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Dirceu contratou equipe para cuidar de sua imagem em meio a suspeitas
O ex-ministro José Dirceu, preso há um mês na Operação Lava Jato, montou uma estrutura profissional para cuidar de sua imagem em meio às suspeitas de envolvimento no mensalão, segundo relatório da Polícia Federal. Dirceu, que foi denunciado à Justiça Federal na última sexta (4) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, contratou empresas de assessoria, jornalistas, historiadores e até cineastas para reverter o desgaste que sofria desde a saída da Casa Civil no governo Lula, em 2005. Entre os anos de 2009 e 2013, a soma de despesas com essas atividades foi de ao menos R$ 2,1 milhões, segundo dados da Receita Federal e informações prestadas pelos contratados à Polícia Federal. O delegado Marcio Adriano Anselmo, que assinou o relatório de indiciamento do ex-ministro, afirmou no documento que a única atividade da empresa do petista, a JD Consultoria, era "albergar uma esquadra de jornalistas voltados a polir a imagem do investigado e seu grupo político". Segundo a investigação, as receitas da JD vinham do pagamento de empreiteiras investigadas na Lava Jato, sem contrapartida da consultoria. Anselmo citou como exemplo da "guerrilha" na mídia o repasse de R$ 120 mil ao site "Brasil 247" por meio de uma empresa do delator Milton Pascowitch, que diz ter intermediado propina a Dirceu. Em 2011, Dirceu tinha contrato com uma empresa de comunicação que atuava com três profissionais na assessoria e na elaboração de artigos. Pagava ainda R$ 12,8 mil mensais a um outro jornalista que trabalhava com uma de suas prioridades, o "Blog do Dirceu". Em 2012, ano do julgamento do mensalão, a JD pagou R$ 677 mil a três empresas de jornalistas e a um assessor de imprensa –o patrimônio declarado pelo petista naquele ano foi de R$ 1,6 milhão. Na mesma época, Dirceu contratou uma empresa para monitorar as menções nas redes sociais ao seu nome e ao termo "mensalão". Em documentos anexados ao inquérito, há detalhes como o interesse do ex-ministro "em ampliar o espaço como articulista em veículos regionais" e no envio de cartas a jornais para rebater críticas ao governo federal. Gastos midiáticos de Dirceu 'O HOMEM INVISÍVEL' Dirceu também pagou R$ 238 mil à produtora do cineasta Luiz Carlos Barreto para bancar o projeto de um filme sobre sua vida, que se chamaria "O Homem Invisível". Mais tarde, o ex-ministro e o cineasta mudaram o foco da produção, que virou uma minissérie sobre o movimento estudantil de São Paulo na ditadura, batizada de "Pauliceia 68". O projeto está suspenso desde 2010, mas a produtora pretende retomá-lo. Outro gasto expressivo da JD foi com uma equipe contratada para organizar o acervo de documentos e fotos do ex-ministro, especialmente do período da ditadura. Em relatório anexado ao inquérito, a Trajetórias Comunicação, empresa responsável pelo projeto, cita a possibilidade de "abrir o acervo à consulta pública". Maria Alice Vieira, que trabalhou na organização do acervo, diz que o projeto está parado e que o objetivo era encaminhar o material para alguma instituição de pesquisa, como o Arquivo Nacional. OUTRO LADO A atual assessoria de imprensa de José Dirceu diz que, após ter o mandato cassado na Câmara dos Deputados em 2005, ele "investiu na organização de sua defesa pública" ao longo da tramitação do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Também afirma que a "trajetória" do ex-ministro, como líder estudantil e político, representa um "rico acervo" sobre o combate à ditadura militar e a redemocratização do Brasil, o que sempre interessou a historiadores. Os advogados dele, que consideram a prisão "política", dizem que a empresa de consultoria prestava serviços a empresas nacionais e estrangeiras. A editora do "Brasil 247" sustenta que recebeu o dinheiro de Milton Pascowitch "para a produção de conteúdo" sobre engenharia. Maria Alice Vieira, assistente de Dirceu que trabalhou na organização do acervo do ex-ministro, diz que ele sentia que precisava fazer publicamente uma "defesa" diante do processo no Supremo. "Me parece natural. Naquele momento, no processo, havia uma questão política forte e ele se defendeu publicamente. Para isso, as ferramentas são comunicação, as redes", diz ela. Um amigo do ex-ministro disse à reportagem que Dirceu gastou tentando refazer sua imagem por uma "necessidade", já que era hostilizado nas ruas ou ao frequentar restaurantes. Colaborou BELA MEGALE, de São Paulo
poder
Dirceu contratou equipe para cuidar de sua imagem em meio a suspeitasO ex-ministro José Dirceu, preso há um mês na Operação Lava Jato, montou uma estrutura profissional para cuidar de sua imagem em meio às suspeitas de envolvimento no mensalão, segundo relatório da Polícia Federal. Dirceu, que foi denunciado à Justiça Federal na última sexta (4) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, contratou empresas de assessoria, jornalistas, historiadores e até cineastas para reverter o desgaste que sofria desde a saída da Casa Civil no governo Lula, em 2005. Entre os anos de 2009 e 2013, a soma de despesas com essas atividades foi de ao menos R$ 2,1 milhões, segundo dados da Receita Federal e informações prestadas pelos contratados à Polícia Federal. O delegado Marcio Adriano Anselmo, que assinou o relatório de indiciamento do ex-ministro, afirmou no documento que a única atividade da empresa do petista, a JD Consultoria, era "albergar uma esquadra de jornalistas voltados a polir a imagem do investigado e seu grupo político". Segundo a investigação, as receitas da JD vinham do pagamento de empreiteiras investigadas na Lava Jato, sem contrapartida da consultoria. Anselmo citou como exemplo da "guerrilha" na mídia o repasse de R$ 120 mil ao site "Brasil 247" por meio de uma empresa do delator Milton Pascowitch, que diz ter intermediado propina a Dirceu. Em 2011, Dirceu tinha contrato com uma empresa de comunicação que atuava com três profissionais na assessoria e na elaboração de artigos. Pagava ainda R$ 12,8 mil mensais a um outro jornalista que trabalhava com uma de suas prioridades, o "Blog do Dirceu". Em 2012, ano do julgamento do mensalão, a JD pagou R$ 677 mil a três empresas de jornalistas e a um assessor de imprensa –o patrimônio declarado pelo petista naquele ano foi de R$ 1,6 milhão. Na mesma época, Dirceu contratou uma empresa para monitorar as menções nas redes sociais ao seu nome e ao termo "mensalão". Em documentos anexados ao inquérito, há detalhes como o interesse do ex-ministro "em ampliar o espaço como articulista em veículos regionais" e no envio de cartas a jornais para rebater críticas ao governo federal. Gastos midiáticos de Dirceu 'O HOMEM INVISÍVEL' Dirceu também pagou R$ 238 mil à produtora do cineasta Luiz Carlos Barreto para bancar o projeto de um filme sobre sua vida, que se chamaria "O Homem Invisível". Mais tarde, o ex-ministro e o cineasta mudaram o foco da produção, que virou uma minissérie sobre o movimento estudantil de São Paulo na ditadura, batizada de "Pauliceia 68". O projeto está suspenso desde 2010, mas a produtora pretende retomá-lo. Outro gasto expressivo da JD foi com uma equipe contratada para organizar o acervo de documentos e fotos do ex-ministro, especialmente do período da ditadura. Em relatório anexado ao inquérito, a Trajetórias Comunicação, empresa responsável pelo projeto, cita a possibilidade de "abrir o acervo à consulta pública". Maria Alice Vieira, que trabalhou na organização do acervo, diz que o projeto está parado e que o objetivo era encaminhar o material para alguma instituição de pesquisa, como o Arquivo Nacional. OUTRO LADO A atual assessoria de imprensa de José Dirceu diz que, após ter o mandato cassado na Câmara dos Deputados em 2005, ele "investiu na organização de sua defesa pública" ao longo da tramitação do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Também afirma que a "trajetória" do ex-ministro, como líder estudantil e político, representa um "rico acervo" sobre o combate à ditadura militar e a redemocratização do Brasil, o que sempre interessou a historiadores. Os advogados dele, que consideram a prisão "política", dizem que a empresa de consultoria prestava serviços a empresas nacionais e estrangeiras. A editora do "Brasil 247" sustenta que recebeu o dinheiro de Milton Pascowitch "para a produção de conteúdo" sobre engenharia. Maria Alice Vieira, assistente de Dirceu que trabalhou na organização do acervo do ex-ministro, diz que ele sentia que precisava fazer publicamente uma "defesa" diante do processo no Supremo. "Me parece natural. Naquele momento, no processo, havia uma questão política forte e ele se defendeu publicamente. Para isso, as ferramentas são comunicação, as redes", diz ela. Um amigo do ex-ministro disse à reportagem que Dirceu gastou tentando refazer sua imagem por uma "necessidade", já que era hostilizado nas ruas ou ao frequentar restaurantes. Colaborou BELA MEGALE, de São Paulo
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Grupo faz 'beijaço' em bar do interior de SP que teria expulsado casal gay
Um grupo de manifestantes participou de um ato contra a homofobia na noite deste sábado (31) no Milwaukee American Bar, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). A ação terminou com um "beijaço" entre cinco casais dentro do bar em protesto à suposta expulsão de um casal de mulheres do local, no fim de semana anterior. O ato reuniu 80 pessoas, segundo a organização. Por volta das 18h, munidos de cartazes, os manifestantes se concentraram em uma rotatória a 500 metros do estabelecimento e depois seguiram em passeata até o bar. A Polícia Militar acompanhou o trajeto e auxiliou no bloqueio do trânsito. A manifestação, organizada pela Frente Feminista de Ribeirão Preto nas redes sociais, apresentava inicialmente mil confirmações de presença. "Mas nem todo mundo que confirma, vai", disse a estudante de psicologia Natália Feitosa, 24, que administrou o evento na internet. Segundo Natália, como houve demora na liberação do acesso ao grupo, já que o bar exige cadastro e entrega de comanda para a entrada, parte dos manifestantes foi embora. Ao fim, apenas dez pessoas conseguiram entrar no bar, deram um beijo-manifesto e foram embora. Segundo a organizadora, durante o ato, o advogado do Milwaukee, Fábio Esteves Carvalho, conversava com o advogado Alexandre Bonilha, que atende as vítimas do suposto caso de homofobia e que não participaram do protesto. A Folha não localizou Carvalho neste domingo (1º). Ninguém no bar atendeu as ligações da reportagem no final desta tarde. Na sexta (3), véspera do ato, em sua página na internet, o Milwaukee postou um comunicado intitulado "Somos a favor de todo beijo", com referência ao episódio. O CASO A suposta expulsão do casal de mulheres ocorreu no último domingo (25). Segundo as duas, que são universitárias de 22 e 23 anos e não quiseram se identificar, após um beijo em público, em frente ao palco do estabelecimento, elas foram abordadas por um segurança e posteriormente expulsas pelo gerente da casa. O casal registrou boletim de ocorrência e pretende acionar o bar por discriminação. O caso tomou grande repercussão nas redes sociais. Internautas classificaram a atitude do estabelecimento como homofóbica. Em nota dois dias depois do incidente, o bar negou a expulsão baseada em critérios de orientação sexual e alegou que as garotas faziam parte de um grupo com "conduta inapropriada" e que tumultuava o ambiente.
cotidiano
Grupo faz 'beijaço' em bar do interior de SP que teria expulsado casal gayUm grupo de manifestantes participou de um ato contra a homofobia na noite deste sábado (31) no Milwaukee American Bar, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo). A ação terminou com um "beijaço" entre cinco casais dentro do bar em protesto à suposta expulsão de um casal de mulheres do local, no fim de semana anterior. O ato reuniu 80 pessoas, segundo a organização. Por volta das 18h, munidos de cartazes, os manifestantes se concentraram em uma rotatória a 500 metros do estabelecimento e depois seguiram em passeata até o bar. A Polícia Militar acompanhou o trajeto e auxiliou no bloqueio do trânsito. A manifestação, organizada pela Frente Feminista de Ribeirão Preto nas redes sociais, apresentava inicialmente mil confirmações de presença. "Mas nem todo mundo que confirma, vai", disse a estudante de psicologia Natália Feitosa, 24, que administrou o evento na internet. Segundo Natália, como houve demora na liberação do acesso ao grupo, já que o bar exige cadastro e entrega de comanda para a entrada, parte dos manifestantes foi embora. Ao fim, apenas dez pessoas conseguiram entrar no bar, deram um beijo-manifesto e foram embora. Segundo a organizadora, durante o ato, o advogado do Milwaukee, Fábio Esteves Carvalho, conversava com o advogado Alexandre Bonilha, que atende as vítimas do suposto caso de homofobia e que não participaram do protesto. A Folha não localizou Carvalho neste domingo (1º). Ninguém no bar atendeu as ligações da reportagem no final desta tarde. Na sexta (3), véspera do ato, em sua página na internet, o Milwaukee postou um comunicado intitulado "Somos a favor de todo beijo", com referência ao episódio. O CASO A suposta expulsão do casal de mulheres ocorreu no último domingo (25). Segundo as duas, que são universitárias de 22 e 23 anos e não quiseram se identificar, após um beijo em público, em frente ao palco do estabelecimento, elas foram abordadas por um segurança e posteriormente expulsas pelo gerente da casa. O casal registrou boletim de ocorrência e pretende acionar o bar por discriminação. O caso tomou grande repercussão nas redes sociais. Internautas classificaram a atitude do estabelecimento como homofóbica. Em nota dois dias depois do incidente, o bar negou a expulsão baseada em critérios de orientação sexual e alegou que as garotas faziam parte de um grupo com "conduta inapropriada" e que tumultuava o ambiente.
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Tumbas de 2.000 anos são achadas na Colômbia
Pesquisadores colombianos encontraram três tumbas de mais de 2.000 anos de antiguidade, do período chamado "Marrón Enciso", durante uma escavação no município de Itaguí, no departamento de Antioquia, afirmaram responsáveis pelo projeto. "A primeira descoberta foi feita no último 16 de maio", disse o arqueólogo Juan Pablo Diez. "Recuperamos duas urnas funerárias. Uma delas servia de cobertura para a outra, e na outra provavelmente há restos de ossos humanos cremados", afirmou o pesquisador. Os arqueólogos foram contratados pelas autoridades locais para monitorar a zona onde um parque está sendo construído, visto que já se sabia há vários anos da existência de vestígios históricos no local. Diez afirmou que a partir da primeira sepultura foram encontradas "outras duas tumbas", além de oferendas que estavam "enterradas em volta como um processo ritual, o que nos permite concluir que estamos diante de um sítio pré-hispânico". A descoberta é "muito importante para o município de Itaguí (...) porque pertence a um período chamado 'Marrón Enciso', com cerca de 2000 anos de antiguidade", afirmou o pesquisador. As tumbas foram construídas através da perfuração de um poço no solo, de um ou dois metros de profundidade, no qual é depositada a urna funerária, às vezes com oferendas ao redor e "seladas com uma laje de pedra talhada das mesmas formações geológicas da zona", completou Diez. Os objetos e restos encontrados serão submetidos a diversas provas de laboratório para sua datação e análise estilística e funcional, que permitirão realizar um relatório científico e iniciar o processo de divulgação. Diez acrescentou que está sendo estudada a possibilidade de criar um museu arqueológico na zona e de conservar alguma das tumbas no local para facilitar a compreensão dos visitantes sobre o valor social, histórico e arqueológico da descoberta.
ciencia
Tumbas de 2.000 anos são achadas na ColômbiaPesquisadores colombianos encontraram três tumbas de mais de 2.000 anos de antiguidade, do período chamado "Marrón Enciso", durante uma escavação no município de Itaguí, no departamento de Antioquia, afirmaram responsáveis pelo projeto. "A primeira descoberta foi feita no último 16 de maio", disse o arqueólogo Juan Pablo Diez. "Recuperamos duas urnas funerárias. Uma delas servia de cobertura para a outra, e na outra provavelmente há restos de ossos humanos cremados", afirmou o pesquisador. Os arqueólogos foram contratados pelas autoridades locais para monitorar a zona onde um parque está sendo construído, visto que já se sabia há vários anos da existência de vestígios históricos no local. Diez afirmou que a partir da primeira sepultura foram encontradas "outras duas tumbas", além de oferendas que estavam "enterradas em volta como um processo ritual, o que nos permite concluir que estamos diante de um sítio pré-hispânico". A descoberta é "muito importante para o município de Itaguí (...) porque pertence a um período chamado 'Marrón Enciso', com cerca de 2000 anos de antiguidade", afirmou o pesquisador. As tumbas foram construídas através da perfuração de um poço no solo, de um ou dois metros de profundidade, no qual é depositada a urna funerária, às vezes com oferendas ao redor e "seladas com uma laje de pedra talhada das mesmas formações geológicas da zona", completou Diez. Os objetos e restos encontrados serão submetidos a diversas provas de laboratório para sua datação e análise estilística e funcional, que permitirão realizar um relatório científico e iniciar o processo de divulgação. Diez acrescentou que está sendo estudada a possibilidade de criar um museu arqueológico na zona e de conservar alguma das tumbas no local para facilitar a compreensão dos visitantes sobre o valor social, histórico e arqueológico da descoberta.
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Crise e incerteza no Brasil aceleram 'fuga de elites'
Incertezas no Brasil aceleraram a procura da elite por alternativas que considera mais seguras para aplicar seus recursos fora do país. Corretores e advogados ouvidos pela Folha relataram um aumento na compra de imóveis em Nova York no último ano, quando a crise nacional se aprofundou. Além da questão financeira, há um movimento em busca de melhor qualidade de vida. Nesses casos, benefícios fiscais oferecidos por governos europeus, como Portugal, também têm surtido efeito. Nos EUA, o controle menos rígido sobre a origem do dinheiro incentiva investimentos em um mercado imobiliário valorizado e com liquidez. Instrumentos jurídicos que permitem o uso de empresas de fachada e offshores são comuns na aquisição de imóveis por estrangeiros em Nova York. Além de, em alguns casos, dificultarem a identificação do proprietário, ajudam a evitar o imposto de herança, que nos EUA pode chegar a 50% do valor do imóvel. "Muitos brasileiros compram em nome de empresa constituída em paraíso fiscal (Bahamas ou Bermudas, por exemplo) para evitar a incidência do imposto", diz a advogada Michelle Viana, especializada no ramo imobiliário, que atua em Nova York. Mesmo quem já tem propriedades na cidade tem adquirido outras. Um cliente de Viana, médico paulistano bem-sucedido, comprou o terceiro apartamento em Nova York. Os outros dois ficam parados quase o ano inteiro. Não há intenção de alugar para fazer dinheiro: o objetivo é pôr o dinheiro em investimento que considera seguro. Assim como Viana, a corretora Ângela Magarian, da Corcoran, percebeu um aumento na procura. Em Nova York há 40 anos, ela diz que "é incrível como mudou". "O que eu sinto é que quem pode está vindo mesmo. O Brasil está tão complicado." No momento, ela tem seis clientes fechando negócios de US$ 8 milhões a US$ 15 milhões, dois deles se mudando para apartamentos maiores. A violência é a gota d'água para pessoas que têm condições de se manter fora do país e já não veem perspectivas econômicas no Brasil. Após sofrer um assalto à mão armada no Jardim Europa (SP), a oncologista Emanuelly Castro passou a planejar sua mudança. O carro blindado não bastou para ela se sentir mais segura. "Estou convicta de que, com a deterioração da economia, haverá alta na criminalidade." Dona de imóveis no Brasil, Castro diz que não se desfará deles, mas deixou de investir no mercado nacional. Ela comprou um apartamento em Manhattan, para onde se mudará em 2016 com o filho, de 15 anos. "Pretendo descomprimir de todo o estresse e a paranoia que vivo no Brasil." Um executivo de "altíssima renda", segundo seu advogado, pagou US$ 60 milhões por um imóvel nos EUA pelo EB-5, programa do governo americano que lhe dará cidadania. O executivo foi desaconselhado porque, assim, terá de aderir ao pesado regime tributário do país. Mas a insatisfação com o Brasil falou mais alto –sua intenção é se mudar em definitivo. CASAS EM BALNEÁRIO "Nova York é a capital do mundo. E os Hamptons são a capital do mundo nas férias", define o corretor JB Santos, da imobiliária de alto padrão Brown Harris Stevens. O balneário a duas horas de Manhattan é célebre pelas mansões e proprietários famosos. Desde 2010, Santos vendia um imóvel nos Hamptons por ano, em média. Desde o fim de 2014, diz, foram três. Um de seus clientes é um criador de gado brasileiro, que passa metade do ano em seu apartamento em Nova York e a outra metade no Brasil. Nos últimos meses, o fazendeiro comprou duas casas nos Hamptons. A terceira foi vendida a um catarinense que trabalha no mercado financeiro e vive em Manhattan. "Ouço muito de compradores que eles querem tirar dinheiro do país por insegurança política. Eles estão cientes de que adquirir imóveis é uma forma de ter investimento sólido, que, em um futuro breve, vai dar retorno substancial", afirma Santos. ASSESSORIA PARA MIGRAÇÃO O escritório de advocacia Mattos Filho viu a procura por assessoria para migração disparar no último ano. Há um ano, a equipe atendia cerca de um cliente por mês. Hoje, são de 10 a 12 por mês, informa o sócio Alessandro Fonseca. São pessoas que declaram patrimônio superior a R$ 50 milhões "com tranquilidade", define. "O que chama a atenção nesse fluxo é que tem muita gente de segunda geração", afirma Fonseca. "[São] filhos de milionários com filhos em idade escolar que estão migrando. Gente altamente bem formada, jovem, que trabalhou no mercado financeiro e está indo para educar os filhos com mais qualidade, porque querem uma vida melhor." A maior parte desses clientes tem a Europa como destino, com destaque para Portugal. O governo português oferece benefícios como o Golden Visa, que dá direito de residência ao estrangeiro que aplicar € 500 mil em imóveis ou € 1 milhão em conta bancária. Abrir um negócio que gere dez postos de trabalho também é aceito. Outra possibilidade é fazer transferência de residência fiscal. Durante dez anos, o estrangeiro que gerar renda em Portugal pagará alíquota de Imposto de Renda menor que o cidadão português, e eventuais transferências de dividendos ganhos fora do país são isentas de taxação. A AXPE, butique do ramo imobiliário que faz a intermediação entre comprador e vendedor, fez parcerias em Portugal há um ano, ao perceber a demanda explosiva batendo à sua porta. Dez imóveis foram vendidos desde fevereiro, e fileiras de potenciais clientes apareceram. O dono da empresa imobiliária, José Eduardo Cazarin, define seu público como aquele com "olhar estético apurado, de nível sociocultural mais alto". "Por que esse interesse súbito? As pessoas falam: 'Nossa, é tanta confusão, tudo é tão difícil. É uma boa ideia eu fazer um investimento em um bem de raiz, em moeda forte, num país de inflação zero'", acrescenta Cazarin.
mundo
Crise e incerteza no Brasil aceleram 'fuga de elites'Incertezas no Brasil aceleraram a procura da elite por alternativas que considera mais seguras para aplicar seus recursos fora do país. Corretores e advogados ouvidos pela Folha relataram um aumento na compra de imóveis em Nova York no último ano, quando a crise nacional se aprofundou. Além da questão financeira, há um movimento em busca de melhor qualidade de vida. Nesses casos, benefícios fiscais oferecidos por governos europeus, como Portugal, também têm surtido efeito. Nos EUA, o controle menos rígido sobre a origem do dinheiro incentiva investimentos em um mercado imobiliário valorizado e com liquidez. Instrumentos jurídicos que permitem o uso de empresas de fachada e offshores são comuns na aquisição de imóveis por estrangeiros em Nova York. Além de, em alguns casos, dificultarem a identificação do proprietário, ajudam a evitar o imposto de herança, que nos EUA pode chegar a 50% do valor do imóvel. "Muitos brasileiros compram em nome de empresa constituída em paraíso fiscal (Bahamas ou Bermudas, por exemplo) para evitar a incidência do imposto", diz a advogada Michelle Viana, especializada no ramo imobiliário, que atua em Nova York. Mesmo quem já tem propriedades na cidade tem adquirido outras. Um cliente de Viana, médico paulistano bem-sucedido, comprou o terceiro apartamento em Nova York. Os outros dois ficam parados quase o ano inteiro. Não há intenção de alugar para fazer dinheiro: o objetivo é pôr o dinheiro em investimento que considera seguro. Assim como Viana, a corretora Ângela Magarian, da Corcoran, percebeu um aumento na procura. Em Nova York há 40 anos, ela diz que "é incrível como mudou". "O que eu sinto é que quem pode está vindo mesmo. O Brasil está tão complicado." No momento, ela tem seis clientes fechando negócios de US$ 8 milhões a US$ 15 milhões, dois deles se mudando para apartamentos maiores. A violência é a gota d'água para pessoas que têm condições de se manter fora do país e já não veem perspectivas econômicas no Brasil. Após sofrer um assalto à mão armada no Jardim Europa (SP), a oncologista Emanuelly Castro passou a planejar sua mudança. O carro blindado não bastou para ela se sentir mais segura. "Estou convicta de que, com a deterioração da economia, haverá alta na criminalidade." Dona de imóveis no Brasil, Castro diz que não se desfará deles, mas deixou de investir no mercado nacional. Ela comprou um apartamento em Manhattan, para onde se mudará em 2016 com o filho, de 15 anos. "Pretendo descomprimir de todo o estresse e a paranoia que vivo no Brasil." Um executivo de "altíssima renda", segundo seu advogado, pagou US$ 60 milhões por um imóvel nos EUA pelo EB-5, programa do governo americano que lhe dará cidadania. O executivo foi desaconselhado porque, assim, terá de aderir ao pesado regime tributário do país. Mas a insatisfação com o Brasil falou mais alto –sua intenção é se mudar em definitivo. CASAS EM BALNEÁRIO "Nova York é a capital do mundo. E os Hamptons são a capital do mundo nas férias", define o corretor JB Santos, da imobiliária de alto padrão Brown Harris Stevens. O balneário a duas horas de Manhattan é célebre pelas mansões e proprietários famosos. Desde 2010, Santos vendia um imóvel nos Hamptons por ano, em média. Desde o fim de 2014, diz, foram três. Um de seus clientes é um criador de gado brasileiro, que passa metade do ano em seu apartamento em Nova York e a outra metade no Brasil. Nos últimos meses, o fazendeiro comprou duas casas nos Hamptons. A terceira foi vendida a um catarinense que trabalha no mercado financeiro e vive em Manhattan. "Ouço muito de compradores que eles querem tirar dinheiro do país por insegurança política. Eles estão cientes de que adquirir imóveis é uma forma de ter investimento sólido, que, em um futuro breve, vai dar retorno substancial", afirma Santos. ASSESSORIA PARA MIGRAÇÃO O escritório de advocacia Mattos Filho viu a procura por assessoria para migração disparar no último ano. Há um ano, a equipe atendia cerca de um cliente por mês. Hoje, são de 10 a 12 por mês, informa o sócio Alessandro Fonseca. São pessoas que declaram patrimônio superior a R$ 50 milhões "com tranquilidade", define. "O que chama a atenção nesse fluxo é que tem muita gente de segunda geração", afirma Fonseca. "[São] filhos de milionários com filhos em idade escolar que estão migrando. Gente altamente bem formada, jovem, que trabalhou no mercado financeiro e está indo para educar os filhos com mais qualidade, porque querem uma vida melhor." A maior parte desses clientes tem a Europa como destino, com destaque para Portugal. O governo português oferece benefícios como o Golden Visa, que dá direito de residência ao estrangeiro que aplicar € 500 mil em imóveis ou € 1 milhão em conta bancária. Abrir um negócio que gere dez postos de trabalho também é aceito. Outra possibilidade é fazer transferência de residência fiscal. Durante dez anos, o estrangeiro que gerar renda em Portugal pagará alíquota de Imposto de Renda menor que o cidadão português, e eventuais transferências de dividendos ganhos fora do país são isentas de taxação. A AXPE, butique do ramo imobiliário que faz a intermediação entre comprador e vendedor, fez parcerias em Portugal há um ano, ao perceber a demanda explosiva batendo à sua porta. Dez imóveis foram vendidos desde fevereiro, e fileiras de potenciais clientes apareceram. O dono da empresa imobiliária, José Eduardo Cazarin, define seu público como aquele com "olhar estético apurado, de nível sociocultural mais alto". "Por que esse interesse súbito? As pessoas falam: 'Nossa, é tanta confusão, tudo é tão difícil. É uma boa ideia eu fazer um investimento em um bem de raiz, em moeda forte, num país de inflação zero'", acrescenta Cazarin.
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Doença portuguesa chegou ao Brasil há 500 anos e ainda é desconhecida
Há pouco mais de 500 anos, Portugal vivia o esplendor das grandes navegações. Mas, além do idioma e das fortes influências culturais, o expansionismo lusitano também acabou trazendo para o Brasil uma doença genética rara, progressiva e incurável. A polineuropatia amiloidótica familiar, mais conhecida pela sigla PAF, chegou ao Brasil junto com os imigrantes –tanto os pioneiros como o das ondas migratórias mais recentes– e, hoje, já há mais brasileiros afetados do que portugueses. Famoso pelos bons vinhos e pela culinária farta, o norte de Portugal é também o principal foco desta doença. Pesquisadores acreditam que o "berço" da moléstia esteja em algum lugar próximo à pequena cidade de Póvoa de Varzim (a 350 km de Lisboa). Enquanto no resto do mundo trata-se de um problema raro, por lá a PAF não é incomum: chega a afetar 1 em cada 500 habitantes. Em 1939, quando o médico português Corino de Andrade descreveu a doença pela primeira vez, o paciente em questão era de Póvoa de Varzim. Hoje se sabe que a PAF tem causa genética. Nos pacientes com a doença, a proteína TTR (transtirretina) tem uma mutação que a deixa instável e a faz com que ela se deposite em vários órgãos, prejudicando seu funcionamento. Os cientistas já identificaram mais de 130 mutações que podem causar a condição. A mais prevalente no mundo é justamente a mutação dos portugueses (30M), seguida por uma encontrada em populações africanas (122V). Diferente de muitas doenças mendelianas (causadas por apenas um gene), a PAF é autossômica dominante. Isso significa que basta apenas uma cópia defeituosa do gene com a mutação para que ela se manifeste. Por isso, é bastante comum encontrar famílias inteiras em que várias gerações são afetadas. A doença é amplamente conhecida entre os médicos de Portugal. O país conta com dois modernos centros de tratamento –no Porto e em Lisboa– e uma rede de diagnóstico e de cuidados. No Brasil, onde se estima que haja 25 milhões de lusodescendentes, o cenário é bastante diferente. A condição ainda é pouco conhecida até para a classe médica. Enquanto em Portugal o tempo médio de diagnóstico é de dois anos, no Brasil é cerca de cinco. A demora pode significar mais comprometimento da saúde do paciente. Os sintomas iniciais podem variar, mas, na versão portuguesa, eles costumam se manifestar primeiro nos membros periféricos. Há perda de sensibilidade, formigamentos e perda de força. Como esses sintomas são comuns em outras doenças, não é raro que pacientes com PAF recebam diagnósticos incorretos, como o de hanseníase. Depois, surgem sintomas como náuseas, olhos secos e perda acentuada de peso. DIFICULDADES "O diagnóstico é difícil porque as pessoas, sejam médicos ou pacientes, simplesmente não conhecem a doença", diz a médica Márcia Cruz, chefe do Centro de Estudos em Paramiloidose Antônio Rodrigues de Mello (Ceparm) do Hospital Universitário da UFRJ. Criado em 1983, o centro é o único no Brasil totalmente dedicado à PAF. O Rio de Janeiro, até onde os escassos dados da doença no Brasil permitem saber), é o Estado brasileiro mais afetado. A doença precisa ser identificada por meio de um teste genético –de alto custo na rede particular e de difícil acesso no serviço público. A demora até o resultado, no entanto, pode significar muito para esses pacientes. A doença costuma manifestar seus primeiros sintomas em torno dos 32 anos para os homens e de 37 anos para as mulheres. Sem tratamento, a degeneração evolui rapidamente e o paciente pode morrer em dez anos. Ainda não existe cura para a paramiloisose, mas já há opções terapêuticas. O único medicamento já aprovado para combater a PAF é o tafamidis, que age estabilizando a proteína transtirretina. A droga não faz com que os sintomas adquiridos regridam, mas desacelera a progressão natural da doença. O medicamento só tem efeito comprovado nos estágios iniciais, quando o comprometimento motor e dos órgãos ainda é moderado. Em estágios avançados, a única opção é o transplante de fígado, onde a maior parte da transtirretina é produzida. A médica Márcia Cruz explica que, uma vez feito o diagnóstico da mutação causadora da PAF, o paciente é monitorado e só deve tomar o remédio quando os sintomas têm início. "O Brasil já é considerado hoje uma região endêmica, como Portugal", diz. Acredita-se que haja cerca de 5.000 casos no país. REMÉDIO CARO Filha de portugueses, Tereza Moura, 64, sabe há 11 anos que tem PAF, doença que atingiu vários membros de sua família e que já causou a morte de um irmão. A dona de casa já perdeu a sensibilidade dos pés e briga na Justiça para conseguir acesso ao medicamento. "Até agora, só consegui nove caixas. O uso foi interrompido." Seu filho, o empresário Rafael Martinelli, 35, que também tem PAF, também aguarda o recebimento do medicamento. Amante de atividades físicas intensas, ele diz que precisou abandonar essas modalidades devido aos efeitos da doença, como a fadiga e a perda de força muscular. Martinelli e a mulher planejam ter filhos, mas vão recorrer ao método de diagnóstico pré-implantação, para garantir que o embrião não seja portador da doença. "É difícil, mas eu tenho muito apoio da família. Estamos nessa juntos." Única opção de tratamento aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a PAF, o tafamidis (Vyndaqel, da Pfizer) é caro. Por mês, gastam-se cerca de R$ 21 mil. "Quando se fala em investigar uma doença como essa, nós temos um investimento inicial muito grande, com a possibilidade de, muitas vezes, não dar certo", diz Eurico Correia, diretor clínico da Pfizer no Brasil. O diretor clínico afirma, no entanto, que o tafamidis não é direcionado para ser comprado pelo consumidor final. No Brasil, porém, pacientes que queiram ter acesso rápido à droga precisam, sim, gastar um bom dinheiro. Embora o tafamidis tenha sido aprovado há cinco anos na Europa e nos EUA, ele só foi liberado pela Anvisa no final de 2016 e foi lançado oficialmente no país em março. Ainda está em discussão se o medicamento será ou não incorporado ao rol dos que são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A jornalista GIULIANA MIRANDA viajou a convite da Pfizer
equilibrioesaude
Doença portuguesa chegou ao Brasil há 500 anos e ainda é desconhecidaHá pouco mais de 500 anos, Portugal vivia o esplendor das grandes navegações. Mas, além do idioma e das fortes influências culturais, o expansionismo lusitano também acabou trazendo para o Brasil uma doença genética rara, progressiva e incurável. A polineuropatia amiloidótica familiar, mais conhecida pela sigla PAF, chegou ao Brasil junto com os imigrantes –tanto os pioneiros como o das ondas migratórias mais recentes– e, hoje, já há mais brasileiros afetados do que portugueses. Famoso pelos bons vinhos e pela culinária farta, o norte de Portugal é também o principal foco desta doença. Pesquisadores acreditam que o "berço" da moléstia esteja em algum lugar próximo à pequena cidade de Póvoa de Varzim (a 350 km de Lisboa). Enquanto no resto do mundo trata-se de um problema raro, por lá a PAF não é incomum: chega a afetar 1 em cada 500 habitantes. Em 1939, quando o médico português Corino de Andrade descreveu a doença pela primeira vez, o paciente em questão era de Póvoa de Varzim. Hoje se sabe que a PAF tem causa genética. Nos pacientes com a doença, a proteína TTR (transtirretina) tem uma mutação que a deixa instável e a faz com que ela se deposite em vários órgãos, prejudicando seu funcionamento. Os cientistas já identificaram mais de 130 mutações que podem causar a condição. A mais prevalente no mundo é justamente a mutação dos portugueses (30M), seguida por uma encontrada em populações africanas (122V). Diferente de muitas doenças mendelianas (causadas por apenas um gene), a PAF é autossômica dominante. Isso significa que basta apenas uma cópia defeituosa do gene com a mutação para que ela se manifeste. Por isso, é bastante comum encontrar famílias inteiras em que várias gerações são afetadas. A doença é amplamente conhecida entre os médicos de Portugal. O país conta com dois modernos centros de tratamento –no Porto e em Lisboa– e uma rede de diagnóstico e de cuidados. No Brasil, onde se estima que haja 25 milhões de lusodescendentes, o cenário é bastante diferente. A condição ainda é pouco conhecida até para a classe médica. Enquanto em Portugal o tempo médio de diagnóstico é de dois anos, no Brasil é cerca de cinco. A demora pode significar mais comprometimento da saúde do paciente. Os sintomas iniciais podem variar, mas, na versão portuguesa, eles costumam se manifestar primeiro nos membros periféricos. Há perda de sensibilidade, formigamentos e perda de força. Como esses sintomas são comuns em outras doenças, não é raro que pacientes com PAF recebam diagnósticos incorretos, como o de hanseníase. Depois, surgem sintomas como náuseas, olhos secos e perda acentuada de peso. DIFICULDADES "O diagnóstico é difícil porque as pessoas, sejam médicos ou pacientes, simplesmente não conhecem a doença", diz a médica Márcia Cruz, chefe do Centro de Estudos em Paramiloidose Antônio Rodrigues de Mello (Ceparm) do Hospital Universitário da UFRJ. Criado em 1983, o centro é o único no Brasil totalmente dedicado à PAF. O Rio de Janeiro, até onde os escassos dados da doença no Brasil permitem saber), é o Estado brasileiro mais afetado. A doença precisa ser identificada por meio de um teste genético –de alto custo na rede particular e de difícil acesso no serviço público. A demora até o resultado, no entanto, pode significar muito para esses pacientes. A doença costuma manifestar seus primeiros sintomas em torno dos 32 anos para os homens e de 37 anos para as mulheres. Sem tratamento, a degeneração evolui rapidamente e o paciente pode morrer em dez anos. Ainda não existe cura para a paramiloisose, mas já há opções terapêuticas. O único medicamento já aprovado para combater a PAF é o tafamidis, que age estabilizando a proteína transtirretina. A droga não faz com que os sintomas adquiridos regridam, mas desacelera a progressão natural da doença. O medicamento só tem efeito comprovado nos estágios iniciais, quando o comprometimento motor e dos órgãos ainda é moderado. Em estágios avançados, a única opção é o transplante de fígado, onde a maior parte da transtirretina é produzida. A médica Márcia Cruz explica que, uma vez feito o diagnóstico da mutação causadora da PAF, o paciente é monitorado e só deve tomar o remédio quando os sintomas têm início. "O Brasil já é considerado hoje uma região endêmica, como Portugal", diz. Acredita-se que haja cerca de 5.000 casos no país. REMÉDIO CARO Filha de portugueses, Tereza Moura, 64, sabe há 11 anos que tem PAF, doença que atingiu vários membros de sua família e que já causou a morte de um irmão. A dona de casa já perdeu a sensibilidade dos pés e briga na Justiça para conseguir acesso ao medicamento. "Até agora, só consegui nove caixas. O uso foi interrompido." Seu filho, o empresário Rafael Martinelli, 35, que também tem PAF, também aguarda o recebimento do medicamento. Amante de atividades físicas intensas, ele diz que precisou abandonar essas modalidades devido aos efeitos da doença, como a fadiga e a perda de força muscular. Martinelli e a mulher planejam ter filhos, mas vão recorrer ao método de diagnóstico pré-implantação, para garantir que o embrião não seja portador da doença. "É difícil, mas eu tenho muito apoio da família. Estamos nessa juntos." Única opção de tratamento aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a PAF, o tafamidis (Vyndaqel, da Pfizer) é caro. Por mês, gastam-se cerca de R$ 21 mil. "Quando se fala em investigar uma doença como essa, nós temos um investimento inicial muito grande, com a possibilidade de, muitas vezes, não dar certo", diz Eurico Correia, diretor clínico da Pfizer no Brasil. O diretor clínico afirma, no entanto, que o tafamidis não é direcionado para ser comprado pelo consumidor final. No Brasil, porém, pacientes que queiram ter acesso rápido à droga precisam, sim, gastar um bom dinheiro. Embora o tafamidis tenha sido aprovado há cinco anos na Europa e nos EUA, ele só foi liberado pela Anvisa no final de 2016 e foi lançado oficialmente no país em março. Ainda está em discussão se o medicamento será ou não incorporado ao rol dos que são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A jornalista GIULIANA MIRANDA viajou a convite da Pfizer
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Após polêmica, Alex Atala se retira de concorrência para empreendimento em Belém do Pará
DE SÃO PAULO Após protestos da classe artística, que era contra a retirada do Museu de Arte Contemporânea de Belém da Casa das Onze Janelas, o chef Alex Atala anunciou nesta quinta-feira (30) sua saída da concorrência para a administração do polo gastronômico que ocuparia o palacete na capital do Pará. Um decreto assinado no último dia 17 determinou o fim das atividades do museu neste ponto turístico da cidade para dar lugar ao Polo de Gastronomia da Amazônia. Segundo o texto, as obras do acervo seriam transferidas para outro local. Contatado pela Folha, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Pará, Adnan Demachki, afirmou que o novo endereço não tinha sido ainda definido. De acordo com ele, o museu seria mantido e valorizado e a definição do novo espaço seria feita pela Secretaria de Cultura. Essa pasta, no entanto, não respondeu as questões da reportagem sobre o novo local. Os artistas reclamam e definem como "arbitrária" a decisão do governo do Estado, publicada no Diário Oficial. Uma "surpresa geral de todos que aguardavam o chamado para algum diálogo", diz Eder Chiodetto, curador de fotografia, em sua página no Facebook. Eles questionam a decisão afirmando que o local funcionava como espaço de experimentação e tinha uma agenda movimentada por atividades. Chiodetto publicou em sua página a carta enviada pelo chef Alex Atala, encaminhada também à imprensa, anunciando sua saída do projeto. No texto, o chef afirma que "Diante da inflexibilidade do governo do Pará, do radicalismo das partes, da ausência de real diálogo, da clara confusão criada e do nosso profundo desagrado com a maneira com que vem sendo conduzida pelas partes a criação do Polo Gastronômico, bem como a não permanência do Museu de Arte Contemporânea na Casa das Onze Janelas, em Belém (PA), conforme Decreto 1.568 de 17/6/2016, o Instituto ATÁ não irá se candidatar para gerenciar o projeto do Polo Gastronômico". "Não compactuamos com um projeto que valoriza a cultura culinária do Pará desabrigando demais expressões de arte", completa Atala. O movimento contra o fim do museu publicou, então, resposta em que afirma que se manterá irredutível na exigência de que o Instituto ATÁ e Alex Atala "vinculem sua participação no projeto à irrestrita condição de que o Museu Casa das Onze Janelas permaneça no lugar onde funciona por 14 anos". O Instituto Atá, do chef, estava ao lado de outras instituições no projeto de se candidatar à concorrência que definiria quem iria administrar o espaço, com museu, restaurante, laboratório e escola de gastronomia. Entre os dez integrantes do Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade estão o Instituto Socioambiental, o Centro de Empreendedorismo da Amazônia e o Instituto Paulo Martins —que participou da idealização do polo gastronômico, parte das "iniciativas futuras" necessárias para a candidatura de Belém como cidade da gastronomia pela Unesco, honraria concedida em dezembro. Joanna Martins, filha do cozinheiro e pesquisador Paulo Martins, que está à frente do instituto, diz ter recebido com tristeza a notícia da saída do Atá. "Mas entendemos e respeitamos sua posição. Ele [Alex Atala] não merece carregar o peso de problemas que não foram gerados por ele." Ela contou que a sugestão da Casa das Onze Janelas como espaço para receber o polo foi sugestão deles, já que havia ali um restaurante desativado. "Apenas ele seria ocupado. Mas fomos surpreendidos com a notícia de que a casa inteira seria usada, o que inclui o espaço do museu", diz. "Isso é algo com o que não concordamos também." Este Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade, do qual fazem parte todas essas instituições, se candidataria em uma concorrência pública para administrar o futuro polo. Com a saída do Atá, Joanna Martins já não sabe o que será feito em relação a isso.
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Após polêmica, Alex Atala se retira de concorrência para empreendimento em Belém do ParáDE SÃO PAULO Após protestos da classe artística, que era contra a retirada do Museu de Arte Contemporânea de Belém da Casa das Onze Janelas, o chef Alex Atala anunciou nesta quinta-feira (30) sua saída da concorrência para a administração do polo gastronômico que ocuparia o palacete na capital do Pará. Um decreto assinado no último dia 17 determinou o fim das atividades do museu neste ponto turístico da cidade para dar lugar ao Polo de Gastronomia da Amazônia. Segundo o texto, as obras do acervo seriam transferidas para outro local. Contatado pela Folha, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Pará, Adnan Demachki, afirmou que o novo endereço não tinha sido ainda definido. De acordo com ele, o museu seria mantido e valorizado e a definição do novo espaço seria feita pela Secretaria de Cultura. Essa pasta, no entanto, não respondeu as questões da reportagem sobre o novo local. Os artistas reclamam e definem como "arbitrária" a decisão do governo do Estado, publicada no Diário Oficial. Uma "surpresa geral de todos que aguardavam o chamado para algum diálogo", diz Eder Chiodetto, curador de fotografia, em sua página no Facebook. Eles questionam a decisão afirmando que o local funcionava como espaço de experimentação e tinha uma agenda movimentada por atividades. Chiodetto publicou em sua página a carta enviada pelo chef Alex Atala, encaminhada também à imprensa, anunciando sua saída do projeto. No texto, o chef afirma que "Diante da inflexibilidade do governo do Pará, do radicalismo das partes, da ausência de real diálogo, da clara confusão criada e do nosso profundo desagrado com a maneira com que vem sendo conduzida pelas partes a criação do Polo Gastronômico, bem como a não permanência do Museu de Arte Contemporânea na Casa das Onze Janelas, em Belém (PA), conforme Decreto 1.568 de 17/6/2016, o Instituto ATÁ não irá se candidatar para gerenciar o projeto do Polo Gastronômico". "Não compactuamos com um projeto que valoriza a cultura culinária do Pará desabrigando demais expressões de arte", completa Atala. O movimento contra o fim do museu publicou, então, resposta em que afirma que se manterá irredutível na exigência de que o Instituto ATÁ e Alex Atala "vinculem sua participação no projeto à irrestrita condição de que o Museu Casa das Onze Janelas permaneça no lugar onde funciona por 14 anos". O Instituto Atá, do chef, estava ao lado de outras instituições no projeto de se candidatar à concorrência que definiria quem iria administrar o espaço, com museu, restaurante, laboratório e escola de gastronomia. Entre os dez integrantes do Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade estão o Instituto Socioambiental, o Centro de Empreendedorismo da Amazônia e o Instituto Paulo Martins —que participou da idealização do polo gastronômico, parte das "iniciativas futuras" necessárias para a candidatura de Belém como cidade da gastronomia pela Unesco, honraria concedida em dezembro. Joanna Martins, filha do cozinheiro e pesquisador Paulo Martins, que está à frente do instituto, diz ter recebido com tristeza a notícia da saída do Atá. "Mas entendemos e respeitamos sua posição. Ele [Alex Atala] não merece carregar o peso de problemas que não foram gerados por ele." Ela contou que a sugestão da Casa das Onze Janelas como espaço para receber o polo foi sugestão deles, já que havia ali um restaurante desativado. "Apenas ele seria ocupado. Mas fomos surpreendidos com a notícia de que a casa inteira seria usada, o que inclui o espaço do museu", diz. "Isso é algo com o que não concordamos também." Este Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade, do qual fazem parte todas essas instituições, se candidataria em uma concorrência pública para administrar o futuro polo. Com a saída do Atá, Joanna Martins já não sabe o que será feito em relação a isso.
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Veja cinco atrações para celebrar o recorde de reinado de Elizabeth 2ª
O "Turismo" prepara uma seleção de dicas, novidades e eventos do setor toda semana. A coluna "Sobrevoo" também responde a perguntas dos leitores e publica fotos de viagem. Para colaborar, envie e-mail para turismo@grupofolha.com.br. VIDA LONGA À RAINHA 5 atrações para celebrar o recorde de reinado de Elizabeth 2ª Veja mapa Palácio de Buckingham (Londres) Residência dos monarcas britânicos desde 1837, o palácio abriu à visitação, até o dia 27, os salões usados para receber convidados da rainha Castelo de Windsor (Berkshire) Uma das residências reais favoritas da monarca, o castelo possui uma capela que abriga a tumba de Henrique 8º Castelo de Balmoral (Aberdeenshire) Elizabeth 2ª estava em Balmoral quando a princesa Diana morreu; a ocasião é retratada no filme "A Rainha" Iate Real Britannia (Edimburgo) Antiga residência flutuante da rainha, o iate é agora uma atração turística ancorada permanentemente Sandringham House (Norfolk) Tradicionalmente, a família real passa o Natal nesta propriedade, localizada em uma região campestre * FRANÇA Nantes, no oeste do país, inaugurou na semana passada seu espelho d'água, vizinho ao castelo dos Duques da Bretanha; os 32 jatos lançam água a até 1,50 metro * AGENDA 27 de SETEMBRO Termina o 6º Festival da Lagosta, em Maragogi (AL); no evento, que conta com apresentações de música e dança, são servidos pratos com o crustáceo em 12 restaurantes e hotéis com até 50% de desconto (festivaldalagosta.com.br ) 03 de OUTUBRO Será realizado o curso Café na Fazenda, que explora o processo produtivo do grão em uma fazenda em Pedregulho, no interior de SP. O curso, promovido pelo Octavio Café, custa R$ 900 e vai até o dia 4 (octaviocafe.com ) * LANÇAMENTOS COMO DECIFRAR NOVA YORK - O GUIA VISUAL DA BIG APPLE O guia explora a arquitetura local, seus prédios icônicos e as diferentes técnicas e estilos arquitetônicos AUTOR Will Jones EDITORA Edições de Janeiro QUANTO R$ 49 (256 págs) NOVA YORK DO OIAPOQUE AO CHUÍ Conta as histórias de 23 brasileiros na cidade AUTORA Tania Menai EDITORA Editora Alpendre QUANTO R$ 9,50 (e-book)
turismo
Veja cinco atrações para celebrar o recorde de reinado de Elizabeth 2ªO "Turismo" prepara uma seleção de dicas, novidades e eventos do setor toda semana. A coluna "Sobrevoo" também responde a perguntas dos leitores e publica fotos de viagem. Para colaborar, envie e-mail para turismo@grupofolha.com.br. VIDA LONGA À RAINHA 5 atrações para celebrar o recorde de reinado de Elizabeth 2ª Veja mapa Palácio de Buckingham (Londres) Residência dos monarcas britânicos desde 1837, o palácio abriu à visitação, até o dia 27, os salões usados para receber convidados da rainha Castelo de Windsor (Berkshire) Uma das residências reais favoritas da monarca, o castelo possui uma capela que abriga a tumba de Henrique 8º Castelo de Balmoral (Aberdeenshire) Elizabeth 2ª estava em Balmoral quando a princesa Diana morreu; a ocasião é retratada no filme "A Rainha" Iate Real Britannia (Edimburgo) Antiga residência flutuante da rainha, o iate é agora uma atração turística ancorada permanentemente Sandringham House (Norfolk) Tradicionalmente, a família real passa o Natal nesta propriedade, localizada em uma região campestre * FRANÇA Nantes, no oeste do país, inaugurou na semana passada seu espelho d'água, vizinho ao castelo dos Duques da Bretanha; os 32 jatos lançam água a até 1,50 metro * AGENDA 27 de SETEMBRO Termina o 6º Festival da Lagosta, em Maragogi (AL); no evento, que conta com apresentações de música e dança, são servidos pratos com o crustáceo em 12 restaurantes e hotéis com até 50% de desconto (festivaldalagosta.com.br ) 03 de OUTUBRO Será realizado o curso Café na Fazenda, que explora o processo produtivo do grão em uma fazenda em Pedregulho, no interior de SP. O curso, promovido pelo Octavio Café, custa R$ 900 e vai até o dia 4 (octaviocafe.com ) * LANÇAMENTOS COMO DECIFRAR NOVA YORK - O GUIA VISUAL DA BIG APPLE O guia explora a arquitetura local, seus prédios icônicos e as diferentes técnicas e estilos arquitetônicos AUTOR Will Jones EDITORA Edições de Janeiro QUANTO R$ 49 (256 págs) NOVA YORK DO OIAPOQUE AO CHUÍ Conta as histórias de 23 brasileiros na cidade AUTORA Tania Menai EDITORA Editora Alpendre QUANTO R$ 9,50 (e-book)
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Veja o cartum da série "Ogro" de Rafa Campos
RAFA CAMPOS, 45, é ilustrador e cartunista.
ilustrissima
Veja o cartum da série "Ogro" de Rafa CamposRAFA CAMPOS, 45, é ilustrador e cartunista.
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Armadilha das dívidas deve ser evitada neste ano
Quem está endividado corre o sériorisco de descontrolar as contas em 2015. Se a pessoa tem algum investimento, a recomendação da maioria dos especialistas é sacar para quitar o débito. Isso porque a taxa de juros da melhor aplicação dificilmente supera a paga em uma dívida. É o que fez a auxiliar administrativa Gabriela Ribeiro de Castro Setti, 22. No rotativo de dois cartões de crédito, ela acabou entrando também no cheque especial. "Aí um banco me ligou para negociar o cartão e ofereceu um empréstimo. Peguei o empréstimo, juntei com o 13º salário e quitei as dívidas. Mas precisei tirar dinheiro da poupança." A decisão de Gabriela foi acertada, na avaliação de Aquiles Mosca, do Santander. "As pessoas geralmente têm dificuldade em mexer no dinheiro aplicado. É preferível resgatar os investimentos, pagar a dívida e voltar a fazer o esforço de guardar quando a situação se regularizar." Na avaliação de Thiago Alvarez, sócio do site GuiaBolso, se for por um período curto, não vale a pena cobrir o rombo na conta-corrente com algum investimento. "Quando você faz uso do cheque especial por pouquíssimo tempo, de um a cinco dias, e sabe que é algo que não vai se repetir, não compensa retirar a aplicação. Uma vez que resgatou fica mais difícil recomeçar a poupar. E os juros de um ou dois dias são suportáveis." Outra ressalva é feita se a dívida for de longo prazo, como de imóvel ou do carro. "Pegar o investimento para quitar o débito pode não ser uma boa ideia se comprometer a reserva de segurança." RENEGOCIAR SEMPRE Quem não tem de onde tirar dinheiro tem que apelar para a renegociação da dívida, caso as parcelas estejam pesando no bolso, afirma Amerson Magalhães, diretor da Easynvest. "Tem que reduzir o tamanho da dívida, renegociando o empréstimo. Isso vale para quem não tem fonte de renda e está endividado", disse. A dica vale principalmente para quem tem dívida no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito, modalidades de crédito com as maiores taxas de juros no mercado. "Negocie para trocar por um empréstimo pessoal ou um consignado, que têm juros mais atrativos", afirma. EMPREENDEDORISMO O ano não é favorável para abrir um negócio próprio. Quem insistir deve ter pelo menos seis meses de dinheiro para sustentar a empresa na fase inicial. Aqueles que já estiverem nesse caminho devem fazer de tudo para não perder clientes e ameaçar o negócio. A dica é cortar ao máximo os custos, sem mexer na qualidade, para poder reduzir preços se tiver que disputar clientes. Para Carlos Wizard Martins, da rede Mundo Verde, o empreendedor não precisa desistir do sonho de abrir sua empresa. "Uma dica é, em vez de começar do zero, optar por uma franquia. Dá para ter uma noção da aceitação no mercado e economizar com o marketing."
mercado
Armadilha das dívidas deve ser evitada neste anoQuem está endividado corre o sériorisco de descontrolar as contas em 2015. Se a pessoa tem algum investimento, a recomendação da maioria dos especialistas é sacar para quitar o débito. Isso porque a taxa de juros da melhor aplicação dificilmente supera a paga em uma dívida. É o que fez a auxiliar administrativa Gabriela Ribeiro de Castro Setti, 22. No rotativo de dois cartões de crédito, ela acabou entrando também no cheque especial. "Aí um banco me ligou para negociar o cartão e ofereceu um empréstimo. Peguei o empréstimo, juntei com o 13º salário e quitei as dívidas. Mas precisei tirar dinheiro da poupança." A decisão de Gabriela foi acertada, na avaliação de Aquiles Mosca, do Santander. "As pessoas geralmente têm dificuldade em mexer no dinheiro aplicado. É preferível resgatar os investimentos, pagar a dívida e voltar a fazer o esforço de guardar quando a situação se regularizar." Na avaliação de Thiago Alvarez, sócio do site GuiaBolso, se for por um período curto, não vale a pena cobrir o rombo na conta-corrente com algum investimento. "Quando você faz uso do cheque especial por pouquíssimo tempo, de um a cinco dias, e sabe que é algo que não vai se repetir, não compensa retirar a aplicação. Uma vez que resgatou fica mais difícil recomeçar a poupar. E os juros de um ou dois dias são suportáveis." Outra ressalva é feita se a dívida for de longo prazo, como de imóvel ou do carro. "Pegar o investimento para quitar o débito pode não ser uma boa ideia se comprometer a reserva de segurança." RENEGOCIAR SEMPRE Quem não tem de onde tirar dinheiro tem que apelar para a renegociação da dívida, caso as parcelas estejam pesando no bolso, afirma Amerson Magalhães, diretor da Easynvest. "Tem que reduzir o tamanho da dívida, renegociando o empréstimo. Isso vale para quem não tem fonte de renda e está endividado", disse. A dica vale principalmente para quem tem dívida no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito, modalidades de crédito com as maiores taxas de juros no mercado. "Negocie para trocar por um empréstimo pessoal ou um consignado, que têm juros mais atrativos", afirma. EMPREENDEDORISMO O ano não é favorável para abrir um negócio próprio. Quem insistir deve ter pelo menos seis meses de dinheiro para sustentar a empresa na fase inicial. Aqueles que já estiverem nesse caminho devem fazer de tudo para não perder clientes e ameaçar o negócio. A dica é cortar ao máximo os custos, sem mexer na qualidade, para poder reduzir preços se tiver que disputar clientes. Para Carlos Wizard Martins, da rede Mundo Verde, o empreendedor não precisa desistir do sonho de abrir sua empresa. "Uma dica é, em vez de começar do zero, optar por uma franquia. Dá para ter uma noção da aceitação no mercado e economizar com o marketing."
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Gestão Haddad quer que catadores de lixo troquem carroça por bicicleta
A prefeitura quer transformar carroças de catadores de sucata em bicicletas. A gestão Fernando Haddad (PT) prepara um projeto em parceria com uma instituição que fabrica as bikes com suporte para recicláveis. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, em entrevista à "TV Folha" nesta terça-feira (24). A ideia é importar um projeto de Recife, chamado Relix. A iniciativa deve ter apoio do Sesi. Leia mais aqui
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Gestão Haddad quer que catadores de lixo troquem carroça por bicicletaA prefeitura quer transformar carroças de catadores de sucata em bicicletas. A gestão Fernando Haddad (PT) prepara um projeto em parceria com uma instituição que fabrica as bikes com suporte para recicláveis. A informação foi confirmada pelo secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, em entrevista à "TV Folha" nesta terça-feira (24). A ideia é importar um projeto de Recife, chamado Relix. A iniciativa deve ter apoio do Sesi. Leia mais aqui
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Convocação do Chile coloca saúde de Valdivia em risco, diz Oswaldo
O técnico do Palmeiras, Oswaldo de Oliveira, afirmou nesta quinta-feira que a convocação do meia Valdivia para dois amistosos da seleção chilena –contra Irã e Brasil, nos dias 26 e 29 de março– coloca a condição física do jogador em risco. Em entrevista ao canal SporTV, Oswaldo declarou que a convocação é legítima, porém precoce. "Para nós, a notícia não é simpática. Nos não ficamos muito satisfeitos com essa convocação. É legal, é legitima e importante para o jogador, mas a nossa conta é de que ele voltasse a jogar pelo Palmeiras", disse. Editoria de Arte/Folhapress "A trajetória de recuperação dava conta de que nessas datas ele não estaria pronto para jogar, principalmente pela seleção chilena. Ele está em recuperação aqui conosco, então é uma convocação precoce", afirmou o técnico do Palmeiras. Oswaldo destacou que, em caso de piora na condição física de Valdivia, o Palmeiras não será o único prejudicado. "Espero que na transição do Palmeiras para esses dois amistosos do Chile aja a consciência de que a precipitação pode ser fatal, não só para nós, mas também para a seleção chilena, que tem uma Copa América [de 11 de junho a 4 de julho] pela frente", avaliou. RECUPERAÇÃO Sem entrar em campo desde a última rodada do Campeonato Brasileiro, Valdivia ainda não teve a oportunidade de ser dirigido por Oswaldo de Oliveira. Entretanto, o técnico palmeirense diz estar satisfeito com o trabalho do meio-campista chileno. "O Valdivia tem me impressionado pela disposição que tem demonstrado", afirmou Oswaldo. "Sempre achei ele muito otimista, muito para cima, vendo com muito bons olhos tudo que vinha sendo feito no clube a partir desse ano". "A minha expectativa ainda é muito saudável e muito otimista em torno desse jogador", completou. Atualmente, Valdivia negocia a renovação de seu contrato com o Palmeiras. O vínculo atual termina em agosto de 2015.
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Convocação do Chile coloca saúde de Valdivia em risco, diz OswaldoO técnico do Palmeiras, Oswaldo de Oliveira, afirmou nesta quinta-feira que a convocação do meia Valdivia para dois amistosos da seleção chilena –contra Irã e Brasil, nos dias 26 e 29 de março– coloca a condição física do jogador em risco. Em entrevista ao canal SporTV, Oswaldo declarou que a convocação é legítima, porém precoce. "Para nós, a notícia não é simpática. Nos não ficamos muito satisfeitos com essa convocação. É legal, é legitima e importante para o jogador, mas a nossa conta é de que ele voltasse a jogar pelo Palmeiras", disse. Editoria de Arte/Folhapress "A trajetória de recuperação dava conta de que nessas datas ele não estaria pronto para jogar, principalmente pela seleção chilena. Ele está em recuperação aqui conosco, então é uma convocação precoce", afirmou o técnico do Palmeiras. Oswaldo destacou que, em caso de piora na condição física de Valdivia, o Palmeiras não será o único prejudicado. "Espero que na transição do Palmeiras para esses dois amistosos do Chile aja a consciência de que a precipitação pode ser fatal, não só para nós, mas também para a seleção chilena, que tem uma Copa América [de 11 de junho a 4 de julho] pela frente", avaliou. RECUPERAÇÃO Sem entrar em campo desde a última rodada do Campeonato Brasileiro, Valdivia ainda não teve a oportunidade de ser dirigido por Oswaldo de Oliveira. Entretanto, o técnico palmeirense diz estar satisfeito com o trabalho do meio-campista chileno. "O Valdivia tem me impressionado pela disposição que tem demonstrado", afirmou Oswaldo. "Sempre achei ele muito otimista, muito para cima, vendo com muito bons olhos tudo que vinha sendo feito no clube a partir desse ano". "A minha expectativa ainda é muito saudável e muito otimista em torno desse jogador", completou. Atualmente, Valdivia negocia a renovação de seu contrato com o Palmeiras. O vínculo atual termina em agosto de 2015.
