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Brexit prejudica equilíbrio da UE e fortalece extrema-direita
Além de provocar um choque agudo, de curto prazo, à economia britânica, a primeira consequência do voto da quinta-feira (23) pela saída da UE será uma crise do governo em Londres. É quase certo agora que David Cameron renuncie ao cargo de primeiro-ministro e à liderança do Partido Conservador, e é provável que isso aconteça mais cedo, não mais tarde. Uma nova administração conservadora, de tom nitidamente mais anti-UE, tomará seu lugar. Se não for administrado com cuidado, esse processo prejudicará as relações entre Londres e outras capitais europeias. Estas últimas vão interpretar o voto pelo Brexit como um golpe forte contra a unidade da Europa. Em nome da proteção dessa unidade, não vão querer oferecer termos pós-Brexit generosos ao Reino Unido. As negociações correm o risco de virar uma disputa mordaz, desviando a atenção da Europa de outras questões prementes. Em segundo lugar, o Brexit tornará os mercados financeiros mais sensíveis às vulnerabilidades da zona do euro, composta de 19 países. A libra esterlina já mergulhou para o nível mais baixo em 30 anos. Os investidores vão querer saber se, à luz do choque do Brexit, os governos da zona do euro terão a disposição política e o apoio público necessários para fortalecer a arquitetura da união monetária europeia. Isso será posto à prova quando se souber se a união bancária europeia, que inclui um plano para um seguro comum de depósitos, vai avançar nos próximos 12 meses. No momento, está bloqueada. Propostas mais ambiciosas, como um plano italiano de criação de "títulos de migração" europeus para financiar a resposta da UE à crise dos refugiados e migrantes, terão poucas chances de converter-se em ações. Os países individuais da zona do euro serão sujeitos a escrutínio intensificado do mercado. Antes do plebiscito britânico, aumentou o "spread" de rendimentos entre os títulos de dívida do governo alemão e os de países europeus do sul, menos financeiramente sólidos. As perspectivas para Portugal, governado por uma coalizão frágil entre a esquerda moderada e a radical, estão deixando os investidores inquietos. Os problemas da Grécia, de raízes profundas, nunca chegaram a desaparecer. Na Espanha, que terá uma eleição geral no domingo, as perspectivas de governo estável e reforma econômica são prejudicadas por um sistema político partidário fragmentado e o pelo separatismo catalão. Em terceiro lugar, os movimentos políticos anti-establishment, especialmente os partidos de extrema-direita da Europa ocidental, vão sentir-se inspirados pelo Brexit. Um dos mais dinamizados será a Frente Nacional francesa, cuja líder, Marine Le Pen, está de olho na eleição presidencial de 2017. É pouco provável que ela vença, mas pode ser uma segunda colocada em posição forte. União Europeia e Reino Unido A extrema-direita não chegará ao poder em nenhum país da UE. Mas será capaz de atrair apoio suficiente para moldar o debate político, tanto à esquerda quanto à direita, e com isso influenciar as ações do governo. A política da imigração será um caso em pauta. Em quarto lugar, a UE estará sob pressão para apresentar propostas de integração mais estreita. Um plano mal articulado como o chamado "Relatório dos Cinco Presidentes", do ano passado, abandonado imediatamente para juntar pó em Bruxelas, não bastará. Se uma união econômica e monetária muito mais estreita não puder ser alcançada, França e Alemanha apresentarão propostas para mais cooperação em áreas como a defesa e a segurança doméstica. Finalmente, o Brexit vai perturbar o equilíbrio interno da UE. Com o Reino Unido fora da união, os sete países do bloco que não aderiram ao euro serão responsáveis por apenas 15% do produto econômico da UE, contra mais de 30% quando o Reino Unido era incluído. O Brexit vai intensificar a primazia política e econômica da Alemanha na UE, uma perspectiva que não é bem vista nem por Berlim, nem por seus parceiros. O Brexit vai prejudicar a coesão, a confiança e a reputação internacional da União Europeia. A maior consequência de todas, portanto, é que o Brexit vai enfraquecer a ordem política e econômica liberal da qual o Reino Unido, a UE e seus aliados e amigos em todo o mundo são representantes. Tradução de CLARA ALLAIN Resultado Brexit
mundo
Brexit prejudica equilíbrio da UE e fortalece extrema-direitaAlém de provocar um choque agudo, de curto prazo, à economia britânica, a primeira consequência do voto da quinta-feira (23) pela saída da UE será uma crise do governo em Londres. É quase certo agora que David Cameron renuncie ao cargo de primeiro-ministro e à liderança do Partido Conservador, e é provável que isso aconteça mais cedo, não mais tarde. Uma nova administração conservadora, de tom nitidamente mais anti-UE, tomará seu lugar. Se não for administrado com cuidado, esse processo prejudicará as relações entre Londres e outras capitais europeias. Estas últimas vão interpretar o voto pelo Brexit como um golpe forte contra a unidade da Europa. Em nome da proteção dessa unidade, não vão querer oferecer termos pós-Brexit generosos ao Reino Unido. As negociações correm o risco de virar uma disputa mordaz, desviando a atenção da Europa de outras questões prementes. Em segundo lugar, o Brexit tornará os mercados financeiros mais sensíveis às vulnerabilidades da zona do euro, composta de 19 países. A libra esterlina já mergulhou para o nível mais baixo em 30 anos. Os investidores vão querer saber se, à luz do choque do Brexit, os governos da zona do euro terão a disposição política e o apoio público necessários para fortalecer a arquitetura da união monetária europeia. Isso será posto à prova quando se souber se a união bancária europeia, que inclui um plano para um seguro comum de depósitos, vai avançar nos próximos 12 meses. No momento, está bloqueada. Propostas mais ambiciosas, como um plano italiano de criação de "títulos de migração" europeus para financiar a resposta da UE à crise dos refugiados e migrantes, terão poucas chances de converter-se em ações. Os países individuais da zona do euro serão sujeitos a escrutínio intensificado do mercado. Antes do plebiscito britânico, aumentou o "spread" de rendimentos entre os títulos de dívida do governo alemão e os de países europeus do sul, menos financeiramente sólidos. As perspectivas para Portugal, governado por uma coalizão frágil entre a esquerda moderada e a radical, estão deixando os investidores inquietos. Os problemas da Grécia, de raízes profundas, nunca chegaram a desaparecer. Na Espanha, que terá uma eleição geral no domingo, as perspectivas de governo estável e reforma econômica são prejudicadas por um sistema político partidário fragmentado e o pelo separatismo catalão. Em terceiro lugar, os movimentos políticos anti-establishment, especialmente os partidos de extrema-direita da Europa ocidental, vão sentir-se inspirados pelo Brexit. Um dos mais dinamizados será a Frente Nacional francesa, cuja líder, Marine Le Pen, está de olho na eleição presidencial de 2017. É pouco provável que ela vença, mas pode ser uma segunda colocada em posição forte. União Europeia e Reino Unido A extrema-direita não chegará ao poder em nenhum país da UE. Mas será capaz de atrair apoio suficiente para moldar o debate político, tanto à esquerda quanto à direita, e com isso influenciar as ações do governo. A política da imigração será um caso em pauta. Em quarto lugar, a UE estará sob pressão para apresentar propostas de integração mais estreita. Um plano mal articulado como o chamado "Relatório dos Cinco Presidentes", do ano passado, abandonado imediatamente para juntar pó em Bruxelas, não bastará. Se uma união econômica e monetária muito mais estreita não puder ser alcançada, França e Alemanha apresentarão propostas para mais cooperação em áreas como a defesa e a segurança doméstica. Finalmente, o Brexit vai perturbar o equilíbrio interno da UE. Com o Reino Unido fora da união, os sete países do bloco que não aderiram ao euro serão responsáveis por apenas 15% do produto econômico da UE, contra mais de 30% quando o Reino Unido era incluído. O Brexit vai intensificar a primazia política e econômica da Alemanha na UE, uma perspectiva que não é bem vista nem por Berlim, nem por seus parceiros. O Brexit vai prejudicar a coesão, a confiança e a reputação internacional da União Europeia. A maior consequência de todas, portanto, é que o Brexit vai enfraquecer a ordem política e econômica liberal da qual o Reino Unido, a UE e seus aliados e amigos em todo o mundo são representantes. Tradução de CLARA ALLAIN Resultado Brexit
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Bomba pode ser causa da queda de avião russo; veja como ataques forçaram o aumento de segurança em aeroportos
A queda do Airbus A321 da russa Metrojet em 31 de outubro, 23 minutos após deixar o aeroporto da cidade turística de Sharm-el-Sheikh, no Egito, com destino à russa São Petersburgo, pode ser a catalisadora de mais uma série de mudanças nos procedimentos de segurança das companhias aéreas. De acordo com os investigadores que apuram as causas do acidente, um barulho ouvido no final de uma conversa na cabine da aeronave seria, com "90% de certeza", decorrente de uma explosão causada por bomba, segundo a Reuters. No mesmo dia da queda do avião, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do acidente, alegação que ainda não foi comprovada. As medidas de segurança para voos comerciais vêm sendo aprimoradas desde os atentados do 11 de Setembro. Se antes bastava passar por uma revista simples ou por detectores de metais antes do embarque ao mesmo tempo que as bagagens (incluindo as de mão) eram inspecionadas por aparelhos de raio X ou cães farejadores, hoje os procedimentos são mais abrangentes e incluem scanners corporais e revistas manuais. As malas, depois de despachadas, são encaminhadas a uma área inacessível aos passageiros. Saiba quais são os principais procedimentos de segurança em aeroportos criados após ataques ou tentativas de atentados a voos comerciais. * Um avião só recebe autorização para a decolagem depois que cada bagagem tenha sido conferida como sendo de cada viajante, após embarcar na aeronave. A chamada "reconciliação de passageiros e bagagens" se tornou norma depois do atentado contra um voo da Air India, proveniente do Canadá, supostamente por militantes sikhs (religião que combina hinduísmo e islã), que deixou 328 mortos em 1985. A medida também foi ignorada três anos depois, em 1988, no aeroporto londrino de Heathrow, o que permitiu que pessoas ligadas ao governo da Líbia plantassem explosivos em um voo da PanAm que fazia a rota Londres-Nova York. O avião explodiu sobre Lockerbie, no norte da Escócia, matando as 259 pessoas a bordo e mais 11 em terra. Logo após os atentados do 11 de Setembro, o britânico Richard Reid embarcou em um voo da American Airlines proveniente de Paris, que seguia para Miami, em 22 de dezembro de 2001. Para burlar a segurança do aeroporto, o homem colocou explosivos nos sapatos. O ataque acabou frustrado pelo suor excessivo nos pés de Reid, que impediu que ele acendesse rapidamente um fósforo para detonar o explosivo. Os passageiros perceberam a movimentação e conseguiram detê-lo. Depois do incidente, todos os viajantes passaram a ser obrigados a retirar os sapatos ao passarem pelo controle antes do embarque. Em agosto de 2006, agentes do MI-6, o serviço secreto britânico, descobriram um plano de terroristas ingleses para misturar líquidos explosivos durante sete voos que partiam da Inglaterra com destino aos Estados Unidos e Canadá. O objetivo do grupo era explodir os aviões em pleno voo, sobre o Atlântico, simultaneamente. Desde estão, as diretrizes de segurança aérea mundiais passaram a proibir que os passageiros carreguem mais de 100 ml de líquido na bagagem de mão. Depois de abandonar um carro com explosivos na Times Square, um dos principais pontos turísticos de Nova York, o paquistanês naturalizado norte-americano Faisal Shahzad conseguiu embarcar em um voo para Dubai, em 1º de maio de 2010. No momento do embarque, Shahzad tinha o nome incluído em uma lista de passageiros com restrições para voar. Até ali, as companhias aéreas tinham 24 horas para cruzar os dados das listas de passageiros com as notificações de inclusão de novos nomes. Em novembro de 2010, a responsabilidade pelo cruzamento dos dados passou a ser controlada pela Administração de Segurança de Transportes (TSA), agência do governo norte-americano, que aprova o embarque dos passageiros com base nas listas, que deverão ser enviadas pelas companhias aéreas até 72 horas antes da decolagem. As listas de monitoramento também falharam no Natal de 2009, quando o nigeriano Umar Abdulmuttallab foi pego com explosivos na cueca quando embarcava em um voo entre Amsterdã, capital holandesa, e Detroit, nos Estados Unidos. O nome de Abdulmuttallab havia sido incluído na relação do mês anterior, mas não em um rol de passageiros que deveria passar por revista detalhada antes de ingressar nos EUA. A falha no cruzamento das duas listas motivou uma revisão de normas de segurança e dos critérios para incluir passageiros no catálogo de passageiros suspeitos. As autoridades de segurança aérea instalaram scanners corporais que capturavam imagens sob a roupa dos passageiros. A sonda do scanner penetra nas roupas e pacotes e gera imagens de raio X ou ondas refletidas. Os passageiros que consideram passar pela máquina um procedimento invasivo ou de invasão de privacidade são submetidos a uma revista manual.
asmais
Bomba pode ser causa da queda de avião russo; veja como ataques forçaram o aumento de segurança em aeroportosA queda do Airbus A321 da russa Metrojet em 31 de outubro, 23 minutos após deixar o aeroporto da cidade turística de Sharm-el-Sheikh, no Egito, com destino à russa São Petersburgo, pode ser a catalisadora de mais uma série de mudanças nos procedimentos de segurança das companhias aéreas. De acordo com os investigadores que apuram as causas do acidente, um barulho ouvido no final de uma conversa na cabine da aeronave seria, com "90% de certeza", decorrente de uma explosão causada por bomba, segundo a Reuters. No mesmo dia da queda do avião, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do acidente, alegação que ainda não foi comprovada. As medidas de segurança para voos comerciais vêm sendo aprimoradas desde os atentados do 11 de Setembro. Se antes bastava passar por uma revista simples ou por detectores de metais antes do embarque ao mesmo tempo que as bagagens (incluindo as de mão) eram inspecionadas por aparelhos de raio X ou cães farejadores, hoje os procedimentos são mais abrangentes e incluem scanners corporais e revistas manuais. As malas, depois de despachadas, são encaminhadas a uma área inacessível aos passageiros. Saiba quais são os principais procedimentos de segurança em aeroportos criados após ataques ou tentativas de atentados a voos comerciais. * Um avião só recebe autorização para a decolagem depois que cada bagagem tenha sido conferida como sendo de cada viajante, após embarcar na aeronave. A chamada "reconciliação de passageiros e bagagens" se tornou norma depois do atentado contra um voo da Air India, proveniente do Canadá, supostamente por militantes sikhs (religião que combina hinduísmo e islã), que deixou 328 mortos em 1985. A medida também foi ignorada três anos depois, em 1988, no aeroporto londrino de Heathrow, o que permitiu que pessoas ligadas ao governo da Líbia plantassem explosivos em um voo da PanAm que fazia a rota Londres-Nova York. O avião explodiu sobre Lockerbie, no norte da Escócia, matando as 259 pessoas a bordo e mais 11 em terra. Logo após os atentados do 11 de Setembro, o britânico Richard Reid embarcou em um voo da American Airlines proveniente de Paris, que seguia para Miami, em 22 de dezembro de 2001. Para burlar a segurança do aeroporto, o homem colocou explosivos nos sapatos. O ataque acabou frustrado pelo suor excessivo nos pés de Reid, que impediu que ele acendesse rapidamente um fósforo para detonar o explosivo. Os passageiros perceberam a movimentação e conseguiram detê-lo. Depois do incidente, todos os viajantes passaram a ser obrigados a retirar os sapatos ao passarem pelo controle antes do embarque. Em agosto de 2006, agentes do MI-6, o serviço secreto britânico, descobriram um plano de terroristas ingleses para misturar líquidos explosivos durante sete voos que partiam da Inglaterra com destino aos Estados Unidos e Canadá. O objetivo do grupo era explodir os aviões em pleno voo, sobre o Atlântico, simultaneamente. Desde estão, as diretrizes de segurança aérea mundiais passaram a proibir que os passageiros carreguem mais de 100 ml de líquido na bagagem de mão. Depois de abandonar um carro com explosivos na Times Square, um dos principais pontos turísticos de Nova York, o paquistanês naturalizado norte-americano Faisal Shahzad conseguiu embarcar em um voo para Dubai, em 1º de maio de 2010. No momento do embarque, Shahzad tinha o nome incluído em uma lista de passageiros com restrições para voar. Até ali, as companhias aéreas tinham 24 horas para cruzar os dados das listas de passageiros com as notificações de inclusão de novos nomes. Em novembro de 2010, a responsabilidade pelo cruzamento dos dados passou a ser controlada pela Administração de Segurança de Transportes (TSA), agência do governo norte-americano, que aprova o embarque dos passageiros com base nas listas, que deverão ser enviadas pelas companhias aéreas até 72 horas antes da decolagem. As listas de monitoramento também falharam no Natal de 2009, quando o nigeriano Umar Abdulmuttallab foi pego com explosivos na cueca quando embarcava em um voo entre Amsterdã, capital holandesa, e Detroit, nos Estados Unidos. O nome de Abdulmuttallab havia sido incluído na relação do mês anterior, mas não em um rol de passageiros que deveria passar por revista detalhada antes de ingressar nos EUA. A falha no cruzamento das duas listas motivou uma revisão de normas de segurança e dos critérios para incluir passageiros no catálogo de passageiros suspeitos. As autoridades de segurança aérea instalaram scanners corporais que capturavam imagens sob a roupa dos passageiros. A sonda do scanner penetra nas roupas e pacotes e gera imagens de raio X ou ondas refletidas. Os passageiros que consideram passar pela máquina um procedimento invasivo ou de invasão de privacidade são submetidos a uma revista manual.
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Competição escolhe melhor inovação para deficientes
Além de compreender melhor o mundo, a ciência pode ajudar o ser humano a viver melhor nele. A ideia da competição Pitch at the Paras é essa. Colocar frente a frente algumas das tecnologias que podem melhorar a vida de pessoas com deficiência. A disputa ocorreu nesta segunda (12), na British House, no Rio de Janeiro. O local é a residência oficial do Reino Unido durante a Olimpíada e a Paraolimpíada 2016. A vencedora foi a empresa Open Bionics, que produz próteses em impressoras 3D. A Folha testou alguns dos produtos participantes da Pitch at the Paras. Um dos protótipos é uma cadeira de rodas inteiramente em fibra de carbono. Segundo os representantes da Carbon Black System, o projeto surgiu quando o fundador da empresa teve a visão de produzir "a melhor cadeira de rodas do mundo". A fibra de carbono faz com que a estilosa cadeira seja leve (8,5 Kg, incluindo as rodas) o suficiente para ser manuseada com facilidade. A empresa diz que o material também evita machucados nas mãos e marcas de rodas pelos lugares por onde a cadeira passa. O jornalista da Folha Jairo Marques é cadeirante e testou o produto. Ele encontrou algumas dificuldades para se adaptar ao protótipo. A empresa afirmou que, por se tratar de uma versão teste, a cadeira não tinha sido desenhada para acomodar o corpo do jornalista, o que a tornaria mais confortável e adequada para o uso. Também foram testados um software (SightPlus), que com óculos de realidade virtual, pretende auxiliar pessoas com deficiências visuais, e luvas (The Active Hands Company) para aqueles que possuem fraqueza nas mãos.
equilibrioesaude
Competição escolhe melhor inovação para deficientesAlém de compreender melhor o mundo, a ciência pode ajudar o ser humano a viver melhor nele. A ideia da competição Pitch at the Paras é essa. Colocar frente a frente algumas das tecnologias que podem melhorar a vida de pessoas com deficiência. A disputa ocorreu nesta segunda (12), na British House, no Rio de Janeiro. O local é a residência oficial do Reino Unido durante a Olimpíada e a Paraolimpíada 2016. A vencedora foi a empresa Open Bionics, que produz próteses em impressoras 3D. A Folha testou alguns dos produtos participantes da Pitch at the Paras. Um dos protótipos é uma cadeira de rodas inteiramente em fibra de carbono. Segundo os representantes da Carbon Black System, o projeto surgiu quando o fundador da empresa teve a visão de produzir "a melhor cadeira de rodas do mundo". A fibra de carbono faz com que a estilosa cadeira seja leve (8,5 Kg, incluindo as rodas) o suficiente para ser manuseada com facilidade. A empresa diz que o material também evita machucados nas mãos e marcas de rodas pelos lugares por onde a cadeira passa. O jornalista da Folha Jairo Marques é cadeirante e testou o produto. Ele encontrou algumas dificuldades para se adaptar ao protótipo. A empresa afirmou que, por se tratar de uma versão teste, a cadeira não tinha sido desenhada para acomodar o corpo do jornalista, o que a tornaria mais confortável e adequada para o uso. Também foram testados um software (SightPlus), que com óculos de realidade virtual, pretende auxiliar pessoas com deficiências visuais, e luvas (The Active Hands Company) para aqueles que possuem fraqueza nas mãos.
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Mitologia grega é cheia de confusões
Acho que algumas pessoas podem estar se perguntado por que escolhi escrever sobre mitos gregos, já que as histórias são velhas e aconteceram há muitos e muitos anos. É que todas as lendas têm ação, aventura e romance. São vários deuses –como a Afrodite, a deusa do amor e da beleza, o Apolo, o deus da música, e muitos outros, cada um com um jeito diferente. Quando se apaixonavam ou ficavam com raiva, eles podiam criar muitas confusões. E, acredite, ficavam bravos por vários motivos, muitos sem nenhuma importância. Esqueci de falar sobre as oferendas. As pessoas costumavam ir aos altares e levavam banquetes para os deuses, com as melhores comidas. Claro que os deuses não desciam do Monte Olimpo, o palácio onde eles moravam, para ir comer. Apenas olhavam e ficavam felizes com a pessoa que deixou a oferenda por ali. Isso é muito desperdício de comida! Mas, se alguém resolvesse comer um pouco que fosse do banquete, naturalmente os deuses castigavam o comilão. CLARICE WERNECK BARCINSKI, 10, colunista da "Folhinha"
colunas
Mitologia grega é cheia de confusõesAcho que algumas pessoas podem estar se perguntado por que escolhi escrever sobre mitos gregos, já que as histórias são velhas e aconteceram há muitos e muitos anos. É que todas as lendas têm ação, aventura e romance. São vários deuses –como a Afrodite, a deusa do amor e da beleza, o Apolo, o deus da música, e muitos outros, cada um com um jeito diferente. Quando se apaixonavam ou ficavam com raiva, eles podiam criar muitas confusões. E, acredite, ficavam bravos por vários motivos, muitos sem nenhuma importância. Esqueci de falar sobre as oferendas. As pessoas costumavam ir aos altares e levavam banquetes para os deuses, com as melhores comidas. Claro que os deuses não desciam do Monte Olimpo, o palácio onde eles moravam, para ir comer. Apenas olhavam e ficavam felizes com a pessoa que deixou a oferenda por ali. Isso é muito desperdício de comida! Mas, se alguém resolvesse comer um pouco que fosse do banquete, naturalmente os deuses castigavam o comilão. CLARICE WERNECK BARCINSKI, 10, colunista da "Folhinha"
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MEC prorroga prazo de inscrições do Sisu após falha impedir acessos
O MEC (Ministério da Educação) decidiu ampliar o prazo de inscrições no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) por causa das falhas técnicas no sistema que tem impedido que parte dos participantes tenha conseguido acessar o site. O novo prazo termina agora às 23h59 do dia 29 (domingo). Antes, o prazo se encerrava nesta sexta (27). O Sisu reúne as vagas de instituições de ensino que selecionam seus alunos pela nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Participantes do exame estavam encontrando problemas desde a divulgação das notas, no dia 18, antes mesmo da abertura do Sisu. "Em atenção aos estudantes, que manifestaram o pedido, e em virtude das dificuldades de acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nos primeiros dias, o MEC decidiu prorrogar o prazo de inscrições em 48 horas", informou a pasta em nota. O resultado está mantido para segunda-feira (30). O Sisu recebeu, até 18h desta quinta-feira, 2.090.451 inscritos e 4.033.178 inscrições. As inconsistências encontradas no sistema que dificultavam o acesso de candidatos foram sanadas, segundo o MEC. A pasta indica que candidatos que tenham problemas entrem em contato com o MEC por meio do 0800 61 61 61 ou pelo e-mail ouvidoria@mec.gov.br; Os calendários do ProUni (Programa Universidade para Todos) e do Fies (Financiamento Estudantil) continuam normalmente para os dias 31/1 a 3/02 e 7/2 a 10/2, respectivamente. A nota do Enem também é critério para os dois programas.
educacao
MEC prorroga prazo de inscrições do Sisu após falha impedir acessosO MEC (Ministério da Educação) decidiu ampliar o prazo de inscrições no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) por causa das falhas técnicas no sistema que tem impedido que parte dos participantes tenha conseguido acessar o site. O novo prazo termina agora às 23h59 do dia 29 (domingo). Antes, o prazo se encerrava nesta sexta (27). O Sisu reúne as vagas de instituições de ensino que selecionam seus alunos pela nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Participantes do exame estavam encontrando problemas desde a divulgação das notas, no dia 18, antes mesmo da abertura do Sisu. "Em atenção aos estudantes, que manifestaram o pedido, e em virtude das dificuldades de acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nos primeiros dias, o MEC decidiu prorrogar o prazo de inscrições em 48 horas", informou a pasta em nota. O resultado está mantido para segunda-feira (30). O Sisu recebeu, até 18h desta quinta-feira, 2.090.451 inscritos e 4.033.178 inscrições. As inconsistências encontradas no sistema que dificultavam o acesso de candidatos foram sanadas, segundo o MEC. A pasta indica que candidatos que tenham problemas entrem em contato com o MEC por meio do 0800 61 61 61 ou pelo e-mail ouvidoria@mec.gov.br; Os calendários do ProUni (Programa Universidade para Todos) e do Fies (Financiamento Estudantil) continuam normalmente para os dias 31/1 a 3/02 e 7/2 a 10/2, respectivamente. A nota do Enem também é critério para os dois programas.
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Deputado vai à PGR por afastamento de Cunha da Presidência da Câmara
Após tentar sem sucesso recolher assinaturas de líderes dos 28 partidos na Câmara para um manifesto pelo afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Casa, o deputado Sílvio Costa (PSC-PE) entrou nesta quinta-feira com uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo afastamento do peemedebista de suas funções. O deputado, que é vice-líder do governo na Casa, faz questão de ressaltar que a ação tem motivação pessoal, como parlamentar, e nenhuma orientação do Palácio do Planalto. Costa alega que Cunha tem usado o cargo para atrasar as investigações sobre seu caso. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e suspeito de esconder contas na Suíça. Além disso, o deputado menciona ainda o fato de Cunha estar segurando, como informou a Folha nesta quinta, o andamento de seu processo de cassação, que está parado na Mesa Diretora. "Ao exercer a Presidência da Câmara tem chantageado outros poderes e submetido a Casa às suas próprias vontades o que, ao nosso sentir, fere a ordem pública", afirma Costa na representação, na qual ainda completa que Cunha "vem praticando atos na presidência com o claro sentido de ocultar ou eclipsar as denúncias contra si oferecidas". Nesta quarta, mais um partido pediu o afastamento do peemedebista do comando da Câmara. O PDT, em nota na Executiva Nacional, defendeu formalmente que Cunha deixe suas funções, juntando-se ao PSOL, Rede e à oposição. Os deputados da oposição, embora tenham defendido em nota divulgada há quase duas semanas o afastamento do peemedebista do cargo que ocupa na Casa, têm mantido conversas com ele nos bastidores, com a intenção de não inviabilizar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que depende, num primeiro momento, de Cunha.
poder
Deputado vai à PGR por afastamento de Cunha da Presidência da CâmaraApós tentar sem sucesso recolher assinaturas de líderes dos 28 partidos na Câmara para um manifesto pelo afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Casa, o deputado Sílvio Costa (PSC-PE) entrou nesta quinta-feira com uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo afastamento do peemedebista de suas funções. O deputado, que é vice-líder do governo na Casa, faz questão de ressaltar que a ação tem motivação pessoal, como parlamentar, e nenhuma orientação do Palácio do Planalto. Costa alega que Cunha tem usado o cargo para atrasar as investigações sobre seu caso. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e suspeito de esconder contas na Suíça. Além disso, o deputado menciona ainda o fato de Cunha estar segurando, como informou a Folha nesta quinta, o andamento de seu processo de cassação, que está parado na Mesa Diretora. "Ao exercer a Presidência da Câmara tem chantageado outros poderes e submetido a Casa às suas próprias vontades o que, ao nosso sentir, fere a ordem pública", afirma Costa na representação, na qual ainda completa que Cunha "vem praticando atos na presidência com o claro sentido de ocultar ou eclipsar as denúncias contra si oferecidas". Nesta quarta, mais um partido pediu o afastamento do peemedebista do comando da Câmara. O PDT, em nota na Executiva Nacional, defendeu formalmente que Cunha deixe suas funções, juntando-se ao PSOL, Rede e à oposição. Os deputados da oposição, embora tenham defendido em nota divulgada há quase duas semanas o afastamento do peemedebista do cargo que ocupa na Casa, têm mantido conversas com ele nos bastidores, com a intenção de não inviabilizar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que depende, num primeiro momento, de Cunha.
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'Terapeuta faz terapia, família brinca', diz mãe sobre filho com autismo
Ao final da primeira infância de Rafael, hoje com 10 anos, o casal Ana Cláudia e Emerson Cavalcanti se confrontou com um diagnóstico de "autismo tardio" do filho, que até então tivera um desenvolvimento dentro do esperado. "Rafa deixou de olhar, falar, começou a ter comportamentos diferentes, um isolamento profundo de uma forma que nos deixava bastante angustiados", conta a mãe. Isso foi em 2008. Cerca de três anos depois, ela conheceu Carlos Pereira, criador o Livox, uma tecnologia que ajuda pessoas com deficiência a se comunicarem, além de funcionar como ferramenta de aprendizagem e inclusão escolar. Pelo aplicativo desenvolvido inicialmente para a filha que tem paralisia cerebral, Pereira concorre ao Prêmio Empreendedor Social 2016. Ele também participa da categoria Escolha do Leitor. Veja os vídeos dos finalistas e eleja seu preferido Para o casal pernambucano, a tecnologia só representa ganhos. "O Livox veio para dar essa força às famílias que andavam com pastas de comunicação alternativa, o que era pouco prático." Conheça a história de Rafael e Ana Cláudia e como o Livox entrou na vida deles. * Rafael é uma criança linda, o melhor presente. Ele brinca, corre, tem suas peculiaridades e necessidade de atenção. Exala amor. Vejo meu filho como uma pessoa com pleno potencial de viver. O autismo dele foi atípico, veio no fim da primeira infância. Ele começou a ter as características da deficiência, como ausência e dificuldade na comunicação, perdas na interação social e dificuldades sensoriais que traziam alguns comportamentos inadequados. Ele começou a se perder por volta dos dois anos. Deixou de olhar, falar, começou a ter comportamentos diferentes, um isolamento profundo de uma forma que nos deixava bastante angustiados. Não podíamos ir a uma festa porque ele se jogava no chão. Aquilo incomodava, deixava ele desorganizado. Era como se ele sentisse dor e não soubesse dizer. Era a sensação que nós tínhamos e não sabíamos como lidar. Conheci o Carlos [Pereira, criador do Livox] entre 2011 e 2012. Nessa época, o Rafa ainda estava no auge da falta de comunicação. Eu montava todo o material de comunicação alternativa, plastificava, colava com velcro em pastas. Era pouco prático. Para o autista, basta alguma coisa acontecer para ele sair correndo. É muito mais fácil em restaurante, parque ou outra atividade pegar um tablet do que abrir uma pasta. Não chamar tanta atenção. A tecnologia tem a praticidade, atrai. É mais fácil capturar as imagens do que ficar pesquisando. Utilizamos o Livox durante um tempo, como comunicação alternativa. Porém, hoje, é uma ferramenta de aprendizagem. É uma tecnologia assistiva, aplicada para aprendizagem principalmente na inclusão escolar. Por exemplo, a gente pega o material da escola do Rafa e adapta o assunto. Ao invés de eu plastificar, cortar, imprimir, monto tudo no tablet. Assim, tanto eu quanto a fonoaudióloga trabalhamos juntas. Meu filho adora tecnologia. Digo que está no DNA dele porque o pai é da área. Quando ele está mexendo no tablet, é como se fosse mais um joguinho desses que ele curte. Então se torna algo muito lúdico, não fica pesado. É como se ele estivesse inserido num meio atual. Hoje toda criança pega um tablet, abre e vai jogar. PROGRESSO E APRENDIZADO Quando veio o diagnóstico, mexeu com toda a família. Foi muito difícil. Imagine ver seu filho falando, chamando mamãe, papai, e de repente ele perder a fala. Rafa me ensinou a ser uma pessoa melhor, a respeitar o próximo, a ter paciência, a amar de forma incondicional. Podia passar o dia todinho falando e não ia ter palavras para dizer como é tê-lo como filho. É maravilhoso. As dificuldades existem, não é um mundo fantástico, mas a gente tem que ter qualidade de vida, tem que olhar o outro e pensar que é possível. Eu acredito no meu filho. Pode o mundo inteiro achar que ele não vai conseguir, mas eu sempre vou dizer que ele vai. Vi isso no Carlos também. Ele acredita muito na [sua filha] Clara. Uma coisa que me chamou muita a atenção em relação a ele é fez uma coisa boa e não guardou para si. Ousou, ele levou [a tecnologia] para fora. Sou muito grata a ele por essa oportunidade. O Livox é uma ferramenta fantástica que transcende não só a comunicação alternativa, mas o processo de aprendizagem. Nesse momento, posso dizer que as pessoas que utilizam o Livox, seja para aprendizagem, seja para comunicação, vão ter facilidade de locomoção e ganham autonomia. Só vejo ganhos. O Livox veio para dar essa força às famílias que andavam com pastas de comunicação alternativa, o que era pouco prático. É muito mais fácil colocar um tablet ou um computador no bolso ou jogar numa bolsa. ACIMA DE TUDO, CRIANÇA Sempre tratamos o Rafa como criança. Terapeuta faz terapia, família brinca, tem que oferecer qualidade de vida, sair, se divertir. Temos que separar as duas coisas. Não adianta o terapeuta querer assumir um lado que só a família pode fazer, assim como não adianta a família querer virar terapeuta. Por exemplo, se Rafa tem dificuldade de interação social, trabalhamos essa parte, com brincadeiras, de forma lúdica e também em grupo. Se ele tem problema motor, vai fazer atividades motoras, com um personal trainer, fazer academia, natação, brincar com skate, fazer esportes. Essa é a nossa realidade. Buscamos sempre desenvolver Rafa. Tanto que as terapias dele [fonoaudiologia, terapia ocupacional] são para suprir a necessidade que o meu filho tem, não só pelo autismo.
empreendedorsocial
'Terapeuta faz terapia, família brinca', diz mãe sobre filho com autismoAo final da primeira infância de Rafael, hoje com 10 anos, o casal Ana Cláudia e Emerson Cavalcanti se confrontou com um diagnóstico de "autismo tardio" do filho, que até então tivera um desenvolvimento dentro do esperado. "Rafa deixou de olhar, falar, começou a ter comportamentos diferentes, um isolamento profundo de uma forma que nos deixava bastante angustiados", conta a mãe. Isso foi em 2008. Cerca de três anos depois, ela conheceu Carlos Pereira, criador o Livox, uma tecnologia que ajuda pessoas com deficiência a se comunicarem, além de funcionar como ferramenta de aprendizagem e inclusão escolar. Pelo aplicativo desenvolvido inicialmente para a filha que tem paralisia cerebral, Pereira concorre ao Prêmio Empreendedor Social 2016. Ele também participa da categoria Escolha do Leitor. Veja os vídeos dos finalistas e eleja seu preferido Para o casal pernambucano, a tecnologia só representa ganhos. "O Livox veio para dar essa força às famílias que andavam com pastas de comunicação alternativa, o que era pouco prático." Conheça a história de Rafael e Ana Cláudia e como o Livox entrou na vida deles. * Rafael é uma criança linda, o melhor presente. Ele brinca, corre, tem suas peculiaridades e necessidade de atenção. Exala amor. Vejo meu filho como uma pessoa com pleno potencial de viver. O autismo dele foi atípico, veio no fim da primeira infância. Ele começou a ter as características da deficiência, como ausência e dificuldade na comunicação, perdas na interação social e dificuldades sensoriais que traziam alguns comportamentos inadequados. Ele começou a se perder por volta dos dois anos. Deixou de olhar, falar, começou a ter comportamentos diferentes, um isolamento profundo de uma forma que nos deixava bastante angustiados. Não podíamos ir a uma festa porque ele se jogava no chão. Aquilo incomodava, deixava ele desorganizado. Era como se ele sentisse dor e não soubesse dizer. Era a sensação que nós tínhamos e não sabíamos como lidar. Conheci o Carlos [Pereira, criador do Livox] entre 2011 e 2012. Nessa época, o Rafa ainda estava no auge da falta de comunicação. Eu montava todo o material de comunicação alternativa, plastificava, colava com velcro em pastas. Era pouco prático. Para o autista, basta alguma coisa acontecer para ele sair correndo. É muito mais fácil em restaurante, parque ou outra atividade pegar um tablet do que abrir uma pasta. Não chamar tanta atenção. A tecnologia tem a praticidade, atrai. É mais fácil capturar as imagens do que ficar pesquisando. Utilizamos o Livox durante um tempo, como comunicação alternativa. Porém, hoje, é uma ferramenta de aprendizagem. É uma tecnologia assistiva, aplicada para aprendizagem principalmente na inclusão escolar. Por exemplo, a gente pega o material da escola do Rafa e adapta o assunto. Ao invés de eu plastificar, cortar, imprimir, monto tudo no tablet. Assim, tanto eu quanto a fonoaudióloga trabalhamos juntas. Meu filho adora tecnologia. Digo que está no DNA dele porque o pai é da área. Quando ele está mexendo no tablet, é como se fosse mais um joguinho desses que ele curte. Então se torna algo muito lúdico, não fica pesado. É como se ele estivesse inserido num meio atual. Hoje toda criança pega um tablet, abre e vai jogar. PROGRESSO E APRENDIZADO Quando veio o diagnóstico, mexeu com toda a família. Foi muito difícil. Imagine ver seu filho falando, chamando mamãe, papai, e de repente ele perder a fala. Rafa me ensinou a ser uma pessoa melhor, a respeitar o próximo, a ter paciência, a amar de forma incondicional. Podia passar o dia todinho falando e não ia ter palavras para dizer como é tê-lo como filho. É maravilhoso. As dificuldades existem, não é um mundo fantástico, mas a gente tem que ter qualidade de vida, tem que olhar o outro e pensar que é possível. Eu acredito no meu filho. Pode o mundo inteiro achar que ele não vai conseguir, mas eu sempre vou dizer que ele vai. Vi isso no Carlos também. Ele acredita muito na [sua filha] Clara. Uma coisa que me chamou muita a atenção em relação a ele é fez uma coisa boa e não guardou para si. Ousou, ele levou [a tecnologia] para fora. Sou muito grata a ele por essa oportunidade. O Livox é uma ferramenta fantástica que transcende não só a comunicação alternativa, mas o processo de aprendizagem. Nesse momento, posso dizer que as pessoas que utilizam o Livox, seja para aprendizagem, seja para comunicação, vão ter facilidade de locomoção e ganham autonomia. Só vejo ganhos. O Livox veio para dar essa força às famílias que andavam com pastas de comunicação alternativa, o que era pouco prático. É muito mais fácil colocar um tablet ou um computador no bolso ou jogar numa bolsa. ACIMA DE TUDO, CRIANÇA Sempre tratamos o Rafa como criança. Terapeuta faz terapia, família brinca, tem que oferecer qualidade de vida, sair, se divertir. Temos que separar as duas coisas. Não adianta o terapeuta querer assumir um lado que só a família pode fazer, assim como não adianta a família querer virar terapeuta. Por exemplo, se Rafa tem dificuldade de interação social, trabalhamos essa parte, com brincadeiras, de forma lúdica e também em grupo. Se ele tem problema motor, vai fazer atividades motoras, com um personal trainer, fazer academia, natação, brincar com skate, fazer esportes. Essa é a nossa realidade. Buscamos sempre desenvolver Rafa. Tanto que as terapias dele [fonoaudiologia, terapia ocupacional] são para suprir a necessidade que o meu filho tem, não só pelo autismo.
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Manifestantes comemoram ação de Cunha em São Paulo
"Vai ter impeachment, vai ter impeachment", gritava um grupo cerca de 30 pessoas vestindo verde-amarelo por volta das 20h, no Masp. Parados no trânsito, motoristas retribuam com buzinas e acenavam bandeiras. Alguns improvisavam a comemoração com agitando bandeiras e uniformes do Palmeiras. Morador dos arredores, o bancário Eduardo Mello, 43, pegou uma miniatura do boneco Pixuleko e correu para o Masp assim que soube da notícia. "Foi uma surpresa. Tinha receio que rolasse um acordão para a Dilma e o Cunha se salvarem", disse. Para ele, o desenrolar do processo depende da economia. "Brasileiro não deveria, mas é aético. Só se preocupa quando pega no bolso", afirma. Os militantes do MBL (Movimento Brasil Livre) foram os primeiros a chegar, com instrumentos e canções já conhecidas pelos militantes do impeachment. "A gente já tinha notícia de que o pedido seria acatado hoje e é uma notícia maravilhosa, resultado do trabalho institucional que a gente vinha trabalhando", disse o ativista Kim Kataguiri, um dos líderes do grupo. O movimento ajudou a organizar e manter um acampamento em em frente ao Congresso Nacional para exigir que o pedido de impeachment tivesse seguimento. "A gente está bastante esperançoso e agora o papel é das ruas de pressionar os parlamentares a conseguir os dois terços [dos votos] da Câmara", afirmou Kataguiri. Será necessário o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados federais para que o processo seja aberto.
poder
Manifestantes comemoram ação de Cunha em São Paulo"Vai ter impeachment, vai ter impeachment", gritava um grupo cerca de 30 pessoas vestindo verde-amarelo por volta das 20h, no Masp. Parados no trânsito, motoristas retribuam com buzinas e acenavam bandeiras. Alguns improvisavam a comemoração com agitando bandeiras e uniformes do Palmeiras. Morador dos arredores, o bancário Eduardo Mello, 43, pegou uma miniatura do boneco Pixuleko e correu para o Masp assim que soube da notícia. "Foi uma surpresa. Tinha receio que rolasse um acordão para a Dilma e o Cunha se salvarem", disse. Para ele, o desenrolar do processo depende da economia. "Brasileiro não deveria, mas é aético. Só se preocupa quando pega no bolso", afirma. Os militantes do MBL (Movimento Brasil Livre) foram os primeiros a chegar, com instrumentos e canções já conhecidas pelos militantes do impeachment. "A gente já tinha notícia de que o pedido seria acatado hoje e é uma notícia maravilhosa, resultado do trabalho institucional que a gente vinha trabalhando", disse o ativista Kim Kataguiri, um dos líderes do grupo. O movimento ajudou a organizar e manter um acampamento em em frente ao Congresso Nacional para exigir que o pedido de impeachment tivesse seguimento. "A gente está bastante esperançoso e agora o papel é das ruas de pressionar os parlamentares a conseguir os dois terços [dos votos] da Câmara", afirmou Kataguiri. Será necessário o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados federais para que o processo seja aberto.
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Trump, Israel e Palestina
Visto por muitos como potencial fator de instabilidade nas relações internacionais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou-se na última quarta-feira (3) como candidato a mediador ou facilitador de um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Trump lançou a ideia na presença de Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Nacional Palestina, que visitava Washington. Abbas criticou a ocupação de territórios por Israel e disse que, sob a liderança "corajosa e sábia" do presidente dos EUA, seria possível chegar a uma solução duradoura. Para isso, as partes teriam que concordar com a proposta de dois Estados independentes. Dias antes do encontro, o grupo radical palestino Hamas já havia adotado tom mais moderado ao defender proposta semelhante, com um Estado palestino nos limites de 1967 -antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou a faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. É impossível não ver com ceticismo essa ou qualquer outra tentativa de processo de paz entre israelenses e palestinos. Nenhum esforço até aqui conseguiu conter os conflitos, que se arrastam há décadas e realimentam ódios e ressentimentos dos dois lados. Um acordo parece ainda menos provável ao ser patrocinado por um presidente que acirrou os ânimos palestinos ao cogitar a mudança da sede da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém. Trump, porém, pode ter mais sucesso do que se imagina. De uma atitude no início isolacionista, que tratava o mundo como ameaça a seu país, o mandatário vai migrando para um entendimento menos primário do cenário externo. O republicano anunciou, logo após o encontro com Abbas, sua primeira viagem ao exterior. O roteiro é sugestivo: vai visitar Israel, Arábia Saudita e Vaticano, centros das três grandes religiões monoteístas -o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, respectivamente. Os sinais conciliatórios, alentadores para a comunidade internacional, dão a entender que Trump começa a adequar seu discurso às exigências do exercício da liderança mundial. É preciso tempo, contudo, para saber qual será o retrato da política externa que se desenha. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Trump, Israel e PalestinaVisto por muitos como potencial fator de instabilidade nas relações internacionais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou-se na última quarta-feira (3) como candidato a mediador ou facilitador de um acordo de paz entre israelenses e palestinos. Trump lançou a ideia na presença de Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Nacional Palestina, que visitava Washington. Abbas criticou a ocupação de territórios por Israel e disse que, sob a liderança "corajosa e sábia" do presidente dos EUA, seria possível chegar a uma solução duradoura. Para isso, as partes teriam que concordar com a proposta de dois Estados independentes. Dias antes do encontro, o grupo radical palestino Hamas já havia adotado tom mais moderado ao defender proposta semelhante, com um Estado palestino nos limites de 1967 -antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel conquistou a faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. É impossível não ver com ceticismo essa ou qualquer outra tentativa de processo de paz entre israelenses e palestinos. Nenhum esforço até aqui conseguiu conter os conflitos, que se arrastam há décadas e realimentam ódios e ressentimentos dos dois lados. Um acordo parece ainda menos provável ao ser patrocinado por um presidente que acirrou os ânimos palestinos ao cogitar a mudança da sede da embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém. Trump, porém, pode ter mais sucesso do que se imagina. De uma atitude no início isolacionista, que tratava o mundo como ameaça a seu país, o mandatário vai migrando para um entendimento menos primário do cenário externo. O republicano anunciou, logo após o encontro com Abbas, sua primeira viagem ao exterior. O roteiro é sugestivo: vai visitar Israel, Arábia Saudita e Vaticano, centros das três grandes religiões monoteístas -o judaísmo, o islamismo e o cristianismo, respectivamente. Os sinais conciliatórios, alentadores para a comunidade internacional, dão a entender que Trump começa a adequar seu discurso às exigências do exercício da liderança mundial. É preciso tempo, contudo, para saber qual será o retrato da política externa que se desenha. editoriais@grupofolha.com.br
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PF apreende lista de 18 'projetos' tocados por lobista no setor público
Uma planilha de cinco páginas apreendida pela Polícia Federal no escritório do lobista Mauro Marcondes Machado, 79, revela que ele trabalhava com 18 "projetos" diferentes que envolviam interesses de empresas junto a órgãos públicos. Preso no mês passado pela Operação Zelotes, Marcondes pagou R$ 2,4 milhões a uma empresa de marketing esportivo de um filho do ex-presidente Lula, Luis Claudio Lula da Silva, na mesma época em que recebeu R$ 16 milhões de duas empresas automotivas interessadas na renovação de medida provisória. Datada de dezembro de 2013, a planilha traz os nomes de 61 pessoas e 14 empresas, telefones, e-mails e a descrição de objetivos de uma parte dos "projetos". Em alguns casos, eram medidas que Marcondes pleiteava do governo federal, como a redução de impostos para empresas automotivas e obras públicas. Em um caso, o alvo de Marcondes foi um órgão do governo de São Paulo. Não há no papel nenhum registro de valores ou de pagamento de propina. A planilha inclui um "Projeto Alstom", referência ao grupo industrial de infraestrutura de energia e transporte foco de investigações sobre pagamento de propina a políticos do PSDB e funcionários públicos para obter contratos no governo paulista. A Folha apurou que gestores da área de recursos humanos da Alstom fizeram três reuniões com Marcondes para desenvolver um plano a fim de evitar greves de funcionários da empresa. A empresa Ballard Power Systems, que desenvolve e fabrica células a combustível de hidrogênio para uso em ônibus de transporte urbano, é citada em três atividades de Marcondes, relacionadas às prefeituras de São Bernardo do Campo (SP), governada pelo PT, e Sorocaba (SP), do PSDB, e à EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada ao governo paulista. No "Projeto Ballard/EMTU", ele buscava incentivo do governo paulista e se reuniu com o então vice-governador, Guilherme Afif Domingos, ex-ministro de Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff e desde quinta (29) presidente do Sebrae. Afif confirmou à Folha que conhecia Marcondes "da época da Anfavea", entidade que reúne empresas do setor automobilístico, na qual o lobista era vice-presidente até ser afastado no início desta semana, mas o recebeu "institucionalmente" na sede do governo por duas vezes, em fevereiro de 2013 e outubro de 2012. Em uma ocasião, Marcondes estava acompanhado de Silvano Pozzi, da Ballard. No "Projeto Dakar/Mitsubishi" da planilha de Marcondes, ele iria buscar "a equiparação do IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados] para veículos de trabalho agrícola e do Exército". O IPI é um imposto federal e a pretensão de Marcondes dependia de parecer da Receita. O servidor aposentado da Receita Enilto de Araújo, cujo nome consta na planilha relacionado ao mesmo projeto, disse à Folha que apenas orientou a firma de Marcondes a fazer o protocolo da consulta. Porém, a resposta da Receita foi negativa e ele nada recebeu pela ajuda. Havia ainda o "projeto de prorrogação de 2010 para 2015 do incentivo fiscal de 32% da Mitsubishi" e o "Projeto de prorrogação por mais 5 anos (2015 a 2020) do Benefício Fiscal para a Caoa", no qual figurou nome, telefone de contato e email do ex-ministro do governo Dilma e ex-chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e de Lytha Spindola, ex-diretora no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A Operação Zelotes apontou que duas firmas da família de Lytha receberam R$ 566 mil da empresa de Marcondes. O "Projeto Andrade Gutierrez", empreiteira investigada no escândalo da Lava Jato por supostas fraudes na Petrobras, previa "buscar obras em projetos de plantas fabris do setor automotivo". O "Projeto BMW" previa "a criação de condições especiais de fornecimento de componentes para veículos Premium". OUTRO LADO Empresas citadas por Mauro Marcondes em sua planilha negaram ter mantido qualquer relacionamento comercial com ele ou sua firma de consultoria. Outras mencionaram reuniões e contatos, mas não pagamentos. A Alstom do Brasil informou, em nota, que "consultou a empresa de diplomacia corporativa para um projeto da área de recursos humanos, em 2013. Após conversas preliminares, a Alstom optou por não contratar os serviços da empresa e não realizou nenhum projeto conjunto. Nenhum contrato foi assinado e as conversas não tiveram continuidade". A assessoria do prefeito Luiz Marinho informou que o prefeito "desconhece e nunca tratou de qualquer assunto referente ao 'Projeto Ballard/São Bernardo do Campo'". A assessoria da prefeitura de Sorocaba (SP) informou que Marcondes representou a empresa Ballard durante uma audiência pública para apresentação de oportunidades em investimentos em infraestrutura no final de 2013. Porém, ao final do processo para implantação de ônibus BRT "nada do que foi apresentado pela Ballard foi aproveitado na modelagem final do projeto". "Todo o projeto de Parceria Público Privada do sistema de ônibus BRT está sendo conduzido de forma transparente pela Prefeitura de Sorocaba", afirmou a prefeitura. O ex-vice-governador de SP Guilherme Afif Domingos, ex-ministro de Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff, disse que era sua função, na gestão do comitê de gestão das parceiras público-privadas, receber as demandas de empresas, que eram analisadas e respondidas. "Além de vice-governador, eu era o gestor do programa estadual de parcerias público-privadas. Eu tinha uma agenda em que recebia diversos empresários", relatou Afif. Ele acredita que o projeto proposto por Marcondes "nunca nem saiu do papel". A Mitsubishi informou que não iria se pronunciar. O servidor aposentado da Receita Federal Eli Guedes, citado em planilha como relacionado a um "projeto" de redução de impostos para Mitsubishi, disse que não poderia "falar nem declarar nada". A BMW informou, pela sua assessoria, que "não tem e nunca teve qualquer relação comercial" com Marcondes ou sua empresa de consultoria. "A companhia está à disposição para esclarecer eventuais dúvidas." A gerência de Marketing Institucional da EMTU informou que a Ballard "foi contratada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) dentro do Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio, coordenado administrativamente pelo Ministério de Minas e Energia". A EMTU é a "responsável técnica pelo projeto" e as empresas foram escolhidas por licitação, de responsabilidade do PNUD. A EMTU informou que "nunca foi procurada" por Marcondes". Representantes das empresas Ballard, Piquetur e Andrade Gutierrez citados na planilha de Marcondes não foram localizados para comentar o assunto. Ao longo dos últimos dias, os advogados de Luis Claudio Lula da Silva e Caoa, Gilberto Carvalho e Lytha Spindola negaram qualquer envolvimento em irregularidades.
poder
PF apreende lista de 18 'projetos' tocados por lobista no setor públicoUma planilha de cinco páginas apreendida pela Polícia Federal no escritório do lobista Mauro Marcondes Machado, 79, revela que ele trabalhava com 18 "projetos" diferentes que envolviam interesses de empresas junto a órgãos públicos. Preso no mês passado pela Operação Zelotes, Marcondes pagou R$ 2,4 milhões a uma empresa de marketing esportivo de um filho do ex-presidente Lula, Luis Claudio Lula da Silva, na mesma época em que recebeu R$ 16 milhões de duas empresas automotivas interessadas na renovação de medida provisória. Datada de dezembro de 2013, a planilha traz os nomes de 61 pessoas e 14 empresas, telefones, e-mails e a descrição de objetivos de uma parte dos "projetos". Em alguns casos, eram medidas que Marcondes pleiteava do governo federal, como a redução de impostos para empresas automotivas e obras públicas. Em um caso, o alvo de Marcondes foi um órgão do governo de São Paulo. Não há no papel nenhum registro de valores ou de pagamento de propina. A planilha inclui um "Projeto Alstom", referência ao grupo industrial de infraestrutura de energia e transporte foco de investigações sobre pagamento de propina a políticos do PSDB e funcionários públicos para obter contratos no governo paulista. A Folha apurou que gestores da área de recursos humanos da Alstom fizeram três reuniões com Marcondes para desenvolver um plano a fim de evitar greves de funcionários da empresa. A empresa Ballard Power Systems, que desenvolve e fabrica células a combustível de hidrogênio para uso em ônibus de transporte urbano, é citada em três atividades de Marcondes, relacionadas às prefeituras de São Bernardo do Campo (SP), governada pelo PT, e Sorocaba (SP), do PSDB, e à EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), vinculada ao governo paulista. No "Projeto Ballard/EMTU", ele buscava incentivo do governo paulista e se reuniu com o então vice-governador, Guilherme Afif Domingos, ex-ministro de Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff e desde quinta (29) presidente do Sebrae. Afif confirmou à Folha que conhecia Marcondes "da época da Anfavea", entidade que reúne empresas do setor automobilístico, na qual o lobista era vice-presidente até ser afastado no início desta semana, mas o recebeu "institucionalmente" na sede do governo por duas vezes, em fevereiro de 2013 e outubro de 2012. Em uma ocasião, Marcondes estava acompanhado de Silvano Pozzi, da Ballard. No "Projeto Dakar/Mitsubishi" da planilha de Marcondes, ele iria buscar "a equiparação do IPI [Imposto Sobre Produtos Industrializados] para veículos de trabalho agrícola e do Exército". O IPI é um imposto federal e a pretensão de Marcondes dependia de parecer da Receita. O servidor aposentado da Receita Enilto de Araújo, cujo nome consta na planilha relacionado ao mesmo projeto, disse à Folha que apenas orientou a firma de Marcondes a fazer o protocolo da consulta. Porém, a resposta da Receita foi negativa e ele nada recebeu pela ajuda. Havia ainda o "projeto de prorrogação de 2010 para 2015 do incentivo fiscal de 32% da Mitsubishi" e o "Projeto de prorrogação por mais 5 anos (2015 a 2020) do Benefício Fiscal para a Caoa", no qual figurou nome, telefone de contato e email do ex-ministro do governo Dilma e ex-chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e de Lytha Spindola, ex-diretora no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A Operação Zelotes apontou que duas firmas da família de Lytha receberam R$ 566 mil da empresa de Marcondes. O "Projeto Andrade Gutierrez", empreiteira investigada no escândalo da Lava Jato por supostas fraudes na Petrobras, previa "buscar obras em projetos de plantas fabris do setor automotivo". O "Projeto BMW" previa "a criação de condições especiais de fornecimento de componentes para veículos Premium". OUTRO LADO Empresas citadas por Mauro Marcondes em sua planilha negaram ter mantido qualquer relacionamento comercial com ele ou sua firma de consultoria. Outras mencionaram reuniões e contatos, mas não pagamentos. A Alstom do Brasil informou, em nota, que "consultou a empresa de diplomacia corporativa para um projeto da área de recursos humanos, em 2013. Após conversas preliminares, a Alstom optou por não contratar os serviços da empresa e não realizou nenhum projeto conjunto. Nenhum contrato foi assinado e as conversas não tiveram continuidade". A assessoria do prefeito Luiz Marinho informou que o prefeito "desconhece e nunca tratou de qualquer assunto referente ao 'Projeto Ballard/São Bernardo do Campo'". A assessoria da prefeitura de Sorocaba (SP) informou que Marcondes representou a empresa Ballard durante uma audiência pública para apresentação de oportunidades em investimentos em infraestrutura no final de 2013. Porém, ao final do processo para implantação de ônibus BRT "nada do que foi apresentado pela Ballard foi aproveitado na modelagem final do projeto". "Todo o projeto de Parceria Público Privada do sistema de ônibus BRT está sendo conduzido de forma transparente pela Prefeitura de Sorocaba", afirmou a prefeitura. O ex-vice-governador de SP Guilherme Afif Domingos, ex-ministro de Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff, disse que era sua função, na gestão do comitê de gestão das parceiras público-privadas, receber as demandas de empresas, que eram analisadas e respondidas. "Além de vice-governador, eu era o gestor do programa estadual de parcerias público-privadas. Eu tinha uma agenda em que recebia diversos empresários", relatou Afif. Ele acredita que o projeto proposto por Marcondes "nunca nem saiu do papel". A Mitsubishi informou que não iria se pronunciar. O servidor aposentado da Receita Federal Eli Guedes, citado em planilha como relacionado a um "projeto" de redução de impostos para Mitsubishi, disse que não poderia "falar nem declarar nada". A BMW informou, pela sua assessoria, que "não tem e nunca teve qualquer relação comercial" com Marcondes ou sua empresa de consultoria. "A companhia está à disposição para esclarecer eventuais dúvidas." A gerência de Marketing Institucional da EMTU informou que a Ballard "foi contratada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) dentro do Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio, coordenado administrativamente pelo Ministério de Minas e Energia". A EMTU é a "responsável técnica pelo projeto" e as empresas foram escolhidas por licitação, de responsabilidade do PNUD. A EMTU informou que "nunca foi procurada" por Marcondes". Representantes das empresas Ballard, Piquetur e Andrade Gutierrez citados na planilha de Marcondes não foram localizados para comentar o assunto. Ao longo dos últimos dias, os advogados de Luis Claudio Lula da Silva e Caoa, Gilberto Carvalho e Lytha Spindola negaram qualquer envolvimento em irregularidades.
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Veja as melhores peças infantis em cartaz, segundo a crítica da Folha
DE SÃO PAULO Mônica Rodrigues da Costa, jornalista especializada em infância, sugere o "Circo Zanni" O espetáculo tem banda ao vivo que acompanha os números de variedades. Entre eles estão a apresentação da lira, acrobacia na poltrona, a ilusão do "quick change", o equilíbrio no arame e os voos na corda marinha ou no trapézio. A cenografia é uma casa-instalação de onde os atores saem para exibir suas habilidades. Sesc Pinheiros - teatro Paulo Autran. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 1.010 lugares. Dom.: 17h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 5 a R$ 17 (grátis p/ menores de 12 anos). Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). * Bruno Molinero, do blog Era Outra Vez, recomenda o livro "Monstro Rosa" Na busca por escrever um livro infantil sobre a aceitação da homossexualidade, a autora inventou uma história que mistura a lenda do Patinho Feio com as criaturas de "Onde Vivem os Monstros". "Obras para crianças muitas vezes são machistas", comenta Olga de Dios ao blog, que publicará a entrevista completa nesta semana. "Monstro Rosa". Autora: Olga de Dios. Tradução: Thaisa Burani. Editora: Boitatá (2016, 40 págs., R$ 39) * Gabriela Romeu, jornalista especializada em infância indica o livro "Talvez o Mundo..." Numa narrativa de forte diálogo entre o verbal e o visual, Alain Serres e Chloé Fraser falam do surgimento do mundo, talvez uma "noite calma e longa no princípio", talvez "um rastro de estrelas negras". O autores seguem criando hipóteses poéticas para o começo da vida, representada nas intensidades de azuis, verdes e vermelhos. "Talvez o Mundo...". Título original : "Peut-être que le monde..." Autor: Alain Serres. Ilustradora: Chloé Fraser. Tradutor: Adilson Miguel. Edições SM. (2016, 80 págs., R$ 45) * Fabiana Futema, do blog Maternar, indica a peça "O Livro de Tatiana" Com texto, direção e música de Bruno Garcia, o espetáculo conta a história de Tatiana, que ganha um livro mágico ao completar 11 anos. O livro dá à menina o poder de realizar todos os seus desejos. Com isso, a garota que acaba de virar mocinha e se encanta pelo vizinho aprende que é preciso tomar cuidado com o que se deseja. Teatro Porto Seguro. Al. Br. de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, região central, tel. 3226-7300. 508 lugares. Sáb. e dom.: 15h. Até 28/8. Ingr.: R$ 30 e R$ 50. Estac. (R$ 20, no nº 634). Serviço de van grátis, na estação Luz da CPTM, saída pça. da Luz.
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Veja as melhores peças infantis em cartaz, segundo a crítica da FolhaDE SÃO PAULO Mônica Rodrigues da Costa, jornalista especializada em infância, sugere o "Circo Zanni" O espetáculo tem banda ao vivo que acompanha os números de variedades. Entre eles estão a apresentação da lira, acrobacia na poltrona, a ilusão do "quick change", o equilíbrio no arame e os voos na corda marinha ou no trapézio. A cenografia é uma casa-instalação de onde os atores saem para exibir suas habilidades. Sesc Pinheiros - teatro Paulo Autran. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 1.010 lugares. Dom.: 17h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 5 a R$ 17 (grátis p/ menores de 12 anos). Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). * Bruno Molinero, do blog Era Outra Vez, recomenda o livro "Monstro Rosa" Na busca por escrever um livro infantil sobre a aceitação da homossexualidade, a autora inventou uma história que mistura a lenda do Patinho Feio com as criaturas de "Onde Vivem os Monstros". "Obras para crianças muitas vezes são machistas", comenta Olga de Dios ao blog, que publicará a entrevista completa nesta semana. "Monstro Rosa". Autora: Olga de Dios. Tradução: Thaisa Burani. Editora: Boitatá (2016, 40 págs., R$ 39) * Gabriela Romeu, jornalista especializada em infância indica o livro "Talvez o Mundo..." Numa narrativa de forte diálogo entre o verbal e o visual, Alain Serres e Chloé Fraser falam do surgimento do mundo, talvez uma "noite calma e longa no princípio", talvez "um rastro de estrelas negras". O autores seguem criando hipóteses poéticas para o começo da vida, representada nas intensidades de azuis, verdes e vermelhos. "Talvez o Mundo...". Título original : "Peut-être que le monde..." Autor: Alain Serres. Ilustradora: Chloé Fraser. Tradutor: Adilson Miguel. Edições SM. (2016, 80 págs., R$ 45) * Fabiana Futema, do blog Maternar, indica a peça "O Livro de Tatiana" Com texto, direção e música de Bruno Garcia, o espetáculo conta a história de Tatiana, que ganha um livro mágico ao completar 11 anos. O livro dá à menina o poder de realizar todos os seus desejos. Com isso, a garota que acaba de virar mocinha e se encanta pelo vizinho aprende que é preciso tomar cuidado com o que se deseja. Teatro Porto Seguro. Al. Br. de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, região central, tel. 3226-7300. 508 lugares. Sáb. e dom.: 15h. Até 28/8. Ingr.: R$ 30 e R$ 50. Estac. (R$ 20, no nº 634). Serviço de van grátis, na estação Luz da CPTM, saída pça. da Luz.
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Estrangeiros investem em pratos desconhecidos no país
Famosos em seus países, quitutes como o venezuelano tequenho e o varenique, de origem eslava, viraram bons negócios em São Paulo. A venezuelana Paola Ramirez, no Brasil desde 2011, escolheu a capital paulista para vender seus quitutes, que também incluem as arepas -de origem disputada entre Colômbia e Venezuela. Depois de criar novos recheios, além do tradicional queijo, e aportuguesar o nome, trocando o "ñ" por "nh", Paola fundou a Bom Tequenho. No início, a empresária levou os salgados a bares, restaurantes e bufês infantis. "Entregava-os congelados e ensinava como fritá-los", conta Paola. Desde 2013, são produzidos em fábrica própria, no Tatuapé (zona leste). A empreendedora viu que seria necessário tornar seu produto mais conhecido, e resolveu investir R$ 120 mil na montagem de um food truck. "Seria difícil oferecer um produto tão novo em loja fixa. Circulando, atinjo diferentes públicos, e percebi que a aceitação na zona norte é menor do que em Pinheiros e no Morumbi", conta Paola. A tática ajuda a criar chances para que o cliente experimente o produto inusitado, aponta a consultora do Sebrae Juliana Berbert. Além dos tequenhos, a empresa produz arepas (salgados de farinha de milho recheados com carne e queijo) e cachapas (panquecas). Paola planeja voos mais altos. "Criei uma embalagem para vender os produtos em supermercados. Estamos concluindo as negociações." As arepas também viraram negócio, em 2014, para o cozinheiro Jair Rojas, da Macondo Raízes Colombianas. A empresa começou como uma barraca itinerante e já tem dois trailers, além de atender a eventos. Há também produtos como sucos de lulo ou de tomate de árbol, duas frutas típicas colombianas. Nos eventos, o valor varia conforme o pacote. Precificar o produto é um dos grandes desafios desses empreendedores, segundo Berbert. Deve-se levar em conta custos e despesas fixos e variáveis, como a matéria-prima e a mão de obra, além dos impostos. DE FAMÍLIA Quando desembarcaram em São Paulo, em 1948, as irmãs Elisabeta e Elena Vereiski trouxeram na bagagem as receitas típicas da Rússia. Adultas, passaram a fazer massas típicas para vender. Mas foi só em 2012, pelas mãos da segunda geração, que a produção virou negócio: Olga e Ludmila Vereiski, filhas de Elisabeta, fundaram a rotisseria Nostrôvia. São duas variedades: vareniques, com recheio de batata ou shimeji, e pelmenis, de carne. Todos são fechados à mão e congelados um por um. Nastassja, filha de Olga, incrementou o marketing com logotipo e site. Agora, o clã planeja expansão. "Vamos vender para restaurantes, por isso investiremos em uma cozinha profissional", diz Olga. Para emplacar um produto que ainda não ganhou o paladar do brasileiro, não há como ignorar o poder de um bom plano de divulgação. Vale abusar das redes sociais, com fotos e vídeos mostrando como é preparado o quitute e quando ele é consumido no país de origem. Como envolve questões de segurança alimentar, não há espaço para improviso. É vital conhecer a legislação da cidade antes de abrir as portas. "As regras são as mesmas para um carrinho de brigadeiros e para quem vende 1.000 refeições", avisa Berbert. No caso das microempresas, se um cliente passar mal por contaminação, o proprietário responde civil e criminalmente. Por isso, conhecer bem a procedência dos ingredientes também conta.
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Estrangeiros investem em pratos desconhecidos no paísFamosos em seus países, quitutes como o venezuelano tequenho e o varenique, de origem eslava, viraram bons negócios em São Paulo. A venezuelana Paola Ramirez, no Brasil desde 2011, escolheu a capital paulista para vender seus quitutes, que também incluem as arepas -de origem disputada entre Colômbia e Venezuela. Depois de criar novos recheios, além do tradicional queijo, e aportuguesar o nome, trocando o "ñ" por "nh", Paola fundou a Bom Tequenho. No início, a empresária levou os salgados a bares, restaurantes e bufês infantis. "Entregava-os congelados e ensinava como fritá-los", conta Paola. Desde 2013, são produzidos em fábrica própria, no Tatuapé (zona leste). A empreendedora viu que seria necessário tornar seu produto mais conhecido, e resolveu investir R$ 120 mil na montagem de um food truck. "Seria difícil oferecer um produto tão novo em loja fixa. Circulando, atinjo diferentes públicos, e percebi que a aceitação na zona norte é menor do que em Pinheiros e no Morumbi", conta Paola. A tática ajuda a criar chances para que o cliente experimente o produto inusitado, aponta a consultora do Sebrae Juliana Berbert. Além dos tequenhos, a empresa produz arepas (salgados de farinha de milho recheados com carne e queijo) e cachapas (panquecas). Paola planeja voos mais altos. "Criei uma embalagem para vender os produtos em supermercados. Estamos concluindo as negociações." As arepas também viraram negócio, em 2014, para o cozinheiro Jair Rojas, da Macondo Raízes Colombianas. A empresa começou como uma barraca itinerante e já tem dois trailers, além de atender a eventos. Há também produtos como sucos de lulo ou de tomate de árbol, duas frutas típicas colombianas. Nos eventos, o valor varia conforme o pacote. Precificar o produto é um dos grandes desafios desses empreendedores, segundo Berbert. Deve-se levar em conta custos e despesas fixos e variáveis, como a matéria-prima e a mão de obra, além dos impostos. DE FAMÍLIA Quando desembarcaram em São Paulo, em 1948, as irmãs Elisabeta e Elena Vereiski trouxeram na bagagem as receitas típicas da Rússia. Adultas, passaram a fazer massas típicas para vender. Mas foi só em 2012, pelas mãos da segunda geração, que a produção virou negócio: Olga e Ludmila Vereiski, filhas de Elisabeta, fundaram a rotisseria Nostrôvia. São duas variedades: vareniques, com recheio de batata ou shimeji, e pelmenis, de carne. Todos são fechados à mão e congelados um por um. Nastassja, filha de Olga, incrementou o marketing com logotipo e site. Agora, o clã planeja expansão. "Vamos vender para restaurantes, por isso investiremos em uma cozinha profissional", diz Olga. Para emplacar um produto que ainda não ganhou o paladar do brasileiro, não há como ignorar o poder de um bom plano de divulgação. Vale abusar das redes sociais, com fotos e vídeos mostrando como é preparado o quitute e quando ele é consumido no país de origem. Como envolve questões de segurança alimentar, não há espaço para improviso. É vital conhecer a legislação da cidade antes de abrir as portas. "As regras são as mesmas para um carrinho de brigadeiros e para quem vende 1.000 refeições", avisa Berbert. No caso das microempresas, se um cliente passar mal por contaminação, o proprietário responde civil e criminalmente. Por isso, conhecer bem a procedência dos ingredientes também conta.
