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Márcio Seligmann-Silva: Por uma memória ativa
No ano de 2014 nós brasileiros enfrentamos, de modo inusitado, um dos episódios chave da longa história de violências de nosso país. Voltamo-nos para o período de 1964-1985, com o desejo de finalmente escrever e conhecer o que se passou então. Em outros países pós-totalitarismos e pós-ditaduras esse movimento se deu de modo muito mais acelerado. Ao que parece, finalmente nossa "virada mnemônica", em termos de um despertar para os Direitos Humanos, está se dando. Esses direitos são calcados na política de reparação às vítimas do terror de Estado, na memória dos fatos hediondos, na reconstrução da verdade e na busca da justiça, conquistada por meio das instituições jurídicas. No Brasil, havíamos optado até agora pelo momento menos conflituoso e mais burocrático do enfrentamento da questão: a reparação financeira. No campo da memória, fomos até agora um estrondoso fracasso. Nossos "hermanos" latino-americanos não entendem como até hoje nomeamos nossas cidades, bairros, estradas e pontes, homenageando aos militares que comandaram os governos durante a ditadura. Isso é injustificável. Ao invés dessas homenagens, devemos (como na Alemanha, na Argentina, no Chile, em Ruanda, no Camboja etc.) erigir memoriais e centros de memória que tratem das vítimas do terrorismo de Estado. No quesito verdade, graças ao empenho pontual de alguns pesquisadores, como os agrupados na "Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos" e, agora, ao relatório da Comissão Nacional da Verdade, vimos de modo eloquente e incontornável, a verdade da violência terrorista do Estado brasileiro naquele período. O relatório, no seu terceiro volume, dedicado aos "Mortos e desaparecidos políticos", elenca de modo meticuloso o nome e a biografia de 434 mortos e desaparecidos na ditadura. Esse volume deveria ser parte de nossos currículos escolares. Mas ainda resta muito para ser pesquisado. Sabemos dos limites desse relatório e seus autores são os primeiros a apontar para a necessidade de se seguir em frente nessa busca da verdade. Por fim, no que toca à justiça, também em 2014 alguns importantes passos foram dados. O Ministério Público teve a iniciativa de instaurar processos contra os acusados de crimes imprescritíveis, como o são todos os crimes lesa-humanidade. Temos uma dívida para com os brasileiros e também para com a ordem jurídica internacional, na figura da Corte Interamericana de Direitos Humanos, e não podemos fugir a esse dever de justiça. Devemos adentrar às portas dos tribunais. Os que lutaram contra a ditadura já sofreram milhares de processos jurídicos e de condenações, foram em parte torturados e muitos eliminados pelas garras do Estado. É evidente que nunca uma justiça total vai ser obtida e isso não existe em termos concretos, assim como não existe uma história total ou uma memória absoluta. Mas, aqui cabe a exemplaridade dos processos. No Brasil, tendemos a associar de modo absolutamente equivocado, a doutrina dos Direitos Humanos ao revanchismo e às posturas vindas da ala "esquerda" da política. Mas os Direitos Humanos são universais e estão acima dessas divisões entre direita e esquerda. A luta pela memória, a verdade e a justiça é parte de qualquer sociedade que se quer democrática. Mais importante ainda: devemos enfrentar essa elaboração jurídica da violência da ditadura, pôr em processo esse passado, para podermos encarar de frente o nosso presente e a construção de uma sociedade mais justa. Os tantos Amarildos, frutos da militarização do enfrentamento da violência, são os desaparecidos e torturados de nosso presente. Criar uma cultura da memória, da verdade e da justiça com relação à ditadura é, portanto, um imperativo derivado de questões atuais. A memória só vale quando é "memória ativa", calcada no presente. Devemos caminhar no sentido de construir uma nova cultura, não mais da cordialidade (violenta), mas da autêntica e democrática "vida em comum". Esse processo é aberto e não se fechará com a elaboração do período da ditadura. MÁRCIO SELIGMANN-SILVA, 50, é professor de teoria literária na UNICAMP e autor, entre outros livros, de "O local da diferença" (Editora 34) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Márcio Seligmann-Silva: Por uma memória ativaNo ano de 2014 nós brasileiros enfrentamos, de modo inusitado, um dos episódios chave da longa história de violências de nosso país. Voltamo-nos para o período de 1964-1985, com o desejo de finalmente escrever e conhecer o que se passou então. Em outros países pós-totalitarismos e pós-ditaduras esse movimento se deu de modo muito mais acelerado. Ao que parece, finalmente nossa "virada mnemônica", em termos de um despertar para os Direitos Humanos, está se dando. Esses direitos são calcados na política de reparação às vítimas do terror de Estado, na memória dos fatos hediondos, na reconstrução da verdade e na busca da justiça, conquistada por meio das instituições jurídicas. No Brasil, havíamos optado até agora pelo momento menos conflituoso e mais burocrático do enfrentamento da questão: a reparação financeira. No campo da memória, fomos até agora um estrondoso fracasso. Nossos "hermanos" latino-americanos não entendem como até hoje nomeamos nossas cidades, bairros, estradas e pontes, homenageando aos militares que comandaram os governos durante a ditadura. Isso é injustificável. Ao invés dessas homenagens, devemos (como na Alemanha, na Argentina, no Chile, em Ruanda, no Camboja etc.) erigir memoriais e centros de memória que tratem das vítimas do terrorismo de Estado. No quesito verdade, graças ao empenho pontual de alguns pesquisadores, como os agrupados na "Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos" e, agora, ao relatório da Comissão Nacional da Verdade, vimos de modo eloquente e incontornável, a verdade da violência terrorista do Estado brasileiro naquele período. O relatório, no seu terceiro volume, dedicado aos "Mortos e desaparecidos políticos", elenca de modo meticuloso o nome e a biografia de 434 mortos e desaparecidos na ditadura. Esse volume deveria ser parte de nossos currículos escolares. Mas ainda resta muito para ser pesquisado. Sabemos dos limites desse relatório e seus autores são os primeiros a apontar para a necessidade de se seguir em frente nessa busca da verdade. Por fim, no que toca à justiça, também em 2014 alguns importantes passos foram dados. O Ministério Público teve a iniciativa de instaurar processos contra os acusados de crimes imprescritíveis, como o são todos os crimes lesa-humanidade. Temos uma dívida para com os brasileiros e também para com a ordem jurídica internacional, na figura da Corte Interamericana de Direitos Humanos, e não podemos fugir a esse dever de justiça. Devemos adentrar às portas dos tribunais. Os que lutaram contra a ditadura já sofreram milhares de processos jurídicos e de condenações, foram em parte torturados e muitos eliminados pelas garras do Estado. É evidente que nunca uma justiça total vai ser obtida e isso não existe em termos concretos, assim como não existe uma história total ou uma memória absoluta. Mas, aqui cabe a exemplaridade dos processos. No Brasil, tendemos a associar de modo absolutamente equivocado, a doutrina dos Direitos Humanos ao revanchismo e às posturas vindas da ala "esquerda" da política. Mas os Direitos Humanos são universais e estão acima dessas divisões entre direita e esquerda. A luta pela memória, a verdade e a justiça é parte de qualquer sociedade que se quer democrática. Mais importante ainda: devemos enfrentar essa elaboração jurídica da violência da ditadura, pôr em processo esse passado, para podermos encarar de frente o nosso presente e a construção de uma sociedade mais justa. Os tantos Amarildos, frutos da militarização do enfrentamento da violência, são os desaparecidos e torturados de nosso presente. Criar uma cultura da memória, da verdade e da justiça com relação à ditadura é, portanto, um imperativo derivado de questões atuais. A memória só vale quando é "memória ativa", calcada no presente. Devemos caminhar no sentido de construir uma nova cultura, não mais da cordialidade (violenta), mas da autêntica e democrática "vida em comum". Esse processo é aberto e não se fechará com a elaboração do período da ditadura. MÁRCIO SELIGMANN-SILVA, 50, é professor de teoria literária na UNICAMP e autor, entre outros livros, de "O local da diferença" (Editora 34) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Como construir um império ficando chapado no YouTube
"Yo yo, what up YouTube-YouTuuuuuube!" É com essas palavras que Joel "Jolie Olie" Hradecky abre todos seus vídeos. No dia 19 de março deste ano, ele comemorou seu aniversário de 3 anos no YouTube. Foi o tempo que Joel, nascido no estado de Colorado, nos Estados Unidos, levou para estabelecer seu canal, o CustomGrow420, como um pilar da comunidade maconheira do mais popular site de vídeos. Com mais de 800 mil seguidores, Jolie Olie é o rei de um nicho do YouTube voltado exclusivamente para a cannabis e seus usos medicinais e recreativos (principalmente recreativos). A maior parte dos vídeos postados por esse fã de bonés de beisebol envolve o ato de ficar chapado da forma mais violenta possível. Tal feito é possível graças à sua notável capacidade pulmonar: Jolie Olie é capaz de dar cinco tragadas seguidas num bong, o que o coloca entre os profissionais da erva. 5 BONG HITS IN 1 BREATH!!!!! Ao mergulhar nos mais de 450 vídeos do canal de CustomGrow420, descobrimos uma incrível variedade de usos da maconha. Jolie Olie é um grande entusiasta do dabbing, um método que consiste em inalar, rápida e profundamente concentrados vaporizados de maconha. Essas substâncias, vendidas na forma de óleos ou granulados, contêm entre 70% e 90% de THC, a molécula psicoativa da cannabis. Em comparação, a maconha com 30% de THC vendida legalmente no Colorado é considerada extremamente forte. A "dose" padrão de THC no Colorado é de 10 miligramas, o que dá uma ideia do quão chapado Joel Hradecky fica quando ele absorve uma grama de THC concentrado numa só tragada. THE ONE GRAM DAB!!!!!! Com 1,7 milhões de visualizações, o THE ONE GRAM DAB!!!!!! (a "Tragada de Um Grama", em português) é o vídeo mais popular do canal de Jolie Olie. Seus outros sucessos pertencem à mesma linha temática: temos o vídeo em que ele mostra como transformou uma máscara de gás em um bong, o vídeo do beck de vidro, o do baseado de sete gramas No vídeo em que ele alterna sua atenção entre um baseado e generosas tragadas de gás hélio, Jolie Olie quase desmaia. Não é de se espantar que essa abordagem meio Jackass não agrade a todos. No r/trees, o subreddit voltado para entusiastas da maconha, seus críticos são a maioria: "Ele reforça vários estereótipos negativos", lamenta um usuário. "Com o número de seguidores que ele tem, ele poderia educar a comunidade sobre a cannabis e as leis relacionadas ao seu uso", acrescenta outro. "Tudo o que ele faz é usar bongs de US$ 80, descrever o que ele acabou de fumar e explicar o quão chapado ele está." Mais do que sua atitude despreocupada, e até mesmo arriscada, em relação ao consumo recreativo de maconha, é o passado de Joel Hradecky que alimenta uma verdadeira polêmica. Em 2006, um jovem como o mesmo nome foi preso após atacar e roubar visitantes em um parque de Washington com mais quatro comparsas. Armados com facões e machados, eles ameaçaram decapitar suas vítimas e tentaram forçar uma jovem a se despir, tudo isso aos gritos carcaterísticos dos fãs do Insane Clown Posse (uma dupla de rap americana bem peculiar). Aos olhos de seus críticos, Jolie Olie não passa de um ex-delinquente. Caso ele seja esse tal criminoso, Jolie Olie teria sido condenado a três anos e meio de prisão em 2007. Reza a lenda que Joel Hradecky é também um mau pai e um mau marido. Num certo dia de agosto de 2014, todos os vídeos publicados em seu canal nos três meses anteriores foram deletados. Esse ato drástico veio acompanhado de uma mensagem alarmante divulgada em seu canal: "CustomGrow420 largou sua mulher, sua filha de cinco anos e seu filho de um mês porque ele é um filho da puta abusivo que não consegue tratar sua família com respeito. É triste que todos idealizem um homem que trata sua família de forma abusiva. [...] Vocês deveriam sair desse canal e dar sua admiração para alguém mais gentil". Essas palavras podem ter vindo de sua esposa ou de um hacker raivoso –e é claro que aqueles que desgostam de Jolie Olie acreditam na primeira opção. Entre tantas dúvidas, uma coisa é verdade: Jolie Olie será indiciado por ter invadido e filmado uma ponte abandonada sem autorização –uma gafe que lhe rendeu uma menção no TMZ, um site de fofocas. Problemas reais ou imaginários à parte, é impossível negar a relevância de Joel Hradecky dentro do universo canabinóide digital. "Scott", um programador de rede com 15 anos de experiência, disse à Motherboard França que Jolie Olie é seu youtuber favorito: "Comecei com ele", contou Scott. "Ele é extremamente divertido, e faz vídeos que eu curto assistir." Foi assistindo Jolie Olie a engasgar com fumaça que Scott teve a ideia de criar o Weedtubers, um site que reúne canais do YouTube dedicados ao consumo de cannabis. "Tive a ideia um ano depois de seguir o CustomGrow420", afirma. "Ele postava um vídeo por dia, que eu sempre assistia durante meu horário de almoço. Depois de um tempo ele parou de postar diariamente, aí comecei a procurar outros vídeos sobre maconha no YouTube. Sempre gostei desses vídeos, então pensei que estava na hora de criar um site que listasse todos os vídeos postados pela comunidade maconheira do YouTube." O Weedtubers entrou no ar no dia 21 de janeiro. O site, cujo lema é "Conectando a Comunidade Doidona do YouTube", reúne 47 canais com diferentes níveis de popularidade –um deles tem apenas dois seguidores. Alguns dos canais competem contra o CustomGrow420 na categoria de consumo insensato de cabinóides; já outros buscam testar diferentes variedades de ervas disponíveis no mercado ou produzidas de forma amadora. Alguns canais oferecem guias extensos que ensinam novas formas de consumir maconha. No final, a maioria dos canais pode ser resumida de forma bem simples: pessoas ficando muito chapadas. A erva, o tipo de cachimbo e outros particularidades são apenas detalhes sem muita importância. Alguns youtubers resolveram aceitar esse destino e passaram a postar vídeos banais deles fumando. Na verdade, foi assim que o maconheiro mais antigo da internet ficou famoso. Se o CustomGrow420 é um velocista, o Marijuana Man é um maratonista. O canadense largadão e simpático, cujo verdadeiro nome é Stephen Payne, começou a soltar fumaça para as câmeras em 1997. Os usuários do Yahoo, fascinados pelos seus vídeos que combinavam sessões de fumo intensas com conversas casuais, logo o apelidaram de Marijuana Man. "Tenho 45 anos, e comecei a fumar há 23 anos", disse ele à Vice em junho do ano passado. "Não digo que sou drogado, mas eu definitivamente fumo como um. Fumo entre 10 a 15 dabs (concentrado de maconha) por dia". Nós da Motherboard resolvemos conferir como anda Payne, e ele não parece estar disposto a diminuir esse ritmo: "Fumo por volta de uma grama de shatter (um tipo de dab) por dia". O nível de THC nesse concentrado de cannabis varia entre 80% e 90%. Stephen Payne exportou sua fórmula para o YouTube assim que o site entrou no ar, em 2005. Seu canal atual, 2MarijuanaMan, atraiu mais de 100 mil seguidores e 12 milhões de visualizações desde sua criação, em 2008. O Marijuana Man também transmite sessões de fumo ao vivo no Ustream. Esse hábito acabou funcionando ao seu favor: em agosto de 2013, enquanto ele conversava com seus seguidores ao vivo, dois homens armados entraram em seu quarto e o agrediram, em seguida roubando alguns de seus bens. Três meses depois, os assaltante foram identificados graças ao vídeo e condenados a seis e sete anos de prisão. Hoje esse incidente faz parte da lenda que cerca o Marijuana Man, assim como o famoso "Fire in the hole!" que ele grita antes de acender um bong. Man Gets Robbed During Live Broadcast! Tal como Joel Hradecky, a fama de Stephen Payne está profundamente relacionada à sua simpatia. O canadense "metade maconha, metade homem, 100% diversão" é bem popular no Facebook, onde sua página oficial conta com quase 700 mil fãs. É esse público que paga suas contas. "Em dez anos, o YouTube me rendeu por volta de US$ 2.700", disse ele à Motherboard França. "No Facebook, eu ganho quase o dobro disso por mês. [...] Toda minha renda vem de patrocinadores que eu mesmo encontro." Cada post na rede social é patrocinado por uma marca de vaporizadores, um produtor de concentrados de cannabis e um fabricante que vende produtos para o cultivo caseiro de maconha. Um desses patrocinadores fornece "tudo o que eu [Payne] preciso para fumar", dos materiais à erva. O Marijuana Man está longe de ser o único youtuber sustentado por patrocinadores. Em seus vídeos, CustomGrow420 nunca deixa de mencionar o fabricante dos produtos que ele usa. Jolie Olie chegou a produzir vídeos que são, para todos os efeitos, propagandas de marcas de roupa, kits de equipamentos para fumo e de uma loja especializada em maconha. É impossível estimar sua renda mensal, mas é seguro afirmar que Joel Hradecky não está passando por dificuldades. O mesmo pode ser dito de HaleyIsSoarx, a princesa do submundo maconheiro do YouTube. A jovem descreve constantemente os méritos de seus fabricantes favoritos para seus 520 mil seguidores. No entanto, seu trunfo é outro. Haley usa seu canal do YouTube para atrair fãs para outra dimensão de seu pequeno reino: seu trabalho como camgirl. Com mais de 6.500 admiradores, a jovem maconheira faz muito sucesso na plataforma de streaming pornográfico MyFreeCams. De acordo com Haley, ela ganha por volta de US$ 40 mil por mês com seus vídeos. Alguns desses vídeos misturam sexo e consumo de cannabis. Embora ela mantenha suas duas atividades separadas no Twitter, Haley revelou sua carreira pornográfica em seu canal do YouTube em janeiro de 2015. Além disso, ela também menciona sua carreira como YouTuber em seu perfil de camgirl. Essa dupla visibilidade, orquestrada do lado de lá das câmeras, prova que é possível ganhar muito dinheiro apenas com uma webcam. É claro que isso gera muitas questões pertinentes à legalidade desse negócio. O maravilhoso mundo dos vlogs de cannabis nunca existiria caso alguns estados dos EUA não tivessem legalizado a maconha. Seu uso recreativo é permitido no Alaska, no Colorado e em Washington, e a comunidade de youtubers da marofa se concentra nesses três estados. Além disso, o uso medicinal da maconha é legalizado em vinte outros estados. É por isso que HaleyIsSoarx insiste, na descrição de todos seus vídeos, que ela é uma "paciente" e que seus bongs, baseados e outras substâncias ricas em THC têm finalidade medicinal. Considerando que a polícia está sempre de olho em usuários de maconha que se expõem na internet e nas mídias sociais, essas precauções são completamente justificadas. Na fronteira da grande nuvem de fumaça americana está o país natal de Marijuana Man, o Canadá, onde o uso recreativo da maconha é proibido. No r/trees, corre o boato de que Stephen Payne pode fumar tranquilamente porque ele trabalha para a polícia. Essa teoria surgiu em fevereiro de 2013, após o canadense ter postado um vídeo no qual afirmava que o assalto à sua casa era, na verdade, uma emboscada organizada com a ajuda da polícia: "Nós deixamos eles entrarem aqui para fazer o que eles queriam, mas a polícia já estava esperando na porta para prender eles", explica ele com um sorriso. "Foi basicamente uma emboscada. É algo que faço no meu trabalho. Eu não vou dar grandes detalhes, já que meu trabalho é meio confidencial, mas às vezes minha vida privada se mistura com minha vida aqui na internet." Os vilões são presos, a polícia fica feliz, a galera da internet se diverte, os patrocinadores promovem seus produtos e os youtubers ficam de boa: parece que, mesmo na internet, a liberação da maconha só traz benefícios. Tradução: Ananda Pieratti
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Como construir um império ficando chapado no YouTube"Yo yo, what up YouTube-YouTuuuuuube!" É com essas palavras que Joel "Jolie Olie" Hradecky abre todos seus vídeos. No dia 19 de março deste ano, ele comemorou seu aniversário de 3 anos no YouTube. Foi o tempo que Joel, nascido no estado de Colorado, nos Estados Unidos, levou para estabelecer seu canal, o CustomGrow420, como um pilar da comunidade maconheira do mais popular site de vídeos. Com mais de 800 mil seguidores, Jolie Olie é o rei de um nicho do YouTube voltado exclusivamente para a cannabis e seus usos medicinais e recreativos (principalmente recreativos). A maior parte dos vídeos postados por esse fã de bonés de beisebol envolve o ato de ficar chapado da forma mais violenta possível. Tal feito é possível graças à sua notável capacidade pulmonar: Jolie Olie é capaz de dar cinco tragadas seguidas num bong, o que o coloca entre os profissionais da erva. 5 BONG HITS IN 1 BREATH!!!!! Ao mergulhar nos mais de 450 vídeos do canal de CustomGrow420, descobrimos uma incrível variedade de usos da maconha. Jolie Olie é um grande entusiasta do dabbing, um método que consiste em inalar, rápida e profundamente concentrados vaporizados de maconha. Essas substâncias, vendidas na forma de óleos ou granulados, contêm entre 70% e 90% de THC, a molécula psicoativa da cannabis. Em comparação, a maconha com 30% de THC vendida legalmente no Colorado é considerada extremamente forte. A "dose" padrão de THC no Colorado é de 10 miligramas, o que dá uma ideia do quão chapado Joel Hradecky fica quando ele absorve uma grama de THC concentrado numa só tragada. THE ONE GRAM DAB!!!!!! Com 1,7 milhões de visualizações, o THE ONE GRAM DAB!!!!!! (a "Tragada de Um Grama", em português) é o vídeo mais popular do canal de Jolie Olie. Seus outros sucessos pertencem à mesma linha temática: temos o vídeo em que ele mostra como transformou uma máscara de gás em um bong, o vídeo do beck de vidro, o do baseado de sete gramas No vídeo em que ele alterna sua atenção entre um baseado e generosas tragadas de gás hélio, Jolie Olie quase desmaia. Não é de se espantar que essa abordagem meio Jackass não agrade a todos. No r/trees, o subreddit voltado para entusiastas da maconha, seus críticos são a maioria: "Ele reforça vários estereótipos negativos", lamenta um usuário. "Com o número de seguidores que ele tem, ele poderia educar a comunidade sobre a cannabis e as leis relacionadas ao seu uso", acrescenta outro. "Tudo o que ele faz é usar bongs de US$ 80, descrever o que ele acabou de fumar e explicar o quão chapado ele está." Mais do que sua atitude despreocupada, e até mesmo arriscada, em relação ao consumo recreativo de maconha, é o passado de Joel Hradecky que alimenta uma verdadeira polêmica. Em 2006, um jovem como o mesmo nome foi preso após atacar e roubar visitantes em um parque de Washington com mais quatro comparsas. Armados com facões e machados, eles ameaçaram decapitar suas vítimas e tentaram forçar uma jovem a se despir, tudo isso aos gritos carcaterísticos dos fãs do Insane Clown Posse (uma dupla de rap americana bem peculiar). Aos olhos de seus críticos, Jolie Olie não passa de um ex-delinquente. Caso ele seja esse tal criminoso, Jolie Olie teria sido condenado a três anos e meio de prisão em 2007. Reza a lenda que Joel Hradecky é também um mau pai e um mau marido. Num certo dia de agosto de 2014, todos os vídeos publicados em seu canal nos três meses anteriores foram deletados. Esse ato drástico veio acompanhado de uma mensagem alarmante divulgada em seu canal: "CustomGrow420 largou sua mulher, sua filha de cinco anos e seu filho de um mês porque ele é um filho da puta abusivo que não consegue tratar sua família com respeito. É triste que todos idealizem um homem que trata sua família de forma abusiva. [...] Vocês deveriam sair desse canal e dar sua admiração para alguém mais gentil". Essas palavras podem ter vindo de sua esposa ou de um hacker raivoso –e é claro que aqueles que desgostam de Jolie Olie acreditam na primeira opção. Entre tantas dúvidas, uma coisa é verdade: Jolie Olie será indiciado por ter invadido e filmado uma ponte abandonada sem autorização –uma gafe que lhe rendeu uma menção no TMZ, um site de fofocas. Problemas reais ou imaginários à parte, é impossível negar a relevância de Joel Hradecky dentro do universo canabinóide digital. "Scott", um programador de rede com 15 anos de experiência, disse à Motherboard França que Jolie Olie é seu youtuber favorito: "Comecei com ele", contou Scott. "Ele é extremamente divertido, e faz vídeos que eu curto assistir." Foi assistindo Jolie Olie a engasgar com fumaça que Scott teve a ideia de criar o Weedtubers, um site que reúne canais do YouTube dedicados ao consumo de cannabis. "Tive a ideia um ano depois de seguir o CustomGrow420", afirma. "Ele postava um vídeo por dia, que eu sempre assistia durante meu horário de almoço. Depois de um tempo ele parou de postar diariamente, aí comecei a procurar outros vídeos sobre maconha no YouTube. Sempre gostei desses vídeos, então pensei que estava na hora de criar um site que listasse todos os vídeos postados pela comunidade maconheira do YouTube." O Weedtubers entrou no ar no dia 21 de janeiro. O site, cujo lema é "Conectando a Comunidade Doidona do YouTube", reúne 47 canais com diferentes níveis de popularidade –um deles tem apenas dois seguidores. Alguns dos canais competem contra o CustomGrow420 na categoria de consumo insensato de cabinóides; já outros buscam testar diferentes variedades de ervas disponíveis no mercado ou produzidas de forma amadora. Alguns canais oferecem guias extensos que ensinam novas formas de consumir maconha. No final, a maioria dos canais pode ser resumida de forma bem simples: pessoas ficando muito chapadas. A erva, o tipo de cachimbo e outros particularidades são apenas detalhes sem muita importância. Alguns youtubers resolveram aceitar esse destino e passaram a postar vídeos banais deles fumando. Na verdade, foi assim que o maconheiro mais antigo da internet ficou famoso. Se o CustomGrow420 é um velocista, o Marijuana Man é um maratonista. O canadense largadão e simpático, cujo verdadeiro nome é Stephen Payne, começou a soltar fumaça para as câmeras em 1997. Os usuários do Yahoo, fascinados pelos seus vídeos que combinavam sessões de fumo intensas com conversas casuais, logo o apelidaram de Marijuana Man. "Tenho 45 anos, e comecei a fumar há 23 anos", disse ele à Vice em junho do ano passado. "Não digo que sou drogado, mas eu definitivamente fumo como um. Fumo entre 10 a 15 dabs (concentrado de maconha) por dia". Nós da Motherboard resolvemos conferir como anda Payne, e ele não parece estar disposto a diminuir esse ritmo: "Fumo por volta de uma grama de shatter (um tipo de dab) por dia". O nível de THC nesse concentrado de cannabis varia entre 80% e 90%. Stephen Payne exportou sua fórmula para o YouTube assim que o site entrou no ar, em 2005. Seu canal atual, 2MarijuanaMan, atraiu mais de 100 mil seguidores e 12 milhões de visualizações desde sua criação, em 2008. O Marijuana Man também transmite sessões de fumo ao vivo no Ustream. Esse hábito acabou funcionando ao seu favor: em agosto de 2013, enquanto ele conversava com seus seguidores ao vivo, dois homens armados entraram em seu quarto e o agrediram, em seguida roubando alguns de seus bens. Três meses depois, os assaltante foram identificados graças ao vídeo e condenados a seis e sete anos de prisão. Hoje esse incidente faz parte da lenda que cerca o Marijuana Man, assim como o famoso "Fire in the hole!" que ele grita antes de acender um bong. Man Gets Robbed During Live Broadcast! Tal como Joel Hradecky, a fama de Stephen Payne está profundamente relacionada à sua simpatia. O canadense "metade maconha, metade homem, 100% diversão" é bem popular no Facebook, onde sua página oficial conta com quase 700 mil fãs. É esse público que paga suas contas. "Em dez anos, o YouTube me rendeu por volta de US$ 2.700", disse ele à Motherboard França. "No Facebook, eu ganho quase o dobro disso por mês. [...] Toda minha renda vem de patrocinadores que eu mesmo encontro." Cada post na rede social é patrocinado por uma marca de vaporizadores, um produtor de concentrados de cannabis e um fabricante que vende produtos para o cultivo caseiro de maconha. Um desses patrocinadores fornece "tudo o que eu [Payne] preciso para fumar", dos materiais à erva. O Marijuana Man está longe de ser o único youtuber sustentado por patrocinadores. Em seus vídeos, CustomGrow420 nunca deixa de mencionar o fabricante dos produtos que ele usa. Jolie Olie chegou a produzir vídeos que são, para todos os efeitos, propagandas de marcas de roupa, kits de equipamentos para fumo e de uma loja especializada em maconha. É impossível estimar sua renda mensal, mas é seguro afirmar que Joel Hradecky não está passando por dificuldades. O mesmo pode ser dito de HaleyIsSoarx, a princesa do submundo maconheiro do YouTube. A jovem descreve constantemente os méritos de seus fabricantes favoritos para seus 520 mil seguidores. No entanto, seu trunfo é outro. Haley usa seu canal do YouTube para atrair fãs para outra dimensão de seu pequeno reino: seu trabalho como camgirl. Com mais de 6.500 admiradores, a jovem maconheira faz muito sucesso na plataforma de streaming pornográfico MyFreeCams. De acordo com Haley, ela ganha por volta de US$ 40 mil por mês com seus vídeos. Alguns desses vídeos misturam sexo e consumo de cannabis. Embora ela mantenha suas duas atividades separadas no Twitter, Haley revelou sua carreira pornográfica em seu canal do YouTube em janeiro de 2015. Além disso, ela também menciona sua carreira como YouTuber em seu perfil de camgirl. Essa dupla visibilidade, orquestrada do lado de lá das câmeras, prova que é possível ganhar muito dinheiro apenas com uma webcam. É claro que isso gera muitas questões pertinentes à legalidade desse negócio. O maravilhoso mundo dos vlogs de cannabis nunca existiria caso alguns estados dos EUA não tivessem legalizado a maconha. Seu uso recreativo é permitido no Alaska, no Colorado e em Washington, e a comunidade de youtubers da marofa se concentra nesses três estados. Além disso, o uso medicinal da maconha é legalizado em vinte outros estados. É por isso que HaleyIsSoarx insiste, na descrição de todos seus vídeos, que ela é uma "paciente" e que seus bongs, baseados e outras substâncias ricas em THC têm finalidade medicinal. Considerando que a polícia está sempre de olho em usuários de maconha que se expõem na internet e nas mídias sociais, essas precauções são completamente justificadas. Na fronteira da grande nuvem de fumaça americana está o país natal de Marijuana Man, o Canadá, onde o uso recreativo da maconha é proibido. No r/trees, corre o boato de que Stephen Payne pode fumar tranquilamente porque ele trabalha para a polícia. Essa teoria surgiu em fevereiro de 2013, após o canadense ter postado um vídeo no qual afirmava que o assalto à sua casa era, na verdade, uma emboscada organizada com a ajuda da polícia: "Nós deixamos eles entrarem aqui para fazer o que eles queriam, mas a polícia já estava esperando na porta para prender eles", explica ele com um sorriso. "Foi basicamente uma emboscada. É algo que faço no meu trabalho. Eu não vou dar grandes detalhes, já que meu trabalho é meio confidencial, mas às vezes minha vida privada se mistura com minha vida aqui na internet." Os vilões são presos, a polícia fica feliz, a galera da internet se diverte, os patrocinadores promovem seus produtos e os youtubers ficam de boa: parece que, mesmo na internet, a liberação da maconha só traz benefícios. Tradução: Ananda Pieratti
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Japão relembra ataque a Hiroshima; para EUA, problema agora é Coreia
Nos japoneses "Asahi Shimbun" e "Yomiuri Shimbun", vídeos das cerimônias em Hiroshima, como acima, e velhas fotos da destruição e morte na cidade, com enunciados como "50.000 vão a lamento pelas vítimas". Já o americano "New York Times" afirmou no título que o "Japão marca o aniversário de Hiroshima com a Coreia do Norte na mente", não a bomba atômica americana.
colunas
Japão relembra ataque a Hiroshima; para EUA, problema agora é CoreiaNos japoneses "Asahi Shimbun" e "Yomiuri Shimbun", vídeos das cerimônias em Hiroshima, como acima, e velhas fotos da destruição e morte na cidade, com enunciados como "50.000 vão a lamento pelas vítimas". Já o americano "New York Times" afirmou no título que o "Japão marca o aniversário de Hiroshima com a Coreia do Norte na mente", não a bomba atômica americana.
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Operadores esperam dia de perdas na reabertura do mercado grego de ações
Operadores gregos disseram neste domingo que esperam um dia atribulado de perdas na segunda-feira, quando o mercado de ações de Atenas abre após ter ficado fechado por cinco semanas, como parte das tentativas de impedir um colapso financeiro da Grécia. Uma combinação de transações reprimidas, preocupações com o futuro e uma piora na economia grega poderia derrubar em 20% ou mais o índice Athenas General Index na segunda-feira, disseram os operadores. A negociação de ativos gregos nos Estados Unidos durante o período em que a bolsa esteve fechada sugere o mesmo. "A possibilidade de ver uma única ação subir na sessão de amanhã é quase zero", disse o chefe de operações da Beta Securities, Takis Zamanis. O mercado de ações deve abrir na manhã desta segunda-feira (3) pela primeira vez desde 26 de junho, pouco antes de controles de capital serem impostos para segurar uma fuga de euros do país. A Comissão Europeia prevê que a Grécia voltará à recessão em 2015, com contração de entre 2 e 4 por cento, depois de o país ter recém-saído de seis anos de depressão.
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Operadores esperam dia de perdas na reabertura do mercado grego de açõesOperadores gregos disseram neste domingo que esperam um dia atribulado de perdas na segunda-feira, quando o mercado de ações de Atenas abre após ter ficado fechado por cinco semanas, como parte das tentativas de impedir um colapso financeiro da Grécia. Uma combinação de transações reprimidas, preocupações com o futuro e uma piora na economia grega poderia derrubar em 20% ou mais o índice Athenas General Index na segunda-feira, disseram os operadores. A negociação de ativos gregos nos Estados Unidos durante o período em que a bolsa esteve fechada sugere o mesmo. "A possibilidade de ver uma única ação subir na sessão de amanhã é quase zero", disse o chefe de operações da Beta Securities, Takis Zamanis. O mercado de ações deve abrir na manhã desta segunda-feira (3) pela primeira vez desde 26 de junho, pouco antes de controles de capital serem impostos para segurar uma fuga de euros do país. A Comissão Europeia prevê que a Grécia voltará à recessão em 2015, com contração de entre 2 e 4 por cento, depois de o país ter recém-saído de seis anos de depressão.
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Riachuelo, Artex e Tok & Stok e outras lojas têm promoção em produtos de cama, mesa e banho
DE SÃO PAULO De furadeira a panela francesa de ferro, garimpamos produtos em 14 categorias com até 70% de desconto. Confira as ofertas de cama, mesa e banho. Olhou, levou! 1. Manta de piquê. De R$ 149,90 por R$ 129,90, na Casa Almeida. Tel. 3082-1538 2. Toalha de banho Buddemeyer. De R$ 39,90 por R$ 29,90, na Riachuelo. Tel. 2895-0020 3. Xícara Reale. De R$ 44,90 por R$ 31,43, na Tok & Stok. Tel. 3583-4700 4. Bandeja de madeira. De R$ 119,90 por R$ 69,90, na Artex. Tel. 3060-9561 5. Copo de vidro Lors. De R$ 24,50 por R$ 12,25, na Tok & Stok. Tel. 3583-4700 6. Colcha renascença queen. De R$ 759,90 por R$ 559,90, na Casa Almeida. Tel. 3082-1538 7. Capa de almofada drapeada. De R$ 131,40 por R$ 79,90, na MMartan. Tel. 2737-8880 8. Roupão de poliéster. De R$ 89,90 por R$ 49,90, na Riachuelo. Tel. 2895-0020 9. Jogo de lençol queen de algodão. De R$ 369,40 por R$ 299,40, na MMartan. Tel. 2737-8880 10. Jarra de vidro 500 ml. De R$ 69 por R$ 54,90, na Spicy. Tel. 3083-4407 * Os preços e a disponibilidade dos produtos foram conferidos entre os dias 1º, 2 e 3/8. As mercadorias estão sujeitas à variação do estoque
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Riachuelo, Artex e Tok & Stok e outras lojas têm promoção em produtos de cama, mesa e banhoDE SÃO PAULO De furadeira a panela francesa de ferro, garimpamos produtos em 14 categorias com até 70% de desconto. Confira as ofertas de cama, mesa e banho. Olhou, levou! 1. Manta de piquê. De R$ 149,90 por R$ 129,90, na Casa Almeida. Tel. 3082-1538 2. Toalha de banho Buddemeyer. De R$ 39,90 por R$ 29,90, na Riachuelo. Tel. 2895-0020 3. Xícara Reale. De R$ 44,90 por R$ 31,43, na Tok & Stok. Tel. 3583-4700 4. Bandeja de madeira. De R$ 119,90 por R$ 69,90, na Artex. Tel. 3060-9561 5. Copo de vidro Lors. De R$ 24,50 por R$ 12,25, na Tok & Stok. Tel. 3583-4700 6. Colcha renascença queen. De R$ 759,90 por R$ 559,90, na Casa Almeida. Tel. 3082-1538 7. Capa de almofada drapeada. De R$ 131,40 por R$ 79,90, na MMartan. Tel. 2737-8880 8. Roupão de poliéster. De R$ 89,90 por R$ 49,90, na Riachuelo. Tel. 2895-0020 9. Jogo de lençol queen de algodão. De R$ 369,40 por R$ 299,40, na MMartan. Tel. 2737-8880 10. Jarra de vidro 500 ml. De R$ 69 por R$ 54,90, na Spicy. Tel. 3083-4407 * Os preços e a disponibilidade dos produtos foram conferidos entre os dias 1º, 2 e 3/8. As mercadorias estão sujeitas à variação do estoque
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Número de inscrições no Enem 2016 tem alta e passa de 9,2 milhões
O MEC (Ministério da Educação) divulgou nesta segunda-feira (23) o registro de 9.276.328 inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2016. As provas ocorrem nos dias 5 e 6 de novembro. Como os inscritos precisam ainda pagar a taxa de inscrição, o número final de participantes ainda deve variar. O pagamento da taxa de R$ 68 pode ser feito até quarta-feira (25). Entre os inscritos, 53% são isentos da taxa. São alunos concluintes de escola pública ou que declararam carência. A alta na procura pelo Enem ocorre um ano depois de o exame ter tido a primeira queda de inscrições desde que foi transformado em vestibular, em 2009. O número de inscritos em 2016 representa alta de 9,4% na comparação com o ano passado, quando, 8,4 milhões se inscreveram. Todos os anos muitos inscritos deixam de pagar a taxa. Em 2015, o número de inscritos confirmados foi de 7,7 milhões. As informações foram anunciadas nesta segunda em entrevista coletiva pelo ministro Mendonça Filho (DEM). A secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guimarães de Castro, e a nova presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Inês Fini, participaram do anúncio. Mendonça Filho afirmou que a operação do Enem não será afetada pela situação de falta de recursos do governo. "Queremos um Enem com segurança e transparência, compromisso público", disse o ministro, que aproveitou a agenda para elogiar a equipe do Inep, que organização o Enem. O Enem é adotado como vestibular para praticamente todas as universidades federais do país. No sábado, dia 5 de novembro, os estudantes fazem a prova de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. No domingo (6), é a vez de Matemática, Linguagens e Redação.
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Número de inscrições no Enem 2016 tem alta e passa de 9,2 milhõesO MEC (Ministério da Educação) divulgou nesta segunda-feira (23) o registro de 9.276.328 inscrições para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2016. As provas ocorrem nos dias 5 e 6 de novembro. Como os inscritos precisam ainda pagar a taxa de inscrição, o número final de participantes ainda deve variar. O pagamento da taxa de R$ 68 pode ser feito até quarta-feira (25). Entre os inscritos, 53% são isentos da taxa. São alunos concluintes de escola pública ou que declararam carência. A alta na procura pelo Enem ocorre um ano depois de o exame ter tido a primeira queda de inscrições desde que foi transformado em vestibular, em 2009. O número de inscritos em 2016 representa alta de 9,4% na comparação com o ano passado, quando, 8,4 milhões se inscreveram. Todos os anos muitos inscritos deixam de pagar a taxa. Em 2015, o número de inscritos confirmados foi de 7,7 milhões. As informações foram anunciadas nesta segunda em entrevista coletiva pelo ministro Mendonça Filho (DEM). A secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guimarães de Castro, e a nova presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Maria Inês Fini, participaram do anúncio. Mendonça Filho afirmou que a operação do Enem não será afetada pela situação de falta de recursos do governo. "Queremos um Enem com segurança e transparência, compromisso público", disse o ministro, que aproveitou a agenda para elogiar a equipe do Inep, que organização o Enem. O Enem é adotado como vestibular para praticamente todas as universidades federais do país. No sábado, dia 5 de novembro, os estudantes fazem a prova de Ciências da Natureza e Ciências Humanas. No domingo (6), é a vez de Matemática, Linguagens e Redação.
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Uber começa a enfrentar ameaça de serviços concorrentes em SP
Menos de um mês depois de o prefeito Fernando Haddad (PT) regulamentar o serviço on-line de conexão entre motoristas e passageiros, como o do Uber, novos aplicativos chegam à cidade para competir nesse mercado. Nesta segunda-feira (6), o Cabify começa a funcionar em São Paulo. Desenvolvido na Espanha, tem motoristas em Portugal, no México, no Chile, no Peru e na Colômbia. A indiana WillGo também atua no Brasil desde o fim de abril. Seu aplicativo está disponível para celulares com sistema operacional Android. Cada uma dessas empresas segue uma tabela de preços diferentes da usada por Uber e táxis. Em comum, WillGo e Cabify deixam claro que não usam o mecanismo de precificação dinâmica adotado pela rival americana, que eleva o preço da corrida conforme a demanda por carros supera a oferta em determinada região. VAI DE QUÊ? - Entenda os preços cobrados em cada categoria na cidade de São Paulo Segundo o mexicano Ricardo Weder, presidente da Cabify para a América Latina, a transparência nos preços, que são baseados apenas na distância e são informados aos passageiros antes da viagem, é uma das armas da empresa. A Cabify tem como principal financiadora a multinacional de comércio eletrônico japonesa Rakuten, que liderou um investimento de US$ 120 milhões na companhia em abril. O valor é uma fração do que o Uber captou. Na semana passada, o aplicativo recebeu investimento de US$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano da Arábia Saudita, o que levou o valor de mercado da empresa a US$ 62,5 bilhões. Outras apostas da Cabify são o trabalho próximo às prefeituras para discutir políticas que melhorem o ambiente regulatório para o serviço e seus clientes e uma busca por oferecer seleção e treinamento mais rigorosos do que os rivais, diz Weder. "Entendemos que a tecnologia evolui mais rápido do que a capacidade dos governos de criar políticas públicas. Por isso, mantemos um diálogo próximo para propor novas formas de regulação." Ele diz celebrar o fato de São Paulo ter uma legislação para o setor, mas afirma que ela precisará ser aperfeiçoada para garantir um mercado competitivo, que coíba a formação de monopólios. LEILÃO Sobre esse ponto, Daniel Beloya, que será o responsável pela Cabify no Brasil, diz que o sistema de leilão de créditos para permitir que as empresas desse novo segmento rodem regularmente em São Paulo pode beneficiar a de maior poder econômico. Pelo sistema criado pela prefeitura, cada quilômetro a ser percorrido em viagens dessas companhias deve ser comprado antecipadamente em um leilão. Da mesma forma como fazem os aplicativos para chamar táxi 99, Easy Taxi e Wappa, a Cabify promete atuar no mercado corporativo. Já a WillGo tem ferramenta que permite ao cliente marcar motoristas como favorito, dando liberdade para chamá-lo via app, mesmo que ele esteja distante. A empresa também permite o agendamento prévio das corridas com 48 horas de antecedência. O usuário tem à disposição cinco categorias de veículos, incluindo carros blindados e motoboys para entregas. A companhia não cobra comissão dos motoristas por corrida. Em vez disso, tem plano de assinaturas trimestral ou anual pagos por quem trabalha com o app. Eles saem por R$ 500 e R$ 350 por mês, respectivamente. Nenhuma das empresas informa quantos motoristas estão cadastrados em seus serviços. Weder diz que a Cabify recebeu inscrição de 10 mil interessados em atuar com a empresa, mas não revela quantos foram selecionados. A WillGo disse estar em operação em São Paulo, em Belo Horizonte, no Rio, em Brasília e em Porto Alegre. INIMIGO NÚMERO 1 Apesar do mercado competitivo em que está, Weder diz que o principal inimigo de sua empresa não são os táxis nem o Uber. Em vez disso, ele afirma querer desafiar a posse do automóvel. Nesta batalha, os outros serviços são complementares ao seu, diz. "Não faz sentido ter um carro para que ele fique parado 99% do tempo. E, quanto mais alternativas existirem no mercado, mais barato elas ficarão para o consumidor. Será cada vez mais eficiente usar a tecnologia em vez de ter um carro." TABELA Cada um dos serviços para chamar motoristas via aplicativos possui tabela de preços com valores diferentes para tempo e distância da viagem. Com isso, a melhor opção de transporte, do ponto de vista financeiro, depende da distância a ser percorrida e do trânsito. A Cabify, por exemplo, cobra do passageiro uma bandeirada de R$ 3 (horário de pico, como segunda à sexta entre as 6h e as 10h ou das 16h às 21h) ou R$ 0,50 (demais horários) e mais um valor por quilômetro rodado, sem levar em conta o tempo da viagem. Dessa forma, o serviço tende a ser mais barato quando o trânsito é mais pesado. Por exemplo: em uma corrida de 5 quilômetros feita em 15 minutos, o usuário da Cabify pagaria entre R$ 13 e R$ 15,50, enquanto o do Uber X gastaria R$ 10,90. Mas, se o mesmo trajeto fosse feito em meia hora, a viagem de Cabify custaria a mesma coisa, enquanto a de Uber sairia por R$ 16,80. O Uber X tem preço por quilômetro (R$ 1,40) e por hora (R$ 15,60) menores que o WillGo, o concorrente indiano. Como ponto positivo, a WillGo não trabalha com preços dinâmicos. Ou seja, não há o risco de o serviço estar inesperadamente mais caro quando mais se precisa dele. Para quem não está com pressa, o Uber também oferece a modalidade Pool, para dividir viagens com outros usuários. O valor da viagem dividida depende de fatores como o horário em que o usuário está pedindo o carro, lugar de partida e trajeto. Ele é calculado automaticamente considerando essas variáveis e tende a dar mais descontos no horário de pico. A economia em cada viagem pode ser de até 40% em relação ao Uber X, diz a empresa. O preço é informado pelo app antecipadamente. TÁXI Do ponto de vista financeiro, o táxi perde de todos os concorrentes. Seu principal atrativo é a velocidade. A categoria possui uma frota maior, o que aumenta as chances de o motorista chegar rápido (o Easy Taxi diz ter 38 mil motoristas cadastrados na cidade de São Paulo, enquanto a 99 tem 34 mil). Além disso, os táxis podem circular livremente em corredores de ônibus e com passageiros nas faixas exclusivas deles desde o mês de maio. Executivos dos principais aplicativos do setor dizem estar investindo nos táxis pretos, criados pela Prefeitura de SP em 2014 e chamados exclusivamente por aplicativos. Os veículos são mais luxuosos que o convencional. Por enquanto, as tarifas desse modelo são iguais às dos comuns na Easy Taxi e 15% menores na 99.
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Uber começa a enfrentar ameaça de serviços concorrentes em SPMenos de um mês depois de o prefeito Fernando Haddad (PT) regulamentar o serviço on-line de conexão entre motoristas e passageiros, como o do Uber, novos aplicativos chegam à cidade para competir nesse mercado. Nesta segunda-feira (6), o Cabify começa a funcionar em São Paulo. Desenvolvido na Espanha, tem motoristas em Portugal, no México, no Chile, no Peru e na Colômbia. A indiana WillGo também atua no Brasil desde o fim de abril. Seu aplicativo está disponível para celulares com sistema operacional Android. Cada uma dessas empresas segue uma tabela de preços diferentes da usada por Uber e táxis. Em comum, WillGo e Cabify deixam claro que não usam o mecanismo de precificação dinâmica adotado pela rival americana, que eleva o preço da corrida conforme a demanda por carros supera a oferta em determinada região. VAI DE QUÊ? - Entenda os preços cobrados em cada categoria na cidade de São Paulo Segundo o mexicano Ricardo Weder, presidente da Cabify para a América Latina, a transparência nos preços, que são baseados apenas na distância e são informados aos passageiros antes da viagem, é uma das armas da empresa. A Cabify tem como principal financiadora a multinacional de comércio eletrônico japonesa Rakuten, que liderou um investimento de US$ 120 milhões na companhia em abril. O valor é uma fração do que o Uber captou. Na semana passada, o aplicativo recebeu investimento de US$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano da Arábia Saudita, o que levou o valor de mercado da empresa a US$ 62,5 bilhões. Outras apostas da Cabify são o trabalho próximo às prefeituras para discutir políticas que melhorem o ambiente regulatório para o serviço e seus clientes e uma busca por oferecer seleção e treinamento mais rigorosos do que os rivais, diz Weder. "Entendemos que a tecnologia evolui mais rápido do que a capacidade dos governos de criar políticas públicas. Por isso, mantemos um diálogo próximo para propor novas formas de regulação." Ele diz celebrar o fato de São Paulo ter uma legislação para o setor, mas afirma que ela precisará ser aperfeiçoada para garantir um mercado competitivo, que coíba a formação de monopólios. LEILÃO Sobre esse ponto, Daniel Beloya, que será o responsável pela Cabify no Brasil, diz que o sistema de leilão de créditos para permitir que as empresas desse novo segmento rodem regularmente em São Paulo pode beneficiar a de maior poder econômico. Pelo sistema criado pela prefeitura, cada quilômetro a ser percorrido em viagens dessas companhias deve ser comprado antecipadamente em um leilão. Da mesma forma como fazem os aplicativos para chamar táxi 99, Easy Taxi e Wappa, a Cabify promete atuar no mercado corporativo. Já a WillGo tem ferramenta que permite ao cliente marcar motoristas como favorito, dando liberdade para chamá-lo via app, mesmo que ele esteja distante. A empresa também permite o agendamento prévio das corridas com 48 horas de antecedência. O usuário tem à disposição cinco categorias de veículos, incluindo carros blindados e motoboys para entregas. A companhia não cobra comissão dos motoristas por corrida. Em vez disso, tem plano de assinaturas trimestral ou anual pagos por quem trabalha com o app. Eles saem por R$ 500 e R$ 350 por mês, respectivamente. Nenhuma das empresas informa quantos motoristas estão cadastrados em seus serviços. Weder diz que a Cabify recebeu inscrição de 10 mil interessados em atuar com a empresa, mas não revela quantos foram selecionados. A WillGo disse estar em operação em São Paulo, em Belo Horizonte, no Rio, em Brasília e em Porto Alegre. INIMIGO NÚMERO 1 Apesar do mercado competitivo em que está, Weder diz que o principal inimigo de sua empresa não são os táxis nem o Uber. Em vez disso, ele afirma querer desafiar a posse do automóvel. Nesta batalha, os outros serviços são complementares ao seu, diz. "Não faz sentido ter um carro para que ele fique parado 99% do tempo. E, quanto mais alternativas existirem no mercado, mais barato elas ficarão para o consumidor. Será cada vez mais eficiente usar a tecnologia em vez de ter um carro." TABELA Cada um dos serviços para chamar motoristas via aplicativos possui tabela de preços com valores diferentes para tempo e distância da viagem. Com isso, a melhor opção de transporte, do ponto de vista financeiro, depende da distância a ser percorrida e do trânsito. A Cabify, por exemplo, cobra do passageiro uma bandeirada de R$ 3 (horário de pico, como segunda à sexta entre as 6h e as 10h ou das 16h às 21h) ou R$ 0,50 (demais horários) e mais um valor por quilômetro rodado, sem levar em conta o tempo da viagem. Dessa forma, o serviço tende a ser mais barato quando o trânsito é mais pesado. Por exemplo: em uma corrida de 5 quilômetros feita em 15 minutos, o usuário da Cabify pagaria entre R$ 13 e R$ 15,50, enquanto o do Uber X gastaria R$ 10,90. Mas, se o mesmo trajeto fosse feito em meia hora, a viagem de Cabify custaria a mesma coisa, enquanto a de Uber sairia por R$ 16,80. O Uber X tem preço por quilômetro (R$ 1,40) e por hora (R$ 15,60) menores que o WillGo, o concorrente indiano. Como ponto positivo, a WillGo não trabalha com preços dinâmicos. Ou seja, não há o risco de o serviço estar inesperadamente mais caro quando mais se precisa dele. Para quem não está com pressa, o Uber também oferece a modalidade Pool, para dividir viagens com outros usuários. O valor da viagem dividida depende de fatores como o horário em que o usuário está pedindo o carro, lugar de partida e trajeto. Ele é calculado automaticamente considerando essas variáveis e tende a dar mais descontos no horário de pico. A economia em cada viagem pode ser de até 40% em relação ao Uber X, diz a empresa. O preço é informado pelo app antecipadamente. TÁXI Do ponto de vista financeiro, o táxi perde de todos os concorrentes. Seu principal atrativo é a velocidade. A categoria possui uma frota maior, o que aumenta as chances de o motorista chegar rápido (o Easy Taxi diz ter 38 mil motoristas cadastrados na cidade de São Paulo, enquanto a 99 tem 34 mil). Além disso, os táxis podem circular livremente em corredores de ônibus e com passageiros nas faixas exclusivas deles desde o mês de maio. Executivos dos principais aplicativos do setor dizem estar investindo nos táxis pretos, criados pela Prefeitura de SP em 2014 e chamados exclusivamente por aplicativos. Os veículos são mais luxuosos que o convencional. Por enquanto, as tarifas desse modelo são iguais às dos comuns na Easy Taxi e 15% menores na 99.
