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Em terceira edição, mostra de dança Boticário fica mais compacta | O Festival O Boticário na Dança, que vai de quarta (6) a domingo (10), em São Paulo, chega à sua terceira edição com menos espetáculos. Segundo Sheyla Costa, uma das curadoras, foi uma opção para manter a qualidade da programação em um ano "economicamente difícil". "São obras novas, que refletem o que está acontecendo no mundo da dança. Quando as pessoas têm oportunidade de assistir no Brasil companhias top pelo preço de uma entrada de cinema?", pergunta. Talvez por causa disso (e das poucas apresentações de cada companhia), os ingressos de R$ 20 se esgotaram logo. Mas há alguma chance para quem não conseguiu ingresso. Na quarta, às 17h, haverá ensaio aberto de "Torobaka", de Akram Khan e Israel Galván, no Auditório Ibirapuera, antes da apresentação às 21h. A entrada é gratuita. Para assistir, é preciso mandar um e-mail para workshopfestival oboticario@gmail.com com o nome e RG. Khan e Galván fazem duelo coreográfico com suas respectivas tradições –o katak, da Índia, e o flamenco, da Espanha–, recriadas pela dança contemporânea. Na quinta (7), o sueco Cullberg Ballet apresenta coreografia de Édouard Lock. "11th Floor" é quase um filme noir dançado, em que o desenho de luz entra, como uma câmera, nos apartamentos de um prédio onde ocorreu um crime. Na sexta (8), a Companhia Antonio Nóbrega mostra o espetáculo "Pai". A britânica Michael Clark Company apresenta sua mais recente criação no sábado (9), "animal/vegetable/mineral". Pode-se esperar muito punk e pós-punk no espetáculo, além de muita moda, uma das paixões de Clark, que já foi chamado o iconoclasta da dança inglesa. Em São Paulo, sua companhia fará apresentação gratuita às 18h de domingo (10), na área externa do Auditório Ibirapuera. Em "Come, Been and Gone" ele está mais para glitter rock do que punk: a trilha sonora é de David Bowie. As companhias convidadas farão workshops na Galeria Olido, em SP, e no Teatro Cacilda Becker, no Rio. A programação pode ser conferida em oboticarionadanca.com.br/ O BOTICÁRIO NA DANÇA QUANDO 6/5 à 9/5, às 21h; 10/5, às 18h (SP). 7/5 a 9/5, às 21h; 10/5, às 19h30 (Rio) ONDE Auditório Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 2 (SP) e Theatro Municipal, r. Evaristo da Veiga, s/n (Rio) QUANTO R$ 20 (esgotado em SP); de R$10 a R$ 60 (Rio) | ilustrada | Em terceira edição, mostra de dança Boticário fica mais compactaO Festival O Boticário na Dança, que vai de quarta (6) a domingo (10), em São Paulo, chega à sua terceira edição com menos espetáculos. Segundo Sheyla Costa, uma das curadoras, foi uma opção para manter a qualidade da programação em um ano "economicamente difícil". "São obras novas, que refletem o que está acontecendo no mundo da dança. Quando as pessoas têm oportunidade de assistir no Brasil companhias top pelo preço de uma entrada de cinema?", pergunta. Talvez por causa disso (e das poucas apresentações de cada companhia), os ingressos de R$ 20 se esgotaram logo. Mas há alguma chance para quem não conseguiu ingresso. Na quarta, às 17h, haverá ensaio aberto de "Torobaka", de Akram Khan e Israel Galván, no Auditório Ibirapuera, antes da apresentação às 21h. A entrada é gratuita. Para assistir, é preciso mandar um e-mail para workshopfestival oboticario@gmail.com com o nome e RG. Khan e Galván fazem duelo coreográfico com suas respectivas tradições –o katak, da Índia, e o flamenco, da Espanha–, recriadas pela dança contemporânea. Na quinta (7), o sueco Cullberg Ballet apresenta coreografia de Édouard Lock. "11th Floor" é quase um filme noir dançado, em que o desenho de luz entra, como uma câmera, nos apartamentos de um prédio onde ocorreu um crime. Na sexta (8), a Companhia Antonio Nóbrega mostra o espetáculo "Pai". A britânica Michael Clark Company apresenta sua mais recente criação no sábado (9), "animal/vegetable/mineral". Pode-se esperar muito punk e pós-punk no espetáculo, além de muita moda, uma das paixões de Clark, que já foi chamado o iconoclasta da dança inglesa. Em São Paulo, sua companhia fará apresentação gratuita às 18h de domingo (10), na área externa do Auditório Ibirapuera. Em "Come, Been and Gone" ele está mais para glitter rock do que punk: a trilha sonora é de David Bowie. As companhias convidadas farão workshops na Galeria Olido, em SP, e no Teatro Cacilda Becker, no Rio. A programação pode ser conferida em oboticarionadanca.com.br/ O BOTICÁRIO NA DANÇA QUANDO 6/5 à 9/5, às 21h; 10/5, às 18h (SP). 7/5 a 9/5, às 21h; 10/5, às 19h30 (Rio) ONDE Auditório Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 2 (SP) e Theatro Municipal, r. Evaristo da Veiga, s/n (Rio) QUANTO R$ 20 (esgotado em SP); de R$10 a R$ 60 (Rio) | 1 |
O Império e os bárbaros | Nas mãos de um manifestante em Dresden, o cartaz traz a foto de um superlotado barco inflável, sob a sentença: "De jeito nenhum: vocês não farão da Europa seu lar". É a figuração atualizada de um mito com raízes imemoriais: a invasão do Império pelos bárbaros. Dobrados à narrativa destilada por movimentos extremistas, governantes europeus, da Hungria à Grã-Bretanha, falam de uma "ameaça", planejam erguer muros e sugerem anular a regra comunitária da livre circulação de pessoas. Afortunadamente, Angela Merkel resiste às pressões, que qualificou como "vergonhosas", e anuncia que a Alemanha acolherá 800 mil refugiados. A chanceler acerta duas vezes: na arena dos princípios e no terreno da demografia. O "Império" precisa dos "bárbaros". As taxas de fertilidade na Europa situam-se bem abaixo da taxa de reposição demográfica (dois filhos por mulher). França (2,02) e Grã-Bretanha (1,93) são exceções num quadro ilustrado pela própria Alemanha (1,4), além da Itália (1,43), da Espanha (1,32) e de Portugal (1,27). Os países sem saldo migratório positivo já experimentam declínio demográfico absoluto. A população portuguesa, de 10,5 milhões, pode reduzir-se a 6,3 milhões no horizonte de 2060. Na Espanha, cada nova geração tende a ser 40% menor que a anterior. Stefan Lofven, primeiro-ministro sueco, disse que o alto contigente de solicitantes de asilo representa "um grande desafio" –mas "também um ativo". "Se não os recebermos agora, teremos um problema gigantesco no futuro". Já Thomas de Maiziere, ministro alemão do Interior, explicou que seu país precisa de, no mínimo, 533 mil imigrantes por ano. "A Alemanha não está sobrecarregada", assegurou. No fundo, o welfare state na Europa depende de um forte influxo de jovens imigrantes. A população envelhece no ritmo ditado pela redução da natalidade e pelo crescimento da expectativa de vida. Na União Europeia (UE), a população entre 25 e 54 anos, núcleo da força de trabalho, retrocederá dos atuais 42% do total para menos de 35%, em 2060. Por outro lado, no mesmo intervalo, a população com 65 anos ou mais saltará de 18,5% para 28,5%. Os impactos dessa transição sobre o mercado de trabalho e os sistemas previdenciários são bastante óbvios. Menos evidentes, mas igualmente devastadores, são as implicações políticas e culturais do fenômeno. "Movemo-nos na direção de uma sociedade gerontocrática "" de um governo dos idosos", alerta o consultor espanhol Alejandro Macarrón. A "invasão bárbara" é uma lenda esculpida no imaginário social pelas espátulas do nativismo romântico e da xenofobia. Nos EUA, 13% dos habitantes nasceram fora do país. Na UE, apenas 6,3% nasceram fora do bloco comunitário. Os incessantes fluxos imigratórios renovam a sociedade americana, propiciando-lhe a oportunidade de sucessivas reinvenções. Numa sociedade gerontocrática, em contraste, a aposentadoria escraviza o trabalho, a pensão cerceia a educação, a imobilidade sabota o movimento, a tradição cancela a inovação e o futuro capitula face ao passado. Os bárbaros estão no poder, ao menos na Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, qualificou os refugiados como "enxames de saqueadores". Na ponta oposta, Merkel invocou o "espírito europeu" para cavar um fosso à frente dos extremistas. Caricaturizada com um infame bigodinho nazista em tantas manifestações esquerdistas na Grécia e na Espanha, a chanceler alemã enfrentou as vaias dos desqualificados de Dresden mas garantiu que "não haverá tolerância diante dos que questionam a dignidade dos outros". Das palavras, passou aos atos, suspendendo as regulações que restringem o julgamento dos pedidos de asilo ao país de entrada e prometendo avaliar todas as solicitações de refugiados sírios. O "governo dos idosos", não a "invasão dos bárbaros", é a verdadeira ameaça às nações europeias. | colunas | O Império e os bárbarosNas mãos de um manifestante em Dresden, o cartaz traz a foto de um superlotado barco inflável, sob a sentença: "De jeito nenhum: vocês não farão da Europa seu lar". É a figuração atualizada de um mito com raízes imemoriais: a invasão do Império pelos bárbaros. Dobrados à narrativa destilada por movimentos extremistas, governantes europeus, da Hungria à Grã-Bretanha, falam de uma "ameaça", planejam erguer muros e sugerem anular a regra comunitária da livre circulação de pessoas. Afortunadamente, Angela Merkel resiste às pressões, que qualificou como "vergonhosas", e anuncia que a Alemanha acolherá 800 mil refugiados. A chanceler acerta duas vezes: na arena dos princípios e no terreno da demografia. O "Império" precisa dos "bárbaros". As taxas de fertilidade na Europa situam-se bem abaixo da taxa de reposição demográfica (dois filhos por mulher). França (2,02) e Grã-Bretanha (1,93) são exceções num quadro ilustrado pela própria Alemanha (1,4), além da Itália (1,43), da Espanha (1,32) e de Portugal (1,27). Os países sem saldo migratório positivo já experimentam declínio demográfico absoluto. A população portuguesa, de 10,5 milhões, pode reduzir-se a 6,3 milhões no horizonte de 2060. Na Espanha, cada nova geração tende a ser 40% menor que a anterior. Stefan Lofven, primeiro-ministro sueco, disse que o alto contigente de solicitantes de asilo representa "um grande desafio" –mas "também um ativo". "Se não os recebermos agora, teremos um problema gigantesco no futuro". Já Thomas de Maiziere, ministro alemão do Interior, explicou que seu país precisa de, no mínimo, 533 mil imigrantes por ano. "A Alemanha não está sobrecarregada", assegurou. No fundo, o welfare state na Europa depende de um forte influxo de jovens imigrantes. A população envelhece no ritmo ditado pela redução da natalidade e pelo crescimento da expectativa de vida. Na União Europeia (UE), a população entre 25 e 54 anos, núcleo da força de trabalho, retrocederá dos atuais 42% do total para menos de 35%, em 2060. Por outro lado, no mesmo intervalo, a população com 65 anos ou mais saltará de 18,5% para 28,5%. Os impactos dessa transição sobre o mercado de trabalho e os sistemas previdenciários são bastante óbvios. Menos evidentes, mas igualmente devastadores, são as implicações políticas e culturais do fenômeno. "Movemo-nos na direção de uma sociedade gerontocrática "" de um governo dos idosos", alerta o consultor espanhol Alejandro Macarrón. A "invasão bárbara" é uma lenda esculpida no imaginário social pelas espátulas do nativismo romântico e da xenofobia. Nos EUA, 13% dos habitantes nasceram fora do país. Na UE, apenas 6,3% nasceram fora do bloco comunitário. Os incessantes fluxos imigratórios renovam a sociedade americana, propiciando-lhe a oportunidade de sucessivas reinvenções. Numa sociedade gerontocrática, em contraste, a aposentadoria escraviza o trabalho, a pensão cerceia a educação, a imobilidade sabota o movimento, a tradição cancela a inovação e o futuro capitula face ao passado. Os bárbaros estão no poder, ao menos na Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, qualificou os refugiados como "enxames de saqueadores". Na ponta oposta, Merkel invocou o "espírito europeu" para cavar um fosso à frente dos extremistas. Caricaturizada com um infame bigodinho nazista em tantas manifestações esquerdistas na Grécia e na Espanha, a chanceler alemã enfrentou as vaias dos desqualificados de Dresden mas garantiu que "não haverá tolerância diante dos que questionam a dignidade dos outros". Das palavras, passou aos atos, suspendendo as regulações que restringem o julgamento dos pedidos de asilo ao país de entrada e prometendo avaliar todas as solicitações de refugiados sírios. O "governo dos idosos", não a "invasão dos bárbaros", é a verdadeira ameaça às nações europeias. | 10 |
'Urinal' leva Prêmio Reverência de melhor espetáculo musical | "Urinal, o Musical" levou, na noite desta terça (19), o principal troféu da segunda edição do Prêmio Reverência, de teatro musical. A cerimônia aconteceu no teatro Alfa, em São Paulo. O espetáculo também venceu em outras quatro categorias: ator coadjuvante (Fábio Redkowicz), direção musical (Fernanda Maia), cenário e direção (ambos de Zé Henrique de Paula). Ao vencer o prêmio de cenário, Zé Henrique destacou como a montagem de baixo orçamento (R$ 198 mil) conseguiu montar um cenário sem custos, todo reciclado de trabalhos anteriores de seu grupo, o Núcleo Experimental de Teatro. Mas quem venceu o maior número de categorias foi "Kiss me, Kate - O Beijo da Megera", de Charles Möeller e Claudio Botelho. Levou seis prêmios: coreografia (Alonso Barros), atriz coadjuvante (Fabi Bang), figurino (Carol Lobato), design de som (Marcelo Claret), especial (Claudio Botelho, pelas versões em português) e ator (José Mayer). Ao contrário da primeira edição do evento, a noite de entrega contou com números musicais de espetáculos que já passaram por São Paulo e Rio, entre eles alguns concorrentes ao prêmio. Apresentado pelos atores Totia Meireles e Daniel Boaventura, ainda contou com homenagem à atriz Marília Pêra, morta no ano passado. Também houve momentos políticos. Ao receber o troféu de melhor iluminação por "Nine", Paulo Cesar Medeiros começou seu discurso dizendo: "Primeiramente, fora, Temer!". E dedicou seu prêmio aos jovens que ocuparam escolas pelo Brasil. "Eles estão ensinando a gente a fazer política e a pensar o país", disse. A cerimônia será transmitida no dia 3 de agosto, às 22h, pelo canal Bis. * Leia, abaixo, todos os vencedores do 2º Prêmio Reverência de teatro musical: ESPETÁCULO 'Gonzagão - A Lenda' 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' 'Mudança de Hábito' 'O Beijo no Asfalto' 'Urinal, O Musical' DIREÇÃO Charles Mõeller por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' João Falcão por 'Gonzagão - A Lenda' Tadeu Aguiar por 'Ou tudo Ou nada' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' AUTOR (Texto Original ou Adaptação) Anna Toledo por 'Nuvem de Lágrimas - O Musical' Bianca Tadini e Luciano Andrey por 'Mudança de Hábito' Heloísa Seixas e Julia Romeu por 'Bilac vê Estrelas' João Falcão por 'Gonzagão - A Lenda' ATOR André Dias por 'Bilac vê Estrelas' Daniel Costa por 'Urinal, O Musical' Icaro Silva por 'Simbora - A História de Wilson Simonal' José Mayer por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' ATRIZ Alessandra Verney por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Bruna Guerin por 'Urinal, O Musical' Laila Garin por 'O Beijo no Asfalto' Luciana Ramanzini por 'Urinal, O Musical' ATOR COADJUVANTE Adrén Alves por 'Gonzagão - A Lenda' Claudio Tovar por 'O Beijo no Asfalto' Fábio Redkowicz por 'Urinal, O Musical' Will Anderson por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' ATRIZ COADJUVANTE Adriana Alencar por 'Urinal, O Musical' Claudia Ventura por 'As Bodas de Fígaro' Fabi Bang por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Leticia Maneira Zapulla por 'Nuvem de Lágrimas - O Musical' ESPECIAL Claudio Botelho pelas versões de 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' 'O Beijo no Asfalto' (ineditismo de transformar a obra de Nelson Rodrigues em musical) Nei Lopes pela música de 'Bilac vê Estrelas' CENOGRAFIA Edward Monteiro por 'Ou tudo Ou nada' Matt Kinley por 'Chaplin, O Musical' Rogério Falcão por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' FIGURINO Carol Lobato por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Fabio Namatame por 'Chaplin, O Musical' Kika Lopes por 'Gonzagão - A Lenda' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' ILUMINAÇÃO Fran Barros por 'Urinal, O Musical' Paulo Cesar Medeiros por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Paulo Cesar Medeiros por 'Nine - Um Musical Felliniano' Renato Machado por 'Gonzagão - A Lenda' COREOGRAFIA Alonso Barros por 'Chaplin, O Musical' Alonso Barros por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Duda Maia por 'Gonzagão - A Lenda' Gabriel Malo e Inês Aranha por 'Urinal, O Musical' DIREÇÃO MUSICAL Alexandre Elias por 'Gonzagão - A Lenda' Delia Fisher por 'O Beijo no Asfalto' Fernanda Maia por 'Urinal, O Musical' Marcelo Castro por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' DESIGN DE SOM Carlos Esteves por 'O Beijo no Asfalto' Fernando Fortes por 'Gonzagão - A Lenda' Marcelo Claret por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Raul Teixeira por 'Urinal, O Musical' | ilustrada | 'Urinal' leva Prêmio Reverência de melhor espetáculo musical"Urinal, o Musical" levou, na noite desta terça (19), o principal troféu da segunda edição do Prêmio Reverência, de teatro musical. A cerimônia aconteceu no teatro Alfa, em São Paulo. O espetáculo também venceu em outras quatro categorias: ator coadjuvante (Fábio Redkowicz), direção musical (Fernanda Maia), cenário e direção (ambos de Zé Henrique de Paula). Ao vencer o prêmio de cenário, Zé Henrique destacou como a montagem de baixo orçamento (R$ 198 mil) conseguiu montar um cenário sem custos, todo reciclado de trabalhos anteriores de seu grupo, o Núcleo Experimental de Teatro. Mas quem venceu o maior número de categorias foi "Kiss me, Kate - O Beijo da Megera", de Charles Möeller e Claudio Botelho. Levou seis prêmios: coreografia (Alonso Barros), atriz coadjuvante (Fabi Bang), figurino (Carol Lobato), design de som (Marcelo Claret), especial (Claudio Botelho, pelas versões em português) e ator (José Mayer). Ao contrário da primeira edição do evento, a noite de entrega contou com números musicais de espetáculos que já passaram por São Paulo e Rio, entre eles alguns concorrentes ao prêmio. Apresentado pelos atores Totia Meireles e Daniel Boaventura, ainda contou com homenagem à atriz Marília Pêra, morta no ano passado. Também houve momentos políticos. Ao receber o troféu de melhor iluminação por "Nine", Paulo Cesar Medeiros começou seu discurso dizendo: "Primeiramente, fora, Temer!". E dedicou seu prêmio aos jovens que ocuparam escolas pelo Brasil. "Eles estão ensinando a gente a fazer política e a pensar o país", disse. A cerimônia será transmitida no dia 3 de agosto, às 22h, pelo canal Bis. * Leia, abaixo, todos os vencedores do 2º Prêmio Reverência de teatro musical: ESPETÁCULO 'Gonzagão - A Lenda' 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' 'Mudança de Hábito' 'O Beijo no Asfalto' 'Urinal, O Musical' DIREÇÃO Charles Mõeller por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' João Falcão por 'Gonzagão - A Lenda' Tadeu Aguiar por 'Ou tudo Ou nada' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' AUTOR (Texto Original ou Adaptação) Anna Toledo por 'Nuvem de Lágrimas - O Musical' Bianca Tadini e Luciano Andrey por 'Mudança de Hábito' Heloísa Seixas e Julia Romeu por 'Bilac vê Estrelas' João Falcão por 'Gonzagão - A Lenda' ATOR André Dias por 'Bilac vê Estrelas' Daniel Costa por 'Urinal, O Musical' Icaro Silva por 'Simbora - A História de Wilson Simonal' José Mayer por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' ATRIZ Alessandra Verney por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Bruna Guerin por 'Urinal, O Musical' Laila Garin por 'O Beijo no Asfalto' Luciana Ramanzini por 'Urinal, O Musical' ATOR COADJUVANTE Adrén Alves por 'Gonzagão - A Lenda' Claudio Tovar por 'O Beijo no Asfalto' Fábio Redkowicz por 'Urinal, O Musical' Will Anderson por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' ATRIZ COADJUVANTE Adriana Alencar por 'Urinal, O Musical' Claudia Ventura por 'As Bodas de Fígaro' Fabi Bang por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Leticia Maneira Zapulla por 'Nuvem de Lágrimas - O Musical' ESPECIAL Claudio Botelho pelas versões de 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' 'O Beijo no Asfalto' (ineditismo de transformar a obra de Nelson Rodrigues em musical) Nei Lopes pela música de 'Bilac vê Estrelas' CENOGRAFIA Edward Monteiro por 'Ou tudo Ou nada' Matt Kinley por 'Chaplin, O Musical' Rogério Falcão por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' FIGURINO Carol Lobato por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Fabio Namatame por 'Chaplin, O Musical' Kika Lopes por 'Gonzagão - A Lenda' Zé Henrique de Paula por 'Urinal, O Musical' ILUMINAÇÃO Fran Barros por 'Urinal, O Musical' Paulo Cesar Medeiros por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Paulo Cesar Medeiros por 'Nine - Um Musical Felliniano' Renato Machado por 'Gonzagão - A Lenda' COREOGRAFIA Alonso Barros por 'Chaplin, O Musical' Alonso Barros por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Duda Maia por 'Gonzagão - A Lenda' Gabriel Malo e Inês Aranha por 'Urinal, O Musical' DIREÇÃO MUSICAL Alexandre Elias por 'Gonzagão - A Lenda' Delia Fisher por 'O Beijo no Asfalto' Fernanda Maia por 'Urinal, O Musical' Marcelo Castro por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' DESIGN DE SOM Carlos Esteves por 'O Beijo no Asfalto' Fernando Fortes por 'Gonzagão - A Lenda' Marcelo Claret por 'Kiss me, Kate - O Beijo da Megera' Raul Teixeira por 'Urinal, O Musical' | 1 |
Joguei a toalha, diz diretor de 'Cidade de Deus' sobre ator na cracolândia | O cineasta Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", diz que tentou de tudo para ajudar Rubens Sabino, 33, ator do filme que está vivendo na cracolândia, no centro de São Paulo. "Infelizmente eu esgotei os meus recursos emocionais", afirma, em entrevista por e-mail à Folha. O ator, intérprete do personagem Neguinho no filme indicado ao Oscar, foi visto pela reportagem perambulando na região, com roupas doadas e pedindo dinheiro. Afirmou viver na cracolândia há três anos e ser usuário de drogas desde os 13 anos –mas dizia estar "limpo". Meirelles, que dirigiu Sabino (a quem chama de Rubinho) em "Cidade de Deus", disse que deu emprego e moradia ao jovem, além de ajudá-lo a estudar. Leia trechos da entrevista à Folha: * Folha - Sabino foi trazido para trabalhar na sua produtora? Fernando Meirelles - Sim. Enquanto estávamos rodando o filme, a Kátia Lund [diretora] alugou uma casa para o Rubinho morar e, a nosso pedido, o Guti Fraga [ator e diretor artístico] o aceitou no grupo Nós do Morro. O Rubinho, no entanto, se desentendeu com o grupo e não pôde mais ficar lá. Como não podíamos deixá-lo voltar a morar na rua, trouxe-o para São Paulo para estagiar e aprender um ofício na O2 [produtora]. Ele queria ser montador e começou a trabalhar para aprender. Arrumamos um lugar para ele morar provisoriamente e havia um produtor que ficou colado nele, para ajudá-lo a se adaptar a um trabalho e a uma vida com horário e regras, coisa que ele nunca tinha experimentado, pois morava na rua desde os 7 anos. Ele disse que você possibilitou uma matrícula no colégio Santa Cruz. É verdade? Foi isso, mas não era no colegial, era um supletivo que funcionava à noite. Não foi fácil conseguir a vaga. Mas, após muita conversa, resolveram aceitá-lo. Infelizmente, ele não levou a sério, não ia às aulas e acabou sendo convidado a sair. Na produtora também não deu certo, alguns funcionários começaram a pedir demissão, pois receberam ameaças. Mesmo eu dizendo que o Rubinho jamais faria mal a alguém, ele mesmo criou um clima interno contra e tivemos que arrumar outro trabalho para ele numa produtora menor, de um amigo. Ali também aconteceram alguns incidentes chatos e, apesar da boa vontade, acabaram dispensando-o. O Rubinho já foi adotado pelo O Rappa, pelo Seu Jorge, por muita gente, pois é muito inteligente e sensível, pois seu potencial é evidente. Uma época arrumei uma clínica de reabilitação para ele no Pará, longe dos fornecedores e amigos da pesada. Ele topou começar uma vida nova num outro ambiente, mas depois de quatro meses começou a criar problemas ao não respeitar as regras da clínica, e pediram para ele sair. Foi nessa ocasião que joguei a toalha. Achei que, se ele estava fazendo suas escolhas, deveria arcar com as consequências. Mesmo assim, isso nunca ficou bem resolvido na minha cabeça. Ele reclama que teve sucesso, mas não teve acesso a dinheiro, tecendo críticas e elogios a você. Como foi essa relação com ele? De fato, os cachês do elenco de "Cidade de Deus" foram baixos. O filme não tinha patrocínio nem achávamos que faria sucesso, tudo saía do meu bolso. Apesar de todos ganharem mais do que em qualquer outro emprego que conseguissem na época, receberam menos do que um ator profissional receberia. Como ninguém era profissional, fizemos uma oficina de atores por cinco meses. Enquanto aprendiam a atuar, só recebiam lanche e condução. O cachê foi pelas oito semanas de filmagem. Vale repetir que ele é um camarada extremamente inteligente, articulado e sensível. Se alguém se dispusesse a colar nele para que abandonasse sua dependência, estou certo que nasceria um excelente músico e poeta. Infelizmente, eu esgotei os meus recursos emocionais. | cotidiano | Joguei a toalha, diz diretor de 'Cidade de Deus' sobre ator na cracolândiaO cineasta Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", diz que tentou de tudo para ajudar Rubens Sabino, 33, ator do filme que está vivendo na cracolândia, no centro de São Paulo. "Infelizmente eu esgotei os meus recursos emocionais", afirma, em entrevista por e-mail à Folha. O ator, intérprete do personagem Neguinho no filme indicado ao Oscar, foi visto pela reportagem perambulando na região, com roupas doadas e pedindo dinheiro. Afirmou viver na cracolândia há três anos e ser usuário de drogas desde os 13 anos –mas dizia estar "limpo". Meirelles, que dirigiu Sabino (a quem chama de Rubinho) em "Cidade de Deus", disse que deu emprego e moradia ao jovem, além de ajudá-lo a estudar. Leia trechos da entrevista à Folha: * Folha - Sabino foi trazido para trabalhar na sua produtora? Fernando Meirelles - Sim. Enquanto estávamos rodando o filme, a Kátia Lund [diretora] alugou uma casa para o Rubinho morar e, a nosso pedido, o Guti Fraga [ator e diretor artístico] o aceitou no grupo Nós do Morro. O Rubinho, no entanto, se desentendeu com o grupo e não pôde mais ficar lá. Como não podíamos deixá-lo voltar a morar na rua, trouxe-o para São Paulo para estagiar e aprender um ofício na O2 [produtora]. Ele queria ser montador e começou a trabalhar para aprender. Arrumamos um lugar para ele morar provisoriamente e havia um produtor que ficou colado nele, para ajudá-lo a se adaptar a um trabalho e a uma vida com horário e regras, coisa que ele nunca tinha experimentado, pois morava na rua desde os 7 anos. Ele disse que você possibilitou uma matrícula no colégio Santa Cruz. É verdade? Foi isso, mas não era no colegial, era um supletivo que funcionava à noite. Não foi fácil conseguir a vaga. Mas, após muita conversa, resolveram aceitá-lo. Infelizmente, ele não levou a sério, não ia às aulas e acabou sendo convidado a sair. Na produtora também não deu certo, alguns funcionários começaram a pedir demissão, pois receberam ameaças. Mesmo eu dizendo que o Rubinho jamais faria mal a alguém, ele mesmo criou um clima interno contra e tivemos que arrumar outro trabalho para ele numa produtora menor, de um amigo. Ali também aconteceram alguns incidentes chatos e, apesar da boa vontade, acabaram dispensando-o. O Rubinho já foi adotado pelo O Rappa, pelo Seu Jorge, por muita gente, pois é muito inteligente e sensível, pois seu potencial é evidente. Uma época arrumei uma clínica de reabilitação para ele no Pará, longe dos fornecedores e amigos da pesada. Ele topou começar uma vida nova num outro ambiente, mas depois de quatro meses começou a criar problemas ao não respeitar as regras da clínica, e pediram para ele sair. Foi nessa ocasião que joguei a toalha. Achei que, se ele estava fazendo suas escolhas, deveria arcar com as consequências. Mesmo assim, isso nunca ficou bem resolvido na minha cabeça. Ele reclama que teve sucesso, mas não teve acesso a dinheiro, tecendo críticas e elogios a você. Como foi essa relação com ele? De fato, os cachês do elenco de "Cidade de Deus" foram baixos. O filme não tinha patrocínio nem achávamos que faria sucesso, tudo saía do meu bolso. Apesar de todos ganharem mais do que em qualquer outro emprego que conseguissem na época, receberam menos do que um ator profissional receberia. Como ninguém era profissional, fizemos uma oficina de atores por cinco meses. Enquanto aprendiam a atuar, só recebiam lanche e condução. O cachê foi pelas oito semanas de filmagem. Vale repetir que ele é um camarada extremamente inteligente, articulado e sensível. Se alguém se dispusesse a colar nele para que abandonasse sua dependência, estou certo que nasceria um excelente músico e poeta. Infelizmente, eu esgotei os meus recursos emocionais. | 6 |
Colapso da confiança popular criou política do impeachment | Dois meses e nove dias depois do início de seu segundo mandato, Dilma Rousseff rebatia em entrevista rápida no Planalto as primeiras discussões de seu impeachment. Era segunda-feira. No domingo, 8 de março, houvera o primeiro panelaço, contra o discurso em que a presidente pedia paciência com o arrocho. No domingo seguinte, 200 mil pessoas iriam à avenida Paulista e mais a outras ruas pelo país a fim de pedir o impeachment. O que causou o início da degradação política? O colapso da confiança popular, o governo mal avaliado, incentivou um PMDB ofendido a cobrar velhas contas de Dilma; animou a vingança udenista do PSDB, ressentido com a derrota de 2014. Filho do fracasso econômico, o estelionato eleitoral provocou um pânico de crise e, assim, a alta súbita da impopularidade do governo. O desprestígio explodiu antes de haver debate do impeachment e grandes manifestações. A explosão do medo da crise, por sua vez, veio antes dos efeitos mais cotidianos e concretos da recessão. Enfim, apenas a partir de março, quando houve a denúncia de 34 dezenas de parlamentares na Lava Jato, surgiriam queixas gerais contra a corrupção. Mais dinheiro, buraco maior - Diferença entre receita e despesa do governo federal, em % do PIB O PAPEL DA OPOSIÇÃO Em novembro e em dezembro de 2014 houvera manifestações contra o governo, convocadas por Revoltados On Line, MBL e Vem Pra Rua. O PSDB tentava então se dissociar de protestos e pedidos de impeachment. Mas em dezembro o PSDB decidira ir à Justiça, ao TSE, pela cassação da chapa Dilma-Temer, o que daria em nova eleição. Aécio Neves e tucanos queriam "sangrar" o governo, mas não o impeachment. Até março, Eduardo Cunha (PMDB) chamava o impeachment de "golpe". Cogitou aceitar os pedidos de impedimento apenas em julho, quando rompeu com o governo, ao ser acusado de receber propina na Suíça. Foi só em meados de abril, com acusações do TCU, que pedaladas passaram a ser caminho das pedras do impeachment para a oposição. Medo da inflação - % de entrevistados para quem a inflação vai aumentar COLAPSO DA CONFIANÇA No final de 2014, o prestígio de Dilma chegara ao nível mais alto desde junho de 2013, segundo o Datafolha : 42% dos eleitores julgavam seu governo ótimo ou bom. Houvera uma onda suave de otimismo, de baixa no medo de inflação e de desemprego. Em outubro, 31% dos eleitores diziam que a inflação iria aumentar. Mas, em fevereiro, eles eram 81%, sinal forte de insegurança, não da situação real dos preços. Em dezembro e janeiro, o governo anunciara cortes de gastos e benefícios sociais, além de altas de impostos, de luz e de juros. Era o estelionato eleitoral. A aprovação de Dilma cairia de 42% em dezembro para 23% em fevereiro e 13% em março. Apesar de nove meses de notícias da Lava Jato, corrupção era o maior problema do país para apenas 9% dos entrevistados em dezembro pelo Datafolha (ante 21% de meados de 2015). Saúde era o maior drama, para 43%. Total de renda cai - Variação anual, em % CRISE ECONÔMICA No cotidiano, a crise quase não era sentida no início de 2015, com exceção da inflação. Em janeiro, o rendimento do trabalho estava no nível mais alto desde sempre. Crescia mais de 2% ao ano acima da inflação. Agora, cai 2,4%. O desemprego era de 6,8%, menor que o de um ano antes. O número de empregados subia 1,2% ao ano. A crise de emprego e renda seria sentida com força "nas ruas" a partir de outubro de 2015. O sentimento de descontrole e pânico seria reforçado a partir de julho, quando o governo jogou a toalha do controle de gastos e do déficit, que explodira nos anos Dilma. Assim, ajudou a provocar pânico nos mercados financeiros (alta do dólar, dos "risco Brasil", dos juros) e, enfim, o rebaixamento da nota de crédito do país. Medo de investir no Brasil - Preço dos CDS* CRISE POLÍTICA O governo perdia o PMDB desde 2013. Em 2014, a Convenção do partido aprovou apoio à reeleição de Dilma por 59% dos votos. Em 2010, a aliança tivera 85% dos votos. O apoio dos partidos da coalizão governista baixava ano a ano. Em 2014, 66% dos parlamentares votaram de acordo com a liderança do governo na Câmara, segundo dados do Cebrap (a taxa de disciplina fora 89% em 2011). Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara e de um "blocão" de partidos insatisfeitos, comandava a "rebelião" e as derrotas do governo. Foi então que nasceu o projeto petista-governista de acabar com a dependência do PMDB, reforçando outros partidos da base. O plano sairia pela culatra, culminando com a tentativa de derrotar Cunha na eleição para a presidência da Câmara. Cunha venceria de lavada, em fevereiro. Michel Temer, que apoiara Cunha, ficaria na geladeira do Planalto até abril de 2015, quando foi convocado por Dilma para a coordenação política. Frito por petistas, abandonaria a função em agosto, quando diria em entrevista que o país precisava de "alguém [que] tenha a capacidade de reunificar a todos", o começo do rompimento e da ruína final. | poder | Colapso da confiança popular criou política do impeachmentDois meses e nove dias depois do início de seu segundo mandato, Dilma Rousseff rebatia em entrevista rápida no Planalto as primeiras discussões de seu impeachment. Era segunda-feira. No domingo, 8 de março, houvera o primeiro panelaço, contra o discurso em que a presidente pedia paciência com o arrocho. No domingo seguinte, 200 mil pessoas iriam à avenida Paulista e mais a outras ruas pelo país a fim de pedir o impeachment. O que causou o início da degradação política? O colapso da confiança popular, o governo mal avaliado, incentivou um PMDB ofendido a cobrar velhas contas de Dilma; animou a vingança udenista do PSDB, ressentido com a derrota de 2014. Filho do fracasso econômico, o estelionato eleitoral provocou um pânico de crise e, assim, a alta súbita da impopularidade do governo. O desprestígio explodiu antes de haver debate do impeachment e grandes manifestações. A explosão do medo da crise, por sua vez, veio antes dos efeitos mais cotidianos e concretos da recessão. Enfim, apenas a partir de março, quando houve a denúncia de 34 dezenas de parlamentares na Lava Jato, surgiriam queixas gerais contra a corrupção. Mais dinheiro, buraco maior - Diferença entre receita e despesa do governo federal, em % do PIB O PAPEL DA OPOSIÇÃO Em novembro e em dezembro de 2014 houvera manifestações contra o governo, convocadas por Revoltados On Line, MBL e Vem Pra Rua. O PSDB tentava então se dissociar de protestos e pedidos de impeachment. Mas em dezembro o PSDB decidira ir à Justiça, ao TSE, pela cassação da chapa Dilma-Temer, o que daria em nova eleição. Aécio Neves e tucanos queriam "sangrar" o governo, mas não o impeachment. Até março, Eduardo Cunha (PMDB) chamava o impeachment de "golpe". Cogitou aceitar os pedidos de impedimento apenas em julho, quando rompeu com o governo, ao ser acusado de receber propina na Suíça. Foi só em meados de abril, com acusações do TCU, que pedaladas passaram a ser caminho das pedras do impeachment para a oposição. Medo da inflação - % de entrevistados para quem a inflação vai aumentar COLAPSO DA CONFIANÇA No final de 2014, o prestígio de Dilma chegara ao nível mais alto desde junho de 2013, segundo o Datafolha : 42% dos eleitores julgavam seu governo ótimo ou bom. Houvera uma onda suave de otimismo, de baixa no medo de inflação e de desemprego. Em outubro, 31% dos eleitores diziam que a inflação iria aumentar. Mas, em fevereiro, eles eram 81%, sinal forte de insegurança, não da situação real dos preços. Em dezembro e janeiro, o governo anunciara cortes de gastos e benefícios sociais, além de altas de impostos, de luz e de juros. Era o estelionato eleitoral. A aprovação de Dilma cairia de 42% em dezembro para 23% em fevereiro e 13% em março. Apesar de nove meses de notícias da Lava Jato, corrupção era o maior problema do país para apenas 9% dos entrevistados em dezembro pelo Datafolha (ante 21% de meados de 2015). Saúde era o maior drama, para 43%. Total de renda cai - Variação anual, em % CRISE ECONÔMICA No cotidiano, a crise quase não era sentida no início de 2015, com exceção da inflação. Em janeiro, o rendimento do trabalho estava no nível mais alto desde sempre. Crescia mais de 2% ao ano acima da inflação. Agora, cai 2,4%. O desemprego era de 6,8%, menor que o de um ano antes. O número de empregados subia 1,2% ao ano. A crise de emprego e renda seria sentida com força "nas ruas" a partir de outubro de 2015. O sentimento de descontrole e pânico seria reforçado a partir de julho, quando o governo jogou a toalha do controle de gastos e do déficit, que explodira nos anos Dilma. Assim, ajudou a provocar pânico nos mercados financeiros (alta do dólar, dos "risco Brasil", dos juros) e, enfim, o rebaixamento da nota de crédito do país. Medo de investir no Brasil - Preço dos CDS* CRISE POLÍTICA O governo perdia o PMDB desde 2013. Em 2014, a Convenção do partido aprovou apoio à reeleição de Dilma por 59% dos votos. Em 2010, a aliança tivera 85% dos votos. O apoio dos partidos da coalizão governista baixava ano a ano. Em 2014, 66% dos parlamentares votaram de acordo com a liderança do governo na Câmara, segundo dados do Cebrap (a taxa de disciplina fora 89% em 2011). Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara e de um "blocão" de partidos insatisfeitos, comandava a "rebelião" e as derrotas do governo. Foi então que nasceu o projeto petista-governista de acabar com a dependência do PMDB, reforçando outros partidos da base. O plano sairia pela culatra, culminando com a tentativa de derrotar Cunha na eleição para a presidência da Câmara. Cunha venceria de lavada, em fevereiro. Michel Temer, que apoiara Cunha, ficaria na geladeira do Planalto até abril de 2015, quando foi convocado por Dilma para a coordenação política. Frito por petistas, abandonaria a função em agosto, quando diria em entrevista que o país precisava de "alguém [que] tenha a capacidade de reunificar a todos", o começo do rompimento e da ruína final. | 0 |
Brinquedo 'de casinha' foge do rosa para agradar a meninos e meninas | O rosa sempre esteve presente em brinquedos que imitam situações da vida adulta, como cozinhas, panelas ou kits de limpeza. O monopólio da cor, no entanto, está com os dias contados. As empresas mostraram na mais recente Abrin, maior feira de brinquedos do país, que os consumidores passarão a encontrar esses produtos em tons mais neutros. O objetivo é desvincular o brinquedo de um único gênero e mostrar que ele foi feito para crianças, independentemente de ser menino ou menina. "A indústria altera a realidade quando faz uma cozinha rosa, pois na sua casa ela não é dessa cor", afirma André Nascimento, designer da Usual Brinquedos. "Colocamos novas cores nos brinquedos, pois o fabricante precisa fazer uma interpretação das mudanças na sociedade." Entre os lançamentos da Usual, está um kit composto por balde, pá, vassoura e esfregão nas cores azul, amarelo, vermelho e verde. De olho no desejo do consumidor, empresas como a Xalingo, a Calesita e a Hasbro criaram cozinhas em cores que fogem do rosa. "Havia uma demanda por cores mais neutras, talvez influenciada por programas de TV que mostram meninas e meninos na cozinha", afirma Tamara Campos, gerente de marketing da Xalingo, quem tem uma linha de cozinha, geladeira e fogão em vermelho e preto. A mudança também está presente na comunicação visual das empresas, que colocaram meninos e meninas brincando juntos em seus catálogos e embalagens. "Essa é uma tendência mundial da marca. Não vamos fazer campanha por brinquedos neutros. A mudança será assimilada naturalmente pelos consumidores", diz Thaísa Garcia, gerente de marketing da Hasbro. DRAGÃO A linha Fur Real, da Hasbro, foi ampliada com um dragão azul, mesma cor da coleira de um cachorro que come ração e faz cocô. Antes, as coleiras dos animais dessa coleção eram da cor rosa. Tanto a embalagem do dragão Torch como das massinhas Play-Doh Town têm figuras femininas e masculinas brincando juntas. "A ideia é que todo o mundo brinca e todos brincam juntos. A criança não faz essa diferença de gênero", afirma Thaísa. Em 2014, o catálogo de brinquedos da rede sueca Top-Toy ganhou visibilidade internacional por mostrar meninos e meninas brincando com os mesmos brinquedos, sem distinção de gênero. Para Laís Fontenelle Pereira, psicóloga e consultora do Instituto Alana, a divisão dos brinquedos por gênero foi uma criação do mercado, não das crianças. "O mercado criou nichos de consumo para o público infantil." | mercado | Brinquedo 'de casinha' foge do rosa para agradar a meninos e meninasO rosa sempre esteve presente em brinquedos que imitam situações da vida adulta, como cozinhas, panelas ou kits de limpeza. O monopólio da cor, no entanto, está com os dias contados. As empresas mostraram na mais recente Abrin, maior feira de brinquedos do país, que os consumidores passarão a encontrar esses produtos em tons mais neutros. O objetivo é desvincular o brinquedo de um único gênero e mostrar que ele foi feito para crianças, independentemente de ser menino ou menina. "A indústria altera a realidade quando faz uma cozinha rosa, pois na sua casa ela não é dessa cor", afirma André Nascimento, designer da Usual Brinquedos. "Colocamos novas cores nos brinquedos, pois o fabricante precisa fazer uma interpretação das mudanças na sociedade." Entre os lançamentos da Usual, está um kit composto por balde, pá, vassoura e esfregão nas cores azul, amarelo, vermelho e verde. De olho no desejo do consumidor, empresas como a Xalingo, a Calesita e a Hasbro criaram cozinhas em cores que fogem do rosa. "Havia uma demanda por cores mais neutras, talvez influenciada por programas de TV que mostram meninas e meninos na cozinha", afirma Tamara Campos, gerente de marketing da Xalingo, quem tem uma linha de cozinha, geladeira e fogão em vermelho e preto. A mudança também está presente na comunicação visual das empresas, que colocaram meninos e meninas brincando juntos em seus catálogos e embalagens. "Essa é uma tendência mundial da marca. Não vamos fazer campanha por brinquedos neutros. A mudança será assimilada naturalmente pelos consumidores", diz Thaísa Garcia, gerente de marketing da Hasbro. DRAGÃO A linha Fur Real, da Hasbro, foi ampliada com um dragão azul, mesma cor da coleira de um cachorro que come ração e faz cocô. Antes, as coleiras dos animais dessa coleção eram da cor rosa. Tanto a embalagem do dragão Torch como das massinhas Play-Doh Town têm figuras femininas e masculinas brincando juntas. "A ideia é que todo o mundo brinca e todos brincam juntos. A criança não faz essa diferença de gênero", afirma Thaísa. Em 2014, o catálogo de brinquedos da rede sueca Top-Toy ganhou visibilidade internacional por mostrar meninos e meninas brincando com os mesmos brinquedos, sem distinção de gênero. Para Laís Fontenelle Pereira, psicóloga e consultora do Instituto Alana, a divisão dos brinquedos por gênero foi uma criação do mercado, não das crianças. "O mercado criou nichos de consumo para o público infantil." | 2 |