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Cunha depõe à PF sobre gravação que teria sido armada para prejudicá-lo
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestou depoimento nesta terça-feira (10) à Polícia Federal sobre o inquérito que apura a origem de gravação que teria o objetivo de desgastar sua imagem durante a corrida pelo comando da Casa. Cunha afirmou que manteve versão apresentada à imprensa de ter recebido informações de que integrantes da cúpula da Polícia Federal teriam forjado, a mando do governo, uma gravação para incriminá-lo, fala que irritou o Planalto e provocou críticas de entidades ligadas à polícia. A PF negou envolvimento na gravação. "Eu falei os fatos que tinha falado para a imprensa", afirmou o peemedebista. Segundo o presidente da Câmara, não houve indicação sobre a linha de investigação do caso e de prazo para a conclusão. "Agora, é problema deles [PF]. Eles que têm que responder. Eles precisavam ter formalmente meu depoimento para a partir daí partirem [para a investigação]", completou. DIÁLOGO A Folha mostrou em janeiro que peritos vêm indícios de "armação" na gravação. Entre os sinais estavam a indicação de que o texto do diálogo foi lido e que não ocorreu por telefone. Na gravação, que contém um diálogo entre dois homens, o nome de Cunha é citado. Um, que supostamente seria agente da PF, ameaça contar tudo o que sabe caso Cunha o abandone. O outro, que seria ligado a Cunha, tenta tranquilizá-lo. Para Cunha, a ideia do diálogo seria mostrar que um deles seria o policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, investigado na Operação Lava Jato, sobre o esquema de desvios da Petrobras. Análises preliminares da PF indicam que nenhuma das vozes do áudio é de Careca. No Paraná, núcleo da Lava Jato, a gravação vem sendo tratado com desconfiança e, segundo investigadores, chegou a provocar risadas. A autenticidade da gravação só será confirmada após a conclusão dos trabalhos dos peritos da PF. Em média, o parecer final leva 30 dias para ficar pronto. OUÇA O ÁUDIO Ouça
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Cunha depõe à PF sobre gravação que teria sido armada para prejudicá-loO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestou depoimento nesta terça-feira (10) à Polícia Federal sobre o inquérito que apura a origem de gravação que teria o objetivo de desgastar sua imagem durante a corrida pelo comando da Casa. Cunha afirmou que manteve versão apresentada à imprensa de ter recebido informações de que integrantes da cúpula da Polícia Federal teriam forjado, a mando do governo, uma gravação para incriminá-lo, fala que irritou o Planalto e provocou críticas de entidades ligadas à polícia. A PF negou envolvimento na gravação. "Eu falei os fatos que tinha falado para a imprensa", afirmou o peemedebista. Segundo o presidente da Câmara, não houve indicação sobre a linha de investigação do caso e de prazo para a conclusão. "Agora, é problema deles [PF]. Eles que têm que responder. Eles precisavam ter formalmente meu depoimento para a partir daí partirem [para a investigação]", completou. DIÁLOGO A Folha mostrou em janeiro que peritos vêm indícios de "armação" na gravação. Entre os sinais estavam a indicação de que o texto do diálogo foi lido e que não ocorreu por telefone. Na gravação, que contém um diálogo entre dois homens, o nome de Cunha é citado. Um, que supostamente seria agente da PF, ameaça contar tudo o que sabe caso Cunha o abandone. O outro, que seria ligado a Cunha, tenta tranquilizá-lo. Para Cunha, a ideia do diálogo seria mostrar que um deles seria o policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, investigado na Operação Lava Jato, sobre o esquema de desvios da Petrobras. Análises preliminares da PF indicam que nenhuma das vozes do áudio é de Careca. No Paraná, núcleo da Lava Jato, a gravação vem sendo tratado com desconfiança e, segundo investigadores, chegou a provocar risadas. A autenticidade da gravação só será confirmada após a conclusão dos trabalhos dos peritos da PF. Em média, o parecer final leva 30 dias para ficar pronto. OUÇA O ÁUDIO Ouça
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Funcionários protestam em defesa de frigorífico investigado pela PF
No bairro do Umbará, extremo sul de Curitiba e sede de pelo menos cinco frigoríficos, é difícil encontrar quem acredite nas suspeitas da Operação Carne Fraca contra uma das principais empresas da região —o frigorífico Peccin. "Não existe isso aí; [os donos da empresa] não merecem estar presos", afirma o autônomo Adailton Machnievicz, que trabalhou por dois anos na empresa. "Pegaram ele pra Cristo", diz o comerciante José Luiz Cavichiolo, para quem os equipamentos da fábrica são "coisa de cinema". Há dez anos em operação, a Peccin foi interditada na última sexta (17) e é suspeita das mais graves irregularidades investigadas pela Polícia Federal —como o uso de carne estragada em embutidos e de conservantes proibidos ou em quantidades acima do permitido. Ex-funcionários do frigorífico deram depoimento à PF relatando pressão dos donos para enviar laudos de qualidade adulterados à inspeção federal, além de pagamentos de propina a fiscais. Os proprietários, o casal Idair e Nair Piccin, assim como Normélio Peccin Filho, irmão de Idair, foram flagrados em escutas falando sobre como adulterar alimentos vencidos para utilizá-los em embutidos. Eles estão presos preventivamente, e negam as acusações. Os quase 400 funcionários do frigorífico preparam um protesto nesta quinta (23), pela reabertura da fábrica. "A gente conhece a integridade da empresa", diz o mecânico industrial Ivan Pereira Gonçalves, 32 anos, há dez no frigorífico. "Cadê o laudo que a polícia cita? Cadê o amparo desse laudo? A empresa não tem uma infração, e agora está fechada?", comenta outro empregado. Na sexta (17) à noite, quando a fábrica foi interditada pelo Ministério da Agricultura, funcionários choravam em frente ao portão, temendo perder seus empregos. Muitos deles se referem à Peccin como "nossa família". O dono da empresa, Idair Piccin, era conhecido por sua relação próxima com os funcionários: almoçava no refeitório e ficava quase o dia inteiro na fábrica. "Eles sempre foram muito exigentes. A gente perdeu o chão", diz Gonçalves. "Onde está essa carne podre que a gente não vê? Nós consumimos, levamos alimento para nossas casas, e nunca deu problema", comenta o funcionário Roberto Spinosa. Todos estão sem trabalhar desde sábado (18). Alguns ainda vão à empresa, já que precisam manter as câmaras frias, lotadas de matéria-prima, em operação, além de fazer a manutenção das máquinas. Fornecedores que chegam ao local dão com a cara na porta, e precisam dar meia volta. Boa parte deles teme que não consiga receber o que ainda lhe é devido por causa de contas bloqueadas pela Justiça. PRODUTOS Pelos mercados do bairro, os produtos da Peccin ainda são vendidos nas prateleiras, sem restrição. Entre os principais compradores da empresa, estavam distribuidores do Pará, Amazonas, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte. "Há sete anos eu trabalho com essa marca e nunca tive problema", diz José Antonio Bonato, 49, açougueiro de um estabelecimento ao lado da fábrica. A PF fez um laudo pericial de produtos da Peccin vendidos em mercados de Curitiba, e identificou aditivos não permitidos por lei e não declarados no rótulo das amostras. Porém, a comercialização dos alimentos não foi proibida. Em uma das conversas interceptadas pela Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura suspeitos de corrupção reclamam da qualidade dos produtos -que, segundo a investigação, haviam recebido como propina. "Com toda a sinceridade, eu não comi. Eu dei um pedaço aqui pro vizinho, outro pra minha cunhada", diz o fiscal Tarcísio Almeida de Freitas, também preso e suspeito de corrupção, sobre um peito defumado de frango que havia recebido da empresa. "É tipo uma massa de mortadela, uma massa 'homogênica' [sic], assim, tudo igualzinha." Entenda a operação Carne Fraca Em nota, a Peccin manifestou "forte repúdio" ao que chamou de "falsas alegações" da investigação. Para a empresa, a divulgação das informações foi motivada como "justificativa para a Operação Carne Fraca", porém, realizada de forma distorcida e precipitada. A empresa diz estar à disposição das autoridades e que está confiante de que eles saberão "discernir a efetiva veracidade dos fatos". O protesto dos funcionários está marcado para as 10h desta quinta (23).
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Funcionários protestam em defesa de frigorífico investigado pela PFNo bairro do Umbará, extremo sul de Curitiba e sede de pelo menos cinco frigoríficos, é difícil encontrar quem acredite nas suspeitas da Operação Carne Fraca contra uma das principais empresas da região —o frigorífico Peccin. "Não existe isso aí; [os donos da empresa] não merecem estar presos", afirma o autônomo Adailton Machnievicz, que trabalhou por dois anos na empresa. "Pegaram ele pra Cristo", diz o comerciante José Luiz Cavichiolo, para quem os equipamentos da fábrica são "coisa de cinema". Há dez anos em operação, a Peccin foi interditada na última sexta (17) e é suspeita das mais graves irregularidades investigadas pela Polícia Federal —como o uso de carne estragada em embutidos e de conservantes proibidos ou em quantidades acima do permitido. Ex-funcionários do frigorífico deram depoimento à PF relatando pressão dos donos para enviar laudos de qualidade adulterados à inspeção federal, além de pagamentos de propina a fiscais. Os proprietários, o casal Idair e Nair Piccin, assim como Normélio Peccin Filho, irmão de Idair, foram flagrados em escutas falando sobre como adulterar alimentos vencidos para utilizá-los em embutidos. Eles estão presos preventivamente, e negam as acusações. Os quase 400 funcionários do frigorífico preparam um protesto nesta quinta (23), pela reabertura da fábrica. "A gente conhece a integridade da empresa", diz o mecânico industrial Ivan Pereira Gonçalves, 32 anos, há dez no frigorífico. "Cadê o laudo que a polícia cita? Cadê o amparo desse laudo? A empresa não tem uma infração, e agora está fechada?", comenta outro empregado. Na sexta (17) à noite, quando a fábrica foi interditada pelo Ministério da Agricultura, funcionários choravam em frente ao portão, temendo perder seus empregos. Muitos deles se referem à Peccin como "nossa família". O dono da empresa, Idair Piccin, era conhecido por sua relação próxima com os funcionários: almoçava no refeitório e ficava quase o dia inteiro na fábrica. "Eles sempre foram muito exigentes. A gente perdeu o chão", diz Gonçalves. "Onde está essa carne podre que a gente não vê? Nós consumimos, levamos alimento para nossas casas, e nunca deu problema", comenta o funcionário Roberto Spinosa. Todos estão sem trabalhar desde sábado (18). Alguns ainda vão à empresa, já que precisam manter as câmaras frias, lotadas de matéria-prima, em operação, além de fazer a manutenção das máquinas. Fornecedores que chegam ao local dão com a cara na porta, e precisam dar meia volta. Boa parte deles teme que não consiga receber o que ainda lhe é devido por causa de contas bloqueadas pela Justiça. PRODUTOS Pelos mercados do bairro, os produtos da Peccin ainda são vendidos nas prateleiras, sem restrição. Entre os principais compradores da empresa, estavam distribuidores do Pará, Amazonas, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte. "Há sete anos eu trabalho com essa marca e nunca tive problema", diz José Antonio Bonato, 49, açougueiro de um estabelecimento ao lado da fábrica. A PF fez um laudo pericial de produtos da Peccin vendidos em mercados de Curitiba, e identificou aditivos não permitidos por lei e não declarados no rótulo das amostras. Porém, a comercialização dos alimentos não foi proibida. Em uma das conversas interceptadas pela Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura suspeitos de corrupção reclamam da qualidade dos produtos -que, segundo a investigação, haviam recebido como propina. "Com toda a sinceridade, eu não comi. Eu dei um pedaço aqui pro vizinho, outro pra minha cunhada", diz o fiscal Tarcísio Almeida de Freitas, também preso e suspeito de corrupção, sobre um peito defumado de frango que havia recebido da empresa. "É tipo uma massa de mortadela, uma massa 'homogênica' [sic], assim, tudo igualzinha." Entenda a operação Carne Fraca Em nota, a Peccin manifestou "forte repúdio" ao que chamou de "falsas alegações" da investigação. Para a empresa, a divulgação das informações foi motivada como "justificativa para a Operação Carne Fraca", porém, realizada de forma distorcida e precipitada. A empresa diz estar à disposição das autoridades e que está confiante de que eles saberão "discernir a efetiva veracidade dos fatos". O protesto dos funcionários está marcado para as 10h desta quinta (23).
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Nasa promete anunciar o que pode ser a maior descoberta sobre Marte
A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) convocou uma conferência para anunciar o que pode ser a maior descoberta sobre o planeta Marte até agora. O comunicado da agência fala em "mistério de Marte resolvido". O evento acontecerá nesta segunda-feira (28), às 12h30 (horário de Brasília). Participarão do anúncio o diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, o chefe do Programa de Exploração de Marte, Michael Meyer, entre outros pesquisadores da agência. A conferência terá transmissão ao vivo pelo site da Nasa. Após o anúncio, além de uma coletiva de imprensa, a agência espacial responderá a perguntas enviadas pelas redes sociais, por meio da hashtag #AskNasa. METANO Em dezembro do ano passado, a Nasa anunciou que a sonda Curiosity detectou emissões de metano que duraram cerca de dois meses. Como uma das principais fontes desse tipo de emissão é a atividade biológica, especulou-se que poderiam existir micro-organismos no "Planeta Vermelho", o que não foi confirmado até agora. Além da Curiosity, a Nasa mantém outro jipe-robô em solo marciano, o Opportunity, que está no planeta há 11 anos.
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Nasa promete anunciar o que pode ser a maior descoberta sobre MarteA Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) convocou uma conferência para anunciar o que pode ser a maior descoberta sobre o planeta Marte até agora. O comunicado da agência fala em "mistério de Marte resolvido". O evento acontecerá nesta segunda-feira (28), às 12h30 (horário de Brasília). Participarão do anúncio o diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, o chefe do Programa de Exploração de Marte, Michael Meyer, entre outros pesquisadores da agência. A conferência terá transmissão ao vivo pelo site da Nasa. Após o anúncio, além de uma coletiva de imprensa, a agência espacial responderá a perguntas enviadas pelas redes sociais, por meio da hashtag #AskNasa. METANO Em dezembro do ano passado, a Nasa anunciou que a sonda Curiosity detectou emissões de metano que duraram cerca de dois meses. Como uma das principais fontes desse tipo de emissão é a atividade biológica, especulou-se que poderiam existir micro-organismos no "Planeta Vermelho", o que não foi confirmado até agora. Além da Curiosity, a Nasa mantém outro jipe-robô em solo marciano, o Opportunity, que está no planeta há 11 anos.
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O Tchékhov de cada um
Em 1984, eu vivia ainda no Rio, num momento de grande efervescência de grupos de teatro. O Grupo Tapa (do qual fui fundadora em 1979) estava em cartaz com "Pinóquio", um infantil, que fez grande sucesso, e ocupávamos o Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, cujos proprietários, Sergio Britto, Paulo Mamede e Mimina Roveda, tinham um enorme cuidado no repertório; qualquer peça naquele espaço tinha um selo de qualidade impecável. Eles não só montavam grandes clássicos como também trouxeram o primeiro Fassbinder para o Brasil, com Fernanda Montenegro e Juliana Carneiro da Cunha, inesquecíveis em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", que vi não sei quantas vezes. Sergio Britto sempre esteve próximo do Grupo Tapa, acompanhou todos os meus trabalhos, mesmo depois da minha saída, e acabei tendo o prazer de tê-lo como companheiro de cena em 2006, na peça "Outono Inverno", de Lars Norén, na qual éramos pai e filha. Em 84, eu estava "começando" e nunca tinha feito teatro fora do meu grupo. E eis que, de repente, em cima da hora, a atriz que ia fazer a Sonia em "Tio Vania", de Tchékhov, montagem seguinte do Teatro dos Quatro, teve um problema, e Sergio Britto me chamou pra integrar o elenco magistral, com Armando Bógus (meu inesquecível Tio Vania), Rodrigo Santiago (meu apaixonante Astrov), e Christiane Torloni (a bela Helena). Eu mal podia acreditar no convite; sempre fui apaixonada por Tchékhov, e ainda ia trabalhar com atores respeitados, que já estavam no mercado havia bastante tempo, e eu estava chegando. Seria a primeira vez que eu ia receber um salário decente, a primeira vez que eu ia emitir uma nota fiscal pelo salário de atriz. Só lembrando que, nessa época, o Teatro dos Quatro tinha um belíssimo patrocínio da Shell, que fazia questão da qualidade do repertório e da competência artística cinco estrelas. Conseguíamos viver de teatro. Fiquei bastante apavorada, mas, como sempre fui obstinada, mergulhei na Sonia de cabeça, uma das personagens mais lindas da dramaturgia universal. Mas ao mesmo tempo a produção me olhava desconfiada, querendo entender o que eu estava fazendo ali. Uma tarde, durante um ensaio, a figurinista passou por mim, e disse baixinho: "Só quero ver, hein. Apostamos em você, vê se faz direito, senão...". Um frio percorreu minha espinha e fui pra casa e estudei muito. Lembro até hoje as noites, enquanto meu filho de cinco anos dormia no outro quarto, em que eu me trancava no meu, colocava uma cadeira no meio fingindo que era o Bógus e ensaiava incansavelmente o lindo monólogo da Sonia do final da peça. Sergio Britto me incentivava muito, apesar de muitas vezes ficar olhando pra mim atuando e depois falar: "Não sei o que te dizer. É estranho o que você faz. Não sei se é bom ou não. Vou pensar". Nunca vou esquecer o grande ser humano Armando Bógus, com uma paciência e carinho infinitos. Nas coxias ele me ensinava muita coisa, baixinho, com muita calma, como a tirar os chiados da prosódia carioca. Com sua simplicidade monumental me mostrou a grande generosidade de um grande ator. Uma pessoa realmente inesquecível e que foi um dos meus mestres no teatro, sem dúvida. Fiquei um pouco mascote do elenco, por ser uma caloura naquela montagem. Rodrigo Santiago me paparicava e não foi nada difícil me apaixonar por aquele Astrov enigmático, de rara singularidade, e Christiane Torloni nos harmonizava com aconchegantes jantares e vinhos, quando ficávamos horas bebericando, falando, nos reconhecendo como velhos amigos que Tchékhov uniu. Eu me lembro da sensação maravilhosa que a temporada me trouxe, de paz, serenidade, plenitude, diferente de tudo que já tinha sentido. Anos depois, em 1999, quando no Grupo Tapa fizemos "Ivanov", também de Tchékhov, a mesma sensação me visitou, então concluo que falar Tchékhov, "o médico das almas", tem um poder secreto de fazer bem ao meu coração, de acalmá-lo, de despertar uma profunda compreensão do outro. E, no fim do ano passado, revisitei, agora na direção, o universo tchekhoviano com a peça do romeno Matéi Visniec, "A Máquina Tchékhov", e mais uma vez me surpreendi com a mesma sensação de calma, de compreensão, o que foi fundamental para a direção. Naquele ano de 1984 minha Sonia foi indicada na categoria revelação do ano do Prêmio Mambembe. O primeiro Tchékhov a gente nunca esquece. DENISE WEINBERG, 59, atriz e diretora, volta em abril com a peça "O Testamento de Maria", de Colm Tóibín, no Teatro Aliança Francesa.
ilustrissima
O Tchékhov de cada umEm 1984, eu vivia ainda no Rio, num momento de grande efervescência de grupos de teatro. O Grupo Tapa (do qual fui fundadora em 1979) estava em cartaz com "Pinóquio", um infantil, que fez grande sucesso, e ocupávamos o Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, cujos proprietários, Sergio Britto, Paulo Mamede e Mimina Roveda, tinham um enorme cuidado no repertório; qualquer peça naquele espaço tinha um selo de qualidade impecável. Eles não só montavam grandes clássicos como também trouxeram o primeiro Fassbinder para o Brasil, com Fernanda Montenegro e Juliana Carneiro da Cunha, inesquecíveis em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", que vi não sei quantas vezes. Sergio Britto sempre esteve próximo do Grupo Tapa, acompanhou todos os meus trabalhos, mesmo depois da minha saída, e acabei tendo o prazer de tê-lo como companheiro de cena em 2006, na peça "Outono Inverno", de Lars Norén, na qual éramos pai e filha. Em 84, eu estava "começando" e nunca tinha feito teatro fora do meu grupo. E eis que, de repente, em cima da hora, a atriz que ia fazer a Sonia em "Tio Vania", de Tchékhov, montagem seguinte do Teatro dos Quatro, teve um problema, e Sergio Britto me chamou pra integrar o elenco magistral, com Armando Bógus (meu inesquecível Tio Vania), Rodrigo Santiago (meu apaixonante Astrov), e Christiane Torloni (a bela Helena). Eu mal podia acreditar no convite; sempre fui apaixonada por Tchékhov, e ainda ia trabalhar com atores respeitados, que já estavam no mercado havia bastante tempo, e eu estava chegando. Seria a primeira vez que eu ia receber um salário decente, a primeira vez que eu ia emitir uma nota fiscal pelo salário de atriz. Só lembrando que, nessa época, o Teatro dos Quatro tinha um belíssimo patrocínio da Shell, que fazia questão da qualidade do repertório e da competência artística cinco estrelas. Conseguíamos viver de teatro. Fiquei bastante apavorada, mas, como sempre fui obstinada, mergulhei na Sonia de cabeça, uma das personagens mais lindas da dramaturgia universal. Mas ao mesmo tempo a produção me olhava desconfiada, querendo entender o que eu estava fazendo ali. Uma tarde, durante um ensaio, a figurinista passou por mim, e disse baixinho: "Só quero ver, hein. Apostamos em você, vê se faz direito, senão...". Um frio percorreu minha espinha e fui pra casa e estudei muito. Lembro até hoje as noites, enquanto meu filho de cinco anos dormia no outro quarto, em que eu me trancava no meu, colocava uma cadeira no meio fingindo que era o Bógus e ensaiava incansavelmente o lindo monólogo da Sonia do final da peça. Sergio Britto me incentivava muito, apesar de muitas vezes ficar olhando pra mim atuando e depois falar: "Não sei o que te dizer. É estranho o que você faz. Não sei se é bom ou não. Vou pensar". Nunca vou esquecer o grande ser humano Armando Bógus, com uma paciência e carinho infinitos. Nas coxias ele me ensinava muita coisa, baixinho, com muita calma, como a tirar os chiados da prosódia carioca. Com sua simplicidade monumental me mostrou a grande generosidade de um grande ator. Uma pessoa realmente inesquecível e que foi um dos meus mestres no teatro, sem dúvida. Fiquei um pouco mascote do elenco, por ser uma caloura naquela montagem. Rodrigo Santiago me paparicava e não foi nada difícil me apaixonar por aquele Astrov enigmático, de rara singularidade, e Christiane Torloni nos harmonizava com aconchegantes jantares e vinhos, quando ficávamos horas bebericando, falando, nos reconhecendo como velhos amigos que Tchékhov uniu. Eu me lembro da sensação maravilhosa que a temporada me trouxe, de paz, serenidade, plenitude, diferente de tudo que já tinha sentido. Anos depois, em 1999, quando no Grupo Tapa fizemos "Ivanov", também de Tchékhov, a mesma sensação me visitou, então concluo que falar Tchékhov, "o médico das almas", tem um poder secreto de fazer bem ao meu coração, de acalmá-lo, de despertar uma profunda compreensão do outro. E, no fim do ano passado, revisitei, agora na direção, o universo tchekhoviano com a peça do romeno Matéi Visniec, "A Máquina Tchékhov", e mais uma vez me surpreendi com a mesma sensação de calma, de compreensão, o que foi fundamental para a direção. Naquele ano de 1984 minha Sonia foi indicada na categoria revelação do ano do Prêmio Mambembe. O primeiro Tchékhov a gente nunca esquece. DENISE WEINBERG, 59, atriz e diretora, volta em abril com a peça "O Testamento de Maria", de Colm Tóibín, no Teatro Aliança Francesa.
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Quarta tem bloco de Carnaval no Bexiga e exposição de pop art
O QUE AFETA SUA VIDA Após decisão da Justiça, os fiscais da Prefeitura não podem mais apreender carros do Uber na cidade. A decisão tem caráter provisório e não significa que o serviço está regulamentado, o que depende do resultado da consulta pública aberta pela gestão Hadadd no mês passado. Vale lembrar: Devido ao rodízio municipal, não devem na área limite carros com placas terminadas em 5 e 6. TEMPO Esta quarta-feira (03) deve ser de sol com muitas nuvens e possibilidade de pancadas de chuva à tarde e à noite. Máxima prevista de 31ºC e mínima de 21ºC, segundo o Climatempo. CULTURA E LAZER Como o clima é de folia em SP, tem bloquinho na rua nesta quarta (03). A Banda do Candinho & Mulatas desfila na rua 13 de maio, no Bexiga, e o bloco Nossa Quarta, sai na praça João Mendes, ambos às 19h. Confira a programação completa no Busca Blocos da Folha. Para quem quer algo mais leve, vale a pena conferir a exposição do italiano precursor da Pop Art, Fortunato Depero, com mais de 65 obras, em cartaz no MAC USP. MAC USP Ibirapiera. Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, Pq. Ibirapuera, tel. 2648-0254. Ter. a dom.: 10h às 18h. Abertura: 30/1, 11h. GRÁTIS
saopaulo
Quarta tem bloco de Carnaval no Bexiga e exposição de pop artO QUE AFETA SUA VIDA Após decisão da Justiça, os fiscais da Prefeitura não podem mais apreender carros do Uber na cidade. A decisão tem caráter provisório e não significa que o serviço está regulamentado, o que depende do resultado da consulta pública aberta pela gestão Hadadd no mês passado. Vale lembrar: Devido ao rodízio municipal, não devem na área limite carros com placas terminadas em 5 e 6. TEMPO Esta quarta-feira (03) deve ser de sol com muitas nuvens e possibilidade de pancadas de chuva à tarde e à noite. Máxima prevista de 31ºC e mínima de 21ºC, segundo o Climatempo. CULTURA E LAZER Como o clima é de folia em SP, tem bloquinho na rua nesta quarta (03). A Banda do Candinho & Mulatas desfila na rua 13 de maio, no Bexiga, e o bloco Nossa Quarta, sai na praça João Mendes, ambos às 19h. Confira a programação completa no Busca Blocos da Folha. Para quem quer algo mais leve, vale a pena conferir a exposição do italiano precursor da Pop Art, Fortunato Depero, com mais de 65 obras, em cartaz no MAC USP. MAC USP Ibirapiera. Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, Pq. Ibirapuera, tel. 2648-0254. Ter. a dom.: 10h às 18h. Abertura: 30/1, 11h. GRÁTIS
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Ideia de que ciência e religião sejam inimigas não resiste a análise histórica
Em 1966, pouco mais de 50 anos atrás, o respeitado antropólogo canadense Anthony Wallace previu com confiança a morte global da religião devido ao avanço da ciência: "A crença em poderes sobrenaturais está fadada a acabar em todo o mundo, graças à crescente adequação e difusão do conhecimento científico". A visão de Wallace não era heterodoxa. Pelo contrário, as ciências sociais modernas, que se desenvolveram na Europa ocidental do século 19, tomaram sua própria experiência histórica de secularização e a viram como modelo universal. Uma premissa era adotada pelas ciências sociais, às vezes supondo e outras vezes prevendo que todas as culturas acabariam por convergir em algo semelhante à democracia secular, ocidental e liberal. Então aconteceu algo mais próximo do contrário disso. Não apenas o secularismo não continuou a avançar globalmente, como também países tão diversos quanto Irã, Índia, Argélia e Turquia viram seus governos seculares serem substituídos por governos religiosos ou assistiram à ascensão de influentes movimentos nacionalistas religiosos. A secularização, conforme foi prevista pelas ciências sociais, fracassou. É claro que esse fracasso não foi absoluto. A crença e a prática religiosa continuam em declínio em muitos países ocidentais. Os dados mais recentes de recenseamento realizado na Austrália, por exemplo, indicam que 30% da população se identifica como não tendo religião, e essa porcentagem vem crescendo. Pesquisas internacionais confirmam níveis comparativamente baixos de engajamento religioso na Europa ocidental e na Australásia. Mesmo nos Estados Unidos, há muito tempo motivo de constrangimento para a tese da secularização, a descrença está em alta. A porcentagem de ateus nos EUA chegou hoje ao pico (se é que "pico" é a palavra indicada) de cerca de 3%. Mesmo assim, globalmente falando, o número total de pessoas que se consideram religiosas permanece alto, e as tendências demográficas sugerem que o padrão global para o futuro imediato será de crescimento da religião. Mas essa não é a única falha da tese da secularização. AVANÇO DA CIÊNCIA Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a secularização –que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida, sob a forma de bens públicos. Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca, e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas religiosas". A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas. O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico e os sonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização. "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência. O caso da Turquia é ainda mais claro. Como a maioria dos nacionalistas pioneiros, Mustafá Kemal Ataturk, o fundador da república turca, foi um secularista engajado. Ele acreditava que a ciência estava destinada a tomar o lugar da religião. Para garantir que a Turquia se posicionasse do lado certo da história, ele deu à ciência, em especial à biologia evolutiva, uma posição central no sistema de ensino público da república turca nascente. O resultado disso foi que a evolução passou a ser associada a todo o programa político de Ataturk, incluindo o secularismo. Procurando contrariar os ideais secularistas dos fundadores da república, os partidos islâmicos turcos também vêm atacando o ensino do evolucionismo. Para eles, a teoria da evolução está ligada ao materialismo secular. Esse sentimento culminou em junho deste ano com a decisão de tirar o ensino da evolução do currículo colegial. Mais uma vez, a ciência virou vítima da culpa por associação. Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém, boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência. Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. Historicamente, duas fontes relacionadas promoveram a ideia de que a ciência tomaria o lugar da religião. Primeiro, as noções de progresso da história, em especial ligadas ao filósofo francês Auguste Comte, defendiam uma teoria segundo a qual as sociedades passam por três estágios –religioso, metafísico e científico (ou "positivo"). Comte cunhou o termo "sociologia" e queria reduzir a influência social da religião, substituindo-a por uma nova ciência da sociedade. A influência de Comte se estendeu aos "jovens turcos" e a Kemal Ataturk. Também no século 19 surgiu o "modelo conflitante" de ciência e religião. Era a ideia de que a história pode ser entendida em termos de um "conflito entre duas épocas na evolução do pensamento humano –a teológica e a científica". Essa descrição vem da influente obra "A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom" (uma história da guerra da ciência com a teologia na cristandade, 1896), de Andrew Dickson White, cujo título resume bem a teoria geral do autor. A obra de White, assim como o anterior "History of the Conflict Between Religion and Science" (história do conflito entre religião e ciência, 1874), de John William Draper, firmou a tese do conflito como o modo padrão de encarar as relações históricas entre ciência e religião. As duas obras foram traduzidas para muitos idiomas. O livro de Draper teve mais de 50 tiragens apenas nos Estados Unidos, foi convertido para 20 línguas e virou best-seller na fase final do Império Otomano, onde contribuiu para a visão de Ataturk de que o progresso exigia que a ciência fosse ganhando ascendência sobre a religião. APOIO Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião, a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão. Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção. Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência. O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e religião. Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona"; Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas. Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão. O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja –esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião– não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante provavelmente terá efeito oposto ao pretendido. A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo. PETER HARRISON é diretor do Instituto de Estudos Avançados de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de Queensland. Seu livro mais recente é "The Territories of Science and Religion" (2015), e sua coletânea editada "Narratives of Secularization" (2017) será publicada neste ano. Tradução de CLARA ALLAIN
ilustrissima
Ideia de que ciência e religião sejam inimigas não resiste a análise históricaEm 1966, pouco mais de 50 anos atrás, o respeitado antropólogo canadense Anthony Wallace previu com confiança a morte global da religião devido ao avanço da ciência: "A crença em poderes sobrenaturais está fadada a acabar em todo o mundo, graças à crescente adequação e difusão do conhecimento científico". A visão de Wallace não era heterodoxa. Pelo contrário, as ciências sociais modernas, que se desenvolveram na Europa ocidental do século 19, tomaram sua própria experiência histórica de secularização e a viram como modelo universal. Uma premissa era adotada pelas ciências sociais, às vezes supondo e outras vezes prevendo que todas as culturas acabariam por convergir em algo semelhante à democracia secular, ocidental e liberal. Então aconteceu algo mais próximo do contrário disso. Não apenas o secularismo não continuou a avançar globalmente, como também países tão diversos quanto Irã, Índia, Argélia e Turquia viram seus governos seculares serem substituídos por governos religiosos ou assistiram à ascensão de influentes movimentos nacionalistas religiosos. A secularização, conforme foi prevista pelas ciências sociais, fracassou. É claro que esse fracasso não foi absoluto. A crença e a prática religiosa continuam em declínio em muitos países ocidentais. Os dados mais recentes de recenseamento realizado na Austrália, por exemplo, indicam que 30% da população se identifica como não tendo religião, e essa porcentagem vem crescendo. Pesquisas internacionais confirmam níveis comparativamente baixos de engajamento religioso na Europa ocidental e na Australásia. Mesmo nos Estados Unidos, há muito tempo motivo de constrangimento para a tese da secularização, a descrença está em alta. A porcentagem de ateus nos EUA chegou hoje ao pico (se é que "pico" é a palavra indicada) de cerca de 3%. Mesmo assim, globalmente falando, o número total de pessoas que se consideram religiosas permanece alto, e as tendências demográficas sugerem que o padrão global para o futuro imediato será de crescimento da religião. Mas essa não é a única falha da tese da secularização. AVANÇO DA CIÊNCIA Cientistas, intelectuais e cientistas sociais esperavam que o avanço da ciência moderna incentivaria a secularização –que a ciência seria uma força da secularização. Mas isso simplesmente não vem acontecendo. As características principais que as sociedades em que a religião continua forte têm em comum estão ligadas menos à ciência do que a sentimentos de segurança existencial e proteção contra algumas das incertezas fundamentais da vida, sob a forma de bens públicos. Uma rede de seguridade social pode estar correlacionada a avanços científicos, mas apenas de maneira fraca, e, mais uma vez, o caso dos Estados Unidos é instrutivo. Os EUA podem ser descritos como a sociedade científica e tecnologicamente mais avançada do mundo, mas, ao mesmo tempo, é a mais religiosa das sociedades ocidentais. Como concluiu o sociólogo britânico David Martin em "The Future of Christianity" (o futuro do cristianismo, 2011), "não existe uma relação consistente entre o grau de avanço científico e um perfil reduzido de influência de crenças e práticas religiosas". A história da ciência e da secularização torna-se ainda mais intrigante quando refletimos sobre as sociedades em que ocorreram reações importantes contra agendas secularistas. O primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru (1889-1964), defendeu ideais seculares e científicos e incluiu a educação científica no projeto de modernização do país. Nehru acreditava que as visões hindus de um passado védico e os sonhos muçulmanos de uma teocracia islâmica sucumbiriam diante do avanço histórico inexorável da secularização. "O tempo avança apenas em mão única", declarou. Mas, como atesta a subsequente ascensão dos fundamentalismos hindu e islâmico, Nehru se equivocou. Além disso, a vinculação da ciência com uma agenda de secularização teve efeito contrário ao desejado; uma das baixas colaterais da resistência ao secularismo foi a ciência. O caso da Turquia é ainda mais claro. Como a maioria dos nacionalistas pioneiros, Mustafá Kemal Ataturk, o fundador da república turca, foi um secularista engajado. Ele acreditava que a ciência estava destinada a tomar o lugar da religião. Para garantir que a Turquia se posicionasse do lado certo da história, ele deu à ciência, em especial à biologia evolutiva, uma posição central no sistema de ensino público da república turca nascente. O resultado disso foi que a evolução passou a ser associada a todo o programa político de Ataturk, incluindo o secularismo. Procurando contrariar os ideais secularistas dos fundadores da república, os partidos islâmicos turcos também vêm atacando o ensino do evolucionismo. Para eles, a teoria da evolução está ligada ao materialismo secular. Esse sentimento culminou em junho deste ano com a decisão de tirar o ensino da evolução do currículo colegial. Mais uma vez, a ciência virou vítima da culpa por associação. Os Estados Unidos representam um contexto cultural diferente, onde pode parecer que a questão crucial é um conflito entre as leituras literais do Livro de Gênesis e aspectos chaves da história da evolução. Na realidade, porém, boa parte do discurso criacionista trata de valores morais. Também no caso dos EUA, vemos o antievolucionismo sendo motivado, pelo menos em parte, pela ideia de que a teoria da evolução é um pretexto para a promoção do materialismo secular e seus valores. Como acontece na Índia e na Turquia, o secularismo está, na realidade, prejudicando a ciência. Para resumir, a secularização global não é inevitável, e, quando acontece, não é causada pela ciência. Além disso, quando se procura usar a ciência para promover o secularismo, os resultados podem prejudicar a ciência. A tese de que "a ciência causa secularização" não passa no teste empírico, e recrutar a ciência como instrumento de secularização é uma estratégia que deixa a desejar. A combinação de ciência e secularização é tão inapta que levanta a pergunta de por que alguém chegou a pensar que não fosse. Historicamente, duas fontes relacionadas promoveram a ideia de que a ciência tomaria o lugar da religião. Primeiro, as noções de progresso da história, em especial ligadas ao filósofo francês Auguste Comte, defendiam uma teoria segundo a qual as sociedades passam por três estágios –religioso, metafísico e científico (ou "positivo"). Comte cunhou o termo "sociologia" e queria reduzir a influência social da religião, substituindo-a por uma nova ciência da sociedade. A influência de Comte se estendeu aos "jovens turcos" e a Kemal Ataturk. Também no século 19 surgiu o "modelo conflitante" de ciência e religião. Era a ideia de que a história pode ser entendida em termos de um "conflito entre duas épocas na evolução do pensamento humano –a teológica e a científica". Essa descrição vem da influente obra "A History of the Warfare of Science with Theology in Christendom" (uma história da guerra da ciência com a teologia na cristandade, 1896), de Andrew Dickson White, cujo título resume bem a teoria geral do autor. A obra de White, assim como o anterior "History of the Conflict Between Religion and Science" (história do conflito entre religião e ciência, 1874), de John William Draper, firmou a tese do conflito como o modo padrão de encarar as relações históricas entre ciência e religião. As duas obras foram traduzidas para muitos idiomas. O livro de Draper teve mais de 50 tiragens apenas nos Estados Unidos, foi convertido para 20 línguas e virou best-seller na fase final do Império Otomano, onde contribuiu para a visão de Ataturk de que o progresso exigia que a ciência fosse ganhando ascendência sobre a religião. APOIO Hoje as pessoas sentem menos certeza de que a história avança rumo a um destino único, passando por uma série determinada de etapas. E, apesar da persistência popular da ideia de um conflito duradouro entre ciência e religião, a maioria dos historiadores da ciência não defende essa visão. Colisões renomadas, como o caso de Galileu, foram determinadas pela política e pelas personalidades envolvidas, não apenas pela ciência e pela religião. Darwin teve defensores religiosos importantes e detratores científicos, além de detratores religiosos e defensores científicos. Muitas outras supostas instâncias de conflito entre ciência e religião foram expostas como sendo pura invenção. Na realidade, contrariando o conflito, a norma histórica muitas vezes tem sido de apoio mútuo entre ciência e religião. Em seus anos formativos, no século 17, a ciência moderna dependeu da legitimação religiosa. Nos séculos 18 e 19, a teologia natural ajudou a popularizar a ciência. O modelo de conflito ciência-religião nos deu uma visão equivocada do passado e, quando somado a expectativas de secularização, levou a uma visão falha do futuro. A teoria da secularização fracassou como descrição e como previsão. A pergunta real é por que continuamos a nos deparar com proponentes do conflito entre ciência e religião. Muitos são cientistas renomados. Seria supérfluo repetir as reflexões de Richard Dawkins sobre esse tema, mas ele está longe de ser uma voz solitária. Stephen Hawking acha que "a ciência vai sair ganhando porque ela funciona"; Sam Harris declarou que "a ciência precisa destruir a religião"; Stephen Weinberg pensa que a ciência enfraqueceu as certezas religiosas; Colin Blakemore prevê que, com o tempo, a ciência acabará tornando a religião desnecessária. As evidências históricas não fundamentam essas alegações. Na realidade, sugerem que elas são equivocadas. Então por que elas persistem? As respostas são políticas. Deixando de lado qualquer apreço remanescente por visões oitocentistas ultrapassadas da história, precisamos pensar no medo do fundamentalismo islâmico, na rejeição ao criacionismo, na aversão às alianças entre a direita religiosa e a negação da mudança climática e nos temores de erosão da autoridade científica. Podemos nos solidarizar com essas preocupações, mas não há como disfarçar o fato de que elas nascem de uma intrusão indesejável de compromissos normativos na discussão. O pensamento fantasioso, pautado pelo que se deseja –esperar que a ciência seja vitoriosa sobre a religião– não substitui uma avaliação sóbria e refletida das realidades atuais. Levar essa defesa da causa da ciência adiante provavelmente terá efeito oposto ao pretendido. A religião não vai desaparecer no futuro próximo, e a ciência não vai destruí-la. Na realidade, é a ciência que sofre ameaças crescentes à sua autoridade e legitimidade social. Em vista disso, a ciência precisa de todos os aliados possíveis. Seus defensores fariam bem em parar de retratar a religião como sua inimiga ou de insistir que o único caminho para um futuro seguro está no casamento entre ciência e secularismo. PETER HARRISON é diretor do Instituto de Estudos Avançados de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de Queensland. Seu livro mais recente é "The Territories of Science and Religion" (2015), e sua coletânea editada "Narratives of Secularization" (2017) será publicada neste ano. Tradução de CLARA ALLAIN
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Veja 11 dicas de lojas para itens de cozinha, banheiro e revestimentos
JULIA BENVENUTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ARPÈGE A loja é especializada no comércio de artigos para a casa. Dá para encontrar cafeteiras, mixers, máquinas de macarrão, lixeiras, vasos e utensílios indispensáveis para a cozinha do dia a dia. Da nova coleção, a bandeja estampada, de 29x45 cm, sai por R$ 379. www.arpege.com.br. Al. dos Arapanés, 1.128, Moema, região sul, tel. 5055-0119. Seg. a sex.: 9h30 às 19h30. Sáb.: 9h30 às 18h30. Dom.: 10h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. c/ manob. grátis. CAMICADO Muito procurada por noivos para a criação da lista de presentes, a empresa possui uma boa variedade de produtos de casa, mesa e banho. Há facas da marca alemã Zwilling, aparelhos de jantar da Oxford e acessórios divertidos da Coca-Cola. Destaque para a máquina de expresso da Oster, que sai por R$ 499,90. www.camicado.com.br. Shopping Eldorado - Av. Rebouças, 3.970, 1ë piso, Pinheiros, região oeste, tel. 3587-8633. Seg. a sáb.: 10h às 22h. Dom.: 12h às 21h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. (R$ 12 p/ 2 h). COLORMIX Com mais de 950 itens em estoque, a marca oferece pastilhas variadas e que podem ser personalizadas de acordo com o desejo do cliente. Os modelos de vidro custam a partir de R$ 80 o metro quadrado. Também há opções de azulejos, seixos, porcelanatos e mármore. www.colormix.com.br. Av. Dracena, 523, Jaguaré, região oeste, tel. 3763-2410. Seg. a sex.: 10h às 16h. CC: AE, D, E, H, M e V. DOURAL Inaugurada no começo do século 20, a loja é um dos pontos tradicionais do comércio popular da cidade. Aqui tem de tudo: tapetes, roupas de cama, eletrodomésticos, acessórios para o churrasco e itens de utilidade doméstica da marca inglesa Joseph & Joseph e da brasileira Coza, entre outros produtos. www.doural.com.br. R. 25 de Março, 595, região central, tel. 3328-6228. Seg. a sex.: 7h45 às 18h15. Sáb.: 7h30 às 17h15. Dom.: 8h45 às 15h. CC: todos. KITCHENS Conhecida pelo design de suas cozinhas equipadas e luxuosas, a marca tem hoje 17 lojas no país. Uma das novidades na coleção, que comemora os 50 anos de existência da empresa, é a Concret. O acabamento consegue trazer o aspecto e a textura do concreto para as ilhas e armários de MDF. www.kitchens.com.br. Av. Brig. Faria Lima, 2.015, Jardim Paulistano, região sul, tel. 3030-1900. Seg., qua. e sex.: 9h às 18h30. Ter. e qui.: 9h às 20h. Sáb.: 9h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. c/ manob. grátis. METALBAGNO SPAZI A proposta da loja é oferecer todos os utensílios necessários para quem deseja transformar o banheiro de sua casa em um verdadeiro spa. As principais marcas comercializadas são Gessi, BathTime e Grohe, e os chuveiros custam a partir de R$ 99. Bacanas também são as duchas que economizam água e divertem o banho da criançada (R$ 120 a mais em conta). www.metalbagno.com.br. R. Joaquim Antunes, 70, Pinheiros, região oeste, tel. 3081-7006. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 10h às 19h. CC: D, M e V. Estac. grátis. PEPPER Para aqueles que decidem visitar o endereço, é praticamente impossível sair da loja sem um item que quebre com a monotonia da cozinha. O motivo: os acessórios culinários -como chaleiras, talheres e pratosÐ, que recebem acabamentos coloridos e joviais. Há panelas da Le Creuset (a partir de R$ 543) e também eletroportáteis da Kitchenaid. www.pepper.com.br. R. Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 753, Itaim Bibi, região oeste, tel. 3168-3369. Seg. a sex.: 9h às 20h. Sáb.: 9h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. PORTOBELLO SHOP Do Grupo Portobello, a marca é especializada na venda de revestimentos cerâmicos. Ao escolher o modelo desejado, o cliente conta ainda com uma simulação em 3D do seu projeto, assessoria técnica para medição do espaço que receberá o novo piso e acompanhamento da obra. www.portobello.com.br. R. Cerro Corá, 1.656, Vila Romana, região oeste, tel. 3022-3151. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 9h às 18h. Estac. grátis. TANIA BULHÕES Com três unidades na capital, a grife tem todos os acessórios necessários para vestir a mesa. O carro-chefe são as louças decoradas, e até mesmo os copos de uísque e as taças de vinho ganham adornos especiais. De porcelana, os conjuntos de xícaras seguem os formatos de flor de hibisco (R$ 350) e de folha de limão (R$ 329). www.taniabulhoes.com.br. R. Colombia, 182, Jardim América, região oeste, tel. 3087-0099. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. TENMAN-YA A loja de inspiração oriental oferece uma boa seleção de conjuntos de cerâmica para chás e saquê (a partir de R$ 20). A variedade é grande: são mais de 4.000 itens em estoque, e quase todas as mercadorias são importadas do Japão. www.tenmanya.com.br. R. dos Estudantes, 19, Sé, região central, tel. 3209-9960. Seg. a sáb.: 9h às 19h. Dom.: 9h40 às 18h. CC: Au, D, E, H, M, S e V. UTILPLAST Aqui você encontra utensílios para o dia a dia da casa. Os produtos são separados por seções como cozinha, banheiros, lavanderia, churrasco e organização. Confira a seleção de bolsas térmicas divertidas que podem acomodar o lanche do piquenique ou até garrafas de bebidas (os preços variam de R$ 95 a R$ 229). www.utilplast.com.br. Al. Lorena, 1.931, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3088-0862. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 18h. Dom.: 11h às 18h. CC: AE, Au, D, E, H, M e V. Estac. c/ manob. grátis.
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Veja 11 dicas de lojas para itens de cozinha, banheiro e revestimentosJULIA BENVENUTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ARPÈGE A loja é especializada no comércio de artigos para a casa. Dá para encontrar cafeteiras, mixers, máquinas de macarrão, lixeiras, vasos e utensílios indispensáveis para a cozinha do dia a dia. Da nova coleção, a bandeja estampada, de 29x45 cm, sai por R$ 379. www.arpege.com.br. Al. dos Arapanés, 1.128, Moema, região sul, tel. 5055-0119. Seg. a sex.: 9h30 às 19h30. Sáb.: 9h30 às 18h30. Dom.: 10h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. c/ manob. grátis. CAMICADO Muito procurada por noivos para a criação da lista de presentes, a empresa possui uma boa variedade de produtos de casa, mesa e banho. Há facas da marca alemã Zwilling, aparelhos de jantar da Oxford e acessórios divertidos da Coca-Cola. Destaque para a máquina de expresso da Oster, que sai por R$ 499,90. www.camicado.com.br. Shopping Eldorado - Av. Rebouças, 3.970, 1ë piso, Pinheiros, região oeste, tel. 3587-8633. Seg. a sáb.: 10h às 22h. Dom.: 12h às 21h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. (R$ 12 p/ 2 h). COLORMIX Com mais de 950 itens em estoque, a marca oferece pastilhas variadas e que podem ser personalizadas de acordo com o desejo do cliente. Os modelos de vidro custam a partir de R$ 80 o metro quadrado. Também há opções de azulejos, seixos, porcelanatos e mármore. www.colormix.com.br. Av. Dracena, 523, Jaguaré, região oeste, tel. 3763-2410. Seg. a sex.: 10h às 16h. CC: AE, D, E, H, M e V. DOURAL Inaugurada no começo do século 20, a loja é um dos pontos tradicionais do comércio popular da cidade. Aqui tem de tudo: tapetes, roupas de cama, eletrodomésticos, acessórios para o churrasco e itens de utilidade doméstica da marca inglesa Joseph & Joseph e da brasileira Coza, entre outros produtos. www.doural.com.br. R. 25 de Março, 595, região central, tel. 3328-6228. Seg. a sex.: 7h45 às 18h15. Sáb.: 7h30 às 17h15. Dom.: 8h45 às 15h. CC: todos. KITCHENS Conhecida pelo design de suas cozinhas equipadas e luxuosas, a marca tem hoje 17 lojas no país. Uma das novidades na coleção, que comemora os 50 anos de existência da empresa, é a Concret. O acabamento consegue trazer o aspecto e a textura do concreto para as ilhas e armários de MDF. www.kitchens.com.br. Av. Brig. Faria Lima, 2.015, Jardim Paulistano, região sul, tel. 3030-1900. Seg., qua. e sex.: 9h às 18h30. Ter. e qui.: 9h às 20h. Sáb.: 9h às 14h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. c/ manob. grátis. METALBAGNO SPAZI A proposta da loja é oferecer todos os utensílios necessários para quem deseja transformar o banheiro de sua casa em um verdadeiro spa. As principais marcas comercializadas são Gessi, BathTime e Grohe, e os chuveiros custam a partir de R$ 99. Bacanas também são as duchas que economizam água e divertem o banho da criançada (R$ 120 a mais em conta). www.metalbagno.com.br. R. Joaquim Antunes, 70, Pinheiros, região oeste, tel. 3081-7006. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 10h às 19h. CC: D, M e V. Estac. grátis. PEPPER Para aqueles que decidem visitar o endereço, é praticamente impossível sair da loja sem um item que quebre com a monotonia da cozinha. O motivo: os acessórios culinários -como chaleiras, talheres e pratosÐ, que recebem acabamentos coloridos e joviais. Há panelas da Le Creuset (a partir de R$ 543) e também eletroportáteis da Kitchenaid. www.pepper.com.br. R. Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 753, Itaim Bibi, região oeste, tel. 3168-3369. Seg. a sex.: 9h às 20h. Sáb.: 9h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. PORTOBELLO SHOP Do Grupo Portobello, a marca é especializada na venda de revestimentos cerâmicos. Ao escolher o modelo desejado, o cliente conta ainda com uma simulação em 3D do seu projeto, assessoria técnica para medição do espaço que receberá o novo piso e acompanhamento da obra. www.portobello.com.br. R. Cerro Corá, 1.656, Vila Romana, região oeste, tel. 3022-3151. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 9h às 18h. Estac. grátis. TANIA BULHÕES Com três unidades na capital, a grife tem todos os acessórios necessários para vestir a mesa. O carro-chefe são as louças decoradas, e até mesmo os copos de uísque e as taças de vinho ganham adornos especiais. De porcelana, os conjuntos de xícaras seguem os formatos de flor de hibisco (R$ 350) e de folha de limão (R$ 329). www.taniabulhoes.com.br. R. Colombia, 182, Jardim América, região oeste, tel. 3087-0099. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 18h. CC: AE, D, E, M e V. Estac. grátis. TENMAN-YA A loja de inspiração oriental oferece uma boa seleção de conjuntos de cerâmica para chás e saquê (a partir de R$ 20). A variedade é grande: são mais de 4.000 itens em estoque, e quase todas as mercadorias são importadas do Japão. www.tenmanya.com.br. R. dos Estudantes, 19, Sé, região central, tel. 3209-9960. Seg. a sáb.: 9h às 19h. Dom.: 9h40 às 18h. CC: Au, D, E, H, M, S e V. UTILPLAST Aqui você encontra utensílios para o dia a dia da casa. Os produtos são separados por seções como cozinha, banheiros, lavanderia, churrasco e organização. Confira a seleção de bolsas térmicas divertidas que podem acomodar o lanche do piquenique ou até garrafas de bebidas (os preços variam de R$ 95 a R$ 229). www.utilplast.com.br. Al. Lorena, 1.931, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3088-0862. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 18h. Dom.: 11h às 18h. CC: AE, Au, D, E, H, M e V. Estac. c/ manob. grátis.
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Idis lança guia e curso sobre medição do impacto social
Para auxiliar organizações do terceiro setor a medirem seu impacto, o Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) lança o guia Social Return on Investment (SROI) e um curso em parceria com Insper, na sexta-feira (2). O guia, em português e on-line, ensina uma recente metodologia de avaliação de impacto, que permite medir, e monetizar, os impactos dos trabalhos e ações desenvolvidas e ajustar estratégias futuras de acordo com os resultados obtidos. Essa monetização dos resultados auxilia os investidores sociais a compreenderem melhor o retorno trazido pelas iniciativas que apoiam e os ajuda a selecionar projetos nos quais pretendem investir. Além da publicação do guia e do relatório da primeira aplicação do SROI no Brasil, o Idis, parceiro do Prêmio Empreendedor Social, lança o curso Mensuração de Impacto Social. Em uma parceria com o Insper, o objetivo é fazer o aluno compreender os processos que compõem a avaliação de impacto social, conhecendo a diversidade de metodologias, além de saber escolher a mais adequada para cada caso. Lançamento do curso Mensuração de Impacto Social e do Guia Social Return on Investment - Insper - rua Quatá, 300, Vila Olímpia, São Paulo, SP. Sex. (2): das 9h30 às 11h. GRÁTIS
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Idis lança guia e curso sobre medição do impacto socialPara auxiliar organizações do terceiro setor a medirem seu impacto, o Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) lança o guia Social Return on Investment (SROI) e um curso em parceria com Insper, na sexta-feira (2). O guia, em português e on-line, ensina uma recente metodologia de avaliação de impacto, que permite medir, e monetizar, os impactos dos trabalhos e ações desenvolvidas e ajustar estratégias futuras de acordo com os resultados obtidos. Essa monetização dos resultados auxilia os investidores sociais a compreenderem melhor o retorno trazido pelas iniciativas que apoiam e os ajuda a selecionar projetos nos quais pretendem investir. Além da publicação do guia e do relatório da primeira aplicação do SROI no Brasil, o Idis, parceiro do Prêmio Empreendedor Social, lança o curso Mensuração de Impacto Social. Em uma parceria com o Insper, o objetivo é fazer o aluno compreender os processos que compõem a avaliação de impacto social, conhecendo a diversidade de metodologias, além de saber escolher a mais adequada para cada caso. Lançamento do curso Mensuração de Impacto Social e do Guia Social Return on Investment - Insper - rua Quatá, 300, Vila Olímpia, São Paulo, SP. Sex. (2): das 9h30 às 11h. GRÁTIS
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Perguntas para lembrar senhas na web não funcionam, diz pesquisa do Google
"Qual é o nome do seu animal de estimação?", "qual a sua comida preferida?", "qual é o nome do meio do seu pai?". Essas são típicas perguntas de sistema segurança –aquelas usadas por serviços on-line para ajudar o usuário a recuperar acesso a uma conta, caso tenha esquecido sua senha. Essas perguntas funcionam também como uma camada extra de segurança contra logins suspeitos. Mas qual é a eficácia delas? De acordo com uma pesquisa feita pelo Google, elas não funcionam tão bem quanto deveriam. Elie Bursztein, chefe de pesquisa antiabuso, e Ilan Caron, engenheiro de software da companhia de buscas, analisaram milhares de perguntas e respostas secretas para tentar descobrir se elas realmente são seguras. Os pesquisadores concluíram que as perguntas secretas não são confiáveis nem seguras o suficiente para serem usadas como o único mecanismo de recuperação de conta. Isso porque as respostas para essas perguntas normalmente são fáceis de lembrar. A análise mostrou que o problema das perguntas são as respostas. Quando elas são fáceis demais, não são seguras. Mas, quando são mais complexas o usuário não consegue se lembrar e recuperar sua conta. RESPOSTAS FÁCEIS Segundo Bursztein e Caron, o problema das respostas mais fáceis é que elas costumam conter informações públicas ou fazem parte de um conjunto pequeno de respostas possíveis por questões culturais (por exemplo, um sobrenome comum em certos países). Fazendo a análise de dados, os pesquisadores descobriram que, com apenas um chute, um hacker teria 19,7% de chance de adivinhar a resposta para "qual é sua comida favorita" de falantes de língua inglesa –que seria pizza. Já para falantes de coreano, um hacker teria 39% de descobrir com dez tentativas a resposta para a mesma pergunta. Com dez palpites, um invasor teria probabilidade de 21% de acertar "qual é nome do meio do seu pai?" para falantes de espanhol. Os pesquisadores também descobriram que muitos usuários tinham respostas idênticas para perguntas mais difíceis –e que passam a impressão de serem mais seguras– como "qual seu telefone?". Mais de 37% das pessoas dá respostas propositalmente falsas para esse tipo de pergunta achando que será mais difícil de adivinhar, quando, na verdade, acabam dando a mesma resposta falsa. RESPOSTAS DIFÍCEIS O problema é óbvio: elas não fáceis de lembrar. A pesquisa mostra que 40% dos norte-americanos não conseguia se lembrar desse tipo de resposta ao tentar recuperar sua conta. A resposta para "qual é o número do seu cartão da biblioteca?", que parece ser uma pergunta segura, só foi lembrada em 22% dos casos. Já uma pergunta mais fácil como "qual o nome do meio do seu pai?" teve uma taxa de lembrança de 76%. Leia pesquisa completa, em inglês, aqui.
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Perguntas para lembrar senhas na web não funcionam, diz pesquisa do Google"Qual é o nome do seu animal de estimação?", "qual a sua comida preferida?", "qual é o nome do meio do seu pai?". Essas são típicas perguntas de sistema segurança –aquelas usadas por serviços on-line para ajudar o usuário a recuperar acesso a uma conta, caso tenha esquecido sua senha. Essas perguntas funcionam também como uma camada extra de segurança contra logins suspeitos. Mas qual é a eficácia delas? De acordo com uma pesquisa feita pelo Google, elas não funcionam tão bem quanto deveriam. Elie Bursztein, chefe de pesquisa antiabuso, e Ilan Caron, engenheiro de software da companhia de buscas, analisaram milhares de perguntas e respostas secretas para tentar descobrir se elas realmente são seguras. Os pesquisadores concluíram que as perguntas secretas não são confiáveis nem seguras o suficiente para serem usadas como o único mecanismo de recuperação de conta. Isso porque as respostas para essas perguntas normalmente são fáceis de lembrar. A análise mostrou que o problema das perguntas são as respostas. Quando elas são fáceis demais, não são seguras. Mas, quando são mais complexas o usuário não consegue se lembrar e recuperar sua conta. RESPOSTAS FÁCEIS Segundo Bursztein e Caron, o problema das respostas mais fáceis é que elas costumam conter informações públicas ou fazem parte de um conjunto pequeno de respostas possíveis por questões culturais (por exemplo, um sobrenome comum em certos países). Fazendo a análise de dados, os pesquisadores descobriram que, com apenas um chute, um hacker teria 19,7% de chance de adivinhar a resposta para "qual é sua comida favorita" de falantes de língua inglesa –que seria pizza. Já para falantes de coreano, um hacker teria 39% de descobrir com dez tentativas a resposta para a mesma pergunta. Com dez palpites, um invasor teria probabilidade de 21% de acertar "qual é nome do meio do seu pai?" para falantes de espanhol. Os pesquisadores também descobriram que muitos usuários tinham respostas idênticas para perguntas mais difíceis –e que passam a impressão de serem mais seguras– como "qual seu telefone?". Mais de 37% das pessoas dá respostas propositalmente falsas para esse tipo de pergunta achando que será mais difícil de adivinhar, quando, na verdade, acabam dando a mesma resposta falsa. RESPOSTAS DIFÍCEIS O problema é óbvio: elas não fáceis de lembrar. A pesquisa mostra que 40% dos norte-americanos não conseguia se lembrar desse tipo de resposta ao tentar recuperar sua conta. A resposta para "qual é o número do seu cartão da biblioteca?", que parece ser uma pergunta segura, só foi lembrada em 22% dos casos. Já uma pergunta mais fácil como "qual o nome do meio do seu pai?" teve uma taxa de lembrança de 76%. Leia pesquisa completa, em inglês, aqui.
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Com dívidas e escassez, Venezuela anuncia novas regras de câmbio
Pressionada pela falta de dólares, a Venezuela anunciou novas regras de câmbio no país, incluindo a fusão de duas taxas oficiais e a criação de uma cotação livre para aliviar o controle cambial em vigor há 12 anos. A manobra, amplamente vista como desvalorização da moeda nacional (bolívar), é parte do esforço para tentar equilibrar as finanças estatais e atenuar o desabastecimento e as filas que geram crescente tensão social. O ministro das Finanças, Rodolfo Marco Torres, disse que a "Gaceta Oficial" registrará nesta quarta (11) as alterações no sistema. A atual taxa preferencial de 6,30 bolívares por dólar será mantida para a importação de alimentos, medicamentos e algumas matérias primas. Segundo Marco Torres, esta cotação, altamente subsidiada, atenderá "70% das necessidades econômicas." As duas taxas até então chamadas de Sicad 1 e 2 serão fundidas num patamar de 12 bolívares por dólar, que atenderá o restante das operações de comércio exterior. A novidade é a criação de uma cotação batizada de Sistema Marginal de Divisas (Simadi). Segundo o ministro, a taxa será definida em função da oferta e da demanda. As operações ficarão a cargo de casas de câmbio, corretoras e bancos. Somente poderão beneficiar-se do sistema pessoas físicas e jurídicas que tiverem conta em dólar em bancos venezuelanos. Segundo a agência Reuters, a cotação inicial do Simadi deverá girar em torno de 120 bolívares por dólar. Na cotação paralela de terça, um dólar valia cerca de 185 bolívares. CÂMBIO DE MERCADO? Marco Torres prometeu que o Simadi será "totalmente livre", mas analistas duvidam que a cotação obedeça exclusivamente ao mercado. "Acho que será um sistema com flutuação, que restringirá participantes e não impedirá que siga existindo um mercado paralelo", disse o economista Orlando Ochoa. A exemplo de outros analistas, Ochoa prevê que as medidas não aliviarão a pressão sobre o governo e poderão acirrar ainda mais a inflação de 64%, um dos males responsáveis pela baixa popularidade do presidente Nicolás Maduro (22%). A aposta do governo num câmbio mais flexível, porém, parece ser uma tentativa de maximizar a arrecadação proveniente das exportações de petróleo, responsáveis por 96% dos dólares no país. Em meio à degringolada dos preços petroleiros devido a uma farta oferta, o barril venezuelano perdeu mais da metade do valor desde junho. A queda na arrecadação de dólares agrava um desabastecimento que é, em boa parte, fruto dos controles de preços e de câmbio e dos ataques ao sistema produtivo privado iniciados na presidência de Hugo Chávez (1999-2013). Desde a virada do ano, a escassez de leite, medicamentos e produtos de higiene doméstica chegou a níveis críticos. A este cenário somam-se deficit fiscal e colossais dívidas com a China e com os mercados financeiros. Torres também anunciou que o governo reembolsará nas próximas semanas mais US$ 2 bilhões em títulos da dívida venezuelana, que supera US$ 9 bilhões.
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Com dívidas e escassez, Venezuela anuncia novas regras de câmbioPressionada pela falta de dólares, a Venezuela anunciou novas regras de câmbio no país, incluindo a fusão de duas taxas oficiais e a criação de uma cotação livre para aliviar o controle cambial em vigor há 12 anos. A manobra, amplamente vista como desvalorização da moeda nacional (bolívar), é parte do esforço para tentar equilibrar as finanças estatais e atenuar o desabastecimento e as filas que geram crescente tensão social. O ministro das Finanças, Rodolfo Marco Torres, disse que a "Gaceta Oficial" registrará nesta quarta (11) as alterações no sistema. A atual taxa preferencial de 6,30 bolívares por dólar será mantida para a importação de alimentos, medicamentos e algumas matérias primas. Segundo Marco Torres, esta cotação, altamente subsidiada, atenderá "70% das necessidades econômicas." As duas taxas até então chamadas de Sicad 1 e 2 serão fundidas num patamar de 12 bolívares por dólar, que atenderá o restante das operações de comércio exterior. A novidade é a criação de uma cotação batizada de Sistema Marginal de Divisas (Simadi). Segundo o ministro, a taxa será definida em função da oferta e da demanda. As operações ficarão a cargo de casas de câmbio, corretoras e bancos. Somente poderão beneficiar-se do sistema pessoas físicas e jurídicas que tiverem conta em dólar em bancos venezuelanos. Segundo a agência Reuters, a cotação inicial do Simadi deverá girar em torno de 120 bolívares por dólar. Na cotação paralela de terça, um dólar valia cerca de 185 bolívares. CÂMBIO DE MERCADO? Marco Torres prometeu que o Simadi será "totalmente livre", mas analistas duvidam que a cotação obedeça exclusivamente ao mercado. "Acho que será um sistema com flutuação, que restringirá participantes e não impedirá que siga existindo um mercado paralelo", disse o economista Orlando Ochoa. A exemplo de outros analistas, Ochoa prevê que as medidas não aliviarão a pressão sobre o governo e poderão acirrar ainda mais a inflação de 64%, um dos males responsáveis pela baixa popularidade do presidente Nicolás Maduro (22%). A aposta do governo num câmbio mais flexível, porém, parece ser uma tentativa de maximizar a arrecadação proveniente das exportações de petróleo, responsáveis por 96% dos dólares no país. Em meio à degringolada dos preços petroleiros devido a uma farta oferta, o barril venezuelano perdeu mais da metade do valor desde junho. A queda na arrecadação de dólares agrava um desabastecimento que é, em boa parte, fruto dos controles de preços e de câmbio e dos ataques ao sistema produtivo privado iniciados na presidência de Hugo Chávez (1999-2013). Desde a virada do ano, a escassez de leite, medicamentos e produtos de higiene doméstica chegou a níveis críticos. A este cenário somam-se deficit fiscal e colossais dívidas com a China e com os mercados financeiros. Torres também anunciou que o governo reembolsará nas próximas semanas mais US$ 2 bilhões em títulos da dívida venezuelana, que supera US$ 9 bilhões.
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Valor pago pelo FBI para desbloquear iPhone de atirador seria de US$ 1,3 mi
James Comey, diretor do FBI, afirmou nesta quinta-feira (21) que a polícia federal norte-americana pagou mais para acessar o iPhone de um dos terroristas de San Bernadino do que ele irá receber nos sete anos e quatro meses que ele ainda tem no cargo. Segundo funcionários do FBI e do Escritório de Administração e Orçamento dos EUA, o salário anual de Comey a partir de janeiro de 2015 era de US$ 183,3 mil (cerca de R$ 650,6 mil). Sem aumento ou bônus, o diretor irá embolsar US$ 1,34 milhão até o fim de seu trabalho na agência. O valor sugere que esta tenha sido a maior taxa já paga pelo FBI para serviços de 'hackeamento', ultrapassando o montante de US$ 1 milhão repassado à empresa norte-americana de segurança da informação Zerodium para invadir dados de telefones. Durante o fórum Aspen Security, em Londres, Comey foi perguntado por um moderador quanto o FBI havia pago pelo software que supostamente deu acesso ao iPhone de Rizwan Farook, um dos dois atiradores que matou 14 pessoas em um centro comunitário de San Bernardino, em dezembro, considerado o pior atentado em solo americano desde o 11 de Setembro. O Departamento de Justiça anunciou em março que conseguiu desbloquear o aparelho celular com a ajuda de hackers profissionais não identificados, o que fez com que o órgão abandonasse a batalha judicial contra a Apple. A decisão deu fim a um polêmico confronto legal, mas deixou uma disputa sobre criptografia sem solução. A Apple se recusa a forçar o acesso ao telefone, afirmando que o novo software seria um grave risco à privacidade do usuário. Várias lideranças do mercado de tecnologia apoiaram a posição da empresa. Comey diz que o FBI aproveitará a tecnologia usada no aparelho do caso de San Bernadino em outros iPhones 5C que utilizam o sistema operacional iOS 9. Há cerca de 16 milhões de iPhones 5C em uso nos Estados Unidos, de acordo com estimativas da empresa de pesquisas IHS Technology. Segundo a Apple, 84% dos aparelhos com sistema iOS usam o software iOS 9. De acordo com o jornal americano "Washington Post", os hackers identificaram uma falha até então desconhecida do software do telefone. Com essa informação em mãos, foi criada uma peça de hardware que ajudou o FBI a burlar a senha de quatro dígitos do telefone sem disparar uma ferramenta que apagaria toda a informação armazenada no aparelho após sucessivas tentativas fracassadas.
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Valor pago pelo FBI para desbloquear iPhone de atirador seria de US$ 1,3 miJames Comey, diretor do FBI, afirmou nesta quinta-feira (21) que a polícia federal norte-americana pagou mais para acessar o iPhone de um dos terroristas de San Bernadino do que ele irá receber nos sete anos e quatro meses que ele ainda tem no cargo. Segundo funcionários do FBI e do Escritório de Administração e Orçamento dos EUA, o salário anual de Comey a partir de janeiro de 2015 era de US$ 183,3 mil (cerca de R$ 650,6 mil). Sem aumento ou bônus, o diretor irá embolsar US$ 1,34 milhão até o fim de seu trabalho na agência. O valor sugere que esta tenha sido a maior taxa já paga pelo FBI para serviços de 'hackeamento', ultrapassando o montante de US$ 1 milhão repassado à empresa norte-americana de segurança da informação Zerodium para invadir dados de telefones. Durante o fórum Aspen Security, em Londres, Comey foi perguntado por um moderador quanto o FBI havia pago pelo software que supostamente deu acesso ao iPhone de Rizwan Farook, um dos dois atiradores que matou 14 pessoas em um centro comunitário de San Bernardino, em dezembro, considerado o pior atentado em solo americano desde o 11 de Setembro. O Departamento de Justiça anunciou em março que conseguiu desbloquear o aparelho celular com a ajuda de hackers profissionais não identificados, o que fez com que o órgão abandonasse a batalha judicial contra a Apple. A decisão deu fim a um polêmico confronto legal, mas deixou uma disputa sobre criptografia sem solução. A Apple se recusa a forçar o acesso ao telefone, afirmando que o novo software seria um grave risco à privacidade do usuário. Várias lideranças do mercado de tecnologia apoiaram a posição da empresa. Comey diz que o FBI aproveitará a tecnologia usada no aparelho do caso de San Bernadino em outros iPhones 5C que utilizam o sistema operacional iOS 9. Há cerca de 16 milhões de iPhones 5C em uso nos Estados Unidos, de acordo com estimativas da empresa de pesquisas IHS Technology. Segundo a Apple, 84% dos aparelhos com sistema iOS usam o software iOS 9. De acordo com o jornal americano "Washington Post", os hackers identificaram uma falha até então desconhecida do software do telefone. Com essa informação em mãos, foi criada uma peça de hardware que ajudou o FBI a burlar a senha de quatro dígitos do telefone sem disparar uma ferramenta que apagaria toda a informação armazenada no aparelho após sucessivas tentativas fracassadas.
