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Centenário do samba está três anos atrasado
RIO DE JANEIRO - É só inventar um centenário, como este do samba, que se vende qualquer peixe. Semana passada, o governo gastou quase R$ 600 mil, sem licitação, para promover um show onde se apresentaram, entre outros, Neguinho da Beija-Flor, Áurea Martins e Márcio Gomes. Como não conhecia este último sambista, fui ao Google e descobri que ele é tratado como "xodó das vovós". Na abertura Fafá de Belém cantou o Hino Nacional (cachê de R$ 15 mil), e o túnel do tempo levou Michel Temer aos comícios das Diretas-Já. Ato falho. Já o centenário do samba é ato falso. Como se gênero musical pudesse ter dia exato de nascimento, está valendo o escrito na Biblioteca Nacional, segundo o qual, em 25 de outubro de 1916, o samba carnavalesco "Pelo Telefone" teria sido executado pela primeira vez num velho teatro da Tijuca. O registro foi feito, sob o nº 3.295, em 27 de novembro do mesmo ano. Sem dúvida, "Pelo Telefone" ganhou a fama com sua colcha de retalhos musicais, aproximados do maxixe. E o refrão da quarta parte, quem diria, teve origem no folclore nordestino. Acontece que, três anos antes, em 1913, já havia sido gravada a composição "Em Casa de Baiana", de Alfredo Carlos Brício, como "samba de partido alto". Ou seja, estamos comemorando uma data supostamente redonda com ligeiro atraso. E o autor? Cadê o autor da façanha? Na letra fria, Donga e Mauro de Almeida (o jornalista "Peru dos Pés Frios") são os donos de "Pelo Telefone". Mas, no batuque e no improviso, a lista dos que reivindicaram a autoria é longa: Germano Lopes da Silva, Hilário Jovino Ferreira, João da Mata, Didi da Gracinda — e até Sinhô, o "Rei do Samba", e a própria Tia Ciata da Pequena África carioca na praça Onze. Sem estresse. Na hora das homenagens, sempre cabe mais um penetra. Sobretudo quando a verba é pública.
colunas
Centenário do samba está três anos atrasadoRIO DE JANEIRO - É só inventar um centenário, como este do samba, que se vende qualquer peixe. Semana passada, o governo gastou quase R$ 600 mil, sem licitação, para promover um show onde se apresentaram, entre outros, Neguinho da Beija-Flor, Áurea Martins e Márcio Gomes. Como não conhecia este último sambista, fui ao Google e descobri que ele é tratado como "xodó das vovós". Na abertura Fafá de Belém cantou o Hino Nacional (cachê de R$ 15 mil), e o túnel do tempo levou Michel Temer aos comícios das Diretas-Já. Ato falho. Já o centenário do samba é ato falso. Como se gênero musical pudesse ter dia exato de nascimento, está valendo o escrito na Biblioteca Nacional, segundo o qual, em 25 de outubro de 1916, o samba carnavalesco "Pelo Telefone" teria sido executado pela primeira vez num velho teatro da Tijuca. O registro foi feito, sob o nº 3.295, em 27 de novembro do mesmo ano. Sem dúvida, "Pelo Telefone" ganhou a fama com sua colcha de retalhos musicais, aproximados do maxixe. E o refrão da quarta parte, quem diria, teve origem no folclore nordestino. Acontece que, três anos antes, em 1913, já havia sido gravada a composição "Em Casa de Baiana", de Alfredo Carlos Brício, como "samba de partido alto". Ou seja, estamos comemorando uma data supostamente redonda com ligeiro atraso. E o autor? Cadê o autor da façanha? Na letra fria, Donga e Mauro de Almeida (o jornalista "Peru dos Pés Frios") são os donos de "Pelo Telefone". Mas, no batuque e no improviso, a lista dos que reivindicaram a autoria é longa: Germano Lopes da Silva, Hilário Jovino Ferreira, João da Mata, Didi da Gracinda — e até Sinhô, o "Rei do Samba", e a própria Tia Ciata da Pequena África carioca na praça Onze. Sem estresse. Na hora das homenagens, sempre cabe mais um penetra. Sobretudo quando a verba é pública.
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'Michelin' francês dá terceira estrela ao chef e empresário Alain Ducasse
O guia "Michelin" premiou com sua cobiçada terceira estrela o restaurante Plaza Athenée, do chef e empresário Alain Ducasse e a retirou do Relais Bernard Loiseau, comandado pela viúva do famoso cozinheiro (que dá nome ao restaurante), morto em 2003. O manual francês do bem comer anunciou, nesta segunda (1o), em Paris, sua seleção de 2016 para a França, em meio à consternação causada pela morte, por aparente suicídio, de um dos chefs mais importantes do mundo, Benoît Violier. O corpo do cozinheiro franco-suíço foi encontrado neste domingo (31) em sua casa, na região de Lausanne, na Suíça. Segundo a polícia, ele teria usado uma arma de fogo em circunstâncias que ainda estão sendo investigadas. Durante a cerimônia do "Michelin", realizada em Paris, foi feito um minuto de silêncio em homenagem a Violier. A edição 2016 do guia concedeu também uma terceira estrela ao restaurante Le Cinq, comandado pelo chef Christian Le Squer, em Paris. Ducasse (que ganhou a terceira estrela) perdeu, no entanto, a máxima qualificação "Michelin" em outra de suas casas parisienses, a do famoso Hotel Meurice. O restaurante Le Relais Bernard Loiseau, de Saulieu na Borgonha, comandado pela viúva do chef –que se suicidou em 2003–, também perdeu a terceira estrela, que havia ganhado em 1991. "Estou consternada e muito decepcionada", disse Dominique Loiseau em um comunicado, antes de anunciar que colocará imediatamente suas mãos à obra para recuperá-la com sua equipe de cozinheiros, hoje chefiados por Patrick Bertron. Ainda que suicídios deixem sempre perguntas sem respostas, quando ocorreu a morte de Loiseau, muitos especularam que a possibilidade de a casa perder a terceira estrela poderia ser um dos motivos do suicídio. No caso de Benoît Violier, o Restaurant de l'Hotel de Ville, em Crissier (Suíça), manteve suas três estrelas na versão suíça do guia, publicada em novembro. O cozinheiro acabara de ser coroado, em dezembro, como o melhor chef do mundo na nova classificação gastronômica internacional La Liste, incentivada pelo governo francês e que reúne as 1.000 melhores casas do mundo.
comida
'Michelin' francês dá terceira estrela ao chef e empresário Alain DucasseO guia "Michelin" premiou com sua cobiçada terceira estrela o restaurante Plaza Athenée, do chef e empresário Alain Ducasse e a retirou do Relais Bernard Loiseau, comandado pela viúva do famoso cozinheiro (que dá nome ao restaurante), morto em 2003. O manual francês do bem comer anunciou, nesta segunda (1o), em Paris, sua seleção de 2016 para a França, em meio à consternação causada pela morte, por aparente suicídio, de um dos chefs mais importantes do mundo, Benoît Violier. O corpo do cozinheiro franco-suíço foi encontrado neste domingo (31) em sua casa, na região de Lausanne, na Suíça. Segundo a polícia, ele teria usado uma arma de fogo em circunstâncias que ainda estão sendo investigadas. Durante a cerimônia do "Michelin", realizada em Paris, foi feito um minuto de silêncio em homenagem a Violier. A edição 2016 do guia concedeu também uma terceira estrela ao restaurante Le Cinq, comandado pelo chef Christian Le Squer, em Paris. Ducasse (que ganhou a terceira estrela) perdeu, no entanto, a máxima qualificação "Michelin" em outra de suas casas parisienses, a do famoso Hotel Meurice. O restaurante Le Relais Bernard Loiseau, de Saulieu na Borgonha, comandado pela viúva do chef –que se suicidou em 2003–, também perdeu a terceira estrela, que havia ganhado em 1991. "Estou consternada e muito decepcionada", disse Dominique Loiseau em um comunicado, antes de anunciar que colocará imediatamente suas mãos à obra para recuperá-la com sua equipe de cozinheiros, hoje chefiados por Patrick Bertron. Ainda que suicídios deixem sempre perguntas sem respostas, quando ocorreu a morte de Loiseau, muitos especularam que a possibilidade de a casa perder a terceira estrela poderia ser um dos motivos do suicídio. No caso de Benoît Violier, o Restaurant de l'Hotel de Ville, em Crissier (Suíça), manteve suas três estrelas na versão suíça do guia, publicada em novembro. O cozinheiro acabara de ser coroado, em dezembro, como o melhor chef do mundo na nova classificação gastronômica internacional La Liste, incentivada pelo governo francês e que reúne as 1.000 melhores casas do mundo.
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Cartola deixa cargo na federação de atletismo por envolvimento em doping
Nick Davies, atual braço direito do presidente da IAAF (Federação Internacional de Atletismo), Sebastian Coe, apresentou sua demissão na terça-feira (22) após informações que o relacionavam ao escândalo de doping que afeta a organização. Na segunda-feira (21), o jornal francês "Le Monde" publicou que Davis tentou impedir a revelação de casos de doping no atletismo russo até depois da celebração do Mundial de 2013, disputado em Moscou. "Decidi pedir demissão do meu cargo na IAAF até que o Comitê de Ética seja capaz de revisar o caso e decidir se sou responsável por violar o Código Ético da IAAF", declarou Davies, diretor do Gabinete do Presidente, em um comunicado difundido pela federação. Na segunda-feira, o jornal francês "Le Monde" e, posteriormente, o canal da TV pública britânica BBC publicaram que Davies, no momento secretário-geral da IAAF, enviou um e-mail com um plano para manter ocultos os nomes dos atletas russos dopados até a conclusão do campeonato mundial. Ele teria enviado o e-mail a Papa Massata Diack, que trabalhava na IAAF como consultor de marketing e é filho do ex-presidente do máximo órgão diretor do atletismo, Lamine Diack. No e-mail, enviado poucas semanas antes do evento em Moscou, Davies escreveu que precisava se sentar com os dirigentes da luta antidoping para manter os "mortos russos no armário". "Se os culpados não competirem, podemos aguardar a conclusão do evento para anunciá-los", escreveu Davies. Em resposta ao "Le Monde", Davies assegurou que "nenhum plano foi realizado em consequência deste e-mail e não há nenhuma possibilidade de uma estratégia ou plano que possa interferir no processo antidoping". Lamine Diack foi substituído na presidência da IAAF por Coe em agosto e depois demitiu-se como membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) em novembro passado, quando a Justiça francesa o acusou de cobrar dinheiro dos russos em troca de fazer vista grossa aos casos de doping de atletas daquela nacionalidade. PAI E FILHO Em prisão preventiva em Paris desde o início de novembro, Lamine tinha afirmado que a Rússia, por meio do então presidente de sua federação de atletismo, Valentin Balajnichev, também tesoureiro da IAAF, tinha aportado uma contribuição de 1,5 milhão de euros. Esta quantia teria sido "distribuída entre associações e esferas de influência" para apoiar a mobilização contra uma reeleição para um terceiro mandato do presidente senegalês Abdoulaye Wade, informaram na última sexta-feira (18) fontes ligadas ao caso, confirmando informações do "Le Monde". Diack pai é julgado na França por "corrupção passiva, lavagem com agravante e corrupção". Em Dacar, no Senegal, seu filho, Papa Massata Diack, também citado na investigação, se disse determinado a se apresentar à justiça, mas em seu país, e não na Europa. Além disso, negou qualquer financiamento à oposição política senegalesa em 2012. "Estou no Senegal, onde é possível enviar uma comissão revogatória. Sou cidadão senegalês, não francês", declarou Papa Massata Diack em entrevista à rádio Futurs Medias. Diack filho disse estar tranquilo. "Estou completamente sereno. Ao final da investigação serão reveladas surpresas. O povo quis dizer que foram encobertos casos de doping em troca de um financiamento oculto. Nunca participei de financiamento dos opositores. Não recebi dinheiro nenhum das mãos de Valentin Balajnichev", afirmou.
esporte
Cartola deixa cargo na federação de atletismo por envolvimento em dopingNick Davies, atual braço direito do presidente da IAAF (Federação Internacional de Atletismo), Sebastian Coe, apresentou sua demissão na terça-feira (22) após informações que o relacionavam ao escândalo de doping que afeta a organização. Na segunda-feira (21), o jornal francês "Le Monde" publicou que Davis tentou impedir a revelação de casos de doping no atletismo russo até depois da celebração do Mundial de 2013, disputado em Moscou. "Decidi pedir demissão do meu cargo na IAAF até que o Comitê de Ética seja capaz de revisar o caso e decidir se sou responsável por violar o Código Ético da IAAF", declarou Davies, diretor do Gabinete do Presidente, em um comunicado difundido pela federação. Na segunda-feira, o jornal francês "Le Monde" e, posteriormente, o canal da TV pública britânica BBC publicaram que Davies, no momento secretário-geral da IAAF, enviou um e-mail com um plano para manter ocultos os nomes dos atletas russos dopados até a conclusão do campeonato mundial. Ele teria enviado o e-mail a Papa Massata Diack, que trabalhava na IAAF como consultor de marketing e é filho do ex-presidente do máximo órgão diretor do atletismo, Lamine Diack. No e-mail, enviado poucas semanas antes do evento em Moscou, Davies escreveu que precisava se sentar com os dirigentes da luta antidoping para manter os "mortos russos no armário". "Se os culpados não competirem, podemos aguardar a conclusão do evento para anunciá-los", escreveu Davies. Em resposta ao "Le Monde", Davies assegurou que "nenhum plano foi realizado em consequência deste e-mail e não há nenhuma possibilidade de uma estratégia ou plano que possa interferir no processo antidoping". Lamine Diack foi substituído na presidência da IAAF por Coe em agosto e depois demitiu-se como membro do COI (Comitê Olímpico Internacional) em novembro passado, quando a Justiça francesa o acusou de cobrar dinheiro dos russos em troca de fazer vista grossa aos casos de doping de atletas daquela nacionalidade. PAI E FILHO Em prisão preventiva em Paris desde o início de novembro, Lamine tinha afirmado que a Rússia, por meio do então presidente de sua federação de atletismo, Valentin Balajnichev, também tesoureiro da IAAF, tinha aportado uma contribuição de 1,5 milhão de euros. Esta quantia teria sido "distribuída entre associações e esferas de influência" para apoiar a mobilização contra uma reeleição para um terceiro mandato do presidente senegalês Abdoulaye Wade, informaram na última sexta-feira (18) fontes ligadas ao caso, confirmando informações do "Le Monde". Diack pai é julgado na França por "corrupção passiva, lavagem com agravante e corrupção". Em Dacar, no Senegal, seu filho, Papa Massata Diack, também citado na investigação, se disse determinado a se apresentar à justiça, mas em seu país, e não na Europa. Além disso, negou qualquer financiamento à oposição política senegalesa em 2012. "Estou no Senegal, onde é possível enviar uma comissão revogatória. Sou cidadão senegalês, não francês", declarou Papa Massata Diack em entrevista à rádio Futurs Medias. Diack filho disse estar tranquilo. "Estou completamente sereno. Ao final da investigação serão reveladas surpresas. O povo quis dizer que foram encobertos casos de doping em troca de um financiamento oculto. Nunca participei de financiamento dos opositores. Não recebi dinheiro nenhum das mãos de Valentin Balajnichev", afirmou.
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Com Temer na articulação política, governo impede CPI do BNDES
O Palácio do Planalto conseguiu impedir nesta quarta-feira (8) a criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concedidos a entidades privadas ou governos estrangeiros. Após intervenção de membros do governo, seis senadores que tinham assinado o pedido de criação da CPI retiraram suas assinaturas, o que inviabilizou as investigações. Pelas regras do Senado, são necessárias assinaturas de pelo menos 27 senadores para que uma comissão de inquérito seja criada. A oposição havia reunido assinaturas de 28 senadores, mas seis recuaram, caindo o número para 22. Sem as assinaturas mínimas, o requerimento com o pedido de criação da CPI não pode ser formalizado. A ação do Planalto ocorreu no primeiro dia em que o vice-presidente Michel Temer assumiu a articulação política do governo. Senadores aliados do Planalto negam a pressão pela retirada de assinaturas, mas admitem que o tema da CPI é "indigesto" para o governo federal. Autor do pedido de criação da CPI, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) impediu a leitura do pedido de criação da CPI no plenário do Senado antes que ele fosse arquivado. Ele retirou o documento e vai fazer uma nova ofensiva em busca de assinaturas de senadores favoráveis à comissão de inquérito, especialmente os do PSB, que ainda não decidiram se vão apoiar as investigações sobre o banco. "Se o PSB autorizar, teremos o mínimo necessário para que a CPI seja criada, contando com parlamentares que não vão mais retirar as suas assinaturas", afirmou Caiado. Todos os seis senadores que retiraram assinaturas são de partidos aliados do Palácio do Planalto: Rose de Freitas (PMDB-ES), Ivo Cassol (PP-RO), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Zezé Perrella (PDT-MG) e Fernando Ribeiro (PMDB-PA) –suplente de Jader Barbalho (PMDB-PA)–, que havia assinado o pedido enquanto exerceu o mandato no Senado, no mês passado, mas não está mais na Casa após o retorno do titular. Para Caiado, a ação do Planalto para impedir a CPI mostra que o governo teme as investigações no BNDES. "Tentar sensibilizar senadores para retirar assinaturas, eu enxergo que a CPI do BNDES é muito mais grave do que a da Petrobras, que atingiria todo o tipo de governo", afirmou o senador. INVESTIGAÇÃO Entre os empréstimos que seriam investigados pela CPI, está o revelado pela Folha do repasse da ordem de US$ 5,2 bilhões para a exportação de bens e serviços para Angola, em projetos no país africano. A oposição também quer apurar o que chama de "endividamento" do BNDES frente ao Tesouro Nacional. Caiado afirma que, de 2006 a 2014, o saldo da dívida do banco com o Tesouro subiu mais de 4.800%. "Essa alta concentração de recursos do Tesouro e a ausência de transparência na concessão de empréstimos demandam deste Parlamento uma profunda investigação nas operações do BNDES", disse Caiado. MUDANÇA Dilma anunciou a troca de Pepe Vargas por Temer nesta terça (7), depois de convidar o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), também do PMDB, para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais. Padilha recusou alegando motivos pessoais, mas nos bastidores enfrentou resistências por parte de Renan e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois preferiam não ter um peemedebista no comando da articulação política para seguirem atuando com liberdade e autonomia em relação ao governo Dilma. Renan mudou o tom, porém, por ter proximidade com Temer. Cunha manteve as críticas à escolha do vice-presidente para a articulação política. A bancada do PMDB da Câmara trabalhava para indicar um deputado para a função, caso o cargo fosse ficar nas mãos do partido.
poder
Com Temer na articulação política, governo impede CPI do BNDESO Palácio do Planalto conseguiu impedir nesta quarta-feira (8) a criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para investigar empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concedidos a entidades privadas ou governos estrangeiros. Após intervenção de membros do governo, seis senadores que tinham assinado o pedido de criação da CPI retiraram suas assinaturas, o que inviabilizou as investigações. Pelas regras do Senado, são necessárias assinaturas de pelo menos 27 senadores para que uma comissão de inquérito seja criada. A oposição havia reunido assinaturas de 28 senadores, mas seis recuaram, caindo o número para 22. Sem as assinaturas mínimas, o requerimento com o pedido de criação da CPI não pode ser formalizado. A ação do Planalto ocorreu no primeiro dia em que o vice-presidente Michel Temer assumiu a articulação política do governo. Senadores aliados do Planalto negam a pressão pela retirada de assinaturas, mas admitem que o tema da CPI é "indigesto" para o governo federal. Autor do pedido de criação da CPI, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) impediu a leitura do pedido de criação da CPI no plenário do Senado antes que ele fosse arquivado. Ele retirou o documento e vai fazer uma nova ofensiva em busca de assinaturas de senadores favoráveis à comissão de inquérito, especialmente os do PSB, que ainda não decidiram se vão apoiar as investigações sobre o banco. "Se o PSB autorizar, teremos o mínimo necessário para que a CPI seja criada, contando com parlamentares que não vão mais retirar as suas assinaturas", afirmou Caiado. Todos os seis senadores que retiraram assinaturas são de partidos aliados do Palácio do Planalto: Rose de Freitas (PMDB-ES), Ivo Cassol (PP-RO), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Zezé Perrella (PDT-MG) e Fernando Ribeiro (PMDB-PA) –suplente de Jader Barbalho (PMDB-PA)–, que havia assinado o pedido enquanto exerceu o mandato no Senado, no mês passado, mas não está mais na Casa após o retorno do titular. Para Caiado, a ação do Planalto para impedir a CPI mostra que o governo teme as investigações no BNDES. "Tentar sensibilizar senadores para retirar assinaturas, eu enxergo que a CPI do BNDES é muito mais grave do que a da Petrobras, que atingiria todo o tipo de governo", afirmou o senador. INVESTIGAÇÃO Entre os empréstimos que seriam investigados pela CPI, está o revelado pela Folha do repasse da ordem de US$ 5,2 bilhões para a exportação de bens e serviços para Angola, em projetos no país africano. A oposição também quer apurar o que chama de "endividamento" do BNDES frente ao Tesouro Nacional. Caiado afirma que, de 2006 a 2014, o saldo da dívida do banco com o Tesouro subiu mais de 4.800%. "Essa alta concentração de recursos do Tesouro e a ausência de transparência na concessão de empréstimos demandam deste Parlamento uma profunda investigação nas operações do BNDES", disse Caiado. MUDANÇA Dilma anunciou a troca de Pepe Vargas por Temer nesta terça (7), depois de convidar o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), também do PMDB, para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais. Padilha recusou alegando motivos pessoais, mas nos bastidores enfrentou resistências por parte de Renan e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois preferiam não ter um peemedebista no comando da articulação política para seguirem atuando com liberdade e autonomia em relação ao governo Dilma. Renan mudou o tom, porém, por ter proximidade com Temer. Cunha manteve as críticas à escolha do vice-presidente para a articulação política. A bancada do PMDB da Câmara trabalhava para indicar um deputado para a função, caso o cargo fosse ficar nas mãos do partido.
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Firin Salonu tem cozinha turca descomplicada e com bons preços; confira a avaliação
DE SÃO PAULO O Firin Salonu, na zona oeste de São Paulo, foi o restaurante avaliado pela sãopaulo. Confira o resultado abaixo. * FIRIN SALONU Avaliação geral: bom R. Heitor Penteado, 147, Sumarezinho, tel. 3803-8962 - Alcino Leite Neto - editor da Três Estrelas Raro restaurante turco na cidade, com deliciosas surpresas, bem-feitas, em maior número no jantar Avaliação: bom * Luiza Fecarotta - crítica da Folha Picância e acidez marcam a cozinha turca descomplicada e intensa, a ótimos preços. Fiquemos de olho nesse jovem chef, Fred Caffarena Avaliação: bom * Manuel da Costa Pinto - colunista da sãopaulo Oportunidade para descobrir a cozinha turca, semelhante à árabe, mas mais intensa e condimentada. Ótimos preços em ambiente frio Avaliação: bom * Marcelo Katsuki - blogueiro da Folha Um turco despretensioso com ambiente simples, mas pratos bem executados e de sabores intensos, ideais para se compartilhar Avaliação: bom * Crítico secreto - convidado da sãopaulo Pizzaria turca? Gostei. Bem informal, mesas coletivas, paisagem paulistana. Os pratos são bons, baratos e típicos Avaliação: regular As visitas foram realizadas entre junho e outubro de 2016.
saopaulo
Firin Salonu tem cozinha turca descomplicada e com bons preços; confira a avaliaçãoDE SÃO PAULO O Firin Salonu, na zona oeste de São Paulo, foi o restaurante avaliado pela sãopaulo. Confira o resultado abaixo. * FIRIN SALONU Avaliação geral: bom R. Heitor Penteado, 147, Sumarezinho, tel. 3803-8962 - Alcino Leite Neto - editor da Três Estrelas Raro restaurante turco na cidade, com deliciosas surpresas, bem-feitas, em maior número no jantar Avaliação: bom * Luiza Fecarotta - crítica da Folha Picância e acidez marcam a cozinha turca descomplicada e intensa, a ótimos preços. Fiquemos de olho nesse jovem chef, Fred Caffarena Avaliação: bom * Manuel da Costa Pinto - colunista da sãopaulo Oportunidade para descobrir a cozinha turca, semelhante à árabe, mas mais intensa e condimentada. Ótimos preços em ambiente frio Avaliação: bom * Marcelo Katsuki - blogueiro da Folha Um turco despretensioso com ambiente simples, mas pratos bem executados e de sabores intensos, ideais para se compartilhar Avaliação: bom * Crítico secreto - convidado da sãopaulo Pizzaria turca? Gostei. Bem informal, mesas coletivas, paisagem paulistana. Os pratos são bons, baratos e típicos Avaliação: regular As visitas foram realizadas entre junho e outubro de 2016.
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Miguel Torres: As empreiteiras, os trabalhadores e a conta
Um conhecido ditado popular afirma que a dose do remédio pode ser a diferença entre salvar ou matar o paciente. A Petrobras, uma das maiores empresas brasileiras, envolvida em uma teia de desmandos e corrupção, está na UTI. A Operação Lava Jato, que vem trazendo à tona toda sorte de corrupção e negociatas, está deixando os brasileiros receosos. Quem tem o dever de acusar e decidir se cabe pena às empresas envolvidas está diante de um desafio único, calcado em um duplo alicerce: restabelecer a confiança da sociedade na instituição e conduzir uma profilaxia do setor na dose certa. Nunca antes em nossa história houve tanta responsabilidade nas mãos de autoridades públicas. Estamos preocupados com o futuro de milhões de trabalhadores. Operários dos mais diversos setores –especialmente da construção civil e da construção pesada– estão sendo vitimados pela reação em cadeia criada pelo processo. Dados garimpados pelo consultor em infraestrutura Maurício Portugal revelam que 5% da população brasileira está vinculada direta ou indiretamente à atividade desses grupos econômicos. A Força Sindical tem 72 entidades desses setores, com cerca de 1 milhão de trabalhadores. Contabilizamos cerca de 30 mil operários demitidos sem receber seus direitos porque as empregadoras também não estão recebendo da Petrobras. Esse círculo vicioso resulta em mais demissões e trabalhadores de bolsos vazios e com documentos retidos por falta de rescisão, sem poder tocar suas vidas adiante. O Ministério Público entrou com ações de improbidade na Justiça pedindo que as empreiteiras sejam proibidas de trabalhar para qualquer órgão público. Julgamos correto punir as empresas, mas impedi-las de seguir atuando devido aos desmandos de funcionários é, no mínimo, uma arbitrariedade que só traz prejuízos à sociedade. Ao tornar as empresas nacionais inidôneas abrimos mercado para a concorrência estrangeira atuar em áreas estratégicas para o país. Caso prevaleça a ideia de que a melhor forma de se curar dor de cabeça é cortando-a fora, estaremos jogando nossos empregos e tecnologia no lixo e estrangulando o desenvolvimento das nossas indústrias. Se nossas empresas se tornarem inidôneas, esse risco pode contaminar toda a economia, fazendo dos problemas uma calamidade. É a partir da tecnologia que o país se torna independente economicamente e as empresas, mais sólidas e competitivas. O processo contrário gera empresas "ocas", responsáveis apenas por montar e distribuir tecnologia estrangeira, sem qualquer retorno para o país, que se torna mais vulnerável a intempéries conjunturais. Nossa expectativa é que haja providências imediatas dos órgãos competentes para atenuar e reverter os prejuízos da Lava Jato, que penalizam a classe trabalhadora. É possível afirmar, como já se disse, que a Lava Jato, ao completar um ano neste mês, representa para nós o que a Operação Mãos Limpas significou para o povo italiano: o enfrentamento qualificado de uma organização criminosa infiltrada nas estruturas do Estado. Por isso, conclamamos que o juiz federal Sergio Moro continue firme, sabendo que toda a sociedade espera que os resultados vislumbrem novos horizontes e rupturas. Alinha-se ao desafio de punir culpados sem matar as empresas um outro, tão ou mais importante: o Estado agir para conter os efeitos colaterais do remédio aplicado no organismo moribundo. Só não é justo trucidar o setor de infraestrutura, impedindo-o de atuar, gerar empregos e tecnologia. MIGUEL TORRES, 56, é presidente da Força Sindical * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Miguel Torres: As empreiteiras, os trabalhadores e a contaUm conhecido ditado popular afirma que a dose do remédio pode ser a diferença entre salvar ou matar o paciente. A Petrobras, uma das maiores empresas brasileiras, envolvida em uma teia de desmandos e corrupção, está na UTI. A Operação Lava Jato, que vem trazendo à tona toda sorte de corrupção e negociatas, está deixando os brasileiros receosos. Quem tem o dever de acusar e decidir se cabe pena às empresas envolvidas está diante de um desafio único, calcado em um duplo alicerce: restabelecer a confiança da sociedade na instituição e conduzir uma profilaxia do setor na dose certa. Nunca antes em nossa história houve tanta responsabilidade nas mãos de autoridades públicas. Estamos preocupados com o futuro de milhões de trabalhadores. Operários dos mais diversos setores –especialmente da construção civil e da construção pesada– estão sendo vitimados pela reação em cadeia criada pelo processo. Dados garimpados pelo consultor em infraestrutura Maurício Portugal revelam que 5% da população brasileira está vinculada direta ou indiretamente à atividade desses grupos econômicos. A Força Sindical tem 72 entidades desses setores, com cerca de 1 milhão de trabalhadores. Contabilizamos cerca de 30 mil operários demitidos sem receber seus direitos porque as empregadoras também não estão recebendo da Petrobras. Esse círculo vicioso resulta em mais demissões e trabalhadores de bolsos vazios e com documentos retidos por falta de rescisão, sem poder tocar suas vidas adiante. O Ministério Público entrou com ações de improbidade na Justiça pedindo que as empreiteiras sejam proibidas de trabalhar para qualquer órgão público. Julgamos correto punir as empresas, mas impedi-las de seguir atuando devido aos desmandos de funcionários é, no mínimo, uma arbitrariedade que só traz prejuízos à sociedade. Ao tornar as empresas nacionais inidôneas abrimos mercado para a concorrência estrangeira atuar em áreas estratégicas para o país. Caso prevaleça a ideia de que a melhor forma de se curar dor de cabeça é cortando-a fora, estaremos jogando nossos empregos e tecnologia no lixo e estrangulando o desenvolvimento das nossas indústrias. Se nossas empresas se tornarem inidôneas, esse risco pode contaminar toda a economia, fazendo dos problemas uma calamidade. É a partir da tecnologia que o país se torna independente economicamente e as empresas, mais sólidas e competitivas. O processo contrário gera empresas "ocas", responsáveis apenas por montar e distribuir tecnologia estrangeira, sem qualquer retorno para o país, que se torna mais vulnerável a intempéries conjunturais. Nossa expectativa é que haja providências imediatas dos órgãos competentes para atenuar e reverter os prejuízos da Lava Jato, que penalizam a classe trabalhadora. É possível afirmar, como já se disse, que a Lava Jato, ao completar um ano neste mês, representa para nós o que a Operação Mãos Limpas significou para o povo italiano: o enfrentamento qualificado de uma organização criminosa infiltrada nas estruturas do Estado. Por isso, conclamamos que o juiz federal Sergio Moro continue firme, sabendo que toda a sociedade espera que os resultados vislumbrem novos horizontes e rupturas. Alinha-se ao desafio de punir culpados sem matar as empresas um outro, tão ou mais importante: o Estado agir para conter os efeitos colaterais do remédio aplicado no organismo moribundo. Só não é justo trucidar o setor de infraestrutura, impedindo-o de atuar, gerar empregos e tecnologia. MIGUEL TORRES, 56, é presidente da Força Sindical * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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FPF coloca Corinthians e São Paulo no sábado; Palmeiras joga domingo
A FPF (Federação Paulista de Futebol) atendeu ao pedido da PM e marcou os jogos de Corinthians e São Paulo para sábado (11), pelas quartas de final do Campeonato Paulista. A PM liberou que os dois clubes joguem em São Paulo desde que as partidas sejam realizadas no sábado em virtude da manifestação popular contra a presidente Dilma Rousseff (PT), marcada para domingo, às 14h, na Avenida Paulista. Assim, o Corinthians enfrenta a Ponte Preta, às 16h20, no Itaquerão, enquanto o São Paulo pega o Red Bull às 18h30, no Morumbi. O Palmeiras jogará no domingo, às 11h, em seu novo estádio, contra o Botafogo. Já o Santos enfrentará o XV de Piracicaba, na Vila Belmiro, às 16h. A renda dos jogos será dividida.
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FPF coloca Corinthians e São Paulo no sábado; Palmeiras joga domingoA FPF (Federação Paulista de Futebol) atendeu ao pedido da PM e marcou os jogos de Corinthians e São Paulo para sábado (11), pelas quartas de final do Campeonato Paulista. A PM liberou que os dois clubes joguem em São Paulo desde que as partidas sejam realizadas no sábado em virtude da manifestação popular contra a presidente Dilma Rousseff (PT), marcada para domingo, às 14h, na Avenida Paulista. Assim, o Corinthians enfrenta a Ponte Preta, às 16h20, no Itaquerão, enquanto o São Paulo pega o Red Bull às 18h30, no Morumbi. O Palmeiras jogará no domingo, às 11h, em seu novo estádio, contra o Botafogo. Já o Santos enfrentará o XV de Piracicaba, na Vila Belmiro, às 16h. A renda dos jogos será dividida.
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Não sofri ao trocar o 'Marlborão' por nova bituca eletrônica
O primeiro trago foi surpreendente, pois uma amiga havia dito que não vinha nada. Mas não: achei bastante respeitável o nível de rasgo na garganta, o apaziguamento dos pulmões, a quantidade de fumaça expelida. Eu disse fumaça, mas é força do hábito de 30 anos me envenenando. O Heets, produto que a Philip Morris lançou em duas dúzias de países (não aqui), não faz fumaça, pois não há brasa, fogo ou combustão. Nada está sendo queimado. O que temos é um cigarrinho com tabaco úmido que, em contato com a lâmina de metal aquecida, transforma a umidade em vapor (os cigarros eletrônicos já conhecidos usam líquido contendo nicotina, não folhas de tabaco). Esse conjunto de partículas gasosas parece fumaça e pode deixar os ex-fumantes e os cidadãos politicamente corretos ofendidos caso você ouse brincar perto deles -usar, e não fumar, é o verbo que a empresa quer emplacar. Entretanto, o fedor é quase nulo. Minha casa e minhas mãos não ficaram cheirando a fumaça. Usei em alguns locais públicos, no meio da Redação da Folha, no escritório do chefe e até no carro de um amigo que não suporta cigarros. Foi tranquilo. A namorada desse meu amigo experimentou: "É igual", ela disse, "só que tem gosto de salgadinho de milho sabor presunto". O Heets traz um gosto diferente às vezes, mas o sabor presunto não vem de fábrica. No primeiro dia, aliás, senti leve náusea. Mas, passados dois cigarros, a troca para o tabaco aquecido foi sem sobressaltos. Não vou dizer que foi 100%, mas satisfez uns 85%, o que deve valer a pena se os danos causados aqui forem mesmo menores e eu não queira/consiga parar de jeito nenhum. Minha maior crítica ao produto é que ele parece acabar mais rápido do que o Marlboro vermelho ao qual eu estava acostumado. Em diversas ocasiões, tive vontade de continuar, mas a bateria miou. Eis como funciona o aparelho: temos uma espécie de cigarrilha na qual metemos o Heets (metade do tamanho do cigarro normal). BOTÕES Apertamos um botão e, em cerca de cinco segundos, uma luz verde avisa que a lâmina de metal aqueceu o suficiente para você começar a tragar. A bateria dessa cigarrilha vai durar apenas 16 puxadas. Isso que eu não gostei, poderiam ser umas 20. Seja como for, acabada a bateria, colocamos a cigarrilha no carregador, do tamanho de um celular gordão. Em uns cinco minutos, ela está pronta para ser usada outra vez. De noite, você pluga o carregador na tomada ou num computador. Outra crítica a se fazer é que os cigarros chamam Heets, mas a cigarrilha chama IQOS, dificultando um pouco o entendimento do que você está usando. Além disso, o carregador IQOS poderia fazer um estágio na Apple: tem três botões e muitas luzes, que mudam de cor: o aparelho me pareceu uma confusão. Os preços lá fora são o seguinte: Heets vale um maço de Marlboro em Portugal; IQOS começa em 65 libras na Inglaterra (R$ 265) e chega a 200 libras (R$ 818 a edição azul, aquele lance todo de "exclusividade").
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Não sofri ao trocar o 'Marlborão' por nova bituca eletrônicaO primeiro trago foi surpreendente, pois uma amiga havia dito que não vinha nada. Mas não: achei bastante respeitável o nível de rasgo na garganta, o apaziguamento dos pulmões, a quantidade de fumaça expelida. Eu disse fumaça, mas é força do hábito de 30 anos me envenenando. O Heets, produto que a Philip Morris lançou em duas dúzias de países (não aqui), não faz fumaça, pois não há brasa, fogo ou combustão. Nada está sendo queimado. O que temos é um cigarrinho com tabaco úmido que, em contato com a lâmina de metal aquecida, transforma a umidade em vapor (os cigarros eletrônicos já conhecidos usam líquido contendo nicotina, não folhas de tabaco). Esse conjunto de partículas gasosas parece fumaça e pode deixar os ex-fumantes e os cidadãos politicamente corretos ofendidos caso você ouse brincar perto deles -usar, e não fumar, é o verbo que a empresa quer emplacar. Entretanto, o fedor é quase nulo. Minha casa e minhas mãos não ficaram cheirando a fumaça. Usei em alguns locais públicos, no meio da Redação da Folha, no escritório do chefe e até no carro de um amigo que não suporta cigarros. Foi tranquilo. A namorada desse meu amigo experimentou: "É igual", ela disse, "só que tem gosto de salgadinho de milho sabor presunto". O Heets traz um gosto diferente às vezes, mas o sabor presunto não vem de fábrica. No primeiro dia, aliás, senti leve náusea. Mas, passados dois cigarros, a troca para o tabaco aquecido foi sem sobressaltos. Não vou dizer que foi 100%, mas satisfez uns 85%, o que deve valer a pena se os danos causados aqui forem mesmo menores e eu não queira/consiga parar de jeito nenhum. Minha maior crítica ao produto é que ele parece acabar mais rápido do que o Marlboro vermelho ao qual eu estava acostumado. Em diversas ocasiões, tive vontade de continuar, mas a bateria miou. Eis como funciona o aparelho: temos uma espécie de cigarrilha na qual metemos o Heets (metade do tamanho do cigarro normal). BOTÕES Apertamos um botão e, em cerca de cinco segundos, uma luz verde avisa que a lâmina de metal aqueceu o suficiente para você começar a tragar. A bateria dessa cigarrilha vai durar apenas 16 puxadas. Isso que eu não gostei, poderiam ser umas 20. Seja como for, acabada a bateria, colocamos a cigarrilha no carregador, do tamanho de um celular gordão. Em uns cinco minutos, ela está pronta para ser usada outra vez. De noite, você pluga o carregador na tomada ou num computador. Outra crítica a se fazer é que os cigarros chamam Heets, mas a cigarrilha chama IQOS, dificultando um pouco o entendimento do que você está usando. Além disso, o carregador IQOS poderia fazer um estágio na Apple: tem três botões e muitas luzes, que mudam de cor: o aparelho me pareceu uma confusão. Os preços lá fora são o seguinte: Heets vale um maço de Marlboro em Portugal; IQOS começa em 65 libras na Inglaterra (R$ 265) e chega a 200 libras (R$ 818 a edição azul, aquele lance todo de "exclusividade").
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'Tasso foi corajoso ao colocar a mão na ferida dos políticos', diz leitor
PSDB Tasso Jereissati foi corajoso ao colocar a mão diretamente na ferida do sistema político brasileiro, mesmo provocando fogo amigo. Finalmente alguém deu um basta ao fisiologismo sem fim, inclusive o do próprio partido. ANTONIO CAMARGO (São Paulo, SP) * O PSDB está tão dividido e confuso que até a propaganda partidária gera discussão e troca de farpas entre seus membros. Se o partido não definir logo se fica no governo e quem será o candidato a presidente em 2018, ficará mais uma eleição a ver navios, longe do Planalto. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) - REFORMAS DO GOVERNO Há muita confusão entre o que são "privilégios" e o que são "direitos adquiridos". As reformas, de modo especial a trabalhista e a previdenciária, devem restringir os privilégios, tornando-se universais, sem exceções. VALDOMIRO TRENTO (Santos, SP) * Reforma política sem o fim do voto obrigatório não é reforma. É burrice ou embuste. MARCELO CIOTI (Atibaia, SP) - GILMAR MENDES FHC foi quem nomeou Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal. Mas Gilmar Mendes vai muito além de representar os interesses do partido do ex-presidente, o que de resto não é uma singularidade. O PT também tem lá os seus representantes. Mas Gilmar Mendes consegue ser pior que um magistrado com vinculações partidárias. Ele debocha de nossas instituições e de nossa Justiça. TEOTIMO JÚNIOR LARA (Belo Horizonte, MG) - GESTÃO DORIA Que decepção com João Doria! Movido por uma vaidade sem limites, trai seu padrinho político e quem lhe confiou o voto. Para nós, seus eleitores, sobraram semáforos apagados, buracos e mais buracos no asfalto, parques imundos e abandonados e a cidade "largada". Belo "gestor"! CARLOS E. ANDRADE TARDIVO (São Paulo, SP) * Em algum momento de nossa recente história política, tivemos um jovem que se lançou contra os políticos que mamavam no dinheiro público e se apelidou caçador de marajás. Todos sabem o final disso. Eu ia falar de João Doria, o gestor, mas fiquei com a história. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) - MORTE EM PINHEIROS Ainda sobre o caso do carroceiro Ricardo Nascimento, acho estranho que um fato que teve enorme divulgação "on-line", caso da lotada missa de sétimo dia de Ricardo, rezada na Catedral Metropolitana de São Paulo, não tenha sido noticiado pela "imprensa impressa" paulista. Silêncio, indiferença e desinformação são os elementos que cercam essa morte. Exigimos explicações, informações e posicionamento das autoridades paulistas. MARIA ISABEL BENEDETTI FIGUEIREDO (São Paulo, SP) - COLUNISTAS A coluna de Vinicius Torres Freire deveria ser publicada diariamente na primeira página da Folha até o dia das eleições. Chega de slogans vazios e debates infantis. Os candidatos precisam nos apresentar propostas concretas de como sair desta enrascada. O que fazer, quanto custa, quem paga, quem se beneficia e quando. Só assim podemos decidir como adultos responsáveis, não como membros de torcida organizada. ALEX STRUM, engenheiro (São Paulo, SP) * Um dia após Janio de Freitas explicar por que o termo "supremacista" é inconveniente para se referir aos racistas dos Estados Unidos, essa palavra continua a ser usada. É uma pena, assim como o é usar traidores e infiéis, sem aspas, para designar os governistas que votaram contra Temer, porque confere uma conotação negativa a pessoas que, afinal, resistiram ao rolo compressor do governo e votaram pelo combate à corrupção. Palavras têm poder. JULIO ADAMOR CRUZ NETO (São Paulo, SP) * Sobre a coluna de Claudia Costin, o ensino de história deve estimular a pesquisa em várias fontes e a compreensão de como ocorreram os genocídios de judeus, ciganos, eslavos, chineses, armênios e outras etnias antes e durante a Segunda Guerra Mundial, bem como a escravidão, o apartheid e outras tragédias. Importa que os jovens entendam como surgiram e se instalaram tais abominações. Há excelente material sobre esses assuntos. Cabe levá-lo às salas de aulas e refletir sobre seu conteúdo. AILTON CLÁUDIO RIBEIRO (Santos, SP) * Está certa Claudia Costin. O ensino, a educação e relembrar fatos históricos importantes aos alunos desde pequenos são maneiras de tornar um cidadão mais consciente de seus atos. Como seria bom se investissem nos bons professores e lhes dessem condições de desenvolver bem seu trabalho. Todos sairiam ganhando! CRISTINA REGGIANI (Santana de Parnaíba, SP) - ODEBRECHT O governador Geraldo Alckmin jamais solicitou recursos irregulares para campanhas políticas nem autorizou que o fizessem em seu nome. Por isso, repudia os termos da reportagem "Inquérito sobre Alckmin e outros governadores citados pela Odebrecht atrasa" ("Poder", 18/8). Não existe, nas delações da Odebrecht, testemunho de que "o governador participou pessoalmente de um acerto". O governador reitera seu apoio à Lava Jato e sua confiança na Justiça. Ele é o maior interessado em que o procedimento no qual é citado transite de modo rápido. CARLOS GRAIEB, subsecretário de Comunicação do governo de São Paulo (São Paulo, SP) * RESPOSTA DO JORNALISTA FELIPE BACHTOLD - A reportagem se referia a depoimento do delator Carlos Armando Paschoal, que disse que esteve com Alckmin em uma ocasião em que o hoje governador tratou de pagamentos de campanha com Aluízio de Araújo (então integrante do conselho de administração da Odebrecht). - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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'Tasso foi corajoso ao colocar a mão na ferida dos políticos', diz leitorPSDB Tasso Jereissati foi corajoso ao colocar a mão diretamente na ferida do sistema político brasileiro, mesmo provocando fogo amigo. Finalmente alguém deu um basta ao fisiologismo sem fim, inclusive o do próprio partido. ANTONIO CAMARGO (São Paulo, SP) * O PSDB está tão dividido e confuso que até a propaganda partidária gera discussão e troca de farpas entre seus membros. Se o partido não definir logo se fica no governo e quem será o candidato a presidente em 2018, ficará mais uma eleição a ver navios, longe do Planalto. ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI (Rio Claro, SP) - REFORMAS DO GOVERNO Há muita confusão entre o que são "privilégios" e o que são "direitos adquiridos". As reformas, de modo especial a trabalhista e a previdenciária, devem restringir os privilégios, tornando-se universais, sem exceções. VALDOMIRO TRENTO (Santos, SP) * Reforma política sem o fim do voto obrigatório não é reforma. É burrice ou embuste. MARCELO CIOTI (Atibaia, SP) - GILMAR MENDES FHC foi quem nomeou Gilmar Mendes para o Supremo Tribunal Federal. Mas Gilmar Mendes vai muito além de representar os interesses do partido do ex-presidente, o que de resto não é uma singularidade. O PT também tem lá os seus representantes. Mas Gilmar Mendes consegue ser pior que um magistrado com vinculações partidárias. Ele debocha de nossas instituições e de nossa Justiça. TEOTIMO JÚNIOR LARA (Belo Horizonte, MG) - GESTÃO DORIA Que decepção com João Doria! Movido por uma vaidade sem limites, trai seu padrinho político e quem lhe confiou o voto. Para nós, seus eleitores, sobraram semáforos apagados, buracos e mais buracos no asfalto, parques imundos e abandonados e a cidade "largada". Belo "gestor"! CARLOS E. ANDRADE TARDIVO (São Paulo, SP) * Em algum momento de nossa recente história política, tivemos um jovem que se lançou contra os políticos que mamavam no dinheiro público e se apelidou caçador de marajás. Todos sabem o final disso. Eu ia falar de João Doria, o gestor, mas fiquei com a história. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) - MORTE EM PINHEIROS Ainda sobre o caso do carroceiro Ricardo Nascimento, acho estranho que um fato que teve enorme divulgação "on-line", caso da lotada missa de sétimo dia de Ricardo, rezada na Catedral Metropolitana de São Paulo, não tenha sido noticiado pela "imprensa impressa" paulista. Silêncio, indiferença e desinformação são os elementos que cercam essa morte. Exigimos explicações, informações e posicionamento das autoridades paulistas. MARIA ISABEL BENEDETTI FIGUEIREDO (São Paulo, SP) - COLUNISTAS A coluna de Vinicius Torres Freire deveria ser publicada diariamente na primeira página da Folha até o dia das eleições. Chega de slogans vazios e debates infantis. Os candidatos precisam nos apresentar propostas concretas de como sair desta enrascada. O que fazer, quanto custa, quem paga, quem se beneficia e quando. Só assim podemos decidir como adultos responsáveis, não como membros de torcida organizada. ALEX STRUM, engenheiro (São Paulo, SP) * Um dia após Janio de Freitas explicar por que o termo "supremacista" é inconveniente para se referir aos racistas dos Estados Unidos, essa palavra continua a ser usada. É uma pena, assim como o é usar traidores e infiéis, sem aspas, para designar os governistas que votaram contra Temer, porque confere uma conotação negativa a pessoas que, afinal, resistiram ao rolo compressor do governo e votaram pelo combate à corrupção. Palavras têm poder. JULIO ADAMOR CRUZ NETO (São Paulo, SP) * Sobre a coluna de Claudia Costin, o ensino de história deve estimular a pesquisa em várias fontes e a compreensão de como ocorreram os genocídios de judeus, ciganos, eslavos, chineses, armênios e outras etnias antes e durante a Segunda Guerra Mundial, bem como a escravidão, o apartheid e outras tragédias. Importa que os jovens entendam como surgiram e se instalaram tais abominações. Há excelente material sobre esses assuntos. Cabe levá-lo às salas de aulas e refletir sobre seu conteúdo. AILTON CLÁUDIO RIBEIRO (Santos, SP) * Está certa Claudia Costin. O ensino, a educação e relembrar fatos históricos importantes aos alunos desde pequenos são maneiras de tornar um cidadão mais consciente de seus atos. Como seria bom se investissem nos bons professores e lhes dessem condições de desenvolver bem seu trabalho. Todos sairiam ganhando! CRISTINA REGGIANI (Santana de Parnaíba, SP) - ODEBRECHT O governador Geraldo Alckmin jamais solicitou recursos irregulares para campanhas políticas nem autorizou que o fizessem em seu nome. Por isso, repudia os termos da reportagem "Inquérito sobre Alckmin e outros governadores citados pela Odebrecht atrasa" ("Poder", 18/8). Não existe, nas delações da Odebrecht, testemunho de que "o governador participou pessoalmente de um acerto". O governador reitera seu apoio à Lava Jato e sua confiança na Justiça. Ele é o maior interessado em que o procedimento no qual é citado transite de modo rápido. CARLOS GRAIEB, subsecretário de Comunicação do governo de São Paulo (São Paulo, SP) * RESPOSTA DO JORNALISTA FELIPE BACHTOLD - A reportagem se referia a depoimento do delator Carlos Armando Paschoal, que disse que esteve com Alckmin em uma ocasião em que o hoje governador tratou de pagamentos de campanha com Aluízio de Araújo (então integrante do conselho de administração da Odebrecht). - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Manifestantes em Roma protestam contra a união civil homossexual
Milhares de manifestantes que se opõem à regulamentação da união civil para casais do mesmo sexo na Itália se reúnem neste sábado (30), em Roma, com a esperança de impedir a aprovação da lei no Parlamento. As autoridades italianas calculam que cerca de 500 mil pessoas devem se agrupar na capital italiana para a manifestação programada no "Circus Máximus", o antigo estádio romano situado no coração da cidade. Alguns milhares de pessoas já estavam no local nas últimas horas da manhã, antes do início das manifestações, previsto para as primeiras horas da tarde. "Essa é a única arma que temos", declarou na véspera do evento o organizador do "Dia da Família", Massimo Gandolfini. Os defensores do projeto de lei, que deverá ser analisado a partir de terça-feira no Senado, organizaram no sábado passado manifestações em 90 praças da Itália, pedindo aos italianos que acordem para as mudanças da sociedade. A Itália é o último dos principais países da Europa Ocidental que não reconhece legalmente o status para os casais homossexuais. "O evento não está dirigido contra ninguém e contará com a presença de muitos casais homossexuais", afirmou o presidente da organização Generazione Famiglia (Geração Família, em português), Jacopo Coghe. Em sua forma atual, o texto, fruto de uma mediação parlamentar, estabelece que um funcionário registrará a união civil entre pessoas do mesmo sexo, as quais se comprometem a ser fiéis e a garantir assistência moral e material reciprocamente. A Igreja Católica italiana decidiu nesta sexta-feira se pronunciar contra o projeto de lei e recordou que a família vem da união entre um homem e uma mulher, sem convocar os fiéis explicitamente para o protesto de sábado. Dentro da maioria do governo de centro-esquerda, o tema suscita divisões. Militantes católicos do partido governista anunciaram que vão batalhar contra o que consideram a legalização do casamento homossexual. "Estão gerando voluntariamente órfãos de pai ou de mãe, isso é humanamente inaceitável", disse, na sexta-feira, em Roma, a francesa Ludovine de La Rochère, presidente da organização Manif pour tous (Manifestação para todos), que convocou, no início de 2013, protestos na França contra a aprovação da lei do casamento gay. Os aliados de centro-direita e os católicos ameaçaram convocar um referendo para derrubar a lei se forem admitidos pontos mais polêmicos, entre eles a possibilidade de que um casal gay possa adotar filhos, especialmente do cônjuge. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos italianos é favorável à regulamentação das uniões civis, mas se opõe a que aprovem a adoção. Os partidos de esquerda radical e o Movimento 5 Estrelas, do humorista Beppe Grillo, ameaçaram retirar seu apoio se não for aprovado o artigo que permite a possibilidade de ação do filho do companheiro. Em 2007, uma manifestação a favor da família tradicional levou o governo de Romano Prodi a renunciar a um projeto menos ambicioso de união civil. Neste ano, as associações de defesa dos homossexuais e parte dos parlamentares afirmam que não é possível retroceder e recordam que o mesmo Tribunal Europeu de Direitos Humanos exige que a Itália atualize sua legislação. O primeiro-ministro Matteo Renzi, um católico praticante que se opôs ao projeto de 2007, deu "liberdade de consciência" a seus parlamentares. A votação será secreta e o método tem irritado muitos eleitores, que pedem nas redes sociais que seus representantes "mostrem sua cara".
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Manifestantes em Roma protestam contra a união civil homossexualMilhares de manifestantes que se opõem à regulamentação da união civil para casais do mesmo sexo na Itália se reúnem neste sábado (30), em Roma, com a esperança de impedir a aprovação da lei no Parlamento. As autoridades italianas calculam que cerca de 500 mil pessoas devem se agrupar na capital italiana para a manifestação programada no "Circus Máximus", o antigo estádio romano situado no coração da cidade. Alguns milhares de pessoas já estavam no local nas últimas horas da manhã, antes do início das manifestações, previsto para as primeiras horas da tarde. "Essa é a única arma que temos", declarou na véspera do evento o organizador do "Dia da Família", Massimo Gandolfini. Os defensores do projeto de lei, que deverá ser analisado a partir de terça-feira no Senado, organizaram no sábado passado manifestações em 90 praças da Itália, pedindo aos italianos que acordem para as mudanças da sociedade. A Itália é o último dos principais países da Europa Ocidental que não reconhece legalmente o status para os casais homossexuais. "O evento não está dirigido contra ninguém e contará com a presença de muitos casais homossexuais", afirmou o presidente da organização Generazione Famiglia (Geração Família, em português), Jacopo Coghe. Em sua forma atual, o texto, fruto de uma mediação parlamentar, estabelece que um funcionário registrará a união civil entre pessoas do mesmo sexo, as quais se comprometem a ser fiéis e a garantir assistência moral e material reciprocamente. A Igreja Católica italiana decidiu nesta sexta-feira se pronunciar contra o projeto de lei e recordou que a família vem da união entre um homem e uma mulher, sem convocar os fiéis explicitamente para o protesto de sábado. Dentro da maioria do governo de centro-esquerda, o tema suscita divisões. Militantes católicos do partido governista anunciaram que vão batalhar contra o que consideram a legalização do casamento homossexual. "Estão gerando voluntariamente órfãos de pai ou de mãe, isso é humanamente inaceitável", disse, na sexta-feira, em Roma, a francesa Ludovine de La Rochère, presidente da organização Manif pour tous (Manifestação para todos), que convocou, no início de 2013, protestos na França contra a aprovação da lei do casamento gay. Os aliados de centro-direita e os católicos ameaçaram convocar um referendo para derrubar a lei se forem admitidos pontos mais polêmicos, entre eles a possibilidade de que um casal gay possa adotar filhos, especialmente do cônjuge. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos italianos é favorável à regulamentação das uniões civis, mas se opõe a que aprovem a adoção. Os partidos de esquerda radical e o Movimento 5 Estrelas, do humorista Beppe Grillo, ameaçaram retirar seu apoio se não for aprovado o artigo que permite a possibilidade de ação do filho do companheiro. Em 2007, uma manifestação a favor da família tradicional levou o governo de Romano Prodi a renunciar a um projeto menos ambicioso de união civil. Neste ano, as associações de defesa dos homossexuais e parte dos parlamentares afirmam que não é possível retroceder e recordam que o mesmo Tribunal Europeu de Direitos Humanos exige que a Itália atualize sua legislação. O primeiro-ministro Matteo Renzi, um católico praticante que se opôs ao projeto de 2007, deu "liberdade de consciência" a seus parlamentares. A votação será secreta e o método tem irritado muitos eleitores, que pedem nas redes sociais que seus representantes "mostrem sua cara".
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Food truck vai virar restaurante com ajuda de financiamento coletivo
O food truck La Peruana começou na última semana uma campanha de financiamento coletivo para ajudar na construção de sua nova sede fixa, nos Jardins, em São Paulo. Depois de um ano de funcionamento, o truck de culinária típica do país andino vai virar cevicheria, com previsão de abertura para agosto. "Como a obra ainda está em curso, pode ser que atrase um pouco", diz a descrição no site. A intenção da chef peruana Marisabel Woodman é expandir o cardápio, que hoje oferece ceviches de R$ 20 a R$ 25 e tem como receita clássica o peixe marinado no limão, coentro e pimenta, acompanhado de milho e batata-doce. Até o momento, a campanha arrecadou R$ 1.380. A meta é juntar R$ 15 mil até 5 de setembro. Em troca, os colaboradores podem receber recompensas que vão de uma sobremesa no novo estabelecimento a aulas de ceviche e eventos para 40 pessoas. O novo endereço será na al. Campinas, 1.357.
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Food truck vai virar restaurante com ajuda de financiamento coletivoO food truck La Peruana começou na última semana uma campanha de financiamento coletivo para ajudar na construção de sua nova sede fixa, nos Jardins, em São Paulo. Depois de um ano de funcionamento, o truck de culinária típica do país andino vai virar cevicheria, com previsão de abertura para agosto. "Como a obra ainda está em curso, pode ser que atrase um pouco", diz a descrição no site. A intenção da chef peruana Marisabel Woodman é expandir o cardápio, que hoje oferece ceviches de R$ 20 a R$ 25 e tem como receita clássica o peixe marinado no limão, coentro e pimenta, acompanhado de milho e batata-doce. Até o momento, a campanha arrecadou R$ 1.380. A meta é juntar R$ 15 mil até 5 de setembro. Em troca, os colaboradores podem receber recompensas que vão de uma sobremesa no novo estabelecimento a aulas de ceviche e eventos para 40 pessoas. O novo endereço será na al. Campinas, 1.357.
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Detroit corresponde à obsessão pelas ruínas na cultura pop contemporânea
RESUMO A partir de temporada em Detroit, antiga capital do automóvel, o autor explora o lugar da ruína nas representações culturais contemporâneas. Diferentemente do significado dos vestígios em obras do passado, a impressionante decadência da cidade, presente em filmes ou na arte, se reveste de um sugestivo glamour hipster. Era a primeira tempestade de neve do último inverno. Quando o dia amanheceu, um manto branco já cobria tudo e, ao longo do dia, Detroit seria soterrada por uma avalanche gélida. Dentro do Instituto de Artes, eu me sentia num daqueles globos de neve de mentira que, quando chacoalhados, fazem uma chuva de purpurina despencar sobre a cidadezinha submersa na esfera de vidro. Mas, imensa e vazia, Detroit hoje não faria um bom suvenir. Seu museu por pouco não teve sua coleção vendida para pagar parte da dívida pública da cidade, e sua representação em miniatura seria um montinho de arranha-céus à beira do rio e um grande descampado ao redor deles, cheio de casas e fábricas arruinadas. Nos anos 1930, quando pintou seus enormes murais no museu, Diego Rivera talvez nem sonhasse com o quadro de decadência que dominaria o lado de fora desse prédio. Seu elogio à indústria é hoje uma visão apaixonada de uma realidade que já não existe. Nas laterais da obra, estão visões da fábrica de Mont Rouge, onde a Ford já tinha instalado enormes linhas de montagem. No centro de um dos painéis, a imensa fornalha que molda o aço das latarias dos carros brilha num vermelho intenso, o ponto fulcral da peça, que se liga a um vulcão no friso superior, a imagem escolhida pelo artista mexicano para representar a indústria como força motriz de um progresso irrefreável. Fora do pátio de Rivera, porém, as galerias do museu parecem esquecidas. Quadros de Van Gogh, Picasso, Bruegel e esculturas de Bernini e Rodin olham para o vazio. Os funcionários que restam esperam o tempo passar até a hora de voltar para casa, e o público minguado faz rondas letárgicas em torno das peças. Joel Mockovciak, um artista que mora na cidade, veio me encontrar na porta dos fundos do museu. Ele ficou de me mostrar alguns dos espaços ocupados e reconfigurados pelos tipos criativos de Detroit. Saímos do Instituto de Artes em sua picape prateada e fomos até o Grand River Creative Corridor, ou GRCC, um distrito de Detroit que artistas de rua transformaram num museu do grafite ao ar livre, com enormes murais coloridos estampando velhos galpões de fábrica que hoje abrigam ateliês. No lugar das linhas de montagem de Rivera, os murais urbanos mostram fantasmas, caveiras, cenas apocalípticas, quando não lisérgicas e psicodélicas, e até um pastiche do mural do museu, no qual grafiteiros se enfileiram para pintar afrescos nas cascas de concreto das velhas fábricas. Mesmo em cores vibrantes, os murais perdiam o fulgor quando vistos no meio da tempestade de neve. Na noite anterior, também uma pancada de chuva atingira a cidade, logo antes da queda das temperaturas, e as árvores emoldurando os grafites tinham os galhos envoltos numa camada de gelo. Pareciam feitas de vidro, contra os descampados que brilhavam esbranquiçados. Tudo ao redor lembrava um set de filmagem, a visão hollywoodiana da metrópole distópica que se torna ainda mais dramática no silêncio da neve. GALPÕES Mockovciak é magro, tem cabelos compridos escondidos debaixo de um gorro vermelho, os dentes manchados pelo cigarro, unhas encardidas de graxa e o rosto, mesmo jovem, marcado por rugas prematuras. Ele nasceu em Dallas, estudou artes plásticas numa escola de elite em Nova York e, desistindo de ter três empregos para pagar o aluguel do Brooklyn, decidiu tentar a vida em Detroit. Ele mora de graça num dos galpões que um investidor nova-iorquino comprou ali. Em troca, trabalha como designer de interiores dos restaurantes desse mesmo empresário, pinta murais e também faz todo o trabalho duro nas reformas dos imóveis. "Todo mundo rala em Detroit. Todo mundo que eu conheço comprou uma casa toda arrebentada e precisa consertar", diz ele, em seu ateliê. "Você pode ralar pintando, fotografando, reconstruindo telhados, vendendo crack, mas todo mundo rala, porque a cidade não tem nada e precisa de tudo. Esse é o único lugar do mundo onde me pagam para fazer coisas criativas." No piso térreo do galpão onde mora, funciona uma loja que vende tudo o que saqueadores urbanos conseguiram resgatar das ruínas de casas abandonadas. À noite, o lugar lembra um filme de terror, com banheiras, canos, esquadrias, chapas de vidro e portas acumuladas. Mockovciak, que atravessa todos os dias a loja fechada para chegar a seu ateliê, virou um especialista nessas relíquias. Mesmo no escuro, só apalpando mesas, cadeiras, fechaduras e caixilhos, vai dizendo o material, a época e o provável designer das peças –"puro bronze, anos 1920, Charles e Ray Eames". No andar de cima, onde montou até uma quadra para jogar peteca, também está o loft que construiu para morar. Na sala, ficam dois sofás, um dos anos 1930 e outro dos anos 1950, também resgatados do lixo alheio, um aquecedor "space age" dos anos 1960, pilhas de livros, uma mesa de centro que ele pintou de preto, uma sanfona elétrica e um velho laptop ligado a caixas de som que também pareciam ter vindo direto do túnel do tempo. Nada ali parece pertencer a este século, nem mesmo Mockovciak. Vestindo roupas vintage e fumando um cigarro de maconha atrás do outro, o artista parecia um produto das ruínas de Detroit, um espécime da "retromania" contemporânea. Uma estante do chão ao teto divide a sala da cozinha. Mockovciak demoliu uma parede e reaproveitou sua estrutura de madeira para formar o móvel. Ali, numa espécie de museu improvisado, estavam os tesouros descobertos pelo artista em suas andanças por Detroit. Entre seus troféus de caça, fotografias Polaroid documentando o dia a dia de um soldado negro na Guerra do Vietnã, folhas de contato de radiografias anônimas, cheias de crânios, bacias, braços e pernas, uma coleção de dentaduras e modelos de arcadas dentárias, fotografias de bebês mortos, uma filmadora Super8, livros de arte e panfletos originais do levante racial que chacoalhou Detroit no fim dos anos 1960. "Em Nova York, as pessoas devoram esse tipo de coisa", diz o artista. "Todo mundo quer um loft, gosta dessa estética dura, áspera e está disposto a pagar caro por isso." De fato, olhando para o apartamento do artista esculpido dos escombros de uma fábrica, lembro de já ter visto editoriais inteiros de revistas de arquitetura e decoração que perdem para esse espaço em termos de originalidade hipster. CONTEMPLAÇÃO Em 2010, dois anos depois da quebra de uma série de bancos em Wall Street, que mergulhou a economia global na pior recessão desde os anos 1930, o jornal "The New York Times" publicou uma reportagem especial sobre Detroit, destacando o espetáculo de suas ruínas como charmosos endereços para a contemplação. O texto também apresentava livros hoje clássicos do estilo que ficou conhecido como "ruin porn", ou pornografia da ruína, entre eles "Detroit Disassembled" (Damiani, 2010), de Andrew Moore, e "The Ruins of Detroit"(Gerhagerrd Steidl, 2010), de Yves Marchand e Romain Meffre. Holly Brubach, a autora do artigo, teve a mesma impressão que eu ao ver as cenas documentadas por esses fotógrafos e a visão de uma Detroit invernal. "Mesmo que a primavera ainda visite Detroit –flores desabrocham em meio aos prédios lacrados–, é o inverno a estação que melhor parece casar com sua condição atual, com galhos despidos e neve corroída ornando com a desolação", escreveu. "Nada foi poupado. Casas vitorianas, igrejas, teatros, bibliotecas, piscinas, ginásios, um banco, um estádio." Embora artigos como o do jornal nova-iorquino e a avalanche de livros que estetizam as ruínas tentem estabelecer Detroit como a nova Berlim ou o novo Brooklyn no imaginário coletivo, essa realidade ainda está muito distante. "O Brooklyn estourou porque lá as pessoas todas moram no mesmo lugar, vão ao mesmo bar", diz Mockoviack. "Aqui em Detroit você precisa de um carro com tração nas quatro rodas e enfrenta pelo menos 20 minutos de estrada para encontrar qualquer pessoa. A cidade é grande demais e vazia demais para ser uma nova Berlim ou Nova York." Nesse sentido, a indústria automobilística parece ser hoje uma ameaça também ao futuro de Detroit, e não só um dado da história. Primeiro, levou à fuga de sua população mais afluente em direção ao subúrbio, já que os fabricantes de carros, aliados ao talento publicitário da era de ouro dos "Mad men", lideraram o lobby pela construção de estradas que atravessam os Estados Unidos. Depois, tendo forjado um tecido urbano esgarçado e esvaziado demais, acabaram criando um cenário propenso à desolação e ao abandono. Um subproduto dessa dinâmica é a transformação da cidade em terreno fértil para a estética da destruição, a distopia metropolitana tão cara ao cinema. Âncora do culto nostálgico à ruína, a cidade parece existir mais enquanto imagem do que como realidade, o suvenir de um passado idealizado. OBSESSÃO A visão de Detroit e seus escombros industriais está no centro de uma obsessão contemporânea pela ruína e pela decadência que atravessa a cultura pop, de filmes de Hollywood às telenovelas, da música techno ao funk carioca. Enquanto bastião da nostalgia, a imagem dos escombros de Detroit, mesmo se reprocessados e sampleados, é uma defesa da espetacularização do caos, da sujeira, do sexo e da glamorização de tudo que está às margens, das realidades fora da ordem estabelecida. Terrenos selvagens, livres das convenções sociais, as ruínas que sobrevivem na trama das cidades são espaços magnéticos, que ganham vulto crescente nas representações da cultura de massa. No fundo, é uma questão de saudade, nostalgia e utopias possíveis. "Essa obsessão contemporânea pelas ruínas esconde a saudade de uma era anterior, que ainda não havia perdido o poder de imaginar outros futuros. O que está em jogo é uma nostalgia da modernidade que não se atreve a dizer seu nome, depois de reconhecer as catástrofes do século 20 e os danos remanescentes. O código dessa nostalgia é a ruína", escreve Andreas Huyssen, professor da Universidade Columbia e um dos maiores estudiosos do culto atual à ruína. "A nostalgia pode ser uma utopia às avessas." Em "The Future of Nostalgia" (Basic Books, 2002), sua dissecação do sentimento nostálgico, tanto histórico quanto contemporâneo, Svetlana Boym também estabelece uma ligação primordial entre nostalgia e utopia. De acordo com a estudiosa russa, o auge do sentimento nostálgico na esfera pública coincide com o surgimento da cultura de massa na era romântica, que viveu um "boom da memória". Nesse sentido, o culto exacerbado ao passado na cultura pop indica que vivemos mais uma vez e com intensidade igual ou maior a mesma intoxicação pela ruína que afetou a sensibilidade do romantismo. Mas enquanto no século 19 isso se manifestou em pinturas, poemas e romances que exaltam a ruína, o presente viu o surgimento do hipster e uma idealização do passado na cultura da noite, nas artes visuais e na esfera pop, com seriados de época, festas em ruínas urbanas, bares e centros culturais construídos para lembrar zonas decadentes e obras que já nascem como ruínas "ready-made". Um episódio de "Portlandia", série americana que estreou em 2011 e se firmou como uma sátira ácida às excentricidades ruinófilas, trazia um comercial fictício de uma loja de materiais para artistas que vendia televisores quebrados, pedaços de bonecas e manequins. Mesmo parte da piada, todos esses objetos aparecem de fato na arte criada em Detroit, do ateliê de Mockovciak ao famoso projeto de intervenção urbana do artista Tyree Guyton que cobriu as fachadas de dois quarteirões de casas da rua Heildeberg, no leste da cidade, com coisas encontradas no lixo, entre elas televisores e bonecas. DISTOPIA Detroit hoje atrai a atenção de cineastas em busca de um pano de fundo distópico para encenar fantasias do fim do mundo. "Lost River", de Ryan Gosling, leva um conto de fadas sombrio à cidade arruinada. Na trama, um homem precisa mergulhar nas profundezas de uma represa para resgatar um objeto capaz de reverter a maldição que condenou a metrópole do enredo à decadência. Bones, o herói, vive num lugar cheio de incêndios e gangues, não muito distante da Detroit real. Antes do mergulho, aliás, vive de roubar canos de cobre de casas em ruínas que encontra pela cidade, algo comum na verdadeira Motor City atual. Em seus excessos visuais, comparados à volúpia surrealista de cineastas como David Lynch, o filme de Gosling eleva a ruinofilia a um plano lisérgico. É uma fantasia palatável à sensibilidade retrô que domina o mundo pop, indo ao encontro do culto aos escombros. Seus interiores mergulhados em luzes violetas, uma cena de baile no luxo dilapidado de um teatro abandonado, penteados e vestidos anos 1960 de suas atrizes, muros grafitados com cores alucinógenas e velhas carcaças de automóveis conversíveis deslizando pelas ruas arruinadas à moda de Havana são clichês reluzentes de um universo vendável e vintage. Em sintonia com o culto à sujeira e à violência, a boate em "Lost River" não tem shows de striptease. Belas mulheres ali encenam atos de automutilação, como a cena em que uma delas parece arrancar a pele do rosto. É algo que poderia ter saído da imaginação de Boris Vian, Kurt Vonnegut ou Thomas Pynchon, mas também do repertório de festas como a Voodoohop nos prédios abandonados do centro de São Paulo, onde certa vez vi um rapaz nu perfurar o rosto e outras partes do corpo com uma série de agulhas em pleno alvoroço da pista de dança. Nessa visão edulcorada da ruína, também parece reinar a noção de que o hedonismo levado ao extremo junta as pontas do espectro que vai da dor ao prazer. Esse também é o "leitmotiv" de "Amantes Eternos", filme que o cineasta Jim Jarmusch rodou em Detroit há três anos. Na história sobre Adam e Eve, um casal de vampiros com uma queda pelas casas noturnas mais esquálidas da cidade, a ruína é a embalagem plástica de uma fantasia sexy, com figurinos estonteantes e óculos escuros para encarar os neons da noite suja. As conversas do casal, aliás, são delírios retromaníacos, de lembranças de jogos de xadrez com Byron ao luxo perdido do Michigan Theater, onde "espelhos refletiam o brilho dos lustres". Eve, aliás, é capaz de datar um objeto só correndo as mãos por sua superfície, lembrando 1956, 1905, século 15, da forma que vi Joel Mockovciak fazer no porão de seu galpão. Menos fantasioso, "Gran Torino", filmado por Clint Eastwood na mesma cidade, usa a ruína como metáfora do mergulho cego na violência. Ao contrário da cidade despovoada de Jarmusch, a Detroit de Eastwood ferve com conflitos raciais e brigas de gangues, mas as ruas e os prédios permanecem dilapidados. O personagem principal, também vivido por Eastwood, é um operário aposentado das velhas linhas de montagem da Ford, e a Motor City decadente acentua seu quadro de desolação moral e inclinação para a violência. Em "8 Mile", filme estrelando o rapper Eminem lançado em 2002, a cidade foi mais do que um pano de fundo distópico. Numa terra arrasada e sem empregos, onde brigas estouram em shows furiosos de rap nas ruínas do Michigan Theater, um jovem tenta cuidar da filha pulando de trabalho em trabalho até encontrar sua vocação para a música. Autobiografia romanceada de Eminem, o filme defende a ideia de um renascimento cultural em meio às ruínas pós-industriais, o avesso do que foi a Motown nos tempos de pujança da cidade e um paralelo à ascensão do techno na mesma periferia de Detroit. Quem vai de carro rumo à cidade vindo dos subúrbios vê as placas sinalizando a 8 Mile que dá nome ao filme –a estrada que separa o centro da cidade, de maioria negra, dos subúrbios brancos. Eminem cresceu nessa zona limítrofe, entre metrópole arruinada e subúrbio complacente, não sendo nem negro nem um branco endinheirado. Seus versos refletem esse território de exceção, de fábricas abandonadas formando vazios desgrenhados. CIBORGUES Essa cidade como cenário metropolitano ameaçado pela gentrificação e pela violência tem no filme "RoboCop", de 1987, um de seus prováveis embriões. A fantasia policial de Paul Verhoeven é ambientada numa Detroit do futuro, em que a metrópole falida e dominada pelo crime privatiza sua força policial. A empresa responsável pela segurança pública também tem anseios de eliminar bairros miseráveis para construir no lugar um distrito utópico, a Delta City, mas para isso precisa aniquilar os criminosos da região. Tão utópico quanto os anseios da empresa, o herói da trama renasce depois de uma morte dramática. O policial Murphy, o futuro RoboCop, é assassinado por uma gangue, tendo as partes do corpo estouradas uma a uma com tiros de metralhadora. Usando depois o cérebro e as partes que sobraram do cadáver de Murphy fundidas a novas e mais resistentes partes robóticas, os empresários criam RoboCop, um soldado ciborgue. Esse guerreiro já nasce, aliás, como corpo em ruínas, um sobrevivente Frankenstein de uma ordem urbana fracassada que opera à base de violência, desconhecendo diálogo e razão. Debaixo de sua superfície arrasa-quarteirão, "RoboCop" parece afirmar que o fracasso da cidade oficial engendra seres feéricos, com o mesmo pendor para a crueldade extrema e a busca irrefreável do prazer –Eros e Tânatos juntos numa máquina que ameaça entrar em curto-circuito. Meia década antes de "RoboCop" chegar aos cinemas, "Blade Runner", de Ridley Scott, já recorria à imagem de ciborgues como os habitantes naturais das cidades distópicas. Seus homens-máquina dependem de fotografias para sustentar seu direito a sobreviver num lugar reservado aos humanos. A prova da autenticidade de sua existência está lastreada na fragilidade de uma imagem, evocando talvez o papel da nostalgia nos tempos atuais. Nossa retromania contemporânea, de filtros no Instagram e modas vintage, atesta o mesmo entorpecimento dos sentidos e nos aproxima de um corpo ciborgue que só poderia se desprender das amarras mecânicas, sociais e econômicas em espaços arruinados e selvagens. Nesse sentido, a metrópole robótica e protética, enquanto antítese da cidade selvagem em ruínas, privilegia a artificialidade, o humano como engodo e superfície alisada. Na pele sem rugas dos replicantes ou na força metálica do RoboCop, no entanto, está a origem paradoxal da ruína. A cidade mercantilizada, vigiada e codificada está fadada a cair em desgraça, e o que sobrevive é o delírio sedutor de suas máquinas sujas e festas em escombros. São todas cidades melancólicas mergulhadas no brilho intenso e irregular dos letreiros de neon e das grandes telas de plasma. SILAS MARTÍ, 31, repórter da Folha, estudou as ruínas de Detroit quando bolsista da Knight-Wallace Fellowship, da Universidade de Michigan, entre 2015 e 2016.