Veja melhores horários para sair de São Paulo no feriado de Tiradentes | As concessionárias das principais rodovias de São Paulo já apontam movimento intenso a partir da tarde desta quinta-feira (20), véspera do feriado de Tiradentes, quando os veículos começam a deixar a capital paulista em direção ao litoral e interior do Estado. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mais de 1,7 milhão de carros devem movimentar as estradas nos próximos dias. Segundo a maioria das concessionárias, o horário de maior tráfego nesta quinta será entre o início da tarde e as 22h. Nesta sexta (21), as empresas esperam movimento maior entre a manhã e o início da tarde. A volta do feriado no domingo (23) registra picos entre 10h e 22h. PREPARE-SE PARA O FERIADO - Confira os piores horários para viajar no feriado de Tiradentes LITORAL De acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), entre entre 250 mil e 300 mil veículos devem deixar a capital paulista em direção ao litoral pelo sistema Anchieta-Imigrantes até o domingo. O aumento do fluxo de veículos nesse sentido é aguardado na tarde desta quinta, quando a concessionária Ecovias implanta a operação descida a partir das 14h, com previsão de permanência até 1h da sexta-feira. Durante a operação, os veículos que seguirem em direção ao litoral poderão utilizar as pistas sul e norte da rodovia Anchieta e também a pista sul da rodovia dos Imigrantes. A subida será feita pela pista norte da Imigrantes. Na volta do feriado, o tráfego deve ser maior manhã de domingo, horário em que será implantada a operação subida, que será mantida até as 23h. Na operação, os veículos poderão subir pelas duas pistas da rodovia dos Imigrantes e pela pista norte da Anchieta. A descida será permitida somente pela pista sul da Anchieta. Cerca de 110 mil veículos devem circular em Tamoios, com previsão de aumento no fluxo de veículos entre 14h e 20h de quinta e entre 7h e 14h desta sexta. No domingo, o pico do trânsito deve ocorrer entre 12h e 20h. INTERIOR A previsão é que até 650 mil veículos passem pelo sistema Anhanguera-Bandeirantes. Na quinta, o tráfego será mais intenso entre 14h e 20h, e, na sexta, de 9h às 14h. O retorno deve ter maior fluxo entre 12h e 23h. O sistema Castello Branco-Raposo Tavares deve receber 499 mil veículos durante o fim de semana prolongado. A ViaOeste, concessionária que administra o sistema, espera aumento no tráfego entre 12h e 22h desta quinta. Na sexta-feira, o tráfego deve ser intenso entre 11h e 14h. Para o retorno à Capital, o fluxo será maior entre as 12h e 23h. RODOANEL Cerca de 1,1 milhão de veículos devem passar pelos trechos do Rodoanel, segundo a Artesp. Os períodos de maior fluxo serão entre 17h e 22h de quinta e 17h e 22 de domingo. RODÍZIO O rodízio de veículos será suspenso nesta sexta, assim como as restrições de fretados e caminhões, que voltarão a valer normalmente no sábado (22). O rodízio só será retomado na próxima segunda (24) a partir das 7h. O CTB (Código de Trânsito Brasileiro) prevê que o motorista que trafegar em locais e horários não permitidos será penalizado com infração média e receberá quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 130,16. Rodízio - Proibido circular no centro expandido de São Paulo, das 7h às 10h e das 17 às 20h A CET afirma que Zona Azul funcionará conforme sinalização existente -os horários de ativação estão dispostos nas placas indicativas. As ciclofaixas de lazer serão ativadas nesta sexta (21) e, também, no domingo (23), das 7h às 16h. A companhia vai monitorar o trânsito especialmente nos acessos e chegadas das rodovias, no entorno dos terminais rodoviários do Tietê, da Barra Funda e do Jabaquara com o objetivo de garantir a fluidez do tráfego, a acessibilidade e segurança aos passageiros, pedestres e motoristas. | cotidiano | Veja melhores horários para sair de São Paulo no feriado de TiradentesAs concessionárias das principais rodovias de São Paulo já apontam movimento intenso a partir da tarde desta quinta-feira (20), véspera do feriado de Tiradentes, quando os veículos começam a deixar a capital paulista em direção ao litoral e interior do Estado. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mais de 1,7 milhão de carros devem movimentar as estradas nos próximos dias. Segundo a maioria das concessionárias, o horário de maior tráfego nesta quinta será entre o início da tarde e as 22h. Nesta sexta (21), as empresas esperam movimento maior entre a manhã e o início da tarde. A volta do feriado no domingo (23) registra picos entre 10h e 22h. PREPARE-SE PARA O FERIADO - Confira os piores horários para viajar no feriado de Tiradentes LITORAL De acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), entre entre 250 mil e 300 mil veículos devem deixar a capital paulista em direção ao litoral pelo sistema Anchieta-Imigrantes até o domingo. O aumento do fluxo de veículos nesse sentido é aguardado na tarde desta quinta, quando a concessionária Ecovias implanta a operação descida a partir das 14h, com previsão de permanência até 1h da sexta-feira. Durante a operação, os veículos que seguirem em direção ao litoral poderão utilizar as pistas sul e norte da rodovia Anchieta e também a pista sul da rodovia dos Imigrantes. A subida será feita pela pista norte da Imigrantes. Na volta do feriado, o tráfego deve ser maior manhã de domingo, horário em que será implantada a operação subida, que será mantida até as 23h. Na operação, os veículos poderão subir pelas duas pistas da rodovia dos Imigrantes e pela pista norte da Anchieta. A descida será permitida somente pela pista sul da Anchieta. Cerca de 110 mil veículos devem circular em Tamoios, com previsão de aumento no fluxo de veículos entre 14h e 20h de quinta e entre 7h e 14h desta sexta. No domingo, o pico do trânsito deve ocorrer entre 12h e 20h. INTERIOR A previsão é que até 650 mil veículos passem pelo sistema Anhanguera-Bandeirantes. Na quinta, o tráfego será mais intenso entre 14h e 20h, e, na sexta, de 9h às 14h. O retorno deve ter maior fluxo entre 12h e 23h. O sistema Castello Branco-Raposo Tavares deve receber 499 mil veículos durante o fim de semana prolongado. A ViaOeste, concessionária que administra o sistema, espera aumento no tráfego entre 12h e 22h desta quinta. Na sexta-feira, o tráfego deve ser intenso entre 11h e 14h. Para o retorno à Capital, o fluxo será maior entre as 12h e 23h. RODOANEL Cerca de 1,1 milhão de veículos devem passar pelos trechos do Rodoanel, segundo a Artesp. Os períodos de maior fluxo serão entre 17h e 22h de quinta e 17h e 22 de domingo. RODÍZIO O rodízio de veículos será suspenso nesta sexta, assim como as restrições de fretados e caminhões, que voltarão a valer normalmente no sábado (22). O rodízio só será retomado na próxima segunda (24) a partir das 7h. O CTB (Código de Trânsito Brasileiro) prevê que o motorista que trafegar em locais e horários não permitidos será penalizado com infração média e receberá quatro pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 130,16. Rodízio - Proibido circular no centro expandido de São Paulo, das 7h às 10h e das 17 às 20h A CET afirma que Zona Azul funcionará conforme sinalização existente -os horários de ativação estão dispostos nas placas indicativas. As ciclofaixas de lazer serão ativadas nesta sexta (21) e, também, no domingo (23), das 7h às 16h. A companhia vai monitorar o trânsito especialmente nos acessos e chegadas das rodovias, no entorno dos terminais rodoviários do Tietê, da Barra Funda e do Jabaquara com o objetivo de garantir a fluidez do tráfego, a acessibilidade e segurança aos passageiros, pedestres e motoristas. | 6 |
Uma filosofia da mentira | Se no futuro existir um medidor de mentiras, o início do século 21 ganhará o prêmio de era da mentira. Uma filosofia da mentira é algo necessário para qualquer dossiê de temas urgentes. Sabe-se que a mentira foi duramente condenada pelo filósofo Immanuel Kant no século 18. Para ele, se ninguém mentisse, o mundo seria mais ético e mais "transparente". Se vivesse hoje, acreditaria, provavelmente, na gestão ética dos indivíduos através de uma espécie de sistema universal de compliance. Contra essa ideia de um mundo perfeito da transparência, o russo Dostoiévski, no século 19, visitando feiras de ciência da Europa ocidental, já percebia a morte da privacidade pelas mãos de um "palácio de cristal" onde a vida seria um fato "claro e distinto". No Brasil, nosso maior filósofo da moral, Nelson Rodrigues, em pleno século 20, clamava "mintam, mintam por misericórdia!". Nelson pensava que, sem a mentira, a vida em sociedade seria impossível. A mentira, nesse caso, era uma forma de doçura para com as fraquezas humanas. Aquele tipo de mentira misericordiosa que sustenta jantares em família, amizades, longos relacionamentos, silêncios honrosos em nome de um morto ou a piedade diante de uma feia. Mas há formas de mentira que precisam ser mais analisadas por nossa vã filosofia. Refiro-me à mentira a serviço do marketing moral. Esse tipo de mentira visa vender a ideia de que somos uma época mais avançada em costumes, afetos e comportamentos. Se formos à tradição filosófica, veremos que a mentira contemporânea se encaixa no tipo de mentira que se chama mentiras da vaidade. Vejamos três casos. A vaidade ferida, normalmente, se transforma em sua irmã ainda mais miserável, a inveja. A falsa afirmação do marketing moral de que todas as pessoas são iguais (uma corruptela da ideia justa de que todos devem ser iguais perante a lei, mentira essa evidente, na verdade) gera, no convívio interno a instituições, a mentira travestida de normas burocráticas. Alguém sob forte inveja pode, facilmente, querer destruir a fonte de sua humilhação cotidiana (por exemplo, destruir alguém muito melhor do que você profissionalmente) lançando sobre essa fonte (uma pessoa, na maioria dos casos) um conjunto de normas que visa inviabilizar a vida dessa pessoa. Se indagado acerca da causa desse conjunto de normas burocráticas asfixiantes, o mentiroso no exercício de sua função burocrática dirá que apenas exerce sua função, aplicando as normas. Como muitas normas burocráticas visam mesmo à destruição da espontaneidade e criatividade, e riscos inerentes às duas, em nome da mediocridade segura, o mentiroso burocrático estará seguro no exercício de sua função. Não prestamos a devida atenção ao fato que a mediocridade é a forma mais segura de viver que existe. Fala-se muito em "pensar fora da caixa", mas, na verdade, nunca o mundo corporativo investiu mais no seu contrário: as pessoas devem ser cada vez mais medíocres e respeitadoras dos limites dessa caixa. O dinheiro acumulado sempre leva o seu dono à conclusão de que a melhor política é a covardia. Apesar de se falar o contrário disso, a verdade é que o acúmulo tende a tornar você uma formiga contida em seu formigueiro. Falar em "pensar fora da caixa" é para o pensamento da "gestão de ideias" o que a punheta é para o sexo: uma atividade segura, sem riscos de engravidar alguém. Quando o risco de perda é muito alto, a melhor política é a mediocridade que paga pouco, mas sempre paga. As relações entre homens e mulheres nunca foram tão ruins como hoje. O desinteresse pelo sexo é seu maior sintoma. Sexo suja, implica em riscos e precisa de um "outro" para ser realizado. Aliás, uma das maiores mentiras contemporâneas é a masturbação ética ao redor da "alteridade"(o tal do "outro"). Fala-se muito dele, mas o eliminamos à nossa volta. Outros na África são mais seguros do que em casa. A ideia de que as pessoas evoluíram nos afetos é, talvez, a maior de todas as mentiras contemporâneas. Suspeito, na verdade, que "involuímos". Somos uns retardados do afeto. | colunas | Uma filosofia da mentiraSe no futuro existir um medidor de mentiras, o início do século 21 ganhará o prêmio de era da mentira. Uma filosofia da mentira é algo necessário para qualquer dossiê de temas urgentes. Sabe-se que a mentira foi duramente condenada pelo filósofo Immanuel Kant no século 18. Para ele, se ninguém mentisse, o mundo seria mais ético e mais "transparente". Se vivesse hoje, acreditaria, provavelmente, na gestão ética dos indivíduos através de uma espécie de sistema universal de compliance. Contra essa ideia de um mundo perfeito da transparência, o russo Dostoiévski, no século 19, visitando feiras de ciência da Europa ocidental, já percebia a morte da privacidade pelas mãos de um "palácio de cristal" onde a vida seria um fato "claro e distinto". No Brasil, nosso maior filósofo da moral, Nelson Rodrigues, em pleno século 20, clamava "mintam, mintam por misericórdia!". Nelson pensava que, sem a mentira, a vida em sociedade seria impossível. A mentira, nesse caso, era uma forma de doçura para com as fraquezas humanas. Aquele tipo de mentira misericordiosa que sustenta jantares em família, amizades, longos relacionamentos, silêncios honrosos em nome de um morto ou a piedade diante de uma feia. Mas há formas de mentira que precisam ser mais analisadas por nossa vã filosofia. Refiro-me à mentira a serviço do marketing moral. Esse tipo de mentira visa vender a ideia de que somos uma época mais avançada em costumes, afetos e comportamentos. Se formos à tradição filosófica, veremos que a mentira contemporânea se encaixa no tipo de mentira que se chama mentiras da vaidade. Vejamos três casos. A vaidade ferida, normalmente, se transforma em sua irmã ainda mais miserável, a inveja. A falsa afirmação do marketing moral de que todas as pessoas são iguais (uma corruptela da ideia justa de que todos devem ser iguais perante a lei, mentira essa evidente, na verdade) gera, no convívio interno a instituições, a mentira travestida de normas burocráticas. Alguém sob forte inveja pode, facilmente, querer destruir a fonte de sua humilhação cotidiana (por exemplo, destruir alguém muito melhor do que você profissionalmente) lançando sobre essa fonte (uma pessoa, na maioria dos casos) um conjunto de normas que visa inviabilizar a vida dessa pessoa. Se indagado acerca da causa desse conjunto de normas burocráticas asfixiantes, o mentiroso no exercício de sua função burocrática dirá que apenas exerce sua função, aplicando as normas. Como muitas normas burocráticas visam mesmo à destruição da espontaneidade e criatividade, e riscos inerentes às duas, em nome da mediocridade segura, o mentiroso burocrático estará seguro no exercício de sua função. Não prestamos a devida atenção ao fato que a mediocridade é a forma mais segura de viver que existe. Fala-se muito em "pensar fora da caixa", mas, na verdade, nunca o mundo corporativo investiu mais no seu contrário: as pessoas devem ser cada vez mais medíocres e respeitadoras dos limites dessa caixa. O dinheiro acumulado sempre leva o seu dono à conclusão de que a melhor política é a covardia. Apesar de se falar o contrário disso, a verdade é que o acúmulo tende a tornar você uma formiga contida em seu formigueiro. Falar em "pensar fora da caixa" é para o pensamento da "gestão de ideias" o que a punheta é para o sexo: uma atividade segura, sem riscos de engravidar alguém. Quando o risco de perda é muito alto, a melhor política é a mediocridade que paga pouco, mas sempre paga. As relações entre homens e mulheres nunca foram tão ruins como hoje. O desinteresse pelo sexo é seu maior sintoma. Sexo suja, implica em riscos e precisa de um "outro" para ser realizado. Aliás, uma das maiores mentiras contemporâneas é a masturbação ética ao redor da "alteridade"(o tal do "outro"). Fala-se muito dele, mas o eliminamos à nossa volta. Outros na África são mais seguros do que em casa. A ideia de que as pessoas evoluíram nos afetos é, talvez, a maior de todas as mentiras contemporâneas. Suspeito, na verdade, que "involuímos". Somos uns retardados do afeto. | 10 |
Após lesões, Renan Ribeiro espera agarrar chance no São Paulo | Fratura por estresse na quinta vértebra, contratura na coxa e cirurgias de apendicite e em um dos dedos da mão esquerda. Desde o ano passado, as lesões do goleiro Renan Ribeiro, 26, o fizeram perder chances de se firmar como titular do São Paulo. Ele terá nova oportunidade neste sábado (18), quando seu time pega o Ituano, às 16h, no Morumbi, pela nona rodada do Paulista. Renan foi confirmado por Rogério Ceni após Sidão e Denis, que se revezavam como titulares, não convencerem. O primeiro ainda tem uma lombalgia. "Todo momento que tive a oportunidade aqui, acredito que pude aproveitar. Agora preciso só de uma sequência de jogos para conseguir me firmar", disse Renan Ribeiro na última quinta-feira (16). Em três anos e nove meses de clube, ele disputou apenas 14 partidas como titular. Chegou na metade de 2013 após ficar quase seis meses treinando separado na sua antiga equipe, o Atlético-MG, que esperou o fim do contrato para liberá-lo. Naquela temporada e no ano seguinte, não foi utilizado pelo São Paulo. A primeira chance aconteceu na última rodada da primeira fase do Paulista-2015. Naquele ano, fez 11 jogos e chegou a atuar cinco vezes seguidas. Teve as oportunidades porque o até então goleiro Ceni e Denis estavam entregues ao departamento médico. O primeiro sofreu uma contusão no músculo adutor da coxa, enquanto o segundo se recuperava de uma cirurgia no ombro direito. Os outros três jogos que Renan iniciou foram no ano passado. Contra o Toluca (MEX), pelo jogo de ida das oitavas da Libertadores, Botafogo, na estreia do Brasileiro, e Atlético-MG, pela penúltima rodada do Nacional. Diante dos mexicanos, Renan acabara de se recuperar de uma cirurgia de apendicite. Dois meses depois, foi diagnosticado com uma fratura por estresse na quinta vértebra e ficou quase quatro meses sem ser relacionado. Ele só voltou a atuar na penúltima rodada do Brasileiro. Com as atuações irregulares de Denis, o São Paulo resolveu apostar em Renan. A chance, porém, durou 45 minutos. Ele sofreu uma contusão no dedo da mão. Quando estava pronto para voltar, no início deste ano, teve uma lesão muscular, o que impediu de ser testado. "O Renan sempre foi muito dedicado. Ele queria saber tudo sobre os treinos e ficava irritado quando errava", contou Leandro Franco, primeiro preparador de goleiros de Renan, que iniciou a carreira na base do Botafogo-SP. "Assim como todo goleiro, ele precisa de uma sequência, para mostrar o seu potencial", concluiu. Natural de Ribeirão Preto, Renan se mudou para Belo Horizonte aos 16 anos, quando foi contratado pelo Atlético-MG. Aos 20, surgiu como promessa da equipe, ajudando a evitar o rebaixamento para a Série B do Brasileiro em 2010. No ano seguinte, revezou a titularidade no gol com Giovanni. Voltou a ser titular em 2012, mas, em abril, após falha no clássico contra o Cruzeiro, perdeu a vaga e não atuou mais até a negociação com o São Paulo. NA TV São Paulo x Ituano 16h - Pay-per-view | esporte | Após lesões, Renan Ribeiro espera agarrar chance no São PauloFratura por estresse na quinta vértebra, contratura na coxa e cirurgias de apendicite e em um dos dedos da mão esquerda. Desde o ano passado, as lesões do goleiro Renan Ribeiro, 26, o fizeram perder chances de se firmar como titular do São Paulo. Ele terá nova oportunidade neste sábado (18), quando seu time pega o Ituano, às 16h, no Morumbi, pela nona rodada do Paulista. Renan foi confirmado por Rogério Ceni após Sidão e Denis, que se revezavam como titulares, não convencerem. O primeiro ainda tem uma lombalgia. "Todo momento que tive a oportunidade aqui, acredito que pude aproveitar. Agora preciso só de uma sequência de jogos para conseguir me firmar", disse Renan Ribeiro na última quinta-feira (16). Em três anos e nove meses de clube, ele disputou apenas 14 partidas como titular. Chegou na metade de 2013 após ficar quase seis meses treinando separado na sua antiga equipe, o Atlético-MG, que esperou o fim do contrato para liberá-lo. Naquela temporada e no ano seguinte, não foi utilizado pelo São Paulo. A primeira chance aconteceu na última rodada da primeira fase do Paulista-2015. Naquele ano, fez 11 jogos e chegou a atuar cinco vezes seguidas. Teve as oportunidades porque o até então goleiro Ceni e Denis estavam entregues ao departamento médico. O primeiro sofreu uma contusão no músculo adutor da coxa, enquanto o segundo se recuperava de uma cirurgia no ombro direito. Os outros três jogos que Renan iniciou foram no ano passado. Contra o Toluca (MEX), pelo jogo de ida das oitavas da Libertadores, Botafogo, na estreia do Brasileiro, e Atlético-MG, pela penúltima rodada do Nacional. Diante dos mexicanos, Renan acabara de se recuperar de uma cirurgia de apendicite. Dois meses depois, foi diagnosticado com uma fratura por estresse na quinta vértebra e ficou quase quatro meses sem ser relacionado. Ele só voltou a atuar na penúltima rodada do Brasileiro. Com as atuações irregulares de Denis, o São Paulo resolveu apostar em Renan. A chance, porém, durou 45 minutos. Ele sofreu uma contusão no dedo da mão. Quando estava pronto para voltar, no início deste ano, teve uma lesão muscular, o que impediu de ser testado. "O Renan sempre foi muito dedicado. Ele queria saber tudo sobre os treinos e ficava irritado quando errava", contou Leandro Franco, primeiro preparador de goleiros de Renan, que iniciou a carreira na base do Botafogo-SP. "Assim como todo goleiro, ele precisa de uma sequência, para mostrar o seu potencial", concluiu. Natural de Ribeirão Preto, Renan se mudou para Belo Horizonte aos 16 anos, quando foi contratado pelo Atlético-MG. Aos 20, surgiu como promessa da equipe, ajudando a evitar o rebaixamento para a Série B do Brasileiro em 2010. No ano seguinte, revezou a titularidade no gol com Giovanni. Voltou a ser titular em 2012, mas, em abril, após falha no clássico contra o Cruzeiro, perdeu a vaga e não atuou mais até a negociação com o São Paulo. NA TV São Paulo x Ituano 16h - Pay-per-view | 4 |
Atacante espanhol da Juventus comprova a 'maldição do ex' | Álvaro Morata, 22, comemorou discretamente o gol mais importante de sua ainda curta carreira de jogador. Não importa que seu chute, depois de dominar a bola no peito dentro da área, tenha definido o adversário do Barcelona na decisão da Liga dos Campeões da Europa, no dia 6 de junho, em Berlim. O atacante espanhol decretou o empate em 1 a 1 contra o Real Madrid, quarta (13), na segunda partida da semifinal, e recolocou a Juventus na final do torneio após 12 anos. Morata sente gratidão por seu antigo clube, o que explica a reação acanhada após o gol histórico. Era jogador do Real até dez meses atrás. Seus gols –ele havia marcado uma vez na vitória italiana por 2 a 1 no primeiro jogo –corroboram brincadeira que é mania entre os fãs de futebol na internet: a lei do ex. Diz a "maldição" que um atleta sempre terá boa exibição e prejudicará o antigo clube quando reencontrá-lo. Na inauguração do novo estádio do Palmeiras, o time alviverde perdeu para o Sport. Quem marcou o primeiro gol da arena? O ex-palmeirense Ananias. Nesta Liga dos Campeões, David Luiz, agora no PSG, marcou contra o Chelsea e ajudou a eliminar sua antiga equipe do torneio. O ex da vez, Morata, é natural de Madri e torcedor do Real. Chegou ao clube com 17 anos e conquistou a última Liga dos Campeões. Em busca de mais chances, foi para a Juventus em julho de 2014. Sua venda tem cláusula automática de recompra. Se quiser o atacante de volta, o Real tem de pagar € 30 milhões (R$ 103 milhões). "Gostaria que tivesse sido contra outra equipe. É uma sensação incomum, agridoce e esquisita", disse Morata. Até o espanhol balançar as redes, aos 12 min do segundo tempo, a vaga parecia fadada a ficar com o Real. O atual campeão europeu conseguiu o gol de que necessitava para se classificar ainda na metade do primeiro tempo, em pênalti polêmico convertido por Cristiano Ronaldo, e dominava o duelo. Só que os italianos, após empatarem a partida em um lance quase fortuito, equilibraram as ações e evitaram um sufoco final do Real. Finalista pela última vez em 2003, quando perdeu nos pênaltis para o Milan, a bicampeã europeia (1985 e 1996) retorna à decisão após passar pelo período mais conturbado de sua história. A Juventus foi rebaixada para a segunda divisão italiana em 2006 devido ao envolvimento em um escândalo de manipulação de resultados. A queda provocou uma debandada na equipe, que perdeu, entre outros, Ibrahimovic, Cannavaro e Vieira. O período na Série B durou só um ano. Daí em diante, soube se reconstruir. Levantou um estádio próprio e contratou novos astros, como Pirlo, Tevez e o jovem Pogba. Hoje, já acumula quatro títulos italianos consecutivos. Agora, quer voltar a ser campeã da Europa. | esporte | Atacante espanhol da Juventus comprova a 'maldição do ex'Álvaro Morata, 22, comemorou discretamente o gol mais importante de sua ainda curta carreira de jogador. Não importa que seu chute, depois de dominar a bola no peito dentro da área, tenha definido o adversário do Barcelona na decisão da Liga dos Campeões da Europa, no dia 6 de junho, em Berlim. O atacante espanhol decretou o empate em 1 a 1 contra o Real Madrid, quarta (13), na segunda partida da semifinal, e recolocou a Juventus na final do torneio após 12 anos. Morata sente gratidão por seu antigo clube, o que explica a reação acanhada após o gol histórico. Era jogador do Real até dez meses atrás. Seus gols –ele havia marcado uma vez na vitória italiana por 2 a 1 no primeiro jogo –corroboram brincadeira que é mania entre os fãs de futebol na internet: a lei do ex. Diz a "maldição" que um atleta sempre terá boa exibição e prejudicará o antigo clube quando reencontrá-lo. Na inauguração do novo estádio do Palmeiras, o time alviverde perdeu para o Sport. Quem marcou o primeiro gol da arena? O ex-palmeirense Ananias. Nesta Liga dos Campeões, David Luiz, agora no PSG, marcou contra o Chelsea e ajudou a eliminar sua antiga equipe do torneio. O ex da vez, Morata, é natural de Madri e torcedor do Real. Chegou ao clube com 17 anos e conquistou a última Liga dos Campeões. Em busca de mais chances, foi para a Juventus em julho de 2014. Sua venda tem cláusula automática de recompra. Se quiser o atacante de volta, o Real tem de pagar € 30 milhões (R$ 103 milhões). "Gostaria que tivesse sido contra outra equipe. É uma sensação incomum, agridoce e esquisita", disse Morata. Até o espanhol balançar as redes, aos 12 min do segundo tempo, a vaga parecia fadada a ficar com o Real. O atual campeão europeu conseguiu o gol de que necessitava para se classificar ainda na metade do primeiro tempo, em pênalti polêmico convertido por Cristiano Ronaldo, e dominava o duelo. Só que os italianos, após empatarem a partida em um lance quase fortuito, equilibraram as ações e evitaram um sufoco final do Real. Finalista pela última vez em 2003, quando perdeu nos pênaltis para o Milan, a bicampeã europeia (1985 e 1996) retorna à decisão após passar pelo período mais conturbado de sua história. A Juventus foi rebaixada para a segunda divisão italiana em 2006 devido ao envolvimento em um escândalo de manipulação de resultados. A queda provocou uma debandada na equipe, que perdeu, entre outros, Ibrahimovic, Cannavaro e Vieira. O período na Série B durou só um ano. Daí em diante, soube se reconstruir. Levantou um estádio próprio e contratou novos astros, como Pirlo, Tevez e o jovem Pogba. Hoje, já acumula quatro títulos italianos consecutivos. Agora, quer voltar a ser campeã da Europa. | 4 |
Café com amantes do Brasil | O Brasil tem simpatizantes entre administradores de uma boa pilha de dinheiro, lá fora, gente para quem já vale correr o risco de aplicar aqui ou, mais que isso, para quem é possível ter um retorno excepcional, caso se tenha estômago e paciência por uns três anos. Foi isso que se pôde ouvir de seis gestores ou economistas de fundos que aplicam em mercados emergentes, em particular no Brasil, reunidos para uma espécie de café, conversa informal, pela internet. Eram quatro americanos, um britânico e um suíço. A ironia triste é que, no final das contas, os argumentos desses gestores ora não soam bem para quem vive aqui. De qualquer modo, eles faziam o papel de advogado do diabo, deste país em crise. O Brasil está rendendo, desde já. As taxas de juros estão altas demais, tanto em termos domésticos como em relação a outros emergentes, acreditam. Em países mais relevantes da América Latina, as taxas de juros básicas são negativas, menores que a inflação, ou próximas de zero, como no México. Não há risco de prejuízo com desvalorizações extras do real? É possível, mas o pior já teria passado. Em 2013, "era óbvio" que seria loucura ficar no Brasil, pois o país tinha um deficit externo enorme, haveria uma virada na economia mundial e a política econômica era "burra e suicida". O Brasil não é ou voltou a ser instável demais para se arriscar por três anos? Sim, mas o país está pagando o preço (retornos mais altos). Sim, mas a situação externa tende a ficar mais estável, pois a desvalorização do real vai levar o deficit externo a zero até 2018 e vai dar um impulso maior à economia no ano que vem, dizem. O deficit externo, diferença entre importação e exportação de bens e serviços, de 4,3% do PIB em 2014, caiu a 3,3% do PIB no ano passado. O país ainda está uma "bagunça", mas o investidor de coragem e paciência vai fazer dinheiro. "Você pode até acreditar que o Brasil vai virar a Venezuela, mas é mais razoável apostar numa virada positiva da política econômica, que deve ser mais intensa depois das próximas eleições (2018). Isso vale também para quem quer comprar ou criar empresas no Brasil." O país já estaria barato (dada a desvalorização do real), e o preço de liquidação será ainda menor, pois salários e o valor das empresas ainda vão cair. Um gestor chama a atenção para o fato de não haver fuga de capitais. Ressalta que o investimento direto (compra de empresas ou novos negócios) no país voltou a cobrir todo o deficit externo. "Está ruim para vocês aí, muita gente vai perder o emprego ainda, mas está ficando interessante para quem tem horizonte de investimento mais longo." O Brasil vale o risco mesmo com a perspectiva de dificuldades na China? Uma crise chinesa pegaria mal em todos os emergentes. Se se acredita em alguma correção de rumos por aqui, o risco de haver uma piora maior especificamente no Brasil já passou. Piores problemas? "Você sabe. Ambiente regulatório muito ruim, pesado, incerto, governo arbitrário. E esse deficit fiscal [nominal] de 9% do PIB, coisa de país em guerra, em depressão ou com uma crise bancária horrível. Enfim, ainda não é um país para casar, mas pode dar muita satisfação como um amante." | colunas | Café com amantes do BrasilO Brasil tem simpatizantes entre administradores de uma boa pilha de dinheiro, lá fora, gente para quem já vale correr o risco de aplicar aqui ou, mais que isso, para quem é possível ter um retorno excepcional, caso se tenha estômago e paciência por uns três anos. Foi isso que se pôde ouvir de seis gestores ou economistas de fundos que aplicam em mercados emergentes, em particular no Brasil, reunidos para uma espécie de café, conversa informal, pela internet. Eram quatro americanos, um britânico e um suíço. A ironia triste é que, no final das contas, os argumentos desses gestores ora não soam bem para quem vive aqui. De qualquer modo, eles faziam o papel de advogado do diabo, deste país em crise. O Brasil está rendendo, desde já. As taxas de juros estão altas demais, tanto em termos domésticos como em relação a outros emergentes, acreditam. Em países mais relevantes da América Latina, as taxas de juros básicas são negativas, menores que a inflação, ou próximas de zero, como no México. Não há risco de prejuízo com desvalorizações extras do real? É possível, mas o pior já teria passado. Em 2013, "era óbvio" que seria loucura ficar no Brasil, pois o país tinha um deficit externo enorme, haveria uma virada na economia mundial e a política econômica era "burra e suicida". O Brasil não é ou voltou a ser instável demais para se arriscar por três anos? Sim, mas o país está pagando o preço (retornos mais altos). Sim, mas a situação externa tende a ficar mais estável, pois a desvalorização do real vai levar o deficit externo a zero até 2018 e vai dar um impulso maior à economia no ano que vem, dizem. O deficit externo, diferença entre importação e exportação de bens e serviços, de 4,3% do PIB em 2014, caiu a 3,3% do PIB no ano passado. O país ainda está uma "bagunça", mas o investidor de coragem e paciência vai fazer dinheiro. "Você pode até acreditar que o Brasil vai virar a Venezuela, mas é mais razoável apostar numa virada positiva da política econômica, que deve ser mais intensa depois das próximas eleições (2018). Isso vale também para quem quer comprar ou criar empresas no Brasil." O país já estaria barato (dada a desvalorização do real), e o preço de liquidação será ainda menor, pois salários e o valor das empresas ainda vão cair. Um gestor chama a atenção para o fato de não haver fuga de capitais. Ressalta que o investimento direto (compra de empresas ou novos negócios) no país voltou a cobrir todo o deficit externo. "Está ruim para vocês aí, muita gente vai perder o emprego ainda, mas está ficando interessante para quem tem horizonte de investimento mais longo." O Brasil vale o risco mesmo com a perspectiva de dificuldades na China? Uma crise chinesa pegaria mal em todos os emergentes. Se se acredita em alguma correção de rumos por aqui, o risco de haver uma piora maior especificamente no Brasil já passou. Piores problemas? "Você sabe. Ambiente regulatório muito ruim, pesado, incerto, governo arbitrário. E esse deficit fiscal [nominal] de 9% do PIB, coisa de país em guerra, em depressão ou com uma crise bancária horrível. Enfim, ainda não é um país para casar, mas pode dar muita satisfação como um amante." | 10 |
Após delações da Odebrecht, República Dominicana prende 8 suspeitos | O ministro da Indústria e Comércio da República Dominicana, Juan Temístocles Montás, e outras sete pessoas foram detidas nesta segunda (29) sob acusação de receber suborno da Odebrecht, informou a Procuradoria-Geral do país. Além de Montás –ministro da Economia nas gestões de Leonel Fernández (2004 a 2012) e no primeiro mandato do atual presidente, Danilo Medina (2012-2016)–, foram presos o ex-ministro de Obras Públicas Victor Díaz Rúa e o ex-vice-presidente da Corporação de Empresas Elétricas Estatais dominicanas Radhamés Segura. O líder do PRM (principal legenda da oposição dominicana), Andrés Bautista, também está entre os acusados. "Podemos qualificar esse evento de inédito devido aos vários crimes cometidos e às posições de poder dos envolvidos", disse o procurador-geral, Jean Alain Rodriguez. EFEITOS DA LAVA JATO NO MUNDO - Países em que a Odebrecht é acusada de beneficiar políticos em troca de licitações propinas da odebrecht no mundo - Em US$ bilhões Em 17 de maio, o Ministério Público da República Dominicana recebeu das autoridades brasileiras o conteúdo das delações de funcionários da empreiteira que tinham relação com o país caribenho. Segundo a Procuradoria, a Odebrecht pagou US$ 92 milhões em propinas, o que põe os dominicanos em terceiro no "ranking" de subornos da empresa, atrás de Brasil e Venezuela. A empreiteira fez ao menos 16 obras no país. Ela teve benefícios contratuais de US$ 163 milhões, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. No mês passado, a construtora se comprometeu a pagar US$ 184 milhões (R$ 602 milhões) em multas aos dominicanos. O caso de corrupção levou a protestos pelas investigações e contra o governo de Medina. A oposição pede a criação de um órgão independente para que as irregularidades nas licitações não fiquem impunes. No acordo com as autoridades americanas, a construtora afirmou ter entregue propina e feito doações de campanha em Angola, Argentina, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru, além dos três citados. Além da República Dominicana, a Odebrecht fechou acordos com os EUA e a Suíça e negocia com as Justiças da Argentina, Angola e Peru. | mundo | Após delações da Odebrecht, República Dominicana prende 8 suspeitosO ministro da Indústria e Comércio da República Dominicana, Juan Temístocles Montás, e outras sete pessoas foram detidas nesta segunda (29) sob acusação de receber suborno da Odebrecht, informou a Procuradoria-Geral do país. Além de Montás –ministro da Economia nas gestões de Leonel Fernández (2004 a 2012) e no primeiro mandato do atual presidente, Danilo Medina (2012-2016)–, foram presos o ex-ministro de Obras Públicas Victor Díaz Rúa e o ex-vice-presidente da Corporação de Empresas Elétricas Estatais dominicanas Radhamés Segura. O líder do PRM (principal legenda da oposição dominicana), Andrés Bautista, também está entre os acusados. "Podemos qualificar esse evento de inédito devido aos vários crimes cometidos e às posições de poder dos envolvidos", disse o procurador-geral, Jean Alain Rodriguez. EFEITOS DA LAVA JATO NO MUNDO - Países em que a Odebrecht é acusada de beneficiar políticos em troca de licitações propinas da odebrecht no mundo - Em US$ bilhões Em 17 de maio, o Ministério Público da República Dominicana recebeu das autoridades brasileiras o conteúdo das delações de funcionários da empreiteira que tinham relação com o país caribenho. Segundo a Procuradoria, a Odebrecht pagou US$ 92 milhões em propinas, o que põe os dominicanos em terceiro no "ranking" de subornos da empresa, atrás de Brasil e Venezuela. A empreiteira fez ao menos 16 obras no país. Ela teve benefícios contratuais de US$ 163 milhões, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. No mês passado, a construtora se comprometeu a pagar US$ 184 milhões (R$ 602 milhões) em multas aos dominicanos. O caso de corrupção levou a protestos pelas investigações e contra o governo de Medina. A oposição pede a criação de um órgão independente para que as irregularidades nas licitações não fiquem impunes. No acordo com as autoridades americanas, a construtora afirmou ter entregue propina e feito doações de campanha em Angola, Argentina, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru, além dos três citados. Além da República Dominicana, a Odebrecht fechou acordos com os EUA e a Suíça e negocia com as Justiças da Argentina, Angola e Peru. | 3 |