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8 dicas para evitar a inadimplência na compra do carro
A crise econômica elevou a retomada de veículos por inadimplência neste ano, afirmam as empresas de recuperação de crédito, que têm sido pressionadas pelos bancos para apertar a cobrança. No entanto, ainda que o comprador esteja em dificuldades, ele tem mais chances de renegociar o financiamento. "Os bancos e as financeiras têm muito mais interesse em renegociar a dívida do que receber de volta o carro já usado e desvalorizado. Há espaço para negociar", diz Renata Reis, coordenadora de atendimento da Fundação Procon SP. Leia abaixo das dicas do Procon SP e do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) para não perder o carro novo. Sim. O financiador tem permissão legal para ingressar com ação de busca e apreensão do veículo em casos de atraso no pagamento de uma única prestação. Para isso, basta que ele envie uma carta com aviso de recebimento Entre em contato com a empresa para saber qual será a tolerância para ingresso com a ação de busca e apreensão e as possibilidades de acordo Não necessariamente. O veículo recolhido vai a leilão e se for vendido a um valor menor do que o da dívida, o devedor ainda precisará pagar a diferença para o agente financeiro Neste caso, o devedor tem direito de receber a diferença do preço de venda e das dívidas quitadas Sim. Com a crise, empresas de recuperação de crédito têm conseguido diminuir as taxas juros e ampliar prazo para quitar atrasos O prazo depende de cada contrato. Passado o prazo estipulado no documento, o consumidor pode ter seu nome incluso em cadastros como o da Serasa e do SPC, dependendo do prazo estabelecido em cada contrato A empresa pode telefonar, para o trabalho ou casa do devedor ou enviar correspondência, mas não pode telefonar com insistência ou interferir no trabalho ou lazer ou descanso dele Mesmo que a empresa ligue para a casa ou o trabalho do devedor, ela não pode deixar que terceiros (como chefe, ou familiares) saibam do valor da dívida e de detalhes que exponham o consumidor - Nunca comprometa mais do que 30% do orçamento com o financiamento - Procure o credor antes da prestação vencer, assim que perceber que não vai poder pagar a dívida - Renegocie as taxas de juros e estude a portabilidade do débito para um banco que ofereça condições melhores
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8 dicas para evitar a inadimplência na compra do carroA crise econômica elevou a retomada de veículos por inadimplência neste ano, afirmam as empresas de recuperação de crédito, que têm sido pressionadas pelos bancos para apertar a cobrança. No entanto, ainda que o comprador esteja em dificuldades, ele tem mais chances de renegociar o financiamento. "Os bancos e as financeiras têm muito mais interesse em renegociar a dívida do que receber de volta o carro já usado e desvalorizado. Há espaço para negociar", diz Renata Reis, coordenadora de atendimento da Fundação Procon SP. Leia abaixo das dicas do Procon SP e do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) para não perder o carro novo. Sim. O financiador tem permissão legal para ingressar com ação de busca e apreensão do veículo em casos de atraso no pagamento de uma única prestação. Para isso, basta que ele envie uma carta com aviso de recebimento Entre em contato com a empresa para saber qual será a tolerância para ingresso com a ação de busca e apreensão e as possibilidades de acordo Não necessariamente. O veículo recolhido vai a leilão e se for vendido a um valor menor do que o da dívida, o devedor ainda precisará pagar a diferença para o agente financeiro Neste caso, o devedor tem direito de receber a diferença do preço de venda e das dívidas quitadas Sim. Com a crise, empresas de recuperação de crédito têm conseguido diminuir as taxas juros e ampliar prazo para quitar atrasos O prazo depende de cada contrato. Passado o prazo estipulado no documento, o consumidor pode ter seu nome incluso em cadastros como o da Serasa e do SPC, dependendo do prazo estabelecido em cada contrato A empresa pode telefonar, para o trabalho ou casa do devedor ou enviar correspondência, mas não pode telefonar com insistência ou interferir no trabalho ou lazer ou descanso dele Mesmo que a empresa ligue para a casa ou o trabalho do devedor, ela não pode deixar que terceiros (como chefe, ou familiares) saibam do valor da dívida e de detalhes que exponham o consumidor - Nunca comprometa mais do que 30% do orçamento com o financiamento - Procure o credor antes da prestação vencer, assim que perceber que não vai poder pagar a dívida - Renegocie as taxas de juros e estude a portabilidade do débito para um banco que ofereça condições melhores
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Nelson Felix no Rio, Osesp toca Gabriel Fauré e mais 5 indicações culturais
EXPOSIÇÃO | A MATÉRIA DA COR A mostra coletiva reúne obras de 13 artistas que fizeram da cor seu principal tema, como Josef Albers (1888-1976), Yves Klein (1928-62), Arthur Luiz Piza (São Paulo, 1928) e Sonia Delaunay (1885-1979). galeria Raquel Arnaud | tel. (11) 3083-6322 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 12h às 16h | grátis | última semana EXPOSIÇÃO | NELSON FELIX "Trilha para 2 Lugares e Trilha para 2 Lugares" é a quarta e última parte da série "O Método Poético para Descontrole de Localidade", que o artista carioca (1954) começou em 1984. Felix visitou Citera, na Grécia, e Santa Rosa, na Argentina, escolhidos ao acaso com um dado sobre o mapa-múndi, e a partir daí surgiram a instalação montada no prédio do museu e os vídeos ali exibidos. Museu de Arte Moderna do Rio | tel. (21) 3883-5600 | de ter. a sex., das 12h às 18h; sáb. e dom., das 11h às 18h | R$ 14 (grátis às quartas) | até 4/6 * CINEMA | JERZY SKOLIMOWSKI A mostra dedicada ao cineasta polonês de 79 anos exibe 19 de seus filmes, entre os quais "Essential Killing", sobre um membro do Taleban em fuga e que deu a Vincent Gallo o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza em 2010. Há também "A Partida", de 1967, com Jean-Pierre Léaud no papel de um cabeleireiro amante de carros. Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 | culturabancodobrasil.com.br | R$ 10 | até 12/6 Veja o trailer de "Essential Killing" EXPOSIÇÃO | NAZARENO Em "A Experiência Geográfica", com curadoria de Paulo Kassab Jr., o artista paulistano apresenta 12 desenhos e quatro objetos sobre a relação entre o homem e o espaço desenhado pela geografia. galeria Lume | tel. (11) 4883-0351 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | última semana TEATRO | UBU REI Marco Nanini e Rosi Campos encenam a peça do francês Alfred Jarry (1873-1907), paródia de "Macbeth" que estreou em 1896. Considerado ofensivo à época, o texto foi precursor do teatro do absurdo, do surrealismo e do dadaísmo. Sesc Pinheiros | tel. (11) 3095-9400 | qui., sex. e sáb., às 21h; dom. e feriados, às 18h | R$ 50 | até 25/6 * MÚSICA | GABRIEL FAURÉ A Osesp, sob regência do britânico Neil Thomson e com a alemã Viviane Hagner no violino, apresenta o "Réquiem op. 48" do compositor francês (1845-1924), além do "Concerto para Violino" da compositora sul-coreana Unsuk Chin (1961). Sala São Paulo | tel. (11) 3367-9500 | qui. (25), sex. (26), às 21h, e sáb. (27), às 16h30 | de R$ 55 a R$ 213 Ouça no spotify Ouça no spotify DANÇA/CINEMA | RESET O documentário de Thierry Demaizière e Alban Teurlai acompanha o trabalho do bailarino Benjamin Millepied para uma nova coreografia do balé da Ópera de Paris. estreia no circuito dia 25/6 Veja o trailer do filme
ilustrissima
Nelson Felix no Rio, Osesp toca Gabriel Fauré e mais 5 indicações culturaisEXPOSIÇÃO | A MATÉRIA DA COR A mostra coletiva reúne obras de 13 artistas que fizeram da cor seu principal tema, como Josef Albers (1888-1976), Yves Klein (1928-62), Arthur Luiz Piza (São Paulo, 1928) e Sonia Delaunay (1885-1979). galeria Raquel Arnaud | tel. (11) 3083-6322 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 12h às 16h | grátis | última semana EXPOSIÇÃO | NELSON FELIX "Trilha para 2 Lugares e Trilha para 2 Lugares" é a quarta e última parte da série "O Método Poético para Descontrole de Localidade", que o artista carioca (1954) começou em 1984. Felix visitou Citera, na Grécia, e Santa Rosa, na Argentina, escolhidos ao acaso com um dado sobre o mapa-múndi, e a partir daí surgiram a instalação montada no prédio do museu e os vídeos ali exibidos. Museu de Arte Moderna do Rio | tel. (21) 3883-5600 | de ter. a sex., das 12h às 18h; sáb. e dom., das 11h às 18h | R$ 14 (grátis às quartas) | até 4/6 * CINEMA | JERZY SKOLIMOWSKI A mostra dedicada ao cineasta polonês de 79 anos exibe 19 de seus filmes, entre os quais "Essential Killing", sobre um membro do Taleban em fuga e que deu a Vincent Gallo o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza em 2010. Há também "A Partida", de 1967, com Jean-Pierre Léaud no papel de um cabeleireiro amante de carros. Centro Cultural Banco do Brasil | tel. (11) 3113-3651 | culturabancodobrasil.com.br | R$ 10 | até 12/6 Veja o trailer de "Essential Killing" EXPOSIÇÃO | NAZARENO Em "A Experiência Geográfica", com curadoria de Paulo Kassab Jr., o artista paulistano apresenta 12 desenhos e quatro objetos sobre a relação entre o homem e o espaço desenhado pela geografia. galeria Lume | tel. (11) 4883-0351 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | última semana TEATRO | UBU REI Marco Nanini e Rosi Campos encenam a peça do francês Alfred Jarry (1873-1907), paródia de "Macbeth" que estreou em 1896. Considerado ofensivo à época, o texto foi precursor do teatro do absurdo, do surrealismo e do dadaísmo. Sesc Pinheiros | tel. (11) 3095-9400 | qui., sex. e sáb., às 21h; dom. e feriados, às 18h | R$ 50 | até 25/6 * MÚSICA | GABRIEL FAURÉ A Osesp, sob regência do britânico Neil Thomson e com a alemã Viviane Hagner no violino, apresenta o "Réquiem op. 48" do compositor francês (1845-1924), além do "Concerto para Violino" da compositora sul-coreana Unsuk Chin (1961). Sala São Paulo | tel. (11) 3367-9500 | qui. (25), sex. (26), às 21h, e sáb. (27), às 16h30 | de R$ 55 a R$ 213 Ouça no spotify Ouça no spotify DANÇA/CINEMA | RESET O documentário de Thierry Demaizière e Alban Teurlai acompanha o trabalho do bailarino Benjamin Millepied para uma nova coreografia do balé da Ópera de Paris. estreia no circuito dia 25/6 Veja o trailer do filme
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Já viu urso falar com meia? Leia essa conversa na série Que Papo É Este?
A série da "Folhinha" Que Papo É Este? traz diálogos inusitados: Barata já falou com aspirador, e até a morte já conversou com uma flor. Em 2013, mais de 460 crianças participaram de um concurso inspirado nos textos de Gilles Eduar. Agora é a vez do urso e da meia. O urso e a meia de aviãozinho - Buá, buá, buááá! - Ei, ursinho, não tenha medo. - Buáá... quem... buá, quem é você? - Sou a meia de aviãozinho. - Não vejo nada. - É, debaixo da cama é muito escuro. - Tenho medo do escuro... - Você vai se acostumar. - Não, não vou, buá, buáá... - Vai sim, estou aqui há meses. - Buáááááááááááá! - Olhe, a mão do Matheus! - Ele está me procurando! - Você já vai embora, ursinho?!!! - Venha comigo, meia. - Não, vou ficar por aqui. - Isso é insensato. - Melhor que a escuridão apertada de um sapato.
folhinha
Já viu urso falar com meia? Leia essa conversa na série Que Papo É Este?A série da "Folhinha" Que Papo É Este? traz diálogos inusitados: Barata já falou com aspirador, e até a morte já conversou com uma flor. Em 2013, mais de 460 crianças participaram de um concurso inspirado nos textos de Gilles Eduar. Agora é a vez do urso e da meia. O urso e a meia de aviãozinho - Buá, buá, buááá! - Ei, ursinho, não tenha medo. - Buáá... quem... buá, quem é você? - Sou a meia de aviãozinho. - Não vejo nada. - É, debaixo da cama é muito escuro. - Tenho medo do escuro... - Você vai se acostumar. - Não, não vou, buá, buáá... - Vai sim, estou aqui há meses. - Buáááááááááááá! - Olhe, a mão do Matheus! - Ele está me procurando! - Você já vai embora, ursinho?!!! - Venha comigo, meia. - Não, vou ficar por aqui. - Isso é insensato. - Melhor que a escuridão apertada de um sapato.
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Aprenda a fazer pequenos reparos e veja dicas para se dar bem na reforma
DE SÃO PAULO Em tempos de crise, vale tudo para economizar na reforma. Pensando nisso, a sãopaulo reuniu algumas dicas de planejamento e, também, de pequenos serviços que podem ser realizados no estilo 'Faça Você Mesmo'. Para não extrapolar o seu orçamento com a obra e evitar dores de cabeça, especialistas explicam o passo a passo da reforma. Da calha ao taco, saiba quais cuidados tomar para não ter que gastar mais dinheiro com consertos antes e durante a quebradeira. Trocar as lâmpadas incandescentes pelas de LED, aproveitar a água da chuva e optar por materiais duráveis são apenas algumas adaptações que podem ser feitas em casa para reduzir as contas no fim do mês e, de quebra, ajudar o meio ambiente. Economize na mão de obra e se arrisque a fazer alguns reparos como instalar um chuveiro e trocar torneiras. Seja o seu próprio decorador e aprenda a aplicar o papel de parede e até pintar a casa do seu jeito. Mora em apartamento e quer ter uma cantinho para cultivar tomate, manjericão e afins? Saiba como criar uma horta e os cuidados básicos com cada plantinha.
saopaulo
Aprenda a fazer pequenos reparos e veja dicas para se dar bem na reformaDE SÃO PAULO Em tempos de crise, vale tudo para economizar na reforma. Pensando nisso, a sãopaulo reuniu algumas dicas de planejamento e, também, de pequenos serviços que podem ser realizados no estilo 'Faça Você Mesmo'. Para não extrapolar o seu orçamento com a obra e evitar dores de cabeça, especialistas explicam o passo a passo da reforma. Da calha ao taco, saiba quais cuidados tomar para não ter que gastar mais dinheiro com consertos antes e durante a quebradeira. Trocar as lâmpadas incandescentes pelas de LED, aproveitar a água da chuva e optar por materiais duráveis são apenas algumas adaptações que podem ser feitas em casa para reduzir as contas no fim do mês e, de quebra, ajudar o meio ambiente. Economize na mão de obra e se arrisque a fazer alguns reparos como instalar um chuveiro e trocar torneiras. Seja o seu próprio decorador e aprenda a aplicar o papel de parede e até pintar a casa do seu jeito. Mora em apartamento e quer ter uma cantinho para cultivar tomate, manjericão e afins? Saiba como criar uma horta e os cuidados básicos com cada plantinha.
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Diferença de salário entre gêneros é menor nas micro e pequenas empresas
A diferença do salário médio entre homens e mulheres é menor nas micro e pequenas empresas do que nas companhias de maior porte. Enquanto nas menores os homens ganham 23% a mais do que as mulheres (R$ 226), nas maiores empresas a diferença chega a 44,5% (R$ 739). Observando o período de 2002 a 2012, as diferenças salariais por gênero seguiram trajetória inversa nos dois grupos de companhias. Enquanto nos negócios menores houve redução de três pontos percentuais (de 26% para 23%), nas grandes e médias empresas a diferença foi de 42,8% para 44,5% (veja no quadro ao lado). As conclusões fazem parte do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas de 2014, produzido pelo Sebrae Nacional e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e que será divulgado neste mês. Uma das razões para a maior aproximação do salário nas micro e pequenas empresas é que nelas há poucos profissionais em cargos de chefia, diz Luiz Testa, diretor de pesquisas do portal Catho. Em cargos com remuneração de mais de dez salários mínimos, por exemplo, 62% são homens e 38%, mulheres. Mas profissionais com esse tipo de remuneração representam apenas 2% nas empresas com até cem funcionários, aponta Testa, e chegam a 8,5% naquelas com mais de mil empregados. Outro fator que pode justificar essa diferença, segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, é o fato de que nas pequenas e médias empresas, em geral, há menos variedade não só de cargos, como de atividade exercida. Os empregados têm ainda uma relação mais próxima do que colegas de grandes empresas. Nesse cenário, fica mais difícil justificar salários diferentes para eles. O presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, diz que outro fator é que as mulheres da classe C tiveram maior acesso à formação superior na última década. Segundo o censo educacional do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em 2012, 491 mil mulheres se graduaram, ante 338 mil homens. Essas formadas encontram mais oportunidades nas pequenas empresas, pois nas maiores já existe um contingente alto de mulheres com ensino superior. VELHO TABU Ruy Shiozawa, diretor de relações empresariais da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos) classifica as diferenças salariais como um tabu. "Se você pegar duas pessoas exercendo a mesma função, no mesmo cargo e na mesma empresa, a diferença de salário só pode ser explicada pela discriminação." Por outro lado, Testa, da Catho, diz acreditar que a diferença salarial ocorre pois homens e mulheres tendem a se destacar em cargos diferentes. Segundo ele, a tendência é que a diferença diminua à medida em que mais mulheres optem por carreiras tipicamente masculinas e de maior remuneração, como engenharia e tecnologia, e cheguem com mais frequência a postos de comando. "Em cargos executivos, por exemplo, as mulheres são mais presentes na área de recursos humanos do que finanças, que tem média salarial mais elevada."
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Diferença de salário entre gêneros é menor nas micro e pequenas empresasA diferença do salário médio entre homens e mulheres é menor nas micro e pequenas empresas do que nas companhias de maior porte. Enquanto nas menores os homens ganham 23% a mais do que as mulheres (R$ 226), nas maiores empresas a diferença chega a 44,5% (R$ 739). Observando o período de 2002 a 2012, as diferenças salariais por gênero seguiram trajetória inversa nos dois grupos de companhias. Enquanto nos negócios menores houve redução de três pontos percentuais (de 26% para 23%), nas grandes e médias empresas a diferença foi de 42,8% para 44,5% (veja no quadro ao lado). As conclusões fazem parte do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas de 2014, produzido pelo Sebrae Nacional e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e que será divulgado neste mês. Uma das razões para a maior aproximação do salário nas micro e pequenas empresas é que nelas há poucos profissionais em cargos de chefia, diz Luiz Testa, diretor de pesquisas do portal Catho. Em cargos com remuneração de mais de dez salários mínimos, por exemplo, 62% são homens e 38%, mulheres. Mas profissionais com esse tipo de remuneração representam apenas 2% nas empresas com até cem funcionários, aponta Testa, e chegam a 8,5% naquelas com mais de mil empregados. Outro fator que pode justificar essa diferença, segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, é o fato de que nas pequenas e médias empresas, em geral, há menos variedade não só de cargos, como de atividade exercida. Os empregados têm ainda uma relação mais próxima do que colegas de grandes empresas. Nesse cenário, fica mais difícil justificar salários diferentes para eles. O presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, diz que outro fator é que as mulheres da classe C tiveram maior acesso à formação superior na última década. Segundo o censo educacional do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em 2012, 491 mil mulheres se graduaram, ante 338 mil homens. Essas formadas encontram mais oportunidades nas pequenas empresas, pois nas maiores já existe um contingente alto de mulheres com ensino superior. VELHO TABU Ruy Shiozawa, diretor de relações empresariais da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos) classifica as diferenças salariais como um tabu. "Se você pegar duas pessoas exercendo a mesma função, no mesmo cargo e na mesma empresa, a diferença de salário só pode ser explicada pela discriminação." Por outro lado, Testa, da Catho, diz acreditar que a diferença salarial ocorre pois homens e mulheres tendem a se destacar em cargos diferentes. Segundo ele, a tendência é que a diferença diminua à medida em que mais mulheres optem por carreiras tipicamente masculinas e de maior remuneração, como engenharia e tecnologia, e cheguem com mais frequência a postos de comando. "Em cargos executivos, por exemplo, as mulheres são mais presentes na área de recursos humanos do que finanças, que tem média salarial mais elevada."
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STF absolve presidente de comissão da Câmara de agressão contra ex-mulher
O STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu nesta terça-feira (29), por falta de provas, o deputado Arthur Lira (PP-AL) da acusação de lesão corporal contra a ex-mulher. Ele respondia a uma ação penal por um episódio ocorrido em 2006. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do STF. Os ministros inocentaram o parlamentar por falta de provas. Arthur Lira é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, principal colegiado da Casa que avalia a legalidade de projetos. Ele ainda é alvo no STF de uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. No caso com sua ex-mulher, Arthur Lira foi autuado com base na Lei Maria da Penha, que afirma que lesão corporal cometida por cônjuge ou companheiro aumenta a pena máxima pelo delito de um para três anos. Penas inferiores a quatro anos geralmente são revertidas em multa ou prestação de serviços à comunidade. No entanto, em caso de violência doméstica, há entendimentos de que a punição não pode ser convertida. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, sete meses após a separação, o deputado teria ido à casa da ex-companheira em Maceió, em novembro de 2006, e a agredido com chutes e tapas. O próprio MP em suas alegações finais, no entanto, teria alegado ausência de provas contra o deputado. Para os ministros, não foi comprovado que o deputado foi o autor das lesões leves que a perícia apontou em sua ex-mulher. O relator da ação penal, Teori Zavascki, destacou ainda que durante as investigações a ex-mulher de Lira alterou sua versão e "alegou que não houve agressão, que fez [a denúncia] por vingança". "Não há prova de que o réu fosse autor das lesões que ela apresentava no exame pericial", afirmou Teori. "Apesar do laudo de corpo de delito indicar que apresentava lesões leves, não há nos autos outras provas que corroborem o juízo condenatório". Agora, o Ministério Público Federal vai decidir se houve acionará a ex-mulher do deputado por denunciação caluniosa. A defesa de Arthur Lira chegou a pedir que os ministros deixassem claro que isso não caberia, mas os integrantes deixaram a questão para ser tratada pelo MP.
poder
STF absolve presidente de comissão da Câmara de agressão contra ex-mulherO STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu nesta terça-feira (29), por falta de provas, o deputado Arthur Lira (PP-AL) da acusação de lesão corporal contra a ex-mulher. Ele respondia a uma ação penal por um episódio ocorrido em 2006. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do STF. Os ministros inocentaram o parlamentar por falta de provas. Arthur Lira é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, principal colegiado da Casa que avalia a legalidade de projetos. Ele ainda é alvo no STF de uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. No caso com sua ex-mulher, Arthur Lira foi autuado com base na Lei Maria da Penha, que afirma que lesão corporal cometida por cônjuge ou companheiro aumenta a pena máxima pelo delito de um para três anos. Penas inferiores a quatro anos geralmente são revertidas em multa ou prestação de serviços à comunidade. No entanto, em caso de violência doméstica, há entendimentos de que a punição não pode ser convertida. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, sete meses após a separação, o deputado teria ido à casa da ex-companheira em Maceió, em novembro de 2006, e a agredido com chutes e tapas. O próprio MP em suas alegações finais, no entanto, teria alegado ausência de provas contra o deputado. Para os ministros, não foi comprovado que o deputado foi o autor das lesões leves que a perícia apontou em sua ex-mulher. O relator da ação penal, Teori Zavascki, destacou ainda que durante as investigações a ex-mulher de Lira alterou sua versão e "alegou que não houve agressão, que fez [a denúncia] por vingança". "Não há prova de que o réu fosse autor das lesões que ela apresentava no exame pericial", afirmou Teori. "Apesar do laudo de corpo de delito indicar que apresentava lesões leves, não há nos autos outras provas que corroborem o juízo condenatório". Agora, o Ministério Público Federal vai decidir se houve acionará a ex-mulher do deputado por denunciação caluniosa. A defesa de Arthur Lira chegou a pedir que os ministros deixassem claro que isso não caberia, mas os integrantes deixaram a questão para ser tratada pelo MP.
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Marcas têm de se posicionar para ganhar consumidor, diz líder de agência
Após se tornarem "amigas" dos consumidores nas redes sociais, as marcas estão cada vez mais sendo chamadas a se posicionar diante de questões muitas vezes polêmicas. E não dá para fugir da raia."Quem quiser ser unanimidade não vai comunicar", defende o executivo Marcio Oliveira, há cinco anos à frente da Lew'Lara\TBWA, durante o Arena do Marketing, programa da TV Folha em parceria com a faculdade ESPM.Oliveira acredita que não dá para as marcas quererem agradar a todos e que é preciso buscar aqueles que têm similaridade de opinião."Eu acredito em determinadas coisas. E você vai ser minha amiga se tiver interesses em comum comigo", afirma. "Ao expressar essa opinião do que eu acredito, qual meu propósito de vida, eu posso incomodar quem não acredita nisso. E a pessoa vai dizer que não gosta e tudo bem. O que não pode é atravessar a fronteira e ser reconhecido como alguém que está ofendendo o outro."O Arena, realizado na segunda (5) no estúdio da "TV Folha" com transmissão ao vivo, teve participação de Ismael Rocha Junior, diretor de graduação da ESPM.Leia mais aqui
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Marcas têm de se posicionar para ganhar consumidor, diz líder de agênciaApós se tornarem "amigas" dos consumidores nas redes sociais, as marcas estão cada vez mais sendo chamadas a se posicionar diante de questões muitas vezes polêmicas. E não dá para fugir da raia."Quem quiser ser unanimidade não vai comunicar", defende o executivo Marcio Oliveira, há cinco anos à frente da Lew'Lara\TBWA, durante o Arena do Marketing, programa da TV Folha em parceria com a faculdade ESPM.Oliveira acredita que não dá para as marcas quererem agradar a todos e que é preciso buscar aqueles que têm similaridade de opinião."Eu acredito em determinadas coisas. E você vai ser minha amiga se tiver interesses em comum comigo", afirma. "Ao expressar essa opinião do que eu acredito, qual meu propósito de vida, eu posso incomodar quem não acredita nisso. E a pessoa vai dizer que não gosta e tudo bem. O que não pode é atravessar a fronteira e ser reconhecido como alguém que está ofendendo o outro."O Arena, realizado na segunda (5) no estúdio da "TV Folha" com transmissão ao vivo, teve participação de Ismael Rocha Junior, diretor de graduação da ESPM.Leia mais aqui
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Música de 'T2 Trainspotting' faz parte da trama quase como personagem
Na última cena, quando "T2 Trainspottting" parece ter sua trama resolvida (na medida em que um filme desses, com uma história dessas, pode estar "resolvido"), a agulha da vitrola cai num vinil, para o ato final. Num volume bem alto, começa a ser tocada "Lust for Life", hino punk de Iggy Pop feito em parceria com David Bowie, quando os dois viviam a vida louca em Berlim nos anos 1970. A música, um dos clássicos do rock, é a mesma que está na inesquecível abertura do "Trainspotting" de 1996, quando dois dos atores principais do filme saem pelas ruas de Edimburgo, com um deles proclamando o famoso texto "Escolha uma vida, escolha uma carreira...", mantra da vida louca da juventude britânica dos anos 1990. Mas em T2 "Lust for Life" vem diferente, mexida, em remix do grupo Prodigy. Assim como a explosiva "Born Slippy. NUXX", da icônica banda eletrônica Underworld, outro hino do primeiro filme que aparece na trilha desta sequência que estreia agora como "Slow Slippy". A música do Underworld, 20 anos depois, foi desconstruída e reconstruída em ritmo lento, devagar, como que refletindo o envelhecimento do filme. "T2" modifica, portanto, dois clássicos da obra de 1996 que não deveriam nunca serem modificados –porque, enfim, são clássicos. Mas ficou tudo muito bom. A trilha sonora de "Trainspotting" de 1996 é tão importante quanto o filme em si e o livro que o gerou. A música fez parte da trama quase como um personagem. Não é um mero enfeite musical. Misturou figurões como Iggy Pop, Blondie, New Order e Lou Reed com novidades fundamentais de seu tempo. Refletiu o espírito da época da "cool Britannia" dos meados dos 1990, botou Pulp e Blur representando o fenômeno britpop e lançou o citado hino do citado Underworld, o que ajudou a fazer a música eletrônica sair dos clubinhos e chegar ao mainstream. Talvez com menos impacto, mas tão boa quanto, a trilha de "T2" vai pela mesma"¦ trilha do original. Refez Iggy Pop e o hoje clássico Underworld, convocou The Clash, Queen, Run DMC e jogou luz em excelentes nomes novos como Young Fathers, Wolf Alice e Fat White Family. Este último, maravilhoso grupo de Londres de um certo pós-punk indie de sonoridade quase própria, já entrou em um hiato para "acalmar" um pouco, alegando que a vida louca anos 2010 que estavam levando poderia matar. Enfim, uma banda totalmente "Trainspotting".
ilustrada
Música de 'T2 Trainspotting' faz parte da trama quase como personagemNa última cena, quando "T2 Trainspottting" parece ter sua trama resolvida (na medida em que um filme desses, com uma história dessas, pode estar "resolvido"), a agulha da vitrola cai num vinil, para o ato final. Num volume bem alto, começa a ser tocada "Lust for Life", hino punk de Iggy Pop feito em parceria com David Bowie, quando os dois viviam a vida louca em Berlim nos anos 1970. A música, um dos clássicos do rock, é a mesma que está na inesquecível abertura do "Trainspotting" de 1996, quando dois dos atores principais do filme saem pelas ruas de Edimburgo, com um deles proclamando o famoso texto "Escolha uma vida, escolha uma carreira...", mantra da vida louca da juventude britânica dos anos 1990. Mas em T2 "Lust for Life" vem diferente, mexida, em remix do grupo Prodigy. Assim como a explosiva "Born Slippy. NUXX", da icônica banda eletrônica Underworld, outro hino do primeiro filme que aparece na trilha desta sequência que estreia agora como "Slow Slippy". A música do Underworld, 20 anos depois, foi desconstruída e reconstruída em ritmo lento, devagar, como que refletindo o envelhecimento do filme. "T2" modifica, portanto, dois clássicos da obra de 1996 que não deveriam nunca serem modificados –porque, enfim, são clássicos. Mas ficou tudo muito bom. A trilha sonora de "Trainspotting" de 1996 é tão importante quanto o filme em si e o livro que o gerou. A música fez parte da trama quase como um personagem. Não é um mero enfeite musical. Misturou figurões como Iggy Pop, Blondie, New Order e Lou Reed com novidades fundamentais de seu tempo. Refletiu o espírito da época da "cool Britannia" dos meados dos 1990, botou Pulp e Blur representando o fenômeno britpop e lançou o citado hino do citado Underworld, o que ajudou a fazer a música eletrônica sair dos clubinhos e chegar ao mainstream. Talvez com menos impacto, mas tão boa quanto, a trilha de "T2" vai pela mesma"¦ trilha do original. Refez Iggy Pop e o hoje clássico Underworld, convocou The Clash, Queen, Run DMC e jogou luz em excelentes nomes novos como Young Fathers, Wolf Alice e Fat White Family. Este último, maravilhoso grupo de Londres de um certo pós-punk indie de sonoridade quase própria, já entrou em um hiato para "acalmar" um pouco, alegando que a vida louca anos 2010 que estavam levando poderia matar. Enfim, uma banda totalmente "Trainspotting".
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Prepare-se: terça-feira com chuva e shows de Joe Roberts e Thiaguinho
DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Criticamos uma coisa e fazemos pior. Olhamos ao redor, só vemos o lado errado das pessoas e vemos o lado ruim das coisas. Isso não faz bem. Importar-se mais e competir menos, e desprender-se do julgamento desnecessário, para sabermos que todos têm um lado bom, são hábitos que tornam a vida mais fácil. Pratique e perceba." Rodrigo Job, 23, artesão, Vila Romana * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
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Prepare-se: terça-feira com chuva e shows de Joe Roberts e ThiaguinhoDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Criticamos uma coisa e fazemos pior. Olhamos ao redor, só vemos o lado errado das pessoas e vemos o lado ruim das coisas. Isso não faz bem. Importar-se mais e competir menos, e desprender-se do julgamento desnecessário, para sabermos que todos têm um lado bom, são hábitos que tornam a vida mais fácil. Pratique e perceba." Rodrigo Job, 23, artesão, Vila Romana * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia)
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Designers paulistanas investem em semijoias criativas a preços menos salgados
NATALIA ALBERTONI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Ao gesticular, Mariah Rovery, 29, barulha como um sininho em brisa de verão. Vitrine itinerante da marca que leva seu nome, ela combina correntes, braceletes e anéis com o cuidado de não parecer uma árvore de Natal. Da pausa para o almoço, ela pode voltar sem nenhuma das peças para o seu ateliê, em Higienópolis. "As pessoas me abordam e querem comprar. Acontece direto. Vendo tudo do corpo", diz a designer. As criações dela podem chegar a R$ 16 mil. O colar Octopus, que lembra o tentáculo de um polvo, custa R$ 3.785. Feito em latão, ostenta um rubi e ficou famoso depois de abraçar o pescoço de Giovanna Antonelli em uma novela, no ano passado. O produto fez tanto sucesso que ganhou uma versão mais pop, em borracha, também usada pela atriz. Em dez cores diferentes ele é vendido por R$ 229 cada. Faz parte da linha "flex", com preços menores, feita em material flexível e resistente à água. No meio do caminho entre a bijuteria e a joalheria, Mariah ganhou adeptas com uma combinação de design original e materiais nobres e populares. A estratégia não é exclusividade da marca. Foi adotada por outras designers paulistanas que têm movimentado o mercado de acessórios na cidade. Em 2012, Luiza Dias, 33, lançou a Luiza Dias 111, com uma proposta que unia metais e pedras brutas —e, aos poucos foi abrindo espaço a outros materiais. Até a resistência de um chuveiro ou porquinhas de construção banhados em ouro ou prata viraram parte dos colares e pulseiras que ela monta em seu ateliê-casa, em Pinheiros. A inspiração pode vir da arquitetura, de artistas e de objetos inanimados, como lustres e luminárias. O resultado, no entanto, é minimalista. A simplicidade dos elementos, torna os produtos estrategicamente combináveis, o que facilita a venda deles em pares ou trios. "Faço um produto que não segue uma tendência e tem um desenho próprio. Também acho que a minha marca tem o preço mais 'barato'", diz desenhando as aspas com os dedos no ar. A peça mais cara de sua última coleção custa R$ 239. Ela já atraiu gente como as atrizes Carolina Ferraz, Flávia Alessandra e Fernanda Paes Leme. Para a jornalista de moda Alexandra Farah, 43, este é um nicho que tem ganhado força nos últimos cinco anos. Ela credita parte da visibilidade à Lool, multimarcas nacional de acessórios criada em 2009. "A Lool deu impulso a esse crescimento. É uma vitrine para novos talentos. Mas de uma bijuteria de alto padrão, mais cara", diz. A dona da marca, Luiza Setúbal, 32, começou a explorar esse mercado quando ainda era produtora de moda e percebeu uma escassa oferta de acessórios. No início, pedia para designers como Walério Araújo, Glorinha Paranaguá e Dudu Bertholini criarem coleções exclusivas para a sua "pop-up store" (o nome moderninho para as lojas temporárias), que, à época, funcionava num trailer. "Sentia dificuldade de fazer uma seleção porque não tinha opções", lembra. Em 2016, com sete anos de marca consolidada, lojas nos shoppings Iguatemi e JK Iguatemi, além de cinco linhas próprias, Setúbal trabalha com 30 designers. Desses, 15 são da capital paulistana. "Surgiram muitas marcas de lá para cá. Diferente do que eu encontrava em 2009, um acessório com cara de semijoia, as peças da Mariah Rovery, da Luiza Dias e das meninas da Cine 732 carregam uma bossa", explica. "São bijus autorais, com identidade e personalidade." Mas o crescimento no mercado não foi acompanhado da profissionalização, diz Setúbal. "Se ficam grávidas, essas meninas param de produzir. Se der tempo, criam. Nem todas se adaptaram e algumas nem respeitam o calendário de moda", conta. Ex-MTV, Carla Lamarca, 33, lançou a Lama Jewelry no ano passado e relativiza a crítica. "Tudo depende do seu objetivo. Eu gosto de moda, mas não tenho preocupação com datas de coleções. Não quero que a minha criatividade fique escrava de um mercado." Aprendiz de ourives, em sua bancada passam apenas prata e pedras como quartzos. Faz desde a fundição até a montagem das peças, mais despojadas —as mais interessantes levam reproduções de pontas de cristais e pepitas. As criações acompanham seu momento de vida, sem seguir desenhos prévios ou pesquisa de tendências. Custam entre R$ 180 e R$ 370. O processo criativo de Mariana Gouveia, 31, que comanda a Iracema, é semelhante. Ela faz a fundição e a laminação em um ateliê em Perdizes, onde cria com pedras brutas vindas de Minas Gerais. "É mais fácil encontrar pedras lapidadas, com formatos específicos. São mais práticas também se você quer reproduzir uma quantidade grande. Mas eu busco o 'não-padrão'. Gosto da ideia de não ter nenhum produto igual ao outro", conta. Essa via torna o trabalho dela mais autêntico e exclusivo, o que afeta o preço final. Um par de brincos de pérola com turmalina custa R$ 910, por exemplo. Ainda assim, distante do valor de marcas tradicionais como a Vivara, que chega a cobrar R$ 330 mil em um solitário —a peça mais cara. "O que eu faço não é bijuteria, nem joia. É uma compra que precisa ser pensada, mas que não é impossível", diz. Produções desse tipo têm dado tão certo que algumas marcas fazem o caminho inverso. Há mais tempo no metier, Camila Sarpi, 40, começou na alta joalheria, em 2006. Agora, eliminando a sua linha de ouro, caminha para o design de acessórios. Usa turmalinas, dolomitas e drusas, além de banhos de ouro ou ródio negro. "Há uns anos, ou você tinha uma joia bonita, boa e cara ou uma bijuteria de mau gosto, feia e cafona. Hoje, vejo mulheres chiquérrimas com um baita anel, que eu sei que é caro, e brincos meus." Camila, que também coloca a mão no alicate para criar seus brincos vazados com detalhes mínimos, substituiu as peças que chegavam a R$ 7 mil por outras mais "modestas", com preços entre R$ 78 e R$ 1.900. "É o pequeno luxo possível. As pessoas não podem adquirir aquele diamante que custa o preço de um apartamento, mas podem comprar um brinquinho novo", diz. O desvio de rota tornou o processo mais prático. Funcionou melhor no e-commerce, base principal de venda dessas marcas. O novo rumo também eliminou o custo do estoque de ouro, que aumenta em períodos de crise econômica, por exemplo. Apesar de soar contraditório, o contexto atual é favorável para o grupo de designers. Para Farah, a crise até ajuda. "As pessoas compram menos roupa e o mercado de acessórios cresce", diz. Com o dólar alto, as clientes gastam menos no exterior e dão mais valor ao produto nacional. Em dezembro de 2015, por exemplo, a Lool dobrou as vendas em loja (a marca não revela números). A Cine 732, parceira da multimarca, nasceu no meio do furacão, em 2014. A marca, das amigas Guta Virtuoso, 30, e Luciana Conde, 32, tem peças em resina, seu carro-chefe, com preços de R$ 145 a R$ 310. "A marca está crescendo rápido e eu tenho medo. Não tenho histórico para comparar se caíram as vendas, dizem que vai piorar...", diz Guta. "Acho que vai ser uma peneira. Quem sobreviver, lindo, senão, morre na areia, né?", divaga.
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Designers paulistanas investem em semijoias criativas a preços menos salgadosNATALIA ALBERTONI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Ao gesticular, Mariah Rovery, 29, barulha como um sininho em brisa de verão. Vitrine itinerante da marca que leva seu nome, ela combina correntes, braceletes e anéis com o cuidado de não parecer uma árvore de Natal. Da pausa para o almoço, ela pode voltar sem nenhuma das peças para o seu ateliê, em Higienópolis. "As pessoas me abordam e querem comprar. Acontece direto. Vendo tudo do corpo", diz a designer. As criações dela podem chegar a R$ 16 mil. O colar Octopus, que lembra o tentáculo de um polvo, custa R$ 3.785. Feito em latão, ostenta um rubi e ficou famoso depois de abraçar o pescoço de Giovanna Antonelli em uma novela, no ano passado. O produto fez tanto sucesso que ganhou uma versão mais pop, em borracha, também usada pela atriz. Em dez cores diferentes ele é vendido por R$ 229 cada. Faz parte da linha "flex", com preços menores, feita em material flexível e resistente à água. No meio do caminho entre a bijuteria e a joalheria, Mariah ganhou adeptas com uma combinação de design original e materiais nobres e populares. A estratégia não é exclusividade da marca. Foi adotada por outras designers paulistanas que têm movimentado o mercado de acessórios na cidade. Em 2012, Luiza Dias, 33, lançou a Luiza Dias 111, com uma proposta que unia metais e pedras brutas —e, aos poucos foi abrindo espaço a outros materiais. Até a resistência de um chuveiro ou porquinhas de construção banhados em ouro ou prata viraram parte dos colares e pulseiras que ela monta em seu ateliê-casa, em Pinheiros. A inspiração pode vir da arquitetura, de artistas e de objetos inanimados, como lustres e luminárias. O resultado, no entanto, é minimalista. A simplicidade dos elementos, torna os produtos estrategicamente combináveis, o que facilita a venda deles em pares ou trios. "Faço um produto que não segue uma tendência e tem um desenho próprio. Também acho que a minha marca tem o preço mais 'barato'", diz desenhando as aspas com os dedos no ar. A peça mais cara de sua última coleção custa R$ 239. Ela já atraiu gente como as atrizes Carolina Ferraz, Flávia Alessandra e Fernanda Paes Leme. Para a jornalista de moda Alexandra Farah, 43, este é um nicho que tem ganhado força nos últimos cinco anos. Ela credita parte da visibilidade à Lool, multimarcas nacional de acessórios criada em 2009. "A Lool deu impulso a esse crescimento. É uma vitrine para novos talentos. Mas de uma bijuteria de alto padrão, mais cara", diz. A dona da marca, Luiza Setúbal, 32, começou a explorar esse mercado quando ainda era produtora de moda e percebeu uma escassa oferta de acessórios. No início, pedia para designers como Walério Araújo, Glorinha Paranaguá e Dudu Bertholini criarem coleções exclusivas para a sua "pop-up store" (o nome moderninho para as lojas temporárias), que, à época, funcionava num trailer. "Sentia dificuldade de fazer uma seleção porque não tinha opções", lembra. Em 2016, com sete anos de marca consolidada, lojas nos shoppings Iguatemi e JK Iguatemi, além de cinco linhas próprias, Setúbal trabalha com 30 designers. Desses, 15 são da capital paulistana. "Surgiram muitas marcas de lá para cá. Diferente do que eu encontrava em 2009, um acessório com cara de semijoia, as peças da Mariah Rovery, da Luiza Dias e das meninas da Cine 732 carregam uma bossa", explica. "São bijus autorais, com identidade e personalidade." Mas o crescimento no mercado não foi acompanhado da profissionalização, diz Setúbal. "Se ficam grávidas, essas meninas param de produzir. Se der tempo, criam. Nem todas se adaptaram e algumas nem respeitam o calendário de moda", conta. Ex-MTV, Carla Lamarca, 33, lançou a Lama Jewelry no ano passado e relativiza a crítica. "Tudo depende do seu objetivo. Eu gosto de moda, mas não tenho preocupação com datas de coleções. Não quero que a minha criatividade fique escrava de um mercado." Aprendiz de ourives, em sua bancada passam apenas prata e pedras como quartzos. Faz desde a fundição até a montagem das peças, mais despojadas —as mais interessantes levam reproduções de pontas de cristais e pepitas. As criações acompanham seu momento de vida, sem seguir desenhos prévios ou pesquisa de tendências. Custam entre R$ 180 e R$ 370. O processo criativo de Mariana Gouveia, 31, que comanda a Iracema, é semelhante. Ela faz a fundição e a laminação em um ateliê em Perdizes, onde cria com pedras brutas vindas de Minas Gerais. "É mais fácil encontrar pedras lapidadas, com formatos específicos. São mais práticas também se você quer reproduzir uma quantidade grande. Mas eu busco o 'não-padrão'. Gosto da ideia de não ter nenhum produto igual ao outro", conta. Essa via torna o trabalho dela mais autêntico e exclusivo, o que afeta o preço final. Um par de brincos de pérola com turmalina custa R$ 910, por exemplo. Ainda assim, distante do valor de marcas tradicionais como a Vivara, que chega a cobrar R$ 330 mil em um solitário —a peça mais cara. "O que eu faço não é bijuteria, nem joia. É uma compra que precisa ser pensada, mas que não é impossível", diz. Produções desse tipo têm dado tão certo que algumas marcas fazem o caminho inverso. Há mais tempo no metier, Camila Sarpi, 40, começou na alta joalheria, em 2006. Agora, eliminando a sua linha de ouro, caminha para o design de acessórios. Usa turmalinas, dolomitas e drusas, além de banhos de ouro ou ródio negro. "Há uns anos, ou você tinha uma joia bonita, boa e cara ou uma bijuteria de mau gosto, feia e cafona. Hoje, vejo mulheres chiquérrimas com um baita anel, que eu sei que é caro, e brincos meus." Camila, que também coloca a mão no alicate para criar seus brincos vazados com detalhes mínimos, substituiu as peças que chegavam a R$ 7 mil por outras mais "modestas", com preços entre R$ 78 e R$ 1.900. "É o pequeno luxo possível. As pessoas não podem adquirir aquele diamante que custa o preço de um apartamento, mas podem comprar um brinquinho novo", diz. O desvio de rota tornou o processo mais prático. Funcionou melhor no e-commerce, base principal de venda dessas marcas. O novo rumo também eliminou o custo do estoque de ouro, que aumenta em períodos de crise econômica, por exemplo. Apesar de soar contraditório, o contexto atual é favorável para o grupo de designers. Para Farah, a crise até ajuda. "As pessoas compram menos roupa e o mercado de acessórios cresce", diz. Com o dólar alto, as clientes gastam menos no exterior e dão mais valor ao produto nacional. Em dezembro de 2015, por exemplo, a Lool dobrou as vendas em loja (a marca não revela números). A Cine 732, parceira da multimarca, nasceu no meio do furacão, em 2014. A marca, das amigas Guta Virtuoso, 30, e Luciana Conde, 32, tem peças em resina, seu carro-chefe, com preços de R$ 145 a R$ 310. "A marca está crescendo rápido e eu tenho medo. Não tenho histórico para comparar se caíram as vendas, dizem que vai piorar...", diz Guta. "Acho que vai ser uma peneira. Quem sobreviver, lindo, senão, morre na areia, né?", divaga.
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Tomorrowland reúne 130 DJs em 2ª edição no Brasil; ainda há ingressos
MARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Pelo segundo ano consecutivo, o festival belga Tomorrowland desembarca em solo brasileiro. Entre os dias 21/4 e 23/4, o parque Maeda, em Itu, vai sediar o evento, que é considerado o maior de música eletrônica do mundo. O festival reuniu 180 mil pessoas em 2015, de acordo com a organização. A expectativa, agora, é replicar o sucesso —e tudo indica que o caminho será esse, já que, mesmo com a alta disponibilidade de ingressos, alguns lotes já têm as meias-entradas esgotadas a duas semanas e meia do evento. O line-up também já está formado —são mais de 130 DJs— e tem, entre seus headliners internacionais, a dupla sueca Axwell e Ingrosso, o francês David Guetta (ambos tocam na quinta, 21) e os belgas Dimitri Vegas e Like Mike (no sábado, 23). Entre os brasileiros, destaque para Alok (na quinta, 21, e na sexta, 22), Gui Boratto e DJ Marky (sábado, 23) e para o duo Tropkillaz, formado pelos DJs paulistanos Zegon e Laudz -eles comandam o som da "terra do amanhã" na sexta, dia 22. Os horários de cada show ainda não foram definidos. Neste ano, o pagamento de comidas, bebidas e serviços será feito por meio de uma pulseira recarregável que funciona da mesma forma que um cartão pré-pago. Ela também poderá ser usada para entrar no evento, dispensando a apresentação do ingresso. É BOM SABER Parque Maeda. Rod. Dep. do Archimedes Lammoglia, km 18, Chácara São João, Itu, s/tel. 60 mil pessoas. 18 anos. Qui. (21) a sáb. (23): 13h à 1h. Ingr.: R$ 399 (um dia) e R$ 899 (3 dias). CC: D, E, M e V. Ingr. p/ tomorrowlandbrasil.com.
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Tomorrowland reúne 130 DJs em 2ª edição no Brasil; ainda há ingressosMARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Pelo segundo ano consecutivo, o festival belga Tomorrowland desembarca em solo brasileiro. Entre os dias 21/4 e 23/4, o parque Maeda, em Itu, vai sediar o evento, que é considerado o maior de música eletrônica do mundo. O festival reuniu 180 mil pessoas em 2015, de acordo com a organização. A expectativa, agora, é replicar o sucesso —e tudo indica que o caminho será esse, já que, mesmo com a alta disponibilidade de ingressos, alguns lotes já têm as meias-entradas esgotadas a duas semanas e meia do evento. O line-up também já está formado —são mais de 130 DJs— e tem, entre seus headliners internacionais, a dupla sueca Axwell e Ingrosso, o francês David Guetta (ambos tocam na quinta, 21) e os belgas Dimitri Vegas e Like Mike (no sábado, 23). Entre os brasileiros, destaque para Alok (na quinta, 21, e na sexta, 22), Gui Boratto e DJ Marky (sábado, 23) e para o duo Tropkillaz, formado pelos DJs paulistanos Zegon e Laudz -eles comandam o som da "terra do amanhã" na sexta, dia 22. Os horários de cada show ainda não foram definidos. Neste ano, o pagamento de comidas, bebidas e serviços será feito por meio de uma pulseira recarregável que funciona da mesma forma que um cartão pré-pago. Ela também poderá ser usada para entrar no evento, dispensando a apresentação do ingresso. É BOM SABER Parque Maeda. Rod. Dep. do Archimedes Lammoglia, km 18, Chácara São João, Itu, s/tel. 60 mil pessoas. 18 anos. Qui. (21) a sáb. (23): 13h à 1h. Ingr.: R$ 399 (um dia) e R$ 899 (3 dias). CC: D, E, M e V. Ingr. p/ tomorrowlandbrasil.com.
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'Faço obras atraentes e repulsivas', diz artista libanesa Mona Hatoum
MARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Em uma sala, pequenos soldados de brinquedo apontam armas uns aos outros, formando o símbolo do infinito. Em outra, um cubo vazado poderia transmitir leveza, mas os espinhos e o material de que é feito, ferro, o tornam pesado. É desta forma que a libanesa Mona Hatoum apresenta sua arte na Estação Pinacoteca, até o dia 1°/3. Cerca de 30 trabalhos traçam um panorama de sua carreira, partindo dos anos 1980. As obras tangenciam temas árduos, tratando-os com beleza singular. Algumas foram criadas para esta mostra —como "Janela", que projeta em uma parede imagens captadas por uma câmera, ao vivo, no largo General Osório. Em "Sonhando Acordado", Mona expõe tecidos bordados por mães brasileiras de portadores de problemas cardíacos. A artista perguntou qual o maior sonho delas. E o resultado são trabalhos tocantes e igualmente delicados. Informe-se sobre a exposição ABAIXO, LEIA A ENTREVISTA COM MONA HATOUM: sãopaulo - Suas obras podem ser vistas de diferentes formas. É para que cada espectador faça sua própria interpretação? Mona Hatoum - Sim, eu gosto de articular minhas ideias por meio dos materiais e das qualidades abstratas da arte. Ela tem uma linguagem ambígua e que não fala com termos diretos, sendo, portanto, aberta a interpretações. Em todo caso, cada espectador pode ter sua própria visão e criar significados —e é desta forma que ele tem papel ativo no meu trabalho. Você sempre tenta adaptar seus trabalhos à realidade do local onde serão exibidos? Sempre que sou convidada a expor procuro fazer uma visita ao local, um ou dois anos antes da data. Fico aberta a tudo que possa me inspirar sobre o espaço e o contexto da mostra. Pode ser um aspecto específico do espaço, ou sua própria história. Tento pesquisar artesanato e materiais locais e fazer um trabalho conjunto com os fabricantes. Enquanto alguns dos seus trabalhos fazem alusão a objetos domésticos e familiares, outros tratam de temas políticos. Eles estão inseridos no período em que foram criados? Com exceção de alguns casos, as obras não apontam a nenhuma guerra ou conflito específico. Então, acredito que sejam atemporais e que possam ser aplicadas a qualquer conflito, em qualquer época. Como o período que você ficou no Brasil influenciou sua mostra? Todos os novos trabalhos que estão na exposição foram criados depois das cinco semanas que passei no Brasil. Na primeira vez que visitei o país, em 2010, tive a oportunidade de conhecer a ACTC (Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente Cardíacos e aos Transplantados do Coração), que dá assistência a mães enquanto elas esperam pelo transplante de coração de seus filhos. Elas aprendem a bordar para ter uma renda ao longo da estadia na cidade. Fiquei muito tocada com essas mulheres, queria fazer um trabalho que pudesse fazê-las pensar sobre seus projetos e aspirações. O resultado foi um número impressionante de histórias individuais, dolorosas, emocionantes e até bem-humoradas, que geraram a instalação "Sonhando Acordado". Sou muito agradecida a essas mães que bordaram seus sonhos nas fronhas. Na exposição em cartaz na Estação Pinacoteca, alguns detalhes se repetem —como a figura do soldado. Qual o motivo? Eu e a curadora Chiara Bertola fizemos uma seleção baseada no que se encaixaria bem ao espaço, tentando criar um diálogo interessante entre as obras. Alguns dos trabalhos foram escolhidos por dialogar com a história do prédio e o seu papel durante a ditadura militar. E não são apenas as conexões óbvias com a ditadura militar —a dureza está implícita nos utensílios de cozinha, como o ralador, que foi ampliado em proporções surreais para atuar como um paravento que corta agressivamente o espaço. Transformar temas árduos em poesia é sua marca? É uma boa definição. Procuro criar obras que seguem em duas direções: elas podem ser atraentes e repulsivas ao mesmo tempo. Na obra "Cube", a estrutura do cubo é elegante, mas feita inteiramente de arame farpado —um material que traz à tona muitas associações. Às vezes é bom introduzir um pouco de humor em questões pesadas. Se quiser chamar isso de "poesia visual", eu gosto desse rótulo. ASSISTA AO VÍDEO DA INSTALAÇÃO "MISBAH" NA ESTAÇÃO PINACOTECA: Vídeo
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'Faço obras atraentes e repulsivas', diz artista libanesa Mona HatoumMARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Em uma sala, pequenos soldados de brinquedo apontam armas uns aos outros, formando o símbolo do infinito. Em outra, um cubo vazado poderia transmitir leveza, mas os espinhos e o material de que é feito, ferro, o tornam pesado. É desta forma que a libanesa Mona Hatoum apresenta sua arte na Estação Pinacoteca, até o dia 1°/3. Cerca de 30 trabalhos traçam um panorama de sua carreira, partindo dos anos 1980. As obras tangenciam temas árduos, tratando-os com beleza singular. Algumas foram criadas para esta mostra —como "Janela", que projeta em uma parede imagens captadas por uma câmera, ao vivo, no largo General Osório. Em "Sonhando Acordado", Mona expõe tecidos bordados por mães brasileiras de portadores de problemas cardíacos. A artista perguntou qual o maior sonho delas. E o resultado são trabalhos tocantes e igualmente delicados. Informe-se sobre a exposição ABAIXO, LEIA A ENTREVISTA COM MONA HATOUM: sãopaulo - Suas obras podem ser vistas de diferentes formas. É para que cada espectador faça sua própria interpretação? Mona Hatoum - Sim, eu gosto de articular minhas ideias por meio dos materiais e das qualidades abstratas da arte. Ela tem uma linguagem ambígua e que não fala com termos diretos, sendo, portanto, aberta a interpretações. Em todo caso, cada espectador pode ter sua própria visão e criar significados —e é desta forma que ele tem papel ativo no meu trabalho. Você sempre tenta adaptar seus trabalhos à realidade do local onde serão exibidos? Sempre que sou convidada a expor procuro fazer uma visita ao local, um ou dois anos antes da data. Fico aberta a tudo que possa me inspirar sobre o espaço e o contexto da mostra. Pode ser um aspecto específico do espaço, ou sua própria história. Tento pesquisar artesanato e materiais locais e fazer um trabalho conjunto com os fabricantes. Enquanto alguns dos seus trabalhos fazem alusão a objetos domésticos e familiares, outros tratam de temas políticos. Eles estão inseridos no período em que foram criados? Com exceção de alguns casos, as obras não apontam a nenhuma guerra ou conflito específico. Então, acredito que sejam atemporais e que possam ser aplicadas a qualquer conflito, em qualquer época. Como o período que você ficou no Brasil influenciou sua mostra? Todos os novos trabalhos que estão na exposição foram criados depois das cinco semanas que passei no Brasil. Na primeira vez que visitei o país, em 2010, tive a oportunidade de conhecer a ACTC (Associação de Assistência à Criança e ao Adolescente Cardíacos e aos Transplantados do Coração), que dá assistência a mães enquanto elas esperam pelo transplante de coração de seus filhos. Elas aprendem a bordar para ter uma renda ao longo da estadia na cidade. Fiquei muito tocada com essas mulheres, queria fazer um trabalho que pudesse fazê-las pensar sobre seus projetos e aspirações. O resultado foi um número impressionante de histórias individuais, dolorosas, emocionantes e até bem-humoradas, que geraram a instalação "Sonhando Acordado". Sou muito agradecida a essas mães que bordaram seus sonhos nas fronhas. Na exposição em cartaz na Estação Pinacoteca, alguns detalhes se repetem —como a figura do soldado. Qual o motivo? Eu e a curadora Chiara Bertola fizemos uma seleção baseada no que se encaixaria bem ao espaço, tentando criar um diálogo interessante entre as obras. Alguns dos trabalhos foram escolhidos por dialogar com a história do prédio e o seu papel durante a ditadura militar. E não são apenas as conexões óbvias com a ditadura militar —a dureza está implícita nos utensílios de cozinha, como o ralador, que foi ampliado em proporções surreais para atuar como um paravento que corta agressivamente o espaço. Transformar temas árduos em poesia é sua marca? É uma boa definição. Procuro criar obras que seguem em duas direções: elas podem ser atraentes e repulsivas ao mesmo tempo. Na obra "Cube", a estrutura do cubo é elegante, mas feita inteiramente de arame farpado —um material que traz à tona muitas associações. Às vezes é bom introduzir um pouco de humor em questões pesadas. Se quiser chamar isso de "poesia visual", eu gosto desse rótulo. ASSISTA AO VÍDEO DA INSTALAÇÃO "MISBAH" NA ESTAÇÃO PINACOTECA: Vídeo
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Buscando humanização, medicina da USP reduz tempo em sala de aula
Quem começou medicina na USP neste ano encontrou cenário de mudança. A graduação de seis anos, considerada a melhor do país, sofreu redução de 30% no número de disciplinas, que agora são oferecidas de forma mais integrada. O curso ganhou abordagem mais humanizada, com foco no paciente. Os novos alunos estudam conjuntamente temas que antes ficavam em gavetas separadas, caso de anatomia e histologia (estudo dos tecidos). As provas se tornaram semestrais, avaliando o conteúdo de maneira mais unificada. Paralelamente, outros temas ganharam espaço no currículo, como "ciclos da vida", disciplina que aparece no primeiro ano do curso e dá noções de cuidados médicos na infância e terceira idade. O aluno passa menos tempo na sala de aula: se antes ficava quase oito horas por dia confinado, agora a taxa gira em torno de cinco horas. "Com o tempo que sobra, o estudante pode se envolver em pesquisa e em trabalhos de extensão voltados ao atendimento de pacientes", diz Edmund Chada Baracat, ginecologista e docente da USP que encabeçou a mudança. Esse tipo de currículo, mais moderno e flexível, já é seguido por escolas top do mundo há muito tempo. Nos EUA, país que concentra seis das dez melhores universidades de medicina do mundo, segundo o ranking Times Higher Education, um estudante não passa mais que três horas em aulas expositivas. "Às vezes, um professor dá exercício em aula de manhã e os alunos têm de resolvê-lo sozinhos ou em grupos até o fim do dia", conta Ana Flávia Garcia Silva, 22. Estudante do quinto ano da USP, ela traz no currículo intercâmbios em Harvard e Michigan. Quando esteve na primeira universidade -considerada a segunda melhor do mundo-, passou quase o tempo todo no laboratório. Ao voltar para o Brasil, teve de "repetir" um ano no curso porque não conseguiu equivalência do que estudou lá com disciplinas obrigatórias daqui. "Quando vi as mudanças no curso da USP, queria prestar vestibular de novo", brinca. BEBENDO NA FONTE Parte das inspirações para a mudança da USP veio justamente dos EUA. Apesar de diferenças cruciais na formação educacional nos dois países, há aspectos que ainda podem ser importados. "Aqui, a relação médico-paciente passa por disciplinas, exercícios e estudos de caso", diz Marcos Montagnini, geriatra e responsável pelo grupo de cuidados paliativos da Universidade de Michigan, uma das instituições que influenciaram a USP. São os profissionais de paliativos que trabalham a humanização da medicina de maneira mais profunda, tratando aspectos físicos, psicológicos e espirituais de pacientes com doenças crônicas terminais. Nos EUA, a disciplina é obrigatória há mais de uma década. Por aqui, não há essa exigência. Para Baracat, da USP, a redução da carga horária pode fazer com que os estudantes tenham tempo para se dedicar a assuntos mais humanistas, como paliativos, ainda na graduação. "Antes isso era quase impossível." Giovanni Guido Cerri, diretor da AMB (Associação Médica Brasileira), avalia que a mudança no curso da principal universidade do país é simbólica. Dá um oportuno chacoalhão no tom em que o médico vinha sendo formado. "Mas ainda falta o estudante conhecer com mais profundidade o SUS e as características da nossa saúde pública e privada", diz. "O Brasil é complexo, e precisamos formar os médicos adequados para um país assim."
seminariosfolha
Buscando humanização, medicina da USP reduz tempo em sala de aulaQuem começou medicina na USP neste ano encontrou cenário de mudança. A graduação de seis anos, considerada a melhor do país, sofreu redução de 30% no número de disciplinas, que agora são oferecidas de forma mais integrada. O curso ganhou abordagem mais humanizada, com foco no paciente. Os novos alunos estudam conjuntamente temas que antes ficavam em gavetas separadas, caso de anatomia e histologia (estudo dos tecidos). As provas se tornaram semestrais, avaliando o conteúdo de maneira mais unificada. Paralelamente, outros temas ganharam espaço no currículo, como "ciclos da vida", disciplina que aparece no primeiro ano do curso e dá noções de cuidados médicos na infância e terceira idade. O aluno passa menos tempo na sala de aula: se antes ficava quase oito horas por dia confinado, agora a taxa gira em torno de cinco horas. "Com o tempo que sobra, o estudante pode se envolver em pesquisa e em trabalhos de extensão voltados ao atendimento de pacientes", diz Edmund Chada Baracat, ginecologista e docente da USP que encabeçou a mudança. Esse tipo de currículo, mais moderno e flexível, já é seguido por escolas top do mundo há muito tempo. Nos EUA, país que concentra seis das dez melhores universidades de medicina do mundo, segundo o ranking Times Higher Education, um estudante não passa mais que três horas em aulas expositivas. "Às vezes, um professor dá exercício em aula de manhã e os alunos têm de resolvê-lo sozinhos ou em grupos até o fim do dia", conta Ana Flávia Garcia Silva, 22. Estudante do quinto ano da USP, ela traz no currículo intercâmbios em Harvard e Michigan. Quando esteve na primeira universidade -considerada a segunda melhor do mundo-, passou quase o tempo todo no laboratório. Ao voltar para o Brasil, teve de "repetir" um ano no curso porque não conseguiu equivalência do que estudou lá com disciplinas obrigatórias daqui. "Quando vi as mudanças no curso da USP, queria prestar vestibular de novo", brinca. BEBENDO NA FONTE Parte das inspirações para a mudança da USP veio justamente dos EUA. Apesar de diferenças cruciais na formação educacional nos dois países, há aspectos que ainda podem ser importados. "Aqui, a relação médico-paciente passa por disciplinas, exercícios e estudos de caso", diz Marcos Montagnini, geriatra e responsável pelo grupo de cuidados paliativos da Universidade de Michigan, uma das instituições que influenciaram a USP. São os profissionais de paliativos que trabalham a humanização da medicina de maneira mais profunda, tratando aspectos físicos, psicológicos e espirituais de pacientes com doenças crônicas terminais. Nos EUA, a disciplina é obrigatória há mais de uma década. Por aqui, não há essa exigência. Para Baracat, da USP, a redução da carga horária pode fazer com que os estudantes tenham tempo para se dedicar a assuntos mais humanistas, como paliativos, ainda na graduação. "Antes isso era quase impossível." Giovanni Guido Cerri, diretor da AMB (Associação Médica Brasileira), avalia que a mudança no curso da principal universidade do país é simbólica. Dá um oportuno chacoalhão no tom em que o médico vinha sendo formado. "Mas ainda falta o estudante conhecer com mais profundidade o SUS e as características da nossa saúde pública e privada", diz. "O Brasil é complexo, e precisamos formar os médicos adequados para um país assim."
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Vinte chefs do mundo lançam apoio a campanha para salvar os oceanos
Vinte chefs do mundo todo anunciam no próximo dia 17 seu comprometimento com a campanha global "Salve os oceanos: Alimente o mundo", lançada pela Oceana (oceana.org ), entidade focada na conservação dos oceanos. O lançamento da mobilização ocorrerá no Centro de Culinária Basca, em San Sebastian, na Espanha. Os anfitriões do evento são os premiados chefs Andoni Luiz Aduriz, do Mugaritz, e Joan Roca, do El Celler de Can Roca. Estarão presentes ainda o brasileiro Alex Atala, do D.O.M., Ferran Adrià, do extinto elBulli, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, e Gastón Acurio, do Astrid y Gastón. De acordo com a campanha, cientistas documentaram o declínio do estoque de espécies selvagens para pesca nos oceanos de todo o mundo. O objetivo é dar fim ao excesso na captura desses animais e proteger o habitat natural.
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Vinte chefs do mundo lançam apoio a campanha para salvar os oceanosVinte chefs do mundo todo anunciam no próximo dia 17 seu comprometimento com a campanha global "Salve os oceanos: Alimente o mundo", lançada pela Oceana (oceana.org ), entidade focada na conservação dos oceanos. O lançamento da mobilização ocorrerá no Centro de Culinária Basca, em San Sebastian, na Espanha. Os anfitriões do evento são os premiados chefs Andoni Luiz Aduriz, do Mugaritz, e Joan Roca, do El Celler de Can Roca. Estarão presentes ainda o brasileiro Alex Atala, do D.O.M., Ferran Adrià, do extinto elBulli, Daniel Humm, do Eleven Madison Park, e Gastón Acurio, do Astrid y Gastón. De acordo com a campanha, cientistas documentaram o declínio do estoque de espécies selvagens para pesca nos oceanos de todo o mundo. O objetivo é dar fim ao excesso na captura desses animais e proteger o habitat natural.
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Povoado italiano revela segredo da longevidade de seus habitantes
Os centenários, particularmente numerosos em uma região próxima a Salerno (sul da Itália), revelaram nesta segunda (05) alguns de seus segredos: a quase ausência de um marcador sanguíneo em seu organismo, diferentemente dos mortais comuns. Com 81 centenários contabilizados no início de setembro, de um total de 700 habitantes, o povoado de Acciaroli intrigou particularmente cientistas americanos, que passaram vários meses na região de Cilento, encravada entre o mar e a montanha ao sul de Salerno, em Campania, para descobrir o segredo desta longevidade excepcional. Pesquisadores da Universidade de San Diego, Califórnia, ajudados por seus colegas da Universidade La Sapienza de Roma, chegaram durante a primavera (do hemisfério norte) passada para estudar o mistério dos moradores locais que desafiam a morte, e nesta segunda divulgaram os primeiros resultados deste estudo. A propensão destes centenários a quase nunca sofrer de doenças cardíacas ou cognitivas, como o mal de Alzheimer, se explicaria pelo fato de que um marcador biológico, estranhamente, está pouco presente em seus organismos. Trata-se de um vasodilatador chamado adrenomedulina, afirmaram em um comunicado os pesquisadores americanos e italianos. Este marcador sanguíneo está presente "de maneira muito menor nos sujeitos estudados, e parece agir como um poderoso fator de proteção, favorecendo um desenvolvimento ótimo da microcirculação", ou seja, a circulação sanguínea capilar, segundo o texto. A PESQUISA CONTINUA O estudo também revelou "metabolitos (pequenas moléculas) presentes em seu organismo, que poderiam influenciar positivamente na longevidade e no bem-estar dos centenários de Cilento", acrescenta o comunicado, sem especificar qual molécula. Os cientistas decidiram estender este estudo piloto e desenvolver sua investigação, o que também incluirá uma campanha de arrecadação de fundos para atingir seu objetivo. Além de avançadas análises sanguíneas (DNA, metabolismo, etc), os pesquisadores realizaram controles cardíacos e neurológicos, explicou à AFP Alan S. Maisel, professor de medicina cardiovascular na universidade de San Diego. Os pesquisadores se interessaram muito na alimentação destas pessoas, a famosa dieta mediterrânea a base de azeite de oliva (que elas mesmas produzem), mas também na genética. Os centenários podem ter um gene que consegue extrair as propriedades benéficas de certos produtos consumidos regularmente, "como o alecrim, que melhora as capacidades do cérebro", disse o professor Maisel. Entre as 80 pessoas idosas que participaram do estudo, 25 das quais eram centenárias, nenhuma sofria do mal de Alzheimer. Todas praticavam uma atividade física diariamente, como a pesca, a manutenção de seu jardim ou uma caminhada, neste povoado de ruas íngremes. "Muitas destas pessoas aparentemente mantêm uma atividade sexual", revelou o pesquisador.
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Povoado italiano revela segredo da longevidade de seus habitantesOs centenários, particularmente numerosos em uma região próxima a Salerno (sul da Itália), revelaram nesta segunda (05) alguns de seus segredos: a quase ausência de um marcador sanguíneo em seu organismo, diferentemente dos mortais comuns. Com 81 centenários contabilizados no início de setembro, de um total de 700 habitantes, o povoado de Acciaroli intrigou particularmente cientistas americanos, que passaram vários meses na região de Cilento, encravada entre o mar e a montanha ao sul de Salerno, em Campania, para descobrir o segredo desta longevidade excepcional. Pesquisadores da Universidade de San Diego, Califórnia, ajudados por seus colegas da Universidade La Sapienza de Roma, chegaram durante a primavera (do hemisfério norte) passada para estudar o mistério dos moradores locais que desafiam a morte, e nesta segunda divulgaram os primeiros resultados deste estudo. A propensão destes centenários a quase nunca sofrer de doenças cardíacas ou cognitivas, como o mal de Alzheimer, se explicaria pelo fato de que um marcador biológico, estranhamente, está pouco presente em seus organismos. Trata-se de um vasodilatador chamado adrenomedulina, afirmaram em um comunicado os pesquisadores americanos e italianos. Este marcador sanguíneo está presente "de maneira muito menor nos sujeitos estudados, e parece agir como um poderoso fator de proteção, favorecendo um desenvolvimento ótimo da microcirculação", ou seja, a circulação sanguínea capilar, segundo o texto. A PESQUISA CONTINUA O estudo também revelou "metabolitos (pequenas moléculas) presentes em seu organismo, que poderiam influenciar positivamente na longevidade e no bem-estar dos centenários de Cilento", acrescenta o comunicado, sem especificar qual molécula. Os cientistas decidiram estender este estudo piloto e desenvolver sua investigação, o que também incluirá uma campanha de arrecadação de fundos para atingir seu objetivo. Além de avançadas análises sanguíneas (DNA, metabolismo, etc), os pesquisadores realizaram controles cardíacos e neurológicos, explicou à AFP Alan S. Maisel, professor de medicina cardiovascular na universidade de San Diego. Os pesquisadores se interessaram muito na alimentação destas pessoas, a famosa dieta mediterrânea a base de azeite de oliva (que elas mesmas produzem), mas também na genética. Os centenários podem ter um gene que consegue extrair as propriedades benéficas de certos produtos consumidos regularmente, "como o alecrim, que melhora as capacidades do cérebro", disse o professor Maisel. Entre as 80 pessoas idosas que participaram do estudo, 25 das quais eram centenárias, nenhuma sofria do mal de Alzheimer. Todas praticavam uma atividade física diariamente, como a pesca, a manutenção de seu jardim ou uma caminhada, neste povoado de ruas íngremes. "Muitas destas pessoas aparentemente mantêm uma atividade sexual", revelou o pesquisador.
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Para especialista, ensinar não deve ser visto apenas como uma arte
A melhoria da qualidade do ensino público no país passa pela mudança da ideia de que educar é uma arte ou um sacerdócio. Esse olhar conceitual foi um dos principais pontos abordados por especialistas que participaram, no último dia 12, de debate promovido pelo Instituto Unibanco, em São Paulo. "É muito comum ouvir nas faculdades que educação é uma arte", afirmou o ex-professor e diretor de escola pública Alexsandro Santos, que hoje trabalha como consultor técnico para educação na Câmara Municipal de São Paulo. "Precisamos transitar da noção de 'arte de ensinar' para a de 'profissional de educação', o que significa encarar os protocolos não como um controle 'malvado' do trabalho, mas como algo para dar segurança dos procedimentos básicos da atividade", disse Santos. De acordo com o pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais Nigel Brooke, todos os processos de implementação de avaliação externa provocaram alterações nas escolas ao longo dos últimos 20 anos. "Cada vez mais se entende esses números, mas é preciso encontrar uma forma de interpretá-los adequadamente e fazer uso desses resultados." Brooke também pontuou as principais críticas à gestão educacional para resultados feitas pela perspectiva dos professores, como por exemplo eventuais "efeitos perversos" que reduziram as definições de qualidade, de currículo e do ensino como um todo. Para ele, parte de tais questionamentos podem ser superados com o real entendimento da política educacional. "Descobrimos ao longo desses anos o quão pouco os professores entendem desse material." RESPONSABILIDADE Para quebrar a eventual resistência de docentes à gestão para resultados, é necessário, na visão dos especialistas, que outros elos da cadeia educacional chamem para si as respectivas responsabilidades, como os secretários de Educação e os supervisores de ensino. "O supervisor é o responsável por levar à escola a ordem de mudança do dia, do projeto que foi escolhido pelo órgão responsável como prioridade ou como política, geralmente visando a melhoria dos resultados", lembrou Nigel Brooke. "Havendo resistência entre escola e secretaria, é claro que esse papel de agente de mudança [do supervisor] fica muito mais difícil", disse. Gerente de ensino médio da Secretaria de Educação do Espírito Santo, a pedagoga Andréa Guzzo Pereira expôs um exemplo de como a pactuação bem feita de metas de desempenho e da gestão para resultados na escola pode surtir efeitos positivos. Em pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco, com dados de 2009 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), as escolas públicas do Estado com as maiores notas atribuíram o bom desempenho ao comprometimento do professor e ao esforço de todos, incluindo da administração da escola. Os colégios com menor Ideb, por outro lado, justificaram os resultados citando fatores externos, como condições precárias da comunidade e problemas estruturais. "O grande desafio é dar meios para a escola fazer suas escolhas dentro do sistema", afirmou Andréa. O consultor Alexsandro Santos acredita que é possível melhorar a aplicação das políticas públicas em educação prevendo algumas das alterações sofridas ao longo do processo de implementação delas. O consultor Alexsandro Santos acredita que, para tornar as políticas públicas de educação mais eficazes, uma boa estratégia seria tentar prever quais alterações elas podem sofrer ao longo de seu processo de implementação. "A política elaborada no gabinete será sempre reformulada a cada nível que descer, até chegar ao dia a dia da escola", diz Santos. "É preciso definir padrões de qualidade, protocolos de trabalho e mecanismos de monitoramento e avaliação", afirmou Alexsandro.
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Para especialista, ensinar não deve ser visto apenas como uma arteA melhoria da qualidade do ensino público no país passa pela mudança da ideia de que educar é uma arte ou um sacerdócio. Esse olhar conceitual foi um dos principais pontos abordados por especialistas que participaram, no último dia 12, de debate promovido pelo Instituto Unibanco, em São Paulo. "É muito comum ouvir nas faculdades que educação é uma arte", afirmou o ex-professor e diretor de escola pública Alexsandro Santos, que hoje trabalha como consultor técnico para educação na Câmara Municipal de São Paulo. "Precisamos transitar da noção de 'arte de ensinar' para a de 'profissional de educação', o que significa encarar os protocolos não como um controle 'malvado' do trabalho, mas como algo para dar segurança dos procedimentos básicos da atividade", disse Santos. De acordo com o pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais Nigel Brooke, todos os processos de implementação de avaliação externa provocaram alterações nas escolas ao longo dos últimos 20 anos. "Cada vez mais se entende esses números, mas é preciso encontrar uma forma de interpretá-los adequadamente e fazer uso desses resultados." Brooke também pontuou as principais críticas à gestão educacional para resultados feitas pela perspectiva dos professores, como por exemplo eventuais "efeitos perversos" que reduziram as definições de qualidade, de currículo e do ensino como um todo. Para ele, parte de tais questionamentos podem ser superados com o real entendimento da política educacional. "Descobrimos ao longo desses anos o quão pouco os professores entendem desse material." RESPONSABILIDADE Para quebrar a eventual resistência de docentes à gestão para resultados, é necessário, na visão dos especialistas, que outros elos da cadeia educacional chamem para si as respectivas responsabilidades, como os secretários de Educação e os supervisores de ensino. "O supervisor é o responsável por levar à escola a ordem de mudança do dia, do projeto que foi escolhido pelo órgão responsável como prioridade ou como política, geralmente visando a melhoria dos resultados", lembrou Nigel Brooke. "Havendo resistência entre escola e secretaria, é claro que esse papel de agente de mudança [do supervisor] fica muito mais difícil", disse. Gerente de ensino médio da Secretaria de Educação do Espírito Santo, a pedagoga Andréa Guzzo Pereira expôs um exemplo de como a pactuação bem feita de metas de desempenho e da gestão para resultados na escola pode surtir efeitos positivos. Em pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco, com dados de 2009 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), as escolas públicas do Estado com as maiores notas atribuíram o bom desempenho ao comprometimento do professor e ao esforço de todos, incluindo da administração da escola. Os colégios com menor Ideb, por outro lado, justificaram os resultados citando fatores externos, como condições precárias da comunidade e problemas estruturais. "O grande desafio é dar meios para a escola fazer suas escolhas dentro do sistema", afirmou Andréa. O consultor Alexsandro Santos acredita que é possível melhorar a aplicação das políticas públicas em educação prevendo algumas das alterações sofridas ao longo do processo de implementação delas. O consultor Alexsandro Santos acredita que, para tornar as políticas públicas de educação mais eficazes, uma boa estratégia seria tentar prever quais alterações elas podem sofrer ao longo de seu processo de implementação. "A política elaborada no gabinete será sempre reformulada a cada nível que descer, até chegar ao dia a dia da escola", diz Santos. "É preciso definir padrões de qualidade, protocolos de trabalho e mecanismos de monitoramento e avaliação", afirmou Alexsandro.
