correção de conta-poupança. A Lei no 8.036/90, que dispõe sobre o FGTS e dá outras providências, assenta: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano.” (grifos acrescidos) A Lei no 8.177/91 dispõe: “Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. (...) Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança serão remunerados: I - como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação das TRD, no período transcorrido entre o dia do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do crédito de rendimento, exclusive;” Dessa forma, não obstante a insurgência da parte autora quanto à aplicação da TR para a correção de saldo de FGTS, bem como no tocante a sua forma de cálculo, trata-se de um índice previsto em lei. Não cabe ao Poder Judiciário inovar, conferindo novo índice que não o previsto por lei específica, até mesmo porque inexistente qualquer declaração de inconstitucionalidade quanto à aplicação da TR para a correção do saldo de FGTS. Com efeito, em minucioso estudo sobre a matéria no processo 0518311-78.2013.4.05.8300, realizado pela Excelentíssima Sra. Juíza Federal Dra. Danielle Souza de Andrade e Silva Cavalcanti, restou bem lembrada a “natureza institucional” do FGTS, e como tal a necessidade de submissão à legislação infraconstitucional quanto aos critérios para a sua correção monetária. A propósito, citou a Magistrada o voto do Ministro Ilmar Galvão no Recurso Extraordinário 226.855/RS, a seguir transcrito: “(...). No que concerne ao mérito, é de registrar-se, inicialmente, que as contas vinculadas ao FGTS, conforme acertadamente anotado pelo acórdão, não revestem caráter contratual, descabendo falar, conseqüentemente, em situação jurídica definitivamente constituída, insuscetível de alteração senão por vontade das partes. O que se tem, no caso, na verdade, é um fundo criado com a finalidade de compensar o efeito jurídico da estabilidade, suprimido ao contrato de trabalho. De natureza obviamente institucional, nada impede a alteração, por lei, dos seus elementos conformadores, entre eles as contribuições que lhe são destinadas, a remuneração das contas, os critérios de atualização monetária dos respectivos valores e as condições de levantamento dos recursos. Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata. Não há falar, pois, em direito adquirido à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em face de novo índice ficado no bojo de tais planos econômicos, ainda que instituídos no curso do prazo aquisitivo do direito, para ter vigência na data do próximo crédito de rendimentos (para isso considerado, na hipótese de crédito trimestral, cada mês, ‘de per si’, que componha o trimestre, por serem sabidamente de validade mensal os índices de correção monetária). Com efeito, não haveria de se falar, em circunstância tal, em direito adquirido a índice já extinto ou a percentuais apurados com base em dispositivos legais revogados antes do momento de sua aplicação. (...).” (grifos acrescidos) Registra ainda a Magistrada: “E, mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (ADI no 4.357/DF, ADI no 4.425/DF, ADI no 4.400/DF e ADI no 4.372/DF, Pleno, Rel. Min Ayres Britto, j. 07/03/2013, DJe 20/03/2013), ao declarar a inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional no 62/2009, não expungiu a taxa referencial (indexador econômico que reflete as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo junto a instituições financeiras) do mundo jurídico, mas tão somente assinalou que não é possível a sua utilização como indexador monetário ( “... que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda...”) de débitos judiciais, sob pena de vulneração do primado da coisa julgada (CF/1988, artigo 35, XXXVI), no tópico concernente à “preservação do valor real” do crédito previsto na condenação. Dessa forma, considerando a natureza institucional do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e as implicações dela decorrentes, no tocante à recomposição dos saldos constantes nas contas a ele vinculadas por meio de um indexador econômico (“in casu”, a taxa referencial), entendo que não há espaço para qualquer alegação de manipulação ou violação a direito patrimonial dos trabalhadores, restando claro o quão descabido é o intento da parte autora.” Assim, entendo inexiste direito a regime jurídico quanto à fixação de critérios para a correção de saldo de FGTS. Tais critérios podem sofrer alteração por lei infranconstitucional. E atualmente a TR é a taxa aplicável ao saldo de FGTS, por força das leis supramencionadas. A propósito da matéria, o seguinte julgado: “FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS). CORREÇÃO DO SALDO DAS CONTAS VINCULADAS A PARTIR DE 1999. INCIDÊNCIA DA TAXA REFERENCIAL (TR). LEGITIMIDADE. 1. Apelante recorre da sentença pela qual o Juízo Federal julgou improcedente o pedido de condenação da Caixa Econômica Federal (CEF ou Caixa) à correção do saldo da conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a partir de 1999, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). 2. Apelante alega, em suma, que a Taxa Referencial (TR) não reflete a inflação ocorrida a partir de 1999, donde a necessidade da aplicação do INPC, a fim de preservar o poder de compra; e que o STF decidiu que a TR não "repõe o poder de compra". 3. O FGTS é regulamentado pela Lei 8.036, de 11 de maio de 1990 (Lei 8.036). O Art. 13, caput, da Lei 8.036 determina que "[o]s depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano." Portanto, os depósitos efetuados nas contas vinculadas são corrigidos pelo mesmo índice usado na atualização dos saldos das cadernetas de poupança. Por sua vez, "a TR é o índice de correção das cadernetas de poupança". (STF, AI 153516 AgR, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 29/03/1994, DJ 02-09-1994 P. 22740.) Em consequência, a aplicação da TR na atualização monetária dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS decorre, expressamente, do texto legal. 4. Improcedência da alegação de que o STF teria declarado a inconstitucionalidade da TR. Na ADI 493/DF, o STF afastou a aplicação do referido índice da correção do saldo devedor dos financiamentos habitacionais firmados antes da entrada em vigor da Lei 8.177/1991. Consequente legitimidade da incidência do referido índice na atualização dos saldos das contas vinculadas do FGTS, porquanto "a TR é o índice de correção das cadernetas de poupança". (STF, AI 153516 AgR, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 29/03/1994, DJ 02-09-1994 P. 22740.) 5. Apelação não provida.” (TRF 1a REGIÃO, QUINTA TURMA; JUIZ FEDERAL LEÃO APARECIDO ALVES; AC 00005045720144013813 0000504-57.2014.4.01.3813; AC - APELAÇÃO CIVEL - 00005045720144013813 Posto isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido, de modo que extingo o processo com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do NCPC. Sem a condenação em custas processuais e honorários advocatícios nesta instância judicial (Lei no 9.099/1995, artigo 55, primeira parte). Defiro os benefícios da justiça gratuita acaso requeridos. Após o trânsito em julgado, cumpridas as formalidades legais, dê-se a baixa definitiva dos autos. Intimem-se. Recife, data da movimentação.
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. FGTS. INCIDÊNCIA DA TR SOBRE DÉBITOS DO FGTS. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO PELO ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR-INPC. VEDAÇÃO AO JUDICIÁRIO DE SUBSTITUIR O MENCIONADO ÍNDICE. TESE FIRMADA EM RECURSOS REPETITIVOS. REsp No 1.614.874-SC. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o seu pedido de substituição da Taxa Referencial (TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no tocante à correção monetária do saldo de sua conta fundiária. Entende o recorrente que a utilização da TR para correção do saldo resultou em prejuízos, pois o índice em questão passou por declínio constante desde o ano de 1999, até chegar a zero em 2012, não correspondendo, pois, à inflação. Aponta também, em favor de sua tese, a decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou inconstitucional a utilização da TR como índice de correção monetária para o pagamento dos precatórios (ADI 4357/DF e ADI 4425/DF). A Lei no 8.036/90 é clara ao adotar, em seu art. 13, a TR como índice para a correção dos saldos vinculados à caderneta de poupança, senão vejamos: Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano. Por sua vez, a remuneração básica dos depósitos da poupança é dada pela Taxa Referencial- TR, conforme disciplina o art. 7o da Lei no 8.660, de 28 de maio de 1993, que dispõe que "os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial- TR relativa à respectiva data de aniversário". Anote-se que a mudança na forma de remuneração da caderneta de poupança empreendida no ano de 2012 não afastou a adoção da TR, conforme teor do art. 2o da lei no 12.703/2012 Verifica-se, assim, que a legislação do FGTS adotou como índice de correção monetária aquele utilizado para a atualização dos valores depositados em caderneta de poupança, ou seja, o índice oficial adotado foi a Taxa Referencial. Por outro lado, a decisão do STF nas ADIs 4357/DF e 4425/DF não implica na inconstitucionalidade da adoção da TR como índice de correção monetária em todas as situações, mas apenas como índice de correção para as dívidas reconhecidas da Fazenda Pública. Destarte, o argumento da parte autora de que a utilização da TR para a correção dos saldos vinculados à conta do FGTS é inconstitucional não merece prosperar, sendo indevida a substituição da Taxa Referencial pelo INPC ou por qualquer outro índice remuneratório, diverso do legalmente previsto. Por fim, cumpre observar que o colegiado do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Recurso Especial repetitivo (REsp No 1.614.874-SC), de forma unânime, estabeleceu a tese de que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice” in verbis: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. TEMA 731. ARTIGO 1.036 DO CPC/2015. FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. SUBSTITUIÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO FATOR DE CORREÇÃO MONETÁRIA DOS VALORES DEPOSITADOS POR ÍNDICE QUE MELHOR REPONHA AS PERDAS DECORRENTES DO PROCESSO INFLACIONÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. FGTS QUE NÃO OSTENTA NATUREZA CONTRATUAL. REGRAMENTO ESTABELECIDO PELO ART. 17 DA LEI N. 8.177/1991 COMBINADO COM OS ARTS. 2o E 7o DA LEI N. 8.660/1993. 1. Para os fins de aplicação do artigo 1.036 do CPC/2015, é mister delimitar o âmbito da tese a ser sufragada neste recurso especial representativo de controvérsia: discute-se a possibilidade, ou não, de a TR ser substituída como índice de correção monetária dos saldos das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. 2. O recorrente assevera que "[...] a TR deixou de refletir, a partir de 1999, as taxas de inflação do mercado financeiro, e, por conseguinte, o FGTS também deixou de Documento: 82463234 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 15/05/2018 Página 1 de 3 Superior Tribunal de Justiça remunerar corretamente os depósitos vinculados a cada trabalhador" (fl. 507). Defende a aplicação do INPC ou IPCA ou, ainda, de outro índice que melhor reponha as perdas decorrentes da inflação. 3. Por seu turno, o recorrido alega que a lei obriga a aplicação da TR como fator de correção de monetária, na medida em que o FGTS não tem natureza contratual, tendo em vista que decorre de lei todo o seu disciplinamento, inclusive a correção monetária que lhe remunera. 4. A evolução legislativa respeitante às regras de correção monetária dos depósitos vinculados ao FGTS está delineada da seguinte forma: (i) o art. 3o da Lei n. 5.107/1966 previra que a correção monetária das contas fundiárias respeitaria a legislação especifica; (ii) posteriormente, a Lei n. 5.107/1966 foi alterada pelo Decreto-Lei n. 20/1966, e o art. 3o supra passou a prever que os depósitos estariam sujeitos à correção monetária na forma e pelos critérios adotados pelo Sistema Financeiro da Habitação e capitalizariam juros segundo o disposto no artigo 4o; (iii) em 1989, foi editada a Lei n. 7.839, que passou a disciplinar o FGTS e previu, em seu art. 11, que a correção monetária observaria os parâmetros fixados para atualização dos saldos de depósitos de poupança; (iv) a Lei n. 8.036/1990, ainda em vigor, dispõe, em seu art. 13, a correção monetária dos depósitos vinculados ao FGTS com parâmetro nos índices de atualização da caderneta de poupança; (v) a Lei n. 8.177/1991 estabeleceu regras de desindexação da economia, vindo a estipular, em seu art. 17, que os saldos das contas do FGTS deveriam ser remunerados, e não mais corrigidos, pela taxa aplicável à remuneração básica da poupança; e (vi) a partir da edição da Lei n. 8.660/1993, precisamente em seus arts. 2o e 7o, a Taxa Referencial. 5. O FGTS não tem natureza contratual, na medida em que decorre de lei todo o seu disciplinamento. Precedentes RE 248.188, Relator Ministro Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, DJ 1/6/2001; e RE 226.855/RS, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJ 13/10/2000. 6. É vedado ao Poder Judiciário substituir índice de correção monetária estabelecido em lei. Precedentes: RE 442634 AgR, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ 30/11/2007; e RE 200.844 AgR, Relator: Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, DJ 16/08/2002. 7. O FGTS é fundo de natureza financeira e que ostenta característica de multiplicidade, pois, além de servir de indenização aos trabalhadores, possui a finalidade de fomentar políticas públicas, conforme dispõe o art. 6o da Lei 8.036/1990. TESE PARA FINS DO ART. 1.036 DO CPC/2015 8. A remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice. 9. Recurso especial não provido. Acórdão submetido à sistemática do artigo 1.036 do CPC/2015.” (REsp no 1614874 / SC, julgado em 11/04/2018). Por essas razões, nego provimento ao recurso inominado. A sucumbência em desfavor do demandante, que obteve o benefício da gratuidade judiciária, restringe-se a honorários, que arbitro em 10 (dez) por cento sobre o valor da causa (art. 85, §2o c/c art. 98, §2o do Código de Processo Civil). Referida obrigação, entretanto, fica sob condição suspensiva, podendo ser cobrada se, dentro de 05 (cinco) anos, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade (art. 98, §3o do CPC). Em face da decisão proferida pelo E. Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI 5090, em 06/09/2019, pelo Ministro Relator Luís Roberto Barroso, e adotando-se a sistemática prevista no microssistema dos Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/01, artigo 14, §5o, §6o), determino o sobrestamento do feito até ulterior deliberação do STF. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, por unanimidade, negar provimento ao recurso inominado, nos termos da ementa supra. Recife/PE, data do julgamento.
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15-PE
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2.893924
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação especial cível proposta contra a Caixa Econômica Federal – CEF, objetivando a correção monetária do saldo de FGTS, com aplicação do INPC, IPCA ou qualquer outro índice que reponha adequadamente as perdas inflacionárias sofridas, bem como o pagamento das diferenças devidas. Argumenta a parte autora que a Taxa Referencial (TR) aplicada aos saldos de FGTS não repõe o valor da moeda. II. Fundamentação Em recente decisão monocrática nos autos do RESP 1381683 – PE (15/09/2016), o Superior Tribunal de Justiça não conheceu do recurso especial, por entender não reunir as condições para a sua admissibilidade. Assim, restou prejudicada a decisão à fl. 312 do referido processo, que determinava a suspensão da tramitação das correlatas ações a todas as instâncias da Justiça comum, estadual e federal, inclusive Juizados Especiais Cíveis e as respectivas Turmas ou Colégios Recursais, motivo pelo qual passo a analisar a presente matéria. II.I – Questão processual: ilegitimidade passiva da ré Inicialmente, não se há de falar em ilegitimidade passiva “ad causam” da Caixa Econômica Federal. A propósito, o enunciado no 249 da Súmula do STJ: “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS.” Outrossim, consoante remansosa jurisprudência, a legitimidade em debate é exclusiva da Caixa. Isso porque é a empresa pública quem administra o fundo e eventual ilegalidade na atualização a menor dos valores depositados a ela beneficiaria. Não merece prosperar, portanto, a segunda preliminar. Veja-se: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO MONETÁRIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. ÍNDICES DE JUNHO/87, JANEIRO/89, ABRIL/90, MAIO/90, JULHO/90 E FEVEREIRO/91. LEGITIMIDADE PASSIVA EXCLUSIVA DA CEF. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO AFASTADO. PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA (SÚMULA No 210/STJ). ÍNDICES APLICÁVEIS. SÚMULA 252/STJ. JULGAMENTO PELO STJ EM RECURSO REPETITIVO. ADEQUAÇÃO (CPC, ART. 543-C, PARÁGRAFO 7o, II). 1. Interposto recurso especial, a Vice-Presidência desta Corte, com base em recurso representativo da controvérsia, determinou o retorno dos autos ao Órgão Julgador originário para fins de, querendo, se adequar ao paradigma indicado (art. 543-C, parágrafo 7o, II, do CPC). 2. O colendo STJ, ao julgar o REsp no 1112520/PE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, submetido ao regime do art. 543-C do CPC, decidiu que: - "esta Corte tem o entendimento no sentido de que, nas demandas que tratam da atualização monetária dos saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser gestora do Fundo, com a exclusão da União e dos bancos depositários (Súmula 249/STJ); - outrossim, não deve prevalecer a interpretação da recorrente quanto à ocorrência de prescrição quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é trintenária a prescrição para cobrança de correção monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos termos das Súmula 210/STJ: 'A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta anos';” (TRF 5a REGIÃO; TERCEIRA TURMA; AC 9905033483 AC - Apelação Cível – 157010; DJE - Data: 28/11/2013) II.II. MÉRITO No que concerne aos índices de correção monetária do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, não obstante a sucessão de leis, decretos e resoluções que trataram de especificar como se daria a remuneração dos saldos dessas contas, observo que, há muito, o índice aplicado para a correção monetária de saldo de FGTS é o mesmo usado para a correção de conta-poupança. A Lei no 8.036/90, que dispõe sobre o FGTS e dá outras providências, assenta: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano.” (grifos acrescidos) A Lei no 8.177/91 dispõe: “Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. (...) Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança serão remunerados: I - como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação das TRD, no período transcorrido entre o dia do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do crédito de rendimento, exclusive;” Dessa forma, não obstante a insurgência da parte autora quanto à aplicação da TR para a correção de saldo de FGTS, bem como no tocante a sua forma de cálculo, trata-se de um índice previsto em lei. Não cabe ao Poder Judiciário inovar, conferindo novo índice que não o previsto por lei específica, até mesmo porque inexistente qualquer declaração de inconstitucionalidade quanto à aplicação da TR para a correção do saldo de FGTS. Com efeito, em minucioso estudo sobre a matéria no processo 0518311-78.2013.4.05.8300, realizado pela Excelentíssima Sra. Juíza Federal Dra. Danielle Souza de Andrade e Silva Cavalcanti, restou bem lembrada a “natureza institucional” do FGTS, e como tal a necessidade de submissão à legislação infraconstitucional quanto aos critérios para a sua correção monetária. A propósito, citou a Magistrada o voto do Ministro Ilmar Galvão no Recurso Extraordinário 226.855/RS, a seguir transcrito: “(...). No que concerne ao mérito, é de registrar-se, inicialmente, que as contas vinculadas ao FGTS, conforme acertadamente anotado pelo acórdão, não revestem caráter contratual, descabendo falar, conseqüentemente, em situação jurídica definitivamente constituída, insuscetível de alteração senão por vontade das partes. O que se tem, no caso, na verdade, é um fundo criado com a finalidade de compensar o efeito jurídico da estabilidade, suprimido ao contrato de trabalho. De natureza obviamente institucional, nada impede a alteração, por lei, dos seus elementos conformadores, entre eles as contribuições que lhe são destinadas, a remuneração das contas, os critérios de atualização monetária dos respectivos valores e as condições de levantamento dos recursos. Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata. Não há falar, pois, em direito adquirido à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em face de novo índice ficado no bojo de tais planos econômicos, ainda que instituídos no curso do prazo aquisitivo do direito, para ter vigência na data do próximo crédito de rendimentos (para isso considerado, na hipótese de crédito trimestral, cada mês, ‘de per si’, que componha o trimestre, por serem sabidamente de validade mensal os índices de correção monetária). Com efeito, não haveria de se falar, em circunstância tal, em direito adquirido a índice já extinto ou a percentuais apurados com base em dispositivos legais revogados antes do momento de sua aplicação. (...).” (grifos acrescidos) Registra ainda a Magistrada: “E, mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (ADI no 4.357/DF, ADI no 4.425/DF, ADI no 4.400/DF e ADI no 4.372/DF, Pleno, Rel. Min Ayres Britto, j. 07/03/2013, DJe 20/03/2013), ao declarar a inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional no 62/2009, não expungiu a taxa referencial (indexador econômico que reflete as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo junto a instituições financeiras) do mundo jurídico, mas tão somente assinalou que não é possível a sua utilização como indexador monetário ( “... que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda...”) de débitos judiciais, sob pena de vulneração do primado da coisa julgada (CF/1988, artigo 35, XXXVI), no tópico concernente à “preservação do valor real” do crédito previsto na condenação. Dessa forma, considerando a natureza institucional do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e as implicações dela decorrentes, no tocante à recomposição dos saldos constantes nas contas a ele vinculadas por meio de um indexador econômico (“in casu”, a taxa referencial), entendo que não há espaço para qualquer alegação de manipulação ou violação a direito patrimonial dos trabalhadores, restando claro o quão descabido é o intento da parte autora.” Assim, entendo inexiste direito a regime jurídico quanto à fixação de critérios para a correção de saldo de FGTS. Tais critérios podem sofrer alteração por lei infranconstitucional. E atualmente a TR é a taxa aplicável ao saldo de FGTS, por força das leis supramencionadas. A propósito da matéria, o seguinte julgado: “FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS). CORREÇÃO DO SALDO DAS CONTAS VINCULADAS A PARTIR DE 1999. INCIDÊNCIA DA TAXA REFERENCIAL (TR). LEGITIMIDADE. 1. Apelante recorre da sentença pela qual o Juízo Federal julgou improcedente o pedido de condenação da Caixa Econômica Federal (CEF ou Caixa) à correção do saldo da conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a partir de 1999, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). 2. Apelante alega, em suma, que a Taxa Referencial (TR) não reflete a inflação ocorrida a partir de 1999, donde a necessidade da aplicação do INPC, a fim de preservar o poder de compra; e que o STF decidiu que a TR não "repõe o poder de compra". 3. O FGTS é regulamentado pela Lei 8.036, de 11 de maio de 1990 (Lei 8.036). O Art. 13, caput, da Lei 8.036 determina que "[o]s depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano." Portanto, os depósitos efetuados nas contas vinculadas são corrigidos pelo mesmo índice usado na atualização dos saldos das cadernetas de poupança. Por sua vez, "a TR é o índice de correção das cadernetas de poupança". (STF, AI 153516 AgR, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 29/03/1994, DJ 02-09-1994 P. 22740.) Em consequência, a aplicação da TR na atualização monetária dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS decorre, expressamente, do texto legal. 4. Improcedência da alegação de que o STF teria declarado a inconstitucionalidade da TR. Na ADI 493/DF, o STF afastou a aplicação do referido índice da correção do saldo devedor dos financiamentos habitacionais firmados antes da entrada em vigor da Lei 8.177/1991. Consequente legitimidade da incidência do referido índice na atualização dos saldos das contas vinculadas do FGTS, porquanto "a TR é o índice de correção das cadernetas de poupança". (STF, AI 153516 AgR, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, julgado em 29/03/1994, DJ 02-09-1994 P. 22740.) 5. Apelação não provida.” (TRF 1a REGIÃO, QUINTA TURMA; JUIZ FEDERAL LEÃO APARECIDO ALVES; AC 00005045720144013813 0000504-57.2014.4.01.3813; AC - APELAÇÃO CIVEL - 00005045720144013813 Posto isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido, de modo que extingo o processo com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do NCPC. Sem a condenação em custas processuais e honorários advocatícios nesta instância judicial (Lei no 9.099/1995, artigo 55, primeira parte). Defiro os benefícios da justiça gratuita acaso requeridos. Após o trânsito em julgado, cumpridas as formalidades legais, dê-se a baixa definitiva dos autos. Intimem-se. Recife, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
10
0505378-27.2019.4.05.8312
2019-10-09 00:00:00
Caixa Econômica Federal - CEF (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-14 09:20:19
Sentença - Improcedente
2019-12-11T14:47:37
Acórdão - FGTS_TR_NP
Paulo Roberto Parca de Pinho
2019-12-11 10:00:00
ETHEL FRANCISCO RIBEIRO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,158
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Organização Político-administrativa / Administração Pública
FGTS/Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
1
PE013762
SENTENÇA I – Relatório Relatório dispensado, na forma do art. 38 da Lei n. 9.099/95. II – Fundamentação 1.Do Mérito Trata-se de ação especial cível proposta em face da Caixa Econômica Federal – CEF, como a finalidade de obter a reposição das perdas sobre os depósitos existentes em conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no período declinado na exordial, por entender que o índice de correção monetária aplicado não repõe, adequadamente, as perdas inflacionárias verificadas no aludido período. A parte ré depositou em cartório a peça contestatória. É o relatório do essencial. Decido. No que concerne aos índices de correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, é importante iniciar ilustrando que, ao longo dos anos, uma sucessão de leis, decretos e resoluções trataram de especificar como se daria a remuneração dos saldos dessas contas. De acordo com a previsão contida na Lei no 5.107/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a atualização a ser repassada aos respectivos depósitos dar-se-ia pelos mesmos critérios adotados no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, pressupondo, por isso, a aplicação da Unidade Padrão de Capital (UPC), que foi adotada até o ano de 1975, com creditamento trimestral em face da dicção originária do Decreto no 59.820/1966, passando a atualização a ser aplicada anualmente, no mês de janeiro de cada ano, por força do Decreto no 71.636/1972. Entre os anos de 1976 e 1986, o tema foi regulado pelo Decreto no 76.750/1975, que determinou o repasse da variação da ORTN, recomendando, também, o retorno da sistemática de correção trimestral. Com a implantação do Plano Cruzado, os Decretos-Leis no 2.283/1986 e no 2.284/1986 fizeram alusão ao IPC como índice oficial de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, sendo a redação deste último modificada pelo Decreto-Lei no 2.311/1986, que passou a prever, para esse fim, a adoção da LBC ou de outro índice fixado pelo Conselho Monetário Nacional, o qual, desincumbindo-se desse mister de eleger o indexador aplicável, editou a Resolução no 1.265/1987, recomendando o repasse da OTN a partir do mês de março de 1987, a ser apurada segundo a variação do IPC ou da LBC, preferindo-se o índice de maior resultado. Com a Resolução no 1.338, de 15/07/1987, o Banco Central do Brasil alterou a sistemática de apuração do percentual da OTN, a qual, no mês de julho de 1987, foi calculada com base na variação da LBC, passando a corresponder, a partir de agosto de 1987, ao percentual divulgado para o IPC. Ao mesmo tempo em que modificou os critérios utilizados para delimitação da OTN, a mencionada Resolução recomendou que os saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a partir do mês de agosto de 1987, fossem atualizados em atenção à variação do valor nominal da OTN (atrelada ao IPC), ou, se maior, ao rendimento da LBC que excedesse o percentual fixo de 0,5% (meio por cento). Assim é que a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nos termos da lei, correspondeu, em julho de 1987, ao índice da LBC, acontecendo, a partir de agosto de 1987, com fulcro na variação da OTN (atrelada ao IPC) ou LBC subtraída de 0,5%, se um percentual maior fosse resultante dessa subtração. A Medida Provisória no 38, de 03/02/1989, convertida na Lei no 7.738/1989, trouxe a lume normas complementares para execução da Lei no 7.730/1989, que cuidou do Plano Verão, ficando, desde então, a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, expressamente atrelada à correção da poupança. A expressa correlação entre os índices do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da poupança foi mantida no texto da Lei no 7.839/1989, que finalmente revogou a lei instituidora do Fundo de Garantia (Lei no 5.107/1966), decorrendo, ainda, de seus ditames, a alteração no período de creditamento da atualização dos depósitos realizados em contas fundiárias, que passou a ser mensal, tal qual a poupança. A correção da poupança, por seu turno, consoante previsto na Medida Provisória no 32, de 15/01/1989, convertida na Lei no 7.730/1989, passou a ser efetuada da seguinte maneira: Art. 17. Os saldos das Cadernetas de Poupança serão atualizados: I- No mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional - LFT verificado no mês de janeiro de 1989, deduzido o percentual fixo 0,5% (meio por cento); II - nos meses de março e abril de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro - LFT, deduzido o percentual fixo de 0,5% (meio por cento), ou da variação do IPC, verificados no mês anterior, prevalecendo o maior; III - a partir de maio de 1989, com base na variação do IPC verificada no mês anterior. O IPC do mês anterior, adotado para fins de atualização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da poupança, a partir de maio de 1989, persistiu até março de 1990, ocasião em que foi editada a Medida Provisória no 168/1990, convertida na Lei no 8.024/1990, recomendando, para esse fim, nos meses de abril e maio de 1990, a adoção do BTNF, que foi substituído, em seguida, por meio da Medida Provisória no 189/1990, convertida na Lei no 8.088, de 31/10/1990, pelo BTN, cuja aplicação foi observada no interstício de junho de 1990 a janeiro de 1991, vindo este índice a dar lugar, por derradeiro, à “Taxa Referencial - TR”, mantida até hoje desde o advento da Medida Provisória no 204, de 31/01/1991, convertida na Lei no 8.177, de 01/03/1991, de conformidade com o disposto no artigo 13 da Lei no 8.036/1990. No que concerne à taxa referencial (TR), essa é calculada a partir da remuneração mensal média dos depósitos a prazos fixos (CDBs) captados pelos mais diversos bancos (comerciais, investimentos, de títulos públicos, etc.), conforme metodologia aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (Resolução CMN no 3.354/2006, alterada pelas Resoluções CMN no 3.446/2007, no 3.530/2008, no 4.240/2013, e normas complementares, que tratam, também, da metodologia de cálculo da Taxa Básica Financeira - TBF), órgão esse vinculado ao Banco Central do Brasil. Ao atrelar o cálculo da taxa referencial às remunerações médias pagas pelas maiores instituições financeiras do país, tem-se garantido que o índice não sofreu qualquer tipo de manipulação por parte da autoridade monetária. A tese encampada na petição inicial, quanto à necessidade de preservação do "valor real" do capital depositado nas contas fundiárias, já foi refutada pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do histórico julgamento do Recurso Extraordinário no 226.855/RS, que esteve sob a relatoria do Ministro Moreira Alves, quando ficou assentado o entendimento a respeito da “natureza institucional” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, da inexistência de direito adquirido a regime jurídico, bem assim no sentido da necessidade da submissão dos critérios adotados para sua remuneração aos termos da legislação infraconstitucional, aspectos que, inclusive, culminaram em reparos realizados no acórdão regional recorrido que havia condenado a Caixa Econômica Federal na aplicação dos índices tocantes aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. Daquele julgado, colhe-se o voto do então Ministro Ilmar Galvão, que ilustrou, de maneira conclusiva, a questão ora trazida ao crivo do Judiciário: (...). No que concerne ao mérito, é de registrar-se, inicialmente, que as contas vinculadas ao FGTS, conforme acertadamente anotado pelo acórdão, não revestem caráter contratual, descabendo falar, conseqüentemente, em situação jurídica definitivamente constituída, insuscetível de alteração senão por vontade das partes. O que se tem, no caso, na verdade, é um fundo criado com a finalidade de compensar o efeito jurídico da estabilidade, suprimido ao contrato de trabalho. De natureza obviamente institucional, nada impede a alteração, por lei, dos seus elementos conformadores, entre eles as contribuições que lhe são destinadas, a remuneração das contas, os critérios de atualização monetária dos respectivos valores e as condições de levantamento dos recursos. Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários.É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata. Não há falar, pois, em direito adquirido à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em face de novo índice ficado no bojo de tais planos econômicos, ainda que instituídos no curso do prazo aquisitivo do direito, para ter vigência na data do próximo crédito de rendimentos (para isso considerado, na hipótese de crédito trimestral, cada mês, ‘de per si’, que componha o trimestre, por serem sabidamente de validade mensal os índices de correção monetária). Com efeito, não haveria de se falar, em circunstância tal, em direito adquirido a índice já extinto ou a percentuais apurados com base em dispositivos legais revogados antes do momento de sua aplicação. (...). Em um outro estudo a respeito do tema, que tem servido de paradigma para inúmeros julgados no âmbito das Cortes Superiores, o Ministro Teori Albino Zavascki (“Planos Econômicos, Direito Adquirido e FGTS”inRevista de Informação Legislativa, v.34, n134, p.251/261, abril/junho 1997) teve oportunidade de explicitar que: (...). Qualquer que seja, no entanto, a perspectiva a partir da qual se examine o FGTS, uma característica importante nele se identifica desde logo: a sua natureza institucional. Na verdade, o FGTS é uma instituição, da qual decorre um plexo de relações jurídicas com diferentes figurantes: há a relação jurídica que se estabelece entre o empregador e o Fundo, cuja prestação é uma contribuição mensal sobre os ganhos dos empregados; e há a relação jurídica que se estabelece entre o titular da conta vinculada (o empregado) e o Fundo, da qual nasce o dever de creditar rendimentos periódicos e, eventualmente, de entregar ao titular da conta o saldo disponível. Tais relações jurídicas nascem e se moldam em estrita observância de normas legais, gerais e abstratas, idênticas para todos os empregados e para todas as empresas. Até mesmo a opção pelo ‘regime instituído na presente lei’ (observe-se que a lei fala em ‘regime’!), originalmente prevista no art. 1o da Lei no 5.107, de 1966, até mesmo essa opção, único resquício de autonomia de vontade do empregado (e que se limitava a aderir ou não ao regime), já não mais existe. Hoje, a adesão ao regime do FGTS é imposta por lei a empresas e a trabalhadores, e é a lei que disciplina, de forma exaustiva, todo o conteúdo e todas as consequências de tal vinculação. Em suma, nada tem de contratual o regime do FGTS. Sua natureza é tipicamente institucional, estatutária, objetiva. (...). Portanto, em virtude da “natureza institucional” do Fundo, infere-se que não há margem para tergiversações sobre os critérios de correção previstos em lei, restando, por isso, esvaziada a questão jurídica de fundo arguida pela parte autora, que só demonstra, a bem da verdade, o seu inconformismo com o índice escolhido pela legislação de regência (Lei no 8.036/1990, artigo 13) para recomposição financeira dos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, supostamente inservíveis para reposição da corrosão dos saldos fundiários acarretada pela alegada "inflação real". A inflação sempre foi aferida, dada a complexidade ínsita à variação de preços, por diversos indexadores econômicos. É possível, na atualidade, apontar, dentre outros índices que aferem as oscilações no poder aquisitivo da moeda, o IGP (calculado pela Fundação Getúlio Vargas), o IPC (medido pela FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o INPC (medido pelo IBGE) e o IPCA (também calculado pelo IBGE). Aliás, há muito, a economia se baseia em vários indexadores para calcular a inflação, sem que um tenha sucedido o outro, como, por exemplo, IGP-DI (1944), IPA (1947), IPCA (1980) e IGP-M (1989). Essa multiplicidade de indexadores econômicos existentes simultaneamente resulta, como é de se esperar, em índices inflacionários diferenciados, porquanto adotados métodos distintos de cálculo para delimitação de cada um deles, o que torna, portanto, praticamente impossível sustentar a existência de um único critério que revele a "inflação real". Qual dos indexadores deveria indicar com precisão a "inflação real"? Não há como definir. Daí porque se afigura estranha a ideia de existir uma "inflação real" a ser obrigatoriamente repassada às contas vinculadas de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. É exatamente em face da existência de inúmeros índices diferentes, que os atos e negócios jurídicos reclamam seja expressamente realizada uma predefinição do índice a que se submeterão para fins de correção monetária, escolhendo, dentre os vários disponíveis, o indexador econômico que promoverá a atualização monetária dos valores em jogo. O mesmo ocorre com os percentuais aplicados na correção monetária das contas vinculadas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A legislação já define qual indexador econômico será aplicado pelo conselho curador do Fundo. E é aqui onde reside o “X” da questão. De acordo com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário 226.855/RS, a legislação não exige, necessariamente, que a correção monetária aplicada sobre as contas fundiárias reflita a "inflação real" do período. O Supremo Tribunal Federal (RE 175.678/MG, 2aT., Rel. Min Carlos Velloso, j. 29/11/1994, DJ 04/08/1995) também já se manifestou no sentido de que o seu pronunciamento nas ADIs no 493, no 768 e no 959não teve o condão de declarar a inconstitucionalidade da taxa referencial, visto que fora reconhecido, apenas, a impossibilidade da sua utilização como índice de indexação em substituição àqueles estipulados em contratos firmados anteriormente à Lei no 8.177/1991. E, mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (ADI no 4.357/DF, ADI no 4.425/DF, ADI no 4.400/DF e ADI no 4.372/DF, Pleno, Rel. Min Ayres Britto, j. 07/03/2013, DJe 20/03/2013), ao declarar a inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional no 62/2009, não expungiu a taxa referencial (indexador econômico que reflete as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo junto a instituições financeiras) do mundo jurídico, mas tão somente assinalou que não é possível a sua utilização como indexador monetário ( “... que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda...”) de débitos judiciais, sob pena de vulneração do primado da coisa julgada (CF/1988, artigo 35, XXXVI), no tópico concernente à “preservação do valor real” do crédito previsto na condenação. Dessa forma, considerando a natureza institucional do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e as implicações dela decorrentes, no tocante à recomposição dos saldos constantes nas contas a ele vinculadas por meio de um indexador econômico ( “in casu”, a taxa referencial), entendo que não há espaço para qualquer alegação de manipulação ou violação a direito patrimonial dos trabalhadores, restando claro o quão descabido é o intento da parte autora. Outrossim, tratando-se de depósitos de FGTS, que possui uma normativa própria e finalidade que ultrapassa o interesse pessoal da pessoa física vinculada, entendo que a atual correção não viola as normas constitucionais citadas pelo autor, em especial, Dignidade da pessoa Humana (art. 1o e inciso III, da CF), princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5o, caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade, direito adquirido (art. 5o, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF). Posto isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido, de modo que extingo o processo com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do CPC. Sem a condenação em custas processuais e honorários advocatícios nesta instância judicial (Lei no 9.099/1995, artigo 55, primeira parte). Defiro a gratuidade de justiça. Intimem-se. Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação.
EMENTA CIVIL. FGTS. SUBSTITUIÇÃO TR POR OUTRO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. PERDAS INFLACIONÁRIAS A PARTIR DE JANEIRO DE 1999. AUSÊNCIA PREVISÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. SEPARAÇÃO PODERES. RECURSO DO PARTICULAR IMPROVIDO. Trata-se de Recurso movido pelo particular, por meio da qual pretende obter provimento jurisdicional que determine a substituição da TR pelo INPC, IPCA, ou qualquer outro índice que reponha perdas inflacionárias, como índice de correção monetária de conta vinculada do FGTS de sua titularidade, a partir de janeiro/1999, sustentando, em síntese, que aquele índice se distanciou sensivelmente dos índices oficiais de inflação, impingindo profundas perdas aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para garantir a reposição de perdas monetárias. A pretensão foi refutada pela CEF em suas razões de defesa. A pretensão recursal tem como objetivo a substituição da TR pelo INPC, IPCA ou qualquer outro índice que reponha as perdas inflacionárias, substituindo aquele como índice de correção dos depósitos efetuados em conta vinculada do FGTS de titularidade da parte autora, com a consequente aplicação do novo índice escolhido sobre os depósitos ali constantes. A Lei no 8.036/1990, ao dispor sobre o Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço, determina a correção monetária dos saldos das contas vinculadas ao FGTS de maneira diversa da pretendida pela parte autora, estabelecendo a utilização do mesmo índice utilizado para atualização dos saldos de poupança e capitalização de juros de 3% (três por cento) ao ano, verbis: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano.” De outro giro, a partir da edição da Medida Provisória no 294 de 31/1/1991, a TR passou a ser utilizada como indexador das contas do FGTS e a ser feita mensalmente, por força do disposto no seu art. 5o, que determinou como parâmetro para correção das contas vinculadas ao FGTS o mesmo índice atualizado para os saldos das cadernetas de poupança (Lei no 7.738/1989, art. 6o, I). Esta Medida Provisória foi convertida na Lei no 8.177/1991, que dispõe em seu artigo 5o, in verbis: “Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia 1°, observada a periodicidade mensal para remuneração.” A correção da poupança, por seu turno, consoante prevista na Medida Provisória no 32, de 15/01/1989, convertida na Lei no 7.730/1989, passou a ser efetuada da seguinte maneira: “Art. 17. Os saldos das Cadernetas de Poupança serão atualizados: I- No mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional-LFT-verificado no mês de janeiro de 1989, deduzido o percentual fixo 0,5% (meio por cento); II - nos meses de março e abril de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro - LFT, deduzido o percentual fixo de 0,5% (meio por cento), ou da variação do IPC, verificados no mês anterior, prevalecendo o maior; III - a partir de maio de 1989, com base na variação do IPC verificada no mês anterior.” O IPC do mês anterior, adotado para fins de atualização do FGTS e da poupança, a partir de maio/1989, persistiu até março/90, ocasião em que foi editada a MP no 168/90, convertida na Lei no 8.024/90, recomendando, para esse fim, nos meses de abril e maio/90, a adoção do BTNF, que foi substituído, em seguida, por meio da MP no 189/90, convertida na Lei no 8.088, de 31/10/90, pelo BTN, cuja aplicação foi observada no interstício de junho a janeiro/1991, vindo este índice a dar lugar, por derradeiro, à TR, mantida desde que fixada na MP no 294, de 31/01/1991, convertida na Lei no 8.177, de 01/03/1991. Por fim, o art. 1o da Lei no 12.703/2012 – objeto de conversão da Medida Provisória no 567, alterando o art. 12 da Lei no 8.177/1991 –, trouxe novas regras para a remuneração da poupança a partir de 04/05/2012, estabelecendo que (i) para depósitos efetuados até 03/05/2012, a remuneração continuou sendo a Taxa Referencial (TR) + 0,5% a.m., bem como para os novos depósitos ou contas abertas a partir de 04/05/2012, quando a Taxa Selic for superior a 8,5% a.a; e (ii) para os novos depósitos ou contas abertas a partir de 04/05/2012, a remuneração da poupança será 70% da Selic + TR, quando a Taxa Selic for igual ou inferior a 8,5% a.a. Como se percebe, por expressa determinação legal específica, o índice a ser utilizado para atualização monetária das contas de FGTS é a TR, merecendo lembrança que, em virtude da natureza institucional do Fundo, é inafastável a aplicação dos critérios previstos na legislação de regência da matéria, sendo defesa a substituição dos índices oficiais instituídos em lei para a correção monetária dos valores depositados em favor dos trabalhadores, para que seja adotada qualquer outra sistemática que lhes aparente mais vantajosa, preterindo-se a legislação a pretexto de sanar perdas provocadas pelos critérios de atualização nela fixados, não havendo razão, portanto, para a adoção do INPC, IPCA ou outro índice, que jamais foram mencionados na legislação para fins de remuneração do FGTS, o qual não pode ser equiparado às aplicações financeiras, nem sequer ostenta natureza contratual, como a poupança, implicando, exatamente, a sua natureza estatutária, a necessidade de ser gerido em obediência irrestrita à lei. Nessa linha, resta evidente que não há margem para discussões sobre os critérios de correção previstos em lei, restando, por isso, esvaziada a questão jurídica de fundo suscitada pela parte demandante, a qual só demonstra o seu inconformismo com os critérios determinados na legislação de regência para recomposição dos depósitos do FGTS, supostamente inservíveis para reposição da corrosão dos depósitos fundiários acarretada pela inflação. Enfim, o índice devido de correção monetária das contas vinculadas do FGTS, assim como a periodicidade de seu creditamento, dada a natureza institucional do Fundo, são previstos em lei específica, não podendo ser preteridos os critérios da lei, sendo descabida a sua substituição por índices que acompanhem os resultados da inflação, não havendo que falar em manipulação ou violação ao direito patrimonial dos trabalhadores a aplicação de índices legalmente fixados para correção do FGTS, embora os índices normatizados não venham a ser iguais ou maiores aos índices inflacionários divulgados no país para determinado período. Deve ser ressaltado que as Leis no 7.839/1989 e 8.036/1990, ao vincularem a correção das contas de FGTS às cadernetas de poupança, nunca chegaram a prever qualquer obrigação de se respeitar a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal. Não há, também, qualquer dispositivo constitucional nesse sentido. Verifica-se, assim, que a legislação do FGTS adotou como índice de correção monetária aquele utilizado para a atualização dos valores depositados em caderneta de poupança, ou seja, o índice oficial adotado foi a Taxa Referencial. Por outro lado, a decisão do STF nas ADIs 4357/DF e 4425/DF não implicam na inconstitucionalidade da adoção da TR como índice de correção monetária em todas as situações, mas apenas como índice de correção para as dívidas reconhecidas da Fazenda Pública. Destarte, o argumento da parte autora de que a utilização da TR para a correção dos saldos vinculados à conta do FGTS é inconstitucional não merece prosperar, sendo indevida a substituição da Taxa Referencial pelo INPC ou por qualquer outro índice remuneratório, diverso do legalmente previsto. Ademais, a substituição almejada pela parte Recorrente implicaria em ofensa ao Princípio da Separação dos Poderes, visto que não cabe ao Poder Judiciário legislar. Dessa forma, por falta de amparo legal ou constitucional, a pretensão do Recorrente não merece prosperar. Inclusive, o STJ, no julgamento do Tema 731 decidiu que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice”. Em face da decisão proferida pelo E. Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI 5090, em 06/09/2019, pelo Ministro Relator Luís Roberto Barroso, e adotando-se a sistemática prevista no microssistema dos Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/01, artigo 14, §5o, §6o), determino o sobrestamento do feito até ulterior deliberação do STF. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso do autor, mantendo a sentença por seus próprios fundamentos. A sucumbência em desfavor do demandante restringe-se a honorários, que arbitro em 10 (dez) por cento sobre o valor da causa (art. 85, §2o c/c art. 98, §2o do Novo Código de Processo Civil). Referida obrigação, entretanto, fica sob condição suspensiva, podendo ser cobrada se, dentro de 05(cinco) anos, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade (art. 98, §3o do NCPC). Custas ex lege. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a 1a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso da parte autora, nos termos do voto supra. LIZ CORRÊA DE AZEVEDO
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34-PE
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4.898137
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
URL Mérito Trata-se de ação especial cível proposta em face da Caixa Econômica Federal – CEF, como a finalidade de obter a reposição das perdas sobre os depósitos existentes em conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no período declinado na exordial, por entender que o índice de correção monetária aplicado não repõe, adequadamente, as perdas inflacionárias verificadas no aludido período. A parte ré depositou em cartório a peça contestatória. É o relatório do essencial. Decido. No que concerne aos índices de correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, é importante iniciar ilustrando que, ao longo dos anos, uma sucessão de leis, decretos e resoluções trataram de especificar como se daria a remuneração dos saldos dessas contas. De acordo com a previsão contida na Lei no 5.107/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a atualização a ser repassada aos respectivos depósitos dar-se-ia pelos mesmos critérios adotados no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, pressupondo, por isso, a aplicação da Unidade Padrão de Capital (UPC), que foi adotada até o ano de 1975, com creditamento trimestral em face da dicção originária do Decreto no 59.820/1966, passando a atualização a ser aplicada anualmente, no mês de janeiro de cada ano, por força do Decreto no 71.636/1972. Entre os anos de 1976 e 1986, o tema foi regulado pelo Decreto no 76.750/1975, que determinou o repasse da variação da ORTN, recomendando, também, o retorno da sistemática de correção trimestral. Com a implantação do Plano Cruzado, os Decretos-Leis no 2.283/1986 e no 2.284/1986 fizeram alusão ao IPC como índice oficial de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, sendo a redação deste último modificada pelo Decreto-Lei no 2.311/1986, que passou a prever, para esse fim, a adoção da LBC ou de outro índice fixado pelo Conselho Monetário Nacional, o qual, desincumbindo-se desse mister de eleger o indexador aplicável, editou a Resolução no 1.265/1987, recomendando o repasse da OTN a partir do mês de março de 1987, a ser apurada segundo a variação do IPC ou da LBC, preferindo-se o índice de maior resultado. Com a Resolução no 1.338, de 15/07/1987, o Banco Central do Brasil alterou a sistemática de apuração do percentual da OTN, a qual, no mês de julho de 1987, foi calculada com base na variação da LBC, passando a corresponder, a partir de agosto de 1987, ao percentual divulgado para o IPC. Ao mesmo tempo em que modificou os critérios utilizados para delimitação da OTN, a mencionada Resolução recomendou que os saldos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a partir do mês de agosto de 1987, fossem atualizados em atenção à variação do valor nominal da OTN (atrelada ao IPC), ou, se maior, ao rendimento da LBC que excedesse o percentual fixo de 0,5% (meio por cento). Assim é que a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nos termos da lei, correspondeu, em julho de 1987, ao índice da LBC, acontecendo, a partir de agosto de 1987, com fulcro na variação da OTN (atrelada ao IPC) ou LBC subtraída de 0,5%, se um percentual maior fosse resultante dessa subtração. A Medida Provisória no 38, de 03/02/1989, convertida na Lei no 7.738/1989, trouxe a lume normas complementares para execução da Lei no 7.730/1989, que cuidou do Plano Verão, ficando, desde então, a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, expressamente atrelada à correção da poupança. A expressa correlação entre os índices do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da poupança foi mantida no texto da Lei no 7.839/1989, que finalmente revogou a lei instituidora do Fundo de Garantia (Lei no 5.107/1966), decorrendo, ainda, de seus ditames, a alteração no período de creditamento da atualização dos depósitos realizados em contas fundiárias, que passou a ser mensal, tal qual a poupança. A correção da poupança, por seu turno, consoante previsto na Medida Provisória no 32, de 15/01/1989, convertida na Lei no 7.730/1989, passou a ser efetuada da seguinte maneira: Art. 17. Os saldos das Cadernetas de Poupança serão atualizados: I- No mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional - LFT verificado no mês de janeiro de 1989, deduzido o percentual fixo 0,5% (meio por cento); II - nos meses de março e abril de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro - LFT, deduzido o percentual fixo de 0,5% (meio por cento), ou da variação do IPC, verificados no mês anterior, prevalecendo o maior; III - a partir de maio de 1989, com base na variação do IPC verificada no mês anterior. O IPC do mês anterior, adotado para fins de atualização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e da poupança, a partir de maio de 1989, persistiu até março de 1990, ocasião em que foi editada a Medida Provisória no 168/1990, convertida na Lei no 8.024/1990, recomendando, para esse fim, nos meses de abril e maio de 1990, a adoção do BTNF, que foi substituído, em seguida, por meio da Medida Provisória no 189/1990, convertida na Lei no 8.088, de 31/10/1990, pelo BTN, cuja aplicação foi observada no interstício de junho de 1990 a janeiro de 1991, vindo este índice a dar lugar, por derradeiro, à “Taxa Referencial - TR”, mantida até hoje desde o advento da Medida Provisória no 204, de 31/01/1991, convertida na Lei no 8.177, de 01/03/1991, de conformidade com o disposto no artigo 13 da Lei no 8.036/1990. No que concerne à taxa referencial (TR), essa é calculada a partir da remuneração mensal média dos depósitos a prazos fixos (CDBs) captados pelos mais diversos bancos (comerciais, investimentos, de títulos públicos, etc.), conforme metodologia aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (Resolução CMN no 3.354/2006, alterada pelas Resoluções CMN no 3.446/2007, no 3.530/2008, no 4.240/2013, e normas complementares, que tratam, também, da metodologia de cálculo da Taxa Básica Financeira - TBF), órgão esse vinculado ao Banco Central do Brasil. Ao atrelar o cálculo da taxa referencial às remunerações médias pagas pelas maiores instituições financeiras do país, tem-se garantido que o índice não sofreu qualquer tipo de manipulação por parte da autoridade monetária. A tese encampada na petição inicial, quanto à necessidade de preservação do "valor real" do capital depositado nas contas fundiárias, já foi refutada pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do histórico julgamento do Recurso Extraordinário no 226.855/RS, que esteve sob a relatoria do Ministro Moreira Alves, quando ficou assentado o entendimento a respeito da “natureza institucional” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, da inexistência de direito adquirido a regime jurídico, bem assim no sentido da necessidade da submissão dos critérios adotados para sua remuneração aos termos da legislação infraconstitucional, aspectos que, inclusive, culminaram em reparos realizados no acórdão regional recorrido que havia condenado a Caixa Econômica Federal na aplicação dos índices tocantes aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. Daquele julgado, colhe-se o voto do então Ministro Ilmar Galvão, que ilustrou, de maneira conclusiva, a questão ora trazida ao crivo do Judiciário: (...). No que concerne ao mérito, é de registrar-se, inicialmente, que as contas vinculadas ao FGTS, conforme acertadamente anotado pelo acórdão, não revestem caráter contratual, descabendo falar, conseqüentemente, em situação jurídica definitivamente constituída, insuscetível de alteração senão por vontade das partes. O que se tem, no caso, na verdade, é um fundo criado com a finalidade de compensar o efeito jurídico da estabilidade, suprimido ao contrato de trabalho. De natureza obviamente institucional, nada impede a alteração, por lei, dos seus elementos conformadores, entre eles as contribuições que lhe são destinadas, a remuneração das contas, os critérios de atualização monetária dos respectivos valores e as condições de levantamento dos recursos. Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários.É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata. Não há falar, pois, em direito adquirido à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em face de novo índice ficado no bojo de tais planos econômicos, ainda que instituídos no curso do prazo aquisitivo do direito, para ter vigência na data do próximo crédito de rendimentos (para isso considerado, na hipótese de crédito trimestral, cada mês, ‘de per si’, que componha o trimestre, por serem sabidamente de validade mensal os índices de correção monetária). Com efeito, não haveria de se falar, em circunstância tal, em direito adquirido a índice já extinto ou a percentuais apurados com base em dispositivos legais revogados antes do momento de sua aplicação. (...). Em um outro estudo a respeito do tema, que tem servido de paradigma para inúmeros julgados no âmbito das Cortes Superiores, o Ministro Teori Albino Zavascki (“Planos Econômicos, Direito Adquirido e FGTS”inRevista de Informação Legislativa, v.34, n134, p.251/261, abril/junho 1997) teve oportunidade de explicitar que: (...). Qualquer que seja, no entanto, a perspectiva a partir da qual se examine o FGTS, uma característica importante nele se identifica desde logo: a sua natureza institucional. Na verdade, o FGTS é uma instituição, da qual decorre um plexo de relações jurídicas com diferentes figurantes: há a relação jurídica que se estabelece entre o empregador e o Fundo, cuja prestação é uma contribuição mensal sobre os ganhos dos empregados; e há a relação jurídica que se estabelece entre o titular da conta vinculada (o empregado) e o Fundo, da qual nasce o dever de creditar rendimentos periódicos e, eventualmente, de entregar ao titular da conta o saldo disponível. Tais relações jurídicas nascem e se moldam em estrita observância de normas legais, gerais e abstratas, idênticas para todos os empregados e para todas as empresas. Até mesmo a opção pelo ‘regime instituído na presente lei’ (observe-se que a lei fala em ‘regime’!), originalmente prevista no art. 1o da Lei no 5.107, de 1966, até mesmo essa opção, único resquício de autonomia de vontade do empregado (e que se limitava a aderir ou não ao regime), já não mais existe. Hoje, a adesão ao regime do FGTS é imposta por lei a empresas e a trabalhadores, e é a lei que disciplina, de forma exaustiva, todo o conteúdo e todas as consequências de tal vinculação. Em suma, nada tem de contratual o regime do FGTS. Sua natureza é tipicamente institucional, estatutária, objetiva. (...). Portanto, em virtude da “natureza institucional” do Fundo, infere-se que não há margem para tergiversações sobre os critérios de correção previstos em lei, restando, por isso, esvaziada a questão jurídica de fundo arguida pela parte autora, que só demonstra, a bem da verdade, o seu inconformismo com o índice escolhido pela legislação de regência (Lei no 8.036/1990, artigo 13) para recomposição financeira dos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, supostamente inservíveis para reposição da corrosão dos saldos fundiários acarretada pela alegada "inflação real". A inflação sempre foi aferida, dada a complexidade ínsita à variação de preços, por diversos indexadores econômicos. É possível, na atualidade, apontar, dentre outros índices que aferem as oscilações no poder aquisitivo da moeda, o IGP (calculado pela Fundação Getúlio Vargas), o IPC (medido pela FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o INPC (medido pelo IBGE) e o IPCA (também calculado pelo IBGE). Aliás, há muito, a economia se baseia em vários indexadores para calcular a inflação, sem que um tenha sucedido o outro, como, por exemplo, IGP-DI (1944), IPA (1947), IPCA (1980) e IGP-M (1989). Essa multiplicidade de indexadores econômicos existentes simultaneamente resulta, como é de se esperar, em índices inflacionários diferenciados, porquanto adotados métodos distintos de cálculo para delimitação de cada um deles, o que torna, portanto, praticamente impossível sustentar a existência de um único critério que revele a "inflação real". Qual dos indexadores deveria indicar com precisão a "inflação real"? Não há como definir. Daí porque se afigura estranha a ideia de existir uma "inflação real" a ser obrigatoriamente repassada às contas vinculadas de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. É exatamente em face da existência de inúmeros índices diferentes, que os atos e negócios jurídicos reclamam seja expressamente realizada uma predefinição do índice a que se submeterão para fins de correção monetária, escolhendo, dentre os vários disponíveis, o indexador econômico que promoverá a atualização monetária dos valores em jogo. O mesmo ocorre com os percentuais aplicados na correção monetária das contas vinculadas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. A legislação já define qual indexador econômico será aplicado pelo conselho curador do Fundo. E é aqui onde reside o “X” da questão. De acordo com o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário 226.855/RS, a legislação não exige, necessariamente, que a correção monetária aplicada sobre as contas fundiárias reflita a "inflação real" do período. O Supremo Tribunal Federal (RE 175.678/MG, 2aT., Rel. Min Carlos Velloso, j. 29/11/1994, DJ 04/08/1995) também já se manifestou no sentido de que o seu pronunciamento nas ADIs no 493, no 768 e no 959não teve o condão de declarar a inconstitucionalidade da taxa referencial, visto que fora reconhecido, apenas, a impossibilidade da sua utilização como índice de indexação em substituição àqueles estipulados em contratos firmados anteriormente à Lei no 8.177/1991. E, mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal (ADI no 4.357/DF, ADI no 4.425/DF, ADI no 4.400/DF e ADI no 4.372/DF, Pleno, Rel. Min Ayres Britto, j. 07/03/2013, DJe 20/03/2013), ao declarar a inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional no 62/2009, não expungiu a taxa referencial (indexador econômico que reflete as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo junto a instituições financeiras) do mundo jurídico, mas tão somente assinalou que não é possível a sua utilização como indexador monetário ( “... que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda...”) de débitos judiciais, sob pena de vulneração do primado da coisa julgada (CF/1988, artigo 35, XXXVI), no tópico concernente à “preservação do valor real” do crédito previsto na condenação. Dessa forma, considerando a natureza institucional do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e as implicações dela decorrentes, no tocante à recomposição dos saldos constantes nas contas a ele vinculadas por meio de um indexador econômico ( “in casu”, a taxa referencial), entendo que não há espaço para qualquer alegação de manipulação ou violação a direito patrimonial dos trabalhadores, restando claro o quão descabido é o intento da parte autora. Outrossim, tratando-se de depósitos de FGTS, que possui uma normativa própria e finalidade que ultrapassa o interesse pessoal da pessoa física vinculada, entendo que a atual correção não viola as normas constitucionais citadas pelo autor, em especial, Dignidade da pessoa Humana (art. 1o e inciso III, da CF), princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5o, caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade, direito adquirido (art. 5o, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF). Posto isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido, de modo que extingo o processo com resolução de mérito, na forma do art. 487, I, do CPC. Sem a condenação em custas processuais e honorários advocatícios nesta instância judicial (Lei no 9.099/1995, artigo 55, primeira parte). Defiro a gratuidade de justiça. Intimem-se. Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
70
0505686-87.2019.4.05.8401
2019-07-09 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ (00.100.200/3000-04) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - Mossoró (29.979.036/0253-05)
INSS
N
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-10-31 16:31:36
Sentença - IMPROCEDENTE
2019-12-11T16:24:38
Acórdão - TR
Carlos Wagner Dias Ferreira
2019-12-11 08:00:00
ORLAN DONATO ROCHA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
RN007621
SENTENÇA TIPO A I – RELATÓRIO. Cuida-se de ação especial cível previdenciária proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora requer a concessão de auxílio-doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez, uma vez que entende preencher os requisitos do art. 59 ou 42 da Lei 8.213/91. É o que importa relatar, sobretudo porque é dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese por força do mandamento do art. 1o da Lei 10.259/01. Passo a decidir. II – FUNDAMENTAÇÃO Sobre o benefício requerido, cumpre inicialmente discorrer sobre os seus pressupostos a fim de avaliar se seria possível a sua concessão, caso sejam preenchidos os demais requisitos. O auxílio-doença, nos termos dos arts. 59 e 60 da Lei 8.213/91, é o benefício devido no caso de incapacidade provisória, ou seja, suscetível de recuperação, para o seu trabalho ou atividade habitual, tendo por beneficiário o segurado empregado, a partir do décimo sexto dia de afastamento de atividade e, tratando-se de outras espécies de segurados, desde o início da incapacidade, com o termo final, para ambos, a data de sua cessação. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez requer que o segurado esteja incapacitado de forma definitiva, isto é, quando for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para qualquer atividade laboral, conforme o disposto no art. 42 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS). Em ambos os benefícios, porém, há necessidade de se comprovar: a) qualidade de segurado; b) o cumprimento da carência do benefício - como regra, de 12 (doze) meses -; e c) a incapacidade, que poderá ser provisória e recuperável ou definitiva para todo e qualquer labor. Discorrendo melhor sobre a distinção que deve ser feita entre os benefícios em comento, transcreve-se a lição de Marcelo Leonardo Tavares: As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91). (TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2005, p. 150) A rigor, a carência do benefício em tela corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também na hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91. No que concerne à carência dos segurados especiais referidos no inciso VII, do seu art. 11, observa-se pela redação do artigo 39, inc. I, da Lei 8.213/91, que poderão requerer a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do referido benefício. Assim, vale ressaltar que, em relação aos benefícios concedidos com amparo no inciso I do art. 39, da Lei 8.213/91, não é exigível número mínimo de contribuições mensais, conforme se extrai da análise do art. 26, inc. III da citada lei. De outro lado, mantém a qualidade de segurado, nos termos do art. 15, II, da Lei no 8.213/90, por até 12 meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração. A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo de 12 meses (art. 15, § 4o, da Lei no 8.213/90). Além disso, o prazo se alonga por mais 12 meses para o segurado desempregado, com fundamento no art. 15, § 1o, da Lei no 8.213/90. Ocorre que, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a simples ausência de anotação na carteira de trabalho, não é o bastante para demonstrar a situação de desemprego, podendo, entretanto, o registro no Ministério do Trabalho e da Previdência ser suprido por outras provas (AgRg no Ag 1360199/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 22/08/2012, EDcl no REsp 1180224/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 27/02/2012, AgRg no Ag 1407206/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 26/10/2011, AgRg na Pet 7.606/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/09/2011, DJe 27/09/2011). Em caso de perda da qualidade de segurado, “as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido”, consoante a letra do art. 24, parágrafo único, da Lei no 8.213/91. De outro lado, destaque-se a impossibilidade daconcessão do benefício no caso dedoença preexistente, a teor do art. 59, parágrafo único, da Lei no 8.213/91, exceto na situações nas quais a incapacidade decorra de agravamento dessa mesma doença: “Art. 59. (...). Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” Passa-se à análise do caso concreto. No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa da parte demandante, o laudo pericial judicial anexado aos autos concluiu que a patologia diagnosticada não lhe impõe restrições físicas ou mentais, inexistindo, desse modo, incapacidade para o exercício da sua atual atividade profissional e para o exercício de outras atividades laborativas distintas daquela. Acolho as conclusões periciais. Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. III. DISPOSITIVO. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes. Com o trânsito em julgado, baixem-se estes autos da distribuição e arquivem-se. Mossoró-RN, data supra.
PROCESSO N° 0505686-87.2019.4.05.8401 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. AUXILIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DA INCAPACIDADE OU LIMITAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que, em consenso com o laudo pericial acostado aos autos, julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, por restar comprovada a capacidade para o labor. Diante do exposto, requer o apelante à reforma da sentença para acolher o pedido inicial de concessão do benefício de auxílio doença. 2. O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 3. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. 4. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida, isso em consonância com a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização. 5. Contudo, o colegiado de uniformização mais recentemente evoluiu no entendimento acerca da impossibilidade de transmudar limitação em incapacidade à luz das ditas condições pessoais. Nesse sentido o PEDILEF 05025126120144058105 (Relator(a) JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224). 6. Com efeito, o enunciado da Súmula 47 da TNU diz respeito às hipóteses em que se verifica a existência de incapacidade parcial e, por conseguinte, revela-se imperiosa a aferição das condições pessoais e sociais a fim de perquirir a possibilidade de concessão da aposentadoria por invalidez (Súmula 47: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez). A Súmula 77 da TNU, por sua vez, dispõe que “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 7. No caso vertente, a sentença julgou improcedente o pedido nos seguintes termos: “(...)No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa da parte demandante, o laudo pericial judicial anexado aos autos concluiu que a patologia diagnosticada não lhe impõe restrições físicas ou mentais, inexistindo, desse modo, incapacidade para o exercício da sua atual atividade profissional e para o exercício de outras atividades laborativas distintas daquela. Acolho as conclusões periciais. Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. (...)” – Trecho da Sentença – Anexo Nr. 20. 8. A leitura do laudo médico (Anexo Nr. 19) revela que a parte autora possui 57 (cinqüenta e sete) anos de idade e ensino médio, tendo exercido como última ocupação a atividade de plataformista. Embora portador de seqüela de fratura na clavícula esquerda, espondilose/discopatia em coluna lombar (CID 10 – M51, M47 e M42), não se encontra incapacitado em razão das patologias apresentadas. Esclareceu também que o autor não apresentou alteração ao exame físico que justifique incapacidade laboral, estando sua patologia estabilizada, apta ao seu trabalho. 9. Como se vê, de fato, o laudo informa que o autor possui capacidade laboral, hipótese em que eventuais condições pessoais gerais adversas não podem ensejar a concessão de benefício previdenciário, que, neste caso, tem por pressuposto a contingência médica, não as adversidades pessoais ou mesmo econômicas. Cabe ao autor identificar concretamente os fatos específicos que ensejariam o reconhecimento da incapacidade, que não devem ser presumidos. 10. Improvimento do recurso inominado da parte autora. 11. Honorários advocatícios em desfavor da parte recorrente à razão de 10% sobre o valor atualizado da causa, observado o deferimento da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto, nos termos do voto-ementa. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data do julgamento. CARLOS WAGNER DIAS FERREIRA
1,293
837
0
0
13-RN
1
114.235833
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de ação especial cível previdenciária proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora requer a concessão de auxílio-doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez, uma vez que entende preencher os requisitos do art. 59 ou 42 da Lei 8.213/91. É o que importa relatar, sobretudo porque é dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese por força do mandamento do art. 1o da Lei 10.259/01. Passo a decidir. II – FUNDAMENTAÇÃO Sobre o benefício requerido, cumpre inicialmente discorrer sobre os seus pressupostos a fim de avaliar se seria possível a sua concessão, caso sejam preenchidos os demais requisitos. O auxílio-doença, nos termos dos arts. 59 e 60 da Lei 8.213/91, é o benefício devido no caso de incapacidade provisória, ou seja, suscetível de recuperação, para o seu trabalho ou atividade habitual, tendo por beneficiário o segurado empregado, a partir do décimo sexto dia de afastamento de atividade e, tratando-se de outras espécies de segurados, desde o início da incapacidade, com o termo final, para ambos, a data de sua cessação. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez requer que o segurado esteja incapacitado de forma definitiva, isto é, quando for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para qualquer atividade laboral, conforme o disposto no art. 42 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS). Em ambos os benefícios, porém, há necessidade de se comprovar: a) qualidade de segurado; b) o cumprimento da carência do benefício - como regra, de 12 (doze) meses -; e c) a incapacidade, que poderá ser provisória e recuperável ou definitiva para todo e qualquer labor. Discorrendo melhor sobre a distinção que deve ser feita entre os benefícios em comento, transcreve-se a lição de Marcelo Leonardo Tavares: As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91). (TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2005, p. 150) A rigor, a carência do benefício em tela corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também na hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91. No que concerne à carência dos segurados especiais referidos no inciso VII, do seu art. 11, observa-se pela redação do artigo 39, inc. I, da Lei 8.213/91, que poderão requerer a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do referido benefício. Assim, vale ressaltar que, em relação aos benefícios concedidos com amparo no inciso I do art. 39, da Lei 8.213/91, não é exigível número mínimo de contribuições mensais, conforme se extrai da análise do art. 26, inc. III da citada lei. De outro lado, mantém a qualidade de segurado, nos termos do art. 15, II, da Lei no 8.213/90, por até 12 meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração. A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo de 12 meses (art. 15, § 4o, da Lei no 8.213/90). Além disso, o prazo se alonga por mais 12 meses para o segurado desempregado, com fundamento no art. 15, § 1o, da Lei no 8.213/90. Ocorre que, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a simples ausência de anotação na carteira de trabalho, não é o bastante para demonstrar a situação de desemprego, podendo, entretanto, o registro no Ministério do Trabalho e da Previdência ser suprido por outras provas (AgRg no Ag 1360199/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 22/08/2012, EDcl no REsp 1180224/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 27/02/2012, AgRg no Ag 1407206/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 26/10/2011, AgRg na Pet 7.606/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/09/2011, DJe 27/09/2011). Em caso de perda da qualidade de segurado, “as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido”, consoante a letra do art. 24, parágrafo único, da Lei no 8.213/91. De outro lado, destaque-se a impossibilidade daconcessão do benefício no caso dedoença preexistente, a teor do art. 59, parágrafo único, da Lei no 8.213/91, exceto na situações nas quais a incapacidade decorra de agravamento dessa mesma doença: “Art. 59. (...). Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” Passa-se à análise do caso concreto. No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa da parte demandante, o laudo pericial judicial anexado aos autos concluiu que a patologia diagnosticada não lhe impõe restrições físicas ou mentais, inexistindo, desse modo, incapacidade para o exercício da sua atual atividade profissional e para o exercício de outras atividades laborativas distintas daquela. Acolho as conclusões periciais. Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. III. DISPOSITIVO. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes. Com o trânsito em julgado, baixem-se estes autos da distribuição e arquivem-se. Mossoró-RN, data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
10
0504860-76.2019.4.05.8202
2019-07-05 00:00:00
APS CAMPINA GRANDE - CATOLÉ (13.021.020) (29.979.036/0974-70) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-06 17:26:18
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018 (Improcedente)
2019-12-17T12:48:49
Acórdão - Recurso parcialmente provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2019-12-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EMPARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2. A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam a regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, caso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal, quanto aos juros de mora e correção monetária. 13. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,387
1,029
0
0
15-PB
0
63.265486
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
73
0507600-07.2019.4.05.8202
2019-08-23 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:08:59
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2019-12-18T17:10:54
Acórdão - Recurso parcialmente provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2019-12-18 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EM PARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1.Trata-se de ação ordinária em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a fevereiro e a março de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2.A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente,o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do segurado-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11.Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 13.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
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15-PB
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72.297905
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
3
0502453-94.2019.4.05.8203
2019-09-02 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-12 10:26:10
Sentença - Improcedente
2020-01-28T11:45:19
Acórdão - provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-01-24 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
2
PB012662
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO. REFORMA DA SENTENÇA. 1.Trata-se de ação ordinária em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a fevereiro e março de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2.A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente,o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do segurado-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 12.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,086
956
0
0
11-PB
0
39.776505
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
PROVIMENTO
PROVIMENTO
26
0503969-16.2019.4.05.8312
2019-07-25 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-21 15:04:32
Sentença - ATC. ruído e calor. Parc. procedente. DIB na DER.
2020-01-30T07:44:17
Acórdão - Aposentadoria por tempo de contribuição (improvido)
Paulo Roberto Parca de Pinho
2020-01-29 09:00:00
RODRIGO VASCONCELOS CÔELHO DE ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,099
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Tempo de Serviço (Art. 52/4)
1
PE047153
SENTENÇA (Tipo A - Fundamentação Individualizada) I -RELATÓRIO Dispensado o relatório nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei no 10.259/01. II – FUNDAMENTAÇÃO Mérito Trata-se de ação especial cível previdenciária contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com o objetivo de que lhe seja concedido o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com reconhecimento de tempo especial, vez que o autor laborou em condições especiais à saúde e integridade física. A aposentadoria especial, modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição, é devida a trabalhadores que se sujeitam, na execução de suas atividades laborais, a condições nocivas à sua saúde ou à sua integridade física. A carência é idêntica à das demais aposentadorias, sendo o diferencial apenas a contagem do tempo contributivo, que poderá ser de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme o agente nocivo a que se encontre exposto o trabalhador. O Decreto no 4.827, de 3/09/2003, dispõe em seu art. 1o, § 1o, que a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Por oportuno, reproduzo o referido artigo: "Art. 1o O art. 70 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, passa a vigorar com a seguinte redação: 'Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35) DE 15 ANOS 2,00 2,33 DE 20 ANOS 1,50 1,75 DE 25 ANOS 1,20 1,40 § 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período." Assim, tornou-se pacífico na jurisprudência que "o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido" (REsp 381.687/RS, 5a Turma, Rel. MinistroGILSON DIPP, julgado em 06.06.2002, DJ 01.07.2002 p. 378). Com o propósito de restringir o alcance do instituto, a contagem e a comprovação do tempo de serviço especial sofreram sucessivas alterações legislativas, a seguir expostas: 1) Até 28/04/95, bastava que a atividade exercida estivesse enquadrada nas categorias profissionais previstas no anexo do Decreto no 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto no 83.080/79, existindo uma presunção juris et jure de exposição a agentes nocivos, perigosos ou insalubres. Todavia, o rol de atividades arroladas nos mencionados Decretos era considerado meramente exemplificativo, não havendo impedimento para que outras atividades sejam tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejam devidamente comprovadas. 2) A partir de 29/04/95, com a edição da Lei no 9.032 de 28 de abril de 1995, que alterou o art. 57 da Lei no 8.213/91, passou-se a exigir a comprovação de que o segurado efetivamente estivesse exposto, de modo habitual e permanente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física previstos no Anexo I do Decreto no 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto no 53.831/64, por meio da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030), sendo admissível, ainda, qualquer outro meio de prova. 3) Com a vigência do Decreto no 2.172 de 05 de março de 1997, que regulamentou a MP 1.523/96 (convertida na Lei 9.528/97), a partir de 06/03/97, passou-se a exigir para comprovação do exercício da atividade como especial a apresentação de laudo técnico, além da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030). Quanto à comprovação dos vínculos empregatícios, cumpre destacar que as anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum (Enunciado no 12 do Egrégio TST) e, não sendo ofertada pelo INSS contraprova capaz de elidi-la, não se lhes pode negar o valor probatório. Frise-se, ainda, que a eventual ausência de registro no CNIS não implica, por si só, inexistência do vínculo empregatício, sendo possível que o empregador não tenha repassado para o INSS as respectivas contribuições sociais. Por sua vez, o responsável tributário pelo pagamento das contribuições sociais é o empregador (art. 30, I da Lei 8.212/91) e não o empregado, não constituindo ônus de este último fiscalizar o recolhimento das contribuições previdenciárias, de modo que não pode ser penalizado por eventual inadimplência da empresa. Assim, os períodos anotados na CTPS do demandante devem ser computados mesmo que não haja registro no CNIS, ressalvando-se apenas a hipótese de o INSS comprovar alguma fraude ou irregularidade. Quanto ao tempo de serviço especial, cabe destacar que o Perfil Profissiográfico Previdenciário substitui, com vantagens, o formulário SB-40 e seus sucessores e os laudos periciais, desde que assinados pelo responsável técnico (AC 200603990200814, Desembargadora Federal Marisa Santos, TRF3 - Nona Turma, 20/05/2010). Ressalte-se, outrossim, que a jurisprudência já consolidou o entendimento de que o laudo que dá sustentação ao PPP não precisa ser contemporâneo à atividade laborada, sendo esse, inclusive, o entendimento encartado na Súmula 66, da TNU. A propósito, vale transcrever excerto de precedente oriundo do TRF2, elucidativo a respeito desse assunto: "O fato de não serem os laudos contemporâneos aos períodos de atividade exercida sobre condições especiais não retira a força probatória dos mesmos, uma vez que não há disposição legal que a isso obrigue o emitente ou o empregador a quem cabe encomendar a realização da perícia da qual decorrerá a emissão do laudo e que o fato da não contemporaneidade vá prejudicar a atestação das condições de trabalho havidas, seja porque pode haver documentação suficiente a garanti-la, seja porque o local de trabalho permaneceu inalterado ao longo do tempo, sendo certo que são as próprias empresas em que realizado o trabalho que elaboram os formulários e que são elas, por serem conhecedoras da própria história, as mais indicadas para descrever as condições ambientais nas quais seus empregados trabalhavam" (AC 200451120005260, Desembargadora Federal LILIANE RORIZ, TRF2 - SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 02/12/2010 - Página: 283/284). Tecidas considerações genéricas acerca do regime jurídico da aposentadoria especial, passo a tratar do caso concreto. CASO CONCRETO Pretende o autor a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, com o reconhecimento de períodos laborados em atividades especiais em que esteve exposto a agentes nocivos como ruído. ATIVIDADE ESPECIAL – AGENTES NOCIVO - RUÍDO Conforme contexto probatórios dos autos (PPP de anexos 09/13), o demandante esteve exposto ao agente nocivo ruído, nos períodos de: 11.09.1989 a 28/03/1991 (90 dB); 12.08.1991 a 27.02.1992 (90 dB); 02.09.2015 a 22.01.2016 (90 dB); 10.09.2013 a 03.05.2015 (90 dB); 10.09.2013 a 03.05.2015 (85 dB) e 10.09.2013 a 01.04.2015 (90 dB). Com relação a ruído, no que diz respeito aos decibéis, originariamente, a Súmula no 32 da TNU/JEF preconizava: “O tempo laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto no 53831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto no 2172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto no 4882, de 18 de novembro de 2003.”. Ocorre que em 14/12/2011 a referida Súmula restou alterada, passando a dispor o seguinte: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.”. Todavia, o C. Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar a questão em incidente de uniformização interposto pelo INSS em face da nova redação da Súmula 32, decidiu que o enunciado da TNU estava em dissonância com o seu entendimento, senão vejamos: PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SER CONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97. ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído. 2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012. 3. Incidente de uniformização provido. (STJ, Primeira Seção, Petição no 9.059-RS (2012/0046729-7) Rel. MINISTRO BENEDITO GONÇALVES, J. 28/08/2013, DJE 09/09/2013 – original sem grifos) Por conseguinte, a Turma Nacional de Uniformização, na Oitava sessão ordinária de 09/10/2013, aprovou, por unanimidade, o cancelamento da Súmula no 32, com fulcro na PET 9059/STJ. Dessa feita, consoante julgado retrotranscrito, para fins de reconhecimento da natureza especial do labor, a exposição a ruído deve ser superior a 80 decibéis até 04/03/1997; a partir de 05/03/1997, superior a 90 decibéis; e, desde 18/11/2003, superior a 85 decibéis Quanto à técnica utilizada para aferir a exposição a este agente nocivo, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, nos autos do processo n.o 0505614-83.2017.4.05.8300, julgou representativo (Tema 174), firmando a tese no sentido de que: “(a) "A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a utilização das metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual, devendo constar do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) a técnica utilizada e a respectiva norma"; (b) "Em caso de omissão ou dúvida quanto à indicação da metodologia empregada para aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins de demonstrar a técnica utilizada na medição, bem como a respectiva norma". Desse modo, no caso em análise, verifico, nos períodos posteriores a 18.11.2003, ausência de utilização de técnica de medição adequada, nos termos do supracitado tema 174, da TNU, portanto não há como concluir acerca da especialidade do período. Quanto aos períodos de 11/09/1989 a 28/03/1991 e 12/08/1991 a 27/02/1992, verifico que os níveis estiveram acima do limite tolerável, portanto reconheço tais períodos como especiais. AGENTE NOCIVO - CALOR Verifico, conforme PPP de anexo 13, que o autor esteve exposto ao agente nocivo calor com intensidade de 27,3 IBUTG, no período de 01/06/1999 a 11/12/2012. Quanto a esse agente, até o advento do Decreto no 2.172/97, ou seja, até 04/03/1997, o limite máximo tolerável era de 28°C, conforme item 1.1.1 do Anexo I ao Decreto no 53.831/64. A partir de então, os trabalhos desempenhados com exposição a temperaturas anormais continuaram a ser considerados especiais, passando-se a classificar, como tal, a exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos pela NR-15, da Portaria no 3.214/78. Com efeito, o nível nocivo de calor passou a depender da temperatura de exposição e da taxa de metabolismo da atividade desempenhada pelo segurado (se leve, moderada ou pesada). Conforme entendimento das Turmas Recursais de Pernambuco “diferentemente do Decreto no 53.831/1964, que fixou o calor em graus Celsius, a novel norma fixou-o em IBUTG (Índice de Bulbo úmido Termômetro de Globo). Conforme a citada Portaria, o cálculo do IBUTG leva em consideração a temperatura de bulbo úmido natural, a temperatura de globo e a temperatura de bulbo seco, levando-se ainda em consideração se o ambiente era com ou sem carga solar. Além disso, a insalubridade passa a ser comensurada a partir da natureza da atividade do autor (se leve, moderada ou pesada)” (Proc. n. 0502651-37.2015.4.05.8312, Rel. Juiz Federal Joaquim Lustosa). Assim, em consonância com o conteúdo da NR 15 (quadro n. 3), é possível concluir, de acordo com o PPP, que as atividades exercidas pela parte autora são moderadas, e, considerando que a exposição ao agente nocivo calor se deu em intensidade superior a 26,7 IBUTG, é suficiente para o reconhecimento da especialidade do período, tendo em vista o quadro n. 1 do anexo III da citada norma, reconheço o período de 01/06/1999 a 11/12/2012 como especial. No pertinente ao uso de EPI, de acordo com julgado do STF, há a descaracterização da especialidade das funções exercidas com o uso eficaz do equipamento. Entretanto, como não há informações acerca do uso do eficaz do EPI, entendo que a parte faz jus ao reconhecimento da atividade, sendo-lhe aplicado o fator qualificado no referido período. Assim, somando o período especial reconhecido acima aos demais vínculos constantes da CTPS e no CNIS, tem-se que, na data do requerimento administrativo (18/05/2018), o autor contava com 38 (trinta e oito) anos, 09 (nove) meses e 1 (um) dia de serviço/contribuição, fazendo jus à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial (art. 487, I do CPC), para determinar que o INSS conceda aposentadoria por tempo de contribuição integral à parte autora, com DIB na DER (18/05/2018) e DIP na sentença, bem como a pagar-lhe as diferenças vencidas acrescidas de correção monetária e juros de mora. Tendo em vista o que decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE no 870.947-SE, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 20/09/2017 com repercussão geral), tem-se que na apuração das parcelas vencidas devem ser observados os seguintes critérios: (a) correção monetáriapela variação do IPCA-e, tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança; e (b) juros de mora contados a partir da citação (Súmula 204 STJ), devidos no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ou seja, 0,5% ao mês, enquanto a taxa SELIC seja superior a 8,5% ao ano, ou 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, tendo em vista a declaração de constitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina os juros de mora das condenações impostas à Fazenda Pública. Defiro a gratuidade da justiça para pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios (art. 98 CPC 2015). Sem custas e sem honorários advocatícios, nos termos dos arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95, aplicados ao caso por força do art. 1° da Lei n° 10.259/2001. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal. Em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Dispensa de registro físico. Intimações na forma da Lei 10.259/01. Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação.
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CALOR. ATIVIDADE MODERADA. LIMITE EXCEDIDO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido do autor, condenando a autarquia a conceder aposentadoria por tempo de contribuição, com DIB na DER. Insurge-se o INSS contra a sentença, aduzindo que não é possível reconhecer o período de 01/06/1999 a 11/12/2012 como especial por submissão a calor, tendo em vista que não foi apresentada documentação com dados suficientes, não havendo dados sobre o dispêndio energético. Observo que, em relação ao período supracitado, o demandante apresentou o PPP contido no anexo 13, que traz a informação que laborou na indústria de cerâmica, Cerâmica Porto Rico Ltda., como ajudante, embalador, auxiliar de prensa e operador de produção entre 01/06/1999 a 11/12/2012. No documento há indicação de que esteve sujeito a ruído de 90dB(A) e calor de 27,3 IBUTG. A sentença reconheceu o tempo especial apenas em virtude de calor. Em que pese não haver dados sobre taxa de metabolismo e dispêndio energético, há a descrição das atividades desempenhadas pelo autor, podendo enquadrar em alguns dos tipos listados na NR 15. A descrição das atividades desempenhadas nos diversos cargos: ajudante, embalador, auxiliar de prensa e operador de produção são, respectivamente: “preparam materiais para alimentação de linhas de produção, organizam área de serviço; abastecem linhas de produção; alimentam máquinas e separam materiais para reaproveitamento.” “preparam máquinas e local de trabalho para empacotar e envasar; embalam produtos e acessórios; enfardam produtos, separando, conferindo, pesando e presando produtos. realizam pequenos reparos em máquinas, identificando falhas, regulando-as, substituindo pequenas peças e testando seu funcionamento”. “Extraem matéria-prima de jazidas e preparam a argila para a fabricação e telhas e tijolos. Processam a fabricação, secagem e queima de telhas e tijolos. Desenfornam telhas e tijolos e providenciam a sua armazenagem. Participam da elaboração de demonstrativo da produção diária. Trabalham seguindo normas de segurança, higiene, qualidade e proteção ao meio ambiente.” “preparam materiais para alimentação de linhas de produção; organizam a área de serviço; abastecem linhas de produção; alimentam máquinas e separam materiais para reaproveitamento.” Pela descrição das atividades acima, é possível enquadrar a atividade do autor em atividade moderada. Vejamos descrição da NR 15: “TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.” Isto porque o autor se movimentava vigorosamente ao longo do seu trabalho. Sendo assim, o calor de 27,3 IBUTG está acima do limite de tolerância da atividade moderado, que é de até 26,7 IBUTG. Assim, não há reparos a serem feitos na conclusão sentencial: “Conforme entendimento das Turmas Recursais de Pernambuco “diferentemente do Decreto no 53.831/1964, que fixou o calor em graus Celsius, a novel norma fixou-o em IBUTG (Índice de Bulbo úmido Termômetro de Globo). Conforme a citada Portaria, o cálculo do IBUTG leva em consideração a temperatura de bulbo úmido natural, a temperatura de globo e a temperatura de bulbo seco, levando-se ainda em consideração se o ambiente era com ou sem carga solar. Além disso, a insalubridade passa a ser comensurada a partir da natureza da atividade do autor (se leve, moderada ou pesada)” (Proc. n. 0502651-37.2015.4.05.8312, Rel. Juiz Federal Joaquim Lustosa). Assim, em consonância com o conteúdo da NR 15 (quadro n. 3), é possível concluir, de acordo com o PPP, que as atividades exercidas pela parte autora são moderadas, e, considerando que a exposição ao agente nocivo calor se deu em intensidade superior a 26,7 IBUTG, é suficiente para o reconhecimento da especialidade do período, tendo em vista o quadro n. 1 do anexo III da citada norma, reconheço o período de 01/06/1999 a 11/12/2012 como especial.” Recurso do INSS improvido. Condeno o INSS ao pagamento dos honorários advocatícios fixados à razão de 10% sobre o valor da condenação, observado o teor da Súmula 111-STJ. Custas ex lege. ACÓRDÃO Vistos etc. Decide a 1a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso do INSS, nos termos da ementa supra PAULO ROBERTO PARCA DE PINHO Juiz Federal Relator
2,743
697
0
0
35-PE
0
87.901065
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Mérito Trata-se de ação especial cível previdenciária contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com o objetivo de que lhe seja concedido o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com reconhecimento de tempo especial, vez que o autor laborou em condições especiais à saúde e integridade física. A aposentadoria especial, modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição, é devida a trabalhadores que se sujeitam, na execução de suas atividades laborais, a condições nocivas à sua saúde ou à sua integridade física. A carência é idêntica à das demais aposentadorias, sendo o diferencial apenas a contagem do tempo contributivo, que poderá ser de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme o agente nocivo a que se encontre exposto o trabalhador. O Decreto no 4.827, de 3/09/2003, dispõe em seu art. 1o, § 1o, que a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Por oportuno, reproduzo o referido artigo: "Art. 1o O art. 70 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, passa a vigorar com a seguinte redação: 'Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35) DE 15 ANOS 2,00 2,33 DE 20 ANOS 1,50 1,75 DE 25 ANOS 1,20 1,40 § 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. § 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período." Assim, tornou-se pacífico na jurisprudência que "o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido" (REsp 381.687/RS, 5a Turma, Rel. MinistroGILSON DIPP, julgado em 06.06.2002, DJ 01.07.2002 p. 378). Com o propósito de restringir o alcance do instituto, a contagem e a comprovação do tempo de serviço especial sofreram sucessivas alterações legislativas, a seguir expostas: 1) Até 28/04/95, bastava que a atividade exercida estivesse enquadrada nas categorias profissionais previstas no anexo do Decreto no 53.831/64 ou nos anexos I e II do Decreto no 83.080/79, existindo uma presunção juris et jure de exposição a agentes nocivos, perigosos ou insalubres. Todavia, o rol de atividades arroladas nos mencionados Decretos era considerado meramente exemplificativo, não havendo impedimento para que outras atividades sejam tidas como insalubres, perigosas ou penosas, desde que estejam devidamente comprovadas. 2) A partir de 29/04/95, com a edição da Lei no 9.032 de 28 de abril de 1995, que alterou o art. 57 da Lei no 8.213/91, passou-se a exigir a comprovação de que o segurado efetivamente estivesse exposto, de modo habitual e permanente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física previstos no Anexo I do Decreto no 83.080/79 ou no código 1.0.0 do Anexo ao Decreto no 53.831/64, por meio da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030), sendo admissível, ainda, qualquer outro meio de prova. 3) Com a vigência do Decreto no 2.172 de 05 de março de 1997, que regulamentou a MP 1.523/96 (convertida na Lei 9.528/97), a partir de 06/03/97, passou-se a exigir para comprovação do exercício da atividade como especial a apresentação de laudo técnico, além da apresentação dos formulários descritivos da atividade do segurado (SB-40 ou DSS-8030). Quanto à comprovação dos vínculos empregatícios, cumpre destacar que as anotações da CTPS gozam de presunção juris tantum (Enunciado no 12 do Egrégio TST) e, não sendo ofertada pelo INSS contraprova capaz de elidi-la, não se lhes pode negar o valor probatório. Frise-se, ainda, que a eventual ausência de registro no CNIS não implica, por si só, inexistência do vínculo empregatício, sendo possível que o empregador não tenha repassado para o INSS as respectivas contribuições sociais. Por sua vez, o responsável tributário pelo pagamento das contribuições sociais é o empregador (art. 30, I da Lei 8.212/91) e não o empregado, não constituindo ônus de este último fiscalizar o recolhimento das contribuições previdenciárias, de modo que não pode ser penalizado por eventual inadimplência da empresa. Assim, os períodos anotados na CTPS do demandante devem ser computados mesmo que não haja registro no CNIS, ressalvando-se apenas a hipótese de o INSS comprovar alguma fraude ou irregularidade. Quanto ao tempo de serviço especial, cabe destacar que o Perfil Profissiográfico Previdenciário substitui, com vantagens, o formulário SB-40 e seus sucessores e os laudos periciais, desde que assinados pelo responsável técnico (AC 200603990200814, Desembargadora Federal Marisa Santos, TRF3 - Nona Turma, 20/05/2010). Ressalte-se, outrossim, que a jurisprudência já consolidou o entendimento de que o laudo que dá sustentação ao PPP não precisa ser contemporâneo à atividade laborada, sendo esse, inclusive, o entendimento encartado na Súmula 66, da TNU. A propósito, vale transcrever excerto de precedente oriundo do TRF2, elucidativo a respeito desse assunto: "O fato de não serem os laudos contemporâneos aos períodos de atividade exercida sobre condições especiais não retira a força probatória dos mesmos, uma vez que não há disposição legal que a isso obrigue o emitente ou o empregador a quem cabe encomendar a realização da perícia da qual decorrerá a emissão do laudo e que o fato da não contemporaneidade vá prejudicar a atestação das condições de trabalho havidas, seja porque pode haver documentação suficiente a garanti-la, seja porque o local de trabalho permaneceu inalterado ao longo do tempo, sendo certo que são as próprias empresas em que realizado o trabalho que elaboram os formulários e que são elas, por serem conhecedoras da própria história, as mais indicadas para descrever as condições ambientais nas quais seus empregados trabalhavam" (AC 200451120005260, Desembargadora Federal LILIANE RORIZ, TRF2 - SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data: 02/12/2010 - Página: 283/284). Tecidas considerações genéricas acerca do regime jurídico da aposentadoria especial, passo a tratar do caso concreto. CASO CONCRETO Pretende o autor a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, com o reconhecimento de períodos laborados em atividades especiais em que esteve exposto a agentes nocivos como ruído. ATIVIDADE ESPECIAL – AGENTES NOCIVO - RUÍDO Conforme contexto probatórios dos autos (PPP de anexos 09/13), o demandante esteve exposto ao agente nocivo ruído, nos períodos de: 11.09.1989 a 28/03/1991 (90 dB); 12.08.1991 a 27.02.1992 (90 dB); 02.09.2015 a 22.01.2016 (90 dB); 10.09.2013 a 03.05.2015 (90 dB); 10.09.2013 a 03.05.2015 (85 dB) e 10.09.2013 a 01.04.2015 (90 dB). Com relação a ruído, no que diz respeito aos decibéis, originariamente, a Súmula no 32 da TNU/JEF preconizava: “O tempo laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto no 53831/64 (1.1.6); superior a 90 decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto no 2172/97; superior a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto no 4882, de 18 de novembro de 2003.”. Ocorre que em 14/12/2011 a referida Súmula restou alterada, passando a dispor o seguinte: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.”. Todavia, o C. Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar a questão em incidente de uniformização interposto pelo INSS em face da nova redação da Súmula 32, decidiu que o enunciado da TNU estava em dissonância com o seu entendimento, senão vejamos: PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SER CONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DO ÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97. ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído. 2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes: AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012. 3. Incidente de uniformização provido. (STJ, Primeira Seção, Petição no 9.059-RS (2012/0046729-7) Rel. MINISTRO BENEDITO GONÇALVES, J. 28/08/2013, DJE 09/09/2013 – original sem grifos) Por conseguinte, a Turma Nacional de Uniformização, na Oitava sessão ordinária de 09/10/2013, aprovou, por unanimidade, o cancelamento da Súmula no 32, com fulcro na PET 9059/STJ. Dessa feita, consoante julgado retrotranscrito, para fins de reconhecimento da natureza especial do labor, a exposição a ruído deve ser superior a 80 decibéis até 04/03/1997; a partir de 05/03/1997, superior a 90 decibéis; e, desde 18/11/2003, superior a 85 decibéis Quanto à técnica utilizada para aferir a exposição a este agente nocivo, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, nos autos do processo n.o 0505614-83.2017.4.05.8300, julgou representativo (Tema 174), firmando a tese no sentido de que: “(a) "A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a utilização das metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual, devendo constar do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) a técnica utilizada e a respectiva norma"; (b) "Em caso de omissão ou dúvida quanto à indicação da metodologia empregada para aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico (LTCAT), para fins de demonstrar a técnica utilizada na medição, bem como a respectiva norma". Desse modo, no caso em análise, verifico, nos períodos posteriores a 18.11.2003, ausência de utilização de técnica de medição adequada, nos termos do supracitado tema 174, da TNU, portanto não há como concluir acerca da especialidade do período. Quanto aos períodos de 11/09/1989 a 28/03/1991 e 12/08/1991 a 27/02/1992, verifico que os níveis estiveram acima do limite tolerável, portanto reconheço tais períodos como especiais. AGENTE NOCIVO - CALOR Verifico, conforme PPP de anexo 13, que o autor esteve exposto ao agente nocivo calor com intensidade de 27,3 IBUTG, no período de 01/06/1999 a 11/12/2012. Quanto a esse agente, até o advento do Decreto no 2.172/97, ou seja, até 04/03/1997, o limite máximo tolerável era de 28°C, conforme item 1.1.1 do Anexo I ao Decreto no 53.831/64. A partir de então, os trabalhos desempenhados com exposição a temperaturas anormais continuaram a ser considerados especiais, passando-se a classificar, como tal, a exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos pela NR-15, da Portaria no 3.214/78. Com efeito, o nível nocivo de calor passou a depender da temperatura de exposição e da taxa de metabolismo da atividade desempenhada pelo segurado (se leve, moderada ou pesada). Conforme entendimento das Turmas Recursais de Pernambuco “diferentemente do Decreto no 53.831/1964, que fixou o calor em graus Celsius, a novel norma fixou-o em IBUTG (Índice de Bulbo úmido Termômetro de Globo). Conforme a citada Portaria, o cálculo do IBUTG leva em consideração a temperatura de bulbo úmido natural, a temperatura de globo e a temperatura de bulbo seco, levando-se ainda em consideração se o ambiente era com ou sem carga solar. Além disso, a insalubridade passa a ser comensurada a partir da natureza da atividade do autor (se leve, moderada ou pesada)” (Proc. n. 0502651-37.2015.4.05.8312, Rel. Juiz Federal Joaquim Lustosa). Assim, em consonância com o conteúdo da NR 15 (quadro n. 3), é possível concluir, de acordo com o PPP, que as atividades exercidas pela parte autora são moderadas, e, considerando que a exposição ao agente nocivo calor se deu em intensidade superior a 26,7 IBUTG, é suficiente para o reconhecimento da especialidade do período, tendo em vista o quadro n. 1 do anexo III da citada norma, reconheço o período de 01/06/1999 a 11/12/2012 como especial. No pertinente ao uso de EPI, de acordo com julgado do STF, há a descaracterização da especialidade das funções exercidas com o uso eficaz do equipamento. Entretanto, como não há informações acerca do uso do eficaz do EPI, entendo que a parte faz jus ao reconhecimento da atividade, sendo-lhe aplicado o fator qualificado no referido período. Assim, somando o período especial reconhecido acima aos demais vínculos constantes da CTPS e no CNIS, tem-se que, na data do requerimento administrativo (18/05/2018), o autor contava com 38 (trinta e oito) anos, 09 (nove) meses e 1 (um) dia de serviço/contribuição, fazendo jus à concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial (art. 487, I do CPC), para determinar que o INSS conceda aposentadoria por tempo de contribuição integral à parte autora, com DIB na DER (18/05/2018) e DIP na sentença, bem como a pagar-lhe as diferenças vencidas acrescidas de correção monetária e juros de mora. Tendo em vista o que decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE no 870.947-SE, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 20/09/2017 com repercussão geral), tem-se que na apuração das parcelas vencidas devem ser observados os seguintes critérios: (a) correção monetáriapela variação do IPCA-e, tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança; e (b) juros de mora contados a partir da citação (Súmula 204 STJ), devidos no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ou seja, 0,5% ao mês, enquanto a taxa SELIC seja superior a 8,5% ao ano, ou 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, tendo em vista a declaração de constitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina os juros de mora das condenações impostas à Fazenda Pública. Defiro a gratuidade da justiça para pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios (art. 98 CPC 2015). Sem custas e sem honorários advocatícios, nos termos dos arts. 54 e 55 da Lei no , aplicados ao caso por força do art. 1° da Lei n° 10.259/2001. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal. Em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Dispensa de registro físico. Intimações na forma da Lei . Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0501877-04.2019.4.05.8300
2019-02-06 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-23 13:14:35
Sentença - AD/AI - Inc.Preterita - Já recebeu
2020-01-30T07:44:17
Acórdão - Auxílio-doença (improvido)
Paulo Roberto Parca de Pinho
2020-01-29 09:00:00
DIÊGO FERNANDES GUIMARÃES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
0
NENHUM
SENTENÇA I - R E L A T Ó R I O Trata-se de pedido de concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade (auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez). Dispensado o relatório nos termos do art. 38 da Lei no 9.099/95. II - F U N D A M E N T A Ç Ã O - PRELIMINARMENTE Defiro a gratuidade judicial. - MÉRITO O benefício de auxílio-doença será devido, consoante previsão do artigo 59 da Lei n. 8.213/91, “ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.” (grifos nossos). Por sua vez, consoante disposto no artigo 42 da Lei n. 8.213/91, “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. Conforme se infere dos preceitos legais supracitados, o auxílio-doença tem caráter provisório, ou seja, é devido ao segurado que se encontra impossibilitado, em caráter efetivo e transitório, de exercer o seu mister - incapacidade transitória. Por sua vez, na aposentadoria por invalidez, impõe-se que o segurado seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência - incapacidade total e permanente. De seu turno, o benefício indenizatório de auxílio-acidente tem como requisitos (art. 86 da Lei no 8.213/91): a) a ocorrência de acidente de qualquer natureza; b) a presença de sequela; c) redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido pelo segurado. Feitas essas considerações, especificamente no que se refere ao caso ora sob exame, realizada a perícia médica, o expert nomeado pelo juízo diagnosticou a parte autora como portadora de patologia indicada no laudo (anexo nos autos). Ressalte-se que o laudo do perito do juízo se mostra bem fundamentado, mediante a descrição das condições de saúde da parte, de conformidade com os elementos e as técnicas usualmente aceitas para as perícias judiciais. Desnecessária, assim, nova intimação do perito. No que se refere à incapacidade, o douto perito médico afirmou que não há incapacidade laborativa atual, razão pela qual forçoso concluir que descabe a concessão/restabelecimento do benefício previdenciário pretendido. Quanto à incapacidade laborativa pretérita, no laudo pericial, o expert dá conta de que, quando esteve incapaz, já recebeu o benefício previdenciário conforme o período indicado nos documentos previdenciários acostados aos autos (CNIS/HISME/telas SABI). Dessa forma, não é devido o pagamento de valores atrasados pela autarquia previdenciária. Assim, tomando-se como base o laudo pericial, ausente a incapacidade da parte autora para exercer o seu labor habitual, resta prejudicada a análise de danos morais. Inexistente a redução da capacidade laboral por lesões decorrentes de acidente de natureza diversa do trabalho, não se verificam as condições para a concessão de auxílio-acidente. Por fim, ressalte-se que pedidos de reapreciação das questões relativas à capacidade laborativa apresentam, na verdade, mero inconformismo face às conclusões de natureza eminentemente técnicas expostas pelo douto experto em seu laudo pericial. Decerto, quando há divergência entre o laudo do perito do juízo e o parecer do assistente técnico, devem prevalecer as conclusões do primeiro, por ser ele terceiro imparcial e equidistante dos interesses das partes. Portanto, em face do teor do laudo médico-pericial anexado aos autos, impõe-se a improcedência do pedido. III – DISPOSITIVO Ante o exposto e por tudo o mais que dos autos consta, julgo IMPROCEDENTE o pedido nos termos do art. 487, I, do CPC/15. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9.099/95). Intimem-se na forma da Lei n. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo.
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. RECURSO IMPROVIDO. Trata-se de recurso inominado interposto pela Parte Autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão do benefício de auxílio-doença. Aduziu a Recorrente, em síntese, que está incapacitada para o trabalho, razão pela qual postulou a reforma da sentença de improcedência. Rejeito a preliminar de nulidade por ausência de individualização. A individualização é feita a partir da referência ao laudo médico do processo. O artigo 59 e seguintes da Lei no 8.213/91 determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. No caso em exame, não foi verificado o preenchimento do requisito incapacidade, para a concessão do benefício de auxílio-doença. Conforme demonstra o Laudo Pericial elaborado pelo Perito designado pelo Juízo a quo, segundo se extrai da leitura de seu conteúdo, a Parte Autora não está incapacitada para o seu trabalho habitual, não fazendo jus, portanto, à percepção do benefício perseguido. Conforme se verifica na prova pericial contida no anexo 09, a parte autora é acometida de linfoma não-Hodgkin – CID10 C82.7, com diagnóstico em 02/2016. A perícia médica judicial concluiu que não há incapacidade atual. Embora o julgador não esteja obrigado a acolher as conclusões do laudo pericial, o(a) expert em questão é profissional competente e imparcial, como terceiro desinteressado na lide. Assim, nãohá óbice em adotar suas conclusões como razão de decidir, permeadas que são por critérios técnico-científicos, os quais não restaram elididos pelos elementos trazidos aos autos. Recurso inominado improvido. Sentença mantida em todos os seus termos. A sucumbência em desfavor do demandante restringe-se a honorários, que arbitro em 10 (dez) por cento sobre o valor da causa (art. 85, §2o e art. 98, §2o do Novo Código de Processo Civil). Referida obrigação, entretanto, fica sob condição suspensiva, podendo ser cobrada se, dentro de 05(cinco) anos, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da gratuidade (art. 98, §3o do NCPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso da parte autora, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento. PAULO ROBERTO PARCA DE PINHO
623
387
0
0
14-PE
1
259.039294
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de pedido de concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade (auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez). Dispensado o relatório nos termos do art. 38 da Lei no 9.099/95. II - FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINARMENTE Defiro a gratuidade judicial. - MÉRITO O benefício de auxílio-doença será devido, consoante previsão do artigo 59 da Lei n. 8.213/91, “ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.” (grifos nossos). Por sua vez, consoante disposto no artigo 42 da Lei n. 8.213/91, “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. Conforme se infere dos preceitos legais supracitados, o auxílio-doença tem caráter provisório, ou seja, é devido ao segurado que se encontra impossibilitado, em caráter efetivo e transitório, de exercer o seu mister - incapacidade transitória. Por sua vez, na aposentadoria por invalidez, impõe-se que o segurado seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência - incapacidade total e permanente. De seu turno, o benefício indenizatório de auxílio-acidente tem como requisitos (art. 86 da Lei no 8.213/91): a) a ocorrência de acidente de qualquer natureza; b) a presença de sequela; c) redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido pelo segurado. Feitas essas considerações, especificamente no que se refere ao caso ora sob exame, realizada a perícia médica, o expert nomeado pelo juízo diagnosticou a parte autora como portadora de patologia indicada no laudo (anexo nos autos). Ressalte-se que o laudo do perito do juízo se mostra bem fundamentado, mediante a descrição das condições de saúde da parte, de conformidade com os elementos e as técnicas usualmente aceitas para as perícias judiciais. Desnecessária, assim, nova intimação do perito. No que se refere à incapacidade, o douto perito médico afirmou que não há incapacidade laborativa atual, razão pela qual forçoso concluir que descabe a concessão/restabelecimento do benefício previdenciário pretendido. Quanto à incapacidade laborativa pretérita, no laudo pericial, o expert dá conta de que, quando esteve incapaz, já recebeu o benefício previdenciário conforme o período indicado nos documentos previdenciários acostados aos autos (CNIS/HISME/telas SABI). Dessa forma, não é devido o pagamento de valores atrasados pela autarquia previdenciária. Assim, tomando-se como base o laudo pericial, ausente a incapacidade da parte autora para exercer o seu labor habitual, resta prejudicada a análise de danos morais. Inexistente a redução da capacidade laboral por lesões decorrentes de acidente de natureza diversa do trabalho, não se verificam as condições para a concessão de auxílio-acidente. Por fim, ressalte-se que pedidos de reapreciação das questões relativas à capacidade laborativa apresentam, na verdade, mero inconformismo face às conclusões de natureza eminentemente técnicas expostas pelo douto experto em seu laudo pericial. Decerto, quando há divergência entre o laudo do perito do juízo e o parecer do assistente técnico, devem prevalecer as conclusões do primeiro, por ser ele terceiro imparcial e equidistante dos interesses das partes. Portanto, em face do teor do laudo médico-pericial anexado aos autos, impõe-se a improcedência do pedido. III – DISPOSITIVO Ante o exposto e por tudo o mais que dos autos consta, julgo IMPROCEDENTE o pedido nos termos do art. 487, I, do CPC/15. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9.099/95). Intimem-se na forma da Lei n. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0510291-88.2019.4.05.8300
2019-05-30 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-06 11:36:50
Sentença - Danos morais
2020-01-30T10:34:42
Acórdão - acórdão
FLÁVIO ROBERTO FERREIRA DE LIMA
2020-01-29 09:00:00
RAFAEL TAVARES DA SILVA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
PE035410
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação proposta pela parte autora em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, por meio da qual pleiteia a condenação da autarquia ao pagamento de indenização por danos morais por ter cessado indevidamente o benefício da demandante em 12/06/2015, por constar no SISOBI informação acerca do falecimento da autora. A demandante afirma que o INSS apenas procedeu à reativação do benefício em 01/10/2015, e que os atrasados apenas foram pagos em 17/02/2016. É o sucinto relatório. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO Defiro o benefício da justiça gratuita, conforme postulado. A matéria não admite maiores digressões: Por erro de informação constante no sistema PLENUS, a autora foi dada como falecida, e os valores referentes ao crédito da pensão por morte que percebe foram bloqueados. Quanto ao direito aos valores pleiteados não remanescem dúvidas, e sequer foram contestados pela demandada. Dos danos morais Da análise do conjunto probatório coligido aos autos, verifica-se ser incontroverso o fato de que o INSS deixou de pagar, indevidamente, benefício a que a autora fazia jus. Esclarecido tal ponto, resta definir se a conduta da autarquia ré teve o condão de abalar a esfera moral da parte autora. Entendo que o dano moral encontra-se suficientemente demonstrado, uma vez que a autora, portadora de patologia no momento do deferimento do benefício, sofreu, injustificadamente, privação de verba alimentar, fato que lhe causou transtornos e angústia, já que se viu privado de verba necessária a sua sobrevivência. Destaque-se que não é plausível classificar como mero aborrecimento a privação de parte de verba alimentar por diversos meses. Vale ressaltar que não se trata aqui de equívoco na interpretação de normas vigentes ou qualquer outro motivo justificável, mas clara falha na prestação do serviço, que culminou com a privação de renda mínima de pessoa idosa e doente. Assim, uma vez que a conduta do INSS atingiu a disponibilidade financeira da parte autora, comprometendo sua subsistência, sobretudo considerando o valor mínimo do benefício, incumbe-lhe o dever de arcar com a compensação pelo abalo moral que, indubitavelmente, causou. Com relação ao quantum indenizatório, saliente-se que, na fixação dos danos morais, há de se levar em conta a razoabilidade e a proporcionalidade: Há de ser razoável a indenização para que não seja de pequena monta, a ponto de não reparar e compensar o dano sofrido; nem elevada demais, de todo jeito iníqua. Há de ser proporcional, aí inserido o caráter pedagógico, para que o custo da indenização realmente leve o ofensor a tomar medidas concretas para evitar que novas situações se repitam. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado à inicial, condenando o INSS a pagar à autora, a título de danos morais, o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Juros de mora e correção monetária na forma do art. 1o-F da Lei 9.494/97. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no artigo 55, da Lei no 9.099/95, bem como em razão da parte ser beneficiária da justiça gratuita.
EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. CESSAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. RECURSO INOMINADO DO INSS IMPROVIDO. – Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da Sentença que julgou procedente o pedido de indenização por dano moral em razão da cessão indevida do benefício previdenciário da parte autora em face de informação inverídica de óbito da demandante. – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. – Na hipótese em apreço, não houve recurso da autarquia previdenciária no que diz respeito à ilegalidade da suspensão do benefício previdenciário, tornando-se definitiva a sentença quanto ao tema. Além disso, conquanto tenha alegado em razões recursais que não é responsável pela alimentação de dados do SISOBI, o que é de responsabilidade dos cartórios, não restou infirmado o fato de que a cessação indevida do benefício decorreu de ato praticado pelo INSS, não havendo, portanto, dúvidas quanto à sua responsabilidade pelo ato em questão. – Na situação vertente, os danos morais caracterizam-se indubitavelmente, na medida em que, ante o equívoco que resultou na suspensão do pagamento do benefício, a parte autora viu-se privada de verba de natureza alimentar, por ato indevido da Administração. – Assim, não vejo como reformar a sentença atacada, que adotou entendimento exemplar sobre a matéria. Invoco-a como razão de decidir, para todos os fins. Passo a citá-la: A matéria não admite maiores digressões: Por erro de informação constante no sistema PLENUS, a autora foi dada como falecida, e os valores referentes ao crédito da pensão por morte que percebe foram bloqueados. Quanto ao direito aos valores pleiteados não remanescem dúvidas, e sequer foram contestados pela demandada. Dos danos morais Da análise do conjunto probatório coligido aos autos, verifica-se ser incontroverso o fato de que o INSS deixou de pagar, indevidamente, benefício a que a autora fazia jus. Esclarecido tal ponto, resta definir se a conduta da autarquia ré teve o condão de abalar a esfera moral da parte autora. Entendo que o dano moral encontra-se suficientemente demonstrado, uma vez que a autora, portadora de patologia no momento do deferimento do benefício, sofreu, injustificadamente, privação de verba alimentar, fato que lhe causou transtornos e angústia, já que se viu privado de verba necessária a sua sobrevivência. Destaque-se que não é plausível classificar como mero aborrecimento a privação de parte de verba alimentar por diversos meses. Vale ressaltar que não se trata aqui de equívoco na interpretação de normas vigentes ou qualquer outro motivo justificável, mas clara falha na prestação do serviço, que culminou com a privação de renda mínima de pessoa idosa e doente. Assim, uma vez que a conduta do INSS atingiu a disponibilidade financeira da parte autora, comprometendo sua subsistência, sobretudo considerando o valor mínimo do benefício, incumbe-lhe o dever de arcar com a compensação pelo abalo moral que, indubitavelmente, causou. – Recurso do INSS improvido. Sentença mantidas em todos os seus termos. – Condeno o INSS no pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Custas ex lege. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso do INSS, nos termos da ementa supra. Recife/PE, data da movimentação.
499
570
0
0
19-PE
0
159.79294
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta pela parte autora em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, por meio da qual pleiteia a condenação da autarquia ao pagamento de indenização por danos morais por ter cessado indevidamente o benefício da demandante em 12/06/2015, por constar no SISOBI informação acerca do falecimento da autora. A demandante afirma que o INSS apenas procedeu à reativação do benefício em 01/10/2015, e que os atrasados apenas foram pagos em 17/02/2016. É o sucinto relatório. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO Defiro o benefício da justiça gratuita, conforme postulado. A matéria não admite maiores digressões: Por erro de informação constante no sistema PLENUS, a autora foi dada como falecida, e os valores referentes ao crédito da pensão por morte que percebe foram bloqueados. Quanto ao direito aos valores pleiteados não remanescem dúvidas, e sequer foram contestados pela demandada. Dos danos morais Da análise do conjunto probatório coligido aos autos, verifica-se ser incontroverso o fato de que o INSS deixou de pagar, indevidamente, benefício a que a autora fazia jus. Esclarecido tal ponto, resta definir se a conduta da autarquia ré teve o condão de abalar a esfera moral da parte autora. Entendo que o dano moral encontra-se suficientemente demonstrado, uma vez que a autora, portadora de patologia no momento do deferimento do benefício, sofreu, injustificadamente, privação de verba alimentar, fato que lhe causou transtornos e angústia, já que se viu privado de verba necessária a sua sobrevivência. Destaque-se que não é plausível classificar como mero aborrecimento a privação de parte de verba alimentar por diversos meses. Vale ressaltar que não se trata aqui de equívoco na interpretação de normas vigentes ou qualquer outro motivo justificável, mas clara falha na prestação do serviço, que culminou com a privação de renda mínima de pessoa idosa e doente. Assim, uma vez que a conduta do INSS atingiu a disponibilidade financeira da parte autora, comprometendo sua subsistência, sobretudo considerando o valor mínimo do benefício, incumbe-lhe o dever de arcar com a compensação pelo abalo moral que, indubitavelmente, causou. Com relação ao quantum indenizatório, saliente-se que, na fixação dos danos morais, há de se levar em conta a razoabilidade e a proporcionalidade: Há de ser razoável a indenização para que não seja de pequena monta, a ponto de não reparar e compensar o dano sofrido; nem elevada demais, de todo jeito iníqua. Há de ser proporcional, aí inserido o caráter pedagógico, para que o custo da indenização realmente leve o ofensor a tomar medidas concretas para evitar que novas situações se repitam. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado à inicial, condenando o INSS a pagar à autora, a título de danos morais, o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais). Juros de mora e correção monetária na forma do art. 1o-F da Lei 9.494/97. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no artigo 55, da Lei no 9.099/95, bem como em razão da parte ser beneficiária da justiça gratuita
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0501473-32.2019.4.05.8306
2019-07-05 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-16 14:51:28
Sentença - Improcedente
2020-01-30T10:34:42
Acórdão - Acórdão
FLÁVIO ROBERTO FERREIRA DE LIMA
2020-01-29 09:00:00
FERNANDO BRAZ XIMENES
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
1
PE001231A
Processo no. 0501473-32.2019.4.05.8306S SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) I. RELATÓRIO Dispensado o relatório nos termos do art. 38, parágrafo único, da Lei no 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais (art. 1o da Lei 10.259/01). II. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de pedido de concessão/restabelecimento de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez ajuizado por LUIS DOMINGOS DA SILVAem face do INSS. A lide compreende matéria de fato e de direito, contudo não necessita de prova oral ou matéria a ser obtida em audiência, circunstância que autoriza o julgamento antecipado da lide, a teor do disposto no art. 355, I, do NCPC. O benefício previdenciário do auxílio-doença é previsto no artigo 59 da Lei 8.213/91: “Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” (grifos nossos). Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é prevista no artigo 42 da Lei 8.213/91: “Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.” Conforme se observa dos artigos acima referidos, o auxílio-doença é devido ao segurado da previdência social que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, enquanto a aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Tratando de benefício por incapacidade, o Juiz forma a sua convicção a partir do laudo pericial, podendo aceitá-lo no todo ou em parte mediante fundamentação idônea, não se encontrando vinculado incondicionalmente ao seu conteúdo. Do contrário, o magistrado transferiria a sua função de julgar ao expert. Não se está com isso defendendo que o Juiz pode conceder o benefício sem ordenar a realização da perícia médica ou a margem total de suas conclusões e, sim, a possibilidade de reinterpretá-lo com os demais meios de prova e segundo as regras de experiência comum e técnica em geral, tudo a luz do livre convencimento motivado. Caso concreto Da incapacidade laborativa No caso dos autos, realizada perícia médica (anexo 13), o expert do juízo concluiu que a parte autora é portadora de hipertensão arterial sistêmica (I10), diabetes mellitus (E14), sequela de AVCI (I69.4) ; patologias que a incapacitam parcial e definitivamente para o exercício de quaisquer atividades laborativas que exijam agachamento, carregamento de peso ou esforço físico, inclusive a sua habitual (resposta ao quesito 2,4,6 e 12do anexo 13). Outrossim, o perito médico judicial considerou o início da incapacidade em março de 2018 (resposta ao quesito 11 do anexo 13). Ainda, o perito considerou possível a reabilitação profissional da parte autora para outras atividades laborativas que não exijam agachamento, carregamento de peso ou esforço físico (resposta ao quesito 15 do anexo 13). Configurada a incapacidade parcial e definitiva para sua atividade laborativa, requisito do auxílio-doença, resta, assim, analisar os demais requisitos. Por fim, descarta-se a aposentadoria por invalidez, visto que a incapacidade da parte demandante não é definitiva. Da qualidade de segurado e da carência Nos termos do art. 15 da Lei no 8.213/91, a qualidade de segurado é mantida, para o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social, até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições. Durante esse período, continua o segurado amparado pelo RGPS. Os §§ 1o e 2o do mesmo dispositivo legal, por sua vez, estabelecem que o prazo do período de graça será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais, além da possibilidade de acréscimo de outros 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Já a regra prevista no § 4o do art. 15 da Lei 8.213/91 determina que “a perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos”. Pois bem. Dos documentos acostados aos autos, notadamente o CNIS, verifica-se que a parte autora foi empregada da USINA SÃO JOSÉ S/A entre 01/06/2012 a 26/01/2013 (anexo 11, página 05). Assim, levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de março de 2014. Considerando que a parte autora não pagou mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado,não faz jus à prorrogação por mais 12 meses. Ainda, tendo recebido seguro desemprego, circunstância que comprova o desemprego involuntário, se estende a qualidade de segurada da parte autora por mais doze meses, ou seja, até 15 de março de 2015 (anexo 16). Ato contínuo, reingressou no RGPS na condição de empregado de JOSELMA MARINHO N. MAIA entre 01/09/2017 a 09/11/2017. Levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de janeiro de 2019. De tal modo concluo que, na data do início da incapacidade (03/2018), a parte autora gozava do status de segurada. No que pertine ao período de carência, a parte deveria possuir na data da incapacidade fixada ao menos seis contribuições para a consideração dos recolhimentos anteriores para fins de concessão do benefício nos termos do artigo 27-A da Lei no. 8213/91 com a redação dada pela Lei no. 13457/2017, vigente à época do requerimento administrativo (11/07/2018, anexo 03) no entanto possuía apenas três contribuições, de maneira que não resta autorizada a utilização das contribuições anteriores para a concessão do benefício. Portanto, pela ausência de carência para o obtenção do benefício, impõe-se o indeferimento do pleito. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos, extinguindo o processo com resolução do mérito nos termos do art. 487, inciso I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55, da Lei no 9.099/95). Defiro os benefícios da justiça gratuita. Registre-se. Intimem-se conforme as disposições da Lei no 10.259/2001. Goiana/PE, data supra. Fernando Braz Ximenes Juiz Federal Substituto
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. CARÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS. NÃO PREENCHIMENTO. RECURSO IMPROVIDO. – Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão do benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez em face do não preenchimento do requisito carência. – Aduz o recorrente que “foi acometido por paralisia irreversível e incapacitante, apresentando déficit neurológico – hemiparesia esquerda, segundo laudo médico em anexo, em decorrência de acidente vascular cerebral, patologia essa que dispensa a carência para fins de requerimentos do benefício de auxílio-doença devido à gravidade da doença/sequela”. – O art. 59 e seguintes da Lei no 8.213/91 determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. – Por seu turno, o art. 42 da LBPS estabelece que a “aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. – Das considerações apresentadas pelo perito médico judicial (anexo 13), infere-se que a parte autora foi portadora de Hipertensão arterial sistêmica (I10), diabetes mellitus (E14), sequela de AVCI (I69.4). Que o incapacita de forma parcial e definitiva, desde março de 2018. O perito informa que a incapacidade é parcial para atividades que exijam realizar agachamento, carregamento de peso ou esforço físico. Informa que o periciando pode trabalhar em portaria, atendimento ao público, cozinha. – Ademais, ao contrário da afirmação do recorrente, em resposta ao quesito específico para a análise de carência (anexo 13, quesito 17) o perito é claro ao afirmar que o periciando NÃO está acometido de paralisia irreversível e incapacitante. E nas observações do exame físico geral e específico o expert observa apenas haver “limitação na mobilidade do membro superior esquerdo, limitação na força da mão grau IV, com movimento de pinça preservado. Membro inferior esquerdo com boa mobilidade e discreto deficit de força, com claudicação leve da marcha. Senta e levanta da cadeira sem dificuldade, manipula documentos.”. – Na espécie, o processo foi julgado improcedente. No tocante a análise da qualidade de segurado/carência, verifico que o juízo a quo analisou perfeitamente a lide. Da análise do caso, não vejo como reformar a sentença atacada. Invoco-a como razão de decidir, para todos os fins. Passo a citá-la: (...) Dos documentos acostados aos autos, notadamente o CNIS, verifica-se que a parte autora foi empregada da USINA SÃO JOSÉ S/A entre 01/06/2012 a 26/01/2013 (anexo 11, página 05). Assim, levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de março de 2014. Considerando que a parte autora não pagou mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado,não faz jus à prorrogação por mais 12 meses. Ainda, tendo recebido seguro desemprego, circunstância que comprova o desemprego involuntário, se estende a qualidade de segurada da parte autora por mais doze meses, ou seja, até 15 de março de 2015 (anexo 16). Ato contínuo, reingressou no RGPS na condição de empregado de JOSELMA MARINHO N. MAIA entre 01/09/2017 a 09/11/2017. Levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de janeiro de 2019. De tal modo concluo que, na data do início da incapacidade (03/2018), a parte autora gozava do status de segurada. No que pertine ao período de carência, a parte deveria possuir na data da incapacidade fixada ao menos seis contribuições para a consideração dos recolhimentos anteriores para fins de concessão do benefício nos termos do artigo 27-A da Lei no. 8213/91 com a redação dada pela Lei no. 13457/2017, vigente à época do requerimento administrativo (11/07/2018, anexo 03) no entanto possuía apenas três contribuições, de maneira que não resta autorizada a utilização das contribuições anteriores para a concessão do benefício. Portanto, pela ausência de carência para o obtenção do benefício, impõe-se o indeferimento do pleito.”. – Dessa forma, no caso dos autos, com a devida vênia, estou em que a douta sentença não merece sofrer qualquer glosa ou censura. – Não obstante, tratando de benefício por incapacidade, o Juiz forma a sua convicção a partir do laudo pericial, podendo aceitá-lo no todo ou em parte mediante fundamentação idônea, não se encontrando vinculado incondicionalmente ao seu conteúdo. Do contrário, o magistrado transferiria a sua função de julgar ao expert. Não se está com isso defendendo que o Juiz pode conceder o benefício sem ordenar a realização da perícia médica ou a margem total de suas conclusões e, sim, a possibilidade de reinterpretá-lo com os demais meios de prova e segundo as regras de experiência comum e técnica em geral, tudo a luz do livre convencimento motivado. – Recurso improvido. Sentença mantida em todos os seus termos. – A sucumbência fica a cargo do recorrente vencido e restringe-se a honorários, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55, caput da Lei no 9.099/95, aplicável ao JEF por força do art. 1o, da Lei no 10.259/01), cuja exigibilidade, todavia, ficará suspensa por se tratar de beneficiário da gratuidade judiciária (art. 98 e §§ 2o e 3o, do CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso da parte autora, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento.