Além do previsto | Tremei, cidadãs e cidadãos. Já não bastam as vozes do impeachment, a fúria dos bolsonaros, a pauta-bomba de Eduardo Cunha que não é para a Câmara mas sobre o país. Nem bastam as manifestações programadas pelo SOS Militares e pelo PSDB de Aécio, nem mesmo a Lava Jato. Tremei cidadãs e cidadãos, que além do mais, e sobre todas as coisas, faz agosto. Se em melhor tempo alguém, nestas páginas, concluiu que a solução para Dilma é a que Getúlio se deu, não por acaso em certo agosto, não é exagero que o novo agosto chegue anunciado por uma "bomba caseira" lançada no Instituto Lula. Bombas são assim domesticamente inofensivas, "caseiras", até que matam uma dona Lida, uma criança na calçada, ou moradores de rua, que para eles o azar não tem fim. Bombas não costumam ser solitárias. É bem possível que a bomba de agora seja vista, depois, como um ponto inicial. Nem sugiro de quê. No agosto tão previsto surge, porém, algo que ninguém ousara prever. Por falta do precedente apesar de todos os agostos. Ou por um saldo de crença no bom senso onde se teme que falte. O imprevisível foi trazido pelo jovem procurador Deltan Dallagnol, um dos cruzados e porta-voz da Lava Jato. Seria no máximo extravagante o enlace entre exposição dos feitos da Lava Jato e a oração que Dallagnol fez, para seus irmãos de fé, em uma igreja batista no Rio –com convite a jornalistas para a conveniente propagação da mensagem. A da fé aliada à Lava Jato ou só a outra, não se sabe. A outra que, ficou claro, foi uma das finalidades da assembleia, senão "a" finalidade da exposição entremeada de citações bíblicas: Dallagnol pediu que seus irmãos de fé acompanhem a página de determinado pastor na internet, que difunde o espírito cruzado da Lava Jato. E foi mais longe: concitou à mobilização dos crentes para uma agenda de manifestações "contra a corrupção". Entre elas, uma pregação que se pretende de âmbito nacional. Quando? No 16 de agosto que os pregadores do impeachment de Dilma escolheram para voltar à rua. Deltan Dallagnol fez a palestra na condição de participante de inquéritos da Procuradoria da República e de integrante da chamada Operação Lava Jato. Sua exposição e os gráficos exibidos foram os mesmos feitos dias antes na TV, sem as conotações religiosas e sem a convocação. Como porta-voz da Lava Jato em ambas, na segunda exposição pôde fazer o que na anterior não cabia: a convocação que expressa uma definição política e o propósito do grupo de trabalho que ele integra. Tanto que nenhuma voz desse grupo tomou a providência de retificá-lo na definição e na incitação que fez, e que muitos meios de comunicação noticiaram. Por meio de Deltan Dallagnol, a Lava Jato se assumiu como ação política –o que os princípios e os fins da Procuradoria da República não admitem. A RE-UNIÃO Apesar de tudo, agosto promete alguma diversão. Os adeptos do impeachment dividiram-se depois da reunião de Dilma com os 26 governadores e o governador do DF. Uns silenciaram sobre o resultado, para poderem falar em derrota de Dilma. Outros, como Aécio e a cúpula do PSDB, perderam a voz. Mas o fato é claro: Dilma teve uma vitória política, talvez muito além da esperada. Foi um jogo de alto risco para os dois lados. Não seria surpreendente que se apresentasse uma dissidência entre os governadores, recusando as propostas de Dilma e inutilizando a reunião. Para os governadores, o risco está no teste que aceitaram, ao comprometer-se a tanger suas bancadas para o apoio, no Congresso, à contenção de gastos e à derrubada dos novos e altos gastos aprovados por comando de Eduardo Cunha. Os governadores apostaram na sua duvidosa força política. Embates em vários Estados, embates na Câmara entre os cumpridores do acordo feito no Planalto e o desacordo total anunciado por Eduardo Cunha e sua pauta-bomba. Até lá, vigora a imagem de rara unanimidade entre os 27 governadores. | colunas | Além do previstoTremei, cidadãs e cidadãos. Já não bastam as vozes do impeachment, a fúria dos bolsonaros, a pauta-bomba de Eduardo Cunha que não é para a Câmara mas sobre o país. Nem bastam as manifestações programadas pelo SOS Militares e pelo PSDB de Aécio, nem mesmo a Lava Jato. Tremei cidadãs e cidadãos, que além do mais, e sobre todas as coisas, faz agosto. Se em melhor tempo alguém, nestas páginas, concluiu que a solução para Dilma é a que Getúlio se deu, não por acaso em certo agosto, não é exagero que o novo agosto chegue anunciado por uma "bomba caseira" lançada no Instituto Lula. Bombas são assim domesticamente inofensivas, "caseiras", até que matam uma dona Lida, uma criança na calçada, ou moradores de rua, que para eles o azar não tem fim. Bombas não costumam ser solitárias. É bem possível que a bomba de agora seja vista, depois, como um ponto inicial. Nem sugiro de quê. No agosto tão previsto surge, porém, algo que ninguém ousara prever. Por falta do precedente apesar de todos os agostos. Ou por um saldo de crença no bom senso onde se teme que falte. O imprevisível foi trazido pelo jovem procurador Deltan Dallagnol, um dos cruzados e porta-voz da Lava Jato. Seria no máximo extravagante o enlace entre exposição dos feitos da Lava Jato e a oração que Dallagnol fez, para seus irmãos de fé, em uma igreja batista no Rio –com convite a jornalistas para a conveniente propagação da mensagem. A da fé aliada à Lava Jato ou só a outra, não se sabe. A outra que, ficou claro, foi uma das finalidades da assembleia, senão "a" finalidade da exposição entremeada de citações bíblicas: Dallagnol pediu que seus irmãos de fé acompanhem a página de determinado pastor na internet, que difunde o espírito cruzado da Lava Jato. E foi mais longe: concitou à mobilização dos crentes para uma agenda de manifestações "contra a corrupção". Entre elas, uma pregação que se pretende de âmbito nacional. Quando? No 16 de agosto que os pregadores do impeachment de Dilma escolheram para voltar à rua. Deltan Dallagnol fez a palestra na condição de participante de inquéritos da Procuradoria da República e de integrante da chamada Operação Lava Jato. Sua exposição e os gráficos exibidos foram os mesmos feitos dias antes na TV, sem as conotações religiosas e sem a convocação. Como porta-voz da Lava Jato em ambas, na segunda exposição pôde fazer o que na anterior não cabia: a convocação que expressa uma definição política e o propósito do grupo de trabalho que ele integra. Tanto que nenhuma voz desse grupo tomou a providência de retificá-lo na definição e na incitação que fez, e que muitos meios de comunicação noticiaram. Por meio de Deltan Dallagnol, a Lava Jato se assumiu como ação política –o que os princípios e os fins da Procuradoria da República não admitem. A RE-UNIÃO Apesar de tudo, agosto promete alguma diversão. Os adeptos do impeachment dividiram-se depois da reunião de Dilma com os 26 governadores e o governador do DF. Uns silenciaram sobre o resultado, para poderem falar em derrota de Dilma. Outros, como Aécio e a cúpula do PSDB, perderam a voz. Mas o fato é claro: Dilma teve uma vitória política, talvez muito além da esperada. Foi um jogo de alto risco para os dois lados. Não seria surpreendente que se apresentasse uma dissidência entre os governadores, recusando as propostas de Dilma e inutilizando a reunião. Para os governadores, o risco está no teste que aceitaram, ao comprometer-se a tanger suas bancadas para o apoio, no Congresso, à contenção de gastos e à derrubada dos novos e altos gastos aprovados por comando de Eduardo Cunha. Os governadores apostaram na sua duvidosa força política. Embates em vários Estados, embates na Câmara entre os cumpridores do acordo feito no Planalto e o desacordo total anunciado por Eduardo Cunha e sua pauta-bomba. Até lá, vigora a imagem de rara unanimidade entre os 27 governadores. | 10 |
Melhor sommelier do país vê evolução no mercado | Depois de emplacar a melhor cervejaria do país no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (Tupiniquim, de novo), o Rio Grande do Sul também tem o melhor sommelier de cerveja. Na quarta edição do concurso disputado na última semana, promovido pelo Instituto da Cerveja, o gaúcho Eduardo Pelizzon ficou com a honraria. Como prêmio, terá a oportunidade de visitar as plantações de lúpulo de Washington, nos EUA, além de ter sido qualificado entre outros dez candidatos para representar o país no campeonato mundial de sommelier, que acontecerá em setembro, na Alemanha (no top dez brasileiro, apenas uma mulher, Juliana Koerich Laureano, de Florianópolis). Para Edu, um fã de saisons, gueuzes e IPAs, o mercado brasileiro ainda deve evoluir muito. "Somos cervejeiros criativos e dedicados e o consumidor está evoluindo seu paladar. Salas de aulas com cursos cervejeiros estão sempre cheias, o conhecimento é a chave", acredita. Apesar de ter morado três anos em Dublin, terra da Guinness, o gaúcho só enveredou para o caminho das cervejas especiais em outras viagens pela Europa, como consumidor e, depois, no Brasil. "Quando retornei em 2011, a cena artesanal estava tendo mais exposição. E depois de um curso de produção de cerveja caseira comecei a estudar mais sobre o assunto." Para o sommelier, que não vive exclusivamente de cerveja, cervejarias em todo o país estão evoluindo, mas "preciso citar os 'Rios'. Os cervejeiros do Rio Grande do Sul estão produzindo coisas fantásticas e têm sido muito premiados", diz, jurando que deixou o bairrismo de lado. "E a cena cervejeira no Rio de Janeiro se consolidou nos últimos anos", avalia. Para Edu, o importante mesmo é que tenha uma microcervejaria em cada cidade brasileira, algo parecido com o que acontece nos Estados Unidos, nossa maior referência. Aliás, essa influência americana causa só um probleminha para o sommelier. "Gosto muito da escola inglesa, são cervejas elegantes e equilibradas. Mas consumir só importada pesa muito no bolso. 'Alô, cervejeiros, quem vai fazer uma english IPA aí?", brinca... ou cobra. DÁDIVA EM DOSE DUPLA Duas novas da cervejaria Dádiva. A primeira é o lançamento da ótima Dádiva 3, para celebrar os três anos da cervejaria. A cerveja é um blend da Duo (do segundo aniversário) com uma imperial saison maturada em barril de carvalho por três meses. O resultado é uma cerveja de aromas cítricos, cor dourada, baixo amargor e muito álcool (9,2%). A edição limitadíssima tem apenas 2.500 garrafas rolhadas de 375 ml e está disponível em bares como Ambar e Empório Alto dos Pinheiros. A partir de agora, a cervejaria também assume a parte operacional da Avós, que já é fabricada por lá "ciganamente". Com isso, a Avós deve ampliar sua produção e distribuição, bom para os netinhos. | colunas | Melhor sommelier do país vê evolução no mercadoDepois de emplacar a melhor cervejaria do país no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (Tupiniquim, de novo), o Rio Grande do Sul também tem o melhor sommelier de cerveja. Na quarta edição do concurso disputado na última semana, promovido pelo Instituto da Cerveja, o gaúcho Eduardo Pelizzon ficou com a honraria. Como prêmio, terá a oportunidade de visitar as plantações de lúpulo de Washington, nos EUA, além de ter sido qualificado entre outros dez candidatos para representar o país no campeonato mundial de sommelier, que acontecerá em setembro, na Alemanha (no top dez brasileiro, apenas uma mulher, Juliana Koerich Laureano, de Florianópolis). Para Edu, um fã de saisons, gueuzes e IPAs, o mercado brasileiro ainda deve evoluir muito. "Somos cervejeiros criativos e dedicados e o consumidor está evoluindo seu paladar. Salas de aulas com cursos cervejeiros estão sempre cheias, o conhecimento é a chave", acredita. Apesar de ter morado três anos em Dublin, terra da Guinness, o gaúcho só enveredou para o caminho das cervejas especiais em outras viagens pela Europa, como consumidor e, depois, no Brasil. "Quando retornei em 2011, a cena artesanal estava tendo mais exposição. E depois de um curso de produção de cerveja caseira comecei a estudar mais sobre o assunto." Para o sommelier, que não vive exclusivamente de cerveja, cervejarias em todo o país estão evoluindo, mas "preciso citar os 'Rios'. Os cervejeiros do Rio Grande do Sul estão produzindo coisas fantásticas e têm sido muito premiados", diz, jurando que deixou o bairrismo de lado. "E a cena cervejeira no Rio de Janeiro se consolidou nos últimos anos", avalia. Para Edu, o importante mesmo é que tenha uma microcervejaria em cada cidade brasileira, algo parecido com o que acontece nos Estados Unidos, nossa maior referência. Aliás, essa influência americana causa só um probleminha para o sommelier. "Gosto muito da escola inglesa, são cervejas elegantes e equilibradas. Mas consumir só importada pesa muito no bolso. 'Alô, cervejeiros, quem vai fazer uma english IPA aí?", brinca... ou cobra. DÁDIVA EM DOSE DUPLA Duas novas da cervejaria Dádiva. A primeira é o lançamento da ótima Dádiva 3, para celebrar os três anos da cervejaria. A cerveja é um blend da Duo (do segundo aniversário) com uma imperial saison maturada em barril de carvalho por três meses. O resultado é uma cerveja de aromas cítricos, cor dourada, baixo amargor e muito álcool (9,2%). A edição limitadíssima tem apenas 2.500 garrafas rolhadas de 375 ml e está disponível em bares como Ambar e Empório Alto dos Pinheiros. A partir de agora, a cervejaria também assume a parte operacional da Avós, que já é fabricada por lá "ciganamente". Com isso, a Avós deve ampliar sua produção e distribuição, bom para os netinhos. | 10 |
Moradores de Bruxelas usam hashtags para encontrar abrigo após ataques | Se no primeiro momento os atentados desta terça-feira (22) em Bruxelas causaram pânico, a reação na Bélgica e fora do país foi de comoção e solidariedade. Durante a tarde, uma das principais ruas do centro de Bruxelas, a Boulevard Anspach, onde fica a Bolsa de Valores, foi coberta por mensagens de apoio às vítimas dos ataques. Além de desenhos de corações e mensagens escritas com giz, flores foram deixadas no local. Entre os dizeres mais recorrentes estão "BXL Ma Belle" e "Paix!" ("Bruxelas, minha bela" e "paz!"). "Queremos paz, Bruxelas é um dos lugares que mais recebem migrantes na Europa. Ela é de todos, temos que lutar pela paz", bradava um jovem belga filmado pela TV local BFM. Na internet, as hashtags #OpenHouse (casa aberta, em inglês) e #PorteOuverte (portas abertas, em francês) foram usadas para acolher pessoas que ficaram bloqueadas nas ruas sem ter como chegar em casa. Desde a manhã, a circulação de metrôs, ônibus e trens foi suspensa em toda a cidade. Ataque em Bruxelas "Tenho espaço livre na minha casa em Bruxelas caso esteja bloqueado nesta noite. Só não pode ser alérgico a gatos", escreveu uma garota chamada Melissa. Em outra publicação, Fanny elogia a iniciativa: "É belo rever esta hashtag indo ao ar de novo rapidamente". A hashtag foi usada pela primeira vez após os atentados de 13 de novembro do ano passado, em Paris. Após as 16h (horário local) foram reabertas as principais estações de trens que ligam Bruxelas a outras cidades do país e do exterior. Porém, as ruas seguem fechadas pela polícia nas regiões da estação de metrô Malbeek, atingida por uma das bombas, e em outros bairros onde ocorrem blitz policiais, como Moleenbek e Schaerbeek. Um centro de crise foi montado pelas autoridades locais para acolher os moradores dessas regiões, já que não está claro quanto tempo ainda vão durar as operações. Os dois principais jornais da Bélgica, "Le Soir" e "De Standaard", associaram-se para publicar testemunhos e mensagens de solidariedade do povo belga. O mote da campanha é "Il faut tenir bon" (precisamos permanecer firmes). Da mesma forma como ocorreu após os atentados ao semanário satírico "Charlie Hebdo", em janeiro do ano passado, em Paris, cartunistas franceses renomados, como Plantu e Joann Sfar, fizeram desenhos em solidariedade às vítimas dos atentados em Bruxelas. Diversas cidades prestaram homenagens às vítimas dos atentados em Bruxelas. Em Berlim, o portão de Brandenburgo foi iluminado com as cores da bandeira belga, enquanto em Paris, a praça da República recebeu flores e a Torre Eiffel foi iluminada de vermelho, amarelo e preto. | mundo | Moradores de Bruxelas usam hashtags para encontrar abrigo após ataquesSe no primeiro momento os atentados desta terça-feira (22) em Bruxelas causaram pânico, a reação na Bélgica e fora do país foi de comoção e solidariedade. Durante a tarde, uma das principais ruas do centro de Bruxelas, a Boulevard Anspach, onde fica a Bolsa de Valores, foi coberta por mensagens de apoio às vítimas dos ataques. Além de desenhos de corações e mensagens escritas com giz, flores foram deixadas no local. Entre os dizeres mais recorrentes estão "BXL Ma Belle" e "Paix!" ("Bruxelas, minha bela" e "paz!"). "Queremos paz, Bruxelas é um dos lugares que mais recebem migrantes na Europa. Ela é de todos, temos que lutar pela paz", bradava um jovem belga filmado pela TV local BFM. Na internet, as hashtags #OpenHouse (casa aberta, em inglês) e #PorteOuverte (portas abertas, em francês) foram usadas para acolher pessoas que ficaram bloqueadas nas ruas sem ter como chegar em casa. Desde a manhã, a circulação de metrôs, ônibus e trens foi suspensa em toda a cidade. Ataque em Bruxelas "Tenho espaço livre na minha casa em Bruxelas caso esteja bloqueado nesta noite. Só não pode ser alérgico a gatos", escreveu uma garota chamada Melissa. Em outra publicação, Fanny elogia a iniciativa: "É belo rever esta hashtag indo ao ar de novo rapidamente". A hashtag foi usada pela primeira vez após os atentados de 13 de novembro do ano passado, em Paris. Após as 16h (horário local) foram reabertas as principais estações de trens que ligam Bruxelas a outras cidades do país e do exterior. Porém, as ruas seguem fechadas pela polícia nas regiões da estação de metrô Malbeek, atingida por uma das bombas, e em outros bairros onde ocorrem blitz policiais, como Moleenbek e Schaerbeek. Um centro de crise foi montado pelas autoridades locais para acolher os moradores dessas regiões, já que não está claro quanto tempo ainda vão durar as operações. Os dois principais jornais da Bélgica, "Le Soir" e "De Standaard", associaram-se para publicar testemunhos e mensagens de solidariedade do povo belga. O mote da campanha é "Il faut tenir bon" (precisamos permanecer firmes). Da mesma forma como ocorreu após os atentados ao semanário satírico "Charlie Hebdo", em janeiro do ano passado, em Paris, cartunistas franceses renomados, como Plantu e Joann Sfar, fizeram desenhos em solidariedade às vítimas dos atentados em Bruxelas. Diversas cidades prestaram homenagens às vítimas dos atentados em Bruxelas. Em Berlim, o portão de Brandenburgo foi iluminado com as cores da bandeira belga, enquanto em Paris, a praça da República recebeu flores e a Torre Eiffel foi iluminada de vermelho, amarelo e preto. | 3 |
Mortes: Artista paraibano, foi dublador e chargista | Era rindo de si mesmo que o garoto franzino Cristovam Tadeu respondia com maestria, na infância, aos colegas que faziam comentários sobre sua aparência. O bom humor peculiar foi decisivo para que ele seguisse carreira artística. Mais velho entre cinco irmãos, Cristovam se dizia a "ovelha negra" da família –que, de início, não aceitava sua escolha pelas artes. Aos 14, criou um grupo de teatro que imitava "Os Trapalhões". Depois, estudou teatro e artes visuais na Universidade Federal da Paraíba. Começou a estudar jornalismo, mas abandonou o curso quando, nos anos 1980, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como dublador e deu voz a um personagem do seriado "Jaspion". De volta a João Pessoa, quatro anos depois, fez shows de humor em bares e teatros. Dramaturgo, foi também professor de artes cênicas e, paralelamente, fazia charges políticas em jornais locais. Divertia-se ao imitar personalidades famosas da política e da cultura –Caetano Veloso, Ariano Suassuna e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, entre outros, faziam parte de seu repertório. Apesar da irreverência, era conhecido por ser organizado e acordar todos os dias às 4h. Tinha como hobby colecionar objetos que iam de discos e quadros a fotos e garrafas, e acompanhava rodas de choro pela cidade. Morreu em casa, após uma parada cardíaca, no último dia 8, aos 54, deixando três filhos e quatro irmãos. Uma missa em sua homenagem acontecerá neste domingo (16), às 10h, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em João Pessoa. - coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas | cotidiano | Mortes: Artista paraibano, foi dublador e chargistaEra rindo de si mesmo que o garoto franzino Cristovam Tadeu respondia com maestria, na infância, aos colegas que faziam comentários sobre sua aparência. O bom humor peculiar foi decisivo para que ele seguisse carreira artística. Mais velho entre cinco irmãos, Cristovam se dizia a "ovelha negra" da família –que, de início, não aceitava sua escolha pelas artes. Aos 14, criou um grupo de teatro que imitava "Os Trapalhões". Depois, estudou teatro e artes visuais na Universidade Federal da Paraíba. Começou a estudar jornalismo, mas abandonou o curso quando, nos anos 1980, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como dublador e deu voz a um personagem do seriado "Jaspion". De volta a João Pessoa, quatro anos depois, fez shows de humor em bares e teatros. Dramaturgo, foi também professor de artes cênicas e, paralelamente, fazia charges políticas em jornais locais. Divertia-se ao imitar personalidades famosas da política e da cultura –Caetano Veloso, Ariano Suassuna e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, entre outros, faziam parte de seu repertório. Apesar da irreverência, era conhecido por ser organizado e acordar todos os dias às 4h. Tinha como hobby colecionar objetos que iam de discos e quadros a fotos e garrafas, e acompanhava rodas de choro pela cidade. Morreu em casa, após uma parada cardíaca, no último dia 8, aos 54, deixando três filhos e quatro irmãos. Uma missa em sua homenagem acontecerá neste domingo (16), às 10h, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em João Pessoa. - coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas | 6 |
Com remuneração maior do que a da poupança, CDBs atraem investidores | Com o aumento dos juros e a baixa remuneração da poupança, parte dos investidores tem migrado para aplicações consideradas mais vantajosas hoje. Com isso, o volume investido nos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários, títulos emitidos por bancos para captar recursos) cresceu pelo terceiro mês em setembro, para R$ 477,6 bilhões. Atualmente, a poupança rende 7,44% ao ano mais TR, bem abaixo do título bancário, cujo rendimento é vinculado ao DI (taxa de empréstimo entre bancos), em 14,14% no dia 23 (veja quadro acima). A diferença é tão grande que nem a isenção de IR para a pessoa física favorece a caderneta. Os CDBs são tributados conforme a tabela regressiva, que começa em 22,5% para resgate até 180 dias e vai caindo gradativamente até alcançar o mínimo de 15%, para saques após 720 dias. CDB x Poupança - Compare as aplicações e saiba quando o título bancário supera a caderneta Mesmo após o desconto, o CDB entrega rendimento acima da inflação. Já a caderneta acumula ganho de 5,9% até setembro, ante IPCA de 7,64%. Assim como a poupança, a maioria dos CDBs tem liquidez diária -ou seja, pode ser resgatada a qualquer momento. No entanto, os investidores tendem a adiar os saques para reduzir o montante de imposto a pagar. Além do IR, retiradas feitos antes de 30 dias têm a incidência de IOF sobre o rendimento, com alíquotas que começam em 96% em operações de um dia e caem para até 3% em 29 dias. O investimento tem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), até R$ 250 mil por pessoa física na instituição. Mas, segundo Marcelo Cambria, professor de finanças da Fipecafi, é preciso verificar se banco emissor do CDB é associado ao FGC. Calculadora da Fortuna - Qual aplicação rende mais? | mercado | Com remuneração maior do que a da poupança, CDBs atraem investidoresCom o aumento dos juros e a baixa remuneração da poupança, parte dos investidores tem migrado para aplicações consideradas mais vantajosas hoje. Com isso, o volume investido nos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários, títulos emitidos por bancos para captar recursos) cresceu pelo terceiro mês em setembro, para R$ 477,6 bilhões. Atualmente, a poupança rende 7,44% ao ano mais TR, bem abaixo do título bancário, cujo rendimento é vinculado ao DI (taxa de empréstimo entre bancos), em 14,14% no dia 23 (veja quadro acima). A diferença é tão grande que nem a isenção de IR para a pessoa física favorece a caderneta. Os CDBs são tributados conforme a tabela regressiva, que começa em 22,5% para resgate até 180 dias e vai caindo gradativamente até alcançar o mínimo de 15%, para saques após 720 dias. CDB x Poupança - Compare as aplicações e saiba quando o título bancário supera a caderneta Mesmo após o desconto, o CDB entrega rendimento acima da inflação. Já a caderneta acumula ganho de 5,9% até setembro, ante IPCA de 7,64%. Assim como a poupança, a maioria dos CDBs tem liquidez diária -ou seja, pode ser resgatada a qualquer momento. No entanto, os investidores tendem a adiar os saques para reduzir o montante de imposto a pagar. Além do IR, retiradas feitos antes de 30 dias têm a incidência de IOF sobre o rendimento, com alíquotas que começam em 96% em operações de um dia e caem para até 3% em 29 dias. O investimento tem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), até R$ 250 mil por pessoa física na instituição. Mas, segundo Marcelo Cambria, professor de finanças da Fipecafi, é preciso verificar se banco emissor do CDB é associado ao FGC. Calculadora da Fortuna - Qual aplicação rende mais? | 2 |
Banda que tocava em local atacado em Paris não tem nada de macabra | Se os terroristas que cometeram o massacre na casa de shows Bataclan, em Paris, escolheram como alvo o show da banda de rock Eagles of Death Metal por achar que ela pudesse ter posições políticas contrárias às suas, certamente nunca ouviram um disco da banda. A música do Eagles of Death Metal não tem nada de política ou ideologia. É diversão pura. Nas redes sociais, alguns dizem que o nome ("Death" quer dizer "morte" em inglês) pode ter sido um chamariz, mas a verdade é que o nome é uma piada, uma brincadeira com dois estilos musicais opostos. O nome foi bolado pelo fundador da banda, Josh Homme, e é uma junção de "Eagles", famoso grupo californiano de soft-rock dos anos 70, conhecido por músicas tranquilas como o hit "Hotel California", e o "death metal", um dos gêneros mais rápidos, pesados e agressivos do rock, marcado por músicas velozes, guitarras distorcidas e letras macabras sobre morte, demônios e satanismo. Imagine que um brasileiro inventasse uma banda chamada "Tom Jobim Punk". O espírito da piada seria o mesmo. O Eagles of Death Metal não tem nada de death metal ou de macabro. O som é alegre e festivo, um rock animado com letras que falam, basicamente, de sexo e farra. A banda foi formada na Califórnia em 1998 por dois amigos, Jesse Hughes e Josh Homme. Este último ficou famoso com o grupo Queens of the Stone Age, que esteve recentemente no Rock in Rio. Homme considera o Eagles of Death Metal uma espécie de "férias" de seu "trabalho" no Queens, um projeto sem grandes ambições comerciais e onde a palavra de ordem é diversão. Com Homme excursionando sempre com o Queens of the Stone Age, Jesse Hughes é quem comanda o Eagles of Death Metal. Ele compõe a maioria das músicas e faz turnês, acompanhado por músicos convidados. Homme grava todos os discos do EODM (foram quatro até o momento), mas raramente toca ao vivo com a banda. Ele não estava no fatídico show em Paris. Jesse Hughes trouxe o EODM ao Brasil, em novembro de 2007, e tocou no clube Clash, em São Paulo. Eu era sócio-proprietário da casa na época e conheci Jesse e toda a banda. São caras divertidíssimos e simpáticos, que amam tocar ao vivo e fazem shows empolgantes e com grande interação com o público. É uma pena que uma banda tão alegre e bem humorada tenha sido alvo de um ato tão bárbaro. Felizmente, Jesse e seus companheiros escaparam com vida. ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor de "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas) | ilustrada | Banda que tocava em local atacado em Paris não tem nada de macabraSe os terroristas que cometeram o massacre na casa de shows Bataclan, em Paris, escolheram como alvo o show da banda de rock Eagles of Death Metal por achar que ela pudesse ter posições políticas contrárias às suas, certamente nunca ouviram um disco da banda. A música do Eagles of Death Metal não tem nada de política ou ideologia. É diversão pura. Nas redes sociais, alguns dizem que o nome ("Death" quer dizer "morte" em inglês) pode ter sido um chamariz, mas a verdade é que o nome é uma piada, uma brincadeira com dois estilos musicais opostos. O nome foi bolado pelo fundador da banda, Josh Homme, e é uma junção de "Eagles", famoso grupo californiano de soft-rock dos anos 70, conhecido por músicas tranquilas como o hit "Hotel California", e o "death metal", um dos gêneros mais rápidos, pesados e agressivos do rock, marcado por músicas velozes, guitarras distorcidas e letras macabras sobre morte, demônios e satanismo. Imagine que um brasileiro inventasse uma banda chamada "Tom Jobim Punk". O espírito da piada seria o mesmo. O Eagles of Death Metal não tem nada de death metal ou de macabro. O som é alegre e festivo, um rock animado com letras que falam, basicamente, de sexo e farra. A banda foi formada na Califórnia em 1998 por dois amigos, Jesse Hughes e Josh Homme. Este último ficou famoso com o grupo Queens of the Stone Age, que esteve recentemente no Rock in Rio. Homme considera o Eagles of Death Metal uma espécie de "férias" de seu "trabalho" no Queens, um projeto sem grandes ambições comerciais e onde a palavra de ordem é diversão. Com Homme excursionando sempre com o Queens of the Stone Age, Jesse Hughes é quem comanda o Eagles of Death Metal. Ele compõe a maioria das músicas e faz turnês, acompanhado por músicos convidados. Homme grava todos os discos do EODM (foram quatro até o momento), mas raramente toca ao vivo com a banda. Ele não estava no fatídico show em Paris. Jesse Hughes trouxe o EODM ao Brasil, em novembro de 2007, e tocou no clube Clash, em São Paulo. Eu era sócio-proprietário da casa na época e conheci Jesse e toda a banda. São caras divertidíssimos e simpáticos, que amam tocar ao vivo e fazem shows empolgantes e com grande interação com o público. É uma pena que uma banda tão alegre e bem humorada tenha sido alvo de um ato tão bárbaro. Felizmente, Jesse e seus companheiros escaparam com vida. ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e autor de "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas) | 1 |
Por dentro dos podres da carne | HÁ POUCA CARNE podre no despacho do juiz que autorizou a Operação Carne Fraca. Não está lá a história da linguiça de papelão. Sim, há carne ruim, em frigorífico menor. Tem até lote podre de ervilhas na história. Mas fica evidente que a fiscalização da comida no Paraná, em Goiás e em Minas Gerais, pelo menos, é um osso mole de roer, com subornos baratos. Um executivo de pelo menos um grande frigorífico organizava a mutreta. Para que subornar fiscais, de superintendentes do ministério ao "zé mané", se o objetivo não é passar comida ruim adiante? Também para isso, para que se faça vista grossa, supõe-se. Mas há pouca evidência direta de carne podre. Há casos de tentativas de afastar fiscal decente. Há compra de normas, autorizações e "agilização" de processos. Em suma, gente nomeada por políticos administra rede de fiscais com poder destrutivo para envenenar pessoas e causar prejuízos econômicos nacionais. Mas o caso lembra corrupções municipais, como o de fiscais de obras. É o que se depreende das 305 páginas do despacho do juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba. A promessa de corrupção maior é a de doação de R$ 300 mil para a campanha de parlamentares padrinhos de um fiscal graduado corrupto. Há o caso verificado de apartamentos no nome de um ex-superintendente no Paraná. Há suspeitas de uns R$ 50 mil ali, R$ 20 mil aqui. Fiscais menos graduados também recebem dinheiro, mas não fica clara a quantia. Muita vez, o suborno aparece na forma de lotes de asinha de frango, calabresa, presunto, alcatra, maminha e picanha. Um corrupto pede que comprem seu carro usado. Outro, que arrumem um teste para seu neto em um time de futebol de São Paulo. Quem são esses? Gente que discute suborno nestes termos: "Vou comprar [calabresa], né, porque não compensa, né, Carlão, sair daqui pra pegar dois gomos de linguiça lá, gasolina tá [cara]...". Mas tem coisa muito grave e grande na Carne Fraca. Pede-se ajuda a "parlamentares" para facilitar exportações pelo porto de Itajaí. Uma múlti brasileira paga a viagem de fiscais para que eles conheçam e certifiquem processo mais rápido de abate de aves. Fiscais pouco graduados discutem como reutilizar peru com salmonela, rejeitado na Europa. Funcionários de grande frigorífico tentam "agilizar" o registro de certificação de granjas fornecedoras. Assim seriam certificados em laboratórios da empresa, escapando de laboratórios do Ministério da Agricultura, que poderiam flagrar salmonela em frangos e perus. Não se sabe o fim da história. Funcionários de grandes frigoríficos, "campões nacionais", agiam dentro de escritórios regionais do Ministério da Agricultura, com acesso a computadores e senhas para emissão de certificados sanitários. Por vezes, redigiam certificados de fiscalização, só assinados pelos fiscais. Não há motivos para acreditar que tal bandalheira não se repita em outros Estados. O que fazer? Blairo Maggi dizer quem são os políticos padrinhos dos superintendentes demitidos e dos que estão no cargo. Fazer devassa e dança das cadeiras na fiscalização. Auditoria com grande amostragem na carne dos frigoríficos "campeões nacionais". E abatam-se cabeças. | colunas | Por dentro dos podres da carneHÁ POUCA CARNE podre no despacho do juiz que autorizou a Operação Carne Fraca. Não está lá a história da linguiça de papelão. Sim, há carne ruim, em frigorífico menor. Tem até lote podre de ervilhas na história. Mas fica evidente que a fiscalização da comida no Paraná, em Goiás e em Minas Gerais, pelo menos, é um osso mole de roer, com subornos baratos. Um executivo de pelo menos um grande frigorífico organizava a mutreta. Para que subornar fiscais, de superintendentes do ministério ao "zé mané", se o objetivo não é passar comida ruim adiante? Também para isso, para que se faça vista grossa, supõe-se. Mas há pouca evidência direta de carne podre. Há casos de tentativas de afastar fiscal decente. Há compra de normas, autorizações e "agilização" de processos. Em suma, gente nomeada por políticos administra rede de fiscais com poder destrutivo para envenenar pessoas e causar prejuízos econômicos nacionais. Mas o caso lembra corrupções municipais, como o de fiscais de obras. É o que se depreende das 305 páginas do despacho do juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba. A promessa de corrupção maior é a de doação de R$ 300 mil para a campanha de parlamentares padrinhos de um fiscal graduado corrupto. Há o caso verificado de apartamentos no nome de um ex-superintendente no Paraná. Há suspeitas de uns R$ 50 mil ali, R$ 20 mil aqui. Fiscais menos graduados também recebem dinheiro, mas não fica clara a quantia. Muita vez, o suborno aparece na forma de lotes de asinha de frango, calabresa, presunto, alcatra, maminha e picanha. Um corrupto pede que comprem seu carro usado. Outro, que arrumem um teste para seu neto em um time de futebol de São Paulo. Quem são esses? Gente que discute suborno nestes termos: "Vou comprar [calabresa], né, porque não compensa, né, Carlão, sair daqui pra pegar dois gomos de linguiça lá, gasolina tá [cara]...". Mas tem coisa muito grave e grande na Carne Fraca. Pede-se ajuda a "parlamentares" para facilitar exportações pelo porto de Itajaí. Uma múlti brasileira paga a viagem de fiscais para que eles conheçam e certifiquem processo mais rápido de abate de aves. Fiscais pouco graduados discutem como reutilizar peru com salmonela, rejeitado na Europa. Funcionários de grande frigorífico tentam "agilizar" o registro de certificação de granjas fornecedoras. Assim seriam certificados em laboratórios da empresa, escapando de laboratórios do Ministério da Agricultura, que poderiam flagrar salmonela em frangos e perus. Não se sabe o fim da história. Funcionários de grandes frigoríficos, "campões nacionais", agiam dentro de escritórios regionais do Ministério da Agricultura, com acesso a computadores e senhas para emissão de certificados sanitários. Por vezes, redigiam certificados de fiscalização, só assinados pelos fiscais. Não há motivos para acreditar que tal bandalheira não se repita em outros Estados. O que fazer? Blairo Maggi dizer quem são os políticos padrinhos dos superintendentes demitidos e dos que estão no cargo. Fazer devassa e dança das cadeiras na fiscalização. Auditoria com grande amostragem na carne dos frigoríficos "campeões nacionais". E abatam-se cabeças. | 10 |
Com falha e gol de Rogério Ceni, São Paulo vence o Santos no Morumbi | Rogério Ceni foi o protagonista da vitória do São Paulo sobre o Santos por 3 a 2, nesta quarta-feira (3), no Morumbi, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. O goleiro superou uma falha no segundo gol santista e, de pênalti, marcou o gol da vitória quase no final do jogo. Ele ainda chegou à marca de 128 gols pelo clube, igualando marca de Raí e alcançando a 10ª posição entre os maiores artilheiros da história do São Paulo. Ceni foi destaque também fora de campo. No intervalo, disparou contra o árbitro Thiago Duarte Peixoto e a comissão de arbitragem da CBF após ele e o reserva Renan Ribeiro receberem o cartão amarelo por reclamação. "É um árbitro que quer aparecer, já fizemos a reclamação e o escalam justo no nosso jogo", disse no intervalo. "Foi assim em Curitiba contra o Atlético-PR. O cara que quer ser estrela do jogo", afirmou, lembrando o fato de Thiago Duarte Peixoto ter dado o cartão vermelho direto para o atacante Walter por reclamação em jogo contra o Atlético-MG. Com a vitória, o São Paulo sobe ao G-4 do Campeonato Brasileiro. Os dez pontos ganhos colocam a equipe na quarta colocação. A derrota faz o Santos cair para a 13ª posição, com cinco pontos. Ceni O JOGO Ainda sem visto de trabalho, o novo técnico Juan Carlos Osorio assistiu ao jogo das tribunas do Morumbi. Com um jogo sem tanta movimentação, o São Paulo chegou ao gol aos 32min em um lance de bola parada. Michel Bastos cobrou falta de longe com a perna esquerda e pegou muito bem na bola, que bateu no chão antes de entrar no canto do goleiro Vladimir. Sem conseguir pressionar, o Santos chegou ao empate aos 45min, após o árbitro marcar pênalti de Denilson, que abriu os braços na área e desviou a bola com a mão. Veja vídeo Rogério Ceni defendeu a cobrança de Ricardo Oliveira, mas a bola rebatida para o meio de gol facilitou a vida do atacante. No segundo tempo, o goleiro que terminou o primeiro tempo defendendo pênalti cometeu uma falha grande. Ricardo Oliveira recebeu lançamento de Lucas Lima e chutou sem muita força. O goleiro tentou antecipar o lance e acabou dando um tapa para dentro da própria meta. Não houve tempo para o Santos comemorar a virada. Aos 4min, Thiago Mendes cobrou escanteio na cabeça de Paulo Miranda, que desviou sozinho na pequena área para o gol. A vitória são-paulina foi construída aos 38min. Carlinhos passou por Daniel Guedes e foi derrubado dentro da área. Rogério Ceni cobrou firme no meio do gol e deu a vitória à equipe. | esporte | Com falha e gol de Rogério Ceni, São Paulo vence o Santos no MorumbiRogério Ceni foi o protagonista da vitória do São Paulo sobre o Santos por 3 a 2, nesta quarta-feira (3), no Morumbi, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. O goleiro superou uma falha no segundo gol santista e, de pênalti, marcou o gol da vitória quase no final do jogo. Ele ainda chegou à marca de 128 gols pelo clube, igualando marca de Raí e alcançando a 10ª posição entre os maiores artilheiros da história do São Paulo. Ceni foi destaque também fora de campo. No intervalo, disparou contra o árbitro Thiago Duarte Peixoto e a comissão de arbitragem da CBF após ele e o reserva Renan Ribeiro receberem o cartão amarelo por reclamação. "É um árbitro que quer aparecer, já fizemos a reclamação e o escalam justo no nosso jogo", disse no intervalo. "Foi assim em Curitiba contra o Atlético-PR. O cara que quer ser estrela do jogo", afirmou, lembrando o fato de Thiago Duarte Peixoto ter dado o cartão vermelho direto para o atacante Walter por reclamação em jogo contra o Atlético-MG. Com a vitória, o São Paulo sobe ao G-4 do Campeonato Brasileiro. Os dez pontos ganhos colocam a equipe na quarta colocação. A derrota faz o Santos cair para a 13ª posição, com cinco pontos. Ceni O JOGO Ainda sem visto de trabalho, o novo técnico Juan Carlos Osorio assistiu ao jogo das tribunas do Morumbi. Com um jogo sem tanta movimentação, o São Paulo chegou ao gol aos 32min em um lance de bola parada. Michel Bastos cobrou falta de longe com a perna esquerda e pegou muito bem na bola, que bateu no chão antes de entrar no canto do goleiro Vladimir. Sem conseguir pressionar, o Santos chegou ao empate aos 45min, após o árbitro marcar pênalti de Denilson, que abriu os braços na área e desviou a bola com a mão. Veja vídeo Rogério Ceni defendeu a cobrança de Ricardo Oliveira, mas a bola rebatida para o meio de gol facilitou a vida do atacante. No segundo tempo, o goleiro que terminou o primeiro tempo defendendo pênalti cometeu uma falha grande. Ricardo Oliveira recebeu lançamento de Lucas Lima e chutou sem muita força. O goleiro tentou antecipar o lance e acabou dando um tapa para dentro da própria meta. Não houve tempo para o Santos comemorar a virada. Aos 4min, Thiago Mendes cobrou escanteio na cabeça de Paulo Miranda, que desviou sozinho na pequena área para o gol. A vitória são-paulina foi construída aos 38min. Carlinhos passou por Daniel Guedes e foi derrubado dentro da área. Rogério Ceni cobrou firme no meio do gol e deu a vitória à equipe. | 4 |