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Leitor comenta coluna de Vladimir Safatle sobre a crise na Grécia
Vladimir Safatle critica a posição da maioria europeia e do FMI em relação à situação da Grécia ("Matar uma ideia). Se erro houve, foi a acolhida daquele país pela União sem que tivesse condições e disposição para as reformas econômicas e disciplina fiscal essenciais. O que exigem é responsabilidade. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor comenta coluna de Vladimir Safatle sobre a crise na GréciaVladimir Safatle critica a posição da maioria europeia e do FMI em relação à situação da Grécia ("Matar uma ideia). Se erro houve, foi a acolhida daquele país pela União sem que tivesse condições e disposição para as reformas econômicas e disciplina fiscal essenciais. O que exigem é responsabilidade. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Após protestos, Romênia derruba decreto que liberava corrupção leve
O governo da Romênia anunciou neste sábado (4) a derrubada do decreto que descriminalizava corrupção com ganhos inferiores a R$ 146 mil, que provocou os maiores protestos vistos no país desde o fim do comunismo, em 1989. A medida foi anunciada na terça (31) pelo primeiro-ministro Sorin Grindeanu sem passar pelo Parlamento e deixou a população indignada, levando a manifestações com mais de 200 mil pessoas nas ruas das maiores cidades do país. Em cadeia de rádio e televisão, o chefe de governo anunciou que fará uma reunião de emergência do gabinete neste domingo (5) para avaliar como derrubar o decreto e fazer com que ele deixe de ter força de lei. Porém, Grindeanu anunciou que deverá levar a descriminalização ao Parlamento para debates, o que não deve diminuir a ira dos manifestantes. "Não quero dividir a Romênia. Neste momento, o país parece estar dividido em dois", disse. Além do debate no Legislativo, onde o governo tem a maioria, espera-se que Tribunal Constitucional do país também julgue a legalidade do decreto. Pela nova regra, quem cometer casos pequenos de corrupção não será preso. Dentre os beneficiários, está o líder do governista Partido Social-Democrata, Liviu Dragnea, acusado de abuso de poder por desvio de R$ 80 mil. Isso levou manifestantes às ruas, gritando "ladrões, ladrões", em referência aos políticos. Alguns cidadãos pediram a renúncia do governo. Diante da magnitude dos atos, o presidente Klaus Iohannis, que tem papel cerimonial, e o Conselho da Magistratura pediram à Suprema Corte que avaliasse a legalidade. Os protestos acontecem meses depois que o Partido Social-Democrata voltou ao poder, embora tenha sido derrubado um ano antes de ser derrubado devido a uma outra série de manifestações anticorrupção. O decreto também deve prejudicar a relação da Romênia com a União Europeia, que reclama do avanço no combate à corrupção. A agência anticorrupção romena investiga mais de 2.000 casos de abuso de poder.
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Após protestos, Romênia derruba decreto que liberava corrupção leveO governo da Romênia anunciou neste sábado (4) a derrubada do decreto que descriminalizava corrupção com ganhos inferiores a R$ 146 mil, que provocou os maiores protestos vistos no país desde o fim do comunismo, em 1989. A medida foi anunciada na terça (31) pelo primeiro-ministro Sorin Grindeanu sem passar pelo Parlamento e deixou a população indignada, levando a manifestações com mais de 200 mil pessoas nas ruas das maiores cidades do país. Em cadeia de rádio e televisão, o chefe de governo anunciou que fará uma reunião de emergência do gabinete neste domingo (5) para avaliar como derrubar o decreto e fazer com que ele deixe de ter força de lei. Porém, Grindeanu anunciou que deverá levar a descriminalização ao Parlamento para debates, o que não deve diminuir a ira dos manifestantes. "Não quero dividir a Romênia. Neste momento, o país parece estar dividido em dois", disse. Além do debate no Legislativo, onde o governo tem a maioria, espera-se que Tribunal Constitucional do país também julgue a legalidade do decreto. Pela nova regra, quem cometer casos pequenos de corrupção não será preso. Dentre os beneficiários, está o líder do governista Partido Social-Democrata, Liviu Dragnea, acusado de abuso de poder por desvio de R$ 80 mil. Isso levou manifestantes às ruas, gritando "ladrões, ladrões", em referência aos políticos. Alguns cidadãos pediram a renúncia do governo. Diante da magnitude dos atos, o presidente Klaus Iohannis, que tem papel cerimonial, e o Conselho da Magistratura pediram à Suprema Corte que avaliasse a legalidade. Os protestos acontecem meses depois que o Partido Social-Democrata voltou ao poder, embora tenha sido derrubado um ano antes de ser derrubado devido a uma outra série de manifestações anticorrupção. O decreto também deve prejudicar a relação da Romênia com a União Europeia, que reclama do avanço no combate à corrupção. A agência anticorrupção romena investiga mais de 2.000 casos de abuso de poder.
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Por que o pai ausente é um tema literário tão sedutor?
RESUMO Neste texto, publicado originalmente em inglês no segundo número da revista "Freeman's" (freemansbiannual.com ), lançado neste mês, o romancista jamaicano vencedor do Man Booker Prize em 2015 discorre sobre a dificuldade de escrever sobre a mãe, pela imposição insistente da figura do pai ausente. A tentativa resulta num retrato sincero das singularidades de uma mulher comum. Os médicos do meu pai descobriram tarde demais, em 2011, que não tinham percebido que seu câncer de cólon estava se espalhando, apesar das cirurgias e da químio. Quando conseguiram encontrar outros a quem culpar pelo fato de a metástase ter passado batido, ele já estava morto. Mas não foi o câncer que o matou. Um coágulo sanguíneo, partindo de sua perna esquerda ou direita, passou facilmente por suas veias, atingiu seu pulmão e fez seu coração parar antes de minha mãe conseguir estacionar o carro para visitá-lo pela segunda vez naquele fim de semana. Recebi a notícia de sua morte pela minha irmã, um telefonema rápido durante o qual o único jeito que ela achou para não desmoronar foi recorrer ao jargão de médicos, "Papai não resistiu". As palavras me deixaram confuso, apesar de ela ter repetido duas vezes, e foi apenas quando ouvi minha mãe gritar no quarto dele que eu soube. O problema é que esta não é uma história sobre meu pai. Sempre escrevo sobre ele, mas nunca sobre minha mãe. Mesmo antes de meus amigos e eu chegarmos ao tempo dos enterros, meu pai já ocupava um espaço curioso na minha vida –estava ali, mas nem sempre presente enquanto eu crescia. Presente, mas nem sempre ali quando adoecia. Estava sempre disposto a falar de Shakespeare, Coleridge ou Khalil Gibran, mas só uma vez ele me perguntou se eu tinha namorada. Entre nós sempre houve distância e estática; o único filho que conseguia falar de poesia com ele era o filho que ele não conseguia entender. Tudo isso resulta em dois parágrafos de prosa em que o ato de tentar mapear um homem se torna a finalidade da prosa em si. É como se aquele vazio do tamanho de um homem que os pais deixam fosse perfeito para lustrar a poesia, mas eu não pudesse dizer nada de minha mãe sempre presente. Era ela quem estava sempre ali, mas sobre ela é sempre mais difícil escrever. É fácil tecer uma ficção inteligente sobre meu pai. Não é tão fácil reunir palavras para falar de minha mãe, aquela que fazia os curativos e comprava os livros da escola, mas também que muitas vezes estava por perto durante os longos períodos de tédio das férias. Mesmo num nível puramente linguístico, "o homem que não estava ali" tem muito mais apelo do que "a mulher que sempre estava presente". Talvez seja porque escritores e leitores valorizam muito a ideia do anseio. Mas lá vai o meu pai de novo, sequestrando uma história sobre minha mãe. Coisas das quais eu me lembro. A primeira vez que vi minha mãe chorar foi em 1978, quando chegou da Inglaterra a notícia de que minha cunhada tinha morrido. Eu tinha oito anos de idade, e adultos não choravam. Adultos nunca eram fracos. Adultos tinham resposta para tudo. Adultos me davam uma surra e ao mesmo tempo me convenciam de que isso estava doendo muito mais neles que em mim. Ou então: se gente grande chorava, era porque estava sentindo dor física. Mas aquilo era diferente. Ela estava chorando por algo que não dava para ver, ouvir ou tocar. Estava soluçando até. E aí parou, e em uma hora foi como se nada tivesse acontecido. Ela fez a mesma coisa quando meu pai morreu, minha irmã me contou. O som que ouvi pelo telefone, aquele som longo, alto e sem ar, como um engasgo, um grito e um choro tudo ao mesmo tempo. Na volta para casa, a minha irmã dirigiu, e ela ficou sentada em silêncio. E foi isso. Mais de uma vez minha mãe perdeu a compostura. Quando, no início dos anos 1980, descobriu que meu irmão mais velho estava fumando maconha, ela lhe deu uns tabefes, não como uma mãe que tenta impor disciplina, mas como uma mulher furiosa porque um homem a havia decepcionado de novo. Ou quando ela gritou comigo no carro, apesar de estar brava com outra pessoa. Nenhum de nós dois pediu desculpas nem mencionou o assunto novamente. E tem mais: minha mãe é mentirosa. Uma grande mentirosa, minuciosa, dotada de um incrível poder de convencimento. Talvez esse seja o lado mais engraçado dela. Ela deu um jeito de fazer com que cada um de nós, aos seis anos, acreditasse que ela tinha cem anos, a ponto de chegarmos a repetir isso em sala de aula com expressão tão séria que mesmo a professora começava a se perguntar se não seria verdade. E teve aquela vez em que ela nos disse que íamos nos mudar para uma casa grande no centro da cidade, e depois ficou ali sentada no sofá enquanto decidíamos o que levar e o que abandonar e com que amigos deixaríamos de falar, uma vez que íamos virar gente chique. Minha mãe acha que foi o hospital que matou meu pai. Ela nunca teve paciência para meias verdades ou evasivas e às vezes ultrapassa a linha que separa a franqueza da falta de tato. É claro que não dá para saber direito o que houve; em um hospital jamaicano tudo pode acontecer, e o máximo que fizeram para tentar prevenir uma trombose venosa profunda foi mandar o paciente se levantar e andar. Um homem doente, morto pelo hospital que esperava que ele fosse Lázaro; mais de uma vez ela já os chamou de assassinos, em conversas comigo e com minha irmã. E, embora eu diga "Mamãe, não dá para ficar pensando essas coisas", sei que é verdade. BELEZA Ela nasceu em Linstead, St. Catherine, em 1936. Suas irmãs ainda dizem que ela era a mais bonita das garotas Dillon, e isso já não seria pouca coisa, porque todo o mundo em Linstead sabia da beleza das irmãs Dillon, mas as fotos da época confirmam o que dizem. Há uma foto dela com os cabelos ondulados à la Billie Holiday e toda embonecada, como se saída de um filme dos anos 1950. Em outra, ela e três moças estão todas "mod", de minissaia, coque banana, encostadas num carro esporte. Parece que elas estão na praia, e que são mais amigas do peito do que irmãs de verdade, mas não faço ideia de quem fossem essas mulheres. A foto me faz pensar sobre quem ela era antes do casamento e da maternidade. Minha mãe se divertindo. Minha mãe na balada com seu séquito de amigas, talvez até se metendo em encrenca. Minha mãe, uma mulher saindo com amigas. Isso me assombra porque as amigas da minha mãe eram principalmente as do trabalho e, no final dos anos 1980, todas já tinham sumido. Uma vez, quando eu tinha 18 anos ela me disse: "Bem, você sabe que eu não tenho com quem conversar". E essa frase, dita assim, com tal pouco-caso, talvez explique por que o casamento sempre me pareceu um purgatório. Esse é um trato que ainda vejo muitas mulheres fazendo, incluindo amigas que não são mais amigas. "Agora que sou uma mulher casada, minha vida é meu marido e minha família." Os amigos perdem importância. Isso era uma história que as mulheres engoliam: que a amizade era feita para passar o tempo até você encontrar seu verdadeiro propósito na vida, como esposa e mãe. A felicidade era algo que você proporcionava a seus filhos, não a você mesma. Minha mãe foi a primeira a personificar uma contradição para mim. Uma coisa que eu veria em dois amigos que tinham traído suas mulheres e um que provavelmente o faria. Homens e mulheres, no meio de famílias em constante crescimento, que ainda assim eram as pessoas mais solitárias do planeta. Tem mais essa: ela peida. Mas muito mesmo. Vivo dizendo que um dia ela vai soltar uma explosão tamanha que vai entrar em órbita. Meus primos se impressionam com sua capacidade sem fim de expressar doçura. Para eles, ela é "a" tia. Alguém capaz de te envolver com as palavras, como num abraço suave e doce, mesmo que sejam palavras tão simples quanto "Feliz Natal". Quando está com os irmãos, ela vira a irmã mais velha, aquela que ficou na Jamaica, a última das irmãs a se casar e a última a se convencer de que devia se casar com meu pai. No enterro da mãe, em 1976, ela abraçou firme duas de suas irmãs enquanto elas desabavam. Ela mesma estava cansada, os braços em volta de minhas tias, seus olhos ocultos na sombra de seu chapéu preto de aba larga. Só uma lágrima escorria pela sua face direita. Ela é até hoje a irmã na qual elas se amparam. E outra coisa: ela continua a me chamar de "baby" na frente de todo mundo. E é assim: "Bye, bayyybeeeee". Aos 21 anos, eu já um homem feito, isso me irritava profundamente; mas agora, sempre que nos despedimos, em casa ou no aeroporto, eu fico ali, em suspense, só esperando ela dizer. LAGOSTA Uma vez, numa tarde modorrenta de domingo, quando eu tinha uns 15 ou 16 anos, eu estava com meu pai na cozinha, aprendendo como preparar lagosta, e o vi olhando de soslaio pela janela que dava para o jardim. Ele me chamou para perto com um aceno da mão esquerda, enquanto com a direita espetava as lagostas com um garfo enorme e as mergulhava na gordura que pipocava. Lá fora, minha mãe estava ajoelhada no jardim, e nós lá de dentro a observávamos como se aquela mulher plantando flores fosse uma desconhecida prestes a se levantar e sair do quadro. "Está vendo ela? É a mulher mais inteligente que já conheci. Mas orgulhosa que só. Ela foi reprovada em um exame só e desistiu de tentar de novo. Será que tem mais alho?" Anos mais tarde, em um jantar de Natal, quando todo mundo estava delirando com a lagosta do meu pai, seu porco assado, seu cabrito ao curry, ela disse, como se falasse consigo mesma, de novo naquele tom de pouco-caso que usa para expressar decepções: "Ninguém diz nada quando eu cozinho". Ela nunca falou um palavrão. Nunca. Nem mesmo "merda". Flannery O'Connor comentou certa vez que as grandes histórias não se prestam à paráfrase. Tenho a impressão de que a história de minha mãe não se presta a virar uma história. Ou talvez eu só seja capaz de recordar, mas não de rearranjar, reordenar as lembranças na forma de narrativa. Pode ser que, na melhor das hipóteses, eu consiga fazer algo como "7 or 8 Things I Know About Her" [7 ou 8 coisas que sei sobre ela], de Michael Ondaatje. Tenho a impressão de que é algo mais simples, o fato de que talvez eu nem conheça minha mãe. Sei que ela gosta de refrigerante de baunilha e ainda o chama de água com bolhinhas. Ela ainda chama guarda-chuva de sombrinha. Mas ponha a TV numa luta de boxe, e você vai vê-la gritar, frenética, como Norman Mailer diante de uma briga de negros. Anos atrás, estávamos sozinhos em casa, era manhã avançada já. Eu ainda morava com ela, então devia ter uns 24 ou 25 anos. Não lembro por que não tinha mais ninguém em casa, mas lembro de ela bater na minha porta e entrar, nervosa e ansiosa. "Levanta, rápido", ela disse. Fiz o que fazem as pessoas de 20 e poucos anos: perguntei por quê. E continuei deitado na cama, indeciso entre CDs do Jane's Addiction ou do Mother Love Bone. "Levanta, vai", ela falou. "Dança comigo." Eu não sabia o que fazer. O pior é que parecia sério, e não uma brincadeira. Ela ficou ali esperando, usando o vestido leve de sempre, com o cabelo enrolado para cima. "Eu não danço", falei. Ela não me ouviu, mas começou a cantarolar, e foi só quando chegou ao refrão que percebi que era "Tennessee Waltz", de Patti Page. Ela disse que era sua canção favorita, mas que nunca a ouvira no rádio. Devia fazer uns 40 anos que ela não a ouvia. Ela ainda estava na porta, esperando. Eu ainda estava na cama, esperando que ela saísse, e o constrangimento foi aumentando. Quando ela foi embora, fiquei pensando se aquela teria sido uma última tentativa sua de ser quem ela fora 40 anos antes e minha última chance de ver quem ela havia sido quando era muito mais jovem do que eu. EXORCISMO Na manhã do meu exorcismo, fiz uma lista de queixas contra meu pai. Eu tinha ido a uma igreja no centro de Kingston, porque não queria que ninguém da minha igreja ficasse sabendo. E porque aquele demônio em mim, aquele que queria ver Jake Gyllenhaal e Hugh Jackman nus, estava tomando conta da minha vida, quero dizer tomando conta do meu computador. E o folheto de igreja que eu guardara anos a fio a fim de lembrar que os homens com quem eu pensava que queria transar na realidade eram homens que eu queria ser, estava já meio gasto. Pecado – culpa – confissão – perdão – enxágue – repita. Eu só queria ser normal. Não, não é verdade. Eu não queria nem um pouco ser normal. Queria querer isso. Eu não queria esposa e filhos, queria querê-los. Eu não queria uma casa no subúrbio com dois carros na garagem e um emprego normal e o cenário normal de um café da manhã numa terça qualquer, a TV ligada enquanto eu despacho as crianças para a escola. Queria desejar isso. Eu não disse nada disso quando os salvadores, um homem e uma mulher, entraram na sala bege de 12 por 12 com três cadeiras e dois saquinhos de vômito no chão. Eles me perguntaram por que eu estava ali. Eu disparei todos os motivos pelos quais eu tinha muita raiva do meu pai, como ele tinha me decepcionado, ofendido e desagradado, porque toda bicha sempre está à procura do pai. "Fale-me de sua mãe", disse o homem. Abri a boca e saiu um grito. JEANS Depois que meu pai morreu, minha mãe voltou a usar calças, coisa que ela não fazia desde os anos 1970. Agora ela usa jeans, uma novidade total. Minha irmã mais nova, que mora com ela, anda lhe apresentando práticas de produção, de modo que ela passou a usar base. Mas a morte do meu pai também a livrou de certo tipo de bobagem pensada para agradar os homens, então ela agora usa o cabelo bem curtinho, com cachos pequenos e brilhantes. Ela confessa à filha coisas que jamais revelaria aos filhos, inclusive seu medo terrível de ficar sozinha. Seus filhos moram fora e ela viaja todo ano. Mas não para minha casa –fico petrificado só de pensar no trabalhão que daria "desgayzar" a minha casa. Na semana em que seu último filho saiu de casa, tia Elise começou a fazer cerâmica. Minha mãe, que dedicou a maior parte da vida ao trabalho e à família, nunca se deu um espaço. E, tirando a igreja, ela não sabe dar espaço para coisa alguma, embora tenha espaço de sobra. Ela nunca vai começar a fazer cerâmica nem qualquer outra coisa nova, na verdade –o velho medo do fracasso a impede de tentar. Mas é uma mulher que caminha dois quilômetros para ir à igreja, prepara todas suas refeições, dirige como uma motorista profissional e mantém seus irmãos e irmãs unidos. A mãe do meu melhor amigo passou a aposentadoria sentada numa poltrona ao lado da TV, esperando a morte, que demorou sete anos para chegar. Eu não diria que minha mãe largou mão, nenhuma mulher que tenha acabado de descobrir a calça jeans largou mão, mas o limbo em que ela parece estar não faz muito sentido. É um limbo em que ela resolve caça-palavras e escreve e-mails para os sobrinhos e netos. Todos trememos ao imaginar o momento em que ela descobrirá o Facebook. Não tenho coragem de perguntar se ela está feliz, mas acho que está. Bom, ela fica feliz sempre que pensa nos filhos, nos netos e na igreja. E mesmo quando pensa em meu pai. Eles eram aqueles melhores amigos que nunca deveriam ter se casado. Mas se casaram, fizeram quatro filhos e, no fim da vida dele, quando nada mais oferecia motivo para amargura, voltaram a ser melhores amigos. Era bonito de ver, o ritmo daquela amizade madura entre homem e mulher, o companheirismo livre das complicações do casamento. Ela não sente falta de um marido –o marido nunca foi muito presente mesmo, mas ela sente falta do amigo e ainda chora sua morte. Uma vez um homem me convidou para passar o Natal em Paris. Era 2005. Eu não o achava muito atraente, mas não foi por isso que não fui. Eu só pensava no que a minha mãe ia pensar se descobrisse que eu era gay. Eu imaginava que ela se entregaria ainda mais à igreja, com a missão de rezar pela minha cura gay ou, pior ainda, para expiar seu fracasso como mãe. Acho que o meu grito na sala de exorcismo se deveu à súbita percepção de que eu tinha construído minha vida terrível em função do desejo de não decepcionar minha mãe, muito embora ela nunca tivesse me pedido isso. Quando enfim entendi que eu era gay e ponto final, achei que teria de aceitar o fato de que ela não faria mais parte da minha vida. Eu, de novo, não estava vendo minha mãe como uma pessoa, mas como um conceito sobre o qual projetar meu medo e meu desejo para poder reagir. "Como ela poderia não saber? Eu nunca tinha tido uma namorada. Como ela poderia saber? Nunca falamos dessas coisas" –na verdade, nós somos uma família que não conversa, algo que quase acabou com a minha irmã. Eu saí do armário na revista do "New York Times", em 15 de março de 2015. Eu não achei que estivesse saindo do armário, mas o texto foi recebido assim e viralizou. Eu finalmente tinha deixado de me importar com o que as pessoas pensavam, e as reações, positivas ou negativas, não me interessavam. No fim de semana anterior, eu tinha almoçado com meu irmão mais velho. Enquanto ele simplesmente pensava que estava almoçando com o irmãozinho, eu sinceramente pensava que seria a última vez que estaríamos juntos. Foi uma estranha semana de despedidas, durante a qual eu agi como se estivesse atravessando o funeral dos meus relacionamentos. Então foi engraçado chegar ao anticlímax pelo qual eu ansiara por 30 anos, no qual minha família e meus amigos me dariam seu apoio após eu sair do armário e, logo em seguida, superariam o fato. Mas até meus irmãos perguntaram se eu tinha falado com a mamãe. Eles achavam que eu deveria ligar para ela e explicar, já que ela receberia a notícia ao mesmo tempo que alguns milhões de pessoas, e sabe-se lá como ela reagiria ao fato de eu não ter contado para ela. Concordei, até o momento em que percebi que não queria mais me explicar. Então eu ganhei o Booker, e todas as reportagens que saíram começavam com "o autor jamaicano assumidamente gay". Minha mãe recebe os alertas do Google sobre mim –com certeza ela já estaria sabendo. Eu não ia contar. Maurice Sendak também nunca disse para a mãe que era gay. Essa história toda de "assumidamente gay" me fez pensar se a minha mãe voltaria a falar comigo na vida. Isso é dramático demais, é claro que eu sabia que falaria, mas me perguntava se a gente iria além das questões da família. Que está na hora de dar uma aparada na sebe, e que não sei quem deixou de ir à igreja. E ainda mais essa: desde que eu tinha um ano de idade, minha mãe me canta "Parabéns a Você" todo dia 24 de novembro. Dois anos antes, ela tinha ligado para mim na Nigéria. Eu tinha me resignado a nunca mais receber aquela ligação. Não por amargura ou porque ela quisesse me ferir, e sim porque nosso mutismo familiar se estenderia até o canto dela. Mas às 9h do meu aniversário, quando eu estava acordando de ressaca em Londres, meu celular tocou. Era o número dela. Ela não disse alô nem nada, só deu uma respiradinha e cantou. MARLON JAMES, 45, escritor jamaicano, venceu o Prêmio Man Booker em 2015. CLARA ALLAIN é tradutora ALEXANDRE TELES, 37, é artista plástico.
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Por que o pai ausente é um tema literário tão sedutor?RESUMO Neste texto, publicado originalmente em inglês no segundo número da revista "Freeman's" (freemansbiannual.com ), lançado neste mês, o romancista jamaicano vencedor do Man Booker Prize em 2015 discorre sobre a dificuldade de escrever sobre a mãe, pela imposição insistente da figura do pai ausente. A tentativa resulta num retrato sincero das singularidades de uma mulher comum. Os médicos do meu pai descobriram tarde demais, em 2011, que não tinham percebido que seu câncer de cólon estava se espalhando, apesar das cirurgias e da químio. Quando conseguiram encontrar outros a quem culpar pelo fato de a metástase ter passado batido, ele já estava morto. Mas não foi o câncer que o matou. Um coágulo sanguíneo, partindo de sua perna esquerda ou direita, passou facilmente por suas veias, atingiu seu pulmão e fez seu coração parar antes de minha mãe conseguir estacionar o carro para visitá-lo pela segunda vez naquele fim de semana. Recebi a notícia de sua morte pela minha irmã, um telefonema rápido durante o qual o único jeito que ela achou para não desmoronar foi recorrer ao jargão de médicos, "Papai não resistiu". As palavras me deixaram confuso, apesar de ela ter repetido duas vezes, e foi apenas quando ouvi minha mãe gritar no quarto dele que eu soube. O problema é que esta não é uma história sobre meu pai. Sempre escrevo sobre ele, mas nunca sobre minha mãe. Mesmo antes de meus amigos e eu chegarmos ao tempo dos enterros, meu pai já ocupava um espaço curioso na minha vida –estava ali, mas nem sempre presente enquanto eu crescia. Presente, mas nem sempre ali quando adoecia. Estava sempre disposto a falar de Shakespeare, Coleridge ou Khalil Gibran, mas só uma vez ele me perguntou se eu tinha namorada. Entre nós sempre houve distância e estática; o único filho que conseguia falar de poesia com ele era o filho que ele não conseguia entender. Tudo isso resulta em dois parágrafos de prosa em que o ato de tentar mapear um homem se torna a finalidade da prosa em si. É como se aquele vazio do tamanho de um homem que os pais deixam fosse perfeito para lustrar a poesia, mas eu não pudesse dizer nada de minha mãe sempre presente. Era ela quem estava sempre ali, mas sobre ela é sempre mais difícil escrever. É fácil tecer uma ficção inteligente sobre meu pai. Não é tão fácil reunir palavras para falar de minha mãe, aquela que fazia os curativos e comprava os livros da escola, mas também que muitas vezes estava por perto durante os longos períodos de tédio das férias. Mesmo num nível puramente linguístico, "o homem que não estava ali" tem muito mais apelo do que "a mulher que sempre estava presente". Talvez seja porque escritores e leitores valorizam muito a ideia do anseio. Mas lá vai o meu pai de novo, sequestrando uma história sobre minha mãe. Coisas das quais eu me lembro. A primeira vez que vi minha mãe chorar foi em 1978, quando chegou da Inglaterra a notícia de que minha cunhada tinha morrido. Eu tinha oito anos de idade, e adultos não choravam. Adultos nunca eram fracos. Adultos tinham resposta para tudo. Adultos me davam uma surra e ao mesmo tempo me convenciam de que isso estava doendo muito mais neles que em mim. Ou então: se gente grande chorava, era porque estava sentindo dor física. Mas aquilo era diferente. Ela estava chorando por algo que não dava para ver, ouvir ou tocar. Estava soluçando até. E aí parou, e em uma hora foi como se nada tivesse acontecido. Ela fez a mesma coisa quando meu pai morreu, minha irmã me contou. O som que ouvi pelo telefone, aquele som longo, alto e sem ar, como um engasgo, um grito e um choro tudo ao mesmo tempo. Na volta para casa, a minha irmã dirigiu, e ela ficou sentada em silêncio. E foi isso. Mais de uma vez minha mãe perdeu a compostura. Quando, no início dos anos 1980, descobriu que meu irmão mais velho estava fumando maconha, ela lhe deu uns tabefes, não como uma mãe que tenta impor disciplina, mas como uma mulher furiosa porque um homem a havia decepcionado de novo. Ou quando ela gritou comigo no carro, apesar de estar brava com outra pessoa. Nenhum de nós dois pediu desculpas nem mencionou o assunto novamente. E tem mais: minha mãe é mentirosa. Uma grande mentirosa, minuciosa, dotada de um incrível poder de convencimento. Talvez esse seja o lado mais engraçado dela. Ela deu um jeito de fazer com que cada um de nós, aos seis anos, acreditasse que ela tinha cem anos, a ponto de chegarmos a repetir isso em sala de aula com expressão tão séria que mesmo a professora começava a se perguntar se não seria verdade. E teve aquela vez em que ela nos disse que íamos nos mudar para uma casa grande no centro da cidade, e depois ficou ali sentada no sofá enquanto decidíamos o que levar e o que abandonar e com que amigos deixaríamos de falar, uma vez que íamos virar gente chique. Minha mãe acha que foi o hospital que matou meu pai. Ela nunca teve paciência para meias verdades ou evasivas e às vezes ultrapassa a linha que separa a franqueza da falta de tato. É claro que não dá para saber direito o que houve; em um hospital jamaicano tudo pode acontecer, e o máximo que fizeram para tentar prevenir uma trombose venosa profunda foi mandar o paciente se levantar e andar. Um homem doente, morto pelo hospital que esperava que ele fosse Lázaro; mais de uma vez ela já os chamou de assassinos, em conversas comigo e com minha irmã. E, embora eu diga "Mamãe, não dá para ficar pensando essas coisas", sei que é verdade. BELEZA Ela nasceu em Linstead, St. Catherine, em 1936. Suas irmãs ainda dizem que ela era a mais bonita das garotas Dillon, e isso já não seria pouca coisa, porque todo o mundo em Linstead sabia da beleza das irmãs Dillon, mas as fotos da época confirmam o que dizem. Há uma foto dela com os cabelos ondulados à la Billie Holiday e toda embonecada, como se saída de um filme dos anos 1950. Em outra, ela e três moças estão todas "mod", de minissaia, coque banana, encostadas num carro esporte. Parece que elas estão na praia, e que são mais amigas do peito do que irmãs de verdade, mas não faço ideia de quem fossem essas mulheres. A foto me faz pensar sobre quem ela era antes do casamento e da maternidade. Minha mãe se divertindo. Minha mãe na balada com seu séquito de amigas, talvez até se metendo em encrenca. Minha mãe, uma mulher saindo com amigas. Isso me assombra porque as amigas da minha mãe eram principalmente as do trabalho e, no final dos anos 1980, todas já tinham sumido. Uma vez, quando eu tinha 18 anos ela me disse: "Bem, você sabe que eu não tenho com quem conversar". E essa frase, dita assim, com tal pouco-caso, talvez explique por que o casamento sempre me pareceu um purgatório. Esse é um trato que ainda vejo muitas mulheres fazendo, incluindo amigas que não são mais amigas. "Agora que sou uma mulher casada, minha vida é meu marido e minha família." Os amigos perdem importância. Isso era uma história que as mulheres engoliam: que a amizade era feita para passar o tempo até você encontrar seu verdadeiro propósito na vida, como esposa e mãe. A felicidade era algo que você proporcionava a seus filhos, não a você mesma. Minha mãe foi a primeira a personificar uma contradição para mim. Uma coisa que eu veria em dois amigos que tinham traído suas mulheres e um que provavelmente o faria. Homens e mulheres, no meio de famílias em constante crescimento, que ainda assim eram as pessoas mais solitárias do planeta. Tem mais essa: ela peida. Mas muito mesmo. Vivo dizendo que um dia ela vai soltar uma explosão tamanha que vai entrar em órbita. Meus primos se impressionam com sua capacidade sem fim de expressar doçura. Para eles, ela é "a" tia. Alguém capaz de te envolver com as palavras, como num abraço suave e doce, mesmo que sejam palavras tão simples quanto "Feliz Natal". Quando está com os irmãos, ela vira a irmã mais velha, aquela que ficou na Jamaica, a última das irmãs a se casar e a última a se convencer de que devia se casar com meu pai. No enterro da mãe, em 1976, ela abraçou firme duas de suas irmãs enquanto elas desabavam. Ela mesma estava cansada, os braços em volta de minhas tias, seus olhos ocultos na sombra de seu chapéu preto de aba larga. Só uma lágrima escorria pela sua face direita. Ela é até hoje a irmã na qual elas se amparam. E outra coisa: ela continua a me chamar de "baby" na frente de todo mundo. E é assim: "Bye, bayyybeeeee". Aos 21 anos, eu já um homem feito, isso me irritava profundamente; mas agora, sempre que nos despedimos, em casa ou no aeroporto, eu fico ali, em suspense, só esperando ela dizer. LAGOSTA Uma vez, numa tarde modorrenta de domingo, quando eu tinha uns 15 ou 16 anos, eu estava com meu pai na cozinha, aprendendo como preparar lagosta, e o vi olhando de soslaio pela janela que dava para o jardim. Ele me chamou para perto com um aceno da mão esquerda, enquanto com a direita espetava as lagostas com um garfo enorme e as mergulhava na gordura que pipocava. Lá fora, minha mãe estava ajoelhada no jardim, e nós lá de dentro a observávamos como se aquela mulher plantando flores fosse uma desconhecida prestes a se levantar e sair do quadro. "Está vendo ela? É a mulher mais inteligente que já conheci. Mas orgulhosa que só. Ela foi reprovada em um exame só e desistiu de tentar de novo. Será que tem mais alho?" Anos mais tarde, em um jantar de Natal, quando todo mundo estava delirando com a lagosta do meu pai, seu porco assado, seu cabrito ao curry, ela disse, como se falasse consigo mesma, de novo naquele tom de pouco-caso que usa para expressar decepções: "Ninguém diz nada quando eu cozinho". Ela nunca falou um palavrão. Nunca. Nem mesmo "merda". Flannery O'Connor comentou certa vez que as grandes histórias não se prestam à paráfrase. Tenho a impressão de que a história de minha mãe não se presta a virar uma história. Ou talvez eu só seja capaz de recordar, mas não de rearranjar, reordenar as lembranças na forma de narrativa. Pode ser que, na melhor das hipóteses, eu consiga fazer algo como "7 or 8 Things I Know About Her" [7 ou 8 coisas que sei sobre ela], de Michael Ondaatje. Tenho a impressão de que é algo mais simples, o fato de que talvez eu nem conheça minha mãe. Sei que ela gosta de refrigerante de baunilha e ainda o chama de água com bolhinhas. Ela ainda chama guarda-chuva de sombrinha. Mas ponha a TV numa luta de boxe, e você vai vê-la gritar, frenética, como Norman Mailer diante de uma briga de negros. Anos atrás, estávamos sozinhos em casa, era manhã avançada já. Eu ainda morava com ela, então devia ter uns 24 ou 25 anos. Não lembro por que não tinha mais ninguém em casa, mas lembro de ela bater na minha porta e entrar, nervosa e ansiosa. "Levanta, rápido", ela disse. Fiz o que fazem as pessoas de 20 e poucos anos: perguntei por quê. E continuei deitado na cama, indeciso entre CDs do Jane's Addiction ou do Mother Love Bone. "Levanta, vai", ela falou. "Dança comigo." Eu não sabia o que fazer. O pior é que parecia sério, e não uma brincadeira. Ela ficou ali esperando, usando o vestido leve de sempre, com o cabelo enrolado para cima. "Eu não danço", falei. Ela não me ouviu, mas começou a cantarolar, e foi só quando chegou ao refrão que percebi que era "Tennessee Waltz", de Patti Page. Ela disse que era sua canção favorita, mas que nunca a ouvira no rádio. Devia fazer uns 40 anos que ela não a ouvia. Ela ainda estava na porta, esperando. Eu ainda estava na cama, esperando que ela saísse, e o constrangimento foi aumentando. Quando ela foi embora, fiquei pensando se aquela teria sido uma última tentativa sua de ser quem ela fora 40 anos antes e minha última chance de ver quem ela havia sido quando era muito mais jovem do que eu. EXORCISMO Na manhã do meu exorcismo, fiz uma lista de queixas contra meu pai. Eu tinha ido a uma igreja no centro de Kingston, porque não queria que ninguém da minha igreja ficasse sabendo. E porque aquele demônio em mim, aquele que queria ver Jake Gyllenhaal e Hugh Jackman nus, estava tomando conta da minha vida, quero dizer tomando conta do meu computador. E o folheto de igreja que eu guardara anos a fio a fim de lembrar que os homens com quem eu pensava que queria transar na realidade eram homens que eu queria ser, estava já meio gasto. Pecado – culpa – confissão – perdão – enxágue – repita. Eu só queria ser normal. Não, não é verdade. Eu não queria nem um pouco ser normal. Queria querer isso. Eu não queria esposa e filhos, queria querê-los. Eu não queria uma casa no subúrbio com dois carros na garagem e um emprego normal e o cenário normal de um café da manhã numa terça qualquer, a TV ligada enquanto eu despacho as crianças para a escola. Queria desejar isso. Eu não disse nada disso quando os salvadores, um homem e uma mulher, entraram na sala bege de 12 por 12 com três cadeiras e dois saquinhos de vômito no chão. Eles me perguntaram por que eu estava ali. Eu disparei todos os motivos pelos quais eu tinha muita raiva do meu pai, como ele tinha me decepcionado, ofendido e desagradado, porque toda bicha sempre está à procura do pai. "Fale-me de sua mãe", disse o homem. Abri a boca e saiu um grito. JEANS Depois que meu pai morreu, minha mãe voltou a usar calças, coisa que ela não fazia desde os anos 1970. Agora ela usa jeans, uma novidade total. Minha irmã mais nova, que mora com ela, anda lhe apresentando práticas de produção, de modo que ela passou a usar base. Mas a morte do meu pai também a livrou de certo tipo de bobagem pensada para agradar os homens, então ela agora usa o cabelo bem curtinho, com cachos pequenos e brilhantes. Ela confessa à filha coisas que jamais revelaria aos filhos, inclusive seu medo terrível de ficar sozinha. Seus filhos moram fora e ela viaja todo ano. Mas não para minha casa –fico petrificado só de pensar no trabalhão que daria "desgayzar" a minha casa. Na semana em que seu último filho saiu de casa, tia Elise começou a fazer cerâmica. Minha mãe, que dedicou a maior parte da vida ao trabalho e à família, nunca se deu um espaço. E, tirando a igreja, ela não sabe dar espaço para coisa alguma, embora tenha espaço de sobra. Ela nunca vai começar a fazer cerâmica nem qualquer outra coisa nova, na verdade –o velho medo do fracasso a impede de tentar. Mas é uma mulher que caminha dois quilômetros para ir à igreja, prepara todas suas refeições, dirige como uma motorista profissional e mantém seus irmãos e irmãs unidos. A mãe do meu melhor amigo passou a aposentadoria sentada numa poltrona ao lado da TV, esperando a morte, que demorou sete anos para chegar. Eu não diria que minha mãe largou mão, nenhuma mulher que tenha acabado de descobrir a calça jeans largou mão, mas o limbo em que ela parece estar não faz muito sentido. É um limbo em que ela resolve caça-palavras e escreve e-mails para os sobrinhos e netos. Todos trememos ao imaginar o momento em que ela descobrirá o Facebook. Não tenho coragem de perguntar se ela está feliz, mas acho que está. Bom, ela fica feliz sempre que pensa nos filhos, nos netos e na igreja. E mesmo quando pensa em meu pai. Eles eram aqueles melhores amigos que nunca deveriam ter se casado. Mas se casaram, fizeram quatro filhos e, no fim da vida dele, quando nada mais oferecia motivo para amargura, voltaram a ser melhores amigos. Era bonito de ver, o ritmo daquela amizade madura entre homem e mulher, o companheirismo livre das complicações do casamento. Ela não sente falta de um marido –o marido nunca foi muito presente mesmo, mas ela sente falta do amigo e ainda chora sua morte. Uma vez um homem me convidou para passar o Natal em Paris. Era 2005. Eu não o achava muito atraente, mas não foi por isso que não fui. Eu só pensava no que a minha mãe ia pensar se descobrisse que eu era gay. Eu imaginava que ela se entregaria ainda mais à igreja, com a missão de rezar pela minha cura gay ou, pior ainda, para expiar seu fracasso como mãe. Acho que o meu grito na sala de exorcismo se deveu à súbita percepção de que eu tinha construído minha vida terrível em função do desejo de não decepcionar minha mãe, muito embora ela nunca tivesse me pedido isso. Quando enfim entendi que eu era gay e ponto final, achei que teria de aceitar o fato de que ela não faria mais parte da minha vida. Eu, de novo, não estava vendo minha mãe como uma pessoa, mas como um conceito sobre o qual projetar meu medo e meu desejo para poder reagir. "Como ela poderia não saber? Eu nunca tinha tido uma namorada. Como ela poderia saber? Nunca falamos dessas coisas" –na verdade, nós somos uma família que não conversa, algo que quase acabou com a minha irmã. Eu saí do armário na revista do "New York Times", em 15 de março de 2015. Eu não achei que estivesse saindo do armário, mas o texto foi recebido assim e viralizou. Eu finalmente tinha deixado de me importar com o que as pessoas pensavam, e as reações, positivas ou negativas, não me interessavam. No fim de semana anterior, eu tinha almoçado com meu irmão mais velho. Enquanto ele simplesmente pensava que estava almoçando com o irmãozinho, eu sinceramente pensava que seria a última vez que estaríamos juntos. Foi uma estranha semana de despedidas, durante a qual eu agi como se estivesse atravessando o funeral dos meus relacionamentos. Então foi engraçado chegar ao anticlímax pelo qual eu ansiara por 30 anos, no qual minha família e meus amigos me dariam seu apoio após eu sair do armário e, logo em seguida, superariam o fato. Mas até meus irmãos perguntaram se eu tinha falado com a mamãe. Eles achavam que eu deveria ligar para ela e explicar, já que ela receberia a notícia ao mesmo tempo que alguns milhões de pessoas, e sabe-se lá como ela reagiria ao fato de eu não ter contado para ela. Concordei, até o momento em que percebi que não queria mais me explicar. Então eu ganhei o Booker, e todas as reportagens que saíram começavam com "o autor jamaicano assumidamente gay". Minha mãe recebe os alertas do Google sobre mim –com certeza ela já estaria sabendo. Eu não ia contar. Maurice Sendak também nunca disse para a mãe que era gay. Essa história toda de "assumidamente gay" me fez pensar se a minha mãe voltaria a falar comigo na vida. Isso é dramático demais, é claro que eu sabia que falaria, mas me perguntava se a gente iria além das questões da família. Que está na hora de dar uma aparada na sebe, e que não sei quem deixou de ir à igreja. E ainda mais essa: desde que eu tinha um ano de idade, minha mãe me canta "Parabéns a Você" todo dia 24 de novembro. Dois anos antes, ela tinha ligado para mim na Nigéria. Eu tinha me resignado a nunca mais receber aquela ligação. Não por amargura ou porque ela quisesse me ferir, e sim porque nosso mutismo familiar se estenderia até o canto dela. Mas às 9h do meu aniversário, quando eu estava acordando de ressaca em Londres, meu celular tocou. Era o número dela. Ela não disse alô nem nada, só deu uma respiradinha e cantou. MARLON JAMES, 45, escritor jamaicano, venceu o Prêmio Man Booker em 2015. CLARA ALLAIN é tradutora ALEXANDRE TELES, 37, é artista plástico.
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Debate sobre homeopatia opõe pesquisadores da USP
Uma bomba foi detonada em abril, quando o "Jornal da USP" publicou uma reportagem sobre a homeopatia. O texto era sobre a pesquisa da veterinária Clarice Vaz, que constatou um baixo prestígio da homeopatia em faculdades de sua área. Via de regra, a prática é ensinada em disciplinas optativas. A reação ficou por conta do biólogo e professor da USP Beny Spira, especializado em genética e biologia molecular de bactérias. Em seu artigo de 15 de maio, na mesma publicação, Spira classifica a homeopatia como "uma das mais manjadas pseudociências" e que se o nível de evidências científicas fosse analisado, ela deveria deixar de existir. Cura similar Na sequência, em 19 e 22 de maio, foram publicados os artigos da própria Clarice Vaz e do professor de homeopatia da Faculdade de Medicina da USP Marcus Zulian Terixeira como resposta a Spira. Vaz pontuou que a discussão poderia ser analisada de um ponto de vista filosófico e não puramente científico. Zulian escreveu que a homeopatia, ao contrário do que disse Spira, não era uma farsa, e que, para quem se dispusesse a ler, haveria dezenas de artigos científicos que poderiam servir de base para quem quisesse estudar sobre o tema. GUERRA ANTIGA A guerra entre defensores da homeopatia e seus detratores não é nova. A modalidade foi criada no final do século 18, pelo médico alemão Samuel Hahnemann. À margem da medicina "convencional", ela resistiu e até prosperou. Hoje é reconhecida como área de atuação de médicos, veterinários, dentistas e farmacêuticos. Para Vaz, um dos problemas que a homeopatia enfrenta hoje é a falta de legitimidade. "É algo que só pode ser dado pelos outros, não por quem a pratica." Segundo ela, o cabo de guerra para definir quais disciplinas serão dadas nas faculdades faz com que o lado mais fraco saia perdendo. E isso, de alguma forma, acaba sendo refletido na sociedade. Para Vaz, outros profissionais muitas vezes não olham para a homeopatia com respeito, mas sim com "condescendência". "Em qualquer área, é necessário separar o joio do trigo. No caso, o que é ou não eficaz, tanto na medicina convencional como na homeopatia", afirma. Ela diz que é possível ter o melhor das duas áreas no sistema público. O problema, no entanto, é a falta de financiamento para pesquisas da área, diz Nilson Benites, professor de medicina veterinária da USP que trabalhou com Clarice Vaz. "Quando a ciência evolui, surgem formas de abordar o problema com novas e velhas ferramentas. Muitas vezes o cientista acha que não precisa de determinado conhecimento que não pertença à área deles", afirma. "No caso da homeopatia,esses cientistas tendem a apontar defeitos e dizer que aquele trabalho ou aquela cura não é nada." Segundo Benites, a questão é que médicos e cientistas não sabem lidar com os "buracos" em suas áreas de atuação. Para o biólogo Beny Spira, que escreveu a réplica ao texto sobre o trabalho de Vaz, os "buracos" da ciência também são a explicação para que as pessoas procurem interpretações sobrenaturais para o mundo e acreditem em horóscopo, por exemplo. "Parece ser algo inerente ao ser humano. Em geral, as pessoas não acreditam que a ciência é o melhor guia para conhecer o universo e acabam buscando alternativas." DIAGNÓSTICO Vaz e Spira concordam em um ponto: homeopatas quase sempre levam vantagem na atenção ao paciente. "Nessa discussão, o problema acaba nem sendo a metodologia, mas sim a ideologia. A questão humana acaba sendo deixada de lado. E também acabamos menosprezando outras partes importantes da prática médica, como a anamnese", diz Vaz. "O médico mal te escuta, pede exame e manda embora. O homeopata, se age como deveria, fica uma hora com o paciente. Ele pergunta sintomas físicos, psicológicos... O paciente sai de lá 50% curado. Às vezes o fato de funcionar ou não o medicamento nem é o mais importante", diz Spira. Segundo ele, a parte "errada" é não informar que a melhora, caso exista, é por causa do efeito placebo. Essa noção é corroborada por alguns grandes estudos na área. Um dos mais famosos, da revista médica "Lancet", de 2005, conclui que os estudos de remédios homeopáticos mostram que o efeito da preparação estudada é mais próximo do placebo quanto mais bem feitos e quanto maior o número de participantes. Ao menos sete revisões de estudos foram feitas pelo Cochrane (rede de cientistas que investigam a efetividade de tratamentos) com o objetivo de avaliar a eficácia de tratamentos homeopáticos (para asma, síndrome do intestino irritável e gripe, por exemplo). Elas apontam que ou não há efeito significativo do tratamento homeopático ou que os estudos que apontam benefício têm baixa qualidade. Apesar do baixo status de evidência e dos questionamentos de incompatibilidade da homeopatia com o conhecimento científico atual, para Antonio Carlos Lopes, professor titular de clínica médica da Unifesp, há espaço para a prática no cuidado dos pacientes. "Não dá para negar que a homeopatia tem ação em rinite, prisão de ventre, alergia, e dores não muito importantes", diz. "O que não pode é usar homeopatia para doença grave, como tumores e pneumonia."
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Debate sobre homeopatia opõe pesquisadores da USPUma bomba foi detonada em abril, quando o "Jornal da USP" publicou uma reportagem sobre a homeopatia. O texto era sobre a pesquisa da veterinária Clarice Vaz, que constatou um baixo prestígio da homeopatia em faculdades de sua área. Via de regra, a prática é ensinada em disciplinas optativas. A reação ficou por conta do biólogo e professor da USP Beny Spira, especializado em genética e biologia molecular de bactérias. Em seu artigo de 15 de maio, na mesma publicação, Spira classifica a homeopatia como "uma das mais manjadas pseudociências" e que se o nível de evidências científicas fosse analisado, ela deveria deixar de existir. Cura similar Na sequência, em 19 e 22 de maio, foram publicados os artigos da própria Clarice Vaz e do professor de homeopatia da Faculdade de Medicina da USP Marcus Zulian Terixeira como resposta a Spira. Vaz pontuou que a discussão poderia ser analisada de um ponto de vista filosófico e não puramente científico. Zulian escreveu que a homeopatia, ao contrário do que disse Spira, não era uma farsa, e que, para quem se dispusesse a ler, haveria dezenas de artigos científicos que poderiam servir de base para quem quisesse estudar sobre o tema. GUERRA ANTIGA A guerra entre defensores da homeopatia e seus detratores não é nova. A modalidade foi criada no final do século 18, pelo médico alemão Samuel Hahnemann. À margem da medicina "convencional", ela resistiu e até prosperou. Hoje é reconhecida como área de atuação de médicos, veterinários, dentistas e farmacêuticos. Para Vaz, um dos problemas que a homeopatia enfrenta hoje é a falta de legitimidade. "É algo que só pode ser dado pelos outros, não por quem a pratica." Segundo ela, o cabo de guerra para definir quais disciplinas serão dadas nas faculdades faz com que o lado mais fraco saia perdendo. E isso, de alguma forma, acaba sendo refletido na sociedade. Para Vaz, outros profissionais muitas vezes não olham para a homeopatia com respeito, mas sim com "condescendência". "Em qualquer área, é necessário separar o joio do trigo. No caso, o que é ou não eficaz, tanto na medicina convencional como na homeopatia", afirma. Ela diz que é possível ter o melhor das duas áreas no sistema público. O problema, no entanto, é a falta de financiamento para pesquisas da área, diz Nilson Benites, professor de medicina veterinária da USP que trabalhou com Clarice Vaz. "Quando a ciência evolui, surgem formas de abordar o problema com novas e velhas ferramentas. Muitas vezes o cientista acha que não precisa de determinado conhecimento que não pertença à área deles", afirma. "No caso da homeopatia,esses cientistas tendem a apontar defeitos e dizer que aquele trabalho ou aquela cura não é nada." Segundo Benites, a questão é que médicos e cientistas não sabem lidar com os "buracos" em suas áreas de atuação. Para o biólogo Beny Spira, que escreveu a réplica ao texto sobre o trabalho de Vaz, os "buracos" da ciência também são a explicação para que as pessoas procurem interpretações sobrenaturais para o mundo e acreditem em horóscopo, por exemplo. "Parece ser algo inerente ao ser humano. Em geral, as pessoas não acreditam que a ciência é o melhor guia para conhecer o universo e acabam buscando alternativas." DIAGNÓSTICO Vaz e Spira concordam em um ponto: homeopatas quase sempre levam vantagem na atenção ao paciente. "Nessa discussão, o problema acaba nem sendo a metodologia, mas sim a ideologia. A questão humana acaba sendo deixada de lado. E também acabamos menosprezando outras partes importantes da prática médica, como a anamnese", diz Vaz. "O médico mal te escuta, pede exame e manda embora. O homeopata, se age como deveria, fica uma hora com o paciente. Ele pergunta sintomas físicos, psicológicos... O paciente sai de lá 50% curado. Às vezes o fato de funcionar ou não o medicamento nem é o mais importante", diz Spira. Segundo ele, a parte "errada" é não informar que a melhora, caso exista, é por causa do efeito placebo. Essa noção é corroborada por alguns grandes estudos na área. Um dos mais famosos, da revista médica "Lancet", de 2005, conclui que os estudos de remédios homeopáticos mostram que o efeito da preparação estudada é mais próximo do placebo quanto mais bem feitos e quanto maior o número de participantes. Ao menos sete revisões de estudos foram feitas pelo Cochrane (rede de cientistas que investigam a efetividade de tratamentos) com o objetivo de avaliar a eficácia de tratamentos homeopáticos (para asma, síndrome do intestino irritável e gripe, por exemplo). Elas apontam que ou não há efeito significativo do tratamento homeopático ou que os estudos que apontam benefício têm baixa qualidade. Apesar do baixo status de evidência e dos questionamentos de incompatibilidade da homeopatia com o conhecimento científico atual, para Antonio Carlos Lopes, professor titular de clínica médica da Unifesp, há espaço para a prática no cuidado dos pacientes. "Não dá para negar que a homeopatia tem ação em rinite, prisão de ventre, alergia, e dores não muito importantes", diz. "O que não pode é usar homeopatia para doença grave, como tumores e pneumonia."
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Democratizar o crédito já
Tramita no Congresso Nacional um projeto que altera a Lei Complementar 123, de 2006, para viabilizar a Empresa Simples de Crédito. Propõe medida revolucionária para democratizar o crédito a serviço da produção e lançar novo ciclo de desenvolvimento, liderado pelas médias e pequenas empresas e financiado pelas poupanças do povo brasileiro. O projeto merece apoio de todas as correntes políticas. No Brasil ninguém pode legalmente emprestar a juro seu próprio dinheiro para outro. O produtor tem de buscar um banco para obter crédito. O banco costuma só dar prata a quem tem ouro. Os agentes mais importantes de nossa economia –as pequenas e médias empresas– ficam à margem do crédito de que precisam para produzir. Grande parte da poupança do país não encontra vazão produtiva. Os bancos permanecem no gozo de um monopólio, agravado pelo desaparecimento das pequenas casas bancárias de antigamente. Tratam quem não for produtor graúdo com desconfiança. Ganham dinheiro fácil com a rolagem da dívida pública. O juro permanece alto e a produção, deprimida. Uma medida singela pode iniciar transformação profunda. O projeto que está no Congresso facilita a organização de Empresas Simples de Crédito. Qualquer um que se estabeleça poderá emprestar, sem burocracia, seus próprios recursos para outros que queiram produzir. Como o empreendedor não pode captar recursos –só deve usar os seus–, a regulação pode ser leve. Basta transmitir mensalmente escrituração ao Sistema Público de Escrituração Digital para que se possa comprovar que a Empresa Simples de Crédito faz o que deve –atuar na comunidade a serviço da produção– e evita o que não deve –captar poupança alheia. A melhor disciplina será a concorrência. Trata-se de um vale ovo de Colombo: faz muito com pouco. A prioridade nacional hoje é voltar a crescer com inclusão. Para isto, precisamos passar da democratização da demanda para a democratização da oferta: o acesso às oportunidades, às capacitações e aos recursos da produção, inclusive o crédito. Para democratizar a demanda, basta dinheiro. Para democratizar a oferta, é preciso inovar nas instituições econômicas –e isso não exige planos mirabolantes. Começa com ações práticas como o projeto em tramitação no Congresso, capazes de produzir grandes efeitos. Afinal, o que está em jogo nessa proposta não é apenas democratizar o crédito; é democratizar o dinheiro, já que dar crédito equivale a fazer moeda. Por que, quando debatemos a expansão do crédito para estimular o crescimento, a primeira medida que nos ocorre é provocar os bancos públicos e privados a emprestar mais? Emprestarão aos mesmos de sempre. Por que não derrubamos a barreira que impede a poupança de financiar amplamente a produção? Essa proibição reflete puro preconceito ideológico da esquerda tradicional e da direita tradicional. A esquerda quer só humanizar a economia de mercado com políticas sociais –isso quando desiste de substituí-la. A direita confunde as economias de mercado que existem, carcomidas por privilégios, com o ideal da iniciativa descentralizada. O preconceito casa com o interesse –nesse caso, dos que se beneficiam com a perpetuação do cartel financeiro. Na história dos maiores países, a democratização das finanças foi esteio de construção nacional. Os Estados Unidos, que a partir da terceira década do século 19 desenvolveram sistema financeiro radicalmente descentralizado, voltado para a produção, são um exemplo. Chegou a vez do Brasil. GUILHERME AFIF DOMINGOS, 72, é presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ROBERTO MANGABEIRA UNGER, 68, é professor na Universidade de Harvard * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Democratizar o crédito jáTramita no Congresso Nacional um projeto que altera a Lei Complementar 123, de 2006, para viabilizar a Empresa Simples de Crédito. Propõe medida revolucionária para democratizar o crédito a serviço da produção e lançar novo ciclo de desenvolvimento, liderado pelas médias e pequenas empresas e financiado pelas poupanças do povo brasileiro. O projeto merece apoio de todas as correntes políticas. No Brasil ninguém pode legalmente emprestar a juro seu próprio dinheiro para outro. O produtor tem de buscar um banco para obter crédito. O banco costuma só dar prata a quem tem ouro. Os agentes mais importantes de nossa economia –as pequenas e médias empresas– ficam à margem do crédito de que precisam para produzir. Grande parte da poupança do país não encontra vazão produtiva. Os bancos permanecem no gozo de um monopólio, agravado pelo desaparecimento das pequenas casas bancárias de antigamente. Tratam quem não for produtor graúdo com desconfiança. Ganham dinheiro fácil com a rolagem da dívida pública. O juro permanece alto e a produção, deprimida. Uma medida singela pode iniciar transformação profunda. O projeto que está no Congresso facilita a organização de Empresas Simples de Crédito. Qualquer um que se estabeleça poderá emprestar, sem burocracia, seus próprios recursos para outros que queiram produzir. Como o empreendedor não pode captar recursos –só deve usar os seus–, a regulação pode ser leve. Basta transmitir mensalmente escrituração ao Sistema Público de Escrituração Digital para que se possa comprovar que a Empresa Simples de Crédito faz o que deve –atuar na comunidade a serviço da produção– e evita o que não deve –captar poupança alheia. A melhor disciplina será a concorrência. Trata-se de um vale ovo de Colombo: faz muito com pouco. A prioridade nacional hoje é voltar a crescer com inclusão. Para isto, precisamos passar da democratização da demanda para a democratização da oferta: o acesso às oportunidades, às capacitações e aos recursos da produção, inclusive o crédito. Para democratizar a demanda, basta dinheiro. Para democratizar a oferta, é preciso inovar nas instituições econômicas –e isso não exige planos mirabolantes. Começa com ações práticas como o projeto em tramitação no Congresso, capazes de produzir grandes efeitos. Afinal, o que está em jogo nessa proposta não é apenas democratizar o crédito; é democratizar o dinheiro, já que dar crédito equivale a fazer moeda. Por que, quando debatemos a expansão do crédito para estimular o crescimento, a primeira medida que nos ocorre é provocar os bancos públicos e privados a emprestar mais? Emprestarão aos mesmos de sempre. Por que não derrubamos a barreira que impede a poupança de financiar amplamente a produção? Essa proibição reflete puro preconceito ideológico da esquerda tradicional e da direita tradicional. A esquerda quer só humanizar a economia de mercado com políticas sociais –isso quando desiste de substituí-la. A direita confunde as economias de mercado que existem, carcomidas por privilégios, com o ideal da iniciativa descentralizada. O preconceito casa com o interesse –nesse caso, dos que se beneficiam com a perpetuação do cartel financeiro. Na história dos maiores países, a democratização das finanças foi esteio de construção nacional. Os Estados Unidos, que a partir da terceira década do século 19 desenvolveram sistema financeiro radicalmente descentralizado, voltado para a produção, são um exemplo. Chegou a vez do Brasil. GUILHERME AFIF DOMINGOS, 72, é presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ROBERTO MANGABEIRA UNGER, 68, é professor na Universidade de Harvard * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Na rua, chefs comemoram aniversário de 461 anos da capital paulista
A programação do aniversário de 461 anos de São Paulo, comemorado neste domingo (25), levará dois eventos gastronômicos para as ruas. Das 11h às 20h, com entrada gratuita, o Chefs por Sampa estará em frente ao Theatro Municipal. Cozinheiros renomados da cidade servem pratos com preços que variam de R$ 5 a R$ 15. Benny Novak (Ici Bistrô e Ici Brasserie) prepara o "chicken schnitzel" –um filé de frango crocante com maionese especial, alface e tomate na ciabatta (R$ 15). O visitante também encontrará o estrogonofe com arroz e batata palha (R$ 15) de Carlos Bertolazzi (Zena Caffè) e o hot dog francês (R$ 15) de Raphael Despirite (Marcel), que leva baguete, salsicha frankfurter, molho béchamel e queijo gruyère. A culinária mexicana também marca presença com Fernando Itié, do Tostas Itié, que serve "flautas" (tortilhas recheadas de carne ou frango) acompanhadas de molhos e ricota temperada (duas por R$ 10); para beber, "michelada" (limão, especiarias mexicanas e cerveja, R$ 10). MINHOCÃO No mesmo dia, no Minhocão, também na região central, ocorre a feira gastronômica Benê Food des Arts, das 12h às 22h, com a participação de food trucks. A feira é parte do evento Ver o Parque, que inclui atividades para crianças e empréstimo de bicicletas. Participam da comemoração, entre outros, os trucks Candy Crush Ice, Furikake Japanese Daily Food, Taps Beer Truck e Good Food. Este último, por exemplo, servirá omeletes (R$ 18) e smoothies de sabores variados (R$ 15 cada um). Os preços, neste evento, variam entre R$ 5 e R$ 25. A entrada também é gratuita.
comida
Na rua, chefs comemoram aniversário de 461 anos da capital paulistaA programação do aniversário de 461 anos de São Paulo, comemorado neste domingo (25), levará dois eventos gastronômicos para as ruas. Das 11h às 20h, com entrada gratuita, o Chefs por Sampa estará em frente ao Theatro Municipal. Cozinheiros renomados da cidade servem pratos com preços que variam de R$ 5 a R$ 15. Benny Novak (Ici Bistrô e Ici Brasserie) prepara o "chicken schnitzel" –um filé de frango crocante com maionese especial, alface e tomate na ciabatta (R$ 15). O visitante também encontrará o estrogonofe com arroz e batata palha (R$ 15) de Carlos Bertolazzi (Zena Caffè) e o hot dog francês (R$ 15) de Raphael Despirite (Marcel), que leva baguete, salsicha frankfurter, molho béchamel e queijo gruyère. A culinária mexicana também marca presença com Fernando Itié, do Tostas Itié, que serve "flautas" (tortilhas recheadas de carne ou frango) acompanhadas de molhos e ricota temperada (duas por R$ 10); para beber, "michelada" (limão, especiarias mexicanas e cerveja, R$ 10). MINHOCÃO No mesmo dia, no Minhocão, também na região central, ocorre a feira gastronômica Benê Food des Arts, das 12h às 22h, com a participação de food trucks. A feira é parte do evento Ver o Parque, que inclui atividades para crianças e empréstimo de bicicletas. Participam da comemoração, entre outros, os trucks Candy Crush Ice, Furikake Japanese Daily Food, Taps Beer Truck e Good Food. Este último, por exemplo, servirá omeletes (R$ 18) e smoothies de sabores variados (R$ 15 cada um). Os preços, neste evento, variam entre R$ 5 e R$ 25. A entrada também é gratuita.
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Publicitárias criam cerveja feminista para questionar propagandas do setor
CAROLINA DANTAS DE SÃO PAULO Três publicitárias criaram a cerveja chamada Feminista. Ao abrir uma garrafa na mesa de bar, segundo as idealizadoras, homens e mulheres devem sentir vontade de discutir o assunto. Do tipo Red Ale, de tom avermelhado e encorpada, a cerveja será produzida artesanalmente e pode ser encomendada pelo site. A garrafa de 600 ml custa R$ 14. Um semana após o lançamento, a Feminista recebeu 1.200 pedidos pela internet. "A ideia surgiu depois de a Skol fazer aquela propaganda antes do Carnaval. A gente achou que a discussão não deveria acabar e que a publicidade de cerveja não pode continuar com o estilo de hoje. Resolvemos subir o site em três dias e fizemos uma parceria com um produtor", diz Maria Guimarães, 28, uma das criadoras. A propaganda da cerveja Skol usava a frase "Esqueci o 'não' em casa" como forma de resposta das mulheres aos homens. Foi muito criticada nas redes sociais. A empresa retirou a propaganda de circulação após as acusações. "O problema não é exclusivo da Skol. É histórico. E queremos questionar o mercado publicitário com relação a isso", completa Guimarães. De acordo com as três idealizadoras, "a meta não é lucrar com o produto, mas apenas enviar uma mensagem didática e direta sobre um setor que esquece que a mulher também pode ter um papel criativo".
saopaulo
Publicitárias criam cerveja feminista para questionar propagandas do setorCAROLINA DANTAS DE SÃO PAULO Três publicitárias criaram a cerveja chamada Feminista. Ao abrir uma garrafa na mesa de bar, segundo as idealizadoras, homens e mulheres devem sentir vontade de discutir o assunto. Do tipo Red Ale, de tom avermelhado e encorpada, a cerveja será produzida artesanalmente e pode ser encomendada pelo site. A garrafa de 600 ml custa R$ 14. Um semana após o lançamento, a Feminista recebeu 1.200 pedidos pela internet. "A ideia surgiu depois de a Skol fazer aquela propaganda antes do Carnaval. A gente achou que a discussão não deveria acabar e que a publicidade de cerveja não pode continuar com o estilo de hoje. Resolvemos subir o site em três dias e fizemos uma parceria com um produtor", diz Maria Guimarães, 28, uma das criadoras. A propaganda da cerveja Skol usava a frase "Esqueci o 'não' em casa" como forma de resposta das mulheres aos homens. Foi muito criticada nas redes sociais. A empresa retirou a propaganda de circulação após as acusações. "O problema não é exclusivo da Skol. É histórico. E queremos questionar o mercado publicitário com relação a isso", completa Guimarães. De acordo com as três idealizadoras, "a meta não é lucrar com o produto, mas apenas enviar uma mensagem didática e direta sobre um setor que esquece que a mulher também pode ter um papel criativo".