ilustrissima
Detroit corresponde à obsessão pelas ruínas na cultura pop contemporâneaRESUMO A partir de temporada em Detroit, antiga capital do automóvel, o autor explora o lugar da ruína nas representações culturais contemporâneas. Diferentemente do significado dos vestígios em obras do passado, a impressionante decadência da cidade, presente em filmes ou na arte, se reveste de um sugestivo glamour hipster. Era a primeira tempestade de neve do último inverno. Quando o dia amanheceu, um manto branco já cobria tudo e, ao longo do dia, Detroit seria soterrada por uma avalanche gélida. Dentro do Instituto de Artes, eu me sentia num daqueles globos de neve de mentira que, quando chacoalhados, fazem uma chuva de purpurina despencar sobre a cidadezinha submersa na esfera de vidro. Mas, imensa e vazia, Detroit hoje não faria um bom suvenir. Seu museu por pouco não teve sua coleção vendida para pagar parte da dívida pública da cidade, e sua representação em miniatura seria um montinho de arranha-céus à beira do rio e um grande descampado ao redor deles, cheio de casas e fábricas arruinadas. Nos anos 1930, quando pintou seus enormes murais no museu, Diego Rivera talvez nem sonhasse com o quadro de decadência que dominaria o lado de fora desse prédio. Seu elogio à indústria é hoje uma visão apaixonada de uma realidade que já não existe. Nas laterais da obra, estão visões da fábrica de Mont Rouge, onde a Ford já tinha instalado enormes linhas de montagem. No centro de um dos painéis, a imensa fornalha que molda o aço das latarias dos carros brilha num vermelho intenso, o ponto fulcral da peça, que se liga a um vulcão no friso superior, a imagem escolhida pelo artista mexicano para representar a indústria como força motriz de um progresso irrefreável. Fora do pátio de Rivera, porém, as galerias do museu parecem esquecidas. Quadros de Van Gogh, Picasso, Bruegel e esculturas de Bernini e Rodin olham para o vazio. Os funcionários que restam esperam o tempo passar até a hora de voltar para casa, e o público minguado faz rondas letárgicas em torno das peças. Joel Mockovciak, um artista que mora na cidade, veio me encontrar na porta dos fundos do museu. Ele ficou de me mostrar alguns dos espaços ocupados e reconfigurados pelos tipos criativos de Detroit. Saímos do Instituto de Artes em sua picape prateada e fomos até o Grand River Creative Corridor, ou GRCC, um distrito de Detroit que artistas de rua transformaram num museu do grafite ao ar livre, com enormes murais coloridos estampando velhos galpões de fábrica que hoje abrigam ateliês. No lugar das linhas de montagem de Rivera, os murais urbanos mostram fantasmas, caveiras, cenas apocalípticas, quando não lisérgicas e psicodélicas, e até um pastiche do mural do museu, no qual grafiteiros se enfileiram para pintar afrescos nas cascas de concreto das velhas fábricas. Mesmo em cores vibrantes, os murais perdiam o fulgor quando vistos no meio da tempestade de neve. Na noite anterior, também uma pancada de chuva atingira a cidade, logo antes da queda das temperaturas, e as árvores emoldurando os grafites tinham os galhos envoltos numa camada de gelo. Pareciam feitas de vidro, contra os descampados que brilhavam esbranquiçados. Tudo ao redor lembrava um set de filmagem, a visão hollywoodiana da metrópole distópica que se torna ainda mais dramática no silêncio da neve. GALPÕES Mockovciak é magro, tem cabelos compridos escondidos debaixo de um gorro vermelho, os dentes manchados pelo cigarro, unhas encardidas de graxa e o rosto, mesmo jovem, marcado por rugas prematuras. Ele nasceu em Dallas, estudou artes plásticas numa escola de elite em Nova York e, desistindo de ter três empregos para pagar o aluguel do Brooklyn, decidiu tentar a vida em Detroit. Ele mora de graça num dos galpões que um investidor nova-iorquino comprou ali. Em troca, trabalha como designer de interiores dos restaurantes desse mesmo empresário, pinta murais e também faz todo o trabalho duro nas reformas dos imóveis. "Todo mundo rala em Detroit. Todo mundo que eu conheço comprou uma casa toda arrebentada e precisa consertar", diz ele, em seu ateliê. "Você pode ralar pintando, fotografando, reconstruindo telhados, vendendo crack, mas todo mundo rala, porque a cidade não tem nada e precisa de tudo. Esse é o único lugar do mundo onde me pagam para fazer coisas criativas." No piso térreo do galpão onde mora, funciona uma loja que vende tudo o que saqueadores urbanos conseguiram resgatar das ruínas de casas abandonadas. À noite, o lugar lembra um filme de terror, com banheiras, canos, esquadrias, chapas de vidro e portas acumuladas. Mockovciak, que atravessa todos os dias a loja fechada para chegar a seu ateliê, virou um especialista nessas relíquias. Mesmo no escuro, só apalpando mesas, cadeiras, fechaduras e caixilhos, vai dizendo o material, a época e o provável designer das peças –"puro bronze, anos 1920, Charles e Ray Eames". No andar de cima, onde montou até uma quadra para jogar peteca, também está o loft que construiu para morar. Na sala, ficam dois sofás, um dos anos 1930 e outro dos anos 1950, também resgatados do lixo alheio, um aquecedor "space age" dos anos 1960, pilhas de livros, uma mesa de centro que ele pintou de preto, uma sanfona elétrica e um velho laptop ligado a caixas de som que também pareciam ter vindo direto do túnel do tempo. Nada ali parece pertencer a este século, nem mesmo Mockovciak. Vestindo roupas vintage e fumando um cigarro de maconha atrás do outro, o artista parecia um produto das ruínas de Detroit, um espécime da "retromania" contemporânea. Uma estante do chão ao teto divide a sala da cozinha. Mockovciak demoliu uma parede e reaproveitou sua estrutura de madeira para formar o móvel. Ali, numa espécie de museu improvisado, estavam os tesouros descobertos pelo artista em suas andanças por Detroit. Entre seus troféus de caça, fotografias Polaroid documentando o dia a dia de um soldado negro na Guerra do Vietnã, folhas de contato de radiografias anônimas, cheias de crânios, bacias, braços e pernas, uma coleção de dentaduras e modelos de arcadas dentárias, fotografias de bebês mortos, uma filmadora Super8, livros de arte e panfletos originais do levante racial que chacoalhou Detroit no fim dos anos 1960. "Em Nova York, as pessoas devoram esse tipo de coisa", diz o artista. "Todo mundo quer um loft, gosta dessa estética dura, áspera e está disposto a pagar caro por isso." De fato, olhando para o apartamento do artista esculpido dos escombros de uma fábrica, lembro de já ter visto editoriais inteiros de revistas de arquitetura e decoração que perdem para esse espaço em termos de originalidade hipster. CONTEMPLAÇÃO Em 2010, dois anos depois da quebra de uma série de bancos em Wall Street, que mergulhou a economia global na pior recessão desde os anos 1930, o jornal "The New York Times" publicou uma reportagem especial sobre Detroit, destacando o espetáculo de suas ruínas como charmosos endereços para a contemplação. O texto também apresentava livros hoje clássicos do estilo que ficou conhecido como "ruin porn", ou pornografia da ruína, entre eles "Detroit Disassembled" (Damiani, 2010), de Andrew Moore, e "The Ruins of Detroit"(Gerhagerrd Steidl, 2010), de Yves Marchand e Romain Meffre. Holly Brubach, a autora do artigo, teve a mesma impressão que eu ao ver as cenas documentadas por esses fotógrafos e a visão de uma Detroit invernal. "Mesmo que a primavera ainda visite Detroit –flores desabrocham em meio aos prédios lacrados–, é o inverno a estação que melhor parece casar com sua condição atual, com galhos despidos e neve corroída ornando com a desolação", escreveu. "Nada foi poupado. Casas vitorianas, igrejas, teatros, bibliotecas, piscinas, ginásios, um banco, um estádio." Embora artigos como o do jornal nova-iorquino e a avalanche de livros que estetizam as ruínas tentem estabelecer Detroit como a nova Berlim ou o novo Brooklyn no imaginário coletivo, essa realidade ainda está muito distante. "O Brooklyn estourou porque lá as pessoas todas moram no mesmo lugar, vão ao mesmo bar", diz Mockoviack. "Aqui em Detroit você precisa de um carro com tração nas quatro rodas e enfrenta pelo menos 20 minutos de estrada para encontrar qualquer pessoa. A cidade é grande demais e vazia demais para ser uma nova Berlim ou Nova York." Nesse sentido, a indústria automobilística parece ser hoje uma ameaça também ao futuro de Detroit, e não só um dado da história. Primeiro, levou à fuga de sua população mais afluente em direção ao subúrbio, já que os fabricantes de carros, aliados ao talento publicitário da era de ouro dos "Mad men", lideraram o lobby pela construção de estradas que atravessam os Estados Unidos. Depois, tendo forjado um tecido urbano esgarçado e esvaziado demais, acabaram criando um cenário propenso à desolação e ao abandono. Um subproduto dessa dinâmica é a transformação da cidade em terreno fértil para a estética da destruição, a distopia metropolitana tão cara ao cinema. Âncora do culto nostálgico à ruína, a cidade parece existir mais enquanto imagem do que como realidade, o suvenir de um passado idealizado. OBSESSÃO A visão de Detroit e seus escombros industriais está no centro de uma obsessão contemporânea pela ruína e pela decadência que atravessa a cultura pop, de filmes de Hollywood às telenovelas, da música techno ao funk carioca. Enquanto bastião da nostalgia, a imagem dos escombros de Detroit, mesmo se reprocessados e sampleados, é uma defesa da espetacularização do caos, da sujeira, do sexo e da glamorização de tudo que está às margens, das realidades fora da ordem estabelecida. Terrenos selvagens, livres das convenções sociais, as ruínas que sobrevivem na trama das cidades são espaços magnéticos, que ganham vulto crescente nas representações da cultura de massa. No fundo, é uma questão de saudade, nostalgia e utopias possíveis. "Essa obsessão contemporânea pelas ruínas esconde a saudade de uma era anterior, que ainda não havia perdido o poder de imaginar outros futuros. O que está em jogo é uma nostalgia da modernidade que não se atreve a dizer seu nome, depois de reconhecer as catástrofes do século 20 e os danos remanescentes. O código dessa nostalgia é a ruína", escreve Andreas Huyssen, professor da Universidade Columbia e um dos maiores estudiosos do culto atual à ruína. "A nostalgia pode ser uma utopia às avessas." Em "The Future of Nostalgia" (Basic Books, 2002), sua dissecação do sentimento nostálgico, tanto histórico quanto contemporâneo, Svetlana Boym também estabelece uma ligação primordial entre nostalgia e utopia. De acordo com a estudiosa russa, o auge do sentimento nostálgico na esfera pública coincide com o surgimento da cultura de massa na era romântica, que viveu um "boom da memória". Nesse sentido, o culto exacerbado ao passado na cultura pop indica que vivemos mais uma vez e com intensidade igual ou maior a mesma intoxicação pela ruína que afetou a sensibilidade do romantismo. Mas enquanto no século 19 isso se manifestou em pinturas, poemas e romances que exaltam a ruína, o presente viu o surgimento do hipster e uma idealização do passado na cultura da noite, nas artes visuais e na esfera pop, com seriados de época, festas em ruínas urbanas, bares e centros culturais construídos para lembrar zonas decadentes e obras que já nascem como ruínas "ready-made". Um episódio de "Portlandia", série americana que estreou em 2011 e se firmou como uma sátira ácida às excentricidades ruinófilas, trazia um comercial fictício de uma loja de materiais para artistas que vendia televisores quebrados, pedaços de bonecas e manequins. Mesmo parte da piada, todos esses objetos aparecem de fato na arte criada em Detroit, do ateliê de Mockovciak ao famoso projeto de intervenção urbana do artista Tyree Guyton que cobriu as fachadas de dois quarteirões de casas da rua Heildeberg, no leste da cidade, com coisas encontradas no lixo, entre elas televisores e bonecas. DISTOPIA Detroit hoje atrai a atenção de cineastas em busca de um pano de fundo distópico para encenar fantasias do fim do mundo. "Lost River", de Ryan Gosling, leva um conto de fadas sombrio à cidade arruinada. Na trama, um homem precisa mergulhar nas profundezas de uma represa para resgatar um objeto capaz de reverter a maldição que condenou a metrópole do enredo à decadência. Bones, o herói, vive num lugar cheio de incêndios e gangues, não muito distante da Detroit real. Antes do mergulho, aliás, vive de roubar canos de cobre de casas em ruínas que encontra pela cidade, algo comum na verdadeira Motor City atual. Em seus excessos visuais, comparados à volúpia surrealista de cineastas como David Lynch, o filme de Gosling eleva a ruinofilia a um plano lisérgico. É uma fantasia palatável à sensibilidade retrô que domina o mundo pop, indo ao encontro do culto aos escombros. Seus interiores mergulhados em luzes violetas, uma cena de baile no luxo dilapidado de um teatro abandonado, penteados e vestidos anos 1960 de suas atrizes, muros grafitados com cores alucinógenas e velhas carcaças de automóveis conversíveis deslizando pelas ruas arruinadas à moda de Havana são clichês reluzentes de um universo vendável e vintage. Em sintonia com o culto à sujeira e à violência, a boate em "Lost River" não tem shows de striptease. Belas mulheres ali encenam atos de automutilação, como a cena em que uma delas parece arrancar a pele do rosto. É algo que poderia ter saído da imaginação de Boris Vian, Kurt Vonnegut ou Thomas Pynchon, mas também do repertório de festas como a Voodoohop nos prédios abandonados do centro de São Paulo, onde certa vez vi um rapaz nu perfurar o rosto e outras partes do corpo com uma série de agulhas em pleno alvoroço da pista de dança. Nessa visão edulcorada da ruína, também parece reinar a noção de que o hedonismo levado ao extremo junta as pontas do espectro que vai da dor ao prazer. Esse também é o "leitmotiv" de "Amantes Eternos", filme que o cineasta Jim Jarmusch rodou em Detroit há três anos. Na história sobre Adam e Eve, um casal de vampiros com uma queda pelas casas noturnas mais esquálidas da cidade, a ruína é a embalagem plástica de uma fantasia sexy, com figurinos estonteantes e óculos escuros para encarar os neons da noite suja. As conversas do casal, aliás, são delírios retromaníacos, de lembranças de jogos de xadrez com Byron ao luxo perdido do Michigan Theater, onde "espelhos refletiam o brilho dos lustres". Eve, aliás, é capaz de datar um objeto só correndo as mãos por sua superfície, lembrando 1956, 1905, século 15, da forma que vi Joel Mockovciak fazer no porão de seu galpão. Menos fantasioso, "Gran Torino", filmado por Clint Eastwood na mesma cidade, usa a ruína como metáfora do mergulho cego na violência. Ao contrário da cidade despovoada de Jarmusch, a Detroit de Eastwood ferve com conflitos raciais e brigas de gangues, mas as ruas e os prédios permanecem dilapidados. O personagem principal, também vivido por Eastwood, é um operário aposentado das velhas linhas de montagem da Ford, e a Motor City decadente acentua seu quadro de desolação moral e inclinação para a violência. Em "8 Mile", filme estrelando o rapper Eminem lançado em 2002, a cidade foi mais do que um pano de fundo distópico. Numa terra arrasada e sem empregos, onde brigas estouram em shows furiosos de rap nas ruínas do Michigan Theater, um jovem tenta cuidar da filha pulando de trabalho em trabalho até encontrar sua vocação para a música. Autobiografia romanceada de Eminem, o filme defende a ideia de um renascimento cultural em meio às ruínas pós-industriais, o avesso do que foi a Motown nos tempos de pujança da cidade e um paralelo à ascensão do techno na mesma periferia de Detroit. Quem vai de carro rumo à cidade vindo dos subúrbios vê as placas sinalizando a 8 Mile que dá nome ao filme –a estrada que separa o centro da cidade, de maioria negra, dos subúrbios brancos. Eminem cresceu nessa zona limítrofe, entre metrópole arruinada e subúrbio complacente, não sendo nem negro nem um branco endinheirado. Seus versos refletem esse território de exceção, de fábricas abandonadas formando vazios desgrenhados. CIBORGUES Essa cidade como cenário metropolitano ameaçado pela gentrificação e pela violência tem no filme "RoboCop", de 1987, um de seus prováveis embriões. A fantasia policial de Paul Verhoeven é ambientada numa Detroit do futuro, em que a metrópole falida e dominada pelo crime privatiza sua força policial. A empresa responsável pela segurança pública também tem anseios de eliminar bairros miseráveis para construir no lugar um distrito utópico, a Delta City, mas para isso precisa aniquilar os criminosos da região. Tão utópico quanto os anseios da empresa, o herói da trama renasce depois de uma morte dramática. O policial Murphy, o futuro RoboCop, é assassinado por uma gangue, tendo as partes do corpo estouradas uma a uma com tiros de metralhadora. Usando depois o cérebro e as partes que sobraram do cadáver de Murphy fundidas a novas e mais resistentes partes robóticas, os empresários criam RoboCop, um soldado ciborgue. Esse guerreiro já nasce, aliás, como corpo em ruínas, um sobrevivente Frankenstein de uma ordem urbana fracassada que opera à base de violência, desconhecendo diálogo e razão. Debaixo de sua superfície arrasa-quarteirão, "RoboCop" parece afirmar que o fracasso da cidade oficial engendra seres feéricos, com o mesmo pendor para a crueldade extrema e a busca irrefreável do prazer –Eros e Tânatos juntos numa máquina que ameaça entrar em curto-circuito. Meia década antes de "RoboCop" chegar aos cinemas, "Blade Runner", de Ridley Scott, já recorria à imagem de ciborgues como os habitantes naturais das cidades distópicas. Seus homens-máquina dependem de fotografias para sustentar seu direito a sobreviver num lugar reservado aos humanos. A prova da autenticidade de sua existência está lastreada na fragilidade de uma imagem, evocando talvez o papel da nostalgia nos tempos atuais. Nossa retromania contemporânea, de filtros no Instagram e modas vintage, atesta o mesmo entorpecimento dos sentidos e nos aproxima de um corpo ciborgue que só poderia se desprender das amarras mecânicas, sociais e econômicas em espaços arruinados e selvagens. Nesse sentido, a metrópole robótica e protética, enquanto antítese da cidade selvagem em ruínas, privilegia a artificialidade, o humano como engodo e superfície alisada. Na pele sem rugas dos replicantes ou na força metálica do RoboCop, no entanto, está a origem paradoxal da ruína. A cidade mercantilizada, vigiada e codificada está fadada a cair em desgraça, e o que sobrevive é o delírio sedutor de suas máquinas sujas e festas em escombros. São todas cidades melancólicas mergulhadas no brilho intenso e irregular dos letreiros de neon e das grandes telas de plasma. SILAS MARTÍ, 31, repórter da Folha, estudou as ruínas de Detroit quando bolsista da Knight-Wallace Fellowship, da Universidade de Michigan, entre 2015 e 2016.
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Autor angolano vai falar com crianças na Flipinha; veja programação
Um golfinho que salta e vê seu corpo refletido na água em forma de pássaro. Essa é a história de "O Voo do Golfinho", um dos livros infantis do escritor Ondjaki. O autor vai participar da próxima edição da Flipinha, a versão para crianças da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece entre os dias 1º e 5 de julho. Autor de outros títulos infantis, como "A Bicicleta que Tinha Bigodes" e "Ombela - A Estória das Chuvas", o angolano vai debater sobre o tema "A literatura por vários ângulos" com a ilustradora Simone Matias. A programação completa da Flip, sob curadoria de Paulo Werneck, foi divulgada nesta terça (12). Os ingressos serão vendidos a partir do dia 1º de junho, pela internet. Além dos debates com mais 12 escritores e ilustradores (veja galeria acima), a Flipinha terá ainda rodas de conversa com os autores convidados, oficinas e um espaço de leitura para crianças. Veja abaixo a programação completa da Ciranda dos Autores. * CIRANDA DOS AUTORES A programação inclui debates com os escritores e ilustradores convidados e apresentações escolares. QUINTA (2/7) 9h às 10h - Memória e invenção Luciana Sandroni e Stella Maris Rezende Mediação: Nina Silva 14h às 15h - Quando ficção e realidade se misturam Luiz Ruffato e Claudio Fragata Mediação: Veronica Lessa 15h30 às 16h30 - A multiplicidade do olhar DileaFrates e João Carrascoza Mediação: Anna Cláudia Ramos SEXTA (3/7) 9h às 10h - Canção, poesia e histórias Dilan Camargo e Tino Freitas Mediação: Ninfa Parreiras 14h às 15h - O poeta das águas e a menina das histórias Tiago Hakiy e Rita Carelli Mediação: Bernadete Passos 5h30 às 16h30 - A literatura por vários ângulos Simone Matias e Ondjaki Mediação: Volnei Canônica SÁBADO (4/7) 14h às 15h - Contar, cantar e ilustrar Odilon Moraes e Alessandra Roscoe Mediação: Leandro Leocádio Veja a programação completa da Flip em www.flip.org.br.
folhinha
Autor angolano vai falar com crianças na Flipinha; veja programaçãoUm golfinho que salta e vê seu corpo refletido na água em forma de pássaro. Essa é a história de "O Voo do Golfinho", um dos livros infantis do escritor Ondjaki. O autor vai participar da próxima edição da Flipinha, a versão para crianças da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece entre os dias 1º e 5 de julho. Autor de outros títulos infantis, como "A Bicicleta que Tinha Bigodes" e "Ombela - A Estória das Chuvas", o angolano vai debater sobre o tema "A literatura por vários ângulos" com a ilustradora Simone Matias. A programação completa da Flip, sob curadoria de Paulo Werneck, foi divulgada nesta terça (12). Os ingressos serão vendidos a partir do dia 1º de junho, pela internet. Além dos debates com mais 12 escritores e ilustradores (veja galeria acima), a Flipinha terá ainda rodas de conversa com os autores convidados, oficinas e um espaço de leitura para crianças. Veja abaixo a programação completa da Ciranda dos Autores. * CIRANDA DOS AUTORES A programação inclui debates com os escritores e ilustradores convidados e apresentações escolares. QUINTA (2/7) 9h às 10h - Memória e invenção Luciana Sandroni e Stella Maris Rezende Mediação: Nina Silva 14h às 15h - Quando ficção e realidade se misturam Luiz Ruffato e Claudio Fragata Mediação: Veronica Lessa 15h30 às 16h30 - A multiplicidade do olhar DileaFrates e João Carrascoza Mediação: Anna Cláudia Ramos SEXTA (3/7) 9h às 10h - Canção, poesia e histórias Dilan Camargo e Tino Freitas Mediação: Ninfa Parreiras 14h às 15h - O poeta das águas e a menina das histórias Tiago Hakiy e Rita Carelli Mediação: Bernadete Passos 5h30 às 16h30 - A literatura por vários ângulos Simone Matias e Ondjaki Mediação: Volnei Canônica SÁBADO (4/7) 14h às 15h - Contar, cantar e ilustrar Odilon Moraes e Alessandra Roscoe Mediação: Leandro Leocádio Veja a programação completa da Flip em www.flip.org.br.
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Passeios mostram o lado mais mexicano de Cancún
Em Cancún, a praia é aquela que está à frente do seu resort. E muito da vida turística gira em torno desses grandes hotéis all inclusive, um vizinho do outro, com uma piscina maior que a outra. Nada mal passar os dias mergulhado nessa estrutura hoteleira. Mas vale a pena sair um pouco dessa bolha e fazer passeios locais, alguns dos quais mostram uma Cancún com mais cara de México. Para circular, corridas de táxi são negociadas com o motorista e há ônibus 24 horas. Abaixo, veja quatro sugestões. Caribe e cia BARCO PIRATA A embarcação Jolly Roger (US$ 91, R$ 373; pirateshowcancun.com ) parte à noite, com "piratas" que deslizam por cordas e lutam com espadas. Só busque lugar na frente da plateia se estiver disposto a interagir com os atores. Ao fim do espetáculo, a interação é inevitável: os piratas servem o jantar –delicioso, ao menos–, no porão do navio. JUNGLE TOUR O passeio (US$ 69, R$ 283; aquatourscancun.com ) permite pilotar uma lancha, para duas pessoas, pelos manguezais da lagoa Nichupté, com direito a parada para snorkeling. O guia vai à frente, em outra embarcação. PARQUE GARRAFÓN Na Isla Mujeres (que deve seu nome à forma de um singular recife), o parque (US$ 89, R$ 365; garrafon.com ) tem passeios de caiaque e tirolesas. Mas a experiência mais disputada é interagir com golfinhos em um cercado em alto-mar. Dá para fazer poses fofas (as fotos, feitas pelo parque, são pagas à parte) e o "foot push", em que se é impulsionado pelos pés por dois animais. XOXIMILCO TOUR Quando a noite cai no parque, traineiras iluminadas, com temas mexicanos na decoração e na música, navegam pelos canais fluviais (US$ 89, R$ 364; xoximilco.com ). A bordo, há tequila à vontade e o jantar (que tem de entrada os típicos "chapulíns", grilos fritos) só é interrompido por uma festa típica. O jornalista viajou a convite da rede IHG e do resort Presidente InterContinental Cancún
turismo
Passeios mostram o lado mais mexicano de CancúnEm Cancún, a praia é aquela que está à frente do seu resort. E muito da vida turística gira em torno desses grandes hotéis all inclusive, um vizinho do outro, com uma piscina maior que a outra. Nada mal passar os dias mergulhado nessa estrutura hoteleira. Mas vale a pena sair um pouco dessa bolha e fazer passeios locais, alguns dos quais mostram uma Cancún com mais cara de México. Para circular, corridas de táxi são negociadas com o motorista e há ônibus 24 horas. Abaixo, veja quatro sugestões. Caribe e cia BARCO PIRATA A embarcação Jolly Roger (US$ 91, R$ 373; pirateshowcancun.com ) parte à noite, com "piratas" que deslizam por cordas e lutam com espadas. Só busque lugar na frente da plateia se estiver disposto a interagir com os atores. Ao fim do espetáculo, a interação é inevitável: os piratas servem o jantar –delicioso, ao menos–, no porão do navio. JUNGLE TOUR O passeio (US$ 69, R$ 283; aquatourscancun.com ) permite pilotar uma lancha, para duas pessoas, pelos manguezais da lagoa Nichupté, com direito a parada para snorkeling. O guia vai à frente, em outra embarcação. PARQUE GARRAFÓN Na Isla Mujeres (que deve seu nome à forma de um singular recife), o parque (US$ 89, R$ 365; garrafon.com ) tem passeios de caiaque e tirolesas. Mas a experiência mais disputada é interagir com golfinhos em um cercado em alto-mar. Dá para fazer poses fofas (as fotos, feitas pelo parque, são pagas à parte) e o "foot push", em que se é impulsionado pelos pés por dois animais. XOXIMILCO TOUR Quando a noite cai no parque, traineiras iluminadas, com temas mexicanos na decoração e na música, navegam pelos canais fluviais (US$ 89, R$ 364; xoximilco.com ). A bordo, há tequila à vontade e o jantar (que tem de entrada os típicos "chapulíns", grilos fritos) só é interrompido por uma festa típica. O jornalista viajou a convite da rede IHG e do resort Presidente InterContinental Cancún
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Itaim Bibi reúne os apartamentos 'moscas brancas' de até 1.000 m²
IRIS RUSSO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um centro econômico com escritórios de alto padrão, muitas opções de serviço e, acima de tudo, áreas disponíveis para verticalização. Essas são as características que fazem do distrito do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, o maior nicho de lançamentos residenciais acima dos 300 m² e de alto padrão. Dos 13 empreendimentos do tipo lançados nos últimos 36 meses em São Paulo, cinco (38,5%) estão no Itaim, segundo levantamento da consultora Geoimovel feito a pedido da Folha. Os demais estão distribuídos nos distritos de Moema, com três lançamentos; Jardim Paulista, Pinheiros, Vila Mariana, Santa Cecília e Tatuapé, com um cada. Esses apartamentos chegam a ter mais de mil metros quadrados e são, todos, de altíssimo padrão. O St. Leopold, lançado pela Construtora São José na Vila Olímpia, tem unidades de 554,20 m², com quatro dormitórios e seis vagas na garagem. A cobertura dúplex tem 1.031 m² e nove vagas. O metro quadrado está avaliado em R$ 22 mil. "O Itaim Bibi possui um perfil de moradores com boa condição financeira, que demanda apartamentos maiores e de alto padrão", diz André Auge, diretor comercial da construtora. Delimitada pelas avenidas Santo Amaro, São Gabriel, Roque Petroni Jr., Cidade Jardim, Nove de Julho e Nações Unidas, a região abriga um grande centro econômico de escritórios de alto padrão, oferece boa infraestrutura e opções de serviço e lazer. Entre seus atrativos estão o fácil acesso a shoppings de luxo, aos parques do Povo e Ibirapuera, clubes, boas escolas e restaurantes. "A região atrai tanto o executivo bem-sucedido que trabalha na região da Faria Lima quanto a família que mora em uma casa e quer se mudar para um apartamento para ter menos trabalho de manutenção e despesas", afirma Amaral, da Geoimovel. ESPAÇO PARA CRESCER Para as incorporadoras, a maior vantagem é a disponibilidade de áreas para verticalizar, ou seja, terrenos vazios ou com casas. "No momento em que a Faria Lima se prolongou, o Itaim Bibi cresceu. Os shoppings, o parque e os escritórios de bancos e empresas de tecnologia valorizaram a região", diz Luciano Amaral, presidente da Benx Incorporadora, que entrega no ano que vem o Geometria Itaim. O prédio tem apartamentos de 322 m² com quatro dormitórios e cinco vagas de garagem. A cobertura dúplex chega a 534 m². O preço do m² é R$ 20 mil. O Quartier Auri, da construtora Aurinova, ocupa um quarteirão inteiro da Vila Olímpia e tem três torres com apartamentos de 216 m², 274 m² e 350 m², além de coberturas dúplex e tríplex de até 893 m². O preço do m² fica em torno de R$ 20 mil. "Para esse empreendimento, adquirimos 24 lotes ao longo de dez anos. Nós traçamos a estratégia lá atrás, quando a Vila Olímpia ainda tinha muito a melhorar. E a revitalização da avenida Santo Amaro vai valorizar mais a região", diz Guilherme Auriemo, sócio da empresa. A tendência, contudo, é que novos empreendimentos nesses padrões fiquem mais raros na cidade, segundo Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário). "O mercado está voltado para produtos menores e mais baratos, mais fáceis de serem vendidos. Estes lançamentos devem se tornar o que chamamos de mosca branca, exceções do setor e com preços acima da média do mercado", diz Petrucci.
sobretudo
Itaim Bibi reúne os apartamentos 'moscas brancas' de até 1.000 m² IRIS RUSSO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um centro econômico com escritórios de alto padrão, muitas opções de serviço e, acima de tudo, áreas disponíveis para verticalização. Essas são as características que fazem do distrito do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, o maior nicho de lançamentos residenciais acima dos 300 m² e de alto padrão. Dos 13 empreendimentos do tipo lançados nos últimos 36 meses em São Paulo, cinco (38,5%) estão no Itaim, segundo levantamento da consultora Geoimovel feito a pedido da Folha. Os demais estão distribuídos nos distritos de Moema, com três lançamentos; Jardim Paulista, Pinheiros, Vila Mariana, Santa Cecília e Tatuapé, com um cada. Esses apartamentos chegam a ter mais de mil metros quadrados e são, todos, de altíssimo padrão. O St. Leopold, lançado pela Construtora São José na Vila Olímpia, tem unidades de 554,20 m², com quatro dormitórios e seis vagas na garagem. A cobertura dúplex tem 1.031 m² e nove vagas. O metro quadrado está avaliado em R$ 22 mil. "O Itaim Bibi possui um perfil de moradores com boa condição financeira, que demanda apartamentos maiores e de alto padrão", diz André Auge, diretor comercial da construtora. Delimitada pelas avenidas Santo Amaro, São Gabriel, Roque Petroni Jr., Cidade Jardim, Nove de Julho e Nações Unidas, a região abriga um grande centro econômico de escritórios de alto padrão, oferece boa infraestrutura e opções de serviço e lazer. Entre seus atrativos estão o fácil acesso a shoppings de luxo, aos parques do Povo e Ibirapuera, clubes, boas escolas e restaurantes. "A região atrai tanto o executivo bem-sucedido que trabalha na região da Faria Lima quanto a família que mora em uma casa e quer se mudar para um apartamento para ter menos trabalho de manutenção e despesas", afirma Amaral, da Geoimovel. ESPAÇO PARA CRESCER Para as incorporadoras, a maior vantagem é a disponibilidade de áreas para verticalizar, ou seja, terrenos vazios ou com casas. "No momento em que a Faria Lima se prolongou, o Itaim Bibi cresceu. Os shoppings, o parque e os escritórios de bancos e empresas de tecnologia valorizaram a região", diz Luciano Amaral, presidente da Benx Incorporadora, que entrega no ano que vem o Geometria Itaim. O prédio tem apartamentos de 322 m² com quatro dormitórios e cinco vagas de garagem. A cobertura dúplex chega a 534 m². O preço do m² é R$ 20 mil. O Quartier Auri, da construtora Aurinova, ocupa um quarteirão inteiro da Vila Olímpia e tem três torres com apartamentos de 216 m², 274 m² e 350 m², além de coberturas dúplex e tríplex de até 893 m². O preço do m² fica em torno de R$ 20 mil. "Para esse empreendimento, adquirimos 24 lotes ao longo de dez anos. Nós traçamos a estratégia lá atrás, quando a Vila Olímpia ainda tinha muito a melhorar. E a revitalização da avenida Santo Amaro vai valorizar mais a região", diz Guilherme Auriemo, sócio da empresa. A tendência, contudo, é que novos empreendimentos nesses padrões fiquem mais raros na cidade, segundo Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário). "O mercado está voltado para produtos menores e mais baratos, mais fáceis de serem vendidos. Estes lançamentos devem se tornar o que chamamos de mosca branca, exceções do setor e com preços acima da média do mercado", diz Petrucci.
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Vídeos mostram carro pegando fogo na avenida Paulista, no centro de SP
Um carro pegou fogo e assustou pessoas que passavam pela avenida Paulista, região central de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (9). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido. Segundo a corporação, um Fiorino branco começou a pegar fogo na altura do número 500 da via por volta das 9h30. Uma equipe dos bombeiros foi encaminhada para o local e apagou o incêndio em poucos minutos. O vídeo abaixo, do analista administrativo Cláudio Rogério Silva Soares, 37, publicado no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha, mostra em poucos segundos o veículo tomado pelas chamas. Veja vídeo Por causa do acidente, uma das vias mais importantes da capital paulista chegou a ser interditada para o tráfego de veículos em um dos sentidos. Veja vídeo Já o vídeo acima, foi enviado pelo leitor da Folha João Amancio Neto. As informações foram repassadas pelo Whatsapp da Folha: (11) 99490-1649.
cotidiano
Vídeos mostram carro pegando fogo na avenida Paulista, no centro de SPUm carro pegou fogo e assustou pessoas que passavam pela avenida Paulista, região central de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (9). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido. Segundo a corporação, um Fiorino branco começou a pegar fogo na altura do número 500 da via por volta das 9h30. Uma equipe dos bombeiros foi encaminhada para o local e apagou o incêndio em poucos minutos. O vídeo abaixo, do analista administrativo Cláudio Rogério Silva Soares, 37, publicado no UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha, mostra em poucos segundos o veículo tomado pelas chamas. Veja vídeo Por causa do acidente, uma das vias mais importantes da capital paulista chegou a ser interditada para o tráfego de veículos em um dos sentidos. Veja vídeo Já o vídeo acima, foi enviado pelo leitor da Folha João Amancio Neto. As informações foram repassadas pelo Whatsapp da Folha: (11) 99490-1649.
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Temporada da peça 'O Sonho de Jerônimo' tem últimas apresentações
O espetáculo infantil "O Sonho de Jerônimo", produzido pela "A Fabulosa Companhia – Teatro de Histórias", entra na sua última semana em cartaz no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A peça, que foi eleita pelo júri do Guia da Folha segundo melhor espetáculo infantil de 2014, conta a história de Jerônimo, um garoto que tem um sonho que se repete muitas vezes e um dia ele decide tentar realizá-lo. As duas últimas apresentações da peça ocorrem no próximo sábado (7) e domingo (8), sempre às 12h. Os ingressos custam de R$ 6 a R$ 20 e a indicação é livre. PARA CONFERIR O Sonho de Jerônimo Quando sábado (7) e domingo (8), às 12h Onde Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1000, Belém; tel. 11/2076-9700) Quanto de R$ 6 a R$ 20
folhinha
Temporada da peça 'O Sonho de Jerônimo' tem últimas apresentaçõesO espetáculo infantil "O Sonho de Jerônimo", produzido pela "A Fabulosa Companhia – Teatro de Histórias", entra na sua última semana em cartaz no Sesc Belenzinho, em São Paulo. A peça, que foi eleita pelo júri do Guia da Folha segundo melhor espetáculo infantil de 2014, conta a história de Jerônimo, um garoto que tem um sonho que se repete muitas vezes e um dia ele decide tentar realizá-lo. As duas últimas apresentações da peça ocorrem no próximo sábado (7) e domingo (8), sempre às 12h. Os ingressos custam de R$ 6 a R$ 20 e a indicação é livre. PARA CONFERIR O Sonho de Jerônimo Quando sábado (7) e domingo (8), às 12h Onde Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1000, Belém; tel. 11/2076-9700) Quanto de R$ 6 a R$ 20
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O pântano chegou ao volume morto
Depois do ato catártico do impeachment sob o comando de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, agora foi a vez do Senado. Com menos alusão a Deus, famílias, mulheres, filhinhos, maridos probos, bandeiras e fogos de artifício, o Senado conduzido por Renan Calheiros começou mais sóbrio no embuste. Dilma foi afastada e Temer empossado, sem o peso de Cunha, pois o dito cujo foi escanteado depois de fazer o jogo sujo crucial. Não importa se não há substância real e legal para o ato, pois a oposição parlamentar decidiu, em outubro de 2014, que a deposição de Dilma era o único caminho para atingir o poder que não conseguiu pela via eleitoral. E, como o tucanato, verdadeiro construtor desse processo, não poderia se beneficiar imediatamente, viu no velho PMDB o tampão capaz de viabilizar sua ação. Percebeu que hoje "o mar não está para peixe", como se dizia antigamente. Ou melhor, não está para tucano. Não se trata aqui de defender o governo Dilma, que provavelmente seria derrotado em 2018, tal foi o tamanho de seus fracassos. Numa sucessão de equívocos, o último foi incentivar Waldir Maranhão a deflagrar uma ação na calada da noite, esquecendo-se de que, ao amanhecer, seria destroçado pelos construtores do impeachment. Talvez seja bom recordar que a "genial" engenharia política criada pelo lulismo é que vem devorando tanto o seu criador quanto a sua criatura. De Eliseu a Picciani, de Meirelles a Geddel, de Kassab ao segundo Sarney, só faltou mesmo o Pauderney no "novo" ministério de Temer, composto em boa dose por velhos ministros de Lula e Dilma, muitos dos quais citados na Lava Jato. Sem nenhuma mulher, nenhuma negra ou negro, ao menos até o dia da posse, na mais clara (com o perdão pelo trocadilho) fotografia da classe que domina o país. E outros tantos são figuras da carcomida política brasileira, oligárquica e patriarcal, sempre em plena sintonia com o capital. Melhor seria dizer, com os capitais, como o agronegócio, as finanças, os barões da indústria etc. Todos, sem exceção, até anteontem encantados com as benesses do lulismo que agora sepultam impiedosamente. O STF (Supremo Tribunal Federal) vive também momento singularíssimo. Oscila entre a judicialização da política e a politização da justiça, impulsionado por vozes que esbravejam antecipadamente em cada ação contra o governo, quando o razoável seria um mínimo de discrição. E que manteve Cunha para deslanchar o impeachment, garantir seu trâmite e aprovação, para depois defenestrá-lo. Para os mortais a pergunta é: se o dito cujo é tão malévolo, não é no mínimo estranho que a alta Corte o tenha preservado exatamente em um momento crucial? Pode-se dizer que o STF está atolado de trabalho e que a toga quase nem consegue descansar. Mas aí vem outra indagação: será que pode existir pauta mais importante do que cuidar da legalidade e eticidade de um processo que visa destituir a Presidência da República? Não é difícil concluir que o governo Temer nasce em falhanço total. Sem legitimidade, carregando a sina de golpista, vai encontrar um descontentamento profundo. Costuma-se dizer que as esquerdas são antidemocráticas. Mas quem rasga mesmo a Constituição no Brasil é sempre a direita. O pântano chegou ao seu volume morto. RICARDO ANTUNES, 63, é professor titular de sociologia da Unicamp. Publicou, entre outros, o livro "A Desertificação Neoliberal no Brasil" (ed. Autores Associados) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
opiniao
O pântano chegou ao volume mortoDepois do ato catártico do impeachment sob o comando de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, agora foi a vez do Senado. Com menos alusão a Deus, famílias, mulheres, filhinhos, maridos probos, bandeiras e fogos de artifício, o Senado conduzido por Renan Calheiros começou mais sóbrio no embuste. Dilma foi afastada e Temer empossado, sem o peso de Cunha, pois o dito cujo foi escanteado depois de fazer o jogo sujo crucial. Não importa se não há substância real e legal para o ato, pois a oposição parlamentar decidiu, em outubro de 2014, que a deposição de Dilma era o único caminho para atingir o poder que não conseguiu pela via eleitoral. E, como o tucanato, verdadeiro construtor desse processo, não poderia se beneficiar imediatamente, viu no velho PMDB o tampão capaz de viabilizar sua ação. Percebeu que hoje "o mar não está para peixe", como se dizia antigamente. Ou melhor, não está para tucano. Não se trata aqui de defender o governo Dilma, que provavelmente seria derrotado em 2018, tal foi o tamanho de seus fracassos. Numa sucessão de equívocos, o último foi incentivar Waldir Maranhão a deflagrar uma ação na calada da noite, esquecendo-se de que, ao amanhecer, seria destroçado pelos construtores do impeachment. Talvez seja bom recordar que a "genial" engenharia política criada pelo lulismo é que vem devorando tanto o seu criador quanto a sua criatura. De Eliseu a Picciani, de Meirelles a Geddel, de Kassab ao segundo Sarney, só faltou mesmo o Pauderney no "novo" ministério de Temer, composto em boa dose por velhos ministros de Lula e Dilma, muitos dos quais citados na Lava Jato. Sem nenhuma mulher, nenhuma negra ou negro, ao menos até o dia da posse, na mais clara (com o perdão pelo trocadilho) fotografia da classe que domina o país. E outros tantos são figuras da carcomida política brasileira, oligárquica e patriarcal, sempre em plena sintonia com o capital. Melhor seria dizer, com os capitais, como o agronegócio, as finanças, os barões da indústria etc. Todos, sem exceção, até anteontem encantados com as benesses do lulismo que agora sepultam impiedosamente. O STF (Supremo Tribunal Federal) vive também momento singularíssimo. Oscila entre a judicialização da política e a politização da justiça, impulsionado por vozes que esbravejam antecipadamente em cada ação contra o governo, quando o razoável seria um mínimo de discrição. E que manteve Cunha para deslanchar o impeachment, garantir seu trâmite e aprovação, para depois defenestrá-lo. Para os mortais a pergunta é: se o dito cujo é tão malévolo, não é no mínimo estranho que a alta Corte o tenha preservado exatamente em um momento crucial? Pode-se dizer que o STF está atolado de trabalho e que a toga quase nem consegue descansar. Mas aí vem outra indagação: será que pode existir pauta mais importante do que cuidar da legalidade e eticidade de um processo que visa destituir a Presidência da República? Não é difícil concluir que o governo Temer nasce em falhanço total. Sem legitimidade, carregando a sina de golpista, vai encontrar um descontentamento profundo. Costuma-se dizer que as esquerdas são antidemocráticas. Mas quem rasga mesmo a Constituição no Brasil é sempre a direita. O pântano chegou ao seu volume morto. RICARDO ANTUNES, 63, é professor titular de sociologia da Unicamp. Publicou, entre outros, o livro "A Desertificação Neoliberal no Brasil" (ed. Autores Associados) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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Leitor comenta reportagem sobre queda de homicídios em São Paulo
Então o controle de São Paulo pelo PCC está ajudando a reduzir os homicídios no Estado. Talvez aí esteja a solução para liberar as drogas, como querem muitos, e eliminar a violência associada a ela, como se o seu uso não fosse uma violência. Dispersa-se a polícia e contrata-se o PCC. CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis - SC)
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Leitor comenta reportagem sobre queda de homicídios em São PauloEntão o controle de São Paulo pelo PCC está ajudando a reduzir os homicídios no Estado. Talvez aí esteja a solução para liberar as drogas, como querem muitos, e eliminar a violência associada a ela, como se o seu uso não fosse uma violência. Dispersa-se a polícia e contrata-se o PCC. CARLOS BRISOLA MARCONDES (Florianópolis - SC)
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O executivo de uma empresa de segurança que 'faliu' depois de sofrer um super golpe
DA BBC BRASIL Diretor-executivo de uma das maiores empresas de segurança do mundo, a sueca Securitas AB, Alf Göransson recebeu uma notificação da Corte Distrital de Estocolmo na segunda-feira passada informando-lhe que estava falido. Alguém usara os seus dados pessoais para pedir um empréstimo em seu nome. Em seguida, a pessoa apresentou às autoridades um pedido de falência. A requisição foi aceita pela Justiça, e o Escritório Sueco de Registro e Empresas decidiu retirar o nome do executivo dos registros onde ele constava como CEO da Securitas AB. Diante do problema, a própria empresa informou a imprensa sobre o ocorrido por meio de um comunicado. VÍTIMA DE PHISHING A notícia não causou uma grande surpresa para Göransson. O empresário descobriu no início de abril que haviam tentado fazer um empréstimo em seu nome no mês anterior. Imediatamente, avisou a polícia. Em alguns casos, dados simples como nome, endereço e data de nascimento já são suficiente para praticar um roubo. No entanto, ele não conseguiu descobrir de que tipo de empréstimo se tratava nem qual era o montante devido. Ele tinha sido alvo de phishing, um roubo de dados que permite com que o ladrão se passe pela vítima. COMO UMA TATUAGEM AJUDOU Informações básicas como nome completo, telefone, endereço, data de nascimento e número do banco já podem ser suficientes para falsificar pedidos de empréstimo, cartões de crédito e contratos de telefone. Nos Estados Unidos, dados de metade das vítimas de phishing são usados em formulários do governo, como pedidos de subsídios, de acordo com a Insurance Information Institute (Instituto de Informações de Seguros), entidade do setor de seguros. Casos como esses estão aumentando na Suécia, onde foram registrados 12,8 mil casos de phishing no primeiro semestre deste ano, segundo a agência de informações financeiras Bloomberg. APELAÇÃO A Securitas AB oferece serviços de segurança física -como seguranças, escolta etc- e digital. A companhia faturou US$ 10,5 bilhões (R$ 30,2 bi) em 2016. Possui 330 mil funcionários e atua na Europa e na América. Desde que denunciou o caso à polícia, Göransson não havia recebido retorno. Até semana passada, quando soube que seu nome estava sujo. Ele procurou a polícia no mesmo dia e entrou com um pedido na Justiça para limpar seu nome. Finalmente, conseguiu reverter a situação dois dias depois e acaba de ser oficializado novamente como diretor da Securitas AB pelo Escritório Sueco de Registro e Empresas.
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O executivo de uma empresa de segurança que 'faliu' depois de sofrer um super golpe DA BBC BRASIL Diretor-executivo de uma das maiores empresas de segurança do mundo, a sueca Securitas AB, Alf Göransson recebeu uma notificação da Corte Distrital de Estocolmo na segunda-feira passada informando-lhe que estava falido. Alguém usara os seus dados pessoais para pedir um empréstimo em seu nome. Em seguida, a pessoa apresentou às autoridades um pedido de falência. A requisição foi aceita pela Justiça, e o Escritório Sueco de Registro e Empresas decidiu retirar o nome do executivo dos registros onde ele constava como CEO da Securitas AB. Diante do problema, a própria empresa informou a imprensa sobre o ocorrido por meio de um comunicado. VÍTIMA DE PHISHING A notícia não causou uma grande surpresa para Göransson. O empresário descobriu no início de abril que haviam tentado fazer um empréstimo em seu nome no mês anterior. Imediatamente, avisou a polícia. Em alguns casos, dados simples como nome, endereço e data de nascimento já são suficiente para praticar um roubo. No entanto, ele não conseguiu descobrir de que tipo de empréstimo se tratava nem qual era o montante devido. Ele tinha sido alvo de phishing, um roubo de dados que permite com que o ladrão se passe pela vítima. COMO UMA TATUAGEM AJUDOU Informações básicas como nome completo, telefone, endereço, data de nascimento e número do banco já podem ser suficientes para falsificar pedidos de empréstimo, cartões de crédito e contratos de telefone. Nos Estados Unidos, dados de metade das vítimas de phishing são usados em formulários do governo, como pedidos de subsídios, de acordo com a Insurance Information Institute (Instituto de Informações de Seguros), entidade do setor de seguros. Casos como esses estão aumentando na Suécia, onde foram registrados 12,8 mil casos de phishing no primeiro semestre deste ano, segundo a agência de informações financeiras Bloomberg. APELAÇÃO A Securitas AB oferece serviços de segurança física -como seguranças, escolta etc- e digital. A companhia faturou US$ 10,5 bilhões (R$ 30,2 bi) em 2016. Possui 330 mil funcionários e atua na Europa e na América. Desde que denunciou o caso à polícia, Göransson não havia recebido retorno. Até semana passada, quando soube que seu nome estava sujo. Ele procurou a polícia no mesmo dia e entrou com um pedido na Justiça para limpar seu nome. Finalmente, conseguiu reverter a situação dois dias depois e acaba de ser oficializado novamente como diretor da Securitas AB pelo Escritório Sueco de Registro e Empresas.
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Com show dos reservas, Spurs vencem pela 21ª vez seguida em casa
O San Antonio Spurs continua imbatível em seus domínios na temporada regular da NBA. Na noite desta quarta-feira (6), o time do Texas derrotou o Utah Jazz, por 123 a 98, e conquistou a sua 21ª vitória seguida em casa, a 31ª na temporada. Spurs e Golden State Warriors são os únicos times que não perderam em casa nesta temporada até aqui –os atuais campeões acumulam 17 triunfos em seu domínio. Se contar o campeonato passado, os Spurs somam agora 30 jogos sem perder em seu ginásio. O técnico Gregg Popovich poupou dois titulares para o duelo desta quarta: o ala/pivô LaMarcus Aldridge e o armador Tony Parker. E os reservas deram show. Dos 123 pontos marcados, 70 vieram dos que começaram o jogo no banco. O ala argentino Emanuel Ginóbili terminou a partida com 14 pontos. O cestinha dos Spurs foi o ala/pivô Tim Duncan, que fez 18 pontos. Pelo lado do Jazz, o armador brasileiro Raulzinho jogou por 23 minutos e anotou sete pontos. Temporada da NBA
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Com show dos reservas, Spurs vencem pela 21ª vez seguida em casaO San Antonio Spurs continua imbatível em seus domínios na temporada regular da NBA. Na noite desta quarta-feira (6), o time do Texas derrotou o Utah Jazz, por 123 a 98, e conquistou a sua 21ª vitória seguida em casa, a 31ª na temporada. Spurs e Golden State Warriors são os únicos times que não perderam em casa nesta temporada até aqui –os atuais campeões acumulam 17 triunfos em seu domínio. Se contar o campeonato passado, os Spurs somam agora 30 jogos sem perder em seu ginásio. O técnico Gregg Popovich poupou dois titulares para o duelo desta quarta: o ala/pivô LaMarcus Aldridge e o armador Tony Parker. E os reservas deram show. Dos 123 pontos marcados, 70 vieram dos que começaram o jogo no banco. O ala argentino Emanuel Ginóbili terminou a partida com 14 pontos. O cestinha dos Spurs foi o ala/pivô Tim Duncan, que fez 18 pontos. Pelo lado do Jazz, o armador brasileiro Raulzinho jogou por 23 minutos e anotou sete pontos. Temporada da NBA
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Instrumento que definiu o som de clássicos da música eletrônica ganha fabricantes no Brasil
Nos fundos de sua casa, na Vila Mariana, em São Paulo, o músico Arthur Joly guarda uma espécie de disco voador. Em meio a botões, luzes, ferramentas, circuitos e placas eletrônicas, ele mantém uma oficina com ares de ficção científica na qual constrói, sozinho, sintetizadores. Criado na década de 1940, o instrumento que definiu o som robótico de artistas clássicos da música eletrônica, como os alemães do Kraftwerk e os ingleses do New Order, só recentemente passou a ter fabricantes no Brasil. Embora os sintetizadores estejam presentes no país desde os anos 1960, com Os Mutantes e Jorge Antunes, precursor da música eletroacústica nacional, foi nos últimos cinco anos que três professores pardais passaram a montar e vender filtros, osciladores, envelopes e amplificadores –os módulos que formam os sintetizadores. Muitas vezes ligados a teclados, os equipamentos transformam tensões elétricas em sons, desenhando timbres e criando barulhinhos. Guitarrista e produtor musical, Joly, 37, é um desses três fabricantes –atua de maneira artesanal, por encomenda de amigos ou para consumo próprio. Os outros são Vinicius Brazil, da V Brazil, e Paulo Santos, da EMW (Eletronic Music Works) –ambos vendem em escala comercial. Os clientes são músicos e produtores musicais. Segundo profissionais ouvidos pela reportagem, há muitos que o fazem por hobby, mas apenas Santos, Brazil e Joly produzem para venda os módulos para sintetizadores no Brasil. As engenhocas que criam custam de R$ 600 (um módulo) a R$ 6.000. AEROMODELISMO Joly se divide entre a fabricação de sintetizadores e a criação de trilhas para peças publicitárias. Autodidata, se aventurou primeiro neste universo quando um amigo lhe mostrou um Minimoog, sintetizador analógico. A partir dali, virou um colecionador –chegou a ter 35 modelos diferentes. Conheceu então um site com esquemas eletrônicos prontos e montou seu primeiro projeto. "Eu tinha experiência com solda por causa do aeromodelismo, então fiz um kit e deu certo", relembra. "Montei o 'PolyJoly' e postei um vídeo do projeto num site especializado. De repente, vários gringos estavam curtindo." Partiu para a gigantesca parede de módulos e filtros "Jolymod", na qual gastou R$ 25 mil –segundo ele, por inexperiência. Não parou mais. Construído em um elegante gabinete de madeira, o modelo ressalta uma característica dos projetos de Joly: o design. Os instrumentos desenvolvidos pelo músico têm muito cuidado estético. Um deles, realizado em uma caixa de acrílico que mostrava todo o esqueleto eletrônico de fios e placas, foi projetado para ser tocado dentro de uma piscina, parte de uma apresentação dos músicos Paulo Beto e Zopelar. O plano de operar o sintetizador submerso naufragou –os músicos mergulharam, mas os instrumentos ficaram apenas sobre boias. Para Paulo Beto, que usa tanto sintetizadores nacionais quanto importados, a vantagem de contar com um fabricante local é "trabalhar junto com o construtor". "Assim é mais fácil buscar soluções práticas e inteligentes." O músico também destaca o custo, quase um terço menor do que importados. Isso não significa que os equipamentos sejam baratos, por conta dos componentes importados. DISCO VOADOR Como Joly atua de maneira artesanal, em seu site (recosynth.com) ele recomenda a VBrazil (vbrazil.eng.br), de Vinicius Brazil, 61, engenheiro eletrônico que começou a projetar pedais para guitarras na década de 1960. Naquela época, diz o carioca, só ele e Cláudio César Dias Baptista, irmão de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, d'Os Mutantes, se aventuravam em projetos de sintetizadores. Hoje, paralelamente a sistemas de controle para indústria, ele voltou a desenvolver módulos. "Prezo pela qualidade sonora. O equipamento tem que atender a todas as situações. Precisa ter um som puro, mas se quiser fazer barulho, ele vai fazer", diz Brazil. Os sons alienígenas que um sintetizador pode produzir já viraram piada entre fabricantes. Arthur Joly conta já ter ouvido muitas vezes que "possui um disco voador, mas só o usa para ir ao supermercado", ou seja, para tocar músicas mais tradicionais. MUITO CHATO Na mesma linha de Brazil está Paulo Santos, o único que produz em escala industrial, cujos primeiros projetos foram concebidos no meio dos anos 1980. Proprietário da EMW (Eletronic Music Works, electronicmusicworks.com), Santos começou a produzir comercialmente apenas em 2011, porque se reconhece "muito chato, muito crítico com aquilo que produz". Seus equipamentos procuram reproduzir o timbre dos sintetizadores antigos, fruto da paixão pelo Kraftwerk e bandas posteriores, como o Human League. O paulista de Amparo diz vender muito mais para clientes do exterior, inclusive com revendedores no Japão. "Faço isto porque gosto. Se for pensar em termos de investimento, de retorno, como empresário, eu jamais faria isto. Porque não compensa." Joly concorda. "Se pensar no quanto de metal que tem aqui, o marceneiro e o imposto sobre placa, acaba quase empatando com os custos."
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Instrumento que definiu o som de clássicos da música eletrônica ganha fabricantes no BrasilNos fundos de sua casa, na Vila Mariana, em São Paulo, o músico Arthur Joly guarda uma espécie de disco voador. Em meio a botões, luzes, ferramentas, circuitos e placas eletrônicas, ele mantém uma oficina com ares de ficção científica na qual constrói, sozinho, sintetizadores. Criado na década de 1940, o instrumento que definiu o som robótico de artistas clássicos da música eletrônica, como os alemães do Kraftwerk e os ingleses do New Order, só recentemente passou a ter fabricantes no Brasil. Embora os sintetizadores estejam presentes no país desde os anos 1960, com Os Mutantes e Jorge Antunes, precursor da música eletroacústica nacional, foi nos últimos cinco anos que três professores pardais passaram a montar e vender filtros, osciladores, envelopes e amplificadores –os módulos que formam os sintetizadores. Muitas vezes ligados a teclados, os equipamentos transformam tensões elétricas em sons, desenhando timbres e criando barulhinhos. Guitarrista e produtor musical, Joly, 37, é um desses três fabricantes –atua de maneira artesanal, por encomenda de amigos ou para consumo próprio. Os outros são Vinicius Brazil, da V Brazil, e Paulo Santos, da EMW (Eletronic Music Works) –ambos vendem em escala comercial. Os clientes são músicos e produtores musicais. Segundo profissionais ouvidos pela reportagem, há muitos que o fazem por hobby, mas apenas Santos, Brazil e Joly produzem para venda os módulos para sintetizadores no Brasil. As engenhocas que criam custam de R$ 600 (um módulo) a R$ 6.000. AEROMODELISMO Joly se divide entre a fabricação de sintetizadores e a criação de trilhas para peças publicitárias. Autodidata, se aventurou primeiro neste universo quando um amigo lhe mostrou um Minimoog, sintetizador analógico. A partir dali, virou um colecionador –chegou a ter 35 modelos diferentes. Conheceu então um site com esquemas eletrônicos prontos e montou seu primeiro projeto. "Eu tinha experiência com solda por causa do aeromodelismo, então fiz um kit e deu certo", relembra. "Montei o 'PolyJoly' e postei um vídeo do projeto num site especializado. De repente, vários gringos estavam curtindo." Partiu para a gigantesca parede de módulos e filtros "Jolymod", na qual gastou R$ 25 mil –segundo ele, por inexperiência. Não parou mais. Construído em um elegante gabinete de madeira, o modelo ressalta uma característica dos projetos de Joly: o design. Os instrumentos desenvolvidos pelo músico têm muito cuidado estético. Um deles, realizado em uma caixa de acrílico que mostrava todo o esqueleto eletrônico de fios e placas, foi projetado para ser tocado dentro de uma piscina, parte de uma apresentação dos músicos Paulo Beto e Zopelar. O plano de operar o sintetizador submerso naufragou –os músicos mergulharam, mas os instrumentos ficaram apenas sobre boias. Para Paulo Beto, que usa tanto sintetizadores nacionais quanto importados, a vantagem de contar com um fabricante local é "trabalhar junto com o construtor". "Assim é mais fácil buscar soluções práticas e inteligentes." O músico também destaca o custo, quase um terço menor do que importados. Isso não significa que os equipamentos sejam baratos, por conta dos componentes importados. DISCO VOADOR Como Joly atua de maneira artesanal, em seu site (recosynth.com) ele recomenda a VBrazil (vbrazil.eng.br), de Vinicius Brazil, 61, engenheiro eletrônico que começou a projetar pedais para guitarras na década de 1960. Naquela época, diz o carioca, só ele e Cláudio César Dias Baptista, irmão de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, d'Os Mutantes, se aventuravam em projetos de sintetizadores. Hoje, paralelamente a sistemas de controle para indústria, ele voltou a desenvolver módulos. "Prezo pela qualidade sonora. O equipamento tem que atender a todas as situações. Precisa ter um som puro, mas se quiser fazer barulho, ele vai fazer", diz Brazil. Os sons alienígenas que um sintetizador pode produzir já viraram piada entre fabricantes. Arthur Joly conta já ter ouvido muitas vezes que "possui um disco voador, mas só o usa para ir ao supermercado", ou seja, para tocar músicas mais tradicionais. MUITO CHATO Na mesma linha de Brazil está Paulo Santos, o único que produz em escala industrial, cujos primeiros projetos foram concebidos no meio dos anos 1980. Proprietário da EMW (Eletronic Music Works, electronicmusicworks.com), Santos começou a produzir comercialmente apenas em 2011, porque se reconhece "muito chato, muito crítico com aquilo que produz". Seus equipamentos procuram reproduzir o timbre dos sintetizadores antigos, fruto da paixão pelo Kraftwerk e bandas posteriores, como o Human League. O paulista de Amparo diz vender muito mais para clientes do exterior, inclusive com revendedores no Japão. "Faço isto porque gosto. Se for pensar em termos de investimento, de retorno, como empresário, eu jamais faria isto. Porque não compensa." Joly concorda. "Se pensar no quanto de metal que tem aqui, o marceneiro e o imposto sobre placa, acaba quase empatando com os custos."
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Após 33 anos, Misfits voltará a tocar com membros de formação clássica
Após anos de desentendimentos, a banda ícone do punk-rock Misfits voltará a tocar com membros de sua formação clássica nos festivais Riot Fest de Denver e de Chicago, entre 2 e 18 de setembro. Estarão nos shows o vocalista Glenn Danzig, o baixista Jerry Only e o guitarrista Doyle Wolfgang von Frankenstein. O trio não se apresenta junto desde 1983. O nome do baterista que acompanhará o grupo ainda não foi anunciado. Já à venda, ingressos para os festivais custam de US$ 169 (R$ 589) a US$ 299 (R$ 1.042). Danzig e Only formaram o Misfits em 1977, em Nova Jersey. A banda é considerada a criadora do horror punk, subgênero do punk-rock que mistura a essência do movimento a referências do terror B e de ficção científica. Com a formação original, lançou dois álbuns, "Walk Among Us" (1982) e "Earth A.D./Wolfs Blood" (1983), cujas músicas simples e rápidas acabaram influenciando muitas outras bandas de rock que surgiriam mais tarde. A união acabou logo após o lançamento do segundo disco, em meio a tensões internas no grupo, quando Danzig resolveu seguir carreira solo —ele montou a banda Samhain e, mais tarde, a bem-sucedida Danzig. Nos anos seguintes, os integrantes protagonizaram uma série de disputas legais pelos direitos das músicas e da marca Misfits. Only e Wolfgang tentaram retomar a banda com outros membros entre o final dos anos 1990 e começo de 2000, mas nenhum projeto foi adiante.
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Após 33 anos, Misfits voltará a tocar com membros de formação clássicaApós anos de desentendimentos, a banda ícone do punk-rock Misfits voltará a tocar com membros de sua formação clássica nos festivais Riot Fest de Denver e de Chicago, entre 2 e 18 de setembro. Estarão nos shows o vocalista Glenn Danzig, o baixista Jerry Only e o guitarrista Doyle Wolfgang von Frankenstein. O trio não se apresenta junto desde 1983. O nome do baterista que acompanhará o grupo ainda não foi anunciado. Já à venda, ingressos para os festivais custam de US$ 169 (R$ 589) a US$ 299 (R$ 1.042). Danzig e Only formaram o Misfits em 1977, em Nova Jersey. A banda é considerada a criadora do horror punk, subgênero do punk-rock que mistura a essência do movimento a referências do terror B e de ficção científica. Com a formação original, lançou dois álbuns, "Walk Among Us" (1982) e "Earth A.D./Wolfs Blood" (1983), cujas músicas simples e rápidas acabaram influenciando muitas outras bandas de rock que surgiriam mais tarde. A união acabou logo após o lançamento do segundo disco, em meio a tensões internas no grupo, quando Danzig resolveu seguir carreira solo —ele montou a banda Samhain e, mais tarde, a bem-sucedida Danzig. Nos anos seguintes, os integrantes protagonizaram uma série de disputas legais pelos direitos das músicas e da marca Misfits. Only e Wolfgang tentaram retomar a banda com outros membros entre o final dos anos 1990 e começo de 2000, mas nenhum projeto foi adiante.