Com contratos no fim, Robinho e Valdivia tentam se redimir com título | Ao final do primeiro duelo pelo título do Paulista, mesmo com a derrota por 1 a 0, os santistas provocaram os palmeirenses com o grito "Ô lelê, ô lalá, o Robinho vem aí e o bicho vai pegar", já pensando no segundo jogo, neste domingo (3), na Vila Belmiro. Apesar de o Santos precisar de vitória por dois gols de diferença para ser campeão, a confiança da torcida na conquista do título foi depositada no retorno do atacante. Robinho não jogou no estádio do Palmeiras por causa de um edema na coxa esquerda. Fez treinos específicos e, recuperado, deve iniciar a partida decisiva do torneio. Os palmeirenses também saíram confiantes. Além da vantagem de jogar por um empate, eles apostam na volta do meia Valdivia, ausente do jogo anterior por causa de lesão no joelho esquerdo. Apesar de o chileno ter jogado pouco este ano, sempre que entrou em campo fez a torcida explodir em vibração. Mas a verdade é que os números recentes mostram que tanto Santos quanto Palmeiras não dependem tanto de seus ídolos para decidirem. E os dois podem ter na conquista da taça a oportunidade de redenção após altos e baixos na temporada. E antes do fim de seus contratos. FUTURO ITALIANO Robinho retornou ao Santos em agosto do ano passado para iniciar a terceira passagem pelo clube. Está emprestado pelo Milan até 30 de junho desta temporada. Se não ocorrer a renovação –o Cruzeiro está interessado em contratar o jogador–, ele pode concluir uma passagem melancólica pelo Santos. É a pior de suas três passagens pelo clube. Na primeira, ganhou dois Brasileiros (2002 e 2004); na segunda, em 2010, conquistou dois títulos em apenas um semestre (Paulista e Copa do Brasil). Nesta passagem, nenhum título, baixo número de gols (15) e poucas atuações à altura do passado dele no clube. Além disso, perdeu marcas que orgulhavam a torcida, como a de nunca ter perdido um clássico para o Corinthians. O que tiraria este peso é o título do Estadual. Seria a quinta taça dele pelo Santos. Apesar disso o Santos deseja a permanência dele. O presidente Modesto Roma Jr. deve viajar para a Itália após a final do Estadual para negociar a contratação definitiva de Robinho com o Milan. A equipe italiana já avisou que não aceitará prolongar o empréstimo. Só aceita vender o atacante. O Santos já sinalizou que pretende oferecer na negociação o zagueiro Gustavo Henrique, 22. "Robinho é uma referencia para nós. Ele seria importante para qualquer equipe, mas aqui ele tem uma afinidade grande com o clube, torcida", defendeu o técnico do Santos, Marcelo Fernandes. PRODUTIVIDADE Em julho, Valdivia vai completar cinco anos no clube, desde que retornou pela segunda vez. Foram muitos altos e baixos nesse tempo. Apesar do título da Copa do Brasil de 2012 (quando ficou fora do jogo decisivo por estar suspenso), esteve no rebaixamento no mesmo ano e na campanha medíocre no Brasileiro do ano passado. O histórico recente não agrada aos palmeirenses. O chileno tem ficado mais ausente do que presente devido a seguidas lesões. Neste ano, fez quatro jogos e pela primeira vez viu um time do Palmeiras que não depende dele. Com contrato até agosto, hoje a permanência dele parece difícil. O Palmeiras oferece contrato de produtividade, isto é, valor fixo baixo complementado com ganhos por participação nos jogos. O chileno não gosta da ideia. Mas, até pelo histórico, a torcida tem apoiado a diretoria. Caso ajude o time a ser campeão, é possível que os torcedores pressionem o clube para renovar com o ídolo. Ainda seria só a terceira taça pelo Palmeiras e é possível que a cobrança da torcida aumente no Brasileiro. FICHA Santos: Vladimir; Victor Ferraz, Gustavo Henrique (Werley), David Braz e Chiquinho; Valencia (Lucas Otávio) e Renato; Lucas Lima; Geuvânio, Ricardo Oliveira e Robinho T.: Marcelo Fernandes Palmeiras: Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Vitor Hugo e Zé Roberto; Gabriel e Robinho; Rafael Marques, Valdivia e Dudu; Leandro Pereira T.: Oswaldo de Oliveira Estádio: Vila Belmiro, em Santos Árbitro: Guilherme Ceretta de Lima | esporte | Com contratos no fim, Robinho e Valdivia tentam se redimir com títuloAo final do primeiro duelo pelo título do Paulista, mesmo com a derrota por 1 a 0, os santistas provocaram os palmeirenses com o grito "Ô lelê, ô lalá, o Robinho vem aí e o bicho vai pegar", já pensando no segundo jogo, neste domingo (3), na Vila Belmiro. Apesar de o Santos precisar de vitória por dois gols de diferença para ser campeão, a confiança da torcida na conquista do título foi depositada no retorno do atacante. Robinho não jogou no estádio do Palmeiras por causa de um edema na coxa esquerda. Fez treinos específicos e, recuperado, deve iniciar a partida decisiva do torneio. Os palmeirenses também saíram confiantes. Além da vantagem de jogar por um empate, eles apostam na volta do meia Valdivia, ausente do jogo anterior por causa de lesão no joelho esquerdo. Apesar de o chileno ter jogado pouco este ano, sempre que entrou em campo fez a torcida explodir em vibração. Mas a verdade é que os números recentes mostram que tanto Santos quanto Palmeiras não dependem tanto de seus ídolos para decidirem. E os dois podem ter na conquista da taça a oportunidade de redenção após altos e baixos na temporada. E antes do fim de seus contratos. FUTURO ITALIANO Robinho retornou ao Santos em agosto do ano passado para iniciar a terceira passagem pelo clube. Está emprestado pelo Milan até 30 de junho desta temporada. Se não ocorrer a renovação –o Cruzeiro está interessado em contratar o jogador–, ele pode concluir uma passagem melancólica pelo Santos. É a pior de suas três passagens pelo clube. Na primeira, ganhou dois Brasileiros (2002 e 2004); na segunda, em 2010, conquistou dois títulos em apenas um semestre (Paulista e Copa do Brasil). Nesta passagem, nenhum título, baixo número de gols (15) e poucas atuações à altura do passado dele no clube. Além disso, perdeu marcas que orgulhavam a torcida, como a de nunca ter perdido um clássico para o Corinthians. O que tiraria este peso é o título do Estadual. Seria a quinta taça dele pelo Santos. Apesar disso o Santos deseja a permanência dele. O presidente Modesto Roma Jr. deve viajar para a Itália após a final do Estadual para negociar a contratação definitiva de Robinho com o Milan. A equipe italiana já avisou que não aceitará prolongar o empréstimo. Só aceita vender o atacante. O Santos já sinalizou que pretende oferecer na negociação o zagueiro Gustavo Henrique, 22. "Robinho é uma referencia para nós. Ele seria importante para qualquer equipe, mas aqui ele tem uma afinidade grande com o clube, torcida", defendeu o técnico do Santos, Marcelo Fernandes. PRODUTIVIDADE Em julho, Valdivia vai completar cinco anos no clube, desde que retornou pela segunda vez. Foram muitos altos e baixos nesse tempo. Apesar do título da Copa do Brasil de 2012 (quando ficou fora do jogo decisivo por estar suspenso), esteve no rebaixamento no mesmo ano e na campanha medíocre no Brasileiro do ano passado. O histórico recente não agrada aos palmeirenses. O chileno tem ficado mais ausente do que presente devido a seguidas lesões. Neste ano, fez quatro jogos e pela primeira vez viu um time do Palmeiras que não depende dele. Com contrato até agosto, hoje a permanência dele parece difícil. O Palmeiras oferece contrato de produtividade, isto é, valor fixo baixo complementado com ganhos por participação nos jogos. O chileno não gosta da ideia. Mas, até pelo histórico, a torcida tem apoiado a diretoria. Caso ajude o time a ser campeão, é possível que os torcedores pressionem o clube para renovar com o ídolo. Ainda seria só a terceira taça pelo Palmeiras e é possível que a cobrança da torcida aumente no Brasileiro. FICHA Santos: Vladimir; Victor Ferraz, Gustavo Henrique (Werley), David Braz e Chiquinho; Valencia (Lucas Otávio) e Renato; Lucas Lima; Geuvânio, Ricardo Oliveira e Robinho T.: Marcelo Fernandes Palmeiras: Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Vitor Hugo e Zé Roberto; Gabriel e Robinho; Rafael Marques, Valdivia e Dudu; Leandro Pereira T.: Oswaldo de Oliveira Estádio: Vila Belmiro, em Santos Árbitro: Guilherme Ceretta de Lima | 4 |
Um terço do salário de Valdivia paga mês de todo time do rival do Palmeiras | Rival do Palmeiras pela primeira fase da Copa do Brasil, o Vitória da Conquista possui em seu elenco 30 jogadores. Para eles, a partida desta quarta-feira (4) é uma grande chance para conseguir um contrato melhor para a sequência da temporada. O clube conta com a renda da bilheteria e a ajuda de um empresariado local para pagar sua folha salarial que gira em torno de R$ 150 mil. O valor, por exemplo, é três vezes menor do que Valdivia recebe do Palmeiras -aproximadamente R$ 500 mil. Em recuperação de uma contusão muscular, o chileno não joga desde o dia 7 de dezembro. A expectativa é que o estádio Lomanto Júnior, o Lomantão, esteja lotado para a partida. O clube colocou 13 mil ingressos à venda com os preços que giram entre R$ 60 e R$ 200 e espera arrecadar aproximadamente R$ 1 milhão (valor bruto). De acordo com o regulamento da Copa do Brasil, o mandante da partida fica com a renda total desde que aconteça o jogo da volta. Caso contrário, o clube classificado fica com 60%. Se o Palmeiras vencer o rival por dois gols de diferença elimina a partida de volta. De olho na arrecadação, o presidente do Vitória da Conquista, Ederlane Amorim, 47, promete dar um bicho -incentivo financeiro- aos jogadores caso consigam disputar o segundo jogo. "A gente administra o que arrecada e não devemos nada para ninguém. Neste ano, investimos um pouco mais na nossa folha salarial em razão do jogo contra o Palmeiras, que terá uma boa bilheteria. Por isso, conseguimos trazer jogadores experientes como o Viáfara [goleiro] e o Paulo Almeida", disse o mandatário. "Sabemos o abismo que existe entre o nosso time e o Palmeiras. Queremos primeiramente levar o jogo para São Paulo. Ganharíamos financeiramente, em visibilidade e sustentação da marca", acrescentou o dirigente, que diz que investirá parte do valor arrecadado no futebol com a intenção de levar o time à Série C do Brasileiro –disputou a quarta divisão em 2014. HISTÓRIA Fundado oficialmente em janeiro de 2005, o Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista surgiu através de um trabalho voltado para a inclusão social idealizado pelo atual presidente Ederlane Amorim. "Sou mineiro, mas moro na cidade desde os seis anos. A cidade gosta muito de futebol, mas ficou sem um time profissional por quase quatro anos. Por isso, despertei o desejo de ter um time", explicou Amorim, que foi ex-jogador de futebol e atuou em vários clubes do interior de São Paulo. "Fui mais determinado do que talentoso", completou o dirigente, que após assumir o clube se formou em Administração. | esporte | Um terço do salário de Valdivia paga mês de todo time do rival do PalmeirasRival do Palmeiras pela primeira fase da Copa do Brasil, o Vitória da Conquista possui em seu elenco 30 jogadores. Para eles, a partida desta quarta-feira (4) é uma grande chance para conseguir um contrato melhor para a sequência da temporada. O clube conta com a renda da bilheteria e a ajuda de um empresariado local para pagar sua folha salarial que gira em torno de R$ 150 mil. O valor, por exemplo, é três vezes menor do que Valdivia recebe do Palmeiras -aproximadamente R$ 500 mil. Em recuperação de uma contusão muscular, o chileno não joga desde o dia 7 de dezembro. A expectativa é que o estádio Lomanto Júnior, o Lomantão, esteja lotado para a partida. O clube colocou 13 mil ingressos à venda com os preços que giram entre R$ 60 e R$ 200 e espera arrecadar aproximadamente R$ 1 milhão (valor bruto). De acordo com o regulamento da Copa do Brasil, o mandante da partida fica com a renda total desde que aconteça o jogo da volta. Caso contrário, o clube classificado fica com 60%. Se o Palmeiras vencer o rival por dois gols de diferença elimina a partida de volta. De olho na arrecadação, o presidente do Vitória da Conquista, Ederlane Amorim, 47, promete dar um bicho -incentivo financeiro- aos jogadores caso consigam disputar o segundo jogo. "A gente administra o que arrecada e não devemos nada para ninguém. Neste ano, investimos um pouco mais na nossa folha salarial em razão do jogo contra o Palmeiras, que terá uma boa bilheteria. Por isso, conseguimos trazer jogadores experientes como o Viáfara [goleiro] e o Paulo Almeida", disse o mandatário. "Sabemos o abismo que existe entre o nosso time e o Palmeiras. Queremos primeiramente levar o jogo para São Paulo. Ganharíamos financeiramente, em visibilidade e sustentação da marca", acrescentou o dirigente, que diz que investirá parte do valor arrecadado no futebol com a intenção de levar o time à Série C do Brasileiro –disputou a quarta divisão em 2014. HISTÓRIA Fundado oficialmente em janeiro de 2005, o Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista surgiu através de um trabalho voltado para a inclusão social idealizado pelo atual presidente Ederlane Amorim. "Sou mineiro, mas moro na cidade desde os seis anos. A cidade gosta muito de futebol, mas ficou sem um time profissional por quase quatro anos. Por isso, despertei o desejo de ter um time", explicou Amorim, que foi ex-jogador de futebol e atuou em vários clubes do interior de São Paulo. "Fui mais determinado do que talentoso", completou o dirigente, que após assumir o clube se formou em Administração. | 4 |
UE acusa Facebook de dar informações enganosas na aquisição do WhatsApp | Órgãos de fiscalização da concorrência na UE (União Europeia) acusaram o Facebook de fornecer informações enganosas durante a aquisição do WhatsApp, abrindo espaço para possível cobrança de uma multa de 1% sobre o valor do faturamento. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (20), a Comissão Europeia informou, contudo, que as objeções não devem comprometer a aprovação da fusão avaliada em US$ 22 bilhões em 2014. O problema remete a uma mudança na política de privacidade do WhatsApp, em agosto, na qual o serviço informou que os números de telefone de alguns usuários seriam compartilhados com o Facebook, desencadeando investigações por parte de autoridades de proteção de dados da UE. Segundo a Comissão, o Facebook indicou em sua notificação de aquisição que não seria capaz de combinar as contas de usuários das duas empresas. "No comunicado de objeções de hoje, a Comissão adota a visão preliminar de que, ao contrário do que foi declarado pelo Facebook durante a revisão da fusão, a possibilidade técnica de automaticamente combinar as identificações de usuários do Facebook com as do WhatsApp já existia em 2014", informou. "Neste estágio, a Comissão, portanto, expressa preocupação de que o Facebook intencionalmente, ou de forma negligente, submeteu informação incorreta ou enganosa, descumprindo as obrigações dentro da regulação de fusões da UE", acrescenta o documento. O Facebook tem até 31 de janeiro para responder. | mercado | UE acusa Facebook de dar informações enganosas na aquisição do WhatsAppÓrgãos de fiscalização da concorrência na UE (União Europeia) acusaram o Facebook de fornecer informações enganosas durante a aquisição do WhatsApp, abrindo espaço para possível cobrança de uma multa de 1% sobre o valor do faturamento. Em comunicado divulgado nesta terça-feira (20), a Comissão Europeia informou, contudo, que as objeções não devem comprometer a aprovação da fusão avaliada em US$ 22 bilhões em 2014. O problema remete a uma mudança na política de privacidade do WhatsApp, em agosto, na qual o serviço informou que os números de telefone de alguns usuários seriam compartilhados com o Facebook, desencadeando investigações por parte de autoridades de proteção de dados da UE. Segundo a Comissão, o Facebook indicou em sua notificação de aquisição que não seria capaz de combinar as contas de usuários das duas empresas. "No comunicado de objeções de hoje, a Comissão adota a visão preliminar de que, ao contrário do que foi declarado pelo Facebook durante a revisão da fusão, a possibilidade técnica de automaticamente combinar as identificações de usuários do Facebook com as do WhatsApp já existia em 2014", informou. "Neste estágio, a Comissão, portanto, expressa preocupação de que o Facebook intencionalmente, ou de forma negligente, submeteu informação incorreta ou enganosa, descumprindo as obrigações dentro da regulação de fusões da UE", acrescenta o documento. O Facebook tem até 31 de janeiro para responder. | 2 |
Sem Neymar, Barça encara o Real para manter viva chance de título | Nas palavras de Iniesta, é a última chance para o Barcelona. Eliminado da Liga dos Campeões, prestes a ficar sem técnico e com a diretoria em xeque, a equipe faz o maior clássico da Espanha neste domingo (23), às 15h45, contra o Real Madrid, no estádio Santiago Bernabéu. Um derrota terá cenário de fim de festa para os catalães. "É o momento para ainda sonhar com o título. É a oportunidade final", disse Iniesta. O Barcelona também está na final da Copa do Rei. Se vencer, o Real Madrid abrirá seis pontos na liderança, e com um jogo a menos. O Barcelona terá mais cinco partidas a disputar até o final da competição e o Real, seis. Os visitantes não terão Neymar, suspenso por três rodadas após expulsão contra o Málaga, no último dia 8. A diretoria apelou da punição, mas não conseguiu retirá-la. Era uma temporada que prometia muito mais para o trio ofensivo do Barcelona. Neymar, Messi e Suárez embalaram o sonho da torcida de tirar a Liga dos Campeões do maior rival, atual dono do troféu. Isso pareceu mais possível ainda após a virada sobre o PSG, com goleada por 6 a 1 nas oitavas de final. A equipe não conseguiu manter a regularidade e a oscilação custou caro. Não fez gol na Juventus em dois jogos, por exemplo, e foi eliminado na última quarta (19). Também fez jogos fracos que a fizeram ficar atrás do arquirrival no Espanhol. Como a derrota para o Málaga. Além da vantagem no torneio nacional, o Real avançou às semifinais da Liga dos Campeões, fase em que enfrentará o Atlético de Madri. Pode ser o primeiro clube desde o Milan de 1990 a conseguir ganhar dois títulos consecutivos no torneio. O caminho mais fácil no Barcelona seria criticar o técnico Luis Enrique, que torpedeou este plano ao anunciar a saída ao fim da temporada. Sobrou para a diretoria. "Pagaram caro pelos jogadores e não deram ao elenco a força necessária para disputar três competições simultâneas", disse o alemão Bernd Schuster, ex-jogador de Barcelona e Real Madrid. A crítica é direta a Robert Fernández, diretor de futebol e alvo da imprensa por fugir do padrão de reforços da época em que o departamento era de responsabilidade dos ex-atletas Txiki Begiristain e Andoni Zubizarreta. No ano passado, o clube contratou o holandês Cillessen, o lateral Lucas Digne, o zagueiro Umtiti, o meia André Gomes, o armador Denis Suárez e o atacante Pablo Alcácer. No total, o clube gastou 123 milhões de euros pelos jogadores. Na cotação atual, são R$ 416 milhões. O Real Madrid terá jogos difíceis depois do Barcelona. Vai receber o Sevilla e visitar o Valencia. Mas superar o maior rival significará ficar perto de voltar a conquistar o Espanhol, o que não acontece desde 2012. NA TV Real Madrid x Barcelona 15h45 Fox Sports | esporte | Sem Neymar, Barça encara o Real para manter viva chance de títuloNas palavras de Iniesta, é a última chance para o Barcelona. Eliminado da Liga dos Campeões, prestes a ficar sem técnico e com a diretoria em xeque, a equipe faz o maior clássico da Espanha neste domingo (23), às 15h45, contra o Real Madrid, no estádio Santiago Bernabéu. Um derrota terá cenário de fim de festa para os catalães. "É o momento para ainda sonhar com o título. É a oportunidade final", disse Iniesta. O Barcelona também está na final da Copa do Rei. Se vencer, o Real Madrid abrirá seis pontos na liderança, e com um jogo a menos. O Barcelona terá mais cinco partidas a disputar até o final da competição e o Real, seis. Os visitantes não terão Neymar, suspenso por três rodadas após expulsão contra o Málaga, no último dia 8. A diretoria apelou da punição, mas não conseguiu retirá-la. Era uma temporada que prometia muito mais para o trio ofensivo do Barcelona. Neymar, Messi e Suárez embalaram o sonho da torcida de tirar a Liga dos Campeões do maior rival, atual dono do troféu. Isso pareceu mais possível ainda após a virada sobre o PSG, com goleada por 6 a 1 nas oitavas de final. A equipe não conseguiu manter a regularidade e a oscilação custou caro. Não fez gol na Juventus em dois jogos, por exemplo, e foi eliminado na última quarta (19). Também fez jogos fracos que a fizeram ficar atrás do arquirrival no Espanhol. Como a derrota para o Málaga. Além da vantagem no torneio nacional, o Real avançou às semifinais da Liga dos Campeões, fase em que enfrentará o Atlético de Madri. Pode ser o primeiro clube desde o Milan de 1990 a conseguir ganhar dois títulos consecutivos no torneio. O caminho mais fácil no Barcelona seria criticar o técnico Luis Enrique, que torpedeou este plano ao anunciar a saída ao fim da temporada. Sobrou para a diretoria. "Pagaram caro pelos jogadores e não deram ao elenco a força necessária para disputar três competições simultâneas", disse o alemão Bernd Schuster, ex-jogador de Barcelona e Real Madrid. A crítica é direta a Robert Fernández, diretor de futebol e alvo da imprensa por fugir do padrão de reforços da época em que o departamento era de responsabilidade dos ex-atletas Txiki Begiristain e Andoni Zubizarreta. No ano passado, o clube contratou o holandês Cillessen, o lateral Lucas Digne, o zagueiro Umtiti, o meia André Gomes, o armador Denis Suárez e o atacante Pablo Alcácer. No total, o clube gastou 123 milhões de euros pelos jogadores. Na cotação atual, são R$ 416 milhões. O Real Madrid terá jogos difíceis depois do Barcelona. Vai receber o Sevilla e visitar o Valencia. Mas superar o maior rival significará ficar perto de voltar a conquistar o Espanhol, o que não acontece desde 2012. NA TV Real Madrid x Barcelona 15h45 Fox Sports | 4 |
Wagner Tiso: 'Fernando Brant agora faz a sua travessia' | O Fernando [Brant] foi o grande poeta da música de Minas Gerais. O mais difícil para mim, agora, é chegar em Belo Horizonte e não ter mais ele como companhia, é profundamente desagradável. Ele levantou muitas coisas da nossa geração. A nossa turma toda estaca nas músicas que fez. Ele criou o script da nossa geração de Minas Gerais, como em "Canção da América": "Amigo é coisa pra se guardar/ Debaixo de sete chaves". E "Travessia". Ele, agora, faz a travessia dele. A morte do Fernando Brant é uma perda irreparável. Ele foi um cara muito legal, nunca pensou mal de ninguém. Não admitia que alguém falasse mal de outra pessoa, queria que todo mundo estivesse junto, unido. É a pessoa que vai fazer falta, de fato, nessa história. Estive com ele há dois anos e meio, três anos. Quando ele fez a letra de "Cafezais Sem Fim", senti que ele estava um pouco triste. Depois, fiz um pedido a ele, e ele não respondeu, fiquei meio assim: "O que está acontecendo?". Sabia que ele já tinha um problema de saúde, mas ele preferia não falar disso. E eu resolvi não perturbar. Faço trilhas para cinema e, quando precisava de uma letra, falava muito com ele. Trabalhar com ele era muito fácil, muitíssimo fácil. Se eu precisasse de uma música, era só falar "Fernando, preciso disso, disso e disso". E ele logo dizia: "Claro, patrão". Ele era um dos grandes pilares do nosso Clube da Esquina, jogou nossa musica para o Brasil, para o mundo. Ele e o Milton, principalmente. Fernando era o principal, não deixava acontecer desavenças. Era o que estava sempre cuidando bem de um e de outro, deixando as coisas ruins de lado. Ele era o nosso gregário. Jogava bola, brincava de futebol, um companheirão de tomar cerveja, um grande amigo. E um grande pai de família. Uma pessoa muito dada, mesmo. De abraço fácil, sorriso fácil. A lembrança que tenho dele era essa, jogando bola, se divertindo. WAGNER TISO é compositor, instrumentista e arranjador. Participou do Clube da Esquina, movimento musical dos anos 1960 que misturava elementos da bossa nova, do jazz e do rock. | ilustrada | Wagner Tiso: 'Fernando Brant agora faz a sua travessia'O Fernando [Brant] foi o grande poeta da música de Minas Gerais. O mais difícil para mim, agora, é chegar em Belo Horizonte e não ter mais ele como companhia, é profundamente desagradável. Ele levantou muitas coisas da nossa geração. A nossa turma toda estaca nas músicas que fez. Ele criou o script da nossa geração de Minas Gerais, como em "Canção da América": "Amigo é coisa pra se guardar/ Debaixo de sete chaves". E "Travessia". Ele, agora, faz a travessia dele. A morte do Fernando Brant é uma perda irreparável. Ele foi um cara muito legal, nunca pensou mal de ninguém. Não admitia que alguém falasse mal de outra pessoa, queria que todo mundo estivesse junto, unido. É a pessoa que vai fazer falta, de fato, nessa história. Estive com ele há dois anos e meio, três anos. Quando ele fez a letra de "Cafezais Sem Fim", senti que ele estava um pouco triste. Depois, fiz um pedido a ele, e ele não respondeu, fiquei meio assim: "O que está acontecendo?". Sabia que ele já tinha um problema de saúde, mas ele preferia não falar disso. E eu resolvi não perturbar. Faço trilhas para cinema e, quando precisava de uma letra, falava muito com ele. Trabalhar com ele era muito fácil, muitíssimo fácil. Se eu precisasse de uma música, era só falar "Fernando, preciso disso, disso e disso". E ele logo dizia: "Claro, patrão". Ele era um dos grandes pilares do nosso Clube da Esquina, jogou nossa musica para o Brasil, para o mundo. Ele e o Milton, principalmente. Fernando era o principal, não deixava acontecer desavenças. Era o que estava sempre cuidando bem de um e de outro, deixando as coisas ruins de lado. Ele era o nosso gregário. Jogava bola, brincava de futebol, um companheirão de tomar cerveja, um grande amigo. E um grande pai de família. Uma pessoa muito dada, mesmo. De abraço fácil, sorriso fácil. A lembrança que tenho dele era essa, jogando bola, se divertindo. WAGNER TISO é compositor, instrumentista e arranjador. Participou do Clube da Esquina, movimento musical dos anos 1960 que misturava elementos da bossa nova, do jazz e do rock. | 1 |
Após derrota, Luxemburgo é demitido de clube da segunda divisão chinesa | O período de Vanderlei Luxemburgo no futebol chinês terminou neste domingo (5), já noite na China. O treinador não resistiu à nova derrota do Tianjin Quanjian na segunda divisão chinesa e foi demitido do comando do clube. Sua saída foi confirmada após uma reunião com o presidente do clube, Shu Yuhui, e integrantes da diretoria. Contratado ao setembro de 2015, Luxemburgo contava com reforços brasileiros, como Luís Fabiano, Geuvânio e Jadson, e jogadores da seleção da China, para tentar conduzir a equipe à elite. Porém, até o momento, o time não passa da oitava colocação em 12 rodadas, com quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Seu desligamento ainda não significará o fim das conversas com os dirigentes chineses rapidamente. O técnico negocia a multa rescisória pelo fim de seu contrato, avaliada em 6,7 milhões de euros (em torno de R$ 27 milhões). | esporte | Após derrota, Luxemburgo é demitido de clube da segunda divisão chinesaO período de Vanderlei Luxemburgo no futebol chinês terminou neste domingo (5), já noite na China. O treinador não resistiu à nova derrota do Tianjin Quanjian na segunda divisão chinesa e foi demitido do comando do clube. Sua saída foi confirmada após uma reunião com o presidente do clube, Shu Yuhui, e integrantes da diretoria. Contratado ao setembro de 2015, Luxemburgo contava com reforços brasileiros, como Luís Fabiano, Geuvânio e Jadson, e jogadores da seleção da China, para tentar conduzir a equipe à elite. Porém, até o momento, o time não passa da oitava colocação em 12 rodadas, com quatro vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Seu desligamento ainda não significará o fim das conversas com os dirigentes chineses rapidamente. O técnico negocia a multa rescisória pelo fim de seu contrato, avaliada em 6,7 milhões de euros (em torno de R$ 27 milhões). | 4 |
Conheça Temer, poeta chamado de 'charmosão' e de professor 'bonzinho' | Ele já foi chamado de "charmosão" a "mordomo de filme de terror". Escreve poemas em guardanapos e já foi descrito como um professor "bonzinho" que não cobra presença dos alunos. Passa raspando por escândalos e até nas urnas, mas lidera o partido que, mesmo sem disputar uma eleição presidencial há mais de 20 anos, é o mais presente no governo federal desde a redemocratização –e agora tem chances reais de comandar o país. Até dezembro de 2015, prevalecia a imagem cultivada por Michel Temer em 34 anos de vida pública –e alimentada por amigos e aliados: a do político "ponderado", "formal", "conciliador", "tranquilo". A crise política, contudo, revelou aspectos diferentes da persona política do vice-presidente da República e a necessidade de se entender quem é, afinal, o político conhecido como esfinge do PMDB. O jogo mudou na já histórica carta-desabafo dirigida à Dilma Rousseff seis dias após a abertura do processo de impeachment. No texto, em tom sentimental, ele lamenta a condição de "vice decorativo" e diz ser alvo de "desconfiança" e "menosprezo" do governo. Se até então o peemedebista avançava casa a casa no xadrez do poder, o episódio foi um ponto fora da curva que marcou o afastamento de Temer do governo –e mostrou outra nuance da personalidade do vice-presidente. Criticado até dentro do PMDB pela carta, considerada por alguns "infantil" e "primária", em 2016, Temer parece ter seguido a lição de seus próprios versos, como os do poema "Exposição", publicado no livro Anônima Intimidade (2013). "Escrever é expor-se / revelar sua capacidade / ou incapacidade / E sua intimidade / Nas linhas e entrelinhas / Não teria sido mais útil silenciar?" Abandonou a atitude fria do político que acumulou prestígio atuando das portas dos gabinetes para dentro e se lançou na articulação do desembarque do PMDB do governo. ORIGENS Em Btaaboura, vilarejo de 200 habitantes no norte do Líbano, a principal rua leva o nome de "Michel Tamer (sic), vice-presidente do Brasil". A família de Temer, de católicos maronitas, emigrou para o Brasil em 1925, fugindo dos problemas do pós-guerra. Comprou uma chácara em Tietê (SP), cidade de 40 mil habitantes entre Sorocaba e Piracicaba, e instalou uma máquina de beneficiamento de arroz e café. Caçula temporão de oito irmãos, Temer nasceu e foi criado na área rural. Quando criança, passava férias na capital e era arrebatado pela metrópole. "Tinha a sensação que o mundo era São Paulo", disse certa vez. No primeiro ano colegial, ainda em Tietê, o adolescente ficou em recuperação (segunda época) em química e física e desistiu do chamado curso científico, que privilegiava ciências exatas e biológicas. Em 1957, aos 16 anos, chegou a São Paulo, desta vez para terminar o colegial no curso clássico, com ênfase em humanas e letras. Fez o cursinho do professor Castelões, famoso preparatório para Direito, e ingressou na USP, seguindo o caminho de quatro irmãos mais velhos. Envolveu-se com política logo no primeiro ano de universidade, quando se tornou segundo-tesoureiro do Centro Acadêmico 11 de Agosto. Prevalecia à época no movimento estudantil uma onda nacionalista, inspirada pela revolução cubana de Fidel Castro e o princípio da autodeterminação dos povos, mas a faculdade do Largo São Francisco mantinha a tendência liberal. Em 1962, já em meio ao clima que culminaria dois anos depois no golpe que depôs João Goulart, Temer foi candidato a presidente do CA –perdeu por 82 votos, mas inoculou-se do gosto pela política, que ficaria dormente durante a ditadura militar. "Confesso que durante a faculdade fiz muita política acadêmica, então sobrava pouco tempo para estudar, embora estudasse para não ser reprovado", disse Temer em vídeo publicado em seu canal no YouTube. ACADEMIA E GOVERNO Neutro diante do golpe (não apoiou nem combateu a mudança de governo), Temer passou o regime militar longe da vida política. Montou um escritório de advocacia e começou a dar aulas de Direito na PUC-SP. Como professor, costumava dizer no primeiro dia de aulas que todos estavam aprovados. "Vamos combinar o seguinte: não tem lista de presença, vocês estão aprovados. Quem quiser frequenta a aula. Até se vocês não vierem, facilitam minha vida, porque vou ao escritório mais cedo trabalhar na advocacia", afirmava. No mestrado que coordenava na PUC, teve alunos que viriam a se tornar ministros do Supremo Tribunal Federal, como Luiz Edson Fachin e Carlos Ayres Britto. "Ele sempre foi sereno e conciliador por natureza", disse Ayres Britto à BBC Brasil. "Tem uma vocação acadêmica muito forte, e nunca pensei que fosse incursionar pelo campo da política partidária." Em 1982, lançou Elementos de Direito Constitucional, livro que vendeu mais de 240 mil cópias, está na 24ª edição e até hoje é referência nas universidades. "É uma obra bem primária, mas com valor didático. Não é inovadora. (Temer) não é considerado um grande teórico, mas um grande expositor", avalia o jurista Dalmo Dallari, professor emérito da USP e crítico ao impeachment de Dilma. No mesmo ano da publicação do livro, Temer foi convidado pelo governador eleito Franco Montoro, do recém-fundado PMDB, a assumir a Procuradoria-Geral do Estado. Montoro tinha sido professor da PUC e ambos haviam convivido na faculdade. Era seu primeiro cargo público de relevo. "Eu tinha 41 anos e achava o máximo para a minha carreira ter mil procuradores sob meu comando", disse Temer em 2010 à revista Piauí. Meses depois, Michel Temer assumiria a Secretaria de Segurança Pública do Estado, substituindo o advogado José Carlos Dias, quem justamente havia sugerido Temer para a Procuradoria do Estado. Eram tempos de redemocratização e agitação social, e a gestão ficou marcada por episódios em que o secretário negociou pessoalmente o fim de invasões de prédios públicos por estudantes e militantes sem-teto. Como realizações do período, ele costuma citar a criação das primeiras delegacias de defesa da mulher e de direitos autorais do país. ELEIÇÕES Por sugestão de Montoro, Temer candidatou-se a deputado federal pelo PMDB em 1986. Com 43.747 votos, ficou como suplente, mas assumiu o cargo no ano seguinte e participou da Assembleia Constituinte. Naquelas discussões, opôs-se à emenda popular da reforma agrária ("permitiria a desapropriação indiscriminada de terras") e ao voto aos 16 anos –algo que, segundo ele, abriria margem para reduzir a maioridade penal. Ajudou a aprovar projetos como o dos juizados de pequenas causas, do Código de Defesa do Consumidor e a extensão do voto a cabos e soldados. Em 1990, em outra candidatura à Câmara dos Deputados, saiu com 32.024 votos e uma nova suplência. Logo seria convidado a "apagar um incêndio", algo que se repetiria ao longo da carreira política. Em outubro de 1992, assumiu novamente a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, desta vez por convite de Luiz Antônio Fleury Filho (à época no PMDB), uma semana após o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar. "É organizado. Delegava para pessoas de absoluta confiança. Nada escapava dele e tomava providências", disse à BBC Paulo de Tarso Mendonça, que foi adjunto de Temer na pasta. Ao final da passagem pela secretaria, assumiu o mandato de deputado federal. Seria reeleito em 1994, com 70.968 votos, e multiplicaria a votação nos pleitos seguintes: 206.154 em 1998, 252.229 em 2002. ANOS TUCANOS Os anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foram o auge de Temer nas urnas para eleições legislativas –em 2006, sua última eleição ao Congresso, obteve 99 mil votos e só entrou pelas sobras do quociente eleitoral. Também marcaram sua rápida ascensão dentro do PMDB. Eleito líder do partido duas vezes, chegou à Presidência da Câmara pela primeira vez em 1997, com apoio do governo FHC, costurado mediante promessa dos votos de parte do PMDB à emenda da reeleição. Arranjo parecido se deu em sua segunda eleição ao comando da Casa, que se deu após o PMDB apoiar informalmente a reeleição de FHC. No primeiro dos quatro volumes do livro Diários da Presidência, lançado em 2015 e que reúne relatos de Fernando Henrique Cardoso sobre os dois primeiros anos de seu governo (1995-1996), o ex-presidente reclama do "toma lá, dá cá" com o Congresso e demonstra desconforto com a ação do então deputado federal durante a discussão da reforma administrativa. "E para ser mais solidário com o governo, ele (Temer) quer também alguma achega pessoal nessa questão de nomeações. É sempre assim. Temer é dos mais discretos, mas eles não escapam. Todos têm, naturalmente, seus interesses", relata FHC no livro. Comumente descrito por aliados como "sereno', "tranquilo" e "conciliador", Temer teve raras rusgas políticas em público. Uma delas foi em 1999, quando entrou em rota de colisão com o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (então no PFL, atual DEM), por divergências em torno da reforma do Judiciário. No bate-boca, que chegou a paralisar o Congresso, ACM disse que Temer tinha "pose de mordomo de filme de terror" e insinuou o envolvimento do colega em irregularidades no Porto de Santos, para o qual o peemedebista havia feito indicações políticas. "Quem atravessou a praça dos Três Poderes para pedir ao presidente da República que ajudasse um banco falido não fui eu", rebateu Temer, em referência à ação de ACM em favor do hoje extinto Banco Econômico. Desde 2001, Temer articula um amplo leque de interesses e líderes regionais como presidente nacional do PMDB –o maior partido do país, com 69 deputados federais, 18 senadores, 996 prefeitos e sete governadores (RO, RJ, RS, AL, SE, ES e TO), de Estados que somam 23% do PIB nacional. Na eleição de 2002, Temer endossou o apoio do PMDB à candidatura presidencial de José Serra (PSDB), e chegou a ser cogitado para ser vice da chapa –posto que acabou com Rita Camata. No primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva, manteve-se no grupo do PMDB da Câmara identificado como oposição, enquanto Lula apostava no PMDB do Senado, de Renan Calheiros e José Sarney. ANOS PETISTAS Os primeiros anos da era Lula foram magros para Temer. Distanciou-se do centro do poder em Brasília, perdeu cargos na Mesa Diretora da Câmara e indicações em estatais. Em 2004, candidatou-se à vice-prefeito de Luiza Erundina e a chapa amargou um quarto lugar, com 4% dos votos. O cenário começou a mudar em 2005-06, após a maior crise do governo Lula, a do mensalão, esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para garantir votos no Congresso. O PMDB negociou apoio ao presidente e passou a integrar formalmente o governo em 2007, ampliando sua fatia em ministérios e estatais. Em acordo semelhante ao fechado com o PSDB nos anos FHC, o PMDB defendeu a eleição do PT à Presidência da Câmara no biênio 2007-2009, em troca do poder no período seguinte - em 2009, Temer assumiu a direção da Casa pela terceira vez. Naquele mesmo ano, Temer foi citado na operação Castelo de Areia, que investigou um suposto esquema de financiamento político ilegal pela construtora Camargo Corrêa - hoje envolvida na operação Lava Jato. O nome do peemedebista apareceu em um documento com 54 planilhas, apreendido na casa de um executivo da construtora, que sugeriria uma contabilidade paralela da empresa. Era citado 21 vezes, entre 1996 e 1998, ao lado de quantias que somavam US$ 345 mil (R$ 1,2 milhão, em valores de hoje). A operação acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por irregularidades na coleta de provas, e Temer sempre rechaçou as suspeitas. Recentemente, o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) implicou o vice-presidente em delação premiada dentro das investigações da operação Lava Jato. Disse que Temer teve participação direta na indicação de dois executivos da Petrobras que acabaram presos por desvios na estatal –o peemedebista se disse "indignado" e negou as afirmações. NO PLANALTO Em 2010, Temer foi convocado mais uma vez ao papel de bombeiro: desta vez para garantir a estabilidade do sistema político como vice na chapa de Dilma Rousseff. O deputado unia em torno de si um partido historicamente dividido, e com um discurso que buscava superar a fama de fisiologismo da sigla. "Antigamente o PMDB entrava na eleição dividido para depois negociar apoio ao governo eleito, por isso era chamado de fisiologista pela imprensa. Mas isso acabou. Estamos entrando na campanha juntos e governaremos juntos", dizia às vésperas do anúncio da aliança na chapa. Na campanha de 2010, Temer ficou praticamente de fora dos programas e propagandas eleitorais –apareceu no rádio e na TV apenas no segundo turno. Já como inquilino do Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente, reforçou a discrição, segundo um ex-assessor. Recusava muitos pedidos de entrevista, mas conversava (e ainda fala) diretamente com colunistas com quem tem relação mais antiga. "Ele leva em consideração o que o assessor fala. Nunca o vi com raiva ou perdendo a compostura, mas mostra quando está irritado. Quem conhece percebe pela fisionomia e tom de voz", disse o ex-assessor. 