1,140
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25-PE
1
41.910046
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de pedido de concessão/restabelecimento de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez ajuizado por LUIS DOMINGOS DA SILVAem face do INSS. A lide compreende matéria de fato e de direito, contudo não necessita de prova oral ou matéria a ser obtida em audiência, circunstância que autoriza o julgamento antecipado da lide, a teor do disposto no art. 355, I, do NCPC. O benefício previdenciário do auxílio-doença é previsto no artigo 59 da Lei 8.213/91: “Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” (grifos nossos). Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é prevista no artigo 42 da Lei 8.213/91: “Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.” Conforme se observa dos artigos acima referidos, o auxílio-doença é devido ao segurado da previdência social que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, enquanto a aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Tratando de benefício por incapacidade, o Juiz forma a sua convicção a partir do laudo pericial, podendo aceitá-lo no todo ou em parte mediante fundamentação idônea, não se encontrando vinculado incondicionalmente ao seu conteúdo. Do contrário, o magistrado transferiria a sua função de julgar ao expert. Não se está com isso defendendo que o Juiz pode conceder o benefício sem ordenar a realização da perícia médica ou a margem total de suas conclusões e, sim, a possibilidade de reinterpretá-lo com os demais meios de prova e segundo as regras de experiência comum e técnica em geral, tudo a luz do livre convencimento motivado. Caso concreto Da incapacidade laborativa No caso dos autos, realizada perícia médica (anexo 13), o expert do juízo concluiu que a parte autora é portadora de hipertensão arterial sistêmica (I10), diabetes mellitus (E14), sequela de AVCI (I69.4) ; patologias que a incapacitam parcial e definitivamente para o exercício de quaisquer atividades laborativas que exijam agachamento, carregamento de peso ou esforço físico, inclusive a sua habitual (resposta ao quesito 2,4,6 e 12do anexo 13). Outrossim, o perito médico judicial considerou o início da incapacidade em março de 2018 (resposta ao quesito 11 do anexo 13). Ainda, o perito considerou possível a reabilitação profissional da parte autora para outras atividades laborativas que não exijam agachamento, carregamento de peso ou esforço físico (resposta ao quesito 15 do anexo 13). Configurada a incapacidade parcial e definitiva para sua atividade laborativa, requisito do auxílio-doença, resta, assim, analisar os demais requisitos. Por fim, descarta-se a aposentadoria por invalidez, visto que a incapacidade da parte demandante não é definitiva. Da qualidade de segurado e da carência Nos termos do art. 15 da Lei no 8.213/91, a qualidade de segurado é mantida, para o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social, até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições. Durante esse período, continua o segurado amparado pelo RGPS. Os §§ 1o e 2o do mesmo dispositivo legal, por sua vez, estabelecem que o prazo do período de graça será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais, além da possibilidade de acréscimo de outros 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Já a regra prevista no § 4o do art. 15 da Lei 8.213/91 determina que “a perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos”. Pois bem. Dos documentos acostados aos autos, notadamente o CNIS, verifica-se que a parte autora foi empregada da USINA SÃO JOSÉ S/A entre 01/06/2012 a 26/01/2013 (anexo 11, página 05). Assim, levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de março de 2014. Considerando que a parte autora não pagou mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado,não faz jus à prorrogação por mais 12 meses. Ainda, tendo recebido seguro desemprego, circunstância que comprova o desemprego involuntário, se estende a qualidade de segurada da parte autora por mais doze meses, ou seja, até 15 de março de 2015 (anexo 16). Ato contínuo, reingressou no RGPS na condição de empregado de JOSELMA MARINHO N. MAIA entre 01/09/2017 a 09/11/2017. Levando-se em consideração a prorrogação de 12 (doze) meses prevista no art.15, II, da Lei n. 8.213/91 conjugado com o §4o da mesma lei, o período de graça se estenderia até 15 de janeiro de 2019. De tal modo concluo que, na data do início da incapacidade (03/2018), a parte autora gozava do status de segurada. No que pertine ao período de carência, a parte deveria possuir na data da incapacidade fixada ao menos seis contribuições para a consideração dos recolhimentos anteriores para fins de concessão do benefício nos termos do artigo 27-A da Lei no. 8213/91 com a redação dada pela Lei no. 13457/2017, vigente à época do requerimento administrativo (11/07/2018, anexo 03) no entanto possuía apenas três contribuições, de maneira que não resta autorizada a utilização das contribuições anteriores para a concessão do benefício. Portanto, pela ausência de carência para o obtenção do benefício, impõe-se o indeferimento do pleito. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos, extinguindo o processo com resolução do mérito nos termos do art. 487, inciso I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55, da Lei no ). Defiro os benefícios da justiça gratuita. Registre-se. Intimem-se conforme as disposições da Lei no 10.259/2001. Goiana/PE, data supra. Fernando Braz Ximenes Juiz Federal Substituto
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
4
0502459-77.2019.4.05.8308
2019-08-21 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2019-10-30 09:49:42
Sentença - Improcedencia
2020-02-03T11:40:32
Acórdão - Pensão por rmorte perda qualidade de segurado
Cláudio Kitner
2020-01-31 09:30:00
THALYNNI MARIA DE LAVOR PASSOS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
BA050932
SENTENÇA “Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei n.9.099/95. FUNDAMENTAÇÃO Ação especial cível proposta contra o INSS, visando à concessão do benefício de pensão por morte à parte autora em epígrafe, na condição de dependentes do suposto segurado Rogério Teles de Siqueira, falecido em 23.12.2018. O réu apresentou contestação escrita, alegando a ausência da qualidade de segurado do de cujus. Cinge-se a querela de mérito, portanto, ao suposto direito dos autores à pensão por morte por óbito de seu pai. A controvérsia administrativa resume-se em saber se o extinto detinha a qualidade de segurado à data do óbito. No caso, o instituidor do benefício faleceu em 23.12.2018.A dependencia também é incontroversa já que os requerentes são filhos menores de idade. De acordo com o CNIS, apresentava ao tempo do óbito mais de cento e vinte contribuições, sendo que o ultimo vinculo empregatício datava de 09.2015. Ficou ainda comprovado ( e reconhecido pelo INSS) que após o ultimo vinculo o extinto ficou desempregado, fazendo jus também à prorrogação do período de graça por mais doze meses. Dessarte, no caso, é também incontroverso que o período de graça aplicável ao caso é de 36(trinta e seis meses). O ponto controvertido é a partir de quando deve ser computado o termo inicial desse período de graça, uma vez que a parte autora alega que somente se iniciaria com o fim da ultima parcela do seguro desemprego que no caso, seria em 04.2016. A pretensão autoral não encontra supedâneo, contudo, na lei que dispõe: " Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente;(Redação dada pela Lei no13.846, de 2019) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos." Com efeito a dicção legal é clara ao fixar o termo inicial do período de graça a cessação da contribuição, ou no caso do empregado, do exercício laboral. O § 4 ainda reforça que a perda da qualidade ocorrerá no dia seguinte ao término do prazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamanete posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus páragrafos. Trazendo o disposito ao caso concreto temos que a cessação da contribuição (ou do exercício laboral no caso do empregado) ocorreu em 09.2015. O período de 36 meses inicia-se do ultimo recolhimento e vai até 09/2018, o fim do período seguindo o disposto no §4 seria portanto em 16.10.2018- dia subsequente ao termino do prazo de recolhimento da contribuição. O obito ocorreu em dezembro, portanto, o extinto já não detinha a qualidade de segurado ao tempo do óbito. Registro ainda que a percepção de seguro-desemprego tem como efeito a prorrogação do período inicial que seria de 12(doze) meses para 24(vinte e quatro) meses, mas não tem o condão de sustar o inicio da contagem do prazo, consoante se vê da expressa previsão legal. DISPOSITIVO POSTO ISSO, julgo improcedente o pedido, extinguindo o processo com exame de mérito. Sem custas e sem honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95. Partes intimadas em audiência Em caso de interposição de recurso tempestivo, deve ser intimada a parte contrária para apresentar contrarrazões, antes da remessa dos autos à Turma Recursal. Petrolina/PE, 31 de julho de 2014.” Thalynni Maria de Lavor Passos
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO. DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO, RECEBIMENTO DE SEGURO-DESEMPREGO. PRORROGAÇÃO DO PEDIDO DE GRAÇA. MARCO INICIAL. CESSAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. INTELIGÊNCIA DO ART. 15 DA LBPS. INSUBISTÊNCIA DA FILIAÇÃO DO EXTINTO AO RGPS. BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA IMPROVIDO. VOTO Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido de pensão por morte em favor dos filhos menores do extinto, com fundamento na perda da qualidade de segurado, mesmo após a prorrogação do período de graça pelo prazo máximo de 36 (trinta e seis) meses, conforme norma autorizadora estamapda no art. 15 da Lei no 8.213/91. Os demandantes recorrentes sustentam que o início da contagem do período de graça acrescido iniciar-se-ia após o recebimento da última parcela do seguro-desemprego pelo autor, controvertendo, portanto, exclusivamente quanto à deflagração da prorrogação do período de graça por mais 12 meses em razão do desemprego involuntário. Assim posta a lide, passo a decidir. Como é cediço, a concessão de pensão por morte reclama a concorrência de dois requisitos: a qualidade de segurado do extinto e a qualidade de dependente do requerente. Consoante reza o art. 16, I c/c § 4o, da Lei n° 8.213/91, a dependência dos cônjuges, companheiros e filhos é presumida, ao passo que a dos demais deve ser comprovada. Outrossim, a pensão por morte não exige o cumprimento de prazo de carência, fazendo-se necessária, todavia, a comprovação da qualidade de segurado à época do óbito para que os dependentes façam jus ao benefício em comento. In casu, a controvérsia cinge-se à comprovação da qualidade de segurado do de cujus. Para além do direito à prorrogação por 36 meses com espeque na comprovação da condição de desemprego atrelada à apuração de 120 contribuições à mínuga da perda da qualidade de segurado, a pretensão dos dependentes do segurado falecido adstringe-se ao início do cômputo da extensão autorizada pela situação de desemprego. Do exame detido dos autos, constato que o extinto, falecido em 23/12/2018, manteve vínculo empregatício até o mês de Setembro de 2015. Assim, a princípio, a qualidade de segurado do “de cujus” seria mantida até 15/10/2016, conforme disposto no art. 15, II e § 4o, da Lei no 8.213/91 e nos arts. 13, II, e 14, do Decreto 3.048/99. A condição de desemprego do pretenso instituidor acarreta a prorrogação do período de graça por mais 12 meses, ou seja, 15/10/2017, nos termos do no art. 15, § 2o, da Lei no 8.213/91 e nos art. 13, § 2o, do Decreto 3.048/99. Ademais, incontroversa a prorrogação por outro período de 12 meses diante do recolhimento ininterrupto de 120 contribuições previdenciárias (art. 15, § 1o, da Lei no 8.213/91 e nos arts. 13, § 1o, do Decreto 3.048/99), restando preservada a filiação à Previdência Social pelo intervalo total de 36 meses. Dessarte, exsurge escorreita a sentença que determinou a prorrogação do período de graça após a cessação das contribuições, bem como a partir do final da relação empregatícia, por falta de amparo legal para a pretendida suspensão da fluência do prazo durante o recebimento do seguro-desemprego. Assim, quando do óbito, o extinto não mais ostentava a condição de filiado ao RGPS, perdida em 15/10/2018, deixando de instituir a pensão por morte em favor dos autores. Pelas razões expostas, bem como em virtude de ser a fundamentação acima suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, tenho por não violados os dispositivos legais suscitados, inclusive considerando-os devidamente prequestionados para o fito de possibilitar, de logo, a interposição dos recursos cabíveis (arts. 14 e 15 da Lei no 10.259/01). Dessarte, tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento do que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória poderá ensejar a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos arts. 81 e 1.026 do NCPC. Por este entender, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO. Arbitro condenação em honorários em desfavor da parte vencida em 10% sobre o valor atualizado da causa, ficando suspensa enquanto perdurar a hipossuficiência da autora durante o prazo prescricional de cinco anos, ante o deferimento do benefício da gratuidade judiciária. É como voto. ACÓRDÃO Vistos e discutidos, decide a Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, por unanimidade NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado, nos termos da ementa supra. Recife/PE, data do julgamento. Claudio Kitner
785
728
0
1
8-PE
0
69.867847
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Ação especial cível proposta contra o INSS, visando à concessão do benefício de pensão por morte à parte autora em epígrafe, na condição de dependentes do suposto segurado Rogério Teles de Siqueira, falecido em 23.12.2018. O réu apresentou contestação escrita, alegando a ausência da qualidade de segurado do de cujus. Cinge-se a querela de mérito, portanto, ao suposto direito dos autores à pensão por morte por óbito de seu pai. A controvérsia administrativa resume-se em saber se o extinto detinha a qualidade de segurado à data do óbito. No caso, o instituidor do benefício faleceu em 23.12.2018.A dependencia também é incontroversa já que os requerentes são filhos menores de idade. De acordo com o CNIS, apresentava ao tempo do óbito mais de cento e vinte contribuições, sendo que o ultimo vinculo empregatício datava de 09.2015. Ficou ainda comprovado ( e reconhecido pelo INSS) que após o ultimo vinculo o extinto ficou desempregado, fazendo jus também à prorrogação do período de graça por mais doze meses. Dessarte, no caso, é também incontroverso que o período de graça aplicável ao caso é de 36(trinta e seis meses). O ponto controvertido é a partir de quando deve ser computado o termo inicial desse período de graça, uma vez que a parte autora alega que somente se iniciaria com o fim da ultima parcela do seguro desemprego que no caso, seria em 04.2016. A pretensão autoral não encontra supedâneo, contudo, na lei que dispõe: " Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente;(Redação dada pela Lei no13.846, de 2019) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos." Com efeito a dicção legal é clara ao fixar o termo inicial do período de graça a cessação da contribuição, ou no caso do empregado, do exercício laboral. O § 4 ainda reforça que a perda da qualidade ocorrerá no dia seguinte ao término do prazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamanete posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus páragrafos. Trazendo o disposito ao caso concreto temos que a cessação da contribuição (ou do exercício laboral no caso do empregado) ocorreu em 09.2015. O período de 36 meses inicia-se do ultimo recolhimento e vai até 09/2018, o fim do período seguindo o disposto no §4 seria portanto em 16.10.2018- dia subsequente ao termino do prazo de recolhimento da contribuição. O obito ocorreu em dezembro, portanto, o extinto já não detinha a qualidade de segurado ao tempo do óbito. Registro ainda que a percepção de seguro-desemprego tem como efeito a prorrogação do período inicial que seria de 12(doze) meses para 24(vinte e quatro) meses, mas não tem o condão de sustar o inicio da contagem do prazo, consoante se vê da expressa previsão legal. DISPOSITIVO POSTO ISSO, julgo improcedente o pedido, extinguindo o processo com exame de mérito. Sem custas e sem honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. . Partes intimadas em audiência Em caso de interposição de recurso tempestivo, deve ser intimada a parte contrária para apresentar contrarrazões, antes da remessa dos autos à Turma Recursal. Petrolina/PE, 31 de julho de 2014.” Thalynni Maria de Lavor Passos
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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0507223-36.2019.4.05.8202
2019-08-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:39:57
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-02-05T14:03:29
Acórdão - provido em parte
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-01-31 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EM PARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1.Trata-se de ação ordinária em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2.A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente,o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do segurado-desemprego (anexo à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS). 11.Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12.Por fim, consigne-se que detém a parte-autora interesse processual, uma vez que o INSS parte de premissa equivocada, qual seja, a falta de prévio requerimento administrativo específico para as parcelas de março/abril de 2018, a ensejar a resistência da autarquia ao pleito autoral; já que houve o requerimento administrativo, cuja alcance (se apenas até fevereiro ou até abril de 2018) se confunde com o próprio mérito da causa, ainda mais que o STF ressalvou da obrigatoriedade do prévio requerimento administrativo as hipóteses de “pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo” (RE 631.240), o que, mutatis mutandis (quanto ao fundamento), se aplica ao caso; bem como porquehouve o julgamento da Ação Ordinária no 0803802-05.2018.4.05.8200 (de natureza coletiva), no qual se reconheceu a indevida resistência do INSS ao conhecimento de pedidos administrativos referentes a “seguro defeso” e englobando os meses de março/abril de 2018. 13.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 14.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,653
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15-PB
0
74.343021
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
6
0507435-57.2019.4.05.8202
2019-08-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 16:18:03
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 IMPROCEDENTE
2020-02-11T12:14:59
Acórdão - Recurso parcialmente provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-02-07 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EM PARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2. A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam a regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, caso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal, quanto aos juros de mora e correção monetária. 13. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,648
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15-PB
0
69.937535
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
PROVIMENTO
9
0528781-49.2019.4.05.8013
2019-09-06 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-14 13:28:41
Sentença - improcedente
2020-02-12T21:56:14
Acórdão - Acórdão
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2020-02-12 14:00:00
ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL006949
SENTENÇA Trata-se de ação proposta contra o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) postulando a concessão do benefício auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento das prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo. Fundamento e decido. No caso sub judice mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional médico, vide art. 156 do Código de Processo Civil. Após a realização dos exames, o perito apresentou laudo informando que a parte autora possui Transtorno misto ansioso depressivo e Síndrome de dependência (Alcoolismo crônico), mas que tal(is) patologia(s) não a impede no momento, de executar atividades laborativas, nem de gerir sua pessoa e/ou seus bens, concluindo que ela se encontra capacitada para sua atividade habitual. Quanto às impugnações feitas pela parte autora ao laudo pericial, indefiro-as, na medida em que o perito é inteiramente livre para apresentar suas conclusões segundo o exame realizado, não havendo nenhuma obrigatoriedade de respaldar os pareceres anexados pelo autor. Aliás, a autonomia é a única razão de existir da prova pericial. Se o perito houvesse de concordar com os pareceres apresentados pelas partes, não haveria necessidade de designação de um perito para proceder ao exame. Indefiro, também, o pedido de quesitos complementares, haja vista que a parte autora não só se submeteu ao devido exame físico, como a toda a documentação médica apresentada, incluindo todas as patologias indicadas, foi apreciada pelo(a) perito(a). Não há mácula no diagnóstico da perícia médica judicial, tendo em vista que a mesma pautou-se no rol probatório que lhe foi oferecido à época, pelo histórico clínico declarado e pelo exame físico realizado na parte autora. Desse modo, por ser o auxílio-doença definido como um benefício ao segurado que se tornar incapacitado para o trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias, vislumbro que a parte autora carece do requisito ora mencionado a ensejar a concessão do benefício. A aposentadoria por invalidez será deferida apenas quando o segurado for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o artigo 42 da Lei no 8.213/91. Não restou demonstrada a incapacidade total e definitiva da parte autora a lhe garantir o benefício da aposentadoria por invalidez. Isto posto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão deduzida em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95 e art. 4o da Lei n.o 9.289/96. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Oficie-se a secretaria administrativa para pagamento de honorários periciais. Intimem-se.
PROCESSO No 0528781-49.2019.4.05.8013 RECORRENTE: REGINALDO SANTOS RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ SENTENCIANTE: ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO PATOLOGIA: TRANSTORNO MISTO ANSIOSO DEPRESSIVO (CID 10: F41.2); SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA, ALCOOLISMO CRÔNICO, EM REMISSÃO SUSTENTADA HÁ 26 ANOS (CID 10: F10.20) VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. AUSÊNCIA DE PATOLOGIA INCAPACITANTE PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DA PARTE AUTORA IMPROVIDO. 1. Recurso inominado de sentença (anexo 22) que julgou improcedente pedido de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, ao fundamento de ausência de patologia incapacitante para o exercício de atividade laboral. 2. Pretensão recursal no sentido de ver anulada sentença, argumentado que não houve a ampla produção de provas, por ter seu pedido de esclarecimentos periciais indeferido. Requer a anulação da sentença com consequente intimação à perícia médica para prestar esclarecimentos sobre o laudo (anexo 23). 3. O direito ao auxílio-doença pressupõe: a) qualidade de segurado; b) cumprimento da carência de doze contribuições mensais, salvo nos casos previstos no art. 26, II e III; c) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei n° 8.213/91). 4. No caso em análise o autor não fora considerado como incapaz para as atividades habituais, tampouco para uma vida independente (anexo 20). O direito subjetivo ao auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamada pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) requer a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (a qualquer atividade). 5. Hipótese em que a perícia médica (anexo 20) constatou que o autor não possui incapacidade laboral, apesar do seu quadro patológico, sendo, portanto, capaz não só no que diz respeito ao trabalho habitual em plantação de cana como outras atividades que lhe garantam o sustento. 6. Compulsando os autos, pode-se constatar que, no caso concreto, houve uma análise criteriosa do estado de saúde da parte recorrente, não se verificando a existência de patologia em grau suscetível de gerar incapacidade. 7. O perito é inteiramente livre para apresentar suas conclusões, não sendo obrigado a concordar com os atestados emitidos por outros profissionais; se o perito houvesse de concordar com as opiniões dos profissionais consultados pelas partes não haveria necessidade nem sentido de designação de prova pericial. A simples divergência entre as conclusões do perito e de outros profissionais consultados pelas partes é natural e não implica nenhum vício. 8. Vale ressalvar, ainda, que o Magistrado sentenciante observou todos os documentos anexados aos autos, no entanto, privilegiou o laudo pericial, pois elaborado por profissional auxiliar do Juízo, equidistante das partes, que não possui interesse no feito. Sua nomeação constitui um munus público de colaborar com a Justiça na busca de verdade real. 9. Inexistindo vício na elaboração do laudo pericial, bem como contradição em suas conclusões, não há razão às impugnações do autor apenas por inconformismo em relação à conclusão do expert. 10. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). 11. Diante disso, desnecessária a apresentação de esclarecimentos adicionais, uma vez que a perícia médica fundou-se nos documentos médicos constantes nos autos, bem como em exame clínico realizado. Também não se verifica contradições entre as informações constantes do laudo aptas a ensejar dúvida em relação ao mesmo, o que afasta qualquer alegação de nulidade. 12. Além disso, apresentado o laudo pericial, não há óbice para que o juiz profira desde logo a sentença de mérito, sem que haja a prévia intimação das partes (artigo 12 da Lei n.o 10.259/2001 c/c o Enunciado n.o 84 do FONAJEF). Isso porque, considerando a condição de destinatário da prova (art. 370, CPC), compete apenas ao juiz apreciar a conveniência de realização de nova avaliação, bem como o acolhimento de quesitos complementares (art. 470, I c/c art. 480, CPC). 13. Desta maneira, constatada a capacidade para o trabalho da parte recorrente, assim como a regularidade do laudo pericial, o qual cumpriu devidamente com a incumbência que lhe foi designada, incabível o pleito exordial, motivo pelo qual a sentença não merece reparos. 14. Recurso improvido, sem condenação em custas por ser o recorrente-vencido beneficiário da justiça gratuita. Condeno a parte autora ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento), em favor do recorrido, incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita, ressalvado a alteração das condições econômicas do autor e respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (art. 12 e 13 da Lei n° 1.060/50). Condiciono o pagamento das verbas à demonstração, pela ré, de que a parte autora não possui ou perdeu a condição de hipossuficiência econômica, mediante a indicação de bens livres e desembaraçados para submeter a força executiva. Tal valor estará tão-somente sujeito a correção monetária a partir da data em que foi fixada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO JUIZ FEDERAL RELATOR
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9-AL
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68.922697
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação proposta contra o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) postulando a concessão do benefício auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento das prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo. Fundamento e decido. No caso sub judice mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional médico, vide art. 156 do Código de Processo Civil. Após a realização dos exames, o perito apresentou laudo informando que a parte autora possui Transtorno misto ansioso depressivo e Síndrome de dependência (Alcoolismo crônico), mas que tal(is) patologia(s) não a impede no momento, de executar atividades laborativas, nem de gerir sua pessoa e/ou seus bens, concluindo que ela se encontra capacitada para sua atividade habitual. Quanto às impugnações feitas pela parte autora ao laudo pericial, indefiro-as, na medida em que o perito é inteiramente livre para apresentar suas conclusões segundo o exame realizado, não havendo nenhuma obrigatoriedade de respaldar os pareceres anexados pelo autor. Aliás, a autonomia é a única razão de existir da prova pericial. Se o perito houvesse de concordar com os pareceres apresentados pelas partes, não haveria necessidade de designação de um perito para proceder ao exame. Indefiro, também, o pedido de quesitos complementares, haja vista que a parte autora não só se submeteu ao devido exame físico, como a toda a documentação médica apresentada, incluindo todas as patologias indicadas, foi apreciada pelo(a) perito(a). Não há mácula no diagnóstico da perícia médica judicial, tendo em vista que a mesma pautou-se no rol probatório que lhe foi oferecido à época, pelo histórico clínico declarado e pelo exame físico realizado na parte autora. Desse modo, por ser o auxílio-doença definido como um benefício ao segurado que se tornar incapacitado para o trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias, vislumbro que a parte autora carece do requisito ora mencionado a ensejar a concessão do benefício. A aposentadoria por invalidez será deferida apenas quando o segurado for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o artigo 42 da Lei no 8.213/91. Não restou demonstrada a incapacidade total e definitiva da parte autora a lhe garantir o benefício da aposentadoria por invalidez. Isto posto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão deduzida em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95 e art. 4o da Lei n.o 9.289/96. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Oficie-se a secretaria administrativa para pagamento de honorários periciais. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
73
0521768-11.2019.4.05.8300
2019-10-29 00:00:00
Caixa Econômica Federal - CEF (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2019-11-22 10:06:33
Sentença - Improcedente - FGTS - Substituição da TR
2020-02-14T14:05:01
Acórdão - RI NP - FGTS-TR c/ suspensão
KYLCE ANNE PEREIRA COLLIER DE MENDONÇA (TR2)
2020-02-13 09:15:00
DANIELLI FARIAS RABELO LEITÃO RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
9,149
Direito Processual Civil e do Trabalho
Liquidação / Cumprimento / Execução
Valor da Execução / Cálculo / Atualização
1
PE048066
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-sede ação especial cível proposta em face da Caixa Econômica Federal, como fito de obter a reposição de alegadas perdas nos depósitos das contasdo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por entender que oíndice de correção monetária aplicado não repõe, adequadamente, asperdas inflacionárias. É o relatório essencial. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINARMENTE - Da gratuidade Judicial Defiroa gratuidade judicial, embora ressaltando que, nos termos do dispostono art. 54 da Lei 9.099/95, em primeiro grau de jurisdição, o processoperante os Juizados Especiais Federais é isento de custas, taxas oudespesas. Assim, caberá ao douto juiz-relator, a quem for distribuído eventual recurso inominado, o exame definitivo da questão. MÉRITO Sobrea matéria discutida nos autos, a Primeira Seção do Superior Tribunal deJustiça (STJ), em julgado apreciado na sistemática dos recursosrepetitivos (Resp 1614874), já firmou entendimento vinculativo. Nocitado recurso repetitivo, julgado por unanimidade, ficou estabelecida atese de que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplinaprópria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualizaçãomonetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir omencionado índice”. Porsua vez, o STF há muito vem reconhecendo que a questão controvertidanesse feito não cuida de matéria constitucional, não cabendo, por isso, àSuprema Corte decidir sobre o tema. Confira-se, a respeito, o seguintejulgado: EMENTA:AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CORREÇÃOMONETÁRIA. FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. SUBSTITUIÇÃODA TR POR OUTRO ÍNDICE MAIS VANTAJOSO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGAPROVIMENTO. (ARE-AgR - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO, CÁRMEN LÚCIA, STF.) Noentanto, a Suprema Corte deferiu recente medida cautelar na ADI5.090/DF para que sejam sobrestados todos os feitos que versem sobre amatéria em questão até o julgamento do mérito da mencionada ADI, emcaráter definitivo. Friso,porém, que o instituto da suspensão/sobrestamento em casos como estes,ao permitir que o processo aguarde julgamento de um paradigma pelo STFainda nas instâncias ordinárias, tem por objetivo, de um lado, nãoabarrotar a Suprema Corte com inúmeros recursos semelhantes e, de outro,propiciar que eles todos encontrem a mesma decisão de modo a obter-seuma solução isonômica e uniforme para todos os idênticos litígios. Derivada teleologia do instituto a conclusão de que não pode ele servir,jamais, como instrumento procrastinatório do feito, e de que não devenecessariamente ser paralisado em todas as suas fases/instâncias. Aocontrário, mais condizente é que o processo percorra e esgote as fasesde conhecimento anteriores a (eventual e incerto) recursoespecial/extraordinário, e só então aguarde, suspenso, o julgamento deuma decisão paradigma que pode levar anos para ser exarada. Nessesentido, deixo de aplicar a medida cautelar aos processos em trâmiteneste juízo, privilegiando os princípios da efetividade e celeridade,ínsitos aos Juizados Especiais Federais, sem prejuízo de o processoficar suspenso nas instâncias superiores. Diantedo exposto, conforme o entendimento assentado no Resp 1614874, não háoutra solução a ser dada à presente lide que não seja o reconhecimentoda impossibilidade de alteração judicial do índice previsto legalmentepara a correção monetária das contas individuais do Fundo de Garantia doTempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores, qual seja, a TR. III – DISPOSITIVO Dito isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido autoral à luz do art. 487, I, do CPC/15. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro a gratuidade da justiça porventura requestada na inicial. Intimem-se, na forma da Lei n. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo. Interpostorecurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentarcontrarrazões, movimentando-se, em seguida, estes autos virtuais parauma das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. Recife (PE), data da assinatura eletrônica. Danielli Farias Rabelo Leitão Rodrigues
EMENTA PROCESSUAL CIVIL. FGTS. INCIDÊNCIA DA TR SOBRE DÉBITOS DO FGTS. PRECEDENTES DO STJ. CONSTITUCIONALIDADE DA TR. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO PELO ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR-INPC OU POR OUTRO ÍNDICE ARBITRADO PELO PODER JUDICIÁRIO. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. VOTO Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, contra sentença de improcedência exarada em ação cível ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, postulando o recálculo do saldo de sua conta vinculada ao FGTS- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. No que se refere aos critérios de correção monetária dos valores depositados na conta do FGTS, a Lei no 8.036/90 determina especificamente o índice para a correção dos saldos vinculados à caderneta de poupança, senão vejamos: Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano. Nos termos da legislação atual, a remuneração básica dos depósitos da poupança é dada pela Taxa Referencial-TR, conforme disciplina o art. 7o da Lei no 8.660, de 28 de maio de 1993, segunda o qual "os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial-TR relativa à respectiva data de aniversário". No mesmo sentido, determina o art. 2o da Lei no 12.703, de 07 de agosto de 2012, in verbis: Art. 2oO saldo dos depósitos de poupança efetuados até a data de entrada em vigor da Medida Provisória no 567, de 3 de maio de 2012, será remunerado, em cada período de rendimento, pela Taxa Referencial-TR, relativa à data de seu aniversário, acrescida de juros de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, observado o disposto nos §§ 1o, 2o, 3o e 4o do art. 12 da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. Desse modo, verifica-se que a própria legislação específica do FGTS adotou como índice de correção monetária aquele utilizado para a atualização dos valores constantes da caderneta de poupança, ou seja, o índice oficial adotado foi a Taxa Referencial-TR, não havendo nenhuma alteração ou revogação das disposições legais acima elencadas, de modo que as referidas normas permanecem plenamente em vigor. Destarte, o argumento da parte autora de que a utilização da TR para a correção dos saldos vinculados à conta do FGTS é inconstitucional não merece prosperar, sendo indevida a substituição da Taxa Referencial pelo INPC ou por qualquer outro índice remuneratório escolhido pelo Poder Judiciário. A tese encampada na petição inicial, quanto à necessidade de preservação do "valor real" do capital depositado nas contas fundiárias, já foi refutada pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE no 226.855/RS, sob a relatoria do Ministro Moreira Alves, quando ficou assentado o entendimento a respeito da “natureza institucional” do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, da inexistência de direito adquirido a regime jurídico, bem assim no sentido da necessidade da submissão dos critérios adotados para sua remuneração aos termos da legislação infraconstitucional. Do referido julgado, colhe-se trecho do voto do Ministro Ilmar Galvão, que ilustrou, de maneira conclusiva, a questão ora trazida ao crivo do Judiciário: "(...). De natureza obviamente institucional, nada impede a alteração, por lei, dos seus elementos conformadores, entre eles as contribuições que lhe são destinadas, a remuneração das contas, os critérios de atualização monetária dos respectivos valores e as condições de levantamento dos recursos. Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. (...)." O Supremo Tribunal Federal já explicitou que o seu pronunciamento nas ADIs no 493/DF, 768/DF e 959/DF não teve o condão de declarar a inconstitucionalidade da Taxa Referencial, visto que ali se reconheceu, apenas, a impossibilidade da sua utilização em substituição aos indexadores estipulados em contratos firmados anteriormente à Lei n.o 8.177/1991 (RE 175.678/MG, 2aT., Rel. Min. Carlos Velloso, j. 29/11/1994, DJ 04/08/1995). Acrescente-se que o fato de o STF, no julgamento da ADI 4357/DF e da ADI 4425/DF, haver declarado inconstitucional a redação do art. 1o-F da Lei no 9.494, de 10 de setembro de 1997, com redação dada pela Lei no 11.960, de 2009, em nada interfere no presente caso, porquanto a inconstitucionalidade referida pela Corte Suprema restringe-se à utilização da Taxa Referencial como índice de correção para as dívidas da Fazenda Pública reconhecidas judicialmente, as quais devem ser pagas através do regime de precatórios, de acordo com a sistemática do art. 100 da Constituição Federal de 1988. Em resumo, a TR é índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos do FGTS decorrentes dos valores recolhidos pelos fundistas e não repassados ao Fundo. Nesse sentido se posiciona pacificamente o STJ, conforme precedente exarado por sua Primeira Seção (REsp 1.032.606/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, Data do Julgamento 11/11/2009, Data da Publicação/DJe 25/11/2009), cristalizado na Súmula 459 da Colenda Corte: "A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo". Em função do exposto, entende-se que não há lesão ao princípio da igualdade, previsto no art. 5o da CF. Eventual alteração nessa sistemática tem que ser efetivada pela via da alteração legislativa, via Congresso Nacional, sob pena de lesão ao princípio da separação dos Poderes (nesse sentido, confira-se: AgRg no REsp 1214856/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 24/10/2013). Por fim, o STJ em julgamento sob a sistemática dos recursos repetitivos teve a mesma conclusão da nossa: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. TEMA 731. ARTIGO 1.036 DO CPC/2015. FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. SUBSTITUIÇÃO DA TAXA REFERENCIAL (TR) COMO FATOR DE CORREÇÃO MONETÁRIA DOS VALORES DEPOSITADOS POR ÍNDICE QUE MELHOR REPONHA AS PERDAS DECORRENTES DO PROCESSO INFLACIONÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. FGTS QUE NÃO OSTENTA NATUREZA CONTRATUAL. REGRAMENTO ESTABELECIDO PELO ART. 17 DA LEI N. 8.177/1991 COMBINADO COM OS ARTS. 2o E 7o DA LEI N. 8.660/1993. 1. Para os fins de aplicação do artigo 1.036 do CPC/2015, é mister delimitar o âmbito da tese a ser sufragada neste recurso especial representativo de controvérsia: discute-se a possibilidade, ou não, de a TR ser substituída como índice de correção monetária dos saldos das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. 2. O recorrente assevera que "[...] a TR deixou de refletir, a partir de 1999, as taxas de inflação do mercado financeiro, e, por conseguinte, o FGTS também deixou de remunerar corretamente os depósitos vinculados a cada trabalhador" (fl. 507). Defende a aplicação do INPC ou IPCA ou, ainda, de outro índice que melhor reponha as perdas decorrentes da inflação. 3. Por seu turno, o recorrido alega que a lei obriga a aplicação da TR como fator de correção de monetária, na medida em que o FGTS não tem natureza contratual, tendo em vista que decorre de lei todo o seu disciplinamento, inclusive a correção monetária que lhe remunera. 4. A evolução legislativa respeitante às regras de correção monetária dos depósitos vinculados ao FGTS está delineada da seguinte forma: (i) o art. 3o da Lei n. 5.107/1966 previra que a correção monetária das contas fundiárias respeitaria a legislação especifica; (ii) posteriormente, a Lei n. 5.107/1966 foi alterada pelo Decreto-Lei n. 20/1966, e o art. 3o supra passou a prever que os depósitos estariam sujeitos à correção monetária na forma e pelos critérios adotados pelo Sistema Financeiro da Habitação e capitalizariam juros segundo o disposto no artigo 4o; (iii) em 1989, foi editada a Lei n. 7.839, que passou a disciplinar o FGTS e previu, em seu art. 11, que a correção monetária observaria os parâmetros fixados para atualização dos saldos de depósitos de poupança; (iv) a Lei n. 8.036/1990, ainda em vigor, dispõe, em seu art. 13, a correção monetária dos depósitos vinculados ao FGTS com parâmetro nos índices de atualização da caderneta de poupança; (v) a Lei n. 8.177/1991 estabeleceu regras de desindexação da economia, vindo a estipular, em seu art. 17, que os saldos das contas do FGTS deveriam ser remunerados, e não mais corrigidos, pela taxa aplicável à remuneração básica da poupança; e (vi) a partir da edição da Lei n. 8.660/1993, precisamente em seus arts. 2o e 7o, a Taxa Referencial. 5. O FGTS não tem natureza contratual, na medida em que decorre de lei todo o seu disciplinamento. Precedentes RE 248.188, Relator Ministro Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, DJ 1/6/2001; e RE 226.855/RS, Relator Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJ 13/10/2000. 6. É vedado ao Poder Judiciário substituir índice de correção monetária estabelecido em lei. Precedentes: RE 442634 AgR, Relator Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ 30/11/2007; e RE 200.844 AgR, Relator: Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, DJ 16/08/2002. 7. O FGTS é fundo de natureza financeira e que ostenta característica de multiplicidade, pois, além de servir de indenização aos trabalhadores, possui a finalidade de fomentar políticas públicas, conforme dispõe o art. 6o da Lei 8.036/1990. TESE PARA FINS DO ART. 1.036 DO CPC/2015 8. A remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice. 9. Recurso especial não provido. Acórdão submetido à sistemática do artigo 1.036 do CPC/2015. (REsp 1614874/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/04/2018, DJe 15/05/2018) Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). Tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória ensejará a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos arts. 80, VII e 81 do NCPC. Recurso inominado improvido. A sucumbência em desfavor do demandante restringe-se a honorários, que arbitro também em 10 (dez) por cento sobre o valor da causa (art. 55, caput da Lei 9.099/95). Fica, no entanto, suspensa a exigibilidade dos honorários advocatícios, nos termos do parágrafo 3o do art. 98 do NCPC. Por fim, diante do quanto decidido na ADI 5090, Ministro Relator Luís Roberto Barroso, e adotando-se a sistemática prevista no microssistema dos Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/01, artigo 14, §§5o e 6o), determino o imediato sobrestamento do feito até ulterior deliberação do STF. É como voto. ACÓRDÃO Decide a 2a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto supra.
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IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-sede ação especial cível proposta em face da Caixa Econômica Federal, como fito de obter a reposição de alegadas perdas nos depósitos das contasdo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por entender que oíndice de correção monetária aplicado não repõe, adequadamente, asperdas inflacionárias. É o relatório essencial. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINARMENTE - Da gratuidade Judicial Defiroa gratuidade judicial, embora ressaltando que, nos termos do dispostono art. 54 da Lei 9.099/95, em primeiro grau de jurisdição, o processoperante os Juizados Especiais Federais é isento de custas, taxas oudespesas. Assim, caberá ao douto juiz-relator, a quem for distribuído eventual recurso inominado, o exame definitivo da questão. MÉRITO Sobrea matéria discutida nos autos, a Primeira Seção do Superior Tribunal deJustiça (STJ), em julgado apreciado na sistemática dos recursosrepetitivos (Resp 1614874), já firmou entendimento vinculativo. Nocitado recurso repetitivo, julgado por unanimidade, ficou estabelecida atese de que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplinaprópria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualizaçãomonetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir omencionado índice”. Porsua vez, o STF há muito vem reconhecendo que a questão controvertidanesse feito não cuida de matéria constitucional, não cabendo, por isso, àSuprema Corte decidir sobre o tema. Confira-se, a respeito, o seguintejulgado: EMENTA:AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CORREÇÃOMONETÁRIA. FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. SUBSTITUIÇÃODA TR POR OUTRO ÍNDICE MAIS VANTAJOSO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGAPROVIMENTO. (ARE-AgR - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO, CÁRMEN LÚCIA, STF.) Noentanto, a Suprema Corte deferiu recente medida cautelar na ADI5.090/DF para que sejam sobrestados todos os feitos que versem sobre amatéria em questão até o julgamento do mérito da mencionada ADI, emcaráter definitivo. Friso,porém, que o instituto da suspensão/sobrestamento em casos como estes,ao permitir que o processo aguarde julgamento de um paradigma pelo STFainda nas instâncias ordinárias, tem por objetivo, de um lado, nãoabarrotar a Suprema Corte com inúmeros recursos semelhantes e, de outro,propiciar que eles todos encontrem a mesma decisão de modo a obter-seuma solução isonômica e uniforme para todos os idênticos litígios. Derivada teleologia do instituto a conclusão de que não pode ele servir,jamais, como instrumento procrastinatório do feito, e de que não devenecessariamente ser paralisado em todas as suas fases/instâncias. Aocontrário, mais condizente é que o processo percorra e esgote as fasesde conhecimento anteriores a (eventual e incerto) recursoespecial/extraordinário, e só então aguarde, suspenso, o julgamento deuma decisão paradigma que pode levar anos para ser exarada. Nessesentido, deixo de aplicar a medida cautelar aos processos em trâmiteneste juízo, privilegiando os princípios da efetividade e celeridade,ínsitos aos Juizados Especiais Federais, sem prejuízo de o processoficar suspenso nas instâncias superiores. Diantedo exposto, conforme o entendimento assentado no Resp 1614874, não háoutra solução a ser dada à presente lide que não seja o reconhecimentoda impossibilidade de alteração judicial do índice previsto legalmentepara a correção monetária das contas individuais do Fundo de Garantia doTempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores, qual seja, a TR. III – DISPOSITIVO Dito isso, julgo IMPROCEDENTE o pedido autoral à luz do art. 487, I, do CPC/15. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro a gratuidade da justiça porventura requestada na inicial. Intimem-se, na forma da Lei n. 10.259/2001 e dos normativos deste juízo. Interpostorecurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentarcontrarrazões, movimentando-se, em seguida, estes autos virtuais parauma das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. Recife (PE), data da assinatura eletrônica. Danielli Farias Rabelo Leitão Rodrigues
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
73
0504868-14.2019.4.05.8312
2019-09-12 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-12 15:53:11
Sentença - AD/AI. Ausência de incapacidade. Improcedente
2020-02-17T03:36:35
Acórdão - AD. AI. Laudo desfavorável.
Cláudio Kitner
2020-02-11 09:30:00
RODRIGO VASCONCELOS CÔELHO DE ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
1
PE038185
SENTENÇA I. RELATÓRIO Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei no 9.099/1995. II. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação previdenciária em que ALEXANDRO BRAZ DOS SANTOS requer o restabelecimento do benefício de auxílio-doença NB: 621.721.623-3 (DCB: 15/07/2019) ou a concessão de aposentadoria por invalidez no caso de ser reconhecida incapacidade definitiva e total. O auxílio-doença está regulado nos artigos 59 a 64 da Lei no 8.213/1991, sendo devido ao segurado que estiver incapaz para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, a teor dos artigos 42 e seguintes da Lei de Benefícios, é devida àquele que estiver impossibilitado de desempenhar qualquer atividade apta a garantir a sua subsistência, com prognóstico negativo de reversibilidade. Neste contexto, cabe verificar se a autora preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). No tocante à incapacidade, realizada a perícia médica (anexo 12), a especialista do Juízo aduziu que o periciado é portador de Fibromialgia (CID 10 – M79.7), mas que não foi aferida incapacidade do autor para o exercício de atividades laborativas. Friso que as partes foram regularmente intimadas para se manifestar sobre o laudo. A parte autora não apresentou, em sua impugnação ao laudo (anexo 15), vício no trabalho realizado pelo perito passível de inquiná-lo de nulidade, razão por que não vislumbro óbice em adotar as conclusões ali apresentadas como razão de decidir. Embora o julgador não esteja obrigado a acolher as conclusões do laudo pericial, o expert em questão é profissional competente e imparcial, como terceiro desinteressado na lide. Assim, não há óbice em adotar suas conclusões como razão de decidir, permeadas que são por critérios técnico-científicos, os quais não restaram suficientemente elididos pelos elementos trazidos aos autos. Destaque-se, também, que o laudo pericial foi emitido a partir de exame físico, afigurando-se satisfatório e adequado como meio probante. Diante desse cenário, em face da ausência de incapacidade para o desempenho do labor habitual, improcede o rogo autoral, restando supérfluo perquirir acerca do atendimento aos demais requisitos necessários à concessão dos benefícios em análise – como a qualidade de segurado e a carência - visto que são de exigência concomitante, e não alternativa. III. DISPOSITIVO Ante as razões alinhadas, julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, com supedâneo no art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, em razão do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/95. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal. Em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Dispensa de registro físico. Intimações na forma da Lei 10.259/01. Cabo de Santo Agostinho/PE, data da movimentação.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. LAUDO CATEGÓRICO. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. VOTO Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento de auxílio-doença/concessão de aposentadoria por invalidez, ao fundamento de inexistência de incapacidade laboral, requisito legal necessário ao enquadramento nesses benefícios. Pois bem. Um dos requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença é a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual, incluindo aqui as anteriormente exercidas (art. 42 e 59 da LBPS). Tal requisito, todavia, ficou afastado pelo laudo pericial constante do anexo 16, que concluiu pela inexistência de incapacidade atual, consoante se depreende do excerto abaixo transcrito: “6. O periciando é portador de alguma doença, sequela ou deficiência? Quais? Indicar exames em que se baseia. Apresenta laudo médico com diagnóstico de fibromialgia (M79.7). 7. A doença, deficiência física ou mental, anomalia ou lesão de que o periciando é portador incapacita para o exercício de atividade laborativa? Quais elementos levaram à convicção pericial (tais como atestados, exames radiológicos, declarações da parte e perícias médicas do INSS acostadas aos autos virtuais)? Tal incapacidade é temporária ou definitiva? No momento, não há incapacidade. Periciando pode retornar para empresa e ser recolocado em função que não exija maiores esforços físicos como foi sugerido por médica assistente. No momento, entretanto, não existe incapacidade para sua função de separador. Ainda mais, o tratamento da fibromialgia consiste também na realização de atividades físicas. 8. É possível aferir a data de início da incapacidade? Caso positivo, qual seria esta data? Com base em que se pode afirmar isso? No momento, não há incapacidade.” Calha lembrar que, conforme preconiza a Súmula 77 da TNU, comprovada a capacidade laboral, dispensada resta a análise das condições pessoais. É verdade que o magistrado não se encontra adstrito ao que será apresentado no laudo médico, sendo este apenas uma fonte de informações captadas pelo perito e que guiará o juiz na resolução do litígio. No entanto, o laudo do juízo mostra-se bem fundamentado, mediante a descrição das condições de saúde da parte, a análise do exame físico realizado e, de conformidade com os elementos e as técnicas usualmente aceitas para as perícias judiciais, de forma, que não há razão para desconsiderar o que restou concluído pela perícia judicial. Ressalte-se que, segundo a jurisprudência pacífica desta Turma Recursal, não é possível contrariar as conclusões periciais com base exclusivamente em laudos particulares, emitidos de forma unilateral por uma das partes. Desta feita, concluo que não se justifica a concessão de benefício por incapacidade, tendo em vista que a parte autora se encontra apta para exercer as atividades laborais e habituais. Destaco, ainda, que, não obstante a plausibilidade do argumento do autor no sentido de ser “descabido comparar a atividade física direcionada ao restabelecimento de patologias àquela atividade pesada do dia a dia”, o fato é que o perito afirmou categoricamente que, no momento, não há incapacidade para o exercício da ocupação de separador de produtos em estoque. Diante desse contexto, mantenho inalterada a sentença. Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). Assim, e tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória ensejará a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos arts. 81 e 1026 do NCPC. Por este entender, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA. Defiro a gratuidade da justiça. Arbitro condenação em honorários em desfavor do autor em 10% sobre o valor atualizado da causa, ficando suspensa enquanto perdurar a condição de hipossuficiência durante o prazo prescricional de cinco anos. É como voto. ACÓRDÃO Decide a Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos da ementa supra. Recife, data da movimentação.
497
688
0
0
35-PE
1
91.076516
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação previdenciária em que ALEXANDRO BRAZ DOS SANTOS requer o restabelecimento do benefício de auxílio-doença NB: 621.721.623-3 (DCB: 15/07/2019) ou a concessão de aposentadoria por invalidez no caso de ser reconhecida incapacidade definitiva e total. O auxílio-doença está regulado nos artigos 59 a 64 da Lei no 8.213/1991, sendo devido ao segurado que estiver incapaz para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, a teor dos artigos 42 e seguintes da Lei de Benefícios, é devida àquele que estiver impossibilitado de desempenhar qualquer atividade apta a garantir a sua subsistência, com prognóstico negativo de reversibilidade. Neste contexto, cabe verificar se a autora preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). No tocante à incapacidade, realizada a perícia médica (anexo 12), a especialista do Juízo aduziu que o periciado é portador de Fibromialgia (CID 10 – M79.7), mas que não foi aferida incapacidade do autor para o exercício de atividades laborativas. Friso que as partes foram regularmente intimadas para se manifestar sobre o laudo. A parte autora não apresentou, em sua impugnação ao laudo (anexo 15), vício no trabalho realizado pelo perito passível de inquiná-lo de nulidade, razão por que não vislumbro óbice em adotar as conclusões ali apresentadas como razão de decidir. Embora o julgador não esteja obrigado a acolher as conclusões do laudo pericial, o expert em questão é profissional competente e imparcial, como terceiro desinteressado na lide. Assim, não há óbice em adotar suas conclusões como razão de decidir, permeadas que são por critérios técnico-científicos, os quais não restaram suficientemente elididos pelos elementos trazidos aos autos. Destaque-se, também, que o laudo pericial foi emitido a partir de exame físico, afigurando-se satisfatório e adequado como meio probante. Diante desse cenário, em face da ausência de incapacidade para o desempenho do labor habitual, improcede o rogo autoral, restando supérfluo perquirir acerca do atendimento aos demais requisitos necessários à concessão dos benefícios em análise – como a qualidade de segurado e a carência - visto que são de exigência concomitante, e não alternativa. III. DISPOSITIVO Ante as razões alinhadas, julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, com supedâneo no art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, em razão do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/95. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal. Em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Dispensa de registro físico. Intimações na forma da Lei 10.259/01. Cabo de Santo Agostinho/PE, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
68
0500520-64.2020.4.05.8102
2020-01-20 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2020-01-20 14:26:32
Sentença - Extinção - Coisa Julgada
2020-02-19T12:41:51
Acórdão - com voto
ANDRÉ DIAS FERNANDES (MAGISTRADO TURMA RECURSAL)
2020-02-18 13:00:00
FABRICIO DE LIMA BORGES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
1
CE022660D
SENTENÇA – TIPO C Vistos etc. Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do relatório. Passo, pois, à fundamentação. 1. FUNDAMENTAÇÃO Compulsando os autos, verifico a existência de processo no 0510931-40.2018.4.05.8102T já julgado (com mérito), com as mesmas partes, causa de pedir e pedido do presente feito, o que caracteriza o fenômeno processual da coisa julgada. No mencionado anterior processo, fora proferida sentença de mérito que julgou improcedente o pedido autoral, em razão da constatação da capacidade laborativa da requerente. O novo requerimento administrativo, indeferido pelo INSS, não enseja, por si só, nova tutela judicial, haja vista inexistir comprovação de alteração do estado de direito e de fato existente à época do trânsito em julgado da ação anterior. De se ressaltar, outrossim, que o atestado médico colacionado aos autos , de per si,não afasta as conclusões firmadas na perícia judicialrealizada no processo prevento no : 0510931-40.2018.4.05.8102T , ou seja , não demonstra que houve agravamento do estado de saúde do autor a ponto de gerar a incapacidade alegada na inicial. Permanece, pois, a identidade de partes, de pedido e de causa de pedir, sendo inviável, portanto, nova análise de mérito. Nos termos do art. 505, caput, do CPC, “Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II – nos demais casos previstos em lei”.Como o caso vertente não se enquadra nessas exceções, encontra-se caracterizada a coisa julgada material, razão pela qual o segundo processo deverá ser extinto, sem resolução do mérito. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo EXTINTO o processo, com fulcro no art. 485, inciso V,§3o do Diploma Processual Civil. Sem custas e sem honorários advocatícios, face o disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o benefício de Justiça Gratuita formulada na inicial. Publique-se.Registre-se.Intimem-se, observando as disposições da Lei n.o 10.259/2001. Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, data supra.
RECURSO INOMINANDO. PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA. REQUERIMENTOS ADMINISTRATIVOS DIVERSOS. MESMA DOENÇA. NÃO COMPROVAÇÃO DE AGRAVAMENTO DO QUADRO CLÍNICO. COISA JULGADA. OCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. - Trata-se de recurso interposto pela parte AUTORA em face de sentença que julgou extinto o processo sem resolução do mérito, sob o fundamento de coisa julgada. - Nos termos do § 6o do art. 33 do Regimento Interno das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Ceará, não caberá recurso inominado de sentenças terminativas (Lei n.o 10.259/2001, art. 5o), exceto se importarem em negativa de prestação jurisdicional, como são as hipóteses de coisa julgada e litispendência. - De acordo com o art. 337, parágrafo 4o, do novo Código de Processo Civil, “Há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado”. Esclarece o parágrafo 2o do referido artigo que: “uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido”. - Verifica-se que, no caso concreto, tramitou o processo no 0510931-40.2018.4.05.8102, cujas partes e pedido são os mesmos do presente feito, tendo a última decisão transitado em julgado em 30/01/2019. - Ressalto que a simples apresentação de novo requerimento administrativo sem a modificação do estado de fato ou de direito, não é suficiente para afastar a aplicação dos efeitos da coisa julgada. No caso dos autos, a autora não logrou demonstrar o agravamento de seu estado de saúde, apto a modificar a situação de fato existente à época do primeiro processo, de sorte que a situação apresentada no presente feito é semelhante àquela da ação anteriormente proposta, configurando-se a coisa julgada. - Perceba-se que o atestado médico de anexo 2, fl. 8, sequer fala em doença incapacitante, mas apenas em sequela e, ainda assim, sem acrescentar maiores informações que justifiquem a consideração de que a autora “Não tem condições laborativas definitivas”. Deve prevalecer, portanto, a perícia judicial regularmente produzida nos autos preventos. - Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso da parte autora. - Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando a execução suspensa nos termos do art. 98, § 3o, do CPC/2015, em razão do deferimento da justiça gratuita. - Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, anulando a sentença, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Júlio Rodrigues Coelho Neto e Nagibe de Melo Jorge Neto. Fortaleza, data da sessão.
373
505
0
0
30-CE
0
0.161481
NÃO PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
dispenso a feitura do relatório. Passo, pois, à fundamentação. 1. FUNDAMENTAÇÃO Compulsando os autos, verifico a existência de processo no 0510931-40.2018.4.05.8102T já julgado (com mérito), com as mesmas partes, causa de pedir e pedido do presente feito, o que caracteriza o fenômeno processual da coisa julgada. No mencionado anterior processo, fora proferida sentença de mérito que julgou improcedente o pedido autoral, em razão da constatação da capacidade laborativa da requerente. O novo requerimento administrativo, indeferido pelo INSS, não enseja, por si só, nova tutela judicial, haja vista inexistir comprovação de alteração do estado de direito e de fato existente à época do trânsito em julgado da ação anterior. De se ressaltar, outrossim, que o atestado médico colacionado aos autos , de per si,não afasta as conclusões firmadas na perícia judicialrealizada no processo prevento no : 0510931-40.2018.4.05.8102T , ou seja , não demonstra que houve agravamento do estado de saúde do autor a ponto de gerar a incapacidade alegada na inicial. Permanece, pois, a identidade de partes, de pedido e de causa de pedir, sendo inviável, portanto, nova análise de mérito. Nos termos do art. 505, caput, do CPC, “Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II – nos demais casos previstos em lei”.Como o caso vertente não se enquadra nessas exceções, encontra-se caracterizada a coisa julgada material, razão pela qual o segundo processo deverá ser extinto, sem resolução do mérito. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo EXTINTO o processo, com fulcro no art. 485, inciso V,§3o do Diploma Processual Civil. Sem custas e sem honorários advocatícios, face o disposto no art. 55 da Lei . Defiro o benefício de Justiça Gratuita formulada na inicial. Publique-se.Registre-se.Intimem-se, observando as disposições da Lei n.o 10.259/2001. Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
67
0503103-66.2018.4.05.8401
2018-05-03 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ (00.100.200/3000-04) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - Mossoró (29.979.036/0253-05)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-18 15:03:42
Sentença - Improcedência
2020-02-19T14:20:57
Acórdão - TR
Carlos Wagner Dias Ferreira
2020-02-19 08:00:00
ANDRÉ VIEIRA DE LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
2
RN004741
SENTENÇA TIPO A RELATÓRIO Cuida-se de ação especial cível previdenciária proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora requer a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, uma vez que entende preencher os requisitos do art. 59 ou 42 da Lei 8.213/91. É o que importa relatar, sobretudo porque é dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese por força do mandamento do art. 1o da Lei 10.259/01. Passo a decidir. FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR A autarquia previdenciária alega em contestação a ausência de interesse de agir da autora tendo em vista a ausência de requerimento administrativo. Todavia, há, nos autos, prova do requerimento administrativo do benefício. Ademais, o INSS resistiu à pretensão dos presentes autos ao contestar o mérito da demanda. Assim, não é razoável atribuir à autora o ônus de ir novamente à Autarquia requerer o benefício, especialmente porque, tendo o INSS se insurgido, no presente feito, contra a pretensão resulta manifesta a necessidade e utilidade do provimento jurisdicional postulado. Portanto, diante das evidências, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DE COISA JULGADA A autarquia previdenciária alega na contestação a possibilidade de coisa julgada do presente processo com outros anteriormente julgados. No entanto, rejeito a preliminar arguida, pois o INSS não comprovou a existência da mesma. PRELIMINAR DA LITISPENDÊNCIA O INSS alega em sede de preliminar a litispendência, pois supostamente estaria tramitando outro feito com os mesmos pedidos e causa de pedir desta demandada. Ocorre que o INSS não apresentou elementos que configurassem a existência de tal, motivo pelo qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DA AUSÊNCIA DA PARTE NA PERÍCIA MÉDICA: O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que a parte demandante faltou a perícia médica administrativa. Entretanto, verifica-se, a partir dos documentos juntados pelo próprio INSS ao presente feito, que a perícia médica administrativa aconteceu regularmente, inclusive trazendo cópia dos respectivos laudos médicos periciais realizados no âmbito da autarquia previdenciária. Isto posto, rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO O INSS alega preliminarmente a incompetência absoluta do juízo, tendo supostamente a doença do autor sido originada de acidente de trabalho, sendo, pois, incompetente o Juizado Federal nos termos do artigo 109, inciso I da Constituição Federal. No entanto, não se vislumbra da análise dos autos, especialmente do Laudo Pericial, que a doença é decorrente de acidente de trabalho, razão pela qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DE PEREMPÇÃO A Ré alegou a ocorrência perempção, sustentando que a parte demandante ingressou quatro vezes com a mesma ação judicial junto a este Juizado Especial Federal. Ocorre que, analisando o sistema, não há registro de outras três demandas com a mesma natureza da presente, neste juízo. PRELIMINAR DE DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO Suscita o INSS, preliminarmente, em sede de contestação, que deve o causídico da parte autora comprovar sua inscrição suplementar junto ao Conselho Seccional da OAB/RN, ou, ainda, que não tenha atuado em mais de 5 causas neste Estado. Contudo, conforme se depreende do instrumento de mandato e da Petição Inicial, resta cediço a referida inscrição do advogado da parte autora na OAB/RN, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DA INCAPACIDADE CIVIL E NECESSIDADE DE REGULARIZAÇÃO PROCESSUAL Ainda a título de preliminar, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS suscita que a parte não possui capacidade civil. No que diz respeito à capacidade civil, esta está regularizada. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO O INSS também alega, na preliminar da contestação, suposta ocorrência decadência do direito de ação e prescrição das prestações e eventuais diferenças vencidas há mais de cinco anos antes do ajuizamento da presente ação. No que tange à alegação de decadência, rejeito a preliminar arguida por total ausência de nexo com o material probatório que subsidia a presente ação. Conforme se depreende da análise dos autos entra a data do indeferimento administrativo do benefício e a do ajuizamento da ação não transcorreu o prazo do Art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 (dez anos).Portanto, incabível a preliminar de decadência. Em relação à suposta ocorrência de prescrição, calha registrar alguns pontos. Nos termos do art. 103, parágrafo único, da Lei no 8.213/91, “prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil”. Por outro lado, consoante o disposto no art. 3° do Decreto-Lei no 20.910/32, “quando o pagamento se dividir por dias, meses ou anos, a prescrição atingirá progressivamente as prestações, à medida que completarem os prazos estabelecidos pelo presente decreto.” Em outras palavras: nesses casos, a prescrição não fulmina toda a pretensão, atingindo apenas as prestações que se venceram nos 5 (cinco) anos que precederam a propositura da ação. A propósito, esclarecendo o significado da referida norma federal, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 85 com o seguinte enunciado: Súmula no 85. Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação. Considerando-se que, in casu, a discussão versa sobre prestações de trato sucessivo, em situação na qual inexiste pronunciamento expresso da Administração Pública sobre o pleito da parte interessada, imperioso se mostra o reconhecimento de que apenas prescreveram as parcelas precedentes ao quinquênio que antecedeu o ingresso da ação, não sendo atingido, assim, o fundo de direito. Sob tal fundamento reconheço a prescrição quinquenal das parcelas vencidas há mais de cinco anos, contados do ajuizamento da ação, se existentes. Passo ao exame do mérito em sentido estrito. DO MÉRITO Sobre o benefício requerido, cumpre inicialmente discorrer sobre os seus pressupostos a fim de avaliar se seria possível a sua concessão, caso sejam preenchidos os demais requisitos. O auxílio-doença, nos termos dos arts. 59 e 60 da Lei 8.213/91, é o benefício devido no caso de incapacidade provisória, ou seja, suscetível de recuperação, para o seu trabalho ou atividade habitual, tendo por beneficiário o segurado empregado, a partir do décimo sexto dia de afastamento de atividade e, tratando-se de outras espécies de segurados, desde o início da incapacidade, com o termo final, para ambos, a data de sua cessação. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez requer que o segurado esteja incapacitado de forma definitiva, isto é, quando for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para qualquer atividade laboral, conforme o disposto no art. 42 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS). Em ambos os benefícios, porém, há necessidade de se comprovar: a) qualidade de segurado; b) o cumprimento da carência do benefício - como regra, de 12 (doze) meses -; e c) a incapacidade, que poderá ser provisória e recuperável ou definitiva para todo e qualquer labor. Discorrendo melhor sobre a distinção que deve ser feita entre os benefícios em comento, transcreve-se a lição de Marcelo Leonardo Tavares: As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91). (TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2005, p. 150) A rigor, a carência do benefício em tela corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também na hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91. No que concerne à carência dos segurados especiais referidos no inciso VII, do seu art. 11, observa-se pela redação do artigo 39, inc. I, da Lei 8.213/91, que poderão requerer a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do referido benefício. Assim, vale ressaltar que, em relação aos benefícios concedidos com amparo no inciso I do art. 39, da Lei 8.213/91, não é exigível número mínimo de contribuições mensais, conforme se extrai da análise do art. 26, inc. III da citada lei. O art. 15 da Lei no 8.213/91 disciplina da seguinte forma acerca da perda da qualidade de segurado: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Como se nota, ocorre perda da qualidade de segurado após 12 meses, contados do dia seguinte ao término do prazo para recolhimento da contribuição previdenciária. Trata-se do chamado período de graça, que pode ser estendido caso o requerente comprove uma das seguintes situações: a) desemprego, caso em que haveria prorrogação por 12 meses; b) houver recolhido mais de 120 contribuições mensais ininterruptas, o que também implicaria em prorrogação por outros 12 meses; ou c) incapacidade para o trabalho antes do término do período de graça, hipótese em que a qualidade de segurado perduraria enquanto não restabelecida a capacidade. Quanto a esta última hipótese, o art. 13, II, do Decreto no 3.048/99 dispõe que, em caso de percepção de benefício por incapacidade, o período de graça é contado da cessação do benefício, e não da cessação das contribuições. Ocorre que a referida norma, por ter caráter infralegal, não pode ir além do estabelecido na Lei de Benefícios. Assim, tal disposição é ilegal. De outra mão, isto não significa que o prazo do período de graça flui enquanto mantido o benefício por incapacidade, visto que, nos termos do art. 15, inciso I, da LB, mantém a qualidade de segurado “sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício”. De outra mão, uma interpretação teleológica dos incisos I e II, da LB, indica que a concessão e manutenção do benefício por incapacidade implica em suspensão do período de graça. Com efeito, além de inexistir previsão legislativa expressa no sentido de que flui o prazo do período de graça durante a manutenção de benefício por incapacidade, interpretação distinta implicaria em clara quebra da isonomia, em detrimento do segurado que se vê incapacitado de exercer atividade laborativa, pois, uma vez cessado seu benefício (mormente se mantido por mais de 12 meses), teria de imediatamente voltar a contribuir para não perder a qualidade de segurado; enquanto pessoas plenamente capazes de exercer atividade laborativa teriam o prazo de 12 meses para voltarem a contribuir. Haveria então tratamento mais gravoso justamente contra o segurado que mais precisa da cobertura do risco social da incapacidade laborativa, o que claramente não é a teleologia do art. 15, inciso I, da LB. No que atine à situação de desemprego ensejadora da extensão do período de graça por 12 meses, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a simples ausência de anotação na Carteira de Trabalho não é o bastante para demonstrar a situação de desemprego, podendo, entretanto, o registro no Ministério do Trabalho e da Previdência ser suprido por outras provas (AgRg no Ag 1360199/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 22/08/2012, EDcl no REsp 1180224/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 27/02/2012, AgRg no Ag 1407206/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 26/10/2011, AgRg na Pet 7.606/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/09/2011, DJe 27/09/2011). Registre-se, ainda, que, nos termos do art. 27-A, da Lei no 8.213/91, ”Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com metade dosperíodosprevistos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25”, respeitadas as relações jurídicas disciplinadas pela legislação vigente à época de fatos pretéritos à alteração normativa. De outro lado, destaque-se a impossibilidade da concessão do benefício no caso de doença preexistente, a teor do art. 59, §1o, da Lei no 8.213/91, exceto nas situações nas quais a incapacidade decorra de agravamento dessa mesma doença: Art. 59, § 1o. Não será devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da doença ou da lesão. Passa-se à análise do caso concreto. No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial anexado nos autos concluiu que, apesar de a parte autora ser portadora de doença pelo vírus da imunodeficiência humana (CID-10 B20) não há incapacidade para o exercício da sua atividade habitual (anexo 15). Registre-se que em análise as condições socias da parte autora, conforme se depreende do depoimento prestado e do laudo social, reputo não haver estigmatização, uma vez que o autor relata que apenas pessoas muito próximas têm conhecimento de sua patologia, além de ser inverossímil a alegação de que, ao fazer exames para ser contratado, as empresas tomam conhecimento da doença, visto que, ordinariamente, exames admissionais não contemplam exame de HIV. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Destarte, a pretensão autoral não merece procedência. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes. Com o trânsito em julgado, baixem-se estes autos da distribuição e arquivem-se. Mossoró, data supra.
PROCESSO N° 0503103-66.2018.4.05.8401 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. AUXILIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DA INCAPACIDADE OU LIMITAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que, em consenso com o laudo pericial acostado aos autos, julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, por restar comprovada a capacidade para o labor. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que o pleito seja julgadomprocedente, uma vez que alega estar incapaz para o exercício da atividade laborativa. 2. O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 3. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. 4. Com efeito, o enunciado da Súmula 78 da TNU trata da hipótese de análise de condições pessoais e sociais no caso dos portadores de HIV: “Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença.”. 5. Em julgado recente, a Turma Recursal do Rio Grande do Norte fixou entendimento no sentido de ser necessária a realização de prova de instrução, no caso de portador de HIV, a respeito de eventual alegação de discriminação no mercado de trabalho, nos termos da Súmula 78 da TNU, conforme elucidado no Processo no 0517883-48.2017.4.05.8400. 6. No caso vertente, o juízo a quo julgou improcedente o pedido nos seguintes termos: “(...)No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial anexado nos autos concluiu que, apesar de a parte autora ser portadora de doença pelo vírus da imunodeficiência humana (CID-10 B20) não há incapacidade para o exercício da sua atividade habitual (anexo 15). Registre-se que em análise as condições socias da parte autora, conforme se depreende do depoimento prestado e do laudo social, reputo não haver estigmatização, uma vez que o autor relata que apenas pessoas muito próximas têm conhecimento de sua patologia, além de ser inverossímil a alegação de que, ao fazer exames para ser contratado, as empresas tomam conhecimento da doença, visto que, ordinariamente, exames admissionais não contemplam exame de HIV. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Destarte, a pretensão autoral não merece procedência (...)” – Trecho da Sentença – Anexo Nr. 31. 7. A leitura do laudo médico revela que o autor, 32 (trinta e dois) anos de idade e ensino fundamental, teve como última ocupação a atividade de ajudante de pedreiro. Embora portador de HIV (CID 10- B 20), não apresenta limitação ou incapacidade ao exercício da sua atividade laborativa. 8. Realizada inspeção social, verificou-se que o autor está fazendo bicos como mototaxista e que somente a irmã e a esposa tem conhecimento da patologia. O autor reside com a esposa e filha recém-nascida em uma casa de aluguel, sendo beneficiários do programa bolsa família. 9. Verifica-se que audiência de instrução foi realizada, conforme orientação da Súmula 78 da Turma Nacional de Uniformização, no entanto, pela oitiva do autor, não foi constatada a eventual alegação de discriminação no mercado do trabalho. Conforme bem pontuado pelo magistrado sentenciante, somente pessoas muito próximas têm conhecimento da patologia do autor e não é verossímil a alegação de que empresas façam exames de HIV antes de contratar seus novos empregados. 10. Improvimento do recurso inominado da parte autora. 11. Honorários advocatícios em desfavor da parte recorrente à razão de 10% sobre o valor atualizado da causa, observado o deferimento da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto, nos termos do voto-ementa. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data do julgamento. CARLOS WAGNER DIAS FERREIRA
2,721
773
0
1
13-RN
1
564.253958
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de ação especial cível previdenciária proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora requer a concessão de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, uma vez que entende preencher os requisitos do art. 59 ou 42 da Lei 8.213/91. É o que importa relatar, sobretudo porque é dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese por força do mandamento do art. 1o da Lei 10.259/01. Passo a decidir. FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR A autarquia previdenciária alega em contestação a ausência de interesse de agir da autora tendo em vista a ausência de requerimento administrativo. Todavia, há, nos autos, prova do requerimento administrativo do benefício. Ademais, o INSS resistiu à pretensão dos presentes autos ao contestar o mérito da demanda. Assim, não é razoável atribuir à autora o ônus de ir novamente à Autarquia requerer o benefício, especialmente porque, tendo o INSS se insurgido, no presente feito, contra a pretensão resulta manifesta a necessidade e utilidade do provimento jurisdicional postulado. Portanto, diante das evidências, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DE COISA JULGADA A autarquia previdenciária alega na contestação a possibilidade de coisa julgada do presente processo com outros anteriormente julgados. No entanto, rejeito a preliminar arguida, pois o INSS não comprovou a existência da mesma. PRELIMINAR DA LITISPENDÊNCIA O INSS alega em sede de preliminar a litispendência, pois supostamente estaria tramitando outro feito com os mesmos pedidos e causa de pedir desta demandada. Ocorre que o INSS não apresentou elementos que configurassem a existência de tal, motivo pelo qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DA AUSÊNCIA DA PARTE NA PERÍCIA MÉDICA: O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que a parte demandante faltou a perícia médica administrativa. Entretanto, verifica-se, a partir dos documentos juntados pelo próprio INSS ao presente feito, que a perícia médica administrativa aconteceu regularmente, inclusive trazendo cópia dos respectivos laudos médicos periciais realizados no âmbito da autarquia previdenciária. Isto posto, rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO O INSS alega preliminarmente a incompetência absoluta do juízo, tendo supostamente a doença do autor sido originada de acidente de trabalho, sendo, pois, incompetente o Juizado Federal nos termos do artigo 109, inciso I da Constituição Federal. No entanto, não se vislumbra da análise dos autos, especialmente do Laudo Pericial, que a doença é decorrente de acidente de trabalho, razão pela qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DE PEREMPÇÃO A Ré alegou a ocorrência perempção, sustentando que a parte demandante ingressou quatro vezes com a mesma ação judicial junto a este Juizado Especial Federal. Ocorre que, analisando o sistema, não há registro de outras três demandas com a mesma natureza da presente, neste juízo. PRELIMINAR DE DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO Suscita o INSS, preliminarmente, em sede de contestação, que deve o causídico da parte autora comprovar sua inscrição suplementar junto ao Conselho Seccional da OAB/RN, ou, ainda, que não tenha atuado em mais de 5 causas neste Estado. Contudo, conforme se depreende do instrumento de mandato e da Petição Inicial, resta cediço a referida inscrição do advogado da parte autora na OAB/RN, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR DA INCAPACIDADE CIVIL E NECESSIDADE DE REGULARIZAÇÃO PROCESSUAL Ainda a título de preliminar, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS suscita que a parte não possui capacidade civil. No que diz respeito à capacidade civil, esta está regularizada. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO O INSS também alega, na preliminar da contestação, suposta ocorrência decadência do direito de ação e prescrição das prestações e eventuais diferenças vencidas há mais de cinco anos antes do ajuizamento da presente ação. No que tange à alegação de decadência, rejeito a preliminar arguida por total ausência de nexo com o material probatório que subsidia a presente ação. Conforme se depreende da análise dos autos entra a data do indeferimento administrativo do benefício e a do ajuizamento da ação não transcorreu o prazo do Art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 (dez anos).Portanto, incabível a preliminar de decadência. Em relação à suposta ocorrência de prescrição, calha registrar alguns pontos. Nos termos do art. 103, parágrafo único, da Lei no 8.213/91, “prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil”. Por outro lado, consoante o disposto no art. 3° do Decreto-Lei no 20.910/32, “quando o pagamento se dividir por dias, meses ou anos, a prescrição atingirá progressivamente as prestações, à medida que completarem os prazos estabelecidos pelo presente decreto.” Em outras palavras: nesses casos, a prescrição não fulmina toda a pretensão, atingindo apenas as prestações que se venceram nos 5 (cinco) anos que precederam a propositura da ação. A propósito, esclarecendo o significado da referida norma federal, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 85 com o seguinte enunciado: Súmula no 85. Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação. Considerando-se que, in casu, a discussão versa sobre prestações de trato sucessivo, em situação na qual inexiste pronunciamento expresso da Administração Pública sobre o pleito da parte interessada, imperioso se mostra o reconhecimento de que apenas prescreveram as parcelas precedentes ao quinquênio que antecedeu o ingresso da ação, não sendo atingido, assim, o fundo de direito. Sob tal fundamento reconheço a prescrição quinquenal das parcelas vencidas há mais de cinco anos, contados do ajuizamento da ação, se existentes. Passo ao exame do mérito em sentido estrito. DO MÉRITO Sobre o benefício requerido, cumpre inicialmente discorrer sobre os seus pressupostos a fim de avaliar se seria possível a sua concessão, caso sejam preenchidos os demais requisitos. O auxílio-doença, nos termos dos arts. 59 e 60 da Lei 8.213/91, é o benefício devido no caso de incapacidade provisória, ou seja, suscetível de recuperação, para o seu trabalho ou atividade habitual, tendo por beneficiário o segurado empregado, a partir do décimo sexto dia de afastamento de atividade e, tratando-se de outras espécies de segurados, desde o início da incapacidade, com o termo final, para ambos, a data de sua cessação. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez requer que o segurado esteja incapacitado de forma definitiva, isto é, quando for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para qualquer atividade laboral, conforme o disposto no art. 42 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS). Em ambos os benefícios, porém, há necessidade de se comprovar: a) qualidade de segurado; b) o cumprimento da carência do benefício - como regra, de 12 (doze) meses -; e c) a incapacidade, que poderá ser provisória e recuperável ou definitiva para todo e qualquer labor. Discorrendo melhor sobre a distinção que deve ser feita entre os benefícios em comento, transcreve-se a lição de Marcelo Leonardo Tavares: As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91). (TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2005, p. 150) A rigor, a carência do benefício em tela corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também na hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, em consonância com o elencado no inciso II, do art. 26, da Lei 8.213/91. No que concerne à carência dos segurados especiais referidos no inciso VII, do seu art. 11, observa-se pela redação do artigo 39, inc. I, da Lei 8.213/91, que poderão requerer a concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do referido benefício. Assim, vale ressaltar que, em relação aos benefícios concedidos com amparo no inciso I do art. 39, da Lei 8.213/91, não é exigível número mínimo de contribuições mensais, conforme se extrai da análise do art. 26, inc. III da citada lei. O art. 15 da Lei no 8.213/91 disciplina da seguinte forma acerca da perda da qualidade de segurado: Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos. Como se nota, ocorre perda da qualidade de segurado após 12 meses, contados do dia seguinte ao término do prazo para recolhimento da contribuição previdenciária. Trata-se do chamado período de graça, que pode ser estendido caso o requerente comprove uma das seguintes situações: a) desemprego, caso em que haveria prorrogação por 12 meses; b) houver recolhido mais de 120 contribuições mensais ininterruptas, o que também implicaria em prorrogação por outros 12 meses; ou c) incapacidade para o trabalho antes do término do período de graça, hipótese em que a qualidade de segurado perduraria enquanto não restabelecida a capacidade. Quanto a esta última hipótese, o art. 13, II, do Decreto no 3.048/99 dispõe que, em caso de percepção de benefício por incapacidade, o período de graça é contado da cessação do benefício, e não da cessação das contribuições. Ocorre que a referida norma, por ter caráter infralegal, não pode ir além do estabelecido na Lei de Benefícios. Assim, tal disposição é ilegal. De outra mão, isto não significa que o prazo do período de graça flui enquanto mantido o benefício por incapacidade, visto que, nos termos do art. 15, inciso I, da LB, mantém a qualidade de segurado “sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício”. De outra mão, uma interpretação teleológica dos incisos I e II, da LB, indica que a concessão e manutenção do benefício por incapacidade implica em suspensão do período de graça. Com efeito, além de inexistir previsão legislativa expressa no sentido de que flui o prazo do período de graça durante a manutenção de benefício por incapacidade, interpretação distinta implicaria em clara quebra da isonomia, em detrimento do segurado que se vê incapacitado de exercer atividade laborativa, pois, uma vez cessado seu benefício (mormente se mantido por mais de 12 meses), teria de imediatamente voltar a contribuir para não perder a qualidade de segurado; enquanto pessoas plenamente capazes de exercer atividade laborativa teriam o prazo de 12 meses para voltarem a contribuir. Haveria então tratamento mais gravoso justamente contra o segurado que mais precisa da cobertura do risco social da incapacidade laborativa, o que claramente não é a teleologia do art. 15, inciso I, da LB. No que atine à situação de desemprego ensejadora da extensão do período de graça por 12 meses, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a simples ausência de anotação na Carteira de Trabalho não é o bastante para demonstrar a situação de desemprego, podendo, entretanto, o registro no Ministério do Trabalho e da Previdência ser suprido por outras provas (AgRg no Ag 1360199/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2012, DJe 22/08/2012, EDcl no REsp 1180224/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/02/2012, DJe 27/02/2012, AgRg no Ag 1407206/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/10/2011, DJe 26/10/2011, AgRg na Pet 7.606/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/09/2011, DJe 27/09/2011). Registre-se, ainda, que, nos termos do art. 27-A, da Lei no 8.213/91, ”Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com metade dosperíodosprevistos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25”, respeitadas as relações jurídicas disciplinadas pela legislação vigente à época de fatos pretéritos à alteração normativa. De outro lado, destaque-se a impossibilidade da concessão do benefício no caso de doença preexistente, a teor do art. 59, §1o, da Lei no 8.213/91, exceto nas situações nas quais a incapacidade decorra de agravamento dessa mesma doença: Art. 59, § 1o. Não será devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da doença ou da lesão. Passa-se à análise do caso concreto. No que concerne ao requisito da incapacidade laborativa, o laudo pericial anexado nos autos concluiu que, apesar de a parte autora ser portadora de doença pelo vírus da imunodeficiência humana (CID-10 B20) não há incapacidade para o exercício da sua atividade habitual (anexo 15). Registre-se que em análise as condições socias da parte autora, conforme se depreende do depoimento prestado e do laudo social, reputo não haver estigmatização, uma vez que o autor relata que apenas pessoas muito próximas têm conhecimento de sua patologia, além de ser inverossímil a alegação de que, ao fazer exames para ser contratado, as empresas tomam conhecimento da doença, visto que, ordinariamente, exames admissionais não contemplam exame de HIV. Assim, diante do quadro probatório revelado nos autos, não há como prosperar o pedido autoral, uma vez que a avaliação médica realizada no âmbito judicial, que concluiu pela AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE da parte autora, juntamente com a perícia procedida na esfera administrativa pelo Instituto Promovido – a qual goza de presunção de legitimidade até produção de prova consistente em contrário – não podem ser afastadas e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Destarte, a pretensão autoral não merece procedência. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes. Com o trânsito em julgado, baixem-se estes autos da distribuição e arquivem-se. Mossoró, data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0503921-02.2019.4.05.8201
2019-04-25 00:00:00
APS CAMPINA GRANDE - DINAMÉRICA - FLORIANO PEIXOTO (13.021.030) (29.979.036/0156-87) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-02 14:52:59
Sentença - Auxílio-doença
2020-02-21T10:39:40
Acórdão - RECURSO DA PARTE-RÉ PROVIDO
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-02-20 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB017002
SENTENÇA Dispensado o relatório circunstanciado, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95 e art. 1o da Lei n. 10.259/2001, bastando dizer que se trata de demanda promovida por Jose Airton do Nascimento em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por meio da qual pleiteia o restabelecimento do benefício de auxílio-doença. FUNDAMENTAÇÃO Dos Requisitos do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez Analisando o mérito, temos que para o deferimento do pedido de concessão do auxílio-doença, nos moldes do art. 59 da Lei no 8.213/91, é necessário comprovar a parte autora sua qualidade de segurada do RGPS, o cumprimento do período de carência (doze contribuições mensais), ressalvados os casos elencados no art. 26, II daquele diploma legal, e a incapacidade temporária por mais de 15 (quinze) dias consecutivos para o desempenho de seu trabalho ou atividade habitual. Por outro lado, para a concessão da aposentadoria por invalidez, segundo os requisitos instituídos pelo art. 42 da LBPS, deve-se comprovar, além da qualidade de segurado e do cumprimento do mesmo período de carência, a incapacidade permanente para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência. Do caso concreto No caso concreto, observa-se o seguinte: a parte autora pleiteia a concessão de auxílio-doença, sob o argumento de que está incapacitada para o exercício de sua atividade laborativa. Da qualidade de segurado e do período de carência Observa-se conforme o Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, que a parte autora contribuiu na condição de empregado no período de 01/03/2007 até 08/01/2018, resta irrefutável a manutenção da qualidade de segurado, bem como satisfeito o período de carência exigido pelo inciso I do art. 25 da Lei no 8.213/91. Da incapacidade laboral O laudo médico pericial (anexo 12) atestou que a parte autora é portadora de “Hemorragia intercerebral hemisférica não especificada – já houve recuperação do déficit motor e tireotoxicose- grau de acometimento moderado” (sic). Aduziu o perito que a autora está impossibilitada de exercer sua atividade laboral. “Impossibilidade decorrente do quadro de hipotireoidismo descompensado. No tocante ao AVC hemorrágico já houve recuperação de déficit.” Quanto à natureza da incapacidade, afirmou ser temporária. Quanto ao período necessário para a recuperação, aduziu: “O período de noventa dias é suficiente pararealizar ajuste de medicações e retorno as suas atividades laborais com melhora de sintomas de tireotoxicose. Quanto ao AVC já houve recuperação de déficit.” Quanto à data de início da incapacidade, o perito assim respondeu: “Questão não passível de resposta no momento. No tocante ao AVC periciado apresentou incapacidade com início em 2015, não sendo possível determinar com precisão quando ocorreu sua recuperação. Apenas posso afirmar que no momento periciado não apresenta incapacidade decorrente de seu AVC. No entanto, foi evidenciado durante avaliação que periciado encontra-se descompensado de seu quadro de hipertireoidismo, não senso possível determinar quando tal descompensação teve início. Trata-se de quadro temporário com melhora completa de sintomas com adequação de medicações”. Perícia realizada em 08/07/2019. Acolho, pois, as conclusões periciais, com as seguintes ressalvas, tendo em vista que o perito afirmou que o autor está recuperado da patologia suscitada na inicial, e avaliada na esfera administrativa, entendo que o autor não faz jus ao restabelecimento do benefício cessado em 2016, no entanto, tendo o perito constatado a situação referente ao hipertireoidismo, entendo que deve ser concedido o benefício de auxílio-doença da data da realização da perícia, pelo prazo de 90 dias. Destaque-se que a incapacidade caracteriza-se, conforme a prova pericial produzida neste juízo, por ser temporária, situação que, por ora, torna incabível o pedido formulado pela parte autora de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Nessa ordem de considerações, tendo o perito demonstrado a incapacidade da parte autora para o exercício de suas atividades, e sendo esta temporária entendo que ela faz jus à concessão do benefício de auxílio-doença desde a data da perícia judicial (08/07/2019), devendo cessar após noventa dias contados da implantação do benefício. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença da parte autora, bem como a pagar as prestações em atraso, a partir da data da perícia (08/07/2019). Por conseguinte, estabeleço a DCB após noventa dias contados da implantação do benefício. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art. 487, I, CPC/2015. Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso, acrescido dos juros de mora e correção monetária, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n. 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, nos valores a serem calculados pela Contadoria deste Juízo após o trânsito em julgado da sentença. Nos termos do art. 497 do Código de Processo Civil, determino que o INSS proceda à imediata implantação do benefício ora deferido em favor da parte demandante. Fixo o prazo de 10 (dez) dias úteis para o cumprimento da medida, com a devida informação ao Juízo, sob pena de multa-diária a ser fixada em caso de descumprimento. Saliento que, havendo o interesse na prorrogação do benefício ora concedido, compete à parte autora, nos termos dos parágrafos 8o e 9o, do art. 60 da Lei n. 8.213/91, com a redação conferida pela Lei no. 13.457/2017, formalizar pedido administrativo perante o INSS. Este, por sua vez, deve manter o benefício ativo até a realização de exame pericial que ateste a recuperação da capacidade laborativa da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei 9.099/95 c/c art. 98 do CPC/2015, cujos benefícios de gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da nova planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento, observada a referida renúncia. Remetida a requisição ao TRF da 5a Região, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Campina Grande/PB, conforme data de validação. JUIZ FEDERAL Assinado eletronicamente
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.DIB NA DATA DA PERÍCIA. ADMISSIBILIDADE. RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO. PRETENSÃO RECURSAL DO INSS À FIXAÇÃO DA DCB A PARTIR DA DATA DA PERÍCIA. SEGUINDO O ENTENDIMENTO DA TRU. FIXAÇÃO DA DCB A PARTIR DA REALIZAÇÃO DO LAUDO PERICIAL. RECURSO DA PARTE-RÉ PROVIDO. 1. O juiz sentenciante julgou procedente o pedido autoral de concessão/restabelecimento de auxílio-doença, com o pagamento do benefício “a partir da data da perícia (08/07/2019). Por conseguinte, estabeleço a DCB após noventa dias contados da implantação do benefício”. Ambas as partes recorrem da sentença. 2. O INSS recorrente requer a reforma da sentença para que a DCB seja fixada na data da perícia e não na data da implantação do benefício. O autor recorrente requer a concessão do benefício desde a data de cessação na esfera administrativa 12/07/2016. 3. No tocante à DIB, não merece provimento à pretensão recursal do autor, acolhendo os fundamentos e razõesda sentença: “Tendo em vista que o perito afirmou que o autor está recuperado da patologia suscitada na inicial, e avaliada na esfera administrativa, entendo que o autor não faz jus ao restabelecimento do benefício cessado em 2016, no entanto, tendo o perito constatado a situação referente ao hipertireoidismo, entendo que deve ser concedido o benefício de auxílio-doença da data da realização da perícia, pelo prazo de 90 dias”. 4. Quanto à DCB do novo benefício, este Colegiado vinha entendendo que a contagem do prazo para a DCB se inicia a partir da implantação do benefício, iniciando-se, assim, o prazo para a formulação do pedido de prorrogação do benefício, nos termos do art. 60, § 9o, da Lei 8.213/91, sob pena de, em se adotando o entendimento do INSS, tornar inviável o exercício do direito garantido ao segurado de propor a reavaliação do seu quadro de saúde, uma vez que o prazo para pedir-se a prorrogação poderia terminar ainda sob o trâmite do processo judicial, considerando-se, ainda, que apenas a partir da efetiva implantação pode o segurado dedicar-se integralmente à terapia de recuperação médico-laborativa, afastando-se, sem risco a sua segurança alimentar, das atividades laborais, na medida em que, na vida real, por vezes, se exerce o trabalho com sacrifício da condição de saúde. 5. A TRU da 5a Região, porém, deliberou no Processo no 0502878-92.2017.4.05.8106 no sentido “fixar a tese de que, na hipótese do art. 60, § 8o da Lei n. 8.213/91, o marco inicial para contagem do prazo para cessação do benefício de auxílio-doença deve ser fixado na data de elaboração do laudo pericial, salvo se o médico não precisar data diversa e/ou o juiz não apontar expressamente outros elementos técnicos nos autos que justifiquem sua fixação em data diversa”. 6. Desse modo, esta TR passou a seguir o entendimento acima da TRU, no sentido de fixar o termo inicial do benefício na data da elaboração do laudo, exceto se o perito não precisar data diversa ou o magistrado apontar outros elementos que justifiquem a fixação de outra data. 7. Assim, merece acolhimento a pretensão recursal do INSS. 8. Registre-se ainda que o perito judicial estimou o período de noventa dias para tratamento medicamentoso a fim de melhorar os sintomas de “tireotoxicose”, quadro evidenciado durante a perícia judicial realizada em 08/07/2019. “No tocante ao AVC hemorrágico já houve recuperação de déficit”. 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, conforme fundamentos da sentença recorrida e os acima expostos, condenando-a em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC). Deu provimento ao recurso do ente público para, reformando a sentença, fixar a contagem da DCB, no prazo de 90 dias, a contar da data da perícia.
1,028
665
0
0
9-PB
1
130.124294
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de demanda promovida por Jose Airton do Nascimento em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por meio da qual pleiteia o restabelecimento do benefício de auxílio-doença. FUNDAMENTAÇÃO Dos Requisitos do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez Analisando o mérito, temos que para o deferimento do pedido de concessão do auxílio-doença, nos moldes do art. 59 da Lei no 8.213/91, é necessário comprovar a parte autora sua qualidade de segurada do RGPS, o cumprimento do período de carência (doze contribuições mensais), ressalvados os casos elencados no art. 26, II daquele diploma legal, e a incapacidade temporária por mais de 15 (quinze) dias consecutivos para o desempenho de seu trabalho ou atividade habitual. Por outro lado, para a concessão da aposentadoria por invalidez, segundo os requisitos instituídos pelo art. 42 da LBPS, deve-se comprovar, além da qualidade de segurado e do cumprimento do mesmo período de carência, a incapacidade permanente para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência. Do caso concreto No caso concreto, observa-se o seguinte: a parte autora pleiteia a concessão de auxílio-doença, sob o argumento de que está incapacitada para o exercício de sua atividade laborativa. Da qualidade de segurado e do período de carência Observa-se conforme o Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS, que a parte autora contribuiu na condição de empregado no período de 01/03/2007 até 08/01/2018, resta irrefutável a manutenção da qualidade de segurado, bem como satisfeito o período de carência exigido pelo inciso I do art. 25 da Lei no 8.213/91. Da incapacidade laboral O laudo médico pericial (anexo 12) atestou que a parte autora é portadora de “Hemorragia intercerebral hemisférica não especificada – já houve recuperação do déficit motor e tireotoxicose- grau de acometimento moderado” (sic). Aduziu o perito que a autora está impossibilitada de exercer sua atividade laboral. “Impossibilidade decorrente do quadro de hipotireoidismo descompensado. No tocante ao AVC hemorrágico já houve recuperação de déficit.” Quanto à natureza da incapacidade, afirmou ser temporária. Quanto ao período necessário para a recuperação, aduziu: “O período de noventa dias é suficiente pararealizar ajuste de medicações e retorno as suas atividades laborais com melhora de sintomas de tireotoxicose. Quanto ao AVC já houve recuperação de déficit.” Quanto à data de início da incapacidade, o perito assim respondeu: “Questão não passível de resposta no momento. No tocante ao AVC periciado apresentou incapacidade com início em 2015, não sendo possível determinar com precisão quando ocorreu sua recuperação. Apenas posso afirmar que no momento periciado não apresenta incapacidade decorrente de seu AVC. No entanto, foi evidenciado durante avaliação que periciado encontra-se descompensado de seu quadro de hipertireoidismo, não senso possível determinar quando tal descompensação teve início. Trata-se de quadro temporário com melhora completa de sintomas com adequação de medicações”. Perícia realizada em 08/07/2019. Acolho, pois, as conclusões periciais, com as seguintes ressalvas, tendo em vista que o perito afirmou que o autor está recuperado da patologia suscitada na inicial, e avaliada na esfera administrativa, entendo que o autor não faz jus ao restabelecimento do benefício cessado em 2016, no entanto, tendo o perito constatado a situação referente ao hipertireoidismo, entendo que deve ser concedido o benefício de auxílio-doença da data da realização da perícia, pelo prazo de 90 dias. Destaque-se que a incapacidade caracteriza-se, conforme a prova pericial produzida neste juízo, por ser temporária, situação que, por ora, torna incabível o pedido formulado pela parte autora de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Nessa ordem de considerações, tendo o perito demonstrado a incapacidade da parte autora para o exercício de suas atividades, e sendo esta temporária entendo que ela faz jus à concessão do benefício de auxílio-doença desde a data da perícia judicial (08/07/2019), devendo cessar após noventa dias contados da implantação do benefício. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença da parte autora, bem como a pagar as prestações em atraso, a partir da data da perícia (08/07/2019). Por conseguinte, estabeleço a DCB após noventa dias contados da implantação do benefício. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art. 487, I, CPC/2015. Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso, acrescido dos juros de mora e correção monetária, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n. 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, nos valores a serem calculados pela Contadoria deste Juízo após o trânsito em julgado da sentença. Nos termos do art. 497 do Código de Processo Civil, determino que o INSS proceda à imediata implantação do benefício ora deferido em favor da parte demandante. Fixo o prazo de 10 (dez) dias úteis para o cumprimento da medida, com a devida informação ao Juízo, sob pena de multa-diária a ser fixada em caso de descumprimento. Saliento que, havendo o interesse na prorrogação do benefício ora concedido, compete à parte autora, nos termos dos parágrafos 8o e 9o, do art. 60 da Lei n. 8.213/91, com a redação conferida pela Lei no. 13.457/2017, formalizar pedido administrativo perante o INSS. Este, por sua vez, deve manter o benefício ativo até a realização de exame pericial que ateste a recuperação da capacidade laborativa da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei c/c art. 98 do CPC/2015, cujos benefícios de gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da nova planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento, observada a referida renúncia. Remetida a requisição ao TRF da 5a Região, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Campina Grande/PB, conforme data de validação. JUIZ FEDERAL Assinado eletronicamente
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0503374-59.2019.4.05.8201
2019-04-09 00:00:00
APS CUITÉ (13.001.120) (29.979.036/1234-98) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL DE CAMPINA GRANDE-PB (14.032.570/0001-78)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-20 15:07:20
Sentença - Benefício assistencial à pessoa com deficiência
2020-02-21T16:42:12
Acórdão - DESPROVIDO
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-02-20 09:00:00
GILVÂNKLIM MARQUES DE LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
PB017938
SENTENÇA Dispensado relatório exaustivo, nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95, aplicada subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o artigo 1o da Lei 10.259/01, bastando apenas dizer que se trata de pretensão movida Claudio Cabral da Silva, em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando a concessão de amparo assistencial ao deficiente. Os requisitos do amparo assistencial O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Lei Maior, em seu art. 203, inciso V e no art. 20 da Lei n. 8.742/1993, e para a sua concessão, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou portadora de deficiência física ou mental e encontre-se impossibilitado de prover os meios necessários à sua manutenção ou tê-la provida por sua família. A Lei n. 8.742/93, alterada pelas Leis n. 12.435/2011 e n. 13.146/2015, que dispõe acerca da organização da Assistência Social, regulamentou o comando constitucional, in verbis: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. § 11.Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. Percebe-se a exigência de dois requisitos para a concessão do amparo assistencial: idade ou deficiência e hipossuficiência econômica. O conceito de deficiência atual tem previsão expressa no art. 2o da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Cotejando os dispositivos legais transcritos acima com a anterior legislação do Benefício Assistencial, verifico que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que se exige um exame conjunto da patologia com os aspectos sociais e culturais, para se aferir sobre a obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Esse entendimento, inclusive, já estava consolidado pela Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 00581818720094013500, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 22/03/2013). Depreende-se, então, que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões socioambientais. Cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição da parte autora de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros tópicos) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Quanto ao critério objetivo (hipossuficiência econômica), a lei elegeu a questão da renda mensal familiar per capta ser inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário-mínimo, entendendo-se como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei no 8.213/91, desde que vivam sob o mesmo teto (art. 20, §§ 1o e 3°, LOAS). Vale salientar, no entanto, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Reclamação n. 4374 e dos Recursos Extraordinários ns. 567985 e 580963, em abril de 2013, declarou a inconstitucionalidade incidental do art. 20, § 3o, da Lei n. 8.742/93. Firmou o pretório excelso que o critério legal para constatação da hipossuficiência não mais se adequa à realidade da sociedade e da economia brasileira, estando, então, eivado de inconstitucionalidade. Por conseguinte, em 07 de julho de 2015, foi editada a Lei n. 13.146 – em vigor desde 06 de janeiro de 2016 – que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e incluiu o §11o, no art. 20 da Lei n. 8.742/93. Tal dispositivo ao prevê que, para a concessão do benefício, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, flexibiliza o critério objetivo da renda mensal familiar inferior a 1⁄4, estabelecido no §3o. É cediço que a finalidade do benefício assistencial é garantir uma renda mínima para aquelas pessoas que, em razão de deficiência física ou idade avançada, não possam prover a sua subsistência, nem a ter provida por sua família. A Carta Magna prevê como beneficiários da assistência social o deficiente e o idoso, não excluindo de seu rol as crianças porventura carentes e que não possuam meios de prover à própria manutenção, ou de tê-la provida por seus pares. O caso dos autos No caso concreto, a parte autora pleiteia a concessão de benefício assistencial ao deficiente. Da incapacidade Realizada a perícia judicial, por perito médico (anexo 19), apontou-se que a parte autora, é portadora de: “Cegueira em olho direito H54.4.”. Segundo o perito, em razão da enfermidade, a demandante está permanentemente impossibilitada para o exercício de sua atividade laboral. Pelas conclusões do laudo, a patologia ocasiona incapacidade parcial, todavia, analisando o laudo de forma sistemática vê-se que não há comprometimento da visão do olho esquerdo. Nesse sentido, a jurisprudência do TRF5 vem entendendo que a visão monocular não enseja incapacidade que justifique a concessão de benefício assistencial. PREVIDENCIÁRIO.AMPAROASSISTENCIAL.RESTABELECIMENTO.DEFICIENTE(VISÃOMONOCULAR). REQUISITOS. NÃO PREENCHIMENTO.1. O amparo assistencial ao deficiente é devido ao portador de deficiência que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, assim considerado aquele que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20 da Lei no8.742/93, com a redação dada pela Lei no 12.435/11).2.Hipótese em que a perícia judicial concluiu que, apesar da perda da visão do olho direito, decorrente de atrofia, o autor apresenta incapacidade apenas parcial, estando apto para o exercício de atividade que não exija visão binocular, atestando,ainda, que tal fato não constitui embaraço para a sua vida independente, razão pela qual não faz jus ao restabelecimento do amparo social.3. "A jurisprudência desta Egrégia Corte vem entendendo que a visão monocular não é causa de incapacidade para o trabalho"(TRF-5a R., 4a Turma, AC 576944, Rel. Des. Federal Ivan Lira de Carvalho - Conv., DJe 05/02/2015, p. 220).4. Apelação e remessa oficial providas para julgar improcedente o pedido de restabelecimento do benefício assistencial. Dessa forma, tenho que a parte autora não está impossibilitada de prover seu próprio sustento, requisito indispensável para a fruição do benefício previdenciário pleiteado. Portanto, desatendido o requisito relativo à incapacidade laboral, mostra-se desnecessária a perquirição acerca de sua alegada vulnerabilidade econômica, devendo o feito ser julgado improcedente. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, Código de Processo Civil/2015. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c artigos 98 e 99 do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Intimações necessárias por meio eletrônico. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL Assinado eletronicamente
VOTO – EMENTA SEGURIDADE SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. LAUDO DESFAVORÁVEL. INCAPACIDADE LABORAL NÃO COMPROVADA. SENTENÇA IMPROCEDENTE. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. O MM Juiz sentenciante julgou improcedente o pedido, sob o fundamento de que não ficou demonstrado o requisito da incapacidade. 2. A parte autora recorre, argumentando que preenche os requisitos do benefício assistencial. 3. Não resta configurado cerceamento de defesa, tendo em vista que o requisito da incapacidade já restou analisado em laudo pericial suficientemente fundamentado, donde se extrai a ausência de incapacidade permanente que justifique a concessão do benefício assistencial. Segundo entendimento do STJ: "Não há que se falar em violação do art. 435 do CPC, por alegado cerceamento de defesa, porquanto, tendo o juiz, destinatário da prova, decidido, com base nos elementos de que dispunha, pela desnecessidade de realização de novas provas (...)” (AgRg no Ag 1378796/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2012, DJe 10/08/2012). 4. O perito judicial constatou que a parte autora, 55 anos, é portadora de “cegueira em olho direito H54.4”, patologias que lhe causam incapacidade parcial e permanente para o trabalho (mecânico/mecânico de implemento agrícola – A14, fls. 11/14), além de não incapacitá-la para o desempenho dos atos da vida diária. Em que pese a conclusão do especialista, tendo em vista que não ficou observado comprometimento da visão no olho esquerdo do demandante, entende-se que é viável a sua reinserção no mercado de trabalho para o exercício de atividades compatíveis com a sua condição física. 5. Sendo assim, restou ausente a incapacidade total (e o impedimento de longo prazo) para as atividades laborativas, não havendo que se falar em reforma do julgado recorrido, que se baseou em laudo emitido por perito oficial. 6. O recurso da parte autora, portanto, não merece provimento. 7. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 8. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. 9. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (mil reais) e custas processuais, suspensa na hipótese de concessão de assistência judiciária gratuita.
1,370
447
0
0
9-PB
2
164.013426
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
aplicada subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o artigo 1o da Lei 10.259/01, bastando apenas dizer que se trata de pretensão movida Claudio Cabral da Silva, em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando a concessão de amparo assistencial ao deficiente. Os requisitos do amparo assistencial O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Lei Maior, em seu art. 203, inciso V e no art. 20 da Lei n. 8.742/1993, e para a sua concessão, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou portadora de deficiência física ou mental e encontre-se impossibilitado de prover os meios necessários à sua manutenção ou tê-la provida por sua família. A Lei n. 8.742/93, alterada pelas Leis n. 12.435/2011 e n. 13.146/2015, que dispõe acerca da organização da Assistência Social, regulamentou o comando constitucional, in verbis: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. § 11.Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. Percebe-se a exigência de dois requisitos para a concessão do amparo assistencial: idade ou deficiência e hipossuficiência econômica. O conceito de deficiência atual tem previsão expressa no art. 2o da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Cotejando os dispositivos legais transcritos acima com a anterior legislação do Benefício Assistencial, verifico que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que se exige um exame conjunto da patologia com os aspectos sociais e culturais, para se aferir sobre a obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Esse entendimento, inclusive, já estava consolidado pela Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 00581818720094013500, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 22/03/2013). Depreende-se, então, que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões socioambientais. Cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição da parte autora de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros tópicos) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Quanto ao critério objetivo (hipossuficiência econômica), a lei elegeu a questão da renda mensal familiar per capta ser inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário-mínimo, entendendo-se como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei no 8.213/91, desde que vivam sob o mesmo teto (art. 20, §§ 1o e 3°, LOAS). Vale salientar, no entanto, que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Reclamação n. 4374 e dos Recursos Extraordinários ns. 567985 e 580963, em abril de 2013, declarou a inconstitucionalidade incidental do art. 20, § 3o, da Lei n. 8.742/93. Firmou o pretório excelso que o critério legal para constatação da hipossuficiência não mais se adequa à realidade da sociedade e da economia brasileira, estando, então, eivado de inconstitucionalidade. Por conseguinte, em 07 de julho de 2015, foi editada a Lei n. 13.146 – em vigor desde 06 de janeiro de 2016 – que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e incluiu o §11o, no art. 20 da Lei n. 8.742/93. Tal dispositivo ao prevê que, para a concessão do benefício, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, flexibiliza o critério objetivo da renda mensal familiar inferior a 1⁄4, estabelecido no §3o. É cediço que a finalidade do benefício assistencial é garantir uma renda mínima para aquelas pessoas que, em razão de deficiência física ou idade avançada, não possam prover a sua subsistência, nem a ter provida por sua família. A Carta Magna prevê como beneficiários da assistência social o deficiente e o idoso, não excluindo de seu rol as crianças porventura carentes e que não possuam meios de prover à própria manutenção, ou de tê-la provida por seus pares. O caso dos autos No caso concreto, a parte autora pleiteia a concessão de benefício assistencial ao deficiente. Da incapacidade Realizada a perícia judicial, por perito médico (anexo 19), apontou-se que a parte autora, é portadora de: “Cegueira em olho direito H54.4.”. Segundo o perito, em razão da enfermidade, a demandante está permanentemente impossibilitada para o exercício de sua atividade laboral. Pelas conclusões do laudo, a patologia ocasiona incapacidade parcial, todavia, analisando o laudo de forma sistemática vê-se que não há comprometimento da visão do olho esquerdo. Nesse sentido, a jurisprudência do TRF5 vem entendendo que a visão monocular não enseja incapacidade que justifique a concessão de benefício assistencial. PREVIDENCIÁRIO.AMPAROASSISTENCIAL.RESTABELECIMENTO.DEFICIENTE(VISÃOMONOCULAR). REQUISITOS. NÃO PREENCHIMENTO.1. O amparo assistencial ao deficiente é devido ao portador de deficiência que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, assim considerado aquele que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas (art. 20 da Lei no8.742/93, com a redação dada pela Lei no 12.435/11).2.Hipótese em que a perícia judicial concluiu que, apesar da perda da visão do olho direito, decorrente de atrofia, o autor apresenta incapacidade apenas parcial, estando apto para o exercício de atividade que não exija visão binocular, atestando,ainda, que tal fato não constitui embaraço para a sua vida independente, razão pela qual não faz jus ao restabelecimento do amparo social.3. "A jurisprudência desta Egrégia Corte vem entendendo que a visão monocular não é causa de incapacidade para o trabalho"(TRF-5a R., 4a Turma, AC 576944, Rel. Des. Federal Ivan Lira de Carvalho - Conv., DJe 05/02/2015, p. 220).4. Apelação e remessa oficial providas para julgar improcedente o pedido de restabelecimento do benefício assistencial. Dessa forma, tenho que a parte autora não está impossibilitada de prover seu próprio sustento, requisito indispensável para a fruição do benefício previdenciário pleiteado. Portanto, desatendido o requisito relativo à incapacidade laboral, mostra-se desnecessária a perquirição acerca de sua alegada vulnerabilidade econômica, devendo o feito ser julgado improcedente. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, Código de Processo Civil/2015. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no c/c artigos 98 e 99 do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Intimações necessárias por meio eletrônico. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL Assinado eletronicamente
NÃO PROVIMENTO
PROVIMENTO
26
0505558-79.2019.4.05.8300
2019-03-27 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-01-04 12:21:32
Sentença - BPC/LOAS - Deficiente. Improcedente.
2020-03-13T14:08:34
Acórdão - loas
Joaquim Lustosa Filho
2020-03-13 10:00:00
LEONARDO AUGUSTO NUNES COUTINHO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
PE036837D
SENTENÇA I - RELATÓRIO Dispensado o relatório, passo à fundamentação (art. 38 da Lei 9.099/95). II – FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINARMENTE - DA GRATUIDADE JUDICIAL Defiro a gratuidade judicial, embora ressaltando que, nos termos do disposto no art. 54 da Lei 9.099/95, em primeiro grau de jurisdição, o processo perante os Juizados Especiais Federais é isento de custas, taxas ou despesas. Assim, caberá ao douto juiz-relator a quem for distribuído eventual recurso inominado, o exame definitivo da questão. - MÉRITO Trata-se de pedido de benefício assistencial, apresentado sob o fundamento de, em síntese, estarem preenchidos todos os requisitos para sua percepção. Em verdade, a concessão do benefício assistencial, após as alterações promovidas pelas Leis 12.435/11, 12.470/11 e 13.146/15, passou a ter como pressuposto a comprovação de haver sido atingida a idade de 65 (sessenta e cinco) anos ou demonstrada a existência de deficiência - conceituada por impedimento superior a dois anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, possa obstruir a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais (conceito resultante do advento da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência). Quanto ao ponto, cumpre ressaltar que, quer se trate de idoso ou de pessoa portadora de deficiência, deve restar comprovada a situação de hipossuficiência econômica do (a) requerente e do grupo familiar no qual está inserido (a), consistente esta na ausência de meios para prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família. Assim, tem-se como requisitos (analisados de forma conjugada) para a percepção do benefício de prestação continuada (BPC): a) o enquadramentocomo idoso - 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade ou pessoa com deficiência - o que não se confunde com incapacidade para o trabalho - e pressupõe uma análise em que sejam consideradas as deficiências corporais (funções e estrutura do corpo), os fatores ambientais e sociais, além da limitação no desenvolvimento de atividades e o patamar de restrição social; b) hipossuficiência econômica do (a) requerente e do grupo familiar no qual está inserido (a), consistente esta na ausência de meios para prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família. Neste sentido, no que se refere aos menores de 16 (dezesseis) anos, cabe ao juiz avaliar, além da configuração da deficiência, o impacto que ela provoca na limitação do desempenho de atividades e restrição da participação social compatível com a idade, bem como a repercussão dos dispêndios com o tratamento/manutenção do menor na economia do grupo familiar, até mesmo por exigir a dedicação de um dos membros da família aos seus cuidados, prejudicando a capacidade do grupo em gerar renda. Feitas todas essas considerações, especificamente no que se refere ao caso ora sob exame, realizada perícia médica judicial (anexo 12) em 22/05/2019, o douto perito diagnosticou o autor como portador de hérnia inguinal à direita (CID 10 K40.3), havendo consignado que a enfermidade é reversível e de prognóstico favorável, sendo que o autor necessita de um período de seis meses para sua recuperação, logo após a realização da cirurgia para corrigir a herniação (procedimento cirúrgico ofertado pelo SUS). Diante de tais considerações, tem-se por não atendido o primeiro requisito à percepção do benefício de prestação continuada, qual seja, impedimento de longo prazo (superior a dois anos). Assim, a conclusão a que se chega é que o ora requerente não faz jus à percepção do benefício de prestação continuada porque a incapacidade que o acomete não configura deficiência, conceituada como impedimento de longo prazo. III – D I S P O S I T I V O Este o quadro, julgo improcedente o pedido. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95.
EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. IDOSO. MISERABILIDADE. PREENCHIDA. PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA RENDA PER CAPITA SUPERIOR A 1⁄4 DO SALÁRIO MÍNIMO COMO ÚNICO CRITÉRIO PARA AFERIÇÃO DA MISERABILIDADE. RECURSO PROVIDO EM PARTE. Trata-se de recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de benefício assistencial de prestação continuada. O art. 203, inciso V, da Carta Federal de 1988, prevê "a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei". Por sua vez, a Lei 8.742/93 dispõe da seguinte forma sobre o benefício requerido: "Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família." São, portanto, imprescindíveis para a concessão do benefício a satisfação de 2 (dois) requisitos: primeiramente, a idade mínima de 65 (sessenta em cinco anos) ou incapacidade que o impossibilite de exercer atividade laborativa, em decorrência de enfermidade/sequela e, segundo, a miserabilidade do recorrente, configurando sua impossibilidade de prover seu sustento. O requisito da miserabilidade é regulado nos termos do § 3o, do preceptivo mencionado, consoante o qual "seconsidera incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo". Estabelece o §1o do art. 20 da mencionada lei que "a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto." Destaco que o Plenário do STF, no julgamento do RE 567985-MT, do RE 580963-PR e da Rcl 4.374-PE, declarou a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, §3o., da Lei n.o 8.742/93, e do parágrafo único do art. 34 da Lei n.o 10.741/03. Como a inconstitucionalidade foi declarada sem pronúncia de nulidade, as normas permanecem integrando o sistema, não tendo sido dele extirpadas. A declaração nos moldes em que realizada pelo STF, a meu ver, teve o objetivo de permitir ao Poder Judiciário corrigir certos resultados anti-isonômicos que a aplicação literal dos referidos dispositivos legais geraria. A manifestação do Excelso Pretório, portanto, corrobora o dever do magistrado de analisar as condições peculiares do caso concreto a fim e aferir a presença do requisito da miserabilidade, não deixando de ser válidos o embasamento e a orientação do julgador no art. 20, §3o, da Lei n.o 8.742/93, e no parágrafo único do art. 34 da Lei n.o 10.741/03, que, como dito, são normas que continuam integrando o sistema. No caso, não foi constatado impedimento de longo prazo, que permitisse a concessão do BPC. No entanto, o requisito da incapacidade é suprido pela idade do requerente, que completou 65 anos de idade em 28/12/2019. A partir dessa data pode ser deferido o benefício assistencial. Ademais, ficou constatado no laudo social, anexos 17/18, que a casa onde vive o autor demonstra vulnerabilidade social. Trata-se de imóvel simples, paredes úmidas, paredes sem reboco, poucos móveis e eletrodomésticos e em péssimos estado de conservação. Assim, considero que os requisitos para obtenção do benefício assistencial foram devidamente atendidos, desde a data em que o autor completou 65 anos de idade. Ante o exposto, concedo o benefício assistencial, com DIB em 28/12/2019 (data em que completou 65 anos) e DIP na data desta decisão. Quanto aos juros e à correção monetária, aplica-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal, no RE 870947-SE, que concluiu que os benefícios previdenciários devem ser "atualizados monetariamente segundo o IPCA-E desde a data fixada na sentença e fixados os juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com a redação dada pela Lei no 11.960/2009". Diante do caráter alimentar do benefício e presentes os requisitos do art. 300 do CPC, antecipo, de ofício, os efeitos da tutela, determinando que, no prazo de 30 (trinta) dias, a autarquia previdenciária proceda à implantação do benefício, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais). Recurso do autor provido em parte. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, DAR PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO DO AUTOR, nos termos do voto supra. Recife, data da movimentação.
621
757
0
0
14-PE
1
282.778843
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
PRELIMINARMENTE - DA GRATUIDADE JUDICIAL Defiro a gratuidade judicial, embora ressaltando que, nos termos do disposto no art. 54 da Lei , em primeiro grau de jurisdição, o processo perante os Juizados Especiais Federais é isento de custas, taxas ou despesas. Assim, caberá ao douto juiz-relator a quem for distribuído eventual recurso inominado, o exame definitivo da questão. - MÉRITO Trata-se de pedido de benefício assistencial, apresentado sob o fundamento de, em síntese, estarem preenchidos todos os requisitos para sua percepção. Em verdade, a concessão do benefício assistencial, após as alterações promovidas pelas Leis 12.435/11, 12.470/11 e 13.146/15, passou a ter como pressuposto a comprovação de haver sido atingida a idade de 65 (sessenta e cinco) anos ou demonstrada a existência de deficiência - conceituada por impedimento superior a dois anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, possa obstruir a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais (conceito resultante do advento da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência). Quanto ao ponto, cumpre ressaltar que, quer se trate de idoso ou de pessoa portadora de deficiência, deve restar comprovada a situação de hipossuficiência econômica do (a) requerente e do grupo familiar no qual está inserido (a), consistente esta na ausência de meios para prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família. Assim, tem-se como requisitos (analisados de forma conjugada) para a percepção do benefício de prestação continuada (BPC): a) o enquadramentocomo idoso - 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade ou pessoa com deficiência - o que não se confunde com incapacidade para o trabalho - e pressupõe uma análise em que sejam consideradas as deficiências corporais (funções e estrutura do corpo), os fatores ambientais e sociais, além da limitação no desenvolvimento de atividades e o patamar de restrição social; b) hipossuficiência econômica do (a) requerente e do grupo familiar no qual está inserido (a), consistente esta na ausência de meios para prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família. Neste sentido, no que se refere aos menores de 16 (dezesseis) anos, cabe ao juiz avaliar, além da configuração da deficiência, o impacto que ela provoca na limitação do desempenho de atividades e restrição da participação social compatível com a idade, bem como a repercussão dos dispêndios com o tratamento/manutenção do menor na economia do grupo familiar, até mesmo por exigir a dedicação de um dos membros da família aos seus cuidados, prejudicando a capacidade do grupo em gerar renda. Feitas todas essas considerações, especificamente no que se refere ao caso ora sob exame, realizada perícia médica judicial (anexo 12) em 22/05/2019, o douto perito diagnosticou o autor como portador de hérnia inguinal à direita (CID 10 K40.3), havendo consignado que a enfermidade é reversível e de prognóstico favorável, sendo que o autor necessita de um período de seis meses para sua recuperação, logo após a realização da cirurgia para corrigir a herniação (procedimento cirúrgico ofertado pelo SUS). Diante de tais considerações, tem-se por não atendido o primeiro requisito à percepção do benefício de prestação continuada, qual seja, impedimento de longo prazo (superior a dois anos). Assim, a conclusão a que se chega é que o ora requerente não faz jus à percepção do benefício de prestação continuada porque a incapacidade que o acomete não configura deficiência, conceituada como impedimento de longo prazo. III – D I S P O S I T I V O Este o quadro, julgo improcedente o pedido. Sem custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0509400-70.2019.4.05.8202
2019-09-26 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:55:39
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-16T14:48:07
Acórdão - Recurso provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011984
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-se de ação ordinária em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e a abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2. A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, o que permitiria, assim, alternativa de pesca durante o período de defeso. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente,o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2018 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do segurado-desemprego (cf. anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal”, informação esta não impugnada pelo INSS. 11. Por fim, consigne-se que detém a parte-autora interesse processual, uma vez que o INSS parte de premissa equivocada, qual seja, a falta de prévio requerimento administrativo específico para as parcelas de março/abril de 2018, a ensejar a resistência da autarquia ao pleito autoral; já que houve o requerimento administrativo, cujo alcance (se apenas até fevereiro ou até abril de 2018) se confunde com o próprio mérito da causa, ainda mais que o STF ressalvou da obrigatoriedade do prévio requerimento administrativo as hipóteses de “pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo” (RE 631.240), o que, mutatis mutandis (quanto ao fundamento), se aplica ao caso; bem como porquehouve o julgamento da Ação Ordinária no 0803802-05.2018.4.05.8200 (de natureza coletiva), no qual se reconheceu a indevida resistência do INSS ao conhecimento de pedidos administrativos referentes a “seguro defeso” e englobando os meses de março/abril de 2018. 12. Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 13. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,653
1,126
0
0
15-PB
0
64.071979
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0506617-08.2019.4.05.8202
2019-08-14 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-15 12:19:03
Sentença - Improcedência (SD 2017/2018)
2020-03-16T15:00:45
Acórdão - RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EM PARTE
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EMPARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. Trata-se de ação em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente àsparcelas referentes a março e abrilde 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meseshabituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso daparte-autora. A sentença está motivada, em síntese, sob oentendimento de que “...a norma aque se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 dedezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetrose, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pescade ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região(...)’”, o que permitiria, assim, “alternativade pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam a regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, caso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11.Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12.Por fim, consigne-se que detém a parte-autora interesse processual, uma vez que o INSS parte de premissa equivocada, qual seja, a falta de prévio requerimento administrativo específico para as parcelas de março/abril de 2018, a ensejar a resistência da autarquia ao pleito autoral; já que houve o requerimento administrativo, cuja alcance (se apenas até fevereiro ou até abril de 2018) se confunde com o próprio mérito da causa, ainda mais que o STF ressalvou da obrigatoriedade do prévio requerimento administrativo as hipóteses de “pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo” (RE 631.240), o que, mutatis mutandis (quanto ao fundamento), se aplica ao caso; bem como porquehouve o julgamento da Ação Ordinária no 0803802-05.2018.4.05.8200 (de natureza coletiva), no qual se reconheceu a indevida resistência do INSS ao conhecimento de pedidos administrativos referentes a “seguro defeso” e englobando os meses de março/abril de 2018. 13.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal, quanto aos juros de mora e correção monetária. 14.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
1,643
1,182
0
0
15-PB
0
61.857674
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se
PROVIMENTO
PROVIMENTO
13
0507984-67.2019.4.05.8202
2019-08-29 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 14:20:08
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-03-17T12:11:01
Acórdão - Recurso parcialmente provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EM PARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1.Trata-se de ação ordinária em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a fevereiro e a março de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2.A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente,o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do segurado-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11.Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 13.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
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15-PB
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62.180648
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
PROVIMENTO
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0501956-11.2018.4.05.8205
2018-06-22 00:00:00
APS PATOS (13.021.090) (29.979.036/0165-78) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-07-23 13:41:32
Sentença - parcialmente procedente
2020-03-17T12:12:24
Acórdão - RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDO
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-13 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB018685
Processo: 0501956-11.2018.4.05.8205Autor(es): BOSSUECIL DE SOUZA SILVATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.” 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos – “ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais. Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentado recurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam os autos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se.
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso, referente ao período de 01.12.2015 a 28.02.2016. 2. Em suas razões recursais o ente público, requer, em sede de preliminar, a anulação da sentença ausência de instrução processual e ausência de fundamentação. No mérito, alega que não houve a análise da condição de pescador artesanal da parte autora e que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 3. A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que é devido o pagamento integral das 03 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016, haja vista a “extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos – “ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais. ” 4. A princípio deve ser esclarecido que as preliminares arguidas se confundem com o mérito e como tal serão apreciadas. 5. Em relação à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal já decidiu a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência, nos seguintes termos (vide Processo no 0501824-97.2017.4.05.8201): “Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. Neste contexto, observo que não houve descumprimento do julgado proferido pelo STF na ADIN 5447. Isto porque as razões ora expostas estão confluentes com a decisão revogatória da decisão liminar, ao entender vigente o período de defeso entre dezembro/2015 e fevereiro/2016. Ademais, quanto aos efeitos “ex nunc” do restabelecimento do DL 293/2010, a garantia da segurança alimentar e sobrevivência dos pescadores foi um dos fundamentos da decisão de revogação da liminar na ADIN, não sendo razoável entender-se, agora, que tal decisão impede o pagamento do benefício do seguro-defeso. Logo, entendo que a restrição da retroação dos efeitos do restabelecimento do DL 293/2010 não se destinou a invalidar os atos praticados conforme o DL 293/2010, mas, sim, limitou-se a vedar a invalidação dos atos praticados que não se harmonizem com o entendimento firmado a partir do julgamento da revogação da liminar da ADIN”. 6. Portanto, no caso em questão, deve ser flexibilizada a exigência do prazo de 30 (trinta) dias referentes ao período de defeso ocorrido entre 2015-2016. 7. Além da questão referente aos efeitos da duração da vigência do Decreto Legislativo no 293/2015 (que restabeleceu o período do defeso suspenso pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), o magistrado do JEF considerou que não seria acolhida na sentença qualquer impugnação à qualidade de pescador artesanal da parte autora, em razão de ter sido oportunizado ao INSS “prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento”. 8. Analisando os autos observa-se que o magistrado do JEF em decisão prolatada no processo no 0501304-91.2018.4.05.8205, considerando que o benefício foi indeferido de plano pelo INSS por não haver decorrido, no entendimento da autarquia, o tempo mínimo de suspensão da pesca exigido pela Resolução no 759 do CODEFAT e considerando que caberia à autarquia previdenciária a análise dos demais requisitos, determinou que a parte autora requeresse na via administrativa o benefício de seguro defeso pleiteado neste feito e acompanhasse o trâmite administrativo. Estabeleceu também ao INSS que, no prazo de 90 (noventa) dias analisasse os requerimentos, não os indeferindo apenas pela portaria, mas também, pelos demais requisitos e, após encerrado o prazo concedido a parte ré, determinou ainda que a parte autora juntasse aos autos cópia integral do processo. 9. Decorrido o prazo dado pelo magistrado do JEF para que a parte autora solicitasse o benefício de seguro defeso na via administrativa e para que o INSS analisasse os requerimentos apresentados e, considerando que não houve cumprimento da decisão por parte do INSS, o juiz sentenciante proferiu despacho determinando o regular prosseguimento do feito com a citação do ente público, no entanto, esclareceu no referido despacho que não acataria qualquer impugnação à qualidade de segurado especial (pescador) da parte autora, por já ter oportunizado prazo excessivamente elástico para a análise daquela condição. 10. Assim, é possível constatar que no caso dos autos, na verdade não houve a análise administrativa ou judicial da condição de pescador artesanal da parte autora e não foi permitido à autarquia previdenciária questionar tal requisito em sede de contestação. Ressalte-se, ainda, que na sentença não foi acolhida qualquer impugnação a tal requisito. 11. Ao analisar o caso, a sentença limitou-se a apreciar a questão tomando como base acórdão proferido por esta Turma Recursal (processo no 0510409-10.2018.4.05.8200), considerando que esta Turma tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada, sendo razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. 12. Quanto à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal, de fato, vem decidindo a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência. Todavia no acórdão que serviu como paradigma para a sentença, como o INSS entendeu que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrangia a parte autora, foi considerada suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício, cabendo ao INSS processar o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão do benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 13. O posicionamento adotado no acórdão paradigma deve ser aplicado também no caso em questão, pois, como já mencionado anteriormente, não houve a apreciação da condição de pescador artesanal da parte autora na esfera administrativa ou judicial. Na verdade, sequer houve ato material de indeferimento do benefício, de modo que resta suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS para pagamento do defeso, não cabendo ao Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento dos demais requisitos legais, uma vez que cabe ao ente público receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei n.o 10.779/2003, sob pena de nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo e, sobretudo, em razão do princípio da adstrição da sentença ao pedido formulado na inicial. 14. Diante do exposto, é o caso de se dar parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença do JEF para afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e determinar ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 15. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença para: a) afastar a exigência expressa no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício.