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Cabeleireiro agride mulher e é detido por testemunhas no centro de SP
Um cabeleireiro de 30 anos foi preso pela Polícia Militar neste domingo à noite (7) depois de agredir com socos, chutes e até cabeçadas uma mulher de 24 anos na rua da Consolação (centro da cidade) após participarem do desfile de um bloco. A mulher ficou com hematomas no rosto e teve o nariz fraturado, sendo levada ao hospital. O homem foi imobilizado na via, detido por pessoas que viram os atos de agressão contra a jovem de 24 anos. Ele também sofreu agressão de alguns foliões que presenciavam os ataques à garota. De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública, os dois são namorados e combinaram de se encontrar na Consolação após se perderem durante os festejos. Ali, o cabeleireiro desferiu socos e chegou até a bater a cabeça da jovem contra a parede. Amigas dela, no entanto, dão outra versão. Dizem que ela estava conversando com cerca de cinco amigas após participar de um bloco na rua Augusta, quando o cabeleireiro apareceu visivel­mente bêbado e teria agarrado a jovem, exigindo um beijo. Inconformado com a recusa, teria então passado a agredi-la. "Foi horrí­vel. Uma cena lamentável", disse uma foliona que pre­senciou a cena e não quis se identificar. Segundo elas, a jovem disse que havia conversado com ele antes da agressão. A reportagem não localizou a defesa do acusa­do. O caso foi registrado como ato de lesão corporal. A fiança para o caso foi estabelecida em R$ 900. Até a conclusão desta edição, o agressor não havia feito o pagamento e seguia preso.
cotidiano
Cabeleireiro agride mulher e é detido por testemunhas no centro de SPUm cabeleireiro de 30 anos foi preso pela Polícia Militar neste domingo à noite (7) depois de agredir com socos, chutes e até cabeçadas uma mulher de 24 anos na rua da Consolação (centro da cidade) após participarem do desfile de um bloco. A mulher ficou com hematomas no rosto e teve o nariz fraturado, sendo levada ao hospital. O homem foi imobilizado na via, detido por pessoas que viram os atos de agressão contra a jovem de 24 anos. Ele também sofreu agressão de alguns foliões que presenciavam os ataques à garota. De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública, os dois são namorados e combinaram de se encontrar na Consolação após se perderem durante os festejos. Ali, o cabeleireiro desferiu socos e chegou até a bater a cabeça da jovem contra a parede. Amigas dela, no entanto, dão outra versão. Dizem que ela estava conversando com cerca de cinco amigas após participar de um bloco na rua Augusta, quando o cabeleireiro apareceu visivel­mente bêbado e teria agarrado a jovem, exigindo um beijo. Inconformado com a recusa, teria então passado a agredi-la. "Foi horrí­vel. Uma cena lamentável", disse uma foliona que pre­senciou a cena e não quis se identificar. Segundo elas, a jovem disse que havia conversado com ele antes da agressão. A reportagem não localizou a defesa do acusa­do. O caso foi registrado como ato de lesão corporal. A fiança para o caso foi estabelecida em R$ 900. Até a conclusão desta edição, o agressor não havia feito o pagamento e seguia preso.
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Após barrar importação, Hong Kong retira carne brasileira do mercado
Hong Kong, que no início da semana decidiu suspender suas importações de carne brasileira, anunciou nesta sexta-feira (24) a retirada da carne supostamente adulterada procedente de alguns dos 21 estabelecimentos investigados na Operação Carne Fraca. A Polícia Federal está investigando o suposto uso de ácidos na carne e a manipulação de rótulos para maquiar produtos que já não estavam aptos para o consumo. O caso afeta um setor-chave da economia do Brasil, o maior exportador do mundo de carne bovina e avícola, e em particular dois gigantes do setor, JBS e BRF. As autoridades afirmam que as exportações caíram de US$ 63 milhões diários a apenas US$ 74 mil. O secretário de Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man, anunciou a "retirada completa de toda a carne fresca, congelada e de ave" importada das fábricas no centro da crise. "Não pudemos eliminar completamente os perigos ocultos em termos de segurança alimentar", disse Ko aos repórteres para explicar sua decisão. Ko ressaltou que seis dos frigoríficos afetados no Brasil exportaram carne a Hong Kong e disse esperar que a ação devolva a confiança aos consumidores em relação à carne brasileira não proveniente dos estabelecimentos envolvidos no escândalo. Carne brasileira no mundo Hong Kong importou carne bovina no valor de US$ 718 milhões em 2016, segundo números do governo brasileiro. Em carne de frango, os envios à China —que também decidiu suspender suas importações— e a Hong Kong representaram 20% do total, segundo dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços). A União Europeia também tem barrado produtos de alguns frigoríficos de carne brasileira. O Japão, o terceiro maior mercado para o frango do Brasil, impôs uma medida similar, enquanto o México suspendeu a entrada de produtos avícolas brasileiros até receber "garantias sanitárias". Por sua vez, Coreia do Sul e Argentina reforçaram seus controles. PROIBIÇÕES 'ARBITRÁRIAS' O governo do presidente Michel Temer convocou os outros 163 membros da OMC (Organização Mundial de Comércio) a não impor proibições arbitrárias à indústria da carne do Brasil, que exporta cerca de US$ 13 bilhões anuais. As autoridades brasileiras estão fazendo malabarismos para conter os danos colaterais após a explosão do escândalo. Após uma investigação de mais de dois anos, a PF revelou um sistema no qual os inspetores sanitários recebiam subornos de empresários para autorizar o comércio de carnes não aptas para o consumo humano. Desde então, ocorreram mais de 30 prisões e três frigoríficos foram fechados. O secretário de Saúde de Hong Kong explicou que a proibição total de importar carne brasileira será mantida até que "obtenhamos a garantia das autoridades brasileiras de que sua investigação se limita a estes 21 frigoríficos". Ko acrescentou que qualquer produto que estivesse chegando ao enclave chinês procedente do Brasil poderia entrar, mas permaneceria selado até o fim das investigações. Em sua carta à OMC, o Brasil insiste que lida com apenas algumas maçãs podres e que a indústria alimentar brasileira tem boa saúde. Segundo o governo, dos 11 mil funcionários do ministério da Agricultura, 2.300 trabalham como inspetores de produtos de carne e apenas 33 indivíduos estão sendo investigados por conduta imprópria. De onde vem Para onde vai
mercado
Após barrar importação, Hong Kong retira carne brasileira do mercadoHong Kong, que no início da semana decidiu suspender suas importações de carne brasileira, anunciou nesta sexta-feira (24) a retirada da carne supostamente adulterada procedente de alguns dos 21 estabelecimentos investigados na Operação Carne Fraca. A Polícia Federal está investigando o suposto uso de ácidos na carne e a manipulação de rótulos para maquiar produtos que já não estavam aptos para o consumo. O caso afeta um setor-chave da economia do Brasil, o maior exportador do mundo de carne bovina e avícola, e em particular dois gigantes do setor, JBS e BRF. As autoridades afirmam que as exportações caíram de US$ 63 milhões diários a apenas US$ 74 mil. O secretário de Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man, anunciou a "retirada completa de toda a carne fresca, congelada e de ave" importada das fábricas no centro da crise. "Não pudemos eliminar completamente os perigos ocultos em termos de segurança alimentar", disse Ko aos repórteres para explicar sua decisão. Ko ressaltou que seis dos frigoríficos afetados no Brasil exportaram carne a Hong Kong e disse esperar que a ação devolva a confiança aos consumidores em relação à carne brasileira não proveniente dos estabelecimentos envolvidos no escândalo. Carne brasileira no mundo Hong Kong importou carne bovina no valor de US$ 718 milhões em 2016, segundo números do governo brasileiro. Em carne de frango, os envios à China —que também decidiu suspender suas importações— e a Hong Kong representaram 20% do total, segundo dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços). A União Europeia também tem barrado produtos de alguns frigoríficos de carne brasileira. O Japão, o terceiro maior mercado para o frango do Brasil, impôs uma medida similar, enquanto o México suspendeu a entrada de produtos avícolas brasileiros até receber "garantias sanitárias". Por sua vez, Coreia do Sul e Argentina reforçaram seus controles. PROIBIÇÕES 'ARBITRÁRIAS' O governo do presidente Michel Temer convocou os outros 163 membros da OMC (Organização Mundial de Comércio) a não impor proibições arbitrárias à indústria da carne do Brasil, que exporta cerca de US$ 13 bilhões anuais. As autoridades brasileiras estão fazendo malabarismos para conter os danos colaterais após a explosão do escândalo. Após uma investigação de mais de dois anos, a PF revelou um sistema no qual os inspetores sanitários recebiam subornos de empresários para autorizar o comércio de carnes não aptas para o consumo humano. Desde então, ocorreram mais de 30 prisões e três frigoríficos foram fechados. O secretário de Saúde de Hong Kong explicou que a proibição total de importar carne brasileira será mantida até que "obtenhamos a garantia das autoridades brasileiras de que sua investigação se limita a estes 21 frigoríficos". Ko acrescentou que qualquer produto que estivesse chegando ao enclave chinês procedente do Brasil poderia entrar, mas permaneceria selado até o fim das investigações. Em sua carta à OMC, o Brasil insiste que lida com apenas algumas maçãs podres e que a indústria alimentar brasileira tem boa saúde. Segundo o governo, dos 11 mil funcionários do ministério da Agricultura, 2.300 trabalham como inspetores de produtos de carne e apenas 33 indivíduos estão sendo investigados por conduta imprópria. De onde vem Para onde vai
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Alunos de escolas técnicas de SP voltam a receber merenda no almoço
Os alunos de período integral das Etecs (Escolas Técnicas Estaduais), sob a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), começaram a receber, na segunda-feira (22), merenda no almoço (pratos quentes) fornecida pelo governo do Estado. A reportagem esteve nas Etecs Parque da Juventude, em Santana, e Albert Einstein, na Casa Verde, na zona norte, e na Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) Bom Retiro, no centro. A Albert Einstein ainda não tem o serviço. No intervalo entre aulas, ainda é servida merenda seca. Segundo o Centro Paula Souza, que administra as Etecs, o cardápio é padronizado para as 53 unidades. Nesta terça (23), o menu era arroz, feijão-carioca, frango, salada de berinjela e banana. Os alunos recebem um tíquete e o trocam pela refeição, servida em pratos de vidro. O centro afirmou que a Albert Einstein será adaptada para servir a merenda "no início de setembro." Neste ano, estudantes de escolas técnicas ocuparam unidades e a sede do Centro Paula Souza reivindicando o fornecimento de refeições.
educacao
Alunos de escolas técnicas de SP voltam a receber merenda no almoçoOs alunos de período integral das Etecs (Escolas Técnicas Estaduais), sob a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), começaram a receber, na segunda-feira (22), merenda no almoço (pratos quentes) fornecida pelo governo do Estado. A reportagem esteve nas Etecs Parque da Juventude, em Santana, e Albert Einstein, na Casa Verde, na zona norte, e na Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) Bom Retiro, no centro. A Albert Einstein ainda não tem o serviço. No intervalo entre aulas, ainda é servida merenda seca. Segundo o Centro Paula Souza, que administra as Etecs, o cardápio é padronizado para as 53 unidades. Nesta terça (23), o menu era arroz, feijão-carioca, frango, salada de berinjela e banana. Os alunos recebem um tíquete e o trocam pela refeição, servida em pratos de vidro. O centro afirmou que a Albert Einstein será adaptada para servir a merenda "no início de setembro." Neste ano, estudantes de escolas técnicas ocuparam unidades e a sede do Centro Paula Souza reivindicando o fornecimento de refeições.
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Filme de 'Carrossel' ganha novo trailer; longa estreia em julho
Previsto para estrear em 23 de julho, "Carrossel - O Filme" ganhou um novo trailer nesta semana. O longa é uma continuação da novela infantil do SBT, que atraiu milhares de crianças entre 2012 e 2013. Na história atual, os alunos da Escola Mundial cresceram e vão passar as férias no acampamento do avô da menina Alicia, interpretada pela atriz Fernanda Concon, 12. Eles aproveitam a folga participando de gincanas, até que os empresários Gonzáles (representado pelo cantor Paulo Miklos) e Gonzalito (feito pelo comediante Oscar Filho) aparecem para estragar a brincadeira: eles querem comprar o terreno e transformá-lo em uma grande fábrica poluidora. A partir daí, os garotos abandonam suas diferenças e bolam planos para salvar o lugar. SEQUÊNCIA O romântico Cirilo, a ciumenta Valéria e a "patricinha" Maria Joaquina continuam junto com outros personagens principais da série, com exceção da professora Helena. As gravações foram feitas entre dezembro e janeiro, em um sítio em Engenheiro Marsilac, extremo sul de São Paulo. "A história vai passar uma mensagem importante: devemos brigar sempre 'por' um amigo, e não 'com' um amigo", disse o ator Gustavo Daneluz, 14, na ocasião. Na época, a distribuidora Paris Filmes divulgou que o filme, dirigido por Alexandre Boury e Mauricio Eça, estrearia em 9 de julho.
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Filme de 'Carrossel' ganha novo trailer; longa estreia em julhoPrevisto para estrear em 23 de julho, "Carrossel - O Filme" ganhou um novo trailer nesta semana. O longa é uma continuação da novela infantil do SBT, que atraiu milhares de crianças entre 2012 e 2013. Na história atual, os alunos da Escola Mundial cresceram e vão passar as férias no acampamento do avô da menina Alicia, interpretada pela atriz Fernanda Concon, 12. Eles aproveitam a folga participando de gincanas, até que os empresários Gonzáles (representado pelo cantor Paulo Miklos) e Gonzalito (feito pelo comediante Oscar Filho) aparecem para estragar a brincadeira: eles querem comprar o terreno e transformá-lo em uma grande fábrica poluidora. A partir daí, os garotos abandonam suas diferenças e bolam planos para salvar o lugar. SEQUÊNCIA O romântico Cirilo, a ciumenta Valéria e a "patricinha" Maria Joaquina continuam junto com outros personagens principais da série, com exceção da professora Helena. As gravações foram feitas entre dezembro e janeiro, em um sítio em Engenheiro Marsilac, extremo sul de São Paulo. "A história vai passar uma mensagem importante: devemos brigar sempre 'por' um amigo, e não 'com' um amigo", disse o ator Gustavo Daneluz, 14, na ocasião. Na época, a distribuidora Paris Filmes divulgou que o filme, dirigido por Alexandre Boury e Mauricio Eça, estrearia em 9 de julho.
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Michael Phelps se despede das piscinas com ouro e aplausos da torcida no Rio
MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO Michael Phelps queria apenas voltar a nadar e ter certeza de que diria adeus sem arrependimentos, sem fantasmas e dúvidas para lhe assombrar. Acabou fazendo muito mais. Por si, pelos EUA e pela natação. O norte-americano liderou a equipe de seu país na conquista do título simbólico da competição do Estádio Aquático. Foram 33 medalhas (16 ouros, nove pratas e oito bronzes) — a melhor campanha dos EUA na natação neste século. A Austrália, que chegou ao Rio com uma nova geração forte, ganhou apenas 10 (três ouros, quatro pratas e três bronzes). A Hungria surgiu na terceira posição graças ao fenômeno Katinka Hosszu, 27, que levou três ouros e uma prata. Phelps, maior medalhista da história dos Jogos Olímpicos, liderou sua equipe na despedida. Conquistou seis medalhas no Rio, cinco douradas. Na carreira, subiu 28 vezes no pódios, 23 delas para pendurar o ouro no pescoço. Em 16 dessas jornadas esteve sozinho. Na Olimpíada brasileira, tornou-se também o atleta com o maior número de conquistas individuais. Na despedida, no entanto, contou com a ajuda dos companheiros. Quando a equipe do 4 x 100 m medley dos EUA foi anunciada, a arena explodiu em gritos. Eram para ele. Só não foram mais altos do que os dirigidos ao Brasil, que terminou em sexto lugar. Ryan Murphy, 21, abriu a prova. O norte-americano, ouro nos 100 m costas, é um dos jovens com 21 anos ou menos que conquistaram quase metade dos pódios das provas individuais no Rio. Uma nova geração com nomes como Katie Ledecky, 19 anos e cinco medalhas olímpicas, e Joseph Schooling, 21, o único a derrotar Phelps no Rio, nos 100 m borboleta. Atletas que guardam até hoje fotos que tiraram com o ídolo quando eram crianças. Campeões inspirados por ele. Murphy quebrou o recorde mundial dos 100 m costas na abertura do revezamento: 51s85. No total, foram oito melhores marcas do mundo e 23 olímpicas superadas na piscina carioca. Em Londres-2009, haviam sido nove. Phelps recebeu a prova de Cody Miller e entregou para Nathan Adrian, que só perdeu a corrida contra a linha do recorde mundial, mas melhorou a marca olímpica: 3min27s95. A Grã-Bretanha ficou com a prata, e a Austrália, com o bronze. Phelps esperava o companheiro chegar com as mãos apoiadas no joelho, olhando para a frente e um quase sorriso no rosto. Ao ver a vitória sacramentada, ergueu as mãos para o alto e comemorou com o time. Sozinho, antes de sair da área da piscina, acenou para o público e ouviu seu nome ser gritado na arena. Estava aposentado. O público esperou mais de 40 minutos para, enfim, assistir à premiação do maior atleta olímpico de todos os tempos. Muita gente foi embora. Quem ficou pôde aplaudir Phelps no pódio pela última vez. Os norte-americanos abriram um cartaz com "Thank you, Rio" (Obrigado, Rio). Mas quem agradecia eram os torcedores.
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Michael Phelps se despede das piscinas com ouro e aplausos da torcida no Rio MARIANA LAJOLO PAULO ROBERTO CONDE ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO Michael Phelps queria apenas voltar a nadar e ter certeza de que diria adeus sem arrependimentos, sem fantasmas e dúvidas para lhe assombrar. Acabou fazendo muito mais. Por si, pelos EUA e pela natação. O norte-americano liderou a equipe de seu país na conquista do título simbólico da competição do Estádio Aquático. Foram 33 medalhas (16 ouros, nove pratas e oito bronzes) — a melhor campanha dos EUA na natação neste século. A Austrália, que chegou ao Rio com uma nova geração forte, ganhou apenas 10 (três ouros, quatro pratas e três bronzes). A Hungria surgiu na terceira posição graças ao fenômeno Katinka Hosszu, 27, que levou três ouros e uma prata. Phelps, maior medalhista da história dos Jogos Olímpicos, liderou sua equipe na despedida. Conquistou seis medalhas no Rio, cinco douradas. Na carreira, subiu 28 vezes no pódios, 23 delas para pendurar o ouro no pescoço. Em 16 dessas jornadas esteve sozinho. Na Olimpíada brasileira, tornou-se também o atleta com o maior número de conquistas individuais. Na despedida, no entanto, contou com a ajuda dos companheiros. Quando a equipe do 4 x 100 m medley dos EUA foi anunciada, a arena explodiu em gritos. Eram para ele. Só não foram mais altos do que os dirigidos ao Brasil, que terminou em sexto lugar. Ryan Murphy, 21, abriu a prova. O norte-americano, ouro nos 100 m costas, é um dos jovens com 21 anos ou menos que conquistaram quase metade dos pódios das provas individuais no Rio. Uma nova geração com nomes como Katie Ledecky, 19 anos e cinco medalhas olímpicas, e Joseph Schooling, 21, o único a derrotar Phelps no Rio, nos 100 m borboleta. Atletas que guardam até hoje fotos que tiraram com o ídolo quando eram crianças. Campeões inspirados por ele. Murphy quebrou o recorde mundial dos 100 m costas na abertura do revezamento: 51s85. No total, foram oito melhores marcas do mundo e 23 olímpicas superadas na piscina carioca. Em Londres-2009, haviam sido nove. Phelps recebeu a prova de Cody Miller e entregou para Nathan Adrian, que só perdeu a corrida contra a linha do recorde mundial, mas melhorou a marca olímpica: 3min27s95. A Grã-Bretanha ficou com a prata, e a Austrália, com o bronze. Phelps esperava o companheiro chegar com as mãos apoiadas no joelho, olhando para a frente e um quase sorriso no rosto. Ao ver a vitória sacramentada, ergueu as mãos para o alto e comemorou com o time. Sozinho, antes de sair da área da piscina, acenou para o público e ouviu seu nome ser gritado na arena. Estava aposentado. O público esperou mais de 40 minutos para, enfim, assistir à premiação do maior atleta olímpico de todos os tempos. Muita gente foi embora. Quem ficou pôde aplaudir Phelps no pódio pela última vez. Os norte-americanos abriram um cartaz com "Thank you, Rio" (Obrigado, Rio). Mas quem agradecia eram os torcedores.
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Atraso em portos fará país perder R$ 220 bi em quatro anos
Com a demora para concretizar investimentos em oito terminais portuários de São Paulo e Pará, o país poderá deixar de exportar US$ 66 bilhões (R$ 220 bilhões) em quatro anos em grãos e celulose. A estimativa é da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários) com base no volume que será movimentado nos portos incluídos na primeira fase do Programa de Investimentos em Logística II, do governo federal. Os terminais, voltados para o setor de agronegócios, devem demorar cerca de quatro anos para receber as benfeitorias das concessões por causa, principalmente, do tempo para a obtenção de licenças ambientais. "Essas áreas já ficaram 18 meses em análise no Tribunal de Contas da União. Os órgãos públicos deveriam trabalhar de forma harmônica para minimizar o tempo perdido", afirma Wilen Manteli, diretor-presidente da ABTP. Quando concluídos, os terminais terão capacidade para transportar 23 milhões de toneladas de mercadorias ao ano e gerar aproximadamente US$ 12 bilhões em receitas. "Essa demora desestimula as empresas interessadas em disputar as concessões. Algumas devem estar desistindo e pensando em investir em outros locais ou no exterior." Os terminais previstos para a primeira fase ficarão nos portos de Santos (SP), Outeiro, Santarém e Vila do Conde, no Estado do Pará. "Como o Norte não tem grande capacidade, os produtores precisam percorrer caminhos maiores para Santos e Paranaguá (PR). Hoje, estão represando o plantio por não ter como escoar." Infográfico Ancorado * O que estou lendo: Armando Monteiro Neto, ministro do Mdic O ministro Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) costuma ler dois livros ao mesmo tempo. Atualmente, o primeiro deles é "O Fim do Poder", de Moisés Naim. "O livro oferece uma análise de grande interesse sobre a anatomia e os limites do poder, sobretudo das estruturas tradicionais de poder, que passam por grandes transformações". A segunda leitura, no campo da literatura, é "Vida e Destino", de Vassili Grossman. "O autor, considerado o Tolstói do século 20, retrata no romance épico a Rússia em um período importante [a Segunda Guerra Mundial]". * Apetite paulistano A Cia. Tradicional de Comércio, dona de bares e restaurantes como Bráz, Ici, Pirajá, Lanchonete da Cidade, Original e Astor, abrirá três restaurantes em São Paulo até o fim do ano. Outras duas operações já foram inauguradas desde janeiro. O número está dentro da média dos últimos três anos. "Sentimos a retração do mercado, principalmente pelo movimento fraco nos primeiros dias de semana", diz o sócio Ricardo Garrido. "Mas esse momento de crise vai passar e temos de estar bem posicionados para quando isso acontecer", acrescenta o empresário. "Não temos um projeto de marca nova e, se tivéssemos, provavelmente não faríamos. Pois aí teria mais investimento e risco." A empresa, dona de 25 operações no total, pretende entrar no mercado de Belo Horizonte. Esse plano, porém, está atrasado devido à crise. Para o Rio, onde atua com três casas, o grupo planeja uma nova unidade em 2016. Garrido projeta uma alta de 25% no faturamento (sem considerar a inflação) para este ano. O grupo tem 1.200 funcionários e recebe cerca de 300 mil clientes por mês. * Brinde nacional As vendas de vinhos, sucos de uva e espumantes no país avançaram 4,65% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. No total, foram comercializados 177,7 milhões de litros, segundo o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). "A alta do dólar tem ajudado", afirma o presidente do conselho da entidade, Moacir Mazzarollo. As importações das bebidas recuaram 1,9% entre janeiro e junho. "O vinho nacional deixou de ter visibilidade de produto de segunda classe. Ainda não é visto como de primeira, mas já é considerado de boa qualidade." Dos segmentos analisados, apenas o de vinho de mesa caiu no período (-0,01%). O de vinhos finos e espumantes cresceu 10,21%. Mazzarollo projeta que o setor terminará o ano com um desempenho ainda melhor, pois as vendas são mais elevadas no segundo semestre. Infográfico Taça Cheia * Luz O Fundo Verde da UFRJ, que financia projetos sustentáveis, terá um parque de energia solar dentro do campus. A energia gerada irá para o consumo da universidade e o excedente será inserido na rede da distribuidora Light. Oxigênio A White Martins desenvolveu um semirreboque para transporte que emite 14% menos CO2 e possibilita estocar 29 mil litros de gases. O veículo consumirá, por ano, 7.000 litros de diesel a menos que os convencionais. * Hora do café com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI
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Atraso em portos fará país perder R$ 220 bi em quatro anosCom a demora para concretizar investimentos em oito terminais portuários de São Paulo e Pará, o país poderá deixar de exportar US$ 66 bilhões (R$ 220 bilhões) em quatro anos em grãos e celulose. A estimativa é da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários) com base no volume que será movimentado nos portos incluídos na primeira fase do Programa de Investimentos em Logística II, do governo federal. Os terminais, voltados para o setor de agronegócios, devem demorar cerca de quatro anos para receber as benfeitorias das concessões por causa, principalmente, do tempo para a obtenção de licenças ambientais. "Essas áreas já ficaram 18 meses em análise no Tribunal de Contas da União. Os órgãos públicos deveriam trabalhar de forma harmônica para minimizar o tempo perdido", afirma Wilen Manteli, diretor-presidente da ABTP. Quando concluídos, os terminais terão capacidade para transportar 23 milhões de toneladas de mercadorias ao ano e gerar aproximadamente US$ 12 bilhões em receitas. "Essa demora desestimula as empresas interessadas em disputar as concessões. Algumas devem estar desistindo e pensando em investir em outros locais ou no exterior." Os terminais previstos para a primeira fase ficarão nos portos de Santos (SP), Outeiro, Santarém e Vila do Conde, no Estado do Pará. "Como o Norte não tem grande capacidade, os produtores precisam percorrer caminhos maiores para Santos e Paranaguá (PR). Hoje, estão represando o plantio por não ter como escoar." Infográfico Ancorado * O que estou lendo: Armando Monteiro Neto, ministro do Mdic O ministro Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) costuma ler dois livros ao mesmo tempo. Atualmente, o primeiro deles é "O Fim do Poder", de Moisés Naim. "O livro oferece uma análise de grande interesse sobre a anatomia e os limites do poder, sobretudo das estruturas tradicionais de poder, que passam por grandes transformações". A segunda leitura, no campo da literatura, é "Vida e Destino", de Vassili Grossman. "O autor, considerado o Tolstói do século 20, retrata no romance épico a Rússia em um período importante [a Segunda Guerra Mundial]". * Apetite paulistano A Cia. Tradicional de Comércio, dona de bares e restaurantes como Bráz, Ici, Pirajá, Lanchonete da Cidade, Original e Astor, abrirá três restaurantes em São Paulo até o fim do ano. Outras duas operações já foram inauguradas desde janeiro. O número está dentro da média dos últimos três anos. "Sentimos a retração do mercado, principalmente pelo movimento fraco nos primeiros dias de semana", diz o sócio Ricardo Garrido. "Mas esse momento de crise vai passar e temos de estar bem posicionados para quando isso acontecer", acrescenta o empresário. "Não temos um projeto de marca nova e, se tivéssemos, provavelmente não faríamos. Pois aí teria mais investimento e risco." A empresa, dona de 25 operações no total, pretende entrar no mercado de Belo Horizonte. Esse plano, porém, está atrasado devido à crise. Para o Rio, onde atua com três casas, o grupo planeja uma nova unidade em 2016. Garrido projeta uma alta de 25% no faturamento (sem considerar a inflação) para este ano. O grupo tem 1.200 funcionários e recebe cerca de 300 mil clientes por mês. * Brinde nacional As vendas de vinhos, sucos de uva e espumantes no país avançaram 4,65% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. No total, foram comercializados 177,7 milhões de litros, segundo o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). "A alta do dólar tem ajudado", afirma o presidente do conselho da entidade, Moacir Mazzarollo. As importações das bebidas recuaram 1,9% entre janeiro e junho. "O vinho nacional deixou de ter visibilidade de produto de segunda classe. Ainda não é visto como de primeira, mas já é considerado de boa qualidade." Dos segmentos analisados, apenas o de vinho de mesa caiu no período (-0,01%). O de vinhos finos e espumantes cresceu 10,21%. Mazzarollo projeta que o setor terminará o ano com um desempenho ainda melhor, pois as vendas são mais elevadas no segundo semestre. Infográfico Taça Cheia * Luz O Fundo Verde da UFRJ, que financia projetos sustentáveis, terá um parque de energia solar dentro do campus. A energia gerada irá para o consumo da universidade e o excedente será inserido na rede da distribuidora Light. Oxigênio A White Martins desenvolveu um semirreboque para transporte que emite 14% menos CO2 e possibilita estocar 29 mil litros de gases. O veículo consumirá, por ano, 7.000 litros de diesel a menos que os convencionais. * Hora do café com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI
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Crowdfunding ajuda paulistanos a financiar de orquídeas a separatismo
MAGÊ FLORES RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Transformar apoio e admiração de amigos e conhecidos em dinheiro para bancar uma ideia. Em tempos de reinvenção pessoal e crise econômica, a proposta do crowdfunding, ou financiamento coletivo, vem fazendo sucesso no Brasil. Só o site Catarse, o maior do tipo no país, possui hoje mais de 1.700 campanhas no ar e já levantou R$ 49 milhões. Em São Paulo, há quem busque ajuda para montar uma quitanda de orgânicos, plantar orquídeas na beira do rio, publicar um livro de nus masculinos, reformar o próprio apartamento e separar o Estado do resto do país, em um "SampAdeus". Para quem ajuda pode haver recompensa, às vezes simbólica. Nesse mar de projetos, um recentemente deu o que falar. O vencedor do programa "MasterChef", Leonardo Young, a guru do empreendedorismo Bel Pesce e o blogueiro Zé Soares pediram R$ 200 mil para abrir a hamburgueria Zebeleo, mas foram tão criticados na internet que desistiram. Bel Pesce é experiente em crowdfunding. Ela é uma das que mais arrecadou dinheiro no Brasil assim: em duas campanhas, obteve ao todo R$ 1,6 milhão para fazer palestras sobre empreendedorismo país afora. "Apesar da polêmica, a campanha foi bem-sucedida, arrecadou R$ 20 mil em um dia", analisa Candice Pascoal, fundadora do Kickante. Para ela, o trio errou ao se comunicar mal com o público que não os conhecia direito. "Crowdfunding serve para isso: ver se sua ideia será bem recebida pelo mercado antes de ser colocada em prática." Nesses sites, é comum encontrar campanhas para financiar livros, discos e outros itens culturais. Nesses casos, a recompensa é o produto final (na prática, trata-se da pré-venda de algo que ainda não existe, diminuindo os riscos de quem empreende). As "vaquinhas virtuais" chegaram com força ao Brasil no início da década. "No começo, havia mais empolgação em contribuir. Hoje, é preciso investir, contar uma boa história e ter recompensas interessantes", diz Diego Reeberg, que criou o site Catarse, em 2011. A equipe por trás do Pimp My Carroça, que usa financiamento coletivo para "turbinar" as carroças de catadores de lixo, acredita que informar sobre o destino do dinheiro deve ser uma das contrapartidas. "A gente posta tudo o que faz. Fazemos para manter a confiança", diz a gestora Daniela Teixeira. "Não podemos banalizar o uso da ferramenta, na linha de se tornar algo para divulgar uma ideia. Com ela, você cria uma rede, comunica, é algo para além do financiamento. Usar não por essa essência, mas pelo resto, pode distorcer o propósito." * EXTERIOR Se no Brasil predominam campanhas de cunho social, lá fora o uso da ferramenta é amplo. "Aqui ainda existe um temor. O crowdfunding poderia ser usado para mais coisas, como campanhas eleitorais, algo comum nos EUA, e até para comprar um pedaço de uma start-up", diz Ronaldo Lemos, fundador do Instituto de Tecnologia e Sociedade e colunista da Folha. Com a crise, sites de crowdfunding registraram aumento na demanda. No Kickante, o valor arrecadado no primeiro semestre triplicou em relação a 2015. Como empresas passaram a ter menos dinheiro disponível, pedir na internet virou alternativa. "O sistema de empréstimo bancário é muito rígido no Brasil, o que abre espaço para formas de financiamento criativas", diz Istvan Kasznar, professor de economia na FGV. "No país, obter dinheiro para projeto social tem o mesmo custo do que o de empreender para lucrar", analisa Maurício Turra, coordenador do ESPM Social Business Centre. Mas é preciso levar em conta alguns custos, que podem ser maiores do que os juros tradicionais (os sites cobram até 13% do valor arrecadado). "Há um pouco de ilusão: R$ 65 mil podem virar R$ 20 mil com a taxa do site, produtos, cachês e gastos com envio. Aqui, o resto veio com patrocínio", conta Bia Bittencourt, idealizadora da Feira Plana que abriu, neste ano a Casa Plana (leia mais abaixo). * ONDE TEM? Projetos financiados coletivamente na capital: Mil Orquídeas Já foram plantadas 800 orquídeas nas margens do rio Pinheiros, de uma espécie nativa que desapareceu (milorquideasmarginais.com ) Cidade Azul Para "revelar" os rios "escondidos" sob o asfalto, criou expedições urbanas percorrendo o trajeto das águas e áudio-guias. No site: saopaulo.blue. Komborgânica A Kombi que vende orgânicos pode virar uma quitanda na Pompéia, Ainda em financiamento no catarse.me/komborganica Comida Síria O refugiado sírio Talal Al-Tinawi fez campanha para abrir o Talal Culinária Síria (tel. 3360-2595), que serve esfirras, homus, coalhada e tabule. Leia mais aqui. Casa Plana A Feira Plana, evento de publicações independentes, ganhou espaço com biblioteca pública e cursos (facebook.com/planacasa) Pimp My Carroça O projeto do grafiteiro Mundano (pimpmycarroca.com ) instala itens de segurança e colore carroças de catadores de lixo reciclável
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Crowdfunding ajuda paulistanos a financiar de orquídeas a separatismoMAGÊ FLORES RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Transformar apoio e admiração de amigos e conhecidos em dinheiro para bancar uma ideia. Em tempos de reinvenção pessoal e crise econômica, a proposta do crowdfunding, ou financiamento coletivo, vem fazendo sucesso no Brasil. Só o site Catarse, o maior do tipo no país, possui hoje mais de 1.700 campanhas no ar e já levantou R$ 49 milhões. Em São Paulo, há quem busque ajuda para montar uma quitanda de orgânicos, plantar orquídeas na beira do rio, publicar um livro de nus masculinos, reformar o próprio apartamento e separar o Estado do resto do país, em um "SampAdeus". Para quem ajuda pode haver recompensa, às vezes simbólica. Nesse mar de projetos, um recentemente deu o que falar. O vencedor do programa "MasterChef", Leonardo Young, a guru do empreendedorismo Bel Pesce e o blogueiro Zé Soares pediram R$ 200 mil para abrir a hamburgueria Zebeleo, mas foram tão criticados na internet que desistiram. Bel Pesce é experiente em crowdfunding. Ela é uma das que mais arrecadou dinheiro no Brasil assim: em duas campanhas, obteve ao todo R$ 1,6 milhão para fazer palestras sobre empreendedorismo país afora. "Apesar da polêmica, a campanha foi bem-sucedida, arrecadou R$ 20 mil em um dia", analisa Candice Pascoal, fundadora do Kickante. Para ela, o trio errou ao se comunicar mal com o público que não os conhecia direito. "Crowdfunding serve para isso: ver se sua ideia será bem recebida pelo mercado antes de ser colocada em prática." Nesses sites, é comum encontrar campanhas para financiar livros, discos e outros itens culturais. Nesses casos, a recompensa é o produto final (na prática, trata-se da pré-venda de algo que ainda não existe, diminuindo os riscos de quem empreende). As "vaquinhas virtuais" chegaram com força ao Brasil no início da década. "No começo, havia mais empolgação em contribuir. Hoje, é preciso investir, contar uma boa história e ter recompensas interessantes", diz Diego Reeberg, que criou o site Catarse, em 2011. A equipe por trás do Pimp My Carroça, que usa financiamento coletivo para "turbinar" as carroças de catadores de lixo, acredita que informar sobre o destino do dinheiro deve ser uma das contrapartidas. "A gente posta tudo o que faz. Fazemos para manter a confiança", diz a gestora Daniela Teixeira. "Não podemos banalizar o uso da ferramenta, na linha de se tornar algo para divulgar uma ideia. Com ela, você cria uma rede, comunica, é algo para além do financiamento. Usar não por essa essência, mas pelo resto, pode distorcer o propósito." * EXTERIOR Se no Brasil predominam campanhas de cunho social, lá fora o uso da ferramenta é amplo. "Aqui ainda existe um temor. O crowdfunding poderia ser usado para mais coisas, como campanhas eleitorais, algo comum nos EUA, e até para comprar um pedaço de uma start-up", diz Ronaldo Lemos, fundador do Instituto de Tecnologia e Sociedade e colunista da Folha. Com a crise, sites de crowdfunding registraram aumento na demanda. No Kickante, o valor arrecadado no primeiro semestre triplicou em relação a 2015. Como empresas passaram a ter menos dinheiro disponível, pedir na internet virou alternativa. "O sistema de empréstimo bancário é muito rígido no Brasil, o que abre espaço para formas de financiamento criativas", diz Istvan Kasznar, professor de economia na FGV. "No país, obter dinheiro para projeto social tem o mesmo custo do que o de empreender para lucrar", analisa Maurício Turra, coordenador do ESPM Social Business Centre. Mas é preciso levar em conta alguns custos, que podem ser maiores do que os juros tradicionais (os sites cobram até 13% do valor arrecadado). "Há um pouco de ilusão: R$ 65 mil podem virar R$ 20 mil com a taxa do site, produtos, cachês e gastos com envio. Aqui, o resto veio com patrocínio", conta Bia Bittencourt, idealizadora da Feira Plana que abriu, neste ano a Casa Plana (leia mais abaixo). * ONDE TEM? Projetos financiados coletivamente na capital: Mil Orquídeas Já foram plantadas 800 orquídeas nas margens do rio Pinheiros, de uma espécie nativa que desapareceu (milorquideasmarginais.com ) Cidade Azul Para "revelar" os rios "escondidos" sob o asfalto, criou expedições urbanas percorrendo o trajeto das águas e áudio-guias. No site: saopaulo.blue. Komborgânica A Kombi que vende orgânicos pode virar uma quitanda na Pompéia, Ainda em financiamento no catarse.me/komborganica Comida Síria O refugiado sírio Talal Al-Tinawi fez campanha para abrir o Talal Culinária Síria (tel. 3360-2595), que serve esfirras, homus, coalhada e tabule. Leia mais aqui. Casa Plana A Feira Plana, evento de publicações independentes, ganhou espaço com biblioteca pública e cursos (facebook.com/planacasa) Pimp My Carroça O projeto do grafiteiro Mundano (pimpmycarroca.com ) instala itens de segurança e colore carroças de catadores de lixo reciclável
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PT está velho e perdeu utopia, diz Lula, que prega 'revolução' na sigla
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou, nesta segunda-feira (22), uma "revolução" no PT e afirmou que a sigla tem os vícios de todo partido que cresce e chega ao poder. "Não sei se o defeito é nosso, se é do governo. O PT perdeu a utopia", afirmou. Lula disse ainda que os correligionários "só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito", em referência a cargos no governo federal e disputas eleitorais. "Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto", discursou ele, durante seminário "Novos desafios da democracia" promovido pelo Instituto Lula com a presença do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González. Filiado ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), ele foi convidado a falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011). 'AFLIÇÃO POLÍTICA' González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticíclicas. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem "muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento". "Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica." O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras. Em sua fala, Okamotto questionou a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a "complicam". Ele definiu democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas" e disse que fica "com uma grande pulga atrás da orelha" sobre como consolidá-la no país. "Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico", afirmou. Segundo ele, a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças. "Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção", discursou. INTERNACIONAL Participante do encontro, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que governos eleitos estão "sofrendo fortes ataques" na América Latina. E perguntou a González sua opinião a respeito. O espanhol –um dos críticos do governo Maduro– respondeu que um governo que não respeita as forças políticas de seu país perde a legitimidade, as eleições e a natureza. Questionado especificamente sobre sua viagem a Venezuela, González disse que está "preocupado" com a crise enfrentada pela Venezuela porque acha improvável que o governo esteja aberto ao diálogo. "Não acredito em conspiração internacional golpista para derrubar os governos", disse. Ele disse ainda que está preocupado com ondas de intolerância no Brasil. "Vejo sinais de intolerância. Fico preocupado porque o Brasil é um país de tolerância, de convivência." Ao lado de González, Lula também criticou o assassinato do ditador Saddam Hussein. "Alguma vez ele te causou problema?", perguntou a González. A programação original não previa um discurso de Lula –o petista pediu a vez quando o tema foi imprensa. Ao ouvir o debate sobre Venezuela, Lula mandou um bilhete para a assessora Clara Ant, que presidia a mesa, avisando a intenção de falar. "Nem tem muita oposição aqui. A oposição [no Brasil] é pela imprensa", disse ele, defendendo a regulamentação da mídia e afirmando que "nove famílias controlam" o setor no país.
poder
PT está velho e perdeu utopia, diz Lula, que prega 'revolução' na siglaO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou, nesta segunda-feira (22), uma "revolução" no PT e afirmou que a sigla tem os vícios de todo partido que cresce e chega ao poder. "Não sei se o defeito é nosso, se é do governo. O PT perdeu a utopia", afirmou. Lula disse ainda que os correligionários "só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito", em referência a cargos no governo federal e disputas eleitorais. "Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto", discursou ele, durante seminário "Novos desafios da democracia" promovido pelo Instituto Lula com a presença do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González. Filiado ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), ele foi convidado a falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011). 'AFLIÇÃO POLÍTICA' González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticíclicas. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem "muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento". "Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica." O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras. Em sua fala, Okamotto questionou a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a "complicam". Ele definiu democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas" e disse que fica "com uma grande pulga atrás da orelha" sobre como consolidá-la no país. "Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico", afirmou. Segundo ele, a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças. "Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção", discursou. INTERNACIONAL Participante do encontro, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que governos eleitos estão "sofrendo fortes ataques" na América Latina. E perguntou a González sua opinião a respeito. O espanhol –um dos críticos do governo Maduro– respondeu que um governo que não respeita as forças políticas de seu país perde a legitimidade, as eleições e a natureza. Questionado especificamente sobre sua viagem a Venezuela, González disse que está "preocupado" com a crise enfrentada pela Venezuela porque acha improvável que o governo esteja aberto ao diálogo. "Não acredito em conspiração internacional golpista para derrubar os governos", disse. Ele disse ainda que está preocupado com ondas de intolerância no Brasil. "Vejo sinais de intolerância. Fico preocupado porque o Brasil é um país de tolerância, de convivência." Ao lado de González, Lula também criticou o assassinato do ditador Saddam Hussein. "Alguma vez ele te causou problema?", perguntou a González. A programação original não previa um discurso de Lula –o petista pediu a vez quando o tema foi imprensa. Ao ouvir o debate sobre Venezuela, Lula mandou um bilhete para a assessora Clara Ant, que presidia a mesa, avisando a intenção de falar. "Nem tem muita oposição aqui. A oposição [no Brasil] é pela imprensa", disse ele, defendendo a regulamentação da mídia e afirmando que "nove famílias controlam" o setor no país.
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Europa dá sinal verde a tratamento preventivo contra o HIV
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deu sinal verde nesta sexta (22) para a comercialização na União Europeia (UE) do remédio Truvada para uso preventivo contra a Aids. O medicamento já é autorizado para tratamento permanente da infecção pelo HIV. A EMA "recomendou autorizar a comercialização na UE do Truvada (associação de tenofovir disoproxil e entricitabina) para um tratamento profilático prévio à exposição (...) com a finalidade de reduzir o risco de infecção pelo HIV de adultos que apresentem um risco elevado" de contágio. A agência lembra que o medicamento foi autorizado inicialmente em 2005 na UE para tratar adultos infectados com HIV, "combinado com ao menos outro antiviral". Para autorizar o remédio a título preventivo, a agência se baseou em estudos que demonstraram sua eficácia para os pacientes. A EMA afirma que a autorização do Truvada —um coquetel de antirretrovirais do laboratório americano Gilead— como método pré-exposição ainda será submetida à aprovação final da Comissão Europeia. Após o aval desta, cada membro do bloco tomará sua própria decisão sobre o preço e o reembolso do remédio pelos sistemas de saúde. No final de 2015, a França autorizou o uso do medicamento para prevenção "de forma limitada" em hospitais, assim como o reembolso de 100% do valor do remédio, se convertendo no primeiro país europeu e o segundo do mundo, atrás dos Estados Unidos, a dar sinal verde à utilização do Truvada como tratamento preventivo da Aids. Em junho, o ministério francês da saúde autorizou sua prescrição em centros gratuitos de informação sobre a Aids. A EMA, assim como a França há alguns meses, lembra que o Truvada deve "fazer parte de uma estratégia global de prevenção" e que não deveria substituir o uso do preservativo, "a única forma de se proteger do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis". A decisão da França foi motivada pelo fato de que o Truvada responde a uma realidade: algumas pessoas com alto risco de contágio, principalmente homossexuais e transexuais, são menos receptivas aos métodos tradicionais de prevenção. SUS O acesso, através do SUS, ao método de prevenção de infecção por HIV, conhecido como PrEP, também foi anunciado nesta semana. Ele estará disponível a partir de início de 2017 no máximo, segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
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Europa dá sinal verde a tratamento preventivo contra o HIVA Agência Europeia de Medicamentos (EMA) deu sinal verde nesta sexta (22) para a comercialização na União Europeia (UE) do remédio Truvada para uso preventivo contra a Aids. O medicamento já é autorizado para tratamento permanente da infecção pelo HIV. A EMA "recomendou autorizar a comercialização na UE do Truvada (associação de tenofovir disoproxil e entricitabina) para um tratamento profilático prévio à exposição (...) com a finalidade de reduzir o risco de infecção pelo HIV de adultos que apresentem um risco elevado" de contágio. A agência lembra que o medicamento foi autorizado inicialmente em 2005 na UE para tratar adultos infectados com HIV, "combinado com ao menos outro antiviral". Para autorizar o remédio a título preventivo, a agência se baseou em estudos que demonstraram sua eficácia para os pacientes. A EMA afirma que a autorização do Truvada —um coquetel de antirretrovirais do laboratório americano Gilead— como método pré-exposição ainda será submetida à aprovação final da Comissão Europeia. Após o aval desta, cada membro do bloco tomará sua própria decisão sobre o preço e o reembolso do remédio pelos sistemas de saúde. No final de 2015, a França autorizou o uso do medicamento para prevenção "de forma limitada" em hospitais, assim como o reembolso de 100% do valor do remédio, se convertendo no primeiro país europeu e o segundo do mundo, atrás dos Estados Unidos, a dar sinal verde à utilização do Truvada como tratamento preventivo da Aids. Em junho, o ministério francês da saúde autorizou sua prescrição em centros gratuitos de informação sobre a Aids. A EMA, assim como a França há alguns meses, lembra que o Truvada deve "fazer parte de uma estratégia global de prevenção" e que não deveria substituir o uso do preservativo, "a única forma de se proteger do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis". A decisão da França foi motivada pelo fato de que o Truvada responde a uma realidade: algumas pessoas com alto risco de contágio, principalmente homossexuais e transexuais, são menos receptivas aos métodos tradicionais de prevenção. SUS O acesso, através do SUS, ao método de prevenção de infecção por HIV, conhecido como PrEP, também foi anunciado nesta semana. Ele estará disponível a partir de início de 2017 no máximo, segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
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Com passado versátil, Carey Mulligan interpreta sequência de feministas
Carey Mulligan jura se divertir com a armadilha que engendrou para si própria. A atriz inglesa de 30 anos, indicada ao Oscar em 2010 por "Educação", encarnou no cinema, desde então, a fragilizada Irene ("Drive"), a desesperada Sissy ("Shame"), a enigmática Daisy ("O Grande Gatsby") e a agridoce Jane ("Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum", dos irmãos Coen). Papéis que afirmaram uma versatilidade profissional devidamente celebrada por diretores, colegas e público. Mas, decidida a subverter a fama de camaleoa, as duas personagens que emendou no cinema neste ano têm mais semelhanças do que diferenças, às voltas com desejos, conquistas e estigmas ligados ao avanço dos direitos das mulheres desde a virada do século 19. A atriz brinca que, ao olhar para a dupla da ficção, poderia repetir a resposta pronta: "Que nada, nenhum personagem é igual ao outro". Mas aí ela não seria Carey Mulligan. "Não pensei duas vezes em encarnar uma feminista após a outra. Se acharem que estou me prendendo a um nicho, este é, de qualquer forma, o melhor que poderia ter encontrado", aposta a inglesa. "Feminismo se tornou uma palavra feia, gasta, com conotação negativa. Mas a defesa da igualdade, de oportunidades no trabalho e dos direitos civis é uma responsabilidade tanto dos homens quanto das mulheres." As moças valentes do cinema são as protagonistas de "As Sufragistas", que estreia nesta quinta (24), e de "Longe Deste Insensato Mundo", lançado no Brasil diretamente em DVD. Em "As Sufragistas", na Londres do começo do século 20, ela é a lavadeira Maud, personagem criado a partir da biografia de várias trabalhadoras reais que se juntaram ao movimento pelo direito do voto das mulheres britânicas. Coestrelado por Meryl Streep e Helena Bonham Carter, o longa é dirigido por Sarah Gavron ("Brick Lane"), cuja ambição era a de oferecer luz a um movimento social negligenciado até então pelo cinema. "Maud é inicialmente ignorante em relação ao movimento que acontece ao seu redor, mas percebe aos poucos o significado do direito ao voto e se junta a mulheres e homens em um momento inédito para a sociedade britânica até então, com a comunhão entre pessoas de todas as classes sociais em busca de um objetivo comum", afirma Carey à Serafina. A atriz revela que também se surpreendeu com o tamanho do sacrifício imposto às feministas de então -muitas delas encarceradas e torturadas pelo Estado. No filme, Maud marcha ao lado de figuras como Emily Davison, presa por nove vezes e conhecida por suas inúmeras greves de fome, além de Emmeline Pankhurst (1858-1928), uma das mulheres mais emblemáticas do feminismo inglês, interpretada por Meryl Streep. Não foi só no cinema que a atriz encarnou ideais feministas. Depois de temporada de sucesso em Londres, Mulligan entrou em cartaz na Broadway no primeiro semestre na elogiada nova montagem da peça "Skylight", escrita em 1997 pelo inglês David Hare (roteirista de "As Horas" e "O Leitor"), agora dirigida por Stephen Daldry ("Billy Elliott"). Por sua Kyra, alvo de um homem casado com quem teve um romance -e que passa a tentar voltar a vê-la depois da morte de sua mulher-, ela foi indicada ao Tony de melhor atriz. * INSENSATO MUNDO Feminismo não era lugar-comum quando o romancista inglês Thomas Hardy (1840-1928) escreveu, em 1874, "Far From The Madding Crowd". Na adaptação do livro -"Longe Deste Insensato Mundo"-, Carey vive Bathsheba Everdene. A heroína da trama é considerada por críticos literários do mundo todo como uma das primeiras personagens feministas da literatura em língua inglesa. Rebatizado de "Longe Deste Insensato Mundo", mesmo título da produção de 1967, em que Julie Christie tinha o papel principal, a nova versão, sob a batuta do dinamarquês Thomas Vinterberg ("Festa de Família"), é mais fiel ao livro do que ao clássico dirigido por John Schlesinger (1926-2003). Coincidentemente, a feminista Pankhust e o romancista Hardy morreram no ano em que o direito ao voto a todas as mulheres com mais de 21 anos foi finalmente referendado pelo Parlamento britânico, resultado do movimento iniciado em 1872, dois anos antes da publicação de "Far From The Madding Crowd". No fim de "As Sufragistas", a audiência recebe a informação de quando as mulheres puderam enfim votar nos principais países do globo, incluindo o Brasil, que regulamentou o direito ao sufrágio feminino em 1932. "Bathsheba e Maud são, para mim, duas facetas igualmente importantes da luta feminista: uma vista pela ótica do indivíduo, a outra pela da pressão social", diz a atriz. No papel, as afirmações de Carey parecem mais dramáticas do que ao vivo. A mulher do músico Marcus Mumford, da banda folk-pop Mumford & Sons, com quem vive em West London ao lado da filha dos dois, Evelyn, de três meses, parece buscar no interlocutor uma mescla de plateia privilegiada e companheiro de diversão. Combinação traduzida no som gutural, engraçado e assustador, mais reflexo do que resposta a uma questão nem tão hermética assim: se ela, do distante século 21, encontrou partes da Carey de carne e osso em personagens, cada qual a seu modo, tão à frente de seu tempo. ASSISTA AO TRAILER DE "AS SUFRAGISTAS": Vídeo Ela percebe a surpresa do repórter e se apressa em se explicar: "No caso de Bathsheba, jamais trilharia os mesmos caminhos da personagem, sejam os amorosos, sejam os relacionados à administração de sua fazenda. E a Maud, por sua vez, só descobre quem de fato é durante a militância política". Três séculos atravessam Carrie Mulligan ao se dividir, pela ordem cronológica, entre Bathsheba, Maud e a Kyra de "Skylight". "As roupas de época podem esconder a contemporaneidade dos dois filmes. Mas essas mulheres se mostraram abertas para o futuro em momentos históricos mais difíceis que os de hoje", reflete. Daí o interesse da feminista em retratar o nascimento e o desabrochar da mulher moderna, interessada em exercer plenamente sua independência financeira e sentimental. Um ser humano que, nas palavras de Mulligan, "não vê mais sentido em ser controlado por ninguém além de si mesma".
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Com passado versátil, Carey Mulligan interpreta sequência de feministasCarey Mulligan jura se divertir com a armadilha que engendrou para si própria. A atriz inglesa de 30 anos, indicada ao Oscar em 2010 por "Educação", encarnou no cinema, desde então, a fragilizada Irene ("Drive"), a desesperada Sissy ("Shame"), a enigmática Daisy ("O Grande Gatsby") e a agridoce Jane ("Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum", dos irmãos Coen). Papéis que afirmaram uma versatilidade profissional devidamente celebrada por diretores, colegas e público. Mas, decidida a subverter a fama de camaleoa, as duas personagens que emendou no cinema neste ano têm mais semelhanças do que diferenças, às voltas com desejos, conquistas e estigmas ligados ao avanço dos direitos das mulheres desde a virada do século 19. A atriz brinca que, ao olhar para a dupla da ficção, poderia repetir a resposta pronta: "Que nada, nenhum personagem é igual ao outro". Mas aí ela não seria Carey Mulligan. "Não pensei duas vezes em encarnar uma feminista após a outra. Se acharem que estou me prendendo a um nicho, este é, de qualquer forma, o melhor que poderia ter encontrado", aposta a inglesa. "Feminismo se tornou uma palavra feia, gasta, com conotação negativa. Mas a defesa da igualdade, de oportunidades no trabalho e dos direitos civis é uma responsabilidade tanto dos homens quanto das mulheres." As moças valentes do cinema são as protagonistas de "As Sufragistas", que estreia nesta quinta (24), e de "Longe Deste Insensato Mundo", lançado no Brasil diretamente em DVD. Em "As Sufragistas", na Londres do começo do século 20, ela é a lavadeira Maud, personagem criado a partir da biografia de várias trabalhadoras reais que se juntaram ao movimento pelo direito do voto das mulheres britânicas. Coestrelado por Meryl Streep e Helena Bonham Carter, o longa é dirigido por Sarah Gavron ("Brick Lane"), cuja ambição era a de oferecer luz a um movimento social negligenciado até então pelo cinema. "Maud é inicialmente ignorante em relação ao movimento que acontece ao seu redor, mas percebe aos poucos o significado do direito ao voto e se junta a mulheres e homens em um momento inédito para a sociedade britânica até então, com a comunhão entre pessoas de todas as classes sociais em busca de um objetivo comum", afirma Carey à Serafina. A atriz revela que também se surpreendeu com o tamanho do sacrifício imposto às feministas de então -muitas delas encarceradas e torturadas pelo Estado. No filme, Maud marcha ao lado de figuras como Emily Davison, presa por nove vezes e conhecida por suas inúmeras greves de fome, além de Emmeline Pankhurst (1858-1928), uma das mulheres mais emblemáticas do feminismo inglês, interpretada por Meryl Streep. Não foi só no cinema que a atriz encarnou ideais feministas. Depois de temporada de sucesso em Londres, Mulligan entrou em cartaz na Broadway no primeiro semestre na elogiada nova montagem da peça "Skylight", escrita em 1997 pelo inglês David Hare (roteirista de "As Horas" e "O Leitor"), agora dirigida por Stephen Daldry ("Billy Elliott"). Por sua Kyra, alvo de um homem casado com quem teve um romance -e que passa a tentar voltar a vê-la depois da morte de sua mulher-, ela foi indicada ao Tony de melhor atriz. * INSENSATO MUNDO Feminismo não era lugar-comum quando o romancista inglês Thomas Hardy (1840-1928) escreveu, em 1874, "Far From The Madding Crowd". Na adaptação do livro -"Longe Deste Insensato Mundo"-, Carey vive Bathsheba Everdene. A heroína da trama é considerada por críticos literários do mundo todo como uma das primeiras personagens feministas da literatura em língua inglesa. Rebatizado de "Longe Deste Insensato Mundo", mesmo título da produção de 1967, em que Julie Christie tinha o papel principal, a nova versão, sob a batuta do dinamarquês Thomas Vinterberg ("Festa de Família"), é mais fiel ao livro do que ao clássico dirigido por John Schlesinger (1926-2003). Coincidentemente, a feminista Pankhust e o romancista Hardy morreram no ano em que o direito ao voto a todas as mulheres com mais de 21 anos foi finalmente referendado pelo Parlamento britânico, resultado do movimento iniciado em 1872, dois anos antes da publicação de "Far From The Madding Crowd". No fim de "As Sufragistas", a audiência recebe a informação de quando as mulheres puderam enfim votar nos principais países do globo, incluindo o Brasil, que regulamentou o direito ao sufrágio feminino em 1932. "Bathsheba e Maud são, para mim, duas facetas igualmente importantes da luta feminista: uma vista pela ótica do indivíduo, a outra pela da pressão social", diz a atriz. No papel, as afirmações de Carey parecem mais dramáticas do que ao vivo. A mulher do músico Marcus Mumford, da banda folk-pop Mumford & Sons, com quem vive em West London ao lado da filha dos dois, Evelyn, de três meses, parece buscar no interlocutor uma mescla de plateia privilegiada e companheiro de diversão. Combinação traduzida no som gutural, engraçado e assustador, mais reflexo do que resposta a uma questão nem tão hermética assim: se ela, do distante século 21, encontrou partes da Carey de carne e osso em personagens, cada qual a seu modo, tão à frente de seu tempo. ASSISTA AO TRAILER DE "AS SUFRAGISTAS": Vídeo Ela percebe a surpresa do repórter e se apressa em se explicar: "No caso de Bathsheba, jamais trilharia os mesmos caminhos da personagem, sejam os amorosos, sejam os relacionados à administração de sua fazenda. E a Maud, por sua vez, só descobre quem de fato é durante a militância política". Três séculos atravessam Carrie Mulligan ao se dividir, pela ordem cronológica, entre Bathsheba, Maud e a Kyra de "Skylight". "As roupas de época podem esconder a contemporaneidade dos dois filmes. Mas essas mulheres se mostraram abertas para o futuro em momentos históricos mais difíceis que os de hoje", reflete. Daí o interesse da feminista em retratar o nascimento e o desabrochar da mulher moderna, interessada em exercer plenamente sua independência financeira e sentimental. Um ser humano que, nas palavras de Mulligan, "não vê mais sentido em ser controlado por ninguém além de si mesma".
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Não aprendi muito com 'Que Horas Ela Volta?', diz representante de patrões
INGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO Em seu escritório, na sede do sindicato dos empregadores domésticos do Estado de São Paulo, Margareth Carbinato balança a cabeça a cada cena em que Jéssica enfrenta os patrões da mãe, a empregada Val, interpretada por Regina Casé no filme "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert. Jéssica senta na cama do quarto de hóspedes, testando o colchão. "Ninguém dorme aqui?". Na exibição do longa, acompanhada pela sãopaulo, o olhar de Margareth é de reprovação. "Não é porque o doméstico reside na casa que vai poder tomar certas liberdades como se fosse um hóspede. " Presidente de honra e fundadora do sindicato, ela diz que "está faltando no ser humano cada um saber o seu lugar" e critica o que considera falta de profissionalismo das domésticas. sãopaulo - O filme é factível? Gostou? Margareth Carbinato - Não é comum patrão acolher parentes de empregada. Acho que quem escreveu o filme quis dar uma conotação do patrão querendo se impor, mas não quero acreditar nisso, porque na casa o dono deve colocar a ordem. A [Regina] Casé estava maravilhosa, fez o papel de uma empregada consciente. Se sentiu oprimida pelas atitudes da filha. Houve um "abuso" da menina. Gostei do papel da patroa porque ela foi até onde suportou e não ofendeu. Não aprendi muita coisa com o filme e acho que você sempre tem que extrair uma mensagem. Não entendi a mensagem. Os empregadores se colocam no lugar da patroa no filme? É muito fácil você criticar. A Bárbara não tem nada de vilã. Coloque-se no lugar dela, absorva o que aconteceu com ela, na casa dela, para depois falar alguma coisa. Ninguém, em sã consciência, gostaria de ter uma situação dessa na própria casa. Do que os patrões costumam reclamar no sindicato? A queixa é a seguinte: tem empregado que desaparece do emprego e entra na Justiça falando que o patrão mandou embora. O empregador ainda não assimilou a relação empregatícia. Não toma cuidado em ter a documentação do empregado e depois não sabe como fazer. O empregador tem que se conscientizar de que precisa ter os documentos porque a realidade é outra, não é mais aquela relação que anos atrás era mais próxima. O que mudou no comportamento? Tem um ditado que diz "quem nunca comeu mingau, quando come se lambuza". Tenho medo de como caminhará em uns anos, porque hoje ninguém respeita ninguém, todo mundo quer tirar proveito. Não há mais consciência de direitos? Não sou fã desse discurso porque existem profissões que não têm os direitos que os domésticos conquistaram. Agora, não sei como poderia falar, porque não sou da época da escravatura. Quando nasci não existia empregado com bola no pé nem pelourinho. Então resquício de escravatura, como dizem...não é resquício de coisa alguma, é falta de educação. Não é porque conquistei um direito que vou chegar para o patrão e dizer: "seu tonto, agora quero meus direitos". Ele vai dar, não precisa agredir. O que faz uma boa empregada? O respeito mútuo é fundamental em todas as áreas. Eu, como advogada, não vou entrar numa sala de audiência sem pedir licença. Princípios básicos que não precisam ser ditos. É respeito. Essa palavra precisa fazer parte do dia a dia. Então, acho que o que está faltando no ser humano é cada um saber o seu lugar. Você tem direitos, respeite o meu. E a desigualdade no Brasil? Meu amor, desigualdade...A única desigualdade que vi até agora foi um absurdo de que tomei conhecimento. Uma família que tem um hotel no centro da cidade, paga IPTU e, como estavam querendo vender o hotel e é difícil de vender, o local foi invadido pelos sem terra, os sem teto da vida. Quatrocentas famílias. [Os donos do hotel] Entraram na Justiça para reaver o que era deles e aí vem um promotor perguntando onde os proprietários vão colocar as famílias. Se fosse eu, esqueceria a educação que meus pais me deram e daria uma resposta. Eles não puderam fazer nada até agora. Que espécie de governo eu tenho?
saopaulo
Não aprendi muito com 'Que Horas Ela Volta?', diz representante de patrõesINGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO Em seu escritório, na sede do sindicato dos empregadores domésticos do Estado de São Paulo, Margareth Carbinato balança a cabeça a cada cena em que Jéssica enfrenta os patrões da mãe, a empregada Val, interpretada por Regina Casé no filme "Que Horas Ela Volta?", de Anna Muylaert. Jéssica senta na cama do quarto de hóspedes, testando o colchão. "Ninguém dorme aqui?". Na exibição do longa, acompanhada pela sãopaulo, o olhar de Margareth é de reprovação. "Não é porque o doméstico reside na casa que vai poder tomar certas liberdades como se fosse um hóspede. " Presidente de honra e fundadora do sindicato, ela diz que "está faltando no ser humano cada um saber o seu lugar" e critica o que considera falta de profissionalismo das domésticas. sãopaulo - O filme é factível? Gostou? Margareth Carbinato - Não é comum patrão acolher parentes de empregada. Acho que quem escreveu o filme quis dar uma conotação do patrão querendo se impor, mas não quero acreditar nisso, porque na casa o dono deve colocar a ordem. A [Regina] Casé estava maravilhosa, fez o papel de uma empregada consciente. Se sentiu oprimida pelas atitudes da filha. Houve um "abuso" da menina. Gostei do papel da patroa porque ela foi até onde suportou e não ofendeu. Não aprendi muita coisa com o filme e acho que você sempre tem que extrair uma mensagem. Não entendi a mensagem. Os empregadores se colocam no lugar da patroa no filme? É muito fácil você criticar. A Bárbara não tem nada de vilã. Coloque-se no lugar dela, absorva o que aconteceu com ela, na casa dela, para depois falar alguma coisa. Ninguém, em sã consciência, gostaria de ter uma situação dessa na própria casa. Do que os patrões costumam reclamar no sindicato? A queixa é a seguinte: tem empregado que desaparece do emprego e entra na Justiça falando que o patrão mandou embora. O empregador ainda não assimilou a relação empregatícia. Não toma cuidado em ter a documentação do empregado e depois não sabe como fazer. O empregador tem que se conscientizar de que precisa ter os documentos porque a realidade é outra, não é mais aquela relação que anos atrás era mais próxima. O que mudou no comportamento? Tem um ditado que diz "quem nunca comeu mingau, quando come se lambuza". Tenho medo de como caminhará em uns anos, porque hoje ninguém respeita ninguém, todo mundo quer tirar proveito. Não há mais consciência de direitos? Não sou fã desse discurso porque existem profissões que não têm os direitos que os domésticos conquistaram. Agora, não sei como poderia falar, porque não sou da época da escravatura. Quando nasci não existia empregado com bola no pé nem pelourinho. Então resquício de escravatura, como dizem...não é resquício de coisa alguma, é falta de educação. Não é porque conquistei um direito que vou chegar para o patrão e dizer: "seu tonto, agora quero meus direitos". Ele vai dar, não precisa agredir. O que faz uma boa empregada? O respeito mútuo é fundamental em todas as áreas. Eu, como advogada, não vou entrar numa sala de audiência sem pedir licença. Princípios básicos que não precisam ser ditos. É respeito. Essa palavra precisa fazer parte do dia a dia. Então, acho que o que está faltando no ser humano é cada um saber o seu lugar. Você tem direitos, respeite o meu. E a desigualdade no Brasil? Meu amor, desigualdade...A única desigualdade que vi até agora foi um absurdo de que tomei conhecimento. Uma família que tem um hotel no centro da cidade, paga IPTU e, como estavam querendo vender o hotel e é difícil de vender, o local foi invadido pelos sem terra, os sem teto da vida. Quatrocentas famílias. [Os donos do hotel] Entraram na Justiça para reaver o que era deles e aí vem um promotor perguntando onde os proprietários vão colocar as famílias. Se fosse eu, esqueceria a educação que meus pais me deram e daria uma resposta. Eles não puderam fazer nada até agora. Que espécie de governo eu tenho?
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A melhor vingança é ser feliz
"Não desejo mal a ninguém, mas intimamente, quando lembro como fiquei mal, penso que a vida está muito melhor, que a minha felicidade é uma vingancinha gostosa e que sinto prazer em esfregar na cara deles", disse com vergonha, me achando uma pessoa horrível e rancorosa. "Eles que se fodam", respondeu meu doctor Freud. Gargalhamos. Senti um alivio por ele não vir com aquele sermão de que a gente tem que aprender a perdoar. E a sessão terminou. Lembrei dessa conversa por causa da garota que jogou todos os gadgets do namorado dentro de uma banheira cheia de água, depois de descobrir que havia sido traída. Todos. Muitas maçãs reluzentes boiando na espuma. Já fui traída. Quem nunca? Por namorado, por amiga, por colega de trabalho. Traição é aquela dor filha da mãe, misturada com uma raiva filha da puta. Cada um lida de uma forma com a apunhalada. Eu perco a fome, tem gente que perde as estribeiras. Isso não quer dizer que enquanto o sentimento de rejeição machuca minhas entranhas eu não fique silenciosamente planejando vinganças mirabolantes. Quero que sejam mirabolantes, mas quase sempre se resumem a diálogos imaginários, onde cada palavra soa como um tabefe verbal e no final a pessoa se sente uma titica e implora meu perdão. Que eu não dou. Por um instante considerei a moça que afogou os gadgets uma infantiloide despirocada. Passou. E eu senti uma boa dose de inveja do seu sangue frio e de como ela instantaneamente ficou de alma lavada. Literalmente. Enquanto eu sempre passo semanas sofrendo, me sentindo miserável, imaginando que a pessoa que me sacaneou está de bem com a vida, tomando margueritas e rindo da minha cara. Mundo, me desculpe, mas não sou a madre Teresa, e esse negócio de vingança pode até ser feio, mas vem embutido no chip de todos. A diferença entre mim e a Maníaca da Apple é que eu sou uma bundona-civilizada e ela é a mulher-das-cavernas-com-paz-de-espírito-imediata. Quando a gente se sente ofendido, aumenta o fluxo sanguíneo de uma região primitiva do cérebro. Entendeu porque sentimos o sangue subir à cabeça? Porque ele sobe mesmo. Essa partezinha desmiolada processa necessidades básicas, então, o desejo de vingança que sentimos é mais ou menos como a necessidade de comer. Aparece nem que a gente não queira. Instintivamente queremos matar a fome –ou o filho de uma égua que fez a mau caratice. Mas antes que a gente saia correndo atrás de um armado de tacape ou pule na jugular de outro, vem a razão dar um sossega-leão na emoção. Por isso a maioria de nós consegue controlar nosso instintos e não sai se matando por aí. Ufa. O que não quer dizer que o assunto esteja resolvido. Podemos esquecer a pendenga toda e seguir adiante ou ficar dias, meses, anos cultivando a vontade de dar o troco, porque a vingança quando concretizada dá um prazer enorme. Ô, se dá! Mas, segundo a ciência, essa descarga boa de adrenalina do olho por olho tem um efeito prazeroso efêmero, seguido muitas vezes de uma deprê. O que sobra de uma vingança quase sempre é o vazio. Você vai lá, joga as roupas pela janela, martela o carro, espalha que o cara é broxa e acabou. Nada do que a gente faça vai trazer o amor de volta, resolver uma rasteira profissional, refazer uma amizade desleal. Eu sou do tipo que não guarda rancor mas não esquece. Por isso, ainda que raramente, me pego desejando que um ex-namorado morra de diarreia. Pensar sacia minha sede de vingança. Não passo vergonha e ninguém me acha louca. Imagino a sirigaita que me sacaneou no trabalho, de plantão em pleno feriado, enquanto estou na Bahia, tomando umas biritas, torrando a bunda no sol. Vejo um ex dando de cara comigo toda semana na home da Folha e penso: vai ter que me engolir. Deleto com prazer o e-mail de uma amiga, que deu em cima de um bofe, e agora vem me procurar como se nada tivesse acontecido. Na final das contas, sem gritar, espernear, boicotar ou ser sacana, percebi que a vida acaba se vingando pela gente. Acredito mesmo que a melhor vingança é ser feliz, ser amada e fazer sucesso. A gente não precisa levantar um dedo contra ninguém, gente sacana se derruba sozinha.