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Nota contra Delcídio é 'desastrosa', segundo parte dos dirigentes do PT
Bem recebida em redes sociais por militantes e simpatizantes do PT, a nota de Rui Falcão, presidente do partido, com duras críticas ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi considerada desastrosa por alguns dirigentes da sigla. TENSÃO Um parlamentar influente do partido diz, sob a condição de anonimato, que Falcão "trouxe para dentro do PT uma agenda perigosíssima e contraditória". TENSÃO 2 O dirigente segue dizendo que o partido sempre defendeu outros de seus integrantes presos ou condenados. Com a nota divulgada por Falcão, "o PT perde o discurso que adotou até agora, o de que todos, sem exceção, têm o direito de se defender". ASSINATURA O parlamentar afirma ainda que "o momento é o pior possível" para o posicionamento de Falcão. "O Judiciário e o Ministério Público estão numa ofensiva contra o PT." O partido, em vez de criticar, segundo ele, acabou desta vez chancelando "e perdendo seu poder de questionamento". NO CHÃO Delcídio do Amaral, completa ele, "é um corpo estendido no chão", e portanto indefensável. Mas o Partido dos Trabalhadores não "poderia ter perdido a oportunidade de questionar a constitucionalidade da ordem de prisão contra um senador no exercício do mandato que não cometeu crime inafiançável". CALENDÁRIO O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi homenageado em sessão solene proposta pelo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez. A comemoração do jubileu de prata do ministro na corte, na quinta (26), teve a presença dos advogados Alberto Toron e Luiz Flávio D'Urso. O deputado Delegado Olim e o ministro Paulo Dias de Moura Ribeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), também participaram. EU E MEUS CHEGADOS O rapper Projota, 29, vai realizar a vontade de subir ao palco com mais gente. "Cresci ouvindo rock e desde que comecei a cantar rap o sonho era tocar com banda", diz ele, que terá a companhia de outros músicos, em vez de só o habitual DJ, na gravação do novo DVD. * O show, em 13 de janeiro, no Espaço das Américas, vai contar com participação de Marcelo D2 e Dado Villa-Lobos. Projota vai apresentar músicas inéditas em meio a seus sucessos –em um ano, ele emplacou quatro faixas em novelas da Globo. "A energia do show fica mais intensa", diz o paulistano sobre a experiência que tem tido nos quatro ensaios semanais do DVD. MEU CORAÇÃO É... Na comemoração dos 80 anos de Boni, no Fasano, na quinta (26), a bateria da escola de samba Gaviões da Fiel entrou para tocar o hino do Corinthians e também o "Parabéns a Você". Logo após, o dono do restaurante, Rogério Fasano, botou no sistema de som o hino do Palmeiras. Convidados do ex-diretor-geral da Rede Globo, como o jornalista Roberto D'Avila, se levantaram e ouviram com a mão no peito. MAIS E MAIS A apresentadora Renata Kuerten, que comanda desde março o dominical "Chega Mais", na RedeTV!, diz sonhar com um programa diário. "Mas pode ser daqui a uns dois anos", afirma ela, que mantém a carreira de modelo e segue investindo em imóveis. "O mercado tá muito bom para comprar. Quem tem dinheiro tem que aproveitar agora", diz Renata. DIVERSÃO E ARTE A Prefeitura de São Paulo pretende entregar até dezembro à Câmara Municipal um projeto de lei para aumento do fomento à cultura na periferia da cidade. De acordo com o secretário da pasta, Nabil Bonduki, uma das principais demandas na área é a construção de espaços artísticos que serão ocupados por coletivos culturais. LIDERANÇA FEMININA As executivas Ellen Kiss (Itaú), Aurora Suh (Totvs) e Ana Ruas (Ruas) foram ao restaurante Brasil a Gosto, nos Jardins, para palestra da empresária Luiza Helena Trajano, seguida de jantar. O evento foi organizado por Violeta Noya (Ellevate), na quarta (25). CURTO-CIRCUITO Irene Ravache participa do lançamento de "Simples Assim, Irene", livro de Cacau Hygino. Neste sábado (28), das 17h às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto nacional. As camisetas do Camarote Brahma no Festival Brahma Valley, no Jockey, são assinadas pela Cavalera. Sergio Mamberti faz neste sábado (28) a 100ª apresentação da peça "Visitando o Sr. Green", às 21h, no Teatro Jaraguá. Todos pagam meia-entrada. Nenhum de Nós faz show neste sábado (28) no Cine Joia. 18 anos. O evento Reinventado, do Núcleo Morungaba, tem edição neste sábado (28), às 18h, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima. O PTB Mulher faz fórum nacional neste sábado (28), a partir das 14h30, no hotel Braston. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI
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Nota contra Delcídio é 'desastrosa', segundo parte dos dirigentes do PTBem recebida em redes sociais por militantes e simpatizantes do PT, a nota de Rui Falcão, presidente do partido, com duras críticas ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi considerada desastrosa por alguns dirigentes da sigla. TENSÃO Um parlamentar influente do partido diz, sob a condição de anonimato, que Falcão "trouxe para dentro do PT uma agenda perigosíssima e contraditória". TENSÃO 2 O dirigente segue dizendo que o partido sempre defendeu outros de seus integrantes presos ou condenados. Com a nota divulgada por Falcão, "o PT perde o discurso que adotou até agora, o de que todos, sem exceção, têm o direito de se defender". ASSINATURA O parlamentar afirma ainda que "o momento é o pior possível" para o posicionamento de Falcão. "O Judiciário e o Ministério Público estão numa ofensiva contra o PT." O partido, em vez de criticar, segundo ele, acabou desta vez chancelando "e perdendo seu poder de questionamento". NO CHÃO Delcídio do Amaral, completa ele, "é um corpo estendido no chão", e portanto indefensável. Mas o Partido dos Trabalhadores não "poderia ter perdido a oportunidade de questionar a constitucionalidade da ordem de prisão contra um senador no exercício do mandato que não cometeu crime inafiançável". CALENDÁRIO O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi homenageado em sessão solene proposta pelo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez. A comemoração do jubileu de prata do ministro na corte, na quinta (26), teve a presença dos advogados Alberto Toron e Luiz Flávio D'Urso. O deputado Delegado Olim e o ministro Paulo Dias de Moura Ribeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), também participaram. EU E MEUS CHEGADOS O rapper Projota, 29, vai realizar a vontade de subir ao palco com mais gente. "Cresci ouvindo rock e desde que comecei a cantar rap o sonho era tocar com banda", diz ele, que terá a companhia de outros músicos, em vez de só o habitual DJ, na gravação do novo DVD. * O show, em 13 de janeiro, no Espaço das Américas, vai contar com participação de Marcelo D2 e Dado Villa-Lobos. Projota vai apresentar músicas inéditas em meio a seus sucessos –em um ano, ele emplacou quatro faixas em novelas da Globo. "A energia do show fica mais intensa", diz o paulistano sobre a experiência que tem tido nos quatro ensaios semanais do DVD. MEU CORAÇÃO É... Na comemoração dos 80 anos de Boni, no Fasano, na quinta (26), a bateria da escola de samba Gaviões da Fiel entrou para tocar o hino do Corinthians e também o "Parabéns a Você". Logo após, o dono do restaurante, Rogério Fasano, botou no sistema de som o hino do Palmeiras. Convidados do ex-diretor-geral da Rede Globo, como o jornalista Roberto D'Avila, se levantaram e ouviram com a mão no peito. MAIS E MAIS A apresentadora Renata Kuerten, que comanda desde março o dominical "Chega Mais", na RedeTV!, diz sonhar com um programa diário. "Mas pode ser daqui a uns dois anos", afirma ela, que mantém a carreira de modelo e segue investindo em imóveis. "O mercado tá muito bom para comprar. Quem tem dinheiro tem que aproveitar agora", diz Renata. DIVERSÃO E ARTE A Prefeitura de São Paulo pretende entregar até dezembro à Câmara Municipal um projeto de lei para aumento do fomento à cultura na periferia da cidade. De acordo com o secretário da pasta, Nabil Bonduki, uma das principais demandas na área é a construção de espaços artísticos que serão ocupados por coletivos culturais. LIDERANÇA FEMININA As executivas Ellen Kiss (Itaú), Aurora Suh (Totvs) e Ana Ruas (Ruas) foram ao restaurante Brasil a Gosto, nos Jardins, para palestra da empresária Luiza Helena Trajano, seguida de jantar. O evento foi organizado por Violeta Noya (Ellevate), na quarta (25). CURTO-CIRCUITO Irene Ravache participa do lançamento de "Simples Assim, Irene", livro de Cacau Hygino. Neste sábado (28), das 17h às 21h30, na Livraria Cultura do Conjunto nacional. As camisetas do Camarote Brahma no Festival Brahma Valley, no Jockey, são assinadas pela Cavalera. Sergio Mamberti faz neste sábado (28) a 100ª apresentação da peça "Visitando o Sr. Green", às 21h, no Teatro Jaraguá. Todos pagam meia-entrada. Nenhum de Nós faz show neste sábado (28) no Cine Joia. 18 anos. O evento Reinventado, do Núcleo Morungaba, tem edição neste sábado (28), às 18h, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima. O PTB Mulher faz fórum nacional neste sábado (28), a partir das 14h30, no hotel Braston. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI
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Construir ou reformar? Saiba quando erguer uma casa do zero vale a pena
CAROLINA MUNIZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Nem sempre reformar um imóvel velho vale a pena. Em alguns casos, construir do zero pode ser mais vantajoso do que restaurar danos estruturais graves e trocar instalações elétricas e hidráulicas. Para saber qual é a melhor escolha, é colocar tudo na ponta do lápis. "Antes de reformar, deve-se fazer uma avaliação do que se quer modificar, do impacto da obra, do custo e de quanto isso vai agregar valor ao imóvel", diz Miriam Addor, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. O primeiro passo, então, é contratar o serviço de um profissional habilitado, engenheiro ou arquiteto, para verificar o que precisa ser feito e elaborar um orçamento. Imóveis com mais de duas décadas, que não passaram por nenhuma modernização, quase sempre possuem instalações elétricas e hidráulicas ultrapassadas. "Há 40 anos, o projeto não previa tantos equipamentos eletrônicos, por isso a fiação pode estar subdimensionada", explica João Carlos Gabriel, coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas. De acordo com ele, antigamente as tubulações hidráulicas eram feitas de chumbo ou ferro galvanizado. Nesse caso, o indicado é trocás-la por canos de PVC, para evitar corrosão do material, vazamentos e liberação de partículas de óxido na água. Se por um lado a reforma pode resultar em trabalho dobrado (tirar o que está velho e colocar materiais novos), construir do zero significa fazer fundação e estrutura, o que deixa a obra mais complexa e cara. Se a pessoa já for proprietária do imóvel antigo e tiver interesse em morar no local, a melhor alternativa é restaurá-lo, ainda que haja a necessidade de grandes alterações, segundo o arquiteto Marcos de Oliveira Costa, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da FAAP. "Só não vale a pena reformar se houver um abalo estrutural muito grave, difícil de ser resolvido", avalia. MUDANÇA RADICAL O engenheiro Allyrio Omodei, 67, optou pelo quebra-quebra. Dono de um imóvel de 100 m² na Vila Madalena há mais de três décadas, ele apostou em uma reforma radical para deixar o espaço habitável para a filha. "Não tinha como fazer uma maquiagem. Precisamos mexer em praticamente tudo", conta. O apartamento ficou fechado por dois anos, desde que a família se mudou para outro endereço. Tudo que era de madeira foi tomado por cupins: pisos, armários, portas e batentes. Além disso, o encanamento e as instalações elétricas estavam deteriorados e precisaram ser trocados. "Como a localização é muito boa, acredito que vai alavancar o preço do imóvel", afirma o engenheiro. Para ele, outro ponto decisivo foi o bom estado de conservação do condomínio. "De nada adianta a unidade estar novinha se o prédio estiver caindo aos pedaços." Para Costa, da Faap, se o proprietário quiser vender o imóvel, o restauro só será interessante na medida em que o retorno compensar o gasto. "A desvantagem de uma grande reforma é que dificilmente o mercado vai pagar pelo valor investido." Outra questão a ser colocada na balança são as surpresas que vêm com a obra. "Pode-se descobrir, no meio do caminho, que o problema era maior do que se previa", diz o engenheiro Paulo Manzini, gestor do projeto Casa Cerâmica -técnica de construção, cujas paredes, feitas de blocos cerâmicos, podem ser erguidas em até 20 horas. Segundo o especialista, levantar uma casa do zero é uma opção vantajosa sobretudo em um terreno livre. "O custo de demolição deve ser levado em conta. Às vezes, vale mais a pena pegar o dinheiro que usaria na reforma, juntar com o da venda da propriedade e construir em outro local", afirma. Foi o que fez o empresário Cassio Rocha, 52. Em 2014, ele decidiu investir o valor que gastaria para repaginar sua casa, de 40 anos, na construção de uma nova, em um lote dentro do mesmo condomínio em Cotia, na região metropolitana de São Paulo. Não contava, porém, com a crise econômica. Até agora, Rocha está à espera de um comprador para o imóvel antigo. "Também acabei me empolgando e gastei mais do que havia calculado", diz. Mesmo assim, não se arrepende. "Reforma é só dor de cabeça. Já construção dá trabalho, mas muito prazer."
sobretudo
Construir ou reformar? Saiba quando erguer uma casa do zero vale a pena CAROLINA MUNIZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Nem sempre reformar um imóvel velho vale a pena. Em alguns casos, construir do zero pode ser mais vantajoso do que restaurar danos estruturais graves e trocar instalações elétricas e hidráulicas. Para saber qual é a melhor escolha, é colocar tudo na ponta do lápis. "Antes de reformar, deve-se fazer uma avaliação do que se quer modificar, do impacto da obra, do custo e de quanto isso vai agregar valor ao imóvel", diz Miriam Addor, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. O primeiro passo, então, é contratar o serviço de um profissional habilitado, engenheiro ou arquiteto, para verificar o que precisa ser feito e elaborar um orçamento. Imóveis com mais de duas décadas, que não passaram por nenhuma modernização, quase sempre possuem instalações elétricas e hidráulicas ultrapassadas. "Há 40 anos, o projeto não previa tantos equipamentos eletrônicos, por isso a fiação pode estar subdimensionada", explica João Carlos Gabriel, coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas. De acordo com ele, antigamente as tubulações hidráulicas eram feitas de chumbo ou ferro galvanizado. Nesse caso, o indicado é trocás-la por canos de PVC, para evitar corrosão do material, vazamentos e liberação de partículas de óxido na água. Se por um lado a reforma pode resultar em trabalho dobrado (tirar o que está velho e colocar materiais novos), construir do zero significa fazer fundação e estrutura, o que deixa a obra mais complexa e cara. Se a pessoa já for proprietária do imóvel antigo e tiver interesse em morar no local, a melhor alternativa é restaurá-lo, ainda que haja a necessidade de grandes alterações, segundo o arquiteto Marcos de Oliveira Costa, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da FAAP. "Só não vale a pena reformar se houver um abalo estrutural muito grave, difícil de ser resolvido", avalia. MUDANÇA RADICAL O engenheiro Allyrio Omodei, 67, optou pelo quebra-quebra. Dono de um imóvel de 100 m² na Vila Madalena há mais de três décadas, ele apostou em uma reforma radical para deixar o espaço habitável para a filha. "Não tinha como fazer uma maquiagem. Precisamos mexer em praticamente tudo", conta. O apartamento ficou fechado por dois anos, desde que a família se mudou para outro endereço. Tudo que era de madeira foi tomado por cupins: pisos, armários, portas e batentes. Além disso, o encanamento e as instalações elétricas estavam deteriorados e precisaram ser trocados. "Como a localização é muito boa, acredito que vai alavancar o preço do imóvel", afirma o engenheiro. Para ele, outro ponto decisivo foi o bom estado de conservação do condomínio. "De nada adianta a unidade estar novinha se o prédio estiver caindo aos pedaços." Para Costa, da Faap, se o proprietário quiser vender o imóvel, o restauro só será interessante na medida em que o retorno compensar o gasto. "A desvantagem de uma grande reforma é que dificilmente o mercado vai pagar pelo valor investido." Outra questão a ser colocada na balança são as surpresas que vêm com a obra. "Pode-se descobrir, no meio do caminho, que o problema era maior do que se previa", diz o engenheiro Paulo Manzini, gestor do projeto Casa Cerâmica -técnica de construção, cujas paredes, feitas de blocos cerâmicos, podem ser erguidas em até 20 horas. Segundo o especialista, levantar uma casa do zero é uma opção vantajosa sobretudo em um terreno livre. "O custo de demolição deve ser levado em conta. Às vezes, vale mais a pena pegar o dinheiro que usaria na reforma, juntar com o da venda da propriedade e construir em outro local", afirma. Foi o que fez o empresário Cassio Rocha, 52. Em 2014, ele decidiu investir o valor que gastaria para repaginar sua casa, de 40 anos, na construção de uma nova, em um lote dentro do mesmo condomínio em Cotia, na região metropolitana de São Paulo. Não contava, porém, com a crise econômica. Até agora, Rocha está à espera de um comprador para o imóvel antigo. "Também acabei me empolgando e gastei mais do que havia calculado", diz. Mesmo assim, não se arrepende. "Reforma é só dor de cabeça. Já construção dá trabalho, mas muito prazer."
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Algoz do São Paulo na Libertadores, Borja fica no banco contra a seleção
SÉRGIO RANGEL EM SÃO PAULO Destaques do Atlético Nacional na conquista da Libertadores, o atacante Borja e o volante Pérez vão ficar na reserva no Itaquerão. O técnico Carlos Alberto Restrepo disse que a dupla está "esgotada" por causa da campanha na Libertadores e preferiu deixá-los de fora no início da partida. Borja foi o autor de quatro gols que eliminaram o São Paulo da Libertadores deste ano. Ele fez também o gol do título do clube colombiano na conquista do torneio continental. Os destaques da equipe na Olimpíada são Dorlán Pabón, que atuou pelo São Paulo em 2014, e Téo Gutiérrez, artilheiro do Sporting de Portugal. "A Colômbia é uma equipe muito qualificada, acompanhei alguns jogos deles. O Pabón é rápido, finaliza forte. Já o Borja é um centroavante muito forte, que finaliza muito bem. Temos que ter bastante atenção para anulá-los", disse o zagueiro Rodrigo Caio.
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Algoz do São Paulo na Libertadores, Borja fica no banco contra a seleção SÉRGIO RANGEL EM SÃO PAULO Destaques do Atlético Nacional na conquista da Libertadores, o atacante Borja e o volante Pérez vão ficar na reserva no Itaquerão. O técnico Carlos Alberto Restrepo disse que a dupla está "esgotada" por causa da campanha na Libertadores e preferiu deixá-los de fora no início da partida. Borja foi o autor de quatro gols que eliminaram o São Paulo da Libertadores deste ano. Ele fez também o gol do título do clube colombiano na conquista do torneio continental. Os destaques da equipe na Olimpíada são Dorlán Pabón, que atuou pelo São Paulo em 2014, e Téo Gutiérrez, artilheiro do Sporting de Portugal. "A Colômbia é uma equipe muito qualificada, acompanhei alguns jogos deles. O Pabón é rápido, finaliza forte. Já o Borja é um centroavante muito forte, que finaliza muito bem. Temos que ter bastante atenção para anulá-los", disse o zagueiro Rodrigo Caio.
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Leitora comenta reportagem sobre Alzheimer e sexo
Sobre a reportagem Idoso é preso após sexo com a mulher doente, sabemos, e falo por experiência vivenciada na família, que o Alzheimer arrasa com a cognição, impede as pessoas de exercerem atividades cotidianas e as deixa numa situação de perda da dignidade, mas sabemos também que o afeto e o contato são as últimas sensações perdidas. Que belo saber que alguém recebeu esse afeto até o final da vida. Os filhos que denunciaram o marido deveriam mudar o foco. A liberdade do amor é o essencial da vida. Fica também a beleza do olhar da assistente social da clínica, que captou a alegria da idosa a cada visita do marido. Isso, sim, é respeito à dignidade humana. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitora comenta reportagem sobre Alzheimer e sexoSobre a reportagem Idoso é preso após sexo com a mulher doente, sabemos, e falo por experiência vivenciada na família, que o Alzheimer arrasa com a cognição, impede as pessoas de exercerem atividades cotidianas e as deixa numa situação de perda da dignidade, mas sabemos também que o afeto e o contato são as últimas sensações perdidas. Que belo saber que alguém recebeu esse afeto até o final da vida. Os filhos que denunciaram o marido deveriam mudar o foco. A liberdade do amor é o essencial da vida. Fica também a beleza do olhar da assistente social da clínica, que captou a alegria da idosa a cada visita do marido. Isso, sim, é respeito à dignidade humana. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Projeto de lei que define regras para terceirização de serviços deve ser aprovado? Não
ADI DOS SANTOS LIMA: CONQUISTAS DOS TRABALHADORES EM RISCO O projeto de lei nº 4.330/04, em trâmite há dez anos no Congresso, escancara a terceirização, põe sob ameaça direitos históricos dos trabalhadores, como 13º salário, férias, horas extras e FGTS, destrói um patrimônio social conquistado com muitas lutas e não protege os terceirizados, como defende o seu autor, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que também é empresário. Empresas prestadoras de serviços são as que mais fraudam direitos, encerram atividades e deixam os trabalhadores a ver navios. É preciso deixar claro, primeiramente, que o projeto de lei não visa regular a situação dos trabalhadores terceirizados. Ao contrário, coloca em risco milhões de empregos formais, que podem se transformar em terceirizados –trabalhadores serão demitidos e depois contratados indiretamente para trabalhar mais e ganhar menos, ferindo também o princípio da igualdade de direitos ao permitir que trabalhadores executem as mesmas funções com salários diferentes. Segundo dados do Ministério do Trabalho, os acidentes de trabalho são mais frequentes entre trabalhadores contratados nesse tipo de regime, pois os terceirizados, em geral, são expostos às tarefas que envolvem mais riscos ocupacionais – a gestão desses riscos, porém, é menos rigorosa pelas terceirizadas, principalmente nos setores elétrico, de construção civil e transportes de cargas. Estudo da CUT e do Dieese aponta que o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais semanalmente e ganha 27% menos. A cada dez acidentes de trabalho, oito são entre terceirizados. O projeto, da forma como está, amplia ainda mais a precariedade das condições de trabalho e coloca em risco todos os contratados com carteira assinada, já que permitirá a terceirização sem limites, em qualquer setor da empresa, seja na atividade-fim ou na atividade-meio, além de fragmentar a representação sindical. A CUT parte do pressuposto de que as atividades permanentemente necessárias na empresa não podem ser terceirizadas e defende a garantia da responsabilidade solidária entre as empresas envolvidas, além da igualdade de direitos e condições de trabalho entre terceirizados e contratados diretamente, a prevalência do acordo coletivo mais favorável, a negociação e a representação pelo sindicato preponderante. Qual é o principal interesse das empresas nesse projeto? Ao fazer com que o contrato de trabalho deixe de ser bilateral (entre trabalhador e empresa) e ganha um terceiro componente (a terceirizada), o tomador de serviços vai tirar suas responsabilidades. O trabalhador não terá mais relação direta com quem é dono do capital, essa é uma guerra do capital contra o trabalho. Em 22 de janeiro, o Fórum em Defesa dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, do qual a CUT faz parte, cobrou do governo federal uma posição sobre os projetos que tratam do tema no Congresso, durante audiência na Secretaria-Geral da Presidência da República. Um deles, elaborado pelas centrais sindicais e Ministério do Trabalho, estabelece a igualdade de direitos, a obrigatoriedade de informação prévia, a proibição da terceirização na atividade-fim, a responsabilidade solidária e a penalização de empresas infratoras. O documento está parado na Casa Civil. Outro projeto elaborado pela CUT e apresentado pelo deputado Vicentinho (PT-SP), tramita na Congresso. A batalha, portanto, não terminou. Ao contrário, com o Congresso conservador que tomará posse neste domingo (1º), onde a representação dos trabalhadores é menor, o momento é de acirrar o enfrentamento contra o projeto. Para isso, a mobilização dos movimentos sociais e sindical é importantíssimo para o êxito dessa luta. ADI DOS SANTOS LIMA, 58, é presidente da CUT São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Projeto de lei que define regras para terceirização de serviços deve ser aprovado? NãoADI DOS SANTOS LIMA: CONQUISTAS DOS TRABALHADORES EM RISCO O projeto de lei nº 4.330/04, em trâmite há dez anos no Congresso, escancara a terceirização, põe sob ameaça direitos históricos dos trabalhadores, como 13º salário, férias, horas extras e FGTS, destrói um patrimônio social conquistado com muitas lutas e não protege os terceirizados, como defende o seu autor, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que também é empresário. Empresas prestadoras de serviços são as que mais fraudam direitos, encerram atividades e deixam os trabalhadores a ver navios. É preciso deixar claro, primeiramente, que o projeto de lei não visa regular a situação dos trabalhadores terceirizados. Ao contrário, coloca em risco milhões de empregos formais, que podem se transformar em terceirizados –trabalhadores serão demitidos e depois contratados indiretamente para trabalhar mais e ganhar menos, ferindo também o princípio da igualdade de direitos ao permitir que trabalhadores executem as mesmas funções com salários diferentes. Segundo dados do Ministério do Trabalho, os acidentes de trabalho são mais frequentes entre trabalhadores contratados nesse tipo de regime, pois os terceirizados, em geral, são expostos às tarefas que envolvem mais riscos ocupacionais – a gestão desses riscos, porém, é menos rigorosa pelas terceirizadas, principalmente nos setores elétrico, de construção civil e transportes de cargas. Estudo da CUT e do Dieese aponta que o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais semanalmente e ganha 27% menos. A cada dez acidentes de trabalho, oito são entre terceirizados. O projeto, da forma como está, amplia ainda mais a precariedade das condições de trabalho e coloca em risco todos os contratados com carteira assinada, já que permitirá a terceirização sem limites, em qualquer setor da empresa, seja na atividade-fim ou na atividade-meio, além de fragmentar a representação sindical. A CUT parte do pressuposto de que as atividades permanentemente necessárias na empresa não podem ser terceirizadas e defende a garantia da responsabilidade solidária entre as empresas envolvidas, além da igualdade de direitos e condições de trabalho entre terceirizados e contratados diretamente, a prevalência do acordo coletivo mais favorável, a negociação e a representação pelo sindicato preponderante. Qual é o principal interesse das empresas nesse projeto? Ao fazer com que o contrato de trabalho deixe de ser bilateral (entre trabalhador e empresa) e ganha um terceiro componente (a terceirizada), o tomador de serviços vai tirar suas responsabilidades. O trabalhador não terá mais relação direta com quem é dono do capital, essa é uma guerra do capital contra o trabalho. Em 22 de janeiro, o Fórum em Defesa dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, do qual a CUT faz parte, cobrou do governo federal uma posição sobre os projetos que tratam do tema no Congresso, durante audiência na Secretaria-Geral da Presidência da República. Um deles, elaborado pelas centrais sindicais e Ministério do Trabalho, estabelece a igualdade de direitos, a obrigatoriedade de informação prévia, a proibição da terceirização na atividade-fim, a responsabilidade solidária e a penalização de empresas infratoras. O documento está parado na Casa Civil. Outro projeto elaborado pela CUT e apresentado pelo deputado Vicentinho (PT-SP), tramita na Congresso. A batalha, portanto, não terminou. Ao contrário, com o Congresso conservador que tomará posse neste domingo (1º), onde a representação dos trabalhadores é menor, o momento é de acirrar o enfrentamento contra o projeto. Para isso, a mobilização dos movimentos sociais e sindical é importantíssimo para o êxito dessa luta. ADI DOS SANTOS LIMA, 58, é presidente da CUT São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Coletores menstruais deverão seguir regras da Anvisa
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) irá passar a regular os coletores menstruais. A medida ocorre diante do crescimento na oferta e uso desses produtos no país. Chamado popularmente de "copinho", o coletor é um tipo de dispositivo de plástico flexível, que, inserido no canal vaginal, armazena o sangue menstrual. Ao ficar cheio, o produto deve ser retirado e lavado, e pode ser reutilizado em seguida –daí ter conquistado a adesão de muitas mulheres. Até então, porém, não havia uma norma da agência reguladora para esse produto. Agora, empresas que fabricam os coletores terão que seguir critérios e comunicar previamente a Anvisa sobre a oferta deles no mercado. A nova norma também traz critérios técnicos de como deve ser o produto, cujo material não pode ter ingredientes como fragrâncias e inibidores de odores. Já os rótulos terão que trazer, obrigatoriamente, informações sobre o modo de uso, com dados sobre o tamanho adequado para a intensidade do fluxo menstrual e qual a frequência com que o produto deve ser removido para descarte do conteúdo da menstruação, por exemplo. Também devem trazer instruções claras às usuárias sobre a possibilidade da chamada "síndrome de choque tóxico", infecção rara causada por bactérias como Staphylococcus aureus e cujo risco pode estar associado, entre outros fatores, ao uso prolongado de absorventes internos. Segundo a Bárbara Murayama, coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, a ocorrência da síndrome pelo uso de coletores é considerada de baixa probabilidade, mas o risco existe caso haja uso do produto além do período recomendado. Assim que constatar alguns dos sintomas, como febre alta, queda da pressão e dores musculares, a mulher deve procurar rapidamente um diagnóstico médico, informa. De acordo com Murayama, em geral, o tempo máximo que o produto deve ser utilizado, sem que haja retirada, é de 8h. Ela sugere, no entanto, que haja trocas mais frequentes, como a cada 4h, com variações a depender do fluxo menstrual e da rotina da mulher. "Oito horas é um tempo máximo, mas durante o dia a mulher pode e deve trocar mais vezes. Mais do que isso começa a ter um risco maior de extravasamento e contaminação do conteúdo, aumentando o risco de infecções", diz. MEDIDAS As medidas fazem parte de uma nova resolução aprovada pela Anvisa nesta semana que regulamenta os produtos de higiene pessoal descartáveis. É a primeira vez que os coletores menstruais, reutilizáveis, são incluídos nessa lista e em normas da Anvisa. Outros produtos que fazem parte desse grupo são artigos de higiene bucal (como escovas e fio dental) e absorventes higiênicos. Em geral, esses produtos são considerados isentos de registro, parâmetro adotado para produtos de baixo risco –ou seja, que não precisam passar por avaliação prévia da Anvisa para serem ofertados no mercado. As normas, no entanto, determinam que todos dos dados do produto e suas características do produto sejam informadas à agência, que pode realizar fiscalizações futuras. No caso dos coletores, é exigido ainda que sejam apresentados testes que comprovem a segurança do produto. Para Murayama, a criação de uma norma para os coletores aumenta a segurança para as usuárias. "A ideia desses produtos é que possam ser reutilizados, e isso tem feito com que muitas mulheres optem, por uma questão de sustentabilidade. A regulação é importante. Por mais que seja algo em geral não causa problemas, isso pode ocorrer se mal utilizado. As pessoas precisam saber que existe um jeito certo de usar", afirma. O texto final da norma deve ser publicado nos próximos dias no "Diário Oficial da União".
equilibrioesaude
Coletores menstruais deverão seguir regras da AnvisaA Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) irá passar a regular os coletores menstruais. A medida ocorre diante do crescimento na oferta e uso desses produtos no país. Chamado popularmente de "copinho", o coletor é um tipo de dispositivo de plástico flexível, que, inserido no canal vaginal, armazena o sangue menstrual. Ao ficar cheio, o produto deve ser retirado e lavado, e pode ser reutilizado em seguida –daí ter conquistado a adesão de muitas mulheres. Até então, porém, não havia uma norma da agência reguladora para esse produto. Agora, empresas que fabricam os coletores terão que seguir critérios e comunicar previamente a Anvisa sobre a oferta deles no mercado. A nova norma também traz critérios técnicos de como deve ser o produto, cujo material não pode ter ingredientes como fragrâncias e inibidores de odores. Já os rótulos terão que trazer, obrigatoriamente, informações sobre o modo de uso, com dados sobre o tamanho adequado para a intensidade do fluxo menstrual e qual a frequência com que o produto deve ser removido para descarte do conteúdo da menstruação, por exemplo. Também devem trazer instruções claras às usuárias sobre a possibilidade da chamada "síndrome de choque tóxico", infecção rara causada por bactérias como Staphylococcus aureus e cujo risco pode estar associado, entre outros fatores, ao uso prolongado de absorventes internos. Segundo a Bárbara Murayama, coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, a ocorrência da síndrome pelo uso de coletores é considerada de baixa probabilidade, mas o risco existe caso haja uso do produto além do período recomendado. Assim que constatar alguns dos sintomas, como febre alta, queda da pressão e dores musculares, a mulher deve procurar rapidamente um diagnóstico médico, informa. De acordo com Murayama, em geral, o tempo máximo que o produto deve ser utilizado, sem que haja retirada, é de 8h. Ela sugere, no entanto, que haja trocas mais frequentes, como a cada 4h, com variações a depender do fluxo menstrual e da rotina da mulher. "Oito horas é um tempo máximo, mas durante o dia a mulher pode e deve trocar mais vezes. Mais do que isso começa a ter um risco maior de extravasamento e contaminação do conteúdo, aumentando o risco de infecções", diz. MEDIDAS As medidas fazem parte de uma nova resolução aprovada pela Anvisa nesta semana que regulamenta os produtos de higiene pessoal descartáveis. É a primeira vez que os coletores menstruais, reutilizáveis, são incluídos nessa lista e em normas da Anvisa. Outros produtos que fazem parte desse grupo são artigos de higiene bucal (como escovas e fio dental) e absorventes higiênicos. Em geral, esses produtos são considerados isentos de registro, parâmetro adotado para produtos de baixo risco –ou seja, que não precisam passar por avaliação prévia da Anvisa para serem ofertados no mercado. As normas, no entanto, determinam que todos dos dados do produto e suas características do produto sejam informadas à agência, que pode realizar fiscalizações futuras. No caso dos coletores, é exigido ainda que sejam apresentados testes que comprovem a segurança do produto. Para Murayama, a criação de uma norma para os coletores aumenta a segurança para as usuárias. "A ideia desses produtos é que possam ser reutilizados, e isso tem feito com que muitas mulheres optem, por uma questão de sustentabilidade. A regulação é importante. Por mais que seja algo em geral não causa problemas, isso pode ocorrer se mal utilizado. As pessoas precisam saber que existe um jeito certo de usar", afirma. O texto final da norma deve ser publicado nos próximos dias no "Diário Oficial da União".
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Maksoud Plaza ainda está longe do lugar que já ocupou em São Paulo
Nos anos 1980, plena madrugada, para onde você iria tomar um último trago se quisesse estar em um ambiente cosmopolita? Você, não sei; mas eu costumava ir para um lobby de hotel: do Maksoud Plaza, inaugurado em 1979, com atendimento 24 horas por dia e uma arquitetura de tirar o fôlego. Afundado nas poltronas relaxantes, com a última taça de Cognac e um charuto nas mãos, bastava inclinar a cabeça para avistar a gigantesca escultura de Yutaka Toyota pendendo daquele fosso invertido de concreto; as formas de Maria Bonomi entalhadas nas paredes; e imaginar a vertigem dos elevadores panorâmicos –tudo cenário para inovações na gastronomia (e até no show-business) que o hotel trazia para a cidade. E se você conhecesse alguém da produção musical do hotel, poderia se enturmar à mesa dos jantares tardios dos artistas de fora, que aconteciam ali mesmo no lobby, no restaurante Brasserie Bela Vista, aberto 24 horas. Ou se fosse amigo de amigos de Caetano Veloso, notívago inveterado, engrossaria, no mesmo lugar, a fila de apóstolos da ceia tardia do baiano após seus shows (o único à mesa sempre sem bebida alcoólica, ainda assim sempre com fôlego para pontificar sobre tudo, em geral com teorias tão curiosas quanto originais). Mas o Maksoud não era só madrugada. E suas noites fizeram mais do que hospedar, no 150 Night Club, apresentações de ícones como Frank Sinatra, Alberta Hunter, Bobby Short, num espaço pequeno o suficiente para que, por exemplo, Buddy Guy pudesse descer do palco e, sem interromper seu solo de guitarra, viesse mexer com a garota a meu lado. O outro lado do Maksoud era composto de comida e bebida da melhor qualidade. Saindo do lobby, descendo as escadas rolantes, já o final da tarde atraia os bebedores sérios para o classudo Trianon Piano Bar: num espaço pequeno à meia-luz, lembro de ouvir (de preferência acompanhado) o jazz e a bossa-nova interpretados por músicos como os irmãos Peixoto, irmãos de Cauby. Para beber? Uísques escoceses (não paraguaios) e coquetéis clássicos (do dry martini à indispensável caipirinha) preparados com precisão e elegância por bartenders impolutamente engravatados (como o Rodrigues, cujos gestos, entre sorrisos matreiros de dentes alvos na moldura negra do rosto, não cansei de admirar). O público? Hóspedes que ali mesmo viviam o lado elegante da cidade; empresários que se encontravam para tomar seu scotch; e bem, com o passar do tempo, também clientes mais velhos com jovens acompanhantes de ocasião. Os coquetéis eram para antes ou depois de comer: e era também no subsolo (para quem entrava pelo lobby) que se comia muito bem. Dos quatro restaurantes do hotel (como o raro escandinavo Vikings, onde a burguesia paulista aprendeu o que era o smorgasbord, mesa onde brilhavam peixes marinados e defumados), o mais vistoso era o La Cuisine du Soleil. Vetusto mas confortável, este tinha a consultoria do chef Roger Vergé (1930-2015), que em seu Moulin de Mougins, no sul da França, era um dos ícones da inovadora nouvelle cuisine. Para o Brasil Vergé enviou o jovem chef Hubert Keller –que pouco depois foi para São Francisco, onde abriria o Fleur de Lys. Para nós brasileiros a nouvelle cuisine, ainda pouco firmada mesmo na França, era assunto do momento; e era com reverência que víamos aquele francês se virando com produtos brasileiros para tentar oferecer pratos franceses mais leves que o habitual. Peixes com caldos leves e translúcidos, frutas tropicais compondo purês que acompanhavam carnes, legumes cozidos al dente, tudo nos encantava, e valia a economia feita para gastar ali –embora nunca fosse suficiente, no meu caso, para arcar com os vinhos fantásticos que a carta oferecia. Por muito tempo o restaurante virou ponto de encontro das então nascentes confrarias gastronômicas, que ali se reuniam para degustar vinhos com boa companhia no prato. As lembranças desta época vêm agora à mente quando a atual gestão do hotel empreende mudanças para revitalizar seus serviços. Verdade que é difícil traçar paralelos entre a leve e luminosa cozinha inspirada por Vergé, num ambiente exclusivo, e o novo e agora único restaurante do hotel –o 150 Maksoud, que funciona escancarado no lobby onde foi o Brasserie Belavista. E o que dizer do novo bar do Maksoud –o Frank? Também funcionando no lobby, ele parece não ter relação alguma com o passado, se considerarmos a indumentária (tatuagens inclusive) da atual equipe, e o amontoado jovial de clientes dispostos a esperar por horas para sentar. Mas como testemunha etílica dos dois momentos, posso atestar que há também muito em comum: com receitas criativas e serviço diferente supervisionado pelo talentoso barman Spencer Jr., o Frank leva a bebida tão a sério quanto o velho Trianon. O Maksoud tenta, positivamente, reocupar um lugar que já teve na cidade. Para isso renova seu repertório, que vinha em vertical decadência. Não chega perto dos tempos áureos; mas ao mesmo tempo investe numa pegada mais jovem e descontraída. Mesmo um velho frequentador torcerá a favor de uma virada que entrega à cidade novas opções de gastronomia e lazer. * O QUE TEM LÁ Veja algumas atrações funcionando do Maksound PANAM CLUB No 22º andar do edifício, a casa noturna de Facundo Guerra, aberta em janeiro de 2015, prioriza a música eletrônica e tem vista ampla para a cidade FRANK BAR O pequenino bar no lobby, comandado por Spencer Amereno Jr., tem drinques elaborados com esmero, clássicos e autorais, com ingredientes produzidos na casa - VEM AÍ Veja espaços que o hotel planeja inaugurar CINEMA Deve começar a funcionar no final do ano, no subsolo, o Cinema Paradiso, de 460 lugares, fruto de parceria entre Facundo Guerra e a MK2, rede francesa de cinema CAFÉ Ainda sem data certa, o Planta será um espaço, no estacionamento aberto, com receitas saudáveis e floricultura
comida
Maksoud Plaza ainda está longe do lugar que já ocupou em São PauloNos anos 1980, plena madrugada, para onde você iria tomar um último trago se quisesse estar em um ambiente cosmopolita? Você, não sei; mas eu costumava ir para um lobby de hotel: do Maksoud Plaza, inaugurado em 1979, com atendimento 24 horas por dia e uma arquitetura de tirar o fôlego. Afundado nas poltronas relaxantes, com a última taça de Cognac e um charuto nas mãos, bastava inclinar a cabeça para avistar a gigantesca escultura de Yutaka Toyota pendendo daquele fosso invertido de concreto; as formas de Maria Bonomi entalhadas nas paredes; e imaginar a vertigem dos elevadores panorâmicos –tudo cenário para inovações na gastronomia (e até no show-business) que o hotel trazia para a cidade. E se você conhecesse alguém da produção musical do hotel, poderia se enturmar à mesa dos jantares tardios dos artistas de fora, que aconteciam ali mesmo no lobby, no restaurante Brasserie Bela Vista, aberto 24 horas. Ou se fosse amigo de amigos de Caetano Veloso, notívago inveterado, engrossaria, no mesmo lugar, a fila de apóstolos da ceia tardia do baiano após seus shows (o único à mesa sempre sem bebida alcoólica, ainda assim sempre com fôlego para pontificar sobre tudo, em geral com teorias tão curiosas quanto originais). Mas o Maksoud não era só madrugada. E suas noites fizeram mais do que hospedar, no 150 Night Club, apresentações de ícones como Frank Sinatra, Alberta Hunter, Bobby Short, num espaço pequeno o suficiente para que, por exemplo, Buddy Guy pudesse descer do palco e, sem interromper seu solo de guitarra, viesse mexer com a garota a meu lado. O outro lado do Maksoud era composto de comida e bebida da melhor qualidade. Saindo do lobby, descendo as escadas rolantes, já o final da tarde atraia os bebedores sérios para o classudo Trianon Piano Bar: num espaço pequeno à meia-luz, lembro de ouvir (de preferência acompanhado) o jazz e a bossa-nova interpretados por músicos como os irmãos Peixoto, irmãos de Cauby. Para beber? Uísques escoceses (não paraguaios) e coquetéis clássicos (do dry martini à indispensável caipirinha) preparados com precisão e elegância por bartenders impolutamente engravatados (como o Rodrigues, cujos gestos, entre sorrisos matreiros de dentes alvos na moldura negra do rosto, não cansei de admirar). O público? Hóspedes que ali mesmo viviam o lado elegante da cidade; empresários que se encontravam para tomar seu scotch; e bem, com o passar do tempo, também clientes mais velhos com jovens acompanhantes de ocasião. Os coquetéis eram para antes ou depois de comer: e era também no subsolo (para quem entrava pelo lobby) que se comia muito bem. Dos quatro restaurantes do hotel (como o raro escandinavo Vikings, onde a burguesia paulista aprendeu o que era o smorgasbord, mesa onde brilhavam peixes marinados e defumados), o mais vistoso era o La Cuisine du Soleil. Vetusto mas confortável, este tinha a consultoria do chef Roger Vergé (1930-2015), que em seu Moulin de Mougins, no sul da França, era um dos ícones da inovadora nouvelle cuisine. Para o Brasil Vergé enviou o jovem chef Hubert Keller –que pouco depois foi para São Francisco, onde abriria o Fleur de Lys. Para nós brasileiros a nouvelle cuisine, ainda pouco firmada mesmo na França, era assunto do momento; e era com reverência que víamos aquele francês se virando com produtos brasileiros para tentar oferecer pratos franceses mais leves que o habitual. Peixes com caldos leves e translúcidos, frutas tropicais compondo purês que acompanhavam carnes, legumes cozidos al dente, tudo nos encantava, e valia a economia feita para gastar ali –embora nunca fosse suficiente, no meu caso, para arcar com os vinhos fantásticos que a carta oferecia. Por muito tempo o restaurante virou ponto de encontro das então nascentes confrarias gastronômicas, que ali se reuniam para degustar vinhos com boa companhia no prato. As lembranças desta época vêm agora à mente quando a atual gestão do hotel empreende mudanças para revitalizar seus serviços. Verdade que é difícil traçar paralelos entre a leve e luminosa cozinha inspirada por Vergé, num ambiente exclusivo, e o novo e agora único restaurante do hotel –o 150 Maksoud, que funciona escancarado no lobby onde foi o Brasserie Belavista. E o que dizer do novo bar do Maksoud –o Frank? Também funcionando no lobby, ele parece não ter relação alguma com o passado, se considerarmos a indumentária (tatuagens inclusive) da atual equipe, e o amontoado jovial de clientes dispostos a esperar por horas para sentar. Mas como testemunha etílica dos dois momentos, posso atestar que há também muito em comum: com receitas criativas e serviço diferente supervisionado pelo talentoso barman Spencer Jr., o Frank leva a bebida tão a sério quanto o velho Trianon. O Maksoud tenta, positivamente, reocupar um lugar que já teve na cidade. Para isso renova seu repertório, que vinha em vertical decadência. Não chega perto dos tempos áureos; mas ao mesmo tempo investe numa pegada mais jovem e descontraída. Mesmo um velho frequentador torcerá a favor de uma virada que entrega à cidade novas opções de gastronomia e lazer. * O QUE TEM LÁ Veja algumas atrações funcionando do Maksound PANAM CLUB No 22º andar do edifício, a casa noturna de Facundo Guerra, aberta em janeiro de 2015, prioriza a música eletrônica e tem vista ampla para a cidade FRANK BAR O pequenino bar no lobby, comandado por Spencer Amereno Jr., tem drinques elaborados com esmero, clássicos e autorais, com ingredientes produzidos na casa - VEM AÍ Veja espaços que o hotel planeja inaugurar CINEMA Deve começar a funcionar no final do ano, no subsolo, o Cinema Paradiso, de 460 lugares, fruto de parceria entre Facundo Guerra e a MK2, rede francesa de cinema CAFÉ Ainda sem data certa, o Planta será um espaço, no estacionamento aberto, com receitas saudáveis e floricultura
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Zika pode afetar 'dezenas de milhares' de bebês na América Latina
Dezenas de milhares de bebês podem nascer com os severos transtornos associados ao vírus da zika durante a atual epidemia na América Latina e no Caribe. No total, 93,4 milhões de pessoas podem ser infectadas com o vírus da zika durante a atual epidemia, entre elas 1,65 milhão de mulheres grávidas, segundo o estudo publicado nesta segunda-feira (25) pela revista "Nature Microbiology". Um total de 80% das infecções são benignas ou passam inadvertidas, destacam os autores. No entanto, advertem que "dezenas de milhares" de recém-nascidos podem sofrer com as malformações associadas ao zika, ou seja, microcefalia e outros transtornos neurológicos. Estas previsões constituem um teto, ou seja, o pior dos cenários possíveis. Alex Perkins, pesquisador da Universidade de Notre Dame (Indiana), admitiu que suas estimativas apresentam uma quantidade enorme de incertezas. Segundo elas, o Brasil lidera a quantidade de infectados previsíveis com 37,4 milhões de pessoas, seguido por México (14,9 milhões), Venezuela (7,4), Colômbia (6,7), Cuba (3,7), Haiti (2,9), Argentina (2,7), República Dominicana (2,6) e outros 15,6 milhões divididos por outros países da região. "A principal preocupação com o surto da zika na América Latina é o dano causado aos fetos quando as mães são infectadas", comentou Jimmy Whitworth, da Escola de Medicina Tropical de Londres. "Esse estudo utiliza modelos informáticos para concluir que 1,65 milhão de grávidas podem se infectar durante esta epidemia". Estima-se que atualmente há 5,42 milhões de gestações anuais em todas as regiões afetadas. Zika e microcefalia DESAFIOS Até o momento, 1.700 casos de microcefalia associada ao vírus da zika foram comprovados no Brasil. O estudo fornece um panorama prospectivo de propagação da doença, examinando seu provável impacto em níveis muito localizados, em zonas delimitadas a cinco quilômetros quadrados. "Esse estudo ressalta o tamanho do desafio que a epidemia do vírus da zika representa à sociedade e aos serviços sociais da América Latina. Todos estes recém-nascidos afetados e seus familiares precisarão de acesso a cuidados", comentou Whitworth. O vírus, que se propagou no Brasil, na Colômbia e no Caribe desde o fim de 2014, essencialmente através da picada do mosquito Aedes aegypti, provoca na maioria dos casos uma infecção leve. Mas quando a infecção ocorre durante a gravidez pode afetar o cérebro do feto e provocar microcefalia.Também pode causar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré, doença que provoca paralisia e que pode causar a morte do paciente. Não existe até o momento nenhuma vacina contra o vírus da zika, que com menor frequência também pode ser transmitido sexualmente. DADOS Para realizar sua inquietante previsão, os pesquisadores levaram em conta especialmente a imunidade adquirida pela população, que inicialmente era totalmente vulnerável à infecção. Essa "imunidade de grupo" ocorre quando a quantidade de pessoas imunizadas supera certo patamar e atua como uma barreira contra o vírus em nível coletivo. Os autores do estudo utilizaram projeções matemáticas para analisar os dados reais de infecção da população graças a testes sanguíneos, se inspirando nas informações arrecadadas em epidemias anteriores de dengue e '[chikungunha]":http://temas.folha.uol.com.br/aedes/chikungunya/chikungunya.shtml#s04e01. A epidemia atual do vírus da zika deve se extinguir em dois ou três anos na América Latina e no Caribe, segundo um estudo britânico publicado pela "Science". Outra epidemia de grande amplitude pode voltar a aparecer, mas não antes de dez anos, atingindo uma geração que nunca tenha sido exposta ao vírus. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
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Zika pode afetar 'dezenas de milhares' de bebês na América LatinaDezenas de milhares de bebês podem nascer com os severos transtornos associados ao vírus da zika durante a atual epidemia na América Latina e no Caribe. No total, 93,4 milhões de pessoas podem ser infectadas com o vírus da zika durante a atual epidemia, entre elas 1,65 milhão de mulheres grávidas, segundo o estudo publicado nesta segunda-feira (25) pela revista "Nature Microbiology". Um total de 80% das infecções são benignas ou passam inadvertidas, destacam os autores. No entanto, advertem que "dezenas de milhares" de recém-nascidos podem sofrer com as malformações associadas ao zika, ou seja, microcefalia e outros transtornos neurológicos. Estas previsões constituem um teto, ou seja, o pior dos cenários possíveis. Alex Perkins, pesquisador da Universidade de Notre Dame (Indiana), admitiu que suas estimativas apresentam uma quantidade enorme de incertezas. Segundo elas, o Brasil lidera a quantidade de infectados previsíveis com 37,4 milhões de pessoas, seguido por México (14,9 milhões), Venezuela (7,4), Colômbia (6,7), Cuba (3,7), Haiti (2,9), Argentina (2,7), República Dominicana (2,6) e outros 15,6 milhões divididos por outros países da região. "A principal preocupação com o surto da zika na América Latina é o dano causado aos fetos quando as mães são infectadas", comentou Jimmy Whitworth, da Escola de Medicina Tropical de Londres. "Esse estudo utiliza modelos informáticos para concluir que 1,65 milhão de grávidas podem se infectar durante esta epidemia". Estima-se que atualmente há 5,42 milhões de gestações anuais em todas as regiões afetadas. Zika e microcefalia DESAFIOS Até o momento, 1.700 casos de microcefalia associada ao vírus da zika foram comprovados no Brasil. O estudo fornece um panorama prospectivo de propagação da doença, examinando seu provável impacto em níveis muito localizados, em zonas delimitadas a cinco quilômetros quadrados. "Esse estudo ressalta o tamanho do desafio que a epidemia do vírus da zika representa à sociedade e aos serviços sociais da América Latina. Todos estes recém-nascidos afetados e seus familiares precisarão de acesso a cuidados", comentou Whitworth. O vírus, que se propagou no Brasil, na Colômbia e no Caribe desde o fim de 2014, essencialmente através da picada do mosquito Aedes aegypti, provoca na maioria dos casos uma infecção leve. Mas quando a infecção ocorre durante a gravidez pode afetar o cérebro do feto e provocar microcefalia.Também pode causar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré, doença que provoca paralisia e que pode causar a morte do paciente. Não existe até o momento nenhuma vacina contra o vírus da zika, que com menor frequência também pode ser transmitido sexualmente. DADOS Para realizar sua inquietante previsão, os pesquisadores levaram em conta especialmente a imunidade adquirida pela população, que inicialmente era totalmente vulnerável à infecção. Essa "imunidade de grupo" ocorre quando a quantidade de pessoas imunizadas supera certo patamar e atua como uma barreira contra o vírus em nível coletivo. Os autores do estudo utilizaram projeções matemáticas para analisar os dados reais de infecção da população graças a testes sanguíneos, se inspirando nas informações arrecadadas em epidemias anteriores de dengue e '[chikungunha]":http://temas.folha.uol.com.br/aedes/chikungunya/chikungunya.shtml#s04e01. A epidemia atual do vírus da zika deve se extinguir em dois ou três anos na América Latina e no Caribe, segundo um estudo britânico publicado pela "Science". Outra epidemia de grande amplitude pode voltar a aparecer, mas não antes de dez anos, atingindo uma geração que nunca tenha sido exposta ao vírus. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
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Em greve, alunos da Unifesp invadem diretoria do campus de Guarulhos
Um grupo de cerca de 25 alunos da Unifesp invadiu nesta quinta-feira (29) a diretoria acadêmica do campus de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Os estudantes também decidiram retomar a greve encerrada na semana passada. Em nota, os alunos afirmam que "as respostas da reitoria são insuficientes e as pautas não foram atendidas efetivamente" e, por isso, decidiram retomar a paralisação que já durou 58 dias. Eles também reclamam da falta de diálogo da faculdade sobre o calendário de reposição das aulas. A paralisação dos estudantes teve início em março, principalmente, por conta do corte da chamada "Ponte Orca", ônibus que faziam o transporte gratuito de alunos da estações Carrão e Armênia até o campus, no centro de Guarulhos. O transporte ocorria por meio de um convênio com a EMTU. A Unifesp cortou o transporte no início do ano, alegando que os alunos seriam beneficiados pelo passe livre estudantil. Mas os estudantes argumentam que não estão conseguindo o benefício e que cerca 30% dos alunos da Unifesp não se encaixam no critério de renda exigido pelo governo para conceder o benefício –esses só conseguem meia-entrada. A reivindicação não foi atendida, mas os estudantes aceitaram a proposta de aumento do número de ônibus expressos (sem paradas) para o centro de Guarulhos. Em assembleia realizada nesta terça (26), no entanto, os alunos concluíram que até o momento não foram implantadas as linhas adicionais. "Há uma única menção em relação ao simples reforço das linhas existentes, ou seja, apenas saídas a mais. Novas linhas não foram criadas, assim como não foram comprados 25 novos ônibus. Isso significa que os trabalhadores (motoristas e cobradores) já em um trabalho precarizado serão ainda mais explorados", afirmam os estudantes. Segundo a Unifesp, os estudantes ainda não apresentaram a nova pauta de reivindicação, "mas a direção se coloca à disposição para dialogar e negociar com representantes do movimento estudantil". A universidade também afirmou que haverá reposição integral das aulas perdidas durante o período da greve.
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Em greve, alunos da Unifesp invadem diretoria do campus de GuarulhosUm grupo de cerca de 25 alunos da Unifesp invadiu nesta quinta-feira (29) a diretoria acadêmica do campus de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Os estudantes também decidiram retomar a greve encerrada na semana passada. Em nota, os alunos afirmam que "as respostas da reitoria são insuficientes e as pautas não foram atendidas efetivamente" e, por isso, decidiram retomar a paralisação que já durou 58 dias. Eles também reclamam da falta de diálogo da faculdade sobre o calendário de reposição das aulas. A paralisação dos estudantes teve início em março, principalmente, por conta do corte da chamada "Ponte Orca", ônibus que faziam o transporte gratuito de alunos da estações Carrão e Armênia até o campus, no centro de Guarulhos. O transporte ocorria por meio de um convênio com a EMTU. A Unifesp cortou o transporte no início do ano, alegando que os alunos seriam beneficiados pelo passe livre estudantil. Mas os estudantes argumentam que não estão conseguindo o benefício e que cerca 30% dos alunos da Unifesp não se encaixam no critério de renda exigido pelo governo para conceder o benefício –esses só conseguem meia-entrada. A reivindicação não foi atendida, mas os estudantes aceitaram a proposta de aumento do número de ônibus expressos (sem paradas) para o centro de Guarulhos. Em assembleia realizada nesta terça (26), no entanto, os alunos concluíram que até o momento não foram implantadas as linhas adicionais. "Há uma única menção em relação ao simples reforço das linhas existentes, ou seja, apenas saídas a mais. Novas linhas não foram criadas, assim como não foram comprados 25 novos ônibus. Isso significa que os trabalhadores (motoristas e cobradores) já em um trabalho precarizado serão ainda mais explorados", afirmam os estudantes. Segundo a Unifesp, os estudantes ainda não apresentaram a nova pauta de reivindicação, "mas a direção se coloca à disposição para dialogar e negociar com representantes do movimento estudantil". A universidade também afirmou que haverá reposição integral das aulas perdidas durante o período da greve.
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Americano é preso no Colorado após 'matar' computador a tiros
Um homem foi detido pela polícia dos Estados Unidos depois de atirar oito vezes em seu computador. Ele ficou enfurecido porque o aparelho não funcionava, segundo os policiais. "Ele estava tendo problemas tecnológicos, então ele levou o computador para um beco e o destruiu", disse o porta-voz da polícia Jeff Strossner. O episódio ocorreu na cidade de Colorado Springs. Lucas Hinch foi detido por fazer disparos de arma de fogo na rua. Ao dar uma de "caubói do Velho Oeste" –como foi descrito por jornais locais– ele não teria se dado conta de que estava desrespeitando a lei. A Justiça ainda decidirá sobre sua punição. Lucas Hinch deu oito tiros em seu computador quando o comando ctrl+alt+del não funcionou. "Ele se cansou de brigar contra o computador nos últimos meses", disse Strossner ao jornal americano "Colorado Springs Gazette". A publicação diz que Hinch "atirou na maldita coisa" quando o comando ctrl+alt+delete –o método tradicional para reiniciar computadores– novamente deixou de funcionar na manhã de segunda-feira. O computador em questão seria da marca Dell. "Ele conseguiu ter o tipo de vingança com o qual todos nós sonhamos", disse o jornal. "O computador não deve se recuperar".
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Americano é preso no Colorado após 'matar' computador a tirosUm homem foi detido pela polícia dos Estados Unidos depois de atirar oito vezes em seu computador. Ele ficou enfurecido porque o aparelho não funcionava, segundo os policiais. "Ele estava tendo problemas tecnológicos, então ele levou o computador para um beco e o destruiu", disse o porta-voz da polícia Jeff Strossner. O episódio ocorreu na cidade de Colorado Springs. Lucas Hinch foi detido por fazer disparos de arma de fogo na rua. Ao dar uma de "caubói do Velho Oeste" –como foi descrito por jornais locais– ele não teria se dado conta de que estava desrespeitando a lei. A Justiça ainda decidirá sobre sua punição. Lucas Hinch deu oito tiros em seu computador quando o comando ctrl+alt+del não funcionou. "Ele se cansou de brigar contra o computador nos últimos meses", disse Strossner ao jornal americano "Colorado Springs Gazette". A publicação diz que Hinch "atirou na maldita coisa" quando o comando ctrl+alt+delete –o método tradicional para reiniciar computadores– novamente deixou de funcionar na manhã de segunda-feira. O computador em questão seria da marca Dell. "Ele conseguiu ter o tipo de vingança com o qual todos nós sonhamos", disse o jornal. "O computador não deve se recuperar".
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Minha TV, minha vida
RIO DE JANEIRO - Pesquisa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no "Globo" revelou que 46% da população brasileira moram em casas construídas por eles próprios. Não porque sejam pedreiros diletantes, dados a empilhar tijolos e aplicar-lhes massa nos fins de semana, como quem constrói um forno de pizza ou sauna no quintal. Mas porque, da pobreza ao relaxamento oficial, tudo no Brasil favorece a que se levante um barraco no primeiro terreno baldio que se encontre, e não necessariamente na favela. Para constatar isto, basta uma volta de carro por qualquer cidade brasileira. A quantidade de casas de tijolo aparente, com um ou mais andares, salta aos olhos. O chocante é descobrir que essas casas toscas abrigam quase metade da população. Em 200 milhões de habitantes, serão dezenas de milhões de moradias feitas sem um engenheiro, um arquiteto ou mesmo um mestre de obras, ao largo da rede de água e de esgoto, a salvo do IPTU e inexistentes para o correio. Mas todas estão ligadas à eletricidade por um gatilho. Segundo outra pesquisa, esta do IBGE, 97% desses lares têm televisão e geladeira, 58% têm máquina de lavar e 49%, computador. A reportagem do "Globo" entrou na palafita de uma pescadora chamada Jane, no Recife. Trata-se de um cômodo de cinco metros quadrados, sem banheiro e sem fogão –a comida é feita numa lata cheia de carvão. Mas Jane tem algo indispensável: uma TV de LED, de 42 polegadas, comprada a prestações e ainda não de todo quitada. Sob a acepção (correta) de que Jane tem tanto direito a uma TV de luxo quanto eu ou você, o modelito econômico costurado nos últimos anos garantiu que ela adquirisse essa TV. Infelizmente, não lhe garantiu uma vida nem em sombra parecida com a que ela vê na telona. E que, em breve, não verá mais, porque vão lhe tomar a TV.
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Minha TV, minha vidaRIO DE JANEIRO - Pesquisa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo no "Globo" revelou que 46% da população brasileira moram em casas construídas por eles próprios. Não porque sejam pedreiros diletantes, dados a empilhar tijolos e aplicar-lhes massa nos fins de semana, como quem constrói um forno de pizza ou sauna no quintal. Mas porque, da pobreza ao relaxamento oficial, tudo no Brasil favorece a que se levante um barraco no primeiro terreno baldio que se encontre, e não necessariamente na favela. Para constatar isto, basta uma volta de carro por qualquer cidade brasileira. A quantidade de casas de tijolo aparente, com um ou mais andares, salta aos olhos. O chocante é descobrir que essas casas toscas abrigam quase metade da população. Em 200 milhões de habitantes, serão dezenas de milhões de moradias feitas sem um engenheiro, um arquiteto ou mesmo um mestre de obras, ao largo da rede de água e de esgoto, a salvo do IPTU e inexistentes para o correio. Mas todas estão ligadas à eletricidade por um gatilho. Segundo outra pesquisa, esta do IBGE, 97% desses lares têm televisão e geladeira, 58% têm máquina de lavar e 49%, computador. A reportagem do "Globo" entrou na palafita de uma pescadora chamada Jane, no Recife. Trata-se de um cômodo de cinco metros quadrados, sem banheiro e sem fogão –a comida é feita numa lata cheia de carvão. Mas Jane tem algo indispensável: uma TV de LED, de 42 polegadas, comprada a prestações e ainda não de todo quitada. Sob a acepção (correta) de que Jane tem tanto direito a uma TV de luxo quanto eu ou você, o modelito econômico costurado nos últimos anos garantiu que ela adquirisse essa TV. Infelizmente, não lhe garantiu uma vida nem em sombra parecida com a que ela vê na telona. E que, em breve, não verá mais, porque vão lhe tomar a TV.
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Curta brasileiro compete na Semana da Crítica do Festival de Cannes
O curta-metragem brasileiro "O Delírio É a Redenção dos Aflitos", do diretor Fellipe Fernandes, foi selecionado para a mostra competitiva da Semana da Crítica do Festival de Cannes, anunciou a organização nesta segunda-feira (18). A produção brasileira é a única presença da América Latina na mostra e concorre ao lado de outros nove curtas-metragens. É o terceiro filme brasileiro anunciado na programação do festival: outro curta, "A Moça que Dançou com o Diabo", de João Paulo Miranda, vai disputar a premiação voltada a filmes do gênero e "Aquarius", filme com Sonia Braga dirigido por Kleber Mendonça Filho, está na briga pela Palma de Ouro, principal condecoração do evento. O diretor artístico da mostra paralela, Charles Tesson, descreveu o curta de Fernandes como "maravilhoso", um filme "de surpreendente delicadeza poética". A mostra da Semana da Crítica de longas-metragens inclui 17 produções —sete longas e 10 curtas. Há ainda filmes da Espanha, Turquia, Líbano, Índia, França, Camboja, Israel, Filipinas, Portugal, Grécia, Canadá, Indonésia e Hungria. O júri, presidido pela atriz e diretora francesa Valérie Donzelli, anunciará os premiados no dia 20 de maio. Nesta terça (19), a organização do festival deve anunciar os selecionados da Quinzena dos Realizadores, mostra não competitiva que geralmente apresenta surpresas e —para alguns críticos— pérolas do Festival de Cannes, que este ano acontece entre 11 e 22 de maio.
ilustrada
Curta brasileiro compete na Semana da Crítica do Festival de CannesO curta-metragem brasileiro "O Delírio É a Redenção dos Aflitos", do diretor Fellipe Fernandes, foi selecionado para a mostra competitiva da Semana da Crítica do Festival de Cannes, anunciou a organização nesta segunda-feira (18). A produção brasileira é a única presença da América Latina na mostra e concorre ao lado de outros nove curtas-metragens. É o terceiro filme brasileiro anunciado na programação do festival: outro curta, "A Moça que Dançou com o Diabo", de João Paulo Miranda, vai disputar a premiação voltada a filmes do gênero e "Aquarius", filme com Sonia Braga dirigido por Kleber Mendonça Filho, está na briga pela Palma de Ouro, principal condecoração do evento. O diretor artístico da mostra paralela, Charles Tesson, descreveu o curta de Fernandes como "maravilhoso", um filme "de surpreendente delicadeza poética". A mostra da Semana da Crítica de longas-metragens inclui 17 produções —sete longas e 10 curtas. Há ainda filmes da Espanha, Turquia, Líbano, Índia, França, Camboja, Israel, Filipinas, Portugal, Grécia, Canadá, Indonésia e Hungria. O júri, presidido pela atriz e diretora francesa Valérie Donzelli, anunciará os premiados no dia 20 de maio. Nesta terça (19), a organização do festival deve anunciar os selecionados da Quinzena dos Realizadores, mostra não competitiva que geralmente apresenta surpresas e —para alguns críticos— pérolas do Festival de Cannes, que este ano acontece entre 11 e 22 de maio.
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Deputados vão até Planalto para entregar 'aviso prévio' e mala a Dilma
Cerca de 30 deputados de oposição e dissidentes da base governista caminharam na manhã desta quinta-feira (7) os cerca de 400 metros que separam o Salão Verde da Câmara e a entrada do Palácio do Planalto para "entregar um "aviso prévio" e uma mala de viagens à presidente Dilma Rousseff.Em meio a cantos contra o PT e Dilma -"Está Chegando a Hora", entre outros-, os deputados interromperam momentaneamente o trânsito em frente ao Planalto e pararam em frente às grades de proteção. A segurança do Palácio acompanhou de longe.
tv
Deputados vão até Planalto para entregar 'aviso prévio' e mala a DilmaCerca de 30 deputados de oposição e dissidentes da base governista caminharam na manhã desta quinta-feira (7) os cerca de 400 metros que separam o Salão Verde da Câmara e a entrada do Palácio do Planalto para "entregar um "aviso prévio" e uma mala de viagens à presidente Dilma Rousseff.Em meio a cantos contra o PT e Dilma -"Está Chegando a Hora", entre outros-, os deputados interromperam momentaneamente o trânsito em frente ao Planalto e pararam em frente às grades de proteção. A segurança do Palácio acompanhou de longe.
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Esperanza Spalding vai compor e gravar disco em 77 horas
Em julho, no Carnegie Hall, em Nova York, a contrabaixista e cantora Esperanza Spalding liderava sua banda em uma complicada sequência de acordes, com seu baixo elétrico sem trastes. Atrás dela, uma banda de quatro músicos. Atrás da banda, uma orquestra sinfônica. Ela tocava "Good Lava", faixa de "Emily's D+Evolution", o álbum conceitual que lançou no ano passado. No disco, seu quinto, ela se movimenta de maneira rápida e misteriosa, mudando a forma e a direção de sua música. Mas recentemente Spalding, 32, passou a ser mais cautelosa com suas ambições exageradas e, para seu próximo disco, decidiu retornar à fonte de sua criatividade. Começando na manhã de 12 de setembro, ela passará 77 horas ininterruptas no estúdio de gravação, acompanhada por alguns músicos, mas sem composições preparadas com antecedência. Ao longo dos três dias, ela vai compor, fazer os arranjos e gravar um disco inteiro, "Exposure". A experiência será transmitida on-line. O objetivo é produzir dez canções, a maioria com letras. "Penso no projeto, em termos criativos, como um contexto no qual você permite que tudo que estava fervilhando aflore", ela disse em julho, em sua casa no Brooklyn. "Eu achei que tinha chegado a hora de deixar as molduras de lado. Eu estava cansada de sustentar tudo, de explicar por que um personagem faz isso ou aquilo." BUSCA DE LUCRO Se três dias de transmissão em vídeo soam um pouco forçados, Spalding vê o processo como forma de cancelar o ruído da promoção e da busca de lucro que muitas vezes cerca o processo de gravação. No passado, diz, ela sofreu pressão dos executivos de sua gravadora, a Concord Music Group, para mudar a seleção de canções de um disco ou incluir um artista que a ajudasse a atingir novas audiências -ela em geral recusa. "É complicado encontrar um artista, especialmente um artista comercial, capaz de criar sem a restrição de ter de provar que aquilo que está fazendo vai render dinheiro", disse Spalding. John Burk, presidente da Concord Records, diz que a gravadora merece algum crédito no processo de gravação. "Vemo-nos como parceiros, dialogamos sobre as coisas", disse. "Mas não é nossa filosofia tentar forçá-la a fazer coisas que não funcionem em termos criativos." Com "Exposure", entretanto, Spalding está em busca de um ambiente no qual esse tipo de fator seja excluído, diz. "De alguma forma, convenci a gravadora a pagar por isso e serei eternamente grata. E eles não poderão fazer coisa alguma sobre o resultado, porque a gravação será feita ao longo do processo." Spalding vai gravar todo o álbum nas 77 horas. A mixagem e a masterização virão nas semanas posteriores. Ela espera lançar o disco antes do final do ano. A Concord aceitou fazer um lançamento limitado, e o álbum sairá apenas em vinil e em CD -7.777 discos físicos serão colocados à venda. Spalding diz que o público-alvo é o de ouvintes dispostos a embarcar em uma jornada pessoal e que eles terão uma visão menos produzida de sua criatividade. A título de preparação para "Exposure", Spalding vem praticando compor mais rápido, o que pode significar fazê-lo de modo mais simples. Ela descobriu que, ao limitar a capacidade de edição de sua mente, não se afasta tanto de sua fonte original de inspiração -o que também reduz sua autocensura. "Eu posso me dar mal com 'Exposure' e cair de cara no chão, mas é porque acredito que minhas melhores canções surgem nesse contexto." Spalding conquistou atenção no Grammy de 2011, quando inesperadamente derrotou Justin Bieber e ficou com o prêmio de revelação daquele ano. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Esperanza Spalding vai compor e gravar disco em 77 horasEm julho, no Carnegie Hall, em Nova York, a contrabaixista e cantora Esperanza Spalding liderava sua banda em uma complicada sequência de acordes, com seu baixo elétrico sem trastes. Atrás dela, uma banda de quatro músicos. Atrás da banda, uma orquestra sinfônica. Ela tocava "Good Lava", faixa de "Emily's D+Evolution", o álbum conceitual que lançou no ano passado. No disco, seu quinto, ela se movimenta de maneira rápida e misteriosa, mudando a forma e a direção de sua música. Mas recentemente Spalding, 32, passou a ser mais cautelosa com suas ambições exageradas e, para seu próximo disco, decidiu retornar à fonte de sua criatividade. Começando na manhã de 12 de setembro, ela passará 77 horas ininterruptas no estúdio de gravação, acompanhada por alguns músicos, mas sem composições preparadas com antecedência. Ao longo dos três dias, ela vai compor, fazer os arranjos e gravar um disco inteiro, "Exposure". A experiência será transmitida on-line. O objetivo é produzir dez canções, a maioria com letras. "Penso no projeto, em termos criativos, como um contexto no qual você permite que tudo que estava fervilhando aflore", ela disse em julho, em sua casa no Brooklyn. "Eu achei que tinha chegado a hora de deixar as molduras de lado. Eu estava cansada de sustentar tudo, de explicar por que um personagem faz isso ou aquilo." BUSCA DE LUCRO Se três dias de transmissão em vídeo soam um pouco forçados, Spalding vê o processo como forma de cancelar o ruído da promoção e da busca de lucro que muitas vezes cerca o processo de gravação. No passado, diz, ela sofreu pressão dos executivos de sua gravadora, a Concord Music Group, para mudar a seleção de canções de um disco ou incluir um artista que a ajudasse a atingir novas audiências -ela em geral recusa. "É complicado encontrar um artista, especialmente um artista comercial, capaz de criar sem a restrição de ter de provar que aquilo que está fazendo vai render dinheiro", disse Spalding. John Burk, presidente da Concord Records, diz que a gravadora merece algum crédito no processo de gravação. "Vemo-nos como parceiros, dialogamos sobre as coisas", disse. "Mas não é nossa filosofia tentar forçá-la a fazer coisas que não funcionem em termos criativos." Com "Exposure", entretanto, Spalding está em busca de um ambiente no qual esse tipo de fator seja excluído, diz. "De alguma forma, convenci a gravadora a pagar por isso e serei eternamente grata. E eles não poderão fazer coisa alguma sobre o resultado, porque a gravação será feita ao longo do processo." Spalding vai gravar todo o álbum nas 77 horas. A mixagem e a masterização virão nas semanas posteriores. Ela espera lançar o disco antes do final do ano. A Concord aceitou fazer um lançamento limitado, e o álbum sairá apenas em vinil e em CD -7.777 discos físicos serão colocados à venda. Spalding diz que o público-alvo é o de ouvintes dispostos a embarcar em uma jornada pessoal e que eles terão uma visão menos produzida de sua criatividade. A título de preparação para "Exposure", Spalding vem praticando compor mais rápido, o que pode significar fazê-lo de modo mais simples. Ela descobriu que, ao limitar a capacidade de edição de sua mente, não se afasta tanto de sua fonte original de inspiração -o que também reduz sua autocensura. "Eu posso me dar mal com 'Exposure' e cair de cara no chão, mas é porque acredito que minhas melhores canções surgem nesse contexto." Spalding conquistou atenção no Grammy de 2011, quando inesperadamente derrotou Justin Bieber e ficou com o prêmio de revelação daquele ano. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Seleção tenta superar dependência de Cristiane para chegar à final
DE SÃO PAULO A torcida brasileira aposta em Marta para ver a seleção feminina de futebol conquistar a tão sonhada medalha de ouro. A equipe, porém, sente falta da atacante Cristiane, 31, que sofreu uma lesão muscular na coxa direita, e é dúvida para o duelo contra a Suécia, marcado para esta terça-feira (16), às 13h, no Maracanã, pela semifinal da Olimpíada do Rio. A ausência da atacante é sentida nos números. Desde que a camisa número 11 sofreu a contusão, a seleção brasileira passou em branco —empatou com a África do Sul e com a Austrália por 0 a 0. Antes, o time comandado por Vadão havia marcado oito gols, sendo dois da atacante, que é a maior artilheira da história do futebol em Jogos Olímpicos —tem 14. A importância de Cristiane na seleção brasileira foi notada também no Mundial, realizado no ano passado no Canadá. Apesar de ser titular em três das quatro partidas da equipe na competição, a jogadora não marcou e o Brasil foi eliminado nas oitavas de final. Nesta segunda-feira, Vadão disse que vai esperar pela atacante até o último segundo. "Nesse momento jamais poderíamos afirmar que a Cristiane está 100%. Vamos esperar até o momento da partida. Nós temos aí uma encruzilhada. Ou nós arriscamos e a colocamos ou a gente entra com uma outra equipe sem a Cristiane. Se tudo correr bem, não precisarmos utilizar a Cristiane, fatalmente ela estará em uma condição melhor de jogar as finais. Estamos realmente em uma encruzilhada e vamos dar mais um tempo até amanhã cedo para definir". Caso Cristiane seja vetada, Vadão deverá optar por Debinha, que já foi titular contra a Austrália. O treinador também pode ficar sem a lateral direita Fabiana, que sofreu uma entorse no tornozelo direito na última partida. Poliana deve ser a substituta. CALOR E PRESSÃO Na entrevista, Vadão comentou também sofre o horário da partida —13h. "O horário é realmente cruel. De qualquer forma é para as duas seleções, que se desgastaram muito. Nossa maior preocupação é com a recuperação", disse.  O técnico disse ainda que o time está preparado para suportar a pressão de jogar no Maracanã e avançar à final. A tão sonhada medalha de ouro já bateu na trave duas vezes –Atenas-04 e Pequim-08. Em Londres, foi eliminado nas quartas de final.  * BRASIL Bárbara; Poliana (Fabiana), Rafaelle, Mônica e Tamires; Thais (Andressinha), Formiga e Marta; Andressa Alves, Debinha (Cristiane) e Bia. Técnico: Vadão SUÉCIA Lindahl; Rubensson, Fischer, Sembrant, Samuelson; Dahlkvist, Seger e Assllani; Jakobsson, Chelin e Rolfö (Blackstenius). Técnico: Pia Sundhage
esporte
Seleção tenta superar dependência de Cristiane para chegar à final DE SÃO PAULO A torcida brasileira aposta em Marta para ver a seleção feminina de futebol conquistar a tão sonhada medalha de ouro. A equipe, porém, sente falta da atacante Cristiane, 31, que sofreu uma lesão muscular na coxa direita, e é dúvida para o duelo contra a Suécia, marcado para esta terça-feira (16), às 13h, no Maracanã, pela semifinal da Olimpíada do Rio. A ausência da atacante é sentida nos números. Desde que a camisa número 11 sofreu a contusão, a seleção brasileira passou em branco —empatou com a África do Sul e com a Austrália por 0 a 0. Antes, o time comandado por Vadão havia marcado oito gols, sendo dois da atacante, que é a maior artilheira da história do futebol em Jogos Olímpicos —tem 14. A importância de Cristiane na seleção brasileira foi notada também no Mundial, realizado no ano passado no Canadá. Apesar de ser titular em três das quatro partidas da equipe na competição, a jogadora não marcou e o Brasil foi eliminado nas oitavas de final. Nesta segunda-feira, Vadão disse que vai esperar pela atacante até o último segundo. "Nesse momento jamais poderíamos afirmar que a Cristiane está 100%. Vamos esperar até o momento da partida. Nós temos aí uma encruzilhada. Ou nós arriscamos e a colocamos ou a gente entra com uma outra equipe sem a Cristiane. Se tudo correr bem, não precisarmos utilizar a Cristiane, fatalmente ela estará em uma condição melhor de jogar as finais. Estamos realmente em uma encruzilhada e vamos dar mais um tempo até amanhã cedo para definir". Caso Cristiane seja vetada, Vadão deverá optar por Debinha, que já foi titular contra a Austrália. O treinador também pode ficar sem a lateral direita Fabiana, que sofreu uma entorse no tornozelo direito na última partida. Poliana deve ser a substituta. CALOR E PRESSÃO Na entrevista, Vadão comentou também sofre o horário da partida —13h. "O horário é realmente cruel. De qualquer forma é para as duas seleções, que se desgastaram muito. Nossa maior preocupação é com a recuperação", disse.  O técnico disse ainda que o time está preparado para suportar a pressão de jogar no Maracanã e avançar à final. A tão sonhada medalha de ouro já bateu na trave duas vezes –Atenas-04 e Pequim-08. Em Londres, foi eliminado nas quartas de final.  * BRASIL Bárbara; Poliana (Fabiana), Rafaelle, Mônica e Tamires; Thais (Andressinha), Formiga e Marta; Andressa Alves, Debinha (Cristiane) e Bia. Técnico: Vadão SUÉCIA Lindahl; Rubensson, Fischer, Sembrant, Samuelson; Dahlkvist, Seger e Assllani; Jakobsson, Chelin e Rolfö (Blackstenius). Técnico: Pia Sundhage
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Medicação para câncer de pele é aprovada
O tratamento do melanoma avançado, um tipo menos frequente, porém mais agressivo de câncer de pele, ganhou um reforço. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, na semana passada, o Keytruda (pembrolizumabe). Em testes, a medicação se mostrou mais efetiva do que outras, como quimioterapia. Nos EUA e em alguns países da União Europeia, o remédio também é utilizado para tratar câncer de pulmão de não pequenas células (o mais comum) avançado, câncer de cabeça e pescoço. O pembrolizumabe é uma imunoterapia. O remédio é um anticorpo que ataca as células cancerígenas e não danifica as saudáveis. O tratamento com o remédio nos EUA custa cerca de U$ 12.500 por mês. No Brasil ainda não há valor estimado, que será determinado pela Câmara de Regulação dos Mercados de Medicamentos. Melanomas se apresentam como manchas ou nódulos na pele. A exposição ao sol é uma das causas da doença. Hoje, o tratamento ocorre via cirurgia, radio ou quimioterapia e imunoterapia. O futuro do combate ao câncer
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Medicação para câncer de pele é aprovadaO tratamento do melanoma avançado, um tipo menos frequente, porém mais agressivo de câncer de pele, ganhou um reforço. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, na semana passada, o Keytruda (pembrolizumabe). Em testes, a medicação se mostrou mais efetiva do que outras, como quimioterapia. Nos EUA e em alguns países da União Europeia, o remédio também é utilizado para tratar câncer de pulmão de não pequenas células (o mais comum) avançado, câncer de cabeça e pescoço. O pembrolizumabe é uma imunoterapia. O remédio é um anticorpo que ataca as células cancerígenas e não danifica as saudáveis. O tratamento com o remédio nos EUA custa cerca de U$ 12.500 por mês. No Brasil ainda não há valor estimado, que será determinado pela Câmara de Regulação dos Mercados de Medicamentos. Melanomas se apresentam como manchas ou nódulos na pele. A exposição ao sol é uma das causas da doença. Hoje, o tratamento ocorre via cirurgia, radio ou quimioterapia e imunoterapia. O futuro do combate ao câncer
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Rio tem primeira morte por vírus H1N1 confirmada em 2016
A Secretaria de Saúde do Rio confirmou nesta quinta-feira (31) a primeira morte provocada pelo vírus da gripe H1N1 no Estado em 2016. Outros dois casos de infecção foram confirmados por exames laboratoriais. Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no estado do Rio, de acordo com a secretaria. O governo do Estado não deu detalhes sobre a morte. O surto da doença ocorreu dois meses antes do previsto e já havia causado 45 mortes neste ano no país - 38 delas no Estado de São Paulo. A quantidade de infectados até agora já supera a de 2015 inteiro. Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no Estado do Rio, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. Já em 2014 foram registrados 22 casos confirmados de H1N1 em todo o Estado, com cinco mortes. Virus H1N1
cotidiano
Rio tem primeira morte por vírus H1N1 confirmada em 2016A Secretaria de Saúde do Rio confirmou nesta quinta-feira (31) a primeira morte provocada pelo vírus da gripe H1N1 no Estado em 2016. Outros dois casos de infecção foram confirmados por exames laboratoriais. Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no estado do Rio, de acordo com a secretaria. O governo do Estado não deu detalhes sobre a morte. O surto da doença ocorreu dois meses antes do previsto e já havia causado 45 mortes neste ano no país - 38 delas no Estado de São Paulo. A quantidade de infectados até agora já supera a de 2015 inteiro. Em 2015, não houve registro de infecção pelo vírus H1N1 no Estado do Rio, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. Já em 2014 foram registrados 22 casos confirmados de H1N1 em todo o Estado, com cinco mortes. Virus H1N1
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Uefa põe grego no lugar de Infantino e vai aguardar decisão sobre Platini
A Uefa nomeou nesta sexta-feira (4) o grego Theodore Theodoridis como secretário-geral interino da entidade. Ele vai substituir o suíço Gianni Infantino, eleito o novo presidente da Fifa na semana passada. Theodoridis, 50, está na Uefa desde janeiro de 2008. Começou como diretor da divisão de associações nacionais e, desde outubro de 2010, trabalhava como secretário-geral adjunto. Ainda nesta sexta, a Uefa reafirmou que não fará uma eleição presidencial até que o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) tome uma decisão sobre o caso de Michel Platini. Suspenso de todas as atividades relacionadas ao futebol por seis anos, o francês entrou na quarta-feira (2) com um pedido junto ao TAS para derrubar o veto imposto pelo Comitê de Apelação da Fifa há uma semana. Platini, 60, era o presidente da Uefa até ser suspenso. Hoje, o cargo é ocupado interinamente pelo espanhol Ángel María Villar Llona. A princípio, Platini e Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, foram suspensos preventivamente pelo Comitê de Ética da entidade por 90 dias por em razão da abertura de uma investigação criminal contra o suíço por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) a Platini em outubro. Em dezembro, o Comitê de Ética da Fifa suspendeu Blatter e Platini por oito anos. Uma semana antes da decisão, o francês decidiu não comparecer a uma audiência do Comitê por considerar que o "órgão está viciado" e foi representado por seus advogados, que declararam inocência. No último dia 16, Platini prestou depoimento ao Comitê de Apelação da Fifa para recorrer da suspensão de oito anos. Na semana passada, teve a suspensão reduzida para seis anos. Com a primeira punição, o francês teve que desistir da candidatura à presidência da Fifa. A eleição foi realizada na última sexta-feira (26) e vencida por Infantino, braço direito de Platini.
esporte
Uefa põe grego no lugar de Infantino e vai aguardar decisão sobre PlatiniA Uefa nomeou nesta sexta-feira (4) o grego Theodore Theodoridis como secretário-geral interino da entidade. Ele vai substituir o suíço Gianni Infantino, eleito o novo presidente da Fifa na semana passada. Theodoridis, 50, está na Uefa desde janeiro de 2008. Começou como diretor da divisão de associações nacionais e, desde outubro de 2010, trabalhava como secretário-geral adjunto. Ainda nesta sexta, a Uefa reafirmou que não fará uma eleição presidencial até que o TAS (Tribunal Arbitral do Esporte) tome uma decisão sobre o caso de Michel Platini. Suspenso de todas as atividades relacionadas ao futebol por seis anos, o francês entrou na quarta-feira (2) com um pedido junto ao TAS para derrubar o veto imposto pelo Comitê de Apelação da Fifa há uma semana. Platini, 60, era o presidente da Uefa até ser suspenso. Hoje, o cargo é ocupado interinamente pelo espanhol Ángel María Villar Llona. A princípio, Platini e Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, foram suspensos preventivamente pelo Comitê de Ética da entidade por 90 dias por em razão da abertura de uma investigação criminal contra o suíço por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) a Platini em outubro. Em dezembro, o Comitê de Ética da Fifa suspendeu Blatter e Platini por oito anos. Uma semana antes da decisão, o francês decidiu não comparecer a uma audiência do Comitê por considerar que o "órgão está viciado" e foi representado por seus advogados, que declararam inocência. No último dia 16, Platini prestou depoimento ao Comitê de Apelação da Fifa para recorrer da suspensão de oito anos. Na semana passada, teve a suspensão reduzida para seis anos. Com a primeira punição, o francês teve que desistir da candidatura à presidência da Fifa. A eleição foi realizada na última sexta-feira (26) e vencida por Infantino, braço direito de Platini.