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Leitor critica Donald Trump e diz que xenofobia não é a solução
ATENTADO NOS EUA Donald Trump dá um tiro no pé ao reiterar suas convicções islamofóbicas após o sangrento atentado em Orlando. Trump insiste em induzir o povo americano a acreditar que o combate eficaz ao terrorismo passa necessariamente pela xenofobia. Tolice fascistoide rasteira que o eleitorado saberá reconhecer. LUCIANO HARARY (São Paulo, SP) * O atentado em Orlando é o resultado de uma sociedade cada vez mais doente. Vimos nesse caso a homofobia, o fanatismo religioso e a facilidade em adquirir uma arma nos Estados Unidos. Os EUA irão escolher o próximo presidente, e Donald Trump representa bem essa onda conservadora que defende, entre outras plataformas, o uso de armas livremente e a discriminação contra minorias. Cabe ao eleitor decidir se quer curar essa doença chamada intolerância ou aceitá-la e banalizar a violência de vez. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) - OPERAÇÃO LAVA JATO Querem tirar seu discurso de combate a corrupção do vazio? Então deixem que Eduardo Cunha saia e leve com ele os outros também! É simples assim! RAFAEL DE MEDEIROS VASCONCELOS (Petrópolis, RJ) * Fiquei estarrecido em saber que o Brasil pretende construir submarinos nucleares. Um país quebrado, envolvido no maior esquema de corrupção do mundo e sem problemas de fronteiras quer submarino nuclear para quê? Para gerar mais corrupção? Basta ver a empresa envolvida no projeto e construção do dito submarino: Odebrecht. Este país é realmente um espanto ("Submarino nuclear traz novas suspeitas", "Poder", 13/6)! LUDOVICO POCKEL (São José do Rio Preto, SP) * A ignorância do eleitorado brasileiro é o pilar de sustentação dos políticos populistas e corruptos do país. JOSÉ AMORA MOREIRA (Uberaba, MG) * Apesar de contar com o apoio de 2 milhões de brasileiros, o projeto de lei de iniciativa popular "10 Medidas Contra a Corrupção" encontra-se parado na Câmara de Deputados. Sugiro que a Folha faça um levantamento do posicionamento dos deputados e senadores quanto a esse projeto de lei, nos moldes do que fez para o impeachment, e informe à sociedade brasileira. Quem é a favor? Quem é contra? Quem não se definiu? Quem não quis responder? MARCOS ALMEIDA PRADO LEFEVRE (Curitiba, PR) - BLOGS A respeito do artigo "Golpe contra liberdade de imprensa", do jornalista Breno Altman, pergunto: por que blogs de internet, seja lá qual for a orientação política ou ideológica, precisam ser sustentados por dinheiro público? O que os impede de sair em busca de outros patrocinadores e anunciantes? Está mais do que na hora de todos eles abrirem mão da mesada pública, arregaçar as mangas e sobreviver por conta própria. MARIA THEREZA MARTINS (São Paulo, SP) * O pior dos atentados à democracia é o que ocorre de forma sutil, construído na surdina. Breno Altman nos alerta sobre o que está acontecendo com a privação da plena liberdade de expressão, lenta, mas de forma constante e eficiente. Muitos dos comentários ao artigo são de chacota, reforçando que a tese do blogueiro está correta. Tristes tópicos em pauta, parodiando o filósofo. ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Campinas, SP) - 'CULTURA DO ESTUPRO' Para não ofender, direi apenas que Reinaldo Azevedo, em sua réplica à ombudsman, praticou uma inversão de juízos. Logo ele, o mais grosseiro e intolerante dos colunistas da Folha, acusar quem quer que seja com tais adjetivos. É, no mínimo, uma piada. JOSÉ PAULO SCHNEIDER (Rio de Janeiro, RJ) - FÓRMULA 1 Incrível. Nenhuma palavra sobre a fórmula 1 nesta segunda-feira (13) na Folha. Essa é mais uma razão para abandonarmos efetivamente a versão impressa dos jornais. LUIZ ANTÔNIO PEREIRA DE SOUZA (São Paulo, SP) - COPA AMÉRICA Jogando o futebol medíocre que já se tornou uma característica de nossa seleção, o time brasileiro perdeu mais uma e está fora da Copa América. Tomou um gol feito com a ajuda da mão do adversário e nossa mídia corporativista, subserviente aos grandes patrocinadores, está reclamando muito e à toa. Se a seleção tivesse jogado bem, não teria perdido. TOMAZ DE AQUINO DOS SANTOS (Piracicaba, SP) * E agora, quem acredita no técnico Dunga? Quem foi que o colocou lá? JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA (Viçosa, MG) * Não há discussão sobre o escandaloso gol de braço feito pelo boleiro peruano, causador da derrota e eliminação da seleção brasileira da Copa América. Decepção total! LAÉRCIO ZANINI (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Como umbandista e conhecedor do enorme preconceito que vêm sofrendo as religiões de matrizes africanas, como o candomblé e a umbanda, é alentador quando um estudante e profundo conhecedor da religiões (Luiz Felipe Pondé ) cita com conhecimento a atuação do guia de umbanda Exu. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) * Eu leio com muito gosto os colunistas do jornal, aprecio as opiniões diversas. Mas, infelizmente, o texto "A condição do gosto", do filósofo Luiz Felipe Pondé, é extremamente confuso e não contribuiu em nada com o tema. FELIPE LUIZ GOMES E SILVA (São Carlos, SP) * Engraçado como entre as coisas ruins do mundo elencadas por Gregório Duvivier em sua coluna constem Bolsonaro, Trump e Temer, mas não Dilma ou algum "progressista" envolvido na Lava Jato. BENI SUTIAK (São Paulo, SP) - CORREIOS Sobre a coluna "Nova governança", Esclarecermos que em nossa gestão os Correios continuaram admirados – a Folha nos concedeu em 2014 e 2015 o prêmio Top of Mind na categoria Serviço de Entrega de Encomendas. Pesquisa divulgada em 2015 apontou 98% de satisfação ou muita satisfação com atendimento em agência e 96% com entrega em domicílio. Os mais de 400 cargos de confiança eram ocupados por pessoal de carreira; a diretoria, como na gestão PSDB, era de livre nomeação. Aprovamos novo estatuto para o Postalis, com melhoria como a eleição de diretores. WAGNER PINHEIRO DE OLIVEIRA, ex-presidente dos Correios (Rio de Janeiro, RJ) - GREVE NA USP O mantra da eficiência esconde que, na sociedade, há uma grande disputa sobre o que é "necessário". O artigo de Samuel Pessôa é só uma variação do mesmo tema. Há anos o colunista defende cobrança de mensalidades, loteamento de espaços físicos, redução das pesquisas a venda de serviços etc. A novidade é que agora ele coloca a culpa na "crise". Ora, a USP só está em crise porque há décadas o compromisso do governo estadual com ela tem sido nulo! CÉSAR MINTO, professor e presidente da Associação de Docentes da USP (São Paulo, SP) - * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Leitor critica Donald Trump e diz que xenofobia não é a soluçãoATENTADO NOS EUA Donald Trump dá um tiro no pé ao reiterar suas convicções islamofóbicas após o sangrento atentado em Orlando. Trump insiste em induzir o povo americano a acreditar que o combate eficaz ao terrorismo passa necessariamente pela xenofobia. Tolice fascistoide rasteira que o eleitorado saberá reconhecer. LUCIANO HARARY (São Paulo, SP) * O atentado em Orlando é o resultado de uma sociedade cada vez mais doente. Vimos nesse caso a homofobia, o fanatismo religioso e a facilidade em adquirir uma arma nos Estados Unidos. Os EUA irão escolher o próximo presidente, e Donald Trump representa bem essa onda conservadora que defende, entre outras plataformas, o uso de armas livremente e a discriminação contra minorias. Cabe ao eleitor decidir se quer curar essa doença chamada intolerância ou aceitá-la e banalizar a violência de vez. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) - OPERAÇÃO LAVA JATO Querem tirar seu discurso de combate a corrupção do vazio? Então deixem que Eduardo Cunha saia e leve com ele os outros também! É simples assim! RAFAEL DE MEDEIROS VASCONCELOS (Petrópolis, RJ) * Fiquei estarrecido em saber que o Brasil pretende construir submarinos nucleares. Um país quebrado, envolvido no maior esquema de corrupção do mundo e sem problemas de fronteiras quer submarino nuclear para quê? Para gerar mais corrupção? Basta ver a empresa envolvida no projeto e construção do dito submarino: Odebrecht. Este país é realmente um espanto ("Submarino nuclear traz novas suspeitas", "Poder", 13/6)! LUDOVICO POCKEL (São José do Rio Preto, SP) * A ignorância do eleitorado brasileiro é o pilar de sustentação dos políticos populistas e corruptos do país. JOSÉ AMORA MOREIRA (Uberaba, MG) * Apesar de contar com o apoio de 2 milhões de brasileiros, o projeto de lei de iniciativa popular "10 Medidas Contra a Corrupção" encontra-se parado na Câmara de Deputados. Sugiro que a Folha faça um levantamento do posicionamento dos deputados e senadores quanto a esse projeto de lei, nos moldes do que fez para o impeachment, e informe à sociedade brasileira. Quem é a favor? Quem é contra? Quem não se definiu? Quem não quis responder? MARCOS ALMEIDA PRADO LEFEVRE (Curitiba, PR) - BLOGS A respeito do artigo "Golpe contra liberdade de imprensa", do jornalista Breno Altman, pergunto: por que blogs de internet, seja lá qual for a orientação política ou ideológica, precisam ser sustentados por dinheiro público? O que os impede de sair em busca de outros patrocinadores e anunciantes? Está mais do que na hora de todos eles abrirem mão da mesada pública, arregaçar as mangas e sobreviver por conta própria. MARIA THEREZA MARTINS (São Paulo, SP) * O pior dos atentados à democracia é o que ocorre de forma sutil, construído na surdina. Breno Altman nos alerta sobre o que está acontecendo com a privação da plena liberdade de expressão, lenta, mas de forma constante e eficiente. Muitos dos comentários ao artigo são de chacota, reforçando que a tese do blogueiro está correta. Tristes tópicos em pauta, parodiando o filósofo. ADILSON ROBERTO GONÇALVES (Campinas, SP) - 'CULTURA DO ESTUPRO' Para não ofender, direi apenas que Reinaldo Azevedo, em sua réplica à ombudsman, praticou uma inversão de juízos. Logo ele, o mais grosseiro e intolerante dos colunistas da Folha, acusar quem quer que seja com tais adjetivos. É, no mínimo, uma piada. JOSÉ PAULO SCHNEIDER (Rio de Janeiro, RJ) - FÓRMULA 1 Incrível. Nenhuma palavra sobre a fórmula 1 nesta segunda-feira (13) na Folha. Essa é mais uma razão para abandonarmos efetivamente a versão impressa dos jornais. LUIZ ANTÔNIO PEREIRA DE SOUZA (São Paulo, SP) - COPA AMÉRICA Jogando o futebol medíocre que já se tornou uma característica de nossa seleção, o time brasileiro perdeu mais uma e está fora da Copa América. Tomou um gol feito com a ajuda da mão do adversário e nossa mídia corporativista, subserviente aos grandes patrocinadores, está reclamando muito e à toa. Se a seleção tivesse jogado bem, não teria perdido. TOMAZ DE AQUINO DOS SANTOS (Piracicaba, SP) * E agora, quem acredita no técnico Dunga? Quem foi que o colocou lá? JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA (Viçosa, MG) * Não há discussão sobre o escandaloso gol de braço feito pelo boleiro peruano, causador da derrota e eliminação da seleção brasileira da Copa América. Decepção total! LAÉRCIO ZANINI (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Como umbandista e conhecedor do enorme preconceito que vêm sofrendo as religiões de matrizes africanas, como o candomblé e a umbanda, é alentador quando um estudante e profundo conhecedor da religiões (Luiz Felipe Pondé ) cita com conhecimento a atuação do guia de umbanda Exu. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) * Eu leio com muito gosto os colunistas do jornal, aprecio as opiniões diversas. Mas, infelizmente, o texto "A condição do gosto", do filósofo Luiz Felipe Pondé, é extremamente confuso e não contribuiu em nada com o tema. FELIPE LUIZ GOMES E SILVA (São Carlos, SP) * Engraçado como entre as coisas ruins do mundo elencadas por Gregório Duvivier em sua coluna constem Bolsonaro, Trump e Temer, mas não Dilma ou algum "progressista" envolvido na Lava Jato. BENI SUTIAK (São Paulo, SP) - CORREIOS Sobre a coluna "Nova governança", Esclarecermos que em nossa gestão os Correios continuaram admirados – a Folha nos concedeu em 2014 e 2015 o prêmio Top of Mind na categoria Serviço de Entrega de Encomendas. Pesquisa divulgada em 2015 apontou 98% de satisfação ou muita satisfação com atendimento em agência e 96% com entrega em domicílio. Os mais de 400 cargos de confiança eram ocupados por pessoal de carreira; a diretoria, como na gestão PSDB, era de livre nomeação. Aprovamos novo estatuto para o Postalis, com melhoria como a eleição de diretores. WAGNER PINHEIRO DE OLIVEIRA, ex-presidente dos Correios (Rio de Janeiro, RJ) - GREVE NA USP O mantra da eficiência esconde que, na sociedade, há uma grande disputa sobre o que é "necessário". O artigo de Samuel Pessôa é só uma variação do mesmo tema. Há anos o colunista defende cobrança de mensalidades, loteamento de espaços físicos, redução das pesquisas a venda de serviços etc. A novidade é que agora ele coloca a culpa na "crise". Ora, a USP só está em crise porque há décadas o compromisso do governo estadual com ela tem sido nulo! CÉSAR MINTO, professor e presidente da Associação de Docentes da USP (São Paulo, SP) - * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Leitor relaciona demissões de técnicos com atraso do futebol brasileiro
Em relação à "dança dos técnicos", Juca Kfouri foi muito bem (Dureza contra Honduras). Em 2011, quando o Corinthians manteve Tite após a derrota para o Tolima e depois venceu tudo em 2012, eu achei que nossos cartolas aprenderiam. Só que não, infelizmente. Gol da Alemanha. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor relaciona demissões de técnicos com atraso do futebol brasileiroEm relação à "dança dos técnicos", Juca Kfouri foi muito bem (Dureza contra Honduras). Em 2011, quando o Corinthians manteve Tite após a derrota para o Tolima e depois venceu tudo em 2012, eu achei que nossos cartolas aprenderiam. Só que não, infelizmente. Gol da Alemanha. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Programa do PT é alvo de 'panelaço' em pelo menos dez Estados e DF
O programa nacional do PT, exibido na noite desta terça-feira (5) em rede nacional de televisão e rádio, foi alvo de protestos em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Recife. Leia a reportagem
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Programa do PT é alvo de 'panelaço' em pelo menos dez Estados e DFO programa nacional do PT, exibido na noite desta terça-feira (5) em rede nacional de televisão e rádio, foi alvo de protestos em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Recife. Leia a reportagem
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Expo Noivas, Casacor e Virada Cultural são destaques no calendário de eventos de SP
DE SÃO PAULO Confira uma lista com alguns dos maiores eventos que estão por vir em 2017. * ABRIL Expo Noivas & Festas - 28/04 a 1º/5 e 12 a 5/10 É a maior feira do gênero no Brasil, com empresas (bufês, ateliês, confeitarias, gráficas etc.) e profissionais especializados (fotógrafos, DJs, artesãos e estilistas, entre outros) exponoivas.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Ingresso: R$ 30 MAIO Virada Cultural - 20 e 21/05 Em sua 13ª edição, traz shows, saraus, peças de teatro e outras atividades gratuitas durante 24 horas viradacultural.prefeitura.sp.gov.br. Em diferentes pontos da cidade Casacor - 23/05 a 23/07 Mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo com profissionais renomados casacor.abril.com.br. Jockey Club (jockeysp.com.br ) * JUNHO ExpoVinis - 6 a 8/6 Ponto de encontro para amantes de vinhos e enólogos. Traz as principais novidades do setor expovinis.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br). Ingressos a partir de R$ 100 Parada Gay - 18/06 Reúne a comunidade LGBT e simpatizantes em uma celebração à diversidade. O tema deste ano será "Independente de Nossas Crenças, Nenhuma Religião é Lei! Todas e Todos por um Estado Laico" paradasp.org.br. Avenida Paulista. Aberto ao público * JULHO Francal - 2 a 5/07 Feira internacional da moda em calçado e acessórios. Em sua 49ª edição, apresenta novidades e tendências do segmento francal.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Credenciamento no site * SETEMBRO Beauty Fair - 9 a 12/9 Voltada exclusivamente para profissionais e comerciantes do setor de beleza, a maior feira do segmento das Américas reúne cabeleireiros, maquiadores, esteticistas, manicures e barbeiros, entre outros profissionais Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Credenciamento no site beautyfair.com.br * OUTUBRO Expomusic - 5 a 10/10 Expõe novidades do mercado da música e organiza uma programação com shows e bate-papos expomusic.com.br. Anhembi (anhembi.com.br). Valor não definido Brasil Game Show - 11 a 15/10 Apresenta campeonatos, lançamentos de jogos e bate-papo com youtubers famosos brasilgameshow.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Ingressos a partir de R$ 5 Mostra Internacional de Cinema - 19/10 a 1º/11 Em sua 41ª edição, exibe um bom panorama da produção cinematográfica contemporânea mundial Em diferentes pontos da cidade. mostra.org. Ingressos serão divulgados no site * NOVEMBRO GP de Interlagos - 13/11 Desde 1972, a cidade sedia uma etapa do campeonato mundial de Fórmula 1, atraindo amantes da velocidade gpbrasil.com.br. Autódromo de Interlagos (autodromodeinterlagos.com.br). Ingressos a partir de R$ 580 * DEZEMBRO Comic Con Experience - 7 a 10/12 O evento de cultura pop reúne as principais áreas de entretenimento: videogame, quadrinhos, filmes e séries ccxp.com.br. São Paulo Expo (saopauloexpo.com.br). Ingressos não divulgados
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Expo Noivas, Casacor e Virada Cultural são destaques no calendário de eventos de SPDE SÃO PAULO Confira uma lista com alguns dos maiores eventos que estão por vir em 2017. * ABRIL Expo Noivas & Festas - 28/04 a 1º/5 e 12 a 5/10 É a maior feira do gênero no Brasil, com empresas (bufês, ateliês, confeitarias, gráficas etc.) e profissionais especializados (fotógrafos, DJs, artesãos e estilistas, entre outros) exponoivas.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Ingresso: R$ 30 MAIO Virada Cultural - 20 e 21/05 Em sua 13ª edição, traz shows, saraus, peças de teatro e outras atividades gratuitas durante 24 horas viradacultural.prefeitura.sp.gov.br. Em diferentes pontos da cidade Casacor - 23/05 a 23/07 Mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo com profissionais renomados casacor.abril.com.br. Jockey Club (jockeysp.com.br ) * JUNHO ExpoVinis - 6 a 8/6 Ponto de encontro para amantes de vinhos e enólogos. Traz as principais novidades do setor expovinis.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br). Ingressos a partir de R$ 100 Parada Gay - 18/06 Reúne a comunidade LGBT e simpatizantes em uma celebração à diversidade. O tema deste ano será "Independente de Nossas Crenças, Nenhuma Religião é Lei! Todas e Todos por um Estado Laico" paradasp.org.br. Avenida Paulista. Aberto ao público * JULHO Francal - 2 a 5/07 Feira internacional da moda em calçado e acessórios. Em sua 49ª edição, apresenta novidades e tendências do segmento francal.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Credenciamento no site * SETEMBRO Beauty Fair - 9 a 12/9 Voltada exclusivamente para profissionais e comerciantes do setor de beleza, a maior feira do segmento das Américas reúne cabeleireiros, maquiadores, esteticistas, manicures e barbeiros, entre outros profissionais Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Credenciamento no site beautyfair.com.br * OUTUBRO Expomusic - 5 a 10/10 Expõe novidades do mercado da música e organiza uma programação com shows e bate-papos expomusic.com.br. Anhembi (anhembi.com.br). Valor não definido Brasil Game Show - 11 a 15/10 Apresenta campeonatos, lançamentos de jogos e bate-papo com youtubers famosos brasilgameshow.com.br. Expo Center Norte (expocenternorte.com.br ). Ingressos a partir de R$ 5 Mostra Internacional de Cinema - 19/10 a 1º/11 Em sua 41ª edição, exibe um bom panorama da produção cinematográfica contemporânea mundial Em diferentes pontos da cidade. mostra.org. Ingressos serão divulgados no site * NOVEMBRO GP de Interlagos - 13/11 Desde 1972, a cidade sedia uma etapa do campeonato mundial de Fórmula 1, atraindo amantes da velocidade gpbrasil.com.br. Autódromo de Interlagos (autodromodeinterlagos.com.br). Ingressos a partir de R$ 580 * DEZEMBRO Comic Con Experience - 7 a 10/12 O evento de cultura pop reúne as principais áreas de entretenimento: videogame, quadrinhos, filmes e séries ccxp.com.br. São Paulo Expo (saopauloexpo.com.br). Ingressos não divulgados
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Oposição vai pedir a ministro garantia de segurança a manifestantes
A oposição vai pedir ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para garantir a "integridade" dos manifestantes que vão participar de atos políticos marcados para o próximo domingo. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que vai encaminhar ofício ao ministro com o pedido para que o governo federal ofereça segurança à população que for às ruas protestar em diversas capitais do país. Os oposicionistas acusam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter incitado o MST (Movimento dos Sem-Terra) a defender o PT e o governo nas ruas, o que pode gerar confronto entre manifestantes contrários e favoráveis à presidente Dilma Rousseff. "Por que ele botou o MST antecipando o "abril vermelho" para agora? É intenção dele tentar o quê? Intimidar as pessoas que querem ir às ruas domingo. Para elas pensarem: como vou levar meus filhos, familiares, sendo que existe uma predisposição desses vândalos", disse Caiado. Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que Lula mobilizou o MST em "tom ameaçador" para intimidar os manifestantes. "Se o exército do MST, do Stédile [João Pedro Stédile, líder do MST], avançar, o exército do povo brasileiro vai avançar também, porque não haverá recuo. Nós não vamos permitir que tenhamos, neste instante, à base de métodos que não são aprovados pela maioria esmagadora dos brasileiros, a prevalência de um pensamento político à base da força", disse o tucano. Cunha Lima e Caiado prometeram participar das manifestações marcadas para domingo ao lado de seus familiares. O tucano disse que respeita a decisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de se ausentar dos atos de domingo por considerar que o PSDB seria acusado de promover "terceiro turno" das eleições –já que o tucano foi derrotado por Dilma em 2014. "Como ele disputou a eleição e por muito pouco não foi o eleito à Presidência da República, a presença dele pode ser confundida como um aproveitamento político de um movimento que é apartidário." PETROLÃO Da tribuna do Senado, Caiado cobrou que a presidente Dilma seja investigada no petrolão por ser ex-ministra de Minas e Energia e integrantes do Conselho de Administração da Petrobras. Na opinião do oposicionista, Dilma não pode ser responsabilizada criminalmente por ser presidente, mas não tem a prerrogativa de deixar de ser investigada. "A Constituição é bem clara: responsabilizar é uma coisa, investigar é outra. Na Constituição não existe nenhum artigo que impeça investigação de qualquer agente público como tal", disse. Caiado sustenta que Dilma foi citada 11 vezes nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e manteve a diretoria da estatal. Apesar das críticas a Dilma, a oposição é cautelosa em relação a um eventual pedido de impeachment contra a petista. Parte dos atos marcados de domingo têm como mote o "Fora Dilma". "Precisamos iniciar a investigação para, aí sim, após a constatação do fato, possamos caminhar para abertura de processo [contra Dilma]", disse Caiado. Mapa dos protestos de março de 2015; Crédito Rubens Fernando/Editoria de arte/Folhapress
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Oposição vai pedir a ministro garantia de segurança a manifestantesA oposição vai pedir ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para garantir a "integridade" dos manifestantes que vão participar de atos políticos marcados para o próximo domingo. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que vai encaminhar ofício ao ministro com o pedido para que o governo federal ofereça segurança à população que for às ruas protestar em diversas capitais do país. Os oposicionistas acusam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter incitado o MST (Movimento dos Sem-Terra) a defender o PT e o governo nas ruas, o que pode gerar confronto entre manifestantes contrários e favoráveis à presidente Dilma Rousseff. "Por que ele botou o MST antecipando o "abril vermelho" para agora? É intenção dele tentar o quê? Intimidar as pessoas que querem ir às ruas domingo. Para elas pensarem: como vou levar meus filhos, familiares, sendo que existe uma predisposição desses vândalos", disse Caiado. Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que Lula mobilizou o MST em "tom ameaçador" para intimidar os manifestantes. "Se o exército do MST, do Stédile [João Pedro Stédile, líder do MST], avançar, o exército do povo brasileiro vai avançar também, porque não haverá recuo. Nós não vamos permitir que tenhamos, neste instante, à base de métodos que não são aprovados pela maioria esmagadora dos brasileiros, a prevalência de um pensamento político à base da força", disse o tucano. Cunha Lima e Caiado prometeram participar das manifestações marcadas para domingo ao lado de seus familiares. O tucano disse que respeita a decisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de se ausentar dos atos de domingo por considerar que o PSDB seria acusado de promover "terceiro turno" das eleições –já que o tucano foi derrotado por Dilma em 2014. "Como ele disputou a eleição e por muito pouco não foi o eleito à Presidência da República, a presença dele pode ser confundida como um aproveitamento político de um movimento que é apartidário." PETROLÃO Da tribuna do Senado, Caiado cobrou que a presidente Dilma seja investigada no petrolão por ser ex-ministra de Minas e Energia e integrantes do Conselho de Administração da Petrobras. Na opinião do oposicionista, Dilma não pode ser responsabilizada criminalmente por ser presidente, mas não tem a prerrogativa de deixar de ser investigada. "A Constituição é bem clara: responsabilizar é uma coisa, investigar é outra. Na Constituição não existe nenhum artigo que impeça investigação de qualquer agente público como tal", disse. Caiado sustenta que Dilma foi citada 11 vezes nas delações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e manteve a diretoria da estatal. Apesar das críticas a Dilma, a oposição é cautelosa em relação a um eventual pedido de impeachment contra a petista. Parte dos atos marcados de domingo têm como mote o "Fora Dilma". "Precisamos iniciar a investigação para, aí sim, após a constatação do fato, possamos caminhar para abertura de processo [contra Dilma]", disse Caiado. Mapa dos protestos de março de 2015; Crédito Rubens Fernando/Editoria de arte/Folhapress
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Atila Roque: Direitos humanos, utopia brasileira
O Brasil vive momento crucial: nos últimos 30 anos, tivemos progresso notável ao emergir da ditadura para a democracia. Uma sociedade civil ativa –que inclui movimentos sociais, coletivos de juventude, grupos culturais de diferentes territórios de nossas cidades e entidades de defesa dos direitos humanos– sempre foi elemento fundamental nesse processo. Entretanto, apesar dos avanços conquistados em termos de redução da pobreza extrema, continuamos convivendo com um deficit de justiça que compromete o futuro. A proteção e realização de direitos segue uma lógica seletiva, que exclui parcelas de nossa sociedade. A agenda de direitos humanos é a principal fronteira a ser expandida e consolidada nos próximos anos. Os desafios são muitos, mas há dois temas que, na perspectiva da Anistia Internacional, poderão nos ajudar a avançar na equalização da democracia, do desenvolvimento e dos direitos humanos no país. O primeiro diz respeito a um certo desenvolvimentismo que tem sido usado para justificar o atropelo dos direitos de povos indígenas, populações quilombolas e urbanas impactadas por planos modernizantes. Temos graves violações de direitos e crimes ambientais de consequências irreversíveis. O preço tem sido alto e comunidades tradicionais e indígenas vivem riscos de retrocesso em conquistas constitucionais essenciais, sob ataque de grandes interesses econômicos ligados aos mais diversos setores, especialmente aqueles compreendidos pelo agronegócio. Não se trata de demonizar interesses econômicos ou negar importância à busca por aumento de produtividade, crescimento e outras aspirações importantes, mas de garantir que isso não seja feito às custas de violações de direitos. O segundo tema abrange os sistemas de Justiça e segurança pública. O Brasil se encontra entre os piores do mundo, mesmo que tenhamos legislação suficiente para estabelecer as bases de um sistema que garanta os direitos de todas as pessoas. Mas o que vemos são sistemas que aplicam pesos e medidas diferenciados de acordo com a origem e cor, local de moradia ou classe social dos cidadãos. Nos últimos dez anos, por exemplo, a violência letal entre os jovens brancos caiu 32,3% e entre os negros subiu 32,4%. Ou seja, os homicídios de jovens negros é um dos principais pilares que sustentam o alto índice de assassinatos. Apenas em 2012, um total de 56 mil pessoas foram vítimas de homicídio. O outro pilar é a indiferença com a qual a sociedade e o Estado tratam essas mortes. Uma parte significativa da letalidade decorre de ações da Polícia Militar, que está entre as que mais mata e morre no mundo. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que 490 policiais tiveram mortes violentas em 2013. Entre 2009 e 2011, foram 1.770 policiais vitimados. Cerca de 75% foram mortos fora do horário de serviço. Enquanto a segurança pública e os profissionais que atuam nessa área não forem reconhecidos como prioridade na defesa e garantia dos direitos humanos, continuaremos a conviver com esse estado de verdadeira epidemia de violência. Esses são pontos de uma agenda de mudanças pela qual vale a pena mobilizar recursos, energia e paixão. ATILA ROQUE, 54, historiador, é diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Atila Roque: Direitos humanos, utopia brasileiraO Brasil vive momento crucial: nos últimos 30 anos, tivemos progresso notável ao emergir da ditadura para a democracia. Uma sociedade civil ativa –que inclui movimentos sociais, coletivos de juventude, grupos culturais de diferentes territórios de nossas cidades e entidades de defesa dos direitos humanos– sempre foi elemento fundamental nesse processo. Entretanto, apesar dos avanços conquistados em termos de redução da pobreza extrema, continuamos convivendo com um deficit de justiça que compromete o futuro. A proteção e realização de direitos segue uma lógica seletiva, que exclui parcelas de nossa sociedade. A agenda de direitos humanos é a principal fronteira a ser expandida e consolidada nos próximos anos. Os desafios são muitos, mas há dois temas que, na perspectiva da Anistia Internacional, poderão nos ajudar a avançar na equalização da democracia, do desenvolvimento e dos direitos humanos no país. O primeiro diz respeito a um certo desenvolvimentismo que tem sido usado para justificar o atropelo dos direitos de povos indígenas, populações quilombolas e urbanas impactadas por planos modernizantes. Temos graves violações de direitos e crimes ambientais de consequências irreversíveis. O preço tem sido alto e comunidades tradicionais e indígenas vivem riscos de retrocesso em conquistas constitucionais essenciais, sob ataque de grandes interesses econômicos ligados aos mais diversos setores, especialmente aqueles compreendidos pelo agronegócio. Não se trata de demonizar interesses econômicos ou negar importância à busca por aumento de produtividade, crescimento e outras aspirações importantes, mas de garantir que isso não seja feito às custas de violações de direitos. O segundo tema abrange os sistemas de Justiça e segurança pública. O Brasil se encontra entre os piores do mundo, mesmo que tenhamos legislação suficiente para estabelecer as bases de um sistema que garanta os direitos de todas as pessoas. Mas o que vemos são sistemas que aplicam pesos e medidas diferenciados de acordo com a origem e cor, local de moradia ou classe social dos cidadãos. Nos últimos dez anos, por exemplo, a violência letal entre os jovens brancos caiu 32,3% e entre os negros subiu 32,4%. Ou seja, os homicídios de jovens negros é um dos principais pilares que sustentam o alto índice de assassinatos. Apenas em 2012, um total de 56 mil pessoas foram vítimas de homicídio. O outro pilar é a indiferença com a qual a sociedade e o Estado tratam essas mortes. Uma parte significativa da letalidade decorre de ações da Polícia Militar, que está entre as que mais mata e morre no mundo. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que 490 policiais tiveram mortes violentas em 2013. Entre 2009 e 2011, foram 1.770 policiais vitimados. Cerca de 75% foram mortos fora do horário de serviço. Enquanto a segurança pública e os profissionais que atuam nessa área não forem reconhecidos como prioridade na defesa e garantia dos direitos humanos, continuaremos a conviver com esse estado de verdadeira epidemia de violência. Esses são pontos de uma agenda de mudanças pela qual vale a pena mobilizar recursos, energia e paixão. ATILA ROQUE, 54, historiador, é diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Parlamentarismo pode ser solução para crise política no Brasil? Sim
SISTEMA MAIS FLEXÍVEL E DINÂMICO A grave crise política que toma conta do Brasil possui diversos fatores: econômicos, financeiros, políticos, eleitorais e até mesmo criminais. É temerário crer que existam soluções simples para problemas complexos. Não há dúvida, porém, de que a rigidez do sistema presidencialista seja um obstáculo à superação da crise. O Senado Federal aprovou a criação de uma comissão especial para debater o tema e formular uma proposta de sistema de governo de matriz parlamentarista. Essa comissão foi temporariamente suspensa para que o tema, tão importante para o futuro do país, não seja contaminado pela conjuntura política atual. Prevalece a opinião de que qualquer proposta, depois de promulgada pelo Congresso Nacional, deverá ser submetida a referendo popular. A ideia é que o novo sistema entre em vigor a partir do próximo pleito presidencial. O semipresidencialismo, como é chamado o sistema misto que combina características parlamentares e presidenciais, parece adequado ao Brasil. O presidente da República, chefe de Estado, continua sendo eleito diretamente pelo povo e mantém poderes efetivos de participação nas questões políticas e governamentais. No entanto, não concentra tantos poderes como no regime presidencialista. A direção geral do governo cabe ao primeiro-ministro, chefe de governo, nomeado pelo presidente com base na composição majoritária do Congresso. Há uma interdependência entre os Poderes Executivo e Legislativo. De um lado, a sustentação do governo depende do apoio da maioria parlamentar; de outro, a falta de apoio às políticas formuladas pelo Executivo pode levar, em determinadas circunstâncias, à dissolução da Câmara e à convocação de novas eleições parlamentares. Nesse caso, o povo será chamado a escolher outra Câmara, que terá influência decisiva na formação do novo governo. Esse desenho político-institucional tem muitas vantagens. É mais flexível, dinâmico e adaptável às circunstâncias econômicas, políticas e sociais. Permite a troca de governos ineficientes e impopulares de forma mais ágil, sem o risco de rupturas institucionais ou a ocorrência de processos traumáticos, como o impeachment. A alternância de poder ocorre naturalmente, sem sobressaltos e sem a rigidez de um prazo fixo para o mandato do governo. O sistema exige de parlamentares e partidos políticos, inclusive da oposição, consistência, responsabilidade com os assuntos governamentais e trabalho de modo mais construtivo. Isso porque, na iminência de uma demissão do governo ou de uma nova composição parlamentar, todos devem estar prontos para assumir o poder. O semipresidencialismo pode, perfeitamente, ser desenhado para dar mais estabilidade ao exercício do poder. Há instrumentos jurídicos e políticos para isso, como a "moção de censura construtiva", que existe em outros países, além de limitações temporais e materiais ao exercício dos poderes de demissão do governo e de dissolução da Câmara dos Deputados. É evidente que crises surgem no presidencialismo e no parlamentarismo. Não se resolvem apenas pela virtude interna de um ou de outro sistema político. O parlamentarismo é um sistema evolutivo, que vai se consolidando com a prática e o fortalecimento da democracia. Se é verdade que as regras, sozinhas, não moldam instituições, também é certo que elas podem ser reformadas para que assegurem, cada vez mais, os princípios que estruturam o Estado democrático, como os da transparência, estabilidade e legitimidade. ANTONIO CARLOS VALADARES, 72, é senador (PSB/SE), líder do PSB no Senado Federal. Foi governador de Sergipe (1987-1991) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Parlamentarismo pode ser solução para crise política no Brasil? SimSISTEMA MAIS FLEXÍVEL E DINÂMICO A grave crise política que toma conta do Brasil possui diversos fatores: econômicos, financeiros, políticos, eleitorais e até mesmo criminais. É temerário crer que existam soluções simples para problemas complexos. Não há dúvida, porém, de que a rigidez do sistema presidencialista seja um obstáculo à superação da crise. O Senado Federal aprovou a criação de uma comissão especial para debater o tema e formular uma proposta de sistema de governo de matriz parlamentarista. Essa comissão foi temporariamente suspensa para que o tema, tão importante para o futuro do país, não seja contaminado pela conjuntura política atual. Prevalece a opinião de que qualquer proposta, depois de promulgada pelo Congresso Nacional, deverá ser submetida a referendo popular. A ideia é que o novo sistema entre em vigor a partir do próximo pleito presidencial. O semipresidencialismo, como é chamado o sistema misto que combina características parlamentares e presidenciais, parece adequado ao Brasil. O presidente da República, chefe de Estado, continua sendo eleito diretamente pelo povo e mantém poderes efetivos de participação nas questões políticas e governamentais. No entanto, não concentra tantos poderes como no regime presidencialista. A direção geral do governo cabe ao primeiro-ministro, chefe de governo, nomeado pelo presidente com base na composição majoritária do Congresso. Há uma interdependência entre os Poderes Executivo e Legislativo. De um lado, a sustentação do governo depende do apoio da maioria parlamentar; de outro, a falta de apoio às políticas formuladas pelo Executivo pode levar, em determinadas circunstâncias, à dissolução da Câmara e à convocação de novas eleições parlamentares. Nesse caso, o povo será chamado a escolher outra Câmara, que terá influência decisiva na formação do novo governo. Esse desenho político-institucional tem muitas vantagens. É mais flexível, dinâmico e adaptável às circunstâncias econômicas, políticas e sociais. Permite a troca de governos ineficientes e impopulares de forma mais ágil, sem o risco de rupturas institucionais ou a ocorrência de processos traumáticos, como o impeachment. A alternância de poder ocorre naturalmente, sem sobressaltos e sem a rigidez de um prazo fixo para o mandato do governo. O sistema exige de parlamentares e partidos políticos, inclusive da oposição, consistência, responsabilidade com os assuntos governamentais e trabalho de modo mais construtivo. Isso porque, na iminência de uma demissão do governo ou de uma nova composição parlamentar, todos devem estar prontos para assumir o poder. O semipresidencialismo pode, perfeitamente, ser desenhado para dar mais estabilidade ao exercício do poder. Há instrumentos jurídicos e políticos para isso, como a "moção de censura construtiva", que existe em outros países, além de limitações temporais e materiais ao exercício dos poderes de demissão do governo e de dissolução da Câmara dos Deputados. É evidente que crises surgem no presidencialismo e no parlamentarismo. Não se resolvem apenas pela virtude interna de um ou de outro sistema político. O parlamentarismo é um sistema evolutivo, que vai se consolidando com a prática e o fortalecimento da democracia. Se é verdade que as regras, sozinhas, não moldam instituições, também é certo que elas podem ser reformadas para que assegurem, cada vez mais, os princípios que estruturam o Estado democrático, como os da transparência, estabilidade e legitimidade. ANTONIO CARLOS VALADARES, 72, é senador (PSB/SE), líder do PSB no Senado Federal. Foi governador de Sergipe (1987-1991) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Instituições renomadas dão bolsas para ajudar a alunos a fazer MBA
O sonho de fazer um MBA no exterior não precisa ser abandonado por conta da alta do dólar ou do custo dos melhores cursos, em torno de US$ 60 mil ao ano. As grandes escolas de negócios informam aos alunos que dinheiro não será o motivo pelo qual não farão parte de seus programas. "O interessado deve se preocupar exclusivamente com sua candidatura", diz Alex Anton, consultor da TopMBA Coaching. Uma vez aprovado, o estudante informa a escola sobre sua condição financeira e, a partir daí, ela sugere quanto ele deve comprometer de recursos, quanto ela oferecerá como bolsa e quanto ele poderá emprestar da própria instituição. Eduardo Baer, 31, sócio da start-up DogHero, diz nunca ter visto alguém ser aceito em uma boa escola e não cursar por falta de dinheiro. Ele teve 50% do MBA que fez em Stanford, nos EUA, coberto por meio de bolsas e de um empréstimo da escola. As bolsas foram 25% do total e foram concedidas pelas instituições brasileiras que mais apoiam alunos em MBAs no exterior: o Instituto Ling e a Fundação Estudar. Tiago Pizzolo, coordenador da Fundação, diz que a bolsa chega no máximo a 95% do requisitado pelo aluno. Mas muitos, segundo ele, nem precisam do dinheiro e só recorrem à instituição para se aproximar do círculo seleto de bolsistas para criar uma rede de contatos. As instituições mais renomadas, como Harvard, distribuem bolsas entre uma parcela grande de alunos, com base em critérios socioeconômicos e crédito estudantil. Já as escolas abaixo das cinco primeiras do mundo oferecem condições mais atraentes a um grupo menor dos melhores candidatos, como forma de alavancar suas posições nos rankings. Diego Barros de Oliveira, 29, formado em engenharia pela Unicamp, faz MBA em Darden, nos EUA, com bolsa integral. Foi fundamental para isso seu desempenho no Gmat (Graduate Management Admission Test), prova de lógica, matemática e interpretação exigida pelas escolas de negócios. Já Baer diz que o que mais contou para sua aceitação em Stanford foi sua adequação ao perfil da instituição. "Claro, o GMAT ajuda, mas a partir de certo patamar não serve mais como diferencial, aí é sua história que conta", diz o empresário, que escolheu Stanford pela vocação empreendedora da escola. Recompensa "É essencial entender particularidades das faculdades, achar a que combina com seu perfil e mostrar, de forma honesta, como você se encaixa." As linhas de crédito das escolas compreendem também despesas com alimentação, moradia e lazer, em média, de US$ 40 mil por ano. O estudante deve tomar cuidado com a variação do câmbio até o momento da quitação da dívida, mas há formas de ele se proteger contra a desvalorização do real com operações no mercado futuro, afirma Samy Dana, professor da FGV e colunista da Folha. As condições do empréstimo, com taxas de até 7% ao ano, são vantajosas se comparadas às praticadas no mercado. E o aluno tem até 25 anos para pagar a dívida. EUROPA Como as escolas europeias são menos generosas que as americanas na oferta de empréstimos, um grupo de ex-alunos da Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios, na sigla em francês) criou a Prodigy Finance. A plataforma se assemelha a um financiamento coletivo, mas quem patrocina os alunos de MBA recebe seus recursos de volta com uma taxa de juros similar à praticada pelas escolas. Ricardo Ramos, 30, financiou 80% de seu MBA na Insead com empréstimo tomado da Prodigy. "O processo é simples, tudo é via internet, e é fácil atender a documentação exigida". Instituto Ling www.institutoling.org.br; instituto.ling@institutoling.org.br; (51) 3533-5712 Fundação Estudar www.estudar.org.br; contato@estudar.org.br Prodigy Finance prodigyfinance.com; info@prodigyfinance.com
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Instituições renomadas dão bolsas para ajudar a alunos a fazer MBAO sonho de fazer um MBA no exterior não precisa ser abandonado por conta da alta do dólar ou do custo dos melhores cursos, em torno de US$ 60 mil ao ano. As grandes escolas de negócios informam aos alunos que dinheiro não será o motivo pelo qual não farão parte de seus programas. "O interessado deve se preocupar exclusivamente com sua candidatura", diz Alex Anton, consultor da TopMBA Coaching. Uma vez aprovado, o estudante informa a escola sobre sua condição financeira e, a partir daí, ela sugere quanto ele deve comprometer de recursos, quanto ela oferecerá como bolsa e quanto ele poderá emprestar da própria instituição. Eduardo Baer, 31, sócio da start-up DogHero, diz nunca ter visto alguém ser aceito em uma boa escola e não cursar por falta de dinheiro. Ele teve 50% do MBA que fez em Stanford, nos EUA, coberto por meio de bolsas e de um empréstimo da escola. As bolsas foram 25% do total e foram concedidas pelas instituições brasileiras que mais apoiam alunos em MBAs no exterior: o Instituto Ling e a Fundação Estudar. Tiago Pizzolo, coordenador da Fundação, diz que a bolsa chega no máximo a 95% do requisitado pelo aluno. Mas muitos, segundo ele, nem precisam do dinheiro e só recorrem à instituição para se aproximar do círculo seleto de bolsistas para criar uma rede de contatos. As instituições mais renomadas, como Harvard, distribuem bolsas entre uma parcela grande de alunos, com base em critérios socioeconômicos e crédito estudantil. Já as escolas abaixo das cinco primeiras do mundo oferecem condições mais atraentes a um grupo menor dos melhores candidatos, como forma de alavancar suas posições nos rankings. Diego Barros de Oliveira, 29, formado em engenharia pela Unicamp, faz MBA em Darden, nos EUA, com bolsa integral. Foi fundamental para isso seu desempenho no Gmat (Graduate Management Admission Test), prova de lógica, matemática e interpretação exigida pelas escolas de negócios. Já Baer diz que o que mais contou para sua aceitação em Stanford foi sua adequação ao perfil da instituição. "Claro, o GMAT ajuda, mas a partir de certo patamar não serve mais como diferencial, aí é sua história que conta", diz o empresário, que escolheu Stanford pela vocação empreendedora da escola. Recompensa "É essencial entender particularidades das faculdades, achar a que combina com seu perfil e mostrar, de forma honesta, como você se encaixa." As linhas de crédito das escolas compreendem também despesas com alimentação, moradia e lazer, em média, de US$ 40 mil por ano. O estudante deve tomar cuidado com a variação do câmbio até o momento da quitação da dívida, mas há formas de ele se proteger contra a desvalorização do real com operações no mercado futuro, afirma Samy Dana, professor da FGV e colunista da Folha. As condições do empréstimo, com taxas de até 7% ao ano, são vantajosas se comparadas às praticadas no mercado. E o aluno tem até 25 anos para pagar a dívida. EUROPA Como as escolas europeias são menos generosas que as americanas na oferta de empréstimos, um grupo de ex-alunos da Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios, na sigla em francês) criou a Prodigy Finance. A plataforma se assemelha a um financiamento coletivo, mas quem patrocina os alunos de MBA recebe seus recursos de volta com uma taxa de juros similar à praticada pelas escolas. Ricardo Ramos, 30, financiou 80% de seu MBA na Insead com empréstimo tomado da Prodigy. "O processo é simples, tudo é via internet, e é fácil atender a documentação exigida". Instituto Ling www.institutoling.org.br; instituto.ling@institutoling.org.br; (51) 3533-5712 Fundação Estudar www.estudar.org.br; contato@estudar.org.br Prodigy Finance prodigyfinance.com; info@prodigyfinance.com
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Maior navio de cruzeiro do planeta vai estrear em 2018; veja imagens
A temporada de cruzeiros de 2018-2019 terá uma opção gigante: o Symphony of the Seas, navio da frota da Royal Caribbean que será a maior embarcação do gênero no mundo. A embarcação, que está sendo construída na França, deve ficar pronta até abril do próximo ano –os primeiros destinos serão no mar Mediterrâneo e, em novembro, ele chegará a Miami para roteiros no Caribe. No total, o Symphony pesará 230 mil toneladas: 5.000 a mais do que o Allure of the Seas, também da Royal Caribbean, que tem 225 mil toneladas e é o maior do mundo hoje. Entre as atrações para os turistas, estão sete "bairros" temáticos e bar com garçons robôs. Mais informações no site royalcaribbean.com.br. A empresa de viagens Latitudes realiza em 2018 a segunda edição do roteiro de volta ao mundo em um jato particular. A aeronave decola de São Paulo no dia 28 de março de 2018 e deve passar por cidades de oito países: México, Havaí, Japão, China, Índia, Irã, Itália e Marrocos, em uma jornada que dura 26 dias no total. O roteiro, que recebeu o nome de "Grandes Impérios da Humanidade", inclui lugares como Lijiang, na China, e Shiraz, no Irã. O grupo de 50 pessoas será acompanhado por especialistas –entre eles, o historiador Plínio Gomes– que darão informações sobre sítios históricos. O valor para participar da viagem é US$ 138,8 mil (R$ 439 mil). Informações no site latitudes.com.br. Praia de Agia Napa, no Chipre, país que espera receber 5% mais turistas neste ano em relação a 2016, quando registrou o recorde de 3,5 milhões de visitantes Começa a Exposição de Orquídeas do bairro da Liberdade, em São Paulo. Os visitantes poderão conhecer cerca de 1.200 espécies e comprar flores, adubos e acessórios para o cultivo. A mostra acontece na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social até o dia 19; site: goo.gl/6yYWZS Última exibição do semestre do Cine Estrela, projeto que leva o cinema para as areias das praias do Rio de Janeiro, com entrada gratuita. Até o fim de março acontecem sessões nos dias 17 (Leme), 24 (Barra da Tijuca) e 31 (Recreio dos Bandeirantes); a programção completa está no site cineestrela.com
turismo
Maior navio de cruzeiro do planeta vai estrear em 2018; veja imagensA temporada de cruzeiros de 2018-2019 terá uma opção gigante: o Symphony of the Seas, navio da frota da Royal Caribbean que será a maior embarcação do gênero no mundo. A embarcação, que está sendo construída na França, deve ficar pronta até abril do próximo ano –os primeiros destinos serão no mar Mediterrâneo e, em novembro, ele chegará a Miami para roteiros no Caribe. No total, o Symphony pesará 230 mil toneladas: 5.000 a mais do que o Allure of the Seas, também da Royal Caribbean, que tem 225 mil toneladas e é o maior do mundo hoje. Entre as atrações para os turistas, estão sete "bairros" temáticos e bar com garçons robôs. Mais informações no site royalcaribbean.com.br. A empresa de viagens Latitudes realiza em 2018 a segunda edição do roteiro de volta ao mundo em um jato particular. A aeronave decola de São Paulo no dia 28 de março de 2018 e deve passar por cidades de oito países: México, Havaí, Japão, China, Índia, Irã, Itália e Marrocos, em uma jornada que dura 26 dias no total. O roteiro, que recebeu o nome de "Grandes Impérios da Humanidade", inclui lugares como Lijiang, na China, e Shiraz, no Irã. O grupo de 50 pessoas será acompanhado por especialistas –entre eles, o historiador Plínio Gomes– que darão informações sobre sítios históricos. O valor para participar da viagem é US$ 138,8 mil (R$ 439 mil). Informações no site latitudes.com.br. Praia de Agia Napa, no Chipre, país que espera receber 5% mais turistas neste ano em relação a 2016, quando registrou o recorde de 3,5 milhões de visitantes Começa a Exposição de Orquídeas do bairro da Liberdade, em São Paulo. Os visitantes poderão conhecer cerca de 1.200 espécies e comprar flores, adubos e acessórios para o cultivo. A mostra acontece na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social até o dia 19; site: goo.gl/6yYWZS Última exibição do semestre do Cine Estrela, projeto que leva o cinema para as areias das praias do Rio de Janeiro, com entrada gratuita. Até o fim de março acontecem sessões nos dias 17 (Leme), 24 (Barra da Tijuca) e 31 (Recreio dos Bandeirantes); a programção completa está no site cineestrela.com
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Mortes: Foi diretor do maior presídio da América Latina
Fechada desde 2002, a Casa de Detenção de São Paulo tem uma história nada glamorosa. Com o título de maior presídio da América Latina, o local registrou o massacre de 111 presos em 1992 e chegou a uma taxa de homicídio maior que a da Colômbia em 2000, ano em que o país vizinho passava por conflitos armados. Walter Erwin Hoffgen começou sua carreira nesse palco. De temperamento calmo e avesso a reclamações, entrou pela primeira vez no famoso Complexo do Carandiru nos anos 1970 fazendo guarda no terceiro andar do pavilhão 8. Concluiu o curso de direito alguns anos depois, sendo então designado diretor de segurança e disciplina em 1978 –no mesmo ano, casou-se com a namorada, Clarice. Saiu da Casa de Detenção em 1988, quando assumiu a Penitenciária do Estado, mas voltou, em 1996, como diretor geral –ficou mais três anos. Walter gostava do que fazia. Não se intimidava pelo ambiente nem temia os detentos. Na penitenciária de Iperó (SP) ficou pouco tempo, mas o suficiente para se apaixonar pela cidade. Depois disso, atuou no Amazonas e no Ceará, além de ser nomeado secretário-adjunto do governo paulista, mas manteve sua casa e nunca mais deixou o interior. Aposentou-se em 2013, ficando ainda mais caseiro. Os encontros com os amigos, no entanto, eram quase uma religião, de manhã e à tarde. No final, dedicou suas energias à luta contra um câncer no pulmão, se esforçando para não demonstrar a dor à família. Morreu devido à doença, no dia 15, três dias antes de completar 73 anos. Deixa a mulher, duas filhas, dois netos, irmãos e sobrinhos. coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas
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Mortes: Foi diretor do maior presídio da América LatinaFechada desde 2002, a Casa de Detenção de São Paulo tem uma história nada glamorosa. Com o título de maior presídio da América Latina, o local registrou o massacre de 111 presos em 1992 e chegou a uma taxa de homicídio maior que a da Colômbia em 2000, ano em que o país vizinho passava por conflitos armados. Walter Erwin Hoffgen começou sua carreira nesse palco. De temperamento calmo e avesso a reclamações, entrou pela primeira vez no famoso Complexo do Carandiru nos anos 1970 fazendo guarda no terceiro andar do pavilhão 8. Concluiu o curso de direito alguns anos depois, sendo então designado diretor de segurança e disciplina em 1978 –no mesmo ano, casou-se com a namorada, Clarice. Saiu da Casa de Detenção em 1988, quando assumiu a Penitenciária do Estado, mas voltou, em 1996, como diretor geral –ficou mais três anos. Walter gostava do que fazia. Não se intimidava pelo ambiente nem temia os detentos. Na penitenciária de Iperó (SP) ficou pouco tempo, mas o suficiente para se apaixonar pela cidade. Depois disso, atuou no Amazonas e no Ceará, além de ser nomeado secretário-adjunto do governo paulista, mas manteve sua casa e nunca mais deixou o interior. Aposentou-se em 2013, ficando ainda mais caseiro. Os encontros com os amigos, no entanto, eram quase uma religião, de manhã e à tarde. No final, dedicou suas energias à luta contra um câncer no pulmão, se esforçando para não demonstrar a dor à família. Morreu devido à doença, no dia 15, três dias antes de completar 73 anos. Deixa a mulher, duas filhas, dois netos, irmãos e sobrinhos. coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas
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Temer sanciona mudança em lei que reduz processos no Judiciário
O vice-presidente Michel Temer sancionou, com vetos, nesta terça-feira (26), as alterações na Lei de Arbitragem que reduzirão o número de processos na Justiça e o tempo para resoluções de conflitos. O texto será publicado no Diário Oficial nesta quarta-feira (27) e começará a valer em 60 dias. Com a viagem da presidente Dilma Rousseff ao México, Temer é o presidente da República em exercício e assinou o novo texto que tinha como data final de sanção esta terça. O intuito da Lei de Arbitragem é regulamentar a modalidade de discussão em diversas áreas, em casos relacionados ao Direito do Consumidor e às relações trabalhistas. Hoje ela é considerada cara e utilizada só por grandes empresas. O texto terá impacto também nas sociedades anônimas, podendo ser excluído o acionista minoritário, que receberá nestes casos o reembolso correspondente ao valor de suas ações. Elaborada por uma comissão de juristas, as mudanças na Lei da Arbitragem tramitavam no Congresso desde 2013 e sofreu três vetos da Presidência da República. Vetou-se parágrafo que estabelecia, nos contratos de adesão, que a cláusula compromissória só teria eficácia se redigida em negrito ou em documento apartado; na relação de consumo estabelecida por meio de contrato de adesão, a cláusula compromissória só teria eficácia se o aderente tomasse a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordasse com a sua instituição. E o último parágrafo vetado determinava que desde que o empregado que ocupasse ou viesse a ocupar cargo ou função de administrador ou de diretor estatutário, nos contratos individuais de trabalho poderia ser pactuada cláusula compromissória.
mercado
Temer sanciona mudança em lei que reduz processos no JudiciárioO vice-presidente Michel Temer sancionou, com vetos, nesta terça-feira (26), as alterações na Lei de Arbitragem que reduzirão o número de processos na Justiça e o tempo para resoluções de conflitos. O texto será publicado no Diário Oficial nesta quarta-feira (27) e começará a valer em 60 dias. Com a viagem da presidente Dilma Rousseff ao México, Temer é o presidente da República em exercício e assinou o novo texto que tinha como data final de sanção esta terça. O intuito da Lei de Arbitragem é regulamentar a modalidade de discussão em diversas áreas, em casos relacionados ao Direito do Consumidor e às relações trabalhistas. Hoje ela é considerada cara e utilizada só por grandes empresas. O texto terá impacto também nas sociedades anônimas, podendo ser excluído o acionista minoritário, que receberá nestes casos o reembolso correspondente ao valor de suas ações. Elaborada por uma comissão de juristas, as mudanças na Lei da Arbitragem tramitavam no Congresso desde 2013 e sofreu três vetos da Presidência da República. Vetou-se parágrafo que estabelecia, nos contratos de adesão, que a cláusula compromissória só teria eficácia se redigida em negrito ou em documento apartado; na relação de consumo estabelecida por meio de contrato de adesão, a cláusula compromissória só teria eficácia se o aderente tomasse a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordasse com a sua instituição. E o último parágrafo vetado determinava que desde que o empregado que ocupasse ou viesse a ocupar cargo ou função de administrador ou de diretor estatutário, nos contratos individuais de trabalho poderia ser pactuada cláusula compromissória.
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Leitor comenta cartas críticas ao sociólogo Domenico de Masi
Três críticos do otimismo do sociólogo italiano Domenico de Masi (Painel do Leitor, 2/5) me levaram a reler sua excelente entrevista à Folha ("Intelectual brasileiro tem mentalidade de 3º Mundo", diz sociólogo, "Mercado", 1º/5). Encontrei a resposta em um trecho da entrevista: "Se algo vai bem, no futuro vai piorar. Esse é um pensamento típico dos brasileiros". Volney Faustini (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor comenta cartas críticas ao sociólogo Domenico de MasiTrês críticos do otimismo do sociólogo italiano Domenico de Masi (Painel do Leitor, 2/5) me levaram a reler sua excelente entrevista à Folha ("Intelectual brasileiro tem mentalidade de 3º Mundo", diz sociólogo, "Mercado", 1º/5). Encontrei a resposta em um trecho da entrevista: "Se algo vai bem, no futuro vai piorar. Esse é um pensamento típico dos brasileiros". Volney Faustini (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Formigas têm GPS sofisticado e podem andar para trás
As formigas têm um sistema de navegação GPS muito sofisticado que lhes permite se orientar sem problemas, incluindo andando para trás quando transportam cargas pesadas de comida, segundo os pesquisadores. Para se guiar e encontrar o caminho de seu formigueiro, estes insetos utilizam a posição do sol e sua memória visual dos lugares, explicam estes entomologistas, cujo estudo foi publicado nesta quinta-feira (19) na revista americana "Current Biology". Esses cientistas observaram que as formigas caminham para trás e param de vez em quando para olhar ao redor com o objetivo de verificar onde estão e utilizar esta informação para estabelecer seu itinerário em função do sol. Esta descoberta sugere que são capazes de aproveitar as interações espaciais no mundo exterior, e não apenas com relação a elas. Sua alta capacidade de ajuste para navegar pode ser uma fonte de inspiração para criar novos programas de computador destinados a orientar os robôs, estimam os pesquisadores. Embora as formigas geralmente caminhem para frente quando transportam pequenos pedaços de comida, muitas vezes caminham para trás quando precisam transportar cargas pesadas ao seu formigueiro. Estas observações sugerem que as formigas aparentemente são capazes de reconhecer o mundo ao redor delas, seja qual for a direção que tomem. Também podem manter seu nível de orientação quando se deslocam em todas as direções: para frente, para trás ou lateralmente. "As formigas têm um cérebro relativamente pequeno, cujo tamanho é inferior à cabeça de um alfinete, mas, apesar disso, podem navegar sem problemas em condições difíceis", explica a professora Barbara Webb, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. "Compreender seu comportamento nos dá novas informações sobre o funcionamento de seu cérebro e pode nos inspirar a conceber sistemas robóticos que reproduzam suas funções cerebrais", acrescenta. Para entender como estes insetos enfrentam diversos obstáculos e ajustam seu trajeto para encontrar o caminho de volta para casa, os estudiosos colocaram à prova formigas do deserto em seu ambiente natural. Os pesquisadores colocaram espelhos para alterar sua percepção da posição do sol e, então, constataram que as formigas iam na direção errada. Este estudo internacional também foi realizado por uma equipe de cientistas da Universidade Nacional Australiana e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.
ambiente
Formigas têm GPS sofisticado e podem andar para trásAs formigas têm um sistema de navegação GPS muito sofisticado que lhes permite se orientar sem problemas, incluindo andando para trás quando transportam cargas pesadas de comida, segundo os pesquisadores. Para se guiar e encontrar o caminho de seu formigueiro, estes insetos utilizam a posição do sol e sua memória visual dos lugares, explicam estes entomologistas, cujo estudo foi publicado nesta quinta-feira (19) na revista americana "Current Biology". Esses cientistas observaram que as formigas caminham para trás e param de vez em quando para olhar ao redor com o objetivo de verificar onde estão e utilizar esta informação para estabelecer seu itinerário em função do sol. Esta descoberta sugere que são capazes de aproveitar as interações espaciais no mundo exterior, e não apenas com relação a elas. Sua alta capacidade de ajuste para navegar pode ser uma fonte de inspiração para criar novos programas de computador destinados a orientar os robôs, estimam os pesquisadores. Embora as formigas geralmente caminhem para frente quando transportam pequenos pedaços de comida, muitas vezes caminham para trás quando precisam transportar cargas pesadas ao seu formigueiro. Estas observações sugerem que as formigas aparentemente são capazes de reconhecer o mundo ao redor delas, seja qual for a direção que tomem. Também podem manter seu nível de orientação quando se deslocam em todas as direções: para frente, para trás ou lateralmente. "As formigas têm um cérebro relativamente pequeno, cujo tamanho é inferior à cabeça de um alfinete, mas, apesar disso, podem navegar sem problemas em condições difíceis", explica a professora Barbara Webb, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. "Compreender seu comportamento nos dá novas informações sobre o funcionamento de seu cérebro e pode nos inspirar a conceber sistemas robóticos que reproduzam suas funções cerebrais", acrescenta. Para entender como estes insetos enfrentam diversos obstáculos e ajustam seu trajeto para encontrar o caminho de volta para casa, os estudiosos colocaram à prova formigas do deserto em seu ambiente natural. Os pesquisadores colocaram espelhos para alterar sua percepção da posição do sol e, então, constataram que as formigas iam na direção errada. Este estudo internacional também foi realizado por uma equipe de cientistas da Universidade Nacional Australiana e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.
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Cálculos precisos no campo são oportunidades para start-ups
As start-ups encontraram espaço para expandir também no meio rural. A Treevia, de São José dos Campos (SP), por exemplo, busca facilitar a vida de empresas que plantam árvores para produzir papel, madeira ou remédios. A empresa propõe automatizar a medição de florestas, um processo oneroso e trabalhoso, que inclui, por exemplo, enviar uma equipe para monitorar o diâmetro das árvores -sempre na mesma posição para evitar erros. Sensores instalados nos troncos ainda jovens informam crescimento, riscos de incêndio e de mortalidade. "O desenvolvimento das florestas é medido da mesma forma há 200 anos", diz Emily Shinzato, 26, da Treevia. "Com nossa plataforma, os gestores florestais terão acesso a informações sobre a qualidade de suas florestas de seus escritórios." Desde 2015 no mercado, a Treevia conquistou R$ 300 mil no ano passado para desenvolver seu produto - sendo R$ 200 mil da Fapesp e R$ 100 mil do Prêmio Santander Empreendedorismo. A Agrosmart, fundada em 2014 e com escritório em Campinas (SP), trilhou um caminho semelhante: seu negócio é monitorar plantações. O agricultor instala sensores no solo, caule ou folha, e é informado sobre a necessidade de irrigação. "Além de orientar as decisões com base em dados, e não somente na observação, a solução gera economia de água de até 60%", diz Mariana Vasconcelos, 24, uma das fundadoras da start-up. O projeto-piloto foi feito na fazenda da família dela, no interior de Minas Gerais. Vasconcelos e os sócios buscaram apoio da aceleradoras. Neste ano, a start-up conquistou investimento do fundo SP Ventures e hoje tem apoio do Google. Recentemente, a Agrosmart fechou uma parceria com a Coca-Cola para monitorar plantações de maracujá de fornecedores da marca.
mercado
Cálculos precisos no campo são oportunidades para start-upsAs start-ups encontraram espaço para expandir também no meio rural. A Treevia, de São José dos Campos (SP), por exemplo, busca facilitar a vida de empresas que plantam árvores para produzir papel, madeira ou remédios. A empresa propõe automatizar a medição de florestas, um processo oneroso e trabalhoso, que inclui, por exemplo, enviar uma equipe para monitorar o diâmetro das árvores -sempre na mesma posição para evitar erros. Sensores instalados nos troncos ainda jovens informam crescimento, riscos de incêndio e de mortalidade. "O desenvolvimento das florestas é medido da mesma forma há 200 anos", diz Emily Shinzato, 26, da Treevia. "Com nossa plataforma, os gestores florestais terão acesso a informações sobre a qualidade de suas florestas de seus escritórios." Desde 2015 no mercado, a Treevia conquistou R$ 300 mil no ano passado para desenvolver seu produto - sendo R$ 200 mil da Fapesp e R$ 100 mil do Prêmio Santander Empreendedorismo. A Agrosmart, fundada em 2014 e com escritório em Campinas (SP), trilhou um caminho semelhante: seu negócio é monitorar plantações. O agricultor instala sensores no solo, caule ou folha, e é informado sobre a necessidade de irrigação. "Além de orientar as decisões com base em dados, e não somente na observação, a solução gera economia de água de até 60%", diz Mariana Vasconcelos, 24, uma das fundadoras da start-up. O projeto-piloto foi feito na fazenda da família dela, no interior de Minas Gerais. Vasconcelos e os sócios buscaram apoio da aceleradoras. Neste ano, a start-up conquistou investimento do fundo SP Ventures e hoje tem apoio do Google. Recentemente, a Agrosmart fechou uma parceria com a Coca-Cola para monitorar plantações de maracujá de fornecedores da marca.
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Leitoras debatem sobre novas eleições presidenciais em 2016
Sobre o movimento para nova eleição presidencial, seria uma medida ideal se concretizada de forma imediata. O país está paralisado e exige uma ação urgente. Quem defende nova eleição não está atento para o fato de que o país está na UTI e que necessita de tratamento emergencial. Após a saída dessa presidente mentirosa e incompetente, será importante propor nova eleição e também a reforma política. CECÍLIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) * O melhor caminho é convocar um plebiscito e novas eleições. Ninguém renuncia, não haveria impeachment e a vontade do povo seria respeitada. Novas eleições resolveriam nosso problema de falta de governança e governabilidade. Além disso, o plebiscito poderia propor que todas as eleições fossem marcadas para outubro e acontecessem de quatro em quatro anos –o país não iria parar de dois em dois anos–, e também verticalização, fidelidade e redução de partidos no Brasil. Para funcionar, temos de organizar a casa. SILVANA SANTOS (Campina Grande, PB) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Leitoras debatem sobre novas eleições presidenciais em 2016Sobre o movimento para nova eleição presidencial, seria uma medida ideal se concretizada de forma imediata. O país está paralisado e exige uma ação urgente. Quem defende nova eleição não está atento para o fato de que o país está na UTI e que necessita de tratamento emergencial. Após a saída dessa presidente mentirosa e incompetente, será importante propor nova eleição e também a reforma política. CECÍLIA MORICOCHI MORATO (Franca, SP) * O melhor caminho é convocar um plebiscito e novas eleições. Ninguém renuncia, não haveria impeachment e a vontade do povo seria respeitada. Novas eleições resolveriam nosso problema de falta de governança e governabilidade. Além disso, o plebiscito poderia propor que todas as eleições fossem marcadas para outubro e acontecessem de quatro em quatro anos –o país não iria parar de dois em dois anos–, e também verticalização, fidelidade e redução de partidos no Brasil. Para funcionar, temos de organizar a casa. SILVANA SANTOS (Campina Grande, PB) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Erramos: O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia
Lindbergh Farias (PT-RJ) é senador, e não deputado, como informado no artigo "O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia", publicado na versão impressa e no site da Folha (Ilustríssima - 08/02/2015 - 02h50). O texto foi corrigido.
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Erramos: O fracasso de um modelo violento e ineficaz de políciaLindbergh Farias (PT-RJ) é senador, e não deputado, como informado no artigo "O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia", publicado na versão impressa e no site da Folha (Ilustríssima - 08/02/2015 - 02h50). O texto foi corrigido.
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'Nunca pensei que um filho de diarista estudaria gastronomia na Itália'
Para ajudar a "por comida na mesa de casa", Diego Silva dos Santos, 27, começou a trabalhar aos 14 anos em uma oficina mecânica após o divórcio dos pais, dividindo horário com as aulas em uma escola pública paulistana. Foi adiando o sonho de cursar gastronomia, pois não tinha como pagar a faculdade, cuja mensalidade era o dobro de seu salário. Tudo mudou ao conhecer a Gastromotiva, negócio social fundado por David Hertz, ganhador do Prêmio Empreendedor Social de Futuro, em 2009, que capacita jovens de baixa renda em curso profissionalizante em gastronomia para ingresso no mercado de trabalho. Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Tinha início a sua corrida para se tornar um chef de cozinha. Passou por alguns restaurantes. Fez faculdade e alcançou o que julgava impossível: estuda ciências gastronômicas na Itália. "Quero voltar ao Brasil, ensinar tudo que estou aprendendo e montar meu próprio projeto de gastronomia social", afirma. Leia a seguir o depoimento de Diego à Folha, direto da Itália. * Hoje posso dizer que sou chef de cozinha. Desde os 8 anos gostava de brincar de cozinhar. Aos 10, meus pais se divorciaram e a situação em casa apertou muito para mim, minha irmã e minha mãe. Com 14 anos comecei a trabalhar em uma oficina mecânica para ajudar a colocar comida na mesa. Estudava até as 12h, depois trabalha das 13h às 18h. Minha mãe, que era dona de casa, teve que trabalhar fora. Ela conseguiu dois empregos para fazer faxina, cada um por um salário mínimo. Na época, a pensão alimentícia para os três filhos era de R$ 107 e o salário mínimo R$ 270. Aos 16, virei empacotador em um mercado. Depois, fui promovido para o setor de padaria, onde começou a minha paixão pela gastronomia. Eu ficava no balcão, fazia pão, ajudava a fazer doce e frango assado. Com o tempo, pedi promoção de cargo e me falaram que não seria possível porque não tinha nível superior. Fiquei meio traumatizado e comecei a procurar cursos para estudar. Terminei o ensino médio e parei de estudar. Com quase 20 anos fui trabalhar informalmente como auxiliar em um escritório. Sempre quis estudar gastronomia, mas não tinha condições de pagar um curso. Na época, ganhava R$ 800 e com as horas extras chegava a R$ 1.200. A mensalidade da faculdade de gastronomia era de R$ 1.700. Procurando na internet por um curso acessível, conheci a Gastromotiva, em 2009. Vi que as inscrições estavam abertas e me inscrevi. Fiz duas entrevistas para entrar. O curso era inteiramente gratuito, de cinco meses, dois meses e meio de teoria e o restante de pratica. Só teria que custear o transporte. Eu tive que escolher entre trabalhar e fazer o curso, que era à tarde. Escolhi o curso. Conversei com a minha mãe, disse que teria que parar de trabalhar para estudar e pedi para ela segurar as contas de casa por cinco meses. Ela já tinha um emprego melhor, sempre trabalhou com limpeza, mas era fixa em uma casa e trabalhava mais três vezes por semana como diarista. Dos 15 aos 20 anos eu ajudei em casa, praticamente pagava todas as contas. Dois meses depois de terminar o curso, eu já estava trabalhando em um restaurante de comida árabe como auxiliar de cozinha e ganhava R$ 790. Naquele mesmo ano, consegui duas bolsas de estudos pelo Prouni. Fiz o Enem de novo e peguei bolsa pelo programa em um curso de gestão de eventos. Trabalhei todo o período da faculdade. Levantava às 6h, trabalhava até as 17h, depois ficava na faculdade até as 23h. Como estava quase terminando a faculdade, fui convidado para dar aula na Gastromotiva, em 2011. Dei aula de ecogastronomia, que é o aproveitamento integral dos alimentos. Esse curso abriu muitas portas para mim. Era muito fácil arrumar emprego. Quando consegui a oportunidade de dar aula, passei a ter mais contato com o David, fazer eventos com ele, que sempre me deu muitas dicas profissionais. CHEF DE COZINHA Troquei três vezes de emprego como auxiliar de cozinha. Depois comecei a trabalhar como confeiteiro, sempre com indicação da Gastromotiva. Por fim, virei chef e sócio em um restaurante vegetariano. A coordenadora da Gastromotiva me perguntou se eu estudaria gastronomia na Itália se tivesse oportunidade. É claro, disse. Depois de um ano ela surgiu, mas precisava falar inglês e eu não falava nada. Comecei a estudar inglês. Fui reprovado por duas vezes para essa bolsa na Itália. Nesse meio tempo, fiz um MBA em gastronomia. Depois de três anos de inglês, não falava quase nada ainda. Larguei tudo que estava fazendo e comecei a estudar 12 horas por dia para passar na prova e conseguir a bolsa. Passei com bolsa de estudos, que inclui a residência na Itália, transporte, alimentação, as viagens didáticas e o material. Estou completando quase dois anos aqui em Bra, uma cidade pequena na região do Piemonte. Faço graduação em ciências gastronômicas. O curso é em inglês e em italiano, línguas que me aperfeiçoei e aprendi aqui. Faço cinco viagens por ano para aprender pratos de outras regiões da Itália e do mundo. Quero absorver todo esse conhecimento e depois voltar ao Brasil para dar aula na Gastromotiva e ter meu próprio projeto social de gastronomia. Esses trabalhos sociais são cruciais. Nunca pensei que pudesse morar na Itália e viajar por outros países estudando. Vejo muitas pessoas em situação igual a que eu tinha antes, sem perspectiva de futuro. Às vezes, o emprego é difícil, o salário no Brasil é muito baixo. Como dar perspectiva para quem está passando dificuldade? O trabalho da Gastromotiva é mostrar para as pessoas que elas têm um caminho e podem ser bem sucedidas.
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'Nunca pensei que um filho de diarista estudaria gastronomia na Itália'Para ajudar a "por comida na mesa de casa", Diego Silva dos Santos, 27, começou a trabalhar aos 14 anos em uma oficina mecânica após o divórcio dos pais, dividindo horário com as aulas em uma escola pública paulistana. Foi adiando o sonho de cursar gastronomia, pois não tinha como pagar a faculdade, cuja mensalidade era o dobro de seu salário. Tudo mudou ao conhecer a Gastromotiva, negócio social fundado por David Hertz, ganhador do Prêmio Empreendedor Social de Futuro, em 2009, que capacita jovens de baixa renda em curso profissionalizante em gastronomia para ingresso no mercado de trabalho. Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Tinha início a sua corrida para se tornar um chef de cozinha. Passou por alguns restaurantes. Fez faculdade e alcançou o que julgava impossível: estuda ciências gastronômicas na Itália. "Quero voltar ao Brasil, ensinar tudo que estou aprendendo e montar meu próprio projeto de gastronomia social", afirma. Leia a seguir o depoimento de Diego à Folha, direto da Itália. * Hoje posso dizer que sou chef de cozinha. Desde os 8 anos gostava de brincar de cozinhar. Aos 10, meus pais se divorciaram e a situação em casa apertou muito para mim, minha irmã e minha mãe. Com 14 anos comecei a trabalhar em uma oficina mecânica para ajudar a colocar comida na mesa. Estudava até as 12h, depois trabalha das 13h às 18h. Minha mãe, que era dona de casa, teve que trabalhar fora. Ela conseguiu dois empregos para fazer faxina, cada um por um salário mínimo. Na época, a pensão alimentícia para os três filhos era de R$ 107 e o salário mínimo R$ 270. Aos 16, virei empacotador em um mercado. Depois, fui promovido para o setor de padaria, onde começou a minha paixão pela gastronomia. Eu ficava no balcão, fazia pão, ajudava a fazer doce e frango assado. Com o tempo, pedi promoção de cargo e me falaram que não seria possível porque não tinha nível superior. Fiquei meio traumatizado e comecei a procurar cursos para estudar. Terminei o ensino médio e parei de estudar. Com quase 20 anos fui trabalhar informalmente como auxiliar em um escritório. Sempre quis estudar gastronomia, mas não tinha condições de pagar um curso. Na época, ganhava R$ 800 e com as horas extras chegava a R$ 1.200. A mensalidade da faculdade de gastronomia era de R$ 1.700. Procurando na internet por um curso acessível, conheci a Gastromotiva, em 2009. Vi que as inscrições estavam abertas e me inscrevi. Fiz duas entrevistas para entrar. O curso era inteiramente gratuito, de cinco meses, dois meses e meio de teoria e o restante de pratica. Só teria que custear o transporte. Eu tive que escolher entre trabalhar e fazer o curso, que era à tarde. Escolhi o curso. Conversei com a minha mãe, disse que teria que parar de trabalhar para estudar e pedi para ela segurar as contas de casa por cinco meses. Ela já tinha um emprego melhor, sempre trabalhou com limpeza, mas era fixa em uma casa e trabalhava mais três vezes por semana como diarista. Dos 15 aos 20 anos eu ajudei em casa, praticamente pagava todas as contas. Dois meses depois de terminar o curso, eu já estava trabalhando em um restaurante de comida árabe como auxiliar de cozinha e ganhava R$ 790. Naquele mesmo ano, consegui duas bolsas de estudos pelo Prouni. Fiz o Enem de novo e peguei bolsa pelo programa em um curso de gestão de eventos. Trabalhei todo o período da faculdade. Levantava às 6h, trabalhava até as 17h, depois ficava na faculdade até as 23h. Como estava quase terminando a faculdade, fui convidado para dar aula na Gastromotiva, em 2011. Dei aula de ecogastronomia, que é o aproveitamento integral dos alimentos. Esse curso abriu muitas portas para mim. Era muito fácil arrumar emprego. Quando consegui a oportunidade de dar aula, passei a ter mais contato com o David, fazer eventos com ele, que sempre me deu muitas dicas profissionais. CHEF DE COZINHA Troquei três vezes de emprego como auxiliar de cozinha. Depois comecei a trabalhar como confeiteiro, sempre com indicação da Gastromotiva. Por fim, virei chef e sócio em um restaurante vegetariano. A coordenadora da Gastromotiva me perguntou se eu estudaria gastronomia na Itália se tivesse oportunidade. É claro, disse. Depois de um ano ela surgiu, mas precisava falar inglês e eu não falava nada. Comecei a estudar inglês. Fui reprovado por duas vezes para essa bolsa na Itália. Nesse meio tempo, fiz um MBA em gastronomia. Depois de três anos de inglês, não falava quase nada ainda. Larguei tudo que estava fazendo e comecei a estudar 12 horas por dia para passar na prova e conseguir a bolsa. Passei com bolsa de estudos, que inclui a residência na Itália, transporte, alimentação, as viagens didáticas e o material. Estou completando quase dois anos aqui em Bra, uma cidade pequena na região do Piemonte. Faço graduação em ciências gastronômicas. O curso é em inglês e em italiano, línguas que me aperfeiçoei e aprendi aqui. Faço cinco viagens por ano para aprender pratos de outras regiões da Itália e do mundo. Quero absorver todo esse conhecimento e depois voltar ao Brasil para dar aula na Gastromotiva e ter meu próprio projeto social de gastronomia. Esses trabalhos sociais são cruciais. Nunca pensei que pudesse morar na Itália e viajar por outros países estudando. Vejo muitas pessoas em situação igual a que eu tinha antes, sem perspectiva de futuro. Às vezes, o emprego é difícil, o salário no Brasil é muito baixo. Como dar perspectiva para quem está passando dificuldade? O trabalho da Gastromotiva é mostrar para as pessoas que elas têm um caminho e podem ser bem sucedidas.
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Gestão Alckmin põe sigilo de 50 anos em registro policial
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decretou sigilo de 50 anos sobre dados de boletins de ocorrência registrados pela polícia de São Paulo. A classificação foi definida pela Secretaria da Segurança Pública e publicada no início deste mês no "Diário Oficial", como parte de uma série de revisões prometida por Alckmin no segredo de documentos e informações do Estado. A impossibilidade de acesso aos BOs, na prática, pode inviabilizar o confronto de dados estatísticos de crimes divulgados pela secretaria. A publicação estabeleceu os 50 anos de sigilo ao "histórico de registro digital de ocorrência e boletim eletrônico de ocorrência, quando não for possível a proteção dos dados pessoais dos envolvidos e testemunhas". Ela abre margem para que seja negado acesso a todos os registros –já que esses documentos incluem informações de quem registrou a queixa, testemunhou ou foi citado. A Secretaria da Segurança Pública não esclareceu se alguma parte dos documentos será de acesso público. Ela diz que "não houve mudança na divulgação de informações do histórico dos boletins de ocorrência" porque, "conforme já vinha sendo decidido pela SSP e Ouvidoria", os registros "só não poderão ser divulgados quando expuserem dados pessoais ou permitir a identificação de envolvidos e testemunhas". Em dezembro de 2013, a Polícia Civil havia estabelecido sigilo sobre dados de "qualificação em registros digitais de ocorrências, boletins eletrônicos de ocorrências e peças de polícia judiciária (físicas, eletrônicas e/ou digitalizadas)". Neste decreto, a alegação é que se tratavam de dados pessoais, mas não havia a especificação de prazo. Atualmente, a pasta só tem informado relatos resumidos de ocorrências por telefone. Já advogados de suspeitos, como partes envolvidas, têm acesso aos boletins. Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, não existe justificativa para sigilo. Segundo ela, polícias e pesquisadores do país querem se debruçar sobre os dados de São Paulo para entender a redução dos homicídios nos últimos anos. ULTRASSECRETOS Alckmin havia revogado sigilos estaduais no ano passado, após a Folha mostrar que documentos do Metrô e da CPTM haviam se tornado ultrassecretos. Com isso, a população só poderia verificar motivos de atrasos em obras, por exemplo, em 25 anos. O governo se comprometeu, em outubro, a divulgar em 60 dias novas tabelas de informações estaduais sigilosas –algo que está sendo oficializado agora, com atraso. O novo decreto da Secretaria da Segurança também barra acesso a dados de efetivos policiais e normas e manuais das corporações, classificados como secretos –15 anos de sigilo. No total, informações de inteligência foram classificados como ultrassecretas –só podendo ser divulgadas depois de 25 anos. O governo afirmou que as informações referentes ao planejamento estratégicos tem de ser preservadas pela "necessidade de garantir a segurança da sociedade". Neste mês, a Folha revelou que a gestão Alckmin havia decidido tornar públicos 263 conjuntos de documentos do transporte metropolitano.
cotidiano
Gestão Alckmin põe sigilo de 50 anos em registro policialO governo Geraldo Alckmin (PSDB) decretou sigilo de 50 anos sobre dados de boletins de ocorrência registrados pela polícia de São Paulo. A classificação foi definida pela Secretaria da Segurança Pública e publicada no início deste mês no "Diário Oficial", como parte de uma série de revisões prometida por Alckmin no segredo de documentos e informações do Estado. A impossibilidade de acesso aos BOs, na prática, pode inviabilizar o confronto de dados estatísticos de crimes divulgados pela secretaria. A publicação estabeleceu os 50 anos de sigilo ao "histórico de registro digital de ocorrência e boletim eletrônico de ocorrência, quando não for possível a proteção dos dados pessoais dos envolvidos e testemunhas". Ela abre margem para que seja negado acesso a todos os registros –já que esses documentos incluem informações de quem registrou a queixa, testemunhou ou foi citado. A Secretaria da Segurança Pública não esclareceu se alguma parte dos documentos será de acesso público. Ela diz que "não houve mudança na divulgação de informações do histórico dos boletins de ocorrência" porque, "conforme já vinha sendo decidido pela SSP e Ouvidoria", os registros "só não poderão ser divulgados quando expuserem dados pessoais ou permitir a identificação de envolvidos e testemunhas". Em dezembro de 2013, a Polícia Civil havia estabelecido sigilo sobre dados de "qualificação em registros digitais de ocorrências, boletins eletrônicos de ocorrências e peças de polícia judiciária (físicas, eletrônicas e/ou digitalizadas)". Neste decreto, a alegação é que se tratavam de dados pessoais, mas não havia a especificação de prazo. Atualmente, a pasta só tem informado relatos resumidos de ocorrências por telefone. Já advogados de suspeitos, como partes envolvidas, têm acesso aos boletins. Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, não existe justificativa para sigilo. Segundo ela, polícias e pesquisadores do país querem se debruçar sobre os dados de São Paulo para entender a redução dos homicídios nos últimos anos. ULTRASSECRETOS Alckmin havia revogado sigilos estaduais no ano passado, após a Folha mostrar que documentos do Metrô e da CPTM haviam se tornado ultrassecretos. Com isso, a população só poderia verificar motivos de atrasos em obras, por exemplo, em 25 anos. O governo se comprometeu, em outubro, a divulgar em 60 dias novas tabelas de informações estaduais sigilosas –algo que está sendo oficializado agora, com atraso. O novo decreto da Secretaria da Segurança também barra acesso a dados de efetivos policiais e normas e manuais das corporações, classificados como secretos –15 anos de sigilo. No total, informações de inteligência foram classificados como ultrassecretas –só podendo ser divulgadas depois de 25 anos. O governo afirmou que as informações referentes ao planejamento estratégicos tem de ser preservadas pela "necessidade de garantir a segurança da sociedade". Neste mês, a Folha revelou que a gestão Alckmin havia decidido tornar públicos 263 conjuntos de documentos do transporte metropolitano.
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Prepare-se: sábado quente com samba e show de Humberto Gessinger
DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Viva a vida com positividade. Pense que tudo vai dar certo. Jogue fora tudo que for negativo, chute o balde. Quando não der e não tiver solução, bola pra frente, o agora é a hora de deixar de lado o pessimismo." Jessica Fonseca, 21, estudante de recursos humanos, Vergueiro * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
saopaulo
Prepare-se: sábado quente com samba e show de Humberto GessingerDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Viva a vida com positividade. Pense que tudo vai dar certo. Jogue fora tudo que for negativo, chute o balde. Quando não der e não tiver solução, bola pra frente, o agora é a hora de deixar de lado o pessimismo." Jessica Fonseca, 21, estudante de recursos humanos, Vergueiro * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
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De A a Z: Artista colombiana adota o alfabeto como nome
ABCDEFG se beneficiou da legislação colombiana sobre mudanças de nomes, bem mais liberal que a brasileira. Do outro lado da linha, a funcionária da empresa de ônibus pediu uma informação básica para Lady, que queria comprar uma passagem de Bogotá para Santa Marta, na Colômbia: o nome completo da passageira. Ela, que havia se preparado para pronunciar seu novo nome, meditou por alguns segundos antes de responder. "A, B, C, D, E, F", começou a soletrar. A funcionária ficou confusa e achou que era piada. Mas Lady estava falando sério. REFLEXÃO Desde fevereiro de 2013 seu nome e sobrenome são formados pelas 26 letras do alfabeto. "Sempre fui classificada com letras, como LGTB e BDSM. Então quis que meu nome significasse que sou tudo isso, mas também que sou nada", disse a BBC Mundo ABCDEFG, que antes da mudança de nome era conhecida como Ladyzunga. É um nome de fantasia, escolhido pela artista performática, DJ e desenhista. "Sempre senti que o nome que meus pais haviam me dado não me representava. Era parecido com todos os outros nomes." Com a mudança, ela cumpre um objetivo que sempre teve: seu nome não é de mulher nem de homem. Não há um gênero reconhecível. ABCDEFG nasceu na cidade montanheira de Popayán, no sudoeste da Colômbia, em 1978. Depois de concluir o curso de desenho industrial na Universidade de Cauca, foi para Bogotá e começou a realizar performances embaladas por música. A artista colombiana pensou em um nome com palavrões, mas temeu que ninguém fosse repeti-los "Com o tempo me dei conta de que queria mudar de nome. Refleti muito e decidi ir adiante", lembra. "Primeiro pensei em algo grosseiro, para chocar as pessoas. Mas me dei conta de que ninguém iria pronunciar meu nome assim. Foi por isso que pensei no alfabeto." ENTRAVES Em dezembro de 2012, durante uma apresentação em Cali, que fica a apenas duas horas de Popayán, ABCDEFG decidiu ir a sua cidade natal fazer a mudança. "Disseram-me que era um procedimento que durava cinco dias e custava o equivalente a US$ 20." No caso dela, porém, foram necessários três meses e bem mais dinheiro. Uma lei de 1851 dá aos colombianos o direito de mudar nome e sobrenome. No Brasil, a Lei de Registros Públicos estabelece que a mudança apenas pode ser feita nos casos em que o nome provoque constrangimentos ou problemas. O caso colombiano mais famoso desde então era de um torcedor de futebol que adotou o nome de seu time e em 2004 passou a ser chamado Deportivo Independiente Medellín Giraldo Zuluaga. A mudança, porém, só pode ser feita uma única vez. VIDA IMITA A ARTE Mas quando Ladyzunga chegou ao cartório em Popayán, foi informada de que a mudança de nome não seria aceita. "Eu sabia que tinha o direito [de mudar de nome]. Eles [o cartório] diziam que precisavam consultar superiores, mas eu sabia que o cartório tinha autonomia para realizar a mudança." Durante meses o processo ficou parado. Até o dia em que a artista foi a um cartório de Bogotá e enfim resolveu o problema. A colombiana diz não temer os problemas práticos causados pela mudança de nome "Não me fizeram perguntas. Simplesmente pediram documentos e o pagamento da taxa. Em cinco dias fui recolher tudo." ABCDEFG diz não se preocupar com os problemas práticos causados pela mudança, como o da compra da passagem pelo telefone. Isso porque ela vê sua vida atual como uma intensa sequência de performances. "Todas as vezes que interajo com alguém por causa de meu nome o momento se transforma em um 'happening' ('acontecimento', em inglês), uma experiência artística diferente", explica. Seu novo nome também representa uma demonstração de rebeldia contra o sistema. "Não fiz isso para ficar famosa ou dar entrevistas. Fiz isso contra um sistema que quer ver todos nós clonados."
bbc
De A a Z: Artista colombiana adota o alfabeto como nomeABCDEFG se beneficiou da legislação colombiana sobre mudanças de nomes, bem mais liberal que a brasileira. Do outro lado da linha, a funcionária da empresa de ônibus pediu uma informação básica para Lady, que queria comprar uma passagem de Bogotá para Santa Marta, na Colômbia: o nome completo da passageira. Ela, que havia se preparado para pronunciar seu novo nome, meditou por alguns segundos antes de responder. "A, B, C, D, E, F", começou a soletrar. A funcionária ficou confusa e achou que era piada. Mas Lady estava falando sério. REFLEXÃO Desde fevereiro de 2013 seu nome e sobrenome são formados pelas 26 letras do alfabeto. "Sempre fui classificada com letras, como LGTB e BDSM. Então quis que meu nome significasse que sou tudo isso, mas também que sou nada", disse a BBC Mundo ABCDEFG, que antes da mudança de nome era conhecida como Ladyzunga. É um nome de fantasia, escolhido pela artista performática, DJ e desenhista. "Sempre senti que o nome que meus pais haviam me dado não me representava. Era parecido com todos os outros nomes." Com a mudança, ela cumpre um objetivo que sempre teve: seu nome não é de mulher nem de homem. Não há um gênero reconhecível. ABCDEFG nasceu na cidade montanheira de Popayán, no sudoeste da Colômbia, em 1978. Depois de concluir o curso de desenho industrial na Universidade de Cauca, foi para Bogotá e começou a realizar performances embaladas por música. A artista colombiana pensou em um nome com palavrões, mas temeu que ninguém fosse repeti-los "Com o tempo me dei conta de que queria mudar de nome. Refleti muito e decidi ir adiante", lembra. "Primeiro pensei em algo grosseiro, para chocar as pessoas. Mas me dei conta de que ninguém iria pronunciar meu nome assim. Foi por isso que pensei no alfabeto." ENTRAVES Em dezembro de 2012, durante uma apresentação em Cali, que fica a apenas duas horas de Popayán, ABCDEFG decidiu ir a sua cidade natal fazer a mudança. "Disseram-me que era um procedimento que durava cinco dias e custava o equivalente a US$ 20." No caso dela, porém, foram necessários três meses e bem mais dinheiro. Uma lei de 1851 dá aos colombianos o direito de mudar nome e sobrenome. No Brasil, a Lei de Registros Públicos estabelece que a mudança apenas pode ser feita nos casos em que o nome provoque constrangimentos ou problemas. O caso colombiano mais famoso desde então era de um torcedor de futebol que adotou o nome de seu time e em 2004 passou a ser chamado Deportivo Independiente Medellín Giraldo Zuluaga. A mudança, porém, só pode ser feita uma única vez. VIDA IMITA A ARTE Mas quando Ladyzunga chegou ao cartório em Popayán, foi informada de que a mudança de nome não seria aceita. "Eu sabia que tinha o direito [de mudar de nome]. Eles [o cartório] diziam que precisavam consultar superiores, mas eu sabia que o cartório tinha autonomia para realizar a mudança." Durante meses o processo ficou parado. Até o dia em que a artista foi a um cartório de Bogotá e enfim resolveu o problema. A colombiana diz não temer os problemas práticos causados pela mudança de nome "Não me fizeram perguntas. Simplesmente pediram documentos e o pagamento da taxa. Em cinco dias fui recolher tudo." ABCDEFG diz não se preocupar com os problemas práticos causados pela mudança, como o da compra da passagem pelo telefone. Isso porque ela vê sua vida atual como uma intensa sequência de performances. "Todas as vezes que interajo com alguém por causa de meu nome o momento se transforma em um 'happening' ('acontecimento', em inglês), uma experiência artística diferente", explica. Seu novo nome também representa uma demonstração de rebeldia contra o sistema. "Não fiz isso para ficar famosa ou dar entrevistas. Fiz isso contra um sistema que quer ver todos nós clonados."