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A melhor vingança é ser feliz"Não desejo mal a ninguém, mas intimamente, quando lembro como fiquei mal, penso que a vida está muito melhor, que a minha felicidade é uma vingancinha gostosa e que sinto prazer em esfregar na cara deles", disse com vergonha, me achando uma pessoa horrível e rancorosa. "Eles que se fodam", respondeu meu doctor Freud. Gargalhamos. Senti um alivio por ele não vir com aquele sermão de que a gente tem que aprender a perdoar. E a sessão terminou. Lembrei dessa conversa por causa da garota que jogou todos os gadgets do namorado dentro de uma banheira cheia de água, depois de descobrir que havia sido traída. Todos. Muitas maçãs reluzentes boiando na espuma. Já fui traída. Quem nunca? Por namorado, por amiga, por colega de trabalho. Traição é aquela dor filha da mãe, misturada com uma raiva filha da puta. Cada um lida de uma forma com a apunhalada. Eu perco a fome, tem gente que perde as estribeiras. Isso não quer dizer que enquanto o sentimento de rejeição machuca minhas entranhas eu não fique silenciosamente planejando vinganças mirabolantes. Quero que sejam mirabolantes, mas quase sempre se resumem a diálogos imaginários, onde cada palavra soa como um tabefe verbal e no final a pessoa se sente uma titica e implora meu perdão. Que eu não dou. Por um instante considerei a moça que afogou os gadgets uma infantiloide despirocada. Passou. E eu senti uma boa dose de inveja do seu sangue frio e de como ela instantaneamente ficou de alma lavada. Literalmente. Enquanto eu sempre passo semanas sofrendo, me sentindo miserável, imaginando que a pessoa que me sacaneou está de bem com a vida, tomando margueritas e rindo da minha cara. Mundo, me desculpe, mas não sou a madre Teresa, e esse negócio de vingança pode até ser feio, mas vem embutido no chip de todos. A diferença entre mim e a Maníaca da Apple é que eu sou uma bundona-civilizada e ela é a mulher-das-cavernas-com-paz-de-espírito-imediata. Quando a gente se sente ofendido, aumenta o fluxo sanguíneo de uma região primitiva do cérebro. Entendeu porque sentimos o sangue subir à cabeça? Porque ele sobe mesmo. Essa partezinha desmiolada processa necessidades básicas, então, o desejo de vingança que sentimos é mais ou menos como a necessidade de comer. Aparece nem que a gente não queira. Instintivamente queremos matar a fome –ou o filho de uma égua que fez a mau caratice. Mas antes que a gente saia correndo atrás de um armado de tacape ou pule na jugular de outro, vem a razão dar um sossega-leão na emoção. Por isso a maioria de nós consegue controlar nosso instintos e não sai se matando por aí. Ufa. O que não quer dizer que o assunto esteja resolvido. Podemos esquecer a pendenga toda e seguir adiante ou ficar dias, meses, anos cultivando a vontade de dar o troco, porque a vingança quando concretizada dá um prazer enorme. Ô, se dá! Mas, segundo a ciência, essa descarga boa de adrenalina do olho por olho tem um efeito prazeroso efêmero, seguido muitas vezes de uma deprê. O que sobra de uma vingança quase sempre é o vazio. Você vai lá, joga as roupas pela janela, martela o carro, espalha que o cara é broxa e acabou. Nada do que a gente faça vai trazer o amor de volta, resolver uma rasteira profissional, refazer uma amizade desleal. Eu sou do tipo que não guarda rancor mas não esquece. Por isso, ainda que raramente, me pego desejando que um ex-namorado morra de diarreia. Pensar sacia minha sede de vingança. Não passo vergonha e ninguém me acha louca. Imagino a sirigaita que me sacaneou no trabalho, de plantão em pleno feriado, enquanto estou na Bahia, tomando umas biritas, torrando a bunda no sol. Vejo um ex dando de cara comigo toda semana na home da Folha e penso: vai ter que me engolir. Deleto com prazer o e-mail de uma amiga, que deu em cima de um bofe, e agora vem me procurar como se nada tivesse acontecido. Na final das contas, sem gritar, espernear, boicotar ou ser sacana, percebi que a vida acaba se vingando pela gente. Acredito mesmo que a melhor vingança é ser feliz, ser amada e fazer sucesso. A gente não precisa levantar um dedo contra ninguém, gente sacana se derruba sozinha.
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Arquiteta ensina a fazer quadros com pregos e linha
DE SÃO PAULO A técnica de "string art" (ou arte com linha) surgiu no século 19, primeiro para auxiliar no ensino da matemática. Depois, ganhou espaço na decoração com a aplicação em quadros de madeira ou cortiça. "Dá para variar o estilo e fazer peças que combinem com a sala, o quarto ou até a cozinha", diz a arquiteta Bruna Scarpa, do Ateliê Panlola. Para variar os resultados, basta brincar com as cores das linhas, o formato da madeira e a cor. Abaixo, ela ensina o passo a passo da técnica e dá uma sugestão: quem não tiver uma placa de madeira pode usar uma tábua de cozinha.
sobretudo
Arquiteta ensina a fazer quadros com pregos e linha DE SÃO PAULO A técnica de "string art" (ou arte com linha) surgiu no século 19, primeiro para auxiliar no ensino da matemática. Depois, ganhou espaço na decoração com a aplicação em quadros de madeira ou cortiça. "Dá para variar o estilo e fazer peças que combinem com a sala, o quarto ou até a cozinha", diz a arquiteta Bruna Scarpa, do Ateliê Panlola. Para variar os resultados, basta brincar com as cores das linhas, o formato da madeira e a cor. Abaixo, ela ensina o passo a passo da técnica e dá uma sugestão: quem não tiver uma placa de madeira pode usar uma tábua de cozinha.
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Empresas procuram mercado externo para driblar a crise econômica
Esnobado durante anos pela indústria brasileira, o mercado externo foi a rota de fuga encontrada por muitos empresários para tentar sobreviver à recessão no Brasil. O principal impulso veio da desvalorização do real no início do ano, que barateou os produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos fora do país. Nos últimos meses, porém, a moeda voltou a se fortalecer frente ao dólar, gerando incômodo no setor. "Eu comecei a pensar em exportar carvão quando o dólar estava por volta de R$ 4. Também ouvi dizer que o mercado americano estava bom, tendo consumo", afirma Dauro Xavier Júnior, sócio do grupo Viverplan. Entre o início do planejamento e o primeiro embarque para o exterior, em junho deste ano, passaram-se oito meses, período em que as cotações do dólar voltaram a cair. Para se proteger, Xavier Júnior incluiu no contrato de venda uma cláusula estabelecendo que, se a moeda americana caísse muito, ele teria direito a renegociar o acordo. Entre empresas que já exportavam, a crise deu impulso a novos investimentos. BUSCANDO MERCADOS - Número de empresas exportadoras, em mil A empresa de tecnologia Geave exporta desde 2011. Em 2014, ela decidiu abrir um escritório nos Estados Unidos, diz o sócio Luiz Storino Filho. "A desvalorização do real nos favoreceu porque já tínhamos uma base de clientes que pagavam em dólar. Nosso tropeço foi o timing da expansão", afirma Storino. O plano de abertura da unidade americana começou quando o dólar estava na casa dos R$ 4,20. Assim, a empresa fez todo o planejamento contando com uma cotação acima dos R$ 4, o que não se confirmou com o tempo. "Se eu tivesse guardado em real esse investimento que fiz nos EUA, eu teria ganhado a diferença dessa valorização que o Brasil passou nos últimos meses. O resultado do negócio sofreu porque o investimento foi alto", diz.
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Empresas procuram mercado externo para driblar a crise econômicaEsnobado durante anos pela indústria brasileira, o mercado externo foi a rota de fuga encontrada por muitos empresários para tentar sobreviver à recessão no Brasil. O principal impulso veio da desvalorização do real no início do ano, que barateou os produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos fora do país. Nos últimos meses, porém, a moeda voltou a se fortalecer frente ao dólar, gerando incômodo no setor. "Eu comecei a pensar em exportar carvão quando o dólar estava por volta de R$ 4. Também ouvi dizer que o mercado americano estava bom, tendo consumo", afirma Dauro Xavier Júnior, sócio do grupo Viverplan. Entre o início do planejamento e o primeiro embarque para o exterior, em junho deste ano, passaram-se oito meses, período em que as cotações do dólar voltaram a cair. Para se proteger, Xavier Júnior incluiu no contrato de venda uma cláusula estabelecendo que, se a moeda americana caísse muito, ele teria direito a renegociar o acordo. Entre empresas que já exportavam, a crise deu impulso a novos investimentos. BUSCANDO MERCADOS - Número de empresas exportadoras, em mil A empresa de tecnologia Geave exporta desde 2011. Em 2014, ela decidiu abrir um escritório nos Estados Unidos, diz o sócio Luiz Storino Filho. "A desvalorização do real nos favoreceu porque já tínhamos uma base de clientes que pagavam em dólar. Nosso tropeço foi o timing da expansão", afirma Storino. O plano de abertura da unidade americana começou quando o dólar estava na casa dos R$ 4,20. Assim, a empresa fez todo o planejamento contando com uma cotação acima dos R$ 4, o que não se confirmou com o tempo. "Se eu tivesse guardado em real esse investimento que fiz nos EUA, eu teria ganhado a diferença dessa valorização que o Brasil passou nos últimos meses. O resultado do negócio sofreu porque o investimento foi alto", diz.
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Grupo prepara ação no STF por aborto em casos de microcefalia
O grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a discussão sobre aborto de fetos anencéfalos no Supremo Tribunal Federal, acatada em 2012, prepara uma ação similar para pedir à Suprema Corte o direito ao aborto em gestações de bebês com microcefalia. À frente da ação, que deve ser entregue aos ministros em até dois meses, está a antropóloga Debora Diniz, do instituto de bioética Anis, que recebeu a BBC Brasil em seu escritório em Brasília. "Somos uma organização que já fez isso antes. E conseguiu. Estamos plenamente inspiradas para repetir, sabendo que vamos enfrentar todas as dificuldades judiciais e burocráticas que enfrentamos da primeira vez." Ela se refere à lentidão do processo –o pedido de avaliação dos abortos para fetos anencéfalos foi feito pela Anis em 2004 e aceito pelos ministros, por 8 votos a 2, em 2012. Mas também às barreiras morais e religiosas levantadas por grupos organizados, igrejas e parte da população. "Em 2004 não havia uma epidemia nem havia um vetor (como o mosquito Aedes aegypti). Agora ambos existem e isso torna a necessidade de providências mais urgente", diz. "Por outro lado, na anencefalia os bebês não nascem vivos e assim escapávamos de um debate moral. Hoje, sabemos que a microcefalia típica é um mal incurável, irreversível, mas o bebê sobrevive (na maioria dos casos)", afirma. "Portanto trata-se do aborto propriamente dito e isso enfrenta resistência." Em entrevista exclusiva à BBC Brasil e ao programa "Newsnight", da BBC, Diniz diz que a interrupção de gestações é só um dos pontos de uma ação maior, focada na "garantia de direitos das mulheres, principalmente na saúde". Na argumentação que apresentará ao STF, o Estado é apresentado como "responsável pela epidemia de zika", por não ter erradicado o mosquito. Nesse caso, constitucionalmente, as mulheres não poderiam ser "penalizadas pelas consequências de políticas públicas falhas", entre elas a microcefalia. Portanto, "deveriam ter direito à escolha do aborto legal", entre outras iniciativas. Atualmente, a legislação brasileira só permite o aborto em casos de estupro, risco de vida da mulher e quando o feto é anencéfalo. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em dezembro do ano passado, 67% dos brasileiros são favoráveis à manutenção da lei. Outros 16% acreditam que o aborto deve ser permitido em outros casos e 11% acreditam que a prática deveria deixar de ser crime em qualquer ocasião. ARGUMENTOS Os principais eixos do documento que está sendo preparado, segundo a BBC Brasil apurou, cobram ações de vigilância sanitária para erradicar definitivamente o mosquito, políticas públicas de direitos sexuais e reprodutivos para mulheres (contraceptivos, pré-natal frequente e aborto) e ações que garantam a inclusão social de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença. A microcefalia impede o crescimento normal do crânio durante a gravidez e há 3.448 casos suspeitos sob investigação pelo Ministério da Saúde no Brasil. A doença vem sendo associada ao zika vírus, que já se espalha por mais de 20 países nas Américas. "Nós vivemos uma situação de epidemia e não podemos ter um ministro que diz 'nós perdemos a guerra contra o mosquito' (em referência a declaração do ministro da Saúde, Marcelo Castro). Não, a guerra tem que ser ganha. Essa responsabilidade não é da mulher. Isso é negligência do Estado e gera uma responsabilidade do Estado", afirma Diniz, também professora na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. O documento que está sendo preparado deve argumentar que a ilegalidade do aborto e a falta de políticas de erradicação do Aedes ferem a Constituição Federal em dois pontos: direito à saúde e direito à seguridade social. A argumentação deve ainda destacar a vulnerabilidade específica de mulheres pobres –já que a epidemia ainda se concentra em áreas carentes do país, especialmente no Nordeste. "É preciso garantir a todas as mulheres, e não só às que têm acesso a serviços de saúde ou podem pagar um aborto ilegal", diz Debora. "Autorizar o aborto não é levar as mulheres a fazê-lo. Quem tem dinheiro e quer já faz. Justamente quem tem mais necessidade não pode ser privado do direito de escolher sobre a própria vida", afirma. ANENCEFALIA Em 2004, o grupo de Diniz ingressou no STF como uma arguição de descumprimento de preceito fundamental para discutir no Supremo o que via como violações à Constituição pela não autorização do aborto em caso de fetos anencéfalos. Oito anos depois, a corte determinou que nem mulheres, nem profissionais que realizam abortos nessa condição podem ser punidos. Essa foi a primeira vez na história em que o STF tomou decisão sobre saúde e direitos reprodutivos.
cotidiano
Grupo prepara ação no STF por aborto em casos de microcefaliaO grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a discussão sobre aborto de fetos anencéfalos no Supremo Tribunal Federal, acatada em 2012, prepara uma ação similar para pedir à Suprema Corte o direito ao aborto em gestações de bebês com microcefalia. À frente da ação, que deve ser entregue aos ministros em até dois meses, está a antropóloga Debora Diniz, do instituto de bioética Anis, que recebeu a BBC Brasil em seu escritório em Brasília. "Somos uma organização que já fez isso antes. E conseguiu. Estamos plenamente inspiradas para repetir, sabendo que vamos enfrentar todas as dificuldades judiciais e burocráticas que enfrentamos da primeira vez." Ela se refere à lentidão do processo –o pedido de avaliação dos abortos para fetos anencéfalos foi feito pela Anis em 2004 e aceito pelos ministros, por 8 votos a 2, em 2012. Mas também às barreiras morais e religiosas levantadas por grupos organizados, igrejas e parte da população. "Em 2004 não havia uma epidemia nem havia um vetor (como o mosquito Aedes aegypti). Agora ambos existem e isso torna a necessidade de providências mais urgente", diz. "Por outro lado, na anencefalia os bebês não nascem vivos e assim escapávamos de um debate moral. Hoje, sabemos que a microcefalia típica é um mal incurável, irreversível, mas o bebê sobrevive (na maioria dos casos)", afirma. "Portanto trata-se do aborto propriamente dito e isso enfrenta resistência." Em entrevista exclusiva à BBC Brasil e ao programa "Newsnight", da BBC, Diniz diz que a interrupção de gestações é só um dos pontos de uma ação maior, focada na "garantia de direitos das mulheres, principalmente na saúde". Na argumentação que apresentará ao STF, o Estado é apresentado como "responsável pela epidemia de zika", por não ter erradicado o mosquito. Nesse caso, constitucionalmente, as mulheres não poderiam ser "penalizadas pelas consequências de políticas públicas falhas", entre elas a microcefalia. Portanto, "deveriam ter direito à escolha do aborto legal", entre outras iniciativas. Atualmente, a legislação brasileira só permite o aborto em casos de estupro, risco de vida da mulher e quando o feto é anencéfalo. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em dezembro do ano passado, 67% dos brasileiros são favoráveis à manutenção da lei. Outros 16% acreditam que o aborto deve ser permitido em outros casos e 11% acreditam que a prática deveria deixar de ser crime em qualquer ocasião. ARGUMENTOS Os principais eixos do documento que está sendo preparado, segundo a BBC Brasil apurou, cobram ações de vigilância sanitária para erradicar definitivamente o mosquito, políticas públicas de direitos sexuais e reprodutivos para mulheres (contraceptivos, pré-natal frequente e aborto) e ações que garantam a inclusão social de crianças com deficiência ou má-formação por conta da doença. A microcefalia impede o crescimento normal do crânio durante a gravidez e há 3.448 casos suspeitos sob investigação pelo Ministério da Saúde no Brasil. A doença vem sendo associada ao zika vírus, que já se espalha por mais de 20 países nas Américas. "Nós vivemos uma situação de epidemia e não podemos ter um ministro que diz 'nós perdemos a guerra contra o mosquito' (em referência a declaração do ministro da Saúde, Marcelo Castro). Não, a guerra tem que ser ganha. Essa responsabilidade não é da mulher. Isso é negligência do Estado e gera uma responsabilidade do Estado", afirma Diniz, também professora na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. O documento que está sendo preparado deve argumentar que a ilegalidade do aborto e a falta de políticas de erradicação do Aedes ferem a Constituição Federal em dois pontos: direito à saúde e direito à seguridade social. A argumentação deve ainda destacar a vulnerabilidade específica de mulheres pobres –já que a epidemia ainda se concentra em áreas carentes do país, especialmente no Nordeste. "É preciso garantir a todas as mulheres, e não só às que têm acesso a serviços de saúde ou podem pagar um aborto ilegal", diz Debora. "Autorizar o aborto não é levar as mulheres a fazê-lo. Quem tem dinheiro e quer já faz. Justamente quem tem mais necessidade não pode ser privado do direito de escolher sobre a própria vida", afirma. ANENCEFALIA Em 2004, o grupo de Diniz ingressou no STF como uma arguição de descumprimento de preceito fundamental para discutir no Supremo o que via como violações à Constituição pela não autorização do aborto em caso de fetos anencéfalos. Oito anos depois, a corte determinou que nem mulheres, nem profissionais que realizam abortos nessa condição podem ser punidos. Essa foi a primeira vez na história em que o STF tomou decisão sobre saúde e direitos reprodutivos.
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Band assina acordo com 'New York Times' para exibir conteúdo do jornal
Reportagens em vídeo produzidas pelo "The New York Times" serão exibidas na televisão brasileira a partir de 4 de novembro. O jornal americano firmou uma parceria com o Grupo Bandeirantes e terá seu conteúdo audiovisual disponível em dois novos programas semanais no país. Um será o "Conexão com The New York Times", apresentado por Ana Paula Padrão no BandNews, e o outro,"Magazine Arte 1 com The New York Times", comandado por Marina Person, no Arte 1. O acordo é o primeiro desse tipo que o jornal americano faz com uma emissora, segundo Mirella Carnicelli, gerente regional do "New York Times" no Brasil. "Não temos nenhum projeto parecido de programa com a presença de nossa marca como esse", diz ela. O anúncio da parceria foi feito nesta quarta-feira (19), em São Paulo, e reuniu, além de Carnicelli e das apresentadoras, o vice-presidente do Grupo Bandeirantes, Paulo Saad Jafet, e os diretores-executivos Caio Carvalho, do Arte 1, e André Luiz Costa, do Jornalismo da Band. O contrato tem duração de um ano, podendo ser renovado por mais dois, e prevê a liberação do conteúdo do "The New York Times" para todas as plataformas digitais. O investimento do Grupo Bandeirantes é mantido sob sigilo, por contrato. Mas o vice-presidente da empresa diz que foi alto. "Foi arduamente negociado. Eu acho caríssimo, eles [americanos] acham baratíssimo [risos], o de sempre. São duas empresas com origem semita, temos esse tique nervoso do dinheiro, a gente precisa fazer coisas viáveis e economicamente saudáveis", diz Saad Jafet à Folha. O acordo será uma espécie de "joint venture", segundo o executivo. As empresas compartilharão lucros com receita publicitária. As negociações duraram um ano. "Não queríamos que nossas concepções editoriais fossem agredidas. Mas vimos que nossas posições são tão iguais que nenhuma das empresas se sentiu desconfortável", afirma Saad Jafet. "O 'The New York Times' não escolheria o grupo Bandeirantes por sorteio, mas por nossas competências." O "Conexão com The New York Times" irá ao ar nas noites de sexta, às 23h, a partir de 4 de novembro, no Band News. O programa terá meia hora de duração. A apresentadora Ana Paula Padrão diz que sempre haverá reportagens factuais, com o assunto da semanais. Já o "Magazine Arte 1 com The New York Times" será exibido aos sábados, às 22h30, no Arte 1. Neste, o foco são as reportagens ligadas à área cultural.
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Band assina acordo com 'New York Times' para exibir conteúdo do jornalReportagens em vídeo produzidas pelo "The New York Times" serão exibidas na televisão brasileira a partir de 4 de novembro. O jornal americano firmou uma parceria com o Grupo Bandeirantes e terá seu conteúdo audiovisual disponível em dois novos programas semanais no país. Um será o "Conexão com The New York Times", apresentado por Ana Paula Padrão no BandNews, e o outro,"Magazine Arte 1 com The New York Times", comandado por Marina Person, no Arte 1. O acordo é o primeiro desse tipo que o jornal americano faz com uma emissora, segundo Mirella Carnicelli, gerente regional do "New York Times" no Brasil. "Não temos nenhum projeto parecido de programa com a presença de nossa marca como esse", diz ela. O anúncio da parceria foi feito nesta quarta-feira (19), em São Paulo, e reuniu, além de Carnicelli e das apresentadoras, o vice-presidente do Grupo Bandeirantes, Paulo Saad Jafet, e os diretores-executivos Caio Carvalho, do Arte 1, e André Luiz Costa, do Jornalismo da Band. O contrato tem duração de um ano, podendo ser renovado por mais dois, e prevê a liberação do conteúdo do "The New York Times" para todas as plataformas digitais. O investimento do Grupo Bandeirantes é mantido sob sigilo, por contrato. Mas o vice-presidente da empresa diz que foi alto. "Foi arduamente negociado. Eu acho caríssimo, eles [americanos] acham baratíssimo [risos], o de sempre. São duas empresas com origem semita, temos esse tique nervoso do dinheiro, a gente precisa fazer coisas viáveis e economicamente saudáveis", diz Saad Jafet à Folha. O acordo será uma espécie de "joint venture", segundo o executivo. As empresas compartilharão lucros com receita publicitária. As negociações duraram um ano. "Não queríamos que nossas concepções editoriais fossem agredidas. Mas vimos que nossas posições são tão iguais que nenhuma das empresas se sentiu desconfortável", afirma Saad Jafet. "O 'The New York Times' não escolheria o grupo Bandeirantes por sorteio, mas por nossas competências." O "Conexão com The New York Times" irá ao ar nas noites de sexta, às 23h, a partir de 4 de novembro, no Band News. O programa terá meia hora de duração. A apresentadora Ana Paula Padrão diz que sempre haverá reportagens factuais, com o assunto da semanais. Já o "Magazine Arte 1 com The New York Times" será exibido aos sábados, às 22h30, no Arte 1. Neste, o foco são as reportagens ligadas à área cultural.
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Bertin perde liminar que o livrava da obrigação de concluir 6 termelétricas
O Grupo Bertin perdeu uma liminar judicial que o livrava da obrigação de entregar seis usinas termelétricas na Bahia que deveriam ter entrado em operação em 2013, mas estão paralisadas e sem previsão de serem concluídas. Isso abre caminho para a cobrança de multas milionárias pelo regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa disse nesta quarta-feira (6) que recorrerá da decisão e argumentou que pretende finalizar o empreendimento, que "encontra-se com cerca de metade das obras já executadas" e "duas das seis usinas... praticamente prontas", de acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa à Reuters nesta quarta-feira. "A Bertin Energia tem, sim, interesse e condições de concluir os referidos empreendimentos. Para tanto, vem mantendo seguidas discussões com os reguladores... o montante de recursos já investido é expressivo e foi até agora suportado exclusivamente pelos acionistas", afirmou a companhia. O Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) determinou que as subsidiárias da Bertin responsáveis pelas usinas em atraso sejam desligadas do mercado e tenham cancelados os contratos de venda de energia, firmados em leilão realizado pelo governo federal em 2008, segundo ata de reunião realizada na semana passada. Com isso, a Aneel poderá executar garantias depositadas pela Bertin na época do leilão, no valor de 5% do investimento previsto para as usinas, disse o sócio da Demarest Advogados, Raphael Gomes. "Além disso, as distribuidoras que compraram energia dessas usinas podem acionar a Aneel para cobrar uma penalidade pela rescisão do contrato", explicou. A multa de rescisão, calculada pelo regulador, geralmente representa o que seria um ano de receita do projeto não entregue. Na época do leilão das usinas, a CCEE divulgou que as seis usinas da Bertin teriam uma receita fixa anual de 428 milhões de reais. As seis térmicas em questão, cada uma com cerca de 176 megawatts, representariam uma potência instalada total de cerca de 1 gigawatt. COMPROMISSOS NÃO CUMPRIDOS A Bertin, originalmente do setor de carnes, realizou em 2008 uma forte ofensiva no setor elétrico, obtendo em leilões contratos para uma série de termelétricas que não foram implementadas — parte dos projetos foi vendida, enquanto outros tiveram autorização revogada pela Aneel depois de atrasos. Mas a empresa seguiu discutindo com a Aneel a situação dessas outras seis termelétricas. Em dossiê sobre as usinas da Bertin, a procuradoria da Aneel disse que a energia não gerada devido ao descumprimento do cronograma, que também não foi compensada pela empresa com a compra de contratos no mercado livre de eletricidade exigida pela legislação, gerou "enormes prejuízos ao sistema como um todo e aos consumidores em especial". A Bertin chegou a conseguir na Justiça um prazo extra de um ano para entrega das usinas, mas ainda não conseguiu concluí-las. À Reuters, a empresa disse que "segue convencida de que seus argumentos são sólidos e que será encontrada uma solução que permita a conclusão das usinas". A empresa alegou que os empreendimentos foram prejudicados por demora da Aneel e do Ministério de Minas e Energia em aprovar documentos técnicos das usinas. DIFICULDADES Segundo a Aneel, a Bertin não conseguiu concluir os empreendimentos por "dificuldades de ordem empresarial e financeira" e, com isso, tentou postergar o cumprimento das obrigações por meio de decisões judiciais. "(A Bertin) em reiteradas oportunidades, seja administrativa ou juridicamente, tem intentado eximir-se da obrigação de implantar as seis usinas... basta analisar o histórico das usinas outorgadas ao Grupo Bertin para perceber que o mesmo não pretende implantá-las", escrevem os procuradores da agência. Segundo a agência, as obras das térmicas "encontram-se completamente paralisadas e as equipes de trabalho desmobilizadas desde abril de 2014". Em sua investida no setor elétrico, a Bertin chegou a ter uma fatia de 9% na hidrelétrica de Belo Monte, vendida em 2011 para a mineradora Vale. A Bertin disse na época que se desfez do ativo para focar os esforços nas termelétricas, que já enfrentavam atraso.
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Bertin perde liminar que o livrava da obrigação de concluir 6 termelétricasO Grupo Bertin perdeu uma liminar judicial que o livrava da obrigação de entregar seis usinas termelétricas na Bahia que deveriam ter entrado em operação em 2013, mas estão paralisadas e sem previsão de serem concluídas. Isso abre caminho para a cobrança de multas milionárias pelo regulador do setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa disse nesta quarta-feira (6) que recorrerá da decisão e argumentou que pretende finalizar o empreendimento, que "encontra-se com cerca de metade das obras já executadas" e "duas das seis usinas... praticamente prontas", de acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa à Reuters nesta quarta-feira. "A Bertin Energia tem, sim, interesse e condições de concluir os referidos empreendimentos. Para tanto, vem mantendo seguidas discussões com os reguladores... o montante de recursos já investido é expressivo e foi até agora suportado exclusivamente pelos acionistas", afirmou a companhia. O Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) determinou que as subsidiárias da Bertin responsáveis pelas usinas em atraso sejam desligadas do mercado e tenham cancelados os contratos de venda de energia, firmados em leilão realizado pelo governo federal em 2008, segundo ata de reunião realizada na semana passada. Com isso, a Aneel poderá executar garantias depositadas pela Bertin na época do leilão, no valor de 5% do investimento previsto para as usinas, disse o sócio da Demarest Advogados, Raphael Gomes. "Além disso, as distribuidoras que compraram energia dessas usinas podem acionar a Aneel para cobrar uma penalidade pela rescisão do contrato", explicou. A multa de rescisão, calculada pelo regulador, geralmente representa o que seria um ano de receita do projeto não entregue. Na época do leilão das usinas, a CCEE divulgou que as seis usinas da Bertin teriam uma receita fixa anual de 428 milhões de reais. As seis térmicas em questão, cada uma com cerca de 176 megawatts, representariam uma potência instalada total de cerca de 1 gigawatt. COMPROMISSOS NÃO CUMPRIDOS A Bertin, originalmente do setor de carnes, realizou em 2008 uma forte ofensiva no setor elétrico, obtendo em leilões contratos para uma série de termelétricas que não foram implementadas — parte dos projetos foi vendida, enquanto outros tiveram autorização revogada pela Aneel depois de atrasos. Mas a empresa seguiu discutindo com a Aneel a situação dessas outras seis termelétricas. Em dossiê sobre as usinas da Bertin, a procuradoria da Aneel disse que a energia não gerada devido ao descumprimento do cronograma, que também não foi compensada pela empresa com a compra de contratos no mercado livre de eletricidade exigida pela legislação, gerou "enormes prejuízos ao sistema como um todo e aos consumidores em especial". A Bertin chegou a conseguir na Justiça um prazo extra de um ano para entrega das usinas, mas ainda não conseguiu concluí-las. À Reuters, a empresa disse que "segue convencida de que seus argumentos são sólidos e que será encontrada uma solução que permita a conclusão das usinas". A empresa alegou que os empreendimentos foram prejudicados por demora da Aneel e do Ministério de Minas e Energia em aprovar documentos técnicos das usinas. DIFICULDADES Segundo a Aneel, a Bertin não conseguiu concluir os empreendimentos por "dificuldades de ordem empresarial e financeira" e, com isso, tentou postergar o cumprimento das obrigações por meio de decisões judiciais. "(A Bertin) em reiteradas oportunidades, seja administrativa ou juridicamente, tem intentado eximir-se da obrigação de implantar as seis usinas... basta analisar o histórico das usinas outorgadas ao Grupo Bertin para perceber que o mesmo não pretende implantá-las", escrevem os procuradores da agência. Segundo a agência, as obras das térmicas "encontram-se completamente paralisadas e as equipes de trabalho desmobilizadas desde abril de 2014". Em sua investida no setor elétrico, a Bertin chegou a ter uma fatia de 9% na hidrelétrica de Belo Monte, vendida em 2011 para a mineradora Vale. A Bertin disse na época que se desfez do ativo para focar os esforços nas termelétricas, que já enfrentavam atraso.
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Samarco suspende pagamentos a funcionários e fornecedores
Com contas bloqueadas a pedido da Justiça de Mariana (MG), a mineradora Samarco suspendeu os pagamentos de funcionários e fornecedores, que estavam previstos para esta segunda (30). Em comunicado divulgado nesta sexta (27), a empresa disse que não fará os pagamentos por conta de medidas que "não estão sob sua alçada" e pediu judicialmente o desbloqueio. "A empresa informa que já solicitou a liberação ao juízo de Mariana e aguarda sua decisão para cumprir todos os seus compromissos financeiros", diz a nota. A disputa judicial começou na quarta (25), quando a Samarco descumpriu determinação judicial e "sumiu" com R$ 292 milhões, segundo o juiz Frederico Gonçalves. Ele havia decidido pelo bloqueio de R$ 300 milhões da empresa para reparação dos danos causados às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos minerais, mas encontrou apenas R$ 8 milhões nas contas da companhia. O magistrado decidiu bloquear R$ 292 milhões sob custódia do Banco Central, em forma de títulos de crédito, por exemplo, até completar os R$ 300 milhões iniciais. A Samarco diz que, agora, suas contas estão bloqueadas. "Eles não podem fazer nenhuma movimentação financeira, por isso não podem pagar. Acabei de conversar com o Ricardo [Vescovi, diretor-presidente da Samarco] e ele me disse que vai tentar reverter isso já na segunda", afirmou o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS). Desde então, a mineradora já faltou com um pagamento importante e ficou devendo quase R$ 300 milhões a um outro fundo de ajuda às vítimas, criado após acordo com os Ministérios Público estadual e federal. O prazo final para o depósito estava marcado para a quinta (26), mas a empresa pediu adiamento para 2 de dezembro -pelo atraso, ela será multada em R$ 1,2 milhão. Quando pediu a prorrogação, a Samarco disse que precisava do desbloqueio de recursos para "saldar seus diversos compromissos que incluem o pagamento de funcionários, terceiros e o custeio dos esforços de reparação dos danos e medidas preventivas pelo rompimento da barragem". Parte dos trabalhadores da empresa entra em férias coletivas do dia 30 até 4 de janeiro de 2016. O anúncio foi feito após a tragédia e atinge os empregados das unidades industriais de Germano, em Mariana, e de Ubu, em Anchieta (ES). A reportagem procurou o sindicato Metabase de Mariana, que representa a categoria, mas não obteve retorno. O rompimento da barragem da Samarco destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues e tem 13 vítimas fatais, 11 delas já identificadas, além de oito desaparecidos.
cotidiano
Samarco suspende pagamentos a funcionários e fornecedoresCom contas bloqueadas a pedido da Justiça de Mariana (MG), a mineradora Samarco suspendeu os pagamentos de funcionários e fornecedores, que estavam previstos para esta segunda (30). Em comunicado divulgado nesta sexta (27), a empresa disse que não fará os pagamentos por conta de medidas que "não estão sob sua alçada" e pediu judicialmente o desbloqueio. "A empresa informa que já solicitou a liberação ao juízo de Mariana e aguarda sua decisão para cumprir todos os seus compromissos financeiros", diz a nota. A disputa judicial começou na quarta (25), quando a Samarco descumpriu determinação judicial e "sumiu" com R$ 292 milhões, segundo o juiz Frederico Gonçalves. Ele havia decidido pelo bloqueio de R$ 300 milhões da empresa para reparação dos danos causados às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos minerais, mas encontrou apenas R$ 8 milhões nas contas da companhia. O magistrado decidiu bloquear R$ 292 milhões sob custódia do Banco Central, em forma de títulos de crédito, por exemplo, até completar os R$ 300 milhões iniciais. A Samarco diz que, agora, suas contas estão bloqueadas. "Eles não podem fazer nenhuma movimentação financeira, por isso não podem pagar. Acabei de conversar com o Ricardo [Vescovi, diretor-presidente da Samarco] e ele me disse que vai tentar reverter isso já na segunda", afirmou o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS). Desde então, a mineradora já faltou com um pagamento importante e ficou devendo quase R$ 300 milhões a um outro fundo de ajuda às vítimas, criado após acordo com os Ministérios Público estadual e federal. O prazo final para o depósito estava marcado para a quinta (26), mas a empresa pediu adiamento para 2 de dezembro -pelo atraso, ela será multada em R$ 1,2 milhão. Quando pediu a prorrogação, a Samarco disse que precisava do desbloqueio de recursos para "saldar seus diversos compromissos que incluem o pagamento de funcionários, terceiros e o custeio dos esforços de reparação dos danos e medidas preventivas pelo rompimento da barragem". Parte dos trabalhadores da empresa entra em férias coletivas do dia 30 até 4 de janeiro de 2016. O anúncio foi feito após a tragédia e atinge os empregados das unidades industriais de Germano, em Mariana, e de Ubu, em Anchieta (ES). A reportagem procurou o sindicato Metabase de Mariana, que representa a categoria, mas não obteve retorno. O rompimento da barragem da Samarco destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues e tem 13 vítimas fatais, 11 delas já identificadas, além de oito desaparecidos.
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PT discute adotar coalizão eleitoral com sindicatos e movimentos sociais
Preocupado com o desgaste da imagem do partido, o comando petista discute a adoção de um caminho que, na prática, poderá encobrir sua sigla, PT, nas futuras eleições. Segundo petistas, o ex-presidente Lula é um dos incentivadores da criação de uma frente inspirada no modelo uruguaio: uma grande coalização que reuniria sindicatos, associações, outros partidos, ONGs e outras entidades de movimentos sociais. Por essa fórmula, as candidaturas seriam lançadas em nome da coalizão, não mais pelos partidos que a integram. No Uruguai, a Frente Ampla, que congrega diferentes legendas e grupos sociais, governa o país desde 2005. É composta por siglas autônomas sob o comando de uma direção unificada. O ex-presidente José Mujica, por exemplo, é do partido MPP. Mas sua candidatura foi lançada pela frente. O presidente do PT, Rui Falcão, afirma que essa solução será tema de debate no 5º congresso do partido, em junho, na Bahia. Ele diz, no entanto, que a intenção não é apagar a sigla PT das disputas majoritárias, mas reanimar a discussão interna e atrair movimentos sociais. "Vejo com simpatia a ideia de que, no bojo da reforma política, se abra espaço para a criação de um movimento que leve à experiência como a da Frente Ampla, no Uruguai, e a da Concertação, no Chile", disse, numa alusão também à aliança que, em 1988, derrotou o ditador Augusto Pinochet. Assessor especial da Presidência e um dos conselheiros de Lula, Marco Aurélio Garcia afirma que o PT precisa discutir "uma política mais complexa" de organização partidária. "A Frente Ampla é uma das alternativas que contam com nossa simpatia. Eu e Lula já conversamos muito sobre esse sistema", diz. Segundo Garcia, "o momento é adequado" para isso, desde que também haja uma reflexão mais profunda sobre o partido. Para explicar o funcionamento do sistema aos petistas, a secretaria de assuntos internacionais do PT está organizando uma palestra com um representante da Frente Ampla uruguaia. Esse debate expressa um esforço de Lula em busca de uma saída para a crise petista, acentuada agora pela baixa popularidade de Dilma e pelas acusações contra membros do partido na Operação Lava Jato. Embora a proposta enfrente resistência interna, a discussão de um novo modelo poderia atrair movimentos sociais em defesa do governo. Segundo petistas, Lula tem repetido que Dilma "não pode sair [do governo] pela porta dos fundos". Ao pregar a renovação, ele tem dito que o "operário de fábrica de hoje é totalmente diferente do da década de 70". O ex-presidente conhece bem o modelo uruguaio. Em 2011, foi até orador de honra no aniversário de 40 anos da frente do país vizinho. Outro simpatizante do modelo é o ex-ministro Tarso Genro (PT-RS). Em suas conversas, ele diz que uma "boa frente política para o país deve se inspirar no segundo turno que elegeu a presidente Dilma Rousseff", incluindo, por exemplo, "do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira a Lula; do deputado Jean Wyllys ao ex-ministro Roberto Amaral". Na opinião de Tarso, essa frente poderia funcionar a partir de 2018, ano da próxima eleição presidencial.
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PT discute adotar coalizão eleitoral com sindicatos e movimentos sociaisPreocupado com o desgaste da imagem do partido, o comando petista discute a adoção de um caminho que, na prática, poderá encobrir sua sigla, PT, nas futuras eleições. Segundo petistas, o ex-presidente Lula é um dos incentivadores da criação de uma frente inspirada no modelo uruguaio: uma grande coalização que reuniria sindicatos, associações, outros partidos, ONGs e outras entidades de movimentos sociais. Por essa fórmula, as candidaturas seriam lançadas em nome da coalizão, não mais pelos partidos que a integram. No Uruguai, a Frente Ampla, que congrega diferentes legendas e grupos sociais, governa o país desde 2005. É composta por siglas autônomas sob o comando de uma direção unificada. O ex-presidente José Mujica, por exemplo, é do partido MPP. Mas sua candidatura foi lançada pela frente. O presidente do PT, Rui Falcão, afirma que essa solução será tema de debate no 5º congresso do partido, em junho, na Bahia. Ele diz, no entanto, que a intenção não é apagar a sigla PT das disputas majoritárias, mas reanimar a discussão interna e atrair movimentos sociais. "Vejo com simpatia a ideia de que, no bojo da reforma política, se abra espaço para a criação de um movimento que leve à experiência como a da Frente Ampla, no Uruguai, e a da Concertação, no Chile", disse, numa alusão também à aliança que, em 1988, derrotou o ditador Augusto Pinochet. Assessor especial da Presidência e um dos conselheiros de Lula, Marco Aurélio Garcia afirma que o PT precisa discutir "uma política mais complexa" de organização partidária. "A Frente Ampla é uma das alternativas que contam com nossa simpatia. Eu e Lula já conversamos muito sobre esse sistema", diz. Segundo Garcia, "o momento é adequado" para isso, desde que também haja uma reflexão mais profunda sobre o partido. Para explicar o funcionamento do sistema aos petistas, a secretaria de assuntos internacionais do PT está organizando uma palestra com um representante da Frente Ampla uruguaia. Esse debate expressa um esforço de Lula em busca de uma saída para a crise petista, acentuada agora pela baixa popularidade de Dilma e pelas acusações contra membros do partido na Operação Lava Jato. Embora a proposta enfrente resistência interna, a discussão de um novo modelo poderia atrair movimentos sociais em defesa do governo. Segundo petistas, Lula tem repetido que Dilma "não pode sair [do governo] pela porta dos fundos". Ao pregar a renovação, ele tem dito que o "operário de fábrica de hoje é totalmente diferente do da década de 70". O ex-presidente conhece bem o modelo uruguaio. Em 2011, foi até orador de honra no aniversário de 40 anos da frente do país vizinho. Outro simpatizante do modelo é o ex-ministro Tarso Genro (PT-RS). Em suas conversas, ele diz que uma "boa frente política para o país deve se inspirar no segundo turno que elegeu a presidente Dilma Rousseff", incluindo, por exemplo, "do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira a Lula; do deputado Jean Wyllys ao ex-ministro Roberto Amaral". Na opinião de Tarso, essa frente poderia funcionar a partir de 2018, ano da próxima eleição presidencial.
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Trovadores Urbanos fazem 25 anos cantando para gente, bichos e espíritos
BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO A primeira foi para um delegado. A segunda, um pizzaiolo. A terceira foi aquela em que a amante errou a mão. "Ela mandou a gente cantar para o cara, mas a mulher dele apareceu na janela. E a tal ali na esquina, parada. Tivemos um acesso de risos de nervosismo", lembra Maída Novaes, 53. "Naquele momento deu para entender que nossa vida seria cheia de histórias", completa Valéria Caram, 52, também presente no vexame. Era Dia dos Namorados de 1990 quando, procurado graças a um anúncio publicado em uma revista de São Paulo, o então recém-criado grupo Trovadores Urbanos apresentou suas três primeiras serestas, ainda sem o figurino ao estilo anos 1920 que o caracteriza atualmente. À época, cantarolavam e tocavam juntos, além de Maída e Valéria -amigas de Avaré (a 267 km da capital paulista)-, Juca Novaes (irmão da primeira, ainda ativo) e Pedro Moreira (que não mora mais no Brasil). Julho de 2015: contabilizando mais de 100 mil serenatas de amor, reconciliações e homenagens para humanos (vivos ou mortos) e até cachorros, o conjunto lança na segunda (27), em noite de autógrafos na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o livro "Memórias Afetivas" (Matrix, R$ 29). Escrito pela jornalista Rose de Almeida, o volume celebra os 25 anos de carreira da trupe que já fez turnê com o seresteiro Sílvio Caldas (1908-1998). Atualmente, o grupo opera com 40 músicos (que se revezam em apresentações geralmente em duplas) e mantém projetos sociais em escolas públicas da capital por meio do Instituto Trovadores Urbanos. Na obra, são relatados momentos tanto engraçados quanto emocionantes. Foi em busca dessas histórias que a sãopaulo se encontrou com Maída e Valéria na sede do grupo, uma casinha de fachada alta na rua Aimberê, 651, Perdizes, numa sexta de julho. Do sofá ao lado do piano, elas soltaram o verbo. Uma das histórias é a da Sônia da rua São Paulo. Pediram uma serenata para uma mulher com aquele nome naquele endereço. O que, de fato, foi entregue. "Chegamos, nos apresentamos e tudo ótimo", conta Maída. Só que era a Sônia errada, e a rua São Paulo era outra em outro lugar. "Quase acabamos com um casamento", ri. "Eu já fiz uma em motel!", emendou Valéria. "Eram recém-casados. Tinha uma escada e, quando começamos a cantar 'Eu Sei Que Vou Te Amar', a noiva, ainda com vestido, começou a descer... Só que ela levou um tombo! Se esborrachou no chão!" "Uma vez fomos fazer a serenata e falei: 'Boa noite, fulano'. Aí disseram: 'Esse não é o fulano. O fulano está nele'. Era um centro espírita!". Em outra, seresteiros foram até o endereço fornecido, anunciaram o nome no contrato -mas quem desceu foi o Raí. "Se soubesse que era o Raí, eu teria ido!", lamenta Maída. Mas o momento de maior adrenalina, conta a ex-jornalista, foi em um jantar de "um grande empresário". "Ele sempre contratava a gente. Chegamos na casa dele, cozinheiro, o maior clima. Depois de um tempo ele fala: 'Trovadores, podem entrar. Minha convidada chegou." Era Dilma Rousseff. "Foi antes de ela ganhar a primeira eleição. No repertório estava 'Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores' e 'Carinhoso'. Fiquei tão nervosa que falei que íamos cantar Pixinguinha e João de Ba-barro [Risos]", lembra. Com o tempo, elas foram aprendendo a rir e a chorar "pra dentro". "A gente nunca vai se acostumar. O grande sucesso dos Trovadores é que somos muito viscerais. A gente canta de frente, direto. Nos envolvemos nas histórias que fazemos. Nenhuma casa é igual à outra, e nós somos privilegiados por viver isso", avalia Valéria. Também celebrando o aniversário, o grupo iniciou o projeto "Abra Sua Janela para SP", em que realiza serenatas em casas selecionadas pelo Facebook, e lançará CD e DVD ao vivo. Sexta, 20h: hora de levar o carrinho de pipoca para fora e se preparar para a seresta semanal cantada da janela da sede. Naquela noite, a Lilian, 32, mãe da Isabela, 3, parou. O José Gomes, porteiro, saiu da guarita e parou. O Adelino, 52, como faz quase sempre, vestiu seu chapéu de purpurina e parou. Para tudo voltar ao lugar, depois que a varanda fechou.
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Trovadores Urbanos fazem 25 anos cantando para gente, bichos e espíritosBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO A primeira foi para um delegado. A segunda, um pizzaiolo. A terceira foi aquela em que a amante errou a mão. "Ela mandou a gente cantar para o cara, mas a mulher dele apareceu na janela. E a tal ali na esquina, parada. Tivemos um acesso de risos de nervosismo", lembra Maída Novaes, 53. "Naquele momento deu para entender que nossa vida seria cheia de histórias", completa Valéria Caram, 52, também presente no vexame. Era Dia dos Namorados de 1990 quando, procurado graças a um anúncio publicado em uma revista de São Paulo, o então recém-criado grupo Trovadores Urbanos apresentou suas três primeiras serestas, ainda sem o figurino ao estilo anos 1920 que o caracteriza atualmente. À época, cantarolavam e tocavam juntos, além de Maída e Valéria -amigas de Avaré (a 267 km da capital paulista)-, Juca Novaes (irmão da primeira, ainda ativo) e Pedro Moreira (que não mora mais no Brasil). Julho de 2015: contabilizando mais de 100 mil serenatas de amor, reconciliações e homenagens para humanos (vivos ou mortos) e até cachorros, o conjunto lança na segunda (27), em noite de autógrafos na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o livro "Memórias Afetivas" (Matrix, R$ 29). Escrito pela jornalista Rose de Almeida, o volume celebra os 25 anos de carreira da trupe que já fez turnê com o seresteiro Sílvio Caldas (1908-1998). Atualmente, o grupo opera com 40 músicos (que se revezam em apresentações geralmente em duplas) e mantém projetos sociais em escolas públicas da capital por meio do Instituto Trovadores Urbanos. Na obra, são relatados momentos tanto engraçados quanto emocionantes. Foi em busca dessas histórias que a sãopaulo se encontrou com Maída e Valéria na sede do grupo, uma casinha de fachada alta na rua Aimberê, 651, Perdizes, numa sexta de julho. Do sofá ao lado do piano, elas soltaram o verbo. Uma das histórias é a da Sônia da rua São Paulo. Pediram uma serenata para uma mulher com aquele nome naquele endereço. O que, de fato, foi entregue. "Chegamos, nos apresentamos e tudo ótimo", conta Maída. Só que era a Sônia errada, e a rua São Paulo era outra em outro lugar. "Quase acabamos com um casamento", ri. "Eu já fiz uma em motel!", emendou Valéria. "Eram recém-casados. Tinha uma escada e, quando começamos a cantar 'Eu Sei Que Vou Te Amar', a noiva, ainda com vestido, começou a descer... Só que ela levou um tombo! Se esborrachou no chão!" "Uma vez fomos fazer a serenata e falei: 'Boa noite, fulano'. Aí disseram: 'Esse não é o fulano. O fulano está nele'. Era um centro espírita!". Em outra, seresteiros foram até o endereço fornecido, anunciaram o nome no contrato -mas quem desceu foi o Raí. "Se soubesse que era o Raí, eu teria ido!", lamenta Maída. Mas o momento de maior adrenalina, conta a ex-jornalista, foi em um jantar de "um grande empresário". "Ele sempre contratava a gente. Chegamos na casa dele, cozinheiro, o maior clima. Depois de um tempo ele fala: 'Trovadores, podem entrar. Minha convidada chegou." Era Dilma Rousseff. "Foi antes de ela ganhar a primeira eleição. No repertório estava 'Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores' e 'Carinhoso'. Fiquei tão nervosa que falei que íamos cantar Pixinguinha e João de Ba-barro [Risos]", lembra. Com o tempo, elas foram aprendendo a rir e a chorar "pra dentro". "A gente nunca vai se acostumar. O grande sucesso dos Trovadores é que somos muito viscerais. A gente canta de frente, direto. Nos envolvemos nas histórias que fazemos. Nenhuma casa é igual à outra, e nós somos privilegiados por viver isso", avalia Valéria. Também celebrando o aniversário, o grupo iniciou o projeto "Abra Sua Janela para SP", em que realiza serenatas em casas selecionadas pelo Facebook, e lançará CD e DVD ao vivo. Sexta, 20h: hora de levar o carrinho de pipoca para fora e se preparar para a seresta semanal cantada da janela da sede. Naquela noite, a Lilian, 32, mãe da Isabela, 3, parou. O José Gomes, porteiro, saiu da guarita e parou. O Adelino, 52, como faz quase sempre, vestiu seu chapéu de purpurina e parou. Para tudo voltar ao lugar, depois que a varanda fechou.
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Rival da Siri, assistente digital Cortana chega a iPhones e celulares Android
A Microsoft anunciou nesta quarta-feira (9) a chegada da Cortana, a inteligência artifical que vem com o Windows 10, ao sistema operacional iOS, dos iPhones e iPads, e ao Android. "Cortana foi criada para ser uma verdadeira assistente pessoal digital. Por isso é importante que a levemos [...] para outras plataformas", disse a empresa em nota no seu blog oficial. A diversidade de dispositivos que agora são compatíveis com a assistente digital rival da Siri, da Apple, permite, segundo a Microsoft, que o sistema ajude seus usuários de maneira mais integrada. Uma das atividades possíveis, por exemplo, é programar, no desktop, um lembrete para comprar vinho. Cortana então avisará, pelo smartphone, que há uma tarefa a ser cumprida quando o usuário estiver perto da loja de bebidas. Outras atividades, como planejar voos e mandar mensagens quando não se pode antender o telefone, poderão ser feitas de maneira integrada entre todos os dispositivos compatíveis. A Microsoft diz que alguns recursos disponíveis nos celulares com Windows não serão possíveis, a princípio, no iOS ou no Android. A lista de impossibilidades, por ora, inclui o recurso de abrir aplicativos e controlar ajustes e o de invocar a assistente com o comando de voz "Hey Cortana". No Cyanogen OS, uma versão independente do sistema operacional Android, a integração com a Cortana é um pouco mais completa. Uma parceria entre os desenvolvedores da versão e a Microsoft permitiu que o comando de voz que não funciona no iOS e no Android tradicional funcionasse nesse sistema operacional. A aplicativo está disponível desde quarta-feira no Estados Unidos e China para as versões 8 e superiores dos iOS e para o Android 4.1.2. Mais tarde, ainda em dezembro, o app deve chegar aos celulares One Plus nos EUA.
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Rival da Siri, assistente digital Cortana chega a iPhones e celulares AndroidA Microsoft anunciou nesta quarta-feira (9) a chegada da Cortana, a inteligência artifical que vem com o Windows 10, ao sistema operacional iOS, dos iPhones e iPads, e ao Android. "Cortana foi criada para ser uma verdadeira assistente pessoal digital. Por isso é importante que a levemos [...] para outras plataformas", disse a empresa em nota no seu blog oficial. A diversidade de dispositivos que agora são compatíveis com a assistente digital rival da Siri, da Apple, permite, segundo a Microsoft, que o sistema ajude seus usuários de maneira mais integrada. Uma das atividades possíveis, por exemplo, é programar, no desktop, um lembrete para comprar vinho. Cortana então avisará, pelo smartphone, que há uma tarefa a ser cumprida quando o usuário estiver perto da loja de bebidas. Outras atividades, como planejar voos e mandar mensagens quando não se pode antender o telefone, poderão ser feitas de maneira integrada entre todos os dispositivos compatíveis. A Microsoft diz que alguns recursos disponíveis nos celulares com Windows não serão possíveis, a princípio, no iOS ou no Android. A lista de impossibilidades, por ora, inclui o recurso de abrir aplicativos e controlar ajustes e o de invocar a assistente com o comando de voz "Hey Cortana". No Cyanogen OS, uma versão independente do sistema operacional Android, a integração com a Cortana é um pouco mais completa. Uma parceria entre os desenvolvedores da versão e a Microsoft permitiu que o comando de voz que não funciona no iOS e no Android tradicional funcionasse nesse sistema operacional. A aplicativo está disponível desde quarta-feira no Estados Unidos e China para as versões 8 e superiores dos iOS e para o Android 4.1.2. Mais tarde, ainda em dezembro, o app deve chegar aos celulares One Plus nos EUA.
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Fufuca vem aí
BRASÍLIA - O Congresso vai viver mais uma semana histórica. A partir desta terça-feira, a Câmara será presidida pelo deputado André Fufuca. Aos 28 anos, o maranhense fará sua estreia no comando de um dos Poderes da República. Ficará no cargo durante sete dias, ou até que alguém consiga tirá-lo de lá. O deputado de bochechas rosadas deve a honra à viagem de Michel Temer à China. Na ausência do presidente, Rodrigo Maia assumirá seu lugar no Planalto. Ele deveria ser substituído por Fabinho Ramalho, mas o peemedebista preferiu pegar carona na comitiva. Nessa dança, a cadeira que pertenceu a Ulysses Guimarães sobrou para Fufuca. O maranhense é o segundo vice-presidente da Câmara. No papel, suas tarefas se limitam a examinar recibos de despesas médicas dos colegas. O cargo é cobiçado por outro motivo: dá direito a nomear uma penca de assessores sem concurso. Fufuca chegou lá graças a um padrinho poderoso: o ex-deputado Eduardo Cunha. Quando o correntista suíço mandava em Brasília, o maranhense cerrava fileiras em sua tropa de choque. A fidelidade era tanta que, segundo o deputado Júlio Delgado, ele chamava o então presidente da Câmara de "papi". O jovem parlamentar diz que não era para tanto. Ele já afirmou que considera palavra "papi" muito "efeminada". "Venho de um Estado onde nós não temos o costume de chamar esse termo", esclareceu, numa sessão do Conselho de Ética. Apesar da idade, Fufuca não é um exemplo de renovação na política. Ele antecipou a primeira candidatura porque o pai, prefeito de Alto Alegre do Pindaré, temia ser barrado pela lei da Ficha Limpa. Virou deputado estadual, e depois federal, com as bênçãos do clã Sarney. Passou por outros dois partidos, PSDB e PEN, antes de se filiar ao PP. No início do mês, Fufuca ajudou a barrar a primeira denúncia criminal contra Temer. Ele disse votar "pela estabilidade política e econômica" do país.
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Fufuca vem aíBRASÍLIA - O Congresso vai viver mais uma semana histórica. A partir desta terça-feira, a Câmara será presidida pelo deputado André Fufuca. Aos 28 anos, o maranhense fará sua estreia no comando de um dos Poderes da República. Ficará no cargo durante sete dias, ou até que alguém consiga tirá-lo de lá. O deputado de bochechas rosadas deve a honra à viagem de Michel Temer à China. Na ausência do presidente, Rodrigo Maia assumirá seu lugar no Planalto. Ele deveria ser substituído por Fabinho Ramalho, mas o peemedebista preferiu pegar carona na comitiva. Nessa dança, a cadeira que pertenceu a Ulysses Guimarães sobrou para Fufuca. O maranhense é o segundo vice-presidente da Câmara. No papel, suas tarefas se limitam a examinar recibos de despesas médicas dos colegas. O cargo é cobiçado por outro motivo: dá direito a nomear uma penca de assessores sem concurso. Fufuca chegou lá graças a um padrinho poderoso: o ex-deputado Eduardo Cunha. Quando o correntista suíço mandava em Brasília, o maranhense cerrava fileiras em sua tropa de choque. A fidelidade era tanta que, segundo o deputado Júlio Delgado, ele chamava o então presidente da Câmara de "papi". O jovem parlamentar diz que não era para tanto. Ele já afirmou que considera palavra "papi" muito "efeminada". "Venho de um Estado onde nós não temos o costume de chamar esse termo", esclareceu, numa sessão do Conselho de Ética. Apesar da idade, Fufuca não é um exemplo de renovação na política. Ele antecipou a primeira candidatura porque o pai, prefeito de Alto Alegre do Pindaré, temia ser barrado pela lei da Ficha Limpa. Virou deputado estadual, e depois federal, com as bênçãos do clã Sarney. Passou por outros dois partidos, PSDB e PEN, antes de se filiar ao PP. No início do mês, Fufuca ajudou a barrar a primeira denúncia criminal contra Temer. Ele disse votar "pela estabilidade política e econômica" do país.
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Harden desperdiça bola no último segundo, e Warriors vencem outra
Em um jogo dramático e decidido somente no último segundo, o Golden State Warriors, que conta com o brasileiro Leandrinho, venceu o Houston Rockets por 99 a 98, nesta quinta-feira (21), em casa, pelo segundo jogo da série melhor de sete da final da Conferência Oeste da NBA. Com o resultado, o Golden State Warriors abriu 2 a 0 na série e precisa de mais dois triunfos para chegar à final da competição. O terceiro jogo está marcado para sábado (23), em Houston. O vencedor do confronto pega o ganhador do duelo entre Cleveland Cavaliers e Chicago Bulls. O Cleveland venceu a primeira partida da série melhor de sete da final da Conferência Leste. O segundo jogo está marcado para esta sexta-feira, em Cleveland. A partida foi decidida no último segundo, quando o Golden State Warriors vencia por 99 a 98. Eleito o segundo melhor jogador da temporada, James Harden, dos Rockets, pegou o rebote a nove segundos do final da partida. Ele caminhou com a bola para a quadra de ataque, trocou passe com o companheiro  Dwight Howard  e, na hora do arremesso, foi bloqueado por Curry, melhor jogador da temporada, e Thompson. Harden foi o cestinha da partida com 38 pontos. Ele ainda contribuiu com dez rebotes e nove assistências. Já Curry fez 33 pontos, além de conseguir seis assistências e três rebotes. O brasileiro Leandrinho atuou por quase 15 minutos e marcou quatro pontos. O jogador ainda deu três assistências.
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Harden desperdiça bola no último segundo, e Warriors vencem outraEm um jogo dramático e decidido somente no último segundo, o Golden State Warriors, que conta com o brasileiro Leandrinho, venceu o Houston Rockets por 99 a 98, nesta quinta-feira (21), em casa, pelo segundo jogo da série melhor de sete da final da Conferência Oeste da NBA. Com o resultado, o Golden State Warriors abriu 2 a 0 na série e precisa de mais dois triunfos para chegar à final da competição. O terceiro jogo está marcado para sábado (23), em Houston. O vencedor do confronto pega o ganhador do duelo entre Cleveland Cavaliers e Chicago Bulls. O Cleveland venceu a primeira partida da série melhor de sete da final da Conferência Leste. O segundo jogo está marcado para esta sexta-feira, em Cleveland. A partida foi decidida no último segundo, quando o Golden State Warriors vencia por 99 a 98. Eleito o segundo melhor jogador da temporada, James Harden, dos Rockets, pegou o rebote a nove segundos do final da partida. Ele caminhou com a bola para a quadra de ataque, trocou passe com o companheiro  Dwight Howard  e, na hora do arremesso, foi bloqueado por Curry, melhor jogador da temporada, e Thompson. Harden foi o cestinha da partida com 38 pontos. Ele ainda contribuiu com dez rebotes e nove assistências. Já Curry fez 33 pontos, além de conseguir seis assistências e três rebotes. O brasileiro Leandrinho atuou por quase 15 minutos e marcou quatro pontos. O jogador ainda deu três assistências.