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Militares brasileiros testam drones para operações no Haiti
O Exército Brasileiro passou a testar drones (aeronaves não tripuladas) em operações em áreas de conflito na missão de paz da ONU no Haiti (Minustah). Duas aeronaves de pequeno porte do modelo Phantom, fabricado pela chinesa DJI, foram adquiridas no ano passado pelo Exército, em Miami, nos Estados Unidos, a um custo de US$ 3 mil. Desde então, a tecnologia vem sendo testada pelo contingente na capital, Porto Príncipe. Uma pequena câmera acoplada ao equipamento captura imagens do terreno, que são visualizadas e controladas em um tablet ou celular. Um segundo soldado é responsável por controlar o aparelho. Os drones são usados para checar o campo no momento em que a tropa está se deslocando para a área de operação, além de acompanhar a evolução da patrulha. Isso ajuda a evitar possíveis confrontos. "É muito mais fácil e menos arriscado ver do alto o que está acontecendo no terreno do que ter que descobrir andando", conta o major Sérgio Mattos, coordenador do projeto. "Os drones substituem a necessidade de termos militares à frente ou em uma posição alta", explica Mattos. Veja foto Por meio das imagens, o operador pode identificar objetos ou pessoas suspeitas em um raio de até 1 km. O equipamento permite ao militar ter uma boa visão da área a até 60 metros de altura e oferece uma autonomia de 14 minutos de bateria. "Se o comandante tem uma imagem aérea que mostra a profundidade e as características de uma manifestação e da situação nas ruas, isso garante a ele mais coerência na decisão de atuação e de emprego das tropas", diz o tenente Gustavo Serio, operador de drone. EM CAMPO Os drones já foram utilizados em quatro operações brasileiras no Haiti, além de eventualmente serem emprestados aos contingentes de outros países. Em uma das operações realizadas com o equipamento, em Cité de Soleil, área mais pobre do país e que foi considerada pela ONU como a mais violenta do mundo em 2004, os militares ficaram em meio a um tiroteio e conseguiram agir graças ao drone. A repórter OLÍVIA FREITAS e o fotojornalista JOEL SILVA viajaram a convite do Ministério da Defesa Vídeo: JOEL SILVA e EXÉRCITO BRASILEIRO | Edição: GIOVANNI BELLO
mundo
Militares brasileiros testam drones para operações no HaitiO Exército Brasileiro passou a testar drones (aeronaves não tripuladas) em operações em áreas de conflito na missão de paz da ONU no Haiti (Minustah). Duas aeronaves de pequeno porte do modelo Phantom, fabricado pela chinesa DJI, foram adquiridas no ano passado pelo Exército, em Miami, nos Estados Unidos, a um custo de US$ 3 mil. Desde então, a tecnologia vem sendo testada pelo contingente na capital, Porto Príncipe. Uma pequena câmera acoplada ao equipamento captura imagens do terreno, que são visualizadas e controladas em um tablet ou celular. Um segundo soldado é responsável por controlar o aparelho. Os drones são usados para checar o campo no momento em que a tropa está se deslocando para a área de operação, além de acompanhar a evolução da patrulha. Isso ajuda a evitar possíveis confrontos. "É muito mais fácil e menos arriscado ver do alto o que está acontecendo no terreno do que ter que descobrir andando", conta o major Sérgio Mattos, coordenador do projeto. "Os drones substituem a necessidade de termos militares à frente ou em uma posição alta", explica Mattos. Veja foto Por meio das imagens, o operador pode identificar objetos ou pessoas suspeitas em um raio de até 1 km. O equipamento permite ao militar ter uma boa visão da área a até 60 metros de altura e oferece uma autonomia de 14 minutos de bateria. "Se o comandante tem uma imagem aérea que mostra a profundidade e as características de uma manifestação e da situação nas ruas, isso garante a ele mais coerência na decisão de atuação e de emprego das tropas", diz o tenente Gustavo Serio, operador de drone. EM CAMPO Os drones já foram utilizados em quatro operações brasileiras no Haiti, além de eventualmente serem emprestados aos contingentes de outros países. Em uma das operações realizadas com o equipamento, em Cité de Soleil, área mais pobre do país e que foi considerada pela ONU como a mais violenta do mundo em 2004, os militares ficaram em meio a um tiroteio e conseguiram agir graças ao drone. A repórter OLÍVIA FREITAS e o fotojornalista JOEL SILVA viajaram a convite do Ministério da Defesa Vídeo: JOEL SILVA e EXÉRCITO BRASILEIRO | Edição: GIOVANNI BELLO
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Exame tem espera de até 336 dias mesmo após programa de Doria
Um paciente com incontinência urinária levará em média 336 dias para conseguir fazer um exame detalhado na rede municipal de saúde sob a gestão João Doria (PSDB). O intervalo é o previsto para a realização da avaliação urodinâmica completa, diagnóstico com maior tempo de espera na rede municipal. Embora a fila de exames em São Paulo tenha diminuído desde o início do ano, a maioria dos procedimentos ainda tem uma espera maior que a prometida pelo prefeito para o Corujão da Saúde. O programa prometia zerar a fila até abril mas envolveu só seis tipos de exames de imagem. Depois, o prazo seria normalizado em 30 dias. Posteriormente, Doria estendeu o limite para 60 dias. O Corujão da Saúde é hoje um exemplo nacional de eficiência na gestão pública de saúde. Existem filas, mas são administráveis para um prazo de 30 dias para os mais urgentes e de 60 dias para os demais tipos de exame, disse o tucano no último dia 11. De janeiro a abril, de fato, o Corujão acabou com a lista de espera herdada da gestão Fernando Haddad (PT). No entanto, três meses depois, uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes, mostram dados da Secretaria Municipal da Saúde enviados à Folha depois de pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação. No total, há 128 diagnósticos com tempo médio de espera informado. Desses, 84% levam mais de 30 dias e 64%, mais de 60. O tempo médio de espera é de 89 dias. No total, a fila tem 215 mil procedimentos cada um pode se referir a mais de um paciente. - A promessa Zerar a fila dos principais exames em São Paulo até abril. Depois, o prazo seria normalizado em 30 dias. Posteriormente, Doria estendeu o limite para 60 dias O que aconteceu Lançado em janeiro com foco em exames de imagem, o programa Corujão da Saúde zerou os 485 mil procedimentos herdados da gestão Haddad, mas uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes Situação da fila em jul.2017 - 89 dias é o tempo médio para a realização de um exame - 214.637 é o total de procedimentos na fila Tempo médio de espera - Em número de tipos de exames* - O quadro já foi pior. Em janeiro, havia 485 mil na fila desde 2016, na gestão petista. O contraste entre a situação atual e a propaganda, porém, frustra usuários do SUS. "Não disseram que tinha acabado a fila?", questiona a dona de casa Aparecida Silva, 50. Com asma, ela aguarda desde maio de 2015 por uma espirometria, exame que avalia a capacidade pulmonar. A redução da fila de exames é apresentada como vitrine pela administração tucana. Doria trava disputa interna no PSDB com o governador Geraldo Alckmin para a escolha do candidato do partido nas eleições à Presidência no ano que vem. Para ser candidato ao Planalto (ou mesmo ao governo paulista), porém, o prefeito terá de deixar o cargo até o início de abril (seis meses antes da eleição). Por especialidade - Tempo médio de espera por exame (em dias)* CIRURGIAS Entre as cirurgias, o problema na rede municipal é ainda mais grave. A espera média é de 142 dias, e a fila tem um total de 108 mil procedimentos. A maior demora é para fazer um procedimento na área de otorrinolaringologia, como a retirada de amídalas. A média de espera nesse caso é de 275 dias. Como os números representam uma média, há pacientes que relatam esperar há muito mais tempo. Esse é o caso de Joana DArc Mendes da Silva, 60. Ex-auxiliar de limpeza, tem há três anos uma lesão no pulso. "Eu limpava sozinha dez banheiros e 12 salas. Estava torcendo um pano quando vi um estalo." Foi diagnosticada no Hospital Municipal do Campo Limpo com síndrome do túnel do carpo, causada pela compressão de um nervo e que provoca dores e formigamento. "O médico me disse que eu tinha que fazer uma cirurgia, que meu nome estava numa lista, para esperar". De tempos em tempos, ela ia lá verificar. Depois, desistiu. Sem condições de trabalhar na antiga função, hoje vende churrasquinho, mas sente falta de conseguir arear panelas e torcer roupas molhadas sem sentir uma fisgada. A espera foi em vão. Procurada, a secretaria diz que não há registro da solicitação de cirurgia. - A promessa Reduzir a espera para um prazo máximo de 30 dias O que aconteceu Prefeitura lançou o programa Corujão da Cirurgia com o objetivo de zerar a fila. Programa está em andamento Situação da fila em jul.2017 - 142 dias é o tempo médio para a realização de uma cirurgia - 107.686 é o total de procedimentos na fila Por especialidade - Tempo médio de espera por cirurgia (em dias) - Professor da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer lembra que, além de gerar sofrimento, a espera longa pode piorar o estado de saúde de pacientes e até causar danos irreversíveis. Para ele, falta transparência ao sistema de gestão, no qual o cidadão não consegue saber qual é a sua posição na fila. Em sua avaliação, a divulgação de tempos máximos de espera pela secretaria poderia minimizar a situação. Com problema similar de filas, a Prefeitura de Santo André, na Grande SP, lançou um programa para zerar a fila de exames e consultas. Uma das ações previstas é a troca de débitos tributários por atendimentos de saúde. Ou seja, clínicas e hospitais podem abater parte de sua dívida com o município realizando atendimentos. Pelo balanço divulgado na terça (26), foram 10 mil procedimentos com essa iniciativa. No total, com essa ação e mutirões, a fila passou de 128 mil solicitações para 58 mil. As 5 cirurgias com maior fila - - OUTRO LADO O secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, afirma que as filas da saúde na gestão Doria estão "totalmente sob controle". Segundo ele, atualmente os prestadores da prefeitura têm capacidade para fazer mais de 87 mil exames por mês dentre os incluídos no Corujão da Saúde, e a demanda atual é menor que essa –por isso, ninguém vai esperar mais de um mês para esses diagnósticos. Em relação aos demais procedimentos, Pollara afirma que muitos dos que ainda estão na fila não precisariam mais do exame, porque entraram há muito tempo na lista. "Se for ligar para essas pessoas, vai sobrar um décimo. Muitas vezes o paciente é operado antes, ou acontece outra coisa." Ainda assim, o prazo que ele avalia ser adequado é de 30 a 60 dias. Segundo Pollara, a maior evidência de sucesso é a redução das solicitações mensais de novos diagnósticos, de 200 mil por mês para 80 mil. A diminuição, afirma ele, ocorreu após diálogos com profissionais das unidades da rede. Já a situação das cirurgias é mais complexa, afirma Pollara, pois demanda vagas em hospitais, médicos e outros recursos. A pasta lançou recentemente um programa para reduzir a fila desses procedimentos. "No ano que vem vai estar bem melhor", promete. "O SUS vai melhorar tanto que vai ter plano de saúde preocupado." Em relação ao caso de Aparecida da Silva, a secretaria disse que, em janeiro deste ano, a solicitação para ela realizar uma espirometria foi "desativada" por "ultrapassar 180 dias". "Por se tratar de exame muito específico (não relacionado nos seis do Corujão da Saúde, inclusive), a fila de espera é excepcional à regra de 60 dias", afirma. O órgão informou, porém, que, devido a uma desistência, a paciente já foi encaixada para fazer o procedimento nesta semana. Em relação ao caso de Joana D'Arc Mendes da Silva, a Autarquia Hospitalar Municipal disse que ela passou por consulta há dois anos e que a equipe tentou entrar em contato para dar continuidade ao tratamento, com fisioterapia. A casa de Joana não tem telefone. O órgão municipal afirmou não ter registro da indicação para a cirurgia que ela espera.
cotidiano
Exame tem espera de até 336 dias mesmo após programa de DoriaUm paciente com incontinência urinária levará em média 336 dias para conseguir fazer um exame detalhado na rede municipal de saúde sob a gestão João Doria (PSDB). O intervalo é o previsto para a realização da avaliação urodinâmica completa, diagnóstico com maior tempo de espera na rede municipal. Embora a fila de exames em São Paulo tenha diminuído desde o início do ano, a maioria dos procedimentos ainda tem uma espera maior que a prometida pelo prefeito para o Corujão da Saúde. O programa prometia zerar a fila até abril mas envolveu só seis tipos de exames de imagem. Depois, o prazo seria normalizado em 30 dias. Posteriormente, Doria estendeu o limite para 60 dias. O Corujão da Saúde é hoje um exemplo nacional de eficiência na gestão pública de saúde. Existem filas, mas são administráveis para um prazo de 30 dias para os mais urgentes e de 60 dias para os demais tipos de exame, disse o tucano no último dia 11. De janeiro a abril, de fato, o Corujão acabou com a lista de espera herdada da gestão Fernando Haddad (PT). No entanto, três meses depois, uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes, mostram dados da Secretaria Municipal da Saúde enviados à Folha depois de pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação. No total, há 128 diagnósticos com tempo médio de espera informado. Desses, 84% levam mais de 30 dias e 64%, mais de 60. O tempo médio de espera é de 89 dias. No total, a fila tem 215 mil procedimentos cada um pode se referir a mais de um paciente. - A promessa Zerar a fila dos principais exames em São Paulo até abril. Depois, o prazo seria normalizado em 30 dias. Posteriormente, Doria estendeu o limite para 60 dias O que aconteceu Lançado em janeiro com foco em exames de imagem, o programa Corujão da Saúde zerou os 485 mil procedimentos herdados da gestão Haddad, mas uma nova fila surgiu, com outros exames e novos pacientes Situação da fila em jul.2017 - 89 dias é o tempo médio para a realização de um exame - 214.637 é o total de procedimentos na fila Tempo médio de espera - Em número de tipos de exames* - O quadro já foi pior. Em janeiro, havia 485 mil na fila desde 2016, na gestão petista. O contraste entre a situação atual e a propaganda, porém, frustra usuários do SUS. "Não disseram que tinha acabado a fila?", questiona a dona de casa Aparecida Silva, 50. Com asma, ela aguarda desde maio de 2015 por uma espirometria, exame que avalia a capacidade pulmonar. A redução da fila de exames é apresentada como vitrine pela administração tucana. Doria trava disputa interna no PSDB com o governador Geraldo Alckmin para a escolha do candidato do partido nas eleições à Presidência no ano que vem. Para ser candidato ao Planalto (ou mesmo ao governo paulista), porém, o prefeito terá de deixar o cargo até o início de abril (seis meses antes da eleição). Por especialidade - Tempo médio de espera por exame (em dias)* CIRURGIAS Entre as cirurgias, o problema na rede municipal é ainda mais grave. A espera média é de 142 dias, e a fila tem um total de 108 mil procedimentos. A maior demora é para fazer um procedimento na área de otorrinolaringologia, como a retirada de amídalas. A média de espera nesse caso é de 275 dias. Como os números representam uma média, há pacientes que relatam esperar há muito mais tempo. Esse é o caso de Joana DArc Mendes da Silva, 60. Ex-auxiliar de limpeza, tem há três anos uma lesão no pulso. "Eu limpava sozinha dez banheiros e 12 salas. Estava torcendo um pano quando vi um estalo." Foi diagnosticada no Hospital Municipal do Campo Limpo com síndrome do túnel do carpo, causada pela compressão de um nervo e que provoca dores e formigamento. "O médico me disse que eu tinha que fazer uma cirurgia, que meu nome estava numa lista, para esperar". De tempos em tempos, ela ia lá verificar. Depois, desistiu. Sem condições de trabalhar na antiga função, hoje vende churrasquinho, mas sente falta de conseguir arear panelas e torcer roupas molhadas sem sentir uma fisgada. A espera foi em vão. Procurada, a secretaria diz que não há registro da solicitação de cirurgia. - A promessa Reduzir a espera para um prazo máximo de 30 dias O que aconteceu Prefeitura lançou o programa Corujão da Cirurgia com o objetivo de zerar a fila. Programa está em andamento Situação da fila em jul.2017 - 142 dias é o tempo médio para a realização de uma cirurgia - 107.686 é o total de procedimentos na fila Por especialidade - Tempo médio de espera por cirurgia (em dias) - Professor da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer lembra que, além de gerar sofrimento, a espera longa pode piorar o estado de saúde de pacientes e até causar danos irreversíveis. Para ele, falta transparência ao sistema de gestão, no qual o cidadão não consegue saber qual é a sua posição na fila. Em sua avaliação, a divulgação de tempos máximos de espera pela secretaria poderia minimizar a situação. Com problema similar de filas, a Prefeitura de Santo André, na Grande SP, lançou um programa para zerar a fila de exames e consultas. Uma das ações previstas é a troca de débitos tributários por atendimentos de saúde. Ou seja, clínicas e hospitais podem abater parte de sua dívida com o município realizando atendimentos. Pelo balanço divulgado na terça (26), foram 10 mil procedimentos com essa iniciativa. No total, com essa ação e mutirões, a fila passou de 128 mil solicitações para 58 mil. As 5 cirurgias com maior fila - - OUTRO LADO O secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, afirma que as filas da saúde na gestão Doria estão "totalmente sob controle". Segundo ele, atualmente os prestadores da prefeitura têm capacidade para fazer mais de 87 mil exames por mês dentre os incluídos no Corujão da Saúde, e a demanda atual é menor que essa –por isso, ninguém vai esperar mais de um mês para esses diagnósticos. Em relação aos demais procedimentos, Pollara afirma que muitos dos que ainda estão na fila não precisariam mais do exame, porque entraram há muito tempo na lista. "Se for ligar para essas pessoas, vai sobrar um décimo. Muitas vezes o paciente é operado antes, ou acontece outra coisa." Ainda assim, o prazo que ele avalia ser adequado é de 30 a 60 dias. Segundo Pollara, a maior evidência de sucesso é a redução das solicitações mensais de novos diagnósticos, de 200 mil por mês para 80 mil. A diminuição, afirma ele, ocorreu após diálogos com profissionais das unidades da rede. Já a situação das cirurgias é mais complexa, afirma Pollara, pois demanda vagas em hospitais, médicos e outros recursos. A pasta lançou recentemente um programa para reduzir a fila desses procedimentos. "No ano que vem vai estar bem melhor", promete. "O SUS vai melhorar tanto que vai ter plano de saúde preocupado." Em relação ao caso de Aparecida da Silva, a secretaria disse que, em janeiro deste ano, a solicitação para ela realizar uma espirometria foi "desativada" por "ultrapassar 180 dias". "Por se tratar de exame muito específico (não relacionado nos seis do Corujão da Saúde, inclusive), a fila de espera é excepcional à regra de 60 dias", afirma. O órgão informou, porém, que, devido a uma desistência, a paciente já foi encaixada para fazer o procedimento nesta semana. Em relação ao caso de Joana D'Arc Mendes da Silva, a Autarquia Hospitalar Municipal disse que ela passou por consulta há dois anos e que a equipe tentou entrar em contato para dar continuidade ao tratamento, com fisioterapia. A casa de Joana não tem telefone. O órgão municipal afirmou não ter registro da indicação para a cirurgia que ela espera.
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Fotógrafo Mário Cravo Neto ganha retrospectiva
MARIANA MARINHO DE SÃO PAULO A Galeria Marcelo Guarnieri, instalada na região oeste de São Paulo, exibe a partir deste fim de semana uma retrospectiva do trabalho fotográfico de Mário Cravo Neto (1947-2009). Há desde registros inéditos do baiano, que transita entre o universo religioso africano e a arte contemporânea, até séries conhecidas, como "Eterno Agora". Momentos afetivos e pessoais aparecem retratados pelas lentes do amigo e também fotógrafo Vicente Sampaio, que expõe pela primeira vez imagens de Cravo Neto. Galeria Marcelo Guarnieri. Al. Lorena, 1.966, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3063-5410. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h. Até 27/8. Livre. GRÁTIS
saopaulo
Fotógrafo Mário Cravo Neto ganha retrospectivaMARIANA MARINHO DE SÃO PAULO A Galeria Marcelo Guarnieri, instalada na região oeste de São Paulo, exibe a partir deste fim de semana uma retrospectiva do trabalho fotográfico de Mário Cravo Neto (1947-2009). Há desde registros inéditos do baiano, que transita entre o universo religioso africano e a arte contemporânea, até séries conhecidas, como "Eterno Agora". Momentos afetivos e pessoais aparecem retratados pelas lentes do amigo e também fotógrafo Vicente Sampaio, que expõe pela primeira vez imagens de Cravo Neto. Galeria Marcelo Guarnieri. Al. Lorena, 1.966, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3063-5410. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 17h. Até 27/8. Livre. GRÁTIS
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Atores ensaiam até em cavernas para interpretar as viagens de Júlio Verne
Se as histórias costumam dar a volta ao mundo, as aventuras escritas por Júlio Verne (1828-1905) já nasceram com passaporte carimbado. E clássicos como "Viagem ao Centro da Terra" e "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" desembarcaram agora em São Paulo nas peças da companhia Solas de Vento. Primeira parada: o interior do planeta ""na verdade o Sesc Pompeia, onde está em cartaz "Viagem ao Centro da Terra"; "A Volta ao Mundo..." volta aos palcos no próximo dia 13. Convidado para dirigir a peça, Eric Nowinski tinha um desafio: "Como colocar os atores e o público dentro de um vulcão, no interior da terra?". É para lá que se aventuram o professor Lidenbrock, seu sobrinho Axel e o guia Hans. Haja fôlego para acompanhar o trio na expedição imaginária. Inseguro (e engraçadíssimo) na interpretação do ator Ricardo Rodrigues, o jovem Axel tem de enfrentar seus muitos medos. "É uma viagem de iniciação, em que o personagem se transforma no caminho", conta o ator francês Bruno Rudolf, que vive o professor Lidenbrock e cresceu lendo as histórias de Verne. Para criar as paisagens do interior do planeta e a sensação de estar num imenso vulcão, foram usados muitos recursos, de câmeras a bonecos. Todos esses elementos foram surgindo durante o processo de montagem, que, segundo os criadores, é também uma grande viagem de descobertas. Os atores passaram quatro dias em cavernas no interior de São Paulo para entender como Axel, Hans e Lidenbrock se movimentavam no subterrâneo. Nessa viagem de transformar a história de um livro em peça, alguns elementos acabam ficando pelo caminho? "Ao recontar uma história no teatro, ficamos entre a reverência [à essência da obra] e a irresponsabilidade [de reinventar]", diz o diretor. Para Fernando Nuno, que adaptou clássicos de Verne para crianças, a essência de suas história "é a vontade do ser humano se superar, romper limites e vencer desafios". * QUEM FOI JÚLIO VERNE O autor francês viveu entre 1828 e 1905 e é considerado o pai da ficção científica. Em seus livros, ele escreveu sobre tecnologias e descobertas da ciência antes de elas se tornarem realidade, como o submarino (em "Vinte Mil Léguas Submarinas) e viagens espaciais (em "Da Terra à Lua"). * SERVIÇO Para viajar com Júlio Verne, veja datas das peças baseadas na obra do escritor "Viagem ao Centro da Terra" ONDE Sesc Pompeia (r. Clélia, 93; tel. 11/3871-7700) QUANDO sábados, domingos e feriados, às 12h; até 14/2 QUANTO de R$ 5 a R$ 17 (grátis para menores de 12 anos) - "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722; tel. 11/5693-4000) QUANDO sábados e domingos, às 17h30; de 13/2 a 6/3 QUANTO de R$ 15 a R$ 30 * ADAPTAÇÕES EM CARTAZ Viaje em outras montagens que recontam clássicos do teatro ou dos contos de fadas "Uma Jornada de João e Maria" Cia. Nóis na Mala > A saga dos dois irmãos é ambientada no sertão, onde eles vivem suas aventuras e desventuras acompanhados de boa música ao vivo. ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel. 11/3095-9400) QUANDO domingos, às 15h e às 17h; até 28/2 QUANTO de R$ 5 a R$ 17 - "Bruxas da Escócia" Cia. Vagalum Tum Tum > Premiada adaptação de "Macbeth", de Shakespeare. Palhaçadas e truques de mágica ajudam a contar a história de ganância por poder do casal Macbeth. ONDE Sesc Santana (r. Luiz Dumont Villares, 579; tel. 11/2971-8700) QUANDO domingos, às 14h; dias 17, 24 e 31 de janeiro e 14, 21 e 28 de fevereiro (domingos) QUANTO de R$ 5 a R$ 17 - "O PATINHO FEIO - O VOO DE ANDERSEN" Teatro por um Triz > Com delicada manipulação de bonecos, o grupo mistura o conto do 'Patinho Feio' com a vida do próprio autor Hans Christian Andersen, que imortalizou essa história na literatura. ONDE Teatro MuBe Nova Cultura (av. Europa, 218; tel. 11/5044-5558) QUANDO hoje, às 15h, e amanhã, às 11h QUANTO de R$ 20 a R$ 40
folhinha
Atores ensaiam até em cavernas para interpretar as viagens de Júlio VerneSe as histórias costumam dar a volta ao mundo, as aventuras escritas por Júlio Verne (1828-1905) já nasceram com passaporte carimbado. E clássicos como "Viagem ao Centro da Terra" e "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" desembarcaram agora em São Paulo nas peças da companhia Solas de Vento. Primeira parada: o interior do planeta ""na verdade o Sesc Pompeia, onde está em cartaz "Viagem ao Centro da Terra"; "A Volta ao Mundo..." volta aos palcos no próximo dia 13. Convidado para dirigir a peça, Eric Nowinski tinha um desafio: "Como colocar os atores e o público dentro de um vulcão, no interior da terra?". É para lá que se aventuram o professor Lidenbrock, seu sobrinho Axel e o guia Hans. Haja fôlego para acompanhar o trio na expedição imaginária. Inseguro (e engraçadíssimo) na interpretação do ator Ricardo Rodrigues, o jovem Axel tem de enfrentar seus muitos medos. "É uma viagem de iniciação, em que o personagem se transforma no caminho", conta o ator francês Bruno Rudolf, que vive o professor Lidenbrock e cresceu lendo as histórias de Verne. Para criar as paisagens do interior do planeta e a sensação de estar num imenso vulcão, foram usados muitos recursos, de câmeras a bonecos. Todos esses elementos foram surgindo durante o processo de montagem, que, segundo os criadores, é também uma grande viagem de descobertas. Os atores passaram quatro dias em cavernas no interior de São Paulo para entender como Axel, Hans e Lidenbrock se movimentavam no subterrâneo. Nessa viagem de transformar a história de um livro em peça, alguns elementos acabam ficando pelo caminho? "Ao recontar uma história no teatro, ficamos entre a reverência [à essência da obra] e a irresponsabilidade [de reinventar]", diz o diretor. Para Fernando Nuno, que adaptou clássicos de Verne para crianças, a essência de suas história "é a vontade do ser humano se superar, romper limites e vencer desafios". * QUEM FOI JÚLIO VERNE O autor francês viveu entre 1828 e 1905 e é considerado o pai da ficção científica. Em seus livros, ele escreveu sobre tecnologias e descobertas da ciência antes de elas se tornarem realidade, como o submarino (em "Vinte Mil Léguas Submarinas) e viagens espaciais (em "Da Terra à Lua"). * SERVIÇO Para viajar com Júlio Verne, veja datas das peças baseadas na obra do escritor "Viagem ao Centro da Terra" ONDE Sesc Pompeia (r. Clélia, 93; tel. 11/3871-7700) QUANDO sábados, domingos e feriados, às 12h; até 14/2 QUANTO de R$ 5 a R$ 17 (grátis para menores de 12 anos) - "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722; tel. 11/5693-4000) QUANDO sábados e domingos, às 17h30; de 13/2 a 6/3 QUANTO de R$ 15 a R$ 30 * ADAPTAÇÕES EM CARTAZ Viaje em outras montagens que recontam clássicos do teatro ou dos contos de fadas "Uma Jornada de João e Maria" Cia. Nóis na Mala > A saga dos dois irmãos é ambientada no sertão, onde eles vivem suas aventuras e desventuras acompanhados de boa música ao vivo. ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel. 11/3095-9400) QUANDO domingos, às 15h e às 17h; até 28/2 QUANTO de R$ 5 a R$ 17 - "Bruxas da Escócia" Cia. Vagalum Tum Tum > Premiada adaptação de "Macbeth", de Shakespeare. Palhaçadas e truques de mágica ajudam a contar a história de ganância por poder do casal Macbeth. ONDE Sesc Santana (r. Luiz Dumont Villares, 579; tel. 11/2971-8700) QUANDO domingos, às 14h; dias 17, 24 e 31 de janeiro e 14, 21 e 28 de fevereiro (domingos) QUANTO de R$ 5 a R$ 17 - "O PATINHO FEIO - O VOO DE ANDERSEN" Teatro por um Triz > Com delicada manipulação de bonecos, o grupo mistura o conto do 'Patinho Feio' com a vida do próprio autor Hans Christian Andersen, que imortalizou essa história na literatura. ONDE Teatro MuBe Nova Cultura (av. Europa, 218; tel. 11/5044-5558) QUANDO hoje, às 15h, e amanhã, às 11h QUANTO de R$ 20 a R$ 40
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Energia elétrica e gasolina têm maior peso na inflação em 2015
Os aumentos dos preços da energia elétrica residencial e da gasolina foram os fatores que mais contribuíram para o aumento da inflação em 2015, que fechou o ano em 10,67%, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (8). Segundo o IPCA, que mede a inflação oficial, o preço da energia subiu 51% no ano passado. Por isso, ele, sozinho, foi responsável por 1,5 ponto percentual no índice. Já a gasolina representou 0,76 ponto percentual da inflação, com um aumento de 20,1% no preço em 2015. Vilões da inflação 2015 - Top 10 geral Na terceira colocação aparece o subitem refeição, com uma alta de 9,71% e responsável por 0,51 ponto percentual da alta. Na sequência, vêm o subitem plano de saúde, com 0,40 ponto percentual (alta de 12,5%) acompanhado pelo ônibus urbano, com peso de 0,37 e alta de 15,09% nos preços. CARNES E PÃO FRANCÊS PUXAM ALIMENTOS Dentre os alimentos que registraram aumento dos preços em 2015, o subitem carnes foi o que mais contribuiu para a alta da inflação oficial. A alta foi de 12,48%, já o impacto no índice foi de 0,36 ponto percentual. O segundo lugar dentre os maiores responsáveis pela alta da inflação foi o pão francês, que representou 0,14 ponto percentual no índice, com uma alta de 12,05. Outro alimento, que ficou famoso pela alta, foi o tomate. A fruta representou 0,10 do índice, com uma alta de 47,45% no índice oficial. Vilões da inflação 2015 - Top 10 alimentos e bebidas consumidos em casa O que é inflação?
mercado
Energia elétrica e gasolina têm maior peso na inflação em 2015Os aumentos dos preços da energia elétrica residencial e da gasolina foram os fatores que mais contribuíram para o aumento da inflação em 2015, que fechou o ano em 10,67%, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (8). Segundo o IPCA, que mede a inflação oficial, o preço da energia subiu 51% no ano passado. Por isso, ele, sozinho, foi responsável por 1,5 ponto percentual no índice. Já a gasolina representou 0,76 ponto percentual da inflação, com um aumento de 20,1% no preço em 2015. Vilões da inflação 2015 - Top 10 geral Na terceira colocação aparece o subitem refeição, com uma alta de 9,71% e responsável por 0,51 ponto percentual da alta. Na sequência, vêm o subitem plano de saúde, com 0,40 ponto percentual (alta de 12,5%) acompanhado pelo ônibus urbano, com peso de 0,37 e alta de 15,09% nos preços. CARNES E PÃO FRANCÊS PUXAM ALIMENTOS Dentre os alimentos que registraram aumento dos preços em 2015, o subitem carnes foi o que mais contribuiu para a alta da inflação oficial. A alta foi de 12,48%, já o impacto no índice foi de 0,36 ponto percentual. O segundo lugar dentre os maiores responsáveis pela alta da inflação foi o pão francês, que representou 0,14 ponto percentual no índice, com uma alta de 12,05. Outro alimento, que ficou famoso pela alta, foi o tomate. A fruta representou 0,10 do índice, com uma alta de 47,45% no índice oficial. Vilões da inflação 2015 - Top 10 alimentos e bebidas consumidos em casa O que é inflação?
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O enigma de Macron
SÃO PAULO - Como previsto, Emmanuel Macron venceu com facilidade o segundo turno da eleição francesa. É necessário aguardar o pleito legislativo de junho para ter uma ideia mais precisa de como será a sua administração, pois ainda não está claro se ele terá maioria para governar sozinho, se precisará formar uma coalizão, que poderia ser tanto com a centro-esquerda como com a centro-direita, ou mesmo se terá de engolir logo de cara uma coabitação, isto é, um primeiro-ministro que lhe faça oposição. Já dá, porém, para refletir sobre a posição de Macron no espectro político. Por falta de termo melhor, a imprensa mundial o vem chamando de centrista. Ele próprio gosta de afirmar que não é de esquerda nem de direita, mas acho que dá para dizer sem medo de errar que o próximo presidente da França pode ser descrito como de direita no campo econômico e de esquerda na pauta social. Macron é firme defensor da economia de mercado numa vertente ortodoxa. Ele quer reformas trabalhista e previdenciária e insiste na manutenção do equilíbrio fiscal. Pretende cortar gastos em várias áreas para liberar 50 bilhões de euros em investimentos nos próximos cinco anos. Propõe uma integração econômica ainda maior entre os países da UE. O mais jovem presidente da França, porém, abraça com entusiasmo bandeiras bastante identificadas com a esquerda, como casamento gay, direito ao aborto e descriminalização das drogas (no final da campanha, deu uma recuada no último item). Também chocou a direita ao dizer que a França cometeu crimes contra a humanidade na Argélia. Quer uma política aberta de imigração e se opõe às leis que banem o uso de véus e outros símbolos religiosos. Não há nenhuma garantia de que essa receita vá funcionar, mas ela tem o mérito de tentar fazer os direitos individuais e o bem-estar avançarem sem dilapidar as bases econômicas que os garantem.
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O enigma de MacronSÃO PAULO - Como previsto, Emmanuel Macron venceu com facilidade o segundo turno da eleição francesa. É necessário aguardar o pleito legislativo de junho para ter uma ideia mais precisa de como será a sua administração, pois ainda não está claro se ele terá maioria para governar sozinho, se precisará formar uma coalizão, que poderia ser tanto com a centro-esquerda como com a centro-direita, ou mesmo se terá de engolir logo de cara uma coabitação, isto é, um primeiro-ministro que lhe faça oposição. Já dá, porém, para refletir sobre a posição de Macron no espectro político. Por falta de termo melhor, a imprensa mundial o vem chamando de centrista. Ele próprio gosta de afirmar que não é de esquerda nem de direita, mas acho que dá para dizer sem medo de errar que o próximo presidente da França pode ser descrito como de direita no campo econômico e de esquerda na pauta social. Macron é firme defensor da economia de mercado numa vertente ortodoxa. Ele quer reformas trabalhista e previdenciária e insiste na manutenção do equilíbrio fiscal. Pretende cortar gastos em várias áreas para liberar 50 bilhões de euros em investimentos nos próximos cinco anos. Propõe uma integração econômica ainda maior entre os países da UE. O mais jovem presidente da França, porém, abraça com entusiasmo bandeiras bastante identificadas com a esquerda, como casamento gay, direito ao aborto e descriminalização das drogas (no final da campanha, deu uma recuada no último item). Também chocou a direita ao dizer que a França cometeu crimes contra a humanidade na Argélia. Quer uma política aberta de imigração e se opõe às leis que banem o uso de véus e outros símbolos religiosos. Não há nenhuma garantia de que essa receita vá funcionar, mas ela tem o mérito de tentar fazer os direitos individuais e o bem-estar avançarem sem dilapidar as bases econômicas que os garantem.
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117 húngaras
Diagnosticado com doença terminal, num campo de refugiados na Suécia, um sobrevivente da Segunda Guerra decide se casar e envia cartas a 117 jovens húngaras que também estão no campo. A história real do pai do cineasta húngaro Péter Gárdos deu origem a seu romance de estreia, "Fever at Dawn" (febre na aurora), um dos mais concorridos da Feira de Londres, em abril, e que está sendo adaptado ao cinema pelo autor. No Brasil, disputado por três editoras, ficou com a Companhia das Letras, que, segundo o editor Luiz Schwarcz, fez proposta "significantemente mais baixa". O diferencial teria sido o projeto para o livro, que inclui ações envolvendo as cartas de amor na internet e participação em clubes de leituras –em tempos de alta do dólar, sempre um jeito de contornar os altíssimos adiantamentos que editoras nacionais se acostumaram a dar a títulos estrangeiros. A obra deve sair no próximo semestre. TODA A OBRA DE PESSANHA A obra do escritor e filósofo paulistano Juliano Garcia Pessanha sairá em volume único pela Cosac Naify, sob o título "Testemunho Transiente", em setembro, mês em que o autor participará da Pauliceia Literária. Lançados entre 1999 e 2009, "Sabedoria do Nunca", "Ignorância do Sempre", "Certeza do Agora" e "Instabilidade Perpétua" ficaram fora de catálogo depois que o autor deixou a Ateliê Editorial, em agosto de 2013, e passou a negociar com outras editoras. O autor também publicará pela Cosac Naify um novo título, previsto para 2016, que seguirá a linha dos anteriores, mesclando ensaio filosófico, poesia e ficção. MANIA DE COLORIR Com o sucesso dos livros para colorir –que ocupam seis das dez posições entre os mais vendidos de não ficção da Folha nesta semana–, as editoras começam a segmentar seus lançamentos. Neste mês, saem os temáticos "Gatos - O Livro de Colorir", de Marjorie Sarnat, pela Galera Record –com ilustrações só de um lado da folha, para quem quiser recortar e emoldurar–, e "Colorindo o Mundo Fashion", da ex-modelo brasileira Claudia Liz, pela Companhia Editora Nacional, retratando símbolos da moda. De olho no Dia das Mães, a Best-Seller lançou "Mãe, te Amo com Todas as Cores", de Christina Rose. Questões urbanas Os britânicos David Harvey, especialista em geografia urbana, e Stephen Graham, autor de "Cities under Siege" (cidades sob cerco), além do filósofo italiano Domenico Losurdo e do historiador canadense Moishe Postone, estarão no "Seminário Internacional Cidades Rebeldes", parceria da Boitempo e do Sesc São Paulo, entre 9 e 12 de junho, no Sesc Pinheiros. Questões urbanas 2 Os debates sobre presente e futuro das cidades, que terão ainda nomes como Raquel Rolnik e Guilherme Wisnik, fazem parte da comemoração dos 20 anos da Boitempo. Leitura Duas semanas após a saída de Jefferson Assumção do cargo de diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, o Ministério da Cultura ainda não anunciou o novo nome. Quem acompanha a área diz que nada avança –a nova gestão do MinC teria a avaliação de que políticas de leitura estão na cota da Educação, com a Cultura entrando só como parceira. Bichos da guerra "A Formiga-Leão e Outros Animais na Guerra do Paraguai" é o nome do ensaio de Sérgio Medeiros que a Iluminuras lança nas próximas semanas. No texto, o estudioso da obra do Visconde de Taunay (1843-1899) aborda os animais com que o engenheiro militar deparou enquanto marchava para a guerra, como a sucuri e o jabuti, e que o fizeram refletir sobre a luta pela vida. Bichos da guerra 2 A obra terá ilustrações de Bruno Napoleão, 12, filho de Sérgio, na capa, na quarta capa e no marcador que a Iluminuras sempre inclui nos volumes que publica. Independência A escritora Ana Paula Maia será a representante do Brasil na Feira Internacional do Livro de Maputo, que acontece na próxima semana. O festival é uma ação das embaixadas do Brasil e de outros países em Moçambique, que há anos não sedia um evento do gênero e que em 2015 comemora 40 anos da independência de Portugal.
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117 húngarasDiagnosticado com doença terminal, num campo de refugiados na Suécia, um sobrevivente da Segunda Guerra decide se casar e envia cartas a 117 jovens húngaras que também estão no campo. A história real do pai do cineasta húngaro Péter Gárdos deu origem a seu romance de estreia, "Fever at Dawn" (febre na aurora), um dos mais concorridos da Feira de Londres, em abril, e que está sendo adaptado ao cinema pelo autor. No Brasil, disputado por três editoras, ficou com a Companhia das Letras, que, segundo o editor Luiz Schwarcz, fez proposta "significantemente mais baixa". O diferencial teria sido o projeto para o livro, que inclui ações envolvendo as cartas de amor na internet e participação em clubes de leituras –em tempos de alta do dólar, sempre um jeito de contornar os altíssimos adiantamentos que editoras nacionais se acostumaram a dar a títulos estrangeiros. A obra deve sair no próximo semestre. TODA A OBRA DE PESSANHA A obra do escritor e filósofo paulistano Juliano Garcia Pessanha sairá em volume único pela Cosac Naify, sob o título "Testemunho Transiente", em setembro, mês em que o autor participará da Pauliceia Literária. Lançados entre 1999 e 2009, "Sabedoria do Nunca", "Ignorância do Sempre", "Certeza do Agora" e "Instabilidade Perpétua" ficaram fora de catálogo depois que o autor deixou a Ateliê Editorial, em agosto de 2013, e passou a negociar com outras editoras. O autor também publicará pela Cosac Naify um novo título, previsto para 2016, que seguirá a linha dos anteriores, mesclando ensaio filosófico, poesia e ficção. MANIA DE COLORIR Com o sucesso dos livros para colorir –que ocupam seis das dez posições entre os mais vendidos de não ficção da Folha nesta semana–, as editoras começam a segmentar seus lançamentos. Neste mês, saem os temáticos "Gatos - O Livro de Colorir", de Marjorie Sarnat, pela Galera Record –com ilustrações só de um lado da folha, para quem quiser recortar e emoldurar–, e "Colorindo o Mundo Fashion", da ex-modelo brasileira Claudia Liz, pela Companhia Editora Nacional, retratando símbolos da moda. De olho no Dia das Mães, a Best-Seller lançou "Mãe, te Amo com Todas as Cores", de Christina Rose. Questões urbanas Os britânicos David Harvey, especialista em geografia urbana, e Stephen Graham, autor de "Cities under Siege" (cidades sob cerco), além do filósofo italiano Domenico Losurdo e do historiador canadense Moishe Postone, estarão no "Seminário Internacional Cidades Rebeldes", parceria da Boitempo e do Sesc São Paulo, entre 9 e 12 de junho, no Sesc Pinheiros. Questões urbanas 2 Os debates sobre presente e futuro das cidades, que terão ainda nomes como Raquel Rolnik e Guilherme Wisnik, fazem parte da comemoração dos 20 anos da Boitempo. Leitura Duas semanas após a saída de Jefferson Assumção do cargo de diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, o Ministério da Cultura ainda não anunciou o novo nome. Quem acompanha a área diz que nada avança –a nova gestão do MinC teria a avaliação de que políticas de leitura estão na cota da Educação, com a Cultura entrando só como parceira. Bichos da guerra "A Formiga-Leão e Outros Animais na Guerra do Paraguai" é o nome do ensaio de Sérgio Medeiros que a Iluminuras lança nas próximas semanas. No texto, o estudioso da obra do Visconde de Taunay (1843-1899) aborda os animais com que o engenheiro militar deparou enquanto marchava para a guerra, como a sucuri e o jabuti, e que o fizeram refletir sobre a luta pela vida. Bichos da guerra 2 A obra terá ilustrações de Bruno Napoleão, 12, filho de Sérgio, na capa, na quarta capa e no marcador que a Iluminuras sempre inclui nos volumes que publica. Independência A escritora Ana Paula Maia será a representante do Brasil na Feira Internacional do Livro de Maputo, que acontece na próxima semana. O festival é uma ação das embaixadas do Brasil e de outros países em Moçambique, que há anos não sedia um evento do gênero e que em 2015 comemora 40 anos da independência de Portugal.
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Leitores saúdam Revolução de 1932
A morte de quatro estudantes, (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo) num confronto com a polícia quando se manifestavam contra a ditadura de Getúlio Vargas foi o estopim da revolta paulista que viria eclodir em 9 de julho de 1932, em favor de uma constituição. Após 87 dias de combates, em 3 de outubro de 1932, as tropas paulistas acabaram se rendendo. A constituição, porém, viria a ser promulgada só em 1934. Parabéns ao meu querido e batalhador Estado pelos 83 anos desta data histórica. Edgard Gobbi (Campinas, SP) * Meu saudoso avô João Baptista Isnard, então com 22 anos, participou da Revolução de 1932, como "Cabo 91". O 9 de Julho é motivo de orgulho para o povo paulista, por todos aqueles que lutaram por São Paulo e pelo Brasil. Renato Khair (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitores saúdam Revolução de 1932A morte de quatro estudantes, (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo) num confronto com a polícia quando se manifestavam contra a ditadura de Getúlio Vargas foi o estopim da revolta paulista que viria eclodir em 9 de julho de 1932, em favor de uma constituição. Após 87 dias de combates, em 3 de outubro de 1932, as tropas paulistas acabaram se rendendo. A constituição, porém, viria a ser promulgada só em 1934. Parabéns ao meu querido e batalhador Estado pelos 83 anos desta data histórica. Edgard Gobbi (Campinas, SP) * Meu saudoso avô João Baptista Isnard, então com 22 anos, participou da Revolução de 1932, como "Cabo 91". O 9 de Julho é motivo de orgulho para o povo paulista, por todos aqueles que lutaram por São Paulo e pelo Brasil. Renato Khair (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Não temos um craque hoje no futebol brasileiro, diz Oswaldo de Oliveira
Oswaldo de Oliveira, 65, nunca foi jogador de futebol, mas tem experiência de sobra à beira do campo. Com mais de 30 anos de carreira, o atual comandante do Corinthians afirma que não há um craque em ação no futebol brasileiro, mas "bons jogadores que são candidatos a craque daqui a pouco". Único técnico a dirigir os quatro principais clubes de São Paulo e os quatro do Rio, o carioca defende seus companheiros de profissão do Brasil, muitas vezes demitidos durante a temporada. De acordo com ele, os treinadores são prejudicados pela grande quantidade de partidas disputadas no país e pelas transferências de atletas durante as competições. Oswaldo cita o caso do próprio Corinthians, que vendeu vários atletas na última janela de transferências. Neste sábado (5), a equipe alvinegra enfrentará o São Paulo, às 19h30, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. * Faltando cinco rodadas, como você analisa o nível técnico do Campeonato Brasileiro? É uma retórica muito antiga. Desde que acompanho o Brasileiro, sempre foi uma exigência muito grande, principalmente após aquele momento magnífico da Copa de 70. O número de jogadores que deixaram o Brasil nos últimos anos se multiplicou muito. Hoje é muito comum uma equipe começar o campeonato com um time e terminar com outro. Os jogadores que saem são sempre os melhores. Com isso, as equipes têm que se recompor, se reorganizar, se reentrosar. Com isso, o nível técnico diminui. A medida que o time vai se entrosando, o nível técnico aumenta. Tiveram campeonatos em que o nível técnico foi melhor, outros nem tanto. Nesse ano vejo um campeonato muito disputado, muito competitivo. Os jogadores estão com muito mais disciplina e obediência tática. É uma transição que o futebol brasileiro está passando, principalmente quando você tem jogadores que saem e voltam. Tem obrigado o futebol brasileiro se reconstruir. É o caso do Corinthians. Os treinadores brasileiros são questionados atualmente. Você vê nossos técnicos defasados? Não é que o futebol brasileiro está defasado. O que acontece é a melhor organização do futebol europeu e do japonês. Nesses países, o jogador tem que cumprir algumas coisas que aqui ele não tem. O calendário aqui é conturbado. Muda o horário do jogo, muda a data do jogo. Você tem cada vez mais jogos na temporada. Em um campeonato mais enxuto, você tem uma equipe mais equilibrada. Quando você insere mais jogos, a tendência é a qualidade, o nível técnico do espetáculo cair. Porque quando você tem que dividir em mais jogos a energia, a condição do jogador, aquilo vai diminuir de jogo para jogo. Não melhora a qualidade do espetáculo, piora. Qual a maior dificuldade para o treinador brasileiro? Você acha que ele precisa se qualificar? A maior dificuldade dos treinadores brasileiros é a sequência dos jogos. É a continuidade do que aconteceu na Copa do Mundo. O insucesso trouxe esse encargo muito grande. Não é concentrada apenas no treinador. Ela se divide entre jogadores e com a organização do futebol brasileiro também. A medalha de ouro na Olimpíada melhorou bastante ou ao menos estancou. Se não tivéssemos vencido, hoje a nossa realidade seria muito pior. A medalha deu uma acalmada e deu tempo do futebol brasileiro se reorganizar outra vez. Como você vê a nova safra do futebol brasileiro, o trabalho da base no futebol brasileiro? Algumas equipes promovem mais outras menos. Os grandes times continuam produzindo jogadores. O nível técnico varia muito. Depende de muita coisa, principalmente da matéria-prima. O treinador não vai fazer milagre. Se ele tiver o jogador com condições para ser promovido ele vai fazer. A avaliação não pode ser por número e sim pela qualidade. Você chegou ao clube em um momento de turbulência política. Isso dificulta o seu trabalho? O Corinthians é fundamental na minha carreira. Tudo aconteceu na minha carreira como treinador a partir do Corinthians. Eu me acostumei a ver o Corinthians com muito foco, com muita atenção. Ele atrai muito e é normal que essas turbulências aconteçam. Os clubes menores podem ter problemas até mais graves, mas não tem essa proporção. Aqui tudo vai ser muito grande. Qual a maior dificuldade que você está encontrando no Corinthians nesse período? A dificuldade é que cheguei no final da temporada para conhecer os jogadores, para se adaptar à forma de trabalho da equipe. Estou me esforçado muito para entender as coisas, para não interferir de forma negativa, não atrapalhar o processo natural que foi implantado aqui e que vem se desenvolvendo. O Corinthians teve muitas mudanças que interferiram no resultado atual. A equipe não está na posição que todos gostariam que tivessem. Mas isso acontece porque o clube perdeu muitos jogadores. O clube não conseguiu manter os jogadores. Quando você tira muitos jogadores, você fere a estrutura da equipe. E isso leva tempo para acontecer de novo. Como é o Oswaldo no dia a dia? Gosto muito dos jogadores. Dormia entre dois. Meus dois irmãos mais novos foram jogadores. Vivia a ansiedade. Tenho uma leitura boa dos jogadores. Converso bastante, procuro estimula-los. Você tem que entender que o jogador de futebol você não pode generalizar. Cada jogador tem o seu estilo. Você tem que respeitar o que cada jogador trás na sua herança. Evolução do Corinthians desde que chegou? Projeção de pontos para chegar à Libertadores? Não fiz projeção neste sentido. O objetivo é sempre vencer o próximo jogo. Temos que ter sempre uma proposta de vencer no jogo seguinte. A violência nos estádios do futebol brasileiro Todos os clubes grandes têm aquela turma que veste a camisa para brigar e é essa que tem que ser punida. Não pode pegar 60 milhões de corintianos e o clube e punir porque 30 querem sair no braço. Na cadeia tem corintiano, vascaino, palmeirense. Em todas as cadeias você vê todas as camisas. Não podemos generalizar e achar que o problema é apenas uma torcida. É um problema do futebol brasileiro, mas é um problema do povo brasileiro. Temos que melhorar a educação do povo brasileiro. Se conseguirmos isso, vai refletir na sociedade. Os professores vão ser menos agredidos nas escolas, você terá menos assaltos na esquina, você terá menos apreensão de drogas, terá menos apreensão de armas. Nosso problema é a educação nas escolas, que submergiu, caiu. Sou professor e sei o que estou falando. Craque no Campeonato Brasileiro. Tem um jogador acima da média? Não vejo um craque acima da média, mas bons jogadores. Vejo jogadores que são candidatos a craque daqui a pouco. Um jogador que me chama a atenção é o Luan, do Grêmio. Esse cara me chama atenção. Gosto de ver ele jogar. Ele vem da trinca maravilhosa da Olimpíada com Neymar, Gabriel e Gabriel Jesus. O Luan é um cara que desequilibra um jogo. Gosto muito do Diego Souza, do Sport. Outro que chama muito atenção é o Diego, do Flamengo. Foi um grato retorno ao futebol brasileiro. O que falta para um treinador brasileiro estourar na Europa? Falta mídia, falta aceitação lá. Porque um cara que forma tanto jogador bom não pode ficar aquém, ser colocado a parte. Os treinadores brasileiros são excelentes. Esses dias conversei com o Rogério Micale. Não conhecia ele pessoalmente. Ele não me surpreendeu porque eu já o acompanhava. É um treinador esclarecidíssmo. Não vou falar do Tite, que é covardia. Mas você tem Levir Culpi, que é excelente, extraordinário. Não sei o que se passa na Europa para não levar os brasileiros. Prefiro não dar opinião. Quando você está desempregado o que procura fazer? Já fui com Edu Gaspar e fiquei três semanas no Arsenal em 2003. Eu procuro me atualizar sempre. Dos 42 anos de carreira, 22,5 eu trabalhei fora do Brasil. Eu trabalhei no Qatar, Emirados Árabes, no Japão e na Jamaica. Sempre tive contato com treinadores do mundo inteiro, sempre me relacionei com esses treinadores, sempre assinei revistas, sempre vi jogos. Recebo correspondências de treinamentos. Estou vendo tudo e lendo tudo. Estou sempre acompanhando tudo. Não é necessário estar de corpo presente e tirar uma foto com o Ancelotti.
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Não temos um craque hoje no futebol brasileiro, diz Oswaldo de OliveiraOswaldo de Oliveira, 65, nunca foi jogador de futebol, mas tem experiência de sobra à beira do campo. Com mais de 30 anos de carreira, o atual comandante do Corinthians afirma que não há um craque em ação no futebol brasileiro, mas "bons jogadores que são candidatos a craque daqui a pouco". Único técnico a dirigir os quatro principais clubes de São Paulo e os quatro do Rio, o carioca defende seus companheiros de profissão do Brasil, muitas vezes demitidos durante a temporada. De acordo com ele, os treinadores são prejudicados pela grande quantidade de partidas disputadas no país e pelas transferências de atletas durante as competições. Oswaldo cita o caso do próprio Corinthians, que vendeu vários atletas na última janela de transferências. Neste sábado (5), a equipe alvinegra enfrentará o São Paulo, às 19h30, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. * Faltando cinco rodadas, como você analisa o nível técnico do Campeonato Brasileiro? É uma retórica muito antiga. Desde que acompanho o Brasileiro, sempre foi uma exigência muito grande, principalmente após aquele momento magnífico da Copa de 70. O número de jogadores que deixaram o Brasil nos últimos anos se multiplicou muito. Hoje é muito comum uma equipe começar o campeonato com um time e terminar com outro. Os jogadores que saem são sempre os melhores. Com isso, as equipes têm que se recompor, se reorganizar, se reentrosar. Com isso, o nível técnico diminui. A medida que o time vai se entrosando, o nível técnico aumenta. Tiveram campeonatos em que o nível técnico foi melhor, outros nem tanto. Nesse ano vejo um campeonato muito disputado, muito competitivo. Os jogadores estão com muito mais disciplina e obediência tática. É uma transição que o futebol brasileiro está passando, principalmente quando você tem jogadores que saem e voltam. Tem obrigado o futebol brasileiro se reconstruir. É o caso do Corinthians. Os treinadores brasileiros são questionados atualmente. Você vê nossos técnicos defasados? Não é que o futebol brasileiro está defasado. O que acontece é a melhor organização do futebol europeu e do japonês. Nesses países, o jogador tem que cumprir algumas coisas que aqui ele não tem. O calendário aqui é conturbado. Muda o horário do jogo, muda a data do jogo. Você tem cada vez mais jogos na temporada. Em um campeonato mais enxuto, você tem uma equipe mais equilibrada. Quando você insere mais jogos, a tendência é a qualidade, o nível técnico do espetáculo cair. Porque quando você tem que dividir em mais jogos a energia, a condição do jogador, aquilo vai diminuir de jogo para jogo. Não melhora a qualidade do espetáculo, piora. Qual a maior dificuldade para o treinador brasileiro? Você acha que ele precisa se qualificar? A maior dificuldade dos treinadores brasileiros é a sequência dos jogos. É a continuidade do que aconteceu na Copa do Mundo. O insucesso trouxe esse encargo muito grande. Não é concentrada apenas no treinador. Ela se divide entre jogadores e com a organização do futebol brasileiro também. A medalha de ouro na Olimpíada melhorou bastante ou ao menos estancou. Se não tivéssemos vencido, hoje a nossa realidade seria muito pior. A medalha deu uma acalmada e deu tempo do futebol brasileiro se reorganizar outra vez. Como você vê a nova safra do futebol brasileiro, o trabalho da base no futebol brasileiro? Algumas equipes promovem mais outras menos. Os grandes times continuam produzindo jogadores. O nível técnico varia muito. Depende de muita coisa, principalmente da matéria-prima. O treinador não vai fazer milagre. Se ele tiver o jogador com condições para ser promovido ele vai fazer. A avaliação não pode ser por número e sim pela qualidade. Você chegou ao clube em um momento de turbulência política. Isso dificulta o seu trabalho? O Corinthians é fundamental na minha carreira. Tudo aconteceu na minha carreira como treinador a partir do Corinthians. Eu me acostumei a ver o Corinthians com muito foco, com muita atenção. Ele atrai muito e é normal que essas turbulências aconteçam. Os clubes menores podem ter problemas até mais graves, mas não tem essa proporção. Aqui tudo vai ser muito grande. Qual a maior dificuldade que você está encontrando no Corinthians nesse período? A dificuldade é que cheguei no final da temporada para conhecer os jogadores, para se adaptar à forma de trabalho da equipe. Estou me esforçado muito para entender as coisas, para não interferir de forma negativa, não atrapalhar o processo natural que foi implantado aqui e que vem se desenvolvendo. O Corinthians teve muitas mudanças que interferiram no resultado atual. A equipe não está na posição que todos gostariam que tivessem. Mas isso acontece porque o clube perdeu muitos jogadores. O clube não conseguiu manter os jogadores. Quando você tira muitos jogadores, você fere a estrutura da equipe. E isso leva tempo para acontecer de novo. Como é o Oswaldo no dia a dia? Gosto muito dos jogadores. Dormia entre dois. Meus dois irmãos mais novos foram jogadores. Vivia a ansiedade. Tenho uma leitura boa dos jogadores. Converso bastante, procuro estimula-los. Você tem que entender que o jogador de futebol você não pode generalizar. Cada jogador tem o seu estilo. Você tem que respeitar o que cada jogador trás na sua herança. Evolução do Corinthians desde que chegou? Projeção de pontos para chegar à Libertadores? Não fiz projeção neste sentido. O objetivo é sempre vencer o próximo jogo. Temos que ter sempre uma proposta de vencer no jogo seguinte. A violência nos estádios do futebol brasileiro Todos os clubes grandes têm aquela turma que veste a camisa para brigar e é essa que tem que ser punida. Não pode pegar 60 milhões de corintianos e o clube e punir porque 30 querem sair no braço. Na cadeia tem corintiano, vascaino, palmeirense. Em todas as cadeias você vê todas as camisas. Não podemos generalizar e achar que o problema é apenas uma torcida. É um problema do futebol brasileiro, mas é um problema do povo brasileiro. Temos que melhorar a educação do povo brasileiro. Se conseguirmos isso, vai refletir na sociedade. Os professores vão ser menos agredidos nas escolas, você terá menos assaltos na esquina, você terá menos apreensão de drogas, terá menos apreensão de armas. Nosso problema é a educação nas escolas, que submergiu, caiu. Sou professor e sei o que estou falando. Craque no Campeonato Brasileiro. Tem um jogador acima da média? Não vejo um craque acima da média, mas bons jogadores. Vejo jogadores que são candidatos a craque daqui a pouco. Um jogador que me chama a atenção é o Luan, do Grêmio. Esse cara me chama atenção. Gosto de ver ele jogar. Ele vem da trinca maravilhosa da Olimpíada com Neymar, Gabriel e Gabriel Jesus. O Luan é um cara que desequilibra um jogo. Gosto muito do Diego Souza, do Sport. Outro que chama muito atenção é o Diego, do Flamengo. Foi um grato retorno ao futebol brasileiro. O que falta para um treinador brasileiro estourar na Europa? Falta mídia, falta aceitação lá. Porque um cara que forma tanto jogador bom não pode ficar aquém, ser colocado a parte. Os treinadores brasileiros são excelentes. Esses dias conversei com o Rogério Micale. Não conhecia ele pessoalmente. Ele não me surpreendeu porque eu já o acompanhava. É um treinador esclarecidíssmo. Não vou falar do Tite, que é covardia. Mas você tem Levir Culpi, que é excelente, extraordinário. Não sei o que se passa na Europa para não levar os brasileiros. Prefiro não dar opinião. Quando você está desempregado o que procura fazer? Já fui com Edu Gaspar e fiquei três semanas no Arsenal em 2003. Eu procuro me atualizar sempre. Dos 42 anos de carreira, 22,5 eu trabalhei fora do Brasil. Eu trabalhei no Qatar, Emirados Árabes, no Japão e na Jamaica. Sempre tive contato com treinadores do mundo inteiro, sempre me relacionei com esses treinadores, sempre assinei revistas, sempre vi jogos. Recebo correspondências de treinamentos. Estou vendo tudo e lendo tudo. Estou sempre acompanhando tudo. Não é necessário estar de corpo presente e tirar uma foto com o Ancelotti.