3,063
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14-PB
0
395.796898
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Autor(es): BOSSUECIL DE SOUZA SILVATipo da conclusão: Concluso para Sentença Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.” 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos – “ex tunc”) porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais. Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentado recurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam os autos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
13
0503687-35.2019.4.05.8002
2019-06-09 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-04 12:46:30
Sentença - AD - parcialmente procedente
2020-03-19T14:37:59
Acórdão - Acórdão
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2020-03-18 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL013823
PROCESSO N. 0503687-35.2019.4.05.8002T SENTENÇA Trata-se de pedido de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez, no qual se requer, ainda, o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, que demandam os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput); e c) carência, nos termos do art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91, salvo as hipóteses previstas no inciso II, do art. 26 do mesmo Diploma Legal. Em relação à incapacidade para o trabalho, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos (doc. 19), a parte autora encontra-se temporariamente incapacitada ao seu labor habitual desde 04/01/19. Diante das informações contidas no laudo médico pericial (conclusões, doc. 19), verifico que restou demonstrada a incapacidade ao labor em momento posterior ao requerimento administrativo (28/08/2013, doc. 04). No que concerne ao preenchimento dos requisitos necessários à obtenção do benefício pleiteado, o INSS, ao propor acordo no doc. 22, reconheceu, explicitamente, a qualidade de segurado da parte autora. Impende, por fim, ressaltar que a DIB será a partir da citação do INSS, porquanto a fixação na data do requerimento administrativo (28/08/2013) implicaria atribuir ao INSS o ônus pela ciência ficta do implemento das condições ao benefício anteriormente a sua citação, haja vistaa DII em 04/01/2019 – entendimento jurisprudencial PEDILEF 50020638820114047012, Juiz Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, DOU 06/03/2015, p. 83/193. À visto do exposto, resolvo o mérito com fulcro no art. 487, I, do Código de Processo Civil e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO formulado pela parte autora para: a) determinar ao INSS que conceda à parte autora o benefício discriminado a seguir: Auxílio doença, NB 165.828.801-4, com DIP em 01/11/2019, RMI e Renda Mensal Atual conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. b) Condenar o INSS ao pagamento dos valores retroativos desde a citação do INSS, em 21/06/2019 (DIB), excluídas as parcelas vencidas há mais de 05 (cinco) anos do ajuizamento da ação, conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. Sobre as parcelas pretéritas deverão incidir correção monetária desde o vencimento de cada prestação pelo INPC e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da redação conferida ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, determinado pelo art. 5o da Lei n. 11.960/09. Sem despesas processuais e honorários (art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os art. 55 da Lei no 9.099/95, e art. 4oda Lei no 9.286/96). Comino à parte autora a obrigação de submeter-se ao processo de reabilitação eventualmente proposto pela autarquia, desde que ela seja regularmente notificada por escrito do início dos trabalhos; advertindo-a que o benefício poderá ser cessado em caso de negativa de submissão ao processo de reabilitação, desde que haja comprovação da notificação para o seu início, bem como daquela em razão de eventual falta sua, oportunidade para a parte demandante justificar seu não comparecimento, e decisão da autarquia; tudo documentado em processo administrativo regular. Faculto à autarquia submeter à parte autora a novas perícias, a fim de constatar a cessação da incapacidade, sua persistência ou a permanência da moléstia, visando a fazer cessar o benefício, prorrogá-lo ou convertê-lo em auxílio-acidente, ou aposentadoria por invalidez, conforme o caso; porém não antes de decorrido 03 (três) meses da DIP. Como no subsistema processual dos Juizados Especiais Federais o recurso interposto de sentença carece de efeito suspensivo, o qual somente pode ser atribuído para evitar dano irreparável à parte (art. 43 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei no 10.259/01), antecipo os efeitos da tutela de mérito e comino ao réu a obrigação de Implantar o referido benefício no prazo de 15 (quinze) dias, tendo em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social. O prazo acima estabelecido começará a correr a partir da movimentação dos autos para fase processual destinada aos processos com vista para implantação de benefícios. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita, com fulcro no art. 98 do CPC. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Autorizo, desde já, o destaque dos honorários contratuais, desde que limitados a 50% (cinqüenta por cento) do valor total da liquidação. Observe-se que a retenção dos honorários advocatícios exige a juntada do respectivo contrato antes da expedição da RPV. Certificado o trânsito em julgado, expeça-se RPV para pagamento do valor devido. Caso o montante a ser requisitado supere o valor equivalente a sessenta salários-mínimos, intime-se a parte autora para, querendo, renunciar ao excedente, viabilizando a expedição da RPV. Se não houver renúncia, expeça-se Precatório, observando-se o disposto no art. 100, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional no 62/09. Intimem-se as partes. Oportunamente, arquivem-se. Providências necessárias. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
PROCESSO No 0503687-35.2019.4.05.8002 RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS RECORRIDO: CICERO GOMES DA SILVA JUIZ SENTENCIANTE: ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO INSS. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO DA DCB. PROIBIÇÃO DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA REVISIONAL EM PERÍODO INFERIOR AO ESTIPULADO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença (anexo no 23) que julgou parcialmente procedente o pedido formulado pela parte autora, determinando o INSS a conceder o benefício de auxílio doença com DIP em 01/11/2019, com pagamento de retroativos desde a citação da autarquia e proibindo a realização de novas perícias antes de decorrido 3 (três) meses da DIP. 2. Pretensão recursal do INSS (anexo no 28), requer a reforma da sentença para que seja fixada a DCB e para que seja excluída a proibição de o INSS realizar perícia médica em período inferior a 3 meses. 3. O benefício de auxílio-doença está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei no 8.213/91, tendo os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade; c) carência, nos termos do art. 25, I, salvo nos casos previstos no art. 26, II. Já a aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. 4. Hipótese em que a perícia médica (anexo no 19) atestou que a parte recorrida possui quadro compatível com compressão de saco dural incipiente em L5-S1, encontrando-se temporariamente incapaz para a sua função habitual. 5. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). 6. Quanto à fixação da DCB, a Medida Provisória no 767/2017, convertida na Lei 13.457/2017, incluiu novo requisito obrigatório nas perícias judiciais, ao prever no §8o, do art. 60 que os peritos judiciais, ao elaborarem o laudo, informem ao juiz a data estimada em que o periciando estará curado da enfermidade, para que possa ser fixado o prazo estimado da duração do benefício. 7. No caso dos autos, o médico perito atesta que a data de incapacidade laboral dá-se desde a data de 04/01/2019, até 3 (três) meses após a perícia (28/08/2019). 8. Diante disso, o autor deveria gozar do benefício de auxílio-doença pelo exato prazo apontado pelo laudo pericial. Todavia, já que o prazo estipulado pelo perito judicial já expirou, para possibilitar o pedido de prorrogação, fixa-se a DCB em 01 mês a partir do acórdão a ser proferido. 9. Por todo o exposto, o início do cômputo do prazo de 1 (um) mês deve dar-se a partir da DIP implantada por esta Turma (01/03/2020), pelo que deve ser fixada a DCB em 01/04/2020. 10. Contudo, cumpre considerar indevida a proibição da realização da perícia médica em período inferior ao lapso temporal consignado. Isso porque, não obstante a data de cessação do benefício esteja consignada em tal prazo, caso o segurado entenda que ainda está incapacitado para o trabalho, deverá requerer administrativamente a prorrogação do benefício dentro do prazo de 15 dias antes de sua cessação, por meio do número 135 da Central de Atendimento do INSS ou pela internet no endereço eletrônico: meu.inss.gov.br. Desse modo, fixada a DCB em data certa e determinada neste acórdão, resta igualmente consignada a retirada da proibição de nova perícia médica antes da DCB, mediante requerimento da parte recorrida. 11. Recurso inominado parcialmente provido para fixar a DCB em 01/04/2020 e permitir a realização de perícia médica antes da DCB mediante requerimento da parte recorrida. Sem custas e honorários. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO JUIZ FEDERAL RELATOR
850
700
0
0
7-AL
1
177.512153
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de pedido de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez, no qual se requer, ainda, o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, que demandam os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput); e c) carência, nos termos do art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91, salvo as hipóteses previstas no inciso II, do art. 26 do mesmo Diploma Legal. Em relação à incapacidade para o trabalho, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos (doc. 19), a parte autora encontra-se temporariamente incapacitada ao seu labor habitual desde 04/01/19. Diante das informações contidas no laudo médico pericial (conclusões, doc. 19), verifico que restou demonstrada a incapacidade ao labor em momento posterior ao requerimento administrativo (28/08/2013, doc. 04). No que concerne ao preenchimento dos requisitos necessários à obtenção do benefício pleiteado, o INSS, ao propor acordo no doc. 22, reconheceu, explicitamente, a qualidade de segurado da parte autora. Impende, por fim, ressaltar que a DIB será a partir da citação do INSS, porquanto a fixação na data do requerimento administrativo (28/08/2013) implicaria atribuir ao INSS o ônus pela ciência ficta do implemento das condições ao benefício anteriormente a sua citação, haja vistaa DII em 04/01/2019 – entendimento jurisprudencial PEDILEF 50020638820114047012, Juiz Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, DOU 06/03/2015, p. 83/193. À visto do exposto, resolvo o mérito com fulcro no art. 487, I, do Código de Processo Civil e JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO formulado pela parte autora para: a) determinar ao INSS que conceda à parte autora o benefício discriminado a seguir: Auxílio doença, NB 165.828.801-4, com DIP em 01/11/2019, RMI e Renda Mensal Atual conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. b) Condenar o INSS ao pagamento dos valores retroativos desde a citação do INSS, em 21/06/2019 (DIB), excluídas as parcelas vencidas há mais de 05 (cinco) anos do ajuizamento da ação, conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. Sobre as parcelas pretéritas deverão incidir correção monetária desde o vencimento de cada prestação pelo INPC e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da redação conferida ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, determinado pelo art. 5o da Lei n. 11.960/09. Sem despesas processuais e honorários (art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os art. 55 da Lei no 9.099/95, e art. 4oda Lei no 9.286/96). Comino à parte autora a obrigação de submeter-se ao processo de reabilitação eventualmente proposto pela autarquia, desde que ela seja regularmente notificada por escrito do início dos trabalhos; advertindo-a que o benefício poderá ser cessado em caso de negativa de submissão ao processo de reabilitação, desde que haja comprovação da notificação para o seu início, bem como daquela em razão de eventual falta sua, oportunidade para a parte demandante justificar seu não comparecimento, e decisão da autarquia; tudo documentado em processo administrativo regular. Faculto à autarquia submeter à parte autora a novas perícias, a fim de constatar a cessação da incapacidade, sua persistência ou a permanência da moléstia, visando a fazer cessar o benefício, prorrogá-lo ou convertê-lo em auxílio-acidente, ou aposentadoria por invalidez, conforme o caso; porém não antes de decorrido 03 (três) meses da DIP. Como no subsistema processual dos Juizados Especiais Federais o recurso interposto de sentença carece de efeito suspensivo, o qual somente pode ser atribuído para evitar dano irreparável à parte (art. 43 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei no 10.259/01), antecipo os efeitos da tutela de mérito e comino ao réu a obrigação de Implantar o referido benefício no prazo de 15 (quinze) dias, tendo em vista a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social. O prazo acima estabelecido começará a correr a partir da movimentação dos autos para fase processual destinada aos processos com vista para implantação de benefícios. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita, com fulcro no art. 98 do CPC. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Autorizo, desde já, o destaque dos honorários contratuais, desde que limitados a 50% (cinqüenta por cento) do valor total da liquidação. Observe-se que a retenção dos honorários advocatícios exige a juntada do respectivo contrato antes da expedição da RPV. Certificado o trânsito em julgado, expeça-se RPV para pagamento do valor devido. Caso o montante a ser requisitado supere o valor equivalente a sessenta salários-mínimos, intime-se a parte autora para, querendo, renunciar ao excedente, viabilizando a expedição da RPV. Se não houver renúncia, expeça-se Precatório, observando-se o disposto no art. 100, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional no 62/09. Intimem-se as partes. Oportunamente, arquivem-se. Providências necessárias. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
3
0506231-81.2019.4.05.8200
2019-05-03 00:00:00
APS JOÃO PESSOA - CENTRO (13.001.050) (98.813.608/0001-30) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-29 11:38:31
Sentença - Auxílio-doença - Improcedente
2020-03-24T16:15:26
Acórdão - negou provimento ao recurso da parte autora
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-20 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB011662B
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado em 02.01.2019, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25%. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de designação de audiência de instrução e julgamento (anexo 12). O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de “espondilose lombar e dor lombar baixa”, enfermidades que não interferem no desempenho de sua atividade habitual, como recepcionista. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que não existe incapacidade. Desse modo, não há qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. No anexo 12,a promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Ressalte-se que ser portador de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Dessa forma, não havendo incapacidade atual, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-ACIDENTE). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. REQUISITO DA INCAPACIDADE NÃO PREENCHIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS 1. Cuida-se de pedido de concessão de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez/auxílio-acidente), julgado improcedente. 2.A recorrente requer a concessão do auxílio-doença. Requer a realização de audiência de instrução e julgamento. 3. Consigne-se ser desnecessária a produção de prova oral quando o julgador forma o seu convencimento com os elementos presentes nos autos, não cabendo falar-se em cerceamento de defesa (TRF-5a Região, 3a T, AC 567223, rel. Des. Fed. MARCELO NAVARRO, DJe 27.02.2014, pg. 553). 4. Colhe-se da sentença: “O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de “espondilose lombar e dor lombar baixa”, enfermidades que não interferem no desempenho de sua atividade habitual, como recepcionista.” 5.O perito judicial concluiu que a autora não apresenta limitação ou incapacidade para o trabalho, cursando com boa mobilidade das articulações durante o exame físico. 6. Além disso, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098). 7. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 8. Estão expressamente prequestionados todos os dispositivos indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos e art. 15, caput, da Lei no 10.259, de 12.07.2001. 9. Assim, nega-se provimento ao recurso da parte autora. 10. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e os acima expostos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
447
470
0
0
7-PB
1
118.075359
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado em 02.01.2019, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25%. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de designação de audiência de instrução e julgamento (anexo 12). O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de “espondilose lombar e dor lombar baixa”, enfermidades que não interferem no desempenho de sua atividade habitual, como recepcionista. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que não existe incapacidade. Desse modo, não há qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. No anexo 12,a promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Ressalte-se que ser portador de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Dessa forma, não havendo incapacidade atual, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
73
0507127-68.2017.4.05.8500
2017-08-29 00:00:00
União Federal - (Fazenda Nacional) (00.394.460/0240-83)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2017-12-14 11:12:03
Sentença - Tributário.Contribuição.Previdenciária.Recolhimento.Acima.Teto.RGPS.Repetição
2018-03-27T11:58:50
Acórdão - Repetição.Contribuições.Deferido.Mantém
GILTON BATISTA BRITO
2018-03-27 09:15:00
LIDIANE VIEIRA BOMFIM PINHEIRO DE MENESES
SEM PEDIDO LIMINAR
Processo de Execução
6,007
Direito Tributário
Crédito Tributário
Repetição de indébito
1
SE007333
SENTENÇA 1. Relatório. Dispensado o relatório. 2. Fundamentação. 2.1. Do objeto da demanda. Postula o(a) demandante provimento jurisdicional no sentido de ser declarada inexistência de relação jurídico-tributária no que tange à incidência da contribuição previdenciária, a cargo do empregado, sobre as quantias percebidas pelo segurado/contribuinte acima do valor limite para a concessão de benefícios do RGPS (teto), bem como a repetição de valores indevidamente retidos/recolhidos no interstício apontado na exordial. Citada, a demandada suscita a ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda e, no mérito, rechaça a pretensão autoral. 2.2. Preliminar. Ausência de documentos indispensáveis à propositura da ação. Inocorrência. Em sede de exame da aptidão da petição inicial, a regra do artigo 320 do Código de Processo Civil exige que o(a) acionante junte aos autos os documentos necessários à compreensão da lide proposta. É que, a par da documentação anexada, o eventual acolhimento do pedido é tema concernente ao exame jurídico da questão trazida a Juízo, até porque a vitória ou derrota do autor atine unicamente ao posterior exame de mérito da causa. Ademais, esta ação especial cível não encerra discussão alusiva a ato e/ou negócio jurídico, para o qual, a que a lei tenha estabelecido forma solene de consubstanciação, de sorte que a petição inicial deste feito atende aos requisitos formais de propositura da demanda. Portanto, é de ser rejeitada a preliminar de ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda. 2.3. Contribuição previdenciária a cargo do empregado. Recolhimento incidente sobre a parcela que excede o valor limite para concessão de benefícios do RGPS.Indébito perfectibilizado. Restituição. Possibilidade. Neste feito, a questão a ser deslindada gira em torno da restituição de valores pagos a maior a titulo de contribuição previdenciária a cargo do empregado, no período indicado na petição inicial. Esta análise compreende contribuinte/segurado que concomitantemente exerce mais de uma atividade remunerada, fazendo-se necessário trazer à baila a dicção dos artigos 12, § 2o, 20 e 28, da Lei n. 8.212/91, dispõe, litteris: Art. 12 (...) §2o Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.” Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: (...) Art. 28. Entende-se por salário de contribuição: I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Os conceitos de salário de contribuição e o de salário contratual não se confundem, pois o primeiro é inerente a determinados patamares fixados pelo legislador, que, por seu turno, fixa o valor teto, ou seja, o limite máximo para a contribuição previdenciária. Já o segundo pode ser definido como a totalidade das percepções econômicas que retribuam o trabalho do empregado. Com efeito, o salário de contribuição de segurado com mais de um vínculo empregatício corresponde à soma de todas as remunerações recebidas no mês, devendo ser observado o limite máximo do salário de contribuição. Assim, para se calcular o valor da contribuição previdenciária do segurado, que exerça mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, há de se ter em mente os parâmetros legais do salário de contribuição. Portanto, a alíquota prevista no artigo 20, da Lei n. 8.212/1991, incidirá sobre o total das remunerações recebidas pelo segurado/contribuinte, e não sobre cada uma das remunerações individualmente consideradas, sendo certo que o valor do tributo a ser efetivamente pago deverá ficar restrito à quantia resultante da incidência da alíquota respectiva sobre o valor teto do salário de contribuição, estabelecido pelo artigo 28, § 5o, da Lei no 8.212/1.991. Em situação análoga, pronunciou-se o STJ: TRIBUTÁRIO – RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO– CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – SEGURADO QUE EXERCEU SIMULTANEAMENTE DUAS ATIVIDADES REMUNERADAS COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO. 1. A questão debatida nos autos diz respeito à restituição de valores recolhidos a maior a título de contribuição previdenciária prevista no art. 20 da Lei n. 8.212/91, por segurado que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS. 2. O salário de contribuição de segurado com mais de um vínculo empregatício corresponde à soma de todas as remunerações recebidas no mês, observado o limite máximo do salário de contribuição. 3. Definido em lei o salário de contribuição, a alíquota prevista no art. 20, da Lei n. 8.212/91 deve ser calculada sobre o total das remunerações recebidas, e não sobre cada uma das remunerações individualmente, devendo o valor da contribuição ser limitado ao teto do salário-de-contribuição, de acordo com o § 5o do art. 28, da referida Lei. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido. (STJ - REsp: 1135946 SP 2009/0073269-0, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 22/09/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/10/2009) Assim, acolho o pedido de restituição dos valores recolhidos nas competências apontas na exordial, que tenham excedido o valor teto do salário de contribuição, estabelecido para os benefícios concedidos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 3. Dispositivo. 3.1. Ante o exposto, 3.1.1. REJEITO a preliminar de ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda; 3.1.2. EXTINGO o feito, com resolução do mérito (artigo 487, I, do CPC) e JULGO procedente o pedido para condenar a União a restituir ao(à) autor(a) os valores indevidamente recolhidos nas competências do anexo no 07 com exclusão das parcelas anteriores aos 05 (cinco) anos precedentes à data propositura desta demanda (29/08/2017), tudo de acordo com os cálculos do contador, devidamente atualizados, a partir do pagamento indevido, com incidência da SELIC. 3.2. Sem custas e honorários no primeiro grau (art. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95). 3.3. Registre-se e Intimem-se, observadas as disposições da Lei n. 10.259/2001. 3.4. Havendo recurso, verifique a secretaria a tempestividade, sendo o recurso tempestivo, fica este recebido em seu duplo efeito, devendo ser promovida a intimação da parte recorrida para apresentar contra-razões, encaminhando posteriormente os autos à Turma Recursal, tudo independentemente de novo despacho. 3.5. Disposições relativas à fase de execução: 3.5.1. Tendo em vista os cálculos (ou sua atualização) para a expedição de requisitório referente à obrigação de pagar, fica franqueada manifestação das partes a respeito, no prazo improrrogável de 10 (dez) dias. 3.5.2. Em não havendo impugnação, desde logo elabore(m)-se o(s) requisitório(s) a ser(em) expedido(s) no presente feito, providenciando-se nova intimação das partes para que, em momento oportuno, tomem conhecimento do seu teor, observando-se os trâmites pertinentes ao seu processamento e liquidação. Caso impugnação ocorra e não seja solucionável de plano, façam-se os autos conclusos para decisão; 3.5.3. Decidida a impugnação ofertada e transcorrido o correspondente prazo de recurso, expeça(m)-se o(s) requisitório(s). 3.6. Após a certificação do trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se. 3.7. Intimem-se. Aracaju, 10 de novembro de 2017. Lidiane Vieira Bomfim Pinheiro de Meneses
TRIBUTÁRIO. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS AFASTADA. MÉRITO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. REPETIÇÃO DE VALORES PAGOS POR EXCESSO DE EXAÇÃO. VÍNCULOS MÚLTIPLOS JUNTO AO REGIME GERAL (RGPS). ALÍQUOTA. ART. 20, LEI No 8.212/91. ART. 64, IN/RFB No 971/09. SENTENÇA DE DEFERIMENTO. RECURSO IMPROVIDO. De pronto rechaça-se a preliminar de ausência de documento indispensável à propositura da ação, uma vez que os documentos constantes dos anexos 5-8 e 12 cumprem tal fim. Em relação às fichas financeiras de item 12, aliás, na eventualidade de falta de recolhimento pelo ente federativo respectivo, tal circunstância em nada pode prejudicar o segurado, devendo a ré usar dos meios próprios para buscar o crédito que entende seu. Quanto ao mérito, tenho por acertada a valoração de provas e a aplicação do direito realizadas pela sentença impugnada, acolhendo tais razões como fundamento do presente julgado (art. 46, Lei no 9.099/95). De fato, assim restou consignado na sentença no que pertinente: "Neste feito, a questão a ser deslindada gira em torno da restituição de valores pagos a maior a titulo de contribuição previdenciária a cargo do empregado, no período indicado na petição inicial. Esta análise compreende contribuinte/segurado que concomitantemente exerce mais de uma atividade remunerada, fazendo-se necessário trazer à baila a dicção dos artigos 12, § 2o, 20 e 28, da Lei n. 8.212/91, dispõe, litteris: (...) Os conceitos de salário de contribuição e o de salário contratual não se confundem, pois o primeiro é inerente a determinados patamares fixados pelo legislador, que, por seu turno, fixa o valor teto, ou seja, o limite máximo para a contribuição previdenciária. Já o segundo pode ser definido como a totalidade das percepções econômicas que retribuam o trabalho do empregado. Com efeito, o salário de contribuição de segurado com mais de um vínculo empregatício corresponde à soma de todas as remunerações recebidas no mês, devendo ser observado o limite máximo do salário de contribuição. Assim, para se calcular o valor da contribuição previdenciária do segurado, que exerça mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, há de se ter em mente os parâmetros legais do salário de contribuição. Portanto, a alíquota prevista no artigo 20, da Lei n. 8.212/1991, incidirá sobre o total das remunerações recebidas pelo segurado/contribuinte, e não sobre cada uma das remunerações individualmente consideradas, sendo certo que o valor do tributo a ser efetivamente pago deverá ficar restrito à quantia resultante da incidência da alíquota respectiva sobre o valor teto do salário de contribuição, estabelecido pelo artigo 28, § 5o, da Lei no 8.212/1.991." (grifou-se). De fato, os dispositivos legais mencionados na sentença foram regulamentados na Instrução Normativa da Receita Federal IN/RFB no 971/09, mais especificamente em seu artigo 64, o que corrobora os fundamentos adotados na sentença. Por assim entender, NEGO PROVIMENTO ao recurso da Fazenda Nacional, mantendo a sentença pelos próprios fundamentos. Ônus da sucumbência pela parte recorrente vencida, com honorários advocatícios no importe de 10% do valor da condenação. ACÓRDÃO Decide a Turma Recursal NEGAR PROVIMENTO ao recurso, conforme dispositivo deste voto. Composição e especificação certificada nos autos. GILTON BATISTA BRITO Juiz Federal Relator
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5-SE
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106.870868
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
objeto da demanda. Postula o(a) demandante provimento jurisdicional no sentido de ser declarada inexistência de relação jurídico-tributária no que tange à incidência da contribuição previdenciária, a cargo do empregado, sobre as quantias percebidas pelo segurado/contribuinte acima do valor limite para a concessão de benefícios do RGPS (teto), bem como a repetição de valores indevidamente retidos/recolhidos no interstício apontado na exordial. Citada, a demandada suscita a ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda e, no mérito, rechaça a pretensão autoral. 2.2. Preliminar. Ausência de documentos indispensáveis à propositura da ação. Inocorrência. Em sede de exame da aptidão da petição inicial, a regra do artigo 320 do Código de Processo Civil exige que o(a) acionante junte aos autos os documentos necessários à compreensão da lide proposta. É que, a par da documentação anexada, o eventual acolhimento do pedido é tema concernente ao exame jurídico da questão trazida a Juízo, até porque a vitória ou derrota do autor atine unicamente ao posterior exame de mérito da causa. Ademais, esta ação especial cível não encerra discussão alusiva a ato e/ou negócio jurídico, para o qual, a que a lei tenha estabelecido forma solene de consubstanciação, de sorte que a petição inicial deste feito atende aos requisitos formais de propositura da demanda. Portanto, é de ser rejeitada a preliminar de ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda. 2.3. Contribuição previdenciária a cargo do empregado. Recolhimento incidente sobre a parcela que excede o valor limite para concessão de benefícios do RGPS.Indébito perfectibilizado. Restituição. Possibilidade. Neste feito, a questão a ser deslindada gira em torno da restituição de valores pagos a maior a titulo de contribuição previdenciária a cargo do empregado, no período indicado na petição inicial. Esta análise compreende contribuinte/segurado que concomitantemente exerce mais de uma atividade remunerada, fazendo-se necessário trazer à baila a dicção dos artigos 12, § 2o, 20 e 28, da Lei n. 8.212/91, dispõe, litteris: Art. 12 (...) §2o Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.” Art. 20. A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: (...) Art. 28. Entende-se por salário de contribuição: I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Os conceitos de salário de contribuição e o de salário contratual não se confundem, pois o primeiro é inerente a determinados patamares fixados pelo legislador, que, por seu turno, fixa o valor teto, ou seja, o limite máximo para a contribuição previdenciária. Já o segundo pode ser definido como a totalidade das percepções econômicas que retribuam o trabalho do empregado. Com efeito, o salário de contribuição de segurado com mais de um vínculo empregatício corresponde à soma de todas as remunerações recebidas no mês, devendo ser observado o limite máximo do salário de contribuição. Assim, para se calcular o valor da contribuição previdenciária do segurado, que exerça mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, há de se ter em mente os parâmetros legais do salário de contribuição. Portanto, a alíquota prevista no artigo 20, da Lei n. 8.212/1991, incidirá sobre o total das remunerações recebidas pelo segurado/contribuinte, e não sobre cada uma das remunerações individualmente consideradas, sendo certo que o valor do tributo a ser efetivamente pago deverá ficar restrito à quantia resultante da incidência da alíquota respectiva sobre o valor teto do salário de contribuição, estabelecido pelo artigo 28, § 5o, da Lei no 8.212/1.991. Em situação análoga, pronunciou-se o STJ: TRIBUTÁRIO – RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO– CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS – SEGURADO QUE EXERCEU SIMULTANEAMENTE DUAS ATIVIDADES REMUNERADAS COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO. 1. A questão debatida nos autos diz respeito à restituição de valores recolhidos a maior a título de contribuição previdenciária prevista no art. 20 da Lei n. 8.212/91, por segurado que exerce, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS. 2. O salário de contribuição de segurado com mais de um vínculo empregatício corresponde à soma de todas as remunerações recebidas no mês, observado o limite máximo do salário de contribuição. 3. Definido em lei o salário de contribuição, a alíquota prevista no art. 20, da Lei n. 8.212/91 deve ser calculada sobre o total das remunerações recebidas, e não sobre cada uma das remunerações individualmente, devendo o valor da contribuição ser limitado ao teto do salário-de-contribuição, de acordo com o § 5o do art. 28, da referida Lei. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido. (STJ - REsp: 1135946 SP 2009/0073269-0, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 22/09/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/10/2009) Assim, acolho o pedido de restituição dos valores recolhidos nas competências apontas na exordial, que tenham excedido o valor teto do salário de contribuição, estabelecido para os benefícios concedidos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 3. Dispositivo. 3.1. Ante o exposto, 3.1.1. REJEITO a preliminar de ausência de documentos indispensáveis à propositura da demanda; 3.1.2. EXTINGO o feito, com resolução do mérito (artigo 487, I, do CPC) e JULGO procedente o pedido para condenar a União a restituir ao(à) autor(a) os valores indevidamente recolhidos nas competências do anexo no 07 com exclusão das parcelas anteriores aos 05 (cinco) anos precedentes à data propositura desta demanda (29/08/2017), tudo de acordo com os cálculos do contador, devidamente atualizados, a partir do pagamento indevido, com incidência da SELIC. 3.2. Sem custas e honorários no primeiro grau (art. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95). 3.3. Registre-se e Intimem-se, observadas as disposições da Lei n. 10.259/2001. 3.4. Havendo recurso, verifique a secretaria a tempestividade, sendo o recurso tempestivo, fica este recebido em seu duplo efeito, devendo ser promovida a intimação da parte recorrida para apresentar contra-razões, encaminhando posteriormente os autos à Turma Recursal, tudo independentemente de novo despacho. 3.5. Disposições relativas à fase de execução: 3.5.1. Tendo em vista os cálculos (ou sua atualização) para a expedição de requisitório referente à obrigação de pagar, fica franqueada manifestação das partes a respeito, no prazo improrrogável de 10 (dez) dias. 3.5.2. Em não havendo impugnação, desde logo elabore(m)-se o(s) requisitório(s) a ser(em) expedido(s) no presente feito, providenciando-se nova intimação das partes para que, em momento oportuno, tomem conhecimento do seu teor, observando-se os trâmites pertinentes ao seu processamento e liquidação. Caso impugnação ocorra e não seja solucionável de plano, façam-se os autos conclusos para decisão; 3.5.3. Decidida a impugnação ofertada e transcorrido o correspondente prazo de recurso, expeça(m)-se o(s) requisitório(s). 3.6. Após a certificação do trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se. 3.7. Intimem-se. Aracaju, 10 de novembro de 2017. Lidiane Vieira Bomfim Pinheiro de Meneses
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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0503220-12.2017.4.05.8104
2017-09-15 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2017-11-30 10:47:33
Sentença - Termo de audiência -PROCEDENTE- Salário maternidade
2018-03-27T14:17:22
Acórdão - COM VOTO
GUSTAVO MELO BARBOSA (2ª TURMA RECURSAL)
2018-03-14 13:30:00
DANIEL GUERRA ALVES
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
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CE031248
TERMO DE AUDIÊNCIA Aos 27 de novembro de 2017, na sede da Justiça Federal em Crateús, na salade audiências da 22a Vara, foram pelo porteiro de auditório apregoadasas partes do processo em epígrafe, verificando-se o comparecimento daparte autora, acompanhada de seu(sua) advogado(a) e do representante do INSS,Dr. Moesio Lima dos Santos. Aberta a audiência, o MM. Juiz Federal Titular da 22a Vara, Dr. Daniel Guerra Alves, ouviu as partes e a(s) testemunha(s), qualificando-as no(s) áudio(s). Não havendo acordo, o MM. Juiz Federal prolatou sentença oral na qual julgou procedente o pedido, pelo determinou o pagamento das parcelas referentes ao salário-maternidade (segurada especial) cujo fato gerador ocorreu em 27/08/2016[DIB].Na oportunidade, o MM. Juiz Federal determinou que a Secretaria do juízo providencie, após o trânsito em julgado: o cálculo das parcelas vencidas; a expedição do RPV/Precatório para o cumprimento da sentença quanto às parcelas vencidas; e, ultimadas as providências, o arquivamento do feito. Deferido pedido de assistência judiciária gratuita. As partes saíram da audiência intimadas da sentença prolatada. O(s) depoimento(s) e a sentença oral foram registrados em meioaudiovisual, disponíveis para acesso através do link(via Internet Explorer): http://drsweb.jfce.jus.br/DRSWebJFCE/?NumeroProcesso=0503220-12.2017.4.05.8104&DataAudiencia=201711271458&DataAcesso=201711271734&Hash=896e6d2e74a52528e4048a53e39975c6. Nada mais havendo, encerrou - se a audiência. Eu, TALITA LIMA DA CRUZ, Técnico Judiciário, digitei e subscrevi. Crateús, 27 de novembro de 2017. TALITA LIMA DA CRUZ
RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social em face de sentença que julgou procedente o pedido de concessão de salário-maternidade na condição de trabalhadora rural (segurada especial). É o breve relatório. VOTO O benefício de salário maternidade é devido à segurada especial — a exemplo do que ocorre com a segurada empregada, a trabalhadora avulsa e a empregada doméstica — durante o intervalo de 120 (cento e vinte) dias com início no período compreendido entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data da ocorrência deste, nos termos delineados no art. 71 da Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei no 8.213/91). No entanto, para ser considerada segurada especial, a autora há de demonstrar, conforme preconiza o art. 11, caput, inciso I, alínea “a” e inciso VII e § 1o da Lei 8.213/91 — com a nova redação trazida pela Lei no 8.398/92 — o exercício efetivo de atividade rural em regime de economia familiar, assim entendido como aquela laborada pelos membros da própria família para a sua subsistência em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, embora se admita auxílio eventual ou esporádico de terceiros. Demais disso, deve ser preenchido o requisito relativo ao desempenho de atividade rural nos 10 (dez) meses anteriores à data do nascimento do(a) filho(a), à luz do estampado no parágrafo único do art. 39 (adicionado pela Lei 8.861, de 25 de março de 1994) combinado com o inciso III do art. 25 (acrescentado pela 9.876, de 26 de novembro de 1999), todos da Lei de Benefícios da Previdência Social. No entanto, a prova do cumprimento desta carência passa, inexoravelmente, por prova documental, não havendo nenhuma celeuma jurisprudencial em sentido contrário, tendo há muito tempo o Superior Tribunal de Justiça editado a Súmula 149: "a prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de da obtenção de benefício previdenciário". Compreendendo a dificuldade do homem do campo reunir documentação robusta, a Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU) já sedimentou, em entendimento cristalizado na Súmula 14, que "Para concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência". No entanto, ainda que não corresponda a todo o período de carência, "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar", segundo a Súmula 34 também da TNU. Com esse sentir, tem-se admitido como início de prova material um vasto rol de documentos, dentre eles sindicais, certidões de casamento/nascimento/óbito, comprovantes de propriedade ou posse de terra, notas fiscais de compras de insumos agrícolas, documentos de participação em programas voltados aos trabalhadores do campo, entre outros de menor importância. No caso específico dos pedidos de salário-maternidade rural, considerando que as beneficiárias, geralmente, são muito jovens, a jurisprudência tem admitido a utilização de documentos de terceiros, na maioria das vezes, os pais da requerente. Todavia, para tanto, é imprescindível que ela exerça a agricultura no âmbito daquele grupo familiar. Ademais, importante ressaltar, contudo, que o início de prova material, como o próprio nome já o diz, tem caráter meramente indiciário dos fatos alegados, não se revestindo em prova absoluta e incontrastável. Esses documentos indiciários, ainda que sejam necessários e indispensáveis, não são suficientes para a comprovação da condição de segurado especial durante todo o período de carência. O início de prova material tem o condão de, tão só, revelar que os fatos alegados podem ser verdadeiros, a depender de posterior confirmação após análise de todo o contexto probatório. Destaque-se que circunstâncias como (a) acervo formado exclusivamente por documentos em nomes de terceiros estranhos ao núcleo familiar; (b) parte autora residente em zona urbana; (c) documentos não contemporâneos ao período de carência; (d) existência de vínculos urbanos duradouros ou consecutivos no CNIS, em nome da autora ou do consorte; (e) registros como contribuinte individual/empresário; (f) prova testemunhal contraditória com versão autoral, têm o condão de obstar o decreto de procedência perseguido, quando o conjunto probatório resultar desfavorável ao pleito. No caso sub examine, observo que a sentença impugnada analisou de forma cautelosa as provas constantes nos autos, não merecendo reforma. De fato, a postulante apresentou documentação mínima que se presta a servir como início de prova material. Nos autos, existe declaração de exercício rural, emitida por sindicato; declaração de proprietário de terra onde a postulante alega plantar; Ficha de programa Hora de Plantar 2016; Ficha de filiação sindical, com entrada em 08/03/2016 e declaração de aptidão ao Pronaf de 23/05/2016. Embora o início de prova material não seja dos mais robustos, ele foi corroborado com prova oral espontânea, idônea e sem contradições. A postulante mostrou conhecer razoavelmente sobre a labuta rural, descrevendo as minúcias de sua atividade como agricultora. Finalmente, assevero que esta Turma Recursal tem por característica prestigiar o entendimento do magistrado que preside a audiência de instrução e sentencia o feito, que próximos às partes, teve oportunidade de observar seus trejeitos, linguajar e fisionomia da autora. Destarte, comprovada a carência/qualidade de segurada especial da demandante, condição imprescindível para a concessão do salário-maternidade, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. Por tal razão, deve o julgado ser mantido em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei n.o 9.099/95. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Condenação da recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e Gisele Chaves Sampaio Alcântara. Fortaleza, 14 de março de 2018.
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1
22-CE
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75.88441
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
TERMO DE AUDIÊNCIA Aos 27 de novembro de 2017, na sede da Justiça Federal em Crateús, na salade audiências da 22a Vara, foram pelo porteiro de auditório apregoadasas partes do processo em epígrafe, verificando-se o comparecimento daparte autora, acompanhada de seu(sua) advogado(a) e do representante do INSS,Dr. Moesio Lima dos Santos. Aberta a audiência, o MM. Juiz Federal Titular da 22a Vara, Dr. Daniel Guerra Alves, ouviu as partes e a(s) testemunha(s), qualificando-as no(s) áudio(s). Não havendo acordo, o MM. Juiz Federal prolatou sentença oral na qual julgou procedente o pedido, pelo determinou o pagamento das parcelas referentes ao salário-maternidade (segurada especial) cujo fato gerador ocorreu em 27/08/2016[DIB].Na oportunidade, o MM. Juiz Federal determinou que a Secretaria do juízo providencie, após o trânsito em julgado: o cálculo das parcelas vencidas; a expedição do RPV/Precatório para o cumprimento da sentença quanto às parcelas vencidas; e, ultimadas as providências, o arquivamento do feito. Deferido pedido de assistência judiciária gratuita. As partes saíram da audiência intimadas da sentença prolatada. O(s) depoimento(s) e a sentença oral foram registrados em meioaudiovisual, disponíveis para acesso através do link(via Internet Explorer): URL. Nada mais havendo, encerrou - se a audiência. Eu, TALITA LIMA DA CRUZ, Técnico Judiciário, digitei e subscrevi. Crateús, 27 de novembro de 2017. TALITA LIMA DA CRUZ
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0505280-13.2017.4.05.8312
2017-12-11 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-02-22 17:01:39
Sentença - IMPROCEDENTE
2018-04-03T15:09:17
Acórdão - AD/AI
Polyana Falcão Brito
2018-04-03 13:30:00
RODRIGO VASCONCELOS CÔELHO DE ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
1
PE009831D
SENTENÇA - TIPO A 1. RELATÓRIODispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei no 9.099/95, aplicado ao caso por força do art. 1° da Lei n° 10.259/01. 2. FUNDAMENTAÇÃO Pretende a autora a concessão de auxílio doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez, desde a data do requerimento administrativo, com o pagamento das parcelas vencidas e vincendas. Não obstante as alegações da parte demandante, o laudo pericial colacionado aos autos (anexo 24) demonstra que o presente caso não se enquadra nos artigos 59 da Lei no 8.213/91 e 71 do Decreto no 3.048/99, que disciplinam o auxílio-doença, tampouco no artigo 42 da Lei no 8.213/91, que regula a aposentadoria por invalidez. Com efeito, o perito designado por este Juízo, com clareza e precisão necessárias, não deixando dúvida sobre o estado clínico da parte autora, atestou que o demandante é portador de “epilepsia (G40) e transtorno de ansiedade (F41.1)”. No entanto, o perito judicial foi taxativo ao afirmar que não constatou incapacidade laborativa da autora para o exercício de sua atividade laborativa habitual. Destarte, com base nos dados trazidos pelo laudo pericial, conclui-se que não há incapacidade laboral, muito menos permanente, que implique direito aos benefícios requeridos pela demandante.Ressalto que o presente julgamento tem como referência o laudo, porque prova técnica, realizada no contraditório judicial e com forte conteúdo probatório, embora não vinculante, já que pode ser acolhida parcial ou integralmente, no cotejo com outros elementos de convicção e conforme o livre convencimento motivado, sendo o expert, ademais, de confiança do Juízo. Outrossim, destaco que os demais elementos dos autos são insuficientes para superar a conclusão do perito, sobretudo porque juntada prova produzida unilateralmente.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA. RECURSO DESPROVIDO. VOTO Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez. Pugna a recorrente pela reforma da sentença de 1o grau, sob o argumento de que: a) a prova teria sido incorretamente valorada pela magistrada; b) é necessário considerar o contexto socioeconômico em que está inserida a autora; c) suas circunstâncias pessoais são desfavoráveis e impedem sua inserção no mercado de trabalho. Pugna pela reforma da sentença, com a concessão do benefício pleiteado acrescido dos consectários legais (anexo 29). Em contrarrazões o INSS requer a manutenção da sentença (anexo 31). Assim posta a lide, passo a decidir. O artigo 59 e seguintes da Lei no 8.213/91 estabelecem que o segurado incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. Por seu turno, o art. 42 da LBPS estabelece que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. No caso em apreço, a perícia judicial concluiu que a autora não apresenta incapacidade no momento para desempenhar sua atividade laborativa habitual de agricultora. Peço vênia para transcrever, no que importa ao deslinde da causa, excertos do laudo pericial, (anexo 24): 1) A parte autora é portadora de alguma doença ou de alguma sequela? Desde quando? Em caso positivo, descrever de forma precisa qual a doença ou sequela, principais sintomas, formas de tratamento e o utilizado pela parte autora.Há epilepsia (G40) e transtorno de ansiedade (F41.1). A periciada afirmou que é epiléptica desde os 12 anos. Medicamentos podem controlar o quadro. 2) Se positiva a resposta anterior, tal doença ou sequela a incapacita para o exercício de atividade laborativa? Qual a data do início da incapacidade?Sim. A incapacidade descrita neste laudo existe desde que a periciada atingiu a idade mínima para o labor (pois é epiléptica desde a infância). 3) Se positiva a resposta anterior, a duração dos períodos de incapacidade da parte autora seriam superiores ou não a 2 anos?Sim. 4) Se positiva a resposta ao quesito anterior, trata-se de incapacitação temporária ou definitiva?A incapacidade descrita é definitiva. 6) Tal incapacidade inviabiliza o exercício de toda atividade laborativa (incapacidade total) ou apenas de algumas atividade laborativas (incapacidade parcial)? Caso a incapacidade seja parcial, quais atividades podem ser executadas pelo(a) periciando(a)? Esclareça o perito, ainda, no caso de incapacidade parcial, se o(a) autor(a) pode exercer a atividade que habitualmente executava/executou, indicando, caso negativo, as atividades que poderá desempenhar, citando exemplos de profissões.Incapacidade parcial, há incapacidade para atividades profissionais em que uma possível convulsão traga riscos claros e iminentes de lesões graves (deve, por exemplo, evitar trabalhos aquáticos, em grandes alturas, em que precise dirigir veículos ou trabalhar constantemente próximo ao fogo). O quadro é controlável e não causa incapacidade para a função de agricultora. Poderia, ainda, trabalhar como empacotadora em supermercado ou balconista. VII – CONCLUSÕES:Há epilepsia e há transtorno de ansiedade, quadro controlável que não causa incapacidade para a função de agricultora. De acordo com as conclusões do perito judicial expostas acima, o quadro clínico da autora não repercute na sua atividade habitual, seja para torná-la incapaz, seja para reduzir sua capacidade de trabalho. Mencione-se que, embora o julgador não esteja obrigado a acolher as conclusões do laudo, o perito nomeado pelo Juízo é um profissional imparcial, equidistante dos interesses das partes e desinteressado na lide. Por isso, não há óbice em adotar suas conclusões como razão de decidir, pautadas que são por critérios técnico-científicos que não restaram elididos pelos elementos trazidos aos autos. Saliente-se, também, que o julgador não está obrigado a analisar as condições pessoais quando não identifica incapacidade para a atividade habitual, de acordo com o enunciado 77 da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Recurso desprovido. Sentença mantida pelos próprios fundamentos. Pelas razões expostas, bem como em virtude de ser a fundamentação acima suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, tenho por não violados os dispositivos legais suscitados, inclusive considerando-os devidamente prequestionados para o fito de possibilitar, de logo, a interposição dos recursos cabíveis (arts. 14 e 15 da Lei no 10.259/01). Assim, e tendo em vista que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes que a sua oposição protelatória ensejará a aplicação de litigância de má-fé, na forma dos arts. 81 e 1.026 do NCPC. Condeno a parte autora no pagamento de honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor corrigido da causa (art. 55 da Lei n o 9.099/95), ficando sua exigibilidade suspensa enquanto perdurar a situação de hipossuficiência econômica que justificou a concessão da Justiça Gratuita, nos termos do art. 98, § 3o, do Código de Processo Civil. ACÓRDÃO Vistos e relatados, decide a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais de Pernambuco, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa supra. Recife/PE, data do julgamento.
277
900
0
0
35-PE
1
73.290729
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a autora a concessão de auxílio doença ou a concessão de aposentadoria por invalidez, desde a data do requerimento administrativo, com o pagamento das parcelas vencidas e vincendas. Não obstante as alegações da parte demandante, o laudo pericial colacionado aos autos (anexo 24) demonstra que o presente caso não se enquadra nos artigos 59 da Lei no 8.213/91 e 71 do Decreto no 3.048/99, que disciplinam o auxílio-doença, tampouco no artigo 42 da Lei no 8.213/91, que regula a aposentadoria por invalidez. Com efeito, o perito designado por este Juízo, com clareza e precisão necessárias, não deixando dúvida sobre o estado clínico da parte autora, atestou que o demandante é portador de “epilepsia (G40) e transtorno de ansiedade (F41.1)”. No entanto, o perito judicial foi taxativo ao afirmar que não constatou incapacidade laborativa da autora para o exercício de sua atividade laborativa habitual. Destarte, com base nos dados trazidos pelo laudo pericial, conclui-se que não há incapacidade laboral, muito menos permanente, que implique direito aos benefícios requeridos pela demandante.Ressalto que o presente julgamento tem como referência o laudo, porque prova técnica, realizada no contraditório judicial e com forte conteúdo probatório, embora não vinculante, já que pode ser acolhida parcial ou integralmente, no cotejo com outros elementos de convicção e conforme o livre convencimento motivado, sendo o expert, ademais, de confiança do Juízo. Outrossim, destaco que os demais elementos dos autos são insuficientes para superar a conclusão do perito, sobretudo porque juntada prova produzida unilateralmente
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
26
0500906-41.2018.4.05.8013
2018-01-16 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-01-29 17:23:03
Sentença - Sentença
2018-04-10T11:31:19
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2018-04-04 14:00:00
FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL011754
PROCESSO N.o 0500906-41.2017.4.05.8013T AUTORA IRISLANE LIMA DA SILVA RÉU: INSS SENTENÇA Trata-se de pedido de pagamento de benefício de Salário-Maternidade, requerido pela autora em razão do nascimento de sua filha Elisa Maria da Silva Melo, a qual nasceu em 15/04/2017. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido encontra-se disposto no art. 71, da Lei n° 8.213/91, cuja disposição prevê que o salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social. No que tange à maternidade, restou comprovada através da certidão de nascimento de sua filha, que nasceu em 15/04/2017 (anexo no 11). O requerimento administrativo foi realizado em 09/10/2017, isto é, há menos de 5 anos do nascimento da criança, logo, não se deve discutir a ocorrência de prescrição, tendo em vista que esta inexiste. Cumpre verificar a condição de segurada da demandante ao tempo do parto, o que se constata pela análise do CNIS da autora, onde se vislumbra a existência de vínculos como empregada doméstica no período de 01/06/2013 a 31/05/2015, facultativo no lapso de 01/11/2016 a 31/01/2017, bem como 01/03/2017 a 30/11/2017, além de contribuinte individual no período de 01/01/2017 a 31/01/2017, sendo visível a manutenção da qualidade de segurada no momento do parto, a teor do disposto no art. 15 da Lei no 8.213/91, in verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I – (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração” (grifo nosso) Ademais, para a obtenção do benefício de salário-maternidade, deve a trabalhadora, na qualidade de segurada facultativo, comprovar o recolhimento de 10 contribuições mensais, anteriores ao nascimento em relação ao qual requer o benefício, para o fim de satisfazer a carência legalmente exigida (art. 25, inciso III, da Lei n.o 8.213/91). Nesse passo, observo que a parte autora contribuiu na condição de empregada doméstica e facultativa por diversos períodos anteriores ao nascimento da criança, mas após parar e voltar a contribuir ao RGPS, em novembro/2016, apenas verteu seis (6) contribuições, e não as doze (12) necessárias na data do fato, tendo em vista a vigência da MP No 767, de 2017, conforme tela do CNIS, anexo aos autos. Portanto, resta comprovado que a demandante não tinha tempo de carência suficiente para concessão do benefício. Pelo exposto, julgo improcedente o pedido em exordial. Defiro, no entanto, os benefícios da assistência judiciária gratuita, conforme art. 98 e seguintes no CPC/2015. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95). Transitada em julgado a sentença, expeça-se a RPV. Intimem-se. FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
PROCESSO No 0500906-41.2018.4.05.8013 RECORRENTE: IRISLANE LIMA DA SILVA RECORRIDO: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY DER: 09/10/2017 DN: 15/04/2017 VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO MATERNIDADE. URBANO. AUSÊNCIA DE CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA. INCIDÊNCIA DA MP 767/2017. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado de sentença que julgou improcedente o pleito autoral por entender que a parte autora não havia cumprido a carência necessária a concessão do benefício postulado. 2. Razões recursais da parte autora (anexo no32) amparada, em síntese, nos seguintes argumentos: a) “as 10 (dez) contribuições antes do parto para fins de carência determinada pela MP No 767, de 2017 não se aplica ao caso da autora, mas sim, as disposições da LEI 13.457/2017, a qual disciplina a matéria no art. 27-A, pois amplamente demonstrado que o dispositivo legal em comento para o presente caso só exige 5 (cinco) contribuições mensais anteriores ao parto contados da nova filiação e não 10 (dez)”; b) “... a autora após recuperar sua qualidade de segurado possuía 6 (seis) contribuições mensais anteriores ao parto (Novembro de 2016 a Abril de 2017), mais que o exigido para fins de carência mínima pela LEI 13.457/2017, em especial no art. 27-A”. 3. O salário maternidade é garantido à segurada da Previdência Social durante cento e vinte dias, com início no período entre vinte e oito dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social e independentemente de carência para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica (arts. 71 e 26, caput, inciso VI da Lei no 8.213/91). 4. Em relação a segurada facultativa/contribuinte individual, a mesma terá direito ao benefício desalário maternidade desde que comprove o cumprimento da carência de 10 contribuições mensais anteriormente ao parto, que se for antecipado será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses do nascimento do prematuro. 5. Por sua vez, no salário-maternidade para as seguradas contribuinte individual e facultativa, quando ocorrer a perda da qualidade de segurada, deve ser observado o recolhimento mínimo de contribuições conforme a seguinte tabela (e observada a data do parto ou da adoção): Data do Parto ou da Adoção Contribuições para readquirir a Carência (Refiliação) Até 07/07/2016 4 contribuições De 08/07/2016 a 04/11/2016 (MP 739/2016) 10 contribuições De 05/11/2016 a 05/01/2017 4 contribuições De 06/01/2017 a 26/06/2017 (MP 767/2017) 10 contribuições A partir de 27/06/2017 (Lei 13.457/2017) 5 contribuições 6. No caso concreto,na data do fato gerador do benefício pleiteado, em 15/04/2017 (nascimento deElisa Maria da Silva Melo), verifico que aautora não possuía a carência necessária à concessão do benefício perseguido, posto que havia promovido o recolhimento de apenas 6 (seis) contribuições, quando seriam necessárias 10 (dez),não se sustentando a alegação da recorrente de incidência da Lei no 23.457/17, que teve a sua vigência apenas a partir de 26.06.2017. 7. A sentença recorrida deu solução adequada à pretensão trazida a juízo, não havendo reparos a nela fazer, devendo ser mantida, razão por que, ratificados todos seus termos (arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 8. Recurso improvido, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, uma vez que beneficiária da assistência judiciária gratuita (art.54, § único, e 55 da Lei 9.099/95 c/c art.1o da Lei 10.259/01). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
481
604
0
0
14-AL
0
13.254896
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
AUTORA IRISLANE LIMA DA SILVA RÉU: INSS SENTENÇA Trata-se de pedido de pagamento de benefício de Salário-Maternidade, requerido pela autora em razão do nascimento de sua filha Elisa Maria da Silva Melo, a qual nasceu em 15/04/2017. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido encontra-se disposto no art. 71, da Lei n° 8.213/91, cuja disposição prevê que o salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social. No que tange à maternidade, restou comprovada através da certidão de nascimento de sua filha, que nasceu em 15/04/2017 (anexo no 11). O requerimento administrativo foi realizado em 09/10/2017, isto é, há menos de 5 anos do nascimento da criança, logo, não se deve discutir a ocorrência de prescrição, tendo em vista que esta inexiste. Cumpre verificar a condição de segurada da demandante ao tempo do parto, o que se constata pela análise do CNIS da autora, onde se vislumbra a existência de vínculos como empregada doméstica no período de 01/06/2013 a 31/05/2015, facultativo no lapso de 01/11/2016 a 31/01/2017, bem como 01/03/2017 a 30/11/2017, além de contribuinte individual no período de 01/01/2017 a 31/01/2017, sendo visível a manutenção da qualidade de segurada no momento do parto, a teor do disposto no art. 15 da Lei no 8.213/91, in verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I – (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração” (grifo nosso) Ademais, para a obtenção do benefício de salário-maternidade, deve a trabalhadora, na qualidade de segurada facultativo, comprovar o recolhimento de 10 contribuições mensais, anteriores ao nascimento em relação ao qual requer o benefício, para o fim de satisfazer a carência legalmente exigida (art. 25, inciso III, da Lei n.o 8.213/91). Nesse passo, observo que a parte autora contribuiu na condição de empregada doméstica e facultativa por diversos períodos anteriores ao nascimento da criança, mas após parar e voltar a contribuir ao RGPS, em novembro/2016, apenas verteu seis (6) contribuições, e não as doze (12) necessárias na data do fato, tendo em vista a vigência da MP No 767, de 2017, conforme tela do CNIS, anexo aos autos. Portanto, resta comprovado que a demandante não tinha tempo de carência suficiente para concessão do benefício. Pelo exposto, julgo improcedente o pedido em exordial. Defiro, no entanto, os benefícios da assistência judiciária gratuita, conforme art. 98 e seguintes no CPC/2015. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95). Transitada em julgado a sentença, expeça-se a RPV. Intimem-se. FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0515780-68.2017.4.05.8400
2017-10-05 00:00:00
AGÊNCIA DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS (ADJ) (00.000.000/0000-00) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0251-35)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-01-09 12:35:50
Sentença - Improcedente
2018-04-11T13:31:32
Acórdão - PP
FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
2018-04-11 08:00:00
JOSÉ CARLOS DANTAS TEIXEIRA DE SOUZA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
RN012228
SENTENÇA Deferido o pedido de justiça gratuita. Relatório dispensado. É apresentado pedido de concessão judicial de benefício previdenciário por incapacidade, o qual pode ser enquadrado em um dos três previstos na legislação: I - aposentadoria por invalidez (“considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência”); II - auxílio-doença (“ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”); III - auxílio-acidente (“consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia”). Em razão da proteção máxima, a jurisprudência aconselha o deferimento de qualquer um dos benefícios, ainda que não solicitado expressamente. Há direito à aposentadoria por invalidez quando se constata haver incapacidade total e definitiva, sendo insuscetível de reabilitação (PRP). Naturalmente, o juízo em torno do PRP é um prognóstico, estando sujeito a reexames médicos. A configuração da invalidez é de fácil compreensão médico-jurídica. A Incapacidade Laborativa no sistema brasileiro Considerando haver divergência na compreensão do fenômeno, a abordagem exaustiva sobre o assunto se apresenta pertinente. Adiante, são enfrentadas algumas questões de direito sobre o assunto, na seguinte ordem: I – Incapacidade nos benefícios previdenciários; II – Incapacidade na visão da TNU; III – A valoração e os meios de prova da contextualização. Ao final, são sintetizadas conclusões normativas que possibilitam um escorreito julgamento, ao menos para validade processual. I – INCAPACIDADE NOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS Resta examinar os requisitos do auxílio-doença. No caso, não há controvérsia sobre a condição de segurado e a carência, o cerne da demanda se restringe à análise da incapacidade. O que significa a incapacidade como fato gerador do auxílio-doença? Tradicionalmente costuma ser resumida como a incapacidade total e temporária. Havendo limitação (redução da plena capacidade), naturalmente, não é caso de reconhecimento do fato gerador. A temporariedade é característica pacífica. Outros traços não o são. Com efeito, a contextualização sócio-econômica, a parcialidade da incapacidade, a reabilitação profissional, o método de avaliação médica e a amplitude do mercado de trabalho são os principais temas que ensejam divergência na apreciação da incapacidade. Sobre esses temas, é recomendada a leitura do estudo elaborado pela Universidade Brunel a respeito da incapacidade na Europa, de 2002, solicitado pela Comissão Europeia de Emprego e Assuntos Sociais denominado “Definitions of Disability in Europe – a comparative analysis” (disponível na internet), abarcando desde indenizações compatíveis com o trabalho, a inclusão do deficiente, a incapacidade, a deficiência e a benefícios sociais que afetem os atos da vida diária. Curiosamente, na Europa, não há duas legislações iguais sobre esse tema: incapacidade laborativa e proteção social, a despeito de toda semelhança cultural entre os países integrantes da União Europeia. Isso deveria servir de reflexão para a nossa jurisprudência, que tem se distanciado de conceitos elementares da temática. A contextualização sócio-econômica é inerente ao exame de incapacidade. A divergência dessa premissa é o primeiro equívoco de “parte” da jurisprudência. Tanto o exame médico administrativo como a avaliação médica judicial estão fundadas na contextualização sócio-econômica. É absurdo pensar que o histórico laborativo, a idade, a escolaridade, a capacitação técnica, as ocupações existentes na macrorregião e demais aspectos, como desemprego e “vontade do segurado”, não sejam tomados em conta. Pode-se discordar da conclusão médica, pois há certo subjetivismo em vista da abertura e indeterminação da contextualização; contudo, nenhum embasamento existe para dedução genérica de que os médicos “não compreendem” ou “não são capazes” para efetuar tal ponderação. Veja-se, a partir de exemplos, a complexidade e o subjetivismo do fenômeno. Apenas a repercussão da “vontade do segurado” explica o trabalho desempenhado por segurados em situações “presumidas incapacitantes” (v.g., portadores de síndrome de Down, autistas, cegos bilaterais, tetraplégicos etc); por outro lado, apenas a exclusão social autoriza a compreensão de ser a maioria dos requerentes da classe baixa social, com baixa qualificação, sem estabilidade, com vínculos esporádicos ou desempregados. Igualmente, se mostra despropositada a jurisprudência que condiciona a análise do mercado de trabalho à cidade onde reside o requerente. Com efeitos, a modernidade tem facilitado o transporte, de modo que são milhões de pessoas que trabalham em cidade distinta da residência, assim como são milhares de pessoas que se locomovem na macrorregião, com distância superior a sessenta quilômetros, principalmente para trabalhos em cidades-polos. Em suma, a contextualização, sendo imparcial e em respeito à igualdade, pode pesar positiva ou negativamente ao reconhecimento do estado incapacitante. De modo a transparecer essa contextualização, já autorizada aos médicos peritos (em reuniões), a quesitação não apenas menciona a contextualização sócio-econômica como possui aberturas sociais, em prol da proteção ao hipossuficiente e, por conseguinte, à dignidade humana. Exemplos disso temos: a separação da última atividade das demais; a contextualização da residualidade de eventual incapacidade parcial; as justificativas da capacidade residual; a definição do mercado de trabalho afetado em quadro áreas. Essa é a fundamentação primordial pela qual se discorda dos enunciados das súmulas 47, 77 e 78 da TNU. “Elas” apreciam a questão como faculdade do julgador ou dos peritos, premissa da qual discordamos completamente. As condições pessoais e sociais do segurado não estão como faculdade, são inerentes e são de juízo obrigatório no julgamento do estado incapacitante. Outra faceta do fenômeno (diversa da ponderação sócio-econômica inerente ao estado incapacitante), é a vinculação ao laudo pericial e à superação da conclusão do especialista (na forma e nos motivos). É pacífica a vigência do princípio do livre convencimento motivado, no atual CPC, art. 436 (“O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos”), e no vindouro CPC, arts. 371 (“O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento”) e 479 (“O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito”). “O juiz não está vinculado ao laudo” é um dogma; a fundamentação seria o contraponto dogmático. De fato, não há razão para o magistrado, nomeando peritos de confiança, especialistas, com autorização expressa e pública para a contextualização sócio-econômica, desconsiderar as conclusões, infundadamente, dos especialistas. Se isso ocorre, e pode ocorrer, naturalmente, há de ser excepcional e fundamentado, tal como deixa claro o art. 479 de novo CPC. O que carece de embasamento dogmático e científico, médico ou jurídico, é o argumento de “incompetência” e de “inadequação” de apreciação da “funcionalidade” (CIF) pelos médicos peritos. Essa linha de raciocínio em nada se confunde com divergências da ponderação judicial, porquanto subjetivas. Contextualização sócio-econômica, funcionalidade (da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade) e condições pessoais e sociais expressam o mesmo fenômeno. É manifesto equívoco jurídico transformar a desconsideração do laudo médico em regra; é arbitrário condicionar a validade de um julgamento à “explicação da fundamentação”; fere o sistema normativo quando se condiciona a validade de um julgamento à inversão de uma fundamentação “contra legem”. Na linha dessa desconexão social, máximas são deturpadas por retóricas vazias. Tome-se o caso corriqueiro de alegação de “trabalhar incapacitado”. São diversos os casos em que o estado incapacitante não é obstáculo para o ingresso no mercado de trabalho. Milhares de pessoas portadoras de doenças ou deficiências gravíssimas trabalham, mesmo em estado incapacitante em qualquer contexto social ou nacional. E isso se dá pela preponderância da vontade na superação dos obstáculos. Não quer dizer que todos devam fazê-lo. Então, o estado incapacitante pode ser reconhecido mesmo trabalhando o segurado. São os casos de portadores de síndrome de Down, de austismo ou de cegueira. Isso é completamente distinto da aplicação às situações sem prova de incapacidade e sem conclusão pericial pelo estado incapacitante, sobretudo com relação a períodos pretéritos ou quando o estado clínico não é necessariamente incapacitante. Trabalhar estando incapacitado é justamente a exceção, pois a máxima social é que quem trabalha está capaz. Portanto, sem contextualização e compreensão do estado incapacitante “de per si”, mostra-se descabida a inversão da lógica social. Por outro, seja através das mensalidades de recuperação, na aposentadoria por invalidez, ou em contratações eventuais do BPC, o estado incapacitante “de per si” mantém a legitimidade do benefício. II – INCAPACIDADE NA VISÃO DA TNU: A LEGITIMIDADE DA RETÓRICA Realçada a definição e a importância da contextualização sócio-econômica do segurado, é oportuno abordar as súmulas da TNU em torno da incapacidade laborativa e do modo de valoração das questões pessoais e sociais. A súmula n. 47 da TNU dispõe que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez. Essa conclusão está em perfeita consonância com a quesitação dos JEFs – Juizados Especiais Federais no Estado do Rio Grande do Norte, aliás, posta com abertura social não apenas para a aposentadoria, mas, igualmente, para o auxílio-doença e o BPC – Benefício de Prestação Continuada. Expressamente, a indagação é formulada a partir das condições pessoais e sociais do periciando e, sobretudo, há possibilidade de reconhecimento de incapacidade social total, mesmo quando há incapacidade parcial, justamente para os caso em que a “residualidade” está desconexa com a realidade do jurisdicionado. A respeito do enunciado, para a sua exata compreensão, é fundamental transcrever os precedentes que o embasaram, de modo que a sua aplicação guarde sintonia com o seu desiderato de uniformização, com coerência e convencimento. No PEDILEF N. 0023291-16.2009.4.01.3600, a fundamentação é centrada na correta definição de incapacidade como fenômeno complexo, a partir do qual a “realidade do periciando” emoldura o julgamento. Transcrevem-se passagens da fundamentação: “2 - Apontados como paradigmas os julgados proferidos pelo STJ no AgRg. no Ag. 1011387 MG (2008/0026603-2) e pela TNU no PEDILEF 2007.83.00.505258-6, os quais acolhem a tese de que a incapacidade deve ser fixada à luz das condições pessoais do beneficiário, não ficando o julgador necessariamente vinculado à prova pericial. 3 - “Esta Corte tem se orientado no sentido de que o magistrado, na verificação dos requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez, não está adstrito aos requisitos objetivos legais, devendo verificar, também os aspectos sócio-econômicos do segurado, para fins de aferição de sua incapacidade laboral”(AgRg no Ag 1247316/PR (2009/0213933-6), Sexta Turma, Rela. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, pub. DJe de 17.11.2011). “Para a concessão de aposentadoria por invalidez devem ser considerados outros aspectos relevantes, além dos elencados no art. 42 da Lei 8.213/91, tais como, a condição sócio-econômica, profissional e cultural do segurado” (AgRg no REsp 1000210/MG (2007/0251691-7) Quinta Turma, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, pub. DJe de 18.10.2010. No mesmo sentido: PEDILEF 200870510094492, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, 11.10.2011; PEDILEF 200770530040605, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DJ 11.6.2010; PEDILEF 200683035013979, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 28.7.2009. Divergência entre a tese acolhida pelo acórdão recorrido e jurisprudência dominante do STJ e TNU”. Registre-se que, em momento algum, consta argumentação que essas condições dependam de averiguação apenas por audiência, até porque será comprovado que isso atenta contra os princípios instrutórios do direito brasileiro. Semelhantes são as razões de outro PEDILEF que justificou o enunciado, de n. 2007.71.95.027855-4: “Esta Turma Nacional tem estabelecido entendimento no sentido de que a incapacidade tanto no âmbito do Benefício por Incapacidade como no de Prestação Continuada não necessita decorrer, exclusivamente, de alguma patologia, mas pode ser assim reconhecida (incapacidade) com lastro em análise mais ampla, atinente às condições sócio-econômicas, profissionais, culturais e locais do interessado, a inviabilizar a vida laboral e independente”. Esse fundamento foi exposto, inicialmente, como “ratio” da discordância dos enunciados analisados, pois tencionam restringir aplicação àquilo que é inerente ao fenômeno. Eis que, a partir da própria “valoração”, assim feita sem audiência, laudo com incapacidade parcial foi entendida como “total”, no caso concreto, porquanto o modo de valoração se fundou em “dados juntados nos autos e na perícia”. Em outro precedente mencionado no PEDILEF, mesmo com audiência, não se conheceu haver enquadramento como inválido. Repise-se que, nos precedentes, não há nenhuma vinculação ao “modo de valoração”. Transcreve-se, abaixo, trechos do PEDILEF: “3. A deficiência apontada não o torna incapaz para a vida independente nem para o trabalho. Tal fato se comprova pelo depoimento do próprio autor que revelou ter desempenhado trabalho remunerado, como zelador, junto a instituição religiosa, por um período de 05 anos (fl. 34). 4. Para ser considerada pessoa portadora de deficiência, nos termos da Lei no 8.742/93, a incapacidade deve ser total e permanente. Sem tais requisitos, não se caracteriza a “invalidez”, mesmo havendo razões de ordem econômica e social a favor do recorrente, tais razões não militam apenas em seu favor, mas também em prol de grande parte dos brasileiros. 5. A limitação vivenciada pelo autor pode lhe trazer dificuldade de inserção no mercado de trabalho, o que é lamentável, entretanto, tal situação de marginalização não o atinge com exclusividade nem é, necessariamente, em decorrência do mal que o aflige. 6. Recurso a que se nega provimento. 7. Sem condenação em honorários advocatícios, em face do deferimento da assistência judiciária gratuita. (Processo no 2005.33.00.765299-8, rel. Juiz Federal CÉSAR CINTRA FONSECA - DJU de 13.10.2006)”. Ou seja, as condições pessoais são passíveis de valoração mesmo sem audiência, o que é ululante no processo civil, na realidade do JEF e está em consonância com os precedentes da TNU, conforme outra passagem do PEDILEF em questão (no qual até se questiona a competência da TNU para adentrar em questões fáticas): “Porém, breve leitura das razões do incidente é o bastante para que se perceba não tratar, o Pedido de Uniformização, de questão de direito material, e que não resta demonstrada a divergência jurisprudencial. Explico. A matéria objeto do incidente, qual seja, o reconhecimento da incapacidade laborativa apenas parcial pela Turma Recursal de Pernambuco, reflete a convicção dos julgadores decorrente da análise das provas e das peculiaridades do caso concreto. No caso dos autos, tanto o juízo monocrático quanto o colegiado da Turma Recursal de origem reputaram o autor – qualificado, na perícia, como ajudante de marceneiro, à época com 37 anos e diagnosticado como portador de Epilepsia –, parcialmente incapaz. E o fizeram com base no laudo pericial, segundo o qual “A incapacidade é parcial. O periciando é jovem. Apresenta crises convulsivas parcialmente controladas pelo uso de medicação; podendo, portanto, exercer atividades que não exijam esforço físico e/ou mental, como trabalhos manuais, por exemplo.” (resposta ao quesito no 04). Importa mencionar que a análise realizada na Turma de origem não ficou adstrita ao laudo, complementando sua convicção ao expor que “Em casos extraordinários, as circunstâncias pessoais do postulante – v.g., idade, família, despesas médicas, escolaridade, local de residência – podem autorizar a concessão do benefício. Essa excepcionalidade, contudo, não restou comprovada nos autos”. Qual a razão, numa retórica respeitável, de que a idade, família, despesas, escolaridade, residência, qualificação, não podem estar documentadas ou que esses traços não sejam admitidos a partir do relato da inicial, do histórico médico SABI e judicial? Seja realçado que, no próprio julgado, mesmo sem audiência (relevando questões de competência sobre matéria de fato da TNU), o próprio julgador, em face das circunstâncias concretas, teceu considerações sobre as condições pessoais e sociais. A súmula n. 77 da TNU regrou que “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Afora a divergência em torno da obrigatoriedade da contextualização sócio-econômica, a súmula, que trata especificamente do auxílio-doença, em nada acrescenta na proteção ao hipossuficiente. A essência do enunciado, em verdade, se ampara no sistema probatório brasileiro e na conjugação dos princípios abordados acima, sobretudo, a excepcionalidade que deve ser a desconsideração de laudo contrário, principalmente, quando está expresso que as condições pessoais e sociais já integram o juízo elaborado pelo médico perito judicial. Eis alguns trechos da fundamentação dos PEDILEFs que propiciaram a síntese: 1 - PEDILEF n. 0020741-39.2009.4.03.6301: (...) Sustenta que nas decisões dessas turmas houve entendimento de que: “ainda que a perícia tenha atestado que a parte pode exercer algumas atividades laborativas, é de se reconhecer a sua total incapacidade para fins de concessão do benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez tendo em vista as limitações impostas pela doença e também baixo grau de escolaridade e atividade habitual”. (...) 4. Ademais, é interessante consignar que este Colegiado já firmou o entendimento de que a necessidade de análise das condições pessoais e sociais do segurado para efeito de concessão de aposentadoria por invalidez, o que não é o caso dos autos ( já que sequer houve o reconhecimento da incapacidade para atividade habitual), repita-se, somente ocorrerá quando reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho – Súmula 47 TNU. Em contrapartida, quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame das condições pessoais, já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial. 2 – PEDILEF n. 0507072-34.2009.4.05.8101: (...) 1. A sentença considerou que a incapacidade laborativa não ficou comprovada, porque o laudo pericial concluiu que a patologia diagnosticada não impunha restrições físicas ou mentais e porque não constava nos autos qualquer elemento que infirmasse os fundamentos e a conclusão da perícia técnica. Não houve qualquer exame de condições pessoais. A autora interpôs recurso inominado alegando que a sentença desconsiderou os fatores pessoais e sociais do segurado, tendo analisado somente as razões médicas periciais.2. Quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinar as condições pessoais e sociais. (...) Pedi vista dos autos em face da manifestação da eminente Juíza Federal Kyu Soon Lee, em declaração de voto na sessão de 6 de novembro. S.Ex.a disse: ―Acompanho o Relator no resultado — negar provimento ao Pedido de Uniformização do Autor, mas por fundamento diverso, com a devida venia. Não consigo interpretar a Súmula citada como óbice para o Juiz analisar as condições pessoais e sociais quando constatada pelo laudo médico, tanto a incapacidade total quanto a capacidade laborativa do autor. Curioso aliás, que são exatamente nesse sentido os julgados citados pelo Autor em sua peça de Pedido de Uniformização. Ocorre que o ilustre Relator alterou a sua posição para o caso concreto, inclusive nem referindo a a possível limitação à Súmula n.o 47 da TNU, que preocupava à Dr.o Lee, não se mantendo a divergência que antes se indicara. DR. JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA. Tendo registrado ainda o relator, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES: “Do mesmo modo, entendo que não se pode engessar o magistrado instrutor, vedando-lhe a análise das condições pessoais e sociais do autor; e igualmente, posiciono-me no sentido de que não se pode obrigar o juiz a fazer essa análise quando ele entender pela prescindibilidade desse exame, como no caso em tela”. Por fim, segundo a súmula n. 78 da TNU, “comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”. Alguns parâmetros precisam ser estabelecidos para a compreensão dessa súmula: (a) diz respeito a hipóteses nas quais houve reconhecimento da capacidade, plena ou reduzida (limitação), ou seja, o laudo médico foi contrário; (b) mesmo com o laudo contrário, em razão dos princípios processuais, o magistrado não está vinculado, o que nada mais significa do que reiterar os princípios probatórios do sistema brasileiro, cabendo fundamentar o acolhimento ou a desconsideração do laudo médico; (c) em consonância com o nosso entendimento sobre a valoração e julgamento de incapacidade (por qualquer autoridade, médica ou judicial), o fenômeno sempre se dá em vista do contexto social e pessoal, afinal, esse seria o sentido da “incapacidade em sentido amplo”. Mas, afinal, qual o efeito prático dessa súmula no julgamento judicial (restrito que é a situações onde o laudo é contrário, a priori)? O ponto de partida são os precedentes do enunciado. A conclusão do primeiro PEDILEF n. 50031980720124047108 foi para que a TURMA RECURSAL realizasse ponderação em torno “das condições pessoais, sociais, econômica e culturais do Autor”, tendo frisado que: “No caso dos autos, o acórdão recorrido teceu considerações a respeito dos avanços da Medicina, ausência de exclusão social e preconceitos (muito discutível) e decréscimo de doenças oportunistas, mas nada a respeito das condições pessoais, sociais, econômicas e culturais do Autor, contrariando, assim, a jurisprudência consolidada desta Corte Uniformizadora. 11. Entrementes, de acordo com a Questão de Ordem no 20 da TNU, os autos deverão retornar à Turma Recursal de origem para que, considerando a premissa de direito ora fixada, proceda à adequação do julgado”. Em outro PEDILEF de n. 05028486020084058401, restou assentado não haver presunção de incapacidade por ser acometido o autor de doença com estigma na sociedade: “5. O acórdão da Turma Recursal potiguar negou provimento ao recurso inominado e assim manteve a sentença, sob o fundamento da presunção de incapacidade do portador do vírus HIV, ainda que assintomático, o que confronta com o entendimento constante de acórdão da TNU utilizado como paradigma. 6. Esta egrégia Turma Nacional de Uniformização possui entendimento consolidado no sentido de que a estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por si só não autoriza a presunção de incapacidade laborativa. Compreende, também, que os portadores do vírus da AIDS, mesmo que assintomáticos, devem ter sua incapacidade aferida com base nas condições pessoais, sociais, econômicas e culturais (PEDILEF 00212758020094036301, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, DOU 21/06/2013 pág. 105/162.). 7. À luz dessa compreensão, inegável que a posição adotada no acórdão censurado com ela não se harmoniza, mormente no que tange à ausência de apreciação das condições pessoais do autor, ora recorrido. 8. Incidente de Uniformização conhecido e provido para determinar o retorno dos autos à Turma Recursal do Rio Grande do Norte para adequação do julgado às premissas jurídicas já assentadas nessa Turma Nacional de Uniformização”. Buscando definir os parâmetros normativos do enunciado, outros PEDILFEs (05001916920134058402 e 00212758020094036301) pacificaram que: Quanto ao mérito, o Colegiado desta Turma Nacional de Uniformização, quando do julgamento do Pedilef 0021275-80.2009.4.03.6301 (Relatora Juíza Federal Kyu Soon Lee, j. 12/06/2013), (a) firmou a tese de que estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por si só não presume incapacidade laborativa; (b) reafirmou a tese consolidada por esta TNU, de que as condições pessoais e sociais devem ser analisadas para a aferição da incapacidade nos casos de portadores do vírus HIV; e (c) determinou o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado. Ironicamente, as conclusões assimiláveis desses precedentes são que: (i) o sistema probatório brasileiro deve ser aplicado e (ii) o contexto sócio-econômico (ora entendido como “funcionalidade”, ora como condições pessoais e sociais) integra o âmago do estado incapacitante, sendo valorado, inclusive, pelo médico perito, do mesmo modo como deve sê-lo pelo magistrado. Paradoxalmente, em essência, em nada contradiz as súmulas anteriores. E por quê? Porque essa conclusão é estéril e redundante, haja vista ser descabido presumir incapacidade ou capacidade, como reafirmado nos últimos precedentes que reformaram julgamentos que assim o faziam. III – A VALORAÇÃO E OS MEIOS DE PROVA DA CONTEXTUALIZAÇÃO Sinteticamente: não se mostra cabível, nem viável e nem pertinente resumir a retórica do estado incapacitante, sendo tal fenômeno individual, subjetivo e complexo. Portanto, o efeito prático das súmulas é o aperfeiçoamento retórico da fundamentação dos casos em torno do estado incapacitante. Sequer existe o corolário de condicionar o julgamento à realização de estudo social ou de audiência, como será demonstrado abaixo. A conclusão do debate, portanto, se resume ao modo de valorar as condições pessoais e sociais, como defendido acima, o qual deve se aplicar a qualquer julgamento, e, por conseguinte, à legitimidade da retórica apresentada para o acolhimento ou rejeição do estado incapacitante. E a divergência reside, assim, na adoção de parâmetros já constantes dos autos, ou na rejeição por considerações pessoais do próprio julgador! A conclusão do intérprete e do julgador não pode ser densificada em enunciado que sintetize, genericamente, o estado incapacitante ou a capacidade laboral. Essa é a razão pela qual se mostraram inconvenientes audiências para inquirir o que já está documentado, ou que consta na inicial (tido como depoimento pessoal), ou o que já foi relatado ao INSS, ou o que foi apresentado ao médico judicial. Em todos os casos, nada se acrescenta. Igualmente, é contraproducente designar estudo social quando a autarquia reconhece a miserabilidade, ainda mais quando há coerência, contemporaneidade, espontaneidade, factibilidade e identidade entre o que foi apresentado ao INSS e ao Judiciário. Pode-se presumir a miserabilidade, nesses casos; certo de que a miserabilidade é um conceito de repercussão nos outros benefícios, já que expressivo das condições sócio-econômicas, individuais e da funcionalidade. Afinal, também seria temerário realizar audiências quando o laudo conclui pela incapacidade, como se houvesse motivo para questionar as conclusões e ponderações dos médicos peritos, indistinta e infundadamente. De outro modo, havendo dúvida sobre esses elementos, acrescentando-se algo obscuro ou duvidoso, aí, sim, haverá utilidade a justificar essas medidas instrutórias. Por fim, quando à valoração e à legitimidade da averiguação das condições pessoais, a legislação processual ampara, claramente, a interpretação a partir dos fatos documentados e/ou admitidos como verdade nos autos. Explica-se. O depoimento do autor deve ser acolhido a partir do relato da inicial. Esse é o motivo de o depoimento pessoal do autor ser posto como faculdade do juiz (CPC, art. 342. “O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes (...)”) e matéria de interesse da parte ré CPC, art. 343. “(...) compete a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra (...)”). Na mesma esteira, a disciplina do testemunho (CPC, art. 400) deixa claro não ter relevância a inquirição sobre fato já provado por documento (exemplo, idade, histórico laborativo, desemprego, recolhimentos, qualificação, residência, macrorregião) ou que só por exame pericial possa ser provado (exemplo, condição clínica, existência de enfermidade). Síntese Normativa A síntese normativa que orienta a valoração das provas no caso concreto é a seguinte: 1) Incapacidade se distingue de limitação (incluído que está no mercado de trabalho), e esta não corresponde a capacidade parcial (na qual parcela do mercado de trabalho está excluída); 2) Fica registrada a perfeita incidência e aplicabilidade das súmulas da TNU n. 47 (pois não se trata de incapacidade parcial), n. 77 (apesar da ponderação invertida, não há motivo para a desconsideração do laudo) e n. 78 (cautelas quando envolve elevada estigmatização da doença); 3) As condições pessoais e sociais devem ser averiguadas de ofício pelo julgador. E essa contextualização pode ser realizada independentemente de audiência. 4) A TNU não determina a realização de audiência em caso de limitação, senão quando: (a) há pedido da parte Autora e (b) o laudo médico informa haver “incapacidade parcial”. 5) As partes são intimadas para requerimento de provas, inclusive realização de audiência (conforme intimação registrado na aba ‘intimações’ do Creta). Assim, na ausência de solicitação, o procedimento não pode ser tachado de nulo. De qualquer modo, não tem pertinência alguma a realização de audiência, razão pela qual deixo de encaminhar, de ofício, para audiência. Conforme jurisprudência consolidada, esse meio de prova é descabido quando há capacidade (TNU, súmulas 47 e 77). De resto, a recusa de audiência está em conformidade com o art. 443 do CPC. Com efeito, os fatos já estão documentados (inciso I) ou já avaliado em exame pericial o impacto da enfermidade (inciso II). Anotações Factuais Conclusivas Esses são os motivos que conduzem à valoração das condições pessoais e sociais, sempre efetivada, mas, agora, com as justificativas dogmáticas e com os esclarecimentos a partir da jurisprudência da TNU, reiterando a conformidade com tal e o sentido abstraído da mesma. O laudo médico (a despeito das expressas aberturas sociais), e mesmo sendo contrário à pretensão (clarividente que foi a respeito da ausência de incapacidade), reafirmou a conclusão da autoridade administrativa em torno da mesma situação. O douto perito judicial concluiu não haver incapacidade de maneira convincente. Após sopesar as questões pessoais e sociais (documentos anexados e lidos), vê-se ser correta a conclusão do douto perito. Há coincidência entre a valoração médica e a judicial. Não houve rigor médico; está motivado o laudo; a valoração do contexto sócio-econômico, em respeito à isonomia, não destoa dos precedentes judiciais e nem das orientações da ciência médica. Em suma, acolho a fundamentação do laudo acostado aos autos, após ponderações em torno das questões pessoais e sociais (documentos anexados e lidos). Rejeito desconsiderá-lo. Toda avaliação médica na Justiça Federal, Terceira Vara, há expressa determinação para que sejam consideradas as condições sócio-econômicas, até por desconhecer embasamento para proceder de forma contrária. Somente retórica vazia poderia ser utilizada para superá-lo. Afora isso, não há nenhuma ponderação substancial sobre erro nessa valoração ou na avaliação médica; ausente que é de vício de obscuridade, contradição ou omissão. Afinal, o laudo médico é muito mais detalhado e preciso do que o atestado apresentado. As condições sócio-econômicas levadas em conta, a confirmar a rejeição da pretensão, são as seguintes: ● idade, inserido na sociedade economicamente ativa; ● qualificação: dentro do padrão da atividade e da comunidade em que está inserido, sobretudo para as atividades que tem experiência; ● desemprego identificado como motivação social preponderante. Quanto à doença e os efeitos laborativos, reafirmando não ser caso de incapacidade, tem-se que: ● enfermidade(s) não enseja(m) incapacidade (impossibilidade de trabalhar com as ponderações jurídicas pertinentes da realidade sócio-econômica e dignidade humana), no momento da perícia; ● enfermidade, na sociedade, sem peculiaridades no caso que excepcione os precedentes judiciais; ● tratamento de saúde disponível na rede pública, cabendo à parte autora contribuir com a eficiência do mesmo; ● vontade do autor, naturalmente afetada pela instabilidade ocupacional; ● desnecessidade de reabilitação profissional; ● discriminação irrelevante para o caso. No caso dos autos, o(a) perito judicial constatou que o(a) demandante é portador(a) de “F41.0 – Transtorno de pânico”, mas concluiu que não há limitação nem incapacidade para o exercício da(s) das atividade(s) laborais, em decorrência da(s) referida(s) enfermidade(s). (anexo 13). Assim, considerando que o(a) autor(a) se encontra capaz, não havendo elementos que justifiquem seu afastamento, entendo pela improcedência da pretensão deduzida, diante da inexistência de incapacidade para o exercício das atividades laborais. Não procede a impugnação. Com efeito, no momento da perícia, cabe à parte Autora apresentar a prova de todo período incapacitante alegado, o que não foi feito. DISPOSITIVO POSTO ISSO, julgo improcedente o pedido. Intimem-se. Deferida Justiça Gratuita. Sem honorários e sem sucumbência. JOSÉ CARLOS D. T. DE SOUZA
Autos no0515780-68.2017.4.05.8400 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA. PRETENDIDO A REVISÃO DA DCB. SENTENÇA EXTRA PETITA. RECURSO INOMINADO PROVIDO EM PARTE. ANULAÇÃO. 1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora insurgindo-se contra sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença em razão da ausência de incapacidade. Alega que busca apenas o pagamento retroativo de auxílio-doença referente ao período de 24/01/2017 a 18/08/2017, uma vez que, apesar de permanecer incapacitada para o trabalho, o benefício teria sido cessado. 2. O pedido delimita a lide, configurando-se em ultra petita a sentença que concede mais que o postulado, extra petita a que reconhece conteúdo diverso do requestado e citra petita a que não aprecia tudo o que foi requerido. Consoante o artigo 492 do Código de Processo Civil "É vedado ao juiz decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado". 3. Consoante se observa na petição inicial, a autora busca que o INSS seja condenado a pagar o benefício de auxílio doença retroativamente desde data da cessação em 24.01.2017 até a data anterior ao atestado de saúde Ocupacional - 17.08.2017, pagando as parcelas vencidas monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a data do efetivo pagamento, BEM COMO, declarar a ilegalidade da Alta Programada do INSS. 4. Contudo, ao dirimir a lide, asseverou o julgador monocrático: “No caso dos autos, o(a) perito judicial constatou que o(a) demandante é portador(a) de “F41.0 – Transtorno de pânico”, mas concluiu que não há limitação nem incapacidade para o exercício da(s) das atividade(s) laborais, em decorrência da(s) referida(s) enfermidade(s). (anexo 13). Assim, considerando que o(a) autor(a) se encontra capaz, não havendo elementos que justifiquem seu afastamento, entendo pela improcedência da pretensão deduzida, diante da inexistência de incapacidade para o exercício das atividades laborais. Não procede a impugnação. Com efeito, no momento da perícia, cabe à parte Autora apresentar a prova de todo período incapacitante alegado, o que não foi feito.” – Trecho da Sentença (anexo 16). 5. Assim, tenho que assiste razão à recorrente, uma vez que a sentença reconheceu conteúdo diverso do requestado, sendo, portanto, extra petita. 6. Recurso parcialmente provido, para que, anulada a sentença, seja analisado adequadamente o pedido formulado na exordial. 7. Sem custas e honorários advocatícios sucumbenciais. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso inominado interposto, nos termos do Voto-Ementa do Juiz Relator. Natal/RN, data do julgamento. Francisco Glauber Pessoa Alves
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3-RN
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95.879745
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Deferido o pedido de justiça gratuita. Relatório dispensado. É apresentado pedido de concessão judicial de benefício previdenciário por incapacidade, o qual pode ser enquadrado em um dos três previstos na legislação: I - aposentadoria por invalidez (“considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência”); II - auxílio-doença (“ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”); III - auxílio-acidente (“consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia”). Em razão da proteção máxima, a jurisprudência aconselha o deferimento de qualquer um dos benefícios, ainda que não solicitado expressamente. Há direito à aposentadoria por invalidez quando se constata haver incapacidade total e definitiva, sendo insuscetível de reabilitação (PRP). Naturalmente, o juízo em torno do PRP é um prognóstico, estando sujeito a reexames médicos. A configuração da invalidez é de fácil compreensão médico-jurídica. A Incapacidade Laborativa no sistema brasileiro Considerando haver divergência na compreensão do fenômeno, a abordagem exaustiva sobre o assunto se apresenta pertinente. Adiante, são enfrentadas algumas questões de direito sobre o assunto, na seguinte ordem: I – Incapacidade nos benefícios previdenciários; II – Incapacidade na visão da TNU; III – A valoração e os meios de prova da contextualização. Ao final, são sintetizadas conclusões normativas que possibilitam um escorreito julgamento, ao menos para validade processual. I – INCAPACIDADE NOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS Resta examinar os requisitos do auxílio-doença. No caso, não há controvérsia sobre a condição de segurado e a carência, o cerne da demanda se restringe à análise da incapacidade. O que significa a incapacidade como fato gerador do auxílio-doença? Tradicionalmente costuma ser resumida como a incapacidade total e temporária. Havendo limitação (redução da plena capacidade), naturalmente, não é caso de reconhecimento do fato gerador. A temporariedade é característica pacífica. Outros traços não o são. Com efeito, a contextualização sócio-econômica, a parcialidade da incapacidade, a reabilitação profissional, o método de avaliação médica e a amplitude do mercado de trabalho são os principais temas que ensejam divergência na apreciação da incapacidade. Sobre esses temas, é recomendada a leitura do estudo elaborado pela Universidade Brunel a respeito da incapacidade na Europa, de 2002, solicitado pela Comissão Europeia de Emprego e Assuntos Sociais denominado “Definitions of Disability in Europe – a comparative analysis” (disponível na internet), abarcando desde indenizações compatíveis com o trabalho, a inclusão do deficiente, a incapacidade, a deficiência e a benefícios sociais que afetem os atos da vida diária. Curiosamente, na Europa, não há duas legislações iguais sobre esse tema: incapacidade laborativa e proteção social, a despeito de toda semelhança cultural entre os países integrantes da União Europeia. Isso deveria servir de reflexão para a nossa jurisprudência, que tem se distanciado de conceitos elementares da temática. A contextualização sócio-econômica é inerente ao exame de incapacidade. A divergência dessa premissa é o primeiro equívoco de “parte” da jurisprudência. Tanto o exame médico administrativo como a avaliação médica judicial estão fundadas na contextualização sócio-econômica. É absurdo pensar que o histórico laborativo, a idade, a escolaridade, a capacitação técnica, as ocupações existentes na macrorregião e demais aspectos, como desemprego e “vontade do segurado”, não sejam tomados em conta. Pode-se discordar da conclusão médica, pois há certo subjetivismo em vista da abertura e indeterminação da contextualização; contudo, nenhum embasamento existe para dedução genérica de que os médicos “não compreendem” ou “não são capazes” para efetuar tal ponderação. Veja-se, a partir de exemplos, a complexidade e o subjetivismo do fenômeno. Apenas a repercussão da “vontade do segurado” explica o trabalho desempenhado por segurados em situações “presumidas incapacitantes” (v.g., portadores de síndrome de Down, autistas, cegos bilaterais, tetraplégicos etc); por outro lado, apenas a exclusão social autoriza a compreensão de ser a maioria dos requerentes da classe baixa social, com baixa qualificação, sem estabilidade, com vínculos esporádicos ou desempregados. Igualmente, se mostra despropositada a jurisprudência que condiciona a análise do mercado de trabalho à cidade onde reside o requerente. Com efeitos, a modernidade tem facilitado o transporte, de modo que são milhões de pessoas que trabalham em cidade distinta da residência, assim como são milhares de pessoas que se locomovem na macrorregião, com distância superior a sessenta quilômetros, principalmente para trabalhos em cidades-polos. Em suma, a contextualização, sendo imparcial e em respeito à igualdade, pode pesar positiva ou negativamente ao reconhecimento do estado incapacitante. De modo a transparecer essa contextualização, já autorizada aos médicos peritos (em reuniões), a quesitação não apenas menciona a contextualização sócio-econômica como possui aberturas sociais, em prol da proteção ao hipossuficiente e, por conseguinte, à dignidade humana. Exemplos disso temos: a separação da última atividade das demais; a contextualização da residualidade de eventual incapacidade parcial; as justificativas da capacidade residual; a definição do mercado de trabalho afetado em quadro áreas. Essa é a fundamentação primordial pela qual se discorda dos enunciados das súmulas 47, 77 e 78 da TNU. “Elas” apreciam a questão como faculdade do julgador ou dos peritos, premissa da qual discordamos completamente. As condições pessoais e sociais do segurado não estão como faculdade, são inerentes e são de juízo obrigatório no julgamento do estado incapacitante. Outra faceta do fenômeno (diversa da ponderação sócio-econômica inerente ao estado incapacitante), é a vinculação ao laudo pericial e à superação da conclusão do especialista (na forma e nos motivos). É pacífica a vigência do princípio do livre convencimento motivado, no atual CPC, art. 436 (“O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos”), e no vindouro CPC, arts. 371 (“O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento”) e 479 (“O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito”). “O juiz não está vinculado ao laudo” é um dogma; a fundamentação seria o contraponto dogmático. De fato, não há razão para o magistrado, nomeando peritos de confiança, especialistas, com autorização expressa e pública para a contextualização sócio-econômica, desconsiderar as conclusões, infundadamente, dos especialistas. Se isso ocorre, e pode ocorrer, naturalmente, há de ser excepcional e fundamentado, tal como deixa claro o art. 479 de novo CPC. O que carece de embasamento dogmático e científico, médico ou jurídico, é o argumento de “incompetência” e de “inadequação” de apreciação da “funcionalidade” (CIF) pelos médicos peritos. Essa linha de raciocínio em nada se confunde com divergências da ponderação judicial, porquanto subjetivas. Contextualização sócio-econômica, funcionalidade (da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade) e condições pessoais e sociais expressam o mesmo fenômeno. É manifesto equívoco jurídico transformar a desconsideração do laudo médico em regra; é arbitrário condicionar a validade de um julgamento à “explicação da fundamentação”; fere o sistema normativo quando se condiciona a validade de um julgamento à inversão de uma fundamentação “contra legem”. Na linha dessa desconexão social, máximas são deturpadas por retóricas vazias. Tome-se o caso corriqueiro de alegação de “trabalhar incapacitado”. São diversos os casos em que o estado incapacitante não é obstáculo para o ingresso no mercado de trabalho. Milhares de pessoas portadoras de doenças ou deficiências gravíssimas trabalham, mesmo em estado incapacitante em qualquer contexto social ou nacional. E isso se dá pela preponderância da vontade na superação dos obstáculos. Não quer dizer que todos devam fazê-lo. Então, o estado incapacitante pode ser reconhecido mesmo trabalhando o segurado. São os casos de portadores de síndrome de Down, de austismo ou de cegueira. Isso é completamente distinto da aplicação às situações sem prova de incapacidade e sem conclusão pericial pelo estado incapacitante, sobretudo com relação a períodos pretéritos ou quando o estado clínico não é necessariamente incapacitante. Trabalhar estando incapacitado é justamente a exceção, pois a máxima social é que quem trabalha está capaz. Portanto, sem contextualização e compreensão do estado incapacitante “de per si”, mostra-se descabida a inversão da lógica social. Por outro, seja através das mensalidades de recuperação, na aposentadoria por invalidez, ou em contratações eventuais do BPC, o estado incapacitante “de per si” mantém a legitimidade do benefício. II – INCAPACIDADE NA VISÃO DA TNU: A LEGITIMIDADE DA RETÓRICA Realçada a definição e a importância da contextualização sócio-econômica do segurado, é oportuno abordar as súmulas da TNU em torno da incapacidade laborativa e do modo de valoração das questões pessoais e sociais. A súmula n. 47 da TNU dispõe que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez. Essa conclusão está em perfeita consonância com a quesitação dos JEFs – Juizados Especiais Federais no Estado do Rio Grande do Norte, aliás, posta com abertura social não apenas para a aposentadoria, mas, igualmente, para o auxílio-doença e o BPC – Benefício de Prestação Continuada. Expressamente, a indagação é formulada a partir das condições pessoais e sociais do periciando e, sobretudo, há possibilidade de reconhecimento de incapacidade social total, mesmo quando há incapacidade parcial, justamente para os caso em que a “residualidade” está desconexa com a realidade do jurisdicionado. A respeito do enunciado, para a sua exata compreensão, é fundamental transcrever os precedentes que o embasaram, de modo que a sua aplicação guarde sintonia com o seu desiderato de uniformização, com coerência e convencimento. No PEDILEF N. 0023291-16.2009.4.01.3600, a fundamentação é centrada na correta definição de incapacidade como fenômeno complexo, a partir do qual a “realidade do periciando” emoldura o julgamento. Transcrevem-se passagens da fundamentação: “2 - Apontados como paradigmas os julgados proferidos pelo STJ no AgRg. no Ag. 1011387 MG (2008/0026603-2) e pela TNU no PEDILEF 2007.83.00.505258-6, os quais acolhem a tese de que a incapacidade deve ser fixada à luz das condições pessoais do beneficiário, não ficando o julgador necessariamente vinculado à prova pericial. 3 - “Esta Corte tem se orientado no sentido de que o magistrado, na verificação dos requisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez, não está adstrito aos requisitos objetivos legais, devendo verificar, também os aspectos sócio-econômicos do segurado, para fins de aferição de sua incapacidade laboral”(AgRg no Ag 1247316/PR (2009/0213933-6), Sexta Turma, Rela. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, pub. DJe de 17.11.2011). “Para a concessão de aposentadoria por invalidez devem ser considerados outros aspectos relevantes, além dos elencados no art. 42 da Lei 8.213/91, tais como, a condição sócio-econômica, profissional e cultural do segurado” (AgRg no REsp 1000210/MG (2007/0251691-7) Quinta Turma, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, pub. DJe de 18.10.2010. No mesmo sentido: PEDILEF 200870510094492, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, 11.10.2011; PEDILEF 200770530040605, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DJ 11.6.2010; PEDILEF 200683035013979, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 28.7.2009. Divergência entre a tese acolhida pelo acórdão recorrido e jurisprudência dominante do STJ e TNU”. Registre-se que, em momento algum, consta argumentação que essas condições dependam de averiguação apenas por audiência, até porque será comprovado que isso atenta contra os princípios instrutórios do direito brasileiro. Semelhantes são as razões de outro PEDILEF que justificou o enunciado, de n. 2007.71.95.027855-4: “Esta Turma Nacional tem estabelecido entendimento no sentido de que a incapacidade tanto no âmbito do Benefício por Incapacidade como no de Prestação Continuada não necessita decorrer, exclusivamente, de alguma patologia, mas pode ser assim reconhecida (incapacidade) com lastro em análise mais ampla, atinente às condições sócio-econômicas, profissionais, culturais e locais do interessado, a inviabilizar a vida laboral e independente”. Esse fundamento foi exposto, inicialmente, como “ratio” da discordância dos enunciados analisados, pois tencionam restringir aplicação àquilo que é inerente ao fenômeno. Eis que, a partir da própria “valoração”, assim feita sem audiência, laudo com incapacidade parcial foi entendida como “total”, no caso concreto, porquanto o modo de valoração se fundou em “dados juntados nos autos e na perícia”. Em outro precedente mencionado no PEDILEF, mesmo com audiência, não se conheceu haver enquadramento como inválido. Repise-se que, nos precedentes, não há nenhuma vinculação ao “modo de valoração”. Transcreve-se, abaixo, trechos do PEDILEF: “3. A deficiência apontada não o torna incapaz para a vida independente nem para o trabalho. Tal fato se comprova pelo depoimento do próprio autor que revelou ter desempenhado trabalho remunerado, como zelador, junto a instituição religiosa, por um período de 05 anos (fl. 34). 4. Para ser considerada pessoa portadora de deficiência, nos termos da Lei no 8.742/93, a incapacidade deve ser total e permanente. Sem tais requisitos, não se caracteriza a “invalidez”, mesmo havendo razões de ordem econômica e social a favor do recorrente, tais razões não militam apenas em seu favor, mas também em prol de grande parte dos brasileiros. 5. A limitação vivenciada pelo autor pode lhe trazer dificuldade de inserção no mercado de trabalho, o que é lamentável, entretanto, tal situação de marginalização não o atinge com exclusividade nem é, necessariamente, em decorrência do mal que o aflige. 6. Recurso a que se nega provimento. 7. Sem condenação em honorários advocatícios, em face do deferimento da assistência judiciária gratuita. (Processo no 2005.33.00.765299-8, rel. Juiz Federal CÉSAR CINTRA FONSECA - DJU de 13.10.2006)”. Ou seja, as condições pessoais são passíveis de valoração mesmo sem audiência, o que é ululante no processo civil, na realidade do JEF e está em consonância com os precedentes da TNU, conforme outra passagem do PEDILEF em questão (no qual até se questiona a competência da TNU para adentrar em questões fáticas): “Porém, breve leitura das razões do incidente é o bastante para que se perceba não tratar, o Pedido de Uniformização, de questão de direito material, e que não resta demonstrada a divergência jurisprudencial. Explico. A matéria objeto do incidente, qual seja, o reconhecimento da incapacidade laborativa apenas parcial pela Turma Recursal de Pernambuco, reflete a convicção dos julgadores decorrente da análise das provas e das peculiaridades do caso concreto. No caso dos autos, tanto o juízo monocrático quanto o colegiado da Turma Recursal de origem reputaram o autor – qualificado, na perícia, como ajudante de marceneiro, à época com 37 anos e diagnosticado como portador de Epilepsia –, parcialmente incapaz. E o fizeram com base no laudo pericial, segundo o qual “A incapacidade é parcial. O periciando é jovem. Apresenta crises convulsivas parcialmente controladas pelo uso de medicação; podendo, portanto, exercer atividades que não exijam esforço físico e/ou mental, como trabalhos manuais, por exemplo.” (resposta ao quesito no 04). Importa mencionar que a análise realizada na Turma de origem não ficou adstrita ao laudo, complementando sua convicção ao expor que “Em casos extraordinários, as circunstâncias pessoais do postulante – v.g., idade, família, despesas médicas, escolaridade, local de residência – podem autorizar a concessão do benefício. Essa excepcionalidade, contudo, não restou comprovada nos autos”. Qual a razão, numa retórica respeitável, de que a idade, família, despesas, escolaridade, residência, qualificação, não podem estar documentadas ou que esses traços não sejam admitidos a partir do relato da inicial, do histórico médico SABI e judicial? Seja realçado que, no próprio julgado, mesmo sem audiência (relevando questões de competência sobre matéria de fato da TNU), o próprio julgador, em face das circunstâncias concretas, teceu considerações sobre as condições pessoais e sociais. A súmula n. 77 da TNU regrou que “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Afora a divergência em torno da obrigatoriedade da contextualização sócio-econômica, a súmula, que trata especificamente do auxílio-doença, em nada acrescenta na proteção ao hipossuficiente. A essência do enunciado, em verdade, se ampara no sistema probatório brasileiro e na conjugação dos princípios abordados acima, sobretudo, a excepcionalidade que deve ser a desconsideração de laudo contrário, principalmente, quando está expresso que as condições pessoais e sociais já integram o juízo elaborado pelo médico perito judicial. Eis alguns trechos da fundamentação dos PEDILEFs que propiciaram a síntese: 1 - PEDILEF n. 0020741-39.2009.4.03.6301: (...) Sustenta que nas decisões dessas turmas houve entendimento de que: “ainda que a perícia tenha atestado que a parte pode exercer algumas atividades laborativas, é de se reconhecer a sua total incapacidade para fins de concessão do benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez tendo em vista as limitações impostas pela doença e também baixo grau de escolaridade e atividade habitual”. (...) 4. Ademais, é interessante consignar que este Colegiado já firmou o entendimento de que a necessidade de análise das condições pessoais e sociais do segurado para efeito de concessão de aposentadoria por invalidez, o que não é o caso dos autos ( já que sequer houve o reconhecimento da incapacidade para atividade habitual), repita-se, somente ocorrerá quando reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho – Súmula 47 TNU. Em contrapartida, quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame das condições pessoais, já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial. 2 – PEDILEF n. 0507072-34.2009.4.05.8101: (...) 1. A sentença considerou que a incapacidade laborativa não ficou comprovada, porque o laudo pericial concluiu que a patologia diagnosticada não impunha restrições físicas ou mentais e porque não constava nos autos qualquer elemento que infirmasse os fundamentos e a conclusão da perícia técnica. Não houve qualquer exame de condições pessoais. A autora interpôs recurso inominado alegando que a sentença desconsiderou os fatores pessoais e sociais do segurado, tendo analisado somente as razões médicas periciais.2. Quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinar as condições pessoais e sociais. (...) Pedi vista dos autos em face da manifestação da eminente Juíza Federal Kyu Soon Lee, em declaração de voto na sessão de 6 de novembro. S.Ex.a disse: ―Acompanho o Relator no resultado — negar provimento ao Pedido de Uniformização do Autor, mas por fundamento diverso, com a devida venia. Não consigo interpretar a Súmula citada como óbice para o Juiz analisar as condições pessoais e sociais quando constatada pelo laudo médico, tanto a incapacidade total quanto a capacidade laborativa do autor. Curioso aliás, que são exatamente nesse sentido os julgados citados pelo Autor em sua peça de Pedido de Uniformização. Ocorre que o ilustre Relator alterou a sua posição para o caso concreto, inclusive nem referindo a a possível limitação à Súmula n.o 47 da TNU, que preocupava à Dr.o Lee, não se mantendo a divergência que antes se indicara. DR. JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA. Tendo registrado ainda o relator, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES: “Do mesmo modo, entendo que não se pode engessar o magistrado instrutor, vedando-lhe a análise das condições pessoais e sociais do autor; e igualmente, posiciono-me no sentido de que não se pode obrigar o juiz a fazer essa análise quando ele entender pela prescindibilidade desse exame, como no caso em tela”. Por fim, segundo a súmula n. 78 da TNU, “comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”. Alguns parâmetros precisam ser estabelecidos para a compreensão dessa súmula: (a) diz respeito a hipóteses nas quais houve reconhecimento da capacidade, plena ou reduzida (limitação), ou seja, o laudo médico foi contrário; (b) mesmo com o laudo contrário, em razão dos princípios processuais, o magistrado não está vinculado, o que nada mais significa do que reiterar os princípios probatórios do sistema brasileiro, cabendo fundamentar o acolhimento ou a desconsideração do laudo médico; (c) em consonância com o nosso entendimento sobre a valoração e julgamento de incapacidade (por qualquer autoridade, médica ou judicial), o fenômeno sempre se dá em vista do contexto social e pessoal, afinal, esse seria o sentido da “incapacidade em sentido amplo”. Mas, afinal, qual o efeito prático dessa súmula no julgamento judicial (restrito que é a situações onde o laudo é contrário, a priori)? O ponto de partida são os precedentes do enunciado. A conclusão do primeiro PEDILEF n. 50031980720124047108 foi para que a TURMA RECURSAL realizasse ponderação em torno “das condições pessoais, sociais, econômica e culturais do Autor”, tendo frisado que: “No caso dos autos, o acórdão recorrido teceu considerações a respeito dos avanços da Medicina, ausência de exclusão social e preconceitos (muito discutível) e decréscimo de doenças oportunistas, mas nada a respeito das condições pessoais, sociais, econômicas e culturais do Autor, contrariando, assim, a jurisprudência consolidada desta Corte Uniformizadora. 11. Entrementes, de acordo com a Questão de Ordem no 20 da TNU, os autos deverão retornar à Turma Recursal de origem para que, considerando a premissa de direito ora fixada, proceda à adequação do julgado”. Em outro PEDILEF de n. 05028486020084058401, restou assentado não haver presunção de incapacidade por ser acometido o autor de doença com estigma na sociedade: “5. O acórdão da Turma Recursal potiguar negou provimento ao recurso inominado e assim manteve a sentença, sob o fundamento da presunção de incapacidade do portador do vírus HIV, ainda que assintomático, o que confronta com o entendimento constante de acórdão da TNU utilizado como paradigma. 6. Esta egrégia Turma Nacional de Uniformização possui entendimento consolidado no sentido de que a estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por si só não autoriza a presunção de incapacidade laborativa. Compreende, também, que os portadores do vírus da AIDS, mesmo que assintomáticos, devem ter sua incapacidade aferida com base nas condições pessoais, sociais, econômicas e culturais (PEDILEF 00212758020094036301, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, DOU 21/06/2013 pág. 105/162.). 7. À luz dessa compreensão, inegável que a posição adotada no acórdão censurado com ela não se harmoniza, mormente no que tange à ausência de apreciação das condições pessoais do autor, ora recorrido. 8. Incidente de Uniformização conhecido e provido para determinar o retorno dos autos à Turma Recursal do Rio Grande do Norte para adequação do julgado às premissas jurídicas já assentadas nessa Turma Nacional de Uniformização”. Buscando definir os parâmetros normativos do enunciado, outros PEDILFEs (05001916920134058402 e 00212758020094036301) pacificaram que: Quanto ao mérito, o Colegiado desta Turma Nacional de Uniformização, quando do julgamento do Pedilef 0021275-80.2009.4.03.6301 (Relatora Juíza Federal Kyu Soon Lee, j. 12/06/2013), (a) firmou a tese de que estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por si só não presume incapacidade laborativa; (b) reafirmou a tese consolidada por esta TNU, de que as condições pessoais e sociais devem ser analisadas para a aferição da incapacidade nos casos de portadores do vírus HIV; e (c) determinou o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado. Ironicamente, as conclusões assimiláveis desses precedentes são que: (i) o sistema probatório brasileiro deve ser aplicado e (ii) o contexto sócio-econômico (ora entendido como “funcionalidade”, ora como condições pessoais e sociais) integra o âmago do estado incapacitante, sendo valorado, inclusive, pelo médico perito, do mesmo modo como deve sê-lo pelo magistrado. Paradoxalmente, em essência, em nada contradiz as súmulas anteriores. E por quê? Porque essa conclusão é estéril e redundante, haja vista ser descabido presumir incapacidade ou capacidade, como reafirmado nos últimos precedentes que reformaram julgamentos que assim o faziam. III – A VALORAÇÃO E OS MEIOS DE PROVA DA CONTEXTUALIZAÇÃO Sinteticamente: não se mostra cabível, nem viável e nem pertinente resumir a retórica do estado incapacitante, sendo tal fenômeno individual, subjetivo e complexo. Portanto, o efeito prático das súmulas é o aperfeiçoamento retórico da fundamentação dos casos em torno do estado incapacitante. Sequer existe o corolário de condicionar o julgamento à realização de estudo social ou de audiência, como será demonstrado abaixo. A conclusão do debate, portanto, se resume ao modo de valorar as condições pessoais e sociais, como defendido acima, o qual deve se aplicar a qualquer julgamento, e, por conseguinte, à legitimidade da retórica apresentada para o acolhimento ou rejeição do estado incapacitante. E a divergência reside, assim, na adoção de parâmetros já constantes dos autos, ou na rejeição por considerações pessoais do próprio julgador! A conclusão do intérprete e do julgador não pode ser densificada em enunciado que sintetize, genericamente, o estado incapacitante ou a capacidade laboral. Essa é a razão pela qual se mostraram inconvenientes audiências para inquirir o que já está documentado, ou que consta na inicial (tido como depoimento pessoal), ou o que já foi relatado ao INSS, ou o que foi apresentado ao médico judicial. Em todos os casos, nada se acrescenta. Igualmente, é contraproducente designar estudo social quando a autarquia reconhece a miserabilidade, ainda mais quando há coerência, contemporaneidade, espontaneidade, factibilidade e identidade entre o que foi apresentado ao INSS e ao Judiciário. Pode-se presumir a miserabilidade, nesses casos; certo de que a miserabilidade é um conceito de repercussão nos outros benefícios, já que expressivo das condições sócio-econômicas, individuais e da funcionalidade. Afinal, também seria temerário realizar audiências quando o laudo conclui pela incapacidade, como se houvesse motivo para questionar as conclusões e ponderações dos médicos peritos, indistinta e infundadamente. De outro modo, havendo dúvida sobre esses elementos, acrescentando-se algo obscuro ou duvidoso, aí, sim, haverá utilidade a justificar essas medidas instrutórias. Por fim, quando à valoração e à legitimidade da averiguação das condições pessoais, a legislação processual ampara, claramente, a interpretação a partir dos fatos documentados e/ou admitidos como verdade nos autos. Explica-se. O depoimento do autor deve ser acolhido a partir do relato da inicial. Esse é o motivo de o depoimento pessoal do autor ser posto como faculdade do juiz (CPC, art. 342. “O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes (...)”) e matéria de interesse da parte ré CPC, art. 343. “(...) compete a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra (...)”). Na mesma esteira, a disciplina do testemunho (CPC, art. 400) deixa claro não ter relevância a inquirição sobre fato já provado por documento (exemplo, idade, histórico laborativo, desemprego, recolhimentos, qualificação, residência, macrorregião) ou que só por exame pericial possa ser provado (exemplo, condição clínica, existência de enfermidade). Síntese Normativa A síntese normativa que orienta a valoração das provas no caso concreto é a seguinte: 1) Incapacidade se distingue de limitação (incluído que está no mercado de trabalho), e esta não corresponde a capacidade parcial (na qual parcela do mercado de trabalho está excluída); 2) Fica registrada a perfeita incidência e aplicabilidade das súmulas da TNU n. 47 (pois não se trata de incapacidade parcial), n. 77 (apesar da ponderação invertida, não há motivo para a desconsideração do laudo) e n. 78 (cautelas quando envolve elevada estigmatização da doença); 3) As condições pessoais e sociais devem ser averiguadas de ofício pelo julgador. E essa contextualização pode ser realizada independentemente de audiência. 4) A TNU não determina a realização de audiência em caso de limitação, senão quando: (a) há pedido da parte Autora e (b) o laudo médico informa haver “incapacidade parcial”. 5) As partes são intimadas para requerimento de provas, inclusive realização de audiência (conforme intimação registrado na aba ‘intimações’ do Creta). Assim, na ausência de solicitação, o procedimento não pode ser tachado de nulo. De qualquer modo, não tem pertinência alguma a realização de audiência, razão pela qual deixo de encaminhar, de ofício, para audiência. Conforme jurisprudência consolidada, esse meio de prova é descabido quando há capacidade (TNU, súmulas 47 e 77). De resto, a recusa de audiência está em conformidade com o art. 443 do CPC. Com efeito, os fatos já estão documentados (inciso I) ou já avaliado em exame pericial o impacto da enfermidade (inciso II). Anotações Factuais Conclusivas Esses são os motivos que conduzem à valoração das condições pessoais e sociais, sempre efetivada, mas, agora, com as justificativas dogmáticas e com os esclarecimentos a partir da jurisprudência da TNU, reiterando a conformidade com tal e o sentido abstraído da mesma. O laudo médico (a despeito das expressas aberturas sociais), e mesmo sendo contrário à pretensão (clarividente que foi a respeito da ausência de incapacidade), reafirmou a conclusão da autoridade administrativa em torno da mesma situação. O douto perito judicial concluiu não haver incapacidade de maneira convincente. Após sopesar as questões pessoais e sociais (documentos anexados e lidos), vê-se ser correta a conclusão do douto perito. Há coincidência entre a valoração médica e a judicial. Não houve rigor médico; está motivado o laudo; a valoração do contexto sócio-econômico, em respeito à isonomia, não destoa dos precedentes judiciais e nem das orientações da ciência médica. Em suma, acolho a fundamentação do laudo acostado aos autos, após ponderações em torno das questões pessoais e sociais (documentos anexados e lidos). Rejeito desconsiderá-lo. Toda avaliação médica na Justiça Federal, Terceira Vara, há expressa determinação para que sejam consideradas as condições sócio-econômicas, até por desconhecer embasamento para proceder de forma contrária. Somente retórica vazia poderia ser utilizada para superá-lo. Afora isso, não há nenhuma ponderação substancial sobre erro nessa valoração ou na avaliação médica; ausente que é de vício de obscuridade, contradição ou omissão. Afinal, o laudo médico é muito mais detalhado e preciso do que o atestado apresentado. As condições sócio-econômicas levadas em conta, a confirmar a rejeição da pretensão, são as seguintes: ● idade, inserido na sociedade economicamente ativa; ● qualificação: dentro do padrão da atividade e da comunidade em que está inserido, sobretudo para as atividades que tem experiência; ● desemprego identificado como motivação social preponderante. Quanto à doença e os efeitos laborativos, reafirmando não ser caso de incapacidade, tem-se que: ● enfermidade(s) não enseja(m) incapacidade (impossibilidade de trabalhar com as ponderações jurídicas pertinentes da realidade sócio-econômica e dignidade humana), no momento da perícia; ● enfermidade, na sociedade, sem peculiaridades no caso que excepcione os precedentes judiciais; ● tratamento de saúde disponível na rede pública, cabendo à parte autora contribuir com a eficiência do mesmo; ● vontade do autor, naturalmente afetada pela instabilidade ocupacional; ● desnecessidade de reabilitação profissional; ● discriminação irrelevante para o caso. No caso dos autos, o(a) perito judicial constatou que o(a) demandante é portador(a) de “F41.0 – Transtorno de pânico”, mas concluiu que não há limitação nem incapacidade para o exercício da(s) das atividade(s) laborais, em decorrência da(s) referida(s) enfermidade(s). (anexo 13). Assim, considerando que o(a) autor(a) se encontra capaz, não havendo elementos que justifiquem seu afastamento, entendo pela improcedência da pretensão deduzida, diante da inexistência de incapacidade para o exercício das atividades laborais. Não procede a impugnação. Com efeito, no momento da perícia, cabe à parte Autora apresentar a prova de todo período incapacitante alegado, o que não foi feito. DISPOSITIVO POSTO ISSO, julgo improcedente o pedido. Intimem-se. Deferida Justiça Gratuita. Sem honorários e sem sucumbência. JOSÉ CARLOS D. T. DE SOUZA
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
70
0503421-79.2018.4.05.8100
2018-02-16 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-02-16 15:34:28
Sentença - Benefício diverso de aposentadoria por invalidez - Adicional 25%
2018-04-12T14:13:13
Acórdão - COM VOTO
ANDRÉ DIAS FERNANDES (MAGISTRADO TURMA RECURSAL)
2018-04-10 14:00:00
SERGIO FIÚZA TAHIM DE SOUSA BRASIL
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
CE010047
SENTENÇA I - RELATÓRIO. Cuida-se de ação ajuizada em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em que a parte autora pleiteia a concessão do adicional de 25% (vinte e cinco por cento) sobre benefício diverso da aposentadoria por invalidez, sob o fundamento da isonomia. Dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95. II – FUNDAMENTAÇÃO. Inicialmente, defiro o pedido de justiça gratuita. No caso, temos que a parte autora é titular de benefício previdenciário diverso da aposentadoria por invalidez, conforme a carta de concessão acostada aos autos. Pois bem. Observo que o Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei no 8.213/91), bem como o seu regulamento (Decreto no 3.048/99), determinam a aplicação do referido acréscimo apenas nos casos em que o titular de aposentadoria por invalidez necessita da assistência permanente de terceiro. Neste sentido, transcrevo o art. 45 da Lei no 8.213/91, verbis: Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo: a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado; c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. (grifo acrescido) Assim, admitir a incorporação de adicional em benefício não estabelecido pelo legislador representaria afronta direta à legalidade e ainda ao princípio constitucional da necessária prévia fonte de custeio para os benefícios previdenciários, a teor do disposto no parágrafo 5o do art. 195 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. Desse modo, não se cabe falar em desrespeito à isonomia, tendo em vista a necessidade de observância de outros princípios também de status constitucional, como os já citados princípios da legalidade e da prévia fonte de custeio, de modo a se garantir o equilíbrio financeiro e atuarial da Previdência Social. A tese de que o adicional de 25% (vinte e cinco por cento), na verdade, destina-se a amparar qualquer pessoa em situação de “grande invalidez”, independentemente da espécie de aposentadoria de que é titular, ensejaria a possibilidade de se estender este acréscimo a todo tipo de benefício previdenciário, indistintamente, neste caso sim sob o fundamento de se atender à isonomia constitucionalmente prevista, inclusive àqueles que não se relacionam com incapacidade, a exemplo da pensão por morte. Neste caso, estaríamos diante de criação de uma nova espécie de benefício previdenciário, sem lei neste sentido, e ainda sem a necessária correspondência de custeio para se evitar o colapso do Regime Geral de Previdência Social. Destaque-se que a universalidade de cobertura e de atendimento, princípio constitucional da seguridade social, a teor do disposto no art. 194, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal de 1988, no campo da previdência social, apresenta aplicação mais restrita, ao contrário do que ocorre nas searas da saúde e da assistência, pois sempre haverá limitação pelo aspecto subjetivo, em relação à necessária qualidade de segurado do beneficiário, e também pela capacidade contributiva do Estado e pelo que dispuser a lei. A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça recentemente enfrentou o tema e decidiu nos seguintes termos: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ADICIONAL DE GRANDE INVALIDEZ. ARTIGO 45 DA LEI 8.213⁄1991. EXTENSÃO PARA OUTRAS TIPOS DE APOSENTADORIA. NÃO CABIMENTO. CASO CONCRETO: SITUAÇÃO FÁTICA DIFERENCIADA RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA POR TEMPO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO QUE EMBORA APOSENTADO RETORNOU AO MERCADO DE TRABALHO E EM ACIDENTE DO TRABALHO SE TORNOU INCAPAZ. INCIDÊNCIA DO ADICIONAL. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O presente caso enfrenta a tese do cabimento do adicional de grande invalidez, previsto no artigo 45 da Lei 8.213⁄1991, a outros tipos de aposentadoria, além da aposentadoria por invalidez. 2. O acréscimo de 25%, denominado adicional de grande invalidez, a ser concedido em favor do segurado que necessite de assistência permanente de outra pessoa, é exclusivo da aposentadoria por invalidez. Prevalência do princípio da contrapartida. 3. A aposentadoria por invalidez, conforme reza o artigo 42 da Lei 8.213⁄1991, é o benefício previdenciário concedido ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida. Ameniza as necessidades advindas da incapacidade para o trabalho, valor supremo da Ordem Social. 4. No presente caso, o autor, aposentado por tempo de serviço, retornou ao mercado de trabalho, quando então sofreu acidente do trabalho, perdendo as duas pernas, momento em que requereu junto ao INSS a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez com o adicional de 25%. Requerimento indeferido sob o fundamento de que a aposentadoria era por tempo e não por invalidez. 5. A situação fática diferenciada autoriza a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez, com o adicional de 25%, desde o requerimento administrativo, pois, estando em atividade, o trabalhador segurado sofreu acidente do trabalho que lhe causou absoluta incapacidade. 6. Recurso especial conhecido e não provido.” (STJ, REsp n.o 1.475.512, Segunda Turma, DJ 18/12/2015, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, unânime, g.n.). Destarte, sendo a parte autora beneficiária de prestação previdenciária para o qual inexiste previsão legal de acréscimo, em razão de invalidez, não faz jus a mesma ao pleiteado adicional de 25% (vinte e cinco por cento), o qual se aplica apenas aos benefícios de aposentadoria por invalidez. III – DISPOSITIVO. Com base nestes esteios, julgo improcedente o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Transitada em julgado, arquivem-se os autos. Interposto recurso voluntário, intime-se a outra parte para contrarrazões. Apresentadas estas ou certificado o decurso do prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal. Fortaleza/CE, data supra. SÉRGIO FIUZA TAHIM DE SOUSA BRASIL
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE CONCESSÃO DE ADICONAL 25% SOBRE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. SENTENÇA MANTIDA (ART. 46 DA LEI 9.099/95). DESPROVIMENTO DO RECURSO. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de adicional de 25% sobre benefício previdenciário, nos termos do art. 45, da Lei no 8.213/91. O adicional de 25% sobre o benefício de aposentadoria por invalidez encontra-se previsto no art. 45 da Lei no 8.213/1991, que assim dispõe: " o valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento)”. A lei de benefícios previdenciários é especifica. ou seja restringe o deferimento de tal acréscimo aos segurados que percebam aposentadoria por invalidez, como forma de incremento pecuniário para aqueles que, alem de se encontrarem incapacitados, necessitem de ajuda de terceiros para os atos do cotidiano. Analisando atentamente a Sentença recorrida (anexo 12), que julgou IMPROCEDENTE o pedido inicial, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. Por tal razão, valho-me dos fundamentos do julgado monocrático como causa de decidir, na forma do art. 46 da Lei n° 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n° 10.259/2001, com a súmula de julgamento servindo de acórdão, in verbis: " Pois bem. Observo que o Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei no 8.213/91), bem como o seu regulamento (Decreto no 3.048/99), determinam a aplicação do referido acréscimo apenas nos casos em que o titular de aposentadoria por invalidez necessita da assistência permanente de terceiro. Neste sentido, transcrevo o art. 45 da Lei no 8.213/91, verbis: Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo: a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado; c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. (grifo acrescido) Assim, admitir a incorporação de adicional em benefício não estabelecido pelo legislador representaria afronta direta à legalidade e ainda ao princípio constitucional da necessária prévia fonte de custeio para os benefícios previdenciários, a teor do disposto no parágrafo 5o do art. 195 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. Desse modo, não se cabe falar em desrespeito à isonomia, tendo em vista a necessidade de observância de outros princípios também de status constitucional, como os já citados princípios da legalidade e da prévia fonte de custeio, de modo a se garantir o equilíbrio financeiro e atuarial da Previdência Social. A tese de que o adicional de 25% (vinte e cinco por cento), na verdade, destina-se a amparar qualquer pessoa em situação de “grande invalidez”, independentemente da espécie de aposentadoria de que é titular, ensejaria a possibilidade de se estender este acréscimo a todo tipo de benefício previdenciário, indistintamente, neste caso sim sob o fundamento de se atender à isonomia constitucionalmente prevista, inclusive àqueles que não se relacionam com incapacidade, a exemplo da pensão por morte. Neste caso, estaríamos diante de criação de uma nova espécie de benefício previdenciário, sem lei neste sentido, e ainda sem a necessária correspondência de custeio para se evitar o colapso do Regime Geral de Previdência Social. Destaque-se que a universalidade de cobertura e de atendimento, princípio constitucional da seguridade social, a teor do disposto no art. 194, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal de 1988, no campo da previdência social, apresenta aplicação mais restrita, ao contrário do que ocorre nas searas da saúde e da assistência, pois sempre haverá limitação pelo aspecto subjetivo, em relação à necessária qualidade de segurado do beneficiário, e também pela capacidade contributiva do Estado e pelo que dispuser a lei. A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça recentemente enfrentou o tema e decidiu nos seguintes termos: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ADICIONAL DE GRANDE INVALIDEZ. ARTIGO 45 DA LEI 8.213⁄1991. EXTENSÃO PARA OUTRAS TIPOS DE APOSENTADORIA. NÃO CABIMENTO. CASO CONCRETO: SITUAÇÃO FÁTICA DIFERENCIADA RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA POR TEMPO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO QUE EMBORA APOSENTADO RETORNOU AO MERCADO DE TRABALHO E EM ACIDENTE DO TRABALHO SE TORNOU INCAPAZ. INCIDÊNCIA DO ADICIONAL. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O presente caso enfrenta a tese do cabimento do adicional de grande invalidez, previsto no artigo 45 da Lei 8.213⁄1991, a outros tipos de aposentadoria, além da aposentadoria por invalidez. 2. O acréscimo de 25%, denominado adicional de grande invalidez, a ser concedido em favor do segurado que necessite de assistência permanente de outra pessoa, é exclusivo da aposentadoria por invalidez. Prevalência do princípio da contrapartida. 3. A aposentadoria por invalidez, conforme reza o artigo 42 da Lei 8.213⁄1991, é o benefício previdenciário concedido ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida. Ameniza as necessidades advindas da incapacidade para o trabalho, valor supremo da Ordem Social. 4. No presente caso, o autor, aposentado por tempo de serviço, retornou ao mercado de trabalho, quando então sofreu acidente do trabalho, perdendo as duas pernas, momento em que requereu junto ao INSS a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez com o adicional de 25%. Requerimento indeferido sob o fundamento de que a aposentadoria era por tempo e não por invalidez. 5. A situação fática diferenciada autoriza a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez, com o adicional de 25%, desde o requerimento administrativo, pois, estando em atividade, o trabalhador segurado sofreu acidente do trabalho que lhe causou absoluta incapacidade. 6. Recurso especial conhecido e não provido.” (STJ, REsp n.o 1.475.512, Segunda Turma, DJ 18/12/2015, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, unânime, g.n.). Destarte, sendo a parte autora beneficiária de prestação previdenciária para o qual inexiste previsão legal de acréscimo, em razão de invalidez, não faz jus a mesma ao pleiteado adicional de 25% (vinte e cinco por cento), o qual se aplica apenas aos benefícios de aposentadoria por invalidez." Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos, nos termos do art.46 da Lei no 9.099/95, com o consequente desprovimento do recurso inominado. Ante o exposto. NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado. Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando a execução suspensa nos termos do art. 98, § 3o, do CPC/2015, em razão do deferimento da justiça gratuita. Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Nagibe de Melo Jorge Netoe Júlio Rodrigues Coelho Neto. Fortaleza, data da sessão. André Dias Fernandes Juiz Federal
1,011
1,290
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26-CE
0
0.042685
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de ação ajuizada em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em que a parte autora pleiteia a concessão do adicional de 25% (vinte e cinco por cento) sobre benefício diverso da aposentadoria por invalidez, sob o fundamento da isonomia. Dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95. II – FUNDAMENTAÇÃO. Inicialmente, defiro o pedido de justiça gratuita. No caso, temos que a parte autora é titular de benefício previdenciário diverso da aposentadoria por invalidez, conforme a carta de concessão acostada aos autos. Pois bem. Observo que o Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei no 8.213/91), bem como o seu regulamento (Decreto no 3.048/99), determinam a aplicação do referido acréscimo apenas nos casos em que o titular de aposentadoria por invalidez necessita da assistência permanente de terceiro. Neste sentido, transcrevo o art. 45 da Lei no 8.213/91, verbis: Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo: a) será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal; b) será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado; c) cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão. (grifo acrescido) Assim, admitir a incorporação de adicional em benefício não estabelecido pelo legislador representaria afronta direta à legalidade e ainda ao princípio constitucional da necessária prévia fonte de custeio para os benefícios previdenciários, a teor do disposto no parágrafo 5o do art. 195 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. Desse modo, não se cabe falar em desrespeito à isonomia, tendo em vista a necessidade de observância de outros princípios também de status constitucional, como os já citados princípios da legalidade e da prévia fonte de custeio, de modo a se garantir o equilíbrio financeiro e atuarial da Previdência Social. A tese de que o adicional de 25% (vinte e cinco por cento), na verdade, destina-se a amparar qualquer pessoa em situação de “grande invalidez”, independentemente da espécie de aposentadoria de que é titular, ensejaria a possibilidade de se estender este acréscimo a todo tipo de benefício previdenciário, indistintamente, neste caso sim sob o fundamento de se atender à isonomia constitucionalmente prevista, inclusive àqueles que não se relacionam com incapacidade, a exemplo da pensão por morte. Neste caso, estaríamos diante de criação de uma nova espécie de benefício previdenciário, sem lei neste sentido, e ainda sem a necessária correspondência de custeio para se evitar o colapso do Regime Geral de Previdência Social. Destaque-se que a universalidade de cobertura e de atendimento, princípio constitucional da seguridade social, a teor do disposto no art. 194, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal de 1988, no campo da previdência social, apresenta aplicação mais restrita, ao contrário do que ocorre nas searas da saúde e da assistência, pois sempre haverá limitação pelo aspecto subjetivo, em relação à necessária qualidade de segurado do beneficiário, e também pela capacidade contributiva do Estado e pelo que dispuser a lei. A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça recentemente enfrentou o tema e decidiu nos seguintes termos: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ADICIONAL DE GRANDE INVALIDEZ. ARTIGO 45 DA LEI 8.213⁄1991. EXTENSÃO PARA OUTRAS TIPOS DE APOSENTADORIA. NÃO CABIMENTO. CASO CONCRETO: SITUAÇÃO FÁTICA DIFERENCIADA RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA POR TEMPO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO QUE EMBORA APOSENTADO RETORNOU AO MERCADO DE TRABALHO E EM ACIDENTE DO TRABALHO SE TORNOU INCAPAZ. INCIDÊNCIA DO ADICIONAL. CABIMENTO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. O presente caso enfrenta a tese do cabimento do adicional de grande invalidez, previsto no artigo 45 da Lei 8.213⁄1991, a outros tipos de aposentadoria, além da aposentadoria por invalidez. 2. O acréscimo de 25%, denominado adicional de grande invalidez, a ser concedido em favor do segurado que necessite de assistência permanente de outra pessoa, é exclusivo da aposentadoria por invalidez. Prevalência do princípio da contrapartida. 3. A aposentadoria por invalidez, conforme reza o artigo 42 da Lei 8.213⁄1991, é o benefício previdenciário concedido ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida. Ameniza as necessidades advindas da incapacidade para o trabalho, valor supremo da Ordem Social. 4. No presente caso, o autor, aposentado por tempo de serviço, retornou ao mercado de trabalho, quando então sofreu acidente do trabalho, perdendo as duas pernas, momento em que requereu junto ao INSS a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez com o adicional de 25%. Requerimento indeferido sob o fundamento de que a aposentadoria era por tempo e não por invalidez. 5. A situação fática diferenciada autoriza a transformação da aposentadoria por tempo em aposentadoria por invalidez, com o adicional de 25%, desde o requerimento administrativo, pois, estando em atividade, o trabalhador segurado sofreu acidente do trabalho que lhe causou absoluta incapacidade. 6. Recurso especial conhecido e não provido.” (STJ, REsp n.o 1.475.512, Segunda Turma, DJ 18/12/2015, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, unânime, g.n.). Destarte, sendo a parte autora beneficiária de prestação previdenciária para o qual inexiste previsão legal de acréscimo, em razão de invalidez, não faz jus a mesma ao pleiteado adicional de 25% (vinte e cinco por cento), o qual se aplica apenas aos benefícios de aposentadoria por invalidez. III – DISPOSITIVO. Com base nestes esteios, julgo improcedente o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Transitada em julgado, arquivem-se os autos. Interposto recurso voluntário, intime-se a outra parte para contrarrazões. Apresentadas estas ou certificado o decurso do prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal. Fortaleza/CE, data supra. SÉRGIO FIUZA TAHIM DE SOUSA BRASIL
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0514368-26.2017.4.05.8102
2017-11-30 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-02-07 17:41:24
Sentença - Auxílio-doença/aposentadoria por invalidez - Capacidade
2018-04-18T14:19:09
Acórdão - Com voto
NAGIBE DE MELO JORGE NETO (3ª Turma)
2018-04-17 14:00:00
DEBORA AGUIAR DA SILVA SANTOS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE022078D
SENTENÇA A parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, almejando a/o concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Estando o relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos juizados especiais federais, passo à fundamentação e posterior decisão. 1. FUNDAMENTAÇÃO Entendo não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial. Note-se que o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois, o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (arts. 59 e 60 da Lei n.o 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da mesma Lei). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. A respeito dos benefícios discutidos nesta ação leciona o Dr. Marcelo Leonardo Tavares (in Direito Previdenciário, 7.a ed., 2005, p. 150): "As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91)". A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Entendo, com amparo na perícia judicial realizada, não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial, haja vista que o laudo pericial concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa. Podendo, teoricamente, no aspecto físico/mental, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. Dessa forma, havendo o perito constatado a inexistência de incapacidade laboral, conclusão esta não afastada pelo cenário probatório presente no caso sub judice, inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: "PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.". (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). No que concerne aos demais pressupostos exigidos para a concessão do benefício postulado, quais sejam, a qualidade de segurado(a) e a carência de, no mínimo, 12 (doze) meses, entendo não haver necessidade de se adentrar ao assunto, tendo em vista que o requisito da inaptidão laborativa, consoante elucidado acima, não foi preenchido, impedindo o acolhimento do pleito, por serem as exigências legais cumulativas e não alternativas. Desse modo, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC/2015. Defiro o pedido de justiça gratuita formulado na petição inicial. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Juazeiro do Norte, data supra. DÉBORA AGUIAR DA SILVA SANTOS Juíza Federal da 30a Vara/CE
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE CONCESSÃO/RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL.IRRESIGNAÇÃO. CAPACIDADE LABORATIVA. NÃO CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. I.Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão/restabelecimento de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. II.Não é causa de nulidade nos juizados especiais federais a mera falta de intimação das partes da juntada do laudo pericial (TRSP - processo 00040358320114036309/e-DJF3 23/10/2012 - e enunciado n.o 84 do FONAJEF). O que a legislação exige é a intimação das partes para que apresentem quesitos e indiquem assistente técnico para acompanhar a realização da perícia, a teor do art. 12, § 2.o, da Lei n.o 10.259/01. III.Também não merece prosperar o pedido de realização de um segundo exame pericial. Uma nova perícia somente se justificaria, nos termos do art. 480 do NCPC, se a matéria não se apresentasse suficientemente esclarecida ou, ainda, na hipótese de invalidade da perícia, motivada por vício formal ou material, o que não é o caso. IV.O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. V.Na hipótese dos autos, verifica-se que a perícia médica, realizada por médico de confiança do juízo (anexo 16), evidencia que, apesar de a parte autora (57 anos - comerciante) apresentar/ser portador de “sequela de fraturas múltiplas em arcos costais, mão direita e clavícula direita”, não há incapacidade atual, tampouco definitiva, apta à concessão do pleito. VI.O simples fato de alguém ser portador de alguma lesão/doença, ainda que grave, não necessariamente a torna incapaz de exercer alguma atividade laborativa que lhe proporcione a subsistência. VII.Não havendo nos autos lastro probatório apto a infirmar as conclusões do perito e diante dos demais elementos probantes encontrados nos autos (laudos e outros exames médicos e/ou hospitalares, além de outros), inclusive em relação à idade, ao grau de escolaridade, ao meio social, o nível econômico e a atividade desenvolvida pela parte autora, a sentença monocrática deve ser mantida, dada a inexistência de qualquer incapacidade laborativa capaz de ensejar o reconhecimento do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez. VIII.Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. IX.Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos, com consequente desprovimento do recurso inominado. X.Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando a execução suspensa nos termos do art. 98, § 3o, do N-CPC, em razão do deferimento da justiça gratuita. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em negar provimento ao recurso inominado, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Júlio Rodrigues Coelho Neto e André Dias Fernandes. Fortaleza, data supra. NAGIBE DE MELO JORGE NETO
943
612
0
0
30-CE
1
69.337083
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, almejando a/o concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Estando o relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos juizados especiais federais, passo à fundamentação e posterior decisão. 1. FUNDAMENTAÇÃO Entendo não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial. Note-se que o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois, o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (arts. 59 e 60 da Lei n.o 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42 da mesma Lei). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. A respeito dos benefícios discutidos nesta ação leciona o Dr. Marcelo Leonardo Tavares (in Direito Previdenciário, 7.a ed., 2005, p. 150): "As normas referentes ao auxílio-doença encontram-se previstas a partir do art. 59 da Lei n.o 8.213/91, devendo ser concedido por motivo de incapacidade provisória, por mais de quinze dias. Seu valor corresponde 91% do salário-de-beneficio, nunca inferior a um salário mínimo, nos termos do art. 201, § 2o, da Constituição da República. A aposentadoria por invalidez, por outro lado, é beneficio devido pela ocorrência de incapacidade permanente para qualquer atividade laboral, sendo pago no percentual de 100% do salário-de-benefício. Ademais, seus segurados, da mesma forma que os beneficiários em gozo de auxílio-doença, estão obrigados, em que pese o caráter permanente, a submeter-se a perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, permitindo-se ao INSS o cancelamento da aposentadoria se houver recuperação (arts. 101 e 47 da Lei no 8.213/91 c/c art. 70 da Lei no 8.212/91)". A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Entendo, com amparo na perícia judicial realizada, não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial, haja vista que o laudo pericial concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa. Podendo, teoricamente, no aspecto físico/mental, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. Dessa forma, havendo o perito constatado a inexistência de incapacidade laboral, conclusão esta não afastada pelo cenário probatório presente no caso sub judice, inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: "PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.". (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). No que concerne aos demais pressupostos exigidos para a concessão do benefício postulado, quais sejam, a qualidade de segurado(a) e a carência de, no mínimo, 12 (doze) meses, entendo não haver necessidade de se adentrar ao assunto, tendo em vista que o requisito da inaptidão laborativa, consoante elucidado acima, não foi preenchido, impedindo o acolhimento do pleito, por serem as exigências legais cumulativas e não alternativas. Desse modo, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC/2015. Defiro o pedido de justiça gratuita formulado na petição inicial. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Juazeiro do Norte, data supra. DÉBORA AGUIAR DA SILVA SANTOS Juíza Federal da 30a Vara/CE
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
16
0506752-73.2017.4.05.8401
2017-10-04 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ (00.100.200/3000-04) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - Mossoró (29.979.036/0253-05)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-10 16:15:54
Sentença - Improcedente
2018-04-18T14:30:28
Acórdão - NP
FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
2018-04-18 08:00:00
MARIA JÚLIA TAVARES DO CARMO PINHEIRO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
RN006645