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Intervenção à dependência de drogas de Prince chegou tarde demais
Prince Rogers Nelson era conhecido entre as pessoas próximas dele por ter um estilo de vida assiduamente limpo. Sua alimentação era vegana, e ele preferia evitar a presença de carne por completo. Era sabido que ele rejeitava o álcool e a maconha, e ninguém que participasse de turnês com ele podia consumir uma coisa ou outra. Mas Prince parece ter ocultado até mesmo de algumas das pessoas com quem tinha mais intimidade o fato de ter um problema com analgésicos, algo que se agravou tanto que no mês passado seus amigos procuraram a ajuda médica urgente do Dr. Howard Kornfeld, da Califórnia, especializado no tratamento de pessoas dependentes de medicamentos contra a dor. Kornfeld, que comanda um centro de tratamento em Mill Valley, Califórnia, enviou seu filho num voo noturno para encontrar Prince na casa do músico e discutir com ele um plano de tratamento. A informação foi dada por William Mauzy, advogado da família Kornfeld, em coletiva de imprensa dada na quarta-feira (4) diante de seu escritório em Manhattan. Mas Andrew Kornfeld, o filho, chegou tarde demais. Na manhã de 21 de abril, quando Andrew, que trabalha com seu pai mas não é médico, chegou a Chanhassen, o subúrbio de Minneapolis onde Prince vivia, ele foi uma das pessoas que encontraram o artista já morto em um elevador e telefonaram para o serviço 911. Funcionários de emergência chegaram, mas não conseguiram reanimar Prince. Ele tinha 57 anos. Enquanto a polícia ainda investiga exatamente o que matou o ícone pop e rock, há evidências crescentes de que ele tinha ficado gravemente dependente de analgésicos, algo que com certeza vai abalar as pessoas que o conheciam bem. Muitas delas insistiram nos últimos dias que nunca sequer viram Prince tomar um comprimido, o que dirá se exceder no consumo de medicamentos, embora algumas soubessem que ele tinha feito cirurgia nos quadris alguns anos atrás. Em meados de abril, quando seu jato particular teve que fazer um pouso de emergência em Moline, Illinois, depois de Prince desmaiar no avião, seus amigos decidiram que talvez tivessem que intervir, como informou uma pessoa com conhecimento da situação. Nos dias subsequentes, Prince garantiu a seus amigos que não havia nada de errado. Segundo seu agente, ele estava com gripe. "Estou muito bem", Prince falou a seu advogado, L. Londell McMillan, dois dias após o pouso de emergência. Mas, três dias depois da conversa com McMillan, os representantes do músico estavam pedindo ajuda de um médico especializado em dependências, fato que foi noticiado primeiramente pelo "The Star Tribune", de Minnneapolis. UM ASTRO MUITO RESERVADO O fato de Prince valorizar tanto sua privacidade pode ajudar a explicar por que ele guardou seu segredo, protegendo-o de tantas pessoas. Num Salão do Reino das Testemunhas de Jeová que ele frequentava, perto de Chanhassen, os fiéis fizeram pouco caso dos primeiros relatos de que o músico talvez tivesse dependência de analgésicos. E ele raramente deixava transparecer para os músicos que faziam turnê com ele quanto seus quadris de fato doíam, depois de décadas fazendo apresentações extenuantes, saltando sobre o palco usando sapatos de salto plataforma. Os músicos só notavam coisas pequenas, como, por exemplo, que ele tinha parado de fazer splits (abertura total das pernas). "Em todas as turnês que fizemos, sempre havia algum momento em que ele sentia dor ao se apresentar", falou Alan Leeds, ex-diretor de turnês de Prince nos anos 1980 e mais tarde presidente da gravadora do artista, Paisley Park Records. "Ele era aquele tipo de artista da velha escola, 'o show precisa continuar', por isso a ideia de ele tomar remédios para conseguir apresentar-se no palco não me parece estranha." Mas Leeds e outros disseram que Prince nunca falou de analgésicos com eles. Quando perguntavam como ele estava se sentindo, ele muitas vezes dava de ombros ou dizia que estava bem. Diferentemente de muitos astros de grandeza semelhante, que empregam um grande cortejo de assistentes e profissionais para cuidar de seu dia a dia, Prince era surpreendentemente autônomo, disseram amigos e associados dele, muitas vezes dirigindo seu próprio carro e marcando consultas sem o conhecimento de seu assistente. Essa insistência em conservar sua independência pode ter facilitado para ele guardar segredos. Muitos dos amigos mais íntimos, parentes e assessores de Prince se negaram a responder a perguntas sobre sua saúde. Assim, não está claro quem entrou em contato com Howard Kornfeld, mas uma pessoa com conhecimento da situação disse que Prince se dispôs de boa vontade a procurar tratamento médico. Kornfeld, filho, foi enviado a Paisley Park para tentar estabilizar a condição de Prince, disse Mauzy. Ele então contatou um médico na região de Minneapolis que liberou seu horário na manhã em que Prince foi encontrado morto, para que pudesse ter tempo para encontrar e avaliar o artista, falou Mauzy. "A esperança era estabilizá-lo ainda no Minnesota e convencê-lo a ir à clínica Recovery Without Walls, em Mill Valley", falou o advogado. "Esse era o plano." Howard Kornfeld "achou que era uma missão para salvar uma vida", disse Mauzy. Prince começou a tomar analgésicos anos atrás, para suportar a dor nos quadris, e em meados dos anos 2000 decidiu fazer cirurgia dos quadris. Depois disso, mais analgésicos lhe foram prescritos, revelou uma pessoa que trabalhou com ele e pediu anonimato devido à natureza do caso. Jason Kamerud, da polícia de Carver County, que investiga a morte do músico, disse que os investigadores estão tentando descobrir, entre outras coisas, se Prince pode ter sofrido uma overdose de analgésicos em sua residência. Mas, na quarta, Kamerud se negou a comentar as declarações de Mauzy. A polícia disse que não acredita que a morte de Prince tenha sido por suicídio ou homicídio. Na quarta-feira, representantes da DEA (Drug Enforcement Agency, o órgão americano de combate às drogas) e da procuradoria federal anunciaram que vão participar da investigação. O mistério em torno da morte de Prince espelha o enigma de sua vida. Ele rejeitava a cultura das selfies e não se deixava fotografar em sua casa ou seu estúdio. Ao mesmo tempo, regularmente abria as portas da residência e convidava o público para festas no local, onde ele falava com os presentes. Dias antes de sua morte, ele tinha feito exatamente isso, mostrando um novo piano e guitarra roxos para cerca de 200 convidados. Ele tinha começado a escrever sua autobiografia, com o título provisório de "The Beautiful Ones". Tinha apresentações marcadas em oito cidades do país. DEPRESSÃO Mas as pessoas que o conheciam especulavam que ele poderia estar sofrendo, com seus problemas físicos limitando sua capacidade de se apresentar em turnês. Ele estava melancólico desde a morte de Denise Matthews, também conhecida como Vanity, em fevereiro, uma antiga namorada e colaboradora dele. Em um show na Austrália em 16 de fevereiro, o dia após a morte dela, Prince ficou emotivo. "Uma pessoa querida faleceu", ele disse à plateia, e então dedicou a Matthews a canção "Little Red Corvette", segundo descrições do show publicadas pela mídia local. Mais tarde ele disse à plateia: "Estou me esforçando para ficar concentrado aqui. Hoje está difícil para mim." Amigos preocupados disseram que tinham discutido o estado emocional de Prince recentemente. Ele tinha dito a algumas pessoas que estava deprimido. Alguns amigos desconfiavam que ele estivesse passando por uma fase de estagnação profissional. Na realidade, Prince recusou uma oferta de US$ 85 milhões para fazer uma grande turnê mundial, optando em vez disso por shows menores, contou Kim Worsoe, seu coordenador de turnês. "Não faço turnês, faço eventos", Prince lhe falou. Outros amigos disseram que não detectaram nenhuma depressão. Sua amiga e dançarina Damaris Lewis disse que as apresentações pequenas eram um indicativo de que Prince tinha encontrado a paz nele próprio. "Seus fãs eram sua família", ela disse. Em suas apresentações finais, Prince, que na véspera do Ano Novo fez um show grandioso no Caribe, evitou suas performances altamente vibrantes com uma big band, optando por algo mais intimista e menos cansativo: apenas ele próprio tocando piano e cantando. Disse que era a turnê "Um Piano e um Microfone". Em março ele fez uma festa e apresentação improvisadas em Nova York para anunciar seu livro de memórias. Ele fez três concertos no Canadá, voltando para casa em 23 de março e assistindo a um serviço religioso em seu Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, de terno e gravata e com os cabelos penteados para trás. Prince foi batizado na fé em 2003 sob a orientação do baixista Larry Graham, cuja banda tocava regularmente com ele e que se mudou para o Minnesota com sua família para ficar perto do artista. Como Testemunha de Jeová, ele ia de porta em porta com outro fiel na área de atuação da igreja, recitando versículos da Bíblia e apresentando-se como Rogers Nelson. "Ele era muito ligado em coisas espirituais", falou Graham. "Ele já se interessava antes pela Bíblia e o amor a Deus." Amigos de Prince disseram que sua dedicação à religião, somada a seu engajamento com uma vida limpa, pode ter contribuído para fazê-lo sentir vergonha de sua dependência crescente de medicamentos. Os shows seguintes que ele tinha programados eram duas apresentações consecutivas em 7 de abril no Fox Theater, em Atlanta. Mas a promotora dos shows em Atlanta, Lucy Lawler-Freas, contou que recebeu uma ligação de Worsoe às 10h da manhã dos shows. Prince estava com gripe. "Ele mal está conseguindo falar, esta rouco mesmo", Worsoe lhe disse. Worsoe contou que foi a primeira vez em mais de um quarto de século, o tempo que trabalhou com Prince, que o artista cancelou um show. Dois dias depois, Prince marcou o show novamente, dessa vez para o dia 14. Na nova data marcada, Prince pousou em Atlanta atrasado e precisou de escolta policial para chegar ao teatro em tempo. Disse que estava se sentindo mal, mas, no camarim, onde havia água e frutas para o artista, Worsoe disse que não percebeu nenhum sinal visível de algum problema físico. Com seu penteado afro pronto, Prince subiu ao palco, tocando em seu piano cor púrpura, cercado de candelabros. Ele fez duas apresentações, às 19h e às 22h. "Ele estava épico", disse Lawler-Freas. Não havia qualquer sinal de gripe. Segundo Worsoe, Prince disse que foi a melhor apresentação de sua vida. Mas, quando terminou, falou que seu estômago estava doendo. Ainda segundo Worsoe, Prince queria voltar a Minneapolis e ir ao médico. Pediu para adiar apresentações em St. Louis, Nashville e Washington que já estavam programas para a semana seguinte, mas ainda não tinham sido anunciadas. CRISE MÉDICA NO AR Prince e dois outros passageiros embarcaram em seu jatinho particular, que decolou às 0h51 da sexta-feira, depois da apresentação em Atlanta. Depois de uma hora no ar, o piloto enviou mensagem de rádio a controladores de tráfego aéreo, dizendo que estava com um passageiro desmaiado a bordo. Faltando apenas 48 minutos para chegar ao seu destino, Minneapolis, o avião deu meia-volta e pousou rapidamente em Moline, à 1h18. O guarda-costas de Prince o carregou do avião até paramédicos que o aguardavam em terra. De lá, ele foi levado às pressas ao hospital. Prince foi tratado com uma injeção de Narcan, medicamento normalmente dado a pessoas quando sofrem uma overdose de opiáceos, segundo relatos publicados. Mas ele passou apenas algumas horas no hospital, antes de seguir viagem no avião para casa. Mestre do controle de sua imagem, Prince começou imediatamente a moldar a narrativa. Ele se apressou a organizar uma festa em sua casa para a noite seguinte. Mais tarde, andou de bicicleta no estacionamento de um shopping. Seus representantes pediram a Jeremiah Freed, blogger que comanda o site drfunkenberry.com, para ajudar a divulgar a festa que teria lugar na noite de sábado. Freed contou que antes daquela noite ele nunca tinha se preocupado com a condição de Prince, se bem que uma coisa que o músico lhe disse em janeiro chamou sua atenção. Prince lhe falou da morte de David Bowie, dizendo que estava tendo sonhos lúcidos em que se comunicava com pessoas que tinham morrido. No primeiro momento em que Prince chegou à festa, antes de estar em plena vista do público, "ele me pareceu abalado", Freed recordou. Eles se olharam olho no olho. "Quando eu o vi, não havia um sorriso ali." Outros amigos procuraram Prince no fim de semana, preocupados com o que tinha acontecido com ele no avião. A mensagem dele a todos foi: "Estou bem". Sabendo como Prince valorizava sua privacidade —ele não usava celular, mas navegava na internet constantemente em seu MacBook prateado—, seus amigos disseram que não insistiram. Na segunda-feira, 18 de abril, Lawler-Freas, a promoter de Atlanta, falou que os representantes de Prince lhe disseram para adiar a confirmação dos oito shows que ela tinha programado para ele. Prince ia tirar uma folga naquela semana, e os representantes voltariam a falar com ela na segunda-feira seguinte, 25 de abril, para confirmar os concertos. Prince parece ter levado a vida normalmente nesses dias; na terça-feira, 19 de abril, deu uma passada no Dakota Jazz Club, em Minneapolis. No dia seguinte, disse a polícia, alguém o deixou em sua casa às 20h. Ele foi encontrado morto na manhã seguinte. Uma grande investigação começou. Kamerud, da polícia de Carver County, disse: "Algumas investigações são como quebra-cabeças de 50 peças, e outras são como um quebra-cabeças de mil peças. Esta é do segundo tipo." Freed, o blogger, disse que mal consegue acreditar nos relatos sobre uma possível dependência de analgésicos. Ele disse que Prince ajudava qualquer pessoa de sua banda que tivesse um problema com drogas, chegando a pagar por seus tratamentos. Se a pessoa consumisse drogas, ele disse, "não trabalharia com Prince. Não teria trabalho." Tradução CLARA ALLAIN
ilustrada
Intervenção à dependência de drogas de Prince chegou tarde demaisPrince Rogers Nelson era conhecido entre as pessoas próximas dele por ter um estilo de vida assiduamente limpo. Sua alimentação era vegana, e ele preferia evitar a presença de carne por completo. Era sabido que ele rejeitava o álcool e a maconha, e ninguém que participasse de turnês com ele podia consumir uma coisa ou outra. Mas Prince parece ter ocultado até mesmo de algumas das pessoas com quem tinha mais intimidade o fato de ter um problema com analgésicos, algo que se agravou tanto que no mês passado seus amigos procuraram a ajuda médica urgente do Dr. Howard Kornfeld, da Califórnia, especializado no tratamento de pessoas dependentes de medicamentos contra a dor. Kornfeld, que comanda um centro de tratamento em Mill Valley, Califórnia, enviou seu filho num voo noturno para encontrar Prince na casa do músico e discutir com ele um plano de tratamento. A informação foi dada por William Mauzy, advogado da família Kornfeld, em coletiva de imprensa dada na quarta-feira (4) diante de seu escritório em Manhattan. Mas Andrew Kornfeld, o filho, chegou tarde demais. Na manhã de 21 de abril, quando Andrew, que trabalha com seu pai mas não é médico, chegou a Chanhassen, o subúrbio de Minneapolis onde Prince vivia, ele foi uma das pessoas que encontraram o artista já morto em um elevador e telefonaram para o serviço 911. Funcionários de emergência chegaram, mas não conseguiram reanimar Prince. Ele tinha 57 anos. Enquanto a polícia ainda investiga exatamente o que matou o ícone pop e rock, há evidências crescentes de que ele tinha ficado gravemente dependente de analgésicos, algo que com certeza vai abalar as pessoas que o conheciam bem. Muitas delas insistiram nos últimos dias que nunca sequer viram Prince tomar um comprimido, o que dirá se exceder no consumo de medicamentos, embora algumas soubessem que ele tinha feito cirurgia nos quadris alguns anos atrás. Em meados de abril, quando seu jato particular teve que fazer um pouso de emergência em Moline, Illinois, depois de Prince desmaiar no avião, seus amigos decidiram que talvez tivessem que intervir, como informou uma pessoa com conhecimento da situação. Nos dias subsequentes, Prince garantiu a seus amigos que não havia nada de errado. Segundo seu agente, ele estava com gripe. "Estou muito bem", Prince falou a seu advogado, L. Londell McMillan, dois dias após o pouso de emergência. Mas, três dias depois da conversa com McMillan, os representantes do músico estavam pedindo ajuda de um médico especializado em dependências, fato que foi noticiado primeiramente pelo "The Star Tribune", de Minnneapolis. UM ASTRO MUITO RESERVADO O fato de Prince valorizar tanto sua privacidade pode ajudar a explicar por que ele guardou seu segredo, protegendo-o de tantas pessoas. Num Salão do Reino das Testemunhas de Jeová que ele frequentava, perto de Chanhassen, os fiéis fizeram pouco caso dos primeiros relatos de que o músico talvez tivesse dependência de analgésicos. E ele raramente deixava transparecer para os músicos que faziam turnê com ele quanto seus quadris de fato doíam, depois de décadas fazendo apresentações extenuantes, saltando sobre o palco usando sapatos de salto plataforma. Os músicos só notavam coisas pequenas, como, por exemplo, que ele tinha parado de fazer splits (abertura total das pernas). "Em todas as turnês que fizemos, sempre havia algum momento em que ele sentia dor ao se apresentar", falou Alan Leeds, ex-diretor de turnês de Prince nos anos 1980 e mais tarde presidente da gravadora do artista, Paisley Park Records. "Ele era aquele tipo de artista da velha escola, 'o show precisa continuar', por isso a ideia de ele tomar remédios para conseguir apresentar-se no palco não me parece estranha." Mas Leeds e outros disseram que Prince nunca falou de analgésicos com eles. Quando perguntavam como ele estava se sentindo, ele muitas vezes dava de ombros ou dizia que estava bem. Diferentemente de muitos astros de grandeza semelhante, que empregam um grande cortejo de assistentes e profissionais para cuidar de seu dia a dia, Prince era surpreendentemente autônomo, disseram amigos e associados dele, muitas vezes dirigindo seu próprio carro e marcando consultas sem o conhecimento de seu assistente. Essa insistência em conservar sua independência pode ter facilitado para ele guardar segredos. Muitos dos amigos mais íntimos, parentes e assessores de Prince se negaram a responder a perguntas sobre sua saúde. Assim, não está claro quem entrou em contato com Howard Kornfeld, mas uma pessoa com conhecimento da situação disse que Prince se dispôs de boa vontade a procurar tratamento médico. Kornfeld, filho, foi enviado a Paisley Park para tentar estabilizar a condição de Prince, disse Mauzy. Ele então contatou um médico na região de Minneapolis que liberou seu horário na manhã em que Prince foi encontrado morto, para que pudesse ter tempo para encontrar e avaliar o artista, falou Mauzy. "A esperança era estabilizá-lo ainda no Minnesota e convencê-lo a ir à clínica Recovery Without Walls, em Mill Valley", falou o advogado. "Esse era o plano." Howard Kornfeld "achou que era uma missão para salvar uma vida", disse Mauzy. Prince começou a tomar analgésicos anos atrás, para suportar a dor nos quadris, e em meados dos anos 2000 decidiu fazer cirurgia dos quadris. Depois disso, mais analgésicos lhe foram prescritos, revelou uma pessoa que trabalhou com ele e pediu anonimato devido à natureza do caso. Jason Kamerud, da polícia de Carver County, que investiga a morte do músico, disse que os investigadores estão tentando descobrir, entre outras coisas, se Prince pode ter sofrido uma overdose de analgésicos em sua residência. Mas, na quarta, Kamerud se negou a comentar as declarações de Mauzy. A polícia disse que não acredita que a morte de Prince tenha sido por suicídio ou homicídio. Na quarta-feira, representantes da DEA (Drug Enforcement Agency, o órgão americano de combate às drogas) e da procuradoria federal anunciaram que vão participar da investigação. O mistério em torno da morte de Prince espelha o enigma de sua vida. Ele rejeitava a cultura das selfies e não se deixava fotografar em sua casa ou seu estúdio. Ao mesmo tempo, regularmente abria as portas da residência e convidava o público para festas no local, onde ele falava com os presentes. Dias antes de sua morte, ele tinha feito exatamente isso, mostrando um novo piano e guitarra roxos para cerca de 200 convidados. Ele tinha começado a escrever sua autobiografia, com o título provisório de "The Beautiful Ones". Tinha apresentações marcadas em oito cidades do país. DEPRESSÃO Mas as pessoas que o conheciam especulavam que ele poderia estar sofrendo, com seus problemas físicos limitando sua capacidade de se apresentar em turnês. Ele estava melancólico desde a morte de Denise Matthews, também conhecida como Vanity, em fevereiro, uma antiga namorada e colaboradora dele. Em um show na Austrália em 16 de fevereiro, o dia após a morte dela, Prince ficou emotivo. "Uma pessoa querida faleceu", ele disse à plateia, e então dedicou a Matthews a canção "Little Red Corvette", segundo descrições do show publicadas pela mídia local. Mais tarde ele disse à plateia: "Estou me esforçando para ficar concentrado aqui. Hoje está difícil para mim." Amigos preocupados disseram que tinham discutido o estado emocional de Prince recentemente. Ele tinha dito a algumas pessoas que estava deprimido. Alguns amigos desconfiavam que ele estivesse passando por uma fase de estagnação profissional. Na realidade, Prince recusou uma oferta de US$ 85 milhões para fazer uma grande turnê mundial, optando em vez disso por shows menores, contou Kim Worsoe, seu coordenador de turnês. "Não faço turnês, faço eventos", Prince lhe falou. Outros amigos disseram que não detectaram nenhuma depressão. Sua amiga e dançarina Damaris Lewis disse que as apresentações pequenas eram um indicativo de que Prince tinha encontrado a paz nele próprio. "Seus fãs eram sua família", ela disse. Em suas apresentações finais, Prince, que na véspera do Ano Novo fez um show grandioso no Caribe, evitou suas performances altamente vibrantes com uma big band, optando por algo mais intimista e menos cansativo: apenas ele próprio tocando piano e cantando. Disse que era a turnê "Um Piano e um Microfone". Em março ele fez uma festa e apresentação improvisadas em Nova York para anunciar seu livro de memórias. Ele fez três concertos no Canadá, voltando para casa em 23 de março e assistindo a um serviço religioso em seu Salão do Reino das Testemunhas de Jeová, de terno e gravata e com os cabelos penteados para trás. Prince foi batizado na fé em 2003 sob a orientação do baixista Larry Graham, cuja banda tocava regularmente com ele e que se mudou para o Minnesota com sua família para ficar perto do artista. Como Testemunha de Jeová, ele ia de porta em porta com outro fiel na área de atuação da igreja, recitando versículos da Bíblia e apresentando-se como Rogers Nelson. "Ele era muito ligado em coisas espirituais", falou Graham. "Ele já se interessava antes pela Bíblia e o amor a Deus." Amigos de Prince disseram que sua dedicação à religião, somada a seu engajamento com uma vida limpa, pode ter contribuído para fazê-lo sentir vergonha de sua dependência crescente de medicamentos. Os shows seguintes que ele tinha programados eram duas apresentações consecutivas em 7 de abril no Fox Theater, em Atlanta. Mas a promotora dos shows em Atlanta, Lucy Lawler-Freas, contou que recebeu uma ligação de Worsoe às 10h da manhã dos shows. Prince estava com gripe. "Ele mal está conseguindo falar, esta rouco mesmo", Worsoe lhe disse. Worsoe contou que foi a primeira vez em mais de um quarto de século, o tempo que trabalhou com Prince, que o artista cancelou um show. Dois dias depois, Prince marcou o show novamente, dessa vez para o dia 14. Na nova data marcada, Prince pousou em Atlanta atrasado e precisou de escolta policial para chegar ao teatro em tempo. Disse que estava se sentindo mal, mas, no camarim, onde havia água e frutas para o artista, Worsoe disse que não percebeu nenhum sinal visível de algum problema físico. Com seu penteado afro pronto, Prince subiu ao palco, tocando em seu piano cor púrpura, cercado de candelabros. Ele fez duas apresentações, às 19h e às 22h. "Ele estava épico", disse Lawler-Freas. Não havia qualquer sinal de gripe. Segundo Worsoe, Prince disse que foi a melhor apresentação de sua vida. Mas, quando terminou, falou que seu estômago estava doendo. Ainda segundo Worsoe, Prince queria voltar a Minneapolis e ir ao médico. Pediu para adiar apresentações em St. Louis, Nashville e Washington que já estavam programas para a semana seguinte, mas ainda não tinham sido anunciadas. CRISE MÉDICA NO AR Prince e dois outros passageiros embarcaram em seu jatinho particular, que decolou às 0h51 da sexta-feira, depois da apresentação em Atlanta. Depois de uma hora no ar, o piloto enviou mensagem de rádio a controladores de tráfego aéreo, dizendo que estava com um passageiro desmaiado a bordo. Faltando apenas 48 minutos para chegar ao seu destino, Minneapolis, o avião deu meia-volta e pousou rapidamente em Moline, à 1h18. O guarda-costas de Prince o carregou do avião até paramédicos que o aguardavam em terra. De lá, ele foi levado às pressas ao hospital. Prince foi tratado com uma injeção de Narcan, medicamento normalmente dado a pessoas quando sofrem uma overdose de opiáceos, segundo relatos publicados. Mas ele passou apenas algumas horas no hospital, antes de seguir viagem no avião para casa. Mestre do controle de sua imagem, Prince começou imediatamente a moldar a narrativa. Ele se apressou a organizar uma festa em sua casa para a noite seguinte. Mais tarde, andou de bicicleta no estacionamento de um shopping. Seus representantes pediram a Jeremiah Freed, blogger que comanda o site drfunkenberry.com, para ajudar a divulgar a festa que teria lugar na noite de sábado. Freed contou que antes daquela noite ele nunca tinha se preocupado com a condição de Prince, se bem que uma coisa que o músico lhe disse em janeiro chamou sua atenção. Prince lhe falou da morte de David Bowie, dizendo que estava tendo sonhos lúcidos em que se comunicava com pessoas que tinham morrido. No primeiro momento em que Prince chegou à festa, antes de estar em plena vista do público, "ele me pareceu abalado", Freed recordou. Eles se olharam olho no olho. "Quando eu o vi, não havia um sorriso ali." Outros amigos procuraram Prince no fim de semana, preocupados com o que tinha acontecido com ele no avião. A mensagem dele a todos foi: "Estou bem". Sabendo como Prince valorizava sua privacidade —ele não usava celular, mas navegava na internet constantemente em seu MacBook prateado—, seus amigos disseram que não insistiram. Na segunda-feira, 18 de abril, Lawler-Freas, a promoter de Atlanta, falou que os representantes de Prince lhe disseram para adiar a confirmação dos oito shows que ela tinha programado para ele. Prince ia tirar uma folga naquela semana, e os representantes voltariam a falar com ela na segunda-feira seguinte, 25 de abril, para confirmar os concertos. Prince parece ter levado a vida normalmente nesses dias; na terça-feira, 19 de abril, deu uma passada no Dakota Jazz Club, em Minneapolis. No dia seguinte, disse a polícia, alguém o deixou em sua casa às 20h. Ele foi encontrado morto na manhã seguinte. Uma grande investigação começou. Kamerud, da polícia de Carver County, disse: "Algumas investigações são como quebra-cabeças de 50 peças, e outras são como um quebra-cabeças de mil peças. Esta é do segundo tipo." Freed, o blogger, disse que mal consegue acreditar nos relatos sobre uma possível dependência de analgésicos. Ele disse que Prince ajudava qualquer pessoa de sua banda que tivesse um problema com drogas, chegando a pagar por seus tratamentos. Se a pessoa consumisse drogas, ele disse, "não trabalharia com Prince. Não teria trabalho." Tradução CLARA ALLAIN
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Leia "Lucy", conto inédito de Truman Capote
SOBRE O TEXTO Datado de 1941, "Lucy" é um dos "Primeiros Contos de Truman Capote", encontrados em 2013 pelo editor suíço Peter Haag em meio aos arquivos do autor na Biblioteca Pública de Nova York. O volume, com histórias inéditas que Capote escreveu entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta, sai no Brasil pela José Olympio, no final de março. Lucy era realmente o produto do amor de minha mãe pela culinária sulista. Eu estava passando o verão no Sul quando minha mãe escreveu a minha tia pedindo que encontrasse uma mulher de cor que soubesse cozinhar de verdade e estivesse disposta a vir para Nova York. Depois de explorado o território, o resultado foi Lucy. Sua pele era de um azeitonado profundo, e seus traços eram mais finos e leves que os da maioria dos negros. Ela era alta e razoavelmente arredondada. Fora professora na escola de crianças de cor. Mas parecia dotada de uma inteligência natural, não formada por livros, e, sim, uma filha da terra com profunda compreensão e compaixão por todos os seres vivos. Como a maioria dos negros do Sul, era muito religiosa e ainda hoje consigo vê-la sentada na cozinha lendo sua Bíblia, declarando muito séria que era uma "filha de Deus". De modo que ganhamos Lucy, e quando ela desceu do trem naquela manhã de setembro na estação Pensilvânia, o orgulho e o sentimento de triunfo transpareciam no seu olhar. Ela me disse que a vida inteira quisera vir para o Norte, em suas palavras, "viver como um ser humano". Naquela manhã, sentia que nunca mais na vida desejaria ver pela frente Jim Crow, com seu fanatismo religioso e sua crueldade. Na época, morávamos num apartamento na Riverside Drive. De todas as janelas da frente tínhamos uma excelente vista do rio Hudson e dos Penhascos de Jersey, erguendo-se majestosos para o céu. Pela manhã, eles pareciam arautos saudando o alvorecer e, ao cair da noite no pôr do sol, quando a água era tingida pela confusão de tons rubros, os penhascos cintilavam magnificamente, como sentinelas de um mundo antigo. Às vezes, ao pôr do sol, Lucy sentava junto à janela do apartamento e ficava contemplando amorosamente o espetáculo do cair da noite na maior metrópole do mundo. – Hum, hum –dizia então–, se Mamãe e George estivessem aqui para ver isto. E no início ela gostava das luzes fortes e de todo aquele ruído. Quase todo sábado me levava à Broadway e nós fazíamos uma farra teatral. Ela adorava os vaudevilles, e o luminoso da Wrigley por si só já era um espetáculo. Lucy e eu estávamos sempre juntos. Às vezes, de tarde, depois da escola, ela me ajudava no dever de matemática, pois era muito boa em matemática. Lia bastante poesia,mas não entendia muito do assunto, apenas gostava do som das palavras e às vezes dos sentimentos por trás delas. Foi por causa dessas leituras que percebi o quanto ela sentia saudades de casa. Quando eram poemas com um tema ligado ao Sul, ela os lia lindamente, com um sentimento de compaixão único. Com sua voz suave, recitava os versos com ternura, claramente, e, se eu desse uma olhada rápida, podia ver que havia um iniciozinho de lágrima brilhando no intenso negrume daqueles olhos. E então ela dava uma risada, se eu tocasse no assunto, e dava de ombros. – Mas foi lindo, não foi? Quando estava trabalhando, Lucy sempre acompanhava o que fazia cantando suavemente um "blues" do mais puro. Eu gostava de ouvi-la cantando. Certa vez, fomos ver Ethel Waters, e ela passou vários dias andando pela casa imitando Ethel, e acabou anunciando que ia participar de um concurso amador. Eu nunca vou esquecer esse concurso. Lucy ficou em segundo lugar, e eu, com as mãos doendo de tanto aplaudir. Ela cantou "It's De-Lovely, It's Delicious, It's Delightful". Até hoje eu lembro a letra, de tantas vezes que a ensaiamos. Ela morria de medo de esquecer os versos e, quando subiu ao palco, sua voz tremia só um pouquinho, exatamente para ficar parecendo com Ethel Waters. Mas Lucy acabou abandonando a carreira musical, pois conheceu Pedro e não tinha muito tempo para outras coisas. Ele era um dos trabalhadores do prédio, e ele e Lucy viviam grudados. Lucy só estava em Nova York havia cinco meses quando isso aconteceu e, tecnicamente, ainda estava verde. Pedro era muito esperto, usava roupas espalhafatosas, e além do mais eu ficava furioso porque não conseguia mais ir aos shows. Mamãe achava graça e dizia: – Parece mesmo que a perdemos, ela também vai virar uma nortista. Ela nem parecia estar ligando muito, mas eu ligava. No fim das contas, Lucy também não gostava de Pedro e então ficou mais solitária do que nunca. Às vezes eu lia sua correspondência, quando ela a deixava aberta pela casa. Eram coisas mais ou menos assim: Querida Lucy, é o seu Pai ele ficou doente, de cama. Mandou dar um oi pra você. A gente acha que agora que você tá aí você não tem mais tempo pra gente que é pobre. Seu irmão George ele foi pra Pensacola, ele trabalha lá na fábrica de garrafa. A gente te ama muito, Mamãe Às vezes, tarde da noite, eu a ouvia chorando baixinho em seu quarto, e então entendi que ela ia voltar para casa. Nova York era uma imensa solidão. O rio Hudson ficava sussurrando "rio Alabama". Sim, rio Alabama, com suas águas barrentas avermelhadas cheias até a margem e seus pequenos afluentes pantanosos. Todas aquelas luzes –faróis brilhando na escuridão, o canto solitário de um noitibó-oriental, um trem soltando seu grito melancólico na noite. Cimento duro, aço brilhante e frio, fumaça, coisas caricatas, o barulho abafado do metrô nos subterrâneos úmidos. Trepidação, trepidação –gramados verdes e macios– e também o sol, quente, muito quente, mas tão reconfortante, pés descalços, e um regato fresco com areia no fundo e seixos redondos e macios como sabonete. Cidade não é lugar para ninguém nesse mundo, Mamãe está me chamando de volta. George, eu sou filha de Deus. Sim, eu sabia que ela ia voltar. De modo que, quando me disse que estava indo embora, não me surpreendi. Abri e fechei a boca e senti as lágrimas nos olhos e aquele vazio no estômago. Ela se foi no mês de maio. Era uma noite quente e o céu sobre a cidade estava vermelho. Eu lhe dei uma caixa de doces, cerejas com cobertura de chocolate (pois eram as que ela mais gostava) e um pacote de revistas. Mamãe e Papai a levaram de carro até a rodoviária. Quando saíram do apartamento, corri até a janela e me debrucei no parapeito para vê-los sair do prédio e entrar no carro, que lenta e suavemente foi desaparecendo. E eu já podia ouvir Lucy contando: "Puxa vida, Mamãe, Nova York é maravilhosa, aquela gente toda, e eu vi estrelas de cinema em pessoa, puxa, Mamãe!". TRUMAN CAPOTE (1924-84) escritor e dramaturgo americano, autor de "A Sangue Frio". CLÓVIS MARQUES, 65, é jornalista e tradutor. MARCOS GARUTI, 46, é ilustrador, responsável pelos desenhos de "O Reino Hiperbólico", de Dionisio Jacob (Lazuli).
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Leia "Lucy", conto inédito de Truman CapoteSOBRE O TEXTO Datado de 1941, "Lucy" é um dos "Primeiros Contos de Truman Capote", encontrados em 2013 pelo editor suíço Peter Haag em meio aos arquivos do autor na Biblioteca Pública de Nova York. O volume, com histórias inéditas que Capote escreveu entre o fim da adolescência e o começo da vida adulta, sai no Brasil pela José Olympio, no final de março. Lucy era realmente o produto do amor de minha mãe pela culinária sulista. Eu estava passando o verão no Sul quando minha mãe escreveu a minha tia pedindo que encontrasse uma mulher de cor que soubesse cozinhar de verdade e estivesse disposta a vir para Nova York. Depois de explorado o território, o resultado foi Lucy. Sua pele era de um azeitonado profundo, e seus traços eram mais finos e leves que os da maioria dos negros. Ela era alta e razoavelmente arredondada. Fora professora na escola de crianças de cor. Mas parecia dotada de uma inteligência natural, não formada por livros, e, sim, uma filha da terra com profunda compreensão e compaixão por todos os seres vivos. Como a maioria dos negros do Sul, era muito religiosa e ainda hoje consigo vê-la sentada na cozinha lendo sua Bíblia, declarando muito séria que era uma "filha de Deus". De modo que ganhamos Lucy, e quando ela desceu do trem naquela manhã de setembro na estação Pensilvânia, o orgulho e o sentimento de triunfo transpareciam no seu olhar. Ela me disse que a vida inteira quisera vir para o Norte, em suas palavras, "viver como um ser humano". Naquela manhã, sentia que nunca mais na vida desejaria ver pela frente Jim Crow, com seu fanatismo religioso e sua crueldade. Na época, morávamos num apartamento na Riverside Drive. De todas as janelas da frente tínhamos uma excelente vista do rio Hudson e dos Penhascos de Jersey, erguendo-se majestosos para o céu. Pela manhã, eles pareciam arautos saudando o alvorecer e, ao cair da noite no pôr do sol, quando a água era tingida pela confusão de tons rubros, os penhascos cintilavam magnificamente, como sentinelas de um mundo antigo. Às vezes, ao pôr do sol, Lucy sentava junto à janela do apartamento e ficava contemplando amorosamente o espetáculo do cair da noite na maior metrópole do mundo. – Hum, hum –dizia então–, se Mamãe e George estivessem aqui para ver isto. E no início ela gostava das luzes fortes e de todo aquele ruído. Quase todo sábado me levava à Broadway e nós fazíamos uma farra teatral. Ela adorava os vaudevilles, e o luminoso da Wrigley por si só já era um espetáculo. Lucy e eu estávamos sempre juntos. Às vezes, de tarde, depois da escola, ela me ajudava no dever de matemática, pois era muito boa em matemática. Lia bastante poesia,mas não entendia muito do assunto, apenas gostava do som das palavras e às vezes dos sentimentos por trás delas. Foi por causa dessas leituras que percebi o quanto ela sentia saudades de casa. Quando eram poemas com um tema ligado ao Sul, ela os lia lindamente, com um sentimento de compaixão único. Com sua voz suave, recitava os versos com ternura, claramente, e, se eu desse uma olhada rápida, podia ver que havia um iniciozinho de lágrima brilhando no intenso negrume daqueles olhos. E então ela dava uma risada, se eu tocasse no assunto, e dava de ombros. – Mas foi lindo, não foi? Quando estava trabalhando, Lucy sempre acompanhava o que fazia cantando suavemente um "blues" do mais puro. Eu gostava de ouvi-la cantando. Certa vez, fomos ver Ethel Waters, e ela passou vários dias andando pela casa imitando Ethel, e acabou anunciando que ia participar de um concurso amador. Eu nunca vou esquecer esse concurso. Lucy ficou em segundo lugar, e eu, com as mãos doendo de tanto aplaudir. Ela cantou "It's De-Lovely, It's Delicious, It's Delightful". Até hoje eu lembro a letra, de tantas vezes que a ensaiamos. Ela morria de medo de esquecer os versos e, quando subiu ao palco, sua voz tremia só um pouquinho, exatamente para ficar parecendo com Ethel Waters. Mas Lucy acabou abandonando a carreira musical, pois conheceu Pedro e não tinha muito tempo para outras coisas. Ele era um dos trabalhadores do prédio, e ele e Lucy viviam grudados. Lucy só estava em Nova York havia cinco meses quando isso aconteceu e, tecnicamente, ainda estava verde. Pedro era muito esperto, usava roupas espalhafatosas, e além do mais eu ficava furioso porque não conseguia mais ir aos shows. Mamãe achava graça e dizia: – Parece mesmo que a perdemos, ela também vai virar uma nortista. Ela nem parecia estar ligando muito, mas eu ligava. No fim das contas, Lucy também não gostava de Pedro e então ficou mais solitária do que nunca. Às vezes eu lia sua correspondência, quando ela a deixava aberta pela casa. Eram coisas mais ou menos assim: Querida Lucy, é o seu Pai ele ficou doente, de cama. Mandou dar um oi pra você. A gente acha que agora que você tá aí você não tem mais tempo pra gente que é pobre. Seu irmão George ele foi pra Pensacola, ele trabalha lá na fábrica de garrafa. A gente te ama muito, Mamãe Às vezes, tarde da noite, eu a ouvia chorando baixinho em seu quarto, e então entendi que ela ia voltar para casa. Nova York era uma imensa solidão. O rio Hudson ficava sussurrando "rio Alabama". Sim, rio Alabama, com suas águas barrentas avermelhadas cheias até a margem e seus pequenos afluentes pantanosos. Todas aquelas luzes –faróis brilhando na escuridão, o canto solitário de um noitibó-oriental, um trem soltando seu grito melancólico na noite. Cimento duro, aço brilhante e frio, fumaça, coisas caricatas, o barulho abafado do metrô nos subterrâneos úmidos. Trepidação, trepidação –gramados verdes e macios– e também o sol, quente, muito quente, mas tão reconfortante, pés descalços, e um regato fresco com areia no fundo e seixos redondos e macios como sabonete. Cidade não é lugar para ninguém nesse mundo, Mamãe está me chamando de volta. George, eu sou filha de Deus. Sim, eu sabia que ela ia voltar. De modo que, quando me disse que estava indo embora, não me surpreendi. Abri e fechei a boca e senti as lágrimas nos olhos e aquele vazio no estômago. Ela se foi no mês de maio. Era uma noite quente e o céu sobre a cidade estava vermelho. Eu lhe dei uma caixa de doces, cerejas com cobertura de chocolate (pois eram as que ela mais gostava) e um pacote de revistas. Mamãe e Papai a levaram de carro até a rodoviária. Quando saíram do apartamento, corri até a janela e me debrucei no parapeito para vê-los sair do prédio e entrar no carro, que lenta e suavemente foi desaparecendo. E eu já podia ouvir Lucy contando: "Puxa vida, Mamãe, Nova York é maravilhosa, aquela gente toda, e eu vi estrelas de cinema em pessoa, puxa, Mamãe!". TRUMAN CAPOTE (1924-84) escritor e dramaturgo americano, autor de "A Sangue Frio". CLÓVIS MARQUES, 65, é jornalista e tradutor. MARCOS GARUTI, 46, é ilustrador, responsável pelos desenhos de "O Reino Hiperbólico", de Dionisio Jacob (Lazuli).
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Confinados em convento abandonado, artistas criam obras nos escombros
Numa sala toda arrombada, cheia de buracos nas paredes, no piso e no teto, um garoto esguio de cabelo rastafári pinta à luz de velas. "É um ritual", diz o grafiteiro Enivo, carregando no tom místico de suas palavras. "Estar aqui é uma proposta de encontrar camadas dentro de mim, uma incessante busca do âmago." Seu "aqui" é o que sobrou de um convento abandonado há mais de duas décadas em Cotia, nos arredores de São Paulo, hoje usado às vezes como academia de tiro. Entrar em contato com o tal âmago tem a ver com trabalhar nesse cenário ao mesmo tempo punk e transcendental. "Desculpa se eu naveguei muito." Navegou. Em busca de uma espécie de nirvana estético embalado pelas ruínas, cerca de 30 artistas passaram dez dias confinados ali no fim de janeiro. Sem sair do convento, cada um achou um canto e transformou sua parte dos escombros criando novos trabalhos, entre pinturas, esculturas e instalações –um "Big Brother" da arte. Mas, ao contrário do reality show, ali não há quarto do líder, nem piscina, academia de ginástica e espreguiçadeiras sob o sol. Os participantes dormiam em barracas num abrigo sem luz elétrica, usavam uma cozinha improvisada e se revezavam para tomar banho num único chuveiro. No lugar da despensa cheia de comidas vistosas para o merchandising, muitos ovos e latas de energético –quente, já que não há geladeira. Esse é um estilo de vida em voga, aliás, entre artistas emergentes em cidades como Berlim e Detroit, onde fissurados em espaços abandonados viraram mendigos por opção. "Foi uma ideia de imersão, de todo mundo ficar concentrado na produção aqui e conhecer as pessoas", diz o artista Walter Nomura, idealizador da ocupação. "É um funcionamento anárquico." Tanto que não há ordens gritadas por um apresentador, nem dias de eliminação. Fica quem quer, vai embora quem enjoar do isolamento. Em grande parte artistas de rua, habituados a pintar no meio do trânsito e sujeitos à fúria da cidade, os confinados do claustro acabaram se viciando na paz e no silêncio, além de incorporar aos trabalhos certo pendor esotérico. Um deles criou um mural com anjinhos tocando exóticos instrumentos de sopro, como se executassem a trilha sonora de uma igreja arrasada. Esse clima transparece no trabalho de Alex Orsetti, que que colou filtros coloridos nas janelas trincadas de uma sala, simulando um vitral meio mal ajambrado. "É um pouco inspirado nas catedrais", compara o artista. "Acho que estou indo para algo sacro. Essa sala é o subconsciente, onde a gente joga as informações que a nossa razão não capta. É algo espiritual, vem uma energia." TRANSE Ele não foi o único, aliás, a sentir essa força estranha. Nomura jura –falando sério– que já viu fantasmas no convento. Shima, artista que passou a trocar o dia pela noite, pintando madrugada adentro no porão das ruínas, também diz ter vivido em transe ali. "Queria aproveitar o silêncio do espaço e as histórias de aqui ter sido um convento", diz Shima. "Estou pintando influenciado pelo contexto, mais sensível ao que está no ar." Deslocando as obras de arte ou mesmo desenhos e pinturas medíocres para um espaço em escombros, todos esses artistas também parecem estar sensíveis a um movimento que vem se reafirmando na arte contemporânea –a ideia de sair do ambiente de butique das galerias e se misturar à cidade, ocupando espaços sujos e improváveis. Um culto à ruína e a uma estética do desgaste também parece estar por trás de ocupações como essa no convento. São exposições-performance que podem tanto cair no ridículo quanto servir de estratégia para alçar ao circuito artistas que ainda não tiveram a sua chance ao estrelato. Mercado à parte, o resultado é uma espécie de grande instalação coletiva, em que vontades díspares e trabalhos bem ou mal executados brigam por atenção. No fundo, o que resta é o impacto irregular de desejos passageiros, marcas e pegadas que ficam como mais uma camada de memórias num espaço esquecido. "É deixar que a superfície do lugar traga a forma das obras", diz Bartolomeo Gelpi, que fez uma série de murais. "Tem os desafios do espaço."
ilustrada
Confinados em convento abandonado, artistas criam obras nos escombrosNuma sala toda arrombada, cheia de buracos nas paredes, no piso e no teto, um garoto esguio de cabelo rastafári pinta à luz de velas. "É um ritual", diz o grafiteiro Enivo, carregando no tom místico de suas palavras. "Estar aqui é uma proposta de encontrar camadas dentro de mim, uma incessante busca do âmago." Seu "aqui" é o que sobrou de um convento abandonado há mais de duas décadas em Cotia, nos arredores de São Paulo, hoje usado às vezes como academia de tiro. Entrar em contato com o tal âmago tem a ver com trabalhar nesse cenário ao mesmo tempo punk e transcendental. "Desculpa se eu naveguei muito." Navegou. Em busca de uma espécie de nirvana estético embalado pelas ruínas, cerca de 30 artistas passaram dez dias confinados ali no fim de janeiro. Sem sair do convento, cada um achou um canto e transformou sua parte dos escombros criando novos trabalhos, entre pinturas, esculturas e instalações –um "Big Brother" da arte. Mas, ao contrário do reality show, ali não há quarto do líder, nem piscina, academia de ginástica e espreguiçadeiras sob o sol. Os participantes dormiam em barracas num abrigo sem luz elétrica, usavam uma cozinha improvisada e se revezavam para tomar banho num único chuveiro. No lugar da despensa cheia de comidas vistosas para o merchandising, muitos ovos e latas de energético –quente, já que não há geladeira. Esse é um estilo de vida em voga, aliás, entre artistas emergentes em cidades como Berlim e Detroit, onde fissurados em espaços abandonados viraram mendigos por opção. "Foi uma ideia de imersão, de todo mundo ficar concentrado na produção aqui e conhecer as pessoas", diz o artista Walter Nomura, idealizador da ocupação. "É um funcionamento anárquico." Tanto que não há ordens gritadas por um apresentador, nem dias de eliminação. Fica quem quer, vai embora quem enjoar do isolamento. Em grande parte artistas de rua, habituados a pintar no meio do trânsito e sujeitos à fúria da cidade, os confinados do claustro acabaram se viciando na paz e no silêncio, além de incorporar aos trabalhos certo pendor esotérico. Um deles criou um mural com anjinhos tocando exóticos instrumentos de sopro, como se executassem a trilha sonora de uma igreja arrasada. Esse clima transparece no trabalho de Alex Orsetti, que que colou filtros coloridos nas janelas trincadas de uma sala, simulando um vitral meio mal ajambrado. "É um pouco inspirado nas catedrais", compara o artista. "Acho que estou indo para algo sacro. Essa sala é o subconsciente, onde a gente joga as informações que a nossa razão não capta. É algo espiritual, vem uma energia." TRANSE Ele não foi o único, aliás, a sentir essa força estranha. Nomura jura –falando sério– que já viu fantasmas no convento. Shima, artista que passou a trocar o dia pela noite, pintando madrugada adentro no porão das ruínas, também diz ter vivido em transe ali. "Queria aproveitar o silêncio do espaço e as histórias de aqui ter sido um convento", diz Shima. "Estou pintando influenciado pelo contexto, mais sensível ao que está no ar." Deslocando as obras de arte ou mesmo desenhos e pinturas medíocres para um espaço em escombros, todos esses artistas também parecem estar sensíveis a um movimento que vem se reafirmando na arte contemporânea –a ideia de sair do ambiente de butique das galerias e se misturar à cidade, ocupando espaços sujos e improváveis. Um culto à ruína e a uma estética do desgaste também parece estar por trás de ocupações como essa no convento. São exposições-performance que podem tanto cair no ridículo quanto servir de estratégia para alçar ao circuito artistas que ainda não tiveram a sua chance ao estrelato. Mercado à parte, o resultado é uma espécie de grande instalação coletiva, em que vontades díspares e trabalhos bem ou mal executados brigam por atenção. No fundo, o que resta é o impacto irregular de desejos passageiros, marcas e pegadas que ficam como mais uma camada de memórias num espaço esquecido. "É deixar que a superfície do lugar traga a forma das obras", diz Bartolomeo Gelpi, que fez uma série de murais. "Tem os desafios do espaço."
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Água aumenta possibilidade de vida em Marte, diz colunista
Em um debate na tarde desta terça-feira (29), o colunista da Folha Salvador Nogueira afirmou que a existência em Marte de água, ainda que muito salgada, conforme divulgado pela Nasa, aumenta a chance de haver algum tipo de vida bacteriana em Marte. Segundo Salvador, a vida em Marte é uma das maiores buscas da Ciência hoje, o que explica o burburinho em torno do anúncio (não tão novo assim). Participaram da transmissão ao vivo da "TV Folha" Ricardo Mioto, editor de "Ciência", e Douglas Lambert, editor-assistente da "TV Folha", entusiasta do tema. Os três conversaram também sobre a possibilidade de uma missão tripulada ao planeta —algo que não deve acontecer antes de 2030, na melhor das hipóteses—, sobre o filme "Perdido em Marte", que estreia nesta quinta-feira (1º), e sobre os rumos da agência espacial norte-americana, a Nasa, entre outros assuntos. ÁGUA Dados colhidos por uma espaçonave da Nasa confirmam que fluxos de água salgada escorrem pela superfície de Marte todos os verões. A descoberta aumenta a possibilidade de que exista, ainda hoje, alguma forma de vida no planeta vermelho. O estudo foi liderado por Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta, e anunciado pela agência espacial americana nesta segunda. Os resultados foram publicados no site da revista "Nature Geoscience".
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Água aumenta possibilidade de vida em Marte, diz colunistaEm um debate na tarde desta terça-feira (29), o colunista da Folha Salvador Nogueira afirmou que a existência em Marte de água, ainda que muito salgada, conforme divulgado pela Nasa, aumenta a chance de haver algum tipo de vida bacteriana em Marte. Segundo Salvador, a vida em Marte é uma das maiores buscas da Ciência hoje, o que explica o burburinho em torno do anúncio (não tão novo assim). Participaram da transmissão ao vivo da "TV Folha" Ricardo Mioto, editor de "Ciência", e Douglas Lambert, editor-assistente da "TV Folha", entusiasta do tema. Os três conversaram também sobre a possibilidade de uma missão tripulada ao planeta —algo que não deve acontecer antes de 2030, na melhor das hipóteses—, sobre o filme "Perdido em Marte", que estreia nesta quinta-feira (1º), e sobre os rumos da agência espacial norte-americana, a Nasa, entre outros assuntos. ÁGUA Dados colhidos por uma espaçonave da Nasa confirmam que fluxos de água salgada escorrem pela superfície de Marte todos os verões. A descoberta aumenta a possibilidade de que exista, ainda hoje, alguma forma de vida no planeta vermelho. O estudo foi liderado por Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta, e anunciado pela agência espacial americana nesta segunda. Os resultados foram publicados no site da revista "Nature Geoscience".
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Juiz de São Paulo manda quebrar sigilo telefônico de jornalista
A Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo telefônico da jornalista Andreza Matais, hoje no jornal "O Estado de S. Paulo", para identificar a fonte de uma série de reportagens publicadas por ela pela Folha, em 2012. Os textos apontavam que uma sindicância foi aberta pelo Banco do Brasil para apurar uma movimentação atípica de R$ 1 milhão em benefício do ex-vice-presidente Allan Toledo. Em 2015, ele foi preso, acusado de participar de esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O juiz Rubens Pedreiro Lopes, do Departamento de Inquéritos Policiais, sustentou que a quebra de sigilo era "indispensável para o prosseguimento das investigações", abertas a pedido do ex-vice-presidente do BB. A defesa pediu a reconsideração da decisão, por considerá-la inconstitucional, além de decorrente de um equívoco no processo. "Jamais se pode quebrar o sigilo telefônico de um jornalista, porque se coloca em risco o sigilo da fonte e da liberdade de imprensa", disse Philippe Nascimento, do escritório Dias e Carvalho Filho Advogados, que representa a jornalista a pedido da Folha. EQUÍVOCO O equívoco, ele afirmou, decorre do fato de não ter sido pleiteado acesso a conversas de Matais, entre fevereiro e março de 2012, mas sim de outra pessoa envolvida nas investigações. A jornalista, hoje editora da "Coluna do Estadão", de notas políticas, não se manifestou no processo para preservar o sigilo da fonte, direito garantido pela Constituição. Pedidos foram feitos desde 2013, mas sempre negados por manifestações contrárias do Ministério Público. A promotora Mônica Magarinos Torralbo Gimenez, contudo, desta vez assentiu.
poder
Juiz de São Paulo manda quebrar sigilo telefônico de jornalistaA Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo telefônico da jornalista Andreza Matais, hoje no jornal "O Estado de S. Paulo", para identificar a fonte de uma série de reportagens publicadas por ela pela Folha, em 2012. Os textos apontavam que uma sindicância foi aberta pelo Banco do Brasil para apurar uma movimentação atípica de R$ 1 milhão em benefício do ex-vice-presidente Allan Toledo. Em 2015, ele foi preso, acusado de participar de esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O juiz Rubens Pedreiro Lopes, do Departamento de Inquéritos Policiais, sustentou que a quebra de sigilo era "indispensável para o prosseguimento das investigações", abertas a pedido do ex-vice-presidente do BB. A defesa pediu a reconsideração da decisão, por considerá-la inconstitucional, além de decorrente de um equívoco no processo. "Jamais se pode quebrar o sigilo telefônico de um jornalista, porque se coloca em risco o sigilo da fonte e da liberdade de imprensa", disse Philippe Nascimento, do escritório Dias e Carvalho Filho Advogados, que representa a jornalista a pedido da Folha. EQUÍVOCO O equívoco, ele afirmou, decorre do fato de não ter sido pleiteado acesso a conversas de Matais, entre fevereiro e março de 2012, mas sim de outra pessoa envolvida nas investigações. A jornalista, hoje editora da "Coluna do Estadão", de notas políticas, não se manifestou no processo para preservar o sigilo da fonte, direito garantido pela Constituição. Pedidos foram feitos desde 2013, mas sempre negados por manifestações contrárias do Ministério Público. A promotora Mônica Magarinos Torralbo Gimenez, contudo, desta vez assentiu.
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OMS confirma que duas vacinas em testes contra ebola são seguras
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou nesta sexta-feira (9) que as duas vacinas contra o ebola testadas em diferentes países são seguras e avançam para serem administradas nos três países da África Ocidental afetados pela epidemia. "Sabemos que as duas vacinas que estão na fase de testes clínicos parecem seguras e mostram uma boa imunogenicidade", disse a diretora geral adjunta da entidade, Marie-Paule Kieny. A OMS convocou nesta quinta (8) uma reunião, por teleconferência, com especialistas em vacinas de todo o mundo, que avaliaram os resultados preliminares dos testes clínicos em andamento e, mais concretamente, questões relacionadas com a segurança e financiamento dos produtos. As substâncias VSV-ZEBOV, desenvolvida no Canadá e cujos direitos de patente foram adquiridos recentemente pela farmacêutica Merck, e a CHAD-EBO, da britânica GSK, estão sendo provadas em voluntários nos Estados Unidos e em vários países da Europa e África. De acordo com Marie-Paule, uma vacinação em massa contra o ebola, como parte da última fase de testes clínicos, poderá começar, a depender dos próximos resultados, ainda neste mês na Libéria. Serra Leoa e Guiné, os outros dois países onde o vírus segue circulando, devem começar a receber a vacinação em fevereiro, disse a representante da OMS.
mundo
OMS confirma que duas vacinas em testes contra ebola são segurasA OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou nesta sexta-feira (9) que as duas vacinas contra o ebola testadas em diferentes países são seguras e avançam para serem administradas nos três países da África Ocidental afetados pela epidemia. "Sabemos que as duas vacinas que estão na fase de testes clínicos parecem seguras e mostram uma boa imunogenicidade", disse a diretora geral adjunta da entidade, Marie-Paule Kieny. A OMS convocou nesta quinta (8) uma reunião, por teleconferência, com especialistas em vacinas de todo o mundo, que avaliaram os resultados preliminares dos testes clínicos em andamento e, mais concretamente, questões relacionadas com a segurança e financiamento dos produtos. As substâncias VSV-ZEBOV, desenvolvida no Canadá e cujos direitos de patente foram adquiridos recentemente pela farmacêutica Merck, e a CHAD-EBO, da britânica GSK, estão sendo provadas em voluntários nos Estados Unidos e em vários países da Europa e África. De acordo com Marie-Paule, uma vacinação em massa contra o ebola, como parte da última fase de testes clínicos, poderá começar, a depender dos próximos resultados, ainda neste mês na Libéria. Serra Leoa e Guiné, os outros dois países onde o vírus segue circulando, devem começar a receber a vacinação em fevereiro, disse a representante da OMS.
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População de carnívoros de grande porte cresce na Europa
Carnívoros como ursos pardos e lobos estão começando a aumentar seus números na Europa mesmo sem uma grande intervenção humana, o que sugere que os animais são mais eficientes em se adaptar às novas condições de vida do que se imaginava. "Esta é uma história inesperada de sucesso de conservação", diz Guillaume Chapron, cientista da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas e principal autor da pesquisa, que foi publicada na revista científica "Science". "Estes animais são grandes e assustadores, e eles comem carne. Você não esperaria que eles ainda estivessem presentes em um continente com rodovias, cidades e centenas de milhões de pessoas." Cerca de um terço do continente abriga pelo menos uma grande espécie de carnívoro. Os ursos pardos são encontrados em 22 países, linces eurasiáticos em 23, e lobos em 28. Na maioria dos casos, as populações desses animais estão estáveis ou aumentando, de acordo com a pesquisa de Chapron e outros 75 colaboradores. Ao contrário dos Estados Unidos e da África, a Europa não tem grandes reservas onde os grandes animais são separados dos humanos. Desde os anos 1970, no entanto, alguns acordos forneceram proteção legal para os grandes carnívoros e os europeus continuaram a migrar para os grandes centros urbanos, deixando mais espaço para os animais selvagens. A Europa não é o único local que tem grande número de carnívoros coexistindo com os humanos. Ursos pretos e leões da montanha são abundantes em regiões povoadas dos EUA, embora a atividade humana seja uma ameaça a essas espécies.
ambiente
População de carnívoros de grande porte cresce na EuropaCarnívoros como ursos pardos e lobos estão começando a aumentar seus números na Europa mesmo sem uma grande intervenção humana, o que sugere que os animais são mais eficientes em se adaptar às novas condições de vida do que se imaginava. "Esta é uma história inesperada de sucesso de conservação", diz Guillaume Chapron, cientista da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas e principal autor da pesquisa, que foi publicada na revista científica "Science". "Estes animais são grandes e assustadores, e eles comem carne. Você não esperaria que eles ainda estivessem presentes em um continente com rodovias, cidades e centenas de milhões de pessoas." Cerca de um terço do continente abriga pelo menos uma grande espécie de carnívoro. Os ursos pardos são encontrados em 22 países, linces eurasiáticos em 23, e lobos em 28. Na maioria dos casos, as populações desses animais estão estáveis ou aumentando, de acordo com a pesquisa de Chapron e outros 75 colaboradores. Ao contrário dos Estados Unidos e da África, a Europa não tem grandes reservas onde os grandes animais são separados dos humanos. Desde os anos 1970, no entanto, alguns acordos forneceram proteção legal para os grandes carnívoros e os europeus continuaram a migrar para os grandes centros urbanos, deixando mais espaço para os animais selvagens. A Europa não é o único local que tem grande número de carnívoros coexistindo com os humanos. Ursos pretos e leões da montanha são abundantes em regiões povoadas dos EUA, embora a atividade humana seja uma ameaça a essas espécies.
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Darwin e Deus: "A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu"
"A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu mesmo", costumava dizer, de brincadeira, o teólogo americano Marcus Borg, que nasceu luterano e se tornou membro da Igreja Episcopal. Foi com pesar que fiquei sabendo da morte de Borg, que faleceu ... Leia post completo no blog
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Darwin e Deus: "A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu""A Bíblia é verdadeira, e parte dela aconteceu mesmo", costumava dizer, de brincadeira, o teólogo americano Marcus Borg, que nasceu luterano e se tornou membro da Igreja Episcopal. Foi com pesar que fiquei sabendo da morte de Borg, que faleceu ... Leia post completo no blog
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Como Temer construiu a sua carreira e os passos que deu para afastar Dilma
"Ela não escuta ninguém, nem mesmo o senhor." Era domingo, 27 de março. "Ela" era Dilma Rousseff. O "senhor" a quem Michel Temer se referia era o padrinho político da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Unidos pelas conveniências desde 2010, a petista Dilma e o peemedebista Temer nunca foram próximos, mas àquela altura já não se aturavam. No diálogo com Lula, o vice lembrou que, em ocasião anterior, eles haviam esboçado uma via de pacificação. Na convenção nacional de seu partido, em 12 de março, Temer conseguira evitar que a sigla rompesse com o governo, com a condição de que a presidente não nomeasse ninguém do PMDB para seu ministério nos 30 dias seguintes. Naquele momento, Lula dissera a Temer que ele podia ficar tranquilo. Porém, em 16 de março, uma quarta-feira, o peemedebista foi surpreendido pelo anúncio oficial, na televisão: Lula iria para Casa Civil, e Mauro Lopes (PMDB-MG), para Aviação Civil. Poucas semanas depois, na base aérea do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o vice-presidente diria a Lula que aquele havia sido o último erro da presidente Dilma em relação a ele e ao PMDB. INIMIGO Temer costuma dizer a interlocutores que poderia ter sido um "grande aliado" de Dilma, mas ela escolheu transformá-lo em "inimigo". Naquela quarta, repassou todas as vezes em que a presidente fez questão de isolá-lo. Lembrou do período em que, diante do pedido de socorro de Dilma, aceitou assumir a articulação política. "Eu me joguei com toda energia para ajudá-la naquele momento. Passei a dormir tarde, a trabalhar 24 horas por dia por ela. E deu certo. Só que ela me sabotou", disse o vice, segundo relato de amigos e interlocutores. Temer foi avisado por um amigo da presidente de que ela havia ficado com ciúmes. Enquanto o gabinete presidencial se esvaziava, o do vice recebia uma romaria de congressistas da base aliada. Numa articulação comandada pelo então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), Dilma passou a desautorizar os acordos que Temer fazia com aliados. "Ele está achando que virou presidente", teria dito. O vice decidiu, então, deixar a função. A partir dali a presidente, que já enfrentava dificuldades no Congresso, passou ao pior estágio da convivência com sua base. PRAGMÁTICO Quando tomou a decisão de sair candidato a vice na chapa da petista, em 2010, Temer achava que a ainda pouco conhecida Dilma tinha poucas chances de ser eleita. Com raciocínio pragmático, porém, calculou que ele próprio tinha ainda menos chances de se reeleger deputado federal por São Paulo. Sua habilidade como articulador é inversamente proporcional ao seu sucesso nas urnas. Desenvolto no bastidor, é péssimo de palanque. Especialista em direito constitucional, Temer usa frases rebuscadas e palavras pouco comuns; se diz "caceteado" quando está muito irritado. Seu perfil contido, sua postura sempre ereta, suas roupas e cabelos bem alinhados lhe renderam apelidos jocosos, como o cunhado por Antonio Carlos Magalhães: mordomo de filme de terror. Nascido Michel Miguel Elias Temer Lulia, em 23 de setembro de 1940, numa família de origem libanesa de Tietê (SP), iniciou a carreira política pelas mãos de Franco Montoro, que conheceu quando lecionava na PUC-SP. Filiou-se ao PMDB em 1981. Até então, sua atividade política se restringira à participação no Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito da USP, antes do golpe de 1964. Na ditadura, fez carreira como advogado e professor universitário. No âmbito acadêmico, é reconhecido como autor de "Elementos de Direito Constitucional" (Malheiros Editores), best-seller na 24ª edição –mas assina também uma coletânea de poemas, "Anômima Intimidade" (Topbooks, 2013), que, como ele mesmo diria, não lhe rendeu nem críticas, nem elogios. Em 1983, foi convidado por Montoro, já governador de São Paulo pelo PMDB, para ser procurador-geral do Estado. De procurador-geral, foi alçado à Secretaria de Segurança, em meio a uma das históricas crises entre as polícias civil e militar. Ganhou fama de conciliador, embora o problema ainda se arraste. Em 1992, no governo de Luiz Antônio Fleury Filho, voltaria ao cargo para debelar a crise que explodiu após o massacre do Carandiru. Ali, consolidou sua fama de moderado. Fez baixar abruptamente o número de mortos pela PM paulista e evitou uma rebelião na corporação. Estreou como parlamentar entre esses dois momentos. Candidato a deputado em 1986, foi eleito como suplente, assumiu em 1987 e acabou por participar da Assembleia Constituinte que escreveu a Constituição de 1988. Também no Congresso ganhou fama de bom articulador. Foi eleito em três ocasiões para a presidência da Câmara, duas no governo FHC (1997-2001) e uma na gestão Lula (2009-10). Sempre operando nos bastidores, ascendeu no PMDB. Desde 2001, é presidente nacional da legenda, cargo no qual se mantém por ter aprendido a administrar as diversas correntes do partido. No controle do PMDB reside sua principal fonte de poder. Daí ter sempre combatido as tentativas de desalojá-lo da presidência da sigla. Foi a ofensiva da presidente para diluir sua influência na sigla, fortalecendo seus adversários internos com cargos, que levou a sua reação pública contra a petista. Dilma nunca confiou plenamente em Temer. Aliados do vice afirmam que ela só o acionava em momentos de crise. "Ele resolvia e depois ninguém ligava para agradecer", resume um auxiliar. Quando o vice deixou a articulação, a presidente decidiu apostar na aproximação com outro cacique do PMDB, o alagoano Renan Calheiros, presidente do Senado e antigo desafeto de Temer. Renan passou a ser visto como aliado de Dilma e antagonista do vice e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O governo acusa Temer e Cunha de conspiração."Sou amigo do Michel, mas não é por amizade que se faz um processo desse", disse Cunha à Folha. "Faria o mesmo fosse quem fosse o sucessor." Pessoas próximas ao vice dizem, porém, que eles são na verdade aliados de ocasião. Impeachment Vice-Presidente LAVA JATO Cunha aceitou o pedido de impeachment Dilma em 2 de dezembro de 2015. Acusado de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, ele é alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara e tomou a decisão após deputados do PT votarem a favor do processo que pode levar a sua cassação. Temer, por sua vez, foi citado por delatores na Lava Jato. Delcídio do Amaral, ex-líder do governo, atribuiu a ele a nomeação de João Henriques e Jorge Zelada, diretores condenados por desvios na estatal. O lobista Júlio Camargo também citou Temer, dizendo que o vice e outros peemedebistas eram representados pelo também lobista Fernando Baiano. O vice nega o apadrinhamento e diz que não conhece nem Camargo, nem Baiano. Anteriormente, o nome de Temer aparecera em uma planilha de beneficiados por doações de empreiteiras na Operação Castelo de Areia (2009), que acabou anulada pela Justiça -ele sempre negou irregularidades. Mais antiga é a ligação do nome de Temer ao porto de Santos, o maior do país, que estaria sob sua esfera de influência. O vice foi citado em um processo em 2000 como beneficiário de um esquema de cobrança de propina de empresas com contratos no porto, mas em 2002 a Procuradoria-Geral da República mandou arquivar o caso. Em 2011, houve um revisão do caso, e a PGR entendeu que não havia fatos novos contra ele. No ano passado, foi revelado que uma emenda de Eduardo Cunha favoreceu um grupo que opera no porto e que foi doador de campanha do vice. Como nos outros casos, Temer negou irregularidades. Sua ligação com Cunha levou o governo a acusá-lo de querer assumir para acabar com a Lava Jato, o que ele nega enfaticamente. EMPAREDADO Com o impeachment instalado, aliados de Dilma passaram a cobrar um gesto de "lealdade" de Temer. O vice sentiu-se, então, "emparedado". Cinco dias depois de o pedido ser acolhido na Câmara, Temer enviou uma carta a Dilma. Na missiva, que se tornou pública, mostrou-se descontente com o isolamento. Criticado pelo gesto e questionado sobre sua motivação, o vice respondeu a aliados que gostaria de ter conversado com Dilma, mas decidiu escrever porque ela não o deixava "concluir uma frase". Temer demora a digerir equívocos. Repassa as situações, fica quieto e irritadiço. Quando estressado, recorre a massagens num centro de quiropraxia de Brasília.Ouviu de um amigo que, se continuasse recolhido, "perderia tudo" –Renan Calheiros se movimentava para tirá-lo da presidência do PMDB. O abatimento deu lugar à luta para se manter à frente da sigla, tarefa a que se dedicou com exclusividade. Na convenção de 12 de março, sacramentou sua recondução. O que veio a seguir sabemos. Desautorizado pela presidente com a nomeação de Mauro Lopes para a Aviação Civil, Temer partiu para o tudo ou nada. Avisou que abriria processo pela expulsão do aliado e iniciou a articulação que levaria à saída do PMDB do governo, no fim de março. Esse movimento empurrou os principais partidos da oposição, como o PSDB e o DEM, para o apoio formal a Temer. Questionado sobre a confiança em Temer, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) –visto como fiador da coalizão em torno do vice– declarou à Folha, por escrito: "Experiência política ele tem. Base jurídica, também. Terá de governar pensando na história, mais do que nos acordos partidários. O país espera dele que assuma a visão que distingue o político comum do homem de Estado". No Palácio do Jaburu, sua residência oficial, Temer passou a receber dezenas de parlamentares todos os dias, de segunda a quinta. Na sexta, volta para sua casa em São Paulo, onde a mulher, Marcela, vive com Michelzinho, o caçula do vice -ele tem outros quatro filhos. Com Maria Célia de Toledo, teve três filhas: Luciana, que seguiu seus passos no direito e é secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, nascida em 1969; e as psicólogas Maristela, de 1972, e Clarissa, de 1974. Com uma jornalista, teve Eduardo, 17, nascido em Londres. Quase 43 anos mais jovem que o vice, Marcela se casou com ele aos 20, numa cerimônia íntima na cidade dela, Paulínia (SP), em 2003. Alta e bonita, foi candidata a miss e ensaiou carreira de modelo. Discreta, não se habituou à vida em Brasília. Na última segunda, o vice voltou para o Jaburu ainda inseguro sobre suas chances de vencer a batalha. Na terça, sentiu ventos favoráveis. Representantes de poderosos setores da economia foram visitá-lo para avisar que, com Dilma, não dava mais. A peregrinação empresarial contou com emissários de grandes bancos, que foram seguidos pelo presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e, depois, por dirigentes da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ambas divulgariam seu apoio ao impeachment. Um aliado resume a sensação de alívio e expectativa: "Se esses caras forem mesmo aos deputados, nós viramos o jogo". O resultado foi o conhecido neste domingo (17).
poder
Como Temer construiu a sua carreira e os passos que deu para afastar Dilma"Ela não escuta ninguém, nem mesmo o senhor." Era domingo, 27 de março. "Ela" era Dilma Rousseff. O "senhor" a quem Michel Temer se referia era o padrinho político da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Unidos pelas conveniências desde 2010, a petista Dilma e o peemedebista Temer nunca foram próximos, mas àquela altura já não se aturavam. No diálogo com Lula, o vice lembrou que, em ocasião anterior, eles haviam esboçado uma via de pacificação. Na convenção nacional de seu partido, em 12 de março, Temer conseguira evitar que a sigla rompesse com o governo, com a condição de que a presidente não nomeasse ninguém do PMDB para seu ministério nos 30 dias seguintes. Naquele momento, Lula dissera a Temer que ele podia ficar tranquilo. Porém, em 16 de março, uma quarta-feira, o peemedebista foi surpreendido pelo anúncio oficial, na televisão: Lula iria para Casa Civil, e Mauro Lopes (PMDB-MG), para Aviação Civil. Poucas semanas depois, na base aérea do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o vice-presidente diria a Lula que aquele havia sido o último erro da presidente Dilma em relação a ele e ao PMDB. INIMIGO Temer costuma dizer a interlocutores que poderia ter sido um "grande aliado" de Dilma, mas ela escolheu transformá-lo em "inimigo". Naquela quarta, repassou todas as vezes em que a presidente fez questão de isolá-lo. Lembrou do período em que, diante do pedido de socorro de Dilma, aceitou assumir a articulação política. "Eu me joguei com toda energia para ajudá-la naquele momento. Passei a dormir tarde, a trabalhar 24 horas por dia por ela. E deu certo. Só que ela me sabotou", disse o vice, segundo relato de amigos e interlocutores. Temer foi avisado por um amigo da presidente de que ela havia ficado com ciúmes. Enquanto o gabinete presidencial se esvaziava, o do vice recebia uma romaria de congressistas da base aliada. Numa articulação comandada pelo então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), Dilma passou a desautorizar os acordos que Temer fazia com aliados. "Ele está achando que virou presidente", teria dito. O vice decidiu, então, deixar a função. A partir dali a presidente, que já enfrentava dificuldades no Congresso, passou ao pior estágio da convivência com sua base. PRAGMÁTICO Quando tomou a decisão de sair candidato a vice na chapa da petista, em 2010, Temer achava que a ainda pouco conhecida Dilma tinha poucas chances de ser eleita. Com raciocínio pragmático, porém, calculou que ele próprio tinha ainda menos chances de se reeleger deputado federal por São Paulo. Sua habilidade como articulador é inversamente proporcional ao seu sucesso nas urnas. Desenvolto no bastidor, é péssimo de palanque. Especialista em direito constitucional, Temer usa frases rebuscadas e palavras pouco comuns; se diz "caceteado" quando está muito irritado. Seu perfil contido, sua postura sempre ereta, suas roupas e cabelos bem alinhados lhe renderam apelidos jocosos, como o cunhado por Antonio Carlos Magalhães: mordomo de filme de terror. Nascido Michel Miguel Elias Temer Lulia, em 23 de setembro de 1940, numa família de origem libanesa de Tietê (SP), iniciou a carreira política pelas mãos de Franco Montoro, que conheceu quando lecionava na PUC-SP. Filiou-se ao PMDB em 1981. Até então, sua atividade política se restringira à participação no Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito da USP, antes do golpe de 1964. Na ditadura, fez carreira como advogado e professor universitário. No âmbito acadêmico, é reconhecido como autor de "Elementos de Direito Constitucional" (Malheiros Editores), best-seller na 24ª edição –mas assina também uma coletânea de poemas, "Anômima Intimidade" (Topbooks, 2013), que, como ele mesmo diria, não lhe rendeu nem críticas, nem elogios. Em 1983, foi convidado por Montoro, já governador de São Paulo pelo PMDB, para ser procurador-geral do Estado. De procurador-geral, foi alçado à Secretaria de Segurança, em meio a uma das históricas crises entre as polícias civil e militar. Ganhou fama de conciliador, embora o problema ainda se arraste. Em 1992, no governo de Luiz Antônio Fleury Filho, voltaria ao cargo para debelar a crise que explodiu após o massacre do Carandiru. Ali, consolidou sua fama de moderado. Fez baixar abruptamente o número de mortos pela PM paulista e evitou uma rebelião na corporação. Estreou como parlamentar entre esses dois momentos. Candidato a deputado em 1986, foi eleito como suplente, assumiu em 1987 e acabou por participar da Assembleia Constituinte que escreveu a Constituição de 1988. Também no Congresso ganhou fama de bom articulador. Foi eleito em três ocasiões para a presidência da Câmara, duas no governo FHC (1997-2001) e uma na gestão Lula (2009-10). Sempre operando nos bastidores, ascendeu no PMDB. Desde 2001, é presidente nacional da legenda, cargo no qual se mantém por ter aprendido a administrar as diversas correntes do partido. No controle do PMDB reside sua principal fonte de poder. Daí ter sempre combatido as tentativas de desalojá-lo da presidência da sigla. Foi a ofensiva da presidente para diluir sua influência na sigla, fortalecendo seus adversários internos com cargos, que levou a sua reação pública contra a petista. Dilma nunca confiou plenamente em Temer. Aliados do vice afirmam que ela só o acionava em momentos de crise. "Ele resolvia e depois ninguém ligava para agradecer", resume um auxiliar. Quando o vice deixou a articulação, a presidente decidiu apostar na aproximação com outro cacique do PMDB, o alagoano Renan Calheiros, presidente do Senado e antigo desafeto de Temer. Renan passou a ser visto como aliado de Dilma e antagonista do vice e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O governo acusa Temer e Cunha de conspiração."Sou amigo do Michel, mas não é por amizade que se faz um processo desse", disse Cunha à Folha. "Faria o mesmo fosse quem fosse o sucessor." Pessoas próximas ao vice dizem, porém, que eles são na verdade aliados de ocasião. Impeachment Vice-Presidente LAVA JATO Cunha aceitou o pedido de impeachment Dilma em 2 de dezembro de 2015. Acusado de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, ele é alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara e tomou a decisão após deputados do PT votarem a favor do processo que pode levar a sua cassação. Temer, por sua vez, foi citado por delatores na Lava Jato. Delcídio do Amaral, ex-líder do governo, atribuiu a ele a nomeação de João Henriques e Jorge Zelada, diretores condenados por desvios na estatal. O lobista Júlio Camargo também citou Temer, dizendo que o vice e outros peemedebistas eram representados pelo também lobista Fernando Baiano. O vice nega o apadrinhamento e diz que não conhece nem Camargo, nem Baiano. Anteriormente, o nome de Temer aparecera em uma planilha de beneficiados por doações de empreiteiras na Operação Castelo de Areia (2009), que acabou anulada pela Justiça -ele sempre negou irregularidades. Mais antiga é a ligação do nome de Temer ao porto de Santos, o maior do país, que estaria sob sua esfera de influência. O vice foi citado em um processo em 2000 como beneficiário de um esquema de cobrança de propina de empresas com contratos no porto, mas em 2002 a Procuradoria-Geral da República mandou arquivar o caso. Em 2011, houve um revisão do caso, e a PGR entendeu que não havia fatos novos contra ele. No ano passado, foi revelado que uma emenda de Eduardo Cunha favoreceu um grupo que opera no porto e que foi doador de campanha do vice. Como nos outros casos, Temer negou irregularidades. Sua ligação com Cunha levou o governo a acusá-lo de querer assumir para acabar com a Lava Jato, o que ele nega enfaticamente. EMPAREDADO Com o impeachment instalado, aliados de Dilma passaram a cobrar um gesto de "lealdade" de Temer. O vice sentiu-se, então, "emparedado". Cinco dias depois de o pedido ser acolhido na Câmara, Temer enviou uma carta a Dilma. Na missiva, que se tornou pública, mostrou-se descontente com o isolamento. Criticado pelo gesto e questionado sobre sua motivação, o vice respondeu a aliados que gostaria de ter conversado com Dilma, mas decidiu escrever porque ela não o deixava "concluir uma frase". Temer demora a digerir equívocos. Repassa as situações, fica quieto e irritadiço. Quando estressado, recorre a massagens num centro de quiropraxia de Brasília.Ouviu de um amigo que, se continuasse recolhido, "perderia tudo" –Renan Calheiros se movimentava para tirá-lo da presidência do PMDB. O abatimento deu lugar à luta para se manter à frente da sigla, tarefa a que se dedicou com exclusividade. Na convenção de 12 de março, sacramentou sua recondução. O que veio a seguir sabemos. Desautorizado pela presidente com a nomeação de Mauro Lopes para a Aviação Civil, Temer partiu para o tudo ou nada. Avisou que abriria processo pela expulsão do aliado e iniciou a articulação que levaria à saída do PMDB do governo, no fim de março. Esse movimento empurrou os principais partidos da oposição, como o PSDB e o DEM, para o apoio formal a Temer. Questionado sobre a confiança em Temer, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) –visto como fiador da coalizão em torno do vice– declarou à Folha, por escrito: "Experiência política ele tem. Base jurídica, também. Terá de governar pensando na história, mais do que nos acordos partidários. O país espera dele que assuma a visão que distingue o político comum do homem de Estado". No Palácio do Jaburu, sua residência oficial, Temer passou a receber dezenas de parlamentares todos os dias, de segunda a quinta. Na sexta, volta para sua casa em São Paulo, onde a mulher, Marcela, vive com Michelzinho, o caçula do vice -ele tem outros quatro filhos. Com Maria Célia de Toledo, teve três filhas: Luciana, que seguiu seus passos no direito e é secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, nascida em 1969; e as psicólogas Maristela, de 1972, e Clarissa, de 1974. Com uma jornalista, teve Eduardo, 17, nascido em Londres. Quase 43 anos mais jovem que o vice, Marcela se casou com ele aos 20, numa cerimônia íntima na cidade dela, Paulínia (SP), em 2003. Alta e bonita, foi candidata a miss e ensaiou carreira de modelo. Discreta, não se habituou à vida em Brasília. Na última segunda, o vice voltou para o Jaburu ainda inseguro sobre suas chances de vencer a batalha. Na terça, sentiu ventos favoráveis. Representantes de poderosos setores da economia foram visitá-lo para avisar que, com Dilma, não dava mais. A peregrinação empresarial contou com emissários de grandes bancos, que foram seguidos pelo presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e, depois, por dirigentes da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Ambas divulgariam seu apoio ao impeachment. Um aliado resume a sensação de alívio e expectativa: "Se esses caras forem mesmo aos deputados, nós viramos o jogo". O resultado foi o conhecido neste domingo (17).