'Charmosão' Aos 75 anos, Temer está no terceiro casamento, com Marcela Temer, ex-modelo e bacharel em direito de 32 anos e 1,72 metro –2 cm a mais que o marido. Ambos possuem um filho de sete anos, Michel Temer Filho, o Michelzinho, e Marcela está grávida do segundo filho, conforme relatos publicados na imprensa no final de 2015. O vice-presidente e a mulher se conheceram em 2002, durante a campanha eleitoral. O pai dela, um economista conhecido de políticos de Paulínia (SP), cidade de 100 mil habitantes na região de Campinas, sugeriu que fossem cumprimentar o prefeito –e o então candidato a deputado federal Temer estava por lá. "Era um contato profissional que poderia me ajudar a dar um up na carreira (de modelo). Mas achei ele charmosão", disse Marcela numa rara entrevista de 2010 à revista TPM. Depois da eleição, o pai de Marcela sugeriu que enviasse um e-mail ao deputado eleito parabenizando-o pelo resultado. O namoro –o primeiro de Marcela– começou logo após o primeiro encontro, quando recebeu uma ligação do deputado. "Ele começou a gritar: 'te amo', 'te amo', 'te amo'", disse Marcela na entrevista de 2010. Casaram-se quatro meses depois. Além de Michelzinho, Temer possui três filhas do primeiro casamento –Luciana, 46 anos, advogada, Maristela, 44 anos, e Clarissa, 42 anos, psicólogas e psicanalistas. Tem um filho de 16 anos, fruto de um relacionamento com uma jornalista de Brasília. O vice-presidente é ainda o integrante (embora pouco ativo) mais ilustre do país da maçonaria, a instituição cercada de mistérios e códigos que já teve protagonismo político no passado, mas hoje possui finalidades basicamente filantrópicas e de relacionamento interpessoal. DESEMBARQUE Nos quatro anos seguintes à vitória no pleito presidencial, Temer assumiu papel coadjuvante no governo, como deixou claro na polêmica carta à Dilma. "Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas", escreveu. Os sinais mais nítidos de desgaste na relação com o Planalto começaram em 2013. Naquele ano, Temer bancou, contra a vontade do Planalto, a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para liderança do PMDB na Câmara. Mais tarde, após as manifestações de 2013, disse que a ideia de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política, uma das propostas de Dilma diante dos protestos, era "inviável". Na ocasião, o vice disse ainda acreditar que os protestos não pediam a renovação dos políticos, mas do sistema político. "Esse movimento não foi contra os políticos A, B ou C. Se fôssemos nessa linha, todos os Legislativos e Executivos tinham que sair de seus postos." A tensão se reduziu na campanha da reeleição em 2014. Temer subiu em palanques com Dilma pelo país e foi o primeiro a ser citado pela presidente no pronunciamento após a vitória. "Depois de ter sido um grande vice, se transformou num incansável e aguerrido militante, fervoroso militante, que andou o Brasil defendendo o nosso projeto, nossas propostas e nosso governo", afirmou Dilma. Em 2015, diante do agravamento da crise política e econômica, PMDB e PT divergiram na eleição à Presidência da Câmara. Temer e seu partido defenderam a candidatura vencedora de Eduardo Cunha. Meses depois, Temer ensaiou mais uma vez o papel de bombeiro. Assumiu a articulação política do governo em abril, mas deixou a função quatro meses depois, no final de agosto. Poucas semanas antes da saída, concedeu uma inusual entrevista na qual, nervoso, disse que o país precisava de "alguém (que) tenha a capacidade de reunificar a todos". A interpretação corrente foi que o vice se lançara como alternativa política porque a alternativa do impeachment se tornara real. Meses depois veio a carta à Dilma, cujo tom sentimental contrariava a postura do político cerebral muitas vezes classificado como esfinge –segundo o Houaiss: "pessoa enigmática, que pouco se manifesta e de quem não se sabe o que pensa ou sente". O impeachment esfriou no começo de 2016 e Temer deu a impressão de recuo. Mas a situação de Dilma se agravou com a delação de Delcídio e as investigações sobre Lula, e Temer passou a liderar a articulação pela saída do PMDB do governo, que amplia o isolamento da gestão Dilma Rousseff e as chances de debandada de outros partidos. "O chamado impeachment não é uma peça de país de Terceiro Mundo. A peça dos países de Terceiro, Segundo Mundo é o golpe de Estado. E nós aqui fizemos funcionar todas as nossas instituições regularmente. (...) Esse é um exemplo que ficou", dizia Temer em 1992, em referência ao caso Fernando Collor, em entrevista –regada a vinho do Porto– ao apresentador Clodovil (1937-2009). Movido ou não pelo desejo de ocupar a cadeira de Dilma, o movimento de Temer e do PMDB nesta semana é mais um passo na engrenagem dessa peça que pode conduzi-lo, finalmente, à Presidência do Brasil. | poder | Conheça Temer, poeta chamado de 'charmosão' e de professor 'bonzinho'Ele já foi chamado de "charmosão" a "mordomo de filme de terror". Escreve poemas em guardanapos e já foi descrito como um professor "bonzinho" que não cobra presença dos alunos. Passa raspando por escândalos e até nas urnas, mas lidera o partido que, mesmo sem disputar uma eleição presidencial há mais de 20 anos, é o mais presente no governo federal desde a redemocratização –e agora tem chances reais de comandar o país. Até dezembro de 2015, prevalecia a imagem cultivada por Michel Temer em 34 anos de vida pública –e alimentada por amigos e aliados: a do político "ponderado", "formal", "conciliador", "tranquilo". A crise política, contudo, revelou aspectos diferentes da persona política do vice-presidente da República e a necessidade de se entender quem é, afinal, o político conhecido como esfinge do PMDB. O jogo mudou na já histórica carta-desabafo dirigida à Dilma Rousseff seis dias após a abertura do processo de impeachment. No texto, em tom sentimental, ele lamenta a condição de "vice decorativo" e diz ser alvo de "desconfiança" e "menosprezo" do governo. Se até então o peemedebista avançava casa a casa no xadrez do poder, o episódio foi um ponto fora da curva que marcou o afastamento de Temer do governo –e mostrou outra nuance da personalidade do vice-presidente. Criticado até dentro do PMDB pela carta, considerada por alguns "infantil" e "primária", em 2016, Temer parece ter seguido a lição de seus próprios versos, como os do poema "Exposição", publicado no livro Anônima Intimidade (2013). "Escrever é expor-se / revelar sua capacidade / ou incapacidade / E sua intimidade / Nas linhas e entrelinhas / Não teria sido mais útil silenciar?" Abandonou a atitude fria do político que acumulou prestígio atuando das portas dos gabinetes para dentro e se lançou na articulação do desembarque do PMDB do governo. ORIGENS Em Btaaboura, vilarejo de 200 habitantes no norte do Líbano, a principal rua leva o nome de "Michel Tamer (sic), vice-presidente do Brasil". A família de Temer, de católicos maronitas, emigrou para o Brasil em 1925, fugindo dos problemas do pós-guerra. Comprou uma chácara em Tietê (SP), cidade de 40 mil habitantes entre Sorocaba e Piracicaba, e instalou uma máquina de beneficiamento de arroz e café. Caçula temporão de oito irmãos, Temer nasceu e foi criado na área rural. Quando criança, passava férias na capital e era arrebatado pela metrópole. "Tinha a sensação que o mundo era São Paulo", disse certa vez. No primeiro ano colegial, ainda em Tietê, o adolescente ficou em recuperação (segunda época) em química e física e desistiu do chamado curso científico, que privilegiava ciências exatas e biológicas. Em 1957, aos 16 anos, chegou a São Paulo, desta vez para terminar o colegial no curso clássico, com ênfase em humanas e letras. Fez o cursinho do professor Castelões, famoso preparatório para Direito, e ingressou na USP, seguindo o caminho de quatro irmãos mais velhos. Envolveu-se com política logo no primeiro ano de universidade, quando se tornou segundo-tesoureiro do Centro Acadêmico 11 de Agosto. Prevalecia à época no movimento estudantil uma onda nacionalista, inspirada pela revolução cubana de Fidel Castro e o princípio da autodeterminação dos povos, mas a faculdade do Largo São Francisco mantinha a tendência liberal. Em 1962, já em meio ao clima que culminaria dois anos depois no golpe que depôs João Goulart, Temer foi candidato a presidente do CA –perdeu por 82 votos, mas inoculou-se do gosto pela política, que ficaria dormente durante a ditadura militar. "Confesso que durante a faculdade fiz muita política acadêmica, então sobrava pouco tempo para estudar, embora estudasse para não ser reprovado", disse Temer em vídeo publicado em seu canal no YouTube. ACADEMIA E GOVERNO Neutro diante do golpe (não apoiou nem combateu a mudança de governo), Temer passou o regime militar longe da vida política. Montou um escritório de advocacia e começou a dar aulas de Direito na PUC-SP. Como professor, costumava dizer no primeiro dia de aulas que todos estavam aprovados. "Vamos combinar o seguinte: não tem lista de presença, vocês estão aprovados. Quem quiser frequenta a aula. Até se vocês não vierem, facilitam minha vida, porque vou ao escritório mais cedo trabalhar na advocacia", afirmava. No mestrado que coordenava na PUC, teve alunos que viriam a se tornar ministros do Supremo Tribunal Federal, como Luiz Edson Fachin e Carlos Ayres Britto. "Ele sempre foi sereno e conciliador por natureza", disse Ayres Britto à BBC Brasil. "Tem uma vocação acadêmica muito forte, e nunca pensei que fosse incursionar pelo campo da política partidária." Em 1982, lançou Elementos de Direito Constitucional, livro que vendeu mais de 240 mil cópias, está na 24ª edição e até hoje é referência nas universidades. "É uma obra bem primária, mas com valor didático. Não é inovadora. (Temer) não é considerado um grande teórico, mas um grande expositor", avalia o jurista Dalmo Dallari, professor emérito da USP e crítico ao impeachment de Dilma. No mesmo ano da publicação do livro, Temer foi convidado pelo governador eleito Franco Montoro, do recém-fundado PMDB, a assumir a Procuradoria-Geral do Estado. Montoro tinha sido professor da PUC e ambos haviam convivido na faculdade. Era seu primeiro cargo público de relevo. "Eu tinha 41 anos e achava o máximo para a minha carreira ter mil procuradores sob meu comando", disse Temer em 2010 à revista Piauí. Meses depois, Michel Temer assumiria a Secretaria de Segurança Pública do Estado, substituindo o advogado José Carlos Dias, quem justamente havia sugerido Temer para a Procuradoria do Estado. Eram tempos de redemocratização e agitação social, e a gestão ficou marcada por episódios em que o secretário negociou pessoalmente o fim de invasões de prédios públicos por estudantes e militantes sem-teto. Como realizações do período, ele costuma citar a criação das primeiras delegacias de defesa da mulher e de direitos autorais do país. ELEIÇÕES Por sugestão de Montoro, Temer candidatou-se a deputado federal pelo PMDB em 1986. Com 43.747 votos, ficou como suplente, mas assumiu o cargo no ano seguinte e participou da Assembleia Constituinte. Naquelas discussões, opôs-se à emenda popular da reforma agrária ("permitiria a desapropriação indiscriminada de terras") e ao voto aos 16 anos –algo que, segundo ele, abriria margem para reduzir a maioridade penal. Ajudou a aprovar projetos como o dos juizados de pequenas causas, do Código de Defesa do Consumidor e a extensão do voto a cabos e soldados. Em 1990, em outra candidatura à Câmara dos Deputados, saiu com 32.024 votos e uma nova suplência. Logo seria convidado a "apagar um incêndio", algo que se repetiria ao longo da carreira política. Em outubro de 1992, assumiu novamente a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, desta vez por convite de Luiz Antônio Fleury Filho (à época no PMDB), uma semana após o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar. "É organizado. Delegava para pessoas de absoluta confiança. Nada escapava dele e tomava providências", disse à BBC Paulo de Tarso Mendonça, que foi adjunto de Temer na pasta. Ao final da passagem pela secretaria, assumiu o mandato de deputado federal. Seria reeleito em 1994, com 70.968 votos, e multiplicaria a votação nos pleitos seguintes: 206.154 em 1998, 252.229 em 2002. ANOS TUCANOS Os anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) foram o auge de Temer nas urnas para eleições legislativas –em 2006, sua última eleição ao Congresso, obteve 99 mil votos e só entrou pelas sobras do quociente eleitoral. Também marcaram sua rápida ascensão dentro do PMDB. Eleito líder do partido duas vezes, chegou à Presidência da Câmara pela primeira vez em 1997, com apoio do governo FHC, costurado mediante promessa dos votos de parte do PMDB à emenda da reeleição. Arranjo parecido se deu em sua segunda eleição ao comando da Casa, que se deu após o PMDB apoiar informalmente a reeleição de FHC. No primeiro dos quatro volumes do livro Diários da Presidência, lançado em 2015 e que reúne relatos de Fernando Henrique Cardoso sobre os dois primeiros anos de seu governo (1995-1996), o ex-presidente reclama do "toma lá, dá cá" com o Congresso e demonstra desconforto com a ação do então deputado federal durante a discussão da reforma administrativa. "E para ser mais solidário com o governo, ele (Temer) quer também alguma achega pessoal nessa questão de nomeações. É sempre assim. Temer é dos mais discretos, mas eles não escapam. Todos têm, naturalmente, seus interesses", relata FHC no livro. Comumente descrito por aliados como "sereno', "tranquilo" e "conciliador", Temer teve raras rusgas políticas em público. Uma delas foi em 1999, quando entrou em rota de colisão com o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (então no PFL, atual DEM), por divergências em torno da reforma do Judiciário. No bate-boca, que chegou a paralisar o Congresso, ACM disse que Temer tinha "pose de mordomo de filme de terror" e insinuou o envolvimento do colega em irregularidades no Porto de Santos, para o qual o peemedebista havia feito indicações políticas. "Quem atravessou a praça dos Três Poderes para pedir ao presidente da República que ajudasse um banco falido não fui eu", rebateu Temer, em referência à ação de ACM em favor do hoje extinto Banco Econômico. Desde 2001, Temer articula um amplo leque de interesses e líderes regionais como presidente nacional do PMDB –o maior partido do país, com 69 deputados federais, 18 senadores, 996 prefeitos e sete governadores (RO, RJ, RS, AL, SE, ES e TO), de Estados que somam 23% do PIB nacional. Na eleição de 2002, Temer endossou o apoio do PMDB à candidatura presidencial de José Serra (PSDB), e chegou a ser cogitado para ser vice da chapa –posto que acabou com Rita Camata. No primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva, manteve-se no grupo do PMDB da Câmara identificado como oposição, enquanto Lula apostava no PMDB do Senado, de Renan Calheiros e José Sarney. ANOS PETISTAS Os primeiros anos da era Lula foram magros para Temer. Distanciou-se do centro do poder em Brasília, perdeu cargos na Mesa Diretora da Câmara e indicações em estatais. Em 2004, candidatou-se à vice-prefeito de Luiza Erundina e a chapa amargou um quarto lugar, com 4% dos votos. O cenário começou a mudar em 2005-06, após a maior crise do governo Lula, a do mensalão, esquema ilegal de financiamento político organizado pelo PT para garantir votos no Congresso. O PMDB negociou apoio ao presidente e passou a integrar formalmente o governo em 2007, ampliando sua fatia em ministérios e estatais. Em acordo semelhante ao fechado com o PSDB nos anos FHC, o PMDB defendeu a eleição do PT à Presidência da Câmara no biênio 2007-2009, em troca do poder no período seguinte - em 2009, Temer assumiu a direção da Casa pela terceira vez. Naquele mesmo ano, Temer foi citado na operação Castelo de Areia, que investigou um suposto esquema de financiamento político ilegal pela construtora Camargo Corrêa - hoje envolvida na operação Lava Jato. O nome do peemedebista apareceu em um documento com 54 planilhas, apreendido na casa de um executivo da construtora, que sugeriria uma contabilidade paralela da empresa. Era citado 21 vezes, entre 1996 e 1998, ao lado de quantias que somavam US$ 345 mil (R$ 1,2 milhão, em valores de hoje). A operação acabou anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) por irregularidades na coleta de provas, e Temer sempre rechaçou as suspeitas. Recentemente, o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) implicou o vice-presidente em delação premiada dentro das investigações da operação Lava Jato. Disse que Temer teve participação direta na indicação de dois executivos da Petrobras que acabaram presos por desvios na estatal –o peemedebista se disse "indignado" e negou as afirmações. NO PLANALTO Em 2010, Temer foi convocado mais uma vez ao papel de bombeiro: desta vez para garantir a estabilidade do sistema político como vice na chapa de Dilma Rousseff. O deputado unia em torno de si um partido historicamente dividido, e com um discurso que buscava superar a fama de fisiologismo da sigla. "Antigamente o PMDB entrava na eleição dividido para depois negociar apoio ao governo eleito, por isso era chamado de fisiologista pela imprensa. Mas isso acabou. Estamos entrando na campanha juntos e governaremos juntos", dizia às vésperas do anúncio da aliança na chapa. Na campanha de 2010, Temer ficou praticamente de fora dos programas e propagandas eleitorais –apareceu no rádio e na TV apenas no segundo turno. Já como inquilino do Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente, reforçou a discrição, segundo um ex-assessor. Recusava muitos pedidos de entrevista, mas conversava (e ainda fala) diretamente com colunistas com quem tem relação mais antiga. "Ele leva em consideração o que o assessor fala. Nunca o vi com raiva ou perdendo a compostura, mas mostra quando está irritado. Quem conhece percebe pela fisionomia e tom de voz", disse o ex-assessor. 'Charmosão' Aos 75 anos, Temer está no terceiro casamento, com Marcela Temer, ex-modelo e bacharel em direito de 32 anos e 1,72 metro –2 cm a mais que o marido. Ambos possuem um filho de sete anos, Michel Temer Filho, o Michelzinho, e Marcela está grávida do segundo filho, conforme relatos publicados na imprensa no final de 2015. O vice-presidente e a mulher se conheceram em 2002, durante a campanha eleitoral. O pai dela, um economista conhecido de políticos de Paulínia (SP), cidade de 100 mil habitantes na região de Campinas, sugeriu que fossem cumprimentar o prefeito –e o então candidato a deputado federal Temer estava por lá. "Era um contato profissional que poderia me ajudar a dar um up na carreira (de modelo). Mas achei ele charmosão", disse Marcela numa rara entrevista de 2010 à revista TPM. Depois da eleição, o pai de Marcela sugeriu que enviasse um e-mail ao deputado eleito parabenizando-o pelo resultado. O namoro –o primeiro de Marcela– começou logo após o primeiro encontro, quando recebeu uma ligação do deputado. "Ele começou a gritar: 'te amo', 'te amo', 'te amo'", disse Marcela na entrevista de 2010. Casaram-se quatro meses depois. Além de Michelzinho, Temer possui três filhas do primeiro casamento –Luciana, 46 anos, advogada, Maristela, 44 anos, e Clarissa, 42 anos, psicólogas e psicanalistas. Tem um filho de 16 anos, fruto de um relacionamento com uma jornalista de Brasília. O vice-presidente é ainda o integrante (embora pouco ativo) mais ilustre do país da maçonaria, a instituição cercada de mistérios e códigos que já teve protagonismo político no passado, mas hoje possui finalidades basicamente filantrópicas e de relacionamento interpessoal. DESEMBARQUE Nos quatro anos seguintes à vitória no pleito presidencial, Temer assumiu papel coadjuvante no governo, como deixou claro na polêmica carta à Dilma. "Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas", escreveu. Os sinais mais nítidos de desgaste na relação com o Planalto começaram em 2013. Naquele ano, Temer bancou, contra a vontade do Planalto, a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para liderança do PMDB na Câmara. Mais tarde, após as manifestações de 2013, disse que a ideia de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política, uma das propostas de Dilma diante dos protestos, era "inviável". Na ocasião, o vice disse ainda acreditar que os protestos não pediam a renovação dos políticos, mas do sistema político. "Esse movimento não foi contra os políticos A, B ou C. Se fôssemos nessa linha, todos os Legislativos e Executivos tinham que sair de seus postos." A tensão se reduziu na campanha da reeleição em 2014. Temer subiu em palanques com Dilma pelo país e foi o primeiro a ser citado pela presidente no pronunciamento após a vitória. "Depois de ter sido um grande vice, se transformou num incansável e aguerrido militante, fervoroso militante, que andou o Brasil defendendo o nosso projeto, nossas propostas e nosso governo", afirmou Dilma. Em 2015, diante do agravamento da crise política e econômica, PMDB e PT divergiram na eleição à Presidência da Câmara. Temer e seu partido defenderam a candidatura vencedora de Eduardo Cunha. Meses depois, Temer ensaiou mais uma vez o papel de bombeiro. Assumiu a articulação política do governo em abril, mas deixou a função quatro meses depois, no final de agosto. Poucas semanas antes da saída, concedeu uma inusual entrevista na qual, nervoso, disse que o país precisava de "alguém (que) tenha a capacidade de reunificar a todos". A interpretação corrente foi que o vice se lançara como alternativa política porque a alternativa do impeachment se tornara real. Meses depois veio a carta à Dilma, cujo tom sentimental contrariava a postura do político cerebral muitas vezes classificado como esfinge –segundo o Houaiss: "pessoa enigmática, que pouco se manifesta e de quem não se sabe o que pensa ou sente". O impeachment esfriou no começo de 2016 e Temer deu a impressão de recuo. Mas a situação de Dilma se agravou com a delação de Delcídio e as investigações sobre Lula, e Temer passou a liderar a articulação pela saída do PMDB do governo, que amplia o isolamento da gestão Dilma Rousseff e as chances de debandada de outros partidos. "O chamado impeachment não é uma peça de país de Terceiro Mundo. A peça dos países de Terceiro, Segundo Mundo é o golpe de Estado. E nós aqui fizemos funcionar todas as nossas instituições regularmente. (...) Esse é um exemplo que ficou", dizia Temer em 1992, em referência ao caso Fernando Collor, em entrevista –regada a vinho do Porto– ao apresentador Clodovil (1937-2009). Movido ou não pelo desejo de ocupar a cadeira de Dilma, o movimento de Temer e do PMDB nesta semana é mais um passo na engrenagem dessa peça que pode conduzi-lo, finalmente, à Presidência do Brasil. | 0 |
Acordo da Opep deve manter petróleo entre US$ 50 a 55 por barril em 2017 | A Fitch disse que a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de estender os cortes de produção por nove meses deve dar algum suporte aos preços do petróleo em torno da média média vista até agora no ano. Segundo a agência de classificação de risco, o excedente de oferta de petróleo poderá voltar em 2018 se o acordo não for prolongado novamente, à medida que novos projetos continuam a ser implementados e por expectativas de que a produção de xisto dos Estados Unidos deverá crescer. A Fitch disse acreditar que "os preços anuais médios para 2017 deverão ficar em torno de 50 a 55 dólares por barril para o Brent, dado o impressionante crescimento na produção de xisto dos EUA." Segundo a agência, sua expectativa de cenário base é que o mercado se recupere gradualmente, levando os preços para em torno da metade da faixa de 50 dólares por barril para o Brent em 2018 e para os 60 dólares por barril em 2019. | mercado | Acordo da Opep deve manter petróleo entre US$ 50 a 55 por barril em 2017A Fitch disse que a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de estender os cortes de produção por nove meses deve dar algum suporte aos preços do petróleo em torno da média média vista até agora no ano. Segundo a agência de classificação de risco, o excedente de oferta de petróleo poderá voltar em 2018 se o acordo não for prolongado novamente, à medida que novos projetos continuam a ser implementados e por expectativas de que a produção de xisto dos Estados Unidos deverá crescer. A Fitch disse acreditar que "os preços anuais médios para 2017 deverão ficar em torno de 50 a 55 dólares por barril para o Brent, dado o impressionante crescimento na produção de xisto dos EUA." Segundo a agência, sua expectativa de cenário base é que o mercado se recupere gradualmente, levando os preços para em torno da metade da faixa de 50 dólares por barril para o Brent em 2018 e para os 60 dólares por barril em 2019. | 2 |
Receita recebe 27,896 milhões de declarações do Imposto de Renda | A Receita Federal recebeu 27.895.994 de declarações do Imposto de Renda de 2015 até as 23h59min59s desta quinta-feira (30), prazo final para o envio. Foram 396 mil declarações a mais que o esperado pelo fisco. O número superou em mais de 1 milhão os 26,883 milhões de documentos entregues até o ano passado. E SE EU NÃO ENTREGUEI? O contribuinte que não entregou a declaração do IR deste ano terá de esperar até segunda-feira, 4 de maio, para acertar suas contas com o fisco. É que ontem à meia-noite desta quinta a Receita Federal desligou o sistema de recepção das declarações. Na segunda-feira, às 8h (horário de Brasília), a Receita restabelecerá o sistema para os retardatários prestarem contas ao fisco. Não será necessário baixar novo programa para fazer a declaração. O programa gera a notificação da multa por atraso na entrega e o respectivo Darf para pagamento. Após enviar a declaração, o contribuinte terá de imprimir o Darf para pagar a multa. Isso vale tanto para o contribuinte que tiver restituição como para aquele que ainda tiver imposto a pagar. No caso desses últimos, será preciso também imprimir o Darf para pagar a primeira cota (ou única), que venceu ontem, 30 de abril -ela já terá juro de 1% mais multa de 0,33% por dia de atraso (esta limitada a 20%). A multa para quem entregar com atraso é de 1% ao mês sobre o imposto devido. A multa mínima é de R$ 165,74; a máxima, de 20%. Se não houver imposto devido, a multa é de R$ 165,74 (leia quadro acima). A multa de 1% não se altera neste mês. Assim, para quem ainda não entregou a declaração, tanto faz entregá-la na segunda como nos próximos dias. É que em maio a multa de 1% vale até o dia 29 (último dia útil do mês). RETIFICAÇÃO O contribuinte que já enviou a declaração e tiver de retificá-la também usará o mesmo programa. Na ficha Identificação do Contribuinte, será preciso indicar que se trata de declaração retificadora e mencionar o número do recibo de entrega da já enviada neste ano. Feitas as correções, basta enviar. Na retificação, agora, não é mais possível mudar a forma de tributação. Assim, quem usou o modelo por deduções legais não pode usar o simplificado, e vice-versa. | mercado | Receita recebe 27,896 milhões de declarações do Imposto de RendaA Receita Federal recebeu 27.895.994 de declarações do Imposto de Renda de 2015 até as 23h59min59s desta quinta-feira (30), prazo final para o envio. Foram 396 mil declarações a mais que o esperado pelo fisco. O número superou em mais de 1 milhão os 26,883 milhões de documentos entregues até o ano passado. E SE EU NÃO ENTREGUEI? O contribuinte que não entregou a declaração do IR deste ano terá de esperar até segunda-feira, 4 de maio, para acertar suas contas com o fisco. É que ontem à meia-noite desta quinta a Receita Federal desligou o sistema de recepção das declarações. Na segunda-feira, às 8h (horário de Brasília), a Receita restabelecerá o sistema para os retardatários prestarem contas ao fisco. Não será necessário baixar novo programa para fazer a declaração. O programa gera a notificação da multa por atraso na entrega e o respectivo Darf para pagamento. Após enviar a declaração, o contribuinte terá de imprimir o Darf para pagar a multa. Isso vale tanto para o contribuinte que tiver restituição como para aquele que ainda tiver imposto a pagar. No caso desses últimos, será preciso também imprimir o Darf para pagar a primeira cota (ou única), que venceu ontem, 30 de abril -ela já terá juro de 1% mais multa de 0,33% por dia de atraso (esta limitada a 20%). A multa para quem entregar com atraso é de 1% ao mês sobre o imposto devido. A multa mínima é de R$ 165,74; a máxima, de 20%. Se não houver imposto devido, a multa é de R$ 165,74 (leia quadro acima). A multa de 1% não se altera neste mês. Assim, para quem ainda não entregou a declaração, tanto faz entregá-la na segunda como nos próximos dias. É que em maio a multa de 1% vale até o dia 29 (último dia útil do mês). RETIFICAÇÃO O contribuinte que já enviou a declaração e tiver de retificá-la também usará o mesmo programa. Na ficha Identificação do Contribuinte, será preciso indicar que se trata de declaração retificadora e mencionar o número do recibo de entrega da já enviada neste ano. Feitas as correções, basta enviar. Na retificação, agora, não é mais possível mudar a forma de tributação. Assim, quem usou o modelo por deduções legais não pode usar o simplificado, e vice-versa. | 2 |
Frederico Vasconcelos: Conselho do Ministério Público quer reforçar o enfrentamento à homofobia | Por unanimidade, o Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), aprovou, na última terça-feira (28), nota técnica sobre a necessidade de criação e instalação dos Comitês de Enfrentamento à Homofobia nas várias unidades do Ministério Público. Esses comitês integram ... Leia post completo no blog | poder | Frederico Vasconcelos: Conselho do Ministério Público quer reforçar o enfrentamento à homofobiaPor unanimidade, o Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), aprovou, na última terça-feira (28), nota técnica sobre a necessidade de criação e instalação dos Comitês de Enfrentamento à Homofobia nas várias unidades do Ministério Público. Esses comitês integram ... Leia post completo no blog | 0 |
Prêmio Oceanos vai eleger livros de qualquer país de língua portuguesa | O Prêmio Oceanos de literatura anunciou, na manhã desta quinta-feira (2), em entrevista coletiva, mudanças para a edição deste ano. A partir de agora, podem concorrer ao troféu autores de língua portuguesa com livros publicados em qualquer país. Antes, as obras precisavam ter sido publicadas no Brasil para poder concorrer. O plano de seguir um novo modelo já havia sido divulgado na cerimônia de entrega do prêmio em 2015 -mas acabou por não ir adiante. Promovido pelo Itaú Cultural, agora o Oceanos passa a ter mais uma curadora, a crítica literária portuguesa Ana Sousa Dias, que se junta a Selma Caetano e ao crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha. "Queremos aumentar o intercâmbio entre os países de língua portuguesa", diz Caetano, que esteve com Costa Pinto em Portugal para apresentar o troféu aos editores lusitanos. Já a curadora lusitana diz que vai se encarregar do contato com os editores africanos, para garantir que eles participem. Ela afirma que, por condições políticas, Angola, por exemplo, tem um mercado editorial "subterrâneo". Os curadores lembram, porém, que o próprio autor pode inscrever seus livros, não só a editora. As inscrições para o prêmio literário estarão abertas a partir de 0h desta sexta-feira (3), por meio do site itaucultural.org.br/oceanos2017, onde o regulamento estará disponível. Podem concorrer livros de poesia, prosa de ficção, dramaturgia e crônica. A ideia é criar um prêmio realmente internacional, nos moldes do Man Booker Prize, da língua inglesa, ou do Goncourt, da língua francesa. Com as regras antigas, os autores brasileiros acabavam em vantagem diante dos autores estrangeiros -que só podiam participar caso fossem publicados no país. Para se ter ideia, dos 4.174 livros inscritos no Oceanos na última década (até 2014, o troféu se chamava Portugal Telecom), só 112 foram de autores portugueses. Entre os países africanos que falam o português, como Angola e Moçambique, só houve 26 inscritos. A eficiência dos portugueses no Oceanos, porém, parece melhor. Embora a participação deles seja muitas vezes menor do que a dos brasileiros, em uma década os dois países ficaram empatados entre os vitoriosos: cinco autores lusitanos venceram, contra cinco autores nacionais. Até agora, os únicos prêmios literários relevantes a contemplar autores de qualquer país lusófono eram o Camões, o Leya e o Saramago. O primeiro premia a obra completa de um autor, o segundo só elege livros inéditos, e o terceiro, só romances. O Oceanos distribui R$ 230 mil aos vencedores: R$ 100 mil para o primeiro lugar; R$ 60 mil para o segundo; R$ 40 mil para o terceiro; e R$ 30 mil para o quarto. Ano passado, o ganhador foi o português José Luiz Peixoto, pelo romance "Galveias". | ilustrada | Prêmio Oceanos vai eleger livros de qualquer país de língua portuguesaO Prêmio Oceanos de literatura anunciou, na manhã desta quinta-feira (2), em entrevista coletiva, mudanças para a edição deste ano. A partir de agora, podem concorrer ao troféu autores de língua portuguesa com livros publicados em qualquer país. Antes, as obras precisavam ter sido publicadas no Brasil para poder concorrer. O plano de seguir um novo modelo já havia sido divulgado na cerimônia de entrega do prêmio em 2015 -mas acabou por não ir adiante. Promovido pelo Itaú Cultural, agora o Oceanos passa a ter mais uma curadora, a crítica literária portuguesa Ana Sousa Dias, que se junta a Selma Caetano e ao crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha. "Queremos aumentar o intercâmbio entre os países de língua portuguesa", diz Caetano, que esteve com Costa Pinto em Portugal para apresentar o troféu aos editores lusitanos. Já a curadora lusitana diz que vai se encarregar do contato com os editores africanos, para garantir que eles participem. Ela afirma que, por condições políticas, Angola, por exemplo, tem um mercado editorial "subterrâneo". Os curadores lembram, porém, que o próprio autor pode inscrever seus livros, não só a editora. As inscrições para o prêmio literário estarão abertas a partir de 0h desta sexta-feira (3), por meio do site itaucultural.org.br/oceanos2017, onde o regulamento estará disponível. Podem concorrer livros de poesia, prosa de ficção, dramaturgia e crônica. A ideia é criar um prêmio realmente internacional, nos moldes do Man Booker Prize, da língua inglesa, ou do Goncourt, da língua francesa. Com as regras antigas, os autores brasileiros acabavam em vantagem diante dos autores estrangeiros -que só podiam participar caso fossem publicados no país. Para se ter ideia, dos 4.174 livros inscritos no Oceanos na última década (até 2014, o troféu se chamava Portugal Telecom), só 112 foram de autores portugueses. Entre os países africanos que falam o português, como Angola e Moçambique, só houve 26 inscritos. A eficiência dos portugueses no Oceanos, porém, parece melhor. Embora a participação deles seja muitas vezes menor do que a dos brasileiros, em uma década os dois países ficaram empatados entre os vitoriosos: cinco autores lusitanos venceram, contra cinco autores nacionais. Até agora, os únicos prêmios literários relevantes a contemplar autores de qualquer país lusófono eram o Camões, o Leya e o Saramago. O primeiro premia a obra completa de um autor, o segundo só elege livros inéditos, e o terceiro, só romances. O Oceanos distribui R$ 230 mil aos vencedores: R$ 100 mil para o primeiro lugar; R$ 60 mil para o segundo; R$ 40 mil para o terceiro; e R$ 30 mil para o quarto. Ano passado, o ganhador foi o português José Luiz Peixoto, pelo romance "Galveias". | 1 |
Natureza humana é empecilho para os carros que se dirigem sozinhos | Os entusiastas dos automóveis, depois de ouvirem executivos do setor discutindo a tecnologia incluída em seus veículos para que eles funcionem sem motoristas, mereceriam ser desculpados se terminassem acreditando que carros robotizados sairão sozinhos das concessionárias, em breve. Carlos Ghosn, presidente-executivo da Renault-Nissan Alliance, anunciou em um evento de mídia no dia 7 de janeiro, no laboratório de pesquisa de sua empresa no Vale do Silício, que a Nissan lançaria 10 veículos autoguiados nos próximos quatro anos. Elon Musk, presidente-executivo da Tesla Motors, foi além. Em conversa telefônica com jornalistas, ele afirmou que o Autopilot, um recurso introduzido no Modelo S da Tesla, lançado no final do ano passado, "no momento provavelmente dirige melhor que uma pessoa". Musk disse também que, dentro de um ou dois anos, seria tecnicamente viável chamar um Tesla para apanhar seu motorista do outro lado do país. Mas existe um crescente descompasso entre o que esses executivos vêm dizendo e o que a maioria das pessoas pensa ao ouvir as descrições dos executivos e cientistas sobre os carros autônomos ou autoguiados. O que Musk e Ghosn estão descrevendo são carros dotados de capacidades avançadas que podem ajudar o motorista ou se autoguiar em situações complicadas, como balizas em ruas movimentadas. Os carros verdadeiramente autônomos fazem todo o trabalho, como os veículos arredondados que o Google vem testando na região de sua sede no Vale do Silício, e estão a pelo menos uma década de distância de transportar pessoas pelas ruas de uma cidade, disse Xavier Mosquet, sócio-sênior do Boston Consulting Group e diretor-executivo do escritório da consultoria em Detroit. "Será uma viagem, e uma viagem razoavelmente longa", ele disse. E essa viagem tem implicações financeiras cada vez mais significativas. No ano passado, o Uber anunciou planos para abrir um centro de pesquisa de veículos autônomos adjacente à Universidade Carnegie Mellon. A General Motors investiu recentemente US$ 500 milhões na Lyft, principal concorrente do Uber, com o objetivo de criar uma rede de veículos autônomos para atender a chamados. E seguem os boatos de que o Google e a Ford estão formando uma parceria para produzir veículos autoguiados. A Casa Branca também entrou na conversa. A proposta de orçamento do presidente Barack Obama para o próximo ano-fiscal inclui US$ 4 bilhões, em 10 anos, para pesquisas relacionadas a veículos autônomos. Anthony Foxx, o secretário do Transporte, disse que o governo removeria obstáculos ao desenvolvimento de veículos autônomos e estabeleceria novas diretrizes quanto a eles nos próximos seis meses. Os carros estão começando a se dirigir sozinhos em certas situações e nos próximos anos farão cada vez coisas mais sob o controle de seus computadores. Eles conseguirão se dirigir em estradas sinuosas, mudar de faixa de rodagem, atravessar cruzamentos, dar a partida e parar sozinhos. Mas requererão supervisão humana. Um aspecto importante é que, em muitas situações, os carros dirão aos motoristas humanos que "opa, é hora de você assumir o volante", quando encontrarem situações complexas ou emergências. No setor automotivo, isso é conhecido como o problema da transferência de controle, e os engenheiros automotivos reconhecem que não há solução fácil. Os projetistas de automóveis ainda não encontraram uma maneira de fazer com que um motorista distraído por estar escrevendo mensagens no celular, lendo e-mails ou assistindo a um filme retome o controle e a atenção em uma fração de segundo caso isso seja necessário em uma emergência. O perigo é que, ao induzir os seres humanos a prestar ainda menos atenção ao volante, essa tecnologia de segurança possa na verdade estar criando mais riscos. "Toda a questão da interação com pessoas, dentro e fora do carro, expõe questões reais para a inteligência artificial", disse John Leonard, professor de engenharia mecânica no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). "A capacidade de saber se o motorista está pronto e de lhe dar aviso com tempo suficiente, na transferência de controle, é realmente espinhosa." As limitações do Autopilot, que a Tesla descreve como dotado da capacidade de "dirigir automaticamente pela estrada, mudar de faixa e ajustar a velocidade de acordo com o tráfego", ficaram claramente visíveis em um test drive recente na companhia de Sebastian Thrun, especialista em robótica e inteligência artificial que deu início ao projeto de carros autoguiados do Google. Ainda que Thrun tenha deixado o Google, ele continua envolvido no campo da inteligência artificial. Descreve-se como entusiástico proprietário de um Tesla. Em um test drive recente, o pesquisador catalogou diversas das limitações e erros do carro, entre os quais ele descreveu "intervenções críticas", nas quais é requerido que o motorista humano retome o controle, em determinadas situações. O Tesla se saiu bem dirigindo em rodovias, e a companhia recentemente corrigiu um bug que o fazia perder a direção inesperadamente em rampas de saída de vias expressas. Mas nas ruas da cidade e em estradinhas rurais, o desempenho do Autopilot pode ser descrito como arrepiante. O carro, que usa apenas uma câmera para acompanhar a via de rodagem, identificando marcadores de faixas, não dobrava as curvas de maneira elegante, e tampouco reduzia a velocidade na aproximação para as curvas. Em uma recente viagem de 350 km de Lake Tahoe a Palo Alto, Califórnia, Thrun disse que se viu forçado a intervir mais de uma dúzia de vezes. A companhia anunciou em 9 de janeiro ter introduzido uma nova versão do software Autopilot que oferecia tanto restrições quanto melhoras na condução. Como o Tesla, os novos modelos autônomos da Nissan ainda requererão supervisão humana e não se autoguiarão em todas as condições. Os engenheiros da Nissan reconheceram que mesmo os mais avançados modelos da montadora não serão autônomos em todas as situações, entre as quais nevascas, temporais e até mesmo certos percursos noturnos. "Existem certas limitações, a depender das condições do tempo. Por exemplo, se você estiver em meio a uma nevasca ou chuva, não pode haver condução autônoma", disse Tsuyoshi Yamaguchi, vice-presidente executivo de desenvolvimento de tecnologia na Renault-Nissan. "Devemos garantir que o veículo reconheça o fato e alerte o motorista." A situação se complica ainda mais por conta de leis e regulamentos que requerem que veículos sejam operados por seres humanos. Na Europa, a Convenção de Viena, assinada em 1968, requer que "todo veículo ou combinação de veículos em movimento tenha motorista", e que "todo motorista deve estar em condição de controlar seu veículo a cada momento". Ainda que uma emenda tenha sido proposta, não há legislação nova em vigor até o momento. Nos Estados Unidos, o Google começou uma forte campanha de lobby junto aos Estados do país, em 2011, Mas a empresa admitiu um revés neste ano quando o Departamento de Trânsito da Califórnia promulgou um anteprojeto de regulamentação que requer a presença de um ser humano habilitado a dirigir dentro do veículo. Nada disso desencorajou alguns proprietários entusiásticos de Teslas. Doug Carmean, projetista de computadores da Microsoft que vai todo dia de carro de Seattle a Redmond, no Estado de Washington, disse ter sido exposto ao bug que desviava o Tesla para a rampa de saída da via expressa, e o definiu como "assustador". Mas cerca de 45 minutos de seu percurso diário são uma jornada lenta, repleta de paradas, e seu carro segue o veículo adiante de forma previsível e sem esforço, permitindo que ele use a gigantesca tela do Tesla para navegar na Web. "Ainda que haja momentos assustadores, aprendi a curtir", ele disse. "É um senso de espanto e prazer." Tradução de PAULO MIGLIACCI | tec | Natureza humana é empecilho para os carros que se dirigem sozinhosOs entusiastas dos automóveis, depois de ouvirem executivos do setor discutindo a tecnologia incluída em seus veículos para que eles funcionem sem motoristas, mereceriam ser desculpados se terminassem acreditando que carros robotizados sairão sozinhos das concessionárias, em breve. Carlos Ghosn, presidente-executivo da Renault-Nissan Alliance, anunciou em um evento de mídia no dia 7 de janeiro, no laboratório de pesquisa de sua empresa no Vale do Silício, que a Nissan lançaria 10 veículos autoguiados nos próximos quatro anos. Elon Musk, presidente-executivo da Tesla Motors, foi além. Em conversa telefônica com jornalistas, ele afirmou que o Autopilot, um recurso introduzido no Modelo S da Tesla, lançado no final do ano passado, "no momento provavelmente dirige melhor que uma pessoa". Musk disse também que, dentro de um ou dois anos, seria tecnicamente viável chamar um Tesla para apanhar seu motorista do outro lado do país. Mas existe um crescente descompasso entre o que esses executivos vêm dizendo e o que a maioria das pessoas pensa ao ouvir as descrições dos executivos e cientistas sobre os carros autônomos ou autoguiados. O que Musk e Ghosn estão descrevendo são carros dotados de capacidades avançadas que podem ajudar o motorista ou se autoguiar em situações complicadas, como balizas em ruas movimentadas. Os carros verdadeiramente autônomos fazem todo o trabalho, como os veículos arredondados que o Google vem testando na região de sua sede no Vale do Silício, e estão a pelo menos uma década de distância de transportar pessoas pelas ruas de uma cidade, disse Xavier Mosquet, sócio-sênior do Boston Consulting Group e diretor-executivo do escritório da consultoria em Detroit. "Será uma viagem, e uma viagem razoavelmente longa", ele disse. E essa viagem tem implicações financeiras cada vez mais significativas. No ano passado, o Uber anunciou planos para abrir um centro de pesquisa de veículos autônomos adjacente à Universidade Carnegie Mellon. A General Motors investiu recentemente US$ 500 milhões na Lyft, principal concorrente do Uber, com o objetivo de criar uma rede de veículos autônomos para atender a chamados. E seguem os boatos de que o Google e a Ford estão formando uma parceria para produzir veículos autoguiados. A Casa Branca também entrou na conversa. A proposta de orçamento do presidente Barack Obama para o próximo ano-fiscal inclui US$ 4 bilhões, em 10 anos, para pesquisas relacionadas a veículos autônomos. Anthony Foxx, o secretário do Transporte, disse que o governo removeria obstáculos ao desenvolvimento de veículos autônomos e estabeleceria novas diretrizes quanto a eles nos próximos seis meses. Os carros estão começando a se dirigir sozinhos em certas situações e nos próximos anos farão cada vez coisas mais sob o controle de seus computadores. Eles conseguirão se dirigir em estradas sinuosas, mudar de faixa de rodagem, atravessar cruzamentos, dar a partida e parar sozinhos. Mas requererão supervisão humana. Um aspecto importante é que, em muitas situações, os carros dirão aos motoristas humanos que "opa, é hora de você assumir o volante", quando encontrarem situações complexas ou emergências. No setor automotivo, isso é conhecido como o problema da transferência de controle, e os engenheiros automotivos reconhecem que não há solução fácil. Os projetistas de automóveis ainda não encontraram uma maneira de fazer com que um motorista distraído por estar escrevendo mensagens no celular, lendo e-mails ou assistindo a um filme retome o controle e a atenção em uma fração de segundo caso isso seja necessário em uma emergência. O perigo é que, ao induzir os seres humanos a prestar ainda menos atenção ao volante, essa tecnologia de segurança possa na verdade estar criando mais riscos. "Toda a questão da interação com pessoas, dentro e fora do carro, expõe questões reais para a inteligência artificial", disse John Leonard, professor de engenharia mecânica no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). "A capacidade de saber se o motorista está pronto e de lhe dar aviso com tempo suficiente, na transferência de controle, é realmente espinhosa." As limitações do Autopilot, que a Tesla descreve como dotado da capacidade de "dirigir automaticamente pela estrada, mudar de faixa e ajustar a velocidade de acordo com o tráfego", ficaram claramente visíveis em um test drive recente na companhia de Sebastian Thrun, especialista em robótica e inteligência artificial que deu início ao projeto de carros autoguiados do Google. Ainda que Thrun tenha deixado o Google, ele continua envolvido no campo da inteligência artificial. Descreve-se como entusiástico proprietário de um Tesla. Em um test drive recente, o pesquisador catalogou diversas das limitações e erros do carro, entre os quais ele descreveu "intervenções críticas", nas quais é requerido que o motorista humano retome o controle, em determinadas situações. O Tesla se saiu bem dirigindo em rodovias, e a companhia recentemente corrigiu um bug que o fazia perder a direção inesperadamente em rampas de saída de vias expressas. Mas nas ruas da cidade e em estradinhas rurais, o desempenho do Autopilot pode ser descrito como arrepiante. O carro, que usa apenas uma câmera para acompanhar a via de rodagem, identificando marcadores de faixas, não dobrava as curvas de maneira elegante, e tampouco reduzia a velocidade na aproximação para as curvas. Em uma recente viagem de 350 km de Lake Tahoe a Palo Alto, Califórnia, Thrun disse que se viu forçado a intervir mais de uma dúzia de vezes. A companhia anunciou em 9 de janeiro ter introduzido uma nova versão do software Autopilot que oferecia tanto restrições quanto melhoras na condução. Como o Tesla, os novos modelos autônomos da Nissan ainda requererão supervisão humana e não se autoguiarão em todas as condições. Os engenheiros da Nissan reconheceram que mesmo os mais avançados modelos da montadora não serão autônomos em todas as situações, entre as quais nevascas, temporais e até mesmo certos percursos noturnos. "Existem certas limitações, a depender das condições do tempo. Por exemplo, se você estiver em meio a uma nevasca ou chuva, não pode haver condução autônoma", disse Tsuyoshi Yamaguchi, vice-presidente executivo de desenvolvimento de tecnologia na Renault-Nissan. "Devemos garantir que o veículo reconheça o fato e alerte o motorista." A situação se complica ainda mais por conta de leis e regulamentos que requerem que veículos sejam operados por seres humanos. Na Europa, a Convenção de Viena, assinada em 1968, requer que "todo veículo ou combinação de veículos em movimento tenha motorista", e que "todo motorista deve estar em condição de controlar seu veículo a cada momento". Ainda que uma emenda tenha sido proposta, não há legislação nova em vigor até o momento. Nos Estados Unidos, o Google começou uma forte campanha de lobby junto aos Estados do país, em 2011, Mas a empresa admitiu um revés neste ano quando o Departamento de Trânsito da Califórnia promulgou um anteprojeto de regulamentação que requer a presença de um ser humano habilitado a dirigir dentro do veículo. Nada disso desencorajou alguns proprietários entusiásticos de Teslas. Doug Carmean, projetista de computadores da Microsoft que vai todo dia de carro de Seattle a Redmond, no Estado de Washington, disse ter sido exposto ao bug que desviava o Tesla para a rampa de saída da via expressa, e o definiu como "assustador". Mas cerca de 45 minutos de seu percurso diário são uma jornada lenta, repleta de paradas, e seu carro segue o veículo adiante de forma previsível e sem esforço, permitindo que ele use a gigantesca tela do Tesla para navegar na Web. "Ainda que haja momentos assustadores, aprendi a curtir", ele disse. "É um senso de espanto e prazer." Tradução de PAULO MIGLIACCI | 5 |