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'Eu Te Levo' tropeça em representação do tédio e entedia
Expressar o sentimento de paralisia, a dificuldade na hora de tomar uma decisão é a principal ambição e também a limitação de "Eu te Levo". O roteirista Marcelo Müller estreia na direção de longas com uma história sobre o impasse existencial de um jovem pouco antes de completar 30 anos. A idade simboliza a entrada, cada vez mais adiada, na idade adulta, passagem na qual a dependência material e afetiva dos pais e a formação escolar são etapas cumpridas e encontrar emprego estável deveria completar o quadro. O protagonista Rogério mora com a mãe, cuida da loja do pai, que morreu, e sonha em se transformar em bombeiro. Retratá-lo como alguém comum, semelhante a milhares, é uma das qualidades do filme, pois o cinema costuma ser confundido como um lugar exclusivo para personagens e histórias excepcionais. Apesar de individualizar ao extremo o personagem, "Eu te Levo" não deixa de ser perpassado por questões sociais, pela desconexão entre o que se espera de cada um e o que se encontra no universo escolar e do trabalho, por exemplo. Coerente com seu protagonista e sua situação apagados, Müller filma em preto e branco uma realidade feita de pouca variedade e estímulo. A ambientação em Jundiaí, exemplo de cidade perto-longe da capital, demonstra a atenção do realizador aos significados e sua cautela para não chatear com didatismo. Mas o filme tropeça numa dificuldade que já derrubou realizadores talentosos: como representar o tédio e, ao mesmo tempo, não entediar? Seguimos Rogério em sua rotina, assistimos a seu estranhamento dos outros, vemos choques com modelos rígidos, em registro realista uniforme. A interpretação nada óbvia de Anderson Di Rizzi, que compõe um personagem distante, quase frio em sua alienação, traduz sentimentos de forma muda e sem precisar recorrer demais à psicologia. A câmera sempre muito junto do personagem demonstra a intenção de produzir uma identificação com ele. Mas a ausência, talvez intencional, de empatia, de uma projeção emocional do espectador no drama sem sobressaltos produz um resultado correto, mas autoconsciente demais, sem desequilíbrios que ajudariam a dar ao filme a densidade que ele procura. * EU TE LEVO QUANDO: estreia nesta quinta (30) ELENCO: Anderson Di Rizzi, Rosi Campos, Giovanni Gallo PRODUÇÃO: Brasil, 2014, 12 anos DIREÇÃO: Marcelo Müller
ilustrada
'Eu Te Levo' tropeça em representação do tédio e entediaExpressar o sentimento de paralisia, a dificuldade na hora de tomar uma decisão é a principal ambição e também a limitação de "Eu te Levo". O roteirista Marcelo Müller estreia na direção de longas com uma história sobre o impasse existencial de um jovem pouco antes de completar 30 anos. A idade simboliza a entrada, cada vez mais adiada, na idade adulta, passagem na qual a dependência material e afetiva dos pais e a formação escolar são etapas cumpridas e encontrar emprego estável deveria completar o quadro. O protagonista Rogério mora com a mãe, cuida da loja do pai, que morreu, e sonha em se transformar em bombeiro. Retratá-lo como alguém comum, semelhante a milhares, é uma das qualidades do filme, pois o cinema costuma ser confundido como um lugar exclusivo para personagens e histórias excepcionais. Apesar de individualizar ao extremo o personagem, "Eu te Levo" não deixa de ser perpassado por questões sociais, pela desconexão entre o que se espera de cada um e o que se encontra no universo escolar e do trabalho, por exemplo. Coerente com seu protagonista e sua situação apagados, Müller filma em preto e branco uma realidade feita de pouca variedade e estímulo. A ambientação em Jundiaí, exemplo de cidade perto-longe da capital, demonstra a atenção do realizador aos significados e sua cautela para não chatear com didatismo. Mas o filme tropeça numa dificuldade que já derrubou realizadores talentosos: como representar o tédio e, ao mesmo tempo, não entediar? Seguimos Rogério em sua rotina, assistimos a seu estranhamento dos outros, vemos choques com modelos rígidos, em registro realista uniforme. A interpretação nada óbvia de Anderson Di Rizzi, que compõe um personagem distante, quase frio em sua alienação, traduz sentimentos de forma muda e sem precisar recorrer demais à psicologia. A câmera sempre muito junto do personagem demonstra a intenção de produzir uma identificação com ele. Mas a ausência, talvez intencional, de empatia, de uma projeção emocional do espectador no drama sem sobressaltos produz um resultado correto, mas autoconsciente demais, sem desequilíbrios que ajudariam a dar ao filme a densidade que ele procura. * EU TE LEVO QUANDO: estreia nesta quinta (30) ELENCO: Anderson Di Rizzi, Rosi Campos, Giovanni Gallo PRODUÇÃO: Brasil, 2014, 12 anos DIREÇÃO: Marcelo Müller
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Mulher inventa 'sistema', e marido escreve livro só com o piscar dos olhos
Tomar sorvete, cuidar de orquídeas, pescar, dar um beijo no filho. Situações rotineiras antes vividas por Dorivaldo Aparecido Fracaroli, 56, de Boraceia (a 316 km de São Paulo), se tornaram impossíveis ao adoecer. Portador de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica ), doença neurológica que atrofia progressivamente os músculos e leva à perda dos movimentos do corpo, ele usa cadeira de rodas e se comunica só com o piscar dos olhos. Respira artificialmente, e o alimento é aplicado no estômago. Os limites físicos não impediram Dorivaldo de escrever um livro. "Ipê 'DO' Amarelo", de 112 páginas, foi feito em parceria com a fonoaudióloga Maria José de Oliveira, 52, que transportava as piscadas dele para o papel. A história é semelhante à contada no filme "O Escafandro e a Borboleta". No Brasil, uma tese de doutorado já foi escrita do mesmo modo. O livro começou a ser escrito em 2014 e traz memórias do autor, desde a sua infância, na zona rural, além de como foi a descoberta da ELA, a evolução da doença e como foi o processo para aceitá-la. Dorivaldo é famoso em Boraceia, cidade de 4.675 habitantes, na região central do Estado. Além de já ter sido dono de sorveteria, de bar e funcionário na Câmara, é o responsável pelo desenho da bandeira do município. O sistema de comunicação dele com o mundo foi criado por sua mulher, a professora Valéria Maria da Silva Fracaroli, 52, quando ele ainda estava na UTI de um hospital em São Paulo, em 2012. O marido teve complicações em uma gastrostomia (para receber alimentação já no estômago). Em seguida, também foi submetido a uma traqueostomia (cirurgia para respiração mecânica) e perdeu a fala. "Eu não sabia se ele tinha dor, o que ele queria falar. Era um momento de desespero", lembra Valéria. Em seguida, em uma folha, escreveu o alfabeto, dividindo em linhas. As letras "A" até a "G" ficam na primeira linha. E assim por diante. Ela pergunta se a letra está na primeira linha, na segunda. Dorivaldo diz sim com uma piscada. Não, com duas. Quando quer colocar ponto ou vírgula, levanta as sobrancelhas. "A primeira frase que ele formulou foi perguntar se podia tomar banho", diz a mulher. TEIMOSIA Os sintomas começaram a aparecer em 2008, com dores nos ombros. Em 2009, veio o diagnóstico. Na época viajava todos os dias para trabalhar. "Levou vários tombos e não me contava. Só ficava sabendo quando ele voltava machucado", conta a mulher. Enquanto Valéria lembrava do passado, o marido piscava para confirmar ou corrigir as frases dela. E ria ao ser chamado de teimoso. Em janeiro de 2013, Dorivaldo retornou a Boraceia. A fonoaudióloga Maria José Oliveira passou a visitá-lo para consultas. "Ele chegou muito triste, e então eu sugeri que ele escrevesse um livro de qualquer assunto." Letra a letra, tudo era escrito em uma lousa branca. Quando estava completa, o conteúdo era copiado em um livro, à mão. Inicialmente a própria mulher recolhia os depoimentos. Depois, a tarefa passou para técnicas de enfermagem. E, por fim, a fonoaudióloga Maria José. Dorivaldo mantém-se ativo na administração da casa. Dá palpites, faz contas e aconselha o filho Tadeu, 22. A locomoção dele por Boraceia é por cadeira de rodas, empurrado por familiares e técnicas de enfermagem. A venda do livro servirá para comprar um computador capaz de reconhecer o movimento dos olhos dele. Hoje, Dorivaldo tem página em rede social, com a ajuda de amigos. Um segundo livro já está sendo preparado, sobre a história da cidade. Dorivaldo quis também falar na entrevista à Folha, no sábado (25), em sua casa. "A mensagem que eu quero deixar é para que as pessoas nunca desistam, que todos podem fazer alguma coisa para se ocupar", ditou letra a letra à mulher.
cotidiano
Mulher inventa 'sistema', e marido escreve livro só com o piscar dos olhosTomar sorvete, cuidar de orquídeas, pescar, dar um beijo no filho. Situações rotineiras antes vividas por Dorivaldo Aparecido Fracaroli, 56, de Boraceia (a 316 km de São Paulo), se tornaram impossíveis ao adoecer. Portador de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica ), doença neurológica que atrofia progressivamente os músculos e leva à perda dos movimentos do corpo, ele usa cadeira de rodas e se comunica só com o piscar dos olhos. Respira artificialmente, e o alimento é aplicado no estômago. Os limites físicos não impediram Dorivaldo de escrever um livro. "Ipê 'DO' Amarelo", de 112 páginas, foi feito em parceria com a fonoaudióloga Maria José de Oliveira, 52, que transportava as piscadas dele para o papel. A história é semelhante à contada no filme "O Escafandro e a Borboleta". No Brasil, uma tese de doutorado já foi escrita do mesmo modo. O livro começou a ser escrito em 2014 e traz memórias do autor, desde a sua infância, na zona rural, além de como foi a descoberta da ELA, a evolução da doença e como foi o processo para aceitá-la. Dorivaldo é famoso em Boraceia, cidade de 4.675 habitantes, na região central do Estado. Além de já ter sido dono de sorveteria, de bar e funcionário na Câmara, é o responsável pelo desenho da bandeira do município. O sistema de comunicação dele com o mundo foi criado por sua mulher, a professora Valéria Maria da Silva Fracaroli, 52, quando ele ainda estava na UTI de um hospital em São Paulo, em 2012. O marido teve complicações em uma gastrostomia (para receber alimentação já no estômago). Em seguida, também foi submetido a uma traqueostomia (cirurgia para respiração mecânica) e perdeu a fala. "Eu não sabia se ele tinha dor, o que ele queria falar. Era um momento de desespero", lembra Valéria. Em seguida, em uma folha, escreveu o alfabeto, dividindo em linhas. As letras "A" até a "G" ficam na primeira linha. E assim por diante. Ela pergunta se a letra está na primeira linha, na segunda. Dorivaldo diz sim com uma piscada. Não, com duas. Quando quer colocar ponto ou vírgula, levanta as sobrancelhas. "A primeira frase que ele formulou foi perguntar se podia tomar banho", diz a mulher. TEIMOSIA Os sintomas começaram a aparecer em 2008, com dores nos ombros. Em 2009, veio o diagnóstico. Na época viajava todos os dias para trabalhar. "Levou vários tombos e não me contava. Só ficava sabendo quando ele voltava machucado", conta a mulher. Enquanto Valéria lembrava do passado, o marido piscava para confirmar ou corrigir as frases dela. E ria ao ser chamado de teimoso. Em janeiro de 2013, Dorivaldo retornou a Boraceia. A fonoaudióloga Maria José Oliveira passou a visitá-lo para consultas. "Ele chegou muito triste, e então eu sugeri que ele escrevesse um livro de qualquer assunto." Letra a letra, tudo era escrito em uma lousa branca. Quando estava completa, o conteúdo era copiado em um livro, à mão. Inicialmente a própria mulher recolhia os depoimentos. Depois, a tarefa passou para técnicas de enfermagem. E, por fim, a fonoaudióloga Maria José. Dorivaldo mantém-se ativo na administração da casa. Dá palpites, faz contas e aconselha o filho Tadeu, 22. A locomoção dele por Boraceia é por cadeira de rodas, empurrado por familiares e técnicas de enfermagem. A venda do livro servirá para comprar um computador capaz de reconhecer o movimento dos olhos dele. Hoje, Dorivaldo tem página em rede social, com a ajuda de amigos. Um segundo livro já está sendo preparado, sobre a história da cidade. Dorivaldo quis também falar na entrevista à Folha, no sábado (25), em sua casa. "A mensagem que eu quero deixar é para que as pessoas nunca desistam, que todos podem fazer alguma coisa para se ocupar", ditou letra a letra à mulher.
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Tocantins é Estado campeão em raios; em SP, São Caetano lidera ranking
Um novo levantamento realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) usou uma nova metodologia, mais precisa, para saber quais municípios e Estados são mais atingidos por raios. O ranking, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que Tocantins é o Estado brasileiro com maior densidade de raios –isto é, mais eventos por área, com o total de 19,8 raios por km² ao ano. Na sequência aparecem Amazonas e Acre (15,8 raios/km²/ano), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso do Sul (11,1), Roraima (7,9) e Piauí (7,7). São Paulo vem em seguida, na décima posição, com 5,2 raios/km²/ano. Isso não significa que todos os paulistas possam ficar absolutamente tranquilos. Sulsancaetanenses (gentílico de São Caetano do Sul) são quase tocantinenses nessa brincadeira. A cidade do ABC paulista recebe anualmente 19,7 raios/km². A cidade mais atingida por Raios no país é Santa Maria das Barreiras (PA), com 44,3 raios/km²/ano, mas, quando o assunto é morte, quem vai pior são habitantes de São Gabriel da Caichoeira (AM). Com seus cerca de 40 mil habitantes, há quase uma morte por ano (0,84, em média) por causa dos raios. Os novos equipamentos da rede BrasilDAT e uma nova metodologia de análise "permitirão em cinco anos o mapeamento da incidência de descargas no país com uma resolução entre 2 e 3 km. Poderemos saber em quais bairros de uma cidade ocorrem mais raios", diz Osmar Pinto Junior, do Elat. A expectativa é que a nova rede detecte 99% dos raios no país. A explicação de por que alguns lugares são mais atingidos ainda não é definitiva, mas o estudo detectou que boa parte das cidades que sofrem com raios na região Norte ficam próximas de rios, indicando que a umidade pode ser um fator importante. Outros que parecem envolvidos são os fenômenos climáticos El Niño e La Niña, Todos os anos o Brasil é atingido por quase 80 milhões de raios. Destes, 300 atingem pessoas, com letalidade de um a cada três casos.
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Tocantins é Estado campeão em raios; em SP, São Caetano lidera rankingUm novo levantamento realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) usou uma nova metodologia, mais precisa, para saber quais municípios e Estados são mais atingidos por raios. O ranking, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que Tocantins é o Estado brasileiro com maior densidade de raios –isto é, mais eventos por área, com o total de 19,8 raios por km² ao ano. Na sequência aparecem Amazonas e Acre (15,8 raios/km²/ano), Maranhão (13,3), Pará (12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso do Sul (11,1), Roraima (7,9) e Piauí (7,7). São Paulo vem em seguida, na décima posição, com 5,2 raios/km²/ano. Isso não significa que todos os paulistas possam ficar absolutamente tranquilos. Sulsancaetanenses (gentílico de São Caetano do Sul) são quase tocantinenses nessa brincadeira. A cidade do ABC paulista recebe anualmente 19,7 raios/km². A cidade mais atingida por Raios no país é Santa Maria das Barreiras (PA), com 44,3 raios/km²/ano, mas, quando o assunto é morte, quem vai pior são habitantes de São Gabriel da Caichoeira (AM). Com seus cerca de 40 mil habitantes, há quase uma morte por ano (0,84, em média) por causa dos raios. Os novos equipamentos da rede BrasilDAT e uma nova metodologia de análise "permitirão em cinco anos o mapeamento da incidência de descargas no país com uma resolução entre 2 e 3 km. Poderemos saber em quais bairros de uma cidade ocorrem mais raios", diz Osmar Pinto Junior, do Elat. A expectativa é que a nova rede detecte 99% dos raios no país. A explicação de por que alguns lugares são mais atingidos ainda não é definitiva, mas o estudo detectou que boa parte das cidades que sofrem com raios na região Norte ficam próximas de rios, indicando que a umidade pode ser um fator importante. Outros que parecem envolvidos são os fenômenos climáticos El Niño e La Niña, Todos os anos o Brasil é atingido por quase 80 milhões de raios. Destes, 300 atingem pessoas, com letalidade de um a cada três casos.
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Conselho do Ministério Público nega pedido de Lula contra procurador da Lava Jato
O Conselho Nacional do Ministério Público negou pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para afastar o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Lava jato, das investigações contra o petista e seus familiares. O conselho entendeu que não tem atribuição para analisar os questionamentos feitos pelos advogados e decidiu enviar o caso para a Corregedoria Nacional do Ministério Público avaliar se abre ou não algum tipo de procedimento para investigar a conduta do procurador. Os advogados acusam o procurador de agir com parcialidade e antecipar juízo sobre as apurações envolvendo Lula e seus familiares sem ter nenhum fato concreto para imputá-lo como culpado. Segundo os defensores, Lima teria afrontado o princípio da presunção da inocência e sigilo de Justiça, além de ter revelado um anseio pessoal em envolver indevidamente o ex-presidente na Lava Jato. A defesa utiliza como base do pedido entrevista concedidas por Lima e apontam que ele tratou de questões sobre investigação sigilosa e que atualmente está sob os cuidados do Supremo Tribunal Federal. Na sessão, os conselheiros julgaram improcedente o pedido de defesa. Relator, o conselheiro Leonardo Henrique de Cavalcante Carvalho não pode substituir os procedimentos adequados para a discussão sobre o afastamento de um procurador. Ele defendeu ainda que impedir integrantes do MP de concederem entrevista representa uma interferência na atuação do procurador. Para Walter de Agra Júnior, impedir a manifestação de procuradores pode representar uma "lei da mordaça". Segundo Fábio Bastos Stica, o conselho precisa discutir uma recomendação para as manifestações dos procuradores. Subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil do governo Temer, Gustavo do Vale Rocha, também votou contra o pedido de Lula. Ele é indicado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e continua acumulando a função no governo com a vaga no conselho. No julgamento, os defensores disseram que Lima cometeu irregularidade porque as investigações de Lula estão em segredo. Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, ele extrapolou ainda ao apontar a prática de crime que não existe, sendo que não recebeu punição da Justiça. "O 'trial by media' deve ser superado", afirmou.
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Conselho do Ministério Público nega pedido de Lula contra procurador da Lava JatoO Conselho Nacional do Ministério Público negou pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para afastar o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Lava jato, das investigações contra o petista e seus familiares. O conselho entendeu que não tem atribuição para analisar os questionamentos feitos pelos advogados e decidiu enviar o caso para a Corregedoria Nacional do Ministério Público avaliar se abre ou não algum tipo de procedimento para investigar a conduta do procurador. Os advogados acusam o procurador de agir com parcialidade e antecipar juízo sobre as apurações envolvendo Lula e seus familiares sem ter nenhum fato concreto para imputá-lo como culpado. Segundo os defensores, Lima teria afrontado o princípio da presunção da inocência e sigilo de Justiça, além de ter revelado um anseio pessoal em envolver indevidamente o ex-presidente na Lava Jato. A defesa utiliza como base do pedido entrevista concedidas por Lima e apontam que ele tratou de questões sobre investigação sigilosa e que atualmente está sob os cuidados do Supremo Tribunal Federal. Na sessão, os conselheiros julgaram improcedente o pedido de defesa. Relator, o conselheiro Leonardo Henrique de Cavalcante Carvalho não pode substituir os procedimentos adequados para a discussão sobre o afastamento de um procurador. Ele defendeu ainda que impedir integrantes do MP de concederem entrevista representa uma interferência na atuação do procurador. Para Walter de Agra Júnior, impedir a manifestação de procuradores pode representar uma "lei da mordaça". Segundo Fábio Bastos Stica, o conselho precisa discutir uma recomendação para as manifestações dos procuradores. Subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil do governo Temer, Gustavo do Vale Rocha, também votou contra o pedido de Lula. Ele é indicado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e continua acumulando a função no governo com a vaga no conselho. No julgamento, os defensores disseram que Lima cometeu irregularidade porque as investigações de Lula estão em segredo. Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, ele extrapolou ainda ao apontar a prática de crime que não existe, sendo que não recebeu punição da Justiça. "O 'trial by media' deve ser superado", afirmou.
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O curioso caso do milionário russo do Instagram que nunca existiu
Boris Bork tinha tudo, ao menos quando o assunto são bens materiais: andava de carros de luxo, comia em restaurantes premiados, tinha seu próprio helicóptero e, pelo jeito, vários dígitos em sua conta corrente. Ele gostava de mostrar tudo isso no Instagram, compartilhando sua vida de moscovita milionário com seus mais de 18 mil seguidores. Chegou até a aparecer em um clipe de uma conhecida banda russa. Parecia ter a vida que sonhava. Mas nem tudo que reluz é ouro –especialmente nas redes sociais. A verdade é que Boris não era real, e sim um experimento de dois amigos que queriam provar que não é preciso ter muito dinheiro para criar um personagem que viralize na internet. O consultor de marketing Roman Zaripov, de 23 anos, disse que a ideia surgiu depois de ler um artigo sobre o preço para criar uma estrela das redes sociais –segundo ele, o texto dizia que o valor poderia chegar a até oito dígitos. Convencido de que poderia fazer isso por muito menos, procurou na rede social russa VKontakte alguém de meia idade –e que tivesse uma aparência "fresca"– para encarnar o papel de um milionário fictício. Foi assim que encontrou Boris Kudryashov, um aposentado disposto a participar do experimento. Eles passaram vários finais de semana tirando fotos e publicando no Instagam até transformar Kudryashov –que recebe apenas uma modesta pensão de US$ 195 mensais (R$ 616)– no milionário Boris Bork. O plano incluiu até o envio, por Zaripov, de uma notícia falsa aos gestores da VKontakte. As fotos refletem um estilo de vida cheio de luxos e prazeres que corresponderia ao de uma pessoa com uma abastada conta corrente e de personalidade pretensiosa. Mas tudo não passava de um experimento social. Zaripov disse que a conta recebia 30 mensagens diárias, algumas delas com sondagens para anunciar produtos e marcas de roupas em seu Instagram ou para o envio de presentes em troca de publicidade. A REVELAÇÃO Depois de seis meses, o jovem revelou em um post no Facebook a verdadeira história do famoso milionário. "Me surpreendi como, gastando apenas US$ 800 (R$ 2.500) em dois meses, pude fazer com que dezenas de milhares de adultos acreditassem em uma pessoa que não existe", disse Zaripov. O que mais o surpreendeu, segundo ele, foi a facilidade de enganar as pessoas, que "deveriam comprovar a veracidade da informação (que se publica nas redes sociais), e não parecem fazê-lo". Nos últimos meses, algumas celebridades têm externado reticência quanto ao uso excessivo das redes sociais. "Isso tem um grande impacto na autoestima das mulheres jovens, porque tudo o que fazem é criar uma imagem de si mesmas para agradar as pessoas. E isso vem acompanhado de quê? Transtornos alimentares", disse a atriz Kate Winslet. A roteirista, diretora e atriz Lena Dunham decidiu deixar as redes sociais depois de receber uma série de comentários ofensivos que, segundo ela, "criam uma espécie de câncer dentro de você". INSPIRAÇÃO ITALIANA A inspiração de Zaripov para criar Boris Bork foi o milionário italiano Gianluca Vacchi –este real. As publicações de Vacchi, 49, viraram um fenômeno do Instagram. Em um de seus vídeos, que já acumula mais de três milhões de visualizações, ele aparece dançando a música La Mordidita, de Ricky Martin, em um enorme iate –ao lado, sua noiva de vinte e poucos anos, Giorgia Gabriele. Vacchi é um empresário com investimentos em vários ramos –e dono de um estilo de vida extravagante. Assim como o fictício Boris Bork, que dizia querer "propagar a boa vida e sua forma de ver o mundo". Mas, ao menos neste caso, a fortuna é de verdade.
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O curioso caso do milionário russo do Instagram que nunca existiuBoris Bork tinha tudo, ao menos quando o assunto são bens materiais: andava de carros de luxo, comia em restaurantes premiados, tinha seu próprio helicóptero e, pelo jeito, vários dígitos em sua conta corrente. Ele gostava de mostrar tudo isso no Instagram, compartilhando sua vida de moscovita milionário com seus mais de 18 mil seguidores. Chegou até a aparecer em um clipe de uma conhecida banda russa. Parecia ter a vida que sonhava. Mas nem tudo que reluz é ouro –especialmente nas redes sociais. A verdade é que Boris não era real, e sim um experimento de dois amigos que queriam provar que não é preciso ter muito dinheiro para criar um personagem que viralize na internet. O consultor de marketing Roman Zaripov, de 23 anos, disse que a ideia surgiu depois de ler um artigo sobre o preço para criar uma estrela das redes sociais –segundo ele, o texto dizia que o valor poderia chegar a até oito dígitos. Convencido de que poderia fazer isso por muito menos, procurou na rede social russa VKontakte alguém de meia idade –e que tivesse uma aparência "fresca"– para encarnar o papel de um milionário fictício. Foi assim que encontrou Boris Kudryashov, um aposentado disposto a participar do experimento. Eles passaram vários finais de semana tirando fotos e publicando no Instagam até transformar Kudryashov –que recebe apenas uma modesta pensão de US$ 195 mensais (R$ 616)– no milionário Boris Bork. O plano incluiu até o envio, por Zaripov, de uma notícia falsa aos gestores da VKontakte. As fotos refletem um estilo de vida cheio de luxos e prazeres que corresponderia ao de uma pessoa com uma abastada conta corrente e de personalidade pretensiosa. Mas tudo não passava de um experimento social. Zaripov disse que a conta recebia 30 mensagens diárias, algumas delas com sondagens para anunciar produtos e marcas de roupas em seu Instagram ou para o envio de presentes em troca de publicidade. A REVELAÇÃO Depois de seis meses, o jovem revelou em um post no Facebook a verdadeira história do famoso milionário. "Me surpreendi como, gastando apenas US$ 800 (R$ 2.500) em dois meses, pude fazer com que dezenas de milhares de adultos acreditassem em uma pessoa que não existe", disse Zaripov. O que mais o surpreendeu, segundo ele, foi a facilidade de enganar as pessoas, que "deveriam comprovar a veracidade da informação (que se publica nas redes sociais), e não parecem fazê-lo". Nos últimos meses, algumas celebridades têm externado reticência quanto ao uso excessivo das redes sociais. "Isso tem um grande impacto na autoestima das mulheres jovens, porque tudo o que fazem é criar uma imagem de si mesmas para agradar as pessoas. E isso vem acompanhado de quê? Transtornos alimentares", disse a atriz Kate Winslet. A roteirista, diretora e atriz Lena Dunham decidiu deixar as redes sociais depois de receber uma série de comentários ofensivos que, segundo ela, "criam uma espécie de câncer dentro de você". INSPIRAÇÃO ITALIANA A inspiração de Zaripov para criar Boris Bork foi o milionário italiano Gianluca Vacchi –este real. As publicações de Vacchi, 49, viraram um fenômeno do Instagram. Em um de seus vídeos, que já acumula mais de três milhões de visualizações, ele aparece dançando a música La Mordidita, de Ricky Martin, em um enorme iate –ao lado, sua noiva de vinte e poucos anos, Giorgia Gabriele. Vacchi é um empresário com investimentos em vários ramos –e dono de um estilo de vida extravagante. Assim como o fictício Boris Bork, que dizia querer "propagar a boa vida e sua forma de ver o mundo". Mas, ao menos neste caso, a fortuna é de verdade.
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Antropofagismo de Oswald de Andrade ainda é antídoto para a colonização
RESUMO Em novo livro, Beatriz Azevedo mostra ao leitor o caminho do gesto criativo de Oswald de Andrade e reitera que ainda é possível, como o escritor paulistano quis, devorar o inimigo, aprendendo com ele. A alegria do selvagem contra a tristeza da imitação do europeu seria ainda hoje um guia para a criação cultural brasileira. Se o sistema hegeliano é o ventre feito espírito, como aparece em Theodor Adorno, é porque existe uma correspondência entre o logos e o fagos, entre o ato de pensar e o de comer. Essa correspondência constitui a filosofia mais tradicional, aquela da tradição europeia, cognitiva e estética, ética e política, à qual pertencem tanto os filósofos que ainda adoramos como totens e tabus quanto os conquistadores da colonização, com os quais se mantém, na colônia (naquilo que ainda é colônia por aqui), uma relação ambígua, edipiana, meio amedrontada, meio fascinada, típica da forma capitalista e burguesa de pensar. Tal maneira de pensar é totalmente oposta ao que, em Oswald de Andrade, é a ação do pensamento selvagem, antropófago em um sentido totalmente diverso do "geist" canibal que nada aprendeu com o seu outro. Adorno precisaria conhecer Oswald, com quem compartilhava a leitura de Friedrich Nietzsche. Devia ter conhecido esse Oswald que, muito antes dele, sabia do "sentido devorativo do sistema", próprio à fenomenologia do espírito. Mas até agora nem mesmo o Brasil conheceu muito bem as ideias revolucionárias do escritor, e muito menos as levou até as últimas consequências. Na base de muita piada e graça, de muita ironia e metáfora, Oswald nos legou um pensamento perigoso, rico em sedimentações, agora expostas em "Antropofagia - Palimpsesto Selvagem" [Cosac Naify, 240 págs., R$ 86]. Beatriz Azevedo escreveu um livro que nos faz acompanhar o gesto criativo de Oswald, transformado por ela em totem em nome de uma grande festa a ser vivida no matriarcado de Pindorama, na utopia do pensador paulistano. O que Azevedo nos mostra, sem nos ensinar, é que comer o inimigo ainda é possível, mas que devemos antes devorar o deus Oswald. O GATO E A ONÇA Na linha das metáforas alimentares e das do conhecimento, se pode dizer que filósofos e conquistadores são todos farinha do mesmo saco europeu. Um saco de gatos que a compaixão ameríndia impediu de matar a pauladas. Que me perdoem os amantes de gatos pela crueldade das palavras, mas é bom lembrar a polifonia da palavra gato, que se usa tanto para o homem belo quanto para o ladrão, ou o grampo que capta o sinal da TV e do wi-fi alheio, no país do churrasquinho de gato, onde também, não esqueçamos, se vende gato por lebre. A opressão não vem sem o parasitismo que caracteriza a colonização, atravessando nossas relações com a Europa e com os demais exercícios do Império. Só a onça –o jaguar–, que está para o habitante selvagem de Pindorama como o gatinho está para o bom selvagem de Rousseau, seria destino melhor, sabiam os tupinambás que nos antecederam e que inspiraram o pensamento antropófago. De qualquer modo, os invasores do Brasil conseguiram indexar nossas vidas com suas regras estéticas, morais e políticas para nos fazer crer que somos seus filhos e herdeiros, que temos alguma coisa a ver com eles, que aprendemos direitinho a enganar, seja na estética, no moralismo ou na política, a reproduzir a indústria cultural, seja na sua versão acadêmica ou popular. Se a lógica da gambiarra instaurou-se entre nós foi como legado que se adapta aos moldes do imperialismo americanizado do momento. O jogo sujo da estrutura econômica e política e seu correspondente artístico e cultural sempre estiveram na mira da antropofagia, a desconstrução oswaldiana. A europeização branca e cristã nos liga em tudo ao roubo e à pilhagem e o saque se faz gozo entre nós por meio da escravização, da matança dos povos de Pindorama, da maledicência, da imitação das capitais tendências estrangeiras. Oswald de Andrade queria devolver o Brasil a si mesmo através de um poderoso não e, como não era possível expulsar europeus que de algum modo também somos, sugeriu comê-los. Seu gesto inverteu o jogo e transformou o europeu no que ele nunca foi: um outro. E deixou claro, como quem olha como uma onça e não como um gatinho cordial, que eles eram nossos inimigos. DEVORAR A relação etimológica entre saber e sabor, que alguns defendem nas pedagogias atuais mais adocicadas, apaga o caráter bárbaro próprio ao ato do conhecimento baseado no princípio de identidade, ele mesmo devoratório. Por mais interessantes e críticos que sejam os pensadores europeus, como Montaigne, Nietzsche e Marx, lidos por Oswald, apenas os ancestrais tupinambás, e não os judaico-cristãos dos europeus, poderiam ter inspirado uma forma de pensar que se contrapusesse ao poder disfarçado da bondade civilizada e jesuítica que nos levou à hipocrisia e ao cinismo inscritos em nossas carnes, até hoje devoradas pelo capitalismo. À melancolia europeia, Oswald apresentou a alegria como a prova dos nove. Prova que só o pensamento e a ação ameríndia, direta, corajosa, prazerosa e, evidentemente, selvagem, poderia nos dar contra a cadaverização das ideias promovida por intelectuais brasileiros que, em sua época, pareciam maus espíritos a realizar o trabalho morto e triste da imitação. Beatriz Azevedo propõe que a prática da antropofagia "celebraria outra intenção, mais potente: 'continuar alegres'", o que poderia acontecer se invertêssemos a lógica tradicional no que concerne ao pensar, ao sentir, ao agir e ao inventar, o que não aconteceria sem que comêssemos os europeus. Assim como o comer, pensar, no sentido antropófago, necessariamente é um ato selvagem. Um ato perigoso e vingativo, que nos faz ver agora nos olhinhos amedrontados de Hans Staden –ou nos do padre Vieira– uma covardia histórica. Em Oswald, a antropofagia é o método por meio do qual se chega à coragem de pensar, apagada pela ação das teorias colonizadoras e suas catequeses entediantes. No generoso banquete que tem como prato principal o "Manifesto Antropófago", Azevedo nos dá de comer metodicamente esse texto, um corpo bem temperado e assado, com a generosidade, mais do que a certeza, de que o prazer advém, desde o começo, do servir-se delicadamente em nacos de todas as partes do corpo e apreciá-los sem moderação. São muitos os textos que configuram o palimpsesto e há que se comer tudo. A devoração proposta pela autora é eminentemente metódica. Enquanto nos explica o que significa comer Galli Mathias, ela nos leva à operação antropófaga original, temperando-a com a flor de sal da obra de Oswald: "Só não há determinismo onde há mistério, mas que temos nós com isso?". Essa pergunta é o ingrediente mágico que casa muito bem com o bem mastigado "tupi or not tupi". Beatriz nos faz entender o funcionamento desses gostos reunidos em total aversão a qualquer tipo de arte culinária acadêmica, afinal, está em cena um ritual selvagem. Sabemos que a questão essencial de Oswald é a mesma de Beatriz: "Que temos nós com isso?". Ela nos ajuda a entender a importância de uma pergunta que nos conduz a pensar fora das importâncias agregadas aos padrões da nobreza acadêmica. Há ritual, e há roteiro, muito roteiro, mas não há pompa, nem espetáculo. O corpo serve ao corpo, não ao olho sedento de espetáculo. LEITURA RITUAL É na prática de uma paciência antropofágica que Azevedo nos dirá de "galimatias". O discurso incompreensível que Oswald devora no ato mesmo de separar a palavra em duas e transformá-la em personagem. Galli Mathias, criação de Oswald, é aquele que, antes de ser devorado, explicou-lhe o direito como possibilidade. Azevedo faz como Oswald, lê o "Manifesto" separando as partes. Ritualiza assim a leitura, oferecendo-nos os sabores mais incomuns do texto potencializados também para perturbar o paladar domesticado de nossa época. Mais do que anatomia, Azevedo nos lega uma curadoria, ou melhor ainda, uma "curanderia" com o texto de Oswald. Os protocolos acadêmicos são purificados de sua pompa doentia. Entendemos que a importância da antropofagia está no potencial "deseuropeizante" da criação cultural brasileira. No potencial devir indígena, um devir selvagem, aberto ao outro, descolonizante, entregue à floresta, encontramos o desafio brasileiro. Podemos então começar por comemorar a reinauguração do Brasil em uma data mítica. Se há 462 anos se dava a devoração do bispo Sardinha, é a hora de passar ao banquete e servir-se das palavras apetitosas de Beatriz Azevedo. Assim como Morubichaba ao devorar o seu assado, posso garantir que é gostoso. MARCIA TIBURI, 46, professora de filosofia do Mackenzie, é autora de "Como Conversar com um Fascista" (Record).
ilustrissima
Antropofagismo de Oswald de Andrade ainda é antídoto para a colonizaçãoRESUMO Em novo livro, Beatriz Azevedo mostra ao leitor o caminho do gesto criativo de Oswald de Andrade e reitera que ainda é possível, como o escritor paulistano quis, devorar o inimigo, aprendendo com ele. A alegria do selvagem contra a tristeza da imitação do europeu seria ainda hoje um guia para a criação cultural brasileira. Se o sistema hegeliano é o ventre feito espírito, como aparece em Theodor Adorno, é porque existe uma correspondência entre o logos e o fagos, entre o ato de pensar e o de comer. Essa correspondência constitui a filosofia mais tradicional, aquela da tradição europeia, cognitiva e estética, ética e política, à qual pertencem tanto os filósofos que ainda adoramos como totens e tabus quanto os conquistadores da colonização, com os quais se mantém, na colônia (naquilo que ainda é colônia por aqui), uma relação ambígua, edipiana, meio amedrontada, meio fascinada, típica da forma capitalista e burguesa de pensar. Tal maneira de pensar é totalmente oposta ao que, em Oswald de Andrade, é a ação do pensamento selvagem, antropófago em um sentido totalmente diverso do "geist" canibal que nada aprendeu com o seu outro. Adorno precisaria conhecer Oswald, com quem compartilhava a leitura de Friedrich Nietzsche. Devia ter conhecido esse Oswald que, muito antes dele, sabia do "sentido devorativo do sistema", próprio à fenomenologia do espírito. Mas até agora nem mesmo o Brasil conheceu muito bem as ideias revolucionárias do escritor, e muito menos as levou até as últimas consequências. Na base de muita piada e graça, de muita ironia e metáfora, Oswald nos legou um pensamento perigoso, rico em sedimentações, agora expostas em "Antropofagia - Palimpsesto Selvagem" [Cosac Naify, 240 págs., R$ 86]. Beatriz Azevedo escreveu um livro que nos faz acompanhar o gesto criativo de Oswald, transformado por ela em totem em nome de uma grande festa a ser vivida no matriarcado de Pindorama, na utopia do pensador paulistano. O que Azevedo nos mostra, sem nos ensinar, é que comer o inimigo ainda é possível, mas que devemos antes devorar o deus Oswald. O GATO E A ONÇA Na linha das metáforas alimentares e das do conhecimento, se pode dizer que filósofos e conquistadores são todos farinha do mesmo saco europeu. Um saco de gatos que a compaixão ameríndia impediu de matar a pauladas. Que me perdoem os amantes de gatos pela crueldade das palavras, mas é bom lembrar a polifonia da palavra gato, que se usa tanto para o homem belo quanto para o ladrão, ou o grampo que capta o sinal da TV e do wi-fi alheio, no país do churrasquinho de gato, onde também, não esqueçamos, se vende gato por lebre. A opressão não vem sem o parasitismo que caracteriza a colonização, atravessando nossas relações com a Europa e com os demais exercícios do Império. Só a onça –o jaguar–, que está para o habitante selvagem de Pindorama como o gatinho está para o bom selvagem de Rousseau, seria destino melhor, sabiam os tupinambás que nos antecederam e que inspiraram o pensamento antropófago. De qualquer modo, os invasores do Brasil conseguiram indexar nossas vidas com suas regras estéticas, morais e políticas para nos fazer crer que somos seus filhos e herdeiros, que temos alguma coisa a ver com eles, que aprendemos direitinho a enganar, seja na estética, no moralismo ou na política, a reproduzir a indústria cultural, seja na sua versão acadêmica ou popular. Se a lógica da gambiarra instaurou-se entre nós foi como legado que se adapta aos moldes do imperialismo americanizado do momento. O jogo sujo da estrutura econômica e política e seu correspondente artístico e cultural sempre estiveram na mira da antropofagia, a desconstrução oswaldiana. A europeização branca e cristã nos liga em tudo ao roubo e à pilhagem e o saque se faz gozo entre nós por meio da escravização, da matança dos povos de Pindorama, da maledicência, da imitação das capitais tendências estrangeiras. Oswald de Andrade queria devolver o Brasil a si mesmo através de um poderoso não e, como não era possível expulsar europeus que de algum modo também somos, sugeriu comê-los. Seu gesto inverteu o jogo e transformou o europeu no que ele nunca foi: um outro. E deixou claro, como quem olha como uma onça e não como um gatinho cordial, que eles eram nossos inimigos. DEVORAR A relação etimológica entre saber e sabor, que alguns defendem nas pedagogias atuais mais adocicadas, apaga o caráter bárbaro próprio ao ato do conhecimento baseado no princípio de identidade, ele mesmo devoratório. Por mais interessantes e críticos que sejam os pensadores europeus, como Montaigne, Nietzsche e Marx, lidos por Oswald, apenas os ancestrais tupinambás, e não os judaico-cristãos dos europeus, poderiam ter inspirado uma forma de pensar que se contrapusesse ao poder disfarçado da bondade civilizada e jesuítica que nos levou à hipocrisia e ao cinismo inscritos em nossas carnes, até hoje devoradas pelo capitalismo. À melancolia europeia, Oswald apresentou a alegria como a prova dos nove. Prova que só o pensamento e a ação ameríndia, direta, corajosa, prazerosa e, evidentemente, selvagem, poderia nos dar contra a cadaverização das ideias promovida por intelectuais brasileiros que, em sua época, pareciam maus espíritos a realizar o trabalho morto e triste da imitação. Beatriz Azevedo propõe que a prática da antropofagia "celebraria outra intenção, mais potente: 'continuar alegres'", o que poderia acontecer se invertêssemos a lógica tradicional no que concerne ao pensar, ao sentir, ao agir e ao inventar, o que não aconteceria sem que comêssemos os europeus. Assim como o comer, pensar, no sentido antropófago, necessariamente é um ato selvagem. Um ato perigoso e vingativo, que nos faz ver agora nos olhinhos amedrontados de Hans Staden –ou nos do padre Vieira– uma covardia histórica. Em Oswald, a antropofagia é o método por meio do qual se chega à coragem de pensar, apagada pela ação das teorias colonizadoras e suas catequeses entediantes. No generoso banquete que tem como prato principal o "Manifesto Antropófago", Azevedo nos dá de comer metodicamente esse texto, um corpo bem temperado e assado, com a generosidade, mais do que a certeza, de que o prazer advém, desde o começo, do servir-se delicadamente em nacos de todas as partes do corpo e apreciá-los sem moderação. São muitos os textos que configuram o palimpsesto e há que se comer tudo. A devoração proposta pela autora é eminentemente metódica. Enquanto nos explica o que significa comer Galli Mathias, ela nos leva à operação antropófaga original, temperando-a com a flor de sal da obra de Oswald: "Só não há determinismo onde há mistério, mas que temos nós com isso?". Essa pergunta é o ingrediente mágico que casa muito bem com o bem mastigado "tupi or not tupi". Beatriz nos faz entender o funcionamento desses gostos reunidos em total aversão a qualquer tipo de arte culinária acadêmica, afinal, está em cena um ritual selvagem. Sabemos que a questão essencial de Oswald é a mesma de Beatriz: "Que temos nós com isso?". Ela nos ajuda a entender a importância de uma pergunta que nos conduz a pensar fora das importâncias agregadas aos padrões da nobreza acadêmica. Há ritual, e há roteiro, muito roteiro, mas não há pompa, nem espetáculo. O corpo serve ao corpo, não ao olho sedento de espetáculo. LEITURA RITUAL É na prática de uma paciência antropofágica que Azevedo nos dirá de "galimatias". O discurso incompreensível que Oswald devora no ato mesmo de separar a palavra em duas e transformá-la em personagem. Galli Mathias, criação de Oswald, é aquele que, antes de ser devorado, explicou-lhe o direito como possibilidade. Azevedo faz como Oswald, lê o "Manifesto" separando as partes. Ritualiza assim a leitura, oferecendo-nos os sabores mais incomuns do texto potencializados também para perturbar o paladar domesticado de nossa época. Mais do que anatomia, Azevedo nos lega uma curadoria, ou melhor ainda, uma "curanderia" com o texto de Oswald. Os protocolos acadêmicos são purificados de sua pompa doentia. Entendemos que a importância da antropofagia está no potencial "deseuropeizante" da criação cultural brasileira. No potencial devir indígena, um devir selvagem, aberto ao outro, descolonizante, entregue à floresta, encontramos o desafio brasileiro. Podemos então começar por comemorar a reinauguração do Brasil em uma data mítica. Se há 462 anos se dava a devoração do bispo Sardinha, é a hora de passar ao banquete e servir-se das palavras apetitosas de Beatriz Azevedo. Assim como Morubichaba ao devorar o seu assado, posso garantir que é gostoso. MARCIA TIBURI, 46, professora de filosofia do Mackenzie, é autora de "Como Conversar com um Fascista" (Record).
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Impeachment deve ser superado o mais rápido possível, diz Levy
Em sua primeira manifestação pública sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) defendeu que o Congresso suspenda o recesso parlamentar em janeiro para tratar dessa questão rapidamente. "Será importante acelerar a discussão do impeachment. Quanto mais cedo você superar isso, melhor", afirmou o ministro em teleconferência realizada nesta quinta-feira (3) pelo banco Brasil Plural e divulgada nesta sexta-feira (4) pelo ministério. O Palácio do Planalto também trabalha para apressar o desfecho do processo, enquanto parte da oposição prefere prolongar a discussão até 2016. Levy afirmou que, apesar de toda a turbulência causada pela deflagração do processo de impeachment, foi possível aprovar na quarta-feira (2) a mudança da meta fiscal de 2015. O Congresso autorizou o governo federal a fazer um deficit de até R$ 119,9 bilhões, o que possibilitou rever o bloqueio de R$ 11,2 bilhões em despesas do Orçamento. "Apesar disso, as coisas continuam sendo votadas, há medidas importantes no Congresso", afirmou. "Como vimos ontem [quarta], apesar de toda a turbulência, as coisas continuam andando." Segundo Levy, a realização de votações no primeiro mês do ano também contribuiria para aprovar mais rapidamente as medidas de ajuste das contas públicas necessárias para que o governo atinja a meta de economizar 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016. Sobre a meta do próximo ano, afirmou que ela não é "tão ambiciosa" e que a estratégia é continuar controlando gastos e aprovar a volta da CPMF, para ajudar neste momento de desaceleração econômica. Citou também o projeto de repatriação de recursos não declarados no exterior entre as medidas que dependem do Legislativo. "A tarefa mais difícil será votar todos os esforços para alcançar isso [a meta]." Levy disse ainda que o governo tomou todas as medidas "possíveis e necessárias" para manter a economia andando, mas que a situação atual é "desafiante".
poder
Impeachment deve ser superado o mais rápido possível, diz LevyEm sua primeira manifestação pública sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) defendeu que o Congresso suspenda o recesso parlamentar em janeiro para tratar dessa questão rapidamente. "Será importante acelerar a discussão do impeachment. Quanto mais cedo você superar isso, melhor", afirmou o ministro em teleconferência realizada nesta quinta-feira (3) pelo banco Brasil Plural e divulgada nesta sexta-feira (4) pelo ministério. O Palácio do Planalto também trabalha para apressar o desfecho do processo, enquanto parte da oposição prefere prolongar a discussão até 2016. Levy afirmou que, apesar de toda a turbulência causada pela deflagração do processo de impeachment, foi possível aprovar na quarta-feira (2) a mudança da meta fiscal de 2015. O Congresso autorizou o governo federal a fazer um deficit de até R$ 119,9 bilhões, o que possibilitou rever o bloqueio de R$ 11,2 bilhões em despesas do Orçamento. "Apesar disso, as coisas continuam sendo votadas, há medidas importantes no Congresso", afirmou. "Como vimos ontem [quarta], apesar de toda a turbulência, as coisas continuam andando." Segundo Levy, a realização de votações no primeiro mês do ano também contribuiria para aprovar mais rapidamente as medidas de ajuste das contas públicas necessárias para que o governo atinja a meta de economizar 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016. Sobre a meta do próximo ano, afirmou que ela não é "tão ambiciosa" e que a estratégia é continuar controlando gastos e aprovar a volta da CPMF, para ajudar neste momento de desaceleração econômica. Citou também o projeto de repatriação de recursos não declarados no exterior entre as medidas que dependem do Legislativo. "A tarefa mais difícil será votar todos os esforços para alcançar isso [a meta]." Levy disse ainda que o governo tomou todas as medidas "possíveis e necessárias" para manter a economia andando, mas que a situação atual é "desafiante".
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Festival de publicidade de Cannes dá um tempo nas festas com celebridades
Os organizadores do festival de publicidade de Cannes adotaram novas restrições ao ingresso de superiates no porto da Côte d'Azur, como parte de medidas mais amplas de repressão a comportamentos que eles definem como "inapropriados" e de "mau gosto" durante o evento, que dura uma semana. Em uma decisão que deve ser recebida positivamente por alguns executivos publicitários e de mídia que vêm apelando por mais restrições à cultura festiva de Cannes, a Ascential, empresa que organiza o festival, fechou acordo com as autoridades locais para "privatizar" parte do porto, pela primeira vez nos 64 anos de história do evento. Duncan Painter, presidente-executivo da Ascential, disse que em 2016 houve "excesso de celebração" nos barcos atracados no porto e que isso não estava "enquadrado à marca do festival". Ele mencionou dois superiates fretados pelo grupo jornalístico britânico Daily Mail como exemplo do comportamento "reprovável" que, segundo ele, seus clientes pediram que fosse reprimido. "Era uma festa ininterrupta. Não é isso que desejamos para o nosso evento. Cannes gira em torno do trabalho, da qualidade, da criatividade. Queremos uma dignidade e um estilo que reflitam o setor em que estamos." As festas nos iates do Daily Mail foram uma das grandes atrações nos três últimos festivais, com a presença da estrela de reality shows Kim Kardashian e do cantor Sting entre as celebridades de primeira linha usadas para promover os jornais do grupo com os anunciantes. A empresa anunciou que já havia decidido fazer uma pausa neste ano nas festas. Os interessados em fretar iates e atracar no cais ao lado do Palais des Festivals de Cannes agora terão de comprar um passe do festival para o barco e para o número de pessoas que estarão à bordo. As novas regras requererão que os convidados comprem passes ou se registrem com os organizadores se quiserem acesso a alguns dos melhores hotéis da cidade. Os passes para o festival, que começa neste mês, podem custar até £ 5.215 por pessoa (R$ 22 mil). Painter disse que as novas medidas também foram introduzidas para garantir a segurança dos mais de 30 mil convidados que costumam comparecer a Cannes para o festival publicitário. Tradução de PAULO MIGLIACCI
mercado
Festival de publicidade de Cannes dá um tempo nas festas com celebridadesOs organizadores do festival de publicidade de Cannes adotaram novas restrições ao ingresso de superiates no porto da Côte d'Azur, como parte de medidas mais amplas de repressão a comportamentos que eles definem como "inapropriados" e de "mau gosto" durante o evento, que dura uma semana. Em uma decisão que deve ser recebida positivamente por alguns executivos publicitários e de mídia que vêm apelando por mais restrições à cultura festiva de Cannes, a Ascential, empresa que organiza o festival, fechou acordo com as autoridades locais para "privatizar" parte do porto, pela primeira vez nos 64 anos de história do evento. Duncan Painter, presidente-executivo da Ascential, disse que em 2016 houve "excesso de celebração" nos barcos atracados no porto e que isso não estava "enquadrado à marca do festival". Ele mencionou dois superiates fretados pelo grupo jornalístico britânico Daily Mail como exemplo do comportamento "reprovável" que, segundo ele, seus clientes pediram que fosse reprimido. "Era uma festa ininterrupta. Não é isso que desejamos para o nosso evento. Cannes gira em torno do trabalho, da qualidade, da criatividade. Queremos uma dignidade e um estilo que reflitam o setor em que estamos." As festas nos iates do Daily Mail foram uma das grandes atrações nos três últimos festivais, com a presença da estrela de reality shows Kim Kardashian e do cantor Sting entre as celebridades de primeira linha usadas para promover os jornais do grupo com os anunciantes. A empresa anunciou que já havia decidido fazer uma pausa neste ano nas festas. Os interessados em fretar iates e atracar no cais ao lado do Palais des Festivals de Cannes agora terão de comprar um passe do festival para o barco e para o número de pessoas que estarão à bordo. As novas regras requererão que os convidados comprem passes ou se registrem com os organizadores se quiserem acesso a alguns dos melhores hotéis da cidade. Os passes para o festival, que começa neste mês, podem custar até £ 5.215 por pessoa (R$ 22 mil). Painter disse que as novas medidas também foram introduzidas para garantir a segurança dos mais de 30 mil convidados que costumam comparecer a Cannes para o festival publicitário. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Com blocos, Faria Lima vira baile de forró e Augusta atrai público LGBT
O clima do pós-Carnaval paulistano vai de balada LGBT na rua Augusta a baile de forró na Faria Lima, na tarde deste sábado (4). Perto do Vale do Anhangabaú, o bloco Meu Santo é Pop reunia por volta das 18h uma multidão de milhares de pessoas que lotou ao menos cinco quarteirões. Uma característica do bloco foram as performances de danças sobre postes, pontos de ônibus e muros, sempre muito aplaudidas pelos demais foliões. A trilha sonora tocada no trio elétrico foi de Sandy a Britney Spears, passando por hits do funk nacional. No centro, no começo da noite deste sábado, o bloco se junta ao Primavera, Eu Te Amo e ao Catuaba, formando um corredor da folia. O bloco saiu da rua Dona Antonia de Queirós, com sentido ao Vale do Anhangabaú. A multidão também se espalhou por travessas da rua Augusta. Na tarde quente, a tônica do vestuário foi a pouca roupa, com direito a biquínis, maiôs e topless. Havia boa infraestrutura para os foliões, com ao menos dez banheiros químicos e segurança feita por guardas-civis e policiais militares. A reportagem presenciou um grande grupo de fiscais da Prefeitura Regional da Sé apreendendo mercadorias de camelôs que vendiam bebidas alcoólicas sem autorização. RINDO À TOA Outras milhares de pessoas lotaram nesta tarde a avenida Faria Lima, entre o Largo da Batata e o Instituto Tomie Othake. A animação está por conta do bloco Rindo a Toa, da Banda Fala Mansa. O bloco, conduzido pela banda de forró Falamansa, começou a se aproximar do largo da Batata no início da noite. Milhares de pessoas continuavam dançando e cantando forrós e várias outras musicas da MPB. O asfalto e os canteiros da avenida viraram um grande baile de forró. O público, em sua grade maioria formado por jovens, não parava de dançar, apesar do forte calor. "Chuva, eu peço que caia devagar", cantava a banda com o começo da garoa na região. Alguns correram para abrigos sob as árvores, mas todos continuaram a cantar e dançar. Por volta das 19h30, grande parte dos foliões começou a dispersar. As pessoas sofreram para encontrar a saída certa do metrô, já que o embarque e o desembarque foi separado, em cada um dos lados do largo. ORQUESTRA VOADORA Outro bloco que empolgou moradores de São Paulo neste sábado foram os 150 integrantes da Orquestra Voadora do Rio, na zona sul de São Paulo. Em uma mistura de rock, funk, pop e jazz com frevo, samba e maracatu, percorre um trecho da avenida Hélio Pellegrino. Enquanto acontecia o show, outros integrantes apresentam números circenses, e a empolgação aumenta quando a banda toca Tim Maia. É a primeira vez que o grupo instrumental se apresenta inteiro (apesar de ser uma visão reduzida daquela que se apresenta normalmente no Rio) nas ruas da cidade. Além dos músicos, há sete integrantes do bloco desfilando com pernas de pau. Um deles com um pano onde se lê: Temer Jamais. PÓS-CARNAVAL Mesmo com o fim da folia oficial na terça-feira (28), as ruas da capital continuarão tomadas por quase 80 blocos neste sábado (4) e domingo (5). Os destaques são, neste sábado, Primavera, Te Amo, na r. Augusta, desde às 10h e SeJoga, desde às 12h, e, neste domingo, Pipoca da Rainha, da cantora Daniela Mercury, que parte às 16h do cruzamento da r. da Consolação com a av. Paulista. - SÁBADO 1. Orquestra Voadora, às 10h, na r. Hélio Pellegrino (com a r. Diogo Jácome); 2. Primavera, Te Amo, às 10h, na r. Augusta; 3. Se Joga!, às 12h, na av. Brigadeiro Faria Lima; 4. Rindo a Toa (Falamansa), às 14h, na av. Brigadeiro Faria Lima; 5. Brega bloco, às 14h, no largo do Arouche; 6. Catuaba, às 16h, na r. Augusta; DOMINGO 7. Bloco Chega Mais, às 12h, na r. Inácio Pereira da Rocha; 8. Bloco me lembra que eu vou, às 12h, r. Fradique Coutinho; 9. Bloco do Pequeno Burguês, 12h, na av. Santos Dumont; 10. Bloco vou de Táxi, às 13h, av. Brigadeiro Faria Lima; 11. Bloco do síndico, 14h, na av. Helio Pellegrino; 12. Bloco se te pego não te largo, 14h, na av. Brigadeiro Faria Lima (com a r. Fernão Dias); 13. Bloco da diversidade, às 15h, no largo do Arouche; 14. Pipoca da Rainha (Daniela Mercury), às 16h, na r. da Consolação (com a av. Paulista). - Busca Blocos
cotidiano
Com blocos, Faria Lima vira baile de forró e Augusta atrai público LGBTO clima do pós-Carnaval paulistano vai de balada LGBT na rua Augusta a baile de forró na Faria Lima, na tarde deste sábado (4). Perto do Vale do Anhangabaú, o bloco Meu Santo é Pop reunia por volta das 18h uma multidão de milhares de pessoas que lotou ao menos cinco quarteirões. Uma característica do bloco foram as performances de danças sobre postes, pontos de ônibus e muros, sempre muito aplaudidas pelos demais foliões. A trilha sonora tocada no trio elétrico foi de Sandy a Britney Spears, passando por hits do funk nacional. No centro, no começo da noite deste sábado, o bloco se junta ao Primavera, Eu Te Amo e ao Catuaba, formando um corredor da folia. O bloco saiu da rua Dona Antonia de Queirós, com sentido ao Vale do Anhangabaú. A multidão também se espalhou por travessas da rua Augusta. Na tarde quente, a tônica do vestuário foi a pouca roupa, com direito a biquínis, maiôs e topless. Havia boa infraestrutura para os foliões, com ao menos dez banheiros químicos e segurança feita por guardas-civis e policiais militares. A reportagem presenciou um grande grupo de fiscais da Prefeitura Regional da Sé apreendendo mercadorias de camelôs que vendiam bebidas alcoólicas sem autorização. RINDO À TOA Outras milhares de pessoas lotaram nesta tarde a avenida Faria Lima, entre o Largo da Batata e o Instituto Tomie Othake. A animação está por conta do bloco Rindo a Toa, da Banda Fala Mansa. O bloco, conduzido pela banda de forró Falamansa, começou a se aproximar do largo da Batata no início da noite. Milhares de pessoas continuavam dançando e cantando forrós e várias outras musicas da MPB. O asfalto e os canteiros da avenida viraram um grande baile de forró. O público, em sua grade maioria formado por jovens, não parava de dançar, apesar do forte calor. "Chuva, eu peço que caia devagar", cantava a banda com o começo da garoa na região. Alguns correram para abrigos sob as árvores, mas todos continuaram a cantar e dançar. Por volta das 19h30, grande parte dos foliões começou a dispersar. As pessoas sofreram para encontrar a saída certa do metrô, já que o embarque e o desembarque foi separado, em cada um dos lados do largo. ORQUESTRA VOADORA Outro bloco que empolgou moradores de São Paulo neste sábado foram os 150 integrantes da Orquestra Voadora do Rio, na zona sul de São Paulo. Em uma mistura de rock, funk, pop e jazz com frevo, samba e maracatu, percorre um trecho da avenida Hélio Pellegrino. Enquanto acontecia o show, outros integrantes apresentam números circenses, e a empolgação aumenta quando a banda toca Tim Maia. É a primeira vez que o grupo instrumental se apresenta inteiro (apesar de ser uma visão reduzida daquela que se apresenta normalmente no Rio) nas ruas da cidade. Além dos músicos, há sete integrantes do bloco desfilando com pernas de pau. Um deles com um pano onde se lê: Temer Jamais. PÓS-CARNAVAL Mesmo com o fim da folia oficial na terça-feira (28), as ruas da capital continuarão tomadas por quase 80 blocos neste sábado (4) e domingo (5). Os destaques são, neste sábado, Primavera, Te Amo, na r. Augusta, desde às 10h e SeJoga, desde às 12h, e, neste domingo, Pipoca da Rainha, da cantora Daniela Mercury, que parte às 16h do cruzamento da r. da Consolação com a av. Paulista. - SÁBADO 1. Orquestra Voadora, às 10h, na r. Hélio Pellegrino (com a r. Diogo Jácome); 2. Primavera, Te Amo, às 10h, na r. Augusta; 3. Se Joga!, às 12h, na av. Brigadeiro Faria Lima; 4. Rindo a Toa (Falamansa), às 14h, na av. Brigadeiro Faria Lima; 5. Brega bloco, às 14h, no largo do Arouche; 6. Catuaba, às 16h, na r. Augusta; DOMINGO 7. Bloco Chega Mais, às 12h, na r. Inácio Pereira da Rocha; 8. Bloco me lembra que eu vou, às 12h, r. Fradique Coutinho; 9. Bloco do Pequeno Burguês, 12h, na av. Santos Dumont; 10. Bloco vou de Táxi, às 13h, av. Brigadeiro Faria Lima; 11. Bloco do síndico, 14h, na av. Helio Pellegrino; 12. Bloco se te pego não te largo, 14h, na av. Brigadeiro Faria Lima (com a r. Fernão Dias); 13. Bloco da diversidade, às 15h, no largo do Arouche; 14. Pipoca da Rainha (Daniela Mercury), às 16h, na r. da Consolação (com a av. Paulista). - Busca Blocos
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Governo Dilma atrasa pagamento do Pronatec
O governo federal deixou de pagar as aulas dadas desde outubro pelas 500 escolas privadas participantes do Pronatec, programa que oferece cursos técnicos gratuitos subsidiados pela União. O programa foi um dos destaques na campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). Por causa do atraso, donos de instituições de ensino dizem que estão tendo de pegar empréstimo bancário e adiar pagamento de professores. Escolas afirmam ainda que, se a situação persistir, terão de deixar o programa. O Pronatec prevê que a União repasse recursos referentes ao número de alunos que cada escola possui no programa. A verba costumava chegar às escolas nas primeiras semanas de cada mês. Para a maioria das instituições, o último repasse ocorreu em novembro, pelas aulas dadas em setembro. Estão atrasados os pagamentos referentes aos meses de outubro a janeiro (pelas regras do programa, repasses devem ser feitos mesmo nas férias). Diretores de escolas ouvidos pela Folha dizem que a explicação do governo é que os recursos estão contingenciados (bloqueados). A União enfrenta situação que combina alta de gastos nos últimos anos com arrecadação abaixo do previsto em 2014. O Ministério da Educação afirmou à reportagem que o repasse de janeiro não foi feito devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2015. Mas não explicou o problema dos meses de 2014. A pasta também não informou qual o montante de verba atrasado. Estimativa da Folha, com base em dados oficiais, indica que, apenas na cidade de São Paulo, 35 escolas têm de receber R$ 20 milhões referentes a outubro. As escolas privadas possuem cerca de 7% das 8 milhões de matrículas no Pronatec, entre alunos que se formaram ou que cursam o ensino médio. Há também vagas no Senai, Senac, Senat e Senar e em escolas públicas. O Pronatec virou a principal fonte de recursos das escolas privadas, disse um diretor de escola em Minas Gerais (os dirigentes ouvidos dizem não querer ser identificados para evitar represálias). "Depois da vitrine que o programa teve na eleição, ninguém aceita pagar mensalidade", afirmou. Dilma colocou como uma de suas principais promessas para o segundo mandato a oferta de outras 12 milhões de matrículas no Pronatec. Escolas de São Paulo, Minas e Espírito Santo dizem que entre 50% e 90% dos alunos estão no programa. O dono de uma instituição capixaba afirmou que não conseguirá pagar salários dos professores a partir de março se o problema persistir. "Até agora, atrasei só alguns dias. Nem isso conseguirei mais." Em São Paulo, escolas técnicas enfrentam problemas em programa estadual semelhante, o Vence. A gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) reduziu à metade do previsto o número de novas bolsas.
educacao
Governo Dilma atrasa pagamento do PronatecO governo federal deixou de pagar as aulas dadas desde outubro pelas 500 escolas privadas participantes do Pronatec, programa que oferece cursos técnicos gratuitos subsidiados pela União. O programa foi um dos destaques na campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). Por causa do atraso, donos de instituições de ensino dizem que estão tendo de pegar empréstimo bancário e adiar pagamento de professores. Escolas afirmam ainda que, se a situação persistir, terão de deixar o programa. O Pronatec prevê que a União repasse recursos referentes ao número de alunos que cada escola possui no programa. A verba costumava chegar às escolas nas primeiras semanas de cada mês. Para a maioria das instituições, o último repasse ocorreu em novembro, pelas aulas dadas em setembro. Estão atrasados os pagamentos referentes aos meses de outubro a janeiro (pelas regras do programa, repasses devem ser feitos mesmo nas férias). Diretores de escolas ouvidos pela Folha dizem que a explicação do governo é que os recursos estão contingenciados (bloqueados). A União enfrenta situação que combina alta de gastos nos últimos anos com arrecadação abaixo do previsto em 2014. O Ministério da Educação afirmou à reportagem que o repasse de janeiro não foi feito devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2015. Mas não explicou o problema dos meses de 2014. A pasta também não informou qual o montante de verba atrasado. Estimativa da Folha, com base em dados oficiais, indica que, apenas na cidade de São Paulo, 35 escolas têm de receber R$ 20 milhões referentes a outubro. As escolas privadas possuem cerca de 7% das 8 milhões de matrículas no Pronatec, entre alunos que se formaram ou que cursam o ensino médio. Há também vagas no Senai, Senac, Senat e Senar e em escolas públicas. O Pronatec virou a principal fonte de recursos das escolas privadas, disse um diretor de escola em Minas Gerais (os dirigentes ouvidos dizem não querer ser identificados para evitar represálias). "Depois da vitrine que o programa teve na eleição, ninguém aceita pagar mensalidade", afirmou. Dilma colocou como uma de suas principais promessas para o segundo mandato a oferta de outras 12 milhões de matrículas no Pronatec. Escolas de São Paulo, Minas e Espírito Santo dizem que entre 50% e 90% dos alunos estão no programa. O dono de uma instituição capixaba afirmou que não conseguirá pagar salários dos professores a partir de março se o problema persistir. "Até agora, atrasei só alguns dias. Nem isso conseguirei mais." Em São Paulo, escolas técnicas enfrentam problemas em programa estadual semelhante, o Vence. A gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) reduziu à metade do previsto o número de novas bolsas.