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O inferno de Dante (e Rauschenberg) e outras cinco indicações culturais
LIVRO | SOBRE O ESPÍRITO E A LETRA NA FILOSOFIA Os textos do filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) agrupados no volume tratam de tema central no pensamento do fim do século 18: a relação entre arte e filosofia. O livro retrata a evolução das ideias de Fichte e a gênese de seus ensaios, escritos para o periódico mensal "As Horas" a convite do poeta Friedrich Schiller (1759-1805). trad. e notas de Ulisses Razzante Vaccari | Humanitas/Imprensa Oficial | R$ 40 (342 págs.) * EXPOSIÇÃO | FÁBIO MIGUEZ O paulistano do antigo ateliê Casa 7 apresenta 20 pinturas na mostra "Horizonte, Deserto, Tecido, Cimento". O colecionador Carlos Figueiredo Ferraz, o crítico Tiago Mesquita e o artista participam de bate-papo no sábado (28), às 11h30. galeria Nara Roesler | tel. (11) 3063-2344 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | até 28/3 * LIVRO | O CAMINHO POÉTICO DE SANTIAGO Os professores Yara Frateschi Vieira (Unicamp), Maria Isabel Morán Cabanas e José António Souto Cabo (Universidade de Santiago) selecionaram 28 poetas da lírica galego-portuguesa relacionados à cidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Os autores presentes no trabalho, como Dom Dinis, Airas Nunes e João Zorro, ilustram a variedade de gêneros praticados pelos trovadores. Cosac Naify | R$ 32 (224 págs.) * CINEMA | ECOFALANTE A quarta edição da mostra de cinema ambiental ocorre em seis salas de exibição de São Paulo. A programação inclui "Era Uma Vez na Floresta", de Luc Jacquet, exploração sensorial de uma mata tropical; "De Sul a Norte", de Antoine Boutet, retrato de um projeto de transposição de água na China; e "O Sal da Terra", de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, coprodução brasileira sobre o fotógrafo Sebastião Salgado indicada ao Oscar. de qui. (19) a 29/3 | programação em ecofalante.org.br | grátis * EXPOSIÇÃO | O INFERNO DE DANTE Robert Rauschenberg (1925-2008), artista norte-americano que foi um dos precursores da arte pop, produziu 34 litogravuras com base nos 34 cantos que compõem a primeira parte de "A Divina Comédia", do italiano Dante Alighieri (1265-1321). Além das imagens, a mostra também traz gravações em áudio dos poemas de Dante. Centro Cultural Correios tel. (11) 3227-9461 | de ter. a dom., das 11h às 17h | grátis | até 22/3 * TEATRO| OCUPAÇÃO ACIDENTAL A Cia. de Teatro Acidental promove gratuitamente uma peça, duas oficinas e um seminário. O espetáculo "O que Você Realmente Está Fazendo É Esperar o Acidente Acontecer" (1), inspirado na obra de Nelson Rodrigues, enfoca o ódio cultivado em nome da liberdade de expressão. O seminário "Ódio como Afeto Político" (2) trará um convidado a cada sábado, como o professor da USP e colunista da Folha Vladimir Safatle e o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ). A partir de abril o grupo também fará as oficinas "Dramaturgia Brasileira Contemporânea" (3), sob coordenação de Carlos Canhameiro, e "Estética e Política no Teatro Brasileiro Contemporâneo" (4), com Artur Kon. Oficina Cultural Oswald de Andrade | tel. (11) 3222-2662 | (1) qui., sex. e sáb., às 20h; retirar senha 30 min. antes; até 16/5 | (2) sáb., às 17h; até 16/5 | (3) seg. e qua., das 14h às 17h; de 6/4 a 29/4 | (4) seg., das 14h às 17h; de 13/4 a 18/5 | Inscrições em oficinasculturais.org.br
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O inferno de Dante (e Rauschenberg) e outras cinco indicações culturaisLIVRO | SOBRE O ESPÍRITO E A LETRA NA FILOSOFIA Os textos do filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) agrupados no volume tratam de tema central no pensamento do fim do século 18: a relação entre arte e filosofia. O livro retrata a evolução das ideias de Fichte e a gênese de seus ensaios, escritos para o periódico mensal "As Horas" a convite do poeta Friedrich Schiller (1759-1805). trad. e notas de Ulisses Razzante Vaccari | Humanitas/Imprensa Oficial | R$ 40 (342 págs.) * EXPOSIÇÃO | FÁBIO MIGUEZ O paulistano do antigo ateliê Casa 7 apresenta 20 pinturas na mostra "Horizonte, Deserto, Tecido, Cimento". O colecionador Carlos Figueiredo Ferraz, o crítico Tiago Mesquita e o artista participam de bate-papo no sábado (28), às 11h30. galeria Nara Roesler | tel. (11) 3063-2344 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | até 28/3 * LIVRO | O CAMINHO POÉTICO DE SANTIAGO Os professores Yara Frateschi Vieira (Unicamp), Maria Isabel Morán Cabanas e José António Souto Cabo (Universidade de Santiago) selecionaram 28 poetas da lírica galego-portuguesa relacionados à cidade de Santiago de Compostela, na Espanha. Os autores presentes no trabalho, como Dom Dinis, Airas Nunes e João Zorro, ilustram a variedade de gêneros praticados pelos trovadores. Cosac Naify | R$ 32 (224 págs.) * CINEMA | ECOFALANTE A quarta edição da mostra de cinema ambiental ocorre em seis salas de exibição de São Paulo. A programação inclui "Era Uma Vez na Floresta", de Luc Jacquet, exploração sensorial de uma mata tropical; "De Sul a Norte", de Antoine Boutet, retrato de um projeto de transposição de água na China; e "O Sal da Terra", de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, coprodução brasileira sobre o fotógrafo Sebastião Salgado indicada ao Oscar. de qui. (19) a 29/3 | programação em ecofalante.org.br | grátis * EXPOSIÇÃO | O INFERNO DE DANTE Robert Rauschenberg (1925-2008), artista norte-americano que foi um dos precursores da arte pop, produziu 34 litogravuras com base nos 34 cantos que compõem a primeira parte de "A Divina Comédia", do italiano Dante Alighieri (1265-1321). Além das imagens, a mostra também traz gravações em áudio dos poemas de Dante. Centro Cultural Correios tel. (11) 3227-9461 | de ter. a dom., das 11h às 17h | grátis | até 22/3 * TEATRO| OCUPAÇÃO ACIDENTAL A Cia. de Teatro Acidental promove gratuitamente uma peça, duas oficinas e um seminário. O espetáculo "O que Você Realmente Está Fazendo É Esperar o Acidente Acontecer" (1), inspirado na obra de Nelson Rodrigues, enfoca o ódio cultivado em nome da liberdade de expressão. O seminário "Ódio como Afeto Político" (2) trará um convidado a cada sábado, como o professor da USP e colunista da Folha Vladimir Safatle e o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ). A partir de abril o grupo também fará as oficinas "Dramaturgia Brasileira Contemporânea" (3), sob coordenação de Carlos Canhameiro, e "Estética e Política no Teatro Brasileiro Contemporâneo" (4), com Artur Kon. Oficina Cultural Oswald de Andrade | tel. (11) 3222-2662 | (1) qui., sex. e sáb., às 20h; retirar senha 30 min. antes; até 16/5 | (2) sáb., às 17h; até 16/5 | (3) seg. e qua., das 14h às 17h; de 6/4 a 29/4 | (4) seg., das 14h às 17h; de 13/4 a 18/5 | Inscrições em oficinasculturais.org.br
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Juíza decreta prisão preventiva e 31 corintianos seguem presos no Rio
Os 31 torcedores corintianos detidos durante a briga no Maracanã continuarão presos depois que a juíza Marcela Caram decretou a prisão preventiva em audiência de custódia nesta terça-feira (25), no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro. Presos em flagrante após o jogo do Maracanã no último domingo, os integrantes do grupo foram enquadrados por crimes de lesão corporal —confirmada por um laudo positivado nos PMs—, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa. Os corintianos tiveram a prisão convertida de flagrante para preventiva depois de quase três horas de audiência. O 31º torcedor envolvido, que é menor de idade, não esteve no tribunal pois foi encaminhado para a delegacia de menores e adolescentes. "Audiência de custódia não é para soltar pessoas indiscriminadamente, e sim para soltar quem deve ser solto e prender quem deve ser preso. Eu entendi que, neste caso, pela violência empregada contra a polícia e resistência, havia necessidade de manutenção e da conversão em preventiva" explicou a juíza Marcela Caran. Entre os 31 torcedores, um deles já havia sido preso por tráfico de drogas: Jamaury Mauri Ribeiro. Já Fabio Barbosa Tomé, que tem câncer de pele, receberá tratamento e medicamentos na prisão. Na defesa, 17 dos torcedores alegaram que foram agredidos por policiais. Um deles, Vitor Hugo Souza mostrou marcas de agressões após um pedido do advogado de defesa para tirar a camisa. Para justificar a conversão da prisão, a Justiça cita o depoimento do policial Ederson da Silva Maia, que diz ter apanhado do bando. Ele identificou os 31 e descreveu os atos de dano ao patrimônio que eles teriam cometido. A versão dele é corroborada, diz a Justiça, pela testemunha Eduardo Campos Lafayette Silva e pelas vítimas Wagner de Souza Costa, Rafael da Silva Rodrigues e Anderson de Souza Telles. Para a Justiça, a prisão se justifica porque a violência foi cometida contra um policial e em grupo, "covardemente". A decisão diz também que o fato de eles serem de outro estado poderia colocar em risco a instrução criminal. A defesa dos acusados não foi localizada até a publicação deste texto. Os torcedores presos dormirão em celas separadas em Bangu. Os torcedores que relataram terem sofrido agressões de policiais serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para exame de corpo de delito. Muitos choraram após a decisão da juíza. Veja vídeo PEDIDO DE HABEAS CORPUS O advogado de defesa de um dos presos, Rafael Faria, disse que entrará ainda nesta terça-feira (25) com um pedido de habeas corpus. "Vamos entrar com o habeas corpus ainda hoje no plantão judicial, uma vez que a decisão de custódia não obedeceu a princípios e garantias do processo penal", disse o advogado, que tem Edson Rodrigues como cliente. "O meu cliente nem sequer estava no estádio no momento da agressão. A defesa acredita que a Justiça não teve pulso firme ao não individualizar as condutas de todos os torcedores. A Policia Militar também cometeu arbitrariedades. Muitos foram lesionados, temos imagens e fotos. Deve-se investigar as lesões dos policiais, mas também dos torcedores", disse. A juíza contesta a alegação. "Neste tipo de ação quase generalizada é difícil dizer que fulano deu um soco em qual das vítimas. A sustentação dos advogados é no sentido de falta de individualização, mas os policiais narraram e apontaram para cada um dos custodiados dizendo qual agressão eles tinham praticado. É óbvio que é de uma forma mais superficial", explicou. A AUDIÊNCIA Depois de dormirem na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Bangu, os 31 corintianos chegaram ao Tribunal de Justiça por volta das 8h40 (de Brasília) desta terça-feira e passaram por perícia. Na sequência, eles foram entrevistados por defensores públicos. A audiência teve início às 11h15 (de Brasília). A juíza Marcela Caram fez uma série de questionamentos que permitiram traçar um perfil dos torcedores. Os salários variavam de R$ 1000 a R$ 2500 e a maioria cursou até o ensino médio e tem filhos. O clima tenso na audiência só foi quebrado quando a juíza questionou um torcedor sobre o apelido, que era "Ce tá loko". Marcela Caram perguntou se o apelido era o mesmo de "você está maluco", o que gerou risos entre os demais. Muitos dos custodiados estavam com a mesma roupa do dia do jogo e apresentavam sinais de cansaço e de falta de banho. Havia membros das organizadas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Coringão Chope e Estopim da Fiel.
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Juíza decreta prisão preventiva e 31 corintianos seguem presos no RioOs 31 torcedores corintianos detidos durante a briga no Maracanã continuarão presos depois que a juíza Marcela Caram decretou a prisão preventiva em audiência de custódia nesta terça-feira (25), no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro. Presos em flagrante após o jogo do Maracanã no último domingo, os integrantes do grupo foram enquadrados por crimes de lesão corporal —confirmada por um laudo positivado nos PMs—, dano qualificado, provocar tumulto em locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa. Os corintianos tiveram a prisão convertida de flagrante para preventiva depois de quase três horas de audiência. O 31º torcedor envolvido, que é menor de idade, não esteve no tribunal pois foi encaminhado para a delegacia de menores e adolescentes. "Audiência de custódia não é para soltar pessoas indiscriminadamente, e sim para soltar quem deve ser solto e prender quem deve ser preso. Eu entendi que, neste caso, pela violência empregada contra a polícia e resistência, havia necessidade de manutenção e da conversão em preventiva" explicou a juíza Marcela Caran. Entre os 31 torcedores, um deles já havia sido preso por tráfico de drogas: Jamaury Mauri Ribeiro. Já Fabio Barbosa Tomé, que tem câncer de pele, receberá tratamento e medicamentos na prisão. Na defesa, 17 dos torcedores alegaram que foram agredidos por policiais. Um deles, Vitor Hugo Souza mostrou marcas de agressões após um pedido do advogado de defesa para tirar a camisa. Para justificar a conversão da prisão, a Justiça cita o depoimento do policial Ederson da Silva Maia, que diz ter apanhado do bando. Ele identificou os 31 e descreveu os atos de dano ao patrimônio que eles teriam cometido. A versão dele é corroborada, diz a Justiça, pela testemunha Eduardo Campos Lafayette Silva e pelas vítimas Wagner de Souza Costa, Rafael da Silva Rodrigues e Anderson de Souza Telles. Para a Justiça, a prisão se justifica porque a violência foi cometida contra um policial e em grupo, "covardemente". A decisão diz também que o fato de eles serem de outro estado poderia colocar em risco a instrução criminal. A defesa dos acusados não foi localizada até a publicação deste texto. Os torcedores presos dormirão em celas separadas em Bangu. Os torcedores que relataram terem sofrido agressões de policiais serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) para exame de corpo de delito. Muitos choraram após a decisão da juíza. Veja vídeo PEDIDO DE HABEAS CORPUS O advogado de defesa de um dos presos, Rafael Faria, disse que entrará ainda nesta terça-feira (25) com um pedido de habeas corpus. "Vamos entrar com o habeas corpus ainda hoje no plantão judicial, uma vez que a decisão de custódia não obedeceu a princípios e garantias do processo penal", disse o advogado, que tem Edson Rodrigues como cliente. "O meu cliente nem sequer estava no estádio no momento da agressão. A defesa acredita que a Justiça não teve pulso firme ao não individualizar as condutas de todos os torcedores. A Policia Militar também cometeu arbitrariedades. Muitos foram lesionados, temos imagens e fotos. Deve-se investigar as lesões dos policiais, mas também dos torcedores", disse. A juíza contesta a alegação. "Neste tipo de ação quase generalizada é difícil dizer que fulano deu um soco em qual das vítimas. A sustentação dos advogados é no sentido de falta de individualização, mas os policiais narraram e apontaram para cada um dos custodiados dizendo qual agressão eles tinham praticado. É óbvio que é de uma forma mais superficial", explicou. A AUDIÊNCIA Depois de dormirem na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Bangu, os 31 corintianos chegaram ao Tribunal de Justiça por volta das 8h40 (de Brasília) desta terça-feira e passaram por perícia. Na sequência, eles foram entrevistados por defensores públicos. A audiência teve início às 11h15 (de Brasília). A juíza Marcela Caram fez uma série de questionamentos que permitiram traçar um perfil dos torcedores. Os salários variavam de R$ 1000 a R$ 2500 e a maioria cursou até o ensino médio e tem filhos. O clima tenso na audiência só foi quebrado quando a juíza questionou um torcedor sobre o apelido, que era "Ce tá loko". Marcela Caram perguntou se o apelido era o mesmo de "você está maluco", o que gerou risos entre os demais. Muitos dos custodiados estavam com a mesma roupa do dia do jogo e apresentavam sinais de cansaço e de falta de banho. Havia membros das organizadas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Coringão Chope e Estopim da Fiel.
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'Dégradé' exibe descompasso entre intenções e resultados
Dégradé (regular) DIREÇÃO Arab e Tarzan Nasser ELENCO Hiam Abbass, Victoria Balitska, Manal Awad PRODUÇÃO Palestina/França/Qatar, 2015, 12 anos Veja salas e horários de exibição. * Juntar todos os personagens num só espaço e, assim, obter uma representação da sociedade numa forma condensada é a aposta de "Dégradé", primeiro longa dos irmãos palestinos Arab e Tarzan Nasser. A ideia pode ser boa para tecer relações de aproximação e de repulsão, revelar num movimento unificado as individualidades e a coletividade. Para dar certo, é preciso ir além do conceito, concretizar-se numa direção firme, num desenvolvimento de personagens equilibrado. "Dégradé" é mais um caso exemplar de descompasso entre intenções e resultados. A concentração de 13 mulheres no interior de um salão de beleza de algum lugar na Faixa de Gaza pretende servir como metáfora do isolamento e encarceramento impostos por Israel aos palestinos. A palavra em francês do título condensa a ambivalência de estética e política, entre o recurso usado pela cabeleireira para embelezar uma jovem noiva e a degradação imposta às mulheres em particular e à população palestina em geral. O filme replica uma ideia já vista, por exemplo, em "Instituto de Beleza Vênus" (1999) e em "Las Insoladas" (2014), obras que também concentram um grupo feminino para levar o público a reconhecer como a identidade de gênero convive com a diversidade de anseios e de afetos. Essa forma-coral tende a ser fragmentada e seu desafio é conseguir dar espaço para cada voz e, ao mesmo tempo, fazer ouvir o conjunto. É isso que "Dégradé" não alcança por causa de excessos comuns em estreantes. O mais evidente é colocar 13 personagens em cena, o que acarreta um desequilíbrio entre protagonistas e coadjuvantes. Outro problema é a ênfase nas metáforas como a da sociedade sitiada e a de um leão abatido posto na cena final. Essa necessidade de sublinhar e de exclamar mostra que os diretores ainda acreditam mais na retórica do que na sugestão.
ilustrada
'Dégradé' exibe descompasso entre intenções e resultadosDégradé (regular) DIREÇÃO Arab e Tarzan Nasser ELENCO Hiam Abbass, Victoria Balitska, Manal Awad PRODUÇÃO Palestina/França/Qatar, 2015, 12 anos Veja salas e horários de exibição. * Juntar todos os personagens num só espaço e, assim, obter uma representação da sociedade numa forma condensada é a aposta de "Dégradé", primeiro longa dos irmãos palestinos Arab e Tarzan Nasser. A ideia pode ser boa para tecer relações de aproximação e de repulsão, revelar num movimento unificado as individualidades e a coletividade. Para dar certo, é preciso ir além do conceito, concretizar-se numa direção firme, num desenvolvimento de personagens equilibrado. "Dégradé" é mais um caso exemplar de descompasso entre intenções e resultados. A concentração de 13 mulheres no interior de um salão de beleza de algum lugar na Faixa de Gaza pretende servir como metáfora do isolamento e encarceramento impostos por Israel aos palestinos. A palavra em francês do título condensa a ambivalência de estética e política, entre o recurso usado pela cabeleireira para embelezar uma jovem noiva e a degradação imposta às mulheres em particular e à população palestina em geral. O filme replica uma ideia já vista, por exemplo, em "Instituto de Beleza Vênus" (1999) e em "Las Insoladas" (2014), obras que também concentram um grupo feminino para levar o público a reconhecer como a identidade de gênero convive com a diversidade de anseios e de afetos. Essa forma-coral tende a ser fragmentada e seu desafio é conseguir dar espaço para cada voz e, ao mesmo tempo, fazer ouvir o conjunto. É isso que "Dégradé" não alcança por causa de excessos comuns em estreantes. O mais evidente é colocar 13 personagens em cena, o que acarreta um desequilíbrio entre protagonistas e coadjuvantes. Outro problema é a ênfase nas metáforas como a da sociedade sitiada e a de um leão abatido posto na cena final. Essa necessidade de sublinhar e de exclamar mostra que os diretores ainda acreditam mais na retórica do que na sugestão.
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Leitores criticam jogo de interesses na Petrobras e no Planalto
Por que a Petrobras não pode ter um presidente que não esteja sob investigação? Será que é a incapacidade do poder central de conviver com pessoas que não aceitam ser manipuladas ou será que essa potencial fonte de corrupção não pode secar? LUDINEI PICELLI (Londrina, PR) * Vinicius Mota acerta em cheio ao dizer que, quanto maior é o peso das estatais na economia, maiores são os meios para o autoritarismo. É exatamente por isso que a ditadura militar, apesar de se dizer anticomunista, implantou um grande número de empresas estatais e estatizou muitas outras. Quase tudo era "-bras" no Brasil, de bordados a Petróleo. RADOICO CÂMARA GUIMARÃES (São Paulo, SP) * Mesmo tendo uma Esplanada já inchada com 39 ministros cumprindo funções sobrepostas, e pelo menos três dedicados à articulação política (Casa Civil, Secretaria-Geral e Relações Institucionais), ainda precisamos ver auxiliares que nada tem a ver com o tema, como Jaques Wagner (Defesa), costurando acordos e alianças. Lamentável! RODRIGO BLAS (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitores criticam jogo de interesses na Petrobras e no PlanaltoPor que a Petrobras não pode ter um presidente que não esteja sob investigação? Será que é a incapacidade do poder central de conviver com pessoas que não aceitam ser manipuladas ou será que essa potencial fonte de corrupção não pode secar? LUDINEI PICELLI (Londrina, PR) * Vinicius Mota acerta em cheio ao dizer que, quanto maior é o peso das estatais na economia, maiores são os meios para o autoritarismo. É exatamente por isso que a ditadura militar, apesar de se dizer anticomunista, implantou um grande número de empresas estatais e estatizou muitas outras. Quase tudo era "-bras" no Brasil, de bordados a Petróleo. RADOICO CÂMARA GUIMARÃES (São Paulo, SP) * Mesmo tendo uma Esplanada já inchada com 39 ministros cumprindo funções sobrepostas, e pelo menos três dedicados à articulação política (Casa Civil, Secretaria-Geral e Relações Institucionais), ainda precisamos ver auxiliares que nada tem a ver com o tema, como Jaques Wagner (Defesa), costurando acordos e alianças. Lamentável! RODRIGO BLAS (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Veja o passo a passo para plantar o seu próprio cacto
GISELLE HIRATA DE SÃO PAULO A loja Oito Minhocas, à convite da sãopaulo, ensina como plantar um cacto. Se você morre de vontade de ter vasinhos para decorar a sua casa, confira o passo a passo: NÃO PODE FALTAR → Vaso de barro → Cacto médio → Substrato → Argila expandida → Pedrinhas para decorar PREPARE O SUBSTRATO Misture em um recipiente: → 4 partes de terra → 2 partes de areia → 1 parte de pedrisco ou perlite HORA DE PLANTAR 1. No vaso de barro, proteja o fundo para não entupir a saída de água 2. Faça uma "caminha" de argila expandida 3. Coloque um pouco do substrato 4. Plante o cacto (dica: proteja as mãos com luvas grossas para evitar espinhadas) 5. Preencha o vaso com mais substrato 6. Decore com pedrinhas
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Veja o passo a passo para plantar o seu próprio cactoGISELLE HIRATA DE SÃO PAULO A loja Oito Minhocas, à convite da sãopaulo, ensina como plantar um cacto. Se você morre de vontade de ter vasinhos para decorar a sua casa, confira o passo a passo: NÃO PODE FALTAR → Vaso de barro → Cacto médio → Substrato → Argila expandida → Pedrinhas para decorar PREPARE O SUBSTRATO Misture em um recipiente: → 4 partes de terra → 2 partes de areia → 1 parte de pedrisco ou perlite HORA DE PLANTAR 1. No vaso de barro, proteja o fundo para não entupir a saída de água 2. Faça uma "caminha" de argila expandida 3. Coloque um pouco do substrato 4. Plante o cacto (dica: proteja as mãos com luvas grossas para evitar espinhadas) 5. Preencha o vaso com mais substrato 6. Decore com pedrinhas
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Baleado, mas não morto
BRASÍLIA - A condenação de Eduardo Cunha indica que o ex-deputado não voltará tão cedo para casa. O peemedebista contava com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal para sair da cadeia antes da Páscoa. Com a sentença do juiz Sergio Moro, essa hipótese se torna remota, quase impossível. A defesa de Cunha questionava a legalidade da prisão provisória. Seus recursos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, havia a expectativa de que o Supremo se mostrasse mais compreensivo com o ex-deputado. O julgamento do habeas corpus chegou a ser marcado para dezembro na Segunda Turma do STF, comandada pelo ministro Gilmar Mendes. O relator Teori Zavascki sentiu o cheiro de queimado e pediu que o caso fosse submetido ao plenário da corte. Cunha chiou, mas teve que passar o Natal e o réveillon em Curitiba. Teori morreu, o Supremo voltou das férias e o correntista suíço apelou mais uma vez para sair da tranca. Seu pedido original foi negado no mês passado, por questões processuais. Apesar disso, ministros do tribunal continuaram a discutir caminhos que poderiam libertá-lo. O ministro Gilmar deu a senha ao dizer que a corte tinha um "encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba". Ao condenar Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão, Moro devolve a articulação à estaca zero. O réu acusou o golpe ao dizer, em nota, que o juiz assinou a sentença para "evitar a apreciação do habeas corpus no Supremo". Agora que não há mais prisão provisória a ser contestada, a libertação do peemedebista tende a ficar mais distante. O correntista suíço foi baleado, mas isso não significa que esteja morto. Ele mantém amigos em Brasília e dispõe de um arsenal de informações que amedronta o governo. Sem a perspectiva de um habeas corpus, pode organizá-las numa robusta e histórica delação premiada.
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Baleado, mas não mortoBRASÍLIA - A condenação de Eduardo Cunha indica que o ex-deputado não voltará tão cedo para casa. O peemedebista contava com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal para sair da cadeia antes da Páscoa. Com a sentença do juiz Sergio Moro, essa hipótese se torna remota, quase impossível. A defesa de Cunha questionava a legalidade da prisão provisória. Seus recursos já haviam sido negados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, havia a expectativa de que o Supremo se mostrasse mais compreensivo com o ex-deputado. O julgamento do habeas corpus chegou a ser marcado para dezembro na Segunda Turma do STF, comandada pelo ministro Gilmar Mendes. O relator Teori Zavascki sentiu o cheiro de queimado e pediu que o caso fosse submetido ao plenário da corte. Cunha chiou, mas teve que passar o Natal e o réveillon em Curitiba. Teori morreu, o Supremo voltou das férias e o correntista suíço apelou mais uma vez para sair da tranca. Seu pedido original foi negado no mês passado, por questões processuais. Apesar disso, ministros do tribunal continuaram a discutir caminhos que poderiam libertá-lo. O ministro Gilmar deu a senha ao dizer que a corte tinha um "encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba". Ao condenar Cunha a 15 anos e quatro meses de prisão, Moro devolve a articulação à estaca zero. O réu acusou o golpe ao dizer, em nota, que o juiz assinou a sentença para "evitar a apreciação do habeas corpus no Supremo". Agora que não há mais prisão provisória a ser contestada, a libertação do peemedebista tende a ficar mais distante. O correntista suíço foi baleado, mas isso não significa que esteja morto. Ele mantém amigos em Brasília e dispõe de um arsenal de informações que amedronta o governo. Sem a perspectiva de um habeas corpus, pode organizá-las numa robusta e histórica delação premiada.
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Você já acampou com barraca e tudo? João Vitor, 10, conta sua experiência
No Natal do ano passado, tive muita sorte, pois ganhei uma barraca de acampar e um saco de dormir do meu tio Ricardo. Dias depois, viajei para o condomínio onde fica o nosso sítio e, chegando lá, vi que a equipe de animação iria realizar um acampamento. Meu irmão e meu primo não gostaram da ideia, pois nunca tínhamos acampado. Mas convenci os dois. Leia a coluna completa de João Vitor, 10, aqui.
folhinha
Você já acampou com barraca e tudo? João Vitor, 10, conta sua experiênciaNo Natal do ano passado, tive muita sorte, pois ganhei uma barraca de acampar e um saco de dormir do meu tio Ricardo. Dias depois, viajei para o condomínio onde fica o nosso sítio e, chegando lá, vi que a equipe de animação iria realizar um acampamento. Meu irmão e meu primo não gostaram da ideia, pois nunca tínhamos acampado. Mas convenci os dois. Leia a coluna completa de João Vitor, 10, aqui.
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Chuvas deixam desabrigados e 14 cidades em estado de emergência em MS
As fortes chuvas que atingem a região sul de Mato Grosso do Sul desde a última semana de novembro fizeram com que o governo decretasse estado de emergência em 14 municípios. No município de Caarapó (272 km da capital), uma barragem de 20 metros de altura rompeu na manhã deste domingo (6). O local, que era utilizado pela população para lazer, foi completamente esvaziado e devastou uma área de mata, conta a Polícia Militar. Não feridos nem desabrigados. Além de Caarapó, foi decretado estado de emergência em Tacuru, Naviraí, Itaquiraí, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Amambai, Iguatemi, Sete Quedas, Paranhos, Juti, Novo Horizonte do Sul, Japorã e Eldorado. Uma das cidades mais atingidas, porém, não está nessa lista. Bela Vista, que fica a 326 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai, viu o rio Apa transbordar e provocar enchentes em pelo menos três bairros. Ao todo, 23 famílias estão desabrigadas e foram acolhidas em associações comunitárias, de acordo com a Defesa Civil. Caminhões do Exército auxiliam o resgate de moradores. Não há informações de feridos. As chuvas continuam na região e há previsão de que os níveis dos rios continuem a aumentar.
cotidiano
Chuvas deixam desabrigados e 14 cidades em estado de emergência em MSAs fortes chuvas que atingem a região sul de Mato Grosso do Sul desde a última semana de novembro fizeram com que o governo decretasse estado de emergência em 14 municípios. No município de Caarapó (272 km da capital), uma barragem de 20 metros de altura rompeu na manhã deste domingo (6). O local, que era utilizado pela população para lazer, foi completamente esvaziado e devastou uma área de mata, conta a Polícia Militar. Não feridos nem desabrigados. Além de Caarapó, foi decretado estado de emergência em Tacuru, Naviraí, Itaquiraí, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Amambai, Iguatemi, Sete Quedas, Paranhos, Juti, Novo Horizonte do Sul, Japorã e Eldorado. Uma das cidades mais atingidas, porém, não está nessa lista. Bela Vista, que fica a 326 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai, viu o rio Apa transbordar e provocar enchentes em pelo menos três bairros. Ao todo, 23 famílias estão desabrigadas e foram acolhidas em associações comunitárias, de acordo com a Defesa Civil. Caminhões do Exército auxiliam o resgate de moradores. Não há informações de feridos. As chuvas continuam na região e há previsão de que os níveis dos rios continuem a aumentar.
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Dinheiro
Adoro dinheiro, sei muito bem o que fazer com ele, gasto o que cair na minha mão sem o menor pudor e com grande prazer, mas infelizmente não tenho talento pra ganhá-lo. Deus dá asa pra quem não sabe voar. Ou Deus não dá asa pra cobra? Ontem porém tive a minha segunda ideia pra ficar rico. Antes, vou contar a primeira, que tem mais de dez anos e que, já deu pra perceber, foi um fracasso completo. Era o seguinte: levar um, dois, infinitos caminhões cheios daqueles limpadores de mesa que são nano feiticeiras pra Buenos Aires e transformar pra sempre os hábitos de higiene dos portenhos. É que, em 2005, quando passei uma temporada longa na Argentina, nunca vi em casa nenhuma a tal invenção, que, acabei de ser informado pelo Google, leva os nomes de "mini feiticeira", "escova de mesa" ou (coisa linda) "papa migalhas". Cheguei a encomendar uma pra minha mãe aqui no Brasil; queria mostrar pros meus amigos hispanohablantes de que catzo eu estava falando; mas ela se recusou a pactuar com a minha "ideia de jerico". Pra azar da nossa família, pois vejam como são as coisas: dali a um ou dois anos Buenos Aires foi invadida pelas papa migalhas –e algum brasileiro mais esperto do que eu deve, nesse momento, tomar banho com champanhe francês, enquanto eu e minha mãe... Mas vamos deixar minha discreta progenitora neste quarto parágrafo e partir pro meu segundo insight no terreno das finanças. O plano é desmontar minha biblioteca, que ocupa um dos dois quartos do apartamento onde moro, me desfazer de metade dos livros, guardar a metade restante na sala e no quarto de dormir, e encher o cômodo vazio dos objetos mais banais da nossa época: garrafas pet, prendedores de roupa, apontadores de lápis, cinzeiros, garfos, bolachas de chope, móveis das Casas Bahia, colheres de pau, escorredores de macarrão, copos americanos, escovas de dente, cabides, estatuetas de Iemanjá, sacolas plásticas de supermercado, sacos de papel da padaria, saca-rolhas polichinelo, celulares, preservativos, CDs, DVDs, cadernos, lâminas de barbear, Novalgina 1g, cortadores de pelo de nariz, rodinhos de pia etc. etc. etc. Daqui a 30 anos essa tralha toda valerá uma fortuna, e eu hei de vendê-la pra algum milionário interessado no cotidiano do homem comum da primeira metade do século, com a qual abrirá o Museu das Pequenas Coisas, visitado por milhões de turistas estupefatos. Mas eles jamais saberão que a essa altura, próximo dos 70 e depois de passar por duas operações de safena, estou vivendo com uma pintora e massagista japonesa na última praia deserta do Mediterrâneo, numa casinha de paredes caiadas a poucos metros do mar, aparelhada apenas com meia dúzia de livros de poesia, uma geladeira de cervejas, um galão de azeite, um pote de manteiga e dois pares de chinelo —um 43 e um 34. Lá, entregues a um desejo simples e constante, a uma tristeza natural e suportável, a saudades sem mágoa e a angústias sem culpa, nós te maldiremos e te esqueceremos, vil metal.
colunas
DinheiroAdoro dinheiro, sei muito bem o que fazer com ele, gasto o que cair na minha mão sem o menor pudor e com grande prazer, mas infelizmente não tenho talento pra ganhá-lo. Deus dá asa pra quem não sabe voar. Ou Deus não dá asa pra cobra? Ontem porém tive a minha segunda ideia pra ficar rico. Antes, vou contar a primeira, que tem mais de dez anos e que, já deu pra perceber, foi um fracasso completo. Era o seguinte: levar um, dois, infinitos caminhões cheios daqueles limpadores de mesa que são nano feiticeiras pra Buenos Aires e transformar pra sempre os hábitos de higiene dos portenhos. É que, em 2005, quando passei uma temporada longa na Argentina, nunca vi em casa nenhuma a tal invenção, que, acabei de ser informado pelo Google, leva os nomes de "mini feiticeira", "escova de mesa" ou (coisa linda) "papa migalhas". Cheguei a encomendar uma pra minha mãe aqui no Brasil; queria mostrar pros meus amigos hispanohablantes de que catzo eu estava falando; mas ela se recusou a pactuar com a minha "ideia de jerico". Pra azar da nossa família, pois vejam como são as coisas: dali a um ou dois anos Buenos Aires foi invadida pelas papa migalhas –e algum brasileiro mais esperto do que eu deve, nesse momento, tomar banho com champanhe francês, enquanto eu e minha mãe... Mas vamos deixar minha discreta progenitora neste quarto parágrafo e partir pro meu segundo insight no terreno das finanças. O plano é desmontar minha biblioteca, que ocupa um dos dois quartos do apartamento onde moro, me desfazer de metade dos livros, guardar a metade restante na sala e no quarto de dormir, e encher o cômodo vazio dos objetos mais banais da nossa época: garrafas pet, prendedores de roupa, apontadores de lápis, cinzeiros, garfos, bolachas de chope, móveis das Casas Bahia, colheres de pau, escorredores de macarrão, copos americanos, escovas de dente, cabides, estatuetas de Iemanjá, sacolas plásticas de supermercado, sacos de papel da padaria, saca-rolhas polichinelo, celulares, preservativos, CDs, DVDs, cadernos, lâminas de barbear, Novalgina 1g, cortadores de pelo de nariz, rodinhos de pia etc. etc. etc. Daqui a 30 anos essa tralha toda valerá uma fortuna, e eu hei de vendê-la pra algum milionário interessado no cotidiano do homem comum da primeira metade do século, com a qual abrirá o Museu das Pequenas Coisas, visitado por milhões de turistas estupefatos. Mas eles jamais saberão que a essa altura, próximo dos 70 e depois de passar por duas operações de safena, estou vivendo com uma pintora e massagista japonesa na última praia deserta do Mediterrâneo, numa casinha de paredes caiadas a poucos metros do mar, aparelhada apenas com meia dúzia de livros de poesia, uma geladeira de cervejas, um galão de azeite, um pote de manteiga e dois pares de chinelo —um 43 e um 34. Lá, entregues a um desejo simples e constante, a uma tristeza natural e suportável, a saudades sem mágoa e a angústias sem culpa, nós te maldiremos e te esqueceremos, vil metal.
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Destino selado
Por ampla maioria de votos (59 a 21), o Senado decidiu, na madrugada de quarta-feira (10), dar prosseguimento ao processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Se a notícia, a esta altura, fica longe de constituir surpresa, não deixa de ser digno de nota o fato de o resultado nessa etapa —correspondente à chamada pronúncia da ré— já superar o necessário para que, em votação definitiva, seu impeachment seja consumado. Com efeito, na sessão final do veredito, prevista para o fim deste mês, o mínimo exigido constitucionalmente para a perda do cargo presidencial é de 54 votos, ou dois terços do total de senadores. Nos bastidores do Planalto, trabalhava-se para que 60 senadores se manifestassem desfavoravelmente à petista. O cômputo dos votos correspondeu à expectativa, verificando-se apenas a abstenção protocolar de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa. Frustram-se as últimas tentativas no campo de Dilma para, se não reverter, ao menos protelar um desfecho que se sabe inevitável. Eram nulas as chances de entrar em consideração, por exemplo, o pedido de novas diligências, diante das notícias de que, numa delação premiada ainda por homologar, constaria o nome de Michel Temer (PMDB), hoje presidente interino, como envolvido em negociações irregulares com a Odebrecht. Por certo, uma vez selado o destino do esquema petista, novas atenções e suspeitas se voltam a setores e partidos antes na oposição. Seria contudo irrazoável, ademais de inútil, a intrusão de tais elementos no impeachment de Dilma. Mais uma vez, registre-se que todos os meios de defesa, mesmo os mais desesperados, foram assegurados à presidente afastada. Prevaleceu, em todo caso, a portentosa dimensão política da crise. Ao longo de seus anos de governo, Dilma Rousseff não apenas desprezou qualquer possibilidade de diálogo com o Legislativo, mas também foi responsável pela condução desastrosa da política econômica. A motivação inicial de implementar medidas de estímulo ao crescimento cedo se transformou em imprevidência orçamentária, com vistas à reeleição. Numa espécie de chantagem ideológico-marqueteira, a campanha petista de 2014 acenava com os fantasmas da fome e do desemprego, caso saísse vencedor um adversário seu. Recessão, desemprego e inflação sobrevieram, entretanto, como consequência da irresponsabilidade fiscal anterior. Uma tripla falência —econômica, política e moral— encerrou o ciclo petista. O impeachment segue seu curso, enquanto a capacidade do governo Temer para dar conta das próprias fragilidades ainda toma tempo para ser testada. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Destino seladoPor ampla maioria de votos (59 a 21), o Senado decidiu, na madrugada de quarta-feira (10), dar prosseguimento ao processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Se a notícia, a esta altura, fica longe de constituir surpresa, não deixa de ser digno de nota o fato de o resultado nessa etapa —correspondente à chamada pronúncia da ré— já superar o necessário para que, em votação definitiva, seu impeachment seja consumado. Com efeito, na sessão final do veredito, prevista para o fim deste mês, o mínimo exigido constitucionalmente para a perda do cargo presidencial é de 54 votos, ou dois terços do total de senadores. Nos bastidores do Planalto, trabalhava-se para que 60 senadores se manifestassem desfavoravelmente à petista. O cômputo dos votos correspondeu à expectativa, verificando-se apenas a abstenção protocolar de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa. Frustram-se as últimas tentativas no campo de Dilma para, se não reverter, ao menos protelar um desfecho que se sabe inevitável. Eram nulas as chances de entrar em consideração, por exemplo, o pedido de novas diligências, diante das notícias de que, numa delação premiada ainda por homologar, constaria o nome de Michel Temer (PMDB), hoje presidente interino, como envolvido em negociações irregulares com a Odebrecht. Por certo, uma vez selado o destino do esquema petista, novas atenções e suspeitas se voltam a setores e partidos antes na oposição. Seria contudo irrazoável, ademais de inútil, a intrusão de tais elementos no impeachment de Dilma. Mais uma vez, registre-se que todos os meios de defesa, mesmo os mais desesperados, foram assegurados à presidente afastada. Prevaleceu, em todo caso, a portentosa dimensão política da crise. Ao longo de seus anos de governo, Dilma Rousseff não apenas desprezou qualquer possibilidade de diálogo com o Legislativo, mas também foi responsável pela condução desastrosa da política econômica. A motivação inicial de implementar medidas de estímulo ao crescimento cedo se transformou em imprevidência orçamentária, com vistas à reeleição. Numa espécie de chantagem ideológico-marqueteira, a campanha petista de 2014 acenava com os fantasmas da fome e do desemprego, caso saísse vencedor um adversário seu. Recessão, desemprego e inflação sobrevieram, entretanto, como consequência da irresponsabilidade fiscal anterior. Uma tripla falência —econômica, política e moral— encerrou o ciclo petista. O impeachment segue seu curso, enquanto a capacidade do governo Temer para dar conta das próprias fragilidades ainda toma tempo para ser testada. editoriais@grupofolha.com.br
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Exposição joga luz sobre minimalismo elétrico e lírico de Montez Magno
Montez Magno era até pouco tempo atrás um nome obscuro, um artista de artistas. Quando suas obras foram parar no Panorama da Arte Brasileira, mostra no Museu de Arte Moderna paulistano, há três anos, a crítica e o mercado prestaram atenção, redescobrindo esse poeta, pintor e escultor pernambucano. Uma exposição agora na galeria Pilar, em São Paulo, revela algumas frentes da obra de Magno, que já passa dos 80 anos. Ali estão desenhos e pinturas com linhas verticais coloridas que ele chama de partituras e sinfonias. Também está uma escultura de 1973, uma régua com um sulco vermelho escavado no meio, lembrando um termômetro. "Suas partituras são desenhos puros", diz Lisette Lagnado, que organiza a mostra. "Não é muito claro o que é música e o que é pauta para a música ou para escrever. Há uma recorrência rítmica." Toda a obra de Magno, aliás, parece se esforçar para revelar a estrutura por trás das coisas, numa relação estreita com a poesia, que ele também escreve. Em posição análoga à palavra, capaz de desencadear ações e engendrar universos, sua obra plástica lança um olhar insuspeitado em direção à realidade, reduzindo o mundo a seu esqueleto. Mas não é uma depuração austera. Magno é um minimalista só na superfície. Suas obras não se reduzem à matéria inerte. Elas pulsam, meio elétricas, meio irônicas, como suas maquetes de cidades feitas de velhos circuitos eletrônicos e placas de computador. Outra ala da mostra exibe seus mapas do Recife e de galáxias distantes no universo, um exercício de representação do espaço que não se restringe à realidade mais crua, mesmo que faça questão de expor sempre suas raízes. É o que Lagnado chama de sua "antevisão dos mapas do Google", menos precisos e muito mais belos. MONTEZ MAGNO QUANDO de ter. a sex., 11h às 19h; sáb., 11h às 17h; até 21/5 ONDE galeria Pilar, r. Barão de Tatuí, 389, tel. (11) 3661-7119 QUANTO grátis
ilustrada
Exposição joga luz sobre minimalismo elétrico e lírico de Montez MagnoMontez Magno era até pouco tempo atrás um nome obscuro, um artista de artistas. Quando suas obras foram parar no Panorama da Arte Brasileira, mostra no Museu de Arte Moderna paulistano, há três anos, a crítica e o mercado prestaram atenção, redescobrindo esse poeta, pintor e escultor pernambucano. Uma exposição agora na galeria Pilar, em São Paulo, revela algumas frentes da obra de Magno, que já passa dos 80 anos. Ali estão desenhos e pinturas com linhas verticais coloridas que ele chama de partituras e sinfonias. Também está uma escultura de 1973, uma régua com um sulco vermelho escavado no meio, lembrando um termômetro. "Suas partituras são desenhos puros", diz Lisette Lagnado, que organiza a mostra. "Não é muito claro o que é música e o que é pauta para a música ou para escrever. Há uma recorrência rítmica." Toda a obra de Magno, aliás, parece se esforçar para revelar a estrutura por trás das coisas, numa relação estreita com a poesia, que ele também escreve. Em posição análoga à palavra, capaz de desencadear ações e engendrar universos, sua obra plástica lança um olhar insuspeitado em direção à realidade, reduzindo o mundo a seu esqueleto. Mas não é uma depuração austera. Magno é um minimalista só na superfície. Suas obras não se reduzem à matéria inerte. Elas pulsam, meio elétricas, meio irônicas, como suas maquetes de cidades feitas de velhos circuitos eletrônicos e placas de computador. Outra ala da mostra exibe seus mapas do Recife e de galáxias distantes no universo, um exercício de representação do espaço que não se restringe à realidade mais crua, mesmo que faça questão de expor sempre suas raízes. É o que Lagnado chama de sua "antevisão dos mapas do Google", menos precisos e muito mais belos. MONTEZ MAGNO QUANDO de ter. a sex., 11h às 19h; sáb., 11h às 17h; até 21/5 ONDE galeria Pilar, r. Barão de Tatuí, 389, tel. (11) 3661-7119 QUANTO grátis
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Rasgando a Constituição
A partir da Constituição Federal de 1988 e da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990 ficou garantido que todos os brasileiros teriam direito ao acesso integral, universal e igualitário, além de gratuito, à serviços de saúde de qualidade. Seria dever do Estado financiar, prover e operacionalizar a infraestrutura necessária para o cumprimento da lei nº. 8.080/1990. O reconhecimento constitucional de que saúde é um direito universal foi um avanço ideológico substancial. No papel, o modelo de saúde pública idealizado para o Brasil passou a ser um exemplo para o mundo. Em debates acadêmicos, sempre houve questionamentos se o poder público brasileiro tem de fato condições de gerenciar a complexidade de um sistema de saúde universal de qualidade. Ideologicamente inconteste, o SUS da constituição ainda é uma utopia. Atualmente, 75% dos brasileiros são dependentes do SUS. Quem pode, paga plano privado mas mantém o direito ao SUS. Vários países, mais ricos e estruturados que o nosso, ainda não se renderam ao modelo universal. Mesmo na Suécia, país que tradicionalmente adota o modelo universalizado, uma onda de privatização começa a ocorrer com intuito de aumentar a qualidade assistencial. Em tese, o modelo de saúde gratuito para todos poderia ter sido implantado no Brasil de forma escalonada e por etapas. Primeiro, contemplando-se as faixas de baixa renda e, posteriormente, expandindo-se gradativamente para as demais classes. Entretanto, a ousadia e idealismo de muitos o planejaram para todos nós desde a sua criação. Se a ineficiência habitual do setor público para gerenciar setores complexos e a limitação de fomento tivessem sido ponderadas naquele momento histórico, a proposta teria sido mais modesta, viável e sustentável. A partir dessa constatação, colocá-lo no pacote proposto pelos nobres senadores para debelar a crise da qual a classe política é a maior responsável e restringir o direito universal ao SUS atesta que valores superiores não norteiam a tomada de decisão da classe política. A proposta de cobrança de procedimentos do SUS, de acordo com a renda do usuário, recém-lançada, em pleno olho do furacão da crise, é rasgar a lei nº. 8.080/1990, sem ouvir o clamor das ruas. Antes de retirar nossos direitos constitucionais, os nobres senadores deveriam, ao menos a título de exemplo simbólico, nos informar qual a razão técnica para se montar e fomentar inúmeros subsistemas de saúde que se alastraram nos diversos órgãos públicos estaduais e federais, muitas vezes constando de equipe multidisciplinar em saúde, para atender aos funcionários públicos superiores prontamente, ao menor sinal de desconforto. Enquanto isso, o usuário do SUS padece por falta de acesso à assistência à saúde mesmo em situações críticas. Professores universitários federais, ou pagam do seu bolso plano de saúde privado, ou enfrentam o caos do SUS. Mais ainda, eles também poderiam nos informar, de forma transparente, o que regula os gastos dos parlamentares com saúde. Somos de acordo que todos os parlamentares, enquanto no seu cargo, tenham disponível o melhor plano privado complementar do mercado, mas que o adicional cobrado por serviços variados e pelas instituições de saúde seja arcado pelos seus generosos salários. Até avião da FAB já serviu com finalidade de melhorar a estética capilar de determinado parlamentar! Esse fato anedótico representa o cúmulo da iniquidade do sistema de saúde brasileiro. Contudo, além de inconstitucional, existe outro argumento técnico. Segundo dados da ANAHP (Associação de Nacional de Hospitais Privados), dos quase R$ 450 bilhões gastos em saúde no Brasil no ano de 2013 (9,2% do PIB), 44% foram consumidos em saúde pública. Portanto, no mundo real, o setor privado já financia 56% do gasto em saúde do país. Esse dado comprova a distorção da saúde pública brasileira na qual o gasto privado é maior que o público, o oposto do que ocorre na maioria dos países. Por exemplo, segundo a prestigiada revista "The New England Journal of Medicine" de 2015 os gastos em saúde obtidos de fontes públicas no Canadá são 70%, na Alemanha 76%, na Inglaterra 82%, na China 63% e na Suécia 82%. Pior ainda, outra distorção, 56% do gasto em saúde ficam alocados para aproximadamente 25% da população enquanto 44% do gasto são distribuídos para 75% dos brasileiros. Propor aumentar a contribuição do setor privado em saúde, ferindo a constituição vigente, nunca poderia ter sido uma proposta vinda da elite parlamentar. Convocar a sociedade para o debate técnico, não ideológico, sobre o futuro da saúde pública brasileira e, até revisão da Carta Magna, sim. Tal proposta, lançada na calada da noite e em jantar palaciano, soa como golpe constitucional. Com a crise, mais uma vez, a classe política teve a oportunidade de responder de forma altiva, altruísta, patriótica e simbólica indicando que o país caminha na busca de menos privilégios e, mais equidade, justiça e respeito constitucional. Mais uma vez, nossa classe política marcou gol contra ao tentar rasgar a constituição para se livrar da gravíssima crise institucional em que nos meteram. JOSÉ AUGUSTO SOARES BARRETO FILHO, 48, é cardiologista, professor e pesquisador do núcleo de pós-graduação da Universidade Federal de Sergipe - UFS * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Rasgando a ConstituiçãoA partir da Constituição Federal de 1988 e da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990 ficou garantido que todos os brasileiros teriam direito ao acesso integral, universal e igualitário, além de gratuito, à serviços de saúde de qualidade. Seria dever do Estado financiar, prover e operacionalizar a infraestrutura necessária para o cumprimento da lei nº. 8.080/1990. O reconhecimento constitucional de que saúde é um direito universal foi um avanço ideológico substancial. No papel, o modelo de saúde pública idealizado para o Brasil passou a ser um exemplo para o mundo. Em debates acadêmicos, sempre houve questionamentos se o poder público brasileiro tem de fato condições de gerenciar a complexidade de um sistema de saúde universal de qualidade. Ideologicamente inconteste, o SUS da constituição ainda é uma utopia. Atualmente, 75% dos brasileiros são dependentes do SUS. Quem pode, paga plano privado mas mantém o direito ao SUS. Vários países, mais ricos e estruturados que o nosso, ainda não se renderam ao modelo universal. Mesmo na Suécia, país que tradicionalmente adota o modelo universalizado, uma onda de privatização começa a ocorrer com intuito de aumentar a qualidade assistencial. Em tese, o modelo de saúde gratuito para todos poderia ter sido implantado no Brasil de forma escalonada e por etapas. Primeiro, contemplando-se as faixas de baixa renda e, posteriormente, expandindo-se gradativamente para as demais classes. Entretanto, a ousadia e idealismo de muitos o planejaram para todos nós desde a sua criação. Se a ineficiência habitual do setor público para gerenciar setores complexos e a limitação de fomento tivessem sido ponderadas naquele momento histórico, a proposta teria sido mais modesta, viável e sustentável. A partir dessa constatação, colocá-lo no pacote proposto pelos nobres senadores para debelar a crise da qual a classe política é a maior responsável e restringir o direito universal ao SUS atesta que valores superiores não norteiam a tomada de decisão da classe política. A proposta de cobrança de procedimentos do SUS, de acordo com a renda do usuário, recém-lançada, em pleno olho do furacão da crise, é rasgar a lei nº. 8.080/1990, sem ouvir o clamor das ruas. Antes de retirar nossos direitos constitucionais, os nobres senadores deveriam, ao menos a título de exemplo simbólico, nos informar qual a razão técnica para se montar e fomentar inúmeros subsistemas de saúde que se alastraram nos diversos órgãos públicos estaduais e federais, muitas vezes constando de equipe multidisciplinar em saúde, para atender aos funcionários públicos superiores prontamente, ao menor sinal de desconforto. Enquanto isso, o usuário do SUS padece por falta de acesso à assistência à saúde mesmo em situações críticas. Professores universitários federais, ou pagam do seu bolso plano de saúde privado, ou enfrentam o caos do SUS. Mais ainda, eles também poderiam nos informar, de forma transparente, o que regula os gastos dos parlamentares com saúde. Somos de acordo que todos os parlamentares, enquanto no seu cargo, tenham disponível o melhor plano privado complementar do mercado, mas que o adicional cobrado por serviços variados e pelas instituições de saúde seja arcado pelos seus generosos salários. Até avião da FAB já serviu com finalidade de melhorar a estética capilar de determinado parlamentar! Esse fato anedótico representa o cúmulo da iniquidade do sistema de saúde brasileiro. Contudo, além de inconstitucional, existe outro argumento técnico. Segundo dados da ANAHP (Associação de Nacional de Hospitais Privados), dos quase R$ 450 bilhões gastos em saúde no Brasil no ano de 2013 (9,2% do PIB), 44% foram consumidos em saúde pública. Portanto, no mundo real, o setor privado já financia 56% do gasto em saúde do país. Esse dado comprova a distorção da saúde pública brasileira na qual o gasto privado é maior que o público, o oposto do que ocorre na maioria dos países. Por exemplo, segundo a prestigiada revista "The New England Journal of Medicine" de 2015 os gastos em saúde obtidos de fontes públicas no Canadá são 70%, na Alemanha 76%, na Inglaterra 82%, na China 63% e na Suécia 82%. Pior ainda, outra distorção, 56% do gasto em saúde ficam alocados para aproximadamente 25% da população enquanto 44% do gasto são distribuídos para 75% dos brasileiros. Propor aumentar a contribuição do setor privado em saúde, ferindo a constituição vigente, nunca poderia ter sido uma proposta vinda da elite parlamentar. Convocar a sociedade para o debate técnico, não ideológico, sobre o futuro da saúde pública brasileira e, até revisão da Carta Magna, sim. Tal proposta, lançada na calada da noite e em jantar palaciano, soa como golpe constitucional. Com a crise, mais uma vez, a classe política teve a oportunidade de responder de forma altiva, altruísta, patriótica e simbólica indicando que o país caminha na busca de menos privilégios e, mais equidade, justiça e respeito constitucional. Mais uma vez, nossa classe política marcou gol contra ao tentar rasgar a constituição para se livrar da gravíssima crise institucional em que nos meteram. JOSÉ AUGUSTO SOARES BARRETO FILHO, 48, é cardiologista, professor e pesquisador do núcleo de pós-graduação da Universidade Federal de Sergipe - UFS * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Foguete faz pouso bem-sucedido e histórico na vertical; assista
A Space X, empresa californiana do milionário do setor de tecnologia Elon Musk, conseguiu fazer o foguete Falcon 9 pousar na vertical no Cabo Canaveral, Flórida. O foguete foi lançado com 11 satélites. A parte superior da nave se soltou e entrou em órbita levando os satélites. A parte inferior conseguiu fazer a virada graças a propulsores e pousar com sucesso no Estado americano. Este novo tipo de espaçonave pode determinar o futuro das viagens espaciais. A Space X tem um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Nasa para enviar suprimentos para a Estação Espacial Internacional.
tv
Foguete faz pouso bem-sucedido e histórico na vertical; assistaA Space X, empresa californiana do milionário do setor de tecnologia Elon Musk, conseguiu fazer o foguete Falcon 9 pousar na vertical no Cabo Canaveral, Flórida. O foguete foi lançado com 11 satélites. A parte superior da nave se soltou e entrou em órbita levando os satélites. A parte inferior conseguiu fazer a virada graças a propulsores e pousar com sucesso no Estado americano. Este novo tipo de espaçonave pode determinar o futuro das viagens espaciais. A Space X tem um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Nasa para enviar suprimentos para a Estação Espacial Internacional.
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Acabaram o diálogo e a confiança
Agradeço o convite para debater o novo Projeto Editorial da Folha e saúdo as promessas de respeito à veracidade dos fatos e de crítica às potestades deste mundo. Uma coisa, no entanto, me preocupa: o projeto minimiza a destruição do diálogo ocorrida nos últimos dois anos, a prejudicar gravemente nossa vida democrática. O jornal parece não enxergar o tamanho de um fato básico: nunca, desde 1964, o país esteve tão dividido. Não há confiança recíproca entre os atores que deveriam conversar para reconstruir o Brasil, em necessárias bases novas. A palavra "diálogo" aparece no projeto, mas só duas vezes. Ora, quem quiser melhorar o país terá de investir na recomposição da confiança recíproca e no diálogo entre os que acreditam em quatro causas: a inclusão social, o crescimento econômico, o respeito ao ambiente e o combate a toda corrupção. São muitos os que se desentenderam e precisam voltar a conversar. Ora, não vejo sinal disso quando, em suas colunas e entrevistas, a Folha destaca apóstolos do ódio. Fique claro: a Folha entrevista e convida a escrever quem bem quiser. Isso, porém, gera consequências. Não se contribuirá para a recomposição da democracia dando espaço ao ódio. Acabou o diálogo. Se alguém quiser melhorar o país, tem que abrir canais. A Folha quer isso? Não percebe que, sem diálogo, o jornalismo que diz pretender fica inviável? Daí que parte razoável de seu possível público leitor já não confie no jornal. O compromisso com a veracidade dos fatos esbarra no ceticismo de quem acha que a Folha apoiou o golpe ou impeachment, chamem como quiserem. Nem importa o quanto seus ataques constantes ajudaram na queda do governo Dilma Rousseff. O fato é que chamuscaram a imagem do jornal, como a de quase todos os veículos de comunicação. Fazer uma cobertura veraz exige credibilidade. O fenômeno é universal; todos nós perdemos interlocutores. Não só a Folha. Para um jornal, contudo, isso é grave. O público desconfiado é maior do que o confiante. Se o grande problema do país é a perda de diálogo, o problema da mídia é a perda de confiança. A Folha faz bem em reconhecer que um jornal perde, na batalha dos serviços, para sites especializados; ótimo que queira devolver o foco central ao jornalismo. Aliás, ela insiste, há anos, que a internet pode fornecer a informação rápida, mas superficial, enquanto os "quality papers" dariam a análise aprofundada. Isso é verdadeiro? Um: está crescendo no Brasil, para além dos blogs, um jornalismo bom, analítico, concorrencial, feito on-line -ainda pequeno, é verdade. Dois: a Folha renunciou a ter um plantel de bons correspondentes internacionais. Para as notícias do mundo, cada vez mais gente vai direto a jornais estrangeiros. Três: se ela tem mais de cem colunistas, deixemos claro: opinião não é análise. Opinião não gera qualidade. Isso me entristece. A Folha fez uma campanha dura contra o PT, mas também revelou o caso do aeroporto do município de Cláudio (MG), esquema que teria beneficiado Aécio Neves (PSDB). O jornal deveria enfrentar com franqueza a crise geral de credibilidade, fruto da morte do diálogo. O Brasil todo perdeu com os anos de destruição do tecido político. É uma ilusão acreditar que um jornal pudesse escapar a esse massacre. E é outra ilusão supor que, sem uma ação decidida em favor do diálogo -o que implica o repúdio claro à direita comportamental, ao fascismo-, seja possível sair dessa guerra civil verbal em que mergulhamos. RENATO JANINE RIBEIRO é professor titular de ética e filosofia política da USP. Foi ministro da Educação em 2015 (governo Dilma) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Acabaram o diálogo e a confiançaAgradeço o convite para debater o novo Projeto Editorial da Folha e saúdo as promessas de respeito à veracidade dos fatos e de crítica às potestades deste mundo. Uma coisa, no entanto, me preocupa: o projeto minimiza a destruição do diálogo ocorrida nos últimos dois anos, a prejudicar gravemente nossa vida democrática. O jornal parece não enxergar o tamanho de um fato básico: nunca, desde 1964, o país esteve tão dividido. Não há confiança recíproca entre os atores que deveriam conversar para reconstruir o Brasil, em necessárias bases novas. A palavra "diálogo" aparece no projeto, mas só duas vezes. Ora, quem quiser melhorar o país terá de investir na recomposição da confiança recíproca e no diálogo entre os que acreditam em quatro causas: a inclusão social, o crescimento econômico, o respeito ao ambiente e o combate a toda corrupção. São muitos os que se desentenderam e precisam voltar a conversar. Ora, não vejo sinal disso quando, em suas colunas e entrevistas, a Folha destaca apóstolos do ódio. Fique claro: a Folha entrevista e convida a escrever quem bem quiser. Isso, porém, gera consequências. Não se contribuirá para a recomposição da democracia dando espaço ao ódio. Acabou o diálogo. Se alguém quiser melhorar o país, tem que abrir canais. A Folha quer isso? Não percebe que, sem diálogo, o jornalismo que diz pretender fica inviável? Daí que parte razoável de seu possível público leitor já não confie no jornal. O compromisso com a veracidade dos fatos esbarra no ceticismo de quem acha que a Folha apoiou o golpe ou impeachment, chamem como quiserem. Nem importa o quanto seus ataques constantes ajudaram na queda do governo Dilma Rousseff. O fato é que chamuscaram a imagem do jornal, como a de quase todos os veículos de comunicação. Fazer uma cobertura veraz exige credibilidade. O fenômeno é universal; todos nós perdemos interlocutores. Não só a Folha. Para um jornal, contudo, isso é grave. O público desconfiado é maior do que o confiante. Se o grande problema do país é a perda de diálogo, o problema da mídia é a perda de confiança. A Folha faz bem em reconhecer que um jornal perde, na batalha dos serviços, para sites especializados; ótimo que queira devolver o foco central ao jornalismo. Aliás, ela insiste, há anos, que a internet pode fornecer a informação rápida, mas superficial, enquanto os "quality papers" dariam a análise aprofundada. Isso é verdadeiro? Um: está crescendo no Brasil, para além dos blogs, um jornalismo bom, analítico, concorrencial, feito on-line -ainda pequeno, é verdade. Dois: a Folha renunciou a ter um plantel de bons correspondentes internacionais. Para as notícias do mundo, cada vez mais gente vai direto a jornais estrangeiros. Três: se ela tem mais de cem colunistas, deixemos claro: opinião não é análise. Opinião não gera qualidade. Isso me entristece. A Folha fez uma campanha dura contra o PT, mas também revelou o caso do aeroporto do município de Cláudio (MG), esquema que teria beneficiado Aécio Neves (PSDB). O jornal deveria enfrentar com franqueza a crise geral de credibilidade, fruto da morte do diálogo. O Brasil todo perdeu com os anos de destruição do tecido político. É uma ilusão acreditar que um jornal pudesse escapar a esse massacre. E é outra ilusão supor que, sem uma ação decidida em favor do diálogo -o que implica o repúdio claro à direita comportamental, ao fascismo-, seja possível sair dessa guerra civil verbal em que mergulhamos. RENATO JANINE RIBEIRO é professor titular de ética e filosofia política da USP. Foi ministro da Educação em 2015 (governo Dilma) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Percepções sombrias
Uma imagem de despreocupação, otimismo e efusividade popular costuma associar-se ao Brasil. Do velho ditado, segundo o qual "Deus é brasileiro", até algumas pesquisas internacionais sobre índices de felicidade, são vários os sinais que reiteram essa impressão. No "Relatório Mundial de Felicidade", veiculado pela ONU neste ano, ponderam-se dados de diversas naturezas, como a expectativa de vida ou a possibilidade de contar com o apoio de conhecidos. Do 24º lugar em 2013, passamos para a 17ª colocação, acima de 140 outras nações. Tais resultados contrastam, embora não entrem em contradição, com os de um levantamento do instituto Ipsos, intitulado "O Que Preocupa o Mundo". Divulgado nesta quinta-feira (13), agrega informações recolhidas há pouco mais de um mês sobre 25 países —e situa os brasileiros no terceiro posto entre os mais pessimistas. São 84% dos entrevistados os que dizem que o país "está na direção errada", superados apenas, por pequena margem, pelos franceses (88%) e mexicanos (85%). Evidentemente, esse tipo de pergunta dirige as atenções de quem responde muito mais para o campo da avaliação política de um governo do que para o âmbito de suas emoções subjetivas e da vida pessoal. Ao lado das implícitas avaliações sobre o desempenho dos governantes, também as expectativas de crescimento econômico e de poder internacional impõem sua marca na pesquisa. Desse modo, China, Rússia, Índia e Peru contam com uma maioria chancelando as direções de seus respectivos países. Em meio a uma crise econômica sem precedentes, e na sequência de um impeachment, o Brasil não teria por que alcançar pontuação diversa. Observe-se que, de julho a setembro, o pessimismo dos brasileiros caiu levemente (de 88% para 84%), sem dúvida em decorrência da mudança de governo. Se as propostas econômicas do presidente Michel Temer (PMDB) são necessárias, é duvidoso que, dado seu caráter amargo, possam reverter a curto prazo o predomínio de percepções sombrias a respeito do futuro. É o preço de todo conjunto de medidas desse tipo. Os brasileiros se mostram mais preocupados com o sistema de saúde (50%) do que com a violência (48%). Nesses mesmos dois tópicos, entretanto, os índices chegaram, respectivamente, a 70% em 2014 e a perto de 60% em 2012. Sinal, talvez, de que algum otimismo não deva ser descartado —apesar de tudo. editoriais@grupofolha.com.br
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Percepções sombriasUma imagem de despreocupação, otimismo e efusividade popular costuma associar-se ao Brasil. Do velho ditado, segundo o qual "Deus é brasileiro", até algumas pesquisas internacionais sobre índices de felicidade, são vários os sinais que reiteram essa impressão. No "Relatório Mundial de Felicidade", veiculado pela ONU neste ano, ponderam-se dados de diversas naturezas, como a expectativa de vida ou a possibilidade de contar com o apoio de conhecidos. Do 24º lugar em 2013, passamos para a 17ª colocação, acima de 140 outras nações. Tais resultados contrastam, embora não entrem em contradição, com os de um levantamento do instituto Ipsos, intitulado "O Que Preocupa o Mundo". Divulgado nesta quinta-feira (13), agrega informações recolhidas há pouco mais de um mês sobre 25 países —e situa os brasileiros no terceiro posto entre os mais pessimistas. São 84% dos entrevistados os que dizem que o país "está na direção errada", superados apenas, por pequena margem, pelos franceses (88%) e mexicanos (85%). Evidentemente, esse tipo de pergunta dirige as atenções de quem responde muito mais para o campo da avaliação política de um governo do que para o âmbito de suas emoções subjetivas e da vida pessoal. Ao lado das implícitas avaliações sobre o desempenho dos governantes, também as expectativas de crescimento econômico e de poder internacional impõem sua marca na pesquisa. Desse modo, China, Rússia, Índia e Peru contam com uma maioria chancelando as direções de seus respectivos países. Em meio a uma crise econômica sem precedentes, e na sequência de um impeachment, o Brasil não teria por que alcançar pontuação diversa. Observe-se que, de julho a setembro, o pessimismo dos brasileiros caiu levemente (de 88% para 84%), sem dúvida em decorrência da mudança de governo. Se as propostas econômicas do presidente Michel Temer (PMDB) são necessárias, é duvidoso que, dado seu caráter amargo, possam reverter a curto prazo o predomínio de percepções sombrias a respeito do futuro. É o preço de todo conjunto de medidas desse tipo. Os brasileiros se mostram mais preocupados com o sistema de saúde (50%) do que com a violência (48%). Nesses mesmos dois tópicos, entretanto, os índices chegaram, respectivamente, a 70% em 2014 e a perto de 60% em 2012. Sinal, talvez, de que algum otimismo não deva ser descartado —apesar de tudo. editoriais@grupofolha.com.br
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Síndico corta água de moradores e ganha R$ 22 mil de bônus na conta
RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO O síndico Adaildo Oliveira, 65, passava férias em sua casa no Piauí quando foi acordado por uma ligação às 5h da manhã. Era janeiro de 2015 e os moradores de seu condomínio no Tucuruvi, na zona norte, estavam sem água, após o abastecimento da rua ter secado durante a noite, fruto da redução de pressão na rede. Diante da situação, Oliveira tomou uma decisão radical. Ainda em Teresina, deu ordem para que o fornecimento de água nos prédios fosse suspenso entre 11h e 17h, de segunda a sexta, e entre 12h e 16h30 aos sábados, domingos e feriados. "Mandei fechar não só pela economia, mas para as pessoas terem água para fazer a janta, tomar banho de noite. Disse que ia ficar assim até a assembleia, quando a medida foi aprovada", lembra o síndico. A ideia gerou polêmica no conjunto de 196 apartamentos que fica em uma rua tranquila perto do Horto Florestal. "Tinha gente me xingando de tudo quanto é jeito, me ligando no Piauí falando que eu não podia fazer isso, mas fiz." "No começo, o pessoal chiou, mas depois foram aceitando. Era muito ruim chegar do trabalho e não ter água para nada", considera a moradora Roseli Ferreira, 52. "Era complicado ter de acordar cedo no domingo para adiantar o almoço", lembra Flora Silva, 57. "Mas era o jeito pra se proteger das surpresas da Sabesp." Com essa e outras medidas radicais, Oliveira conseguiu receber R$ 22 mil de bônus na conta de água ao longo de 2015, um dos recordistas da cidade, de acordo com a Sabesp. Assim, foi possível um abatimento de 25% do valor das contas e o ganho fez com que o valor do condomínio caísse de R$ 330 para R$ 285. Na guerra para economizar água, o síndico travou várias batalhas. Primeiro, lançou mão de conversa e campanhas educativas para evitar o desperdício. Conseguiu baixar a conta de cada torre de R$ 1.900 por mês para até R$ 1.300. Os edifícios construídos na década de 1980 possuíam, porém, apenas um hidrômetro por prédio. Oliveira promoveu, então, a instalação de um medidor por apartamento -não sem dificuldades. A dez dias do prazo para terminar o trabalho, oito famílias se negavam a aderir. Além do custo de R$ 650, parcelados em até 12 vezes com juros, elas não queriam abrir seus imóveis para desconhecidos. "Informei que ia ligar a nova rede de água em dez dias e que as unidades que não aderissem ficariam sem abastecimento", conta Oliveira. "No nono dia, a última pessoa que resistia aderiu." A medida também recebe elogios. "Antes pagava pela água dos outros e a agora pago só a minha", diz Elisabete Oliveira, 64, outra moradora. Os novos hidrômetros ficam concentrados no último andar dos prédios, protegidos por grades. O acesso é restrito e Oliveira lacra pessoalmente o registro de quem atrasa o pagamento. "Mas se vier conversar e pedir uns dias, a gente até segura." O pacote de medidas para economizar incluiu colocar cadeados nas torneiras do jardim, para evitar que as crianças brincassem com água, e instalar uma cisterna para captar água da chuva, usada na limpeza das áreas comuns. DESCONTROLE Nascido no interior do Piauí, Oliveira veio para São Paulo em 1979. Trabalhou vários anos como motorista de carreta e, quando suas filhas adolescentes "começaram a dar problemas", ele deixou a estrada e passou a dirigir ônibus em São Paulo, profissão na qual se aposentou. O cargo de síndico foi assumido há cinco anos. "Essa crise não foi falta de água, mas descontrole do governo. Houve seca em 2004 e ficaram com os olhos fechados desde então", diz Oliveira, que arrisca seus palpites sobre o que poderia ter sido feito. "Se fosse eu, teria criado um sistema de integração mais eficiente entre as represas." Em janeiro deste ano, a meta exigida para ganhar o bônus subiu muito e ele desistiu de perseguí-la, embora tenha mantido o gasto de água estável. O corte diário foi abandonado no Natal. Já a política de bônus da Sabesp acaba em 1º de maio. Oliveira pensa em voltar à Teresina de vez quando encontrar um substituto. "Lá tenho meu canto, no centro da cidade, mas também falta água. Um dia por semana a pressão fica muito fraquinha", conta. O Nordeste não perde por esperar.