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Na Patagônia chilena, turista precisa torcer por tempo nublado
Dizem que, "na Patagônia, quem se apressa perde tempo". Pois seja qual for o caminho, ele será longo. E as paradas, com máquina fotográfica em punho, fazem parte da viagem ao lado chileno da região. No caso da lagoa San Rafael, troca-se a estrada por água. Em catamarã, deixa-se Puerto Chacabuco às 8h, passando por canais que um dia foram gelo, em direção à lagoa. Serão mais de 200 quilômetros por água (distância tão grande que o clima pode estar diferente no destino). Nas geleiras, torcemos para que o tempo esteja nublado –assim, a luz do sol não é refletida nos blocos de gelo, o que facilita as fotos dos turistas– e sem vento, que impede a saída em pequenos botes para avisar de perto os blocos azulados. Roupas quentes e impermeáveis são essenciais. No catamarã, turistas tomam café da manhã olhando as janelas embaçadas pelo vapor. Dentro da cabine toca um rock pesado e o capitão, que mexe os pés no ritmo da música, controla o caminho o tempo todo (o rio sujo impossibilita o uso do piloto automático). Seis horas depois, chega-se a 1.500 metros da geleira. Câmeras se acumulam na proa da embarcação para registrar a paisagem. Uma foca-leopardo descansa em um blocão de gelo. Famílias começam a se dividir em pequenos botes para ver de perto a geleira –mas não tão perto, já que o tempo todo ela se quebra, os pedaços caem na água e ondas mais fortes se formam. No retorno, os guias coletam pedaços cristalinos de gelo, de fazer inveja a qualquer bartender, para compor os drinques. Poucas horas depois, karaokê e uma pista de dança latina voltam a embaçar os vidros do catamarã. Às 20h, os turistas desembarcam no porto. VENTISQUERO A carretera Austral leva ao parque nacional Queulat. Pelas janelas, o que se vê são árvores de pontas avermelhadas, pontes de rios cheios de pedras, casas de madeira, pastos cheios de ovelhas. Em uma das paradas, um piquenique pode ser armado em frente ao lago Las Torres; em outra, visitantes registram o vale do Cisne. No parque, do mirante se vê o ventisquero (geleira entre montanhas), de onde saem duas quedas-d'água alimentadas pelo derretimento da neve. Um passeio de barco pela esverdeada lagoa pode levar a 600 metros do glaciar (o ângulo, no entanto, pode dificultar a visão). Mais ao sul, é comum encontrar barreiras de álamos, árvores compridas e finas introduzidas pela população para barrar o vento –o barulho de suas folhas balançando é bem característico de lá. Nesse pedaço do mapa, a visita à catedral, à capela e à caverna de mármore vale os quilômetros rodados. O lago General Carrera, o segundo maior da América Latina (depois do Titicaca), exige as roupas mais quentes da bagagem –não se deixe enganar pelo solzinho que brilha fora da água. Em botes para dez pessoas, navega-se por 45 minutos. De perto e até por dentro das formações minerais, em meio ao turquesa do lago, é possível ver detalhes das paredes de cálcio esculpidas pela água ao longo de 30 mil anos. As rochas rajadas acabam suspensas pela estrutura desgastada, formando espaços que lembram capelas góticas. No norte da Patagônia, a água está no entorno de tudo. Ao acompanhar o curso do rio Baker, chega-se à pequenina Caleta Tortel. Seus 507 habitantes sofrem com a falta de luz e de alimentos. A "cidade" atrai alguns aventureiros. Eles se espalham pela passarelas de madeira construídas nas encostas de um morro e ao longo da margem do rio para conectar as poucas casas que lá existem. Na praça, as crianças brincam correndo de um lado para o outro. Um deles usa uma bandana do "Brazil", diz que ganhou do jogador Neymar. "Ele costuma vir aqui?" "Não, ninguém vem aqui." A jornalista viajou a convite do hotel Loberías del Sur
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Na Patagônia chilena, turista precisa torcer por tempo nubladoDizem que, "na Patagônia, quem se apressa perde tempo". Pois seja qual for o caminho, ele será longo. E as paradas, com máquina fotográfica em punho, fazem parte da viagem ao lado chileno da região. No caso da lagoa San Rafael, troca-se a estrada por água. Em catamarã, deixa-se Puerto Chacabuco às 8h, passando por canais que um dia foram gelo, em direção à lagoa. Serão mais de 200 quilômetros por água (distância tão grande que o clima pode estar diferente no destino). Nas geleiras, torcemos para que o tempo esteja nublado –assim, a luz do sol não é refletida nos blocos de gelo, o que facilita as fotos dos turistas– e sem vento, que impede a saída em pequenos botes para avisar de perto os blocos azulados. Roupas quentes e impermeáveis são essenciais. No catamarã, turistas tomam café da manhã olhando as janelas embaçadas pelo vapor. Dentro da cabine toca um rock pesado e o capitão, que mexe os pés no ritmo da música, controla o caminho o tempo todo (o rio sujo impossibilita o uso do piloto automático). Seis horas depois, chega-se a 1.500 metros da geleira. Câmeras se acumulam na proa da embarcação para registrar a paisagem. Uma foca-leopardo descansa em um blocão de gelo. Famílias começam a se dividir em pequenos botes para ver de perto a geleira –mas não tão perto, já que o tempo todo ela se quebra, os pedaços caem na água e ondas mais fortes se formam. No retorno, os guias coletam pedaços cristalinos de gelo, de fazer inveja a qualquer bartender, para compor os drinques. Poucas horas depois, karaokê e uma pista de dança latina voltam a embaçar os vidros do catamarã. Às 20h, os turistas desembarcam no porto. VENTISQUERO A carretera Austral leva ao parque nacional Queulat. Pelas janelas, o que se vê são árvores de pontas avermelhadas, pontes de rios cheios de pedras, casas de madeira, pastos cheios de ovelhas. Em uma das paradas, um piquenique pode ser armado em frente ao lago Las Torres; em outra, visitantes registram o vale do Cisne. No parque, do mirante se vê o ventisquero (geleira entre montanhas), de onde saem duas quedas-d'água alimentadas pelo derretimento da neve. Um passeio de barco pela esverdeada lagoa pode levar a 600 metros do glaciar (o ângulo, no entanto, pode dificultar a visão). Mais ao sul, é comum encontrar barreiras de álamos, árvores compridas e finas introduzidas pela população para barrar o vento –o barulho de suas folhas balançando é bem característico de lá. Nesse pedaço do mapa, a visita à catedral, à capela e à caverna de mármore vale os quilômetros rodados. O lago General Carrera, o segundo maior da América Latina (depois do Titicaca), exige as roupas mais quentes da bagagem –não se deixe enganar pelo solzinho que brilha fora da água. Em botes para dez pessoas, navega-se por 45 minutos. De perto e até por dentro das formações minerais, em meio ao turquesa do lago, é possível ver detalhes das paredes de cálcio esculpidas pela água ao longo de 30 mil anos. As rochas rajadas acabam suspensas pela estrutura desgastada, formando espaços que lembram capelas góticas. No norte da Patagônia, a água está no entorno de tudo. Ao acompanhar o curso do rio Baker, chega-se à pequenina Caleta Tortel. Seus 507 habitantes sofrem com a falta de luz e de alimentos. A "cidade" atrai alguns aventureiros. Eles se espalham pela passarelas de madeira construídas nas encostas de um morro e ao longo da margem do rio para conectar as poucas casas que lá existem. Na praça, as crianças brincam correndo de um lado para o outro. Um deles usa uma bandana do "Brazil", diz que ganhou do jogador Neymar. "Ele costuma vir aqui?" "Não, ninguém vem aqui." A jornalista viajou a convite do hotel Loberías del Sur
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Neymar defende punição a Cristiano Ronaldo e diz que Cruyff se equivocou
O atacante Neymar, do Barcelona, disse nesta segunda-feira (26) que o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, deve ser punido por suas atitudes na vitória do seu time sobre o Córdoba, no sábado (24), pelo Campeonato Espanhol. Com o jogo ainda empatado por 1 a 1, Cristiano Ronaldo, eleito pela terceira vez como melhor jogador do mundo, deu um pontapé no zagueiro brasileiro Edimar, acertou um soco em Rossi, foi expulso e teve que assistir à virada do Real nos vestiários. "Atos como o de Cristiano Ronaldo podem acontecer, mas devem ser punidos", disse Neymar, que ressaltou, porém, a provocação dos defensores contra os jogadores de frente. "Os atacantes, sobretudo, estão expostos a provocações, intimidações. Às vezes, não dá para aguentar. Tem que trabalhar a mente para não cair na provocação", afirmou. Ao se dirigir para fora do gramado, Ronaldo foi vaiado pela torcida adversária e, em resposta, lustrou o símbolo do troféu do título mundial estampado na camisa do clube. Algumas horas depois do término da partida, o jogador se desculpou pelo incidente em uma de suas redes sociais : "Peço desculpas a todos e especialmente a Edimar por meu ato irreflexivo na partida de hoje [sábado]". CRUYFF Neymar aproveitou a entrevista desta segunda-feira para cutucar o ex-jogador holandês Johan Cruyff, que disse anteriormente que podia ser perigoso ter dois jogadores como o brasileiro e Messi no mesmo time. "Eu respeito a opinião dele, considero que foi um dos melhores jogadores do mundo, mas, sim, se equivocou. A cada dia estamos melhores e é só o começo. Podemos fazer muitas coisas", disse. Em março de 2014, Cruyff disse que Neymar era um problema para o Barcelona.
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Neymar defende punição a Cristiano Ronaldo e diz que Cruyff se equivocouO atacante Neymar, do Barcelona, disse nesta segunda-feira (26) que o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, deve ser punido por suas atitudes na vitória do seu time sobre o Córdoba, no sábado (24), pelo Campeonato Espanhol. Com o jogo ainda empatado por 1 a 1, Cristiano Ronaldo, eleito pela terceira vez como melhor jogador do mundo, deu um pontapé no zagueiro brasileiro Edimar, acertou um soco em Rossi, foi expulso e teve que assistir à virada do Real nos vestiários. "Atos como o de Cristiano Ronaldo podem acontecer, mas devem ser punidos", disse Neymar, que ressaltou, porém, a provocação dos defensores contra os jogadores de frente. "Os atacantes, sobretudo, estão expostos a provocações, intimidações. Às vezes, não dá para aguentar. Tem que trabalhar a mente para não cair na provocação", afirmou. Ao se dirigir para fora do gramado, Ronaldo foi vaiado pela torcida adversária e, em resposta, lustrou o símbolo do troféu do título mundial estampado na camisa do clube. Algumas horas depois do término da partida, o jogador se desculpou pelo incidente em uma de suas redes sociais : "Peço desculpas a todos e especialmente a Edimar por meu ato irreflexivo na partida de hoje [sábado]". CRUYFF Neymar aproveitou a entrevista desta segunda-feira para cutucar o ex-jogador holandês Johan Cruyff, que disse anteriormente que podia ser perigoso ter dois jogadores como o brasileiro e Messi no mesmo time. "Eu respeito a opinião dele, considero que foi um dos melhores jogadores do mundo, mas, sim, se equivocou. A cada dia estamos melhores e é só o começo. Podemos fazer muitas coisas", disse. Em março de 2014, Cruyff disse que Neymar era um problema para o Barcelona.
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Recurso frágil
Compreende-se o empenho de Michel Temer (PMDB) e de seus defensores no sentido de evitar novas turbulências políticas e complicações com a Justiça. Não se mostram consistentes, todavia, as tentativas de sustar de ações contra o presidente e o governo pela via da imaginação advocatícia. Foi corretamente rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal, na tarde desta quarta-feira (13), a solicitação de que se considerassem dignas de suspeição as atitudes do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O recurso encaminhado ao STF considerava existirem indícios suficientes de que o chefe do Executivo seja alvo de "inimizade capital" de Janot. Como evidência de perseguição, citou-se a célebre frase deste segundo a qual "enquanto houver bambu, lá vai flecha". Por unanimidade, os ministros presentes na corte rejeitaram tal argumento. O recurso a uma figura de linguagem algo despropositada não vem a constituir, com efeito, sinal de desavença particular e pessoal entre o titular da PGR e o presidente da República. Também se considerou improcedente outra tese em favor da suspeição de Janot —a de que seu papel como acusador estaria comprometido pela possibilidade de que um membro do Ministério Público tenha oferecido orientações à defesa de Joesley Batista, quando se negociava sua delação premiada. Seria necessária a participação direta de Janot nesse episódio para que sua suspeição se comprovasse. Toda a argumentação invocada em favor de Temer guarda desconfortável semelhança, como já se observou largamente, com os recursos invocados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arguindo a parcialidade do juiz federal Sérgio Moro. Não há dúvida de que, em especial no ocaso de seu mandato como procurador-geral, Rodrigo Janot cometeu erros capazes de comprometer sua credibilidade. O mais flagrante, como se sabe, foi ter concedido virtual impunidade aos irmãos Joesley e Wesley Batista, em troca da revelação de condutas potencialmente ilícitas do presidente da República. Não poucas irregularidades são apontadas em todo o processo investigativo que cerca o encontro entre Joesley e Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em março. Não há como contestar desde já, entretanto, a validade das provas obtidas —e é este outro ponto em que residem as esperanças dos advogados, não só do presidente mas também de seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de dinheiro depois da fatídica conversa. Esse tópico voltará a ser discutido pelo Supremo. Até lá, o país deverá conhecer uma nova peça acusatória contra o presidente. editoriais@grupofolha.com.br
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Recurso frágilCompreende-se o empenho de Michel Temer (PMDB) e de seus defensores no sentido de evitar novas turbulências políticas e complicações com a Justiça. Não se mostram consistentes, todavia, as tentativas de sustar de ações contra o presidente e o governo pela via da imaginação advocatícia. Foi corretamente rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal, na tarde desta quarta-feira (13), a solicitação de que se considerassem dignas de suspeição as atitudes do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O recurso encaminhado ao STF considerava existirem indícios suficientes de que o chefe do Executivo seja alvo de "inimizade capital" de Janot. Como evidência de perseguição, citou-se a célebre frase deste segundo a qual "enquanto houver bambu, lá vai flecha". Por unanimidade, os ministros presentes na corte rejeitaram tal argumento. O recurso a uma figura de linguagem algo despropositada não vem a constituir, com efeito, sinal de desavença particular e pessoal entre o titular da PGR e o presidente da República. Também se considerou improcedente outra tese em favor da suspeição de Janot —a de que seu papel como acusador estaria comprometido pela possibilidade de que um membro do Ministério Público tenha oferecido orientações à defesa de Joesley Batista, quando se negociava sua delação premiada. Seria necessária a participação direta de Janot nesse episódio para que sua suspeição se comprovasse. Toda a argumentação invocada em favor de Temer guarda desconfortável semelhança, como já se observou largamente, com os recursos invocados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arguindo a parcialidade do juiz federal Sérgio Moro. Não há dúvida de que, em especial no ocaso de seu mandato como procurador-geral, Rodrigo Janot cometeu erros capazes de comprometer sua credibilidade. O mais flagrante, como se sabe, foi ter concedido virtual impunidade aos irmãos Joesley e Wesley Batista, em troca da revelação de condutas potencialmente ilícitas do presidente da República. Não poucas irregularidades são apontadas em todo o processo investigativo que cerca o encontro entre Joesley e Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em março. Não há como contestar desde já, entretanto, a validade das provas obtidas —e é este outro ponto em que residem as esperanças dos advogados, não só do presidente mas também de seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de dinheiro depois da fatídica conversa. Esse tópico voltará a ser discutido pelo Supremo. Até lá, o país deverá conhecer uma nova peça acusatória contra o presidente. editoriais@grupofolha.com.br
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Marcelo Katsuki: MasterChef Paraisópolis
Reprodução Pessoal, tem um projeto muito bacana chamado "Chefe Aprendiz Paraisópolis" de uma estudante de Gestão de Políticas Públicas da USP, a Beatriz Mansberger. A ideia da Beatriz é reunir estudantes de escolas públicas de Paraisópolis, a segunda maior favela da ... Leia post completo no blog
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Marcelo Katsuki: MasterChef ParaisópolisReprodução Pessoal, tem um projeto muito bacana chamado "Chefe Aprendiz Paraisópolis" de uma estudante de Gestão de Políticas Públicas da USP, a Beatriz Mansberger. A ideia da Beatriz é reunir estudantes de escolas públicas de Paraisópolis, a segunda maior favela da ... Leia post completo no blog
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Análise: 'Birdman' é o grande vencedor do 'Oscar da depressão'
A esperada briga entre "Birdman" e "Boyhood" não se concretizou na cerimônia de entrega do Oscar 2015, neste domingo (22). O filme do mexicano Alejandro González Iñárritu foi o grande campeão da noite, levando quatro Oscar nas categorias principais de melhor filme, direção, roteiro e fotografia. "Boyhood: Da Infância à Juventude" só foi lembrado uma vez em atriz coadjuvante para Patricia Arquette, ficando atrás até mesmo de "O Grande Hotel Budapeste", com quatro estatuetas, e "Whiplash", com três. A noite passou sem grandes surpresas. Apesar do apresentador Neil Patrick Harris começar com um interessante cenário com um projeção de vídeo ao fundo do palco, o número de abertura não empolgou. Ao longo da noite, suas piadas foram comportadas demais (Trocadilhos com a palavra "spoon" e o nome da atriz Reese Witherspoon) ou inapropriadas demais – "Edward Snowden não pôde comparecer para receber o prêmio", após a vitória de "Citizenfour" em documentário. A produção bateu "O Sal da Terra", de Wim Wenders e do franco-brasileiro Juliano Ribeiro Salgado POLITIZADO É verdade que Harris tratou de quebrar o gelo brincando com a acusação do Oscar ser "branco demais". E repetiu bem a dose quando apresentou o inglês David Oyelowo, que muitos davam como certo entre os indicados a melhor ator por sua interpretação de Martin Luther King em "Selma". "Ah, agora vocês gostam dele, não é?". Mas ele não conduziu nenhum momento memorável da festa. Esses caíram no colo dos vencedores... politizados. Patricia Arquette, de "Boyhood: Da Infância à Juventude", pediu "igualdade nos salários de uma vez por todas" e "direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos", levantando o público - principalmente Meryl Streep, que logo virou meme nas redes sociais. Já o os músicos Common e John Legend, ao vencerem em melhor canção por "Glory", do drama "Selma", não pouparam a plateia, já em prantos pela apresentação da dupla. "'Selma' acontece agora, porque a injustiça acontece neste momento", discursou Legend. "Há mais homens negros em prisões hoje que havia durante a escravidão, em 1850." O clima até ficou estranho para Lady Gaga, que entrou na sequência para cantar em homenagem ao clássico "A Noviça Rebelde", que completa 50 anos, e apresentar Julie Andrews. Ainda mais porque, logo depois, ao ganhar o Oscar de roteiro adaptado por "O Jogo da Imitação", Graham Moore revelou que tentou se matar aos 16 anos "por se sentir como uma aberração". Se a Academia queria uma noite alegre e fútil, teve quase o Oscar da depressão. Alguns momentos inusitados apareceram no Dolby Theatre, mas nenhum muito memorável. Durante os agradecimentos do diretor polonês Pawel Pawlikowski, que subiu ao palco para receber o Oscar de filme estrangeiro por "Ida", ele precisou ser interrompido duas vezes pela música para terminar o discurso. Um pouco mais tarde, o ator Terrence Howard, ao apresentar três indicados a melhor filme, pareceu perder o controle, emocionando-se e parecendo que não terminaria a missão - a transmissão cortou para a plateia rapidamente. O primeiro prêmio da noite foi para J.K. Simmons, considerado uma barbada como ator coadjuvante por seu papel de professor/general em "Whiplash", de Damien Chazelle. O mesmo clima retornou em melhor atriz, conquistada por Julianne Moore, por "Para Sempre Alice". Em sua quarta indicação, Julianne era aposta certa. Em melhor ator, havia um certo suspense entre Michael Keaton ("Birdman") e Eddie Redmayne, que havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por "A Teoria de Tudo". E Redmayne levou e pareceu o vencedor mais empolgado da cerimônia. Por boa parte da noite, o filme que liderou o placar de indicados foi "O Grande Hotel Budapeste", de Wes Anderson: levou direção de arte, figurino e maquiagem na primeira metade da festa. Ainda completou com mais um Oscar por trilha sonora, terminando com quatro, mesmo número de "Birdman", o grande vencedor da noite.
ilustrada
Análise: 'Birdman' é o grande vencedor do 'Oscar da depressão'A esperada briga entre "Birdman" e "Boyhood" não se concretizou na cerimônia de entrega do Oscar 2015, neste domingo (22). O filme do mexicano Alejandro González Iñárritu foi o grande campeão da noite, levando quatro Oscar nas categorias principais de melhor filme, direção, roteiro e fotografia. "Boyhood: Da Infância à Juventude" só foi lembrado uma vez em atriz coadjuvante para Patricia Arquette, ficando atrás até mesmo de "O Grande Hotel Budapeste", com quatro estatuetas, e "Whiplash", com três. A noite passou sem grandes surpresas. Apesar do apresentador Neil Patrick Harris começar com um interessante cenário com um projeção de vídeo ao fundo do palco, o número de abertura não empolgou. Ao longo da noite, suas piadas foram comportadas demais (Trocadilhos com a palavra "spoon" e o nome da atriz Reese Witherspoon) ou inapropriadas demais – "Edward Snowden não pôde comparecer para receber o prêmio", após a vitória de "Citizenfour" em documentário. A produção bateu "O Sal da Terra", de Wim Wenders e do franco-brasileiro Juliano Ribeiro Salgado POLITIZADO É verdade que Harris tratou de quebrar o gelo brincando com a acusação do Oscar ser "branco demais". E repetiu bem a dose quando apresentou o inglês David Oyelowo, que muitos davam como certo entre os indicados a melhor ator por sua interpretação de Martin Luther King em "Selma". "Ah, agora vocês gostam dele, não é?". Mas ele não conduziu nenhum momento memorável da festa. Esses caíram no colo dos vencedores... politizados. Patricia Arquette, de "Boyhood: Da Infância à Juventude", pediu "igualdade nos salários de uma vez por todas" e "direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos", levantando o público - principalmente Meryl Streep, que logo virou meme nas redes sociais. Já o os músicos Common e John Legend, ao vencerem em melhor canção por "Glory", do drama "Selma", não pouparam a plateia, já em prantos pela apresentação da dupla. "'Selma' acontece agora, porque a injustiça acontece neste momento", discursou Legend. "Há mais homens negros em prisões hoje que havia durante a escravidão, em 1850." O clima até ficou estranho para Lady Gaga, que entrou na sequência para cantar em homenagem ao clássico "A Noviça Rebelde", que completa 50 anos, e apresentar Julie Andrews. Ainda mais porque, logo depois, ao ganhar o Oscar de roteiro adaptado por "O Jogo da Imitação", Graham Moore revelou que tentou se matar aos 16 anos "por se sentir como uma aberração". Se a Academia queria uma noite alegre e fútil, teve quase o Oscar da depressão. Alguns momentos inusitados apareceram no Dolby Theatre, mas nenhum muito memorável. Durante os agradecimentos do diretor polonês Pawel Pawlikowski, que subiu ao palco para receber o Oscar de filme estrangeiro por "Ida", ele precisou ser interrompido duas vezes pela música para terminar o discurso. Um pouco mais tarde, o ator Terrence Howard, ao apresentar três indicados a melhor filme, pareceu perder o controle, emocionando-se e parecendo que não terminaria a missão - a transmissão cortou para a plateia rapidamente. O primeiro prêmio da noite foi para J.K. Simmons, considerado uma barbada como ator coadjuvante por seu papel de professor/general em "Whiplash", de Damien Chazelle. O mesmo clima retornou em melhor atriz, conquistada por Julianne Moore, por "Para Sempre Alice". Em sua quarta indicação, Julianne era aposta certa. Em melhor ator, havia um certo suspense entre Michael Keaton ("Birdman") e Eddie Redmayne, que havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por "A Teoria de Tudo". E Redmayne levou e pareceu o vencedor mais empolgado da cerimônia. Por boa parte da noite, o filme que liderou o placar de indicados foi "O Grande Hotel Budapeste", de Wes Anderson: levou direção de arte, figurino e maquiagem na primeira metade da festa. Ainda completou com mais um Oscar por trilha sonora, terminando com quatro, mesmo número de "Birdman", o grande vencedor da noite.
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Secretaria questiona reportagem sobre promessa de Alckmin
Sobre a reportagem Promessa eleitoral contra crime em SP emperra, e Alckmin recorre à PM, a implantação do Detecta não está "emperrada", mas em ritmo acelerado de implantação. Em reposta enviada à Folha em 6/5, uma tabela mostrava todos os 163.072.891 registros de dados já integrados ao Detecta, dos quais constam os da Polícia Civil, os das concessionárias de rodovias, os do Detran e os da Polícia Militar. A maior parte dessas informações foi omitida. Se fossem consideradas, a Folha não afirmaria que o governo recorreu à PM para viabilizar o sistema por meio do Projeto Radar, que é um dos instrumentos integrados ao Detecta. RESPOSTA DOS JORNALISTAS CATIA SEABRA, REYNALDO TUROLLO JR. E ROGÉRIO PAGNAN - Em setembro de 2014, este mesmo missivista afirmou, em nota, que o sistema estaria operando até o final daquele ano, o que ainda não aconteceu. Como mostrou a reportagem, o Detecta segue sem funcionar com as funções prometidas nas eleições. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Secretaria questiona reportagem sobre promessa de AlckminSobre a reportagem Promessa eleitoral contra crime em SP emperra, e Alckmin recorre à PM, a implantação do Detecta não está "emperrada", mas em ritmo acelerado de implantação. Em reposta enviada à Folha em 6/5, uma tabela mostrava todos os 163.072.891 registros de dados já integrados ao Detecta, dos quais constam os da Polícia Civil, os das concessionárias de rodovias, os do Detran e os da Polícia Militar. A maior parte dessas informações foi omitida. Se fossem consideradas, a Folha não afirmaria que o governo recorreu à PM para viabilizar o sistema por meio do Projeto Radar, que é um dos instrumentos integrados ao Detecta. RESPOSTA DOS JORNALISTAS CATIA SEABRA, REYNALDO TUROLLO JR. E ROGÉRIO PAGNAN - Em setembro de 2014, este mesmo missivista afirmou, em nota, que o sistema estaria operando até o final daquele ano, o que ainda não aconteceu. Como mostrou a reportagem, o Detecta segue sem funcionar com as funções prometidas nas eleições. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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'Uberização' da economia gera debate legal e na corrida presidencial dos EUA
A revolução de costumes criada pela nova economia chegou aos tribunais e à disputa presidencial dos Estados Unidos. Em ambos os casos, uma questão básica: como regular serviços de compartilhamento como Uber e Airbnb sem emperrar a inovação ou privar os usuários de seus benefícios. As novas tecnologias deram uma roupagem moderna ao eterno debate entre democratas e republicanos, em torno do papel que o Estado deve ter na economia. Os democratas demonstraram preocupação com os direitos dos trabalhadores a serviço de empresas como Uber, que usa um aplicativo para conectar passageiros e motorista com a facilidade de alguns toques no celular. "A chamada economia sob encomenda está criando oportunidades estimulantes e gerando inovação, mas também levanta questões difíceis sobre as proteções ao trabalhador e o que será visto como um bom emprego no futuro", disse Hillary Clinton, favorita para ser a candidata democrata nas eleições presidenciais do próximo ano. De olho no eleitorado jovem, a maioria dos candidatos republicanos abraçou com entusiasmo a "uberização" da economia, como o fenômeno tem sido chamado. Para eles, é um exemplo dos benefícios criados para a economia quando o governo sai do caminho. O senador Marco Rubio, um dos presidenciáveis do partido, lançou este ano um livro chamado "American Dreams" (sonhos americanos), no qual um dos capítulos é chamado "Torne a América segura para o Uber". Num deboche à preocupação de Hillary, Rubio disse que ela está "presa ao passado e não entendeu como o mundo está mudando". A realidade, contudo, é que ninguém parece saber exatamente para onde caminha esse admirável mundo novo. Na semana passada, um juiz da Califórnia aceitou uma ação trabalhista exigindo que os 160 mil motoristas do Uber no Estado americano sejam reconhecidos não como autôomos, mas empregados da empresa, com direito a benefícios. Caso a ação saia vitoriosa, poderá ser um divisor de águas e uma ameaça para o modelo de negócios da chamada "economia compartilhada". O reconhecimento dos motoristas como funcionários não apenas abalaria o lema "seja seu próprio patrão" propagado pelo Uber, mas encolheria seus lucros e aumentaria os preços para os passageiros. Arun Sundararajan, professor de Finanças da Universidade de Nova York, acredita que um meio termo entre os direitos trabalhistas e a flexibilidade da nova economia é possível. Para isso, afirma, é preciso adaptar a legislação à nova realidade e ampliar as categorias de emprego para além das tradicionais, como funcionário em tempo integral, meio expediente e autônomo. "Precisamos de pelo menos mais uma categoria, que se aplique a pessoas que trabalham em múltiplas plataformas e possam manter sua independência, mas ao mesmo tempo contem com uma estrutura de contribuição que garanta a elas os mesmos benefícios de outros trabalhadores", disse ele à Folha. "Os motoristas do Uber não querem ser funcionários em tempo integral. Eles querem liberdade, mas com benefícios. Por isso é preciso criar uma nova categoria". O modelo de negócios, porém, não será quebrado, prevê Sundararajan. Da mesma opinião é o ex-chefe de marketing da Kodak, Jeffrey Hayzlett, para o qual a economia compartilhada, embora não seja perfeita, chegou para ficar, sobretudo pela atração que ela tem sobre os jovens. "A realidade é que os prós são bem maiores que os contras", escreveu ele no portal Huffington Post Enquanto a legislação não se adapta aos novos tempos, a velha economia vai deixando perdedores pelo caminho. Poucos dias atrás, tarde da noite em Washington, um taxista ofereceu seus serviços ao repórter da Folha ao perceber que ele pedia um carro do Uber. A curta viagem foi preenchida pelas lamúrias do motorista, o etíope Abbas, que emigrou há 23 anos para os EUA. "A queda nas corridas foi brutal. As pessoas só usam o Uber", disse ele, que trabalha há oitos anos como motorista na capital americana. "Se alguma coisa não mudar o governo em breve vai ter que começar a distribuir vales-refeição aos taxistas para podermos alimentar nossas famílias".
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'Uberização' da economia gera debate legal e na corrida presidencial dos EUAA revolução de costumes criada pela nova economia chegou aos tribunais e à disputa presidencial dos Estados Unidos. Em ambos os casos, uma questão básica: como regular serviços de compartilhamento como Uber e Airbnb sem emperrar a inovação ou privar os usuários de seus benefícios. As novas tecnologias deram uma roupagem moderna ao eterno debate entre democratas e republicanos, em torno do papel que o Estado deve ter na economia. Os democratas demonstraram preocupação com os direitos dos trabalhadores a serviço de empresas como Uber, que usa um aplicativo para conectar passageiros e motorista com a facilidade de alguns toques no celular. "A chamada economia sob encomenda está criando oportunidades estimulantes e gerando inovação, mas também levanta questões difíceis sobre as proteções ao trabalhador e o que será visto como um bom emprego no futuro", disse Hillary Clinton, favorita para ser a candidata democrata nas eleições presidenciais do próximo ano. De olho no eleitorado jovem, a maioria dos candidatos republicanos abraçou com entusiasmo a "uberização" da economia, como o fenômeno tem sido chamado. Para eles, é um exemplo dos benefícios criados para a economia quando o governo sai do caminho. O senador Marco Rubio, um dos presidenciáveis do partido, lançou este ano um livro chamado "American Dreams" (sonhos americanos), no qual um dos capítulos é chamado "Torne a América segura para o Uber". Num deboche à preocupação de Hillary, Rubio disse que ela está "presa ao passado e não entendeu como o mundo está mudando". A realidade, contudo, é que ninguém parece saber exatamente para onde caminha esse admirável mundo novo. Na semana passada, um juiz da Califórnia aceitou uma ação trabalhista exigindo que os 160 mil motoristas do Uber no Estado americano sejam reconhecidos não como autôomos, mas empregados da empresa, com direito a benefícios. Caso a ação saia vitoriosa, poderá ser um divisor de águas e uma ameaça para o modelo de negócios da chamada "economia compartilhada". O reconhecimento dos motoristas como funcionários não apenas abalaria o lema "seja seu próprio patrão" propagado pelo Uber, mas encolheria seus lucros e aumentaria os preços para os passageiros. Arun Sundararajan, professor de Finanças da Universidade de Nova York, acredita que um meio termo entre os direitos trabalhistas e a flexibilidade da nova economia é possível. Para isso, afirma, é preciso adaptar a legislação à nova realidade e ampliar as categorias de emprego para além das tradicionais, como funcionário em tempo integral, meio expediente e autônomo. "Precisamos de pelo menos mais uma categoria, que se aplique a pessoas que trabalham em múltiplas plataformas e possam manter sua independência, mas ao mesmo tempo contem com uma estrutura de contribuição que garanta a elas os mesmos benefícios de outros trabalhadores", disse ele à Folha. "Os motoristas do Uber não querem ser funcionários em tempo integral. Eles querem liberdade, mas com benefícios. Por isso é preciso criar uma nova categoria". O modelo de negócios, porém, não será quebrado, prevê Sundararajan. Da mesma opinião é o ex-chefe de marketing da Kodak, Jeffrey Hayzlett, para o qual a economia compartilhada, embora não seja perfeita, chegou para ficar, sobretudo pela atração que ela tem sobre os jovens. "A realidade é que os prós são bem maiores que os contras", escreveu ele no portal Huffington Post Enquanto a legislação não se adapta aos novos tempos, a velha economia vai deixando perdedores pelo caminho. Poucos dias atrás, tarde da noite em Washington, um taxista ofereceu seus serviços ao repórter da Folha ao perceber que ele pedia um carro do Uber. A curta viagem foi preenchida pelas lamúrias do motorista, o etíope Abbas, que emigrou há 23 anos para os EUA. "A queda nas corridas foi brutal. As pessoas só usam o Uber", disse ele, que trabalha há oitos anos como motorista na capital americana. "Se alguma coisa não mudar o governo em breve vai ter que começar a distribuir vales-refeição aos taxistas para podermos alimentar nossas famílias".
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Sindicato dos professores continuará manifestações contra governo Alckmin
O Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo) deve continuar a promover atos de protesto contra a medida proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) que reorganiza escolas da rede estadual em ciclos únicos de ensino. A proposta do governo irá "entregar" 94 unidades escolares para outras funções, como creches e escolas técnicas, tanto para a gestão municipal quanto no âmbito ainda do Estado. Atualmente, tais unidades são ocupadas por estudantes dos ensinos básico e médio de São Paulo. Reorganização escolar na rede de SP Descontente, a presidente do Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, afirmou que a reorganização das escolas "é o verdadeiro desmantelamento da escola pública do Estado". O anúncio do número de escolas afetadas, feito na manhã desta segunda-feira (26), gerou rápida resposta do sindicato. "Não tem cabimento. Eu não acho que esse seja o número, acho que esse é apenas um começo, ainda assim, é um número significativo. Nós vamos continuar protestando, sim", disse Noronha. "Essa semana, a tendência é que haja mais atos. As escolas que forem afetadas, com certeza, irão se mobilizar", afirma a presidente. Escolas de ciclo único SALÁRIOS Para o sindicato, a medida do governo pode precarizar o salário de professores efetivos, que serão lotados em novas unidades. "Os professores, transferidos na marra, terão de disputar por créditos e disciplinas com aqueles já lotados nessas escolas. Ganha quem tiver mais tempo de serviço. Quem não conseguir manter sua carga horária, terá seu salário reduzido", enfatizou Noronha. Além disso, o Apeoesp alega que a reorganização superlotará salas de aula. Noronha afirma que a gestão Alckmin não teria dado espaço para negociações e acordos. "Eu nunca lidei com uma gestão tão difícil quanto essa." O secretário de Educação, Herman Voorwald, afirmou pela manhã que os professores efetivos não serão prejudicados e que o remanejamento de alunos foi feito respeitando a regra atual de lotação (30 estudantes por turma nos anos iniciais do ensino fundamental; 35 nos finais; e 40 no ensino médio).
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Sindicato dos professores continuará manifestações contra governo AlckminO Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo) deve continuar a promover atos de protesto contra a medida proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) que reorganiza escolas da rede estadual em ciclos únicos de ensino. A proposta do governo irá "entregar" 94 unidades escolares para outras funções, como creches e escolas técnicas, tanto para a gestão municipal quanto no âmbito ainda do Estado. Atualmente, tais unidades são ocupadas por estudantes dos ensinos básico e médio de São Paulo. Reorganização escolar na rede de SP Descontente, a presidente do Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, afirmou que a reorganização das escolas "é o verdadeiro desmantelamento da escola pública do Estado". O anúncio do número de escolas afetadas, feito na manhã desta segunda-feira (26), gerou rápida resposta do sindicato. "Não tem cabimento. Eu não acho que esse seja o número, acho que esse é apenas um começo, ainda assim, é um número significativo. Nós vamos continuar protestando, sim", disse Noronha. "Essa semana, a tendência é que haja mais atos. As escolas que forem afetadas, com certeza, irão se mobilizar", afirma a presidente. Escolas de ciclo único SALÁRIOS Para o sindicato, a medida do governo pode precarizar o salário de professores efetivos, que serão lotados em novas unidades. "Os professores, transferidos na marra, terão de disputar por créditos e disciplinas com aqueles já lotados nessas escolas. Ganha quem tiver mais tempo de serviço. Quem não conseguir manter sua carga horária, terá seu salário reduzido", enfatizou Noronha. Além disso, o Apeoesp alega que a reorganização superlotará salas de aula. Noronha afirma que a gestão Alckmin não teria dado espaço para negociações e acordos. "Eu nunca lidei com uma gestão tão difícil quanto essa." O secretário de Educação, Herman Voorwald, afirmou pela manhã que os professores efetivos não serão prejudicados e que o remanejamento de alunos foi feito respeitando a regra atual de lotação (30 estudantes por turma nos anos iniciais do ensino fundamental; 35 nos finais; e 40 no ensino médio).
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Assessor de Kassab rebate fala de Haddad sobre finanças paulistanas
Em relação à entrevista Com Marta, houve relaxamento absurdo das finanças da cidade, esclarecemos que a prefeitura não estava insolvente em 2013. A gestão Kassab deixou R$ 5,6 bilhões em caixa, sendo R$ 40 milhões disponíveis, informações confirmadas pelo ex-secretário de Finanças Marcos Cruz no jornal "Valor" e por Rui Falcão em entrevista ao jornal "O Globo", em que disse que a gestão Haddad começa com o governo em uma situação mais confortável que a ex-prefeita Marta Suplicy. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Assessor de Kassab rebate fala de Haddad sobre finanças paulistanasEm relação à entrevista Com Marta, houve relaxamento absurdo das finanças da cidade, esclarecemos que a prefeitura não estava insolvente em 2013. A gestão Kassab deixou R$ 5,6 bilhões em caixa, sendo R$ 40 milhões disponíveis, informações confirmadas pelo ex-secretário de Finanças Marcos Cruz no jornal "Valor" e por Rui Falcão em entrevista ao jornal "O Globo", em que disse que a gestão Haddad começa com o governo em uma situação mais confortável que a ex-prefeita Marta Suplicy. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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TV Cultura censurou crítica a Doria e Alckmin para 'evitar polarizações'
A TV Cultura afirmou, em uma nota enviada à imprensa na noite desta quarta-feira (19), que censurou parte da apresentação da banda Aláfia no programa "Cultura Livre" para "evitar polarizações". Na atração, o grupo fez críticas ao prefeito de São Paulo, João Doria, e ao governador paulista, Geraldo Alckmin. Ambos são do PSDB. Administrada pelo governo de São Paulo, a TV Cultura disse ter cortado o trecho para "não difundir ideias ou fatos que incentivem a polarização, independentemente do indivíduo a quem esse discurso se destina". A emissora afirmou ainda que não utiliza "programação de arte e cultura para fins partidários". Segundo o canal, o debate político fica limitado às atrações do núcleo de jornalismo. Os vídeos da apresentação foram retirados do canal da emissora no YouTube. "Liga nas de cem que trinca/ Nas pedra que brilha/ Na noite que finca as garra/ SP é fio de navalha/ O pior do ruim/ Doria, Alckmin/ Não encosta em mim, playboy/ Eu sei que tu quer o meu fim", dizia o trecho retirado na edição. A declaração da TV Cultura contradiz o posicionamento que a apresentadora Roberta Martinelli, do "Cultura Livre", afirma ter recebido após questionar a censura. "A conversa que a gente teve foi sobre o que ia fazer daqui pra frente, falei que minha estadia na TV Cultura está condicionada a esta liberdade e que vou continuar lá enquanto o programa continuar livre", disse Martinelli à Folha. "Eles se comprometeram a não interferir em nada". A apresentadora afirma que deixará a emissora caso algo similar ocorra novamente: "será o fim da 'Cultura Livre' e o fim da minha estadia na TV Cultura". "Acho que arte e política há muito tempo andam juntas e é difícil separar as duas coisas". "Existe uma polarização política e questões que a gente vive no Brasil, mais canções de protesto vão surgir, não vai dar para a gente impedir e eu não vou fazer esse papel nunca", afirma. "Quando a liberdade acabar, eu procuro algum lugar em que eu possa fazer as coisas da maneira que eu acredito". * Leia a íntegra do comunicado: A TV Cultura é uma emissora pública pertencente a todos os cidadãos. Assim, carregamos em nosso estatuto o dever de não utilizarmos nossa programação de arte e cultura para fins partidários, limitando esse debate ao núcleo de jornalismo. Seguimos essa lógica na busca constante pelo equilíbrio entre as diferentes narrativas e, acima de tudo, com independência editorial. Mais do que isso, temos a constante preocupação de não difundir ideias ou fatos que incentivem a polarização, independentemente do indivíduo a quem esse discurso se destina. Para atender aos princípios citados acima, a TV Cultura levou ao ar na madrugada do dia 11 de abril o programa Cultura Livre com a banda Aláfia e realizou uma edição na música Liga nas de Cem. A emissora valoriza a liberdade de expressão e lamenta a polêmica gerada em torno desta ação. Reiteramos que o Cultura Livre é, desde 2011, um programa cultural e musical que se propõe a revelar novas bandas da cena independente brasileira. Seguiremos firmes neste propósito sempre com o intuito de oferecer ao público entretenimento de qualidade e aos artistas um espaço aberto para divulgar sua arte.
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TV Cultura censurou crítica a Doria e Alckmin para 'evitar polarizações'A TV Cultura afirmou, em uma nota enviada à imprensa na noite desta quarta-feira (19), que censurou parte da apresentação da banda Aláfia no programa "Cultura Livre" para "evitar polarizações". Na atração, o grupo fez críticas ao prefeito de São Paulo, João Doria, e ao governador paulista, Geraldo Alckmin. Ambos são do PSDB. Administrada pelo governo de São Paulo, a TV Cultura disse ter cortado o trecho para "não difundir ideias ou fatos que incentivem a polarização, independentemente do indivíduo a quem esse discurso se destina". A emissora afirmou ainda que não utiliza "programação de arte e cultura para fins partidários". Segundo o canal, o debate político fica limitado às atrações do núcleo de jornalismo. Os vídeos da apresentação foram retirados do canal da emissora no YouTube. "Liga nas de cem que trinca/ Nas pedra que brilha/ Na noite que finca as garra/ SP é fio de navalha/ O pior do ruim/ Doria, Alckmin/ Não encosta em mim, playboy/ Eu sei que tu quer o meu fim", dizia o trecho retirado na edição. A declaração da TV Cultura contradiz o posicionamento que a apresentadora Roberta Martinelli, do "Cultura Livre", afirma ter recebido após questionar a censura. "A conversa que a gente teve foi sobre o que ia fazer daqui pra frente, falei que minha estadia na TV Cultura está condicionada a esta liberdade e que vou continuar lá enquanto o programa continuar livre", disse Martinelli à Folha. "Eles se comprometeram a não interferir em nada". A apresentadora afirma que deixará a emissora caso algo similar ocorra novamente: "será o fim da 'Cultura Livre' e o fim da minha estadia na TV Cultura". "Acho que arte e política há muito tempo andam juntas e é difícil separar as duas coisas". "Existe uma polarização política e questões que a gente vive no Brasil, mais canções de protesto vão surgir, não vai dar para a gente impedir e eu não vou fazer esse papel nunca", afirma. "Quando a liberdade acabar, eu procuro algum lugar em que eu possa fazer as coisas da maneira que eu acredito". * Leia a íntegra do comunicado: A TV Cultura é uma emissora pública pertencente a todos os cidadãos. Assim, carregamos em nosso estatuto o dever de não utilizarmos nossa programação de arte e cultura para fins partidários, limitando esse debate ao núcleo de jornalismo. Seguimos essa lógica na busca constante pelo equilíbrio entre as diferentes narrativas e, acima de tudo, com independência editorial. Mais do que isso, temos a constante preocupação de não difundir ideias ou fatos que incentivem a polarização, independentemente do indivíduo a quem esse discurso se destina. Para atender aos princípios citados acima, a TV Cultura levou ao ar na madrugada do dia 11 de abril o programa Cultura Livre com a banda Aláfia e realizou uma edição na música Liga nas de Cem. A emissora valoriza a liberdade de expressão e lamenta a polêmica gerada em torno desta ação. Reiteramos que o Cultura Livre é, desde 2011, um programa cultural e musical que se propõe a revelar novas bandas da cena independente brasileira. Seguiremos firmes neste propósito sempre com o intuito de oferecer ao público entretenimento de qualidade e aos artistas um espaço aberto para divulgar sua arte.
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Senado do Japão aprova lei que libera envio de militares do país a conflitos
O Senado do Japão aprovou na madrugada deste sábado (19) a lei que autoriza o envio de militares do país a ações ofensivas. Com isso, o país abandona o caráter pacifista que tinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A mudança era defendida pelo primeiro-ministro Shinzo Abe para fazer frente ao aumento do poder militar da China na Ásia. O projeto era energicamente criticado pela oposição e alvo de protestos da população japonesa. Os senadores japoneses alteraram o artigo 9 da Constituição, que limitava a participação das Forças de Autodefesa a missões humanitárias durante guerras de aliados e em tropas de paz da ONU (Organizações das Nações Unidas). Agora, os japoneses poderão prestar apoio logístico se forem atacados, atuar em guerras de aliados ou em ações de segurança da ONU. Isso permitiria, por exemplo, que o país aderisse à coalizão dos EUA contra o Estado Islâmico. O projeto foi aprovado em uma sessão de mais de dez horas que terminou após as 2h locais (14h de sexta-feira em Brasília). Durante a sessão, milhares de pessoas protestavam contra a medida. A longa votação foi precedida por dois dias de tramitação tensa e discursos inflamados. Na quinta (17), senadores chegaram às vias de fato na sessão de uma comissão que deu o aval para a votação em plenário. A briga começou quando os deputados da oposição tentaram apresentar uma moção para impedir a reinterpretação da lei feita pelo chefe de governo, que tem maioria no Senado. Diante da rejeição da mesa, os opositores cercaram o presidente da comissão, que foi defendido por governistas. Os dois lados trocaram empurrões, socos e outros tipos de agressão física dentro da sala. A sessão precisou ser interrompida em vários momentos devido à briga. Enquanto isso, os legisladores opositores bloquearam as portas e corredores em sinal de protesto contra a medida. CHINA A mudança no caráter pacifista japonês é vista como uma forma de equilibrar as forças militares no Extremo Oriente diante do avanço bélico da China. Nos últimos anos, Pequim tem reforçado seu arsenal e ameaçado vizinhos. Um exemplo da pressão chinesa é a disputa territorial com o Japão pelo controle das ilhas Senkaku/Diaoyu, no mar do Leste da China. O vizinho ainda anunciou uma zona de influência que inclui outros territórios disputados. Além do Japão, países como Coreia do Sul e Filipinas também reclamam do aumento do poderio militar chinês. Por isso, a alteração da lei japonesa recebeu o apoio dos Estados Unidos. Washington tem aumentado o número de exercícios militares com estes países e incentivado a uniões entre nações do Sudeste Asiático. Para os americanos, a China está começando a agir como uma força desestabilizadora da região.
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Senado do Japão aprova lei que libera envio de militares do país a conflitosO Senado do Japão aprovou na madrugada deste sábado (19) a lei que autoriza o envio de militares do país a ações ofensivas. Com isso, o país abandona o caráter pacifista que tinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A mudança era defendida pelo primeiro-ministro Shinzo Abe para fazer frente ao aumento do poder militar da China na Ásia. O projeto era energicamente criticado pela oposição e alvo de protestos da população japonesa. Os senadores japoneses alteraram o artigo 9 da Constituição, que limitava a participação das Forças de Autodefesa a missões humanitárias durante guerras de aliados e em tropas de paz da ONU (Organizações das Nações Unidas). Agora, os japoneses poderão prestar apoio logístico se forem atacados, atuar em guerras de aliados ou em ações de segurança da ONU. Isso permitiria, por exemplo, que o país aderisse à coalizão dos EUA contra o Estado Islâmico. O projeto foi aprovado em uma sessão de mais de dez horas que terminou após as 2h locais (14h de sexta-feira em Brasília). Durante a sessão, milhares de pessoas protestavam contra a medida. A longa votação foi precedida por dois dias de tramitação tensa e discursos inflamados. Na quinta (17), senadores chegaram às vias de fato na sessão de uma comissão que deu o aval para a votação em plenário. A briga começou quando os deputados da oposição tentaram apresentar uma moção para impedir a reinterpretação da lei feita pelo chefe de governo, que tem maioria no Senado. Diante da rejeição da mesa, os opositores cercaram o presidente da comissão, que foi defendido por governistas. Os dois lados trocaram empurrões, socos e outros tipos de agressão física dentro da sala. A sessão precisou ser interrompida em vários momentos devido à briga. Enquanto isso, os legisladores opositores bloquearam as portas e corredores em sinal de protesto contra a medida. CHINA A mudança no caráter pacifista japonês é vista como uma forma de equilibrar as forças militares no Extremo Oriente diante do avanço bélico da China. Nos últimos anos, Pequim tem reforçado seu arsenal e ameaçado vizinhos. Um exemplo da pressão chinesa é a disputa territorial com o Japão pelo controle das ilhas Senkaku/Diaoyu, no mar do Leste da China. O vizinho ainda anunciou uma zona de influência que inclui outros territórios disputados. Além do Japão, países como Coreia do Sul e Filipinas também reclamam do aumento do poderio militar chinês. Por isso, a alteração da lei japonesa recebeu o apoio dos Estados Unidos. Washington tem aumentado o número de exercícios militares com estes países e incentivado a uniões entre nações do Sudeste Asiático. Para os americanos, a China está começando a agir como uma força desestabilizadora da região.
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Pela primeira vez, mosquito com zika é encontrado na natureza no Brasil
Pesquisadores do IOC (Instituto Oswaldo Cruz) finalmente identificaram mosquitos da espécie Aedes aegypti infectados com o vírus zika na natureza. Os insetos foram coletados no bairro carioca do Realengo e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A esta altura da epidemia, ainda haveria alguma dúvida sobre o elo entre o zika e o mosquito da dengue? "A verdade é que sempre há", explica Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC. "Você está lidando com um vírus novo, num continente onde ele nunca tinha circulado, com muitas espécies nativas de mosquitos. E, desde que o zika emergiu de modo epidêmico, em locais como a Polinésia Francesa, a Micronésia e a Nova Caledônia, ninguém tinha encontrado nenhum mosquito infectado naturalmente com ele." A associação com o A. aegypti e outros mosquitos do mesmo gênero, porém, parecia lógica por causa da origem africana comum do vírus e do inseto, pela presença de ambos em ambientes urbanos e porque o zika pertence ao grupo dos Flavivirus, parasitas microscópicos como os causadores da dengue e da febre amarela, já conhecidos há tempos por se espalharem "de carona" no organismo dos sugadores de sangue. Para confirmar a hipótese, os pesquisadores coletaram cerca de 1.500 mosquitos (de diversas espécies diferentes) no entorno (e dentro) das casas de pacientes que tinham tido sintomas de infecção pelo zika. Por meio de análises genéticas e de uma técnica que isola as partículas do vírus, a presença do zika foi confirmada em quatro mosquitos A. aegypti - mosquitos de outras espécies não parecem carregar o vírus. "Essas taxas de infecção geralmente são baixas mesmo", diz Lourenço. Ele lembra que a maior parte dos mosquitos nasceu faz pouco tempo e não teve tempo de ser infectar ainda; dos que chegam à idade de sugar sangue, alguns podem não picar pessoas com zika ou, mesmo se picarem alguém doente, seu organismo pode eliminar o vírus antes que possam transmiti-lo a algum ser humano. "Essa peça da engrenagem, do quebra-cabeças [ou seja, a identificação do vírus no mosquito selvagem], estava faltando. Agora nós a temos", diz o pesquisador. Os dados sobre o trabalho do Instituto Oswaldo Cruz estão em fase de publicação. A descoberta de A. aegypti naturalmente infectado complementa uma descoberta, publicada em março, que havia demonstrado a competência vetorial de mosquitos brasileiros para a transmissão do vírus zika. O estudo anterior foi realizado em parceria com cientistas do Instituto Pasteur, da França, e publicado na revista científica internacional "Plos Neglected Tropical Diseases". MISTURA? Em laboratório, os especialistas estão tentando analisar se a presença do zika pode ter algum efeito sobre a viabilidade de outros vírus carregados pelo A. aegypti, como o da dengue e o da chikungunya. "Estamos testando todas as combinações possíveis desses vírus todos", afirma Lourenço. É concebível que haja uma competição entre eles dentro do organismo dos insetos, ou mesmo que o zika e o vírus da dengue troquem material genético. Ainda não há dados claros a esse respeito, no entanto. Também ainda é cedo para dizer se outras espécies de mosquitos, nativas do país, seriam capazes de atuar como vetores do zika.
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Pela primeira vez, mosquito com zika é encontrado na natureza no BrasilPesquisadores do IOC (Instituto Oswaldo Cruz) finalmente identificaram mosquitos da espécie Aedes aegypti infectados com o vírus zika na natureza. Os insetos foram coletados no bairro carioca do Realengo e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A esta altura da epidemia, ainda haveria alguma dúvida sobre o elo entre o zika e o mosquito da dengue? "A verdade é que sempre há", explica Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC. "Você está lidando com um vírus novo, num continente onde ele nunca tinha circulado, com muitas espécies nativas de mosquitos. E, desde que o zika emergiu de modo epidêmico, em locais como a Polinésia Francesa, a Micronésia e a Nova Caledônia, ninguém tinha encontrado nenhum mosquito infectado naturalmente com ele." A associação com o A. aegypti e outros mosquitos do mesmo gênero, porém, parecia lógica por causa da origem africana comum do vírus e do inseto, pela presença de ambos em ambientes urbanos e porque o zika pertence ao grupo dos Flavivirus, parasitas microscópicos como os causadores da dengue e da febre amarela, já conhecidos há tempos por se espalharem "de carona" no organismo dos sugadores de sangue. Para confirmar a hipótese, os pesquisadores coletaram cerca de 1.500 mosquitos (de diversas espécies diferentes) no entorno (e dentro) das casas de pacientes que tinham tido sintomas de infecção pelo zika. Por meio de análises genéticas e de uma técnica que isola as partículas do vírus, a presença do zika foi confirmada em quatro mosquitos A. aegypti - mosquitos de outras espécies não parecem carregar o vírus. "Essas taxas de infecção geralmente são baixas mesmo", diz Lourenço. Ele lembra que a maior parte dos mosquitos nasceu faz pouco tempo e não teve tempo de ser infectar ainda; dos que chegam à idade de sugar sangue, alguns podem não picar pessoas com zika ou, mesmo se picarem alguém doente, seu organismo pode eliminar o vírus antes que possam transmiti-lo a algum ser humano. "Essa peça da engrenagem, do quebra-cabeças [ou seja, a identificação do vírus no mosquito selvagem], estava faltando. Agora nós a temos", diz o pesquisador. Os dados sobre o trabalho do Instituto Oswaldo Cruz estão em fase de publicação. A descoberta de A. aegypti naturalmente infectado complementa uma descoberta, publicada em março, que havia demonstrado a competência vetorial de mosquitos brasileiros para a transmissão do vírus zika. O estudo anterior foi realizado em parceria com cientistas do Instituto Pasteur, da França, e publicado na revista científica internacional "Plos Neglected Tropical Diseases". MISTURA? Em laboratório, os especialistas estão tentando analisar se a presença do zika pode ter algum efeito sobre a viabilidade de outros vírus carregados pelo A. aegypti, como o da dengue e o da chikungunya. "Estamos testando todas as combinações possíveis desses vírus todos", afirma Lourenço. É concebível que haja uma competição entre eles dentro do organismo dos insetos, ou mesmo que o zika e o vírus da dengue troquem material genético. Ainda não há dados claros a esse respeito, no entanto. Também ainda é cedo para dizer se outras espécies de mosquitos, nativas do país, seriam capazes de atuar como vetores do zika.
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Somália investiga suspeita de bomba em avião que sofreu explosão no ar
Uma explosão atingiu nesta quarta-feira (3) um avião com 74 passageiros que seguia de Mogadício, na Somália, para Djibouti, na África. Tanto os investigadores quanto o piloto dizem que uma bomba que atingiu a aeronave.O Airbus A321 da companhia Daallo Airlines teve que fazer um pouso de emergência na capital somali após a explosão, que ocorreu com 15 minutos de voo. Um dos passageiros morreu e outros dois tiveram ferimentos leves.Leia a reportagem
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Somália investiga suspeita de bomba em avião que sofreu explosão no arUma explosão atingiu nesta quarta-feira (3) um avião com 74 passageiros que seguia de Mogadício, na Somália, para Djibouti, na África. Tanto os investigadores quanto o piloto dizem que uma bomba que atingiu a aeronave.O Airbus A321 da companhia Daallo Airlines teve que fazer um pouso de emergência na capital somali após a explosão, que ocorreu com 15 minutos de voo. Um dos passageiros morreu e outros dois tiveram ferimentos leves.Leia a reportagem
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9 dicas para fazer o café perfeito em casa
Chega à quarta edição o "Guia do Barista", publicação referência para interessados no universo do café. De forma didática, o guia assinado por Edgard Bressani, especialista no assunto e presidente-executivo do Octávio Café, reúne dicas para o preparo do espresso, informações sobre países produtores do grão, regras de competições internacionais, além de mapas e fotos dos processos que levam à bebida. "Não é um guia só para baristas, é para apreciadores e apaixonados por café. Da semente à xícara, para que todos possam conhecer o processo e entender o que há por trás do café", diz o autor. O livro, que será lançado nesta terça (26), conta também com receitas de drinques clássicos e criativos com a bebida. Confira abaixo dicas do autor Edgard Bressani para fazer um bom café em casa. Busque nas prateleiras embalagens de grãos 100% arábica e indicações de que o café é especial, com origem, rastreabilidade e proteção ambiental. Atente para certificações como Utz Certified, Rainforest Aliance e da Associação Brasileira de Cafés Especiais. Bons blends de café costumam custar entre R$ 30 e R$ 60 o quilo. Quanto mais recente a torra, melhor. O período entre a torra e o consumo faz com que ele perca sabor. O café importado pelo Brasil já vem torrado. Por isso, prefira o café nacional. Mesmo assim, preste atenção à data de validade –que identifica a idade do café. Em casa, proteja o café guardando o pó (ou grãos) em potes herméticos. Se possível, invista em embalagens que permitem tirar o oxigênio de seu interior (ele oxida o café). Procure um lugar com pequena variação de temperatura e protegido da luz. Ele não deve ser mantido em geladeira por causa da umidade, uma inimiga do café. O café moído na hora é mais rico em aromas. Hoje, o mercado tem muitas opções de moedores caseiros, manuais e elétricos. Um aparelho pode custar cerca de R$ 100. Se o café feito em casa for o coado, é preciso moer bastante o grão, até que fique fino. Ao aquecer a água, cuidado para que ela não ferva (fique borbulhando): isso diminui a quantidade de oxigênio e, consequentemente, a intensidade de aromas da bebida. Mantenha a água a aproximadamente 93 ºC. Compre filtros do tamanho do porta-filtro. Antes de preparar o café, use a água quente para escaldar o filtro –isso tira o gosto de papel que pode ser passado para a bebida. Depois de usar filtros de pano, lave os filtros só com água, para evitar o gosto de produtos. Para fazer o café coado, coloque o pó no filtro de forma uniforme, sem compactá-lo, apertando-o. Molhe as beiradas primeiro e, a seguir, o centro do coador. Depois, direcione a água, em fio, bem no centro. Café de boa qualidade deve mostrar o sabor que tem. Diferentemente do café especial, de torra mais clara, o industrial é muito torrado –uma tentativa de mascarar defeitos na bebida. Por isso, o açúcar se faz necessário: com ele é possível tomar qualquer coisa. Hoje o mercado tem disponíveis utensílios para preparar café em casa de outras maneiras. Aeropress, chemex, prensa francesa e mocha são fáceis de usar e o mesmo pó preparado em variados métodos tem sabores diferentes. Vale a pena explorar. O Guia do Barista, da Café Editora, está a venda no site cafeeditora.com.br por R$ 60.
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9 dicas para fazer o café perfeito em casaChega à quarta edição o "Guia do Barista", publicação referência para interessados no universo do café. De forma didática, o guia assinado por Edgard Bressani, especialista no assunto e presidente-executivo do Octávio Café, reúne dicas para o preparo do espresso, informações sobre países produtores do grão, regras de competições internacionais, além de mapas e fotos dos processos que levam à bebida. "Não é um guia só para baristas, é para apreciadores e apaixonados por café. Da semente à xícara, para que todos possam conhecer o processo e entender o que há por trás do café", diz o autor. O livro, que será lançado nesta terça (26), conta também com receitas de drinques clássicos e criativos com a bebida. Confira abaixo dicas do autor Edgard Bressani para fazer um bom café em casa. Busque nas prateleiras embalagens de grãos 100% arábica e indicações de que o café é especial, com origem, rastreabilidade e proteção ambiental. Atente para certificações como Utz Certified, Rainforest Aliance e da Associação Brasileira de Cafés Especiais. Bons blends de café costumam custar entre R$ 30 e R$ 60 o quilo. Quanto mais recente a torra, melhor. O período entre a torra e o consumo faz com que ele perca sabor. O café importado pelo Brasil já vem torrado. Por isso, prefira o café nacional. Mesmo assim, preste atenção à data de validade –que identifica a idade do café. Em casa, proteja o café guardando o pó (ou grãos) em potes herméticos. Se possível, invista em embalagens que permitem tirar o oxigênio de seu interior (ele oxida o café). Procure um lugar com pequena variação de temperatura e protegido da luz. Ele não deve ser mantido em geladeira por causa da umidade, uma inimiga do café. O café moído na hora é mais rico em aromas. Hoje, o mercado tem muitas opções de moedores caseiros, manuais e elétricos. Um aparelho pode custar cerca de R$ 100. Se o café feito em casa for o coado, é preciso moer bastante o grão, até que fique fino. Ao aquecer a água, cuidado para que ela não ferva (fique borbulhando): isso diminui a quantidade de oxigênio e, consequentemente, a intensidade de aromas da bebida. Mantenha a água a aproximadamente 93 ºC. Compre filtros do tamanho do porta-filtro. Antes de preparar o café, use a água quente para escaldar o filtro –isso tira o gosto de papel que pode ser passado para a bebida. Depois de usar filtros de pano, lave os filtros só com água, para evitar o gosto de produtos. Para fazer o café coado, coloque o pó no filtro de forma uniforme, sem compactá-lo, apertando-o. Molhe as beiradas primeiro e, a seguir, o centro do coador. Depois, direcione a água, em fio, bem no centro. Café de boa qualidade deve mostrar o sabor que tem. Diferentemente do café especial, de torra mais clara, o industrial é muito torrado –uma tentativa de mascarar defeitos na bebida. Por isso, o açúcar se faz necessário: com ele é possível tomar qualquer coisa. Hoje o mercado tem disponíveis utensílios para preparar café em casa de outras maneiras. Aeropress, chemex, prensa francesa e mocha são fáceis de usar e o mesmo pó preparado em variados métodos tem sabores diferentes. Vale a pena explorar. O Guia do Barista, da Café Editora, está a venda no site cafeeditora.com.br por R$ 60.
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'Objetivo é visualizar movimento perfeito', afirma psicóloga de Zanetti
EDUARDO GERAQUE MARIANA LAJOLO ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO Quando entrar no ginásio na segunda (15), às 14h, para tentar sua segunda medalha olímpica e fazer história, o ginasta Arthur Zanetti, 26, estará preparado para ter sua mente totalmente limpa. "O grande objetivo do nosso treinamento psicológico é ampliar a capacidade do Zanetti de visualizar o movimento perfeito", diz Cristina Nunes, psicóloga do atual campeão olímpico das argolas há 11 anos. De acordo com Nunes, que também trabalha com outros atletas olímpicos e paraolímpicos, no esporte, o importante é o acerto, e não o erro. "A ginástica é muito cheia de detalhes. O importante é você perceber o seu corpo e conseguir que ele execute o movimento cada vez melhor." Até, quem sabe, chegar à perfeição. "Não trabalho com a questão do erro." Sobre Zanetti, que contará com a torcida da psicóloga nas arquibancadas da Arena do Futuro, no Parque Olímpico do Rio, Nunes só tem elogios a fazer. Para o trabalho funcionar, diz ela, é fundamental que o atleta, antes de mais nada, acredite naquilo. "O Zanetti é muito aberto. E confia muito no trabalho. A força emocional dele é grande", diz. Essa é a receita ideal, segundo a psicóloga, para que tudo dê certo. A disciplina do atleta, tanto para o treinamento técnico e físico quanto para o psicológico, também é essencial. Questões como amarelar ou não, nem passam perto do trabalho de Nunes com Zanetti e com os outros atletas de que ela cuida. Muitos menos questões pessoais ou eventuais problemas, como ansiedade. "Eles treinam muito. O importante é a mente estar focada naquilo", garante. O trabalho da psicóloga com o atleta, no dia a dia, tem encontros de, no mínimo, duas vezes por semana. Sempre nos treinamentos técnicos, dentro dos ginásios. 'NÃO GOSTEI' Quando a psicóloga percebe que Zanetti não está gostando de algum movimento que ele está fazendo no aparelho, isso funciona como uma espécie de senha para as técnicas psicológicas entrarem em ação e ajudarem. "O 'não gostei', que mostra uma certa frustração dele, indica que precisamos melhorar aquela parte da série." Uma das técnicas utilizadas, diz, tem a ver com a linguagem usada por um atleta de alto nível como Zanetti. "Mentalizar que é capaz, que consegue. Dizer que gosta do que faz funciona", diz. No caso de Zanetti, que já conseguiu uma vez, o discurso sobre a eventual medalha que ele tem feito no Rio, corrobora o da sua psicóloga esportiva, que tem falado com ele nos dias antes da competição pessoalmente e por meio de aplicativos. "Quero fazer o meu melhor. Ter um bom rendimento. Não estou preocupado com a medalha. Mas, se fizer uma boa série, ela virá", afirma Zanetti. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
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'Objetivo é visualizar movimento perfeito', afirma psicóloga de Zanetti EDUARDO GERAQUE MARIANA LAJOLO ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO Quando entrar no ginásio na segunda (15), às 14h, para tentar sua segunda medalha olímpica e fazer história, o ginasta Arthur Zanetti, 26, estará preparado para ter sua mente totalmente limpa. "O grande objetivo do nosso treinamento psicológico é ampliar a capacidade do Zanetti de visualizar o movimento perfeito", diz Cristina Nunes, psicóloga do atual campeão olímpico das argolas há 11 anos. De acordo com Nunes, que também trabalha com outros atletas olímpicos e paraolímpicos, no esporte, o importante é o acerto, e não o erro. "A ginástica é muito cheia de detalhes. O importante é você perceber o seu corpo e conseguir que ele execute o movimento cada vez melhor." Até, quem sabe, chegar à perfeição. "Não trabalho com a questão do erro." Sobre Zanetti, que contará com a torcida da psicóloga nas arquibancadas da Arena do Futuro, no Parque Olímpico do Rio, Nunes só tem elogios a fazer. Para o trabalho funcionar, diz ela, é fundamental que o atleta, antes de mais nada, acredite naquilo. "O Zanetti é muito aberto. E confia muito no trabalho. A força emocional dele é grande", diz. Essa é a receita ideal, segundo a psicóloga, para que tudo dê certo. A disciplina do atleta, tanto para o treinamento técnico e físico quanto para o psicológico, também é essencial. Questões como amarelar ou não, nem passam perto do trabalho de Nunes com Zanetti e com os outros atletas de que ela cuida. Muitos menos questões pessoais ou eventuais problemas, como ansiedade. "Eles treinam muito. O importante é a mente estar focada naquilo", garante. O trabalho da psicóloga com o atleta, no dia a dia, tem encontros de, no mínimo, duas vezes por semana. Sempre nos treinamentos técnicos, dentro dos ginásios. 'NÃO GOSTEI' Quando a psicóloga percebe que Zanetti não está gostando de algum movimento que ele está fazendo no aparelho, isso funciona como uma espécie de senha para as técnicas psicológicas entrarem em ação e ajudarem. "O 'não gostei', que mostra uma certa frustração dele, indica que precisamos melhorar aquela parte da série." Uma das técnicas utilizadas, diz, tem a ver com a linguagem usada por um atleta de alto nível como Zanetti. "Mentalizar que é capaz, que consegue. Dizer que gosta do que faz funciona", diz. No caso de Zanetti, que já conseguiu uma vez, o discurso sobre a eventual medalha que ele tem feito no Rio, corrobora o da sua psicóloga esportiva, que tem falado com ele nos dias antes da competição pessoalmente e por meio de aplicativos. "Quero fazer o meu melhor. Ter um bom rendimento. Não estou preocupado com a medalha. Mas, se fizer uma boa série, ela virá", afirma Zanetti. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo
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Empreendedor com projeto regional pode concorrer a prêmio de R$ 15 mil
Empreendedores sociais que desenvolvam projetos de empoderamento em suas regiões e que sejam consultores dos cosméticos Natura podem se inscrever para o 4º Prêmio Acolher, realizado pela empresa. Nesta edição, 15 projetos serão selecionados, sendo 14 deles escolhidos por um júri formado por colaboradores da empresa e profissionais do mercado e o outro será eleito por votação popular. Inscreva-se para o Prêmio Empreendedor Social e para o Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2015. Os vencedores do prêmio receberão um valor de até R$ 15 mil reais e apoio técnico, que consiste em workshops de desenvolvimento e encontros estratégicos para reunir os empreendedores sociais e fortalecer suas redes locais. Além disso, também serão contemplados com visibilidade nas mídias on-line e impressa para apresentarem seus projetos sociais. Desde o início do prêmio, já foram mapeados e tiveram visibilidade mais de 2.000 projetos, sendo que 36 deles receberam a premiação. Empreendedores que sejam agentes de transformação local com seus projetos mas que não façam parte da rede de consultores Natura, podem ingressar para participar da competição. As inscrições para o Prêmio Acolher vão até o dia 30 de junho e são feitas pelo site do Movimento Natura.