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Semana em SP tem Lollapalooza, Justin Bieber, drinques havaianos, literatura e cinema egípcio
DE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas na cidade de São Paulo para curtir a semana, do próximo domingo (26) até sábado (1º/6). DOMINGO | SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO * DOMINGO (26) Se você é jovem ainda (ou não) | O último dia do festival Lollapalooza tem atrações para agradar diferentes gerações, como a banda The Strokes (foto), o rapper The Weekend, o grupo Duran Duran, o DJ e produtor Flume e o conjunto Two Door Cinema Club. * Autódromo de Interlagos. Av. Sen. Teotônio Vilela, 261, Interlagos, região sul. 11h30 Ingr.: em lollapaloozabr.com/tickets * SEGUNDA (27) Debate literário | O Baixo Pinheiros Bar promove, a partir das 20h, uma roda de conversa sobre o escritor italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), autor de "Decameron". A professora Dóris Cavallari, do Departamento de Língua e Literatura Italiana da USP, conduzirá o bate-papo. O evento tem entrada gratuita. Baixo Pinheiros Bar. R. Guaicuí, 62, Pinheiros, região oeste. 20h. 60 lugares. baixopinheirosbar.com.br. GRÁTIS * TERÇA (28) Conversando com livros | O Sesc Ipiranga inaugura o projeto "Contaminações". A mostra discute como obras literárias brasileiras sofreram influência de trabalhos feitos em outras linguagens que não a escrita. Livros de Luiz Ruffato, Ignácio de Loyola Brandão e Sérgio Sant'Anna baseiam trabalhos de diferentes artistas. A abertura terá leituras de trechos de obras e a participação da atriz Leticia Sabatella. Sesc Ipiranga. R. Bom Pastor, 822, Ipiranga, região sul. Ter. a sex.: 7h às 21h30. Sáb.: 10h às 21h30. Dom. e ter.: 10h às 18h30. Até 2/7. GRÁTIS * QUARTA (29) Violoncelo, violino e piano | A Sociedade Cultura Artística dá início à temporada de concertos 2017 com a apresentação do Trio Wanderer. O grupo francês de cordas sobe ao palco da Sala São Paulo na terça (28) e na quarta (29) para a apresentação de programas distintos. O trio interpretará peças de Beethoven, de Schubert, de Tchaikovsky e de Ravel. Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16. Ter. (28) e qua. (29): 21h. Ingr.: R$ 50 a R$ 255 em ingressorapido.com.br * QUINTA (30) Brinde tropical | Até sexta-feira (31), o bar Le Jazz Petit, em Pinheiros, promove o "Tiki Cocktail Fest", festival em que são servidos drinques de cachaça inspirados nas culturas polinésia e havaiana. Para o evento, foram criadas seis receitas que serão servidas nos típicos "tiki mugs" (como são chamados os grandes copos coloridos e com formatos divertidos). Os coquetéis são vendidos por R$ 24 cada um. Le Jazz Petit. R. dos Pinheiros, 262, Pinheiros. Seg. a sex.: 18h à 0h. Sex.: 17h à 1h. Sáb. e dom.: 14h à 0h. Até 31/3. * SEXTA (31) Para além de esfinges | O Centro Cultural Banco do Brasil recebe a 1ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo. Nela, são exibidos trabalhos do cineasta Mohamed Khan (1942-2016) que, com seus filmes, apresentou um Egito pouco conhecido. CCBB. R. Álvares Penteado, 112, centro. Ingr.: R$ 10. Veja a programação em culturabancodobrasil.com.br * SÁBADO (1º) Agora crescido | Depois de quase seis anos, o astro pop Justin Bieber volta ao Brasil para entusiasmar seus fãs. Desta vez com músicas e roupagem mais maduras, o cantor canadense apresenta a turnê "Purpose World Tour". Também haverá show no domingo (2). Allianz Parque. R. Turiassú, 1.840, Perdizes, região oeste. Ingr.: R$ 250 a R$ 750 em ticketsforfun.com.br
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Semana em SP tem Lollapalooza, Justin Bieber, drinques havaianos, literatura e cinema egípcioDE SÃO PAULO Veja abaixo sugestões de programas na cidade de São Paulo para curtir a semana, do próximo domingo (26) até sábado (1º/6). DOMINGO | SEGUNDA | TERÇA | QUARTA | QUINTA | SEXTA | SÁBADO * DOMINGO (26) Se você é jovem ainda (ou não) | O último dia do festival Lollapalooza tem atrações para agradar diferentes gerações, como a banda The Strokes (foto), o rapper The Weekend, o grupo Duran Duran, o DJ e produtor Flume e o conjunto Two Door Cinema Club. * Autódromo de Interlagos. Av. Sen. Teotônio Vilela, 261, Interlagos, região sul. 11h30 Ingr.: em lollapaloozabr.com/tickets * SEGUNDA (27) Debate literário | O Baixo Pinheiros Bar promove, a partir das 20h, uma roda de conversa sobre o escritor italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375), autor de "Decameron". A professora Dóris Cavallari, do Departamento de Língua e Literatura Italiana da USP, conduzirá o bate-papo. O evento tem entrada gratuita. Baixo Pinheiros Bar. R. Guaicuí, 62, Pinheiros, região oeste. 20h. 60 lugares. baixopinheirosbar.com.br. GRÁTIS * TERÇA (28) Conversando com livros | O Sesc Ipiranga inaugura o projeto "Contaminações". A mostra discute como obras literárias brasileiras sofreram influência de trabalhos feitos em outras linguagens que não a escrita. Livros de Luiz Ruffato, Ignácio de Loyola Brandão e Sérgio Sant'Anna baseiam trabalhos de diferentes artistas. A abertura terá leituras de trechos de obras e a participação da atriz Leticia Sabatella. Sesc Ipiranga. R. Bom Pastor, 822, Ipiranga, região sul. Ter. a sex.: 7h às 21h30. Sáb.: 10h às 21h30. Dom. e ter.: 10h às 18h30. Até 2/7. GRÁTIS * QUARTA (29) Violoncelo, violino e piano | A Sociedade Cultura Artística dá início à temporada de concertos 2017 com a apresentação do Trio Wanderer. O grupo francês de cordas sobe ao palco da Sala São Paulo na terça (28) e na quarta (29) para a apresentação de programas distintos. O trio interpretará peças de Beethoven, de Schubert, de Tchaikovsky e de Ravel. Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16. Ter. (28) e qua. (29): 21h. Ingr.: R$ 50 a R$ 255 em ingressorapido.com.br * QUINTA (30) Brinde tropical | Até sexta-feira (31), o bar Le Jazz Petit, em Pinheiros, promove o "Tiki Cocktail Fest", festival em que são servidos drinques de cachaça inspirados nas culturas polinésia e havaiana. Para o evento, foram criadas seis receitas que serão servidas nos típicos "tiki mugs" (como são chamados os grandes copos coloridos e com formatos divertidos). Os coquetéis são vendidos por R$ 24 cada um. Le Jazz Petit. R. dos Pinheiros, 262, Pinheiros. Seg. a sex.: 18h à 0h. Sex.: 17h à 1h. Sáb. e dom.: 14h à 0h. Até 31/3. * SEXTA (31) Para além de esfinges | O Centro Cultural Banco do Brasil recebe a 1ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo. Nela, são exibidos trabalhos do cineasta Mohamed Khan (1942-2016) que, com seus filmes, apresentou um Egito pouco conhecido. CCBB. R. Álvares Penteado, 112, centro. Ingr.: R$ 10. Veja a programação em culturabancodobrasil.com.br * SÁBADO (1º) Agora crescido | Depois de quase seis anos, o astro pop Justin Bieber volta ao Brasil para entusiasmar seus fãs. Desta vez com músicas e roupagem mais maduras, o cantor canadense apresenta a turnê "Purpose World Tour". Também haverá show no domingo (2). Allianz Parque. R. Turiassú, 1.840, Perdizes, região oeste. Ingr.: R$ 250 a R$ 750 em ticketsforfun.com.br
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J&F deve pagar R$ 12 bi até hoje para selar acordo de leniência, diz MPF
O Ministério Público Federal deu um ultimato ao grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, para fechar o acordo de leniência (espécie de delação). A empresa teria de pagar R$ 11,2 bilhões até a meia noite desta sexta-feira (19), caso contrário, o valor original poderá ser aplicado. A medida foi tomada como forma de pressão para que o acordo de leniência em curso na Procuradoria seja fechado. As conversas começaram em fevereiro em paralelo às negociações de colaboração premiada do grupo controlado por Joesley Batista –já homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo os procuradores, nos últimos dias, as reuniões se intensificaram. No entanto, chegaram a um impasse em torno do valor a ser pago. Pela proposta original dos procuradores, a multa a ser paga pelo grupo deveria ser de R$ 33,6 bilhões. Mas a Lei Anticorrupção (12.846/13) prevê descontos de até dois terços do valor para quem é colaborador, regra que foi aplicada para o caso da J&F. O valor final posto à mesa de negociação pelos procuradores chegou a R$ 11,2 bilhões –5,8% do faturamento obtido pelo grupo econômico em 2016. A legislação prevê que a multa aplicada possa variar entre 0,1% e 20% do faturamento dependendo da gravidade dos crimes cometidos. No entanto, os representantes da J&F propuseram pagar R$ 1 bilhão, o que equivale a 0,5% do faturamento registrado no período. A divergência levou o MPF a comunicar o grupo de que a proposta –com o valor proposto pelos procuradores– venceria às 23:59:59 desta sexta (19). Até a publicação desta reportagem, a empresa ainda mantinha contato com o Procuradoria, mas ainda não tinha dado a resposta final. Desse acerto depende o fechamento do acordo de leniência. ACORDOS Até agora, foram firmados dez acordos em decorrência das investigações da Lava Jato. Há informações públicas sobre sete deles. O acerto do grupo Camargo Corrêa, considerado favorável à construtora por especialistas de mercado, foi de R$ 700 milhões. As maiores multas foram as da Odebrecht e da Braskem -mais de R$ 3 bilhões cada uma. A Braskem teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre -ela precisa pagar menos do que o dobro disso em penalidade. O último dado anual da Odebrecht é de 2015, um prejuízo de R$ 300 milhões. multas
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J&F deve pagar R$ 12 bi até hoje para selar acordo de leniência, diz MPFO Ministério Público Federal deu um ultimato ao grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, para fechar o acordo de leniência (espécie de delação). A empresa teria de pagar R$ 11,2 bilhões até a meia noite desta sexta-feira (19), caso contrário, o valor original poderá ser aplicado. A medida foi tomada como forma de pressão para que o acordo de leniência em curso na Procuradoria seja fechado. As conversas começaram em fevereiro em paralelo às negociações de colaboração premiada do grupo controlado por Joesley Batista –já homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo os procuradores, nos últimos dias, as reuniões se intensificaram. No entanto, chegaram a um impasse em torno do valor a ser pago. Pela proposta original dos procuradores, a multa a ser paga pelo grupo deveria ser de R$ 33,6 bilhões. Mas a Lei Anticorrupção (12.846/13) prevê descontos de até dois terços do valor para quem é colaborador, regra que foi aplicada para o caso da J&F. O valor final posto à mesa de negociação pelos procuradores chegou a R$ 11,2 bilhões –5,8% do faturamento obtido pelo grupo econômico em 2016. A legislação prevê que a multa aplicada possa variar entre 0,1% e 20% do faturamento dependendo da gravidade dos crimes cometidos. No entanto, os representantes da J&F propuseram pagar R$ 1 bilhão, o que equivale a 0,5% do faturamento registrado no período. A divergência levou o MPF a comunicar o grupo de que a proposta –com o valor proposto pelos procuradores– venceria às 23:59:59 desta sexta (19). Até a publicação desta reportagem, a empresa ainda mantinha contato com o Procuradoria, mas ainda não tinha dado a resposta final. Desse acerto depende o fechamento do acordo de leniência. ACORDOS Até agora, foram firmados dez acordos em decorrência das investigações da Lava Jato. Há informações públicas sobre sete deles. O acerto do grupo Camargo Corrêa, considerado favorável à construtora por especialistas de mercado, foi de R$ 700 milhões. As maiores multas foram as da Odebrecht e da Braskem -mais de R$ 3 bilhões cada uma. A Braskem teve lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre -ela precisa pagar menos do que o dobro disso em penalidade. O último dado anual da Odebrecht é de 2015, um prejuízo de R$ 300 milhões. multas
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Confira dicas de cinco restaurantes nas cinco regiões de SP
JULIA BOARINI DE SÃO PAULO Julia Boarini, repórter de "Cotidiano", indica opções de restaurantes em todas as regiões da cidade: Casa Garabed Armênio, o espaço também serve pratos árabes. Uma rápida olhada no cardápio é suficiente para abrir o apetite de qualquer um que goste de boas esfirras, quibe cru e outros quitutes. R. José Margarido, 216, Santana, região norte, tel. 2976-2750. Qua. a dom.: 12h às 21h. Reserva (até as 13h30, p/ almoço; até as 19h30, p/ jantar). Entrega em domicílio (até as 21h). * Pita Apertadinho e disputado, é bom chegar cedo para sentar no quintal aos fundos. Recomendo o kebab de cordeiro e a limonada com folhas de hortelã, mas nunca pedi algo de que tenha me arrependido depois. R. Francisco Leitão, 282, Pinheiros, região oeste, tel. 3774-1790. Seg. e dom.: 12h às 24h. Ter. a sáb.: 12h à 1h. Preço: R$ 10 (cerveja Original - 600 ml). * La Tivoli Tem pratos à la carte com opções bem variadas. Até eu que não sou muito fã da queridinha paulista me rendo às pizzas na pedra, que vêm com o queijo estalando. Av. Azevedo, 261, Vila Azevedo, região leste, tel. 2098-1041. Ter. a sex.: 18h às 23h. Sáb. e dom.: 12h à 0h. * Casa da Mortadela Apesar de ficar ao lado de uma famosa hamburgueria, o melhor lanche do bairro é encontrado aqui. De deliciosos sandubas de mortadela a hambúrgueres fritos na hora, esqueça do regime e se jogue. Para quem não tem frescuras. R. Bom Pastor, 1.665, Ipiranga, região sul, tel. 2063-7004. Seg. a sáb.: 12h às 22h30. * Cantina Gigio No coração italiano da cidade, o tradicional Gigio tem pratos fartos e que cabem no bolso, algo raro por aqui. Ótimo para almoços de família aos domingos e com atendimento impecável. A melhor cantina de São Paulo. R. do Gasômetro, 254, Brás, região central, tel. 3228-2045. Seg. a qui. e dom.: 12h às 23h. Sex. e sáb.: 12h à 1h.
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Confira dicas de cinco restaurantes nas cinco regiões de SPJULIA BOARINI DE SÃO PAULO Julia Boarini, repórter de "Cotidiano", indica opções de restaurantes em todas as regiões da cidade: Casa Garabed Armênio, o espaço também serve pratos árabes. Uma rápida olhada no cardápio é suficiente para abrir o apetite de qualquer um que goste de boas esfirras, quibe cru e outros quitutes. R. José Margarido, 216, Santana, região norte, tel. 2976-2750. Qua. a dom.: 12h às 21h. Reserva (até as 13h30, p/ almoço; até as 19h30, p/ jantar). Entrega em domicílio (até as 21h). * Pita Apertadinho e disputado, é bom chegar cedo para sentar no quintal aos fundos. Recomendo o kebab de cordeiro e a limonada com folhas de hortelã, mas nunca pedi algo de que tenha me arrependido depois. R. Francisco Leitão, 282, Pinheiros, região oeste, tel. 3774-1790. Seg. e dom.: 12h às 24h. Ter. a sáb.: 12h à 1h. Preço: R$ 10 (cerveja Original - 600 ml). * La Tivoli Tem pratos à la carte com opções bem variadas. Até eu que não sou muito fã da queridinha paulista me rendo às pizzas na pedra, que vêm com o queijo estalando. Av. Azevedo, 261, Vila Azevedo, região leste, tel. 2098-1041. Ter. a sex.: 18h às 23h. Sáb. e dom.: 12h à 0h. * Casa da Mortadela Apesar de ficar ao lado de uma famosa hamburgueria, o melhor lanche do bairro é encontrado aqui. De deliciosos sandubas de mortadela a hambúrgueres fritos na hora, esqueça do regime e se jogue. Para quem não tem frescuras. R. Bom Pastor, 1.665, Ipiranga, região sul, tel. 2063-7004. Seg. a sáb.: 12h às 22h30. * Cantina Gigio No coração italiano da cidade, o tradicional Gigio tem pratos fartos e que cabem no bolso, algo raro por aqui. Ótimo para almoços de família aos domingos e com atendimento impecável. A melhor cantina de São Paulo. R. do Gasômetro, 254, Brás, região central, tel. 3228-2045. Seg. a qui. e dom.: 12h às 23h. Sex. e sáb.: 12h à 1h.
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Outro Canal: Gazeta aposta em público jovem na faixa das 23h30
A Gazeta pretende investir no público jovem na faixa do fim de noite em 2015, com programas sobre cultura, viagem e gastronomia. O canal lança neste mês, sempre no horário das 23h30, duas atrações, além de temporadas inéditas de produções ... Leia post completo no blog
ilustrada
Outro Canal: Gazeta aposta em público jovem na faixa das 23h30A Gazeta pretende investir no público jovem na faixa do fim de noite em 2015, com programas sobre cultura, viagem e gastronomia. O canal lança neste mês, sempre no horário das 23h30, duas atrações, além de temporadas inéditas de produções ... Leia post completo no blog
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Fiasco na fronteira
Na infrutífera política de repressão às drogas, um dos fracassos principais do país é a crônica incapacidade de barrar a entrada de cocaína em seu território. Dada sua relação com a recente onda de violência extrema nos presídios nacionais, o tráfico na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru tornou-se exemplo ainda mais eloquente desse fiasco. Nos últimos anos, o governo assistiu impotente à ascensão da facção Família do Norte (FDN), responsável pelo massacre no sistema prisional de Manaus no início do ano. A organização criminosa assumiu o controle do tráfico na região, porta de entrada da cocaína que abastece o Norte e o Nordeste. Reportagem desta Folha mostrou que as forças policiais brasileiras não conseguem fazer mais que um controle parcial da fronteira, sem dispor de maneira adequada de equipamentos como helicópteros e lanchas blindadas. Conforme o comandante da Polícia Militar, a base de fiscalização no local é "motivo de piada" para o crime organizado. Trata-se de erro, no entanto, atribuir apenas ao Brasil a inoperância no combate ao narcotráfico, um crime tipicamente transacional. As necessárias mudanças na estratégia atual passam por uma coordenação entre os governos do continente e os Estados Unidos, que há anos financiam a guerra às drogas, em especial na Colômbia. Na condição de único país a fazer fronteira com os três produtores de cocaína —lista que inclui ainda a Bolívia—, o Brasil teria peso suficiente para propor e negociar uma nova conduta. Infelizmente, a política brasileira tem obedecido à orientação mais conservadora e menos produtiva do debate em torno de como enfrentar os malefícios das drogas. Em outras partes do mundo, experimentam-se abordagens mais flexíveis; na América do Sul, o Uruguai foi pioneiro da legalização da maconha. Já aqui, a mera posse de entorpecente pode ser tratada como tráfico e levar à prisão, a depender dos critérios das autoridades. Não há solução garantida, mas já passa da hora de buscar novos caminhos. Devem-se tanto eliminar punições aos usuários quanto autorizar a produção e a venda, desde que de forma gradual, mediante consulta popular e em diálogo com a comunidade internacional. A vigilância das fronteiras não deixará de ser necessária, mesmo porque seu propósito não se limita a deter as drogas. Como os orçamentos permanecerão restritos, há que se articular com maior frequência operações conjuntas de todos os governos envolvidos. editoriais@grupofolha.com.br
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Fiasco na fronteiraNa infrutífera política de repressão às drogas, um dos fracassos principais do país é a crônica incapacidade de barrar a entrada de cocaína em seu território. Dada sua relação com a recente onda de violência extrema nos presídios nacionais, o tráfico na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru tornou-se exemplo ainda mais eloquente desse fiasco. Nos últimos anos, o governo assistiu impotente à ascensão da facção Família do Norte (FDN), responsável pelo massacre no sistema prisional de Manaus no início do ano. A organização criminosa assumiu o controle do tráfico na região, porta de entrada da cocaína que abastece o Norte e o Nordeste. Reportagem desta Folha mostrou que as forças policiais brasileiras não conseguem fazer mais que um controle parcial da fronteira, sem dispor de maneira adequada de equipamentos como helicópteros e lanchas blindadas. Conforme o comandante da Polícia Militar, a base de fiscalização no local é "motivo de piada" para o crime organizado. Trata-se de erro, no entanto, atribuir apenas ao Brasil a inoperância no combate ao narcotráfico, um crime tipicamente transacional. As necessárias mudanças na estratégia atual passam por uma coordenação entre os governos do continente e os Estados Unidos, que há anos financiam a guerra às drogas, em especial na Colômbia. Na condição de único país a fazer fronteira com os três produtores de cocaína —lista que inclui ainda a Bolívia—, o Brasil teria peso suficiente para propor e negociar uma nova conduta. Infelizmente, a política brasileira tem obedecido à orientação mais conservadora e menos produtiva do debate em torno de como enfrentar os malefícios das drogas. Em outras partes do mundo, experimentam-se abordagens mais flexíveis; na América do Sul, o Uruguai foi pioneiro da legalização da maconha. Já aqui, a mera posse de entorpecente pode ser tratada como tráfico e levar à prisão, a depender dos critérios das autoridades. Não há solução garantida, mas já passa da hora de buscar novos caminhos. Devem-se tanto eliminar punições aos usuários quanto autorizar a produção e a venda, desde que de forma gradual, mediante consulta popular e em diálogo com a comunidade internacional. A vigilância das fronteiras não deixará de ser necessária, mesmo porque seu propósito não se limita a deter as drogas. Como os orçamentos permanecerão restritos, há que se articular com maior frequência operações conjuntas de todos os governos envolvidos. editoriais@grupofolha.com.br
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Bate-boca interrompe sessão do impeachment no Senado
Um bate-boca entre senadores da base aliada e da oposição levou à suspensão, por alguns poucos minutos, da sessão de julgamento do impeachment no Senado na manhã desta quinta (25). Durante a discussão sobre a apresentação de questionamentos sobre o julgamento, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das principais defensoras da presidente afastada, Dilma Rousseff, reagiu a uma fala do senador Magno Malta (PR-BA), que disse que os aliados da petista estão tentando atrasar o processo. "Qual a moral tem esse Senado para julgar a presidente Dilma?" afirmou. A fala da senadora gerou a reação dos que defendem a saída de Dilma. "Eu exijo respeito ao decoro. Eu não sou assaltante de aposentado", bradou Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador Lindbegh Farias (PT-RJ) levantou-se e, com o dedo em riste, gritou com Caiado: "canalha". O senador respondeu: "Abaixa esse dedo que você só tem coragem aqui, na frente de uma câmera. Vai fazer seu antidopping", afirmou. Outros senadores entraram na discussão, o que levou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, responsável por comandar o julgamento, a suspender por alguns minutos a sessão. Neste momento, senadores e assessores começaram a acalmar os envolvidos. Durante a briga, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), chegou a reclamar da atuação de um assessor que, de acordo com ele, estaria xingando Caiado e a senadora Simone Tebet (PMDB-MS). Um segurança tentou retirar o funcionário do plenário mas parlamentares amenizaram a situação e pediram para ele ficar. O marido de Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser preso na Lava Jato durante investigação que apura supostos desvios por uma empresa que faz a gestão de crédito consignado de servidores da União. Após a discussão, diversos senadores reclamaram do tom adotado por Gleisi e defenderam a prerrogativa do Senado de julgar uma presidente, conforme determina a Constituição. A sessão do julgamento final começou nesta quinta (25) com meia hora de atraso, às 9h33. Hoje, os senadores apresentarão sete questionamentos ao processo e depois ouvirão parte das testemunhas. Primeiro serão ouvidos as duas indicadas pela acusação e, em seguida, as seis indicadas pela defesa. A expectativa é de que esta fase acabe na madrugada de sexta para sábado. Na semana que vem, os parlamentares ouvirão a defesa pessoal de Dilma e a apresentação final dos advogados. Depois, cada um dos 81 senadores poderá discursar por 10 minutos. Só então, eles iniciarão a votação que selará o destino de Dilma. Após uma discussão acalorada com outros senadores, Lewandowski, que preside a sessão, decidiu suspender por alguns minutos a sessão, que já foi retomada.
poder
Bate-boca interrompe sessão do impeachment no SenadoUm bate-boca entre senadores da base aliada e da oposição levou à suspensão, por alguns poucos minutos, da sessão de julgamento do impeachment no Senado na manhã desta quinta (25). Durante a discussão sobre a apresentação de questionamentos sobre o julgamento, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma das principais defensoras da presidente afastada, Dilma Rousseff, reagiu a uma fala do senador Magno Malta (PR-BA), que disse que os aliados da petista estão tentando atrasar o processo. "Qual a moral tem esse Senado para julgar a presidente Dilma?" afirmou. A fala da senadora gerou a reação dos que defendem a saída de Dilma. "Eu exijo respeito ao decoro. Eu não sou assaltante de aposentado", bradou Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador Lindbegh Farias (PT-RJ) levantou-se e, com o dedo em riste, gritou com Caiado: "canalha". O senador respondeu: "Abaixa esse dedo que você só tem coragem aqui, na frente de uma câmera. Vai fazer seu antidopping", afirmou. Outros senadores entraram na discussão, o que levou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, responsável por comandar o julgamento, a suspender por alguns minutos a sessão. Neste momento, senadores e assessores começaram a acalmar os envolvidos. Durante a briga, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), chegou a reclamar da atuação de um assessor que, de acordo com ele, estaria xingando Caiado e a senadora Simone Tebet (PMDB-MS). Um segurança tentou retirar o funcionário do plenário mas parlamentares amenizaram a situação e pediram para ele ficar. O marido de Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Paulo Bernardo, chegou a ser preso na Lava Jato durante investigação que apura supostos desvios por uma empresa que faz a gestão de crédito consignado de servidores da União. Após a discussão, diversos senadores reclamaram do tom adotado por Gleisi e defenderam a prerrogativa do Senado de julgar uma presidente, conforme determina a Constituição. A sessão do julgamento final começou nesta quinta (25) com meia hora de atraso, às 9h33. Hoje, os senadores apresentarão sete questionamentos ao processo e depois ouvirão parte das testemunhas. Primeiro serão ouvidos as duas indicadas pela acusação e, em seguida, as seis indicadas pela defesa. A expectativa é de que esta fase acabe na madrugada de sexta para sábado. Na semana que vem, os parlamentares ouvirão a defesa pessoal de Dilma e a apresentação final dos advogados. Depois, cada um dos 81 senadores poderá discursar por 10 minutos. Só então, eles iniciarão a votação que selará o destino de Dilma. Após uma discussão acalorada com outros senadores, Lewandowski, que preside a sessão, decidiu suspender por alguns minutos a sessão, que já foi retomada.
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Berlim instala refugiados em contêineres e desagrada ONGs
A instalação de 400 refugiados em contêineres no bairro de Treptow-Köpenick, região leste de Berlim (Alemanha), desde dezembro de 2014 vem causando polêmica tanto entre os moradores do bairro quanto entre ONGs dedicadas aos refugiados. A transferência dos imigrantes para o local, definida pela administração berlinense, resultou em semanas de protestos dos moradores. As ONGs, por sua vez, têm criticado severamente os critérios adotados pela cidade para alojar os imigrantes. "Contêineres devem ser usados para o transporte de mercadorias, e não para o alojamento de seres humanos", afirmou à Folha Georg Classen, integrante da diretoria do Conselho de Refugiados em Berlim, entidade que acompanha a questão. O conselho diferencia entre "alojamento de urgência", oferecido em galpões, escolas ou terrenos baldios, e o que é feito nos contêineres -a permanência dos refugiados é de médio prazo, enquanto aguardam a definição jurídica do seu futuro status. Classen explica que sua organização defende instalar os refugiados em bairros e não na periferia, afastados do contato social. "Mas, devido ao grande número de refugiados nesse caso, a integração se torna mais difícil." Segundo o diretor da ONG, o alojamento em massa de imigrantes resulta, para eles, num rótulo como "não fazemos parte dessa sociedade". "Köpenick ainda tem o agravante de uma cena neonazista muito forte, com um potencial imenso de convulsão social", acrescenta. Para ele, quando os refugiados vão para apartamentos, "sem estigmatização", a integração é menos difícil. REAÇÃO POLÍTICA Além do neonazismo citado por Classen, a ascensão do movimento anti-islã Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) fez com que a chanceler Angela Merkel e o presidente Joachim Gauck tornassem os refugiados o tema principal de seu discurso no final de 2014. Por meses, as passeatas do Pegida levaram milhares às ruas do país até que Lutz Bachmann, figura-chave do movimento, foi desmoralizado –além de tuitar uma "selfie" em que aparece com o bigode do ditador Adolf Hitler, ele teve vazada conversa no Facebook na qual se referia aos refugiados como "gado". A fragilidade na estrutura do Pegida ficou visível, mas siglas populistas e neonazistas buscam se fortalecer angariando eleitores contrários à imigração que se dizem frustrados com outros partidos. Apesar das pesquisas segundo as quais o percentual de muçulmanos na Alemanha (5,8% da população, nas contas do instituto Pew) não traz risco de "islamização", o discurso populista baseado no medo e no ódio persiste. Pesquisa divulgada em janeiro pela Fundação Bertelsmann atesta que 90% dos habitantes do leste da Alemanha "não têm nenhum contato social com muçulmanos".
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Berlim instala refugiados em contêineres e desagrada ONGsA instalação de 400 refugiados em contêineres no bairro de Treptow-Köpenick, região leste de Berlim (Alemanha), desde dezembro de 2014 vem causando polêmica tanto entre os moradores do bairro quanto entre ONGs dedicadas aos refugiados. A transferência dos imigrantes para o local, definida pela administração berlinense, resultou em semanas de protestos dos moradores. As ONGs, por sua vez, têm criticado severamente os critérios adotados pela cidade para alojar os imigrantes. "Contêineres devem ser usados para o transporte de mercadorias, e não para o alojamento de seres humanos", afirmou à Folha Georg Classen, integrante da diretoria do Conselho de Refugiados em Berlim, entidade que acompanha a questão. O conselho diferencia entre "alojamento de urgência", oferecido em galpões, escolas ou terrenos baldios, e o que é feito nos contêineres -a permanência dos refugiados é de médio prazo, enquanto aguardam a definição jurídica do seu futuro status. Classen explica que sua organização defende instalar os refugiados em bairros e não na periferia, afastados do contato social. "Mas, devido ao grande número de refugiados nesse caso, a integração se torna mais difícil." Segundo o diretor da ONG, o alojamento em massa de imigrantes resulta, para eles, num rótulo como "não fazemos parte dessa sociedade". "Köpenick ainda tem o agravante de uma cena neonazista muito forte, com um potencial imenso de convulsão social", acrescenta. Para ele, quando os refugiados vão para apartamentos, "sem estigmatização", a integração é menos difícil. REAÇÃO POLÍTICA Além do neonazismo citado por Classen, a ascensão do movimento anti-islã Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) fez com que a chanceler Angela Merkel e o presidente Joachim Gauck tornassem os refugiados o tema principal de seu discurso no final de 2014. Por meses, as passeatas do Pegida levaram milhares às ruas do país até que Lutz Bachmann, figura-chave do movimento, foi desmoralizado –além de tuitar uma "selfie" em que aparece com o bigode do ditador Adolf Hitler, ele teve vazada conversa no Facebook na qual se referia aos refugiados como "gado". A fragilidade na estrutura do Pegida ficou visível, mas siglas populistas e neonazistas buscam se fortalecer angariando eleitores contrários à imigração que se dizem frustrados com outros partidos. Apesar das pesquisas segundo as quais o percentual de muçulmanos na Alemanha (5,8% da população, nas contas do instituto Pew) não traz risco de "islamização", o discurso populista baseado no medo e no ódio persiste. Pesquisa divulgada em janeiro pela Fundação Bertelsmann atesta que 90% dos habitantes do leste da Alemanha "não têm nenhum contato social com muçulmanos".
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Sem censura
Com bons motivos, classificou-se de "histórica" a sessão de quarta-feira (10) no Supremo Tribunal Federal. Estabeleceu-se que não é constitucional a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias no país. Tomada por unanimidade, a decisão representa uma vitória da liberdade de expressão –e por isso mesmo talvez caiba acrescentar, ao aplauso que suscita, a nota mais humilde da consternação. Pois não deixa de ser vexaminoso que, 26 anos depois de promulgada a Constituição, ainda se discuta juridicamente a validade de um de seus princípios básicos. O bom senso e a obviedade nunca impediram ações judiciais sem cabimento. No caso das biografias, não foram poucas as personalidades (e seus familiares ou herdeiros) dispostas a invocar algum mecanismo legal para exercer censura. Fundamentavam-se em dois dispositivos do Código Civil, cujo sentido é o de proteger a vida privada dos cidadãos e os direitos que detêm sobre a própria imagem. O artigo 20 considera que "a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas" se atingirem sua honra ou respeitabilidade. A não ser que exista autorização da própria pessoa ou de seus descendentes. Afirma-se, no artigo seguinte, que é inviolável a vida privada de uma pessoa, podendo o juiz adotar "as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma". Com base nisso, a boa imagem do cangaceiro Lampião, defendida por seus descendentes, determinou três anos de censura sobre a narração de sua movimentada vida. O motivo é que o texto especulava sobre a homossexualidade do bandoleiro sertanejo. Liberdade de expressão ou direito à privacidade? Os ministros do STF procuraram equilibrar os dois princípios. Não é possível, numa democracia, censurar previamente uma obra de pensamento. Não se quis, entretanto, vedar automaticamente qualquer tentativa de acesso à Justiça baseada nos dois artigos do Código Civil. Uma top model, lembrou o ministro Dias Toffoli, não pode liberar o uso comercial de sua imagem sem pagamento. Não apenas indenizações, mas outras formas de reparação podem ser solicitadas –e alguns ministros chegaram ao ponto de não descartar que se possa suspender a circulação de um livro. Casos polêmicos, portanto, haverão de voltar à baila no futuro. O que não se admite –e nunca deveria ter sido admitido– é a censura prévia, a obrigatoriedade da autorização. A rigor, o STF reafirma o que nem mesmo precisaria ser posto em debate; mas é assim, aos poucos, que o consenso se constrói. editoriais@uol.com.br
opiniao
Sem censuraCom bons motivos, classificou-se de "histórica" a sessão de quarta-feira (10) no Supremo Tribunal Federal. Estabeleceu-se que não é constitucional a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias no país. Tomada por unanimidade, a decisão representa uma vitória da liberdade de expressão –e por isso mesmo talvez caiba acrescentar, ao aplauso que suscita, a nota mais humilde da consternação. Pois não deixa de ser vexaminoso que, 26 anos depois de promulgada a Constituição, ainda se discuta juridicamente a validade de um de seus princípios básicos. O bom senso e a obviedade nunca impediram ações judiciais sem cabimento. No caso das biografias, não foram poucas as personalidades (e seus familiares ou herdeiros) dispostas a invocar algum mecanismo legal para exercer censura. Fundamentavam-se em dois dispositivos do Código Civil, cujo sentido é o de proteger a vida privada dos cidadãos e os direitos que detêm sobre a própria imagem. O artigo 20 considera que "a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas" se atingirem sua honra ou respeitabilidade. A não ser que exista autorização da própria pessoa ou de seus descendentes. Afirma-se, no artigo seguinte, que é inviolável a vida privada de uma pessoa, podendo o juiz adotar "as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma". Com base nisso, a boa imagem do cangaceiro Lampião, defendida por seus descendentes, determinou três anos de censura sobre a narração de sua movimentada vida. O motivo é que o texto especulava sobre a homossexualidade do bandoleiro sertanejo. Liberdade de expressão ou direito à privacidade? Os ministros do STF procuraram equilibrar os dois princípios. Não é possível, numa democracia, censurar previamente uma obra de pensamento. Não se quis, entretanto, vedar automaticamente qualquer tentativa de acesso à Justiça baseada nos dois artigos do Código Civil. Uma top model, lembrou o ministro Dias Toffoli, não pode liberar o uso comercial de sua imagem sem pagamento. Não apenas indenizações, mas outras formas de reparação podem ser solicitadas –e alguns ministros chegaram ao ponto de não descartar que se possa suspender a circulação de um livro. Casos polêmicos, portanto, haverão de voltar à baila no futuro. O que não se admite –e nunca deveria ter sido admitido– é a censura prévia, a obrigatoriedade da autorização. A rigor, o STF reafirma o que nem mesmo precisaria ser posto em debate; mas é assim, aos poucos, que o consenso se constrói. editoriais@uol.com.br
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Senado defende no STF que suspensão de parlamentar depende do Congresso
O Senado enviou uma manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) defendendo que a suspensão de um parlamentar de seu mandato precisa ser referendada pelo Congresso. O parecer do Senado foi enviado numa ação apresentada por aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) questionando seu afastamento da presidência da Câmara pelo Supremo e pedindo que o caso seja votado pelo plenário da Casa. A posição do Senado ocorre ainda na semana em que foi divulgado o pedido de prisão do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ou seu afastamento do cargo, caso não seja aceita a detenção. "É mais razoável concluir-se que o afastamento das funções parlamentares deve ser excepcional e ter por base uma das hipóteses constitucionais. Por consequente, isso quer dizer que a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão devem ser submetidas a decisão da Casa Legislativa respectiva quando elas representarem afastamento das funções parlamentares", diz trecho do parecer do Senado. O Senado, no entanto, se manifestou contra o pedido para que medidas cautelares, como o monitoramento eletrônico e as proibições de manter contato com determinada pessoa e de frequentar certos lugares, também tenham que passar pelo crivo do Senado e da Câmara. "Medida cautelares que não impliquem afastamento das funções parlamentares não estão proibidas pela Constituição da República, podendo ser aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal se inseridas no regular procedimento previsto para o processo penal, sem que haja a necessidade de remessa dos autos à Casa Legislativa", diz trecho do parecer. Na ação, PP, PSC e Solidariedade pedem ao STF que adote o mesmo sistema previsto para as chamadas medidas cautelares, como prisão, em caso de afastamento. Ou seja, que o Congresso deve votar em até 24 horas a manutenção ou não da decisão. Cunha foi afastado no dia 5 de maio pelo Supremo sob a acusação de que está atrapalhando as investigações contra ele na Lava Jato e de seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara.
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Senado defende no STF que suspensão de parlamentar depende do CongressoO Senado enviou uma manifestação ao STF (Supremo Tribunal Federal) defendendo que a suspensão de um parlamentar de seu mandato precisa ser referendada pelo Congresso. O parecer do Senado foi enviado numa ação apresentada por aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) questionando seu afastamento da presidência da Câmara pelo Supremo e pedindo que o caso seja votado pelo plenário da Casa. A posição do Senado ocorre ainda na semana em que foi divulgado o pedido de prisão do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ou seu afastamento do cargo, caso não seja aceita a detenção. "É mais razoável concluir-se que o afastamento das funções parlamentares deve ser excepcional e ter por base uma das hipóteses constitucionais. Por consequente, isso quer dizer que a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão devem ser submetidas a decisão da Casa Legislativa respectiva quando elas representarem afastamento das funções parlamentares", diz trecho do parecer do Senado. O Senado, no entanto, se manifestou contra o pedido para que medidas cautelares, como o monitoramento eletrônico e as proibições de manter contato com determinada pessoa e de frequentar certos lugares, também tenham que passar pelo crivo do Senado e da Câmara. "Medida cautelares que não impliquem afastamento das funções parlamentares não estão proibidas pela Constituição da República, podendo ser aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal se inseridas no regular procedimento previsto para o processo penal, sem que haja a necessidade de remessa dos autos à Casa Legislativa", diz trecho do parecer. Na ação, PP, PSC e Solidariedade pedem ao STF que adote o mesmo sistema previsto para as chamadas medidas cautelares, como prisão, em caso de afastamento. Ou seja, que o Congresso deve votar em até 24 horas a manutenção ou não da decisão. Cunha foi afastado no dia 5 de maio pelo Supremo sob a acusação de que está atrapalhando as investigações contra ele na Lava Jato e de seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara.
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São Paulo tem o segundo turno para buscar o título, diz Osorio
Otimista, o técnico Juan Carlos Osorio crê que o São Paulo brigará pelo título do Campeonato Brasileiro e apontou o segundo turno como a oportunidade de a equipe se recuperar. Hoje, o São Paulo tem 28 pontos, oito a menos do que o líder Atlético-MG (36). "Não acho que é uma grande distância. Temos todo o segundo turno para disputar. Sou otimista e trabalho com dedicação, pensando no melhor. Ainda vamos jogar novamente com o Corinthians [1 a 1], o Palmeiras [0 a 4] e o Atlético-MG [1 a 3]", disse, citando jogos que o time perdeu pontos. Ao falar da diferença para o líder, Osorio ainda citou a arrancada histórica do São Paulo na edição de 2008, quando o time entrou na disputa pela taça (e a levou) nas rodadas finais da competição. "Naquele ano me parece que a diferença chegou a ser de 11 pontos para o líder e o time conseguiu reverter", disse o treinador colombiano. Segundo Osorio, o São Paulo ainda não está pronto para o campeonato, mas vai evoluir. Uma das justificativas dele é que até o final do mês a equipe deve ser reforçada. "Pelo menos um jogador deve chegar, e será brasileiro. E acho que não sairá mais ninguém [ele já perdeu sete]. O time também está melhorando substancialmente", disse Osorio.
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São Paulo tem o segundo turno para buscar o título, diz OsorioOtimista, o técnico Juan Carlos Osorio crê que o São Paulo brigará pelo título do Campeonato Brasileiro e apontou o segundo turno como a oportunidade de a equipe se recuperar. Hoje, o São Paulo tem 28 pontos, oito a menos do que o líder Atlético-MG (36). "Não acho que é uma grande distância. Temos todo o segundo turno para disputar. Sou otimista e trabalho com dedicação, pensando no melhor. Ainda vamos jogar novamente com o Corinthians [1 a 1], o Palmeiras [0 a 4] e o Atlético-MG [1 a 3]", disse, citando jogos que o time perdeu pontos. Ao falar da diferença para o líder, Osorio ainda citou a arrancada histórica do São Paulo na edição de 2008, quando o time entrou na disputa pela taça (e a levou) nas rodadas finais da competição. "Naquele ano me parece que a diferença chegou a ser de 11 pontos para o líder e o time conseguiu reverter", disse o treinador colombiano. Segundo Osorio, o São Paulo ainda não está pronto para o campeonato, mas vai evoluir. Uma das justificativas dele é que até o final do mês a equipe deve ser reforçada. "Pelo menos um jogador deve chegar, e será brasileiro. E acho que não sairá mais ninguém [ele já perdeu sete]. O time também está melhorando substancialmente", disse Osorio.
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Restaurantes de NY não terão mais peixe fresco
Uma nova regulamentação do Departamento de Saúde de Nova York proíbe que restaurantes sirvam peixe cru ou marinado sem ter sido, antes, congelado. A justificativa para isso é a prevenção contra parasitas. A norma, aprovada em março pelo Conselho de Saúde, deve entrar em vigor na cidade em agosto. Antes de ir para o prato, os peixes usados em receitas como ceviche, tartare, sushis e sashimis terão que passar pelo congelador por pelo menos 15 horas. Vários frutos do mar estão fora da exigência, assim como peixes criados em fazendas e alguns tipos de atum. Segundo o "New York Times", muitos chefs já fazem o procedimento. "Nós usamos um freezer criogênico médico", diz Yuta Suzuki, do Sushi Zen. "É como cozinhar: só que em vez de calor, usamos congelamento para remover parasitas ou bactérias." A associação de restaurantes de NY, que havia reclamado da norma, mudou o discurso. Com a retirada, na norma, da exigência de certificados considerados onerosos pelo grupo, os estabelecimentos que servem peixe cru passaram a ser capazes de se adaptar às mudanças, disse o conselheiro James W. Versocki. "Ao que tudo indica, a qualidade do sushi será a mesma", afirmou Versocki ao "New York Times". Segundo ele, a maioria dos peixes já é congelada em algum momento da cadeia de abastecimento. Mesmo em restaurantes que se gabam por ter ingredientes "em seu mais delicioso frescor", como o Masa, em que se cobram US$ 450 (R$ 1.400) por refeições, o chef Masayoshi Takayama tem optado ocasionalmente por peixe congelado. Naomichi Yasuda, do Sushi Yasuda, por exemplo, ressalta os méritos do produto congelado há anos. Não apenas por não ter parasitas, mas por ser mais barato, disponível em todas as estações e, em alguns casos, mais saborosos. "Tenho certeza de que os clientes não poderiam notar", afirmou Suzuki. Ouvido pelo site "Eater", o chef David Bouhadana, do Sushi Dojo, criticou a norma afirmando que servir peixe cru faz parte da lei "básica do sushi". Ele afirma que pequenos restaurantes serão prejudicados, já que não têm infraestrutura para ter os freezers de congelamento súbito no imóvel. Segundo Bouhadana esta será uma lei difícil de fiscalizar, já que é muito difícil apontar se o ingrediente servido foi congelado ou não. As agências nacionais de saúde não acompanham casos de doenças causadas por ingestão de peixe cru. Segundo a epidemiologista Susan Montgomery, "Essas infecções são raras nos EUA e geralmente não são fatais". Uma nova regra exigirá, no início de 2016, que os restaurantes adicionem ao cardápio o aviso de que "comidas cruas ou malpassadas podem ser prejudiciais à saúde".
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Restaurantes de NY não terão mais peixe frescoUma nova regulamentação do Departamento de Saúde de Nova York proíbe que restaurantes sirvam peixe cru ou marinado sem ter sido, antes, congelado. A justificativa para isso é a prevenção contra parasitas. A norma, aprovada em março pelo Conselho de Saúde, deve entrar em vigor na cidade em agosto. Antes de ir para o prato, os peixes usados em receitas como ceviche, tartare, sushis e sashimis terão que passar pelo congelador por pelo menos 15 horas. Vários frutos do mar estão fora da exigência, assim como peixes criados em fazendas e alguns tipos de atum. Segundo o "New York Times", muitos chefs já fazem o procedimento. "Nós usamos um freezer criogênico médico", diz Yuta Suzuki, do Sushi Zen. "É como cozinhar: só que em vez de calor, usamos congelamento para remover parasitas ou bactérias." A associação de restaurantes de NY, que havia reclamado da norma, mudou o discurso. Com a retirada, na norma, da exigência de certificados considerados onerosos pelo grupo, os estabelecimentos que servem peixe cru passaram a ser capazes de se adaptar às mudanças, disse o conselheiro James W. Versocki. "Ao que tudo indica, a qualidade do sushi será a mesma", afirmou Versocki ao "New York Times". Segundo ele, a maioria dos peixes já é congelada em algum momento da cadeia de abastecimento. Mesmo em restaurantes que se gabam por ter ingredientes "em seu mais delicioso frescor", como o Masa, em que se cobram US$ 450 (R$ 1.400) por refeições, o chef Masayoshi Takayama tem optado ocasionalmente por peixe congelado. Naomichi Yasuda, do Sushi Yasuda, por exemplo, ressalta os méritos do produto congelado há anos. Não apenas por não ter parasitas, mas por ser mais barato, disponível em todas as estações e, em alguns casos, mais saborosos. "Tenho certeza de que os clientes não poderiam notar", afirmou Suzuki. Ouvido pelo site "Eater", o chef David Bouhadana, do Sushi Dojo, criticou a norma afirmando que servir peixe cru faz parte da lei "básica do sushi". Ele afirma que pequenos restaurantes serão prejudicados, já que não têm infraestrutura para ter os freezers de congelamento súbito no imóvel. Segundo Bouhadana esta será uma lei difícil de fiscalizar, já que é muito difícil apontar se o ingrediente servido foi congelado ou não. As agências nacionais de saúde não acompanham casos de doenças causadas por ingestão de peixe cru. Segundo a epidemiologista Susan Montgomery, "Essas infecções são raras nos EUA e geralmente não são fatais". Uma nova regra exigirá, no início de 2016, que os restaurantes adicionem ao cardápio o aviso de que "comidas cruas ou malpassadas podem ser prejudiciais à saúde".
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A foto, o pai e o rugido do leão
No dia 30 de maio de 2014, minha filha me mostrou, toda animada, uma fotografia que encontrou na internet. "É impressão minha ou esse cameraman da MGM se parece muito com o vovô Otis?" Assim que vi a foto, engasguei. Era a cara do meu pai. Bem, pelo menos seu perfil, a mesma postura, o mesmo nariz e as mesmas roupas que ele usava, incluindo o boné. Essa imagem da besta feroz rugindo antes de cada filme a fez lembrar de uma fotografia que eu tinha do meu pai de pé ao lado de uma leoa. A possibilidade de aquele homem da foto ser meu pai invocou tantas histórias de aventuras para mim contadas por ele em algumas de nossas longas e frequentes caminhadas juntos e me fez perceber que havia muita coisa ainda sobre esse homem que eu não conhecia e, como ele não era o tipo de pessoa que se vangloriasse de uma lista de pessoas famosas que o conheciam, não estava surpresa com o fato de talvez ser ele na foto. Eu estava acostumada com as histórias improváveis mas deliciosas que ele contava. Contou quando estava na guerra, locado em Arles, na França e, de uma só tacada, "quase" capturou Hitler. Seguindo uma pista passada a ele por alguma fonte duvidosa, ele partiu para ganhar a guerra. Para sua decepção, o tal homem era um padeiro, num refúgio recente numa aldeia vizinha e que teve o azar de se parecer com o Führer. Após sua captura, o homem assustado se submeteu felizmente a um barbeiro. Mas, mais importante, seria com essa história que meu pai pararia para conversar livremente com bêbados, drogados e prostitutas no nosso bairro e como eles iriam cumprimentá-lo todas as manhãs a caminho do trabalho. Comecei a estudar dança com oito anos, graças a uma dedicada tentativa de meus pais de me tirar de casa nas manhãs de sábado. Meu pai fazia cinema e TV, minha mãe era atriz, e estudou no Old Vic Theatre, em Londres. Eu cresci nos anos 1960 dependendo do sistema de metrô de Nova York, subindo e descendo lances de escada cheirando a urina e me locomovendo por aquelas catacumbas de ferro. Eu me sentia num caldeirão de culturas. Por morar lá, eu me tornei consciente dos ritmos que acompanhavam cada paisagem cultural, uma vez que cada quarteirão parecia ter sua própria cor, sotaque e tempo. Com a maneira do meu pai olhar a vida –como um filme–, cresci enfrentando-a como uma série de cortes apressadamente colados. Nos anos 1950, meu pai e seus dois irmãos, já vivendo em Nova York, criaram um estúdio de cinema e frequentemente entrevistavam pessoas para filmes de notícias e propaganda. Surpreendentemente, a lista tinha nomes como Eleanor Roosevelt, Helen Keller e um jovem senador chamado Richard Nixon. Meu trabalho como diretora da Cia. Domínio Público em "Posso Dançar Pra Você?"(2013) e "Suportar"(2014) é o exemplo de como meu pai me ensinou que eu poderia ler a poesia em um bando de pardais que passam sobre um telhado, ou numa criança brincando ao lado do corpo de um homem sem-teto dormindo ao lado de seu cachorro. A poesia do cinema do meu pai alcançou uma parte da minha capacidade de recepção. E isso me abriu para ver a vida usando uma outra maneira de ligar imagens; como trabalhamos e organizamos isso, os fluxos e convergências de informações transitando de um elemento para outro, é a arte do ofício e a memória viva. Embora meu pai nunca tivesse encontrado Hitler escondido naquela aldeia francesa, ou pudesse não ser ele naquela foto, ele foi a força que levou um ideal a encontrar um propósito na impossibilidade de uma missão. É dentro dessa esfera de otimismo e tantos ensinamentos do valor do comum e apreciação do espírito humano que eu danço. HOLLY CAVRELL, 60, bailarina e coreógrafa americana radicada no Brasil, fundou a Cia. Domínio Publico e é professora do Departamento de Artes Corporais da Unicamp.
ilustrissima
A foto, o pai e o rugido do leãoNo dia 30 de maio de 2014, minha filha me mostrou, toda animada, uma fotografia que encontrou na internet. "É impressão minha ou esse cameraman da MGM se parece muito com o vovô Otis?" Assim que vi a foto, engasguei. Era a cara do meu pai. Bem, pelo menos seu perfil, a mesma postura, o mesmo nariz e as mesmas roupas que ele usava, incluindo o boné. Essa imagem da besta feroz rugindo antes de cada filme a fez lembrar de uma fotografia que eu tinha do meu pai de pé ao lado de uma leoa. A possibilidade de aquele homem da foto ser meu pai invocou tantas histórias de aventuras para mim contadas por ele em algumas de nossas longas e frequentes caminhadas juntos e me fez perceber que havia muita coisa ainda sobre esse homem que eu não conhecia e, como ele não era o tipo de pessoa que se vangloriasse de uma lista de pessoas famosas que o conheciam, não estava surpresa com o fato de talvez ser ele na foto. Eu estava acostumada com as histórias improváveis mas deliciosas que ele contava. Contou quando estava na guerra, locado em Arles, na França e, de uma só tacada, "quase" capturou Hitler. Seguindo uma pista passada a ele por alguma fonte duvidosa, ele partiu para ganhar a guerra. Para sua decepção, o tal homem era um padeiro, num refúgio recente numa aldeia vizinha e que teve o azar de se parecer com o Führer. Após sua captura, o homem assustado se submeteu felizmente a um barbeiro. Mas, mais importante, seria com essa história que meu pai pararia para conversar livremente com bêbados, drogados e prostitutas no nosso bairro e como eles iriam cumprimentá-lo todas as manhãs a caminho do trabalho. Comecei a estudar dança com oito anos, graças a uma dedicada tentativa de meus pais de me tirar de casa nas manhãs de sábado. Meu pai fazia cinema e TV, minha mãe era atriz, e estudou no Old Vic Theatre, em Londres. Eu cresci nos anos 1960 dependendo do sistema de metrô de Nova York, subindo e descendo lances de escada cheirando a urina e me locomovendo por aquelas catacumbas de ferro. Eu me sentia num caldeirão de culturas. Por morar lá, eu me tornei consciente dos ritmos que acompanhavam cada paisagem cultural, uma vez que cada quarteirão parecia ter sua própria cor, sotaque e tempo. Com a maneira do meu pai olhar a vida –como um filme–, cresci enfrentando-a como uma série de cortes apressadamente colados. Nos anos 1950, meu pai e seus dois irmãos, já vivendo em Nova York, criaram um estúdio de cinema e frequentemente entrevistavam pessoas para filmes de notícias e propaganda. Surpreendentemente, a lista tinha nomes como Eleanor Roosevelt, Helen Keller e um jovem senador chamado Richard Nixon. Meu trabalho como diretora da Cia. Domínio Público em "Posso Dançar Pra Você?"(2013) e "Suportar"(2014) é o exemplo de como meu pai me ensinou que eu poderia ler a poesia em um bando de pardais que passam sobre um telhado, ou numa criança brincando ao lado do corpo de um homem sem-teto dormindo ao lado de seu cachorro. A poesia do cinema do meu pai alcançou uma parte da minha capacidade de recepção. E isso me abriu para ver a vida usando uma outra maneira de ligar imagens; como trabalhamos e organizamos isso, os fluxos e convergências de informações transitando de um elemento para outro, é a arte do ofício e a memória viva. Embora meu pai nunca tivesse encontrado Hitler escondido naquela aldeia francesa, ou pudesse não ser ele naquela foto, ele foi a força que levou um ideal a encontrar um propósito na impossibilidade de uma missão. É dentro dessa esfera de otimismo e tantos ensinamentos do valor do comum e apreciação do espírito humano que eu danço. HOLLY CAVRELL, 60, bailarina e coreógrafa americana radicada no Brasil, fundou a Cia. Domínio Publico e é professora do Departamento de Artes Corporais da Unicamp.
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Ainbnb é criticado após campanha polêmica contra impostos nos EUA
O Airbnb, site de aluguel de imóveis por períodos curtos, se envolveu em uma polêmica em San Francisco nos EUA. Neste mês, a empresa espalhou diversos cartazes publicitários pela cidade, dizendo como o dinheiro dos impostos pagos por quem usa o serviço deveria ser usado. "Caro sistema de bibliotecas públicas, esperamos que você use parte dos cerca de US$ 12 milhões que pagamos de taxas de hospedagem para manter as bibliotecas funcionando até mais tarde. Com amor, Airbnb", dizia uma das mensagens. "Cara prefeitura, por favor, usem os US$ 12 milhões de taxas de hospedagem para construir mais ciclovias. Com amor, Airbnb", afirmava outra. As frases foram criticadas nas redes sociais e, após a repercussão negativa, o Airbnb confirmou que a campanha é verdadeira e começou a remoção dos cartazes. Eles fazem parte de uma pressão da empresa antes de uma votação pelos parlamentares da cidade. Eles decidirão se o serviço de hospedagem terá restrições mais pesadas, como limitar o número de noites para o imóvel ser alugado. Airbnb em San Francisco Alguns moradores de San Francisco não gostaram da campanha. De acordo com o site SF Weekly, a professora universitária Martha Kenney respondeu pelo Facebook que a proposta do Netflix para as bibliotecas não faria diferença. "Querido Airbnb. Eu calculei alguns números e tenho más notícias. Dos US$ 12 milhões de impostos, apenas 1,4% (US$ 168 mil) vão para as bibliotecas públicas de San Francisco. Dividindo esse valor pelos 868 funcionários, vamos ter US$ 193 por pessoa", disse. "Levando em conta que cada funcionário trabalha cinco dias por semana, seria US$ 0,78 por empregado por dia. Como esse valor está muito abaixo do salário mínimo em San Francisco (US$ 12,25 por hora), eu duvido que os US$ 12 milhões pudessem deixar as bibliotecas abertas por mais de um minuto ou dois." DO OUTRO LADO DOS EUA O prefeito da cidade de Nova Jersey, Steven Fulop, vai introduzir na segunda-feira (26) uma legislação para regulamentar o Airbnb na cidade. Caso a lei seja aprovada, quem quiser alugar um cômodo ou até mesmo todo o imóvel pelo serviço terá que pagar 6% de taxa de hospedagem como imposto. Em comparação, a cidade de San Francisco cobra 14%. Segundo o jornal "The New York Times", a prefeitura de Nova Jersey espera arrecadar cerca de US$ 1 milhão por ano. Em Nova York, o serviço é ilegal e só pode ser usado em certas condições, quando alugando um ou dois cômodos da casa e com o dono presente no imóvel.
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Ainbnb é criticado após campanha polêmica contra impostos nos EUAO Airbnb, site de aluguel de imóveis por períodos curtos, se envolveu em uma polêmica em San Francisco nos EUA. Neste mês, a empresa espalhou diversos cartazes publicitários pela cidade, dizendo como o dinheiro dos impostos pagos por quem usa o serviço deveria ser usado. "Caro sistema de bibliotecas públicas, esperamos que você use parte dos cerca de US$ 12 milhões que pagamos de taxas de hospedagem para manter as bibliotecas funcionando até mais tarde. Com amor, Airbnb", dizia uma das mensagens. "Cara prefeitura, por favor, usem os US$ 12 milhões de taxas de hospedagem para construir mais ciclovias. Com amor, Airbnb", afirmava outra. As frases foram criticadas nas redes sociais e, após a repercussão negativa, o Airbnb confirmou que a campanha é verdadeira e começou a remoção dos cartazes. Eles fazem parte de uma pressão da empresa antes de uma votação pelos parlamentares da cidade. Eles decidirão se o serviço de hospedagem terá restrições mais pesadas, como limitar o número de noites para o imóvel ser alugado. Airbnb em San Francisco Alguns moradores de San Francisco não gostaram da campanha. De acordo com o site SF Weekly, a professora universitária Martha Kenney respondeu pelo Facebook que a proposta do Netflix para as bibliotecas não faria diferença. "Querido Airbnb. Eu calculei alguns números e tenho más notícias. Dos US$ 12 milhões de impostos, apenas 1,4% (US$ 168 mil) vão para as bibliotecas públicas de San Francisco. Dividindo esse valor pelos 868 funcionários, vamos ter US$ 193 por pessoa", disse. "Levando em conta que cada funcionário trabalha cinco dias por semana, seria US$ 0,78 por empregado por dia. Como esse valor está muito abaixo do salário mínimo em San Francisco (US$ 12,25 por hora), eu duvido que os US$ 12 milhões pudessem deixar as bibliotecas abertas por mais de um minuto ou dois." DO OUTRO LADO DOS EUA O prefeito da cidade de Nova Jersey, Steven Fulop, vai introduzir na segunda-feira (26) uma legislação para regulamentar o Airbnb na cidade. Caso a lei seja aprovada, quem quiser alugar um cômodo ou até mesmo todo o imóvel pelo serviço terá que pagar 6% de taxa de hospedagem como imposto. Em comparação, a cidade de San Francisco cobra 14%. Segundo o jornal "The New York Times", a prefeitura de Nova Jersey espera arrecadar cerca de US$ 1 milhão por ano. Em Nova York, o serviço é ilegal e só pode ser usado em certas condições, quando alugando um ou dois cômodos da casa e com o dono presente no imóvel.
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Crise econômica e responsabilidade social
O ano de 2015 será lembrado, por nós brasileiros, como um ano de profunda instabilidade política e desaceleração econômica. Os sinais da crise são evidentes: decréscimo do PIB, aumento da inflação, redução de crédito, contração do consumo, queda na arrecadação de impostos e aumento da taxa de desemprego. Em julho, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) lançou a 23° Edição do Boletim de Políticas Sociais. Nele, evidenciou-se o aumento da extrema pobreza no país. O mesmo documento correlacionou esse fato à crise econômica e ao desemprego. O Estado de São Paulo não passou ileso por esse processo de empobrecimento. A Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado registrou maior procura da população pelos serviços oferecidos pelos Cras (Centro de Referência de Assistência Social), que contam com 1.071 unidades presentes em 641 municípios do Estado. Além disso, também registrou aumento na ordem de 15% na busca por refeições nos 49 restaurantes populares Bom Prato em todo Estado. De um lado, as demandas são sinais do recrudescimento da pobreza e aumento da exclusão social, com o crescente aumento da situação de vulnerabilidade; de outro, refletem a queda na receita das três esferas de governo. Diante da situação atual, o governo do Estado de São Paulo tomou medidas arrojadas para reverter este quadro. O governador Geraldo Alckmin instituiu o Fundo Estadual de Combate à Pobreza, cujos recursos serão aplicados em programas de assistência social, nutrição, habitação, educação e saúde. No conjunto das medidas, foi reduzido o ICMS dos medicamentos genéricos e zerado o imposto do arroz e do feijão. Além disso, houve diminuição da carga tributária da areia, produto essencial para a construção civil, a fim de manter o estímulo ao emprego. Para abastecer o Fundo de Combate à Pobreza, as alíquotas de ICMS sobre cerveja e fumo serão elevadas de 18% para 20% e de 25% para 30%, respectivamente. O governo apenas equipara o ICMS da cerveja com outras regiões do país. Dois por cento deste ICMS abastecerá o fundo com R$ 1 bilhão por ano. O governo pretende arrecadar R$ 3 bilhões, sendo que destinará R$ 1 bilhão para o fundo, R$ 1,5 bilhão para manter serviços e investimentos e R$ 500 milhões para municípios do Estado. O projeto que acaba de ser aprovado pela Assembleia Legislativa começa a valer a partir de 1º de janeiro de 2016. A Secretaria de Desenvolvimento Social possui um orçamento anual de quase R$ 1 bilhão. O fundo aumentará consideravelmente os recursos disponíveis, quase duplicando o orçamento, para podermos responder às necessidades sociais do Estado neste momento de crise aguda. Estamos no caminho certo! A aprovação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em julho de 2005 foi uma grande vitória! Com ele superamos o assistencialismo e o individualismo. O Fundo Estadual de Combate à Pobreza vem para fortalecer as políticas públicas, numa filosofia que visa a dignidade do atendido e a possibilidade de rompimento com a miséria, mantendo também nossa responsabilidade fiscal. FLORIANO PESARO, 47, é secretário Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Crise econômica e responsabilidade socialO ano de 2015 será lembrado, por nós brasileiros, como um ano de profunda instabilidade política e desaceleração econômica. Os sinais da crise são evidentes: decréscimo do PIB, aumento da inflação, redução de crédito, contração do consumo, queda na arrecadação de impostos e aumento da taxa de desemprego. Em julho, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) lançou a 23° Edição do Boletim de Políticas Sociais. Nele, evidenciou-se o aumento da extrema pobreza no país. O mesmo documento correlacionou esse fato à crise econômica e ao desemprego. O Estado de São Paulo não passou ileso por esse processo de empobrecimento. A Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado registrou maior procura da população pelos serviços oferecidos pelos Cras (Centro de Referência de Assistência Social), que contam com 1.071 unidades presentes em 641 municípios do Estado. Além disso, também registrou aumento na ordem de 15% na busca por refeições nos 49 restaurantes populares Bom Prato em todo Estado. De um lado, as demandas são sinais do recrudescimento da pobreza e aumento da exclusão social, com o crescente aumento da situação de vulnerabilidade; de outro, refletem a queda na receita das três esferas de governo. Diante da situação atual, o governo do Estado de São Paulo tomou medidas arrojadas para reverter este quadro. O governador Geraldo Alckmin instituiu o Fundo Estadual de Combate à Pobreza, cujos recursos serão aplicados em programas de assistência social, nutrição, habitação, educação e saúde. No conjunto das medidas, foi reduzido o ICMS dos medicamentos genéricos e zerado o imposto do arroz e do feijão. Além disso, houve diminuição da carga tributária da areia, produto essencial para a construção civil, a fim de manter o estímulo ao emprego. Para abastecer o Fundo de Combate à Pobreza, as alíquotas de ICMS sobre cerveja e fumo serão elevadas de 18% para 20% e de 25% para 30%, respectivamente. O governo apenas equipara o ICMS da cerveja com outras regiões do país. Dois por cento deste ICMS abastecerá o fundo com R$ 1 bilhão por ano. O governo pretende arrecadar R$ 3 bilhões, sendo que destinará R$ 1 bilhão para o fundo, R$ 1,5 bilhão para manter serviços e investimentos e R$ 500 milhões para municípios do Estado. O projeto que acaba de ser aprovado pela Assembleia Legislativa começa a valer a partir de 1º de janeiro de 2016. A Secretaria de Desenvolvimento Social possui um orçamento anual de quase R$ 1 bilhão. O fundo aumentará consideravelmente os recursos disponíveis, quase duplicando o orçamento, para podermos responder às necessidades sociais do Estado neste momento de crise aguda. Estamos no caminho certo! A aprovação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em julho de 2005 foi uma grande vitória! Com ele superamos o assistencialismo e o individualismo. O Fundo Estadual de Combate à Pobreza vem para fortalecer as políticas públicas, numa filosofia que visa a dignidade do atendido e a possibilidade de rompimento com a miséria, mantendo também nossa responsabilidade fiscal. FLORIANO PESARO, 47, é secretário Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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PT deve ser derrotado em 2018 e precisa de outra estratégia, diz Dirceu
O PT dificilmente ganhará o pleito de 2018 e precisa pensar em outras estratégias de luta política e eleitoral. A constatação é de José Dirceu, em diálogos com amigos depois de sair da prisão. LEITURA Dirceu disse também, nas conversas, que não está "entendendo direito" os sinais enviados da prisão por Antonio Palocci sobre a possibilidade de aderir à delação premiada. O petista afirma, no entanto, que o ex-ministro da Fazenda é "hábil, paciente e tem estratégia". NERVOSO Palocci já vivia situação de estresse com os advogados que contratou para encaminharem delação premiada antes mesmo de Dirceu ser solto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada. O rompimento com eles nada teve a ver com a decisão da Corte. GIRO O prefeito de São Paulo, João Doria, vai visitar o nordeste do país. Ele vai em agosto a Campina Grande, na Paraíba, receber o título de cidadão do município. GIRO 2 O convite foi feito pelo prefeito da cidade, Romero Rodrigues, que visitou Doria em SP na semana passada. AGORA VAI E Doria disse ao ex-vereador Andrea Matarazzo (PSD-SP), no encontro recente que tiveram, que vai regulamentar a lei que instituiu o Promac, programa municipal de acesso à cultura via incentivo fiscal, uma espécie de Lei Rouanet da cidade. AGORA VAI 2 A lei foi proposta por Matarazzo durante a gestão de Fernando Haddad, mas nunca foi regulamentada. AGORA VEM Matarazzo foi um dos mais ferrenhos opositores da campanha de Doria à prefeitura. LADO A LADO As atrizes Myra Ruiz e Fabi Bang fizeram apresentação única do show "Desafiando a Amizade", no Teatro Cetip, na quinta (4). O diretor José Possi Neto e o produtor musical Rique Azevedo estavam na plateia. LIMITES Trinta e quatro deputados estaduais de SP, encabeçados por Campos Machado (PTB), propuseram uma emenda à Constituição do Estado que estipula um prazo de seis meses, renováveis por outros seis, para a conclusão de inquéritos civis abertos pelo Ministério Público. Eles alegam que a medida evitaria que promotores engavetassem investigações "por interesses dos mais variados, até mesmo para intimidar o investigado". OUTRA IDEIA "A emenda tem interesse de dificultar investigações do MP. O deputado deveria sugerir é a limitação dos número de mandatos dos parlamentares", afirma o promotor de Justiça Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção. ANIMAL Isabelle Drummond, que está no ar na novela "Novo Mundo" (Globo), é a primeira atriz brasileira a fechar apoio à ong internacional Animal Equality, que está vindo para o Brasil. A entidade investiga casos de maus tratos a animais em granjas e fazendas e está lançando sua primeira campanha nesta semana. Por conta de seu contrato com a Globo, no entanto, Isabelle, só vai participar de ações que não citem nominalmente as empresas. CASA COMIGO O mercado de festas e cerimônias em SP movimenta anualmente R$ 1,4 bilhão em São Paulo, onde estão localizadas 11% das empresas relacionadas à realização desse tipo de evento. Os dados são de uma pesquisa feita pela Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos) que será divulgada na terça (9). JAPÃO FUTURISTA A empresária Mônica Sousa, o ator Ken Caneco e o estilista Reinaldo Lourenço estiveram no pré-lançamento da Japan House São Paulo, na quarta (3). A presidente do espaço, Angela Hirata, recebeu os convidados. Também passaram por lá o presidente do Sesc, Danilo Santos de Miranda, o músico Jun Miyake e a consultora de moda Costanza Pascolato. CURTO-CIRCUITO O guia Michelin anuncia nesta segunda-feira (8) os restaurantes estrelados do ano no RJ e em SP. No Hotel Unique, às 18h30. A Casa dos Criadores começa nesta segunda no espaço Oficina, na Barra Funda. Até 12/5. O filme "Amor.com" tem pré-estreia para convidados nesta segunda, no Cinépolis do JK Iguatemi. Às 20h15. Maria Silvia Bastos, participa nesta segunda de almoço do Lide, no hotel Grand Hyatt. com JOELMIR TAVARES, LETÍCIA MORI e BRUNO FÁVERO
colunas
PT deve ser derrotado em 2018 e precisa de outra estratégia, diz DirceuO PT dificilmente ganhará o pleito de 2018 e precisa pensar em outras estratégias de luta política e eleitoral. A constatação é de José Dirceu, em diálogos com amigos depois de sair da prisão. LEITURA Dirceu disse também, nas conversas, que não está "entendendo direito" os sinais enviados da prisão por Antonio Palocci sobre a possibilidade de aderir à delação premiada. O petista afirma, no entanto, que o ex-ministro da Fazenda é "hábil, paciente e tem estratégia". NERVOSO Palocci já vivia situação de estresse com os advogados que contratou para encaminharem delação premiada antes mesmo de Dirceu ser solto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na semana passada. O rompimento com eles nada teve a ver com a decisão da Corte. GIRO O prefeito de São Paulo, João Doria, vai visitar o nordeste do país. Ele vai em agosto a Campina Grande, na Paraíba, receber o título de cidadão do município. GIRO 2 O convite foi feito pelo prefeito da cidade, Romero Rodrigues, que visitou Doria em SP na semana passada. AGORA VAI E Doria disse ao ex-vereador Andrea Matarazzo (PSD-SP), no encontro recente que tiveram, que vai regulamentar a lei que instituiu o Promac, programa municipal de acesso à cultura via incentivo fiscal, uma espécie de Lei Rouanet da cidade. AGORA VAI 2 A lei foi proposta por Matarazzo durante a gestão de Fernando Haddad, mas nunca foi regulamentada. AGORA VEM Matarazzo foi um dos mais ferrenhos opositores da campanha de Doria à prefeitura. LADO A LADO As atrizes Myra Ruiz e Fabi Bang fizeram apresentação única do show "Desafiando a Amizade", no Teatro Cetip, na quinta (4). O diretor José Possi Neto e o produtor musical Rique Azevedo estavam na plateia. LIMITES Trinta e quatro deputados estaduais de SP, encabeçados por Campos Machado (PTB), propuseram uma emenda à Constituição do Estado que estipula um prazo de seis meses, renováveis por outros seis, para a conclusão de inquéritos civis abertos pelo Ministério Público. Eles alegam que a medida evitaria que promotores engavetassem investigações "por interesses dos mais variados, até mesmo para intimidar o investigado". OUTRA IDEIA "A emenda tem interesse de dificultar investigações do MP. O deputado deveria sugerir é a limitação dos número de mandatos dos parlamentares", afirma o promotor de Justiça Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção. ANIMAL Isabelle Drummond, que está no ar na novela "Novo Mundo" (Globo), é a primeira atriz brasileira a fechar apoio à ong internacional Animal Equality, que está vindo para o Brasil. A entidade investiga casos de maus tratos a animais em granjas e fazendas e está lançando sua primeira campanha nesta semana. Por conta de seu contrato com a Globo, no entanto, Isabelle, só vai participar de ações que não citem nominalmente as empresas. CASA COMIGO O mercado de festas e cerimônias em SP movimenta anualmente R$ 1,4 bilhão em São Paulo, onde estão localizadas 11% das empresas relacionadas à realização desse tipo de evento. Os dados são de uma pesquisa feita pela Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos) que será divulgada na terça (9). JAPÃO FUTURISTA A empresária Mônica Sousa, o ator Ken Caneco e o estilista Reinaldo Lourenço estiveram no pré-lançamento da Japan House São Paulo, na quarta (3). A presidente do espaço, Angela Hirata, recebeu os convidados. Também passaram por lá o presidente do Sesc, Danilo Santos de Miranda, o músico Jun Miyake e a consultora de moda Costanza Pascolato. CURTO-CIRCUITO O guia Michelin anuncia nesta segunda-feira (8) os restaurantes estrelados do ano no RJ e em SP. No Hotel Unique, às 18h30. A Casa dos Criadores começa nesta segunda no espaço Oficina, na Barra Funda. Até 12/5. O filme "Amor.com" tem pré-estreia para convidados nesta segunda, no Cinépolis do JK Iguatemi. Às 20h15. Maria Silvia Bastos, participa nesta segunda de almoço do Lide, no hotel Grand Hyatt. com JOELMIR TAVARES, LETÍCIA MORI e BRUNO FÁVERO
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Mostra revela Godard publicitário, com comerciais de jeans e cigarros
Houve uma pausa para os comerciais na programação de "Jean-Luc Cinéma Godard", a mais completa retrospectiva do cineasta, em cartaz até 2/12 em SP, Rio e Brasília. Cinco das 125 obras selecionadas revelaram um dos personagens menos conhecidos de sua trajetória: Godard, o diretor de filmes publicitários. Uma hora a fatura chega. Até na casa do franco-suíço de 84 anos que virou sinônimo de cinema "cabeçudo" e se engajou, nos anos 1960, no coletivo de filmes anticapitalismo Dziga Vertov. Godard também precisa pagar suas contas. É uma explicação para ter topado dirigir propagandas de jeans, loção pós-barba, cigarro e Nike, segundo Michel Witt, autor de "Jean-Luc Godard, Cinema Historian". Cigarros Parisienne As três primeiras passaram na mostra em outubro. Lançado na semana passada, o catálogo "Godard Inteiro ou o Mundo em Pedaços" (ganha-se um a cada sete ingressos comprados) traz ensaios sobre cada uma delas. Já a série para a Nike, dos anos 1990, "está em litígio judicial e proibida de passar", diz o curador Eugênio Puppo. Por que o homem que já definiu cultura como "álibi do imperialismo" abraçaria logo a publicidade, um dos pilares do "american way of life"? "O que ele fez, fez por: 1) dinheiro; 2) porque o projeto o atraiu; 3) para facilitar outras coisas", afirma Witt à Folha. Exemplo: usou o cachê de filmes encomendados por dois estilistas franceses em fantasias para "Rei Lear" (1987). Com Woody Allen, o longa mostra William Shakespeare Junior 5º tentando recriar a peça-título num mundo artisticamente estéril, pós-Chernobil. BARBADA A primeira propaganda é de 1971. Cofundadores do grupo Dziga Vertov, Godard e Jean-Pierre Gorin fecharam negócio com a agência de publicidade Dupuy Compton. Sugeriram vender mais loções pós-barba Schick assim: um casal briga histericamente enquanto, no fundo, um locutor dá notícias da Palestina. Só fazem as pazes quando o homem passa o bálsamo nas bochechas. " Com orçamento para uma semana e filmado em um dia, 'Schick' foi o único produto entregue pela dupla, que aproveitou o dinheiro para viabilizar projetos próprios", escreve Leonardo Bomfim, mestre em comunicação pela PUC-RS, no catálogo da mostra. Lós-barba Schick Nos anos 1980, Godard esteve na moda. Realizou filmes para uma linha de jeans prêt-à-porter, a Closed. Num deles, uma atriz diz "non" quando aparecem telas de Velásquez e Toulouse-Lautrec, e "oui" a modelos usando jeans. Cada cena "é um haicai por vezes burlesco (passa-se com ferro quente um jeans sobre as pernas de quem o veste)", diz Cyril Béghin, da redação dos "Cahier du Cinéma", em seu texto sobre o comercial. Nos anos 1990, a marca de cigarros Parisienne contratou Godard e os colegas David Lynch, Emir Kusturica e irmãos Coen. O franco-suíço fez sua vinheta em parceria com a mulher, Anne-Marie Miéville. O que se vê: um skatista dribla maços gigantes, um homem descalço pisa num chão cheio de pacotes, outro segura um livro. Ouve-se Godard ler "Bérénice", de Jean Racine. Escreve o crítico Luiz Carlos Oliveira Junior: "Assim encenada, a propaganda já traz embutida uma crítica ao fetiche da mercadoria, numa típica dialética godardiana". "Tem cineasta que fala: 'Quem faz publicidade nunca fará cinema'. Mas Godard é um capítulo à parte, deixa sua marca em tudo o que faz, um viés político", diz o curador. Outros protagonistas do cinema autoral também o foram. Nos anos 1980, Federico Fellini fez um comercial para a Campari. Em 1951, com duas ex-mulheres, uma atual e o sexto filho a caminho, Ingmar Bergman aumentou o contracheque com um filme sobre o sabonete Bris –que, em português, quer dizer brisa. JEAN LUC CINÉMA GODARD QUANDO até 2/12 ONDE CCBB-SP, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651; Cinesesc, r. Augusta, 2.075, tel. (11) 3087-0500 QUANTO R$ 4 a R$ 12
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Mostra revela Godard publicitário, com comerciais de jeans e cigarrosHouve uma pausa para os comerciais na programação de "Jean-Luc Cinéma Godard", a mais completa retrospectiva do cineasta, em cartaz até 2/12 em SP, Rio e Brasília. Cinco das 125 obras selecionadas revelaram um dos personagens menos conhecidos de sua trajetória: Godard, o diretor de filmes publicitários. Uma hora a fatura chega. Até na casa do franco-suíço de 84 anos que virou sinônimo de cinema "cabeçudo" e se engajou, nos anos 1960, no coletivo de filmes anticapitalismo Dziga Vertov. Godard também precisa pagar suas contas. É uma explicação para ter topado dirigir propagandas de jeans, loção pós-barba, cigarro e Nike, segundo Michel Witt, autor de "Jean-Luc Godard, Cinema Historian". Cigarros Parisienne As três primeiras passaram na mostra em outubro. Lançado na semana passada, o catálogo "Godard Inteiro ou o Mundo em Pedaços" (ganha-se um a cada sete ingressos comprados) traz ensaios sobre cada uma delas. Já a série para a Nike, dos anos 1990, "está em litígio judicial e proibida de passar", diz o curador Eugênio Puppo. Por que o homem que já definiu cultura como "álibi do imperialismo" abraçaria logo a publicidade, um dos pilares do "american way of life"? "O que ele fez, fez por: 1) dinheiro; 2) porque o projeto o atraiu; 3) para facilitar outras coisas", afirma Witt à Folha. Exemplo: usou o cachê de filmes encomendados por dois estilistas franceses em fantasias para "Rei Lear" (1987). Com Woody Allen, o longa mostra William Shakespeare Junior 5º tentando recriar a peça-título num mundo artisticamente estéril, pós-Chernobil. BARBADA A primeira propaganda é de 1971. Cofundadores do grupo Dziga Vertov, Godard e Jean-Pierre Gorin fecharam negócio com a agência de publicidade Dupuy Compton. Sugeriram vender mais loções pós-barba Schick assim: um casal briga histericamente enquanto, no fundo, um locutor dá notícias da Palestina. Só fazem as pazes quando o homem passa o bálsamo nas bochechas. " Com orçamento para uma semana e filmado em um dia, 'Schick' foi o único produto entregue pela dupla, que aproveitou o dinheiro para viabilizar projetos próprios", escreve Leonardo Bomfim, mestre em comunicação pela PUC-RS, no catálogo da mostra. Lós-barba Schick Nos anos 1980, Godard esteve na moda. Realizou filmes para uma linha de jeans prêt-à-porter, a Closed. Num deles, uma atriz diz "non" quando aparecem telas de Velásquez e Toulouse-Lautrec, e "oui" a modelos usando jeans. Cada cena "é um haicai por vezes burlesco (passa-se com ferro quente um jeans sobre as pernas de quem o veste)", diz Cyril Béghin, da redação dos "Cahier du Cinéma", em seu texto sobre o comercial. Nos anos 1990, a marca de cigarros Parisienne contratou Godard e os colegas David Lynch, Emir Kusturica e irmãos Coen. O franco-suíço fez sua vinheta em parceria com a mulher, Anne-Marie Miéville. O que se vê: um skatista dribla maços gigantes, um homem descalço pisa num chão cheio de pacotes, outro segura um livro. Ouve-se Godard ler "Bérénice", de Jean Racine. Escreve o crítico Luiz Carlos Oliveira Junior: "Assim encenada, a propaganda já traz embutida uma crítica ao fetiche da mercadoria, numa típica dialética godardiana". "Tem cineasta que fala: 'Quem faz publicidade nunca fará cinema'. Mas Godard é um capítulo à parte, deixa sua marca em tudo o que faz, um viés político", diz o curador. Outros protagonistas do cinema autoral também o foram. Nos anos 1980, Federico Fellini fez um comercial para a Campari. Em 1951, com duas ex-mulheres, uma atual e o sexto filho a caminho, Ingmar Bergman aumentou o contracheque com um filme sobre o sabonete Bris –que, em português, quer dizer brisa. JEAN LUC CINÉMA GODARD QUANDO até 2/12 ONDE CCBB-SP, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651; Cinesesc, r. Augusta, 2.075, tel. (11) 3087-0500 QUANTO R$ 4 a R$ 12
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Diretório de Estudantes defende greve da USP; movimento "Livre" critica
O Fla-Flu, programa da "TV Folha" que traz opiniões divergentes sobre um mesmo tema, promoveu nessa sexta (17) um debate sobre o movimento grevista nas universidades estaduais paulistas –USP, Unesp e Unicamp. O programa foi mediado pela jornalista Sabine Righetti. Gabriela Ferro, 22, aluna de geografia da USP e membro do DCE (Diretório Central de Estudantes) da universidade defendeu a ação grevista e as reivindicações salariais para docentes e funcionários. O movimento pede 12,3% de reajuste; as universidades propõem 3%. Do outro lado, Felipe Lintz, 21, aluno de geografia da Unesp de Rio Claro, que faz parte do Movimento Livre, disse que paralisações e "trancaços" das universidades públicas ferem o direito de ir e vir dos alunos, funcionários e estudantes. Para ele, há coação para adesão à greve. A iniciativa "Livre" foi criada recentemente nas três universidades estaduais paulistas como uma resposta ao movimento estudantil tradicional.