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Síndico corta água de moradores e ganha R$ 22 mil de bônus na contaRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO O síndico Adaildo Oliveira, 65, passava férias em sua casa no Piauí quando foi acordado por uma ligação às 5h da manhã. Era janeiro de 2015 e os moradores de seu condomínio no Tucuruvi, na zona norte, estavam sem água, após o abastecimento da rua ter secado durante a noite, fruto da redução de pressão na rede. Diante da situação, Oliveira tomou uma decisão radical. Ainda em Teresina, deu ordem para que o fornecimento de água nos prédios fosse suspenso entre 11h e 17h, de segunda a sexta, e entre 12h e 16h30 aos sábados, domingos e feriados. "Mandei fechar não só pela economia, mas para as pessoas terem água para fazer a janta, tomar banho de noite. Disse que ia ficar assim até a assembleia, quando a medida foi aprovada", lembra o síndico. A ideia gerou polêmica no conjunto de 196 apartamentos que fica em uma rua tranquila perto do Horto Florestal. "Tinha gente me xingando de tudo quanto é jeito, me ligando no Piauí falando que eu não podia fazer isso, mas fiz." "No começo, o pessoal chiou, mas depois foram aceitando. Era muito ruim chegar do trabalho e não ter água para nada", considera a moradora Roseli Ferreira, 52. "Era complicado ter de acordar cedo no domingo para adiantar o almoço", lembra Flora Silva, 57. "Mas era o jeito pra se proteger das surpresas da Sabesp." Com essa e outras medidas radicais, Oliveira conseguiu receber R$ 22 mil de bônus na conta de água ao longo de 2015, um dos recordistas da cidade, de acordo com a Sabesp. Assim, foi possível um abatimento de 25% do valor das contas e o ganho fez com que o valor do condomínio caísse de R$ 330 para R$ 285. Na guerra para economizar água, o síndico travou várias batalhas. Primeiro, lançou mão de conversa e campanhas educativas para evitar o desperdício. Conseguiu baixar a conta de cada torre de R$ 1.900 por mês para até R$ 1.300. Os edifícios construídos na década de 1980 possuíam, porém, apenas um hidrômetro por prédio. Oliveira promoveu, então, a instalação de um medidor por apartamento -não sem dificuldades. A dez dias do prazo para terminar o trabalho, oito famílias se negavam a aderir. Além do custo de R$ 650, parcelados em até 12 vezes com juros, elas não queriam abrir seus imóveis para desconhecidos. "Informei que ia ligar a nova rede de água em dez dias e que as unidades que não aderissem ficariam sem abastecimento", conta Oliveira. "No nono dia, a última pessoa que resistia aderiu." A medida também recebe elogios. "Antes pagava pela água dos outros e a agora pago só a minha", diz Elisabete Oliveira, 64, outra moradora. Os novos hidrômetros ficam concentrados no último andar dos prédios, protegidos por grades. O acesso é restrito e Oliveira lacra pessoalmente o registro de quem atrasa o pagamento. "Mas se vier conversar e pedir uns dias, a gente até segura." O pacote de medidas para economizar incluiu colocar cadeados nas torneiras do jardim, para evitar que as crianças brincassem com água, e instalar uma cisterna para captar água da chuva, usada na limpeza das áreas comuns. DESCONTROLE Nascido no interior do Piauí, Oliveira veio para São Paulo em 1979. Trabalhou vários anos como motorista de carreta e, quando suas filhas adolescentes "começaram a dar problemas", ele deixou a estrada e passou a dirigir ônibus em São Paulo, profissão na qual se aposentou. O cargo de síndico foi assumido há cinco anos. "Essa crise não foi falta de água, mas descontrole do governo. Houve seca em 2004 e ficaram com os olhos fechados desde então", diz Oliveira, que arrisca seus palpites sobre o que poderia ter sido feito. "Se fosse eu, teria criado um sistema de integração mais eficiente entre as represas." Em janeiro deste ano, a meta exigida para ganhar o bônus subiu muito e ele desistiu de perseguí-la, embora tenha mantido o gasto de água estável. O corte diário foi abandonado no Natal. Já a política de bônus da Sabesp acaba em 1º de maio. Oliveira pensa em voltar à Teresina de vez quando encontrar um substituto. "Lá tenho meu canto, no centro da cidade, mas também falta água. Um dia por semana a pressão fica muito fraquinha", conta. O Nordeste não perde por esperar.
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Morales diz que Obama deve pedir perdão à Venezuela antes de cúpula
O presidente da Bolívia, Evo Morales, exigiu nesta sexta-feira (13) que, antes da Cúpula das Américas, o presidente Barack Obama "peça perdão" à Venezuela por suas "ameaças". Morales advertiu que, se Obama não fizer isso, terá que enfrentar os "presidentes anti-imperialistas" na reunião do Panamá. Em entrevista coletiva na cidade de Cochabamba, Morales criticou o fato dos EUA terem declarado estado de emergência nacional pelo "risco" de que a situação na Venezuela representa para sua segurança. Ele afirmou que os EUA não são "apenas uma ameaça para a Venezuela, mas para a América Latina". A Cúpula das Américas será realizada entre os dias 10 e 11 de abril. O governo americano ampliou recentemente as sanções a vários funcionários venezuelanos incluídos em uma lei aprovada em dezembro do ano passado por Washington. Morales afirmou que com esta decisão os Estados Unidos estão "planejando a intervenção militar na Venezuela". Segundo o governante boliviano, todos os países "rejeitaram essa ameaça", por isso, segundo sua opinião, será "melhor" para o presidente Obama "chegar bem" à Cúpula das Américas para debater sobre outros temas de desenvolvimento. Segundo sua opinião, "o melhor sinal" que o governo americano pode enviar para a região é suspender o embargo econômico a Cuba antes da reunião de chefes de Estado no Panamá.
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Morales diz que Obama deve pedir perdão à Venezuela antes de cúpulaO presidente da Bolívia, Evo Morales, exigiu nesta sexta-feira (13) que, antes da Cúpula das Américas, o presidente Barack Obama "peça perdão" à Venezuela por suas "ameaças". Morales advertiu que, se Obama não fizer isso, terá que enfrentar os "presidentes anti-imperialistas" na reunião do Panamá. Em entrevista coletiva na cidade de Cochabamba, Morales criticou o fato dos EUA terem declarado estado de emergência nacional pelo "risco" de que a situação na Venezuela representa para sua segurança. Ele afirmou que os EUA não são "apenas uma ameaça para a Venezuela, mas para a América Latina". A Cúpula das Américas será realizada entre os dias 10 e 11 de abril. O governo americano ampliou recentemente as sanções a vários funcionários venezuelanos incluídos em uma lei aprovada em dezembro do ano passado por Washington. Morales afirmou que com esta decisão os Estados Unidos estão "planejando a intervenção militar na Venezuela". Segundo o governante boliviano, todos os países "rejeitaram essa ameaça", por isso, segundo sua opinião, será "melhor" para o presidente Obama "chegar bem" à Cúpula das Américas para debater sobre outros temas de desenvolvimento. Segundo sua opinião, "o melhor sinal" que o governo americano pode enviar para a região é suspender o embargo econômico a Cuba antes da reunião de chefes de Estado no Panamá.
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Operação mira grupo que movimentou R$ 1 bi com desmatamento no Pará
Pelo menos 140 agentes de diversos órgãos deflagram nesta quinta-feira (30) operação para prender integrantes de uma quadrilha de desmatadores no Pará que teria movimentado R$ 1 bilhão ilegalmente nos últimos quatro anos, segundo dados da Receita Federal. Na operação, batizada de Rios Voadores, por causa dos efeitos do desmatamento nas chuvas do país, os agentes cumprem 51 medidas judiciais: 24 prisões preventivas, 9 conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão em empresas e residências pertencentes aos investigados. Participam da operação o Ibama, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal, e ela se concentra no distrito de Castelo dos Sonhos, em Altamira (PA), além da cidade de Novo Progresso (PA). Há também ações nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O empresário José Junqueira Vilela Filho, considerado chefe da quadrilha, está sendo procurado. Em 2014, o Ibama fez investigações que resultaram na Operação Kaiapó, contra desmatamento ilegal na Terra Indígena Menkragnoti, em Altamira. Após a denúncia de um grupo de índios, que eram acusados pelo desmatamento na região quando estavam tentando proteger a área, a polícia apreendeu 26 motosserras e três motocicletas, além do desmonte de 11 acampamentos de madeireiros, da prisão de 40 pessoas e da identificação do responsável pelo desmatamento da área de 14 mil hectares, o maior já identificado na região. O Ibama emitiu multas de R$ 119 milhões contra integrantes da quadrilha que usava trabalhadores em situação de escravidão. A quadrilha atuava fazendo pequenos acampamentos para enganar a fiscalização por satélite. Por causa disso, houve uma reformulação dentro dos órgãos que monitoram o desmatamento para evitar que a quadrilha usasse os dados para burlar a fiscalização. Mesmo assim, a quadrilha continuou agindo na área e usou várias formas para desmatar, entre elas fogo e uso de químicos desfolhantes, semelhantes aos usados pelas forças armadas americanas na Guerra do Vietnã, segundo o Ibama. Os principais investigados e beneficiados com a prática criminosa eram protegidos por outros membros da organização que serviam como "testas de ferro". Mediante a falsificação de documentos e outras fraudes, pessoas de confiança dos cabeças da organização assumiam a propriedade da terra grilada. Segundo as informações da Polícia, eles preservam o nome dos reais autores do crime quando flagrados em fiscalizações do Ibama. Os crimes investigados são: organização criminosa, falsificação de documentos, a prática, de forma reiterada e habitual, de desmatamento ilegal, ateamento de fogo e grilagem de terras públicas federais, na Amazônia brasileira, ocultação e dissimulação das vantagens econômicas obtidas.
ambiente
Operação mira grupo que movimentou R$ 1 bi com desmatamento no ParáPelo menos 140 agentes de diversos órgãos deflagram nesta quinta-feira (30) operação para prender integrantes de uma quadrilha de desmatadores no Pará que teria movimentado R$ 1 bilhão ilegalmente nos últimos quatro anos, segundo dados da Receita Federal. Na operação, batizada de Rios Voadores, por causa dos efeitos do desmatamento nas chuvas do país, os agentes cumprem 51 medidas judiciais: 24 prisões preventivas, 9 conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão em empresas e residências pertencentes aos investigados. Participam da operação o Ibama, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal, e ela se concentra no distrito de Castelo dos Sonhos, em Altamira (PA), além da cidade de Novo Progresso (PA). Há também ações nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O empresário José Junqueira Vilela Filho, considerado chefe da quadrilha, está sendo procurado. Em 2014, o Ibama fez investigações que resultaram na Operação Kaiapó, contra desmatamento ilegal na Terra Indígena Menkragnoti, em Altamira. Após a denúncia de um grupo de índios, que eram acusados pelo desmatamento na região quando estavam tentando proteger a área, a polícia apreendeu 26 motosserras e três motocicletas, além do desmonte de 11 acampamentos de madeireiros, da prisão de 40 pessoas e da identificação do responsável pelo desmatamento da área de 14 mil hectares, o maior já identificado na região. O Ibama emitiu multas de R$ 119 milhões contra integrantes da quadrilha que usava trabalhadores em situação de escravidão. A quadrilha atuava fazendo pequenos acampamentos para enganar a fiscalização por satélite. Por causa disso, houve uma reformulação dentro dos órgãos que monitoram o desmatamento para evitar que a quadrilha usasse os dados para burlar a fiscalização. Mesmo assim, a quadrilha continuou agindo na área e usou várias formas para desmatar, entre elas fogo e uso de químicos desfolhantes, semelhantes aos usados pelas forças armadas americanas na Guerra do Vietnã, segundo o Ibama. Os principais investigados e beneficiados com a prática criminosa eram protegidos por outros membros da organização que serviam como "testas de ferro". Mediante a falsificação de documentos e outras fraudes, pessoas de confiança dos cabeças da organização assumiam a propriedade da terra grilada. Segundo as informações da Polícia, eles preservam o nome dos reais autores do crime quando flagrados em fiscalizações do Ibama. Os crimes investigados são: organização criminosa, falsificação de documentos, a prática, de forma reiterada e habitual, de desmatamento ilegal, ateamento de fogo e grilagem de terras públicas federais, na Amazônia brasileira, ocultação e dissimulação das vantagens econômicas obtidas.
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Nova colunista da 'Folhinha', Sophia Roncatto, 9, fala sobre as férias
As férias são legais pois é quando chega a hora de descansar, viajar, rever os amigos. Não aqueles que a gente vê todo dia durante as aulas, e sim os de fora da escola. É bom também ficar sem lição. Não sei se é bom para todas as pessoas, mas para mim é. Leia a coluna completa aqui.
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Nova colunista da 'Folhinha', Sophia Roncatto, 9, fala sobre as fériasAs férias são legais pois é quando chega a hora de descansar, viajar, rever os amigos. Não aqueles que a gente vê todo dia durante as aulas, e sim os de fora da escola. É bom também ficar sem lição. Não sei se é bom para todas as pessoas, mas para mim é. Leia a coluna completa aqui.
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Ex-ministro Delfim Netto é intimado a depor na Lava Jato
O economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto foi intimado a depor no âmbito da Operação Lava Jato, para que explique um pagamento de R$ 240 mil que teria recebido da empreiteira Odebrecht. A intimação está em ofício da delegada de Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues, assinado na última segunda-feira (6). O pagamento apareceu numa planilha da Odebrecht apreendida durante a operação, que lista um repasse de R$ 240 mil ao codinome "Professor", feito em outubro de 2014. O dinheiro teria sido entregue a Luiz Appolonio Neto, sobrinho de Delfim. Ele aparece na planilha como o recebedor dos valores, entregues em seu escritório, na alameda Lorena, em São Paulo. O advogado foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento durante a 26ª fase da Lava Jato, em março –que investigou o sistema de pagamentos de propina na Odebrecht. À época, ele negou à PF que tenha recebido quaisquer valores em seu escritório, e disse jamais ter prestado serviços à Odebrecht. O ex-ministro Delfim Netto, em nota, informou que prestou "serviços de consultoria na área econômica" à empreiteira na época, e que todos os valores recebidos foram declarados em Imposto de Renda. A defesa de Delfim, composta pelos advogados Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, refutou "de maneira veemente que tenha havido qualquer irregularidade" no contrato do economista com a Odebrecht. A empreiteira afirmou que não vai se manifestar. O depoimento de Delfim Netto à Polícia Federal ainda não tem data marcada, segundo sua defesa.
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Ex-ministro Delfim Netto é intimado a depor na Lava JatoO economista e ex-ministro Antonio Delfim Netto foi intimado a depor no âmbito da Operação Lava Jato, para que explique um pagamento de R$ 240 mil que teria recebido da empreiteira Odebrecht. A intimação está em ofício da delegada de Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues, assinado na última segunda-feira (6). O pagamento apareceu numa planilha da Odebrecht apreendida durante a operação, que lista um repasse de R$ 240 mil ao codinome "Professor", feito em outubro de 2014. O dinheiro teria sido entregue a Luiz Appolonio Neto, sobrinho de Delfim. Ele aparece na planilha como o recebedor dos valores, entregues em seu escritório, na alameda Lorena, em São Paulo. O advogado foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento durante a 26ª fase da Lava Jato, em março –que investigou o sistema de pagamentos de propina na Odebrecht. À época, ele negou à PF que tenha recebido quaisquer valores em seu escritório, e disse jamais ter prestado serviços à Odebrecht. O ex-ministro Delfim Netto, em nota, informou que prestou "serviços de consultoria na área econômica" à empreiteira na época, e que todos os valores recebidos foram declarados em Imposto de Renda. A defesa de Delfim, composta pelos advogados Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, refutou "de maneira veemente que tenha havido qualquer irregularidade" no contrato do economista com a Odebrecht. A empreiteira afirmou que não vai se manifestar. O depoimento de Delfim Netto à Polícia Federal ainda não tem data marcada, segundo sua defesa.
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Mercado de maquetes encolhe com freada chinesa
Depois de uma década de prosperidade, os criadores de maquetes de prédios na China finalmente estão reduzindo suas ambições. A China experimentou a mais rápida urbanização da história da humanidade –ela teria usado mais cimento de 2011 a 2013 do que os EUA em todo o século 20. Foi um período em que os preços das residências triplicaram e em que muitos compradores adquiriram seus apartamentos antes mesmo do início das obras. Nessa mesma época, as incorporadoras contrataram um exército de artesãos para fazer modelos extremamente detalhados das casas que seriam expostos em seus showrooms, gerando um frenesi semelhante no mundo da construção de pequena escala. "As construtoras usaram as maquetes como um meio de resolver suas dificuldades de financiamento", afirma Zhu Guozhong, economista da Universidade de Pequim. "Essas empresas podiam vender uma casa mostrando somente a maquete." Agora, porém, a demanda por residências esfriou, assim como pela sua versão reduzida. "Nós estamos fazendo muito menos maquetes que cinco anos atrás", diz o artesão Wang Gang. O excesso de construção e medidas de controle do controle para impedir uma bolha imobiliária deram uma freada no setor no país. Os preços das casas caíram em 10 dos últimos 12 meses, deixando as incorporadoras com uma série de casas vazias ou paradas no meio da construção, além de vários novos projetos parados. Para alguns dos criadores de maquetes, a saída pode estar no exterior. "Fazemos uma série de modelos para Dubai, porque a demanda lá é forte. Nossas próximas metas são o Brasil e o Sudeste Asiático", diz Wen Jun.
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Mercado de maquetes encolhe com freada chinesaDepois de uma década de prosperidade, os criadores de maquetes de prédios na China finalmente estão reduzindo suas ambições. A China experimentou a mais rápida urbanização da história da humanidade –ela teria usado mais cimento de 2011 a 2013 do que os EUA em todo o século 20. Foi um período em que os preços das residências triplicaram e em que muitos compradores adquiriram seus apartamentos antes mesmo do início das obras. Nessa mesma época, as incorporadoras contrataram um exército de artesãos para fazer modelos extremamente detalhados das casas que seriam expostos em seus showrooms, gerando um frenesi semelhante no mundo da construção de pequena escala. "As construtoras usaram as maquetes como um meio de resolver suas dificuldades de financiamento", afirma Zhu Guozhong, economista da Universidade de Pequim. "Essas empresas podiam vender uma casa mostrando somente a maquete." Agora, porém, a demanda por residências esfriou, assim como pela sua versão reduzida. "Nós estamos fazendo muito menos maquetes que cinco anos atrás", diz o artesão Wang Gang. O excesso de construção e medidas de controle do controle para impedir uma bolha imobiliária deram uma freada no setor no país. Os preços das casas caíram em 10 dos últimos 12 meses, deixando as incorporadoras com uma série de casas vazias ou paradas no meio da construção, além de vários novos projetos parados. Para alguns dos criadores de maquetes, a saída pode estar no exterior. "Fazemos uma série de modelos para Dubai, porque a demanda lá é forte. Nossas próximas metas são o Brasil e o Sudeste Asiático", diz Wen Jun.
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Em jantar com PSB, Alckmin diz que Doria não o enfrentará em prévias
Em jantar com lideranças do PSB, no Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira (26), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse esperar que o PSDB entre em 2018 com o seu candidato a presidente definido e que acredita na palavra do prefeito João Doria de que não o enfrentará em prévias. Segundo relatos de duas pessoas que estavam no encontro, Alckmin se mostrou tranquilo e confiante. O PSB manifestou preocupação com as indefinições do PSDB, e o governador concordou que o seu partido não conseguiu se desviar da crise política, e estão todas as legendas abatidas. Nesse ponto concordaram todos os presentes. Por conta desse diagnóstico, ele propôs que se formasse um movimento suprapartidário para colocar o país acima de interesses privados com a pauta do emprego e renda como prioridade. Ele também mostrou interesse pelo Nordeste, região onde o PT tem tradicionalmente bom desempenho e que sofre com a crise econômica. Seus interlocutores interpretaram sua fala como a de alguém que quer se colocar como estadista. Alckmin deu a entender que não tem expectativa de reunir apoio do PMDB, que pode lançar candidato próprio ou endossar outro nome. Segundo os relatos, o governador avalia que isso seria positivo, pois o candidato levaria o desgaste do governo Michel Temer consigo. Quando o presidente assumiu, no ano passado, Alckmin defendeu que o PSDB não tivesse ministérios e agora condiciona o apoio à aprovação das reformas econômicas. Dois dias depois de jantar com lideranças do DEM, que está em disputa com o PSB, o governador tucano fez elogios ao partido de seu vice, Márcio França, que organizou o evento. Além dele, estavam presentes o presidente do PSB, Carlos Siqueira, os governadores Paulo Câmara (PE) e Rodrigo Rollemberg (DF), o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, e o ex-governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. O PSB, de modo geral, acredita que o PT terá nome próprio caso o ex-presidente Lula seja impedido de concorrer. Alckmin então elogiou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que é hoje um plano B do PT para a eleição presidencial. O tucano afirmou que tem boa relação com Haddad e que deve procurá-lo em breve.
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Em jantar com PSB, Alckmin diz que Doria não o enfrentará em préviasEm jantar com lideranças do PSB, no Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira (26), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse esperar que o PSDB entre em 2018 com o seu candidato a presidente definido e que acredita na palavra do prefeito João Doria de que não o enfrentará em prévias. Segundo relatos de duas pessoas que estavam no encontro, Alckmin se mostrou tranquilo e confiante. O PSB manifestou preocupação com as indefinições do PSDB, e o governador concordou que o seu partido não conseguiu se desviar da crise política, e estão todas as legendas abatidas. Nesse ponto concordaram todos os presentes. Por conta desse diagnóstico, ele propôs que se formasse um movimento suprapartidário para colocar o país acima de interesses privados com a pauta do emprego e renda como prioridade. Ele também mostrou interesse pelo Nordeste, região onde o PT tem tradicionalmente bom desempenho e que sofre com a crise econômica. Seus interlocutores interpretaram sua fala como a de alguém que quer se colocar como estadista. Alckmin deu a entender que não tem expectativa de reunir apoio do PMDB, que pode lançar candidato próprio ou endossar outro nome. Segundo os relatos, o governador avalia que isso seria positivo, pois o candidato levaria o desgaste do governo Michel Temer consigo. Quando o presidente assumiu, no ano passado, Alckmin defendeu que o PSDB não tivesse ministérios e agora condiciona o apoio à aprovação das reformas econômicas. Dois dias depois de jantar com lideranças do DEM, que está em disputa com o PSB, o governador tucano fez elogios ao partido de seu vice, Márcio França, que organizou o evento. Além dele, estavam presentes o presidente do PSB, Carlos Siqueira, os governadores Paulo Câmara (PE) e Rodrigo Rollemberg (DF), o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, e o ex-governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. O PSB, de modo geral, acredita que o PT terá nome próprio caso o ex-presidente Lula seja impedido de concorrer. Alckmin então elogiou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que é hoje um plano B do PT para a eleição presidencial. O tucano afirmou que tem boa relação com Haddad e que deve procurá-lo em breve.
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O inusitado currículo do Nobel de Química, que faz graça com a própria dislexia
O biofísico suíço Jacques Dubochet ganhou na quarta-feira (4) o Prêmio Nobel de Química de 2017 juntamente com os cientistas Joachim Frank e Richard Henderson. A Academia Real de Ciências da Suécia agraciou o trio por "desenvolver a criomicroscopia eletrônica para a determinação estrutural em alta resolução de biomoléculas em soluções". O novo método envolve o congelamento rápido das biomoléculas, preservando sua estrutura natural. O desenvolvimento da tecnologia tem um enorme potencial de aplicação na medicina, uma vez que permite visualizar detalhes das biomoléculas em cada parte das células e, a partir daí, desenvolver novos tratamentos. No entanto, essa descoberta não é a única pela qual Dubochet, professor aposentado da Universidade de Lausanne, na Suíça, pode se orgulhar. 'PAIS OTIMISTAS' De acordo com seu curriculum vitae, disponível no site da instituição, sua primeira grande conquista foi aos 6 anos. "1946: parei de temer a escuridão, porque o sol volta a sair. Foi Copérnico quem explicou isso", diz o currículo, de apenas 240 palavras. Ele destaca ainda o início de sua carreira como cientista experimental entre 1948 e 1955 (ou seja, dos seus 6 a 13 anos), quando brincava "com facas, agulhas, cordas e fósforos". O bem humorado currículo do cientista, além de ser invejável, tem um ar de mistério: não revela o dia do seu nascimento. Em vez disso, traz uma observação: "concebido por pais otimistas", em outubro de 1941. PRIMEIRO DISLÉXICO OFICIAL Sem alarde, Dubochet lista seus cargos em várias instituições científicas, como a presidência do departamento de biologia em Lausanne, conquistada em 1998. Também cita a conclusão de sua tese de biofísica nas Universidades de Genebra e da Basileia, em 1973, destacando tudo o que aprendeu com seu professor Eduard Kellenberger, que lhe "ensinou biofísica, responsabilidade ética e [o significado] de uma amizade duradoura". Além de seus pontos fortes, Dubochet apresenta com orgulho suas fraquezas. "1955: primeiro disléxico oficial do cantão de Vaud. Isso possibilitou ser ruim em tudo... e entender aqueles que tinham dificuldades", diz o currículo. A última frase faz referência a sua vida pessoal. "Casado, dois filhos (grandes). Interesses: interdisciplinaridade, socialização, política (esquerda), montanha e natureza." Se você está prestes a atualizar seu currículo, talvez não seja uma boa ideia copiar o modelo do cientista suíço, a menos que você também tenha um Nobel.
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O inusitado currículo do Nobel de Química, que faz graça com a própria dislexiaO biofísico suíço Jacques Dubochet ganhou na quarta-feira (4) o Prêmio Nobel de Química de 2017 juntamente com os cientistas Joachim Frank e Richard Henderson. A Academia Real de Ciências da Suécia agraciou o trio por "desenvolver a criomicroscopia eletrônica para a determinação estrutural em alta resolução de biomoléculas em soluções". O novo método envolve o congelamento rápido das biomoléculas, preservando sua estrutura natural. O desenvolvimento da tecnologia tem um enorme potencial de aplicação na medicina, uma vez que permite visualizar detalhes das biomoléculas em cada parte das células e, a partir daí, desenvolver novos tratamentos. No entanto, essa descoberta não é a única pela qual Dubochet, professor aposentado da Universidade de Lausanne, na Suíça, pode se orgulhar. 'PAIS OTIMISTAS' De acordo com seu curriculum vitae, disponível no site da instituição, sua primeira grande conquista foi aos 6 anos. "1946: parei de temer a escuridão, porque o sol volta a sair. Foi Copérnico quem explicou isso", diz o currículo, de apenas 240 palavras. Ele destaca ainda o início de sua carreira como cientista experimental entre 1948 e 1955 (ou seja, dos seus 6 a 13 anos), quando brincava "com facas, agulhas, cordas e fósforos". O bem humorado currículo do cientista, além de ser invejável, tem um ar de mistério: não revela o dia do seu nascimento. Em vez disso, traz uma observação: "concebido por pais otimistas", em outubro de 1941. PRIMEIRO DISLÉXICO OFICIAL Sem alarde, Dubochet lista seus cargos em várias instituições científicas, como a presidência do departamento de biologia em Lausanne, conquistada em 1998. Também cita a conclusão de sua tese de biofísica nas Universidades de Genebra e da Basileia, em 1973, destacando tudo o que aprendeu com seu professor Eduard Kellenberger, que lhe "ensinou biofísica, responsabilidade ética e [o significado] de uma amizade duradoura". Além de seus pontos fortes, Dubochet apresenta com orgulho suas fraquezas. "1955: primeiro disléxico oficial do cantão de Vaud. Isso possibilitou ser ruim em tudo... e entender aqueles que tinham dificuldades", diz o currículo. A última frase faz referência a sua vida pessoal. "Casado, dois filhos (grandes). Interesses: interdisciplinaridade, socialização, política (esquerda), montanha e natureza." Se você está prestes a atualizar seu currículo, talvez não seja uma boa ideia copiar o modelo do cientista suíço, a menos que você também tenha um Nobel.
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Taxa de doadores de órgãos aumenta, mas ainda está longe do ideal
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) registrou aumento no número de doadores efetivos de órgãos no Brasil no segundo trimestre deste ano: passou de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão. "Essa taxa de doadores efetivos vinha caindo ao longo de 2015, se estabilizou no primeiro trimestre de 2016, e começou a subir agora, no segundo trimestre deste ano", disse o coordenador da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, José Lima Oliveira Júnior. Apesar do aumento, o número de doadores efetivos ficou abaixo do esperado para o período –que era de 16 por milhão de habitantes–, e longe do considerado ideal. Além disso, os transplantes feitos caíram no segundo trimestre, assim como o total de potenciais doadores, principalmente nos Estados mais populosos –São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela ABTO e pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. O número de brasileiros aguardando um órgão aumentou este ano em comparação ao primeiro semestre de 2015, de 32 mil pessoas para 33.199. Em números absolutos, a maior fila é para receber córneas e rim, seguida de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino. TENDÊNCIA REVERTIDA Segundo Oliveira Júnior, os cinco anos anteriores a 2015 registraram tendência de melhora nos números de potenciais doadores, de doadores efetivos e de transplantes realizados, com redução da fila de espera. No ano passado, no entanto, a tendência se reverteu, com piora em todos os indicadores do setor. "Basicamente, [houve] uma desorganização do sistema", segundo o coordenador, que citou atrasos no pagamento aos hospitais, contratos desfeitos e não renovados e falta de reajuste dos procedimentos como causas da piora dos resultados. As consequências, segundo ele, foram a queda no número de equipes que fazem os procedimentos e a redução da quantidade de transplantes. De acordo com os dados da ABTO, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm hoje as melhores taxas de doadores efetivos do país, com de 34,9 por milhão, 26,2 por milhão e 25,2 por milhão, respectivamente. As taxas mais baixas de doadores efetivos estão no Norte e Nordeste, onde a taxa de recusa da família para doar os órgãos é mais alta. "A taxa de doadores efetivos [nessas regiões] cai para dois, três ou quatro [habitantes] por milhão", comparou Oliveira Júnior. O coordenador da ABTO destacou que é preciso trabalhar para que o número de doadores aumente em todo o país, porque mesmo que o órgão não seja aproveitado em um Estado, o transplante pode ser feito em outra unidade da Federação, com o apoio da FAB (Força Aérea Brasileira). Um rim, por exemplo, pode ser transplantado até 24 horas depois de retirado e um fígado até 12 horas. "Podemos melhorar muito esse sistema, mas precisamos de uma infraestrutura nacional que funcione bem e, principalmente, temos que reduzir a taxa de recusa familiar que é muito alta no país, 49% é inaceitável." Segundo Oliveira Júnior, é preciso desfazer alguns mitos sobre a doação de órgãos que levam as famílias a recusar a possibilidade de transplante diante da morte de um parente. Levando em consideração a característica de solidariedade dos brasileiros, o especialista acredita que a taxa de doadores efetivos pode crescer se houver maior esclarecimento da população. INFRAESTRUTURA Segundo a ABTO, os Estados Unidos têm hoje uma taxa de doadores efetivos de 25 a 30 por milhão. Entretanto, embora haja um número grande de potenciais doadores, a maioria tem idade avançada e problemas como hipertensão e diabetes, o que pode inviabilizar o transplante. Já os potenciais doadores no Brasil são jovens, vítimas de violência, de traumas e acidentes de automóvel, em geral, que eram saudáveis até a ocorrência desses episódios, o que favorece o aproveitamento dos órgãos. "Nós precisamos aumentar nosso aproveitamento", destacou Oliveira Júnior. Nem todos os órgãos doados podem ser aproveitados. No último semestre, 71% dos órgãos doados no Brasil não puderam ser utilizados porque o processo exige uma série de cuidados e infraestrutura para que os órgãos possam ser removidos e os transplantes feitos. "O doador precisa ser mantido em um ambiente adequado, precisa de ventilação mecânica, de medicamentos para ajustar a pressão, de infraestrutura que permita manter a temperatura do corpo, precisa de reposição hormonal, muitas vezes de transfusão de sangue, de dieta enteral", disse Oliveira Júnior. Muitas vezes, o local onde o doador está não tem a infraestrutura necessária e quando a equipe chega para fazer a remoção do órgão, ele não é mais viável. "É preciso melhorar esse sistema."
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Taxa de doadores de órgãos aumenta, mas ainda está longe do idealA Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) registrou aumento no número de doadores efetivos de órgãos no Brasil no segundo trimestre deste ano: passou de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão. "Essa taxa de doadores efetivos vinha caindo ao longo de 2015, se estabilizou no primeiro trimestre de 2016, e começou a subir agora, no segundo trimestre deste ano", disse o coordenador da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, José Lima Oliveira Júnior. Apesar do aumento, o número de doadores efetivos ficou abaixo do esperado para o período –que era de 16 por milhão de habitantes–, e longe do considerado ideal. Além disso, os transplantes feitos caíram no segundo trimestre, assim como o total de potenciais doadores, principalmente nos Estados mais populosos –São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os dados fazem parte de um levantamento feito pela ABTO e pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde. O número de brasileiros aguardando um órgão aumentou este ano em comparação ao primeiro semestre de 2015, de 32 mil pessoas para 33.199. Em números absolutos, a maior fila é para receber córneas e rim, seguida de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino. TENDÊNCIA REVERTIDA Segundo Oliveira Júnior, os cinco anos anteriores a 2015 registraram tendência de melhora nos números de potenciais doadores, de doadores efetivos e de transplantes realizados, com redução da fila de espera. No ano passado, no entanto, a tendência se reverteu, com piora em todos os indicadores do setor. "Basicamente, [houve] uma desorganização do sistema", segundo o coordenador, que citou atrasos no pagamento aos hospitais, contratos desfeitos e não renovados e falta de reajuste dos procedimentos como causas da piora dos resultados. As consequências, segundo ele, foram a queda no número de equipes que fazem os procedimentos e a redução da quantidade de transplantes. De acordo com os dados da ABTO, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm hoje as melhores taxas de doadores efetivos do país, com de 34,9 por milhão, 26,2 por milhão e 25,2 por milhão, respectivamente. As taxas mais baixas de doadores efetivos estão no Norte e Nordeste, onde a taxa de recusa da família para doar os órgãos é mais alta. "A taxa de doadores efetivos [nessas regiões] cai para dois, três ou quatro [habitantes] por milhão", comparou Oliveira Júnior. O coordenador da ABTO destacou que é preciso trabalhar para que o número de doadores aumente em todo o país, porque mesmo que o órgão não seja aproveitado em um Estado, o transplante pode ser feito em outra unidade da Federação, com o apoio da FAB (Força Aérea Brasileira). Um rim, por exemplo, pode ser transplantado até 24 horas depois de retirado e um fígado até 12 horas. "Podemos melhorar muito esse sistema, mas precisamos de uma infraestrutura nacional que funcione bem e, principalmente, temos que reduzir a taxa de recusa familiar que é muito alta no país, 49% é inaceitável." Segundo Oliveira Júnior, é preciso desfazer alguns mitos sobre a doação de órgãos que levam as famílias a recusar a possibilidade de transplante diante da morte de um parente. Levando em consideração a característica de solidariedade dos brasileiros, o especialista acredita que a taxa de doadores efetivos pode crescer se houver maior esclarecimento da população. INFRAESTRUTURA Segundo a ABTO, os Estados Unidos têm hoje uma taxa de doadores efetivos de 25 a 30 por milhão. Entretanto, embora haja um número grande de potenciais doadores, a maioria tem idade avançada e problemas como hipertensão e diabetes, o que pode inviabilizar o transplante. Já os potenciais doadores no Brasil são jovens, vítimas de violência, de traumas e acidentes de automóvel, em geral, que eram saudáveis até a ocorrência desses episódios, o que favorece o aproveitamento dos órgãos. "Nós precisamos aumentar nosso aproveitamento", destacou Oliveira Júnior. Nem todos os órgãos doados podem ser aproveitados. No último semestre, 71% dos órgãos doados no Brasil não puderam ser utilizados porque o processo exige uma série de cuidados e infraestrutura para que os órgãos possam ser removidos e os transplantes feitos. "O doador precisa ser mantido em um ambiente adequado, precisa de ventilação mecânica, de medicamentos para ajustar a pressão, de infraestrutura que permita manter a temperatura do corpo, precisa de reposição hormonal, muitas vezes de transfusão de sangue, de dieta enteral", disse Oliveira Júnior. Muitas vezes, o local onde o doador está não tem a infraestrutura necessária e quando a equipe chega para fazer a remoção do órgão, ele não é mais viável. "É preciso melhorar esse sistema."
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Maia diz que pautará reforma da Previdência no início de setembro
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (3) à Folha que vai pautar a votação da reforma da Previdência já no início de setembro, como defende o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Maia afirmou que conversou com o ministro por telefone e se comprometeu a retomar as conversas com deputados e o setor privado sobre o tema, principal bandeira e aposta do governo Michel Temer para manter o apoio do mercado financeiro. "Disse a Meirelles que vamos aprovar a Previdência juntos no início de setembro na Câmara. Temer foi informado. Não faremos nada desarticulado", afirmou o presidente da Câmara. Como mostrou o "Painel" nesta quinta, Meirelles disse em conversas com líderes do Congresso que pretendia, em no máximo dez dias, reinserir as mudanças na aposentadoria na pauta de prioridades. O ministro quer a aprovação de uma reforma robusta, mas enfrenta resistência entre integrantes da própria base do governo, que não querem se comprometer com o ônus de votar por um projeto tão impopular às vésperas de um ano eleitoral. Questionado se contava com a aprovação do relatório da comissão especial que trata do assunto —como quer Meirelles— ou somente com a idade mínima, como defendem alguns deputados da base de Temer, Maia preferiu cautela e condicionou o avanço da pauta ao apoio do PSDB. "Vou trabalhar pelo relatório da comissão. Por isso precisamos do PSDB", declarou. A bancada tucana, com 46 deputados, ficou dividida na votação da denúncia contra Temer nesta quarta-feira (2) —22 a 21 a favor do presidente—, mas o Planalto trabalha para manter o partido no governo justamente porque a sigla defende o apoio à reforma. A Folha mostrou nesta quinta que Maia vai trabalhar pela agenda econômica de Temer, mas também quer se descolar da imagem impopular do presidente e abrir uma pauta exclusiva da Câmara, esta mais distante do governo, com o objetivo de ganhar protagonismo até as eleições de 2018. Maia também articula para fortalecer o seu partido, o DEM, com a migração de nomes do PSB e de outras legendas, e criar uma base parlamentar mais ampla para ter onde "aterrissar" caso dispute o Planalto no ano que vem.
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Maia diz que pautará reforma da Previdência no início de setembroO presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira (3) à Folha que vai pautar a votação da reforma da Previdência já no início de setembro, como defende o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Maia afirmou que conversou com o ministro por telefone e se comprometeu a retomar as conversas com deputados e o setor privado sobre o tema, principal bandeira e aposta do governo Michel Temer para manter o apoio do mercado financeiro. "Disse a Meirelles que vamos aprovar a Previdência juntos no início de setembro na Câmara. Temer foi informado. Não faremos nada desarticulado", afirmou o presidente da Câmara. Como mostrou o "Painel" nesta quinta, Meirelles disse em conversas com líderes do Congresso que pretendia, em no máximo dez dias, reinserir as mudanças na aposentadoria na pauta de prioridades. O ministro quer a aprovação de uma reforma robusta, mas enfrenta resistência entre integrantes da própria base do governo, que não querem se comprometer com o ônus de votar por um projeto tão impopular às vésperas de um ano eleitoral. Questionado se contava com a aprovação do relatório da comissão especial que trata do assunto —como quer Meirelles— ou somente com a idade mínima, como defendem alguns deputados da base de Temer, Maia preferiu cautela e condicionou o avanço da pauta ao apoio do PSDB. "Vou trabalhar pelo relatório da comissão. Por isso precisamos do PSDB", declarou. A bancada tucana, com 46 deputados, ficou dividida na votação da denúncia contra Temer nesta quarta-feira (2) —22 a 21 a favor do presidente—, mas o Planalto trabalha para manter o partido no governo justamente porque a sigla defende o apoio à reforma. A Folha mostrou nesta quinta que Maia vai trabalhar pela agenda econômica de Temer, mas também quer se descolar da imagem impopular do presidente e abrir uma pauta exclusiva da Câmara, esta mais distante do governo, com o objetivo de ganhar protagonismo até as eleições de 2018. Maia também articula para fortalecer o seu partido, o DEM, com a migração de nomes do PSB e de outras legendas, e criar uma base parlamentar mais ampla para ter onde "aterrissar" caso dispute o Planalto no ano que vem.
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Após calor na segunda, SP deve apresentar queda na temperatura
O paulistano deve se preparar para enfrentar uma semana com variações na temperatura. O que não mudará provavelmente é a falta de chuvas na capital paulista, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A máxima esperada para esta segunda-feira (1º) é de 28°C, acima da registrada neste domingo (31). E, assim como tem sido recorrente, o tempo deve ser seco. Mas esse cenário durará pouco. A partir da terça (2), a capital deve esfriar. Os termômetros devem marcar entre 15°C e 21°C. A quarta (3), a princípio, será bem parecida, com mínima de 14°C e máxima de 22°C. Daí em diante, a temperatura deve entrar em uma tendência de alta. Já as chuvas continuam distantes. "Pode ter um chuvisco na terça (2) e na quarta (3) à noite, mas chuva mesmo, não", afirma Helena Turon Balbino, meteorologista do Inmet. A última vez que moradores da cidade tiveram de abrir o guarda-chuva para se proteger nas ruas foi em 17 de julho. Desde o dia 1º, as chuvas atingiram 6,4 milímetros, índice bem abaixo da média de 45 mm registrada pelo Inmet nos meses de julho na capital.
cotidiano
Após calor na segunda, SP deve apresentar queda na temperaturaO paulistano deve se preparar para enfrentar uma semana com variações na temperatura. O que não mudará provavelmente é a falta de chuvas na capital paulista, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A máxima esperada para esta segunda-feira (1º) é de 28°C, acima da registrada neste domingo (31). E, assim como tem sido recorrente, o tempo deve ser seco. Mas esse cenário durará pouco. A partir da terça (2), a capital deve esfriar. Os termômetros devem marcar entre 15°C e 21°C. A quarta (3), a princípio, será bem parecida, com mínima de 14°C e máxima de 22°C. Daí em diante, a temperatura deve entrar em uma tendência de alta. Já as chuvas continuam distantes. "Pode ter um chuvisco na terça (2) e na quarta (3) à noite, mas chuva mesmo, não", afirma Helena Turon Balbino, meteorologista do Inmet. A última vez que moradores da cidade tiveram de abrir o guarda-chuva para se proteger nas ruas foi em 17 de julho. Desde o dia 1º, as chuvas atingiram 6,4 milímetros, índice bem abaixo da média de 45 mm registrada pelo Inmet nos meses de julho na capital.
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Leitor critica farra dos suplentes no Legislativo
A farra das suplências no Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais está demais. Quais são as malandragens escondidas por trás dessas mudanças? No Senado temos 14 suplentes em um universo de 81 senadores. Na Câmara, dos 513 deputados, 29 são suplentes. Nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais a coisa não muda. A cada dia o nosso voto vale menos. Há algo de podre na movimentação desses políticos. Precisamos de reforma política já. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor critica farra dos suplentes no LegislativoA farra das suplências no Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais está demais. Quais são as malandragens escondidas por trás dessas mudanças? No Senado temos 14 suplentes em um universo de 81 senadores. Na Câmara, dos 513 deputados, 29 são suplentes. Nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais a coisa não muda. A cada dia o nosso voto vale menos. Há algo de podre na movimentação desses políticos. Precisamos de reforma política já. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Prisão de cartolas não acabará com corrupção no futebol, diz Belluzzo
Luiz Gonzaga Belluzzo, 72, já sofreu um infarto, em 2010, que os amigos mais próximos acreditam ter sido causado pela paixão incontrolável que ele tem pelo Palmeiras. O economista era presidente do clube. Dessa janela privilegiada, assistiu às articulações para a realização da Copa do Mundo e participou de uma rebelião de clubes para melhorar a negociação dos direitos de futebol com a TV Globo. Agora, quando José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso, e J. Hawilla, da Traffic, foi investigado na esteira dos escândalos que envolvem a Fifa, ele acha necessário citar o filósofo alemão Friedrich Hegel: "A verdade é o todo". "Não adianta dizer que Marin é corrupto, que o cartola tal é corruto. O sistema, do futebol brasileiro e do futebol mundial, é gerador de corrupção." Abaixo, a entrevista que ele concedeu à coluna em seu apartamento, em SP. * Folha - Em 2011, quando o Clube dos 13, que tentava negociar em conjunto os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol com as emissoras de TV, rachou, o senhor falou que o futebol brasileiro era uma sujeira. Que conexões o senhor faz entre aqueles fatos e a prisão, agora, do ex-presidente da CBF José Maria Marin e a investigação a J. Hawilla? Luiz Gonzaga Belluzzo - Eu dei uma entrevista no ano passado, às vésperas da Copa do Mundo, quando ainda havia aquela controvérsia, vai ter Copa, não vai ter Copa. E usei a eleição do Clube dos 13 de 2011 como exemplo de como funciona o futebol. A entidade tinha sido organizada pelos 13 principais clubes brasileiros nos anos 90, para que cuidassem de seus interesses. E a ideia, em 2011, era transformá-lo em uma liga. Os clubes, por meio dessa liga, organizariam os campeonatos e negociariam os direitos de transmissão. A CBF cuidaria só da seleção. Entre 2009 e 2011, nós discutimos muito essas duas questões. O então presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, concordou inteiramente. O que não funcionava bem? A CBF organizava [o Campeonato Brasileiro] e a TV Globo comprava o valor total dos direitos de transmissão do Clube dos 13, em cotas que eram distribuídas entre os sócios [clubes] depois, de maneira desigual. As cotas não eram suficientes [eram vendidas por pouco dinheiro]. Nem bem distribuídas. Como era a distribuição? Palmeiras, Corinthians, Flamengo e São Paulo recebiam cerca de R$ 30 milhões. Os outros, bem menos. Nós achávamos que a distribuição não favorecia a melhora na competição. O presidente do Sport [Recife], por exemplo, me disse que só recebia R$ 15 milhões. A disparidade era enorme. E os que não concordavam com essa estratégia [de transformar o Clube em liga] apresentaram outro candidato, o Kleber Leite. Quem não concordava? Basicamente a CBF e a Globo, que era a detentora dos direitos de transmissão. E o Kleber Leite era o candidato deles. Se vencessem, eles ocupariam também o Clube dos 13 e fechariam o, digamos, sistema brasileiro de futebol. Derrotariam o movimento de clubes que começavam a se rebelar. E nós apoiávamos o Koff, que se comprometeu com o projeto de melhorar o valor pago pela TV pelos direitos de transmissão. Havia a questão do horário de transmissão dos jogos. Sem dúvida. Transmitir um jogo às 22h é horário de lobisomem com mula sem cabeça. Os torcedores tendo que sair dos estádios à meia-noite, chegando em casa às 2h. Queríamos mudar o horário e isso se chocava com a grade de programação da Globo. Eles estavam defendendo os interesses deles, legitimamente, mas isso colidia com os interesses dos clubes. Enfim, queríamos mudar o modelo de relações entre os clubes e o detentor dos direitos de transmissão, a TV Globo. Nesse período, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) revogou o direito de preferência da Globo [de transmitir o campeonato]. E o que ocorreu? A eleição definiria o destino do Clube dos 13, se ele se transformaria em liga, com capacidade de negociar de maneira independente, ou não. O pleito transcorreu num clima de muita tensão, por causa da pressão enorme que o Ricardo Teixeira [então presidente da CBF] fazia sobre os clubes. J. Hawilla atuou naquele momento? Ele falava em nome da TV Globo ou da CBF? Não. Ele veio falar em nome do que ele achava que seria melhor para o futebol. Ele estava agindo a partir do que achava que tinha a ver com os interesses da empresa dele. Nós almoçamos juntos. Foram conversas civilizadas. E como tudo terminou? Terminou no seguinte: nós ganhamos a eleição. Estávamos preparando a licitação [para a escolha da emissora que transmitiria o Campeonato Brasileiro, que tinha Globo e Record como interessadas] quando fomos todos almoçar no restaurante El Tranvia [em Santa Cecília]. Estávamos o Luis Álvaro [de Oliveira, então presidente do Santos], o Juvenal [Juvêncio, então presidente do São Paulo], o Andrés Sanchez [então presidente do Corinthians] e eu. E o Andrés avisou: "Eu vou implodir o Clube dos 13 porque isso aí tá amarrando tudo". E realmente o Andrés saiu e fez uma negociação à parte com a TV Globo, muito vantajosa. E também o Flamengo. A Globo chamou os dois e diferenciou mais ainda as cotas. O Clube dos 13 implodiu. Foi uma negociação comercial bruta, digamos assim. Feita com certa brutalidade. É bom que fique claro que o nosso problema não era com a Globo. Nós não queríamos tirar a Globo. Era com o contubérnio Globo, CBF e negociadores de direitos de transmissão. Nós queríamos mudar o padrão. A Record se apresentou [para a licitação em que seria escolhida a TV que transmitiria o campeonato]. E nós queríamos os melhores preços e horários. Se houvesse uma liga dos clubes, que buscam maximizar seus rendimentos, certamente o sistema de vigilância e controle [sobre a negociação] seria maior. Na verdade, estávamos fazendo uma coisa quixotesca. A relação de força entre os dois grupos era muito distinta. E Andrés se explicou? Naquela época ele fez um discurso justificando a escolha dele em ficar com os que perderam a eleição [Globo e CBF]. [O cartola disse numa reunião de clubes: "Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gângster".] O Andrés é assim, fala o que vem na cabeça dele, tem todo o direito de fazer isso. Mas o que ele explicou? Ele deixou claro o seguinte: o projeto deles era fechar o sistema de gestão financeira e esportiva do futebol, de modo que não houvesse fissuras, não houvesse ninguém querendo atrapalhar. Os horários teriam que ser aqueles, as cotas estavam definidas. Depois que o Clube dos 13 acabou, os clubes cederam, era cada um por si. E aí você tem que entender que a maioria dos clubes estava com problemas financeiros. Estavam sempre pendurados no adiantamento de cotas que a Globo dava. Eles são a parte frágil desse tripé [de gestão do futebol]. O presidente de um clube me telefonou na época e disse: "Eu gostaria de votar com vocês. Porém, o senhor é presidente de um clube grande e eu sou presidente de um clube frágil economicamente. Eu vou ter que votar no Kleber Leite". Não estou dizendo que houve corrupção. Estou dizendo que pode ter havido promessa de facilitar algum financiamento, etc etc. Como o senhor definiria esse sistema de gestão financeira e esportiva do futebol? Eu não vou tratar de questões relacionadas com Conmembol (Confederação Sul-Americana de Futebol), essas coisas [referindo-se aos escândalos que resultaram na prisão dos brasileiros J. Hawilla e José Maria Marin], porque isso aí é outro departamento. Na verdade, faz parte do mesmo sistema, porém de uma forma ampliada e muito mais importante do que essa negociação específica dos clubes brasileiros. É um sistema que tem certas regras de funcionamento: há dominâncias e dominados. E quem está de cada lado? No caso das dominâncias estão as confederações, as federações e os detentores dos direitos de transmissão, a Globo. É fácil dizer que o Marin é corrupto, que o cartola tal é corrupto. Pode até ser que seja, mas ele está lá cravejado de pressões. Não adianta falar sem olhar como funciona. Você vai ficar prisioneiro de uma dicotomia que não existe. Como dizia Hegel, a verdade é o todo. O que existe é um sistema que gera dinheiro e distribui esse dinheiro de uma determinada maneira. E ele gera favorecimentos, pressões. O sistema, do futebol brasileiro e do futebol mundial, é gerador de corrupção. Ele funciona assim. Basta olhar o relatório dos investigadores americanos [sobre a Fifa]. Aliás, eu não acho que os americanos fizeram isso por virtude. Eles são seletivos e não são confiáveis nessas coisas. Mas trouxeram à tona a questão da estrutura, digamos, corrupta do futebol mundial. Há um velho ditado que diz que Deus escreve certo por linhas tortas. E outra coisa que me espantou é que, quando ocorreram as prisões nos EUA, imediatamente as autoridades brasileiras correram para investigar a empresa do Kleber Leite. Quer dizer, há anos isso aí tá aí e ninguém se mexe. E agora nossas autoridades se comportaram como lulu de madame diante das autoridades americanas. Foi só eles acionarem, correram lá. Isso é muito grave. Revela que o Brasil está disposto a ceder parte de sua soberania.
colunas
Prisão de cartolas não acabará com corrupção no futebol, diz BelluzzoLuiz Gonzaga Belluzzo, 72, já sofreu um infarto, em 2010, que os amigos mais próximos acreditam ter sido causado pela paixão incontrolável que ele tem pelo Palmeiras. O economista era presidente do clube. Dessa janela privilegiada, assistiu às articulações para a realização da Copa do Mundo e participou de uma rebelião de clubes para melhorar a negociação dos direitos de futebol com a TV Globo. Agora, quando José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso, e J. Hawilla, da Traffic, foi investigado na esteira dos escândalos que envolvem a Fifa, ele acha necessário citar o filósofo alemão Friedrich Hegel: "A verdade é o todo". "Não adianta dizer que Marin é corrupto, que o cartola tal é corruto. O sistema, do futebol brasileiro e do futebol mundial, é gerador de corrupção." Abaixo, a entrevista que ele concedeu à coluna em seu apartamento, em SP. * Folha - Em 2011, quando o Clube dos 13, que tentava negociar em conjunto os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol com as emissoras de TV, rachou, o senhor falou que o futebol brasileiro era uma sujeira. Que conexões o senhor faz entre aqueles fatos e a prisão, agora, do ex-presidente da CBF José Maria Marin e a investigação a J. Hawilla? Luiz Gonzaga Belluzzo - Eu dei uma entrevista no ano passado, às vésperas da Copa do Mundo, quando ainda havia aquela controvérsia, vai ter Copa, não vai ter Copa. E usei a eleição do Clube dos 13 de 2011 como exemplo de como funciona o futebol. A entidade tinha sido organizada pelos 13 principais clubes brasileiros nos anos 90, para que cuidassem de seus interesses. E a ideia, em 2011, era transformá-lo em uma liga. Os clubes, por meio dessa liga, organizariam os campeonatos e negociariam os direitos de transmissão. A CBF cuidaria só da seleção. Entre 2009 e 2011, nós discutimos muito essas duas questões. O então presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, concordou inteiramente. O que não funcionava bem? A CBF organizava [o Campeonato Brasileiro] e a TV Globo comprava o valor total dos direitos de transmissão do Clube dos 13, em cotas que eram distribuídas entre os sócios [clubes] depois, de maneira desigual. As cotas não eram suficientes [eram vendidas por pouco dinheiro]. Nem bem distribuídas. Como era a distribuição? Palmeiras, Corinthians, Flamengo e São Paulo recebiam cerca de R$ 30 milhões. Os outros, bem menos. Nós achávamos que a distribuição não favorecia a melhora na competição. O presidente do Sport [Recife], por exemplo, me disse que só recebia R$ 15 milhões. A disparidade era enorme. E os que não concordavam com essa estratégia [de transformar o Clube em liga] apresentaram outro candidato, o Kleber Leite. Quem não concordava? Basicamente a CBF e a Globo, que era a detentora dos direitos de transmissão. E o Kleber Leite era o candidato deles. Se vencessem, eles ocupariam também o Clube dos 13 e fechariam o, digamos, sistema brasileiro de futebol. Derrotariam o movimento de clubes que começavam a se rebelar. E nós apoiávamos o Koff, que se comprometeu com o projeto de melhorar o valor pago pela TV pelos direitos de transmissão. Havia a questão do horário de transmissão dos jogos. Sem dúvida. Transmitir um jogo às 22h é horário de lobisomem com mula sem cabeça. Os torcedores tendo que sair dos estádios à meia-noite, chegando em casa às 2h. Queríamos mudar o horário e isso se chocava com a grade de programação da Globo. Eles estavam defendendo os interesses deles, legitimamente, mas isso colidia com os interesses dos clubes. Enfim, queríamos mudar o modelo de relações entre os clubes e o detentor dos direitos de transmissão, a TV Globo. Nesse período, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) revogou o direito de preferência da Globo [de transmitir o campeonato]. E o que ocorreu? A eleição definiria o destino do Clube dos 13, se ele se transformaria em liga, com capacidade de negociar de maneira independente, ou não. O pleito transcorreu num clima de muita tensão, por causa da pressão enorme que o Ricardo Teixeira [então presidente da CBF] fazia sobre os clubes. J. Hawilla atuou naquele momento? Ele falava em nome da TV Globo ou da CBF? Não. Ele veio falar em nome do que ele achava que seria melhor para o futebol. Ele estava agindo a partir do que achava que tinha a ver com os interesses da empresa dele. Nós almoçamos juntos. Foram conversas civilizadas. E como tudo terminou? Terminou no seguinte: nós ganhamos a eleição. Estávamos preparando a licitação [para a escolha da emissora que transmitiria o Campeonato Brasileiro, que tinha Globo e Record como interessadas] quando fomos todos almoçar no restaurante El Tranvia [em Santa Cecília]. Estávamos o Luis Álvaro [de Oliveira, então presidente do Santos], o Juvenal [Juvêncio, então presidente do São Paulo], o Andrés Sanchez [então presidente do Corinthians] e eu. E o Andrés avisou: "Eu vou implodir o Clube dos 13 porque isso aí tá amarrando tudo". E realmente o Andrés saiu e fez uma negociação à parte com a TV Globo, muito vantajosa. E também o Flamengo. A Globo chamou os dois e diferenciou mais ainda as cotas. O Clube dos 13 implodiu. Foi uma negociação comercial bruta, digamos assim. Feita com certa brutalidade. É bom que fique claro que o nosso problema não era com a Globo. Nós não queríamos tirar a Globo. Era com o contubérnio Globo, CBF e negociadores de direitos de transmissão. Nós queríamos mudar o padrão. A Record se apresentou [para a licitação em que seria escolhida a TV que transmitiria o campeonato]. E nós queríamos os melhores preços e horários. Se houvesse uma liga dos clubes, que buscam maximizar seus rendimentos, certamente o sistema de vigilância e controle [sobre a negociação] seria maior. Na verdade, estávamos fazendo uma coisa quixotesca. A relação de força entre os dois grupos era muito distinta. E Andrés se explicou? Naquela época ele fez um discurso justificando a escolha dele em ficar com os que perderam a eleição [Globo e CBF]. [O cartola disse numa reunião de clubes: "Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gângster".] O Andrés é assim, fala o que vem na cabeça dele, tem todo o direito de fazer isso. Mas o que ele explicou? Ele deixou claro o seguinte: o projeto deles era fechar o sistema de gestão financeira e esportiva do futebol, de modo que não houvesse fissuras, não houvesse ninguém querendo atrapalhar. Os horários teriam que ser aqueles, as cotas estavam definidas. Depois que o Clube dos 13 acabou, os clubes cederam, era cada um por si. E aí você tem que entender que a maioria dos clubes estava com problemas financeiros. Estavam sempre pendurados no adiantamento de cotas que a Globo dava. Eles são a parte frágil desse tripé [de gestão do futebol]. O presidente de um clube me telefonou na época e disse: "Eu gostaria de votar com vocês. Porém, o senhor é presidente de um clube grande e eu sou presidente de um clube frágil economicamente. Eu vou ter que votar no Kleber Leite". Não estou dizendo que houve corrupção. Estou dizendo que pode ter havido promessa de facilitar algum financiamento, etc etc. Como o senhor definiria esse sistema de gestão financeira e esportiva do futebol? Eu não vou tratar de questões relacionadas com Conmembol (Confederação Sul-Americana de Futebol), essas coisas [referindo-se aos escândalos que resultaram na prisão dos brasileiros J. Hawilla e José Maria Marin], porque isso aí é outro departamento. Na verdade, faz parte do mesmo sistema, porém de uma forma ampliada e muito mais importante do que essa negociação específica dos clubes brasileiros. É um sistema que tem certas regras de funcionamento: há dominâncias e dominados. E quem está de cada lado? No caso das dominâncias estão as confederações, as federações e os detentores dos direitos de transmissão, a Globo. É fácil dizer que o Marin é corrupto, que o cartola tal é corrupto. Pode até ser que seja, mas ele está lá cravejado de pressões. Não adianta falar sem olhar como funciona. Você vai ficar prisioneiro de uma dicotomia que não existe. Como dizia Hegel, a verdade é o todo. O que existe é um sistema que gera dinheiro e distribui esse dinheiro de uma determinada maneira. E ele gera favorecimentos, pressões. O sistema, do futebol brasileiro e do futebol mundial, é gerador de corrupção. Ele funciona assim. Basta olhar o relatório dos investigadores americanos [sobre a Fifa]. Aliás, eu não acho que os americanos fizeram isso por virtude. Eles são seletivos e não são confiáveis nessas coisas. Mas trouxeram à tona a questão da estrutura, digamos, corrupta do futebol mundial. Há um velho ditado que diz que Deus escreve certo por linhas tortas. E outra coisa que me espantou é que, quando ocorreram as prisões nos EUA, imediatamente as autoridades brasileiras correram para investigar a empresa do Kleber Leite. Quer dizer, há anos isso aí tá aí e ninguém se mexe. E agora nossas autoridades se comportaram como lulu de madame diante das autoridades americanas. Foi só eles acionarem, correram lá. Isso é muito grave. Revela que o Brasil está disposto a ceder parte de sua soberania.
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'Girafinha' de 1,92 m nasce no Zoológico de São Paulo
DE SÃO PAULO Após 15 meses de gestação, nasceu uma girafinha fêmea no Zoo de São Paulo. O filhote veio ao mundo no dia 5 de maio, com saúde e 1,92 m. Ainda sem nome, deve ser batizado pela escolha do público. Por enquanto, por causa do frio, mãe e filha passam a maior parte do tempo dentro do abrigo. Com sorte, os visitantes podem ver a mais nova moradora em seu recinto pela manhã, na hora do banho de sol. Ao nascer, a "pequena" tentou, sem sucesso, parar em pé três vezes. Conseguiu na quarta tentativa e logo saiu para mamar com a mamãe Mel, esposa de Palito. O casal, considerado animado quando o assunto é reprodução, já teve outros dois filhotes. O zoo tem tradição no cruzamento dessa espécie: desde 1977, foram registrados 27 nascimentos de girafas na fundação. O contrário ocorre no zoo do Rio, que perdeu no último dia 24/4 o solitário macho Zagallo, de 14 anos. Antes de morrer, o animal se tornou alvo de uma disputa judicial entre os zoológicos do Rio e de Brasília, já que o bicho, brasiliense, estava emprestado ao Rio desde 2006.
saopaulo
'Girafinha' de 1,92 m nasce no Zoológico de São PauloDE SÃO PAULO Após 15 meses de gestação, nasceu uma girafinha fêmea no Zoo de São Paulo. O filhote veio ao mundo no dia 5 de maio, com saúde e 1,92 m. Ainda sem nome, deve ser batizado pela escolha do público. Por enquanto, por causa do frio, mãe e filha passam a maior parte do tempo dentro do abrigo. Com sorte, os visitantes podem ver a mais nova moradora em seu recinto pela manhã, na hora do banho de sol. Ao nascer, a "pequena" tentou, sem sucesso, parar em pé três vezes. Conseguiu na quarta tentativa e logo saiu para mamar com a mamãe Mel, esposa de Palito. O casal, considerado animado quando o assunto é reprodução, já teve outros dois filhotes. O zoo tem tradição no cruzamento dessa espécie: desde 1977, foram registrados 27 nascimentos de girafas na fundação. O contrário ocorre no zoo do Rio, que perdeu no último dia 24/4 o solitário macho Zagallo, de 14 anos. Antes de morrer, o animal se tornou alvo de uma disputa judicial entre os zoológicos do Rio e de Brasília, já que o bicho, brasiliense, estava emprestado ao Rio desde 2006.
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Em sua passagem por SC, Ministro da Saúde conhece Fundação Pró-Rim
O Ministro da Saúde Ricardo Barros esteve em Santa Catarina esta semana e em sua passagem por Joinville, no norte do Estado, conheceu a Fundação Pró-Rim, organização que integra a Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, na segunda-feira (27). Ricardo Barros acompanhou de perto o serviço prestado pela instituição aos pacientes do SUS e elogiou o trabalho, afirmando ser de referência e credibilidade. O ministro foi a uma unidade de hemodiálise e conversou com pacientes, enfermeiros e médicos. Ele foi recepcionado pelos médicos fundadores da Pró-Rim, Dr. José Aluísio Vieira e Dr. Hercilio Alexandre da Luz Filho, além dos demais diretores. O presidente da Fundação, o médico Marcos Alexandre Vieira, aproveitou o encontro para pedir ao ministro o reajuste na tabela do SUS para o tratamento de hemodiálise que, segundo ele, é a maior carência para quem trata pacientes renais. O argumento é que a defasagem no setor é de cerca de quatro anos e que as dificuldades só não são maiores porque a população contribui com pequenas quantias.
empreendedorsocial
Em sua passagem por SC, Ministro da Saúde conhece Fundação Pró-RimO Ministro da Saúde Ricardo Barros esteve em Santa Catarina esta semana e em sua passagem por Joinville, no norte do Estado, conheceu a Fundação Pró-Rim, organização que integra a Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, na segunda-feira (27). Ricardo Barros acompanhou de perto o serviço prestado pela instituição aos pacientes do SUS e elogiou o trabalho, afirmando ser de referência e credibilidade. O ministro foi a uma unidade de hemodiálise e conversou com pacientes, enfermeiros e médicos. Ele foi recepcionado pelos médicos fundadores da Pró-Rim, Dr. José Aluísio Vieira e Dr. Hercilio Alexandre da Luz Filho, além dos demais diretores. O presidente da Fundação, o médico Marcos Alexandre Vieira, aproveitou o encontro para pedir ao ministro o reajuste na tabela do SUS para o tratamento de hemodiálise que, segundo ele, é a maior carência para quem trata pacientes renais. O argumento é que a defasagem no setor é de cerca de quatro anos e que as dificuldades só não são maiores porque a população contribui com pequenas quantias.