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Empreendedor com projeto regional pode concorrer a prêmio de R$ 15 milEmpreendedores sociais que desenvolvam projetos de empoderamento em suas regiões e que sejam consultores dos cosméticos Natura podem se inscrever para o 4º Prêmio Acolher, realizado pela empresa. Nesta edição, 15 projetos serão selecionados, sendo 14 deles escolhidos por um júri formado por colaboradores da empresa e profissionais do mercado e o outro será eleito por votação popular. Inscreva-se para o Prêmio Empreendedor Social e para o Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2015. Os vencedores do prêmio receberão um valor de até R$ 15 mil reais e apoio técnico, que consiste em workshops de desenvolvimento e encontros estratégicos para reunir os empreendedores sociais e fortalecer suas redes locais. Além disso, também serão contemplados com visibilidade nas mídias on-line e impressa para apresentarem seus projetos sociais. Desde o início do prêmio, já foram mapeados e tiveram visibilidade mais de 2.000 projetos, sendo que 36 deles receberam a premiação. Empreendedores que sejam agentes de transformação local com seus projetos mas que não façam parte da rede de consultores Natura, podem ingressar para participar da competição. As inscrições para o Prêmio Acolher vão até o dia 30 de junho e são feitas pelo site do Movimento Natura.
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Ex-jogador da seleção de hóquei é morto; PM é preso sob suspeita
A morte de Matheus Garcia Vasconcelos Alves, ex-jogador da seleção brasileira de hóquei, deu um passo para ser esclarecido. Os policiais da Delegacia de São Vicente (SP) prenderam o soldado Jarbas Colferai Neto, de 23 anos, que teria confessado informalmente o crime. As informações foram divulgadas inicialmente pelo jornal "A Tribuna" e confirmadas pelo UOL Esporte. "O caso foi resolvido. Foi um PM, nós prendemos ele, e o crime foi passional", disse o delegado Luiz Carlos Cunha. O motivo do crime seriam suspeitas de Colferai Neto de que sua companheira mantinha um caso amoroso com o jogador. Matheus Garcia foi vítima de um tiro na região da nuca na noite da última segunda-feira (18), em São Vicente, na Baixada Santista. Pessoas próximas ao atleta informaram ao UOL Esporte que a vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu ao ferimento e chegou morta ao hospital. "A Tribuna" teve acesso aos diálogos de Matheus Garcia nas redes sociais. O soldado Jarbas Colferai Neto se passou pela namorada nas conversas e atraiu a vítima até o local do crime. Ao encontrar Matheus, Colferai Neto estava armado com um revólver calibre 32 e exigiu a entrega do celular. Na sequência, o criminoso teria ordenado que o jovem virasse de costas para a parede de uma casa e o executou. Matheus tinha 24 anos e fez parte da seleção Brasileira que participou do Mundial de Hóquei de Patins na França, em 2015. Ele defendia o Internacional de Regatas, clube de Santos, desde as categorias de base. No início do dia, um suspeito chegou a ser detido pela polícia para averiguação, mas foi liberado logo na sequência após um exame constatar que não havia resíduo de pólvora na mão dele. Matheus conciliava o esporte com a carreira de modelo. O jogador era descrito como querido, animado e brincalhão. Ele cursava o último ano de Publicidade, na Universidade Santa Cecília, em Santos, e preparava o TCC. O corpo será velado na Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos. O sepultamento acontece às 19h.
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Ex-jogador da seleção de hóquei é morto; PM é preso sob suspeitaA morte de Matheus Garcia Vasconcelos Alves, ex-jogador da seleção brasileira de hóquei, deu um passo para ser esclarecido. Os policiais da Delegacia de São Vicente (SP) prenderam o soldado Jarbas Colferai Neto, de 23 anos, que teria confessado informalmente o crime. As informações foram divulgadas inicialmente pelo jornal "A Tribuna" e confirmadas pelo UOL Esporte. "O caso foi resolvido. Foi um PM, nós prendemos ele, e o crime foi passional", disse o delegado Luiz Carlos Cunha. O motivo do crime seriam suspeitas de Colferai Neto de que sua companheira mantinha um caso amoroso com o jogador. Matheus Garcia foi vítima de um tiro na região da nuca na noite da última segunda-feira (18), em São Vicente, na Baixada Santista. Pessoas próximas ao atleta informaram ao UOL Esporte que a vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu ao ferimento e chegou morta ao hospital. "A Tribuna" teve acesso aos diálogos de Matheus Garcia nas redes sociais. O soldado Jarbas Colferai Neto se passou pela namorada nas conversas e atraiu a vítima até o local do crime. Ao encontrar Matheus, Colferai Neto estava armado com um revólver calibre 32 e exigiu a entrega do celular. Na sequência, o criminoso teria ordenado que o jovem virasse de costas para a parede de uma casa e o executou. Matheus tinha 24 anos e fez parte da seleção Brasileira que participou do Mundial de Hóquei de Patins na França, em 2015. Ele defendia o Internacional de Regatas, clube de Santos, desde as categorias de base. No início do dia, um suspeito chegou a ser detido pela polícia para averiguação, mas foi liberado logo na sequência após um exame constatar que não havia resíduo de pólvora na mão dele. Matheus conciliava o esporte com a carreira de modelo. O jogador era descrito como querido, animado e brincalhão. Ele cursava o último ano de Publicidade, na Universidade Santa Cecília, em Santos, e preparava o TCC. O corpo será velado na Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos. O sepultamento acontece às 19h.
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Com receio de protesto, Temer reforça segurança no Palácio do Planalto
Com receio de protestos contra o presidente Michel Temer, o governo federal reforçará o aparato de segurança e modificará procedimentos de identificação no Palácio do Planalto. As mudanças têm como objetivo evitar o trânsito de servidores das administrações petistas e a entrada de eventuais manifestantes em eventos presidenciais. Além de aumentar a quantidade de seguranças nas entradas da sede administrativa do governo federal, a Presidência da República pretende restringir o acesso à garagem coberta, por onde circulam ministros e parlamentares, e tem testado a utilização de detector manual de metais. O governo federal também deve alterar os broches de identificação de servidores da Presidência da República. Segundo a Folha apurou, a maioria dos funcionários públicos do governo Dilma Rousseff não devolveu os distintivos, o que permite a entrada ainda hoje no Palácio do Planalto. Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado preocupação com o clima de animosidade no país, sobretudo contra o governo federal. Nas palavras de um assessor presidencial, os protestos vinham perdendo força desde o desfecho do processo de impeachment, mas voltaram a ganhar fôlego com o movimento de ocupação no país de escolas e universidades. A iniciativa que inicialmente tinha como objetivo protestar contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo federal, ganhou a adesão de sindicatos, grupos de oposição e partidos políticos. Na semana passada, o presidente ironizou uma manifestação realizada em frente ao Palácio do Planalto contra a flexibilização de direitos trabalhistas. Em discurso a uma plateia de empresários e comerciantes, o peemedebista afirmou que aqueles que protestavam com vuvuzelas "aplaudem este grande momento do governo federal" e sugeriu que fossem oferecidos empregos aos manifestantes que estivessem desempregados.
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Com receio de protesto, Temer reforça segurança no Palácio do PlanaltoCom receio de protestos contra o presidente Michel Temer, o governo federal reforçará o aparato de segurança e modificará procedimentos de identificação no Palácio do Planalto. As mudanças têm como objetivo evitar o trânsito de servidores das administrações petistas e a entrada de eventuais manifestantes em eventos presidenciais. Além de aumentar a quantidade de seguranças nas entradas da sede administrativa do governo federal, a Presidência da República pretende restringir o acesso à garagem coberta, por onde circulam ministros e parlamentares, e tem testado a utilização de detector manual de metais. O governo federal também deve alterar os broches de identificação de servidores da Presidência da República. Segundo a Folha apurou, a maioria dos funcionários públicos do governo Dilma Rousseff não devolveu os distintivos, o que permite a entrada ainda hoje no Palácio do Planalto. Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado preocupação com o clima de animosidade no país, sobretudo contra o governo federal. Nas palavras de um assessor presidencial, os protestos vinham perdendo força desde o desfecho do processo de impeachment, mas voltaram a ganhar fôlego com o movimento de ocupação no país de escolas e universidades. A iniciativa que inicialmente tinha como objetivo protestar contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo federal, ganhou a adesão de sindicatos, grupos de oposição e partidos políticos. Na semana passada, o presidente ironizou uma manifestação realizada em frente ao Palácio do Planalto contra a flexibilização de direitos trabalhistas. Em discurso a uma plateia de empresários e comerciantes, o peemedebista afirmou que aqueles que protestavam com vuvuzelas "aplaudem este grande momento do governo federal" e sugeriu que fossem oferecidos empregos aos manifestantes que estivessem desempregados.
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Dólar sobe e bate R$ 3,17 após Banco Central reduzir atuação no mercado
O dólar voltou a subir em relação ao real, com o mercado digerindo a decisão do Banco Central na véspera de reduzir suas atuações no câmbio a partir do pregão desta quinta-feira (11). A autoridade monetária brasileira cortou para até 6.300 o número de swaps oferecidos diariamente em leilão para estender ao próximo ano os prazos desses papéis que venceriam em julho. A operação equivale à venda futura de dólares. Desde o início do mês, o BC vinha ofertando 7.000 contratos todos os dias. Se mantiver o novo ritmo de rolagem de swaps até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, o BC rolará cerca de 74% do lote total de contratos que vencem em julho, correspondente a US$ 8,742 bilhões. No mês passado, a autoridade havia rolado cerca de 80% do lote que venceu em junho. Às 11h45 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 2,16% sobre o real, cotado em R$ 3,159 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 1,44%, para R$ 3,160. Mais cedo, a cotação da moeda americana chegou a bater R$ 3,172. "É um sinal que o mercado não pode ignorar", disse em nota o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos. "O BC não esperou até o fim do mês para reduzir o ritmo de rolagens, o que indiretamente nos diz que as autoridades não veem com bons olhos o fortalecimento recente da taxa de câmbio." De acordo com o economista, "aparentemente as autoridades não querem cair na mesma armadilha de usar o câmbio como instrumento de controle da inflação", o que foi avaliado por Ramos como um passo "muito bem-vindo". A avaliação de especialistas ouvidos pela Folha é de que a decisão do BC foi pautada na expectativa de entrada de recursos no país, uma vez que a recente emissão de bônus de 100 anos pela Petrobras deve motivar novas captações de companhias no país, além do aumento da taxa básica de juros, a Selic, ainda em curso. O BC divulgou nesta quinta-feira a ata da sua última reunião de política monetária para explicar por que elevou a Selic, na semana passada, de 13,25% para 13,75% ao ano. O documento sinalizou que o ciclo de aperto monetário deve continuar, mesmo em cenário de retração do PIB e crescente taxa de desemprego. "Vamos esperar pelo relatório de inflação que deve ser divulgado até o final deste mês, no qual o BC dará detalhes sobre os cenários para a inflação", disse Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, em nota. "Há uma boa chance de que a Selic em 14% ao ano possa ser suficiente para trazer a expectativa do BC para a inflação em 2016 a 4,5%, alcançando a meta do governo." BOLSA No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira começou o dia no azul, embalado pelo otimismo em relação a um acordo na Europa para amenizar a crise grega, mas inverteu a tendência no final da manhã diante de uma realização de lucros com ações de bancos. Às 11h45, o Ibovespa cedia 0,64%, para 53.530 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,1 bilhões. No mesmo horário, os papéis do Itaú Unibanco recuavam 1,24%, para R$ 33,34, enquanto a ação preferencial do Bradesco, sem direito a voto, perdia 1,16%, para R$ 27,90. O Banco do Brasil caía 1,50%, para R$ 22,86. O setor bancário é o segmento com maior participação no Ibovespa, e registrou forte alta na véspera, o que motivou investidores a vender papéis nesta quinta e embolsar lucros, segundo analistas. Também no azul, a ação preferencial da Vale ganhava 1,06%, para R$ 17,99, na esteira da valorização nos preços do minério de ferro no mercado à vista da China –principal destino das exportações da mineradora brasileira. A fabricante de aeronaves Embraer estava entre as maiores altas do Ibovespa, com avanço de 1,79%, para R$ 23,84, após a Delta Air Lines anunciar que pretende adquirir 20 aeronaves E190 da Embraer atualmente em posse da Boeing. Com Reuters
mercado
Dólar sobe e bate R$ 3,17 após Banco Central reduzir atuação no mercadoO dólar voltou a subir em relação ao real, com o mercado digerindo a decisão do Banco Central na véspera de reduzir suas atuações no câmbio a partir do pregão desta quinta-feira (11). A autoridade monetária brasileira cortou para até 6.300 o número de swaps oferecidos diariamente em leilão para estender ao próximo ano os prazos desses papéis que venceriam em julho. A operação equivale à venda futura de dólares. Desde o início do mês, o BC vinha ofertando 7.000 contratos todos os dias. Se mantiver o novo ritmo de rolagem de swaps até o penúltimo pregão do mês, como de praxe, o BC rolará cerca de 74% do lote total de contratos que vencem em julho, correspondente a US$ 8,742 bilhões. No mês passado, a autoridade havia rolado cerca de 80% do lote que venceu em junho. Às 11h45 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 2,16% sobre o real, cotado em R$ 3,159 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 1,44%, para R$ 3,160. Mais cedo, a cotação da moeda americana chegou a bater R$ 3,172. "É um sinal que o mercado não pode ignorar", disse em nota o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos. "O BC não esperou até o fim do mês para reduzir o ritmo de rolagens, o que indiretamente nos diz que as autoridades não veem com bons olhos o fortalecimento recente da taxa de câmbio." De acordo com o economista, "aparentemente as autoridades não querem cair na mesma armadilha de usar o câmbio como instrumento de controle da inflação", o que foi avaliado por Ramos como um passo "muito bem-vindo". A avaliação de especialistas ouvidos pela Folha é de que a decisão do BC foi pautada na expectativa de entrada de recursos no país, uma vez que a recente emissão de bônus de 100 anos pela Petrobras deve motivar novas captações de companhias no país, além do aumento da taxa básica de juros, a Selic, ainda em curso. O BC divulgou nesta quinta-feira a ata da sua última reunião de política monetária para explicar por que elevou a Selic, na semana passada, de 13,25% para 13,75% ao ano. O documento sinalizou que o ciclo de aperto monetário deve continuar, mesmo em cenário de retração do PIB e crescente taxa de desemprego. "Vamos esperar pelo relatório de inflação que deve ser divulgado até o final deste mês, no qual o BC dará detalhes sobre os cenários para a inflação", disse Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, em nota. "Há uma boa chance de que a Selic em 14% ao ano possa ser suficiente para trazer a expectativa do BC para a inflação em 2016 a 4,5%, alcançando a meta do governo." BOLSA No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira começou o dia no azul, embalado pelo otimismo em relação a um acordo na Europa para amenizar a crise grega, mas inverteu a tendência no final da manhã diante de uma realização de lucros com ações de bancos. Às 11h45, o Ibovespa cedia 0,64%, para 53.530 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,1 bilhões. No mesmo horário, os papéis do Itaú Unibanco recuavam 1,24%, para R$ 33,34, enquanto a ação preferencial do Bradesco, sem direito a voto, perdia 1,16%, para R$ 27,90. O Banco do Brasil caía 1,50%, para R$ 22,86. O setor bancário é o segmento com maior participação no Ibovespa, e registrou forte alta na véspera, o que motivou investidores a vender papéis nesta quinta e embolsar lucros, segundo analistas. Também no azul, a ação preferencial da Vale ganhava 1,06%, para R$ 17,99, na esteira da valorização nos preços do minério de ferro no mercado à vista da China –principal destino das exportações da mineradora brasileira. A fabricante de aeronaves Embraer estava entre as maiores altas do Ibovespa, com avanço de 1,79%, para R$ 23,84, após a Delta Air Lines anunciar que pretende adquirir 20 aeronaves E190 da Embraer atualmente em posse da Boeing. Com Reuters
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Leitoras comentam morte de Eduardo Galeano, ídolo da esquerda mundial
Todos deveriam ler o livro "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano, para entender o nosso subdesenvolvimento e o papel dos europeus, americanos e elites locais no nosso atraso. SUELY REZENDE PENHA (Caminpas, SP) * * A morte de Eduardo Galeano nos deixa com a sensação de desamparo por sua atuação política e sua visão crítica ao modelo neoliberal da América Latina. Perdemos um dos mais respeitados intérpretes da questão da desigualdade e da exclusão nas sociedades latino-americana. Estancar o sangue será, a partir de agora, tarefa um tanto solitária com a ausência desse que se tornou o ativista literário que fez da sua escrita, um protesto contra a produção da pobreza dos países do Cone sul. INES VIEIRA LOPES PIRES, cientista social (Campinas, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitoras comentam morte de Eduardo Galeano, ídolo da esquerda mundialTodos deveriam ler o livro "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano, para entender o nosso subdesenvolvimento e o papel dos europeus, americanos e elites locais no nosso atraso. SUELY REZENDE PENHA (Caminpas, SP) * * A morte de Eduardo Galeano nos deixa com a sensação de desamparo por sua atuação política e sua visão crítica ao modelo neoliberal da América Latina. Perdemos um dos mais respeitados intérpretes da questão da desigualdade e da exclusão nas sociedades latino-americana. Estancar o sangue será, a partir de agora, tarefa um tanto solitária com a ausência desse que se tornou o ativista literário que fez da sua escrita, um protesto contra a produção da pobreza dos países do Cone sul. INES VIEIRA LOPES PIRES, cientista social (Campinas, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Facebook terá espaço para start-ups e empreendedorismo em SP
O Facebook anunciou nesta segunda-feira (28) o Hack São Paulo, espaço destinado a empreendedorismo e formação de jovens profissionais. Será o primeiro centro de inovação do gênero mantido pela empresa em todo o mundo. Deve ser inaugurado ainda em 2017. Localizado em prédio na avenida Paulista, o espaço incubará 10 start-ups por semestre e será usado para dar cursos de informática para jovens e adolescentes. A expectativa da empresa é oferecer formação para mais de 7.400 jovens brasileiros por ano, nas áreas de programação, planejamento de carreira e gestão de empresas. Segundo Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook para a América Latina, o espaço deverá dinamizar a inovação no mercado brasileiro. "Hackear, normalmente, tem conotação negativa. Mas, em desenvolvimento de software, é um atalho para resolver um problema muito complicado. Essa cultura faz parte de nosso DNA." O lançamento reforça a tendência da criação de espaços de empreendedorismo em São Paulo. Neste mês, o Bradesco anunciou que terá um espaço para empreendedorismo em São Paulo e o Cubo, do Itaú, que terá uma ampliação de tamanho. O Google também mantém o Campus na Cidade. Também em agosto, a Oi anunciou o lançamento do Oito, no Rio de Janeiro. O Facebook afirma que, desde 2015, já treinou mais de 200 mil pessoas em empreendedorismo e tecnologia no Brasil a partir de seis programas diferentes. PARCEIROS Os cursos e workshops serão ministrados por parceiros com reconhecida atuação nessas áreas: Mastertech, MadCode, Reprograma, JuniorAchievement e Centro de Empreendedorismo e Negócios da FGV (FGVcenn). Já os programas de aceleração serão feitos em parceria com a Artemisia, organização sem fins lucrativos especializada no fomento de negócios sociais.
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Facebook terá espaço para start-ups e empreendedorismo em SPO Facebook anunciou nesta segunda-feira (28) o Hack São Paulo, espaço destinado a empreendedorismo e formação de jovens profissionais. Será o primeiro centro de inovação do gênero mantido pela empresa em todo o mundo. Deve ser inaugurado ainda em 2017. Localizado em prédio na avenida Paulista, o espaço incubará 10 start-ups por semestre e será usado para dar cursos de informática para jovens e adolescentes. A expectativa da empresa é oferecer formação para mais de 7.400 jovens brasileiros por ano, nas áreas de programação, planejamento de carreira e gestão de empresas. Segundo Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook para a América Latina, o espaço deverá dinamizar a inovação no mercado brasileiro. "Hackear, normalmente, tem conotação negativa. Mas, em desenvolvimento de software, é um atalho para resolver um problema muito complicado. Essa cultura faz parte de nosso DNA." O lançamento reforça a tendência da criação de espaços de empreendedorismo em São Paulo. Neste mês, o Bradesco anunciou que terá um espaço para empreendedorismo em São Paulo e o Cubo, do Itaú, que terá uma ampliação de tamanho. O Google também mantém o Campus na Cidade. Também em agosto, a Oi anunciou o lançamento do Oito, no Rio de Janeiro. O Facebook afirma que, desde 2015, já treinou mais de 200 mil pessoas em empreendedorismo e tecnologia no Brasil a partir de seis programas diferentes. PARCEIROS Os cursos e workshops serão ministrados por parceiros com reconhecida atuação nessas áreas: Mastertech, MadCode, Reprograma, JuniorAchievement e Centro de Empreendedorismo e Negócios da FGV (FGVcenn). Já os programas de aceleração serão feitos em parceria com a Artemisia, organização sem fins lucrativos especializada no fomento de negócios sociais.
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Por que o gasto com seguro-desemprego não para de crescer?
Um dos grandes enigmas da economia brasileira é o contraste entre o persistente aumento dos gastos com o programa de seguro-desemprego e a acentuada redução das taxas de desemprego observados nos últimos 12 anos. Enquanto a taxa de desemprego medida pela PME caiu de uma média anual de 12,3%, em 2003, para 4,8%, em 2014, os gastos com seguro-desemprego subiram de R$ 6,6 bilhões, em 2003, para cerca de R$ 36,8 bilhões, em 2014 –alta de 204%, acima da inflação do período. As substanciais elevações do salário mínimo (65,7% acima do IPCA) e do grau de formalização do mercado de trabalho brasileiro (aumento de 75,8% de trabalhadores celetistas) entre 2003-2014 são os principais responsáveis. O outro fator é a elevada taxa de rotatividade do trabalho no país. O que surpreende alguns analistas é que o número de demitidos sem justa causa não seguiu a queda da taxa de desemprego. Na verdade, aconteceu o contrário. A proporção dos trabalhadores CLT demitida sem justa causa subiu de 41,5% em 2003 para 44% em 2013, com pico de 46,2% em 2010, segundo o Ministério do Trabalho. O fato a ser destacado é que a rotatividade do trabalho no Brasil é altamente pró-cíclica. Quando a economia vai bem, não apenas aumenta o número de pessoas que pedem demissão voluntariamente, o que é comum em outros países, mas aumenta também o número de trabalhadores demitidos involuntariamente. Isso fez com que a proporção de beneficiários do seguro-desemprego tenha se mantido praticamente constante entre 2003-2014 na faixa de 16,5%-17% do contingente formal de trabalhadores. Já há certo consenso de que a taxa de rotatividade é um dos maiores problemas do mercado de trabalho no Brasil, tendo atingido números espantosos. Levando em conta todos os motivos, o total de vínculos trabalhistas rompidos ao longo de um ano corresponde a 64% dos vínculos ativos no final do ano anterior, com pico acima de 66% observado nos anos de 2010 e 2011. Essa elevada rotatividade ocorre em grande parte devido aos incentivos embutidos na legislação trabalhista. Há várias disposições da legislação que só existem no Brasil e que desincentivam relações de trabalho duradouras, ao tornar rentável, a curto prazo, tanto para firmas quanto para trabalhadores, o rompimento precoce do vínculo. O programa de seguro-desemprego convive com o FGTS, que cumpre funções semelhantes e oferece retorno abaixo da inflação, o que aumenta o incentivo a acessar o saldo via demissões. Por outro lado, por determinação constitucional, o benefício do seguro-desemprego não pode ser inferior a um salário mínimo. Isso significa uma taxa de reposição de 100% do salário para o trabalhador que recebe um salário mínimo. Nos demais países, essa taxa varia de 50% a 80%. Se somarmos todos os benefícios e indenizações (três parcelas de seguro-desemprego; aviso prévio; 13º salário, férias e adicionais pro rata; saldo do FGTS e multa de 40%), um trabalhador brasileiro que recebe um salário mínimo e que tenha permanecido 6 meses no mesmo emprego tem direito a receber 6,15 salários mínimos se demitido sem justa causa. Há evidências claras de que esses incentivos induzem, de fato, as demissões sem justa causa. Os dados da Rais mostram que o número de vínculos trabalhistas CLT desfeitos por demissão sem justa causa aumenta substancialmente quando o trabalhador completa seis meses de tempo de serviço. Em 2013, há um salto de 606 mil para 712 mil demissões involuntárias de trabalhadores com 5 e 6 meses de tempo de serviço, respectivamente. Sobre os falsos acordos de demissão, convido o leitor a entrar no sítio Yahoo! Respostas e digitar "acordo demissão" no ícone "Buscar em respostas". Acessei 2.664 entradas. O exemplo típico é de uma trabalhadora que diz que gostaria de sair, mas pergunta como ser mandada embora, se é possível "fazer um acordo" com a empresa. Afinal, ela gostaria de acessar FGTS e seguro-desemprego. Muitos dos que respondem avisam que "isso é fraude", mas "é muito comum". De acordo com os depoimentos, as empresas em geral só exigem em troca a devolução da multa de 40% do FGTS. Quando não há acordo, muitos forçam a demissão –qualquer empresário sabe como é difícil manter um trabalhador insatisfeito. REMÉDIO IMPERFEITO Ao final de dezembro, o governo emitiu medida provisória que, entre outras medidas bem-vindas que visam coibir abusos nos gastos com pensões por morte, abono salarial e bolsa-pesca, só age no sentido de dificultar o acesso ao seguro-desemprego nas duas primeiras solicitações. A mudança mais brusca se concentrou na primeira solicitação. Em vez de comprovar 6 meses de emprego formal nos últimos 36 meses, o trabalhador tem que mostrar que trabalhou 18 meses com registro nos últimos 24. Pelas contas do governo, mais de 50% dos trabalhadores que solicitaram o benefício pela primeira vez em 2014 não seriam elegíveis a recebê-lo sob as novas regras. A mudança é excessivamente radical, com foco apenas no aspecto fiscal do seguro-desemprego, sem levar em conta os demais incentivos. Os principais afetados seriam trabalhadores jovens e de setores com elevada rotatividade, como construção civil e agricultura, aos quais seria praticamente vedado o acesso ao benefício. Na prática, a MP introduz um desincentivo à formalização de trabalhadores que nunca solicitaram o seguro-desemprego. Por outro lado, os defeitos da atual legislação continuariam intocados para os que já solicitaram o benefício duas vezes. Como a MP só entraria em vigor em março, espera-se uma elevação nas quebras de vínculos trabalhistas em janeiro e fevereiro, com a corrida de trabalhadores que nunca usaram o seguro-desemprego para recebê-lo antes das novas regras. O que fazer? O ideal seria reduzir moderadamente o acesso independentemente de qual solicitação e aumentar os incentivos para que tanto trabalhadores quanto empresas prefiram relações de trabalho mais longas. Só assim o país obteria reduções significativas da rotatividade, o que geraria ganhos fiscais e de produtividade no médio prazo.
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Por que o gasto com seguro-desemprego não para de crescer?Um dos grandes enigmas da economia brasileira é o contraste entre o persistente aumento dos gastos com o programa de seguro-desemprego e a acentuada redução das taxas de desemprego observados nos últimos 12 anos. Enquanto a taxa de desemprego medida pela PME caiu de uma média anual de 12,3%, em 2003, para 4,8%, em 2014, os gastos com seguro-desemprego subiram de R$ 6,6 bilhões, em 2003, para cerca de R$ 36,8 bilhões, em 2014 –alta de 204%, acima da inflação do período. As substanciais elevações do salário mínimo (65,7% acima do IPCA) e do grau de formalização do mercado de trabalho brasileiro (aumento de 75,8% de trabalhadores celetistas) entre 2003-2014 são os principais responsáveis. O outro fator é a elevada taxa de rotatividade do trabalho no país. O que surpreende alguns analistas é que o número de demitidos sem justa causa não seguiu a queda da taxa de desemprego. Na verdade, aconteceu o contrário. A proporção dos trabalhadores CLT demitida sem justa causa subiu de 41,5% em 2003 para 44% em 2013, com pico de 46,2% em 2010, segundo o Ministério do Trabalho. O fato a ser destacado é que a rotatividade do trabalho no Brasil é altamente pró-cíclica. Quando a economia vai bem, não apenas aumenta o número de pessoas que pedem demissão voluntariamente, o que é comum em outros países, mas aumenta também o número de trabalhadores demitidos involuntariamente. Isso fez com que a proporção de beneficiários do seguro-desemprego tenha se mantido praticamente constante entre 2003-2014 na faixa de 16,5%-17% do contingente formal de trabalhadores. Já há certo consenso de que a taxa de rotatividade é um dos maiores problemas do mercado de trabalho no Brasil, tendo atingido números espantosos. Levando em conta todos os motivos, o total de vínculos trabalhistas rompidos ao longo de um ano corresponde a 64% dos vínculos ativos no final do ano anterior, com pico acima de 66% observado nos anos de 2010 e 2011. Essa elevada rotatividade ocorre em grande parte devido aos incentivos embutidos na legislação trabalhista. Há várias disposições da legislação que só existem no Brasil e que desincentivam relações de trabalho duradouras, ao tornar rentável, a curto prazo, tanto para firmas quanto para trabalhadores, o rompimento precoce do vínculo. O programa de seguro-desemprego convive com o FGTS, que cumpre funções semelhantes e oferece retorno abaixo da inflação, o que aumenta o incentivo a acessar o saldo via demissões. Por outro lado, por determinação constitucional, o benefício do seguro-desemprego não pode ser inferior a um salário mínimo. Isso significa uma taxa de reposição de 100% do salário para o trabalhador que recebe um salário mínimo. Nos demais países, essa taxa varia de 50% a 80%. Se somarmos todos os benefícios e indenizações (três parcelas de seguro-desemprego; aviso prévio; 13º salário, férias e adicionais pro rata; saldo do FGTS e multa de 40%), um trabalhador brasileiro que recebe um salário mínimo e que tenha permanecido 6 meses no mesmo emprego tem direito a receber 6,15 salários mínimos se demitido sem justa causa. Há evidências claras de que esses incentivos induzem, de fato, as demissões sem justa causa. Os dados da Rais mostram que o número de vínculos trabalhistas CLT desfeitos por demissão sem justa causa aumenta substancialmente quando o trabalhador completa seis meses de tempo de serviço. Em 2013, há um salto de 606 mil para 712 mil demissões involuntárias de trabalhadores com 5 e 6 meses de tempo de serviço, respectivamente. Sobre os falsos acordos de demissão, convido o leitor a entrar no sítio Yahoo! Respostas e digitar "acordo demissão" no ícone "Buscar em respostas". Acessei 2.664 entradas. O exemplo típico é de uma trabalhadora que diz que gostaria de sair, mas pergunta como ser mandada embora, se é possível "fazer um acordo" com a empresa. Afinal, ela gostaria de acessar FGTS e seguro-desemprego. Muitos dos que respondem avisam que "isso é fraude", mas "é muito comum". De acordo com os depoimentos, as empresas em geral só exigem em troca a devolução da multa de 40% do FGTS. Quando não há acordo, muitos forçam a demissão –qualquer empresário sabe como é difícil manter um trabalhador insatisfeito. REMÉDIO IMPERFEITO Ao final de dezembro, o governo emitiu medida provisória que, entre outras medidas bem-vindas que visam coibir abusos nos gastos com pensões por morte, abono salarial e bolsa-pesca, só age no sentido de dificultar o acesso ao seguro-desemprego nas duas primeiras solicitações. A mudança mais brusca se concentrou na primeira solicitação. Em vez de comprovar 6 meses de emprego formal nos últimos 36 meses, o trabalhador tem que mostrar que trabalhou 18 meses com registro nos últimos 24. Pelas contas do governo, mais de 50% dos trabalhadores que solicitaram o benefício pela primeira vez em 2014 não seriam elegíveis a recebê-lo sob as novas regras. A mudança é excessivamente radical, com foco apenas no aspecto fiscal do seguro-desemprego, sem levar em conta os demais incentivos. Os principais afetados seriam trabalhadores jovens e de setores com elevada rotatividade, como construção civil e agricultura, aos quais seria praticamente vedado o acesso ao benefício. Na prática, a MP introduz um desincentivo à formalização de trabalhadores que nunca solicitaram o seguro-desemprego. Por outro lado, os defeitos da atual legislação continuariam intocados para os que já solicitaram o benefício duas vezes. Como a MP só entraria em vigor em março, espera-se uma elevação nas quebras de vínculos trabalhistas em janeiro e fevereiro, com a corrida de trabalhadores que nunca usaram o seguro-desemprego para recebê-lo antes das novas regras. O que fazer? O ideal seria reduzir moderadamente o acesso independentemente de qual solicitação e aumentar os incentivos para que tanto trabalhadores quanto empresas prefiram relações de trabalho mais longas. Só assim o país obteria reduções significativas da rotatividade, o que geraria ganhos fiscais e de produtividade no médio prazo.
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Carnaval no escuro
RIO DE JANEIRO - No Carnaval de 1919, Nelson Rodrigues tinha seis anos e morava com sua família perto da Tijuca. Pouco antes, em outubro, o Rio fora devastado pela gripe espanhola, a epidemia que chegara nos navios vindos da Europa —causada, dizia-se, pelos mortos insepultos da recém-finda Grande Guerra. A gripe matou 15 mil cariocas em 15 dias. Raras famílias foram poupadas. De repente, passou —as pessoas haviam desenvolvido anticorpos. E, também de repente, já era 1919 e o Carnaval estava às portas. A guerra e a espanhola alertaram toda uma população para a realidade da morte. Com isso, quem não morreu sentiu-se no dever de celebrar a vida, brincando o Carnaval como nunca antes. A cidade saiu em peso para os corsos, ranchos e batalhas de confete. Os pierrôs e caveiras não se contentavam em pular —invadiam as casas e arrastavam os renitentes para a folia. Pela primeira vez, o samba superou os outros ritmos nas ruas. E, numa dessas, o menino Nelson viu, dançando no alto de um carro, na praça Saenz Peña, uma moça fantasiada de odalisca, com o umbigo à mostra. Ninguém de sua família tinha umbigo —ele próprio só agora descobria o seu. Para Nelson, o dito umbigo, chocante e inédito, simbolizou aquele Carnaval, tido como o maior de todos até então. Bem, isso foi há 98 Carnavais e, desde então, os umbigos abundaram e ninguém lhes dá mais atenção. Mas o gigantismo e a euforia com que o país pulou este Carnaval de 2017 fazem lembrar o de 1919. Por que, de repente, todas as ruas do Brasil —inclusive as que, até outro dia, eram virgens em Carnaval— foram tomadas pelas multidões? Só pode ser porque, ainda em meio à pior recessão da história, os 24 milhões de desempregados e subempregados brasileiros não querem esperar pela luz no fim do túnel. Resolveram pular no escuro, mesmo.
colunas
Carnaval no escuroRIO DE JANEIRO - No Carnaval de 1919, Nelson Rodrigues tinha seis anos e morava com sua família perto da Tijuca. Pouco antes, em outubro, o Rio fora devastado pela gripe espanhola, a epidemia que chegara nos navios vindos da Europa —causada, dizia-se, pelos mortos insepultos da recém-finda Grande Guerra. A gripe matou 15 mil cariocas em 15 dias. Raras famílias foram poupadas. De repente, passou —as pessoas haviam desenvolvido anticorpos. E, também de repente, já era 1919 e o Carnaval estava às portas. A guerra e a espanhola alertaram toda uma população para a realidade da morte. Com isso, quem não morreu sentiu-se no dever de celebrar a vida, brincando o Carnaval como nunca antes. A cidade saiu em peso para os corsos, ranchos e batalhas de confete. Os pierrôs e caveiras não se contentavam em pular —invadiam as casas e arrastavam os renitentes para a folia. Pela primeira vez, o samba superou os outros ritmos nas ruas. E, numa dessas, o menino Nelson viu, dançando no alto de um carro, na praça Saenz Peña, uma moça fantasiada de odalisca, com o umbigo à mostra. Ninguém de sua família tinha umbigo —ele próprio só agora descobria o seu. Para Nelson, o dito umbigo, chocante e inédito, simbolizou aquele Carnaval, tido como o maior de todos até então. Bem, isso foi há 98 Carnavais e, desde então, os umbigos abundaram e ninguém lhes dá mais atenção. Mas o gigantismo e a euforia com que o país pulou este Carnaval de 2017 fazem lembrar o de 1919. Por que, de repente, todas as ruas do Brasil —inclusive as que, até outro dia, eram virgens em Carnaval— foram tomadas pelas multidões? Só pode ser porque, ainda em meio à pior recessão da história, os 24 milhões de desempregados e subempregados brasileiros não querem esperar pela luz no fim do túnel. Resolveram pular no escuro, mesmo.
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Gasto de brasileiros no exterior cai 55% no primeiro bimestre
Os gastos dos brasileiros em viagens internacionais caíram 55% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o Banco Central, foram gastos US$ 1,7 bilhão, menor valor para o período do ano desde 2009. Em fevereiro, a queda foi de 44%, para US$ 841 milhões, também o menor valor em sete anos. No ano passado, os gastos com viagens internacionais já haviam recuado 32% em relação a 2014. Gastos dos brasileiros no exterior - Em US$ milhões O encarecimento das viagens por causa da desvalorização do real e a queda na renda dos brasileiros são os principais fatores que influenciaram esse resultado. O aumento no Imposto de Renda nas remessas de agências de viagens que vigorou no começo do ano também teve impacto. A queda nas despesas com viagens é um dos fatores que contribuem para reduzir o deficit do Brasil nas suas transações de bens, serviços e rendas com outros países. MARÇO O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os dados parciais de março mostram aumento nessas despesas, que somaram US$ 928 milhões até o dia 21. Segundo ele, no primeiro bimestre, houve queda na despesa líquida de 83%. Os dados de março indicam queda de 25%. "O que mudou em março foi a questão da tributação, o que explica boa parte dessa mudança", afirmou. Maciel afirmou que a queda no dólar pode ter alguma influência sobre essas despesas, mas que é necessário também considerar que a renda do brasileiro continua em queda e o ambiente de incertezas na economia. DEFICIT Em fevereiro, o deficit foi de US$ 1,9 bilhão, o menor desde agosto de 2009 (US$ 828 milhões), mas um pouco acima do estimado pelo BC há um mês (US$ 1,5 bilhão). Para março, a projeção é de US$ 1,7 bilhão. Em março do ano passado, foi de US$ 5,8 bilhões. O resultado em 12 meses, que passou de US$ 51,6 bilhões (2,94% do PIB) em janeiro para US$ 46,2 bilhões (2,67% do PIB) em fevereiro, deve ficar em cerca de US$ 42 bilhões até março. A queda no deficit acumulado no ano é de 65%, para US$ 6,7 bilhões. Cerca de dois terços da redução se deve à balança comercial, que passou de deficitária para superavitária no período.
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Gasto de brasileiros no exterior cai 55% no primeiro bimestreOs gastos dos brasileiros em viagens internacionais caíram 55% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o Banco Central, foram gastos US$ 1,7 bilhão, menor valor para o período do ano desde 2009. Em fevereiro, a queda foi de 44%, para US$ 841 milhões, também o menor valor em sete anos. No ano passado, os gastos com viagens internacionais já haviam recuado 32% em relação a 2014. Gastos dos brasileiros no exterior - Em US$ milhões O encarecimento das viagens por causa da desvalorização do real e a queda na renda dos brasileiros são os principais fatores que influenciaram esse resultado. O aumento no Imposto de Renda nas remessas de agências de viagens que vigorou no começo do ano também teve impacto. A queda nas despesas com viagens é um dos fatores que contribuem para reduzir o deficit do Brasil nas suas transações de bens, serviços e rendas com outros países. MARÇO O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os dados parciais de março mostram aumento nessas despesas, que somaram US$ 928 milhões até o dia 21. Segundo ele, no primeiro bimestre, houve queda na despesa líquida de 83%. Os dados de março indicam queda de 25%. "O que mudou em março foi a questão da tributação, o que explica boa parte dessa mudança", afirmou. Maciel afirmou que a queda no dólar pode ter alguma influência sobre essas despesas, mas que é necessário também considerar que a renda do brasileiro continua em queda e o ambiente de incertezas na economia. DEFICIT Em fevereiro, o deficit foi de US$ 1,9 bilhão, o menor desde agosto de 2009 (US$ 828 milhões), mas um pouco acima do estimado pelo BC há um mês (US$ 1,5 bilhão). Para março, a projeção é de US$ 1,7 bilhão. Em março do ano passado, foi de US$ 5,8 bilhões. O resultado em 12 meses, que passou de US$ 51,6 bilhões (2,94% do PIB) em janeiro para US$ 46,2 bilhões (2,67% do PIB) em fevereiro, deve ficar em cerca de US$ 42 bilhões até março. A queda no deficit acumulado no ano é de 65%, para US$ 6,7 bilhões. Cerca de dois terços da redução se deve à balança comercial, que passou de deficitária para superavitária no período.
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Mostra sobre Carnaval e outras três são novidades no Museu Afro Brasil
DE SÃO PAULO A partir de terça (2), o Museu Afro Brasil ganha duas novas mostras fotográficas: "Devoção", que enfoca crenças e as tradições religiosas de regiões da Índia e do Nepal, e "Giracorpogira 2", com imagens em movimento do Carnaval paulistano e carioca. Além das estreias, desde 25/1 a instituição exibe mostras de artistas paulistanos: Caíto e Fernando Ribeiro apresentam suas esculturas e peças. Conheça detalhes das exposições. CÚMULO Criadas com material reciclável, partes de carros vermelhos se apinham umas sobre as outras. Seguindo a mesma dinâmica, fragmentos de bicicletas entrelaçam-se. É assim, partindo da ideia de excesso, que o paulistano Caíto cria suas esculturas. A mostra reúne 20 delas, todas inéditas. DEVOÇÃO As cidades Varanasi, na Índia, e Katmandu, no Nepal, são o foco das fotos de Rodrigo Koraicho. As crenças e as tradições religiosas dos lugares, assim como a vida cotidiana estabelecida ali, aparecem na seleção de 40 imagens que compõem a mostra, que tem curadoria de Claudinei Roberto da Silva. A abertura é nesta terça (2). GIRACORPOGIRA 2 Desde 2003, o carioca Jaques Faing pesquisa o Carnaval no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os movimentos dos corpos e dos figurinos na passarela são elementos presentes nas fotografias —as saias das baianas, por exemplo, são desmaterializadas e ficam parecendo borrões de brilho e cor. Cerca de 40 imagens estão reunidas na exposição, que estreia na terça (2). LOUÇA FINA - A ARTE DE FERNANDO RIBEIRO Pinturas e colagens de Fernando Ribeiro compõem a exposição, em cartaz até 20/3. O recorte apresenta cerca de 80 trabalhos apresentados pela primeira vez. Em suas criações, o artista se apropria de ícones da pintura e os recria aludindo à história das artes plásticas, nacional e mundial. Museu Afro Brasil - Pq. Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 10, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3320-8900. Ter. a dom.: 10h às 17h (c/ permanência até as 18h). Devoção e Giracorpogira 2, abertura: 2/2, 19h às 21h30. Até 3/4. Cúmulo e Louça Fina, até 20/3. Livres. Ingr.: R$ 6 (sáb.: grátis). Estac. (sistema Zona Azul - no portão 3). Visita monitorada p/ 3320-8921 ou agendamento@museuafrobrasil.org.br. d w
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Mostra sobre Carnaval e outras três são novidades no Museu Afro BrasilDE SÃO PAULO A partir de terça (2), o Museu Afro Brasil ganha duas novas mostras fotográficas: "Devoção", que enfoca crenças e as tradições religiosas de regiões da Índia e do Nepal, e "Giracorpogira 2", com imagens em movimento do Carnaval paulistano e carioca. Além das estreias, desde 25/1 a instituição exibe mostras de artistas paulistanos: Caíto e Fernando Ribeiro apresentam suas esculturas e peças. Conheça detalhes das exposições. CÚMULO Criadas com material reciclável, partes de carros vermelhos se apinham umas sobre as outras. Seguindo a mesma dinâmica, fragmentos de bicicletas entrelaçam-se. É assim, partindo da ideia de excesso, que o paulistano Caíto cria suas esculturas. A mostra reúne 20 delas, todas inéditas. DEVOÇÃO As cidades Varanasi, na Índia, e Katmandu, no Nepal, são o foco das fotos de Rodrigo Koraicho. As crenças e as tradições religiosas dos lugares, assim como a vida cotidiana estabelecida ali, aparecem na seleção de 40 imagens que compõem a mostra, que tem curadoria de Claudinei Roberto da Silva. A abertura é nesta terça (2). GIRACORPOGIRA 2 Desde 2003, o carioca Jaques Faing pesquisa o Carnaval no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os movimentos dos corpos e dos figurinos na passarela são elementos presentes nas fotografias —as saias das baianas, por exemplo, são desmaterializadas e ficam parecendo borrões de brilho e cor. Cerca de 40 imagens estão reunidas na exposição, que estreia na terça (2). LOUÇA FINA - A ARTE DE FERNANDO RIBEIRO Pinturas e colagens de Fernando Ribeiro compõem a exposição, em cartaz até 20/3. O recorte apresenta cerca de 80 trabalhos apresentados pela primeira vez. Em suas criações, o artista se apropria de ícones da pintura e os recria aludindo à história das artes plásticas, nacional e mundial. Museu Afro Brasil - Pq. Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 10, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3320-8900. Ter. a dom.: 10h às 17h (c/ permanência até as 18h). Devoção e Giracorpogira 2, abertura: 2/2, 19h às 21h30. Até 3/4. Cúmulo e Louça Fina, até 20/3. Livres. Ingr.: R$ 6 (sáb.: grátis). Estac. (sistema Zona Azul - no portão 3). Visita monitorada p/ 3320-8921 ou agendamento@museuafrobrasil.org.br. d w
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Professor dá dicas sobre como se destacar em um emprego novo
DE SÃO PAULO O especialista em gestão de pessoas e professor da FGV João Baptista Brandão dá dicas sobre como se destacar em um emprego novo. * COMPANHEIRISMO Ganhe a confiança dos colegas já nos três primeiros meses, se dispondo a ajudar quando um deles tem alguma dificuldade. Participe das atividades da área e não dispense convites para interagir fora do escritório COMPETÊNCIA Entregue os trabalhos oferecendo além do que é pedido e cumpra tudo o que prometer, sem exceção, para sedimentar desde o início a ideia de que tem as capacidades necessárias para permanecer no cargo RESILIÊNCIA Esteja preparado para lidar com frustrações. Muitos profissionais perdem a vontade de prosseguir quando ouvem uma crítica inesperada ou não recebem uma oportunidade para a qual se julgavam preparados OPORTUNIDADE Mesmo que não seja o emprego dos seus sonhos, encare como uma chance de desenvolver capacidades que serão úteis mais adiante. Procure se envolver com toda a área para ganhar versatilidade
sobretudo
Professor dá dicas sobre como se destacar em um emprego novo DE SÃO PAULO O especialista em gestão de pessoas e professor da FGV João Baptista Brandão dá dicas sobre como se destacar em um emprego novo. * COMPANHEIRISMO Ganhe a confiança dos colegas já nos três primeiros meses, se dispondo a ajudar quando um deles tem alguma dificuldade. Participe das atividades da área e não dispense convites para interagir fora do escritório COMPETÊNCIA Entregue os trabalhos oferecendo além do que é pedido e cumpra tudo o que prometer, sem exceção, para sedimentar desde o início a ideia de que tem as capacidades necessárias para permanecer no cargo RESILIÊNCIA Esteja preparado para lidar com frustrações. Muitos profissionais perdem a vontade de prosseguir quando ouvem uma crítica inesperada ou não recebem uma oportunidade para a qual se julgavam preparados OPORTUNIDADE Mesmo que não seja o emprego dos seus sonhos, encare como uma chance de desenvolver capacidades que serão úteis mais adiante. Procure se envolver com toda a área para ganhar versatilidade
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Comandante do Exército descarta punir general que sugeriu intervenção
O comandante do Exército brasileiro, Eduardo Villas Bôas, afirmou que o general Antonio Hamilton Mourão não receberá punição por ter sugerido uma intervenção das Forças Armadas no país. Em sua primeira manifestação sobre o tema, o comandante disse ao apresentador Pedro Bial que já conversou com Mourão "para colocar as coisas no lugar, mas punição, não". Em meio a questões envolvendo a crise política, ele ainda declarou que a possibilidade de intervenções militares "ocorre permanentemente" e disse que "as Forças Armadas têm mandato para fazer [uma intervenção militar] na iminência de um caos". A entrevista foi exibida na noite desta terça-feira (19) pela TV Globo. Na segunda-feira (18), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, pediu explicações a Villas Bôas sobre o incidente. Em nota, o ministro afirmou que foram discutidas "medidas cabíveis a serem tomadas" em relação ao general Mourão. Apesar de o ministro ter pedido explicações sobre o incidente, Villas Bôas, que ocupa o cargo mais alto na hierarquia das Forças, é o responsável legal por decidir o que fazer sobre Mourão, a quem chamou de "um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão". Na última sexta-feira (15), Mourão afirmou que "seus companheiros do Alto Comando do Exército" entendem que uma "intervenção militar" poderá ser adotada se o Judiciário "não solucionar o problema político", em referência aos escândalos de corrupção envolvendo políticos. Secretário de economia e finanças da Força, o general falava em palestra promovida pela maçonaria, em Brasília. Villas Bôas negou que Mourão tivesse desrespeitado a legislação que proíbe oficiais da ativa de se manifestarem sobre o quadro político-partidário. Para ele, a fala do colega foi descontextualizada e mal interpretada. Ele ainda deu a entender que as Forças Armadas podem, sim, agir em assuntos relacionados à crise política. "Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes", afirmou. Como exemplos, citou as recentes atuações do Exército para conter ondas de violência no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. O comandante das Forças continuou: "O texto diz que o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm mandato para fazer". A Constituição Federal, contudo, condiciona a ação das Forças Armadas expressamente à "iniciativa de qualquer destes [poderes constitucionais]", sem cogitar a tese de "iminência de caos" mencionada por Villas Bôas. Segundo o artigo constitucional, as Forças Armadas "são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem". HISTÓRICO Natural de Porto Alegre (RS) e no Exército desde 1972, o general responsável pelas declarações sobre intervenção militar é o mesmo que, em outubro de 2015, foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, e transferido para Brasília, em tese para um cargo burocrático, após fazer críticas ao governo de Dilma Rousseff. Na época, um oficial sob seu comando fez homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, acusado de inúmeros crimes de tortura e assassinatos na ditadura militar. Durante a entrevista, veiculada nesta terça-feira no programa "Conversa com Bial", Villas Bôas falou ainda sobre a atuação do Exército brasileiro no Haiti, a violência no Rio de Janeiro e as recentes questões ambientais na Amazônia. O general também conversou com Bial sobre a doença degenerativa de que sofre, as limitações no cotidiano e o apoio de colegas e familiares. * Leia a transcrição do trecho da entrevista sobre as declarações de Antonio Hamilton Mourão: PEDRO BIAL: Vamos ver o que o general falou: "Na minha visão, que coincide com a visão dos meus companheiros do Alto Comando do Exército, estamos na situação daquilo que poderíamos lembrar da tábua de logaritmos, aproximações sucessivas, até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, com apelação do Judiciário, retirando da vida pública esses estes elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nos teremos que impor isso". General Villas Bôas: ele não quebrou hierarquia, não desrespeitou o regulamento disciplinar do Exército, não vai ser punido pelo senhor ou pelo ministro Raul Jungmann? EDUARDO VILLAS BÔAS: A maneira como o Mourão se expressou... O Mourão é um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão. Soldado. A maneira como ele se expressou deu margem a interpretações de um espectro bastante amplo. Mas ele inicia a fala dele dizendo que segue as diretrizes do comandante. E nossa atuação desde o início das crises, do impeachment, era promover a estabilidade, pautar sempre pela legalidade, e preservar a legitimidade do Exército. BIAL: Mas depois... VILLAS BÔAS: Depois, se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes. Isso tem acontecido recorrentemente, no Espírito Santo, em Brasília. O texto diz que o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm mandato para fazer. O que ele quis dizer, nós já conversamos, chamou a atenção para as expressões. As aproximações sucessivas, um delas são as eleições. Isso foi o que ele quis dizer. Essa questão de intervenção militar ocorre permanentemente. BIAL: Mas aí ele está falando de uma intervenção militar... O que eu entendi e grande parte dos espectadores entendeu que, se o Judiciário não tomar providência sobre a corrupção, a intervenção será necessária. Ele está opinando sobre assuntos políticos. VILLAS BÔAS: Temos que contextualizar. Ele estava num ambiente fechado, foi provocado... BIAL: Bial: Mas não é a primeira vez, né? VILLAS BÔAS: É. Mas já conversamos. Ele não fala pelo Alto Comando, quem fala pelo Alto Comando sou eu. Mas é uma questão que está sendo resolvida internamente. BIAL: Punição não vai haver? VILLAS BÔAS: Nós já conversamos para colocar as coisas no lugar, mas punição, não.
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Comandante do Exército descarta punir general que sugeriu intervençãoO comandante do Exército brasileiro, Eduardo Villas Bôas, afirmou que o general Antonio Hamilton Mourão não receberá punição por ter sugerido uma intervenção das Forças Armadas no país. Em sua primeira manifestação sobre o tema, o comandante disse ao apresentador Pedro Bial que já conversou com Mourão "para colocar as coisas no lugar, mas punição, não". Em meio a questões envolvendo a crise política, ele ainda declarou que a possibilidade de intervenções militares "ocorre permanentemente" e disse que "as Forças Armadas têm mandato para fazer [uma intervenção militar] na iminência de um caos". A entrevista foi exibida na noite desta terça-feira (19) pela TV Globo. Na segunda-feira (18), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, pediu explicações a Villas Bôas sobre o incidente. Em nota, o ministro afirmou que foram discutidas "medidas cabíveis a serem tomadas" em relação ao general Mourão. Apesar de o ministro ter pedido explicações sobre o incidente, Villas Bôas, que ocupa o cargo mais alto na hierarquia das Forças, é o responsável legal por decidir o que fazer sobre Mourão, a quem chamou de "um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão". Na última sexta-feira (15), Mourão afirmou que "seus companheiros do Alto Comando do Exército" entendem que uma "intervenção militar" poderá ser adotada se o Judiciário "não solucionar o problema político", em referência aos escândalos de corrupção envolvendo políticos. Secretário de economia e finanças da Força, o general falava em palestra promovida pela maçonaria, em Brasília. Villas Bôas negou que Mourão tivesse desrespeitado a legislação que proíbe oficiais da ativa de se manifestarem sobre o quadro político-partidário. Para ele, a fala do colega foi descontextualizada e mal interpretada. Ele ainda deu a entender que as Forças Armadas podem, sim, agir em assuntos relacionados à crise política. "Se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes", afirmou. Como exemplos, citou as recentes atuações do Exército para conter ondas de violência no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. O comandante das Forças continuou: "O texto diz que o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm mandato para fazer". A Constituição Federal, contudo, condiciona a ação das Forças Armadas expressamente à "iniciativa de qualquer destes [poderes constitucionais]", sem cogitar a tese de "iminência de caos" mencionada por Villas Bôas. Segundo o artigo constitucional, as Forças Armadas "são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem". HISTÓRICO Natural de Porto Alegre (RS) e no Exército desde 1972, o general responsável pelas declarações sobre intervenção militar é o mesmo que, em outubro de 2015, foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, e transferido para Brasília, em tese para um cargo burocrático, após fazer críticas ao governo de Dilma Rousseff. Na época, um oficial sob seu comando fez homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, acusado de inúmeros crimes de tortura e assassinatos na ditadura militar. Durante a entrevista, veiculada nesta terça-feira no programa "Conversa com Bial", Villas Bôas falou ainda sobre a atuação do Exército brasileiro no Haiti, a violência no Rio de Janeiro e as recentes questões ambientais na Amazônia. O general também conversou com Bial sobre a doença degenerativa de que sofre, as limitações no cotidiano e o apoio de colegas e familiares. * Leia a transcrição do trecho da entrevista sobre as declarações de Antonio Hamilton Mourão: PEDRO BIAL: Vamos ver o que o general falou: "Na minha visão, que coincide com a visão dos meus companheiros do Alto Comando do Exército, estamos na situação daquilo que poderíamos lembrar da tábua de logaritmos, aproximações sucessivas, até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, com apelação do Judiciário, retirando da vida pública esses estes elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nos teremos que impor isso". General Villas Bôas: ele não quebrou hierarquia, não desrespeitou o regulamento disciplinar do Exército, não vai ser punido pelo senhor ou pelo ministro Raul Jungmann? EDUARDO VILLAS BÔAS: A maneira como o Mourão se expressou... O Mourão é um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão. Soldado. A maneira como ele se expressou deu margem a interpretações de um espectro bastante amplo. Mas ele inicia a fala dele dizendo que segue as diretrizes do comandante. E nossa atuação desde o início das crises, do impeachment, era promover a estabilidade, pautar sempre pela legalidade, e preservar a legitimidade do Exército. BIAL: Mas depois... VILLAS BÔAS: Depois, se você recorrer ao que está na Constituição, no artigo 142, como atribuição das Forças Armadas, diz que as Forças podem ser empregadas na garantia da lei e da ordem por iniciativa de um dos poderes. Isso tem acontecido recorrentemente, no Espírito Santo, em Brasília. O texto diz que o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos. As Forças Armadas têm mandato para fazer. O que ele quis dizer, nós já conversamos, chamou a atenção para as expressões. As aproximações sucessivas, um delas são as eleições. Isso foi o que ele quis dizer. Essa questão de intervenção militar ocorre permanentemente. BIAL: Mas aí ele está falando de uma intervenção militar... O que eu entendi e grande parte dos espectadores entendeu que, se o Judiciário não tomar providência sobre a corrupção, a intervenção será necessária. Ele está opinando sobre assuntos políticos. VILLAS BÔAS: Temos que contextualizar. Ele estava num ambiente fechado, foi provocado... BIAL: Bial: Mas não é a primeira vez, né? VILLAS BÔAS: É. Mas já conversamos. Ele não fala pelo Alto Comando, quem fala pelo Alto Comando sou eu. Mas é uma questão que está sendo resolvida internamente. BIAL: Punição não vai haver? VILLAS BÔAS: Nós já conversamos para colocar as coisas no lugar, mas punição, não.
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Inspirado no circo, primeiro teatro de SP só para crianças será aberto no Tatuapé
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Uma cortina roxa na zona leste de São Paulo leva a um mundo de poltronas coloridas, bonecos, personagens, música e brincadeiras. Ela faz parte da entrada do teatro Dr. Botica, que abre ao público no próximo sábado (9), no shopping Metrô Tatuapé. Será a primeira casa de espetáculos da cidade voltada somente para crianças. Em outubro, o espaço terá peças e atividades com entrada gratuita. Nos primeiros meses, a programação dará destaque a premiados grupos de teatro de bonecos, como Giramundo, Truks e Articularte. A nova casa também terá debates sobre como lidar com questões da infância e oficinas, nas quais artistas ensinarão pais e filhos a produzir e a dar vida a fantoches. Também há planos de receber nomes conhecidos das crianças, como Turma da Mônica, Patati Patatá e Palavra Cantada. Com 253 lugares, o teatro replica o nome de um espaço em Curitiba, dedicado aos bonecos. Ambos são patrocinados por uma empresa de cosméticos, O Boticário Vizinho da praça de alimentação, o local terá pipoca, algodão-doce e outras guloseimas liberadas na plateia. Já o cardápio de peças deixará de fora espetáculos que tentam pegar carona em filmes de sucesso, como "Frozen", que gerou inúmeras montagens, muitas delas malfeitas, nos palcos paulistanos nos últimos anos. "Sou contra 'show cover'", conta Frederico Reder, 33, gestor do teatro e um de seus idealizadores. "Se você não é a Disney, não vai inventar de fazer Disney. Dá para fazer uma Rapunzel de outro jeito, sem imitar o filme." Fred, como é conhecido, tem uma longa relação com o teatro de bonecos. Aos 9 anos, criava enredos com esses personagens, que controlava por trás de um lençol na escola de sua mãe, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Em seguida, virou ator de peças infantis. Por seu trabalho em "Cantarolando", foi descoberto pela produtora Cintia Abravanel, que o trouxe para São Paulo, aos 19 anos. Depois, tornou-se produtor, diretor e empresário. Hoje, administra seis casas de espetáculo, incluindo o Theatro Net SP. Para o projeto do Dr. Botica, Fred inspirou-se na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal. "Queria uma arquibancada, algo que lembrasse o circo", conta o gestor do teatro. "Aqui tem bancos contínuos, com encosto mais baixo, almofadas coloridas. É algo comunitário, coletivo." "Quando era pequeno, pedia muito a Deus para fazer teatro. Mas ele entendeu errado: em vez de ator, virei construtor de teatros", brinca Fred. - PEÇAS DO NOVO TEATRO As Aventuras do Dr. Botica Grupo Giramundo Sáb. e dom.: 16h. De 9 a 29/9. Ingr.:R$ 50. A Bruxinha Cia. Truks Sáb. (8/10): 14h. Grátis. O Senhor dos Sonhos Cia. Truks Dom. (9/10): 14h. Grátis. Berenice Grupo Morpheus Qui.: (12/10): 14h. Grátis. * OFICINAS Teatro de bonecos para pais e filhos Sáb. (7/10): 11h. Grátis. Construção de bonecos com jornal Dom. (8/10): 11h. Grátis * ONDE: Shopping Metrô Tatuapé. R. Domingos Agostim, 91, Tatuapé. Tel. 2090-7400. - + 3 lugares com boa programação infantil Teatro Alfa Tem duas peças por dia aos fins de semana. "Conto Cantado", sobre os sonhos de uma menina para o futuro, é apresentado às 16h. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jd. Dom Bosco. Ingr.: R$ 35. * Teatro Folha Aos domingos, conta com até três peças infantis. Às 17h40 é encenado "Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias" Shopping Pátio Higienópolis. Av. Higienópolis, 618. Higienópolis. Ingr.: R$ 40. * Viradalata Recebe shows e peças. Neste domingo (3), haverá apresentação do Grupo Triii, que combina músicas e brincadeiras. R. Apinajés, 1.387. Perdizes. Ingr.: R$ 50
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Inspirado no circo, primeiro teatro de SP só para crianças será aberto no TatuapéRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Uma cortina roxa na zona leste de São Paulo leva a um mundo de poltronas coloridas, bonecos, personagens, música e brincadeiras. Ela faz parte da entrada do teatro Dr. Botica, que abre ao público no próximo sábado (9), no shopping Metrô Tatuapé. Será a primeira casa de espetáculos da cidade voltada somente para crianças. Em outubro, o espaço terá peças e atividades com entrada gratuita. Nos primeiros meses, a programação dará destaque a premiados grupos de teatro de bonecos, como Giramundo, Truks e Articularte. A nova casa também terá debates sobre como lidar com questões da infância e oficinas, nas quais artistas ensinarão pais e filhos a produzir e a dar vida a fantoches. Também há planos de receber nomes conhecidos das crianças, como Turma da Mônica, Patati Patatá e Palavra Cantada. Com 253 lugares, o teatro replica o nome de um espaço em Curitiba, dedicado aos bonecos. Ambos são patrocinados por uma empresa de cosméticos, O Boticário Vizinho da praça de alimentação, o local terá pipoca, algodão-doce e outras guloseimas liberadas na plateia. Já o cardápio de peças deixará de fora espetáculos que tentam pegar carona em filmes de sucesso, como "Frozen", que gerou inúmeras montagens, muitas delas malfeitas, nos palcos paulistanos nos últimos anos. "Sou contra 'show cover'", conta Frederico Reder, 33, gestor do teatro e um de seus idealizadores. "Se você não é a Disney, não vai inventar de fazer Disney. Dá para fazer uma Rapunzel de outro jeito, sem imitar o filme." Fred, como é conhecido, tem uma longa relação com o teatro de bonecos. Aos 9 anos, criava enredos com esses personagens, que controlava por trás de um lençol na escola de sua mãe, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Em seguida, virou ator de peças infantis. Por seu trabalho em "Cantarolando", foi descoberto pela produtora Cintia Abravanel, que o trouxe para São Paulo, aos 19 anos. Depois, tornou-se produtor, diretor e empresário. Hoje, administra seis casas de espetáculo, incluindo o Theatro Net SP. Para o projeto do Dr. Botica, Fred inspirou-se na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal. "Queria uma arquibancada, algo que lembrasse o circo", conta o gestor do teatro. "Aqui tem bancos contínuos, com encosto mais baixo, almofadas coloridas. É algo comunitário, coletivo." "Quando era pequeno, pedia muito a Deus para fazer teatro. Mas ele entendeu errado: em vez de ator, virei construtor de teatros", brinca Fred. - PEÇAS DO NOVO TEATRO As Aventuras do Dr. Botica Grupo Giramundo Sáb. e dom.: 16h. De 9 a 29/9. Ingr.:R$ 50. A Bruxinha Cia. Truks Sáb. (8/10): 14h. Grátis. O Senhor dos Sonhos Cia. Truks Dom. (9/10): 14h. Grátis. Berenice Grupo Morpheus Qui.: (12/10): 14h. Grátis. * OFICINAS Teatro de bonecos para pais e filhos Sáb. (7/10): 11h. Grátis. Construção de bonecos com jornal Dom. (8/10): 11h. Grátis * ONDE: Shopping Metrô Tatuapé. R. Domingos Agostim, 91, Tatuapé. Tel. 2090-7400. - + 3 lugares com boa programação infantil Teatro Alfa Tem duas peças por dia aos fins de semana. "Conto Cantado", sobre os sonhos de uma menina para o futuro, é apresentado às 16h. R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jd. Dom Bosco. Ingr.: R$ 35. * Teatro Folha Aos domingos, conta com até três peças infantis. Às 17h40 é encenado "Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias" Shopping Pátio Higienópolis. Av. Higienópolis, 618. Higienópolis. Ingr.: R$ 40. * Viradalata Recebe shows e peças. Neste domingo (3), haverá apresentação do Grupo Triii, que combina músicas e brincadeiras. R. Apinajés, 1.387. Perdizes. Ingr.: R$ 50
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No primeiro mês da sobretaxa, 19% aumentaram o consumo de água
Após o primeiro mês de vigência da sobretaxa nas contas de água na Grande São Paulo, 19% das contas aumentaram o consumo de água. A taxa é aplicada pela Sabesp a quem aumentar o consumo em relação à média no período de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014. Nos últimos dois meses, esse índice foi de 22%. Essa parcela da população é a qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) chamava de "gastões". Do total de contas, 12% pagarão a sobretaxa, que isenta aqueles que tiveram consumo abaixo de 10 mil litros. A sobretaxa é uma das tentativas do governo do Estado de driblar a maior crise de abastecimento de São Paulo. Outras medidas são o bônus para quem reduzir o consumo e a redução de pressão com que a água é enviada para a casa das pessoas (que tem o efeito colateral de causar falta de água em alguns pontos da cidade). Pela regra, quem tiver um consumo até 20% superior à própria média recebe 40% de acréscimo na conta de água. Se for acima de 20%, a sobretaxa atinge 100%. O acréscimo é feito em relação à tarifa da água, que representa metade do valor da conta emitida pela Sabesp. Desde a proposta da sobretaxa, entidades de defesa dos direitos dos consumidores questionam sua legalidade. Para elas, o governo só poderia instituir uma sobretaxa para quem consumir mais depois de declarar racionamento. O questionamento das entidades chegou a encontrar respaldo de uma juíza que suspendeu liminarmente a sobretaxa. Dias depois, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou a decisão, permitindo a cobrança da sobretaxa.