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Diretório de Estudantes defende greve da USP; movimento "Livre" criticaO Fla-Flu, programa da "TV Folha" que traz opiniões divergentes sobre um mesmo tema, promoveu nessa sexta (17) um debate sobre o movimento grevista nas universidades estaduais paulistas –USP, Unesp e Unicamp. O programa foi mediado pela jornalista Sabine Righetti. Gabriela Ferro, 22, aluna de geografia da USP e membro do DCE (Diretório Central de Estudantes) da universidade defendeu a ação grevista e as reivindicações salariais para docentes e funcionários. O movimento pede 12,3% de reajuste; as universidades propõem 3%. Do outro lado, Felipe Lintz, 21, aluno de geografia da Unesp de Rio Claro, que faz parte do Movimento Livre, disse que paralisações e "trancaços" das universidades públicas ferem o direito de ir e vir dos alunos, funcionários e estudantes. Para ele, há coação para adesão à greve. A iniciativa "Livre" foi criada recentemente nas três universidades estaduais paulistas como uma resposta ao movimento estudantil tradicional.
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Usar celular demais pode causar dor e problemas ortopédicos
A estudante Beatriz Carvalho, 14, sentia muitas dores nas costas. Suspeitando de escoliose ou algo do tipo, procurou por um ortopedista. A causa de tanto transtorno? O uso intensivo do aparelho celular. Ao digitar no celular, geralmente abaixamos a cabeça e tensionamos os ombros e braços para segurar o aparelho. Um estudo publicado no periódico "Surgical Technology International" avaliou a tensão na coluna cervical -região do pescoço- conforme a inclinação da cabeça. Dores Tecnológicas Em posição neutra, a cabeça de um adulto pesa entre 4,5 kg e 5,4 kg. À medida que a cabeça se inclina para baixo, o pescoço passa a sustentar cada vez mais peso. Quando a cabeça está inclinada 15º, por exemplo, o pescoço tem que suportar 12 kg. Quando a inclinação é de 30º, o pescoço tem que suportar cerca de 18 kg e quando a inclinação é de 60º, o pescoço suporta 27 kg, seis vezes mais do que o peso real da cabeça. "Os músculos [da região do pescoço e dos ombros] ficam contraídos e pouco oxigenados. Isso traz dor e sensação de formigamento e queimação", diz a médica Liliana Jorge, do Hospital Israelita Albert Einstein. Além das dores, existe o risco do surgimento de lesões mais sérias. "A gente sabe de casos de pessoas que passaram muito tempo da vida com o pescoço inclinado e desenvolveram artrose", diz Liliana. "Colocar a cabeça para baixo aumenta a cifose -curvatura- torácica. Esse desvio do eixo da coluna para frente sobrecarrega a lombar, uma região que tende ao desgaste com o passar do tempo", diz Christina May De Brito, coordenadora do Centro Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês. Há ainda o problema de ficar o dia inteiro digitando. "As pessoas passam horas navegando e sentem dores que são causadas por movimentos de repetição", diz Paulo Renato Fonseca, médico especialista em dor. COMO VELHINHOS "Passo o dia todo no celular. Acho que fico umas 10 horas por dia, no mínimo", diz a estudante Sabrina Ghetti, 15. "A gente acaba se curvando e nem percebe, parecemos uns velhinhos", diz. Beatriz também diz conseguir ficar longe do celular. "Quando não estou nele, estou pensando no que está acontecendo de bom nele. Muitas vezes não acontece nada, mas continuo olhando", diz Beatriz. Sabrina conta que, quando as dores estão fortes, ela se espreguiça e tenta fazer algum tipo de alongamento, mas reconhece que a correção da postura não dura muito tempo -e a dor retorna. A recomendação geral de todos especialistas ouvidos pela Folha foi a de diminuir o uso do celular. "Mesmo se você corrigir a postura, o estrago pelo tempo que você passou digitando já foi feito", diz a médica Liliana Jorge. O ortopedista procurado pela Beatriz chegou a prescrever um mês sem celular. Mas a estudante nem cogitou a possibilidade. "Nem tentei [ficar sem celular], mas comecei a fazer natação, porque o médico disse que ajudaria na dor", diz ela. Como ficar sem o celular não é opção para muitas pessoas além de Beatriz, os médicos recomendam alguns cuidados: elevar o aparelho de modo que o centro da tela fique na altura dos olhos e, assim, não abaixar tanto a cabeça, e apoiar braços e antebraços para que não fiquem sobrecarregados. Além disso, exercícios para fortalecimento dos músculos, como ioga, pilates ou até mesmo a tradicional musculação, podem ajudar. O médico Luiz Fernando Cocco, coordenador de ortopedia do Hospital Samaritano, também recomenda pausas de 15 minutos cada vez que o usuário passar mais de 40 minutos mexendo no celular.
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Usar celular demais pode causar dor e problemas ortopédicosA estudante Beatriz Carvalho, 14, sentia muitas dores nas costas. Suspeitando de escoliose ou algo do tipo, procurou por um ortopedista. A causa de tanto transtorno? O uso intensivo do aparelho celular. Ao digitar no celular, geralmente abaixamos a cabeça e tensionamos os ombros e braços para segurar o aparelho. Um estudo publicado no periódico "Surgical Technology International" avaliou a tensão na coluna cervical -região do pescoço- conforme a inclinação da cabeça. Dores Tecnológicas Em posição neutra, a cabeça de um adulto pesa entre 4,5 kg e 5,4 kg. À medida que a cabeça se inclina para baixo, o pescoço passa a sustentar cada vez mais peso. Quando a cabeça está inclinada 15º, por exemplo, o pescoço tem que suportar 12 kg. Quando a inclinação é de 30º, o pescoço tem que suportar cerca de 18 kg e quando a inclinação é de 60º, o pescoço suporta 27 kg, seis vezes mais do que o peso real da cabeça. "Os músculos [da região do pescoço e dos ombros] ficam contraídos e pouco oxigenados. Isso traz dor e sensação de formigamento e queimação", diz a médica Liliana Jorge, do Hospital Israelita Albert Einstein. Além das dores, existe o risco do surgimento de lesões mais sérias. "A gente sabe de casos de pessoas que passaram muito tempo da vida com o pescoço inclinado e desenvolveram artrose", diz Liliana. "Colocar a cabeça para baixo aumenta a cifose -curvatura- torácica. Esse desvio do eixo da coluna para frente sobrecarrega a lombar, uma região que tende ao desgaste com o passar do tempo", diz Christina May De Brito, coordenadora do Centro Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês. Há ainda o problema de ficar o dia inteiro digitando. "As pessoas passam horas navegando e sentem dores que são causadas por movimentos de repetição", diz Paulo Renato Fonseca, médico especialista em dor. COMO VELHINHOS "Passo o dia todo no celular. Acho que fico umas 10 horas por dia, no mínimo", diz a estudante Sabrina Ghetti, 15. "A gente acaba se curvando e nem percebe, parecemos uns velhinhos", diz. Beatriz também diz conseguir ficar longe do celular. "Quando não estou nele, estou pensando no que está acontecendo de bom nele. Muitas vezes não acontece nada, mas continuo olhando", diz Beatriz. Sabrina conta que, quando as dores estão fortes, ela se espreguiça e tenta fazer algum tipo de alongamento, mas reconhece que a correção da postura não dura muito tempo -e a dor retorna. A recomendação geral de todos especialistas ouvidos pela Folha foi a de diminuir o uso do celular. "Mesmo se você corrigir a postura, o estrago pelo tempo que você passou digitando já foi feito", diz a médica Liliana Jorge. O ortopedista procurado pela Beatriz chegou a prescrever um mês sem celular. Mas a estudante nem cogitou a possibilidade. "Nem tentei [ficar sem celular], mas comecei a fazer natação, porque o médico disse que ajudaria na dor", diz ela. Como ficar sem o celular não é opção para muitas pessoas além de Beatriz, os médicos recomendam alguns cuidados: elevar o aparelho de modo que o centro da tela fique na altura dos olhos e, assim, não abaixar tanto a cabeça, e apoiar braços e antebraços para que não fiquem sobrecarregados. Além disso, exercícios para fortalecimento dos músculos, como ioga, pilates ou até mesmo a tradicional musculação, podem ajudar. O médico Luiz Fernando Cocco, coordenador de ortopedia do Hospital Samaritano, também recomenda pausas de 15 minutos cada vez que o usuário passar mais de 40 minutos mexendo no celular.
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Estudantes japonesas utilizam celular por sete horas ao dia, diz pesquisa
As estudantes do ensino médio no Japão utilizam o telefone celular por sete horas em média ao dia, e em quase 10% dos casos o número alcança 15 horas diárias, segundo um estudo divulgado na segunda-feira (10). Os resultados da pesquisa coincidem com a crescente preocupação no Japão sobre o vício dos jovens na tecnologia. De acordo com cientistas chineses, o uso excessivo do telefone celular produz as mesmas mudanças neurológicas que o vício em bebidas alcoólicas ou cocaína. Na comparação, os homens na mesma faixa etária utilizam o aparelho por quatro horas ao dia em média, segundo o estudo da empresa Digital Arts. Os adolescentes utilizam os telefones para acessar os serviços de mensagens, as redes sociais e jogos. De acordo com a pesquisa, 96% dos estudantes do ensino secundário japonês têm telefone celular. No ensino primário, o número cai para 60%. A pesquisa foi realizada pela internet com 618 jovens de todo o Japão.
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Estudantes japonesas utilizam celular por sete horas ao dia, diz pesquisaAs estudantes do ensino médio no Japão utilizam o telefone celular por sete horas em média ao dia, e em quase 10% dos casos o número alcança 15 horas diárias, segundo um estudo divulgado na segunda-feira (10). Os resultados da pesquisa coincidem com a crescente preocupação no Japão sobre o vício dos jovens na tecnologia. De acordo com cientistas chineses, o uso excessivo do telefone celular produz as mesmas mudanças neurológicas que o vício em bebidas alcoólicas ou cocaína. Na comparação, os homens na mesma faixa etária utilizam o aparelho por quatro horas ao dia em média, segundo o estudo da empresa Digital Arts. Os adolescentes utilizam os telefones para acessar os serviços de mensagens, as redes sociais e jogos. De acordo com a pesquisa, 96% dos estudantes do ensino secundário japonês têm telefone celular. No ensino primário, o número cai para 60%. A pesquisa foi realizada pela internet com 618 jovens de todo o Japão.
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Leia um trecho de "Estação Perdido", de China Miéville
SOBRE O TEXTO Este fragmento faz parte do primeiro tomo da trilogia de Bas-Lag –planeta em que diferentes espécies com habilidades especiais convivem sob rígida hierarquia. No romance de Miéville, um dos principais nomes da fantasia hoje, o cientista Isaac divide seu tempo entre uma pesquisa pouco ortodoxa e sua paixão secreta por Lin. O livro sai pela Boitempo em julho. Uma janela se escancarou muito acima da feira. Uma cesta saiu voando de lá, traçando um arco em direção à multidão distraída. A cesta sofreu um espasmo em pleno ar, depois rodopiou e continuou sua trajetória rumo ao solo, só que num ritmo mais lento, irregular. Dançando precariamente durante a descida, sua trama de metal se prendeu e se arrastou pela áspera cobertura do edifício. Roçou a parede, fazendo com que um pouco da tinta e do pó de concreto caísse no chão antes dela. O sol reluzia por entre nuvens assimétricas com uma luz cinza e brilhante. Embaixo da cesta, as barracas e os barris formavam um quadro que lembrava um derramamento descuidado. A cidade fedia. Mas era dia de mercado no Buraco da Galantina, e o cheiro pungente de estrume e comida podre que pairava sobre Nova Crobuzon era, naquelas ruas, naquele horário, aprimorado por pápricas e tomates frescos, óleo fervente e canela, carne seca, banana e cebola. As barracas de comida se estendiam ao longo da bagunça que era a Rua Shadrach. Livros, manuscritos e imagens enchiam a Passagem Selchit, uma avenida de figueiras desordenadas com rachaduras no concreto ao leste. Ao sul, produtos de cerâmica se espalhavam estrada abaixo até a Quartelaria; peças de motor a oeste; brinquedos descendo por um lado da rua; roupas entre outras duas; e incontáveis artigos preenchendo todos os becos. As fileiras de itens convergiam tortas para o Buraco da Galantina como eixos de uma roda quebrada. No Buraco propriamente dito, todas as distinções se acabavam. À sombra de paredes velhas e torres instáveis havia uma pilha de engrenagens, uma mesa bamba com porcelana quebrada e ornamentos toscos de argila, uma caixa de livros científicos mofando. Antiguidades, sexo, pó para matar pulgas. Por entre as barracas caminhavam constructos a vapor. Mendigos discutiam nas entranhas de prédios abandonados. Membros de estranhas raças compravam coisas peculiares. O Bazar da Galantina, uma bagunça estrondosa de artigos, sujeira e conferentes contando carga. Reinava a lei mercantil: o comprador que se cuidasse. O feirante que estava debaixo da cesta em queda livre olhou para o alto, para a luz do sol que batia direto em seus olhos e para a chuva de partículas de tijolo. Limpou os olhos. Pegou o objeto esfarrapado no ar, acima de sua cabeça, puxando a corda que o segurava até ela afrouxar em sua mão. Dentro da cesta havia um siclo de bronze e um bilhete escrito em um itálico ornamentado, cuidadoso. O vendedor de alimentos coçava o nariz enquanto lia o papel. Começou a mexer nas pilhas de produtos à sua frente, colocou ovos, frutas e tubérculos dentro do recipiente, sempre conferindo a lista. Parou e voltou a ler um dos itens, então deu um sorriso lascivo e cortou uma fatia de carne de porco. Quando acabou, enfiou o siclo no bolso e procurou o troco, hesitando ao calcular o custo de entrega e, por fim, depositando quatro tostões ao lado da comida. Limpou as mãos nas calças e refletiu por um minuto, depois rabiscou algo na lista com um toco de carvão e jogou o bilhete, junto com as moedas. Puxou a corda três vezes e a cesta iniciou uma jornada balouçante pelo ar. Subiu acima dos telhados mais baixos dos prédios ao redor, alavancada pelo barulho. Deu um susto nas gralhas empoleiradas no andar abandonado e inscreveu na parede mais uma trilha, no meio de tantas, antes de voltar a desaparecer para dentro da janela da qual havia emergido. Isaac Dan der Grimnebulin havia acabado de perceber que estava sonhando. Ficara terrivelmente incomodado ao se encontrar mais uma vez trabalhando na universidade, desfilando em frente a um enorme quadro-negro coberto por representações vagas de alavancas, forças e tensões. Introdução à ciência dos materiais. Isaac já estava havia algum tempo encarando a classe ansioso quando aquele desgraçado ensebado do Vermishank enfiara a cabeça para dentro da sala. – Não consigo dar aula –Isaac sussurrou alto. –A feira está barulhenta demais– fez um gesto em direção à janela. – Tudo bem –o tom de Vermishank era odioso e tranquilizador. –Está na hora do café da manhã –disse. –Isso vai distrair sua mente do barulho. E, ao ouvir tamanho absurdo, Isaac acordou com imenso alívio. Os palavrões bem gritados do bazar e o cheiro de comida penetraram o dia junto com ele. Ficou deitado, completamente esparramado na cama, sem abrir os olhos. Ouviu Lin caminhar pelo quarto e sentiu o gemido leve das tábuas do piso. O sótão estava cheio de uma fumaça pungente. Isaac salivou. Lin bateu palmas duas vezes. Ela sabia quando Isaac acordava. Provavelmente porque fechava a boca, pensou ele, e riu sem abrir os olhos. CHINA MIÉVILLE, 43, escritor britânico, autor do romance "A Cidade e a Cidade" (Boitempo). JOSÉ BALTAZAR PEREIRA JUNIOR, 43, é tradutor. FÁBIO FERNANDES, 49, é tradutor, responsável por trazer ao português livros como "Laranja Mecânica" (Aleph). DEA LELLIS, 32, é ilustradora e tem uma loja de biscoitos artesanais, a Cias. do Chá.
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Leia um trecho de "Estação Perdido", de China MiévilleSOBRE O TEXTO Este fragmento faz parte do primeiro tomo da trilogia de Bas-Lag –planeta em que diferentes espécies com habilidades especiais convivem sob rígida hierarquia. No romance de Miéville, um dos principais nomes da fantasia hoje, o cientista Isaac divide seu tempo entre uma pesquisa pouco ortodoxa e sua paixão secreta por Lin. O livro sai pela Boitempo em julho. Uma janela se escancarou muito acima da feira. Uma cesta saiu voando de lá, traçando um arco em direção à multidão distraída. A cesta sofreu um espasmo em pleno ar, depois rodopiou e continuou sua trajetória rumo ao solo, só que num ritmo mais lento, irregular. Dançando precariamente durante a descida, sua trama de metal se prendeu e se arrastou pela áspera cobertura do edifício. Roçou a parede, fazendo com que um pouco da tinta e do pó de concreto caísse no chão antes dela. O sol reluzia por entre nuvens assimétricas com uma luz cinza e brilhante. Embaixo da cesta, as barracas e os barris formavam um quadro que lembrava um derramamento descuidado. A cidade fedia. Mas era dia de mercado no Buraco da Galantina, e o cheiro pungente de estrume e comida podre que pairava sobre Nova Crobuzon era, naquelas ruas, naquele horário, aprimorado por pápricas e tomates frescos, óleo fervente e canela, carne seca, banana e cebola. As barracas de comida se estendiam ao longo da bagunça que era a Rua Shadrach. Livros, manuscritos e imagens enchiam a Passagem Selchit, uma avenida de figueiras desordenadas com rachaduras no concreto ao leste. Ao sul, produtos de cerâmica se espalhavam estrada abaixo até a Quartelaria; peças de motor a oeste; brinquedos descendo por um lado da rua; roupas entre outras duas; e incontáveis artigos preenchendo todos os becos. As fileiras de itens convergiam tortas para o Buraco da Galantina como eixos de uma roda quebrada. No Buraco propriamente dito, todas as distinções se acabavam. À sombra de paredes velhas e torres instáveis havia uma pilha de engrenagens, uma mesa bamba com porcelana quebrada e ornamentos toscos de argila, uma caixa de livros científicos mofando. Antiguidades, sexo, pó para matar pulgas. Por entre as barracas caminhavam constructos a vapor. Mendigos discutiam nas entranhas de prédios abandonados. Membros de estranhas raças compravam coisas peculiares. O Bazar da Galantina, uma bagunça estrondosa de artigos, sujeira e conferentes contando carga. Reinava a lei mercantil: o comprador que se cuidasse. O feirante que estava debaixo da cesta em queda livre olhou para o alto, para a luz do sol que batia direto em seus olhos e para a chuva de partículas de tijolo. Limpou os olhos. Pegou o objeto esfarrapado no ar, acima de sua cabeça, puxando a corda que o segurava até ela afrouxar em sua mão. Dentro da cesta havia um siclo de bronze e um bilhete escrito em um itálico ornamentado, cuidadoso. O vendedor de alimentos coçava o nariz enquanto lia o papel. Começou a mexer nas pilhas de produtos à sua frente, colocou ovos, frutas e tubérculos dentro do recipiente, sempre conferindo a lista. Parou e voltou a ler um dos itens, então deu um sorriso lascivo e cortou uma fatia de carne de porco. Quando acabou, enfiou o siclo no bolso e procurou o troco, hesitando ao calcular o custo de entrega e, por fim, depositando quatro tostões ao lado da comida. Limpou as mãos nas calças e refletiu por um minuto, depois rabiscou algo na lista com um toco de carvão e jogou o bilhete, junto com as moedas. Puxou a corda três vezes e a cesta iniciou uma jornada balouçante pelo ar. Subiu acima dos telhados mais baixos dos prédios ao redor, alavancada pelo barulho. Deu um susto nas gralhas empoleiradas no andar abandonado e inscreveu na parede mais uma trilha, no meio de tantas, antes de voltar a desaparecer para dentro da janela da qual havia emergido. Isaac Dan der Grimnebulin havia acabado de perceber que estava sonhando. Ficara terrivelmente incomodado ao se encontrar mais uma vez trabalhando na universidade, desfilando em frente a um enorme quadro-negro coberto por representações vagas de alavancas, forças e tensões. Introdução à ciência dos materiais. Isaac já estava havia algum tempo encarando a classe ansioso quando aquele desgraçado ensebado do Vermishank enfiara a cabeça para dentro da sala. – Não consigo dar aula –Isaac sussurrou alto. –A feira está barulhenta demais– fez um gesto em direção à janela. – Tudo bem –o tom de Vermishank era odioso e tranquilizador. –Está na hora do café da manhã –disse. –Isso vai distrair sua mente do barulho. E, ao ouvir tamanho absurdo, Isaac acordou com imenso alívio. Os palavrões bem gritados do bazar e o cheiro de comida penetraram o dia junto com ele. Ficou deitado, completamente esparramado na cama, sem abrir os olhos. Ouviu Lin caminhar pelo quarto e sentiu o gemido leve das tábuas do piso. O sótão estava cheio de uma fumaça pungente. Isaac salivou. Lin bateu palmas duas vezes. Ela sabia quando Isaac acordava. Provavelmente porque fechava a boca, pensou ele, e riu sem abrir os olhos. CHINA MIÉVILLE, 43, escritor britânico, autor do romance "A Cidade e a Cidade" (Boitempo). JOSÉ BALTAZAR PEREIRA JUNIOR, 43, é tradutor. FÁBIO FERNANDES, 49, é tradutor, responsável por trazer ao português livros como "Laranja Mecânica" (Aleph). DEA LELLIS, 32, é ilustradora e tem uma loja de biscoitos artesanais, a Cias. do Chá.
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Pezão foi condenado a viver sua própria ruína
Tendo vivido o esplendor da ilusão cabralina, quando foi secretário de Obras e vice-governador, Luiz Fernando Pezão está condenado a viver sua própria ruína. Aquele teleférico do morro do Alemão, que foi inaugurado duas vezes, está parado. (Ele se entristecia quando era exposto o ridículo das duas inaugurações.) A política de segurança do xerife José Mariano Beltrame ruiu, as contas públicas jogaram o governador para a condição de pedinte e os cidadãos a um período de decadência jamais visto. Sérgio Cabral está em Bangu, decidindo entre uma cana de 40 anos e a possibilidade de colaborar com a Viúva, cuja bolsa repetidamente assaltou. O coral dos poderosos da ilusão cabralina já tem dois doleiros, um ex-presidente do Tribunal de Contas, seu filho, e mais gente na fila. Pezão está na situação dos hierarcas do stalinismo que moravam num imponente edifício perto do Kremlin. À noite, quando o elevador fazia barulho, os comissários acordavam temendo que tivessem vindo buscá-los. A administração do Rio está parada. Fica a impressão de que só dois gabinetes funcionam: o do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, e o do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça. Um encanou Cabral. O outro ouviu a melodia da colaboração de Jonas Lopes e de seu filho. O doutor Jonas presidiu o Tribunal de Contas do Estado e sua cantoria resultou na prisão de cinco conselheiros. (Em tempo, não se deveriam chamar essas comissões de contas de "tribunal", pois não o são.) Admitindo-se que Pezão tenha sido secretário de Obras e vice de Cabral sem ter desconfiado de nada, nem dos cortes de seus ternos Ermenegildo Zegna "su misura", Jonas e seu filho jogaram o governador na frigideira. O pai contou que em 2013 Pezão mediou em sua casa uma acalorada discussão para definir o rachuncho das propinas. Num lance, em 2015, cada felizardo receberia R$ 60 mil mensais. Noutro, mordiam a comida dos presidiários. Jonas Filho diz ter ouvido que parte do dinheiro mandado aos conselheiros foi desviada para atender despesas pessoais de Pezão. Coisa de R$ 900 mil. Nesse aspecto a suspeita é a um só tempo frágil e meritória. Frágil, porque nasce de um "ouvir dizer". Meritória porque se Pezão recebesse apenas R$ 900 mil para cobrir despesas pessoais, seria um anacoreta na corte de Sérgio, o Magnífico. O capilé de R$ 900 mil teria sido revelado a Jonas por Marcelo Santos Amorim, o Marcelinho, subsecretário de Comunicação do governador. Ele estava no lote de celebridades estaduais levadas para a Polícia Federal na semana passada. Se a história do capilé é ou não verdadeira, só Marcelinho poderá dizer. De qualquer forma ele terá algo a contar sobre o milagre da comunicação de Pezão, que navegava num Estado falido com a pose dos canoeiros de Oxford. Pezão e Marcelinho negam que tenham praticado qualquer malfeito e queixam-se da falta de acesso às narrativas de quem os acusa. Graças ao juiz Bretas e ao ministro Fischer, a administração do Rio de Janeiro pode garantir ao detento Sérgio Cabral que ficou mais difícil roubar em cima das verbas de alimentação do presidiários.
colunas
Pezão foi condenado a viver sua própria ruínaTendo vivido o esplendor da ilusão cabralina, quando foi secretário de Obras e vice-governador, Luiz Fernando Pezão está condenado a viver sua própria ruína. Aquele teleférico do morro do Alemão, que foi inaugurado duas vezes, está parado. (Ele se entristecia quando era exposto o ridículo das duas inaugurações.) A política de segurança do xerife José Mariano Beltrame ruiu, as contas públicas jogaram o governador para a condição de pedinte e os cidadãos a um período de decadência jamais visto. Sérgio Cabral está em Bangu, decidindo entre uma cana de 40 anos e a possibilidade de colaborar com a Viúva, cuja bolsa repetidamente assaltou. O coral dos poderosos da ilusão cabralina já tem dois doleiros, um ex-presidente do Tribunal de Contas, seu filho, e mais gente na fila. Pezão está na situação dos hierarcas do stalinismo que moravam num imponente edifício perto do Kremlin. À noite, quando o elevador fazia barulho, os comissários acordavam temendo que tivessem vindo buscá-los. A administração do Rio está parada. Fica a impressão de que só dois gabinetes funcionam: o do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, e o do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça. Um encanou Cabral. O outro ouviu a melodia da colaboração de Jonas Lopes e de seu filho. O doutor Jonas presidiu o Tribunal de Contas do Estado e sua cantoria resultou na prisão de cinco conselheiros. (Em tempo, não se deveriam chamar essas comissões de contas de "tribunal", pois não o são.) Admitindo-se que Pezão tenha sido secretário de Obras e vice de Cabral sem ter desconfiado de nada, nem dos cortes de seus ternos Ermenegildo Zegna "su misura", Jonas e seu filho jogaram o governador na frigideira. O pai contou que em 2013 Pezão mediou em sua casa uma acalorada discussão para definir o rachuncho das propinas. Num lance, em 2015, cada felizardo receberia R$ 60 mil mensais. Noutro, mordiam a comida dos presidiários. Jonas Filho diz ter ouvido que parte do dinheiro mandado aos conselheiros foi desviada para atender despesas pessoais de Pezão. Coisa de R$ 900 mil. Nesse aspecto a suspeita é a um só tempo frágil e meritória. Frágil, porque nasce de um "ouvir dizer". Meritória porque se Pezão recebesse apenas R$ 900 mil para cobrir despesas pessoais, seria um anacoreta na corte de Sérgio, o Magnífico. O capilé de R$ 900 mil teria sido revelado a Jonas por Marcelo Santos Amorim, o Marcelinho, subsecretário de Comunicação do governador. Ele estava no lote de celebridades estaduais levadas para a Polícia Federal na semana passada. Se a história do capilé é ou não verdadeira, só Marcelinho poderá dizer. De qualquer forma ele terá algo a contar sobre o milagre da comunicação de Pezão, que navegava num Estado falido com a pose dos canoeiros de Oxford. Pezão e Marcelinho negam que tenham praticado qualquer malfeito e queixam-se da falta de acesso às narrativas de quem os acusa. Graças ao juiz Bretas e ao ministro Fischer, a administração do Rio de Janeiro pode garantir ao detento Sérgio Cabral que ficou mais difícil roubar em cima das verbas de alimentação do presidiários.
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Nadadora vietnamita que teve pólio sai de zona rural para conhecer o mundo
Aos três anos de idade, Trịnh Thị Bich Nhu teve pólio e perdeu a habilidade de caminhar. Tudo indicava que ela teria uma vida de confinamento em sua aldeia rural no Vietnã. Isso até ela descobrir a natação. O esporte mudou a vida da vietnamita de 31 anos, que se tornou atleta paralímpica e viajou o mundo, fazendo amigos e vivendo uma vida que muitos julgavam impossível. Na série Winners, seis mulheres ao redor do mundo contam histórias de como superaram expectativas por meio do esporte. Clique para assistir ao vídeo
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Nadadora vietnamita que teve pólio sai de zona rural para conhecer o mundoAos três anos de idade, Trịnh Thị Bich Nhu teve pólio e perdeu a habilidade de caminhar. Tudo indicava que ela teria uma vida de confinamento em sua aldeia rural no Vietnã. Isso até ela descobrir a natação. O esporte mudou a vida da vietnamita de 31 anos, que se tornou atleta paralímpica e viajou o mundo, fazendo amigos e vivendo uma vida que muitos julgavam impossível. Na série Winners, seis mulheres ao redor do mundo contam histórias de como superaram expectativas por meio do esporte. Clique para assistir ao vídeo
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Bolt visitará médico da seleção alemã de futebol para tratar lesão
FÁBIO ALEIXO E FELIPE VITA Do UOL, EM KINGSTON (JAM) Usain Bolt viajará nos próximos dias para a Europa para avaliar o progresso da lesão que sofreu na coxa esquerda durante a seletiva jamaicana de atletismo e dar sequência ao tratamento para estar apto para disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Segundo o jornal Jamaica Gleaner, o velocista estará com seu médico particular de confiança, o alemão Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, que já o tratou e maio deste ano quando ele acusou uma lesão também na coxa após sua estreia na temporada em uma competição nas Ilhas Cayman. O que não está certo é se Bolt viajará para Berlim ou para a França. Isso porque Wohlfahrt é o médico da seleção alemã de futebol, que disputa a Eurocopa. Se a Alemanha for eliminada pela Itália no jogo deste sábado das quartas de final, então o velocista seguirá para a capital alemã. Caso contrário, seguirá para Paris. Após abandonar a seletiva, Bolt já postou uma foto em suas redes sociais mostrando que havia iniciado um trabalho de recuperação na coxa sob supervisão o médico da Associação Jamaicana de Atletismo (JAAA). Bolt Depois da consulta com o Wohlfahrt, Bolt deverá seguir na Europa, uma vez que no dia 22 está inscrito para a disputa dos 200 m rasos na etapa de Londres da Liga de Diamante. Participar desta competição poderá ser fundamental para provar que está recuperado e terá condições de disputar a Olimpíada. Bolt não correu a distância neste ano, mas isso pode não ser um empecilho para sua participação nesta distância nos Jogos do Rio. Isso porque ele tem o índice por ter feito 19s55 no Mundial de Pequim em agosto do ano passado. A competição já estava na janela de classificação olímpica, que começou em 1º de maio de 2015 e vai até o próximo dia 11. Isso lhe garante o topo do ranking no período. Ainda assim, ele precisará contar com uma permissão especial dada pela JAAA após análise de atestados e exames médicos. Nos 100 m a situação é igual. Bolt tem o segundo melhor tempo do ano e está apto a receber esta licença estabelecida nas regras da entidade.
esporte
Bolt visitará médico da seleção alemã de futebol para tratar lesão FÁBIO ALEIXO E FELIPE VITA Do UOL, EM KINGSTON (JAM) Usain Bolt viajará nos próximos dias para a Europa para avaliar o progresso da lesão que sofreu na coxa esquerda durante a seletiva jamaicana de atletismo e dar sequência ao tratamento para estar apto para disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Segundo o jornal Jamaica Gleaner, o velocista estará com seu médico particular de confiança, o alemão Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, que já o tratou e maio deste ano quando ele acusou uma lesão também na coxa após sua estreia na temporada em uma competição nas Ilhas Cayman. O que não está certo é se Bolt viajará para Berlim ou para a França. Isso porque Wohlfahrt é o médico da seleção alemã de futebol, que disputa a Eurocopa. Se a Alemanha for eliminada pela Itália no jogo deste sábado das quartas de final, então o velocista seguirá para a capital alemã. Caso contrário, seguirá para Paris. Após abandonar a seletiva, Bolt já postou uma foto em suas redes sociais mostrando que havia iniciado um trabalho de recuperação na coxa sob supervisão o médico da Associação Jamaicana de Atletismo (JAAA). Bolt Depois da consulta com o Wohlfahrt, Bolt deverá seguir na Europa, uma vez que no dia 22 está inscrito para a disputa dos 200 m rasos na etapa de Londres da Liga de Diamante. Participar desta competição poderá ser fundamental para provar que está recuperado e terá condições de disputar a Olimpíada. Bolt não correu a distância neste ano, mas isso pode não ser um empecilho para sua participação nesta distância nos Jogos do Rio. Isso porque ele tem o índice por ter feito 19s55 no Mundial de Pequim em agosto do ano passado. A competição já estava na janela de classificação olímpica, que começou em 1º de maio de 2015 e vai até o próximo dia 11. Isso lhe garante o topo do ranking no período. Ainda assim, ele precisará contar com uma permissão especial dada pela JAAA após análise de atestados e exames médicos. Nos 100 m a situação é igual. Bolt tem o segundo melhor tempo do ano e está apto a receber esta licença estabelecida nas regras da entidade.
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Gestores buscam na neurociência novas formas de conduzir a equipe
Gestores estão buscando no cérebro estratégias para conduzir, de forma mais eficiente, a própria equipe. Atentas a essa demanda, escolas de negócios criaram cursos de pós-graduação onde as mais recentes descobertas da neurociência são aplicadas na gestão de pessoas. É o caso do curso de pós-graduação neurociência e o futuro sustentado de pessoas e organizações, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Nas aulas, que começam em março e se estenderão por 21 meses, o gestor estudará anatomia cerebral e fará simulação da reação que um comando mal dado gera na equipe, diz a neurocientista Carla Tieppo, que coordena o curso. "O aluno vai aprender a gênese do comportamento. E, a partir daí, deve conseguir montar melhor o seu time, sabendo em qual departamento cada funcionário pode contribuir mais", diz Tieppo. Pos graduação É essa formação que o consultor de RH Fábio Oliveira, 35, vai buscar na pós da Santa Casa. "O RH se orienta por dados, mas por trás dos números há pessoas. A neurociência dá uma visão mais holística sobre gestão", afirma. A proposta do neurobusiness, pós-MBA da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, é tornar a gestão de pessoas mais prática, diz o coordenador Robson Gonçalves. "A neurociência só está desvendando, de forma mais clara, os processos. E como eles podem ser controlados." Um exemplo: se um líder dá muitas tarefas para um funcionário só, a tendência é que haja procrastinação. "O cérebro perde a percepção de tempo no futuro. Dê poucas tarefas, cobre por elas e elogie quando o trabalho for bem feito", diz Gonçalves. AMBIENTE HOSTIL Para Claudia Feitosa-Santana, pós-doutora em neurociência, da Universidade de Chicago (EUA), o uso da área na gestão de pessoas é tendência. "A chefia tem buscado antídotos contra comandos nocivos", diz. Um líder, afirma Feitosa-Santana, gera um ambiente hostil quando não mantém uma comunicação clara, não divide tarefas, não propõe desafios viáveis e tampouco é transparente, diz. "O gestor, em geral, observa pouco o seu time e a si próprio. A neurociência pode ajudar a tirar esse véu." * ONDE ESTUDAR NEUROBUSINESS MODALIDADE pós-MBA ONDE FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) DURAÇÃO 120 horas QUANTO até 30. Jan, R$ 13.925; a partir de 31.jan, R$ 14.587, à vista NEUROCIÊNCIA E O FUTURO SUSTENTADO DE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES MODALIDADE MBA ONDE Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo DURAÇÃO 21 meses QUANTO R$ 28.980, à vista
educacao
Gestores buscam na neurociência novas formas de conduzir a equipeGestores estão buscando no cérebro estratégias para conduzir, de forma mais eficiente, a própria equipe. Atentas a essa demanda, escolas de negócios criaram cursos de pós-graduação onde as mais recentes descobertas da neurociência são aplicadas na gestão de pessoas. É o caso do curso de pós-graduação neurociência e o futuro sustentado de pessoas e organizações, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Nas aulas, que começam em março e se estenderão por 21 meses, o gestor estudará anatomia cerebral e fará simulação da reação que um comando mal dado gera na equipe, diz a neurocientista Carla Tieppo, que coordena o curso. "O aluno vai aprender a gênese do comportamento. E, a partir daí, deve conseguir montar melhor o seu time, sabendo em qual departamento cada funcionário pode contribuir mais", diz Tieppo. Pos graduação É essa formação que o consultor de RH Fábio Oliveira, 35, vai buscar na pós da Santa Casa. "O RH se orienta por dados, mas por trás dos números há pessoas. A neurociência dá uma visão mais holística sobre gestão", afirma. A proposta do neurobusiness, pós-MBA da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, é tornar a gestão de pessoas mais prática, diz o coordenador Robson Gonçalves. "A neurociência só está desvendando, de forma mais clara, os processos. E como eles podem ser controlados." Um exemplo: se um líder dá muitas tarefas para um funcionário só, a tendência é que haja procrastinação. "O cérebro perde a percepção de tempo no futuro. Dê poucas tarefas, cobre por elas e elogie quando o trabalho for bem feito", diz Gonçalves. AMBIENTE HOSTIL Para Claudia Feitosa-Santana, pós-doutora em neurociência, da Universidade de Chicago (EUA), o uso da área na gestão de pessoas é tendência. "A chefia tem buscado antídotos contra comandos nocivos", diz. Um líder, afirma Feitosa-Santana, gera um ambiente hostil quando não mantém uma comunicação clara, não divide tarefas, não propõe desafios viáveis e tampouco é transparente, diz. "O gestor, em geral, observa pouco o seu time e a si próprio. A neurociência pode ajudar a tirar esse véu." * ONDE ESTUDAR NEUROBUSINESS MODALIDADE pós-MBA ONDE FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) DURAÇÃO 120 horas QUANTO até 30. Jan, R$ 13.925; a partir de 31.jan, R$ 14.587, à vista NEUROCIÊNCIA E O FUTURO SUSTENTADO DE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES MODALIDADE MBA ONDE Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo DURAÇÃO 21 meses QUANTO R$ 28.980, à vista
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Turma do Bem realiza triagem odontológica com 65 mil jovens
A boliviana Gimena Rivera, 29, não quis esperar meses para o filho e o sobrinho serem atendidos por um dentista em um serviço público perto de sua casa, na zona norte de São Paulo. "Meu filho tem cáries e precisa usar aparelho. Depois de ir ao hospital, levei ao dentista particular para tratar as cáries, mas o aparelho é muito caro", disse a costureira. O caso da família de Gimena foi um dos mais de 300 atendimentos realizados no vão livre do Masp, na quarta megatriagem odontológica realizada pela Turma do Bem simultaneamente em mais de 300 municípios do Brasil e da América Latina, na quinta-feira (28), e que atendeu mais de 65 mil jovens, segundo estimativa da organização. A Oscip, fundada por Fábio Bibancos, vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2006, leva atendimento gratuito odontológico a jovens carentes. O prêmio Empreendedor Social está com as inscrições abertas até 15 de maio; participe Os gradis montados organizavam a fila, onde Gimena aguardou por volta de 15 minutos para ser atendida. Música e balões animavam a triagem, mesmo com o frio de início de outono que ficava mais intenso com o vento constante da região. O caso de Johnn Brando, 11, filho de Gimena, é o exemplo dos problemas mais recorrentes dos atendimentos, como explicou o dentista voluntário Daniel Bellacosa, que participava da segunda megatriagem. "O evento mostra bem a realidade da saúde bucal do país, como cáries e doenças na gengiva ainda na infância, o que não deveria ser comum, além da necessidade do aparelho", contou. Formado há três anos, dois deles na organização, o dentista compartilha sua empatia pela causa. "Não tive uma infância com muitos recursos. Fui pela primeira vez ao consultório dentário com 12 anos." RETORNO Auxiliar de dentista, Gustavo Aquino também tinha cáries e se lembra dos dentes tortos. "Na escola, era zoeira. Me chamavam de dentução", relatou ele, também voluntário da Turma do Bem. Depois de passar pela Oscip em 2006 como paciente, ele ingressou na faculdade de odontologia. "O tratamento mexe não só com a saúde, mas com o psicológico", diz o universitário de 23 anos que já sofreu na pele a vergonha de um sorriso imperfeito. Agora, ele conta que a autoestima está lá em cima. "Faz bem [ter o sorriso perfeito]. Arrumei alguém até", compartilhou, entre risos, sobre sua namorada. Fundador da organização, Fábio Bibancos foi conferir de perto a megatriagem e suas histórias. "Estou bem emocionado", disse, com os olhos cheios de lágrimas, ao ver a pequena multidão em busca de um serviço essencial. "Nem sonhava com isso quando comecei a Turma do Bem." O empreendedor social falou também das dificuldades de levar adiante um projeto tão importante em meio à crise política e econômica, como 2016. "Está sendo muito difícil não estar nem entre 'coxinhas' nem entre 'mortadelas'", afirmou, sobre atuar em um Brasil dividido. Ele fez questão de ir ao evento em São Paulo. "Queriam que eu fosse para o México, mas eu disse que não, preciso acompanhar a megatriagem da minha cidade." LOGÍSTICA Bibancos viu de perto o desenrolar de um momento muito importante para o trabalho da organização que fundou. Depois de aguardar na fila, crianças e adolescentes, acompanhados de pais ou responsáveis, respondiam a um questionário socioeconômico. Em seguida, era a vez dos dentistas e dos auxiliares examinarem os dentes, com palitos, luvas e muitos "ais" quando os jovens abriam as bocas. Após a triagem, é elaborado um dossiê de cada paciente com a ficha de avaliação, uma cópia do comprovante de residência e a autorização dos pais ou responsáveis para que o tratamento seja realizado. A fase seguinte é a seleção daqueles que serão contemplados com tratamento gratuito. Para chegar aos escolhidos, é aplicado um índice de prioridade, que beneficia jovens mais pobres, com problemas bucais mais graves, e também aqueles um pouco mais velhos, que estejam em busca do primeiro emprego. Cada selecionado receberá uma carta com o nome e o endereço do dentista voluntário que será responsável pelo seu tratamento; para facilitar o acesso, a TdB encaminha o beneficiário para o consultório mais próximo da sua residência. Os dentistas voluntários têm compromisso de continuar a atender em seus próprios consultórios as crianças e os adolescentes selecionados até eles completarem 18 anos. Curativo, preventivo e educativo, o tratamento é totalmente gratuito e completo, incluindo, se necessário, radiografias, ortodontia, próteses e implantes.
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Turma do Bem realiza triagem odontológica com 65 mil jovensA boliviana Gimena Rivera, 29, não quis esperar meses para o filho e o sobrinho serem atendidos por um dentista em um serviço público perto de sua casa, na zona norte de São Paulo. "Meu filho tem cáries e precisa usar aparelho. Depois de ir ao hospital, levei ao dentista particular para tratar as cáries, mas o aparelho é muito caro", disse a costureira. O caso da família de Gimena foi um dos mais de 300 atendimentos realizados no vão livre do Masp, na quarta megatriagem odontológica realizada pela Turma do Bem simultaneamente em mais de 300 municípios do Brasil e da América Latina, na quinta-feira (28), e que atendeu mais de 65 mil jovens, segundo estimativa da organização. A Oscip, fundada por Fábio Bibancos, vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2006, leva atendimento gratuito odontológico a jovens carentes. O prêmio Empreendedor Social está com as inscrições abertas até 15 de maio; participe Os gradis montados organizavam a fila, onde Gimena aguardou por volta de 15 minutos para ser atendida. Música e balões animavam a triagem, mesmo com o frio de início de outono que ficava mais intenso com o vento constante da região. O caso de Johnn Brando, 11, filho de Gimena, é o exemplo dos problemas mais recorrentes dos atendimentos, como explicou o dentista voluntário Daniel Bellacosa, que participava da segunda megatriagem. "O evento mostra bem a realidade da saúde bucal do país, como cáries e doenças na gengiva ainda na infância, o que não deveria ser comum, além da necessidade do aparelho", contou. Formado há três anos, dois deles na organização, o dentista compartilha sua empatia pela causa. "Não tive uma infância com muitos recursos. Fui pela primeira vez ao consultório dentário com 12 anos." RETORNO Auxiliar de dentista, Gustavo Aquino também tinha cáries e se lembra dos dentes tortos. "Na escola, era zoeira. Me chamavam de dentução", relatou ele, também voluntário da Turma do Bem. Depois de passar pela Oscip em 2006 como paciente, ele ingressou na faculdade de odontologia. "O tratamento mexe não só com a saúde, mas com o psicológico", diz o universitário de 23 anos que já sofreu na pele a vergonha de um sorriso imperfeito. Agora, ele conta que a autoestima está lá em cima. "Faz bem [ter o sorriso perfeito]. Arrumei alguém até", compartilhou, entre risos, sobre sua namorada. Fundador da organização, Fábio Bibancos foi conferir de perto a megatriagem e suas histórias. "Estou bem emocionado", disse, com os olhos cheios de lágrimas, ao ver a pequena multidão em busca de um serviço essencial. "Nem sonhava com isso quando comecei a Turma do Bem." O empreendedor social falou também das dificuldades de levar adiante um projeto tão importante em meio à crise política e econômica, como 2016. "Está sendo muito difícil não estar nem entre 'coxinhas' nem entre 'mortadelas'", afirmou, sobre atuar em um Brasil dividido. Ele fez questão de ir ao evento em São Paulo. "Queriam que eu fosse para o México, mas eu disse que não, preciso acompanhar a megatriagem da minha cidade." LOGÍSTICA Bibancos viu de perto o desenrolar de um momento muito importante para o trabalho da organização que fundou. Depois de aguardar na fila, crianças e adolescentes, acompanhados de pais ou responsáveis, respondiam a um questionário socioeconômico. Em seguida, era a vez dos dentistas e dos auxiliares examinarem os dentes, com palitos, luvas e muitos "ais" quando os jovens abriam as bocas. Após a triagem, é elaborado um dossiê de cada paciente com a ficha de avaliação, uma cópia do comprovante de residência e a autorização dos pais ou responsáveis para que o tratamento seja realizado. A fase seguinte é a seleção daqueles que serão contemplados com tratamento gratuito. Para chegar aos escolhidos, é aplicado um índice de prioridade, que beneficia jovens mais pobres, com problemas bucais mais graves, e também aqueles um pouco mais velhos, que estejam em busca do primeiro emprego. Cada selecionado receberá uma carta com o nome e o endereço do dentista voluntário que será responsável pelo seu tratamento; para facilitar o acesso, a TdB encaminha o beneficiário para o consultório mais próximo da sua residência. Os dentistas voluntários têm compromisso de continuar a atender em seus próprios consultórios as crianças e os adolescentes selecionados até eles completarem 18 anos. Curativo, preventivo e educativo, o tratamento é totalmente gratuito e completo, incluindo, se necessário, radiografias, ortodontia, próteses e implantes.
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Leitores comentam relacionamento amoroso de FHC com jornalista
Agora ninguém pode acusar a Folha de tucana. Ao ler sobre o longo affair da jornalista Mirian Dutra com FHC (Ex-namorada diz que empresa ajudou FHC a bancá-la no exterior ), vem à tona mais um desses folhetins picantes com segredos de alcova de nossos mandatários. Casado com Ruth Cardoso, e na Presidência, FHC encontrou tempo para manter um relacionamento com uma jornalista. Até quando tem um patrocinador privado que banca suas estripulias, os políticos tupiniquins provam que são todos iguais. Nosso príncipe da sociologia está mais para Renan do que para Mitterrand. LUIZ THADEU NUNES E SILVA (São Luís, MA) * * Deplorável o depoimento da jornalista Mirian Dutra (Não quero morrer e isso ficar na tumba, afirma jornalista ). Quando participou de adultério, usufruiu das benesses dos poderosos, recebia dinheiro ilegal através de uma empresa, achava tudo normal. Hoje vive na Espanha, seu filho tem um apartamento de 200 mil euro e resolve botar a boca no trombone. Pousar de "Maria arrependida" e se declarar ingênua não expia os seus crimes. No mínimo, ela é conivente e cúmplice. ABDIAS FERREIRA FILHO (São Paulo, SP) * Com a entrevista da Mirian Dutra, é difícil aceitar que Fernando Henrique Cardoso tenha se envolvido com uma pessoa dessa. MUCIO AGNALDO RIBEIRO (Nova Lima, MG) * A Folha, para atenuar a fama de engajamento na campanha anti-Lula, nada como mostrar um "podrinho" de uma figura do PSDB fora do baralho –FHC. EVALDO GÂNDARA BARCELLOS (Santa Rita do Passa Quatro, SP) * O depoimento de Mirian Dutra sobre sua relação com FHC revela e confirma o que Drauzio Varella já disse há tempos em sua coluna nesta Folha: no Brasil, o aborto é livre para quem tem dinheiro. Já passou da hora de acabarmos com mais esta hipocrisia. JOSÉ MARCOS THALENBERG (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Leitores comentam relacionamento amoroso de FHC com jornalistaAgora ninguém pode acusar a Folha de tucana. Ao ler sobre o longo affair da jornalista Mirian Dutra com FHC (Ex-namorada diz que empresa ajudou FHC a bancá-la no exterior ), vem à tona mais um desses folhetins picantes com segredos de alcova de nossos mandatários. Casado com Ruth Cardoso, e na Presidência, FHC encontrou tempo para manter um relacionamento com uma jornalista. Até quando tem um patrocinador privado que banca suas estripulias, os políticos tupiniquins provam que são todos iguais. Nosso príncipe da sociologia está mais para Renan do que para Mitterrand. LUIZ THADEU NUNES E SILVA (São Luís, MA) * * Deplorável o depoimento da jornalista Mirian Dutra (Não quero morrer e isso ficar na tumba, afirma jornalista ). Quando participou de adultério, usufruiu das benesses dos poderosos, recebia dinheiro ilegal através de uma empresa, achava tudo normal. Hoje vive na Espanha, seu filho tem um apartamento de 200 mil euro e resolve botar a boca no trombone. Pousar de "Maria arrependida" e se declarar ingênua não expia os seus crimes. No mínimo, ela é conivente e cúmplice. ABDIAS FERREIRA FILHO (São Paulo, SP) * Com a entrevista da Mirian Dutra, é difícil aceitar que Fernando Henrique Cardoso tenha se envolvido com uma pessoa dessa. MUCIO AGNALDO RIBEIRO (Nova Lima, MG) * A Folha, para atenuar a fama de engajamento na campanha anti-Lula, nada como mostrar um "podrinho" de uma figura do PSDB fora do baralho –FHC. EVALDO GÂNDARA BARCELLOS (Santa Rita do Passa Quatro, SP) * O depoimento de Mirian Dutra sobre sua relação com FHC revela e confirma o que Drauzio Varella já disse há tempos em sua coluna nesta Folha: no Brasil, o aborto é livre para quem tem dinheiro. Já passou da hora de acabarmos com mais esta hipocrisia. JOSÉ MARCOS THALENBERG (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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'Projeto curricular muito extenso não é exclusivo do Brasil', diz especialista
Só no último ano, o especialista em educação britânico Dave Peck trabalhou no projeto de implementação ou reformulação de currículos nacionais no Reino Unido, Chile, Ruanda, Sudão do Sul, Zâmbia e Líbano, além do Brasil. Presidente da ONG britânica Curriculum Foundation, Peck já esteve no país quatro vezes e está envolvido no processo de criação da Base Nacional Comum no Brasil há um ano e meio. A base pretende definir o que será ensinado nas escolas a cada ano no Brasil. A primeira versão do documento foi divulgada pelo governo em setembro e está recebendo propostas de mudanças. Muitos especialistas têm afirmado que o documento é excessivamente extenso, o que dificultaria sua implementação por parte dos professores. Uma nova versão deve ser apresentada até março e a intenção é que o documento final esteja pronto no primeiro semestre de 2016. "Há um excesso (na primeira versão), precisa ser diminuído. Mas isso é um problema comum em todo o mundo. Com certeza o brasileiro não está entre os piores", afirma Peck. Ele critica, porém, o projeto para o ensino médio, que não dá poder de escolha para os alunos e pode estimular a evasão. O consultor afirma ainda que a ocupação de escolas em São Paulo mostra que é importante que os alunos se envolvam no debate sobre o currículo escolar. Leia abaixo os principais trechos da entrevista: BBC Brasil: Como o senhor avalia o documento da Base Nacional Comum divulgado até o momento? Dave Peck: Eles decidiram, de forma muito sensível, por um processo de consulta em duas partes, e o que temos é a primeira versão. É o primeiro rascunho, precisa ser trabalhado para melhorar, mas é impressionante que o primeiro passo tenha sido dado e com tanta pressa. Está muito grande? Eu diria que há um excesso, precisa ser diminuído. Mas isso é um problema muito comum em todo o mundo. Com certeza o brasileiro não está entre os piores. Há países em que os professores dizem que só conseguem ensinar 50% ou 75% (do programa). A proposta (do Brasil) não vai nesse sentido, não está tão excessiva. O sr. se lembra de algum país que tinha um projeto grande e conseguiu diminuir? A Austrália. Uma parte do processo pelo qual eles passaram foi exatamente esse, enxugar. Sendo muito rigorosos com a equipe responsável, dizendo "vocês precisam diminuir isso", repetindo o processo, uma hora ele ficou enxuto o suficiente. Ou seja, não é uma situação única de forma alguma. Críticos dizem que o currículo é muito extenso porque houve pouco tempo para sua elaboração –foi feito em dois meses. Nos outros países, em quanto tempo isso costuma ser feito? Foi muito rápido. Muitos países levam um ano ou mais, mas, dito isso, é difícil ser preciso sobre quanto tempo se leva, porque alguns fazem o que o Brasil fez –em um período intensivo–, e outros se encontravam apenas um dia na semana (para redigir o documento). O jeito como o tempo é alocado varia de país para país. Então fazer rápido não é necessariamente ruim? Não necessariamente, porque há ainda segunda rodada de consultas para acontecer. O crucial é o que vão fazer agora, com o resultado da primeira rodada de consultas. Tem outra rodada, são duas chances de acertar. Quais são os maiores problemas deste primeiro rascunho? O primeiro é coerência. Há a introdução geral, depois há introduções por matéria e depois há os padrões (de ensino). Neste momento, é difícil ver coerência nesses três níveis. Idealmente, na próxima versão, a introdução deveria citar os objetivos da Base em termos leigos, e as introduções das matérias deveriam ser uma explicação sobre como o ensino dessa matéria contribui para tudo o que está na introdução. O segundo problema é progressão. Deve haver uma sequência lógica de aprendizado, para que o trabalho de base seja feito antes que a próxima coisa seja ensinada. Por exemplo, quando em matemática os alunos começam a trabalhar com fórmulas, eles precisam de conceitos anteriores de álgebra. E outro (problema) são as competências. No velho mundo, pensava-se que era só as crianças irem para a escola, aprender tudo e estariam preparadas para a vida. Agora não é mais assim. Os empregadores reclamam há anos, no mundo inteiro, que as pessoas não têm a capacidade de resolver problemas, não conseguem pensar sozinhas, não se comunicam bem, não trabalham em grupo. Isso é às vezes chamado de "competências do século 21" e é importante que a nação tenha claras as competências nas quais está focando. Na proposta brasileira, isso não está claro. E em relação às matérias em si? A parte de linguagens, por exemplo, costuma ser estruturada em todo o mundo em quatro habilidades: falar, ouvir, ler e escrever. A brasileira está estruturada de uma forma meio sociológica e política... Acho que será muito difícil ensinar e monitorar o progresso da aprendizagem sendo estruturado de uma forma tão diferente. É uma abordagem "jabuticaba", é assim que as pessoas da área estão descrevendo. Há oito temas complexos, seis campos e cinco dimensões. É muito diferente. Essa abordagem político-sociológica também aparece em outras partes do currículo? Alguns críticos afirmam que a parte de História está "contaminada" com uma "visão esquerdista". Eu não li a parte de História, porque nos pediram para revisar matemática, ciências e linguagens. Bom, certamente em matemática e ciências isso não aparece. Não considerei isso com linguagens; parece uma forma estranha de estruturar mas é difícil detectar um posicionamento político. A parte de História não segue uma ordem cronológica, e isso tem sido muito criticado. Algum outro país faz isso? Há um debate com História, se você segue a ordem cronológica ou não. Aqui no Reino Unido os alunos começam de forma cronológica e vão aprendendo as coisas enquanto crescem. Há desvantagens, porque aí você tem um menino de 5 anos que entende de História Antiga e um de 16 que entende de História Contemporânea. Sempre há um grande debate sobre como estruturar isso. Mas não consigo lembrar, no momento, de algum país que não faça cronologicamente. Outra proposta é destinar 60% para a base nacional e 40% para conteúdos regionais. Existe experiência internacional semelhante? Isso é outra questão que precisa ser abordada. Normalmente o currículo nacional tem mais que 60%, normalmente 70% ou 80%, mas o fato de estarmos falando sobre percentual pode ser contraprodutivo, porque soa como se disséssemos "quatro dias por semana ensinamos o currículo nacional, e no outro dia é o local" –quando na verdade os dois deveriam estar totalmente integrados. Não há fronteira entre os dois fora do papel. E como o sr. vê as proposta para o Ensino Médio? A maioria dos países têm um sistema que permite aos estudantes seguir percursos diferentes neste período: um (ou mais de um) percurso acadêmico e outros de ensino profissional. No Brasil, todo mundo tem 13 matérias. É muito, e tenho certeza que isso está ligado à evasão escolar. Quando estudantes podem escolher e seguir seus interesses, há mais chances de eles se esforçarem. E quando só há um caminho, ele não necessariamente serve para todos, e alguns (dos alunos) se desinteressam. Quando alunos ocuparam escolas em São Paulo, eles se organizaram para ter as aulas que queriam, como circo, debates, ativismo etc. Isso deveria ser levado em conta? Já aconteceu algo semelhante em outro país? Há um grande movimento nesse sentido no mundo, estudantes falando sobre o que querem aprender. Mas normalmente isso é feito de uma forma mais estruturada, o currículo é apresentado a eles com as coisas que devem ser aprendidas e eles opinam sobre como elas poderiam ser aprendidas. Nunca me deparei com uma situação como essa, em que os estudantes tenham tentado resolver o assunto eles próprios (risos). É interessante, porque, voltando ao tema das competências do século 21, ao se engajarem em seu processo de aprendizado eles desenvolvem pensamento crítico e habilidades de comunicação. As boas práticas aconselham a envolver os estudantes nessa discussão. Quanto mais você envolver os alunos nisso, melhor, porque eles sentirão que é algo feito para eles e por eles, e não imposto pelo governo. Então as ocupações poderiam ser uma forma de engajar os alunos? Sim, certamente. O processo de consultas que o ministério está fazendo é impressionante, está aberto a qualquer pessoa que queira participar e há duas rodadas de consultas. Então não há motivo para alguém não participar e não fazer da base um produto real da nação, e não do ministério. O que eles precisam fazer agora com a consulta é serem justos ao analisar as sugestões e garantir que o segundo rascunho realmente leve em conta os problemas. Essa parte é a mais importante. A primeira versão é só um rascunho, é esperado que tenha muitas fragilidades. Mas a segunda versão tem que considerar as consultas e certamente será muito melhor.
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'Projeto curricular muito extenso não é exclusivo do Brasil', diz especialistaSó no último ano, o especialista em educação britânico Dave Peck trabalhou no projeto de implementação ou reformulação de currículos nacionais no Reino Unido, Chile, Ruanda, Sudão do Sul, Zâmbia e Líbano, além do Brasil. Presidente da ONG britânica Curriculum Foundation, Peck já esteve no país quatro vezes e está envolvido no processo de criação da Base Nacional Comum no Brasil há um ano e meio. A base pretende definir o que será ensinado nas escolas a cada ano no Brasil. A primeira versão do documento foi divulgada pelo governo em setembro e está recebendo propostas de mudanças. Muitos especialistas têm afirmado que o documento é excessivamente extenso, o que dificultaria sua implementação por parte dos professores. Uma nova versão deve ser apresentada até março e a intenção é que o documento final esteja pronto no primeiro semestre de 2016. "Há um excesso (na primeira versão), precisa ser diminuído. Mas isso é um problema comum em todo o mundo. Com certeza o brasileiro não está entre os piores", afirma Peck. Ele critica, porém, o projeto para o ensino médio, que não dá poder de escolha para os alunos e pode estimular a evasão. O consultor afirma ainda que a ocupação de escolas em São Paulo mostra que é importante que os alunos se envolvam no debate sobre o currículo escolar. Leia abaixo os principais trechos da entrevista: BBC Brasil: Como o senhor avalia o documento da Base Nacional Comum divulgado até o momento? Dave Peck: Eles decidiram, de forma muito sensível, por um processo de consulta em duas partes, e o que temos é a primeira versão. É o primeiro rascunho, precisa ser trabalhado para melhorar, mas é impressionante que o primeiro passo tenha sido dado e com tanta pressa. Está muito grande? Eu diria que há um excesso, precisa ser diminuído. Mas isso é um problema muito comum em todo o mundo. Com certeza o brasileiro não está entre os piores. Há países em que os professores dizem que só conseguem ensinar 50% ou 75% (do programa). A proposta (do Brasil) não vai nesse sentido, não está tão excessiva. O sr. se lembra de algum país que tinha um projeto grande e conseguiu diminuir? A Austrália. Uma parte do processo pelo qual eles passaram foi exatamente esse, enxugar. Sendo muito rigorosos com a equipe responsável, dizendo "vocês precisam diminuir isso", repetindo o processo, uma hora ele ficou enxuto o suficiente. Ou seja, não é uma situação única de forma alguma. Críticos dizem que o currículo é muito extenso porque houve pouco tempo para sua elaboração –foi feito em dois meses. Nos outros países, em quanto tempo isso costuma ser feito? Foi muito rápido. Muitos países levam um ano ou mais, mas, dito isso, é difícil ser preciso sobre quanto tempo se leva, porque alguns fazem o que o Brasil fez –em um período intensivo–, e outros se encontravam apenas um dia na semana (para redigir o documento). O jeito como o tempo é alocado varia de país para país. Então fazer rápido não é necessariamente ruim? Não necessariamente, porque há ainda segunda rodada de consultas para acontecer. O crucial é o que vão fazer agora, com o resultado da primeira rodada de consultas. Tem outra rodada, são duas chances de acertar. Quais são os maiores problemas deste primeiro rascunho? O primeiro é coerência. Há a introdução geral, depois há introduções por matéria e depois há os padrões (de ensino). Neste momento, é difícil ver coerência nesses três níveis. Idealmente, na próxima versão, a introdução deveria citar os objetivos da Base em termos leigos, e as introduções das matérias deveriam ser uma explicação sobre como o ensino dessa matéria contribui para tudo o que está na introdução. O segundo problema é progressão. Deve haver uma sequência lógica de aprendizado, para que o trabalho de base seja feito antes que a próxima coisa seja ensinada. Por exemplo, quando em matemática os alunos começam a trabalhar com fórmulas, eles precisam de conceitos anteriores de álgebra. E outro (problema) são as competências. No velho mundo, pensava-se que era só as crianças irem para a escola, aprender tudo e estariam preparadas para a vida. Agora não é mais assim. Os empregadores reclamam há anos, no mundo inteiro, que as pessoas não têm a capacidade de resolver problemas, não conseguem pensar sozinhas, não se comunicam bem, não trabalham em grupo. Isso é às vezes chamado de "competências do século 21" e é importante que a nação tenha claras as competências nas quais está focando. Na proposta brasileira, isso não está claro. E em relação às matérias em si? A parte de linguagens, por exemplo, costuma ser estruturada em todo o mundo em quatro habilidades: falar, ouvir, ler e escrever. A brasileira está estruturada de uma forma meio sociológica e política... Acho que será muito difícil ensinar e monitorar o progresso da aprendizagem sendo estruturado de uma forma tão diferente. É uma abordagem "jabuticaba", é assim que as pessoas da área estão descrevendo. Há oito temas complexos, seis campos e cinco dimensões. É muito diferente. Essa abordagem político-sociológica também aparece em outras partes do currículo? Alguns críticos afirmam que a parte de História está "contaminada" com uma "visão esquerdista". Eu não li a parte de História, porque nos pediram para revisar matemática, ciências e linguagens. Bom, certamente em matemática e ciências isso não aparece. Não considerei isso com linguagens; parece uma forma estranha de estruturar mas é difícil detectar um posicionamento político. A parte de História não segue uma ordem cronológica, e isso tem sido muito criticado. Algum outro país faz isso? Há um debate com História, se você segue a ordem cronológica ou não. Aqui no Reino Unido os alunos começam de forma cronológica e vão aprendendo as coisas enquanto crescem. Há desvantagens, porque aí você tem um menino de 5 anos que entende de História Antiga e um de 16 que entende de História Contemporânea. Sempre há um grande debate sobre como estruturar isso. Mas não consigo lembrar, no momento, de algum país que não faça cronologicamente. Outra proposta é destinar 60% para a base nacional e 40% para conteúdos regionais. Existe experiência internacional semelhante? Isso é outra questão que precisa ser abordada. Normalmente o currículo nacional tem mais que 60%, normalmente 70% ou 80%, mas o fato de estarmos falando sobre percentual pode ser contraprodutivo, porque soa como se disséssemos "quatro dias por semana ensinamos o currículo nacional, e no outro dia é o local" –quando na verdade os dois deveriam estar totalmente integrados. Não há fronteira entre os dois fora do papel. E como o sr. vê as proposta para o Ensino Médio? A maioria dos países têm um sistema que permite aos estudantes seguir percursos diferentes neste período: um (ou mais de um) percurso acadêmico e outros de ensino profissional. No Brasil, todo mundo tem 13 matérias. É muito, e tenho certeza que isso está ligado à evasão escolar. Quando estudantes podem escolher e seguir seus interesses, há mais chances de eles se esforçarem. E quando só há um caminho, ele não necessariamente serve para todos, e alguns (dos alunos) se desinteressam. Quando alunos ocuparam escolas em São Paulo, eles se organizaram para ter as aulas que queriam, como circo, debates, ativismo etc. Isso deveria ser levado em conta? Já aconteceu algo semelhante em outro país? Há um grande movimento nesse sentido no mundo, estudantes falando sobre o que querem aprender. Mas normalmente isso é feito de uma forma mais estruturada, o currículo é apresentado a eles com as coisas que devem ser aprendidas e eles opinam sobre como elas poderiam ser aprendidas. Nunca me deparei com uma situação como essa, em que os estudantes tenham tentado resolver o assunto eles próprios (risos). É interessante, porque, voltando ao tema das competências do século 21, ao se engajarem em seu processo de aprendizado eles desenvolvem pensamento crítico e habilidades de comunicação. As boas práticas aconselham a envolver os estudantes nessa discussão. Quanto mais você envolver os alunos nisso, melhor, porque eles sentirão que é algo feito para eles e por eles, e não imposto pelo governo. Então as ocupações poderiam ser uma forma de engajar os alunos? Sim, certamente. O processo de consultas que o ministério está fazendo é impressionante, está aberto a qualquer pessoa que queira participar e há duas rodadas de consultas. Então não há motivo para alguém não participar e não fazer da base um produto real da nação, e não do ministério. O que eles precisam fazer agora com a consulta é serem justos ao analisar as sugestões e garantir que o segundo rascunho realmente leve em conta os problemas. Essa parte é a mais importante. A primeira versão é só um rascunho, é esperado que tenha muitas fragilidades. Mas a segunda versão tem que considerar as consultas e certamente será muito melhor.
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