Semana tem aulas com chef e franceses na telona; veja agenda | DE SÃO PAULO DOMINGO Maluco, porém fofinho | Acaba neste domingo (5) "O Mundo de Tim Burton", no MIS. No derradeiro dia em cartaz, a mostra tem ingressos à venda só na bilheteria. Chance para conhecer essa amostra do universo ao mesmo tempo lúdico e sombrio do diretor de filmes como "Edward Mãos de Tesoura" Museu da Imagem e do Som. Av. Europa, 158, região oeste, tel. 2117-4777. O Mundo de Tim Burton, dom. (5): 11h às 21h. Livre. Ingr.: R$ 12, na bilheteria. Estac. (R$ 12) ou valet (R$ 18). - SEGUNDA Opressão ancestral | Clarisse Abujamra interpreta a pintora Galactia, musa das artes plásticas e do feminismo, em "Cenas de uma Execução". No século 16, convidada a pintar a vitória de um Exército, a artista opta por representação que destaca a crueldade da batalha e enfurece as autoridades Teatro Sérgio Cardoso. R. Rui Barbosa, 153, região central, tel. 3288-0136. Seg., sáb. e dom.: 19h30. Até 27/6. Ingr.: R$ 50 p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. - TERÇA Aprendendo com o chef | O Eataly São Paulo promove cursos com chefs como Tássia Magalhães, do Pomodori. Nesta terça (7), a aula ministrada por Ana Soares, da rotisseria e pastifício Mesa 3, ensina variações de molhos para massas, bruschettas e sopas Eataly São Paulo. Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1.489, região sul, tel. 3279-3300. Curso "Pomodoro, Porque Adoro!": ter. (7), das 19h30 às 21h30. Ingr.: R$ 160 (inclui harmonização de vinhos). Inscrições pelo cursos@eataly.com.br ou pelo foodpass.com.br, aba Eataly. - QUARTA Franceses na telona | Em sua sétima edição, o Festival Varilux de Cinema Francês começa com sessões gratuitas seguidas de debates no Cinearte, na Caixa Belas Artes e no Espaço Itaú de Cinema - Augusta. No total, são 15 longas inéditos até 22/6, além de homenagem a "Um Homem, uma Mulher", de Claude Lelouch, filme que completa 50 anos Veja salas e horários - QUINTA Rei, reizinho, reizão | Reminiscências do cotidiano na megalópole e uma jovial mescla de rock, pop e brasilidade permeiam a estreia solo de Tonico Reis. Gravado no estúdio Canoa, quartel-general do selo Risco e epicentro de bandas como O Terno e Trupe Chá de Boldo, o álbum "Todos Humanos" será lançado na quinta (9), na Serralheria Serralheria Espaço Cultural. R. Guaicurus, 857, Lapa, região oeste, tel. 2592-3923. 200 pessoas. Qui. (9): 22h. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 15 (antecipado) e R$ 20. CC: M e V. Ingr. p/ gorockbee.com/serralheria. - SEXTA Epifania em versão de bolso | Galerias paulistanas reúnem amostras dos acervos na segunda edição da versão "pocket" da PARTE Feira de Arte Contemporânea, no Cidade Jardim, de sexta (10) a domingo (12) para o público. É ampla a gama de suportes, da escultura à fotografia, passando por desenhos, como "Estudo Sobre a Insônia 3", de Louise Kanefuku, em grafite e lápis aquarelável Shopping Cidade Jardim - casa bossa - 3º andar. Av. Magalhães de Castro, 12.000, Butantã, região oeste, tel. 3552-1000. Sex. e sáb.: 13h às 22h. Dom.: 14h às 22h. Até 12/6. Livre. Estac. (R$ 16 p/ 2 h) ou valet (R$ 25 a 1ª h). GRÁTIS - SÁBADO Fruta madura para exportação | De som que funde com singeleza raízes musicais do país, como o choro, e manifestações contemporâneas, a exemplo do rock indie, a banda Pitanga em Pé de Amora se apresenta no sábado (11), no Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer. A ocasião é especial: além de uma seleção do repertório dos dois álbuns, o grupo lança o vídeo da canção "Sonhos Lúcidos" e se despede do público local antes de partir em turnê na Europa nos meses de julho e agosto Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portões 2 (pedestre) e 3, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3629-1075. 806 pessoas. Sáb. (11): 21h. Livre. Ingr.: R$ 20. Estac. (Zona Azul - portão 3). p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. | saopaulo | Semana tem aulas com chef e franceses na telona; veja agendaDE SÃO PAULO DOMINGO Maluco, porém fofinho | Acaba neste domingo (5) "O Mundo de Tim Burton", no MIS. No derradeiro dia em cartaz, a mostra tem ingressos à venda só na bilheteria. Chance para conhecer essa amostra do universo ao mesmo tempo lúdico e sombrio do diretor de filmes como "Edward Mãos de Tesoura" Museu da Imagem e do Som. Av. Europa, 158, região oeste, tel. 2117-4777. O Mundo de Tim Burton, dom. (5): 11h às 21h. Livre. Ingr.: R$ 12, na bilheteria. Estac. (R$ 12) ou valet (R$ 18). - SEGUNDA Opressão ancestral | Clarisse Abujamra interpreta a pintora Galactia, musa das artes plásticas e do feminismo, em "Cenas de uma Execução". No século 16, convidada a pintar a vitória de um Exército, a artista opta por representação que destaca a crueldade da batalha e enfurece as autoridades Teatro Sérgio Cardoso. R. Rui Barbosa, 153, região central, tel. 3288-0136. Seg., sáb. e dom.: 19h30. Até 27/6. Ingr.: R$ 50 p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. - TERÇA Aprendendo com o chef | O Eataly São Paulo promove cursos com chefs como Tássia Magalhães, do Pomodori. Nesta terça (7), a aula ministrada por Ana Soares, da rotisseria e pastifício Mesa 3, ensina variações de molhos para massas, bruschettas e sopas Eataly São Paulo. Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1.489, região sul, tel. 3279-3300. Curso "Pomodoro, Porque Adoro!": ter. (7), das 19h30 às 21h30. Ingr.: R$ 160 (inclui harmonização de vinhos). Inscrições pelo cursos@eataly.com.br ou pelo foodpass.com.br, aba Eataly. - QUARTA Franceses na telona | Em sua sétima edição, o Festival Varilux de Cinema Francês começa com sessões gratuitas seguidas de debates no Cinearte, na Caixa Belas Artes e no Espaço Itaú de Cinema - Augusta. No total, são 15 longas inéditos até 22/6, além de homenagem a "Um Homem, uma Mulher", de Claude Lelouch, filme que completa 50 anos Veja salas e horários - QUINTA Rei, reizinho, reizão | Reminiscências do cotidiano na megalópole e uma jovial mescla de rock, pop e brasilidade permeiam a estreia solo de Tonico Reis. Gravado no estúdio Canoa, quartel-general do selo Risco e epicentro de bandas como O Terno e Trupe Chá de Boldo, o álbum "Todos Humanos" será lançado na quinta (9), na Serralheria Serralheria Espaço Cultural. R. Guaicurus, 857, Lapa, região oeste, tel. 2592-3923. 200 pessoas. Qui. (9): 22h. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 15 (antecipado) e R$ 20. CC: M e V. Ingr. p/ gorockbee.com/serralheria. - SEXTA Epifania em versão de bolso | Galerias paulistanas reúnem amostras dos acervos na segunda edição da versão "pocket" da PARTE Feira de Arte Contemporânea, no Cidade Jardim, de sexta (10) a domingo (12) para o público. É ampla a gama de suportes, da escultura à fotografia, passando por desenhos, como "Estudo Sobre a Insônia 3", de Louise Kanefuku, em grafite e lápis aquarelável Shopping Cidade Jardim - casa bossa - 3º andar. Av. Magalhães de Castro, 12.000, Butantã, região oeste, tel. 3552-1000. Sex. e sáb.: 13h às 22h. Dom.: 14h às 22h. Até 12/6. Livre. Estac. (R$ 16 p/ 2 h) ou valet (R$ 25 a 1ª h). GRÁTIS - SÁBADO Fruta madura para exportação | De som que funde com singeleza raízes musicais do país, como o choro, e manifestações contemporâneas, a exemplo do rock indie, a banda Pitanga em Pé de Amora se apresenta no sábado (11), no Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer. A ocasião é especial: além de uma seleção do repertório dos dois álbuns, o grupo lança o vídeo da canção "Sonhos Lúcidos" e se despede do público local antes de partir em turnê na Europa nos meses de julho e agosto Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portões 2 (pedestre) e 3, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 3629-1075. 806 pessoas. Sáb. (11): 21h. Livre. Ingr.: R$ 20. Estac. (Zona Azul - portão 3). p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. | 17 |
Faixa exclusiva para ônibus na avenida Amador Bueno da Veiga é ampliada | Um novo trecho exclusivo para a circulação de ônibus na capital paulista começa a funcionar nesta quarta-feira (7) na avenida Amador Bueno da Veiga, na zona leste de São Paulo. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e com a SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal), os ônibus terão mais 300 metros de faixa exclusiva à direita na avenida. O novo trecho vai funcionar de segunda a sexta, apenas no período da tarde (das 17h às 20h), no sentido bairro, entre as ruas Plínio Augusto de Camargo e Jaborandi. Segundo a CET, haverá sinalização no local com a utilização de 15 placas de trânsito e com 250 m² de sinalização horizontal. Ao todo, os ônibus terão 1,6 km de faixa exclusiva na avenida Amador Bueno da Veiga, beneficiando mais de 193 mil passageiros que utilizam as 33 linhas de ônibus que circulam todos os dias pela região. A avenida já conta com 1,3 km de faixa implantada em setembro do ano passado, que funciona de segunda a sexta. No sentido centro, a faixa funciona das 6h às 9h entre a avenida São Miguel até a rua Enéas de Barros. Já no sentido bairro, a faixa funciona das 17h às 20h entre a praça D. Micaela Vieira até a rua Francisco Coimbra e entre a rua Embiruçu até a rua Evans. O novo trecho vai se estender pela via até o cruzamento com a rua Jaborandi. Os motoristas terão até o dia 19 de janeiro para se adaptarem. Após essa data, os motoristas que invadirem a faixa de ônibus à direita nos horários de funcionamento será multado em R$ 53,20, com a perda de três pontos na carteira de habilitação. Com o novo trecho, que faz parte da operação "Dá licença para o ônibus", de prioridade ao transporte público, a cidade terá 459,5 km de faixas exclusivas para ônibus na capital paulista. | cotidiano | Faixa exclusiva para ônibus na avenida Amador Bueno da Veiga é ampliadaUm novo trecho exclusivo para a circulação de ônibus na capital paulista começa a funcionar nesta quarta-feira (7) na avenida Amador Bueno da Veiga, na zona leste de São Paulo. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e com a SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal), os ônibus terão mais 300 metros de faixa exclusiva à direita na avenida. O novo trecho vai funcionar de segunda a sexta, apenas no período da tarde (das 17h às 20h), no sentido bairro, entre as ruas Plínio Augusto de Camargo e Jaborandi. Segundo a CET, haverá sinalização no local com a utilização de 15 placas de trânsito e com 250 m² de sinalização horizontal. Ao todo, os ônibus terão 1,6 km de faixa exclusiva na avenida Amador Bueno da Veiga, beneficiando mais de 193 mil passageiros que utilizam as 33 linhas de ônibus que circulam todos os dias pela região. A avenida já conta com 1,3 km de faixa implantada em setembro do ano passado, que funciona de segunda a sexta. No sentido centro, a faixa funciona das 6h às 9h entre a avenida São Miguel até a rua Enéas de Barros. Já no sentido bairro, a faixa funciona das 17h às 20h entre a praça D. Micaela Vieira até a rua Francisco Coimbra e entre a rua Embiruçu até a rua Evans. O novo trecho vai se estender pela via até o cruzamento com a rua Jaborandi. Os motoristas terão até o dia 19 de janeiro para se adaptarem. Após essa data, os motoristas que invadirem a faixa de ônibus à direita nos horários de funcionamento será multado em R$ 53,20, com a perda de três pontos na carteira de habilitação. Com o novo trecho, que faz parte da operação "Dá licença para o ônibus", de prioridade ao transporte público, a cidade terá 459,5 km de faixas exclusivas para ônibus na capital paulista. | 6 |
China tem mais bilionários do que os Estados Unidos | O número de donos de fortunas superiores a um bilhão de dólares na China superou pela primeira vez a quantidade registrada nos Estados Unidos, apesar da desaceleração na segunda maior economia mundial. A China tem atualmente 596 pessoas com fortuna superior a US$ 1 bilhão, o que representa um crescimento de 242 bilionários na comparação com 2014, destaca a revista de luxo "Hurun Report", que tem sede em Xangai. Desta forma, a China supera os Estados Unidos, que registram 537 pessoas com patrimônio superior a US$ 1 bilhão. "Apesar da desaceleração econômica, as maiores fortunas chinesas registraram seu melhor ano", disse o editor da "Hurun Report", Rupert Hoogewerf. O magnata do setor imobiliário e do entretenimento Wang Jianlin superou no topo do ranking o empresário Jack Ma, fundador da gigante do e-commerce Alibaba. Wang, fundador do conglomerado Wanda e dono de 20% do clube de futebol Atlético de Madrid, aumentou em 50% sua fortuna, que vale US$ 34,4 bilhões. Wang Jianlin superou Jack Ma graças, em parte, à queda das ações do grupo Alibaba na Bolsa de Nova York. A fortuna de Jack Ma equivale a US$ 22,7 bilhões. O terceiro lugar da lista é ocupado pelo dono da empresa de bebidas Wahaha, Zong Qinghou, que tem patrimônio de US$ 21 bilhões. Pony Ma, diretora do aplicativo de mensagens para smartphones WeChat, tem US$ 19 bilhões. Logo depois aparece Lei Jun, dono da Xiaomi, fabricante de smartphones, que sonha em superar a Apple, dono de uma fortuna de 14 bilhões de dólares. | mercado | China tem mais bilionários do que os Estados UnidosO número de donos de fortunas superiores a um bilhão de dólares na China superou pela primeira vez a quantidade registrada nos Estados Unidos, apesar da desaceleração na segunda maior economia mundial. A China tem atualmente 596 pessoas com fortuna superior a US$ 1 bilhão, o que representa um crescimento de 242 bilionários na comparação com 2014, destaca a revista de luxo "Hurun Report", que tem sede em Xangai. Desta forma, a China supera os Estados Unidos, que registram 537 pessoas com patrimônio superior a US$ 1 bilhão. "Apesar da desaceleração econômica, as maiores fortunas chinesas registraram seu melhor ano", disse o editor da "Hurun Report", Rupert Hoogewerf. O magnata do setor imobiliário e do entretenimento Wang Jianlin superou no topo do ranking o empresário Jack Ma, fundador da gigante do e-commerce Alibaba. Wang, fundador do conglomerado Wanda e dono de 20% do clube de futebol Atlético de Madrid, aumentou em 50% sua fortuna, que vale US$ 34,4 bilhões. Wang Jianlin superou Jack Ma graças, em parte, à queda das ações do grupo Alibaba na Bolsa de Nova York. A fortuna de Jack Ma equivale a US$ 22,7 bilhões. O terceiro lugar da lista é ocupado pelo dono da empresa de bebidas Wahaha, Zong Qinghou, que tem patrimônio de US$ 21 bilhões. Pony Ma, diretora do aplicativo de mensagens para smartphones WeChat, tem US$ 19 bilhões. Logo depois aparece Lei Jun, dono da Xiaomi, fabricante de smartphones, que sonha em superar a Apple, dono de uma fortuna de 14 bilhões de dólares. | 2 |
Consulados dos EUA suspendem entrevistas para esta semana | As entrevistas para obter visto norte-americano marcadas para esta semana nos consulados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Recife foram suspensas e terão de ser reagendadas. Os solicitantes que tinham entrevista marcada entre os dia 22 e 26 deste mês receberão, em breve, detalhes de como reagendar o atendimento. Quem tiver agendado entrega de documentos nos CASV (Centros de Atendimento ao Solicitante de Visto) pode comparecer a esses locais nessas datas. Não há previsão, no entanto, de prazo para que o pedido seja processado. Todas as solicitações de visto feitas após o dia 8 de junho estão sendo afetadas por uma falha técnica no sistema de passaporte e vistos no Departamento de Estado Americano. Não há previsão de quando o serviço, suspenso em todo o mundo, será restabelecido. As pessoas que quiserem ou precisarem retirar o passaporte que está retido à espera do visto, por motivo de viagem a um terceiro país, por exemplo, podem entrar em contato com os consulados para obter o documento de volta, sem o visto. O ministro conselheiro para Assuntos Consulares, Tom Lloyd, afirmou que, assim que o sistema voltar a funcionar, os consulados farão todo o esforço possível para entregar os vistos. O prazo normal de processamento é de dez dias úteis, e Lloyd disse esperar que esse seja o prazo máximo para entregar o documento a partir da normalização. Pedidos emergenciais estão sendo analisados caso a caso. Normalmente, são atendidas situações relacionadas a viagens para tratamento de saúde. Pessoas que têm viagem de emergência já marcadas devem seguir as orientações no site do consulado. | cotidiano | Consulados dos EUA suspendem entrevistas para esta semanaAs entrevistas para obter visto norte-americano marcadas para esta semana nos consulados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Recife foram suspensas e terão de ser reagendadas. Os solicitantes que tinham entrevista marcada entre os dia 22 e 26 deste mês receberão, em breve, detalhes de como reagendar o atendimento. Quem tiver agendado entrega de documentos nos CASV (Centros de Atendimento ao Solicitante de Visto) pode comparecer a esses locais nessas datas. Não há previsão, no entanto, de prazo para que o pedido seja processado. Todas as solicitações de visto feitas após o dia 8 de junho estão sendo afetadas por uma falha técnica no sistema de passaporte e vistos no Departamento de Estado Americano. Não há previsão de quando o serviço, suspenso em todo o mundo, será restabelecido. As pessoas que quiserem ou precisarem retirar o passaporte que está retido à espera do visto, por motivo de viagem a um terceiro país, por exemplo, podem entrar em contato com os consulados para obter o documento de volta, sem o visto. O ministro conselheiro para Assuntos Consulares, Tom Lloyd, afirmou que, assim que o sistema voltar a funcionar, os consulados farão todo o esforço possível para entregar os vistos. O prazo normal de processamento é de dez dias úteis, e Lloyd disse esperar que esse seja o prazo máximo para entregar o documento a partir da normalização. Pedidos emergenciais estão sendo analisados caso a caso. Normalmente, são atendidas situações relacionadas a viagens para tratamento de saúde. Pessoas que têm viagem de emergência já marcadas devem seguir as orientações no site do consulado. | 6 |
Dilma veta proposta que limitava ingresso de pessoas em escolas do país | A presidente Dilma Rousseff vetou nesta segunda-feira (15) proposta aprovada pelo Congresso Nacional que aumenta o rigor para ingresso de pessoas nas escolas do país. O texto votado por senadores e deputados obrigava as "escolas de educação básica a identificar, no ato da matrícula, as pessoas autorizadas a ingressar no estabelecimento de ensino para cuidar de assuntos de interesse do aluno". A proposta original foi sugerida em 2011 pelo senador Paulo Bauer (PSDB-SC), em decorrência do massacre em escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Naquele ano, 12 crianças foram assassinadas por um ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira. O veto integral foi sugerido pelo Ministério da Educação por haver "contrariedade ao interesse público". Na justificativa, a Presidência pondera que os estabelecimentos de ensino de educação básica estão sob responsabilidade de Estados e municípios. "Além disso, a própria escola, em diálogo com sua comunidade, pode estabelecer medidas desta natureza", afirma o texto. HISTÓRICO Em abril de 2011, o ex-aluno Wellington de Oliveira entrou na escola dizendo que ia dar uma palestra e atirou contra os estudantes. Após ser atingido por um policial, se matou com um tiro. O atirador fez mais de 60 disparos e recarregou a arma 9 vezes. Para o senador autor da proposta, o aumento no rigor para ingresso nas escolas poderia evitar "fatos indesejáveis" como esse. "A garantia de que apenas pessoas de confiança, devidamente identificadas no ato da matrícula, possam entrar no espaço físico da escola para tratar de assuntos afeitos aos alunos é, a nosso ver, da mais significante valia, tanto para o acompanhamento pedagógico dos estudantes como para melhor aproximação entre família e profissionais da educação", dizia a proposta do tucano. | educacao | Dilma veta proposta que limitava ingresso de pessoas em escolas do paísA presidente Dilma Rousseff vetou nesta segunda-feira (15) proposta aprovada pelo Congresso Nacional que aumenta o rigor para ingresso de pessoas nas escolas do país. O texto votado por senadores e deputados obrigava as "escolas de educação básica a identificar, no ato da matrícula, as pessoas autorizadas a ingressar no estabelecimento de ensino para cuidar de assuntos de interesse do aluno". A proposta original foi sugerida em 2011 pelo senador Paulo Bauer (PSDB-SC), em decorrência do massacre em escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Naquele ano, 12 crianças foram assassinadas por um ex-aluno da escola municipal Tasso da Silveira. O veto integral foi sugerido pelo Ministério da Educação por haver "contrariedade ao interesse público". Na justificativa, a Presidência pondera que os estabelecimentos de ensino de educação básica estão sob responsabilidade de Estados e municípios. "Além disso, a própria escola, em diálogo com sua comunidade, pode estabelecer medidas desta natureza", afirma o texto. HISTÓRICO Em abril de 2011, o ex-aluno Wellington de Oliveira entrou na escola dizendo que ia dar uma palestra e atirou contra os estudantes. Após ser atingido por um policial, se matou com um tiro. O atirador fez mais de 60 disparos e recarregou a arma 9 vezes. Para o senador autor da proposta, o aumento no rigor para ingresso nas escolas poderia evitar "fatos indesejáveis" como esse. "A garantia de que apenas pessoas de confiança, devidamente identificadas no ato da matrícula, possam entrar no espaço físico da escola para tratar de assuntos afeitos aos alunos é, a nosso ver, da mais significante valia, tanto para o acompanhamento pedagógico dos estudantes como para melhor aproximação entre família e profissionais da educação", dizia a proposta do tucano. | 11 |
Rogério Schumann Rosso: Energia e desenvolvimento em meio ao lixo | Em meio à discussão sobre os impactos de uma das piores crises energéticas da história do Brasil um outro setor tão ou mais grave emite sinais de alerta sem o mesmo alarde: o lixo. São 150 mil toneladas de resíduos urbanos que brotam em nossas ruas diariamente, despejados a céu aberto em mais da metade das cidades brasileiras. A lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prestes a completar cinco anos, não tratou de um ponto que pode aliar a solução dos dois problemas, com a queima do lixo urbano para a geração de energia elétrica. Para enfatizar a quantidade de lixo produzida no país e que não tem destinação correta, em 30 dias seria possível dar 187 voltas em torno da Terra com os 375 mil caminhões enfileirados que seriam necessários para coletar todo o material. Os governos federal, estaduais e municipais gastam milhares de reais todos os anos só com a coleta dos resíduos e o acúmulo deles em soluções paliativas, como os aterros. O dinheiro público que vira montanhas de lixo esconde outra solução. A geração de energia elétrica pode desafogar principalmente o abastecimento público e diminuir a sobrecarga do setor que responde a mais da metade da inflação oficial e teve um aumento de 60% em 12 meses. A cada 20 anos um novo aterro é necessário, com disposição final inadequada e grandes impactos ambientais. A alternativa que tem se tornado a mais acertada no mundo é o tratamento térmico do lixo nas chamadas usinas "lixo-energia" (da sigla em inglês WTE). A maior delas, localizada em Amsterdã, produz energia para abastecer 100% da iluminação pública da cidade e os resíduos incinerados viram matéria-prima para a pavimentação de vias públicas e a utilização na construção civil. Temperaturas elevadas associadas a um sofisticado sistema de limpeza dos gases da combustão satisfazem as normas ambientais mais exigentes. São cerca de 650 destas usinas em operação nos países desenvolvidos. O maior destaque, no entanto, é a geração de energia com impacto ambiental positivo. Dar condições à iniciativa privada para investir nesses sistemas é um dos temas que vem sendo amplamente discutido no Congresso Nacional. É necessário incluir na Política Nacional de Resíduos a queima de resíduos sólidos para a geração de energia. Urgente também é analisar a concessão de incentivo tributário para as empresas que queiram investir nesse setor e gerar, também, emprego e renda. É preciso discutir, ainda, essa forma de incentivo fiscal ao setor, que já conta com benefícios previstos na Política Nacional de Recursos Sólidos. A ideia é que a isenção incida na aquisição de máquinas, equipamentos, instrumentos e aparelhos, tendo em vista a solução das usinas lixo-energia representarem um custo muito elevado. Também é preciso levar em conta que as empresas têm que manter, em concomitância, uma política pública de apoio às cooperativas e associações responsáveis pela coleta seletiva de resíduos sólidos. Investir nas duas formas de tratamento do lixo urbano é potencializar a solução do problema. Implementar novas políticas públicas que desonerem custos e estimulem novos investimentos é trazer o tema à tona de forma definitiva, responsável e transparente. ROGÉRIO SCHUMANN ROSSO, 46, é advogado e músico, ex-governador do Distrito Federal, deputado federal e líder do PSD na Câmara dos Deputados * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Rogério Schumann Rosso: Energia e desenvolvimento em meio ao lixoEm meio à discussão sobre os impactos de uma das piores crises energéticas da história do Brasil um outro setor tão ou mais grave emite sinais de alerta sem o mesmo alarde: o lixo. São 150 mil toneladas de resíduos urbanos que brotam em nossas ruas diariamente, despejados a céu aberto em mais da metade das cidades brasileiras. A lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, prestes a completar cinco anos, não tratou de um ponto que pode aliar a solução dos dois problemas, com a queima do lixo urbano para a geração de energia elétrica. Para enfatizar a quantidade de lixo produzida no país e que não tem destinação correta, em 30 dias seria possível dar 187 voltas em torno da Terra com os 375 mil caminhões enfileirados que seriam necessários para coletar todo o material. Os governos federal, estaduais e municipais gastam milhares de reais todos os anos só com a coleta dos resíduos e o acúmulo deles em soluções paliativas, como os aterros. O dinheiro público que vira montanhas de lixo esconde outra solução. A geração de energia elétrica pode desafogar principalmente o abastecimento público e diminuir a sobrecarga do setor que responde a mais da metade da inflação oficial e teve um aumento de 60% em 12 meses. A cada 20 anos um novo aterro é necessário, com disposição final inadequada e grandes impactos ambientais. A alternativa que tem se tornado a mais acertada no mundo é o tratamento térmico do lixo nas chamadas usinas "lixo-energia" (da sigla em inglês WTE). A maior delas, localizada em Amsterdã, produz energia para abastecer 100% da iluminação pública da cidade e os resíduos incinerados viram matéria-prima para a pavimentação de vias públicas e a utilização na construção civil. Temperaturas elevadas associadas a um sofisticado sistema de limpeza dos gases da combustão satisfazem as normas ambientais mais exigentes. São cerca de 650 destas usinas em operação nos países desenvolvidos. O maior destaque, no entanto, é a geração de energia com impacto ambiental positivo. Dar condições à iniciativa privada para investir nesses sistemas é um dos temas que vem sendo amplamente discutido no Congresso Nacional. É necessário incluir na Política Nacional de Resíduos a queima de resíduos sólidos para a geração de energia. Urgente também é analisar a concessão de incentivo tributário para as empresas que queiram investir nesse setor e gerar, também, emprego e renda. É preciso discutir, ainda, essa forma de incentivo fiscal ao setor, que já conta com benefícios previstos na Política Nacional de Recursos Sólidos. A ideia é que a isenção incida na aquisição de máquinas, equipamentos, instrumentos e aparelhos, tendo em vista a solução das usinas lixo-energia representarem um custo muito elevado. Também é preciso levar em conta que as empresas têm que manter, em concomitância, uma política pública de apoio às cooperativas e associações responsáveis pela coleta seletiva de resíduos sólidos. Investir nas duas formas de tratamento do lixo urbano é potencializar a solução do problema. Implementar novas políticas públicas que desonerem custos e estimulem novos investimentos é trazer o tema à tona de forma definitiva, responsável e transparente. ROGÉRIO SCHUMANN ROSSO, 46, é advogado e músico, ex-governador do Distrito Federal, deputado federal e líder do PSD na Câmara dos Deputados * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 14 |
Polícia procura motorista que atropelou e matou ciclista no Rio | A Polícia Civil carioca está tentando identificar um motorista que atropelou e matou um empresário que andava de bicicleta no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro neste sábado (26). O empresário Hélio Crespo era um dos proprietários da Rede New Ótica, que possui lojas no Rio e em três Estados da região nordeste. Segundo familiares, ele era uma pessoa sedentária e há pouco tempo havia começado a andar de bicicleta regularmente. Crespo pedalava próximo à praia da Reserva na manhã de sábado quando foi atingido por trás por um carro. O empresário teve ferimentos muito graves. O impacto arrancou a roda traseira da bicicleta, que teria ficado presa no carro. O motorista fugiu em alta velocidade sem ser identificado, segundo testemunhas. A vítima foi socorrida inicialmente por pessoas que passavam pelo local até receber atendimento do Corpo de Bombeiros. Crespo foi levado para um hospital da região, mas não sobreviveu. Policiais da 16º Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca) estão tentando identificar o motorista do carro a partir de imagens registradas por câmeras de segurança e do depoimento de testemunhas. O carro envolvido no caso seria um Toyota Corolla de cor escura. Informações sobre o caso podem ser passadas à polícia pelo telefone do disque-denúncia (21) 2253-1177. | cotidiano | Polícia procura motorista que atropelou e matou ciclista no RioA Polícia Civil carioca está tentando identificar um motorista que atropelou e matou um empresário que andava de bicicleta no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro neste sábado (26). O empresário Hélio Crespo era um dos proprietários da Rede New Ótica, que possui lojas no Rio e em três Estados da região nordeste. Segundo familiares, ele era uma pessoa sedentária e há pouco tempo havia começado a andar de bicicleta regularmente. Crespo pedalava próximo à praia da Reserva na manhã de sábado quando foi atingido por trás por um carro. O empresário teve ferimentos muito graves. O impacto arrancou a roda traseira da bicicleta, que teria ficado presa no carro. O motorista fugiu em alta velocidade sem ser identificado, segundo testemunhas. A vítima foi socorrida inicialmente por pessoas que passavam pelo local até receber atendimento do Corpo de Bombeiros. Crespo foi levado para um hospital da região, mas não sobreviveu. Policiais da 16º Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca) estão tentando identificar o motorista do carro a partir de imagens registradas por câmeras de segurança e do depoimento de testemunhas. O carro envolvido no caso seria um Toyota Corolla de cor escura. Informações sobre o caso podem ser passadas à polícia pelo telefone do disque-denúncia (21) 2253-1177. | 6 |
Um golpe e nada mais | A crer no andar atual da carruagem, teremos um golpe de Estado travestido de impeachment já no próximo mês. O vice-presidente conspirador já discute abertamente a nova composição de seu gabinete de "união nacional" com velhos candidatos a presidente sempre derrotados. Um ar de alfazema de República Velha paira no ar. O presidente da Câmara, homem ilibado que o procurador-geral da República definiu singelamente como "delinquente", apressa-se em criar uma comissão de impeachment com mais da metade de deputados indiciados a fim de afastar uma presidenta acusada de "pedaladas fiscais" em um país no qual o orçamento é uma mera carta de intenções assumida por todos. Se valesse realmente este princípio, não sobrava de pé um representante dos poderes executivos. O que se espera, na verdade, é que o impeachment permita jogar na sombra o fato de termos descoberto que a democracia brasileira é uma peça de ficção patrocinada por dinheiro de empreiteiras. Pode-se dizer que um impeachment não é um golpe, mas uma saída constitucional. No entanto, os argumentos elencados no pedido são risíveis, seus executores são réus em processos de corrupção e a lógica de expulsar um dos membros do consórcio governista para preservar os demais é de uma evidência pueril. Uma regra básica da justiça é: quem quer julgar precisa não ter participado dos mesmos atos que julga. O atual Congresso, envolvido até o pescoço nos escândalos da Petrobras, não tem legitimidade para julgar sequer síndico de prédio e é parte interessada em sua própria sobrevivência. Por estas e outras, esse impeachment elevado à condição de farsa e ópera bufa será a pá de cal na combalida semi-democracia brasileira. Alguns tentam vender a ideia de que um governo pós-impeachment seria momento de grande catarse de reunificação nacional e retomada das rédeas da economia. Nada mais falso e os operadores do próximo Estado Oligárquico de Direito sabem disto muito bem. Sustentado em uma polícia militar que agora intervém até em reunião de sindicato para intimidar descontentes, por uma lei antiterrorismo nova em folha e por um poder judiciário capaz de destruir toda possibilidade dos cidadãos se defenderem do Estado quando acusados, operando escutas de advogados, vazamento seletivo e linchamento midiático, é certo que os novos operadores do poder se preparam para anos de recrudescimento de uma nova fase de antagonismos no Brasil em ritmo de bomba de gás lacrimogêneo e bala. Uma fase na qual não teremos mais o sistema de acordos produzidos pela Nova República, mas teremos, em troca, uma sociedade cindida em dois. O Brasil nunca foi um país. Ele sempre foi uma fenda. Sequer uma narrativa comum a respeito da ditadura militar fomos capazes de produzir. De certa forma, a Nova República forneceu uma aparência de conciliação que durou 20 anos. Hoje vemos qual foi seu preço: a criação de uma democracia fundada na corrupção generalizada, na explosão periódica de "mares de lama" (desde a CPI dos anões do orçamento) e na paralisia de transformações estruturais. Tudo o que conseguimos produzir até agora foi uma democracia corrompida. A seguir este rumo, o que produziremos daqui para a frentes será, além disso, um país em estado permanente de guerra civil. Os defensores do impeachment, quando confrontados à inanidade de seus argumentos, dizem que "alguma coisa precisa ser feita". Afinal, o lugar vazio do poder é evidente e insuportável, logo, melhor tirar este governo. De fato, a sequência impressionante de casos de corrupção nos governos do PT, aliado à perda de sua base orgânica, eram um convite ao fim. Assim foi feito. Esses casos não foram inventados pela imprensa, mas foram naturalizados pelo governo como modo normal de funcionamento. Ele paga agora o preço de suas escolhas. Neste contexto, outras saídas, no entanto, são possíveis. Por exemplo, a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer que ela e este Congresso Nacional (pois ele é parte orgânica de todo o problema) continuem. Fazer um plebiscito apenas sobre a presidência seria jogar o país nas mãos de um Congresso gangsterizado. Em situações de crise, o poder instituinte deve ser convocado como única condição possível para reabrir as possibilidades políticas. Seria a melhor maneira de começar uma instauração democrática no país. Mas, a olhar as pesquisas de intenção de voto para presidente, tudo o que a oposição golpista teme atualmente é uma eleição, já que seus candidatos estão simplesmente em queda livre. Daí a reinvenção do impeachment. | colunas | Um golpe e nada maisA crer no andar atual da carruagem, teremos um golpe de Estado travestido de impeachment já no próximo mês. O vice-presidente conspirador já discute abertamente a nova composição de seu gabinete de "união nacional" com velhos candidatos a presidente sempre derrotados. Um ar de alfazema de República Velha paira no ar. O presidente da Câmara, homem ilibado que o procurador-geral da República definiu singelamente como "delinquente", apressa-se em criar uma comissão de impeachment com mais da metade de deputados indiciados a fim de afastar uma presidenta acusada de "pedaladas fiscais" em um país no qual o orçamento é uma mera carta de intenções assumida por todos. Se valesse realmente este princípio, não sobrava de pé um representante dos poderes executivos. O que se espera, na verdade, é que o impeachment permita jogar na sombra o fato de termos descoberto que a democracia brasileira é uma peça de ficção patrocinada por dinheiro de empreiteiras. Pode-se dizer que um impeachment não é um golpe, mas uma saída constitucional. No entanto, os argumentos elencados no pedido são risíveis, seus executores são réus em processos de corrupção e a lógica de expulsar um dos membros do consórcio governista para preservar os demais é de uma evidência pueril. Uma regra básica da justiça é: quem quer julgar precisa não ter participado dos mesmos atos que julga. O atual Congresso, envolvido até o pescoço nos escândalos da Petrobras, não tem legitimidade para julgar sequer síndico de prédio e é parte interessada em sua própria sobrevivência. Por estas e outras, esse impeachment elevado à condição de farsa e ópera bufa será a pá de cal na combalida semi-democracia brasileira. Alguns tentam vender a ideia de que um governo pós-impeachment seria momento de grande catarse de reunificação nacional e retomada das rédeas da economia. Nada mais falso e os operadores do próximo Estado Oligárquico de Direito sabem disto muito bem. Sustentado em uma polícia militar que agora intervém até em reunião de sindicato para intimidar descontentes, por uma lei antiterrorismo nova em folha e por um poder judiciário capaz de destruir toda possibilidade dos cidadãos se defenderem do Estado quando acusados, operando escutas de advogados, vazamento seletivo e linchamento midiático, é certo que os novos operadores do poder se preparam para anos de recrudescimento de uma nova fase de antagonismos no Brasil em ritmo de bomba de gás lacrimogêneo e bala. Uma fase na qual não teremos mais o sistema de acordos produzidos pela Nova República, mas teremos, em troca, uma sociedade cindida em dois. O Brasil nunca foi um país. Ele sempre foi uma fenda. Sequer uma narrativa comum a respeito da ditadura militar fomos capazes de produzir. De certa forma, a Nova República forneceu uma aparência de conciliação que durou 20 anos. Hoje vemos qual foi seu preço: a criação de uma democracia fundada na corrupção generalizada, na explosão periódica de "mares de lama" (desde a CPI dos anões do orçamento) e na paralisia de transformações estruturais. Tudo o que conseguimos produzir até agora foi uma democracia corrompida. A seguir este rumo, o que produziremos daqui para a frentes será, além disso, um país em estado permanente de guerra civil. Os defensores do impeachment, quando confrontados à inanidade de seus argumentos, dizem que "alguma coisa precisa ser feita". Afinal, o lugar vazio do poder é evidente e insuportável, logo, melhor tirar este governo. De fato, a sequência impressionante de casos de corrupção nos governos do PT, aliado à perda de sua base orgânica, eram um convite ao fim. Assim foi feito. Esses casos não foram inventados pela imprensa, mas foram naturalizados pelo governo como modo normal de funcionamento. Ele paga agora o preço de suas escolhas. Neste contexto, outras saídas, no entanto, são possíveis. Por exemplo, a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer que ela e este Congresso Nacional (pois ele é parte orgânica de todo o problema) continuem. Fazer um plebiscito apenas sobre a presidência seria jogar o país nas mãos de um Congresso gangsterizado. Em situações de crise, o poder instituinte deve ser convocado como única condição possível para reabrir as possibilidades políticas. Seria a melhor maneira de começar uma instauração democrática no país. Mas, a olhar as pesquisas de intenção de voto para presidente, tudo o que a oposição golpista teme atualmente é uma eleição, já que seus candidatos estão simplesmente em queda livre. Daí a reinvenção do impeachment. | 10 |