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Veja o antes e depois de Paçoca, cão com milhares de fãs na internet
ONTEM O Paçoca babava por... meias usadas. A comida predileta dele era... melancia Paçoca corria atrás de... todo mundo em casa. A maior 'cãoquista' dele era... dormir na cama da gente. Fãs eram... uma surpresa. Cão abandonado era... uma tristeza. Com gatos, ele fazia... nada, nunca foi de papo com eles. Paternidade, para ele era... impossível. Com os outros bichos de casa, ele... queria que eles existissem Ele tinha seguidores em... dezenas A casinha dele era... um cantinho aconchegante HOJE O Paçoca baba por... carne. A comida predileta dele é... qualquer uma que cair no chão para evitar que a Tapioca, a irmã mais nova, pegue antes. Paçoca corre atrás da... Tapioca. A maior 'cãoquista' dele é... ir pra TV comigo todos os dias. Fãs são... uma alegria. Cão abandonado é... uma vida que pode ser salva Com gatos, ele faz... nada, eles ainda não são o tipo dele. Paternidade, para ele é... impossível, ele é castrado. Com os outros bichos de casa, ele... é mais feliz Ele tem seguidores em... milhares A casinha dele é... pouco usada porque ele prefere dormir no banheiro
serafina
Veja o antes e depois de Paçoca, cão com milhares de fãs na internetONTEM O Paçoca babava por... meias usadas. A comida predileta dele era... melancia Paçoca corria atrás de... todo mundo em casa. A maior 'cãoquista' dele era... dormir na cama da gente. Fãs eram... uma surpresa. Cão abandonado era... uma tristeza. Com gatos, ele fazia... nada, nunca foi de papo com eles. Paternidade, para ele era... impossível. Com os outros bichos de casa, ele... queria que eles existissem Ele tinha seguidores em... dezenas A casinha dele era... um cantinho aconchegante HOJE O Paçoca baba por... carne. A comida predileta dele é... qualquer uma que cair no chão para evitar que a Tapioca, a irmã mais nova, pegue antes. Paçoca corre atrás da... Tapioca. A maior 'cãoquista' dele é... ir pra TV comigo todos os dias. Fãs são... uma alegria. Cão abandonado é... uma vida que pode ser salva Com gatos, ele faz... nada, eles ainda não são o tipo dele. Paternidade, para ele é... impossível, ele é castrado. Com os outros bichos de casa, ele... é mais feliz Ele tem seguidores em... milhares A casinha dele é... pouco usada porque ele prefere dormir no banheiro
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Haddad ignora Promotoria e vai fechar av. Paulista para carros aos domingos
A Prefeitura de São Paulo ignorou as sugestões do Ministério Público e decidiu fechar a avenida Paulista, na região central da cidade, para o tráfego de carros aos domingos. A medida foi anunciada nesta quinta-feira (15) pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e já passa a valer no próximo domingo (18), das 9h às 17h. Uma pesquisa feita pelo Ibope no final de setembro apontou que dois terços dos paulistanos aprovam usar a Paulista como espaço fixo de lazer aos domingos. "A gente terminou todas as exigências do Ministério Público. Todas as imediações da Paulista foram estudadas e os técnicos da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] fecharam os modelos. Vamos abrir para pedestres, ciclistas e skatistas. Vamos viver uma nova fase da Paulista", disse Haddad. Na última sexta-feira (9), a Promotoria havia recomendado à prefeitura que, no eventual fechamento da avenida, deixasse ao menos duas faixas de rolagem (uma em cada sentido) livres para o tráfego de veículos, além de duas ou mais transversais que permitam o cruzamento da via. Na ocasião, o Ministério Público ainda recomendou que a medida demorasse de quatro a seis meses para ser implantada para que a administração municipal tivesse mais tempo para fazer estudos e audiências públicas para avaliar o impacto do trânsito na região. A avenida –uma das mais movimentadas da cidade– já foi fechada três vezes neste ano: na Parada Gay (em junho), na inauguração da ciclovia da Paulista (também em junho) e no segundo teste da avenida fechada para os carros (em agosto). Na semana passada, Haddad afirmou que iria estudar se a proposta do Ministério Público colocaria em risco a segurança dos pedestres e ciclistas que circularem pelo local. Procurado, o Ministério Público informou que vai se pronunciar ainda nesta quinta (15) por meio de nota. Antes disso, prefeitura e Promotoria travaram um outro embate sobre o fechamento da avenida para carros. Segundo os promotores, segue valendo um acordo assinado em 2007 com a prefeitura, que limitou a três por ano os eventos de duração prolongada e com interrupção da via. Na interpretação do Ministério Público, em 2015, a prefeitura já "queimou" os três fechamentos. Ainda estão previstos, em 2015, fechamentos para a corrida São Silvestre e Reveillón. Já a visão da prefeitura sobre isso é completamente diferente. Avalia que usar a via para lazer não configura um grande evento privado, mas sim uma política pública. - Por que a Promotoria rejeita fechar a Paulista? Ela diz que um acordo assinado em 2007 com a prefeitura limitou a três por ano os eventos de duração prolongada e com interrupção da via. Além disso, afirma que a audiência pública para debate do assunto foi desorganizada e em local inadequado. O que a prefeitura diz? Ela afirma que usar a via para lazer é uma política pública, e não um evento privado (alvo do acordo de 2007), que a audiência pública no vão livre do Masp foi bem organizada e divulgada e que atendeu às exigências feitas pelo Ministério Público. * PAULISTA FECHADA Avenida já passou por dois testes 28 de junho > Inauguração da ciclovia da avenida Paulista 23 de agosto > Excesso de ciclistas na via devido à inauguração da ciclovia na avenida Bernadino de Campos, na mesma região Argumentos a favor > Cria espaço de lazer em área com grande oferta de serviços e de fácil acesso > Favorece a segurança ao estimular a convivência de pedestres e ciclistas > Trânsito no domingo costuma ser mais tranquilo, com menor movimento Argumentos contra > Prejudica o acesso de moradores e de pacientes/visitantes dos hospitais > Estabelecimentos comerciais da via temem queda no movimento > Vias paralelas não comportam o tráfego da Paulista, especialmente de ônibus
cotidiano
Haddad ignora Promotoria e vai fechar av. Paulista para carros aos domingosA Prefeitura de São Paulo ignorou as sugestões do Ministério Público e decidiu fechar a avenida Paulista, na região central da cidade, para o tráfego de carros aos domingos. A medida foi anunciada nesta quinta-feira (15) pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e já passa a valer no próximo domingo (18), das 9h às 17h. Uma pesquisa feita pelo Ibope no final de setembro apontou que dois terços dos paulistanos aprovam usar a Paulista como espaço fixo de lazer aos domingos. "A gente terminou todas as exigências do Ministério Público. Todas as imediações da Paulista foram estudadas e os técnicos da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] fecharam os modelos. Vamos abrir para pedestres, ciclistas e skatistas. Vamos viver uma nova fase da Paulista", disse Haddad. Na última sexta-feira (9), a Promotoria havia recomendado à prefeitura que, no eventual fechamento da avenida, deixasse ao menos duas faixas de rolagem (uma em cada sentido) livres para o tráfego de veículos, além de duas ou mais transversais que permitam o cruzamento da via. Na ocasião, o Ministério Público ainda recomendou que a medida demorasse de quatro a seis meses para ser implantada para que a administração municipal tivesse mais tempo para fazer estudos e audiências públicas para avaliar o impacto do trânsito na região. A avenida –uma das mais movimentadas da cidade– já foi fechada três vezes neste ano: na Parada Gay (em junho), na inauguração da ciclovia da Paulista (também em junho) e no segundo teste da avenida fechada para os carros (em agosto). Na semana passada, Haddad afirmou que iria estudar se a proposta do Ministério Público colocaria em risco a segurança dos pedestres e ciclistas que circularem pelo local. Procurado, o Ministério Público informou que vai se pronunciar ainda nesta quinta (15) por meio de nota. Antes disso, prefeitura e Promotoria travaram um outro embate sobre o fechamento da avenida para carros. Segundo os promotores, segue valendo um acordo assinado em 2007 com a prefeitura, que limitou a três por ano os eventos de duração prolongada e com interrupção da via. Na interpretação do Ministério Público, em 2015, a prefeitura já "queimou" os três fechamentos. Ainda estão previstos, em 2015, fechamentos para a corrida São Silvestre e Reveillón. Já a visão da prefeitura sobre isso é completamente diferente. Avalia que usar a via para lazer não configura um grande evento privado, mas sim uma política pública. - Por que a Promotoria rejeita fechar a Paulista? Ela diz que um acordo assinado em 2007 com a prefeitura limitou a três por ano os eventos de duração prolongada e com interrupção da via. Além disso, afirma que a audiência pública para debate do assunto foi desorganizada e em local inadequado. O que a prefeitura diz? Ela afirma que usar a via para lazer é uma política pública, e não um evento privado (alvo do acordo de 2007), que a audiência pública no vão livre do Masp foi bem organizada e divulgada e que atendeu às exigências feitas pelo Ministério Público. * PAULISTA FECHADA Avenida já passou por dois testes 28 de junho > Inauguração da ciclovia da avenida Paulista 23 de agosto > Excesso de ciclistas na via devido à inauguração da ciclovia na avenida Bernadino de Campos, na mesma região Argumentos a favor > Cria espaço de lazer em área com grande oferta de serviços e de fácil acesso > Favorece a segurança ao estimular a convivência de pedestres e ciclistas > Trânsito no domingo costuma ser mais tranquilo, com menor movimento Argumentos contra > Prejudica o acesso de moradores e de pacientes/visitantes dos hospitais > Estabelecimentos comerciais da via temem queda no movimento > Vias paralelas não comportam o tráfego da Paulista, especialmente de ônibus
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Grande tarefa de Temer são reformas, não combate ao desemprego, diz Abilio
Um dos maiores empresários do país, Abilio Diniz, disse que o governo Michel Temer deve concentrar atenção nas reformas econômicas, e não em ações para empregar 12 milhões de desempregados. "Tive a oportunidade de dizer ao presidente: sua grande tarefa não é tirar 3, 4 milhões do desemprego. Você não vai conseguir fazer isso. Sua grande tarefa é construir o Brasil do futuro, fazer as reformas que têm que ser feitas." Presidente do conselho de administração da BRF e um dos maiores acionistas do grupo de varejo francês Carrefour, Abilio disse que, com Temer, o Brasil voltou a ter esperança. Mas isso não pode acender ilusões. Temer poderá amenizar os efeitos da crise, afirmou o empresário, mas seu "grande trabalho" é ter coragem para fazer as reformas que deverão transformar o país. "Não podemos ter a ilusão de que nossos problemas são simples, não podemos ter a ilusão de que vamos tirar boa parte dos 12 milhões imediatamente do desemprego. Temos que olhar para aquilo que está sendo feito", afirmou. Abilio, como ele mesmo reconhece, esteve sempre ao lado do governo. Apoiou as gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, agora, apoia Temer. Não vê nisso uma contradição. "Eu estou com o Brasil. Eu estive sim e apoiei muito o Lula quando ele fez coisas importantes para o país. Eu não vou entrar nas outras coisas. Ele colocou 30 milhões acima da linha da pobreza." Com Dilma, ele disse que o início de seu governo foi de ideias incríveis, que o fizeram apoiá-la. Pouco antes do impeachment, porém, reconheceu que ela não continuaria. Abilio palestrou em evento do banco Credit Suisse, em São Paulo.
mercado
Grande tarefa de Temer são reformas, não combate ao desemprego, diz AbilioUm dos maiores empresários do país, Abilio Diniz, disse que o governo Michel Temer deve concentrar atenção nas reformas econômicas, e não em ações para empregar 12 milhões de desempregados. "Tive a oportunidade de dizer ao presidente: sua grande tarefa não é tirar 3, 4 milhões do desemprego. Você não vai conseguir fazer isso. Sua grande tarefa é construir o Brasil do futuro, fazer as reformas que têm que ser feitas." Presidente do conselho de administração da BRF e um dos maiores acionistas do grupo de varejo francês Carrefour, Abilio disse que, com Temer, o Brasil voltou a ter esperança. Mas isso não pode acender ilusões. Temer poderá amenizar os efeitos da crise, afirmou o empresário, mas seu "grande trabalho" é ter coragem para fazer as reformas que deverão transformar o país. "Não podemos ter a ilusão de que nossos problemas são simples, não podemos ter a ilusão de que vamos tirar boa parte dos 12 milhões imediatamente do desemprego. Temos que olhar para aquilo que está sendo feito", afirmou. Abilio, como ele mesmo reconhece, esteve sempre ao lado do governo. Apoiou as gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, agora, apoia Temer. Não vê nisso uma contradição. "Eu estou com o Brasil. Eu estive sim e apoiei muito o Lula quando ele fez coisas importantes para o país. Eu não vou entrar nas outras coisas. Ele colocou 30 milhões acima da linha da pobreza." Com Dilma, ele disse que o início de seu governo foi de ideias incríveis, que o fizeram apoiá-la. Pouco antes do impeachment, porém, reconheceu que ela não continuaria. Abilio palestrou em evento do banco Credit Suisse, em São Paulo.
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Filme 'Chatô' ganha classificação indicativa de 14 anos
O filme "Chatô: O Rei do Brasil", do diretor Guilherme Fontes, existe e está pronto. Pelo menos, segundo o radar do Ministério da Justiça, que recebeu uma cópia do longa por meio de um link para avaliar a sua classificação indicativa. A pasta determinou que ele não é recomendado para menores de 14 anos por "conteúdo sexual, drogas lícitas e linguagem imprópria". A classificação foi publicada na edição desta sexta (15) do Diário Oficial da União. O filme foi rodado nos anos 1990, mas nunca lançado. No meio cinematográfico "Chatô" é tido como uma lenda. Poucos o viram –o diretor Cacá Diegues escreve em sua autobiografia que assistiu a ele. O fato de o ministério ter determinado uma classificação etária significa que o filme foi visto por uma equipe de pelo menos duas pessoas. Baseado na biografia homônima escrita por Fernando Morais sobre Assis Chateaubriand, o filme tem Marco Ricca no papel-título, além de participações de Paulo Betti (como Getúlio Vargas), e da atriz Letícia Sabatella. Entre 1995 e 1999, Fontes captou cerca de R$ 8,6 milhões, via Lei Rouanet e Lei do Audiovisual, para dirigir o longa –valor que, corrigido e acrescido de juros, chega a cerca de R$ 66 milhões. Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União a ressarcir esse valor e pagar uma multa de R$ 2,5 milhões porque, segundo o órgão, o diretor captou recursos incentivados sem ter apresentado o "produto final", isto é, sem ter realizado o filme. Em novembro, o tribunal negou recurso de Fontes relativo à prestação de contas. À época, ele disse que pretendia fazia sessões fechadas do filme para convidados antes de lançá-lo no circuito. A Folha entrou em contato novamente com o diretor e informou-lhe a classificação indicativa que "Chatô" recebeu do Ministério da Justiça "Catorze anos? Que maldade", respondeu. "Vou recorrer: quero que seja indicado para maiores de 12. Tem novela que tem coisa muito pior." No pedido enviado ao ministério, ele buscou classificação indicativa de 10 anos. Quando informado que o uso de "drogas lícitas" consta na fundamentação, ele diz: "É porque o personagem toma injeção de Viagra", sem especificar a quem se refere. Segundo Fontes, já há distribuidores interessados no filme. Mas ele não informa quem são. "Eles estão felicíssimos com o 'Chatô'." O diretor diz que quer esperar o fim do Festival de Cannes, que acaba no dia 24 e onde estão muitos distribuidores, para "sentar com eles e definir a data da estreia do filme". Ele diz que espera lançá-lo "ainda neste semestre".
ilustrada
Filme 'Chatô' ganha classificação indicativa de 14 anosO filme "Chatô: O Rei do Brasil", do diretor Guilherme Fontes, existe e está pronto. Pelo menos, segundo o radar do Ministério da Justiça, que recebeu uma cópia do longa por meio de um link para avaliar a sua classificação indicativa. A pasta determinou que ele não é recomendado para menores de 14 anos por "conteúdo sexual, drogas lícitas e linguagem imprópria". A classificação foi publicada na edição desta sexta (15) do Diário Oficial da União. O filme foi rodado nos anos 1990, mas nunca lançado. No meio cinematográfico "Chatô" é tido como uma lenda. Poucos o viram –o diretor Cacá Diegues escreve em sua autobiografia que assistiu a ele. O fato de o ministério ter determinado uma classificação etária significa que o filme foi visto por uma equipe de pelo menos duas pessoas. Baseado na biografia homônima escrita por Fernando Morais sobre Assis Chateaubriand, o filme tem Marco Ricca no papel-título, além de participações de Paulo Betti (como Getúlio Vargas), e da atriz Letícia Sabatella. Entre 1995 e 1999, Fontes captou cerca de R$ 8,6 milhões, via Lei Rouanet e Lei do Audiovisual, para dirigir o longa –valor que, corrigido e acrescido de juros, chega a cerca de R$ 66 milhões. Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União a ressarcir esse valor e pagar uma multa de R$ 2,5 milhões porque, segundo o órgão, o diretor captou recursos incentivados sem ter apresentado o "produto final", isto é, sem ter realizado o filme. Em novembro, o tribunal negou recurso de Fontes relativo à prestação de contas. À época, ele disse que pretendia fazia sessões fechadas do filme para convidados antes de lançá-lo no circuito. A Folha entrou em contato novamente com o diretor e informou-lhe a classificação indicativa que "Chatô" recebeu do Ministério da Justiça "Catorze anos? Que maldade", respondeu. "Vou recorrer: quero que seja indicado para maiores de 12. Tem novela que tem coisa muito pior." No pedido enviado ao ministério, ele buscou classificação indicativa de 10 anos. Quando informado que o uso de "drogas lícitas" consta na fundamentação, ele diz: "É porque o personagem toma injeção de Viagra", sem especificar a quem se refere. Segundo Fontes, já há distribuidores interessados no filme. Mas ele não informa quem são. "Eles estão felicíssimos com o 'Chatô'." O diretor diz que quer esperar o fim do Festival de Cannes, que acaba no dia 24 e onde estão muitos distribuidores, para "sentar com eles e definir a data da estreia do filme". Ele diz que espera lançá-lo "ainda neste semestre".
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O pequeno vilarejo romeno que ficou famoso porque Snoop Dogg nunca esteve lá
Alguns dias atrás, Snoop Dogg, que está passando com sua turnê por Bogotá, Colômbia, postou uma foto no Instagram e, por engano, na hora de taguear o lugar, ao invés de colocar Bogotá, a capital colombiana, acabou metendo outra Bogata, que na real é um pequeno vilarejo na Romênia. Um erro comum nessa nossa era das redes sociais, provavelmente cometido por alguém da equipe dele. Mas isso não foi um simples engano para as pessoas da Romênia. Compreensivelmente, a postagem do rapper causou furor no país do Leste Europeu. Os romenos começaram a photoshopar o Snoop em imagens de Bogata, Romênia, e "o único jeito do Snoop aparecer na Romênia é se ele estivesse muito louco" se tornou uma piada local popular nos últimos dias. O prefeito de Bogata até convidou rapper para visitar a cidade, comer sopa de repolho e tomar uma taça do licor de ameixa tradicional romeno. Uma campanha para atrair turistas para Bogata era inevitável. Os romenos geralmente se sente meio de fora do que acontece no mundo, mas agora que os olhos do planeta estão sobre o país, eles não podiam perder a chance de promover as belezas rústicas locais. Fomos até o vilarejo distante para falar com os moradores e saber o que o Snoop poderia encontrar por lá, se ele realmente visitasse a cidade um dia. Primeiro visitamos o principal point de Bogata: um pub que também funciona como mercado. Janos Bacsi, um dos moradores, nos disse que Snoop iria gostar de Bogata, porque "as pessoas aqui cultivam muita cannabis". Infelizmente, ele quis dizer cannabis industrial - não o tipo que dá pra fumar. Bacsi também nos informou que Bogata é o lar da "menor ponte ferroviária do mundo". Os millennials de Bogata ficaram empolgados com a possibilidade de Snoop Dogg aparecer por aqui. Um adolescente com quem falamos disse: "Gostamos dele, mas ele fuma demais. Também gostamos de fumar aqui, mas não tanto quanto ele. Também fazemos muito rap". Ele acrescentou que o rapper provavelmente ia gostar das pessoas de Bogata, que são muito próximas de seus animais. Como um testemunho disso, descobrimos que um dos aldeões gosta de ser chamado de "Cabra". Parece que não tem nenhuma balada em Bogata, mas achamos uma casa número 420. Isso provavelmente não é razão suficiente para uma visita do Snoop, mas com certeza não prejudica as chances disso acontecer. Até lá, os romenos vão aguardar ansiosamente o momento em que uma celebridade use a tag de localização da Romênia de propósito. Tradução do inglês por MARINA SCHNOOR Leia no site da Vice: O pequeno vilarejo romeno que ficou famoso porque Snoop Dogg nunca esteve lá
turismo
O pequeno vilarejo romeno que ficou famoso porque Snoop Dogg nunca esteve láAlguns dias atrás, Snoop Dogg, que está passando com sua turnê por Bogotá, Colômbia, postou uma foto no Instagram e, por engano, na hora de taguear o lugar, ao invés de colocar Bogotá, a capital colombiana, acabou metendo outra Bogata, que na real é um pequeno vilarejo na Romênia. Um erro comum nessa nossa era das redes sociais, provavelmente cometido por alguém da equipe dele. Mas isso não foi um simples engano para as pessoas da Romênia. Compreensivelmente, a postagem do rapper causou furor no país do Leste Europeu. Os romenos começaram a photoshopar o Snoop em imagens de Bogata, Romênia, e "o único jeito do Snoop aparecer na Romênia é se ele estivesse muito louco" se tornou uma piada local popular nos últimos dias. O prefeito de Bogata até convidou rapper para visitar a cidade, comer sopa de repolho e tomar uma taça do licor de ameixa tradicional romeno. Uma campanha para atrair turistas para Bogata era inevitável. Os romenos geralmente se sente meio de fora do que acontece no mundo, mas agora que os olhos do planeta estão sobre o país, eles não podiam perder a chance de promover as belezas rústicas locais. Fomos até o vilarejo distante para falar com os moradores e saber o que o Snoop poderia encontrar por lá, se ele realmente visitasse a cidade um dia. Primeiro visitamos o principal point de Bogata: um pub que também funciona como mercado. Janos Bacsi, um dos moradores, nos disse que Snoop iria gostar de Bogata, porque "as pessoas aqui cultivam muita cannabis". Infelizmente, ele quis dizer cannabis industrial - não o tipo que dá pra fumar. Bacsi também nos informou que Bogata é o lar da "menor ponte ferroviária do mundo". Os millennials de Bogata ficaram empolgados com a possibilidade de Snoop Dogg aparecer por aqui. Um adolescente com quem falamos disse: "Gostamos dele, mas ele fuma demais. Também gostamos de fumar aqui, mas não tanto quanto ele. Também fazemos muito rap". Ele acrescentou que o rapper provavelmente ia gostar das pessoas de Bogata, que são muito próximas de seus animais. Como um testemunho disso, descobrimos que um dos aldeões gosta de ser chamado de "Cabra". Parece que não tem nenhuma balada em Bogata, mas achamos uma casa número 420. Isso provavelmente não é razão suficiente para uma visita do Snoop, mas com certeza não prejudica as chances disso acontecer. Até lá, os romenos vão aguardar ansiosamente o momento em que uma celebridade use a tag de localização da Romênia de propósito. Tradução do inglês por MARINA SCHNOOR Leia no site da Vice: O pequeno vilarejo romeno que ficou famoso porque Snoop Dogg nunca esteve lá
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Governo enviará reforço da Força Nacional inferior ao anunciado para Jogos
GUSTAVO URIBE MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA No dia seguinte à crítica do prefeito Eduardo Paes sobre a falta de segurança no Rio de Janeiro, o governo interino de Michel Temer anunciou redução no número de efetivo da Força Nacional de Segurança que será enviado para os Jogos Olímpicos. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Celso Perioli, a administração federal pretende enviar cinco mil homens, número inferior aos 9.300 anunciados inicialmente pelo Ministério da Defesa. A um mês do início do evento mundial, o prefeito do Rio de Janeiro disse que o governo fluminense está fazendo um "trabalho horrível" na área e segurança e citou o reforço nacional como uma solução para a situação estadual. "Nós temos no Rio de Janeiro 3.500 homens e, até o início dos Jogos Olímpicos, nós chegaremos a cinco mil homens, fazendo uma adequação das escalas de serviço ao atendimento das vilas olímpicas", Perioli. O secretário nacional reconheceu que foi feito inicialmente um planejamento superior, mas que posteriormente foi feita uma adequação das escalas de folga, que foram reduzidas. De acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, será adotado regime de dois dias de folga para um de trabalho. "Se tivéssemos nove mil homens com três dias de folga por um de trabalho, seria a mesma coisa que ter seis mil homens com dois dias de folga por um de trabalho", disse o ministro. Segundo o secretário nacional, o Ministério da Justiça pretende fazer uma medida provisória para alocação de homens da reserva para reforçar a segurança do Rio de Janeiro e tentar elevar o contingente programado. "Mas, neste momento, adequamos para o início dos Jogos Olímpicos o número de cinco mil homens", afirmou. TERRORISMO Apesar da redução do efetivo da Força Nacional, o governo interino anunciou a elevação em três mil homens do efetivo que será enviado ao Rio de Janeiro das Forças Armadas. Segundo o chefe do estado maior das Forças Armadas, Aldemir Sobrinho, serão deslocados 21 mil homens. A previsão inicial do Palácio do Planalto era de 18 mil homens. Segundo ele, atualmente há seis mil homens no Rio de Janeiro. O ministro da Casa Civil reconheceu que o serviço de inteligência brasileiro monitora a eventual entrada em território nacional de um terrorista sírio, ex-presidiário de Guantánamo, que desapareceu no Uruguai. Segundo a empresa aérea Avianca, o terrorista sírio Jihad Ahmad Deyab pode ter fugido ao Brasil. Segundo apurações preliminares, ele estaria utilizando documentação falsa, provavelmente marroquina e seu passaporte oficial seria uruguaio.
esporte
Governo enviará reforço da Força Nacional inferior ao anunciado para Jogos GUSTAVO URIBE MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA No dia seguinte à crítica do prefeito Eduardo Paes sobre a falta de segurança no Rio de Janeiro, o governo interino de Michel Temer anunciou redução no número de efetivo da Força Nacional de Segurança que será enviado para os Jogos Olímpicos. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Celso Perioli, a administração federal pretende enviar cinco mil homens, número inferior aos 9.300 anunciados inicialmente pelo Ministério da Defesa. A um mês do início do evento mundial, o prefeito do Rio de Janeiro disse que o governo fluminense está fazendo um "trabalho horrível" na área e segurança e citou o reforço nacional como uma solução para a situação estadual. "Nós temos no Rio de Janeiro 3.500 homens e, até o início dos Jogos Olímpicos, nós chegaremos a cinco mil homens, fazendo uma adequação das escalas de serviço ao atendimento das vilas olímpicas", Perioli. O secretário nacional reconheceu que foi feito inicialmente um planejamento superior, mas que posteriormente foi feita uma adequação das escalas de folga, que foram reduzidas. De acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, será adotado regime de dois dias de folga para um de trabalho. "Se tivéssemos nove mil homens com três dias de folga por um de trabalho, seria a mesma coisa que ter seis mil homens com dois dias de folga por um de trabalho", disse o ministro. Segundo o secretário nacional, o Ministério da Justiça pretende fazer uma medida provisória para alocação de homens da reserva para reforçar a segurança do Rio de Janeiro e tentar elevar o contingente programado. "Mas, neste momento, adequamos para o início dos Jogos Olímpicos o número de cinco mil homens", afirmou. TERRORISMO Apesar da redução do efetivo da Força Nacional, o governo interino anunciou a elevação em três mil homens do efetivo que será enviado ao Rio de Janeiro das Forças Armadas. Segundo o chefe do estado maior das Forças Armadas, Aldemir Sobrinho, serão deslocados 21 mil homens. A previsão inicial do Palácio do Planalto era de 18 mil homens. Segundo ele, atualmente há seis mil homens no Rio de Janeiro. O ministro da Casa Civil reconheceu que o serviço de inteligência brasileiro monitora a eventual entrada em território nacional de um terrorista sírio, ex-presidiário de Guantánamo, que desapareceu no Uruguai. Segundo a empresa aérea Avianca, o terrorista sírio Jihad Ahmad Deyab pode ter fugido ao Brasil. Segundo apurações preliminares, ele estaria utilizando documentação falsa, provavelmente marroquina e seu passaporte oficial seria uruguaio.
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Os abusos que sofri me transformaram em quem eu sou, afirma Titi Müller
Convidada desta quinzena do quadro Pensando Alto, a apresentadora Titi Müller, 30, fala sobre anorexia, abuso sexual e relacionamentos. "Eu queria ser menos, era um jeito de sumir, desaparecer como indivíduo", lembra. "Todo namoro é um namoro aberto, só que as pessoas decidem ser hipócritas ou não", diz a apresentadora, para quem trair é "muito humano". "Estou em um momento mais introspectivo, e tudo bem." O programa da TV Folha, produzido pelo repórter-fotográfico Marcus Leoni, tem como proposta ouvir o que artistas e formadores de opinião têm a dizer sobre questões do cotidiano.
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Os abusos que sofri me transformaram em quem eu sou, afirma Titi MüllerConvidada desta quinzena do quadro Pensando Alto, a apresentadora Titi Müller, 30, fala sobre anorexia, abuso sexual e relacionamentos. "Eu queria ser menos, era um jeito de sumir, desaparecer como indivíduo", lembra. "Todo namoro é um namoro aberto, só que as pessoas decidem ser hipócritas ou não", diz a apresentadora, para quem trair é "muito humano". "Estou em um momento mais introspectivo, e tudo bem." O programa da TV Folha, produzido pelo repórter-fotográfico Marcus Leoni, tem como proposta ouvir o que artistas e formadores de opinião têm a dizer sobre questões do cotidiano.
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Poupança para sabático deve prever tempo de recolocação
ANNA RANGEL DE SÃO PAULO A falta de organização financeira é um dos maiores fatores de estresse para quem tira um sabático, segundo a psiquiatra Ana Maria Rossi, presidente do ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil). Por isso, é indispensável planejar o período e calcular os gastos não apenas durante toda a licença, mas garantir algum respiro até uma recolocação no mercado. "Conseguir um novo emprego pode demorar, por isso deve haver uma forma de se segurar por um tempo mesmo sem renda", afirma o chefe do laboratório de produtividade da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Roberto Camanho. Para o professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas) William Eid, pós-doutor em administração, é preciso manter as expectativas de acordo com o tamanho do bolso. "Todo o mundo gostaria de viver com luxo e sem economia e nem sempre dá." Quanto e como economizar depende da natureza do sabático. "Quem vai sair do país pode começar dois ou três anos antes", afirma Eid. Como primeiro passo, a dica é montar um orçamento detalhado para o período. Isso foi vital para que a publicitária Heloisa Andrade, 47, não ficasse sem dinheiro durante o ano que passou em Dublin, na Irlanda. Ela começou o plano definindo seus objetivos e atividades, local e duração da viagem. Em seguida, vendeu o carro, alugou seu apartamento e cortou todos os gastos considerados supérfluos. "Fui detalhista nesse planejamento e não descartei trabalhar lá, se necessário. Graças às contas que fiz antes de sair do Brasil, o dinheiro durou até o fim", diz.
sobretudo
Poupança para sabático deve prever tempo de recolocação ANNA RANGEL DE SÃO PAULO A falta de organização financeira é um dos maiores fatores de estresse para quem tira um sabático, segundo a psiquiatra Ana Maria Rossi, presidente do ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil). Por isso, é indispensável planejar o período e calcular os gastos não apenas durante toda a licença, mas garantir algum respiro até uma recolocação no mercado. "Conseguir um novo emprego pode demorar, por isso deve haver uma forma de se segurar por um tempo mesmo sem renda", afirma o chefe do laboratório de produtividade da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Roberto Camanho. Para o professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas) William Eid, pós-doutor em administração, é preciso manter as expectativas de acordo com o tamanho do bolso. "Todo o mundo gostaria de viver com luxo e sem economia e nem sempre dá." Quanto e como economizar depende da natureza do sabático. "Quem vai sair do país pode começar dois ou três anos antes", afirma Eid. Como primeiro passo, a dica é montar um orçamento detalhado para o período. Isso foi vital para que a publicitária Heloisa Andrade, 47, não ficasse sem dinheiro durante o ano que passou em Dublin, na Irlanda. Ela começou o plano definindo seus objetivos e atividades, local e duração da viagem. Em seguida, vendeu o carro, alugou seu apartamento e cortou todos os gastos considerados supérfluos. "Fui detalhista nesse planejamento e não descartei trabalhar lá, se necessário. Graças às contas que fiz antes de sair do Brasil, o dinheiro durou até o fim", diz.
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Estudo do analfabetismo científico nos EUA tem resultado preocupante; faça o teste
Um mapeamento do analfabetismo científico nos EUA mostra uma situação não muito confortável para o país. Menos de metade dos americanos entende minimamente como funciona um laser e quase 40% têm dificuldades sérias para dizer o que é uma reação química –pensam, por exemplo, que a água em ebulição se enquadra aí. Infelizmente, não há estudos de grande porte similares no Brasil. Nos Estados Unidos, o Pew Research Center faz levantamentos periódicos. A última edição, cujos resultados foram divulgados na semana passada, entrevistou 3.200 adultos no país. Você pode se submeter a uma versão do teste americano abaixo, com treze perguntas simples sobre ciência -em tese, tudo foi ensinado na escola ou está com bastante frequência na imprensa, então uma pessoa razoavelmente instruída deveria ter um desempenho bastante bom. Na média, o homem americano acerta 8,6 dos 13 itens, contra 7,7 acertos das mulheres. Não se sabe exatamente qual a razão da diferença entre os sexos, mas pode ser uma consequência do maior número de homens que optam por carreiras em ciência. Quando os dados dos estudos são analisados por área, homens vão melhor especialmente em temas ligados à física ou à matemática; em biologia não há muito diferença. Na questão 11, abaixo, sobre estudos clínicos de medicamentos, as mulheres foram até melhor do que os homens –78% de acerto contra 72%. Quiz: Teste se você sabe mais ciência do que um americano médio Não há dados para o Brasil. Como tanto o número médio de anos de instrução quanto a acesso a livros e jornais são mais limitados por aqui, é possível especular que os números seriam mais baixos. Os dados ganharam repercussão porque a perda comparativa de competitividade dos EUA em ciência tem causado preocupação no país. A Associação Americana para o Avanço da Ciência divulgou um pesquisa entre seus membros mostrando só uma pequena fatia (16%) deles considera que o ensino de ciências americano é adequado e se situa entre os melhores do mundo. Best-sellers têm surgido apontando que os EUA estão ficando para trás nesse campo. Um deles, "Éramos Nós", do jornalista do "The New York Times" Thomas Friedman, traz um relato bastante pessimista sobre a perda da vantagem comparativa do país em ciência. Ele aponta até certo desprezo cultural das famílias americanas pela educação científica. Cita um concurso nacional promovido pela Intel para premiar os estudantes de ensino médio que se destacam em ciências no país. Veja a lista de nome dos ganhadores de uma edição recente: Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela Yu-Yun Yeung, Lynnelle Lin Ye, Kevin Young Xu, Benjamin Chang Sun, Jane Yoonhae Suh, Katheryn Cheng Shi, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian, Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant... "Não, sinto muito, não era a lista de convidados para um jantar em prol da amizade entre China e Índia", escreve ele. Os premiados, quase que na totalidade, eram filhos de imigrantes. "Conforme a ciência se torna cada vez mais importante para questões políticas, o conhecimento do assunto fica mais crucial", diz Cary Funk, um dos autores do estudo do Pew Research Center. Ela cita questões como financiamento da exploração espacial, mudança climática ou plantas geneticamente modificadas como temas contemporâneos importantíssimos que dependem do conhecimento científico para serem debatidos pelo público que vota e paga impostos. Há ainda questões médicas, como os limites éticos de pesquisas com células-tronco ou o uso abusivo de antibióticos, para citar dois exemplos, cuja compreensão fica limitada se a pessoa não entende nada de ciência. Isso sem falar nas próprias limitações ao desenvolvimento tecnológico que a falta de um quorum de gente preparada em ciência inevitavelmente traz. Países com ensino científico ruim, como o Brasil, tendem a inovar pouco, tornando-se eternos compradores de tecnologia, e a ter produtividade –e também renda– mais baixas.
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Estudo do analfabetismo científico nos EUA tem resultado preocupante; faça o testeUm mapeamento do analfabetismo científico nos EUA mostra uma situação não muito confortável para o país. Menos de metade dos americanos entende minimamente como funciona um laser e quase 40% têm dificuldades sérias para dizer o que é uma reação química –pensam, por exemplo, que a água em ebulição se enquadra aí. Infelizmente, não há estudos de grande porte similares no Brasil. Nos Estados Unidos, o Pew Research Center faz levantamentos periódicos. A última edição, cujos resultados foram divulgados na semana passada, entrevistou 3.200 adultos no país. Você pode se submeter a uma versão do teste americano abaixo, com treze perguntas simples sobre ciência -em tese, tudo foi ensinado na escola ou está com bastante frequência na imprensa, então uma pessoa razoavelmente instruída deveria ter um desempenho bastante bom. Na média, o homem americano acerta 8,6 dos 13 itens, contra 7,7 acertos das mulheres. Não se sabe exatamente qual a razão da diferença entre os sexos, mas pode ser uma consequência do maior número de homens que optam por carreiras em ciência. Quando os dados dos estudos são analisados por área, homens vão melhor especialmente em temas ligados à física ou à matemática; em biologia não há muito diferença. Na questão 11, abaixo, sobre estudos clínicos de medicamentos, as mulheres foram até melhor do que os homens –78% de acerto contra 72%. Quiz: Teste se você sabe mais ciência do que um americano médio Não há dados para o Brasil. Como tanto o número médio de anos de instrução quanto a acesso a livros e jornais são mais limitados por aqui, é possível especular que os números seriam mais baixos. Os dados ganharam repercussão porque a perda comparativa de competitividade dos EUA em ciência tem causado preocupação no país. A Associação Americana para o Avanço da Ciência divulgou um pesquisa entre seus membros mostrando só uma pequena fatia (16%) deles considera que o ensino de ciências americano é adequado e se situa entre os melhores do mundo. Best-sellers têm surgido apontando que os EUA estão ficando para trás nesse campo. Um deles, "Éramos Nós", do jornalista do "The New York Times" Thomas Friedman, traz um relato bastante pessimista sobre a perda da vantagem comparativa do país em ciência. Ele aponta até certo desprezo cultural das famílias americanas pela educação científica. Cita um concurso nacional promovido pela Intel para premiar os estudantes de ensino médio que se destacam em ciências no país. Veja a lista de nome dos ganhadores de uma edição recente: Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela Yu-Yun Yeung, Lynnelle Lin Ye, Kevin Young Xu, Benjamin Chang Sun, Jane Yoonhae Suh, Katheryn Cheng Shi, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian, Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant... "Não, sinto muito, não era a lista de convidados para um jantar em prol da amizade entre China e Índia", escreve ele. Os premiados, quase que na totalidade, eram filhos de imigrantes. "Conforme a ciência se torna cada vez mais importante para questões políticas, o conhecimento do assunto fica mais crucial", diz Cary Funk, um dos autores do estudo do Pew Research Center. Ela cita questões como financiamento da exploração espacial, mudança climática ou plantas geneticamente modificadas como temas contemporâneos importantíssimos que dependem do conhecimento científico para serem debatidos pelo público que vota e paga impostos. Há ainda questões médicas, como os limites éticos de pesquisas com células-tronco ou o uso abusivo de antibióticos, para citar dois exemplos, cuja compreensão fica limitada se a pessoa não entende nada de ciência. Isso sem falar nas próprias limitações ao desenvolvimento tecnológico que a falta de um quorum de gente preparada em ciência inevitavelmente traz. Países com ensino científico ruim, como o Brasil, tendem a inovar pouco, tornando-se eternos compradores de tecnologia, e a ter produtividade –e também renda– mais baixas.
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Suspensão do bônus decepciona professores da rede estadual de SP
A decisão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de suspender o pagamento do bônus deste ano aos professores e servidores da educação levou frustração às escolas da rede. Pago anualmente sempre em março, muitos funcionários já tinham planos para o dinheiro extra. Professor da rede estadual há nove anos, Paulo Lucchini, 40, conta que a escola conseguiu ultrapassar em todas as etapas do ensino as metas do último Idesp - índice de qualidade do Estado adotado como critério para pagamento. "Fazia dois anos que a escola não batia a meta no fundamental. Agora que conseguimos, o governo cancela. Foi um balde de água fria", diz. Contando com o bônus, Lucchini havia pedido dinheiro emprestado a um conhecido para pagar o IPVA do carro. "Já estou pesquisando um empréstimo no banco", diz ele, que da aulas em Diadema, grande São Paulo. "A gente só tem levado pedradas ultimamente". O motivo da suspensão do pagamento é falta de recursos. O governo promete reverter o dinheiro que seria pago com o bônus em reajuste salarial neste ano. Aos sindicatos da categoria, indicou que o aumento seria de 2,5% - porcentual não confirmado pela Secretaria de Estado da Educação. A categoria está sem reajuste desde 2014 e fez, no ano passado, uma greve que durou 89 dias. A professora Juliana Roncon, 36, conta que a escola em que dá aula, em Ribeirão Pires, foi tomada por decepção com a notícia. "Embora muitos, como eu, sejamos contrários à política de bônus, todo mundo estava contando com esse dinheiro, que costuma cobrir as contas do começo do ano", diz. No ano passado, Juliana recebeu R$ 2.500 de bonificação. "Todo mundo havia ficado muito feliz porque tínhamos conseguido superar a meta no ensino fundamental e médio, o que não aconteceu no ano anterior. Agora o clima está horrível." A situação é mais desanimadora para quem é agente escolar, para quem o bônus faz mais diferença uma vez que o salário-base é menor. "A notícia foi péssima. Estou tentando arrumar minha casa que tem vários problemas a serem resolvidos e com a suspensão da bonificação vou ter que adiar", contou a agente escolar de uma escola da região central e que pediu para não ser identificada. Há nove anos na rede, ela tem um salário-base de R$ 1.000 e recebeu no ano passado um bônus de R$ 1.400. "Todos os funcionários sentiram essa notícia porque nos dedicamos de corpo e alma para nossa escola", diz. No ano passado, 232 mil servidores da educação receberam um total de R$ 1 bilhão em bônus. Há casos em que os profissionais recebem até três salários. A adoção de bonificação por desempenho é parte central da política educacional do Estado de São Paulo. Criada em 2008, é a primeira vez que o valor não é pago. Em geral, os sindicatos dos professores são historicamente contrários à bonificação, defendendo que os pagamentos sejam incorporados ao salário. O tema ainda provoca polêmica entre educadores com relação à própria natureza do bônus. Segundo o professor de história Belmiro Amaral Neto, 33, a bonificação acaba dividindo os professores da escola em torno dessa questão. "A pior coisa é a energia que a escola deposita na avaliação externa, atropelando outros processos pedagógicos", diz ele. A Apeoesp, principal sindicato da categoria, já se posicionou contrário ao aceno de um reajuste de 2,5%. A entidade tem assembleia marcada para o dia 8 na praça Roosevelt, na região central de São Paulo.
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Suspensão do bônus decepciona professores da rede estadual de SPA decisão do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de suspender o pagamento do bônus deste ano aos professores e servidores da educação levou frustração às escolas da rede. Pago anualmente sempre em março, muitos funcionários já tinham planos para o dinheiro extra. Professor da rede estadual há nove anos, Paulo Lucchini, 40, conta que a escola conseguiu ultrapassar em todas as etapas do ensino as metas do último Idesp - índice de qualidade do Estado adotado como critério para pagamento. "Fazia dois anos que a escola não batia a meta no fundamental. Agora que conseguimos, o governo cancela. Foi um balde de água fria", diz. Contando com o bônus, Lucchini havia pedido dinheiro emprestado a um conhecido para pagar o IPVA do carro. "Já estou pesquisando um empréstimo no banco", diz ele, que da aulas em Diadema, grande São Paulo. "A gente só tem levado pedradas ultimamente". O motivo da suspensão do pagamento é falta de recursos. O governo promete reverter o dinheiro que seria pago com o bônus em reajuste salarial neste ano. Aos sindicatos da categoria, indicou que o aumento seria de 2,5% - porcentual não confirmado pela Secretaria de Estado da Educação. A categoria está sem reajuste desde 2014 e fez, no ano passado, uma greve que durou 89 dias. A professora Juliana Roncon, 36, conta que a escola em que dá aula, em Ribeirão Pires, foi tomada por decepção com a notícia. "Embora muitos, como eu, sejamos contrários à política de bônus, todo mundo estava contando com esse dinheiro, que costuma cobrir as contas do começo do ano", diz. No ano passado, Juliana recebeu R$ 2.500 de bonificação. "Todo mundo havia ficado muito feliz porque tínhamos conseguido superar a meta no ensino fundamental e médio, o que não aconteceu no ano anterior. Agora o clima está horrível." A situação é mais desanimadora para quem é agente escolar, para quem o bônus faz mais diferença uma vez que o salário-base é menor. "A notícia foi péssima. Estou tentando arrumar minha casa que tem vários problemas a serem resolvidos e com a suspensão da bonificação vou ter que adiar", contou a agente escolar de uma escola da região central e que pediu para não ser identificada. Há nove anos na rede, ela tem um salário-base de R$ 1.000 e recebeu no ano passado um bônus de R$ 1.400. "Todos os funcionários sentiram essa notícia porque nos dedicamos de corpo e alma para nossa escola", diz. No ano passado, 232 mil servidores da educação receberam um total de R$ 1 bilhão em bônus. Há casos em que os profissionais recebem até três salários. A adoção de bonificação por desempenho é parte central da política educacional do Estado de São Paulo. Criada em 2008, é a primeira vez que o valor não é pago. Em geral, os sindicatos dos professores são historicamente contrários à bonificação, defendendo que os pagamentos sejam incorporados ao salário. O tema ainda provoca polêmica entre educadores com relação à própria natureza do bônus. Segundo o professor de história Belmiro Amaral Neto, 33, a bonificação acaba dividindo os professores da escola em torno dessa questão. "A pior coisa é a energia que a escola deposita na avaliação externa, atropelando outros processos pedagógicos", diz ele. A Apeoesp, principal sindicato da categoria, já se posicionou contrário ao aceno de um reajuste de 2,5%. A entidade tem assembleia marcada para o dia 8 na praça Roosevelt, na região central de São Paulo.
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Maior lançamento de São Paulo tem duas cozinhas e custa R$ 19 mi
RAFAEL ANDERY COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cada apartamento do edifício Saint Paul, empreendimento da incorporadora São José no Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo, poderia sediar quatro jogos de vôlei simultâneos e ainda sobraria espaço. São unidades de 744 m² a 865 m² de área privada, em um terreno de mais de 4.000 m². O maior dos lançamentos residenciais dos últimos 36 meses em São Paulo, segundo levantamento da consultora imobiliária Geoimovel, feito a pedido da Folha. Cada apartamento conta com cinco suítes, um pé direito de 3,6 metros, tratamento acústico para evitar barulho do vizinho, aquecimento dos pisos dos banheiros e automação do sistema de iluminação. Entre os diversos ambientes, estão biblioteca, duas cozinhas e adega. Na garagem, são 12 vagas. Os imóveis saem por uma média de R$ 21.635 o m², ou quase R$ 19 milhões. O valor não assustou os compradores. Dos 26 apartamentos, apenas três ainda estão disponíveis para a venda. "O Saint Paul é a nossa Ferrari", compara André Auge, gerente comercial da incorporadora São José. "É o mais top que temos." Conhecida pelos seus prédios construídos em estilo neoclássico, com abundância de colunas, grandes pórticos e gradis de ferro, a São José manteve a aposta na construção do Saint Paul. "A arquitetura neoclássica é um símbolo da empresa", diz Auge. "É o nosso traço arquitetônico. Prédios modernos podem até ser bonitos, mas daqui a dez anos eles não vão ser mais tão modernos, enquanto os nossos vão continuar sendo neoclássicos." Entre os traços da arquitetura neoclássica estão algumas extravagâncias, como uma piscina com raia de 25 metros e uma quadra de tênis de saibro. O grande atrativo do imóvel, no ponto de vista dos seus incorporadores, entretanto, é a localização. "Levamos muitos anos para compor esse terreno", conta Auge. "É muito difícil achar um espaço grande, então fomos comprando pouco a pouco, um terreno aqui, outro ali. Um trabalho de garimpo."
sobretudo
Maior lançamento de São Paulo tem duas cozinhas e custa R$ 19 mi RAFAEL ANDERY COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cada apartamento do edifício Saint Paul, empreendimento da incorporadora São José no Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo, poderia sediar quatro jogos de vôlei simultâneos e ainda sobraria espaço. São unidades de 744 m² a 865 m² de área privada, em um terreno de mais de 4.000 m². O maior dos lançamentos residenciais dos últimos 36 meses em São Paulo, segundo levantamento da consultora imobiliária Geoimovel, feito a pedido da Folha. Cada apartamento conta com cinco suítes, um pé direito de 3,6 metros, tratamento acústico para evitar barulho do vizinho, aquecimento dos pisos dos banheiros e automação do sistema de iluminação. Entre os diversos ambientes, estão biblioteca, duas cozinhas e adega. Na garagem, são 12 vagas. Os imóveis saem por uma média de R$ 21.635 o m², ou quase R$ 19 milhões. O valor não assustou os compradores. Dos 26 apartamentos, apenas três ainda estão disponíveis para a venda. "O Saint Paul é a nossa Ferrari", compara André Auge, gerente comercial da incorporadora São José. "É o mais top que temos." Conhecida pelos seus prédios construídos em estilo neoclássico, com abundância de colunas, grandes pórticos e gradis de ferro, a São José manteve a aposta na construção do Saint Paul. "A arquitetura neoclássica é um símbolo da empresa", diz Auge. "É o nosso traço arquitetônico. Prédios modernos podem até ser bonitos, mas daqui a dez anos eles não vão ser mais tão modernos, enquanto os nossos vão continuar sendo neoclássicos." Entre os traços da arquitetura neoclássica estão algumas extravagâncias, como uma piscina com raia de 25 metros e uma quadra de tênis de saibro. O grande atrativo do imóvel, no ponto de vista dos seus incorporadores, entretanto, é a localização. "Levamos muitos anos para compor esse terreno", conta Auge. "É muito difícil achar um espaço grande, então fomos comprando pouco a pouco, um terreno aqui, outro ali. Um trabalho de garimpo."
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Vagos ou encalhados, casarões em áreas nobres de São Paulo esperam por algum uso
RAUL JUSTE LORES DE SÃO PAULO As leis, regras e exceções que regem os bairros loteados pela Companhia City nas primeiras décadas do século passado têm o padrão Constituição Federal de complexidade e prolixidade. O que servia como proteção de suas características, porém, tem esvaziado muitos bairros como Pacaembu, Jardim Europa, Jardim América e Alto de Pinheiros. Casarões de 500 a 2.000 m² têm desbotado nas regiões mais valorizadas de São Paulo, assim como suas eternas placas de "Vende-se ou "Aluga-se". No site de imobiliárias VIP, vários desses imóveis estão em oferta desde 2012 e 2013, antes mesmo da depressão econômica. O esvaziamento de quadras inteiras em áreas tão centrais surpreende em um município apinhado em suas beiradas. Cidades como Londres e Nova York tiveram esse tipo de discussão, mas várias décadas atrás. Por lá, tornou-se comum que antigos palacetes fossem subdivididos. Apenas o interfone na entrada delata que a propriedade foi segmentada em três ou quatro apartamentos. Nos bairros-jardins de São Paulo, muitos tombados, isso é impossível: cada lote só pode ser ocupado por uma única família –e em boa parte deles o uso é estritamente residencial. "A [avenida] Diógenes [Ribeiro de Lima] virou um corredor de trânsito. É difícil imaginar que volte a ter o mesmo uso residencial", diz Maria Ignez Marcondes Barretto, ex-presidente da Sociedade de Amigos do Alto de Pinheiros. "Para muitos moradores, faria mais sentido ter vilas de casas com metragem menor ou pequenos prédios de dois andares, com farmácia ou café no térreo, do que diversas casas grandes e vazias." Um grupo de investidores pretendia abrir a primeira unidade de uma rede franco-belga de casas de repouso de alto padrão naquele bairro. Para obter um terreno de 5.000 m², cercado de verde e com área residencial no centro do lote, o executivo Laurent Bernard já estava escolhendo vários imóveis, quando percebeu que a obra poderia ser facilmente embargada. "O tamanho máximo da testada [largura do terreno] ali é de cem metros, algo que inviabiliza nosso projeto. Burocracia, brechas jurídicas e morosidade espantam o investidor", diz. "Já estamos procurando outras regiões. Para a vida do bairro, é ruim." Os loteamentos da Companhia City, inspirados nos bairros-jardins britânicos, foram os subúrbios de sua época, instalados nas então afastadas várzeas do rio Pinheiros. Como em um condomínio fechado, estilo Alphaville, o loteador ditava regras claras da geometria dos imóveis (da altura máxima aos recuos laterais, na fachada e nos fundos), com sugestão do tamanho do muro e o traçado das ruas. Famílias então numerosas, com empregados que dormiam no trabalho, pediam construções grandes para terrenos nem tanto. Nos mapas originais do loteador, porém, havia terrenos pré-determinados onde podiam ser instalados postos de gasolina e serviços e estabelecimentos de comércio. A partir da Lei de Zoneamento de 1972 e do tombamento de alguns desses loteamentos, em 1986, o uso estritamente residencial foi expandido, acabando-se com os tímidos espaços mistos previstos no início. Diversas associações de bairro começaram a se opor a novos usos ou à possibilidade da chegada de mais moradores. "A lei de 1972 acata as restrições do loteador, desde que estejam no memorial do registro de imóveis", diz o advogado Marcelo Terra, especialista em direito imobiliário. "Há brigas no Judiciário sobre a interpretação, pois mudanças de uso são aprovadas quando há descaracterização da área. Há um consenso que um arranha-céu descaracteriza, mas há muita coisa que não é tão clara." Em sua opinião, "a cidade não deveria estar presa a regras estabelecidas por privados há mais de 60 anos. O interesse público deveria prevalecer". Ainda assim, as transformações aconteceram lentamente, ainda na ilegalidade. Quando a avenida Europa e a rua Colômbia já sofriam o êxodo residencial, foram permitidos ali showrooms, mas não comércio. A diferença? Dezenas de revendedoras de carros de luxo se instalaram na região, onde supostamente não se podia emitir nota fiscal. Por vários anos, a ocupação da alameda Gabriel Monteiro da Silva por lojas de decoração e design estava à margem do zoneamento. O jeitinho encontrado por proprietários com um mico imobiliário nas mãos vai da instalação de escritórios a pequenas empresas em ruas exclusivamente residenciais, sem uma placa sequer na entrada. Em áreas tombadas do Jardim Europa e do Pacaembu, construções e demolições que deveriam ser submetidas aos órgãos do patrimônio histórico são protocoladas como simples reformas. Depois, a velha casa vai ao chão. Muitos proprietários que ocupam um espaço mínimo no casarão herdado da família discretamente alugam cômodos para terceiros. O unifamiliar virou multifamiliar. A banqueteira Aninha Gonzalez, moradora de uma casa de 580 m² na rua Atlântica, no Jardim América, questiona a rigidez da lei. "Adoraria dividir este lote, por exemplo, entre meus dois filhos. Já hospedei meu primo, quando ele se separou, na edícula, que tem um quarto com banheiro. Por que não poderia alugar esse espaço legalmente?" Para ela, muitas casas nos Jardins "poderiam ser divididas entre quatro ou cinco amigos, que morrem de medo da solidão no futuro e que poderiam compartilhar os mesmos serviços". "Locação ilegal não protege o proprietário nem o inquilino", afirma. Mas o tema ainda é muito sensível. Diversos corretores especializados nesses bairros conversaram com a reportagem, sob a condição de anonimato, e deram uma lista de razões para tantas propriedades ociosas. De preços ainda irreais em relação ao valor do metro quadrado -de proprietários sem pressa por liquidez- à insegurança de imóveis vazios vizinhos a vias sugeridas como atalhos por aplicativos de trânsito. A associação Ame Jardins, que tem entre seus fundadores o prefeito João Doria, foi das mais ativas na campanha contra a flexibilização de usos na Lei de Zoneamento aprovada no ano passado. Faixas com seu logotipo foram afixadas em casarões, exigindo a manutenção da "zona estritamente residencial". Restaurantes, bares, casas de show, salões de festas, supletivos, cursos preparatórios e mercados continuam vetados, por exemplo, nas avenidas Brasil, Europa e Pacaembu. Os diretores da Ame Jardins não estavam "disponíveis para entrevista", segundo a assessoria de comunicação da entidade. O presidente da associação Viva Pacaembu, Rodrigo Mauro, afirmou que foi uma vitória "preservar o bairro tombado" e restringir usos comerciais e de serviços, assim como a altura limite de construções nas chamadas "zonas corredores", de dez metros de altura. Mesmo a ex-presidente da associação de Alto de Pinheiros, favorável à flexibilização, explica o temor contra restaurantes e bares. "Se há barulho ou lixo, a prefeitura falha muito na fiscalização, então fica mais fácil proibir", diz Ignez Barretto. Para o incorporador Eudoxios Anastassiadis, as restrições mantidas são "retrógradas". "Já cogitei empreendimentos no Pacaembu, em Alto de Pinheiros e até estudei a 'lei de vilas' para fazer pequenos condomínios horizontais com casas", conta. "Mas, com tanta lei que depende da interpretação do momento, com essa insegurança jurídica, eu desisti." Ele já construiu diversos prédios baixinhos de luxo, com até quatro andares, na rua Minas Gerais, em Higienópolis, e também no Jardim Paulistano, no Alto da Lapa e em Alto de Pinheiros. "Há regras muito elitistas, como lote mínimo de 250 m² no qual se edifica 400 m² para uma única família. Será que os filhos deles poderão morar em uma casa assim?", pergunta. "Se não puder ter um café na esquina, será que o jovem vai querer morar ali?' Na primeira metade do século passado, São Paulo assistiu a batalhas similares na avenida Paulista. A via símbolo da cidade também nasceu como um loteamento privado, que combinava palacetes, um hospital, duas escolas e o Instituto Pasteur, e viu as regras dificultarem usos comerciais e de serviços à medida que os palacetes dominaram o local. Nos anos 1950, entre partilhas tumultuadas de herança, o aumento do trânsito e a valorização dos terrenos fez com que os próprios donos dos casarões quisessem prédios na região antes que um processo de tombamento fosse feito. A destruição das protegidas mansões foi feita às pressas, sem planejamento. NOVOS USOS Arquitetos sugerem soluções diferentes para fazer de imóveis ociosos pequenas (e aconchegantes) vizinhanças. Dividir... | O arquiteto Gustavo Cedroni, do escritório Metro, há tempos pensa no como subdividir imóveis amplos e já fez propostas para potenciais investidores. A pedido da sãopaulo, ele desenhou um croqui onde sugere a subdivisão de uma casa já existente (veja nesta página). "O que vai salvar nossas cidades não é começar a construir tudo do zero, mas saber reutilizar as estruturas já existentes e às vezes pouco adaptadas para a realidade do nosso século." Cedroni indica que reformas e adaptação seriam mais fáceis dividindo casarões em apartamentos por andar. A laje no topo pode servir de área de lazer, e garagens poderiam receber lavanderia, zeladoria e cozinha. ... e Multiplicar | "Andei com o mapa do zoneamento na mão para escolher onde poderia comprar um imóvel que pudesse desmembrar em dois", diz a arquiteta Cecilia Reichstul. A apenas duas quadras do Alto de Pinheiros, ela desenhou, junto à sócia Clara Reynaldo, duas casas espelhadas no terreno de 10 x 28 m. Uma para sua família. Outra, como investimento. Como são geminadas, Reichstul otimizou os cinco metros de largura de cada imóvel com claraboias e pátios internos para garantir ventilação e iluminação naturais. Para sua casa, fez 205 m² de área construída. Tem lavanderia, farmácia, banco e escola por perto. "De fora, as duas parecem uma casa só. Dá para adaptar, sem descaracterizar", diz.
saopaulo
Vagos ou encalhados, casarões em áreas nobres de São Paulo esperam por algum usoRAUL JUSTE LORES DE SÃO PAULO As leis, regras e exceções que regem os bairros loteados pela Companhia City nas primeiras décadas do século passado têm o padrão Constituição Federal de complexidade e prolixidade. O que servia como proteção de suas características, porém, tem esvaziado muitos bairros como Pacaembu, Jardim Europa, Jardim América e Alto de Pinheiros. Casarões de 500 a 2.000 m² têm desbotado nas regiões mais valorizadas de São Paulo, assim como suas eternas placas de "Vende-se ou "Aluga-se". No site de imobiliárias VIP, vários desses imóveis estão em oferta desde 2012 e 2013, antes mesmo da depressão econômica. O esvaziamento de quadras inteiras em áreas tão centrais surpreende em um município apinhado em suas beiradas. Cidades como Londres e Nova York tiveram esse tipo de discussão, mas várias décadas atrás. Por lá, tornou-se comum que antigos palacetes fossem subdivididos. Apenas o interfone na entrada delata que a propriedade foi segmentada em três ou quatro apartamentos. Nos bairros-jardins de São Paulo, muitos tombados, isso é impossível: cada lote só pode ser ocupado por uma única família –e em boa parte deles o uso é estritamente residencial. "A [avenida] Diógenes [Ribeiro de Lima] virou um corredor de trânsito. É difícil imaginar que volte a ter o mesmo uso residencial", diz Maria Ignez Marcondes Barretto, ex-presidente da Sociedade de Amigos do Alto de Pinheiros. "Para muitos moradores, faria mais sentido ter vilas de casas com metragem menor ou pequenos prédios de dois andares, com farmácia ou café no térreo, do que diversas casas grandes e vazias." Um grupo de investidores pretendia abrir a primeira unidade de uma rede franco-belga de casas de repouso de alto padrão naquele bairro. Para obter um terreno de 5.000 m², cercado de verde e com área residencial no centro do lote, o executivo Laurent Bernard já estava escolhendo vários imóveis, quando percebeu que a obra poderia ser facilmente embargada. "O tamanho máximo da testada [largura do terreno] ali é de cem metros, algo que inviabiliza nosso projeto. Burocracia, brechas jurídicas e morosidade espantam o investidor", diz. "Já estamos procurando outras regiões. Para a vida do bairro, é ruim." Os loteamentos da Companhia City, inspirados nos bairros-jardins britânicos, foram os subúrbios de sua época, instalados nas então afastadas várzeas do rio Pinheiros. Como em um condomínio fechado, estilo Alphaville, o loteador ditava regras claras da geometria dos imóveis (da altura máxima aos recuos laterais, na fachada e nos fundos), com sugestão do tamanho do muro e o traçado das ruas. Famílias então numerosas, com empregados que dormiam no trabalho, pediam construções grandes para terrenos nem tanto. Nos mapas originais do loteador, porém, havia terrenos pré-determinados onde podiam ser instalados postos de gasolina e serviços e estabelecimentos de comércio. A partir da Lei de Zoneamento de 1972 e do tombamento de alguns desses loteamentos, em 1986, o uso estritamente residencial foi expandido, acabando-se com os tímidos espaços mistos previstos no início. Diversas associações de bairro começaram a se opor a novos usos ou à possibilidade da chegada de mais moradores. "A lei de 1972 acata as restrições do loteador, desde que estejam no memorial do registro de imóveis", diz o advogado Marcelo Terra, especialista em direito imobiliário. "Há brigas no Judiciário sobre a interpretação, pois mudanças de uso são aprovadas quando há descaracterização da área. Há um consenso que um arranha-céu descaracteriza, mas há muita coisa que não é tão clara." Em sua opinião, "a cidade não deveria estar presa a regras estabelecidas por privados há mais de 60 anos. O interesse público deveria prevalecer". Ainda assim, as transformações aconteceram lentamente, ainda na ilegalidade. Quando a avenida Europa e a rua Colômbia já sofriam o êxodo residencial, foram permitidos ali showrooms, mas não comércio. A diferença? Dezenas de revendedoras de carros de luxo se instalaram na região, onde supostamente não se podia emitir nota fiscal. Por vários anos, a ocupação da alameda Gabriel Monteiro da Silva por lojas de decoração e design estava à margem do zoneamento. O jeitinho encontrado por proprietários com um mico imobiliário nas mãos vai da instalação de escritórios a pequenas empresas em ruas exclusivamente residenciais, sem uma placa sequer na entrada. Em áreas tombadas do Jardim Europa e do Pacaembu, construções e demolições que deveriam ser submetidas aos órgãos do patrimônio histórico são protocoladas como simples reformas. Depois, a velha casa vai ao chão. Muitos proprietários que ocupam um espaço mínimo no casarão herdado da família discretamente alugam cômodos para terceiros. O unifamiliar virou multifamiliar. A banqueteira Aninha Gonzalez, moradora de uma casa de 580 m² na rua Atlântica, no Jardim América, questiona a rigidez da lei. "Adoraria dividir este lote, por exemplo, entre meus dois filhos. Já hospedei meu primo, quando ele se separou, na edícula, que tem um quarto com banheiro. Por que não poderia alugar esse espaço legalmente?" Para ela, muitas casas nos Jardins "poderiam ser divididas entre quatro ou cinco amigos, que morrem de medo da solidão no futuro e que poderiam compartilhar os mesmos serviços". "Locação ilegal não protege o proprietário nem o inquilino", afirma. Mas o tema ainda é muito sensível. Diversos corretores especializados nesses bairros conversaram com a reportagem, sob a condição de anonimato, e deram uma lista de razões para tantas propriedades ociosas. De preços ainda irreais em relação ao valor do metro quadrado -de proprietários sem pressa por liquidez- à insegurança de imóveis vazios vizinhos a vias sugeridas como atalhos por aplicativos de trânsito. A associação Ame Jardins, que tem entre seus fundadores o prefeito João Doria, foi das mais ativas na campanha contra a flexibilização de usos na Lei de Zoneamento aprovada no ano passado. Faixas com seu logotipo foram afixadas em casarões, exigindo a manutenção da "zona estritamente residencial". Restaurantes, bares, casas de show, salões de festas, supletivos, cursos preparatórios e mercados continuam vetados, por exemplo, nas avenidas Brasil, Europa e Pacaembu. Os diretores da Ame Jardins não estavam "disponíveis para entrevista", segundo a assessoria de comunicação da entidade. O presidente da associação Viva Pacaembu, Rodrigo Mauro, afirmou que foi uma vitória "preservar o bairro tombado" e restringir usos comerciais e de serviços, assim como a altura limite de construções nas chamadas "zonas corredores", de dez metros de altura. Mesmo a ex-presidente da associação de Alto de Pinheiros, favorável à flexibilização, explica o temor contra restaurantes e bares. "Se há barulho ou lixo, a prefeitura falha muito na fiscalização, então fica mais fácil proibir", diz Ignez Barretto. Para o incorporador Eudoxios Anastassiadis, as restrições mantidas são "retrógradas". "Já cogitei empreendimentos no Pacaembu, em Alto de Pinheiros e até estudei a 'lei de vilas' para fazer pequenos condomínios horizontais com casas", conta. "Mas, com tanta lei que depende da interpretação do momento, com essa insegurança jurídica, eu desisti." Ele já construiu diversos prédios baixinhos de luxo, com até quatro andares, na rua Minas Gerais, em Higienópolis, e também no Jardim Paulistano, no Alto da Lapa e em Alto de Pinheiros. "Há regras muito elitistas, como lote mínimo de 250 m² no qual se edifica 400 m² para uma única família. Será que os filhos deles poderão morar em uma casa assim?", pergunta. "Se não puder ter um café na esquina, será que o jovem vai querer morar ali?' Na primeira metade do século passado, São Paulo assistiu a batalhas similares na avenida Paulista. A via símbolo da cidade também nasceu como um loteamento privado, que combinava palacetes, um hospital, duas escolas e o Instituto Pasteur, e viu as regras dificultarem usos comerciais e de serviços à medida que os palacetes dominaram o local. Nos anos 1950, entre partilhas tumultuadas de herança, o aumento do trânsito e a valorização dos terrenos fez com que os próprios donos dos casarões quisessem prédios na região antes que um processo de tombamento fosse feito. A destruição das protegidas mansões foi feita às pressas, sem planejamento. NOVOS USOS Arquitetos sugerem soluções diferentes para fazer de imóveis ociosos pequenas (e aconchegantes) vizinhanças. Dividir... | O arquiteto Gustavo Cedroni, do escritório Metro, há tempos pensa no como subdividir imóveis amplos e já fez propostas para potenciais investidores. A pedido da sãopaulo, ele desenhou um croqui onde sugere a subdivisão de uma casa já existente (veja nesta página). "O que vai salvar nossas cidades não é começar a construir tudo do zero, mas saber reutilizar as estruturas já existentes e às vezes pouco adaptadas para a realidade do nosso século." Cedroni indica que reformas e adaptação seriam mais fáceis dividindo casarões em apartamentos por andar. A laje no topo pode servir de área de lazer, e garagens poderiam receber lavanderia, zeladoria e cozinha. ... e Multiplicar | "Andei com o mapa do zoneamento na mão para escolher onde poderia comprar um imóvel que pudesse desmembrar em dois", diz a arquiteta Cecilia Reichstul. A apenas duas quadras do Alto de Pinheiros, ela desenhou, junto à sócia Clara Reynaldo, duas casas espelhadas no terreno de 10 x 28 m. Uma para sua família. Outra, como investimento. Como são geminadas, Reichstul otimizou os cinco metros de largura de cada imóvel com claraboias e pátios internos para garantir ventilação e iluminação naturais. Para sua casa, fez 205 m² de área construída. Tem lavanderia, farmácia, banco e escola por perto. "De fora, as duas parecem uma casa só. Dá para adaptar, sem descaracterizar", diz.