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No primeiro mês da sobretaxa, 19% aumentaram o consumo de águaApós o primeiro mês de vigência da sobretaxa nas contas de água na Grande São Paulo, 19% das contas aumentaram o consumo de água. A taxa é aplicada pela Sabesp a quem aumentar o consumo em relação à média no período de fevereiro de 2013 a janeiro de 2014. Nos últimos dois meses, esse índice foi de 22%. Essa parcela da população é a qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) chamava de "gastões". Do total de contas, 12% pagarão a sobretaxa, que isenta aqueles que tiveram consumo abaixo de 10 mil litros. A sobretaxa é uma das tentativas do governo do Estado de driblar a maior crise de abastecimento de São Paulo. Outras medidas são o bônus para quem reduzir o consumo e a redução de pressão com que a água é enviada para a casa das pessoas (que tem o efeito colateral de causar falta de água em alguns pontos da cidade). Pela regra, quem tiver um consumo até 20% superior à própria média recebe 40% de acréscimo na conta de água. Se for acima de 20%, a sobretaxa atinge 100%. O acréscimo é feito em relação à tarifa da água, que representa metade do valor da conta emitida pela Sabesp. Desde a proposta da sobretaxa, entidades de defesa dos direitos dos consumidores questionam sua legalidade. Para elas, o governo só poderia instituir uma sobretaxa para quem consumir mais depois de declarar racionamento. O questionamento das entidades chegou a encontrar respaldo de uma juíza que suspendeu liminarmente a sobretaxa. Dias depois, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou a decisão, permitindo a cobrança da sobretaxa.
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Mamães paulistanas falam sobre os desafios dos nove meses de gestação
GISELLE HIRATA PRISCILA CAMAZANO DE SÃO PAULO Nove meses, 42 semanas, mais ou menos 290 dias. Neste intervalo de tempo, dos pés à cabeça, o corpo todo, literalmente, entra em transformação. Não só ele. A rotina da futura mamãe também precisa se adaptar a uma nova realidade, que inclui uma bateria de exames, mudanças na dieta, nas atividades físicas e até mesmo na vida sexual. Ser mãe não é tarefa fácil, como atestam nove paulistanas, cada uma delas em um período de gestação. Todas elas, porém, não escondem os motivos que fazem do próximo domingo (8), Dia das Mães, uma data tão especial. Joyce Kissmann Leal de Medeiros, 35 "Depois de um ano e meio tentando engravidar, como você recebeu a notícia de que está esperando um filho?" A professora Joyce Kissmann Leal de Medeiros, 35, fez uma pausa e respondeu: "É uma longa história, mas, tive medo e fiquei preocupada". Em uma consulta de rotina, a médica solicitou uma série de exames. A ultrassonografia da mama detectou um nódulo no seio direito. "A ginecologista foi logo dizendo que era câncer", relata. Junto com o diagnóstico, a recomendação: engravidar estava fora de cogitação. "Surtei! Fiquei desesperada", lembra. Joyce foi submetida a uma biópsia. Durante o procedimento, sentiu-se mal. Antes mesmo de saber o resultado, testes de gravidez comprovaram uma suspeita: "Estava grávida e nem sabia se tinha câncer". A agonia durou três dias. Novos exames trouxeram alívio à futura mamãe. "Não era maligno", conta. A boa notícia foi uma libertação para a paulistana da Granja Julieta, que se apoiou na terapia e no marido para a semana mais difícil de sua vida até agora. "Foi o momento de, finalmente, curtir a minha gravidez." * Nathália Palma de Carvalho, 31 Difícil conter a felicidade de Nathália Palma de Carvalho, sorriso estampado no rosto durante a entrevista. Aos 31 anos, a publicitária alimentava um sonho desde a primeira semana de namoro com o marido, Luís Alexandre, há mais de cinco anos: ser mãe. Não é que o presente veio em dose dupla? E não se trata de gêmeos. O casal aguardava o processo de adoção de uma criança desde novembro de 2015. Em março deste ano, veio outra boa nova: Nathália estava grávida de uma menina. Apesar de opiniões alheias, que questionavam se não era o momento de desistir da adoção, a paulistana da Vila Nova Conceição bateu o pé e seguiu firme com seus planos. "Sempre quis adotar", diz ela. "Já me sinto grávida desse filho", emociona-se. Nathália não sabe o sexo, a etnia nem a idade do novo pupilo, que vai chegar antes da irmãzinha, Sofia. A ansiedade é tanta que já até montou o quartinho dos pequenos. Sim, os dois vão dividir o mesmo espaço e, é claro, o coração da nova mamãe. * Tássia Siegl de Godoi, 31 "Vai ser menina ou menino?" A resposta, a coordenadora de marketing Tássia Siegl de Godoi, 31, não quer saber. Prefere a surpresa da hora do nascimento. "É um desejo do meu marido", conta. "Já que não fizemos isso com o primeiro filho", diz, referindo-se a Antônio, de apenas um aninho. Nos próximos exames de ultrassom, quando já será possível descobrir o sexo do bebê, Tássia já tem em mente o que irá fazer. "Vou fechar os olhos", brinca. Como toda mãe, tem lá seus pressentimentos: "Acho que vai ser menino", palpita. Leva a mão à barriga e diz, emocionada: "Estou sentindo". Diante dessa indecisão, ela e o marido optaram por uma cor neutra na decoração do quarto do bebê. Quando sai às compras, a tentação é grande, e Tássia vive se "policiando": vestidinho rosa ou macacãozinho azul? Difícil escolha."Bate uma curiosidade de tempos em tempos, mas gosto desta experiência", afirma. No fundo, no fundo, porém, nas palavras dessa mamãe, "é um alívio não ter que se preocupar com o enxoval desde já". * Lia Camargo, 30 De maquiagem nude, vestido cinza e colete da mesma cor, a blogueira Lia Camargo desabafa: a gravidez lhe presenteou com um problema típico de adolescentes. "Minha pele ficou oleosa", lembra. "Saiu até espinha!" Acostumada a falar de moda e beleza para uma legião de quase 1 milhão de seguidores, Lia conta que a reação hormonal afetou sua rotina profissional. "Mal conseguia gravar vídeos e fazer fotos para postar." Aos 30 anos, ela espera seu primeiro filho. As mudanças, porém, não se restringiram ao corpo: a pauta do seu blog, "Just Lia", também ganhou novos contornos. Entre makes e penteados, agora escreve também sobre maternidade. "Dou dicas de looks para gestantes e falo até da decoração do quarto do bebê", empolga-se. Tem mais: o nome de seu filho desperta a curiosidade dos leitores. Entre as apostas, estão: Enzo, Erick e Rodrigo. E nem adianta perguntar qual será a sua escolha. "Só no blog", despista. Sempre conectada ao mundo virtual, uma coisa já é dada como certa por Lia: "Se meu filho não for 'tech', vai ser um pequeno nerd", brinca. * Thais Guin Catanzaro, 31 Se perguntarem para Thais Guin Catanzaro, 31, o que ela pretende ganhar de presente no próximo domingo (8), a resposta certamente virá em apenas duas palavrinhas: "day off" -em bom português, "dia de descanso". Grávida de sua segunda filha, Thais resolveu tomar uma decisão radical: largou o emprego na área de plataformas sociais para cuidar de sua primogênita, Bruna, há dois anos. "Foi a mais difícil que tomei, porque amava o meu trabalho", conta. "Agora, sou mãe." O que, convenhamos, já é muita coisa. Comparando as duas gestações, Thais afirma se sentir mais confiante e segura. Tanto que, mesmo com um barrigão, resolveu se aventurar em dos principais paraísos terrestres do planeta: o arquipélago de Fernando de Noronha, em março deste ano. Detalhe: só ela e o maridão. "Decidimos não levar a Bruna para poder descansar e fazer uma pequena lua de mel antes da chegada do segundo bebê." Foi a última viagem que fez. Mais um bom motivo para que o Dia das Mães seja um dia especial de descanso! * Fernanda Guerreiro, 29 Apaixonada por viagens, Fernanda Guerreiro, 29, já foi para Santiago, Buenos Aires e, seu destino favorito, os EUA, onde ficam os parques da Disney. Também, pudera: foi em uma casa temática do Mickey, em Orlando, que a Manuela, primeira filha da hoteleira, foi concebida. Desde de outubro de 2015, Fernanda aboliu, ao menos temporariamente, alguns destinos do Brasil, por causa da epidemia de zika. "Foi recomendação médica", diz ela. "Desde quando descobri que estava grávida fui orientada a evitar lugares com focos do mosquito. Até parei de visitar alguns parentes que moram longe, para não correr riscos", conta. A mãe já faz planos para a pequena. Nos primeiros anos de vida de Manuela, Fernanda deseja que a filha experimente os encantos do interior -ela nasceu em Águas de São Pedro (SP), onde vivem os avós maternos de Manu. "Quero que ela tenha um pouco da infância de quem cresce no interior, de brincar na rua e andar com os pés no chão", diz, saudosa. É claro que há, digamos, planos mais "ambiciosos", como visitar a Disney. Enquanto esse dia não chega, para entrar no clima, ela já tem em mente o tema da festa de um aninho: "Será da Minnie!", conta, empolgada. * Akemi Maitê Goulart Hotoshi, 34 "Vida bela"! Este é o significado de Miya. É assim que vai se chamar a primeira filha de Akemi Maitê Goulart Hotoshi, 34. A essência oriental não se restringe à escolha do nome de sua herdeira. Descendente de japoneses, a designer adota ensinamentos de sua cultura paterna em sua rotina de gestante. "Estou confeccionando enfeites do quarto dela", diz. "Também comecei a não usar sapatos dentro de casa", enfatiza, explicando que o hábito pode trazer sujeira e doenças. Entre outras lições de vida, a paulistana do Tatuapé, na zona leste, quer que sua pequena saiba a origem dos produtos e alimentos. E mais: deseja ainda que a criança siga a "filosofia do consumo consciente". "O mundo está meio caótico, mas acredito nas próximas gerações." Sobre o "lado B" da maternidade, Maitê conta que está sofrendo por causa de algumas restrições. "Não vejo a hora de poder comer peixe cru", brinca. Desejo de grávida é mesmo algo incontrolável: a lista inclui ainda doces (vários) e, acredite, limão (sim, a fruta azeda pura). * Agata Cardoso de Moraes, 22 Caótica, suja e abarrotada, São Paulo é um lugar que todo mundo ama odiar. A maior metrópole da América do Sul tem uma lista gigantesca de atrativos que seduzem moradores e forasteiros, mas para a modelo Agata Cardoso de Moraes, a capital paulista já deu! "Não é lugar para criar uma criança", diz ela. Apesar de ter apenas 22 anos, a modelo conhece bem os caminhos da maternidade. É mãe de Jorge, 3, e, em poucas semanas, dará à luz a Bento." Já decidi, mesmo com as oportunidades profissionais, vou criar meus filhos em uma cidade pequena", afirma. "Lá, eles terão mais qualidade de vida." Com 64 kg, olhos castanhos e cabelos raspados, a moça marcou sua despedida da cidade com um ensaio fotográfico feito para a sãopaulo. Seu destino, ao menos de morada, já está traçado: Ilha Comprida (SP), onde vivem seus parentes. A ideia é que seus pequenos se divirtam nas paisagens litorâneas, enquanto ela traça uma nova meta para o futuro. "Quero continuar modelando e voltar para São Paulo para alguns 'jobs'", planeja. Os 250 km que separam as duas cidades só serão obstáculos na hora em que a mãe precisar deixar os filhos, mesmo que por alguns dias, para trás. Agradecimento: HDA Models * Carolina Morinaga, 24 Durante mais ou menos 3.285 dias (nove anos), Carolina Morinaga, 24, aboliu a carme da sua dieta. Adepta a filosofias alternativas, como a permacultura (valorização de ambientes sustentáveis e produtivos), teve uma recaída quando passou perto de uma churrascaria paulistana. O cheiro de carne assada tomava conta da rua. Carol não segurou a tentação. O desejo de mãe falou mais alto: "Estava no quinto mês, entrei no restaurante e pedi logo uma costela", conta, entre risos. Não pense que ela abriu mão de seus princípios. "Ainda quero ter uma terra para poder cultivar meu próprio alimento", ressalta. Ao contrário da maioria dos partos no Brasil, o de Carolina será natural: mamãe ainda não sabe se será na banheira, no chuveiro, no banquinho ou até mesmo na cama. Para encarar essa experiência, ela pratica meditação e ioga, além de participar de palestras e cursos sobre parto humanizado. Entre uma aula e outra, costura as fraldas do filho. "Quero banir as descartáveis para tentar reduzir o lixo acumulado no nosso planeta."
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Mamães paulistanas falam sobre os desafios dos nove meses de gestaçãoGISELLE HIRATA PRISCILA CAMAZANO DE SÃO PAULO Nove meses, 42 semanas, mais ou menos 290 dias. Neste intervalo de tempo, dos pés à cabeça, o corpo todo, literalmente, entra em transformação. Não só ele. A rotina da futura mamãe também precisa se adaptar a uma nova realidade, que inclui uma bateria de exames, mudanças na dieta, nas atividades físicas e até mesmo na vida sexual. Ser mãe não é tarefa fácil, como atestam nove paulistanas, cada uma delas em um período de gestação. Todas elas, porém, não escondem os motivos que fazem do próximo domingo (8), Dia das Mães, uma data tão especial. Joyce Kissmann Leal de Medeiros, 35 "Depois de um ano e meio tentando engravidar, como você recebeu a notícia de que está esperando um filho?" A professora Joyce Kissmann Leal de Medeiros, 35, fez uma pausa e respondeu: "É uma longa história, mas, tive medo e fiquei preocupada". Em uma consulta de rotina, a médica solicitou uma série de exames. A ultrassonografia da mama detectou um nódulo no seio direito. "A ginecologista foi logo dizendo que era câncer", relata. Junto com o diagnóstico, a recomendação: engravidar estava fora de cogitação. "Surtei! Fiquei desesperada", lembra. Joyce foi submetida a uma biópsia. Durante o procedimento, sentiu-se mal. Antes mesmo de saber o resultado, testes de gravidez comprovaram uma suspeita: "Estava grávida e nem sabia se tinha câncer". A agonia durou três dias. Novos exames trouxeram alívio à futura mamãe. "Não era maligno", conta. A boa notícia foi uma libertação para a paulistana da Granja Julieta, que se apoiou na terapia e no marido para a semana mais difícil de sua vida até agora. "Foi o momento de, finalmente, curtir a minha gravidez." * Nathália Palma de Carvalho, 31 Difícil conter a felicidade de Nathália Palma de Carvalho, sorriso estampado no rosto durante a entrevista. Aos 31 anos, a publicitária alimentava um sonho desde a primeira semana de namoro com o marido, Luís Alexandre, há mais de cinco anos: ser mãe. Não é que o presente veio em dose dupla? E não se trata de gêmeos. O casal aguardava o processo de adoção de uma criança desde novembro de 2015. Em março deste ano, veio outra boa nova: Nathália estava grávida de uma menina. Apesar de opiniões alheias, que questionavam se não era o momento de desistir da adoção, a paulistana da Vila Nova Conceição bateu o pé e seguiu firme com seus planos. "Sempre quis adotar", diz ela. "Já me sinto grávida desse filho", emociona-se. Nathália não sabe o sexo, a etnia nem a idade do novo pupilo, que vai chegar antes da irmãzinha, Sofia. A ansiedade é tanta que já até montou o quartinho dos pequenos. Sim, os dois vão dividir o mesmo espaço e, é claro, o coração da nova mamãe. * Tássia Siegl de Godoi, 31 "Vai ser menina ou menino?" A resposta, a coordenadora de marketing Tássia Siegl de Godoi, 31, não quer saber. Prefere a surpresa da hora do nascimento. "É um desejo do meu marido", conta. "Já que não fizemos isso com o primeiro filho", diz, referindo-se a Antônio, de apenas um aninho. Nos próximos exames de ultrassom, quando já será possível descobrir o sexo do bebê, Tássia já tem em mente o que irá fazer. "Vou fechar os olhos", brinca. Como toda mãe, tem lá seus pressentimentos: "Acho que vai ser menino", palpita. Leva a mão à barriga e diz, emocionada: "Estou sentindo". Diante dessa indecisão, ela e o marido optaram por uma cor neutra na decoração do quarto do bebê. Quando sai às compras, a tentação é grande, e Tássia vive se "policiando": vestidinho rosa ou macacãozinho azul? Difícil escolha."Bate uma curiosidade de tempos em tempos, mas gosto desta experiência", afirma. No fundo, no fundo, porém, nas palavras dessa mamãe, "é um alívio não ter que se preocupar com o enxoval desde já". * Lia Camargo, 30 De maquiagem nude, vestido cinza e colete da mesma cor, a blogueira Lia Camargo desabafa: a gravidez lhe presenteou com um problema típico de adolescentes. "Minha pele ficou oleosa", lembra. "Saiu até espinha!" Acostumada a falar de moda e beleza para uma legião de quase 1 milhão de seguidores, Lia conta que a reação hormonal afetou sua rotina profissional. "Mal conseguia gravar vídeos e fazer fotos para postar." Aos 30 anos, ela espera seu primeiro filho. As mudanças, porém, não se restringiram ao corpo: a pauta do seu blog, "Just Lia", também ganhou novos contornos. Entre makes e penteados, agora escreve também sobre maternidade. "Dou dicas de looks para gestantes e falo até da decoração do quarto do bebê", empolga-se. Tem mais: o nome de seu filho desperta a curiosidade dos leitores. Entre as apostas, estão: Enzo, Erick e Rodrigo. E nem adianta perguntar qual será a sua escolha. "Só no blog", despista. Sempre conectada ao mundo virtual, uma coisa já é dada como certa por Lia: "Se meu filho não for 'tech', vai ser um pequeno nerd", brinca. * Thais Guin Catanzaro, 31 Se perguntarem para Thais Guin Catanzaro, 31, o que ela pretende ganhar de presente no próximo domingo (8), a resposta certamente virá em apenas duas palavrinhas: "day off" -em bom português, "dia de descanso". Grávida de sua segunda filha, Thais resolveu tomar uma decisão radical: largou o emprego na área de plataformas sociais para cuidar de sua primogênita, Bruna, há dois anos. "Foi a mais difícil que tomei, porque amava o meu trabalho", conta. "Agora, sou mãe." O que, convenhamos, já é muita coisa. Comparando as duas gestações, Thais afirma se sentir mais confiante e segura. Tanto que, mesmo com um barrigão, resolveu se aventurar em dos principais paraísos terrestres do planeta: o arquipélago de Fernando de Noronha, em março deste ano. Detalhe: só ela e o maridão. "Decidimos não levar a Bruna para poder descansar e fazer uma pequena lua de mel antes da chegada do segundo bebê." Foi a última viagem que fez. Mais um bom motivo para que o Dia das Mães seja um dia especial de descanso! * Fernanda Guerreiro, 29 Apaixonada por viagens, Fernanda Guerreiro, 29, já foi para Santiago, Buenos Aires e, seu destino favorito, os EUA, onde ficam os parques da Disney. Também, pudera: foi em uma casa temática do Mickey, em Orlando, que a Manuela, primeira filha da hoteleira, foi concebida. Desde de outubro de 2015, Fernanda aboliu, ao menos temporariamente, alguns destinos do Brasil, por causa da epidemia de zika. "Foi recomendação médica", diz ela. "Desde quando descobri que estava grávida fui orientada a evitar lugares com focos do mosquito. Até parei de visitar alguns parentes que moram longe, para não correr riscos", conta. A mãe já faz planos para a pequena. Nos primeiros anos de vida de Manuela, Fernanda deseja que a filha experimente os encantos do interior -ela nasceu em Águas de São Pedro (SP), onde vivem os avós maternos de Manu. "Quero que ela tenha um pouco da infância de quem cresce no interior, de brincar na rua e andar com os pés no chão", diz, saudosa. É claro que há, digamos, planos mais "ambiciosos", como visitar a Disney. Enquanto esse dia não chega, para entrar no clima, ela já tem em mente o tema da festa de um aninho: "Será da Minnie!", conta, empolgada. * Akemi Maitê Goulart Hotoshi, 34 "Vida bela"! Este é o significado de Miya. É assim que vai se chamar a primeira filha de Akemi Maitê Goulart Hotoshi, 34. A essência oriental não se restringe à escolha do nome de sua herdeira. Descendente de japoneses, a designer adota ensinamentos de sua cultura paterna em sua rotina de gestante. "Estou confeccionando enfeites do quarto dela", diz. "Também comecei a não usar sapatos dentro de casa", enfatiza, explicando que o hábito pode trazer sujeira e doenças. Entre outras lições de vida, a paulistana do Tatuapé, na zona leste, quer que sua pequena saiba a origem dos produtos e alimentos. E mais: deseja ainda que a criança siga a "filosofia do consumo consciente". "O mundo está meio caótico, mas acredito nas próximas gerações." Sobre o "lado B" da maternidade, Maitê conta que está sofrendo por causa de algumas restrições. "Não vejo a hora de poder comer peixe cru", brinca. Desejo de grávida é mesmo algo incontrolável: a lista inclui ainda doces (vários) e, acredite, limão (sim, a fruta azeda pura). * Agata Cardoso de Moraes, 22 Caótica, suja e abarrotada, São Paulo é um lugar que todo mundo ama odiar. A maior metrópole da América do Sul tem uma lista gigantesca de atrativos que seduzem moradores e forasteiros, mas para a modelo Agata Cardoso de Moraes, a capital paulista já deu! "Não é lugar para criar uma criança", diz ela. Apesar de ter apenas 22 anos, a modelo conhece bem os caminhos da maternidade. É mãe de Jorge, 3, e, em poucas semanas, dará à luz a Bento." Já decidi, mesmo com as oportunidades profissionais, vou criar meus filhos em uma cidade pequena", afirma. "Lá, eles terão mais qualidade de vida." Com 64 kg, olhos castanhos e cabelos raspados, a moça marcou sua despedida da cidade com um ensaio fotográfico feito para a sãopaulo. Seu destino, ao menos de morada, já está traçado: Ilha Comprida (SP), onde vivem seus parentes. A ideia é que seus pequenos se divirtam nas paisagens litorâneas, enquanto ela traça uma nova meta para o futuro. "Quero continuar modelando e voltar para São Paulo para alguns 'jobs'", planeja. Os 250 km que separam as duas cidades só serão obstáculos na hora em que a mãe precisar deixar os filhos, mesmo que por alguns dias, para trás. Agradecimento: HDA Models * Carolina Morinaga, 24 Durante mais ou menos 3.285 dias (nove anos), Carolina Morinaga, 24, aboliu a carme da sua dieta. Adepta a filosofias alternativas, como a permacultura (valorização de ambientes sustentáveis e produtivos), teve uma recaída quando passou perto de uma churrascaria paulistana. O cheiro de carne assada tomava conta da rua. Carol não segurou a tentação. O desejo de mãe falou mais alto: "Estava no quinto mês, entrei no restaurante e pedi logo uma costela", conta, entre risos. Não pense que ela abriu mão de seus princípios. "Ainda quero ter uma terra para poder cultivar meu próprio alimento", ressalta. Ao contrário da maioria dos partos no Brasil, o de Carolina será natural: mamãe ainda não sabe se será na banheira, no chuveiro, no banquinho ou até mesmo na cama. Para encarar essa experiência, ela pratica meditação e ioga, além de participar de palestras e cursos sobre parto humanizado. Entre uma aula e outra, costura as fraldas do filho. "Quero banir as descartáveis para tentar reduzir o lixo acumulado no nosso planeta."
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O impeachment de Donald Trump
Donald Trump começou sua presidência em guerra com a imprensa. No dia seguinte à sua posse, foi alvo do maior protesto da história dos Estados Unidos. Já há quem fale em impeachment. A Constituição dos EUA veda que o presidente receba valores de outros governos, mas Trump segue dono de negócios que o fazem. Há dúvidas quanto à integridade de sua situação fiscal. A relação entre Rússia e as eleições segue polêmica. E há, claro, receio de que ele se mostre um presidente disfuncional e aquém da respeitabilidade do cargo. Nos EUA, como no Brasil, o impeachment tensiona o direito e a política. Em mais de dois séculos, foi usado sobretudo contra membros do Executivo e Judiciário. A história guia sua compreensão. Houve abusos do instituto, como no processo contra Bill Clinton (1999), julgado –e absolvido– por resistir à confissão de um caso extraconjugal. O juiz Charles Swayne, réu confesso de desvios no cargo, foi absolvido (1905) pois o Senado não considerou seus crimes graves o bastante. A barreira a ser superada é propositalmente alta, portanto. Há clareza quanto ao risco que o impeachment traz à independência dos Poderes, e grande precaução em sacrificar instituições duradouras em troca de ganhos políticos imediatos. Os dois presidentes julgados, Clinton e Johnson (1868), foram absolvidos com votos da oposição. No lado político, a conta tampouco é simples. Um impeachment empossaria o vice Mike Pence. Ele é tão extremado como Trump, mas, político profissional, não se porta como um bufão. Trump catalisa oposição contra si de maneira ímpar, algo relevante quando o voto é facultativo. Vendo Trump envergonhar a si e ao seu partido, alguns democratas podem preferir vê-lo sangrar no cargo a trocá-lo por Pence. Em um sistema de dois partidos, o impeachment precisa que ambos os partidos entendam que o presidente foi longe demais. Apenas com Nixon (1974) esse parece ter sido o caso. Se Trump é um teste às instituições americanas, as primeiras já falharam. Os "pais fundadores" não queriam alguém como ele na presidência. Os colégios eleitorais foram concebidos para impedir que um populista extremado levasse conflitos de natureza facciosa para o centro decisório da nação. Mas não havia, à época, o atual sistema de partidos; e muito menos prévias partidárias, onde a indicação é disputada entre os já filiados à legenda. Nelas, vence quem fala melhor às bases, e Trump deu-se bem abusando do discurso radical. Tomou de assalto a candidatura de seu partido. Igualmente, os fundadores não imaginavam uma presidência com os enormes poderes da atual. Como aristocratas do século 18, temiam o Legislativo, não o Executivo. Ao longo de várias décadas, contudo, democratas e republicanos agigantaram a Casa Branca que Trump herdou. O Executivo hoje dispõe de núcleos internos de inteligência onde trabalham alguns dos maiores juristas do país. Seu trabalho é produzir doutrina que sustente as iniciativas presidenciais. Bush autorizou torturas amparado por memorandos de um professor de Berkeley; Obama autorizou ataques letais por drones amparado em um memorando de um professor de Harvard. No esquema original, não havia um rival do Judiciário a serviço do Executivo. Os fundadores não previram uma Casa Branca tão potente nas mãos de alguém como Trump. Mas a cautela quanto ao impeachment nos EUA é grande, porque é forte a ideia de que a presidência é maior do que seu ocupante. Será preciso um conjunto de fatos objetivos graves, além de consenso bipartidário de que sua permanência seja a pior alternativa. A equação não é simples. RAFAEL MAFEI RABELO QUEIROZ, professor da Faculdade de Direito da USP, é pesquisador visitante da American University, em Washington (EUA) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
opiniao
O impeachment de Donald TrumpDonald Trump começou sua presidência em guerra com a imprensa. No dia seguinte à sua posse, foi alvo do maior protesto da história dos Estados Unidos. Já há quem fale em impeachment. A Constituição dos EUA veda que o presidente receba valores de outros governos, mas Trump segue dono de negócios que o fazem. Há dúvidas quanto à integridade de sua situação fiscal. A relação entre Rússia e as eleições segue polêmica. E há, claro, receio de que ele se mostre um presidente disfuncional e aquém da respeitabilidade do cargo. Nos EUA, como no Brasil, o impeachment tensiona o direito e a política. Em mais de dois séculos, foi usado sobretudo contra membros do Executivo e Judiciário. A história guia sua compreensão. Houve abusos do instituto, como no processo contra Bill Clinton (1999), julgado –e absolvido– por resistir à confissão de um caso extraconjugal. O juiz Charles Swayne, réu confesso de desvios no cargo, foi absolvido (1905) pois o Senado não considerou seus crimes graves o bastante. A barreira a ser superada é propositalmente alta, portanto. Há clareza quanto ao risco que o impeachment traz à independência dos Poderes, e grande precaução em sacrificar instituições duradouras em troca de ganhos políticos imediatos. Os dois presidentes julgados, Clinton e Johnson (1868), foram absolvidos com votos da oposição. No lado político, a conta tampouco é simples. Um impeachment empossaria o vice Mike Pence. Ele é tão extremado como Trump, mas, político profissional, não se porta como um bufão. Trump catalisa oposição contra si de maneira ímpar, algo relevante quando o voto é facultativo. Vendo Trump envergonhar a si e ao seu partido, alguns democratas podem preferir vê-lo sangrar no cargo a trocá-lo por Pence. Em um sistema de dois partidos, o impeachment precisa que ambos os partidos entendam que o presidente foi longe demais. Apenas com Nixon (1974) esse parece ter sido o caso. Se Trump é um teste às instituições americanas, as primeiras já falharam. Os "pais fundadores" não queriam alguém como ele na presidência. Os colégios eleitorais foram concebidos para impedir que um populista extremado levasse conflitos de natureza facciosa para o centro decisório da nação. Mas não havia, à época, o atual sistema de partidos; e muito menos prévias partidárias, onde a indicação é disputada entre os já filiados à legenda. Nelas, vence quem fala melhor às bases, e Trump deu-se bem abusando do discurso radical. Tomou de assalto a candidatura de seu partido. Igualmente, os fundadores não imaginavam uma presidência com os enormes poderes da atual. Como aristocratas do século 18, temiam o Legislativo, não o Executivo. Ao longo de várias décadas, contudo, democratas e republicanos agigantaram a Casa Branca que Trump herdou. O Executivo hoje dispõe de núcleos internos de inteligência onde trabalham alguns dos maiores juristas do país. Seu trabalho é produzir doutrina que sustente as iniciativas presidenciais. Bush autorizou torturas amparado por memorandos de um professor de Berkeley; Obama autorizou ataques letais por drones amparado em um memorando de um professor de Harvard. No esquema original, não havia um rival do Judiciário a serviço do Executivo. Os fundadores não previram uma Casa Branca tão potente nas mãos de alguém como Trump. Mas a cautela quanto ao impeachment nos EUA é grande, porque é forte a ideia de que a presidência é maior do que seu ocupante. Será preciso um conjunto de fatos objetivos graves, além de consenso bipartidário de que sua permanência seja a pior alternativa. A equação não é simples. RAFAEL MAFEI RABELO QUEIROZ, professor da Faculdade de Direito da USP, é pesquisador visitante da American University, em Washington (EUA) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Reforma do terminal Parelheiros muda embarque de usuários por 1 mês
As mais de 55 mil pessoas que utilizam diariamente o terminal Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, deverão ficar atentas a partir deste sábado (20) ao tentar embarcar em uma das 17 linhas de ônibus. O terminal ficará fechado por 30 dias para que seja refeita a cobertura, danificada em maio passado. A SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros), responsável pela gestão dos terminais urbanos, informou que a cobertura do terminal, que era de lona, foi arrancada com as fortes chuvas que atingiram a capital paulista na época. A nova cobertura, segundo o sindicato, terá estrutura metálica e telhas travadas, de forma a evitar problemas com precipitações atmosféricas. A reforma também inclui a recuperação do pavimento, degastado pelo tráfego dos coletivos. Segundo a SPUrbanuss, a obra custará R$ 230 mil. Durante o período de obras, as 17 linhas de ônibus que param no terminal Parelheiros atenderão os passageiros em outros pontos (confira abaixo os locais). O sindicato informou ainda que agentes da Socicam, empresa que administra os terminais, estarão no local para auxiliar os passageiros. Além disso, faixas também foram espalhadas no entorno. - 6000-10 Term. Parelheiros - Term. Santo Amaro 6000-22 Term. Parelheiros - Pça. Suzana Rodrigues 695Y-10 Term. Parelheiros - Metrô Vila Mariana 695Y-21 Term. Parelheiros - Estação Autódromo 695Y-22 Term. Parelheiros - Borba Gato 695Y-41 Colégio Santa Maria - Term. Parelheiros. Ponto Final: rua Nacip Haydan, s/nº (lateral do CEU/EMEF Manoel Vieira de Queiroz Filho). Itinerário: Ida: rua Nacip Haydan, acesso, rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal Volta: Normal até a Estrada da Colônia e rua Nacip Haydan. * 6L02-10 Jd. Eucaliptos - Terminal Parelheiros. 6L03-10 Cipó do Meio - Terminal Parelheiros. Ponto Final: rua Gentil Schunck Roschel, altura do nº 79 (lateral do EMEI José Rschel Christi Juca Rocha). Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia, rua Juvenal Luz, rua Mario Trape e rua Gentil Schunck Roschel. Volta: rua Gentil Schunck Roschel, rua Nacip Haydan, acesso,rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal. * 6L04-10 Jd. Oriental/Fontes - Terminal Parelheiros. 6L04-41 Jd. Fontes - Terminal Parelheiros. 6L04-42 Jd. Oriental - Terminal Parelheiros. Ponto Final: Estrada da Colônia, s/nº (lateral do Terminal Parelheiros) Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia e lateral do Terminal Parelheiros. Volta: Estrada da Colônia, retorno próximo a rua Romualdo Christe (Ant. rua Terezinha Prado de Oliveira), estrada da Colônia, rua Gentil Schunck Roschel, rua Nacip Haydan, acesso, rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal * 6L05-10 Barragem - Terminal Parelheiros. 6L05-21 Cidade Nova América - Terminal Parelheiros. 6L08-10 Jd. São Nicolau - Terminal Parelheiros. Ponto Final: Estrada da Colônia, s/nº (lateral do Terminal Parelheiros) Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia, rua Juvenal Luz, rua Mario Trape, rua Gentil Schunck Roschel e estrada da Colônia. Volta: Estrada da Colônia, prosseguindo normal.
cotidiano
Reforma do terminal Parelheiros muda embarque de usuários por 1 mêsAs mais de 55 mil pessoas que utilizam diariamente o terminal Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, deverão ficar atentas a partir deste sábado (20) ao tentar embarcar em uma das 17 linhas de ônibus. O terminal ficará fechado por 30 dias para que seja refeita a cobertura, danificada em maio passado. A SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros), responsável pela gestão dos terminais urbanos, informou que a cobertura do terminal, que era de lona, foi arrancada com as fortes chuvas que atingiram a capital paulista na época. A nova cobertura, segundo o sindicato, terá estrutura metálica e telhas travadas, de forma a evitar problemas com precipitações atmosféricas. A reforma também inclui a recuperação do pavimento, degastado pelo tráfego dos coletivos. Segundo a SPUrbanuss, a obra custará R$ 230 mil. Durante o período de obras, as 17 linhas de ônibus que param no terminal Parelheiros atenderão os passageiros em outros pontos (confira abaixo os locais). O sindicato informou ainda que agentes da Socicam, empresa que administra os terminais, estarão no local para auxiliar os passageiros. Além disso, faixas também foram espalhadas no entorno. - 6000-10 Term. Parelheiros - Term. Santo Amaro 6000-22 Term. Parelheiros - Pça. Suzana Rodrigues 695Y-10 Term. Parelheiros - Metrô Vila Mariana 695Y-21 Term. Parelheiros - Estação Autódromo 695Y-22 Term. Parelheiros - Borba Gato 695Y-41 Colégio Santa Maria - Term. Parelheiros. Ponto Final: rua Nacip Haydan, s/nº (lateral do CEU/EMEF Manoel Vieira de Queiroz Filho). Itinerário: Ida: rua Nacip Haydan, acesso, rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal Volta: Normal até a Estrada da Colônia e rua Nacip Haydan. * 6L02-10 Jd. Eucaliptos - Terminal Parelheiros. 6L03-10 Cipó do Meio - Terminal Parelheiros. Ponto Final: rua Gentil Schunck Roschel, altura do nº 79 (lateral do EMEI José Rschel Christi Juca Rocha). Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia, rua Juvenal Luz, rua Mario Trape e rua Gentil Schunck Roschel. Volta: rua Gentil Schunck Roschel, rua Nacip Haydan, acesso,rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal. * 6L04-10 Jd. Oriental/Fontes - Terminal Parelheiros. 6L04-41 Jd. Fontes - Terminal Parelheiros. 6L04-42 Jd. Oriental - Terminal Parelheiros. Ponto Final: Estrada da Colônia, s/nº (lateral do Terminal Parelheiros) Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia e lateral do Terminal Parelheiros. Volta: Estrada da Colônia, retorno próximo a rua Romualdo Christe (Ant. rua Terezinha Prado de Oliveira), estrada da Colônia, rua Gentil Schunck Roschel, rua Nacip Haydan, acesso, rua São Sebastião da Barra, rua Euzébio Coghi, prosseguindo normal * 6L05-10 Barragem - Terminal Parelheiros. 6L05-21 Cidade Nova América - Terminal Parelheiros. 6L08-10 Jd. São Nicolau - Terminal Parelheiros. Ponto Final: Estrada da Colônia, s/nº (lateral do Terminal Parelheiros) Itinerário: Ida: Normal até a Estrada da Colônia, rua Juvenal Luz, rua Mario Trape, rua Gentil Schunck Roschel e estrada da Colônia. Volta: Estrada da Colônia, prosseguindo normal.
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Elza Soares prepara seu primeiro disco só de inéditas e diz viver o agora
Elza Soares quer retocar a fênix que tatuou na batata da perna em 2007. "Porque eu sou uma delas, estou sempre renascendo de alguma coisa." A nova encarnação será em "A Mulher do Fim do Mundo", "um disco totalmente inédito pela primeira vez na minha carreira", conta. São dez músicas que rondam sexo, morte e negritude, compostas para ela por paulistas como José Miguel Wisnik, Romulo Fróes e Celso Sim?que define o trabalho como "punk-samba". Leia a entrevista completa em http://folha.com/no1637924 —————————————-­———————– Reportagem: Anna Virginia Balloussier Fotografia: João Wainer
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Elza Soares prepara seu primeiro disco só de inéditas e diz viver o agoraElza Soares quer retocar a fênix que tatuou na batata da perna em 2007. "Porque eu sou uma delas, estou sempre renascendo de alguma coisa." A nova encarnação será em "A Mulher do Fim do Mundo", "um disco totalmente inédito pela primeira vez na minha carreira", conta. São dez músicas que rondam sexo, morte e negritude, compostas para ela por paulistas como José Miguel Wisnik, Romulo Fróes e Celso Sim?que define o trabalho como "punk-samba". Leia a entrevista completa em http://folha.com/no1637924 —————————————-­———————– Reportagem: Anna Virginia Balloussier Fotografia: João Wainer
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O homem que explodiu estátuas históricas para o Taleban
Mirza Hussain tinha 26 anos quando líderes do Taleban ordenaram que ele colocasse bombas nas famosas estátuas de Budas em sua província natal, Bamiyan, no Afeganistão. As antigas esculturas de arenito, que chegaram a ser as mais altas estátuas de Buda do mundo, foram aniquiladas em um ato de destruição que chocou o mundo e abriu precedente para o recente vandalismo de antiguidades iraquianas por parte de combatentes do grupo autodenominado "Estado Islâmico". Passados 14 anos desde a destruição dos Budas, muito mudou no Afeganistão. Mas Mirza ainda se lembra com detalhes do episódio. "Primeiro, eles atingiram os Budas com tanques e disparos. Quando viram que não fazia efeito, colocaram explosivos para destruí-los", disse à BBC. Foi quando Mirza foi recrutado, junto a outros moradores da região que estavam sob o poder do Talibã. Como a maioria da população da cidade de Bamiyan, Mirza é um muçulmano xiita - portanto, era visto como um inimigo e um infiel sob os olhos do Talibã, que é um grupo muçulmano sunita. O grupo tomou controle da província em maio de 1999, depois de meses de combate. Moradores fugiram ou foram capturados. "Eu estava junto com 25 prisioneiros. Não havia civis na cidade, apenas combatentes do Talibã", recorda Mirza. "Fomos escolhidos porque não havia mais ninguém. Éramos prisioneiros e tratados como pessoas que poderiam ser descartadas a qualquer momento." ARMAS E DINAMITE Mirza conversou com a BBC diante dos majestosos penhascos de Bamiyan onde, até 2001, estavam as estátuas gigantes. Ele contou que o Talibã levou armas e dinamite para detonar no local. Ele e os demais reféns esperavam morrer a qualquer momento, fosse nas explosões ou nas mãos dos guardas. "Quando um dos homens, que tinha um problema na perna, não conseguiu mais carregar os explosivos, o Talebã atirou nele na hora e deu o corpo a outro prisioneiro, para que ele o descartasse." Segundo Mirza, os homens passaram três dias colocando os explosivos ao redor das estátuas, de até 55m de altura. Foram detonados aos gritos de "Allah Akbar" (Deus é grande). Foram necessários diversos dias para destruir as esculturas - que remetiam ao século 6, quando Bamiyan era um local sagrado para o budismo. Mesmo diante da condenação internacional, o Talibã não recuou. Mirza diz que mais explosivos foram levados ao local. "A partir de então, eles faziam duas ou três explosões por dia para destruir os budas completamente. Fazíamos buracos nas estátuas para plantar dinamite. Não tínhamos as ferramentas adequadas. O processo todo durou 25 dias." Os reféns eram alimentados com pequenas porções de arroz e pão, e Mirza diz que durante todo esse tempo ele usou a mesma roupa e um fino cobertor para se proteger nas noites frias. Quando as estátuas foram finalmente destruídas, o Talibã comemorou. "Eles dispararam tiros ao ar, dançaram e levaram nove vacas para serem sacrificadas." SEM ESCOLHA Mirza diz que hoje se sente seguro em Bamiyan e espera que o governo e doadores estrangeiros reconstruam as estátuas. Quanto ao seu papel na destruição, ele só sente remorso. "Lamentei na época, lamento agora e sempre lamentarei", diz. "Mas não tinha como resistir, não tinha escolha, porque eles teriam me matado." Seu desejo pela reconstrução, no entanto, provavelmente não será realizado, pelo menos não no futuro próximo. Arrastou-se por anos um debate sobre reconstruir ao menos uma das estátuas ou deixar seus buracos gigantes como uma recordação da destruição. Para moradores como Mirza, conservar a herança histórica da região não significa apenas preservar a identidade de Bamiyan, mas também construir um futuro sustentável calcado no turismo.
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O homem que explodiu estátuas históricas para o TalebanMirza Hussain tinha 26 anos quando líderes do Taleban ordenaram que ele colocasse bombas nas famosas estátuas de Budas em sua província natal, Bamiyan, no Afeganistão. As antigas esculturas de arenito, que chegaram a ser as mais altas estátuas de Buda do mundo, foram aniquiladas em um ato de destruição que chocou o mundo e abriu precedente para o recente vandalismo de antiguidades iraquianas por parte de combatentes do grupo autodenominado "Estado Islâmico". Passados 14 anos desde a destruição dos Budas, muito mudou no Afeganistão. Mas Mirza ainda se lembra com detalhes do episódio. "Primeiro, eles atingiram os Budas com tanques e disparos. Quando viram que não fazia efeito, colocaram explosivos para destruí-los", disse à BBC. Foi quando Mirza foi recrutado, junto a outros moradores da região que estavam sob o poder do Talibã. Como a maioria da população da cidade de Bamiyan, Mirza é um muçulmano xiita - portanto, era visto como um inimigo e um infiel sob os olhos do Talibã, que é um grupo muçulmano sunita. O grupo tomou controle da província em maio de 1999, depois de meses de combate. Moradores fugiram ou foram capturados. "Eu estava junto com 25 prisioneiros. Não havia civis na cidade, apenas combatentes do Talibã", recorda Mirza. "Fomos escolhidos porque não havia mais ninguém. Éramos prisioneiros e tratados como pessoas que poderiam ser descartadas a qualquer momento." ARMAS E DINAMITE Mirza conversou com a BBC diante dos majestosos penhascos de Bamiyan onde, até 2001, estavam as estátuas gigantes. Ele contou que o Talibã levou armas e dinamite para detonar no local. Ele e os demais reféns esperavam morrer a qualquer momento, fosse nas explosões ou nas mãos dos guardas. "Quando um dos homens, que tinha um problema na perna, não conseguiu mais carregar os explosivos, o Talebã atirou nele na hora e deu o corpo a outro prisioneiro, para que ele o descartasse." Segundo Mirza, os homens passaram três dias colocando os explosivos ao redor das estátuas, de até 55m de altura. Foram detonados aos gritos de "Allah Akbar" (Deus é grande). Foram necessários diversos dias para destruir as esculturas - que remetiam ao século 6, quando Bamiyan era um local sagrado para o budismo. Mesmo diante da condenação internacional, o Talibã não recuou. Mirza diz que mais explosivos foram levados ao local. "A partir de então, eles faziam duas ou três explosões por dia para destruir os budas completamente. Fazíamos buracos nas estátuas para plantar dinamite. Não tínhamos as ferramentas adequadas. O processo todo durou 25 dias." Os reféns eram alimentados com pequenas porções de arroz e pão, e Mirza diz que durante todo esse tempo ele usou a mesma roupa e um fino cobertor para se proteger nas noites frias. Quando as estátuas foram finalmente destruídas, o Talibã comemorou. "Eles dispararam tiros ao ar, dançaram e levaram nove vacas para serem sacrificadas." SEM ESCOLHA Mirza diz que hoje se sente seguro em Bamiyan e espera que o governo e doadores estrangeiros reconstruam as estátuas. Quanto ao seu papel na destruição, ele só sente remorso. "Lamentei na época, lamento agora e sempre lamentarei", diz. "Mas não tinha como resistir, não tinha escolha, porque eles teriam me matado." Seu desejo pela reconstrução, no entanto, provavelmente não será realizado, pelo menos não no futuro próximo. Arrastou-se por anos um debate sobre reconstruir ao menos uma das estátuas ou deixar seus buracos gigantes como uma recordação da destruição. Para moradores como Mirza, conservar a herança histórica da região não significa apenas preservar a identidade de Bamiyan, mas também construir um futuro sustentável calcado no turismo.
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Medo de zika faz brasileiras adiarem plano de ser mãe
Muitas mulheres brasileiras escolheram adiar os planos de gravidez devido a epidemia de zika no país, revelou um estudo divulgado nesta quinta (22). Os dados, que foram publicados no "Journal of Family Planning and Reproductive Health Care", fazem parte da Pesquisa Nacional de Aborto 2016 (PNA 2016). O objetivo da PNA 2016 foi estimar a magnitude do aborto no Brasil e, para isso, realizou um inquérito domiciliar com 2.002 mulheres com idade de 18 a 39 anos, alfabetizadas e residentes em centros urbanos. Entre as perguntas presentes no formulário havia uma relacionada à zika e o adiamento da gravidez. O medo do vírus fez com que 56% das entrevistadas adiassem ou tentassem adiar engravidar no ano de 2016. Enquanto isso, 27% não se preocuparam em evitar a gravidez por conta da epidemia e 16% não planejavam ter filhos, independentemente do vírus da zika. Segundo os autores, o resultado lança luz sobre a necessidade de tornar mais eficaz e simples o acesso a contraceptivos, inclusive os de longa duração, como DIUs (dispositivos intrauterinos) e implantes hormonais -atualmente não disponíveis na rede de saúde pública. "O Brasil precisa, urgentemente, reavaliar suas políticas de saúde reprodutiva para garantir melhor acesso a informações e métodos contraceptivos", dizem os pesquisadores no estudo. Os resultados também foram relacionados com a questão do aborto. "O elevado número de mulheres que evitou engravidar devido ao vírus da zika indica que a resposta do governo brasileiro deve se concentrar na questão de saúde reprodutiva. Isso inclui a revisão da contínua criminalização do aborto", afirmam. Possivelmente devido à concentração de casos de zika e microcefalia no nordestes brasileiro, mais mulheres nordestinas (66%) afirmaram ter evitado engravidar. Enquanto isso, 46% das do sudeste disseram ter adiado os planos de gravidez. Entre brasileiras negras e pardas, respectivamente 64% e 56% evitaram engravidar. Entre as brancas, o valor fica em 51%. Isso demonstraria, de acordo com os autores, o impacto da epidemia mais acentuado em determinados grupos étnicos. O estudo, realizado em junho desse ano, foi liderado por Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília. Neste ano, segundo o Ministério da Saúde, houve 211 mil casos prováveis de zika no Brasil.
equilibrioesaude
Medo de zika faz brasileiras adiarem plano de ser mãeMuitas mulheres brasileiras escolheram adiar os planos de gravidez devido a epidemia de zika no país, revelou um estudo divulgado nesta quinta (22). Os dados, que foram publicados no "Journal of Family Planning and Reproductive Health Care", fazem parte da Pesquisa Nacional de Aborto 2016 (PNA 2016). O objetivo da PNA 2016 foi estimar a magnitude do aborto no Brasil e, para isso, realizou um inquérito domiciliar com 2.002 mulheres com idade de 18 a 39 anos, alfabetizadas e residentes em centros urbanos. Entre as perguntas presentes no formulário havia uma relacionada à zika e o adiamento da gravidez. O medo do vírus fez com que 56% das entrevistadas adiassem ou tentassem adiar engravidar no ano de 2016. Enquanto isso, 27% não se preocuparam em evitar a gravidez por conta da epidemia e 16% não planejavam ter filhos, independentemente do vírus da zika. Segundo os autores, o resultado lança luz sobre a necessidade de tornar mais eficaz e simples o acesso a contraceptivos, inclusive os de longa duração, como DIUs (dispositivos intrauterinos) e implantes hormonais -atualmente não disponíveis na rede de saúde pública. "O Brasil precisa, urgentemente, reavaliar suas políticas de saúde reprodutiva para garantir melhor acesso a informações e métodos contraceptivos", dizem os pesquisadores no estudo. Os resultados também foram relacionados com a questão do aborto. "O elevado número de mulheres que evitou engravidar devido ao vírus da zika indica que a resposta do governo brasileiro deve se concentrar na questão de saúde reprodutiva. Isso inclui a revisão da contínua criminalização do aborto", afirmam. Possivelmente devido à concentração de casos de zika e microcefalia no nordestes brasileiro, mais mulheres nordestinas (66%) afirmaram ter evitado engravidar. Enquanto isso, 46% das do sudeste disseram ter adiado os planos de gravidez. Entre brasileiras negras e pardas, respectivamente 64% e 56% evitaram engravidar. Entre as brancas, o valor fica em 51%. Isso demonstraria, de acordo com os autores, o impacto da epidemia mais acentuado em determinados grupos étnicos. O estudo, realizado em junho desse ano, foi liderado por Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília. Neste ano, segundo o Ministério da Saúde, houve 211 mil casos prováveis de zika no Brasil.
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Obra relata exílio impune de nazistas na América do Sul
As condenações dos tribunais de Nuremberg, entre 1945 e 1946, trouxeram alguma resposta aos que cobravam punição aos nazistas pelos crimes contra a humanidade na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas uma parte significativa deles conseguiu desfrutar de uma vida quase normal. Muitos fugiram para a América do Sul, onde passaram por cidadãos comuns durante anos. A busca da impunidade em terras distantes é o tema do livro "Nazistas entre nós - A trajetória dos oficiais de Hitler depois da guerra", do jornalista e historiador Marcos Guterman. O autor se debruça sobre seis nazistas que cruzaram o Atlântico. Um deles, considerado o arquiteto do Holocausto, é Adolf Eichmann (1906-1962), que se radicou na Argentina até ser sequestrado pelo Mossad, o serviço secreto israelense, julgado e condenado à morte. O personagem mais conhecido dos brasileiros, porém, é Josef Mengele (1911-1979), o médico responsável por decidir quem ia direto à morte no campo de Auschwitz e quem lhe serviria de cobaia para cruéis experiências pseudo-científicas. Mengele passou por Argentina e Paraguai até encontrar abrigo no Brasil, onde morreu impune, afogado numa praia em Bertioga. O autor faz uma boa síntese do périplo do chamado "Anjo da Morte", mas fica a impressão de que poderia ter avançado mais na pesquisa sobre os personagens em torno de Mengele no Brasil, especialmente os que o acobertaram. Alguém ainda está vivo? Se sim, do que se lembra do nazista? Que imagem ele deixou para as famílias com quem se relacionou? Ao longo do livro, Guterman expõe as razões pelas quais esses criminosos puderam escapar e foram julgados tardiamente ou nem isso. As "ratlines" ("linhas de ratos"), como eram conhecidas as redes de fuga de ex-oficiais nazistas, só funcionaram com ajuda de simpatizantes de Hitler, entre eles membros da Igreja e de instituições como a Cruz Vermelha. Some-se a isso o interesse dos EUA de contar com a "expertise" de nazistas para combater comunistas na Europa. Obcecados em conter a União Soviética na Guerra Fria, os americanos muitas vezes fecharam os olhos para o passado desses alemães. Por fim, houve a conivência das ditaduras sul-americanas, que ou foram indiferentes com a presença de ex-colaboradores de Hitler (caso do Brasil) ou os receberam com interesse em fazer alianças para repreender opositores de esquerda. Diante desse cenário, diz Guterman, "estava aberto o caminho para a impunidade de terríveis criminosos de guerra, vergonha da qual o mundo jamais se recuperou". O lançamento será nesta segunda-feira (12), às 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo. Nazistas entre nós QUANTO: R$ 39,90 (192 PÁGINAS) AUTOR: MARCOS GUTERMAN EDITORA: CONTEXTO
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Obra relata exílio impune de nazistas na América do SulAs condenações dos tribunais de Nuremberg, entre 1945 e 1946, trouxeram alguma resposta aos que cobravam punição aos nazistas pelos crimes contra a humanidade na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas uma parte significativa deles conseguiu desfrutar de uma vida quase normal. Muitos fugiram para a América do Sul, onde passaram por cidadãos comuns durante anos. A busca da impunidade em terras distantes é o tema do livro "Nazistas entre nós - A trajetória dos oficiais de Hitler depois da guerra", do jornalista e historiador Marcos Guterman. O autor se debruça sobre seis nazistas que cruzaram o Atlântico. Um deles, considerado o arquiteto do Holocausto, é Adolf Eichmann (1906-1962), que se radicou na Argentina até ser sequestrado pelo Mossad, o serviço secreto israelense, julgado e condenado à morte. O personagem mais conhecido dos brasileiros, porém, é Josef Mengele (1911-1979), o médico responsável por decidir quem ia direto à morte no campo de Auschwitz e quem lhe serviria de cobaia para cruéis experiências pseudo-científicas. Mengele passou por Argentina e Paraguai até encontrar abrigo no Brasil, onde morreu impune, afogado numa praia em Bertioga. O autor faz uma boa síntese do périplo do chamado "Anjo da Morte", mas fica a impressão de que poderia ter avançado mais na pesquisa sobre os personagens em torno de Mengele no Brasil, especialmente os que o acobertaram. Alguém ainda está vivo? Se sim, do que se lembra do nazista? Que imagem ele deixou para as famílias com quem se relacionou? Ao longo do livro, Guterman expõe as razões pelas quais esses criminosos puderam escapar e foram julgados tardiamente ou nem isso. As "ratlines" ("linhas de ratos"), como eram conhecidas as redes de fuga de ex-oficiais nazistas, só funcionaram com ajuda de simpatizantes de Hitler, entre eles membros da Igreja e de instituições como a Cruz Vermelha. Some-se a isso o interesse dos EUA de contar com a "expertise" de nazistas para combater comunistas na Europa. Obcecados em conter a União Soviética na Guerra Fria, os americanos muitas vezes fecharam os olhos para o passado desses alemães. Por fim, houve a conivência das ditaduras sul-americanas, que ou foram indiferentes com a presença de ex-colaboradores de Hitler (caso do Brasil) ou os receberam com interesse em fazer alianças para repreender opositores de esquerda. Diante desse cenário, diz Guterman, "estava aberto o caminho para a impunidade de terríveis criminosos de guerra, vergonha da qual o mundo jamais se recuperou". O lançamento será nesta segunda-feira (12), às 18h30, na Livraria da Vila, em São Paulo. Nazistas entre nós QUANTO: R$ 39,90 (192 PÁGINAS) AUTOR: MARCOS GUTERMAN EDITORA: CONTEXTO
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Na falta de 'alegação convincente', FHC recomenda renúncia de Temer e Aécio
Com Michel Temer (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) sob a mira da Lava Jato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, nesta quinta-feira (18), que se os implicados não tiverem "alegações convincentes" para se defender das acusações das quais são alvo "terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia". FHC não cita Aécio ou Temer e fala sempre no plural. Ele publicou texto no início da tarde em suas redes sociais. Na mensagem, cita "indignação e decepção" como sentimentos correntes. "A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição", inicia. "É preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta indignação e decepção. É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações." O ex-presidente afirma que "os atingidos têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões" e, em seguida, conclui. "Se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia". "O país tem pressa. Não para salvar alguém ou estancar investigações. Pressa para ver na pratica medidas econômico-sociais que deem segurança, emprego e tranquilidade aos brasileiros. E pressa, sobretudo, para restabelecer a moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos", diz ele no fim da mensagem.
poder
Na falta de 'alegação convincente', FHC recomenda renúncia de Temer e AécioCom Michel Temer (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) sob a mira da Lava Jato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, nesta quinta-feira (18), que se os implicados não tiverem "alegações convincentes" para se defender das acusações das quais são alvo "terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia". FHC não cita Aécio ou Temer e fala sempre no plural. Ele publicou texto no início da tarde em suas redes sociais. Na mensagem, cita "indignação e decepção" como sentimentos correntes. "A solução para a grave crise atual deve dar-se no absoluto respeito à Constituição", inicia. "É preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta indignação e decepção. É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações." O ex-presidente afirma que "os atingidos têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões" e, em seguida, conclui. "Se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia". "O país tem pressa. Não para salvar alguém ou estancar investigações. Pressa para ver na pratica medidas econômico-sociais que deem segurança, emprego e tranquilidade aos brasileiros. E pressa, sobretudo, para restabelecer a moralidade nas instituições e na conduta dos homens públicos", diz ele no fim da mensagem.
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Paes diz que 'dono da Barra' no Rio 'não entendeu significado dos Jogos
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), em entrevista à BBC Brasil, classificou como "escândalo" as declarações de Carlos Carvalho, um dos maiores nomes do setor imobiliário da cidade, e disse que o empresário "não entendeu nada o que significam as Olimpíadas para o Rio". Carvalho é dono da incorporadora Carvalho Hosken, que comercializará os 3.604 apartamentos da Vila dos Atletas por até R$ 1 milhão cada. Nesta semana, ele disse à BBC Brasil acreditar que os 31 prédios construídos para acomodar atletas e comissões técnicas não poderão servir de moradias populares após os Jogos, como ocorreu em Londres. Segundo o empresário, "para botar tubulação de água e de luz há um custo alto, e quem mora paga. Como é que você vai botar o pobre ali?" "Ele tem que morar perto porque presta serviço e ganha dinheiro com quem pode, mas você só deve botar ali quem pode, senão você estraga tudo, joga o dinheiro fora. Há muitos bairros que agasalham pessoas com poder aquisitivo mais modesto", disse Carvalho. Paes disse discordar da avaliação do empresário. "Respeito a liberdade de opinião, mas as opiniões dele foram de um primarismo e de um grau de preconceito assustadores", disse o prefeito, que afirmou que ambos têm uma boa relação. Professores da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) se manifestaram contrários a Carvalho mas também criticaram a Prefeitura pelos preparativos olímpicos, o legado dos Jogos, as moradias populares e o processo de remoção da Vila Autódromo, favela ao lado do Parque Olímpico. Na entrevista, o prefeito atacou o posicionamento do empresário, cuja incorporadora está avaliada em R$ 15 bilhões, e rebateu as críticas dos urbanistas, movidas, segundo ele, por uma posição ideológica contra o setor privado. "Há as pessoas como o Carlos Carvalho, que são demofóbicas, que têm horror a pobre, e há os que são ideologicamente contra o setor privado. Eu não sou nem demofóbico nem contra o setor privado. Talvez por isso eu tenha sido eleito prefeito dessa cidade duas vezes", disse. Leia os principais trechos da entrevista com o prefeito Eduardo Paes BBC Brasil - Como o senhor recebeu as declarações do empresário Carlos Carvalho, dono da incorporadora Carvalho Hosken, em entrevista à BBC Brasil no início da semana? Eduardo Paes - A entrevista é assustadoramente surreal, um horror. Respeito a liberdade de opinião, mas as opiniões dele foram de um primarismo e de um grau de preconceito assustadores. Mas ele é um ator privado e tem a liberdade de pensar o que quiser, cabe à gente fazer diferente. Ele não entendeu nada o que significa a Olimpíada para a cidade do Rio de Janeiro. É uma visão absolutamente equivocada de tudo que se quer fazer. Mas ele já está numa certa idade para eu ensinar alguma coisa sobre a vida, e como não é ele quem dita as regras da cidade, as opiniões dele não fazem muita diferença. BBC Brasil - Na entrevista com Carlos Carvalho ele se referiu ao senhor como um "parceiro" desde a época em que o senhor foi subprefeito da Barra. Paes - Eu trabalho em parceria com todo mundo. Não sou eu que escolho quem são as universidades que têm opinião, nem os empresários que têm opinião. Tenho uma boa relação com ele, mas isso não quer dizer que eu concorde com as opiniões dele. O que ele falou é um escândalo. E como é justamente essa gente que ele falou que "está fedendo" que me elege como prefeito, eu te confesso que prefiro lidar com eles. Há as pessoas como o Carlos Carvalho, que são demofóbicas, que têm horror a pobre, e há os que são ideologicamente contra o setor privado. Eu não sou nem demofóbico nem contra o setor privado. Talvez por isso eu tenha sido eleito prefeito dessa cidade duas vezes. BBC Brasil - Uma das questões levantadas no debate durante a semana foi a da moradia, já que, em Londres, a Vila dos Atletas foi transformada em casas populares e, no Rio, os apartamentos que hospedarão atletas e comissões técnicas serão vendidos por até R$ 1 milhão pela iniciativa privada. Para urbanistas, o governo foi omisso na questão. Paes - O Rio fez 65 mil moradias populares nesses cinco anos de Minha Casa Minha Vida, várias delas perto da Vila dos Atletas, independente de Olimpíada ou não. Em Londres, o projeto da Vila dos Atletas era originalmente privado, mas com a crise de 2008 tornou-se público. E aí obviamente como foi um projeto pago pelo governo virou casas para os mais pobres. A decisão do local da Vila dos Atletas não foi tomada por mim, e ocorreu ainda no processo de candidatura, quando aquele terreno foi escolhido. Não acho que tenha sido errada. Estamos fazendo uma Vila dos Atletas sem botar dinheiro público, e você economiza ao ter a iniciativa privada construindo para você, mas aí não é uma obra pública. E por ser um empreendimento privado, ele dá o tom que ele quiser. BBC Brasil - Deste ponto de vista o senhor acredita que valeu a pena para o Rio não ter gasto para construir a Vila dos Atletas, mas abrir mão do legado olímpico de moradias populares? Paes - Imagina uma cidade como o Rio, com os problemas que o Rio tem, e a gente gastando dinheiro público com a construção de um Parque Olímpico. Ter feito isso com dinheiro privado é um avanço, porque o dinheiro público está servindo para fazer 331 escolas e 140 clínicas da família. A Prefeitura do Rio não gastou dinheiro com estádios e a maneira de não gastar é quando você faz PPPs (Parcerias Público Privadas), com algum benefício financeiro, senão a iniciativa privada não entra. A 500 m da Vila dos Atletas a gente fez o Parque Carioca. A 1 km da Colônia Juliano Moreira estou entregando 5 mil apartamentos. Na Vila de Mídia, no bairro do Anil, são mais 3 mil apartamentos populares. BBC Brasil - Algumas das obras não custarão nada ao governo porque serão financiadas pelas empreiteiras, mas entre os críticos há quem acredite que nesta troca o setor imobiliário esteja tendo um retorno vantajoso demais. Paes - A gente precifica as coisas. Quando você faz um processo licitatório para uma PPP você coloca as condições. Há audiências públicas e você precifica aquilo que está vendendo, em geral pelo potencial construtivo. E aí são valores de mercado. O sujeito está tendo benefício exatamente correspondente àquilo que ele teve de gasto, claro que com uma margem de lucro. Se você quiser que o setor privado entre para empatar, eles não vão entrar nunca, a não ser que você seja ideologicamente contra o privado. Eu não sou. Esses especialistas da UFF são ideologicamente contra o privado, mas eu entendo que se você usar de maneira inteligente o desejo de ganho de dinheiro do setor privado você consegue ter benefícios, e é por isso que a cidade do Rio de Janeiro está entregando tanta coisa. O Porto Maravilha é um exemplo disso. Ali os urbanistas também acham que há um exagero de especulação imobiliária. Mas eu vou fazer o quê? São os ônus. A Olimpíada traz muito benefício para a cidade, mas tem alguns ônus. BBC Brasil - Na visão dos especialistas, o Porto Maravilha é um dos maiores exemplos de "oportunidade perdida", já que o centro da cidade poderia ter ganhado mais moradias populares, mas grande parte da revitalização será em função de torres comerciais. Paes - Mas você tem que entender que eu penso exatamente o oposto deles. Eles pensam diferente de mim, e por isso eu sou prefeito do Rio e eles não. São pessoas que disputam eleição aqui e não ganham nunca, perdem feio, porque nunca tiveram a capacidade de produzir nada. BBC Brasil - Outra crítica é a de que governo e organizadores olímpicos enfatizam os benefícios dos BRTs por tornarem mais rápido o deslocamento da periferia para as regiões centrais, quando na verdade os Jogos poderiam ter favorecido que as pessoas morassem mais perto dos empregos. O senhor discorda? Paes - Mas aí eles propõem que eu não faça transporte para Santa Cruz? Acaba com Santa Cruz e traz todo mundo para a Barra? Eu discordo. A Zona Oeste tem 2,5 milhões de habitantes. Então, eu traria um pouco mais de gente para a Barra e não faria o BRT. Aí você resolveria o problema de umas 240 mil pessoas. E o resto? A vida é feita de escolhas, não tem dinheiro para fazer tudo. Era o BRT ou trazer 200 mil pessoas, e teria que comprar terra. Mas ao invés disso eu fiz dois túneis no maciço da Pedra Branca. Eu também acho que todo mundo tinha que morar de frente para a praia, na Barra ou no centro, mas em Londres as pessoas também não moram assim. Lá tem transporte de muita qualidade pegando as pessoas mais longe, porque o centro é inabitável, é só para milionário. BBC Brasil - Uma das questões mais polêmicas da preparação para os Jogos é a remoção da Vila Autódromo, favela localizada ao lado do Parque Olímpico e diante da área onde as empreiteiras devem erguer torres residenciais após 2018. Em março o senhor assinou um decreto confirmando a ordem de remoção dos moradores. O que deve ser, afinal, o destino desta área? Paes - Eu sempre me posicionei da mesma maneira. Não estamos retirando a Vila Autódromo toda. Uma parte dela vai ficar. Aquele plano da UFF tinha boas intenções, mas não levava em conta que tínhamos que construir os acessos para o Parque Olímpico. A gente tirou as pessoas que estavam nos acessos para o parque, e quem saiu de outras áreas é porque pediu para sair. Eu estou com uma petição aqui de 60 famílias dizendo "a BBC não nos representa". Eu até mando para vocês, tem um abaixo-assinado dizendo isso. BBC Brasil - O senhor está dizendo que uma parte da Vila Autódromo vai ficar, mas os moradores já relataram em reportagens que os agentes da Prefeitura deixam claro que todos terão que sair. Além disso, no plano que nos foi apresentado pelo empresário Carlos Carvalho para o Parque Olímpico após 2018, a área onde hoje fica a comunidade torna-se inteiramente verde, como um parque diante dos empreendimentos imobiliários. Paes - Uma parte da Vila Autódromo vai ficar. Agora é o seguinte, eu não respondo nem pelo pessoal da UFF, nem pelo Carlos Carvalho. Eu penso diferente dos dois lados. Nenhum dos dois me representa. Eu tenho minhas opiniões, e o prefeito sou eu. Quem manda é o prefeito. Não vou fazer o que a UFF quer, nem o que o Carlos Carvalho quer. BBC Brasil - Qual é a linha que o senhor segue, então? Paes - A linha que eu sigo é essa que você está vendo. É a linha de uma cidade com 150 km de BRT para a Zona Oeste e a Zona Norte, que urbaniza as comunidades da Zona Oeste, que faz 331 escolas e 140 clínicas da família, que não tem uma obra na Zona Sul, nem na Barra, todas são em Jacarepaguá. Que revitaliza o centro e resgata uma região da cidade abandonada durante anos. A minha visão de cidade é essa que você está vendo surgir. BBC Brasil - Se o senhor nos permitir insistir, quando a imprensa vai até a Vila Autódromo, os moradores são enfáticos ao afirmar que para os agentes da Prefeitura todos terão que sair. Além disso, uma ação de remoção da Guarda Municipal ocorrida em junho e avaliada como truculenta pela Defensoria Pública e a Anistia Internacional deixou pessoas feridas e ensanguentadas. Paes - Houve um caso, de uma ordem judicial, e eu desconhecia que essa operação estava ocorrendo. Sobre este senhor, deste caso de ferimento, se você quiser, eu te mando uma gravação dele dizendo que a pessoa que ele mais ama no mundo é o Eduardo Paes. Ele veio aqui, eu pedi desculpas a ele pela ação da Guarda Municipal, esclareci que foi um erro a maneira como eles agiram. Ele já recebeu uma casa, está morando muito bem, e acho até que vai pedir voto para mim na próxima eleição. BBC Brasil - Então podemos cravar isso, que uma parte da Vila Autódromo vai ficar? Qual parte vai ficar? Paes - Sim, e eu digo isso para eles todo dia, desde o início. Eles têm vários vídeos meus gravados. A gente já apresentou esse mapa. O que sai são os acessos ao Parque Olímpico e a beira da Lagoa, onde tinha um monte de gente rica e é área de proteção ambiental. Todo o resto fica. Só sai quem quer. BBC Brasil - Na entrevista à BBC Brasil, o empresário Carlos Carvalho defendeu seus planos do que enxerga ser o "novo Rio de Janeiro", centralizado na Barra, nos moldes dos grandes condomínios. Com as obras olímpicas o senhor acha que o poder público está estimulando este tipo de urbanismo, com uma elitização desta região da cidade? Paes - Não fui eu quem fez o plano urbanístico da Barra, foi o Lucio Costa na década de 70. Eu particularmente não gosto da concepção urbana da Barra da Tijuca, com condomínios fechados, grandes avenidas, e poucas calçadas. Prefiro muito mais o Rio tradicional. O subúrbio carioca e o centro. Há outras regiões olímpicas, como Deodoro, Engenhão e Copacabana, e a área que mais se valorizou com os Jogos foi Madureira, na Zona Norte. BBC Brasil - O Plano Diretor da Barra foi alterado pelo senhor para que o número máximo de andares de novos edifícios construídos lá passasse de 13 para 18 andares. Foi uma moeda de troca? Paes - Claro que foi. Aprovada em lei, comunicada à imprensa, feita de forma pública. Você acha que o empresário ia investir por amor à pátria? O dinheiro que constrói as obras do Parque Olímpico é privado porque a gente disse para eles: "olha, se você fizer isso aqui eu vou aumentar o seu gabarito". Senão eu teria que usar dinheiro de impostos para construir arena olímpica. Não tem nada de errado. BBC Brasil - Como o senhor avalia as críticas de que o processo olímpico está empurrando os cariocas mais pobres rumo às periferias do Rio, seja por remoções ou pela especulação, que tem aumentado o valor dos imóveis? Paes - Não tem relação nenhuma. O único caso que você tem de reassentamento relacionado à Olimpíada é a Vila Autódromo, e eles foram empurrados para a periferia a 1 km de onde eles moravam (em referência à obra do Parque Carioca, conjunto habitacional construído para alguns dos removidos). Então não sei que periferia é essa para onde eles estão sendo empurrados. Outra coisa é o fenômeno mundial da gentrificação, que ocorre em grandes cidades, do qual Londres talvez seja o caso mais explícito. É algo que acontece em Nova York, Berlim, e também no Rio, que é um processo de sobrevalorização conforme as cidades se qualificam. Na Zona Sul do Rio, por exemplo, não há mais onde construir, então é óbvio que o que já existe vai ficar mais caro. E aí você precisa requalificar outras áreas da cidade, como a Zona Norte. Quando você faz uma Transcarioca você requalifica uma região de subúrbio que estava degradada, para que a pessoa não precise morar num lugar degradado só porque ela não tem dinheiro. BBC Brasil - Como avalia as críticas de que os Jogos são uma "oportunidade perdida" no que diz respeito ao legado para a cidade? Paes - Eles estão equivocados. A população está vendo esse legado e aplaudindo e apoiando.