Caça aos racistas | SÃO PAULO - Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de Woodrow Wilson de uma das mais importantes faculdades da instituição, a Woodrow Wilson School of Public and International Affairs. O motivo, é claro, é o racismo. Thomas Woodrow Wilson (1856-1924) ocupou a Presidência dos EUA por dois mandatos (1913-1921). Era membro do Partido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da própria universidade. Mas Wilson era inapelavelmente racista. Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu nome cassado? A resposta é, obviamente, "tanto faz". Um nome é só um nome e, para quem já morreu, homenagens não costumam mesmo fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são bem-vindas. Receio, porém, que a demanda dos alunos caminhe perigosamente perto do anacronismo. Sim, Wilson era racista, mas não podemos esquecer que a época também o era. O 28º presidente dos EUA não está sozinho. "Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade social e política das raças branca e negra... há uma diferença física entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver juntas como iguais em termos sociais e políticos. E eu, como qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mantenham a posição de superioridade." Essa frase, que soa particularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é de Abraham Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um campeão dos direitos civis. O problema são os americanos; eles são atavicamente racistas, dirá o observador anti-imperialista. Talvez não. "O negro é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades e bebida". Essa pérola é de Che Guevara. Alguns dizem que, depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu próprio tempo que atire a primeira pedra. | colunas | Caça aos racistasSÃO PAULO - Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de Woodrow Wilson de uma das mais importantes faculdades da instituição, a Woodrow Wilson School of Public and International Affairs. O motivo, é claro, é o racismo. Thomas Woodrow Wilson (1856-1924) ocupou a Presidência dos EUA por dois mandatos (1913-1921). Era membro do Partido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da própria universidade. Mas Wilson era inapelavelmente racista. Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu nome cassado? A resposta é, obviamente, "tanto faz". Um nome é só um nome e, para quem já morreu, homenagens não costumam mesmo fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são bem-vindas. Receio, porém, que a demanda dos alunos caminhe perigosamente perto do anacronismo. Sim, Wilson era racista, mas não podemos esquecer que a época também o era. O 28º presidente dos EUA não está sozinho. "Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade social e política das raças branca e negra... há uma diferença física entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver juntas como iguais em termos sociais e políticos. E eu, como qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mantenham a posição de superioridade." Essa frase, que soa particularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é de Abraham Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um campeão dos direitos civis. O problema são os americanos; eles são atavicamente racistas, dirá o observador anti-imperialista. Talvez não. "O negro é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades e bebida". Essa pérola é de Che Guevara. Alguns dizem que, depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu próprio tempo que atire a primeira pedra. | 10 |
Inspirado no SXSW, Obama organiza festival de música na Casa Branca | Um festival de "artes, ideias e ações"... Na Casa Branca. É o que propõe Obama em uma de suas últimas empreitadas como presidente dos EUA. De acordo com o anúncio feito no site oficial da sede do poder executivo americano, o evento acontecerá na residencia oficial, em Washington, no dia 3 de outubro. O nome escolhido, South by South Lawn, faz um trocadilho com o parceiro South by Southwest, consagrado festival de música que acontece em Austin, no Texas, e no qual Obama e sua mulher discursaram neste ano. Assim como no original, o evento terá mesas de discussões, performances ao vivo e exibição de curta-metragens e será dividido em três pilares: interatividade, cinema e música. Nenhuma atração foi confirmada até o momento. Em agosto, o presidente norte-americano havia divulgado duas playlists de músicas para escutar no verão, além de uma lista de leitura para as férias. | ilustrada | Inspirado no SXSW, Obama organiza festival de música na Casa BrancaUm festival de "artes, ideias e ações"... Na Casa Branca. É o que propõe Obama em uma de suas últimas empreitadas como presidente dos EUA. De acordo com o anúncio feito no site oficial da sede do poder executivo americano, o evento acontecerá na residencia oficial, em Washington, no dia 3 de outubro. O nome escolhido, South by South Lawn, faz um trocadilho com o parceiro South by Southwest, consagrado festival de música que acontece em Austin, no Texas, e no qual Obama e sua mulher discursaram neste ano. Assim como no original, o evento terá mesas de discussões, performances ao vivo e exibição de curta-metragens e será dividido em três pilares: interatividade, cinema e música. Nenhuma atração foi confirmada até o momento. Em agosto, o presidente norte-americano havia divulgado duas playlists de músicas para escutar no verão, além de uma lista de leitura para as férias. | 1 |
Quartas da Liga dos Campeões terão Bayern x Real e Juventus x Barça | As quartas de final da Liga dos Campeões da Europa terão dois grandes clássicos do futebol europeu. O Barcelona, da Espanha, enfrentará a Juventus, da Itália, e o Real Madrid, também da Espanha, jogará contra o Bayern de Munique, da Alemanha. Os confrontos foram definidos na manhã desta sexta-feira (17), em sorteio realizado na cidade de Nyon, na Suíça. Os dois principais confrontos desta fase serão marcados por reencontros. O brasileiro Daniel Alves, da Juventus, enfrentará pela primeira vez o Barcelona após deixar o clube em que passou oito anos da sua carreira. Já o técnico Carlo Ancelotti, campeão da Liga dos Campeões de 2013-2014 pelo Real Madrid, enfrentará sua ex-equipe no comando do Bayern. Os primeiros jogos das quartas de final acontecerão nos dias 11 e 12 de abril. As partidas de volta serão disputadas nos dias 18 e 19 de abril. O diretor de relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butragueño, que estava presente no sorteio, mostrou-se preocupado com o confronto contra o Bayern de Munique. "É um dos piores rivais que poderíamos pegar. As equipes se conhecem muito bem e eles têm o Carlo Ancelotti ali, que foi nosso treinador", disse. As quartas de final também terão confronto entre Borussia Dortmund, da Alemanha, e Monaco, da França, que se enfrentam pela primeira vez na competição. Leicester, da Inglaterra, e Atlético de Madri, da Espanha, completam as disputas desta fase. Os cruzamentos das semifinais serão decididos por sorteio, que será realizado no dia 21 de abril. A final da Liga dos Campeões será no dia 3 de junho, em Cardiff, no País de Gales. CONFIRA AS DATAS DOS JOGOS DAS QUARTAS DE FINAL: Jogos de ida 11.abr, às 15h45 Juventus (ITA) x Barcelona (ESP) B. Dortmund (ALE) x Monaco (FRA) 12.abr, às 15h45 Bayern (ALE) x Real Madrid (ESP) Atlético de Madri (ESP) x Leicester (ING) Jogos de volta 18.abr, às 15h45 Real Madrid (ESP) x Bayern (ALE) Leicester (ING) x Atlético de Madri (ESP) 19.abr, às 15h45 Barcelona (ESP) x Juventus (ITA) Monaco (FRA) x B. Dortmund (ALE) | esporte | Quartas da Liga dos Campeões terão Bayern x Real e Juventus x BarçaAs quartas de final da Liga dos Campeões da Europa terão dois grandes clássicos do futebol europeu. O Barcelona, da Espanha, enfrentará a Juventus, da Itália, e o Real Madrid, também da Espanha, jogará contra o Bayern de Munique, da Alemanha. Os confrontos foram definidos na manhã desta sexta-feira (17), em sorteio realizado na cidade de Nyon, na Suíça. Os dois principais confrontos desta fase serão marcados por reencontros. O brasileiro Daniel Alves, da Juventus, enfrentará pela primeira vez o Barcelona após deixar o clube em que passou oito anos da sua carreira. Já o técnico Carlo Ancelotti, campeão da Liga dos Campeões de 2013-2014 pelo Real Madrid, enfrentará sua ex-equipe no comando do Bayern. Os primeiros jogos das quartas de final acontecerão nos dias 11 e 12 de abril. As partidas de volta serão disputadas nos dias 18 e 19 de abril. O diretor de relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butragueño, que estava presente no sorteio, mostrou-se preocupado com o confronto contra o Bayern de Munique. "É um dos piores rivais que poderíamos pegar. As equipes se conhecem muito bem e eles têm o Carlo Ancelotti ali, que foi nosso treinador", disse. As quartas de final também terão confronto entre Borussia Dortmund, da Alemanha, e Monaco, da França, que se enfrentam pela primeira vez na competição. Leicester, da Inglaterra, e Atlético de Madri, da Espanha, completam as disputas desta fase. Os cruzamentos das semifinais serão decididos por sorteio, que será realizado no dia 21 de abril. A final da Liga dos Campeões será no dia 3 de junho, em Cardiff, no País de Gales. CONFIRA AS DATAS DOS JOGOS DAS QUARTAS DE FINAL: Jogos de ida 11.abr, às 15h45 Juventus (ITA) x Barcelona (ESP) B. Dortmund (ALE) x Monaco (FRA) 12.abr, às 15h45 Bayern (ALE) x Real Madrid (ESP) Atlético de Madri (ESP) x Leicester (ING) Jogos de volta 18.abr, às 15h45 Real Madrid (ESP) x Bayern (ALE) Leicester (ING) x Atlético de Madri (ESP) 19.abr, às 15h45 Barcelona (ESP) x Juventus (ITA) Monaco (FRA) x B. Dortmund (ALE) | 4 |
Prêmio internacional quer estimular literatura árabe e tradução de obras | RESUMO Prêmio internacional procura estimular a literatura árabe, num mercado em que tiragens de mais de 5.000 cópias ainda são consideradas milagres. Organização remunera os finalistas e garante a tradução da obra vencedora para o inglês, no intuito de superar a barreira das editoras acadêmicas ou de nicho. * O cânone da literatura árabe ganhou um volume na terça-feira (25) com a premiação do saudita Mohammed Hasan Alwan. Seu livro "Uma Pequena Morte", biografia romanceada de um pensador medieval, recebeu o principal troféu para ficção escrita nessa língua. O evento era esperado por editoras dispostas a pinçar novos títulos em um mercado ainda magro. O júri do Prêmio Internacional de Ficção Árabe escolheu entre seis finalistas e sua decisão não serve apenas de aval. O atrativo da distinção é a garantia de tradução da obra vencedora ao inglês, idioma do qual saltará a outras praças, incluindo a brasileira. Além disso, o prêmio conta com a chancela oficial do Booker Prize, tradicional troféu literário anglófono e um dos mais importantes do mundo, atrás do Nobel. "Azazel", laureado em 2009, foi traduzido ao português por Safa Jubran, professora da USP, e publicado em 2015 pela Record. O incentivo à tradução tem como objetivo romper o que o pensador palestino Edward Said (1935-2003) descreveu como literatura embargada, publicada somente pelas editoras acadêmicas e de nicho. Um dos curadores do prêmio, Zaki Nusseibeh, conta que ele foi instituído em 2007 em resposta ao que chama de números assustadores. Um relatório da Organização das Nações Unidas estimara que a produção árabe não excedia 1,1% do total mundial, apesar de os árabes serem 5% da população. Uma década e meia depois daquele levantamento, tiragens de mais de 5.000 cópias ainda são celebradas como milagres nesse mercado, em que títulos religiosos correspondem a não menos que 17% dos lançamentos. "Um autor tem sorte se vender [algumas] centenas de livros", afirma Nusseibeh, também assessor do governo dos Emirados Árabes para políticas culturais. Nesse cenário, valer-se da escrita como fonte exclusiva de renda é temerário. Basta considerar o caso de Alaa al-Aswany, autor de "Edifício Yacoubian", best-seller que em 2006 foi transformado no filme mais caro da história do cinema do Egito. Até hoje ele trabalha como dentista. Ao longo desses dez anos, o prêmio de ficção árabe, que é financiado pela Autoridade de Turismo e Cultura de Abu Dhabi, produziu alguns dos resultados esperados. A cada edição, os volumes finalistas são dissecados em clubes de leitura de Beirute (Líbano) e Amã (Jordânia). Ao serem incluídos na derradeira fase da disputa, esses títulos vendem em média mil novos exemplares. "Nossa seleção é recebida como uma lista de livros que valem a pena. Bibliotecas fazem estoque", afirma Nusseibeh. "Antes, só sabíamos o que era publicado no Cairo, um dos centros editoriais de língua árabe. Hoje, também conhecemos a produção de outros países. Existe uma consciência pan-árabe." Neste ano, a relação de finalistas incluía autores da Líbia, do Iraque, da Arábia Saudita, do Kuait e do Egito. CELEBRIDADE A premiação também serve para arrancar talentos do anonimato, já que estreantes podem concorrer com veteranos das letras. Tanto assim que o consagrado libanês Elias Khoury, com livros já traduzidos para o português ("Porta do Sol" e "Yalo"), foi derrotado em 2013 pelo novato Saud Alsanousi, do Kuait. Em 2017, Khoury voltou a concorrer –novamente sem sucesso. "Já houve polêmica em torno do fato de grandes escritores não terem ganhado o prêmio", diz o cocurador. "Mas não estamos agraciando autores pelo conjunto de sua obra, e sim os melhores romances de um período específico." Também é específico o formato: aceita-se somente prosa. "A literatura árabe tradicional foi escrita em poesia por séculos. O romance, no entanto, começou a se impor no fim do século 19 e hoje funciona como o espelho real das sociedades árabes", afirma Nusseibeh. A Academia Sueca chancelou essa mudança há quase 30 anos, ao entregar ao egípcio Naguib Mahfouz (1911-2006; "Noites das Mil e Uma Noites") o Nobel de Literatura de 1988. Em 2017, as seis obras que chegaram à reta final do Prêmio Internacional de Ficção Árabe compõem um mosaico heterogêneo. O vencedor, "Uma Pequena Morte", reconta a vida do pensador sufista Ibn Arabi (séculos 12 e 13). "Al-Sabiliat", do kuaitiano Ismail Fahd Ismail, narra a guerra entre o Irã e o Iraque (1980-88) a partir da perspectiva de uma mulher. Por sua vez, "Canetas Escravas", da líbia Najwa Binshatwan, trata da escravidão em seu país, no norte da África, enquanto "Crianças do Gueto", do já citado Elias Khoury, debruça-se sobre o drama palestino de 1948, quando da declaração de independência do Estado de Israel. No quinto concorrente, "O Assassinato do Vendedor de Livros", o iraquiano Saad Mohammed Rahim descreve a riqueza cultural de seu país antes da invasão americana de 2003. ROMANCE GAY A obra cuja presença na fase decisiva do certame mais causou surpresa, porém, foi "No Quarto da Aranha", do egípcio Mohammed Abd al-Nabi, romance sobre a detenção e tortura de um homossexual no Cairo. O resumo disponível no material de divulgação do troféu diz apenas que o livro "desafia tabus e dá voz a um grupo marginalizado", sem indicar com clareza de que grupo se trata. Gays são perseguidos no Egito. Nabi diz que lhe ocorreu abordar o tema após a revolução de 2011, quando protestos derrubaram o regime de Hosni Mubarak. Depois que milhões foram às ruas, "ficou claro que nós não nos conhecíamos o suficiente e que nos relacionávamos apenas entre semelhantes", afirma. "Quis escrever uma história de amor incomum de uma maneira que ainda não tinha sido feita na narrativa árabe." O autor se inspirou em conversas com ativistas e em relatórios de organizações de defesa dos direitos humanos. Um dos episódios reais que serviram de base para o enredo foi o da detenção de 52 homens egípcios em uma boate gay flutuante, no rio Nilo, em 2001, sob as acusações de deboche à religião e comportamento obsceno. Eles passaram por exames físicos para "provar sua homossexualidade" e foram mantidos por 22 horas diárias em celas sem leitos. Há personagens gays em outros romances árabes, mas a construção do personagem em "No Quarto da Aranha" não recorre aos estereótipos utilizados, por exemplo, no best-seller "Edifício Yacoubian". A obra de Nabi não levou o troféu, mas já existe interesse de editores estrangeiros em traduzi-la para o inglês. Otimista em relação ao mercado, ele diz que há hoje uma produção literária incomum. Segundo o autor, porém, isso não se traduz necessariamente em ganhos qualitativos: "Grande parte dessa oferta é dedicada ao entretenimento. É escrita feita às pressas e esquecida em seguida". Os livros que concorreram ao prêmio foram publicados entre julho de 2015 e julho de 2016. Houve 186 inscrições de 19 países. Os seis finalistas receberam US$ 10 mil (R$ 31,5 mil) cada um, e o vencedor ganhou US$ 50 mil (R$ 157,4 mil) adicionais, além da garantia de publicação do livro em inglês. O laureado no ano passado foi o palestino Rabai al-Madhoun, autor de "Destinos: Concerto do Holocausto". DIOGO BERCITO, 29, é correspondente da Folha em Madri; mestre em estudos árabes, assina os blogs Orientalíssimo e Mundialíssimo no site do jornal | ilustrissima | Prêmio internacional quer estimular literatura árabe e tradução de obrasRESUMO Prêmio internacional procura estimular a literatura árabe, num mercado em que tiragens de mais de 5.000 cópias ainda são consideradas milagres. Organização remunera os finalistas e garante a tradução da obra vencedora para o inglês, no intuito de superar a barreira das editoras acadêmicas ou de nicho. * O cânone da literatura árabe ganhou um volume na terça-feira (25) com a premiação do saudita Mohammed Hasan Alwan. Seu livro "Uma Pequena Morte", biografia romanceada de um pensador medieval, recebeu o principal troféu para ficção escrita nessa língua. O evento era esperado por editoras dispostas a pinçar novos títulos em um mercado ainda magro. O júri do Prêmio Internacional de Ficção Árabe escolheu entre seis finalistas e sua decisão não serve apenas de aval. O atrativo da distinção é a garantia de tradução da obra vencedora ao inglês, idioma do qual saltará a outras praças, incluindo a brasileira. Além disso, o prêmio conta com a chancela oficial do Booker Prize, tradicional troféu literário anglófono e um dos mais importantes do mundo, atrás do Nobel. "Azazel", laureado em 2009, foi traduzido ao português por Safa Jubran, professora da USP, e publicado em 2015 pela Record. O incentivo à tradução tem como objetivo romper o que o pensador palestino Edward Said (1935-2003) descreveu como literatura embargada, publicada somente pelas editoras acadêmicas e de nicho. Um dos curadores do prêmio, Zaki Nusseibeh, conta que ele foi instituído em 2007 em resposta ao que chama de números assustadores. Um relatório da Organização das Nações Unidas estimara que a produção árabe não excedia 1,1% do total mundial, apesar de os árabes serem 5% da população. Uma década e meia depois daquele levantamento, tiragens de mais de 5.000 cópias ainda são celebradas como milagres nesse mercado, em que títulos religiosos correspondem a não menos que 17% dos lançamentos. "Um autor tem sorte se vender [algumas] centenas de livros", afirma Nusseibeh, também assessor do governo dos Emirados Árabes para políticas culturais. Nesse cenário, valer-se da escrita como fonte exclusiva de renda é temerário. Basta considerar o caso de Alaa al-Aswany, autor de "Edifício Yacoubian", best-seller que em 2006 foi transformado no filme mais caro da história do cinema do Egito. Até hoje ele trabalha como dentista. Ao longo desses dez anos, o prêmio de ficção árabe, que é financiado pela Autoridade de Turismo e Cultura de Abu Dhabi, produziu alguns dos resultados esperados. A cada edição, os volumes finalistas são dissecados em clubes de leitura de Beirute (Líbano) e Amã (Jordânia). Ao serem incluídos na derradeira fase da disputa, esses títulos vendem em média mil novos exemplares. "Nossa seleção é recebida como uma lista de livros que valem a pena. Bibliotecas fazem estoque", afirma Nusseibeh. "Antes, só sabíamos o que era publicado no Cairo, um dos centros editoriais de língua árabe. Hoje, também conhecemos a produção de outros países. Existe uma consciência pan-árabe." Neste ano, a relação de finalistas incluía autores da Líbia, do Iraque, da Arábia Saudita, do Kuait e do Egito. CELEBRIDADE A premiação também serve para arrancar talentos do anonimato, já que estreantes podem concorrer com veteranos das letras. Tanto assim que o consagrado libanês Elias Khoury, com livros já traduzidos para o português ("Porta do Sol" e "Yalo"), foi derrotado em 2013 pelo novato Saud Alsanousi, do Kuait. Em 2017, Khoury voltou a concorrer –novamente sem sucesso. "Já houve polêmica em torno do fato de grandes escritores não terem ganhado o prêmio", diz o cocurador. "Mas não estamos agraciando autores pelo conjunto de sua obra, e sim os melhores romances de um período específico." Também é específico o formato: aceita-se somente prosa. "A literatura árabe tradicional foi escrita em poesia por séculos. O romance, no entanto, começou a se impor no fim do século 19 e hoje funciona como o espelho real das sociedades árabes", afirma Nusseibeh. A Academia Sueca chancelou essa mudança há quase 30 anos, ao entregar ao egípcio Naguib Mahfouz (1911-2006; "Noites das Mil e Uma Noites") o Nobel de Literatura de 1988. Em 2017, as seis obras que chegaram à reta final do Prêmio Internacional de Ficção Árabe compõem um mosaico heterogêneo. O vencedor, "Uma Pequena Morte", reconta a vida do pensador sufista Ibn Arabi (séculos 12 e 13). "Al-Sabiliat", do kuaitiano Ismail Fahd Ismail, narra a guerra entre o Irã e o Iraque (1980-88) a partir da perspectiva de uma mulher. Por sua vez, "Canetas Escravas", da líbia Najwa Binshatwan, trata da escravidão em seu país, no norte da África, enquanto "Crianças do Gueto", do já citado Elias Khoury, debruça-se sobre o drama palestino de 1948, quando da declaração de independência do Estado de Israel. No quinto concorrente, "O Assassinato do Vendedor de Livros", o iraquiano Saad Mohammed Rahim descreve a riqueza cultural de seu país antes da invasão americana de 2003. ROMANCE GAY A obra cuja presença na fase decisiva do certame mais causou surpresa, porém, foi "No Quarto da Aranha", do egípcio Mohammed Abd al-Nabi, romance sobre a detenção e tortura de um homossexual no Cairo. O resumo disponível no material de divulgação do troféu diz apenas que o livro "desafia tabus e dá voz a um grupo marginalizado", sem indicar com clareza de que grupo se trata. Gays são perseguidos no Egito. Nabi diz que lhe ocorreu abordar o tema após a revolução de 2011, quando protestos derrubaram o regime de Hosni Mubarak. Depois que milhões foram às ruas, "ficou claro que nós não nos conhecíamos o suficiente e que nos relacionávamos apenas entre semelhantes", afirma. "Quis escrever uma história de amor incomum de uma maneira que ainda não tinha sido feita na narrativa árabe." O autor se inspirou em conversas com ativistas e em relatórios de organizações de defesa dos direitos humanos. Um dos episódios reais que serviram de base para o enredo foi o da detenção de 52 homens egípcios em uma boate gay flutuante, no rio Nilo, em 2001, sob as acusações de deboche à religião e comportamento obsceno. Eles passaram por exames físicos para "provar sua homossexualidade" e foram mantidos por 22 horas diárias em celas sem leitos. Há personagens gays em outros romances árabes, mas a construção do personagem em "No Quarto da Aranha" não recorre aos estereótipos utilizados, por exemplo, no best-seller "Edifício Yacoubian". A obra de Nabi não levou o troféu, mas já existe interesse de editores estrangeiros em traduzi-la para o inglês. Otimista em relação ao mercado, ele diz que há hoje uma produção literária incomum. Segundo o autor, porém, isso não se traduz necessariamente em ganhos qualitativos: "Grande parte dessa oferta é dedicada ao entretenimento. É escrita feita às pressas e esquecida em seguida". Os livros que concorreram ao prêmio foram publicados entre julho de 2015 e julho de 2016. Houve 186 inscrições de 19 países. Os seis finalistas receberam US$ 10 mil (R$ 31,5 mil) cada um, e o vencedor ganhou US$ 50 mil (R$ 157,4 mil) adicionais, além da garantia de publicação do livro em inglês. O laureado no ano passado foi o palestino Rabai al-Madhoun, autor de "Destinos: Concerto do Holocausto". DIOGO BERCITO, 29, é correspondente da Folha em Madri; mestre em estudos árabes, assina os blogs Orientalíssimo e Mundialíssimo no site do jornal | 18 |
Lá onde está o seu maior perigo | Provavelmente na semana que vem, o Brasil assistirá mais uma das incontáveis tentativas de golpe de Estado que atravessaram sua história. Animado por um ritmo desesperado, a Câmara dos Deputados e seu presidente-réu preparam para passar à força um pedido de impeachment. Contrariamente ao que era o roteiro inicial escrito nas redações de quem já tem uma experiência longa de chamamentos a golpes, o pedido não criou um movimento irresistível de destituição da presidenta. No máximo, ele expôs as fraturas da sociedade brasileira e mostrou o alto grau de incerteza, instabilidade e gangsterismo que nos aguarda. Mas, como se diz no mundo do entretenimento: apesar da farsa, o show tem de continuar. Mesmo que seja com um pedido de afastamento feito por advogados que não temem em mobilizar discursos "evangelo-fascistas" por serem construídos a partir de um amálgama de paranoia de perseguição, promessas de redenção religiosa e de aniquilação de inimigos internos comparados a animais nocivos e peçonhentos. Essa retórica é velha conhecida dos momentos sombrios da história. O elemento novo aqui é vê-la embalada por afirmações à imprensa de que os cavaleiros do impeachment agem inspirados pela vontade de ninguém menos do que Deus. Bem, Deus já teve amigos melhores. Neste contexto, setores da oposição e do próprio governo começam a aventar a possibilidade de adiantar eleições. Gostaria de insistir no que afirmei várias vezes nesta coluna: dada a situação atual de crise, esta é a melhor alternativa. Em situação de grave crise política e divisão profunda, a única coisa a fazer é anular o campo das representações políticas e recorrer à expressão direta da soberania popular. Uma nova eleição não "resolverá" o problema pelo qual passa o Brasil, mas nenhuma ação isolada "resolverá" o problema de um país que precisa refundar sua democracia. O que uma nova eleição pode fazer é quebrar o ímpeto da casta política brasileira em aproveitar-se da fragilidade do governo para se salvar criando uma aliança com setores econômicos interessados em passar à força um programa de "austeridade" e concentração de renda que nunca seria referendado pela população. Àqueles que, preocupados com o pretenso conservadorismo rompante na sociedade brasileira, temem que uma nova eleição equivaleria a um tsunami conservador, analisam o campo dos possíveis a partir de um medo patológico que não pode ter lugar em horas como esta. Por isto, eles avaliam mal. Uma eleição permite tirarmos o jogo político atual das negociatas inconfessáveis de bastidores para levá-lo a uma disputa a céu aberto pela formação da opinião pública. Esta disputa está indefinida, as pesquisas demonstram claramente como a oposição golpista, mesmo dopada por campanhas midiáticas, está em queda livre, seus candidatos não tem fôlego. Seus discursos de ódio primário afastam vários setores da população. Não por acaso, eles são atualmente os primeiros a desqualificar a proposta de novas eleições. Mesmo o candidato do governo está impressionantemente bem colocado, aumentado a incerteza do resultado. Por outro lado, desde o dia 18 de março ficou claro como o setor da população identificado à esquerda do espectro político tem força surpreendente de mobilização espontânea, de comunicação alternativa e de disputa. Nestas horas, melhor lembrar do que dizia o poeta Hölderlin: lá onde está o seu maior perigo, está também sua salvação. Em tom de desafio, a presidente Dilma afirmou, nesta semana, que aceita discutir a proposta desde que os parlamentares também se disponham a abrir mão de seu mandato. Ela tem toda razão. Qualquer eleição presidencial com a permanência de um Congresso com quase um quarto do seus membros indiciados é uma piada. O Congresso com seu presidente piromaníaco da Câmara e seu presidente indiciado do Senado é um eixo fundamental da crise. Por isto, esta eleição deve ser geral. Ela deve ser precedida por um plebiscito no qual a população decida se quer que a presidente e o Congresso continuem. Cabe ao povo, e apenas diretamente a ele, dizer se os mandatos devem ou não ser encurtados. Se a resposta for por novas eleições, elas seriam feitas junto às eleições municipais em prazo estendido de campanha e obrigação de tratamento igual para todos os candidatos à Presidência. A saída de situações de crise só pode ser através de mais democracia. Neste momento, muitos dizem falar em nome do povo, mas a verdade é que muitos temem ouví-lo. Se quisermos mudar a situação terminal na qual nos encontramos, o melhor a fazer é começar por parar de ter medo do povo. | colunas | Lá onde está o seu maior perigoProvavelmente na semana que vem, o Brasil assistirá mais uma das incontáveis tentativas de golpe de Estado que atravessaram sua história. Animado por um ritmo desesperado, a Câmara dos Deputados e seu presidente-réu preparam para passar à força um pedido de impeachment. Contrariamente ao que era o roteiro inicial escrito nas redações de quem já tem uma experiência longa de chamamentos a golpes, o pedido não criou um movimento irresistível de destituição da presidenta. No máximo, ele expôs as fraturas da sociedade brasileira e mostrou o alto grau de incerteza, instabilidade e gangsterismo que nos aguarda. Mas, como se diz no mundo do entretenimento: apesar da farsa, o show tem de continuar. Mesmo que seja com um pedido de afastamento feito por advogados que não temem em mobilizar discursos "evangelo-fascistas" por serem construídos a partir de um amálgama de paranoia de perseguição, promessas de redenção religiosa e de aniquilação de inimigos internos comparados a animais nocivos e peçonhentos. Essa retórica é velha conhecida dos momentos sombrios da história. O elemento novo aqui é vê-la embalada por afirmações à imprensa de que os cavaleiros do impeachment agem inspirados pela vontade de ninguém menos do que Deus. Bem, Deus já teve amigos melhores. Neste contexto, setores da oposição e do próprio governo começam a aventar a possibilidade de adiantar eleições. Gostaria de insistir no que afirmei várias vezes nesta coluna: dada a situação atual de crise, esta é a melhor alternativa. Em situação de grave crise política e divisão profunda, a única coisa a fazer é anular o campo das representações políticas e recorrer à expressão direta da soberania popular. Uma nova eleição não "resolverá" o problema pelo qual passa o Brasil, mas nenhuma ação isolada "resolverá" o problema de um país que precisa refundar sua democracia. O que uma nova eleição pode fazer é quebrar o ímpeto da casta política brasileira em aproveitar-se da fragilidade do governo para se salvar criando uma aliança com setores econômicos interessados em passar à força um programa de "austeridade" e concentração de renda que nunca seria referendado pela população. Àqueles que, preocupados com o pretenso conservadorismo rompante na sociedade brasileira, temem que uma nova eleição equivaleria a um tsunami conservador, analisam o campo dos possíveis a partir de um medo patológico que não pode ter lugar em horas como esta. Por isto, eles avaliam mal. Uma eleição permite tirarmos o jogo político atual das negociatas inconfessáveis de bastidores para levá-lo a uma disputa a céu aberto pela formação da opinião pública. Esta disputa está indefinida, as pesquisas demonstram claramente como a oposição golpista, mesmo dopada por campanhas midiáticas, está em queda livre, seus candidatos não tem fôlego. Seus discursos de ódio primário afastam vários setores da população. Não por acaso, eles são atualmente os primeiros a desqualificar a proposta de novas eleições. Mesmo o candidato do governo está impressionantemente bem colocado, aumentado a incerteza do resultado. Por outro lado, desde o dia 18 de março ficou claro como o setor da população identificado à esquerda do espectro político tem força surpreendente de mobilização espontânea, de comunicação alternativa e de disputa. Nestas horas, melhor lembrar do que dizia o poeta Hölderlin: lá onde está o seu maior perigo, está também sua salvação. Em tom de desafio, a presidente Dilma afirmou, nesta semana, que aceita discutir a proposta desde que os parlamentares também se disponham a abrir mão de seu mandato. Ela tem toda razão. Qualquer eleição presidencial com a permanência de um Congresso com quase um quarto do seus membros indiciados é uma piada. O Congresso com seu presidente piromaníaco da Câmara e seu presidente indiciado do Senado é um eixo fundamental da crise. Por isto, esta eleição deve ser geral. Ela deve ser precedida por um plebiscito no qual a população decida se quer que a presidente e o Congresso continuem. Cabe ao povo, e apenas diretamente a ele, dizer se os mandatos devem ou não ser encurtados. Se a resposta for por novas eleições, elas seriam feitas junto às eleições municipais em prazo estendido de campanha e obrigação de tratamento igual para todos os candidatos à Presidência. A saída de situações de crise só pode ser através de mais democracia. Neste momento, muitos dizem falar em nome do povo, mas a verdade é que muitos temem ouví-lo. Se quisermos mudar a situação terminal na qual nos encontramos, o melhor a fazer é começar por parar de ter medo do povo. | 10 |
Camarotes têm 'seca' de celebridades no Carnaval de São Paulo | A seca chegou também aos camarotes do Sambódromo de São Paulo. * Ao contrário de outros anos, em que celebridades de primeiro time lotavam os espaços, desta vez poucas caras conhecidas do público desfilavam por eles. * A situação, deste ponto de vista, era tão grave que, à meia-noite, a pessoa mais fotografada no camarote de celebridades da Brahma era Mamma Bruschetta, apresentadora do "Mulheres", da TV Gazeta, que também buscava famosos para entrevistar. Letícia Birkheuer, a única global com novela no ar, diz que foi pela festa. "Não recebi nada", afirmava, sobre cachês de presença. Val Marchiori era uma das mais esperadas. Não apareceu. * Fernando Pires, conhecido por fazer as sandálias de rainhas de bateria, dizia que este é o "Carnaval da recessão". "A Grande Rio [escola de samba] pagava pra eu fazer os sapatos das celebridades, mas cortaram." Ele fez de graça os adereços de Susana Vieira e Monique Evans, "clientes de muitos anos". * No camarote da Prefeitura de SP, nenhum ministro deu as caras. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que no ano passado viu a folia em meio a um temporal, também foi ausência notada. * O prefeito Fernando Haddad (PT-SP) era bombardeado de perguntas dos repórteres sobre a seca. "Em março do ano passado, já orientávamos os equipamentos municipais sobre a economia de água", disse. A primeira-dama, Ana Estela Haddad, que em 2014 desfilou sob chuva na Acadêmicos do Tucuruvi, neste ano ficou só na plateia. * Nos alto-falantes, um anúncio da prefeitura alertava sobre a dengue. Com o armazenamento de água, há mais casos da doença. * Camisinhas eram distribuídas numa campanha de prevenção à Aids. Marquito, humorista do "Programa do Ratinho" (SBT) e também vereador, explicava: "Eu tenho esposa. Não uso". * O secretário Alexandre de Moraes, da Segurança Pública, dizia: "Não vai ter racionamento de água. Quer apostar um almoço? Eu sobrevoei hoje [sexta] Santos, estava tudo [os reservatórios] cheio. E as pessoas se esquecem de uma coisa muito importante: o Alckmin tem estrela!". * Às 3h, Haddad se despediu. Na saída do sambódromo, o carro que o levava passava por placas que preveniam: "Cuidado. Área sujeita a alagamento". Mas nenhuma gota de chuva caiu na primeira madrugada do Carnaval paulistano. - JORGE BEN JOR: "EU CANTEI 'CHOVE CHUVA'. E CHOVEU" Após uma passagem relâmpago pelo camarote das celebridades -onde permaneceu cercado por quatro seguranças- e um show no espaço da Brahma, Jorge Ben Jor falou à coluna na primeira noite de desfiles do Carnaval de SP. A assessora avisa: se alguma pergunta sobre os 70 anos que o cantor celebra em março for feita, "ele pode sair andando". Mas Ben Jor interrompeu a conversa antes mesmo que a questão fosse formulada. * Folha - Você está economizando água? Jorge Ben Jor - Estou tomando banho como manda o figurino. No verão, quando tem água, são três, quatro banhos. Agora é só um, com hora marcada. Teme que a situação piore? Não sei. Mas eu tava vendo na televisão um barco na Cantareira e ele tava no morro. E o cara explicando onde a água batia antes. É incrível. Cantar "Chove Chuva" agora faz mais sentido. É pra dar sorte. No dia de SP, eu fiz o show e o cara falou: deixa pra cantar "Chove Chuva" no final porque era ao ar livre e tinha umas nuvens. Eu cantei e choveu depois. Você fez jingle para a campanha de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio. Faria de novo? Aí não. Sou apolítico. A não ser... depende da situação. - OS GIL RECEBEM Flora e Gilberto Gil receberam Lucinha Araújo, a apresentadora Regina Casé e a atriz Fernanda Paes Leme em almoço na sexta (13). A apresentadora Astrid Fontenelle levou o filho, Gabriel. Também estiveram no apartamento do casal a diretora da marca MAC, Edith Meirelles, Lais Bemerguy e Natália Prado. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI | colunas | Camarotes têm 'seca' de celebridades no Carnaval de São PauloA seca chegou também aos camarotes do Sambódromo de São Paulo. * Ao contrário de outros anos, em que celebridades de primeiro time lotavam os espaços, desta vez poucas caras conhecidas do público desfilavam por eles. * A situação, deste ponto de vista, era tão grave que, à meia-noite, a pessoa mais fotografada no camarote de celebridades da Brahma era Mamma Bruschetta, apresentadora do "Mulheres", da TV Gazeta, que também buscava famosos para entrevistar. Letícia Birkheuer, a única global com novela no ar, diz que foi pela festa. "Não recebi nada", afirmava, sobre cachês de presença. Val Marchiori era uma das mais esperadas. Não apareceu. * Fernando Pires, conhecido por fazer as sandálias de rainhas de bateria, dizia que este é o "Carnaval da recessão". "A Grande Rio [escola de samba] pagava pra eu fazer os sapatos das celebridades, mas cortaram." Ele fez de graça os adereços de Susana Vieira e Monique Evans, "clientes de muitos anos". * No camarote da Prefeitura de SP, nenhum ministro deu as caras. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que no ano passado viu a folia em meio a um temporal, também foi ausência notada. * O prefeito Fernando Haddad (PT-SP) era bombardeado de perguntas dos repórteres sobre a seca. "Em março do ano passado, já orientávamos os equipamentos municipais sobre a economia de água", disse. A primeira-dama, Ana Estela Haddad, que em 2014 desfilou sob chuva na Acadêmicos do Tucuruvi, neste ano ficou só na plateia. * Nos alto-falantes, um anúncio da prefeitura alertava sobre a dengue. Com o armazenamento de água, há mais casos da doença. * Camisinhas eram distribuídas numa campanha de prevenção à Aids. Marquito, humorista do "Programa do Ratinho" (SBT) e também vereador, explicava: "Eu tenho esposa. Não uso". * O secretário Alexandre de Moraes, da Segurança Pública, dizia: "Não vai ter racionamento de água. Quer apostar um almoço? Eu sobrevoei hoje [sexta] Santos, estava tudo [os reservatórios] cheio. E as pessoas se esquecem de uma coisa muito importante: o Alckmin tem estrela!". * Às 3h, Haddad se despediu. Na saída do sambódromo, o carro que o levava passava por placas que preveniam: "Cuidado. Área sujeita a alagamento". Mas nenhuma gota de chuva caiu na primeira madrugada do Carnaval paulistano. - JORGE BEN JOR: "EU CANTEI 'CHOVE CHUVA'. E CHOVEU" Após uma passagem relâmpago pelo camarote das celebridades -onde permaneceu cercado por quatro seguranças- e um show no espaço da Brahma, Jorge Ben Jor falou à coluna na primeira noite de desfiles do Carnaval de SP. A assessora avisa: se alguma pergunta sobre os 70 anos que o cantor celebra em março for feita, "ele pode sair andando". Mas Ben Jor interrompeu a conversa antes mesmo que a questão fosse formulada. * Folha - Você está economizando água? Jorge Ben Jor - Estou tomando banho como manda o figurino. No verão, quando tem água, são três, quatro banhos. Agora é só um, com hora marcada. Teme que a situação piore? Não sei. Mas eu tava vendo na televisão um barco na Cantareira e ele tava no morro. E o cara explicando onde a água batia antes. É incrível. Cantar "Chove Chuva" agora faz mais sentido. É pra dar sorte. No dia de SP, eu fiz o show e o cara falou: deixa pra cantar "Chove Chuva" no final porque era ao ar livre e tinha umas nuvens. Eu cantei e choveu depois. Você fez jingle para a campanha de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio. Faria de novo? Aí não. Sou apolítico. A não ser... depende da situação. - OS GIL RECEBEM Flora e Gilberto Gil receberam Lucinha Araújo, a apresentadora Regina Casé e a atriz Fernanda Paes Leme em almoço na sexta (13). A apresentadora Astrid Fontenelle levou o filho, Gabriel. Também estiveram no apartamento do casal a diretora da marca MAC, Edith Meirelles, Lais Bemerguy e Natália Prado. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI | 10 |