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Leitora elogia coluna de Mônica Bergamo sobre Paulo Betti
Não tenho nem palavras para descrever quão linda foi a coluna Mônica Bergamo de ontem ("Ilustrada", 1/3)! Não sou uma fã de Paulo Betti, embora admire muito o seu trabalho. Ao ler as notinhas me identifiquei muito com as lembranças e, apesar de nova, tenho recordações muito parecidas com as dele. Parabéns! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitora elogia coluna de Mônica Bergamo sobre Paulo BettiNão tenho nem palavras para descrever quão linda foi a coluna Mônica Bergamo de ontem ("Ilustrada", 1/3)! Não sou uma fã de Paulo Betti, embora admire muito o seu trabalho. Ao ler as notinhas me identifiquei muito com as lembranças e, apesar de nova, tenho recordações muito parecidas com as dele. Parabéns! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Em novo livro, Sarah Thornton perfila de Damien Hirst a Beatriz Milhazes
"Quando entro no ateliê de um artista, sinto uma energia estranha", diz Sarah Thornton. "É como outro planeta." No burburinho do lounge VIP da feira Art Basel Miami Beach, longe dos artistas e esbarrando nos colecionadores, a autora do best-seller "Sete Dias no Mundo da Arte" tenta me explicar o que motivou a escrita de seu mais novo livro. Depois de dissecar com acidez os bastidores desse universo em "Sete Dias", a jornalista canadense, que escreve sobre arte para revistas como a "The Economist" e a "New Yorker", passou os últimos sete anos visitando ateliês de artistas visuais no mundo todo - de Beatriz Milhazes, no Rio, a Ai Weiwei, em Pequim- fazendo uma única pergunta. "Queria saber o que é um artista real, autêntico, crível", diz Thornton. "É impossível explicar como um artista ascende à fama global olhando só para seu trabalho. Era preciso ver como eles navegam pelo mundo da arte, como tratam colecionadores e críticos, como tiram selfies com os fãs. Tudo isso é parte da obra." Ou seja, Thornton acredita ter descoberto no jogo de aparências que domina a arte contemporânea uma chave para entender sua real essência. Estruturado como um roteiro cinematográfico, "O Que É um Artista?", livro que sai no Brasil pela editora Zahar em abril, retrata 33 artistas em cenas, entre prosaicas e bizarras, ao redor do mundo, da abertura de uma retrospectiva de Jeff Koons, em Londres, a uma conversa com a mulher de Ai Weiwei, em Pequim, quando o artista estava preso. Thornton, que é também socióloga, não chegou a uma resposta definitiva para a sua pergunta. Mas as tentativas de descrever o papel de um artista visual na sociedade contemporânea encheram mais de 400 páginas com ponderações e provocações. Em alguns casos, o diálogo virou briga. Infeliz com seu retrato no livro, a artista norte-americana Cady Noland decidiu processar a autora. Outros, como Damien Hirst, alvo de várias entrevistas no livro, preferiram não mais falar com ela, tentando barrar a ida de Thornton à sua retrospectiva em Doha, há dois anos, o maior gesto do artista para conquistar um novo mercado diante da queda de seus preços em países desenvolvidos. MITOS E DÓLARES Essa dimensão mercadológica, aliás, não fica de fora do radar de Thornton, mas ela amplia a ideia de quanto vale um artista ou uma obra para enquadrar também o que considera a moeda mais valiosa da indústria da arte. "O que está em jogo nesse mundo é a credibilidade", diz a autora. "É a forma como os artistas contemporâneos comandam um séquito que faz com que alcancem preços tão altos. Não há meios objetivos para mensurar a qualidade do que fazem. Artistas precisam de mitos, porque dão mais energia, ímpeto e poder à obra." Um mito poderoso, na opinião de Thornton, é a aura de inimigo do Estado que envolve Ai Weiwei, artista e ativista político chinês que está impedido de deixar seu país desde 2011, quando foi agredido pela polícia e passou três meses atrás das grades acusado de crimes como evasão fiscal e difusão de pornografia. "Ele me disse que um artista é um inimigo das sensibilidades generalizadas, o que é uma ideia muito bonita", diz Thornton, sobre Weiwei. "Se fosse um cara no Brooklyn me falando isso, pareceria uma alucinação, porque o máximo que pode acontecer ali é apagarem seu perfil no Instagram. Mas ele vive sem liberdade de expressão." Em contraponto, artistas histriônicos, como Damien Hirst e Jeff Koons, que viraram celebridades zombando do mercado com obras achincalhadas pela crítica, renderam retratos mais impiedosos. "Talvez tenha me irritado mais com o Koons, mas ele me deixou escrever o que eu queria. Ele não parece real, só que é o jeito dele. De qualquer forma, não estou interessada nas máscaras rasas que eles usam, e sim na vida pública como um todo", diz Thornton. "O livro gira em torno dessas personalidades antagônicas." Nesse ponto, nada parece mais contrastante que o retrato de Hirst como um bad boy de meia idade, incapaz de falar uma frase sem a palavra "fuck", e seu encontro em Nova York com a diva da performance Marina Abramovic, que manteve a pose esotérica, falando do artista como o "oxigênio da sociedade", enquanto discorria sobre moda. Thornton também faz um retrato diferente de Beatriz Milhazes. No ateliê da artista no Jardim Botânico, no Rio, a autora enxerga além dos arroubos hedonistas e ultracoloridos de sua pintura e a descreve com uma postura ultradisciplinada, de exímia criadora de quadros ao mesmo tempo "barrocos e turbulentos" mas com grande "rigor estrutural". Minutos antes de me encontrar em Miami, Thornton, aliás, estava no lançamento de um catálogo de Milhazes perto dali. Voltou com uma cópia autografada do livro e postou um selfie com a artista. "Há um vício entre críticos que insistem em ver só as obras", diz. "Mas não sei como fingem não ver o que acontece ao redor. É impossível ignorar a presença do artista." 33 ARTISTS IN 3 ACTS AUTOR Sarah Thornton EDITOR A W. W. Norton & Company QUANTO US$ 20, cerca de R$ 60 (430 págs.), na Amazon.com
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Em novo livro, Sarah Thornton perfila de Damien Hirst a Beatriz Milhazes"Quando entro no ateliê de um artista, sinto uma energia estranha", diz Sarah Thornton. "É como outro planeta." No burburinho do lounge VIP da feira Art Basel Miami Beach, longe dos artistas e esbarrando nos colecionadores, a autora do best-seller "Sete Dias no Mundo da Arte" tenta me explicar o que motivou a escrita de seu mais novo livro. Depois de dissecar com acidez os bastidores desse universo em "Sete Dias", a jornalista canadense, que escreve sobre arte para revistas como a "The Economist" e a "New Yorker", passou os últimos sete anos visitando ateliês de artistas visuais no mundo todo - de Beatriz Milhazes, no Rio, a Ai Weiwei, em Pequim- fazendo uma única pergunta. "Queria saber o que é um artista real, autêntico, crível", diz Thornton. "É impossível explicar como um artista ascende à fama global olhando só para seu trabalho. Era preciso ver como eles navegam pelo mundo da arte, como tratam colecionadores e críticos, como tiram selfies com os fãs. Tudo isso é parte da obra." Ou seja, Thornton acredita ter descoberto no jogo de aparências que domina a arte contemporânea uma chave para entender sua real essência. Estruturado como um roteiro cinematográfico, "O Que É um Artista?", livro que sai no Brasil pela editora Zahar em abril, retrata 33 artistas em cenas, entre prosaicas e bizarras, ao redor do mundo, da abertura de uma retrospectiva de Jeff Koons, em Londres, a uma conversa com a mulher de Ai Weiwei, em Pequim, quando o artista estava preso. Thornton, que é também socióloga, não chegou a uma resposta definitiva para a sua pergunta. Mas as tentativas de descrever o papel de um artista visual na sociedade contemporânea encheram mais de 400 páginas com ponderações e provocações. Em alguns casos, o diálogo virou briga. Infeliz com seu retrato no livro, a artista norte-americana Cady Noland decidiu processar a autora. Outros, como Damien Hirst, alvo de várias entrevistas no livro, preferiram não mais falar com ela, tentando barrar a ida de Thornton à sua retrospectiva em Doha, há dois anos, o maior gesto do artista para conquistar um novo mercado diante da queda de seus preços em países desenvolvidos. MITOS E DÓLARES Essa dimensão mercadológica, aliás, não fica de fora do radar de Thornton, mas ela amplia a ideia de quanto vale um artista ou uma obra para enquadrar também o que considera a moeda mais valiosa da indústria da arte. "O que está em jogo nesse mundo é a credibilidade", diz a autora. "É a forma como os artistas contemporâneos comandam um séquito que faz com que alcancem preços tão altos. Não há meios objetivos para mensurar a qualidade do que fazem. Artistas precisam de mitos, porque dão mais energia, ímpeto e poder à obra." Um mito poderoso, na opinião de Thornton, é a aura de inimigo do Estado que envolve Ai Weiwei, artista e ativista político chinês que está impedido de deixar seu país desde 2011, quando foi agredido pela polícia e passou três meses atrás das grades acusado de crimes como evasão fiscal e difusão de pornografia. "Ele me disse que um artista é um inimigo das sensibilidades generalizadas, o que é uma ideia muito bonita", diz Thornton, sobre Weiwei. "Se fosse um cara no Brooklyn me falando isso, pareceria uma alucinação, porque o máximo que pode acontecer ali é apagarem seu perfil no Instagram. Mas ele vive sem liberdade de expressão." Em contraponto, artistas histriônicos, como Damien Hirst e Jeff Koons, que viraram celebridades zombando do mercado com obras achincalhadas pela crítica, renderam retratos mais impiedosos. "Talvez tenha me irritado mais com o Koons, mas ele me deixou escrever o que eu queria. Ele não parece real, só que é o jeito dele. De qualquer forma, não estou interessada nas máscaras rasas que eles usam, e sim na vida pública como um todo", diz Thornton. "O livro gira em torno dessas personalidades antagônicas." Nesse ponto, nada parece mais contrastante que o retrato de Hirst como um bad boy de meia idade, incapaz de falar uma frase sem a palavra "fuck", e seu encontro em Nova York com a diva da performance Marina Abramovic, que manteve a pose esotérica, falando do artista como o "oxigênio da sociedade", enquanto discorria sobre moda. Thornton também faz um retrato diferente de Beatriz Milhazes. No ateliê da artista no Jardim Botânico, no Rio, a autora enxerga além dos arroubos hedonistas e ultracoloridos de sua pintura e a descreve com uma postura ultradisciplinada, de exímia criadora de quadros ao mesmo tempo "barrocos e turbulentos" mas com grande "rigor estrutural". Minutos antes de me encontrar em Miami, Thornton, aliás, estava no lançamento de um catálogo de Milhazes perto dali. Voltou com uma cópia autografada do livro e postou um selfie com a artista. "Há um vício entre críticos que insistem em ver só as obras", diz. "Mas não sei como fingem não ver o que acontece ao redor. É impossível ignorar a presença do artista." 33 ARTISTS IN 3 ACTS AUTOR Sarah Thornton EDITOR A W. W. Norton & Company QUANTO US$ 20, cerca de R$ 60 (430 págs.), na Amazon.com
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Alalaô: São Clemente abre 2º dia de desfiles com enredo sobre Fernando Pamplona
A São Clemente abriu o segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí apresentando um enredo sobre a história de Fernando Pamplona. O carnavalesco foi responsável por uma revolução estética nos desfiles do Carnaval carioca e conquistou quatro títulos nas ... Leia post completo no blog
cotidiano
Alalaô: São Clemente abre 2º dia de desfiles com enredo sobre Fernando PamplonaA São Clemente abriu o segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí apresentando um enredo sobre a história de Fernando Pamplona. O carnavalesco foi responsável por uma revolução estética nos desfiles do Carnaval carioca e conquistou quatro títulos nas ... Leia post completo no blog
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Vai valer!
De novo, havia mais de 30 mil pessoas ontem em Itaquera para assistir ao Corinthians, nas quartas de final do Campeonato Paulista. O Corinthians é um fenômeno de público. São 33 mil pessoas de público médio em Itaquera. No Paulistão, 30 mil espectadores por partida fazem questão de desmentir a tese que a maior parte de nós –a imprensa– insiste em dizer: de que o Estadual não vale nada. Vale muito para 30 mil corintianos e 18 mil palmeirenses. O público do Palmeiras, no Paulista, caiu de 29 mil em 2015 para 18,9 mil em 2016. Neste ano, metade das partidas aconteceu no Pacaembu e isso fez diferença –no Allianz Parque, a média é de 21 mil no Estadual. Em 2010, último ano de Estadual no velho Parque Antarctica, havia só 8.000 por partida. Em 2009, quando chegou às semifinais, o Palmeiras levou 13 mil. Historicamente, o clube levava 16 mil por jogo ao Palestra quando estava bem e no último título estadual, em 2008, houve 21 mil pagantes por rodada. Igual a este ano, que vai melhorar se for campeão. É evidente que os estaduais precisam de uma reforma profunda e urgente. Que não se pode mais jogar partidas semi amadoras por três meses do ano. Mas uma das frases mais equivocadas repetidas exaustivamente nos últimos dez anos é: "Estadual não vale nada!" Como? Se há 30 mil corintianos por rodada dizendo o contrário. Se em 1982, o Corinthians de Sócrates e Casagrande levou em média 27 mil por partida –sem contar as finais foram 24 mil– e hoje tem 30 mil para ver Giovanni Augusto e André... Não é verdade que na cabeça do torcedor é melhor ver Corinthians x Flamengo a Corinthians x Red Bull. O corintiano paga para ver o Corinthians, não o Flamengo. O Estadual provoca crises sérias em vários clubes, porque o Atlético não aceita perder do Tricordiano e o Flamengo não se imagina fora das finais, atrás do Volta Redonda. Debruçar-se sobre os números produz descobertas. Os jogos dos quatro grandes no Estadual produzem média de 13 mil por partida. Até dois anos atrás, o Brasileirão reunia 14 mil por jogo –no ano passado foram 17 mil. A reforma é indispensável, com redução dos estaduais e aumento do calendário anual dos clubes pequenos, sem jogarem tantas vezes contra os grandes. A mudança tem de servir para melhorar tudo, inclusive os estaduais. Historicamente, o Campeonato Paulista teve entre 6.000 e 7.000 torcedores por partida. Era assim em 1945, em 1972, 1994... Não foi assim em 1978, ano recorde, com 15 mil por jogo, porque o Corinthians campeão paulista depois de 23 anos levou multidões ao Pacaembu e Morumbi. O Paulista de 2016 leva em média 6.726 espectadores por partida. Não diminuiu nem aumentou. A cidade cresceu e proporcionalmente o público deveria ser maior. Se a federação trabalhasse por isso... Se quem está em casa não escutasse tantas vezes que não vale nada... É sempre importante dizer a verdade. Que há um aumento de 64% de público do Parque Antarctica de 2009 para o Allianz Parque em 2016. E que 30 mil corintianos por jogo fazem questão de gritar que todo jogo do Campeonato Paulista vale. Mesmo que precise de uma reforma profunda para ser melhor e atrair quem só ouve que o jogo de amanhã à noite não vai valer nada.
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Vai valer!De novo, havia mais de 30 mil pessoas ontem em Itaquera para assistir ao Corinthians, nas quartas de final do Campeonato Paulista. O Corinthians é um fenômeno de público. São 33 mil pessoas de público médio em Itaquera. No Paulistão, 30 mil espectadores por partida fazem questão de desmentir a tese que a maior parte de nós –a imprensa– insiste em dizer: de que o Estadual não vale nada. Vale muito para 30 mil corintianos e 18 mil palmeirenses. O público do Palmeiras, no Paulista, caiu de 29 mil em 2015 para 18,9 mil em 2016. Neste ano, metade das partidas aconteceu no Pacaembu e isso fez diferença –no Allianz Parque, a média é de 21 mil no Estadual. Em 2010, último ano de Estadual no velho Parque Antarctica, havia só 8.000 por partida. Em 2009, quando chegou às semifinais, o Palmeiras levou 13 mil. Historicamente, o clube levava 16 mil por jogo ao Palestra quando estava bem e no último título estadual, em 2008, houve 21 mil pagantes por rodada. Igual a este ano, que vai melhorar se for campeão. É evidente que os estaduais precisam de uma reforma profunda e urgente. Que não se pode mais jogar partidas semi amadoras por três meses do ano. Mas uma das frases mais equivocadas repetidas exaustivamente nos últimos dez anos é: "Estadual não vale nada!" Como? Se há 30 mil corintianos por rodada dizendo o contrário. Se em 1982, o Corinthians de Sócrates e Casagrande levou em média 27 mil por partida –sem contar as finais foram 24 mil– e hoje tem 30 mil para ver Giovanni Augusto e André... Não é verdade que na cabeça do torcedor é melhor ver Corinthians x Flamengo a Corinthians x Red Bull. O corintiano paga para ver o Corinthians, não o Flamengo. O Estadual provoca crises sérias em vários clubes, porque o Atlético não aceita perder do Tricordiano e o Flamengo não se imagina fora das finais, atrás do Volta Redonda. Debruçar-se sobre os números produz descobertas. Os jogos dos quatro grandes no Estadual produzem média de 13 mil por partida. Até dois anos atrás, o Brasileirão reunia 14 mil por jogo –no ano passado foram 17 mil. A reforma é indispensável, com redução dos estaduais e aumento do calendário anual dos clubes pequenos, sem jogarem tantas vezes contra os grandes. A mudança tem de servir para melhorar tudo, inclusive os estaduais. Historicamente, o Campeonato Paulista teve entre 6.000 e 7.000 torcedores por partida. Era assim em 1945, em 1972, 1994... Não foi assim em 1978, ano recorde, com 15 mil por jogo, porque o Corinthians campeão paulista depois de 23 anos levou multidões ao Pacaembu e Morumbi. O Paulista de 2016 leva em média 6.726 espectadores por partida. Não diminuiu nem aumentou. A cidade cresceu e proporcionalmente o público deveria ser maior. Se a federação trabalhasse por isso... Se quem está em casa não escutasse tantas vezes que não vale nada... É sempre importante dizer a verdade. Que há um aumento de 64% de público do Parque Antarctica de 2009 para o Allianz Parque em 2016. E que 30 mil corintianos por jogo fazem questão de gritar que todo jogo do Campeonato Paulista vale. Mesmo que precise de uma reforma profunda para ser melhor e atrair quem só ouve que o jogo de amanhã à noite não vai valer nada.
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História do samba e música sertaneja são contadas em livros
COWBOYS DO ASFALTO A recente discussão quanto à real extensão de nossas diferenças culturais, encetada a propósito da grande repercussão midiática da morte do cantor Cristiano Araújo, dá belo ensejo à apreciação deste rigoroso trabalho acadêmico do historiador carioca Gustavo Alonso, vazado em linguagem e estruturação fluentes e objetivas. Qualificar as discussões é tudo o que falta no insípido universo opiniático das redes sociais. A obra preludia-se pela consideração quanto à diferença de repercussão entre duas outras mortes, diferentemente significativas para o mundo sertanejo, ambas em 1998: o compositor João Pacífico e o cantor Leandro. Segue-se o delicioso relato pessoal e intelectual quanto às motivações da pesquisa. Se o percurso começa por historicizar as denominações "caipira" e "sertanejo", encarando de frente a questão da demarcação de territórios, o autor logo centrará sua perspectiva analítica na valorização das fronteiras entre nossos diferentes e misturados países musicais. (ROBERTO ALVES) AUTOR: Gustavo Alonso EDITORA: Civilização Brasileira QUANTO: R$ 65 (560 págs.) AVALIAÇÃO: ótimo * O SAMBA AGORA VAI... Esta importante, embora discutível, obra de referência para os estudos de história —tanto da música popular brasileira como da crítica em torno dela—, escrita pelo pesquisador José Ramos Tinhorão e originalmente publicada em 1969, volta agora "revista e ampliada". O subtítulo já explicita a onipresente tese: as constantes investidas, ao longo do século 20, para apresentar e divulgar nossa música nos Estados Unidos (a trajetória de Carmen Miranda nos anos 1940, a "constrangedora" apresentação da bossa nova em 1962) e Europa não passaram de "sucessão de equívocos", a marcar a progressiva "descaracterização" de sua brasilidade frente a um mercado centrado apenas na obtenção de lucros. O cerrado historicismo de Tinhorão não abre espaço para outras possíveis leituras dos fenômenos culturais que aborda e a apressada tentativa, no último capítulo, de nela incluir as atuais viagens de bandas nacionais underground peca pelo absoluto desconhecimento quanto à dinâmica cultural específica do rock. (ROBERTO ALVES) AUTOR: José Ramos Tinhorão EDITORA: 34 QUANTO: R$ 39 (216 págs.) AVALIAÇÃO: bom
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História do samba e música sertaneja são contadas em livrosCOWBOYS DO ASFALTO A recente discussão quanto à real extensão de nossas diferenças culturais, encetada a propósito da grande repercussão midiática da morte do cantor Cristiano Araújo, dá belo ensejo à apreciação deste rigoroso trabalho acadêmico do historiador carioca Gustavo Alonso, vazado em linguagem e estruturação fluentes e objetivas. Qualificar as discussões é tudo o que falta no insípido universo opiniático das redes sociais. A obra preludia-se pela consideração quanto à diferença de repercussão entre duas outras mortes, diferentemente significativas para o mundo sertanejo, ambas em 1998: o compositor João Pacífico e o cantor Leandro. Segue-se o delicioso relato pessoal e intelectual quanto às motivações da pesquisa. Se o percurso começa por historicizar as denominações "caipira" e "sertanejo", encarando de frente a questão da demarcação de territórios, o autor logo centrará sua perspectiva analítica na valorização das fronteiras entre nossos diferentes e misturados países musicais. (ROBERTO ALVES) AUTOR: Gustavo Alonso EDITORA: Civilização Brasileira QUANTO: R$ 65 (560 págs.) AVALIAÇÃO: ótimo * O SAMBA AGORA VAI... Esta importante, embora discutível, obra de referência para os estudos de história —tanto da música popular brasileira como da crítica em torno dela—, escrita pelo pesquisador José Ramos Tinhorão e originalmente publicada em 1969, volta agora "revista e ampliada". O subtítulo já explicita a onipresente tese: as constantes investidas, ao longo do século 20, para apresentar e divulgar nossa música nos Estados Unidos (a trajetória de Carmen Miranda nos anos 1940, a "constrangedora" apresentação da bossa nova em 1962) e Europa não passaram de "sucessão de equívocos", a marcar a progressiva "descaracterização" de sua brasilidade frente a um mercado centrado apenas na obtenção de lucros. O cerrado historicismo de Tinhorão não abre espaço para outras possíveis leituras dos fenômenos culturais que aborda e a apressada tentativa, no último capítulo, de nela incluir as atuais viagens de bandas nacionais underground peca pelo absoluto desconhecimento quanto à dinâmica cultural específica do rock. (ROBERTO ALVES) AUTOR: José Ramos Tinhorão EDITORA: 34 QUANTO: R$ 39 (216 págs.) AVALIAÇÃO: bom
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Golpe sem fundamento jurídico
O impeachment é um processo constitucional de apuração de responsabilidade política do presidente da República. Não se trata de uma saída possível em caso de baixa popularidade de um governo ou da sua falta de apoio parlamentar. Impeachment não é o voto de desconfiança do sistema parlamentarista, nem "recall" de cargo eletivo. Os crimes de responsabilidade são atos do presidente que atentam contra a Constituição. A função do impeachment não é punir indivíduos, mas proteger o país de danos ou ameaças por parte de um governante que abusa do seu poder ou subverte a Constituição. Todas as condutas listadas no artigo 85 da Constituição não são situações que comportam a omissão ou a culpa, mas a atuação deliberada e dolosa do chefe do Poder Executivo em contraposição direta à Carta Magna. O artigo 86 da Constituição determina que os atos que caracterizam o crime de responsabilidade devem ser praticados durante o mandato presidencial, no exercício do cargo. O fato de o presidente, caso reeleito, poder exercer a função por oito anos não transforma esse período em um mandato único. Pelo contrário, o mandato fixado na Constituição é de quatro anos (artigo 82) e, caso reeleito, o presidente inicia um novo mandato. Embora o TCU (Tribunal de Contas da União) aprecie as contas prestadas anualmente pelo presidente, não é o órgão constitucionalmente competente para julgar essas contas. Esse poder compete exclusivamente ao Congresso. O TCU analisa as contas e emite um parecer para que o Congresso possa utilizá-lo como eventual fundamento de sua decisão. O parecer do TCU, rejeitando ou aprovando contas da Presidência, só tem efeitos jurídicos se for aprovado pelo Congresso no exercício de sua competência constitucional exclusiva de julgamento das contas presidenciais. A decisão do Congresso não está vinculada ao parecer do TCU, que pode ser acatado ou rejeitado, total ou parcialmente. A eventual rejeição das contas presidenciais pelo Congresso não configura crime de responsabilidade. São duas decisões distintas. A aprovação ou rejeição ocorre por maioria simples de votos. Se a rejeição das contas implicasse necessariamente crime de responsabilidade, haveria a necessidade de ser decidida por quórum de dois terços, como determina o artigo 86, caput da Constituição. Qualquer tentativa de desrespeitar a soberania popular consagrada nas urnas deve ser repelida. O processo de impeachment é um poder a ser exercido com grande cautela em casos extremos de comprovada violação da Constituição, não podendo ser manipulado por interesses econômicos e políticos eventualmente contrariados. O impeachment é um processo político, mas depende de sólida fundamentação jurídica, sem a qual nada mais é do que um golpe de Estado. Um golpe patrocinado por parcela do Legislativo, o que não lhe confere legitimidade alguma. Venha de onde for, seja do Legislativo, de tribunal, palácio ou quartel, e atribua-se o nome que for, a natureza das coisas não muda: golpe é golpe. GILBERTO BERCOVICI, 41, é professor titular da Faculdade de Direito da USP * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Golpe sem fundamento jurídicoO impeachment é um processo constitucional de apuração de responsabilidade política do presidente da República. Não se trata de uma saída possível em caso de baixa popularidade de um governo ou da sua falta de apoio parlamentar. Impeachment não é o voto de desconfiança do sistema parlamentarista, nem "recall" de cargo eletivo. Os crimes de responsabilidade são atos do presidente que atentam contra a Constituição. A função do impeachment não é punir indivíduos, mas proteger o país de danos ou ameaças por parte de um governante que abusa do seu poder ou subverte a Constituição. Todas as condutas listadas no artigo 85 da Constituição não são situações que comportam a omissão ou a culpa, mas a atuação deliberada e dolosa do chefe do Poder Executivo em contraposição direta à Carta Magna. O artigo 86 da Constituição determina que os atos que caracterizam o crime de responsabilidade devem ser praticados durante o mandato presidencial, no exercício do cargo. O fato de o presidente, caso reeleito, poder exercer a função por oito anos não transforma esse período em um mandato único. Pelo contrário, o mandato fixado na Constituição é de quatro anos (artigo 82) e, caso reeleito, o presidente inicia um novo mandato. Embora o TCU (Tribunal de Contas da União) aprecie as contas prestadas anualmente pelo presidente, não é o órgão constitucionalmente competente para julgar essas contas. Esse poder compete exclusivamente ao Congresso. O TCU analisa as contas e emite um parecer para que o Congresso possa utilizá-lo como eventual fundamento de sua decisão. O parecer do TCU, rejeitando ou aprovando contas da Presidência, só tem efeitos jurídicos se for aprovado pelo Congresso no exercício de sua competência constitucional exclusiva de julgamento das contas presidenciais. A decisão do Congresso não está vinculada ao parecer do TCU, que pode ser acatado ou rejeitado, total ou parcialmente. A eventual rejeição das contas presidenciais pelo Congresso não configura crime de responsabilidade. São duas decisões distintas. A aprovação ou rejeição ocorre por maioria simples de votos. Se a rejeição das contas implicasse necessariamente crime de responsabilidade, haveria a necessidade de ser decidida por quórum de dois terços, como determina o artigo 86, caput da Constituição. Qualquer tentativa de desrespeitar a soberania popular consagrada nas urnas deve ser repelida. O processo de impeachment é um poder a ser exercido com grande cautela em casos extremos de comprovada violação da Constituição, não podendo ser manipulado por interesses econômicos e políticos eventualmente contrariados. O impeachment é um processo político, mas depende de sólida fundamentação jurídica, sem a qual nada mais é do que um golpe de Estado. Um golpe patrocinado por parcela do Legislativo, o que não lhe confere legitimidade alguma. Venha de onde for, seja do Legislativo, de tribunal, palácio ou quartel, e atribua-se o nome que for, a natureza das coisas não muda: golpe é golpe. GILBERTO BERCOVICI, 41, é professor titular da Faculdade de Direito da USP * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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'Alternância no poder é necessária', diz leitor sobre CBF
Essa costumeira política de antecessor "fazer" o sucessor precisa ter um fim. Alternância no poder é necessária. Se o sucessor vier a ser aquele que está sendo feito por Del Nero, os presidentes das federações votantes estarão dando uma demonstração cabal de que as coisas mal feitas devem continuar mal feitas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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'Alternância no poder é necessária', diz leitor sobre CBFEssa costumeira política de antecessor "fazer" o sucessor precisa ter um fim. Alternância no poder é necessária. Se o sucessor vier a ser aquele que está sendo feito por Del Nero, os presidentes das federações votantes estarão dando uma demonstração cabal de que as coisas mal feitas devem continuar mal feitas. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Após receber críticas, Juca Ferreira rebate Calero: 'agente menor do golpe'
O Facebook tem sido palco para insultos entre políticos desde a exoneração da cúpula da Cinemateca nesta terça-feira (26). Após críticas do ministro da Cultura Marcelo Calero, o antecessor Juca Ferreira rebateu a alegação de que sua gestão aparelhou o Ministério e afirmou que estavam "montando uma estrutura republicana". "A 'esperteza' de justificar as demissões alegando desaparelhamento tem duas facetas enganosas: enganar a opinião pública e criar um clima de simpatia superficial com os funcionários estáveis", continuou, antes de chamar Calero de "agente menor do golpe, o que popularmente chamamos de pau mandado" e encerrar a publicação com "#ForaTemer". Juca Ferreira rebate críticas Na manhã desta quarta-feira (27), o atual ministro retaliou a oposição que alegava que as demissões tratavam de um desmonte do Ministério e ainda criticou a gestão anterior "irresponsável e incompetente". Marcelo Calero critica gestão anterior
ilustrada
Após receber críticas, Juca Ferreira rebate Calero: 'agente menor do golpe'O Facebook tem sido palco para insultos entre políticos desde a exoneração da cúpula da Cinemateca nesta terça-feira (26). Após críticas do ministro da Cultura Marcelo Calero, o antecessor Juca Ferreira rebateu a alegação de que sua gestão aparelhou o Ministério e afirmou que estavam "montando uma estrutura republicana". "A 'esperteza' de justificar as demissões alegando desaparelhamento tem duas facetas enganosas: enganar a opinião pública e criar um clima de simpatia superficial com os funcionários estáveis", continuou, antes de chamar Calero de "agente menor do golpe, o que popularmente chamamos de pau mandado" e encerrar a publicação com "#ForaTemer". Juca Ferreira rebate críticas Na manhã desta quarta-feira (27), o atual ministro retaliou a oposição que alegava que as demissões tratavam de um desmonte do Ministério e ainda criticou a gestão anterior "irresponsável e incompetente". Marcelo Calero critica gestão anterior
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Brasil deve investir na economia da biodiversidade, afirmam cientistas
Fomentar uma nova economia baseada em inovação e uso sustentável da biodiversidade pode gerar até cinco vezes mais riqueza para a região amazônica do que as atividades hoje praticadas no bioma, como a pecuária e extração de madeira. Mas para isso será necessário frear a expansão da agropecuária na região, alerta o climatologista Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências e do IPCC, o painel das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Nobre foi um dos debatedores do painel sobre o papel da inovação e do conhecimento em uma economia limpa, realizado durante o Fórum Desenvolvimento e Baixo Carbono, promovido pela Folha em parceria com o Instituto Escolhas e o Insper, nesta quarta (23). Embora alguns produtos amazônicos, como o açaí, já tenham uma cadeia produtiva estruturada e demanda por setores como alimentos e cosméticos, a pecuária ainda gera uma receita três vezes maior para a região - mas tem sido um dos grandes motores do desmatamento na Amazônia e responde por 70% das emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário. "Estamos desenvolvendo uma proposta que é um novo modelo para o desenvolvimento da Amazônia. A ideia é parar a fronteira agrícola e criar um sistema econômico baseado em conhecimento e inovação", disse Nobre. Segundo ele, com cem produtos da biodiversidade econômica será possível gerar, em dez anos, uma economia cinco vezes maior do que a atual. Isso colocaria o Brasil na linha de frente das pesquisas com temas como o biomimetismo, que é o desenvolvimento de tecnologias aplicáveis inspirada no funcionamento dos sistemas da natureza, além do uso da biodiversidade para desenvolvimento de produtos, como alimentos, fármacos e cosméticos. Além disso, seria uma contribuição real do Brasil para a estabilização da questão climática em menos de 2ºC, estabelecido no Acordo do Clima de Paris. Para Ricardo Abramovay, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP, o Brasil tem potencial para construir uma economia promissora baseada na aplicação de conhecimento e inovação ao uso sustentável da biodiversidade - o que é diferente de continuar apostando no agronegócio produtor de commodities como motor do PIB. Veja vídeo "As chances de aplicar conhecimento à nossa biodiversidade são promissoras. Trata-se de utilizar as tecnologias da quarta revolução industrial para criar coisas úteis para a sociedade", disse Abramovay. Ele cita o exemplo da Alemanha, que hoje mantém 73 centros de pesquisa destinados ao campo de bionics, ciência que estuda os processos da natureza para criar tecnologias mais eficientes no uso dos recursos naturais. Segundo o professor, a economia brasileira é muito dependente do comércio global de commodities agrícolas e minerais, o que a torna ainda muito intensiva em emissões de carbono. "Não podemos esquecer que somos o principal consumidor de agrotóxicos do mundo e nossa agricultura é de baixo valor agregado", ressaltou. Na avaliação de Marcos Jank, diretor global de assuntos corporativos da BRF, empresa dona das marcas Sadia e Perdigão, o agronegócio brasileiro evoluiu muito em termos de produtividade nas últimas décadas -o país tem o maior superávit comercial agrícola do planeta, estimado em US$ 80 bilhões/ano. Mas nos últimos 15 anos, ressaltou Jank, a geografia do comércio agrícola global mudou radicalmente. Se na década de 1990 os principais mercados para as commodities agrícolas brasileiras eram os países europeus, que demandam padrões ambientais como diferencial competitivo, hoje os principais compradores da soja brasileira são os países asiáticos, especialmente a China, que não exige padrões de sustentabilidade. Segundo Jank, essa discussão precisa avançar. "A forma de fazer o produtor rural reconhecer o valor da sustentabilidade é levar isso para o consumidor. E hoje o consumidor não é o europeu, é o chinês. É com eles que precisamos fazer esse diálogo", afirmou o executivo. De acordo com Jank, os padrões de comércio global valorizam a qualidade e segurança alimentar, mas ainda não existe uma exigência de sustentabilidade nas cadeias agrícolas. "É o Brasil que precisa puxar esse debate", concluiu.
seminariosfolha
Brasil deve investir na economia da biodiversidade, afirmam cientistasFomentar uma nova economia baseada em inovação e uso sustentável da biodiversidade pode gerar até cinco vezes mais riqueza para a região amazônica do que as atividades hoje praticadas no bioma, como a pecuária e extração de madeira. Mas para isso será necessário frear a expansão da agropecuária na região, alerta o climatologista Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências e do IPCC, o painel das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Nobre foi um dos debatedores do painel sobre o papel da inovação e do conhecimento em uma economia limpa, realizado durante o Fórum Desenvolvimento e Baixo Carbono, promovido pela Folha em parceria com o Instituto Escolhas e o Insper, nesta quarta (23). Embora alguns produtos amazônicos, como o açaí, já tenham uma cadeia produtiva estruturada e demanda por setores como alimentos e cosméticos, a pecuária ainda gera uma receita três vezes maior para a região - mas tem sido um dos grandes motores do desmatamento na Amazônia e responde por 70% das emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário. "Estamos desenvolvendo uma proposta que é um novo modelo para o desenvolvimento da Amazônia. A ideia é parar a fronteira agrícola e criar um sistema econômico baseado em conhecimento e inovação", disse Nobre. Segundo ele, com cem produtos da biodiversidade econômica será possível gerar, em dez anos, uma economia cinco vezes maior do que a atual. Isso colocaria o Brasil na linha de frente das pesquisas com temas como o biomimetismo, que é o desenvolvimento de tecnologias aplicáveis inspirada no funcionamento dos sistemas da natureza, além do uso da biodiversidade para desenvolvimento de produtos, como alimentos, fármacos e cosméticos. Além disso, seria uma contribuição real do Brasil para a estabilização da questão climática em menos de 2ºC, estabelecido no Acordo do Clima de Paris. Para Ricardo Abramovay, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP, o Brasil tem potencial para construir uma economia promissora baseada na aplicação de conhecimento e inovação ao uso sustentável da biodiversidade - o que é diferente de continuar apostando no agronegócio produtor de commodities como motor do PIB. Veja vídeo "As chances de aplicar conhecimento à nossa biodiversidade são promissoras. Trata-se de utilizar as tecnologias da quarta revolução industrial para criar coisas úteis para a sociedade", disse Abramovay. Ele cita o exemplo da Alemanha, que hoje mantém 73 centros de pesquisa destinados ao campo de bionics, ciência que estuda os processos da natureza para criar tecnologias mais eficientes no uso dos recursos naturais. Segundo o professor, a economia brasileira é muito dependente do comércio global de commodities agrícolas e minerais, o que a torna ainda muito intensiva em emissões de carbono. "Não podemos esquecer que somos o principal consumidor de agrotóxicos do mundo e nossa agricultura é de baixo valor agregado", ressaltou. Na avaliação de Marcos Jank, diretor global de assuntos corporativos da BRF, empresa dona das marcas Sadia e Perdigão, o agronegócio brasileiro evoluiu muito em termos de produtividade nas últimas décadas -o país tem o maior superávit comercial agrícola do planeta, estimado em US$ 80 bilhões/ano. Mas nos últimos 15 anos, ressaltou Jank, a geografia do comércio agrícola global mudou radicalmente. Se na década de 1990 os principais mercados para as commodities agrícolas brasileiras eram os países europeus, que demandam padrões ambientais como diferencial competitivo, hoje os principais compradores da soja brasileira são os países asiáticos, especialmente a China, que não exige padrões de sustentabilidade. Segundo Jank, essa discussão precisa avançar. "A forma de fazer o produtor rural reconhecer o valor da sustentabilidade é levar isso para o consumidor. E hoje o consumidor não é o europeu, é o chinês. É com eles que precisamos fazer esse diálogo", afirmou o executivo. De acordo com Jank, os padrões de comércio global valorizam a qualidade e segurança alimentar, mas ainda não existe uma exigência de sustentabilidade nas cadeias agrícolas. "É o Brasil que precisa puxar esse debate", concluiu.
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Casal gay denuncia agressão em show de Ivete Sangalo, em São Paulo
A Polícia Civil vai investigar supostas agressões sofridas por um casal gay de Santo André (SP) por parte de seguranças do CTN (Centro de Tradições Nordestinas), no Limão, zona norte da capital paulista. O casal foi acusado de furtar uma blusa durante show na madrugada do último sábado (11). Segundo a acusação, Caio Irineu Tomaz da Rocha, 24, e seu namorado, de 34, foram expulsos do local machucados e ainda tiveram pedido de ajuda ignorado por policiais militares que estavam em um carro parado dentro do estacionamento. O casal assistia ao show da cantora Ivete Sangalo com amigos quando um frequentador os abordou dizendo que eles haviam furtado uma blusa sua. As vítimas tentavam argumentar quando um grupo de cerca de 15 seguranças chegou. "Não quiseram nem nos ouvir e já começaram a nos agredir", disse um dos homens, que preferiu não se identificar. Durante a confusão, uma amiga do casal teve o celular danificado ao tentar filmar a ação. "Falaram que além de bichas éramos ladrões", disse uma vítima. Expulsos, os homens disseram ter procurado um carro da PM que estava parado dentro do estacionamento, mas foram informados que nada poderia ser feito e que ligassem para o 190. O caso foi registrado como lesão corporal, injúria e ameaça. Os seguranças ainda são investigados por furto, já que a blusa alvo da briga foi tomada por eles "como forma de provar o crime". A polícia já ouviu parte dos seguranças, e vai chamar testemunhas nesta semana. O CTN disse, em nota, que se disponibilizaria a ajudar na apuração do fato e que, se confirmadas as denúncias, punirá rigorosamente os responsáveis. Disse repudiar e combater qualquer tipo de discriminação. A Polícia Militar, de responsabilidade do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse que apurará a acusação e aguarda as vítimas para reconhecerem os policiais.
cotidiano
Casal gay denuncia agressão em show de Ivete Sangalo, em São PauloA Polícia Civil vai investigar supostas agressões sofridas por um casal gay de Santo André (SP) por parte de seguranças do CTN (Centro de Tradições Nordestinas), no Limão, zona norte da capital paulista. O casal foi acusado de furtar uma blusa durante show na madrugada do último sábado (11). Segundo a acusação, Caio Irineu Tomaz da Rocha, 24, e seu namorado, de 34, foram expulsos do local machucados e ainda tiveram pedido de ajuda ignorado por policiais militares que estavam em um carro parado dentro do estacionamento. O casal assistia ao show da cantora Ivete Sangalo com amigos quando um frequentador os abordou dizendo que eles haviam furtado uma blusa sua. As vítimas tentavam argumentar quando um grupo de cerca de 15 seguranças chegou. "Não quiseram nem nos ouvir e já começaram a nos agredir", disse um dos homens, que preferiu não se identificar. Durante a confusão, uma amiga do casal teve o celular danificado ao tentar filmar a ação. "Falaram que além de bichas éramos ladrões", disse uma vítima. Expulsos, os homens disseram ter procurado um carro da PM que estava parado dentro do estacionamento, mas foram informados que nada poderia ser feito e que ligassem para o 190. O caso foi registrado como lesão corporal, injúria e ameaça. Os seguranças ainda são investigados por furto, já que a blusa alvo da briga foi tomada por eles "como forma de provar o crime". A polícia já ouviu parte dos seguranças, e vai chamar testemunhas nesta semana. O CTN disse, em nota, que se disponibilizaria a ajudar na apuração do fato e que, se confirmadas as denúncias, punirá rigorosamente os responsáveis. Disse repudiar e combater qualquer tipo de discriminação. A Polícia Militar, de responsabilidade do governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse que apurará a acusação e aguarda as vítimas para reconhecerem os policiais.
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Leitor comenta caso de juiz flagrado com carro de Eike Batista
A marca característica do mundo dos ilícitos é o argumento da normalidade... Os réus de tráficos veem como normal sua atividade, pois precisam sustentar a vasta prole, os réus de roubo veem como normal a prática de roubos, pois precisam de tênis, roupas e celulares, os réus de receptação veem como normal dirigir veículos de origem desconhecida, pois só queriam dar uma volta pelo aprazível bairro, os réus de direção sem habilitação veem como normal sua conduta pelo fato de seus amigos fazerem o mesmo... E parece que algumas excelências veem como normal usufruir de bens ilícitos, eis que adquiridos ilicitamente. Em suma, o maior problema de todo aquele que comete ilícitos é querer estender o padrão de normalidade dele a outros, justificando-se e colocando todos na vala comum. É uma pena que as corregedorias nem sempre ajam com o devido rigor! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor comenta caso de juiz flagrado com carro de Eike BatistaA marca característica do mundo dos ilícitos é o argumento da normalidade... Os réus de tráficos veem como normal sua atividade, pois precisam sustentar a vasta prole, os réus de roubo veem como normal a prática de roubos, pois precisam de tênis, roupas e celulares, os réus de receptação veem como normal dirigir veículos de origem desconhecida, pois só queriam dar uma volta pelo aprazível bairro, os réus de direção sem habilitação veem como normal sua conduta pelo fato de seus amigos fazerem o mesmo... E parece que algumas excelências veem como normal usufruir de bens ilícitos, eis que adquiridos ilicitamente. Em suma, o maior problema de todo aquele que comete ilícitos é querer estender o padrão de normalidade dele a outros, justificando-se e colocando todos na vala comum. É uma pena que as corregedorias nem sempre ajam com o devido rigor! * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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'Big data', a análise de grandes lotes de dados, dá cara nova ao marketing
ANNA RANGEL DE SÃO PAULO O departamento de marketing das empresas mudou com o "big data" -como é chamada a análise de uma grande quantidade de dados provenientes do tráfego na internet. Com base nessas informações é possível criar propostas para divulgar marcas e buscar novos clientes. "O setor saiu do mundo das percepções e entrou no dos fatos", diz a vice-presidente da Oracle, Carmela Borst. O gigantesco fluxo de dados permite a identificação de comportamentos e a criação de modelos que direcionem campanhas. Os números também levaram à criação de novas carreiras, como a de "user experience", que aprimora a experiência do cliente em produtos, aplicativos e redes sociais, e a de SEO, que melhora o posicionamento de um site em plataformas de busca on-line. De acordo com Élcio Santos, sócio da consultoria Always ON, as informações coletadas não estão estruturadas. A função do marketing é organizá-las e apresentar o que é relevante para as empresas. Uma vez ordenados, os dados são usados para lançar novos produtos e ações. Santos cita como exemplo um trabalho que fez para uma empresa de cartão de crédito. Analisando uma base de dados ele percebeu que, quando uma usuária para de usar o cartão em salões de beleza, ela costuma cancelar o serviço logo depois. "Assim foi possível criar uma estratégia voltada para manter essas clientes", diz. FASE DE ADAPTAÇÃO A transição do modelo tradicional para o novo marketing foi um desafio para Monaliza de Souza, 41, diretora da Always ON. "Assisti a toda essa virada." Segundo ela, a integração entre as áreas de marketing e tecnologia foi difícil no início, mas melhorou com o tempo. Para se adaptar mais rápido, a especialista em estratégia digital do Bradesco Tábata Cury, 35, formada em rádio e TV, faz cursos de marketing e gestão de dados. "Preciso entender de tecnologia e estatística", afirma. O gerente executivo da recrutadora Michael Page, Fábio Cunha, recomenda que o jovem profissional procure se colocar no mercado o quanto antes, mesmo que como estagiário. "Trabalhar na área ajuda mais do que se prender aos conhecimentos da faculdade." A remuneração inicial gira em torno de R$ 3 mil e pode chegar a R$ 12 mil. Começar cedo ajudou Germano Parra, 25, a chegar ao cargo de gerente de inteligência e marketing digital antes dos 30 anos. "Comecei aos 17 anos como programador e me apaixonei pela área na faculdade de marketing. Enquanto muitos apanham com a tecnologia, para mim é simples, porque já tinha a formação." Para a coordenadora do MBA em digital marketing da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista) Regina Cantele, o profissional deve ter conhecimentos diversos. "É necessário ter fluência digital, de mídias e 'mobile', e saber exatas", diz. É onde o analista de sistemas Bruno Silva, 25, leva vantagem. "Trabalho com TI desde a adolescência, mas encontrei uma oportunidade de ir para o marketing e vi que gostava mais disso", afirma. Para ter sucesso na área, segundo gestores, é indispensável buscar conhecimentos por conta própria e não ter apego à rotina. "Quem quer um emprego estável, das 9h às 18h, deve procurar outra coisa", diz Souza.
sobretudo
'Big data', a análise de grandes lotes de dados, dá cara nova ao marketing ANNA RANGEL DE SÃO PAULO O departamento de marketing das empresas mudou com o "big data" -como é chamada a análise de uma grande quantidade de dados provenientes do tráfego na internet. Com base nessas informações é possível criar propostas para divulgar marcas e buscar novos clientes. "O setor saiu do mundo das percepções e entrou no dos fatos", diz a vice-presidente da Oracle, Carmela Borst. O gigantesco fluxo de dados permite a identificação de comportamentos e a criação de modelos que direcionem campanhas. Os números também levaram à criação de novas carreiras, como a de "user experience", que aprimora a experiência do cliente em produtos, aplicativos e redes sociais, e a de SEO, que melhora o posicionamento de um site em plataformas de busca on-line. De acordo com Élcio Santos, sócio da consultoria Always ON, as informações coletadas não estão estruturadas. A função do marketing é organizá-las e apresentar o que é relevante para as empresas. Uma vez ordenados, os dados são usados para lançar novos produtos e ações. Santos cita como exemplo um trabalho que fez para uma empresa de cartão de crédito. Analisando uma base de dados ele percebeu que, quando uma usuária para de usar o cartão em salões de beleza, ela costuma cancelar o serviço logo depois. "Assim foi possível criar uma estratégia voltada para manter essas clientes", diz. FASE DE ADAPTAÇÃO A transição do modelo tradicional para o novo marketing foi um desafio para Monaliza de Souza, 41, diretora da Always ON. "Assisti a toda essa virada." Segundo ela, a integração entre as áreas de marketing e tecnologia foi difícil no início, mas melhorou com o tempo. Para se adaptar mais rápido, a especialista em estratégia digital do Bradesco Tábata Cury, 35, formada em rádio e TV, faz cursos de marketing e gestão de dados. "Preciso entender de tecnologia e estatística", afirma. O gerente executivo da recrutadora Michael Page, Fábio Cunha, recomenda que o jovem profissional procure se colocar no mercado o quanto antes, mesmo que como estagiário. "Trabalhar na área ajuda mais do que se prender aos conhecimentos da faculdade." A remuneração inicial gira em torno de R$ 3 mil e pode chegar a R$ 12 mil. Começar cedo ajudou Germano Parra, 25, a chegar ao cargo de gerente de inteligência e marketing digital antes dos 30 anos. "Comecei aos 17 anos como programador e me apaixonei pela área na faculdade de marketing. Enquanto muitos apanham com a tecnologia, para mim é simples, porque já tinha a formação." Para a coordenadora do MBA em digital marketing da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista) Regina Cantele, o profissional deve ter conhecimentos diversos. "É necessário ter fluência digital, de mídias e 'mobile', e saber exatas", diz. É onde o analista de sistemas Bruno Silva, 25, leva vantagem. "Trabalho com TI desde a adolescência, mas encontrei uma oportunidade de ir para o marketing e vi que gostava mais disso", afirma. Para ter sucesso na área, segundo gestores, é indispensável buscar conhecimentos por conta própria e não ter apego à rotina. "Quem quer um emprego estável, das 9h às 18h, deve procurar outra coisa", diz Souza.
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Segunda tem palestras inspiradoras e festas para quem ainda está no pique
DE SÃO PAULO São Paulo, 6 de junho de 2016. Segunda-feira. Bom dia para você que se divertiu à beça e vai deixar com inveja os colegas de trabalho com tanta história sobre seu fim de semana. Veja o que você precisa saber para tocar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE A partir das 10h o Allianz Parque recebe o TEDxSão Paulo, que terá entre os 18 palestrantes nomes como o do professor de filosofia Clóvis de Barros Filho e o do Dream Team do Passinho. Os ingressos, que já estão no segundo lote, custam a partir de R$ 145. Clarisse Abujamra interpreta a pintora Galactica, musa das artes plásticas e do feminismo, na peça "Cenas de uma Execução", em exibição no Teatro Sergio Cardoso, na Bela Vista. Ingressos custam R$ 50 e podem ser comprados pela internet. Para quem não queimou toda a energia no fim de semana, duas festas agitam a noite paulistana em lugares de público mais moderninho. Uma delas é a GTA, no Mandíbula, que fica na galeria Metrópole, na Praça Dom José Gaspar –e terá ambiente animado com muitos hits da música negra. A outra é a Motown on Mondays, no Bar Secreto, cuja versão paulistana é apenas uma das que ocorrerão simultaneamente em cidades como Los Angeles, São Francisco, Chicago e Honolulu. * PARA TER ASSUNTO O ex-ministro Jarbas Passarinho morreu na manhã deste domingo aos 96 anos. Nascido no Acre, Passarinho foi governador do Pará (entre 1964-1966), senador por três mandatos, comandou ministérios nos governos militares e chefiou o ministério da Justiça no governo de Fernando Collor. Com a repercussão das declarações contrárias ao aborto e suspeita contra a ex-deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-SP), o presidente interino, Michel Temer, reavalia a indicação de Pelaes para a chefia da secretaria de políticas para as mulheres. Novak Djokovic, tenista número 1 do mundo, foi campeão da edição 2016 do torneio Roland Garros. Com o título, ele se torna o terceiro homem do mundo a conquistar os quatro Grand Slams (Aberto da Austrália, Aberto dos Estados Unidos, Wimbledon e Roland Garros). Djokovic venceu o inglês Andy Murray por 3 sets a 1 (perdeu o primeiro, mas ganhou os outros três). Após o término da partida, o sérvio homenageou o brasileiro Gustavo Kuerten desenhando um coração no chão e deitando na quadra, como Guga fez ao conquistar tricampeonato em 2001. Veja o vídeo aqui. * É MELHOR PREVENIR... A previsão é de que o céu fique nublado ao longo do dia, com pancadas de chuva pipocando ao longo das horas. A temperatura máxima deve ficar em 21ºC. A mínima deve ser de 17ºC. A av. Sumaré terá uma faixa parcialmente interditada a partir das meia-noite de domingo para segunda entre a praça Marrey Júnior e a rua Doutor Homem de Melo. O bloqueio se dá em razão de obras de ampliação de galerias dos córregos Sumaré e Água Preta. O trânsito no viaduto Santo Amaro terá a velocidade máxima permitida reduzida para 20 km/h a partir das 5h. A mudança deve durar 50 dias e ocorrem devido às obras de recuperação da estrutura, danificada em fevereiro deste ano após um acidente envolvendo dois caminhões. * SEUS AMIGOS VÃO FALAR DISSO A polêmica envolvendo Johnny Depp e a mulher Amber Heard, a ida de Zezé Di Camargo a um bordel de luxo "por engano" e o boicote ao "Programa do Ratinho". Veja o que bombou ao longo da última semana para não ficar de fora das piadas no WhatsApp.
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Segunda tem palestras inspiradoras e festas para quem ainda está no piqueDE SÃO PAULO São Paulo, 6 de junho de 2016. Segunda-feira. Bom dia para você que se divertiu à beça e vai deixar com inveja os colegas de trabalho com tanta história sobre seu fim de semana. Veja o que você precisa saber para tocar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE A partir das 10h o Allianz Parque recebe o TEDxSão Paulo, que terá entre os 18 palestrantes nomes como o do professor de filosofia Clóvis de Barros Filho e o do Dream Team do Passinho. Os ingressos, que já estão no segundo lote, custam a partir de R$ 145. Clarisse Abujamra interpreta a pintora Galactica, musa das artes plásticas e do feminismo, na peça "Cenas de uma Execução", em exibição no Teatro Sergio Cardoso, na Bela Vista. Ingressos custam R$ 50 e podem ser comprados pela internet. Para quem não queimou toda a energia no fim de semana, duas festas agitam a noite paulistana em lugares de público mais moderninho. Uma delas é a GTA, no Mandíbula, que fica na galeria Metrópole, na Praça Dom José Gaspar –e terá ambiente animado com muitos hits da música negra. A outra é a Motown on Mondays, no Bar Secreto, cuja versão paulistana é apenas uma das que ocorrerão simultaneamente em cidades como Los Angeles, São Francisco, Chicago e Honolulu. * PARA TER ASSUNTO O ex-ministro Jarbas Passarinho morreu na manhã deste domingo aos 96 anos. Nascido no Acre, Passarinho foi governador do Pará (entre 1964-1966), senador por três mandatos, comandou ministérios nos governos militares e chefiou o ministério da Justiça no governo de Fernando Collor. Com a repercussão das declarações contrárias ao aborto e suspeita contra a ex-deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-SP), o presidente interino, Michel Temer, reavalia a indicação de Pelaes para a chefia da secretaria de políticas para as mulheres. Novak Djokovic, tenista número 1 do mundo, foi campeão da edição 2016 do torneio Roland Garros. Com o título, ele se torna o terceiro homem do mundo a conquistar os quatro Grand Slams (Aberto da Austrália, Aberto dos Estados Unidos, Wimbledon e Roland Garros). Djokovic venceu o inglês Andy Murray por 3 sets a 1 (perdeu o primeiro, mas ganhou os outros três). Após o término da partida, o sérvio homenageou o brasileiro Gustavo Kuerten desenhando um coração no chão e deitando na quadra, como Guga fez ao conquistar tricampeonato em 2001. Veja o vídeo aqui. * É MELHOR PREVENIR... A previsão é de que o céu fique nublado ao longo do dia, com pancadas de chuva pipocando ao longo das horas. A temperatura máxima deve ficar em 21ºC. A mínima deve ser de 17ºC. A av. Sumaré terá uma faixa parcialmente interditada a partir das meia-noite de domingo para segunda entre a praça Marrey Júnior e a rua Doutor Homem de Melo. O bloqueio se dá em razão de obras de ampliação de galerias dos córregos Sumaré e Água Preta. O trânsito no viaduto Santo Amaro terá a velocidade máxima permitida reduzida para 20 km/h a partir das 5h. A mudança deve durar 50 dias e ocorrem devido às obras de recuperação da estrutura, danificada em fevereiro deste ano após um acidente envolvendo dois caminhões. * SEUS AMIGOS VÃO FALAR DISSO A polêmica envolvendo Johnny Depp e a mulher Amber Heard, a ida de Zezé Di Camargo a um bordel de luxo "por engano" e o boicote ao "Programa do Ratinho". Veja o que bombou ao longo da última semana para não ficar de fora das piadas no WhatsApp.
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Grupo de 50 alemães influentes repudia organização anti-islâmica
O tabloide Bild, o mais vendido da Alemanha, engajou-se numa campanha contra a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em alemão), responsável pela organização de protestos contra a presença de islâmicos na Alemanha, publicando citações de 50 alemães influentes –entre políticos e celebridades– contra a organização. A capa da publicação foi coberta de citações, assim como a segunda e a terceira página do jornal. Entre os que falam contra os nacionalistas da Pegida, estão o ex-chanceler Helmut Schmidt, que alega que a organização "apela a um preconceito raso, à xenofobia e à intolerância", acrescentando que "uma olhada no passado alemão e senso econômico nos dizem que a Alemanha não deve tratar refugiados e solicitantes de asilo com desprezo". Outros alemães que se manifestaram contra a organização foram o Ministro das Finanças, Wolfgang Berner, os astros da música Udo Lindenberg e Heino e o antigo capitão da seleção alemã de futebol Oliver Bierhoff. A chanceler Angela Merkel já havia declarado que o coração dos manifestantes anti-islâmicos está "cheio de ódio" e que a hostilidade para com os imigrantes "não tem lugar na Alemanha". PROTESTOS E REAÇÃO Em 22 de dezembro, a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em inglês) levou 17 mil pessoas às ruas de Dresden, no leste do país, causando revolta na sociedade alemã. Nesta segunda, grupos antifascistas, partidos de esquerda e aliados do governo fizeram atos em nove cidades alemãs para tentar ofuscar outra rodada de protestos. Ainda assim, cerca de 18 mil pessoas foram ao ato do Pegida em Dresden, onde outras 5.000 protestaram contra a manifestação. A mobilização contra o grupo anti-islâmico, porém, foi maior no resto do país. Em Berlim, onde 5.000 participaram do ato, militantes de esquerda impediram a chegada de cem manifestantes ao Portão de Brandemburgo. O principal monumento da capital alemã teve as luzes apagadas em sinal de repúdio ao protesto. O mesmo aconteceu com a estação de trem e a catedral de Colônia, onde o cardeal Rainer Woelki se engajou na campanha. Em Colônia, cidade com muitos imigrantes, havia dez vezes mais manifestantes contra a Pegida que a favor. Embora não abertamente favorável a impedir a imigração, o Pegida atraiu xenófobos e neonazistas. O número de solicitantes de asilo na Alemanha -a maioria oriunda do Oriente Médio-chegou a 200 mil no ano passado, quatro vezes mais que em 2012.
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Grupo de 50 alemães influentes repudia organização anti-islâmicaO tabloide Bild, o mais vendido da Alemanha, engajou-se numa campanha contra a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em alemão), responsável pela organização de protestos contra a presença de islâmicos na Alemanha, publicando citações de 50 alemães influentes –entre políticos e celebridades– contra a organização. A capa da publicação foi coberta de citações, assim como a segunda e a terceira página do jornal. Entre os que falam contra os nacionalistas da Pegida, estão o ex-chanceler Helmut Schmidt, que alega que a organização "apela a um preconceito raso, à xenofobia e à intolerância", acrescentando que "uma olhada no passado alemão e senso econômico nos dizem que a Alemanha não deve tratar refugiados e solicitantes de asilo com desprezo". Outros alemães que se manifestaram contra a organização foram o Ministro das Finanças, Wolfgang Berner, os astros da música Udo Lindenberg e Heino e o antigo capitão da seleção alemã de futebol Oliver Bierhoff. A chanceler Angela Merkel já havia declarado que o coração dos manifestantes anti-islâmicos está "cheio de ódio" e que a hostilidade para com os imigrantes "não tem lugar na Alemanha". PROTESTOS E REAÇÃO Em 22 de dezembro, a organização Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida, na sigla em inglês) levou 17 mil pessoas às ruas de Dresden, no leste do país, causando revolta na sociedade alemã. Nesta segunda, grupos antifascistas, partidos de esquerda e aliados do governo fizeram atos em nove cidades alemãs para tentar ofuscar outra rodada de protestos. Ainda assim, cerca de 18 mil pessoas foram ao ato do Pegida em Dresden, onde outras 5.000 protestaram contra a manifestação. A mobilização contra o grupo anti-islâmico, porém, foi maior no resto do país. Em Berlim, onde 5.000 participaram do ato, militantes de esquerda impediram a chegada de cem manifestantes ao Portão de Brandemburgo. O principal monumento da capital alemã teve as luzes apagadas em sinal de repúdio ao protesto. O mesmo aconteceu com a estação de trem e a catedral de Colônia, onde o cardeal Rainer Woelki se engajou na campanha. Em Colônia, cidade com muitos imigrantes, havia dez vezes mais manifestantes contra a Pegida que a favor. Embora não abertamente favorável a impedir a imigração, o Pegida atraiu xenófobos e neonazistas. O número de solicitantes de asilo na Alemanha -a maioria oriunda do Oriente Médio-chegou a 200 mil no ano passado, quatro vezes mais que em 2012.