SENTENÇA TIPO A Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do relatório. Passo, assim, à fundamentação. I - FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINAR – COISA JULGADA A autarquia previdenciária informa na contestação a possibilidade de coisa julgada do presente processo com outros anteriormente julgados. No entanto, rejeito a preliminar arguida, pois não há demanda anterior do autor com a mesma causa de pedir da lide em questão. PRELIMINAR – LITISPENDÊNCIA O INSS alega em sede de preliminar a litispendência, pois supostamente estaria tramitando outro feito com os mesmos pedidos e causa de pedir desta demandada. Ocorre que inexiste a duplicidade de ações motivo pelo qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MPF O INSS alegou a obrigatoriedade de intervenção no presente feito por se tratar de benefício assistencial ao deficiente físico. Ocorre que, o Ministério Público deve intervir nas causas que houver interesse de incapaz, interesse público ou social e ainda litígios coletivos pela possa de terra rural ou urbana conforme o art 178 do Novo Código de Processo Civil: Art. 178.O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Na realidade fática a hipótese dos autos não autoriza a intervenção obrigatória de membro do Ministério Público posto que, não há qualquer elemento nos autos que demonstre que o autor tenha incapacidade civil, e por isso, rejeito a presente preliminar suscitada. PRELIMINAR - FALTA DE INTERESSE DE AGIR A autarquia previdenciária alega em contestação a ausência de interesse de agir da autora tendo em vista a ausência de requerimento administrativo. Todavia, há, nos autos, prova do requerimento/cessação do benefício. Ademais, o INSS resistiu à pretensão dos presentes autos ao contestar o mérito da demanda. Assim, não é razoável atribuir à autora o ônus de ir novamente à Autarquia requerer o benefício, especialmente porque, tendo o INSS se insurgido, no presente feito, contra a pretensão resulta manifesta a necessidade e utilidade do provimento jurisdicional postulado. Portanto, diante das evidências, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – “PARTE FALTOU À PERÍCIA MÉDICA E SOCIAL” O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que a parte demandante faltou a perícia médica administrativa, bem como não foi realizado o laudo social. Não obstante não houve ausência da autora no exame pericial que aconteceu regularmente, além do que, foi realizada a perícia socialem perfeitas condições. Isto posto, rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR – DOENÇA DISTINTA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO Preliminarmente, o INSS ensejou ainda a necessidade de que seja realizado um novo requerimento administrativo fundamentado no fato de que a enfermidade alegada nesta lide é diversa da do requerimento administrativo. Compulsando os autos é possível perceber que não se trata de enfermidade diversa, e portanto, o réu não assiste razão quanto a esta preliminar. PRELIMINAR – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO O INSS alega preliminarmente a incompetência do juízo, sob o fundamento de que a autora é residente e domiciliada em município não abrangido por essa seção judiciária, que seria absolutamente incompetente para julgar a presente demanda. No entanto, a partir do comprovante de residência acostado aos autos, verifica-se que a parte autora reside em município abrangido por essa seção judiciária, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – VALOR DA CAUSA Em sede de preliminar, a autarquia previdenciária demandada alegou que o valor da causa não corresponde ao somatório das parcelas vencidas e de 12 parcelas vincendas. Porém, analisando o valor da causa constante na Petição Inicial, constato estar correto. Rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR - RENÚNCIA AO TETO DO JEF O INSS alega que não houve renúncia ao teto dos Juizados Especiais Federais. Contudo, verifico que a parte autora renunciou expressamente todo e qualquer valor que exceda o teto dos Juizados Especiais Federais (60 salários-mínimos). Rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR – PEREMPÇÃO A parte ré alegou perempção afirmando que a demandada ingressou quatro vezes com a mesma ação judicial junto a este Juizado Especial Federal. Ocorre que na verdade, a demandante jamais entrou com quatro ações idênticas a esta no presente juízo. PRELIMINAR – DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que deve o causídico da parte autora comprovar sua inscrição suplementar junto ao Conselho Seccional da OAB/RN, ou, ainda, que não tenha atuado em mais de 5 causas neste Estado. Contudo, conforme se depreende da instrumento de mandato e da Petição Inicial, resta cediço a referida inscrição do advogado da parte autora na OAB/RN, sob o no 9.389, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – DA DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO O INSS também alega na preliminar da contestação, suposta ocorrência decadência do direito de ação e prescrição das prestações e eventuais diferenças vencidas há mais de cinco anos antes do ajuizamento da presente ação. No que tange à alegação de decadência, rejeito a preliminar arguida por total ausência de nexo com o material probatório que subsidia a presente ação. Conforme se depreende da análise dos autos entra a data do indeferimento administrativo do benefício e a do ajuizamento da ação não transcorreu o prazo do Art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 (dez anos).Portanto, incabível a preliminar de decadência. Em relação à suposta ocorrência de prescrição, tal alegação não merece prosperar, pois não corre prescrição contra absolutamente incapaz. Do compulsar dos autos, percebo que a parte autora é menor incapaz. De acordo com o art. 103 da Lei no 8213/91 e o art. 198, I, do Código Civil de 2002, não corre prescrição contra os incapazes. Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. INTERESSE DEINCAPAZ. PRESCRIÇÃO. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1. O art. 198, I, do Código Civil estabelece que não corre a prescrição contra os incapazes. 2. Menor habilitado como dependente, tem direito à pensão por morte, a contar da data do óbito, pois bastava a sua filiação, posto que, em face da proteção legal dispensada aos interesses dos menores absolutamente incapazes, não é razoável firmar entendimento de que a referida norma exija destes a formalização da habilitação, mesmo porque tal proceder dependeria da atuação de seus representantes legais, que poderiam se mostrar desidiosos em seus misteres. 3. A prescrição qüinqüenal não corre contra os absolutamente incapazes (art. 198, inciso I do CC 2002 e art. 103, parágrafo único da Lei 8.213/91). (TRF 1. AC 0023816-45.2010.4.01.9199/MG, Rel. Juiz Federal Murilo Fernandes de Almeida (conv.), Segunda Turma, DJ de 16/01/2013, p.235) 4. Embargos de declaração acolhidos. Assim, rejeito a preliminar arguida. MÉRITO Cuida-se de ação especial previdenciária promovida pela parte autora, devidamente qualificada na exordial, contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à obtenção de provimento jurisdicional que determine a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, da Lei no 8.742/93, por ser portador(a) de deficiência física, que o(a) incapacita para o trabalho e para a vida independente. Pugna, outrossim, pelo pagamento das prestações vencidas e vincendas, a contar da data do requerimento administrativo, acrescido de atualização monetária e juros moratórios. O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Constituição Federal, em seu art. 203, inciso V, nos seguintes termos: “Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...) V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” (Grifo acrescido) Da simples leitura desse dispositivo constitucional, dessume-se que, para a obtenção desse benefício, no valor de um salário mínimo, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa ou portadora de deficiência física ou mental e encontre-se impossibilitada de prover os meios necessários à sua manutenção ou tê-la provida por sua família. Nesse contexto, em face da necessidade de regulamentação infraconstitucional, conforme disposto no próprio art. 203, V da Constituição Federal de 1988, veio a lume a Lei no 8.742, de 07 de dezembro de 1993, que dispôs sobre a organização da assistência social, além de traçar outras providências, estabelecendo as condições necessárias à conquista do direito ao benefício assistencial, tracejando o seguinte alicerce: “Art. 20.O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1oPara os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2oPara efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3oConsidera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (...) § 10.Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.” (com grifos acrescidos). Frise-se que, com a alteração da Lei no 8.742/1993, pela Lei no 12.470/2011, o conceito de deficiência para os efeitos do benefício assistencial alterou-se profundamente, de modo que não mais se cuida de aferir se o requerente é incapacitado para a vida independente ou para o trabalho, mas tão somente se possui impedimentos de longo prazo, ou seja, por no mínimo 2 (dois) anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Quando figurar no polo ativo da demanda crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, portadores de impedimento de longo prazo, na trilha do art. 4o, § 1o do Decreto no 6.214/2007, deve ser avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade (No mesmo entendimento: Processo 00386246220104036301, JUIZ(A) FEDERAL ADRIANA PILEGGI DE SOVERAL, TRSP - 1a Turma Recursal - SP, DJF3 DATA: 11/04/2012.) No que toca à renda per capita, interessante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal no RE 580.963-PR, declarou a inconstitucionalidade do § 3o, do art. 20, da Lei no 8.742/1993, sem pronúncia de nulidade, dando pela sua validade até 31 de dezembro de 2014. Para a Corte Suprema, o critério pode e deve ser flexibilizado, podendo o juiz, no caso concreto, aferir a situação socioeconômica da parte e concretizar, na medida do possível, o primado da dignidade humana e o dever de proteção dos hipossuficientes. A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais neste Estado do Rio Grande do Norte, por seu turno, recentemente fixou orientação no sentido de que “o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Reclamação no 4374, e os Recursos Extraordinários 567985 e 580963, entendeu que meio salário mínimo, de acordo com as leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, deve ser considerado o novo padrão de renda familiar per capita”. Confira-se, a título exemplificativo, um dos julgados desse teor: “ASSISTÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DO DEFICIENTE. LOAS. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. INTERNALIZAÇÃO COMO NORMA CONSTITUCIONAL. ART. 203, INC. V, DA CRFB E ART. 20 DA LEI No 8.742/1993. PESSOA COM DEFICIÊNCIA. IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO. LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. IMPROVIMENTO DE RECURSO. - O Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo no 186/2008, aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Por ter sido aprovada segundo o rito previsto no § 3o do art. 5o da CF, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência detém status de emenda constitucional e, portanto, de norma constitucional formal e materialmente. - A referida Convenção, em seu artigo 1o, define pessoas com deficiência como sendo “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. - A seu turno, a Carta Magna de 1988 assegura, em seu art. 203, inciso V, um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (65 anos, por força da Lei 10.471/2003), que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. - A Lei no 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, por intermédio do seu art. 20 estipula, mais especificamente nos §§ 2o e 3o, com as modificações patrocinadas pelas Leis nos 12.435 e 12.470/2011, que, para obter a concessão do benefício assistencial, no caso do deficiente, a pessoa deve apresentar impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que possa obstaculizar, ao lado de diversas outras barreiras, a sua participação plena e efetiva no tecido social em igualdade de condições com as demais pessoas, desde que a renda mensal familiar, inclusive na hipótese do idoso, corresponda a um montante inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo per capita. - No caso em espécie, o laudo pericial e os demais elementos probatórios constantes dos autos revelam ser a parte autora portadora de deficiência que a limita por longo prazo a ter participação social efetiva em igualdade de condições com as demais pessoas, merecendo ela receber o benefício assistencial postulado na petição inicial. - Por força do princípio da informalidade e da celeridade que norteiam o procedimento do Juizado Especial, não há necessidade de que as partes sejam intimadas do laudo pericial, podendo sua impugnação ser feita no recurso. No caso em exame, como já afirmado, não só o laudo pericial como os demais elementos probatórios demonstram a configuração da deficiência de impedimento de longo prazo a justificar o recebimento do LOAS. - Relembre-se que a incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada (Súmula no 48 – TNU). - Quanto à constitucionalidade ou não do § 3o do art. 20 da Lei n. 8.742/93, modificiando entendimento anterior, o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Reclamação no 4374, e os Recursos Extraordinários 567985 e 580963, entendeu que meio salário mínimo, de acordo com as leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, deve ser considerado o novo padrão de renda familiar per capita. - Sentença que deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos. - Recurso inominado improvido.” (Processo no 0503456-53.2011.4.05.8401, 29 de maio de 2013). Em relação às verbas que constituiriam a renda mensal bruta, deve-se observar que o art. 20, § 3o, da Lei da Assistência Social foi complementado pelo art. 4o, VI, do Decreto no 6.214/2007, o qual elenca o que pode fazer parte do referido conceito: “Art. 4o Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: (...) VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19[1].” De outro lado, também faz a exclusão do que poderia ser renda mensal bruta familiar, no § 2o, do mesmo dispositivo: “Art. 4o (...) § 2oPara fins do disposto no inciso VI do caput, não serão computados como renda mensal bruta familiar: I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária; II - valores oriundos de programas sociais de transferência de renda; III - bolsas de estágio curricular; IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência médica, conforme disposto no art. 5o; V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; e VI - remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz.” Para a composição da renda, deve ser também analisado, de forma estrita, o rol dos entes que compõem o grupo familiar, nos termos do art. 20, § 1o, da Lei no 8.742/1993, devendo ser excluído do cálculo aquele que não faz parte do conceito de família, juntamente com a renda que percebe (No mesmo sentido consultar: TNU, PEDILEF 200871950018329, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU de 27/04/2012). Deve ficar claro, ainda, que o referido benefício não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, salvo os de assistência medica e da pensão especial de natureza indenizatória, conforme o art. 4o, § 4o, do Decreto no 6.214/2007. Na lide ora sob apreciação, as peculiaridades da situação pessoal da requerente não autorizam o deferimento do pleito. Senão vejamos. No caso dos autos, o laudo médico pericial atesta que a parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, que podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas, mas ressalta que tal impedimento tem apenas grau leve, não provoca demanda por cuidados especiais dos pais e não gera efeitos pelo prazo mínimo de dois anos (anexo 11). Nas palavras do expert: “4. CONCLUSÃO PERICIAL. A partir do exame pericial e da análise de exames complementares, e demais documentos apresentados pela genitora, é possível determinar que a autora não necessita de supervisão constante e auxilio para os atos da vida independente. 5. RESPOSTA AOS QUESITOS DO JUIZ. 1. A parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas? Qual ou quais? (Art. 20, §2o, da LOAS, com redação dada pela Lei no 12.470/11) Sim. A autora é portadora de Esclero 3 patologia enumerada no CID 10 por M34.9. 2. Caso positiva a resposta anterior, esses impedimentos produzem efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos? Não. 3. Sendo a parte autora portadora de deficiência, informe o (a) Sr (a). Perito (a), diante da avaliação da deficiência, qual o grau de incapacidade decorrente, se leve, moderada ou severa. Apresenta incapacidade leve. 4. É possível definir a data do início da incapacidade?Qual? Quesito prejudicado. 5. Se positiva a resposta anterior, tal doença, deficiência ou sequela acarreta ou acarretou alguma limitação no seu (da criança ou do adolescente) desenvolvimento normal (físico, químico e/ou social) compatível com a idade? Quesito prejudicado. 6. A doença, deficiência ou sequela limita ou restringe as atividades próprias da idade (brincar, estudar, comunicar-se,locomover-se)? Quesito prejudicado. 7. A doença, deficiência ou sequela leva a restrição de participação social (impede a convivência com outras crianças ou familiares, conduz a internações frequentes ou a algum tipo de isolamento, impede a frequência à escola? Quesito prejudicado. 8. A doença, deficiência ou sequela exige por partes dos pais algum cuidado especial diferente daquele dispensado às crianças da mesma idade? Torna-a mais dependente do que as outras crianças ou adolescentes da mesma idade? Não. Não. 9. A doença, deficiência ou sequela tornou imprescindível o uso de medicamentos controlados, a serem ministrados com rigor e cautela em horários pré-determinados? Sim. 10. Há tratamento e acompanhamento na rede pública no local onde reside a criança ou adolescente? Os medicamentos são fornecidos gratuitamente? Há necessidade de deslocamento do município de residência do menor para os tratamentos e/ou aquisição demedicamentos? 4 Sim. Não. Sim. 11. Preste o (a) Sr (a). Perito(a) os esclarecimentos que julgar necessários. Nada digno de nota.” Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes, não podendo ser afastada e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Assim, não sendo a parte demandante portadora de deficiência física, intelectual ou sensorial com duração mínima de dois anos (impedimento de longo prazo), incabível a concessão de benefício assistencial, mostrando-se desnecessária a perquirição acerca de sua alegada vulnerabilidade econômica. Em face do conjunto fático-probatório encontrado nos presentes autos, não merece acolhida a pretensão requerida na peça inicial. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da inicial, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, Código de Processo Civil. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita (Lei no 1.060/50). Sem custas ou honorários (arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95, combinados com o art. 1o da Lei no 10.259/01). Publicada e registrada neste ato. Intimem-se as partes. Mossoró-RN, data supra. MARIA JÚLIA TAVARES DO CARMO PINHEIRO Juíza Federal Titular da 13a Vara/RN [1] EIAC 20070599000037801, Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 - Pleno, DJE - Data::13/06/2011 - Página::117
Autos n. 0506752-73.2017.4.05.8401. EMENTA: BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DEFICIENTE.MENOR. REQUISITOS DO ARTIGO 20, DA LEI 8.742/93. NÃO PREENCHIMENTO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. 1. Trata-se de recurso da parte autora contra sentença que lhe negou o direito ao amparo assistencial por ausência de impedimento. Insiste no preenchimento dos requisitos legais, pugnando pela concessão do benefício ou, se este não for o entendimento, pelo retorno dos autos para que seja realizada a oitiva da autora e testemunhas. 2. Não ocorrência de cerceamento de defesa, uma vez que a doença da parte autora deve ser comprovada por exame médico pericial, sendo desnecessária a inquirição de testemunhas e seu depoimento. Ademais, uma vez presentes elementos probatórios suficientes nos autos, é descabida e até mesmo desnecessária a dilação probatória, dado o princípio do livre convencimento motivado. Nulidade afastada. 3. O artigo 20 da Lei 8.742/93 garante benefício mensal de um salário mínimo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais, que comprovem, em ambas as hipóteses, não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. O § 2° dispõe que "Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas". A incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício (Súm. No 48 – TNU), mas exigem-se dois anos para consideração de impedimento de longo prazo (§ 10). Outrossim, a “(...) análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, caso em que o julgador poderá avaliar se, no caso concreto, a parte dispõe de possibilidades materiais para exercer as atividades para as quais está capacitada do ponto de vista médico” (TNU, PEDILEF 05205624020114058300, rel. André Carvalho Monteiro, DOU 16/08/2013). 4.Recentemente, a Turma Nacional de Uniformização consolidou a tese de que a incapacidade temporária, independente do prazo de duração e mesmo inferior ao prazo de 2 (dois) anos, não constitui óbice para concessão de benefício assistencial ao deficiente, desde que os demais requisitos atinentes à deficiência (“impedimento de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”) ensejem o reconhecimento do impedimento: "Assim, mesmo que a deficiência fique aquém dos 02 (dois) anos, possível se afigura caracterizar o critério objetivo, que deve ser apurado em cada caso, até porque a expressão “longa duração” permite a temporariedade e a interpretação de que “90 dias” (ou mais; ou menos) possa ser considerado de “longa duração”, notadamente para as partes autoras que necessitam de um benefício desta natureza. (...) a incapacidade temporária, independente do prazo de duração, não constitui óbice para a concessão de benefício assistencial ao deficiente" (PEDILEF 05170344920124058013. rel. Kyu Soon Lee, julgado em 11/09/2014). Assim, é possível concluir que, ainda que a incapacidade tenha prognóstico de cessação em prazo inferior a dois anos, será possível a concessão do benefício assistencial, desde que a incapacidade aliada aos requisitos da deficiência sejam suficientes para caracterizar o impedimento de longo prazo que obstrua a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Porém, o só impedimento menor de 2 (dois) anos, sem análise desses outros elementos, não justifica a concessão do benefício assistencial. 5. Já o § 3o do mencionado artigo reza que "considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo".Quanto a isso, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 567.985-RG/MT, o RE 580.963-RG/PR e a Reclamação n.o 4374/PE, redator para o acórdão o Min. Gilmar Mendes, declarou a inconstitucionalidade incidenter tantum do § 3o do art. 20 da Lei 8.742/93.Ressaltou o Colegiado o esvaziamento da decisão tomada na ADI 1232/DF - na qual assentada a constitucionalidade do art. 20, § 3o, da Lei 8.742/93 -, especialmente por verificar que inúmeras reclamações ajuizadas teriam sido indeferidas a partir de condições específicas, a demonstrar a adoção de outros parâmetros para a definição de miserabilidade. Ressaltou-se, enfim, que juiz, diante do caso concreto, poderia fazer a análise da situação". 6. Na mesma oportunidade, o STF também declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 34 da Lei no 10.471/2003 (Estatuto do Idoso), cuja redação encontra-se vazada no sentido de que "O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas". 7. Na forma do art. 4o, § 1o, do Decreto no. 6.214/07, "para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada às crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade".Por sua vez, A TNU firmou a “(...) a compreensão de que ao menor de dezesseis anos, ao qual o trabalho é proibido pela Constituição, salvo o que se veja na condição de aprendiz a partir dos quatorze anos, bastam a confirmação da sua deficiência, que implique limitação ao desempenho de atividades ou restrição na participação social, compatíveis com sua idade, ou impacto na economia do grupo familiar do menor, seja por exigir a dedicação de um dos membros do grupo para seus cuidados, prejudicando a capacidade daquele familiar de gerar renda, seja por terem que dispor de recursos maiores que os normais para sua idade, em razão de remédios ou tratamentos; confirmando-se ainda a miserabilidade de sua família, para que faça jus à percepção do benefício assistencial previsto no art. 203, inc. V, da Constituição e no art. 20 da Lei n° 8.742/93” (TNU, PEDILEF 200783035014125, rel. Manoel Rolim Campbell Penna, DOU 11/03/2011). 8. Asseverou o juízo monocrático: “Na lide ora sob apreciação, as peculiaridades da situação pessoal da requerente não autorizam o deferimento do pleito. Senão vejamos. No caso dos autos, o laudo médico pericial atesta que a parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, que podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas, mas ressalta que tal impedimento tem apenas grau leve, não provoca demanda por cuidados especiais dos pais e não gera efeitos pelo prazo mínimo de dois anos (anexo 11). Nas palavras do expert: “4. CONCLUSÃO PERICIAL. A partir do exame pericial e da análise de exames complementares, e demais documentos apresentados pela genitora, é possível determinar que a autora não necessita de supervisão constante e auxilio para os atos da vida independente. 5. RESPOSTA AOS QUESITOS DO JUIZ. 1. A parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas? Qual ou quais? (Art. 20, §2o, da LOAS, com redação dada pela Lei no 12.470/11) Sim. A autora é portadora de Esclero 3 patologia enumerada no CID 10 por M34.9. 2. Caso positiva a resposta anterior, esses impedimentos produzem efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos? Não. 3. Sendo a parte autora portadora de deficiência, informe o (a) Sr (a). Perito (a), diante da avaliação da deficiência, qual o grau de incapacidade decorrente, se leve, moderada ou severa. Apresenta incapacidade leve. 4. É possível definir a data do início da incapacidade?Qual? Quesito prejudicado. 5. Se positiva a resposta anterior, tal doença, deficiência ou sequela acarreta ou acarretou alguma limitação no seu (da criança ou do adolescente) desenvolvimento normal (físico, químico e/ou social) compatível com a idade? Quesito prejudicado. 6.A doença, deficiência ou sequela limita ou restringe as atividades próprias da idade (brincar, estudar, comunicar-se,locomover-se)? Quesito prejudicado. 7. A doença, deficiência ou sequela leva a restrição de participação social (impede a convivência com outras crianças ou familiares, conduz a internações frequentes ou a algum tipo de isolamento, impede a frequência à escola? Quesito prejudicado. 8.A doença, deficiência ou sequela exige por partes dos pais algum cuidado especial diferente daquele dispensado às crianças da mesma idade? Torna-a mais dependente do que as outras crianças ou adolescentes da mesma idade? Não. Não. 9. A doença, deficiência ou sequela tornou imprescindível o uso de medicamentos controlados, a serem ministrados com rigor e cautela em horários pré-determinados? Sim. 10. Há tratamento e acompanhamento na rede pública no local onde reside a criança ou adolescente? Os medicamentos são fornecidos gratuitamente? Há necessidade de deslocamento do município de residência do menor para os tratamentos e/ou aquisição demedicamentos? 4 Sim. Não. Sim. 11. Preste o (a) Sr (a). Perito(a) os esclarecimentos que julgar necessários. Nada digno de nota.”Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes, não podendo ser afastada e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Assim, não sendo a parte demandante portadora de deficiência física, intelectual ou sensorial com duração mínima de dois anos (impedimento de longo prazo), incabível a concessão de benefício assistencial, mostrando-se desnecessária a perquirição acerca de sua alegada vulnerabilidade econômica. Em face do conjunto fático-probatório encontrado nos presentes autos, não merece acolhida a pretensão requerida na peça inicial.” – Trecho da Sentença (anexo 24). 9. Consoante se observa no laudo médico pericial (anexo 11), a autora – que conta com 10 anos de idade, encontra-se cursando o 4o ano do ensino fundamental e reside em Governador Dix-Sept Rosado/RN – é portadora de esclerose sistêmica não especificada (CID 10 M34.9). Ressaltou o expert que há mínima restrição à participação social. Destacou, ainda, que a demanda parental não exige cuidado especial ou diferente do dispensado às crianças da mesma idade e não impede a inclusão dos pais no mercado de trabalho. 10. Assim, tendo em vista que seu quadro clínico não impede a frequência escolar – considerando que se encontra cursando série compatível com sua idade -, muito menos o ingresso futuro no mercado de trabalho, nem exige acompanhamento integral por parte dos genitores, de modo a retirá-los do mercado de trabalho, não vejo, aqui, justificativa para concessão de benefício assistencial, que muito mais implicará ausência de motivação para suficiente inclusão social. 11. Sentença devidamente fundamentada que remanesce ao recurso interposto, cujas razões não afastam sua adequação ao direito vigente. 12. Recurso improvido. 13. Honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa, bem como custas, pela parte recorrente-sucumbente ficando a execução suspensa em razão do deferimento da justiça gratuita (§ 3o do art. 98 do CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, à unanimidade, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto-ementa do relator. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data do julgamento. Francisco Glauber Pessoa Alves
3,608
1,902
0
0
13-RN
2
157.198542
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
dispenso a feitura do relatório. Passo, assim, à fundamentação. I - FUNDAMENTAÇÃO PRELIMINAR – COISA JULGADA A autarquia previdenciária informa na contestação a possibilidade de coisa julgada do presente processo com outros anteriormente julgados. No entanto, rejeito a preliminar arguida, pois não há demanda anterior do autor com a mesma causa de pedir da lide em questão. PRELIMINAR – LITISPENDÊNCIA O INSS alega em sede de preliminar a litispendência, pois supostamente estaria tramitando outro feito com os mesmos pedidos e causa de pedir desta demandada. Ocorre que inexiste a duplicidade de ações motivo pelo qual rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MPF O INSS alegou a obrigatoriedade de intervenção no presente feito por se tratar de benefício assistencial ao deficiente físico. Ocorre que, o Ministério Público deve intervir nas causas que houver interesse de incapaz, interesse público ou social e ainda litígios coletivos pela possa de terra rural ou urbana conforme o art 178 do Novo Código de Processo Civil: Art. 178.O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Na realidade fática a hipótese dos autos não autoriza a intervenção obrigatória de membro do Ministério Público posto que, não há qualquer elemento nos autos que demonstre que o autor tenha incapacidade civil, e por isso, rejeito a presente preliminar suscitada. PRELIMINAR - FALTA DE INTERESSE DE AGIR A autarquia previdenciária alega em contestação a ausência de interesse de agir da autora tendo em vista a ausência de requerimento administrativo. Todavia, há, nos autos, prova do requerimento/cessação do benefício. Ademais, o INSS resistiu à pretensão dos presentes autos ao contestar o mérito da demanda. Assim, não é razoável atribuir à autora o ônus de ir novamente à Autarquia requerer o benefício, especialmente porque, tendo o INSS se insurgido, no presente feito, contra a pretensão resulta manifesta a necessidade e utilidade do provimento jurisdicional postulado. Portanto, diante das evidências, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – “PARTE FALTOU À PERÍCIA MÉDICA E SOCIAL” O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que a parte demandante faltou a perícia médica administrativa, bem como não foi realizado o laudo social. Não obstante não houve ausência da autora no exame pericial que aconteceu regularmente, além do que, foi realizada a perícia socialem perfeitas condições. Isto posto, rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR – DOENÇA DISTINTA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO Preliminarmente, o INSS ensejou ainda a necessidade de que seja realizado um novo requerimento administrativo fundamentado no fato de que a enfermidade alegada nesta lide é diversa da do requerimento administrativo. Compulsando os autos é possível perceber que não se trata de enfermidade diversa, e portanto, o réu não assiste razão quanto a esta preliminar. PRELIMINAR – INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO O INSS alega preliminarmente a incompetência do juízo, sob o fundamento de que a autora é residente e domiciliada em município não abrangido por essa seção judiciária, que seria absolutamente incompetente para julgar a presente demanda. No entanto, a partir do comprovante de residência acostado aos autos, verifica-se que a parte autora reside em município abrangido por essa seção judiciária, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – VALOR DA CAUSA Em sede de preliminar, a autarquia previdenciária demandada alegou que o valor da causa não corresponde ao somatório das parcelas vencidas e de 12 parcelas vincendas. Porém, analisando o valor da causa constante na Petição Inicial, constato estar correto. Rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR - RENÚNCIA AO TETO DO JEF O INSS alega que não houve renúncia ao teto dos Juizados Especiais Federais. Contudo, verifico que a parte autora renunciou expressamente todo e qualquer valor que exceda o teto dos Juizados Especiais Federais (60 salários-mínimos). Rejeito a presente preliminar. PRELIMINAR – PEREMPÇÃO A parte ré alegou perempção afirmando que a demandada ingressou quatro vezes com a mesma ação judicial junto a este Juizado Especial Federal. Ocorre que na verdade, a demandante jamais entrou com quatro ações idênticas a esta no presente juízo. PRELIMINAR – DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO O Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS suscita preliminarmente, em sede de contestação, que deve o causídico da parte autora comprovar sua inscrição suplementar junto ao Conselho Seccional da OAB/RN, ou, ainda, que não tenha atuado em mais de 5 causas neste Estado. Contudo, conforme se depreende da instrumento de mandato e da Petição Inicial, resta cediço a referida inscrição do advogado da parte autora na OAB/RN, sob o no 9.389, razão pela qual, rejeito a preliminar arguida. PRELIMINAR – DA DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO O INSS também alega na preliminar da contestação, suposta ocorrência decadência do direito de ação e prescrição das prestações e eventuais diferenças vencidas há mais de cinco anos antes do ajuizamento da presente ação. No que tange à alegação de decadência, rejeito a preliminar arguida por total ausência de nexo com o material probatório que subsidia a presente ação. Conforme se depreende da análise dos autos entra a data do indeferimento administrativo do benefício e a do ajuizamento da ação não transcorreu o prazo do Art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 (dez anos).Portanto, incabível a preliminar de decadência. Em relação à suposta ocorrência de prescrição, tal alegação não merece prosperar, pois não corre prescrição contra absolutamente incapaz. Do compulsar dos autos, percebo que a parte autora é menor incapaz. De acordo com o art. 103 da Lei no 8213/91 e o art. 198, I, do Código Civil de 2002, não corre prescrição contra os incapazes. Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. INTERESSE DEINCAPAZ. PRESCRIÇÃO. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1. O art. 198, I, do Código Civil estabelece que não corre a prescrição contra os incapazes. 2. Menor habilitado como dependente, tem direito à pensão por morte, a contar da data do óbito, pois bastava a sua filiação, posto que, em face da proteção legal dispensada aos interesses dos menores absolutamente incapazes, não é razoável firmar entendimento de que a referida norma exija destes a formalização da habilitação, mesmo porque tal proceder dependeria da atuação de seus representantes legais, que poderiam se mostrar desidiosos em seus misteres. 3. A prescrição qüinqüenal não corre contra os absolutamente incapazes (art. 198, inciso I do CC 2002 e art. 103, parágrafo único da Lei 8.213/91). (TRF 1. AC 0023816-45.2010.4.01.9199/MG, Rel. Juiz Federal Murilo Fernandes de Almeida (conv.), Segunda Turma, DJ de 16/01/2013, p.235) 4. Embargos de declaração acolhidos. Assim, rejeito a preliminar arguida. MÉRITO Cuida-se de ação especial previdenciária promovida pela parte autora, devidamente qualificada na exordial, contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à obtenção de provimento jurisdicional que determine a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, da Lei no 8.742/93, por ser portador(a) de deficiência física, que o(a) incapacita para o trabalho e para a vida independente. Pugna, outrossim, pelo pagamento das prestações vencidas e vincendas, a contar da data do requerimento administrativo, acrescido de atualização monetária e juros moratórios. O benefício assistencial requestado encontra-se previsto na Constituição Federal, em seu art. 203, inciso V, nos seguintes termos: “Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...) V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” (Grifo acrescido) Da simples leitura desse dispositivo constitucional, dessume-se que, para a obtenção desse benefício, no valor de um salário mínimo, faz-se mister que o interessado seja pessoa idosa ou portadora de deficiência física ou mental e encontre-se impossibilitada de prover os meios necessários à sua manutenção ou tê-la provida por sua família. Nesse contexto, em face da necessidade de regulamentação infraconstitucional, conforme disposto no próprio art. 203, V da Constituição Federal de 1988, veio a lume a Lei no 8.742, de 07 de dezembro de 1993, que dispôs sobre a organização da assistência social, além de traçar outras providências, estabelecendo as condições necessárias à conquista do direito ao benefício assistencial, tracejando o seguinte alicerce: “Art. 20.O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1oPara os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2oPara efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3oConsidera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (...) § 10.Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.” (com grifos acrescidos). Frise-se que, com a alteração da Lei no 8.742/1993, pela Lei no 12.470/2011, o conceito de deficiência para os efeitos do benefício assistencial alterou-se profundamente, de modo que não mais se cuida de aferir se o requerente é incapacitado para a vida independente ou para o trabalho, mas tão somente se possui impedimentos de longo prazo, ou seja, por no mínimo 2 (dois) anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Quando figurar no polo ativo da demanda crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, portadores de impedimento de longo prazo, na trilha do art. 4o, § 1o do Decreto no 6.214/2007, deve ser avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade (No mesmo entendimento: Processo 00386246220104036301, JUIZ(A) FEDERAL ADRIANA PILEGGI DE SOVERAL, TRSP - 1a Turma Recursal - SP, DJF3 DATA: 11/04/2012.) No que toca à renda per capita, interessante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal no RE 580.963-PR, declarou a inconstitucionalidade do § 3o, do art. 20, da Lei no 8.742/1993, sem pronúncia de nulidade, dando pela sua validade até 31 de dezembro de 2014. Para a Corte Suprema, o critério pode e deve ser flexibilizado, podendo o juiz, no caso concreto, aferir a situação socioeconômica da parte e concretizar, na medida do possível, o primado da dignidade humana e o dever de proteção dos hipossuficientes. A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais neste Estado do Rio Grande do Norte, por seu turno, recentemente fixou orientação no sentido de que “o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Reclamação no 4374, e os Recursos Extraordinários 567985 e 580963, entendeu que meio salário mínimo, de acordo com as leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, deve ser considerado o novo padrão de renda familiar per capita”. Confira-se, a título exemplificativo, um dos julgados desse teor: “ASSISTÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DO DEFICIENTE. LOAS. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. INTERNALIZAÇÃO COMO NORMA CONSTITUCIONAL. ART. 203, INC. V, DA CRFB E ART. 20 DA LEI No 8.742/1993. PESSOA COM DEFICIÊNCIA. IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO. LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. IMPROVIMENTO DE RECURSO. - O Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo no 186/2008, aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinada em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Por ter sido aprovada segundo o rito previsto no § 3o do art. 5o da CF, a Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência detém status de emenda constitucional e, portanto, de norma constitucional formal e materialmente. - A referida Convenção, em seu artigo 1o, define pessoas com deficiência como sendo “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. - A seu turno, a Carta Magna de 1988 assegura, em seu art. 203, inciso V, um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (65 anos, por força da Lei 10.471/2003), que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. - A Lei no 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, por intermédio do seu art. 20 estipula, mais especificamente nos §§ 2o e 3o, com as modificações patrocinadas pelas Leis nos 12.435 e 12.470/2011, que, para obter a concessão do benefício assistencial, no caso do deficiente, a pessoa deve apresentar impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que possa obstaculizar, ao lado de diversas outras barreiras, a sua participação plena e efetiva no tecido social em igualdade de condições com as demais pessoas, desde que a renda mensal familiar, inclusive na hipótese do idoso, corresponda a um montante inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo per capita. - No caso em espécie, o laudo pericial e os demais elementos probatórios constantes dos autos revelam ser a parte autora portadora de deficiência que a limita por longo prazo a ter participação social efetiva em igualdade de condições com as demais pessoas, merecendo ela receber o benefício assistencial postulado na petição inicial. - Por força do princípio da informalidade e da celeridade que norteiam o procedimento do Juizado Especial, não há necessidade de que as partes sejam intimadas do laudo pericial, podendo sua impugnação ser feita no recurso. No caso em exame, como já afirmado, não só o laudo pericial como os demais elementos probatórios demonstram a configuração da deficiência de impedimento de longo prazo a justificar o recebimento do LOAS. - Relembre-se que a incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada (Súmula no 48 – TNU). - Quanto à constitucionalidade ou não do § 3o do art. 20 da Lei n. 8.742/93, modificiando entendimento anterior, o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Reclamação no 4374, e os Recursos Extraordinários 567985 e 580963, entendeu que meio salário mínimo, de acordo com as leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, deve ser considerado o novo padrão de renda familiar per capita. - Sentença que deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos. - Recurso inominado improvido.” (Processo no 0503456-53.2011.4.05.8401, 29 de maio de 2013). Em relação às verbas que constituiriam a renda mensal bruta, deve-se observar que o art. 20, § 3o, da Lei da Assistência Social foi complementado pelo art. 4o, VI, do Decreto no 6.214/2007, o qual elenca o que pode fazer parte do referido conceito: “Art. 4o Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: (...) VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19[1].” De outro lado, também faz a exclusão do que poderia ser renda mensal bruta familiar, no § 2o, do mesmo dispositivo: “Art. 4o (...) § 2oPara fins do disposto no inciso VI do caput, não serão computados como renda mensal bruta familiar: I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária; II - valores oriundos de programas sociais de transferência de renda; III - bolsas de estágio curricular; IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência médica, conforme disposto no art. 5o; V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; e VI - remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz.” Para a composição da renda, deve ser também analisado, de forma estrita, o rol dos entes que compõem o grupo familiar, nos termos do art. 20, § 1o, da Lei no 8.742/1993, devendo ser excluído do cálculo aquele que não faz parte do conceito de família, juntamente com a renda que percebe (No mesmo sentido consultar: TNU, PEDILEF 200871950018329, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU de 27/04/2012). Deve ficar claro, ainda, que o referido benefício não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, salvo os de assistência medica e da pensão especial de natureza indenizatória, conforme o art. 4o, § 4o, do Decreto no 6.214/2007. Na lide ora sob apreciação, as peculiaridades da situação pessoal da requerente não autorizam o deferimento do pleito. Senão vejamos. No caso dos autos, o laudo médico pericial atesta que a parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, que podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas, mas ressalta que tal impedimento tem apenas grau leve, não provoca demanda por cuidados especiais dos pais e não gera efeitos pelo prazo mínimo de dois anos (anexo 11). Nas palavras do expert: “4. CONCLUSÃO PERICIAL. A partir do exame pericial e da análise de exames complementares, e demais documentos apresentados pela genitora, é possível determinar que a autora não necessita de supervisão constante e auxilio para os atos da vida independente. 5. RESPOSTA AOS QUESITOS DO JUIZ. 1. A parte autora possui enfermidade que gere impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena na sociedade com as demais pessoas? Qual ou quais? (Art. 20, §2o, da LOAS, com redação dada pela Lei no 12.470/11) Sim. A autora é portadora de Esclero 3 patologia enumerada no CID 10 por M34.9. 2. Caso positiva a resposta anterior, esses impedimentos produzem efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos? Não. 3. Sendo a parte autora portadora de deficiência, informe o (a) Sr (a). Perito (a), diante da avaliação da deficiência, qual o grau de incapacidade decorrente, se leve, moderada ou severa. Apresenta incapacidade leve. 4. É possível definir a data do início da incapacidade?Qual? Quesito prejudicado. 5. Se positiva a resposta anterior, tal doença, deficiência ou sequela acarreta ou acarretou alguma limitação no seu (da criança ou do adolescente) desenvolvimento normal (físico, químico e/ou social) compatível com a idade? Quesito prejudicado. 6. A doença, deficiência ou sequela limita ou restringe as atividades próprias da idade (brincar, estudar, comunicar-se,locomover-se)? Quesito prejudicado. 7. A doença, deficiência ou sequela leva a restrição de participação social (impede a convivência com outras crianças ou familiares, conduz a internações frequentes ou a algum tipo de isolamento, impede a frequência à escola? Quesito prejudicado. 8. A doença, deficiência ou sequela exige por partes dos pais algum cuidado especial diferente daquele dispensado às crianças da mesma idade? Torna-a mais dependente do que as outras crianças ou adolescentes da mesma idade? Não. Não. 9. A doença, deficiência ou sequela tornou imprescindível o uso de medicamentos controlados, a serem ministrados com rigor e cautela em horários pré-determinados? Sim. 10. Há tratamento e acompanhamento na rede pública no local onde reside a criança ou adolescente? Os medicamentos são fornecidos gratuitamente? Há necessidade de deslocamento do município de residência do menor para os tratamentos e/ou aquisição demedicamentos? 4 Sim. Não. Sim. 11. Preste o (a) Sr (a). Perito(a) os esclarecimentos que julgar necessários. Nada digno de nota.” Por outro lado, não consta nos autos qualquer elemento que venha a infirmar os fundamentos e a conclusão da perícia técnica, cujo valor probatório é de inegável valia ao deslinde da presente causa, pois, embora não vigore no nosso sistema civil a tarifação de provas, foi produzida com as cautelas legais e por profissional habilitado e equidistante dos interesses das partes, não podendo ser afastada e ceder diante de documentação produzida unilateralmente por médico particular. Assim, não sendo a parte demandante portadora de deficiência física, intelectual ou sensorial com duração mínima de dois anos (impedimento de longo prazo), incabível a concessão de benefício assistencial, mostrando-se desnecessária a perquirição acerca de sua alegada vulnerabilidade econômica. Em face do conjunto fático-probatório encontrado nos presentes autos, não merece acolhida a pretensão requerida na peça inicial. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da inicial, extinguindo o feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, Código de Processo Civil. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita (Lei no 1.060/50). Sem custas ou honorários (arts. 54 e 55 da Lei no , combinados com o art. 1o da Lei no ). Publicada e registrada neste ato. Intimem-se as partes. Mossoró-RN, data supra. MARIA JÚLIA TAVARES DO CARMO PINHEIRO Juíza Federal Titular da 13a Vara/RN [1] EIAC 20070599000037801, Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 - Pleno, DJE - Data::13/06/2011 - Página
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0502789-42.2017.4.05.8309
2017-10-23 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-09 12:42:41
Sentença - Auxílio-doença
2018-04-20T09:17:52
Acórdão - Auxílio-doença - qualidade de segurado
JOSÉ BAPTISTA DE ALMEIDA FILHO NETO (TURMA RECURSAL)
2018-04-18 10:00:00
CARLOS VINICIUS CALHEIROS NOBRE
INDEFERIDA
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PE029816D
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação especial previdenciária em que a parte autora, devidamente qualificada, objetiva o restabelecimento de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez, assim como consequente pagamento de prestações atrasadas. II - FUNDAMENTAÇÃO De início, deve-se ressaltar que enquanto o auxílio-doença requer uma incapacidade que pode ser apenas parcial e temporária para o trabalho, a aposentadoria por invalidez exige que a incapacidade seja total e definitiva. Ademais, o benefício de auxílio-doença (art. 59 da Lei no 8.213/91) exige como requisitos essenciais: a) a qualidade de segurado (art. 15 da Lei n.o 8.213/91); b) o cumprimento da carência (art. 25, I, da Lei n.o 8.213) e c) a incapacidade para o trabalho por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, nos moldes do art. 42 da citada lei, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. No caso dos autos, a perícia judicial concluiu pelo diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica J44 acometimento moderado e Arritmia cardíaca I49 acometimento moderado (quesito II.2), o que causa à parte autora uma incapacidade parcial e temporária para o desenvolvimento de sua atividade habitual desde 07/2013. Explicou o perito que " O periciando é portador de doença pulmonar obstrutiva crônica, levemente descompensada e isoladamente sem limitação para sua atividade habitual, porém em associação com a arritmia cardíaca, reduz a oxigenação sanguínea e contribui para aumentar o risco de síncopes, o que é incompatível com o exercício de atividades remuneradas que envolvam direção veicular." (quesito VI.1, C). Em que pese a DII apontada pelo perito judicial, entendo que a mesma deve ser fixada na DIB do benefício de auxílio-doença concedido no ano de 2015 (NB: 6083603360), qual seja, 01/01/2015, porquanto incontroverso. Note-se que a DII fixada no laudo judicial (07/2013) é igual à data de início da doença encontrada nas perícias administrativas realizadas pela ré. Os peritos do INSS, contudo, não obstante reconhecerem o início da doença em 07/2013, fixaram a DII em 01/01/2015, é dizer, data confirmada por meio de duas perícias administrativas, consoante informações contidas no anexo 41, páginas 13 e 14. Nesse trilhar o autor teve benefício previdenciário concedido com DIB em 01/01/2015 e DCB em 25/07/2016, de sorte que, demonstrou real possibilidade de trabalho, a despeito das dificuldades de saúde enfrentadas. Dessarte, é forçoso concluir que incapacidade laborativa atual decorreu do agravamento da enfermidade diagnosticada pelo perito judicial. Cumpre ressaltar que não se pode desconsiderar o deferimento operado na via administrativa pela simples alegação de que fora fixada a DII de forma equivocada, notadamente porque o início da incapacidade laborativa foi confirmada em duas ocasiões pelos peritos médicos da Autarquia Previdenciária Ré, restando pouco provável a ocorrência de erro material no tocante a fixação da referida data. Em relação à qualidade de segurado e à carência, observo que a parte autora percebeu benefício de auxílio-doença, na qualidade de contribuinte individual (anexo 42), de modo que manteve a qualidade de segurado durante a percepção do benefício, por força do art. 15, I, da Lei 8.213/91. Como restou fixada a data de início da incapacidade em 01/01/2015, conclui-se que, quando foi cessado o último auxílio-doença recebido pela parte autora em 25/07/2016, esta ainda se encontrava incapacitada para o trabalho, sendo indevida a suspensão do pagamento do benefício. No tocante ao período de concessão do benefício, o laudo pericial é claro no sentido de que, para uma recuperação total da incapacidade temporária do demandante, necessário seria o prazo de 6 (seis) meses, contado da data da realização do exame pericial, realizado em 16/02/2018 (quesito IV.4 do laudo). Portanto, com data prevista para cessação da incapacidade em 16/08/2018. Dessa forma, pelo fato de a incapacidade ser de natureza parcial e temporária para o exercício de qualquer atividade laborativa, é o caso de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a partir de 26/07/2016 (dia seguinte ao da cessação do benefício), com DIP em 01/03/2018 e DCB em 16/08/2018. III – DISPOSITIVO Posto isso, extingo o processo com resolução do mérito, para julgar PROCEDENTE a pretensão autoral, condenando o INSS: a)Ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a partir de 26/07/2016, DIP em 01/03/2018 e DCB em 16/08/2018. Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insuficiente, deverá a parte autora solicitar a prorrogação do benefício em sede administrativa, na forma estabelecida pelo INSS, observado o prazo de até 15 dias antes da data de cessação do benefício a ser implantado, sob pena de suspensão do pagamento. b) Ao pagamento das parcelas em atraso a partir de 26/07/2016 até a DIP, com juros moratórios calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1o-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09, e correção monetária com base no IPCA-E, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período (em face da declaração, pelo STF, da inconstitucionalidade parcial do art. 5o da Lei 11.960/2009 no RE 870.947/SE, com repercussão geral). Deverá a Contadoria deste Juízo, quando da apuração do passivo correspondente, efetuar a compensação de eventuais valores percebidos pela parte autora, a título de benefício inacumulável. Os atrasados serão pagos mediante RPV, após o trânsito em julgado, observado o teto dos Juizados Especiais Federais, tendo-se por renunciado o montante excedente a esse valor, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a autora exercer atividade remunerada por conta de sua incapacidade), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento da obrigação de fazer, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95. Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o 10.259/2001. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Ouricuri/PE, data da movimentação. Carlos Vinícius Calheiros Nobre
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL. INCAPACIDADE PARCIAL E TEMPORÁRIA. INÍCIO DA INCAPACIDADE. QUALIDADE DE SEGURADO. REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra Sentença que julgou procedente o pedido autoral e restabeleceu o benefício de auxílio-doença, desde o dia seguinte à cessação anterior (26/07/2016). Requer o INSS a reforma do decisum, sob a alegação de que ao início da incapacidade fixado pelo perito judicial, o autor havia perdido a qualidade de segurado. O art. 59 e seguintes da Lei no 8.213/91 determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. Por seu turno, o art. 42 da LBPS estabelece que a “aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. No caso em exame, nos termos do laudo acostado aos autos (anexo 49), o perito judicial concluiu que o recorrido é portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (J44) de acometimento moderado e arritmia cardíaca (I49) de acometimento moderado que o incapacita parcial e temporariamente para o exercício de sua atividade laborativa habitual como agricultor. O perito fixou a data de início da incapacidade em julho de 2013, segundo eletrocardiograma apresentado por ocasião da perícia. Não obstante o perito ter fixado a data de início da incapacidade em julho de 2013, o juízo a quo a definiu em 01/01/2015, visto que é a DII fixada nas três últimas perícias administrativas (anexo 41, págs. 13 a 15). Embora a perícia médica judicial tenha grande relevância em matéria de benefício previdenciário por incapacidade, o Juiz não está adstrito às conclusões do jurisperito. Nesse passo, destaco que não merecem prosperar as alegações do recorrente quanto à perda de qualidade de segurado ao início da incapacidade. Desse modo, imprescindível a análise do requisito em tela. O recorrido possuía a qualidade de segurado na DII (01/01/2015), posto que reingressou no RGPS em 01/02/2014 efetuando cinco recolhimentos na condição de contribuinte individual em 02/2014, 03/2014, 05/2014, 06/2014 e 07/2014 (anexo 41, pág. 6). Em havendo a perda da qualidade de segurado, para o seu restabelecimento dispõe o art. 24 da Lei 8.213/91, em seu parágrafo único, que “as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido”, o que no caso do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez são de 04 contribuições mensais Por sua vez, o período de carência para o benefício de auxílio-doença é de 12 (doze) contribuições mensais, nos exatos termos do art. 25, I, da LBPS. No caso dos autos, observo que o requisito da qualidade de segurado restou preenchido, uma vez que o recorrido recolheu cinco de doze contribuições mensais após o reingresso ao RGPS. Pelas razões acima expendidas, nego provimento ao recurso do INSS. Sentença mantida em todos os seus termos. Condeno o INSS no pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, observado o disposto na Súmula 111 do STJ. Custas ex lege. ACÓRDÃO Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso do INSS, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento. José Baptista de Almeida Filho Neto
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27-PE
1
137.144225
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação especial previdenciária em que a parte autora, devidamente qualificada, objetiva o restabelecimento de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez, assim como consequente pagamento de prestações atrasadas. II - FUNDAMENTAÇÃO De início, deve-se ressaltar que enquanto o auxílio-doença requer uma incapacidade que pode ser apenas parcial e temporária para o trabalho, a aposentadoria por invalidez exige que a incapacidade seja total e definitiva. Ademais, o benefício de auxílio-doença (art. 59 da Lei no 8.213/91) exige como requisitos essenciais: a) a qualidade de segurado (art. 15 da Lei n.o 8.213/91); b) o cumprimento da carência (art. 25, I, da Lei n.o 8.213) e c) a incapacidade para o trabalho por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, nos moldes do art. 42 da citada lei, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. No caso dos autos, a perícia judicial concluiu pelo diagnóstico de doença pulmonar obstrutiva crônica J44 acometimento moderado e Arritmia cardíaca I49 acometimento moderado (quesito II.2), o que causa à parte autora uma incapacidade parcial e temporária para o desenvolvimento de sua atividade habitual desde 07/2013. Explicou o perito que " O periciando é portador de doença pulmonar obstrutiva crônica, levemente descompensada e isoladamente sem limitação para sua atividade habitual, porém em associação com a arritmia cardíaca, reduz a oxigenação sanguínea e contribui para aumentar o risco de síncopes, o que é incompatível com o exercício de atividades remuneradas que envolvam direção veicular." (quesito VI.1, C). Em que pese a DII apontada pelo perito judicial, entendo que a mesma deve ser fixada na DIB do benefício de auxílio-doença concedido no ano de 2015 (NB: 6083603360), qual seja, 01/01/2015, porquanto incontroverso. Note-se que a DII fixada no laudo judicial (07/2013) é igual à data de início da doença encontrada nas perícias administrativas realizadas pela ré. Os peritos do INSS, contudo, não obstante reconhecerem o início da doença em 07/2013, fixaram a DII em 01/01/2015, é dizer, data confirmada por meio de duas perícias administrativas, consoante informações contidas no anexo 41, páginas 13 e 14. Nesse trilhar o autor teve benefício previdenciário concedido com DIB em 01/01/2015 e DCB em 25/07/2016, de sorte que, demonstrou real possibilidade de trabalho, a despeito das dificuldades de saúde enfrentadas. Dessarte, é forçoso concluir que incapacidade laborativa atual decorreu do agravamento da enfermidade diagnosticada pelo perito judicial. Cumpre ressaltar que não se pode desconsiderar o deferimento operado na via administrativa pela simples alegação de que fora fixada a DII de forma equivocada, notadamente porque o início da incapacidade laborativa foi confirmada em duas ocasiões pelos peritos médicos da Autarquia Previdenciária Ré, restando pouco provável a ocorrência de erro material no tocante a fixação da referida data. Em relação à qualidade de segurado e à carência, observo que a parte autora percebeu benefício de auxílio-doença, na qualidade de contribuinte individual (anexo 42), de modo que manteve a qualidade de segurado durante a percepção do benefício, por força do art. 15, I, da Lei 8.213/91. Como restou fixada a data de início da incapacidade em 01/01/2015, conclui-se que, quando foi cessado o último auxílio-doença recebido pela parte autora em 25/07/2016, esta ainda se encontrava incapacitada para o trabalho, sendo indevida a suspensão do pagamento do benefício. No tocante ao período de concessão do benefício, o laudo pericial é claro no sentido de que, para uma recuperação total da incapacidade temporária do demandante, necessário seria o prazo de 6 (seis) meses, contado da data da realização do exame pericial, realizado em 16/02/2018 (quesito IV.4 do laudo). Portanto, com data prevista para cessação da incapacidade em 16/08/2018. Dessa forma, pelo fato de a incapacidade ser de natureza parcial e temporária para o exercício de qualquer atividade laborativa, é o caso de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a partir de 26/07/2016 (dia seguinte ao da cessação do benefício), com DIP em 01/03/2018 e DCB em 16/08/2018. III – DISPOSITIVO Posto isso, extingo o processo com resolução do mérito, para julgar PROCEDENTE a pretensão autoral, condenando o INSS: a)Ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a partir de 26/07/2016, DIP em 01/03/2018 e DCB em 16/08/2018. Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insuficiente, deverá a parte autora solicitar a prorrogação do benefício em sede administrativa, na forma estabelecida pelo INSS, observado o prazo de até 15 dias antes da data de cessação do benefício a ser implantado, sob pena de suspensão do pagamento. b) Ao pagamento das parcelas em atraso a partir de 26/07/2016 até a DIP, com juros moratórios calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1o-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09, e correção monetária com base no IPCA-E, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período (em face da declaração, pelo STF, da inconstitucionalidade parcial do art. 5o da Lei 11.960/2009 no RE 870.947/SE, com repercussão geral). Deverá a Contadoria deste Juízo, quando da apuração do passivo correspondente, efetuar a compensação de eventuais valores percebidos pela parte autora, a título de benefício inacumulável. Os atrasados serão pagos mediante RPV, após o trânsito em julgado, observado o teto dos Juizados Especiais Federais, tendo-se por renunciado o montante excedente a esse valor, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a autora exercer atividade remunerada por conta de sua incapacidade), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 15 (quinze) dias para cumprimento da obrigação de fazer, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95. Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o 10.259/2001. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Ouricuri/PE, data da movimentação. Carlos Vinícius Calheiros Nobre
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0509519-08.2017.4.05.8103
2017-09-15 00:00:00
INSS - APSADJ (Sobral) (77.923.652/0003-94) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2017-11-19 19:36:11
Sentença - Auxílio-acidente
2018-04-23T13:46:57
Acórdão - com voto
PAULA EMÍLIA MOURA ARAGÃO DE SOUSA BRASIL
2018-04-18 13:30:00
IACI ROLIM DE SOUSA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE023104D
SENTENÇA I. RELATÓRIO Trata-sede ação de rito especial ajuizada em face do INSS, visando a parteautora ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com conversãoem aposentadoria por invalidez, tudo com o pagamento das parcelasvencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora, desde adata da cessação (DCA: 29/6/2017). Ainda, subsidiariamente, requer a concessão de auxílio-acidente uma vez verificada a redução da capacidade laboral. Regularmente citado, o INSS apresentou contestação, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. É o relatório. Decido. II. FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, registre-se que a alteração originariamente provida pela Medida Provisória no 664/2014 na redação dos arts. 43 e 60 da Lei no 8.213/91, prevendo que o benefício de auxílio-doença e o de aposentadoria por invalidez só seriam devidos a partir do trigésimo primeiro dia do afastamento da atividade, já que, durante os primeiros trinta dias de afastamento, caberia à empresa pagar ao segurado empregado o salário, não tem aplicação prática. É que, com a conversão da citada medida provisória na Lei no 13.135/2015, foi mantido o prazo da antiga redação dos citados dispositivos legais, qual seja, 15 (quinze) dias. Ademais, na Lei no 13.135/2015, há previsão expressa, no art. 5o, no sentido de que os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei. Logo, quanto a esse ponto – duração do afastamento do emprego para o fim de concessão de benefício previdenciário por incapacidade – não houve, com a edição da Medida Provisória no 664/2014 qualquer efeito prático. Desse modo, considerando a Lei no 8.213/91, o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício, faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (Lei no 8.213/91, arts. 59 e 60). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (Lei no 8.213/91, art. 42). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. Em regra, a carência do benefício de auxílio-doença corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, nos termos do art. 25, inc. I, da Lei no 8.213/91, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também a hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, que independem de carência, consoante o disposto no inciso II do art. 26 da Lei no 8.213/91 Em se tratando de segurado especial, garante-se a concessão do citado benefício, desde que reste comprovado o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao início da incapacidade, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Nesse contexto, cabe verificar se o(a) autor(a) preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Antes de se examinarem os requisitos atinentes à qualidade de segurado e à carência, será analisada a questão concernente à incapacidade, já que os citados requisitos deverão ser aferidos considerando-se o momento em que surgiu a incapacidade para o trabalho habitual (auxílio-doença) ou para toda e qualquer atividade profissional (aposentadoria por invalidez). II.1. Incapacidade laborativa No que concerne ao requisito da incapacidade, observa-se, do laudo médico pericial (anexo 14), que o Sr. Perito afirma que, apesar de a autora ser portadora de quadro compatível com síndrome pós-flebite, não se encontra atualmente incapaz nem há provas médicas que evideciem incapacidade anterior. Portanto, a parte autora não faz jus a auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, bem como a quaisquer valores retroativos. II.2. Auxílio-acidente O auxílio-acidente é benefício de natureza indenizatória que, originariamente, foi concedido ao segurado empregado, ao trabalhador avulso, ao segurado especial e aos presidiários que exercessem atividade remunerada, nas hipóteses em que, após a consolidação das lesões acidentárias, restasse caracterizada a redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido (art. 18, §1o, c/c art. 86, Lei n° 8.213/91). Posteriormente, em razão de alterações legislativas, os presidiários foram excluídos do rol de benefíciários, em razão da edição da Lei n° 9.032/1995, e os empregados domésticos, por sua vez, passaram a ser abrangidos após a edição da Lei Complementar n° 150/2015, que entrou em vigor na data da sua publicação, que ocorreu em 02/06/2015. No caso dos autos, o médico perito observou redução da capacidade laboral do(a) autor(a) em 25% (quesito 13), deixando claro, no entanto, que a enfermidade não decorreu de acidente, conforme se afere do seguinte excerto do laudo: “13. Caso tenha sido detectada a existência de doença/deficiência/retardo mental, mas o(a) periciando(a) não esteja incapacitado para o trabalho por ele informado, ele(a) apresenta sequela que limite/reduza sua capacidade laborativa? Em que intensidade (25%, 50% etc)? R: Sim. 25%.Atividades que demandem ortostase / deambulação por períodos prolongados. 14. A referida doença/deficiência/retardo mental foi decorrente de acidente? Em caso afirmativo, foi de acidente de trabalho (no exercício da atividade laboral ou no caminho para o trabalho)? Descrever as circunstâncias em que ocorreu o acidente. Não." (grifos acrescidos) Assim, reputo que a pretensão da autora não pode prosperar. III. DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, inc. I, do CPC. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Defiro o benefício da justiça gratuita. Interposto recurso voluntário, intime-se a outra parte para contrarrazões.Apresentadas ou certificado o decurso do prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal. Transitada em julgado, arquivem-se os autos com baixa na Distribuição. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Sobral/CE, data supra.
RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de auxílio doença. Relatado no essencial. Passo à fundamentação. VOTO Não prospera o recurso manejado pelo requerente. Conforme laudo pericial presente nos autos, o médico perito foi claro ao concluir que não existe incapacidade laborativa da parte autora, estando apta para o trabalho. A seguir, as conclusões do expert: "4. CONCLUSÃO PERICIAL: A partir do exame pericial, e da análise de exames complementares e demais documentos apresentados pelo autor, é possível determinar que não há incapacidade atual para o trabalho. (...) 4. O (a) periciando(a) é, ou já foi, portador(a) de doença, deficiência ou algum tipo de retardo mental? Nesse último caso, qual o grau: Leve, moderado ou grave? (INFORMAR O CID E DESCREVER A DOENÇA/DEFICIÊNCIA). A autora é portadora de Síndrome pós flebite (CID I87.0). 5. Em caso afirmativo, essa doença, deficiência ou retardo mental atualmente o(a) incapacita para a atividade que ele(a) afirmou exercer? E já o(a) incapacitou anteriormente? (informar, em termos médicos/técnicos, em que se baseou para chegar a essa conclusão). Não há incapacidade para a atividade da autora que é de agricultora. As sequelas de enfermidade prévia, apesar de existente, não a incapacita, mas apenas reduz sua capacidade laboral para atividades que demandem ortostase / deambulação por períodos prolongados. Não há provas médicas suficientes que evidenciem / justifiquem incapacidade anterior. 6. Caso o(a) periciando(a) esteja incapacitado(a), é possível determinar a data do início da doença? E a data do início da incapacidade? (informar em que se baseou para chegar a essa conclusão). Não há incapacidade atual. (...)13. Caso tenha sido detectada a existência de doença/deficiência/retardo mental, mas o(a) periciando(a) não esteja incapacitado para o trabalho por ele informado, ele(a) apresenta sequela que limite/reduza sua capacidade laborativa? Em que intensidade (25%, 50% etc)? Sim. 25%. Atividades que demandem ortostase / deambulação por períodos prolongados. 14. A referida doença/deficiência/retardo mental foi decorrente de acidente de qualquer natureza ou decorrente de acidente de trabalho (no exercício da atividade laboral ou no caminho para o trabalho) ou se caracteriza como uma doença ocupacional/profissional? Descrever as circunstâncias em que ocorreu o acidente. Não."(grifamos) Ressalte-se que, apesar de o laudo ter atestado uma redução da capacidade laborativa para o exercício de algumas funções, não há impedimento em realizá-las. Deste modo, tenho que suas funções habituais na agricultura não restam impossibilitadas, estando apto para o seu exercício. Portanto, não preenchidos os requisitos para a obtenção de benefício por incapacidade, deve o julgado ser mantido em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei n.o 9.099/95. Registre-se que a perícia realizada se mostra apta e suficiente à análise do pedido, uma vez que o laudo apresentado é bastante claro em relação à análise de eventual enfermidade da parte autora e suas limitações. Por tal razão, não há que se falar em nulidade da perícia ou realização de novos exames periciais. Convém salientar, ainda, que mesmo reatando comprovada a redução da capacidade laborativa, não cabe concessão de auxílio acidente, tendo em vista que a enfermidade não possui causa acidentária. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para confirmar a sentença de primeira instância na forma em que foi prolatada. Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), suspensa a execução desta parcela enquanto litigar sob o pálio da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaramdo julgamento os Exmos. Sr. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa,PaulaEmília Moura Aragão de Sousa Brasil e João Luís Nogueira Matias. Fortaleza/CE. PAULA EMÍLIA MOURA ARAGÃO DE SOUSA BRASIL JUÍZA FEDERAL - 2.a RELATORIA - 2.a TR/CE
1,039
643
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0
31-CE
1
65.289016
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-sede ação de rito especial ajuizada em face do INSS, visando a parteautora ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, com conversãoem aposentadoria por invalidez, tudo com o pagamento das parcelasvencidas, acrescidas de correção monetária e de juros de mora, desde adata da cessação (DCA: 29/6/2017). Ainda, subsidiariamente, requer a concessão de auxílio-acidente uma vez verificada a redução da capacidade laboral. Regularmente citado, o INSS apresentou contestação, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. É o relatório. Decido. II. FUNDAMENTAÇÃO Inicialmente, registre-se que a alteração originariamente provida pela Medida Provisória no 664/2014 na redação dos arts. 43 e 60 da Lei no 8.213/91, prevendo que o benefício de auxílio-doença e o de aposentadoria por invalidez só seriam devidos a partir do trigésimo primeiro dia do afastamento da atividade, já que, durante os primeiros trinta dias de afastamento, caberia à empresa pagar ao segurado empregado o salário, não tem aplicação prática. É que, com a conversão da citada medida provisória na Lei no 13.135/2015, foi mantido o prazo da antiga redação dos citados dispositivos legais, qual seja, 15 (quinze) dias. Ademais, na Lei no 13.135/2015, há previsão expressa, no art. 5o, no sentido de que os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei. Logo, quanto a esse ponto – duração do afastamento do emprego para o fim de concessão de benefício previdenciário por incapacidade – não houve, com a edição da Medida Provisória no 664/2014 qualquer efeito prático. Desse modo, considerando a Lei no 8.213/91, o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz. Assim, para a concessão do benefício, faz-se necessária a demonstração de incapacidade provisória por mais de 15 dias para o seu trabalho ou para sua atividade habitual, pois o auxílio-doença presume a incapacidade e a suscetibilidade de recuperação. Imprescindível, portanto, a comprovação de incapacidade para o trabalho ou para atividade habitual (Lei no 8.213/91, arts. 59 e 60). Já a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (Lei no 8.213/91, art. 42). Exige-se, portanto, a comprovação da incapacidade para o trabalho e a impossibilidade de reabilitação. Em regra, a carência do benefício de auxílio-doença corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, nos termos do art. 25, inc. I, da Lei no 8.213/91, ressalvados os casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho, ou também a hipótese de ser o segurado acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, que independem de carência, consoante o disposto no inciso II do art. 26 da Lei no 8.213/91 Em se tratando de segurado especial, garante-se a concessão do citado benefício, desde que reste comprovado o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao início da incapacidade, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Nesse contexto, cabe verificar se o(a) autor(a) preenche os requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). Antes de se examinarem os requisitos atinentes à qualidade de segurado e à carência, será analisada a questão concernente à incapacidade, já que os citados requisitos deverão ser aferidos considerando-se o momento em que surgiu a incapacidade para o trabalho habitual (auxílio-doença) ou para toda e qualquer atividade profissional (aposentadoria por invalidez). II.1. Incapacidade laborativa No que concerne ao requisito da incapacidade, observa-se, do laudo médico pericial (anexo 14), que o Sr. Perito afirma que, apesar de a autora ser portadora de quadro compatível com síndrome pós-flebite, não se encontra atualmente incapaz nem há provas médicas que evideciem incapacidade anterior. Portanto, a parte autora não faz jus a auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, bem como a quaisquer valores retroativos. II.2. Auxílio-acidente O auxílio-acidente é benefício de natureza indenizatória que, originariamente, foi concedido ao segurado empregado, ao trabalhador avulso, ao segurado especial e aos presidiários que exercessem atividade remunerada, nas hipóteses em que, após a consolidação das lesões acidentárias, restasse caracterizada a redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido (art. 18, §1o, c/c art. 86, Lei n° 8.213/91). Posteriormente, em razão de alterações legislativas, os presidiários foram excluídos do rol de benefíciários, em razão da edição da Lei n° 9.032/1995, e os empregados domésticos, por sua vez, passaram a ser abrangidos após a edição da Lei Complementar n° 150/2015, que entrou em vigor na data da sua publicação, que ocorreu em 02/06/2015. No caso dos autos, o médico perito observou redução da capacidade laboral do(a) autor(a) em 25% (quesito 13), deixando claro, no entanto, que a enfermidade não decorreu de acidente, conforme se afere do seguinte excerto do laudo: “13. Caso tenha sido detectada a existência de doença/deficiência/retardo mental, mas o(a) periciando(a) não esteja incapacitado para o trabalho por ele informado, ele(a) apresenta sequela que limite/reduza sua capacidade laborativa? Em que intensidade (25%, 50% etc)? R: Sim. 25%.Atividades que demandem ortostase / deambulação por períodos prolongados. 14. A referida doença/deficiência/retardo mental foi decorrente de acidente? Em caso afirmativo, foi de acidente de trabalho (no exercício da atividade laboral ou no caminho para o trabalho)? Descrever as circunstâncias em que ocorreu o acidente. Não." (grifos acrescidos) Assim, reputo que a pretensão da autora não pode prosperar. III. DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, inc. I, do CPC. Sem custas. Sem honorários. Sem reexame necessário. Defiro o benefício da justiça gratuita. Interposto recurso voluntário, intime-se a outra parte para contrarrazões.Apresentadas ou certificado o decurso do prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal. Transitada em julgado, arquivem-se os autos com baixa na Distribuição. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Sobral/CE, data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0509438-53.2017.4.05.8202
2017-12-12 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2017-12-15 15:35:40
Sentença - Parcialmente procedente
2018-04-23T16:01:15
Acórdão - Recurso desprovido
JOÃO PEREIRA DE ANDRADE FILHO
2018-04-20 09:00:00
DIEGO FERNANDES GUIMARÃES
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer ajuizada em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de 01/12/2015 a 29/02/2016. Emsede de tutela de urgência, requereu a análise, processamento e deferimento do requerimento do benefício seguro-desemprego do pescador artesanal, pela autarquia federal, bem como os devidos pagamentos. A parte autora alega, em síntese, que: a) faz jus ao seguro-defeso da piracema, na qualidade de pescador(a) artesanal, associado(a) a uma colônia de pescadores oficial, referente ao período de 01/12/2015 a 29/02/2016, conforme estabelecido pelo IBAMA; b) o INSS se negou a processar o seu Requerimento de Seguro-Defeso da Pesca Artesanal/RSDPA, embora atendesse a todos os requisitos exigidos pela legislação específica, sob a alegação de que a atividade pesqueira naquele município estava prejudicada em razão de uma decisão oriunda de uma portaria ministerial; c) sucessivos atos normativos e decisões judiciais suspenderam e restabeleceram o pagamento do seguro-defeso, durante o período da piracema, em todo Nordeste. Por último, foi mantido o Decreto Legislativo de no. 293/2015, de 10/10/2015, que susta os efeitos da Portaria Interministerial no 192, de 5 de outubro de 2015, garantindo o período defeso; d) restabelecido o prazo para o pagamento do seguro-defeso, este findou sendo ínfimo, pois, na interpretação do INSS, os pescadores do Estado, mesmo estando aptos ao recebimento do beneficio, teriam somente poucos dias de período suspenso de sua atividade pesqueira; e) o Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, datado de 04/04/2016, orienta quanto ao requerimento de seguro-desemprego do pescador artesanal sobre os defesos suspensos pela Portaria Interministerial no. 192, no sentido de que a decisão do STF tem aplicação imediata, não abrangendo os atos passados (efeito ex nunc), o que enseja a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016. Ademais, informa que somente fazem jus ao seguro-desemprego os pescadores abrangidos por período de defeso superior a 30 dias; f) considerando-se os períodos de suspensão e retorno dos efeitos do Decreto Legislativo n. 293/2015, foi ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias de proibição da pesca; g) deixou de exercer a atividade pesqueira, no período de 15/11/2015 a 15/03/2016. Documentos apresentados. Na contestação, o INSS suscita a preliminar de inépcia da inicial e, no mérito, alega que a parte autora não faz jus ao seguro-defeso, porquanto não restaram comprovados os seguintes requisitos:a) qualidade de segurado pescador(a) artesanal; b) recolhimento de contribuição previdenciária nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, nos termos do art. 2o, § 2o, II, da Lei 10.779/2003. Por fim, a autarquia federal sustenta que restaram prejudicados os pedidos de seguro-defeso, no interregno de 01/12/2015 a 28/02/2016, tendo em vista que, de acordo com a decisão do STF (ADI de n.o 5447), até 11/03/2016, não há que se falar em obrigatoriedade de suspensão das atividades pesqueiras e, consequentemente, em direito ao seguro-defeso neste período. É o relatório, embora fosse dispensado. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO Da inépcia da inicial A alegação de inépcia da inicial, em razão da não apresentação de documentos que comprovem a condição de pescador artesanal, em sede de preliminar, confunde-se com o mérito, razão pela qual será apreciada conjuntamente. Do Mérito Na situação posta nos autos, pretende a parte autora a concessão do seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2015 a 29/02/2016. Inicialmente, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei no 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o). No Estado da Paraíba, o período de defeso restou regulamentado pela Instrução Normativa 210 de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Os documentos a serem apresentados, por ocasião do requerimento dirigido ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego, encontram-se elencados no art. 2o, §2o, do mencionado diploma legal. Outros documentos, também, podem ser exigidos para a habilitação do benefício (art. 2o, §6o). No ato de habilitação ao benefício, o INSS deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso II do § 2o (art. 2o, § 3o). Pela nova disciplina decorrente da Lei 13.134/2015, cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do regulamento. Por sua vez, a resolução 759 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT, prevê que “o pagamento da primeira parcela corresponderá aos primeiros trinta dias a contar do início do defeso e, as parcelas subsequentes, a cada intervalo de 30 dias” (art. 1o, §2o). Em seguida, dispõe ainda que “o pescador fará jus ao pagamento integral das parcelas subsequentes para cada mês, por fração igual ou superior a 15 (quinze) dias do defeso” (art. 1o, §3o). Interpretando-se sistematicamente os dispositivos legais mencionados, pode-se afirmar que o seguro-defeso é devido apenas quando houver proibição da pesca, durante o período de reprodução das espécies, exigindo-se, para a concessão do benefício, um intervalo mínimo de 30 (trinta) dias de proibição da atividade pesqueira. DO CASO CONCRETO A parte autora alega que o INSS negou o processamento do seu Requerimento de Seguro-Defeso da Pesca Artesanal/RSDPA, embora atendesse a todos os requisitos exigidos pela legislação específica. Inicialmente, cumpre destacar que, na presente demanda, será analisado apenas se houve, realmente, proibição da pesca durante período suficiente para concessão do benefício de seguro defeso, e não a concessão direta do benefício na esfera judicial. É que, por entender que não seria devido o seguro-defeso durante a piracema 2015/2016, o INSS sequer processou os pedidos apresentados pelos segurados. Em decorrência, centenas de processos aportaram a este juízo, para a concessão direta do mencionado benefício, sem que tenham sido analisados na esfera administrativa os requisitos legais. Sendo assim, no que concerne à análise dos requisitos para concessão do seguro-defeso, estes não serão apreciados por este Juízo, nesta oportunidade, por entender que cabe ao INSS receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei 10.779/2003. De fato, ao Poder Judiciário cabe apenas revisar o ato administrativo, se for o caso, e não conceder diretamente benefícios previdenciários ou assistenciais. Do contrário, haveria nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo. Portanto, na presente sentença, analisarei apenas se será devido, ou não, o seguro-defeso em decorrência da piracema 2015/2016, cabendo ao INSS a análise dos demais requisitos legais. Normalmente, os requerimentos de seguro defeso são processados e concedidos pelo INSS, desde que preenchidos os requisitos legais, sem maiores questionamentos. Todavia, infere-se dos autos que sucessivos atos normativos e decisões judiciais alteraram as disposições quanto ao período de recebimento do seguro-defeso do pescador artesanal, de forma que a autarquia previdenciária chegou à conclusão de que não seria devido qualquer valor a título de seguro-defeso, por não ter havido proibição de pesca durante o período mínimo necessário à concessão do benefício. Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou as Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias). Como já mencionado, a Resolução do CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, dispõe sobre critérios de pagamento do benefício seguro-desemprego aos pescadores profissionais, categoria artesanal, durante a paralisação da atividade pesqueira instituída pela Lei no 10.779, de 25 de novembro de 2003. A referida resolução dispõe que pagamento da primeira parcela corresponderá aos primeiros trinta dias a contar do início do defeso e, as parcelas subsequentes, a cada intervalo de 30 dias (1o, § 3o). O pescador fará jus ao pagamento integral das parcelas subsequentes para cada mês, por fração igual ou superior a 15 (quinze) dias do defeso (art. 1o, § 3o). Nesse ponto, considerando as alterações normativas e decisões do STF relacionadas ao seguro-defeso, durante o período de 2015/2016, observa-se que decorreram apenas 28 (vinte e oito) dias de proibição da pesca artesanal, uma vez que o Decreto Legislativo de no. 293, datado de 10/12/2015, teve seus efeitos suspensos por liminar (ADI de n.o 5447) somente em 07/01/2016. No entanto, a despeito de não ter cumprido o prazo mínimo do defeso, exigido pela autarquia federal, é razoável conceder ao pescador artesanal 30 (trinta) dias de seguro-desemprego (defeso), caso preenchidos os demais requisitos para sua concessão, considerando a natureza alimentar que reveste o benefício em comento, indispensável à sobrevivência daqueles que têm a pesca como única fonte de renda. Evidencia-se que a sucessão dos atos normativos e decisões judiciais, acima citados, causaram aos trabalhadores rurais (pescadores artesanais) uma insegurança jurídica, eis que, em curto intervalo de tempo, ora era garantido o seguro-defeso e, portanto, proibida a atividade pesqueira, ora era suspenso o seguro e permitida a pesca. Nesse passo, tais mudanças não podem importar ao pescador artesanal prejuízos financeiros que atingem diretamente a sua subsistência. O seguro-defeso é uma assistência financeira temporária concedida aos pescadores profissionais artesanais que, durante o período defeso, são obrigados a paralisar suas atividades para preservação da espécie. Essa medida visa proteger a fauna, no período de reprodução dos peixes, bem como a sobrevivência do pescador. Ademais, é relevante destacar que faltavam apenas 02 (dois) dias para se atingir o prazo mínimo necessário à concessão do benefício. Nesse aspecto, considerando o nível de instrução e informação dos pescadores artesanais, é possível presumir que a própria decisão liminar do STF, que liberou a pesca a partir de 07/01/2016, não tenha chegado ao conhecimento dos mesmos de forma imediata. Logo, muito provavelmente, tais pescadores realmente passaram trinta ou mais dias sem exercer a pesca. Dessa forma, na situação posta nos autos, resta prudente garantir o período de 30 (trinta) dias de seguro-defeso para os trabalhadores que cumprirem os requisitos elencados na Lei 10.779/2003. Por outro lado, deixo de considerar todo período alegado pela parte autora, no interregno de 01/12/2015 a 29/02/2016 (período estabelecido pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), como período defeso, em razão dos atos normativos e decisão do STF (Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015; liminar na ADI de n.o 5447, de 07/01/2016) terem suspendido a sua concessão, durante alguns dias, dentro deste intervalo. Nesse aspecto, é relevante destacar que não se justifica o pagamento do seguro-defeso durante o período em que não houve proibição da pesca, ainda que seja criticável a Portaria Interministerial no 192/2015, ao suspender o período de defeso. Com efeito, se os pescadores poderiam trabalhar e, consequentemente, auferir renda, não há justificativa para o pagamento do seguro-defeso durante o período correspondente. No que tange ao pedido de tutela provisória, caso haja, para o processamento do requerimento de seguro-defeso e demais providências para pagamento, no INSS, tenho que não se encontram presentes os requisitos necessário para sua concessão, tendo em vista que a eventual concessão do seguro-defeso, após requerimento administrativo, ensejará tão somente o pagamento de parcelas vencidas, o que não é cabível em sede de tutela de urgência. Além disso, há perigo de irreversibilidade de efeitos da decisão. Desse modo, indefiro o pedido de tutela de urgência. No que tange ao pleito indenizatório, caso haja, não merece prosperar a pretensão autoral por não ter sido configurado qualquer dano à seara moral. É que, no caso concreto, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão de dano moral. O INSS, ao seguir a Resolução de n.o CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, procedeu no exercício regular de um direito. Ademais, o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pelo INSS. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pleito autoral, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil, para: a) reconhecer como devido o seguro-defeso, pelo prazo de 30 (trinta) dias, no valor de um salário-mínimo, em decorrência da proibição da pesca durante o período de 10/12/2015 até 07/01/2016; b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c art. 55 da Lei no 9.099/95 e art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. A publicação e o registro desta Sentença decorrerão automaticamente de sua validação no Sistema. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1.Trata-se de recurso ordinário interposto contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3.A questão fática foi bem descrita na sentença: “Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou às Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias)”. 4.No recurso ordinário, a parte autora pugna pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar-se o pedido de indenização por danos morais. 5.Em resumo, a questão controvertida, tomando por base a contestação do INSS (uma vez que não há recurso do ente público neste caso) centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado,o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba, como pretendeu o INSS em sua contestação. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9.Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Portanto, é o caso de manter-se a sentença, com base nos fundamentos supra. 15.Por outro lado, pugna-se, também, pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar o pedido de indenização por danos morais. 16.Sobre a matéria devolvida a esta Turma Recursal, consigno que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 17.No caso dos autos, o que se apresentou, a título de indeferimento administrativo, foi mera mensagem assinada por terceiro em que se noticia o inteiro teor do Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, donde se conclui que não houve sequer a apreciação administrativa pelo INSS quanto à questão referente ao prazo de vigência do seguro-defeso. 18.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, na contestação, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 19.Quanto ao pedido de indenização por danos morais, rejeito-o, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 20.Portanto, não há que se falar em danos morais decorrentes do seu indeferimento administrativo que, aliás, sequer ocorreu no caso concreto. 21.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário da parte autora. 22.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 23.Em razão da ilegitimidade passiva da UNIÃO em figurar no polo passivo da presente demanda, providencie a Secretaria a sua exclusão do sistema Creta, a fim de evitar intimações desnecessárias. 24.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DA PARTE AUTORA, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% do proveito econômico e custas processuais, suspensa na hipótese de assistência judiciária gratuita.
2,612
1,606
0
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15-PB
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3.008102
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer ajuizada em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de 01/12/2015 a 29/02/2016. Emsede de tutela de urgência, requereu a análise, processamento e deferimento do requerimento do benefício seguro-desemprego do pescador artesanal, pela autarquia federal, bem como os devidos pagamentos. A parte autora alega, em síntese, que: a) faz jus ao seguro-defeso da piracema, na qualidade de pescador(a) artesanal, associado(a) a uma colônia de pescadores oficial, referente ao período de 01/12/2015 a 29/02/2016, conforme estabelecido pelo IBAMA; b) o INSS se negou a processar o seu Requerimento de Seguro-Defeso da Pesca Artesanal/RSDPA, embora atendesse a todos os requisitos exigidos pela legislação específica, sob a alegação de que a atividade pesqueira naquele município estava prejudicada em razão de uma decisão oriunda de uma portaria ministerial; c) sucessivos atos normativos e decisões judiciais suspenderam e restabeleceram o pagamento do seguro-defeso, durante o período da piracema, em todo Nordeste. Por último, foi mantido o Decreto Legislativo de no. 293/2015, de 10/10/2015, que susta os efeitos da Portaria Interministerial no 192, de 5 de outubro de 2015, garantindo o período defeso; d) restabelecido o prazo para o pagamento do seguro-defeso, este findou sendo ínfimo, pois, na interpretação do INSS, os pescadores do Estado, mesmo estando aptos ao recebimento do beneficio, teriam somente poucos dias de período suspenso de sua atividade pesqueira; e) o Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, datado de 04/04/2016, orienta quanto ao requerimento de seguro-desemprego do pescador artesanal sobre os defesos suspensos pela Portaria Interministerial no. 192, no sentido de que a decisão do STF tem aplicação imediata, não abrangendo os atos passados (efeito ex nunc), o que enseja a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016. Ademais, informa que somente fazem jus ao seguro-desemprego os pescadores abrangidos por período de defeso superior a 30 dias; f) considerando-se os períodos de suspensão e retorno dos efeitos do Decreto Legislativo n. 293/2015, foi ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias de proibição da pesca; g) deixou de exercer a atividade pesqueira, no período de 15/11/2015 a 15/03/2016. Documentos apresentados. Na contestação, o INSS suscita a preliminar de inépcia da inicial e, no mérito, alega que a parte autora não faz jus ao seguro-defeso, porquanto não restaram comprovados os seguintes requisitos:a) qualidade de segurado pescador(a) artesanal; b) recolhimento de contribuição previdenciária nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, nos termos do art. 2o, § 2o, II, da Lei 10.779/2003. Por fim, a autarquia federal sustenta que restaram prejudicados os pedidos de seguro-defeso, no interregno de 01/12/2015 a 28/02/2016, tendo em vista que, de acordo com a decisão do STF (ADI de n.o 5447), até 11/03/2016, não há que se falar em obrigatoriedade de suspensão das atividades pesqueiras e, consequentemente, em direito ao seguro-defeso neste período. É o relatório, embora fosse dispensado. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO Da inépcia da inicial A alegação de inépcia da inicial, em razão da não apresentação de documentos que comprovem a condição de pescador artesanal, em sede de preliminar, confunde-se com o mérito, razão pela qual será apreciada conjuntamente. Do Mérito Na situação posta nos autos, pretende a parte autora a concessão do seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2015 a 29/02/2016. Inicialmente, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei no 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o). No Estado da Paraíba, o período de defeso restou regulamentado pela Instrução Normativa 210 de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Os documentos a serem apresentados, por ocasião do requerimento dirigido ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego, encontram-se elencados no art. 2o, §2o, do mencionado diploma legal. Outros documentos, também, podem ser exigidos para a habilitação do benefício (art. 2o, §6o). No ato de habilitação ao benefício, o INSS deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso II do § 2o (art. 2o, § 3o). Pela nova disciplina decorrente da Lei 13.134/2015, cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do regulamento. Por sua vez, a resolução 759 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT, prevê que “o pagamento da primeira parcela corresponderá aos primeiros trinta dias a contar do início do defeso e, as parcelas subsequentes, a cada intervalo de 30 dias” (art. 1o, §2o). Em seguida, dispõe ainda que “o pescador fará jus ao pagamento integral das parcelas subsequentes para cada mês, por fração igual ou superior a 15 (quinze) dias do defeso” (art. 1o, §3o). Interpretando-se sistematicamente os dispositivos legais mencionados, pode-se afirmar que o seguro-defeso é devido apenas quando houver proibição da pesca, durante o período de reprodução das espécies, exigindo-se, para a concessão do benefício, um intervalo mínimo de 30 (trinta) dias de proibição da atividade pesqueira. DO CASO CONCRETO A parte autora alega que o INSS negou o processamento do seu Requerimento de Seguro-Defeso da Pesca Artesanal/RSDPA, embora atendesse a todos os requisitos exigidos pela legislação específica. Inicialmente, cumpre destacar que, na presente demanda, será analisado apenas se houve, realmente, proibição da pesca durante período suficiente para concessão do benefício de seguro defeso, e não a concessão direta do benefício na esfera judicial. É que, por entender que não seria devido o seguro-defeso durante a piracema 2015/2016, o INSS sequer processou os pedidos apresentados pelos segurados. Em decorrência, centenas de processos aportaram a este juízo, para a concessão direta do mencionado benefício, sem que tenham sido analisados na esfera administrativa os requisitos legais. Sendo assim, no que concerne à análise dos requisitos para concessão do seguro-defeso, estes não serão apreciados por este Juízo, nesta oportunidade, por entender que cabe ao INSS receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei 10.779/2003. De fato, ao Poder Judiciário cabe apenas revisar o ato administrativo, se for o caso, e não conceder diretamente benefícios previdenciários ou assistenciais. Do contrário, haveria nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo. Portanto, na presente sentença, analisarei apenas se será devido, ou não, o seguro-defeso em decorrência da piracema 2015/2016, cabendo ao INSS a análise dos demais requisitos legais. Normalmente, os requerimentos de seguro defeso são processados e concedidos pelo INSS, desde que preenchidos os requisitos legais, sem maiores questionamentos. Todavia, infere-se dos autos que sucessivos atos normativos e decisões judiciais alteraram as disposições quanto ao período de recebimento do seguro-defeso do pescador artesanal, de forma que a autarquia previdenciária chegou à conclusão de que não seria devido qualquer valor a título de seguro-defeso, por não ter havido proibição de pesca durante o período mínimo necessário à concessão do benefício. Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou as Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias). Como já mencionado, a Resolução do CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, dispõe sobre critérios de pagamento do benefício seguro-desemprego aos pescadores profissionais, categoria artesanal, durante a paralisação da atividade pesqueira instituída pela Lei no 10.779, de 25 de novembro de 2003. A referida resolução dispõe que pagamento da primeira parcela corresponderá aos primeiros trinta dias a contar do início do defeso e, as parcelas subsequentes, a cada intervalo de 30 dias (1o, § 3o). O pescador fará jus ao pagamento integral das parcelas subsequentes para cada mês, por fração igual ou superior a 15 (quinze) dias do defeso (art. 1o, § 3o). Nesse ponto, considerando as alterações normativas e decisões do STF relacionadas ao seguro-defeso, durante o período de 2015/2016, observa-se que decorreram apenas 28 (vinte e oito) dias de proibição da pesca artesanal, uma vez que o Decreto Legislativo de no. 293, datado de 10/12/2015, teve seus efeitos suspensos por liminar (ADI de n.o 5447) somente em 07/01/2016. No entanto, a despeito de não ter cumprido o prazo mínimo do defeso, exigido pela autarquia federal, é razoável conceder ao pescador artesanal 30 (trinta) dias de seguro-desemprego (defeso), caso preenchidos os demais requisitos para sua concessão, considerando a natureza alimentar que reveste o benefício em comento, indispensável à sobrevivência daqueles que têm a pesca como única fonte de renda. Evidencia-se que a sucessão dos atos normativos e decisões judiciais, acima citados, causaram aos trabalhadores rurais (pescadores artesanais) uma insegurança jurídica, eis que, em curto intervalo de tempo, ora era garantido o seguro-defeso e, portanto, proibida a atividade pesqueira, ora era suspenso o seguro e permitida a pesca. Nesse passo, tais mudanças não podem importar ao pescador artesanal prejuízos financeiros que atingem diretamente a sua subsistência. O seguro-defeso é uma assistência financeira temporária concedida aos pescadores profissionais artesanais que, durante o período defeso, são obrigados a paralisar suas atividades para preservação da espécie. Essa medida visa proteger a fauna, no período de reprodução dos peixes, bem como a sobrevivência do pescador. Ademais, é relevante destacar que faltavam apenas 02 (dois) dias para se atingir o prazo mínimo necessário à concessão do benefício. Nesse aspecto, considerando o nível de instrução e informação dos pescadores artesanais, é possível presumir que a própria decisão liminar do STF, que liberou a pesca a partir de 07/01/2016, não tenha chegado ao conhecimento dos mesmos de forma imediata. Logo, muito provavelmente, tais pescadores realmente passaram trinta ou mais dias sem exercer a pesca. Dessa forma, na situação posta nos autos, resta prudente garantir o período de 30 (trinta) dias de seguro-defeso para os trabalhadores que cumprirem os requisitos elencados na Lei 10.779/2003. Por outro lado, deixo de considerar todo período alegado pela parte autora, no interregno de 01/12/2015 a 29/02/2016 (período estabelecido pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), como período defeso, em razão dos atos normativos e decisão do STF (Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015; liminar na ADI de n.o 5447, de 07/01/2016) terem suspendido a sua concessão, durante alguns dias, dentro deste intervalo. Nesse aspecto, é relevante destacar que não se justifica o pagamento do seguro-defeso durante o período em que não houve proibição da pesca, ainda que seja criticável a Portaria Interministerial no 192/2015, ao suspender o período de defeso. Com efeito, se os pescadores poderiam trabalhar e, consequentemente, auferir renda, não há justificativa para o pagamento do seguro-defeso durante o período correspondente. No que tange ao pedido de tutela provisória, caso haja, para o processamento do requerimento de seguro-defeso e demais providências para pagamento, no INSS, tenho que não se encontram presentes os requisitos necessário para sua concessão, tendo em vista que a eventual concessão do seguro-defeso, após requerimento administrativo, ensejará tão somente o pagamento de parcelas vencidas, o que não é cabível em sede de tutela de urgência. Além disso, há perigo de irreversibilidade de efeitos da decisão. Desse modo, indefiro o pedido de tutela de urgência. No que tange ao pleito indenizatório, caso haja, não merece prosperar a pretensão autoral por não ter sido configurado qualquer dano à seara moral. É que, no caso concreto, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão de dano moral. O INSS, ao seguir a Resolução de n.o CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, procedeu no exercício regular de um direito. Ademais, o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pelo INSS. III - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pleito autoral, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil, para: a) reconhecer como devido o seguro-defeso, pelo prazo de 30 (trinta) dias, no valor de um salário-mínimo, em decorrência da proibição da pesca durante o período de 10/12/2015 até 07/01/2016; b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c art. 55 da Lei no 9.099/95 e art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. A publicação e o registro desta Sentença decorrerão automaticamente de sua validação no Sistema. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0528923-54.2017.4.05.8100
2017-12-20 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-02-28 16:49:32
Sentença - Revisão RMI_inclusão anteriores a 1994
2018-04-26T14:37:56
Acórdão - com voto
GUSTAVO MELO BARBOSA (2ª TURMA RECURSAL)
2018-04-25 13:30:00
JOSÉ MAXIMILIANO MACHADO CAVALCANTI
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,138
Direito Previdenciário
RMI - Renda Mensal Inicial, Reajustes e Revisões Específicas
Reajustes e Revisões Específicos
1
CE031312A
RELATÓRIO Dispensado, nos termos do art. 38 da Lei n° 9.099/95, aplicado ao caso por força do art. 1° da Lei n° 10.259/2001. FUNDAMENTAÇÃO Preliminarmente, não há que se falar em decadência, uma vez que o benefício ora questionado tem DER em 05/03/2012 (anexo 3), pelo que, rejeito a alegação. No mérito, pretende a parte autora a revisão de sua Renda Mensal Inicial, pugnando que seu salário de benefício seja calculado apurando-se o somatório de todo o seu período contributivo, considerando para tanto os salários de contribuição atualizados que possui no período anterior a Julho/94. Não havendo necessidade de dilação probatória, cumpre o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I do CPC. Cinge-se a controvérsia à forma de cálculo da RMI de benefício de aposentadoria por idade com DIB em 05/03/2012, cujo número de contribuições vertidas à Previdência, após a competência de julho de 1994, limitou-se a 99 contribuições, conforme consta na carta de concessão (anexo 3). Pois bem, o fato gerador para a concessão do benefício previdenciário deve ser regido pela lei vigente à época de sua concessão. No caso, o art. 3o da Lei 9.876/99, que promoveu alterações no art. 29 da Lei 8.213/91, regulou a forma de cálculo do salário-de-benefício das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, no que tange aos segurados já filiados ao RGPS quando da alteração legislativa. Assim, alterando o art. 29, e revogando seu § 1o, da Lei no 8.213/91, tal norma ampliou o período de apuração dos salários-de-contribuição para abranger todo o período contributivo do segurado desde a competência de julho de 1994, in verbis; Art. 3o. Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir essas condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994, observado o disposto nos incs. I e II do caput do art. 29 da lei 8.213/91, com a redação dada por esta Lei. (...) § 2o - No caso das aposentadoria que tratam as alíneas 'b', 'c' e 'd' do inc. I do art.188, o divisor considerado no cálculo da renda média a que se refere o caput e o§ 1oo não poderá ser inferior a 60% do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a 100% de todo o período contributivo. Conforme a nova Lei, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir de sua vigência (29.11.1999), o período de apuração envolveria os salários-de-contribuição desde a data da filiação até a Data de Entrada do Requerimento - DER, isto é, todo o período contributivo do segurado. Por outro lado, para os segurados filiados antes da edição da aludida Lei, o período de apuração passou a ser o interregno entre julho de 1994 e a DER. Desta feita, a referida norma de transição restringiu o período básico de cálculo para os segurados que já estavam filiados ao RGPS quando da alteração legislativa. Quanto aos mesmos, não deve ser considerado todo o período contributivo, mas somente aquele decorrido a partir da competência de julho de 1994. E quanto ao divisor a ser aplicado para apuração do salário-de-benefício, a regra é prevista no § 2o do art. 3o da Lei 9.876/99, com a previsão de um limite mínimo. No caso posto, considerando que o autor era filiado à Previdência desde antes da entrada em vigor da Lei 9.876/99, bem como os recolhimentos após julho de 1994, a autarquia processou o cálculo de seu benefício enquadrando-o na disposição do § 2o do art. 3o da Lei 9.876/99, conforme os cálculos do anexo 3. Assim, pelas razões acima declinadas, e em obediência ao § 2o do art. 3o da referida Lei, deve-se apurar todos os salários-de-contribuição compreendido no período contributivo de julho de 1994 ao mês imediatamente anterior ao requerimento, multiplicando-se por divisor não inferior a 60% (sessenta por cento) e nem superior a 100% (cem por cento), procedimento, ao que tudo indica, devidamente adotado pelo ente previdenciário, conforme se extrai da análise da Carta de Concessão autoral juntada (anexo 6). No mesmo sentido, trago à colação oportunos julgados das cortes superiores sobre a tema: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REVISÃO. PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. EC N. 20/1998 E LEI N. 9.876/1999. LIMITE DO DIVISOR PARA O CÁLCULO DA MÉDIA. PERÍODO CONTRIBUTIVO. 1. A partir da promulgação da Carta Constitucional de 1988, o período de apuração dos benefícios de prestação continuada, como a aposentadoria, correspondia à média dos 36 últimos salários-de-contribuição (art. 202, caput). 2. Com a Emenda Constitucional n. 20, de 1998, o número de contribuições integrantes do Período Básico de Cálculo deixou de constar do texto constitucional, que atribuiu essa responsabilidade ao legislador ordinário (art. 201, § 3o). 3. Em seguida, veio à lume a Lei n. 9.876, cuja entrada em vigor se deu em 29.11.1999.Instituiu-se o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias e ampliou-se o período de apuração dos salários-de-contribuição. 4. Conforme a nova Lei, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir da Lei n. 9.876/1999, o período de apuração envolveria os salários-de-contribuição desde a data da filiação até a Data de Entrada do Requerimento - DER, isto é, todo o período contributivo do segurado. 5. De outra parte, para os já filiados antes da edição da aludida Lei, o período de apuração passou a ser o interregno entre julho de 1994 e a DER. 6. O período básico de cálculo dos segurados foi ampliado pelo disposto no artigo 3o, caput, da Lei n. 9.876/1999. Essa alteração legislativa veio em benefício dos segurados. Porém, só lhes beneficia se houver contribuições. 7. Na espécie, a recorrente realizou apenas uma contribuição desde a competência de julho de 1994 até a data de entrada do requerimento - DER, em janeiro de 2004. 8. O caput do artigo 3o da Lei n. 9.876/1999 determina que, na média considerar-se-á os maiores salários-de-contribuição, na forma do artigo 29, inciso I, da Lei n. 8.213/1991, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo desde julho de 1994. E o § 2o do referido artigo 3o da Lei n. 9.876/1999 limita o divisor a 100% do período contributivo. 9. Não há qualquer referência a que o divisor mínimo para apuração da média seja limitado ao número de contribuições.10. Recurso especial a que se nega provimento." (REsp 929032/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 27/04/2009) *** "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA URBANA POR IDADE. REVISÃO. SALÁRIO DEBENEFÍCIO. MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES. DIVISOR. NÚMERO DECONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. ART. 3o, § 2o, DA LEI No 9.876/99. 1. A tese do recorrente no sentido de que, no cálculo da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, deve ser utilizado como divisor mínimo para apuração da média aritmética dos salários de contribuição o número efetivo de contribuições, não tem amparo legal. 2. Quando o segurado, submetido à regra de transição prevista no art. 3o, § 2o, da Lei no 9.876/99, não contribui, ao menos, pelo tempo correspondente a 60% do período básico de cálculo, os salários de contribuição existentes são somados e o resultado dividido pelo número equivalente a 60% (sessenta por cento) do período básico de cálculo. 3. Recurso especial a que se nega provimento." (STJ - REsp: 1114345 RS 2009/0088306-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 27/11/2012, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/12/2012) Diante disso, não merece reparos o ato concessório de aposentadoria do demandante, uma vez que o cálculo da renda mensal inicial de qualquer benefício concedido deve obedecer o princípio do “tempus regit actum”, ou seja, a lei em vigor quando da concessão. Assim sendo, verificando que o benefício da parte autora foi concedido após a vigência da Lei no 9.876/99, ou seja, quando satisfez os requisitos para a concessão do benefício ̧ impossível a aplicação de regra anterior ao caso em comento, tendo a Autarquia ré obedecido aos referidos ditames legais, motivo pelo que vislumbro não ser digna de acolhimento a pretensão descansada na peça inaugural. DISPOSITIVO À luz do exposto e de tudo o mais que dos autos consta, RESOLVO O MÉRITO DA PRESENTE DEMANDA, rejeitando o pedido inicial, nos termos do art. 487, I do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no. 10.259/2001. Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se. Data supra
DIREITOPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE/TEMPO DECONTRIBUIÇÃO. REVISÃO. RMI.CONTRIBUIÇÕES ANTERIORES A JULHO DE 1994.IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE TNU. PRINCÍPIO DO “TEMPUS REGIT ACTUM. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. SENTENÇADE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autoraem face de sentença que julgou improcedente o pedido de revisão da RendaMensal Inicial de benefício de aposentadoria, a fim de que o salário debenefício seja calculado apurando-se o somatório de todo o seu períodocontributivo, considerando, para tanto, os salários de contribuiçãoatualizados que possui no período anterior a Julho/94. No presente caso, observo que a Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais firmouentendimento em desfavor da tese defendida pela parte autora. Para melhor ilustrar, bem como a fim de evitarrepetições desnecessárias, colaciono trecho do julgado da instância superior,o qual adoto como parte da fundamentação: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DEINTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO.REGIME DE TRANSIÇÃO. ART. 3°, CAPUT E §2°, DA LEI N. 9.876/99. AUSÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO À APURAÇÃO DESALÁRIO-DE-BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO. INCIDENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A parte autora interpõePedido de Uniformização de Interpretação da Lei Federal contra acórdão,prolatado pela Turma Recursal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, quejulgou improcedente pedido para revisão de renda mensal inicial de benefíciode aposentadoria por idade, considerando-se, para fins de determinação dosalário-de-benefício, a média da totalidade dos salários-de-contribuiçãoatualizados no período básico de cálculo, tendo como divisor o número 87, quecorresponde ao número de salários-de-contribuição efetivamente computados noPBC. 2. Em suas razões, a parteautora afirma que o acórdão impugnado diverge da orientação perfilhada pelaTurma Regional de Uniformização da 4a Região (processos n.0005249-19.2002.4.04.7208 e n. 5025843-93.2011.4.04.7000), no sentido de quea regra de transição prevista na Lei n. 9.876/99 não pode prevalecer nassituações em que o número de contribuições recolhidas no período básico decálculo seja inferior ao divisor mínimo, por se tratar de regra transitóriaprejudicial ao segurado, devendo ser aplicada a regra definitiva, prevista noartigo 29, I, da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99. 3. O Pedido de Uniformizaçãofoi-me distribuído pelo MM. Ministro Presidente da Turma Nacional deUniformização dos Juizados Especiais Federais. 4. Presentes os pressupostosprocessuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito. 5. A divergência apontada nopresente Pedido de Uniformização cinge-se à possibilidade de aplicação daregra definitiva, prevista no artigo 29, I, da Lei n. 8.213/91, com a redaçãodada pela Lei n. 9.876/99, aos segurados já filiados ao Regime Geral daPrevidência Social antes da data de publicação da Lei n. 9.876/99. 6. O art. 29, caput, da Lei n.8.213/91, dispunha que: "O salário-de-benefício consiste na médiaaritmética simples de todos os últimos salários-de-contribuição dos mesesimediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data de entradado requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis) apurados em período nãosuperior a 48 (quarenta e oito) meses". A Lei n. 9.876, publicada em29/11/1999, alterou a redação do art. 29, da Lei n. 8.213/91, que, no seuinciso I, passou a dispor que a aposentadoria por idade e por tempo decontribuição teriam seu salário-de-benefício calculado com base na"média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuiçãocorrespondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,multiplicada pelo fator previdenciário", ao passo que a aposentadoriapor invalidez, a aposentadoria especial, o auxílio-doença e oauxílio-invalidez seriam apurados a partir da "média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento detodo o período contributivo" (inciso II). 7. O art. 3°, da Lei n.9.876/99, fixou disciplina específica para os segurados já filiados ao RegimeGeral da Previdência Social antes da data de sua publicação (29/11/1999), afim de que a definição do salário-de-benefício considerasse a médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a,no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desdejulho de 1994. O §2°, do art. 3°, da Lei n. 9.876/99, também dispôs que, paraas aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial, "o divisorconsiderado no cálculo da média a que se refere o caput e o §1° não poderáser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julhode 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo operíodo contributivo". 8. A evolução legislativapermite concluir que a Lei n. 9.876/99 ampliou o período básico de cálculo dosalário-de-benefício. Na redação original do art. 29, caput, da Lei n.8.213/91, ele era restrito a 36 meses, apurados em intervalo não superior a48 meses anteriores ao afastamento ou à data de apresentação de requerimento.À luz da nova regra, o período básico de cálculo foi ampliado para abarcar80% de todo o período contributivo, que compreendesse os maioressalários-de-contribuição. A mudança dos critérios de cálculo dosalário-de-benefício impeliu o legislador a graduar a alteração efetuada emrelação aos segurados que ainda não tinham preenchido os requisitos para gozode seus benefícios, os quais teriam o período básico de cálculo apurado apartir de julho de 1994, quando já vigente novo padrão monetário (Real). 9. A presunção de que osegurado teria atingido o ápice de sua vida laboral e de sua remuneração aose aposentar permitia crer que a ampliação do período básico de cálculoconstituiria medida prejudicial ao cálculo de salário-de-benefício em patamarmais elevado, embora se saiba que a evolução de renda ao longo da vidalaborativa possa ter variações, de acordo com a profissão, grau deescolaridade e gênero do trabalhador. Contudo, é certo que o aumento donúmero de meses, que iriam compor o divisor da média aritmética, implicariauma menor relevância dos últimos maiores salários-de-contribuição. Com ointuito de atenuar os possíveis prejuízos advindos, foi estabelecida uma regrade transição para os segurados já filiados antes de 29/11/1999, que teriam operíodo contributivo abstratamente demarcado a partir de 65 meses (intervaloentre julho de 1994 e novembro de 1999). 10. O estabelecimento de regrade transição ajusta-se aos princípios da segurança jurídica e da confiança,radicados na proteção do Estado de Direito (art. 1°, caput, da Constituiçãoda República de 1988), por servir de instrumento para uma modificaçãolegislativa "dentro dos parâmetros exigidos pelo critério daproporcionalidade", tendo já sido observado, no âmbito do direitocomparado, precedentes em que foi afirmada a necessidade de instituição deregras de transição nas hipóteses de supressão ou modificação de posiçõesjurídicas tuteláveis para evitar a configuração de situação inconstitucional(Valter Shuen-quener de Araújo. "O princípio da proteção da confiança:uma nova forma de tutela do cidadão diante do Estado". Niterói: Impetus,2009, pp. 225, 227). A proteção da segurança jurídica exige que as alteraçõesnormativas possam ser feitas de forma gradual, de acordo com a confiançagerada pela atuação estatal e pela necessidade de estabilidade mínima paraplanejamento das condutas individuais. O "direito a um regime detransição justo" (Humberto Ávila. "Segurança jurídica: entrepermanência, mudança e realização no Direito Tributário. São Paulo:Malheiros, 2011, p. 597) tem especial relevância no Direito Previdenciário,pois frequentemente os benefícios são substitutivos da renda obtida com otrabalho do segurado e, portanto, essenciais à sua subsistência. Além disso,os critérios para a fruição desses benefícios, quando relacionados à idademínima e ao tempo de contribuição, permitem que os segurados possam melhoravaliar o momento mais propício para obtenção de aposentadoria e término desua vida laborativa. 11. No presente recurso, oautor já detinha a qualidade de segurado quando houve a publicação da Lei n.9.876/99, cujo art. 3°, §2°, dispôs que, para as aposentadorias por idade,tempo de contribuição e especial, "o divisor considerado no cálculo damédia a que se refere o caput e o §1° não poderá ser inferior a sessenta porcento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de iníciodo benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo".Contudo, ele afirma que a regra de transição é-lhe mais prejudicial do que onovo regramento instituído para cálculo do salário-de-benefício, segundo oqual todo o período contributivo do segurado seria considerado para apuraçãodos maiores salários-de-contribuição (art. 29, I, da Lei n. 8.213/91, com aredação dada pela Lei n. 9.876/99). 12. Nesses termos, a parteautora alega que tem direito subjetivo a ter calculado o seusalário-de-benefício de acordo com a regra que lhe for mais vantajosa, o queinfirmaria a observância do disposto pelo art. 3°, §2°, da Lei n. 9.876/99,em razão da limitação imposta ao período básico de cálculo. Aduz que ofundamento racional para a regra de transição não existiria, pois a suaaplicação não beneficia o segurado. 13. Ao proceder à análise dopedido formulado pela parte autora, sublinho que a ampliação do períodobásico de cálculo não acarreta, necessariamente, a obtenção de umsalário-de-benefício mais vantajoso ao segurado. Conforme antes destacado, aevolução legislativa deu-se mediante o aumento do número de meses a seremconsiderados no cálculo do período básico de cálculo com o intuito de reduziros crescentes gastos da Previdência Social. A presunção de que o segurado iráauferir maiores salários ao término de sua vida laborativa embasou a criaçãode regime de transição para atenuar os prejuízos que poderiam advir, casoconsiderado todo o período contributivo, no qual se incluiriam os saláriosrecebidos no início da vida laboral, usualmente mais baixos. 14. Entretanto, a possibilidadede a nova regra ser mais favorável ao segurado não lhe assegura o direitosubjetivo à sua aplicação, pois não há norma expressa que permita a escolhade qual critério deve ser observado para o cálculo do salário-de-benefício. Aopção feita pelo legislador é amparada pelo poder de conformação que lhecompete para a definição dos critérios para fruição de benefíciosprevidenciários (art. 201, caput, da Constituição da República de 1988, com aredação dada pela Emenda Constitucional n. 20/98). Na hipótese, inexistiuinfração à segurança jurídica ou à confiança, porque a graduação observada naregra de transição foi proporcional à mudança operada, uma vez que houve oestabelecimento de um quantitativo intermediário de meses entre os extremosverificados na regra revogada e na disciplina mais recente. Ademais, o RegimeGeral da Previdência Social pressupõe uma gestão coletiva de riscos, medianteo equilíbrio entre fontes de custeio e os gastos com benefícios e prestações(art. 195, §5o, da Constituição da República de 1988). A mudança pontual doscritérios para cálculo do salário-de-benefício tem consequências atuariaispara o Regime Geral da Previdência Social, que não poderá planejaradequadamente a expectativa de gastos para a manutenção dos benefícios pagos,o que traz riscos à sua manutenção hígida (cf. STF, RE 415.454/SC, Pleno,Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 25/10/2007). 15. A propósito, destaco que oSuperior Tribunal de Justiça rejeitou a tese de que o segurado - filiado aoRegime Geral da Previdência Social antes do início de aplicação da Lei n.9.876/99 (29/11/1999), que ainda não tivesse preenchido os requisitos paraconcessão de aposentadoria - poderia se valer de regra distinta daquelaprevista no regime de transição para definição do período básico de cálculo,ainda que lhe propiciasse salário-de-benefício mais vantajoso (cf. RESP929.032/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 27/04/2009; RESP1.114.345/RS, Sexta Turma, Rel. Min. Maria The-reza de Assis Moura, DJE06/12/2012; AgRg no ARESP 609.297/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro CampbellMarques, DJE 26/06/2015). 16. Posto isso, voto porconhecer o Pedido de Uniformização e negar-lhe provimento. (TNU, Processo n.o0513112-32.2014.4.05.8400, rel. Juiz Federal Fábio césar dos Santos Oliveira,j. 20/07/2016, p. 28.10.2016). Assim, nos termos decidido pela TNU, apossibilidade de a nova regra ser mais favorável ao segurado não lhe assegurao direito subjetivo à sua aplicação, pois não há norma expressa que permita aescolha de qual critério deve ser observado para o cálculo dosalário-de-benefício. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a sentença de improcedência. Condenação da parte autora em honoráriosadvocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa (art. 55 da Lei n.o9.099/95), suspensa a execução enquanto litigar sob o pálio da JustiçaGratuita. Tem-se por expressamente prequestionadas todas asquestões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins deprequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos eparágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regrasneles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no casoora sob exame (RE-AgR 353986, Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe14/08/2008). ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da SeçãoJudiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso nos termos dovoto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os ExcelentíssimosSrs. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de SousaBrasile Gisele Chaves Sampaio Alcântara. Fortaleza/CE, 25 de abril de 2018.
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28-CE
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51.498981
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Preliminarmente, não há que se falar em decadência, uma vez que o benefício ora questionado tem DER em 05/03/2012 (anexo 3), pelo que, rejeito a alegação. No mérito, pretende a parte autora a revisão de sua Renda Mensal Inicial, pugnando que seu salário de benefício seja calculado apurando-se o somatório de todo o seu período contributivo, considerando para tanto os salários de contribuição atualizados que possui no período anterior a Julho/94. Não havendo necessidade de dilação probatória, cumpre o julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I do CPC. Cinge-se a controvérsia à forma de cálculo da RMI de benefício de aposentadoria por idade com DIB em 05/03/2012, cujo número de contribuições vertidas à Previdência, após a competência de julho de 1994, limitou-se a 99 contribuições, conforme consta na carta de concessão (anexo 3). Pois bem, o fato gerador para a concessão do benefício previdenciário deve ser regido pela lei vigente à época de sua concessão. No caso, o art. 3o da Lei 9.876/99, que promoveu alterações no art. 29 da Lei 8.213/91, regulou a forma de cálculo do salário-de-benefício das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, no que tange aos segurados já filiados ao RGPS quando da alteração legislativa. Assim, alterando o art. 29, e revogando seu § 1o, da Lei no 8.213/91, tal norma ampliou o período de apuração dos salários-de-contribuição para abranger todo o período contributivo do segurado desde a competência de julho de 1994, in verbis; Art. 3o. Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir essas condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994, observado o disposto nos incs. I e II do caput do art. 29 da lei 8.213/91, com a redação dada por esta Lei. (...) § 2o - No caso das aposentadoria que tratam as alíneas 'b', 'c' e 'd' do inc. I do art.188, o divisor considerado no cálculo da renda média a que se refere o caput e o§ 1oo não poderá ser inferior a 60% do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a 100% de todo o período contributivo. Conforme a nova Lei, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir de sua vigência (29.11.1999), o período de apuração envolveria os salários-de-contribuição desde a data da filiação até a Data de Entrada do Requerimento - DER, isto é, todo o período contributivo do segurado. Por outro lado, para os segurados filiados antes da edição da aludida Lei, o período de apuração passou a ser o interregno entre julho de 1994 e a DER. Desta feita, a referida norma de transição restringiu o período básico de cálculo para os segurados que já estavam filiados ao RGPS quando da alteração legislativa. Quanto aos mesmos, não deve ser considerado todo o período contributivo, mas somente aquele decorrido a partir da competência de julho de 1994. E quanto ao divisor a ser aplicado para apuração do salário-de-benefício, a regra é prevista no § 2o do art. 3o da Lei 9.876/99, com a previsão de um limite mínimo. No caso posto, considerando que o autor era filiado à Previdência desde antes da entrada em vigor da Lei 9.876/99, bem como os recolhimentos após julho de 1994, a autarquia processou o cálculo de seu benefício enquadrando-o na disposição do § 2o do art. 3o da Lei 9.876/99, conforme os cálculos do anexo 3. Assim, pelas razões acima declinadas, e em obediência ao § 2o do art. 3o da referida Lei, deve-se apurar todos os salários-de-contribuição compreendido no período contributivo de julho de 1994 ao mês imediatamente anterior ao requerimento, multiplicando-se por divisor não inferior a 60% (sessenta por cento) e nem superior a 100% (cem por cento), procedimento, ao que tudo indica, devidamente adotado pelo ente previdenciário, conforme se extrai da análise da Carta de Concessão autoral juntada (anexo 6). No mesmo sentido, trago à colação oportunos julgados das cortes superiores sobre a tema: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REVISÃO. PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO. AMPLIAÇÃO. EC N. 20/1998 E LEI N. 9.876/1999. LIMITE DO DIVISOR PARA O CÁLCULO DA MÉDIA. PERÍODO CONTRIBUTIVO. 1. A partir da promulgação da Carta Constitucional de 1988, o período de apuração dos benefícios de prestação continuada, como a aposentadoria, correspondia à média dos 36 últimos salários-de-contribuição (art. 202, caput). 2. Com a Emenda Constitucional n. 20, de 1998, o número de contribuições integrantes do Período Básico de Cálculo deixou de constar do texto constitucional, que atribuiu essa responsabilidade ao legislador ordinário (art. 201, § 3o). 3. Em seguida, veio à lume a Lei n. 9.876, cuja entrada em vigor se deu em 29.11.1999.Instituiu-se o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias e ampliou-se o período de apuração dos salários-de-contribuição. 4. Conforme a nova Lei, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir da Lei n. 9.876/1999, o período de apuração envolveria os salários-de-contribuição desde a data da filiação até a Data de Entrada do Requerimento - DER, isto é, todo o período contributivo do segurado. 5. De outra parte, para os já filiados antes da edição da aludida Lei, o período de apuração passou a ser o interregno entre julho de 1994 e a DER. 6. O período básico de cálculo dos segurados foi ampliado pelo disposto no artigo 3o, caput, da Lei n. 9.876/1999. Essa alteração legislativa veio em benefício dos segurados. Porém, só lhes beneficia se houver contribuições. 7. Na espécie, a recorrente realizou apenas uma contribuição desde a competência de julho de 1994 até a data de entrada do requerimento - DER, em janeiro de 2004. 8. O caput do artigo 3o da Lei n. 9.876/1999 determina que, na média considerar-se-á os maiores salários-de-contribuição, na forma do artigo 29, inciso I, da Lei n. 8.213/1991, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo desde julho de 1994. E o § 2o do referido artigo 3o da Lei n. 9.876/1999 limita o divisor a 100% do período contributivo. 9. Não há qualquer referência a que o divisor mínimo para apuração da média seja limitado ao número de contribuições.10. Recurso especial a que se nega provimento." (REsp 929032/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 27/04/2009) *** "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA URBANA POR IDADE. REVISÃO. SALÁRIO DEBENEFÍCIO. MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES. DIVISOR. NÚMERO DECONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. ART. 3o, § 2o, DA LEI No 9.876/99. 1. A tese do recorrente no sentido de que, no cálculo da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, deve ser utilizado como divisor mínimo para apuração da média aritmética dos salários de contribuição o número efetivo de contribuições, não tem amparo legal. 2. Quando o segurado, submetido à regra de transição prevista no art. 3o, § 2o, da Lei no 9.876/99, não contribui, ao menos, pelo tempo correspondente a 60% do período básico de cálculo, os salários de contribuição existentes são somados e o resultado dividido pelo número equivalente a 60% (sessenta por cento) do período básico de cálculo. 3. Recurso especial a que se nega provimento." (STJ - REsp: 1114345 RS 2009/0088306-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 27/11/2012, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/12/2012) Diante disso, não merece reparos o ato concessório de aposentadoria do demandante, uma vez que o cálculo da renda mensal inicial de qualquer benefício concedido deve obedecer o princípio do “tempus regit actum”, ou seja, a lei em vigor quando da concessão. Assim sendo, verificando que o benefício da parte autora foi concedido após a vigência da Lei no 9.876/99, ou seja, quando satisfez os requisitos para a concessão do benefício ̧ impossível a aplicação de regra anterior ao caso em comento, tendo a Autarquia ré obedecido aos referidos ditames legais, motivo pelo que vislumbro não ser digna de acolhimento a pretensão descansada na peça inaugural. DISPOSITIVO À luz do exposto e de tudo o mais que dos autos consta, RESOLVO O MÉRITO DA PRESENTE DEMANDA, rejeitando o pedido inicial, nos termos do art. 487, I do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, c/c os arts. 54 e 55 da Lei no . Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no. . Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se. Data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0502439-57.2017.4.05.8308
2017-07-26 00:00:00
Caixa Econômica Federal - CEF (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-01-25 13:23:05
Sentença - Improcedente
2018-04-26T14:50:49
Acórdão - Acórdão
FLÁVIO ROBERTO FERREIRA DE LIMA
2018-04-25 14:00:00
ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
7,779
Direito do Consumidor
Responsabilidade do Fornecedor
Indenização por Dano Moral
3
PB019216
EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR. MÁ-PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ENCERRAMENTO DE CONTA CORRENTE MOTIVADA POR DÉBITO DO AUTOR. MANIFESTA INADIMPLÊNCIA. LEGITIMIDADE DA NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA: ALMIRO ALVES XAVIER NETO propõe ação em desfavor da CAIXA, assim requerendo: “[...] d) Seja deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para que a empresa reclamada deixe de cobrar o débito indevido retire o nome da parte autora do banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este douto juízo, e, ao final, seja confirmada, por sentença, a tutela antecipada, declarando a inexistência do débito indevidamente imputado à parte autora. e) Seja julgada procedente o pedido, condenando a ré ao pagamento em DANOS MORAIS em patamar não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ou outro valor a ser arbitrado por esse MM. Juízo; f) a cominação de pena pecuniária a ré, em valor arbitrado por Vossa Excelência revertida em favor da parte autora, no limite do Juizado para o caso de não cumprimento da obrigação no prazo fixado; [...].” (doc . 1). 2. Em apertada síntese, assevera ter recebido carta de aviso de débito do SCPC referente a dívida originada de conta bancária já encerrada junto à ré. Aduz ter experimentado danos morais. 3. A ré, em sua defesa (doc. 18), em suma, rebate os argumentos lançados. Requer a improcedência do pedido. 4. É o relatório. DECIDO. 5. Sem preliminares ou prejudiciais. 6. Adentro ao mérito. 7. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos (art. 14 da Lei n.o 8.078/1990). 8. Dessarte, a responsabilidade do fornecedor do serviço qualifica-se como objetiva, demandando a demonstração da ação ou omissão, do dano e do nexo de causalidade. 9. O autor alega ter encerrado a conta corrente n.o 0080.001.00031341-0 sem deixar débitos. 10. Não é o que ressai da prova dos autos. 11. Lê-se da missiva remetida ao autor (doc. 03): “[...] Transcorrido o prazo estabelecido anteriormente e considerando a permanência de débito, informamos que a sua conta corrente acima identificada foi encerrada. A CAIXA estará adotando as medidas restritivas previstas na legislação atual até a quitação total da dívida existente. [...].” 12. Mais claro impossível: a conta foi encerrada por inadimplemento, cientificando-se o autor de que seriam promovidas medidas para a cobrança da dívida. 13. Friso que o autor não junta documento de quitação do débito. 14. Defrontado com esse panorama (legitimidade da negativação do nome do autor), o pedido merece ser rejeitado. 15. Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil). 16. Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). 17. Certificado o trânsito em julgado e nada mais havendo, ARQUIVEM-SE os autos. 18. Expedientes necessários. 19. P. R. I. Petrolina/PE, 25 de janeiro de 2018. Juiz Federal ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
0502439-57.2017.4.05.8308 EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. CEF. INCLUSÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. ENCERRAMENTO DE CONTA CORRENTE. INADIMPLENCIA. NÃO COMPROVAÇÃO DE ADIMPLEMENTO DAS TAXAS. INSCRIÇÃO DEVIDA. RECURSO DO PARTICULAR IMPROVIDO. – Cuida-se de recurso interposto pelo particular em face da sentença que julgou improcedente o pedido autoral de indenização pela inscrição indevida no SPC/Serasa. – Alega a parte autora que após vários meses do encerramento da conta a ré lança no nome do recorrente no rol de inadimplentes do SPC/SERASA, após ter lançado indevidamente debito na conta já encerrada. – É cediço que aquele que, por ato ilícito (arts. 186, do CC), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art. 927, do CC). Com efeito, dispõe o art. 186, do Código Civil que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, acrescentando, no seu art. 927, que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. – Da leitura dos dispositivos acima transcritos, infere-se que 04 são os elementos configuradores da responsabilidade civil extracontratual: conduta (omissiva ou comissiva), culpa lato sensu (abrangendo o dolo e a culpa stricto sensu), dano e nexo causal. – A inscrição do nome do autor em cadastro de inadimplentes não tem o condão, por si só, de ensejar responsabilidade civil, por tratar-se de exercício regular de direito do credor, in casu, a CEF. – Na espécie, verifica-se, desde logo, que não existem fatos configuradores do dano moral pleiteado. A partir dos documentos juntados aos autos, percebe-se que, de fato, a parte autora inadimpliu a obrigação em questão, o que torna lícita a inscrição do particular nos cadastros de proteção ao crédito. – Verifico do Termo de opção de Adesão da Cesta de Serviços (anexo 27), que consta a informação de ser necessária a assinatura de um termo de cancelamento da Adesão à cesta de Serviços Caixa para que cessem os efeitos de cobrança. Ademais conforme informações constantes da nota técnica (anexo 25) o autor não solicitou o encerramento da conta corrente, inclusive, também não solicitou a liquidação do cheque especial. –Tendo em vista os documentos supracitados, verifico que não consta nos autos nenhuma prova capaz de infirmar tais elucidações. Frise-se que o ônus da prova cabe a quem alega o fato, de modo que, não tendo o autor logrado demonstrar que de fato solicitou o encerramento da conta corrente, ficam suas alegações sem qualquer suporte fático-jurídico a lhe dar credibilidade. Nesse sentido, é a inteligência do escólio de Humberto Theodoro Júnior: "Não há um dever de provar, nem à parte assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, de modo que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados e do qual depende a existência do direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional. Isto porque, segundo a máxima antiga, fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente." (THEODORO, Humberto Júnior. Curso de direito processual civil. 12. ed. v. 1. Forense, 1994. p. 411).” – Saliente-se que a fotografia do monitor constante na peça recursal não comprova com clareza e indubitavelmente o encerramento da conta corrente pelo autor. – Isto posto, entendo que a conduta da CEF em proceder com a inscrição do autor ao cadastro de inadimplentes foi licita. Não há que ser reconhecido o dano moral consequente da inscrição ou manutenção do nome do recorrente nos cadastros de proteção ao credito (SPC/Serasa) mesmo após o pagamento da dívida que lhe deu origem, pois no ato da inscrição, a inadimplência persistia. Nestes termos, é a jurisprudência do TRF5: RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO DE NOME EM CADASTRO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PRÉVIA NOTIFICAÇÃO. RESPOSNABILIDADE DO ÓRGÃO MANTENEDOR DO CADASTRO. SÚMULA DO 359 STJ. DANOS MORAIS. NÃO CONFIGURADOS. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. Pretende a parte autora, ora apelante, a condenação da Caixa Econômica Federal ao pagamento de indenização por danos morais decorrentes da inscrição indevida de seu nome em cadastro de inadimplentes. Alega que houve falha no serviço prestado pela CEF por não tê-la notificado previamente da inscrição e por não ter cancelado o registro após a amortização da dívida inscrita. 2. A responsabilidade pela inscrição de dívida em cadastro de restrição ao crédito sem a prévia notificação do devedor é do órgão mantenedor do cadastro e não do credor. Trata-se de entendimento já sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (súmula 359). 3. Não há de ser reconhecido dano moral decorrente da manutenção do nome do apelante nos cadastros do SPC mesmo após a amortização da dívida que lhe deu origem, referente às três primeiras parcelas do contrato de renegociação de dívida firmado com a CEF, tendo em vista a subsistência do estado de inadimplência em relação às prestações subseqüentes do contrato. 4. O dano moral deve ser conhecido como decorrente da falsa imputação do estado de inadimplência, devendo ser afastado quando este preexiste ou subsiste independentemente da inclusão ou cancelamento do registro indevidamente lançado. Entendimento firmado em recente julgado da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, proferido no regime dos recursos repetitivos (RESP 1061134/RS; DJ: 01/04/2009). 5. Apelação improvida (TRF-5 - AC: 413182 CE 0009552-21.2004.4.05.8100, Relator: Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, Data de Julgamento: 14/05/2009, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da Justiça - Data: 16/06/2009 - Página: 273 - No: 112 - Ano: 2009). – Não preenchidos os requisitos da responsabilidade civil, como visto, a manutenção da sentença é medida de rigor, já que analisou perfeitamente a lide quanto a este ponto. – Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis. – Recurso improvido. Sentença mantida. – A sucumbência fica a cargo do recorrente vencido e restringe-se a honorários, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55, caput da Lei no 9.099/95, aplicável ao JEF por força do art. 1o, da Lei no 10.259/01), cuja exigibilidade, todavia, ficará suspensa por se tratar de beneficiário da gratuidade judiciária (art. 98 e §§ 2o e 3o, do CPC) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso do particular, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento.
511
1,084
0
1
17-PE
0
182.669502
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
DIREITO DO CONSUMIDOR. MÁ-PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ENCERRAMENTO DE CONTA CORRENTE MOTIVADA POR DÉBITO DO AUTOR. MANIFESTA INADIMPLÊNCIA. LEGITIMIDADE DA NEGATIVAÇÃO DO NOME DO AUTOR. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA: ALMIRO ALVES XAVIER NETO propõe ação em desfavor da CAIXA, assim requerendo: “[...] d) Seja deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para que a empresa reclamada deixe de cobrar o débito indevido retire o nome da parte autora do banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito, sob pena de multa diária a ser arbitrada por este douto juízo, e, ao final, seja confirmada, por sentença, a tutela antecipada, declarando a inexistência do débito indevidamente imputado à parte autora. e) Seja julgada procedente o pedido, condenando a ré ao pagamento em DANOS MORAIS em patamar não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ou outro valor a ser arbitrado por esse MM. Juízo; f) a cominação de pena pecuniária a ré, em valor arbitrado por Vossa Excelência revertida em favor da parte autora, no limite do Juizado para o caso de não cumprimento da obrigação no prazo fixado; [...].” (doc . 1). 2. Em apertada síntese, assevera ter recebido carta de aviso de débito do SCPC referente a dívida originada de conta bancária já encerrada junto à ré. Aduz ter experimentado danos morais. 3. A ré, em sua defesa (doc. 18), em suma, rebate os argumentos lançados. Requer a improcedência do pedido. 4. É o relatório. DECIDO. 5. Sem preliminares ou prejudiciais. 6. Adentro ao mérito. 7. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos (art. 14 da Lei n.o 8.078/1990). 8. Dessarte, a responsabilidade do fornecedor do serviço qualifica-se como objetiva, demandando a demonstração da ação ou omissão, do dano e do nexo de causalidade. 9. O autor alega ter encerrado a conta corrente n.o 0080.001.00031341-0 sem deixar débitos. 10. Não é o que ressai da prova dos autos. 11. Lê-se da missiva remetida ao autor (doc. 03): “[...] Transcorrido o prazo estabelecido anteriormente e considerando a permanência de débito, informamos que a sua conta corrente acima identificada foi encerrada. A CAIXA estará adotando as medidas restritivas previstas na legislação atual até a quitação total da dívida existente. [...].” 12. Mais claro impossível: a conta foi encerrada por inadimplemento, cientificando-se o autor de que seriam promovidas medidas para a cobrança da dívida. 13. Friso que o autor não junta documento de quitação do débito. 14. Defrontado com esse panorama (legitimidade da negativação do nome do autor), o pedido merece ser rejeitado. 15. Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Novo Código de Processo Civil). 16. Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). 17. Certificado o trânsito em julgado e nada mais havendo, ARQUIVEM-SE os autos. 18. Expedientes necessários. 19. P. R. I. Petrolina/PE, 25 de janeiro de 2018. Juiz Federal ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
22
0503283-07.2017.4.05.8308
2017-09-13 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-02-22 17:23:08
Sentença - Improcedente
2018-04-26T14:50:49
Acórdão - Acórdão
FLÁVIO ROBERTO FERREIRA DE LIMA
2018-04-25 14:00:00
ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PE000573A
EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRELIMINAR. COISA JULGADA. PREJUDICIAL. PRESCRIÇÃO.BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA OU AUXÍLIO-ACIDENTE. ANÁLISE CONJUNTA DAS PROVAS QUE INDICA A CAPACIDADE DO AUTOR. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR E DA PREJUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA: MANOEL MARQUES GUIMARÃES NETO propõe ação em desfavor do INSS requerendo a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença ou de auxílio-acidente. 2. Há de se afastar a preliminar de coisa julgada, pois o presente processo e de n.o 0502098-70.2013.4.05.8308 referem-se a requerimentos administrativos distintos. É irrelevante o fato de terem a mesma origem, vez que, agora, passados 04 (quatro) anos, é plenamente possível a alteração do quadro clínico do autor, matéria a ser aferida no mérito. 3. Sem mais preliminares. 4. A prejudicial de prescrição deve ser rechaçada, pois decorridos menos de 05 (cinco) anos entre a DER (25/05/2015) e a propositura desta ação (13/09/2017). 5. Sem mais prejudiciais. 6. Adentro ao mérito. 7. A propósito dos benefícios previdenciários em questão, confira-se a legislação reitora da matéria: “Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. § 1.o A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2.o A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” 8. Dessarte, a percepção da aposentadoria por invalidez e do auxílio-doença demanda a satisfação dos seguintes requisitos erigidos como essenciais pela legislação reitora da matéria: (a) Qualidade de segurado do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). (b) Carência de 12 (doze) meses. (c) Incapacidade insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (aposentadoria por invalidez) ou incapacidade temporária para o trabalho ou atividade habitual (auxílio-doença). 9. O médico-perito reconheceu a incapacidade parcial e permanente (doc. 13): “[...] 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O periciando é portador de sequela de processo infeccioso em mão direita. Relata que trabalhava como agricultor e interrompeu sua atividade laborativa há 07 anos. Afirma que realizou tratamento cirúrgico e uso de anti-inflamatórios. O exame físico do periciando constatou amputação do 5° quirodáctilo direito em nível metacarpofalângica e limitação da extensão ativa dos quirodáctilos direitos. Foi evidenciada incapacidade laborativa parcial (para atividades que necessitem de sobrecarga física, amplitude de movimentos e coordenação delicada dos movimentos da mão direita) e permanente para estas atividades. [...]” 10. Assim, o autor estaria incapaz “principalmente para atividades que necessitem de sobrecarga física, amplitude de movimentos e coordenação delicada dos movimentos da mão direita”. 11. Sucede que, por ocasião da audiência, constatei que apresentava sinais de ter exercido atividade agrícola em data próxima (pele muito queimada do sol, marca do uso de chapéus - teste queimada do sol - e mãos calejadas e unhas com resquícios de terra). Conferir fotos de docs. 28/29 e conferir as imagens do autor quando do depoimento pessoal (doc. 30). 12. No mais, questionado se ainda tinha condições de trabalhar, disse ainda fazer os serviços para si – exatamente o que faz um rurícola! Também recebe o garantia-safra. Ou seja: continua trabalhando na agricultura de subsistência. 13. Merece relevo que só a perda de um dedo não impede o exercício profissional, podendo o autor desenvolver a agricultura de subsistência com essa deficiência. 14. Defrontado com esse panorama (autor capaz), o pedido merece ser rejeitado. 15. Por fim, não verifico perda da capacidade laborativa, hábil à concessão do auxílio-acidente. 16. Do exposto, REJEITO a preliminar e a prejudicial, e, no mérito, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Código de Processo Civil). 17. Certificado o trânsito em julgado e nada mais havendo, ARQUIVEM-SE os autos. 18. Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). 19. Expedientes necessários. 20. P. R. I. Petrolina/PE, 22 de fevereiro de 2018. Juiz Federal ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHADOR RURAL. INCAPACIDADE. LAUDO MÉDICO. FRAGILIDADE DA PROVA ORAL. REQUISITOS LEGAIS. NÃO PREENCHIMENTO. RECURSO IMPROVIDO. - Trata-se de recurso inominado interposto pela Parte Autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, no qual postula a reforma da sentença, nos termos do recurso apresentado aos autos. -– O art. 59 e seguintes da Lei no 8.213/91 determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. – Por seu turno, o art. 42 da LBPS estabelece que a “aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. – Em relação à incapacidade da parte autora, no caso em exame, nos termos do laudo acostado aos autos (anexo 13), concluiu o perito pela incapacidade parcial e definitiva do demandante. Informa que é portador de sequela de processo infeccioso em mão (CID S 68.1), que resultou em amputação do 5° quirodáctilo direito. O perito indica que o recorrente não pode desempenhar atividades que necessitam de esforço físico intenso amplitude de movimentos e coordenação delicada dos movimentos da mão esquerda, que o impediria de exercer sua atividade habitual de trabalhador rural. - Entretanto, inobstante as conclusões constantes na perícia oficial, no caso em apreço, foi designada audiência para averiguar o quadro incapacitante e a condição de segurado especial do demandante. A prova oral produzida em audiência não foi convincente, de modo que há elementos que levam a crer que a parte autora, a despeito da patologia que a acomete, encontra-se capaz para o exercício do labor rural. Conforme mencionado pelo juízo monocrático: “(...) 11. Sucede que, por ocasião da audiência, constatei que apresentava sinais de ter exercido atividade agrícola em data próxima (pele muito queimada do sol, marca do uso de chapéus - teste queimada do sol - e mãos calejadas e unhas com resquícios de terra). Conferir fotos de docs. 28/29 e conferir as imagens do autor quando do depoimento pessoal (doc. 30). 12. No mais, questionado se ainda tinha condições de trabalhar, disse ainda fazer os serviços para si – exatamente o que faz um rurícola! Também recebe o garantia-safra. Ou seja: continua trabalhando na agricultura de subsistência. 13. Merece relevo que só a perda de um dedo não impede o exercício profissional, podendo o autor desenvolver a agricultura de subsistência com essa deficiência. 14. Defrontado com esse panorama (autor capaz), o pedido merece ser rejeitado.”. - Deve ser prestigiada a análise probatória realizada pelo juiz prolator da sentença, porquanto responsável pela produção das provas em audiência, especialmente diante do princípio da oralidade, de peculiar relevância nos juizados especiais. Cumpre ressaltar que, na avaliação das provas, não está o Juiz adstrito a padrões de validade pré-estabelecidos, haja vista que há muito foi superado o período da chamada prova tarifada, admitindo-se o livre convencimento motivado. - Por todas as razões acima expostas, bem como em razão de ser esta fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos formulados pelas partes, considero como não violados os demais dispositivos suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados, possibilitando, de logo, a interposição dos recursos excepcionais cabíveis (RE e PU). - Recurso improvido. Sentença mantida em todos os seus termos. - A sucumbência fica a cargo do recorrente vencido e restringe-se a honorários, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa (art. 55, caput da Lei no 9.099/95, aplicável ao JEF por força do art. 1o, da Lei no 10.259/01), cuja exigibilidade, todavia, ficará suspensa por se tratar de beneficiário da gratuidade judiciária (art. 98 e §§ 2o e 3o, do CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso da parte autora, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento.
805
690
0
1
17-PE
1
162.018843
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRELIMINAR. COISA JULGADA. PREJUDICIAL. PRESCRIÇÃO.BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-DOENÇA OU AUXÍLIO-ACIDENTE. ANÁLISE CONJUNTA DAS PROVAS QUE INDICA A CAPACIDADE DO AUTOR. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR E DA PREJUDICIAL. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. SENTENÇA: MANOEL MARQUES GUIMARÃES NETO propõe ação em desfavor do INSS requerendo a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença ou de auxílio-acidente. 2. Há de se afastar a preliminar de coisa julgada, pois o presente processo e de n.o 0502098-70.2013.4.05.8308 referem-se a requerimentos administrativos distintos. É irrelevante o fato de terem a mesma origem, vez que, agora, passados 04 (quatro) anos, é plenamente possível a alteração do quadro clínico do autor, matéria a ser aferida no mérito. 3. Sem mais preliminares. 4. A prejudicial de prescrição deve ser rechaçada, pois decorridos menos de 05 (cinco) anos entre a DER (25/05/2015) e a propositura desta ação (13/09/2017). 5. Sem mais prejudiciais. 6. Adentro ao mérito. 7. A propósito dos benefícios previdenciários em questão, confira-se a legislação reitora da matéria: “Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. § 1.o A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2.o A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. [...] Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” 8. Dessarte, a percepção da aposentadoria por invalidez e do auxílio-doença demanda a satisfação dos seguintes requisitos erigidos como essenciais pela legislação reitora da matéria: (a) Qualidade de segurado do Regime Geral da Previdência Social (RGPS). (b) Carência de 12 (doze) meses. (c) Incapacidade insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (aposentadoria por invalidez) ou incapacidade temporária para o trabalho ou atividade habitual (auxílio-doença). 9. O médico-perito reconheceu a incapacidade parcial e permanente (doc. 13): “[...] 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: O periciando é portador de sequela de processo infeccioso em mão direita. Relata que trabalhava como agricultor e interrompeu sua atividade laborativa há 07 anos. Afirma que realizou tratamento cirúrgico e uso de anti-inflamatórios. O exame físico do periciando constatou amputação do 5° quirodáctilo direito em nível metacarpofalângica e limitação da extensão ativa dos quirodáctilos direitos. Foi evidenciada incapacidade laborativa parcial (para atividades que necessitem de sobrecarga física, amplitude de movimentos e coordenação delicada dos movimentos da mão direita) e permanente para estas atividades. [...]” 10. Assim, o autor estaria incapaz “principalmente para atividades que necessitem de sobrecarga física, amplitude de movimentos e coordenação delicada dos movimentos da mão direita”. 11. Sucede que, por ocasião da audiência, constatei que apresentava sinais de ter exercido atividade agrícola em data próxima (pele muito queimada do sol, marca do uso de chapéus - teste queimada do sol - e mãos calejadas e unhas com resquícios de terra). Conferir fotos de docs. 28/29 e conferir as imagens do autor quando do depoimento pessoal (doc. 30). 12. No mais, questionado se ainda tinha condições de trabalhar, disse ainda fazer os serviços para si – exatamente o que faz um rurícola! Também recebe o garantia-safra. Ou seja: continua trabalhando na agricultura de subsistência. 13. Merece relevo que só a perda de um dedo não impede o exercício profissional, podendo o autor desenvolver a agricultura de subsistência com essa deficiência. 14. Defrontado com esse panorama (autor capaz), o pedido merece ser rejeitado. 15. Por fim, não verifico perda da capacidade laborativa, hábil à concessão do auxílio-acidente. 16. Do exposto, REJEITO a preliminar e a prejudicial, e, no mérito, JULGO IMPROCEDENTE o pedido (art. 487, I, do Código de Processo Civil). 17. Certificado o trânsito em julgado e nada mais havendo, ARQUIVEM-SE os autos. 18. Sem condenação no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/1995). 19. Expedientes necessários. 20. P. R. I. Petrolina/PE, 22 de fevereiro de 2018. Juiz Federal ARTHUR NAPOLEÃO TEIXEIRA FILHO
NÃO PROVIMENTO
PROVIMENTO
3
0515745-38.2017.4.05.8100
2017-07-24 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-06 11:34:36
Sentença - Concessão de loas ao deficiente - PROCEDENTE
2018-04-30T11:40:50
Acórdão - Loas. Requisitos preenchidos. Nega INSS.