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Paes diz que 'dono da Barra' no Rio 'não entendeu significado dos JogosO prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), em entrevista à BBC Brasil, classificou como "escândalo" as declarações de Carlos Carvalho, um dos maiores nomes do setor imobiliário da cidade, e disse que o empresário "não entendeu nada o que significam as Olimpíadas para o Rio". Carvalho é dono da incorporadora Carvalho Hosken, que comercializará os 3.604 apartamentos da Vila dos Atletas por até R$ 1 milhão cada. Nesta semana, ele disse à BBC Brasil acreditar que os 31 prédios construídos para acomodar atletas e comissões técnicas não poderão servir de moradias populares após os Jogos, como ocorreu em Londres. Segundo o empresário, "para botar tubulação de água e de luz há um custo alto, e quem mora paga. Como é que você vai botar o pobre ali?" "Ele tem que morar perto porque presta serviço e ganha dinheiro com quem pode, mas você só deve botar ali quem pode, senão você estraga tudo, joga o dinheiro fora. Há muitos bairros que agasalham pessoas com poder aquisitivo mais modesto", disse Carvalho. Paes disse discordar da avaliação do empresário. "Respeito a liberdade de opinião, mas as opiniões dele foram de um primarismo e de um grau de preconceito assustadores", disse o prefeito, que afirmou que ambos têm uma boa relação. Professores da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) se manifestaram contrários a Carvalho mas também criticaram a Prefeitura pelos preparativos olímpicos, o legado dos Jogos, as moradias populares e o processo de remoção da Vila Autódromo, favela ao lado do Parque Olímpico. Na entrevista, o prefeito atacou o posicionamento do empresário, cuja incorporadora está avaliada em R$ 15 bilhões, e rebateu as críticas dos urbanistas, movidas, segundo ele, por uma posição ideológica contra o setor privado. "Há as pessoas como o Carlos Carvalho, que são demofóbicas, que têm horror a pobre, e há os que são ideologicamente contra o setor privado. Eu não sou nem demofóbico nem contra o setor privado. Talvez por isso eu tenha sido eleito prefeito dessa cidade duas vezes", disse. Leia os principais trechos da entrevista com o prefeito Eduardo Paes BBC Brasil - Como o senhor recebeu as declarações do empresário Carlos Carvalho, dono da incorporadora Carvalho Hosken, em entrevista à BBC Brasil no início da semana? Eduardo Paes - A entrevista é assustadoramente surreal, um horror. Respeito a liberdade de opinião, mas as opiniões dele foram de um primarismo e de um grau de preconceito assustadores. Mas ele é um ator privado e tem a liberdade de pensar o que quiser, cabe à gente fazer diferente. Ele não entendeu nada o que significa a Olimpíada para a cidade do Rio de Janeiro. É uma visão absolutamente equivocada de tudo que se quer fazer. Mas ele já está numa certa idade para eu ensinar alguma coisa sobre a vida, e como não é ele quem dita as regras da cidade, as opiniões dele não fazem muita diferença. BBC Brasil - Na entrevista com Carlos Carvalho ele se referiu ao senhor como um "parceiro" desde a época em que o senhor foi subprefeito da Barra. Paes - Eu trabalho em parceria com todo mundo. Não sou eu que escolho quem são as universidades que têm opinião, nem os empresários que têm opinião. Tenho uma boa relação com ele, mas isso não quer dizer que eu concorde com as opiniões dele. O que ele falou é um escândalo. E como é justamente essa gente que ele falou que "está fedendo" que me elege como prefeito, eu te confesso que prefiro lidar com eles. Há as pessoas como o Carlos Carvalho, que são demofóbicas, que têm horror a pobre, e há os que são ideologicamente contra o setor privado. Eu não sou nem demofóbico nem contra o setor privado. Talvez por isso eu tenha sido eleito prefeito dessa cidade duas vezes. BBC Brasil - Uma das questões levantadas no debate durante a semana foi a da moradia, já que, em Londres, a Vila dos Atletas foi transformada em casas populares e, no Rio, os apartamentos que hospedarão atletas e comissões técnicas serão vendidos por até R$ 1 milhão pela iniciativa privada. Para urbanistas, o governo foi omisso na questão. Paes - O Rio fez 65 mil moradias populares nesses cinco anos de Minha Casa Minha Vida, várias delas perto da Vila dos Atletas, independente de Olimpíada ou não. Em Londres, o projeto da Vila dos Atletas era originalmente privado, mas com a crise de 2008 tornou-se público. E aí obviamente como foi um projeto pago pelo governo virou casas para os mais pobres. A decisão do local da Vila dos Atletas não foi tomada por mim, e ocorreu ainda no processo de candidatura, quando aquele terreno foi escolhido. Não acho que tenha sido errada. Estamos fazendo uma Vila dos Atletas sem botar dinheiro público, e você economiza ao ter a iniciativa privada construindo para você, mas aí não é uma obra pública. E por ser um empreendimento privado, ele dá o tom que ele quiser. BBC Brasil - Deste ponto de vista o senhor acredita que valeu a pena para o Rio não ter gasto para construir a Vila dos Atletas, mas abrir mão do legado olímpico de moradias populares? Paes - Imagina uma cidade como o Rio, com os problemas que o Rio tem, e a gente gastando dinheiro público com a construção de um Parque Olímpico. Ter feito isso com dinheiro privado é um avanço, porque o dinheiro público está servindo para fazer 331 escolas e 140 clínicas da família. A Prefeitura do Rio não gastou dinheiro com estádios e a maneira de não gastar é quando você faz PPPs (Parcerias Público Privadas), com algum benefício financeiro, senão a iniciativa privada não entra. A 500 m da Vila dos Atletas a gente fez o Parque Carioca. A 1 km da Colônia Juliano Moreira estou entregando 5 mil apartamentos. Na Vila de Mídia, no bairro do Anil, são mais 3 mil apartamentos populares. BBC Brasil - Algumas das obras não custarão nada ao governo porque serão financiadas pelas empreiteiras, mas entre os críticos há quem acredite que nesta troca o setor imobiliário esteja tendo um retorno vantajoso demais. Paes - A gente precifica as coisas. Quando você faz um processo licitatório para uma PPP você coloca as condições. Há audiências públicas e você precifica aquilo que está vendendo, em geral pelo potencial construtivo. E aí são valores de mercado. O sujeito está tendo benefício exatamente correspondente àquilo que ele teve de gasto, claro que com uma margem de lucro. Se você quiser que o setor privado entre para empatar, eles não vão entrar nunca, a não ser que você seja ideologicamente contra o privado. Eu não sou. Esses especialistas da UFF são ideologicamente contra o privado, mas eu entendo que se você usar de maneira inteligente o desejo de ganho de dinheiro do setor privado você consegue ter benefícios, e é por isso que a cidade do Rio de Janeiro está entregando tanta coisa. O Porto Maravilha é um exemplo disso. Ali os urbanistas também acham que há um exagero de especulação imobiliária. Mas eu vou fazer o quê? São os ônus. A Olimpíada traz muito benefício para a cidade, mas tem alguns ônus. BBC Brasil - Na visão dos especialistas, o Porto Maravilha é um dos maiores exemplos de "oportunidade perdida", já que o centro da cidade poderia ter ganhado mais moradias populares, mas grande parte da revitalização será em função de torres comerciais. Paes - Mas você tem que entender que eu penso exatamente o oposto deles. Eles pensam diferente de mim, e por isso eu sou prefeito do Rio e eles não. São pessoas que disputam eleição aqui e não ganham nunca, perdem feio, porque nunca tiveram a capacidade de produzir nada. BBC Brasil - Outra crítica é a de que governo e organizadores olímpicos enfatizam os benefícios dos BRTs por tornarem mais rápido o deslocamento da periferia para as regiões centrais, quando na verdade os Jogos poderiam ter favorecido que as pessoas morassem mais perto dos empregos. O senhor discorda? Paes - Mas aí eles propõem que eu não faça transporte para Santa Cruz? Acaba com Santa Cruz e traz todo mundo para a Barra? Eu discordo. A Zona Oeste tem 2,5 milhões de habitantes. Então, eu traria um pouco mais de gente para a Barra e não faria o BRT. Aí você resolveria o problema de umas 240 mil pessoas. E o resto? A vida é feita de escolhas, não tem dinheiro para fazer tudo. Era o BRT ou trazer 200 mil pessoas, e teria que comprar terra. Mas ao invés disso eu fiz dois túneis no maciço da Pedra Branca. Eu também acho que todo mundo tinha que morar de frente para a praia, na Barra ou no centro, mas em Londres as pessoas também não moram assim. Lá tem transporte de muita qualidade pegando as pessoas mais longe, porque o centro é inabitável, é só para milionário. BBC Brasil - Uma das questões mais polêmicas da preparação para os Jogos é a remoção da Vila Autódromo, favela localizada ao lado do Parque Olímpico e diante da área onde as empreiteiras devem erguer torres residenciais após 2018. Em março o senhor assinou um decreto confirmando a ordem de remoção dos moradores. O que deve ser, afinal, o destino desta área? Paes - Eu sempre me posicionei da mesma maneira. Não estamos retirando a Vila Autódromo toda. Uma parte dela vai ficar. Aquele plano da UFF tinha boas intenções, mas não levava em conta que tínhamos que construir os acessos para o Parque Olímpico. A gente tirou as pessoas que estavam nos acessos para o parque, e quem saiu de outras áreas é porque pediu para sair. Eu estou com uma petição aqui de 60 famílias dizendo "a BBC não nos representa". Eu até mando para vocês, tem um abaixo-assinado dizendo isso. BBC Brasil - O senhor está dizendo que uma parte da Vila Autódromo vai ficar, mas os moradores já relataram em reportagens que os agentes da Prefeitura deixam claro que todos terão que sair. Além disso, no plano que nos foi apresentado pelo empresário Carlos Carvalho para o Parque Olímpico após 2018, a área onde hoje fica a comunidade torna-se inteiramente verde, como um parque diante dos empreendimentos imobiliários. Paes - Uma parte da Vila Autódromo vai ficar. Agora é o seguinte, eu não respondo nem pelo pessoal da UFF, nem pelo Carlos Carvalho. Eu penso diferente dos dois lados. Nenhum dos dois me representa. Eu tenho minhas opiniões, e o prefeito sou eu. Quem manda é o prefeito. Não vou fazer o que a UFF quer, nem o que o Carlos Carvalho quer. BBC Brasil - Qual é a linha que o senhor segue, então? Paes - A linha que eu sigo é essa que você está vendo. É a linha de uma cidade com 150 km de BRT para a Zona Oeste e a Zona Norte, que urbaniza as comunidades da Zona Oeste, que faz 331 escolas e 140 clínicas da família, que não tem uma obra na Zona Sul, nem na Barra, todas são em Jacarepaguá. Que revitaliza o centro e resgata uma região da cidade abandonada durante anos. A minha visão de cidade é essa que você está vendo surgir. BBC Brasil - Se o senhor nos permitir insistir, quando a imprensa vai até a Vila Autódromo, os moradores são enfáticos ao afirmar que para os agentes da Prefeitura todos terão que sair. Além disso, uma ação de remoção da Guarda Municipal ocorrida em junho e avaliada como truculenta pela Defensoria Pública e a Anistia Internacional deixou pessoas feridas e ensanguentadas. Paes - Houve um caso, de uma ordem judicial, e eu desconhecia que essa operação estava ocorrendo. Sobre este senhor, deste caso de ferimento, se você quiser, eu te mando uma gravação dele dizendo que a pessoa que ele mais ama no mundo é o Eduardo Paes. Ele veio aqui, eu pedi desculpas a ele pela ação da Guarda Municipal, esclareci que foi um erro a maneira como eles agiram. Ele já recebeu uma casa, está morando muito bem, e acho até que vai pedir voto para mim na próxima eleição. BBC Brasil - Então podemos cravar isso, que uma parte da Vila Autódromo vai ficar? Qual parte vai ficar? Paes - Sim, e eu digo isso para eles todo dia, desde o início. Eles têm vários vídeos meus gravados. A gente já apresentou esse mapa. O que sai são os acessos ao Parque Olímpico e a beira da Lagoa, onde tinha um monte de gente rica e é área de proteção ambiental. Todo o resto fica. Só sai quem quer. BBC Brasil - Na entrevista à BBC Brasil, o empresário Carlos Carvalho defendeu seus planos do que enxerga ser o "novo Rio de Janeiro", centralizado na Barra, nos moldes dos grandes condomínios. Com as obras olímpicas o senhor acha que o poder público está estimulando este tipo de urbanismo, com uma elitização desta região da cidade? Paes - Não fui eu quem fez o plano urbanístico da Barra, foi o Lucio Costa na década de 70. Eu particularmente não gosto da concepção urbana da Barra da Tijuca, com condomínios fechados, grandes avenidas, e poucas calçadas. Prefiro muito mais o Rio tradicional. O subúrbio carioca e o centro. Há outras regiões olímpicas, como Deodoro, Engenhão e Copacabana, e a área que mais se valorizou com os Jogos foi Madureira, na Zona Norte. BBC Brasil - O Plano Diretor da Barra foi alterado pelo senhor para que o número máximo de andares de novos edifícios construídos lá passasse de 13 para 18 andares. Foi uma moeda de troca? Paes - Claro que foi. Aprovada em lei, comunicada à imprensa, feita de forma pública. Você acha que o empresário ia investir por amor à pátria? O dinheiro que constrói as obras do Parque Olímpico é privado porque a gente disse para eles: "olha, se você fizer isso aqui eu vou aumentar o seu gabarito". Senão eu teria que usar dinheiro de impostos para construir arena olímpica. Não tem nada de errado. BBC Brasil - Como o senhor avalia as críticas de que o processo olímpico está empurrando os cariocas mais pobres rumo às periferias do Rio, seja por remoções ou pela especulação, que tem aumentado o valor dos imóveis? Paes - Não tem relação nenhuma. O único caso que você tem de reassentamento relacionado à Olimpíada é a Vila Autódromo, e eles foram empurrados para a periferia a 1 km de onde eles moravam (em referência à obra do Parque Carioca, conjunto habitacional construído para alguns dos removidos). Então não sei que periferia é essa para onde eles estão sendo empurrados. Outra coisa é o fenômeno mundial da gentrificação, que ocorre em grandes cidades, do qual Londres talvez seja o caso mais explícito. É algo que acontece em Nova York, Berlim, e também no Rio, que é um processo de sobrevalorização conforme as cidades se qualificam. Na Zona Sul do Rio, por exemplo, não há mais onde construir, então é óbvio que o que já existe vai ficar mais caro. E aí você precisa requalificar outras áreas da cidade, como a Zona Norte. Quando você faz uma Transcarioca você requalifica uma região de subúrbio que estava degradada, para que a pessoa não precise morar num lugar degradado só porque ela não tem dinheiro. BBC Brasil - Como avalia as críticas de que os Jogos são uma "oportunidade perdida" no que diz respeito ao legado para a cidade? Paes - Eles estão equivocados. A população está vendo esse legado e aplaudindo e apoiando.
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Empresário indica 5 programas para curtir SP, como BrewDog e feira livre
DE SÃO PAULO Ciclovias e espaços no centro paulistano estão entre os locais que merecem a visita na lista de Gil Leite, sócio da Le Jazz Brasserie e do Petit Bar, morador dos Jardins. Confira a relação completa. * Feira livre na Oscar Freire Uma bela maneira de começar a semana: ir aos domingos a essa feira para preparar o almoço e comprar umas especiarias para o Petit Bar. É um dos meus passeios favoritos —fui lá pela primeira vez quando tinha uns dez anos e, nos dois últimos, voltei a frequentá-la. Tem uma barraca de peixe muito boa e umas três de especiarias que uso para preparar coquetéis. Feira Heitor Penteado. R. Oscar Freire, 1.850, Pinheiros, região oeste. Dom.: 6h às 14h. * Ciclovias na zona oeste Ultimamente, tenho feito passeios de bicicleta e utilizado as ciclovias. As das ruas Honduras e Artur de Azevedo são muito úteis. E a da avenida Brigadeiro Faria Lima é ótima. Confira o mapa de ciclovias na cidade * Ibirapuera O parque faz parte da minha rotina matinal: vou suar o "gim" nosso de cada dia. Passear para se equilibrar! * Izakaya Issa/Cine Joia É uma sexta-feira e tanto ir beber shochu no Izakaya e depois assistir a um show no Cine Joia. Detalhe: outros bares na Liberdade fecham mais cedo, umas 21h. O Izakaya vai até mais tarde. E tem a dona Margarida Haraguchi, que é uma pessoa carinhosa. * Tomie e BrewDog Seguindo pela boêmia, gosto de ir ao Tomie Ohtake ver alguma exposição e depois tomar uma cerveja Jack Hammer no BrewDog -rolam umas promoções lá. O melhor: você bebe duas cervejas e já fica bem. São bem fortes.
saopaulo
Empresário indica 5 programas para curtir SP, como BrewDog e feira livreDE SÃO PAULO Ciclovias e espaços no centro paulistano estão entre os locais que merecem a visita na lista de Gil Leite, sócio da Le Jazz Brasserie e do Petit Bar, morador dos Jardins. Confira a relação completa. * Feira livre na Oscar Freire Uma bela maneira de começar a semana: ir aos domingos a essa feira para preparar o almoço e comprar umas especiarias para o Petit Bar. É um dos meus passeios favoritos —fui lá pela primeira vez quando tinha uns dez anos e, nos dois últimos, voltei a frequentá-la. Tem uma barraca de peixe muito boa e umas três de especiarias que uso para preparar coquetéis. Feira Heitor Penteado. R. Oscar Freire, 1.850, Pinheiros, região oeste. Dom.: 6h às 14h. * Ciclovias na zona oeste Ultimamente, tenho feito passeios de bicicleta e utilizado as ciclovias. As das ruas Honduras e Artur de Azevedo são muito úteis. E a da avenida Brigadeiro Faria Lima é ótima. Confira o mapa de ciclovias na cidade * Ibirapuera O parque faz parte da minha rotina matinal: vou suar o "gim" nosso de cada dia. Passear para se equilibrar! * Izakaya Issa/Cine Joia É uma sexta-feira e tanto ir beber shochu no Izakaya e depois assistir a um show no Cine Joia. Detalhe: outros bares na Liberdade fecham mais cedo, umas 21h. O Izakaya vai até mais tarde. E tem a dona Margarida Haraguchi, que é uma pessoa carinhosa. * Tomie e BrewDog Seguindo pela boêmia, gosto de ir ao Tomie Ohtake ver alguma exposição e depois tomar uma cerveja Jack Hammer no BrewDog -rolam umas promoções lá. O melhor: você bebe duas cervejas e já fica bem. São bem fortes.
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João Guilherme Sabino Ometto: O filho do agricultor
Várias propriedades agropecuárias brasileiras, de distintos portes, desenvolvidas ao manejo da enxada, suor e trabalho pelos antigos donos e descendentes, são administradas por herdeiros com diplomas e pós-graduados. Eles agregam ao precioso legado dos pais e avôs o valor de sua formação acadêmica. Muitos desses novos gestores são movidos por ansioso desejo de promover mudanças, a começar pela redução dos custos. Dos insumos aos recursos humanos, das máquinas ao arame farpado das cercas, passando pelo aperto dos fornecedores, movem-se por incontrolado impulso de economizar. Princípio corretíssimo, desde que aplicado na medida certa. Cortar itens de modo exagerado pode significar o colapso da produção e do lucro. Essas histórias costumam ter final feliz, pois a experiência do pai equilibra a equação. Análogo a esses deliciosos e verídicos "causos" do campo, é o esforço fiscal do governo, capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Não há dúvida de que diminuir despesas é prioritário, mas é preciso respeitar os limites do arrocho das empresas e investimentos públicos. Ou a economia padecerá. Cabe, portanto, uma análise do ajuste fiscal que está em curso. O primeiro aspecto refere-se ao decreto nº 8.434/15, da presidente Dilma Rousseff, que fixa teto de R$ 18,9 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento, nos cinco primeiros meses de 2015. Em relação ao valor do mesmo período de 2014, de R$ 26 bilhões, a queda é de 27%. Já para as despesas discricionárias dos ministérios, passíveis de manejo, o limite é de R$ 78,5 bilhões, 2,5% a menos do que os R$ 80,5 bilhões de 2014. Não seria melhor tirar menos do PAC, que gera empregos e renda, e mais do custeio? O esforço fiscal também está subtraindo recursos das empresas, considerando o aumento de impostos. Há, ainda, medidas provisórias que limitam o seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte. Isso, além da questão social, significa menos dinheiro no consumo e mais estagnação. Outra proposta enviada ao Congresso reduz muito a desoneração da folha de pagamento. Se aprovada, as empresas serão oneradas num momento em que suas margens estão pressionadas pelo aumento dos juros, inclusive os do BNDES. Cai o incentivo tributário e cresce o custo de produzir. Há, ainda, a majoração da energia elétrica. Todos concordam com a meta de superavit primário de 1,2% do PIB. A redução das despesas e o aumento de arrecadação, porém, precisam ser bem direcionados, ter foco correto e garantir um mínimo de fôlego para a economia. Há alternativas para os cortes, como diminuir o dinheiro do fundo partidário, os elevados custos com os quase 30 mil ocupantes de cargos em comissão no governo federal, controle de viagens de funcionários, eventos e gastos não prioritários. E isso vale para todas as instâncias dos três Poderes. Ninguém deseja que o Estado seja o pai de todos e distribua benesses às empresas, mas também não queremos que aja como o radical filho do agricultor. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, 75, engenheiro, é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho e vice-presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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João Guilherme Sabino Ometto: O filho do agricultorVárias propriedades agropecuárias brasileiras, de distintos portes, desenvolvidas ao manejo da enxada, suor e trabalho pelos antigos donos e descendentes, são administradas por herdeiros com diplomas e pós-graduados. Eles agregam ao precioso legado dos pais e avôs o valor de sua formação acadêmica. Muitos desses novos gestores são movidos por ansioso desejo de promover mudanças, a começar pela redução dos custos. Dos insumos aos recursos humanos, das máquinas ao arame farpado das cercas, passando pelo aperto dos fornecedores, movem-se por incontrolado impulso de economizar. Princípio corretíssimo, desde que aplicado na medida certa. Cortar itens de modo exagerado pode significar o colapso da produção e do lucro. Essas histórias costumam ter final feliz, pois a experiência do pai equilibra a equação. Análogo a esses deliciosos e verídicos "causos" do campo, é o esforço fiscal do governo, capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Não há dúvida de que diminuir despesas é prioritário, mas é preciso respeitar os limites do arrocho das empresas e investimentos públicos. Ou a economia padecerá. Cabe, portanto, uma análise do ajuste fiscal que está em curso. O primeiro aspecto refere-se ao decreto nº 8.434/15, da presidente Dilma Rousseff, que fixa teto de R$ 18,9 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento, nos cinco primeiros meses de 2015. Em relação ao valor do mesmo período de 2014, de R$ 26 bilhões, a queda é de 27%. Já para as despesas discricionárias dos ministérios, passíveis de manejo, o limite é de R$ 78,5 bilhões, 2,5% a menos do que os R$ 80,5 bilhões de 2014. Não seria melhor tirar menos do PAC, que gera empregos e renda, e mais do custeio? O esforço fiscal também está subtraindo recursos das empresas, considerando o aumento de impostos. Há, ainda, medidas provisórias que limitam o seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte. Isso, além da questão social, significa menos dinheiro no consumo e mais estagnação. Outra proposta enviada ao Congresso reduz muito a desoneração da folha de pagamento. Se aprovada, as empresas serão oneradas num momento em que suas margens estão pressionadas pelo aumento dos juros, inclusive os do BNDES. Cai o incentivo tributário e cresce o custo de produzir. Há, ainda, a majoração da energia elétrica. Todos concordam com a meta de superavit primário de 1,2% do PIB. A redução das despesas e o aumento de arrecadação, porém, precisam ser bem direcionados, ter foco correto e garantir um mínimo de fôlego para a economia. Há alternativas para os cortes, como diminuir o dinheiro do fundo partidário, os elevados custos com os quase 30 mil ocupantes de cargos em comissão no governo federal, controle de viagens de funcionários, eventos e gastos não prioritários. E isso vale para todas as instâncias dos três Poderes. Ninguém deseja que o Estado seja o pai de todos e distribua benesses às empresas, mas também não queremos que aja como o radical filho do agricultor. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, 75, engenheiro, é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho e vice-presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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ONU se mostra preocupada com resistência a antibióticos
Líderes do mundo inteiro pediram nesta quarta-feira (21) uma mobilização de governos, médicos, laboratórios e consumidores para frear a ameaça crescente das chamadas superbactérias, resistentes a todos os antibióticos conhecidos, que geram um grande número de doenças cada vez mais difíceis de curar. "A resistência antimicrobiana representa uma ameaça fundamental de longo prazo para a saúde humana, a produção de alimentos e o desenvolvimento", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao abrir a primeira reunião sobre este assunto convocada em uma Assembleia Geral da ONU. "Estamos perdendo nossa capacidade de proteger tanto os humanos como os animais de infecções mortais", acrescentou. Como exemplo, citou uma epidemia de febre tifoide resistente aos antibióticos que está se espalhando na África, a crescente resistência aos tratamentos contra a Aids e a progressão de uma forma de tuberculose resistente a antibióticos já registrada em 105 países. Segundo um estudo britânico recente, estas superbactérias poderiam chegar a matar até 10 milhões de pessoas por ano em 2050, ou seja, serão tão mortais quanto o câncer. "A situação é ruim e está piorando. Alguns cientistas falam de um tsunami em câmera lenta", expressou a diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan. "Se continuarmos assim, uma doença banal como a gonorreia se tornará incurável. Você irá ao médico e o doutor se verá obrigado a te dizer: 'sinto muito, não posso fazer nada por você'", disse. Chan ressaltou que durante anos não se desenvolveu nenhuma nova classe de antibióticos, e que o retorno do investimento neste tipo de medicamentos é insuficiente para a indústria farmacêutica. Ela pediu uma ação coordenada de todos os setores, tanto públicos como privados, governos, profissionais de saúde, laboratórios e consumidores. Estes últimos "devem poder comer carne sem antibióticos", disse, em relação à transmissão de infecções resistentes aos antibióticos a partir da carne de animais para os consumidores, amplamente documentada. Para impulsar todos os agentes públicos e privados a participarem desta luta, os líderes reunidos em Nova York aprovaram uma declaração em que se comprometem a reforçar a regulação do uso de antibióticos, disseminar o conhecimento sobre este fenômeno, incentivar a busca de novas classes de antibióticos e estimular os tratamentos alternativos.
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ONU se mostra preocupada com resistência a antibióticosLíderes do mundo inteiro pediram nesta quarta-feira (21) uma mobilização de governos, médicos, laboratórios e consumidores para frear a ameaça crescente das chamadas superbactérias, resistentes a todos os antibióticos conhecidos, que geram um grande número de doenças cada vez mais difíceis de curar. "A resistência antimicrobiana representa uma ameaça fundamental de longo prazo para a saúde humana, a produção de alimentos e o desenvolvimento", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao abrir a primeira reunião sobre este assunto convocada em uma Assembleia Geral da ONU. "Estamos perdendo nossa capacidade de proteger tanto os humanos como os animais de infecções mortais", acrescentou. Como exemplo, citou uma epidemia de febre tifoide resistente aos antibióticos que está se espalhando na África, a crescente resistência aos tratamentos contra a Aids e a progressão de uma forma de tuberculose resistente a antibióticos já registrada em 105 países. Segundo um estudo britânico recente, estas superbactérias poderiam chegar a matar até 10 milhões de pessoas por ano em 2050, ou seja, serão tão mortais quanto o câncer. "A situação é ruim e está piorando. Alguns cientistas falam de um tsunami em câmera lenta", expressou a diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan. "Se continuarmos assim, uma doença banal como a gonorreia se tornará incurável. Você irá ao médico e o doutor se verá obrigado a te dizer: 'sinto muito, não posso fazer nada por você'", disse. Chan ressaltou que durante anos não se desenvolveu nenhuma nova classe de antibióticos, e que o retorno do investimento neste tipo de medicamentos é insuficiente para a indústria farmacêutica. Ela pediu uma ação coordenada de todos os setores, tanto públicos como privados, governos, profissionais de saúde, laboratórios e consumidores. Estes últimos "devem poder comer carne sem antibióticos", disse, em relação à transmissão de infecções resistentes aos antibióticos a partir da carne de animais para os consumidores, amplamente documentada. Para impulsar todos os agentes públicos e privados a participarem desta luta, os líderes reunidos em Nova York aprovaram uma declaração em que se comprometem a reforçar a regulação do uso de antibióticos, disseminar o conhecimento sobre este fenômeno, incentivar a busca de novas classes de antibióticos e estimular os tratamentos alternativos.
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Legistas dizem que houve explosão em avião da EgyptAir; Egito nega
Legistas envolvidos nas investigações da queda de um avião da EgyptAir disseram nesta terça-feira (24) que pedaços de corpos dos passageiros sugerem que houve uma explosão na aeronave. O governo do Egito nega a informação. A informação reforça a hipótese de terrorismo. O Airbus A320, que fazia o voo MS804, de Paris ao Cairo, caiu no mar Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo na quinta (19) pouco depois entrar no espaço aéreo egípcio. Segundo os peritos egípcios, os pedaços dos corpos de passageiros recolhidos perto dos destroços são muito pequenos, sendo o maior deles o pedaço de uma cabeça. Isso, afirmam eles, indica que houve uma explosão a bordo. Os investigadores, no entanto, dizem não ser capazes de determinar o que provocou a explosão ou se há vestígios de explosivos nos restos humanos. Os peritos foram consultados pelas agências de notícias Associated Press e Reuters. Nesta terça, o jornal egípcio "Al Watan" havia afirmado, também com base em investigadores, que o avião explodiu no ar. Assim como as agências, a publicação diz que ainda não é possível determinar as causas da explosão. Em ambos os casos, os meios de comunicação recorreram a fontes que não quiseram se identificar. Em nota, o chefe de Medicina Forense do governo egípcio, Hesham Abdelhamid, negou as informações publicadas pela imprensa. "Todas as publicações sobre este assunto são completamente falsas e meras especulações que não foram fornecidas pelas autoridades forenses", afirmou o representante do governo à agência de notícias estatal Mena. A Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da França disse que não ia comentar sobre a informação dos egípcios. Nesta terça, parentes das vítimas foram ao necrotério no Cairo tentar identificar os corpos das vítimas. No aeroporto do Cairo, onde estão alguns parentes, peritos colheram amostras de DNA para ajudar nos trabalhos. As equipes de resgate ainda procuram as caixas-pretas e mais destroços que possam explicar o que ocorreu no acidente. SUSPEITA Embora tenham prometido transparência nas investigações, o governo do Egito está sob suspeita devido ao manejo da queda de um avião da companhia russa Metrojet na Península do Sinai em 31 de outubro do ano passado. Na ocasião, as autoridades egípcias levaram quatro meses para reconhecer que a filial local da milícia terrorista Estado Islâmico tinha derrubado o Airbus A321 que levava 224 pessoas a bordo de Sharm al-Sheikh a São Petersburgo. A facção reivindicou o ataque horas depois de o avião cair e o Kremlin disse se tratar de um atentado 17 dias após a queda. No dia seguinte, o EI publicou as fotos da bomba, que teria sido colocada por um agente de pista. O governo egípcio teme que um novo atentado prejudique ainda mais o turismo. Principal fonte de recursos ao país, a atividade sofre forte queda desde a derrubada do regime do ditador Hosni Mubarak, em 2011.
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Legistas dizem que houve explosão em avião da EgyptAir; Egito negaLegistas envolvidos nas investigações da queda de um avião da EgyptAir disseram nesta terça-feira (24) que pedaços de corpos dos passageiros sugerem que houve uma explosão na aeronave. O governo do Egito nega a informação. A informação reforça a hipótese de terrorismo. O Airbus A320, que fazia o voo MS804, de Paris ao Cairo, caiu no mar Mediterrâneo com 66 pessoas a bordo na quinta (19) pouco depois entrar no espaço aéreo egípcio. Segundo os peritos egípcios, os pedaços dos corpos de passageiros recolhidos perto dos destroços são muito pequenos, sendo o maior deles o pedaço de uma cabeça. Isso, afirmam eles, indica que houve uma explosão a bordo. Os investigadores, no entanto, dizem não ser capazes de determinar o que provocou a explosão ou se há vestígios de explosivos nos restos humanos. Os peritos foram consultados pelas agências de notícias Associated Press e Reuters. Nesta terça, o jornal egípcio "Al Watan" havia afirmado, também com base em investigadores, que o avião explodiu no ar. Assim como as agências, a publicação diz que ainda não é possível determinar as causas da explosão. Em ambos os casos, os meios de comunicação recorreram a fontes que não quiseram se identificar. Em nota, o chefe de Medicina Forense do governo egípcio, Hesham Abdelhamid, negou as informações publicadas pela imprensa. "Todas as publicações sobre este assunto são completamente falsas e meras especulações que não foram fornecidas pelas autoridades forenses", afirmou o representante do governo à agência de notícias estatal Mena. A Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da França disse que não ia comentar sobre a informação dos egípcios. Nesta terça, parentes das vítimas foram ao necrotério no Cairo tentar identificar os corpos das vítimas. No aeroporto do Cairo, onde estão alguns parentes, peritos colheram amostras de DNA para ajudar nos trabalhos. As equipes de resgate ainda procuram as caixas-pretas e mais destroços que possam explicar o que ocorreu no acidente. SUSPEITA Embora tenham prometido transparência nas investigações, o governo do Egito está sob suspeita devido ao manejo da queda de um avião da companhia russa Metrojet na Península do Sinai em 31 de outubro do ano passado. Na ocasião, as autoridades egípcias levaram quatro meses para reconhecer que a filial local da milícia terrorista Estado Islâmico tinha derrubado o Airbus A321 que levava 224 pessoas a bordo de Sharm al-Sheikh a São Petersburgo. A facção reivindicou o ataque horas depois de o avião cair e o Kremlin disse se tratar de um atentado 17 dias após a queda. No dia seguinte, o EI publicou as fotos da bomba, que teria sido colocada por um agente de pista. O governo egípcio teme que um novo atentado prejudique ainda mais o turismo. Principal fonte de recursos ao país, a atividade sofre forte queda desde a derrubada do regime do ditador Hosni Mubarak, em 2011.
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Protesto contra o governo federal reúne 80 mil pessoas em Curitiba
O protesto contra a presidente Dilma Rousseff reuniu 80 mil pessoas na tarde deste domingo (15) em Curitiba, segundo cálculos da Polícia Militar do Paraná. Sem uma liderança unificada, vários movimentos levaram carros de som, distribuíram material contra a presidente e puxaram coros pelo impeachment. De acordo com a PM, não houve incidentes graves até o fim da tarde. O protesto no início foi liderado por um grupo que levou um trio elétrico com uma banda para a praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense. Entre uma música e outra, pediram gritos de "fora PT" e fizeram críticas aos desvios na Petrobras. O empresário Fabrício de Macedo, 44, disse que ele e amigos ajudaram a custear por meio de uma vaquinha os R$ 6.000 da locação do carro e que não têm vínculos com partidos. Outros grupos, como um chamado "Movimento Federalista", também trouxeram equipamentos de som. Sem um comando único, uma marcha dispersa percorreu ruas do centro até se concentrar na Boca Maldita, tradicional ponto de encontro da cidade. Editoria de Arte/Folhapress Vários manifestantes trouxeram cartazes de apoio ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos envolvendo a Operação Lava Jato, que tramitam na capital paranaense. Locutores de carros de som pediram salvas de palmas ao magistrado e até o chamaram de "herói". Muitas faixas também pediam intervenção militar no Brasil. Outros cartazes diziam "Eu vim de graça", em referência ao pagamento de participantes no ato pró-Dilma organizado na última sexta-feira (13). Não houve menções a políticos de oposição nem bandeiras de partidos em Curitiba. O professor universitário Bonald Figueirdo, 57, trouxe uma faixa em inglês pedindo a saída de Dilma e que o ex-ministro Joaquim Barbosa participe do movimento. "Até se for o [vice] Michel Temer seria melhor do que continuar com a Dilma", disse. SEPARATISMO Integrantes do movimento O Sul é o Meu País, que pede a separação dos três Estados da região, também aproveitaram o ato para distribuir material de campanha e divulgar a causa. "Após a eleição da Dilma, o apoio ao movimento cresceu", disse Carlos Zatti, 67, integrante do grupo. O caminho para o Impeachment; Crédito William Mur/Editoria de Arte/Folhapress
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Protesto contra o governo federal reúne 80 mil pessoas em CuritibaO protesto contra a presidente Dilma Rousseff reuniu 80 mil pessoas na tarde deste domingo (15) em Curitiba, segundo cálculos da Polícia Militar do Paraná. Sem uma liderança unificada, vários movimentos levaram carros de som, distribuíram material contra a presidente e puxaram coros pelo impeachment. De acordo com a PM, não houve incidentes graves até o fim da tarde. O protesto no início foi liderado por um grupo que levou um trio elétrico com uma banda para a praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense. Entre uma música e outra, pediram gritos de "fora PT" e fizeram críticas aos desvios na Petrobras. O empresário Fabrício de Macedo, 44, disse que ele e amigos ajudaram a custear por meio de uma vaquinha os R$ 6.000 da locação do carro e que não têm vínculos com partidos. Outros grupos, como um chamado "Movimento Federalista", também trouxeram equipamentos de som. Sem um comando único, uma marcha dispersa percorreu ruas do centro até se concentrar na Boca Maldita, tradicional ponto de encontro da cidade. Editoria de Arte/Folhapress Vários manifestantes trouxeram cartazes de apoio ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos envolvendo a Operação Lava Jato, que tramitam na capital paranaense. Locutores de carros de som pediram salvas de palmas ao magistrado e até o chamaram de "herói". Muitas faixas também pediam intervenção militar no Brasil. Outros cartazes diziam "Eu vim de graça", em referência ao pagamento de participantes no ato pró-Dilma organizado na última sexta-feira (13). Não houve menções a políticos de oposição nem bandeiras de partidos em Curitiba. O professor universitário Bonald Figueirdo, 57, trouxe uma faixa em inglês pedindo a saída de Dilma e que o ex-ministro Joaquim Barbosa participe do movimento. "Até se for o [vice] Michel Temer seria melhor do que continuar com a Dilma", disse. SEPARATISMO Integrantes do movimento O Sul é o Meu País, que pede a separação dos três Estados da região, também aproveitaram o ato para distribuir material de campanha e divulgar a causa. "Após a eleição da Dilma, o apoio ao movimento cresceu", disse Carlos Zatti, 67, integrante do grupo. O caminho para o Impeachment; Crédito William Mur/Editoria de Arte/Folhapress
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'Não sei o que aconteceu', diz Emma Stone sobre gafe do Oscar
"Não sei o que aconteceu", disse Emma Stone nos bastidores da cerimônia que ocorreu na noite deste domingo (26), em Los Angeles. Ela refere-se à gafe do evento, quando, já ao fim, Warren Beatty e Faye Dunaway se confundiram e concederam o prêmio de melhor filme a "La La Land - Cantando Estações". Na realidade, a Academia premiou "Moonlight". A gafe foi percebida e corrigida quando o elenco do filme de Damien Chazelle já fazia seus agradecimentos no palco. Beatty se desculpou e disse que se confundiu ao ler no envelope o nome de Emma Stone e o título de "La La Land". "Eu não estava tentando ser engraçado", disse o ator. Stone, que levou a estatueta de melhor atriz, refutou o comentário e disse que o envelope com seu nome estava sob sua tutela o tempo todo. "Eu amo 'Moonlight' para caramba. Claro que foi bom ouvir 'La La Land', mas ficamos muito empolgados por 'Moonlight', que é um dos melhores filmes de todos os tempos", completou a atriz.
ilustrada
'Não sei o que aconteceu', diz Emma Stone sobre gafe do Oscar"Não sei o que aconteceu", disse Emma Stone nos bastidores da cerimônia que ocorreu na noite deste domingo (26), em Los Angeles. Ela refere-se à gafe do evento, quando, já ao fim, Warren Beatty e Faye Dunaway se confundiram e concederam o prêmio de melhor filme a "La La Land - Cantando Estações". Na realidade, a Academia premiou "Moonlight". A gafe foi percebida e corrigida quando o elenco do filme de Damien Chazelle já fazia seus agradecimentos no palco. Beatty se desculpou e disse que se confundiu ao ler no envelope o nome de Emma Stone e o título de "La La Land". "Eu não estava tentando ser engraçado", disse o ator. Stone, que levou a estatueta de melhor atriz, refutou o comentário e disse que o envelope com seu nome estava sob sua tutela o tempo todo. "Eu amo 'Moonlight' para caramba. Claro que foi bom ouvir 'La La Land', mas ficamos muito empolgados por 'Moonlight', que é um dos melhores filmes de todos os tempos", completou a atriz.
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Microsoft lançará Office 2016 neste ano
A Microsoft anunciou nesta quinta-feira (22) que lançará a próxima versão de seu pacote Office (Word, Excel, PowerPoint etc) no segundo semestre deste ano. "Teremos mais para divulgar sobre o Office 2016 [como será chamado o conjunto de software] nos próximos meses, mas esta suíte continuará a oferecer a experiência abrangente com a qual você está familiarizado, melhor aproveitada em um PC com teclado e mouse", disse ao site "The Verge" Julia White, gerente-geral de Office na companhia americana. As novidades sobre essa edição futura ainda são escassas –e pouco "revolucionárias–, com informações publicadas por meio de rumores sobre a opção de um visual escuro e o retorno de um assistente virtual que apareceu em versões anteriores, o Clippy. Nesta quarta (21), a companhia realizou um evento em que foram apresentadas as direções que a empresa deve tomar em relação ao Windows e a outras áreas, incluindo o Office (que será distribuído gratuitamente para os compradores de novos aparelhos com o futuro Windows 10), o Outlook (que terá uma versão "universal" para PC, tablet e celular), o Xbox (mais integrado ao PC) e até realidade virtual. Em 2011, a Microsoft passou a vender o pacote Office também no modelo de SaaS (software como serviço, na sigla em inglês), por meio da assinatura chamada Office 365, que, dependendo do plano, pode dar direito a todo software do conjunto e atualizações gratuitas. Cada vez mais a empresa toma atitudes para levar os clientes a assinarem o serviço em vez de pagar uma só vez pelo pacote. Nesse sentido o anúncio do Office 2016 vem com uma dose de surpresa, posto que a companhia poderia ter apostado em "matar" a numeração de versões.
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Microsoft lançará Office 2016 neste anoA Microsoft anunciou nesta quinta-feira (22) que lançará a próxima versão de seu pacote Office (Word, Excel, PowerPoint etc) no segundo semestre deste ano. "Teremos mais para divulgar sobre o Office 2016 [como será chamado o conjunto de software] nos próximos meses, mas esta suíte continuará a oferecer a experiência abrangente com a qual você está familiarizado, melhor aproveitada em um PC com teclado e mouse", disse ao site "The Verge" Julia White, gerente-geral de Office na companhia americana. As novidades sobre essa edição futura ainda são escassas –e pouco "revolucionárias–, com informações publicadas por meio de rumores sobre a opção de um visual escuro e o retorno de um assistente virtual que apareceu em versões anteriores, o Clippy. Nesta quarta (21), a companhia realizou um evento em que foram apresentadas as direções que a empresa deve tomar em relação ao Windows e a outras áreas, incluindo o Office (que será distribuído gratuitamente para os compradores de novos aparelhos com o futuro Windows 10), o Outlook (que terá uma versão "universal" para PC, tablet e celular), o Xbox (mais integrado ao PC) e até realidade virtual. Em 2011, a Microsoft passou a vender o pacote Office também no modelo de SaaS (software como serviço, na sigla em inglês), por meio da assinatura chamada Office 365, que, dependendo do plano, pode dar direito a todo software do conjunto e atualizações gratuitas. Cada vez mais a empresa toma atitudes para levar os clientes a assinarem o serviço em vez de pagar uma só vez pelo pacote. Nesse sentido o anúncio do Office 2016 vem com uma dose de surpresa, posto que a companhia poderia ter apostado em "matar" a numeração de versões.
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Sundance mostra como realidade virtual pode ajudar a natureza
Quando um usuário se depara com as maravilhas da realidade virtual, ele costuma pensar em novas formas de se jogar um videogame, de assistir a um filme e, bem, em pornografia também. Mas uma variedade de projetos apresentados com esta tecnologia no Festival de Sundance tem em comum um objetivo mais altruísta: salvar o planeta. As mudanças climáticas são o foco deste encontro de cineastas independentes e cinéfilos nas montanhas de Utah (oeste dos Estados Unidos) e há várias experiências de realidade virtual (VR, na sigla em inglês), além dos já habituais filmes e documentários. Um dos mais impressionantes é "Under the Canopy" (Sob as copas das árvores, em tradução literal), sobre a preservação da Amazônia e centrado nas comunidades mais afetadas pelo desmatamento. Desenvolvido pela ONG Conservation Internacional (CI) e o desenvolvedor de conteúdo Jaunt VR, a produção de 15 minutos conduz o público pela selva, guiado por Kamanja, membro da tribo Trio, do Suriname. Com um visor especial, é possível ver tudo ao redor, enquanto se ouve a explicação do guia: para cima, a cobertura das árvores na floresta e pelo caminho, preguiças e sucuris, reforçando a importância vital deste habitat para o futuro da humanidade. "Nem todo mundo pode ir à Amazônia, é caro, é complicado, e a VR nos dá a oportunidade de levar as pessoas para lá, fazer uma conexão com o povo que está ali", explicou o chefe de marketing da CI, Jamie Cross, durante uma demonstração da tecnologia. A Amazônia, a maior floresta do planeta, produz 20% do oxigênio que respiramos e é a casa de 10% das espécies do mundo, sem mencionar os 30 milhões de pessoas que vivem ali. Contudo, 15.000 km² –10 vezes a Cidade do México– são perdidos por ano com a expansão da agricultura, do crescimento urbano e a extração de recursos naturais. Pesquisadores da Universidade da Geórgia, de Connecticut e Stanford coincidem em que experiências de realidade virtual aproximam as pessoas dos problemas e se tornam mais empáticas. Outro estúdio de VR focado em desmatamento é o nova-iorquino "Here Be Dragons", que fez uma imersão na vida total de uma árvore, desde que é plantada até ser cortada pelo homem. COMPAIXÃO O foco destas produções não é apenas o desmatamento. Fundado pelo premiado cineasta americano-cingapuriano Danfung Dennis, Condition One desenvolveu "Melting Ice" (Degelo, em tradução literal), que transporta o público às geleiras em risco. É uma peça complementar na noite de estreia de "An Inconvenient Sequel: Truth to Power" ("Uma sequência inconveniente: verdade ao poder"), do ex-vice-presidente americano Al Gore. O documentário é a continuação do filme "Uma verdade inconveniente", documentário ganhador do Oscar em 2016. De pé sobre uma geleira que desmorona, ao lado de rios revoltos de gelo derretido e sob os efeitos do aumento do nível do mar, os espectadores são testemunha dos sinais do futuro precário da Terra. Para capturar a paisagem encantadora, porém instável, Denis filmou na Groenlândia usando parafusos de gelo para se prender nas geleiras com sua câmera VR de 360 graus. "Pela primeira vez somos capazes de capturar essas experiências subjetivas, é um passo para de colocar no lugar do outro", disse à AFP. "Com essa habilidade, temos formas poderosas de invocar empatia e compaixão nos outros, que talvez possam ser, inclusive, muito diferentes de nós", acrescentou. A VR continua sendo uma novidade, mas seus defensores dizem que a tecnologia avança rapidamente e esperam que 2017 seja um ano crucial. A taiwanesa HTC concorre com seu dispositivo Vive VR com o PlayStation VR e o Oculus Rift do Facebook. Todos impulsionam seus desenvolvedores a refinar cada vez mais suas plataformas. Recentemente, a HTC anunciou um fundo de US$ 10 milhões para criadores de realidade virtual (para qualquer sistema) que destaquem os problemas de sustentabilidade no mundo. "A VR está em um momento incipiente em sua distribuição, será um desenvolvimento lento, antes de se tornar um mercado de consumo de massa", disse Dennis. "Mas vai acontecer, acho que esta é a próxima plataforma informática, o próximo meio de comunicação", afirmou.
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Sundance mostra como realidade virtual pode ajudar a naturezaQuando um usuário se depara com as maravilhas da realidade virtual, ele costuma pensar em novas formas de se jogar um videogame, de assistir a um filme e, bem, em pornografia também. Mas uma variedade de projetos apresentados com esta tecnologia no Festival de Sundance tem em comum um objetivo mais altruísta: salvar o planeta. As mudanças climáticas são o foco deste encontro de cineastas independentes e cinéfilos nas montanhas de Utah (oeste dos Estados Unidos) e há várias experiências de realidade virtual (VR, na sigla em inglês), além dos já habituais filmes e documentários. Um dos mais impressionantes é "Under the Canopy" (Sob as copas das árvores, em tradução literal), sobre a preservação da Amazônia e centrado nas comunidades mais afetadas pelo desmatamento. Desenvolvido pela ONG Conservation Internacional (CI) e o desenvolvedor de conteúdo Jaunt VR, a produção de 15 minutos conduz o público pela selva, guiado por Kamanja, membro da tribo Trio, do Suriname. Com um visor especial, é possível ver tudo ao redor, enquanto se ouve a explicação do guia: para cima, a cobertura das árvores na floresta e pelo caminho, preguiças e sucuris, reforçando a importância vital deste habitat para o futuro da humanidade. "Nem todo mundo pode ir à Amazônia, é caro, é complicado, e a VR nos dá a oportunidade de levar as pessoas para lá, fazer uma conexão com o povo que está ali", explicou o chefe de marketing da CI, Jamie Cross, durante uma demonstração da tecnologia. A Amazônia, a maior floresta do planeta, produz 20% do oxigênio que respiramos e é a casa de 10% das espécies do mundo, sem mencionar os 30 milhões de pessoas que vivem ali. Contudo, 15.000 km² –10 vezes a Cidade do México– são perdidos por ano com a expansão da agricultura, do crescimento urbano e a extração de recursos naturais. Pesquisadores da Universidade da Geórgia, de Connecticut e Stanford coincidem em que experiências de realidade virtual aproximam as pessoas dos problemas e se tornam mais empáticas. Outro estúdio de VR focado em desmatamento é o nova-iorquino "Here Be Dragons", que fez uma imersão na vida total de uma árvore, desde que é plantada até ser cortada pelo homem. COMPAIXÃO O foco destas produções não é apenas o desmatamento. Fundado pelo premiado cineasta americano-cingapuriano Danfung Dennis, Condition One desenvolveu "Melting Ice" (Degelo, em tradução literal), que transporta o público às geleiras em risco. É uma peça complementar na noite de estreia de "An Inconvenient Sequel: Truth to Power" ("Uma sequência inconveniente: verdade ao poder"), do ex-vice-presidente americano Al Gore. O documentário é a continuação do filme "Uma verdade inconveniente", documentário ganhador do Oscar em 2016. De pé sobre uma geleira que desmorona, ao lado de rios revoltos de gelo derretido e sob os efeitos do aumento do nível do mar, os espectadores são testemunha dos sinais do futuro precário da Terra. Para capturar a paisagem encantadora, porém instável, Denis filmou na Groenlândia usando parafusos de gelo para se prender nas geleiras com sua câmera VR de 360 graus. "Pela primeira vez somos capazes de capturar essas experiências subjetivas, é um passo para de colocar no lugar do outro", disse à AFP. "Com essa habilidade, temos formas poderosas de invocar empatia e compaixão nos outros, que talvez possam ser, inclusive, muito diferentes de nós", acrescentou. A VR continua sendo uma novidade, mas seus defensores dizem que a tecnologia avança rapidamente e esperam que 2017 seja um ano crucial. A taiwanesa HTC concorre com seu dispositivo Vive VR com o PlayStation VR e o Oculus Rift do Facebook. Todos impulsionam seus desenvolvedores a refinar cada vez mais suas plataformas. Recentemente, a HTC anunciou um fundo de US$ 10 milhões para criadores de realidade virtual (para qualquer sistema) que destaquem os problemas de sustentabilidade no mundo. "A VR está em um momento incipiente em sua distribuição, será um desenvolvimento lento, antes de se tornar um mercado de consumo de massa", disse Dennis. "Mas vai acontecer, acho que esta é a próxima plataforma informática, o próximo meio de comunicação", afirmou.
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Com queda de temperatura, SP terá dias de inverno a partir de quarta-feira
Quem está gostando dos dias tórridos de outono em São Paulo tem até o meio da semana para aproveitar. Depois, a primeira frente fria do ano deve chegar com força entre quarta (27) e quinta-feira (28). Essa mudança fará com que a chuva volte e os termômetros caiam bastante em relação às últimas semanas. Se neste domingo (24), a previsão indica termômetros entre 21º C e 32º C -o que deve se repetir até terça (26)-, no próximo sábado (30), segundo a Somar Meteorologia, os paulistanos vão ter 20º C de temperatura máxima. A mínima, normalmente registrada no fim da madrugada, deverá ser de 12º C. Haverá um fim de semana típico de inverno na cidade. O tempo na capital paulista começa a mudar na quarta-feira (27). Primeiro devem chegar algumas trovoadas. A partir da quinta-feira as chuvas diminuem e o frio aumenta até o final de semana. A frente fria que vem do Sul do continente é forte. Assim, vai conseguir romper com o bloqueio causado pela grande massa de ar quente que está sobre o Sul e o Sudeste do Brasil desde o início do mês de abril. Os gaúchos já sentem os efeitos da frente fria, seguida de massa de ar polar, neste fim de semana. Em Porto Alegre, durante a semana, entre quarta e quinta-feira, os termômetros poderão cair para 5º C de madrugada, em algumas áreas da capital gaúcha. Todo os Estados do Sul do Brasil vão ter frio nesta semana que começa hoje. RECORDE Os dados históricos da climatologia paulistana sustentam o estranhamento das pessoas com o calor excessivo durante um mês de abril. Isso nunca ocorreu, pelo menos, desde 1961, quando começaram os registros do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que são feitos no Mirante de Santana, na zona norte paulistana. Até o dia 20 de abril deste ano, foram, no total, 15 dias com temperaturas acima dos 30º C. Quatro a mais do que os registrados nos anos de 1987 e 2005. O recorde de dias seguidos com temperaturas acima dos 30º C também foi batido agora em abril de 2016. Foram nove dias, entre 12 e 20 de abril. A série mais longa até então havia sido registrada em 2003, com seis dias consecutivos de calor. O clima quente também foi bastante seco. As represas do Cantareira praticamente não acumularam água durante todo o mês de abril.
cotidiano
Com queda de temperatura, SP terá dias de inverno a partir de quarta-feiraQuem está gostando dos dias tórridos de outono em São Paulo tem até o meio da semana para aproveitar. Depois, a primeira frente fria do ano deve chegar com força entre quarta (27) e quinta-feira (28). Essa mudança fará com que a chuva volte e os termômetros caiam bastante em relação às últimas semanas. Se neste domingo (24), a previsão indica termômetros entre 21º C e 32º C -o que deve se repetir até terça (26)-, no próximo sábado (30), segundo a Somar Meteorologia, os paulistanos vão ter 20º C de temperatura máxima. A mínima, normalmente registrada no fim da madrugada, deverá ser de 12º C. Haverá um fim de semana típico de inverno na cidade. O tempo na capital paulista começa a mudar na quarta-feira (27). Primeiro devem chegar algumas trovoadas. A partir da quinta-feira as chuvas diminuem e o frio aumenta até o final de semana. A frente fria que vem do Sul do continente é forte. Assim, vai conseguir romper com o bloqueio causado pela grande massa de ar quente que está sobre o Sul e o Sudeste do Brasil desde o início do mês de abril. Os gaúchos já sentem os efeitos da frente fria, seguida de massa de ar polar, neste fim de semana. Em Porto Alegre, durante a semana, entre quarta e quinta-feira, os termômetros poderão cair para 5º C de madrugada, em algumas áreas da capital gaúcha. Todo os Estados do Sul do Brasil vão ter frio nesta semana que começa hoje. RECORDE Os dados históricos da climatologia paulistana sustentam o estranhamento das pessoas com o calor excessivo durante um mês de abril. Isso nunca ocorreu, pelo menos, desde 1961, quando começaram os registros do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), que são feitos no Mirante de Santana, na zona norte paulistana. Até o dia 20 de abril deste ano, foram, no total, 15 dias com temperaturas acima dos 30º C. Quatro a mais do que os registrados nos anos de 1987 e 2005. O recorde de dias seguidos com temperaturas acima dos 30º C também foi batido agora em abril de 2016. Foram nove dias, entre 12 e 20 de abril. A série mais longa até então havia sido registrada em 2003, com seis dias consecutivos de calor. O clima quente também foi bastante seco. As represas do Cantareira praticamente não acumularam água durante todo o mês de abril.
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Por que as calçadas paulistanas devem ser um lixo?
Era uma vez uma cidade em profunda crise econômica. Seu governante, tentando resolver a urgente falta de dinheiro, decretou: as vias públicas serão cuidadas pelos donos dos lotes por onde passam! A partir de então, cada pedaço do asfalto passou a ser mantido pelo dono do imóvel em frente. A medida resultou em imediato sucesso financeiro: o governo economizou o dinheiro destinado à pavimentação. Mas em poucos meses, as ruas passaram a expressar a diversidade de gostos e renda da população. O proprietário milionário ladrilhou seu pedacinho de rua com pedrinhas de brilhante. Alguns de seus vizinhos preferiram mármore ou granito enquanto os mais pobres deixaram o pavimento à sorte do tempo. Se havia o dever de cuidar, também cabia o direito de escolher a estética: o morador palmeirense misturou tinta verde ao asfalto; seu vizinho tricolor preferiu faixas brancas e vermelhas; no bairro boêmio, bares patrocinados pintavam as ruas com cores de cervejarias e as floriculturas desenhavam rosas e margaridas. O resultado geral, no entanto, foi o abandono, caracterizado pelos buracos. Proprietários sem dinheiro não faziam manutenção; outros simplesmente se esqueciam ou investiam seus fundos na preservação do imóvel do muro para dentro. Quando a cidade se deu conta de que a decisão do prefeito tinha sido uma loucura, seu mandato já tinha acabado e ele mesmo, morrido. Restou para o futuro, o legado de abandono do espaço público, crateras e acidentes. A cidade se chama São Paulo. O governante era Jânio Quadros (1985-88). A crise econômica só não era mais grave que a atual. E a lei maluca vigora desde então, mas apenas para as calçadas: a mentalidade que privilegia os automóveis impediu que a lei valesse para toda a via pública; ficou restrita àquela parte que afeta todos os moradores quando eles andam a pé. O resultado, todos sabemos. Na semana que passou, o prefeito eleito João Dória disse que São Paulo é um lixo. Nada expressa melhor essa podridão do que o estado das calçadas, responsáveis por 20% das internações de ortopedia na rede pública, por acidentes causados por buracos e desníveis. Atire a primeira pedra na lei em vigor quem já tropeçou ou se feriu por um defeito no calçamento. Quem não quiser jogar pedras pode pressionar os dois prefeitos (Haddad, atual, e Dória, eleito) que têm a chance de mudar o quadro atual, depois de 30 anos de caos causado pelo imediatismo de Jânio: foi aprovado pela Câmara em novembro um projeto de autoria do vereador Andrea Matarazzo (hoje no PSD) que devolve ao poder público a missão de cuidar das calçadas. Haddad deve sancionar ou vetar a lei. No processo de transição em curso, é provável que consulte o sucessor. Matarazzo foi derrotado em dois processos eleitorais envolvendo os prefeitos, no ano que termina: nas prévias tucanas, foi ultrapassado por Dória; saiu do partido e foi candidato a vice de Marta Suplicy (PMDB), ficando atrás de Dória e Haddad. Mas se os alcaides olharem para a lei sem a lente eleitoral, provavelmente vão sancioná-la. São Paulo tem cerca de 35 mil quilômetros de calçadas. A lei terá um impacto para a economia da Prefeitura: passa para os cofres públicos uma obrigação que hoje é dos donos de imóveis (salvo nas avenidas mais movimentadas, em que a missão já é da Prefeitura). A equipe de Dória teme que a crise torne esse custo impagável. Há até uma informação, certamente maldosa, mas que circula entre as duas equipes, de que Haddad vetaria a medida a pedido de Dória. Duvido de que duas pessoas inteligentes possam ter uma visão tão tosca sobre a administração pública e imediatista sobre as finanças municipais a ponto de vetar uma lei que corrige um descalabro implantado por um governante emocionalmente desequilibrado 30 anos atrás. Se a Prefeitura não tem dinheiro para assumir a obrigação em 2017, que sancione a lei e deixe a sua regulamentação para 2018; ou crie uma regra de transição que dure alguns anos. O fato é que a pulverização do dever de cuidar das calçadas fez delas a maior expressão do lixo paulistano, a que se referiu o prefeito eleito.