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A crise dos heróis e a ascensão dos protagonistas
Não sei você leitor, mas eu sempre tive dificuldade de eleger um herói. Pensava numa pessoa, e ela não me transmitia todos os valores que eu buscava em alguém. Longe de exigir perfeição, pois há muito tempo eu sei que mesmo os heróis não são perfeitos. Esta casa já caiu faz tempo, lá na minha infância, e estou consciente que um dia meu filho vai descobrir que eu também não sou sua heroína. E o que são heróis? É este alguém que me salva do estado de perigo que eu estou. Os heróis podem ter um coração enorme e uma força espetacular, mas será que eles estão confiando no coração e no poder do outro para ele mesmo se salvar? Será que este espírito de salvador não permite o fortalecimento do outro? E até esconde as fraquezas dos heróis? Vivemos ainda numa sociedade que adora muito os heróis, e tenho refletido como isso espelha uma imagem distorcida da nossa capacidade individual de sermos donos e protagonistas das nossas próprias vidas. Quando exageramos em esperar demais dos heróis da política, que só nos decepcionam, será que deixamos de assumir nosso lugar de cidadã, de dono do que é público? Quando exageramos em esperar demais dos nossos heróis no ambiente de trabalho, será que não nos acomodamos a ouvir uma resposta pronta como as coisas devem ser feitas ao invés de tentar achar uma que faça sentido? Quando um herói do bem social quer muito ajudar o outro, será que ele não veste uma fantasia de salvador e não permite o outro a encontrar seu próprio caminho? Ou pior ainda, não confia na capacidade do outro de mudar a própria vida? São linhas finas para ficarmos atentos. Estou vendo no mundo uma crise de heróis. A multidão quer assumir o poder. Os empreendedores das favelas brasileiras estão gritando ao mundo: eu já faço acontecer, não venham me dizer como fazer. Os cidadãos estão mobilizados para denunciar corrupções e acompanhar seus políticos mais de perto. Ninguém motiva ninguém. A motivação –que é um motivo para a ação– está dentro de você. Ninguém empodera ninguém. Você tem o poder dentro de você. Para mim, isso é protagonismo. É assumir o papel principal da história da minha vida, assumir o ônus e o bônus disso, assumir a auto-responsabilidade por quem eu sou hoje, tanto nas boas como nas más criações. Acredito sim em ambientes abertos e colaborativos que convidam todos a assumirem este papel. E foi deste conceito de que cada um é protagonista da própria jornada que criamos no Social Good Brasil, um programa colaborativo com outras organizações e 100% aplicado por protagonistas de diversos projetos de impacto social espalhados pelo Brasil. Os protagonistas chegam a outros protagonistas na sua "pegada" local. A jornada do programa só poderia ser composta por três elementos: o olhar pra dentro para que tudo o que for feito tenha sentido pra mim; o olhar para o mundo para conhecer tantas inovações poderosas; e a ação para eu dar o primeiro passo. Do objetivo de que cada vez mais as pessoas sejam protagonistas das suas vidas, com foco em impacto social e ambiental positivos, nasceu a Aceleradora de Protagonismo Social, com várias caras de todo o Brasil. Aceleradora porque o protagonismo já temos. Queremos que todos possam encontrá-lo dentro de si, e os tempos atuais pedem agilidade. E você? Qual papel você vai assumir na sua vida? CAROLINA DE ANDRADE, mestra em Gestão de Tecnologia e Inovação pela Universidade de Sussex, é diretora-executiva Social Good Brasil, parceira do Prêmio Empreendedor Social
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A crise dos heróis e a ascensão dos protagonistasNão sei você leitor, mas eu sempre tive dificuldade de eleger um herói. Pensava numa pessoa, e ela não me transmitia todos os valores que eu buscava em alguém. Longe de exigir perfeição, pois há muito tempo eu sei que mesmo os heróis não são perfeitos. Esta casa já caiu faz tempo, lá na minha infância, e estou consciente que um dia meu filho vai descobrir que eu também não sou sua heroína. E o que são heróis? É este alguém que me salva do estado de perigo que eu estou. Os heróis podem ter um coração enorme e uma força espetacular, mas será que eles estão confiando no coração e no poder do outro para ele mesmo se salvar? Será que este espírito de salvador não permite o fortalecimento do outro? E até esconde as fraquezas dos heróis? Vivemos ainda numa sociedade que adora muito os heróis, e tenho refletido como isso espelha uma imagem distorcida da nossa capacidade individual de sermos donos e protagonistas das nossas próprias vidas. Quando exageramos em esperar demais dos heróis da política, que só nos decepcionam, será que deixamos de assumir nosso lugar de cidadã, de dono do que é público? Quando exageramos em esperar demais dos nossos heróis no ambiente de trabalho, será que não nos acomodamos a ouvir uma resposta pronta como as coisas devem ser feitas ao invés de tentar achar uma que faça sentido? Quando um herói do bem social quer muito ajudar o outro, será que ele não veste uma fantasia de salvador e não permite o outro a encontrar seu próprio caminho? Ou pior ainda, não confia na capacidade do outro de mudar a própria vida? São linhas finas para ficarmos atentos. Estou vendo no mundo uma crise de heróis. A multidão quer assumir o poder. Os empreendedores das favelas brasileiras estão gritando ao mundo: eu já faço acontecer, não venham me dizer como fazer. Os cidadãos estão mobilizados para denunciar corrupções e acompanhar seus políticos mais de perto. Ninguém motiva ninguém. A motivação –que é um motivo para a ação– está dentro de você. Ninguém empodera ninguém. Você tem o poder dentro de você. Para mim, isso é protagonismo. É assumir o papel principal da história da minha vida, assumir o ônus e o bônus disso, assumir a auto-responsabilidade por quem eu sou hoje, tanto nas boas como nas más criações. Acredito sim em ambientes abertos e colaborativos que convidam todos a assumirem este papel. E foi deste conceito de que cada um é protagonista da própria jornada que criamos no Social Good Brasil, um programa colaborativo com outras organizações e 100% aplicado por protagonistas de diversos projetos de impacto social espalhados pelo Brasil. Os protagonistas chegam a outros protagonistas na sua "pegada" local. A jornada do programa só poderia ser composta por três elementos: o olhar pra dentro para que tudo o que for feito tenha sentido pra mim; o olhar para o mundo para conhecer tantas inovações poderosas; e a ação para eu dar o primeiro passo. Do objetivo de que cada vez mais as pessoas sejam protagonistas das suas vidas, com foco em impacto social e ambiental positivos, nasceu a Aceleradora de Protagonismo Social, com várias caras de todo o Brasil. Aceleradora porque o protagonismo já temos. Queremos que todos possam encontrá-lo dentro de si, e os tempos atuais pedem agilidade. E você? Qual papel você vai assumir na sua vida? CAROLINA DE ANDRADE, mestra em Gestão de Tecnologia e Inovação pela Universidade de Sussex, é diretora-executiva Social Good Brasil, parceira do Prêmio Empreendedor Social
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Gente também é bicho
"Obras antirrodízio são alvo da Promotoria". Este é o título de reportagem da Folha de 10 de julho, que descreve dois projetos da Sabesp concebidos para levar mais água à represa de Taiaçupeba, para utilização no sistema Alto Tietê. Um dos projetos está na fase de execução. É o que capta água do rio Grande, na mesma bacia hidrográfica. O outro, em estudo, pretende utilizar água do rio Itapanhaú, que nasce na serra do Mar e corre em direção ao oceano. As obras são essenciais para evitar restrição ao consumo de água na Grande São Paulo e foram concebidas emergencialmente por causa da grave seca que nos atingiu e cuja probabilidade de ocorrência era baixíssima, segundo as informações hidrológicas disponíveis até 2013. Todavia, quando se inclui na análise o fenômeno climático que ocorreu em 2014-2015, torna-se imperativo agir rápido e decididamente para evitar o pior. À luz desses novos dados, se a primeira obra parasse, a situação pioraria já a partir deste ano. Se a segunda nem começasse e a seca persistisse por mais um ano, a penúria hídrica poderia se estender por 2016, com consequências danosas à sociedade e à economia. Com o escasso tempo para conclusão dessas obras, é preciso remover aquilo que as atrapalha, a começar pelas especulações. Diz-se que a água poluída da represa Billings poderá colocar em risco a saúde da população. Na realidade, mesmo que se captasse água no ponto mais poluído da Billings –que, frise-se, não é o caso– a Sabesp disporia de tecnologia para transformá-la em água potável. Isso, no entanto, não é necessário simplesmente porque a qualidade da água do reservatório e de seus afluentes não é homogênea. Em geral, quanto mais perto das nascentes, melhor a qualidade. Por essa razão, a Sabesp vem captando água há décadas em dois braços formadores da Billings, respectivamente o rio Grande (classe 2, o que significa "água própria para tratamento") e o rio Taquacetuba (classe 1, melhor ainda do que classe 2), sem qualquer dificuldade técnica ou regulatória. O que se pretende agora é simplesmente aumentar a utilização do rio Grande, com reforço do rio Pequeno (classe 1), por meio de uma tubulação de mais de dez quilômetros que levará água para a represa de Taiaçupeba e, de lá, para milhões de paulistas, reduzindo ainda mais a extração de água do sistema Cantareira, com diminuto impacto ambiental, constatado pelo órgão ambiental responsável. Nesse sentido, chega a ser surpreendente a recomendação do Ministério Público para que a Sabesp paralise essa intervenção. A situação é ainda mais inusitada se levarmos em consideração que o mesmo órgão também manifestou preocupação junto à Sabesp, no sentido de que mantenha regular o abastecimento de água, em especial de creches, escolas, hospitais, idosos, crianças e adolescentes. A outra informação equivocada é que o desvio de aproximadamente 10% da vazão média do rio Itapanhaú para a Grande São Paulo poderia colocar em risco os crustáceos que vivem no mangue, antes do deságue desse rio no mar. Não há qualquer evidência que subtração de tão minúscula fração possa ser deletéria para os caranguejos. Por outro lado, não há dúvidas de que a obra trará grande benefício para os vinte milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. Décadas atrás, o jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto usou a lei de proteção aos animais para defender o comunista Harry Berger dos abusos que lhe eram impostos pela ditadura de Getúlio Vargas. Os mais de 20 milhões de habitantes que necessitam das obras citadas para verem garantido o seu direito à água talvez tenham que recorrer ao mesmo expediente. Afinal, gente também é bicho. MANUELITO P. MAGALHÃES JÚNIOR, 47, economista, é diretor de gestão corporativa da Sabesp. Foi presidente da Emplasa - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano e secretário municipal de Planejamento de São Paulo (gestão Kassab) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Gente também é bicho"Obras antirrodízio são alvo da Promotoria". Este é o título de reportagem da Folha de 10 de julho, que descreve dois projetos da Sabesp concebidos para levar mais água à represa de Taiaçupeba, para utilização no sistema Alto Tietê. Um dos projetos está na fase de execução. É o que capta água do rio Grande, na mesma bacia hidrográfica. O outro, em estudo, pretende utilizar água do rio Itapanhaú, que nasce na serra do Mar e corre em direção ao oceano. As obras são essenciais para evitar restrição ao consumo de água na Grande São Paulo e foram concebidas emergencialmente por causa da grave seca que nos atingiu e cuja probabilidade de ocorrência era baixíssima, segundo as informações hidrológicas disponíveis até 2013. Todavia, quando se inclui na análise o fenômeno climático que ocorreu em 2014-2015, torna-se imperativo agir rápido e decididamente para evitar o pior. À luz desses novos dados, se a primeira obra parasse, a situação pioraria já a partir deste ano. Se a segunda nem começasse e a seca persistisse por mais um ano, a penúria hídrica poderia se estender por 2016, com consequências danosas à sociedade e à economia. Com o escasso tempo para conclusão dessas obras, é preciso remover aquilo que as atrapalha, a começar pelas especulações. Diz-se que a água poluída da represa Billings poderá colocar em risco a saúde da população. Na realidade, mesmo que se captasse água no ponto mais poluído da Billings –que, frise-se, não é o caso– a Sabesp disporia de tecnologia para transformá-la em água potável. Isso, no entanto, não é necessário simplesmente porque a qualidade da água do reservatório e de seus afluentes não é homogênea. Em geral, quanto mais perto das nascentes, melhor a qualidade. Por essa razão, a Sabesp vem captando água há décadas em dois braços formadores da Billings, respectivamente o rio Grande (classe 2, o que significa "água própria para tratamento") e o rio Taquacetuba (classe 1, melhor ainda do que classe 2), sem qualquer dificuldade técnica ou regulatória. O que se pretende agora é simplesmente aumentar a utilização do rio Grande, com reforço do rio Pequeno (classe 1), por meio de uma tubulação de mais de dez quilômetros que levará água para a represa de Taiaçupeba e, de lá, para milhões de paulistas, reduzindo ainda mais a extração de água do sistema Cantareira, com diminuto impacto ambiental, constatado pelo órgão ambiental responsável. Nesse sentido, chega a ser surpreendente a recomendação do Ministério Público para que a Sabesp paralise essa intervenção. A situação é ainda mais inusitada se levarmos em consideração que o mesmo órgão também manifestou preocupação junto à Sabesp, no sentido de que mantenha regular o abastecimento de água, em especial de creches, escolas, hospitais, idosos, crianças e adolescentes. A outra informação equivocada é que o desvio de aproximadamente 10% da vazão média do rio Itapanhaú para a Grande São Paulo poderia colocar em risco os crustáceos que vivem no mangue, antes do deságue desse rio no mar. Não há qualquer evidência que subtração de tão minúscula fração possa ser deletéria para os caranguejos. Por outro lado, não há dúvidas de que a obra trará grande benefício para os vinte milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. Décadas atrás, o jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto usou a lei de proteção aos animais para defender o comunista Harry Berger dos abusos que lhe eram impostos pela ditadura de Getúlio Vargas. Os mais de 20 milhões de habitantes que necessitam das obras citadas para verem garantido o seu direito à água talvez tenham que recorrer ao mesmo expediente. Afinal, gente também é bicho. MANUELITO P. MAGALHÃES JÚNIOR, 47, economista, é diretor de gestão corporativa da Sabesp. Foi presidente da Emplasa - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano e secretário municipal de Planejamento de São Paulo (gestão Kassab) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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O desafio de entusiasmar os fãs de cinema do teaser à estreia
Cento e trinta mil fãs vão lotar o Centro de Convenções de San Diego em julho para participar da caça ao tesouro anual da cultura pop conhecida como Comic-Con International. E alguns grandes estúdios de cinema vão pagar a uma firma muito pequena, Kernel, para localizar comércio no meio do caos. A Kernel foi fundada um ano atrás por Dave Harvilicz e Andy Martinez. Os dois se identificam como "superfãs" que iriam a San Diego em julho mesmo que não estivessem trabalhando para a Sony Pictures e a 20th Century Fox. Mas, deixando a diversão de lado, a Kernel vem pesquisando na surdina um dos problemas mais persistentes de Hollywood. O problema de como canalizar e explorar o entusiasmo das plateias, que pode chegar ao auge com o lançamento de um trailer precoce (como aconteceu com "Serpentes a Bordo", da New Line, em 2006) ou com uma experiência vibrante na Comic-Con ("Scott Pilgrim Contra o Mundo", em 2010), e então dissipar-se antes de o filme chegar aos cinemas. Harvilicz, 40 anos, é o executivo-chefe da Kernel. Ele se sente à vontade de camiseta, com uma informalidade que condiz com a sede de sua empresa, de frente para o mar em Santa Monica. O diretor de tecnologia, Andy Martinez, tem 31 anos, é magro e um pouco amarrotado. Foi dele o insight que levou ao surgimento da Kernel. Depois de assistir a um teaser rápido de "Interestelar", de Christopher Nolan –sem cenas do filme e quase um ano antes de seu lançamento, em novembro de 2014–, Martinez se recorda de ter pensado "por que será que não posso aproveitar esse momento emocional?". Com apoio financeiro de John Mackey, co-fundador da Whole Foods Market, e outros, Harvilicz e Martinez abriram a Kernel, que hoje tem 12 funcionários. A empresa começou como uma intuição e se converteu em um negócio em grande parte baseado na web que se propõe a ajudar os estúdios de cinema a se engajar com os fãs, ao mesmo tempo em que ganham dólares a partir do momento em que um futuro blockbuster começa a gerar interesse, ou então entre um e outro lançamento de séries de vida longa como os filmes "X-Men", da Fox e da Marvel. Uma investida inicial se concentra sobre a aventura de ficção científica da Sony "A Quinta Onda". Baseada em um romance de Rick Yancey para adultos jovens, o filme, com Chloe Grace Moretz ("Kick-Ass") no papel principal, tem lançamento previsto para janeiro de 2016. Mas a Kernel começou a vender ingressos para o filme em seu site em 23 de dezembro passado, 13 meses antes da estreia prevista. E os ingressos vêm em pacotes que podem incluir um download futuro, um pôster, um roteiro ou até uma mochila Burton azul igual à que Moretz carrega no filme. No caso de um pacote premium, que inclui dois ingressos para a première do filme, ainda não marcada, os preços podem chegar a US$1.000. "É a segunda geração do 'crowdfunding' (financiamento coletivo)", disse Harvilicz. As vendas de ingressos ajudam os estúdios a entrar em contato com as pessoas que vão aos cinemas, sem entrarem diretamente no ramo da exibição de filmes, do qual são barrados por restrições legais. Ao mesmo tempo, a Kernel cuida dos detalhes da manutenção do interesse dos fãs, acompanhando os espectadores nas mídias sociais e procurando produtos, como a mochila, que possam conservar seu interesse por um filme. É o tipo de trabalho que muitos consultores de marketing fazem diariamente para estúdios de cinema, mas é feito com atenção especial voltada aos superfãs dedicados. Nascido em Baltimore e formado em direito em Harvard, Harvilicz insiste que os estúdios deveriam adotar essa abordagem direta aos fãs –com a ajuda da Kernel–, sem depender muito de firmas como o Facebook, cujas páginas de fãs podem coletar e usar informações valiosas sobre frequentadores de cinemas, dados aos quais os estúdios não têm acesso ou por cujo acesso precisam pagar. "Os estúdios precisam acompanhar mais seus próprios fãs", ele comentou no mês passado. Martinez e Harvilicz se negaram a comentar quanta receita foi gerada por vendas ligadas a "A Quinta Onda". Mas Michael Lynton, o executivo-chefe da Sony Pictures, está satisfeito com os resultados e prevê trabalhar mais com a Kernel. "Eles são parceiros incríveis", falou Lynton, referindo-se tanto ao trabalho da Kernel com "A Quinta Onda" quanto à ajuda dada pela firma com um projeto mais delicado, no ano passado. Quando o filme "A Entrevista", da Sony, saiu dos cinemas depois de hackers terem ameaçado atos de violência contra quem o exibisse ou as pessoas que fossem aos cinemas vê-lo, a Kernel foi uma das primeiras a se oferecer a ajudar a disponibilizá-lo online. Ela criou um site transacional patrocinado pela Sony para acompanhar os canais de distribuição que em pouco tempo foram oferecidos pelo Google e outros. Exigindo anonimato para falar, devido a restrições de confidencialidade, pessoas informadas sobre o trabalho da Kernel disseram que a empresa cooperou estreitamente com a polícia durante o ciberataque à Sony e depois aconselhou outros estúdios em questões de segurança na Web. Harvilicz e Martinez não quiserem comentar esse esforço. Na semana passada a Kernel fechou um acordo com a Fox pelo qual vai auxiliar uma unidade que cuida da administração de franquias –a manutenção de filmes como "Maze Runner - Correr ou Morrer" ou a franquia "X-Men", por exemplo. Cristina Mancini, vice-presidente executiva de administração de franquias da Fox, disse que no passado "a gente mais ou menos abandonava os fãs" entre o lançamento de um filme em vídeo e a chegada de sua sequência nos cinemas. Ela espera que a Kernel venha cobrir essas lacunas, possivelmente vendendo ingressos e parafernália para um terceiro filme "Maze Runner", previsto para 2017, enquanto ainda é preparada a estreia do segundo ("Maze Runner: The Scorch Trials"), em setembro. Daniel Solnicki cuida de distribuição digital e de televisão mundial na DreamWorks Animation. Ele disse que também está contratando a Kernel, de olho no marketing da coleção crescente de seriados de TV da DreamWorks, incluindo seriados ligados aos filmes "Como Treinar o Seu Dragão". "A linha que separa expressão e comércio desapareceu por completo", disse Solnicki, aludindo ao fato de a Kernel fundir interesse dos consumidores com vendas imediatas. Na Comic-Con, Harvilicz e Martinez vão estar à procura de novas ideias e produtos. Harvilicz disse que uma ideia é começar a acoplar a venda de ingressos de cinema com a venda de livros da série "A Quinta Onda", publicada pela Penguin (no Brasil, pela editora Fundamento). E eles esperam que a Disney exiba sua nova nave espacial Millenium Falcon. A Disney não se pronunciou sobre o assunto, mas os verdadeiros fãs não perdem uma oportunidade possível. "Nós dois somos fãs enormes de 'Star Wars'", disse Martinez. Tradução de CLARA ALLAIN
ilustrissima
O desafio de entusiasmar os fãs de cinema do teaser à estreiaCento e trinta mil fãs vão lotar o Centro de Convenções de San Diego em julho para participar da caça ao tesouro anual da cultura pop conhecida como Comic-Con International. E alguns grandes estúdios de cinema vão pagar a uma firma muito pequena, Kernel, para localizar comércio no meio do caos. A Kernel foi fundada um ano atrás por Dave Harvilicz e Andy Martinez. Os dois se identificam como "superfãs" que iriam a San Diego em julho mesmo que não estivessem trabalhando para a Sony Pictures e a 20th Century Fox. Mas, deixando a diversão de lado, a Kernel vem pesquisando na surdina um dos problemas mais persistentes de Hollywood. O problema de como canalizar e explorar o entusiasmo das plateias, que pode chegar ao auge com o lançamento de um trailer precoce (como aconteceu com "Serpentes a Bordo", da New Line, em 2006) ou com uma experiência vibrante na Comic-Con ("Scott Pilgrim Contra o Mundo", em 2010), e então dissipar-se antes de o filme chegar aos cinemas. Harvilicz, 40 anos, é o executivo-chefe da Kernel. Ele se sente à vontade de camiseta, com uma informalidade que condiz com a sede de sua empresa, de frente para o mar em Santa Monica. O diretor de tecnologia, Andy Martinez, tem 31 anos, é magro e um pouco amarrotado. Foi dele o insight que levou ao surgimento da Kernel. Depois de assistir a um teaser rápido de "Interestelar", de Christopher Nolan –sem cenas do filme e quase um ano antes de seu lançamento, em novembro de 2014–, Martinez se recorda de ter pensado "por que será que não posso aproveitar esse momento emocional?". Com apoio financeiro de John Mackey, co-fundador da Whole Foods Market, e outros, Harvilicz e Martinez abriram a Kernel, que hoje tem 12 funcionários. A empresa começou como uma intuição e se converteu em um negócio em grande parte baseado na web que se propõe a ajudar os estúdios de cinema a se engajar com os fãs, ao mesmo tempo em que ganham dólares a partir do momento em que um futuro blockbuster começa a gerar interesse, ou então entre um e outro lançamento de séries de vida longa como os filmes "X-Men", da Fox e da Marvel. Uma investida inicial se concentra sobre a aventura de ficção científica da Sony "A Quinta Onda". Baseada em um romance de Rick Yancey para adultos jovens, o filme, com Chloe Grace Moretz ("Kick-Ass") no papel principal, tem lançamento previsto para janeiro de 2016. Mas a Kernel começou a vender ingressos para o filme em seu site em 23 de dezembro passado, 13 meses antes da estreia prevista. E os ingressos vêm em pacotes que podem incluir um download futuro, um pôster, um roteiro ou até uma mochila Burton azul igual à que Moretz carrega no filme. No caso de um pacote premium, que inclui dois ingressos para a première do filme, ainda não marcada, os preços podem chegar a US$1.000. "É a segunda geração do 'crowdfunding' (financiamento coletivo)", disse Harvilicz. As vendas de ingressos ajudam os estúdios a entrar em contato com as pessoas que vão aos cinemas, sem entrarem diretamente no ramo da exibição de filmes, do qual são barrados por restrições legais. Ao mesmo tempo, a Kernel cuida dos detalhes da manutenção do interesse dos fãs, acompanhando os espectadores nas mídias sociais e procurando produtos, como a mochila, que possam conservar seu interesse por um filme. É o tipo de trabalho que muitos consultores de marketing fazem diariamente para estúdios de cinema, mas é feito com atenção especial voltada aos superfãs dedicados. Nascido em Baltimore e formado em direito em Harvard, Harvilicz insiste que os estúdios deveriam adotar essa abordagem direta aos fãs –com a ajuda da Kernel–, sem depender muito de firmas como o Facebook, cujas páginas de fãs podem coletar e usar informações valiosas sobre frequentadores de cinemas, dados aos quais os estúdios não têm acesso ou por cujo acesso precisam pagar. "Os estúdios precisam acompanhar mais seus próprios fãs", ele comentou no mês passado. Martinez e Harvilicz se negaram a comentar quanta receita foi gerada por vendas ligadas a "A Quinta Onda". Mas Michael Lynton, o executivo-chefe da Sony Pictures, está satisfeito com os resultados e prevê trabalhar mais com a Kernel. "Eles são parceiros incríveis", falou Lynton, referindo-se tanto ao trabalho da Kernel com "A Quinta Onda" quanto à ajuda dada pela firma com um projeto mais delicado, no ano passado. Quando o filme "A Entrevista", da Sony, saiu dos cinemas depois de hackers terem ameaçado atos de violência contra quem o exibisse ou as pessoas que fossem aos cinemas vê-lo, a Kernel foi uma das primeiras a se oferecer a ajudar a disponibilizá-lo online. Ela criou um site transacional patrocinado pela Sony para acompanhar os canais de distribuição que em pouco tempo foram oferecidos pelo Google e outros. Exigindo anonimato para falar, devido a restrições de confidencialidade, pessoas informadas sobre o trabalho da Kernel disseram que a empresa cooperou estreitamente com a polícia durante o ciberataque à Sony e depois aconselhou outros estúdios em questões de segurança na Web. Harvilicz e Martinez não quiserem comentar esse esforço. Na semana passada a Kernel fechou um acordo com a Fox pelo qual vai auxiliar uma unidade que cuida da administração de franquias –a manutenção de filmes como "Maze Runner - Correr ou Morrer" ou a franquia "X-Men", por exemplo. Cristina Mancini, vice-presidente executiva de administração de franquias da Fox, disse que no passado "a gente mais ou menos abandonava os fãs" entre o lançamento de um filme em vídeo e a chegada de sua sequência nos cinemas. Ela espera que a Kernel venha cobrir essas lacunas, possivelmente vendendo ingressos e parafernália para um terceiro filme "Maze Runner", previsto para 2017, enquanto ainda é preparada a estreia do segundo ("Maze Runner: The Scorch Trials"), em setembro. Daniel Solnicki cuida de distribuição digital e de televisão mundial na DreamWorks Animation. Ele disse que também está contratando a Kernel, de olho no marketing da coleção crescente de seriados de TV da DreamWorks, incluindo seriados ligados aos filmes "Como Treinar o Seu Dragão". "A linha que separa expressão e comércio desapareceu por completo", disse Solnicki, aludindo ao fato de a Kernel fundir interesse dos consumidores com vendas imediatas. Na Comic-Con, Harvilicz e Martinez vão estar à procura de novas ideias e produtos. Harvilicz disse que uma ideia é começar a acoplar a venda de ingressos de cinema com a venda de livros da série "A Quinta Onda", publicada pela Penguin (no Brasil, pela editora Fundamento). E eles esperam que a Disney exiba sua nova nave espacial Millenium Falcon. A Disney não se pronunciou sobre o assunto, mas os verdadeiros fãs não perdem uma oportunidade possível. "Nós dois somos fãs enormes de 'Star Wars'", disse Martinez. Tradução de CLARA ALLAIN
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Diários de FHC mostram relação tensa de então presidente com a imprensa
Os atritos de Fernando Henrique Cardoso com a imprensa começaram cedo, na Presidência. "Vinte dias depois de eu estar exercendo o governo, a Folha fez uma pesquisa para saber se eu ia bem ou mal", diz ele no início de "Diários da Presidência, Volume 1, 1995-1996" (Companhia das Letras). "A Folha quer vender jornal. Fez as manchetes, deu dor de cabeça." Em fevereiro de 1995, sem identificar quais veículos ou jornalistas, questionou a cobertura de uma aula que deu no interior da Bahia, parte de uma campanha educacional. "Eu disse que tive dificuldade de dar aula, para mostrar que ser professor primário é difícil. Claro que a imprensa imediatamente afirmou que fui mal na aula. O primitivismo é muito grande." Em maio, num jantar com Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), publisher da Folha, e seus filhos Otavio Frias Filho e Luiz Frias, FHC questionou uma reportagem publicada no dia anterior, sobre favorecimento de uma empreiteira. "Eles fingiram que não era nada, aquela conversa estranha da Folha. Pessoalmente, o Frias é sempre muito gentil e muito entusiasmado, na prática, a Folha sempre fazendo as suas jogadas." Acrescentou que "é a Folha que puxa essas notícias favoráveis e também as desfavoráveis. É uma questão de estilo deles e não tem jeito, o barulho é o que interessa". Um ano depois, já tendo enfrentado a cobertura dos primeiros escândalos, numa conversa com o ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), avaliou que o problema eram as novas gerações de acionistas dos grupos, Globo inclusive. "O sistema Globo está muito difícil, porque tanto o Roberto Irineu quanto o João Roberto [filhos de Roberto Marinho] estão hoje mais voltados para o conjunto do grupo, estão fazendo os negócios necessários ao sistema, sem estarem à frente nem da televisão nem do jornal", diz. "E por mais que sejam nossos amigos os que estão lá hoje, e são até bastante amigos meus, Merval [Pereira], Ali Kamel, não há quem controle as coisas, porque estão naquela linha." A "linha" a que se refere é aquela, segundo ele, exposta por Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, no programa "Roda Viva", em fevereiro de 1996. "O Otavinho definiu como papel da imprensa 'ser contra'. Disse que agora, no meu governo, é mais difícil, ele nota a imprensa com muito entusiasmo pelo governo, tem que achar uma maneira de ser contra", diz. "É a teoria do deslize, em que você analisa o todo pelo erro." Conclui FHC que "[o espírito da] Folha prevaleceu. Então todos os jornais são contra. Por isso volto ao tema da conversa com o Antônio Carlos: adianta muito pouco falar com os jornalistas para chamar a atenção para uma coisa importante do governo: isso não conta". Meses depois, exaspera-se. "A manchete da Folha de ontem foi a seguinte: 'FH pode depor sobre o [Banco] Nacional'. A Folha já puxa como se eu tivesse alguma coisa a ver. É uma sacanagem atrás da outra. É destruição pela destruição, uma fase difícil da vida brasileira. Eu tenho tido paciência, não fico denunciando essas coisas nem reclamando, mas é difícil manter a democracia e manter a decência com uma imprensa tão desgarrada. Até a Globo." No final do período coberto pelo primeiro volume dos "Diários", FHC volta à carga, por causa de uma pesquisa "manipulada" sobre a corrida para a sua reeleição: "É uma coisa doída de dizer, um jornal no qual trabalhei por dez anos ou mais, escrevi tanto tempo lá, e hoje é um jornal mesquinho, negativo. Tudo é apresentado de maneira distorcida na Folha". Antes e depois de registrar que "adianta muito pouco" falar com a imprensa, FHC manteve encontros constantes com publishers e jornalistas. A própria montagem do governo foi feita ouvindo as Organizações Globo. Os "Diários" são sucintos nas menções às conversas com Roberto Marinho (1904-2003), então presidente do grupo, e com Jorge Serpa, advogado ligado a Marinho, mas descrevem como foi a escolha de nomes para o Ministério das Comunicações. "Eu próprio, depois de ter pedido uma informação ao Roberto Irineu Marinho a respeito de três pessoas competentes da área, pedi ao [secretário-geral da Presidência] Eduardo Jorge que as entrevistasse", diz FHC em janeiro de 1995. "Passei os nomes ao Sérgio Motta [1940-98]. O secretário-executivo escolhido pelo Sérgio [Renato Guerreiro] é um desses três. O Sérgio está montando uma equipe com uma base técnica muito forte."
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Diários de FHC mostram relação tensa de então presidente com a imprensaOs atritos de Fernando Henrique Cardoso com a imprensa começaram cedo, na Presidência. "Vinte dias depois de eu estar exercendo o governo, a Folha fez uma pesquisa para saber se eu ia bem ou mal", diz ele no início de "Diários da Presidência, Volume 1, 1995-1996" (Companhia das Letras). "A Folha quer vender jornal. Fez as manchetes, deu dor de cabeça." Em fevereiro de 1995, sem identificar quais veículos ou jornalistas, questionou a cobertura de uma aula que deu no interior da Bahia, parte de uma campanha educacional. "Eu disse que tive dificuldade de dar aula, para mostrar que ser professor primário é difícil. Claro que a imprensa imediatamente afirmou que fui mal na aula. O primitivismo é muito grande." Em maio, num jantar com Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), publisher da Folha, e seus filhos Otavio Frias Filho e Luiz Frias, FHC questionou uma reportagem publicada no dia anterior, sobre favorecimento de uma empreiteira. "Eles fingiram que não era nada, aquela conversa estranha da Folha. Pessoalmente, o Frias é sempre muito gentil e muito entusiasmado, na prática, a Folha sempre fazendo as suas jogadas." Acrescentou que "é a Folha que puxa essas notícias favoráveis e também as desfavoráveis. É uma questão de estilo deles e não tem jeito, o barulho é o que interessa". Um ano depois, já tendo enfrentado a cobertura dos primeiros escândalos, numa conversa com o ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), avaliou que o problema eram as novas gerações de acionistas dos grupos, Globo inclusive. "O sistema Globo está muito difícil, porque tanto o Roberto Irineu quanto o João Roberto [filhos de Roberto Marinho] estão hoje mais voltados para o conjunto do grupo, estão fazendo os negócios necessários ao sistema, sem estarem à frente nem da televisão nem do jornal", diz. "E por mais que sejam nossos amigos os que estão lá hoje, e são até bastante amigos meus, Merval [Pereira], Ali Kamel, não há quem controle as coisas, porque estão naquela linha." A "linha" a que se refere é aquela, segundo ele, exposta por Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, no programa "Roda Viva", em fevereiro de 1996. "O Otavinho definiu como papel da imprensa 'ser contra'. Disse que agora, no meu governo, é mais difícil, ele nota a imprensa com muito entusiasmo pelo governo, tem que achar uma maneira de ser contra", diz. "É a teoria do deslize, em que você analisa o todo pelo erro." Conclui FHC que "[o espírito da] Folha prevaleceu. Então todos os jornais são contra. Por isso volto ao tema da conversa com o Antônio Carlos: adianta muito pouco falar com os jornalistas para chamar a atenção para uma coisa importante do governo: isso não conta". Meses depois, exaspera-se. "A manchete da Folha de ontem foi a seguinte: 'FH pode depor sobre o [Banco] Nacional'. A Folha já puxa como se eu tivesse alguma coisa a ver. É uma sacanagem atrás da outra. É destruição pela destruição, uma fase difícil da vida brasileira. Eu tenho tido paciência, não fico denunciando essas coisas nem reclamando, mas é difícil manter a democracia e manter a decência com uma imprensa tão desgarrada. Até a Globo." No final do período coberto pelo primeiro volume dos "Diários", FHC volta à carga, por causa de uma pesquisa "manipulada" sobre a corrida para a sua reeleição: "É uma coisa doída de dizer, um jornal no qual trabalhei por dez anos ou mais, escrevi tanto tempo lá, e hoje é um jornal mesquinho, negativo. Tudo é apresentado de maneira distorcida na Folha". Antes e depois de registrar que "adianta muito pouco" falar com a imprensa, FHC manteve encontros constantes com publishers e jornalistas. A própria montagem do governo foi feita ouvindo as Organizações Globo. Os "Diários" são sucintos nas menções às conversas com Roberto Marinho (1904-2003), então presidente do grupo, e com Jorge Serpa, advogado ligado a Marinho, mas descrevem como foi a escolha de nomes para o Ministério das Comunicações. "Eu próprio, depois de ter pedido uma informação ao Roberto Irineu Marinho a respeito de três pessoas competentes da área, pedi ao [secretário-geral da Presidência] Eduardo Jorge que as entrevistasse", diz FHC em janeiro de 1995. "Passei os nomes ao Sérgio Motta [1940-98]. O secretário-executivo escolhido pelo Sérgio [Renato Guerreiro] é um desses três. O Sérgio está montando uma equipe com uma base técnica muito forte."
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Starbucks segue passos de lojas menores para sofisticar seu café
A obsessão por café atingiu um novo pico: você agora pode saber a altitude na qual os grãos usados para a sua xícara matinal foram cultivados. Estimuladas pela popularidade dos fornecedores de cafés boutiques, a Starbucks e outras redes estão tomando medidas para atrair o crescente número de aficionados por café. Elas estão experimentando diferentes técnicas de torra, além de fornecer mais informações sobre a origem da bebida favorita de seus clientes. Isso inclui de onde vem o café, assim como quando e como ele é tostado. Na cafeteria Augie, na Califórnia, sacos de café mostram a elevação na qual o grão foi cultivado. Altitudes mais altas dizem levar a um sabor mais frutado e complexo. Por enquanto a Starbucks não está oferecendo esse nível de detalhe, mas a companhia tem trabalhado para polir sua reputação. Em 2014, a rede abriu, próximo de sua sede, o Reserve Roastery, um estabelecimento de alta capacidade técnica que torra e serve café. A companhia também está oferecendo mais café de uma única origem, em vez das misturas, com as quais a maioria dos americanos já está familiarizada. E, recentemente, começou a usar um método de extração chamado clover, que ajuda a extrair um sabor ótimo para cada xícara. Para café gelado, a companhia também mudou seu método de extração, em vez de meramente esfriar um café quente. As mudanças da Starbucks vem em um momento que as redes menores já estão usando técnicas como a infusão de nitrogênio para criar um café mais cremoso. "Eu pude experimentar o gosto de um bom café de verdade", disse Bekah Stoneking, enquanto bebia um café com a infusão de nitrogênio na Back Alley Coffee Roasters, na Carolina do Norte. Chris Vigilante, fundador e diretor-executivo da Vigilante Coffee, vem experimentando alguns métodos de torra em um porão há alguns anos e viaja o mundo para selecionar grãos. Sua marca tem vários estabelecimentos em Washington e seu café é distribuído nacionalmente. A popularidade de uma nova onda de redes menores foi o suficiente para que outra grande companhia, a Peet's, adquirisse duas marcas de torra, que ajudaram a gerar interesse por diferentes métodos e origens de grãos. "Nós queremos oferecer experiências diferentes para as pessoas por meio de conceitos variados e capturar nossa fatia desses novos consumidores de 18 a 34 anos, que tem entrado com muita paixão no mundo do café", diz David Burwick, diretor executivo da Peet's. Até a Dunkin' Donuts introduziu um café de torra escura no final de 2014, em um aceno às mudanças nas preferências das pessoas. "Essa é uma tendência que você não pode ignorar se você é uma dessas redes maiores", afirma Duane Stanford, editor da Beverage Digest.
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Starbucks segue passos de lojas menores para sofisticar seu caféA obsessão por café atingiu um novo pico: você agora pode saber a altitude na qual os grãos usados para a sua xícara matinal foram cultivados. Estimuladas pela popularidade dos fornecedores de cafés boutiques, a Starbucks e outras redes estão tomando medidas para atrair o crescente número de aficionados por café. Elas estão experimentando diferentes técnicas de torra, além de fornecer mais informações sobre a origem da bebida favorita de seus clientes. Isso inclui de onde vem o café, assim como quando e como ele é tostado. Na cafeteria Augie, na Califórnia, sacos de café mostram a elevação na qual o grão foi cultivado. Altitudes mais altas dizem levar a um sabor mais frutado e complexo. Por enquanto a Starbucks não está oferecendo esse nível de detalhe, mas a companhia tem trabalhado para polir sua reputação. Em 2014, a rede abriu, próximo de sua sede, o Reserve Roastery, um estabelecimento de alta capacidade técnica que torra e serve café. A companhia também está oferecendo mais café de uma única origem, em vez das misturas, com as quais a maioria dos americanos já está familiarizada. E, recentemente, começou a usar um método de extração chamado clover, que ajuda a extrair um sabor ótimo para cada xícara. Para café gelado, a companhia também mudou seu método de extração, em vez de meramente esfriar um café quente. As mudanças da Starbucks vem em um momento que as redes menores já estão usando técnicas como a infusão de nitrogênio para criar um café mais cremoso. "Eu pude experimentar o gosto de um bom café de verdade", disse Bekah Stoneking, enquanto bebia um café com a infusão de nitrogênio na Back Alley Coffee Roasters, na Carolina do Norte. Chris Vigilante, fundador e diretor-executivo da Vigilante Coffee, vem experimentando alguns métodos de torra em um porão há alguns anos e viaja o mundo para selecionar grãos. Sua marca tem vários estabelecimentos em Washington e seu café é distribuído nacionalmente. A popularidade de uma nova onda de redes menores foi o suficiente para que outra grande companhia, a Peet's, adquirisse duas marcas de torra, que ajudaram a gerar interesse por diferentes métodos e origens de grãos. "Nós queremos oferecer experiências diferentes para as pessoas por meio de conceitos variados e capturar nossa fatia desses novos consumidores de 18 a 34 anos, que tem entrado com muita paixão no mundo do café", diz David Burwick, diretor executivo da Peet's. Até a Dunkin' Donuts introduziu um café de torra escura no final de 2014, em um aceno às mudanças nas preferências das pessoas. "Essa é uma tendência que você não pode ignorar se você é uma dessas redes maiores", afirma Duane Stanford, editor da Beverage Digest.
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Facebook e Xiaomi discutiram investimento na fabricante chinesa
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e o presidente-executivo da Xiaomi, Lei Jun, discutiram um potencial investimento pelo Facebook na fabricante de smartphones em outubro de 2014, disseram várias pessoas com conhecimento do assunto à "Reuters". No entanto, um acordo entre as empresas nunca se concretizou. No mês passado, a Xiaomi, apelidade de "Apple chinesa" pelos seus fãs, captou de US$ 1,1 bilhão em uma rodada de investimentos e se tornou uma das empresas privadas de tecnologia mais valiosas do mundo, com valor de US$ 45 bilhões. As discussões, que ocorreram em um jantar privado durante uma visita de Zuckerberg à Pequim, nunca foram formalizadas, disseram três das fontes, já que os dois presidente-executivos pesaram as implicações políticas e comerciais para o Facebook –proibido na China desde 2009– em um acordo com a Xiaomi. Um indivíduo com conhecimento direto da captação de recursos da fabricante disse que o investimento debatido pelo Facebook "não era enorme", mas as negociações ressaltam como as relações entre os Estados Unidos e as empresas chinesas têm se aprofundado à medida que a indústria de tecnologia da China amadurece. Xiaomi e Facebook se recusaram a comentar o assunto. Zuckerberg considera a China como uma peça crítica de sua visão para uma população global conectada. Mas, como Google e Twitter, a rede social tem sido bloqueada por censores chineses, que citam preocupações sobre segurança nacional. A Xiaomi é a maior fabricante de celulares da China, segundo alguns analistas da indústria, ficando atrás apenas da Samsung e da Apple no mercado mundial.
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Facebook e Xiaomi discutiram investimento na fabricante chinesaMark Zuckerberg, fundador do Facebook, e o presidente-executivo da Xiaomi, Lei Jun, discutiram um potencial investimento pelo Facebook na fabricante de smartphones em outubro de 2014, disseram várias pessoas com conhecimento do assunto à "Reuters". No entanto, um acordo entre as empresas nunca se concretizou. No mês passado, a Xiaomi, apelidade de "Apple chinesa" pelos seus fãs, captou de US$ 1,1 bilhão em uma rodada de investimentos e se tornou uma das empresas privadas de tecnologia mais valiosas do mundo, com valor de US$ 45 bilhões. As discussões, que ocorreram em um jantar privado durante uma visita de Zuckerberg à Pequim, nunca foram formalizadas, disseram três das fontes, já que os dois presidente-executivos pesaram as implicações políticas e comerciais para o Facebook –proibido na China desde 2009– em um acordo com a Xiaomi. Um indivíduo com conhecimento direto da captação de recursos da fabricante disse que o investimento debatido pelo Facebook "não era enorme", mas as negociações ressaltam como as relações entre os Estados Unidos e as empresas chinesas têm se aprofundado à medida que a indústria de tecnologia da China amadurece. Xiaomi e Facebook se recusaram a comentar o assunto. Zuckerberg considera a China como uma peça crítica de sua visão para uma população global conectada. Mas, como Google e Twitter, a rede social tem sido bloqueada por censores chineses, que citam preocupações sobre segurança nacional. A Xiaomi é a maior fabricante de celulares da China, segundo alguns analistas da indústria, ficando atrás apenas da Samsung e da Apple no mercado mundial.
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Governo publica decreto que limita gastos até fevereiro
O governo publicou nesta segunda-feira (18) decreto provisório limitando as despesas dos ministérios com custeio e investimento a um total de R$ 135,59 bilhões. São R$ 2,56 bilhões para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), R$ 124,57 bilhões para despesas obrigatórias, R$ 754 milhões para emendas individuais impositivas e R$ 7,7 bilhões para os demais gastos. A limitação é feita proporcionalmente em todas as pastas e tem como objetivo evitar que algum ministério estoure o limite de gastos e comprometa o esforço do governo de fazer um superavit primário (a poupança destinada ao abatimento da dívida pública) de 0,5% do PIB neste ano. A limitação tem vigência até meados de fevereiro, quando o governo terá de publicar decreto definitivo sobre o contingenciamento de gastos. O decreto não se aplica a gastos com pessoal e encargos sociais e com juros, encargos e amortização da dívida.
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Governo publica decreto que limita gastos até fevereiroO governo publicou nesta segunda-feira (18) decreto provisório limitando as despesas dos ministérios com custeio e investimento a um total de R$ 135,59 bilhões. São R$ 2,56 bilhões para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), R$ 124,57 bilhões para despesas obrigatórias, R$ 754 milhões para emendas individuais impositivas e R$ 7,7 bilhões para os demais gastos. A limitação é feita proporcionalmente em todas as pastas e tem como objetivo evitar que algum ministério estoure o limite de gastos e comprometa o esforço do governo de fazer um superavit primário (a poupança destinada ao abatimento da dívida pública) de 0,5% do PIB neste ano. A limitação tem vigência até meados de fevereiro, quando o governo terá de publicar decreto definitivo sobre o contingenciamento de gastos. O decreto não se aplica a gastos com pessoal e encargos sociais e com juros, encargos e amortização da dívida.
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O agronegócio nacional é tudo isso?
Até o ambientalista mais radical reconhecerá que a agropecuária brasileira é uma potência. Com tanta água, terra e sol, a produtividade é boa –e vem crescendo. Mas será que o setor é isso tudo que a propaganda diz? Até o ruralista mais radical reconhecerá que uma propriedade rural precisa ser sustentável. Isso, claro, se não viver de grilagem de terras ou de lavagem de dinheiro com transações de gado, casos em que produtividade e esgotamento de recursos naturais –com solo e água– passarão longe de suas preocupações. Até o nacionalista mais radical reconhecerá que a imagem do país no exterior tem importância e consequências. Caso contrário, não ficaria tão agastado quando se publicam lá fora avaliações negativas sobre o Brasil. Pois bem, a Economist Intelligence Unit (EIU, divisão de dados da célebre revista britânica) desenvolveu para o Centro Barilla para Alimentos e Nutrição um Índice de Sustentabilidade de Alimentos que não corrobora a imagem de provedor infalível que o agronegócio nacional gosta de cultivar. Os analistas da EIU consideraram 31 indicadores reunidos em três grandes grupos: perdas e desperdício de alimentos; agricultura sustentável; e desafios nutricionais. Dos 25 países avaliados, o Brasil figura na 20ª posição do ranking geral. Só ganhamos de Indonésia, Emirados Árabes, Egito, Arábia Saudita e Índia. A pior colocação brasileira (22ª) se dá no quesito das perdas. É o padrão de desperdício comum na América Latina e no Caribe, onde 127 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde. Em sustentabilidade agrícola, o país aparece no meio da classificação, em 12º lugar. Nosso campo vai do céu ao inferno nos 15 indicadores deste grupo. Ganha nota zero em diversificação de culturas e dez em biodiversidade e em mitigação da mudança climática (queda de desmatamento). Tem avaliação alta pela disponibilidade de água, mas despenca quando se trata de impactos sobre recursos hídricos e solos. Por fim, na área de nutrição, aparecemos de novo perto da rabeira, na 17ª posição. O mau desempenho decorre principalmente de excesso de peso na população, prevalência de açúcar na dieta, quantidade de pessoas que recorrem a fast-food e falta de políticas públicas para influenciar hábitos alimentares. Proprietários agrícolas poderão alegar que muitos dos itens avaliados –como a questão da dieta– escapa a seu controle. Médio: segundo a propaganda, agro é tudo, a cadeia alimentar inteira, da fazenda à indústria e à mesa do brasileiro. Agro é muito, claro, mas não é tudo. Se não há razão para estigmatizar o setor, tampouco há para canonizá-lo. Não se pode sair impune apenas por ter dado contribuição inestimável para a balança comercial, nos últimos anos, ou porque seus representantes conservadores no Congresso retomaram a iniciativa política. A insistirem na política de terra arrasada contra unidades de conservação e povos indígenas, os ruralistas só agravarão as ameaças ao patrimônio natural do país –biodiversidade, solos férteis e recursos hídricos abundante. De quebra, colherão grave prejuízo à imagem de suas commodities no mercado mundial.
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O agronegócio nacional é tudo isso?Até o ambientalista mais radical reconhecerá que a agropecuária brasileira é uma potência. Com tanta água, terra e sol, a produtividade é boa –e vem crescendo. Mas será que o setor é isso tudo que a propaganda diz? Até o ruralista mais radical reconhecerá que uma propriedade rural precisa ser sustentável. Isso, claro, se não viver de grilagem de terras ou de lavagem de dinheiro com transações de gado, casos em que produtividade e esgotamento de recursos naturais –com solo e água– passarão longe de suas preocupações. Até o nacionalista mais radical reconhecerá que a imagem do país no exterior tem importância e consequências. Caso contrário, não ficaria tão agastado quando se publicam lá fora avaliações negativas sobre o Brasil. Pois bem, a Economist Intelligence Unit (EIU, divisão de dados da célebre revista britânica) desenvolveu para o Centro Barilla para Alimentos e Nutrição um Índice de Sustentabilidade de Alimentos que não corrobora a imagem de provedor infalível que o agronegócio nacional gosta de cultivar. Os analistas da EIU consideraram 31 indicadores reunidos em três grandes grupos: perdas e desperdício de alimentos; agricultura sustentável; e desafios nutricionais. Dos 25 países avaliados, o Brasil figura na 20ª posição do ranking geral. Só ganhamos de Indonésia, Emirados Árabes, Egito, Arábia Saudita e Índia. A pior colocação brasileira (22ª) se dá no quesito das perdas. É o padrão de desperdício comum na América Latina e no Caribe, onde 127 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde. Em sustentabilidade agrícola, o país aparece no meio da classificação, em 12º lugar. Nosso campo vai do céu ao inferno nos 15 indicadores deste grupo. Ganha nota zero em diversificação de culturas e dez em biodiversidade e em mitigação da mudança climática (queda de desmatamento). Tem avaliação alta pela disponibilidade de água, mas despenca quando se trata de impactos sobre recursos hídricos e solos. Por fim, na área de nutrição, aparecemos de novo perto da rabeira, na 17ª posição. O mau desempenho decorre principalmente de excesso de peso na população, prevalência de açúcar na dieta, quantidade de pessoas que recorrem a fast-food e falta de políticas públicas para influenciar hábitos alimentares. Proprietários agrícolas poderão alegar que muitos dos itens avaliados –como a questão da dieta– escapa a seu controle. Médio: segundo a propaganda, agro é tudo, a cadeia alimentar inteira, da fazenda à indústria e à mesa do brasileiro. Agro é muito, claro, mas não é tudo. Se não há razão para estigmatizar o setor, tampouco há para canonizá-lo. Não se pode sair impune apenas por ter dado contribuição inestimável para a balança comercial, nos últimos anos, ou porque seus representantes conservadores no Congresso retomaram a iniciativa política. A insistirem na política de terra arrasada contra unidades de conservação e povos indígenas, os ruralistas só agravarão as ameaças ao patrimônio natural do país –biodiversidade, solos férteis e recursos hídricos abundante. De quebra, colherão grave prejuízo à imagem de suas commodities no mercado mundial.
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Branco e bege dominam feira de móveis de alto padrão em SP
ANAÏS FERNANDES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Os tons claros -de tecido, couro e madeira- predominaram entre os móveis e peças de decoração apresentados na 22ª feira da Abimad (associação das indústrias de móveis de luxo). O evento, que reuniu 89 expositores no Expo Center Norte, em São Paulo, na última semana, funciona como uma vitrine para os fabricantes. "Não há muitas cores vivas, até a madeira usada pelos fabricantes tem tons mais claros. Essa é uma mudança no mercado que já foi perceptível na Casa Cor São Paulo deste ano", diz Michel Otte, presidente da Abimad. Entre os tecidos, além dos tons pasteis, prevalecem as texturas, como o jacquard. Metais dourados e acobreados ganham acabamento fosco e aparecem tanto em luminárias quanto nas estruturas de sofás e mesas.
sobretudo
Branco e bege dominam feira de móveis de alto padrão em SP ANAÏS FERNANDES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Os tons claros -de tecido, couro e madeira- predominaram entre os móveis e peças de decoração apresentados na 22ª feira da Abimad (associação das indústrias de móveis de luxo). O evento, que reuniu 89 expositores no Expo Center Norte, em São Paulo, na última semana, funciona como uma vitrine para os fabricantes. "Não há muitas cores vivas, até a madeira usada pelos fabricantes tem tons mais claros. Essa é uma mudança no mercado que já foi perceptível na Casa Cor São Paulo deste ano", diz Michel Otte, presidente da Abimad. Entre os tecidos, além dos tons pasteis, prevalecem as texturas, como o jacquard. Metais dourados e acobreados ganham acabamento fosco e aparecem tanto em luminárias quanto nas estruturas de sofás e mesas.
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Dezoito manifestantes detidos em protesto contra Temer viram réus
Dezoito manifestantes que foram detidos antes de um protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff, em setembro de 2016, se tornaram réus na Justiça de São Paulo sob a acusação de associação criminosa e corrupção de menores. O caso se tornou conhecido pela presença, junto ao grupo de detidos naquela ocasião, de um militar infiltrado do Exército. William Pina Botelho, à época capitão e que se apresentava como "Baltazar Nunes", não está entre os réus. O processo, aberto neste mês, tramita sob segredo de Justiça, e os nomes dos acusados não foram divulgados. A informação foi antecipada pelo site G1. A denúncia (acusação formal) do Ministério Público havia sido oferecida no fim de 2016 pelo promotor Fernando Albuquerque Soares de Souza, que também não se manifesta sobre o caso. A peça dizia que o grupo se associou para danificar patrimônio e agredir policiais militares. Além dos 18 manifestantes, três menores de idade foram apreendidos na ocasião, no Centro Cultural São Paulo (região central de São Paulo). REVEZAMENTO DA TOCHA Diante da repercussão do caso e de questionamentos do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), o Ministério da Defesa e o Exército afirmaram em novembro passado que o capitão foi incluído em uma atividade de "monitoramento" porque o revezamento da tocha paraolímpica ocorreria também no mesmo dia na avenida Paulista, onde os manifestantes anti-impeachment iriam se reunir. "Buscou-se acompanhar as possíveis ameaças à sua realização", dizia texto assinado pelo general Tomás Ribeiro Paiva. Os manifestantes disseram à época que o militar chegou ao grupo por meio do aplicativo de relacionamentos Tinder.
poder
Dezoito manifestantes detidos em protesto contra Temer viram réusDezoito manifestantes que foram detidos antes de um protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff, em setembro de 2016, se tornaram réus na Justiça de São Paulo sob a acusação de associação criminosa e corrupção de menores. O caso se tornou conhecido pela presença, junto ao grupo de detidos naquela ocasião, de um militar infiltrado do Exército. William Pina Botelho, à época capitão e que se apresentava como "Baltazar Nunes", não está entre os réus. O processo, aberto neste mês, tramita sob segredo de Justiça, e os nomes dos acusados não foram divulgados. A informação foi antecipada pelo site G1. A denúncia (acusação formal) do Ministério Público havia sido oferecida no fim de 2016 pelo promotor Fernando Albuquerque Soares de Souza, que também não se manifesta sobre o caso. A peça dizia que o grupo se associou para danificar patrimônio e agredir policiais militares. Além dos 18 manifestantes, três menores de idade foram apreendidos na ocasião, no Centro Cultural São Paulo (região central de São Paulo). REVEZAMENTO DA TOCHA Diante da repercussão do caso e de questionamentos do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), o Ministério da Defesa e o Exército afirmaram em novembro passado que o capitão foi incluído em uma atividade de "monitoramento" porque o revezamento da tocha paraolímpica ocorreria também no mesmo dia na avenida Paulista, onde os manifestantes anti-impeachment iriam se reunir. "Buscou-se acompanhar as possíveis ameaças à sua realização", dizia texto assinado pelo general Tomás Ribeiro Paiva. Os manifestantes disseram à época que o militar chegou ao grupo por meio do aplicativo de relacionamentos Tinder.
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Fim de semana tem encontro de carros para celebrar o Dia Nacional do Fusca
DE SÃO PAULO Encontros de fãs e proprietários do Volkswagen Fusca ocorrem Brasil afora neste fim de semana em comemoração ao Dia Nacional do Fusca. A data escolhida, 20 de janeiro, não tem relação com a história do carro. As primeiras celebrações ocorreram no fim dos anos 1980. Um dos maiores eventos ocorre neste domingo (22), em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Espera-se que 1.500 veículos sejam reunidos no estacionamento do shopping São Bernardo Plaza, que fica a 1,5 quilômetro da fábrica em que os "besouros" eram produzidos. Expositores e clientes que doarem 2 kg de alimentos não perecíveis terão acesso gratuito ao estacionamento. O encontro começa às 10h. O shopping está localizada na avenida Rotary, 624.
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Fim de semana tem encontro de carros para celebrar o Dia Nacional do Fusca DE SÃO PAULO Encontros de fãs e proprietários do Volkswagen Fusca ocorrem Brasil afora neste fim de semana em comemoração ao Dia Nacional do Fusca. A data escolhida, 20 de janeiro, não tem relação com a história do carro. As primeiras celebrações ocorreram no fim dos anos 1980. Um dos maiores eventos ocorre neste domingo (22), em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo). Espera-se que 1.500 veículos sejam reunidos no estacionamento do shopping São Bernardo Plaza, que fica a 1,5 quilômetro da fábrica em que os "besouros" eram produzidos. Expositores e clientes que doarem 2 kg de alimentos não perecíveis terão acesso gratuito ao estacionamento. O encontro começa às 10h. O shopping está localizada na avenida Rotary, 624.
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Férias é hora de flexibilizar regras dos condomínios, diz advogado; veja dicas
O período de férias em janeiro é a hora de flexibilizar as regras dos condomínios, afirma o advogado e colunista da Folha Marcio Rachkorsky, especialista em administração predial. "A palavra-chave é tolerância. As crianças estão em casa, acordam mais tarde, ficam até mais tarde nos espaços comuns. É preciso compreender que é hora de mudar um pouco", afirmou ele em entrevista à "TV Folha". Rachkorsky sugere que, com bom senso e conversa, as crianças sejam chamadas para o diálogo. "O síndico chama, avisa que a regra diz barulho até as 22h, mas que no mês de férias vai ser até meia-noite. E que se houver abuso, vai voltar como era e o pai vai ser multado", exemplifica. Ele lembra também que em condomínios menores tudo é mais simples que naqueles gigantes, que parecem condomínios-clube. E alerta para não flexibilizar o que coloca o coletivo em risco. "Pode trazer um amigo para a piscina, dois, mas não dez." Dentro do apartamento também há regras, ressalta ele. "Normalmente, das 8h às 22h é o tradicional, nas férias vale até meia-noite. Mas é preciso ter uma regra de silêncio absoluto sim." E pondera: "Tem gente que é muita chata, não tem jeito. Ele sabe que vai se mudar para um lugar com centenas de crianças, reclama se alguém usa a churrasqueira, reclama de tudo. E esse, paciência, ele vai sofrer", diz. Sobre equipamentos que possam a vir ser estragados, o advogado diz que o ônus passa a ser do conjunto, todo mundo paga. Por isso ele dá a dica para que, sempre que possível, invista-se em câmeras de segurança. Já para quem viaja e deixa o imóvel vazio, ele recomenda sempre deixar um contato para casos de emergência na portaria.
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Férias é hora de flexibilizar regras dos condomínios, diz advogado; veja dicasO período de férias em janeiro é a hora de flexibilizar as regras dos condomínios, afirma o advogado e colunista da Folha Marcio Rachkorsky, especialista em administração predial. "A palavra-chave é tolerância. As crianças estão em casa, acordam mais tarde, ficam até mais tarde nos espaços comuns. É preciso compreender que é hora de mudar um pouco", afirmou ele em entrevista à "TV Folha". Rachkorsky sugere que, com bom senso e conversa, as crianças sejam chamadas para o diálogo. "O síndico chama, avisa que a regra diz barulho até as 22h, mas que no mês de férias vai ser até meia-noite. E que se houver abuso, vai voltar como era e o pai vai ser multado", exemplifica. Ele lembra também que em condomínios menores tudo é mais simples que naqueles gigantes, que parecem condomínios-clube. E alerta para não flexibilizar o que coloca o coletivo em risco. "Pode trazer um amigo para a piscina, dois, mas não dez." Dentro do apartamento também há regras, ressalta ele. "Normalmente, das 8h às 22h é o tradicional, nas férias vale até meia-noite. Mas é preciso ter uma regra de silêncio absoluto sim." E pondera: "Tem gente que é muita chata, não tem jeito. Ele sabe que vai se mudar para um lugar com centenas de crianças, reclama se alguém usa a churrasqueira, reclama de tudo. E esse, paciência, ele vai sofrer", diz. Sobre equipamentos que possam a vir ser estragados, o advogado diz que o ônus passa a ser do conjunto, todo mundo paga. Por isso ele dá a dica para que, sempre que possível, invista-se em câmeras de segurança. Já para quem viaja e deixa o imóvel vazio, ele recomenda sempre deixar um contato para casos de emergência na portaria.
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Trump aposta em política com resultados dúbios na educação
Liberdade para as famílias escolherem a escola de suas crianças tem sido o mote de Donald Trump para a educação. A mensagem pode parecer coerente, mas deixa implícito o conceito de que a escola pública deve perder espaço para a gestão privada. Até o momento, esse modelo privado não demonstrou resultados muito melhores do que o sistema tradicional. A lógica na educação básica americana hoje é semelhante à do Brasil. A massa de estudantes está na escola pública. Em geral, o aluno vai a colégios públicos próximos de sua casa. A rede particular, que cobra anuidade das famílias, existe mais como nicho, por exemplo, para quem busca escola de inclinação religiosa. Uma dos principais objetivos do sistema público norte-americano é que a escola seja uma comunidade. Unida, esta comunidade pode lutar e garantir a melhor educação para as suas crianças. O ensino público, que era um orgulho nacional, está sob ataque. A nação mais poderosa do mundo fica apenas na metade da lista de rankings internacionais de educação, entre os países desenvolvidos. Está atrás, por exemplo, de Canadá, Cingapura e Alemanha no Pisa (principal avaliação de países). Há pesquisadores que consideram que o medíocre desempenho é fruto da pobreza de muitas famílias e da desigualdade social. Outros avaliam que o modelo educacional precisa de mudanças drásticas. Uma alternativa que já existe é chamada de "school choice" (escolha escolar), em que o governo oferece meios para que as famílias busquem o colégio que julguem mais adequado para seus filhos. Nesse modelo, é possível, por exemplo, que dinheiro público banque alunos em escolas de gestão privada. Cerca de 3 milhões dos 50 milhões de alunos americanos estão nessa política atualmente. É essa alternativa que Trump pretende aumentar em larga escala. Durante a campanha, ele disse que investiria US$ 20 bilhões para incentivar a prática (foi sua única grande promessa para a área). O recurso pode sair inclusive do Orçamento que iria para as escolas públicas tradicionais. Anualmente, o governo federal destina cerca de US$ 15 bilhões em apoio a estudantes carentes. A escolha escolar compreende diferentes modalidades. Uma é chamada de "charter schools", em que o colégio é financiado por dinheiro público, mas a administração é privada. Aqui, a família pode escolher se matricula o filho num colégio público tradicional ou nessa "charter". Implementado nos anos 1990, o modelo de escola pública com gestão privada não foi até agora capaz de demonstrar com robustez resultados superiores aos dos colégios públicos tradicionais. Há cerca de 2,5 milhões de alunos nesse modelo. Alguns dos principais estudos sobre o tema têm sido feitos por um grupo de pesquisadores da Universidade Stanford, chamado Credo. Em 2013, eles analisaram dados de 26 Estados com presença de "charter schools" –56% destas escolas não tiveram desempenho significativamente melhor do que os colégios públicos tradicionais em leitura; 25% foram melhores e 19% piores. São, porém, indicadores melhores do que os encontrados quatro anos antes. Pesa ainda contra as "charters" a suspeita de que elas expelem alunos deficientes ou indisciplinados, para que o trabalho delas seja mais fácil. Embora polêmica, a política tem recebido apoio de setores dos principais partidos americanos –o democrata Barack Obama apoiou o modelo. Mas o prefeito de Nova York, o também democrata Bill de Blasio, freou a expansão do sistema na cidade. A segunda possibilidade dentro do "school choice" são os vouchers. Aqui, o governo dá dinheiro para a família escolher se ela abandona a rede pública para colocar o filho numa escola "charter" ou numa particular, mesmo que a instituição tenha fins lucrativos. Obama é contra essa modalidade, mas Betsy DeVos, escolhida por Trump como sua secretária de Educação, é uma entusiasta. Bilionária do Estado de Michigan, ela não tem experiência em administração pública, mas tem grande envolvimento com a promoção do "school choice", por meio do terceiro setor. Sabatinada pelo Senado nesta semana, ela não deu muitos detalhes sobre o que novo governo fará na educação (a entrevista teve mais repercussão por ela ter dito que considera assédio sexual o que Trump disse numa gravação de 2005, que veio a público durante a campanha do ano passado). Os vouchers operam sob a ótica do livre mercado. As escolas têm de competir e mostrar resultado para receber o dinheiro das famílias. Também aqui os estudos não mostram clara vantagem para os estudantes com vouchers. Há dúvidas se colégios que podem ter lucro, a partir de recursos públicos, oferecem o melhor possível para os alunos, algo que poderia demandar corte na margem de lucro, por exemplo. Há quem veja segundas intenções de DeVos. A imprensa americana tem revelado conversas privadas antigas dela defendendo que o "school choice" permitirá impulso das escolas particulares cristãs (ela é ligada à igreja cristã reformada), que passariam a ser financiadas pelo Estado. A nova secretária afirma, publicamente, que apenas quer dar opções para as famílias e que os resultados para o "school choice" serão ainda melhores se o Estado deixar de importunar o sistema. Uma grande batalha contra a escola pública se aproxima. O jornalista Fábio Takahashi faz pesquisa na Universidade Columbia (EUA) sobre educação com apoio do programa Spencer Education Journalism Fellowship
mundo
Trump aposta em política com resultados dúbios na educaçãoLiberdade para as famílias escolherem a escola de suas crianças tem sido o mote de Donald Trump para a educação. A mensagem pode parecer coerente, mas deixa implícito o conceito de que a escola pública deve perder espaço para a gestão privada. Até o momento, esse modelo privado não demonstrou resultados muito melhores do que o sistema tradicional. A lógica na educação básica americana hoje é semelhante à do Brasil. A massa de estudantes está na escola pública. Em geral, o aluno vai a colégios públicos próximos de sua casa. A rede particular, que cobra anuidade das famílias, existe mais como nicho, por exemplo, para quem busca escola de inclinação religiosa. Uma dos principais objetivos do sistema público norte-americano é que a escola seja uma comunidade. Unida, esta comunidade pode lutar e garantir a melhor educação para as suas crianças. O ensino público, que era um orgulho nacional, está sob ataque. A nação mais poderosa do mundo fica apenas na metade da lista de rankings internacionais de educação, entre os países desenvolvidos. Está atrás, por exemplo, de Canadá, Cingapura e Alemanha no Pisa (principal avaliação de países). Há pesquisadores que consideram que o medíocre desempenho é fruto da pobreza de muitas famílias e da desigualdade social. Outros avaliam que o modelo educacional precisa de mudanças drásticas. Uma alternativa que já existe é chamada de "school choice" (escolha escolar), em que o governo oferece meios para que as famílias busquem o colégio que julguem mais adequado para seus filhos. Nesse modelo, é possível, por exemplo, que dinheiro público banque alunos em escolas de gestão privada. Cerca de 3 milhões dos 50 milhões de alunos americanos estão nessa política atualmente. É essa alternativa que Trump pretende aumentar em larga escala. Durante a campanha, ele disse que investiria US$ 20 bilhões para incentivar a prática (foi sua única grande promessa para a área). O recurso pode sair inclusive do Orçamento que iria para as escolas públicas tradicionais. Anualmente, o governo federal destina cerca de US$ 15 bilhões em apoio a estudantes carentes. A escolha escolar compreende diferentes modalidades. Uma é chamada de "charter schools", em que o colégio é financiado por dinheiro público, mas a administração é privada. Aqui, a família pode escolher se matricula o filho num colégio público tradicional ou nessa "charter". Implementado nos anos 1990, o modelo de escola pública com gestão privada não foi até agora capaz de demonstrar com robustez resultados superiores aos dos colégios públicos tradicionais. Há cerca de 2,5 milhões de alunos nesse modelo. Alguns dos principais estudos sobre o tema têm sido feitos por um grupo de pesquisadores da Universidade Stanford, chamado Credo. Em 2013, eles analisaram dados de 26 Estados com presença de "charter schools" –56% destas escolas não tiveram desempenho significativamente melhor do que os colégios públicos tradicionais em leitura; 25% foram melhores e 19% piores. São, porém, indicadores melhores do que os encontrados quatro anos antes. Pesa ainda contra as "charters" a suspeita de que elas expelem alunos deficientes ou indisciplinados, para que o trabalho delas seja mais fácil. Embora polêmica, a política tem recebido apoio de setores dos principais partidos americanos –o democrata Barack Obama apoiou o modelo. Mas o prefeito de Nova York, o também democrata Bill de Blasio, freou a expansão do sistema na cidade. A segunda possibilidade dentro do "school choice" são os vouchers. Aqui, o governo dá dinheiro para a família escolher se ela abandona a rede pública para colocar o filho numa escola "charter" ou numa particular, mesmo que a instituição tenha fins lucrativos. Obama é contra essa modalidade, mas Betsy DeVos, escolhida por Trump como sua secretária de Educação, é uma entusiasta. Bilionária do Estado de Michigan, ela não tem experiência em administração pública, mas tem grande envolvimento com a promoção do "school choice", por meio do terceiro setor. Sabatinada pelo Senado nesta semana, ela não deu muitos detalhes sobre o que novo governo fará na educação (a entrevista teve mais repercussão por ela ter dito que considera assédio sexual o que Trump disse numa gravação de 2005, que veio a público durante a campanha do ano passado). Os vouchers operam sob a ótica do livre mercado. As escolas têm de competir e mostrar resultado para receber o dinheiro das famílias. Também aqui os estudos não mostram clara vantagem para os estudantes com vouchers. Há dúvidas se colégios que podem ter lucro, a partir de recursos públicos, oferecem o melhor possível para os alunos, algo que poderia demandar corte na margem de lucro, por exemplo. Há quem veja segundas intenções de DeVos. A imprensa americana tem revelado conversas privadas antigas dela defendendo que o "school choice" permitirá impulso das escolas particulares cristãs (ela é ligada à igreja cristã reformada), que passariam a ser financiadas pelo Estado. A nova secretária afirma, publicamente, que apenas quer dar opções para as famílias e que os resultados para o "school choice" serão ainda melhores se o Estado deixar de importunar o sistema. Uma grande batalha contra a escola pública se aproxima. O jornalista Fábio Takahashi faz pesquisa na Universidade Columbia (EUA) sobre educação com apoio do programa Spencer Education Journalism Fellowship
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Sumiço de nascente pode embargar megacondomínio ao lado da Billings
Às margens da represa Billings, na zona sul de São Paulo, um megaempreendimento alvo de intensa polêmica para sair do papel agora corre o risco de ser paralisado. Trata-se da construção de prédios do Minha Casa Minha Vida na área chamada de parque dos Búfalos (zona sul), criada na gestão Gilberto Kassab (PSD) e alterada depois por Fernando Haddad (PT) para receber as moradias. Nas últimos meses, moradores e peritos do Ministério Público detectaram sérios danos ambientais, como o sumiço de nascentes na região, o que levou a Promotoria a pedir o embargo das obras para evitar maiores danos ao abastecimento da Billings. O problema para eles é que o empreendimento está praticamente pronto. São 193 prédios que irão abrigar cerca de 15 mil pessoas do lado de um dos principais mananciais da Grande São Paulo. O projeto vai ocupar 280 mil m² de uma área de 830 mil m² destinada ao parque. Metade das pequenas torres, de cinco andares cada, está erguida. A terraplenagem está 100% concluída. A entrega das chaves deve ocorrer nas próximas semanas, se sair a licença final da Cetesb. O órgão ambiental do governo do Estado informa que fez vistorias no local este ano e que nenhum dano ambiental às nascentes, segundo os técnicos do órgão, foi detectado. "O ponto de análise [da água] que existia na área do parque sumiu. As nascentes estão assoreadas", diz a bióloga Cibele Gomes Leite, que participa de um projeto de monitoramento da qualidade da represa. "Nasci aqui e estou vendo tudo isso mudar." À beira da Billings, em um sítio improvisado, vive há quase 30 anos José de Oliveira Neto, 54, o Zequinha. Nascido na Bahia, ele sobrevive com ajuda do Bolsa Família e da venda de algumas bananas e outros vegetais que cultiva no terreno íngreme. "Por mim, essa obra nunca teria saído. Mas quem sou eu para conseguir isso? Está tudo mudando, tiraram todo o verde que havia lá em cima." Segundo o sitiante, a nascente que passa pela sua área ainda está com água. "Mas os pássaros, como as corujas buraqueiras, foram embora daqui." A situação dos pássaros é outro problema levantado pelo estudo da Promotoria. Segundo esse documento, a única forma de evitar que as nascentes ligadas à Billings não sequem seria construir menos prédios do que os previstos no projeto inicial. "O que queremos é que tudo seja bem feito. Que as compensações ambientais funcionem e o parque programado para a região seja construído", diz a bióloga Cibele. A Justiça não acatou o pedido de liminar para barrar a obra, mas a ação segue. O objetivo jurídico é reverter os eventuais danos ambientais. NOVA DEMANDA Apesar da iniciativa da Promotoria, outros grupos locais são favoráveis ao empreendimento, como comerciantes que aguardam a demanda dos novos vizinhos. Na região do Jardim Apurá, é visível o avanço de farmácias, padarias e restaurantes. "O movimento do comércio até vai crescer, mas, se tivesse mais infraestrutura sendo construída, pessoas de outras regiões frequentariam o local, dando ainda mais movimento", diz Armando Santos, dono de uma loja de moda feminina, que diz estar preocupado com o projeto. Segundo ele, apesar da expectativa de alguns comerciantes, existe o temor de que a região sofra ainda mais com a precarização do local. "Sabemos que o resultado de um monte de pessoas em um lugar sem dar as condições mínimas de educação, saúde, lazer e segurança pode gerar um bairro perigoso e com uma forte desvalorização." NORMAS CUMPRIDAS Segundo a Cetesb, a agência ambiental do governo do Estado de São Paulo, todo o licenciamento do megacondomínio foi feito dentro das normas. O órgão diz que técnicos vistoriaram o local neste ano e nenhuma irregularidade foi detectada. Ponto levantado pelo Ministério Público, o fato de ter ocorrido dispensa do EIA/Rima (estudo e relatório de impacto ambiental) é minimizado pelo órgão ligado à gestão Geraldo Alckmin (PSDB). "Estudos mais complexos, como o EIA/Rima, são normalmente solicitados para obras como rodovias, ferrovias, reservatórios de água, indústrias ou outros de maior impacto ambiental", informa a nota da Cetesb. Segundo o órgão, o RAP (relatório ambiental preliminar, documento exigido no caso do parque dos Búfalos) é tão legítimo quanto o EIA/Rima no subsídio da avaliação de impactos ambientais, mesmo se tratando de uma área de manancial. Gilberto Natalini, secretário de ambiente da gestão de João Doria (PSDB) e um grande crítico ao empreendimento na gestão passada, quando era vereador, diz que não adianta discutir o passado. "Nós estamos trabalhando no projeto do parque. Temos R$ 3 milhões para fazer o projeto básico [recurso obtido via verba parlamentar, após pressão de ambientalistas locais], que está sendo estudado, e para cercar toda a área. E isso será feito nos próximos meses." Não existem recursos disponíveis para a implantação do parque. O distrito de Cidade Ademar, onde está a obra, tem a pior relação de metro quadrado de área verde por habitante da capital paulista.
cotidiano
Sumiço de nascente pode embargar megacondomínio ao lado da BillingsÀs margens da represa Billings, na zona sul de São Paulo, um megaempreendimento alvo de intensa polêmica para sair do papel agora corre o risco de ser paralisado. Trata-se da construção de prédios do Minha Casa Minha Vida na área chamada de parque dos Búfalos (zona sul), criada na gestão Gilberto Kassab (PSD) e alterada depois por Fernando Haddad (PT) para receber as moradias. Nas últimos meses, moradores e peritos do Ministério Público detectaram sérios danos ambientais, como o sumiço de nascentes na região, o que levou a Promotoria a pedir o embargo das obras para evitar maiores danos ao abastecimento da Billings. O problema para eles é que o empreendimento está praticamente pronto. São 193 prédios que irão abrigar cerca de 15 mil pessoas do lado de um dos principais mananciais da Grande São Paulo. O projeto vai ocupar 280 mil m² de uma área de 830 mil m² destinada ao parque. Metade das pequenas torres, de cinco andares cada, está erguida. A terraplenagem está 100% concluída. A entrega das chaves deve ocorrer nas próximas semanas, se sair a licença final da Cetesb. O órgão ambiental do governo do Estado informa que fez vistorias no local este ano e que nenhum dano ambiental às nascentes, segundo os técnicos do órgão, foi detectado. "O ponto de análise [da água] que existia na área do parque sumiu. As nascentes estão assoreadas", diz a bióloga Cibele Gomes Leite, que participa de um projeto de monitoramento da qualidade da represa. "Nasci aqui e estou vendo tudo isso mudar." À beira da Billings, em um sítio improvisado, vive há quase 30 anos José de Oliveira Neto, 54, o Zequinha. Nascido na Bahia, ele sobrevive com ajuda do Bolsa Família e da venda de algumas bananas e outros vegetais que cultiva no terreno íngreme. "Por mim, essa obra nunca teria saído. Mas quem sou eu para conseguir isso? Está tudo mudando, tiraram todo o verde que havia lá em cima." Segundo o sitiante, a nascente que passa pela sua área ainda está com água. "Mas os pássaros, como as corujas buraqueiras, foram embora daqui." A situação dos pássaros é outro problema levantado pelo estudo da Promotoria. Segundo esse documento, a única forma de evitar que as nascentes ligadas à Billings não sequem seria construir menos prédios do que os previstos no projeto inicial. "O que queremos é que tudo seja bem feito. Que as compensações ambientais funcionem e o parque programado para a região seja construído", diz a bióloga Cibele. A Justiça não acatou o pedido de liminar para barrar a obra, mas a ação segue. O objetivo jurídico é reverter os eventuais danos ambientais. NOVA DEMANDA Apesar da iniciativa da Promotoria, outros grupos locais são favoráveis ao empreendimento, como comerciantes que aguardam a demanda dos novos vizinhos. Na região do Jardim Apurá, é visível o avanço de farmácias, padarias e restaurantes. "O movimento do comércio até vai crescer, mas, se tivesse mais infraestrutura sendo construída, pessoas de outras regiões frequentariam o local, dando ainda mais movimento", diz Armando Santos, dono de uma loja de moda feminina, que diz estar preocupado com o projeto. Segundo ele, apesar da expectativa de alguns comerciantes, existe o temor de que a região sofra ainda mais com a precarização do local. "Sabemos que o resultado de um monte de pessoas em um lugar sem dar as condições mínimas de educação, saúde, lazer e segurança pode gerar um bairro perigoso e com uma forte desvalorização." NORMAS CUMPRIDAS Segundo a Cetesb, a agência ambiental do governo do Estado de São Paulo, todo o licenciamento do megacondomínio foi feito dentro das normas. O órgão diz que técnicos vistoriaram o local neste ano e nenhuma irregularidade foi detectada. Ponto levantado pelo Ministério Público, o fato de ter ocorrido dispensa do EIA/Rima (estudo e relatório de impacto ambiental) é minimizado pelo órgão ligado à gestão Geraldo Alckmin (PSDB). "Estudos mais complexos, como o EIA/Rima, são normalmente solicitados para obras como rodovias, ferrovias, reservatórios de água, indústrias ou outros de maior impacto ambiental", informa a nota da Cetesb. Segundo o órgão, o RAP (relatório ambiental preliminar, documento exigido no caso do parque dos Búfalos) é tão legítimo quanto o EIA/Rima no subsídio da avaliação de impactos ambientais, mesmo se tratando de uma área de manancial. Gilberto Natalini, secretário de ambiente da gestão de João Doria (PSDB) e um grande crítico ao empreendimento na gestão passada, quando era vereador, diz que não adianta discutir o passado. "Nós estamos trabalhando no projeto do parque. Temos R$ 3 milhões para fazer o projeto básico [recurso obtido via verba parlamentar, após pressão de ambientalistas locais], que está sendo estudado, e para cercar toda a área. E isso será feito nos próximos meses." Não existem recursos disponíveis para a implantação do parque. O distrito de Cidade Ademar, onde está a obra, tem a pior relação de metro quadrado de área verde por habitante da capital paulista.
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Escavações arqueológicas acham pistas de democracia na antiga América
Décadas de escavações arqueológicas no México, na Guatemala e até no Paquistão estão trazendo pistas sobre grandes civilizações do passado que parecem ter se organizado em moldes "republicanos", sem um monarca absoluto e com participação coletiva de ao menos parte da população nas decisões políticas. É mais ou menos o modelo de funcionamento das cidades-estados da Grécia Antiga ou das repúblicas italianas do Renascimento, como Florença e Veneza - com a diferença importante de que os povos em questão não são europeus, mas nativos das Américas e, talvez, do subcontinente indiano. Até pouco tempo atrás, a maioria dos arqueólogos e historiadores apostaria que, nessas regiões do planeta, todas as grandes civilizações teriam surgido a partir do domínio de monarcas absolutos, com status quase divino. Por enquanto, o exemplo mais claro em favor da hipótese das "repúblicas pré-colombianas" é a cidade-estado de Tlaxcallan, na região central do México. Fundada em 1250 d.C., ela estava em seu auge quando os espanhóis invadiram a região em 1519. A equipe coordenada por Richard Blanton e Lane Fargher, da Universidade Purdue (EUA), tem combinado os relatos da época da conquista espanhola com os dados das escavações para propor que Tlaxcallan era governada por uma espécie de conselho de notáveis ou "Senado", com até 200 membros, para o qual podiam ser recrutados plebeus e pessoas oriundas de grupos étnicos minoritários, desde que se mostrassem bons guerreiros e administradores. Essa "meritocracia", além disso, não era hereditária - ninguém podia deixar o assento no "Senado" para seu filho -, e não havia reis nem palácios governamentais. No território da cidade-estado, os camponeses quase sempre eram donos de sua própria terra, e os impostos que pagavam (em espécie, já que não havia sistema monetário formal) eram revertidos em obras públicas como estradas, terraços residenciais e espaços cerimoniais de porte modesto, as "plazas" (áreas planas e abertas para eventos públicos) e os pequenos templos. As pistas arqueológicas sobre essa organização política vêm da uniformidade das construções em Tlaxcallan: os diferentes bairros da cidade têm basicamente o mesmo aspecto, sem mansões ou megatemplos, e o local de encontro do conselho de governantes, na zona rural, também não parece ter abrigado soberanos. No total, até 50 mil pessoas teriam vivido na cidade, o que a coloca em pé de igualdade com as maiores cidades europeias contemporâneas. "A falta de pirâmides e palácios pode ser explicada pelo sistema político por duas razões. Em primeiro lugar, a arquitetura pública pode ser vista como a manifestação material da organização política. Em segundo lugar, sabemos que Tlaxcallan não sofria com a falta de recursos - pelo contrário, era riquíssima", disse Fargher à Folha. Isso significa que essa sociedade "republicana" preferia investir seus recursos em obras com impacto mais coletivo, como estradas e locais para assembleias, em vez de gastar tudo com moradias faraônicas para um único manda-chuva. Talvez não por acaso, o grande rival de Tlaxcallan era o Império Asteca (ou "Tríplice Aliança", como diziam os nativos da região), governado a partir da monumental Tenochtitlan (atual Cidade do México) por reis como Montezuma. Em Tenochtitlan, tudo girava em torno dos palácios, do mercado e dos grandes templos construídos no coração da cidade. Fargher e outros pesquisadores estão tentando usar as características arquitetônicas de Tlaxcallan como pistas para identificar organização política semelhante em outras cidades mais antigas. Duas candidatas são Monte Albán, capital dos antigos zapotecas, que floresceu entre 500 a.C. e 800 d.C., e Tres Zapotes, entre os anos 400 a.C. e 300 d.C. Ambas ficam no México e também parecem ter organização menos hierárquica - sem palácios ou arte celebrando monarcas individualizados, e com a urbanização padronizada, de ares igualitários. Essas mesmas características têm sido identificadas por alguns pesquisadores em cidades do vale do rio Indo (Paquistão e Índia), como Mohenjo-daro, onde milhares de pessoas tinham acesso a um dos mais antigos sistemas de esgoto há cerca de 4.000 anos. "Acreditamos que a organização peculiar de Tlaxcallan surgiu como resposta às ameaças imperiais da confederação asteca", diz Fargher. Os exércitos do império criaram um grande movimento de refugiados na vizinhança, e parte desses povos teria se unido aos habitantes originais da cidade-estado para resistir aos ataques. Em troca do reforço militar, a elite de Tlaxcallan teria permitido o acesso dos melhores guerreiros entre esses refugiados ao sistema político. O debate sobre a natureza exata das "repúblicas" pré-colombianas deve continuar por um tempo considerável. Em comentário no site da revista "Science", que publicou extensa reportagem sobre o tema, o etnohistoriador Leon Garcia Garagarza, da Universidade da Califórnia em Merced, disse que o sistema político de Tlaxcallan era altamente hierárquico e "verticalizado", ainda que menos do que o do Império Asteca.