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA TR-1
2018-04-26 14:00:00
NILIANE MEIRA LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
CE032455
SENTENÇA Dispensado o relatório do caso examinado, passo a fundamentar e, ao final, decido. Trata-se de ação especial em que a parte autora – ANA CLEA PINHO DA SILVA - requer a concessão do benefício de AMPARO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. O benefício foi requerido na via administrativa em 04/05/2017 e indeferido em razão de não cumprimento do requisito atinente ao impedimento e longo prazo. Inicialmente, ressalvo da condenação as parcelas vencidas antes do qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da ação, posto que atingidas pela prescrição. Quanto ao mérito, passo a analisar o preenchimento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Conforme art. 203, da Constituição Federal, resta garantido o benefício de prestação continuada a quem satisfaça as seguintes exigências: 1) ser portador de deficiência ou idoso com idade mínima de 65 anos; 2) não ter meio próprio de prover seu sustento; 3) não ter meio de que seu sustento seja provido por sua família. O dispositivo constitucional é regulamentado pela Lei n. 8.742/93 que, por sua vez, é regulamentada pelo Decreto n. 6.214/2007. I) A deficiência para fins de concessão do benefício de prestação continuada. A Lei n. 8.742/93, estabelece que portador de deficiência é a pessoa que tem: a) impedimento(s) de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que produza(m) efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos; e b) barreira(s) considerável(is) que, em interação com o(s) impedimento(s), obstrua(m) sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. O primeiro ponto a merecer realce é que, havendo incapacidade laborativa, há o cumprimento do requisito, sendo ela, por si só, um impedimento relevante e apto a configurar, uma barreira grave. Ainda que, sob outros aspectos, a pessoa não sofra qualquer outra restrição, e não existam outras barreiras a obstruir sua plena e efetiva participação na sociedade, a mera incapacidade laborativa preenche este requisito para a concessão do amparo assistencial. Tal se dá porque a alteração legislativa em 2011, decorrente da adaptação da norma à Convenção de Nova Iorque, veio para conferir mais direitos às pessoas com deficiência, não podendo ser interpretada em seu desfavor, em aplicação do princípio da vedação ao retrocesso (ou da evolução reacionária) em matéria de direitos humanos. Há tempos a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência consolidou o entendimento de que a mera incapacidade laborativa dá ensejo à percepção do benefício, nos termos de sua Súmula no 29, in verbis: “Para os efeitos do art. 20, §2o, da Lei 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.”. Outro ponto a ser destacado é que a alteração perpetrada pela Lei n. 13.146/2015 ampliou as possibilidades de concessão do amparo assistencial, reconhecendo o direito às pessoas que, embora estejam, do ponto de vista médico, capacitadas para o desempenho de algumas atividades laborativas (incapacidade parcial), tenham restrições tais que, em interação com diversas e consideráveis barreiras, sofrem obstrução de sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, resultando, daí, uma incapacidade laboral ampla refletida na inacessibilidade prática ao mercado de trabalho. Quando se trata de requerente menor, além de avaliado o impedimento, a deficiência deve ser comprovada, ainda, por relevante impacto daquele na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. II) A impossibilidade de prover o sustento ou tê-lo provido pela família. A Lei n. 8.742/93 estabelece como requisito para a concessão do benefício que o requerente não tenha meios próprios de prover o seu sustento e nem de tê-lo provido por sua família, considerando esta impossibilidade presumida quando a renda per capita familiar é igual ou inferior a 1⁄4 do salário mínimo. Família, para efeito de apuração da renda per capita familiar na análise do requisito, é a composta pelo requerente, cônjuge ou companheiro, pais e, na ausência dos pais, madrasta ou padrasto, irmãos solteiros, filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. O STF, ao julgar a Reclamação 4.374, declarou a inconstitucionalidade do §3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 da Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), entendendo que o critério de 1/4 do salário mínimo encontra-se defasado, tendo em vista, entre outras razões: - a superveniência de outras normas assistenciais, que estabeleceram critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o art. 203, V, da Constituição Federal. As normas supervenientes citadas pelo STF no julgamento são: Leis nos 10.836/04 (Bolsa Família), 10.689/03 (Programa Nacional de Acesso à Alimentação) e 10.219/01 (Bolsa Escola), os quais fazem referência ao critério de renda igual ou inferior a 1/2 salário mínimo; - a necessidade da lei contemplar outras hipóteses de exclusão de renda que, numa interpretação teleológica, identificam-se com a do art. 34 do Estatuto do Idoso. Diante de tal análise, vê-se que o STF trouxe mais dois parâmetros de cálculo de renda para a concessão do benefício, embora tenha alertado para a necessidade de verificação de caso a caso, a fim de que ela não destoe do preceito do art. 203 da Constituição Federal, o qual prevê que o benefício seja destinado àqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. Quanto às exclusões de renda, importa salientar que são excluídos do cálculo as rendas (e titulares): - de pessoas não listadas no art. 20, parágrafo 1o, da Lei n. 8.742/93, ou seja, não componentes do mesmo núcleo familiar; - de amparo assistencial ao idoso (art. 34, Estatuto do Idoso); - de 1 salário mínimo de idosos maiores de 65 anos proveniente de benefício previdenciário (TNU, PEDILEF 05011828420094058402, DOU 21/08/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de amparo assistencial ao deficiente (TNU, PEDILEF 05017073220104058402, DOU 09/10/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de aposentadoria por invalidez (PEDILEF 05017073220104058402, DOU 19/08/2015). Considerado esses parâmetros de aferição da miserabilidade, nada impede que, verificadas as circunstâncias do caso concreto, o benefício possa ser concedido ou negado a membro de família que possua renda per capita incompatível com sua situação socioeconômica. É que, independente da renda mensal familiar, a Constituição Federal garante o benefício a todos aqueles que não tenham condições de assegurar a própria manutenção. Se julgar pertinente, o julgador pode se utilizar de laudo socioeconômico, realizado por assistente social ou oficial de justiça para realizar diligência de constatação de situação socioeconômica (Súmulas ns. 78 e 79, TNU). Nesse tocante, é mister registrar que a obrigação do Estado é subsidiária, já que a própria Constituição Federal se reporta à necessária ausência de meios de sustento pela família, motivo pelo qual a obrigação de sustento do idoso ou deficiente é, prioritariamente, de sua família, nos termos da Lei Civil. Apenas quando evidenciada a ausência de condições desta fornecer o sustento necessário, é que é devida a atuação estatal. A esse respeito, a e. TNU pacificou o entendimento de que a presunção de hipossuficiência advinda da renda familiar per capita de 1/4 do salário mínimo não é absoluta, mas relativa, podendo ser afastada quando o conjunto probatório indicar a existência de renda não declarada ou quando o pretenso beneficiário tenha suas necessidades adequadamente amparadas por sua família. (PEDILEF no processo n. 5000493-92.2014.4.04.7002; Sessão de 14/04/2017). III) Feitas as considerações acima, passo à análise dos fatos. 1) Requisito do impedimento de longo prazo. Entendo, com amparo na perícia realizada, preenchido o primeiro requisito, haja vista que a parte autora é portadora de EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE, sem sintomas psicóticos, CID 10: F32.2 (gera anormalidade em sua função mental e sensorial de forma grave), que impedem a realização de qualquer atividade laboral, no mínimo, 6 (seis) meses. Ocorre que, quanto ao prazo de durabilidade estimado pelo perito de, no mínimo, 6 meses, observa-se que pelas razões verificadas pelo expert (foi identificado a barreira do Estado em fornecer atendimento especializado de forma regular, já que não há profissional no CAPS devido problemas com prefeitura) esse tempo tende a se estender. Ademais, do anexo 6, vê-se que desde 2012 a parte autora tem acompanhamento no CAPS, mas em 2015 houve sério agravamento, passando de controle ambulatorial para tratamento psiquiátrico, apresentando inclusive persistente ideia suicida. Tenho, portanto, como preenchido o requisito em análise para a concessão do amparo assistencial. - Do requisito econômico. Para ter direito ao amparo assistencial, a parte autora deve preencher os requisitos constantes dos arts. 20 da LOAS e 13 do Decreto 6.214, os quais devem ser interpretados à luz da Constituição Federal. O STF, ao julgar a Reclamação 4.374, declarou a inconstitucionalidade do §3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 da Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), entendendo que o critério de 1/4 do salário mínimo encontra-se defasado, tendo em vista, entre outras razões: - a superveniência de outras normas assistenciais, que estabeleceram critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o art. 203, V, da Constituição Federal. As normas superveniententes citadas pelo STF no julgamento são: Leis nos 10.836/04 (Bolsa Família), 10.689/03 (Programa Nacional de Acesso à Alimentação) e 10.219/01 (Bolsa Escola), os quais fazem referência ao critério de renda igual ou inferior a 1/2 salário mínimo; - a necessidade da lei contemplar outras hipóteses de exclusão de renda que, numa interpretação teleológica, identificam-se com a do art. 34 do Estatuto do Idoso. Diante de tal análise, vê-se o STF trouxe mais dois parâmetros de cálculo de renda para a concessão do benefício, embora tenha alertado para a necessidade de verificação de caso a caso, a fim de que ela não destoe do preceito do art. 203 da Constituição Federal, o qual prevê que o benefício seja destinado àqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. Quanto às exclusões de renda, importa salientar que são excluídos do cálculo as rendas (e titulares): - de pessoas não listadas no art. 20, parágrafo 1o, da Lei n. 8.742/93, ou seja, não componentes do mesmo núcleo familiar; - de amparo assistencial ao idoso (art. 34, Estatuto do Idoso); - de 1 salário mínimo de idosos maiores de 65 anos proveniente de benefício previdenciário (TNU, PEDILEF 05011828420094058402, DOU 21/08/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de amparo assistencial ao deficiente (TNU, PEDILEF 05017073220104058402, DOU 09/10/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de aposentadoria por invalidez (PEDILEF 05017073220104058402, DOU 19/08/2015). Considerado esses novos parâmetros de aferição da miserabilidade, nada impede que, verificadas as circunstâncias do caso concreto, o benefício possa ser concedido a membro de família que possua renda mensal per capita superior ou mesmo negado a quem demonstre ter outros meios de prover o seu sustento. É que, independente da renda mensal familiar, a Constituição Federal garante o benefício a todos aqueles que não tenham condições de assegurar a própria manutenção. Se julgar pertinente, o julgador pode se utilizar de laudo socioeconômico, realizado por assistente social ou oficial de justiça para realizar diligência de constatação de situação socioeconômica (Súmulas ns. 78 e 79, TNU). No caso em análise, não há controvérsia que interfira no resultado do julgamento que não possa ser solucionada pela análise das provas já constantes dos autos. O autor apresentou declaração unilateral de composição e renda familiar no anexo 4. Consta dos autos a declaração prestada pela parte autora no processo administrativo e se percebe que não há divergência em relação à declaração prestada em juízo. Realizada perícia social, restou detectado que o núcleo familiar da parte autora é composto pelos seguintes membros e rendas: MEMBRO RENDA autora sem renda Antônio (cônjuge) sem renda - desempregado Cleane (filha) R$1000,00, provenientes de bolsa de mestrado Samuel ( filho) Sem renda Portanto, a renda per capita familiar da parte autora é igual/superior a 1/4 do salário mínimo e inferior ou igual a 1/2 do salário mínimo, ou seja, dentro do parâmetro quantitativo que o e. STF entende como razoável para fins de concessão de benefícios assistenciais, conforme fundamentação acima, embora não sendo o único parâmetro. Ademais, analisando as condições pessoais extraídas da perícia social realizada, vê-se que elas não destoam da presumível condição de impossibilidade de sustento autônomo e/ou familiar (art. 203, CF) decorrente da renda acima o que revela que, de fato, a parte autora cumpre o requisito em questão (depreende-se do laudo social que a autora reside com o esposo e 2 filhos; que a filha mantém a casa com recurso proveniente da bolsa de mestrado da filha; que os móveis são simples e velhos; que a pintura da casa é desgastada). Sendo este o manancial probatório acostado aos autos, tenho que a parte autora preencheu o requisito da hipossuficiência para a concessão do amparo assistencial, pelo que a procedência é medida que se impõe. O benefício deve ser concedido desde a DER, posto que a incapacidade reconhecida se baseia em dados fáticos anteriores a ela, conforme atestados médicos. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, pelo que condeno o INSS a: (I) implantar em favor da autora o benefício com as seguintes características: Espécie AMPARO AO DEFICIENTE (MENOR) NB 702.976.686-6 DER 04/05/2017 DIB 04/05/2017 DIP 01/03/2018 II) pagar os valores de competências vencidas a contar da DIB até a DIP com juros moratórios a contar da citação (nos termos da Lei n. 9.494/97, com alteração pela Lei n. 11.960/09) e correção monetária desde a competência de cada parcela pelo IPCA-E (STJ, REsp. n. 1.492.221, em 22/2/2018). A conta de liquidação será formulada após o trânsito em julgado, devendo os cálculos serem elaborados segundo os critérios estabelecidos nesta sentença (Enunciado no 32 do FONAJEF) e de acordo com os dados do segurado registrados no CNIS. No cálculo das parcelas, observe-se a renúncia civil manifestada sobre parcelas vencidas para fins de fixação da competência deste Juízo ao tempo do ajuizamento. Em razão do caráter alimentar do benefício e da verossimilhança das alegações reconhecida nesta sentença, DEFIRO ANTECIPAÇÃO DE EFEITOS da tutela ora deferida, pelo que determino que o INSS implante de logo o benefício com DIP na mesma data fixada acima. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei 9.099/99. Defiro o pedido de gratuidade judiciária (art. 99, CPC). Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos arts. 16 (caso não tenha sido, ainda, implantado o benefício) e 17 (a fim de que sejam pagos os valores atrasados) da Lei n° 10259/01. Caso haja renúncia processual, expeça-se RPV. Do contrário, expeça-se precatório, desde que oportunizada à parte autora a manifestação de tal ato. Fortaleza-CE, data acima.
AMPARO SOCIAL (LOAS). REQUISITOS. CONCEITO DE INCAPACIDADE PARA VIDA INDEPENDENTE. LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL. MISERABILIDADE COMPROVADA. RECURSO DENEGADO.SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (ART. 46 DA LEI 9.099/95). VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte ré contra sentença que julgou procedente pedido de concessão do benefício assistencial. Pois bem. Para a concessão e manutenção do benefício assistencial previsto no art. 203, V, da CF/88: a) idade igual ou superior a 65 anos, quando se tratar de amparo social ao idoso, ou, na hipótese de pessoa portadora de deficiência, a comprovação da deficiência incapacitante; b) a comprovação de que o(a) requerente não possui meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Antes mesmo das modificações ocorridas na Lei no. 8.742, de 1993, pela Lei n. 12.435 de 2011, a Turma Nacional de Uniformização, interpretando tal preceito legal, editou a Súmula no. 29, ad literam, “Para efeitos do art. 20, § 2o, da Lei no. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover o próprio sustento”. Assim, não se pode exigir que o(a) requerente encontre-se em estado vegetativo ou absolutamente incapacitado para todos os atos da vida quotidiana, uma vez que não é esse o critério estabelecido na legislação pertinente.. No tocante à hipossuficiência econômica, ressalto que o legislador procurou estabelecer um critério objetivo para mensurar este segundo requisito, consubstanciado na renda per capita do grupo familiar, que deve ser inferior a 1⁄4 (um quarto) do salário mínimo. Trata-se de requisito objetivo cuja adequação, no contexto atual, enseja debates na doutrina e na jurisprudência por conta da instituição de programas governamentais pela própria União, de caráter assistencial, pela Lei 9.533/97 e pela Lei 10.689/2003, que estabelecem como pressuposto objetivo para fruição do benefício renda per capita inferior ao valor de meio salário mínimo. Por serem posteriores à Lei Orgânica da Assistência Social, permitem concluir que houve alteração dos critérios políticos para aferição da condição de miserabilidade, de modo a haver necessidade de compatibilizar o antigo requisito com as diretrizes atuais por uma questão de coerência e unidade, características do sistema jurídico. Por conta disso, a jurisprudência vem permitindo que esse requisito objetivo da renda mínima per capita seja analisado juntamente com outros elementos presentes no processo para aferir a hipossuficiência do requerente. Destaque-se a recente decisão do Supremo Tribunal Federal na Reclamação (RCL) 4374 que confirmou a inconstitucionalidade do parágrafo 3o do art. 20 da Lei no. 8.742/93 (LOAS), por considerar que esse critério está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade. Analisando atentamente a sentença recorrida, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. Depreende-se dos autos que, inicialmente, o laudo médico (anexo 17) evidenciou que a parte autora (48 anos) é portadora de “Episódio depressico grava, sem sintomas psicóticos – CID10: F32.2” com início há 10 anos, conforme relato, e documentada a partir de julho de 2012. Em resposta aos quesitos formulados, atesta o douto perito que a recorrente apresenta, atualmente, incapacidade para qualquer atividade laboral, notadamente no que diz respeito às atividades mental e sensorial, em virtude da sintomatologia depressiva apresenta-se de forma grave associada ao risco de maior piora clínica, inclusive com o surgimento de sintomas psicóticos. Evidencia ainda a presença de barreiras no que diz respeito ao fornecimento, por parte do Estado, de atendimento médico especializado, tendo em vista a falta de profissionais. Por fim, estima um período mínimo para tratamento de seis meses. O entendimento perfilhado é no sentido de que o magistrado, ao analisar as provas dos autos sobre as quais formará sua convicção, e deparando-se com laudos que atestem incapacidade temporária, deve levar em consideração as condições pessoais da parte requerente para a concessão de benefício assistencial. Malgrado não ser a incapacidade total e definitiva, pode ser considerada como tal quando assim o permitirem as circunstâncias sócio-econômicas do requerente, ou na medida em que este não possuir condições financeiras de custear tratamento especializado. Em que pese o experto estimar um período para tratamento, tenho que restou acertado o entendimento do M.M Julgador ao considerar as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto, preenchendo a autora, dessa forma, o requisito incapacitante necessário para a concessão do benefício. Nesse sentido, colaciono trecho do julgado o qual adoto como parte da fundamentação: (...) Ocorre que, quanto ao prazo de durabilidade estimado pelo perito de, no mínimo, 6 meses, observa-se que pelas razões verificadas pelo expert (foi identificado a barreira do Estado em fornecer atendimento especializado de forma regular, já que não há profissional no CAPS devido problemas com prefeitura) esse tempo tende a se estender. Ademais, do anexo 6, vê-se que desde 2012 a parte autora tem acompanhamento no CAPS, mas em 2015 houve sério agravamento, passando de controle ambulatorial para tratamento psiquiátrico, apresentando inclusive persistente ideia suicida. Tenho, portanto, como preenchido o requisito em análise para a concessão do amparo assistencial. No que se refere à miserabilidade, extrai-se do laudo social que a demandante encontra-se inserida num cenário de vulnerabilidade socioeconômica, conforme já exposto na sentença recorrida. Nesse sentido, fundamenta o M.M Julgador: Realizada perícia social, restou detectado que o núcleo familiar da parte autora é composto pelos seguintes membros e rendas: MEMBRO RENDA autora sem renda Antônio (cônjuge) sem renda - desempregado Cleane (filha) R$1000,00, provenientes de bolsa demestrado Samuel ( filho) Sem renda Portanto, a renda per capita familiar da parte autora é igual/superior a 1/4 do salário mínimo e inferior ou igual a 1/2 do salário mínimo, ou seja, dentro do parâmetro quantitativo que o e. STF entende como razoável para fins de concessão de benefícios assistenciais, conforme fundamentação acima, embora não sendo o único parâmetro. Ademais, analisando as condições pessoais extraídas da perícia social realizada, vê-se que elas não destoam da presumível condição de impossibilidade de sustento autônomo e/ou familiar (art. 203, CF) decorrente da renda acima o que revela que, de fato, a parte autora cumpre o requisito em questão (depreende-se do laudo social que a autora reside com o esposo e 2 filhos; que a filha mantém a casa com recurso proveniente da bolsa de mestrado da filha; que os móveis são simples e velhos; que a pintura da casa é desgastada). É de se observar ainda que, embora a filha da autora perceba renda, trata-se um grupo familiar com quatro pessoas, sem qualquer outra fonte de renda, bem como a recorrente apresenta patologia que acarreta num comprometimento para o exercício de atividades laborais, bem como requer acompanhamento médico e uso de medicação regular que nem sempre encontram-se disponíveis na rede pública de saúde. Por tal razão, deve o julgado ser mantido em todos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma prevista no art. 46 da Lei no. 9099/95. Ante o exposto, CONHEÇO, porém NEGO PROVIMENTO ao recurso. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (RE-AgR 353986, Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe 14/08/2008). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Condeno o INSS em honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor das diferenças vencidas até a sentença, conforme a Súmula n.111 do Superior Tribunal de Justiça, devidamente atualizado, a teor do art. 55 da Lei no. 9.099/95. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em CONHECER, porém NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais José Eduardo de Melo Vilar Filho e Leopoldo Fontenele Teixeira. Fortaleza/CE, 26 de abril de 2018. Dartanhan Vercingetórix de Araujo e Rocha
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14-CE
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224.828194
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
caso examinado, passo a fundamentar e, ao final, decido. Trata-se de ação especial em que a parte autora – ANA CLEA PINHO DA SILVA - requer a concessão do benefício de AMPARO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. O benefício foi requerido na via administrativa em 04/05/2017 e indeferido em razão de não cumprimento do requisito atinente ao impedimento e longo prazo. Inicialmente, ressalvo da condenação as parcelas vencidas antes do qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da ação, posto que atingidas pela prescrição. Quanto ao mérito, passo a analisar o preenchimento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Conforme art. 203, da Constituição Federal, resta garantido o benefício de prestação continuada a quem satisfaça as seguintes exigências: 1) ser portador de deficiência ou idoso com idade mínima de 65 anos; 2) não ter meio próprio de prover seu sustento; 3) não ter meio de que seu sustento seja provido por sua família. O dispositivo constitucional é regulamentado pela Lei n. 8.742/93 que, por sua vez, é regulamentada pelo Decreto n. 6.214/2007. I) A deficiência para fins de concessão do benefício de prestação continuada. A Lei n. 8.742/93, estabelece que portador de deficiência é a pessoa que tem: a) impedimento(s) de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que produza(m) efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos; e b) barreira(s) considerável(is) que, em interação com o(s) impedimento(s), obstrua(m) sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. O primeiro ponto a merecer realce é que, havendo incapacidade laborativa, há o cumprimento do requisito, sendo ela, por si só, um impedimento relevante e apto a configurar, uma barreira grave. Ainda que, sob outros aspectos, a pessoa não sofra qualquer outra restrição, e não existam outras barreiras a obstruir sua plena e efetiva participação na sociedade, a mera incapacidade laborativa preenche este requisito para a concessão do amparo assistencial. Tal se dá porque a alteração legislativa em 2011, decorrente da adaptação da norma à Convenção de Nova Iorque, veio para conferir mais direitos às pessoas com deficiência, não podendo ser interpretada em seu desfavor, em aplicação do princípio da vedação ao retrocesso (ou da evolução reacionária) em matéria de direitos humanos. Há tempos a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência consolidou o entendimento de que a mera incapacidade laborativa dá ensejo à percepção do benefício, nos termos de sua Súmula no 29, in verbis: “Para os efeitos do art. 20, §2o, da Lei 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.”. Outro ponto a ser destacado é que a alteração perpetrada pela Lei n. 13.146/2015 ampliou as possibilidades de concessão do amparo assistencial, reconhecendo o direito às pessoas que, embora estejam, do ponto de vista médico, capacitadas para o desempenho de algumas atividades laborativas (incapacidade parcial), tenham restrições tais que, em interação com diversas e consideráveis barreiras, sofrem obstrução de sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, resultando, daí, uma incapacidade laboral ampla refletida na inacessibilidade prática ao mercado de trabalho. Quando se trata de requerente menor, além de avaliado o impedimento, a deficiência deve ser comprovada, ainda, por relevante impacto daquele na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. II) A impossibilidade de prover o sustento ou tê-lo provido pela família. A Lei n. 8.742/93 estabelece como requisito para a concessão do benefício que o requerente não tenha meios próprios de prover o seu sustento e nem de tê-lo provido por sua família, considerando esta impossibilidade presumida quando a renda per capita familiar é igual ou inferior a 1⁄4 do salário mínimo. Família, para efeito de apuração da renda per capita familiar na análise do requisito, é a composta pelo requerente, cônjuge ou companheiro, pais e, na ausência dos pais, madrasta ou padrasto, irmãos solteiros, filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. O STF, ao julgar a Reclamação 4.374, declarou a inconstitucionalidade do §3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 da Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), entendendo que o critério de 1/4 do salário mínimo encontra-se defasado, tendo em vista, entre outras razões: - a superveniência de outras normas assistenciais, que estabeleceram critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o art. 203, V, da Constituição Federal. As normas supervenientes citadas pelo STF no julgamento são: Leis nos 10.836/04 (Bolsa Família), 10.689/03 (Programa Nacional de Acesso à Alimentação) e 10.219/01 (Bolsa Escola), os quais fazem referência ao critério de renda igual ou inferior a 1/2 salário mínimo; - a necessidade da lei contemplar outras hipóteses de exclusão de renda que, numa interpretação teleológica, identificam-se com a do art. 34 do Estatuto do Idoso. Diante de tal análise, vê-se que o STF trouxe mais dois parâmetros de cálculo de renda para a concessão do benefício, embora tenha alertado para a necessidade de verificação de caso a caso, a fim de que ela não destoe do preceito do art. 203 da Constituição Federal, o qual prevê que o benefício seja destinado àqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. Quanto às exclusões de renda, importa salientar que são excluídos do cálculo as rendas (e titulares): - de pessoas não listadas no art. 20, parágrafo 1o, da Lei n. 8.742/93, ou seja, não componentes do mesmo núcleo familiar; - de amparo assistencial ao idoso (art. 34, Estatuto do Idoso); - de 1 salário mínimo de idosos maiores de 65 anos proveniente de benefício previdenciário (TNU, PEDILEF 05011828420094058402, DOU 21/08/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de amparo assistencial ao deficiente (TNU, PEDILEF 05017073220104058402, DOU 09/10/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de aposentadoria por invalidez (PEDILEF 05017073220104058402, DOU 19/08/2015). Considerado esses parâmetros de aferição da miserabilidade, nada impede que, verificadas as circunstâncias do caso concreto, o benefício possa ser concedido ou negado a membro de família que possua renda per capita incompatível com sua situação socioeconômica. É que, independente da renda mensal familiar, a Constituição Federal garante o benefício a todos aqueles que não tenham condições de assegurar a própria manutenção. Se julgar pertinente, o julgador pode se utilizar de laudo socioeconômico, realizado por assistente social ou oficial de justiça para realizar diligência de constatação de situação socioeconômica (Súmulas ns. 78 e 79, TNU). Nesse tocante, é mister registrar que a obrigação do Estado é subsidiária, já que a própria Constituição Federal se reporta à necessária ausência de meios de sustento pela família, motivo pelo qual a obrigação de sustento do idoso ou deficiente é, prioritariamente, de sua família, nos termos da Lei Civil. Apenas quando evidenciada a ausência de condições desta fornecer o sustento necessário, é que é devida a atuação estatal. A esse respeito, a e. TNU pacificou o entendimento de que a presunção de hipossuficiência advinda da renda familiar per capita de 1/4 do salário mínimo não é absoluta, mas relativa, podendo ser afastada quando o conjunto probatório indicar a existência de renda não declarada ou quando o pretenso beneficiário tenha suas necessidades adequadamente amparadas por sua família. (PEDILEF no processo n. 5000493-92.2014.4.04.7002; Sessão de 14/04/2017). III) Feitas as considerações acima, passo à análise dos fatos. 1) Requisito do impedimento de longo prazo. Entendo, com amparo na perícia realizada, preenchido o primeiro requisito, haja vista que a parte autora é portadora de EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE, sem sintomas psicóticos, CID 10: F32.2 (gera anormalidade em sua função mental e sensorial de forma grave), que impedem a realização de qualquer atividade laboral, no mínimo, 6 (seis) meses. Ocorre que, quanto ao prazo de durabilidade estimado pelo perito de, no mínimo, 6 meses, observa-se que pelas razões verificadas pelo expert (foi identificado a barreira do Estado em fornecer atendimento especializado de forma regular, já que não há profissional no CAPS devido problemas com prefeitura) esse tempo tende a se estender. Ademais, do anexo 6, vê-se que desde 2012 a parte autora tem acompanhamento no CAPS, mas em 2015 houve sério agravamento, passando de controle ambulatorial para tratamento psiquiátrico, apresentando inclusive persistente ideia suicida. Tenho, portanto, como preenchido o requisito em análise para a concessão do amparo assistencial. - Do requisito econômico. Para ter direito ao amparo assistencial, a parte autora deve preencher os requisitos constantes dos arts. 20 da LOAS e 13 do Decreto 6.214, os quais devem ser interpretados à luz da Constituição Federal. O STF, ao julgar a Reclamação 4.374, declarou a inconstitucionalidade do §3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 da Lei no 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), entendendo que o critério de 1/4 do salário mínimo encontra-se defasado, tendo em vista, entre outras razões: - a superveniência de outras normas assistenciais, que estabeleceram critérios mais elásticos, a sugerir que o legislador estaria a reinterpretar o art. 203, V, da Constituição Federal. As normas superveniententes citadas pelo STF no julgamento são: Leis nos 10.836/04 (Bolsa Família), 10.689/03 (Programa Nacional de Acesso à Alimentação) e 10.219/01 (Bolsa Escola), os quais fazem referência ao critério de renda igual ou inferior a 1/2 salário mínimo; - a necessidade da lei contemplar outras hipóteses de exclusão de renda que, numa interpretação teleológica, identificam-se com a do art. 34 do Estatuto do Idoso. Diante de tal análise, vê-se o STF trouxe mais dois parâmetros de cálculo de renda para a concessão do benefício, embora tenha alertado para a necessidade de verificação de caso a caso, a fim de que ela não destoe do preceito do art. 203 da Constituição Federal, o qual prevê que o benefício seja destinado àqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. Quanto às exclusões de renda, importa salientar que são excluídos do cálculo as rendas (e titulares): - de pessoas não listadas no art. 20, parágrafo 1o, da Lei n. 8.742/93, ou seja, não componentes do mesmo núcleo familiar; - de amparo assistencial ao idoso (art. 34, Estatuto do Idoso); - de 1 salário mínimo de idosos maiores de 65 anos proveniente de benefício previdenciário (TNU, PEDILEF 05011828420094058402, DOU 21/08/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de amparo assistencial ao deficiente (TNU, PEDILEF 05017073220104058402, DOU 09/10/2015); - de 1 salário mínimo proveniente de aposentadoria por invalidez (PEDILEF 05017073220104058402, DOU 19/08/2015). Considerado esses novos parâmetros de aferição da miserabilidade, nada impede que, verificadas as circunstâncias do caso concreto, o benefício possa ser concedido a membro de família que possua renda mensal per capita superior ou mesmo negado a quem demonstre ter outros meios de prover o seu sustento. É que, independente da renda mensal familiar, a Constituição Federal garante o benefício a todos aqueles que não tenham condições de assegurar a própria manutenção. Se julgar pertinente, o julgador pode se utilizar de laudo socioeconômico, realizado por assistente social ou oficial de justiça para realizar diligência de constatação de situação socioeconômica (Súmulas ns. 78 e 79, TNU). No caso em análise, não há controvérsia que interfira no resultado do julgamento que não possa ser solucionada pela análise das provas já constantes dos autos. O autor apresentou declaração unilateral de composição e renda familiar no anexo 4. Consta dos autos a declaração prestada pela parte autora no processo administrativo e se percebe que não há divergência em relação à declaração prestada em juízo. Realizada perícia social, restou detectado que o núcleo familiar da parte autora é composto pelos seguintes membros e rendas: MEMBRO RENDA autora sem renda Antônio (cônjuge) sem renda - desempregado Cleane (filha) R$1000,00, provenientes de bolsa de mestrado Samuel ( filho) Sem renda Portanto, a renda per capita familiar da parte autora é igual/superior a 1/4 do salário mínimo e inferior ou igual a 1/2 do salário mínimo, ou seja, dentro do parâmetro quantitativo que o e. STF entende como razoável para fins de concessão de benefícios assistenciais, conforme fundamentação acima, embora não sendo o único parâmetro. Ademais, analisando as condições pessoais extraídas da perícia social realizada, vê-se que elas não destoam da presumível condição de impossibilidade de sustento autônomo e/ou familiar (art. 203, CF) decorrente da renda acima o que revela que, de fato, a parte autora cumpre o requisito em questão (depreende-se do laudo social que a autora reside com o esposo e 2 filhos; que a filha mantém a casa com recurso proveniente da bolsa de mestrado da filha; que os móveis são simples e velhos; que a pintura da casa é desgastada). Sendo este o manancial probatório acostado aos autos, tenho que a parte autora preencheu o requisito da hipossuficiência para a concessão do amparo assistencial, pelo que a procedência é medida que se impõe. O benefício deve ser concedido desde a DER, posto que a incapacidade reconhecida se baseia em dados fáticos anteriores a ela, conforme atestados médicos. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, pelo que condeno o INSS a: (I) implantar em favor da autora o benefício com as seguintes características: Espécie AMPARO AO DEFICIENTE (MENOR) NB 702.976.686-6 DER 04/05/2017 DIB 04/05/2017 DIP 01/03/2018 II) pagar os valores de competências vencidas a contar da DIB até a DIP com juros moratórios a contar da citação (nos termos da Lei n. 9.494/97, com alteração pela Lei n. 11.960/09) e correção monetária desde a competência de cada parcela pelo IPCA-E (STJ, REsp. n. 1.492.221, em 22/2/2018). A conta de liquidação será formulada após o trânsito em julgado, devendo os cálculos serem elaborados segundo os critérios estabelecidos nesta sentença (Enunciado no 32 do FONAJEF) e de acordo com os dados do segurado registrados no CNIS. No cálculo das parcelas, observe-se a renúncia civil manifestada sobre parcelas vencidas para fins de fixação da competência deste Juízo ao tempo do ajuizamento. Em razão do caráter alimentar do benefício e da verossimilhança das alegações reconhecida nesta sentença, DEFIRO ANTECIPAÇÃO DE EFEITOS da tutela ora deferida, pelo que determino que o INSS implante de logo o benefício com DIP na mesma data fixada acima. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei 9.099/99. Defiro o pedido de gratuidade judiciária (art. 99, CPC). Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos arts. 16 (caso não tenha sido, ainda, implantado o benefício) e 17 (a fim de que sejam pagos os valores atrasados) da Lei n° 10259/01. Caso haja renúncia processual, expeça-se RPV. Do contrário, expeça-se precatório, desde que oportunizada à parte autora a manifestação de tal ato. Fortaleza-CE, data acima
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0509288-81.2017.4.05.8102
2017-08-03 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2017-12-05 00:47:23
Sentença - Auxílio-doença/aposentadoria por invalidez - segurado (a) especial
2018-05-03T21:20:39
Acórdão - com voto
PAULA EMÍLIA MOURA ARAGÃO DE SOUSA BRASIL
2018-05-02 13:30:00
DEBORA AGUIAR DA SILVA SANTOS
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
2
CE036789
SENTENÇA I – Relatório. Dispensado, nos termos do art. 38 da Lei n° 9.099/95, aplicado ao caso por força do art. 1° da Lei n° 10.259/2001. II – Fundamentação. Defiro o pedido de justiça gratuita. Versam os presentes autos acerca de demanda de natureza previdenciária, em que a parte requerente busca obter provimento judicial que lhe garanta o direito à concessão do benefício de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez na condição de segurada especial. O ponto chave para a resolução da lide reside na análise das provas trazidas aos autos pela parte autora, qualificada como trabalhadora rural, com a finalidade de convencimento deste Juízo, no que diz respeito ao direito à concessão do benefício. Sem afastar, no entanto, outros aspectos a serem examinados. A Carta Magna de 1988 estabeleceu no art. 201, I a cobertura, pela Previdência Social dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. No caso específico de concessão do auxílio-doença a segurado especial, deve-se observar as disposições da Lei dos Benefícios da Previdência Social (Lei no. 8.213/91), especialmente os artigos 59 a 63 específicos quanto ao benefício em si, bem como os artigos 26, incisos II e III c/c o art. 39, inciso I e art. 11, inciso VII, relativos à carência. Dos dispositivos citados se extrai que independe de carência a concessão de auxílio-doença ao segurado especial, no valor de um salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência exigida e a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias. A diferença em relação à aposentadoria por invalidez repousa no fato de que, para obtenção de auxílio-doença, basta a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual do segurado, enquanto para a aposentadoria por invalidez exige-se a incapacidade total, para qualquer atividade que garanta a subsistência. O auxílio-doença, com efeito, não exige insuscetibilidade de recuperação. Ao contrário, o prognóstico é de que haja recuperação para a atividade habitual ou reabilitação para outra atividade, tanto que, sendo possível a reabilitação, o benefício a ser concedido é o auxílio-doença, e não a aposentadoria por invalidez. Igualmente à aposentadoria por invalidez, esta prestação não é devida quando a doença ou lesão for precedente à filiação, salvo quando a incapacidade resultar do agravamento ou progressão da lesão. Em face disso, a jurisprudência tem temperado esta regra e, havendo controvérsia neste ponto, imprescindível será a realização da perícia. O auxílio-doença tem caráter transitório, precário, mantido enquanto persistir a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual, tanto é assim que o segurado, independentemente de idade e sob pena de suspensão do benefício, está obrigado a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social a fim de se verificar a permanência do fator incapacitante, além da submissão a processo de reabilitação. Assim, o restabelecimento do segurado; a conversão em aposentadoria por invalidez, quando se averiguar a irrecuperabilidade do estado incapacitante; habilitação para o desempenho de outra atividade que lhe garanta a subsistência, após processo de reabilitação profissional e a conversão em aposentadoria por idade, desde que requerida pelo segurado e observada a carência exigida são as formas mais comuns de extinção do auxílio-doença. Do exposto conclui-se que, se a incapacidade persiste por longo período, não havendo qualquer indicação de que será possível recuperar ou reabilitar o segurado, se a moléstia apresenta quadro evolutivo, a prestação deverá ser convertida em aposentadoria por invalidez. De outra sorte, se possível a reabilitação do segurado para o exercício de outra atividade profissional, o benefício não poderá ser cessado até que esta habilitação seja processada. Evidencia-se, outrossim, que o segurado deverá participar, obrigatoriamente, dos programas de reabilitação profissional, sob pena de a administração ficar autorizada a suspender o benefício por incapacidade, não podendo, entretanto, cancelá-lo, haja vista que, retornando o segurado, ainda incapaz, para cumprir o tratamento prescrito, gera o direito ao restabelecimento da prestação previdenciária. No caso presente, verifica-se que a parte autora não logrou comprovar que exerceu atividade rural em regime de economia de subsistência, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior à data fixada como de início da incapacidade (outubro de 2015). É que, por ocasião da audiência, verifiquei que a autora não tem aparência de trabalhadora rural (pele não castigada pelo sol), tampouco farto conhecimento da lida no campo (não sabe: quantos quilos de milho podem ser plantados por tarefa de terra; o que é mecha; qual o tipo de solo bom para o cultivo do milho), não se tratando mesmo de segurada especial. Assim, a parte promovente não possui, pelo menos, um dos requisitos indispensáveis ao que pretende em sua peça inicial, motivo por que deve ser dado como improcedente o pedido. III – Dispositivo. Diante desse cenário, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão autoral. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no. 10.259/2001. Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, 5 de dezembro de 2017.
VOTO EMENTA Vistos, etc. Ementa: AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO ESPECIAL. TRABALHADOR RURAL. INÍCIO NECESSÁRIO DE PROVA MATERIAL NÃO CONFIGURADO. PROVA TESTEMUNHAL NÃO SUFICIENTE, MORMENTE SE CONTRADITÓRIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO i. A questão a ser dirimida consiste na análise do preenchimento dos requisitos necessários à fruição da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; e c) invalidez permanente para qualquer atividade laboral (aposentadoria por invalidez) ou provisória e suscetível de recuperação para mesma ou para outra atividade (auxílio-doença). No que pertine à qualidade de segurado especial, entendo que não restou comprovada. ii. A jurisprudência da TNU, órgão máximo na hierarquia do microssistema jurídico dos Juizados Especiais Federais, com competência uniformizante para a interpretação da disciplina legal respectiva, têm conferido destacada consideração à dificuldade do trabalhador rural/segurado especial de documentar-se acerca de seu labor. Com esse sentir, tem-se admitido como início de prova material um vasto rol de documentos, dentre eles sindicais, certidões de casamento/nascimento/óbito, comprovantes de propriedade ou posse de terra, notas fiscais de compras de insumos agrícolas, documentos de participação em programas voltados aos trabalhadores do campo, os quais, in casu, não se fizeram presente de sorte a supedanear o decreto de procedência guerreado. iii. Acerca do tema, a reiterada jurisprudência já se encontra cristalizada em súmulas do entendimento do Colegiado Superior Uniformizante, v.g., Súmulas TNU no 6 "A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola"; no 14 "Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício"; no 30 "Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar" ; no 41 "A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto"; no 46 "O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto". iv. Destaque-se que circunstâncias como (a) acervo formado exclusivamente por documentos em nomes de terceiros estranhos ao núcleo familiar; (b) parte autora residente em zona urbana; (c) documentos não contemporâneos ao período de carência; (d) existência de vínculos urbanos duradouros ou consecutivos no CNIS, em nome da parte autora ou do consorte; (e) registros como contribuinte individual/empresário; (f) prova testemunhal contraditória com versão autoral, várias destas verificadas no caso ora em julgamento, têm o condão de obstar o decreto de procedência perseguido. v. No caso sub examinem, o douto juízo monocrático deixou consignado em sua decisão que: "No caso presente, verifica-se que a parte autora não logrou comprovar que exerceu atividade rural em regime de economia de subsistência, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior à data fixada como de início da incapacidade (outubro de 2015). É que, por ocasião da audiência, verifiquei que a autora não tem aparência de trabalhadora rural (pele não castigada pelo sol), tampouco farto conhecimento da lida no campo (não sabe: quantos quilos de milho podem ser plantados por tarefa de terra; o que é mecha; qual o tipo de solo bom para o cultivo do milho), não se tratando mesmo de segurada especial." No presente caso, observa-se que, de fato, a demandante apresentou documentos que poderiam, em tese, servir como início de prova material. Todavia, os documentos apresentados não foram corroborados pela prova oral colhida em audiência. Inicialmente, registra-se que a autora não apresenta aparência compatível com a de uma trabalhadora rural, pois, apesar de alegar laborar na agricultura desde 1999, não possui a pele castigada pelo sol. Além disso, como bem atestado na sentença, a autora não demonstrou possuir conhecimentos básicos da lida rural. Analisando o depoimento autoral, constata-se que a demandante se mostra bem insegura, não respondendo as perguntas com firmeza. Convém salientar, ainda, que esta mesma conclusão foi feita na Entrevista Rural administrativa, tendo o servidor informado que a autora demonstrou dificuldades explícitas em responder as perguntas feitas ao longo da entrevista, entrando em contradições em vários momentos, além de não ter demonstrado conhecimentos rurais 9anexo 23, fl. 02). Portanto, ainda que houvesse a possibilidade de se reconhecer algum início de prova material, não restou comprovado o exercício do labor rural no período de carência, de sorte que, à luz dos ditames traçados pela lei, pela doutrina e pela jurisprudência uniformizante da TNU já referida, tudo conflui para o julgamento pela improcedência do pedido, da exata forma como restou decidido pelo juízo monocrático, cujos fundamentos ora são tomados de empréstimo como razão de decidir para o presente julgamento pela manutenção da sentença de improcedência. vi. Recurso Inominado conhecido, mas improvido. vii. Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), suspensa a execução desta parcela enquanto litigar sob o pálio da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaramdo julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa,Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e Gisele Chaves SampaioAlcântara. Fortaleza, data supra. PAULA EMÍLIA MOURA ARAGÃO DE SOUSA BRASIL JUÍZA FEDERAL - 2.a RELATORIA – 2.a TR/CE
865
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30-CE
1
123.654433
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Defiro o pedido de justiça gratuita. Versam os presentes autos acerca de demanda de natureza previdenciária, em que a parte requerente busca obter provimento judicial que lhe garanta o direito à concessão do benefício de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez na condição de segurada especial. O ponto chave para a resolução da lide reside na análise das provas trazidas aos autos pela parte autora, qualificada como trabalhadora rural, com a finalidade de convencimento deste Juízo, no que diz respeito ao direito à concessão do benefício. Sem afastar, no entanto, outros aspectos a serem examinados. A Carta Magna de 1988 estabeleceu no art. 201, I a cobertura, pela Previdência Social dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. No caso específico de concessão do auxílio-doença a segurado especial, deve-se observar as disposições da Lei dos Benefícios da Previdência Social (Lei no. 8.213/91), especialmente os artigos 59 a 63 específicos quanto ao benefício em si, bem como os artigos 26, incisos II e III c/c o art. 39, inciso I e art. 11, inciso VII, relativos à carência. Dos dispositivos citados se extrai que independe de carência a concessão de auxílio-doença ao segurado especial, no valor de um salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência exigida e a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias. A diferença em relação à aposentadoria por invalidez repousa no fato de que, para obtenção de auxílio-doença, basta a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual do segurado, enquanto para a aposentadoria por invalidez exige-se a incapacidade total, para qualquer atividade que garanta a subsistência. O auxílio-doença, com efeito, não exige insuscetibilidade de recuperação. Ao contrário, o prognóstico é de que haja recuperação para a atividade habitual ou reabilitação para outra atividade, tanto que, sendo possível a reabilitação, o benefício a ser concedido é o auxílio-doença, e não a aposentadoria por invalidez. Igualmente à aposentadoria por invalidez, esta prestação não é devida quando a doença ou lesão for precedente à filiação, salvo quando a incapacidade resultar do agravamento ou progressão da lesão. Em face disso, a jurisprudência tem temperado esta regra e, havendo controvérsia neste ponto, imprescindível será a realização da perícia. O auxílio-doença tem caráter transitório, precário, mantido enquanto persistir a incapacidade para o trabalho ou atividade habitual, tanto é assim que o segurado, independentemente de idade e sob pena de suspensão do benefício, está obrigado a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social a fim de se verificar a permanência do fator incapacitante, além da submissão a processo de reabilitação. Assim, o restabelecimento do segurado; a conversão em aposentadoria por invalidez, quando se averiguar a irrecuperabilidade do estado incapacitante; habilitação para o desempenho de outra atividade que lhe garanta a subsistência, após processo de reabilitação profissional e a conversão em aposentadoria por idade, desde que requerida pelo segurado e observada a carência exigida são as formas mais comuns de extinção do auxílio-doença. Do exposto conclui-se que, se a incapacidade persiste por longo período, não havendo qualquer indicação de que será possível recuperar ou reabilitar o segurado, se a moléstia apresenta quadro evolutivo, a prestação deverá ser convertida em aposentadoria por invalidez. De outra sorte, se possível a reabilitação do segurado para o exercício de outra atividade profissional, o benefício não poderá ser cessado até que esta habilitação seja processada. Evidencia-se, outrossim, que o segurado deverá participar, obrigatoriamente, dos programas de reabilitação profissional, sob pena de a administração ficar autorizada a suspender o benefício por incapacidade, não podendo, entretanto, cancelá-lo, haja vista que, retornando o segurado, ainda incapaz, para cumprir o tratamento prescrito, gera o direito ao restabelecimento da prestação previdenciária. No caso presente, verifica-se que a parte autora não logrou comprovar que exerceu atividade rural em regime de economia de subsistência, ainda que de forma descontínua, no períodoimediatamente anterior à data fixada como de início da incapacidade (outubro de 2015). É que, por ocasião da audiência, verifiquei que a autora não tem aparência de trabalhadora rural (pele não castigada pelo sol), tampouco farto conhecimento da lida no campo (não sabe: quantos quilos de milho podem ser plantados por tarefa de terra; o que é mecha; qual o tipo de solo bom para o cultivo do milho), não se tratando mesmo de segurada especial. Assim, a parte promovente não possui, pelo menos, um dos requisitos indispensáveis ao que pretende em sua peça inicial, motivo por que deve ser dado como improcedente o pedido. III – Dispositivo. Diante desse cenário, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão autoral. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, c/c os arts. 54 e 55 da Lei no . Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no. . Interposto recurso voluntário, movimentem-se os autos para a Turma Recursal de Fortaleza. Do contrário, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, 5 de dezembro de
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0502629-35.2017.4.05.8109
2017-10-09 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-08 10:08:05
Sentença - AUXILIO-DOENÇA - Parcialmente Procedente
2018-05-07T12:32:16
Acórdão - com voto.
JULIO RODRIGUES COELHO NETO (3ª TURMA)
2018-05-04 13:00:00
CÍNTIA MENEZES BRUNETTA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE025232
SENTENÇA I – Relatório. Por força do disposto no caput, do art. 38, da Lei no 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/2001, dispenso à feitura do relatório, passo, pois, à fundamentação. II – Fundamentação. Não havendo preliminares a examinar, passo à apreciação do mérito. Mérito. Os presentes autos versam sobre demanda de natureza previdenciária, pleiteando a parte autora, na qualidade de segurado(a) urbano (a), a(o) concessão/restabelecimento do seu benefício de auxílio-doença, com pedido alternativo de aposentadoria por invalidez, além do pagamento das parcelas em atraso. A Lei 8.213/91 contempla, dentre vários benefícios de prestação continuada, o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, ambos destinados a assegurar os meios indispensáveis à manutenção do segurado que esteja incapacitado para o trabalho. A diferença entre os referidos benefícios acontece, pois, enquanto o auxílio-doença pressupõe a incapacidade provisória para o trabalho por mais de 15 (quinze) dias, a aposentadoria por invalidez resulta de incapacidade total e definitiva para o trabalho. Acrescente-se que o valor da renda do auxílio-doença corresponde a 91% (noventa e um por cento) do salário-de-benefício, ao passo que na aposentadoria por invalidez esse fator é de 100% (cem por cento). Para ambos, a Lei estabelece uma carência de 12 (doze) contribuições mensais, exceto quando decorrerem de acidente de qualquer espécie, hipótese em que não será exigido o cumprimento de qualquer carência (Lei 8.213/91, arts. 25 e 26). No caso do incapacitado ser segurado especial, terá direito aos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, independentemente de contribuição ao sistema previdenciário oficial, desde que comprove o exercício de atividade rural por 12 (doze) meses, ainda que descontínuos, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício. Para quaisquer daqueles benefícios, exige-se que a incapacidade para o trabalho tenha se iniciado em data posterior à filiação previdenciária, mesmo que seja decorrente de evento anterior à dita filiação, desde que haja decorrido de agravamento de mal pré-existente. Qualidade de segurado e carência. Quanto aos requisitos da qualidade de segurado e cumprimento da carência, não existem controvérsias, uma vez que a própria autarquia previdenciária concedeu benefício auxílio-doença (NB - 610.607.936-0) à parte autora, conforme tela do sistema PLENUS constante do anexo 23. Incapacidade laborativa. O laudo pericial (anexo n.o 20) atestou que a autora apresenta "ruptura do ligamento do tornozelo, fibromialgia, nefropatia e síndrome do manguito rotador - CID 10 M79.7, N07 E M75" (quesito 4). Nesse sentido, o douto perito atestou que a autora "necessitou de doze meses para tratamento e estabilização das suas patologias, baseado no exame físico, atestado e exames complementares" (quesito 5). Acrescenta ainda o expert que "houve incapacidade parcial temporária de janeiro de 2017a janeiro de 2018" (quesito 7). Dessa maneira, verifica-se que o benefício fora indevidamente cessado (DCB=12/01/2017 - anexo 23), haja vista que, de acordo com a perícia médica, a incapacidade somente findou em janeiro de 2018. Registro que, a meu sentir, para a concessão de benefício por incapacidade, a prova pericial é a mais adequada para se averiguar a veracidade das alegações aduzidas pelas partes. Ela somente pode ser afastada com elementos robustos em sentido contrário, que infirmem as conclusões técnicas a que chegou o perito, não sendo este o caso dos autos. Assim, comprovado que houve a cessação indevida por parte do INSS, entendo que o benefício deverá ser restabelecido e pago até a data apontada como fim da incapacidade no laudo pericial. Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial : PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA URBANO. REQUISITOS: QUALIDADE DE SEGURADO, CARÊNCIA E INCAPACIDADE TEMPORÁRIA E TOTAL PARA O TRABALHO. 1. Os requisitos indispensáveis para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez são: a) a qualidade de segurado; b) a carência de 12 (doze) contribuições mensais; c) a incapacidade parcial ou total e temporária (auxílio-doença) ou total e permanente (aposentadoria por invalidez) para atividade laboral. 2. Superadas as questões relativas à comprovação da qualidade de segurado e da carência, eis que tal condição foi reconhecida administrativamente pelo INSS, ao deferir benefício de auxílio-doença de trabalhador urbano à parte autora (fls. 116). 3. Averiguada pericialmente a incapacidade total e temporária do autor (fls. 221/227): imperiosa necessidade de restabelecimento do auxílio-doença. 4. Fica assegurada à autarquia a possibilidade de submeter a parte autora às perícias médicas bienais previstas no art. 101 da lei n. 8.213/91 e no art. 46, parágrafo único, do Decreto n. 3.048/1999, nos termos fixados na sentença. 5. DIB: data da cessação indevida do auxílio-doença (fl. 116), observada a prescrição quinquenal. 6. A antecipação de tutela deve ser mantida, porque presentes os requisitos e os recursos eventualmente interpostos contra o acórdão têm previsão de ser recebidos apenas no efeito devolutivo. 7. Apelação e remessa oficial não providas. (AC 00594327620134019199 0059432-76.2013.4.01.9199 , JUIZ FEDERAL CÉSAR CINTRA JATAHY FONSECA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:26/08/2016 PAGINA:.) Diante do exposto, considerando que foram atendidos os requisitos da qualidade de segurado, da carência e da incapacidade laboral (temporária) para o trabalho, forçoso reconhecer que a parte autora faz jus ao pagamento do benefício de auxílio doença somente no período compreendido entre o dia posterior ao de sua cessação (13/01/2017) até o dia 31/01/2018 (fim da incapacidade apontada em laudo), haja vista a compensação dos valores que já foram pagos anteriormente. III – Dispositivo. Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a Pagar à parte autora, somente a título de valores atrasados, e para efeito de registro no sistema PLENUS, as parcelas do benefício AUXÍLIO DOENÇA (NB 610.607.936-0) referentes ao período compreendido entre 13/01/2017 (dia posterior à cessação do benefício) e 31/01/2018 (fim da incapacidade apontada em laudo pericial), devidamente corrigidas conforme o manual de cálculos da Justiça Federal, sem implantação. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Com o advento do trânsito em julgado, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor – RPV em favor do(a) demandante, nos termos do art. 17, da Lei no 10.259/01, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários-mínimos então vigente. Ultrapassado o referido valor e não havendo renúncia aos valores excedentes, expeça-se precatório. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RE 631.240 – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NECESSIDADE DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ALTA PROGRAMADA. PEDILEF 05017578320134058101 – TNU. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. - Trata-se de recurso inominado em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de auxílio-doença. - Há insurgência recursal quanto à necessidade de prévio requerimento administrativo. - Na hipótese, o magistrado sentenciante julgou parcialmente procedente o pedido inicial, mantendo-se silente quanto à necessidade de prévio requerimento administrativo. - A matéria em debate (necessidade de prévio requerimento administrativo) foi apreciada pelo Supremo Tribunal Federal que, no julgamento do RE 631.240/MG, com repercussão geral reconhecida, firmou a tese a seguir ementada: Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5o, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão. 5. Tendo em vista a prolongada oscilação jurisprudencial na matéria, inclusive no Supremo Tribunal Federal, deve-se estabelecer uma fórmula de transição para lidar com as ações em curso, nos termos a seguir expostos. 6. Quanto às ações ajuizadas até a conclusão do presente julgamento (03.09.2014), sem que tenha havido prévio requerimento administrativo nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (i) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo não deverá implicar a extinção do feito; (ii) caso o INSS já tenha apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; (iii) as demais ações que não se enquadrem nos itens (i) e (ii) ficarão sobrestadas, observando-se a sistemática a seguir. 7. Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a Autarquia deverá colher todas as provas eventualmente necessárias e proferir decisão. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir. 8. Em todos os casos acima – itens (i), (ii) e (iii) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do requerimento, para todos os efeitos legais. 9. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, reformando-se o acórdão recorrido para determinar a baixa dos autos ao juiz de primeiro grau, o qual deverá intimar a autora – que alega ser trabalhadora rural informal – a dar entrada no pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado para que, em 90 dias, colha as provas necessárias e profira decisão administrativa, considerando como data de entrada do requerimento a data do início da ação, para todos os efeitos legais. O resultado será comunicado ao juiz, que apreciará a subsistência ou não do interesse em agir. (RE 631240, Relator(a):Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-220 DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10-11-2014) - A Turma Nacional de Uniformização, por sua vez, em julgamento de pedido de uniformização, entendeu que, tratando-se de pedido de restabelecimento de benefício de auxílio-doença cessado em razão de alta programada, desnecessário o prévio ingresso do pedido na esfera administrativa. Nesse sentido: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. ALTA PROGRAMADA. NEGATIVA ADMINISTRATIVA CONFIGURADA. DESNECESSIDADE DE PRÉVIO PEDIDO DE PRORROGAÇÃO. INCIDENTE PROVIDO. 1. Em se tratando de pedido de restabelecimento de auxílio-doença, suspenso pelo regime de alta programada, dispensável se faz o prévio pedido de prorrogação, por configurar o ato de cancelamento manifesta negativa da Administração quanto ao direito postulado. Precedente desta Turma Nacional (PEDILEF 200972640023779). 2. Pedido de Uniformização de Jurisprudência provido, com determinação de devolução dos recursos com mesmo objeto às Turmas de origem a fim de que, nos termos do art. 15, §§ 1o e 3o, do RI/TNU, mantenham ou promovam a adequação da decisão recorrida.ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, por unanimidade, dar provimento a este Pedido de Uniformização, nos termos do voto da Relatora. Brasília, 06 de setembro de 2011. (PEDILEF 200770500165515, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, TNU, DOU 04/10/2011.) PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. AUXÍLIO-DOENÇA. ALTA PROGRAMADA. DESNECESSÁRIO PRÉVIO REQUERIMENTO DE PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO. RE No 631.240. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. (...) 29. As principais ações previdenciárias podem ser divididas em dois grupos: (i) demandas que pretendem obter uma prestação ou vantagem inteiramente nova ao patrimônio jurídico do autor (concessão de benefício, averbação de tempo de serviço e respectiva certidão etc.); e (ii) ações que visam ao melhoramento ou à proteção de vantagem já concedida ao demandante (pedidos de revisão, conversão de benefício em modalidade mais vantajosa, restabelecimento, manutenção etc.). 30. No primeiro grupo, como regra, exige-se a demonstração de que o interessado já levou sua pretensão ao conhecimento da Autarquia e não obteve a resposta desejada. No segundo grupo, precisamente porque já houve a inauguração da relação entre o beneficiário e a Previdência, não se faz necessário, de forma geral, que o autor provoque novamente o INSS para ingressar em juízo. 31. Isto porque, como previsto no art. 88 da Lei no 8.213/1991, o serviço social do INSS deve “esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade”. Daí decorre a obrigação de a Previdência conceder a prestação mais vantajosa a que o beneficiário faça jus, como prevê o Enunciado no 5 do Conselho de Recursos da Previdência Social (“A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido”). 32. Assim, uma vez requerido o benefício, se for concedida uma prestação inferior à devida, está caracterizada a lesão a direito, sem que seja necessário um prévio requerimento administrativo de revisão. A redução ou supressão de benefício já concedido também caracteriza, por si só, lesão ou ameaça a direito sindicável perante o Poder Judiciário. Nestes casos, a possibilidade de postulação administrativa deve ser entendida como mera faculdade à disposição do interessado. 33. Portanto, no primeiro grupo de ações (em que se pretende a obtenção original de uma vantagem), a falta de prévio requerimento administrativo de concessão deve implicar a extinção do processo judicial sem resolução de mérito, por ausência de interesse de agir. No segundo grupo (ações que visam ao melhoramento ou à proteção de vantagem já concedida), não é necessário prévio requerimento administrativo para ingresso em juízo, salvo se a pretensão depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração. Há, ainda, uma terceira possibilidade: não se deve exigir o prévio requerimento administrativo quando o entendimento da Autarquia Previdenciária for notoriamente contrário à pretensão do interessado. Nesses casos, o interesse em agir estará caracterizado. (grifos não originais). 7. A seguir, ementa do julgado: “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de condições para o regular exercício do direito de ação é compatível com o art. 5o, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão”. (...) (grifos não originais) (RE no 631.240/MG. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. DJ: 03/09/2014). 8. No caso dos autos, na esteira do entendimento consolidado do STF, tratando-se de pedido de restabelecimento de benefício de auxílio-doença cessado em razão de alta programada, desnecessário o prévio ingresso do pedido na esfera administrativa, haja vista que a alta programada já é, por si só, uma resposta da Administração no sentido de que em determinada data o fato gerador do benefício, qual seja, a incapacidade, não mais existirá. 9. A rigor, dada a alta programada do benefício estipulado pelo próprio INSS, tem-se como configurada a resistência à pretensão da parte autora, de sorte que a exigência de prévio requerimento administrativo para discutir o assunto é medida contraproducente e já atingida pela preclusão lógica. 10. Incidente conhecido e parcialmente provido para, nos termos do RE no 632.240/MG, (i) afirmar a tese de que, em se tratando de restabelecimento de benefício por incapacidade cessado em virtude de alta programada, desnecessário o prévio requerimento administrativo de prorrogação do mesmo (ii) anular o acórdão e determinar o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado segundo a premissa ora fixada, nos termos da Questão de Ordem no 20 da TNU. (PEDILEF 05017578320134058101, JUIZ FEDERAL DOUGLAS CAMARINHA GONZALES, TNU, DOU 09/10/2015 PÁGINAS 117/255.) - É bem verdade que com o advento das Medidas Provisórias 739, de 07/07/2016, com vigência encerrada em 04/11/2016, e 767/2017, de 06/01/2017, convertida na Lei no 13.457, de 26/06/2017, passou a ser necessário o prévio requerimento administrativo de prorrogação dos benefícios por incapacidade, ficando superado o entendimento acima esposado. Referida MP alterou a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, cujo art. 60, §12o, passou a vigorar com a seguinte redação: “Art. 60 (...) § 12.Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 11, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62.” - Como se vê, salvo decisão administrativa ou judicial em contrário, deverá cessar o benefício por incapacidade no período de 120 dias, nos termos do novo art. 60, § 12, lei 8.213/91, com redação dada pela MP 767/2017, salvo se, na forma do regulamento, o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, tornando então o pedido de prorrogação indispensável ao restabelecimento do benefício. - Por tais razões, esta Terceira Turma Recursal curva-se à mens legislatoris, manifestada através da sobredita Medida Provisória, que, embora pendente de conversão em lei, não deixa espaço para outra interpretação que não a da necessidade de prévio requerimento administrativo na prorrogação dos benefícios por incapacidade. - Na situação em apreço, conforme INFBEN (anexo 06), o benefício da parte autora foi cessado na vigência da MP 767, de 2017 (DCB: 12/01/2017), situação que exige o prévio requerimento administrativo. - Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso, para extinguir o feito sem resolução do mérito, ante a ausência de interesse de agir. - Sem custas ou honorários. - Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Nagibe de Melo Jorge Neto e André Dias Fernandes. Fortaleza, data supra.
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1
0
35-CE
1
149.938947
PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AUTOR
dispenso à feitura do relatório, passo, pois, à fundamentação. II – Fundamentação. Não havendo preliminares a examinar, passo à apreciação do mérito. Mérito. Os presentes autos versam sobre demanda de natureza previdenciária, pleiteando a parte autora, na qualidade de segurado(a) urbano (a), a(o) concessão/restabelecimento do seu benefício de auxílio-doença, com pedido alternativo de aposentadoria por invalidez, além do pagamento das parcelas em atraso. A Lei 8.213/91 contempla, dentre vários benefícios de prestação continuada, o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, ambos destinados a assegurar os meios indispensáveis à manutenção do segurado que esteja incapacitado para o trabalho. A diferença entre os referidos benefícios acontece, pois, enquanto o auxílio-doença pressupõe a incapacidade provisória para o trabalho por mais de 15 (quinze) dias, a aposentadoria por invalidez resulta de incapacidade total e definitiva para o trabalho. Acrescente-se que o valor da renda do auxílio-doença corresponde a 91% (noventa e um por cento) do salário-de-benefício, ao passo que na aposentadoria por invalidez esse fator é de 100% (cem por cento). Para ambos, a Lei estabelece uma carência de 12 (doze) contribuições mensais, exceto quando decorrerem de acidente de qualquer espécie, hipótese em que não será exigido o cumprimento de qualquer carência (Lei 8.213/91, arts. 25 e 26). No caso do incapacitado ser segurado especial, terá direito aos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, independentemente de contribuição ao sistema previdenciário oficial, desde que comprove o exercício de atividade rural por 12 (doze) meses, ainda que descontínuos, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício. Para quaisquer daqueles benefícios, exige-se que a incapacidade para o trabalho tenha se iniciado em data posterior à filiação previdenciária, mesmo que seja decorrente de evento anterior à dita filiação, desde que haja decorrido de agravamento de mal pré-existente. Qualidade de segurado e carência. Quanto aos requisitos da qualidade de segurado e cumprimento da carência, não existem controvérsias, uma vez que a própria autarquia previdenciária concedeu benefício auxílio-doença (NB - 610.607.936-0) à parte autora, conforme tela do sistema PLENUS constante do anexo 23. Incapacidade laborativa. O laudo pericial (anexo n.o 20) atestou que a autora apresenta "ruptura do ligamento do tornozelo, fibromialgia, nefropatia e síndrome do manguito rotador - CID 10 M79.7, N07 E M75" (quesito 4). Nesse sentido, o douto perito atestou que a autora "necessitou de doze meses para tratamento e estabilização das suas patologias, baseado no exame físico, atestado e exames complementares" (quesito 5). Acrescenta ainda o expert que "houve incapacidade parcial temporária de janeiro de 2017a janeiro de 2018" (quesito 7). Dessa maneira, verifica-se que o benefício fora indevidamente cessado (DCB=12/01/2017 - anexo 23), haja vista que, de acordo com a perícia médica, a incapacidade somente findou em janeiro de 2018. Registro que, a meu sentir, para a concessão de benefício por incapacidade, a prova pericial é a mais adequada para se averiguar a veracidade das alegações aduzidas pelas partes. Ela somente pode ser afastada com elementos robustos em sentido contrário, que infirmem as conclusões técnicas a que chegou o perito, não sendo este o caso dos autos. Assim, comprovado que houve a cessação indevida por parte do INSS, entendo que o benefício deverá ser restabelecido e pago até a data apontada como fim da incapacidade no laudo pericial. Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial : PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA URBANO. REQUISITOS: QUALIDADE DE SEGURADO, CARÊNCIA E INCAPACIDADE TEMPORÁRIA E TOTAL PARA O TRABALHO. 1. Os requisitos indispensáveis para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez são: a) a qualidade de segurado; b) a carência de 12 (doze) contribuições mensais; c) a incapacidade parcial ou total e temporária (auxílio-doença) ou total e permanente (aposentadoria por invalidez) para atividade laboral. 2. Superadas as questões relativas à comprovação da qualidade de segurado e da carência, eis que tal condição foi reconhecida administrativamente pelo INSS, ao deferir benefício de auxílio-doença de trabalhador urbano à parte autora (fls. 116). 3. Averiguada pericialmente a incapacidade total e temporária do autor (fls. 221/227): imperiosa necessidade de restabelecimento do auxílio-doença. 4. Fica assegurada à autarquia a possibilidade de submeter a parte autora às perícias médicas bienais previstas no art. 101 da lei n. 8.213/91 e no art. 46, parágrafo único, do Decreto n. 3.048/1999, nos termos fixados na sentença. 5. DIB: data da cessação indevida do auxílio-doença (fl. 116), observada a prescrição quinquenal. 6. A antecipação de tutela deve ser mantida, porque presentes os requisitos e os recursos eventualmente interpostos contra o acórdão têm previsão de ser recebidos apenas no efeito devolutivo. 7. Apelação e remessa oficial não providas. (AC 00594327620134019199 0059432-76.2013.4.01.9199 , JUIZ FEDERAL CÉSAR CINTRA JATAHY FONSECA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:26/08/2016 PAGINA:.) Diante do exposto, considerando que foram atendidos os requisitos da qualidade de segurado, da carência e da incapacidade laboral (temporária) para o trabalho, forçoso reconhecer que a parte autora faz jus ao pagamento do benefício de auxílio doença somente no período compreendido entre o dia posterior ao de sua cessação (13/01/2017) até o dia 31/01/2018 (fim da incapacidade apontada em laudo), haja vista a compensação dos valores que já foram pagos anteriormente. III – Dispositivo. Pelo exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a Pagar à parte autora, somente a título de valores atrasados, e para efeito de registro no sistema PLENUS, as parcelas do benefício AUXÍLIO DOENÇA (NB 610.607.936-0) referentes ao período compreendido entre 13/01/2017 (dia posterior à cessação do benefício) e 31/01/2018 (fim da incapacidade apontada em laudo pericial), devidamente corrigidas conforme o manual de cálculos da Justiça Federal, sem implantação. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Com o advento do trânsito em julgado, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor – RPV em favor do(a) demandante, nos termos do art. 17, da Lei no 10.259/01, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários-mínimos então vigente. Ultrapassado o referido valor e não havendo renúncia aos valores excedentes, expeça-se precatório. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0501136-10.2018.4.05.8102
2018-02-05 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-02 15:36:12
Sentença - Aposentadoria por Idade
2018-05-15T17:16:55
Acórdão - CO VOTO
ANDRÉ DIAS FERNANDES (MAGISTRADO TURMA RECURSAL)
2018-05-15 14:00:00
LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
3
CE005850
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA DA 5a REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ SUBSEÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE 17a VARA - JUIZADO ESPECIAL FEDERAL AUTOR: GERALDO ALVES VIEIRA. SENTENÇA (Tipo “A”) Relatório Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do Relatório. Passo, pois, à fundamentação. Fundamentação Cuida-se de demanda previdenciária ajuizada pelo rito do juizado especial em que a parte autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de aposentadoria por idade, na qualidade de segurado (a) especial, com o pagamento do atrasado devidamente corrigido e acrescido de juros de mora. São requisitos para a concessão da aposentadoria por idade ao trabalhador rural, enquadrado na condição de segurado especial: a) a idade mínima de 60 anos, se homem, ou de 55 anos, se mulher; b) o exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economia familiar, nos últimos meses de carência exigidos, imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua, sendo que a carência para os inscritos após 24 de julho de 1991 é de 180 meses e, para os inscritos antes de 24 de julho de 1991, corresponde ao lapso indicado na tabela progressiva do art. 142 da Lei 8.213/1991. Em relação ao requisito etário, não há qualquer controvérsia nos autos, razão pela qual passo a analisar o exercício de labor agrícola, na condição de segurado (a)especial. Entende-se como regime de economia familiar “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes” (art. 11, § 1o, da Lei 8.213/1991). Acerca da comprovação do efetivo exercício da atividade agrícola, o art. 55, § 3o da Lei no 8.213/91 dispõe expressamente que: “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.” Corroborando esse dispositivo legal, o Colendo STJ editou a Súmula 149, asseverando que: “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário.” Observa-se que a lei exige o início de prova material consubstanciada em documentação abrangida pelo período de carência da aposentadoria rural. Aplica-se, a propósito dessa questão, a Súmula no 34 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.” Com o intento de comprovar o exercício de atividade rural pelo período de carência exigido por lei, a parte autora coligiu aos autos alguns documentos. Com os documentos apresentados pela parte postulante, especialmente os comprovantes de participação em programas governamentais de apoio aos trabalhadores rurais emitidos entre os anos de 2012 e 2017, atende-se ao pressuposto legal da existência de início de prova material do efetivo exercício de atividade rural no período de carência exigido por lei. Isto se dá, mormente em face das características seja da publicidade (emitidos por agentes com fé pública), seja da contemporaneidade, seja da abundância, nele observadas. Ademais, as informações inferidas da prova produzida pela parte autora não foram infirmadas por nenhum outro documento colacionado, não se verificando, sobretudo, anotação de exercício de atividades diversas da agricultura. Ademais, a prova oral mostra-se satisfatória, tendo a autora respondido com bastante segurança, espontaneidade e precisão às perguntas formuladas sobre a lide rurícola. De igual modo, as suas características físicas e a linguagem utilizada são típicas de trabalhador rural. Por outro lado, é de considerar-se que os vínculos empregatícios em atividade diversa da agricultura foram desempenhados fora do período de carência. De igual modo, a prova testemunhal é harmônica com o depoimento pessoal da autora e com a narração constante da inicial, fornecendo elementos suficientes para concluir-se que a parte autora efetivamente exerceu atividade rural no período mínimo exigido em lei. Neste sentir, e diante do contexto probatório colacionado, entendo ser o caso de acolher o pedido constante na inicial. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido (art. 487, I do CPC) para condenar o INSS a: a) implantar (obrigação de fazer), em 10 (dez) dias, a partir da competência abril/2018 (DIP), em favor de GERALDO ALVES VIEIRA (CPF no 164.910.308-57), o benefício de aposentadoria por idade a trabalhador(a) rural, na qualidade de segurado especial, com DIB em 05/05/2017 (data do requerimento administrativo), no valor mensal de 1 (um) salário mínimo, tudo nos termos do art. 143 da Lei n.o 8.213/91; e b) pagar-lhe as parcelas atrasadas, assim entendidas as referentes ao período compreendido de 05 de maio de 2017 (data do requerimento administrativo) até o mês imediatamente anterior à DIP, que devem ser pagas por meio de Requisição de Pequeno Valor/RPV, após o trânsito em julgado desta, incidindo juros de mora de 1% ao mês até 30/06/2009 e, a partir de então, observando-se o regime instituído pela Lei no 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1o-F, Lei no 9.494/1997, e correção monetária pelo IPCA-E (RE 870.947), limitada a expedição da RPV, contudo, ao valor máximo da alçada dos Juizados Especiais Federais na data de sua expedição. Determino, ainda, que o referido benefício seja implantado pelo INSS em favor da parte autora no já referido prazo de 10 (dez) dias da ciência desta sentença, independentemente de eventual interesse em recorrer, haja vista que, se porventura for interposto o recurso do art. 42 da Lei n.o 9.099/95, tal instrumento deverá processar-se apenas no efeito devolutivo (art. 43 da Lei n.o 9.099/95). Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários sucumbenciais. Sem reexame necessário. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria do Juízo para a feitura do cálculo final, a fim de que possa ser expedido requisitório de pagamento (RPV/PCR). Ato contínuo, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Juazeiro do Norte/CE, data supra.
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. COISA JULGADA PARCIAL EM RAZÃO DE PARTE DO PERÍODO A SER COMPROVADO. NOVO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CAUSA DE PEDIR PARCIALMENTE DIVERSA. NÃO CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA REFORMADA. PROVIMENTO DO RECURSO. RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela parte ré em face de sentença que julgou procedente pedido concessão de aposentadoria por idade (rural). Em suas razões recursais, alega o INSS a ocorrência de coisa julgada, uma vez que em 2015, o autor pleiteou objeto idêntico ao presente, julgado improcedente. É o relatório. VOTO Para a concessão da aposentadoria por idade de trabalhador rural, na forma da Lei no 8.213/91, devem ser atendidos dois requisitos: (i) que o trabalhador rural tenha 60 (sessenta) anos completos, se homem, ou 55 (cinquenta e cinco) anos completos, se mulher (art. 48, parágrafo 1o); (ii) a comprovação do labor na agricultura em regime de economia familiar ou individual, durante o período de carência estabelecido na tabela constante do art. 142 da Lei n.o 8.213/91, nos meses imediatamente anteriores à data do requerimento administrativo. In casu, após apurar o tempo de exercício de atividade rural equivalente à carência, no período imediatamente ao requerimento administrativo (DER: 05/05/2017), o juízo recorrido julgou o pleito procedente, por entender que restou comprovada a existência de início de prova material (anexo 03 a 07) corroborada por prova testemunhal idônea (evento 23). Em suas razões recursais, alega o INSS a ocorrência de coisa julgada, uma vez que em 2015, o autor pleiteou objeto idêntico ao presente, julgado improcedente, sob o fundamento de que não foi comprovado o exercício da agricultura familiar durante todo o período de carência. Funda-se o recurso nas seguintes bases: EM PROCESSO ANTERIOR TRANSITADO EM JULGADO, O PRÓPRIO JUÍZO DA 17a VARA FEDERAL JÁ CONSIGNOU QUE O ACERVO PROBATÓRIO DO AUTOR É RECENTÍSSIMO (TODO POSTERIOR A 2012) E QUE O DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA ERA CONTRADITÓRIO COM A NOTÍCIA DE VIAGENS DO AUTOR A SÃO PAULO. NA ÉPOCA, O JUÍZO FEZ QUESTÃO DE TIRAR FOTOS DAS MÃOS DO AUTOR PARA DEIXAR EVIDENTE QUE ELE SEQUER POSSUI TRAÇOS DE ATIVIDADE RECENTE. O AUTOR CONFESSA QUE TRABALHOU COMO BALCONISTA EM SÃO PAULO, QUE SE SEPAROU EM 2004. NA AUDIÊNCIA ANTERIOR, ATÉ MANIFESTOU ALGUM SOTAQUE. NEM O SINDICATO RURAL ASSUMIU O RISCO DE FAZER DECLARAÇÃO SINDICAL RURAL, TRANSFERINDO O RISCO A TERCEIROS. NO MAIS, LIMITA-SE A TRAZER DOCUMENTOS PESSOAIS E SINDICAIS, NÃO COMPROVANDO TODO O TEMPO NECESSÁRIO PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO, NÃO HAVENDO SEQUER REGISTRO DE FILIAÇÃO SINDICAL ANTERIOR. É de se registrar que, realmente, não há qualquer documento de participação em programa governamental de apoio a agricultores em relação a período anterior. – Trechos do recurso, anexo 27. Com efeito, é cediço que para a caracterização da coisa julgada é necessária a configuração de tríplice identidade: partes, pedido e causa de pedir. No caso de sucessivos pedidos de concessão de aposentadoria por idade rural, as partes e o pedido (aposentadoria) são os mesmos. Já a causa de pedir traduz-se no exercício de atividade rural como segurado especial, suporte fático do pedido de aposentadoria, a ser comprovado no período equivalente ao de carência para a concessão do benefício. Resulta daí que pedidos efetuados em datas diversas poderão apresentar períodos de carência totalmente diversos ou parcialmente diversos. Assim, naquilo em que o período a ser comprovado for diverso, a causa de pedir é diversa. Mas, naquilo em que há interseção de períodos, inexiste diversidade de causa de pedir, mas identidade, configurando coisa julgada parcial em razão de parte do período a ser comprovado ser o mesmo. Conjugando-se o pedido com a causa de pedir, tem-se que, nos casos de aposentadoria por idade rural, há um pedido subjacente ao pedido de aposentadoria em si, que é o pedido de reconhecimento do exercício de atividade rural como segurado especial por um determinado lapso de tempo. Ou seja, é ao mesmo tempo requisito para a concessão e, em si próprio, um pedido autônomo. Assim, se, em nova ação, parte substancial do pedido de reconhecimento do exercício de atividade rural já foi julgada improcedente na demanda anterior, o trânsito em julgado daquela decisão é obstáculo intransponível, no presente momento, para a concessão do benefício, ante a impossibilidade de reconhecimento do tempo de serviço rural minimamente necessário para esse desiderato. No caso dos autos, o processo anterior (Processo no0505880-53.2015.4.05.8102) foi julgado improcedente por falta de início razoável de prova material (acervo probatório com data muito recente), bem como pelo fato daprova testemunhal ter sido desarmônica com a narração constante da inicial, senão, vejamos os seguintes trechos retirados do referido processo: “Com o intento de comprovar o exercício de atividade rural pelo período de carência exigido por lei, a parte autora coligiu aos autos alguns documentos. Através de análise dos autos, observa-se que dele consta: declaração de aptidão ao PRONAF, emitido em 1.o/11/2013 (anexo 3, fl. 1); comprovante de participação no Programa Hora de Plantar em 2015 (anexo no 3, fl. 5); ITR, em nome de terceiros (anexo 3, fl. 6); comprovantes de participação no Programa Garantia-Safra 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015 (anexos no 14 a 16); CNIS (anexo 11), constando vínculos urbanos em nome do autor; dentre outros de menor importância. Atente-se que o acervo probatório possui data muito recente, não sendo suficiente, portanto, para comprovar o exercício da agricultura familiar durante todo o período de carência. Ademais, a prova testemunhal e o depoimento pessoal da parte autora são desarmônicos com a narração constante da inicial, sobretudo quando a testemunha informou que não sabe que o autor morou em São Paulo, não fornecendo elementos suficientes para concluir-se que houve exerceu atividade rural em regime de economia familiar no período mínimo exigido, conforme alegado na inicial. Assim, tenho por não atendidos todos os requisitos necessários para a concessão do benefício requerido na inicial.” Destarte, tendo sido prolatada sentença de improcedência (validade em 07/08/2015), restaria ao autor demonstrar o cumprimento da carência do benefício pleiteado (conforme tabela progressiva do art. 142 da Lei no 8.213/91), após o trânsito em julgado da ação. Ainda que tenham decorridos dois anos entre o primeiro e o segundo requerimento administrativo (1a DER: 12/01/2015, anexo 15, fl. 01 / 2a DER: 05/05/2017, anexo 02, fl. 8), tal lapso temporal não é suficiente para o cumprimento da carência da aposentadoria por idade. Assim, não obstante o reconhecimento de início de prova material válido e de inspeção judicial favorável, tenho que não restou comprovado o exercício do labor rural individualmente ou sob em regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. Embora não se tenha comprovado a qualidade de segurado da parte autora durante todo o período de carência, não há que se falar em condenação por litigância de má-fé. Verifica-se que o recorrente é pessoa humilde e certamente ajuizou a ação na esperança de que preenchia os requisitos necessárias à concessão do benefício pleiteado. Assim, ausente a figura do dolo com o objetivo de fraudar a verdade dos fatos, afasto o pedido de condenação por litigância de má-fé. Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença que julgou procedente o pedido formulado na inicial. Sem condenação em honorários arbitrados, pois, somente o recorrente vencido arca com tal ônus, nos termos da Lei 9.099/95. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso inominado, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Júlio Rodrigues Coelho Neto e Dartanhan Vercingetórix de Araújo Rocha. Fortaleza, data da sessão.
1,037
1,335
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1
17-CE
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56.14875
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AUTOR
PRIMEIRA INSTÂNCIA DA 5a REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ SUBSEÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE 17a VARA - JUIZADO ESPECIAL FEDERAL AUTOR: GERALDO ALVES VIEIRA. SENTENÇA (Tipo “A”) Relatório Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do Relatório. Passo, pois, à fundamentação. Fundamentação Cuida-se de demanda previdenciária ajuizada pelo rito do juizado especial em que a parte autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de aposentadoria por idade, na qualidade de segurado (a) especial, com o pagamento do atrasado devidamente corrigido e acrescido de juros de mora. São requisitos para a concessão da aposentadoria por idade ao trabalhador rural, enquadrado na condição de segurado especial: a) a idade mínima de 60 anos, se homem, ou de 55 anos, se mulher; b) o exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economia familiar, nos últimos meses de carência exigidos, imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua, sendo que a carência para os inscritos após 24 de julho de 1991 é de 180 meses e, para os inscritos antes de 24 de julho de 1991, corresponde ao lapso indicado na tabela progressiva do art. 142 da Lei 8.213/1991. Em relação ao requisito etário, não há qualquer controvérsia nos autos, razão pela qual passo a analisar o exercício de labor agrícola, na condição de segurado (a)especial. Entende-se como regime de economia familiar “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes” (art. 11, § 1o, da Lei 8.213/1991). Acerca da comprovação do efetivo exercício da atividade agrícola, o art. 55, § 3o da Lei no 8.213/91 dispõe expressamente que: “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.” Corroborando esse dispositivo legal, o Colendo STJ editou a Súmula 149, asseverando que: “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário.” Observa-se que a lei exige o início de prova material consubstanciada em documentação abrangida pelo período de carência da aposentadoria rural. Aplica-se, a propósito dessa questão, a Súmula no 34 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.” Com o intento de comprovar o exercício de atividade rural pelo período de carência exigido por lei, a parte autora coligiu aos autos alguns documentos. Com os documentos apresentados pela parte postulante, especialmente os comprovantes de participação em programas governamentais de apoio aos trabalhadores rurais emitidos entre os anos de 2012 e 2017, atende-se ao pressuposto legal da existência de início de prova material do efetivo exercício de atividade rural no período de carência exigido por lei. Isto se dá, mormente em face das características seja da publicidade (emitidos por agentes com fé pública), seja da contemporaneidade, seja da abundância, nele observadas. Ademais, as informações inferidas da prova produzida pela parte autora não foram infirmadas por nenhum outro documento colacionado, não se verificando, sobretudo, anotação de exercício de atividades diversas da agricultura. Ademais, a prova oral mostra-se satisfatória, tendo a autora respondido com bastante segurança, espontaneidade e precisão às perguntas formuladas sobre a lide rurícola. De igual modo, as suas características físicas e a linguagem utilizada são típicas de trabalhador rural. Por outro lado, é de considerar-se que os vínculos empregatícios em atividade diversa da agricultura foram desempenhados fora do período de carência. De igual modo, a prova testemunhal é harmônica com o depoimento pessoal da autora e com a narração constante da inicial, fornecendo elementos suficientes para concluir-se que a parte autora efetivamente exerceu atividade rural no período mínimo exigido em lei. Neste sentir, e diante do contexto probatório colacionado, entendo ser o caso de acolher o pedido constante na inicial. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido (art. 487, I do CPC) para condenar o INSS a: a) implantar (obrigação de fazer), em 10 (dez) dias, a partir da competência abril/2018 (DIP), em favor de GERALDO ALVES VIEIRA (CPF no 164.910.308-57), o benefício de aposentadoria por idade a trabalhador(a) rural, na qualidade de segurado especial, com DIB em 05/05/2017 (data do requerimento administrativo), no valor mensal de 1 (um) salário mínimo, tudo nos termos do art. 143 da Lei n.o 8.213/91; e b) pagar-lhe as parcelas atrasadas, assim entendidas as referentes ao período compreendido de 05 de maio de 2017 (data do requerimento administrativo) até o mês imediatamente anterior à DIP, que devem ser pagas por meio de Requisição de Pequeno Valor/RPV, após o trânsito em julgado desta, incidindo juros de mora de 1% ao mês até 30/06/2009 e, a partir de então, observando-se o regime instituído pela Lei no 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1o-F, Lei no 9.494/1997, e correção monetária pelo IPCA-E (RE 870.947), limitada a expedição da RPV, contudo, ao valor máximo da alçada dos Juizados Especiais Federais na data de sua expedição. Determino, ainda, que o referido benefício seja implantado pelo INSS em favor da parte autora no já referido prazo de 10 (dez) dias da ciência desta sentença, independentemente de eventual interesse em recorrer, haja vista que, se porventura for interposto o recurso do art. 42 da Lei n.o 9.099/95, tal instrumento deverá processar-se apenas no efeito devolutivo (art. 43 da Lei n.o 9.099/95). Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários sucumbenciais. Sem reexame necessário. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria do Juízo para a feitura do cálculo final, a fim de que possa ser expedido requisitório de pagamento (RPV/PCR). Ato contínuo, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Juazeiro do Norte/CE, data supra
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
8
0500615-65.2018.4.05.8102
2018-01-19 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-27 15:22:28
Sentença - Salário-maternidade
2018-05-16T09:06:08
Acórdão - com voto.
JULIO RODRIGUES COELHO NETO (3ª TURMA)
2018-05-15 14:00:00
LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
CE024574D
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA DA 5a REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ SUBSEÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE 17a VARA - JUIZADO ESPECIAL FEDERAL AUTORA: MARIA AURENIR DE OLIVEIRA. SENTENÇA (Tipo “A”) Relatório Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do relatório. Passo, pois, à fundamentação. Fundamentação Cuida-se de demanda previdenciária ajuizada pelo rito do juizado especial em que a parte autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de salário-maternidade, na qualidade de segurada urbana, devidamente corrigido e acrescido de juros de mora. O art. 71 da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 93 do Decreto no. 3048/99, estabelece que o salário-maternidade será pago com início entre vinte e oito dias antes do parto e a data de ocorrência do mesmo e término nos noventa e um dias posteriores. No presente caso, o nascimento do(a) filho(a) da autora foi comprovado a partir da anexação da sua certidão de nascimento, que demonstra ter ocorrido o fato deflagrador do direito ao benefício em 02 de janeiro de 2017 (anexo 3, fl. 1). Segundo o teor do CNISe os subseqüentes contratos de trabalho existentes entre a autora e o Município de Jardim/CE, o último recolhimento de contribuição se deu em dezembro/2015. Assim sendo, quando da ocorrência do fato gerador do direito ao benefício de salário-maternidade, a autora estava em gozo do período de graça, consoante dispõe o art. 15 da Lei no 8.213/1991, verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.”. (Sem grifos no original). Embora seja verdade que a autora, na data do nascimento do seu filho, estava desempregada, mantinha a mesma a qualidade de segurada, eis que em situação de desemprego involuntário, daí porque aplicável o prazo previsto no art. 15, II, e §2o, da Lei n.o 8.213/91, in verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;” [...] § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Como se observa, a referida norma estabelece hipóteses em que, mesmo após o término do vínculo empregatício ou da cessação das contribuições do segurado, este mantém tal qualidade, desde que presentes as hipóteses acima elencadas. Denota-se, pois, que a autora estava agasalhada pelo período de graça, razão pela qual devido o benefício de salário-maternidade. Por fim, lembre-se que o art. 26, VI, da Lei n.o 8.213/91 dispõe que independe de carência a concessão do salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica. Assim, tendo em vista as razões acima expendidas, impõe-se a procedência do pleito. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, extinguindo o processo com julgamento de mérito (art. 487, I, CPC) e condenando o INSS a pagar o benefício de salário-maternidade de segurada urbana em favor de MARIA AURENIR DE OLIVEIRA (CPF no 892.009.503-53), numa renda mensal igual a sua remuneração integral, nos termos do artigo 72 da Lei no 8.213/91, considerando o nascimento de GLEDSON RENAN DE OLIVEIRA SOUSA (nascimento em 02/01/2017),que devem ser pagas por meio de Requisição de Pequeno Valor/RPV, após o trânsito em julgado desta, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês até 30/06/2009 e, a partir de então, observando-se o regime instituído pela Lei no 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1o-F, Lei no 9.494/1997, e correção monetária pelo IPCA-E (RE 870.947), limitada a expedição da RPV, contudo, ao valor máximo da alçada dos Juizados Especiais Federais na data de sua expedição. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários sucumbenciais. Sem reexame necessário. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria do Juízo para a feitura do cálculo final, a fim de que possa ser expedido o requisitório de pagamento (RPV/PCR) e, ao final, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, data supra. LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
RECURSO INOMINADO. SALÁRIO MATERNIDADE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. CARÊNCIA. COMPROVAÇÃO. DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. SENTENÇA MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (ART. 46 DA LEI 9.099/95). DESPROVIMENTO DO RECURSO. Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, a teor do art. 1o da Lei no. 10.259/01. Trata-se de recurso interposto pela parte ré em face de sentença que julgou procedente pedido de salário-maternidade. O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade (art. 71 da Lei n.. 8.213/91). Analisando atentamente a sentença recorrida, constata-se que o Juízo a quo formou seu convencimento à luz de uma análise adequada dos fatos, aplicando corretamente as normas de regência. Por tal razão, valho-me dos fundamentos do julgado monocrático como causa de decidir, na forma do art. 46 da Lei n° 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n° 10.259/2001, com a súmula de julgamento servindo de acórdão, in verbis: Cuida-se de demanda previdenciária ajuizada pelo rito do juizado especial em que a parte autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de salário-maternidade, na qualidade de segurada urbana, devidamente corrigido e acrescido de juros de mora. O art. 71 da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 93 do Decreto no. 3048/99, estabelece que o salário-maternidade será pago com início entre vinte e oito dias antes do parto e a data de ocorrência do mesmo e término nos noventa e um dias posteriores. No presente caso, o nascimento do(a) filho(a) da autora foi comprovado a partir da anexação da sua certidão de nascimento, que demonstra ter ocorrido o fato deflagrador do direito ao benefício em 02 de janeiro de 2017 (anexo 3, fl. 1). Segundo o teor do CNISe os subseqüentes contratos de trabalho existentes entre a autora e o Município de Jardim/CE, o último recolhimento de contribuição se deu em dezembro/2015. Assim sendo, quando da ocorrência do fato gerador do direito ao benefício de salário-maternidade, a autora estava em gozo do período de graça, consoante dispõe o art. 15 da Lei no 8.213/1991, verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.”. (Sem grifos no original). Embora seja verdade que a autora, na data do nascimento do seu filho, estava desempregada, mantinha a mesma a qualidade de segurada, eis que em situação de desemprego involuntário, daí porque aplicável o prazo previsto no art. 15, II, e §2o, da Lei n.o 8.213/91, in verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;” [...] § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Como se observa, a referida norma estabelece hipóteses em que, mesmo após o término do vínculo empregatício ou da cessação das contribuições do segurado, este mantém tal qualidade, desde que presentes as hipóteses acima elencadas. Denota-se, pois, que a autora estava agasalhada pelo período de graça, razão pela qual devido o benefício de salário-maternidade. Por fim, lembre-se que o art. 26, VI, da Lei n.o 8.213/91 dispõe que independe de carência a concessão do salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica. Assim, tendo em vista as razões acima expendidas, impõe-se a procedência do pleito. Ademais, ao contrário do aduzido pela parte ré, a parte autora juntou aos autos o comprovante de final do contrato junto ao Município de Jardim, conforme documentos de anexos 04 e 05. Quanto à aplicação dos índices de juros e correção monetária, pode-se afirmar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs 4357 e 4425, declarou a inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1-F da Lei n. 9494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09, apenas em relação à correção monetária, mas não em relação aos juros, que permaneceu o simples no mesmo percentual aplicado nas cadernetas de poupança. Recentemente, no julgamento do RE 870947, em sede de repercussão geral, o STF consolidou o entendimento de que, nas relações jurídicas de caráter não-tributário, deve ser aplicado o IPCA-E como índice de atualização monetária e juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança. A Suprema Corte reconheceu a inconstitucionalidade do art. 1o F da Lei no. 9.494/95, com a redação dada pela Lei no. 11.960/09, no que concerne à atualização monetária do débito judicial por considerar que a remuneração oficial da caderneta de poupança (TR) não reflete a real variação de preços da economia. Confiram-se as teses firmadas no julgado: Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, Ministro Luiz Fux, apreciando o tema 810 da repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso para, confirmando, em parte, o acórdão lavrado pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5a Região, (i) assentar a natureza assistencial da relação jurídica em exame (caráter não-tributário) e (ii) manter a concessão de benefício de prestação continuada (Lei no 8.742/93, art. 20) ao ora recorrido (iii) atualizado monetariamente segundo o IPCA-E desde a data fixada na sentença e (iv) fixados os juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com a redação dada pela Lei no 11.960/09. Vencidos, integralmente o Ministro Marco Aurélio, e parcialmente os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. Ao final, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, fixou as seguintes teses, nos termos do voto do Relator: 1) O art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5o, caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com a redação dada pela Lei no 11.960/09; e 2) O art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 20.9.2017. Publicação DJE 20/11/2017) Portanto, reconhecida a inconstitucionalidade parcial do art. 1-F, da Lei n. 9494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09, tão somente no que concerne índice de atualização monetária, o débito judicial deverá ser corrigido monetariamente pelo IPCA-E desde quando devido, e acrescido de juros no mesmo percentual aplicado nas cadernetas de poupança desde a citação. Por tal razão, não merece acolhida a pretensão deduzida pelo réu no recurso (aplicação integral do art. 1o-F da Lei no 9.494/97). Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Condeno o(a) recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais André Dias Fernandes e Dartanhan Vercingetórix de Araújo e Rocha. Fortaleza, data supra. JÚLIO RODRIGUES COELHO NETO
896
1,586
0
0
17-CE
0
67.161435
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
PRIMEIRA INSTÂNCIA DA 5a REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ SUBSEÇÃO DE JUAZEIRO DO NORTE 17a VARA - JUIZADO ESPECIAL FEDERAL AUTORA: MARIA AURENIR DE OLIVEIRA. SENTENÇA (Tipo “A”) Relatório Por força do disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, combinado com o art. 1o da Lei no 10.259/01, dispenso a feitura do relatório. Passo, pois, à fundamentação. Fundamentação Cuida-se de demanda previdenciária ajuizada pelo rito do juizado especial em que a parte autora postula provimento jurisdicional que condene o INSS a conceder-lhe o benefício de salário-maternidade, na qualidade de segurada urbana, devidamente corrigido e acrescido de juros de mora. O art. 71 da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 93 do Decreto no. 3048/99, estabelece que o salário-maternidade será pago com início entre vinte e oito dias antes do parto e a data de ocorrência do mesmo e término nos noventa e um dias posteriores. No presente caso, o nascimento do(a) filho(a) da autora foi comprovado a partir da anexação da sua certidão de nascimento, que demonstra ter ocorrido o fato deflagrador do direito ao benefício em 02 de janeiro de 2017 (anexo 3, fl. 1). Segundo o teor do CNISe os subseqüentes contratos de trabalho existentes entre a autora e o Município de Jardim/CE, o último recolhimento de contribuição se deu em dezembro/2015. Assim sendo, quando da ocorrência do fato gerador do direito ao benefício de salário-maternidade, a autora estava em gozo do período de graça, consoante dispõe o art. 15 da Lei no 8.213/1991, verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.”. (Sem grifos no original). Embora seja verdade que a autora, na data do nascimento do seu filho, estava desempregada, mantinha a mesma a qualidade de segurada, eis que em situação de desemprego involuntário, daí porque aplicável o prazo previsto no art. 15, II, e §2o, da Lei n.o 8.213/91, in verbis: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;” [...] § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Como se observa, a referida norma estabelece hipóteses em que, mesmo após o término do vínculo empregatício ou da cessação das contribuições do segurado, este mantém tal qualidade, desde que presentes as hipóteses acima elencadas. Denota-se, pois, que a autora estava agasalhada pelo período de graça, razão pela qual devido o benefício de salário-maternidade. Por fim, lembre-se que o art. 26, VI, da Lei n.o 8.213/91 dispõe que independe de carência a concessão do salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica. Assim, tendo em vista as razões acima expendidas, impõe-se a procedência do pleito. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, extinguindo o processo com julgamento de mérito (art. 487, I, CPC) e condenando o INSS a pagar o benefício de salário-maternidade de segurada urbana em favor de MARIA AURENIR DE OLIVEIRA (CPF no 892.009.503-53), numa renda mensal igual a sua remuneração integral, nos termos do artigo 72 da Lei no 8.213/91, considerando o nascimento de GLEDSON RENAN DE OLIVEIRA SOUSA (nascimento em 02/01/2017),que devem ser pagas por meio de Requisição de Pequeno Valor/RPV, após o trânsito em julgado desta, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês até 30/06/2009 e, a partir de então, observando-se o regime instituído pela Lei no 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1o-F, Lei no 9.494/1997, e correção monetária pelo IPCA-E (RE 870.947), limitada a expedição da RPV, contudo, ao valor máximo da alçada dos Juizados Especiais Federais na data de sua expedição. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários sucumbenciais. Sem reexame necessário. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria do Juízo para a feitura do cálculo final, a fim de que possa ser expedido o requisitório de pagamento (RPV/PCR) e, ao final, arquivem-se os autos com baixa na distribuição. Juazeiro do Norte/CE, data supra. LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0500027-22.2018.4.05.8405
2018-01-10 00:00:00
AGÊNCIA DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS (ADJ) (00.000.000/0000-00) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0251-35)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-02 10:38:16
Sentença - Averbação de Serviço Comum - Procedente
2018-05-23T12:02:00
Acórdão - NP
FRANCISCO GLAUBER PESSOA ALVES
2018-05-23 08:00:00
HALLISON RÊGO BEZERRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,182
Direito Previdenciário
Tempo de serviço
Averbação/Cômputo/Conversão de tempo de serviço especial
0
NENHUM
SENTENÇA I. RELATÓRIO Relatório dispensado, na forma do art. 38 da Lei n. 9.099/95. II. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação ajuizada por DOMINGOS SÁVIO CABRAL LEMOS, em face do INSS, pugnando pela averbação do tempo de contribuição não computado nos bancos de informação da Previdência Social, relativo ao vínculo firmado com a Prefeitura de Ceará-Mirim/RN, nos períodos de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e janeiro de 1999 até fevereiro de 2000. Alega o autor, na inicial, que manteve relação de emprego junto a Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN, na função de agente fiscal de tributos municipais, consoante demonstra a certidão de tempo de serviço emitida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 05), desde 1982 até 2013, quando se tornou estatutário. O INSS, em sua contestação, sustentou que o período de 01.09.1982 a 01/1988 está contido no período de 01.09.1982 a 06.08.1991, constante da Certidão de Tempo de Contribuição - CTC expedida pelo INSS, bem como a impossibilidade de emissão de CTC em relação ao período de 01/1999 a 02/2000, na medida em que, em tal período, o autor não contribuiu para o RGPS, mas sim para o Regime Próprio dos servidores de Ceará Mirim, pois de 07.08.1991 a 09.05.2002, esse município teve Regime Próprio de Previdência. Pois bem. Em se tratando de caso que cuida de matéria de direito, que dispensa a produção de outras provas, impõe-se o julgamento antecipado do pedido, com arrimo no art. 355, inciso I, do Novo Código de Processo Civil. Defiro o pedido de gratuidade judiciária. Nos termos do § 3o do artigo 55 da Lei n. 8.213/91, a comprovação do tempo de serviço (atualmente tempo de contribuição) depende da presença de início razoável de prova material cumulada com prova testemunhal, sendo admitida a dispensa da prova documental apenas nos casos de força maior ou caso fortuito, devidamente comprovados: § 3o A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento. Para fins de comprovação de vínculo de emprego urbano, portanto, se faz necessária não apenas a produção de prova testemunhal por meio de justificação judicial, mas também a apresentação de documentos contemporâneos aos fatos que se pretende comprovar, que pelo menos indiciem o exercício da atividade profissional e as características do vínculo jurídico. Na situação dos autos, a análise dos documentos que acompanham a petição inicial, em especial a certidão de tempo de serviço emitida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 05) e os contracheques do autor (anexo 04) revelam cabalmente que o autor manteve vínculo empregatício junto à Prefeitura de Ceará-Mirim/RN nos períodos de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e janeiro de 1999 até fevereiro de 2000. O primeiro período, compreendido entre 01 de setembro de 1982 e janeiro de 1988, foi incontroversamente reconhecido, conforme CTC emitida pelo INSS (anexo 06). Quanto ao intervalo de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, embora o INSS tenha alegado em contestação que nesse período o autor contribuiu para regime próprio, e não para o RGPS, de acordo com declaração fornecida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 14), o Regime Próprio de Previdência Social desse município somente veio a ser criado e instituído no ano de 2013, de modo que todos os valores retidos sobre base previdenciária dos servidores relativos ao período compreendido entre 07/08/1991 e 09/05/2002 foram encaminhados para o RGPS. Dessa forma, presente início razoável de prova material, merece acolhimento a pretensão autoral. III.DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado à inicial, a fim de se determinar ao INSS que proceda a averbação dos tempos de contribuição comuns, de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e de janeiro de 1999 até fevereiro de 2000, trabalhados pelo autor na Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN. Defiro o pedido de justiça gratuita, porquanto o autor preenche os requisitos previstos na Lei no 1.060/50. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o, da Lei no 10.259/01, e 55, da Lei no 9.099/95. Publicação e registro decorrem da validação da sentença no sistema eletrônico. Intimem-se.