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Filme de 'Os Dez Mandamentos' ganha primeiro trailer; assista
A versão para os cinemas da novela "Os Dez Mandamentos" ganhou seu primeiro trailer nesta terça-feira (22). Nele, Moisés (Guilherme Winter) recebe a missão de desafiar o rei Ramsés (Sergio Marone) e salvar os hebreus da escravidão egípcia. Com pouco mais de um minuto, a prévia trouxe imagens das pragas e da abertura do Mar Vermelho, que levaram a Record a mais que dobrar seus índices de audiência do horário. Produzido pela emissora, o filme tem roteiro de Vivian de Oliveira e direção de Alexandre Avancini. Ele traz cenas inéditas e um final diferente da primeira temporada da novela, antecipando a trama da segunda metade, prevista para março de 2016. O longa chega aos cinemas em 28 de janeiro de 2016, com pré-venda em 1º de janeiro.
ilustrada
Filme de 'Os Dez Mandamentos' ganha primeiro trailer; assistaA versão para os cinemas da novela "Os Dez Mandamentos" ganhou seu primeiro trailer nesta terça-feira (22). Nele, Moisés (Guilherme Winter) recebe a missão de desafiar o rei Ramsés (Sergio Marone) e salvar os hebreus da escravidão egípcia. Com pouco mais de um minuto, a prévia trouxe imagens das pragas e da abertura do Mar Vermelho, que levaram a Record a mais que dobrar seus índices de audiência do horário. Produzido pela emissora, o filme tem roteiro de Vivian de Oliveira e direção de Alexandre Avancini. Ele traz cenas inéditas e um final diferente da primeira temporada da novela, antecipando a trama da segunda metade, prevista para março de 2016. O longa chega aos cinemas em 28 de janeiro de 2016, com pré-venda em 1º de janeiro.
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Inicialmente eficiente, projeto de Beltrame virou arma política
A permanência por nove anos, nove meses e 16 dias do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, mudou o paradigma do cargo. Aplaudido em restaurantes da zona sul –tanto após a morte de dez supostos traficantes numa operação policial, como depois de ocupar pacificamente uma favela–, o gaúcho não foi fisgado pela tradição do cargo: de seus quatro antecessores, três usaram o gabinete como trampolim político. E não foram poucas as vezes que o PMDB viu a popularidade do secretário como uma válvula de escape. Apesar disso, Beltrame cedeu seu principal projeto como arma política ao longo de todos esses anos. Pode ter sido uma das causas da terrível fase por que passam atualmente as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Ela nasceu quase sem querer. A ocupação no Dona Marta, em 2008, tinha o único objetivo de fazer funcionar uma creche recém-inaugurada, fechada por causa de tiroteios. A unidade ali instalada recebeu o modesto nome de Posto de Policiamento Comunitário. Aos poucos, ganhou forma e metodologia, avançando, em sua maioria, por pequenas favelas da zona sul. Tomou nova dimensão com a ocupação do Complexo do Alemão, em 2010. Os desafios, com isso, se ampliaram. GESTÃO BELTRAME - Secretário comandava pasta de segurança do Rio desde 2007 Neste momento, a UPP já era um trunfo político. O então governador Sérgio Cabral, do PMDB, prometeu em sua campanha de reeleição terminar o governo com "todas as favelas pacificadas". Uma promessa inexequível que Beltrame anuiu com seu silêncio. É verdade que o secretário sempre insistiu que "a UPP não é solução para tudo". Mas a cada tiroteio, em qualquer comunidade do Rio, dizia que "a ocupação da favela X está nos planos". Enquanto o projeto expandia, policiais continuavam dormindo em contêineres no meio das comunidades. A maré virou de vez quando a ajuda financeira de Eike Batista sumiu, assim como o pedreiro Amarildo de Souza na Rocinha, em 2013. Policiais se tornaram alvos fáceis na favela, muitas vezes entocados dentro dos postos, abandonando a origem da polícia de proximidade. Nos últimos dois anos, Beltrame criticou a falta de projetos sociais na favela. Reclamava, corretamente, que a polícia não era a solução para tudo. Queixou-se da falta de verbas quando a crise financeira se avizinhava. Tornou-se um triste comentarista da degradação do projeto. Ainda assim, assistiu inerte à promessa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na campanha de 2014 de criar mais 40 UPPs em seu governo. Nenhuma saiu do papel. São inegáveis os avanços em sua gestão, que reduziu a mais da metade os homicídios na capital e em 40% no Estado. Muitas das vidas poupadas estão nas áreas dessas UPPs, ainda que precárias. Mas Beltrame deixa a seu sucessor o desafio de convencer os fluminenses e os políticos de que o Rio precisa mais do que UPPs para acabar com o controle armado de territórios da cidade pós-olímpica. BALANÇO DA GESTÃO - - MOMENTOS-CHAVE Jan.2007 Assume o cargo de secretário de Segurança Jun.2007 Operação no Complexo do Alemão mata 19 supostos traficantes; Estado registra recorde de mortos em confronto Dez.2008 Polícia ocupa o morro Dona Marta, na zona sul, onde seria criada meses depois a 1ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Nov.2010 Após uma série de ataques do tráfico, polícia ocupa o Complexo do Alemão com apoio do Exército Jul.2013 Em uma das maiores crises enfrentadas por Beltrame, o pedreiro Amarildo de Souza desaparece após ser detido por policiais da UPP da Rocinha
cotidiano
Inicialmente eficiente, projeto de Beltrame virou arma políticaA permanência por nove anos, nove meses e 16 dias do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, mudou o paradigma do cargo. Aplaudido em restaurantes da zona sul –tanto após a morte de dez supostos traficantes numa operação policial, como depois de ocupar pacificamente uma favela–, o gaúcho não foi fisgado pela tradição do cargo: de seus quatro antecessores, três usaram o gabinete como trampolim político. E não foram poucas as vezes que o PMDB viu a popularidade do secretário como uma válvula de escape. Apesar disso, Beltrame cedeu seu principal projeto como arma política ao longo de todos esses anos. Pode ter sido uma das causas da terrível fase por que passam atualmente as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Ela nasceu quase sem querer. A ocupação no Dona Marta, em 2008, tinha o único objetivo de fazer funcionar uma creche recém-inaugurada, fechada por causa de tiroteios. A unidade ali instalada recebeu o modesto nome de Posto de Policiamento Comunitário. Aos poucos, ganhou forma e metodologia, avançando, em sua maioria, por pequenas favelas da zona sul. Tomou nova dimensão com a ocupação do Complexo do Alemão, em 2010. Os desafios, com isso, se ampliaram. GESTÃO BELTRAME - Secretário comandava pasta de segurança do Rio desde 2007 Neste momento, a UPP já era um trunfo político. O então governador Sérgio Cabral, do PMDB, prometeu em sua campanha de reeleição terminar o governo com "todas as favelas pacificadas". Uma promessa inexequível que Beltrame anuiu com seu silêncio. É verdade que o secretário sempre insistiu que "a UPP não é solução para tudo". Mas a cada tiroteio, em qualquer comunidade do Rio, dizia que "a ocupação da favela X está nos planos". Enquanto o projeto expandia, policiais continuavam dormindo em contêineres no meio das comunidades. A maré virou de vez quando a ajuda financeira de Eike Batista sumiu, assim como o pedreiro Amarildo de Souza na Rocinha, em 2013. Policiais se tornaram alvos fáceis na favela, muitas vezes entocados dentro dos postos, abandonando a origem da polícia de proximidade. Nos últimos dois anos, Beltrame criticou a falta de projetos sociais na favela. Reclamava, corretamente, que a polícia não era a solução para tudo. Queixou-se da falta de verbas quando a crise financeira se avizinhava. Tornou-se um triste comentarista da degradação do projeto. Ainda assim, assistiu inerte à promessa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na campanha de 2014 de criar mais 40 UPPs em seu governo. Nenhuma saiu do papel. São inegáveis os avanços em sua gestão, que reduziu a mais da metade os homicídios na capital e em 40% no Estado. Muitas das vidas poupadas estão nas áreas dessas UPPs, ainda que precárias. Mas Beltrame deixa a seu sucessor o desafio de convencer os fluminenses e os políticos de que o Rio precisa mais do que UPPs para acabar com o controle armado de territórios da cidade pós-olímpica. BALANÇO DA GESTÃO - - MOMENTOS-CHAVE Jan.2007 Assume o cargo de secretário de Segurança Jun.2007 Operação no Complexo do Alemão mata 19 supostos traficantes; Estado registra recorde de mortos em confronto Dez.2008 Polícia ocupa o morro Dona Marta, na zona sul, onde seria criada meses depois a 1ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Nov.2010 Após uma série de ataques do tráfico, polícia ocupa o Complexo do Alemão com apoio do Exército Jul.2013 Em uma das maiores crises enfrentadas por Beltrame, o pedreiro Amarildo de Souza desaparece após ser detido por policiais da UPP da Rocinha
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A nova lei de migração
A globalização e a nova ordem econômica criaram profissionais do mundo. Hoje é comum funcionários de multinacionais mudarem de país como antes mudavam de cidade. No Brasil, o número de imigrantes no trabalho formal aumentou 131% de 2010 a 2015. Segundo a ONU, mais de 240 milhões de pessoas estavam fora do Estado de origem em 2015, por motivos políticos, econômicos ou culturais. É compreensível e desejável que os países criem pontes em vez de muros e facilitem a circulação entre territórios, especialmente considerando o drama dos refugiados. É imprescindível a qualquer nação, entretanto, o desenvolvimento de mecanismos que tornem esse processo saudável para todos. A migração envolve aspectos jurídicos e institucionais, sendo necessário definir o papel do Estado nos direitos e nos deveres dos estrangeiros. No Brasil, a Lei de Migração (13.445/2017), promulgada em maio, tem alicerces nos direitos humanos e corrige deficiências do Estatuto do Estrangeiro, que, formulado no regime militar, via cidadãos de outros países como ameaça à segurança nacional. A Lei de Migração entra em vigor em novembro, e até lá há pontos fundamentais a serem discutidos para a elaboração do decreto que a regulamentará. Se por um lado a nova legislação traz avanços na acolhida a refugiados, por outro requer atenção na questão da migração para trabalho. Uma das mudanças é a criação do visto de visita, que engloba o de turismo e o de negócios. A regulamentação definirá se será estendido para atividades temporárias de trabalho. Permitir que estrangeiros exerçam uma profissão sem um visto de trabalho específico tiraria do poder público o controle sobre o fluxo desses trabalhadores, o que pode abrir lacunas nos sistemas tributário e previdenciário, para citar dois exemplos. Os países mais avançados em receptividade, como Canadá e Austrália, possuem rigoroso sistema de controle. Não se trata de impor barreiras, e sim de usar a informação para estabelecer transparência nas áreas trabalhista, previdenciária e fiscal. Deve-se ponderar ainda sobre a reformulação do visto temporário de trabalho. Atualmente, para trabalhar no Brasil, é necessária uma oferta formal de emprego. Pela nova regra, o estrangeiro com curso superior ou equivalente não precisaria mais de uma proposta. Poderia vir inclusive para procurar emprego. Se a regulamentação não especificar regras, esse visto poderá deixar ainda mais vulnerável a mão de obra local, que já sofre com desemprego. A implementação de um órgão especial, com poder normativo, que una os Ministérios da Justiça, do Trabalho e das Relações Exteriores, poderá dirimir armadilhas e dar a celeridade necessária às demandas corporativas e humanitárias. A migração é uma área naturalmente dinâmica, ligada a mudanças econômicas e políticas internas e externas. Impensável deixar que cada novo aspecto tenha de entrar na fila da burocracia de Brasília. Mais do que o profissional do mundo, o refugiado tem urgência em ser acolhido. A regulamentação deve tocar nesses pontos para garantir o vanguardismo da lei, tornando-a benéfica para estrangeiros e brasileiros. DIANA QUINTAS é advogada especialista na área imigratória e sócia da Fragomen Brasil, maior e mais antiga empresa de imigração do mundo, presente em 170 países PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
A nova lei de migraçãoA globalização e a nova ordem econômica criaram profissionais do mundo. Hoje é comum funcionários de multinacionais mudarem de país como antes mudavam de cidade. No Brasil, o número de imigrantes no trabalho formal aumentou 131% de 2010 a 2015. Segundo a ONU, mais de 240 milhões de pessoas estavam fora do Estado de origem em 2015, por motivos políticos, econômicos ou culturais. É compreensível e desejável que os países criem pontes em vez de muros e facilitem a circulação entre territórios, especialmente considerando o drama dos refugiados. É imprescindível a qualquer nação, entretanto, o desenvolvimento de mecanismos que tornem esse processo saudável para todos. A migração envolve aspectos jurídicos e institucionais, sendo necessário definir o papel do Estado nos direitos e nos deveres dos estrangeiros. No Brasil, a Lei de Migração (13.445/2017), promulgada em maio, tem alicerces nos direitos humanos e corrige deficiências do Estatuto do Estrangeiro, que, formulado no regime militar, via cidadãos de outros países como ameaça à segurança nacional. A Lei de Migração entra em vigor em novembro, e até lá há pontos fundamentais a serem discutidos para a elaboração do decreto que a regulamentará. Se por um lado a nova legislação traz avanços na acolhida a refugiados, por outro requer atenção na questão da migração para trabalho. Uma das mudanças é a criação do visto de visita, que engloba o de turismo e o de negócios. A regulamentação definirá se será estendido para atividades temporárias de trabalho. Permitir que estrangeiros exerçam uma profissão sem um visto de trabalho específico tiraria do poder público o controle sobre o fluxo desses trabalhadores, o que pode abrir lacunas nos sistemas tributário e previdenciário, para citar dois exemplos. Os países mais avançados em receptividade, como Canadá e Austrália, possuem rigoroso sistema de controle. Não se trata de impor barreiras, e sim de usar a informação para estabelecer transparência nas áreas trabalhista, previdenciária e fiscal. Deve-se ponderar ainda sobre a reformulação do visto temporário de trabalho. Atualmente, para trabalhar no Brasil, é necessária uma oferta formal de emprego. Pela nova regra, o estrangeiro com curso superior ou equivalente não precisaria mais de uma proposta. Poderia vir inclusive para procurar emprego. Se a regulamentação não especificar regras, esse visto poderá deixar ainda mais vulnerável a mão de obra local, que já sofre com desemprego. A implementação de um órgão especial, com poder normativo, que una os Ministérios da Justiça, do Trabalho e das Relações Exteriores, poderá dirimir armadilhas e dar a celeridade necessária às demandas corporativas e humanitárias. A migração é uma área naturalmente dinâmica, ligada a mudanças econômicas e políticas internas e externas. Impensável deixar que cada novo aspecto tenha de entrar na fila da burocracia de Brasília. Mais do que o profissional do mundo, o refugiado tem urgência em ser acolhido. A regulamentação deve tocar nesses pontos para garantir o vanguardismo da lei, tornando-a benéfica para estrangeiros e brasileiros. DIANA QUINTAS é advogada especialista na área imigratória e sócia da Fragomen Brasil, maior e mais antiga empresa de imigração do mundo, presente em 170 países PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Cresce a revolta contra a Lava Jato
A MARÉ CONTRA o partido da Lava Jato não virou. Mas o apoio a jacobinos de Procuradoria, Justiça e polícia faz água na elite. Articulistas e porta-vozes da direita à esquerda criticam o autoritarismo crescente do "partido da Justiça" e a demonização da política. Regentes auxiliares de Michel Temer lideram o basta, como Gilmar Mendes, entre outros. O acordão do baixíssimo clero no Congresso ora conta com apoio explícito do clero rebaixado de PSDB e PT. Companheiros de viagem desses dois partidos e outras figuras mais respeitáveis na opinião pública elaboram a defesa intelectual do armistício. Misturam-se os objetivos de conter extravagâncias do "partido da Justiça", de evitar a destruição de empresas enroladas, de sufocar salvadores da pátria e de preservar a viabilidade eleitoral de partidos ditos menos podres. Os jacobinos deram a deixa. A lambança policial na Carne Fraca e o "pega um, pega geral" das delações deflagram revoltas. Há empecilhos legais e judiciais a um acordão pacificador amplo e geral, além de pedras no caminho político. O ódio mortal entre PSDB e PT, ainda os polos achatados da política partidária, atrapalha conversas desenvoltas. Desde 2014, a estratégia é de destruição mútua. Desgraças comuns levaram os dois partidos, cada um por sua conta, a aderir a teses assemelhadas de salvação, uma comunhão involuntária de interesses. Os dois partidos aceitam o que se pode chamar de "doutrina Aécio Neves": se pegarem todos os ruins, sobram apenas os piores. Isto é, querem algum plano de anistia. Um acordão pacificador de amplo espectro, que inclua também o PT, tem pelo menos três empecilhos maiores. Primeiro, as pontes de diálogo foram queimadas. Desde o fim de 2014, quando começou a campanha para depor Dilma Rousseff, o PSDB imaginava que sairia limpinho da história com que amaldiçoou o PT. Os tucanos levavam vantagem na luta livre até que o partido passou a ser vítima dos mesmos golpes. Procuradores, polícia e juízes ameaçam cabeças do PSDB, com apoio das "ruas". O PSDB baixou a bola desse jogo anti-PT, mas ainda diz que não vale "misturar todos na vala comum". Falta diálogo para dar efeito prático ao acordão tácito. Segundo empecilho: como fazer com que as "bases" engulam o acordão? O que o PSDB vai dizer às "ruas" da "ética na política"? Como explicar que casou em comunhão total de bens com o PMDB e deu gorjeta ao PT? O que o PT vai dizer às suas bases "Fora, Temer!" ao embarcar no trem da alegria dos "golpistas"? Com jeitinho se inventaria mentira palatável. Mas então se chega ao terceiro problema: falta liderança capaz e legítima o bastante para acertar o armistício entre partidos e vender esse peixe para as "ruas". O acordão quer zerar o jogo, permitir que os "menos piores" "comecem de novo". Mas tem também de entregar algumas cabeças e conseguir algum perdão do eleitor mediano. Os partidos de podridão mais histórica podem até passar o acordão na marra, talvez deixando o PT de fora. Essa solução bruta atiçaria os jacobinos. O povo ficaria em revolta maior, muda ou não. A fúria daria força a salvadores da pátria e à desmoralização da política. Que era o que se pretendia evitar. QED.
colunas
Cresce a revolta contra a Lava JatoA MARÉ CONTRA o partido da Lava Jato não virou. Mas o apoio a jacobinos de Procuradoria, Justiça e polícia faz água na elite. Articulistas e porta-vozes da direita à esquerda criticam o autoritarismo crescente do "partido da Justiça" e a demonização da política. Regentes auxiliares de Michel Temer lideram o basta, como Gilmar Mendes, entre outros. O acordão do baixíssimo clero no Congresso ora conta com apoio explícito do clero rebaixado de PSDB e PT. Companheiros de viagem desses dois partidos e outras figuras mais respeitáveis na opinião pública elaboram a defesa intelectual do armistício. Misturam-se os objetivos de conter extravagâncias do "partido da Justiça", de evitar a destruição de empresas enroladas, de sufocar salvadores da pátria e de preservar a viabilidade eleitoral de partidos ditos menos podres. Os jacobinos deram a deixa. A lambança policial na Carne Fraca e o "pega um, pega geral" das delações deflagram revoltas. Há empecilhos legais e judiciais a um acordão pacificador amplo e geral, além de pedras no caminho político. O ódio mortal entre PSDB e PT, ainda os polos achatados da política partidária, atrapalha conversas desenvoltas. Desde 2014, a estratégia é de destruição mútua. Desgraças comuns levaram os dois partidos, cada um por sua conta, a aderir a teses assemelhadas de salvação, uma comunhão involuntária de interesses. Os dois partidos aceitam o que se pode chamar de "doutrina Aécio Neves": se pegarem todos os ruins, sobram apenas os piores. Isto é, querem algum plano de anistia. Um acordão pacificador de amplo espectro, que inclua também o PT, tem pelo menos três empecilhos maiores. Primeiro, as pontes de diálogo foram queimadas. Desde o fim de 2014, quando começou a campanha para depor Dilma Rousseff, o PSDB imaginava que sairia limpinho da história com que amaldiçoou o PT. Os tucanos levavam vantagem na luta livre até que o partido passou a ser vítima dos mesmos golpes. Procuradores, polícia e juízes ameaçam cabeças do PSDB, com apoio das "ruas". O PSDB baixou a bola desse jogo anti-PT, mas ainda diz que não vale "misturar todos na vala comum". Falta diálogo para dar efeito prático ao acordão tácito. Segundo empecilho: como fazer com que as "bases" engulam o acordão? O que o PSDB vai dizer às "ruas" da "ética na política"? Como explicar que casou em comunhão total de bens com o PMDB e deu gorjeta ao PT? O que o PT vai dizer às suas bases "Fora, Temer!" ao embarcar no trem da alegria dos "golpistas"? Com jeitinho se inventaria mentira palatável. Mas então se chega ao terceiro problema: falta liderança capaz e legítima o bastante para acertar o armistício entre partidos e vender esse peixe para as "ruas". O acordão quer zerar o jogo, permitir que os "menos piores" "comecem de novo". Mas tem também de entregar algumas cabeças e conseguir algum perdão do eleitor mediano. Os partidos de podridão mais histórica podem até passar o acordão na marra, talvez deixando o PT de fora. Essa solução bruta atiçaria os jacobinos. O povo ficaria em revolta maior, muda ou não. A fúria daria força a salvadores da pátria e à desmoralização da política. Que era o que se pretendia evitar. QED.
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Dólar, esperança e especulação
O preço do dólar em reais queima mais do que a gordura acumulada nos momentos mais intensos da crise política. Parece haver mesmo um exagero na outra direção. É típico das instabilidades do país e, em segundo lugar, das possibilidades oferecidas pelo parque de diversões especulativas do grande mercado brasileiro. Ainda assim, está animado demais. Registre-se antes de mais nada que o dólar chegou a custar até R$ 4,16 no terço final de janeiro deste ano. O preço então caiu, em parte porque passou o feio pânico chinês e global de fevereiro, no que o barquinho do Brasil seguiu ondas e marolas mundiais. Em parte caiu também porque pareciam aumentar as chances de deposição de Dilma Rousseff. Em junho, porém, o caso brasileiro pareceu excepcional, consideradas as moedas de países assemelhados, com quem costumamos andar de par nessas reviravoltas da finança do mundo. O que houve? Isto é, se a pergunta tem alguma resposta, em se tratando de taxa de câmbio. Nestes dias, era possível ouvir na praça gente falando de "melhoras de fundamentos" (economia pelo menos com desequilíbrios a menos). Mas não há "melhora de fundamentos". Melhora das contas externas, redução do deficit nas transações com o exterior? É notícia velha. "Melhora de expectativas"? Sim, mas são poucas e podem se quebrar. O governo de Michel Temer tem um bom script de promessas de política econômica a ser encenado por bons atores (autoridades econômicas) ainda nos bastidores. Só. Sim, é melhor do que a perspectiva anterior, de desastre quase certo. Porém, a "peça" da nova política econômica já havia sido anunciada. Taxas de juros gordas? Já tínhamos. Talvez uma combinação de juros com perspectivas melhores venha alimentando a especulação no mercado futuro. Fluxo de entrada de dinheiro, capitais, "dólar", não há. No ano, estamos no vermelho. Além do mais, o Banco Central vem desmontando sua posição no mercado de câmbio (que equivalia a uma tentativa de evitar maior desvalorização do real, os tais "swaps cambiais"). Talvez o valor dos "swaps" ainda seja alto demais (no trimestre, caiu de US$ 105 bilhões para US$ 62 bilhões). O BC vai acelerar esse desmonte? Sob nova direção, insinuou que não vai meter a mão no câmbio. Mas não vai intervir nem para desmontar uma intervenção antiga? Pode-se dizer que há alguma vantagem no dólar "barato": redução da dívida das grandes empresas e a tradicional grande mãozinha no controle da inflação e na baixa dos juros. Quanto ao comércio exterior, essas mexidas de curto prazo na taxa de câmbio não permitem que se diga grande coisa sobre o que se vai passar. No entanto, convém notar que as várias medidas do custo do trabalho no Brasil, "salário em dólar", estão com tendência de piora desde o início do ano (vem aumentando, cortesia de inflação e produtividade em baixa). Não, câmbio não diz tudo sobre saldo comercial. Sim, o comércio mundial vai mal. Sim, nosso comércio exterior é pequeno em relação ao tamanho da economia e, enfim, a contribuição extra que o setor externo pode dar agora à economia talvez seja cadente. Mas, na ruína em que estamos, não convém desprezar décimos de PIB.
colunas
Dólar, esperança e especulaçãoO preço do dólar em reais queima mais do que a gordura acumulada nos momentos mais intensos da crise política. Parece haver mesmo um exagero na outra direção. É típico das instabilidades do país e, em segundo lugar, das possibilidades oferecidas pelo parque de diversões especulativas do grande mercado brasileiro. Ainda assim, está animado demais. Registre-se antes de mais nada que o dólar chegou a custar até R$ 4,16 no terço final de janeiro deste ano. O preço então caiu, em parte porque passou o feio pânico chinês e global de fevereiro, no que o barquinho do Brasil seguiu ondas e marolas mundiais. Em parte caiu também porque pareciam aumentar as chances de deposição de Dilma Rousseff. Em junho, porém, o caso brasileiro pareceu excepcional, consideradas as moedas de países assemelhados, com quem costumamos andar de par nessas reviravoltas da finança do mundo. O que houve? Isto é, se a pergunta tem alguma resposta, em se tratando de taxa de câmbio. Nestes dias, era possível ouvir na praça gente falando de "melhoras de fundamentos" (economia pelo menos com desequilíbrios a menos). Mas não há "melhora de fundamentos". Melhora das contas externas, redução do deficit nas transações com o exterior? É notícia velha. "Melhora de expectativas"? Sim, mas são poucas e podem se quebrar. O governo de Michel Temer tem um bom script de promessas de política econômica a ser encenado por bons atores (autoridades econômicas) ainda nos bastidores. Só. Sim, é melhor do que a perspectiva anterior, de desastre quase certo. Porém, a "peça" da nova política econômica já havia sido anunciada. Taxas de juros gordas? Já tínhamos. Talvez uma combinação de juros com perspectivas melhores venha alimentando a especulação no mercado futuro. Fluxo de entrada de dinheiro, capitais, "dólar", não há. No ano, estamos no vermelho. Além do mais, o Banco Central vem desmontando sua posição no mercado de câmbio (que equivalia a uma tentativa de evitar maior desvalorização do real, os tais "swaps cambiais"). Talvez o valor dos "swaps" ainda seja alto demais (no trimestre, caiu de US$ 105 bilhões para US$ 62 bilhões). O BC vai acelerar esse desmonte? Sob nova direção, insinuou que não vai meter a mão no câmbio. Mas não vai intervir nem para desmontar uma intervenção antiga? Pode-se dizer que há alguma vantagem no dólar "barato": redução da dívida das grandes empresas e a tradicional grande mãozinha no controle da inflação e na baixa dos juros. Quanto ao comércio exterior, essas mexidas de curto prazo na taxa de câmbio não permitem que se diga grande coisa sobre o que se vai passar. No entanto, convém notar que as várias medidas do custo do trabalho no Brasil, "salário em dólar", estão com tendência de piora desde o início do ano (vem aumentando, cortesia de inflação e produtividade em baixa). Não, câmbio não diz tudo sobre saldo comercial. Sim, o comércio mundial vai mal. Sim, nosso comércio exterior é pequeno em relação ao tamanho da economia e, enfim, a contribuição extra que o setor externo pode dar agora à economia talvez seja cadente. Mas, na ruína em que estamos, não convém desprezar décimos de PIB.
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Jericoacoara vai cobrar taxa de visitação a partir de 21 de setembro
A partir de 21 de setembro, quem visitar Jericoacoara (CE) terá que pagar R$ 5 por dia. A taxa será usada pela prefeitura para a manutenção de serviços públicos como segurança e limpeza. Em junho, o destino passou a receber voos comerciais da Azul. A Gol anunciou nesta segunda-feira (11) que também fará a rota saindo de São Paulo a partir de dezembro. O boleto de cobrança da taxa pode ser gerado no site da prefeitura de Jijoca de Jericoacoara ou em cabines no estacionamento da vila, e apresentado no local de hospedagem. Crianças de até 12 anos, idosos, deficientes físicos e moradores não pagam.
turismo
Jericoacoara vai cobrar taxa de visitação a partir de 21 de setembroA partir de 21 de setembro, quem visitar Jericoacoara (CE) terá que pagar R$ 5 por dia. A taxa será usada pela prefeitura para a manutenção de serviços públicos como segurança e limpeza. Em junho, o destino passou a receber voos comerciais da Azul. A Gol anunciou nesta segunda-feira (11) que também fará a rota saindo de São Paulo a partir de dezembro. O boleto de cobrança da taxa pode ser gerado no site da prefeitura de Jijoca de Jericoacoara ou em cabines no estacionamento da vila, e apresentado no local de hospedagem. Crianças de até 12 anos, idosos, deficientes físicos e moradores não pagam.
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Censura ao 'pixuleko'
É preciso ler e reler a notícia, pois a primeira reação é de completa incredulidade. Um ofício do Supremo Tribunal Federal pede que a polícia investigue os responsáveis por ter levado às ruas, no dia 19 de junho, dois bonecos infláveis. Os "pixulekos", como ficaram popularmente conhecidos, retratavam o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ambos caracterizados como defensores do PT. Típicos do sentimento de exacerbação que tomou conta de parcelas da sociedade no auge da crise política, os bonecos representavam uma opinião radicalizada e sem dúvida injusta a respeito da conduta das duas autoridades. Ocorre que, como qualquer caricatura, cartaz ou palavra de ordem —ainda mais num contexto de livre manifestação popular—, as imagens satíricas contra Lewandowski e Janot estão protegidas pelo direito constitucional à liberdade de expressão. Bonecos semelhantes, retratando o ex-presidente Lula (PT) ou a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), circularam pelas principais cidades brasileiras, não tendo motivado nenhum pedido de investigação por parte da corte. O absurdo é patente. Seria ainda alarmante, tivessem os mais altos magistrados do país tomado pessoalmente a iniciativa. Na verdade, o ofício provém não do gabinete de algum ministro, mas, sim, da Secretaria de Segurança do Supremo, cargo vinculado à presidência da instituição. Atuando, em suas palavras, "no estrito exercício de suas atribuições funcionais", o secretário Murilo Maia Herz considerou que os "pixulekos" representam "grave ameaça à ordem pública" e "inaceitável atentado à credibilidade" do Judiciário, sendo necessária a pronta ação da Polícia Federal. O vocabulário lembra, sem dúvida, o empregado pelos censores durante o regime militar. Ao que tudo indica, o gosto das pequenas autoridades pelo arbítrio há de ser inversamente proporcional aos poderes que de fato possuem. Seja como for, é o próprio STF que tem sua imagem comprometida pela iniciativa de seu secretário; nada arranha mais a credibilidade da corte do que vê-la patrocinando um ato de cabal ignorância jurídica e em claro descompasso com princípios constitucionais. O Supremo fica a dever, portanto, desculpas à sociedade. Um boneco inflável jamais constituirá "ameaça à ordem pública". Já a liberdade de expressão, por vezes, sofre com a pequena prepotência oficial. Há egos, sem dúvida, inflados demais na instituição. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Censura ao 'pixuleko'É preciso ler e reler a notícia, pois a primeira reação é de completa incredulidade. Um ofício do Supremo Tribunal Federal pede que a polícia investigue os responsáveis por ter levado às ruas, no dia 19 de junho, dois bonecos infláveis. Os "pixulekos", como ficaram popularmente conhecidos, retratavam o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ambos caracterizados como defensores do PT. Típicos do sentimento de exacerbação que tomou conta de parcelas da sociedade no auge da crise política, os bonecos representavam uma opinião radicalizada e sem dúvida injusta a respeito da conduta das duas autoridades. Ocorre que, como qualquer caricatura, cartaz ou palavra de ordem —ainda mais num contexto de livre manifestação popular—, as imagens satíricas contra Lewandowski e Janot estão protegidas pelo direito constitucional à liberdade de expressão. Bonecos semelhantes, retratando o ex-presidente Lula (PT) ou a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), circularam pelas principais cidades brasileiras, não tendo motivado nenhum pedido de investigação por parte da corte. O absurdo é patente. Seria ainda alarmante, tivessem os mais altos magistrados do país tomado pessoalmente a iniciativa. Na verdade, o ofício provém não do gabinete de algum ministro, mas, sim, da Secretaria de Segurança do Supremo, cargo vinculado à presidência da instituição. Atuando, em suas palavras, "no estrito exercício de suas atribuições funcionais", o secretário Murilo Maia Herz considerou que os "pixulekos" representam "grave ameaça à ordem pública" e "inaceitável atentado à credibilidade" do Judiciário, sendo necessária a pronta ação da Polícia Federal. O vocabulário lembra, sem dúvida, o empregado pelos censores durante o regime militar. Ao que tudo indica, o gosto das pequenas autoridades pelo arbítrio há de ser inversamente proporcional aos poderes que de fato possuem. Seja como for, é o próprio STF que tem sua imagem comprometida pela iniciativa de seu secretário; nada arranha mais a credibilidade da corte do que vê-la patrocinando um ato de cabal ignorância jurídica e em claro descompasso com princípios constitucionais. O Supremo fica a dever, portanto, desculpas à sociedade. Um boneco inflável jamais constituirá "ameaça à ordem pública". Já a liberdade de expressão, por vezes, sofre com a pequena prepotência oficial. Há egos, sem dúvida, inflados demais na instituição. editoriais@grupofolha.com.br
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Paes diz que prefeitura foi 'heroica' em obra investigada por fraude
ITALO NOGUEIRA DO RIO O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou nesta quarta-feira (8) que os técnicos do município garantem que parte das fraudes apontadas na obra da área norte do Complexo Esportivo de Deodoro não ocorreu. Paes reconheceu ter iniciado as intervenções antes da assinatura do contrato, um dos motivos pelos quais, segundo o MPF, a fiscalização falhou. Ele afirmou ter sido necessário por causa do atraso dos governos federal e estadual na definição sobre quem deveria construir as arenas da região –o que deixou o prazo apertado. "Deodoro é tudo, menos uma falha da Prefeitura do Rio. A preparação para a Olimpíada é de sete anos. O governo federal passou quatro anos sem fazer nada. Depois passou para o governo do Estado, que também passou um ano sem fazer nada. Depois veio para a prefeitura no início de 2014 para entregar em meados de 2015", disse Paes durante apresentação do túnel Marcello Alencar, na zona portuária. "A Junta Comercial estava em greve, então o consórcio não tinha CNPJ ainda. A prefeitura começou as obras porque tinha que começar. O papel da prefeitura na Olimpíada é heroico, porque vamos entregar as arenas no prazo e no custo, apesar do problema de planejamento que não foi nosso. A prefeitura entrou para salvar". De acordo com a investigação, o consórcio Complexo Deodoro superfaturou o volume de resíduos transportados e descartados. A estimativa do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle é que a fraude tenha causado um prejuízo de R$ 85 milhões. "A fiscalização da prefeitura, da Caixa e do Ministério dos Esportes defendem a tese de que o volume de terra foi, de fato, retirado de lá. Mas só vamos pagar depois que a investigação terminar", disse Paes. O peemedebista afirmou que parte dos indícios encontrados não poderia ser identificado pelos fiscais de obra. Ele citou como exemplo o uso de assinaturas falsas de motoristas que fizeram o transporte do resíduo. "Essa identificação que fizeram é essencialmente policial. O fiscal da obra não checa as assinaturas. Ele avalia o volume de terra que é retirado". O prefeito disse apoiar a investigação. O MPF afirma que ainda não há indícios que indiquem a participação de agentes públicos na fraude. "É importante o trabalho que a CGU está fazendo. Eles nos alertaram disso há um mês e meio e nós bloqueamos o repasse. Só vamos pagar depois que a investigação terminar. Em geral, em obras com recurso federal, se faz a obra e depois fiscaliza. Na Olimpíada há uma fiscalização tripla, com prefeitura, Caixa e Ministério dos Esportes. Tem fiscalização paralela do TCU e do grupo da CGU, com a parceria do MPF. Essa fiscalização é fundamental". Apesar das suspeitas, Paes elogiou o consórcio por concluir a obra em tempo hábil. "Eles foram bem ali. Terminaram em um ano uma obra complicada".
esporte
Paes diz que prefeitura foi 'heroica' em obra investigada por fraude ITALO NOGUEIRA DO RIO O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou nesta quarta-feira (8) que os técnicos do município garantem que parte das fraudes apontadas na obra da área norte do Complexo Esportivo de Deodoro não ocorreu. Paes reconheceu ter iniciado as intervenções antes da assinatura do contrato, um dos motivos pelos quais, segundo o MPF, a fiscalização falhou. Ele afirmou ter sido necessário por causa do atraso dos governos federal e estadual na definição sobre quem deveria construir as arenas da região –o que deixou o prazo apertado. "Deodoro é tudo, menos uma falha da Prefeitura do Rio. A preparação para a Olimpíada é de sete anos. O governo federal passou quatro anos sem fazer nada. Depois passou para o governo do Estado, que também passou um ano sem fazer nada. Depois veio para a prefeitura no início de 2014 para entregar em meados de 2015", disse Paes durante apresentação do túnel Marcello Alencar, na zona portuária. "A Junta Comercial estava em greve, então o consórcio não tinha CNPJ ainda. A prefeitura começou as obras porque tinha que começar. O papel da prefeitura na Olimpíada é heroico, porque vamos entregar as arenas no prazo e no custo, apesar do problema de planejamento que não foi nosso. A prefeitura entrou para salvar". De acordo com a investigação, o consórcio Complexo Deodoro superfaturou o volume de resíduos transportados e descartados. A estimativa do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle é que a fraude tenha causado um prejuízo de R$ 85 milhões. "A fiscalização da prefeitura, da Caixa e do Ministério dos Esportes defendem a tese de que o volume de terra foi, de fato, retirado de lá. Mas só vamos pagar depois que a investigação terminar", disse Paes. O peemedebista afirmou que parte dos indícios encontrados não poderia ser identificado pelos fiscais de obra. Ele citou como exemplo o uso de assinaturas falsas de motoristas que fizeram o transporte do resíduo. "Essa identificação que fizeram é essencialmente policial. O fiscal da obra não checa as assinaturas. Ele avalia o volume de terra que é retirado". O prefeito disse apoiar a investigação. O MPF afirma que ainda não há indícios que indiquem a participação de agentes públicos na fraude. "É importante o trabalho que a CGU está fazendo. Eles nos alertaram disso há um mês e meio e nós bloqueamos o repasse. Só vamos pagar depois que a investigação terminar. Em geral, em obras com recurso federal, se faz a obra e depois fiscaliza. Na Olimpíada há uma fiscalização tripla, com prefeitura, Caixa e Ministério dos Esportes. Tem fiscalização paralela do TCU e do grupo da CGU, com a parceria do MPF. Essa fiscalização é fundamental". Apesar das suspeitas, Paes elogiou o consórcio por concluir a obra em tempo hábil. "Eles foram bem ali. Terminaram em um ano uma obra complicada".
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Advogado critica caras e bocas da presidente na "Primeira Página"
Interessante ver a presidente Dilma fazendo caras e bocas na "Primeira Página". Deu a impressão de que está tudo bem, especialmente com relação ao crescimento econômico do país. * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Advogado critica caras e bocas da presidente na "Primeira Página"Interessante ver a presidente Dilma fazendo caras e bocas na "Primeira Página". Deu a impressão de que está tudo bem, especialmente com relação ao crescimento econômico do país. * * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Sítio frequentado por Lula é alvo de furto; polícia diz que foi crime comum
O sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi arrombado na tarde desta quinta-feira (7) e foram furtados um aparelho de TV, um parelho de DVD, uma caixa de charutos cubanos, bebidas e um calçado, segundo a Polícia Civil. O delegado seccional de Bragança Paulista José Henrique Ventura afastou a hipótese de o delito ter alguma conotação política. "Pelo que temos até agora, sem dúvida alguma foi um crime comum. Foi uma oportunidade aproveitada por moradores das imediações, é um delito de mero acaso", disse o delegado. Foram detidos Jeconias dos Santos e Lenon Batista dos Santos e apenas as bebidas não foram recuperadas. Ao chegar à delegacia central de Atibaia eles negaram a prática do crime. O sítio passou por perícia que se estendeu até o início da noite. A polícia investiga a hipótese de mais dois homens, um deles menor de idade, terem participado do furto. Esses dois suspeitos, que também seriam moradores da região, estão sendo procurados. Segundo os investigadores, os detidos entraram no sítio quando o caseiro, Élcio Pereira Vieira, conhecido como Maradona, não estava no local. Porém, quando o caseiro retornou ao imóvel percebeu uma movimentação suspeita e ligou para a polícia. Ao chegarem, os investigadores não encontraram ninguém e começaram buscas pela região. Os dois detidos foram encontrados em um mata próxima com os objetos furtados, segundo a polícia. O caseiro foi à delegacia de Atibaia registrar a ocorrência do furto e indagado sobre quem é o dono do sítio confirmou a versão de Lula e dos donos do imóvel no papel, Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Segundo Maradona, Lula não é proprietário do imóvel e só frequenta o local em dias de descanso. A propriedade rural foi alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 4 de março. A força-tarefa da Lava Jato investiga se Lula é o real dono do imóvel e se empreiteiras acusadas na Lava Jato bancaram obras no local
poder
Sítio frequentado por Lula é alvo de furto; polícia diz que foi crime comumO sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi arrombado na tarde desta quinta-feira (7) e foram furtados um aparelho de TV, um parelho de DVD, uma caixa de charutos cubanos, bebidas e um calçado, segundo a Polícia Civil. O delegado seccional de Bragança Paulista José Henrique Ventura afastou a hipótese de o delito ter alguma conotação política. "Pelo que temos até agora, sem dúvida alguma foi um crime comum. Foi uma oportunidade aproveitada por moradores das imediações, é um delito de mero acaso", disse o delegado. Foram detidos Jeconias dos Santos e Lenon Batista dos Santos e apenas as bebidas não foram recuperadas. Ao chegar à delegacia central de Atibaia eles negaram a prática do crime. O sítio passou por perícia que se estendeu até o início da noite. A polícia investiga a hipótese de mais dois homens, um deles menor de idade, terem participado do furto. Esses dois suspeitos, que também seriam moradores da região, estão sendo procurados. Segundo os investigadores, os detidos entraram no sítio quando o caseiro, Élcio Pereira Vieira, conhecido como Maradona, não estava no local. Porém, quando o caseiro retornou ao imóvel percebeu uma movimentação suspeita e ligou para a polícia. Ao chegarem, os investigadores não encontraram ninguém e começaram buscas pela região. Os dois detidos foram encontrados em um mata próxima com os objetos furtados, segundo a polícia. O caseiro foi à delegacia de Atibaia registrar a ocorrência do furto e indagado sobre quem é o dono do sítio confirmou a versão de Lula e dos donos do imóvel no papel, Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Segundo Maradona, Lula não é proprietário do imóvel e só frequenta o local em dias de descanso. A propriedade rural foi alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 4 de março. A força-tarefa da Lava Jato investiga se Lula é o real dono do imóvel e se empreiteiras acusadas na Lava Jato bancaram obras no local
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Valle Nevado tem atrações branquinhas para adultos e crianças
CINTHIA MARINO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Toda viagem memorável tem algo em comum: diversão para todos da família, com programas para adultos e crianças. O Chile, com todos os seus atrativos, oferece boas opções. A mais cobiçada, sem dúvida, é aquela que envolve neve. Para curtir o frio abaixo de zero sem muitas preocupações, Valle Nevado é o destino perfeito, cada vez mais atraindo brasileiros. Fundada em 1988, a famosa estação de esqui chilena é um grande resort, que abriga três hotéis, oito edifícios residenciais e cerca de 40 pistas de esqui, que são separadas por grau de dificuldade. Há um parque exclusivo para crianças de 4 a 9 anos praticarem snowboard, além de uma escolinha de esqui para os pequenos. Depois da neve, se sobrar energia, o resort conta com a Kids Zone, que tem jogos, filmes e atividades para entreter os pequenos. Uma dezena de restaurantes e bares com vistas incríveis da cordilheira oferecem desde lanches rápidos, como sanduíches e crepes, a pratos como massas e ceviche. Tudo com um bom vinho chileno, é claro! Para quem chega ao Chile, outra boa notícia: é pertinho de Santiago. São 60 km em curvas numeradas e a 3.045 metros de altura. Dá-lhe remédio contra enjoo! O passeio pode ser feito em apenas um dia, mas é interessante ficar, no mínimo, três dias hospedados por lá para que os pequenos esgotem todas as atividades oferecidas. A estação Farellones, mais simples e com muitos programas infantis, como tirolesa, tubing (uma grande e divertida boia que desliza pista baixo), é a mais indicada para crianças. Está localizada antes de Valle Nevado, com entrada na curva de número 40. Quem tiver mais tempo pode esticar para outras regiões desse país repleto de atrações. Para famílias amantes da aventura, por exemplo, o sul do Chile é o caminho. Na cenográfica região dos Lagos Andinos, uma experiência única: esquiar em um vulcão. O Centro Ski Pucón, localizado a 2.847 m, é bem modesto e apresenta poucas pistas no imponente Villarica, o mais ativo do Chile. Desde a sua última erupção em 2015, ainda é possível ver fumaça saindo dele. Em contrapartida, a cidade de Pucón é charmosa e tem paisagens de tirar o fôlego. Águas verdes, corredeiras, lagos calmos e muitos vulcões. No verão, é a "praia" dos chilenos e, no inverno, ponto turístico com neve e bares e restaurantes animados. Já a charmosa estação de Corralco tem um hotel impecável e serviços exclusivos na base do vulcão Lonquimay, em meio à floresta de araucária: spa, passeios a cavalo e pescaria dão um colorido à paisagem. O local, que oferece ótima estrutura e conforto para os turistas, é incrível e pouca gente conhece. Outra dica para os brasileiros em viagem de férias é dar uma esticadinha pela capital chilena, Santiago. Não deixe de passar no Museo Interactivo Mirador, onde crianças e adultos aprendem brincando e mexendo em tudo! Parques como o Bicentenario, Arauco e Bicentenario de la Infancia são supermodernos, gratuitos e imperdíveis, com brinquedos e áreas especiais para bebês e crianças com limitações físicas. Santiago acaba, assim, se revelando uma ótima pedida para curtir as férias! Cinthia Marino é autora do blog Chile para Crianças * NÃO VOLTE SEM... ... experimentar o pastel de choclo, que parece um suflê cremoso * QUEM LEVA CLICK TURISMO clicktur.tur.br Tel. 4562-4361 A partir de R$ 2.409. Inclui aéreo, 7 noites em apto duplo com café da manhã e carro alugado com km livre LATAM TRAVEL latamtravel.com Tel. 3274-1313 A partir de R$ 6.074. Inclui aéreo, 3 noites em apto. duplo com meia pensão, ingressos para skipass e traslados VISUAL TURISMO visualturismo.com.br Tel. 3235-2000 A partir de US$ 1.574,37. Inclui aéreo, 5 noites em apto. duplo com café da manhã, traslados e 3 dias de excursão no Centro de Ski Valle Nevado TERESA PEREZ TOURS teresaperez.com.br Tel. 3799-4000 A partir de US$ 3.528. Inclui 7 noites em apto. duplo com pensão completa (sem bebidas), ski pass e massagem
saopaulo
Valle Nevado tem atrações branquinhas para adultos e criançasCINTHIA MARINO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Toda viagem memorável tem algo em comum: diversão para todos da família, com programas para adultos e crianças. O Chile, com todos os seus atrativos, oferece boas opções. A mais cobiçada, sem dúvida, é aquela que envolve neve. Para curtir o frio abaixo de zero sem muitas preocupações, Valle Nevado é o destino perfeito, cada vez mais atraindo brasileiros. Fundada em 1988, a famosa estação de esqui chilena é um grande resort, que abriga três hotéis, oito edifícios residenciais e cerca de 40 pistas de esqui, que são separadas por grau de dificuldade. Há um parque exclusivo para crianças de 4 a 9 anos praticarem snowboard, além de uma escolinha de esqui para os pequenos. Depois da neve, se sobrar energia, o resort conta com a Kids Zone, que tem jogos, filmes e atividades para entreter os pequenos. Uma dezena de restaurantes e bares com vistas incríveis da cordilheira oferecem desde lanches rápidos, como sanduíches e crepes, a pratos como massas e ceviche. Tudo com um bom vinho chileno, é claro! Para quem chega ao Chile, outra boa notícia: é pertinho de Santiago. São 60 km em curvas numeradas e a 3.045 metros de altura. Dá-lhe remédio contra enjoo! O passeio pode ser feito em apenas um dia, mas é interessante ficar, no mínimo, três dias hospedados por lá para que os pequenos esgotem todas as atividades oferecidas. A estação Farellones, mais simples e com muitos programas infantis, como tirolesa, tubing (uma grande e divertida boia que desliza pista baixo), é a mais indicada para crianças. Está localizada antes de Valle Nevado, com entrada na curva de número 40. Quem tiver mais tempo pode esticar para outras regiões desse país repleto de atrações. Para famílias amantes da aventura, por exemplo, o sul do Chile é o caminho. Na cenográfica região dos Lagos Andinos, uma experiência única: esquiar em um vulcão. O Centro Ski Pucón, localizado a 2.847 m, é bem modesto e apresenta poucas pistas no imponente Villarica, o mais ativo do Chile. Desde a sua última erupção em 2015, ainda é possível ver fumaça saindo dele. Em contrapartida, a cidade de Pucón é charmosa e tem paisagens de tirar o fôlego. Águas verdes, corredeiras, lagos calmos e muitos vulcões. No verão, é a "praia" dos chilenos e, no inverno, ponto turístico com neve e bares e restaurantes animados. Já a charmosa estação de Corralco tem um hotel impecável e serviços exclusivos na base do vulcão Lonquimay, em meio à floresta de araucária: spa, passeios a cavalo e pescaria dão um colorido à paisagem. O local, que oferece ótima estrutura e conforto para os turistas, é incrível e pouca gente conhece. Outra dica para os brasileiros em viagem de férias é dar uma esticadinha pela capital chilena, Santiago. Não deixe de passar no Museo Interactivo Mirador, onde crianças e adultos aprendem brincando e mexendo em tudo! Parques como o Bicentenario, Arauco e Bicentenario de la Infancia são supermodernos, gratuitos e imperdíveis, com brinquedos e áreas especiais para bebês e crianças com limitações físicas. Santiago acaba, assim, se revelando uma ótima pedida para curtir as férias! Cinthia Marino é autora do blog Chile para Crianças * NÃO VOLTE SEM... ... experimentar o pastel de choclo, que parece um suflê cremoso * QUEM LEVA CLICK TURISMO clicktur.tur.br Tel. 4562-4361 A partir de R$ 2.409. Inclui aéreo, 7 noites em apto duplo com café da manhã e carro alugado com km livre LATAM TRAVEL latamtravel.com Tel. 3274-1313 A partir de R$ 6.074. Inclui aéreo, 3 noites em apto. duplo com meia pensão, ingressos para skipass e traslados VISUAL TURISMO visualturismo.com.br Tel. 3235-2000 A partir de US$ 1.574,37. Inclui aéreo, 5 noites em apto. duplo com café da manhã, traslados e 3 dias de excursão no Centro de Ski Valle Nevado TERESA PEREZ TOURS teresaperez.com.br Tel. 3799-4000 A partir de US$ 3.528. Inclui 7 noites em apto. duplo com pensão completa (sem bebidas), ski pass e massagem
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Uber pode ter taxas de licença mais altas em Londres com novas propostas
O serviço de transporte urbano por aplicativo Uber poderá enfrentar um aumento nas taxas de licença para operadores em Londres sob as mudanças propostas pela autoridade de transporte da cidade, na mais recente de uma série de medidas tomadas por reguladores para controlar a empresa que abalou a indústria de táxi tradicional. A Transport for London lançou nesta quinta-feira (20) uma consulta sobre planos para alterar a estrutura de tarifas para os operadores de locação privada, de modo que as empresas paguem taxas que reflitam os custos crescentes de regulamentação do setor. Com sede em São Francisco, a Uber disse que apoiava o princípio de operadores maiores pagarem taxas mais elevadas e que analisaria os detalhes depois de receber os documentos da consulta. Mais de 30 mil motoristas licenciados em Londres usam o aplicativo Uber, tornando-o o maior operador de veículos de aluguel privado na cidade. A TfL disse que a indústria de aluguel privado em Londres tinha crescido dramaticamente: de 65 mil motoristas licenciados em 2013/14 para mais de 117 mil agora. A autoridade de transporte disse que isso significava que o custo de regulamentar a indústria estava crescendo, com as despesas de execução devendo atingir ‎£ 30 milhões nos próximos cinco anos, ante uma estimativa anterior de ‎£ 4 milhões. "É justo que as taxas de licença para os operadores de locação privada reflitam com precisão os custos de execução e regulação do comércio", disse Helen Chapman, gerente geral de táxi e aluguel privado da TfL.
mercado
Uber pode ter taxas de licença mais altas em Londres com novas propostasO serviço de transporte urbano por aplicativo Uber poderá enfrentar um aumento nas taxas de licença para operadores em Londres sob as mudanças propostas pela autoridade de transporte da cidade, na mais recente de uma série de medidas tomadas por reguladores para controlar a empresa que abalou a indústria de táxi tradicional. A Transport for London lançou nesta quinta-feira (20) uma consulta sobre planos para alterar a estrutura de tarifas para os operadores de locação privada, de modo que as empresas paguem taxas que reflitam os custos crescentes de regulamentação do setor. Com sede em São Francisco, a Uber disse que apoiava o princípio de operadores maiores pagarem taxas mais elevadas e que analisaria os detalhes depois de receber os documentos da consulta. Mais de 30 mil motoristas licenciados em Londres usam o aplicativo Uber, tornando-o o maior operador de veículos de aluguel privado na cidade. A TfL disse que a indústria de aluguel privado em Londres tinha crescido dramaticamente: de 65 mil motoristas licenciados em 2013/14 para mais de 117 mil agora. A autoridade de transporte disse que isso significava que o custo de regulamentar a indústria estava crescendo, com as despesas de execução devendo atingir ‎£ 30 milhões nos próximos cinco anos, ante uma estimativa anterior de ‎£ 4 milhões. "É justo que as taxas de licença para os operadores de locação privada reflitam com precisão os custos de execução e regulação do comércio", disse Helen Chapman, gerente geral de táxi e aluguel privado da TfL.
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Após eliminação para o São Paulo, técnico do Atlético-MG pede demissão
Após a eliminação para o São Paulo nas quartas de final da Taça Libertadores, o técnico uruguaio Diego Aguirre, 58, anunciou nesta quinta-feira (19) sua saída do Atlético-MG. O treinador afirmou que já havia pedido para deixar o cargo logo após a classificação do clube para as oitavas de final do torneio sul-americano, mas foi convencido pelo presidente do clube mineiro, Daniel Nepomuceno, a permanecer no comando do time. "Vinte dias atrás, quando passamos para a 2ª fase da Libertadores, pedi para deixar o clube. Daniel [Nepomuceno] me pediu para ficar. Depois, ficou decidido que ficaria até o fim da nossa participação na Libertadores. O que foi ontem e assim aconteceu", disse Aguirre, que não explicou o motivo da sua saída. "Gostaria de agradecer ao presidente. Aos jogadores. Tivemos uma ótima relação", afirmou. Aguirre foi apresentado pelo Atlético-MG no início de dezembro. Ele foi contratado para substituir Levir Culpi. No ano passado, o uruguaio viveu situação semelhante no Internacional. Depois de ser eliminado na semifinal da Libertadores pelo Tigre, o treinador foi demitido 15 dias depois.
esporte
Após eliminação para o São Paulo, técnico do Atlético-MG pede demissãoApós a eliminação para o São Paulo nas quartas de final da Taça Libertadores, o técnico uruguaio Diego Aguirre, 58, anunciou nesta quinta-feira (19) sua saída do Atlético-MG. O treinador afirmou que já havia pedido para deixar o cargo logo após a classificação do clube para as oitavas de final do torneio sul-americano, mas foi convencido pelo presidente do clube mineiro, Daniel Nepomuceno, a permanecer no comando do time. "Vinte dias atrás, quando passamos para a 2ª fase da Libertadores, pedi para deixar o clube. Daniel [Nepomuceno] me pediu para ficar. Depois, ficou decidido que ficaria até o fim da nossa participação na Libertadores. O que foi ontem e assim aconteceu", disse Aguirre, que não explicou o motivo da sua saída. "Gostaria de agradecer ao presidente. Aos jogadores. Tivemos uma ótima relação", afirmou. Aguirre foi apresentado pelo Atlético-MG no início de dezembro. Ele foi contratado para substituir Levir Culpi. No ano passado, o uruguaio viveu situação semelhante no Internacional. Depois de ser eliminado na semifinal da Libertadores pelo Tigre, o treinador foi demitido 15 dias depois.
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Câmara aprova aumento de isenção tributária a igrejas
Enquanto a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff pedia aval do Congresso ao pacote fiscal, uma isenção tributária a igrejas foi incluída na surdina em uma MP (medida provisória) aprovada no fim de maio. O benefício pode garantir a anulação de autuações fiscais a igrejas que extrapolam R$ 300 milhões. Segundo a Folha apurou, foi incorporado por intermédio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é evangélico. O artigo foi incluído na MP 668, que tratava originalmente do aumento de impostos sobre produtos importados. Para vigorar, precisa ainda passar pela sanção de Dilma. Esse "jabuti" –nome dado a temas estranhos inseridos em MPs– aumenta a isenção fiscal de profissionais da fé, ao livrar da cobrança de impostos as chamadas "comissões" que líderes religiosos ganham por arrebanhar fieis ou recolher mais dízimos. A medida beneficia sobretudo as evangélicas neopentecostais, vertente em que o pagamento de comissões a pastores é mais comum. A Constituição garante imunidade tributária a templos. Já os profissionais que neles trabalham e que recebem salário, como pastores, pagam contribuição previdenciária e Imposto de Renda sobre a remuneração. Mas não há tributação sobre ajudas de custo –moradia, transporte e formação educacional, entre outros itens, desde que esse dinheiro seja para subsistência do profissional. Muitos dos casos de sonegação religiosa são de pastores que recebem, por exemplo, um salário mínimo e, por fora, "comissões", a título de "ajuda de custo", que chegam à casa dos R$ 100 mil. Valores sempre vinculados ao desempenho do profissional em angariar fieis. As "comissões", no entender da fiscalização, não configuram ajuda para subsistência; por isso, religiosos passaram a ser atuados. O jabuti colocado na MP amplia o conceito de ajuda de custo ao dizer que as condições descritas na lei atual são "exemplificativas" e não "taxativas". Ou seja, o dinheiro não precisa ser exclusivamente para subsistência e pode ser vinculado ao desempenho do pastor. O texto também deixa claro que valores pagos aos religiosos como "ajuda de custo", ainda que em "montantes diferenciados", não constituem remuneração. Cunha, que era da Igreja Sara Nossa Terra e hoje pertence à Assembleia de Deus, afirmou que o artigo não cria uma regra nova. "Apenas esclarece a regra antiga, porque do jeito que estava, dava desculpa para lavrar auto de infração contra as igrejas.'' Segundo a Folha apurou, uma das principais beneficiárias da medida seria a Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares, multada em cerca de R$ 60 milhões em 2014. Membros da bancada evangélica dizem que não há modificação na lei, que já prevê imunidades, e que o artigo foi acordado com o governo, com o conhecimento de Dilma. Os pastores Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, participaram da articulação com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) sobre a inclusão do artigo. A Receita Federal não quis se manifestar. OUTRO LADO As igrejas e seus aliados no Congresso Nacional afirmam que a emenda aprovada, que pode garantir a anulação de autuações fiscais a igrejas, não traz nenhum benefício novo, apenas regulariza e deixa mais clara a legislação hoje vigente sobre o tema, evitando autuações da Receita Federal, hoje na ordem dos milhões. Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acolheu o pedido das igrejas para incluir a emenda em votação de uma medida provisória do ajuste fiscal, diz que "não se cria uma regra nova, apenas esclarece regra antiga porque, do jeito que estava se fazendo, estava dando desculpa para lavrar auto de infração contra as igrejas''. O presidente da Igreja Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho, vai na mesma linha de Cunha. "Foi uma iniciativa muito importante porque trouxe à luz uma zona cinzenta que havia na tributação", afirmou o bispo. "As igrejas têm assegurada sua imunidade tributária pela Constituição, mas faltava uma regulamentação, o que agora foi suprido com a medida", acrescentou. Procurada, a Igreja Internacional da Graça de Deus não se manifestou até a conclusão desta edição. A Folha não conseguiu localizar o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, para comentar o assunto nesta sexta-feira (5).
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Câmara aprova aumento de isenção tributária a igrejasEnquanto a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff pedia aval do Congresso ao pacote fiscal, uma isenção tributária a igrejas foi incluída na surdina em uma MP (medida provisória) aprovada no fim de maio. O benefício pode garantir a anulação de autuações fiscais a igrejas que extrapolam R$ 300 milhões. Segundo a Folha apurou, foi incorporado por intermédio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é evangélico. O artigo foi incluído na MP 668, que tratava originalmente do aumento de impostos sobre produtos importados. Para vigorar, precisa ainda passar pela sanção de Dilma. Esse "jabuti" –nome dado a temas estranhos inseridos em MPs– aumenta a isenção fiscal de profissionais da fé, ao livrar da cobrança de impostos as chamadas "comissões" que líderes religiosos ganham por arrebanhar fieis ou recolher mais dízimos. A medida beneficia sobretudo as evangélicas neopentecostais, vertente em que o pagamento de comissões a pastores é mais comum. A Constituição garante imunidade tributária a templos. Já os profissionais que neles trabalham e que recebem salário, como pastores, pagam contribuição previdenciária e Imposto de Renda sobre a remuneração. Mas não há tributação sobre ajudas de custo –moradia, transporte e formação educacional, entre outros itens, desde que esse dinheiro seja para subsistência do profissional. Muitos dos casos de sonegação religiosa são de pastores que recebem, por exemplo, um salário mínimo e, por fora, "comissões", a título de "ajuda de custo", que chegam à casa dos R$ 100 mil. Valores sempre vinculados ao desempenho do profissional em angariar fieis. As "comissões", no entender da fiscalização, não configuram ajuda para subsistência; por isso, religiosos passaram a ser atuados. O jabuti colocado na MP amplia o conceito de ajuda de custo ao dizer que as condições descritas na lei atual são "exemplificativas" e não "taxativas". Ou seja, o dinheiro não precisa ser exclusivamente para subsistência e pode ser vinculado ao desempenho do pastor. O texto também deixa claro que valores pagos aos religiosos como "ajuda de custo", ainda que em "montantes diferenciados", não constituem remuneração. Cunha, que era da Igreja Sara Nossa Terra e hoje pertence à Assembleia de Deus, afirmou que o artigo não cria uma regra nova. "Apenas esclarece a regra antiga, porque do jeito que estava, dava desculpa para lavrar auto de infração contra as igrejas.'' Segundo a Folha apurou, uma das principais beneficiárias da medida seria a Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares, multada em cerca de R$ 60 milhões em 2014. Membros da bancada evangélica dizem que não há modificação na lei, que já prevê imunidades, e que o artigo foi acordado com o governo, com o conhecimento de Dilma. Os pastores Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, participaram da articulação com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) sobre a inclusão do artigo. A Receita Federal não quis se manifestar. OUTRO LADO As igrejas e seus aliados no Congresso Nacional afirmam que a emenda aprovada, que pode garantir a anulação de autuações fiscais a igrejas, não traz nenhum benefício novo, apenas regulariza e deixa mais clara a legislação hoje vigente sobre o tema, evitando autuações da Receita Federal, hoje na ordem dos milhões. Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acolheu o pedido das igrejas para incluir a emenda em votação de uma medida provisória do ajuste fiscal, diz que "não se cria uma regra nova, apenas esclarece regra antiga porque, do jeito que estava se fazendo, estava dando desculpa para lavrar auto de infração contra as igrejas''. O presidente da Igreja Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho, vai na mesma linha de Cunha. "Foi uma iniciativa muito importante porque trouxe à luz uma zona cinzenta que havia na tributação", afirmou o bispo. "As igrejas têm assegurada sua imunidade tributária pela Constituição, mas faltava uma regulamentação, o que agora foi suprido com a medida", acrescentou. Procurada, a Igreja Internacional da Graça de Deus não se manifestou até a conclusão desta edição. A Folha não conseguiu localizar o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, para comentar o assunto nesta sexta-feira (5).
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Filme 'Spotlight' expõe entranhas da religião e da imprensa
A investigação jornalística retratada no filme "Spotlight - Segredos Revelados" foi o que deu visibilidade ao pesadelo subterrâneo dos abusos sexuais contra crianças praticados por sacerdotes católicos. Antes havia denúncias esparsas, sempre refutadas pela igreja. As primeiras reportagens da série publicada em 2002 pelo jornal "The Boston Globe" implicavam 70 padres na cidade, que abriga uma das maiores comunidades católicas dos Estados Unidos. Essa cifra logo se multiplicou, conforme casos semelhantes passaram a irromper em toda parte. Em 2014, o Vaticano alegava haver aplicado sanções contra cerca de 3.500 religiosos nos últimos dez anos (quase 1%, num universo de 400 mil); os papas anterior e atual amontoaram pedidos de desculpas. O assunto é dramático para a instituição porque os crimes não se restringiam aos abusos cometidos, em geral por padres que cativavam meninos em situação familiar vulnerável. Como atestaram as reportagens da equipe investigativa do jornal (chamada "spotlight", holofote), um meticuloso esquema de acobertamento dos delitos e proteção dos infratores era mobilizado por superiores hierárquicos, no caso de Boston por seu infame arcebispo, o cardeal Bernard Law, que renunciou em dezembro de 2002. Parece óbvio que uma parcela de sacerdotes mantém alguma vida sexual, o que deve favorecer certo "silêncio obsequioso" na corporação. Além disso, embora as estatísticas não sejam conclusivas ao comparar a prática de crimes sexuais por adultos leigos e religiosos, é de se imaginar que uma profissão que recruta celibatários e lhes confere poderes supostamente mágicos corre o risco de atrair indivíduos propensos a distúrbios como a pedofilia. O filme que o diretor Tom McCarthy fez da persistente apuração levada a cabo pelo "Globe" é sóbrio, cinzento como uma tarde bostoniana (dispensável o piano um tanto pernóstico da trilha). Em meio às inevitáveis cenas de jornalismo explícito (anotações frenéticas, portas batidas na cara de repórteres etc.), uma aura de suave heroísmo banha a equipe do jornal. O adversário aqui não é uma ditadura sanguinária, mas a melíflua e sufocante influência que a igreja irradia sobre Boston e que se faz sentir dentro mesmo de seu principal periódico, onde muitos editores provêm de tradicionais famílias católicas. Foi devido à obsessão de três forasteiros –um editor-executivo judeu, um repórter de origem portuguesa e um advogado armênio– que se rompeu o circuito da inércia acomodatícia, quando o jornal, depois de tatear às cegas, decide enfim aprofundar a investigação dos indícios de abuso. Esse aspecto do filme dissolve o maniqueísmo latente. Denúncias contra padres e bispos haviam sido recebidas antes pelo "Globe" e registradas em notas despercebidas, quando não sumiram no buraco negro que existe em toda Redação, feito de falta de tempo, recursos, paciência e incentivo para quebrar o hábito. Demorou para a notícia ser percebida, mas sua repercussão ainda ecoa. SPOTLIGHT - SEGREDOS REVELADOS DIREÇÃO: Tom Mccarthy ELENCO: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel Mcadams PRODUÇÃO: EUA, 2015, 12 anos QUANDO: estreia nesta quinta (7)
ilustrada
Filme 'Spotlight' expõe entranhas da religião e da imprensaA investigação jornalística retratada no filme "Spotlight - Segredos Revelados" foi o que deu visibilidade ao pesadelo subterrâneo dos abusos sexuais contra crianças praticados por sacerdotes católicos. Antes havia denúncias esparsas, sempre refutadas pela igreja. As primeiras reportagens da série publicada em 2002 pelo jornal "The Boston Globe" implicavam 70 padres na cidade, que abriga uma das maiores comunidades católicas dos Estados Unidos. Essa cifra logo se multiplicou, conforme casos semelhantes passaram a irromper em toda parte. Em 2014, o Vaticano alegava haver aplicado sanções contra cerca de 3.500 religiosos nos últimos dez anos (quase 1%, num universo de 400 mil); os papas anterior e atual amontoaram pedidos de desculpas. O assunto é dramático para a instituição porque os crimes não se restringiam aos abusos cometidos, em geral por padres que cativavam meninos em situação familiar vulnerável. Como atestaram as reportagens da equipe investigativa do jornal (chamada "spotlight", holofote), um meticuloso esquema de acobertamento dos delitos e proteção dos infratores era mobilizado por superiores hierárquicos, no caso de Boston por seu infame arcebispo, o cardeal Bernard Law, que renunciou em dezembro de 2002. Parece óbvio que uma parcela de sacerdotes mantém alguma vida sexual, o que deve favorecer certo "silêncio obsequioso" na corporação. Além disso, embora as estatísticas não sejam conclusivas ao comparar a prática de crimes sexuais por adultos leigos e religiosos, é de se imaginar que uma profissão que recruta celibatários e lhes confere poderes supostamente mágicos corre o risco de atrair indivíduos propensos a distúrbios como a pedofilia. O filme que o diretor Tom McCarthy fez da persistente apuração levada a cabo pelo "Globe" é sóbrio, cinzento como uma tarde bostoniana (dispensável o piano um tanto pernóstico da trilha). Em meio às inevitáveis cenas de jornalismo explícito (anotações frenéticas, portas batidas na cara de repórteres etc.), uma aura de suave heroísmo banha a equipe do jornal. O adversário aqui não é uma ditadura sanguinária, mas a melíflua e sufocante influência que a igreja irradia sobre Boston e que se faz sentir dentro mesmo de seu principal periódico, onde muitos editores provêm de tradicionais famílias católicas. Foi devido à obsessão de três forasteiros –um editor-executivo judeu, um repórter de origem portuguesa e um advogado armênio– que se rompeu o circuito da inércia acomodatícia, quando o jornal, depois de tatear às cegas, decide enfim aprofundar a investigação dos indícios de abuso. Esse aspecto do filme dissolve o maniqueísmo latente. Denúncias contra padres e bispos haviam sido recebidas antes pelo "Globe" e registradas em notas despercebidas, quando não sumiram no buraco negro que existe em toda Redação, feito de falta de tempo, recursos, paciência e incentivo para quebrar o hábito. Demorou para a notícia ser percebida, mas sua repercussão ainda ecoa. SPOTLIGHT - SEGREDOS REVELADOS DIREÇÃO: Tom Mccarthy ELENCO: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel Mcadams PRODUÇÃO: EUA, 2015, 12 anos QUANDO: estreia nesta quinta (7)
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