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Escavações arqueológicas acham pistas de democracia na antiga AméricaDécadas de escavações arqueológicas no México, na Guatemala e até no Paquistão estão trazendo pistas sobre grandes civilizações do passado que parecem ter se organizado em moldes "republicanos", sem um monarca absoluto e com participação coletiva de ao menos parte da população nas decisões políticas. É mais ou menos o modelo de funcionamento das cidades-estados da Grécia Antiga ou das repúblicas italianas do Renascimento, como Florença e Veneza - com a diferença importante de que os povos em questão não são europeus, mas nativos das Américas e, talvez, do subcontinente indiano. Até pouco tempo atrás, a maioria dos arqueólogos e historiadores apostaria que, nessas regiões do planeta, todas as grandes civilizações teriam surgido a partir do domínio de monarcas absolutos, com status quase divino. Por enquanto, o exemplo mais claro em favor da hipótese das "repúblicas pré-colombianas" é a cidade-estado de Tlaxcallan, na região central do México. Fundada em 1250 d.C., ela estava em seu auge quando os espanhóis invadiram a região em 1519. A equipe coordenada por Richard Blanton e Lane Fargher, da Universidade Purdue (EUA), tem combinado os relatos da época da conquista espanhola com os dados das escavações para propor que Tlaxcallan era governada por uma espécie de conselho de notáveis ou "Senado", com até 200 membros, para o qual podiam ser recrutados plebeus e pessoas oriundas de grupos étnicos minoritários, desde que se mostrassem bons guerreiros e administradores. Essa "meritocracia", além disso, não era hereditária - ninguém podia deixar o assento no "Senado" para seu filho -, e não havia reis nem palácios governamentais. No território da cidade-estado, os camponeses quase sempre eram donos de sua própria terra, e os impostos que pagavam (em espécie, já que não havia sistema monetário formal) eram revertidos em obras públicas como estradas, terraços residenciais e espaços cerimoniais de porte modesto, as "plazas" (áreas planas e abertas para eventos públicos) e os pequenos templos. As pistas arqueológicas sobre essa organização política vêm da uniformidade das construções em Tlaxcallan: os diferentes bairros da cidade têm basicamente o mesmo aspecto, sem mansões ou megatemplos, e o local de encontro do conselho de governantes, na zona rural, também não parece ter abrigado soberanos. No total, até 50 mil pessoas teriam vivido na cidade, o que a coloca em pé de igualdade com as maiores cidades europeias contemporâneas. "A falta de pirâmides e palácios pode ser explicada pelo sistema político por duas razões. Em primeiro lugar, a arquitetura pública pode ser vista como a manifestação material da organização política. Em segundo lugar, sabemos que Tlaxcallan não sofria com a falta de recursos - pelo contrário, era riquíssima", disse Fargher à Folha. Isso significa que essa sociedade "republicana" preferia investir seus recursos em obras com impacto mais coletivo, como estradas e locais para assembleias, em vez de gastar tudo com moradias faraônicas para um único manda-chuva. Talvez não por acaso, o grande rival de Tlaxcallan era o Império Asteca (ou "Tríplice Aliança", como diziam os nativos da região), governado a partir da monumental Tenochtitlan (atual Cidade do México) por reis como Montezuma. Em Tenochtitlan, tudo girava em torno dos palácios, do mercado e dos grandes templos construídos no coração da cidade. Fargher e outros pesquisadores estão tentando usar as características arquitetônicas de Tlaxcallan como pistas para identificar organização política semelhante em outras cidades mais antigas. Duas candidatas são Monte Albán, capital dos antigos zapotecas, que floresceu entre 500 a.C. e 800 d.C., e Tres Zapotes, entre os anos 400 a.C. e 300 d.C. Ambas ficam no México e também parecem ter organização menos hierárquica - sem palácios ou arte celebrando monarcas individualizados, e com a urbanização padronizada, de ares igualitários. Essas mesmas características têm sido identificadas por alguns pesquisadores em cidades do vale do rio Indo (Paquistão e Índia), como Mohenjo-daro, onde milhares de pessoas tinham acesso a um dos mais antigos sistemas de esgoto há cerca de 4.000 anos. "Acreditamos que a organização peculiar de Tlaxcallan surgiu como resposta às ameaças imperiais da confederação asteca", diz Fargher. Os exércitos do império criaram um grande movimento de refugiados na vizinhança, e parte desses povos teria se unido aos habitantes originais da cidade-estado para resistir aos ataques. Em troca do reforço militar, a elite de Tlaxcallan teria permitido o acesso dos melhores guerreiros entre esses refugiados ao sistema político. O debate sobre a natureza exata das "repúblicas" pré-colombianas deve continuar por um tempo considerável. Em comentário no site da revista "Science", que publicou extensa reportagem sobre o tema, o etnohistoriador Leon Garcia Garagarza, da Universidade da Califórnia em Merced, disse que o sistema político de Tlaxcallan era altamente hierárquico e "verticalizado", ainda que menos do que o do Império Asteca.
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Veja cabideiro que imita controle de PS3 e outras bugigangas tecnológicas
Toda terça-feira, "Tec" divulga os mais legais itens do mundo da tecnologia que estão à venda, tanto no Brasil quanto lá fora. Confira, na galeria de imagens abaixo, a coletânea das melhores compras tecnológicas desta semana
tec
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Três livros repassam a trajetória do cinema brasileiro
O cinema brasileiro nasceu subnutrido: num país em que a eletricidade no começo do século 20 era parca até na capital federal, ele só estourou quando ela se estabilizou. Depois, ele cambaleou um tanto, deglutiu o invasor estrangeiro feito um índio antropofágico, entrou em coma, foi ressuscitado e ainda padece da desconfiança conterrânea. Três livros recém-lançados esbarram nesse percurso tumultuado: "Uma Situação Colonial?" de Paulo Emílio Sales Gomes, "A Odisseia do Cinema Brasileiro", de Laurent Desbois, e "Cinema de Invenção", de Jairo Ferreira. A organização dos textos de Paulo Emílio, morto em 1977, ficou a cargo de seu ex-aluno, o professor de cinema da USP Carlos Augusto Calil, que assina o posfácio de "Uma Situação Colonial?". Fundador da Cinemateca e o maior pensador do cinema no país, Paulo Emílio reflete sobre aspectos da produção brasileira em tópicos: entraves da produção, necessidade de criar um acervo para preservação do audiovisual e a emergência do cinema novo -movimento com o qual acabou tendo embates. "Paulo Emílio foi mal lido porque é sutil, complexo", diz Calil. "Esse livro é um roteiro de leitura que ajuda a acompanhar o seu pensamento." Estão no livro, por exemplo, o ensaio que talvez seja o mais conhecido do teórico paulistano, "Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento", publicado em 1973, que reflete sobre as peculiaridades da produção brasileira e sua "incompetência criativa em copiar" (leia abaixo). "[O livro] Não é uma lição sobre cinema, é sobre Brasil", diz Calil. "Nele, Paulo Emílio está pensando em problemas brasileiros e que o cinema não foi capaz de resolver." Publicado originalmente na França, "A Odisseia do Cinema Brasileiro" faz uma reflexão enciclopédica e cronológica desse percurso, sob o ponto de vista estrangeiro e algo condescendente do pesquisador Laurent Desbois. Ex-colaborador dos "Cahiers du Cinéma", o francês radicado no Rio reconstitui uma trajetória que vai da Atlântida, companhia cinematográfica responsável pelas chanchadas dos anos 1940 e 1950, até os primeiros louros internacionais colhidos pelo cinema da retomada, entre os anos 1990 e 2000. Desbois, que nas páginas não esconde deslumbre com as obras brasileiras, aventa algumas hipóteses para a relativa pouca fama de que o cinema nacional goza lá fora. "Pode ser um complexo de inferioridade", diz. "Não têm ousadia de inventar: imitam os americanos e os europeus e acabam não se impondo." O que há de visão outsider em Desbois encontra o seu duplo insider em Jairo Ferreira. Jornalista e ex-colaborador da Folha, Ferreira, morto em 2003, foi diretor e roteirista no contexto que ele retrata no livro: o cinema marginal, que floresceu à sombra da ditadura como resposta radical ao cinema novo, cada vez mais alienado do público. Publicado pela primeira vez em 1986, "Cinema de Invenção" é um inventário pessoal de diretores como Rogério Sganzerla, Ozualdo Candeias e José Mojica Marins. "O movimento era tudo menos organizado", diz o diretor Paulo Sacramento, que organizou a reedição e acrescentou anexos informativos. "Jairo foi quem teve a sacada de organizar aquilo tudo, mas de forma nada acadêmica." * LEIA TRECHOS Geograficamente a Boca do Lixo se situa no bairro de Santa Efigênia e foi assim batizada pela crônica policial devido ao tradicional bate-bolsa ao longo de umas vinte quadras entre as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias. As prostitutas devem ter chegado primeiro, mas os distribuidores de filmes estrangeiros aí se estabeleceram desde o começo do século por causa da proximidade com a ex-rodoviária e entroncamento ferroviário Estação da Luz/Sorocabana, espalhando latas de filmes e doenças venéreas pelo interior do Estado e outras capitais. No meu "Balanço de 1967", incluí "A Margem" entre os melhores do ano, claro, mas sem dar maior ênfase ao surgimento da onda experimental que teria impulso decisivo com "O Bandido da Luz Vermelha", JAIRO FERREIRA, no livro "Cinema de Invenção" Não somos europeus nem americanos do Norte, mas, destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro, pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre o não ser e o ser outro. O filme brasileiro participa do mecanismo e o altera através de nossa incompetência criativa em copiar. O fenômeno cinematográfico no Brasil testemunha e delineia muita vicissitude nacional. A invenção nascida nos países desenvolvidos chega cedo até nós. O intervalo é pequeno entre o aparecimento do cinema na Europa e na América do Norte e a exibição ou mesmo a produção de filmes entre nós nos fins do século 19., PAULO EMÍLIO SALES GOMES, no livro "Uma Situação Colonial?" O renascimento internacional do cinema brasileiro acontece em fevereiro de 1998, na Alemanha, quando o terceiro filme de Walter Salles ["Central do Brasil"] e sua protagonista, Fernanda Montenegro, vencem o Urso de Ouro (melhor filme) e o Urso de Prata (melhor interpretação feminina). O acontecimento, seguido doze meses depois por uma dupla indicação ao Oscar, revigora a Retomada, dinamizando prodigiosamente o cinema nacional, até que "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles e Kátia Lund, produzido por Walter Salles, repita a performance após cinco anos e lhe dê um novo impulso., LAURENT DESBOIS, no livro "A Odisseia do Cinema Brasileiro" UMA SITUAÇÃO COLONIAL? AUTOR Paulo Emílio Sales Gome EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 79,90 (544 págs.) A ODISSEIA DO CINEMA BRASILEIRO AUTOR Laurent Desbois EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 89,90 (592 págs.) CINEMA DE INVENÇÃO AUTOR Jairo Ferreira EDITORA Azougue QUANTO R$ 40,60 (332 págs.)
ilustrada
Três livros repassam a trajetória do cinema brasileiroO cinema brasileiro nasceu subnutrido: num país em que a eletricidade no começo do século 20 era parca até na capital federal, ele só estourou quando ela se estabilizou. Depois, ele cambaleou um tanto, deglutiu o invasor estrangeiro feito um índio antropofágico, entrou em coma, foi ressuscitado e ainda padece da desconfiança conterrânea. Três livros recém-lançados esbarram nesse percurso tumultuado: "Uma Situação Colonial?" de Paulo Emílio Sales Gomes, "A Odisseia do Cinema Brasileiro", de Laurent Desbois, e "Cinema de Invenção", de Jairo Ferreira. A organização dos textos de Paulo Emílio, morto em 1977, ficou a cargo de seu ex-aluno, o professor de cinema da USP Carlos Augusto Calil, que assina o posfácio de "Uma Situação Colonial?". Fundador da Cinemateca e o maior pensador do cinema no país, Paulo Emílio reflete sobre aspectos da produção brasileira em tópicos: entraves da produção, necessidade de criar um acervo para preservação do audiovisual e a emergência do cinema novo -movimento com o qual acabou tendo embates. "Paulo Emílio foi mal lido porque é sutil, complexo", diz Calil. "Esse livro é um roteiro de leitura que ajuda a acompanhar o seu pensamento." Estão no livro, por exemplo, o ensaio que talvez seja o mais conhecido do teórico paulistano, "Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento", publicado em 1973, que reflete sobre as peculiaridades da produção brasileira e sua "incompetência criativa em copiar" (leia abaixo). "[O livro] Não é uma lição sobre cinema, é sobre Brasil", diz Calil. "Nele, Paulo Emílio está pensando em problemas brasileiros e que o cinema não foi capaz de resolver." Publicado originalmente na França, "A Odisseia do Cinema Brasileiro" faz uma reflexão enciclopédica e cronológica desse percurso, sob o ponto de vista estrangeiro e algo condescendente do pesquisador Laurent Desbois. Ex-colaborador dos "Cahiers du Cinéma", o francês radicado no Rio reconstitui uma trajetória que vai da Atlântida, companhia cinematográfica responsável pelas chanchadas dos anos 1940 e 1950, até os primeiros louros internacionais colhidos pelo cinema da retomada, entre os anos 1990 e 2000. Desbois, que nas páginas não esconde deslumbre com as obras brasileiras, aventa algumas hipóteses para a relativa pouca fama de que o cinema nacional goza lá fora. "Pode ser um complexo de inferioridade", diz. "Não têm ousadia de inventar: imitam os americanos e os europeus e acabam não se impondo." O que há de visão outsider em Desbois encontra o seu duplo insider em Jairo Ferreira. Jornalista e ex-colaborador da Folha, Ferreira, morto em 2003, foi diretor e roteirista no contexto que ele retrata no livro: o cinema marginal, que floresceu à sombra da ditadura como resposta radical ao cinema novo, cada vez mais alienado do público. Publicado pela primeira vez em 1986, "Cinema de Invenção" é um inventário pessoal de diretores como Rogério Sganzerla, Ozualdo Candeias e José Mojica Marins. "O movimento era tudo menos organizado", diz o diretor Paulo Sacramento, que organizou a reedição e acrescentou anexos informativos. "Jairo foi quem teve a sacada de organizar aquilo tudo, mas de forma nada acadêmica." * LEIA TRECHOS Geograficamente a Boca do Lixo se situa no bairro de Santa Efigênia e foi assim batizada pela crônica policial devido ao tradicional bate-bolsa ao longo de umas vinte quadras entre as avenidas Rio Branco e Duque de Caxias. As prostitutas devem ter chegado primeiro, mas os distribuidores de filmes estrangeiros aí se estabeleceram desde o começo do século por causa da proximidade com a ex-rodoviária e entroncamento ferroviário Estação da Luz/Sorocabana, espalhando latas de filmes e doenças venéreas pelo interior do Estado e outras capitais. No meu "Balanço de 1967", incluí "A Margem" entre os melhores do ano, claro, mas sem dar maior ênfase ao surgimento da onda experimental que teria impulso decisivo com "O Bandido da Luz Vermelha", JAIRO FERREIRA, no livro "Cinema de Invenção" Não somos europeus nem americanos do Norte, mas, destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro, pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre o não ser e o ser outro. O filme brasileiro participa do mecanismo e o altera através de nossa incompetência criativa em copiar. O fenômeno cinematográfico no Brasil testemunha e delineia muita vicissitude nacional. A invenção nascida nos países desenvolvidos chega cedo até nós. O intervalo é pequeno entre o aparecimento do cinema na Europa e na América do Norte e a exibição ou mesmo a produção de filmes entre nós nos fins do século 19., PAULO EMÍLIO SALES GOMES, no livro "Uma Situação Colonial?" O renascimento internacional do cinema brasileiro acontece em fevereiro de 1998, na Alemanha, quando o terceiro filme de Walter Salles ["Central do Brasil"] e sua protagonista, Fernanda Montenegro, vencem o Urso de Ouro (melhor filme) e o Urso de Prata (melhor interpretação feminina). O acontecimento, seguido doze meses depois por uma dupla indicação ao Oscar, revigora a Retomada, dinamizando prodigiosamente o cinema nacional, até que "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles e Kátia Lund, produzido por Walter Salles, repita a performance após cinco anos e lhe dê um novo impulso., LAURENT DESBOIS, no livro "A Odisseia do Cinema Brasileiro" UMA SITUAÇÃO COLONIAL? AUTOR Paulo Emílio Sales Gome EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 79,90 (544 págs.) A ODISSEIA DO CINEMA BRASILEIRO AUTOR Laurent Desbois EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 89,90 (592 págs.) CINEMA DE INVENÇÃO AUTOR Jairo Ferreira EDITORA Azougue QUANTO R$ 40,60 (332 págs.)
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É preciso discutir quanto custa prolongar a sobrevida, diz Paulo Hoff
Para o oncologista Paulo Hoff, os novos medicamentos imunoterápicos, que revolucionaram o tratamento do câncer nos últimos anos, são um fator importante na derrocada final da doença, mas não a solução. Hoff, que é diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp) e do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, afirma que nem todos os tipos de tumores respondem ao tratamento, que estimula a resposta imune contra as células do câncer. O custo da medicação, entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, é outro entrave importante. Em entrevista à Folha, ele afirma que é preciso discutir como oferecer esses medicamentos aos pacientes do SUS. "Uma vida não tem preço, mas tem um custo. Não cabe ao médico individualmente tomar a decisão de quanto vale a pena pagar para que o indivíduo viva 'x' meses a mais, mas cabe à sociedade." * Folha - Qual o papel da imunoterapia no tratamento de câncer e como lidar com o seu alto custo? Paulo Hoff - O sistema imunológico é feito para atacar o que não conhece, mas o câncer herda a capacidade de não ser reconhecido e sobreviver. A imunoterapia suprime o mecanismo que o câncer usa para afastar o ataque, com efeitos colaterais menos frequentes, embora eles possam ser graves. É um fator importante na derrocada final [da doença], mas está longe de ser um tratamento perfeito e a solução final. Apenas uma fração dos pacientes responde a esses medicamentos. Os tumores com mais alterações moleculares têm mais chance. O mais clássico são os tumores por uso do cigarro. Funciona bem para fumantes e não tão bem para não fumantes. Melanomas têm alta taxa de resposta. Câncer de rim também. Mas a precificação dos imunoterápicos foi feita de forma muito problemática, a meu ver. O preço de uma droga tem de cobrir o seu desenvolvimento e o de medicamentos pesquisados que não deram certo, além de gerar um valor para o acionista que investiu na empresa farmacêutica. Isso é caro, mas a precificação não segue mais esta lógica. A lógica é quanto o mercado tolera de preço e não quanto vale efetivamente o produto. Hoje é tudo importado? Sim, mas nem os EUA conseguem bancar o custo dessas medicações para todos os pacientes que precisam. A solução não é fácil. Se você é uma empresa com um bom produto, você quer ganhar com ele, gerar lucro para os acionistas, o que é legítimo. O problema é que está sendo demais. Há poucas farmacêuticas com essas medicações? Minha esperança é que esse número tem crescido. No Brasil já temos três desses anticorpos aprovados e outros estão a caminho. A competição do mercado pode ter um efeito positivo. Existe um drama da precificação nos anticorpos, que já têm um custo elevado, e que estão sendo repassados mais altos ainda, e existe um problema também com as drogas moleculares, que são baratas, mas também estão sendo vendidas a um custo elevado. A primeira maneira de reduzir o custo é a competição. A segunda é a definição de quem são os indivíduos que vão se beneficiar. Temos hoje no Brasil e no mundo a ideia de que tudo é para todos, e utopicamente esse é um conceito interessante, mas, na realidade, talvez devêssemos trabalhar com um conceito diferente: quem precisa, o que funciona. Está muito claro que as terapias atuais têm limitações, não funcionam para todos. Se o custo se mantém, mas a população que recebe é reduzida, limitando-se aos que têm mais chance de ter benefício, o custo cai. Quanto custa o tratamento e qual é a demanda? São tratamentos que vão de R$ 30 mil a R$ 50 mil por mês. A sociedade paga alguns, mas 20 mil pacientes... A demanda cresce dia a dia, e nem todo paciente de câncer responderá àquela medicação, mas as indicações vão aumentando. A indústria farmacêutica tem de repensar o modelo de precificação. Ela tem um período limitado para ter seu lucro, que é o período da patente. É justo, é assim que se consegue o investimento. Hoje nenhuma instituição de fomento e nenhum governo no mundo consegue investir o que a indústria farmacêutica investe. Simplesmente não teríamos os remédios. O Estado tem de dar a medicação quando realmente houver o benefício, porque essa é uma maneira de reduzir o custo. São mais de 100 mil [que precisam] por ano. Este drama não é só nosso, é do mundo todo. É insustentável. Como vê a judicialização? A judicialização dificulta o planejamento porque há mais de uma via de acesso. A decisão é tomada por alguém que tem pouco conhecimento médico. Há situações em que a judicialização é válida, porque sem ela o sujeito ficaria desassistido, mas às vezes cria-se uma obrigatoriedade de o governo pagar por algo que não faz sentido. Existe um esforço de criar câmaras técnicas que ajudem os juízes na decisão. É o exemplo da fosfoetanolamina. Os juízes começaram a dar liminares forçando governos a ceder a substância como se ela fosse a salvação. O primeiro estudo mostra que ela não é a panaceia que se imaginava. E o medicamento está sendo distribuído como se fosse curar todo mundo que encosta nele. A distribuição farta pelo Judiciário não seguiu nenhuma lógica científica. A imunoterapia é algo promissor, mas ela tem limitações. Não é a solução e tem um custo que, infelizmente, tem de ser repensado. O conceito de quanto vale prolongar a sobrevida é algo que precisa ser discutido. Uma vida não tem preço, mas tem um custo. Não cabe ao médico individualmente tomar a decisão de quanto vale a pena pagar para que um indivíduo viva "x" meses a mais, mas à sociedade. Que instituições hoje têm acesso à imunoterapia? Todas as instituições privadas no Brasil têm acesso à imunoterapia. As públicas, só com protocolo de estudo clínico ou por judicialização, que dificulta mais a solução do problema. O que for utilizado para cobrir imunoterapia de um paciente será removido do tratamento de outro. A sociedade tem de demandar que o governo discuta em que condições incorporaria [os medicamentos]. E ninguém melhor que os governos para negociar com as empresas um preço melhor, porque têm um volume muito grande. Não sou contra a judicialização, até porque ela força o governo a olhar com mais carinho para o que deve ser incorporado no SUS, mas a judicialização indiscriminada afeta o planejamento. E tudo para todo o mundo é extremamente caro. Os Estados Unidos estão investindo 20% do PIB na saúde, mas não conseguiram universalizar o atendimento, mesmo gastando essa fortuna gigantesca. Uma coisa é dizer que o SUS não tem condição de oferecer imunoterapia para câncer de pulmão, em que o benefício é menor, mas, no caso do melanoma, em que o benefício é muito grande, há de se fazer uma discussão para ver como incorporar ao menos para parte desses pacientes. Os tratamentos são muito novos, mas há uma população com melanoma que responde em 80% dos casos –em pouco mais de 10% o tumor some. Teremos de ver se isso se sustentará. No câncer de pulmão, o tratamento faz com que os pacientes vivam mais, mas não temos um grande número de casos com cura. E isso nos deixa em situação delicada: a notícia é dada com tanta ênfase que não corresponde à realidade e, em outros casos, talvez falte mais ênfase. Tem situações em que a imunoterapia só prolonga a sobrevida por um curto tempo, e esse custo é difícil de justificar, mas a situação que pode levar à resposta completa e possivelmente à cura tem de ser mais discutida. Como é trabalhar ao mesmo tempo no Sírio e no Icesp? É difícil por serem duas realidades muito diferentes. Em 2007, o Icesp tinha 8 consultórios e 12 vagas de quimioterapia. Conseguimos aumentar muito o volume e atender uma população que antes não sei como era atendida. Hoje temos 130 consultórios e 500 leitos. Acho que aproximamos o tratamento feito no SUS e no sistema privado. Essa aproximação, porém, diminuiu um pouco com a incorporação das drogas de alto custo, mas vamos continuar brigando. Temos defeitos, o PS tem filas, e temos nos esforçado para melhorar. Não é fácil, mas é bom ter as duas perspectivas, porque faz com que busquemos ter no sistema público o que temos no privado.
equilibrioesaude
É preciso discutir quanto custa prolongar a sobrevida, diz Paulo HoffPara o oncologista Paulo Hoff, os novos medicamentos imunoterápicos, que revolucionaram o tratamento do câncer nos últimos anos, são um fator importante na derrocada final da doença, mas não a solução. Hoff, que é diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp) e do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, afirma que nem todos os tipos de tumores respondem ao tratamento, que estimula a resposta imune contra as células do câncer. O custo da medicação, entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, é outro entrave importante. Em entrevista à Folha, ele afirma que é preciso discutir como oferecer esses medicamentos aos pacientes do SUS. "Uma vida não tem preço, mas tem um custo. Não cabe ao médico individualmente tomar a decisão de quanto vale a pena pagar para que o indivíduo viva 'x' meses a mais, mas cabe à sociedade." * Folha - Qual o papel da imunoterapia no tratamento de câncer e como lidar com o seu alto custo? Paulo Hoff - O sistema imunológico é feito para atacar o que não conhece, mas o câncer herda a capacidade de não ser reconhecido e sobreviver. A imunoterapia suprime o mecanismo que o câncer usa para afastar o ataque, com efeitos colaterais menos frequentes, embora eles possam ser graves. É um fator importante na derrocada final [da doença], mas está longe de ser um tratamento perfeito e a solução final. Apenas uma fração dos pacientes responde a esses medicamentos. Os tumores com mais alterações moleculares têm mais chance. O mais clássico são os tumores por uso do cigarro. Funciona bem para fumantes e não tão bem para não fumantes. Melanomas têm alta taxa de resposta. Câncer de rim também. Mas a precificação dos imunoterápicos foi feita de forma muito problemática, a meu ver. O preço de uma droga tem de cobrir o seu desenvolvimento e o de medicamentos pesquisados que não deram certo, além de gerar um valor para o acionista que investiu na empresa farmacêutica. Isso é caro, mas a precificação não segue mais esta lógica. A lógica é quanto o mercado tolera de preço e não quanto vale efetivamente o produto. Hoje é tudo importado? Sim, mas nem os EUA conseguem bancar o custo dessas medicações para todos os pacientes que precisam. A solução não é fácil. Se você é uma empresa com um bom produto, você quer ganhar com ele, gerar lucro para os acionistas, o que é legítimo. O problema é que está sendo demais. Há poucas farmacêuticas com essas medicações? Minha esperança é que esse número tem crescido. No Brasil já temos três desses anticorpos aprovados e outros estão a caminho. A competição do mercado pode ter um efeito positivo. Existe um drama da precificação nos anticorpos, que já têm um custo elevado, e que estão sendo repassados mais altos ainda, e existe um problema também com as drogas moleculares, que são baratas, mas também estão sendo vendidas a um custo elevado. A primeira maneira de reduzir o custo é a competição. A segunda é a definição de quem são os indivíduos que vão se beneficiar. Temos hoje no Brasil e no mundo a ideia de que tudo é para todos, e utopicamente esse é um conceito interessante, mas, na realidade, talvez devêssemos trabalhar com um conceito diferente: quem precisa, o que funciona. Está muito claro que as terapias atuais têm limitações, não funcionam para todos. Se o custo se mantém, mas a população que recebe é reduzida, limitando-se aos que têm mais chance de ter benefício, o custo cai. Quanto custa o tratamento e qual é a demanda? São tratamentos que vão de R$ 30 mil a R$ 50 mil por mês. A sociedade paga alguns, mas 20 mil pacientes... A demanda cresce dia a dia, e nem todo paciente de câncer responderá àquela medicação, mas as indicações vão aumentando. A indústria farmacêutica tem de repensar o modelo de precificação. Ela tem um período limitado para ter seu lucro, que é o período da patente. É justo, é assim que se consegue o investimento. Hoje nenhuma instituição de fomento e nenhum governo no mundo consegue investir o que a indústria farmacêutica investe. Simplesmente não teríamos os remédios. O Estado tem de dar a medicação quando realmente houver o benefício, porque essa é uma maneira de reduzir o custo. São mais de 100 mil [que precisam] por ano. Este drama não é só nosso, é do mundo todo. É insustentável. Como vê a judicialização? A judicialização dificulta o planejamento porque há mais de uma via de acesso. A decisão é tomada por alguém que tem pouco conhecimento médico. Há situações em que a judicialização é válida, porque sem ela o sujeito ficaria desassistido, mas às vezes cria-se uma obrigatoriedade de o governo pagar por algo que não faz sentido. Existe um esforço de criar câmaras técnicas que ajudem os juízes na decisão. É o exemplo da fosfoetanolamina. Os juízes começaram a dar liminares forçando governos a ceder a substância como se ela fosse a salvação. O primeiro estudo mostra que ela não é a panaceia que se imaginava. E o medicamento está sendo distribuído como se fosse curar todo mundo que encosta nele. A distribuição farta pelo Judiciário não seguiu nenhuma lógica científica. A imunoterapia é algo promissor, mas ela tem limitações. Não é a solução e tem um custo que, infelizmente, tem de ser repensado. O conceito de quanto vale prolongar a sobrevida é algo que precisa ser discutido. Uma vida não tem preço, mas tem um custo. Não cabe ao médico individualmente tomar a decisão de quanto vale a pena pagar para que um indivíduo viva "x" meses a mais, mas à sociedade. Que instituições hoje têm acesso à imunoterapia? Todas as instituições privadas no Brasil têm acesso à imunoterapia. As públicas, só com protocolo de estudo clínico ou por judicialização, que dificulta mais a solução do problema. O que for utilizado para cobrir imunoterapia de um paciente será removido do tratamento de outro. A sociedade tem de demandar que o governo discuta em que condições incorporaria [os medicamentos]. E ninguém melhor que os governos para negociar com as empresas um preço melhor, porque têm um volume muito grande. Não sou contra a judicialização, até porque ela força o governo a olhar com mais carinho para o que deve ser incorporado no SUS, mas a judicialização indiscriminada afeta o planejamento. E tudo para todo o mundo é extremamente caro. Os Estados Unidos estão investindo 20% do PIB na saúde, mas não conseguiram universalizar o atendimento, mesmo gastando essa fortuna gigantesca. Uma coisa é dizer que o SUS não tem condição de oferecer imunoterapia para câncer de pulmão, em que o benefício é menor, mas, no caso do melanoma, em que o benefício é muito grande, há de se fazer uma discussão para ver como incorporar ao menos para parte desses pacientes. Os tratamentos são muito novos, mas há uma população com melanoma que responde em 80% dos casos –em pouco mais de 10% o tumor some. Teremos de ver se isso se sustentará. No câncer de pulmão, o tratamento faz com que os pacientes vivam mais, mas não temos um grande número de casos com cura. E isso nos deixa em situação delicada: a notícia é dada com tanta ênfase que não corresponde à realidade e, em outros casos, talvez falte mais ênfase. Tem situações em que a imunoterapia só prolonga a sobrevida por um curto tempo, e esse custo é difícil de justificar, mas a situação que pode levar à resposta completa e possivelmente à cura tem de ser mais discutida. Como é trabalhar ao mesmo tempo no Sírio e no Icesp? É difícil por serem duas realidades muito diferentes. Em 2007, o Icesp tinha 8 consultórios e 12 vagas de quimioterapia. Conseguimos aumentar muito o volume e atender uma população que antes não sei como era atendida. Hoje temos 130 consultórios e 500 leitos. Acho que aproximamos o tratamento feito no SUS e no sistema privado. Essa aproximação, porém, diminuiu um pouco com a incorporação das drogas de alto custo, mas vamos continuar brigando. Temos defeitos, o PS tem filas, e temos nos esforçado para melhorar. Não é fácil, mas é bom ter as duas perspectivas, porque faz com que busquemos ter no sistema público o que temos no privado.
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Arquivo Aberto - O velho, o mar e a memória
Ao entender-me de gente, logo aprendi a admirar José Américo de Almeida, como figura incontornável da mitologia nordestina -como todo paraibano que se preze. Em 1967 fui entrevistá-lo para o jornal em que trabalhava, substituindo o seu repórter principal. Não tinha experiência do batente e ao final, quando pensava em dar por terminada a tarefa, José Américo surpreendeu-me com uma inesperada exigência: que eu lesse para ele a algaravia que lançara no bloco de notas. Tremi nas bases e a custo consegui, nervosíssimo, "traduzir" o manuscrito. Ele então rubricou folha a folha, passando-as de volta para mim. Era sua tácita e cautelosa concordância com o que escrevera. Era seu jeito e seu estilo de ser, e aquilo ficou-me para sempre na memória. Doze anos depois voltei ao seu retiro, ele já um solitário nonagenário ao pé do mar, para tomar-lhe extenso depoimento destinado ao meu longa-metragem "O Homem de Areia", que pretendeu ser o seu perfil no cinema. Interditado o trânsito em frente ao seu casarão no Cabo Branco, guiei-o até a beira da praia para uma caminhada que arquitetara desde o roteiro. Ali, no plano meio inclinado, onde as ondas morrem no areal. Mesmo discreto, o desnível do terreno onde pisava dificultava os seus passos e acentuava o seu coxear, puxando pela perna esquerda, exigindo-lhe certo esforço. Era a marca indelével que trazia no corpo desde o desastre aéreo de 1930, quando assumiu o Ministério de Viação e Obras, no primeiro governo Vargas. Míope e sem saber nadar, quando o avião Savoia-Marchetti se precipitou nas águas do mar da Bahia, o nosso herói foi milagrosamente salvo, fato que atribuía à intervenção de uma força superior, mais do que aos tripulantes de um saveiro que por ali passava, içando-o dos destroços em que se mantinha agarrado. Na véspera das filmagens não consegui conciliar o sono de tão ansioso que estava, pensando em como iria enfrentar uma das mais temidas lendas da política brasileira. Eu havia visto, fazia pouco, uma entrevista que ele concedera a Otto Lara Resende, na televisão, e constatara o respeito reverencial com que o velho profissional de imprensa tratara o autor de "A Bagaceira", o que só fizera aumentar o meu nervosismo. Para me deixar mais preocupado, José Américo me pedira para assistir ao meu filme "O País de São Saruê" que por aqueles dias havia sido liberado e ganhava as páginas dos jornais, depois de uma quarentena de mais de oito anos preso na censura. A essa altura eu ficara sabendo da visita que agentes do Dops haviam feito a Roberto Faria, então dirigente da Embrafilme. Os famigerados queriam obter o roteiro de "O Homem de Areia" e saber sobre o seu financiamento por aquele órgão de governo. Consta que era uma injunção do general Reinaldo de Almeida, filho de José Américo, cogitado para assumir a Presidência da República. No fundo, penso que, se assim foi, o seu gesto expressava tão somente um compreensível zelo filial, temendo que o velho que concordara em ser filmado entrasse numa fria. Mas Roberto saiu-se muito bem. Disse aos "emissários" que dali só sairiam documentos com tal conteúdo mediante autorização do Ministro da Educação e Cultura, a quem era subordinado. De manhã fiz da fraqueza força e acudiu-me pensar em El Cid, o grande cavalheiro: "Treme perna, mas eu te levo lá". E fui! Tranquei a rua, orientei a equipe e passeei o ministro pelas areias do Cabo Branco, sem sofrer interrupção de monta. E, no outro dia, fomos muito cedo tocaiar a chegada de Jorge Amado, Zélia e o artista plástico Calazans Neto, que tinham vindo para uma visita exclusiva a José Américo. Filmamos o importante encontro e entrevistamos o romancista baiano desmanchando-se em elogios ao mestre. Depois que a caravana partiu, foi a vez de José Américo falar em longo depoimento que percorre todo o filme. E aí foi dura a lida! Foi como esculpir em rocha impenetrável; ele não era presa fácil, mas prevenido e astuto. De fato, tinha muito o que narrar o ex-revolucionário de 1930, o ex-governador e fundador da Universidade da Paraíba (e seu primeiro reitor), o ex-senador e membro da Academia Brasileira de Letras, e assim o fez, porque, como ele mesmo disse: "Ninguém se perde na volta". Entretanto as ideias e os argumentos que fervilhavam por trás da ampla calva do cabeção nordestino passavam, frise-se, por uma espécie de imaginária trava exercida, ao que parecia, na região de sua mandíbula sempre tensa. Ele como que ruminava entre dentes cada palavra, no curso de breves silêncios, antes de pronunciá-las com sua prosódia tão característica, eliminando os "ls" (eles) finais, vítimas da chamada apócope. Preliava naturalmente com a memória que não era mais a mesma, num último e desafiador "tour de force", no crepúsculo do próprio mito, aos 92 anos. Dessa jornada de mais de quatro horas de falas e ruminações guardo como fetiche, ou relíquia, um diminuto rolo magnético de som, com uma de suas inquietantes pausas que duram a eternidade de quase um minuto. Assim era José Américo de Almeida, no ocaso da vida, tão rico no trato com as palavras, mas ainda trancado e cauteloso como raposa política do seu tempo. VLADIMIR CARVALHO, 80, é cineasta. Um dos homenageados do festival É Tudo Verdade, lança o livro "Jornal de Cinema" (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo) na quarta (15), na Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073), às 19h.
ilustrissima
Arquivo Aberto - O velho, o mar e a memóriaAo entender-me de gente, logo aprendi a admirar José Américo de Almeida, como figura incontornável da mitologia nordestina -como todo paraibano que se preze. Em 1967 fui entrevistá-lo para o jornal em que trabalhava, substituindo o seu repórter principal. Não tinha experiência do batente e ao final, quando pensava em dar por terminada a tarefa, José Américo surpreendeu-me com uma inesperada exigência: que eu lesse para ele a algaravia que lançara no bloco de notas. Tremi nas bases e a custo consegui, nervosíssimo, "traduzir" o manuscrito. Ele então rubricou folha a folha, passando-as de volta para mim. Era sua tácita e cautelosa concordância com o que escrevera. Era seu jeito e seu estilo de ser, e aquilo ficou-me para sempre na memória. Doze anos depois voltei ao seu retiro, ele já um solitário nonagenário ao pé do mar, para tomar-lhe extenso depoimento destinado ao meu longa-metragem "O Homem de Areia", que pretendeu ser o seu perfil no cinema. Interditado o trânsito em frente ao seu casarão no Cabo Branco, guiei-o até a beira da praia para uma caminhada que arquitetara desde o roteiro. Ali, no plano meio inclinado, onde as ondas morrem no areal. Mesmo discreto, o desnível do terreno onde pisava dificultava os seus passos e acentuava o seu coxear, puxando pela perna esquerda, exigindo-lhe certo esforço. Era a marca indelével que trazia no corpo desde o desastre aéreo de 1930, quando assumiu o Ministério de Viação e Obras, no primeiro governo Vargas. Míope e sem saber nadar, quando o avião Savoia-Marchetti se precipitou nas águas do mar da Bahia, o nosso herói foi milagrosamente salvo, fato que atribuía à intervenção de uma força superior, mais do que aos tripulantes de um saveiro que por ali passava, içando-o dos destroços em que se mantinha agarrado. Na véspera das filmagens não consegui conciliar o sono de tão ansioso que estava, pensando em como iria enfrentar uma das mais temidas lendas da política brasileira. Eu havia visto, fazia pouco, uma entrevista que ele concedera a Otto Lara Resende, na televisão, e constatara o respeito reverencial com que o velho profissional de imprensa tratara o autor de "A Bagaceira", o que só fizera aumentar o meu nervosismo. Para me deixar mais preocupado, José Américo me pedira para assistir ao meu filme "O País de São Saruê" que por aqueles dias havia sido liberado e ganhava as páginas dos jornais, depois de uma quarentena de mais de oito anos preso na censura. A essa altura eu ficara sabendo da visita que agentes do Dops haviam feito a Roberto Faria, então dirigente da Embrafilme. Os famigerados queriam obter o roteiro de "O Homem de Areia" e saber sobre o seu financiamento por aquele órgão de governo. Consta que era uma injunção do general Reinaldo de Almeida, filho de José Américo, cogitado para assumir a Presidência da República. No fundo, penso que, se assim foi, o seu gesto expressava tão somente um compreensível zelo filial, temendo que o velho que concordara em ser filmado entrasse numa fria. Mas Roberto saiu-se muito bem. Disse aos "emissários" que dali só sairiam documentos com tal conteúdo mediante autorização do Ministro da Educação e Cultura, a quem era subordinado. De manhã fiz da fraqueza força e acudiu-me pensar em El Cid, o grande cavalheiro: "Treme perna, mas eu te levo lá". E fui! Tranquei a rua, orientei a equipe e passeei o ministro pelas areias do Cabo Branco, sem sofrer interrupção de monta. E, no outro dia, fomos muito cedo tocaiar a chegada de Jorge Amado, Zélia e o artista plástico Calazans Neto, que tinham vindo para uma visita exclusiva a José Américo. Filmamos o importante encontro e entrevistamos o romancista baiano desmanchando-se em elogios ao mestre. Depois que a caravana partiu, foi a vez de José Américo falar em longo depoimento que percorre todo o filme. E aí foi dura a lida! Foi como esculpir em rocha impenetrável; ele não era presa fácil, mas prevenido e astuto. De fato, tinha muito o que narrar o ex-revolucionário de 1930, o ex-governador e fundador da Universidade da Paraíba (e seu primeiro reitor), o ex-senador e membro da Academia Brasileira de Letras, e assim o fez, porque, como ele mesmo disse: "Ninguém se perde na volta". Entretanto as ideias e os argumentos que fervilhavam por trás da ampla calva do cabeção nordestino passavam, frise-se, por uma espécie de imaginária trava exercida, ao que parecia, na região de sua mandíbula sempre tensa. Ele como que ruminava entre dentes cada palavra, no curso de breves silêncios, antes de pronunciá-las com sua prosódia tão característica, eliminando os "ls" (eles) finais, vítimas da chamada apócope. Preliava naturalmente com a memória que não era mais a mesma, num último e desafiador "tour de force", no crepúsculo do próprio mito, aos 92 anos. Dessa jornada de mais de quatro horas de falas e ruminações guardo como fetiche, ou relíquia, um diminuto rolo magnético de som, com uma de suas inquietantes pausas que duram a eternidade de quase um minuto. Assim era José Américo de Almeida, no ocaso da vida, tão rico no trato com as palavras, mas ainda trancado e cauteloso como raposa política do seu tempo. VLADIMIR CARVALHO, 80, é cineasta. Um dos homenageados do festival É Tudo Verdade, lança o livro "Jornal de Cinema" (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo) na quarta (15), na Livraria Cultura (av. Paulista, 2.073), às 19h.
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Restaurante de SP oferece versão de margarita com melancia e pimenta
Desde sua abertura, há mais de dez anos, o restaurante Obá, que tem uma aura alegre, meio mexicana, meio brasileira, serve uma versão refrescante e leve da margarita, feita com melancia, tequila e Cointreau (R$ 27). Nesta quinta (dia 26), o drinque será servido também na calçada, por um preço especial (R$ 24), no projeto Obá na Calçada, que abre as comemorações do já tradicional festival de Iemanjá da casa. A margarita é servida em uma taça de martíni, exibe uma exuberante cor rósea da fruta, típica no México, e lindamente explorada nas pinturas de Frida Kahlo (1907-1954). "Esse drinque é, de certa forma, inspirado na minha infância", diz Hugo Delgado, dono do Obá. "Na escola, no México, tem carrinhos de vendem fruta e as crianças comem melancia com pimenta." Na receita da casa, portanto, troca-se o limão pela melancia e, "para dar esse toque de infância", a gente faz mistura de sal e pimenta na borda do copo. IEMANJÁ Nesta quinta (dia 26), começa a 12ª edição do festival de Iemanjá no Obá, com cardápio de 15 receitas disponíveis até o dia 5 de fevereiro. São opções que exaltam peixes e frutos do mar, como os cigarretes da Ilma, uma massa crocante recheada de camarão com geleia de abacaxi e pimenta (R$ 34,50, seis unidades). O Obá na Calçada, projeto no qual são servidos quitutes na porta do restaurante, oferecerá bolinhos de feijão-fradinho e cocadas do Tabuleiro do Acarajé. Obá Onde: r. Dr. Melo Alves, 205, Jardins; tel. (11) 3086-4774
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Restaurante de SP oferece versão de margarita com melancia e pimentaDesde sua abertura, há mais de dez anos, o restaurante Obá, que tem uma aura alegre, meio mexicana, meio brasileira, serve uma versão refrescante e leve da margarita, feita com melancia, tequila e Cointreau (R$ 27). Nesta quinta (dia 26), o drinque será servido também na calçada, por um preço especial (R$ 24), no projeto Obá na Calçada, que abre as comemorações do já tradicional festival de Iemanjá da casa. A margarita é servida em uma taça de martíni, exibe uma exuberante cor rósea da fruta, típica no México, e lindamente explorada nas pinturas de Frida Kahlo (1907-1954). "Esse drinque é, de certa forma, inspirado na minha infância", diz Hugo Delgado, dono do Obá. "Na escola, no México, tem carrinhos de vendem fruta e as crianças comem melancia com pimenta." Na receita da casa, portanto, troca-se o limão pela melancia e, "para dar esse toque de infância", a gente faz mistura de sal e pimenta na borda do copo. IEMANJÁ Nesta quinta (dia 26), começa a 12ª edição do festival de Iemanjá no Obá, com cardápio de 15 receitas disponíveis até o dia 5 de fevereiro. São opções que exaltam peixes e frutos do mar, como os cigarretes da Ilma, uma massa crocante recheada de camarão com geleia de abacaxi e pimenta (R$ 34,50, seis unidades). O Obá na Calçada, projeto no qual são servidos quitutes na porta do restaurante, oferecerá bolinhos de feijão-fradinho e cocadas do Tabuleiro do Acarajé. Obá Onde: r. Dr. Melo Alves, 205, Jardins; tel. (11) 3086-4774
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O valor das empresas no Brasil
Hoje o maior sonho de boa parte dos empresários brasileiros é vender sua empresa. Com o negócio, vão-se as dores de cabeça: sucessivos litígios trabalhistas, licenças que levam anos para sair em definitivo, crédito escasso, juros altos, tributos sobre tributos e tantos outros inconvenientes que prejudicam o dia a dia do empreendedor no país. O diagnóstico é aterrorizante, mas é a realidade que vivemos. Precisamos urgentemente resgatar o valor que as empresas têm para o país. Elas são o maior vetor para o crescimento de investimento, emprego e capacitação profissional, pesquisa e inovação. Não estão incluídas aqui companhias que não têm em seu DNA a busca incessante por excelência em gestão, rigorosos padrões éticos e de compliance. Uma empresa deve ter o foco em inovação e no desenvolvimento de produtos. Precisa encantar seus clientes -e não desperdiçar suas energias em vencer a burocracia, enfrentar a insegurança jurídica e honrar as sufocantes e desproporcionais despesas financeiras, como acontece hoje no Brasil. No final do ano passado, o governo federal lançou um minipacote de reformas para reaquecer a economia, centrado no crescimento, na produtividade e na desburocratização. A iniciativa é salutar. Agora em março se encerram os primeiros prazos para a implantação do programa. O cenário ainda é preocupante. O ano passado terminou com um expressivo aumento no número de pedidos de recuperação judicial - incríveis 44,8% em relação a 2015. Há que se somar a isso o elevado endividamento das empresas, a dificuldade de acesso ao crédito e a baixa perspectiva de crescimento econômico para este ano. A atividade industrial é fundamental para o país voltar a crescer. Um ambiente de negócios mais favorável proporciona a retomada da indústria e abre oportunidades de desenvolvimento de atividades empreendedoras de alto valor agregado. Todos os setores são importantes, mas com as dificuldades apresentadas tem perdido espaço a indústria de transformação, que é justamente a área com maior capacidade de alavancar a economia. A indústria de transformação é também a que mais inova, com maior capacidade de desenvolvimento tecnológico. É responsável por cerca de 30% do total do investimento produtivo privado (excluído setor público e famílias) e por aproximadamente 25% das vagas de emprego acima de cinco salários mínimos, além de representar perto de 30% da arrecadação tributária nacional, a despeito de corresponder por apenas 11,8% do PIB em 2015. Se por um lado o governo está atuando para melhorar a manutenção de empresas no país, por outro tem realizado ações que reforçam a percepção de que o setor industrial deve perder ainda mais espaço. Houve um claro direcionamento de menor atuação do BNDES no crédito de longo prazo e enfraquecimento do conteúdo local. Com desburocratização e incentivos à produtividade e ao crescimento, conseguiremos resgatar a capacidade das empresas. Negócios que estão em dificuldade não investem, não contratam, não inovam. Quando quebram, geram desemprego, débitos com fornecedores, clientes e com o fisco. Acabam destruindo elos importantes da cadeia produtiva e jogam fora décadas de conhecimento desenvolvido e talentos tão necessários ao país. A principal tarefa do governo neste momento deve ser ajudar a resgatar a força das empresas para que elas fomentem investimentos e novos negócios. Caso contrário, permaneceremos estagnados, vendo nossa competitividade se distanciar cada vez mais dos países que concorrem conosco. JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO é presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e do Sindiplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado de São Paulo) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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O valor das empresas no BrasilHoje o maior sonho de boa parte dos empresários brasileiros é vender sua empresa. Com o negócio, vão-se as dores de cabeça: sucessivos litígios trabalhistas, licenças que levam anos para sair em definitivo, crédito escasso, juros altos, tributos sobre tributos e tantos outros inconvenientes que prejudicam o dia a dia do empreendedor no país. O diagnóstico é aterrorizante, mas é a realidade que vivemos. Precisamos urgentemente resgatar o valor que as empresas têm para o país. Elas são o maior vetor para o crescimento de investimento, emprego e capacitação profissional, pesquisa e inovação. Não estão incluídas aqui companhias que não têm em seu DNA a busca incessante por excelência em gestão, rigorosos padrões éticos e de compliance. Uma empresa deve ter o foco em inovação e no desenvolvimento de produtos. Precisa encantar seus clientes -e não desperdiçar suas energias em vencer a burocracia, enfrentar a insegurança jurídica e honrar as sufocantes e desproporcionais despesas financeiras, como acontece hoje no Brasil. No final do ano passado, o governo federal lançou um minipacote de reformas para reaquecer a economia, centrado no crescimento, na produtividade e na desburocratização. A iniciativa é salutar. Agora em março se encerram os primeiros prazos para a implantação do programa. O cenário ainda é preocupante. O ano passado terminou com um expressivo aumento no número de pedidos de recuperação judicial - incríveis 44,8% em relação a 2015. Há que se somar a isso o elevado endividamento das empresas, a dificuldade de acesso ao crédito e a baixa perspectiva de crescimento econômico para este ano. A atividade industrial é fundamental para o país voltar a crescer. Um ambiente de negócios mais favorável proporciona a retomada da indústria e abre oportunidades de desenvolvimento de atividades empreendedoras de alto valor agregado. Todos os setores são importantes, mas com as dificuldades apresentadas tem perdido espaço a indústria de transformação, que é justamente a área com maior capacidade de alavancar a economia. A indústria de transformação é também a que mais inova, com maior capacidade de desenvolvimento tecnológico. É responsável por cerca de 30% do total do investimento produtivo privado (excluído setor público e famílias) e por aproximadamente 25% das vagas de emprego acima de cinco salários mínimos, além de representar perto de 30% da arrecadação tributária nacional, a despeito de corresponder por apenas 11,8% do PIB em 2015. Se por um lado o governo está atuando para melhorar a manutenção de empresas no país, por outro tem realizado ações que reforçam a percepção de que o setor industrial deve perder ainda mais espaço. Houve um claro direcionamento de menor atuação do BNDES no crédito de longo prazo e enfraquecimento do conteúdo local. Com desburocratização e incentivos à produtividade e ao crescimento, conseguiremos resgatar a capacidade das empresas. Negócios que estão em dificuldade não investem, não contratam, não inovam. Quando quebram, geram desemprego, débitos com fornecedores, clientes e com o fisco. Acabam destruindo elos importantes da cadeia produtiva e jogam fora décadas de conhecimento desenvolvido e talentos tão necessários ao país. A principal tarefa do governo neste momento deve ser ajudar a resgatar a força das empresas para que elas fomentem investimentos e novos negócios. Caso contrário, permaneceremos estagnados, vendo nossa competitividade se distanciar cada vez mais dos países que concorrem conosco. JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO é presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e do Sindiplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado de São Paulo) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Emoções ajudam o cérebro a preservar recordações, diz estudo
Segundo um novo estudo, a onda de emoção que torna as lembranças de constrangimento, vitória e decepção tão vívidas também pode voltar no tempo, reforçando a recordação de coisas aparentemente banais que aconteceram anteriormente e que, em retrospecto, são relevantes. As conclusões, publicadas na revista "Nature", corroboram a teoria de que a memória é um processo adaptativo, que se atualiza continuamente. O novo estudo sugere que a memória humana de fato tem um arquivo de reserva com visões, sons e observações aparentemente triviais que podem vir a ser úteis posteriormente. O experimento não enfocou o efeito dos traumas, que moldam a memória de maneiras imprevisíveis. Ele visava sobretudo imitar os estímulos da vida cotidiana. O estudo utilizou choques elétricos brandos para gerar apreensão e mensurou como a emoção afeta a memória de fotografias vistas previamente. "O estudo forneceu forte evidência de um tipo específico de realce retroativo", disse Daniel L. Schacter, da Universidade Harvard, que não participou da pesquisa. Ele e outros especialistas ressaltaram que os detalhes do processo ainda não estão claros. Ninguém sabe se lembranças passadas são desencadeadas por uma experiência emocional, até que ponto é possível retroceder no tempo ou se a memória também suprime alguns detalhes. De acordo com especialistas, as lembranças codificadas não são fixas e podem esmaecer ou se intensificar devido a eventos posteriores. O estudo foi feito em várias etapas na Universidade de Nova York. Na primeira, os 119 participantes se sentaram diante de um computador vendo uma série de fotografias e classificaram cada uma como ferramenta (martelo, serra) ou animal (cavalo, águia). Eles viram 30 ferramentas e 30 animais, sem ordem definida. Cinco minutos depois, os homens e as mulheres sentaram-se novamente diante do computador, desta vez com fios de eletrodos presos em um dos pulsos. A equipe de pesquisa, liderada por Joseph Dunsmoor, calibrou um nível desconfortável de choque para cada pessoa. Os participantes então classificaram um novo conjunto de 60 fotografias, 30 ferramentas e 30 animais, em ordem aleatória. Metade do grupo recebeu um choque na maioria das vezes em que via um animal, e a outra metade recebeu um choque na maioria das vezes em que via uma ferramenta. A equipe de pesquisa então aplicou um teste-surpresa, mensurando o quão vividamente os participantes se lembravam de todas as fotografias. Os resultados variaram dependendo de quando as pessoas fizeram o teste. Aqueles que o fizeram de imediato se lembraram tanto das ferramentas quanto dos animais, ou seja, os choques não tiveram efeito aparente. Mas aqueles que fizeram o teste seis horas ou um dia depois se recordaram de cerca de 7% mais itens da categoria que envolvia choques. Eles se lembravam, por exemplo, de mais ferramentas se tivessem recebido choques ao ver ferramentas. "A experiência emocional dos choques fortaleceu ou preservou as lembranças de coisas que, no momento que estavam sendo codificadas, pareciam banais", afirmou Dunsmoor. Schacter comentou: "A descoberta que mais me surpreendeu é que a intensificação depende de algum processo de consolidação ainda desconhecido."
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Emoções ajudam o cérebro a preservar recordações, diz estudoSegundo um novo estudo, a onda de emoção que torna as lembranças de constrangimento, vitória e decepção tão vívidas também pode voltar no tempo, reforçando a recordação de coisas aparentemente banais que aconteceram anteriormente e que, em retrospecto, são relevantes. As conclusões, publicadas na revista "Nature", corroboram a teoria de que a memória é um processo adaptativo, que se atualiza continuamente. O novo estudo sugere que a memória humana de fato tem um arquivo de reserva com visões, sons e observações aparentemente triviais que podem vir a ser úteis posteriormente. O experimento não enfocou o efeito dos traumas, que moldam a memória de maneiras imprevisíveis. Ele visava sobretudo imitar os estímulos da vida cotidiana. O estudo utilizou choques elétricos brandos para gerar apreensão e mensurou como a emoção afeta a memória de fotografias vistas previamente. "O estudo forneceu forte evidência de um tipo específico de realce retroativo", disse Daniel L. Schacter, da Universidade Harvard, que não participou da pesquisa. Ele e outros especialistas ressaltaram que os detalhes do processo ainda não estão claros. Ninguém sabe se lembranças passadas são desencadeadas por uma experiência emocional, até que ponto é possível retroceder no tempo ou se a memória também suprime alguns detalhes. De acordo com especialistas, as lembranças codificadas não são fixas e podem esmaecer ou se intensificar devido a eventos posteriores. O estudo foi feito em várias etapas na Universidade de Nova York. Na primeira, os 119 participantes se sentaram diante de um computador vendo uma série de fotografias e classificaram cada uma como ferramenta (martelo, serra) ou animal (cavalo, águia). Eles viram 30 ferramentas e 30 animais, sem ordem definida. Cinco minutos depois, os homens e as mulheres sentaram-se novamente diante do computador, desta vez com fios de eletrodos presos em um dos pulsos. A equipe de pesquisa, liderada por Joseph Dunsmoor, calibrou um nível desconfortável de choque para cada pessoa. Os participantes então classificaram um novo conjunto de 60 fotografias, 30 ferramentas e 30 animais, em ordem aleatória. Metade do grupo recebeu um choque na maioria das vezes em que via um animal, e a outra metade recebeu um choque na maioria das vezes em que via uma ferramenta. A equipe de pesquisa então aplicou um teste-surpresa, mensurando o quão vividamente os participantes se lembravam de todas as fotografias. Os resultados variaram dependendo de quando as pessoas fizeram o teste. Aqueles que o fizeram de imediato se lembraram tanto das ferramentas quanto dos animais, ou seja, os choques não tiveram efeito aparente. Mas aqueles que fizeram o teste seis horas ou um dia depois se recordaram de cerca de 7% mais itens da categoria que envolvia choques. Eles se lembravam, por exemplo, de mais ferramentas se tivessem recebido choques ao ver ferramentas. "A experiência emocional dos choques fortaleceu ou preservou as lembranças de coisas que, no momento que estavam sendo codificadas, pareciam banais", afirmou Dunsmoor. Schacter comentou: "A descoberta que mais me surpreendeu é que a intensificação depende de algum processo de consolidação ainda desconhecido."
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Bebê-diabo nasce no ABC paulista, mas some de forma misteriosa
Em 11 de maio de 1975, o "Notícias Populares" estampou na capa a lúgubre manchete "Nasceu o diabo em São Paulo", sobre o suposto nascimento de uma criatura com características sobrenaturais em São Bernardo do Campo (SP). O jornal foi o único impresso a veicular o caso. O enigmático parto do bebê-diabo rendeu ao "NP" 27 reportagens que alavancaram as vendas do jornal na época. Com tiragem média diária de 70 mil exemplares, o periódico chegou à marca dos 150 mil jornais vendidos durante a série. A história trouxe em seu enredo boas pitadas de mistério, terror e medo. A primeira reportagem deu conta do clima de tensão e pânico em que o parto fora realizado, evidenciado no primeiro parágrafo do texto: "Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiras e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do diabo, em carne e osso. O bebezinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além do olhar feroz, que causa medo e arrepios". O "Notícias Populares" descreveu ainda o incontrolável temperamento do sagaz diabo. Como o dia em que, no berçário da maternidade, furioso ao ver a luz do dia, teria gritado a uma das enfermeiras: "Feche a janela!". E, olhando friamente para os demais funcionários, emendou: "Ou fecham, ou mato a todos!". Bebê-diabo A segunda reportagem da saga destacou o sombrio desaparecimento do mequetrefe da maternidade onde nascera. A manchete foi curta e objetiva: "Bebê-diabo desaparece". A página interna do jornal relatou a dramática fuga do diabólico bebê-capeta, que teria fugido saltando do terceiro andar do hospital. Antes de escapar, teria dito "Aqui não é meu lugar. Essa mulher não é minha mãe..." e "Vou embora, não pertenço a este mundo. Não sou daqui. Vocês são pavorosos. Faltam acessórios em vocês". Nas edições seguintes, o "Notícias Populares" encheu suas páginas com testemunhos de incidentes que estariam ocorrendo em toda a região do ABC paulista com o desaparecimento do tinhoso. Frequentes desavenças entre casais e amigos que nunca haviam se desentendido, dezenas de colisões de carros com vítimas fatais e, principalmente, atropelamentos em massa, cometidos por exemplares motoristas, davam o tom da onda de pânico que assombrou o ABC durante o episódio. Crianças não foram mais vistas brincando nas ruas. Mulheres se recolhiam mais cedo às suas residências, e portas trancadas à luz do dia se tornaram práticas comuns entre os moradores da região. As várias tentativas de grupos de moradores na busca de pessoas espiritualizadas que fossem capazes de encontrar e derrotar o travesso foram em vão. As procissões realizadas também não lograram êxito em liquidar o diabo. No meio da trama, o "Notícias Populares" veiculou que, após capturado por um grupo de religiosos, o bebê-diabo teria sido internado em uma clínica particular de São Bernardo, que seria aberta à visitação pública. O jornal chegou a noticiar uma pequena lista da clínica com orientações que deveriam ser seguidas à risca pelos curiosos interessados em visitar o capeta. Eram elas: 1) ser maior de 18 anos, estar munido de crucifixo; 2) evitar conversar com o bebê-fenômeno para não ouvir palavras obscenas; 3) não ter problemas cardíacos; e 4) assinar um termo de responsabilidade em caso de ser tomado por possessões demoníacas. Depois, novos rumores preencheram as páginas do "NP" dando conta de que o filho de Lúcifer fora visto saltando pelos telhados das casas durante a noite. "Era ele, tenho certeza! Vi com os meus próprios olhos! Parecia um louco pulando os telhados, fazendo desfeita para a Lua! Ele pulava rindo alto, mandando todo mundo pro inferno", disse, então, a doméstica Maria Aparecida de Oliveira. Outros boatos que correram foram os de que um discreto fazendeiro, morador de Marília (SP), que, segundo os vizinhos, "não tirava o chapéu por nada desse mundo", seria o pai do bebê-diabo. O homem teria tido um rápido relacionamento com uma moradora de São Bernardo e rompera com ela havia cerca de nove meses. "Ele dificilmente tira o chapéu, mas faz assim para esconder os dois chifres e evitar gozações", dizia um dos amigos. Em outra ocasião, depois de ter infernizado um ritual de umbanda, a criatura fora vista pela última vez amarrada dentro de uma Kombi, estava com a cabeça baixa e muitas lágrimas nos olhos. Fanáticos religiosos o teriam sequestrado e pretendiam levá-lo para o Nordeste para dar um ponto final na história. A penúltima manchete do "Notícias Populares" sobre o caso, em 5 de junho de 1975, trouxe o emblemático personagem Zé do Caixão, do cineasta José Mujica Marins, e dizia: "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste". Na reportagem, o cineasta, com dois de seus emissários, seguiria rumo a Salvador atrás da criatura. A intenção do grupo era mandar o diabo para o "quinto dos infernos". O que parecia ser o fim do demônio de São Bernardo veio abaixo com a manchete: "Povo vê de novo bebê-diabo no Grande ABC". Foi a insinuante volta e, ao mesmo tempo, o fim da lendária saga do bebê-diabo nas páginas do "Notícias Populares".
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Bebê-diabo nasce no ABC paulista, mas some de forma misteriosaEm 11 de maio de 1975, o "Notícias Populares" estampou na capa a lúgubre manchete "Nasceu o diabo em São Paulo", sobre o suposto nascimento de uma criatura com características sobrenaturais em São Bernardo do Campo (SP). O jornal foi o único impresso a veicular o caso. O enigmático parto do bebê-diabo rendeu ao "NP" 27 reportagens que alavancaram as vendas do jornal na época. Com tiragem média diária de 70 mil exemplares, o periódico chegou à marca dos 150 mil jornais vendidos durante a série. A história trouxe em seu enredo boas pitadas de mistério, terror e medo. A primeira reportagem deu conta do clima de tensão e pânico em que o parto fora realizado, evidenciado no primeiro parágrafo do texto: "Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiras e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do diabo, em carne e osso. O bebezinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além do olhar feroz, que causa medo e arrepios". O "Notícias Populares" descreveu ainda o incontrolável temperamento do sagaz diabo. Como o dia em que, no berçário da maternidade, furioso ao ver a luz do dia, teria gritado a uma das enfermeiras: "Feche a janela!". E, olhando friamente para os demais funcionários, emendou: "Ou fecham, ou mato a todos!". Bebê-diabo A segunda reportagem da saga destacou o sombrio desaparecimento do mequetrefe da maternidade onde nascera. A manchete foi curta e objetiva: "Bebê-diabo desaparece". A página interna do jornal relatou a dramática fuga do diabólico bebê-capeta, que teria fugido saltando do terceiro andar do hospital. Antes de escapar, teria dito "Aqui não é meu lugar. Essa mulher não é minha mãe..." e "Vou embora, não pertenço a este mundo. Não sou daqui. Vocês são pavorosos. Faltam acessórios em vocês". Nas edições seguintes, o "Notícias Populares" encheu suas páginas com testemunhos de incidentes que estariam ocorrendo em toda a região do ABC paulista com o desaparecimento do tinhoso. Frequentes desavenças entre casais e amigos que nunca haviam se desentendido, dezenas de colisões de carros com vítimas fatais e, principalmente, atropelamentos em massa, cometidos por exemplares motoristas, davam o tom da onda de pânico que assombrou o ABC durante o episódio. Crianças não foram mais vistas brincando nas ruas. Mulheres se recolhiam mais cedo às suas residências, e portas trancadas à luz do dia se tornaram práticas comuns entre os moradores da região. As várias tentativas de grupos de moradores na busca de pessoas espiritualizadas que fossem capazes de encontrar e derrotar o travesso foram em vão. As procissões realizadas também não lograram êxito em liquidar o diabo. No meio da trama, o "Notícias Populares" veiculou que, após capturado por um grupo de religiosos, o bebê-diabo teria sido internado em uma clínica particular de São Bernardo, que seria aberta à visitação pública. O jornal chegou a noticiar uma pequena lista da clínica com orientações que deveriam ser seguidas à risca pelos curiosos interessados em visitar o capeta. Eram elas: 1) ser maior de 18 anos, estar munido de crucifixo; 2) evitar conversar com o bebê-fenômeno para não ouvir palavras obscenas; 3) não ter problemas cardíacos; e 4) assinar um termo de responsabilidade em caso de ser tomado por possessões demoníacas. Depois, novos rumores preencheram as páginas do "NP" dando conta de que o filho de Lúcifer fora visto saltando pelos telhados das casas durante a noite. "Era ele, tenho certeza! Vi com os meus próprios olhos! Parecia um louco pulando os telhados, fazendo desfeita para a Lua! Ele pulava rindo alto, mandando todo mundo pro inferno", disse, então, a doméstica Maria Aparecida de Oliveira. Outros boatos que correram foram os de que um discreto fazendeiro, morador de Marília (SP), que, segundo os vizinhos, "não tirava o chapéu por nada desse mundo", seria o pai do bebê-diabo. O homem teria tido um rápido relacionamento com uma moradora de São Bernardo e rompera com ela havia cerca de nove meses. "Ele dificilmente tira o chapéu, mas faz assim para esconder os dois chifres e evitar gozações", dizia um dos amigos. Em outra ocasião, depois de ter infernizado um ritual de umbanda, a criatura fora vista pela última vez amarrada dentro de uma Kombi, estava com a cabeça baixa e muitas lágrimas nos olhos. Fanáticos religiosos o teriam sequestrado e pretendiam levá-lo para o Nordeste para dar um ponto final na história. A penúltima manchete do "Notícias Populares" sobre o caso, em 5 de junho de 1975, trouxe o emblemático personagem Zé do Caixão, do cineasta José Mujica Marins, e dizia: "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste". Na reportagem, o cineasta, com dois de seus emissários, seguiria rumo a Salvador atrás da criatura. A intenção do grupo era mandar o diabo para o "quinto dos infernos". O que parecia ser o fim do demônio de São Bernardo veio abaixo com a manchete: "Povo vê de novo bebê-diabo no Grande ABC". Foi a insinuante volta e, ao mesmo tempo, o fim da lendária saga do bebê-diabo nas páginas do "Notícias Populares".
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Livro mostra obra de Niura Bellavinha entre peso e leveza
Na igreja Nossa Senhora da Conceição, em Sabará, no interior de Minas Gerais, estão portas que ficam frente a frente. Quase idênticas, elas têm diferenças nos detalhes. Enquanto uma tem a volúpia do barroco mineiro, a outra tem a fluidez da pintura oriental. Imagens delas estampam capa e contracapa do livro que a artista Niura Bellavinha lança agora, como se refletissem os dois lados de sua pintura–algo contaminado por todo o peso do minério e da terra vermelha, mas que não deixa de buscar a leveza. Talvez por isso ela diga que suas telas são "uma sucessão de instabilidades". Paulo Herkenhoff, que escreve os ensaios sobre a mineira no livro, vê ali uma "visibilidade errante" ou "pintura expandida". Isso porque, mesmo quando a peça em questão é uma performance ou um vídeo, Bellavinha diz estar pintando. Em seu curta mais recente, uma casa abandonada surge isolada no alto de um morro, mas logo se vê que não foi construída num cume. A terra ao redor é que foi escavada, extraída pela indústria, deixando no rastro só vultos dos móveis, como sombras gravadas nas paredes frágeis. Outra obra, criada depois da visão das portas de Sabará, são pinturas que ela chama de siamesas, dois pedaços de tecido sobrepostos ainda molhados de tinta e só depois apartados, como se fossem sudários um do outro. "Gosto de pintar com a natureza das coisas, poeira do mundo, pigmentos de meteoritos", diz a artista. "Não uso tinta branca. Entendi que minha pintura vem da gravura, onde o branco é o papel, do cinema, onde o branco é a luz." No fundo, o livro é um inventário de forças antagônicas, o peso do aço de Amilcar de Castro, que foi professor de Bellavinha, e a leveza de Guignard, sua influência confessa. NIURA BELLAVINHA AUTOR Paulo Herkenhoff EDITORA Cobogó QUANTO R$ 132 (280 págs.) LANÇAMENTO nesta qui. (10), às 19h, na Blooks, no shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, 569, 3º andar
ilustrada
Livro mostra obra de Niura Bellavinha entre peso e levezaNa igreja Nossa Senhora da Conceição, em Sabará, no interior de Minas Gerais, estão portas que ficam frente a frente. Quase idênticas, elas têm diferenças nos detalhes. Enquanto uma tem a volúpia do barroco mineiro, a outra tem a fluidez da pintura oriental. Imagens delas estampam capa e contracapa do livro que a artista Niura Bellavinha lança agora, como se refletissem os dois lados de sua pintura–algo contaminado por todo o peso do minério e da terra vermelha, mas que não deixa de buscar a leveza. Talvez por isso ela diga que suas telas são "uma sucessão de instabilidades". Paulo Herkenhoff, que escreve os ensaios sobre a mineira no livro, vê ali uma "visibilidade errante" ou "pintura expandida". Isso porque, mesmo quando a peça em questão é uma performance ou um vídeo, Bellavinha diz estar pintando. Em seu curta mais recente, uma casa abandonada surge isolada no alto de um morro, mas logo se vê que não foi construída num cume. A terra ao redor é que foi escavada, extraída pela indústria, deixando no rastro só vultos dos móveis, como sombras gravadas nas paredes frágeis. Outra obra, criada depois da visão das portas de Sabará, são pinturas que ela chama de siamesas, dois pedaços de tecido sobrepostos ainda molhados de tinta e só depois apartados, como se fossem sudários um do outro. "Gosto de pintar com a natureza das coisas, poeira do mundo, pigmentos de meteoritos", diz a artista. "Não uso tinta branca. Entendi que minha pintura vem da gravura, onde o branco é o papel, do cinema, onde o branco é a luz." No fundo, o livro é um inventário de forças antagônicas, o peso do aço de Amilcar de Castro, que foi professor de Bellavinha, e a leveza de Guignard, sua influência confessa. NIURA BELLAVINHA AUTOR Paulo Herkenhoff EDITORA Cobogó QUANTO R$ 132 (280 págs.) LANÇAMENTO nesta qui. (10), às 19h, na Blooks, no shopping Frei Caneca, r. Frei Caneca, 569, 3º andar
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Petrobras divulgará balanço do 1º trimestre deste ano em 15 de maio
A Petrobras informou nesta terça-feira que divulgará o balanço do primeiro trimestre de 2015 no dia 15 de maio, após o fechamento do mercado. "Dessa forma, entre 05/05/2015 e 15/05/2015 a Companhia estará em período de silêncio (quiet period). Durante este período, a Petrobras estará impossibilitada de prestar esclarecimentos ou comentar qualquer tipo de informação relacionada aos resultados do trimestre e perspectivas", disse a empresa em comunicado ao mercado. O resultado trimestral será publicado menos de um mês depois dos dados fechados de 2014, quando a companhia reportou prejuízo de R$ 22 bilhões. O atraso na divulgação dos números de 2014 se deveu à recusa da auditoria em aprovar os resultados da estatal, em meio à dificuldade da companhia em calcular perdas por corrupção denunciadas na Operação Lava Jato e também à desvalorização de ativos.