Autos n° 0500027-22.2018.4.05.8405 EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. RGPS. PROVA DOCUMENTAL ROBUSTA. COMPROVAÇÃO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Cuida-se de recurso por meio do qual o INSS se insurge contra sentença que determinou a averbação do tempo de serviço no período de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000 (PREFEITURA DE CEARÁ-MIRIM/RN). Aduz que existia regime jurídico próprio de servidores. 2. A sistemática dos Juizados, informada por princípios de informalidade e celeridade, discrepa do procedimento comum, de sorte que o Código de Processo Civil somente se lhe aplica subsidiariamente, não havendo norma que obriga à prévia oitiva da parte sobre documento antes da prolação de decisão. De toda sorte, e isso é óbvio, na primeira vez que a parte que se sentir prejudicada for se manifestar, pode apresentar impugnação quanto à valia do documento, conforme feito nas razões recursais. Assim, havendo elementos suficientes ao deslinde do feito, indefiro o pedido para que os autos sejam devolvidos à vara de origem a fim de oficiar o Município de Ceará Mirim para que este forneça cópia da Lei no 1.196/91. 3. Uma vez que a ausência de recolhimento das contribuições pelo empregador não importa rejeição aos benefícios previdenciários, já que há filiação automática dos empregados (contribuintes obrigatórios – art. 11, I, e 27, I da Lei n. 8.213/91) e por tocar à Previdência cobrar junto àquele o devido, a prova da condição de segurado é de ser feita nos termos do art. 62 do Decreto n. 3.048/99, com a redação do Decreto n. 6.722/2008 (art. 55 da Lei n. 8.213/91), admitindo-se:a) contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional, a Carteira de Trabalho e Previdência Social, a carteira de férias, a carteira sanitária, a caderneta de matrícula e a caderneta de contribuições dos extintos institutos de aposentadoria e pensões, a caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos, pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e declarações da Secretaria da Receita Federal do Brasil; b) certidão de inscrição em órgão de fiscalização profissional, acompanhada do documento que prove o exercício da atividade;c) contrato social e respectivo distrato, quando for o caso, ata de assembléia geral e registro de empresário; ou d) certificado de sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra que agrupa trabalhadores avulsos. 4. Nos termos da Súmula no 31 da TNU: “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”. Entretanto, em que pese a sentença homologatória trabalhista constituir início de prova material hábil a comprovar o tempo de serviço do segurado, deve ser robustecida pela prova oral (PEDILEF 50006508220124047213, rel. Kyu Soon Lee, DOU 28/10/2013, pág. 95/140).Porém, a prova oral somente é necessária ao processo previdenciário se ela não foi produzida no processo trabalhista: “Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido e parcialmente provido, para reafirmar a posição do STJ e da TNU no sentido de que o reconhecimento do exercício de atividade urbana de vínculos empregatícios reconhecidos por sentença proferida em reclamatória trabalhista na qual não foi instruída por outras provas depende da produção prova documental e testemunhal” (TNU, PEDILEF 00231904720074013600, rel. Adel Américo de Oliveira, DOU 20/04/2012). 5.Com a exceção anterior, onde a anotação só vale como início de prova - a ser fortificada pela prova oral -, evidente que a prova por excelência serão as anotações da CTPS [Enunciado 75 da TNU: A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)]. Prepondera em matéria previdenciária e probatória como um todo o princípio do livre convencimento motivado (art. 131 do CPC), de modo que outros elementos podem informar a conclusão judicial na situação concreta, avaliando-se os requisitos da relação de emprego, a saber: a) habitualidade, subordinação e salário (art. 3o da CLT:Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário). 6. Destacou o juízo sentenciante: “ Na situação dos autos, a análise dos documentos que acompanham a petição inicial, em especial a certidão de tempo de serviço emitida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 05) e os contracheques do autor (anexo 04) revelam cabalmente que o autor manteve vínculo empregatício junto à Prefeitura de Ceará-Mirim/RN nos períodos de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e janeiro de 1999 até fevereiro de 2000. O primeiro período, compreendido entre 01 de setembro de 1982 e janeiro de 1988, foi incontroversamente reconhecido, conforme CTC emitida pelo INSS (anexo 06). Quanto ao intervalo de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, embora o INSS tenha alegado em contestação que nesse período o autor contribuiu para regime próprio, e não para o RGPS, de acordo com declaração fornecida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 14), o Regime Próprio de Previdência Social desse município somente veio a ser criado e instituído no ano de 2013, de modo que todos os valores retidos sobre base previdenciária dos servidores relativos ao período compreendido entre 07/08/1991 e 09/05/2002 foram encaminhados para o RGPS.” 7. No caso dos autos, no período de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, o Município de Ceará-Mirim não possuía regime próprio de previdência, consoante declaração emitida pelo ente público (anexo 14). Portanto, restando comprovado o vínculo empregatício junto àquela edilidade (anexos 04 e 05), deve ser reconhecido o tempo de serviço no lapso de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, cujas contribuições foram vertidas ao RGPS. 8. Recurso improvido. Sentença mantida. 9. Honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Juiz Relator. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao juízo de origem para o cumprimento do acórdão, após baixa na distribuição. Natal(RN), data do julgamento. Francisco Glauber Pessoa Alves
714
1,025
0
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15-RN
0
81.734213
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação ajuizada por DOMINGOS SÁVIO CABRAL LEMOS, em face do INSS, pugnando pela averbação do tempo de contribuição não computado nos bancos de informação da Previdência Social, relativo ao vínculo firmado com a Prefeitura de Ceará-Mirim/RN, nos períodos de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e janeiro de 1999 até fevereiro de 2000. Alega o autor, na inicial, que manteve relação de emprego junto a Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN, na função de agente fiscal de tributos municipais, consoante demonstra a certidão de tempo de serviço emitida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 05), desde 1982 até 2013, quando se tornou estatutário. O INSS, em sua contestação, sustentou que o período de 01.09.1982 a 01/1988 está contido no período de 01.09.1982 a 06.08.1991, constante da Certidão de Tempo de Contribuição - CTC expedida pelo INSS, bem como a impossibilidade de emissão de CTC em relação ao período de 01/1999 a 02/2000, na medida em que, em tal período, o autor não contribuiu para o RGPS, mas sim para o Regime Próprio dos servidores de Ceará Mirim, pois de 07.08.1991 a 09.05.2002, esse município teve Regime Próprio de Previdência. Pois bem. Em se tratando de caso que cuida de matéria de direito, que dispensa a produção de outras provas, impõe-se o julgamento antecipado do pedido, com arrimo no art. 355, inciso I, do Novo Código de Processo Civil. Defiro o pedido de gratuidade judiciária. Nos termos do § 3o do artigo 55 da Lei n. 8.213/91, a comprovação do tempo de serviço (atualmente tempo de contribuição) depende da presença de início razoável de prova material cumulada com prova testemunhal, sendo admitida a dispensa da prova documental apenas nos casos de força maior ou caso fortuito, devidamente comprovados: § 3o A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento. Para fins de comprovação de vínculo de emprego urbano, portanto, se faz necessária não apenas a produção de prova testemunhal por meio de justificação judicial, mas também a apresentação de documentos contemporâneos aos fatos que se pretende comprovar, que pelo menos indiciem o exercício da atividade profissional e as características do vínculo jurídico. Na situação dos autos, a análise dos documentos que acompanham a petição inicial, em especial a certidão de tempo de serviço emitida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 05) e os contracheques do autor (anexo 04) revelam cabalmente que o autor manteve vínculo empregatício junto à Prefeitura de Ceará-Mirim/RN nos períodos de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e janeiro de 1999 até fevereiro de 2000. O primeiro período, compreendido entre 01 de setembro de 1982 e janeiro de 1988, foi incontroversamente reconhecido, conforme CTC emitida pelo INSS (anexo 06). Quanto ao intervalo de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, embora o INSS tenha alegado em contestação que nesse período o autor contribuiu para regime próprio, e não para o RGPS, de acordo com declaração fornecida pela Prefeitura de Ceará-Mirim (anexo 14), o Regime Próprio de Previdência Social desse município somente veio a ser criado e instituído no ano de 2013, de modo que todos os valores retidos sobre base previdenciária dos servidores relativos ao período compreendido entre 07/08/1991 e 09/05/2002 foram encaminhados para o RGPS. Dessa forma, presente início razoável de prova material, merece acolhimento a pretensão autoral. III.DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado à inicial, a fim de se determinar ao INSS que proceda a averbação dos tempos de contribuição comuns, de 01 de setembro de 1982 até janeiro de 1988 e de janeiro de 1999 até fevereiro de 2000, trabalhados pelo autor na Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim/RN. Defiro o pedido de justiça gratuita, porquanto o autor preenche os requisitos previstos na Lei no 1.060/50. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o, da Lei no 10.259/01, e 55, da Lei no . Publicação e registro decorrem da validação da sentença no sistema eletrônico. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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0501080-84.2017.4.05.8304
2017-09-21 00:00:00
União Federal (26.994.558/0008-08)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2018-04-12 11:03:05
Sentença - Danos morais
2018-05-23T14:14:36
Acórdão - DANOS MORAIS - transtornos causados por obras
Paulo Roberto Parca de Pinho
2018-05-23 10:00:00
FERNANDO BRAZ XIMENES
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
10,433
Direito Civil
Responsabilidade Civil
Indenização por Dano Moral
1
PE024907
SENTENÇA I – RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do artigo 36 da Lei no 9.099/95, aplicada subsidiariamente ao rito estabelecido na Lei no 10.259/2001. II – FUNDAMENTAÇÃO Cuida-se de ação movida por Antônio José do Carmo e Maria Aparecida de Jesus em face da União, mediante a qual buscam o pagamento de indenização por danos morais, em virtude dos prejuízos causados pela construção do canal da transposição. Aduziram, em síntese, que a obra em comento ocasionou inúmeros transtornos aos autores, tais como, rachaduras nas paredes da casa, aumento do percurso para a BR-116, em 2 km, e ainda passando por cima das obras, impossibilidade de acesso do ônibus escolar, em época de chuva, a fim de levar os filhos à escola, bem como de caminhão pipa. Afirmaram que se dirigiram diversas vezes ao Ministério da Integração, com o intuito de solucionar a dificuldade, todavia apenas foram tomadas medidas paliativas, as quais não resolveram a questão. Em contestação, a União alegou que foram realizadas três diligências em campo, nas quais se constatou que, partindo do Posto da Polícia Rodoviária Federal de Salgueiro, seguindo pela BR 116, no sentido Salgueiro - Penaforte, há duas alternativas distintas de acesso à residência da família: a) na primeira, percorre-se uma distância de 5,360 km; b) na segunda, uma distância de 6,218 km. Ou seja, pela segunda alternativa, a distância aumenta em 858 metros o percurso. Ambas permitem boa condição de trafegabilidade. Arguiu que a questão do acesso para melhor atender a população na região vem sendo tratada desde 15/04/2015 e que, atualmente, encontra-se em construção uma ponte que permitirá o deslocamento em segurança e com boa trafegabilidade em todo o trecho. Ao final, defendeu a ausência dos requisitos legais necessários à responsabilidade civil da ré. Dispõe o § 6o, do art. 37, da Constituição Federal: § 6o As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Destarte, ocorrido dano em razão de ato da Administração ou de seus agentes, surge o dever de ressarcir os prejuízos a que deu causa, ainda que a conduta praticada seja lícita. Desnecessária, outrossim, a comprovação de culpa da Administração, visto que a responsabilidade é objetiva, sendo suficiente a demonstração do nexo de causalidade entre o ato lesivo e o dano causado. No caso em apreço, mediante a análise dos documentos acostados aos autos, bem como da oitiva dos requerentes em audiência, resta claro que a conduta da União gerou danos aos autores, porquanto a realização da obra não foi precedida de cuidadosa e adequada programação, de maneira a minimizar os efeitos e/ou reflexos, diretos e indiretos, à população, no momento da execução. Logo, sobrevindo dano ao particular, em decorrência da execução da obra, surge o dever da Administração de ressarcir os prejuízos a que deu causa, sejam materiais ou morais. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OMISSÃO E OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. DNIT. DUPLICAÇÃO DE RODOVIA FEDERAL. DANOS MATERIAIS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. CONFIGURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DO INTERESSE DE RECORRER. 1. Não há violação do art. 1.022 do CPC/2015 quando o acórdão recorrido fundamenta claramente seu posicionamento de modo a prestar a jurisdição que lhe foi postulada. 2. A construção de rodovias, nos termos dos arts. 80 e 82, V, da Lei n. 10.233/2001, é incumbência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, que pode executar direta ou indiretamente essa obrigação. 3. Os danos advindos dessas obras são de responsabilidade da administração pública, que tem o dever de repará-los por força da regra geral estabelecida no art. 37, § 6o, da CF/1988. 4. Mesmo na hipótese de execução indireta, responde o ente público pelo fato da obra, ou seja, por lesões advindas da construção em si. Havendo discussão quanto ao dolo ou culpa, poderá o ente público agir regressivamente contra o construtor. 5. O contratado só responderá direta e exclusivamente pelo dano quando praticar ato não constante do projeto. 6. No caso, o Tribunal local entendeu que o DNIT é responsável pelo agravamento dos problemas verificados na casa da autora, em consequência das obras de duplicação da BR-101. 7. Se os danos materiais decorreram da simples execução do projeto, segue a administração pública, como dona da obra, responsável pelo prejuízo experimentado pela administrada. Assim, descabido falar-se em ilegitimidade passiva do DNIT para a presente ação. 8. A afirmação de culpa exclusiva do proprietário, com o propósito de afastar a responsabilidade civil, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. 9. A pretensão de alterar o termo inicial dos juros moratórios para a data da citação seria vantajosa apenas para a autora, e não para o recorrente. Essa circunstância impossibilita o conhecimento da tese, por ausência do interesse de recorrer. 10. Recurso especial de que se conhece em parte, e, nessa extensão, nega-se-lhe provimento. (STJ, RESP 201602773247, Segunda Turma, Ministro Relator Og Fernandes, DJE DATA: 28/03/2017). Nessa senda, entendo que os transtornos causados extrapolaram os limites do mero dissabor. É preciso pontuar que a reparação do dano moral tem caráter compensatório e punitivo, onde o quantum devido será fixado de acordo com as condições específicas de cada caso, atendendo aos princípios da razoabilidade e da vedação ao locupletamento ilícito. Na hipótese em tela, deve-se considerar o fato de que a intervenção estatal consistente nas obras para disponibilização de água, não obstante os prejuízos causados aos demandantes, igualmente trará benefícios a esses, os quais precisam ser sopesados com os ônus advindos da obra. Considerando tais parâmetros, arbitro o valor em R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de reparação. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, para condenar a União, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de danos morais, sobre os qual deverão incidir juros de mora e correção monetária, a partir da prolação da sentença (Súmula 362 do STJ), consoante manual de cálculos da Justiça Federal. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários (art. 55, da Lei n° 9.099/1995). Sendo interposto recurso, intime-se a parte contrária para apresentação de contrarrazões no prazo de lei. Após, remetam-se os autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, para realização do juízo de admissibilidade. Transitada em julgado, oficie-se para cumprimento. P. R. I. Oportunamente, arquive-se. Salgueiro, data da movimentação. FERNANDO BRAZ XIMENES
EMENTA: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. RACHADURAS DA RESIDÊNCIA.BLOQUEIO DE ACESSO. RISCO DA TRAVESSIA. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PARA A RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO DA UNIÃO IMPROVIDO. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela União contra a sentença que, em sede de Ação Especial Cível, julgou procedente o pedido deduzido na exordial de indenização por danos morais, em virtude da prática de ato ilícito consistente no mal planejamento quanto aos danos, diretos e indiretos, causados à população próxima ao local da transposição do Rio São Francisco. Insurge-se a União contra a sentença, alegando que os requisitos legais configuradores do dano moral não estão presentes na conduta realizada e que o valor da indenização fixada necessita de redução, vistos os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. É cediço que aquele que, por ato ilícito (arts. 186, do CC), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art. 927, do CC). Com efeito, dispõe o art. 186, do Código Civil que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, acrescentando, no seu art. 927, que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Da leitura dos dispositivos acima transcritos, infere-se que 04 são os elementos configuradores da responsabilidade civil extracontratual: conduta (omissiva ou comissiva), culpa latu sensu (abrangendo o dolo e a culpa strictu sensu), dano e nexo causal. No caso dos autos, os recorridos aduziram na inicial que a obra de transposição do Rio São Francisco causou-lhes vários transtornos, quais sejam, rachaduras nas paredes de sua residência, arriscando suas vidas e de seus filhos; aumento do trajeto entre sua casa e a BR 116 em 2 (dois) quilômetros; riscos na travessia durante o período de chuvas; impossibilidade de acesso do ônibus escolar das crianças ou do caminhão pipa que fornecia água aos autores; situações essas que teriam sido comprovadas por relatório de diligência realizada pelo procurador Antônio Marcos da Silva de Jesus, da Procuradoria da República Polo Salgueiro/Ouricuri (anexo 9). Ademais, os recorridos, a fim de tentar solucionar o problema causado pelas obras da União, buscaram o Ministério da Integração, mas sem qualquer êxito, porque nenhuma atitude foi tomada para pôr fim aos transtornos vivenciados pelos moradores da região. Quanto à ré, alegou que, desde 15/04/2015, teria cuidado de melhorar o acesso para atender a população da região (anexo 12, tópico 13),tendo iniciado a construação de uma ponto, a fim de permitir o acesso em segurança e a boa trafegabilidade em todo o trecho. Enquanto não finalizada a ponte, afirmou ter disponibilizado uma passagem provisória (anexo 12, tópico 16). Ademais, a recorrente ainda afirma que foram realizadas diligências no período de 02/10/2017 a 11/10/2017 (anexo 12, tópico 11), nas quais foram constatadas duas alternativas para o acesso à moradia dos autores, sendo a primeira o percurso de 5,360 quilômetros, e a segunda um percurso de 6,218 quilômetros. Ainda segundo a demandada, a diferença entre o tamanho do trajeto das duas possibilidades é de 858 metros e ambas permitem boa condição de trafegabilidade (anexo 12, tópico 12). O juízo de origem reconheceu a existência dos danos causados pela obra executada pela União (canal de transposição do Rio São Francisco), especificamente em relação aos moradores do Sítio Formiga II, nos seguintes termos: "(...) Nocaso em apreço, mediante a análise dos documentos acostados aos autos,bem como da oitiva dos requerentes em audiência, resta claro que aconduta da União gerou danos aos autores, porquanto a realização da obranão foi precedida de cuidadosa e adequada programação, de maneira aminimizar os efeitos e/ou reflexos, diretos e indiretos, à população, nomomento da execução. Logo,sobrevindo dano ao particular, em decorrência da execução da obra,surge o dever da Administração de ressarcir os prejuízos a que deucausa, sejam materiais ou morais. Nesse sentido: PROCESSUALCIVIL E ADMINISTRATIVO. OMISSÃO E OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO. VÍCIOS NÃOCONFIGURADOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. DNIT. DUPLICAÇÃODE RODOVIA FEDERAL. DANOS MATERIAIS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO.CONFIGURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. JUROS DE MORA.TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DO INTERESSE DE RECORRER. 1. Não há violação doart. 1.022 do CPC/2015 quando o acórdão recorrido fundamenta claramenteseu posicionamento de modo a prestar a jurisdição que lhe foi postulada.2. A construção de rodovias, nos termos dos arts. 80 e 82, V, da Lei n.10.233/2001, é incumbência do Departamento Nacional de Infraestruturade Transportes - DNIT, que pode executar direta ou indiretamente essaobrigação. 3. Os danosadvindos dessas obras são de responsabilidade da administração pública,que tem o dever de repará-los por força da regra geral estabelecida noart. 37, § 6o, da CF/1988. 4. Mesmo na hipótese de execuçãoindireta, responde o ente público pelo fato da obra, ou seja, por lesõesadvindas da construção em si. Havendo discussão quanto ao dolo ouculpa, poderá o ente público agir regressivamente contra o construtor.5. O contratado só responderá direta e exclusivamente pelo dano quandopraticar ato não constante do projeto. 6. No caso, o Tribunal localentendeu que o DNIT é responsável pelo agravamento dos problemasverificados na casa da autora, em consequência das obras de duplicaçãoda BR-101. 7. Se os danos materiais decorreram da simples execução doprojeto, segue a administração pública, como dona da obra, responsávelpelo prejuízo experimentado pela administrada. Assim, descabido falar-seem ilegitimidade passiva do DNIT para a presente ação. 8. A afirmaçãode culpa exclusiva do proprietário, com o propósito de afastar aresponsabilidade civil, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. 9. A pretensãode alterar o termo inicial dos juros moratórios para a data da citaçãoseria vantajosa apenas para a autora, e não para o recorrente. Essacircunstância impossibilita o conhecimento da tese, por ausência dointeresse de recorrer. 10. Recurso especial de que se conhece em parte,e, nessa extensão, nega-se-lhe provimento. (STJ, RESP 201602773247,Segunda Turma, Ministro Relator Og Fernandes, DJE DATA: 28/03/2017). Nessa senda, entendo que os transtornos causados extrapolaram os limites do mero dissabor (...)". Consta dos autos, relatório de diligência realizada por servidor do Ministério Público Federal, lotado na Procuradoria da República do Polo Salgueiro/Ouricuri que confirma parte das alegações da autora recorrida (vide anexo 9). Conforme relatório, verifica-se que, após a construção do canal de transposição do São Francisco, ocorreram diversos transtornos aos moradores do Sítio Formiga II, localizado na cidade de Salgueiro/PE: (i) a única passagem então existente encontra-se com quase metade de sua largura com erosão, tornando perigoso o acesso dos moradores; (ii) impossibilidade de chegada do ônibus escolar à comunidade, em períodos de chuvas, o que impossibilita as crianças de irem à escola; (iii) terreno é bastante escorregadio, com grande possibilidade de atolamento ou derrapagem dos veículos; (iv) rachaduras na residência da autora Maria Aparecida, devido às explosões realizadas para a obra do canal. Tais transtornos foram confirmados pelos depoimentos colhidos em audiência (vide anexo 17). Nota-se, desta forma, que os autores sofreram evidente dano moral decorrente dos transtornos que vivenciaram, os quais superam a ideia de mero aborrecimento do cotidiano. Apesar da conduta da Administração ser lícita, esta gerou danos aos demandantes, visto que a realização da obra não foi precedida de programação adequada a fim de minimizar seus efeitos à população, sejam eles diretos e/ou indiretos. O aumento do trajeto de 858 metros para o acesso à residência dos autores, além de válido, não foi o único fundamento para o reconhecimento da responsabilidade civil da União, porque evidenciados também os riscos existentes para aquela comunidade do Sítio Formiga II, os transtornos causados pela impossibilidade de acesso do ônibus escolar em períodos de chuva, as explosões que acarretaram rachaduras na residência, etc. Por outro lado, a construção tardia da ponte que irá facilitar o acesso dos moradores naquele trecho do canal de transposição também não elide a responsabilidade pelos danos pretéritos causados. Ao reverso, confirma a relevância das queixas da comunidade do Sítio Formiga II, reforçando a ocorrência do prejuízos decorrentes da dificuldade de acesso à residência, depois da construção do canal, e da necessidade de compensação. No que se refere ao quantum indenizatório, saliente-se que, na fixação dos danos morais, há de se levar em conta a razoabilidade e a proporcionalidade.Deveras, há de ser razoável para que não seja de pequena monta, a ponto de não reparar e compensar, nem elevada demais, de todo jeito iníqua; há de ser proporcional, aí inserido o caráter pedagógico, para que o custo da indenização realmente leve o ofensor a tomar medidas concretas para evitar que novas situações se repitam.É que possuem eles (os danos morais) dupla função, quais sejam, a compensatória e a punitiva.Por conseguinte, o valor indenizatório deve servir não só para compensar o sofrimento injustamente causado por outrem, como também para sancionar o causador, funcionando como forma de desestímulo à prática de novas condutas similares. Nesse toar, a fixação do valor da indenização pelo Poder Judiciário deve manter como paradigmas o grau de culpa, o porte econômico das partes, dentre outros elementos razoáveis, sempre mantendo a coerência com a realidade. Realmente, não deve ser excessivo, para que não caracterize o enriquecimento ilícito do lesado, mas, por outro lado, deverá sempre buscar garantir ao lesado uma justa reparação em face da natureza do ato causador do dano no caso em concreto, abrandando, na medida do possível, o transtorno, o constrangimento e a humilhação decorrentes do ato lesivo. Nesse diapasão, verifica-se que o valor fixado pelo douto Magistrado singular de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais, tendo em vista as peculiaridades do caso concreto, atende perfeitamente aos ditames acima referidos para indenizar os constrangimentos e as privações sofridas pela parte autora-recorrida. Por último, visando evitar descabidos e protelatórios embargos de declaração, ressalte-se que não existe a menor necessidade de manifestação expressa sobre os todos os argumentos jurídicos levantados pelas partes, eis que as razões já expostas neste decisum são suficientes para julgamento de todos os pedidos formulados. Idêntico raciocínio se aplica ao prequestionamento. Não há obrigação de manifestação expressa sobre todas as teses jurídicas apontadas como tal. O único propósito de prequestionar a matéria a ser eventualmente levada ao conhecimento das Cortes Superiores, sem que ocorra, na hipótese, qualquer dos pressupostos elencados no art. 535 do Código de Ritos, não constitui razão suficiente para a oposição dos embargos declaratórios, consoante prega a pacífica jurisprudência do STJ. E insta acentuar, igualmente, que os embargos de declaração não se prestam para reanálise de pedidos já decididos. Recuso inominado improvido. Sentença mantida. Honorários advocatícios de sucumbência fixados em 10% sobre o valor da condenação. Custas ex lege. ACÓRDÃO Vistos etc. Decide a 1a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento ao recurso da União, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento. PAULO ROBERTO PARCA DE PINHO
1,100
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1
20-PE
0
202.858391
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Cuida-se de ação movida por Antônio José do Carmo e Maria Aparecida de Jesus em face da União, mediante a qual buscam o pagamento de indenização por danos morais, em virtude dos prejuízos causados pela construção do canal da transposição. Aduziram, em síntese, que a obra em comento ocasionou inúmeros transtornos aos autores, tais como, rachaduras nas paredes da casa, aumento do percurso para a BR-116, em 2 km, e ainda passando por cima das obras, impossibilidade de acesso do ônibus escolar, em época de chuva, a fim de levar os filhos à escola, bem como de caminhão pipa. Afirmaram que se dirigiram diversas vezes ao Ministério da Integração, com o intuito de solucionar a dificuldade, todavia apenas foram tomadas medidas paliativas, as quais não resolveram a questão. Em contestação, a União alegou que foram realizadas três diligências em campo, nas quais se constatou que, partindo do Posto da Polícia Rodoviária Federal de Salgueiro, seguindo pela BR 116, no sentido Salgueiro - Penaforte, há duas alternativas distintas de acesso à residência da família: a) na primeira, percorre-se uma distância de 5,360 km; b) na segunda, uma distância de 6,218 km. Ou seja, pela segunda alternativa, a distância aumenta em 858 metros o percurso. Ambas permitem boa condição de trafegabilidade. Arguiu que a questão do acesso para melhor atender a população na região vem sendo tratada desde 15/04/2015 e que, atualmente, encontra-se em construção uma ponte que permitirá o deslocamento em segurança e com boa trafegabilidade em todo o trecho. Ao final, defendeu a ausência dos requisitos legais necessários à responsabilidade civil da ré. Dispõe o § 6o, do art. 37, da Constituição Federal: § 6o As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Destarte, ocorrido dano em razão de ato da Administração ou de seus agentes, surge o dever de ressarcir os prejuízos a que deu causa, ainda que a conduta praticada seja lícita. Desnecessária, outrossim, a comprovação de culpa da Administração, visto que a responsabilidade é objetiva, sendo suficiente a demonstração do nexo de causalidade entre o ato lesivo e o dano causado. No caso em apreço, mediante a análise dos documentos acostados aos autos, bem como da oitiva dos requerentes em audiência, resta claro que a conduta da União gerou danos aos autores, porquanto a realização da obra não foi precedida de cuidadosa e adequada programação, de maneira a minimizar os efeitos e/ou reflexos, diretos e indiretos, à população, no momento da execução. Logo, sobrevindo dano ao particular, em decorrência da execução da obra, surge o dever da Administração de ressarcir os prejuízos a que deu causa, sejam materiais ou morais. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OMISSÃO E OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. DNIT. DUPLICAÇÃO DE RODOVIA FEDERAL. DANOS MATERIAIS. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. CONFIGURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DO INTERESSE DE RECORRER. 1. Não há violação do art. 1.022 do CPC/2015 quando o acórdão recorrido fundamenta claramente seu posicionamento de modo a prestar a jurisdição que lhe foi postulada. 2. A construção de rodovias, nos termos dos arts. 80 e 82, V, da Lei n. 10.233/2001, é incumbência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, que pode executar direta ou indiretamente essa obrigação. 3. Os danos advindos dessas obras são de responsabilidade da administração pública, que tem o dever de repará-los por força da regra geral estabelecida no art. 37, § 6o, da CF/1988. 4. Mesmo na hipótese de execução indireta, responde o ente público pelo fato da obra, ou seja, por lesões advindas da construção em si. Havendo discussão quanto ao dolo ou culpa, poderá o ente público agir regressivamente contra o construtor. 5. O contratado só responderá direta e exclusivamente pelo dano quando praticar ato não constante do projeto. 6. No caso, o Tribunal local entendeu que o DNIT é responsável pelo agravamento dos problemas verificados na casa da autora, em consequência das obras de duplicação da BR-101. 7. Se os danos materiais decorreram da simples execução do projeto, segue a administração pública, como dona da obra, responsável pelo prejuízo experimentado pela administrada. Assim, descabido falar-se em ilegitimidade passiva do DNIT para a presente ação. 8. A afirmação de culpa exclusiva do proprietário, com o propósito de afastar a responsabilidade civil, esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. 9. A pretensão de alterar o termo inicial dos juros moratórios para a data da citação seria vantajosa apenas para a autora, e não para o recorrente. Essa circunstância impossibilita o conhecimento da tese, por ausência do interesse de recorrer. 10. Recurso especial de que se conhece em parte, e, nessa extensão, nega-se-lhe provimento. (STJ, RESP 201602773247, Segunda Turma, Ministro Relator Og Fernandes, DJE DATA: 28/03/2017). Nessa senda, entendo que os transtornos causados extrapolaram os limites do mero dissabor. É preciso pontuar que a reparação do dano moral tem caráter compensatório e punitivo, onde o quantum devido será fixado de acordo com as condições específicas de cada caso, atendendo aos princípios da razoabilidade e da vedação ao locupletamento ilícito. Na hipótese em tela, deve-se considerar o fato de que a intervenção estatal consistente nas obras para disponibilização de água, não obstante os prejuízos causados aos demandantes, igualmente trará benefícios a esses, os quais precisam ser sopesados com os ônus advindos da obra. Considerando tais parâmetros, arbitro o valor em R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de reparação. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, para condenar a União, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de danos morais, sobre os qual deverão incidir juros de mora e correção monetária, a partir da prolação da sentença (Súmula 362 do STJ), consoante manual de cálculos da Justiça Federal. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários (art. 55, da Lei n° 9.099/1995). Sendo interposto recurso, intime-se a parte contrária para apresentação de contrarrazões no prazo de lei. Após, remetam-se os autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, para realização do juízo de admissibilidade. Transitada em julgado, oficie-se para cumprimento. P. R. I. Oportunamente, arquive-se. Salgueiro, data da movimentação. FERNANDO BRAZ XIMENES
NÃO PROVIMENTO
PROVIMENTO
70
0504017-70.2017.4.05.8303
2017-12-18 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-22 17:37:52
Sentença - sentença
2018-05-24T15:58:47
Acórdão - rural
Joaquim Lustosa Filho
2018-05-21 10:00:00
FELIPE MOTA PIMENTEL DE OLIVEIRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
PE000573A
SENTENÇA Vistos etc. I. Relatório Dispensado o relatório, nos termos da Lei n.o 9.099/95, aplicada subsidiariamente ao rito estabelecido na Lei n.o 10.259/2001. II. Fundamentação Destaco, inicialmente, que os princípios da celeridade, economia processual, simplicidade, informalidade e oralidade, entre outros, orientam os processos de competência dos juizados especiais, revelando que a maior preocupação do operador do direito, nestas causas, deve ser a matéria de fundo, enfim, a busca da justiça, de forma simples e objetiva. No mérito, busca a parte autora a concessão de aposentadoria por idade, na condição de trabalhadora rural, benefício previsto no art. 39, I, c/c art. 48, e seguintes, da Lei n.o 8.213/91, exigindo a presença, em síntese, de dois requisitos: a) idade mínima de 60 (sessenta) anos, se homem, e 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher; e b) comprovação do exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economia familiar, por período igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido, imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio dos documentos elencados no art. 106 da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 11.718/2008. Deve-se destacar que a lei exige o início de prova material – consubstanciada em documentação idônea expedida na época dos fatos que se pretende provar – para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, como se nota da redação do art. 55, § 3o, da Lei n.o 8.213/91, o que, inclusive, resultou na edição da Súmula n.o 149, do Superior Tribunal de Justiça. No entanto, conforme inteligência da Súmula no 14 da TNU, não se faz necessário o início de prova material referente a todo o período de carência, conforme abaixo se vê: Súmula no 14: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. No caso dos autos, a carência para a concessão do benefício é de 180 meses de atividade rural, ou seja, 15 anos de atividade rural, nos termos do art. 142 da Lei 8.213/91, tendo em vista que a parte autora, em 2017, já havia completado os 60 (sessenta) anos de idade (anexo 06). Computando-se esse período retroativamente à data do requerimento administrativo, ou seja, 21/03/17, constato que o marco a partir do qual haverá de ser comprovado pela parte autora o exercício de atividade rural é o ano de 2002. Do processo, colhem-se os seguintes documentos a favor da pretensão da parte autora: Ficha Sanitária Propriedade Rural (anexo 03); Contribuição FETAPE do ano de 2009 (anexo 03); Comprovante de Vacinação emitido em 2012 (anexo 04); Comprovantes do Garantia-Safra dos anos de 2008a 2017 (anexo 04); Declarações do ITR da propriedade rural nos anos de 2001, 2006, 2007 e 2016 (anexo 03); dentre outros. Apesar de alguns serem extemporâneos ou emitidos em data contemporânea ao requerimento administrativo, os documentos trazidos aos autos servem de início de prova material.Atendem, ademais, ao disposto na Súmula n.o 34, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, eis que “contemporâneo à época dos fatos a provar”. Nos termos do entendimento do STJ, “conquanto não se exija a contemporaneidade da prova material durante todo o período que se pretende comprovar o exercício de atividade rural, deve haver ao menos um início razoável de prova material contemporânea aos fatos alegados, admitida a complementação da prova mediante depoimentos de testemunhas” (AgRg no REsp 1282006/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/02/2015). Destaque-se, ainda, que o laudo social (anexo 12) elaborado pela assistente social foi favorável à demandante, tendo a conclusão apontado que “É importante destacar que o autor tem traços de quem há muitos anos trabalha no campo, tais como: mãos calejadas, pele queimada, enrugada pelo o sol. (segue fotos em anexos). O Sr Raimundo Palmeira dos Anjos, relata ter começado a trabalhar na agricultura ainda quando criança, que se afastou da agricultura por algum tempo, chegando a morar na cidade de São Paulo, mas que no período do inverno retornava para cidade de origem, a fim de preparar a terra para a plantação. Percebemos a inserção do demandante no meio rural, através de fotos e relatos de testemunhas e que a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à manutenção do seu núcleo familiar. Assim sendo, se constatou a inserção do demandante no meio rural que, a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à sua manutenção, constatando-se como Segurado Especial”. Dito isso, a prova colhida em audiência de instrução e julgamento esclareceu sobre a qualidade de segurado especial da parte autora, contribuindo substancialmente para a formação do convencimento do magistrado. Foi fundamental, para o convencimento do magistrado, o contato pessoal com a parte autora durante a audiência de instrução e julgamento, momento em que esta demonstrou conhecimentos típicos da atividade rurícola, bem como aparência compatível com o labor no campo. Ademais, o desempenho da parte autora no que tange às perguntas realizadas foi satisfatório (anexo 23) e a mesma ostenta traços físicos característicos de quem exerce atividade campesina em caráter habitual. A testemunha judicial (anexo 24) também foi adequado e insuspeito. Tais informações se adéquam às alegações da inicial e são suficientes para amparar o período anterior ao início de prova material mais remota. Não há nada que deixe de corroborar as alegações autorais, e, ainda, tais alegações são verossímeis e embasadas em documentos e em demais instrumento de prova Em conformidade com o laudo social (anexo 12), que constatou a inserção da parte autora no meio rural, tenho que tanto o seu depoimento, em conformidade com as provas testemunhais colhidas, como as demais provas materiais existentes, foram suficientes para formar a convicção deste magistrado. Presentes, pois, os requisitos autorizadores da concessão do benefício pleiteado. III. Dispositivo Pelo exposto, julgo PROCEDENTES os pedidos (art. 487, inc. I, do CPC), de sorte que condeno a autarquia previdenciária a: a) Implantar o benefício de aposentadoria por idade, no valor de 01 (um) salário mínimo, em favor da demandante, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais); b) Pagar à demandante as prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal, desde 21/03/2017 (DER), incidindo sobre o montante juros de mora, calculados nos moldes do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/09. Interposto(s) recurso(s) voluntário(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(a)(s) recorrido(a)(s) para oferecer(em) resposta(s), em dez (10) dias, e, decorrido oprazo, com ou sem contrarrazões, remeta-se à Turma Recursal. Por oportuno, defiro os benefícios da gratuidade da justiça. Sem custas e honorários, a teor do disposto no art. 55 da Lei no. 9.099/90. Sem reexame necessário. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Serra Talhada, data da movimentação. FELIPE MOTA PIMENTEL DE OLIVEIRA
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. PROVA MATERIAL CORROBORADA PELA PROVA ORAL/INSPEÇÃO JUDICIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. EFEITOS DA DECISÃO DO STF NO RE 870.947-SE. REPERCUSSÃO GERAL. JULGAMENTO DO MÉRITO. APLICAÇÃO IMEDIATA INDEPENDENTEMENTE DO TRÂNSITO EM JULGADO. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. Trata-se de recurso inominado contra sentença que concedeu o benefício de aposentadoria por idade, trabalhador rural. O INSS, em recurso, sustenta a inexistência de prova material a comprovar o ingresso do autor no meio rural. Pugna, ainda, pela aplicação integral dos critérios de juros e de correção monetária previstos no art. 1o F da Lei 9.494/97 até o trânsito em julgado do RE 870.947, ou, subsidiarimente, pelo sobrestamento do feito até a publicação da decisão de modulação dos efeitos. O segurado especial, nos termos do art. 39, inc. I, da Lei 8.213/91, pode habilitar-se aos benefícios de aposentadoria por invalidez ou por idade, auxílio-doença, auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 01 salário mínimo, apenas comprovando a sua condição de segurado especial pelo prazo de carência exigido para a concessão do benefício, independentemente do recolhimento das respectivas contribuições. É segurado especial aquele que trabalha como parceiro, meeiro, arrendatário rural, pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros. No tocante ao início de prova material, prepondera o entendimento de ser desnecessário que este corresponda a todo o período de carência. Dessa assertiva não se extrai a conclusão de que a prova extemporânea preste-se a tal fim. O abrandamento da exigência de prova por todo o período de carência apenas atenua o rigor da lei, não se exigindo que haja prova, ano a ano, especialmente nos casos de trabalhadores rurais, em face da conhecida dificuldade que esses trabalhadores encontram de reunirem documentos que comprovem a atividade desempenhada. Frisante é, também, do exposto não se extrair que a parte autora estaria liberada de comprovar o exercício de labor rural em período correspondente à carência exigida para a concessão do benefício pretendido; nem, tampouco, que o órgão julgador estaria obrigado a estender a eficácia probante, dos documentos juntados aos autos, a todo lapso temporal anterior ao requerimento do benefício, necessário para o cumprimento de tal exigência legal, se a parte autora não teve sucesso em comprová-lo. Oportuno trazer-se à baila o enunciado encerrado na Súmula 149, do STJ ao informar que "a prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário". Os meios de comprovar o exercício do trabalho rural vêm estabelecidos no art. 106, da Lei 8.213/91, que elenca quais documentos fazem prova do seu exercício no período anterior ao mês de abril/91, entretanto, ele não obsta o reconhecimento de outros meios probatórios em face do princípio da liberdade objetiva dos meios de demonstração em juízo, desde que idôneos e moralmente legítimos e sempre sujeitos à persuasão racional do juiz na sua apreciação. Tais documentos devem ser aptos para que possam funcionar como início de prova material e precisam ser corroborados pelo depoimento da parte e das testemunhas. Na hipótese em apreço, as provas acostadas se mostraram aptas a funcionar como princípio de prova material, não havendo contradição entre a inspeção judicial/prova oral e os documentos por ele, autor, acostados aos autos. Atente-se para o seguinte trecho da sentença: "(...) No caso dos autos, a carência para a concessão do benefício é de 180 meses de atividade rural, ou seja, 15 anos de atividade rural, nos termos do art. 142 da Lei 8.213/91, tendo em vista que a parte autora, em 2017, já havia completado os 60 (sessenta) anos de idade (anexo 06). Computando-se esse período retroativamente à data do requerimento administrativo, ou seja, 21/03/17, constato que o marco a partir do qual haverá de ser comprovado pela parte autora o exercício de atividade rural é o ano de 2002. Do processo, colhem-se os seguintes documentos a favor da pretensão da parte autora: Ficha Sanitária Propriedade Rural (anexo 03); Contribuição FETAPE do ano de 2009 (anexo 03); Comprovante de Vacinação emitido em 2012 (anexo 04); Comprovantes do Garantia-Safra dos anos de 2008 a 2017 (anexo 04); Declarações do ITR da propriedade rural nos anos de 2001, 2006, 2007 e 2016 (anexo 03); dentre outros. Apesar de alguns serem extemporâneos ou emitidos em data contemporânea ao requerimento administrativo, os documentos trazidos aos autos servem de início de prova material.Atendem, ademais, ao disposto na Súmula n.o 34, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, eis que "contemporâneo à época dos fatos a provar". Nos termos do entendimento do STJ, "conquanto não se exija a contemporaneidade da prova material durante todo o período que se pretende comprovar o exercício de atividade rural, deve haver ao menos um início razoável de prova material contemporânea aos fatos alegados, admitida a complementação da prova mediante depoimentos de testemunhas" (AgRg no REsp 1282006/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/02/2015). Destaque-se, ainda, que o laudo social (anexo 12) elaborado pela assistente social foi favorável à demandante, tendo a conclusão apontado que "É importante destacar que o autor tem traços de quem há muitos anos trabalha no campo, tais como: mãos calejadas, pele queimada, enrugada pelo o sol. (segue fotos em anexos). O Sr Raimundo Palmeira dos Anjos, relata ter começado a trabalhar na agricultura ainda quando criança, que se afastou da agricultura por algum tempo, chegando a morar na cidade de São Paulo, mas que no período do inverno retornava para cidade de origem, a fim de preparar a terra para a plantação. Percebemos a inserção do demandante no meio rural, através de fotos e relatos de testemunhas e que a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à manutenção do seu núcleo familiar. Assim sendo, se constatou a inserção do demandante no meio rural que, a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à sua manutenção, constatando-se como Segurado Especial". Dito isso, a prova colhida em audiência de instrução e julgamento esclareceu sobre a qualidade de segurado especial da parte autora, contribuindo substancialmente para a formação do convencimento do magistrado. Foi fundamental, para o convencimento do magistrado, o contato pessoal com a parte autora durante a audiência de instrução e julgamento, momento em que esta demonstrou conhecimentos típicos da atividade rurícola, bem como aparência compatível com o labor no campo. Ademais, o desempenho da parte autora no que tange às perguntas realizadas foi satisfatório (anexo 23) e a mesma ostenta traços físicos característicos de quem exerce atividade campesina em caráter habitual. A testemunha judicial (anexo 24) também foi adequado e insuspeito. Tais informações se adéquam às alegações da inicial e são suficientes para amparar o período anterior ao início de prova material mais remota. Não há nada que deixe de corroborar as alegações autorais, e, ainda, tais alegações são verossímeis e embasadas em documentos e em demais instrumento de prova Em conformidade com o laudo social (anexo 12), que constatou a inserção da parte autora no meio rural, tenho que tanto o seu depoimento, em conformidade com as provas testemunhais colhidas, como as demais provas materiais existentes, foram suficientes para formar a convicção deste magistrado. Presentes, pois, os requisitos autorizadores da concessão do benefício pleiteado". Por fim, no tocante aos critérios de atualização dos atrasados estabelecidos na sentença e impugnado pelo INSS, ressalto, que, o Supremo Tribunal Federal, no RE 870.947-SE, concluiu que o benefício previdenciário deve ser "atualizado monetariamente segundo o IPCA-E desde a data fixada na sentença e fixados os juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com a redação dada pela Lei no 11.960/09". Ademais, para a aplicação de tese firmada em sede de recurso extraordinário com repercussão geral é desnecessário aguardar o trânsito em julgado do precedente, bastando que haja apenas o julgamento do mérito. Cabe destacar que o Código de Processo Civil em seu artigo 1.039 afirma apenas o seguinte: "Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os demais recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada". Logo, não há qualquer exigência de publicação do acórdão tampouco necessidade de aguardar o trânsito em julgado, para só então, se aplicar a tese firmada. Invoco ainda os seguintes julgados acerca do tema: EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INSURGÊNCIA VEICULADA CONTRA A APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL (ARTS. 543-B DO CPC E 328 RISTF). POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO IMEDIATO INDEPENDENTEMENTE DA PUBLICAÇÃO OU DO TRÂNSITO EM JULGADO DO PARADIGMA. PRECEDENTES. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO 01.10.2010. A existência de precedente firmado pelo Plenário desta Corte autoriza o julgamento imediato de causas que versem sobre o mesmo tema, independente da publicação ou do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes. Adequada à espécie, merece manutenção a sistemática da repercussão geral aplicada (arts. 543-B do CPC e 328 do RISTF). Agravo regimental conhecido e não provido. (ARE-AgR 673256, ROSA WEBER, STF.) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APLICAÇÃO DE TESE FIRMADA EM RECURSO REPETITIVO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. IRRELEVÂNCIA. PRECEDENTES. MATÉRIA EXAUSTIVAMENTE ANALISADA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. 1. Nos termos de diversos precedentes da Casa, a ausência de trânsito em julgado não impede a aplicação de paradigma firmado no rito do art. 543-C do CPC. 2. Descabe, em sede de embargos de declaração, a rediscussão de matéria meritória, exaustivamente analisada pelo acórdão embargado. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - EDcl no REsp: 1240821 PR 2011/0042766-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 05/12/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/12/2013) PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. CARÁTER MANIFESTAMENTE INFRINGENTE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE RECURSAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL E RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE. 1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental dado o caráter manifestamente infringente da oposição, em observância ao princípio da fungibilidade recursal. 2. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça possuem entendimento de que, para a aplicação do paradigma formado em sede de recurso repetitivo ou de repercussão geral, é desnecessário aguardar o trânsito em julgado da insurgência. 3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - EDcl no REsp: 1471161 RN 2014/0185175-6, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 23/10/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/11/2014). Recurso improvido. Sentença mantida. Ônus sucumbenciais arbitrados em 10% do valor da condenação, observado o disposto na súmula no 111 do STJ. É o voto. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto acima. Recife, data do julgamento Liz Corrêa de Azevedo
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1
38-PE
1
94.288102
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Destaco, inicialmente, que os princípios da celeridade, economia processual, simplicidade, informalidade e oralidade, entre outros, orientam os processos de competência dos juizados especiais, revelando que a maior preocupação do operador do direito, nestas causas, deve ser a matéria de fundo, enfim, a busca da justiça, de forma simples e objetiva. No mérito, busca a parte autora a concessão de aposentadoria por idade, na condição de trabalhadora rural, benefício previsto no art. 39, I, c/c art. 48, e seguintes, da Lei n.o 8.213/91, exigindo a presença, em síntese, de dois requisitos: a) idade mínima de 60 (sessenta) anos, se homem, e 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher; e b) comprovação do exercício de atividade rural, individualmente ou em regime de economia familiar, por período igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido, imediatamente anteriores ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua. A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio dos documentos elencados no art. 106 da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 11.718/2008. Deve-se destacar que a lei exige o início de prova material – consubstanciada em documentação idônea expedida na época dos fatos que se pretende provar – para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, como se nota da redação do art. 55, § 3o, da Lei n.o 8.213/91, o que, inclusive, resultou na edição da Súmula n.o 149, do Superior Tribunal de Justiça. No entanto, conforme inteligência da Súmula no 14 da TNU, não se faz necessário o início de prova material referente a todo o período de carência, conforme abaixo se vê: Súmula no 14: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. No caso dos autos, a carência para a concessão do benefício é de 180 meses de atividade rural, ou seja, 15 anos de atividade rural, nos termos do art. 142 da Lei 8.213/91, tendo em vista que a parte autora, em 2017, já havia completado os 60 (sessenta) anos de idade (anexo 06). Computando-se esse período retroativamente à data do requerimento administrativo, ou seja, 21/03/17, constato que o marco a partir do qual haverá de ser comprovado pela parte autora o exercício de atividade rural é o ano de 2002. Do processo, colhem-se os seguintes documentos a favor da pretensão da parte autora: Ficha Sanitária Propriedade Rural (anexo 03); Contribuição FETAPE do ano de 2009 (anexo 03); Comprovante de Vacinação emitido em 2012 (anexo 04); Comprovantes do Garantia-Safra dos anos de 2008a 2017 (anexo 04); Declarações do ITR da propriedade rural nos anos de 2001, 2006, 2007 e 2016 (anexo 03); dentre outros. Apesar de alguns serem extemporâneos ou emitidos em data contemporânea ao requerimento administrativo, os documentos trazidos aos autos servem de início de prova material.Atendem, ademais, ao disposto na Súmula n.o 34, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, eis que “contemporâneo à época dos fatos a provar”. Nos termos do entendimento do STJ, “conquanto não se exija a contemporaneidade da prova material durante todo o período que se pretende comprovar o exercício de atividade rural, deve haver ao menos um início razoável de prova material contemporânea aos fatos alegados, admitida a complementação da prova mediante depoimentos de testemunhas” (AgRg no REsp 1282006/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/02/2015). Destaque-se, ainda, que o laudo social (anexo 12) elaborado pela assistente social foi favorável à demandante, tendo a conclusão apontado que “É importante destacar que o autor tem traços de quem há muitos anos trabalha no campo, tais como: mãos calejadas, pele queimada, enrugada pelo o sol. (segue fotos em anexos). O Sr Raimundo Palmeira dos Anjos, relata ter começado a trabalhar na agricultura ainda quando criança, que se afastou da agricultura por algum tempo, chegando a morar na cidade de São Paulo, mas que no período do inverno retornava para cidade de origem, a fim de preparar a terra para a plantação. Percebemos a inserção do demandante no meio rural, através de fotos e relatos de testemunhas e que a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à manutenção do seu núcleo familiar. Assim sendo, se constatou a inserção do demandante no meio rural que, a atividade rurícola que ele desenvolve é fundamental à sua manutenção, constatando-se como Segurado Especial”. Dito isso, a prova colhida em audiência de instrução e julgamento esclareceu sobre a qualidade de segurado especial da parte autora, contribuindo substancialmente para a formação do convencimento do magistrado. Foi fundamental, para o convencimento do magistrado, o contato pessoal com a parte autora durante a audiência de instrução e julgamento, momento em que esta demonstrou conhecimentos típicos da atividade rurícola, bem como aparência compatível com o labor no campo. Ademais, o desempenho da parte autora no que tange às perguntas realizadas foi satisfatório (anexo 23) e a mesma ostenta traços físicos característicos de quem exerce atividade campesina em caráter habitual. A testemunha judicial (anexo 24) também foi adequado e insuspeito. Tais informações se adéquam às alegações da inicial e são suficientes para amparar o período anterior ao início de prova material mais remota. Não há nada que deixe de corroborar as alegações autorais, e, ainda, tais alegações são verossímeis e embasadas em documentos e em demais instrumento de prova Em conformidade com o laudo social (anexo 12), que constatou a inserção da parte autora no meio rural, tenho que tanto o seu depoimento, em conformidade com as provas testemunhais colhidas, como as demais provas materiais existentes, foram suficientes para formar a convicção deste magistrado. Presentes, pois, os requisitos autorizadores da concessão do benefício pleiteado. III. Dispositivo Pelo exposto, julgo PROCEDENTES os pedidos (art. 487, inc. I, do CPC), de sorte que condeno a autarquia previdenciária a: a) Implantar o benefício de aposentadoria por idade, no valor de 01 (um) salário mínimo, em favor da demandante, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais); b) Pagar à demandante as prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal, desde 21/03/2017 (DER), incidindo sobre o montante juros de mora, calculados nos moldes do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/09. Interposto(s) recurso(s) voluntário(s) contra a presente decisão, intime(m)-se o(a)(s) recorrido(a)(s) para oferecer(em) resposta(s), em dez (10) dias, e, decorrido oprazo, com ou sem contrarrazões, remeta-se à Turma Recursal. Por oportuno, defiro os benefícios da gratuidade da justiça. Sem custas e honorários, a teor do disposto no art. 55 da Lei no. 9.099/90. Sem reexame necessário. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Serra Talhada, data da movimentação. FELIPE MOTA PIMENTEL DE OLIVEIRA
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0510932-47.2017.4.05.8300
2017-07-04 00:00:00
União Federal - Fazenda Nacional (00.394.460/0226-25) Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (24.134.488/0001-08)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-08 12:11:22
Sentença - PSS sobre o Adicional de Plantão Hospitalar (APH)_procedente
2018-05-24T17:07:48
Acórdão - Tributário - servidor - adicional de plantão hospitalar
JOSÉ BAPTISTA DE ALMEIDA FILHO NETO (TURMA RECURSAL)
2018-05-23 10:00:00
RAFAEL TAVARES DA SILVA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,007
Direito Tributário
Crédito Tributário
Repetição de indébito
1
PE025238
Processo no 0510932-47.2017.4.05.8300T SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação especial cível promovida por servidor público federal em face da UNIÃO, na qual requer a condenação da ré a se abster de proceder ao desconto de contribuição para o Plano de Seguridade Social - PSS sobre o Adicional de Plantão Hospitalar (APH). Solicita, por fim, restituição dos recolhimentos indevidos, com juros e correções. A ré UNIÃO, em sua contestação, aduz em caráter preliminar a legitimidade passiva da UFPE para o cumprimento da obrigação de fazer e alega ocorrência de prescrição quinquenal tributária. No mérito, pugna pela improcedência dos pedidos. Posteriormente, foi citada a UFPE, que sustentou sua ilegitimidade passiva, assim como a ocorrência de prescrição. No mérito, pugnou pela improcedência dos pedidos. II – FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINARMENTE Em se tratando de concessão da assistência judiciária gratuita, sabe-se que é suficiente a simples declaração do autor afirmando a sua hipossuficiência para que seja deferido o benefício, ressalvado ao juiz rejeitar fundamentadamente o pleito. No caso, os comprovantes de rendimentos são elementos que infirmam a miserabilidade da demandante (anexo 17).Ademais, não há outros elementos que demonstrem que o autor possua gasto superior que a condicione a litigar somente sob os auspícios da justiça gratuita. Desse modo, indefiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Ilegitimidade passiva Com efeito, a UFPE não possui legitimidade passiva para devolver as quantias retidas indevidamente, uma vez que foram vertidas aos cofres do Tesouro Nacional. Nesse sentido, o seguinte precedente: “PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. AUTARQUIA. UNIVERSIDADE FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRECEDENTE. 1.Cuida-se de recurso especial interposto contra acórdão no qual se atribuiu legitimidade passiva à Universidade Federal, organizada sob regime autárquico, para figurar em lide na qual se postula a repetição de indébito de valores recolhidos ao Plano de Seguridade do Servidor Público (PSS); No caso, não há postulação para cessação dos descontos, já efetivada, somente a devolução dos valores pretéritos. 2. A ação judicial em prol da repetição do indébito, equivocadamente recolhido, deve ser intentada contra a União, já que a entidade autárquica tão somente recolhe os valores e repassa-os àquela outra pessoa jurídica de direito público, não integrando assim o seu patrimônio. 3. "Em relação à repetição do indébito tributário, a entidade autárquica não pode ser responsabilizada; é a União Federal que detém a legitimidade para figurar no polo passivo de demanda voltada à repetição do indébito, na qualidade de sujeito ativo do tributo e por ter recebido os valores indevidamente retidos dos vencimentos dos servidores, em razão de sua responsabilidade pelo custeio do regime próprio de previdência" (AgRg no REsp 1.134.972/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 31.5.2010). Agravo regimental improvido. (AGRESP 201101306455, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:01/06/2012.DTPB:.) Persiste, no entanto, a responsabilidade da UFPE quanto à obrigação de não retenção das prestações vincendas, uma vez que ela atua, na relação jurídico-tributária, na qualidade de responsável tributário. Prescrição No julgamento do RE 566621, o Supremo Tribunal Federal fixou entendimento pela aplicação da LC no 118/2005 às ações (independentemente da data dos fatos geradores nela contidos) ajuizadas após a vacatio legis da mencionada norma, isto é, a partir de 09.06.2005. Uma vez que a demanda foi proposta em 04/07/2017, as pretensões correspondentes às parcelas retidas e/ou exigidas indevidamente há mais de cinco (05) anos, contados da retroativamente da propositura da demanda, estão prescritas, nos termos do artigo 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, c./c. o artigo 3o da Lei Complementar no 118/2005. Mérito Quanto ao mérito, analisaremos a tese sustentada pela parte autora acerca da impossibilidade da cobrança da contribuição social incidente sobre o adicional de plantão hospitalar, previsto na Lei no 11.907/09. A lei supracitada, em seu artigo 304, deixa claro que a parcela paga a título de APH não se incorpora à remuneração e nem a proventos de aposentadoria: Art. 304.O APH não se incorpora aos vencimentos, à remuneração nem aos proventos da aposentadoria ou pensão e não servirá de base de cálculo de qualquer benefício, adicional ou vantagem. A norma constitucional que delimita o campo de incidência das contribuições sociais é o art. 195, I, da CF/88, que determinava, na redação anterior à Emenda Constitucional n. 20/98 o seguinte, no que interessa à causa: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; (...). (grifamos) Resta saber se é possível a incidência da contribuição previdenciária sobre a parcela de remuneração não-incorporável aos proventos de aposentadoria, qual seja, o adicional de plantão hospitalar, previsto na lei no 11.907/09. Trata-se de questão de caráter tributário, pois a contribuição previdenciária do servidor tem esta natureza, sendo da espécie contribuição para a seguridade social, com finalidade específica de financiar o regime previdenciário próprio dos servidores. A Lei no 9.783/99 dispunha o seguinte: Art. 1o A contribuição social do servidor público civil, ativo e inativo, e dos pensionistas dos três Poderes da União, para a manutenção do regime de previdência social dos seus servidores, será de onze por cento, incidente sobre a totalidade da remuneração de contribuição, do provento ou da pensão. Parágrafo único. Entende-se como remuneração de contribuição o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual, ou quaisquer vantagens, inclusive as relativas à natureza ou ao local de trabalho ou outra paga sob o mesmo fundamento, excluídas: I - as diárias para viagens, desde que não excedam a cinqüenta por cento da remuneração mensal; II - a ajuda de custo em razão de mudança de sede; III - a indenização de transporte; IV - o salário-família. (grifei) Como se vê, o § único deste dispositivo dá uma ampla abrangência ao conceito de remuneração para fins de incidência da contribuição, incluindo nele o termo “quaisquer vantagens” pagas ao servidor. Este dispositivo legal deve ser analisado e interpretado de acordo com os princípios constitucionais que regem o tema. O servidor público tem direito a regime próprio de previdência social, de caráter contributivo, previsto na redação atual do art. 40 da CF/88. Este regime garante aposentadoria ou pensão calculada “com base na remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à totalidade da remuneração.”(§ 3o do art. 40). Ao regime previdenciário dos servidores aplica-se “no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social”, por força da norma do § 12o do art. 40 da Lex Mater. É princípio constitucional da Seguridade Social o princípio da equidade na participação no custeio, como mostra a norma do art. 194, V, da Lei Maior, aplicável aos servidores públicos por força do § 12 do art. 40 da Lei Maior. Como se extrai da literalidade do artigo 304 da lei no 11.907/09 supracitado, o Adicional de Plantão Hospitalar não incorpora aos proventos de aposentadoria do servidor inativo, de modo que o servidor, ao se aposentar, não mais percebe o valor, visto que este é condicionado à atuação em plantão hospitalar, o que, obviamente, é impossível para o servidor inativo. Disso decorre ser iníqua e desproporcional a cobrança de contribuição social sobre parcela da remuneração que não será percebida quando da aposentadoria. É que a contribuição previdenciária do servidor deve guardar proporção com o valor da remuneração que se prevê para o servidor a título de aposentadoria. Se o servidor só vai receber as vantagens gerais do cargo efetivo quando se aposentar, não há argumento jurídico razoável para exigir dele que contribua sobre parcela remuneratória que não se enquadre como vantagem do cargo efetivo a ser-lhe paga na aposentadoria. Tanto isso é verdade que a parte final do parágrafo único do art. 1o da Lei 9.783/99 excluía da incidência da contribuição previdenciária parcelas que não integram a remuneração dos aposentados, tais como o auxílio-transporte, as diárias, etc. O princípio da equidade no custeio proíbe este comportamento estatal, sem falar que há afronta, igualmente, ao princípio constitucional da razoabilidade, na medida em que a contribuição previdenciária em discussão traz desproporcional gravame ao servidor público, sem uma justificativa razoável. Sobre o princípio da razoabilidade, que alguns chamam de proporcionalidade, vale citar a lição de LUÍS ROBERTO BARROSO, que escreve: O princípio da proporcionalidade é um parâmetro de valoração dos atos do Poder Público para aferir se eles estão informados pelo valor superior inerente a todo ordenamento jurídico: a justiça. (...) É razoável o que seja conforme à razão, supondo equilíbrio, moderação e harmonia, o que não seja arbitrário e caprichoso, o que corresponda ao senso comum, aos valores vigentes em dado momento ou lugar.[1] Não se mostra razoável, pois, a exigência legal de contribuição previdenciária sobre parcela da remuneração que não pode ser incorporada à aposentadoria. Sobre o tema, transcrevo decisão do TRF da 4a Região que reconheceu a ilegalidade da cobrança de contribuição previdenciária sobre função comissionada que não pode ser incorporada: Ementa TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUTORIDADE COATORA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. DESCONTO PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO COMISSIONADA. EC No 20/98. REMUNERAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO. LEI No 9.783/99, ARTIGO 1o. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE PELA ADMINISTRAÇÃO. INTERESSE DE AGIR. ARTIGO 267, VI, DO CPC. 1. Mandado de Segurança que visa afastar o desconto previdenciário incidente sobre a gratificação pelo exercício de função comissionada percebida pelo impetrante, tendo em vista a supressão da incorporação de quintos pela Lei no 9.527/97. 2. Legitimidade passiva do Diretor do Foro da Seção Judiciária de Santa Catarina, porquanto em se tratando de mandado de segurança impetrado por servidor com a finalidade de obstar o desconto da contribuição social que lhe é exigida, apresenta-se correta a indicação da autoridade coatora, por ser a pessoa responsável pela retenção e posterior recolhimento da exação debatida na ação. Noutro enfoque, não há necessidade de citação da União como litisconsorte passivo necessário, já que a mesma responde pelos atos da autoridade impetrada, devendo esta proceder nos termos do artigo 3o da Lei no 4.348/64. 3. O custeio do regime de previdência do servidor público deve respeitar a necessária correspondência entre a contribuição e o benefício dela decorrente, daí decorrendo que não há razão jurídica na incidência da contribuição previdenciária sobre a “retribuição”, pois o valor dela não integra o cálculo dos proventos dos servidores inativos. A pensar de outro modo estar-se-á vulnerando a regra constitucional que prevê a adoção de “critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. 4. Paralelo com a previdência do regime geral, em que o segurado contribui até um determinado teto - que não por acaso é o máximo que ele irá perceber como proventos na inatividade - , não incidindo contribuição sobre a remuneração excedente. E tal limitação, teto de contribuição igual ao teto do futuro benefício está fulcrada na natureza jurídica específica das contribuições previdenciárias, que constituem tributo vinculado a uma atuação estatal, direta ou indiretamente relacionada com o seu sujeito passivo. Por isso que, caso se queira majorar ou criar contribuição previdenciária a cargo do beneficiário, exige-se "causa suficiente”, afim de preservar a harmonia custeio-benefício. 5. Não é lógico ou jurídico que a “retribuição” não incorporável ao futuro provento sofra a incidência da contribuição em comento, desservindo o argumento - sim, já há decisões esgrimindo tal argumento -, que a contribuição do servidor deveria assegurar ( rectius, custear! ) outros direitos como a saúde e a assistência social, porquanto o servidor público deve custear o seu regime de previdência, e não a seguridade social como um todo. Como é sabido, não se confunde o conceito de seguridade social com o de previdência; o primeiro engloba o último, e não o contrário. 6. Decisão do Processo Administrativo no 99.40.00251-3, de lavra da Presidência desta Corte que reconhece ilegal o desconto, determinando a sua suspensão no “âmbito desta 4a Região”, bem como a “eventual possibilidade de compensação” (o que evidencia o efeito declaratório de situação pré-existente), determina a perda do objeto da ação constitucional, por falta de interesse de agir, pois, como é cediço, a falta de interesse pode ser superveniente ao ajuizamento da ação: se não mais existente a lesão ou a ameaça de lesão, o Judiciário não se pronuncia, porquanto não haveria resultado útil na demanda. (TRF da 4a Região, MS 4479/SC (2000.04.01.047057-8), 2a Turma, Juíza Tânia Escobar, DJU 21/03/2001 No âmbito da nova regulamentação do custeio da Previdência Social do servidor público, a Lei n. 10.887/2004 manteve a incidência da contribuição social sobre “quaisquer vantagens” percebidas pelo servidor, de modo que as considerações antes lançadas continuam plenamente pertinentes. O caso, pois, é de interpretação conforme a Constituição, a fim de excluir a interpretação da Lei n. 9783/99 e da Lei n. 10.887/2004, acerca do termo “quaisquer vantagens”, que conclua pela incidência de contribuição previdenciária sobre o adicional de plantão hospitalar, haja vista a inconstitucionalidade da cobrança do tributo com base nesta interpretação. III – Dispositivo: Este o quadro, julgo procedente em parte o pedido para: 1.Declarar a inexistência de relação jurídico-tributária no tocante à incidência de contribuição Previdenciária de Servidor Público (PSS) sobre o adicional de plantão hospitalar; 2.Condenar a União à restituição dos valores porventura já descontados a esses títulos, respeitada a prescrição quinquenal. 3 . Condenar a UFPE a se abster de proceder a descontos futuros a título de contribuição previdenciária do servidor público (PSS) sobre o adicional de plantão hospitalar. O cálculo será efetivado na fase executória. A repetição do indébito somente ocorrerá se, quando da elaboração dos cálculos, restar demonstrado que a parte autora efetivamente auferiu as referidas verbas e que sobre elas incidiu a exação.Deste modo, até a fase de execução, deverá a autora juntar aos autos os contracheques referentes aos exercícios de 2012 a 2017, (não valendo para tanto meras planilhas), caso ainda não tenha feito, sob pena de não ver incluído nos cálculos os referidos valores. As parcelas a serem restituídas terão acréscimo de juros e correção monetária pela taxa SELIC (Lei no 9.250/95, art. 39, §4o), a partir de quando recolhida a exação. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n. 10.259/01. Indefiro a gratuidade judiciária requestada. Intimem-se. Interposto recurso inominado e apresentas contrarrazões, remetam-se os autos a uma das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. Recife, data da assinatura eletrônica.
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL DE PLANTÃO HOSPITALAR. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EQUIVALÊNCIA COM ADICIONAL NOTURNO E DE SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO DA UFPE E DA UNIÃO FEDERAL IMPROVIDOS. Foram interpostos recursos pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE e Pela União (Fazenda Nacional) em face de sentença que julgou procedente, em parte, o pleito inicial de não incidência de contribuição previdenciária sobre a verba de Adicional de Plantão Hospitalar – APH, em razão de tratar-se de verba de natureza indenizatória. Nas suas razões recursais, a UFPE pugna, em preliminar, por sua ilegitimidade para figurar no polo passivo da demanda, sob a tese de que somente a União Federal poderia integrar a lide naquele polo, uma vez que é ela a destinatária final do tributo.No mérito, sustenta a tese de que o pedido deve ser julgado improcedente, uma vez que, segundo entende, a verba em comento possui natureza salarial e, portanto, deve sofrer a incidência do PSS. A União, por sua vez, em preliminar, defende a tese de nulidade da sentença no tocante à análise dos embargos de declaração. Quanto ao mérito, defende a mesma tese da UFPE, requerendo, também, que sejam apartadas as obrigações de fazer e de pagar, por entender que a primeira deverá ficar a cargo da UFPE e a outra, a seu cargo. Não foram ofertadas contrarrazões. É o que importa relatar. Passo a decidir. De início, afasto a preliminar de ilegitimidade passiva da UFPE. É que embora não tenha legitimidade para devolver as quantias retidas indevidamente, persiste, no entanto, a sua responsabilidade quanto à obrigação de não retenção das prestações vincendas, uma vez que ela atua, na relação jurídico-tributária, na qualidade de responsável tributário. Afasta-se, também, a alegação de nulidade da sentença que analisou os embargos de declaração. É que a união sequer opôs embargos de declaração, razão pela qual não conheço desta insurgência. Dito isso, passo ao exame do mérito. O Adicional de Plantão Hospitalar (APH) foi instituído pela Lei no 11.907, de 02 de fevereiro de 2009, fruto da conversão da MP 441/08 (art. 298, caput), sendo devido aos servidores em efetivo exercício de atividades hospitalares desempenhadas em regime de plantão em hospitais universitários vinculados ao Ministério da Educação e demais hospitais listados no caput do art. 298 da referida lei. Este adicional não é devido caso o servidor receba pagamento de adicional pela prestação de serviço extraordinário ou adicional noturno referente à mesma hora de trabalho (art. 305, da Lei no. 11.907/09). Desse modo, tendo em vista que o Adicional de Plantão Hospitalar consubstancia-se em retribuição que substitui o pagamento de adicional noturno e adicional de serviço extraordinário, não se enquadrando no conceito de vantagem pecuniária permanente, deve ser afastada a incidência do PSS, nos termos dos incisos XI e XII do art. 4.o da Lei n.o 10.887/2004. Ressalta-se, por fim, estar assentada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que parcelas não incorporáveis à aposentadoria não podem ser objeto de incidência de contribuição previdenciária, sendo este o caso da verba ora questionada. Por fim, entendo que o pedido de separação das obrigações impostas na sentença já se encontra deferido naquele comando monocrático, uma vez que ali se determinou que a União restituísse os valores porventura descontados (obrigação de pagar) e que a UFPE para se abstivesse de descontar o PSS sobre o APH nos contracheques da autora (obrigação de fazer). Assim, neste tocante, a União não possui interesse de recorrer. Diante do exposto, a sentença deve ser mantida em todos os seus termos Por último, visando evitar descabidos e protelatórios embargos de declaração, ressalte-se que não existe a menor necessidade de manifestação expressa sobre os todos os argumentos jurídicos levantados pelas partes, eis que as razões já expostas neste decisum são suficientes para julgamento de todos os pedidos formulados. Idêntico raciocínio se aplica ao prequestionamento. Não há obrigação de manifestação expressa sobre todas as teses jurídicas apontadas como tal. O único propósito de prequestionar a matéria a ser eventualmente levada ao conhecimento das Cortes Superiores, sem que ocorra, na hipótese, qualquer dos pressupostos elencados no art. 1.022 do Código de Ritos, não constitui razão suficiente para a oposição dos embargos declaratórios, consoante prega a pacífica jurisprudência do STJ. De toda forma, a fim de agilizar o andamento dos processos, considero desde já prequestionados expressamente todos os dispositivos legais indicados pelas partes em suas petições durante o trâmite processual. Insta acentuar, por fim, que os embargos de declaração não se prestam para reanálise de pedidos já decididos. Recursos improvidos. Sentença mantida. As partes sucumbentes devem arcar com os honorários sucumbenciais, ora arbitrados à razão de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Custas ex lege. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, decide a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, à unanimidade, negar provimento aos recursos, nos termos da ementa supra. Recife, data do julgamento.
2,408
811
0
0
14-PE
0
246.856505
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação especial cível promovida por servidor público federal em face da UNIÃO, na qual requer a condenação da ré a se abster de proceder ao desconto de contribuição para o Plano de Seguridade Social - PSS sobre o Adicional de Plantão Hospitalar (APH). Solicita, por fim, restituição dos recolhimentos indevidos, com juros e correções. A ré UNIÃO, em sua contestação, aduz em caráter preliminar a legitimidade passiva da UFPE para o cumprimento da obrigação de fazer e alega ocorrência de prescrição quinquenal tributária. No mérito, pugna pela improcedência dos pedidos. Posteriormente, foi citada a UFPE, que sustentou sua ilegitimidade passiva, assim como a ocorrência de prescrição. No mérito, pugnou pela improcedência dos pedidos. II – FUNDAMENTAÇÃO - PRELIMINARMENTE Em se tratando de concessão da assistência judiciária gratuita, sabe-se que é suficiente a simples declaração do autor afirmando a sua hipossuficiência para que seja deferido o benefício, ressalvado ao juiz rejeitar fundamentadamente o pleito. No caso, os comprovantes de rendimentos são elementos que infirmam a miserabilidade da demandante (anexo 17).Ademais, não há outros elementos que demonstrem que o autor possua gasto superior que a condicione a litigar somente sob os auspícios da justiça gratuita. Desse modo, indefiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Ilegitimidade passiva Com efeito, a UFPE não possui legitimidade passiva para devolver as quantias retidas indevidamente, uma vez que foram vertidas aos cofres do Tesouro Nacional. Nesse sentido, o seguinte precedente: “PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA. AUTARQUIA. UNIVERSIDADE FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRECEDENTE. 1.Cuida-se de recurso especial interposto contra acórdão no qual se atribuiu legitimidade passiva à Universidade Federal, organizada sob regime autárquico, para figurar em lide na qual se postula a repetição de indébito de valores recolhidos ao Plano de Seguridade do Servidor Público (PSS); No caso, não há postulação para cessação dos descontos, já efetivada, somente a devolução dos valores pretéritos. 2. A ação judicial em prol da repetição do indébito, equivocadamente recolhido, deve ser intentada contra a União, já que a entidade autárquica tão somente recolhe os valores e repassa-os àquela outra pessoa jurídica de direito público, não integrando assim o seu patrimônio. 3. "Em relação à repetição do indébito tributário, a entidade autárquica não pode ser responsabilizada; é a União Federal que detém a legitimidade para figurar no polo passivo de demanda voltada à repetição do indébito, na qualidade de sujeito ativo do tributo e por ter recebido os valores indevidamente retidos dos vencimentos dos servidores, em razão de sua responsabilidade pelo custeio do regime próprio de previdência" (AgRg no REsp 1.134.972/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 31.5.2010). Agravo regimental improvido. (AGRESP 201101306455, HUMBERTO MARTINS, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:01/06/2012.DTPB:.) Persiste, no entanto, a responsabilidade da UFPE quanto à obrigação de não retenção das prestações vincendas, uma vez que ela atua, na relação jurídico-tributária, na qualidade de responsável tributário. Prescrição No julgamento do RE 566621, o Supremo Tribunal Federal fixou entendimento pela aplicação da LC no 118/2005 às ações (independentemente da data dos fatos geradores nela contidos) ajuizadas após a vacatio legis da mencionada norma, isto é, a partir de 09.06.2005. Uma vez que a demanda foi proposta em 04/07/2017, as pretensões correspondentes às parcelas retidas e/ou exigidas indevidamente há mais de cinco (05) anos, contados da retroativamente da propositura da demanda, estão prescritas, nos termos do artigo 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, c./c. o artigo 3o da Lei Complementar no 118/2005. Mérito Quanto ao mérito, analisaremos a tese sustentada pela parte autora acerca da impossibilidade da cobrança da contribuição social incidente sobre o adicional de plantão hospitalar, previsto na Lei no 11.907/09. A lei supracitada, em seu artigo 304, deixa claro que a parcela paga a título de APH não se incorpora à remuneração e nem a proventos de aposentadoria: Art. 304.O APH não se incorpora aos vencimentos, à remuneração nem aos proventos da aposentadoria ou pensão e não servirá de base de cálculo de qualquer benefício, adicional ou vantagem. A norma constitucional que delimita o campo de incidência das contribuições sociais é o art. 195, I, da CF/88, que determinava, na redação anterior à Emenda Constitucional n. 20/98 o seguinte, no que interessa à causa: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; (...). (grifamos) Resta saber se é possível a incidência da contribuição previdenciária sobre a parcela de remuneração não-incorporável aos proventos de aposentadoria, qual seja, o adicional de plantão hospitalar, previsto na lei no 11.907/09. Trata-se de questão de caráter tributário, pois a contribuição previdenciária do servidor tem esta natureza, sendo da espécie contribuição para a seguridade social, com finalidade específica de financiar o regime previdenciário próprio dos servidores. A Lei no 9.783/99 dispunha o seguinte: Art. 1o A contribuição social do servidor público civil, ativo e inativo, e dos pensionistas dos três Poderes da União, para a manutenção do regime de previdência social dos seus servidores, será de onze por cento, incidente sobre a totalidade da remuneração de contribuição, do provento ou da pensão. Parágrafo único. Entende-se como remuneração de contribuição o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual, ou quaisquer vantagens, inclusive as relativas à natureza ou ao local de trabalho ou outra paga sob o mesmo fundamento, excluídas: I - as diárias para viagens, desde que não excedam a cinqüenta por cento da remuneração mensal; II - a ajuda de custo em razão de mudança de sede; III - a indenização de transporte; IV - o salário-família. (grifei) Como se vê, o § único deste dispositivo dá uma ampla abrangência ao conceito de remuneração para fins de incidência da contribuição, incluindo nele o termo “quaisquer vantagens” pagas ao servidor. Este dispositivo legal deve ser analisado e interpretado de acordo com os princípios constitucionais que regem o tema. O servidor público tem direito a regime próprio de previdência social, de caráter contributivo, previsto na redação atual do art. 40 da CF/88. Este regime garante aposentadoria ou pensão calculada “com base na remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei, corresponderão à totalidade da remuneração.”(§ 3o do art. 40). Ao regime previdenciário dos servidores aplica-se “no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social”, por força da norma do § 12o do art. 40 da Lex Mater. É princípio constitucional da Seguridade Social o princípio da equidade na participação no custeio, como mostra a norma do art. 194, V, da Lei Maior, aplicável aos servidores públicos por força do § 12 do art. 40 da Lei Maior. Como se extrai da literalidade do artigo 304 da lei no 11.907/09 supracitado, o Adicional de Plantão Hospitalar não incorpora aos proventos de aposentadoria do servidor inativo, de modo que o servidor, ao se aposentar, não mais percebe o valor, visto que este é condicionado à atuação em plantão hospitalar, o que, obviamente, é impossível para o servidor inativo. Disso decorre ser iníqua e desproporcional a cobrança de contribuição social sobre parcela da remuneração que não será percebida quando da aposentadoria. É que a contribuição previdenciária do servidor deve guardar proporção com o valor da remuneração que se prevê para o servidor a título de aposentadoria. Se o servidor só vai receber as vantagens gerais do cargo efetivo quando se aposentar, não há argumento jurídico razoável para exigir dele que contribua sobre parcela remuneratória que não se enquadre como vantagem do cargo efetivo a ser-lhe paga na aposentadoria. Tanto isso é verdade que a parte final do parágrafo único do art. 1o da Lei 9.783/99 excluía da incidência da contribuição previdenciária parcelas que não integram a remuneração dos aposentados, tais como o auxílio-transporte, as diárias, etc. O princípio da equidade no custeio proíbe este comportamento estatal, sem falar que há afronta, igualmente, ao princípio constitucional da razoabilidade, na medida em que a contribuição previdenciária em discussão traz desproporcional gravame ao servidor público, sem uma justificativa razoável. Sobre o princípio da razoabilidade, que alguns chamam de proporcionalidade, vale citar a lição de LUÍS ROBERTO BARROSO, que escreve: O princípio da proporcionalidade é um parâmetro de valoração dos atos do Poder Público para aferir se eles estão informados pelo valor superior inerente a todo ordenamento jurídico: a justiça. (...) É razoável o que seja conforme à razão, supondo equilíbrio, moderação e harmonia, o que não seja arbitrário e caprichoso, o que corresponda ao senso comum, aos valores vigentes em dado momento ou lugar.[1] Não se mostra razoável, pois, a exigência legal de contribuição previdenciária sobre parcela da remuneração que não pode ser incorporada à aposentadoria. Sobre o tema, transcrevo decisão do TRF da 4a Região que reconheceu a ilegalidade da cobrança de contribuição previdenciária sobre função comissionada que não pode ser incorporada: Ementa TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUTORIDADE COATORA. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. DESCONTO PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO COMISSIONADA. EC No 20/98. REMUNERAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO. LEI No 9.783/99, ARTIGO 1o. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE PELA ADMINISTRAÇÃO. INTERESSE DE AGIR. ARTIGO 267, VI, DO CPC. 1. Mandado de Segurança que visa afastar o desconto previdenciário incidente sobre a gratificação pelo exercício de função comissionada percebida pelo impetrante, tendo em vista a supressão da incorporação de quintos pela Lei no 9.527/97. 2. Legitimidade passiva do Diretor do Foro da Seção Judiciária de Santa Catarina, porquanto em se tratando de mandado de segurança impetrado por servidor com a finalidade de obstar o desconto da contribuição social que lhe é exigida, apresenta-se correta a indicação da autoridade coatora, por ser a pessoa responsável pela retenção e posterior recolhimento da exação debatida na ação. Noutro enfoque, não há necessidade de citação da União como litisconsorte passivo necessário, já que a mesma responde pelos atos da autoridade impetrada, devendo esta proceder nos termos do artigo 3o da Lei no 4.348/64. 3. O custeio do regime de previdência do servidor público deve respeitar a necessária correspondência entre a contribuição e o benefício dela decorrente, daí decorrendo que não há razão jurídica na incidência da contribuição previdenciária sobre a “retribuição”, pois o valor dela não integra o cálculo dos proventos dos servidores inativos. A pensar de outro modo estar-se-á vulnerando a regra constitucional que prevê a adoção de “critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. 4. Paralelo com a previdência do regime geral, em que o segurado contribui até um determinado teto - que não por acaso é o máximo que ele irá perceber como proventos na inatividade - , não incidindo contribuição sobre a remuneração excedente. E tal limitação, teto de contribuição igual ao teto do futuro benefício está fulcrada na natureza jurídica específica das contribuições previdenciárias, que constituem tributo vinculado a uma atuação estatal, direta ou indiretamente relacionada com o seu sujeito passivo. Por isso que, caso se queira majorar ou criar contribuição previdenciária a cargo do beneficiário, exige-se "causa suficiente”, afim de preservar a harmonia custeio-benefício. 5. Não é lógico ou jurídico que a “retribuição” não incorporável ao futuro provento sofra a incidência da contribuição em comento, desservindo o argumento - sim, já há decisões esgrimindo tal argumento -, que a contribuição do servidor deveria assegurar ( rectius, custear! ) outros direitos como a saúde e a assistência social, porquanto o servidor público deve custear o seu regime de previdência, e não a seguridade social como um todo. Como é sabido, não se confunde o conceito de seguridade social com o de previdência; o primeiro engloba o último, e não o contrário. 6. Decisão do Processo Administrativo no 99.40.00251-3, de lavra da Presidência desta Corte que reconhece ilegal o desconto, determinando a sua suspensão no “âmbito desta 4a Região”, bem como a “eventual possibilidade de compensação” (o que evidencia o efeito declaratório de situação pré-existente), determina a perda do objeto da ação constitucional, por falta de interesse de agir, pois, como é cediço, a falta de interesse pode ser superveniente ao ajuizamento da ação: se não mais existente a lesão ou a ameaça de lesão, o Judiciário não se pronuncia, porquanto não haveria resultado útil na demanda. (TRF da 4a Região, MS 4479/SC (2000.04.01.047057-8), 2a Turma, Juíza Tânia Escobar, DJU 21/03/2001 No âmbito da nova regulamentação do custeio da Previdência Social do servidor público, a Lei n. 10.887/2004 manteve a incidência da contribuição social sobre “quaisquer vantagens” percebidas pelo servidor, de modo que as considerações antes lançadas continuam plenamente pertinentes. O caso, pois, é de interpretação conforme a Constituição, a fim de excluir a interpretação da Lei n. 9783/99 e da Lei n. 10.887/2004, acerca do termo “quaisquer vantagens”, que conclua pela incidência de contribuição previdenciária sobre o adicional de plantão hospitalar, haja vista a inconstitucionalidade da cobrança do tributo com base nesta interpretação. III – Dispositivo: Este o quadro, julgo procedente em parte o pedido para: 1.Declarar a inexistência de relação jurídico-tributária no tocante à incidência de contribuição Previdenciária de Servidor Público (PSS) sobre o adicional de plantão hospitalar; 2.Condenar a União à restituição dos valores porventura já descontados a esses títulos, respeitada a prescrição quinquenal. 3 . Condenar a UFPE a se abster de proceder a descontos futuros a título de contribuição previdenciária do servidor público (PSS) sobre o adicional de plantão hospitalar. O cálculo será efetivado na fase executória. A repetição do indébito somente ocorrerá se, quando da elaboração dos cálculos, restar demonstrado que a parte autora efetivamente auferiu as referidas verbas e que sobre elas incidiu a exação.Deste modo, até a fase de execução, deverá a autora juntar aos autos os contracheques referentes aos exercícios de 2012 a 2017, (não valendo para tanto meras planilhas), caso ainda não tenha feito, sob pena de não ver incluído nos cálculos os referidos valores. As parcelas a serem restituídas terão acréscimo de juros e correção monetária pela taxa SELIC (Lei no 9.250/95, art. 39, §4o), a partir de quando recolhida a exação. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n. 10.259/01. Indefiro a gratuidade judiciária requestada. Intimem-se. Interposto recurso inominado e apresentas contrarrazões, remetam-se os autos a uma das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Estado de Pernambuco. Recife, data da assinatura eletrônica
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0504006-14.2017.4.05.8312
2017-09-19 00:00:00
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS (29.979.036/0193-21)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-01-18 13:26:57
Sentença - AD
2018-06-02T11:59:18
Acórdão - Voto-vencedor
null
null
ETHEL FRANCISCO RIBEIRO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PE030667
SENTENÇA 1.RELATÓRIO Dispensado o relatório, ante o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95, aplicável à hipótese em face do contido no art. 1o da Lei 10.259/01. 2.FUNDAMENTAÇÃO a.Previsão legal Pretende a parte autora concessão do benefício de auxílio-doença e/ou a sua conversão em aposentadoria por invalidez, sob a alegação de que possui incapacidade plena para o labor e que, por tal motivo, satisfaz os pressupostos legais de concessão do benefício. À luz do art. 59 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, segundo dispõe o art. 42 da Lei no 8.213/91: Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. A questão a ser dirimida consiste, pois, na análise do preenchimento dos requisitos discriminados em lei para a fruição do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; c) requisito específico para o benefício. b.Requisitos - Incapacidade laborativa - Quanto ao requisito de incapacidade para o exercício das atividades, a perícia médica determinada judicialmente exarou conclusão no sentido de sofrer o demandante com “leve condropatia patelar e pequena rotura de corno posterior de menisco medical do joelho D (conforme descrição da última RNM)”. Segundo a perita, porém, a parte pode exercer suas funções habituais (líder operacional). Declara, ainda, não ter havido progressão da doença. No entanto, imperioso destacar que laudo médico exarado em processo judicial anterior (0502698-74.2016.4.05.8312), indicou diagnóstico muito semelhante da parte requerente, porém concluiu no sentido de não ser possível o exercício da função acima indicada, por sobrecarregar o joelho do autor. Observa-se, portanto, convergência no diagnóstico e divergência no prognóstico entre os médicos peritos quanto ao demandante. Não há qualquer indício de modificação no quadro clínico da parte, de modo a ser impossível se concluir pela existência de fatos novos, mas tão somente se tratar de nova interpretação sobre os mesmos fatos. Segundo a Turma Recursal dos JEF de Pernambuco [...] para se afastar a coisa julgada em ações tais, em que há identidade de partes e pedido, teria que haver inovação na causa de pedir. Para tanto, teriam que ocorrer, cumulativamente, as seguintes situações: 1) menção na petição inicial de agravamento da situação verificada no laudo/sentença anterior; 2) apresentação de documentação médica particular, com a inicial, no mesmo sentido; 3) idêntica menção no laudo pericial do último processo [...] [3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco – Processo n. 0503876-58.2016.4.05.8312 – Rel. Juiz Federal Joaquim Lustosa Filho - 29/06/2017 – destaque acrescido]. Destaco julgado da turma recursal que apreciou processo na mesma situação do presente, vejamos: [...] Quando um segurado requer a concessão de um benefício após a negativa judicial desse benefício em processo anterior, impomos alguns requisitos para que a coisa julgada não seja reconhecida: 1) menção na petição inicial de agravamento da situação verificada no laudo/sentença anterior; 2) apresentação de documentação médica particular, com a inicial, no mesmo sentido; 3) idêntica menção no laudo pericial do último processo. Esse nosso entendimento visa impedir que segurados re-ajuizem seguidamente ações judiciais para rediscutir matérias já discutidas sem um motivo plausível. Ora, por razões de igualdade entre as partes, se essa regra serve em desfavor do segurado, penso que também deve servir contra o INSS quando a incapacidade foi reconhecida no primeiro processo. Tratando-se de mesma patologia, não havendo prova de agravamento, não é possível, mesmo que com base em uma nova opinião médica, desconstituir a coisa julgada do primeiro processo. Se não houve prova de mudança do quadro médico, não é possível aceitar a nova avaliação médica da mesma patologia, ainda mais quando não houve reabilitação profissional (anexo 9) [...] [2a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco – Processo n. 0502707-02.2017.4.05.8312 – Rel. Juiz Federal Jorge André de Carvalho Mendonça – 30/11/2017]. No presente feito, observa-se, que não houve modificação da situação verificada no laudo anterior; documentação médica particular e menção no laudo médico no último processo no mesmo sentido. Assim, julgar de maneira diversa violaria a coisa julgada, ao menos quanto à incapacidade do requerente. Concluo, portanto, no sentido de preencher a parte autora o requisito incapacidade, necessário à concessão do benefício ora pleiteado. - Carência e qualidade de segurado - Por outro lado, entendo preenchidos os requisitos período de carência e qualidade de segurado pelo demandante. Com efeito, trata-se, basicamente, de pedido restabelecimento de benefício previdenciário, tendo a parte recebido auxílio-doença até 05/07/2017, por doença similar à indicada pelo perito judicial. Entendo não ter havido a melhora das condições laborativas do(a) demandante, motivo pelo qual reputo indevida a cessação do benefício que ora se pretende restabelecer. Deste modo, cabe o restabelecimento do benefício ora pleiteado desde o dia seguinte à cessação. c.Conclusão Percebo que se encontram satisfeitos os requisitos necessários à concessão da aposentadoria por invalidez, tendo em vista que restou constatada que a parte autora encontra-se total e permanentemente incapaz para o trabalho. 3.DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, condenando o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença com reabilitação à parte autora com DIB no dia seguinte à cessação e DIP no primeiro dia do mês de validação da sentença. Condeno, ainda o réu ao pagamento das parcelas vencidas, respeitada a prescrição quinquenal, com juros e correção monetária. Autorizo a compensação de valores eventualmente já pagos. Quanto aos juros e à correção monetária, tendo em vista o que decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE no 870.947-SE, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 20/09/2017 com repercussão geral), tem-se que na apuração das parcelas vencidas devem ser observados os seguintes critérios: (a) correção monetáriapela variação do IPCA-e, tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança; e (b) juros de mora contados a partir da citação (Súmula 204 STJ), devidos no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ou seja, 0,5% ao mês, enquanto a taxa SELIC seja superior a 8,5% ao ano, ou 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, tendo em vista a declaração de constitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina os juros de mora das condenações impostas à Fazenda Pública. Em caso de interposição de recurso tempestivo, recebo desde já no seu efeito meramente devolutivo (art. 43 da Lei n.o 9.099/95), devendo ser intimado o recorrido para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões. Após, remetam-se os autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Pernambuco. Como o recurso inominado não possui efeito suspensivo [art. 43 da Lei 9.099/95], intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer e informar a RMI do benefício, no prazo de 10 dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 100,00. Informada a RMI, remetam-se os autos à contadora judicial para cálculo dos atrasados e, após o trânsito em julgado, expeça-se RPV ou precatório. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita, caso requerido. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei no 9.099/95. Intimem-se, conforme as disposições da Lei no 10.259/2001. Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação.
EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA DEFINITIVA DIAGNOSTICADA NA PERÍCIA JUDICIAL EM PROCESSO JUDICIAL ANTERIOR. IMPOSSIBILIDADE DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO SEM A COMPROVAÇÃO DE ALTERAÇÃO DO QUADRO CLÍNICO ANTERIOR OU REALIZAÇÃO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. BENEFÍCIO DEVIDO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. VOTO-VENCEDOR Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgouprocedente o pedido de concessão de auxílio-doença/aposentadoria porinvalidez. Alega o recorrente que não há incapacidade para o trabalho, conformeatestado pelo médico perito do INSS e pelo perito judicial. Pede areforma do julgado. Ressalto que, tanto para a obtenção de aposentadoria por invalidez como para o auxílio-doença, misterse faz que o requerente satisfaça, dentre outros requisitos, aquele quelhe exige estar incapacitado para as atividades laborais; no casodo benefício de aposentadoria por invalidez essa incapacidade deve serpara todo e qualquer tipo de atividade laboral (incapacidade total), aopasso que, no caso de benefício de auxílio-doença, basta tão somente a incapacidade para a atividade laboral habitualmente desempenhada pelo trabalhador segurado da Previdência Social (incapacidade parcial). No caso em dabate, a perícia judicial concluiu que não há incapacidade laboral. Contudo, em sede de esclarecimentos, a experta admitiu que não houve uma alteração do quadro de saúde entre a perícia judicial realizada em processo anterior, que concluiu pela incapacidade definitiva, e aquela realizada por ela. Ressalte-se que o INSS somente poderia ter cessado o benefício anterior se comprovasse que, de fato, houve alteração no quadro clínicio anterior que ensejou a concessão do auxílio-doença pretérito ou que foi realizada reabilitação profissional. Na hipótese, para além da perícia judicial concluir que não houve modificação do estado de saúde entre as duas perícias, o INSS não comprovou que ofereceu o serviço de reabilitação, tampouco apresentou provas de que, de fato, o autor se encontra apto para retornar ao mercado de trabalho noutra atividade, que não a sua atual. Em suma, a pretensão recursal do INSS esbarra frontalmente na coisa julgada do processo pretérito, que, apesar de ser rebus sic stantibus, no caso concreto, não houve qualquer prova de alteração do quadro fático que justificasse o afastamento dos efeitos da sentença proferida no feito anterior. Assim, e considerando que a sentença anterior determinou a manutençãodo benefício até reabilitação profissional ou melhora clínica ouaposentadoria por invalidez, entendo que a cessação do benefício viola a coisa julgada. Recurso inominado do INSS improvido. Verba honorária arbitrada em desfavor do réu em 10% sobre o valor da condenação, observado o teor da Súmula 111 do STJ. É como voto. ACÓRDÃO Vistos e relatados, decide a 3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco, por maioria, vencida a Juíza Federal Liz Corrêa de Azevedo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS, nos termos da ementa supra. Recife/PE, data do julgamento.
1,306
446
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34-PE
1
120.698576
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Previsão legal Pretende a parte autora concessão do benefício de auxílio-doença e/ou a sua conversão em aposentadoria por invalidez, sob a alegação de que possui incapacidade plena para o labor e que, por tal motivo, satisfaz os pressupostos legais de concessão do benefício. À luz do art. 59 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, segundo dispõe o art. 42 da Lei no 8.213/91: Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. A questão a ser dirimida consiste, pois, na análise do preenchimento dos requisitos discriminados em lei para a fruição do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; c) requisito específico para o benefício. b.Requisitos - Incapacidade laborativa - Quanto ao requisito de incapacidade para o exercício das atividades, a perícia médica determinada judicialmente exarou conclusão no sentido de sofrer o demandante com “leve condropatia patelar e pequena rotura de corno posterior de menisco medical do joelho D (conforme descrição da última RNM)”. Segundo a perita, porém, a parte pode exercer suas funções habituais (líder operacional). Declara, ainda, não ter havido progressão da doença. No entanto, imperioso destacar que laudo médico exarado em processo judicial anterior (0502698-74.2016.4.05.8312), indicou diagnóstico muito semelhante da parte requerente, porém concluiu no sentido de não ser possível o exercício da função acima indicada, por sobrecarregar o joelho do autor. Observa-se, portanto, convergência no diagnóstico e divergência no prognóstico entre os médicos peritos quanto ao demandante. Não há qualquer indício de modificação no quadro clínico da parte, de modo a ser impossível se concluir pela existência de fatos novos, mas tão somente se tratar de nova interpretação sobre os mesmos fatos. Segundo a Turma Recursal dos JEF de Pernambuco [...] para se afastar a coisa julgada em ações tais, em que há identidade de partes e pedido, teria que haver inovação na causa de pedir. Para tanto, teriam que ocorrer, cumulativamente, as seguintes situações: 1) menção na petição inicial de agravamento da situação verificada no laudo/sentença anterior; 2) apresentação de documentação médica particular, com a inicial, no mesmo sentido; 3) idêntica menção no laudo pericial do último processo [...] [3a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco – Processo n. 0503876-58.2016.4.05.8312 – Rel. Juiz Federal Joaquim Lustosa Filho - 29/06/2017 – destaque acrescido]. Destaco julgado da turma recursal que apreciou processo na mesma situação do presente, vejamos: [...] Quando um segurado requer a concessão de um benefício após a negativa judicial desse benefício em processo anterior, impomos alguns requisitos para que a coisa julgada não seja reconhecida: 1) menção na petição inicial de agravamento da situação verificada no laudo/sentença anterior; 2) apresentação de documentação médica particular, com a inicial, no mesmo sentido; 3) idêntica menção no laudo pericial do último processo. Esse nosso entendimento visa impedir que segurados re-ajuizem seguidamente ações judiciais para rediscutir matérias já discutidas sem um motivo plausível. Ora, por razões de igualdade entre as partes, se essa regra serve em desfavor do segurado, penso que também deve servir contra o INSS quando a incapacidade foi reconhecida no primeiro processo. Tratando-se de mesma patologia, não havendo prova de agravamento, não é possível, mesmo que com base em uma nova opinião médica, desconstituir a coisa julgada do primeiro processo. Se não houve prova de mudança do quadro médico, não é possível aceitar a nova avaliação médica da mesma patologia, ainda mais quando não houve reabilitação profissional (anexo 9) [...] [2a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Pernambuco – Processo n. 0502707-02.2017.4.05.8312 – Rel. Juiz Federal Jorge André de Carvalho Mendonça – 30/11/2017]. No presente feito, observa-se, que não houve modificação da situação verificada no laudo anterior; documentação médica particular e menção no laudo médico no último processo no mesmo sentido. Assim, julgar de maneira diversa violaria a coisa julgada, ao menos quanto à incapacidade do requerente. Concluo, portanto, no sentido de preencher a parte autora o requisito incapacidade, necessário à concessão do benefício ora pleiteado. - Carência e qualidade de segurado - Por outro lado, entendo preenchidos os requisitos período de carência e qualidade de segurado pelo demandante. Com efeito, trata-se, basicamente, de pedido restabelecimento de benefício previdenciário, tendo a parte recebido auxílio-doença até 05/07/2017, por doença similar à indicada pelo perito judicial. Entendo não ter havido a melhora das condições laborativas do(a) demandante, motivo pelo qual reputo indevida a cessação do benefício que ora se pretende restabelecer. Deste modo, cabe o restabelecimento do benefício ora pleiteado desde o dia seguinte à cessação. c.Conclusão Percebo que se encontram satisfeitos os requisitos necessários à concessão da aposentadoria por invalidez, tendo em vista que restou constatada que a parte autora encontra-se total e permanentemente incapaz para o trabalho. 3.DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, extinguindo o processo com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil, condenando o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença com reabilitação à parte autora com DIB no dia seguinte à cessação e DIP no primeiro dia do mês de validação da sentença. Condeno, ainda o réu ao pagamento das parcelas vencidas, respeitada a prescrição quinquenal, com juros e correção monetária. Autorizo a compensação de valores eventualmente já pagos. Quanto aos juros e à correção monetária, tendo em vista o que decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE no 870.947-SE, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 20/09/2017 com repercussão geral), tem-se que na apuração das parcelas vencidas devem ser observados os seguintes critérios: (a) correção monetáriapela variação do IPCA-e, tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança; e (b) juros de mora contados a partir da citação (Súmula 204 STJ), devidos no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ou seja, 0,5% ao mês, enquanto a taxa SELIC seja superior a 8,5% ao ano, ou 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, tendo em vista a declaração de constitucionalidade do art. 1-F da Lei no 9.494/97 (redação dada pela Lei no 11.960/2009) na parte que disciplina os juros de mora das condenações impostas à Fazenda Pública. Em caso de interposição de recurso tempestivo, recebo desde já no seu efeito meramente devolutivo (art. 43 da Lei n.o ), devendo ser intimado o recorrido para, no prazo legal, apresentar suas contrarrazões. Após, remetam-se os autos à Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Pernambuco. Como o recurso inominado não possui efeito suspensivo [art. 43 da Lei ], intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer e informar a RMI do benefício, no prazo de 10 dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 100,00. Informada a RMI, remetam-se os autos à contadora judicial para cálculo dos atrasados e, após o trânsito em julgado, expeça-se RPV ou precatório. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita, caso requerido. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55, da Lei no . Intimem-se, conforme as disposições da Lei no 10.259/2001. Cabo de Santo Agostinho, data da movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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0510956-84.2017.4.05.8103
2017-10-25 00:00:00
INSS - APSADJ (Sobral) (77.923.652/0003-94) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-06 19:25:15
Sentença - Auxílio-doença/Aposentadoria por Invalidez - Capacidade
2018-06-07T11:20:02
Acórdão - Com voto
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA (TURMA RECURSAL)
2018-06-05 13:00:00
THIAGO MESQUITA TELES DE CARVALHO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE023152
SENTENÇA – TIPO A Vistos, etc. 1 – RELATÓRIO. Prescindível o relatório, nos termos do art. 38 da Lei n. 9.099/95. 2 – FUNDAMENTAÇÃO. Cuida-se de ação promovida contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, buscando a obtenção de decisão jurisdicional que lhe garanta o direito a concessão/restabelecimento de auxílio-doença ou, alternativamente, à concessão/restabelecimento de aposentadoria por invalidez com adicional de 25% (vinte e cinco por cento); ou ainda concessão/restabelecimento de auxílio-acidente, cumulado com pedido de pagamento de retroativos. Afirmando a autora não poder suportar as despesas do processo sem comprometer a própria subsistência, bem como não oferecendo o INSS impugnação, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. 2.1. MÉRITO Para a concessão do auxílio-doença faz-se necessário que a parte autora demonstre, nos termos do art. 59 da Lei n. 8.213/91, incapacidade provisória para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos, bem como preencha o período de carência consistente em doze contribuições, a teor do disposto no art. 25, inciso I da Lei n. 8.213/91, salvo nos casos previstos no art. 26, II, do retro citado diploma legislativo. No tocante à aposentadoria por invalidez, faz-se imprescindível, de acordo com o art. 42 da Lei de Benefícios, que a incapacidade laboral seja definitiva e para toda e qualquer atividade. No tocante à concessão do sobredito adicional ao beneficiário da aposentadoria por invalidez, exige-se a comprovação da necessidade de assistência permanente de outra pessoa, conforme art. 45 da Lei 8.213/91. Quanto ao auxílio-acidente, deve-se analisar a existência da qualidade de segurado e redução da capacidade laborativa definitiva para o trabalho que habitualmente exercia, consoante o disposto no art. 86 da lei ora mencionada. Com a finalidade de explicitar seus requisitos, importante a transcrição do dispositivo do artigo 59, da Lei 8.213/91: “Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” (grifos nossos) De início, verifica-se dos autos que a parte autora teve indeferido o seu requerimento administrativo/prorrogação do benefício anterior em virtude de não ter sido constatada, pela perícia médica do INSS, incapacidade para o trabalho ou atividade habitual, de modo que passa a ser o ponto controvertido da lide. Entendo, com amparo na perícia judicial realizada, não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial, haja vista que o laudo pericial concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa. Apesar de o perito afirmar que houve um período de incapacidade de 25.9.2009 a 25.1.17, pela análise do documento de anexo 11, infere-se que o Autor já recebeu o benefício em questão em tal período, não lhe restando direito a valores retroativos. Com efeito, em casos de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o sucesso da pretensão depende, inequivocamente, da conclusão da prova pericial. É bem verdade, por outra via, que o Magistrado não se vincula à conclusão pericial puramente, como preceitua o art. 371, do CPC, que trata do princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional do Juiz. Todavia, o caso em apreço apresenta laudo, que considero completo, confirmando a capacidade física da autora, com o que não satisfaz o requisito da incapacidade temporária, parcial ou completa, para o desempenho de sua atividade profissional. Podendo, portanto, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. Dessa forma, havendo o perito constatado a inexistência de incapacidade laboral, conclusão esta não afastada pelo cenário probatório presente no caso sub judice, inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.”. (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). Destarte, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão/restabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. Indefiro o pedido contido na petição de anexo 14, primeiro em relação à perícia médica por não haver qualquer motivo para desconsiderar o trabalho realizado pelo expert, e determinar a realização de nova perícia. Isto porque, de fato a parte tem o direito de impugnar o perito escolhido pelo juízo, mas desde que o faça na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, qual seja, da intimação do ato de nomeação do perito, o que não ocorreu na hipótese, precluindo, assim, o momento processual para tanto. Além disso, os laudos apresentados pelo profissional (anexos 18 e 21) estão bem elaborados, fundamentados e não se mostram confusos, contraditórios ou incompletos. Em relação ao pedido de auxílio-acidente, o perito afirma que não há redução da capacidade laboral em face do evento infortunístico sofrido pelo Requerente, desta feita,não estão presentes os requisitos legais autorizadores para a concessão deste benefício, (quesitos 4, 13 e 14 do laudo judicial de anexo 18 complementado pelo laudo de anexo 21.). 3 – DISPOSITIVO Com base nesses esteios, julgo IMPROCEDENTE o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem condenação em honorários advocatícios e em custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o da Lei n. 10.259/01, e 55 da Lei n. 9.099/95. P.R.I.Ciência ao MPF, caso a parte autora seja incapaz. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Sobral/CE, 5 de abril de 2018. Thiago Mesquita Teles de Carvalho Juiz Federal Titular da 19a Vara/SJCE
RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE CONCESSÃO/RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL.IRRESIGNAÇÃO. CAPACIDADE LABORATIVA. NÃO CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. I.Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão/restabelecimento de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. II.A Turma Nacional de Uniformização já sedimentou entendimento segundo o qual não há óbice a que a perícia médica possa ser validamente realizada por médico não especialista na moléstia que acomete o segurado. (TNU, PEDILEF 200872510048413, 200872510018627, 200872510031462, 200972500071996). Importa a verificação em cada caso da necessidade e suficiência à luz do cotejo entre a natureza da patologia alegada, a qualificação técnica e as afirmações do perito. Ausência de nulidade no caso concreto. III.Também não merece prosperar o pedido de realização de um segundo exame pericial. Uma nova perícia somente se justificaria, nos termos do art. 480 do NCPC, se a matéria não se apresentasse suficientemente esclarecida ou, ainda, na hipótese de invalidade da perícia, motivada por vício formal ou material, o que não é o caso. IV.O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. V.Na hipótese dos autos, verifica-se que a perícia médica, realizada por médico de confiança do juízo (anexos 13 e 21), evidencia que, apesar de a parte autora (28 anos - carpinteiro) apresentar/ser portador de “traumatismo intracraniano, sequelas de traumatismo intracraniano e transtornos de humor (afetivos) orgânicos”, não há incapacidade atual, tampouco definitiva, apta à concessão do pleito. VI.O simples fato de alguém ser portador de alguma lesão/doença, ainda que grave, não necessariamente a torna incapaz de exercer alguma atividade laborativa que lhe proporcione a subsistência. VII.Não havendo nos autos lastro probatório apto a infirmar as conclusões do perito e diante dos demais elementos probantes encontrados nos autos (laudos e outros exames médicos e/ou hospitalares, além de outros), inclusive em relação à idade, ao grau de escolaridade, ao meio social, o nível econômico e a atividade desenvolvida pela parte autora, a sentença monocrática deve ser mantida, dada a inexistência de qualquer incapacidade laborativa capaz de ensejar o reconhecimento do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez. VIII.Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. IX.Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos, com consequente desprovimento do recurso inominado. X.Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, ficando a execução suspensa nos termos do art. 98, § 3o, do N-CPC, em razão do deferimento da justiça gratuita. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em negar provimento ao recurso inominado, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Júlio Rodrigues Coelho Neto e André Dias Fernandes. Fortaleza, data supra. Dartanhan Vercingetórix de Araújo e Rocha
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19-CE
1
163.752257
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de ação promovida contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, buscando a obtenção de decisão jurisdicional que lhe garanta o direito a concessão/restabelecimento de auxílio-doença ou, alternativamente, à concessão/restabelecimento de aposentadoria por invalidez com adicional de 25% (vinte e cinco por cento); ou ainda concessão/restabelecimento de auxílio-acidente, cumulado com pedido de pagamento de retroativos. Afirmando a autora não poder suportar as despesas do processo sem comprometer a própria subsistência, bem como não oferecendo o INSS impugnação, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. 2.1. MÉRITO Para a concessão do auxílio-doença faz-se necessário que a parte autora demonstre, nos termos do art. 59 da Lei n. 8.213/91, incapacidade provisória para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos, bem como preencha o período de carência consistente em doze contribuições, a teor do disposto no art. 25, inciso I da Lei n. 8.213/91, salvo nos casos previstos no art. 26, II, do retro citado diploma legislativo. No tocante à aposentadoria por invalidez, faz-se imprescindível, de acordo com o art. 42 da Lei de Benefícios, que a incapacidade laboral seja definitiva e para toda e qualquer atividade. No tocante à concessão do sobredito adicional ao beneficiário da aposentadoria por invalidez, exige-se a comprovação da necessidade de assistência permanente de outra pessoa, conforme art. 45 da Lei 8.213/91. Quanto ao auxílio-acidente, deve-se analisar a existência da qualidade de segurado e redução da capacidade laborativa definitiva para o trabalho que habitualmente exercia, consoante o disposto no art. 86 da lei ora mencionada. Com a finalidade de explicitar seus requisitos, importante a transcrição do dispositivo do artigo 59, da Lei 8.213/91: “Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” (grifos nossos) De início, verifica-se dos autos que a parte autora teve indeferido o seu requerimento administrativo/prorrogação do benefício anterior em virtude de não ter sido constatada, pela perícia médica do INSS, incapacidade para o trabalho ou atividade habitual, de modo que passa a ser o ponto controvertido da lide. Entendo, com amparo na perícia judicial realizada, não merecer acolhida a pretensão exposta na inicial, haja vista que o laudo pericial concluiu pela capacidade da parte autora para o exercício de atividade laborativa. Apesar de o perito afirmar que houve um período de incapacidade de 25.9.2009 a 25.1.17, pela análise do documento de anexo 11, infere-se que o Autor já recebeu o benefício em questão em tal período, não lhe restando direito a valores retroativos. Com efeito, em casos de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o sucesso da pretensão depende, inequivocamente, da conclusão da prova pericial. É bem verdade, por outra via, que o Magistrado não se vincula à conclusão pericial puramente, como preceitua o art. 371, do CPC, que trata do princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional do Juiz. Todavia, o caso em apreço apresenta laudo, que considero completo, confirmando a capacidade física da autora, com o que não satisfaz o requisito da incapacidade temporária, parcial ou completa, para o desempenho de sua atividade profissional. Podendo, portanto, exercer a atividade profissional que lhe garanta a subsistência, a parte autora não faz jus ao benefício por incapacidade. Dessa forma, havendo o perito constatado a inexistência de incapacidade laboral, conclusão esta não afastada pelo cenário probatório presente no caso sub judice, inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.”. (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). Destarte, não comprovada a incapacidade laboral do(a) demandante, condição imprescindível para a concessão/restabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença, outra senda não resta a esse Juízo que não a do julgamento pela improcedência do pleito. Indefiro o pedido contido na petição de anexo 14, primeiro em relação à perícia médica por não haver qualquer motivo para desconsiderar o trabalho realizado pelo expert, e determinar a realização de nova perícia. Isto porque, de fato a parte tem o direito de impugnar o perito escolhido pelo juízo, mas desde que o faça na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, qual seja, da intimação do ato de nomeação do perito, o que não ocorreu na hipótese, precluindo, assim, o momento processual para tanto. Além disso, os laudos apresentados pelo profissional (anexos 18 e 21) estão bem elaborados, fundamentados e não se mostram confusos, contraditórios ou incompletos. Em relação ao pedido de auxílio-acidente, o perito afirma que não há redução da capacidade laboral em face do evento infortunístico sofrido pelo Requerente, desta feita,não estão presentes os requisitos legais autorizadores para a concessão deste benefício, (quesitos 4, 13 e 14 do laudo judicial de anexo 18 complementado pelo laudo de anexo 21.). 3 – DISPOSITIVO Com base nesses esteios, julgo IMPROCEDENTE o pedido, ficando extinto o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem condenação em honorários advocatícios e em custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o da Lei n. 10.259/01, e 55 da Lei n. . P.R.I.Ciência ao MPF, caso a parte autora seja incapaz. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Sobral/CE, 5 de abril de 2018. Thiago Mesquita Teles de Carvalho Juiz Federal Titular da 19a Vara/SJCE
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
4
0526141-44.2017.4.05.8013
2017-09-19 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-01 13:16:29
Sentença - Procedente
2018-06-07T19:26:42
Acórdão - voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2018-06-07 14:00:00
ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,100
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
1
AL010532
SENTENÇA Trata-se de pedido de concessão de aposentadoria especial, com repercussão financeira pretérita, ao qual resiste o INSS ao argumento de que a parte autora não comprovou o tempo de serviço/contribuição necessário à obtenção do benefício. Fundamento e decido. Inicialmente, impõe afastar o óbice da coisa julgada em relação a ação anteriormente ajuizada (0509099-79.2017.4.05.8013), vez que não há identidade de tempo de contribuição. Com efeito, a presente demanda versa sobre período de exposição maior que a anterior. A Constituição Federal de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 20/1998, assegura, em seu art. 201, §7o, I, o direito subjetivo consagrado aos trabalhadores de obterem a aposentadoria por tempo de contribuição se perfizerem o total de pelo menos 35(trinta e cinco) anos de serviço, se homem, obedecido o período de carência legal. Em tal hipótese a RMI corresponderá a cem por cento do salário-de-benefício (art. 52 e 53, II da Lei no 8.213/91). Em se tratando de atividades totalmente exercidas em condições especiais, a legislação previdenciária destaca o direito subjetivo consagrado aos trabalhadores de obterem a aposentadoria especial se perfizerem um total de 15, 20 ou 25 anos, conforme dispuser a lei (art. 57 da lei no 8.213/91). Exercido em condições insalubres, o reconhecimento do período especial prescinde da comprovação do exercício de tais atividades e da constância da mesma no enquadramento legal das atividades especiais. Assim, resta verificar se a parte conseguiu comprovar o requisito pertinente ao tempo de serviço necessário à concessão perquerida. . Destarte, é importante que se destaque que, em relação às atividades especiais, o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. Até o advento da Lei 9.032/95, publicada no D.O.U em 29/04/95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial com base na categoria profissional do trabalhador. A partir de então, nos termos do Decreto 2.172 de 05/03/97, tornou-se necessário a existência de laudo, emitido por profissional especializado em segurança do trabalho, atestando a exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador. É o que se depreende do julgado a seguir transcrito: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA EM QUE OS SERVIÇOS FORAM PRESTADOS. CONVERSÃO EM COMUM DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. LEI 9.032/95 E DECRETO 2.172/97. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. I – O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente. II – A exigência de comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos, estabelecida no § 4o do art. 57 e §§ 1o e 2o do artigo 58 da Lei 8.213/91, este na redação da Lei 9.732/98, só pode aplicar-se ao tempo de serviço prestado durante a sua vigência, e não retroativamente, porque se trata de condição restritiva ao reconhecimento do direito. Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, a lei posterior, que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo se aplicada a situações pretéritas. III – Até o advento da Lei 9.032/95, em 29-04-95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador. A partir desta Norma, a comprovação da atividade especial é feita por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, até a edição do Decreto 2.172 de 05-03-97, que regulamentou a MP 1523/96 (convertida na Lei 9.528/97), que passou a exigir o laudo técnico. (...) . V – Agravo interno desprovido.”[1] Quanto à possibilidade de conversão de tempo especial em comum, aplico entendimento no sentido de que o art. 28 da Lei 9.718/1998 não teve o condão de revogar o § 5o do art. 57 da Lei no 8.213/1991, sendo, portanto, em tese, possível a conversão do tempo especial em comum mesmo a partir de 28 de maio de 2008. Para tanto, adoto como razão de decidir fundamentos da decisão proferida pela Turma Nacional de Uniformização em decisão recente, como segue: “A respeito da discussão destes autos, convém trazer à baila o § 7o do artigo 57 da Lei no 8.213, de 1991, incluído pela Lei no 9.032, de 1995: § 5o O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. Em 28.05.1998, entretanto, adveio a Medida Provisória no 1.663-10, cujo artigo 28 determinou, de maneira expressa, a revogação do aludido § 5o do artigo 57 da Lei no 8.213, de 1991. Referida MP veio a ser reeditada sucessivas vezes. Numa das reedições – na 13a –, a revogação do § 5o do artigo 57 da Lei no 8.213 foi transferida para o artigo 31, passando o artigo 28 a ostentar o seguinte teor: O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998, sob condições especiais que sejam prejudiciais à saúde ou à integridade física, nos termos dos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 1991, na redação dada pelas Leis nos 9.032, de 28 de abril de 1995, e 9.528, de 10 de dezembro de 1997, e de seu regulamento, em tempo de trabalho exercido em atividade comum, desde que o segurado tenha implementado percentual do tempo necessário para a obtenção da respectiva aposentadoria especial, conforme estabelecido em regulamento. O Congresso Nacional, ao deliberar acerca da citada Medida Provisória, suprimiu de seu texto a determinação de revogação do § 5o do artigo 57, de modo que a Lei de conversão (Lei no 9.711, de 20.11.1998), diversamente da MP, não contém tal revogação do dispositivo. O que se manteve – por um provável descuido – foi o artigo 28, na redação, supratranscrita, que faz referência ao “tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998”, sem, contudo, revogar o § 5o do artigo 57 da Lei de Benefícios da Previdência Social. Permanece em vigor, destarte, o citado preceito da Lei no 8.213, de 1991. Não prospera, com a mais acendrada vênia, o argumento de que, a despeito de haver suprimido a revogação expressa do artigo 57, § 5o, da Lei no 8.213/1991, teria a Lei no 9.711/1998, através de seu artigo 28 (o qual, como visto, estatui que “O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998”), mantido a vedação à conversão de tempo de serviço especial em comum. Não se poderia supor que o legislador, deliberadamente, tenha suprimido um dispositivo de dicção clara e direta – “Revogam-se (...) o § 5o do art. 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991”, tal como estatuía a redação original da MP, antes da conversão em lei –, para proibir a conversão do tempo de serviço de maneira subliminar e indireta, através do citado artigo 28. É certo que o direito positivo é fértil em exemplos de má técnica legislativa; entretanto, a se admitir que tenha o legislador suprimido um dispositivo claro e objetivo para deixar, com a mesma finalidade daquele supresso, um outro de dúbia interpretação, ter-se-á que reconhecer que a má técnica atingiu seu ápice. Desse modo, a supressão de tal dispositivo “claro e objetivo” deve ser compreendida como a vontade evidente e deliberada de manter a possibilidade de conversão”.(JEF – TNU – Incidente de Uniformização de Jurisprudência. Processo 200763060019190. Relatora Juíza Federal Joana Carolina Lins Pereira. Decisão 18.12.2008. DJU 02.02.2009). Nesse sentido, aliás, tem caminhado a novel jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (5a Turma)[2], do Tribunal Regional Federal da 5a Região[3] e da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais[4]. Destaque-se ainda que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, na esteira da jurisprudência retro mencionada, procedeu, em 27.03.2009, ao cancelamento do enunciado da Súmula no 16 (A conversão em tempo de serviço comum, do período trabalhado em condições especiais, somente é possível relativamente à atividade exercida até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei no 9.711/98). Quanto ao equipamento de proteção individual – EPI, segundo entendimento da Turma Nacional de Uniformização, o seu uso, por si só, não afasta a caracterização da especialidade da atividade exercida para o caso de agente agressivo ruído, conforme enunciado da Súmula no 09 da Turma de Uniformização Jurisprudencial: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida, e fixou a tese de que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria”. A Turma Nacional de Uniformização, ao julgar o Pedido de Uniformização no 2006.51.63.00.0174-1, decidiu que quando for apresentado Perfil Profissiográfico Previdenciário, devidamente preenchido (com o nome dos responsáveis pelos registros ambientais e desde que estes registros sejam contemporâneos aos períodos trabalhados, carimbo da empresa, data da confecção, menção aos agentes nocivos, assinatura do representante legal), que contemple, também, períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. No julgamento do PEDILEF 200651630001741 RJ, a Turma Nacional de Uniformização afastou a obrigatoriedade de apresentação de laudo técnico, verbis: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXIGIBILIDADE DO LAUDO TÉCNICO. AGENTE AGRESSIVO RUÍDO. APRESENTAÇÃO DO PPP - PERFILPROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DA AUSÊNCIA DO LAUDO PERICIAL. ORIENTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSS. OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA EFICIÊNCIA. 1. A Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor,embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1o,prevê que, quando for apresentado o PPP, que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. 2. A própria Administração Pública, consubstanciada na autarquia previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico,para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento sob exame é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão-somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. 3. O entendimento manifestado nos aludidos atos administrativos emitidos pelo próprio INSS não extrapola a disposição legal, que visa a assegurar a indispensabilidade da feitura do laudo técnico, principalmente no caso de exposição ao agente agressivo ruído. Ao contrário, permanece a necessidade de elaboração do laudo técnico, devidamente assinado pelo profissional competente, e com todas as formalidades legais. O que foi explicitado e aclarado pelas referidas Instruções Normativas é que esse laudo não mais se faz obrigatório quando do requerimento do reconhecimento do respectivo período trabalhando como especial, desde que, quando desse requerimento,seja apresentado documento emitido com base no próprio laudo, contendo todas as informações necessárias à configuração da especialidade da atividade. Em caso de dúvidas, remanesce à autarquia a possibilidade de exigir do empregador a apresentação do laudo, que deve permanecer à disposição da fiscalização da previdência social. 4. Não é cabível, nessa linha de raciocínio, exigir-se, dentro da via judicial, mais do que o próprio administrador, sob pretexto de uma pretensa ilegalidade da Instrução Normativa, que, conforme já dito, não extrapolou o ditame legal, apenas o aclarou e explicitou, dando a ele contornos mais precisos, e em plena consonância com o princípio da eficiência, que deve reger todos os atos da Administração Pública. 5. Incidente de uniformização provido, restabelecendo-se os efeitos da sentença e condenando-se o INSS ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Súmula 111 do STJ. (TNU, PEDILEF 200651630001741 RJ, Relator(a): JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, Julgamento: 03/08/2009, DJ 15/09/2009)(g.n) À luz da fundamentação acima esposada, temos que, de acordo com os formulários PPP e LTCAT acostados aos autos (Anexo 07), ficou provado que o autor trabalhou exposto a agentes químicos (derivados de hidrocarbonetos, entre outros), no período de 14/10/1991 a 03/08/2017, de forma habitual e permanente, não ocasional nem interminente. Em relação ao emprego de EPI, temos que a documentação apresentada é omissa no que se refere à sua eficácia. Tal lacuna não pode ser interpretada em desfavor do segurado, sob pena de violação do princípio indubio pro segurado/operario, pelo que os períodos acima citados devem ser classificados como especiais. Ademais, uma vez elaborado e apresentado PPP e/ou LTCAT, é ônus do INSS produzir prova em contrário a respeito das suas informações, o que não ocorreu na espécie. Assim, somando-se todo o período de tempo comum, mais o tempo comprovadamente trabalhado sob condições especiais, e, ainda, o tempo trabalhado como menor aprendiz, aufere-se, em 22/10/2015, data do requerimento administrativo de aposentadoria, um total de 25 ANOS, 09 MESES e 20 DIAS de tempo de contribuição (cf. planilha ao final desta sentença), o que seria suficiente para a concessão da aposentadoria vindicada. Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos, para condenar o INSS a: a) conceder ao autor o benefício de Aposentadoria Especial, com DIP em 1o/03/2018; b) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público; c) Condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas desde a data do requerimento administrativo, 11/08/2017, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora contados da data da citação, tudo na forma da planilha em anexo. d) Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). e) Transitada em julgado a presente sentença, e concluída a liquidação, expeça-se RPV. Intimem-se. Antônio José de Carvalho Araújo Juiz Federal CÁLCULO DO TEMPO: Período:Modo:Total normal:Acréscimo:Somatório: 14/10/1991 a 03/08/2017normal25 a 9 m 20 dnão há25 a 9 m 20 d [1] AGRESP 493458, Processo 200300062594/RS, Decisão de 03/06/2003, DJ 23/06/2003, p. 425, rel. Min. Gilson Dipp – STJ, Quinta Turma, v. u. [2] STJ. AgRg no Resp 1087805/RN. 5a Turma. Relatora Ministra Laurita Vaz.Julgamento19.02.2009. DJe 23.03.2009)
PROCESSO No 0526141-44.2017.4.05.8013 RECORRENTE: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO: ANTÔNIO DA SILVA JUIZ IMPEDIDO: ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. TRABALHADOR RURAL. CONSIDERAÇÃO DE PERÍODO TRABALHADO COM EXPOSIÇÃO HABITUAL E PERMANENTE A AGENTES QUÍMICOS. USO DE EPI EFICAZ. ENTENDIMENTO DO STF. ARE 664335. ANÁLISE QUANTITATIVA. ESPECIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS. DISPENSADA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Recurso inominado de sentença que julgou procedente pedido de aposentadoria especial, entendendo que a parte autora comprovou tempo suficiente para concessão do benefício. 2. Razões recursais fundadas no argumento de que restou demonstrado nos autos tempo de serviço insuficiente para concessão do benefício. Alega, especificamente, que: a) em relação aos agentes nocivos químicos, há necessidade de avaliação quantitativa e seu nível de concentração no ambiente de trabalho e sua confrontação com os limites de tolerância aceitáveis; e b) o uso de EPI eficaz, descaracteriza o período como especial. Por fim, impugna os juros e a correção monetária. 3. A aposentadoria especial é o benefício previdenciário devido ao segurado que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem sua saúde e/ou integridade física na forma do art. 57 da Lei no 8.213/91. 4. Em relação às atividades especiais, o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado. De tal sorte, até o advento da Lei 9.032/95, publicada no D.O.U em 29/04/95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial com base na categoria profissional do trabalhador. A partir de então, a comprovação da atividade especial passou a ser realizada por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, e, posteriormente, pelo Perfil Profissiográfico Previdenciário (formulário PPP). 5. O Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP – é prova hábil a comprovar submissão efetiva a agentes nocivos, posto tratar-se de documento baseado nas informações contidas em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT, que atesta a efetiva exposição aos agentes nocivos nos períodos trabalhados. 6. Com relação ao uso de EPI eficaz, em Sessão do Plenário de 04/12/2014, o STF, no ARE 664335, assentou a tese segundo a qual o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde, de modo que, se o Equipamento de Proteção Individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial. Por outro lado, na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 7. Com relação ao período considerado especial na sentença (14/10/1991 a 03/08/2017), alvo de impugnação no recurso do INSS, cumpre gizar que a Lei n.o 8.213/91 estatui que a prova da exposição a agentes nocivos químicos, físicos e biológicos é feita mediante formulário (PPP) emitido pela empresa, com base em laudo técnico, nos termos do artigo 58 e §§ do diploma legal, exigência que foi plenamente satisfeita pela parte demandante. A documentação é clara em afirmar que, no período ora discutido, a parte autora esteve sujeita a herbicidas: fosforados e organofosforados, o que nos termos da Lei é suficiente para o reconhecimento do caráter especial da atividade. 8. O período de serviço prestado à empresa Usina Santa Clotilde S/A como trabalhador rural (14/10/1991 a 03/08/2017) deve ser considerado especial, pois desempenhou as funções laborais com exposição a agentes químicos (herbicidas), de forma habitual e permanente, não ocasional nem intermitente, sem a utilização de equipamento de proteção individual eficaz, conforme demonstra PPP (anexo n° 07). O item 15.3 do referido PPP é claro ao informar que a parte exerceu suas atividades aplicando herbicidas (fosforados e organofosforados) no plantio nos períodos de safra e entressafra. 9. No presente caso, reexaminando o laudo colacionado aos autos (anexo no 07), verifico que, quanto aos agentes químicos (herbicidas) não há indicação de uso de EPI eficaz no item 15.7. 10. Por outro lado, a exposição do trabalhador a agrotóxicos (herbicida, fungicida e inseticida), assim como a fertilizantes compostos de fósforo, decorrente da atividade de combate às pragas, doenças e ervas daninhas na lavoura canavieira, caracteriza a especialidade do labor desempenhado, em razão dos itens 1.0.11, 1.0.12 e 1.0.15, dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99, que incluem a fabricação e aplicação de inseticidas e fungicidas como sendo nocivo à saúde do trabalhador. Advirto que o Anexo III da NR 15 dispensa a avaliação quantitativa em tais casos, dado o grau de nocividade a que exposto o trabalhador. 11. Por fim, O STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Embora não publicado o acórdão, a notícia foi divulgada no sítio do STF. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 12. Confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos (cf. arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 13. Ressalto que não verifico a ocorrência de violações ou afrontas a dispositivos legais ou constitucionais, tampouco aos princípios regedores da matéria. 14. Recurso a que se nega provimento, condenando-se o recorrente, vencido, ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
2,476
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9-AL
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194.094086
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de pedido de concessão de aposentadoria especial, com repercussão financeira pretérita, ao qual resiste o INSS ao argumento de que a parte autora não comprovou o tempo de serviço/contribuição necessário à obtenção do benefício. Fundamento e decido. Inicialmente, impõe afastar o óbice da coisa julgada em relação a ação anteriormente ajuizada (0509099-79.2017.4.05.8013), vez que não há identidade de tempo de contribuição. Com efeito, a presente demanda versa sobre período de exposição maior que a anterior. A Constituição Federal de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional no 20/1998, assegura, em seu art. 201, §7o, I, o direito subjetivo consagrado aos trabalhadores de obterem a aposentadoria por tempo de contribuição se perfizerem o total de pelo menos 35(trinta e cinco) anos de serviço, se homem, obedecido o período de carência legal. Em tal hipótese a RMI corresponderá a cem por cento do salário-de-benefício (art. 52 e 53, II da Lei no 8.213/91). Em se tratando de atividades totalmente exercidas em condições especiais, a legislação previdenciária destaca o direito subjetivo consagrado aos trabalhadores de obterem a aposentadoria especial se perfizerem um total de 15, 20 ou 25 anos, conforme dispuser a lei (art. 57 da lei no 8.213/91). Exercido em condições insalubres, o reconhecimento do período especial prescinde da comprovação do exercício de tais atividades e da constância da mesma no enquadramento legal das atividades especiais. Assim, resta verificar se a parte conseguiu comprovar o requisito pertinente ao tempo de serviço necessário à concessão perquerida. . Destarte, é importante que se destaque que, em relação às atividades especiais, o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. Até o advento da Lei 9.032/95, publicada no D.O.U em 29/04/95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial com base na categoria profissional do trabalhador. A partir de então, nos termos do Decreto 2.172 de 05/03/97, tornou-se necessário a existência de laudo, emitido por profissional especializado em segurança do trabalho, atestando a exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador. É o que se depreende do julgado a seguir transcrito: “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. ATIVIDADE SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA EM QUE OS SERVIÇOS FORAM PRESTADOS. CONVERSÃO EM COMUM DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. LEI 9.032/95 E DECRETO 2.172/97. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. I – O tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente. II – A exigência de comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos, estabelecida no § 4o do art. 57 e §§ 1o e 2o do artigo 58 da Lei 8.213/91, este na redação da Lei 9.732/98, só pode aplicar-se ao tempo de serviço prestado durante a sua vigência, e não retroativamente, porque se trata de condição restritiva ao reconhecimento do direito. Se a legislação anterior exigia a comprovação da exposição aos agentes nocivos, mas não limitava os meios de prova, a lei posterior, que passou a exigir laudo técnico, tem inegável caráter restritivo ao exercício do direito, não podendo se aplicada a situações pretéritas. III – Até o advento da Lei 9.032/95, em 29-04-95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador. A partir desta Norma, a comprovação da atividade especial é feita por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, até a edição do Decreto 2.172 de 05-03-97, que regulamentou a MP 1523/96 (convertida na Lei 9.528/97), que passou a exigir o laudo técnico. (...) . V – Agravo interno desprovido.”[1] Quanto à possibilidade de conversão de tempo especial em comum, aplico entendimento no sentido de que o art. 28 da Lei 9.718/1998 não teve o condão de revogar o § 5o do art. 57 da Lei no 8.213/1991, sendo, portanto, em tese, possível a conversão do tempo especial em comum mesmo a partir de 28 de maio de 2008. Para tanto, adoto como razão de decidir fundamentos da decisão proferida pela Turma Nacional de Uniformização em decisão recente, como segue: “A respeito da discussão destes autos, convém trazer à baila o § 7o do artigo 57 da Lei no 8.213, de 1991, incluído pela Lei no 9.032, de 1995: § 5o O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. Em 28.05.1998, entretanto, adveio a Medida Provisória no 1.663-10, cujo artigo 28 determinou, de maneira expressa, a revogação do aludido § 5o do artigo 57 da Lei no 8.213, de 1991. Referida MP veio a ser reeditada sucessivas vezes. Numa das reedições – na 13a –, a revogação do § 5o do artigo 57 da Lei no 8.213 foi transferida para o artigo 31, passando o artigo 28 a ostentar o seguinte teor: O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998, sob condições especiais que sejam prejudiciais à saúde ou à integridade física, nos termos dos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 1991, na redação dada pelas Leis nos 9.032, de 28 de abril de 1995, e 9.528, de 10 de dezembro de 1997, e de seu regulamento, em tempo de trabalho exercido em atividade comum, desde que o segurado tenha implementado percentual do tempo necessário para a obtenção da respectiva aposentadoria especial, conforme estabelecido em regulamento. O Congresso Nacional, ao deliberar acerca da citada Medida Provisória, suprimiu de seu texto a determinação de revogação do § 5o do artigo 57, de modo que a Lei de conversão (Lei no 9.711, de 20.11.1998), diversamente da MP, não contém tal revogação do dispositivo. O que se manteve – por um provável descuido – foi o artigo 28, na redação, supratranscrita, que faz referência ao “tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998”, sem, contudo, revogar o § 5o do artigo 57 da Lei de Benefícios da Previdência Social. Permanece em vigor, destarte, o citado preceito da Lei no 8.213, de 1991. Não prospera, com a mais acendrada vênia, o argumento de que, a despeito de haver suprimido a revogação expressa do artigo 57, § 5o, da Lei no 8.213/1991, teria a Lei no 9.711/1998, através de seu artigo 28 (o qual, como visto, estatui que “O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998”), mantido a vedação à conversão de tempo de serviço especial em comum. Não se poderia supor que o legislador, deliberadamente, tenha suprimido um dispositivo de dicção clara e direta – “Revogam-se (...) o § 5o do art. 57 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991”, tal como estatuía a redação original da MP, antes da conversão em lei –, para proibir a conversão do tempo de serviço de maneira subliminar e indireta, através do citado artigo 28. É certo que o direito positivo é fértil em exemplos de má técnica legislativa; entretanto, a se admitir que tenha o legislador suprimido um dispositivo claro e objetivo para deixar, com a mesma finalidade daquele supresso, um outro de dúbia interpretação, ter-se-á que reconhecer que a má técnica atingiu seu ápice. Desse modo, a supressão de tal dispositivo “claro e objetivo” deve ser compreendida como a vontade evidente e deliberada de manter a possibilidade de conversão”.(JEF – TNU – Incidente de Uniformização de Jurisprudência. Processo 200763060019190. Relatora Juíza Federal Joana Carolina Lins Pereira. Decisão 18.12.2008. DJU 02.02.2009). Nesse sentido, aliás, tem caminhado a novel jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (5a Turma)[2], do Tribunal Regional Federal da 5a Região[3] e da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais[4]. Destaque-se ainda que a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, na esteira da jurisprudência retro mencionada, procedeu, em 27.03.2009, ao cancelamento do enunciado da Súmula no 16 (A conversão em tempo de serviço comum, do período trabalhado em condições especiais, somente é possível relativamente à atividade exercida até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei no 9.711/98). Quanto ao equipamento de proteção individual – EPI, segundo entendimento da Turma Nacional de Uniformização, o seu uso, por si só, não afasta a caracterização da especialidade da atividade exercida para o caso de agente agressivo ruído, conforme enunciado da Súmula no 09 da Turma de Uniformização Jurisprudencial: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.” Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida, e fixou a tese de que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria”. A Turma Nacional de Uniformização, ao julgar o Pedido de Uniformização no 2006.51.63.00.0174-1, decidiu que quando for apresentado Perfil Profissiográfico Previdenciário, devidamente preenchido (com o nome dos responsáveis pelos registros ambientais e desde que estes registros sejam contemporâneos aos períodos trabalhados, carimbo da empresa, data da confecção, menção aos agentes nocivos, assinatura do representante legal), que contemple, também, períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. No julgamento do PEDILEF 200651630001741 RJ, a Turma Nacional de Uniformização afastou a obrigatoriedade de apresentação de laudo técnico, verbis: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXIGIBILIDADE DO LAUDO TÉCNICO. AGENTE AGRESSIVO RUÍDO. APRESENTAÇÃO DO PPP - PERFILPROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE SUPRIMENTO DA AUSÊNCIA DO LAUDO PERICIAL. ORIENTAÇÃO DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSS. OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA EFICIÊNCIA. 1. A Instrução Normativa n. 27, de 30/04/08, do INSS, atualmente em vigor,embora padeça de redação confusa, em seu artigo 161, parágrafo 1o,prevê que, quando for apresentado o PPP, que contemple também os períodos laborados até 31/12/03, será dispensada a apresentação do laudo técnico. 2. A própria Administração Pública, consubstanciada na autarquia previdenciária, a partir de 2003, por intermédio de seus atos normativos internos, prevê a desnecessidade de apresentação do laudo técnico,para comprovação da exposição a quaisquer agentes agressivos, inclusive o ruído, desde que seja apresentado o PPP, por considerar que o documento sob exame é emitido com base no próprio laudo técnico, cuja realização continua sendo obrigatória, devendo este último ser apresentado tão-somente em caso de dúvidas a respeito do conteúdo do PPP. 3. O entendimento manifestado nos aludidos atos administrativos emitidos pelo próprio INSS não extrapola a disposição legal, que visa a assegurar a indispensabilidade da feitura do laudo técnico, principalmente no caso de exposição ao agente agressivo ruído. Ao contrário, permanece a necessidade de elaboração do laudo técnico, devidamente assinado pelo profissional competente, e com todas as formalidades legais. O que foi explicitado e aclarado pelas referidas Instruções Normativas é que esse laudo não mais se faz obrigatório quando do requerimento do reconhecimento do respectivo período trabalhando como especial, desde que, quando desse requerimento,seja apresentado documento emitido com base no próprio laudo, contendo todas as informações necessárias à configuração da especialidade da atividade. Em caso de dúvidas, remanesce à autarquia a possibilidade de exigir do empregador a apresentação do laudo, que deve permanecer à disposição da fiscalização da previdência social. 4. Não é cabível, nessa linha de raciocínio, exigir-se, dentro da via judicial, mais do que o próprio administrador, sob pretexto de uma pretensa ilegalidade da Instrução Normativa, que, conforme já dito, não extrapolou o ditame legal, apenas o aclarou e explicitou, dando a ele contornos mais precisos, e em plena consonância com o princípio da eficiência, que deve reger todos os atos da Administração Pública. 5. Incidente de uniformização provido, restabelecendo-se os efeitos da sentença e condenando-se o INSS ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Súmula 111 do STJ. (TNU, PEDILEF 200651630001741 RJ, Relator(a): JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, Julgamento: 03/08/2009, DJ 15/09/2009)(g.n) À luz da fundamentação acima esposada, temos que, de acordo com os formulários PPP e LTCAT acostados aos autos (Anexo 07), ficou provado que o autor trabalhou exposto a agentes químicos (derivados de hidrocarbonetos, entre outros), no período de 14/10/1991 a 03/08/2017, de forma habitual e permanente, não ocasional nem interminente. Em relação ao emprego de EPI, temos que a documentação apresentada é omissa no que se refere à sua eficácia. Tal lacuna não pode ser interpretada em desfavor do segurado, sob pena de violação do princípio indubio pro segurado/operario, pelo que os períodos acima citados devem ser classificados como especiais. Ademais, uma vez elaborado e apresentado PPP e/ou LTCAT, é ônus do INSS produzir prova em contrário a respeito das suas informações, o que não ocorreu na espécie. Assim, somando-se todo o período de tempo comum, mais o tempo comprovadamente trabalhado sob condições especiais, e, ainda, o tempo trabalhado como menor aprendiz, aufere-se, em 22/10/2015, data do requerimento administrativo de aposentadoria, um total de 25 ANOS, 09 MESES e 20 DIAS de tempo de contribuição (cf. planilha ao final desta sentença), o que seria suficiente para a concessão da aposentadoria vindicada. Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos, para condenar o INSS a: a) conceder ao autor o benefício de Aposentadoria Especial, com DIP em 1o/03/2018; b) em razão da natureza alimentar da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público; c) Condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas desde a data do requerimento administrativo, 11/08/2017, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora contados da data da citação, tudo na forma da planilha em anexo. d) Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). e) Transitada em julgado a presente sentença, e concluída a liquidação, expeça-se RPV. Intimem-se. Antônio José de Carvalho Araújo Juiz Federal CÁLCULO DO TEMPO: Período:Modo:Total normal:Acréscimo:Somatório: 14/10/1991 a 03/08/2017normal25 a 9 m 20 dnão há25 a 9 m 20 d [1] AGRESP 493458, Processo 200300062594/RS, Decisão de 03/06/2003, DJ 23/06/2003, p. 425, rel. Min. Gilson Dipp – STJ, Quinta Turma, v. u. [2] STJ. AgRg no Resp 1087805/RN. 5a Turma. Relatora Ministra Laurita Vaz.Julgamento19.02.2009. DJe
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0502339-83.2018.4.05.8400
2018-02-20 00:00:00
AGÊNCIA DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS (ADJ) (00.000.000/0000-00) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0251-35)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-27 20:52:45
Sentença - Parcialmente procedente
2018-06-13T13:02:04
Acórdão - TR
Almiro José da Rocha Lemos
2018-06-13 08:00:00
FABIO LUIZ DE OLIVEIRA BEZERRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
2
RN011610
SENTENÇA 1.Relatório Trata-se de ação especial proposta por FATIMA MARIA BASTOS CARDOSO contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando a concessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez, com pagamento de parcelas vencidas. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. 2.Fundamentação Após juntada do laudo pericial, as partes foram intimadas, mas nenhuma diligência, complementação ou audiência foi requerida, estando, pois, satisfeitas as partes quanto às provas produzidas. De fato, todas as provas relevantes para a análise do pedido do autor foram colhidas, não havendo necessidade de produção de outras provas. Considerando esta circunstância e o fato de que as partes não manifestaram interesse em conciliação, impõe-se o imediato julgamento de mérito. Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no 8.213/91, “o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”. Por outro lado, o artigo 42 da Lei no 8.213/91 estabelece que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (destacado). A carência para a concessão do benefício é de 12 (doze) meses, não sendo exigido tal requisito nos casos de acidentes, doença profissional ou do trabalho ou doenças especificadas em listas elaboradas pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social (artigos 25, I, 26, II e 151, todos da Lei 8.213/91 e Portaria Interministerial no 2.998/01). Para os segurados especiais que não contribuírem na forma do art. 39, II, da Lei 8.213/91, fica assegurado o auxílio-doença, no valor mínimo, diante da comprovação do desempenho de atividade rural, mesmo que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em quantidade de meses correspondentes à carência pertinente (inciso I do mesmo dispositivo). Faz-se, ainda, necessária a manutenção da qualidade de segurado, fazendo jus ao benefício caso também se encontre no chamado “período de graça”, período em que, muito embora este não mais esteja recolhendo contribuições, tem direito a benefícios e serviços, em razão da conservação da condição de segurado, nos termos do artigo 15 do mesmo diploma legal. Para a concessão do auxílio-doença não é exigida a incapacidade plena do segurado, sendo bastante a incapacidade parcial para o desempenho das funções laborativas. Nas situações em que o exame técnico não indicar que a incapacidade teve princípio em momento anterior, a data de início do benefício deve corresponder à do laudo. Entretanto, se o perito designado indicar que o periciando já era incapaz na data da avaliação, sem precisar desde quando, mas se houver elementos pretéritos nos autos acerca da data do início da incapacidade, o benefício será devido desde aquela data, observando-se, porém, como limite temporal a DER ou a data do ajuizamento da ação, a depender do caso. É importante ressaltar que a análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, caso em que o julgador poderá avaliar se, no caso concreto, a parte dispõe de possibilidades materiais para exercer as atividades para as quais está capacitada do ponto de vista médico; isto é, se na prática a incapacidade relativa equivale à incapacidade absoluta (para o trabalho em geral). Nesse sentido: PEDILEF 00528625720084036301, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 16/08/2013 pág. 79/115. No caso em tela, o ponto controvertido reside em saber se a parte autora está incapaz para o trabalho e, em caso positivo, se tal incapacidade é permanente ou temporária, bem como se mantém a condição de segurada. Conforme demonstra o laudo pericial juntado, verifica-se que a demandante é portadora de suspeita de lesão do manguito rotador à direita. O especialista concluiu que esse quadro clínico incapacita a parte autora de forma temporária para o exercício de atividades laborativas, desde o exame pericial (06/04/2018). No que diz respeito à fixação da data de início da incapacidade verificada, há posicionamento do STJ em sede de recurso repetitivo (1a. T., REsp no 1311665, rel. para Ac. Min. Sérgio Kukina, DJe de 17/10/2014) no qual passou a ser rechaçada a fixação da data de início do benefício (DIB) a partir do laudo pericial, “porquanto a prova técnica prestar-se-ia unicamente para nortear o convencimento do juízo quanto à pertinência do novo benefício, mas não para atestar o efetivo momento em que a moléstia incapacitante se instalou”. Assim, afastada a utilização da data do exame pericial como marco temporal do início da incapacidade, deve-se utilizar a data da citação da autarquia previdenciária como termo inicial para implantação do benefício por incapacidade, mesmo nos casos em que tenha havido prévia postulação administrativa, conforme julgado da TNU (PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009, rel. Frederico Augusto Leopoldino Koehler, DOU 13/11/2015). Dada a exiguidade do tempo entre a data da citação (22/02/2018) e a data da cessação do benefício anterior (09/02/2018), e considerando que não há justificativa médica para dois períodos de incapacidade serem intercalados com um ínfimo período de capacidade, concluo que a autora já estava incapacitada desde a cessação. Na referida data, a parte autora havia cumprido a carência exigida e mantinha a qualidade de segurado do RGPS, nos termos do artigo 15, II, da Lei 8.213/91, tanto que percebeu auxílio-doença até 09/02/2018 (anexo 15). Sendo assim, verifica-se que a autora faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde 10/02/2018, dia seguinte à cessação do benefício anterior. Por fim, considerando a legislação aplicável no termo inicial do benefício (MP 767/2016, que foi convertida na Lei 13.457/2017 em 26/06/2017, conforme DOU 27/06/2017); considerando que a jurisprudência majoritária dos tribunais regionais federais e da TNU que se formou sobre ilegitimidade da alta programada se fundamentava na ilegalidade do regulamento, o que não mais subsiste com sua previsão agora legal; considerando que não há inconstitucionalidade na inovação legislativa quanto à alta programada, pois remanesce ao segurado a opção de requerer prorrogação antes do termo final do benefício, não podendo ser considerado um indeferimento antecipado; considerando o prognóstico para recuperação do autor indicado no laudo judicial (dois meses, a contar da perícia judicial, em 06/04/2018), sendo inviável um prognóstico inferior a 120 dias, até porque a própria Medida Provisória 739/2016 definiu este prazo em caso de não fixação na decisão judicial; fixo o termo final do benefício em 06/08/2018 (DCB), ressalvando-se a possibilidade de pedido administrativo de prorrogação, devendo a parte autora, neste caso, ser submetido à perícia médica administrativa. 3. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para condenar o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS a conceder o benefício de auxílio-doença à parte autora desde 10/02/2018 (DIB), dia seguinte à cessação do benefício anterior, com cessação estabelecida para 06/08/2018 (DCB), ressalvada à parte autora a possibilidade de pedido administrativo de prorrogação, devendo, neste caso, ser submetida à perícia médica a ser designada pela autarquia previdenciária. Não há pagamento em atrasados por requisitório, uma vez que o recebimento na via administrativa (DIP) corresponderá ao termo inicial do benefício (DIB). Dado que a verba pleiteada na inicial, e ora deferida, tem caráter alimentar, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA, em cumprimento aos princípios da dignidade da pessoa humana e da efetividade processual, razão pela qual determino o cumprimento da obrigação de fazer (implantação do benefício), no prazo de 22 (vinte e dois) dias após a intimação desta sentença, independentemente da expedição de ofício, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00 (cem reais) em caso de descumprimento. Condeno o INSS ainda ao ressarcimento dos honorários periciais pagos pela JFRN. Defiro o benefício de Justiça Gratuita pleiteado. Sem custas e honorários advocatícios. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Natal-RN, 26 de abril de 2018.
PROCESSO 0502339-83.2018.4.05.8400 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DATA DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO. FIXAÇÃO PRÉVIA DE TERMO FINAL PARA CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO. ALTA PROGRAMADA JUDICIAL. COMPATIBILIDADE COM A LEI 8.213/91. ENTRADA EM VIGOR DA LEI 13.457/2017. PERÍCIA FIXOU INCAPACIDADE POR PERÍODO CERTO. RECURSO DO INSS PROVIDO. VOTO Trata-se de recurso inominado contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de "concessão de auxílio doença", com DCB fixada em 06/08/2018. Alega, o INSS, que o prazo de fixação da DCB foi exagerado, já que levou em consideração um prazo de 120 dias. Aduz a Autarquia Previdenciária que, em verdade, a DCB deveria ter sido fixada com base em 60 dias, já que foi este o prazo fixado pelo próprio laudo médico pericial. Inicialmente, impende esclarecer que, em relação à dita "alta programada", em longa discussão travada no julgamento do processo no 0503636-84.2016.4.05.8404, em sessão realizada no dia 15/03/2017, decidiu este colegiado que a Medida Provisória 767, de 06.01.2017, aplica-se apenas aos benefícios cuja data de início de incapacidade seja posterior à sua vigência, restando vencedor o voto do eminente colega Francisco Glauber Pessoa Alves, cuja fundamentação passo a adotar, em respeito ao princípio da colegialidade: "8. O artigo 71, da Lei n° 8.212/91 assevera que: "O Instituto Nacional do Seguro Social-INSS deverá rever os benefícios, inclusive os concedidos por acidente do trabalho, ainda que concedidos judicialmente, para avaliar a persistência, atenuação ou agravamento da incapacidade para o trabalho alegada como causa para a sua concessão." Desse modo, não pode haver óbice à reavaliação médica pela autarquia, a fim de averiguar a permanência ou a cessação dos motivos que levaram ao deferimento do benefício. 9. Acerca da matéria, recentemente a TNU decidiu que: "No caso dos autos, verifica-se que o Colegiado de origem manteve a sentença, a qual fixara previamente um termo final para a cessação do benefício, independentemente de o recorrente ser submetido a uma reavaliação por perícia médica. - Contudo, para que ocorra a cessação do auxílio-doença, o segurado deverá submeter-se a nova perícia médica para que seja comprovada a cessação da incapacidade, em respeito ao artigo 62, da Lei no 8.213/91, o qual prescreve que não cessará o benefício até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência. Logo, não há que se falar em fixação de termo final para a cessação do pagamento do benefício previdenciário de auxílio-doença através de decisão judicial (Alta Programada Judicial), uma vez que a perícia médica é condição indispensável à cessação do benefício, pois somente ela poderá atestar se o segurado possui condição de retornar às suas atividades ou não. - Logo, vê-se que a Turma Recursal de origem, ao fixar um termo final para cessação do auxílio-doença (Alta Programada Judicial), foi de encontro ao que preceitua a Lei de Benefícios Previdenciários. Ora, o prazo indicado pelo perito como suficiente ao restabelecimento da capacidade é apenas uma estimativa, máxime porque depende de fatores alheios à vontade do requerente, de sorte que o magistrado não tem condições de fixar de antemão a data de recuperação. - Desse modo, quanto a este ponto, deve-se dar provimento ao Incidente para que se retire o termo final do benefício fixado judicialmente." (TNU, PEDILEF 05013043320144058302, rel. Juiz Federal Frederico Augusto Leopoldino Koehler, DOU 18/12/2015, p. 187). 10. Ademais, vale destacar que, à época em que prolatada a sentença, a MP n. 739/2016 já havia perdido sua eficácia, em razão da extrapolação do prazo de tramitação. Consoante Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n. 58, de 07.11.2016, a referida MP teve vigência até 04.11.2016. Com efeito, de acordo com o § 3o do artigo 62, da Constituição Federal: "As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7o, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes".11. Resta a discussão sobre a incidência da MP n. 767, de 06.01.2017, que incluiu um novo § 11 no art. 60, renovando a possibilidade da alta programada, à semelhança do caduco § 8o do artigo 60 da Lei 8.213/1991, incluído pela igualmente caduca MP n. 739/2016. O novel preceito rege que, sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Assim, há um marco normativo inovador, que positivou a alta programada administrativa ou judicial. Por sua vez, o § 12 do art. 60, igualmente inserido pela MP n. 767, de 06.01.2017, renovou o comando outrora inserto no caduco § 9o do artigo 60 da Lei 8.213/1991, incluído pela igualmente caduca MP n. 739/2016, ao estabelecer que "Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 11, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no artigo 62". 12. Ao discutir a MP n. 739/2016, este Colegiado decidira pela aplicabilidade da alta programada judicial. Precedentes do Plenário: Autos n. 0501689-92.2016.4.05.8404, rel. Carlos Wagner Dias Ferreira (vencido, que entendia inaplicável ao judiciário o referido preceito normativo), composição ainda, dos Juízes Federais Almiro José da Rocha Lemos e Francisco Glauber Pessoa Alves (relator para o acórdão), sessão de julgamento de 13.10.2016; Autos n. 050545.21.2016.4.05.8404, rel. Francisco Glauber Pessoa Alves, composição, ainda, dos Juízes Federais Almiro José da Rocha Lemos e Carlos Wagner Dias Ferreira. Contudo, ali se firmara que a inovação somente deveria ser aplicada às sentenças proferidas sob sua vigência (CPC, art. 493: Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão), bem como se houver elementos seguros nos autos que permitam sua fixação (§ 8o). Caso contrário, o prazo de cessação do benefício será de 120 dias, caso o segurado não efetue o requerimento de prorrogação do benefício junto ao INSS (§ 9o). 13. A lógica imporia reiteração do entendimento. Porém, refletindo sobre a matéria, creio que a limitação temporal do benefício é medida que se contrapõe ao direito adquirido do segurado ou assistido, já que lhe impõe ônus anteriormente inexistente (requerer continuidade do benefício e submeter-se a nova perícia). Em se considerando assim, parece-me mais consentâneo com o princípio consagrado da segurança jurídica, em sua concepção direito adquirido (art. 5o, XIII da CF: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada) e da proteção previdenciária firmar a premissa de que a novel legislação (MP n. 767, de 06.01.2017, e lei da sua eventual conversão advier), portanto, a alta programada judicial, só possa incidir a partir dos atos administrativos que concedam ou neguem requerimentos administrativos firmados sob sua vigência, pena de ofensa a cláusula constitucional. Nesse sentido, já decidira o STF ao tratar da aplicação imediata ou não da Lei n. 9.032/95, ali assinalando: "EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSTO PELO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), COM FUNDAMENTO NO ART. 102, III, "A", DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM FACE DE ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO: PENSÃO POR MORTE (LEI No 9.032, DE 28 DE ABRIL DE 1995). (...) 8. Levantamento da jurisprudência do STF quanto à aplicação da lei previdenciária no tempo. Consagração da aplicação do princípio tempus regit actum quanto ao momento de referência para a concessão de benefícios nas relações previdenciárias. Precedentes citados: RE no 258.570/RS, 1a Turma, unânime, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 19.4.2002; RE (AgR) no 269.407/RS, 2a Turma, unânime, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 2.8.2002; RE (AgR) no 310.159/RS, 2a Turma, unânime, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 6.8.2004; e MS no 24.958/DF, Pleno, unânime, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 1o.4.2005. 9. Na espécie, ao reconhecer a configuração de direito adquirido, o acórdão recorrido violou frontalmente a Constituição, fazendo má aplicação dessa garantia (CF, art. 5o, XXXVI), conforme consolidado por esta Corte em diversos julgados: RE no 226.855/RS, Plenário, maioria, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 13.10.2000; RE no 206.048/RS, Plenário, maioria, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ acórdão Min. Nelson Jobim, DJ 19.10.2001; RE no 298.695/SP, Plenário, maioria, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 24.10.2003; AI (AgR) no 450.268/MG, 1a Turma, unânime, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 27.5.2005; RE (AgR) no 287.261/MG, 2a Turma, unânime, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 26.8.2005; e RE no 141.190/SP, Plenário, unânime, Rel. Ilmar Galvão, DJ 26.5.2006. (...) 15. Salvo disposição legislativa expressa e que atenda à prévia indicação da fonte de custeio total, o benefício previdenciário deve ser calculado na forma prevista na legislação vigente à data da sua concessão. A Lei no 9.032/1995 somente pode ser aplicada às concessões ocorridas a partir de sua entrada em vigor. 16. No caso em apreço, aplica-se o teor do art 75 da Lei 8.213/1991 em sua redação ao momento da concessão do benefício à recorrida. 17. Recurso conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido" (STF, Pleno, RE 415454, rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 26/10/2007). 14. Dito entendimento, a meu ver, continua atual: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DEFERIDO ANTES DA LEI 9.876/99. IMPOSSIBILIDADE DE RETROAÇÃO. CONJUGAÇÃO DE VANTAGENS DO NOVO SISTEMA COM O ANTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. . AGRAVO IMPROVIDO. I - Em matéria previdenciária, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a lei de regência é a vigente no tempo de concessão do benefício (tempus regit actum). II - Inexiste direito adquirido a determinado regime jurídico, razão pela qual não é lícito ao segurado conjugar as vantagens do novo sistema com aquelas aplicáveis ao anterior. III - Agravo regimental improvido. 15. Porém, esta Turma Recursal, vencido este relator, em composição plena, firmou entendimento que o marco temporal a ser observado para se determinar a (in) aplicabilidade das inovações advindas com Medida Provisória 767/2017 é a data de início da incapacidade (DII) (Autos n. 0502188-82.2016.4.05.8402, rel. Carlos Wagner Dias Ferreira, participaram da sessão, ainda, os Juízes Federais Almiro José da Rocha Lemos e Francisco Glauber Pessoa Alves, data de julgamento: 15/03/2017). 16. Em resumo, temos que: a) descabida a alta programada nas situações anteriores às MPs ns. 739/2016 e 767/2017; b) a MP n. 739/2016 caducou em 04.11.2016; c) a alta programada passou a ser novamente possível com a MP n. 767/2017 incidente, porém, somente quando a DII (Data de Início da Incapacidade) tiver ocorrido na sua vigência; d) mesmo sob a égide da MP n. 767/2017, a alta programada só terá lugar se houver elementos seguros nos autos que permitam sua fixação (§ 8o), sem o quê o prazo de cessação do benefício será de 120 dias, podendo, porém, o segurado efetuar o requerimento de prorrogação do benefício junto ao INSS (§ 9o). 17. Destacou o juízo sentenciante: "Em relação à incapacidade, o laudo pericial (anexo 15) concluiu que a parte requerente está incapacitada temporariamente pelo período de pelo menos 06 (seis) meses, a partir de 23/11/2016 - data da realização da perícia -, devido ser portadora de artrite reumatóide não especificada e síndrome de felty. Quanto ao segundo requisito, qual seja, a qualidade de segurado do RGPS e a carência legal exigida, esta também foram preenchidas, visto que a postulante detém vasto período de atividade rural homologada pela Autarquia Previdenciária, de 26/01/2001 a 18/01/2016 - anexo 03. Outrossim, considerando que a incapacidade diagnosticada somente ocorreu após o requerimento administrativo, sendo a partir da realização da pericia judicial, entendo que a DIB deve ser fixada a partir da citação válida, conforme entendimento adotado pela Turma Recursal do Estado do Rio Grande do Norte, in vervis:" 18. A autora é portadora de artrite reumatoide não especificada (CID M 06.9) e síndrome de Felty (CID M05.0), enfermidades que ocasionam incapacidade total e temporária para a atividade laboral (anexo 15). O início da incapacidade foi fixado em 20/01/2016, considerando-se atestado do médico apresentado pela postulante. 19. Nos termos dos parâmetros acima enunciados, se o início da incapacidade for fixada em momento posterior ao requerimento administrativo (09/03/2016), a DIB deve contar da data da citação (17/11/2016). 20. Entretanto, tenho que no presente caso pode-se presumir que o estado incapacitante já existia na época do requerimento administrativo (09/03/2016), mormente porque o lapso temporal entre o requerimento administrativo (DER) e a data da incapacidade fixada no laudo é bem exíguo. 21. Quanto à data de cessação do benefício, verifica-se que o indeferimento administrativo é anterior à vigência da MP n. 767, de 06.01.2017. Assim, tenho que incabível a fixação de alta programda judicial. 22. Recurso provido para fixar a DIB na data do requerimento administrativo (09/03/2016) e determinar a concessão do benefício por prazo indeterminado, devendo a demandante ser reavaliada administrativamente, para a avaliação da persistência ou cessação da incapacidade laboral. 23. Recorrente-vencedor, não há falar em condenação em custas e honorários advocatícios". Com estes registros, passo ao exame do caso concreto. Eis os termos da peça recursal: "(...) Como é sabido, o § 11o do artigo 60 da Lei 8.213/1991, incluído pela Medida Provisória 767/2017, de 06 de janeiro de 2017, dispõe que sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício, de modo a positivar a alta programada judicial. Por certo que tal norma não impede que o segurado, julgando-se ainda incapacitado ao término do prazo estimado de recuperação, ingresse oportunamente com pedido de prorrogação do benefício, de maneira que, caso venha a ser constatada a subsistência do quadro incapacitante, o auxílio-doença será prorrogado. Todavia, o ato de fixação da DCB não pode ser aleatório, sob pena de ser ilegal, na medida em que deve seguir o balizador do caso concreto, qual seja, o laudo pericial, não devendo esse ser cingido para filtrar a expertise daquele que o assina. Em outros termos, não pode o laudo pericial servir de principal fundamento para a concessão de um benefício, e sem justificativa maior, ser afastado quanto ao tempo provável para a recuperação da parte autora. Isso porque àquele a quem compete dizer se há incapacidade, também deve competir dizer o prazo razoável para a cura. Com a devida vênia, no caso concreto, o laudo pericial que serve para atestar a incapacidade foi parcialmente afastado, sem maiores explicações, quanto à DCB, observando que o, de acordo com a data de condenação juiz sentenciante, este concedeu ao autor 4 meses de benefício. Assim, a fixação da DCB em 06/08/2018, em dissonância com o exposto no laudo médico não persiste, principalmente depois do recentíssimo Acórdão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte - TRRN, a qual deu provimento a recurso interposto pelo INSS para, reformando a sentença, fixar a DCB de acordo com o laudo pericial (...).". O exame da sentença, de fato, demonstra o seu desacerto pontual, na medida em que foi fixado prazo de cessação do benefício em desacordo com a avaliação médica, tomando por base estimativa feita pelo magistrado, o que afronta a previsão legal. Observa-se no laudo pericial o seguinte: "(...) 4.2) Havendo INCAPACIDADE para a atividade informada (atual ou última), é temporária ou definitiva? Caso a incapacidade seja temporária, qual o prazo ideal para tratamento o qual o (a) autor(a) não poderia trabalhar na sua atividade habitual ? incapacidade temporária (recuperação previsível em curto/médio prazo); Observações (se necessárias - prazo de incapacidade temporária): 2 meses para providencial exames mais recentes (usom ou ressonância) e assim confirmarmos o diagnóstico. (...).". Ou seja, deve ser considerado, de fato, a perícia judicial que mencionou o prazo de 2 meses. Logo, tal situação autoriza a estipulação de DCB conforme disposto no laudo pericial médico, e não providência contrária, como feito na sentença recorrida. Assim, tomando por base a conclusão do perito judicial, dou provimento ao recurso para, reformando parcialmente a sentença, fixar a DCB em 06/06/2018. É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, para reformar a sentença, nos termos do voto do Juiz Relator. Sem honorários.