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Por que as calçadas paulistanas devem ser um lixo?Era uma vez uma cidade em profunda crise econômica. Seu governante, tentando resolver a urgente falta de dinheiro, decretou: as vias públicas serão cuidadas pelos donos dos lotes por onde passam! A partir de então, cada pedaço do asfalto passou a ser mantido pelo dono do imóvel em frente. A medida resultou em imediato sucesso financeiro: o governo economizou o dinheiro destinado à pavimentação. Mas em poucos meses, as ruas passaram a expressar a diversidade de gostos e renda da população. O proprietário milionário ladrilhou seu pedacinho de rua com pedrinhas de brilhante. Alguns de seus vizinhos preferiram mármore ou granito enquanto os mais pobres deixaram o pavimento à sorte do tempo. Se havia o dever de cuidar, também cabia o direito de escolher a estética: o morador palmeirense misturou tinta verde ao asfalto; seu vizinho tricolor preferiu faixas brancas e vermelhas; no bairro boêmio, bares patrocinados pintavam as ruas com cores de cervejarias e as floriculturas desenhavam rosas e margaridas. O resultado geral, no entanto, foi o abandono, caracterizado pelos buracos. Proprietários sem dinheiro não faziam manutenção; outros simplesmente se esqueciam ou investiam seus fundos na preservação do imóvel do muro para dentro. Quando a cidade se deu conta de que a decisão do prefeito tinha sido uma loucura, seu mandato já tinha acabado e ele mesmo, morrido. Restou para o futuro, o legado de abandono do espaço público, crateras e acidentes. A cidade se chama São Paulo. O governante era Jânio Quadros (1985-88). A crise econômica só não era mais grave que a atual. E a lei maluca vigora desde então, mas apenas para as calçadas: a mentalidade que privilegia os automóveis impediu que a lei valesse para toda a via pública; ficou restrita àquela parte que afeta todos os moradores quando eles andam a pé. O resultado, todos sabemos. Na semana que passou, o prefeito eleito João Dória disse que São Paulo é um lixo. Nada expressa melhor essa podridão do que o estado das calçadas, responsáveis por 20% das internações de ortopedia na rede pública, por acidentes causados por buracos e desníveis. Atire a primeira pedra na lei em vigor quem já tropeçou ou se feriu por um defeito no calçamento. Quem não quiser jogar pedras pode pressionar os dois prefeitos (Haddad, atual, e Dória, eleito) que têm a chance de mudar o quadro atual, depois de 30 anos de caos causado pelo imediatismo de Jânio: foi aprovado pela Câmara em novembro um projeto de autoria do vereador Andrea Matarazzo (hoje no PSD) que devolve ao poder público a missão de cuidar das calçadas. Haddad deve sancionar ou vetar a lei. No processo de transição em curso, é provável que consulte o sucessor. Matarazzo foi derrotado em dois processos eleitorais envolvendo os prefeitos, no ano que termina: nas prévias tucanas, foi ultrapassado por Dória; saiu do partido e foi candidato a vice de Marta Suplicy (PMDB), ficando atrás de Dória e Haddad. Mas se os alcaides olharem para a lei sem a lente eleitoral, provavelmente vão sancioná-la. São Paulo tem cerca de 35 mil quilômetros de calçadas. A lei terá um impacto para a economia da Prefeitura: passa para os cofres públicos uma obrigação que hoje é dos donos de imóveis (salvo nas avenidas mais movimentadas, em que a missão já é da Prefeitura). A equipe de Dória teme que a crise torne esse custo impagável. Há até uma informação, certamente maldosa, mas que circula entre as duas equipes, de que Haddad vetaria a medida a pedido de Dória. Duvido de que duas pessoas inteligentes possam ter uma visão tão tosca sobre a administração pública e imediatista sobre as finanças municipais a ponto de vetar uma lei que corrige um descalabro implantado por um governante emocionalmente desequilibrado 30 anos atrás. Se a Prefeitura não tem dinheiro para assumir a obrigação em 2017, que sancione a lei e deixe a sua regulamentação para 2018; ou crie uma regra de transição que dure alguns anos. O fato é que a pulverização do dever de cuidar das calçadas fez delas a maior expressão do lixo paulistano, a que se referiu o prefeito eleito.
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Batalhão do Irajá simboliza outro fracasso da segurança do Rio
RIO DE JANEIRO - "Vídeo flagra policiais atirando em homens feridos e desarmados no Rio". A notícia, da última quinta (30), se liga a outras: "Quatro PMs são presos após morte de cinco jovens"; "Policiais são suspeitos de vender carga roubada a traficante e morador"; "Policial confunde macaco hidráulico com arma e mata dois jovens". Publicadas na Folha desde outubro de 2015, todas essas reportagens referem-se a um mesmo batalhão da PM do Rio: o 41º, localizado no Irajá, bairro da zona norte. Ele patrulha uma das áreas mais violentas da cidade, que engloba os morros do Chapadão, do Gogó da Ema e da Pedreira. A PM fluminense é conhecida por ser uma das que mais matam e mais morrem no país. Só no primeiro bimestre deste ano, matou 182 pessoas, uma média de três por dia. E, até março, morreram 47 policiais —ainda que apenas sete deles em serviço. Nesse quadro catastrófico, o 41º batalhão é campeão de barbaridades. Fundado em 2010, em três anos passou a ocupar o topo do ranking de homicídios em supostos confrontos com a polícia. E nessa lista nem entram as vítimas de balas perdidas, como Maria Eduarda da Conceição, 13, atingida durante uma aula de educação física na escola, enquanto PMs e bandidos trocavam tiros do lado de fora —no mesmo dia em que foram registradas as execuções em vídeo. Na última segunda (3), outra adolescente de 13 anos morreu com um tiro vindo não se sabe de onde, na mesma região. O caso do batalhão do Irajá revela uma outra faceta do fracasso da política de segurança pública implementada por José Mariano Beltrame nos governos Cabral e Pezão: a incapacidade de extinguir as práticas corrompidas e de expurgar a banda podre da PM. Se isso não foi feito quando havia um secretário de segurança com apoio político e dinheiro à disposição, não vai ser agora, quando nem sequer se pagam salários em dia.
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Batalhão do Irajá simboliza outro fracasso da segurança do RioRIO DE JANEIRO - "Vídeo flagra policiais atirando em homens feridos e desarmados no Rio". A notícia, da última quinta (30), se liga a outras: "Quatro PMs são presos após morte de cinco jovens"; "Policiais são suspeitos de vender carga roubada a traficante e morador"; "Policial confunde macaco hidráulico com arma e mata dois jovens". Publicadas na Folha desde outubro de 2015, todas essas reportagens referem-se a um mesmo batalhão da PM do Rio: o 41º, localizado no Irajá, bairro da zona norte. Ele patrulha uma das áreas mais violentas da cidade, que engloba os morros do Chapadão, do Gogó da Ema e da Pedreira. A PM fluminense é conhecida por ser uma das que mais matam e mais morrem no país. Só no primeiro bimestre deste ano, matou 182 pessoas, uma média de três por dia. E, até março, morreram 47 policiais —ainda que apenas sete deles em serviço. Nesse quadro catastrófico, o 41º batalhão é campeão de barbaridades. Fundado em 2010, em três anos passou a ocupar o topo do ranking de homicídios em supostos confrontos com a polícia. E nessa lista nem entram as vítimas de balas perdidas, como Maria Eduarda da Conceição, 13, atingida durante uma aula de educação física na escola, enquanto PMs e bandidos trocavam tiros do lado de fora —no mesmo dia em que foram registradas as execuções em vídeo. Na última segunda (3), outra adolescente de 13 anos morreu com um tiro vindo não se sabe de onde, na mesma região. O caso do batalhão do Irajá revela uma outra faceta do fracasso da política de segurança pública implementada por José Mariano Beltrame nos governos Cabral e Pezão: a incapacidade de extinguir as práticas corrompidas e de expurgar a banda podre da PM. Se isso não foi feito quando havia um secretário de segurança com apoio político e dinheiro à disposição, não vai ser agora, quando nem sequer se pagam salários em dia.
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Joesley diz ter pensado que ex-procurador Miller era infiltrado de Janot
Joesley Batista tem dito a amigos próximos que quando conheceu o ex-procurador Marcello Miller não sabia de que lado ele estava. Chegou a achar que Miller fosse um agente infiltrado da Procuradoria Geral da República (PGR) para espioná-lo. Sua desconfiança vinha do fato de que o ex-procurador tinha sido aliado próximo de Rodrigo Janot, ajudando a fechar colaborações premiadas importantes da Operação Lava Jato como a da Odebrecht. O empresário contou a interlocutores, no entanto, que percebeu rapidamente que sua suspeita não fazia sentido. Comentou na época que a decisão de fazer uma delação premiada o estava deixando paranoico. Segundo assessores, Joesley vai dizer em depoimento à PGR, marcado para esta quinta-feira (7), que Miller apenas o ajudou a entender como funcionava o processo de delação premiada e que nunca recebeu remuneração por isso. Ele também vai contar que conheceu o ex-procurador por meio de Francisco de Assis, diretor jurídico da J&F, holding que reúne os negócios da família. Segundo reportagem publicada pela Folha, Miller foi sondado para ser diretor de compliance do frigorífico JBS. A versão de Joesley, no entanto, é diferente do que indica conversa gravada entre ele e seu subordinado e também delator, Ricardo Saud. No áudio, entregue pelo próprio empresário à PGR, os dois dizem que Miller estaria ajudando na elaboração de alguns anexos da colaboração premiada e sugerem que contavam com influência do ex-procurador junto a Janot. Joesley disse a amigos que a conversa não passa de um "papo de bêbados", contando vantagens. Por meio de uma nota, ele e Saud pediram desculpas publicamente pelo que disseram. A gravação, com mais de quatro horas, foi feita num bar depois de um encontro entre Saud e o senador Ciro Nogueira (PP). O áudio foi inserido em um anexo sobre o deputado, mas, na versão da J&F, não foi entregue acidentalmente. Advogados do grupo dizem que o áudio não poderia ser editado e que não fizeram um anexo especificamente sobre o assunto porque não entenderam que a relação com Miller configurava um crime. No dia da gravação, 17 de março, a Polícia Federal tinha deflagrado a Operação Carne Fraca, que investiga JBS, BRF e outras empresas por suborno a fiscais agropecuários. O assunto provocou comoção porque colocou em xeque a qualidade da carne brasileira. Joesley acreditava na época que a Carne Fraca era uma pressão do Ministério Público para eles contassem tudo que sabiam na delação. Na sua versão, ele estava tentando acalmar Saud e convencê-lo a não desistir de delatar. Wesley Batista, presidente-executivo da JBS, teria ficado furioso com a Operação Carne Fraca, por ter ocorrido quando os irmãos Batista já discutiam um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Quase um mês antes, no dia 19 de fevereiro, um domingo, Assis havia telefonado ao procurador do Distrito Federal, Anselmo Lopes, responsável pela Operação Greenfield, e comunicado a intenção dos irmãos de confessar seus crimes. Segundo assessores da J&F, Assis teve uma reunião com Anselmo na segunda-feira, dia 20. O procurador o teria encaminhado para Sérgio Bruno, da força tarefa da Lava Jato na PGR, já que a delação incluiria políticos com foro privilegiado. Ainda conforme o relato de executivos ligados à J&F, Assis telefonou para Bruno dois dias depois e eles tiveram uma primeira reunião no dia 2 de março. No encontro, Bruno e Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Janot, teriam explicado ao advogado como funciona uma delação. A PGR nega essas datas e diz que as reuniões com a defesa dos Batista só começaram no dia 27 de março. A conversa entre Joesley e o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, ocorreu no dia 7 de março. Segundo assessores da J&F, o executivo gravou o presidente por iniciativa própria.
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Joesley diz ter pensado que ex-procurador Miller era infiltrado de JanotJoesley Batista tem dito a amigos próximos que quando conheceu o ex-procurador Marcello Miller não sabia de que lado ele estava. Chegou a achar que Miller fosse um agente infiltrado da Procuradoria Geral da República (PGR) para espioná-lo. Sua desconfiança vinha do fato de que o ex-procurador tinha sido aliado próximo de Rodrigo Janot, ajudando a fechar colaborações premiadas importantes da Operação Lava Jato como a da Odebrecht. O empresário contou a interlocutores, no entanto, que percebeu rapidamente que sua suspeita não fazia sentido. Comentou na época que a decisão de fazer uma delação premiada o estava deixando paranoico. Segundo assessores, Joesley vai dizer em depoimento à PGR, marcado para esta quinta-feira (7), que Miller apenas o ajudou a entender como funcionava o processo de delação premiada e que nunca recebeu remuneração por isso. Ele também vai contar que conheceu o ex-procurador por meio de Francisco de Assis, diretor jurídico da J&F, holding que reúne os negócios da família. Segundo reportagem publicada pela Folha, Miller foi sondado para ser diretor de compliance do frigorífico JBS. A versão de Joesley, no entanto, é diferente do que indica conversa gravada entre ele e seu subordinado e também delator, Ricardo Saud. No áudio, entregue pelo próprio empresário à PGR, os dois dizem que Miller estaria ajudando na elaboração de alguns anexos da colaboração premiada e sugerem que contavam com influência do ex-procurador junto a Janot. Joesley disse a amigos que a conversa não passa de um "papo de bêbados", contando vantagens. Por meio de uma nota, ele e Saud pediram desculpas publicamente pelo que disseram. A gravação, com mais de quatro horas, foi feita num bar depois de um encontro entre Saud e o senador Ciro Nogueira (PP). O áudio foi inserido em um anexo sobre o deputado, mas, na versão da J&F, não foi entregue acidentalmente. Advogados do grupo dizem que o áudio não poderia ser editado e que não fizeram um anexo especificamente sobre o assunto porque não entenderam que a relação com Miller configurava um crime. No dia da gravação, 17 de março, a Polícia Federal tinha deflagrado a Operação Carne Fraca, que investiga JBS, BRF e outras empresas por suborno a fiscais agropecuários. O assunto provocou comoção porque colocou em xeque a qualidade da carne brasileira. Joesley acreditava na época que a Carne Fraca era uma pressão do Ministério Público para eles contassem tudo que sabiam na delação. Na sua versão, ele estava tentando acalmar Saud e convencê-lo a não desistir de delatar. Wesley Batista, presidente-executivo da JBS, teria ficado furioso com a Operação Carne Fraca, por ter ocorrido quando os irmãos Batista já discutiam um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Quase um mês antes, no dia 19 de fevereiro, um domingo, Assis havia telefonado ao procurador do Distrito Federal, Anselmo Lopes, responsável pela Operação Greenfield, e comunicado a intenção dos irmãos de confessar seus crimes. Segundo assessores da J&F, Assis teve uma reunião com Anselmo na segunda-feira, dia 20. O procurador o teria encaminhado para Sérgio Bruno, da força tarefa da Lava Jato na PGR, já que a delação incluiria políticos com foro privilegiado. Ainda conforme o relato de executivos ligados à J&F, Assis telefonou para Bruno dois dias depois e eles tiveram uma primeira reunião no dia 2 de março. No encontro, Bruno e Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Janot, teriam explicado ao advogado como funciona uma delação. A PGR nega essas datas e diz que as reuniões com a defesa dos Batista só começaram no dia 27 de março. A conversa entre Joesley e o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, ocorreu no dia 7 de março. Segundo assessores da J&F, o executivo gravou o presidente por iniciativa própria.
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Reaproximação com EUA impulsiona viagens temáticas a Cuba
Havia uma fila em frente ao carrinho de sorvetes no interior de Cuba, mas o guia deixou o grupo de sete turistas judeus americanos passar na frente. Com US$ 1, eles conseguiam comprar 13 casquinhas. Pagaram para a fila inteira. De volta à van, conversaram e decidiram oferecer ao guia um veículo novo –a van em que viajavam estava remendada, caindo aos pedaços. A orientação, no entanto, foi de não dar o presente, por "questões políticas". O caso se deu em um tour realizado pela sinagoga Templo Israel, de Nova York, quase dez anos atrás –à época, quando ainda imperava o rompimento diplomático entre os dois países, expedições como essa eram autorizadas por serem, segundo a rubrica oficial, "humanitarismo religioso". Mas, por trás disso, o rabino David Gelfand tinha "um interesse mais profundo" pela cultura, pela arte e pela arquitetura cubana –além de curiosidade pela comunidade judaica em Havana. Ele, inclusive, se ofereceu para liderar o serviço religioso na sinagoga Patronato, depois do qual os frequentadores chegaram a chorar, segundo ele, porque não ouviam um rabino desde 1961. Agora que os dois países reataram relações diplomáticas, o grupo de Gelfand comemora a abertura econômica gradual, que lhes permitirá fazer contribuições maiores –e comer em melhores "paladares"; alguns, ele diz, "parecem bistrôs chiques de Tribeca [bairro nobre de Nova York]". "Por outro lado, há viajantes afobados, que parecem querer chegar antes de a transição se completar, por um fascínio em conhecer o passado –que é o presente em Cuba", pondera o rabino. O movimento de americanos na ilha deve crescer de 30% a 40% com a abertura econômica, segundo estimativas de empresas do setor. Um filão que já vem sendo explorado são as expedições temáticas, marcadas em geral para o inverno norte-americano. Entre elas, os tours da sinagoga de Gelfand ou uma viagem guiada por um locutor de beisebol, que leva americanos a estádios e promove encontros com jogadores e familiares. "Quando assisti a um jogo lá pela primeira vez, no início dos anos 2000, fiquei surpreso como era tão parecido e tão diferente", lembra o presidente da agência Insight Cuba, Tom Popper. "Foi fácil tomar a decisão de criar esse tour." Entre 2014 e 2015, a procura pelos pacotes dobrou. O locutor, Eric Nadel, que até aprendeu a falar espanhol, costuma recomendar que os turistas "levem suas luvas" ao visitar o Palmar del Junco –onde, em 1874, ocorreu o primeiro jogo de beisebol cubano– e que "coloquem os seus bonés" para visitar o estádio Pablo Avelino. O programa inclui ainda um coquetel com estrelas aposentadas do esporte no hotel Nacional e um jantar em um restaurante temático. ROTA DO JAZZ Outra possibilidade é conhecer a ilha por meio das lentes de músicos, dançarinos e artistas locais. A agência de turismo do clube de jazz nova-iorquino Blue Note promete uma "imersão cultural". Os roteiros incluem uma visita à casa onde o escritor Ernest Hemingway morou, Finca Vigía, e a um de seus barcos. Há uma apresentação de crianças dançarinas e aulas com bailarinos de jazz. Claro que shows ao estilo "Buena Vista Social Club" estão previstos, mas há rotas menos previsíveis, como um tour pelo estúdio da gravadora Abdala e um almoço na galeria de Jose Fuster, artista que redecorou sua casa e o bairro de Jaimanitas, com 80 murais.
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Reaproximação com EUA impulsiona viagens temáticas a CubaHavia uma fila em frente ao carrinho de sorvetes no interior de Cuba, mas o guia deixou o grupo de sete turistas judeus americanos passar na frente. Com US$ 1, eles conseguiam comprar 13 casquinhas. Pagaram para a fila inteira. De volta à van, conversaram e decidiram oferecer ao guia um veículo novo –a van em que viajavam estava remendada, caindo aos pedaços. A orientação, no entanto, foi de não dar o presente, por "questões políticas". O caso se deu em um tour realizado pela sinagoga Templo Israel, de Nova York, quase dez anos atrás –à época, quando ainda imperava o rompimento diplomático entre os dois países, expedições como essa eram autorizadas por serem, segundo a rubrica oficial, "humanitarismo religioso". Mas, por trás disso, o rabino David Gelfand tinha "um interesse mais profundo" pela cultura, pela arte e pela arquitetura cubana –além de curiosidade pela comunidade judaica em Havana. Ele, inclusive, se ofereceu para liderar o serviço religioso na sinagoga Patronato, depois do qual os frequentadores chegaram a chorar, segundo ele, porque não ouviam um rabino desde 1961. Agora que os dois países reataram relações diplomáticas, o grupo de Gelfand comemora a abertura econômica gradual, que lhes permitirá fazer contribuições maiores –e comer em melhores "paladares"; alguns, ele diz, "parecem bistrôs chiques de Tribeca [bairro nobre de Nova York]". "Por outro lado, há viajantes afobados, que parecem querer chegar antes de a transição se completar, por um fascínio em conhecer o passado –que é o presente em Cuba", pondera o rabino. O movimento de americanos na ilha deve crescer de 30% a 40% com a abertura econômica, segundo estimativas de empresas do setor. Um filão que já vem sendo explorado são as expedições temáticas, marcadas em geral para o inverno norte-americano. Entre elas, os tours da sinagoga de Gelfand ou uma viagem guiada por um locutor de beisebol, que leva americanos a estádios e promove encontros com jogadores e familiares. "Quando assisti a um jogo lá pela primeira vez, no início dos anos 2000, fiquei surpreso como era tão parecido e tão diferente", lembra o presidente da agência Insight Cuba, Tom Popper. "Foi fácil tomar a decisão de criar esse tour." Entre 2014 e 2015, a procura pelos pacotes dobrou. O locutor, Eric Nadel, que até aprendeu a falar espanhol, costuma recomendar que os turistas "levem suas luvas" ao visitar o Palmar del Junco –onde, em 1874, ocorreu o primeiro jogo de beisebol cubano– e que "coloquem os seus bonés" para visitar o estádio Pablo Avelino. O programa inclui ainda um coquetel com estrelas aposentadas do esporte no hotel Nacional e um jantar em um restaurante temático. ROTA DO JAZZ Outra possibilidade é conhecer a ilha por meio das lentes de músicos, dançarinos e artistas locais. A agência de turismo do clube de jazz nova-iorquino Blue Note promete uma "imersão cultural". Os roteiros incluem uma visita à casa onde o escritor Ernest Hemingway morou, Finca Vigía, e a um de seus barcos. Há uma apresentação de crianças dançarinas e aulas com bailarinos de jazz. Claro que shows ao estilo "Buena Vista Social Club" estão previstos, mas há rotas menos previsíveis, como um tour pelo estúdio da gravadora Abdala e um almoço na galeria de Jose Fuster, artista que redecorou sua casa e o bairro de Jaimanitas, com 80 murais.
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Vídeo mostra vítimas agonizando e se debatendo em ataque químico na Síria
Um vídeo divulgado nesta terça-feira (9) pelo canal americano CNN mostra imagens que teriam sido feitas nas horas seguintes ao ataque químico a Khan Sheikhoun, na periferia de Damasco, na Síria, há 35 dias. Em 4 de abril, pelo menos 92 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas em um bairro atingido por gás sarin. O agente químico leva ao colapso do sistema nervoso das vítimas e, dependendo da exposição, pode matar. As cenas fortes, divulgadas ao canal por um grupo chamado Aleppo Media Centre, são de dezenas de pessoas mortas em uma rua. As que ainda permaneciam vivas respiravam com dificuldade e se debatiam no chão. Tanto os mortos quanto os feridos espumavam pelo nariz e a boca, um dos efeitos colaterais da exposição ao gás. Equipes de resgate atiravam água com mangueiras de incêndio nos corpos daqueles que tentavam sobreviver. Em outra cena, editada em relação à primeira, cerca de dez crianças feridas e seminuas aparecem na caçamba de uma picape, também com respiração ofegante e espumando. Um homem joga água nos atingidos. O vídeo começa com um ataque aéreo que forma uma poeira fina sobre uma região, que o Aleppo Media Centre diz ser Khan Sheikhoun, e, em seguida, é cortada para as cenas das vítimas do ataque químico. O grupo foi o mesmo que fez outras imagens da operação, que foram publicados na internet horas após o ataque. Nem a CNN nem os responsáveis pela filmagem informam o motivo pelo qual este vídeo não foi divulgado antes. Alguns analistas afirmam que o Aleppo Media Centre é ligado à Frente al-Nusra, milícia radical islâmica que foi ligada à Al Qaeda até 2016, de modo que a divulgação destas imagens seria uma forma de propaganda. ACUSAÇÕES O ataque a Khan Sheikhoun foi o motivo citado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para bombardear uma base aérea na Síria, em retaliação ao ditador Bashar al-Assad, que Washington considera responsável pela ação. Além dos americanos, países europeus como França e Reino Unido também acusam Damasco de ter usado o gás químico. O regime sírio nega e aponta seus adversários como autores, mesma posição do governo russo. Analistas do conflito se dividem sobre a possível origem do ataque, mas parte deles aventa a hipótese de a oposição a Assad ter executado o ataque para incriminá-lo, diante da vantagem territorial que as forças aliadas ao regime conquistaram nos últimos meses.
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Vídeo mostra vítimas agonizando e se debatendo em ataque químico na SíriaUm vídeo divulgado nesta terça-feira (9) pelo canal americano CNN mostra imagens que teriam sido feitas nas horas seguintes ao ataque químico a Khan Sheikhoun, na periferia de Damasco, na Síria, há 35 dias. Em 4 de abril, pelo menos 92 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas em um bairro atingido por gás sarin. O agente químico leva ao colapso do sistema nervoso das vítimas e, dependendo da exposição, pode matar. As cenas fortes, divulgadas ao canal por um grupo chamado Aleppo Media Centre, são de dezenas de pessoas mortas em uma rua. As que ainda permaneciam vivas respiravam com dificuldade e se debatiam no chão. Tanto os mortos quanto os feridos espumavam pelo nariz e a boca, um dos efeitos colaterais da exposição ao gás. Equipes de resgate atiravam água com mangueiras de incêndio nos corpos daqueles que tentavam sobreviver. Em outra cena, editada em relação à primeira, cerca de dez crianças feridas e seminuas aparecem na caçamba de uma picape, também com respiração ofegante e espumando. Um homem joga água nos atingidos. O vídeo começa com um ataque aéreo que forma uma poeira fina sobre uma região, que o Aleppo Media Centre diz ser Khan Sheikhoun, e, em seguida, é cortada para as cenas das vítimas do ataque químico. O grupo foi o mesmo que fez outras imagens da operação, que foram publicados na internet horas após o ataque. Nem a CNN nem os responsáveis pela filmagem informam o motivo pelo qual este vídeo não foi divulgado antes. Alguns analistas afirmam que o Aleppo Media Centre é ligado à Frente al-Nusra, milícia radical islâmica que foi ligada à Al Qaeda até 2016, de modo que a divulgação destas imagens seria uma forma de propaganda. ACUSAÇÕES O ataque a Khan Sheikhoun foi o motivo citado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para bombardear uma base aérea na Síria, em retaliação ao ditador Bashar al-Assad, que Washington considera responsável pela ação. Além dos americanos, países europeus como França e Reino Unido também acusam Damasco de ter usado o gás químico. O regime sírio nega e aponta seus adversários como autores, mesma posição do governo russo. Analistas do conflito se dividem sobre a possível origem do ataque, mas parte deles aventa a hipótese de a oposição a Assad ter executado o ataque para incriminá-lo, diante da vantagem territorial que as forças aliadas ao regime conquistaram nos últimos meses.
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Drake ganha 13 prêmios e bate recorde no Billboard Music Awards
O rapper Drake conquistou o recorde de 13 vitórias na premiação Billboard Music Awards, na noite de domingo (21), superando o recorde anterior da cantora Adele de 12 prêmios em 2012. "Eu quero dizer, segure firme Adele, porque quando lançar uma nova coisa você vai voltar para recuperar seu recorde", disse o artista canadense ao receber um de seus prêmios no evento repleto de celebridades, em Las Vegas. A cerimônia de entrega de prêmios nos Estados Unidos homenageia artistas da indústria musical. Drake, que entre os prêmios venceu nas categorias melhor artista, melhor artista homem e melhor álbum de rap por "Views", posou para fotógrafos rodeado por seus troféus em formato de microfone. O show de três horas –apresentado pelo artista de hip-hop Ludacris e pela protagonista do filme High School Musical Vanessa Hudgens– contou com apresentações de Miley Cyrus, Chainsmokers, Nicki Minaj e Imagine Dragons. Beyoncé e Twenty One Pilots ganharam cada um cinco prêmios, embora estivessem ausentes da cerimônia. A banda Chainsmokers levou quatro, incluindo melhor colaboração e melhor música "Hot 100" por "Closer" com a Halsey.
ilustrada
Drake ganha 13 prêmios e bate recorde no Billboard Music AwardsO rapper Drake conquistou o recorde de 13 vitórias na premiação Billboard Music Awards, na noite de domingo (21), superando o recorde anterior da cantora Adele de 12 prêmios em 2012. "Eu quero dizer, segure firme Adele, porque quando lançar uma nova coisa você vai voltar para recuperar seu recorde", disse o artista canadense ao receber um de seus prêmios no evento repleto de celebridades, em Las Vegas. A cerimônia de entrega de prêmios nos Estados Unidos homenageia artistas da indústria musical. Drake, que entre os prêmios venceu nas categorias melhor artista, melhor artista homem e melhor álbum de rap por "Views", posou para fotógrafos rodeado por seus troféus em formato de microfone. O show de três horas –apresentado pelo artista de hip-hop Ludacris e pela protagonista do filme High School Musical Vanessa Hudgens– contou com apresentações de Miley Cyrus, Chainsmokers, Nicki Minaj e Imagine Dragons. Beyoncé e Twenty One Pilots ganharam cada um cinco prêmios, embora estivessem ausentes da cerimônia. A banda Chainsmokers levou quatro, incluindo melhor colaboração e melhor música "Hot 100" por "Closer" com a Halsey.
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Inscrição para ProUni do meio do ano termina nesta quinta
Os estudantes interessados em concorrer a uma bolsa do ProUni (Programa Universidade para Todos) do meio do ano têm até as 23h59 desta quinta-feira (18) para efetuar o cadastramento. As inscrições são gratuitas e acontecem exclusivamente no site do ProUni, onde o candidato poderá pesquisar as instituições e cursos com oferta de bolsa. O ProUni é programa de bolsas para estudantes de baixa renda ingressarem em instituições privadas de ensino superior. Para este semestre, serão oferecidas 116.004 bolsas em 856 instituições privadas de ensino superior. Dessas, 68.971 são integrais, e 47.033, parciais. Os Estados com maior número de bolsas ofertadas são São Paulo (30.519), Minas Gerais (14.335), e Rio Grande do Sul (8.088). Já os Estados com menor número são: Roraima (165), Acre (396) e Amapá (402). Veja a divisão por Estados aqui. Para efetuar a inscrição, o candidato deverá informar seu número de inscrição e sua senha do Enem 2014. Caso o candidato não se recorde, ele poderá recuperá-los na página do Enem. Ao efetuar a inscrição, o candidato poderá indicar duas opções de sua preferência –os resultados serão divulgados a partir de 22 de junho. Haverá apenas uma chamada para os selecionados. Podem concorrer às bolsas do ProUni, os candidatos que fizeram o Enem 2014 e receberam nota acima de zero na redação. É preciso ainda preencher alguns requisitos como não ter diploma de ensino superior, ter cursado o ensino médio completo em escola pública ou em escola privada, na condição de bolsista. O estudante precisa ainda ter um determinado limite de renda: pertencer a família cuja renda mensal per capita não exceda 1,5 salário mínimo (R$ 1.182), para bolsas integrais, ou três salários mínimos, para parciais (50%).
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Inscrição para ProUni do meio do ano termina nesta quintaOs estudantes interessados em concorrer a uma bolsa do ProUni (Programa Universidade para Todos) do meio do ano têm até as 23h59 desta quinta-feira (18) para efetuar o cadastramento. As inscrições são gratuitas e acontecem exclusivamente no site do ProUni, onde o candidato poderá pesquisar as instituições e cursos com oferta de bolsa. O ProUni é programa de bolsas para estudantes de baixa renda ingressarem em instituições privadas de ensino superior. Para este semestre, serão oferecidas 116.004 bolsas em 856 instituições privadas de ensino superior. Dessas, 68.971 são integrais, e 47.033, parciais. Os Estados com maior número de bolsas ofertadas são São Paulo (30.519), Minas Gerais (14.335), e Rio Grande do Sul (8.088). Já os Estados com menor número são: Roraima (165), Acre (396) e Amapá (402). Veja a divisão por Estados aqui. Para efetuar a inscrição, o candidato deverá informar seu número de inscrição e sua senha do Enem 2014. Caso o candidato não se recorde, ele poderá recuperá-los na página do Enem. Ao efetuar a inscrição, o candidato poderá indicar duas opções de sua preferência –os resultados serão divulgados a partir de 22 de junho. Haverá apenas uma chamada para os selecionados. Podem concorrer às bolsas do ProUni, os candidatos que fizeram o Enem 2014 e receberam nota acima de zero na redação. É preciso ainda preencher alguns requisitos como não ter diploma de ensino superior, ter cursado o ensino médio completo em escola pública ou em escola privada, na condição de bolsista. O estudante precisa ainda ter um determinado limite de renda: pertencer a família cuja renda mensal per capita não exceda 1,5 salário mínimo (R$ 1.182), para bolsas integrais, ou três salários mínimos, para parciais (50%).
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Síndico morador ou profissional, gestão precisa ser transparente e equilibrada
EVERTON LOPES BATISTA DE SÃO PAULO A escolha do síndico, responsável por cuidar do patrimônio dos demais moradores do condomínio, gera preocupação e dúvidas. O que é melhor, um síndico morador ou um profissional, que trabalha para vários prédios e passa algumas horas por semana em cada um deles? Impeachment no condomínio Na opinião de especialistas em administração de condomínios, um bom síndico, seja morador ou profissional, deve saber se comunicar e executar suas propostas, gastar dentro do orçamento, agir com transparência e cumprir o que é definido nas assembleias de moradores. "O síndico morador vive de perto os problemas do prédio e sente as despesas na própria pele", diz Hubert Gebara, da administradora de condomínios e imóveis Hubert. Assim, o gestor se beneficia com uma boa administração tanto quanto os outros condôminos. "Quando ele faz melhorias, faz para o lugar onde mora, e isso serve como uma motivação", diz Marcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios e colunista da Folha. A professora aposentada Célia Coelho, 67, se tornou síndica do edifício de 64 apartamentos onde mora, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, há 18 anos. Desde então nunca deixou o cargo. "Tudo o que faço pelo prédio é também pela minha casa", afirma Coelho. Mas, muitas vezes, os residentes não têm tempo nem habilidade para administrar o edifício, lembra Gebara. "O morador funciona bem como síndico quando o prédio é pequeno e se não existem grandes conflitos entre os moradores", afirma Rachkorsky. Condomínios maiores, segundo o advogado, exigem mais dedicação e uma gestão mais profissionalizada. Para esses casos, a opção de ter um síndico profissional pode ser a melhor. 'SEM MILAGRE' Renato Daniel Tichauer, presidente da Assosíndicos (Associação dos Síndicos de Condomínios de São Paulo) e síndico profissional de dez prédios, diz que a busca por alguém para ocupar o cargo deve ser minuciosa. "É preciso levantar informações do profissional e buscar referências onde ele já prestou algum serviço", diz. Segundo Tichauer, o candidato deve ter experiência e conhecimentos de manutenção e legislação de condomínios e, para isso, precisa se preparar com cursos específicos para síndicos. Quando o candidato é um morador, é importante que tenha bom relacionamento com todos os vizinhos, ressaltam os especialistas. "O síndico deve ser um negociador. Ele precisa ouvir todas as opiniões e chamar os demais moradores para participar da gestão a fim de evitar desentendimentos", afirma Avio Lavagetti, 80, administrador aposentado e síndico há cinco anos do prédio onde mora, no Morumbi, zona oeste de São Paulo. A escolha da administradora que irá auxiliar o gestor também precisa ser criteriosa. "Se a administradora não tem serviço ágil e transparente, a gestão fica comprometida", diz Eduardo Zangari, diretor de relações institucionais da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios). De acordo com Zangari, a troca de síndico dificilmente revoluciona a administração do prédio. "O orçamento é muito limitado e, a menos que a antiga gestão tenha sido muito mal feita, poucas mudanças serão observadas. Não tem milagre que o síndico possa fazer." As melhorias são mais visíveis na qualidade dos serviços e na manutenção do edifício do que no orçamento, afirma Zangari. A busca pelo enxugamento dos custos pode até apresentar riscos: "Alguns cortes, principalmente em manutenção, são perigosos e podem gerar ainda mais gastos", alerta Rodrigo Karpat, advogado especialista em direito condominial e imobiliário. PRÉDIOS ADOTAM PRÁTICAS DE GESTÃO EMPRESARIAL A necessidade de profissionalização da gestão de condomínios levou algumas empresas a oferecer o serviço de governança condominial, que adapta conceitos e práticas que já são usados na administração de grandes empresas. O serviço inclui auditoria de compras e contratos, controle de inadimplência, fiscalização das contas de água e luz para checar se não há vazamentos e acompanhamento da atuação do síndico. "Para prédios maiores, a implantação de um sistema de governança ajuda a aprimorar a gestão", afirma Eduardo Zangari, diretor de relações institucionais da AABIC. "É uma espécie de boas práticas anticorrupção que prega o respeito à administração e à ética nas relações condominiais", diz Talita Zanelato, da Conlive, empresa que oferece o serviço, em São Paulo.
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Síndico morador ou profissional, gestão precisa ser transparente e equilibrada EVERTON LOPES BATISTA DE SÃO PAULO A escolha do síndico, responsável por cuidar do patrimônio dos demais moradores do condomínio, gera preocupação e dúvidas. O que é melhor, um síndico morador ou um profissional, que trabalha para vários prédios e passa algumas horas por semana em cada um deles? Impeachment no condomínio Na opinião de especialistas em administração de condomínios, um bom síndico, seja morador ou profissional, deve saber se comunicar e executar suas propostas, gastar dentro do orçamento, agir com transparência e cumprir o que é definido nas assembleias de moradores. "O síndico morador vive de perto os problemas do prédio e sente as despesas na própria pele", diz Hubert Gebara, da administradora de condomínios e imóveis Hubert. Assim, o gestor se beneficia com uma boa administração tanto quanto os outros condôminos. "Quando ele faz melhorias, faz para o lugar onde mora, e isso serve como uma motivação", diz Marcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios e colunista da Folha. A professora aposentada Célia Coelho, 67, se tornou síndica do edifício de 64 apartamentos onde mora, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, há 18 anos. Desde então nunca deixou o cargo. "Tudo o que faço pelo prédio é também pela minha casa", afirma Coelho. Mas, muitas vezes, os residentes não têm tempo nem habilidade para administrar o edifício, lembra Gebara. "O morador funciona bem como síndico quando o prédio é pequeno e se não existem grandes conflitos entre os moradores", afirma Rachkorsky. Condomínios maiores, segundo o advogado, exigem mais dedicação e uma gestão mais profissionalizada. Para esses casos, a opção de ter um síndico profissional pode ser a melhor. 'SEM MILAGRE' Renato Daniel Tichauer, presidente da Assosíndicos (Associação dos Síndicos de Condomínios de São Paulo) e síndico profissional de dez prédios, diz que a busca por alguém para ocupar o cargo deve ser minuciosa. "É preciso levantar informações do profissional e buscar referências onde ele já prestou algum serviço", diz. Segundo Tichauer, o candidato deve ter experiência e conhecimentos de manutenção e legislação de condomínios e, para isso, precisa se preparar com cursos específicos para síndicos. Quando o candidato é um morador, é importante que tenha bom relacionamento com todos os vizinhos, ressaltam os especialistas. "O síndico deve ser um negociador. Ele precisa ouvir todas as opiniões e chamar os demais moradores para participar da gestão a fim de evitar desentendimentos", afirma Avio Lavagetti, 80, administrador aposentado e síndico há cinco anos do prédio onde mora, no Morumbi, zona oeste de São Paulo. A escolha da administradora que irá auxiliar o gestor também precisa ser criteriosa. "Se a administradora não tem serviço ágil e transparente, a gestão fica comprometida", diz Eduardo Zangari, diretor de relações institucionais da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios). De acordo com Zangari, a troca de síndico dificilmente revoluciona a administração do prédio. "O orçamento é muito limitado e, a menos que a antiga gestão tenha sido muito mal feita, poucas mudanças serão observadas. Não tem milagre que o síndico possa fazer." As melhorias são mais visíveis na qualidade dos serviços e na manutenção do edifício do que no orçamento, afirma Zangari. A busca pelo enxugamento dos custos pode até apresentar riscos: "Alguns cortes, principalmente em manutenção, são perigosos e podem gerar ainda mais gastos", alerta Rodrigo Karpat, advogado especialista em direito condominial e imobiliário. PRÉDIOS ADOTAM PRÁTICAS DE GESTÃO EMPRESARIAL A necessidade de profissionalização da gestão de condomínios levou algumas empresas a oferecer o serviço de governança condominial, que adapta conceitos e práticas que já são usados na administração de grandes empresas. O serviço inclui auditoria de compras e contratos, controle de inadimplência, fiscalização das contas de água e luz para checar se não há vazamentos e acompanhamento da atuação do síndico. "Para prédios maiores, a implantação de um sistema de governança ajuda a aprimorar a gestão", afirma Eduardo Zangari, diretor de relações institucionais da AABIC. "É uma espécie de boas práticas anticorrupção que prega o respeito à administração e à ética nas relações condominiais", diz Talita Zanelato, da Conlive, empresa que oferece o serviço, em São Paulo.
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Políticos prestam homenagem a Marisa Letícia; veja repercussão
A notícia da morte de ex-primeira-dama Marisa Letícia gerou consternação por parte dos parlamentares, que usaram redes sociais e notas oficiais para se manifestar e prestar condolências ao ex-presidente Lula. "D. Marisa nos deixa sua dignidade e a sua simplicidade como legado", afirmou o presidente do Congresso Nacional recém eleito, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Em breve nota, o peemedebista destacou que Marisa "foi uma mulher forte, atuou na militância política com doçura e firmeza", complementou no texto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou rapidamente sobre a morte de Marisa. "Nossos pêsames, nossa solidariedade à família neste momento tão triste", afirmou, destacando "o apoio que sempre deu ao presidente Lula". O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), destacou que "de mãos enlaçadas às delas, Lula se tornou quem é". "Como primeira-dama do Brasil, dona Marisa teve um papel fundamental na construção de um país mais justo e mais solidário, que ela edificou com o presidente Lula". "Ela será sempre lembrada por nós como uma mulher firme, aguerrida, amorosa, parceira de grandes lutas", ressaltou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN). Em nome da bancada do PT da Câmara, o líder, deputado Carlos Zarattini (SP), destacou que "dona Marisa foi uma incansável militante em prol das causas sociais e da luta do povo brasileiro por melhores condições de vida". "Desde os primeiros momentos da formação do Partido dos Trabalhadores, sempre esteve presente, abrindo a porta da sua casa para os companheiros e companheiras que aos longo desses 37 anos uniram-se em torno de um projeto para transformar o Brasil em país mais justo", afirmou o líder petista no texto. As bancadas do PSDB, PSOL e PPS da Câmara também lamentaram a morte de Marisa por meio de notas oficiais. O PMDB, partido do presidente da República, Michel Temer, também expressou "sentimentos e solidariedade" em nota. Os senadores petistas Humberto Costa (PE), Lindbergh Farias (RJ), Fátima Bezerra (RN) e Gleisi Hoffmann (PR) estão em São Paulo desde a manhã desta quinta (2) e vão acompanhar o velório e enterro de Marisa Letícia, que ocorrerá em São Bernardo. Um grupo de deputados do PT também pretende acompanhar as cerimônias de despedida da ex-primeira-dama em São Bernardo. Devido às eleições para a presidência da Câmara, que ocorrem nesta quinta, pretendem pegar um voo de Brasília para São Paulo somente no fim do dia. PREFEITURA A Prefeitura de São Paulo, atualmente governada por João Doria (PSDB), divulgou nota lamentando a morte da ex-primeira-dama. "Ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, filhos, parentes e amigos, [a prefeitura] transmite os sentimentos de solidariedade e pesar em momento tão triste e difícil", diz o comunicado divulgado pelo município.
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Políticos prestam homenagem a Marisa Letícia; veja repercussãoA notícia da morte de ex-primeira-dama Marisa Letícia gerou consternação por parte dos parlamentares, que usaram redes sociais e notas oficiais para se manifestar e prestar condolências ao ex-presidente Lula. "D. Marisa nos deixa sua dignidade e a sua simplicidade como legado", afirmou o presidente do Congresso Nacional recém eleito, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Em breve nota, o peemedebista destacou que Marisa "foi uma mulher forte, atuou na militância política com doçura e firmeza", complementou no texto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou rapidamente sobre a morte de Marisa. "Nossos pêsames, nossa solidariedade à família neste momento tão triste", afirmou, destacando "o apoio que sempre deu ao presidente Lula". O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), destacou que "de mãos enlaçadas às delas, Lula se tornou quem é". "Como primeira-dama do Brasil, dona Marisa teve um papel fundamental na construção de um país mais justo e mais solidário, que ela edificou com o presidente Lula". "Ela será sempre lembrada por nós como uma mulher firme, aguerrida, amorosa, parceira de grandes lutas", ressaltou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN). Em nome da bancada do PT da Câmara, o líder, deputado Carlos Zarattini (SP), destacou que "dona Marisa foi uma incansável militante em prol das causas sociais e da luta do povo brasileiro por melhores condições de vida". "Desde os primeiros momentos da formação do Partido dos Trabalhadores, sempre esteve presente, abrindo a porta da sua casa para os companheiros e companheiras que aos longo desses 37 anos uniram-se em torno de um projeto para transformar o Brasil em país mais justo", afirmou o líder petista no texto. As bancadas do PSDB, PSOL e PPS da Câmara também lamentaram a morte de Marisa por meio de notas oficiais. O PMDB, partido do presidente da República, Michel Temer, também expressou "sentimentos e solidariedade" em nota. Os senadores petistas Humberto Costa (PE), Lindbergh Farias (RJ), Fátima Bezerra (RN) e Gleisi Hoffmann (PR) estão em São Paulo desde a manhã desta quinta (2) e vão acompanhar o velório e enterro de Marisa Letícia, que ocorrerá em São Bernardo. Um grupo de deputados do PT também pretende acompanhar as cerimônias de despedida da ex-primeira-dama em São Bernardo. Devido às eleições para a presidência da Câmara, que ocorrem nesta quinta, pretendem pegar um voo de Brasília para São Paulo somente no fim do dia. PREFEITURA A Prefeitura de São Paulo, atualmente governada por João Doria (PSDB), divulgou nota lamentando a morte da ex-primeira-dama. "Ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, filhos, parentes e amigos, [a prefeitura] transmite os sentimentos de solidariedade e pesar em momento tão triste e difícil", diz o comunicado divulgado pelo município.
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Peemedebistas faturam R$ 14 mil em bolão com vitória de Cunha
Dois parlamentares do PMDB ganharam um incentivo extra para festejar a eleição do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Os deputados Pedro Paulo (RJ) e Carlos Marun (MS) acertaram o resultado da votação e venceram os bolões organizados na campanha vencedora. Eles fazem mistério sobre os valores, mas aliados contam que a soma dos prêmios chegou a R$ 14 mil. O único a cravar o placar de 267 votos para Cunha foi Pedro Paulo Teixeira, pré-candidato à Prefeitura do Rio em 2016. Ele apostou R$ 50 e acertou na mosca os 267 votos do candidato do PMDB. Levou cerca de R$ 3.000. "Quando anunciaram o resultado, todo mundo comemorou a vitória do Eduardo. Eu comemorei diferente: 'Ganhei o bolão!'", gaba-se. O carioca, que é economista, diz que calculou a média dos palpites que já haviam sido feitos pelos colegas –que rondavam os 295 votos– e calibrou uma previsão mais conservadora, chegando aos 267. "Achei que eles estavam otimistas demais", explica. Em outro bolão, organizado no sábado, os deputados dividiram o colégio eleitoral em faixas e botaram valores mais altos na mesa. Marun apostou que Cunha teria entre 260 e 269 votos. Investiu R$ 800 e ganhou cerca de R$ 11 mil, segundo colegas. Numa coincidência feliz para ele, o deputado foi quem organizou o bolão e recolheu o dinheiro dos colegas. "Fui o fiel depositário. Só não me chame de crupiê, porque pega mal", pediu. O deputado disse que ainda não definiu o que fará com o prêmio. "O bolão do Pedro Paulo vai dar para pagar umas duas TVs de 40 polegadas. O meu vai dar para comprar uma lambreta". Na primeira rodada de apostas, Marun acreditava que a bancada do PSDB abandonaria o candidato Júlio Delgado (PSB-MG), que os tucanos haviam apoiado publicamente, para votar em Cunha no primeiro turno. Cravou 318 votos para o peemedebista. No segundo bolão, moveu as peças para baixo e investiu no pessimismo. "Resolvi abaixar um pouco a margem, mas continuei acreditando na vitória no primeiro turno. O importante não é a quantia, é a brincadeira", disse.
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Peemedebistas faturam R$ 14 mil em bolão com vitória de CunhaDois parlamentares do PMDB ganharam um incentivo extra para festejar a eleição do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Os deputados Pedro Paulo (RJ) e Carlos Marun (MS) acertaram o resultado da votação e venceram os bolões organizados na campanha vencedora. Eles fazem mistério sobre os valores, mas aliados contam que a soma dos prêmios chegou a R$ 14 mil. O único a cravar o placar de 267 votos para Cunha foi Pedro Paulo Teixeira, pré-candidato à Prefeitura do Rio em 2016. Ele apostou R$ 50 e acertou na mosca os 267 votos do candidato do PMDB. Levou cerca de R$ 3.000. "Quando anunciaram o resultado, todo mundo comemorou a vitória do Eduardo. Eu comemorei diferente: 'Ganhei o bolão!'", gaba-se. O carioca, que é economista, diz que calculou a média dos palpites que já haviam sido feitos pelos colegas –que rondavam os 295 votos– e calibrou uma previsão mais conservadora, chegando aos 267. "Achei que eles estavam otimistas demais", explica. Em outro bolão, organizado no sábado, os deputados dividiram o colégio eleitoral em faixas e botaram valores mais altos na mesa. Marun apostou que Cunha teria entre 260 e 269 votos. Investiu R$ 800 e ganhou cerca de R$ 11 mil, segundo colegas. Numa coincidência feliz para ele, o deputado foi quem organizou o bolão e recolheu o dinheiro dos colegas. "Fui o fiel depositário. Só não me chame de crupiê, porque pega mal", pediu. O deputado disse que ainda não definiu o que fará com o prêmio. "O bolão do Pedro Paulo vai dar para pagar umas duas TVs de 40 polegadas. O meu vai dar para comprar uma lambreta". Na primeira rodada de apostas, Marun acreditava que a bancada do PSDB abandonaria o candidato Júlio Delgado (PSB-MG), que os tucanos haviam apoiado publicamente, para votar em Cunha no primeiro turno. Cravou 318 votos para o peemedebista. No segundo bolão, moveu as peças para baixo e investiu no pessimismo. "Resolvi abaixar um pouco a margem, mas continuei acreditando na vitória no primeiro turno. O importante não é a quantia, é a brincadeira", disse.
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Editorial: Mordomia isonômica
Como se o Poder Judiciário habitasse um mundo à parte, no qual as privações econômicas e o ajuste das contas públicas são um mito, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram elevar o valor das diárias que recebem quando precisam viajar a trabalho. Desde janeiro, o STF desembolsa R$ 1.125 para custear alimentação, hospedagem e locomoção de seus integrantes em viagens domésticas. A cifra representa acréscimo de 83% em relação aos R$ 614 vigentes em 2013. No caso de deslocamentos ao exterior, o montante passou de US$ 485 para US$ 727 (cerca de R$ 2.300), aumento de 50%. Também houve reajuste na remuneração extra de juízes auxiliares, analistas e técnicos judiciários, que ganham, respectivamente, 95%, 55% e 45% dos valores destinados à cúpula da corte. Já se imaginava, e era possível lamentar por antecipação, que a canetada do Supremo não ficaria sozinha –e de fato não ficou, como mostrou reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta terça (31). O gesto do STF foi imitado pelos demais tribunais superiores, pelos tribunais regionais federais, pelas varas federais e do trabalho e, para piorar, pelo Conselho Nacional de Justiça, órgão que deve planejar e fiscalizar as ações do Judiciário. Verdade que gastos nessa escala tornam-se quase invisíveis diante das dezenas de bilhões de reais que o país tem de poupar. As despesas com viagens limitam-se a poucos milhões, quantia que, ao menos do ponto de vista do ajuste econômico, não é mais que simbólica. É também simbólico, de todo modo, que seja esse o exemplo dado pelos tribunais. Por que um ministro precisa consumir tantos recursos públicos? Não é difícil orçar viagens a um custo bastante inferior ao das diárias do Supremo. Mesmo em conjuntura menos conturbada, faria sentido despender R$ 31.188 (sem contar passagens aéreas) para o ministro Ricardo Lewandowski ficar de 11 a 25 de fevereiro na Europa, onde se encontrou, entre outros, com o papa Francisco e a rainha da Inglaterra? Por falar em símbolos, embora quatro dias de trabalho não possam zerar a fila de processos na Justiça, cabe perguntar por que os tribunais superiores cancelaram os julgamentos durante esta semana. Para a maioria dos brasileiros, apenas sexta-feira é feriado. Enquanto se discute que contribuição cada setor da sociedade pode dar para tirar o país do atoleiro, membros do Judiciário tratam de garantir sua boquinha. O mau exemplo parte da mais alta corte, e as demais, talvez invocando um cínico "princípio da mordomia isonômica", preferem se igualar no vício a lutar por mais virtude.
opiniao
Editorial: Mordomia isonômicaComo se o Poder Judiciário habitasse um mundo à parte, no qual as privações econômicas e o ajuste das contas públicas são um mito, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram elevar o valor das diárias que recebem quando precisam viajar a trabalho. Desde janeiro, o STF desembolsa R$ 1.125 para custear alimentação, hospedagem e locomoção de seus integrantes em viagens domésticas. A cifra representa acréscimo de 83% em relação aos R$ 614 vigentes em 2013. No caso de deslocamentos ao exterior, o montante passou de US$ 485 para US$ 727 (cerca de R$ 2.300), aumento de 50%. Também houve reajuste na remuneração extra de juízes auxiliares, analistas e técnicos judiciários, que ganham, respectivamente, 95%, 55% e 45% dos valores destinados à cúpula da corte. Já se imaginava, e era possível lamentar por antecipação, que a canetada do Supremo não ficaria sozinha –e de fato não ficou, como mostrou reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta terça (31). O gesto do STF foi imitado pelos demais tribunais superiores, pelos tribunais regionais federais, pelas varas federais e do trabalho e, para piorar, pelo Conselho Nacional de Justiça, órgão que deve planejar e fiscalizar as ações do Judiciário. Verdade que gastos nessa escala tornam-se quase invisíveis diante das dezenas de bilhões de reais que o país tem de poupar. As despesas com viagens limitam-se a poucos milhões, quantia que, ao menos do ponto de vista do ajuste econômico, não é mais que simbólica. É também simbólico, de todo modo, que seja esse o exemplo dado pelos tribunais. Por que um ministro precisa consumir tantos recursos públicos? Não é difícil orçar viagens a um custo bastante inferior ao das diárias do Supremo. Mesmo em conjuntura menos conturbada, faria sentido despender R$ 31.188 (sem contar passagens aéreas) para o ministro Ricardo Lewandowski ficar de 11 a 25 de fevereiro na Europa, onde se encontrou, entre outros, com o papa Francisco e a rainha da Inglaterra? Por falar em símbolos, embora quatro dias de trabalho não possam zerar a fila de processos na Justiça, cabe perguntar por que os tribunais superiores cancelaram os julgamentos durante esta semana. Para a maioria dos brasileiros, apenas sexta-feira é feriado. Enquanto se discute que contribuição cada setor da sociedade pode dar para tirar o país do atoleiro, membros do Judiciário tratam de garantir sua boquinha. O mau exemplo parte da mais alta corte, e as demais, talvez invocando um cínico "princípio da mordomia isonômica", preferem se igualar no vício a lutar por mais virtude.
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Facebook lança no Brasil app 'light' para conexões lentas
A partir desta terça-feira (16), estará disponível no Brasil o aplicativo Facebook Lite –uma versão que utiliza menos dados para uma instalação e carregamento mais rápidos, desenvolvida para conexões mais lentas de smartphones. O app está disponível para sistema operacional Android e pode ser baixado na Google Play. Na versão Lite, que utiliza menos de 1 Mbyte, é possível atualizar o Feed de Notícias, status, fotos e notificações. O programa não suporta vídeos e serviços avançados de localização. O aplicativo foi lançado no início de junho em todos os países da Ásia e hoje para países da América Latina e Europa. Na quinta-feira passada (11), o Google passou a mostrar sites em versão "light", com imagens em qualidade mais baixa e sem alguns elementos complexos, para donos de celular com seu sistema operacional Android, a fim de acelerar a navegação.
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Facebook lança no Brasil app 'light' para conexões lentasA partir desta terça-feira (16), estará disponível no Brasil o aplicativo Facebook Lite –uma versão que utiliza menos dados para uma instalação e carregamento mais rápidos, desenvolvida para conexões mais lentas de smartphones. O app está disponível para sistema operacional Android e pode ser baixado na Google Play. Na versão Lite, que utiliza menos de 1 Mbyte, é possível atualizar o Feed de Notícias, status, fotos e notificações. O programa não suporta vídeos e serviços avançados de localização. O aplicativo foi lançado no início de junho em todos os países da Ásia e hoje para países da América Latina e Europa. Na quinta-feira passada (11), o Google passou a mostrar sites em versão "light", com imagens em qualidade mais baixa e sem alguns elementos complexos, para donos de celular com seu sistema operacional Android, a fim de acelerar a navegação.
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Pressionada, cubana abandona Mais Médicos e foge para os EUA
Pressionada pelo governo de Cuba para que seu marido e seu filho de cinco anos voltassem à ilha, a médica Dianelys San Roman Parrado fugiu para Miami (EUA) no último sábado (28). Ela havia ingressado em dezembro de 2013 no Mais Médicos, bandeira da presidente Dilma Rousseff (PT) para levar profissionais ao interior do país e à periferia de grandes cidades. Trabalhava em Jandira, na Grande SP. É a primeira deserção em razão de pressões para que parentes voltem à ilha. Conforme revelou a Folha, Cuba tem ameaçado substituí-los ou cassar seus diplomas caso os familiares permaneçam no Brasil. Também está retendo na ilha os médicos que saem de férias –eles precisam necessariamente, gozá-las em Cuba. A medida seria para prevenir eventuais deserções. Dianelys confirmou a fuga neste domingo (29) em mensagem enviada a seu supervisor, o médico Gustavo Gusso, professor da USP. Disse não ter aguentado a pressão para o regresso do marido e do filho. Contou que havia chegado a Miami em segurança e que estava com amigos. Em conversa com a Folha em 12 de março, Dianelys disse que o filho estava estudando em uma escola bilíngue e o marido vinha trabalhando em uma fábrica de parafusos. "Gosto do meu trabalho, mas não quero me separar deles por nada", disse, na ocasião. Marido e filho haviam chegado ao Brasil em novembro. Segundo Gusso, Dianelys não deu sinais de que pretendia desertar. "Ela fazia um ótimo trabalho. Ficou felicíssima quando o marido e o filho vieram. Ultimamente, estava muito nervosa com a pressão [do governo cubano]. Tinha medo, chorava", diz. A Secretaria da Saúde de Jandira informou que a médica não foi trabalhar na última semana e não fez nenhum contato. O prazo legal para que ela justificasse as faltas terminou na sexta (27). Em nota, o Ministério da Saúde informou que aguarda comunicado oficial da ausência. A médica será notificada e terá prazo de 48 horas para se justificar. Caso isso não ocorra, haverá processo para desligá-la do programa. Até dezembro, dos 14.462 profissionais trabalhando no Mais Médicos, 11.429 (79%) eram cubanos. Desde o início, ao menos 40 desertaram. Os médicos dizem que, ao serem contratados, foram informados que poderiam viver com as famílias. O Brasil concede aos parentes visto de permanência de 36 meses –mesmo tempo dado a eles. Emissários de Cuba têm dito aos médicos que o contrato prevê visitas, não moradia. O documento, porém, não estipula prazo para as visitas. A Folha tenta há três semanas falar com o governo cubano. Não houve retorno de e-mails e ligações. O Ministério da Saúde alega não poder interferir nas relações trabalhistas entre os profissionais e Cuba.
cotidiano
Pressionada, cubana abandona Mais Médicos e foge para os EUAPressionada pelo governo de Cuba para que seu marido e seu filho de cinco anos voltassem à ilha, a médica Dianelys San Roman Parrado fugiu para Miami (EUA) no último sábado (28). Ela havia ingressado em dezembro de 2013 no Mais Médicos, bandeira da presidente Dilma Rousseff (PT) para levar profissionais ao interior do país e à periferia de grandes cidades. Trabalhava em Jandira, na Grande SP. É a primeira deserção em razão de pressões para que parentes voltem à ilha. Conforme revelou a Folha, Cuba tem ameaçado substituí-los ou cassar seus diplomas caso os familiares permaneçam no Brasil. Também está retendo na ilha os médicos que saem de férias –eles precisam necessariamente, gozá-las em Cuba. A medida seria para prevenir eventuais deserções. Dianelys confirmou a fuga neste domingo (29) em mensagem enviada a seu supervisor, o médico Gustavo Gusso, professor da USP. Disse não ter aguentado a pressão para o regresso do marido e do filho. Contou que havia chegado a Miami em segurança e que estava com amigos. Em conversa com a Folha em 12 de março, Dianelys disse que o filho estava estudando em uma escola bilíngue e o marido vinha trabalhando em uma fábrica de parafusos. "Gosto do meu trabalho, mas não quero me separar deles por nada", disse, na ocasião. Marido e filho haviam chegado ao Brasil em novembro. Segundo Gusso, Dianelys não deu sinais de que pretendia desertar. "Ela fazia um ótimo trabalho. Ficou felicíssima quando o marido e o filho vieram. Ultimamente, estava muito nervosa com a pressão [do governo cubano]. Tinha medo, chorava", diz. A Secretaria da Saúde de Jandira informou que a médica não foi trabalhar na última semana e não fez nenhum contato. O prazo legal para que ela justificasse as faltas terminou na sexta (27). Em nota, o Ministério da Saúde informou que aguarda comunicado oficial da ausência. A médica será notificada e terá prazo de 48 horas para se justificar. Caso isso não ocorra, haverá processo para desligá-la do programa. Até dezembro, dos 14.462 profissionais trabalhando no Mais Médicos, 11.429 (79%) eram cubanos. Desde o início, ao menos 40 desertaram. Os médicos dizem que, ao serem contratados, foram informados que poderiam viver com as famílias. O Brasil concede aos parentes visto de permanência de 36 meses –mesmo tempo dado a eles. Emissários de Cuba têm dito aos médicos que o contrato prevê visitas, não moradia. O documento, porém, não estipula prazo para as visitas. A Folha tenta há três semanas falar com o governo cubano. Não houve retorno de e-mails e ligações. O Ministério da Saúde alega não poder interferir nas relações trabalhistas entre os profissionais e Cuba.
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Gloria Pires lança camisetas com frases que viraram meme na internet
Depois de virar meme na internet com seus comentários durante a transmissão do Oscar pela Globo, a atriz Gloria Pires vai lançar camisetas estampadas com frases que falou durante a transmissão. A atriz já tem uma marca de itens de decoração, acessórios e maquiagem, a Bemglô, e os produtos devem ficar disponíveis no site da loja a partir da meia-noite. As camisetas terão frases como "Eu não sou capaz de opinar. #Sinceridade", "Eu curti, bacana. #Objetividade" e "Sou ruim de previsões. #Sinceridade". As peças, em modelos masculino e feminino, vão custar R$ 29,90 cada uma.
colunas
Gloria Pires lança camisetas com frases que viraram meme na internetDepois de virar meme na internet com seus comentários durante a transmissão do Oscar pela Globo, a atriz Gloria Pires vai lançar camisetas estampadas com frases que falou durante a transmissão. A atriz já tem uma marca de itens de decoração, acessórios e maquiagem, a Bemglô, e os produtos devem ficar disponíveis no site da loja a partir da meia-noite. As camisetas terão frases como "Eu não sou capaz de opinar. #Sinceridade", "Eu curti, bacana. #Objetividade" e "Sou ruim de previsões. #Sinceridade". As peças, em modelos masculino e feminino, vão custar R$ 29,90 cada uma.
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Torcida organizada do São Paulo protesta e pede a saída de vice
A Independente, principal organizada do São Paulo, realizou um protesto em frente ao portão principal do estádio do Morumbi horas antes de seu time enfrentar o Figueirense pelo Brasileiro —o jogo começa às 17h. O principal alvo é o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, que teve participação ativa na renúncia do ex-presidente do clube, Carlos Miguel Aidar. Uma das faixas do protesto pede que o caso da gravação não termine em pizza— Gil Guerreiro gravou Aidar supostamente combinando desvio de dinheiro no clube, o que o pressionou a renuncia. Ao assumir no lugar de Aidar, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, levou Ataíde de volta à vice-presidência. Em outra faixa, a torcida dá um recado a Rogério Ceni, que encerra a carreira em 2015, de que o atual elenco está manchando os últimos jogos do ídolo no clube. Machucado, Ceni não deve atuar hoje. Na chegada do ônibus da delegação ao estádio, torcedores gritaram "time sem vergonha". Críticas dos torcedores se acentuaram após a saída de Aidar, com quem tinham bom relacionamento
esporte
Torcida organizada do São Paulo protesta e pede a saída de viceA Independente, principal organizada do São Paulo, realizou um protesto em frente ao portão principal do estádio do Morumbi horas antes de seu time enfrentar o Figueirense pelo Brasileiro —o jogo começa às 17h. O principal alvo é o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, que teve participação ativa na renúncia do ex-presidente do clube, Carlos Miguel Aidar. Uma das faixas do protesto pede que o caso da gravação não termine em pizza— Gil Guerreiro gravou Aidar supostamente combinando desvio de dinheiro no clube, o que o pressionou a renuncia. Ao assumir no lugar de Aidar, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, levou Ataíde de volta à vice-presidência. Em outra faixa, a torcida dá um recado a Rogério Ceni, que encerra a carreira em 2015, de que o atual elenco está manchando os últimos jogos do ídolo no clube. Machucado, Ceni não deve atuar hoje. Na chegada do ônibus da delegação ao estádio, torcedores gritaram "time sem vergonha". Críticas dos torcedores se acentuaram após a saída de Aidar, com quem tinham bom relacionamento
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Vídeo mostra reação nas ruas após nomeação de Lula
Com informações sobre a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de ministro da Casa Civil, milhares de brasileiros tomaram as ruas para protestar. Manifestações contra o governo Dilma foram registradas em ao menos 16 capitais do país na noite de quarta-feira (16).O número cresceu no decorrer do dia, sobretudo depois que o juiz federal Sergio Moro, que comanda a operação Lava Jato, divulgou uma conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, na qual ela diz que encaminhará a ele o "termo de posse" de ministro.Em São Paulo, segundo a Polícia Militar, o número de manifestantes até o fechamento desta reportagem era de 5.000.Ao mesmo tempo, movimentos e representantes da esquerda realizaram no teatro Tuca, em São Paulo, ato de desagravo ao ex-presidente Lula, ao PT e à presidente Dilma Rousseff. Um dos principais alvos dos discursos foi a mídia, qualificada como "golpista" e "sem vergonha".
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Vídeo mostra reação nas ruas após nomeação de LulaCom informações sobre a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga de ministro da Casa Civil, milhares de brasileiros tomaram as ruas para protestar. Manifestações contra o governo Dilma foram registradas em ao menos 16 capitais do país na noite de quarta-feira (16).O número cresceu no decorrer do dia, sobretudo depois que o juiz federal Sergio Moro, que comanda a operação Lava Jato, divulgou uma conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, na qual ela diz que encaminhará a ele o "termo de posse" de ministro.Em São Paulo, segundo a Polícia Militar, o número de manifestantes até o fechamento desta reportagem era de 5.000.Ao mesmo tempo, movimentos e representantes da esquerda realizaram no teatro Tuca, em São Paulo, ato de desagravo ao ex-presidente Lula, ao PT e à presidente Dilma Rousseff. Um dos principais alvos dos discursos foi a mídia, qualificada como "golpista" e "sem vergonha".