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Petrobras divulgará balanço do 1º trimestre deste ano em 15 de maioA Petrobras informou nesta terça-feira que divulgará o balanço do primeiro trimestre de 2015 no dia 15 de maio, após o fechamento do mercado. "Dessa forma, entre 05/05/2015 e 15/05/2015 a Companhia estará em período de silêncio (quiet period). Durante este período, a Petrobras estará impossibilitada de prestar esclarecimentos ou comentar qualquer tipo de informação relacionada aos resultados do trimestre e perspectivas", disse a empresa em comunicado ao mercado. O resultado trimestral será publicado menos de um mês depois dos dados fechados de 2014, quando a companhia reportou prejuízo de R$ 22 bilhões. O atraso na divulgação dos números de 2014 se deveu à recusa da auditoria em aprovar os resultados da estatal, em meio à dificuldade da companhia em calcular perdas por corrupção denunciadas na Operação Lava Jato e também à desvalorização de ativos.
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Credores classificam proposta grega de ajuste como 'boa base' para negociação
Via Twitter, Martin Selmayr, chefe do gabinete de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, classificou a proposta do governo grego de aumento de impostos e mudanças na aposentadoria como "uma boa base para o progresso". As concessões, que devem gerar economia de € 200 milhões, foram oferecidas neste domingo (21) pelo governo grego, que está sob pressão dos credores. Com elas, a Grécia busca liberar acesso a um empréstimo que evitaria o calote e o risco de sair da zona do euro. No tuíte em inglês, Selmayr afirma que as medidas foram avaliadas por Juncker, pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e pela presidente do FMI, Christine Lagarde. Selmayr, que é alemão, comparou a proposta, obtida após quatro meses de negociação, a um "Zangengeburt", ou "um parto a fórceps". Ele não deu detalhes sobre as conclusões da Comissão Europeia. Reação da Comissão Europeia a proposta grega LÍDERES SE REÚNEM PARA EVITAR CALOTE GREGO Os líderes do bloco da moeda única se reúnem nesta segunda (22) em Bruxelas para tentar impedir o colapso grego a partir de 30 de junho, quando acaba o prazo para o pagamento de uma dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Para quitá-la e manter a recuperação, a Grécia tenta desbloquear o acesso a € 7,2 bilhões, a última parte do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. FMI, BCE e os principais líderes europeus têm exigido compromissos fiscais em troca de liberar a verba. Eleito em janeiro sob o discurso contrário à austeridade dos governos anteriores, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras (do partido de esquerda, Syriza), vinha resistindo e negando nova oferta. Diante do tempo que se esgota, ele conversou no fim de semana por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker. Pela nova proposta, cujos detalhes não foram divulgados oficialmente, o governo aceitaria aumentar tributos de alguns alimentos e do setor hoteleiro e mexeria em uma espécie de aposentadoria antecipada, gerando economia de € 200 milhões. Tsipras fez uma reunião de emergência com seus principais ministros, entre eles o de Educação, Cultura e Religião, Aristides Baltas, que confirmou os detalhes à Folha. "Nós estamos otimistas para um acordo, mas não certos de que vá ocorrer. Querem mexer em salários e pensões, mas precisamos ter segurança", disse o ministro. Segundo ele, dependendo dos pontos negociados, o Parlamento terá de aprovar as medidas. Neste domingo, cerca de 7.000 simpatizantes do Syriza, segundo números da polícia, foram às ruas de Atenas defender a postura do governo. "Apesar dos ataques que estamos sofrendo dos líderes europeus, temos o apoio da população", disse o ministro. O encontro dos líderes em Bruxelas é considerado a última tentativa de se chegar a uma solução até 30 de junho. Com o calote e o empréstimo bloqueado, a Grécia estaria pela primeira vez sem ajuda externa desde 2010. "Não há tempo a perder. As conversas devem continuar para que um acordo seja alcançado", afirmou o francês François Hollande. Segundo o jornal "The Guardian", os credores estariam dispostos a repassar mais € 18 bilhões à Grécia pelos próximos seis meses, dependendo das negociações. O efeito do calote no FMI seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter saques para evitar a insolvência. Pelo menos € 5 bilhões foram retirados na semana passada dos bancos gregos. Para dar uma sobrevida, o BCE aumentou a margem de assistência de liquidez de emergência ao bancos gregos em cerca de € 1,75 bilhão. A Grécia cresceu 0,8% em 2014, mas o desemprego continua o maior da Europa (25%), a dívida pública ronda 175% do PIB (era 129% em 2009) e a economia encolheu 25% em cinco anos.
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Credores classificam proposta grega de ajuste como 'boa base' para negociaçãoVia Twitter, Martin Selmayr, chefe do gabinete de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, classificou a proposta do governo grego de aumento de impostos e mudanças na aposentadoria como "uma boa base para o progresso". As concessões, que devem gerar economia de € 200 milhões, foram oferecidas neste domingo (21) pelo governo grego, que está sob pressão dos credores. Com elas, a Grécia busca liberar acesso a um empréstimo que evitaria o calote e o risco de sair da zona do euro. No tuíte em inglês, Selmayr afirma que as medidas foram avaliadas por Juncker, pelo presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e pela presidente do FMI, Christine Lagarde. Selmayr, que é alemão, comparou a proposta, obtida após quatro meses de negociação, a um "Zangengeburt", ou "um parto a fórceps". Ele não deu detalhes sobre as conclusões da Comissão Europeia. Reação da Comissão Europeia a proposta grega LÍDERES SE REÚNEM PARA EVITAR CALOTE GREGO Os líderes do bloco da moeda única se reúnem nesta segunda (22) em Bruxelas para tentar impedir o colapso grego a partir de 30 de junho, quando acaba o prazo para o pagamento de uma dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Para quitá-la e manter a recuperação, a Grécia tenta desbloquear o acesso a € 7,2 bilhões, a última parte do socorro de € 240 bilhões recebido do FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. FMI, BCE e os principais líderes europeus têm exigido compromissos fiscais em troca de liberar a verba. Eleito em janeiro sob o discurso contrário à austeridade dos governos anteriores, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras (do partido de esquerda, Syriza), vinha resistindo e negando nova oferta. Diante do tempo que se esgota, ele conversou no fim de semana por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker. Pela nova proposta, cujos detalhes não foram divulgados oficialmente, o governo aceitaria aumentar tributos de alguns alimentos e do setor hoteleiro e mexeria em uma espécie de aposentadoria antecipada, gerando economia de € 200 milhões. Tsipras fez uma reunião de emergência com seus principais ministros, entre eles o de Educação, Cultura e Religião, Aristides Baltas, que confirmou os detalhes à Folha. "Nós estamos otimistas para um acordo, mas não certos de que vá ocorrer. Querem mexer em salários e pensões, mas precisamos ter segurança", disse o ministro. Segundo ele, dependendo dos pontos negociados, o Parlamento terá de aprovar as medidas. Neste domingo, cerca de 7.000 simpatizantes do Syriza, segundo números da polícia, foram às ruas de Atenas defender a postura do governo. "Apesar dos ataques que estamos sofrendo dos líderes europeus, temos o apoio da população", disse o ministro. O encontro dos líderes em Bruxelas é considerado a última tentativa de se chegar a uma solução até 30 de junho. Com o calote e o empréstimo bloqueado, a Grécia estaria pela primeira vez sem ajuda externa desde 2010. "Não há tempo a perder. As conversas devem continuar para que um acordo seja alcançado", afirmou o francês François Hollande. Segundo o jornal "The Guardian", os credores estariam dispostos a repassar mais € 18 bilhões à Grécia pelos próximos seis meses, dependendo das negociações. O efeito do calote no FMI seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter saques para evitar a insolvência. Pelo menos € 5 bilhões foram retirados na semana passada dos bancos gregos. Para dar uma sobrevida, o BCE aumentou a margem de assistência de liquidez de emergência ao bancos gregos em cerca de € 1,75 bilhão. A Grécia cresceu 0,8% em 2014, mas o desemprego continua o maior da Europa (25%), a dívida pública ronda 175% do PIB (era 129% em 2009) e a economia encolheu 25% em cinco anos.
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Não há por que gastar tanta verba pública com eleição, diz leitor
FINANCIAMENTO ELEITORAL Não existe justificativa para um gasto deste nível com os partidos políticos e o sistema eleitoral ("Câmara aumentará verbas públicas para campanhas, "Poder", 2/4). À nossa revelia, teremos que pagar por tudo o que os partidos se acostumaram a roubar. Política se faz com ideias e propostas. Esse dinheiro todo só desvirtua a política. Servirá para, das mais diversas maneiras, comprar voto -e voto não se compra, se conquista. GENILDO BORBA (Aracaju, SE) * Após a adoção do teto no Orçamento da União, é inadmissível que se utilizem recursos públicos na propaganda política visando as eleições. O correto seria criar um fundo partidário para as despesas de campanha, cuja recomposição ficaria a cargo dos candidatos eleitos, por um sistema de rateio. GIOVANI COMPAGNO (Ribeirão Preto, SP) - VOTO EM LISTA FECHADA Concordo com a visão do senador Randolfe Rodrigues ("Voto em lista fechada seria solução para crise política brasileira? Não, "Tendências/Debates", 1º/4). A lista fechada vai auxiliar os caciques dos partidos e quem eles listarem. Isso não permitirá ao eleitor fazer sua escolha e só ajudará a reeleger deputados. Não teremos chance de mudar o Congresso. MARIA HELENA BEAUCHAMP (São Paulo, SP) * A adoção do sistema de lista fechada para as eleições legislativas seria bem aceita por grande parte da sociedade se ficasse determinado que os políticos que exercem mandatos atualmente (ou já exerceram em outras oportunidades) fossem para o final da referida lista, caso desejassem concorrer novamente. ROBERTO FISSMER (Porto Alegre, RS) - TRIBUNAIS DE CONTAS É lamentável vermos os tribunais de contas de todo o país envolvidos em escândalos ("Delator diz que propina ao TCE do Rio foi discutida em jantar com Pezão, "Poder", 31/3). Todos possuem corpo técnico da melhor qualidade, apuram corretamente desvios de conduta e até roubos praticados pelas administrações públicas. Infelizmente, são dirigidos por ex-políticos indicados por governadores e/ou prefeitos e suas análises dependem de câmaras e assembleias legislativas. É urgente que se aprove um projeto que faça com que tenham autonomia. IRIA DE SÁ DODDE (Rio de Janeiro, RJ) - PRISÃO DOMICILIAR Em artigo, Alberto Zacharias Toron defende o encaminhamento à prisão domiciliar de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral ("Linchamento popular e julgamento judicial, "Tendências/Debates", 2/4). Ressalta que os juízes envolvidos no processo merecem respeito a suas decisões. Apenas gostaria de salientar que, apenas no Rio, existem mais de 300 mulheres nas mesmas condições que Adriana: na prisão e com filhos menores de idade. A população anseia por coerência. ARMANDO FRANCISCO MARENGO (São Paulo, SP) - DORIA A carta de João Doria publicada ontem confirma o conteúdo de minha coluna publicada anteontem ("Aventura, "Opinião", 1º/4). O referido prefeito não tem substância democrática para postular a Presidência da República. A não ser em contexto autoritário. ANDRÉ SINGER, cientista político (São Paulo, SP) * A forma como Doria se dirigiu a Singer só foi publicada porque se trata do prefeito. Leitores comuns não teriam cartas como essa publicadas. Começou bem o novo projeto editorial. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * O prefeito João Doria deveria convidar todos os políticos de nosso país para palestras sobre gestão profissional, planejamento e responsabilidade com dinheiro público. Poderia, inclusive, estimulá-los a irem às ruas para conhecer e conversar com a população. CARLOS GASPAR (São Paulo, SP) * Uma crítica política deve ser respondida com argumentos políticos. Se o prefeito não possui essa capacidade, que se mantenha calado, sob pena de destruir todo o esforço de seus marqueteiros em erguer a imagem de um homem capaz e confiável. MARTHA TANIZAKI (São Paulo, SP) - ILUSTRÍSSIMA Poucas vezes li tantas besteiras por frase quanto no artigo "Inteligência artificial pode trazer desemprego e fim da privacidade ("Ilustríssima", 2/4). Se realmente o cenário apocalíptico se concretizar, em vez de escrever livros futuristas mirabolantes ou criar mais agências reguladoras às custas dos contribuintes, basta fazer o que sempre funciona: a simplicidade. É só cortar o fornecimento de energia das tais supermáquinas. GILBERTO BARACAT JÚNIOR (Araçatuba, SP) - COLUNISTAS Espetacular a coluna de Clóvis Rossi em "Mundo" ("O Brasil apodreceu, 2/4). O articulista resume de forma espetacular o Brasil de hoje. Tomara que outros sigam a mesma linha e consigamos criar um embrião de reivindicações de verdadeiras mudanças. FRANCISCO ERNESTO DA SILVA (São Paulo, SP) * Lamentável que, após a apresentação do novo Projeto Editorial da Folha, tenhamos de aturar o radical Janio de Freitas com suas opiniões sobre o governo Temer e nada dizendo, como sempre, sobre a roubalheira do PT em 13 anos. RUI VERSIANI (São Paulo, SP) * Ruy Castro nos brinda com mais uma deliciosa crônica ("Além do saiote, "Opinião", 1º/4), na qual desfila as contribuições escocesas à humanidade. Não fossem elas suficientes para justificar a leitura, ele nos informa que as retirou de um "Almanaque Capivarol", provavelmente uma relíquia dos tempos da Guerra Fria que ele conserva. ANTONIO PEDRO DA SILVA NETO (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Não há por que gastar tanta verba pública com eleição, diz leitorFINANCIAMENTO ELEITORAL Não existe justificativa para um gasto deste nível com os partidos políticos e o sistema eleitoral ("Câmara aumentará verbas públicas para campanhas, "Poder", 2/4). À nossa revelia, teremos que pagar por tudo o que os partidos se acostumaram a roubar. Política se faz com ideias e propostas. Esse dinheiro todo só desvirtua a política. Servirá para, das mais diversas maneiras, comprar voto -e voto não se compra, se conquista. GENILDO BORBA (Aracaju, SE) * Após a adoção do teto no Orçamento da União, é inadmissível que se utilizem recursos públicos na propaganda política visando as eleições. O correto seria criar um fundo partidário para as despesas de campanha, cuja recomposição ficaria a cargo dos candidatos eleitos, por um sistema de rateio. GIOVANI COMPAGNO (Ribeirão Preto, SP) - VOTO EM LISTA FECHADA Concordo com a visão do senador Randolfe Rodrigues ("Voto em lista fechada seria solução para crise política brasileira? Não, "Tendências/Debates", 1º/4). A lista fechada vai auxiliar os caciques dos partidos e quem eles listarem. Isso não permitirá ao eleitor fazer sua escolha e só ajudará a reeleger deputados. Não teremos chance de mudar o Congresso. MARIA HELENA BEAUCHAMP (São Paulo, SP) * A adoção do sistema de lista fechada para as eleições legislativas seria bem aceita por grande parte da sociedade se ficasse determinado que os políticos que exercem mandatos atualmente (ou já exerceram em outras oportunidades) fossem para o final da referida lista, caso desejassem concorrer novamente. ROBERTO FISSMER (Porto Alegre, RS) - TRIBUNAIS DE CONTAS É lamentável vermos os tribunais de contas de todo o país envolvidos em escândalos ("Delator diz que propina ao TCE do Rio foi discutida em jantar com Pezão, "Poder", 31/3). Todos possuem corpo técnico da melhor qualidade, apuram corretamente desvios de conduta e até roubos praticados pelas administrações públicas. Infelizmente, são dirigidos por ex-políticos indicados por governadores e/ou prefeitos e suas análises dependem de câmaras e assembleias legislativas. É urgente que se aprove um projeto que faça com que tenham autonomia. IRIA DE SÁ DODDE (Rio de Janeiro, RJ) - PRISÃO DOMICILIAR Em artigo, Alberto Zacharias Toron defende o encaminhamento à prisão domiciliar de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral ("Linchamento popular e julgamento judicial, "Tendências/Debates", 2/4). Ressalta que os juízes envolvidos no processo merecem respeito a suas decisões. Apenas gostaria de salientar que, apenas no Rio, existem mais de 300 mulheres nas mesmas condições que Adriana: na prisão e com filhos menores de idade. A população anseia por coerência. ARMANDO FRANCISCO MARENGO (São Paulo, SP) - DORIA A carta de João Doria publicada ontem confirma o conteúdo de minha coluna publicada anteontem ("Aventura, "Opinião", 1º/4). O referido prefeito não tem substância democrática para postular a Presidência da República. A não ser em contexto autoritário. ANDRÉ SINGER, cientista político (São Paulo, SP) * A forma como Doria se dirigiu a Singer só foi publicada porque se trata do prefeito. Leitores comuns não teriam cartas como essa publicadas. Começou bem o novo projeto editorial. LUIZ GORNSTEIN (São Paulo, SP) * O prefeito João Doria deveria convidar todos os políticos de nosso país para palestras sobre gestão profissional, planejamento e responsabilidade com dinheiro público. Poderia, inclusive, estimulá-los a irem às ruas para conhecer e conversar com a população. CARLOS GASPAR (São Paulo, SP) * Uma crítica política deve ser respondida com argumentos políticos. Se o prefeito não possui essa capacidade, que se mantenha calado, sob pena de destruir todo o esforço de seus marqueteiros em erguer a imagem de um homem capaz e confiável. MARTHA TANIZAKI (São Paulo, SP) - ILUSTRÍSSIMA Poucas vezes li tantas besteiras por frase quanto no artigo "Inteligência artificial pode trazer desemprego e fim da privacidade ("Ilustríssima", 2/4). Se realmente o cenário apocalíptico se concretizar, em vez de escrever livros futuristas mirabolantes ou criar mais agências reguladoras às custas dos contribuintes, basta fazer o que sempre funciona: a simplicidade. É só cortar o fornecimento de energia das tais supermáquinas. GILBERTO BARACAT JÚNIOR (Araçatuba, SP) - COLUNISTAS Espetacular a coluna de Clóvis Rossi em "Mundo" ("O Brasil apodreceu, 2/4). O articulista resume de forma espetacular o Brasil de hoje. Tomara que outros sigam a mesma linha e consigamos criar um embrião de reivindicações de verdadeiras mudanças. FRANCISCO ERNESTO DA SILVA (São Paulo, SP) * Lamentável que, após a apresentação do novo Projeto Editorial da Folha, tenhamos de aturar o radical Janio de Freitas com suas opiniões sobre o governo Temer e nada dizendo, como sempre, sobre a roubalheira do PT em 13 anos. RUI VERSIANI (São Paulo, SP) * Ruy Castro nos brinda com mais uma deliciosa crônica ("Além do saiote, "Opinião", 1º/4), na qual desfila as contribuições escocesas à humanidade. Não fossem elas suficientes para justificar a leitura, ele nos informa que as retirou de um "Almanaque Capivarol", provavelmente uma relíquia dos tempos da Guerra Fria que ele conserva. ANTONIO PEDRO DA SILVA NETO (São Paulo, SP) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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'Poemas' reúne versos e escritos do italiano Pasolini, intelectual e cineasta
Precursor. Polemista. Profeta. Profano. Poeta. Os PPP que abreviam o nome de Pier Paolo Pasolini sugerem as múltiplas facetas em que seu talento se desdobrou. Sua face mais conhecida no Brasil ainda é a de cineasta. Da vasta obra poética e crítica dessa estrela de primeira grandeza da cultura italiana do século 20, a poesia estava restrita aos que a leram no original. Com "Poemas", deixa de ser inédita. Trata-se de uma antologia de poemas e ensaios selecionados em conjunto pelo crítico literário italiano Alfonso Berardinelli e por Maurício Santana Dias, professor de literatura italiana da USP e tradutor dos textos, em edição bilíngue. São excertos de oito livros de poesia publicados pelo autor em vida e ainda ensaios que integraram as coletâneas "Empirismo Herético" (1972) e outros extraídos dos póstumos "Escritos Corsários" e "Cartas Luteranas". A inclusão dos ensaios confirma a coerência da obra, considerada pelos organizadores um "conjunto poético", pois, como afirma Santana Dias, "em certo momento sua poesia não se distinguia mais da prosa". A questão "poética" assume diversos significados ao longo da carreira de Pasolini. O principal, contudo, é sua força transformadora. Para alguns, isso se deve ao sucesso do primeiro livro de poesias de Pasolini, escritas em dialeto friuliano, que lhe abrira portas e mudara a vida. A partir de então, e até sua morte, toda a criação para Pasolini seria "poesia". A obra começou em 1942, quando publicou às próprias custas, por uma pequena editora de Bolonha, poemas no dialeto falado pela mãe. Neles, exprime um mundo lírico, quase fantástico e autobiográfico. É nele que já se vislumbra o conceito de "origem". Em resumo, trata-se de buscar uma nova língua para a poesia, daí a escolha do dialeto, uma língua "virgem" sem qualquer tradição literária, de usar planos frontais inspirados na pintura medieval, que remetiam ao modo de apresentação predominante no primeiro cinema, de obter cores artesanalmente para a pintura e até mesmo tentar criar novas notas para a música. A Segunda Guerra Mundial obriga-o a se alistar, mas se refugia na cidade natal da mãe e lá empreende uma intensa atividade política que ecoará nos versos fúnebres e tortuosos de "O Rouxinol da Igreja Católica", presente nesta antologia. Três anos depois, muda-se para Roma, onde vive até a morte. A década de 1950 será seu período mais produtivo do ponto de vista artístico. Escreve poesias premiadas, romances e descobre o cinema. A capital o fascina, assim como a vitalidade do subproletariado da cidade. Ele começa a usar a linguagem, as gírias e o dialeto locais para escrever os romances "Ragazzi di Vita" (Meninos de Vida), de 1955, e "Una Vita Violentata" (Uma Vida Violenta), de 1959. A originalidade estilística das obras o leva ao centro do mundo intelectual, mas o tema de ambos, cujos protagonistas são adolescentes que passam o tempo organizando pequenos delitos, acaba lhe valendo processos. É quando começa a se configurar, para o bem e para o mal, junto à opinião pública, seu papel de "provocador". É dessa época o poema "As Cinzas de Gramsci", também presente no presente volume, que o qualificou como "comunista herético" ao explorar a dialética entre razão revolucionaria e paixão. Nos anos 1960, estreia no cinema e "diretor" passaria a ser sua ocupação principal. A escolha da linguagem cinematográfica reverbera em sua atividade literária fazendo-o abandonar a métrica e se lançar em experimentações, como fica claro em "Poesia em Forma de Rosa", de 1964. O processo culmina numa poesia que parece querer se devorar devido às lacunas que exibe, como acontece em "Transumanar e Organizar" (1970). Da metade dos anos 1960 em diante, intensificou-se a atividade como ensaísta e polemista. Depois da publicação de "Empirismo Herético", em 1972, Pasolini começa a escrever para revistas semanais e, pouco depois, para o jornal "Corriere della Sera", os artigos reunidos em "Escritos Corsários" e "Cartas Luteranas". Nessa passagem da literatura para a crítica da sociedade, sua fama se multiplicou. Assim como aumentou sua capacidade de se colocar como voz destoante, anticonformista. Sua morte trágica aos 53 anos de idade, em circunstâncias que permanecem obscuras, "ampliou seu sucesso e sua influência, fazendo dele um mito", afirma o professor Berardinelli em texto do volume. Dentre as enérgicas reações a seu violento fim, a do critico de arte italiano Federico Zeri foi uma das que melhor captou o significado: "A morte de Pasolini é bem parecida com a de Caravaggio, pois ambas parecem ter sido criadas, roteirizadas, dirigidas e interpretadas por eles mesmos". POEMAS Autor: Pier Paolo Pasolini Organização: Alfonso Berardinelli e Maurício Santana Dias Tradução: Maurício Santana Dias Editora: Cosac Naify Quanto: R$ 59,90 (320 págs.) Avaliação: ótimo
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'Poemas' reúne versos e escritos do italiano Pasolini, intelectual e cineastaPrecursor. Polemista. Profeta. Profano. Poeta. Os PPP que abreviam o nome de Pier Paolo Pasolini sugerem as múltiplas facetas em que seu talento se desdobrou. Sua face mais conhecida no Brasil ainda é a de cineasta. Da vasta obra poética e crítica dessa estrela de primeira grandeza da cultura italiana do século 20, a poesia estava restrita aos que a leram no original. Com "Poemas", deixa de ser inédita. Trata-se de uma antologia de poemas e ensaios selecionados em conjunto pelo crítico literário italiano Alfonso Berardinelli e por Maurício Santana Dias, professor de literatura italiana da USP e tradutor dos textos, em edição bilíngue. São excertos de oito livros de poesia publicados pelo autor em vida e ainda ensaios que integraram as coletâneas "Empirismo Herético" (1972) e outros extraídos dos póstumos "Escritos Corsários" e "Cartas Luteranas". A inclusão dos ensaios confirma a coerência da obra, considerada pelos organizadores um "conjunto poético", pois, como afirma Santana Dias, "em certo momento sua poesia não se distinguia mais da prosa". A questão "poética" assume diversos significados ao longo da carreira de Pasolini. O principal, contudo, é sua força transformadora. Para alguns, isso se deve ao sucesso do primeiro livro de poesias de Pasolini, escritas em dialeto friuliano, que lhe abrira portas e mudara a vida. A partir de então, e até sua morte, toda a criação para Pasolini seria "poesia". A obra começou em 1942, quando publicou às próprias custas, por uma pequena editora de Bolonha, poemas no dialeto falado pela mãe. Neles, exprime um mundo lírico, quase fantástico e autobiográfico. É nele que já se vislumbra o conceito de "origem". Em resumo, trata-se de buscar uma nova língua para a poesia, daí a escolha do dialeto, uma língua "virgem" sem qualquer tradição literária, de usar planos frontais inspirados na pintura medieval, que remetiam ao modo de apresentação predominante no primeiro cinema, de obter cores artesanalmente para a pintura e até mesmo tentar criar novas notas para a música. A Segunda Guerra Mundial obriga-o a se alistar, mas se refugia na cidade natal da mãe e lá empreende uma intensa atividade política que ecoará nos versos fúnebres e tortuosos de "O Rouxinol da Igreja Católica", presente nesta antologia. Três anos depois, muda-se para Roma, onde vive até a morte. A década de 1950 será seu período mais produtivo do ponto de vista artístico. Escreve poesias premiadas, romances e descobre o cinema. A capital o fascina, assim como a vitalidade do subproletariado da cidade. Ele começa a usar a linguagem, as gírias e o dialeto locais para escrever os romances "Ragazzi di Vita" (Meninos de Vida), de 1955, e "Una Vita Violentata" (Uma Vida Violenta), de 1959. A originalidade estilística das obras o leva ao centro do mundo intelectual, mas o tema de ambos, cujos protagonistas são adolescentes que passam o tempo organizando pequenos delitos, acaba lhe valendo processos. É quando começa a se configurar, para o bem e para o mal, junto à opinião pública, seu papel de "provocador". É dessa época o poema "As Cinzas de Gramsci", também presente no presente volume, que o qualificou como "comunista herético" ao explorar a dialética entre razão revolucionaria e paixão. Nos anos 1960, estreia no cinema e "diretor" passaria a ser sua ocupação principal. A escolha da linguagem cinematográfica reverbera em sua atividade literária fazendo-o abandonar a métrica e se lançar em experimentações, como fica claro em "Poesia em Forma de Rosa", de 1964. O processo culmina numa poesia que parece querer se devorar devido às lacunas que exibe, como acontece em "Transumanar e Organizar" (1970). Da metade dos anos 1960 em diante, intensificou-se a atividade como ensaísta e polemista. Depois da publicação de "Empirismo Herético", em 1972, Pasolini começa a escrever para revistas semanais e, pouco depois, para o jornal "Corriere della Sera", os artigos reunidos em "Escritos Corsários" e "Cartas Luteranas". Nessa passagem da literatura para a crítica da sociedade, sua fama se multiplicou. Assim como aumentou sua capacidade de se colocar como voz destoante, anticonformista. Sua morte trágica aos 53 anos de idade, em circunstâncias que permanecem obscuras, "ampliou seu sucesso e sua influência, fazendo dele um mito", afirma o professor Berardinelli em texto do volume. Dentre as enérgicas reações a seu violento fim, a do critico de arte italiano Federico Zeri foi uma das que melhor captou o significado: "A morte de Pasolini é bem parecida com a de Caravaggio, pois ambas parecem ter sido criadas, roteirizadas, dirigidas e interpretadas por eles mesmos". POEMAS Autor: Pier Paolo Pasolini Organização: Alfonso Berardinelli e Maurício Santana Dias Tradução: Maurício Santana Dias Editora: Cosac Naify Quanto: R$ 59,90 (320 págs.) Avaliação: ótimo
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Leitor comenta declaração de novo presidente da Sabesp
Pelo que o novo chefe da Sabesp (Jerson Kelman) disse, fomos enganados durante todos esses anos do Governo Alkmin e do Secretário Arce, que esconderam a irresponsabilidade e a falta de planejamento da estocagem e disponibilização de água nas represas da Grande São Paulo e de todo o Estado. Como dizem abertamente os tucanos derrotados no plano federal, não seria o caso de pedir o "impeachmann" do Governador eleito por motivo de "estelionato eleitoral" em setembro de 2014? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor comenta declaração de novo presidente da SabespPelo que o novo chefe da Sabesp (Jerson Kelman) disse, fomos enganados durante todos esses anos do Governo Alkmin e do Secretário Arce, que esconderam a irresponsabilidade e a falta de planejamento da estocagem e disponibilização de água nas represas da Grande São Paulo e de todo o Estado. Como dizem abertamente os tucanos derrotados no plano federal, não seria o caso de pedir o "impeachmann" do Governador eleito por motivo de "estelionato eleitoral" em setembro de 2014? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Médico deve fazer pelo outro o que deseja para si mesmo
O caso do médico que publicou foto no Facebook debochando de paciente que fala "peleumonia" e "raôxis" viralizou nos últimos dias nas redes sociais e culminou no afastamento dele e de duas colegas que também fizeram comentários depreciativos nas redes sociais. O médico postou vídeo se desculpando e depois foi até a casa do paciente, que deu uma grande lição de vida. "Ele é uma pessoa boa, que teve um momento errado. Ele é novo e vai aprender com o tempo. Não foi nada que a gente não possa perdoar", disse o mecânico José Mauro Lima ao portal "G1". A história poderia ter acabado aí, mas existe uma sindicância em curso no Cremesp (Conselho Regional de Medicina) para apurar os fatos, o que deve render ainda uma certa dor de cabeça ao médico. Fora o grande prejuízo à sua imagem. Por antagonismo e não pela semelhança, o caso me fez lembrar de um outro médico que conheci anos atrás. É o Jim Withers, que criou um movimento global batizado de Street Medicine Institute (Instituto Medicina de Rua). Há mais de 20 anos ele sai na madrugada para tratar de pessoas que vivem nas ruas de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA). Diz que aprendeu mais nas ruas do que nos bancos da faculdade. Withers não está mais sozinho. Hoje o movimento reúne médicos voluntários em diversos locais da América, África, Ásia e Europa. Ele saem com vans equipadas com serviços móveis, como clínicas médicas ao ar livre. O instituto realiza reuniões internacionais anuais que preparam médicos e estudantes de medicina a atuarem nas ruas. No Brasil, há um programa federal semelhante chamado Consultório na Rua. Criado em 2011, visa a ampliar o acesso da população em situação de rua ao SUS. Em todo o Brasil, há perto de 150 equipes de consultórios na rua. Ainda é pouco, mas é uma iniciativa que merece aplausos. Em reportagem feita pela EBC no ano passado, a médica Valeska Antunes disse que a invisibilidade e o preconceito são os maiores obstáculos dessas pessoas para acessarem serviços e direitos. "Não dá para prejulgar, determinar quem merece ou não investimento e esforços." O site do Street Medicine Institute define a missão: "A essência da medicina de rua tem como regra de ouro fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem por nós. Isso obriga-nos a acreditar que os outros são dignos o suficiente para merecer nossa compaixão". Essa é a regra de ouro que deveria prevalecer sempre, em todas as relações, e, em especial, naquelas que são tão assimétricas como na relação entre médicos e pacientes. Mas sempre há tempo para quem não aprendeu isso em casa, na escola ou na vida. Mesmo que seja pelo vexame público.
colunas
Médico deve fazer pelo outro o que deseja para si mesmoO caso do médico que publicou foto no Facebook debochando de paciente que fala "peleumonia" e "raôxis" viralizou nos últimos dias nas redes sociais e culminou no afastamento dele e de duas colegas que também fizeram comentários depreciativos nas redes sociais. O médico postou vídeo se desculpando e depois foi até a casa do paciente, que deu uma grande lição de vida. "Ele é uma pessoa boa, que teve um momento errado. Ele é novo e vai aprender com o tempo. Não foi nada que a gente não possa perdoar", disse o mecânico José Mauro Lima ao portal "G1". A história poderia ter acabado aí, mas existe uma sindicância em curso no Cremesp (Conselho Regional de Medicina) para apurar os fatos, o que deve render ainda uma certa dor de cabeça ao médico. Fora o grande prejuízo à sua imagem. Por antagonismo e não pela semelhança, o caso me fez lembrar de um outro médico que conheci anos atrás. É o Jim Withers, que criou um movimento global batizado de Street Medicine Institute (Instituto Medicina de Rua). Há mais de 20 anos ele sai na madrugada para tratar de pessoas que vivem nas ruas de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA). Diz que aprendeu mais nas ruas do que nos bancos da faculdade. Withers não está mais sozinho. Hoje o movimento reúne médicos voluntários em diversos locais da América, África, Ásia e Europa. Ele saem com vans equipadas com serviços móveis, como clínicas médicas ao ar livre. O instituto realiza reuniões internacionais anuais que preparam médicos e estudantes de medicina a atuarem nas ruas. No Brasil, há um programa federal semelhante chamado Consultório na Rua. Criado em 2011, visa a ampliar o acesso da população em situação de rua ao SUS. Em todo o Brasil, há perto de 150 equipes de consultórios na rua. Ainda é pouco, mas é uma iniciativa que merece aplausos. Em reportagem feita pela EBC no ano passado, a médica Valeska Antunes disse que a invisibilidade e o preconceito são os maiores obstáculos dessas pessoas para acessarem serviços e direitos. "Não dá para prejulgar, determinar quem merece ou não investimento e esforços." O site do Street Medicine Institute define a missão: "A essência da medicina de rua tem como regra de ouro fazer aos outros o que gostaríamos que os outros fizessem por nós. Isso obriga-nos a acreditar que os outros são dignos o suficiente para merecer nossa compaixão". Essa é a regra de ouro que deveria prevalecer sempre, em todas as relações, e, em especial, naquelas que são tão assimétricas como na relação entre médicos e pacientes. Mas sempre há tempo para quem não aprendeu isso em casa, na escola ou na vida. Mesmo que seja pelo vexame público.
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Samu e Resgate atuarão em conjunto para atender urgências em SP
O tempo para atendimento médico de urgência e de emergência pré-hospitalar em São Paulo tende a ficar mais rápido. O Grau (Grupo de Atendimento e Resgate às Urgências), do governo paulista, e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da Prefeitura de São Paulo, vão integrar seus sistemas. Com isso, também deve cair o número de atendimentos em duplicidade. A unificação ocorre depois de o Ministério Público de São Paulo obter, no dia 6 de setembro, uma liminar da Justiça que obriga a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) a fazer uma interação entre os serviços do Resgate e do Samu. De acordo com a Promotoria, as ambulâncias do Samu não conseguiram chegar em tempo adequado aos locais de ocorrência média. A Secretaria do Estado da Saúde publicará na edição desta quinta-feira (22) do "Diário Oficial" do Estado uma resolução para começar a integrar os sistemas estadual e municipal. Vão ser definidos novos fluxos de regulação e atendimento dos serviços de saúde que recebem pacientes resgatados em casa ou na rua, e que realizam o encaminhamento para hospitais gerais nos casos de maior gravidade. Outra medida que deve ser adotada, em uma próxima etapa, será a unificação das centrais de atendimento 193 (Resgate) e 192 (Samu). Com isso, segundo a pasta, haverá mais agilidade na assistência pré-hospitalar prestada à população na capital paulista, além de evitar atendimentos em duplicidade. "O serviço de resgate às urgências e emergências é importantíssimo para a resolutividade do atendimento aos pacientes quando chegam aos serviços de saúde. A integração dos dois serviços que atuam na capital paulista será fundamental para aprimorar e agilizar o socorro médico, uma vez que este primeiro atendimento pode ser vital para salvar uma vida", afirmou, em nota, David Uip, secretário do Estado da Saúde. Em 2015, a demora cresceu em quatro de cinco regiões da cidade de São Paulo em relação ao ano anterior e, na zona sul, já supera 15 minutos, conforme revelou a Folha em maio passado. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação. O padrão de referência aceito por parâmetros internacionais varia de 10 a 12 minutos. O levantamento considera os atendimentos de nível 1 do Samu –prioridade absoluta, para casos em que há risco de morte e requerem encaminhamento imediato da vítima ao hospital. Quanto maior a espera, menores as chances de sobrevida após um atropelamento ou acidente com politraumatismo, por exemplo. Tempo médio de resposta do Samu - Em São Paulo (prioridade 1) por região, em minutos Na ocasião, a gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que o atendimento de urgência é realizado "levando em consideração a estrutura disponível e o melhor percurso para atingir menor tempo de deslocamento". O Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que o Estado deve realizar a interação entre os serviços para que haja compartilhamento dos serviços de comunicação e de atendimento em locais de ocorrências médicas. Dessa forma, a Justiça determinou um prazo de 30 dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, para que ocorresse essa interação. "Essa integração permitirá uma mais adequada racionalização no emprego dos recursos humanos e materiais disponíveis de ambos os serviços, evitando-se, por exemplo, que os dois serviços sejam acionados para atendimento a uma mesma ocorrência", disse o juiz Valentino Aparecido de Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública da capital, em sua decisão. RECURSOS O Samu foi criado em 2003 e faz parte da Política Nacional de Atenção a Urgências. Cabe ao governo federal repassar 50% do valor de custeio do serviço, compartilhado com Estados e municípios –na capital, está a cargo da gestão de Fernando Haddad (PT). Já o resgate pré-hospitalar do governo paulista é feito desde 1989 pelo Grau. O Ministério Público de São Paulo também afirmou que 40% das ocorrências abertas não estão sendo atendidas pelo Samu por falta de recursos. Segundo a Promotoria, esses recursos deveriam vir, em parte, do governo estadual, mas o Samu somente conta com verba federal e municipal. "Constatando que o não atendimento de todos os chamados é fruto do fato de o governo do Estado de São Paulo descumprir a Constituição e a obrigação legal de também custear o Samu, a promotora de Justiça da Saúde Dora Martin Strilicherk ajuizou ação civil pública que pede a condenação do Estado de São Paulo na obrigação de participar no custeio do Samu, ao lado do município e da União", disse a Promotoria. O secretário estadual da saúde afirmou que o Estado já fazia a sua parte com o Grau e que é incorreto dizer que há obrigatoriedade do governo em repassar recursos para o Samu. "O governo estadual aplica cerca de R$ 60 milhões por ano no pré-atendimento do Grau, que surgiu bem antes do Samu. Além disso, a maioria dos atendidos [pelo Samu] são encaminhados para os hospitais estaduais", disse Uip. O governo tucano conta com uma rede de 93 hospitais, além de dois helicópteros –em parceria com a Polícia Militar–, que são acionados quando necessários. O secretário disse que já conversou com o secretário municipal de Saúde Alexandre Padilha (PT) e que essa "aproximação está acima de partido, pois o objetivo é fazer melhorar o atendimento a população".
cotidiano
Samu e Resgate atuarão em conjunto para atender urgências em SPO tempo para atendimento médico de urgência e de emergência pré-hospitalar em São Paulo tende a ficar mais rápido. O Grau (Grupo de Atendimento e Resgate às Urgências), do governo paulista, e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), da Prefeitura de São Paulo, vão integrar seus sistemas. Com isso, também deve cair o número de atendimentos em duplicidade. A unificação ocorre depois de o Ministério Público de São Paulo obter, no dia 6 de setembro, uma liminar da Justiça que obriga a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) a fazer uma interação entre os serviços do Resgate e do Samu. De acordo com a Promotoria, as ambulâncias do Samu não conseguiram chegar em tempo adequado aos locais de ocorrência média. A Secretaria do Estado da Saúde publicará na edição desta quinta-feira (22) do "Diário Oficial" do Estado uma resolução para começar a integrar os sistemas estadual e municipal. Vão ser definidos novos fluxos de regulação e atendimento dos serviços de saúde que recebem pacientes resgatados em casa ou na rua, e que realizam o encaminhamento para hospitais gerais nos casos de maior gravidade. Outra medida que deve ser adotada, em uma próxima etapa, será a unificação das centrais de atendimento 193 (Resgate) e 192 (Samu). Com isso, segundo a pasta, haverá mais agilidade na assistência pré-hospitalar prestada à população na capital paulista, além de evitar atendimentos em duplicidade. "O serviço de resgate às urgências e emergências é importantíssimo para a resolutividade do atendimento aos pacientes quando chegam aos serviços de saúde. A integração dos dois serviços que atuam na capital paulista será fundamental para aprimorar e agilizar o socorro médico, uma vez que este primeiro atendimento pode ser vital para salvar uma vida", afirmou, em nota, David Uip, secretário do Estado da Saúde. Em 2015, a demora cresceu em quatro de cinco regiões da cidade de São Paulo em relação ao ano anterior e, na zona sul, já supera 15 minutos, conforme revelou a Folha em maio passado. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação. O padrão de referência aceito por parâmetros internacionais varia de 10 a 12 minutos. O levantamento considera os atendimentos de nível 1 do Samu –prioridade absoluta, para casos em que há risco de morte e requerem encaminhamento imediato da vítima ao hospital. Quanto maior a espera, menores as chances de sobrevida após um atropelamento ou acidente com politraumatismo, por exemplo. Tempo médio de resposta do Samu - Em São Paulo (prioridade 1) por região, em minutos Na ocasião, a gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que o atendimento de urgência é realizado "levando em consideração a estrutura disponível e o melhor percurso para atingir menor tempo de deslocamento". O Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que o Estado deve realizar a interação entre os serviços para que haja compartilhamento dos serviços de comunicação e de atendimento em locais de ocorrências médicas. Dessa forma, a Justiça determinou um prazo de 30 dias, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, para que ocorresse essa interação. "Essa integração permitirá uma mais adequada racionalização no emprego dos recursos humanos e materiais disponíveis de ambos os serviços, evitando-se, por exemplo, que os dois serviços sejam acionados para atendimento a uma mesma ocorrência", disse o juiz Valentino Aparecido de Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública da capital, em sua decisão. RECURSOS O Samu foi criado em 2003 e faz parte da Política Nacional de Atenção a Urgências. Cabe ao governo federal repassar 50% do valor de custeio do serviço, compartilhado com Estados e municípios –na capital, está a cargo da gestão de Fernando Haddad (PT). Já o resgate pré-hospitalar do governo paulista é feito desde 1989 pelo Grau. O Ministério Público de São Paulo também afirmou que 40% das ocorrências abertas não estão sendo atendidas pelo Samu por falta de recursos. Segundo a Promotoria, esses recursos deveriam vir, em parte, do governo estadual, mas o Samu somente conta com verba federal e municipal. "Constatando que o não atendimento de todos os chamados é fruto do fato de o governo do Estado de São Paulo descumprir a Constituição e a obrigação legal de também custear o Samu, a promotora de Justiça da Saúde Dora Martin Strilicherk ajuizou ação civil pública que pede a condenação do Estado de São Paulo na obrigação de participar no custeio do Samu, ao lado do município e da União", disse a Promotoria. O secretário estadual da saúde afirmou que o Estado já fazia a sua parte com o Grau e que é incorreto dizer que há obrigatoriedade do governo em repassar recursos para o Samu. "O governo estadual aplica cerca de R$ 60 milhões por ano no pré-atendimento do Grau, que surgiu bem antes do Samu. Além disso, a maioria dos atendidos [pelo Samu] são encaminhados para os hospitais estaduais", disse Uip. O governo tucano conta com uma rede de 93 hospitais, além de dois helicópteros –em parceria com a Polícia Militar–, que são acionados quando necessários. O secretário disse que já conversou com o secretário municipal de Saúde Alexandre Padilha (PT) e que essa "aproximação está acima de partido, pois o objetivo é fazer melhorar o atendimento a população".
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O humor está derrubando o governo
Mais uma vez o humor popular exerce pressão sobre a seriedade e a circunspecção da burocracia. No Brasil de hoje, vivemos esse fenômeno de maneira intensa e histórica. As piadas, a dança, a música e as charges são armas mais poderosas do que toda a verba de propaganda do governo e o pagamento milionário a marqueteiros. As anedotas, que nascem espontaneamente, ganharam hoje no Brasil uma dimensão enorme graças à internet. Principalmente com as redes sociais, ela permite que todos os lados adquiram voz, e acredito que conseguimos o que muitos reclamavam: meios de comunicação realmente democráticos e abertos. Embora Umberto Eco tenha notado que a internet abriu as portas para toda a imbecilidade humana, no caso da comunicação política vemos isso entre todos os participantes, mas especialmente entre aqueles que querem manter a excessiva seriedade num meio que se impôs como uma continuação da televisão, que é fundamentalmente um veículo de entretenimento. O Brasil tem uma tradição da presença do humor nas disputas políticas, desde o surgimento da imprensa no país. Pela crítica humorística passaram os imperadores, principalmente dom Pedro 2º, e os presidentes republicanos, ditadores ou democráticos. Getúlio Vargas usou o humor a seu favor, patrocinando anedotas e músicas que exaltavam o trabalho. Jânio Quadros era ele próprio criador de piadas e tiradas. Quem pode esquecer o "fi-lo porque qui-lo"? No regime militar houve um recrudescimento de piadas, apesar da censura. Os maiores alvos de risadas foram os generais Arthur da Costa e Silva e João Baptista Figueiredo –este foi perseguido a vida toda pela sua boutade "prefiro cheiro de cavalo ao cheiro do povo!". Neste ano de 2016, no entanto, as charges, os filmetes e as montagens fotográficas adquiriram uma dimensão enciclopédica, com prevalência do lado da oposição. Por muito tempo, nada será comparável à invenção devastadora do Pixuleko, um resumo da crítica mordaz –uma charge genial em três dimensões transposta das portas de borracharia para as manifestações de rua. Dilma e Lula se tornaram personagens arlequinescos, não porque o humor tenha os moldado dessa forma, mas porque eles próprios se fizeram arlequins. As tentativas de seus correligionários de responder com humor resultaram em esforços ridículos e inúteis. São sérios demais para expor um mínimo de bom humor. O uso de expressões como "golpistas", "não passarão" e "fascistas" e a obsessão com a sigla FHC demonstram a disparidade criativa entre os grupos. Na manifestação pró-governo de 18 de março, por exemplo, não havia um cartaz, uma camiseta que revelasse bom humor. Na verdade, deles todos, o único que revelou bom humor e capacidade de improviso acabou sendo o próprio Lula, com suas tiradas, suas metáforas e com a criação de imagens. O problema talvez seja a ausência de um alvo claro e relevante. Nenhum de seus adversários tem essas características. Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Sergio Moro, Fernando Henrique não são alvos suficientemente poderosos para que haja concentração de ataques. Se alguém tiver paciência para colecionar as várias anedotas que povoam hoje as redes sociais, produzirá um documento revelador de um momento importante da história contemporânea do Brasil. Perceberá também o surgimento de um poderoso meio de comunicação que deu voz a todos, os descritos por Umberto Eco e o resto de nós, e do qual nenhum governante estará livre daqui por diante. ROBERTO DUAILIBI, 80, publicitário, integra o conselho administrativo da agência DPZ&T e é membro da Academia Paulista de Letras
opiniao
O humor está derrubando o governoMais uma vez o humor popular exerce pressão sobre a seriedade e a circunspecção da burocracia. No Brasil de hoje, vivemos esse fenômeno de maneira intensa e histórica. As piadas, a dança, a música e as charges são armas mais poderosas do que toda a verba de propaganda do governo e o pagamento milionário a marqueteiros. As anedotas, que nascem espontaneamente, ganharam hoje no Brasil uma dimensão enorme graças à internet. Principalmente com as redes sociais, ela permite que todos os lados adquiram voz, e acredito que conseguimos o que muitos reclamavam: meios de comunicação realmente democráticos e abertos. Embora Umberto Eco tenha notado que a internet abriu as portas para toda a imbecilidade humana, no caso da comunicação política vemos isso entre todos os participantes, mas especialmente entre aqueles que querem manter a excessiva seriedade num meio que se impôs como uma continuação da televisão, que é fundamentalmente um veículo de entretenimento. O Brasil tem uma tradição da presença do humor nas disputas políticas, desde o surgimento da imprensa no país. Pela crítica humorística passaram os imperadores, principalmente dom Pedro 2º, e os presidentes republicanos, ditadores ou democráticos. Getúlio Vargas usou o humor a seu favor, patrocinando anedotas e músicas que exaltavam o trabalho. Jânio Quadros era ele próprio criador de piadas e tiradas. Quem pode esquecer o "fi-lo porque qui-lo"? No regime militar houve um recrudescimento de piadas, apesar da censura. Os maiores alvos de risadas foram os generais Arthur da Costa e Silva e João Baptista Figueiredo –este foi perseguido a vida toda pela sua boutade "prefiro cheiro de cavalo ao cheiro do povo!". Neste ano de 2016, no entanto, as charges, os filmetes e as montagens fotográficas adquiriram uma dimensão enciclopédica, com prevalência do lado da oposição. Por muito tempo, nada será comparável à invenção devastadora do Pixuleko, um resumo da crítica mordaz –uma charge genial em três dimensões transposta das portas de borracharia para as manifestações de rua. Dilma e Lula se tornaram personagens arlequinescos, não porque o humor tenha os moldado dessa forma, mas porque eles próprios se fizeram arlequins. As tentativas de seus correligionários de responder com humor resultaram em esforços ridículos e inúteis. São sérios demais para expor um mínimo de bom humor. O uso de expressões como "golpistas", "não passarão" e "fascistas" e a obsessão com a sigla FHC demonstram a disparidade criativa entre os grupos. Na manifestação pró-governo de 18 de março, por exemplo, não havia um cartaz, uma camiseta que revelasse bom humor. Na verdade, deles todos, o único que revelou bom humor e capacidade de improviso acabou sendo o próprio Lula, com suas tiradas, suas metáforas e com a criação de imagens. O problema talvez seja a ausência de um alvo claro e relevante. Nenhum de seus adversários tem essas características. Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Sergio Moro, Fernando Henrique não são alvos suficientemente poderosos para que haja concentração de ataques. Se alguém tiver paciência para colecionar as várias anedotas que povoam hoje as redes sociais, produzirá um documento revelador de um momento importante da história contemporânea do Brasil. Perceberá também o surgimento de um poderoso meio de comunicação que deu voz a todos, os descritos por Umberto Eco e o resto de nós, e do qual nenhum governante estará livre daqui por diante. ROBERTO DUAILIBI, 80, publicitário, integra o conselho administrativo da agência DPZ&T e é membro da Academia Paulista de Letras
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Corinthians e Once Caldas tem horário estendido do Metrô
O Metrô de São Paulo prolongará até 0h30 o horário de embarque na estação Corinthians-Itaquera, próxima ao Itaquerão, onde o Corinthians enfrenta o Once Caldas às 22h desta quarta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô, quem embarcar na estação Corinthians-Itaquera até às 0h30 tem transferência garantida para as demais linhas do sistema. Entretanto, o plano não vale para as estações do trem metropolitano. O horário especial já é adotado desde julho de 2014 para todas as ocasiões que as partidas iniciam às 22h. A medida beneficia também o Morumbi (estação Butantã da linha amarela), Pacaembu (estação Clínicas da linha verde) e Canindé (estação Tietê da linha azul).
esporte
Corinthians e Once Caldas tem horário estendido do MetrôO Metrô de São Paulo prolongará até 0h30 o horário de embarque na estação Corinthians-Itaquera, próxima ao Itaquerão, onde o Corinthians enfrenta o Once Caldas às 22h desta quarta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô, quem embarcar na estação Corinthians-Itaquera até às 0h30 tem transferência garantida para as demais linhas do sistema. Entretanto, o plano não vale para as estações do trem metropolitano. O horário especial já é adotado desde julho de 2014 para todas as ocasiões que as partidas iniciam às 22h. A medida beneficia também o Morumbi (estação Butantã da linha amarela), Pacaembu (estação Clínicas da linha verde) e Canindé (estação Tietê da linha azul).
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Balanço de uma época
O clima de exaltação ideológica que acompanhou o impeachment diminui a receptividade a eventuais esforços para avaliar com equilíbrio o significado de 13 anos do PT no Planalto. A atitude dos que se frustraram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, tanto quanto a dos que o comemoram, traz consigo o risco de dissolver a diferença entre o que houve de específico na era petista e o que, para o bem ou para o mal, é característico do sistema social e político brasileiro. A estratégia de vitimização, de que faz largo uso a militância petista, tem sua contrapartida no enfoque demonizador a que se entregaram muitos de seus adversários. Não nasceram com o PT as práticas da corrupção e do aparelhamento do Estado —ainda que, sob Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, estas se tenham verificado com a voracidade dos que chegaram tarde ao banquete e com a desfaçatez de quem se considerava autorizado a tudo por seus ideais. Não foi o petismo o único protagonista da derrocada moral de que se beneficiaram, nos Estados, nos municípios e no próprio âmbito federal, também os partidos que se coligaram pelo impeachment. Não surgiu sob a Presidência de um operário, por outro lado, a preocupação em combater a miséria e em ampliar o acesso dos pobres à saúde e à educação. Mas é fato que o período petista marcou-se por uma aceleração, uma certa intensificação da dinâmica social. Inflaram-se as expectativas de que o Brasil passaria a figurar rapidamente entre as grandes potências, ao mesmo tempo em que ficaram intocadas, e mais agudas, as razões para isso deixar de ocorrer. Reviveu-se com Lula a prática populista de atribuir à vontade de um líder providencial a luta contra as desigualdades sociais. Evitaram-se, por isso mesmo, quaisquer esforços reais de reforma política, diminuição da burocracia e modernização econômica —a qual passa por um empenho privatizador que constitui anátema para o PT. Deixaram-se de lado, pelas mesmas razões ideológicas, quaisquer iniciativas de conferir mais racionalidade aos gastos do governo. Se o controle da inflação e certa disciplina orçamentária foram obtidos nos primeiros anos do lulismo, e se as políticas anticíclicas foram de início adequadas para enfrentar o pior da crise de 2008/09, Lula e Dilma pecaram por tentar prolongar o ciclo de prosperidade —com finalidade eleitoral— quando ele já dava sinais de fadiga. Após o pleito de 2014, o ajuste se provou incontornável, mas o custo desnecessariamente inflado de amargas medidas de austeridade já ultrapassava o que a frágil coalizão de apoio a Dilma Rousseff e seu próprio partido podiam assimilar. A era petista termina, levando consigo um sistema exausto de falsidades doutrinárias, arrogância, maniqueísmo e irresponsabilidade econômica. Não terminam, porém, o patrimonialismo, a burocracia, a corrupção, o apadrinhamento e o arcaísmo político com o qual o país convive há séculos. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Balanço de uma épocaO clima de exaltação ideológica que acompanhou o impeachment diminui a receptividade a eventuais esforços para avaliar com equilíbrio o significado de 13 anos do PT no Planalto. A atitude dos que se frustraram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, tanto quanto a dos que o comemoram, traz consigo o risco de dissolver a diferença entre o que houve de específico na era petista e o que, para o bem ou para o mal, é característico do sistema social e político brasileiro. A estratégia de vitimização, de que faz largo uso a militância petista, tem sua contrapartida no enfoque demonizador a que se entregaram muitos de seus adversários. Não nasceram com o PT as práticas da corrupção e do aparelhamento do Estado —ainda que, sob Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, estas se tenham verificado com a voracidade dos que chegaram tarde ao banquete e com a desfaçatez de quem se considerava autorizado a tudo por seus ideais. Não foi o petismo o único protagonista da derrocada moral de que se beneficiaram, nos Estados, nos municípios e no próprio âmbito federal, também os partidos que se coligaram pelo impeachment. Não surgiu sob a Presidência de um operário, por outro lado, a preocupação em combater a miséria e em ampliar o acesso dos pobres à saúde e à educação. Mas é fato que o período petista marcou-se por uma aceleração, uma certa intensificação da dinâmica social. Inflaram-se as expectativas de que o Brasil passaria a figurar rapidamente entre as grandes potências, ao mesmo tempo em que ficaram intocadas, e mais agudas, as razões para isso deixar de ocorrer. Reviveu-se com Lula a prática populista de atribuir à vontade de um líder providencial a luta contra as desigualdades sociais. Evitaram-se, por isso mesmo, quaisquer esforços reais de reforma política, diminuição da burocracia e modernização econômica —a qual passa por um empenho privatizador que constitui anátema para o PT. Deixaram-se de lado, pelas mesmas razões ideológicas, quaisquer iniciativas de conferir mais racionalidade aos gastos do governo. Se o controle da inflação e certa disciplina orçamentária foram obtidos nos primeiros anos do lulismo, e se as políticas anticíclicas foram de início adequadas para enfrentar o pior da crise de 2008/09, Lula e Dilma pecaram por tentar prolongar o ciclo de prosperidade —com finalidade eleitoral— quando ele já dava sinais de fadiga. Após o pleito de 2014, o ajuste se provou incontornável, mas o custo desnecessariamente inflado de amargas medidas de austeridade já ultrapassava o que a frágil coalizão de apoio a Dilma Rousseff e seu próprio partido podiam assimilar. A era petista termina, levando consigo um sistema exausto de falsidades doutrinárias, arrogância, maniqueísmo e irresponsabilidade econômica. Não terminam, porém, o patrimonialismo, a burocracia, a corrupção, o apadrinhamento e o arcaísmo político com o qual o país convive há séculos. editoriais@grupofolha.com.br
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Famílias decidem ocultar de doente que ele tem alzheimer
Aos 57 anos, o executivo Walter começou a esquecer. No início, nomes, datas, chaves e compromissos. Por fim, perdeu o rumo de casa. Hoje, aos 60, não sai sozinho, não dirige e não administra os negócios. A família sabe que Walter tem o mal de Alzheimer. Ele não. Leia dois depoimentos aqui e aqui de casos de famílias que decidiram ou não contar aos pacientes que tinham alzheimer. Diferentemente do que acontece nos EUA e em países da Europa, no Brasil a tendência de médicos e de familiares é poupar o paciente da notícia do alzheimer, mesmo se ele ainda é capaz de compreender o problema. Estudo da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) com 104 cuidadores revela que 56% deles não contam sobre a doença ao familiar. Mas, ao mesmo tempo, 88% dizem que gostariam de saber se fossem eles o doente. Entre os argumentos dos familiares para omitir o diagnóstico estão a crença de que a revelação não fará diferença –já que ele vai esquecer mesmo– e o medo de que a informação cause mais prejuízo do que benefício. No filme "Para Sempre Alice", que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta (13), a personagem interpretada pela atriz Julianne Moore procura o médico por suspeitar de esquecimentos frequentes e recebe o diagnóstico aos 50 anos –menos de 5% dos casos se manifestam antes dos 65 anos. Recente revisão de 23 artigos científicos sobre demência, com um total de 9.065 pessoas ouvidas, mostra que 90% delas querem ser informadas sobre o diagnóstico. O neurologista Rodrigo Rizek Schultz, coordenador do ambulatório de demência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor científico da Abraz, defende que a revelação pode favorecer a adesão do paciente ao tratamento. "Ele precisa saber que, com a ajuda dos medicamentos e outras terapias, é possível retardar o avanço da doença e ter mais controle sobre os sintomas. Se não souber disso, não seguirá a orientação médica mesmo que a família queira." Outro benefício da revelação é permitir que o doente tome decisões importantes antes de perder a autonomia. "Ele poderá decidir se ficará em casa com cuidador ou numa casa de repouso ou ainda nomear alguém para cuidar das finanças", diz a psicóloga Fernanda Gouveia, professora da PUC-SP. Mas, para ela, revelar ou não o diagnóstico de alzheimer depende muito do perfil do paciente. "São poucos os que perguntam. A maioria desconfia, mas tem medo de receber a informação." Após ouvir cinco médicos, a família de Walter decidiu não contar a ele sobre a sua condição. "[Os médicos] disseram que seria um estresse desnecessário para ele e que não mudaria em nada a situação", diz o filho Daniel, 31, que prefere não dar o sobrenome. Segundo Schultz, de uma forma geral, os médicos brasileiros não têm o hábito de revelar o diagnóstico ao paciente. "Se ele pergunta, é nossa obrigação contar. Mas a tendência é deixar nas mãos da família a decisão de contar ou não." Para o presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), Bráulio Luna Filho, a postura é mais resultado da cultura latina. "Entre os anglo-saxões, essa questão não existe." Do ponto vista ético, segundo ele, a recomendação é que o médico avalie o impacto da informação e prepare o paciente para recebê-la. "Se perceber que ele não tem estrutura para entender ou aceitar, deve procurar a pessoa mais próxima. Ele não pode omitir informação relevante ao paciente." Para Schultz, essa é uma questão que ganha importância porque a tendência é o alzheimer ser diagnosticado cada vez mais precocemente. Nos consultórios particulares, 70% dos casos estão em estágios iniciais. Isso possibilita intervenções (uso de remédios e de treino físico e cognitivo) o que permite que a doença tenha uma progressão mais lenta.
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Famílias decidem ocultar de doente que ele tem alzheimerAos 57 anos, o executivo Walter começou a esquecer. No início, nomes, datas, chaves e compromissos. Por fim, perdeu o rumo de casa. Hoje, aos 60, não sai sozinho, não dirige e não administra os negócios. A família sabe que Walter tem o mal de Alzheimer. Ele não. Leia dois depoimentos aqui e aqui de casos de famílias que decidiram ou não contar aos pacientes que tinham alzheimer. Diferentemente do que acontece nos EUA e em países da Europa, no Brasil a tendência de médicos e de familiares é poupar o paciente da notícia do alzheimer, mesmo se ele ainda é capaz de compreender o problema. Estudo da Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) com 104 cuidadores revela que 56% deles não contam sobre a doença ao familiar. Mas, ao mesmo tempo, 88% dizem que gostariam de saber se fossem eles o doente. Entre os argumentos dos familiares para omitir o diagnóstico estão a crença de que a revelação não fará diferença –já que ele vai esquecer mesmo– e o medo de que a informação cause mais prejuízo do que benefício. No filme "Para Sempre Alice", que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta (13), a personagem interpretada pela atriz Julianne Moore procura o médico por suspeitar de esquecimentos frequentes e recebe o diagnóstico aos 50 anos –menos de 5% dos casos se manifestam antes dos 65 anos. Recente revisão de 23 artigos científicos sobre demência, com um total de 9.065 pessoas ouvidas, mostra que 90% delas querem ser informadas sobre o diagnóstico. O neurologista Rodrigo Rizek Schultz, coordenador do ambulatório de demência da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor científico da Abraz, defende que a revelação pode favorecer a adesão do paciente ao tratamento. "Ele precisa saber que, com a ajuda dos medicamentos e outras terapias, é possível retardar o avanço da doença e ter mais controle sobre os sintomas. Se não souber disso, não seguirá a orientação médica mesmo que a família queira." Outro benefício da revelação é permitir que o doente tome decisões importantes antes de perder a autonomia. "Ele poderá decidir se ficará em casa com cuidador ou numa casa de repouso ou ainda nomear alguém para cuidar das finanças", diz a psicóloga Fernanda Gouveia, professora da PUC-SP. Mas, para ela, revelar ou não o diagnóstico de alzheimer depende muito do perfil do paciente. "São poucos os que perguntam. A maioria desconfia, mas tem medo de receber a informação." Após ouvir cinco médicos, a família de Walter decidiu não contar a ele sobre a sua condição. "[Os médicos] disseram que seria um estresse desnecessário para ele e que não mudaria em nada a situação", diz o filho Daniel, 31, que prefere não dar o sobrenome. Segundo Schultz, de uma forma geral, os médicos brasileiros não têm o hábito de revelar o diagnóstico ao paciente. "Se ele pergunta, é nossa obrigação contar. Mas a tendência é deixar nas mãos da família a decisão de contar ou não." Para o presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), Bráulio Luna Filho, a postura é mais resultado da cultura latina. "Entre os anglo-saxões, essa questão não existe." Do ponto vista ético, segundo ele, a recomendação é que o médico avalie o impacto da informação e prepare o paciente para recebê-la. "Se perceber que ele não tem estrutura para entender ou aceitar, deve procurar a pessoa mais próxima. Ele não pode omitir informação relevante ao paciente." Para Schultz, essa é uma questão que ganha importância porque a tendência é o alzheimer ser diagnosticado cada vez mais precocemente. Nos consultórios particulares, 70% dos casos estão em estágios iniciais. Isso possibilita intervenções (uso de remédios e de treino físico e cognitivo) o que permite que a doença tenha uma progressão mais lenta.
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Adolescentes morrem após serem encontrados baleados em carro em SP
Dois adolescentes morreram na tarde deste sábado (7) após serem encontrados baleados em um carro na região do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. O local do crime fica a cerca de 5 km de outros quatro ataques que mataram dez pessoas e feriram cinco entre a noite de sexta (6) e a madrugada de sábado. Os dois adolescentes, identificados como Emanuel Alex de Oliveira, 17, e Carlos Gabriel da Silva, 14, estavam dentro de um Uno cinza, na rua Carnaubal, quando foram encontrados baleados, mas ainda com vida. Eles foram socorridos e encaminhadas ao hospital do M'Boi Mirim, mas morreram no caminho. Segundo informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública), uma pessoa que estava em um bar próximo contou à polícia que ouviu os disparos e em seguida viu uma moto amarela passar em alta velocidade. Os ocupantes da moto, porém, não tinham sido identificados até a noite deste domingo (8). Os corpos dos dois adolescentes foram enterrados nesta tarde no cemitério Jardim São Luiz. O caso foi registrado no 47º DP (Capão Redondo), que ficará responsável pelas investigações. A motivação do crime ainda era desconhecida na noite deste domingo. Segundo a polícia, não há informações que liguem a morte dos jovens aos outros quatro ataques que mataram dez pessoas entre a noite de sexta e a madrugada de sábado.
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Adolescentes morrem após serem encontrados baleados em carro em SPDois adolescentes morreram na tarde deste sábado (7) após serem encontrados baleados em um carro na região do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. O local do crime fica a cerca de 5 km de outros quatro ataques que mataram dez pessoas e feriram cinco entre a noite de sexta (6) e a madrugada de sábado. Os dois adolescentes, identificados como Emanuel Alex de Oliveira, 17, e Carlos Gabriel da Silva, 14, estavam dentro de um Uno cinza, na rua Carnaubal, quando foram encontrados baleados, mas ainda com vida. Eles foram socorridos e encaminhadas ao hospital do M'Boi Mirim, mas morreram no caminho. Segundo informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública), uma pessoa que estava em um bar próximo contou à polícia que ouviu os disparos e em seguida viu uma moto amarela passar em alta velocidade. Os ocupantes da moto, porém, não tinham sido identificados até a noite deste domingo (8). Os corpos dos dois adolescentes foram enterrados nesta tarde no cemitério Jardim São Luiz. O caso foi registrado no 47º DP (Capão Redondo), que ficará responsável pelas investigações. A motivação do crime ainda era desconhecida na noite deste domingo. Segundo a polícia, não há informações que liguem a morte dos jovens aos outros quatro ataques que mataram dez pessoas entre a noite de sexta e a madrugada de sábado.
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Doenças de inverno também afetam cães e gatos; saiba como preveni-las
AMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Assim que as temperaturas começaram a cair, Toddy, 14, passou a andar pela casa de sua dona "tossindo como um humano". O poodle da economista aposentada Célia Menezes, 81, foi internado devido a uma falta de ar que evoluiu para pneumonia. "Toddy ficou três dias no hospital, fazendo inalação e tomando soro. Três dos remédios prescritos para ele são de gente mesmo", afirma a dona, que acabou desembolsando R$ 4.000 para cuidar de seu pet. Como qualquer paulistano, os animais também sofrem com as mudanças climáticas que se iniciam em junho. O frio e o tempo seco os deixam mais suscetíveis a problemas respiratórios que, se não tratados, podem evoluir para quadros mais graves. Na casa da professora Thaís Bárbara Navarro, 32, todo inverno é um "sufoco". Seus quatro gatos, Marina, Kith, Iris e Alex, sofrem com a rinotraqueíte, doença viral comum entre os felinos nesta época do ano. "Se chegar perto da Kith, dá até para ouvir o barulho do nariz entupido", diz a professora. Semelhante a uma gripe, a rinotraqueíte afeta o trato superior dos gatos e provoca secreções no nariz e até nos olhos. "O felino usa muito mais o faro para alimentação do que o cão. Se há um problema nasal que prejudica a verificação do alimento, ele para de comer", diz o veterinário Jaime Dias, da Merial Saúde Animal. Por isso, Thaís tem de dissolver a ração de Kith e oferecê-la numa seringa, duas vezes ao dia. A inalação, recomendada nesses casos, ajuda na melhora da respiração. A prevenção é a melhor forma de evitar tais problemas típicos do inverno. Manter o animal hidratado, bem alimentado e com as vacinas em dia são cuidados fundamentais para driblar futuras enfermidades. O uso de cobertores, roupinhas e casinhas cobertas também ajuda na prevenção de doenças como a tosse canina, que afeta principalmente raças como pug, shih tzu e buldogue francês, todas de focinho curto.
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Doenças de inverno também afetam cães e gatos; saiba como preveni-lasAMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Assim que as temperaturas começaram a cair, Toddy, 14, passou a andar pela casa de sua dona "tossindo como um humano". O poodle da economista aposentada Célia Menezes, 81, foi internado devido a uma falta de ar que evoluiu para pneumonia. "Toddy ficou três dias no hospital, fazendo inalação e tomando soro. Três dos remédios prescritos para ele são de gente mesmo", afirma a dona, que acabou desembolsando R$ 4.000 para cuidar de seu pet. Como qualquer paulistano, os animais também sofrem com as mudanças climáticas que se iniciam em junho. O frio e o tempo seco os deixam mais suscetíveis a problemas respiratórios que, se não tratados, podem evoluir para quadros mais graves. Na casa da professora Thaís Bárbara Navarro, 32, todo inverno é um "sufoco". Seus quatro gatos, Marina, Kith, Iris e Alex, sofrem com a rinotraqueíte, doença viral comum entre os felinos nesta época do ano. "Se chegar perto da Kith, dá até para ouvir o barulho do nariz entupido", diz a professora. Semelhante a uma gripe, a rinotraqueíte afeta o trato superior dos gatos e provoca secreções no nariz e até nos olhos. "O felino usa muito mais o faro para alimentação do que o cão. Se há um problema nasal que prejudica a verificação do alimento, ele para de comer", diz o veterinário Jaime Dias, da Merial Saúde Animal. Por isso, Thaís tem de dissolver a ração de Kith e oferecê-la numa seringa, duas vezes ao dia. A inalação, recomendada nesses casos, ajuda na melhora da respiração. A prevenção é a melhor forma de evitar tais problemas típicos do inverno. Manter o animal hidratado, bem alimentado e com as vacinas em dia são cuidados fundamentais para driblar futuras enfermidades. O uso de cobertores, roupinhas e casinhas cobertas também ajuda na prevenção de doenças como a tosse canina, que afeta principalmente raças como pug, shih tzu e buldogue francês, todas de focinho curto.
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