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7-RN
1
66.360938
PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação especial proposta por FATIMA MARIA BASTOS CARDOSO contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, objetivando a concessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez, com pagamento de parcelas vencidas. É o sucinto relatório, que seria até dispensado, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei no 9.099/1995, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, em consonância com o art. 1o da Lei no 10.259/2001. 2.Fundamentação Após juntada do laudo pericial, as partes foram intimadas, mas nenhuma diligência, complementação ou audiência foi requerida, estando, pois, satisfeitas as partes quanto às provas produzidas. De fato, todas as provas relevantes para a análise do pedido do autor foram colhidas, não havendo necessidade de produção de outras provas. Considerando esta circunstância e o fato de que as partes não manifestaram interesse em conciliação, impõe-se o imediato julgamento de mérito. Segundo dispõe o artigo 59, da Lei no 8.213/91, “o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigível nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”. Por outro lado, o artigo 42 da Lei no 8.213/91 estabelece que “a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (destacado). A carência para a concessão do benefício é de 12 (doze) meses, não sendo exigido tal requisito nos casos de acidentes, doença profissional ou do trabalho ou doenças especificadas em listas elaboradas pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social (artigos 25, I, 26, II e 151, todos da Lei 8.213/91 e Portaria Interministerial no 2.998/01). Para os segurados especiais que não contribuírem na forma do art. 39, II, da Lei 8.213/91, fica assegurado o auxílio-doença, no valor mínimo, diante da comprovação do desempenho de atividade rural, mesmo que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em quantidade de meses correspondentes à carência pertinente (inciso I do mesmo dispositivo). Faz-se, ainda, necessária a manutenção da qualidade de segurado, fazendo jus ao benefício caso também se encontre no chamado “período de graça”, período em que, muito embora este não mais esteja recolhendo contribuições, tem direito a benefícios e serviços, em razão da conservação da condição de segurado, nos termos do artigo 15 do mesmo diploma legal. Para a concessão do auxílio-doença não é exigida a incapacidade plena do segurado, sendo bastante a incapacidade parcial para o desempenho das funções laborativas. Nas situações em que o exame técnico não indicar que a incapacidade teve princípio em momento anterior, a data de início do benefício deve corresponder à do laudo. Entretanto, se o perito designado indicar que o periciando já era incapaz na data da avaliação, sem precisar desde quando, mas se houver elementos pretéritos nos autos acerca da data do início da incapacidade, o benefício será devido desde aquela data, observando-se, porém, como limite temporal a DER ou a data do ajuizamento da ação, a depender do caso. É importante ressaltar que a análise das condições pessoais ou sociais da parte somente é relevante quando a perícia atesta a incapacidade para algumas atividades e capacidade para outras, caso em que o julgador poderá avaliar se, no caso concreto, a parte dispõe de possibilidades materiais para exercer as atividades para as quais está capacitada do ponto de vista médico; isto é, se na prática a incapacidade relativa equivale à incapacidade absoluta (para o trabalho em geral). Nesse sentido: PEDILEF 00528625720084036301, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DOU 16/08/2013 pág. 79/115. No caso em tela, o ponto controvertido reside em saber se a parte autora está incapaz para o trabalho e, em caso positivo, se tal incapacidade é permanente ou temporária, bem como se mantém a condição de segurada. Conforme demonstra o laudo pericial juntado, verifica-se que a demandante é portadora de suspeita de lesão do manguito rotador à direita. O especialista concluiu que esse quadro clínico incapacita a parte autora de forma temporária para o exercício de atividades laborativas, desde o exame pericial (06/04/2018). No que diz respeito à fixação da data de início da incapacidade verificada, há posicionamento do STJ em sede de recurso repetitivo (1a. T., REsp no 1311665, rel. para Ac. Min. Sérgio Kukina, DJe de 17/10/2014) no qual passou a ser rechaçada a fixação da data de início do benefício (DIB) a partir do laudo pericial, “porquanto a prova técnica prestar-se-ia unicamente para nortear o convencimento do juízo quanto à pertinência do novo benefício, mas não para atestar o efetivo momento em que a moléstia incapacitante se instalou”. Assim, afastada a utilização da data do exame pericial como marco temporal do início da incapacidade, deve-se utilizar a data da citação da autarquia previdenciária como termo inicial para implantação do benefício por incapacidade, mesmo nos casos em que tenha havido prévia postulação administrativa, conforme julgado da TNU (PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009, rel. Frederico Augusto Leopoldino Koehler, DOU 13/11/2015). Dada a exiguidade do tempo entre a data da citação (22/02/2018) e a data da cessação do benefício anterior (09/02/2018), e considerando que não há justificativa médica para dois períodos de incapacidade serem intercalados com um ínfimo período de capacidade, concluo que a autora já estava incapacitada desde a cessação. Na referida data, a parte autora havia cumprido a carência exigida e mantinha a qualidade de segurado do RGPS, nos termos do artigo 15, II, da Lei 8.213/91, tanto que percebeu auxílio-doença até 09/02/2018 (anexo 15). Sendo assim, verifica-se que a autora faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde 10/02/2018, dia seguinte à cessação do benefício anterior. Por fim, considerando a legislação aplicável no termo inicial do benefício (MP 767/2016, que foi convertida na Lei 13.457/2017 em 26/06/2017, conforme DOU 27/06/2017); considerando que a jurisprudência majoritária dos tribunais regionais federais e da TNU que se formou sobre ilegitimidade da alta programada se fundamentava na ilegalidade do regulamento, o que não mais subsiste com sua previsão agora legal; considerando que não há inconstitucionalidade na inovação legislativa quanto à alta programada, pois remanesce ao segurado a opção de requerer prorrogação antes do termo final do benefício, não podendo ser considerado um indeferimento antecipado; considerando o prognóstico para recuperação do autor indicado no laudo judicial (dois meses, a contar da perícia judicial, em 06/04/2018), sendo inviável um prognóstico inferior a 120 dias, até porque a própria Medida Provisória 739/2016 definiu este prazo em caso de não fixação na decisão judicial; fixo o termo final do benefício em 06/08/2018 (DCB), ressalvando-se a possibilidade de pedido administrativo de prorrogação, devendo a parte autora, neste caso, ser submetido à perícia médica administrativa. 3. Dispositivo Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para condenar o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS a conceder o benefício de auxílio-doença à parte autora desde 10/02/2018 (DIB), dia seguinte à cessação do benefício anterior, com cessação estabelecida para 06/08/2018 (DCB), ressalvada à parte autora a possibilidade de pedido administrativo de prorrogação, devendo, neste caso, ser submetida à perícia médica a ser designada pela autarquia previdenciária. Não há pagamento em atrasados por requisitório, uma vez que o recebimento na via administrativa (DIP) corresponderá ao termo inicial do benefício (DIB). Dado que a verba pleiteada na inicial, e ora deferida, tem caráter alimentar, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA, em cumprimento aos princípios da dignidade da pessoa humana e da efetividade processual, razão pela qual determino o cumprimento da obrigação de fazer (implantação do benefício), no prazo de 22 (vinte e dois) dias após a intimação desta sentença, independentemente da expedição de ofício, sob pena de multa diária no valor de R$ 100,00 (cem reais) em caso de descumprimento. Condeno o INSS ainda ao ressarcimento dos honorários periciais pagos pela JFRN. Defiro o benefício de Justiça Gratuita pleiteado. Sem custas e honorários advocatícios. Publicação e registro decorrem automaticamente da validação desta sentença no sistema eletrônico. Intimem-se. Natal-RN, 26 de abril de
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
68
0511744-98.2017.4.05.8200
2017-08-22 00:00:00
APS BAYEUX (13.001.010) (29.979.036/0751-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2017-12-15 09:38:25
Sentença - Improcedente
2018-06-14T14:53:10
Acórdão - desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2018-06-08 09:00:00
RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
INDEFERIDA
Execução de Título Judicial
6,100
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
1
PE028022
SENTENÇA Dispensado o relatório do caso examinado, na forma do art. 1o da Lei no 10.259/2001, combinado com o art. 38 da Lei no 9.099/95, passo a decidir. Pretende o demandante o reconhecimento de tempo de serviço prestado em condições especiais e a concessão de aposentadoria especial (DER 04/07/2016). Tempo especial O regime jurídico relativo ao tempo de serviço desenvolvido em condições especiais tem sofrido diversas alterações ao longo do tempo. Mas a jurisprudência firmou-se no sentido de que o reconhecimento da natureza especial do tempo de serviço do segurado se dá de acordo com a legislação vigente à época em que o serviço foi prestado, em manifestação do princípio tempus regit actum. Assim, o segurado tem direito adquirido à contagem e à comprovação do tempo de trabalho especial de acordo com a legislação da época em que realizou a atividade. Em resumo, o tempo de serviço exercido sob condições especiais é regido pelas seguintes normas: a) até 28.04.1995 (vigência da LOPS e da Lei no 8.213/91 em sua redação original): - enquadramento: feito com base nos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79, que elencavam: a) categorias profissionais; e b) agentes nocivos, penosos, perigosos ou insalubres. Caso o segurado integrasse uma das categorias ou estivesse sujeito a um dos agentes listados nos decretos, eram presumidos os riscos de danos à sua saúde; - prova: por meio da CTPS ou de formulário preenchido pela empresa, dispensando-se a produção de qualquer prova técnica para o reconhecimento da natureza especial do tempo de serviço, exceto para o ruído, cujo laudo técnico já era exigido. b) de 29.04.1995 a 05.03.1997 (vigência da Lei no 9.032/95, ainda não regulamentada): - enquadramento: continuava a ser feito com base nas listas dos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79, mas foi extinto o enquadramento com base unicamente na categoria profissional. Passou a ser exigida a efetiva exposição do trabalhador a agentes nocivos, de forma habitual e permanente, não ocasional nem intermitente; - prova: à falta de regulamentação da Lei no 9.032/95, a comprovação do tempo de trabalho sob condição especial era feita mediante o simples preenchimento dos formulários padronizados da Previdência Social (SB-40, DSS 8030), não se exigindo ainda laudo técnico, exceto para o ruído. c) a partir de 06.03.1997 (vigência do Decreto no 2.172/97, que regulamentou a Lei no 9.528/97, resultante da conversão da MP no 1.523/96): - enquadramento: o Decreto no 2.172/97 substituiu as listas de agentes previstas nos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79; - prova: necessária a apresentação dos formulários padronizados da Previdência Social (SB-40, DSS 8030) preenchidos pela empresa e do laudo técnico. d) a partir de 06.05.1999 (vigência do Decreto no 3.048/99, que estabeleceu novo regulamento da Lei no 8.213/91): - enquadramento: o Decreto no 3.048/99 substituiu a lista de agentes prevista no Decreto no 2.172/97; - prova: manteve-se a sistemática anterior, ou seja, formulários padronizados preenchidos pela empresa e laudo técnico. e) a partir de 01.01.2004 (Decreto no 4.032/2001, que alterou o Decreto no 3.048/99): - enquadramento: continuou sendo feito com base na lista do Decreto no 3.048/99; - prova: mediante apresentação do Perfil Profissiográfico Previdenciário, criado pela Lei no 9.578/97, mas somente exigido a partir de 01.01.2004, como determinado pelo Decreto no 4.032/2001. Esse documento deve ser preenchido pela empresa com base no laudo técnico, que não precisa mais ser apresentado ao INSS, devendo ficar arquivado na empresa. Tanto o laudo quanto o PPP devem ser atualizados anualmente. Ressalte-se que, quando o agente nocivo é o ruído, deve-se observar que sempre foi exigido pela legislação o laudo técnico comprobatório dos níveis a que esteve submetido o segurado. Com efeito, somente a partir da medição desses níveis é possível avaliar se o segurado esteve sujeito a risco de dano à saúde. O STJ, ao julgar a PET n.o9.059/RS, reafirmou o entendimento de que, na vigência do Decreto n.o 2.172/97, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n.o 4.882/03 (Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 28/08/2013, DJe 09/09/2013). Assim, a fim de se adequar ao entendimento firmado pelo STJ quanto à irretroatividade do índice de ruído previsto no Decreto n.o4.882/03, a TNU, na sessão realizada em 09.10.2013, cancelou a sua Súmula n.o32, cujo enunciado dispunha que “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força de edição do Decreto n 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”. Logo, o tempo de serviço prestado com exposição a ruído deve ser considerado como especial apenas se o nível tiver sido superior a: 80 decibéis, na vigência do Decreto n.o 53.831/64; 90 decibéis, a contar de 5.03.1997 (início da vigência do Decreto n.o2.172/97); e 85 decibéis a partir de 19.11.2003 (início da vigência do Decreto n.o 4.882/03). Fixados esses parâmetros, cabe analisar a situação posta nestes autos. Pretende a concessão de aposentadoria especial mediante o reconhecimento dos seguintes períodos especiais dispostos na petição inicial: 01/06/1987 a 23/04/2003 e de 04/06/2001 a 04/07/2016. O resumo de documentos para cálculo do tempo de contribuição – RDCTC, a. 06, demonstra que o INSS reconheceu os intervalos acima apenas como tempo de contribuição comum. Passo, pois, a análise dos períodos como tempo especial. I) 01/06/1987 a 23/04/2003 Requer o promovente que o período em que exerceu a função de soldado da Polícia Militar do Estado da Bahia seja averbado no RGPS como tempo especial, com a consequente conversão em tempo comum, com aplicação do fator 1.4. Quanto ao tema em questão, o informativo 781 do STF, conforme julgado abaixo, destacou, com propriedade que: Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2 O Plenário asseverou que, relativamente às policiais militares, o parâmetro de controle de inconstitucionalidade por omissão não se mostraria adequado. Com o advento das EC 18/1998 e EC 20/1998, os militares teriam sido excluídos do conceito de “servidores públicos” anteriormente concedido pela Constituição, para que não mais houvesse vínculo com os servidores civis. A organização e o regime jurídico dos militares, desde a forma de investidura até as formas de inatividade, diferiria fundamentalmente do regime dos servidores civis. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar seriam forças destinadas à execução dos serviços de segurança pública. Especificamente, as Polícias Militares estaduais seriam instituições de natureza perene, com a competência constitucional de polícias ostensivas. Seus membros integrariam carreira típica estadual (CF, art. 42). Assim, haveria a necessidade jurídica de um regime previdenciário próprio dos militares estaduais, a ser normatizado em lei estadual específica, diversa da lei que regulasse o regime próprio dos servidores públicos. Nesse sentido, conforme jurisprudência da Corte, a interpretação do § 1o do art. 42 da CF impor-se-ia no sentido da inaplicabilidade da regra de aposentadoria especial prevista no art. 40, § 4o, da CF em favor de policial militar estadual. Esse entendimento fora confirmado também em julgamentos de ações nas quais o STF analisara a possibilidade de cumulação de proventos decorrentes de aposentadoria na condição de servidor público civil com proventos oriundos de aposentadoria na carreira militar. Fosse de se reconhecer a identidade do regime previdenciário a que submetida essa aposentadoria, não poderia a Corte ter garantido o direito de acumulação pleiteado na origem, pela vedação expressa do art. 40, § 6o, da CF. Desse modo, existiriam duas espécies de regimes previdenciários próprios: um para servidores civis e outro para militares. Por isso, o art. 40, § 2o, da CF somente permite a existência de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, ressalvado o disposto no art. 142, § 3o, X, da CF. Portanto, não haveria omissão inconstitucional quanto ao art. 40, §§ 1o e 4o, da CF, porque essa norma constitucional seria inaplicável aos militares. Ademais, a aposentadoria dos policiais militares paulistas seria regulamentada pelo Decreto-Lei estadual 260/1970 e pela LC estadual 1.150/2011. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia do pedido formulado. Entendia que o STF não teria competência para julgar a ação, tendo em vista suposta omissão do governador e da assembleia legislativa estadual. Reputava que seria competente o Judiciário local. No mérito, julgava o pedido procedente. ADO 28/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.4.2015. (ADO-28) (destaquei) Disso, vê-se que a súmula vinculante 33 do STF não seria aplicável aos militares, justamente pela existência de regime próprio para eles (previsto, atualmente, na LC 51/1985). Inclusive, nos comentários a Sumula vinculante 33 do STF, há informação interessante (acesso emhttp://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menusumario.asp?sumula=1941), conformando o que foi dito acima: "2. O Plenário desta Corte, de fato, reconheceu a aplicação da lei geral da previdência para os casos de aposentadoria especial de servidor público civil (MI 721, Rel. Min. Marco Aurélio). Ocorre que a referida conclusão não pode ser aplicada indistintamente aos servidores públicos militares, porquanto há para a categoria disciplina constitucional própria (ARE 722.381-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes). 3. Com efeito, nos termos do art. 42 da Carta, não são aplicáveis aos servidores militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as regras relativas aos critérios diferenciados de aposentadoria de servidores civis que exerçam atividades de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Isso porque, nesses casos, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores militares. E, existindo norma específica (Lei Complementar no 51/1985 ou Decreto-Lei estadual no 260/1970), não há que se falar em omissão legislativa. Nesse sentido, veja-se o MI 5.390- AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia; e o MI 2.283-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro Dias Toffoli, (..)" (ARE 775070 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 22.10.2014) Por fim, verifica-se que há tema submetido a repercussão geral (pendente de julgamento no STF) que trata do caso: Tema 942 - Possibilidade de aplicação das regras do regime geral de previdência social para a averbação do tempo de serviço prestado em atividades exercidas sob condições especiais, nocivas à saúde ou à integridade física de servidor público, com conversão do tempo especial em comum, mediante contagem diferenciada. Relator: MIN. LUIZ FUX Leading Case: RE 1014286 Todavia, até o julgamento deste feito pelo STF, entendo, alinhado às razões acima do julgado do Supremo, pela impossibilidade do computo desse tempo como especial. Neste sentido: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO INDEVIDO. TEMPO INSUFICIENTE. ATIVIDADE ESPECIAL. POLICIAL MILITAR. IMPOSSIBILIDADE. RUÍDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. 1. As partes apelam da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a reconhecer o caráter especial do trabalho prestado pelo autor, como policial militar, no período de 04.09.1966 a 08.04.1971, sem possibilidade de conversão para tempo comum. 2. O INSS alega, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva e a nulidade da sentença. No mérito, requer a improcedência dos pedidos. O autor, por sua vez, afirma que faz jus ao reconhecimento da especialidade dos períodos de 02.05.1975 a 11.08.1975, 30.07.1976 a 23.05.1988, 01.09.1975 a 03.11.1975, 08.05.1989 a 19.08.1989 e 14.09.1989 a 31.05.1991. 3. Não merecem provimento as preliminares arguidas pelo INSS, haja vista que o autor se encontra atualmente vinculado ao RGPS e não a regime próprio de previdência, de forma que o INSS é a entidade responsável para apreciar o requerimento de contagem do tempo do autor como militar com base na disciplina da contagem recíproca. 4. A certidão de tempo de serviço de fl. 31 atesta que no período de 04.09.1966 a 08.04.1971 o autor trabalhou como policial militar do Estado de Minas Gerais. O referido tempo de serviço como policial militar não pode ser reconhecido como atividade especial no RGPS, uma vez que tal atividade é regida por legislação própria, inclusive com contagem diferenciada do tempo de serviço. 5. Nesse sentido, esta 1a CRP de Juiz de Fora já decidiu que "Não é possível o enquadramento da atividade de policial militar (f. 56) para fins de aposentadoria especial no regime geral, não sendo aplicada nesse caso a súmula vinculante 33 (STF), pois para os servidores públicos militares há disciplina constitucional própria. O art. 42 da Constituição dispõe que não são aplicáveis aos servidores militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as regras relativas aos critérios diferenciados de aposentadoria de servidores civis que exerçam atividades de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Isso porque, nesses casos, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores militares. (STF, ARE 775070 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 22.10.2014)" (AC 0027382-34.2009.4.01.3800 / MG, Rel. Juiz Federal José Alexandre Franco, e-DJF1 de 06/03/2017). 6. Relativamente aos intervalos de 02.05.1975 a 11.08.1975, 01.09.1975 a 03.11.1975, 08.05.1989 a 19.08.1989 e 14.09.1989 a 31.05.1991, há nos autos apenas cópia das anotações na CTPS indicando a profissão de pintor do autor (fls. 09 e 19). 7. Em relação aos pintores em geral, apenas a atividade profissional de pintor mediante o uso de pistola possui presunção legal quanto à insalubridade para o exercício da função até a entrada em vigor da Lei no 9.032/95, tendo em vista o enquadramento nos Decretos 53.831/1964 (código 2.5.4) e 83.080/1979 (código 2.5.3). 8. Todavia, esta não é a hipótese dos autos, ante a ausência de prova de como a pintura era realizada nos citados períodos. Assim, considerando o não enquadramento da categoria profissional, caberia ao autor comprovar a efetiva exposição a agentes nocivos, o que não ocorreu. 9. O laudo técnico e os formulários DIRBEN-8030 de fls. 22/25 atestam a sujeição habitual e permante do autor a ruído de 83 dB entre 30.07.1976 e 23.05.1988. Há caracterização de atividade especial no interregno, pois o nível do ruído ultrapassou a tolerância normativamente prevista para este agente nos lapso temporal analisado. 10. Convertendo-se em comum o período especial de 30.07.1976 e 23.05.1988, multiplicado pelo fator 1.4, somado aos intervalos de labor comum constantes da tabela de fl. 98, constata-se que o autor contava com apenas 23 anos, 10 meses e 26 dias de contribuição na DER, tempo insuficiente para a concessão do benefício postulado. 11. Apelação do INSS e remessa necessária providas em parte para afastar o caráter especial da atividade do autor como policial militar no período de 04.09.1966 a 08.04.1971. 12. Apelação do autor parcialmente provida a fim de reconhecer a especialidade do intervalo de 30.07.1976 e 23.05.1988 e o direito à conversão em comum, aplicando-se o fator 1.4. (TRF 1o Região, AC 00444832620054013800, 1a Câmara Regional de Juiz de Fora/MG, Rel. Juíza Federal Silvia Elena Petry Wieser, julgado em 25/04/2017, e-DJF1 de 17/05/2017). II) 04/06/2001 a 04/07/2016 Quanto a tal intervalo, o autor junta aos autos PPP e LTCAT (a. 10/13) indicando a exposição a níveis de ruído, de forma habitual e permanente, todavia, abaixo dos limites máximos possíveis para o período. Alega o promovente que os níveis indicados nos referidos documentos estão incorretos, solicitando que fosse realizada perícia para comprovar e auferir o nível de ruído que o requerente se submete diariamente. Entendo, todavia, que não compete à Justiça Federal a correção de dados informados em PPP ou Laudo Técnico, mas sim à Justiça do Trabalho. Embora possam os documentos em questão surtir efeitos na esfera previdenciária, é inegável que o pedido de desconsideração do PPP, e realização de nova perícia, estão fundados em direito do empregado em face de seu empregador, tratando-se, pois, de ação oriunda da relação de trabalho. Neste sentido: INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. FORMULÁRIO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO.CORREÇÃO DOS DADOS. A emissão do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP é obrigação prevista no artigo 58, § 4o, da Lei 8.213/91. Não há dúvida de que se trata de obrigação que decorre da relação de trabalho,inserindo-se, portanto, na competência desta Justiça Especializada, nos termos do artigo 114, IX, da Constituição da República.No caso, o reclamante alega que o documento fornecido pela empresa (fls. 06/08), foi preenchido incorretamente, pois não constou o agente eletricidade.(TRT da 04a Região, 4a. Turma, 0001378-46.2011.5.04.0332 RO, em 25/01/2012, Juiz Convocado Lenir Heinen – Relator.) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMISSÃO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. A emissão do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é obrigação do empregador prevista no art. 58, parágrafo 4o, da Lei 8.213/91. Trata-se de obrigação decorrente da relação de emprego, inserindo-se na competência material da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, IX, da CF. Apelo provido.(TRT da 04a Região, 8a. Turma, 0000822-44.2011.5.04.0332 RO, em 18/10/2012, Desembargador Juraci Galvão Júnior – Relator.) Sendo assim, a análise, na presente ação, deve se dar com base nos PPPs e Laudos juntados aos autos, os quais não demonstram a exposição do autor a níveis de ruído superiores aos permitidos legalmente. Desse modo, não deve ser reconhecida a especialidade do labor no período de 04/06/2001 a 04/07/2016. A partir do exposto, verifica-se que o autor não possui tempo especial para a concessão do benefício requerido, pois não foi reconhecido nenhum dos vínculos controversos na presente ação. Desse modo, o autor não faz jus à APOSENTADORIA ESPECIAL. Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei no T10.259/01 c/c art. 55 da Lei no 9.099/95). Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. REGISTRE-SE. PUBLIQUE-SE. INTIMEM-SE. João Pessoa(PB), data supra.
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. POLICIAL MILITAR. NÃO APLICAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE 33 DO STF. BOMBEIRO DE AERÓDROMO. NÃO EXPOSIÇÃO A RUÍDO ACIMA DO NÍVEL PREVISTO EM LEI.IMPUGNAÇÃO AO PPP. AÇÃO PRÓPRIA.RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1.Cuida-se de recurso interposto pela parte autora, em face de sentença de improcedência de pedido pugnando pelo reconhecimento de tempo especial. 2.A parte autora alega que: a) a sentença violou a Súmula Vinculante no 33 do STF, ao não reconhecer como especial tempo prestado pela parte-autora como policial militar ao Estado da Bahia, entre 01.06.1987 e 23.04.2003, uma vez que a extensão do disposto no art. 40, § 4o, da CF/88, a todos os servidores públicos federais, por meio de aplicação analógica da lei geral de previdência social, deve alcançar também os policiais militares, restando inconstitucional o fundamento do magistrado sentenciante de aplicar a LC 51/85 como razão para o não reconhecimento como especial da atividade pleiteada, já que “o momento era outro, as cobranças sobre policiais eram diferentes, trata-se de uma lei totalmente ultrapassada que deve urgentemente se reformada”; b) relativamente ao período laborado entre 04.06.2001 a 04.07.2016 como bombeiro em aeródromo, com exposição insalubre a agente nocivo do ruído, o não reconhecimento foi indevido, uma vez que os PPPs “estão falsificados e distantes da realidade” e “não foram elaborados em consonância com as condições de trabalho do Requerente”, de modo que o indeferimento de realização de perícia para apurar a realidade fática e o entendimento de que cabe à Justiça do Trabalho a retificação dos documentos “viola os princípios da fundamentação das decisões judiciais e da integridade do direito”. 3.Dispôs a sentença: “Requer o promovente que o período em que exerceu a função de soldado da Polícia Militar do Estado da Bahia seja averbado no RGPS como tempo especial, com a consequente conversão em tempo comum, com aplicação do fator 1.4. Quanto ao tema em questão, o informativo 781 do STF, conforme julgado abaixo, destacou, com propriedade que: Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2 O Plenário asseverou que, relativamente às policiais militares, o parâmetro de controle de inconstitucionalidade por omissão não se mostraria adequado. Com o advento das EC 18/1998 e EC 20/1998, os militares teriam sido excluídos do conceito de ‘servidores públicos’ anteriormente concedido pela Constituição, para que não mais houvesse vínculo com os servidores civis. A organização e o regime jurídico dos militares, desde a forma de investidura até as formas de inatividade, diferiria fundamentalmente do regime dos servidores civis. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar seriam forças destinadas à execução dos serviços de segurança pública. Especificamente, as Polícias Militares estaduais seriam instituições de natureza perene, com a competência constitucional de polícias ostensivas. Seus membros integrariam carreira típica estadual (CF, art. 42). Assim, haveria a necessidade jurídica de um regime previdenciário próprio dos militares estaduais, a ser normatizado em lei estadual específica, diversa da lei que regulasse o regime próprio dos servidores públicos. Nesse sentido, conforme jurisprudência da Corte, a interpretação do § 1o do art. 42 da CF impor-se-ia no sentido da inaplicabilidade da regra de aposentadoria especial prevista no art. 40, § 4o, da CF em favor de policial militar estadual. Esse entendimento fora confirmado também em julgamentos de ações nas quais o STF analisara a possibilidade de cumulação de proventos decorrentes de aposentadoria na condição de servidor público civil com proventos oriundos de aposentadoria na carreira militar. Fosse de se reconhecer a identidade do regime previdenciário a que submetida essa aposentadoria, não poderia a Corte ter garantido o direito de acumulação pleiteado na origem, pela vedação expressa do art. 40, § 6o, da CF. Desse modo, existiriam duas espécies de regimes previdenciários próprios: um para servidores civis e outro para militares. Por isso, o art. 40, § 2o, da CF somente permite a existência de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, ressalvado o disposto no art. 142, § 3o, X, da CF. Portanto, não haveria omissão inconstitucional quanto ao art. 40, §§ 1o e 4o, da CF, porque essa norma constitucional seria inaplicável aos militares. Ademais, a aposentadoria dos policiais militares paulistas seria regulamentada pelo Decreto-Lei estadual 260/1970 e pela LC estadual 1.150/2011. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia do pedido formulado. Entendia que o STF não teria competência para julgar a ação, tendo em vista suposta omissão do governador e da assembleia legislativa estadual. Reputava que seria competente o Judiciário local. No mérito, julgava o pedido procedente. ADO 28/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.4.2015. (ADO-28) (destaquei) Disso, vê-se que a súmula vinculante 33 do STF não seria aplicável aos militares, justamente pela existência de regime próprio para eles (previsto, atualmente, na LC 51/1985). Inclusive, nos comentários a Sumula vinculante 33 do STF, há informação interessante (acesso emhttp://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menusumario.asp?sumula=1941), conformando o que foi dito acima: ‘2. O Plenário desta Corte, de fato, reconheceu a aplicação da lei geral da previdência para os casos de aposentadoria especial de servidor público civil (MI 721, Rel. Min. Marco Aurélio). Ocorre que a referida conclusão não pode ser aplicada indistintamente aos servidores públicos militares, porquanto há para a categoria disciplina constitucional própria (ARE 722.381-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes). 3. Com efeito, nos termos do art. 42 da Carta, não são aplicáveis aos servidores militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as regras relativas aos critérios diferenciados de aposentadoria de servidores civis que exerçam atividades de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Isso porque, nesses casos, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores militares. E, existindo norma específica (Lei Complementar no 51/1985 ou Decreto-Lei estadual no 260/1970), não há que se falar em omissão legislativa. Nesse sentido, veja-se o MI 5.390- AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia; e o MI 2.283-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro Dias Toffoli, (..)’ (ARE 775070 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 22.10.2014). ... Quanto a tal intervalo, o autor junta aos autos PPP e LTCAT (a. 10/13) indicando a exposição a níveis de ruído, de forma habitual e permanente, todavia, abaixo dos limites máximos possíveis para o período. Alega o promovente que os níveis indicados nos referidos documentos estão incorretos, solicitando que fosse realizada perícia para comprovar e auferir o nível de ruído que o requerente se submete diariamente. Entendo, todavia, que não compete à Justiça Federal a correção de dados informados em PPP ou Laudo Técnico, mas sim à Justiça do Trabalho. Embora possam os documentos em questão surtir efeitos na esfera previdenciária, é inegável que o pedido de desconsideração do PPP, e realização de nova perícia, estão fundados em direito do empregado em face de seu empregador, tratando-se, pois, de ação oriunda da relação de trabalho” (grifei) 4.De fato, o STF reconheceu a recepção pela Constituição Federal da LC 51/87, afastando a omissão legislativa quanto à disciplina da aposentadoria especial para policiais militares: “AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO RESCISÓRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. POLICIAL MILITAR DO ESTADO DE PERNAMBUCO. RECEPÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR No 51/85 PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO LEGISLATIVA. NÃO CONFIGURAÇÃO DA HIPÓTESE DE RESCINDIBILIDADE PREVISTA NO ARTIGO 485, V, DO CPC. DESPROVIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL. 1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal firmou-se no sentido de que a Lei Complementar 51/1985 - que trata da aposentadoria do servidor público policial - foi recepcionada pela Constituição da República de 1988, de modo que ausente omissão legislativa a respeito da aposentadoria especial dos policiais militares estaduais. Precedentes do STF. 2. Ausente, nesse contexto, a violação dos preceitos legais e constitucionais apontada na inicial desta ação, inviável concluir pela procedência do pedido de corte rescisório. Agravo regimental conhecido e não provido” (STF, Pleno, AR 2420 AgR/PE, rel. min. Rosa Weber, j. 17.03.2016) 5.Quanto ao período de 04.06.2001 a 04.07.2016, a parte-recorrente apresenta impugnação aos PPPs, sob o argumento genérico de não reproduziram a realidade fática do ambiente de trabalho. No entanto, os PPPs foram firmados por responsáveis técnicos, condição suficiente nos termos da IN 77/2015/INSS, não tendo a parte-autora demonstrado ou alegado a discordância do PPP com o LTCAT, de modo que a conclusão pericial contidas em tais documentos devem ser objeto, de fato, de impugnação na seara própria, já que cabe ao “representante legal da empresa ou seu preposto” a responsabilidade “sobre a fidedignidade das informações prestadas” (art. 264, § 1o, da IN 77/2015/INSS), de modo que, inserindo-se a controvérsia na relação entre empregado e empregador, a “impugnação ao PPP deve ser feita em ação própria, dirigida à empresa responsável, e não ao INSS” (TRF3, 9a T, rel. Des. Fed. Otávio Port, j. 18.04.2018). 6.É o caso de confirmar-se a sentença. 7.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, em caso de concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
2,913
1,542
0
0
7-PB
0
114.475289
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
passo a decidir. Pretende o demandante o reconhecimento de tempo de serviço prestado em condições especiais e a concessão de aposentadoria especial (DER 04/07/2016). Tempo especial O regime jurídico relativo ao tempo de serviço desenvolvido em condições especiais tem sofrido diversas alterações ao longo do tempo. Mas a jurisprudência firmou-se no sentido de que o reconhecimento da natureza especial do tempo de serviço do segurado se dá de acordo com a legislação vigente à época em que o serviço foi prestado, em manifestação do princípio tempus regit actum. Assim, o segurado tem direito adquirido à contagem e à comprovação do tempo de trabalho especial de acordo com a legislação da época em que realizou a atividade. Em resumo, o tempo de serviço exercido sob condições especiais é regido pelas seguintes normas: a) até 28.04.1995 (vigência da LOPS e da Lei no 8.213/91 em sua redação original): - enquadramento: feito com base nos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79, que elencavam: a) categorias profissionais; e b) agentes nocivos, penosos, perigosos ou insalubres. Caso o segurado integrasse uma das categorias ou estivesse sujeito a um dos agentes listados nos decretos, eram presumidos os riscos de danos à sua saúde; - prova: por meio da CTPS ou de formulário preenchido pela empresa, dispensando-se a produção de qualquer prova técnica para o reconhecimento da natureza especial do tempo de serviço, exceto para o ruído, cujo laudo técnico já era exigido. b) de 29.04.1995 a 05.03.1997 (vigência da Lei no 9.032/95, ainda não regulamentada): - enquadramento: continuava a ser feito com base nas listas dos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79, mas foi extinto o enquadramento com base unicamente na categoria profissional. Passou a ser exigida a efetiva exposição do trabalhador a agentes nocivos, de forma habitual e permanente, não ocasional nem intermitente; - prova: à falta de regulamentação da Lei no 9.032/95, a comprovação do tempo de trabalho sob condição especial era feita mediante o simples preenchimento dos formulários padronizados da Previdência Social (SB-40, DSS 8030), não se exigindo ainda laudo técnico, exceto para o ruído. c) a partir de 06.03.1997 (vigência do Decreto no 2.172/97, que regulamentou a Lei no 9.528/97, resultante da conversão da MP no 1.523/96): - enquadramento: o Decreto no 2.172/97 substituiu as listas de agentes previstas nos Decretos no 53.831/64 e no 83.080/79; - prova: necessária a apresentação dos formulários padronizados da Previdência Social (SB-40, DSS 8030) preenchidos pela empresa e do laudo técnico. d) a partir de 06.05.1999 (vigência do Decreto no 3.048/99, que estabeleceu novo regulamento da Lei no 8.213/91): - enquadramento: o Decreto no 3.048/99 substituiu a lista de agentes prevista no Decreto no 2.172/97; - prova: manteve-se a sistemática anterior, ou seja, formulários padronizados preenchidos pela empresa e laudo técnico. e) a partir de 01.01.2004 (Decreto no 4.032/2001, que alterou o Decreto no 3.048/99): - enquadramento: continuou sendo feito com base na lista do Decreto no 3.048/99; - prova: mediante apresentação do Perfil Profissiográfico Previdenciário, criado pela Lei no 9.578/97, mas somente exigido a partir de 01.01.2004, como determinado pelo Decreto no 4.032/2001. Esse documento deve ser preenchido pela empresa com base no laudo técnico, que não precisa mais ser apresentado ao INSS, devendo ficar arquivado na empresa. Tanto o laudo quanto o PPP devem ser atualizados anualmente. Ressalte-se que, quando o agente nocivo é o ruído, deve-se observar que sempre foi exigido pela legislação o laudo técnico comprobatório dos níveis a que esteve submetido o segurado. Com efeito, somente a partir da medição desses níveis é possível avaliar se o segurado esteve sujeito a risco de dano à saúde. O STJ, ao julgar a PET n.o9.059/RS, reafirmou o entendimento de que, na vigência do Decreto n.o 2.172/97, o nível de ruído a caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n.o 4.882/03 (Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 28/08/2013, DJe 09/09/2013). Assim, a fim de se adequar ao entendimento firmado pelo STJ quanto à irretroatividade do índice de ruído previsto no Decreto n.o4.882/03, a TNU, na sessão realizada em 09.10.2013, cancelou a sua Súmula n.o32, cujo enunciado dispunha que “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força de edição do Decreto n 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”. Logo, o tempo de serviço prestado com exposição a ruído deve ser considerado como especial apenas se o nível tiver sido superior a: 80 decibéis, na vigência do Decreto n.o 53.831/64; 90 decibéis, a contar de 5.03.1997 (início da vigência do Decreto n.o2.172/97); e 85 decibéis a partir de 19.11.2003 (início da vigência do Decreto n.o 4.882/03). Fixados esses parâmetros, cabe analisar a situação posta nestes autos. Pretende a concessão de aposentadoria especial mediante o reconhecimento dos seguintes períodos especiais dispostos na petição inicial: 01/06/1987 a 23/04/2003 e de 04/06/2001 a 04/07/2016. O resumo de documentos para cálculo do tempo de contribuição – RDCTC, a. 06, demonstra que o INSS reconheceu os intervalos acima apenas como tempo de contribuição comum. Passo, pois, a análise dos períodos como tempo especial. I) 01/06/1987 a 23/04/2003 Requer o promovente que o período em que exerceu a função de soldado da Polícia Militar do Estado da Bahia seja averbado no RGPS como tempo especial, com a consequente conversão em tempo comum, com aplicação do fator 1.4. Quanto ao tema em questão, o informativo 781 do STF, conforme julgado abaixo, destacou, com propriedade que: Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2 O Plenário asseverou que, relativamente às policiais militares, o parâmetro de controle de inconstitucionalidade por omissão não se mostraria adequado. Com o advento das EC 18/1998 e EC 20/1998, os militares teriam sido excluídos do conceito de “servidores públicos” anteriormente concedido pela Constituição, para que não mais houvesse vínculo com os servidores civis. A organização e o regime jurídico dos militares, desde a forma de investidura até as formas de inatividade, diferiria fundamentalmente do regime dos servidores civis. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar seriam forças destinadas à execução dos serviços de segurança pública. Especificamente, as Polícias Militares estaduais seriam instituições de natureza perene, com a competência constitucional de polícias ostensivas. Seus membros integrariam carreira típica estadual (CF, art. 42). Assim, haveria a necessidade jurídica de um regime previdenciário próprio dos militares estaduais, a ser normatizado em lei estadual específica, diversa da lei que regulasse o regime próprio dos servidores públicos. Nesse sentido, conforme jurisprudência da Corte, a interpretação do § 1o do art. 42 da CF impor-se-ia no sentido da inaplicabilidade da regra de aposentadoria especial prevista no art. 40, § 4o, da CF em favor de policial militar estadual. Esse entendimento fora confirmado também em julgamentos de ações nas quais o STF analisara a possibilidade de cumulação de proventos decorrentes de aposentadoria na condição de servidor público civil com proventos oriundos de aposentadoria na carreira militar. Fosse de se reconhecer a identidade do regime previdenciário a que submetida essa aposentadoria, não poderia a Corte ter garantido o direito de acumulação pleiteado na origem, pela vedação expressa do art. 40, § 6o, da CF. Desse modo, existiriam duas espécies de regimes previdenciários próprios: um para servidores civis e outro para militares. Por isso, o art. 40, § 2o, da CF somente permite a existência de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, ressalvado o disposto no art. 142, § 3o, X, da CF. Portanto, não haveria omissão inconstitucional quanto ao art. 40, §§ 1o e 4o, da CF, porque essa norma constitucional seria inaplicável aos militares. Ademais, a aposentadoria dos policiais militares paulistas seria regulamentada pelo Decreto-Lei estadual 260/1970 e pela LC estadual 1.150/2011. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia do pedido formulado. Entendia que o STF não teria competência para julgar a ação, tendo em vista suposta omissão do governador e da assembleia legislativa estadual. Reputava que seria competente o Judiciário local. No mérito, julgava o pedido procedente. ADO 28/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.4.2015. (ADO-28) (destaquei) Disso, vê-se que a súmula vinculante 33 do STF não seria aplicável aos militares, justamente pela existência de regime próprio para eles (previsto, atualmente, na LC 51/1985). Inclusive, nos comentários a Sumula vinculante 33 do STF, há informação interessante (acesso emhttp://URL), conformando o que foi dito acima: "2. O Plenário desta Corte, de fato, reconheceu a aplicação da lei geral da previdência para os casos de aposentadoria especial de servidor público civil (MI 721, Rel. Min. Marco Aurélio). Ocorre que a referida conclusão não pode ser aplicada indistintamente aos servidores públicos militares, porquanto há para a categoria disciplina constitucional própria (ARE 722.381-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes). 3. Com efeito, nos termos do art. 42 da Carta, não são aplicáveis aos servidores militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as regras relativas aos critérios diferenciados de aposentadoria de servidores civis que exerçam atividades de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Isso porque, nesses casos, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores militares. E, existindo norma específica (Lei Complementar no 51/1985 ou Decreto-Lei estadual no 260/1970), não há que se falar em omissão legislativa. Nesse sentido, veja-se o MI 5.390- AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia; e o MI 2.283-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro Dias Toffoli, (..)" (ARE 775070 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 22.10.2014) Por fim, verifica-se que há tema submetido a repercussão geral (pendente de julgamento no STF) que trata do caso: Tema 942 - Possibilidade de aplicação das regras do regime geral de previdência social para a averbação do tempo de serviço prestado em atividades exercidas sob condições especiais, nocivas à saúde ou à integridade física de servidor público, com conversão do tempo especial em comum, mediante contagem diferenciada. Relator: MIN. LUIZ FUX Leading Case: RE 1014286 Todavia, até o julgamento deste feito pelo STF, entendo, alinhado às razões acima do julgado do Supremo, pela impossibilidade do computo desse tempo como especial. Neste sentido: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. BENEFÍCIO INDEVIDO. TEMPO INSUFICIENTE. ATIVIDADE ESPECIAL. POLICIAL MILITAR. IMPOSSIBILIDADE. RUÍDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE. 1. As partes apelam da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a reconhecer o caráter especial do trabalho prestado pelo autor, como policial militar, no período de 04.09.1966 a 08.04.1971, sem possibilidade de conversão para tempo comum. 2. O INSS alega, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva e a nulidade da sentença. No mérito, requer a improcedência dos pedidos. O autor, por sua vez, afirma que faz jus ao reconhecimento da especialidade dos períodos de 02.05.1975 a 11.08.1975, 30.07.1976 a 23.05.1988, 01.09.1975 a 03.11.1975, 08.05.1989 a 19.08.1989 e 14.09.1989 a 31.05.1991. 3. Não merecem provimento as preliminares arguidas pelo INSS, haja vista que o autor se encontra atualmente vinculado ao RGPS e não a regime próprio de previdência, de forma que o INSS é a entidade responsável para apreciar o requerimento de contagem do tempo do autor como militar com base na disciplina da contagem recíproca. 4. A certidão de tempo de serviço de fl. 31 atesta que no período de 04.09.1966 a 08.04.1971 o autor trabalhou como policial militar do Estado de Minas Gerais. O referido tempo de serviço como policial militar não pode ser reconhecido como atividade especial no RGPS, uma vez que tal atividade é regida por legislação própria, inclusive com contagem diferenciada do tempo de serviço. 5. Nesse sentido, esta 1a CRP de Juiz de Fora já decidiu que "Não é possível o enquadramento da atividade de policial militar (f. 56) para fins de aposentadoria especial no regime geral, não sendo aplicada nesse caso a súmula vinculante 33 (STF), pois para os servidores públicos militares há disciplina constitucional própria. O art. 42 da Constituição dispõe que não são aplicáveis aos servidores militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as regras relativas aos critérios diferenciados de aposentadoria de servidores civis que exerçam atividades de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Isso porque, nesses casos, cabe à lei própria fixar o regime jurídico de aposentadoria dos servidores militares. (STF, ARE 775070 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 22.10.2014)" (AC 0027382-34.2009.4.01.3800 / MG, Rel. Juiz Federal José Alexandre Franco, e-DJF1 de 06/03/2017). 6. Relativamente aos intervalos de 02.05.1975 a 11.08.1975, 01.09.1975 a 03.11.1975, 08.05.1989 a 19.08.1989 e 14.09.1989 a 31.05.1991, há nos autos apenas cópia das anotações na CTPS indicando a profissão de pintor do autor (fls. 09 e 19). 7. Em relação aos pintores em geral, apenas a atividade profissional de pintor mediante o uso de pistola possui presunção legal quanto à insalubridade para o exercício da função até a entrada em vigor da Lei no 9.032/95, tendo em vista o enquadramento nos Decretos 53.831/1964 (código 2.5.4) e 83.080/1979 (código 2.5.3). 8. Todavia, esta não é a hipótese dos autos, ante a ausência de prova de como a pintura era realizada nos citados períodos. Assim, considerando o não enquadramento da categoria profissional, caberia ao autor comprovar a efetiva exposição a agentes nocivos, o que não ocorreu. 9. O laudo técnico e os formulários DIRBEN-8030 de fls. 22/25 atestam a sujeição habitual e permante do autor a ruído de 83 dB entre 30.07.1976 e 23.05.1988. Há caracterização de atividade especial no interregno, pois o nível do ruído ultrapassou a tolerância normativamente prevista para este agente nos lapso temporal analisado. 10. Convertendo-se em comum o período especial de 30.07.1976 e 23.05.1988, multiplicado pelo fator 1.4, somado aos intervalos de labor comum constantes da tabela de fl. 98, constata-se que o autor contava com apenas 23 anos, 10 meses e 26 dias de contribuição na DER, tempo insuficiente para a concessão do benefício postulado. 11. Apelação do INSS e remessa necessária providas em parte para afastar o caráter especial da atividade do autor como policial militar no período de 04.09.1966 a 08.04.1971. 12. Apelação do autor parcialmente provida a fim de reconhecer a especialidade do intervalo de 30.07.1976 e 23.05.1988 e o direito à conversão em comum, aplicando-se o fator 1.4. (TRF 1o Região, AC 00444832620054013800, 1a Câmara Regional de Juiz de Fora/MG, Rel. Juíza Federal Silvia Elena Petry Wieser, julgado em 25/04/2017, e-DJF1 de 17/05/2017). II) 04/06/2001 a 04/07/2016 Quanto a tal intervalo, o autor junta aos autos PPP e LTCAT (a. 10/13) indicando a exposição a níveis de ruído, de forma habitual e permanente, todavia, abaixo dos limites máximos possíveis para o período. Alega o promovente que os níveis indicados nos referidos documentos estão incorretos, solicitando que fosse realizada perícia para comprovar e auferir o nível de ruído que o requerente se submete diariamente. Entendo, todavia, que não compete à Justiça Federal a correção de dados informados em PPP ou Laudo Técnico, mas sim à Justiça do Trabalho. Embora possam os documentos em questão surtir efeitos na esfera previdenciária, é inegável que o pedido de desconsideração do PPP, e realização de nova perícia, estão fundados em direito do empregado em face de seu empregador, tratando-se, pois, de ação oriunda da relação de trabalho. Neste sentido: INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. FORMULÁRIO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO.CORREÇÃO DOS DADOS. A emissão do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP é obrigação prevista no artigo 58, § 4o, da Lei 8.213/91. Não há dúvida de que se trata de obrigação que decorre da relação de trabalho,inserindo-se, portanto, na competência desta Justiça Especializada, nos termos do artigo 114, IX, da Constituição da República.No caso, o reclamante alega que o documento fornecido pela empresa (fls. 06/08), foi preenchido incorretamente, pois não constou o agente eletricidade.(TRT da 04a Região, 4a. Turma, 0001378-46.2011.5.04.0332 RO, em 25/01/2012, Juiz Convocado Lenir Heinen – Relator.) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMISSÃO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO. A emissão do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é obrigação do empregador prevista no art. 58, parágrafo 4o, da Lei 8.213/91. Trata-se de obrigação decorrente da relação de emprego, inserindo-se na competência material da Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, IX, da CF. Apelo provido.(TRT da 04a Região, 8a. Turma, 0000822-44.2011.5.04.0332 RO, em 18/10/2012, Desembargador Juraci Galvão Júnior – Relator.) Sendo assim, a análise, na presente ação, deve se dar com base nos PPPs e Laudos juntados aos autos, os quais não demonstram a exposição do autor a níveis de ruído superiores aos permitidos legalmente. Desse modo, não deve ser reconhecida a especialidade do labor no período de 04/06/2001 a 04/07/2016. A partir do exposto, verifica-se que o autor não possui tempo especial para a concessão do benefício requerido, pois não foi reconhecido nenhum dos vínculos controversos na presente ação. Desse modo, o autor não faz jus à APOSENTADORIA ESPECIAL. Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei no T10.259/01 c/c art. 55 da Lei no ). Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. REGISTRE-SE. PUBLIQUE-SE. INTIMEM-SE. João Pessoa(PB), data supra
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
5
0503132-50.2017.4.05.8402
2017-12-05 00:00:00
EQUIPE DE ATENDIMENTO DE DEMANDAS JUDICIAIS - EADJ (00.100.200/3000-04) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - Mossoró (29.979.036/0253-05)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-30 16:48:46
Sentença - improcedente
2018-06-14T16:39:56
Acórdão - TR
Carlos Wagner Dias Ferreira
2018-06-13 08:00:00
ARNALDO PEREIRA DE ANDRADE SEGUNDO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
RN000560A
SENTENÇA (TIPO A) (RESOLUÇÃO CJF No 535, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006) 1.Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei no 9.099/95. I – FUNDAMENTAÇÃO 2.A Parte Autora pleiteia a concessão de benefício de Auxílio-Doença ou Aposentadoria por Invalidez, alegando preencher os requisitos legais para sua percepção. 3.Nos termos do art. 59, da Lei no 8.213/91, o benefício de Auxílio-Doença demanda a comprovação da qualidade de segurado e carência, além da demonstração de incapacidade laboral temporária para seu trabalho ou para sua atividade habitual. 4.Por sua vez, preceitua o artigo 42, caput, da Lei no 8.213/91, que a “aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. 5.Assim, os requisitos para a concessão dos benefícios em questão são os seguintes: a) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual de forma permanente ou temporária; b) manutenção da qualidade de segurado e; c) carência, no caso de 12 contribuições mensais, ressalvadas as hipóteses previstas em lei (art. 25, I, Lei no 8.213/91). 6.Em relação à incapacidade laboral da parte autora, a partir do laudo médico pericial (anexo 20), verifico que, não obstante o requerente seja portador de CID 10 M 51.1 - Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia, não apresenta incapacidade laborativa, mas apenas “leve limitação as atividades que exigem grande demanda física, como por exemplo: realizar caminhadas por mais de 1 hora ou elevar peso excessivo”, conforme respostas aos quesitos 3.1, 4.1 e 4.2, de modo que não existe incompatibilidade entre as atribuições inerentes à profissão da autora (agricultora) e a limitação imposta pela doença, não impedindo a autora, portanto, de exercer tarefas mais simples, como colher, cuidar de animais etc. 7.Nesse contexto, entendo que a parte autora não faz jus ao benefício postulado, pois é requisito indispensável para a concessão do benefício vindicado a constatação de incapacidade, o que não se constatou. 8.Consigno que, no caso concreto, diante das limitações constatadas pelo médico perito judicial quanto ao uso de medicamentos e eventuais sintomas não incapacitantes, não há qualquer impedimento para o desenvolvimento da atividade laboral do (a) requerente. 9.Por outro lado, tenho que é desnecessário a realização de audiência de instrução com o objetivo de averiguar as condições pessoais, econômicas, sociais e culturais do (a) postulante, haja vista que mesmo que sejam desfavoráveis, não é possível conceder o benefício, porquanto como já dito, não foi constatada qualquer incapacidade. 10.É de se destacar, igualmente, que a TNU, por meio de sua súmula de n. 77, dispõe que o julgador não fica obrigado a analisar as condições pessoais e sociais, quando não ficar reconhecida a incapacidade. Veja-se: O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual. 11.Ilustrativamente, em casos muito semelhantes, decidiu recentemente a TNU mais de uma vez: AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL NÃO VERIFICA A EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE, INEXISTINDO SEQUELAS DO ACIDENTE. A SENTENÇA JULGA O PEDIDO IMPROCEDENTE. O ACÓRDÃO DA SEGUNDA TURMA RECURSAL DO CEARÁ NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO ALEGA DIVERGÊNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TANTO PELA FALTA DE INTIMAÇÃO DO LAUDO, QUANTO PELA FALTA DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. Trata a presente ação de pedido de concessão de benefício por incapacidade, tendo o laudo pericial deixado de verificar a existência de incapacidade laboral ou para a vida independente, inexistindo seqüelas do acidente. A sentença, então, julga o pedido improcedente, sendo mantida pela Segunda Turma Recursal do Ceará. O incidente de uniformização alega divergência com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tanto pela falta de intimação, após a juntada do laudo pericial, quanto pela falta de análise das condições pessoais e sociais do Autor(..) É o relatório. Inicialmente, seria de se conhecer, apenas parcialmente, do pedido de uniformização, porque a Turma Nacional de Uniformização apenas decide sobre alegações de direito material, não sobre direito processual. Desse modo, a questão da alegada falta de intimação sobre o laudo pericial, não é matéria para ser apreciada em uniformização de jurisprudência. De qualquer modo, o entendimento majoritário é que, em sede de juizados especiais federais, não há nulidade, na falta dessa intimação, por conta das especificidades do sistema. Porém, no que se refere à alegação de falta de análise das condições pessoais, não deve ser conhecido o incidente, por força da Questão de Ordem 13 da Turma Nacional de Uniformização, porque essa análise só deve ser feita, quando existir alguma espécie de incapacidade, nos termos da Súmula 77 do mesmo ente. É por essa razão que a imensa maioria dos julgados da Turma Nacional de Uniformização apenas realiza esse exercício de avaliação das condições sócio-econômicas e pessoais, no caso de incapacidade parcial, verbis: "Processo PEDILEF 05094982120114058013 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL Relator(a) JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA Sigla do órgão TNU Fonte DOU 19/02/2016 PÁGINAS 238/339 Decisão Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais NÃO CONHECER DO INCIDENTE NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA veiculado pela parte autora, nos termos do voto-ementa do Relator. Ementa PEDIDO NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. DESNECESSIDADE. QUESTÃO DE ORDEM N.o 013 DESTA TNU. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Trata-se de pedido nacional de uniformização de jurisprudência formulado pela parte autora (evento 33) em face de acórdão exarado por Turma Recursal dos JEFs da Seção Judiciária do Estado de Alagoas (evento 30), cujo teor é o seguinte: PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE PARA A ATIVIDADE HABITUAL. INEXISTÊNCIA. MERA LIMITAÇÃO. DIREITO A AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ÎNEXISTÊNCIA. BENEFÍCIO RECEBIDO POR FORÇA DA SENTENÇA. IRREPETIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - O direito ao auxílio-doença pressupõe: a) condição de segurado; b) cumprimento da carência de doze contribuições mensais, salvo nos casos previstos no art. 26, II; c) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei n° 8.213/91). (...) Sustenta a parte autora, em síntese, que lhe deve ser concedido benefício por incapacidade, se consideradas as suas condições pessoais. Alega que a existência de incapacidade parcial gera o direito ao recebimento, ao menos, de auxílio-doença. Aponta como paradigma julgado da Primeira Turma Recursal dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte (processo n.o 0510399-89.2011.4.05.8400). Invoca o teor da Súmula n.o 047 deste colegiado. 2. O Min. Presidente desta TNU admitiu o pleito de uniformização. 3. Para a concessão de benefício por incapacidade lato sensu, a análise das condições pessoais do segurado mostra-se possível, desde que haja ao menos incapacidade parcial. (...) Esta TNU entende que o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual (Súmula n.o 077). Contrario sensu, se for verificada a existência de incapacidade “para a sua atividade habitual” (incapacidade, no mínimo, parcial, portanto), devem ser analisadas, para fins de deferimento de aposentadoria por invalidez, as condições pessoais da parte autora (Súmula n.o 047 desta TNU): (...) Hipótese em que a perícia médica constatou que a parte autora, 47 anos, residente em Pindorama, é portadora de espondiloartrose (M47), destacando que há limitações para o exercício de atividades rúrícolas durante crise álgica, mas que não há incapacidade "por exemplo a semear a terra, ou mesmo cuidar de animais". Havendo apenas limitação para o exercício da atividade habitual, mas não incapacidade, tanto que alguns atos dela podem continuar a ser exercidos mesmo durante as crises álgicas, não há direito ao benefício de auxílio-doença postulado. (grifei) Ora, como não há ao menos incapacidade parcial, entendo que não seja o caso de análise das condições pessoais da parte autora para fins de concessão de benefício por incapacidade, nos termos da jurisprudência deste colegiado. (...) Ou seja, se houver uma incapacidade para a atividade habitual, que seja permanente, ou seja, uma incapacidade parcial e permanente, deverá o julgador realizar a análise das condições sociais e pessoais. Não é aplicada no caso de ausência de incapacidade. Assim, no entender da Relatoria, deve ser interpretada a Súmula 77. Por isso, não conheço do incidente de uniformização. É como voto. (PEDILEF 05025126120144058105, JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA, TNU, DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224.) (grifei e destaquei) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO NEGATIVO. CONDIÇÕES SOCIAIS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 44 E 77 DA TNU. 1. Prolatado acórdão pela Turma Recursal do Rio Grande do Norte que, confirmando a sentença de primeiro grau, negou a concessão de auxílio doença/aposentadoria por invalidez ao autor, tendo em vista a conclusão do laudo pericial. 2. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto tempestivamente pelo autor, com fundamento no art. 14, § 2o, da Lei no 10.259/2001. 3. Alegação de que o acórdão recorrido divergiu do entendimento da Turma Recursal do Mato Grosso, na medida em que deixou de analisar as condições pessoais e socioeconômicas da autora. 4. Incidente inadmitido na origem, sendo os autos encaminhados a esta TNU após agravo. 5. No caso em tela, o incidente não comporta conhecimento. 6. Pois bem, segundo o laudo pericial, a autora não está incapacitada para a atividade laborativa de agricultora, com base em tal parecer, a Turma Recursal confirmou a sentença de improcedência do pedido, nos seguintes termos: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. PEDIDO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU CONCESSÃO/RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL. CAPACIDADE LABORATIVA. NÃO CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1. O art. 59 e ss. da Lei n.o 8.213/91, relativos ao auxílio-doença, determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. O art. 42 da Lei 8.213/91, relativo à aposentadoria por invalidez, estabelece que será devida a aposentadoria uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, ao segurado que for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição. Impõe-se sublinhar que, para aferir-se a capacidade ou incapacidade laboral, bem como sua extensão, necessário se faz analisar o caso concreto. 2. No caso em apreço, destacou o juízo monocrático: “No caso em comento, apesar de a autora ser portadora de diplopia após acidente vascular cerebral, tem boa visão bilateral, estando impossibilidado apenas para ao trabalho que necessite de visão binocular, o não havendo incapacidade do(a) promovente para a sua atividade habitual de agricultor, mas apenas limitação leve a moderada, segundo respostas contidas nos quesitos 3.1 e 4.1. Desta forma, em face do conjunto fático-probatório encontradiço nos presentes autos, não merece acolhida a pretensão descansada na peça inaugural, uma vez que, ante o diagnóstico apresentado pelo perito, atestando a ausência de incapacidade laborativa, deixa o(a) Postulante de preencher o requisito da incapacidade, para fazer jus à outorga do benefício de auxílio-doença ou, a depender da situação, sua conversão para aposentadoria por invalidez.” – Trecho da sentença, anexo 15. 3. A parte autora manifesta sua irresignação em face da sentença que negou a concessão do benefício previdenciário pretendido, segundo o fundamento de que “é sabido que a profissão exercida pelo autor - AGRICULTOR - exige total plenitude de sua saúde, ademais qualquer atividade que a autora possa exercer está prejudicada pela sua falta de visão, posto que, a visão é um dos sentidos mais importantes na realização de atividades laborativas. Assim, a diminuição da visão impede o bom desempenho das atividades do autor – AGRICULTOR – que lida com instrumentos cortantes, exposto a possíveis perigos devido à sua pouca visão. (..) Necessário ressaltar, por oportuno, que o recorrente possui baixo grau de instrução, conta com a idade avançada (53 anos) e exerce atividade laborativa que exige plenitude de sua saúde e de sua visão, o que não pode mais em razão da patologia que o acomete, estando incapaz também, para trabalhos burocráticos, já que não tem condições sócio-culturais para tal. Assim, a incapacidade deve ser analisada não somente no seu contexto médico, mas também levando em consideração as condições pessoais, sociais e intelectuais do autor, restando comprovado que o mesmo não tem nenhuma condição de exercer a atividade laborativa que lhe garanta o sustento”. 4. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida. 5. Acontece que, in casu, observando os autos, nota-se que o autor/recorrente – 54 anos de idade, analfabeto, agricultor e residente Parelhas/RN – é portador de diplopia após acidente vascular (H 532), tratando-se de patologia que não acarreta nenhuma incapacidade, sendo atestada apenas limitação e sendo a doença ou seqüela reversível (anexo 14). 6. Cumpre destacar a observação registrada pelo perito no sentido de que o autor tem boa visão no olho bilateral e a patologia analisada impossibilita a autora apenas de exercer atividades que necessitem de visão binocular; não havendo esta necessidade para o desempenho da atual atividade da autora, qual seja, a de agricultura. 7. Portanto, considerando o fato de os outros elementos de prova constantes nos autos não reunirem forças capazes de infirmar a conclusão explicitada pelo expert, imperioso convir no sentido de que o laudo pericial constitui ferramenta fundamental para reconhecer a inexistência da alegada incapacidade. 8. Improvimento do recurso inominado. 7. A meu ver, a sentença, confirmada pelo acórdão recorrido, está em consonância com a jurisprudência da TNU já que, inexistindo incapacidade, não é obrigatória a análise das condições sociais em que inserido o requerente, nos termos do que dispõe a Súmula 77 da TNU, in verbis: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 8. Pretende o autor a rediscussão do julgado, o que é vedado nessa esfera, nos termos da Súmula 42 da TNU. 9. Incidente de Uniformização de Jurisprudência não conhecido. Aplicação da Questão de Ordem n. 13 e das Súmulas 42 e 77 da TNU. (PEDILEF 05003019720154058402, JUÍZA FEDERAL FLÁVIA PELLEGRINO SOARES MILLANI, TNU, DOU 27/09/2016.) (grifei e destaquei) 12.Da mesma forma, a TR/RN decidiu recentemente: PROCESSO No 0500050-42.2016.4.05.8403 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE REESTABELECIMENTO DE AUXILIO DOENÇA. SEM INCAPACIDADE. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. CONDIÇÕES PESSOAIS. SENTENÇA PROCEDENTE. RECURSO INOMINADO DO INSS. PROVIMENTO. 1- Trata-se recurso interposto pelo INSS em face de sentença que, diante do laudo pericial acostado aos autos e da análise das condições pessoais/sociais, julgou improcedente o pedido de reestabelecimento de auxílio-doença. 2- O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 3- Para a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, exige-se a carência de 12 (doze) contribuições mensais. 5 – O laudo pericial (evento de no 15), atesta que a parte autora sofre de limitação de sua capacidade laborativa, sem incapacidade, podendo exercer a atividade atual, apenas sofrendo redução de sua plena capacidade. Transcrevo: “3) Essa doença ou seqüela o(a) incapacita para o exercício de atividade laborativa? Qual A DATA (MÊS E ANO) DO INÍCIO DA INCAPACIDADE? A incapacidade é TEMPORÁRIA OU DEFINITIVA? A autora não apresenta incapacidade laboral, não apresentou ao exame físico alteração que justifique afastamento da vida laboral 6 – A análise das condições sociais da autora foi objeto de audiência, onde se observou a seguinte caracterização: “Autora tem 44 anos de idade e não sabe ler e escrever, apenas assina o nome. Sua profissão sempre foi de agricultura. Mora sozinha, vivendo em região de escassa oferta de emprego e de longos períodos de estiagem, os quais chegam a inviabilizar o trabalho agrícola familiar durante a falta de chuva. Nos últimos anos (a partir de 2013) vinha se mantendo a partir do benefício de Auxílio-Doença que recebeu até dezembro de 2015.” 7 - Enquanto o auxílio-doença exige que a incapacidade seja apenas parcial e/ou temporária para o trabalho, a aposentadoria por invalidez é imprescindível via de regra que a incapacidade seja total e definitiva para o desempenho de qualquer atividade laboral (art.s 42 e 59 da Lei de Benefícios). 8 - A limitação leve, salvo evidência em sentido contrário apresentado pela parte autora, não impede o exercício da atividade laboral, não sendo suficiente para a concessão do benefício. 9 - In casu, o laudo pericial constatou ser a parte autora é afetada por hérnia de disco em coluna lombar e tendinite em ombros CID M51, M75, com inicio em 2010 e, mesmo ao considerar as suas condições pessoais, concluiu pela ausência de incapacidade, apenas aduziu a redução da capacidade laborativa plena. Atesta ainda que “A autora apresenta enfermidade de grau moderado”. 10 – Entendendo que o juiz não está adstrito ao laudo pericial elaborado. Contudo, não vislumbro preenchidos os requisitos para o restabelecimento do benefício por incapacidade outrora concedido. Pois, na presente querela, tal instrumento (o laudo pericial) é indispensável à sua resolução. Acrescente-se que a presente demanda versa sobre o restabelecimento do auxílio-doença, tendo a autora percebido tal benefício (NB: 608.016.129-3) pelo período de 11/09/2013 a 03/12/2015, ou seja, por mais de um ano. 11 – A análise das condições pessoais da autora, não obstante revelem certa dificuldade para a sua reinserção no mercado de trabalho, não caracteriza elemento absolutamente impeditivo. Assim, ante a ausência de incapacidade laborativa, imperativo convir no sentido de lhe ser negado o benefício perseguido. 12 – Portanto, não vislumbro preenchidos os requisitos para o reestabelecimento do benefício por incapacidade outrora concedido. 13 – Recurso Inominado do INSS provido. 14 – Sem honorários ou custas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto pelo INSS, nos termos do voto do Juiz Relator. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data da realização da sessão. 13.Nesse aspecto, observo que a documentação médica apresentada por médico particular acostada aos autos pela parte autora não se mostra suficientemente idônea para sobrepujar o laudo pericial oficial, posto que, perante a contradição entre os laudos apresentados, deve prevalecer, a meu sentir, o laudo do perito judicial, que atua como auxiliar do juízo, equidistante do interesse das partes. Por outro lado, não se deve confundir a presença de doença/sequela com a existência de incapacidade laboral, dado que afetações nosocômicas podem ou não implicar em alterações psicofísicas possíveis de impedir ou limitar atividades laborais do paciente. 14.Note-se, por relevante, que nã(o se aplicam ao caso as súmulas de n.os 79 e 80 da TNU, uma vez que se referem a benefícios assistênciais, o que não é o caso dos autos. 15.Portanto, inexistente a incapacidade, requisito indispensável para a concessão do benefício de Auxílio-Doença ou de Aposentadoria por Invalidez, deixo de analisar os demais requisitos, razão pela não deve ser acolhido o pedido do (a) demandante. II - DISPOSITIVO 16.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução de mérito (art. 487, I, do CPC). 17.Defiro o beneficio da assistência judiciária gratuita. 18.Sem custas e sem honorários (art. 55 da lei 9.099/1995). 19.Registre-se. Intimem-se. Caicó/RN, data de movimentação.
PROCESSO N° 0503132-50.2017.4.05.8402 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. AUXILIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DA INCAPACIDADE. LIMITAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que, em consenso com o laudo pericial acostado aos autos, julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, por restar comprovada a capacidade para o labor. Diante do exposto, requer o apelante à reforma da sentença para acolher o pedido inicial de concessão do benefício de auxílio doença. 2. Tendo em mente a completude da perícia médica realizada, não restam dúvidas acerca da condição médica e da inexistência de incapacidade laborativa, podendo haver, apenas, limitações leves. 3. O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 4. Já a aposentadoria por invalidez é a prestação previdenciária que será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida, quando foro o caso, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. 5. No tocante à preliminar suscitada, inexiste a alegada nulidade da sentença, por não se vislumbrar qualquer nódoa apta a configurar o apontado error in procedendo. Inicialmente, no que toca ao pedido de depoimento pessoal da parte autora, tal pretensão não encontra respaldo no CPC, uma vez que não se pode pugnar pela colheita do próprio depoimento pessoal, mas tão somente pelo depoimento da parte adversa. Segundo preconiza o art. 385 do CPC, cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte. 6. Com relação à produção de prova testemunhal, não se vê que tal meio probatório se mostre mais útil e eficaz do que a prova pericial para dissipar uma controvérsia que requer conhecimentos técnicos, como se apresenta a questão que envolve um suposto estado de (in)capacidade laborativa. 7. Desse modo, a dispensa, pelo juízo, da prova oral não se mostra hábil a inquinar de vício o processo, quando o magistrado reputa suficiente, para julgar a lide, a prova já existe nos autos. 8. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida, isso em consonância com a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização. 9. Contudo, o colegiado de uniformização mais recentemente evoluiu no entendimento acerca da impossibilidade de transmudar limitação em incapacidade à luz das ditas condições pessoais. Nesse sentido o PEDILEF 05025126120144058105 (Relator(a) JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224). 10. Com efeito, o enunciado da Súmula 47 da TNU diz respeito às hipóteses em que se verifica a existência de incapacidade parcial e, por conseguinte, revela-se imperiosa a aferição das condições pessoais e sociais a fim de perquirir a possibilidade de concessão da aposentadoria por invalidez (Súmula 47: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez). A Súmula 77 da TNU, por sua vez, dispõe que “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 11. No caso vertente, a sentença julgou improcedente o pedido nos seguintes termos: “(...) 6.Em relação à incapacidade laboral da parte autora, a partir do laudo médico pericial (anexo 20), verifico que, não obstante o requerente seja portador de CID 10 M 51.1 - Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia, não apresenta incapacidade laborativa, mas apenas “leve limitação as atividades que exigem grande demanda física, como por exemplo: realizar caminhadas por mais de 1 hora ou elevar peso excessivo”, conforme respostas aos quesitos 3.1, 4.1 e 4.2, de modo que não existe incompatibilidade entre as atribuições inerentes à profissão da autora (agricultora) e a limitação imposta pela doença, não impedindo a autora, portanto, de exercer tarefas mais simples, como colher, cuidar de animais etc. 7.Nesse contexto, entendo que a parte autora não faz jus ao benefício postulado, pois é requisito indispensável para a concessão do benefício vindicado a constatação de incapacidade, o que não se constatou. (...)” – Trecho da Sentença – Anexo Nr. 23. 12. A leitura do laudo médico revela que o autor possui 39 (trinta e nove) anos de idade, possui ensino fundamental e sua última ocupação foi como agricultor. É portador de outros transtornos de discos intervertebrais (CID 10 – M 51). Mesmo apresentando leves limitações, como fora evidenciado no Laudo Pericial (Anexo Nr. 20), de forma que é plenamente possível o desempenho da sua atividade laborativa. 13. Esclarece o expert que o recorrente está apto a executar as tarefas exigidas por seu trabalho, concluindo que a limitação apresentada é leve com relação as atividades que exigem grande demanda física, como por exemplo: realizar caminhadas por mais de 1 hora ou elevar peso excessivo. – Laudo Pericial – Anexo Nr. 20 (Item 4.2). 14. Como se vê, de fato, o laudo informa que o autor possui capacidade laboral, referindo apenas limitações, hipótese em que eventuais condições pessoais gerais adversas não podem ensejar a concessão de benefício previdenciário, que, neste caso, tem por pressuposto a contingência médica, não as adversidades pessoais ou mesmo econômicas. Cabe ao autor identificar concretamente os fatos específicos que ensejariam o reconhecimento da incapacidade, que não devem ser presumidos. 15. Improvimento do recurso inominado da parte autora. 16. Honorários advocatícios em desfavor da parte recorrente à razão de 10% sobre o valor atualizado da causa, observado o deferimento da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto, nos termos do voto-ementa. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data do julgamento.
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9-RN
1
115.281088
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
RESOLUÇÃO CJF No 535, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2006) 1.Dispensado o relatório na forma do artigo 38 da Lei no 9.099/95. I – FUNDAMENTAÇÃO 2.A Parte Autora pleiteia a concessão de benefício de Auxílio-Doença ou Aposentadoria por Invalidez, alegando preencher os requisitos legais para sua percepção. 3.Nos termos do art. 59, da Lei no 8.213/91, o benefício de Auxílio-Doença demanda a comprovação da qualidade de segurado e carência, além da demonstração de incapacidade laboral temporária para seu trabalho ou para sua atividade habitual. 4.Por sua vez, preceitua o artigo 42, caput, da Lei no 8.213/91, que a “aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”. 5.Assim, os requisitos para a concessão dos benefícios em questão são os seguintes: a) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual de forma permanente ou temporária; b) manutenção da qualidade de segurado e; c) carência, no caso de 12 contribuições mensais, ressalvadas as hipóteses previstas em lei (art. 25, I, Lei no 8.213/91). 6.Em relação à incapacidade laboral da parte autora, a partir do laudo médico pericial (anexo 20), verifico que, não obstante o requerente seja portador de CID 10 M 51.1 - Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com radiculopatia, não apresenta incapacidade laborativa, mas apenas “leve limitação as atividades que exigem grande demanda física, como por exemplo: realizar caminhadas por mais de 1 hora ou elevar peso excessivo”, conforme respostas aos quesitos 3.1, 4.1 e 4.2, de modo que não existe incompatibilidade entre as atribuições inerentes à profissão da autora (agricultora) e a limitação imposta pela doença, não impedindo a autora, portanto, de exercer tarefas mais simples, como colher, cuidar de animais etc. 7.Nesse contexto, entendo que a parte autora não faz jus ao benefício postulado, pois é requisito indispensável para a concessão do benefício vindicado a constatação de incapacidade, o que não se constatou. 8.Consigno que, no caso concreto, diante das limitações constatadas pelo médico perito judicial quanto ao uso de medicamentos e eventuais sintomas não incapacitantes, não há qualquer impedimento para o desenvolvimento da atividade laboral do (a) requerente. 9.Por outro lado, tenho que é desnecessário a realização de audiência de instrução com o objetivo de averiguar as condições pessoais, econômicas, sociais e culturais do (a) postulante, haja vista que mesmo que sejam desfavoráveis, não é possível conceder o benefício, porquanto como já dito, não foi constatada qualquer incapacidade. 10.É de se destacar, igualmente, que a TNU, por meio de sua súmula de n. 77, dispõe que o julgador não fica obrigado a analisar as condições pessoais e sociais, quando não ficar reconhecida a incapacidade. Veja-se: O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual. 11.Ilustrativamente, em casos muito semelhantes, decidiu recentemente a TNU mais de uma vez: AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL NÃO VERIFICA A EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE, INEXISTINDO SEQUELAS DO ACIDENTE. A SENTENÇA JULGA O PEDIDO IMPROCEDENTE. O ACÓRDÃO DA SEGUNDA TURMA RECURSAL DO CEARÁ NEGA PROVIMENTO AO RECURSO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO ALEGA DIVERGÊNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, TANTO PELA FALTA DE INTIMAÇÃO DO LAUDO, QUANTO PELA FALTA DE ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. Trata a presente ação de pedido de concessão de benefício por incapacidade, tendo o laudo pericial deixado de verificar a existência de incapacidade laboral ou para a vida independente, inexistindo seqüelas do acidente. A sentença, então, julga o pedido improcedente, sendo mantida pela Segunda Turma Recursal do Ceará. O incidente de uniformização alega divergência com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tanto pela falta de intimação, após a juntada do laudo pericial, quanto pela falta de análise das condições pessoais e sociais do Autor(..) É o relatório. Inicialmente, seria de se conhecer, apenas parcialmente, do pedido de uniformização, porque a Turma Nacional de Uniformização apenas decide sobre alegações de direito material, não sobre direito processual. Desse modo, a questão da alegada falta de intimação sobre o laudo pericial, não é matéria para ser apreciada em uniformização de jurisprudência. De qualquer modo, o entendimento majoritário é que, em sede de juizados especiais federais, não há nulidade, na falta dessa intimação, por conta das especificidades do sistema. Porém, no que se refere à alegação de falta de análise das condições pessoais, não deve ser conhecido o incidente, por força da Questão de Ordem 13 da Turma Nacional de Uniformização, porque essa análise só deve ser feita, quando existir alguma espécie de incapacidade, nos termos da Súmula 77 do mesmo ente. É por essa razão que a imensa maioria dos julgados da Turma Nacional de Uniformização apenas realiza esse exercício de avaliação das condições sócio-econômicas e pessoais, no caso de incapacidade parcial, verbis: "Processo PEDILEF 05094982120114058013 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL Relator(a) JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA Sigla do órgão TNU Fonte DOU 19/02/2016 PÁGINAS 238/339 Decisão Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais NÃO CONHECER DO INCIDENTE NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA veiculado pela parte autora, nos termos do voto-ementa do Relator. Ementa PEDIDO NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE. DESNECESSIDADE. QUESTÃO DE ORDEM N.o 013 DESTA TNU. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Trata-se de pedido nacional de uniformização de jurisprudência formulado pela parte autora (evento 33) em face de acórdão exarado por Turma Recursal dos JEFs da Seção Judiciária do Estado de Alagoas (evento 30), cujo teor é o seguinte: PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE PARA A ATIVIDADE HABITUAL. INEXISTÊNCIA. MERA LIMITAÇÃO. DIREITO A AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ÎNEXISTÊNCIA. BENEFÍCIO RECEBIDO POR FORÇA DA SENTENÇA. IRREPETIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. - O direito ao auxílio-doença pressupõe: a) condição de segurado; b) cumprimento da carência de doze contribuições mensais, salvo nos casos previstos no art. 26, II; c) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei n° 8.213/91). (...) Sustenta a parte autora, em síntese, que lhe deve ser concedido benefício por incapacidade, se consideradas as suas condições pessoais. Alega que a existência de incapacidade parcial gera o direito ao recebimento, ao menos, de auxílio-doença. Aponta como paradigma julgado da Primeira Turma Recursal dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte (processo n.o 0510399-89.2011.4.05.8400). Invoca o teor da Súmula n.o 047 deste colegiado. 2. O Min. Presidente desta TNU admitiu o pleito de uniformização. 3. Para a concessão de benefício por incapacidade lato sensu, a análise das condições pessoais do segurado mostra-se possível, desde que haja ao menos incapacidade parcial. (...) Esta TNU entende que o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual (Súmula n.o 077). Contrario sensu, se for verificada a existência de incapacidade “para a sua atividade habitual” (incapacidade, no mínimo, parcial, portanto), devem ser analisadas, para fins de deferimento de aposentadoria por invalidez, as condições pessoais da parte autora (Súmula n.o 047 desta TNU): (...) Hipótese em que a perícia médica constatou que a parte autora, 47 anos, residente em Pindorama, é portadora de espondiloartrose (M47), destacando que há limitações para o exercício de atividades rúrícolas durante crise álgica, mas que não há incapacidade "por exemplo a semear a terra, ou mesmo cuidar de animais". Havendo apenas limitação para o exercício da atividade habitual, mas não incapacidade, tanto que alguns atos dela podem continuar a ser exercidos mesmo durante as crises álgicas, não há direito ao benefício de auxílio-doença postulado. (grifei) Ora, como não há ao menos incapacidade parcial, entendo que não seja o caso de análise das condições pessoais da parte autora para fins de concessão de benefício por incapacidade, nos termos da jurisprudência deste colegiado. (...) Ou seja, se houver uma incapacidade para a atividade habitual, que seja permanente, ou seja, uma incapacidade parcial e permanente, deverá o julgador realizar a análise das condições sociais e pessoais. Não é aplicada no caso de ausência de incapacidade. Assim, no entender da Relatoria, deve ser interpretada a Súmula 77. Por isso, não conheço do incidente de uniformização. É como voto. (PEDILEF 05025126120144058105, JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA, TNU, DOU 05/04/2017 PÁG. 153/224.) (grifei e destaquei) PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO NEGATIVO. CONDIÇÕES SOCIAIS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 44 E 77 DA TNU. 1. Prolatado acórdão pela Turma Recursal do Rio Grande do Norte que, confirmando a sentença de primeiro grau, negou a concessão de auxílio doença/aposentadoria por invalidez ao autor, tendo em vista a conclusão do laudo pericial. 2. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto tempestivamente pelo autor, com fundamento no art. 14, § 2o, da Lei no 10.259/2001. 3. Alegação de que o acórdão recorrido divergiu do entendimento da Turma Recursal do Mato Grosso, na medida em que deixou de analisar as condições pessoais e socioeconômicas da autora. 4. Incidente inadmitido na origem, sendo os autos encaminhados a esta TNU após agravo. 5. No caso em tela, o incidente não comporta conhecimento. 6. Pois bem, segundo o laudo pericial, a autora não está incapacitada para a atividade laborativa de agricultora, com base em tal parecer, a Turma Recursal confirmou a sentença de improcedência do pedido, nos seguintes termos: EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RECURSO INOMINADO. PEDIDO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU CONCESSÃO/RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL. CAPACIDADE LABORATIVA. NÃO CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1. O art. 59 e ss. da Lei n.o 8.213/91, relativos ao auxílio-doença, determinam que o segurado, incapacitado para o exercício de sua atividade habitual ou trabalho, por mais de 15 dias, terá direito à percepção do auxílio-doença, enquanto perdurar tal condição. O art. 42 da Lei 8.213/91, relativo à aposentadoria por invalidez, estabelece que será devida a aposentadoria uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, ao segurado que for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição. Impõe-se sublinhar que, para aferir-se a capacidade ou incapacidade laboral, bem como sua extensão, necessário se faz analisar o caso concreto. 2. No caso em apreço, destacou o juízo monocrático: “No caso em comento, apesar de a autora ser portadora de diplopia após acidente vascular cerebral, tem boa visão bilateral, estando impossibilidado apenas para ao trabalho que necessite de visão binocular, o não havendo incapacidade do(a) promovente para a sua atividade habitual de agricultor, mas apenas limitação leve a moderada, segundo respostas contidas nos quesitos 3.1 e 4.1. Desta forma, em face do conjunto fático-probatório encontradiço nos presentes autos, não merece acolhida a pretensão descansada na peça inaugural, uma vez que, ante o diagnóstico apresentado pelo perito, atestando a ausência de incapacidade laborativa, deixa o(a) Postulante de preencher o requisito da incapacidade, para fazer jus à outorga do benefício de auxílio-doença ou, a depender da situação, sua conversão para aposentadoria por invalidez.” – Trecho da sentença, anexo 15. 3. A parte autora manifesta sua irresignação em face da sentença que negou a concessão do benefício previdenciário pretendido, segundo o fundamento de que “é sabido que a profissão exercida pelo autor - AGRICULTOR - exige total plenitude de sua saúde, ademais qualquer atividade que a autora possa exercer está prejudicada pela sua falta de visão, posto que, a visão é um dos sentidos mais importantes na realização de atividades laborativas. Assim, a diminuição da visão impede o bom desempenho das atividades do autor – AGRICULTOR – que lida com instrumentos cortantes, exposto a possíveis perigos devido à sua pouca visão. (..) Necessário ressaltar, por oportuno, que o recorrente possui baixo grau de instrução, conta com a idade avançada (53 anos) e exerce atividade laborativa que exige plenitude de sua saúde e de sua visão, o que não pode mais em razão da patologia que o acomete, estando incapaz também, para trabalhos burocráticos, já que não tem condições sócio-culturais para tal. Assim, a incapacidade deve ser analisada não somente no seu contexto médico, mas também levando em consideração as condições pessoais, sociais e intelectuais do autor, restando comprovado que o mesmo não tem nenhuma condição de exercer a atividade laborativa que lhe garanta o sustento”. 4. Não se olvida do fato de que, em se tratando de benefício por incapacidade, o julgador deverá atribuir relevo às condições pessoais do segurado, tais como, o grau de escolaridade, o meio social em que vive, idade, o nível econômico e a atividade desenvolvida. 5. Acontece que, in casu, observando os autos, nota-se que o autor/recorrente – 54 anos de idade, analfabeto, agricultor e residente Parelhas/RN – é portador de diplopia após acidente vascular (H 532), tratando-se de patologia que não acarreta nenhuma incapacidade, sendo atestada apenas limitação e sendo a doença ou seqüela reversível (anexo 14). 6. Cumpre destacar a observação registrada pelo perito no sentido de que o autor tem boa visão no olho bilateral e a patologia analisada impossibilita a autora apenas de exercer atividades que necessitem de visão binocular; não havendo esta necessidade para o desempenho da atual atividade da autora, qual seja, a de agricultura. 7. Portanto, considerando o fato de os outros elementos de prova constantes nos autos não reunirem forças capazes de infirmar a conclusão explicitada pelo expert, imperioso convir no sentido de que o laudo pericial constitui ferramenta fundamental para reconhecer a inexistência da alegada incapacidade. 8. Improvimento do recurso inominado. 7. A meu ver, a sentença, confirmada pelo acórdão recorrido, está em consonância com a jurisprudência da TNU já que, inexistindo incapacidade, não é obrigatória a análise das condições sociais em que inserido o requerente, nos termos do que dispõe a Súmula 77 da TNU, in verbis: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. 8. Pretende o autor a rediscussão do julgado, o que é vedado nessa esfera, nos termos da Súmula 42 da TNU. 9. Incidente de Uniformização de Jurisprudência não conhecido. Aplicação da Questão de Ordem n. 13 e das Súmulas 42 e 77 da TNU. (PEDILEF 05003019720154058402, JUÍZA FEDERAL FLÁVIA PELLEGRINO SOARES MILLANI, TNU, DOU 27/09/2016.) (grifei e destaquei) 12.Da mesma forma, a TR/RN decidiu recentemente: PROCESSO No 0500050-42.2016.4.05.8403 EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE REESTABELECIMENTO DE AUXILIO DOENÇA. SEM INCAPACIDADE. DIAGNÓSTICO DE LIMITAÇÃO. CONDIÇÕES PESSOAIS. SENTENÇA PROCEDENTE. RECURSO INOMINADO DO INSS. PROVIMENTO. 1- Trata-se recurso interposto pelo INSS em face de sentença que, diante do laudo pericial acostado aos autos e da análise das condições pessoais/sociais, julgou improcedente o pedido de reestabelecimento de auxílio-doença. 2- O auxílio-doença é devido ao segurado que, havendo cumprido o período de carência exigível legalmente, ficar incapacitado para seu trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. 3- Para a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, exige-se a carência de 12 (doze) contribuições mensais. 5 – O laudo pericial (evento de no 15), atesta que a parte autora sofre de limitação de sua capacidade laborativa, sem incapacidade, podendo exercer a atividade atual, apenas sofrendo redução de sua plena capacidade. Transcrevo: “3) Essa doença ou seqüela o(a) incapacita para o exercício de atividade laborativa? Qual A DATA (MÊS E ANO) DO INÍCIO DA INCAPACIDADE? A incapacidade é TEMPORÁRIA OU DEFINITIVA? A autora não apresenta incapacidade laboral, não apresentou ao exame físico alteração que justifique afastamento da vida laboral 6 – A análise das condições sociais da autora foi objeto de audiência, onde se observou a seguinte caracterização: “Autora tem 44 anos de idade e não sabe ler e escrever, apenas assina o nome. Sua profissão sempre foi de agricultura. Mora sozinha, vivendo em região de escassa oferta de emprego e de longos períodos de estiagem, os quais chegam a inviabilizar o trabalho agrícola familiar durante a falta de chuva. Nos últimos anos (a partir de 2013) vinha se mantendo a partir do benefício de Auxílio-Doença que recebeu até dezembro de 2015.” 7 - Enquanto o auxílio-doença exige que a incapacidade seja apenas parcial e/ou temporária para o trabalho, a aposentadoria por invalidez é imprescindível via de regra que a incapacidade seja total e definitiva para o desempenho de qualquer atividade laboral (art.s 42 e 59 da Lei de Benefícios). 8 - A limitação leve, salvo evidência em sentido contrário apresentado pela parte autora, não impede o exercício da atividade laboral, não sendo suficiente para a concessão do benefício. 9 - In casu, o laudo pericial constatou ser a parte autora é afetada por hérnia de disco em coluna lombar e tendinite em ombros CID M51, M75, com inicio em 2010 e, mesmo ao considerar as suas condições pessoais, concluiu pela ausência de incapacidade, apenas aduziu a redução da capacidade laborativa plena. Atesta ainda que “A autora apresenta enfermidade de grau moderado”. 10 – Entendendo que o juiz não está adstrito ao laudo pericial elaborado. Contudo, não vislumbro preenchidos os requisitos para o restabelecimento do benefício por incapacidade outrora concedido. Pois, na presente querela, tal instrumento (o laudo pericial) é indispensável à sua resolução. Acrescente-se que a presente demanda versa sobre o restabelecimento do auxílio-doença, tendo a autora percebido tal benefício (NB: 608.016.129-3) pelo período de 11/09/2013 a 03/12/2015, ou seja, por mais de um ano. 11 – A análise das condições pessoais da autora, não obstante revelem certa dificuldade para a sua reinserção no mercado de trabalho, não caracteriza elemento absolutamente impeditivo. Assim, ante a ausência de incapacidade laborativa, imperativo convir no sentido de lhe ser negado o benefício perseguido. 12 – Portanto, não vislumbro preenchidos os requisitos para o reestabelecimento do benefício por incapacidade outrora concedido. 13 – Recurso Inominado do INSS provido. 14 – Sem honorários ou custas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Norte, à unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso inominado interposto pelo INSS, nos termos do voto do Juiz Relator. Em se verificando o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. Natal/RN, data da realização da sessão. 13.Nesse aspecto, observo que a documentação médica apresentada por médico particular acostada aos autos pela parte autora não se mostra suficientemente idônea para sobrepujar o laudo pericial oficial, posto que, perante a contradição entre os laudos apresentados, deve prevalecer, a meu sentir, o laudo do perito judicial, que atua como auxiliar do juízo, equidistante do interesse das partes. Por outro lado, não se deve confundir a presença de doença/sequela com a existência de incapacidade laboral, dado que afetações nosocômicas podem ou não implicar em alterações psicofísicas possíveis de impedir ou limitar atividades laborais do paciente. 14.Note-se, por relevante, que nã(o se aplicam ao caso as súmulas de n.os 79 e 80 da TNU, uma vez que se referem a benefícios assistênciais, o que não é o caso dos autos. 15.Portanto, inexistente a incapacidade, requisito indispensável para a concessão do benefício de Auxílio-Doença ou de Aposentadoria por Invalidez, deixo de analisar os demais requisitos, razão pela não deve ser acolhido o pedido do (a) demandante. II - DISPOSITIVO 16.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução de mérito (art. 487, I, do CPC). 17.Defiro o beneficio da assistência judiciária gratuita. 18.Sem custas e sem honorários (art. 55 da lei 9.099/1995). 19.Registre-se. Intimem-se. Caicó/RN, data de movimentação
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
67
0509758-12.2017.4.05.8103
2017-09-21 00:00:00
INSS - APSADJ (Sobral) (77.923.652/0003-94) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (Sobral) (29.979.036/0044-80)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-28 15:59:57
Sentença - BPC - pessoa com deficiência
2018-06-14T17:29:56
Acórdão - Com voto
ANDRÉ LUIZ CAVALCANTI SILVEIRA (TURMA)
2018-06-13 13:30:00
IACI ROLIM DE SOUSA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
CE024029
SENTENÇA I. RELATÓRIO Trata-se de ação movida por FRANCISCO ALMIR LOPES contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à concessão de benefício de prestação continuada à pessoa com deficiência e à condenação do requerido ao pagamento das prestações vencidas a contar da data do requerimento administrativo (DER: 11/3/2016). Regularmente citado, o INSS apresentou contestação alegando, preliminarmente, falta de interesse de agir e no mérito, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. Relatado no essencial, passo à fundamentação. II. FUNDAMENTAÇÃO II.1. Preliminar de ausência de interesse de agir Ainda que a parte autora tenha dado causa ao arquivamento do pedido administrativo do benefício, entendo que o interesse processual está presente, a partir do momento em que o INSS contestou a ação, insurgindo-se contra o mérito. Desse modo, não acolho a preliminar de falta de interesse de agir. II.2. Benefício de prestação continuada O benefício assistencial requestado encontra-se previsto no art. 203, V, Constituição Federal, e no art. 20 da Lei no 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Para sua concessão, o interessado deve ser pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial, e encontrar-se impossibilitado de prover os meios necessários a sua manutenção ou tê-la provida por sua família (renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo). Há necessidade, portanto, da observância de dois requisitos: a) ser pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos; e b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família. II.2.1. Pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos Não há necessidade de maiores digressões com relação ao requisito concernente à idade. Algumas considerações, no entanto, são pertinentes no que tange ao conceito de pessoa com deficiência. Inicialmente, registre-se que vigora um novo panorama do benefício assistencial, trazido pela Lei no 12.435, de 6 de julho de 2011, e pela Lei no 12.470, de 31 de agosto de 2011, as quais advieram como frutos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Os referidos diplomas legais alteraram o art. 20 da Lei no 8.742/93, nos seguintes termos: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. § 9o A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. Cotejando o dispositivo legal acima colacionado com a anterior legislação do benefício assistencial, verifica-se que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100: 3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho, in verbis: E M E N T A PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DO CASO CONCRETO. PRECEDENTE DESTA TURMA NACIONAL. A autarquia previdenciária apontou divergência entre Turmas e contrariedade à jurisprudência dominante do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sustentando não ser possível o deferimento de benefício assistencial, na hipótese de se tratar de incapacidade parcial. No entanto, já se pacificou, nesta Turma Nacional, constituindo a sua jurisprudência dominante, o entendimento de que, na análise da incapacidade, devem ser consideradas as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto, ou seja, a conjugação da incapacidade parcial com fatores como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela está inserida podem transformá-la em total, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. (grifo nosso) O aresto atacado, que deferiu o benefício à autora que, embora apenas parcialmente incapaz, tem 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, não apresenta qualificação profissional e somente exerceu atividades incompatíveis com a sua deficiência física, se ajustou ao posicionamento que vem prevalecendo neste Colegiado. Pedido de uniformização conhecido e improvido. (Processo: 2007.50.50.00.6748-1 Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal, Relator: ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, publicação: 13/05/2009) 8. A Lei n. 8.742/1993 trouxe também previsão no sentido de que o benefício deve ser usado em prol do desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais, salientando que a realização de habilitação e reabilitação, não constitui motivo de suspensão ou cessação do benefício recebido pelo deficiente, conforme disposto em seu art. 21, § 3o: Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei no 9.720, de 30.11.1998) § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei no 12.435, de 2011) Depreende-se, então, que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões sócio-ambientais. Por conta disso, cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Nesse tocante, o Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007, que regulamenta o benefício assistencial, explicita como devem ser feitas as avaliações médica e social, nestes termos: Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. § 1o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento será realizada por meio de avaliação social e avaliação médica. § 2o A avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, a avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. § 3o As avaliações de que trata o § 1o serão realizadas, respectivamente, pelo serviço social e pela perícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim, instituídos por ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS. (...) § 5o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: I - comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e II - aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras diversas. § 6o O benefício poderá ser concedido nos casos em que não seja possível prever a duração dos impedimentos a que se refere o inciso I do § 5o, mas exista a possibilidade de que se estendam por longo prazo. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais – TNU, por sua vez, editou a Súmula 80, adotando o entendimento de que para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. A realização de avaliação social ou outras providências similares, como a elaboração de auto de constatação e a realização de audiência, no entanto, se tornam desnecessárias nas situações em que, após a realização de perícia médica, verifica-se claramente que as limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais decorrentes da enfermidade ou sequela constatadas não tem o condão de obstruir, por período superior a dois anos, a participação do interessado na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. São esses, portanto, os parâmetros que devem ser considerados para o fim de se aferir o requisito concernente ao impedimento de longo prazo. II.2.2. Impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Para aferição da situação de miserabilidade (impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família) do grupo familiar, considerado esse o conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Lei no 8.742/93, art. 20, § 1o), a LOAS fixou como patamar máximo a renda familiar mensal per capita de 1⁄4 do salário mínimo, devendo ela manter-se inferior a esse limite (Lei no 8.742/93, art. 20, § 3o). Por esse motivo, estabeleceu o § 8o do art. 20 da LOAS que a renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. O art. 20, § 3o, da LOAS, por sua vez, foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 1.232, tendo o Supremo Tribunal Federal (STF) definido que o critério de 1⁄4 do salário mínimo é objetivo e não pode ser conjugado com outros fatores indicativos da miserabilidade do indivíduo e de seu grupo familiar, cabendo ao legislador, e não ao juiz, na solução do caso concreto, a criação de outros requisitos para a aferição do estado de pobreza daquele que pleiteia o benefício assistencial. Ocorre que, ao julgar a Reclamação de no 4.374, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, o STF deixou claro que teve por constitucional, em tese, a norma do art. 20 da Lei no 8.742/93, mas não afirmou inexistirem outras situações concretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma. A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade dos comportamentos judiciais que, para atender, nos casos concretos, à Constituição, garantidora do princípio da dignidade humana e do direito à saúde e à obrigação estatal de prestar a assistência social a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social, tenha de definir aquele pagamento diante da constatação, por outros meios, da necessidade da pessoa com deficiência ou do idoso. Reafirmando o entendimento esposado na Reclamação acima, o STF, incidentalmente, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 (Repercussão Geral em RE 567.985 e RE 580.963), asseverando que o juiz, no caso concreto, poderá fazer análise da situação em que se encontra o grupo familiar, de forma a avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. No julgamento acima referido (RE 580.963), também restou declarada a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do art. 34, parágrafo único, da Lei no 10.741/2003, segundo o qual o benefício de prestação continuada concedido a qualquer membro da família nos termos do Estatuto do Idoso não seria computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Segundo o STF, tal preceito viola o princípio da isonomia, ao não permitir a percepção conjunta de benefício assistencial ou previdenciário, de valor mínimo, de idoso com o assistencial de deficiente. A conclusão do julgado é pela possibilidade de exclusão do cômputo da renda per capita do grupo familiar de qualquer benefício mínimo (seja de natureza previdenciária ou assistencial) recebido por idoso e concedido nos termos do Estatuto do Idoso (art. 34 da Lei 10.741/2003, ou seja, idoso maior ou igual a 65 anos), ou benefício assistencial recebido por deficiente. Vale mencionar, ainda, que a TNU firmou o posicionamento, consubstanciado na Súmula 79, no sentido de que, nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça, ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal. Feitas essas considerações gerais, passa-se ao exame, de forma individualizada, do preenchimento dos requisitos no caso concreto. II.2.3. Caso concreto No caso em espécie, segundo o laudo pericial e esclarecimentos (anexos 7 e 8), o experto do Juízo atesta que o autor apresenta “sequelas de tuberculose das vias respiratórias e de órgãos não especificados”, reconhecendo a existência de impedimento de longo prazo, de natureza física, embora tenha esclarecido que o autor relatou exercer a agricultura, plantando milho e feijão, mesmo sofrendo dispnéia aos moderados esforços. E, de fato, por ocasião da perícia, o perito constatou, no exame físico, que o autor “apresenta ceratose palmar bilateral, compatível com a realização de atividades braçais recentes" (anexo 7). Considerando a idade do autor (41 anos), a natureza da enfermidade (não segregatória) e o fato de não se encontrar incapacitado de exercer sua atividade laboral habitual (agricultura), não vislumbro realmente como reconhecer que o autor ostenta enfermidade que confira-lhe um impedimento de longo prazo nos contornos necessários à concessão do benefício assistencial ora pleiteado, conforme ditames previstos nos §§2o, 6o e 10, do art. 20, da Lei no 8.742/93. Com efeito, instado a avaliar o demandante, tomando por base os parâmetros da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), o experto do Juízo reconheceu a existência de deficiência de grau leve, no que pertine às estruturas e funções do corpo, assim como concluiu por uma dificuldade leve, no que tange às restrições à participação e atividade social. Ante tais informações, a meu sentir, a moléstia que recai sobre o suplicante acaba por lhe estabelecer certas limitações, mas não lhe tolhe a possibilidade de realizar os atos corriqueiros da vida, tampouco de exercer uma atividade laboral, apta a garantir seu sustento. Dessa forma, analisando a situação do requerente, tendo em mente que se trata de pessoa jovem (42 anos), que não apresenta problemas mentais e com uma limitação física de grau leve, que não lhe incapacita de exercer sua atividade habitual laboral, considero não restar configurada a existência de impedimento de longo prazo nos termos em que estabelecido nos §§2o, 6o e 10, do art. 20, da Lei 8.742/93, de forma que o autor não faz jus ao benefício assistencial pleiteado. Por fim, importa esclarecer que nada impede que o demandante requeira novamente o benefício assistencial ora pleiteado, caso satisfaça, em um momento futuro, os requisitos necessários. Desse modo, não estando atendido o pressuposto da comprovação da restrição na participação e/ou inserção na sociedade, tal qual disciplinado no art. 20, caput e §§ 2o, 6o e 10, da Lei 8.742/1993, torna-se desnecessária a análise dos demais requisitos exigidos em lei. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do NCPC. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Em caso de eventual recurso, intime-se a parte contrária para contrarrazões. Apresentadas ou decorrido o prazo, remetam-se os autos para a Turma Recursal. Preclusas as vias impugnativas, arquivem-se os autos. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no 10.259/2001. Sobral/CE, data supra. IACI ROLIM DE SOUSA
RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de amparo social ao deficiente. Alega o recorrente que a autora preenche os requisitos para a concessão do amparo requestado. É o breve relatório. VOTO Não merece prosperar o recurso manejado pela parte autora. O benefício assistencial de amparo ao deficiente foi previsto no art. 203, V, da CF/88, e disciplinado pela Lei no. 8.742/93, cujo art. 20 - com a redação dada pela Lei no 12.435/2011 - trouxe, para a sua concessão, os seguintes requisitos: (1) Deficiência, que da interpretação dos §§ 2o e 10° do aludido art. 20 pode ser considerada aquela decorrente de impedimentos por no mínimo 2 (dois) anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva do indivíduo na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (2) Impossibilidade de prover a própria manutenção e de tê-la provida por sua família, requisito que após a declaração de inconstitucionalidade, sem nulidade da norma, do art. 20, §3o, da Lei no 8.742/93, pelo Supremo Tribunal Federal (Rcl 4.374/PE e RE n.o 567.985/MT), passou a ser aferido não mais através do critério taxativo de 1/4 do salário-mínimo, mas pela adoção do parâmetro de 1/2 salário-mínimo adotado pela legislação superveniente de outros benefícios assistenciais, tais como, Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação e Bolsa-Família, aliado à análise de outras circunstâncias indicativas de miserabilidade no caso concreto, como já vinha sendo sufragado na jurisprudência do STJ (AgRg no AREsp 262.331/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/02/2013, DJe 25/02/2013) e da TNU (Súmula n.o 11). É importante destacar, primeiramente, que na análise da incapacidade, devem ser consideradas as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto. Em alguns casos, a conjugação da incapacidade com fatores como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que está inserido podem transformá-la em total, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. Após analisar o quadro, o perito concluiu que o autor “apresenta sequela pulmonar de tuberculose que o acometeu há 9 anos. Atualmente relata dispneia aos moderados esforços. Tal situação clínica não incapacita, mas gera impedimentos de longo prazo ao paciente.” Esclareceu, ainda, que os impedimentos são de natureza física. Conforme laudo, o autor relatou dispneia aos moderados esforços. Entretanto ainda exerce a atividade de agricultura referindo que planta feijão e milho. Quanto a este fato, o perito atestou que o autor apresentou ceratose palmar bilateral, compatível com realização de atividades braçais recentes. Cumpre mencionar que o auxiliar do Juízo reconheceu a existência de deficiência de grau leve, no que pertine às estruturas e funções do corpo, assim como concluiu por uma dificuldade leve, no que tange às restrições à participação e atividade social, nos termos da CIF. Observa-se, portanto, que embora o autor possua alguma limitação decorrente de sua patologia, tal limitação é leve, não o impedindo de exercer suas atividades habituais. Ademais, analisando as condições pessoais do autor, não vislumbrei elementos pessoais que, juntamente com a doença, impeçam a participação plena do postulante na sociedade. Destaque-se que o autor é jovem. Em face disso, o requerente deve ser estimulado a exercer atividade remunerada compatível com sua patologia, cuja dimensão ainda o permite exercer uma ocupação profissional. Caso contrário, a concessão do amparo assistencial poderá ensejar um isolamento social, o que lhe acarretará indubitavelmente um grande prejuízo social e psicológico. Isso posto, mesmo levando-se em consideração este novo entendimento de deficiência (art. 20, §§ 2o e 10, da Lei no 8.742/1993) e toda a sua relação direta com um ideal de justiça distributiva, justiça social e igualdade material, nota-se que a parte autora não preenche o referido requisito. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso para confirmar a sentença que julgou improcedente o pedido formulado na inicial. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da causa (art. 55 da Lei n.o 9.099/95), suspensa a execução desta parcela enquanto litigar sob o pálio da gratuidade judiciária. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator e manifestações gravadas. Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Gustavo Melo Barbosa, Paula Emília Moura Aragão de Sousa Brasil e André Luiz Cavalcanti Silveira. Fortaleza, data supra.
3,091
790
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31-CE
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187.967326
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação movida por FRANCISCO ALMIR LOPES contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à concessão de benefício de prestação continuada à pessoa com deficiência e à condenação do requerido ao pagamento das prestações vencidas a contar da data do requerimento administrativo (DER: 11/3/2016). Regularmente citado, o INSS apresentou contestação alegando, preliminarmente, falta de interesse de agir e no mérito, pugnando pela improcedência dos pleitos autorais. Relatado no essencial, passo à fundamentação. II. FUNDAMENTAÇÃO II.1. Preliminar de ausência de interesse de agir Ainda que a parte autora tenha dado causa ao arquivamento do pedido administrativo do benefício, entendo que o interesse processual está presente, a partir do momento em que o INSS contestou a ação, insurgindo-se contra o mérito. Desse modo, não acolho a preliminar de falta de interesse de agir. II.2. Benefício de prestação continuada O benefício assistencial requestado encontra-se previsto no art. 203, V, Constituição Federal, e no art. 20 da Lei no 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Para sua concessão, o interessado deve ser pessoa idosa (com 65 anos ou mais) ou com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial, e encontrar-se impossibilitado de prover os meios necessários a sua manutenção ou tê-la provida por sua família (renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo). Há necessidade, portanto, da observância de dois requisitos: a) ser pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos; e b) impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família. II.2.1. Pessoa com deficiência ou com idade superior a 65 anos Não há necessidade de maiores digressões com relação ao requisito concernente à idade. Algumas considerações, no entanto, são pertinentes no que tange ao conceito de pessoa com deficiência. Inicialmente, registre-se que vigora um novo panorama do benefício assistencial, trazido pela Lei no 12.435, de 6 de julho de 2011, e pela Lei no 12.470, de 31 de agosto de 2011, as quais advieram como frutos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Os referidos diplomas legais alteraram o art. 20 da Lei no 8.742/93, nos seguintes termos: Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6o A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. § 9o A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. Cotejando o dispositivo legal acima colacionado com a anterior legislação do benefício assistencial, verifica-se que restaram modificadas as exigências atinentes à deficiência, de maneira que não mais se exige uma patologia que gere incapacidade para a vida independente e para o trabalho, consoante asseverado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais deste Estado do Ceará, em acórdão proferido em 30/10/2012, nos autos do processo no 0511920-62.2012.4.05.8100: 3. Em que pese o Juiz monocrático ter verificado que a parte autora não padece de incapacidade laborativa, a legislação aplicada à espécie não traz mais em seu texto esta exigência, inclusive não traz mais nem sequer a expressão incapacidade, tendo esta sido substituída pela expressão obstrução da participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (...) 7. O entendimento da Turma Nacional de Uniformização, mesmo utilizando-se da expressão "incapacidade" segue também a orientação de que na análise desta, devem ser consideradas as condições pessoais e sociais do caso concreto, devendo ser realizada a associação da deficiência com elementos como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela vive, que podem vir a resultar na impossibilidade de acesso ao mercado de trabalho, in verbis: EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL. CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DO CASO CONCRETO. PRECEDENTE DESTA TURMA NACIONAL. A autarquia previdenciária apontou divergência entre Turmas e contrariedade à jurisprudência dominante do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sustentando não ser possível o deferimento de benefício assistencial, na hipótese de se tratar de incapacidade parcial. No entanto, já se pacificou, nesta Turma Nacional, constituindo a sua jurisprudência dominante, o entendimento de que, na análise da incapacidade, devem ser consideradas as circunstâncias pessoais e/ou sociais do caso concreto, ou seja, a conjugação da incapacidade parcial com fatores como a idade e o grau de instrução da parte e o meio social em que ela está inserida podem transformá-la em total, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho. (grifo nosso) O aresto atacado, que deferiu o benefício à autora que, embora apenas parcialmente incapaz, tem 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, não apresenta qualificação profissional e somente exerceu atividades incompatíveis com a sua deficiência física, se ajustou ao posicionamento que vem prevalecendo neste Colegiado. Pedido de uniformização conhecido e improvido. (Processo: 2007.50.50.00.6748-1 Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal, Relator: ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO, publicação: 13/05/2009) 8. A Lei n. 8.742/1993 trouxe também previsão no sentido de que o benefício deve ser usado em prol do desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais, salientando que a realização de habilitação e reabilitação, não constitui motivo de suspensão ou cessação do benefício recebido pelo deficiente, conforme disposto em seu art. 21, § 3o: Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. (Vide Lei no 9.720, de 30.11.1998) § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei no 12.435, de 2011) Depreende-se, então, que passou a existir uma nova percepção acerca da deficiência, a qual deve ser examinada à luz de análise médica e social, conjugando aspectos clínicos do caso com repercussões sócio-ambientais. Por conta disso, cabe ao julgador aferir os graus de impedimento e de restrição do autor de acordo com fatores pessoais (idade, preparo físico, origem social, nível de instrução, dentre outros) e elementos ambientais (que influenciem favoravelmente ao requerente ou que lhe ocasionem barreiras, tais como relações de convívio familiar, acesso às políticas públicas para fornecimento de medicamentos e de insumos, participação na vida social, possibilidade de discriminação em virtude da deficiência e outros pontos). Nesse tocante, o Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007, que regulamenta o benefício assistencial, explicita como devem ser feitas as avaliações médica e social, nestes termos: Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. § 1o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento será realizada por meio de avaliação social e avaliação médica. § 2o A avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais, a avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. § 3o As avaliações de que trata o § 1o serão realizadas, respectivamente, pelo serviço social e pela perícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim, instituídos por ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS. (...) § 5o A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: I - comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e II - aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras diversas. § 6o O benefício poderá ser concedido nos casos em que não seja possível prever a duração dos impedimentos a que se refere o inciso I do § 5o, mas exista a possibilidade de que se estendam por longo prazo. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais – TNU, por sua vez, editou a Súmula 80, adotando o entendimento de que para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. A realização de avaliação social ou outras providências similares, como a elaboração de auto de constatação e a realização de audiência, no entanto, se tornam desnecessárias nas situações em que, após a realização de perícia médica, verifica-se claramente que as limitações físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais decorrentes da enfermidade ou sequela constatadas não tem o condão de obstruir, por período superior a dois anos, a participação do interessado na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. São esses, portanto, os parâmetros que devem ser considerados para o fim de se aferir o requisito concernente ao impedimento de longo prazo. II.2.2. Impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família Para aferição da situação de miserabilidade (impossibilidade de prover os meios necessários a manutenção ou de tê-la provida pela família) do grupo familiar, considerado esse o conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Lei no 8.742/93, art. 20, § 1o), a LOAS fixou como patamar máximo a renda familiar mensal per capita de 1⁄4 do salário mínimo, devendo ela manter-se inferior a esse limite (Lei no 8.742/93, art. 20, § 3o). Por esse motivo, estabeleceu o § 8o do art. 20 da LOAS que a renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido. O art. 20, § 3o, da LOAS, por sua vez, foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 1.232, tendo o Supremo Tribunal Federal (STF) definido que o critério de 1⁄4 do salário mínimo é objetivo e não pode ser conjugado com outros fatores indicativos da miserabilidade do indivíduo e de seu grupo familiar, cabendo ao legislador, e não ao juiz, na solução do caso concreto, a criação de outros requisitos para a aferição do estado de pobreza daquele que pleiteia o benefício assistencial. Ocorre que, ao julgar a Reclamação de no 4.374, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, o STF deixou claro que teve por constitucional, em tese, a norma do art. 20 da Lei no 8.742/93, mas não afirmou inexistirem outras situações concretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma. A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade dos comportamentos judiciais que, para atender, nos casos concretos, à Constituição, garantidora do princípio da dignidade humana e do direito à saúde e à obrigação estatal de prestar a assistência social a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social, tenha de definir aquele pagamento diante da constatação, por outros meios, da necessidade da pessoa com deficiência ou do idoso. Reafirmando o entendimento esposado na Reclamação acima, o STF, incidentalmente, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei no 8.742/93 (Repercussão Geral em RE 567.985 e RE 580.963), asseverando que o juiz, no caso concreto, poderá fazer análise da situação em que se encontra o grupo familiar, de forma a avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. No julgamento acima referido (RE 580.963), também restou declarada a inconstitucionalidade, por omissão parcial, do art. 34, parágrafo único, da Lei no 10.741/2003, segundo o qual o benefício de prestação continuada concedido a qualquer membro da família nos termos do Estatuto do Idoso não seria computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Segundo o STF, tal preceito viola o princípio da isonomia, ao não permitir a percepção conjunta de benefício assistencial ou previdenciário, de valor mínimo, de idoso com o assistencial de deficiente. A conclusão do julgado é pela possibilidade de exclusão do cômputo da renda per capita do grupo familiar de qualquer benefício mínimo (seja de natureza previdenciária ou assistencial) recebido por idoso e concedido nos termos do Estatuto do Idoso (art. 34 da Lei 10.741/2003, ou seja, idoso maior ou igual a 65 anos), ou benefício assistencial recebido por deficiente. Vale mencionar, ainda, que a TNU firmou o posicionamento, consubstanciado na Súmula 79, no sentido de que, nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça, ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal. Feitas essas considerações gerais, passa-se ao exame, de forma individualizada, do preenchimento dos requisitos no caso concreto. II.2.3. Caso concreto No caso em espécie, segundo o laudo pericial e esclarecimentos (anexos 7 e 8), o experto do Juízo atesta que o autor apresenta “sequelas de tuberculose das vias respiratórias e de órgãos não especificados”, reconhecendo a existência de impedimento de longo prazo, de natureza física, embora tenha esclarecido que o autor relatou exercer a agricultura, plantando milho e feijão, mesmo sofrendo dispnéia aos moderados esforços. E, de fato, por ocasião da perícia, o perito constatou, no exame físico, que o autor “apresenta ceratose palmar bilateral, compatível com a realização de atividades braçais recentes" (anexo 7). Considerando a idade do autor (41 anos), a natureza da enfermidade (não segregatória) e o fato de não se encontrar incapacitado de exercer sua atividade laboral habitual (agricultura), não vislumbro realmente como reconhecer que o autor ostenta enfermidade que confira-lhe um impedimento de longo prazo nos contornos necessários à concessão do benefício assistencial ora pleiteado, conforme ditames previstos nos §§2o, 6o e 10, do art. 20, da Lei no 8.742/93. Com efeito, instado a avaliar o demandante, tomando por base os parâmetros da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), o experto do Juízo reconheceu a existência de deficiência de grau leve, no que pertine às estruturas e funções do corpo, assim como concluiu por uma dificuldade leve, no que tange às restrições à participação e atividade social. Ante tais informações, a meu sentir, a moléstia que recai sobre o suplicante acaba por lhe estabelecer certas limitações, mas não lhe tolhe a possibilidade de realizar os atos corriqueiros da vida, tampouco de exercer uma atividade laboral, apta a garantir seu sustento. Dessa forma, analisando a situação do requerente, tendo em mente que se trata de pessoa jovem (42 anos), que não apresenta problemas mentais e com uma limitação física de grau leve, que não lhe incapacita de exercer sua atividade habitual laboral, considero não restar configurada a existência de impedimento de longo prazo nos termos em que estabelecido nos §§2o, 6o e 10, do art. 20, da Lei 8.742/93, de forma que o autor não faz jus ao benefício assistencial pleiteado. Por fim, importa esclarecer que nada impede que o demandante requeira novamente o benefício assistencial ora pleiteado, caso satisfaça, em um momento futuro, os requisitos necessários. Desse modo, não estando atendido o pressuposto da comprovação da restrição na participação e/ou inserção na sociedade, tal qual disciplinado no art. 20, caput e §§ 2o, 6o e 10, da Lei 8.742/1993, torna-se desnecessária a análise dos demais requisitos exigidos em lei. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, resolvendo o mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do NCPC. Defiro o benefício da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os arts. 54 e 55 da Lei no 9.099/95. Em caso de eventual recurso, intime-se a parte contrária para contrarrazões. Apresentadas ou decorrido o prazo, remetam-se os autos para a Turma Recursal. Preclusas as vias impugnativas, arquivem-se os autos. Publique-se, registre-se e intimem-se, observadas as disposições da Lei no 10.259/2001. Sobral/CE, data supra. IACI ROLIM DE SOUSA
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
12
0505106-58.2017.4.05.8003
2017-11-27 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-09 23:42:23
Sentença - .
2018-06-15T10:29:04
Acórdão - acórdão
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2018-06-14 14:00:00
ISABELLE MARNE CAVALCANTI DE OLIVEIRA LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL007150
PROCESSO: 0505106-58.2017.4.05.8003S AUTOR (A): WELLYCA MEDEIROS DA SILVA ADV.: Greicy Feitosa dos Santos (AL007150) RÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social Procurador: ASSENTADA Hoje, na Sala de Audiência do Juizado Especial Federal Adjunto da 11a Vara da Seção Judiciária de Alagoas, sob a presidência do Juiz(a), compareceram as partes e os seus procuradores. Aberta a audiência de instrução e julgamento, colheu-se o depoimento pessoal da parte autora e da testemunha já cadastrado, ficando tudo registrado em arquivo de som armazenado neste Juízo. Encerrada a instrução, foram os autos conclusos para sentença. SENTENÇA (TIPO A) Pretende a autora salário-maternidade, na condição de segurada especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. Embora não se ignore a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmulas 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmulas 149/STJ e 14/TNU), a prova produzida não demonstrou, de modo convergente e com a certeza necessária, que a parte autora exerceu labor rural/pesca sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Rafaela dos Santos Silva, em 26/11/2015. Vive em união estável desde 2011, tem duas filhas. Só pediu salário-maternidade relativo ao nascimento da mais nova, porque quando a mais velha nasceu a autora era menor de idade. Agora o companheiro só trabalha na roça, porém no ano de 2012 ele trabalhara numas empresas em MG. A autor nunca o acompanhou. Ele era carpinteiro. Diz que passava cerca de um ano, vinha, se demorava uns 6 meses, voltava de novo. A filha em questão nasceu em 26/11/2015. Ele estava empregado em MG e ganhava mais de R$ 1.000,00. Ele mandava dinheiro para contribuir com o sustento da família. Embora a demandante alegue que era pouco, e por isto trabalhava na terra da sogra, junto com a proprietária, não ficou demonstrada a essencialidade do suposto trabalho rural. A casa em que ela morava era dela mesma, não pagava aluguel. Ainda que fosse agricultora no período de carência, o fato é que as outras circunstâncias indicam que não era segurada especial isto é, a agricultura não era a fonte de subsistência familiar. Registre-se o companheiro da autora tinha profissão de carpinteiro, e consta que em 2017 ele ganhava em torno de R$ 3.000,00. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se. Santana do Ipanema, 28 de Fevereiro de 2018
PROCESSO No 0505106-58.2017.4.05.8003 RECORRENTE: WELLYCA MEDEIROS DA SILVA RECORRIDO (A): INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ SENTENCIANTE: ISABELLE MARNE CAVALCANTI DE OLIVEIRA LIMA VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL.INÍCIO DE PROVA MATERIAL NÃO CORROBORADO POR PROVA PRODUZIDA EM AUDIÊNCIA. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NÃO COMPROVADO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O salário maternidade é garantido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 (dez) meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto. 2. A comprovação do exercício da atividade rural no período de carência não prescinde de início de prova material, nos termos do artigo 55, § 3o, da Lei n.o 8.213/91 e da Súmula 149 do STJ, mas não se exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência, conforme Súmula 14 da TNU dos JEF’s, ou mesmo que se refira ao período de carência (PEDILEF no 2009.32.00.704394-5/AM, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU 28 out. 2011). 3. A Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, na esteira da jurisprudência do STJ, tem abrandado o conceito de prova material, aceitando a eficácia probatória de rol não exaustivo de documentos, principalmente depois que a TNUJ decidiu que a inspeção judicial não supre a exigência de início de prova material. 4. Pretende a autora a concessão do benefício de salário maternidade em razão do nascimento da sua filha Rafaela dos Santos Silva, ocorrido em 26/11/2015 (anexo no 10). 5. Hipótese em que o nascimento da filha ocorreu em 26/11/2015 e a recorrente apresentou como início de prova material e: contrato de comodato datado de setembro de 2017; documento da terra;certidão de nascimento dos filhos onde consta a profissão da autora como agricultora; carteira emitida pelo sindicato dos trabalhadores rurais de São José da Tapera-AL datada de 2017; requerimento de matrícula escolar onde consta a profissão de agricultora. 6. O contrato de comodato anexado aos autos, apesar de ser um dos documentos elencados no art. 106, II, da Lei no. 8.213/91, revela-se ineficaz como início de prova material para demonstração do tempo de labor rural, já que demasiadamente recente em face do tempo de atividade rural a ser demonstrado 7. Quanto a declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José da Tapera/AL, não serve ao fim pretendido, uma vez que nada mais é do que uma prova testemunhal reduzida a termo. A jurisprudência amplamente dominante tem entendido que a declaração de exercício de atividade rural emitida pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais equivale à prova testemunhal, não podendo ser considerada como início de prova material a respeito da atividade rural. 8. Alguns documentos são de caráter marcadamente declaratório ou estão em nome de terceiros. Produzidos unilateralmente ou em nome de terceiros, não são determinantes para a formação do convencimento do magistrado, a exemplo da ficha requerimento de matrícula escolar e o documento da terra. 9. Além disso, o fraco rol probatório apresentado não foi corroborado pela prova oral. Registrou a magistrada sentenciante: “A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Rafaela dos Santos Silva, em 26/11/2015. Vive em união estável desde 2011, tem duas filhas. Só pediu salário-maternidade relativo ao nascimento da mais nova, porque quando a mais velha nasceu a autora era menor de idade. Agora o companheiro só trabalha na roça, porém no ano de 2012 ele trabalhara numas empresas em MG. A autor nunca o acompanhou. Ele era carpinteiro. Diz que passava cerca de um ano, vinha, se demorava uns 6 meses, voltava de novo.A filha em questão nasceu em 26/11/2015. Ele estava empregado em MG e ganhava mais de R$ 1.000,00. Ele mandava dinheiro para contribuir com o sustento da família. Embora a demandante alegue que era pouco, e por isto trabalhava na terra da sogra, junto com a proprietária, não ficou demonstrada a essencialidade do suposto trabalho rural. A casa em que ela morava era dela mesma, não pagava aluguel. Ainda que fosse agricultora no período de carência, o fato é que as outras circunstâncias indicam que não era segurada especial isto é, a agricultura não era a fonte de subsistência familiar. Registre-se o companheiro da autora tinha profissão de carpinteiro, e consta que em 2017 ele ganhava em torno de R$ 3.000,00.”. 10. Além disso, o marido da autora possui um longo histórico de vínculos urbanos, inclusive no período da carência (superiores a 120 dias) com salário bem superior a um salário mínimo (entre R$ 1.318,53 e R$ 3.012,00). Assim, embora se saiba que o exercício de atividade urbana por um membro da família não descaracterize de plano e por completo a condição de segurado especial de outro, deve haver um parâmetro para que, de outro lado, não seja desvirtuada a natureza dos benefícios destinados a essas pessoas. E o parâmetro é justamente o valor da remuneração do trabalhador urbano: recebendo até um salário, é admissível que a agricultura ainda seja de subsistência; suplantado esse valor, acredita-se que a sobrevivência da família advenha desse trabalho, e não da agricultura. Em casos tais, quando o valor da remuneração auferida pelo membro da família é superior a um salário-mínimo, forçoso reconhecer que a agricultura constitui um complemento de renda, mas não a principal fonte de subsistência. Como se sabe, apenas o desenvolvimento da atividade para a própria mantença é que permitiria a concessão do benefício. 11. O conjunto probatório constante dos autos, portanto, foi insuficiente para comprovar o exercício de atividade rural no período de carência, pressuposto exigido para aquisição do benefício de salário-maternidade. 12. Recurso improvido, sem condenação em custas por ser o recorrente-vencido beneficiário da justiça gratuita. Condeno a parte autora ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento), em favor do recorrido, incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita, ressalvado a alteração das condições econômicas do autor e respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (arts. 12 e 13 da Lei n° 1.060/50). Condiciono o pagamento das verbas à demonstração, pela ré de que a parte autora não possui ou perdeu a condição de hipossuficiência econômica, mediante a indicação de bens livres e desembaraçados para submeter a força executiva. Tal valor estará tão-somente sujeito a correção monetária a partir da data em que foi fixada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
475
1,086
0
1
11-AL
0
133.329433
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
AUTOR (A): WELLYCA MEDEIROS DA SILVA ADV.: Greicy Feitosa dos Santos (AL007150) RÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social Procurador: ASSENTADA Hoje, na Sala de Audiência do Juizado Especial Federal Adjunto da 11a Vara da Seção Judiciária de Alagoas, sob a presidência do Juiz(a), compareceram as partes e os seus procuradores. Aberta a audiência de instrução e julgamento, colheu-se o depoimento pessoal da parte autora e da testemunha já cadastrado, ficando tudo registrado em arquivo de som armazenado neste Juízo. Encerrada a instrução, foram os autos conclusos para sentença. SENTENÇA (TIPO A) Pretende a autora salário-maternidade, na condição de segurada especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. Embora não se ignore a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmulas 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmulas 149/STJ e 14/TNU), a prova produzida não demonstrou, de modo convergente e com a certeza necessária, que a parte autora exerceu labor rural/pesca sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. A autora requer o benefício em virtude do nascimento de Rafaela dos Santos Silva, em 26/11/2015. Vive em união estável desde 2011, tem duas filhas. Só pediu salário-maternidade relativo ao nascimento da mais nova, porque quando a mais velha nasceu a autora era menor de idade. Agora o companheiro só trabalha na roça, porém no ano de 2012 ele trabalhara numas empresas em MG. A autor nunca o acompanhou. Ele era carpinteiro. Diz que passava cerca de um ano, vinha, se demorava uns 6 meses, voltava de novo. A filha em questão nasceu em 26/11/2015. Ele estava empregado em MG e ganhava mais de R$ 1.000,00. Ele mandava dinheiro para contribuir com o sustento da família. Embora a demandante alegue que era pouco, e por isto trabalhava na terra da sogra, junto com a proprietária, não ficou demonstrada a essencialidade do suposto trabalho rural. A casa em que ela morava era dela mesma, não pagava aluguel. Ainda que fosse agricultora no período de carência, o fato é que as outras circunstâncias indicam que não era segurada especial isto é, a agricultura não era a fonte de subsistência familiar. Registre-se o companheiro da autora tinha profissão de carpinteiro, e consta que em 2017 ele ganhava em torno de R$ 3.000,00. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se. Santana do Ipanema, 28 de Fevereiro de
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0529257-58.2017.4.05.8013
2017-10-19 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-05 14:18:58
Sentença - improcedente
2018-06-18T12:46:51
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2018-06-14 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL011305
SENTENÇA Cuida-se de pedido de concessão de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ e, sucessivamente, de AUXÍLIO-DOENÇA, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovou a qualidade de segurado. Passo a fundamentar e decidir. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à percepção da aposentadoria por invalidez pressupõe que o segurado da Previdência Social esteja incapacitado para toda e qualquer atividade profissional e impossibilitado de ser re-inserido no mercado de trabalho, via procedimento de reabilitação profissional, a teor do que dispõe o artigo 42 da Lei Federal n.o 8.213 de 1991[1]. Nesse sentido, vejo que a avaliação técnica produzida por profissional da área médica nos presentes autos eletrônicos concluiu que a parte autora é portadora de osteoartrose da coluna vertebral com discopatia e radiculopatia, estando, assim, incapacitada para o exercício de sua função habitual. No entanto, posso constatar, ao examinar o laudo pericial, que a moléstia que acomete a parte autora somente resultou em incapacidade laboral em momento posterior à perda da qualidade de segurada da Previdência Social. Nesse sentido, calha estresir parte dos laudos apresentados pelo(a) perito(a) judicial, in verbis: “8 - Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Pelos documentos acostados, verificamos que a incapacidade para o trabalho declarado, já com indicação de reabilitação profissional, fora comprovada desde 15/12/2011, data anterior ao tempo da solicitação de auxílio previdenciário, em 05/08/15.” Destarte, quanto à qualidade de segurado da parte autora, depreende-se da análise dos documentos colacionados aos autos, em especial das anotações em CTPS (anexo 3), que a mesma era filiada à Previdência Social, na condição de empregado, até 09/2010. Assim, nos termos do art. 15 da Lei no 8.213/91[2], manteria a sua qualidade de segurado da Previdência Social até 15/11/2011, sendo certo que, por ocasião do surgimento da incapacidade laboral, em 15/12/2011, não mais detinha a qualidade de segurado da Previdência Social. Diante do exposto, e por se fazer necessário o atendimento aos requisitos elencados em lei para gozar de um benefício previdenciário, conclui-se que é indevida a concessão do auxílio-doença ora requerido, visto que não preencheu o autor os requisitos estabelecidos em lei para tanto. A solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da previdência social, mas da assistência social, através do requerimento administrativo de concessão de amparo social a pessoa portadora de deficiência. Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). Intimem-se. Maceió, 2 de abril de 2018. Juiz Federal - 6a Vara [1] Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. [2] Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
PROCESSO No 0529257-58.2017.4.05.8013 RECORRENTE: GENILDO DE CARVALHO PEDROSA RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. MAGISTRADO SENTENCIANTE: GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL INCONTROVERSA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. NÃO COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO DE DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA AUTORA IMPROVIDO. 1. Recurso inominado de sentença que julgou improcedente pedido de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez, ante a ausência do requisito concernente a qualidade de segurado do demandante. Pretensão recursal amparada, em síntese, na alegação de que a incapacidade da autora se deu quando tinha sua qualidade de segurado incontroversa. 2. Comprovada a incapacidade do autor para a atividade declarada, resta verificar se cumpridos os requisitos da qualidade de segurado e carência para a concessão do benefício pleiteado. 3. Acerca da perda e recuperação da qualidade de segurado, prescreve o art. 15 da Lei 8.213/91: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos”. 3. No caso, o perito constatou a incapacidade a partir de 15/12/2011, conforme laudo (anexo 11), e o seu vínculo de emprego com a empresa Melo Terraplanagem e Construção Ltda encerrou em 30/09/2010, conforme CTPS (anexo 3), somente voltando a contribuir em maio de 2012, sendo certo que, por ocasião do surgimento da incapacidade laboral (15/12/2011), não mais detinha a qualidade de segurado da Previdência Social, consoante a regra do art. 15, II, da Lei 8.213/91, acima transcrita. 4. Assim, por não ter pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção nem ter comprovado o desemprego involuntário, não há se falar em enquadramento nos parágrafos 1o e 2o do dispositivo legal supra transcrito, não fazendo jus à extensão do período de graça. 5. Destarte, ausente o requisito inerente à qualidade de segurado do requerente quando do surgimento da incapacidade, não há razão para reforma da sentença prolatada. 6. Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
704
631
0
0
6-AL
1
168.155532
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de concessão de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ e, sucessivamente, de AUXÍLIO-DOENÇA, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovou a qualidade de segurado. Passo a fundamentar e decidir. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à percepção da aposentadoria por invalidez pressupõe que o segurado da Previdência Social esteja incapacitado para toda e qualquer atividade profissional e impossibilitado de ser re-inserido no mercado de trabalho, via procedimento de reabilitação profissional, a teor do que dispõe o artigo 42 da Lei Federal n.o 8.213 de 1991[1]. Nesse sentido, vejo que a avaliação técnica produzida por profissional da área médica nos presentes autos eletrônicos concluiu que a parte autora é portadora de osteoartrose da coluna vertebral com discopatia e radiculopatia, estando, assim, incapacitada para o exercício de sua função habitual. No entanto, posso constatar, ao examinar o laudo pericial, que a moléstia que acomete a parte autora somente resultou em incapacidade laboral em momento posterior à perda da qualidade de segurada da Previdência Social. Nesse sentido, calha estresir parte dos laudos apresentados pelo(a) perito(a) judicial, in verbis: “8 - Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Pelos documentos acostados, verificamos que a incapacidade para o trabalho declarado, já com indicação de reabilitação profissional, fora comprovada desde 15/12/2011, data anterior ao tempo da solicitação de auxílio previdenciário, em 05/08/15.” Destarte, quanto à qualidade de segurado da parte autora, depreende-se da análise dos documentos colacionados aos autos, em especial das anotações em CTPS (anexo 3), que a mesma era filiada à Previdência Social, na condição de empregado, até 09/2010. Assim, nos termos do art. 15 da Lei no 8.213/91[2], manteria a sua qualidade de segurado da Previdência Social até 15/11/2011, sendo certo que, por ocasião do surgimento da incapacidade laboral, em 15/12/2011, não mais detinha a qualidade de segurado da Previdência Social. Diante do exposto, e por se fazer necessário o atendimento aos requisitos elencados em lei para gozar de um benefício previdenciário, conclui-se que é indevida a concessão do auxílio-doença ora requerido, visto que não preencheu o autor os requisitos estabelecidos em lei para tanto. A solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da previdência social, mas da assistência social, através do requerimento administrativo de concessão de amparo social a pessoa portadora de deficiência. Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). Intimem-se. Maceió, 2 de abril de 2018. Juiz Federal - 6a Vara [1] Art. 42.A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. [2] Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
13
0502038-36.2018.4.05.8013
2018-01-26 00:00:00
União Federal (26.994.558/0001-23)
UNIÃO
N
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-10 10:28:51
Sentença - procedente
2018-06-18T12:46:51
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2018-06-14 14:00:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
10,258
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Licenças / Afastamentos
1
AL010552
SENTENÇA Trata-se Ação Especial Civel proposta por JEOMAR CARVALHO COSTA, devidamente qualificado na inicial, em face da União Federal, pela qual pleiteia provimento jurisdicional favorável que lhe assegure o recebimento em pecúnia das licenças-prêmio que alega ter adquirido e não gozadas. Devidamente citada, a ré pugnou, preliminarmente, a falta de interesse de agir e a impossibilidade jurídica do pedido e, no mérito, pela improcedência da demanda. Este é, em síntese, o relatório. Fundamento e decido. A controvérsia reside em saber se é possível a conversão de licença prêmio em pecúnia em favor de servidor aposentado. Sobre a licença-prêmio, dispunha a Lei no 8.112/90, em sua redação original, que: “Art. 87. Após cada qüinqüênio ininterrupto de exercício, o servidor fará jus a 3 (três) meses de licença, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneração do cargo efetivo.” Por sua vez, a Lei no 9.527/97 extinguiu a referida vantagem, resguardando, contudo, o direito adquirido à fruição da licença, à contagem em dobro para efeito de aposentadoria ou à conversão em pecúnia quando do falecimento do servidor, nestes termos: "Art. 7o Os períodos de licença-prêmio, adquiridos na forma da Lei no 8.112, de 1990, até 15 de outubro de 1996, poderão ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, observada a legislação em vigor até 15 de outubro de 1996.” No entanto, apesar da ausência de previsão legal, a jurisprudência tem adotado o entendimento de que nos casos em que o servidor inativo não usufruiu a licença-prêmio, nem computou, em dobro, o referido período, é possível a sua conversão em pecúnia, fora da hipótese de falecimento. Tal entendimento encontra amparo na vedação ao enriquecimento ilícito da Administração, tendo em vista que o servidor deixou de gozar a referida licença, permanecendo no trabalho, em prol do Estado. Neste passo, entendo assistir razão ao autor em seu pleito. Com efeito, a conversão em pecúnia, longe de opção do beneficiado, tem caráter indenizatório e é medida excepcional de compensação pelo não exercício do direito. Assim, entendo que a aposentadoria é único momento para se favorecer da conversão e não a qualquer tempo a critério do servidor. A jurisprudência do STJ está bem sedimentada neste sentido: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FÉRIAS. CONVERSÃO EM PECÚNIA.APOSENTADORIA. PEDIDO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO AFASTADA. A aposentadoria, momento propício para se favorecer do respectivo benefício, foi concedida em abril/98, e o pedido administrativo naquele sentido, negado pela Administração em junho/98. Entendimento que afastou a prescrição do fundo de direito que merece ser mantido. Recurso desprovido. (REsp 474603/SP, Rel. MinistroJOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 11.11.2003, DJ 09.12.2003 p. 314) Do mesmo modo, este é o entendimento esposado pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região: ADMINISTRATIVO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONVERSÃO EM PECÚNIA DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA E NÃO CONTADA PARA FINS DE APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO. 1. Hipótese em que o autor, servidor público aposentado do INCRA desde 24 de junho de 2010, no cargo de Engenheiro Agrônomo, classe S, padrão III, afirma que teria direito à conversão da licença prêmio em pecúnia, em virtude de não tê-la usufruído e nem a contado em dobro para fins de aposentadoria. 2. Quanto à prescrição, aplica-se o art. 1o, do Decreto no 20.910/32, que dispõe: "as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 (cinco) anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem". In casu, o direito de o autor pleitear a conversão da licença prêmio em pecúnia originou-se na data da sua aposentadoria. Dessa forma, considerando que a presente ação foi ajuizada em 20 de abril de 2012, não há prescrição a ser declarada. 3. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de entender cabível, sob pena de enriquecimento ilícito da União, a conversão de licença-prêmio não gozada em pecúnia, quando também não tiver sido computada em dobro para efeitos de concessão de aposentadoria (AgRg no AResp 120294/RS, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, Dje 11/05/2012; AgRg no AREsp 35706/PR, Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, Dje 11/11/2011). 4. A parte autora tem direito a receber indenização referente à conversão em pecúnia das licenças-prêmio referentes aos períodos de 07.02.1986 a 05.02.1991 e de 06.02.1991 a 04.02.1996 (totalizando 5 meses de remuneração, eis que o autor já havia gozado 30 dias da licença relativa ao primeiro período indicado), tendo em vista que foram deferidas antes do advento da Lei n.o 9.527, de 11.12.1997 que, mesmo tendo revogado o instituto da licença-prêmio, respeitou a preservação do direito adquirido. 5. Manutenção dos honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, em atendimento aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 6. Remessa oficial e apelação não providas. (PROCESSO 00033755120124058200, APELREEX29132/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira Turma, JULGAMENTO: 31/10/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 07/11/2013 - Página 165) Assim, restando devidamente comprovado nos autos que a parte autora é servidor(a) aposentado(a) e que o tempo relativo à sua licença prêmio não foi usufruído ou contado em dobro para sua aposentadoria, conforme se depreende do teor da certidão/declaração anexada aos autos (doc. 05), faz jus o mesmo à conversão em pecúnia pleiteada na inicial. In casu, a Declaração aponta que é devido ao autor Licença-prêmio por assiduidade, a saber: 23/09/1991 a 21/12/1991. Diante do exposto, julgo procedente o pedido da parte autora, ao tempo em que condeno a ré ao pagamento de 03 (três) meses de licença-prêmio, devidamente corrigidos e acrescidos de juros de mora, contados da citação, observada ainda a limitação ao teto dos Juizados Especiais Federais, devendo a elaboração dos cálculos retro mencionados ser realizada após o trânsito em julgado da presente sentença, em conformidade com o Enunciado n.o 32 do FONAJEF[1]. Transitada em julgado a presente sentença, expeça-se RPV. Deixo de condenar o vencido nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95. Intimem-se. Juiz Federal – 9a Vara
PROCESSO No 0502038-36.2018.4.05.8013 RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL RECORRIDO: JEOMAR CARVALHO COSTA MAGISTRADO SENTENCIANTE: RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO VOTO-EMENTA SERVIDOR PÚBLICO. CONVERSÃO EM PECÚNIA DE LICENÇA PRÊMIO. IMPUGNAÇÃO DO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado interposto contra a Sentença que julgou procedentes os pedidos insertos na inicial, condenando a ré ao pagamento de 03 (três) meses de licença-prêmio, devidamente corrigidos e acrescidos de juros de mora, contados da citação. 2.Razões recursais, impugnando apenas o índice de correção monetária aplicado. 3.Pois bem. No que se refere à correção monetária, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Embora não publicado o acórdão, a notícia foi divulgada no sítio do STF. Portanto, deve-se aplicar o IPCA-E como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança, como o foi na sentença. 4. Ressalto que não verifico a ocorrência de violações ou afrontas a dispositivos legais ou constitucionais, tampouco aos princípios regedores da matéria. 5. Procedência mantida. 6. Recurso improvido, condenando a parte ré ao pagamento de honorários advocatícios no total de 10% sobre o valor da condenação. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA UNIÃO, nos termos do voto do Relator.