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Dona Ana
Até a última batida do coração do marido, dona Ana esteve ao lado. Não foi fácil. Seu Antônio era educado e agradável no trato social, mas intempestivo, intolerante e voluntarioso com a mulher e os dois filhos. Dava a impressão de que as interações com pessoas pouco íntimas esgotavam na rua seu estoque de tolerância. Aos sete anos, vendia de casa em casa os pasteis que a mãe viúva fritava, enquanto os cinco filhos ainda dormiam. Aos 15, veio sozinho para São Paulo com a obrigação de ganhar o sustento da família. Dormiu três dias na rua antes de conseguir emprego num depósito de ferro-velho. Quando ficou doente, aos 68 anos, tinha mais de 200 empregados, duas fazendas e uma imobiliária para administrar os imóveis de sua propriedade. Dona Ana tinha três irmãs e um pai militar que proibia as filhas de chegar depois de escurecer e que só permitia que ela saísse com o noivo aos domingos, desde que estivesse acompanhada pela irmã caçula, rotina mantida até a semana anterior ao casamento. Casada, aceitou sem rebeldia o autoritarismo do consorte. Deu à luz dois filhos, criados com o rigor do pai e a dedicação abnegada da mãe, num ambiente doméstico que beirava a esquizofrenia: alegre e descontraído na presença dela, sisudo e silencioso à chegada do pai. Quando nasceu o casal de netos, a avó os cobriu de carinho. Passava os dias de semana com eles para que as noras pudessem trabalhar; nos fins de semana em que ficava sem vê-los, morria de saudades. A doença do patriarca mudou a rotina. Com o marido em casa e os filhos ocupados na condução dos negócios do pai, coube a ela cuidar e atender às solicitações do doente, que exigia sua presença dia e noite e não aceitava um copo d'água das mãos de outra pessoa. Nas fases finais, oito quilos mais magra, abatida e sonolenta, parecia mais debilitada do que o marido doente. Viúva, fez questão de permanecer no mesmo apartamento, apesar da insistência dos filhos e das noras para que fosse morar com eles. Os familiares estranharam quando pediu que não deixassem mais os netos com ela. Acharam que a perda do marido havia causado um trauma que lhe roubara a felicidade e a disposição para a lida com os pequenos, suspeita que se agravou quando constataram que a mãe não os procurava. Nos fins de semana, era inútil convidá-la para as refeições, para ir ao cinema ou viajar com eles. Quando as crianças queriam vê-la, os pais precisavam levá-las até ela. Numa dessas ocasiões, filhos e noras tentaram convencê-la a procurar um psiquiatra. Um medicamento antidepressivo a livraria daquela tristeza solitária. A resposta foi surpreendente: "Vocês acham que mulher deprimida sai de casa para comprar este vestido lindo que estou usando?" Além do que, explicou, não se sentia nem estava solitária: descobrira no Facebook várias amigas dos tempos de solteira, viúvas como ela. Reuniam-se a cada dois ou três dias para cozinhar, tomar vinho e dar risada. Às terças e quintas iam ao cinema, aos sábados lotavam uma van que as levava ao teatro. No carro, a caminho de casa, os filhos estavam desolados: "Como pode? Essa alegria toda, três meses depois da morte do papai?" "Deve estar em processo de negação", acrescentou a nora mais nova. Nos meses seguintes, voltaram a insistir tantas vezes no tratamento psiquiátrico que ela os proibiu de tocar no assunto, sob pena de não recebê-los mais. A harmonia familiar desandou de vez num domingo de verão. Sem conseguir falar com a mãe por dois dias, os filhos decidiram procurá-la. O zelador do prédio avisou que não adiantava subir, dona Ana saíra com a mala na quinta-feira, sem revelar quando voltaria. Segunda-feira, depois do jantar, os filhos foram vê-la. Com ar consternado, revelaram estar preocupadíssimos com o comportamento materno, achavam que a perda do marido, com quem havia convivido quase meio século, comprometera sua sanidade mental. Num tom mais calmo do que o dos rapazes, a mãe contou que na volta do enterro abriu uma garrafa de vinho pela primeira vez na vida, sentou-se naquele sofá em que se achavam e pensou em voz alta: "Vou fazer 70 anos. De hoje em diante, não dou satisfação para mais ninguém."
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Dona AnaAté a última batida do coração do marido, dona Ana esteve ao lado. Não foi fácil. Seu Antônio era educado e agradável no trato social, mas intempestivo, intolerante e voluntarioso com a mulher e os dois filhos. Dava a impressão de que as interações com pessoas pouco íntimas esgotavam na rua seu estoque de tolerância. Aos sete anos, vendia de casa em casa os pasteis que a mãe viúva fritava, enquanto os cinco filhos ainda dormiam. Aos 15, veio sozinho para São Paulo com a obrigação de ganhar o sustento da família. Dormiu três dias na rua antes de conseguir emprego num depósito de ferro-velho. Quando ficou doente, aos 68 anos, tinha mais de 200 empregados, duas fazendas e uma imobiliária para administrar os imóveis de sua propriedade. Dona Ana tinha três irmãs e um pai militar que proibia as filhas de chegar depois de escurecer e que só permitia que ela saísse com o noivo aos domingos, desde que estivesse acompanhada pela irmã caçula, rotina mantida até a semana anterior ao casamento. Casada, aceitou sem rebeldia o autoritarismo do consorte. Deu à luz dois filhos, criados com o rigor do pai e a dedicação abnegada da mãe, num ambiente doméstico que beirava a esquizofrenia: alegre e descontraído na presença dela, sisudo e silencioso à chegada do pai. Quando nasceu o casal de netos, a avó os cobriu de carinho. Passava os dias de semana com eles para que as noras pudessem trabalhar; nos fins de semana em que ficava sem vê-los, morria de saudades. A doença do patriarca mudou a rotina. Com o marido em casa e os filhos ocupados na condução dos negócios do pai, coube a ela cuidar e atender às solicitações do doente, que exigia sua presença dia e noite e não aceitava um copo d'água das mãos de outra pessoa. Nas fases finais, oito quilos mais magra, abatida e sonolenta, parecia mais debilitada do que o marido doente. Viúva, fez questão de permanecer no mesmo apartamento, apesar da insistência dos filhos e das noras para que fosse morar com eles. Os familiares estranharam quando pediu que não deixassem mais os netos com ela. Acharam que a perda do marido havia causado um trauma que lhe roubara a felicidade e a disposição para a lida com os pequenos, suspeita que se agravou quando constataram que a mãe não os procurava. Nos fins de semana, era inútil convidá-la para as refeições, para ir ao cinema ou viajar com eles. Quando as crianças queriam vê-la, os pais precisavam levá-las até ela. Numa dessas ocasiões, filhos e noras tentaram convencê-la a procurar um psiquiatra. Um medicamento antidepressivo a livraria daquela tristeza solitária. A resposta foi surpreendente: "Vocês acham que mulher deprimida sai de casa para comprar este vestido lindo que estou usando?" Além do que, explicou, não se sentia nem estava solitária: descobrira no Facebook várias amigas dos tempos de solteira, viúvas como ela. Reuniam-se a cada dois ou três dias para cozinhar, tomar vinho e dar risada. Às terças e quintas iam ao cinema, aos sábados lotavam uma van que as levava ao teatro. No carro, a caminho de casa, os filhos estavam desolados: "Como pode? Essa alegria toda, três meses depois da morte do papai?" "Deve estar em processo de negação", acrescentou a nora mais nova. Nos meses seguintes, voltaram a insistir tantas vezes no tratamento psiquiátrico que ela os proibiu de tocar no assunto, sob pena de não recebê-los mais. A harmonia familiar desandou de vez num domingo de verão. Sem conseguir falar com a mãe por dois dias, os filhos decidiram procurá-la. O zelador do prédio avisou que não adiantava subir, dona Ana saíra com a mala na quinta-feira, sem revelar quando voltaria. Segunda-feira, depois do jantar, os filhos foram vê-la. Com ar consternado, revelaram estar preocupadíssimos com o comportamento materno, achavam que a perda do marido, com quem havia convivido quase meio século, comprometera sua sanidade mental. Num tom mais calmo do que o dos rapazes, a mãe contou que na volta do enterro abriu uma garrafa de vinho pela primeira vez na vida, sentou-se naquele sofá em que se achavam e pensou em voz alta: "Vou fazer 70 anos. De hoje em diante, não dou satisfação para mais ninguém."
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Mesmo incerto, protecionismo de Trump não prejudica tanto o Brasil
Donald Trump inaugura um período de incertezas para o Brasil. Não tanto pela retórica bombástica ou pelo flerte irresponsável com o protecionismo. Afinal, o novo presidente não é um ideólogo, mas um negociador que usa ameaças e intimidação para arrancar aquilo que quer de seus interlocutores. O problema são os potenciais efeitos não intencionais desse estilo presidencial. Mesmo sem querer, Trump pode dar ainda mais força à onda populista na Europa, induzir um choque comercial descontrolado com a China ou empurrar o México para o precipício, todas coisas ruins para o Brasil. O país, no entanto, deve ser menos prejudicado do que outros países. Como exportamos poucos manufaturados para os Estados Unidos, o aumento de barreiras nos machuca menos. Tampouco há grandes questões pendentes: o mal-estar da espionagem foi esquecido, e a imigração brasileira para os Estados Unidos não figura no radar. Por esses motivos, o governo Temer quer lidar com Trump por meio de uma agenda de resultados econômicos. O desafio é mostrar à nova equipe em Washington que há oportunidades de ganho concreto. O cardápio de opções é vasto. A área mais evidente é a indústria de defesa e segurança. Existe no Brasil consenso a respeito da necessidade de assinar um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos que permita reativar a base de lançamentos de foguetes em Alcântara (MA). Há interesse mútuo em consolidar a cooperação iniciada entre Polícia Federal e FBI durante a Copa e as Olimpíadas. E o setor privado tem o que mostrar. Boeing e Embraer trabalham juntas com êxito. A Braskem acaba de abrir uma fábrica no Texas. Onde há pouca chance de avanço é na área de bitributação, que onera a relação bilateral. Aí, seria necessário um esforço coordenado entre Trump e Temer para eliminar resistências. As chances disso acontecer, contudo, são pequenas. CONGRESSO Seja como for, operar a nova Washington de Trump demandará do Brasil competências e habilidades nas quais sempre fomos mal. Uma delas é o trabalho de influência junto ao Congresso americano, onde têm representação os interesses econômicos mais fundamentais. Falta interlocução de alto nível e promoção eficiente da marca Brasil. Outra é o trabalho de lobby de agentes privados brasileiros na capital americana. O esforço que existe hoje é valioso, mas ainda quase minúsculo quando comparado ao de países bem menores e mais pobres. É o tipo de coisa que é fácil de reverter, pois há modelos bons para a gente se inspirar.
mundo
Mesmo incerto, protecionismo de Trump não prejudica tanto o BrasilDonald Trump inaugura um período de incertezas para o Brasil. Não tanto pela retórica bombástica ou pelo flerte irresponsável com o protecionismo. Afinal, o novo presidente não é um ideólogo, mas um negociador que usa ameaças e intimidação para arrancar aquilo que quer de seus interlocutores. O problema são os potenciais efeitos não intencionais desse estilo presidencial. Mesmo sem querer, Trump pode dar ainda mais força à onda populista na Europa, induzir um choque comercial descontrolado com a China ou empurrar o México para o precipício, todas coisas ruins para o Brasil. O país, no entanto, deve ser menos prejudicado do que outros países. Como exportamos poucos manufaturados para os Estados Unidos, o aumento de barreiras nos machuca menos. Tampouco há grandes questões pendentes: o mal-estar da espionagem foi esquecido, e a imigração brasileira para os Estados Unidos não figura no radar. Por esses motivos, o governo Temer quer lidar com Trump por meio de uma agenda de resultados econômicos. O desafio é mostrar à nova equipe em Washington que há oportunidades de ganho concreto. O cardápio de opções é vasto. A área mais evidente é a indústria de defesa e segurança. Existe no Brasil consenso a respeito da necessidade de assinar um acordo de salvaguardas com os Estados Unidos que permita reativar a base de lançamentos de foguetes em Alcântara (MA). Há interesse mútuo em consolidar a cooperação iniciada entre Polícia Federal e FBI durante a Copa e as Olimpíadas. E o setor privado tem o que mostrar. Boeing e Embraer trabalham juntas com êxito. A Braskem acaba de abrir uma fábrica no Texas. Onde há pouca chance de avanço é na área de bitributação, que onera a relação bilateral. Aí, seria necessário um esforço coordenado entre Trump e Temer para eliminar resistências. As chances disso acontecer, contudo, são pequenas. CONGRESSO Seja como for, operar a nova Washington de Trump demandará do Brasil competências e habilidades nas quais sempre fomos mal. Uma delas é o trabalho de influência junto ao Congresso americano, onde têm representação os interesses econômicos mais fundamentais. Falta interlocução de alto nível e promoção eficiente da marca Brasil. Outra é o trabalho de lobby de agentes privados brasileiros na capital americana. O esforço que existe hoje é valioso, mas ainda quase minúsculo quando comparado ao de países bem menores e mais pobres. É o tipo de coisa que é fácil de reverter, pois há modelos bons para a gente se inspirar.
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Com redução prevista, verba do Esporte volta a patamar de 2005
Dependente de dinheiro público, o esporte olímpico brasileiro convive com uma realidade preocupante. O orçamento enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional prevê cortes drásticos para o Ministério do Esporte em 2018. Pela proposta, o orçamento total da pasta pode sofrer uma redução de 68% entre o que foi aprovado no ano passado e o que está previsto. O valor de R$ 491 milhões, que consta na lei orçamentária do ano que vem, é o mais baixo desde 2005, considerando a inflação do período, segundo levantamento da ONG Contas Abertas. Vários programas para o esporte de alto nível podem ser afetados em 2018. Orçamento do Ministério do Esporte - Valor apresentado pelo governo no projeto de Lei Orçamentária (em R$ milhões)* Na rubrica "Preparação de Seleções Principais para Representação do Brasil em Competições Internacionais" o valor previsto para 2018 é de R$ R$ 4,8 milhões, contra os R$ 40 milhões de 2017. O dinheiro previsto para o programa Bolsa Atleta, por exemplo, um dos mais importantes para o esporte olímpico nacional, que beneficia por volta de 6.200 esportistas, também pode cair pela metade, se os congressistas não mudarem o projeto. São previstos R$ 70 milhões para 2018 em vez dos R$ 141 milhões deste ano. A iniciativa, no caso da Olimpíada do Rio, ajudou 358 atletas ou 77% do total, segundo o Ministério do Esporte. Gasto por ano no Programa Bolsa Atleta - Em R$ milhões* Atletas financiados pela bolsa do governo federal participaram de 18 das 19 conquistas de medalhas olímpicas na Rio-2016. Apenas a equipe de futebol não contava com bolsistas do programa estatal. "O Bolsa Atleta é importante, ajudou muitos no atletismo, mas ele precisa ser revisto. Vamos aguardar o que será feito no orçamento", diz Antonio Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo. Para o dirigente, desde que os critérios sejam claros para que o dinheiro do programa seja distribuído de forma mais qualitativa, pode ser positivo rediscutir o Bolsa Atleta. "Existem muitos atletas que ganham o dinheiro mas não entregam resultados. É positivo rediscutir o Bolsa Atleta", afirma Gomes. Verba da pasta para Esporte, Cidadania e Desenvolvimento - Em R$ milhões O dirigente não acredita que o ministério faça "nenhuma loucura" -como acabar com o programa- sem conversar com as confederações, o que não ocorreu até agora. Mas não é apenas o esporte olímpico de alto rendimento que deve ser afetado pelo corte. O futebol, e várias ações que associam o esporte ao lazer e à inclusão social, também podem ter menos dinheiro no ano que vem. No item "Desenvolvimento de Atividades e Apoio a Projetos de Esporte, Educação, Lazer, Inclusão Social e Legado Social", o Congresso aprovou para 2017 um orçamento de R$ 86,5 milhões. Mas, agora, a previsão para 2018 é de R$ 25 milhões. Recurso que pode ser usado para eventos esportivos em comunidades carentes, por exemplo. Ou para a compra de material esportivo ou capacitação de professores. No ano passado, ainda sob o entusiasmo da Olimpíada do Rio, em que o Brasil não atingiu a meta de ficar entre os dez primeiros -o 13º lugar com as 19 medalhas é melhor participação do país em uma edição dos jogos-, o ministro do Esporte Leonardo Picciani (PMDB) negou cortes. "Vamos manter os programas e certamente os investimentos serão maiores", afirmou Picciani, ao fazer um balanço do Brasil nos Jogos. Procurado nesta terça-feira (19), o ministério afirmou, por meio de nota, que os valores na previsão são apenas iniciais. E que vem trabalhando com o Congresso para aumentar o orçamento de 2018.
esporte
Com redução prevista, verba do Esporte volta a patamar de 2005Dependente de dinheiro público, o esporte olímpico brasileiro convive com uma realidade preocupante. O orçamento enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional prevê cortes drásticos para o Ministério do Esporte em 2018. Pela proposta, o orçamento total da pasta pode sofrer uma redução de 68% entre o que foi aprovado no ano passado e o que está previsto. O valor de R$ 491 milhões, que consta na lei orçamentária do ano que vem, é o mais baixo desde 2005, considerando a inflação do período, segundo levantamento da ONG Contas Abertas. Vários programas para o esporte de alto nível podem ser afetados em 2018. Orçamento do Ministério do Esporte - Valor apresentado pelo governo no projeto de Lei Orçamentária (em R$ milhões)* Na rubrica "Preparação de Seleções Principais para Representação do Brasil em Competições Internacionais" o valor previsto para 2018 é de R$ R$ 4,8 milhões, contra os R$ 40 milhões de 2017. O dinheiro previsto para o programa Bolsa Atleta, por exemplo, um dos mais importantes para o esporte olímpico nacional, que beneficia por volta de 6.200 esportistas, também pode cair pela metade, se os congressistas não mudarem o projeto. São previstos R$ 70 milhões para 2018 em vez dos R$ 141 milhões deste ano. A iniciativa, no caso da Olimpíada do Rio, ajudou 358 atletas ou 77% do total, segundo o Ministério do Esporte. Gasto por ano no Programa Bolsa Atleta - Em R$ milhões* Atletas financiados pela bolsa do governo federal participaram de 18 das 19 conquistas de medalhas olímpicas na Rio-2016. Apenas a equipe de futebol não contava com bolsistas do programa estatal. "O Bolsa Atleta é importante, ajudou muitos no atletismo, mas ele precisa ser revisto. Vamos aguardar o que será feito no orçamento", diz Antonio Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo. Para o dirigente, desde que os critérios sejam claros para que o dinheiro do programa seja distribuído de forma mais qualitativa, pode ser positivo rediscutir o Bolsa Atleta. "Existem muitos atletas que ganham o dinheiro mas não entregam resultados. É positivo rediscutir o Bolsa Atleta", afirma Gomes. Verba da pasta para Esporte, Cidadania e Desenvolvimento - Em R$ milhões O dirigente não acredita que o ministério faça "nenhuma loucura" -como acabar com o programa- sem conversar com as confederações, o que não ocorreu até agora. Mas não é apenas o esporte olímpico de alto rendimento que deve ser afetado pelo corte. O futebol, e várias ações que associam o esporte ao lazer e à inclusão social, também podem ter menos dinheiro no ano que vem. No item "Desenvolvimento de Atividades e Apoio a Projetos de Esporte, Educação, Lazer, Inclusão Social e Legado Social", o Congresso aprovou para 2017 um orçamento de R$ 86,5 milhões. Mas, agora, a previsão para 2018 é de R$ 25 milhões. Recurso que pode ser usado para eventos esportivos em comunidades carentes, por exemplo. Ou para a compra de material esportivo ou capacitação de professores. No ano passado, ainda sob o entusiasmo da Olimpíada do Rio, em que o Brasil não atingiu a meta de ficar entre os dez primeiros -o 13º lugar com as 19 medalhas é melhor participação do país em uma edição dos jogos-, o ministro do Esporte Leonardo Picciani (PMDB) negou cortes. "Vamos manter os programas e certamente os investimentos serão maiores", afirmou Picciani, ao fazer um balanço do Brasil nos Jogos. Procurado nesta terça-feira (19), o ministério afirmou, por meio de nota, que os valores na previsão são apenas iniciais. E que vem trabalhando com o Congresso para aumentar o orçamento de 2018.
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Sem Cielo na Rio-2016, natação tem sucessão com anticlímax
Análise MARIANA LAJOLO COLUNISTA DA FOLHA, NO RIO O silêncio tomou conta do Parque Aquático Olímpico assim que os nadadores bateram na parede na final dos 50 m livre. O placar mostrava Cesar Cielo fora da Olimpíada do Rio. Não era improvável, mas poucos acreditavam que isso pudesse acontecer. Depois de um ano trágico em 2015, sem conseguir nadar bem, o único campeão olímpico da natação brasileira havia feito o melhor tempo das eliminatórias da prova. Mas os 21s99 nadados pela manhã guardavam uma informação importante. Cielo havia nadado pela última vez abaixo dos 22s um ano atrás. E o número não é apenas simbólico. Na temporada passada, 19 atletas nadaram abaixo dos 22s. Quem sonha chegar a uma final olímpica tem de fazer essa marca. Cielo precisava dela, Ítalo Manzine também. O nadador de 24 anos, que vinha de uma boa temporada, conseguiu aproveitar melhor a última chance que os dois tiveram. O silêncio depois da chegada e a ovação que Cielo recebeu dos convidados que estavam nas arquibancadas, de técnicos e atletas que gritaram seu nome, são uma pequena amostra do tamanho da importância dele para a natação brasileira. Cielo foi o primeiro a quebrar uma barreira que parecia intransponível. Sua medalha de ouro fez os outros nadadores acreditarem e impulsionou as novas (e as velhas) gerações. Chamou mais holofotes e investimento para a natação. Era o garoto-propaganda que o esporte precisava. Era, até esta quarta, uma das atrações mais esperadas na Rio-2016. Seu reinado resistiu ao fim da era dos trajes, que ajudavam na flutuação, e ele conseguiu voltar a atingir bons resultados mesmo após o bronze em Londres-2012, frustrante para quem esperava o bicampeonato. Os caminhos escolhidos na última temporada, no entanto, não o levaram ao estágio que ele havia atingido em anos anteriores. O corpo de 29 anos também não respondia como antes. Enquanto seu rendimento caía, outros atletas, que se inspiraram nele, passaram a crescer. Neste ano, de volta aos EUA, ele começou a dar sinais de que poderia se recuperar. Mas não conseguiu acompanhar os demais. Bruno Fratus e Ítalo têm hoje o quinto e o sexto tempos do mundo. O primeiro ganhou bronze no último Mundial e foi quarto colocado em Londres, atrás de Cielo. É uma sucessão natural, que acontece em todas as grandes equipes. Mas para a natação brasileira, imaginar os Jogos no Rio sem Cielo, por enquanto, tem gosto de anticlímax. Que esporte é esse? - Natação + ERRAMOS: O conteúdo desta página foi alterado para refletir o abaixo
esporte
Sem Cielo na Rio-2016, natação tem sucessão com anticlímax Análise MARIANA LAJOLO COLUNISTA DA FOLHA, NO RIO O silêncio tomou conta do Parque Aquático Olímpico assim que os nadadores bateram na parede na final dos 50 m livre. O placar mostrava Cesar Cielo fora da Olimpíada do Rio. Não era improvável, mas poucos acreditavam que isso pudesse acontecer. Depois de um ano trágico em 2015, sem conseguir nadar bem, o único campeão olímpico da natação brasileira havia feito o melhor tempo das eliminatórias da prova. Mas os 21s99 nadados pela manhã guardavam uma informação importante. Cielo havia nadado pela última vez abaixo dos 22s um ano atrás. E o número não é apenas simbólico. Na temporada passada, 19 atletas nadaram abaixo dos 22s. Quem sonha chegar a uma final olímpica tem de fazer essa marca. Cielo precisava dela, Ítalo Manzine também. O nadador de 24 anos, que vinha de uma boa temporada, conseguiu aproveitar melhor a última chance que os dois tiveram. O silêncio depois da chegada e a ovação que Cielo recebeu dos convidados que estavam nas arquibancadas, de técnicos e atletas que gritaram seu nome, são uma pequena amostra do tamanho da importância dele para a natação brasileira. Cielo foi o primeiro a quebrar uma barreira que parecia intransponível. Sua medalha de ouro fez os outros nadadores acreditarem e impulsionou as novas (e as velhas) gerações. Chamou mais holofotes e investimento para a natação. Era o garoto-propaganda que o esporte precisava. Era, até esta quarta, uma das atrações mais esperadas na Rio-2016. Seu reinado resistiu ao fim da era dos trajes, que ajudavam na flutuação, e ele conseguiu voltar a atingir bons resultados mesmo após o bronze em Londres-2012, frustrante para quem esperava o bicampeonato. Os caminhos escolhidos na última temporada, no entanto, não o levaram ao estágio que ele havia atingido em anos anteriores. O corpo de 29 anos também não respondia como antes. Enquanto seu rendimento caía, outros atletas, que se inspiraram nele, passaram a crescer. Neste ano, de volta aos EUA, ele começou a dar sinais de que poderia se recuperar. Mas não conseguiu acompanhar os demais. Bruno Fratus e Ítalo têm hoje o quinto e o sexto tempos do mundo. O primeiro ganhou bronze no último Mundial e foi quarto colocado em Londres, atrás de Cielo. É uma sucessão natural, que acontece em todas as grandes equipes. Mas para a natação brasileira, imaginar os Jogos no Rio sem Cielo, por enquanto, tem gosto de anticlímax. Que esporte é esse? - Natação + ERRAMOS: O conteúdo desta página foi alterado para refletir o abaixo
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Renato de Souza Meirelles: Cidades eficientes
Concentração urbana e êxodo rural são hábitos humanos milenares. A história registra migrações de grupos e etnias por uma vida melhor, para fugir de perigos ou pela sobrevivência desde os tempos bíblicos. Com o tempo, o fenômeno se acentuou. Dos primeiros burgos, na formação dos Estados europeus ocidentais, até o modelo atual, as cidades vivenciaram um adensamento populacional muitas vezes sem as correspondentes infraestruturas. Da baixa Idade Média ao surto epidêmico do século 14, a população europeia cresceu de 35 milhões de pessoas no ano 1000 para 80 milhões em 1347. Se há mil anos a Europa levou quase 350 para mais que dobrar de tamanho, nos próximos 40 a mancha urbana deve duplicar de 3,5 bilhões para 6,3 bilhões em 2050. Há cinco anos, metade da população mundial mundo vivia nas cidades. Em 2050, serão 75%. O consumo de energia nas metrópoles passará de 75% para 80% do que é produzido no planeta. A emissão de gás carbônico, de 80% para 90%. O Brasil definiu seu perfil urbano/rural em pouco mais de 30 anos. O Japão levou mais de 100 para fazê-lo. Nossa demografia cresceu rápido demais, sem infraestrutura e serviços compatíveis. Em 2010, o país tinha 160 milhões de pessoas nas cidades, 84% da população. Em 35 anos seremos 204 milhões nelas, 94% do total. Temos o maior adensamento urbano das dez maiores nações do mundo e assim será nos próximos 40 anos. Na China, 300 milhões vão migrar de áreas rurais para as cidades em 15 anos. É preciso dobrar a capacidade urbana global com eficiência, pois a ela se resume o debate das "cidades inteligentes". O conceito de cidades eficientes se apoia no tripé habitabilidade, eficiência e sustentabilidade, que orbita num centro de gestão, e controle, administrado pelo poder municipal. A dinâmica envolve governança, baseada em inovação tecnológica, conectividade e participação. Moradia eficiente é viver perto do trabalho, das ofertas de lazer e consumo, com pouco uso de energia. As infraestruturas articulam eficiência viária com hospitais, escolas, fornecimento de energia e de gás, telecomunicações, captação, tratamento e distribuição de água, abastecimento de alimentos, iluminação pública, coleta e tratamento de lixo e esgoto e escoamento da chuva. Na mobilidade –prioridade no Brasil depois das manifestações de junho de 2013– o foco é a gestão integrada dos modais de transporte, dos sistemas troncais a suas capilaridades. Da complementaridade do metrô com o trem metropolitano, o ônibus e as vans. Acesso rápido e prioritário e informação ao cidadão. Um só trem equivale a 84 automóveis e 16 ônibus. Ele transporta 60 mil passageiros por hora. O ônibus leva 6,7 mil. O carro, 1,8 mil. O trem emite 60% menos gás carbônico que o carro e 40% menos que o ônibus. O financiamento disso tudo resulta de engenharias financeiras criativas, como títulos públicos municipais, debêntures, valorização de áreas beneficiadas com serviços efetivos, parques e praças revitalizadas. As cidades competem entre si na atração de investimentos. Mais do que incentivos fiscais, os atrativos modernos são conectividade e logística funcionais que fomentam negócios, sobretudo os pequenos e médios, que mais geram empregos. Assim, elas expressam qualidade de vida e inclusão social, que a intensifica, proporcionando harmonia e dignidade a contribuintes, eleitores e cidadãos. RENATO DE SOUZA MEIRELLES, 53, engenheiro civil, é presidente da CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles, S.A.) no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Renato de Souza Meirelles: Cidades eficientesConcentração urbana e êxodo rural são hábitos humanos milenares. A história registra migrações de grupos e etnias por uma vida melhor, para fugir de perigos ou pela sobrevivência desde os tempos bíblicos. Com o tempo, o fenômeno se acentuou. Dos primeiros burgos, na formação dos Estados europeus ocidentais, até o modelo atual, as cidades vivenciaram um adensamento populacional muitas vezes sem as correspondentes infraestruturas. Da baixa Idade Média ao surto epidêmico do século 14, a população europeia cresceu de 35 milhões de pessoas no ano 1000 para 80 milhões em 1347. Se há mil anos a Europa levou quase 350 para mais que dobrar de tamanho, nos próximos 40 a mancha urbana deve duplicar de 3,5 bilhões para 6,3 bilhões em 2050. Há cinco anos, metade da população mundial mundo vivia nas cidades. Em 2050, serão 75%. O consumo de energia nas metrópoles passará de 75% para 80% do que é produzido no planeta. A emissão de gás carbônico, de 80% para 90%. O Brasil definiu seu perfil urbano/rural em pouco mais de 30 anos. O Japão levou mais de 100 para fazê-lo. Nossa demografia cresceu rápido demais, sem infraestrutura e serviços compatíveis. Em 2010, o país tinha 160 milhões de pessoas nas cidades, 84% da população. Em 35 anos seremos 204 milhões nelas, 94% do total. Temos o maior adensamento urbano das dez maiores nações do mundo e assim será nos próximos 40 anos. Na China, 300 milhões vão migrar de áreas rurais para as cidades em 15 anos. É preciso dobrar a capacidade urbana global com eficiência, pois a ela se resume o debate das "cidades inteligentes". O conceito de cidades eficientes se apoia no tripé habitabilidade, eficiência e sustentabilidade, que orbita num centro de gestão, e controle, administrado pelo poder municipal. A dinâmica envolve governança, baseada em inovação tecnológica, conectividade e participação. Moradia eficiente é viver perto do trabalho, das ofertas de lazer e consumo, com pouco uso de energia. As infraestruturas articulam eficiência viária com hospitais, escolas, fornecimento de energia e de gás, telecomunicações, captação, tratamento e distribuição de água, abastecimento de alimentos, iluminação pública, coleta e tratamento de lixo e esgoto e escoamento da chuva. Na mobilidade –prioridade no Brasil depois das manifestações de junho de 2013– o foco é a gestão integrada dos modais de transporte, dos sistemas troncais a suas capilaridades. Da complementaridade do metrô com o trem metropolitano, o ônibus e as vans. Acesso rápido e prioritário e informação ao cidadão. Um só trem equivale a 84 automóveis e 16 ônibus. Ele transporta 60 mil passageiros por hora. O ônibus leva 6,7 mil. O carro, 1,8 mil. O trem emite 60% menos gás carbônico que o carro e 40% menos que o ônibus. O financiamento disso tudo resulta de engenharias financeiras criativas, como títulos públicos municipais, debêntures, valorização de áreas beneficiadas com serviços efetivos, parques e praças revitalizadas. As cidades competem entre si na atração de investimentos. Mais do que incentivos fiscais, os atrativos modernos são conectividade e logística funcionais que fomentam negócios, sobretudo os pequenos e médios, que mais geram empregos. Assim, elas expressam qualidade de vida e inclusão social, que a intensifica, proporcionando harmonia e dignidade a contribuintes, eleitores e cidadãos. RENATO DE SOUZA MEIRELLES, 53, engenheiro civil, é presidente da CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles, S.A.) no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Arquivo Aberto - Uma festa inesquecível
Corria o ano de 1966, há quase meio século, portanto. Numa gostosa casa no bairro do Horto, no Rio, num domingo preguiçoso de primavera, às vésperas do meu aniversário de 14 anos, meu pai lança no ar a pergunta sobre como comemorar a data que se aproxima. A família está reunida depois do almoço, espero para ver a reação, dou de ombros, por mim, tanto faz, dissimulo. Presença constante naquela casa, de cuja varanda era possível ver as folhas das palmeiras imperiais do Jardim Botânico, o poeta, amigo do meu pai, de pernas cruzadas sobre o sofá da sala, copo de uísque na mão, intervém, enfático: vamos fazer uma festa de arromba (nesse ano longínquo, usava-se essa expressão, que deu título, aliás, a uma canção da dupla Roberto e Erasmo Carlos, os reis da Jovem Guarda). Uma festa para valer, continua o poeta, para jamais ser esquecida, uma festa em que o Tom Jobim estará e, melhor, vai tocar e cantar. O Chico Buarque também. E o Edu Lobo. O inventor da ideia se entusiasma: eu trago o Roberto Carlos. E pergunta a mim, incrédulo e perplexo, se gosto de Elis Regina. Antes que eu possa responder, o poeta garante, ela vem. Meu pai logo adere à proposta, colabora com detalhes, os dois especulam sobre um jeito de driblar as dificuldades de agenda de tantos artistas populares, a festa ganha data, local e hora. Cheio de espanto, eu me esforço para conter a euforia, começo a me imaginar como centro de uma impensável festa, de um acontecimento extraordinário no qual rigorosamente todo mundo, de qualquer idade, pagaria para estar presente. E não é delírio, é até bem possível, ponho-me a argumentar. Afinal, o sempre afetuoso amigo do meu pai é o poeta e compositor Vinicius de Moraes, no auge da vitalidade e do prestígio, capaz da proeza de juntar toda essa gente. Por que não? Vinicius cria em torno dele uma atmosfera alegre, acolhedora, de espontâneo "savoir vivre", viver parece tão simples, confortável. O poeta é um encantador. Quando ele chega, o tédio dominical se esconde; a seu lado, o meu pai ganha uma excitação brincalhona, meninos e meninas se percebem tratadas como seres singulares, merecedoras de atenção individual e carinho. Apesar de eu não fazer alarde do grande acontecimento, a notícia se espalha no colégio, sou assediado por colegas ansiosos por constarem da privilegiada lista. Mal consigo dormir, tal a ansiedade com a expectativa criada. Passo a carregar na intimidade um poder até então desconhecido. O dono da festa do ano. É claro que a festa nunca aconteceu. Mas, para o menino que fui, tímido e distraído, ela teve consequências tão ou mais relevantes do que se houvesse acontecido. Por mais deslumbrante que seja, uma festa é uma festa é uma festa. Há nela alegrias, frustrações, encontros e desencontros, e o inexorável fim (de festa). Já a festa imaginária não tem começo nem fim, nela só acontece o que a gente quer que aconteça, um lugar onde o desejo reina absoluto. Meu pai passou a vida a repetir que o melhor da festa é esperar por ela. O menino cresceu e hoje eu acrescentaria: o melhor é esperar, ainda que a festa nunca venha a existir, porque a festa que o Vinicius me prometeu fez acontecer uma alegria intensa. A alegria da potência da imaginação livre e criadora. E, de lambuja (também se usava naquele tempo), trouxe a experiência da frustração, que ajuda a encarar a vida. A festa conseguiu até me livrar de um amigo sem imaginação, inconformado por não fazer parte do seleto rol de convidados. Uma aventura que me serviu de importante estímulo ao desejo de fazer teatro: no palco, tudo é possível. Obrigado, Vinicius. Obrigado, Otto, meu pai. BRUNO LARA RESENDE, 62, é advogado, dramaturgo e diretor de teatro.
ilustrissima
Arquivo Aberto - Uma festa inesquecívelCorria o ano de 1966, há quase meio século, portanto. Numa gostosa casa no bairro do Horto, no Rio, num domingo preguiçoso de primavera, às vésperas do meu aniversário de 14 anos, meu pai lança no ar a pergunta sobre como comemorar a data que se aproxima. A família está reunida depois do almoço, espero para ver a reação, dou de ombros, por mim, tanto faz, dissimulo. Presença constante naquela casa, de cuja varanda era possível ver as folhas das palmeiras imperiais do Jardim Botânico, o poeta, amigo do meu pai, de pernas cruzadas sobre o sofá da sala, copo de uísque na mão, intervém, enfático: vamos fazer uma festa de arromba (nesse ano longínquo, usava-se essa expressão, que deu título, aliás, a uma canção da dupla Roberto e Erasmo Carlos, os reis da Jovem Guarda). Uma festa para valer, continua o poeta, para jamais ser esquecida, uma festa em que o Tom Jobim estará e, melhor, vai tocar e cantar. O Chico Buarque também. E o Edu Lobo. O inventor da ideia se entusiasma: eu trago o Roberto Carlos. E pergunta a mim, incrédulo e perplexo, se gosto de Elis Regina. Antes que eu possa responder, o poeta garante, ela vem. Meu pai logo adere à proposta, colabora com detalhes, os dois especulam sobre um jeito de driblar as dificuldades de agenda de tantos artistas populares, a festa ganha data, local e hora. Cheio de espanto, eu me esforço para conter a euforia, começo a me imaginar como centro de uma impensável festa, de um acontecimento extraordinário no qual rigorosamente todo mundo, de qualquer idade, pagaria para estar presente. E não é delírio, é até bem possível, ponho-me a argumentar. Afinal, o sempre afetuoso amigo do meu pai é o poeta e compositor Vinicius de Moraes, no auge da vitalidade e do prestígio, capaz da proeza de juntar toda essa gente. Por que não? Vinicius cria em torno dele uma atmosfera alegre, acolhedora, de espontâneo "savoir vivre", viver parece tão simples, confortável. O poeta é um encantador. Quando ele chega, o tédio dominical se esconde; a seu lado, o meu pai ganha uma excitação brincalhona, meninos e meninas se percebem tratadas como seres singulares, merecedoras de atenção individual e carinho. Apesar de eu não fazer alarde do grande acontecimento, a notícia se espalha no colégio, sou assediado por colegas ansiosos por constarem da privilegiada lista. Mal consigo dormir, tal a ansiedade com a expectativa criada. Passo a carregar na intimidade um poder até então desconhecido. O dono da festa do ano. É claro que a festa nunca aconteceu. Mas, para o menino que fui, tímido e distraído, ela teve consequências tão ou mais relevantes do que se houvesse acontecido. Por mais deslumbrante que seja, uma festa é uma festa é uma festa. Há nela alegrias, frustrações, encontros e desencontros, e o inexorável fim (de festa). Já a festa imaginária não tem começo nem fim, nela só acontece o que a gente quer que aconteça, um lugar onde o desejo reina absoluto. Meu pai passou a vida a repetir que o melhor da festa é esperar por ela. O menino cresceu e hoje eu acrescentaria: o melhor é esperar, ainda que a festa nunca venha a existir, porque a festa que o Vinicius me prometeu fez acontecer uma alegria intensa. A alegria da potência da imaginação livre e criadora. E, de lambuja (também se usava naquele tempo), trouxe a experiência da frustração, que ajuda a encarar a vida. A festa conseguiu até me livrar de um amigo sem imaginação, inconformado por não fazer parte do seleto rol de convidados. Uma aventura que me serviu de importante estímulo ao desejo de fazer teatro: no palco, tudo é possível. Obrigado, Vinicius. Obrigado, Otto, meu pai. BRUNO LARA RESENDE, 62, é advogado, dramaturgo e diretor de teatro.
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Tok&Stok atravessa crise apostando em diversidade de clientela
NATÁLIA ALBERTONI COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo Combinar móveis e objetos de uma forma visual para o cliente foi uma das funções de Ghislaine Dubrule, 66, quando criou a Tok&Stok ao lado do marido. Enquanto lembra os primeiros anos da empresa, a francesa —hoje CEO da marca— com tom de voz de garota, tropeça nos erres. "Eu era a única vendedora. Falava muito pior o português", conta, aos risos. Ao longo de 38 anos, a empresária reuniu "causos": já enviou móveis dentro de um navio para montar 30 casas na floresta amazônica, "no meio do nada". A marca tem 49 unidades no país, 12 na capital paulista. No fim de 2016, essa proporção deve crescer para 53 e 14, respectivamente. O avanço reflete reconhecimento. Pela segunda vez consecutiva, foi considerada a melhor loja de decoração e design de São Paulo, segundo a pesquisa Datafolha. Para a empresária, a liderança da Tok&Stok explica-se pelo bom custo-benefício e respeito com o cliente. Apoiar o design nacional por meio de parcerias e desenvolver uma eficiência operacional também ajudaram. Praticidade é outro ponto. A decoradora Carolina Reade, 34, que está na Casa Cor, reforça: "A grande vantagem é ter de tudo lá. Não é a opção mais barata, mas eles têm preço e carinha de design". Para manter a identidade em meio à crise, a Tok&Stok equilibra ajustes de preços com promoções e marketing digital. Há ainda um projeto para que os vendedores tenham tablets para fechar pedidos de qualquer ponto da loja. Apesar de a empresa estar no azul, Ghislaine admite queda nas vendas, mas mantém os planos de expansão. "Temos um leque de opções amplo para um cliente diversificado. Assim, conseguimos atravessar a crise razoavelmente imunes", conta. "Como diz o meu marido, você está pedalando uma bicicleta e não pode parar." * * Ghislaine Dubrule, CEO da Tok&Stok Ainda há espaço para crescer? Em São Paulo, vamos abrir duas lojas. Uma no Morumbi e outra na Pompeia, com quase 8.000 m². Todo o varejo está sofrendo, mas estamos bem em comparação ao segmento. Temos que acreditar na nossa força. A crise tem afetado o setor? Não estamos vendo luz no fim do túnel. Empresas não têm recursos para produzir ou não querem investir com medo. Há uma empresa que nos fornece couro, por exemplo, que simplesmente não está entregando material, pois não tem recurso para produzir.
saopaulo
Tok&Stok atravessa crise apostando em diversidade de clientelaNATÁLIA ALBERTONI COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo Combinar móveis e objetos de uma forma visual para o cliente foi uma das funções de Ghislaine Dubrule, 66, quando criou a Tok&Stok ao lado do marido. Enquanto lembra os primeiros anos da empresa, a francesa —hoje CEO da marca— com tom de voz de garota, tropeça nos erres. "Eu era a única vendedora. Falava muito pior o português", conta, aos risos. Ao longo de 38 anos, a empresária reuniu "causos": já enviou móveis dentro de um navio para montar 30 casas na floresta amazônica, "no meio do nada". A marca tem 49 unidades no país, 12 na capital paulista. No fim de 2016, essa proporção deve crescer para 53 e 14, respectivamente. O avanço reflete reconhecimento. Pela segunda vez consecutiva, foi considerada a melhor loja de decoração e design de São Paulo, segundo a pesquisa Datafolha. Para a empresária, a liderança da Tok&Stok explica-se pelo bom custo-benefício e respeito com o cliente. Apoiar o design nacional por meio de parcerias e desenvolver uma eficiência operacional também ajudaram. Praticidade é outro ponto. A decoradora Carolina Reade, 34, que está na Casa Cor, reforça: "A grande vantagem é ter de tudo lá. Não é a opção mais barata, mas eles têm preço e carinha de design". Para manter a identidade em meio à crise, a Tok&Stok equilibra ajustes de preços com promoções e marketing digital. Há ainda um projeto para que os vendedores tenham tablets para fechar pedidos de qualquer ponto da loja. Apesar de a empresa estar no azul, Ghislaine admite queda nas vendas, mas mantém os planos de expansão. "Temos um leque de opções amplo para um cliente diversificado. Assim, conseguimos atravessar a crise razoavelmente imunes", conta. "Como diz o meu marido, você está pedalando uma bicicleta e não pode parar." * * Ghislaine Dubrule, CEO da Tok&Stok Ainda há espaço para crescer? Em São Paulo, vamos abrir duas lojas. Uma no Morumbi e outra na Pompeia, com quase 8.000 m². Todo o varejo está sofrendo, mas estamos bem em comparação ao segmento. Temos que acreditar na nossa força. A crise tem afetado o setor? Não estamos vendo luz no fim do túnel. Empresas não têm recursos para produzir ou não querem investir com medo. Há uma empresa que nos fornece couro, por exemplo, que simplesmente não está entregando material, pois não tem recurso para produzir.
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Avião iraquiano bombardeia Bagdá acidentalmente e mata sete pessoas
Um avião de combate do Exército iraquiano bombardeou por engano nesta segunda-feira (6) a zona leste de Bagdá por um "problema técnico" e matou pelo menos sete pessoas."Uma das bombas ficou presa por um problema técnico e, durante o retorno da aeronave para a base, caiu sobre três casas em Bagdá Jadida", informou o porta-voz das forças de segurança, o general de brigada Saad Maan.Saiba Mais
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Avião iraquiano bombardeia Bagdá acidentalmente e mata sete pessoasUm avião de combate do Exército iraquiano bombardeou por engano nesta segunda-feira (6) a zona leste de Bagdá por um "problema técnico" e matou pelo menos sete pessoas."Uma das bombas ficou presa por um problema técnico e, durante o retorno da aeronave para a base, caiu sobre três casas em Bagdá Jadida", informou o porta-voz das forças de segurança, o general de brigada Saad Maan.Saiba Mais
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'Amor & Sexo' retornará aos sábados, no recesso do 'Zorra'
A próxima temporada de "Amor & Sexo" substituirá o "Zorra" nas noites de sábado no fim de janeiro, em fevereiro e março, na Globo. O programa será exibido após o "Big Brother Brasil". Em abril, quando o humorístico voltar do recesso, a atração, com Fernanda Lima e direção de gênero de Ricardo Waddington, deverá ir ao ar na sequência. A apresentadora começa a gravar em novembro os primeiros cinco episódios dos 11 que estão previstos. A nona temporada de "Amor & Sexo" ficou de fora da grade de programação da Globo neste ano. Após a edição de 2014, Fernanda Lima voltou ao ar com o "SuperStar". Jogo de sedução Marjorie Estiano será Mariana em "Ligações Perigosas" (Globo), minissérie ambientada nos anos 20 e adaptada da obra homônima de Choderlos de Laclos. Na trama de Manuela Dias com direção de Vinicius Coimbra, a personagem, casada, será seduzida pelo libertino Augusto Valmot (Selton Mello). A estreia é em janeiro. 20 de novembro é a data que a Record trabalha, até o momento, para o encerramento da novela bíblica "Os Dez Mandamentos". Falta um No sábado (10), o "É De Casa" (Globo) foi comandado por três, e não quatro apresentadores, como de costume: André Marques, Cissa Guimarães e Zeca Camargo. Patrícia Poeta teve um mal-estar na véspera e não foi substituída na atração. Play riso A série "Monty Python's Flying Circus", do Monty Python, estará no Viva Play, do canal pago Viva, a partir desta quinta (15). Além dos 45 episódios da atração, a plataforma disponibilizará shows e filmes do grupo inglês. Plateia VIP O diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, estava na plateia do teatro Faap, em SP, na sexta (9), na estreia de "O Topo da Montanha". A peça sobre as últimas horas de Martin Luther King é estrelada por Taís Araújo e Lázaro Ramos, protagonistas da série "Mister Brau". Subo nesse palco Gilberto Gil estará na estreia de "Bio.Futura" (Futura) nesta quarta (14), às 21h. A atração exibirá a trajetória de músicas latinos. Juma A Record contratou a atriz Cristiana Oliveira para o elenco da novela "Josué". com BIANCA SOARES
ilustrada
'Amor & Sexo' retornará aos sábados, no recesso do 'Zorra'A próxima temporada de "Amor & Sexo" substituirá o "Zorra" nas noites de sábado no fim de janeiro, em fevereiro e março, na Globo. O programa será exibido após o "Big Brother Brasil". Em abril, quando o humorístico voltar do recesso, a atração, com Fernanda Lima e direção de gênero de Ricardo Waddington, deverá ir ao ar na sequência. A apresentadora começa a gravar em novembro os primeiros cinco episódios dos 11 que estão previstos. A nona temporada de "Amor & Sexo" ficou de fora da grade de programação da Globo neste ano. Após a edição de 2014, Fernanda Lima voltou ao ar com o "SuperStar". Jogo de sedução Marjorie Estiano será Mariana em "Ligações Perigosas" (Globo), minissérie ambientada nos anos 20 e adaptada da obra homônima de Choderlos de Laclos. Na trama de Manuela Dias com direção de Vinicius Coimbra, a personagem, casada, será seduzida pelo libertino Augusto Valmot (Selton Mello). A estreia é em janeiro. 20 de novembro é a data que a Record trabalha, até o momento, para o encerramento da novela bíblica "Os Dez Mandamentos". Falta um No sábado (10), o "É De Casa" (Globo) foi comandado por três, e não quatro apresentadores, como de costume: André Marques, Cissa Guimarães e Zeca Camargo. Patrícia Poeta teve um mal-estar na véspera e não foi substituída na atração. Play riso A série "Monty Python's Flying Circus", do Monty Python, estará no Viva Play, do canal pago Viva, a partir desta quinta (15). Além dos 45 episódios da atração, a plataforma disponibilizará shows e filmes do grupo inglês. Plateia VIP O diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, estava na plateia do teatro Faap, em SP, na sexta (9), na estreia de "O Topo da Montanha". A peça sobre as últimas horas de Martin Luther King é estrelada por Taís Araújo e Lázaro Ramos, protagonistas da série "Mister Brau". Subo nesse palco Gilberto Gil estará na estreia de "Bio.Futura" (Futura) nesta quarta (14), às 21h. A atração exibirá a trajetória de músicas latinos. Juma A Record contratou a atriz Cristiana Oliveira para o elenco da novela "Josué". com BIANCA SOARES
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Veja dez presentes com a cara de SP a partir de R$ 25
PRODUÇÃO JEANINE LEMOS FOTOS LEO ELOY DE SÃO PAULO Como o aniversário é de São Paulo, aproveite para presentear os outros com produtos que lembrem a capital paulista. 1. Canecas Terra da Garoa e Calçada. R$ 25 cada uma, na São Paulo City, www.projetosaopaulocity.com.br. 2. Porta-trecos. R$ 99, na I-Stick, www.istickonline.com. 3. Organizador semanal com caneta apagável, da Printas (55 cm X 12 cm). R$ 39,10, na Casa Louca, www.casalouca.com.br. 4. Canivete suíço com 12 funções, da Victorinox. R$ 98, na Bayard Center Norte, tel. 2221-0775. 5. Fotografia do prédio do Banespa (27,9 cm X 21 cm). R$ 15, na Éssipê, www.elo7.com.br/essipe. 6. Moringa Sampa, da We (1 l). R$ 119,90, na Varanda, tel. 3816-1808. 7. Livro "Design Total", de Celso Longo, com projetos gráficos desenvolvidos para o Metrô, o zoológico e a av. Paulista, entre outros. R$ 89,90 (224 págs.), na Cosac Naify, www.cosacnaify.com.br. 8. Ecobag. R$ 69, na Leite-Com, tel. 3459-2781. 9. Camiseta Itaquerão. R$ 89,90, na Livraria Cultura, www.livrariacultura.com.br. 10. Vaso de porcelana. R$ 1.437, na Clami Design, tel. 3812-3466.
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Veja dez presentes com a cara de SP a partir de R$ 25PRODUÇÃO JEANINE LEMOS FOTOS LEO ELOY DE SÃO PAULO Como o aniversário é de São Paulo, aproveite para presentear os outros com produtos que lembrem a capital paulista. 1. Canecas Terra da Garoa e Calçada. R$ 25 cada uma, na São Paulo City, www.projetosaopaulocity.com.br. 2. Porta-trecos. R$ 99, na I-Stick, www.istickonline.com. 3. Organizador semanal com caneta apagável, da Printas (55 cm X 12 cm). R$ 39,10, na Casa Louca, www.casalouca.com.br. 4. Canivete suíço com 12 funções, da Victorinox. R$ 98, na Bayard Center Norte, tel. 2221-0775. 5. Fotografia do prédio do Banespa (27,9 cm X 21 cm). R$ 15, na Éssipê, www.elo7.com.br/essipe. 6. Moringa Sampa, da We (1 l). R$ 119,90, na Varanda, tel. 3816-1808. 7. Livro "Design Total", de Celso Longo, com projetos gráficos desenvolvidos para o Metrô, o zoológico e a av. Paulista, entre outros. R$ 89,90 (224 págs.), na Cosac Naify, www.cosacnaify.com.br. 8. Ecobag. R$ 69, na Leite-Com, tel. 3459-2781. 9. Camiseta Itaquerão. R$ 89,90, na Livraria Cultura, www.livrariacultura.com.br. 10. Vaso de porcelana. R$ 1.437, na Clami Design, tel. 3812-3466.
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Leitores comentam pacote anticorrupção proposto pelo governo
Quase 1 bilhão do orçamento da União para o Fundo Partidário, e a legislação eleitoral (leia-se TSE) ainda garante total autonomia aos partidos, que fazem uso dos recursos considerando as decisões internas. Ou seja, haja medida anticorrupção! RICARDO C. SIQUEIRA (Niterói, RJ) * Trinta anos de magistratura fazem-me aplaudir de pé a medida anticorrupção que autoriza o leilão imediato de bens apreendidos, ficando o valor auferido depositado em juízo até o fim do processo. Um avanço imenso. Seria perfeito se Dilma fizesse um mea-culpa e devolvesse a remuneração que embolsou, durante sete anos, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras no período em que a sangria dos cofres da empresa se tornou hemorrágica. JOSÉ DALAI ROCHA (Belo Horizonte, MG) * Discurso da presidente anunciando pacote anticorrupção: Blá-blá-blá. Dizer que o seu partido tem compromisso de enfrentar a impunidade e não transige com a corrupção é tripudiar sobre o povo. Seu discurso me convenceu de que nada vai mudar. É mais uma jogada de marketing, como as que convenceram incautos a lhe outorgarem esse imerecido segundo mandato. RONALDO GOMES FERRAZ (Rio de Janeiro, RJ) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitores comentam pacote anticorrupção proposto pelo governoQuase 1 bilhão do orçamento da União para o Fundo Partidário, e a legislação eleitoral (leia-se TSE) ainda garante total autonomia aos partidos, que fazem uso dos recursos considerando as decisões internas. Ou seja, haja medida anticorrupção! RICARDO C. SIQUEIRA (Niterói, RJ) * Trinta anos de magistratura fazem-me aplaudir de pé a medida anticorrupção que autoriza o leilão imediato de bens apreendidos, ficando o valor auferido depositado em juízo até o fim do processo. Um avanço imenso. Seria perfeito se Dilma fizesse um mea-culpa e devolvesse a remuneração que embolsou, durante sete anos, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras no período em que a sangria dos cofres da empresa se tornou hemorrágica. JOSÉ DALAI ROCHA (Belo Horizonte, MG) * Discurso da presidente anunciando pacote anticorrupção: Blá-blá-blá. Dizer que o seu partido tem compromisso de enfrentar a impunidade e não transige com a corrupção é tripudiar sobre o povo. Seu discurso me convenceu de que nada vai mudar. É mais uma jogada de marketing, como as que convenceram incautos a lhe outorgarem esse imerecido segundo mandato. RONALDO GOMES FERRAZ (Rio de Janeiro, RJ) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Lagoa recebe peixes 'resgatados' do rio Doce no Espírito Santo
A lagoa do Limão, a 40 quilômetros da cidade capixaba de Colatina, recebeu neste sábado (14) a segunda leva de peixes "resgatados" do rio Doce. A operação, batizada de Arca de Noé, começou poucos dias antes da chegada do fluxo de lama das barragens da Samarco, em Mariana (MG), ao município. Os voluntários correm contra o tempo para retirar a maior quantidade possível de peixes do rio. "Começamos a operação na sexta-feira (13) e conseguimos no primeiro dia salvar mais de 30 mil de peixes e cerca de 20 espécies diferentes. Vamos continuar a força-tarefa até o dia que a lama chegar", contou Carlos Dubberstein, que é pescador amador. Juntos, cerca de 30 pescadores e ribeirinhos usaram redes, tarrafas e peneiras para pegar os peixes no rio sem causar ferimentos. "Desde que soubemos que a lama estava vindo para cá eu e minha família começamos a pescar e estamos ajudando a salvar o máximo que conseguimos. Ver os peixes salvos nos dá esperança de poder, quando tudo isso passar, repovoar o rio Doce", disse o pescador Didiel Correia dos Santos, 36. Os peixes foram colocados em tanques de caminhões equipados com aeradores e levados até a lagoa em várias viagens. "Essa é uma etapa delicada, pois antes de retirar os peixes do caminhão é necessário igualar o pH da lagoa ao dos tanques. A maior dificuldade é o tempo", disse Alexandre Lamborghini. Seis homens trabalharam no descarregamento dos peixes na lagoa, que é uma das maiores da região e só pode ser alcançada por estrada de terra. Os dois caminhões com capacidade para 6.000 litros de água cada um foram disponibilizados pela Samarco, assim como os demais itens necessários para o trabalho. A empresa informou ainda que, de acordo com diretrizes do Ibama e do Iema, biólogos, ictiólogos e piscicultores analisam a retirada de espécies raras e endêmicas do local, que serão levados para tanques de cultivo disponíveis na região até que seja possível fazer o repovoamento do rio Doce. "Nossa preocupação é com as chuvas que virão. A lama vai descer e vai tornar a água cada vez mais contaminada. Nós vamos pagar a conta [do desastre] por muitos anos", afirmou Edevaldo Henrique Medani, 52. "Estamos tentando minimizar um pouco o dano, mas o que coletamos aqui é uma fração muito pequena [de peixes]. Mas vamos depositar nesses peixes a esperança de salvar o rio. Vamos cuidar ao máximo dos peixes para depois ter neles a fidelidade do que encontramos na genética", disse Dubberstein. No total, mais de 25 espécies –cerca de 90 mil peixes, camarões e lagostas– foram retiradas do rio Doce neste sábado só em Colatina. A prioridade são os peixes menores e os nativos, segundo ele. Em Linhares, município capixaba que receberá o fluxo de lama depois de Colatina, outra equipe de pescadores e biólogos realizaram o mesmo trabalho, na foz do rio.
cotidiano
Lagoa recebe peixes 'resgatados' do rio Doce no Espírito SantoA lagoa do Limão, a 40 quilômetros da cidade capixaba de Colatina, recebeu neste sábado (14) a segunda leva de peixes "resgatados" do rio Doce. A operação, batizada de Arca de Noé, começou poucos dias antes da chegada do fluxo de lama das barragens da Samarco, em Mariana (MG), ao município. Os voluntários correm contra o tempo para retirar a maior quantidade possível de peixes do rio. "Começamos a operação na sexta-feira (13) e conseguimos no primeiro dia salvar mais de 30 mil de peixes e cerca de 20 espécies diferentes. Vamos continuar a força-tarefa até o dia que a lama chegar", contou Carlos Dubberstein, que é pescador amador. Juntos, cerca de 30 pescadores e ribeirinhos usaram redes, tarrafas e peneiras para pegar os peixes no rio sem causar ferimentos. "Desde que soubemos que a lama estava vindo para cá eu e minha família começamos a pescar e estamos ajudando a salvar o máximo que conseguimos. Ver os peixes salvos nos dá esperança de poder, quando tudo isso passar, repovoar o rio Doce", disse o pescador Didiel Correia dos Santos, 36. Os peixes foram colocados em tanques de caminhões equipados com aeradores e levados até a lagoa em várias viagens. "Essa é uma etapa delicada, pois antes de retirar os peixes do caminhão é necessário igualar o pH da lagoa ao dos tanques. A maior dificuldade é o tempo", disse Alexandre Lamborghini. Seis homens trabalharam no descarregamento dos peixes na lagoa, que é uma das maiores da região e só pode ser alcançada por estrada de terra. Os dois caminhões com capacidade para 6.000 litros de água cada um foram disponibilizados pela Samarco, assim como os demais itens necessários para o trabalho. A empresa informou ainda que, de acordo com diretrizes do Ibama e do Iema, biólogos, ictiólogos e piscicultores analisam a retirada de espécies raras e endêmicas do local, que serão levados para tanques de cultivo disponíveis na região até que seja possível fazer o repovoamento do rio Doce. "Nossa preocupação é com as chuvas que virão. A lama vai descer e vai tornar a água cada vez mais contaminada. Nós vamos pagar a conta [do desastre] por muitos anos", afirmou Edevaldo Henrique Medani, 52. "Estamos tentando minimizar um pouco o dano, mas o que coletamos aqui é uma fração muito pequena [de peixes]. Mas vamos depositar nesses peixes a esperança de salvar o rio. Vamos cuidar ao máximo dos peixes para depois ter neles a fidelidade do que encontramos na genética", disse Dubberstein. No total, mais de 25 espécies –cerca de 90 mil peixes, camarões e lagostas– foram retiradas do rio Doce neste sábado só em Colatina. A prioridade são os peixes menores e os nativos, segundo ele. Em Linhares, município capixaba que receberá o fluxo de lama depois de Colatina, outra equipe de pescadores e biólogos realizaram o mesmo trabalho, na foz do rio.
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Bloqueio de água preocupa produtores de arroz em SP
Pela primeira vez desde que sua família começou a cultivar arroz, há três gerações, o produtor Rodolfo Kopel, de Guaratinguetá (São Paulo), pode ser impedido de plantar o cereal na próxima safra. O motivo: falta de água. Segundo ele e a Cooperativa dos Produtores de Arroz do Vale do Paraíba, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica, do governo do Estado) avisou os agricultores daquela região que, se não chover, o órgão vai bloquear o uso da água. "Se não pudermos retirar água do rio, não há como plantar", diz Kopel, que faz parte da região maior produtora de arroz em São Paulo. Os produtores da região retiram a maior parte da água de afluentes do Paraíba do Sul. "O Daee não nos fala qual é o planejamento. Só sabemos que, se não houver água, vão proibir os produtores de tirar água do rio", diz Rodrigo Amadei, engenheiro agrônomo da cooperativa de arroz. Os preparativos para a próxima safra iniciam em abril. Técnicos do Estado sugeriram aos produtores trocar o arroz por milho e soja, que consomem menos água, mas o solo da região não é adequado para essas culturas. O Daee confirma que avisou os produtores, em reuniões, sobre o risco de corte da água. O órgão diz, porém, que, num caso extremo de seca, a primeira medida seria reduzir a captação da água e, só depois, a retirada de água dos rios seria impedida. A produção da região, estimada inicialmente em 1 milhão de sacos (60 milhões de quilos), caiu para menos de 800 mil sacos. São Paulo não é um dos principais polos produtores de arroz do país.
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Bloqueio de água preocupa produtores de arroz em SPPela primeira vez desde que sua família começou a cultivar arroz, há três gerações, o produtor Rodolfo Kopel, de Guaratinguetá (São Paulo), pode ser impedido de plantar o cereal na próxima safra. O motivo: falta de água. Segundo ele e a Cooperativa dos Produtores de Arroz do Vale do Paraíba, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica, do governo do Estado) avisou os agricultores daquela região que, se não chover, o órgão vai bloquear o uso da água. "Se não pudermos retirar água do rio, não há como plantar", diz Kopel, que faz parte da região maior produtora de arroz em São Paulo. Os produtores da região retiram a maior parte da água de afluentes do Paraíba do Sul. "O Daee não nos fala qual é o planejamento. Só sabemos que, se não houver água, vão proibir os produtores de tirar água do rio", diz Rodrigo Amadei, engenheiro agrônomo da cooperativa de arroz. Os preparativos para a próxima safra iniciam em abril. Técnicos do Estado sugeriram aos produtores trocar o arroz por milho e soja, que consomem menos água, mas o solo da região não é adequado para essas culturas. O Daee confirma que avisou os produtores, em reuniões, sobre o risco de corte da água. O órgão diz, porém, que, num caso extremo de seca, a primeira medida seria reduzir a captação da água e, só depois, a retirada de água dos rios seria impedida. A produção da região, estimada inicialmente em 1 milhão de sacos (60 milhões de quilos), caiu para menos de 800 mil sacos. São Paulo não é um dos principais polos produtores de arroz do país.