1,017
311
0
0
9-AL
0
42.704757
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se Ação Especial Civel proposta por JEOMAR CARVALHO COSTA, devidamente qualificado na inicial, em face da União Federal, pela qual pleiteia provimento jurisdicional favorável que lhe assegure o recebimento em pecúnia das licenças-prêmio que alega ter adquirido e não gozadas. Devidamente citada, a ré pugnou, preliminarmente, a falta de interesse de agir e a impossibilidade jurídica do pedido e, no mérito, pela improcedência da demanda. Este é, em síntese, o relatório. Fundamento e decido. A controvérsia reside em saber se é possível a conversão de licença prêmio em pecúnia em favor de servidor aposentado. Sobre a licença-prêmio, dispunha a Lei no 8.112/90, em sua redação original, que: “Art. 87. Após cada qüinqüênio ininterrupto de exercício, o servidor fará jus a 3 (três) meses de licença, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneração do cargo efetivo.” Por sua vez, a Lei no 9.527/97 extinguiu a referida vantagem, resguardando, contudo, o direito adquirido à fruição da licença, à contagem em dobro para efeito de aposentadoria ou à conversão em pecúnia quando do falecimento do servidor, nestes termos: "Art. 7o Os períodos de licença-prêmio, adquiridos na forma da Lei no 8.112, de 1990, até 15 de outubro de 1996, poderão ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, observada a legislação em vigor até 15 de outubro de 1996.” No entanto, apesar da ausência de previsão legal, a jurisprudência tem adotado o entendimento de que nos casos em que o servidor inativo não usufruiu a licença-prêmio, nem computou, em dobro, o referido período, é possível a sua conversão em pecúnia, fora da hipótese de falecimento. Tal entendimento encontra amparo na vedação ao enriquecimento ilícito da Administração, tendo em vista que o servidor deixou de gozar a referida licença, permanecendo no trabalho, em prol do Estado. Neste passo, entendo assistir razão ao autor em seu pleito. Com efeito, a conversão em pecúnia, longe de opção do beneficiado, tem caráter indenizatório e é medida excepcional de compensação pelo não exercício do direito. Assim, entendo que a aposentadoria é único momento para se favorecer da conversão e não a qualquer tempo a critério do servidor. A jurisprudência do STJ está bem sedimentada neste sentido: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FÉRIAS. CONVERSÃO EM PECÚNIA.APOSENTADORIA. PEDIDO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO AFASTADA. A aposentadoria, momento propício para se favorecer do respectivo benefício, foi concedida em abril/98, e o pedido administrativo naquele sentido, negado pela Administração em junho/98. Entendimento que afastou a prescrição do fundo de direito que merece ser mantido. Recurso desprovido. (REsp 474603/SP, Rel. MinistroJOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 11.11.2003, DJ 09.12.2003 p. 314) Do mesmo modo, este é o entendimento esposado pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região: ADMINISTRATIVO SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONVERSÃO EM PECÚNIA DE LICENÇA PRÊMIO NÃO GOZADA E NÃO CONTADA PARA FINS DE APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO. 1. Hipótese em que o autor, servidor público aposentado do INCRA desde 24 de junho de 2010, no cargo de Engenheiro Agrônomo, classe S, padrão III, afirma que teria direito à conversão da licença prêmio em pecúnia, em virtude de não tê-la usufruído e nem a contado em dobro para fins de aposentadoria. 2. Quanto à prescrição, aplica-se o art. 1o, do Decreto no 20.910/32, que dispõe: "as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 (cinco) anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem". In casu, o direito de o autor pleitear a conversão da licença prêmio em pecúnia originou-se na data da sua aposentadoria. Dessa forma, considerando que a presente ação foi ajuizada em 20 de abril de 2012, não há prescrição a ser declarada. 3. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de entender cabível, sob pena de enriquecimento ilícito da União, a conversão de licença-prêmio não gozada em pecúnia, quando também não tiver sido computada em dobro para efeitos de concessão de aposentadoria (AgRg no AResp 120294/RS, Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, Dje 11/05/2012; AgRg no AREsp 35706/PR, Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, Dje 11/11/2011). 4. A parte autora tem direito a receber indenização referente à conversão em pecúnia das licenças-prêmio referentes aos períodos de 07.02.1986 a 05.02.1991 e de 06.02.1991 a 04.02.1996 (totalizando 5 meses de remuneração, eis que o autor já havia gozado 30 dias da licença relativa ao primeiro período indicado), tendo em vista que foram deferidas antes do advento da Lei n.o 9.527, de 11.12.1997 que, mesmo tendo revogado o instituto da licença-prêmio, respeitou a preservação do direito adquirido. 5. Manutenção dos honorários advocatícios no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, em atendimento aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 6. Remessa oficial e apelação não providas. (PROCESSO 00033755120124058200, APELREEX29132/PB, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira Turma, JULGAMENTO: 31/10/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 07/11/2013 - Página 165) Assim, restando devidamente comprovado nos autos que a parte autora é servidor(a) aposentado(a) e que o tempo relativo à sua licença prêmio não foi usufruído ou contado em dobro para sua aposentadoria, conforme se depreende do teor da certidão/declaração anexada aos autos (doc. 05), faz jus o mesmo à conversão em pecúnia pleiteada na inicial. In casu, a Declaração aponta que é devido ao autor Licença-prêmio por assiduidade, a saber: 23/09/1991 a 21/12/1991. Diante do exposto, julgo procedente o pedido da parte autora, ao tempo em que condeno a ré ao pagamento de 03 (três) meses de licença-prêmio, devidamente corrigidos e acrescidos de juros de mora, contados da citação, observada ainda a limitação ao teto dos Juizados Especiais Federais, devendo a elaboração dos cálculos retro mencionados ser realizada após o trânsito em julgado da presente sentença, em conformidade com o Enunciado n.o 32 do FONAJEF[1]. Transitada em julgado a presente sentença, expeça-se RPV. Deixo de condenar o vencido nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95. Intimem-se. Juiz Federal – 9a Vara
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
73
0502960-04.2018.4.05.8102
2018-03-20 00:00:00
INSS - AADJ - APS em Juazeiro do Norte (77.923.652/0002-03) INSS (Matéria Previdenciária) - Procuradoria Seccional Federal em Juazeiro do Norte - PSF/JNE (29.979.036/0043-08)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-18 07:34:02
Sentença - Auxílio Doença - Seg. Empregado
2018-06-18T17:04:54
Acórdão - Dá autor. Independe de carência. Art. 151 da Lei de benefícios.Parcelas atrasadas.
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA TR-1
2018-06-15 14:00:00
LUCAS MARIANO CUNHA ARAGÃO DE ALBUQUERQUE
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
CE009151
Ementa: JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE AUXÍLIO-DOENÇA / APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE DAS ATIVIDADES LABORAIS. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. Sentença: (Tipo “A” [1] Fundamentação Individualizada) 1. Relatório A parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, almejando a concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Sem mais. É, no essencial, o breve relato. Passo a decidir. 2. Fundamentação Pretende a parte autora concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, e/ou a sua conversão em aposentadoria por invalidez, sob a alegação de que possui incapacidade plena para o labor e que, por tal motivo, satisfaz os pressupostos legais de concessão do benefício. À luz do art. 59 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, segundo dispõe o art. 42 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. A questão a ser dirimida consiste, pois, na análise do preenchimento dos requisitos discriminados em lei para a fruição do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; c) requisito específico para o benefício requestado (no caso vertente, a invalidez provisória para o desempenho do trabalho habitual ou a incapacidade permanente para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta subsistência). No caso dos autos, o perito do Juízo concluiu pela capacidade atual da parte autora para o exercício de atividade laborativa (anexo 4). Com efeito, consignou o especialista que outrora, no interregno de out/2017 a mar/2018, o periciando esteve em tratamento médico para combater a patologia (tuberculose). Cabe registrar que o indeferimento objeto da ação (DER: 29/9/2017 – anexo 2, lauda 4) não é contemporâneo ao período de cinco meses de incapacidade pretérita (out/2017 a mar/2018), não restando nenhum pagamento atualmente, haja vista a capacidade atual. Com isso, diante da conclusão a que chegou o perito, mostra-se inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.”. (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). Assim, tendo em vista a não comprovação do pressuposto relacionado à incapacidade laboral, condição imprescindível para a concessão do benefício, deixo de analisar o requisito referente à qualidade de segurado. 3. Dispositivo Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pela parte autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, o que faço nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Juazeiro do Norte/CE, data supra. . Lucas Mariano Cunha Aragão de Albuquerque
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO MÉDICO PERICIAL QUE CONSTATOU INCAPACIDADE POR DETERMINADO PERÍODO. INCAPACIDADE COMPROVADA. ART. 151 DA LEI DE BENEFÍCIOS. INDEPENDE DE CARÊNCIA. DÁ PROVIMENTO AO RECURSO. RELATÓRIO Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei no. 9.099/95, aplicável subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, a teor do art. 1o da Lei no. 10.259/01. VOTO Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de auxílio-doença. Com efeito, a concessão do auxílio-doença pressupõe, nos termos da Lei n. 8.213/91: i) a condição de Segurado; ii) o cumprimento da carência exigida; iii) a existência de incapacidade temporária para o trabalho; e iv) doença posterior à filiação ao RGPS. Destaque-se que todos os requisitos acima mencionados devem ser preenchidos concomitantemente, de forma que a exclusão de apenas um deles inviabiliza a concessão do benefício previdenciário. Na situação, muito embora tenha o laudo médico indicado que o autor está capaz para as atividades que desempenhava anteriormente, verifico que o recorrente passou por tratamento pulmonar, em virtude de tuberculose pulmonar, do período de outubro/2017 a março de 2018. Ou seja, durante o citado período se encontrava impossibilitado de laborar. Quanto ao ponto verifico que constam diversos atestados médicos da Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Alegre que apontam que a autora se encontrava impossibilitada de trabalhar. No que tange a qualidade de segurado verifico que no momento da incapacidade a recorrente tinha vínculo empregatício ativo com a Prefeitura de Várzea Alegre (anexo 02, fl. 11), tendo o mesmo iniciado em 01/08/2017. Quanto ao cumprimento da carência, no caso em questão, entendo pela sua desnecessidade, sendo aplicado para patologia objeto desse processo o art. 151 da Lei de benefícios. Senão vejamos a citada norma: Art. 151.Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.(Redação dada pela Lei no 13.135, de 2015) Entendo, desse modo, que o autor faz jus ao benefício pleiteado. No que tange aos juros e índice de correção monetária incidentes sobre as parcelas vencidas, tenho que a questão não demanda maiores digressões, porquanto tenha o plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE 870947-SE, de Relatoria do Ministro Luiz Fux, entendido, em sede de repercussão geral, pela inconstitucionalidade do 1o-F da Lei no 9.494/1997, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetáriadas condenações impostas à Fazenda Pública. Acrescento que tal posição já tinha sido firmada pelo STF quando do julgamento das ADIs 4357 e 4425, mas o objeto das referidas ações era restrito ao momento posterior à expedição de precatórios, o que levou a Fazenda Pública a sustentar a incidência integral do referido dispositivo legal no momento anterior ao precatório. Com o julgamento do RE 870947-SE,o Supremo estendeu o entendimento também para o momento que precede a expedição de precatórios, de modo que restou vencida a controvérsia sobre o assunto. Assim, os índices aplicáveis são o INPC, quando se tratar de demandas previdenciárias (por conta de previsão expressa da Lei no 8.213/91), SELIC, em caso de créditos tributários, e IPCA-E nas demais situações. Saliento que, salvo nos casos de créditos tributários, a fixação de juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígida, nesse tocante, a redação do 1o-F da Lei no 9.494/1997, com redação dada pela Lei no 11.960/2009. Por fim, verifico que estão presentes os requisitos necessários à concessão da antecipação dos efeitos da tutela. De fato, a plausibilidade das alegações já restou demonstrada através das razões acima expostas; já o perigo de dano reside na situação de vulnerabilidade econômica vivenciada pela parte autora, o que a impede de prover seu próprio sustento, mostrando-se premente o imediato pagamento do benefício. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença, JULGANDO PROCEDENTE o pedido autoral, codenando o INSS a pagar benefício de auxilio doença urbano do período de 26/09/2017(DER) até 31/03/2018. Cálculos que serão realizados pela Contadoria do juízo. Sem condenação em honorários, uma vez que somente o recorrente vencido arca com tal ônus. Tem-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ 6.10.2006). É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Marcus Vinícius Parente Rebouças e José Eduardo de Melo Vilar Filho. Fortaleza/CE, 15 de junho de 2018. Dartanhan Vercingetórix de Araújo e Rocha
749
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0
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17-CE
1
28.77294
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PLEITO DE AUXÍLIO-DOENÇA / APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE DAS ATIVIDADES LABORAIS. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. Sentença: (Tipo “A” [1] Fundamentação Individualizada) 1. Relatório A parte autora ajuizou ação de rito especial em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, almejando a concessão/restabelecimento de benefício por incapacidade. Sem mais. É, no essencial, o breve relato. Passo a decidir. 2. Fundamentação Pretende a parte autora concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, e/ou a sua conversão em aposentadoria por invalidez, sob a alegação de que possui incapacidade plena para o labor e que, por tal motivo, satisfaz os pressupostos legais de concessão do benefício. À luz do art. 59 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, segundo dispõe o art. 42 da Lei no 8.213/91, in verbis: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. A questão a ser dirimida consiste, pois, na análise do preenchimento dos requisitos discriminados em lei para a fruição do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, quais sejam: a) manutenção da qualidade de segurado; b) carência; c) requisito específico para o benefício requestado (no caso vertente, a invalidez provisória para o desempenho do trabalho habitual ou a incapacidade permanente para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta subsistência). No caso dos autos, o perito do Juízo concluiu pela capacidade atual da parte autora para o exercício de atividade laborativa (anexo 4). Com efeito, consignou o especialista que outrora, no interregno de out/2017 a mar/2018, o periciando esteve em tratamento médico para combater a patologia (tuberculose). Cabe registrar que o indeferimento objeto da ação (DER: 29/9/2017 – anexo 2, lauda 4) não é contemporâneo ao período de cinco meses de incapacidade pretérita (out/2017 a mar/2018), não restando nenhum pagamento atualmente, haja vista a capacidade atual. Com isso, diante da conclusão a que chegou o perito, mostra-se inviável a concessão do benefício ora perseguido. Nessa esteira, traz-se a lume a jurisprudência, in verbis: “PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. NULIDADE DA SENTENÇA. FUNDAMENTAÇÃO SUCINTA. NÃO-OCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. VINCULAÇÃO DO JUIZ (CPC, ARTS. 131 E 436). AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA A LABORAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. (...) 2. Há independência e liberdade do juiz na apreciação da prova desde quea desconsideração das conclusões obtidas em laudo pericial leve em conta a realidade dos autos, nos moldes dos arts. 131 e 436 do CPC. (Cf. STJ, AGA 451.297/MG, Terceira Turma, Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 17/02/2003; RESP 97.148/MG, Terceira Turma, relator para o acórdão o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 08/09/1997; TRF1, AC 96.01.28082-0/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 09/10/2003.) 3. Não comprovado por laudo médico-pericial realizado em juízo o requisito legal da incapacidade total e definitiva, ou temporária, para o trabalho, nem havendo outros elementos de convicção a elidir a prova técnica produzida, é indevida a concessão de aposentadoria por invalidez ou de auxílio-doença. (Cf. STJ, RESP 98.697/PR, Sexta Turma, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ 21/02/2000; TRF1, AC 95.01.28645-2/MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 07/11/2002.) 4. Apelação não provida.”. (TRF 1a Região, AC n.o 9601274049, Primeira Turma Suplementar, DJ 14/4/2005, p. 35, Relator(a) Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares (Conv.), unânime, g.n.). Assim, tendo em vista a não comprovação do pressuposto relacionado à incapacidade laboral, condição imprescindível para a concessão do benefício, deixo de analisar o requisito referente à qualidade de segurado. 3. Dispositivo Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pela parte autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, o que faço nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no 9.099/1995. Interposto recurso contra a presente sentença, intime-se o recorrido para oferecer resposta e, após, remeta-se à Turma Recursal. Defiro o pedido de Justiça Gratuita. Cumprido o julgado, remetam-se os autos ao arquivo eletrônico. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Juazeiro do Norte/CE, data supra. . Lucas Mariano Cunha Aragão de Albuquerque
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0502740-28.2017.4.05.8203
2017-11-30 00:00:00
APS SERRA BRANCA (13.021.180) (29.979.036/0975-51) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-03-04 19:42:17
Sentença - Improcedente
2018-06-20T17:53:19
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2018-06-15 09:00:00
JOÃO PEREIRA DE ANDRADE FILHO
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
PB007859
SENTENÇA Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no 9.099/95. FUNDAMENTAÇÃO O Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n.o 8.213/91) prevê, entre os segurados obrigatórios, o segurado especial, descrito no art. 11, VII, como “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais (...) que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros (...)”. Faz jus o trabalhador rural, na condição de segurado especial, ao benefício de aposentadoria por idade, nos termos dos arts. 39, I, 48, §§ 1.o e 2.o, e 143 da Lei n.o 8.213/91, desde que comprovada a atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. A carência exigida para o caso, conforme a tabela constante do art. 142 da citada Lei, é de 180 meses, haja vista que a parte autora completou a idade mínima no ano de 2015. Seu requerimento administrativo foi feito em 25/04/2017. Logo, o período de carência legal a se investigar se insere entre 2002 a 2017. Importante realçar que, para a comprovação do tempo de serviço rural e consequente obtenção do direito à aposentação, é necessária a apresentação de documentação idônea, ainda que indiciária (início de prova material), expedida na época em que ocorridos os fatos, no período que antecede ao requerimento do benefício. É a previsão contida no art. 55, § 3.o, da Lei 8.213/91. O tema já se acha consolidado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Súmula n.o 149 – “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de beneficio previdenciário”), o que vem em reforço da exigência do início de prova material (documentação idônea) contemporânea ao período de trabalho que se deseja aproveitar, para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, cuja exclusividade não basta. Quanto à temática, registro meu entendimento no sentido de que o rol de documentos previstos no art. 106 da Lei 8.213-91 é exemplificativo. Logo, mesmo não estando expressamente mencionados no dispositivo, entendo que outros documentos atendem à finalidade nele insculpida, a exemplo de: prova percepção de outros benefícios, durante o período de carência, na qualidade de segurado especia; prova de que a parte requerente trabalhou na Frente Produtiva de Trabalho nos perídos de seca no sertão; recebimento de seguro-safra; declarações de órgãos públicos, certidões públicas etc. Isso não significa dizer, porém, que a mencionada norma não serve como uma forte fonte de orientação do intérprete. Pensar de modo contrário, admitindo-se todo e qualquer documento como início de prova material, em que pese o expresso texto da lei, implica, a meu ver, um completo desvirtuamento das balizas delineadas pelo legislador, pondo em xeque até mesmo a manutenção do benefício - de feição especial - em nosso ordenamento. Por essa razão, em regra, tenho que documentos como carteira sindical ou declaração sindical sem homologação por parte do INSS, certidão eleitoral e fichas de atendimento médico não se prestam a figurar como início de prova material exigido pela Lei no 8.213/91, pois produzidos amparados com as informações unilaterais do próprio requerente, sem a análise da condição (ou não) da qualificação alegada, e sem que o documento detenha fé-pública. Do contrarário, a meu ver, afastar-se-íamos por completo do que previu o art. 106 da já mencionada lei do RGPS. Os documentos, saliente-se, têm caráter ainda menos persuasivo quando produzidos pouco antes do requerimento administrativo, seja por serem extemporâneos, seja por retratarem, no geral, apenas a intenção do requerente de se qualificar como agricultor e possibilitar a obtenção do benefício previdenciário, mas sem ter o condão de demonstrar minimamente tal qualificação. O mesmo se pode dizer das declarações unilaterais prestadas por terceiros que também não gozam de fé-pública, cujo teor do declarado, pois, não se presta a figurar como prova documental (art. 408, parágrafo único, do NCPC). Não desconheço, porém, a dificuldade que encontra o homem do campo de apresentar a exigida prova documental. É por esta razão que em casos extraordinários, quando os documentos mencionados nos dois últimos parágrafos são corroborados por prova inequívoca produzida na via administrativa e em audiência, penso que há exceção à regra, pelo que eles podem passar a figurar como início de prova, atendendo o requisito da Súmula no 149, do STJ, e admitindo-se o acolhimento da pretensão autoral, desde de que, logicamente, devidamente fundamentado pelo magistrado. Cumpre registrar, também, que o início de prova material produzido em favor de um ou mais integrante(s) da família, notadamente o cônjuge, figura como prova documental em favor da parte requerente, desde que mantida a unidade familiar, em atenção ao regime previsto no art. 11, §1o, da Lei 8.213-91. Com fundamento nos argumentos expostos nas linhas passadas, passo a examinar o caso dos autos. De início, indefiro o pedido de realização de audiência de instrução, formulado pela parte autora, uma vez que não foi demonstrada a necessidade de realização deste ato processual, bem como por já ter sido produzida prova oral em sessão de conciliação. Assim, tendo este Juízo formado seu convencimento com a prova produzida em audiência de conciliação e demais elementos constantes nos autos, não se faz necessária maior dilação probatória, razão pela qual passo ao julgamento da lide. Dos documentos acostados como início de prova material, depreende-se dos autos que não há documentação idônea que remonte ao período de carência (04/2002 a 04/2017) de modo a comprovar que a autora exercia atividade rural. A entrevista rural (anexo 12, fls. 9 e 10) foi negativa, uma vez que o requerente não apresentou início de prova material do exercício da atividade rural ao longo do período de carência do benefício ora em análise e por ter residido no município de Soledade/PB entre 2005 e 2011. A par disso, a prova oral (anexos 14) também foi insuficiente para a comprovação da alegada qualidade de segurado especial do autor. Na audiência de conciliação, a parte autora declarou que sua mulher mora em Campina e que seu filho levou um tiro e faz tratamento de fisioterapia lá; que trabalha na agricultura em Sumé no sítio Poço do Boi; que cria bode, ovelha e galinha; que planta milho, feijão e fava; que trabalha um dos filhos; que sempre morou no cariri, embora tenha ido para Soledade/PB e Campina/PB, onde mora sua esposa. Assim sendo, ante a falta de início de prova material do exercício da atividade agrícola e o fato de que a prova oral colhida em audiência não ter sido convincente quanto ao alegado labor rural do demandante, concluo que não restou demonstrado o efetivo exercício de trabalho rural, na qualidade de segurado especial, no período de carência necessário à concessão do benefício pleiteado e muito menos o caráter essencial da atividade rural para o sustento do núcleo familiar. DISPOSITIVO Posto isso, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC, extinguindo o processo com resolução de mérito. Sem custas e honorários advocatícios, vide art. 55 da Lei n. 9.099/95. Defiro o pedido de justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/50. A publicação e o registro desta sentença decorrem automaticamente da validação no sistema eletrônico. Intimem-se. Cumpra-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro-PB, data da validação. JOÃO PEREIRA DE ANDRADE FILHO Juiz Federal Substituto da 1a Vara/PB,
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AOS FATOS QUE SE PRETENDE PROVAR. PROVA ORAL COLHIDA EM AUDIÊNCIA DESFAVORÁVEL.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. O magistrado sentenciante julgou improcedente o pedido autoral, por não haver início razoável de prova material contemporânea aos fatos que se busca provar, além de não ter sido favorável a prova oral colhida em audiência 2. Em sua peça recursal, o(a) recorrente informa haver o preenchimento dos requisitos legais à concessão do benefício, tanto em relação à prova material, quanto no que se refere à prova oral colhida em audiência. 3. Nota-se dos autos, porém, que não há, no caso, início razoável de prova material contemporânea aos fatos a serem provados, além de ter sido a prova oral colhida em audiência frágil, desfavorável à caracterização de segurada especial da parte autora. 4. Conforme registrado na r. sentença: “... depreende-se dos autos que não há documentação idônea que remonte ao período de carência (04/2002 a 04/2017) de modo a comprovar que a autora exercia atividade rural. A entrevista rural (anexo 12, fls. 9 e 10) foi negativa, uma vez que o requerente não apresentou início de prova material do exercício da atividade rural ao longo do período de carência do benefício ora em análise e por ter residido no município de Soledade/PB entre 2005 e 2011.A par disso, a prova oral (anexos 14) também foi insuficiente para a comprovação da alegada qualidade de segurado especial do autor. Na audiência de conciliação, a parte autora declarou que sua mulher mora em Campina e que seu filho levou um tiro e faz tratamento de fisioterapia lá; que trabalha na agricultura em Sumé no sítio Poço do Boi; que cria bode, ovelha e galinha; que planta milho, feijão e fava; que trabalha um dos filhos; que sempre morou no cariri, embora tenha ido para Soledade/PB e Campina/PB, onde mora sua esposa.” (GN) 5. Segundo a súmula n.o 33 da TNU, “para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”. 6. Não é possível, pois, a concessão da aposentadoria por idade rural (artigo 143 da Lei n.o 8.213/91), quando não comprovado o desempenho de atividade em regime de economia familiar. A esse respeito, confira-se: (STJ, 3a Seção, AR 4.094-SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgada em 26.09.2012). 7. O recurso interposto pela parte autora, pois, não merece provimento. 8. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 9. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. 10. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (mil reais) e custas processuais, suspensa na hipótese de concessão de assistência judiciária gratuita.
1,214
570
1
0
11-PB
0
94.080058
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n.o 8.213/91) prevê, entre os segurados obrigatórios, o segurado especial, descrito no art. 11, VII, como “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais (...) que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros (...)”. Faz jus o trabalhador rural, na condição de segurado especial, ao benefício de aposentadoria por idade, nos termos dos arts. 39, I, 48, §§ 1.o e 2.o, e 143 da Lei n.o 8.213/91, desde que comprovada a atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. A carência exigida para o caso, conforme a tabela constante do art. 142 da citada Lei, é de 180 meses, haja vista que a parte autora completou a idade mínima no ano de 2015. Seu requerimento administrativo foi feito em 25/04/2017. Logo, o período de carência legal a se investigar se insere entre 2002 a 2017. Importante realçar que, para a comprovação do tempo de serviço rural e consequente obtenção do direito à aposentação, é necessária a apresentação de documentação idônea, ainda que indiciária (início de prova material), expedida na época em que ocorridos os fatos, no período que antecede ao requerimento do benefício. É a previsão contida no art. 55, § 3.o, da Lei 8.213/91. O tema já se acha consolidado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Súmula n.o 149 – “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de beneficio previdenciário”), o que vem em reforço da exigência do início de prova material (documentação idônea) contemporânea ao período de trabalho que se deseja aproveitar, para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, cuja exclusividade não basta. Quanto à temática, registro meu entendimento no sentido de que o rol de documentos previstos no art. 106 da Lei 8.213-91 é exemplificativo. Logo, mesmo não estando expressamente mencionados no dispositivo, entendo que outros documentos atendem à finalidade nele insculpida, a exemplo de: prova percepção de outros benefícios, durante o período de carência, na qualidade de segurado especia; prova de que a parte requerente trabalhou na Frente Produtiva de Trabalho nos perídos de seca no sertão; recebimento de seguro-safra; declarações de órgãos públicos, certidões públicas etc. Isso não significa dizer, porém, que a mencionada norma não serve como uma forte fonte de orientação do intérprete. Pensar de modo contrário, admitindo-se todo e qualquer documento como início de prova material, em que pese o expresso texto da lei, implica, a meu ver, um completo desvirtuamento das balizas delineadas pelo legislador, pondo em xeque até mesmo a manutenção do benefício - de feição especial - em nosso ordenamento. Por essa razão, em regra, tenho que documentos como carteira sindical ou declaração sindical sem homologação por parte do INSS, certidão eleitoral e fichas de atendimento médico não se prestam a figurar como início de prova material exigido pela Lei no 8.213/91, pois produzidos amparados com as informações unilaterais do próprio requerente, sem a análise da condição (ou não) da qualificação alegada, e sem que o documento detenha fé-pública. Do contrarário, a meu ver, afastar-se-íamos por completo do que previu o art. 106 da já mencionada lei do RGPS. Os documentos, saliente-se, têm caráter ainda menos persuasivo quando produzidos pouco antes do requerimento administrativo, seja por serem extemporâneos, seja por retratarem, no geral, apenas a intenção do requerente de se qualificar como agricultor e possibilitar a obtenção do benefício previdenciário, mas sem ter o condão de demonstrar minimamente tal qualificação. O mesmo se pode dizer das declarações unilaterais prestadas por terceiros que também não gozam de fé-pública, cujo teor do declarado, pois, não se presta a figurar como prova documental (art. 408, parágrafo único, do NCPC). Não desconheço, porém, a dificuldade que encontra o homem do campo de apresentar a exigida prova documental. É por esta razão que em casos extraordinários, quando os documentos mencionados nos dois últimos parágrafos são corroborados por prova inequívoca produzida na via administrativa e em audiência, penso que há exceção à regra, pelo que eles podem passar a figurar como início de prova, atendendo o requisito da Súmula no 149, do STJ, e admitindo-se o acolhimento da pretensão autoral, desde de que, logicamente, devidamente fundamentado pelo magistrado. Cumpre registrar, também, que o início de prova material produzido em favor de um ou mais integrante(s) da família, notadamente o cônjuge, figura como prova documental em favor da parte requerente, desde que mantida a unidade familiar, em atenção ao regime previsto no art. 11, §1o, da Lei 8.213-91. Com fundamento nos argumentos expostos nas linhas passadas, passo a examinar o caso dos autos. De início, indefiro o pedido de realização de audiência de instrução, formulado pela parte autora, uma vez que não foi demonstrada a necessidade de realização deste ato processual, bem como por já ter sido produzida prova oral em sessão de conciliação. Assim, tendo este Juízo formado seu convencimento com a prova produzida em audiência de conciliação e demais elementos constantes nos autos, não se faz necessária maior dilação probatória, razão pela qual passo ao julgamento da lide. Dos documentos acostados como início de prova material, depreende-se dos autos que não há documentação idônea que remonte ao período de carência (04/2002 a 04/2017) de modo a comprovar que a autora exercia atividade rural. A entrevista rural (anexo 12, fls. 9 e 10) foi negativa, uma vez que o requerente não apresentou início de prova material do exercício da atividade rural ao longo do período de carência do benefício ora em análise e por ter residido no município de Soledade/PB entre 2005 e 2011. A par disso, a prova oral (anexos 14) também foi insuficiente para a comprovação da alegada qualidade de segurado especial do autor. Na audiência de conciliação, a parte autora declarou que sua mulher mora em Campina e que seu filho levou um tiro e faz tratamento de fisioterapia lá; que trabalha na agricultura em Sumé no sítio Poço do Boi; que cria bode, ovelha e galinha; que planta milho, feijão e fava; que trabalha um dos filhos; que sempre morou no cariri, embora tenha ido para Soledade/PB e Campina/PB, onde mora sua esposa. Assim sendo, ante a falta de início de prova material do exercício da atividade agrícola e o fato de que a prova oral colhida em audiência não ter sido convincente quanto ao alegado labor rural do demandante, concluo que não restou demonstrado o efetivo exercício de trabalho rural, na qualidade de segurado especial, no período de carência necessário à concessão do benefício pleiteado e muito menos o caráter essencial da atividade rural para o sustento do núcleo familiar. DISPOSITIVO Posto isso, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC, extinguindo o processo com resolução de mérito. Sem custas e honorários advocatícios, vide art. 55 da Lei n. . Defiro o pedido de justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/50. A publicação e o registro desta sentença decorrem automaticamente da validação no sistema eletrônico. Intimem-se. Cumpra-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro-PB, data da validação. JOÃO PEREIRA DE ANDRADE FILHO Juiz Federal Substituto da 1a Vara/PB
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0500739-57.2018.4.05.8002
2018-03-08 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-18 14:17:51
Sentença - Benefício assistencial - Idoso - Improcedente
2018-06-28T11:11:26
Acórdão - Voto
GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
2018-06-28 08:30:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL005797
SENTENÇA Cuida-se de pedido de concessão de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, cumulada com pedido de pagamento de parcelas retroativas, negado administrativamente pela Autarquia Previdenciária ao argumento de que a renda auferida pelo grupo familiar ultrapassa o valor de 1⁄4 (um quarto) de salário-mínimo. Fundamento e decido. O art. 20, caput, da Lei n° 8.742/93, estabeleceu que faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada a “...pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”. O § 3o do referido dispositivo, por sua vez, aponta que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.”. Dessa forma, preenchidos os requisitos objetivos previstos na norma, faz jus a pessoa idosa ao gozo do benefício assistencial. Pois bem. In casu, verifico que na data de entrada do requerimento administrativo a parte autora já possuía 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Quanto ao requisito da renda familiar per capita, todavia, entendo que o núcleo familiar da parte autora, composto por ela e seu companheiro, aufere renda per capita em muito superior a 1⁄4 (um quarto) de salário-mínimo. Essa informação pode ser extraída do documento anexado no 15, que aponta uma renda total dos dois componentes do grupo no importe de R$ 2.083,00 (dois mil e oitenta e três reais), o que, de plano, afasta o requisito da miserabilidade. Em suma, considerando que o requisito estampado no § 3o do artigo 20 da Lei no 8.742/93 não foi devidamente preenchido, conquanto tenha havido o seu enquadramento no § 2o do mesmo artigo, concluo que não deve ser acolhido o pedido de concessão do benefício assistencial formulado na Inicial. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se. Havendo recurso, remetam-se os autos à E. Turma Recursal de Alagoas. Oportunamente, arquivem-se os autos. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
PROCESSO No 0500739-57.2018.4.05.8002 RECORRENTE: MARIA RITA DANTAS DA SILVA RECORRIDO (A): INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MISERABILIDADE. AUSÊNCIA DE AVALIAÇÃO SOCIOECONÔMICA. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. RETORNO DOS AUTOS PARA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. SENTENÇA ANULADA. 1. Benefício de amparo social à pessoa com deficiência, regulado pelo artigo 20 da Lei n.o 8.742/93, com a redação dada pela Lei n.o 12.470/2011, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos, cumulado com a impossibilidade de prover seu próprio sustento ou de tê-lo provido pela sua família. 2. Recurso inominado contra a sentença que julgou improcedente a pretensão autoral sob o fundamento de que a autora não teria cumprido o requisito da miserabilidade (anexo 19). Razões recursais da parte autora no sentido de que a sentença deveria ser anulada, uma vez que as provas encontradas nos autos não seriam suficientes para aferir o requisito da miserabilidade (anexo 21). 3. Incontroversa a questão da incapacidade laboral, a discussão ocupa-se da análise do pressuposto econômico para a concessão do benefício vindicado. 4. Quanto ao pressuposto econômico, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da norma do art. 20, § 3o da Lei n. 8.742/93, que estabelecia o critério de 1/4 de um salário mínimo para aferição da miserabilidade para a concessão dos benefícios assistenciais, de modo que, diante da ausência de critério legal válido para aferição da hipossuficiência econômica, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais fixou o entendimento de que a miserabilidade deve ser analisada em cada caso concreto, através de quaisquer meios de prova, não podendo ser esta avaliada exclusivamente com base na renda. (PEDILEF: 05023602120114058201, Relator Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, Dou 21/06/2013). 5. Assim, dá-se a comprovação da miserabilidade por qualquer meio de prova, tais como laudo socioeconômico, auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou através da inquirição de testemunhas, desde que a hipossuficiência seja demonstrada por meios idôneos, submetidos ao crivo do contraditório. A matéria inclusive já fora sumulada pela TNU, conforme Enunciado n. 79: "Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal". 6. No caso em apreço, verifica-se que não houve sequer pesquisa socioeconômica realizada pela autarquia previdenciária. Destarte, não há elementos probatórios suficientes para análise da miserabilidade. 7. Sendo assim, a causa não se encontra madura para julgamento. É preciso verificar as condições socioeconômicas do núcleo familiar no caso concreto, não sendo possível presumir que o autor faz jus ao benefício com base unicamente nas imagens colacionadas de sua residência. 8. Nesse sentido, recente julgado da TNU firma-se no entendimento de que a análise de fotografias anexadas pela própria parte não satisfaz a devida comprovação miserabilidade, quando isolada dos meios probatórios arrolados na referida Súmula 79 do mesmo Tribunal. A respeito, confira-se: PROCESSO: 0514205-90.2015.4.05.8013 ORIGEM: AL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ALAGOAS REQUERENTE: INSS PROC./ADV.: PROCURADORIA-GERAL FEDERAL REQUERIDO(A): DAYVID EMANUEL VITÓRIO DA SILVA PROC./ADV.: THIAGO RAFAEL CAVALCANTI RODRIGUES OAB: AL-11899 DECISÃO Trata-se de agravo interposto contra decisão que inadmitiu o incidente de uniformização nacional suscitado pela parte ora requerente, pretendendo a reforma de acórdão da Turma Recursal de origem em que se discute o cumprimento do requisito da miserabilidade. É o relatório. O presente recurso comporta provimento. A TNU, por meio da Súmula 79, pacificou o entendimento no sentido de que: Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal. No caso concreto, verifica-se que as instâncias ordinárias limitaram-se à análise de fotografias, não tendo sido feita a devida perícia social. Assim, levando-se em consideração a sistemática dos recursos representativos da controvérsia, dos sobrestados por força de repercussão geral e dos incidentes de uniformização processados na TNU, em que se devem observar as diretrizes estabelecidas nos arts. 1.030, II, do CPC e 17 c/c 16, III, ambos do RITNU, os autos devem ser devolvidos à Turma Recursal de origem para aplicação do entendimento pacificado no âmbito da Turma Nacional de Uniformização. Ante o exposto, com fundamento no art. 16, II, do RITNU, dou provimento ao agravo para admitir o incidente de uniformização e, prosseguindo no julgamento, a ele dar provimento. Em consequência, determino a restituição dos autos à origem, para a adequação do julgado e consequente produção da prova em comento. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 08 de novembro de 2016. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais 9. Em razão do exposto, impõe-se a anulação da sentença recorrida, determinando o retorno dos autos ao JEF de origem a fim de que seja procedida reabertura da instrução processual e realizado mandado de constatação, com o fito de aferir a miserabilidade da autora. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO para ANULAR A SENTENÇA, nos termos do voto do Relator. GUILHERME MASAITI HIRATA YENDO
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7-AL
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40.928368
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de concessão de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, cumulada com pedido de pagamento de parcelas retroativas, negado administrativamente pela Autarquia Previdenciária ao argumento de que a renda auferida pelo grupo familiar ultrapassa o valor de 1⁄4 (um quarto) de salário-mínimo. Fundamento e decido. O art. 20, caput, da Lei n° 8.742/93, estabeleceu que faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada a “...pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”. O § 3o do referido dispositivo, por sua vez, aponta que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.”. Dessa forma, preenchidos os requisitos objetivos previstos na norma, faz jus a pessoa idosa ao gozo do benefício assistencial. Pois bem. In casu, verifico que na data de entrada do requerimento administrativo a parte autora já possuía 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Quanto ao requisito da renda familiar per capita, todavia, entendo que o núcleo familiar da parte autora, composto por ela e seu companheiro, aufere renda per capita em muito superior a 1⁄4 (um quarto) de salário-mínimo. Essa informação pode ser extraída do documento anexado no 15, que aponta uma renda total dos dois componentes do grupo no importe de R$ 2.083,00 (dois mil e oitenta e três reais), o que, de plano, afasta o requisito da miserabilidade. Em suma, considerando que o requisito estampado no § 3o do artigo 20 da Lei no 8.742/93 não foi devidamente preenchido, conquanto tenha havido o seu enquadramento no § 2o do mesmo artigo, concluo que não deve ser acolhido o pedido de concessão do benefício assistencial formulado na Inicial. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se. Havendo recurso, remetam-se os autos à E. Turma Recursal de Alagoas. Oportunamente, arquivem-se os autos. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0507808-10.2018.4.05.8013
2018-03-26 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-04 15:46:20
Sentença - Extinção
2018-06-28T11:43:11
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2018-06-28 08:30:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL006949
SENTENÇA Trata-se de pedido de concessão de auxílio doença com conversão para aposentadoria por invalidez, com repercussão financeira pretérita. Passo a decidir. Para propor uma demanda judicial é necessário que o autor demonstre o interesse em agir, ex vi do artigo 17 do CPC, sob pena de indeferimento da petição inicial e extinção do processo sem resolução de mérito, artigos 485, I e 485, VI, do mesmo diploma legal. No caso sub examine, a parte requer o restabelecimento de benefício com data de cessação vencida, sem indicação nos autos de que foram feitos os procedimentos necessários para a solicitação da prorrogação administrativa do benefício no prazo de 15 dias anteriores à cessação. Não foi anexado aos autos qualquer comprovação do indeferimento do pedido de prorrogação, ou resistência do INSS ao direito de solicitar a manutenção ou reativação administrativa do benefício, circunstância esta que ocasiona a falta de interesse de agir da parte autora e, por conseguinte, a carência da presente ação. A lição de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari respalda o entendimento retro declinado, pois, segundo eles, é “necessária a demonstração do prévio ingresso na via administrativa, nos casos em que a anterior provocação da administração é considerada indispensável para a propositura da ação. O Judiciário não pode substituir a administração nas atividades que lhe são afetas, entre elas, a concessão do benefício previdenciário. A prestação jurisdicional só se justifica quando há a comprovação do conflito de interesses.” Isto posto, extingo o processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 485, inciso VI, do Código de Processo Civil, deixando de condenar a parte em custas e honorários, ex vi do art. 55 da Lei no 9.099/95. Intimações necessárias.
RECORRENTE: ANTONIO BATISTA RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA E TRANSFORMAÇÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ALTA PROGRAMADA. POSSIBILIDADE LEGAL. SUPERAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE PRAZO PARA O SEGURADO REQUERER PRORROGAÇÃO. SENTENÇA EXTINTIVA ANULADA. RECURSO PROVIDO. 1. Recurso inominado interposto contra sentença que extinguiu o feito sem resolução do mérito por ausência de ato impugnado/carta de indeferimento. 2. Pretensão recursal da autora escorada na alegação de que mero formalismo não pode se sobrepor ao direito material. 3. As Medidas Provisórias no 739/2016 e no 767/2017 (esta última convertida na Lei no 13.457/2017) impuseram a fixação de prazo estimado para a duração do benefício de auxílio-doença quando do ato de sua concessão, judicial ou administrativa, bem como impôs que, na ausência de fixação do referido prazo, o benefício cessará em 120 dias após a sua concessão, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS (§§ 8o e 9o, art. 60, Lei no 8.213/91). 4. Assim, em se tratando de benefício de auxílio-doença e diante da inovação legal, restou superada a jurisprudência do STF (RE no 631.240/MG) de da TNU (PEDILEFs no 05017578320134058101 e no 05013043320144058302) que dispensavam o prévio requerimento administrativo para os casos de restabelecimento de benefício cessado, ou seja, nos termos dos §§ 8o e 9o do art. 60 da Lei no 8.213/91, configura-se legalmente possível a chamada “alta programada”, bem como a necessidade de prévio requerimento administrativo para fins de prorrogação do benefício de auxílio-doença. 5. Inobstante, no caso dos autos, a cessação do benefício se deu em 22/05/2018, mesma data da comunicação da decisão ao segurado, conforme documento no 47, o que demonstra que não foi oportunizado o pedido de prorrogação de seu benefício, o qual deve ser ocorrer até 15 dias antes da DCB. Logo, demonstrado está o interesse de agir, pelo que deve ser anulada a sentença para reabertura de instrução. 6. Ressalte-se que não foi oportunizado ao demandante emendar a inicial e juntar aos autos o ato impugnado (anexo 47). 7. Recurso provido, para anular a sentença, retornando-se os autos ao juízo de origem para prosseguimento do feito. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA, nos termos do voto do Relator.
283
400
0
0
9-AL
1
9.089815
PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
Trata-se de pedido de concessão de auxílio doença com conversão para aposentadoria por invalidez, com repercussão financeira pretérita. Passo a decidir. Para propor uma demanda judicial é necessário que o autor demonstre o interesse em agir, ex vi do artigo 17 do CPC, sob pena de indeferimento da petição inicial e extinção do processo sem resolução de mérito, artigos 485, I e 485, VI, do mesmo diploma legal. No caso sub examine, a parte requer o restabelecimento de benefício com data de cessação vencida, sem indicação nos autos de que foram feitos os procedimentos necessários para a solicitação da prorrogação administrativa do benefício no prazo de 15 dias anteriores à cessação. Não foi anexado aos autos qualquer comprovação do indeferimento do pedido de prorrogação, ou resistência do INSS ao direito de solicitar a manutenção ou reativação administrativa do benefício, circunstância esta que ocasiona a falta de interesse de agir da parte autora e, por conseguinte, a carência da presente ação. A lição de Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari respalda o entendimento retro declinado, pois, segundo eles, é “necessária a demonstração do prévio ingresso na via administrativa, nos casos em que a anterior provocação da administração é considerada indispensável para a propositura da ação. O Judiciário não pode substituir a administração nas atividades que lhe são afetas, entre elas, a concessão do benefício previdenciário. A prestação jurisdicional só se justifica quando há a comprovação do conflito de interesses.” Isto posto, extingo o processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 485, inciso VI, do Código de Processo Civil, deixando de condenar a parte em custas e honorários, ex vi do art. 55 da Lei no 9.099/95. Intimações necessárias
PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
66
0500346-93.2018.4.05.8015
2018-01-16 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-04-30 12:03:16
Sentença - Improcedência
2018-06-28T12:41:46
Acórdão - .
SERGIO DE ABREU BRITO
2018-06-28 08:30:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
AL012169A
SENTENÇA (TIPO A) Pretende Elizângela Pereira dos Santos obter pensão por morte em razão do falecimento de seu companheiro, Sr. Alexandre Aurélio do Nascimento. O óbito ocorreu em 18/04/2004 (doc. 10) e o requerimento administrativo só foi apresentado em 20/11/2017 (doc. 6), mas o INSS indeferiu por falta da qualidade de dependente. O benefício pleiteado tem fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 201, V, e está disciplinado nos artigos 74 e seguintes da Lei n. 8213/91. Óbito ocorrido antes das inovações trazidas pela Lei no 13.1235/15. Para sua concessão se exige a) a condição de segurado do de cujus e b) a dependência econômica da parte requerente (art. 16, Lei 8.213/91). A qualidade de segurado do falecido é ponto incontroverso, eis que o INSS concedeu administrativamente o benefício vindicado ao filho da autora (doc. 13). A questão cinge-se, então, à comprovação da qualidade de dependente da autora em relação ao falecido. Na espécie, é preciso destacar que o ônus da prova é da autora e, na hipótese dos autos, ainda maior que o normal, visto que deixou para ingressar em juízo mais de 13 (treze) anos depois do óbito, o que o coloca com a difícil tarefa de comprovar uma situação fática havida de 13 anos para trás ou mais, não podendo militar em seu favor as dificuldades probatórias. Ao contrário, a escassez ou inconclusividade das provas favorece o INSS, ao menos neste caso. Por ocasião da audiência de instrução, a autora disse que mora em Arapiraca-AL, bairro Canafístula; que pede a pensão pelo falecimento de seu companheiro, com quem conviveu por 9 anos; que seu filho já recebe a pensão, mas pretende regularizá-la em seu nome; que, na época do óbito, morava com o falecido na casa dos pais do mesmo; que o de cujus era gari. A testemunha arrolada, por sua vez, afirmou que conhece a autora há 20 anos; que conheceu o falecido, que se chamava Alexandre e que o óbito ocorreu em 2004; que, na época do óbito, o casal estava convivendo juntos, morando na casa dos pais do de cujus. Entretanto, como dito, o ônus da prova neste caso é maior, o que demandaria provas mais robustas, circunstância não evidenciada nos autos. Logo, a improcedência é a medida que se impõe. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se.
PROCESSO0500346-93.2018.4.05.8015 RECORRENTE: Elizângela Pereira dos Santos RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. JUIZ IMPEDIDO:PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRA. CONJUNTO PROBATÓRIO DESFAVORÁVEL. UNIÃO ESTÁVEL NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE DEPENDÊNCIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de pensão por morte, cumulado com pagamento de prestações vencidas, ante a ausência de comprovação da união estável da autora com o de cujus e como conseqüência, ausência de dependência econômica. Pretensão recursal fundamentada no argumento de que a autora era companheira do falecido. 2. O direito à percepção do benefício de pensão por morte pressupõe, dentre outros requisitos, a qualidade de segurado do de cujus quando de seu falecimento e a relação de dependência do beneficiário em relação ao seu instituidor. A dependência dos filhos não emancipados, de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos, do cônjuge e da companheira é presumida, bastando, no tocante à companheira a comprovação da união estável, sendo certo que o direito à pensão por morte rege-se pela legislação vigente a época do óbito do instituidor, em observância ao principio tempus regit actum. 3. A recorrente alega que era companheira do instituidor -Alexandre Aurélio do Nascimento, falecido em18/04/2004. 4. O conjunto probatório não demonstra a existência da qualidade de companheira quando do óbito do instituidor da pensão. O magistrado sentenciante analisou muito bem a situação fática.Por ser relevante, transcrevo parte do trecho da sentença: “ A qualidade de segurado do falecido é ponto incontroverso, eis que o INSS concedeu administrativamente o benefício vindicado ao filho da autora (doc. 13). A questão cinge-se, então, à comprovação da qualidade de dependente da autora em relação ao falecido. Na espécie, é preciso destacar que o ônus da prova é da autora e, na hipótese dos autos, ainda maior que o normal, visto que deixou para ingressar em juízo mais de 13 (treze) anos depois do óbito, o que o coloca com a difícil tarefa de comprovar uma situação fática havida de 13 anos para trás ou mais, não podendo militar em seu favor as dificuldades probatórias. Ao contrário, a escassez ou inconclusividade das provas favorece o INSS, ao menos neste caso. Por ocasião da audiência de instrução, a autora disse que mora em Arapiraca-AL, bairro Canafístula; que pede a pensão pelo falecimento de seu companheiro, com quem conviveu por 9 anos; que seu filho já recebe a pensão, mas pretende regularizá-la em seu nome; que, na época do óbito, morava com o falecido na casa dos pais do mesmo; que o de cujus era gari. A testemunha arrolada, por sua vez, afirmou que conhece a autora há 20 anos; que conheceu o falecido, que se chamava Alexandre e que o óbito ocorreu em 2004; que, na época do óbito, o casal estava convivendo juntos, morando na casa dos pais do de cujus. Entretanto, como dito, o ônus da prova neste caso é maior, o que demandaria provas mais robustas, circunstância não evidenciada nos autos. Logo, a improcedência é a medida que se impõe”. 5. Ressalte-se que a parte autora demorou bastante para requerer o benefício da pensão por morte, o que dificulta a comprovação do alegado vínculo de união estável. Registre-se, ainda, que o fato do filho comum do de cujus com a autora receber a pensão por morte, não é suficiente, por si só, para demonstrar a existência da união estável. 6.Ante o exposto, ainda que não seja exigido prova material para a comprovação de união estável, conclui-se que o conjunto probatório não foi suficiente para comprovar a existência de união estável entre a recorrente e o falecido ao tempo do óbito. Assim, ausente o requisito inerente à qualidade de dependente da autora, aqui recorrente, não há que se falar em direito ao benefício pretendido, razão pela qual a sentença recorrida não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida, por seus próprios fundamentos. 7. Recurso improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa. Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
451
755
0
1
10-AL
0
104.029352
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende Elizângela Pereira dos Santos obter pensão por morte em razão do falecimento de seu companheiro, Sr. Alexandre Aurélio do Nascimento. O óbito ocorreu em 18/04/2004 (doc. 10) e o requerimento administrativo só foi apresentado em 20/11/2017 (doc. 6), mas o INSS indeferiu por falta da qualidade de dependente. O benefício pleiteado tem fundamento na Constituição Federal, em seu artigo 201, V, e está disciplinado nos artigos 74 e seguintes da Lei n. 8213/91. Óbito ocorrido antes das inovações trazidas pela Lei no 13.1235/15. Para sua concessão se exige a) a condição de segurado do de cujus e b) a dependência econômica da parte requerente (art. 16, Lei 8.213/91). A qualidade de segurado do falecido é ponto incontroverso, eis que o INSS concedeu administrativamente o benefício vindicado ao filho da autora (doc. 13). A questão cinge-se, então, à comprovação da qualidade de dependente da autora em relação ao falecido. Na espécie, é preciso destacar que o ônus da prova é da autora e, na hipótese dos autos, ainda maior que o normal, visto que deixou para ingressar em juízo mais de 13 (treze) anos depois do óbito, o que o coloca com a difícil tarefa de comprovar uma situação fática havida de 13 anos para trás ou mais, não podendo militar em seu favor as dificuldades probatórias. Ao contrário, a escassez ou inconclusividade das provas favorece o INSS, ao menos neste caso. Por ocasião da audiência de instrução, a autora disse que mora em Arapiraca-AL, bairro Canafístula; que pede a pensão pelo falecimento de seu companheiro, com quem conviveu por 9 anos; que seu filho já recebe a pensão, mas pretende regularizá-la em seu nome; que, na época do óbito, morava com o falecido na casa dos pais do mesmo; que o de cujus era gari. A testemunha arrolada, por sua vez, afirmou que conhece a autora há 20 anos; que conheceu o falecido, que se chamava Alexandre e que o óbito ocorreu em 2004; que, na época do óbito, o casal estava convivendo juntos, morando na casa dos pais do de cujus. Entretanto, como dito, o ônus da prova neste caso é maior, o que demandaria provas mais robustas, circunstância não evidenciada nos autos. Logo, a improcedência é a medida que se impõe. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
14
0528973-80.2017.4.05.8100
2017-12-21 00:00:00
INSS - AADJ (77.923.652/0001-22) INSS - Instituto Nacional do Seguro Social - (FORTALEZA) (29.979.036/1088-55)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-05-02 16:09:09
Sentença - oral - procedente
2018-06-28T14:13:18
Acórdão - com voto
DARTANHAN VERCINGETÓRIX DE ARAÚJO E ROCHA (TURMA RECURSAL)
2018-06-19 13:00:00
ANDRÉ LUIZ CAVALCANTI SILVEIRA
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
CE008415
JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ VIGÉSIMA OITAVA VARA Processono.: 0528973-80.2017.4.05.8100 Autora:Francisca Silva Batista Advogado:Francisco de Assis Gomes Martins, Cícero Umbelino Martins Neto Réu:INSS – Instituto Nacional do Seguro Social Procurador:José Raimundo Monteiro de Macedo JuizFederal: André Luiz Cavalcanti Silveira TERMO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Aos 2/5/2018 13h30min, neste município de Fortaleza, Estado do Ceará, na sala de audiências da 28a Vara, presente o MM. Juiz Federal André Luiz Cavalcanti Silveira, foram apregoadas as partes do processo em epígrafe, constatando-se o comparecimento da demandante Francisca Silva Batista, acompanhada de seu advogado constituído, Cícero Umbelino Martins Neto, bem como da testemunha Valdemir Ciriaco da Costa, CPF no 08574261335, nascida em 17.8.1954. Aberta a audiência, foram colhidos os depoimentos da autora e da testemunha presente, os quais se encontram disponíveis para visualização pelo navegador Internet Explorer no link: http://drsweb.jfce.jus.br/DRSWebJFCE/?NumeroProcesso=0528973-80.2017.4.05.8100&DataAudiencia=201805021330&DataAcesso=201805021406&Hash=aea4711cfadb3d9de8f8a1f1e7a7adff Por fim, o MM. Juiz proferiu a seguinte sentença (TIPO A) em mesa, gravada integralmente, cujo dispositivo é o seguinte: “Ante o exposto, julgo procedente o pedido, com a antecipação dos efeitos da tutela, determinando que o INSS, no prazo de 10 (dez) dias corridos, implante o benefício especificado nestes termos: BENEFÍCIO: Aposentadoria por IdadeRural DIB: 11.9.2017 DIP: 1.5.2018 Condeno, ainda, a parte ré ao pagamento, por RPV, dos atrasados referentes ao período compreendido entre a data da concessão do benefício e a DIP, respeitada a prescrição qüinqüenal, conforme valores apurados em planilha a ser elaborada pela Contadoria do Juízo, e que integrará esta sentença. Tais parcelas deverão ser corrigidas monetariamente a contar da data em que se tornarem devidas, com base na TR, nos termos da lei 11960/2009.
RECURSO INOMINADO. APOSENTADORIA POR IDADE DE SEGURADO ESPECIAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. SENTENÇA MANTIDA (ART. 46 DA LEI 9.099/95). DESPROVIMENTO DO RECURSO. - Trata-se de recurso interposto pela INSS em face de sentença que julgou procedente pedido de aposentadoria por idade de segurado especial. - A condição legal de trabalhador(a) rural, apta a conferir o direito à percepção do benefício de aposentadoria por idade, depende de um conjunto harmônico de provas em que haja, no mínimo, um início de documentos consistentes, o qual, adicionado à prova testemunhal compatível e não contraditória com a documentação trazida, demonstre que a parte autora detinha a condição de segurada especial durante o período de carência. - Para a aposentadoria por idade da parte recorrente como segurado(a) especial/trabalhador(a) rural, é necessária a comprovação do labor na agricultura em regime de economia familiar ou individual durante o período de carência estabelecido na tabela constante do art. 142 da Lei n.o 8.213/91, nos meses imediatamente anteriores à data do requerimento administrativo. - O Enunciado no 14 da TNU estatui não ser necessário, para a concessão de aposentadoria rural por idade, que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. - O início de prova material tem caráter meramente indiciário dos fatos alegados, não se revestindo em prova absoluta e incontrastável. Esses documentos indiciários, ainda que sejam necessários, não são suficientes para a comprovação da condição de segurado especial durante todo o período de carência. O início de prova material tem o condão de, tão só, revelar que os fatos alegados podem ser verdadeiros, a depender de posterior confirmação após análise de todo o contexto probatório. - Registre-se que o vínculo urbano, por si só, não obsta o reconhecimento da condição de segurada especial, conforme se depreende da súmula 41 da TNU. De igual modo, conforme entendimento pacífico na jurisprudência, são considerados documentos públicos e particulares dotados de fé pública, nos quais conste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquanto casado, ou companheiro, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente, enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo a existência de prova em contrário. - No caso em concreto, o pedido merece ser julgado procedente. Para comprovação do direito apresentou os seguintes documentos: certidão de casamento, expedida em 1o/07/2008, indicando o cônjuge da parte autora como agricultor (anexo 7); carteira do sindicato dos trabalhadores rurais de Cascavel/CE, em nome do irmão da postulante, com data de entrada em 30/11/1983 (anexo 23), dentre outros documentos de menor importância. - Os documentos juntados pela parte autora constituem início de prova material do benefício pleiteado. A postulante é pessoa de pouca instrução, como se vê de seu depoimento e documentos, além de ter residência em zona rural. Talvez por essa razão tenha se verificado certa incongruência em seu depoimento pessoal, a qual, todavia, não foi capaz de elidir sua evidente condição de segurada especial, corroborada pela testemunha ouvida em juízo. - O próprio depoimento pessoal da postulante, mesmo com oscilações, demonstrou seu conhecimento acerca das culturas do feijão e do milho, além de domínio sobre o cotidiano da roça e dos termos ali empregados. - O fato de a autora estar separada de seu cônjuge há mais de vinte anos não tem o condão de descaracterizar o trabalho de roça, que, ao fim e ao cabo, revelou-se indispensável ao seu próprio sustento e de sua filha e neta, sendo a atividade rurícola exercida em terreno da própria autora. - Por fim, a autora apresentou em audiência traços característicos de quem labuta na roça, tais como, pele castigada pelo sol e linguagem típica do ambiente rústico da agricultura. - O INSS, por sua vez, não logrou juntar nenhuma contraprova nos autos que indicasse exercício de trabalho urbano pela parte autora durante o período de carência. - Há de se considerar ainda que a percepção pessoal do julgador de primeiro grau deve ser privilegiada, sobretudo quando a prova for valorada de maneira adequada e mediante acurada análise, uma vez que estão mais próximos das partes e, consequentemente, tem melhores condições de avaliar a verdade real dos fatos e provas trazidos a juízo. - A controvérsia, em grau de recurso, foi estabelecida unicamente acerca dos fatos. Foi a análise fática, considerando-se o amplo contexto probatório - além dos inícios de prova material, também os documentos trazidos aos autos pelo INSS e os depoimentos prestados - que fundamentou a procedência do pedido no primeiro grau de jurisdição. Analisando as razões recursais e as provas produzidas não encontro motivos para reformar o juízo do julgador monocrático. Ao contrário, ratifico suas mesmas razões de julgar. Por tal razão, deve o julgado ser mantido em todos os seus termos, na forma prevista no art. 46 da Lei n.o 9.099/95. - Sentença mantida, com o consequente desprovimento do recurso inominado, nos termos do art. 46 da Lei no 9.099/95. - Condenação da parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. - Têm-se por expressamente prequestionadas todas as questões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins de prequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos e parágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regras neles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no caso ora sob exame (RE-AgR 353986, Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe 14/08/2008). Com o trânsito em julgado da decisão, remetam-se os autos ao Juizado Especial Federal Cível. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaram do julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Nagibe de Melo Jorge Neto e Júlio Rodrigues Coelho Neto. Fortaleza, data da sessão.
269
974
0
1
28-CE
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114.470243
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
VIGÉSIMA OITAVA VARA Processono.: 0528973-80.2017.4.05.8100 Autora:Francisca Silva Batista Advogado:Francisco de Assis Gomes Martins, Cícero Umbelino Martins Neto Réu:INSS – Instituto Nacional do Seguro Social Procurador:José Raimundo Monteiro de Macedo JuizFederal: André Luiz Cavalcanti Silveira TERMO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Aos 2/5/2018 13h30min, neste município de Fortaleza, Estado do Ceará, na sala de audiências da 28a Vara, presente o MM. Juiz Federal André Luiz Cavalcanti Silveira, foram apregoadas as partes do processo em epígrafe, constatando-se o comparecimento da demandante Francisca Silva Batista, acompanhada de seu advogado constituído, Cícero Umbelino Martins Neto, bem como da testemunha Valdemir Ciriaco da Costa, CPF no 08574261335, nascida em 17.8.1954. Aberta a audiência, foram colhidos os depoimentos da autora e da testemunha presente, os quais se encontram disponíveis para visualização pelo navegador Internet Explorer no link: URL Por fim, o MM. Juiz proferiu a seguinte sentença (TIPO A) em mesa, gravada integralmente, cujo dispositivo é o seguinte: “Ante o exposto, julgo procedente o pedido, com a antecipação dos efeitos da tutela, determinando que o INSS, no prazo de 10 (dez) dias corridos, implante o benefício especificado nestes termos: BENEFÍCIO: Aposentadoria por IdadeRural DIB: 11.9.2017 DIP: 1.5.2018 Condeno, ainda, a parte ré ao pagamento, por RPV, dos atrasados referentes ao período compreendido entre a data da concessão do benefício e a DIP, respeitada a prescrição qüinqüenal, conforme valores apurados em planilha a ser elaborada pela Contadoria do Juízo, e que integrará esta sentença. Tais parcelas deverão ser corrigidas monetariamente a contar da data em que se tornarem devidas, com base na TR, nos termos da lei
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
7
0512884-70.2017.4.05.8103
2017-12-18 00:00:00
UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) - Procuradoria da Fazenda Nacional no Ceará - PFN/CE (00.394.460/0223-82)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2018-06-12 18:01:48
Sentença - PSS - GDPST (parcela não incorporável)
2018-06-29T12:34:05
Acórdão - PSS sobre GDPST. Precedente da TNU. Nega União
MARCUS VINICIUS PARENTE REBOUÇAS (1ª Turma Recursal)
2018-06-28 14:00:00
THIAGO MESQUITA TELES DE CARVALHO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
10,288
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Sistema Remuneratório e Benefícios
1
CE006004
Sentença I – Relatório Dispensado o relatório, passo a decidir. II – Fundamentação Trata-se de ação especial ajuizada por servidor público federal em face da União (Fazenda Nacional), por meio da qual postula que seja a requerida compelida a se abster de promover descontos a título de contribuição para o plano da seguridade social (PSS) sobre os valores por ele recebidos referentes à parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST não incorporável aos proventos de aposentadoria, bem como repetição de indébito em relação às parcelas descontadas no quinquênio anterior ao ajuizamento da presente ação. II.1 – Da Justiça gratuita Indefiro o benefício da Justiça Gratuita, com base no art. 99, do novo CPC, uma vez que a renda auferida pela parte autora ultrapassava o parâmetro razoável de hipossuficiência adotado por este Juízo (cinco salários mínimos), considerado na data da propositura da ação (vide fichas financeiras e/ou contracheques constantes nos autos), entendimento esposado no AG 0801867720134050000 – TRF 5a Região. II.2 – Prejudicial de Mérito – Prescrição Quanto ao ponto, cumpre salientar que a partir de entendimento firmado no âmbito do colendo Supremo Tribunal Federal, extraiu-se que o prazo para repetição, em tributos sujeitos a lançamento por homologação, seria de 05 (cinco) anos, caso o ajuizamento da ação seja realizado após a vacatio legis da LC 118/05, em 08/06/2005. Apresento julgado do eg. Superior Tribunal de Justiça, nosso Tribunal de superposição em matéria de direito federal: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LC 118/05. PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS, CONTADOS DA DATA DO PAGAMENTO INDEVIDO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF NO RE 566.621/RS (REL. MIN. ELLEN GRACIE, DJE 11.10.2011), COM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL PROVIDO. 1. A Lei Tributária não pode retroagir para agravar a situação obrigacional do contribuinte, pois se trata de norma de garantia cuja função é protegê-lo contra a atividade tributante que exorbita da legalidade; o art. 4o. da LC 118/05 foi declarado inconstitucional pelo STF (RE 566.621-RS), por isso que o seu art. 3o não há de ter aplicação a situações pretéritas: assim, a implantação de novo prazo prescricional (5 anos), para a repetição de indébito, nos tributos sujeitos a homologação, somente seria aplicável, em princípio, aos pagamentos indevidos posteriores à vigência da dita norma complementar. 2. Porém, tendo o STF afirmado diretriz contrária, nesse referido julgamento com repercussão geral, conclui-se que, proposta a ação repetitória após 08.06.2005, deve ser observada a sistemática prescricional da LC 118/05 (5 anos), contando-se esse lapso de tempo, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a partir da data do respectivo recolhimento; precedente: Edcl no REsp. 1.269.570/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 22.08.2012 (pendente de publicação). 3. Recurso Especial da FAZENDA NACIONAL provido. (REsp1182624/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 14/12/2012) Registro, ainda, que não há dúvida, no âmbito do eg. STJ, acerca da natureza de lançamento por homologação em caso de contribuições previdenciárias: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-DOENÇA. VERBAS RECEBIDAS NOS 15 PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LC 118/05. PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS, CONTADOS DA DATA DO PAGAMENTO INDEVIDO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF NO RE 566.621/RS (REL. MIN. ELLEN GRACIE, DJE 11.10.2011), COM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A Lei Tributária não pode retroagir para agravar a situação obrigacional do contribuinte, pois se trata de norma de garantia cuja função é protegê-lo contra a atividade tributante que exorbita da legalidade; o art. 4o. da LC 118/05 foi declarado inconstitucional pelo STF (RE 566.621-RS), por isso que o seu art. 3o. não há de ter aplicação a situações pretéritas: assim, a implantação de novo prazo prescricional (5 anos), para a repetição de indébito, nos tributos sujeitos a homologação, somente seria aplicável, em princípio, aos pagamentos indevidos posteriores à vigência da dita norma complementar. 2. Porém, tendo o STF afirmado diretriz contrária, nesse referido julgamento com repercussão geral, conclui-se que, proposta a ação repetitória após 08.06.2005, deve ser observada a sistemática prescricional da LC 118/05 (5 anos), contando-se esse lapso de tempo, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a partir da data do respectivo recolhimento; precedente: Edcl no REsp. 1.269.570/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 22.08.2012 (pendente de publicação). 3. Havendo procedência parcial da demanda, tendo sido declarada a não incidência da contribuição previdência sobre o auxílio doença pago até o 15o. dia pelo empregador, os ônus de sucumbência devem ser distribuídos, recíproca e proporcionalmente, na forma do art. 21 do CPC. 4. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 1073138/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 23/11/2012) No caso em exame, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos, uma vez que a data do ajuizamento da demanda ocorreu em momento posterior a 08/06/2005. De rigor, portanto, pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que antecede a propositura desta ação. II.3 – Do mérito propriamente dito A controvérsia jurídica da presente demanda versa sobre a existência ou não de relação jurídica apta a ensejar a incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST não incorporável aos proventos de aposentadoria e pensão. Inicialmente, cumpre referir que a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST, instituída pela Lei no 11.355/2006 (art. 5oB), constitui verba devida aos titulares de cargo público no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e Emprego e na Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional do respectivo órgão e da entidade de lotação, conforme dispositivo abaixo transcrito: Art. 5o-B. Fica instituída, a partir de 1o de março de 2008, a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho (GDPST), devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo e lotados no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e na Funasa, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional do respectivo órgão e da entidade de lotação. (Redação dada pela Lei no 13.464, de 2017) § 1o A GDPST será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo IV-B desta Lei, produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de março de 2008. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 2o A pontuação referente à GDPST será assim distribuída: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 3o Os valores a serem pagos a título de GDPST serão calculados multiplicando-se o somatório dos pontos auferidos nas avaliações de desempenho individual e institucional pelo valor do ponto constante do Anexo IV-B desta Lei de acordo com o respectivo nível, classe e padrão. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 4o Até 31 de janeiro de 2009, a GDPST será paga em conjunto, de forma não cumulativa, com a Gratificação de Atividade de que trata a Lei Delegada no 13, de 27 de agosto de 1992, e não servirá de base de cálculo para quaisquer outros benefícios ou vantagens. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 5o Até que sejam efetivadasas avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPST será paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos aos servidores alcançados pelo caput deste artigo postos à disposição dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, conforme disposto no art. 20 da Lei no 8.270, de 17 de dezembro de 1991. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 6o Para fins de incorporação da GDPST aos proventos de aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintes critérios: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDPST será: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) a) a partir de 1o de março de 2008, correspondente a 40% (quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) b) a partir de 1o de janeiro de 2009, correspondente a 50% (cinqüenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) a) quando aos servidores que lhes deram origem se aplicar o disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão os percentuais constantes do inciso I deste parágrafo; e (Incluído pela Lei no 11,784, de 2008) b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 7o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDPST. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 8o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional e de atribuição da GDPST serão estabelecidos em atos dos dirigentes máximos dos órgãos ou entidades de lotação, observada a legislação vigente. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 9o As metas de desempenho institucional serão fixadas em ato dos titulares dos órgãos e entidades de lotação dos servidores. (Redação dada pela Lei no 13.328, de 2016) § 10. O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir da data de publicação dos atos a que se refere o § 8o deste artigo, devendo ser compensadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 11. Até que seja publicado o ato a que se refere o § 8o deste artigo e processados os resultados da primeira avaliação individual e institucional, os servidores que fazem jus à GDPST, perceberão a referida gratificação em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o nível, a classe e o padrão do servidor. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 12. O disposto no § 10 deste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos comissionados que fazem jus à GDPST. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 13. O titular de cargo efetivo integrante da Carreira de que trata o caput deste artigo em exercício nas unidades do Ministério da Previdência Social, do Ministério da Saúde, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA quando investido em cargo em comissão ou função de confiança fará jus à GDPST da seguinte forma: (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) I - os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 3, 2, 1 ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calculada conforme disposto no § 2o deste artigo; e (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) II - os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calculada com base no valor máximo da parcela individual, somado ao resultado da avaliação institucional do período.(Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 14. O titular de cargo efetivo integrante da Carreira de que trata o caput deste artigo quando não se encontrar em exercício nas unidades referidas no § 13 deste artigo somente fará jus à GDPST: (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) I - requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipóteses de requisição previstas em lei, situação na qual perceberá a GDPST calculada com base nas regras aplicáveis como se estivesse em efetivo exercício nas unidades referidas no § 13 deste artigo; e (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) II - cedido para órgãos ou entidades da União distintos dos indicados no inciso I do caput deste artigo e investido em cargos de Natureza Especial, de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, e perceberá a GDPST calculada com base no resultado da avaliação institucional do período. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 15. A avaliação institucional considerada para o servidor alcançado pelos §§ 13 e 14 será: (Redação dada pela Lei no 13.328, de 2016) I - a do órgão ou entidade onde o servidor permaneceu em exercício por mais tempo; (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) II - a do órgão ou entidade onde o servidor se encontrar em exercício ao término do ciclo, caso ele tenha permanecido o mesmo número de dias em diferentes órgãos ou entidades; ou (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) III - a do órgão de origem, quando requisitado ou cedido para órgão diverso da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional. (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) § 16. A avaliação individual do servidor alcançado pelo inciso I do § 13 e pelo inciso I do § 14 será realizada somente pela chefia imediata quando a regulamentação da sistemática para avaliação de desempenho a que se refere o § 7o não for igual à aplicável ao órgão ou entidade de exercício do servidor.(Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) Considerando o teor das normas acima destacadas, é de se perceber que a gratificação ora analisada não é incorporada em sua totalidade aos proventos de aposentadoria. Posto isso, registre-se que a contribuição previdenciária descontada da remuneração do servidor deverá ter como base de cálculo apenas as parcelas incorporáveis a sua remuneração para fins de aposentadoria, onerando-se o contribuinte/servidor apenas naquilo que, de alguma forma, irá reverter em seu proveito quando de sua aposentação. Esse tem sido o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o qual podemos colher dos seguintes acórdãos: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL). IMPOSSIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A matéria constitucional contida no recurso extraordinário não foi objeto de debate e exame prévios no Tribunal a quo. Tampouco foram opostos embargos de declaração, o que não viabiliza o extraordinário por ausência do necessário prequestionamento. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que somente as parcelas que podem ser incorporadas à remuneração do servidor para fins de aposentadoria podem sofrer a incidência da contribuição previdenciária. (AI 710361 AgR, Relator(a):Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 07/04/2009, DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009 EMENT VOL-02359-14 PP-02930) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS HORAS EXTRAS E O TERÇO DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. Esta Corte fixou entendimento no sentido que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Agravo Regimental a que se nega provimento. (AI 727958 AgR, Relator(a):Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 16/12/2008, DJe-038 DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-12 PP-02375) No mesmo sentindo, a TNU pacificou o entendimento de que parcelas de vantagens que não repercutem nos benefícios pagos na inatividade não podem ser tributadas a título de contribuição previdenciária. Com efeito, a Turma Uniformizadora firmou, por ocasião do julgamento dos PEDILEFs 05014763320134058100 e 05002664120134058101, a tese de que “a contribuição previdenciária no regime próprio de previdência incide apenas sobre as verbas remuneratórias que se incorporam aos proventos para fins de aposentadoria, nos termos do art. 40, §3o, da CF/88, sendo exemplificativas as exclusões previstas na legislação”. Especificamente quanto à incidência do PSS sobre a GDPST, assim decidiu a TNU: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (PSS). INCIDÊNCIA. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPST. PAGAMENTO LIMITADO À PARCELA INCORPORÁVEL AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA/PENSÃO. PRECEDENTES DA TNU. PROVIMENTO. Trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência interposto pela parte autora em face de acórdão de Turma Recursal que mantendo a sentença, julgou improcedente o pedido de declaração de inexigibilidade/restituição de contribuição para PSS sobre a pontuação de Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho - GDPST que ultrapassar aquela a ser incorporada em sua aposentadoria/pensão, ao fundamento de que “sujeitam-se, em rigor, à incidência tributaria da referida exação fiscal, ainda que porventura não repercutam financeiramente na composição da renda mensal de futuros benefícios previdenciários” em razão dos princípios da contributividade, da solidariedade, do equilíbrio financeiro e atuarial e outros. Dentre vários julgados apontados pela Requerente como paradigmas, admito como suficientes ao conhecimento do incidente aqueles oriundos de Turmas Recursais e da TNU que tratam sobre o não cabimento da contribuição previdenciária sobre parcelas salariais que não se incorporem aos proventos de inatividade. Não obstante os acórdãos apontados como paradigmas tratem da incidência ou não de contribuição previdenciária sobre gratificações de desempenho ou parcelas salariais diferentes daquelas abordadas nos autos, esta Colenda Turma Nacional já decidiu que o conhecimento do incidente de uniformização não exige identidade, mas sim similitude fática (((PEDILEF 05149282020124058400; JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE; Publicação 13/10/2015), sendo certo que, no caso em questão, os precedentes supracitados guardam similitude suficiente a ensejar a adoção do mesmo tratamento, pois, no ponto enfocado, as gratificações possuem o mesmo regime jurídico ((PEDILEF 05149282020124058400; JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE; Publicação 13/10/2015). A discussão do mérito encontra-se pacificada no âmbito desta TNU, que fixou a tese de que não incide contribuição previdenciária sobre a parcela da gratificação de desempenho não incorporável à aposentadoria, senão note-se o seguinte precedente: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO - GDPGPE. PLANO DESEGURIDADE SOCIAL - PSS. PAGAMENTO LIMITADO À PARCELA INCORPORÁVEL AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA/PENSÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. Prolatado acórdão pela 1a Turma Recursal do Ceará, mantendo sentença que julgou improcedente pedido de declaração de inexigibilidade e restituição de contribuição para o Plano de Seguridade do Servidor Público - PSS - sobre a pontuação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo - GDPGPE – que ultrapasse o valor incorporável aos proventos de aposentadoria/pensão da parte autora. 2. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo autor(a), com amparo no art. 14 da Lei no 10.259/2001. 3. Alega que o acórdão impugnado divergiu do entendimento do STF AI-AgR 603.537, RE 551.198, RE 574.792, AI 727958, RE 589441 e ADI 3128; do TRF da 1a Região - AC 200134000350202; e da Turma Recursal do Rio de Janeiro - processos 0013112-91.2012.4.02.5151/01 (2012.51.51.013112-8/01), segundo os quais a base de cálculo da contribuição previdenciária dos servidores (PSS) deve abranger apenas as parcelas incorporáveis à aposentadoria/pensão. Dessa forma, indevido o recolhimento do PSS sobre os valores não incorporáveis e devida a restituição do indébito, respeitada a prescrição. 4. Incidente inadmitido na origem, sendo os autos encaminhados à TNU após agravo. 5. Inicialmente, ressalto que paradigma de Tribunal Regional Federal não atende ao disposto no art. 14 da Lei no 10.259/2001. 6. Contudo, reconheço a divergência com o entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal, notadamente no RE 589441 AgR/MG, de relatoria do Ministro EROS GRAU, no qual fixado que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência de contribuição previdenciária impugnada – DJ 06/02/2009. 7. Configurada a divergência, observo que a questão em debate foi objeto de recente decisão deste Colegiado, na sessão de novembro de 2015, fixando-se o entendimento de que a incidência da contribuição previdenciária do servidor público federal (PSS) limita-se à parcela da gratificação incorporável à aposentadoria ou pensão. 8. Trago à colação trechos do voto proferido no PEDILEF 0503329-74.2013.4.05.8101, na aludida sessão, de relatoria do Juiz Federal RONALDO JOSÉ DA SILVA, que detalhadamente examinou a questão, como segue: ‘24. O mero fato de a Gratificação de Desempenho em comento não constar do rol legal de exclusões não significa que ela deva necessariamente integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária do servidor público, na medida em que o que se deve ter em mente é se a referida gratificação se incorpora ou não, na totalidade ou parcialmente, à remuneração do servidor para que possa ser transportada na inatividade aos proventos. Nos dizeres do eminente Ministro do STF e festejado professor de Direito Constitucional Luiz Roberto Barroso, o fato de não haver uma rigidez absoluta entre os conceitos de valor da remuneração-de-contribuição e o que se reverte em benefícios “(...) não significa, contudo, que o legislador disponha de liberdade absoluta para formatar o sistema segundo quaisquer critérios de conveniência. Em vez disso, há pelo menos dois limites principais à sua atuação. Em primeiro lugar, a falta de uma comutatividade absoluta ou rígida entre contribuições e benefícios não significa que a correspondência possa ser inteiramente desprezada. Ao contrário, a Constituição deixa claro que os salários de contribuição compõem a base de cálculo para a definição das prestações previdenciárias e que estes, assim como os próprios benefícios resultantes, devem ser atualizados a fim de que preservem a sua expressão econômica. Essas circunstâncias têm levado este Supremo Tribunal Federal a destacar a existência de uma relação necessária entre os aportes dos segurados e as prestações estatais (...)”. (voto proferido no RE 661.256 - DESAPOSENTAÇÃO) Como bem assinalou o Eg. TRF da 1a Região, quando do deferimento de liminar, no Mandado de Segurança no 1999.01.00.066176-3/DF, ‘se o regime é contributivo e atuarial, não vejo, a princípio, como incidir contribuição previdenciária sobre parcelas não incorporáveis, que não integrarão os proventos, transformando, sim, a atual contribuição previdenciária em verdadeiro ‘imposto’ a ser pago pelos servidores.’ Portanto, o regime previdenciário do servidor público exige que haja proporcionalidade entre contribuição e benefício: “não há contribuição sem benefício nem benefício sem contribuição” (STF – ADI 2.010). 25. Aliás, a impossibilidade de incidência da exação sobre a parcela não incorporável e variável, resultante da avaliação de desempenho individual – dado que a relativa ao desempenho institucional é, em regra, paga de forma geral, decorre da interpretação sistemática dos art. 40, § 12 c/c art. 201, § 11, da CF/88, na redação dada pela EC 20/98, a qual não foi alterada pela EC 41/03, verbis: Art. 40 (...) § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social. (...) Art. 201 (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Nesta senda, a meu sentir, padece do vício de inconstitucionalidade a disposição contida no § 2°, do art. 4°, da Lei n° 10.887/04, na redação dada pela Lei n. 12.688/12, no que prevê a possibilidade-faculdade de inclusão pelo servidor público de parcelas remuneratórias que não podem ser incorporadas aos proventos da aposentadoria, como é o caso da parcela não incorporável da Gratificação de Desempenho em questão, para fins de cálculo do benefício previdenciário futuro, verbis: Art. 4o A contribuição social do servidor público ativo de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio de previdência social, será de 11% (onze por cento), incidentes sobre: (Redação dada pela Lei no 12.618, de 2012) (...) § 2o O servidor ocupante de cargo efetivo poderá optar pela inclusão, na base de cálculo da contribuição, de parcelas remuneratórias percebidas em decorrência de local de trabalho e do exercício de cargo em comissão ou de função comissionada ou gratificada, de Gratificação de Raio X e daquelas recebidas a título de adicional noturno ou de adicional por serviço extraordinário, para efeito de cálculo do benefício a ser concedido com fundamento no art. 40 da Constituição Federal e no art. 2o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, respeitada, em qualquer hipótese, a limitação estabelecida no § 2o do art. 40 da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei no 12.688, de 2012) A esta conclusão também chegou o TCU, ao apreciar o processo administrativo TC-006.153/199-2, cujo trecho do voto vencedor da lavra do Ministro Ubiratan Aguiar eu transcrevo abaixo: “(...) 6. Com a EC no 03/93 estabeleceu-se o regime previdenciário contributivo para os servidores públicos federais, conforme disposto no § 6o do art. 40 da referida Emenda Constitucional. A EC no 20/98 manteve o regime previdenciário contributivo e a correspondência entre os montantes globais de contribuições e benefícios, trazendo, no entanto, duas alterações significativas, conforme destacado pelo Ministério Público, in verbis: “A primeira diz respeito à vinculação de benefícios (proventos de aposentadorias e pensões) à remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, de maneira que, salvo em situações de direito adquirido, tais benefícios serão calculados com base na mencionada remuneração (art. 40, § 3o) e não poderão excedê-la (art. 40, § 2). Assim, por vedação constitucional, salvo situações de direito adquirido, a retribuição da função comissionada já não pode integrar os aludidos benefícios. A segunda é concernente à correspondência entre benefícios e contribuições em caráter individual, para cada servidor, com fulcro nos arts. 40, § 12, e 201, § 11, da Constituição... e não só em relação a montantes globais, conforme já previa o art. 195, § 5o. (...)” 26. Não bastasse isto, a meu ver, a impossibilidade de incidência de contribuição previdenciária sobre parcelas remuneratórias não incorporáveis aos proventos do servidor público atende ao princípio constitucional da moralidade (art. 37, caput, CF/88) no que determina que o Estado no exercício de suas funções típicas (Executivo, Legislativo e Judiciário), deve estabelecer um regime de remuneração justo e razoável aos servidores (art. 37, incisos X a XVII, CF/88), atendendo-se um critério hierárquico remuneratório segundo o grau de responsabilidade e complexidade das atribuições do cargo (art. 39, § 1o, inciso I, CF/88), sendo vedado ao ente político de todas as esferas da federação criar mecanismos artificiais, como por exemplo a concessão para os servidores ativos de várias gratificações, adicionais e indenizações, que não serão incorporadas aos proventos da aposentadoria, violando, com esta conduta, a confiança legítima depositada pelos servidores públicos de que, após longos anos de prestação do árduo serviço público, terão suas aposentadorias e pensões aos dependentes compatíveis com as remunerações que percebiam na ativa. De modo que, a interpretação ora proposta visa, igualmente, criar um obstáculo inibidor da criação de instrumentos legislativos e administrativos configuradores de verdadeira fraus legis constitucionis, no que impede o aviltamento dos proventos e pensões decorrentes do servidor inativo, impondo-se, de conseguinte, ao Estado a obrigação de manter o equilíbrio financeiro e atuarial do Regime próprio de previdência dos servidores públicos sem desbalancear a equação que pugna uma comutatividade mínima entre remuneração de contribuição e proventos da inatividade. Nada impede, por exemplo, atento ao princípio da solidariedade, que o Estado imponha aos servidores públicos carga exacional, como de resto já o faz, mais elevada do que a imposta aos trabalhadores vinculados ao RPGS. O que lhe é vedado, a meu sentir, é a inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária devidas pelos servidores públicos de parcelas remuneratórias (indenizações, gratificações, adicionais, vantagens de toda ordem) não incorporáveis aos proventos da inatividade, sob pena de se transmudar esta contribuição em verdadeiro imposto, tributo não-vinculado, diversamente das contribuições previdenciária que são tributo vinculados. 27. Para fins de registro em meu voto, consigno que além do caso de repercussão geral reconhecida (RE n. 593.068), o C. STF está apreciando matéria idêntica no MS n. 25.494, em cujo informativo n. 755 assim relata o estágio atual do julgado: Contribuição previdenciária sobre parte variável de gratificação de desempenho - 1 A 1a Turma iniciou julgamento de mandado de segurança impetrado contra acórdão do TCU que, ao rever sua interpretação, entendera que a parcela variável que excede 30% da gratificação de desempenho não integraria os proventos de servidor daquele órgão, aposentado posteriormente à EC 41/2003. A Corte de Contas reputara incabível a incidência de contribuição previdenciária sobre o aludido excedente e, em conseqüência, determinara a devolução dos valores pagos a mais pelo impetrante, com recálculo e redução de seus proventos. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, concedeu a segurança e salientou que, durante o período em que instituída a gratificação de desempenho até a passagem do servidor para a inatividade, houvera a incidência da contribuição previdenciária sobre a parcela variável. Destacou que uma das mudanças trazidas pela EC 41/2003 foi o fim da chamada integralidade dos proventos da aposentadoria — que garantia ao inativo a totalidade da remuneração recebida na atividade, no cargo efetivo em que se desse a aposentação. Registrou que, atualmente, são consideradas como base de contribuição as parcelas remuneratórias definidas em lei. Dessa forma, não se levaria mais em conta se a parcela que sofrerá a incidência da exação previdenciária será devida, ou não, na inatividade. MS 25494/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.8.2011. (MS-25494)Contribuição previdenciária sobre parte variável de gratificação de desempenho - 2 Aduziu que, para regulamentar essa nova regra constitucional, promulgou-se a Lei 10.887/2004, que estabeleceu novo método de cálculo dos proventos, a partir da média aritmética das maiores remunerações do servidor, consideradas apenas aquelas nas quais incidente contribuição previdenciária. Asseverou que a gratificação de desempenho integraria a remuneração do servidor e estaria compreendida no § 1o do art. 4o da mencionada norma, na expressão “quaisquer outras vantagens”, excluídas, apenas, em rol taxativo, aquelas listadas nos seus incisos I a IX. O relator concluiu da leitura conjunta dos §§ 1o e 2o do art. 4o da Lei 10.887/2004 que as vantagens que o legislador quis excluir da base de contribuição foram discriminadas no § 1o, enquanto o § 2o da citada lei, somente enumerara quais daquelas vantagens excluídas (no § 1o) poderiam ser objeto de opção por parte do servidor público para o efeito de inclusão na base de contribuição visando ao cálculo dos proventos de aposentadoria. Desse modo, não haveria que se falar em aplicação do § 2o do art. 4o da Lei 10.887/2004 no caso, pois inexistente faculdade, por parte do servidor, no sentido de incluir, ou não, a parcela variável da gratificação de desempenho na base de contribuição, mas sim obrigatoriedade, por constituir vantagem não excluída pelo legislador. Após os votos dos Ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio, que também concediam a segurança, pediu vista a Min. Cármen Lúcia. MS 25494/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.8.2011. (MS-25494) Ambos os feitos estão com vistas à Ministra Carmen Lúcia. 27. Ante o exposto, CONHEÇO do presente Pedido de Uniformização para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO para firmar a tese de que a incidência de contribuição previdenciária do servidor público federal (PSS) limita-se à parcela da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE incorporável aos proventos de aposentadoria e pensão. Determino o retorno dos autos à origem para adequar seu julgado ao que aqui restou decidido e, consequentemente, julgar a pretensão de direito material deduzida à luz da tese jurídica ora definida’. 9. Pedido de Uniformização conhecido e provido para, acompanhando a tese firmada por este Colegiado, de que a incidência da contribuição previdenciária do servidor público (PSS) sobre a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE - limita-se à parcela incorporável aos proventos de aposentadoria ou pensão, determinar a devolução dos autos à Turma de Origem para adequação do julgado à premissa fixada (PEDILEF 05033288920134058101, RELATORA JUÍZA FEDERAL ANGELA CRISTINA MONTEIRO, DOU 05/02/2016 PÁGINAS 221/329) No mesmo sentido, citem-se PEDILEF 05033297420134058101 e PEDILEF 05033236720134058101, todos relativos à GDPGPE, tese que, porém, também se aplica à GDPST, que possui o mesmo regime jurídico no que toca a não incorporação na sua integralidade aos proventos de aposentadoria, conforme previsto na Lei 11.784/08. Diante de todo o exposto, estando o acórdão recorrido em dissonância ao entendimento desta TNU, o Incidente de Uniformização de Jurisprudência deve ser CONHECIDO E PROVIDO, determinando-se a devolução dos autos à Turma de Origem para adequação do julgado à premissa fixada. (PEDILEF 05018643320134058100, JUÍZA FEDERAL MARIA LÚCIA GOMES DE SOUZA, TNU, DOU 27/04/2017 PÁG. 121/181.) Ante o exposto, depreende-se que a incidência do PSS deve se limitar à parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST incorporável à aposentadoria da parte autora, razão pela qual merece ser acolhido o seu pleito. III – Dispositivo Por todo o exposto, pronuncio a prescrição quinquenal; no mérito, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para: a)Declarar/determinar que a incidência do PSS limite-se à parcela da GDPST incorporável aos proventos de aposentadoria da parte autora. b)Condenar a União a proceder à devolução, após o trânsito em julgado, dos valores relativos à contribuição previdenciária incidente sobre as parcelas referentes à GDPST no que pagou a maior, incluindo as que forem descontadas no decorrer da demanda, observando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento da ação. Fica autorizada a compensação de valores eventualmente pagos sob essa rubrica. Com o trânsito em julgado, à contadoria para elaboração do cálculo dos valores atrasados. Após, expeça-se a RPV, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários mínimos atualizados até esta data. Ultrapassado o referido valor e não havendo renúncia ao excedente, expeça-se precatório. Considerando que a decisão contém os parâmetros de liquidação, resta atendido o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95 (Enunciado n. 32 FONAJEF). Indefiro o benefício da assistência judiciária gratuita, conforme requerido na petição inicial. Sem condenação em honorários advocatícios e em custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o da Lei n.o 10.259/01, e 55 da Lei n.o 9.099/95. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Sobral (CE), data do sistema. Thiago Mesquita Teles de Carvalho
RECURSO INOMINADO.DIREITO TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO.SERVIDOR PÚBLICO.PEDIDO DEAFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DO PSS SOBRE PARCELA DA GRATIFICAÇÃO QUE NÃOREPERCUTIRÁ NO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA OU PENSÃO.GDPST. LIMITAÇÃO À PARCELA INCORPORÁVEL ÀAPOSENTADORIA. PRECEDENTES DA TNU (PEDILEF 05014763320134058100 E PEDILEF05002664120134058101). RECURSO IMPROVIDO. VOTO Cuida-se de recurso inominado interposto pelaUNIÃO em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido inicialde não incidência de contribuição previdenciária sobre a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, Saúde eTrabalho – GDPST., sendo observada a prescrição qüinqüenal. A questão não demanda maiores digressões, porquantotenha a TNU pacificado entendimento no sentido de que parcelas de vantagensque não repercutem nos benefícios pagos na inatividade não podem sertributadas a título de contribuição previdenciária. Com efeito, a Turma Uniformizadora firmou, porocasião do julgamento dos PEDILEFs 05014763320134058100 e05002664120134058101, a tese de que “a contribuição previdenciária no regimepróprio de previdência incide apenas sobre as verbas remuneratórias que seincorporam aos proventos para fins de aposentadoria, nos termos do art. 40,§3o, da CF/88, sendo exemplificativas as exclusões previstas na legislação”. Quanto ao tema, colaciona-se abaixo o atonormativo que deu ensejo a interpretação autoral, qual seja, a Lei no11.355/2006, que, dentre outros, institui a GDPST e regulamentou suaincorporação aos proventos de inatividade nos seguintes termos: Art. 5o-B.Ficainstituída, a partir de 1o de março de 2008, a Gratificaçãode Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e doTrabalho - GDPST, devida aos titulares dos cargos de provimentoefetivo daCarreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho, quandolotados e em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivocargo no Ministério da Previdência Social, no Ministério da Saúde, no Ministériodo Trabalho e Emprego e na Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, emfunção do desempenho individual do servidor e do alcance de metas dedesempenho institucional do respectivo órgão e da entidade delotação.(Incluído pelaMedida Provisória no 431, de 2008) (...) § 6oPara fins de incorporação da GDPST aos proventos de aposentadoria ou àspensões, serão adotados os seguintes critérios: (Incluído pela Leino 11,784, de 2008) I - para as aposentadorias epensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDPST será: (Incluído pela Leino 11,784, de 2008) a) a partir de 1o de março de 2008, correspondente a 40% (quarenta por cento) do valor máximodo respectivo nível; e (Incluído pela Leino 11,784, de 2008) b) a partir de 1o de janeiro de 2009, correspondente a 50% (cinqüenta por cento) do valormáximo do respectivo nível; e (Incluído pela Leino 11,784, de 2008) II - para as aposentadorias epensões instituídas após 19 de fevereiro de2004:(Incluído pela Leino 11,784, de 2008) a) quando aos servidores quelhes deram origem se aplicar o disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembrode 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão os percentuaisconstantes do inciso I deste parágrafo; e(Incluído pela Leino 11,784, de 2008) b) aos demais aplicar-se-á,para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Incluído pela Leino 11,784, de 2008) Considerando o teor das normas acima destacadas,é de se perceber que a gratificação não é incorporada em sua totalidade aosproventos de aposentadoria e, tendo em vista o que decidido pela TNU, asentença não merece reforma e deve ser mantida emtodos os seus termos e pelos próprios fundamentos, na forma previstano art. 46 da Lei no. 9099/95. Ante oexposto, conheço do recurso para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Condenaçãoda parte recorrente no pagamento dos honorários arbitrados em 10% (dez porcento), nos termos do art. 55 da Lei no 9.099/95. Têm-se por expressamente prequestionadas todas asquestões constitucionais suscitadas, uma vez que, para fins deprequestionamento, é desnecessária a indicação expressa de artigos eparágrafos da Constituição Federal, afigurando-se suficiente sejam as regrasneles contidas o fundamento do decisum ou o objeto da discussão, como no casoora sob exame (AI 522624 AgR, Relator Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJ6.10.2006). É como voto. ACÓRDÃO Vistos, relatados ediscutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais do Ceará, por unanimidade, emNEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos dovoto do relator, que passa a integrar esta decisão. Além do signatário, participaramdo julgamento os Exmos. Srs. Juízes Federais Dartanhan Vercingetórix deAraújo e Rocha e Leopoldo Fontenele Teixeira. Fortaleza/CE,28 de junho de 2018.
5,712
701
0
0
31-CE
0
176.27625
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
passo a decidir. II – Fundamentação Trata-se de ação especial ajuizada por servidor público federal em face da União (Fazenda Nacional), por meio da qual postula que seja a requerida compelida a se abster de promover descontos a título de contribuição para o plano da seguridade social (PSS) sobre os valores por ele recebidos referentes à parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST não incorporável aos proventos de aposentadoria, bem como repetição de indébito em relação às parcelas descontadas no quinquênio anterior ao ajuizamento da presente ação. II.1 – Da Justiça gratuita Indefiro o benefício da Justiça Gratuita, com base no art. 99, do novo CPC, uma vez que a renda auferida pela parte autora ultrapassava o parâmetro razoável de hipossuficiência adotado por este Juízo (cinco salários mínimos), considerado na data da propositura da ação (vide fichas financeiras e/ou contracheques constantes nos autos), entendimento esposado no AG 0801867720134050000 – TRF 5a Região. II.2 – Prejudicial de Mérito – Prescrição Quanto ao ponto, cumpre salientar que a partir de entendimento firmado no âmbito do colendo Supremo Tribunal Federal, extraiu-se que o prazo para repetição, em tributos sujeitos a lançamento por homologação, seria de 05 (cinco) anos, caso o ajuizamento da ação seja realizado após a vacatio legis da LC 118/05, em 08/06/2005. Apresento julgado do eg. Superior Tribunal de Justiça, nosso Tribunal de superposição em matéria de direito federal: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LC 118/05. PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS, CONTADOS DA DATA DO PAGAMENTO INDEVIDO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF NO RE 566.621/RS (REL. MIN. ELLEN GRACIE, DJE 11.10.2011), COM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL PROVIDO. 1. A Lei Tributária não pode retroagir para agravar a situação obrigacional do contribuinte, pois se trata de norma de garantia cuja função é protegê-lo contra a atividade tributante que exorbita da legalidade; o art. 4o. da LC 118/05 foi declarado inconstitucional pelo STF (RE 566.621-RS), por isso que o seu art. 3o não há de ter aplicação a situações pretéritas: assim, a implantação de novo prazo prescricional (5 anos), para a repetição de indébito, nos tributos sujeitos a homologação, somente seria aplicável, em princípio, aos pagamentos indevidos posteriores à vigência da dita norma complementar. 2. Porém, tendo o STF afirmado diretriz contrária, nesse referido julgamento com repercussão geral, conclui-se que, proposta a ação repetitória após 08.06.2005, deve ser observada a sistemática prescricional da LC 118/05 (5 anos), contando-se esse lapso de tempo, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a partir da data do respectivo recolhimento; precedente: Edcl no REsp. 1.269.570/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 22.08.2012 (pendente de publicação). 3. Recurso Especial da FAZENDA NACIONAL provido. (REsp1182624/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 14/12/2012) Registro, ainda, que não há dúvida, no âmbito do eg. STJ, acerca da natureza de lançamento por homologação em caso de contribuições previdenciárias: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO-DOENÇA. VERBAS RECEBIDAS NOS 15 PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LC 118/05. PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS, CONTADOS DA DATA DO PAGAMENTO INDEVIDO. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF NO RE 566.621/RS (REL. MIN. ELLEN GRACIE, DJE 11.10.2011), COM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A Lei Tributária não pode retroagir para agravar a situação obrigacional do contribuinte, pois se trata de norma de garantia cuja função é protegê-lo contra a atividade tributante que exorbita da legalidade; o art. 4o. da LC 118/05 foi declarado inconstitucional pelo STF (RE 566.621-RS), por isso que o seu art. 3o. não há de ter aplicação a situações pretéritas: assim, a implantação de novo prazo prescricional (5 anos), para a repetição de indébito, nos tributos sujeitos a homologação, somente seria aplicável, em princípio, aos pagamentos indevidos posteriores à vigência da dita norma complementar. 2. Porém, tendo o STF afirmado diretriz contrária, nesse referido julgamento com repercussão geral, conclui-se que, proposta a ação repetitória após 08.06.2005, deve ser observada a sistemática prescricional da LC 118/05 (5 anos), contando-se esse lapso de tempo, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, a partir da data do respectivo recolhimento; precedente: Edcl no REsp. 1.269.570/MG, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 22.08.2012 (pendente de publicação). 3. Havendo procedência parcial da demanda, tendo sido declarada a não incidência da contribuição previdência sobre o auxílio doença pago até o 15o. dia pelo empregador, os ônus de sucumbência devem ser distribuídos, recíproca e proporcionalmente, na forma do art. 21 do CPC. 4. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 1073138/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 23/11/2012) No caso em exame, deve ser aplicado o prazo prescricional de 5 anos, uma vez que a data do ajuizamento da demanda ocorreu em momento posterior a 08/06/2005. De rigor, portanto, pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que antecede a propositura desta ação. II.3 – Do mérito propriamente dito A controvérsia jurídica da presente demanda versa sobre a existência ou não de relação jurídica apta a ensejar a incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST não incorporável aos proventos de aposentadoria e pensão. Inicialmente, cumpre referir que a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST, instituída pela Lei no 11.355/2006 (art. 5oB), constitui verba devida aos titulares de cargo público no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e Emprego e na Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional do respectivo órgão e da entidade de lotação, conforme dispositivo abaixo transcrito: Art. 5o-B. Fica instituída, a partir de 1o de março de 2008, a Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho (GDPST), devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo e lotados no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e na Funasa, em função do desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional do respectivo órgão e da entidade de lotação. (Redação dada pela Lei no 13.464, de 2017) § 1o A GDPST será paga observado o limite máximo de 100 (cem) pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em seus respectivos níveis, classes e padrões, ao valor estabelecido no Anexo IV-B desta Lei, produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de março de 2008. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 2o A pontuação referente à GDPST será assim distribuída: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de desempenho institucional. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 3o Os valores a serem pagos a título de GDPST serão calculados multiplicando-se o somatório dos pontos auferidos nas avaliações de desempenho individual e institucional pelo valor do ponto constante do Anexo IV-B desta Lei de acordo com o respectivo nível, classe e padrão. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 4o Até 31 de janeiro de 2009, a GDPST será paga em conjunto, de forma não cumulativa, com a Gratificação de Atividade de que trata a Lei Delegada no 13, de 27 de agosto de 1992, e não servirá de base de cálculo para quaisquer outros benefícios ou vantagens. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 5o Até que sejam efetivadasas avaliações que considerem as condições específicas de exercício profissional, a GDPST será paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos aos servidores alcançados pelo caput deste artigo postos à disposição dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, conforme disposto no art. 20 da Lei no 8.270, de 17 de dezembro de 1991. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 6o Para fins de incorporação da GDPST aos proventos de aposentadoria ou às pensões, serão adotados os seguintes critérios: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) I - para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDPST será: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) a) a partir de 1o de março de 2008, correspondente a 40% (quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) b) a partir de 1o de janeiro de 2009, correspondente a 50% (cinqüenta por cento) do valor máximo do respectivo nível; e (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) II - para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004: (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) a) quando aos servidores que lhes deram origem se aplicar o disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-ão os percentuais constantes do inciso I deste parágrafo; e (Incluído pela Lei no 11,784, de 2008) b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das aposentadorias e pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Incluído pela Lei no 11.784, de 2008) § 7o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDPST. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 8o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional e de atribuição da GDPST serão estabelecidos em atos dos dirigentes máximos dos órgãos ou entidades de lotação, observada a legislação vigente. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 9o As metas de desempenho institucional serão fixadas em ato dos titulares dos órgãos e entidades de lotação dos servidores. (Redação dada pela Lei no 13.328, de 2016) § 10. O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir da data de publicação dos atos a que se refere o § 8o deste artigo, devendo ser compensadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 11. Até que seja publicado o ato a que se refere o § 8o deste artigo e processados os resultados da primeira avaliação individual e institucional, os servidores que fazem jus à GDPST, perceberão a referida gratificação em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, observados o nível, a classe e o padrão do servidor. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 12. O disposto no § 10 deste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos comissionados que fazem jus à GDPST. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 13. O titular de cargo efetivo integrante da Carreira de que trata o caput deste artigo em exercício nas unidades do Ministério da Previdência Social, do Ministério da Saúde, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA quando investido em cargo em comissão ou função de confiança fará jus à GDPST da seguinte forma: (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) I - os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 3, 2, 1 ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calculada conforme disposto no § 2o deste artigo; e (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) II - os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho calculada com base no valor máximo da parcela individual, somado ao resultado da avaliação institucional do período.(Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 14. O titular de cargo efetivo integrante da Carreira de que trata o caput deste artigo quando não se encontrar em exercício nas unidades referidas no § 13 deste artigo somente fará jus à GDPST: (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) I - requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipóteses de requisição previstas em lei, situação na qual perceberá a GDPST calculada com base nas regras aplicáveis como se estivesse em efetivo exercício nas unidades referidas no § 13 deste artigo; e (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) II - cedido para órgãos ou entidades da União distintos dos indicados no inciso I do caput deste artigo e investido em cargos de Natureza Especial, de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4 ou equivalentes, e perceberá a GDPST calculada com base no resultado da avaliação institucional do período. (Incluído pela Lei no 11.907, de 2009) § 15. A avaliação institucional considerada para o servidor alcançado pelos §§ 13 e 14 será: (Redação dada pela Lei no 13.328, de 2016) I - a do órgão ou entidade onde o servidor permaneceu em exercício por mais tempo; (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) II - a do órgão ou entidade onde o servidor se encontrar em exercício ao término do ciclo, caso ele tenha permanecido o mesmo número de dias em diferentes órgãos ou entidades; ou (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) III - a do órgão de origem, quando requisitado ou cedido para órgão diverso da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional. (Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) § 16. A avaliação individual do servidor alcançado pelo inciso I do § 13 e pelo inciso I do § 14 será realizada somente pela chefia imediata quando a regulamentação da sistemática para avaliação de desempenho a que se refere o § 7o não for igual à aplicável ao órgão ou entidade de exercício do servidor.(Incluído pela Lei no 13.328, de 2016) Considerando o teor das normas acima destacadas, é de se perceber que a gratificação ora analisada não é incorporada em sua totalidade aos proventos de aposentadoria. Posto isso, registre-se que a contribuição previdenciária descontada da remuneração do servidor deverá ter como base de cálculo apenas as parcelas incorporáveis a sua remuneração para fins de aposentadoria, onerando-se o contribuinte/servidor apenas naquilo que, de alguma forma, irá reverter em seu proveito quando de sua aposentação. Esse tem sido o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o qual podemos colher dos seguintes acórdãos: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL). IMPOSSIBILIDADE DA INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A matéria constitucional contida no recurso extraordinário não foi objeto de debate e exame prévios no Tribunal a quo. Tampouco foram opostos embargos de declaração, o que não viabiliza o extraordinário por ausência do necessário prequestionamento. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que somente as parcelas que podem ser incorporadas à remuneração do servidor para fins de aposentadoria podem sofrer a incidência da contribuição previdenciária. (AI 710361 AgR, Relator(a):Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 07/04/2009, DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009 EMENT VOL-02359-14 PP-02930) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS HORAS EXTRAS E O TERÇO DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. Esta Corte fixou entendimento no sentido que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Agravo Regimental a que se nega provimento. (AI 727958 AgR, Relator(a):Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 16/12/2008, DJe-038 DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-12 PP-02375) No mesmo sentindo, a TNU pacificou o entendimento de que parcelas de vantagens que não repercutem nos benefícios pagos na inatividade não podem ser tributadas a título de contribuição previdenciária. Com efeito, a Turma Uniformizadora firmou, por ocasião do julgamento dos PEDILEFs 05014763320134058100 e 05002664120134058101, a tese de que “a contribuição previdenciária no regime próprio de previdência incide apenas sobre as verbas remuneratórias que se incorporam aos proventos para fins de aposentadoria, nos termos do art. 40, §3o, da CF/88, sendo exemplificativas as exclusões previstas na legislação”. Especificamente quanto à incidência do PSS sobre a GDPST, assim decidiu a TNU: INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (PSS). INCIDÊNCIA. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO – GDPST. PAGAMENTO LIMITADO À PARCELA INCORPORÁVEL AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA/PENSÃO. PRECEDENTES DA TNU. PROVIMENTO. Trata-se de incidente de uniformização de jurisprudência interposto pela parte autora em face de acórdão de Turma Recursal que mantendo a sentença, julgou improcedente o pedido de declaração de inexigibilidade/restituição de contribuição para PSS sobre a pontuação de Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho - GDPST que ultrapassar aquela a ser incorporada em sua aposentadoria/pensão, ao fundamento de que “sujeitam-se, em rigor, à incidência tributaria da referida exação fiscal, ainda que porventura não repercutam financeiramente na composição da renda mensal de futuros benefícios previdenciários” em razão dos princípios da contributividade, da solidariedade, do equilíbrio financeiro e atuarial e outros. Dentre vários julgados apontados pela Requerente como paradigmas, admito como suficientes ao conhecimento do incidente aqueles oriundos de Turmas Recursais e da TNU que tratam sobre o não cabimento da contribuição previdenciária sobre parcelas salariais que não se incorporem aos proventos de inatividade. Não obstante os acórdãos apontados como paradigmas tratem da incidência ou não de contribuição previdenciária sobre gratificações de desempenho ou parcelas salariais diferentes daquelas abordadas nos autos, esta Colenda Turma Nacional já decidiu que o conhecimento do incidente de uniformização não exige identidade, mas sim similitude fática (((PEDILEF 05149282020124058400; JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE; Publicação 13/10/2015), sendo certo que, no caso em questão, os precedentes supracitados guardam similitude suficiente a ensejar a adoção do mesmo tratamento, pois, no ponto enfocado, as gratificações possuem o mesmo regime jurídico ((PEDILEF 05149282020124058400; JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE; Publicação 13/10/2015). A discussão do mérito encontra-se pacificada no âmbito desta TNU, que fixou a tese de que não incide contribuição previdenciária sobre a parcela da gratificação de desempenho não incorporável à aposentadoria, senão note-se o seguinte precedente: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DO PLANO GERAL DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO - GDPGPE. PLANO DESEGURIDADE SOCIAL - PSS. PAGAMENTO LIMITADO À PARCELA INCORPORÁVEL AOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA/PENSÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1. Prolatado acórdão pela 1a Turma Recursal do Ceará, mantendo sentença que julgou improcedente pedido de declaração de inexigibilidade e restituição de contribuição para o Plano de Seguridade do Servidor Público - PSS - sobre a pontuação da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo - GDPGPE – que ultrapasse o valor incorporável aos proventos de aposentadoria/pensão da parte autora. 2. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo autor(a), com amparo no art. 14 da Lei no 10.259/2001. 3. Alega que o acórdão impugnado divergiu do entendimento do STF AI-AgR 603.537, RE 551.198, RE 574.792, AI 727958, RE 589441 e ADI 3128; do TRF da 1a Região - AC 200134000350202; e da Turma Recursal do Rio de Janeiro - processos 0013112-91.2012.4.02.5151/01 (2012.51.51.013112-8/01), segundo os quais a base de cálculo da contribuição previdenciária dos servidores (PSS) deve abranger apenas as parcelas incorporáveis à aposentadoria/pensão. Dessa forma, indevido o recolhimento do PSS sobre os valores não incorporáveis e devida a restituição do indébito, respeitada a prescrição. 4. Incidente inadmitido na origem, sendo os autos encaminhados à TNU após agravo. 5. Inicialmente, ressalto que paradigma de Tribunal Regional Federal não atende ao disposto no art. 14 da Lei no 10.259/2001. 6. Contudo, reconheço a divergência com o entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal, notadamente no RE 589441 AgR/MG, de relatoria do Ministro EROS GRAU, no qual fixado que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência de contribuição previdenciária impugnada – DJ 06/02/2009. 7. Configurada a divergência, observo que a questão em debate foi objeto de recente decisão deste Colegiado, na sessão de novembro de 2015, fixando-se o entendimento de que a incidência da contribuição previdenciária do servidor público federal (PSS) limita-se à parcela da gratificação incorporável à aposentadoria ou pensão. 8. Trago à colação trechos do voto proferido no PEDILEF 0503329-74.2013.4.05.8101, na aludida sessão, de relatoria do Juiz Federal RONALDO JOSÉ DA SILVA, que detalhadamente examinou a questão, como segue: ‘24. O mero fato de a Gratificação de Desempenho em comento não constar do rol legal de exclusões não significa que ela deva necessariamente integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária do servidor público, na medida em que o que se deve ter em mente é se a referida gratificação se incorpora ou não, na totalidade ou parcialmente, à remuneração do servidor para que possa ser transportada na inatividade aos proventos. Nos dizeres do eminente Ministro do STF e festejado professor de Direito Constitucional Luiz Roberto Barroso, o fato de não haver uma rigidez absoluta entre os conceitos de valor da remuneração-de-contribuição e o que se reverte em benefícios “(...) não significa, contudo, que o legislador disponha de liberdade absoluta para formatar o sistema segundo quaisquer critérios de conveniência. Em vez disso, há pelo menos dois limites principais à sua atuação. Em primeiro lugar, a falta de uma comutatividade absoluta ou rígida entre contribuições e benefícios não significa que a correspondência possa ser inteiramente desprezada. Ao contrário, a Constituição deixa claro que os salários de contribuição compõem a base de cálculo para a definição das prestações previdenciárias e que estes, assim como os próprios benefícios resultantes, devem ser atualizados a fim de que preservem a sua expressão econômica. Essas circunstâncias têm levado este Supremo Tribunal Federal a destacar a existência de uma relação necessária entre os aportes dos segurados e as prestações estatais (...)”. (voto proferido no RE 661.256 - DESAPOSENTAÇÃO) Como bem assinalou o Eg. TRF da 1a Região, quando do deferimento de liminar, no Mandado de Segurança no 1999.01.00.066176-3/DF, ‘se o regime é contributivo e atuarial, não vejo, a princípio, como incidir contribuição previdenciária sobre parcelas não incorporáveis, que não integrarão os proventos, transformando, sim, a atual contribuição previdenciária em verdadeiro ‘imposto’ a ser pago pelos servidores.’ Portanto, o regime previdenciário do servidor público exige que haja proporcionalidade entre contribuição e benefício: “não há contribuição sem benefício nem benefício sem contribuição” (STF – ADI 2.010). 25. Aliás, a impossibilidade de incidência da exação sobre a parcela não incorporável e variável, resultante da avaliação de desempenho individual – dado que a relativa ao desempenho institucional é, em regra, paga de forma geral, decorre da interpretação sistemática dos art. 40, § 12 c/c art. 201, § 11, da CF/88, na redação dada pela EC 20/98, a qual não foi alterada pela EC 41/03, verbis: Art. 40 (...) § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social. (...) Art. 201 (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Nesta senda, a meu sentir, padece do vício de inconstitucionalidade a disposição contida no § 2°, do art. 4°, da Lei n° 10.887/04, na redação dada pela Lei n. 12.688/12, no que prevê a possibilidade-faculdade de inclusão pelo servidor público de parcelas remuneratórias que não podem ser incorporadas aos proventos da aposentadoria, como é o caso da parcela não incorporável da Gratificação de Desempenho em questão, para fins de cálculo do benefício previdenciário futuro, verbis: Art. 4o A contribuição social do servidor público ativo de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio de previdência social, será de 11% (onze por cento), incidentes sobre: (Redação dada pela Lei no 12.618, de 2012) (...) § 2o O servidor ocupante de cargo efetivo poderá optar pela inclusão, na base de cálculo da contribuição, de parcelas remuneratórias percebidas em decorrência de local de trabalho e do exercício de cargo em comissão ou de função comissionada ou gratificada, de Gratificação de Raio X e daquelas recebidas a título de adicional noturno ou de adicional por serviço extraordinário, para efeito de cálculo do benefício a ser concedido com fundamento no art. 40 da Constituição Federal e no art. 2o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, respeitada, em qualquer hipótese, a limitação estabelecida no § 2o do art. 40 da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei no 12.688, de 2012) A esta conclusão também chegou o TCU, ao apreciar o processo administrativo TC-006.153/199-2, cujo trecho do voto vencedor da lavra do Ministro Ubiratan Aguiar eu transcrevo abaixo: “(...) 6. Com a EC no 03/93 estabeleceu-se o regime previdenciário contributivo para os servidores públicos federais, conforme disposto no § 6o do art. 40 da referida Emenda Constitucional. A EC no 20/98 manteve o regime previdenciário contributivo e a correspondência entre os montantes globais de contribuições e benefícios, trazendo, no entanto, duas alterações significativas, conforme destacado pelo Ministério Público, in verbis: “A primeira diz respeito à vinculação de benefícios (proventos de aposentadorias e pensões) à remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria, de maneira que, salvo em situações de direito adquirido, tais benefícios serão calculados com base na mencionada remuneração (art. 40, § 3o) e não poderão excedê-la (art. 40, § 2). Assim, por vedação constitucional, salvo situações de direito adquirido, a retribuição da função comissionada já não pode integrar os aludidos benefícios. A segunda é concernente à correspondência entre benefícios e contribuições em caráter individual, para cada servidor, com fulcro nos arts. 40, § 12, e 201, § 11, da Constituição... e não só em relação a montantes globais, conforme já previa o art. 195, § 5o. (...)” 26. Não bastasse isto, a meu ver, a impossibilidade de incidência de contribuição previdenciária sobre parcelas remuneratórias não incorporáveis aos proventos do servidor público atende ao princípio constitucional da moralidade (art. 37, caput, CF/88) no que determina que o Estado no exercício de suas funções típicas (Executivo, Legislativo e Judiciário), deve estabelecer um regime de remuneração justo e razoável aos servidores (art. 37, incisos X a XVII, CF/88), atendendo-se um critério hierárquico remuneratório segundo o grau de responsabilidade e complexidade das atribuições do cargo (art. 39, § 1o, inciso I, CF/88), sendo vedado ao ente político de todas as esferas da federação criar mecanismos artificiais, como por exemplo a concessão para os servidores ativos de várias gratificações, adicionais e indenizações, que não serão incorporadas aos proventos da aposentadoria, violando, com esta conduta, a confiança legítima depositada pelos servidores públicos de que, após longos anos de prestação do árduo serviço público, terão suas aposentadorias e pensões aos dependentes compatíveis com as remunerações que percebiam na ativa. De modo que, a interpretação ora proposta visa, igualmente, criar um obstáculo inibidor da criação de instrumentos legislativos e administrativos configuradores de verdadeira fraus legis constitucionis, no que impede o aviltamento dos proventos e pensões decorrentes do servidor inativo, impondo-se, de conseguinte, ao Estado a obrigação de manter o equilíbrio financeiro e atuarial do Regime próprio de previdência dos servidores públicos sem desbalancear a equação que pugna uma comutatividade mínima entre remuneração de contribuição e proventos da inatividade. Nada impede, por exemplo, atento ao princípio da solidariedade, que o Estado imponha aos servidores públicos carga exacional, como de resto já o faz, mais elevada do que a imposta aos trabalhadores vinculados ao RPGS. O que lhe é vedado, a meu sentir, é a inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária devidas pelos servidores públicos de parcelas remuneratórias (indenizações, gratificações, adicionais, vantagens de toda ordem) não incorporáveis aos proventos da inatividade, sob pena de se transmudar esta contribuição em verdadeiro imposto, tributo não-vinculado, diversamente das contribuições previdenciária que são tributo vinculados. 27. Para fins de registro em meu voto, consigno que além do caso de repercussão geral reconhecida (RE n. 593.068), o C. STF está apreciando matéria idêntica no MS n. 25.494, em cujo informativo n. 755 assim relata o estágio atual do julgado: Contribuição previdenciária sobre parte variável de gratificação de desempenho - 1 A 1a Turma iniciou julgamento de mandado de segurança impetrado contra acórdão do TCU que, ao rever sua interpretação, entendera que a parcela variável que excede 30% da gratificação de desempenho não integraria os proventos de servidor daquele órgão, aposentado posteriormente à EC 41/2003. A Corte de Contas reputara incabível a incidência de contribuição previdenciária sobre o aludido excedente e, em conseqüência, determinara a devolução dos valores pagos a mais pelo impetrante, com recálculo e redução de seus proventos. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, concedeu a segurança e salientou que, durante o período em que instituída a gratificação de desempenho até a passagem do servidor para a inatividade, houvera a incidência da contribuição previdenciária sobre a parcela variável. Destacou que uma das mudanças trazidas pela EC 41/2003 foi o fim da chamada integralidade dos proventos da aposentadoria — que garantia ao inativo a totalidade da remuneração recebida na atividade, no cargo efetivo em que se desse a aposentação. Registrou que, atualmente, são consideradas como base de contribuição as parcelas remuneratórias definidas em lei. Dessa forma, não se levaria mais em conta se a parcela que sofrerá a incidência da exação previdenciária será devida, ou não, na inatividade. MS 25494/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.8.2011. (MS-25494)Contribuição previdenciária sobre parte variável de gratificação de desempenho - 2 Aduziu que, para regulamentar essa nova regra constitucional, promulgou-se a Lei 10.887/2004, que estabeleceu novo método de cálculo dos proventos, a partir da média aritmética das maiores remunerações do servidor, consideradas apenas aquelas nas quais incidente contribuição previdenciária. Asseverou que a gratificação de desempenho integraria a remuneração do servidor e estaria compreendida no § 1o do art. 4o da mencionada norma, na expressão “quaisquer outras vantagens”, excluídas, apenas, em rol taxativo, aquelas listadas nos seus incisos I a IX. O relator concluiu da leitura conjunta dos §§ 1o e 2o do art. 4o da Lei 10.887/2004 que as vantagens que o legislador quis excluir da base de contribuição foram discriminadas no § 1o, enquanto o § 2o da citada lei, somente enumerara quais daquelas vantagens excluídas (no § 1o) poderiam ser objeto de opção por parte do servidor público para o efeito de inclusão na base de contribuição visando ao cálculo dos proventos de aposentadoria. Desse modo, não haveria que se falar em aplicação do § 2o do art. 4o da Lei 10.887/2004 no caso, pois inexistente faculdade, por parte do servidor, no sentido de incluir, ou não, a parcela variável da gratificação de desempenho na base de contribuição, mas sim obrigatoriedade, por constituir vantagem não excluída pelo legislador. Após os votos dos Ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio, que também concediam a segurança, pediu vista a Min. Cármen Lúcia. MS 25494/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.8.2011. (MS-25494) Ambos os feitos estão com vistas à Ministra Carmen Lúcia. 27. Ante o exposto, CONHEÇO do presente Pedido de Uniformização para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO para firmar a tese de que a incidência de contribuição previdenciária do servidor público federal (PSS) limita-se à parcela da Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE incorporável aos proventos de aposentadoria e pensão. Determino o retorno dos autos à origem para adequar seu julgado ao que aqui restou decidido e, consequentemente, julgar a pretensão de direito material deduzida à luz da tese jurídica ora definida’. 9. Pedido de Uniformização conhecido e provido para, acompanhando a tese firmada por este Colegiado, de que a incidência da contribuição previdenciária do servidor público (PSS) sobre a Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo – GDPGPE - limita-se à parcela incorporável aos proventos de aposentadoria ou pensão, determinar a devolução dos autos à Turma de Origem para adequação do julgado à premissa fixada (PEDILEF 05033288920134058101, RELATORA JUÍZA FEDERAL ANGELA CRISTINA MONTEIRO, DOU 05/02/2016 PÁGINAS 221/329) No mesmo sentido, citem-se PEDILEF 05033297420134058101 e PEDILEF 05033236720134058101, todos relativos à GDPGPE, tese que, porém, também se aplica à GDPST, que possui o mesmo regime jurídico no que toca a não incorporação na sua integralidade aos proventos de aposentadoria, conforme previsto na Lei 11.784/08. Diante de todo o exposto, estando o acórdão recorrido em dissonância ao entendimento desta TNU, o Incidente de Uniformização de Jurisprudência deve ser CONHECIDO E PROVIDO, determinando-se a devolução dos autos à Turma de Origem para adequação do julgado à premissa fixada. (PEDILEF 05018643320134058100, JUÍZA FEDERAL MARIA LÚCIA GOMES DE SOUZA, TNU, DOU 27/04/2017 PÁG. 121/181.) Ante o exposto, depreende-se que a incidência do PSS deve se limitar à parcela da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência – GDPST incorporável à aposentadoria da parte autora, razão pela qual merece ser acolhido o seu pleito. III – Dispositivo Por todo o exposto, pronuncio a prescrição quinquenal; no mérito, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, para: a)Declarar/determinar que a incidência do PSS limite-se à parcela da GDPST incorporável aos proventos de aposentadoria da parte autora. b)Condenar a União a proceder à devolução, após o trânsito em julgado, dos valores relativos à contribuição previdenciária incidente sobre as parcelas referentes à GDPST no que pagou a maior, incluindo as que forem descontadas no decorrer da demanda, observando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento da ação. Fica autorizada a compensação de valores eventualmente pagos sob essa rubrica. Com o trânsito em julgado, à contadoria para elaboração do cálculo dos valores atrasados. Após, expeça-se a RPV, observando-se o teto de 60 (sessenta) salários mínimos atualizados até esta data. Ultrapassado o referido valor e não havendo renúncia ao excedente, expeça-se precatório. Considerando que a decisão contém os parâmetros de liquidação, resta atendido o disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95 (Enunciado n. 32 FONAJEF). Indefiro o benefício da assistência judiciária gratuita, conforme requerido na petição inicial. Sem condenação em honorários advocatícios e em custas processuais, por força do delineado nos arts. 1o da Lei n.o 10.259/01, e 55 da Lei n.o 9.099/95. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Sobral (CE), data do sistema. Thiago Mesquita Teles de Carvalho
NÃO PROVIMENTO
NÃO PROVIMENTO
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