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'Moll Flanders', romance pioneiro de Daniel Defoe, ganha nova tradução
Ladra, prostituta, mãe de mais de meia dúzia de crianças abandonadas pelo caminho, mulher de cinco maridos ao longo da vida –um deles, por incomensurável azar, seu próprio irmão–, Moll Flanders foi uma personagem tão à frente de seu tempo quanto injustiçada por ele. Criação de Daniel Defoe (1660-1731), ela acabou ofuscada pela obra máxima do autor, "Robinson Crusoé" (1719), romance sobre o náufrago que sobreviveu a 28 anos numa ilha do Pacífico e que se tornou um clássico da literatura universal. Obra marca o retorno de coleção literária de editora "Moll Flanders", lançado três anos depois de Defoe fazer fama com "Robinson Crusoé", segue a vida de uma mulher que nasceu na prisão e atravessou agruras até morrer, rica, como penitente –o "spoiler" era dado já no título original, que resume a trama em dezenas de palavras, como era praxe na época. Eis o título, tal como aparece na edição de 1722: "As Venturas e Desventuras da Famosa Moll Flanders, que Nasceu na Prisão de Newgate, e ao Longo de uma Vida de Contínuas Peripécias, que Durou Três Vintenas de Anos, sem Considerarmos sua Infância, Foi por Doze Anos Prostituta, por Doze Anos Ladra, Casou-se Cinco Vezes (Uma das Quais com o Próprio Irmão), Foi Deportada por Oito Anos para a Virgínia e, Enfim, Enriqueceu, Viveu Honestamente e Morreu como Penitente." Um dos primeiros romances ingleses, de uma época em que o conceito de romance nem existia, o livro ganhou duas traduções no Brasil, sendo a mais recente de mais de 40 anos atrás, e algumas adaptações menores ao cinema –uma delas estrelada por Kim Novak, em 1965; outra, por Robin Wright, em 1996. Agora, sai pela Cosac Naify, na tradução de Donaldson M. Garschagen, em edição que inclui ensaios dos escritores Virginia Woolf, Cesare Pavese e Marcel Schwob. Foi Woolf quem, um século atrás, atentou para uma qualidade para além do humor que perpassa o romance. O autor, para ela, verbalizou com o livro "algumas doutrinas muito modernas" no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade. "Desde o começo é posto sobre ela o ônus de provar seu direito de existir. Ela depende totalmente de sua própria inteligência e raciocínio para enfrentar cada situação que surge", escreveu, em 1919, a futura autora de "Mrs. Dalloway" (1925). Comerciante por quase toda a vida e romancista tardio, além de jornalista, Defoe deixou ensaios que evidenciavam posições progressistas. Num deles, "Sobre a Educação das Mulheres", escreveu: "Tenho pensado com frequência que é um dos mais bárbaros costumes do mundo [...] negarmos às mulheres as vantagens da instrução". Essa posição não está explicitada em "Moll Flanders", mas transparece no livro. A certa altura, a personagem se depara com uma jovem rejeitada pelo pretendente quando ele descobre que ela andara investigando seu passado. "Como todas as vantagens estavam, infelizmente, do lado dos homens, descobri que a mulher perdera o direito de dizer não; agora a mulher via um pedido de casamento como um favor, e se alguma jovem tivesse a soberba de opor uma negativa, nunca mais teria oportunidade de fazê-lo pela segunda vez", constata a protagonista do livro. Teorias à parte, o romance é um dos mais divertidos de Defoe. "Moll comete todos esses erros, abandona filhos, torna-se ladra, mas é uma personagem simpática. O leitor poderia reprovar sua postura, mas simpatiza com ela", diz John Milton, professor de estudos da tradução da USP. Para escrevê-lo, Defoe inspirou-se em folhetos populares que circulavam à época, com histórias de ladrões e prostitutas. Conforme explica o francês Marcel Schwob no texto de 1918 incluído na edição, houve uma gatuna famosa conhecida como Mary ou Moll, mas Defoe apenas teria criado em cima da ideia. Para dar credibilidade à história, porém, já que a ficção era vista com ressalvas, o autor diria que só editou o texto de uma "famosa senhora" que "considera conveniente esconder seu nome". Sobre a visão de Woolf em relação ao "feminismo" do livro, Sandra Vasconcelos, professora de literatura inglesa e comparada da USP, faz a ressalva de que ele "acaba enquadrando a personagem". "Defoe não poderia levar a história além do que levou, não existia a possibilidade da mulher totalmente livre, então ela se penitencia", conclui. MOLL FLANDERS AUTOR Daniel Defoe TRADUÇÃO Donaldson M. Garschagen EDITORA Cosac Naify QUANTO R$ 59,90 (510 págs.)
ilustrada
'Moll Flanders', romance pioneiro de Daniel Defoe, ganha nova traduçãoLadra, prostituta, mãe de mais de meia dúzia de crianças abandonadas pelo caminho, mulher de cinco maridos ao longo da vida –um deles, por incomensurável azar, seu próprio irmão–, Moll Flanders foi uma personagem tão à frente de seu tempo quanto injustiçada por ele. Criação de Daniel Defoe (1660-1731), ela acabou ofuscada pela obra máxima do autor, "Robinson Crusoé" (1719), romance sobre o náufrago que sobreviveu a 28 anos numa ilha do Pacífico e que se tornou um clássico da literatura universal. Obra marca o retorno de coleção literária de editora "Moll Flanders", lançado três anos depois de Defoe fazer fama com "Robinson Crusoé", segue a vida de uma mulher que nasceu na prisão e atravessou agruras até morrer, rica, como penitente –o "spoiler" era dado já no título original, que resume a trama em dezenas de palavras, como era praxe na época. Eis o título, tal como aparece na edição de 1722: "As Venturas e Desventuras da Famosa Moll Flanders, que Nasceu na Prisão de Newgate, e ao Longo de uma Vida de Contínuas Peripécias, que Durou Três Vintenas de Anos, sem Considerarmos sua Infância, Foi por Doze Anos Prostituta, por Doze Anos Ladra, Casou-se Cinco Vezes (Uma das Quais com o Próprio Irmão), Foi Deportada por Oito Anos para a Virgínia e, Enfim, Enriqueceu, Viveu Honestamente e Morreu como Penitente." Um dos primeiros romances ingleses, de uma época em que o conceito de romance nem existia, o livro ganhou duas traduções no Brasil, sendo a mais recente de mais de 40 anos atrás, e algumas adaptações menores ao cinema –uma delas estrelada por Kim Novak, em 1965; outra, por Robin Wright, em 1996. Agora, sai pela Cosac Naify, na tradução de Donaldson M. Garschagen, em edição que inclui ensaios dos escritores Virginia Woolf, Cesare Pavese e Marcel Schwob. Foi Woolf quem, um século atrás, atentou para uma qualidade para além do humor que perpassa o romance. O autor, para ela, verbalizou com o livro "algumas doutrinas muito modernas" no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade. "Desde o começo é posto sobre ela o ônus de provar seu direito de existir. Ela depende totalmente de sua própria inteligência e raciocínio para enfrentar cada situação que surge", escreveu, em 1919, a futura autora de "Mrs. Dalloway" (1925). Comerciante por quase toda a vida e romancista tardio, além de jornalista, Defoe deixou ensaios que evidenciavam posições progressistas. Num deles, "Sobre a Educação das Mulheres", escreveu: "Tenho pensado com frequência que é um dos mais bárbaros costumes do mundo [...] negarmos às mulheres as vantagens da instrução". Essa posição não está explicitada em "Moll Flanders", mas transparece no livro. A certa altura, a personagem se depara com uma jovem rejeitada pelo pretendente quando ele descobre que ela andara investigando seu passado. "Como todas as vantagens estavam, infelizmente, do lado dos homens, descobri que a mulher perdera o direito de dizer não; agora a mulher via um pedido de casamento como um favor, e se alguma jovem tivesse a soberba de opor uma negativa, nunca mais teria oportunidade de fazê-lo pela segunda vez", constata a protagonista do livro. Teorias à parte, o romance é um dos mais divertidos de Defoe. "Moll comete todos esses erros, abandona filhos, torna-se ladra, mas é uma personagem simpática. O leitor poderia reprovar sua postura, mas simpatiza com ela", diz John Milton, professor de estudos da tradução da USP. Para escrevê-lo, Defoe inspirou-se em folhetos populares que circulavam à época, com histórias de ladrões e prostitutas. Conforme explica o francês Marcel Schwob no texto de 1918 incluído na edição, houve uma gatuna famosa conhecida como Mary ou Moll, mas Defoe apenas teria criado em cima da ideia. Para dar credibilidade à história, porém, já que a ficção era vista com ressalvas, o autor diria que só editou o texto de uma "famosa senhora" que "considera conveniente esconder seu nome". Sobre a visão de Woolf em relação ao "feminismo" do livro, Sandra Vasconcelos, professora de literatura inglesa e comparada da USP, faz a ressalva de que ele "acaba enquadrando a personagem". "Defoe não poderia levar a história além do que levou, não existia a possibilidade da mulher totalmente livre, então ela se penitencia", conclui. MOLL FLANDERS AUTOR Daniel Defoe TRADUÇÃO Donaldson M. Garschagen EDITORA Cosac Naify QUANTO R$ 59,90 (510 págs.)
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É hipocrisia condenar Aécio por visitar a filha que mora no Rio, afirma leitora
São bem-vindos o editorial Asas de um tucano e a opinião de Vilma Amaro, mas acho que ironia e escárnio têm limites. Com todo o respeito, não é plausível usar dois pesos e duas medidas para condenar o fato de Aécio visitar a filha que mora no Rio, uma vez por mês, e não censurar Dilma por se servir do avião oficial para visitar o neto no Sul ou ministros por usarem aviões da FAB, pagos pelo contribuinte, para visitar filhos em outros Estados. Quanta hipocrisia! Sugiro abolir os voos de Estado. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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É hipocrisia condenar Aécio por visitar a filha que mora no Rio, afirma leitoraSão bem-vindos o editorial Asas de um tucano e a opinião de Vilma Amaro, mas acho que ironia e escárnio têm limites. Com todo o respeito, não é plausível usar dois pesos e duas medidas para condenar o fato de Aécio visitar a filha que mora no Rio, uma vez por mês, e não censurar Dilma por se servir do avião oficial para visitar o neto no Sul ou ministros por usarem aviões da FAB, pagos pelo contribuinte, para visitar filhos em outros Estados. Quanta hipocrisia! Sugiro abolir os voos de Estado. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Israel é acusado de reagir com força excessiva a ataques de palestinos
Até agora, os alertas de notícias são muito familiares: "Esfaqueamento perto da Cidade Velha: israelense ferido, atacante morto a tiros", dizia um boletim recente. Outro chegou por mensagem de texto na quarta-feira (9): "Ataque com faca: dois feridos, um com ferimentos leves, terrorista morto a tiro". Nos últimos dois meses e meio, desde que uma onda de violência por parte dos palestinos contra alvos israelenses começou, em 1º de outubro, 19 israelenses e um cidadão norte-americano foram mortos em ataques com armas de fogo e facas, atropelamentos ou batidas deliberadas de carros em Israel, Jerusalém e na Cisjordânia. É a pior onda de violência que muitos israelenses já viveram desde que o segundo levante palestino, ou Intifada, terminou há uma década. Desta vez, como as forças de segurança tornam o acesso a armas de fogo difícil, os agressores contam com facas e outras lâminas. Mais de 200 israelenses foram feridos, muitos deles gravemente, segundo a Agência de Segurança de Israel. Onda de violência entre israelenses e palestinos - Número de mortos e feridos entre 1º.out e 9.dez Durante o mesmo período, 106 palestinos foram mortos por soldados, policiais ou civis israelenses, quer na sequência dos ataques, por conta da suspeita de que eles estavam prestes a realizar um ataque ou em atos de violência relacionados, de acordo com um levantamento da Reuters baseado no Grupo de Monitoramento Palestino. A disparidade no número de mortos de cada lado –e o fato de que mais de 13.500 palestinos foram feridos, incluindo muitos em manifestações, de acordo com o Ministério da Saúde palestino– levou a acusações por parte de grupos de direitos humanos e outros de que Israel está usando força excessiva para reprimir a agitação. Os Estados Unidos, a União Europeia e as Nações Unidas expressaram preocupação, dizendo que, apesar de reconhecerem o direito de Israel à autodefesa, a contenção é necessária para garantir que a violência não aumente ainda mais. Em 21 de outubro, logo depois de o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, incitar os israelenses com porte de armas a levá-las consigo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, alertou sobre o vigilantismo. "Exortamos a que todos pratiquem a contenção e que se abstenham de qualquer tipo de reação individual em termos de violência", disse ele. Kerry sofreu duras críticas em Israel por suas declarações, com comentários que sugeriam que ele estava sendo brando contra o terrorismo. Mas, desde então, a Suécia foi mais longe, e a chanceler Margot Wallstrom referiu-se a "execuções extrajudiciais". Enquanto seu gabinete disse que os comentários da ministra no Parlamento sueco foram mal interpretados e "repercutidos para além das proporções razoáveis", Wallstrom citou a discrepância que viu entre o número de israelenses e de palestinos mortos. "Isso é o que eu digo em outras situações, em que a resposta é tal que termina em execuções extrajudiciais, ou é desproporcional, pelo fato de que o número de pessoas mortas em determinado lado excede em muitas vezes o número original de mortes", disse ela, de acordo com uma transcrição liberada para a Reuters. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, contatou imediatamente seu homólogo sueco para reclamar, e acusou Wallstrom de utilizar duas medidas, uma vez que não disse a mesma coisa sobre a resposta aos ataques terroristas em Paris ou San Bernardino. "Essa é a segunda vez que ela se refere a Israel e diz coisas que são inaceitáveis para nós e que não são verdadeiras", disse ele. ALTO NÚMERO DE MORTOS Em Israel, um país que teve guerras e revoltas repetidas vezes ao longo da sua história de 67 anos, onde a maioria presta serviço militar e é comum ver pessoas portando armas, qualquer sugestão de uso excessivo da força é rejeitada com fervor. Comparações com Londres, onde um homem esfaqueou três pessoas em uma estação de metrô na semana passada e foi controlado pela polícia usando uma arma taser, são descartadas completamente, e os defensores da reação de Israel afirmam que o país enfrenta meses de esfaqueamentos diários e que o contexto político e de segurança é muito diferente. Comparações com outros lugares afetados por distúrbios são difíceis, mas os números mostram que uma elevada porcentagem de pessoas que realizam ataques é morta, em vez de ser detida. Dados compilados pelo pesquisador israelense Nehemia Guershuni-Aylho, usando informações de reportagens, serviços de emergência, polícia e outros, mostram que 74 de 123 adressores palestinos foram mortos a tiros desde 1º de outubro –exatamente 60%. O Ministério de Relações Exteriores israelense, utilizando diferentes fontes e metodologia, compilou dados da polícia, das Forças Armadas e dos serviços de segurança, e separou os ataques em duas categorias: de curto alcance (facadas, tiros e ataques com o uso de carros) e de maior alcance (arremesso de pedras, bombardeios). O ministério informou à Reuters que em 127 ataques de curto alcance, 61 agressores tinham sido mortos –48% do total. Para atos de violência de maior alcance, um em cada três agressores foram mortos. "Acusações de execuções extrajudiciais são totalmente errôneas, equivocadas, e os números demonstram isso", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon, acrescentando que agressores palestinos são muitas vezes tratados em hospitais israelenses e levados à Justiça. Do ponto de vista palestino, não há dúvidas de que Israel, que ocupa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 1967, e limita o movimento dos palestinos em áreas que desejam para seu Estado, está realizando execuções extrajudiciais. "A maioria dos palestinos está sendo baleada e morta no ato, representem uma ameaça ou não", disse a parlamentar palestina Hanan Ashrawi, acrescentando que ela acreditava que o número de agressores mortos era bem maior do que 60%. "Esses assassinatos são realizados, na maioria dos casos, por militares totalmente armados ou pela polícia", disse ela à Reuters. "Eles estão realizando execuções sumárias. São extrajudiciais e são um crime."
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Israel é acusado de reagir com força excessiva a ataques de palestinosAté agora, os alertas de notícias são muito familiares: "Esfaqueamento perto da Cidade Velha: israelense ferido, atacante morto a tiros", dizia um boletim recente. Outro chegou por mensagem de texto na quarta-feira (9): "Ataque com faca: dois feridos, um com ferimentos leves, terrorista morto a tiro". Nos últimos dois meses e meio, desde que uma onda de violência por parte dos palestinos contra alvos israelenses começou, em 1º de outubro, 19 israelenses e um cidadão norte-americano foram mortos em ataques com armas de fogo e facas, atropelamentos ou batidas deliberadas de carros em Israel, Jerusalém e na Cisjordânia. É a pior onda de violência que muitos israelenses já viveram desde que o segundo levante palestino, ou Intifada, terminou há uma década. Desta vez, como as forças de segurança tornam o acesso a armas de fogo difícil, os agressores contam com facas e outras lâminas. Mais de 200 israelenses foram feridos, muitos deles gravemente, segundo a Agência de Segurança de Israel. Onda de violência entre israelenses e palestinos - Número de mortos e feridos entre 1º.out e 9.dez Durante o mesmo período, 106 palestinos foram mortos por soldados, policiais ou civis israelenses, quer na sequência dos ataques, por conta da suspeita de que eles estavam prestes a realizar um ataque ou em atos de violência relacionados, de acordo com um levantamento da Reuters baseado no Grupo de Monitoramento Palestino. A disparidade no número de mortos de cada lado –e o fato de que mais de 13.500 palestinos foram feridos, incluindo muitos em manifestações, de acordo com o Ministério da Saúde palestino– levou a acusações por parte de grupos de direitos humanos e outros de que Israel está usando força excessiva para reprimir a agitação. Os Estados Unidos, a União Europeia e as Nações Unidas expressaram preocupação, dizendo que, apesar de reconhecerem o direito de Israel à autodefesa, a contenção é necessária para garantir que a violência não aumente ainda mais. Em 21 de outubro, logo depois de o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, incitar os israelenses com porte de armas a levá-las consigo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, alertou sobre o vigilantismo. "Exortamos a que todos pratiquem a contenção e que se abstenham de qualquer tipo de reação individual em termos de violência", disse ele. Kerry sofreu duras críticas em Israel por suas declarações, com comentários que sugeriam que ele estava sendo brando contra o terrorismo. Mas, desde então, a Suécia foi mais longe, e a chanceler Margot Wallstrom referiu-se a "execuções extrajudiciais". Enquanto seu gabinete disse que os comentários da ministra no Parlamento sueco foram mal interpretados e "repercutidos para além das proporções razoáveis", Wallstrom citou a discrepância que viu entre o número de israelenses e de palestinos mortos. "Isso é o que eu digo em outras situações, em que a resposta é tal que termina em execuções extrajudiciais, ou é desproporcional, pelo fato de que o número de pessoas mortas em determinado lado excede em muitas vezes o número original de mortes", disse ela, de acordo com uma transcrição liberada para a Reuters. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, contatou imediatamente seu homólogo sueco para reclamar, e acusou Wallstrom de utilizar duas medidas, uma vez que não disse a mesma coisa sobre a resposta aos ataques terroristas em Paris ou San Bernardino. "Essa é a segunda vez que ela se refere a Israel e diz coisas que são inaceitáveis para nós e que não são verdadeiras", disse ele. ALTO NÚMERO DE MORTOS Em Israel, um país que teve guerras e revoltas repetidas vezes ao longo da sua história de 67 anos, onde a maioria presta serviço militar e é comum ver pessoas portando armas, qualquer sugestão de uso excessivo da força é rejeitada com fervor. Comparações com Londres, onde um homem esfaqueou três pessoas em uma estação de metrô na semana passada e foi controlado pela polícia usando uma arma taser, são descartadas completamente, e os defensores da reação de Israel afirmam que o país enfrenta meses de esfaqueamentos diários e que o contexto político e de segurança é muito diferente. Comparações com outros lugares afetados por distúrbios são difíceis, mas os números mostram que uma elevada porcentagem de pessoas que realizam ataques é morta, em vez de ser detida. Dados compilados pelo pesquisador israelense Nehemia Guershuni-Aylho, usando informações de reportagens, serviços de emergência, polícia e outros, mostram que 74 de 123 adressores palestinos foram mortos a tiros desde 1º de outubro –exatamente 60%. O Ministério de Relações Exteriores israelense, utilizando diferentes fontes e metodologia, compilou dados da polícia, das Forças Armadas e dos serviços de segurança, e separou os ataques em duas categorias: de curto alcance (facadas, tiros e ataques com o uso de carros) e de maior alcance (arremesso de pedras, bombardeios). O ministério informou à Reuters que em 127 ataques de curto alcance, 61 agressores tinham sido mortos –48% do total. Para atos de violência de maior alcance, um em cada três agressores foram mortos. "Acusações de execuções extrajudiciais são totalmente errôneas, equivocadas, e os números demonstram isso", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon, acrescentando que agressores palestinos são muitas vezes tratados em hospitais israelenses e levados à Justiça. Do ponto de vista palestino, não há dúvidas de que Israel, que ocupa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 1967, e limita o movimento dos palestinos em áreas que desejam para seu Estado, está realizando execuções extrajudiciais. "A maioria dos palestinos está sendo baleada e morta no ato, representem uma ameaça ou não", disse a parlamentar palestina Hanan Ashrawi, acrescentando que ela acreditava que o número de agressores mortos era bem maior do que 60%. "Esses assassinatos são realizados, na maioria dos casos, por militares totalmente armados ou pela polícia", disse ela à Reuters. "Eles estão realizando execuções sumárias. São extrajudiciais e são um crime."
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Contra Trump, Mark Zuckerberg diz 'obrigado a todos os jornalistas'
O dono do Facebook está viajando de carro pelo Estado do Alabama com a mulher, Priscilla, e conta em seu perfil que os dois pararam em algumas Redações de jornais locais, como "The Selma Times‑Journal" (acima): — O pessoal lá estava trabalhando duro no fim de semana do Dia dos Presidentes [feriado americano] para manter as suas comunidades informadas. Parece ser uma boa hora para dizer obrigado a todos os jornalistas ao redor do mundo que trabalham incansavelmente e algumas vezes colocando as suas vidas em perigo para trazer à tona a verdade. Eu nem sempre concordo com tudo o que vocês dizem, mas é assim que a democracia funciona. Eu sei que estou ao lado de muitas pessoas nos Estados Unidos e mundo afora ao agradecer a vocês por seu trabalho. Foi uma resposta clara à declaração do presidente americano, no Twitter, chamando "New York Times", CNN e outros de inimigos do povo. * O "NYT" destaca nesta terça que o juiz indicado pelo próprio Trump para a Suprema Corte, Neil Gorsuch, é outro defensor da imprensa livre. O jornal lembra que, em ameaça à cobertura durante a campanha, ele afirmou que iria "abrir as leis de difamação", ou seja, ampliar o poder de quem processa jornais e jornalistas. E que, quando chamado a tomar decisões sobre o tema, Gorsuch sempre deixou claro que a legislação não deve ser usada para amordaçar a imprensa. No "Washington Post", a colunista de mídia Margaret Sullivan pergunta: "Os repórteres podem ser caçados se Trump for atrás dos vazadores?". Avisa que as proteções para repórteres em casos de informações vazadas do governo são "normativas", não de legislação, e lembra que foi Barack Obama quem abriu caminho, processando jornalistas do "NYT" e da Fox News.
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Contra Trump, Mark Zuckerberg diz 'obrigado a todos os jornalistas'O dono do Facebook está viajando de carro pelo Estado do Alabama com a mulher, Priscilla, e conta em seu perfil que os dois pararam em algumas Redações de jornais locais, como "The Selma Times‑Journal" (acima): — O pessoal lá estava trabalhando duro no fim de semana do Dia dos Presidentes [feriado americano] para manter as suas comunidades informadas. Parece ser uma boa hora para dizer obrigado a todos os jornalistas ao redor do mundo que trabalham incansavelmente e algumas vezes colocando as suas vidas em perigo para trazer à tona a verdade. Eu nem sempre concordo com tudo o que vocês dizem, mas é assim que a democracia funciona. Eu sei que estou ao lado de muitas pessoas nos Estados Unidos e mundo afora ao agradecer a vocês por seu trabalho. Foi uma resposta clara à declaração do presidente americano, no Twitter, chamando "New York Times", CNN e outros de inimigos do povo. * O "NYT" destaca nesta terça que o juiz indicado pelo próprio Trump para a Suprema Corte, Neil Gorsuch, é outro defensor da imprensa livre. O jornal lembra que, em ameaça à cobertura durante a campanha, ele afirmou que iria "abrir as leis de difamação", ou seja, ampliar o poder de quem processa jornais e jornalistas. E que, quando chamado a tomar decisões sobre o tema, Gorsuch sempre deixou claro que a legislação não deve ser usada para amordaçar a imprensa. No "Washington Post", a colunista de mídia Margaret Sullivan pergunta: "Os repórteres podem ser caçados se Trump for atrás dos vazadores?". Avisa que as proteções para repórteres em casos de informações vazadas do governo são "normativas", não de legislação, e lembra que foi Barack Obama quem abriu caminho, processando jornalistas do "NYT" e da Fox News.
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Sede do Mundial de judô, capital do Cazaquistão faz história no futebol
Astana, a capital do Cazaquistão, nunca esteve tão presente no mundo esportivo. Sede do Mundial de judô, realizado durante esta semana, a cidade viu o time de futebol que leva seu nome ser o primeiro representante do país na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. O feito veio após um empate contra o APOEL, do Chipre, nesta quarta-feira (26). No primeiro jogo, os cazaques haviam vencido em casa por 1 a 0. O Astana foi fundado em 2009 e, desde então, disputa a primeira divisão nacional. No ano passado conquistou o título da liga, o que lhe garantiu vaga na segunda fase preliminar da maior competição de clubes do continente. Antes do APOEL, o Astana precisou derrotar o Maribor, da Eslovênia, e o HJK, da Finlândia. Contra o time de Helsinque, a vitória veio em um dramático 4 a 3, com direito a gol da classificação nos minutos finais. Na temporada passada, a jovem equipe cazaque parou na etapa anterior à fase de grupos da Liga Europa, torneio de menor importância. Agora, com a classificação confirmada, o Astana fará pelo menos seis jogos na Liga dos Campeões e poderá enfrentar alguns dos maiores clubes do continente. A seleção nacional, porém, não tem motivos para comemorar. Nas eliminatórias para a Eurocopa de 2016, o Cazaquistão é o lanterna do grupo A, com apenas um ponto. Holanda e República Tcheca também estão na chave, atualmente liderada pela Islândia. OUTROS ESPORTES Se o futebol não é o forte do país, outros esportes garantem um bom desempenho olímpico. Em Londres-2012, foram sete medalhas de ouro, sendo quatro no levantamento de peso. O ciclista Alexandr Vinokourov, hoje aposentado, foi campeão nos últimos Jogos. Astana, inclusive, é o nome de uma equipe profissional de ciclismo de estrada. Antiga capital do Cazaquistão, a cidade de Almaty tentou sediar a Olimpíada de Inverno de 2022, mas foi derrotada por Pequim na eleição realizada no final de julho. ESTRATÉGIA Astana é considerada uma cidade de potencial turístico. Em 2017, receberá a Exposição Universal. Trata-se de uma tentativa do governo do país, criticado por entidades internacionais por desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa, de vender uma imagem positiva para o exterior. O mesmo desafio começará a ser encarado pela equipe do Astana em setembro, quando inicia a disputa dos grupos da Liga dos Campeões.
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Sede do Mundial de judô, capital do Cazaquistão faz história no futebolAstana, a capital do Cazaquistão, nunca esteve tão presente no mundo esportivo. Sede do Mundial de judô, realizado durante esta semana, a cidade viu o time de futebol que leva seu nome ser o primeiro representante do país na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. O feito veio após um empate contra o APOEL, do Chipre, nesta quarta-feira (26). No primeiro jogo, os cazaques haviam vencido em casa por 1 a 0. O Astana foi fundado em 2009 e, desde então, disputa a primeira divisão nacional. No ano passado conquistou o título da liga, o que lhe garantiu vaga na segunda fase preliminar da maior competição de clubes do continente. Antes do APOEL, o Astana precisou derrotar o Maribor, da Eslovênia, e o HJK, da Finlândia. Contra o time de Helsinque, a vitória veio em um dramático 4 a 3, com direito a gol da classificação nos minutos finais. Na temporada passada, a jovem equipe cazaque parou na etapa anterior à fase de grupos da Liga Europa, torneio de menor importância. Agora, com a classificação confirmada, o Astana fará pelo menos seis jogos na Liga dos Campeões e poderá enfrentar alguns dos maiores clubes do continente. A seleção nacional, porém, não tem motivos para comemorar. Nas eliminatórias para a Eurocopa de 2016, o Cazaquistão é o lanterna do grupo A, com apenas um ponto. Holanda e República Tcheca também estão na chave, atualmente liderada pela Islândia. OUTROS ESPORTES Se o futebol não é o forte do país, outros esportes garantem um bom desempenho olímpico. Em Londres-2012, foram sete medalhas de ouro, sendo quatro no levantamento de peso. O ciclista Alexandr Vinokourov, hoje aposentado, foi campeão nos últimos Jogos. Astana, inclusive, é o nome de uma equipe profissional de ciclismo de estrada. Antiga capital do Cazaquistão, a cidade de Almaty tentou sediar a Olimpíada de Inverno de 2022, mas foi derrotada por Pequim na eleição realizada no final de julho. ESTRATÉGIA Astana é considerada uma cidade de potencial turístico. Em 2017, receberá a Exposição Universal. Trata-se de uma tentativa do governo do país, criticado por entidades internacionais por desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de imprensa, de vender uma imagem positiva para o exterior. O mesmo desafio começará a ser encarado pela equipe do Astana em setembro, quando inicia a disputa dos grupos da Liga dos Campeões.
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Balanço da Anac aponta 19% de voos cancelados pelo país durante a manhã
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que 19% dos voos programados foram cancelamentos e 7,7% sofreram atrasos durante a paralisação de aeronautas (comissários e pilotos) e aeroviários (profissionais que atuam em solo) entre 6h e 9h da manhã desta quinta-feira (22) –período em que houve a paralisação dos profissionais. A agência informou ainda que as empresas aéreas e os operadores aeroportuários acionaram seus planos de contingência e estão readequando suas malhas aéreas para evitar maiores transtornos aos passageiros. Balanço divulgado às 10h pela Infraero mostra que 148 dos 760 voos programados para ocorrer no país estão atrasados e 66 (8,7%) foram cancelados. Os atrasos e cancelamentos de voos em todo o país são decorrentes da paralisação dos aeronautas e aeroviários. A paralisação contou com o apoio dos aeroviários e foi decidida após Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil ) e Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas), que representa as companhias TAM, Gol, Azul e Avianca, não chegarem a acordo sobre reajuste salarial e aumento de benefícios sociais. Segundo a Fentac, as empresas não apresentaram até o fim de segunda-feira (19) uma nova proposta de reajuste salarial e melhoria nos benefícios sociais para os trabalhadores da aviação civil. A última proposta das aéreas foi de reajuste de 6,5% nos salários e 7% nos vales-alimentação e refeição. A Fentac reivindica reajuste com ganho real nos salários de 8,5% e a aplicação deste índice nos demais benefícios (como vales-refeição e alimentação). Os aeronautas também pedem mudanças nas condições de trabalho, criação de um piso para agente de check-in (para os aeroviários) e escalas que gerenciem a fadiga da tripulação e garantam a segurança de voo de todos. O movimento, organizado pelos sindicatos dos aeroviários de Guarulhos (SP), Porto Alegre, Campinas (SP), Recife, pelo SNA, que representa 22 Estados, e pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas, deve ser repetido nos dias seguintes, no mesmo horário, segundo as entidades. Na terça-feira (20), o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou que os aeronautas e aeroviários mantivessem o efetivo mínimo de 80% em operação no horário marcado para a parada. O vice-presidente do SNA, Rodrigo Spader, afirmou que durante à tarde desta quinta haverá uma assembleia em seis capitais (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém, Campinas e Belo Horizonte) para fazer um balanço da paralisação dessa manhã e deliberar se haverá ou não uma nova paralisação nesta sexta-feira (23).
cotidiano
Balanço da Anac aponta 19% de voos cancelados pelo país durante a manhãA Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que 19% dos voos programados foram cancelamentos e 7,7% sofreram atrasos durante a paralisação de aeronautas (comissários e pilotos) e aeroviários (profissionais que atuam em solo) entre 6h e 9h da manhã desta quinta-feira (22) –período em que houve a paralisação dos profissionais. A agência informou ainda que as empresas aéreas e os operadores aeroportuários acionaram seus planos de contingência e estão readequando suas malhas aéreas para evitar maiores transtornos aos passageiros. Balanço divulgado às 10h pela Infraero mostra que 148 dos 760 voos programados para ocorrer no país estão atrasados e 66 (8,7%) foram cancelados. Os atrasos e cancelamentos de voos em todo o país são decorrentes da paralisação dos aeronautas e aeroviários. A paralisação contou com o apoio dos aeroviários e foi decidida após Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil ) e Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas), que representa as companhias TAM, Gol, Azul e Avianca, não chegarem a acordo sobre reajuste salarial e aumento de benefícios sociais. Segundo a Fentac, as empresas não apresentaram até o fim de segunda-feira (19) uma nova proposta de reajuste salarial e melhoria nos benefícios sociais para os trabalhadores da aviação civil. A última proposta das aéreas foi de reajuste de 6,5% nos salários e 7% nos vales-alimentação e refeição. A Fentac reivindica reajuste com ganho real nos salários de 8,5% e a aplicação deste índice nos demais benefícios (como vales-refeição e alimentação). Os aeronautas também pedem mudanças nas condições de trabalho, criação de um piso para agente de check-in (para os aeroviários) e escalas que gerenciem a fadiga da tripulação e garantam a segurança de voo de todos. O movimento, organizado pelos sindicatos dos aeroviários de Guarulhos (SP), Porto Alegre, Campinas (SP), Recife, pelo SNA, que representa 22 Estados, e pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas, deve ser repetido nos dias seguintes, no mesmo horário, segundo as entidades. Na terça-feira (20), o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou que os aeronautas e aeroviários mantivessem o efetivo mínimo de 80% em operação no horário marcado para a parada. O vice-presidente do SNA, Rodrigo Spader, afirmou que durante à tarde desta quinta haverá uma assembleia em seis capitais (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém, Campinas e Belo Horizonte) para fazer um balanço da paralisação dessa manhã e deliberar se haverá ou não uma nova paralisação nesta sexta-feira (23).
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A um ano dos Jogos, Rio diz que está tão pronto quanto outras sedes
A um ano do início da Olimpíada, o presidente do Comitê Organizador da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, afirmou que o Rio está tão preparado para sediar a competição quanto as cidades-sede anteriores estavam na mesma época. O presidente e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), participaram de coletiva de imprensa para cerca de 200 jornalistas em um dos estádios do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, zona oeste. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, tinha presença confirmada no evento, mas não compareceu alegando estar cansado do voo no dia anterior, segundo Nuzman. Na coletiva, o prefeito apresentou os dados de execução das obras para a Olimpíada, tanto de equipamentos esportivos quanto as chamadas obras de legado —de mobilidade urbana e reutilização de áreas da cidade, como a região portuária. Segundo a prefeitura, 82% do Parque Olímpico, principal local de competições, está concluído. O velódromo, cujo atraso nas obras causou preocupação, ainda é o espaço mais longe da conclusão –61%. "Não me preocupo porque não é uma arena grande. Tem apenas 5 mil lugares", disse Paes. O Complexo Esportivo de Deodoro, que sediará 11 modalidades olímpicas e quatro paraolímpicas, tem 60% de suas instalações prontas, segundo o site da prefeitura. Em sua apresentação, o prefeito deixou de fora o estádio João Havelange (Engenhão), que sediará competições de atletismo e os jogos da primeira fase do futebol. O estádio precisa passar por reforma para adequá-lo às necessidades dos esportes. "Está quase pronto", disse Paes mais tarde, sem informar quanto da obra já foi executada. A Transolímpica, via que ligará o Parque Olímpico ao Complexo Esportivo de Deodoro, que sediará 11 modalidades olímpicas e quatro paraolímpicas, está 65% pronta. Os Jogos estão orçados em R$38,2 bilhões, mas o valor ainda deve aumentar, como admitiu o prefeito em sabatina com a Folha em julho, devido à licitação de estruturas temporárias, que ainda não foi feita. BAÍA DE GUANABARA A má qualidade da água da Baía de Guanabara, onde acontecerão as provas de vela, foi lembrada no evento. Após a publicação de um estudo que apontou volume alarmante de vírus e bactérias de esgoto humano nas raias de competições olímpicas na baía, ganhou força uma campanha para transferir as provas para Armação de Búzios, cidade da Região dos Lagos, no Rio. Nuzman voltou a descartar essa possibilidade, dizendo que "não basta água e vento" para uma cidade poder sediar uma competição olímpica. "É claro que algumas confederações não querem jogar no campo do Brasil", disse, alfinetando comitês como o norte-americano, que pediu à Federação Internacional de Vela que mudasse o local da competição.
esporte
A um ano dos Jogos, Rio diz que está tão pronto quanto outras sedesA um ano do início da Olimpíada, o presidente do Comitê Organizador da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, afirmou que o Rio está tão preparado para sediar a competição quanto as cidades-sede anteriores estavam na mesma época. O presidente e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), participaram de coletiva de imprensa para cerca de 200 jornalistas em um dos estádios do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, zona oeste. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, tinha presença confirmada no evento, mas não compareceu alegando estar cansado do voo no dia anterior, segundo Nuzman. Na coletiva, o prefeito apresentou os dados de execução das obras para a Olimpíada, tanto de equipamentos esportivos quanto as chamadas obras de legado —de mobilidade urbana e reutilização de áreas da cidade, como a região portuária. Segundo a prefeitura, 82% do Parque Olímpico, principal local de competições, está concluído. O velódromo, cujo atraso nas obras causou preocupação, ainda é o espaço mais longe da conclusão –61%. "Não me preocupo porque não é uma arena grande. Tem apenas 5 mil lugares", disse Paes. O Complexo Esportivo de Deodoro, que sediará 11 modalidades olímpicas e quatro paraolímpicas, tem 60% de suas instalações prontas, segundo o site da prefeitura. Em sua apresentação, o prefeito deixou de fora o estádio João Havelange (Engenhão), que sediará competições de atletismo e os jogos da primeira fase do futebol. O estádio precisa passar por reforma para adequá-lo às necessidades dos esportes. "Está quase pronto", disse Paes mais tarde, sem informar quanto da obra já foi executada. A Transolímpica, via que ligará o Parque Olímpico ao Complexo Esportivo de Deodoro, que sediará 11 modalidades olímpicas e quatro paraolímpicas, está 65% pronta. Os Jogos estão orçados em R$38,2 bilhões, mas o valor ainda deve aumentar, como admitiu o prefeito em sabatina com a Folha em julho, devido à licitação de estruturas temporárias, que ainda não foi feita. BAÍA DE GUANABARA A má qualidade da água da Baía de Guanabara, onde acontecerão as provas de vela, foi lembrada no evento. Após a publicação de um estudo que apontou volume alarmante de vírus e bactérias de esgoto humano nas raias de competições olímpicas na baía, ganhou força uma campanha para transferir as provas para Armação de Búzios, cidade da Região dos Lagos, no Rio. Nuzman voltou a descartar essa possibilidade, dizendo que "não basta água e vento" para uma cidade poder sediar uma competição olímpica. "É claro que algumas confederações não querem jogar no campo do Brasil", disse, alfinetando comitês como o norte-americano, que pediu à Federação Internacional de Vela que mudasse o local da competição.
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Trio francês abre concertos da Cultura Artística com peças 'bonitas de ouvir'
"A rotina esgota a paixão", diz o pianista Vincent Coq, figura central do Trio Wanderer, que abre a temporada anual da Sociedade de Cultura Artística nesta terça-feira (28), na Sala São Paulo. Há 30 anos que o grupo de câmara francês empresta o nome de uma fantasia (composição que se aproxima da improvisação) do austríaco Franz Schubert (1797-1828). "Wanderer", a obra para piano, é conhecida por sua exigência técnica. Mas, para o músico, não basta a habilidade para tocar uma peça complicada; é também necessária a capacidade de manter o grupo coeso. "É muito importante dar liberdade a cada integrante e que cada um tenha uma atividade fora do grupo", afirma. Ele lembra que, quando ainda era um jovem estudante, ouviu do pianista norte-americano Leon Fleisher: "Sabe, para um músico, a coisa mais importante é experiência, musical e de vida". Seguindo o conselho, Coq e seus companheiros, o violoncelista Raphaël Pidoux e o violinista Jean-Marc Phillips-Varjabédian, dão aulas e mantêm projetos paralelos. "Tocar em um grupo não é entrar para o monastério", diz, rindo. "Você tem que estar livre, senão morre." Para os concertos que farão em São Paulo, nesta terça e na quarta, os veteranos franceses planejam dois repertórios, um para cada dia. O primeiro traz peças para piano de Beethoven (1770-1827), Schubert e Tchaikovsky (1840-1893) –a maior parte das cerca de 40 composições diferentes que tocam a cada ano é do século 19. "O repertório voltado ao piano é muito concentrado nesse período, pois todos esses grandes compositores, como Chopin, Listz, Brahms, e até mesmo Beethoven, eram pianistas", explica Coq. "O público sempre espera que a gente toque obras-primas, porque sempre são bonitas de ouvir." Para o pianista, mais do que garimpar obras contemporâneas, é importante trazer à tona composições desconhecidas, "independentemente de quando elas surgiram". É o que propõe na apresentação seguinte, quando o trio desvenda a energética op. 120 do francês Gabriel Fauré (1845-1924) e a dramática "Vitebsk", do norte-americano Aaron Copland (1900-1990). Ouça no spotify * TRIO WANDERER QUANDO ter. (28) e qua. (29), 21h; ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500 QUANTO De R$ 50 a R$ 255 pelo ingressorapido.com.br ou na bilheteria da casa CLASSIFICAÇÃO livre
ilustrada
Trio francês abre concertos da Cultura Artística com peças 'bonitas de ouvir'"A rotina esgota a paixão", diz o pianista Vincent Coq, figura central do Trio Wanderer, que abre a temporada anual da Sociedade de Cultura Artística nesta terça-feira (28), na Sala São Paulo. Há 30 anos que o grupo de câmara francês empresta o nome de uma fantasia (composição que se aproxima da improvisação) do austríaco Franz Schubert (1797-1828). "Wanderer", a obra para piano, é conhecida por sua exigência técnica. Mas, para o músico, não basta a habilidade para tocar uma peça complicada; é também necessária a capacidade de manter o grupo coeso. "É muito importante dar liberdade a cada integrante e que cada um tenha uma atividade fora do grupo", afirma. Ele lembra que, quando ainda era um jovem estudante, ouviu do pianista norte-americano Leon Fleisher: "Sabe, para um músico, a coisa mais importante é experiência, musical e de vida". Seguindo o conselho, Coq e seus companheiros, o violoncelista Raphaël Pidoux e o violinista Jean-Marc Phillips-Varjabédian, dão aulas e mantêm projetos paralelos. "Tocar em um grupo não é entrar para o monastério", diz, rindo. "Você tem que estar livre, senão morre." Para os concertos que farão em São Paulo, nesta terça e na quarta, os veteranos franceses planejam dois repertórios, um para cada dia. O primeiro traz peças para piano de Beethoven (1770-1827), Schubert e Tchaikovsky (1840-1893) –a maior parte das cerca de 40 composições diferentes que tocam a cada ano é do século 19. "O repertório voltado ao piano é muito concentrado nesse período, pois todos esses grandes compositores, como Chopin, Listz, Brahms, e até mesmo Beethoven, eram pianistas", explica Coq. "O público sempre espera que a gente toque obras-primas, porque sempre são bonitas de ouvir." Para o pianista, mais do que garimpar obras contemporâneas, é importante trazer à tona composições desconhecidas, "independentemente de quando elas surgiram". É o que propõe na apresentação seguinte, quando o trio desvenda a energética op. 120 do francês Gabriel Fauré (1845-1924) e a dramática "Vitebsk", do norte-americano Aaron Copland (1900-1990). Ouça no spotify * TRIO WANDERER QUANDO ter. (28) e qua. (29), 21h; ONDE Sala São Paulo, praça Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500 QUANTO De R$ 50 a R$ 255 pelo ingressorapido.com.br ou na bilheteria da casa CLASSIFICAÇÃO livre
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Malásia confirma que destroços de avião são do voo MH370
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, confirmou na madrugada desta quinta-feira (tarde de quarta-feira, 5, em Brasília) que a parte de uma asa de um Boeing 777 descoberta na ilha francesa de Reunião, no oceano Índico, é do avião desaparecido do voo MH370. "É com o coração pesado que anuncio hoje, 515 dias desde o desaparecimento do avião, que uma equipe internacional de especialistas concluiu que os destroços encontrados na ilha de Reunião [perto da costa da África] são realmente do MH370", disse Najib em uma declaração televisionada. A confirmação é o primeiro grande avanço na busca pelo voo, que desapareceu há 17 meses. Mas, apesar de a notícia fornecer um desfecho aos parentes, ainda não explica o que aconteceu com a aeronave. "Quero assegurar a todos os afetados por essa tragédia que o governo da Malásia está comprometido a fazer tudo a seu alcance para descobrir a verdade sobre o que aconteceu", afirmou o premiê. O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu em 8 de março de 2014, quando se direcionava para Pequim, na China, após decolar de Kuala Lumpur (Malásia) com 239 passageiros e tripulantes a bordo. O anúncio do premiê malaio foi feito após a análise dos destroços ter sido feita nesta quarta em um laboratório militar de Balma, nos arredores de Toulouse, sudoeste da França. A análise foi conduzida na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) eram chineses e a Justiça francesa assumiu o caso por causa da presença de quatro pessoas dessa nacionalidade a bordo do avião desaparecido. Desde que foi descoberta há uma semana em uma praia da ilha vulcânica de 850 mil habitantes, que fica perto de Madagáscar, o fragmento de dois metros da asa, chamado flaperon, "foi identificado oficialmente como um pedaço de Boeing 777", explicou no domingo o ministro malaio dos Transportes. O fragmento carrega a inscrição "657BB" que, segundo vários especialistas, indica que se trata de um flaperon de Boeing 777. Onde a peça foi achada
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Malásia confirma que destroços de avião são do voo MH370O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, confirmou na madrugada desta quinta-feira (tarde de quarta-feira, 5, em Brasília) que a parte de uma asa de um Boeing 777 descoberta na ilha francesa de Reunião, no oceano Índico, é do avião desaparecido do voo MH370. "É com o coração pesado que anuncio hoje, 515 dias desde o desaparecimento do avião, que uma equipe internacional de especialistas concluiu que os destroços encontrados na ilha de Reunião [perto da costa da África] são realmente do MH370", disse Najib em uma declaração televisionada. A confirmação é o primeiro grande avanço na busca pelo voo, que desapareceu há 17 meses. Mas, apesar de a notícia fornecer um desfecho aos parentes, ainda não explica o que aconteceu com a aeronave. "Quero assegurar a todos os afetados por essa tragédia que o governo da Malásia está comprometido a fazer tudo a seu alcance para descobrir a verdade sobre o que aconteceu", afirmou o premiê. O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu em 8 de março de 2014, quando se direcionava para Pequim, na China, após decolar de Kuala Lumpur (Malásia) com 239 passageiros e tripulantes a bordo. O anúncio do premiê malaio foi feito após a análise dos destroços ter sido feita nesta quarta em um laboratório militar de Balma, nos arredores de Toulouse, sudoeste da França. A análise foi conduzida na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) eram chineses e a Justiça francesa assumiu o caso por causa da presença de quatro pessoas dessa nacionalidade a bordo do avião desaparecido. Desde que foi descoberta há uma semana em uma praia da ilha vulcânica de 850 mil habitantes, que fica perto de Madagáscar, o fragmento de dois metros da asa, chamado flaperon, "foi identificado oficialmente como um pedaço de Boeing 777", explicou no domingo o ministro malaio dos Transportes. O fragmento carrega a inscrição "657BB" que, segundo vários especialistas, indica que se trata de um flaperon de Boeing 777. Onde a peça foi achada
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EI controla mais de 50% do território sírio após tomar região de Palmira
A facção radical Estado Islâmico (EI) passou a controlar mais de 50% do território da Síria após avançar sobre o deserto central do país, onde fica a cidade histórica de Palmira, tomada na quarta-feira (20) por milicianos do grupo. O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) detalhou que os radicais dominam 95 mil quilômetros quadrados da Síria e estão presentes em nove províncias: Homs, Raqqa, Deir ez Zor, Al Hasaka, Hama, Aleppo, Damasco, Rif Damasco e Sueida. Na capital, Damasco, os milicianos controlam partes do campo de refugiados palestinos de Al Yarmouk e do distrito de Hayar al Asuad, ao sul da capital, além de outras áreas. Além de controlar metade do país, a facção se apoderou de praticamente todos os campos de petróleo e gás na Síria, depois de entrar nas duas instalações de gás da região de Palmira. O regime sírio conta agora apenas com o campo de Shaer, na província de Homs, enquanto as forças curdas controlam os campos do nordeste. AVANÇOS DOS RADICAIS Após oito dias de combate com tropas leais a Damasco, milicianos do EI assumiram o controle de Palmira, cidade fundada há pelo menos 4.000 anos. O regime de Bashar Assad admitiu a derrota por meio da agência oficial Sana, ao afirmar que as tropas leais a Damasco "se retiraram depois da entrada de um grande número de terroristas do EI" na cidade. A tomada de Palmira aumenta os temores de que o EI possa destruir todo o patrimônio histórico da região — como tem sido feito em regiões que o grupo controla no Iraque. "Palmira é um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida em Palmira seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade", disse Irina Bokova, diretora da Unesco, em um vídeo publicado pela organização. Na semana passada, o EI havia assumido o controle de Ramadi, cidade localizada a 110 km da capital iraquiana, Bagdá. Ao mesmo tempo em que avança sobre a Síria e o Iraque o grupo consolidou nos últimos dias o seu controle sobre Sirte, na Líbia, cidade do ex-ditador Muammar Gaddafi. O EI proclamou no final de junho de 2014 um califado na Síria e Iraque. Os extremistas conseguiram se expandir pelo território sírio apesar dos bombardeios da coalizão internacional, iniciados em 23 de setembro do ano passado.
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EI controla mais de 50% do território sírio após tomar região de PalmiraA facção radical Estado Islâmico (EI) passou a controlar mais de 50% do território da Síria após avançar sobre o deserto central do país, onde fica a cidade histórica de Palmira, tomada na quarta-feira (20) por milicianos do grupo. O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) detalhou que os radicais dominam 95 mil quilômetros quadrados da Síria e estão presentes em nove províncias: Homs, Raqqa, Deir ez Zor, Al Hasaka, Hama, Aleppo, Damasco, Rif Damasco e Sueida. Na capital, Damasco, os milicianos controlam partes do campo de refugiados palestinos de Al Yarmouk e do distrito de Hayar al Asuad, ao sul da capital, além de outras áreas. Além de controlar metade do país, a facção se apoderou de praticamente todos os campos de petróleo e gás na Síria, depois de entrar nas duas instalações de gás da região de Palmira. O regime sírio conta agora apenas com o campo de Shaer, na província de Homs, enquanto as forças curdas controlam os campos do nordeste. AVANÇOS DOS RADICAIS Após oito dias de combate com tropas leais a Damasco, milicianos do EI assumiram o controle de Palmira, cidade fundada há pelo menos 4.000 anos. O regime de Bashar Assad admitiu a derrota por meio da agência oficial Sana, ao afirmar que as tropas leais a Damasco "se retiraram depois da entrada de um grande número de terroristas do EI" na cidade. A tomada de Palmira aumenta os temores de que o EI possa destruir todo o patrimônio histórico da região — como tem sido feito em regiões que o grupo controla no Iraque. "Palmira é um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida em Palmira seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade", disse Irina Bokova, diretora da Unesco, em um vídeo publicado pela organização. Na semana passada, o EI havia assumido o controle de Ramadi, cidade localizada a 110 km da capital iraquiana, Bagdá. Ao mesmo tempo em que avança sobre a Síria e o Iraque o grupo consolidou nos últimos dias o seu controle sobre Sirte, na Líbia, cidade do ex-ditador Muammar Gaddafi. O EI proclamou no final de junho de 2014 um califado na Síria e Iraque. Os extremistas conseguiram se expandir pelo território sírio apesar dos bombardeios da coalizão internacional, iniciados em 23 de setembro do ano passado.
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Sobe para 70% chance de La Niña nos próximos meses, diz agência dos EUA
O Centro de Previsão do Clima dos EUA divulgou nesta quinta-feira (13) um novo relatório no qual estima em 70% as chances de formação do fenômeno La Niña durante o outono no hemisfério Norte. O órgão ressalta ainda que as condições estão ligeiramente favoráveis para que o fenômeno se prolongue até o inverno (55%). A ocorrência de La Niña deverá vir na sequência de um El Niño forte que se dissipou há poucos meses, depois de ter causado danos em lavouras ao redor do mundo, inclusive com prejuízos à produtividade no centro-oeste do Brasil. O La Niña geralmente é menos prejudicial que o El Niño, sendo caracterizado por temperaturas abaixo da média na superfície do oceano Pacífico equatorial. O La Niña tende a ocorrer a cada dois ou sete anos, de maneira imprevisível. Ocorrências fortes estão ligadas a secas e enchentes, dependendo da região do planeta. No Brasil, o La Niña é favorável às chuvas na região Nordeste e desfavorável no Sul nos meses de verão e outono, o que poderia colocar em risco produtividades das lavouras de grãos em importantes Estados produtores, como Paraná e Rio Grande do Sul. Em relatório recente, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), vinculado ao Ministério da Agricultura, disse que a primavera no Brasil (outono do hemisfério Norte) deverá ser marcada por um fenômeno La Niña de intensidade fraca e de duração inferior a 12 meses.
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Sobe para 70% chance de La Niña nos próximos meses, diz agência dos EUAO Centro de Previsão do Clima dos EUA divulgou nesta quinta-feira (13) um novo relatório no qual estima em 70% as chances de formação do fenômeno La Niña durante o outono no hemisfério Norte. O órgão ressalta ainda que as condições estão ligeiramente favoráveis para que o fenômeno se prolongue até o inverno (55%). A ocorrência de La Niña deverá vir na sequência de um El Niño forte que se dissipou há poucos meses, depois de ter causado danos em lavouras ao redor do mundo, inclusive com prejuízos à produtividade no centro-oeste do Brasil. O La Niña geralmente é menos prejudicial que o El Niño, sendo caracterizado por temperaturas abaixo da média na superfície do oceano Pacífico equatorial. O La Niña tende a ocorrer a cada dois ou sete anos, de maneira imprevisível. Ocorrências fortes estão ligadas a secas e enchentes, dependendo da região do planeta. No Brasil, o La Niña é favorável às chuvas na região Nordeste e desfavorável no Sul nos meses de verão e outono, o que poderia colocar em risco produtividades das lavouras de grãos em importantes Estados produtores, como Paraná e Rio Grande do Sul. Em relatório recente, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), vinculado ao Ministério da Agricultura, disse que a primavera no Brasil (outono do hemisfério Norte) deverá ser marcada por um fenômeno La Niña de intensidade fraca e de duração inferior a 12 meses.
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Entenda a crise política na Venezuela em 6 perguntas e respostas
O aprofundamento da crise política na Venezuela tomou o noticiário nos últimos dias. O país enfrenta uma recessão econômica, que, segundo ativistas, tem graves efeitos humanitários sobre a população. Recentemente, a Justiça venezuelana proibiu líderes da oposição de deixar o país e suspendeu o processo de coleta de assinaturas para a realização de um "referendo revogatório" que poderia levar à destituição do presidente Nicolás Maduro. A medida foi criticada pelos adversários do governo chavista. Entenda a situação política na Venezuela em seis perguntas e respostas. - O referendo revogatório é um mecanismo previsto na Constituição venezuelana que pode encerrar antecipadamente o mandato de qualquer governante, se a consulta demonstrar que esse é o desejo da maioria da população. Para que a consulta pública seja convocada pela Justiça Eleitoral, devem ser reunidas assinaturas do eleitorado em duas etapas. Na primeira fase, é preciso ter o apoio de 1% do eleitorado e, na segunda, de 20%. Em 2004, a oposição venezuelana conseguiu cumprir esses requisitos e promover um referendo contra o então presidente Hugo Chávez. A opção contrária à deposição do mandatário saiu vitoriosa, com 59,1% dos votos. - Membros da oposição querem a convocação de um referendo revogatório contra Maduro. Eles têm pressa para conseguir coletar as assinaturas, de modo que a consulta pública seja realizada antes de 10 de janeiro de 2017, quando termina o prazo para ocorrerem novas eleições. A partir desta data, que marca dois terços do mandato presidencial (quatro de seis anos), o vice assume em caso de destituição, como prevê a Constituição. As autoridades venezuelanas disseram ter encontrado fraudes nas assinaturas reunidas pela oposição e suspenderam temporariamente a segunda etapa do processo, retardando a realização do referendo. A decisão favorece a manutenção do chavismo no poder pelo menos até 2019, quando se prevê o fim do mandato de Maduro. Adversários do chavismo consideram que a Justiça rompeu a legalidade no país em favor de Maduro. A Assembleia Nacional, controlada pela oposição, condenou a medida e convocou uma "rebelião popular", pedindo também que a comunidade internacional se manifeste. - Diferentemente do Brasil, na Venezuela não existe o mecanismo do impeachment para que parlamentares possam depôr um governante democraticamente eleito. Isso não significa que a maioria opositora no Legislativo esteja impossibilitada de tomar ações contra Maduro. Segundo advogados ouvidos pela imprensa venezuelana, há duas medidas que podem ser tomadas pela Assembleia Nacional. São elas: 1) Decretar vaga a Presidência da República devido ao abandono das necessidades da população; e 2) Declarar a responsabilidade política do governo por violações de direitos humanos, gerando um processo contra Maduro que deve passar pelo Poder Cidadão (órgão que monitora os demais poderes) e pela Suprema Corte do país. - Governo e oposição se acusam mutuamente de orquestrar um golpe de Estado para governar a Venezuela. Embora ambos lados neguem as acusações de querer romper a legalidade, a história recente do país oferece motivos para desconfiança. Em abril de 2002, a oposição realizou uma tentativa de golpe para tentar derrubar o então presidente Hugo Chávez, mas fracassou, e o líder bolivariano saiu fortalecido. Dez anos antes, em fevereiro 1992, foi Chávez, então um membro das Forças Armadas, que liderou uma tentativa de golpe contra o governo do presidente Carlos Andrés Pérez. O golpe fracassou e levou Chávez à prisão. - Para tentar evitar o acirramento da crise política na Venezuela, membros do governo e da oposição apostam em uma tentativa de diálogo. Países da região elogiaram a iniciativa. O Vaticano pretende mediar as conversas e anunciou uma primeira reunião, programada para o domingo (30) na Isla Margarita, ilha venezuelana no Caribe. Em encontro com Maduro, o papa Francisco convidou o presidente venezuelano a iniciar "com coragem a via do diálogo sincero e construtivo para aliviar o sofrimento do povo". Apesar da iniciativa do diálogo entre governo e oposição, existe o risco de o impasse político levar a uma escalada de conflitos no país. Em 2014, protestos violentos contra o governo de Maduro deixaram 42 mortos e centenas de presos, inclusive líderes opositores. - Desde a troca de governo, após o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o Brasil adota um discurso bastante crítico ao governo venezuelano. A administração do presidente Michel Temer subiu o tom das críticas à prisão de opositores e ao que considera uma escalada autoritária promovida pelo governo chavista. O Itamaraty tenta pressionar o país vizinho por meio de instituições regionais e avalia a possibilidade de excluir a Venezuela do Mercosul.
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Entenda a crise política na Venezuela em 6 perguntas e respostasO aprofundamento da crise política na Venezuela tomou o noticiário nos últimos dias. O país enfrenta uma recessão econômica, que, segundo ativistas, tem graves efeitos humanitários sobre a população. Recentemente, a Justiça venezuelana proibiu líderes da oposição de deixar o país e suspendeu o processo de coleta de assinaturas para a realização de um "referendo revogatório" que poderia levar à destituição do presidente Nicolás Maduro. A medida foi criticada pelos adversários do governo chavista. Entenda a situação política na Venezuela em seis perguntas e respostas. - O referendo revogatório é um mecanismo previsto na Constituição venezuelana que pode encerrar antecipadamente o mandato de qualquer governante, se a consulta demonstrar que esse é o desejo da maioria da população. Para que a consulta pública seja convocada pela Justiça Eleitoral, devem ser reunidas assinaturas do eleitorado em duas etapas. Na primeira fase, é preciso ter o apoio de 1% do eleitorado e, na segunda, de 20%. Em 2004, a oposição venezuelana conseguiu cumprir esses requisitos e promover um referendo contra o então presidente Hugo Chávez. A opção contrária à deposição do mandatário saiu vitoriosa, com 59,1% dos votos. - Membros da oposição querem a convocação de um referendo revogatório contra Maduro. Eles têm pressa para conseguir coletar as assinaturas, de modo que a consulta pública seja realizada antes de 10 de janeiro de 2017, quando termina o prazo para ocorrerem novas eleições. A partir desta data, que marca dois terços do mandato presidencial (quatro de seis anos), o vice assume em caso de destituição, como prevê a Constituição. As autoridades venezuelanas disseram ter encontrado fraudes nas assinaturas reunidas pela oposição e suspenderam temporariamente a segunda etapa do processo, retardando a realização do referendo. A decisão favorece a manutenção do chavismo no poder pelo menos até 2019, quando se prevê o fim do mandato de Maduro. Adversários do chavismo consideram que a Justiça rompeu a legalidade no país em favor de Maduro. A Assembleia Nacional, controlada pela oposição, condenou a medida e convocou uma "rebelião popular", pedindo também que a comunidade internacional se manifeste. - Diferentemente do Brasil, na Venezuela não existe o mecanismo do impeachment para que parlamentares possam depôr um governante democraticamente eleito. Isso não significa que a maioria opositora no Legislativo esteja impossibilitada de tomar ações contra Maduro. Segundo advogados ouvidos pela imprensa venezuelana, há duas medidas que podem ser tomadas pela Assembleia Nacional. São elas: 1) Decretar vaga a Presidência da República devido ao abandono das necessidades da população; e 2) Declarar a responsabilidade política do governo por violações de direitos humanos, gerando um processo contra Maduro que deve passar pelo Poder Cidadão (órgão que monitora os demais poderes) e pela Suprema Corte do país. - Governo e oposição se acusam mutuamente de orquestrar um golpe de Estado para governar a Venezuela. Embora ambos lados neguem as acusações de querer romper a legalidade, a história recente do país oferece motivos para desconfiança. Em abril de 2002, a oposição realizou uma tentativa de golpe para tentar derrubar o então presidente Hugo Chávez, mas fracassou, e o líder bolivariano saiu fortalecido. Dez anos antes, em fevereiro 1992, foi Chávez, então um membro das Forças Armadas, que liderou uma tentativa de golpe contra o governo do presidente Carlos Andrés Pérez. O golpe fracassou e levou Chávez à prisão. - Para tentar evitar o acirramento da crise política na Venezuela, membros do governo e da oposição apostam em uma tentativa de diálogo. Países da região elogiaram a iniciativa. O Vaticano pretende mediar as conversas e anunciou uma primeira reunião, programada para o domingo (30) na Isla Margarita, ilha venezuelana no Caribe. Em encontro com Maduro, o papa Francisco convidou o presidente venezuelano a iniciar "com coragem a via do diálogo sincero e construtivo para aliviar o sofrimento do povo". Apesar da iniciativa do diálogo entre governo e oposição, existe o risco de o impasse político levar a uma escalada de conflitos no país. Em 2014, protestos violentos contra o governo de Maduro deixaram 42 mortos e centenas de presos, inclusive líderes opositores. - Desde a troca de governo, após o processo de impeachment de Dilma Rousseff, o Brasil adota um discurso bastante crítico ao governo venezuelano. A administração do presidente Michel Temer subiu o tom das críticas à prisão de opositores e ao que considera uma escalada autoritária promovida pelo governo chavista. O Itamaraty tenta pressionar o país vizinho por meio de instituições regionais e avalia a possibilidade de excluir a Venezuela do Mercosul.
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Daniel Ortega, mas pode chamar de Somoza
Daniel Ortega será reeleito domingo (5) presidente da Nicarágua, para exercer seu quarto mandato, o terceiro consecutivo. Seria o triunfo do líder dos simpáticos "muchachos" que, sob a bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional, depuseram em 1980 a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, último herdeiro da dinastia que infelicitou o país desde 1936? Não. É apenas o início de uma nova dinastia, a ponto de Ortega ter indicado sua mulher, Rosário Murillo, para ser a vice-presidente. É também mais uma promessa de revolução traída, pelo mergulho na corrupção, em aliança com os setores empresariais que sobreviveram ao fim do somocismo. A retórica oficial ainda é revolucionária, como nos anos 80, mas a realidade é bem diferente, como aponta o cientista político Oscar René Vargas, em artigo para a revista "Nueva Sociedad", da social-democracia alemã: "O governo Ortega representou uma guinada para a direita no arco político nacional, ao transformar-se em defensor do neoliberalismo em aliança com a velha oligarquia. Durante seu governo se realizaram transferências de rendimentos para as elites econômicas que, por sua magnitude e velocidade, não tem precedentes". O problema, para os opositores da nova dinastia, é que essa aliança está dando certo, do ponto de vista econômico: a Nicarágua cresceu 4,9% no ano passado e, no primeiro semestre de 2016, mais 4,6% na comparação com idêntico período de 2015. Do ponto de vista social, a pobreza se reduziu de 43% em 2009 para 30% em 2014. Consequência inexorável: no mais recente Latinobarômetro, a mais acurada medida do humor dos latino-americanos, 81% dos nicaraguenses se dizem satisfeitos com a vida. Tudo somado, parece evidente que Ortega nem precisaria recorrer à manobras típicas do "bolivarianismo" para reduzir a quase nada a oposição. Não obstante, sua índole autoritária levou a justiça, dominada por ele, a decapitar a liderança da coligação opositora e, não satisfeito, a cassar 16 deputados e 12 suplentes eleitos em 2011 pelo Partido Liberal Independente, o principal da aliança opositora. A destituição dos deputados "representa o preâmbulo do novo sistema político que pretende institucionalizar-se nas eleições de 6 de novembro. Como o somocismo, o orteguismo está instituindo sua própia versão de um regime de partido hegemônico", escreve Carlos Chamorro, um dos inúmeros sandinistas desiludidos com a antiga frente revolucionária. Reforça Do­ra Ma­ría Té­llez, mí­ti­ca co­man­dan­te gue­rri­lhei­ra que li­de­rou em 1978 a ocupação do Con­gres­so so­mo­cis­ta: "É uma tentativa de impor um regime de par­ti­do úni­co, encabeçado por uma dinastia familiar, com poder econômico e político. Na Ni­ca­rá­gua, as di­ta­du­ras não foram mi­li­ta­res, mas fa­mi­lia­res". O relativo sucesso econômico e a hegemonia sandinista não bastam para disfarçar o fato de que a Nicarágua, com os Somoza e agora com Ortega, é um dos países mais pobres da região: a renda per capita é de magros US$ 5 (R$ 16) por dia. Fugir do país em busca de oportunidade é a escolha de 30 mil nicaraguenses ao ano no momento. No total, calcula-se que 700 mil pessoas migraram —ou 11% da população. São as remessas dessas pessoas que ajudam a sustentar a economia que foi incapaz de lhes oferecer perspectivas para a permanência. De certa forma, é o tipo de voto com os pés mas que não aparecerá nas urnas de domingo.
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Daniel Ortega, mas pode chamar de SomozaDaniel Ortega será reeleito domingo (5) presidente da Nicarágua, para exercer seu quarto mandato, o terceiro consecutivo. Seria o triunfo do líder dos simpáticos "muchachos" que, sob a bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional, depuseram em 1980 a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, último herdeiro da dinastia que infelicitou o país desde 1936? Não. É apenas o início de uma nova dinastia, a ponto de Ortega ter indicado sua mulher, Rosário Murillo, para ser a vice-presidente. É também mais uma promessa de revolução traída, pelo mergulho na corrupção, em aliança com os setores empresariais que sobreviveram ao fim do somocismo. A retórica oficial ainda é revolucionária, como nos anos 80, mas a realidade é bem diferente, como aponta o cientista político Oscar René Vargas, em artigo para a revista "Nueva Sociedad", da social-democracia alemã: "O governo Ortega representou uma guinada para a direita no arco político nacional, ao transformar-se em defensor do neoliberalismo em aliança com a velha oligarquia. Durante seu governo se realizaram transferências de rendimentos para as elites econômicas que, por sua magnitude e velocidade, não tem precedentes". O problema, para os opositores da nova dinastia, é que essa aliança está dando certo, do ponto de vista econômico: a Nicarágua cresceu 4,9% no ano passado e, no primeiro semestre de 2016, mais 4,6% na comparação com idêntico período de 2015. Do ponto de vista social, a pobreza se reduziu de 43% em 2009 para 30% em 2014. Consequência inexorável: no mais recente Latinobarômetro, a mais acurada medida do humor dos latino-americanos, 81% dos nicaraguenses se dizem satisfeitos com a vida. Tudo somado, parece evidente que Ortega nem precisaria recorrer à manobras típicas do "bolivarianismo" para reduzir a quase nada a oposição. Não obstante, sua índole autoritária levou a justiça, dominada por ele, a decapitar a liderança da coligação opositora e, não satisfeito, a cassar 16 deputados e 12 suplentes eleitos em 2011 pelo Partido Liberal Independente, o principal da aliança opositora. A destituição dos deputados "representa o preâmbulo do novo sistema político que pretende institucionalizar-se nas eleições de 6 de novembro. Como o somocismo, o orteguismo está instituindo sua própia versão de um regime de partido hegemônico", escreve Carlos Chamorro, um dos inúmeros sandinistas desiludidos com a antiga frente revolucionária. Reforça Do­ra Ma­ría Té­llez, mí­ti­ca co­man­dan­te gue­rri­lhei­ra que li­de­rou em 1978 a ocupação do Con­gres­so so­mo­cis­ta: "É uma tentativa de impor um regime de par­ti­do úni­co, encabeçado por uma dinastia familiar, com poder econômico e político. Na Ni­ca­rá­gua, as di­ta­du­ras não foram mi­li­ta­res, mas fa­mi­lia­res". O relativo sucesso econômico e a hegemonia sandinista não bastam para disfarçar o fato de que a Nicarágua, com os Somoza e agora com Ortega, é um dos países mais pobres da região: a renda per capita é de magros US$ 5 (R$ 16) por dia. Fugir do país em busca de oportunidade é a escolha de 30 mil nicaraguenses ao ano no momento. No total, calcula-se que 700 mil pessoas migraram —ou 11% da população. São as remessas dessas pessoas que ajudam a sustentar a economia que foi incapaz de lhes oferecer perspectivas para a permanência. De certa forma, é o tipo de voto com os pés mas que não aparecerá nas urnas de domingo.
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