Olho no lance | Sucesso nas mesas-redondas que ocorrem depois das partidas, o uso de imagens para dirimir lances duvidosos ainda é tabu no futebol. De modo anacrônico, o esporte resiste a implementar um recurso já utilizado no basquete, no tênis, no vôlei, no futebol americano e no hóquei, por exemplo. A única concessão feita até hoje dentro dos gramados foi o recurso à tecnologia que permite averiguar se a bola entrou ou não no gol, introduzida há apenas três anos. Ao que tudo indica, o quadro permanecerá inalterado por muito tempo. Na semana passada, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou à Fifa, entidade máxima do esporte, autorização para usar imagens televisivas para auxiliar os árbitros no Campeonato Brasileiro da Série A em 2016. A implementação do teste dependia de aprovação da Ifab (International Football Association Board), órgão que regulamenta as regras do futebol. Repetindo a decisão tomada diante de pleito semelhante feito pela federação holandesa, o órgão negou o pedido da CBF. Nem por isso, todavia, a confederação brasileira terá deixado de alcançar alguns objetivos. Tratava-se de aplacar as pressões que vem recebendo dos dirigentes esportivos, insatisfeitos com os recorrentes erros de arbitragem no torneio deste ano. Especula-se que, além disso, a entidade também pretendia desviar as atenções depositadas sobre seu presidente, Marco Polo Del Nero, suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa e investigado em uma CPI. Apesar das possíveis intenções sub-reptícias e da negativa da Ifab, a iniciativa merece ser debatida por seus méritos. Se um dia for implantada, poderá aumentar a lisura dos jogos e diminuir os equívocos que prejudicam o futebol como espetáculo e empreendimento. Surgiria a figura do árbitro de vídeo, responsável por acompanhar os lances pela TV e alertar o árbitro da partida sobre erros de marcação. Sua atuação ficaria limitada a lances duvidosos que resultassem em gol ou pênalti, além de omissões em casos de agressão física. Críticos da ideia argumentam que o recurso aumentaria as interrupções dos jogos e modificaria sua dinâmica. Segundo a CBF, porém, a interferência seria mínima. A possibilidade de diminuir os erros de arbitragem interessa a todos –menos, é claro, aos que lucram com a falta de transparência e a manipulação de jogos. editoriais@uol.com.br | opiniao | Olho no lanceSucesso nas mesas-redondas que ocorrem depois das partidas, o uso de imagens para dirimir lances duvidosos ainda é tabu no futebol. De modo anacrônico, o esporte resiste a implementar um recurso já utilizado no basquete, no tênis, no vôlei, no futebol americano e no hóquei, por exemplo. A única concessão feita até hoje dentro dos gramados foi o recurso à tecnologia que permite averiguar se a bola entrou ou não no gol, introduzida há apenas três anos. Ao que tudo indica, o quadro permanecerá inalterado por muito tempo. Na semana passada, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou à Fifa, entidade máxima do esporte, autorização para usar imagens televisivas para auxiliar os árbitros no Campeonato Brasileiro da Série A em 2016. A implementação do teste dependia de aprovação da Ifab (International Football Association Board), órgão que regulamenta as regras do futebol. Repetindo a decisão tomada diante de pleito semelhante feito pela federação holandesa, o órgão negou o pedido da CBF. Nem por isso, todavia, a confederação brasileira terá deixado de alcançar alguns objetivos. Tratava-se de aplacar as pressões que vem recebendo dos dirigentes esportivos, insatisfeitos com os recorrentes erros de arbitragem no torneio deste ano. Especula-se que, além disso, a entidade também pretendia desviar as atenções depositadas sobre seu presidente, Marco Polo Del Nero, suspeito de envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa e investigado em uma CPI. Apesar das possíveis intenções sub-reptícias e da negativa da Ifab, a iniciativa merece ser debatida por seus méritos. Se um dia for implantada, poderá aumentar a lisura dos jogos e diminuir os equívocos que prejudicam o futebol como espetáculo e empreendimento. Surgiria a figura do árbitro de vídeo, responsável por acompanhar os lances pela TV e alertar o árbitro da partida sobre erros de marcação. Sua atuação ficaria limitada a lances duvidosos que resultassem em gol ou pênalti, além de omissões em casos de agressão física. Críticos da ideia argumentam que o recurso aumentaria as interrupções dos jogos e modificaria sua dinâmica. Segundo a CBF, porém, a interferência seria mínima. A possibilidade de diminuir os erros de arbitragem interessa a todos –menos, é claro, aos que lucram com a falta de transparência e a manipulação de jogos. editoriais@uol.com.br | 14 |
Ainda que não saibam formar uma frase, todos são escritores | O fenômeno atinge as artes em geral, mas vou tratá-lo no campo literário: é o horror atual (prático e teórico) a tudo que diga respeito à qualidade e ao rigor das criações textuais. Abolidos os critérios, ninguém mais é leitor –todos agora são "escritores", ainda que não saibam construir uma frase. Como era esperável, a recusa até agressiva da qualidade parte justamente daqueles que estão longe de poder demonstrá-la em seus textos ("rabiscos com intenção alfabética", seria melhor dizer, lembrando Machado de Assis). Em "Ao Mesmo Tempo", Susan Sontag comentou, observando que atravessamos um tempo de reação: "Nas artes ele assume a forma de uma ação intimidadora contra as grandes obras modernas, tidas como difíceis demais, exigentes demais com o público, inacessíveis". E ainda: se alguém defende um padrão de qualidade, é atacado como elitista –"uma nova bandeira dos filisteus". No entanto, a qualidade existe. Mesmo que escasseie o número dos que sabem cumprimentá-la –e mesmo que possamos não gostar de muitas das suas expressões. Para dar um exemplo pessoal, não consigo reouvir "Le Marteau sans Maître", mas jamais questionaria a qualidade do trabalho de Pierre Boulez. Mas fiquemos no nosso tema. Na literatura recente, tome-se o Jonathan Franzen de "Liberdade". Podemos considerá-lo excessivamente preso à forma romanesca oitocentista. Mas sua narrativa é poderosa e sua escrita é requintada. O terno pode ser careta, mas o alfaiate é de primeira. Mas nossos atuais e súbitos milhares e milhares de supostos escritores, incapazes de manejar as ferramentas do seu fazer, odeiam isso. Fingem que desprezam a competência alheia. E fazem discursos aparentemente "libertários" sobre o assunto, como se uma nova cultura devesse se buscar não através do aprimoramento educacional, mas na base da ignorância crescente. É assim que os mais esdrúxulos "relativismos" pululam por aí. Para escapar das dificuldades da práxis literária, pretende-se que a qualidade narrativa, ou o desempenho no campo textual, deem lugar ao "vivencial", ao "testemunho literal do eu". Mas aí o que temos não é literatura, e sim relatos existenciais quase sempre simplistas e deliriosos, presos nas armadilhas de "apartheids" sexoétnicos. Sinto muito, mas, como não me canso de repetir, a arte não é uma terra de ninguém para o grande espetáculo da incompetência. Relativizar a produção poética significa alargar a teoria e a prática do discurso criativo para além das balizas desenhadas pelo modelo greco-latino de criação textual –e não a pretensão estúpida de enfiar num mesmo saco um terceto de Dante Alighieri e um grafite borrado da Vila Madalena. Fernando Pessoa disse que ninguém escreve mais do que uma dúzia de poemas realmente interessantes ao longo da vida. Mas nossos atuais escritores pretendem produzir o dobro –e numa só manhã. Quando pelo menos 99% deles, se tivessem sensibilidade e conhecimento, se contentariam em formar uma legião de leitores razoáveis. Para que se tenha uma boa ideia do quadro, antigamente os educadores diziam que nossas crianças precisavam aprender a ler e escrever. Hoje, o mesmo se pode dizer a propósito de nossos "escritores" –ou antes, escreventes, Barthes diria. | ilustrada | Ainda que não saibam formar uma frase, todos são escritoresO fenômeno atinge as artes em geral, mas vou tratá-lo no campo literário: é o horror atual (prático e teórico) a tudo que diga respeito à qualidade e ao rigor das criações textuais. Abolidos os critérios, ninguém mais é leitor –todos agora são "escritores", ainda que não saibam construir uma frase. Como era esperável, a recusa até agressiva da qualidade parte justamente daqueles que estão longe de poder demonstrá-la em seus textos ("rabiscos com intenção alfabética", seria melhor dizer, lembrando Machado de Assis). Em "Ao Mesmo Tempo", Susan Sontag comentou, observando que atravessamos um tempo de reação: "Nas artes ele assume a forma de uma ação intimidadora contra as grandes obras modernas, tidas como difíceis demais, exigentes demais com o público, inacessíveis". E ainda: se alguém defende um padrão de qualidade, é atacado como elitista –"uma nova bandeira dos filisteus". No entanto, a qualidade existe. Mesmo que escasseie o número dos que sabem cumprimentá-la –e mesmo que possamos não gostar de muitas das suas expressões. Para dar um exemplo pessoal, não consigo reouvir "Le Marteau sans Maître", mas jamais questionaria a qualidade do trabalho de Pierre Boulez. Mas fiquemos no nosso tema. Na literatura recente, tome-se o Jonathan Franzen de "Liberdade". Podemos considerá-lo excessivamente preso à forma romanesca oitocentista. Mas sua narrativa é poderosa e sua escrita é requintada. O terno pode ser careta, mas o alfaiate é de primeira. Mas nossos atuais e súbitos milhares e milhares de supostos escritores, incapazes de manejar as ferramentas do seu fazer, odeiam isso. Fingem que desprezam a competência alheia. E fazem discursos aparentemente "libertários" sobre o assunto, como se uma nova cultura devesse se buscar não através do aprimoramento educacional, mas na base da ignorância crescente. É assim que os mais esdrúxulos "relativismos" pululam por aí. Para escapar das dificuldades da práxis literária, pretende-se que a qualidade narrativa, ou o desempenho no campo textual, deem lugar ao "vivencial", ao "testemunho literal do eu". Mas aí o que temos não é literatura, e sim relatos existenciais quase sempre simplistas e deliriosos, presos nas armadilhas de "apartheids" sexoétnicos. Sinto muito, mas, como não me canso de repetir, a arte não é uma terra de ninguém para o grande espetáculo da incompetência. Relativizar a produção poética significa alargar a teoria e a prática do discurso criativo para além das balizas desenhadas pelo modelo greco-latino de criação textual –e não a pretensão estúpida de enfiar num mesmo saco um terceto de Dante Alighieri e um grafite borrado da Vila Madalena. Fernando Pessoa disse que ninguém escreve mais do que uma dúzia de poemas realmente interessantes ao longo da vida. Mas nossos atuais escritores pretendem produzir o dobro –e numa só manhã. Quando pelo menos 99% deles, se tivessem sensibilidade e conhecimento, se contentariam em formar uma legião de leitores razoáveis. Para que se tenha uma boa ideia do quadro, antigamente os educadores diziam que nossas crianças precisavam aprender a ler e escrever. Hoje, o mesmo se pode dizer a propósito de nossos "escritores" –ou antes, escreventes, Barthes diria. | 1 |
Acervos e mix de produtos defendem locadoras contra streaming e pirataria | Mesmo com baixas e sob ataques simultâneos de gigantes e piratas, elas resistem. Parece a sinopse de um filme de ação, mas é um resumo da situação das cerca de 3.000 videolocadoras existentes no Brasil. Antes soberanas na oferta de filmes para espectadores de sofá, as locadoras, que já foram mais de 9.000 no país, perderam público para os serviços de streaming, vídeo sob demanda, e também para os downloads e discos ilegais. Para fazer frente às ameaças, os empresários investem na diversificação dos produtos oferecidos, no atendimento personalizado e em um acervo com obras mais difíceis de se achar na internet. A ideia não é apenas sobreviver. É continuar com um negócio que foi porta de entrada de muita gente no mundo do cinema e desperta paixões entre clientes e empresários. "Está difícil, mas é duro largar o osso. Gosto demais disso aqui", diz bem-humorado Paulo Sérgio Pereira, 59, proprietário há 30 anos da Connection Video, localizada no Edifício Copan, no centro de São Paulo. Pereira, que já teve mais de dez pontos de venda pelo Brasil e hoje mantém apenas um, trabalha para fazer a visita dos seus 300 clientes à loja valer a pena. "Aqui a gente conversa, indica o filme que sabe que ele vai gostar." Um deles é o músico Supla, 49, que adquiriu o hábito de alugar filmes em Nova York, nos anos 1980. "Sou meio 'old school' e sei que alguns tipos de filmes só estão nas locadoras", diz. A Connection também faz conversão de antigas fitas VHS para DVDs para tentar não operar todos os meses no vermelho, conforme revela seu proprietário. Para Rodrigo Amantea, coordenador dos programas de educação executiva do Insper, oferecer outros produtos e serviços é um bom chamariz para clientes. "Eu ainda alugo filmes e sempre levo um chocolate ou uma bala da loja", afirma. A combinação do acervo vasto -15 mil títulos- com outros itens também é a estratégia de Carlos Cardoso, 52, da Premiere Video, no Morumbi, na zona oeste de São Paulo, inaugurada em 1986. Seus cerca de 1.200 associados pagam R$ 12 para ficar por dois dias com um filme de lançamento e um outro de catálogo. Por R$ 15, podem alugar, pelo mesmo tempo e no mesmo esquema, discos de videogame. Os jogos, que podem custar mais de R$ 200 para compra, são vistos como o elixir da longevidade para o ramo. "O consumidor de videogame exige o produto original, mas nem sempre pode comprá-lo. Alugar, nesse caso, faz ainda mais sentido", diz Tânia Lima, diretora-executiva da UBV & G (União Brasileira de Vídeo e Games). DISCO DE OURO O melhor momento das locadoras no Brasil ocorreu por volta de 1998, quando o DVD substituiu as fitas VHS. Veterano do mercado, Paulo Gustavo Pereira, autor do "Almanaque dos Seriados", avalia que o erro deste setor foi apostar só na locação. "Muitos resistiram em vender também os filmes. Acreditavam que isso poderia prejudicar o aluguel e deixaram de se garantir em outro nicho", afirma. A chegada ao mercado dos discos Blu-Ray, em 2006, não foi tão impactante. "À época, a pirataria de discos físicos, que já era enorme, ganhou o reforço dos sites de download", diz Mário Breis, gerente da WMix, distribuidora para locadoras. Gustavo Ribeiro, 42, chegou a oferecer 300 títulos de Blu-Ray 3D na Laser Home Video, no bairro do Itaim Bibi. Ele decidiu manter-se fiel apenas à oferta de filmes até fechar a loja, em 2013. "Muitos clientes choraram quando disse que a Laser ia fechar. Eu também sinto muita falta. Mas não queria vender chocolates ou alugar videogames para continuar." Com o movimento menor, o negócio ficou insustentável. "A loja existia apenas para agradar os clientes. Decidi sair de cena quando ainda éramos queridos", diz ele. Apesar das dificuldades, o professor do Insper Rodrigo Amantea diz não acreditar no fim das locadoras. "Enquanto a banda larga no Brasil for ineficiente e cara, esse mercado ainda terá muita força", diz ele. "E, mesmo que perca ainda mais peso comercial, pode acabar se tornando cool, como os discos de vinil." | mercado | Acervos e mix de produtos defendem locadoras contra streaming e piratariaMesmo com baixas e sob ataques simultâneos de gigantes e piratas, elas resistem. Parece a sinopse de um filme de ação, mas é um resumo da situação das cerca de 3.000 videolocadoras existentes no Brasil. Antes soberanas na oferta de filmes para espectadores de sofá, as locadoras, que já foram mais de 9.000 no país, perderam público para os serviços de streaming, vídeo sob demanda, e também para os downloads e discos ilegais. Para fazer frente às ameaças, os empresários investem na diversificação dos produtos oferecidos, no atendimento personalizado e em um acervo com obras mais difíceis de se achar na internet. A ideia não é apenas sobreviver. É continuar com um negócio que foi porta de entrada de muita gente no mundo do cinema e desperta paixões entre clientes e empresários. "Está difícil, mas é duro largar o osso. Gosto demais disso aqui", diz bem-humorado Paulo Sérgio Pereira, 59, proprietário há 30 anos da Connection Video, localizada no Edifício Copan, no centro de São Paulo. Pereira, que já teve mais de dez pontos de venda pelo Brasil e hoje mantém apenas um, trabalha para fazer a visita dos seus 300 clientes à loja valer a pena. "Aqui a gente conversa, indica o filme que sabe que ele vai gostar." Um deles é o músico Supla, 49, que adquiriu o hábito de alugar filmes em Nova York, nos anos 1980. "Sou meio 'old school' e sei que alguns tipos de filmes só estão nas locadoras", diz. A Connection também faz conversão de antigas fitas VHS para DVDs para tentar não operar todos os meses no vermelho, conforme revela seu proprietário. Para Rodrigo Amantea, coordenador dos programas de educação executiva do Insper, oferecer outros produtos e serviços é um bom chamariz para clientes. "Eu ainda alugo filmes e sempre levo um chocolate ou uma bala da loja", afirma. A combinação do acervo vasto -15 mil títulos- com outros itens também é a estratégia de Carlos Cardoso, 52, da Premiere Video, no Morumbi, na zona oeste de São Paulo, inaugurada em 1986. Seus cerca de 1.200 associados pagam R$ 12 para ficar por dois dias com um filme de lançamento e um outro de catálogo. Por R$ 15, podem alugar, pelo mesmo tempo e no mesmo esquema, discos de videogame. Os jogos, que podem custar mais de R$ 200 para compra, são vistos como o elixir da longevidade para o ramo. "O consumidor de videogame exige o produto original, mas nem sempre pode comprá-lo. Alugar, nesse caso, faz ainda mais sentido", diz Tânia Lima, diretora-executiva da UBV & G (União Brasileira de Vídeo e Games). DISCO DE OURO O melhor momento das locadoras no Brasil ocorreu por volta de 1998, quando o DVD substituiu as fitas VHS. Veterano do mercado, Paulo Gustavo Pereira, autor do "Almanaque dos Seriados", avalia que o erro deste setor foi apostar só na locação. "Muitos resistiram em vender também os filmes. Acreditavam que isso poderia prejudicar o aluguel e deixaram de se garantir em outro nicho", afirma. A chegada ao mercado dos discos Blu-Ray, em 2006, não foi tão impactante. "À época, a pirataria de discos físicos, que já era enorme, ganhou o reforço dos sites de download", diz Mário Breis, gerente da WMix, distribuidora para locadoras. Gustavo Ribeiro, 42, chegou a oferecer 300 títulos de Blu-Ray 3D na Laser Home Video, no bairro do Itaim Bibi. Ele decidiu manter-se fiel apenas à oferta de filmes até fechar a loja, em 2013. "Muitos clientes choraram quando disse que a Laser ia fechar. Eu também sinto muita falta. Mas não queria vender chocolates ou alugar videogames para continuar." Com o movimento menor, o negócio ficou insustentável. "A loja existia apenas para agradar os clientes. Decidi sair de cena quando ainda éramos queridos", diz ele. Apesar das dificuldades, o professor do Insper Rodrigo Amantea diz não acreditar no fim das locadoras. "Enquanto a banda larga no Brasil for ineficiente e cara, esse mercado ainda terá muita força", diz ele. "E, mesmo que perca ainda mais peso comercial, pode acabar se tornando cool, como os discos de vinil." | 2 |
Insurgentes islamitas tomam partes de cidade síria | Grupos islamitas incluindo a frente Nusra da Al Qaeda tomaram grandes partes da cidade da Síria de Idlib pela primeira vez desde que o conflito no país começou, disseram combatentes e um grupo de monitoramento neste sábado (28). A televisão estatal síria disse que o Exército estava envolvido em combates e conseguiu deter o avanço dos insurgentes nos lados do norte, leste e sul da cidade. "O Exército está lutando batalhas ferozes para restabelecer a situação de volta ao que era", disse. Idlib, uma cidade de cem mil habitantes, fica perto da principal estrada estratégica que liga Damasco a Aleppo e também está próxima da província costeira de Latakia, reduto do presidente sírio, Bashar al-Assad. "Eles entraram na cidade a partir de vários lados, mas o grande impulso foi pelo norte e oeste", disse Rami Abdelrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo que monitora o conflito. Se os insurgentes apreenderem Idlib, capital de uma província do noroeste do mesmo nome, a província seria a segunda depois de Raqqa a ser totalmente controlada por rebeldes. Raqqa é um reduto do grupo Estado Islâmico e tem sido alvo de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos. | mundo | Insurgentes islamitas tomam partes de cidade síriaGrupos islamitas incluindo a frente Nusra da Al Qaeda tomaram grandes partes da cidade da Síria de Idlib pela primeira vez desde que o conflito no país começou, disseram combatentes e um grupo de monitoramento neste sábado (28). A televisão estatal síria disse que o Exército estava envolvido em combates e conseguiu deter o avanço dos insurgentes nos lados do norte, leste e sul da cidade. "O Exército está lutando batalhas ferozes para restabelecer a situação de volta ao que era", disse. Idlib, uma cidade de cem mil habitantes, fica perto da principal estrada estratégica que liga Damasco a Aleppo e também está próxima da província costeira de Latakia, reduto do presidente sírio, Bashar al-Assad. "Eles entraram na cidade a partir de vários lados, mas o grande impulso foi pelo norte e oeste", disse Rami Abdelrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo que monitora o conflito. Se os insurgentes apreenderem Idlib, capital de uma província do noroeste do mesmo nome, a província seria a segunda depois de Raqqa a ser totalmente controlada por rebeldes. Raqqa é um reduto do grupo Estado Islâmico e tem sido alvo de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos. | 3 |
Veja 6 suítes de luxo, onde uma noite pode custar mais que um apartamento | Le Dôme, uma suíte de mais de 80 metros quadrados no hotel Le Cinq Codet, no coração de Paris, leva esse nome pela deslumbrante vista que oferece para o Dôme des Invalides, o domo sob o qual Napoleão está enterrado. Se esse panorama não lhe parecer atraente, caminhe até a ponta oposta do terraço privativo e contemple a torre Eiffel. Caso essa vista também o canse, há sempre a hidromassagem. Do lado de dentro, há um sofá em forma de croissant, um televisor com tela Oled (superior ao Led) curva, dois banheiros, um quarto de vestir e uma banheira decorada com pétalas de rosa brancas. A diária começa em cerca de US$ 2.000 (R$ 7.200). Não faça essa cara. A Le Dôme é uma das suítes de luxo mais baratas que se pode encontrar hoje em dia. Considere a cobertura do Mark Hotel, em Manhattan, que você pode reservar por US$ 75 mil (R$ 270 mil). Esse valor, aliás, é a quantia que pesquisadores da Universidade de Princeton dizem que uma pessoa precisa ganhar por ano para ser maximamente feliz. Alguns hotéis estão apostando nisso. O consumo de luxo dos domicílios mais ricos dos Estados Unidos teve crescimento estimado em 6,6% no ano passado, de acordo com estudo da YouGov, uma organização de pesquisa de mercado. "Os gastos do 1% mais rico atingiram níveis sem precedentes", de acordo com o relatório. Dos Estados Unidos a Hong Kong, os mais robustos setores da hotelaria hoje são o econômico e o de luxo. Quando a classe média estava ascendendo, os hotéis de categoria média também o faziam. "Agora, o meio foi esvaziado, e o que temos são hotéis se saindo muito bem na porção inferior e na porção superior", afirma Parag Vohra, gerente de hotéis da Sojern, uma companhia de tecnologia para viagens. Palavras como "suíte" e "luxo" significam coisas distintas em diferentes culturas, lugares e contextos. Aliás, o termo suíte nem sempre esteve associado ao luxo. "Era só um upgrade", diz Vohra. "Um produto mais espaçoso. Mas não era luxo." A noção sobre o assunto varia no planeta. No Ocidente, luxo em geral significa elegância discreta (cores contidas, muita luz natural). Nos países da Ásia e do Oriente Médio, tipicamente é sinônimo de opulência e serviço, ter funcionários do hotel atendendo ao hóspede no quarto ou conduzindo-o ao restaurante. Em outras palavras, uma suíte de luxo não envolve apenas o lado físico; ela porta consigo o prestígio e um dado calibre de serviço. * TODAS AS RAIAS É sempre incômodo quando a piscina do hotel lota, certo? Essa suíte vem com uma piscina descoberta exclusiva de 23 metros. Para quem cultua o sol, há espreguiçadeiras, sofás e vistas para o lago Pichola. Do lado de dentro, sala de jantar, sala de estar, dois dormitórios, lavabo e três televisores, além de serviço de mordomo 24 horas QUANTO a partir de R$ 40 mil ONDE hotel Oberoi Udaivillas, em Udaipur, na Índia - PERSONALIZADA A suíte de 90 m² tem sala de estar com janelas altas e piso de madeira nobre. O hóspede pode optar por uma experiência personalizada, como uma visita à livraria Peter Harrington Rare Books ou um curso sobre como preparar um bloody mary. Vem com serviço de transporte do aeroporto para o hotel, duas sessões de spa e uma garrafa de champanhe Ruinart QUANTO a partir de R$ 30 mil ONDE Brown's Hotel em Londres - VIDA LÁ FORA Com vista para a praia e o oceano e um terraço que cerca toda a suíte, essa cobertura é ideal para aqueles que preferem passar a maior parte de seu tempo ao ar livre. É uma das maiores do Caribe, com 720 m², três dormitórios, sala de cinema com tela de projeção, sala de estar, bar, concierge exclusivo e elevador privativo QUANTO a partir de R$ 54 mil ONDE Ritz-Carlton, nas Ilhas Cayman - UMA FESTA Essa cobertura com cinco dormitórios e sala de estar de pé direito de 7,80 metros pode ser transformada em salão de baile. Com mais de 1.000 m², ocupa dois pisos e é descrita como a maior dos EUA. Há seis banheiros, dois bares, quatro lareiras, uma cozinha, uma estufa, uma biblioteca e um terraço no topo, do qual se pode ver o Central Park QUANTO R$ 270 MIL ONDE Mark Hotel, em Nova York - UM BANHO Essa fantasia em dourado e creme tem 980 m². Quem ama os spas se deliciará. Há dois terraços -um deles conectado a um spa privativo com um banho turco e uma jacuzzi. Além dos quatro dormitórios, há uma pequena cozinha com porcelana Limoges e cristais franceses. Uma 'entrada diplomática' conduz diretamente à suíte. QUANTO A partir de R$ 81 mil ONDE Excelsior Hotel Gallia, em Milão - BELA CASCATA Se você quer receber 12 pessoas para jantar, essa suíte de três dormitórios cumprirá a missão. Depois da sobremesa, os convidados podem dar um mergulho na piscina com cascata. Há ainda sala de estar, estúdio, quartos de vestir e um lounge. E caso você precise desfazer as malas ou comprar produtos, peça ao mordomo QUANTO a partir de R$ 73 mil ONDE St. Regis Dubai, nos Emirados Árabes Unidos Tradução de PAULO MIGLIACCI | turismo | Veja 6 suítes de luxo, onde uma noite pode custar mais que um apartamentoLe Dôme, uma suíte de mais de 80 metros quadrados no hotel Le Cinq Codet, no coração de Paris, leva esse nome pela deslumbrante vista que oferece para o Dôme des Invalides, o domo sob o qual Napoleão está enterrado. Se esse panorama não lhe parecer atraente, caminhe até a ponta oposta do terraço privativo e contemple a torre Eiffel. Caso essa vista também o canse, há sempre a hidromassagem. Do lado de dentro, há um sofá em forma de croissant, um televisor com tela Oled (superior ao Led) curva, dois banheiros, um quarto de vestir e uma banheira decorada com pétalas de rosa brancas. A diária começa em cerca de US$ 2.000 (R$ 7.200). Não faça essa cara. A Le Dôme é uma das suítes de luxo mais baratas que se pode encontrar hoje em dia. Considere a cobertura do Mark Hotel, em Manhattan, que você pode reservar por US$ 75 mil (R$ 270 mil). Esse valor, aliás, é a quantia que pesquisadores da Universidade de Princeton dizem que uma pessoa precisa ganhar por ano para ser maximamente feliz. Alguns hotéis estão apostando nisso. O consumo de luxo dos domicílios mais ricos dos Estados Unidos teve crescimento estimado em 6,6% no ano passado, de acordo com estudo da YouGov, uma organização de pesquisa de mercado. "Os gastos do 1% mais rico atingiram níveis sem precedentes", de acordo com o relatório. Dos Estados Unidos a Hong Kong, os mais robustos setores da hotelaria hoje são o econômico e o de luxo. Quando a classe média estava ascendendo, os hotéis de categoria média também o faziam. "Agora, o meio foi esvaziado, e o que temos são hotéis se saindo muito bem na porção inferior e na porção superior", afirma Parag Vohra, gerente de hotéis da Sojern, uma companhia de tecnologia para viagens. Palavras como "suíte" e "luxo" significam coisas distintas em diferentes culturas, lugares e contextos. Aliás, o termo suíte nem sempre esteve associado ao luxo. "Era só um upgrade", diz Vohra. "Um produto mais espaçoso. Mas não era luxo." A noção sobre o assunto varia no planeta. No Ocidente, luxo em geral significa elegância discreta (cores contidas, muita luz natural). Nos países da Ásia e do Oriente Médio, tipicamente é sinônimo de opulência e serviço, ter funcionários do hotel atendendo ao hóspede no quarto ou conduzindo-o ao restaurante. Em outras palavras, uma suíte de luxo não envolve apenas o lado físico; ela porta consigo o prestígio e um dado calibre de serviço. * TODAS AS RAIAS É sempre incômodo quando a piscina do hotel lota, certo? Essa suíte vem com uma piscina descoberta exclusiva de 23 metros. Para quem cultua o sol, há espreguiçadeiras, sofás e vistas para o lago Pichola. Do lado de dentro, sala de jantar, sala de estar, dois dormitórios, lavabo e três televisores, além de serviço de mordomo 24 horas QUANTO a partir de R$ 40 mil ONDE hotel Oberoi Udaivillas, em Udaipur, na Índia - PERSONALIZADA A suíte de 90 m² tem sala de estar com janelas altas e piso de madeira nobre. O hóspede pode optar por uma experiência personalizada, como uma visita à livraria Peter Harrington Rare Books ou um curso sobre como preparar um bloody mary. Vem com serviço de transporte do aeroporto para o hotel, duas sessões de spa e uma garrafa de champanhe Ruinart QUANTO a partir de R$ 30 mil ONDE Brown's Hotel em Londres - VIDA LÁ FORA Com vista para a praia e o oceano e um terraço que cerca toda a suíte, essa cobertura é ideal para aqueles que preferem passar a maior parte de seu tempo ao ar livre. É uma das maiores do Caribe, com 720 m², três dormitórios, sala de cinema com tela de projeção, sala de estar, bar, concierge exclusivo e elevador privativo QUANTO a partir de R$ 54 mil ONDE Ritz-Carlton, nas Ilhas Cayman - UMA FESTA Essa cobertura com cinco dormitórios e sala de estar de pé direito de 7,80 metros pode ser transformada em salão de baile. Com mais de 1.000 m², ocupa dois pisos e é descrita como a maior dos EUA. Há seis banheiros, dois bares, quatro lareiras, uma cozinha, uma estufa, uma biblioteca e um terraço no topo, do qual se pode ver o Central Park QUANTO R$ 270 MIL ONDE Mark Hotel, em Nova York - UM BANHO Essa fantasia em dourado e creme tem 980 m². Quem ama os spas se deliciará. Há dois terraços -um deles conectado a um spa privativo com um banho turco e uma jacuzzi. Além dos quatro dormitórios, há uma pequena cozinha com porcelana Limoges e cristais franceses. Uma 'entrada diplomática' conduz diretamente à suíte. QUANTO A partir de R$ 81 mil ONDE Excelsior Hotel Gallia, em Milão - BELA CASCATA Se você quer receber 12 pessoas para jantar, essa suíte de três dormitórios cumprirá a missão. Depois da sobremesa, os convidados podem dar um mergulho na piscina com cascata. Há ainda sala de estar, estúdio, quartos de vestir e um lounge. E caso você precise desfazer as malas ou comprar produtos, peça ao mordomo QUANTO a partir de R$ 73 mil ONDE St. Regis Dubai, nos Emirados Árabes Unidos Tradução de PAULO MIGLIACCI | 20 |
O sinteco gelado | Durante muito tempo, deitei-me cedo, disse Proust, mas eu, que não sou Proust, e inclusive só li o livro até aí, que na verdade é a primeira frase, durante muito tempo não conseguia dormir cedo de jeito nenhum por causa do calor do Rio de Janeiro. O corpo todo suava e grudava no lençol e quando finalmente conseguia dormir, se por acaso abrisse os olhos no meio da noite, me deparava com o teto do quarto a um palmo do meu rosto. O céu, como temiam os gauleses, tinha desabado sobre a minha cabeça. Berrava até que alguém viesse me resgatar. Quando alguém me puxava pro lado, percebia que tinha acontecido a mesma coisa que acontecia todos os dias: depois de cair da cama, tinha rolado pra baixo dela. O que ninguém entendia era por que não acordava quando caía, nem por que diabos rolava pra debaixo da cama. Acho que foi minha mãe quem matou a charada. Encostando o dedo no piso de taco sob a cama, descobriu que aquele pedaço de madeira intocada pelo sol era o ponto mais gelado da casa. Na falta de ar condicionado, a sabedoria sonâmbula me encaminhava pra uma Sibéria particular, o Sinteco Gelado, onde podia estatelar o rosto no chão e dormir com a bochecha fresquinha. Meus pais ficaram com pena e passaram a deixar a gente dormir no quarto deles quando o calor apertava. Entrávamos no único cômodo da casa com ar condicionado como quem entra na Disney. Lembro de abraçar, com devoção, o aparelho marrom e barulhento, que chegava a sacudir quando ligado. Aquilo era uma espécie de taco gelado que ainda por cima produzia vento. Achávamos até o barulhinho gostoso. Hoje percebo que lembrava o motor de um Chevette. E, mesmo depois que desligavam o ar, de manhã, ainda podíamos apertar o travesseiro e saía um ventinho gelado que tinha ficado preso ali dentro. E tinha o cheirinho. O quarto inteiro cheirava a frio –o mesmo cheiro da mala da minha tia que morava nos Estados Unidos. Ela abria a mala e mergulhávamos o rosto nas roupas, ainda geladinhas, cheirando a neve –imáginávamos. No exato momento em que escrevo, suo em bicas. Nunca instalei o ar condicionado no escritório. Lembro de João Cabral: "O desábito de vencer/não cria o calo da vitória/não dá à vitória o fio cego/nem lhe cansa as molas nervosas". Não é que goste de sentir calor, mas gosto demais de parar de sentir calor. Falando nisso, com licença. Preciso encostar minha bochecha no chão. Convido o leitor a fazer o mesmo. Oh, Proust. Sabe de nada, inocente. | colunas | O sinteco geladoDurante muito tempo, deitei-me cedo, disse Proust, mas eu, que não sou Proust, e inclusive só li o livro até aí, que na verdade é a primeira frase, durante muito tempo não conseguia dormir cedo de jeito nenhum por causa do calor do Rio de Janeiro. O corpo todo suava e grudava no lençol e quando finalmente conseguia dormir, se por acaso abrisse os olhos no meio da noite, me deparava com o teto do quarto a um palmo do meu rosto. O céu, como temiam os gauleses, tinha desabado sobre a minha cabeça. Berrava até que alguém viesse me resgatar. Quando alguém me puxava pro lado, percebia que tinha acontecido a mesma coisa que acontecia todos os dias: depois de cair da cama, tinha rolado pra baixo dela. O que ninguém entendia era por que não acordava quando caía, nem por que diabos rolava pra debaixo da cama. Acho que foi minha mãe quem matou a charada. Encostando o dedo no piso de taco sob a cama, descobriu que aquele pedaço de madeira intocada pelo sol era o ponto mais gelado da casa. Na falta de ar condicionado, a sabedoria sonâmbula me encaminhava pra uma Sibéria particular, o Sinteco Gelado, onde podia estatelar o rosto no chão e dormir com a bochecha fresquinha. Meus pais ficaram com pena e passaram a deixar a gente dormir no quarto deles quando o calor apertava. Entrávamos no único cômodo da casa com ar condicionado como quem entra na Disney. Lembro de abraçar, com devoção, o aparelho marrom e barulhento, que chegava a sacudir quando ligado. Aquilo era uma espécie de taco gelado que ainda por cima produzia vento. Achávamos até o barulhinho gostoso. Hoje percebo que lembrava o motor de um Chevette. E, mesmo depois que desligavam o ar, de manhã, ainda podíamos apertar o travesseiro e saía um ventinho gelado que tinha ficado preso ali dentro. E tinha o cheirinho. O quarto inteiro cheirava a frio –o mesmo cheiro da mala da minha tia que morava nos Estados Unidos. Ela abria a mala e mergulhávamos o rosto nas roupas, ainda geladinhas, cheirando a neve –imáginávamos. No exato momento em que escrevo, suo em bicas. Nunca instalei o ar condicionado no escritório. Lembro de João Cabral: "O desábito de vencer/não cria o calo da vitória/não dá à vitória o fio cego/nem lhe cansa as molas nervosas". Não é que goste de sentir calor, mas gosto demais de parar de sentir calor. Falando nisso, com licença. Preciso encostar minha bochecha no chão. Convido o leitor a fazer o mesmo. Oh, Proust. Sabe de nada, inocente. | 10 |
Coronel suspeito de estuprar menina é investigado por desviar verba pública | Livre de dois processos no passado, um deles relacionado a maus-tratos contra crianças, o coronel reformado Pedro Chavarry Duarte, preso no último domingo (11) ao ser flagrado com uma menina de dois anos seminua dentro de um carro, terá agora duas investigações pela frente. Além da prisão preventiva decretada pela Justiça por acusação de estupro de vulnerável e corrupção ativa (por ter tentado subornar os policiais), ele é alvo de investigação no Ministério Público do Rio, que apura denúncia de suposto desvio de verba pública na Caixa Beneficente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, da qual era presidente até ser preso. A denúncia que chegou ao Ministério Público no início deste mês é de que Chavarry teria se apropriado de dinheiro recebido do governo estadual para pagamento de diversos tipos de benefícios devidos aos militares e que, para isso, se utilizaria de empresas abertas em nome de laranjas. A apuração deverá ficar a cargo de uma das promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da capital. O advogado Davi Elmôr, que defende o coronel, disse que o oficial alega inocência. "Está sendo feito agora um prejulgamento muito pesado do coronel Chavarry. É preciso respeitar o contraditório, a ampla defesa e a presunção da inocência", afirmou o defensor. SUSPEITA DE TRÁFICO DE CRIANÇAS Nos anos 1990, Chavarry havia sido acusado de envolvimento na lista de propina do jogo do bicho. Parte da investigação do caso esteve a cargo do também coronel Valmir Alves Brum, considerado o "xerife" da PM na época e que chegou a prender Chavarry 23 anos atrás. Outra acusação contra Chavarry também foi apurada por Brum na época. No dia 18 de março de 1993, Brum, então chefe da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária, enviou uma equipe de dois oficiais e dois soldados para verificar denúncia repassada pelo então deputado estadual Paulo Melo (PMDB): de que numa casa em um conjunto residencial de Bangu, zona oste do Rio, crianças ficavam abandonadas durante horas. Nesse dia, o então capitão Pedro Chavarry foi preso em flagrante ao chegar nessa residência, onde havia um bebê de três meses chorando, sozinho, em um colchonete no chão. Suspeito de tráfico de crianças não comprovado pela polícia, o oficial foi condenado a um ano de detenção por abandono e maus-tratos. Não cumpriu a pena, por ser réu primário, e posteriormente acabou sendo absolvido na Primeira Câmara do Tribunal de Alçada Criminal, que acatou recurso da defesa. Um ano mais tarde, em 30 de março de 1994, a fortaleza do contraventor Castor de Andrade, na rua Fonseca, 1.040, em Bangu (zona oeste do Rio), foi estourada em uma operação conjunta do Ministério Público e da polícia. Nela, foram encontradas listas com nomes de agentes públicos, primordialmente policiais, que receberiam propina para fazer vista grossa ao jogo do bicho. Entre as centenas de nomes constava o de Chavarry. Em maio daquele ano, Chavarry e outros 42 oficiais da PM, entre eles o então capitão Álvaro Lins, que posteriormente foi chefe de Polícia Civil e deputado cassado, foram processados por corrupção passiva. Quase quatro anos depois, foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento, quando 21 dos acusados foram absolvidos por insuficiência de provas e 22, incluindo Chavarry, condenados por unanimidade de votos. A decisão foi alvo de recurso tanto do Ministério Público, que pediu a condenação dos absolvidos e uma pena maior para os condenados, quanto da defesa, que tentou estender a absolvição ao restante dos envolvidos. Na argumentação, entre outros fatos, os defensores destacaram que o julgamento havia ocorrido em sessão secreta. A alegação foi acolhida pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que anulou o julgamento, em sessão realizada em 25 de março de 2004. Um novo julgamento foi marcado para novembro de 2009, mas acabou suspenso por determinação da ministra Laurita Vaz, à época na 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que apreciou também um pedido de reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal. Como já havia passado mais de 16 anos desde o ajuizamento da ação, foi declarada extinta a punibilidade dos réus e todos foram absolvidos. JULGAMENTO SUSPENSO Antes de ganhar notoriedade nesta semana pela acusação de estupro de vulnerável, e depois de passar incólume pelos dois processos anteriores, Pedro Chavarry Duarte foi promovido junto com outros 53 tenentes-coronéis com base em lei que lhes dava esse direito após 32 anos de serviços prestados à corporação. Foi para a reserva com currículo que o habilitava a presidir a Caixa Beneficente da Polícia Militar, atividade agora também investigada por outras autoridades. Se antes o currículo de Pedro Chavarry era anunciado com pompa e circunstância no site da Caixa Beneficente - entidade que oferece aos associados "benefícios e serviços diferenciados, pensados especialmente para atender à família policial militar" -, atualmente seu nome não consta mais no expediente. A presidência é interinamente ocupada por Robson de Almeida Paulo, que acumula o cargo de vice. A Caixa Beneficente não quis se pronunciar sobre as denúncias de fraude levadas ao Ministério Público. Em nota, o presidente em exercício da entidade, Robson de Almeida Paulo, lamentou o ocorrido com o presidente licenciado e informou que "os fatos noticiados pela mídia serão apurados na instrução criminal, respeitados os princípios constitucionais da presunção da inocência, do devido processo legal e o contraditório". O coronel reformado de 62 anos preso no último fim de semana com a criança seminua no estacionamento de uma lanchonete em Ramos, zona norte do Rio, está respondendo também por corrupção ativa, acusado de tentar subornar os policiais militares que deram-lhe voz de prisão. Agora, a Polícia Civil investiga a existência de outras vítimas de crimes associados a pedofilia. DEFESA Além de dizer que seu cliente alega inocência, o advogado Davi Elmôr disse que Chavarry realiza ações sociais em várias comunidades carentes com crianças no Rio de Janeiro e que, por isso, não seria um "fato isolado ele estar com uma criança", referindo-se ao episódio do estacionamento. Sobre os processos anteriores, principalmente o referente aos maus-tratos e abandono do bebê, o advogado afirma que não devem ser considerados no caso presente: "Não podemos trazer à tona esse fato porque ele foi absolvido no passado, então, essa é uma questão que não merece ser desdobrada. O Judiciário não vai analisar o que é o coronel Chavarry durante toda a vida dele. Um processo penal é um processo penal dos fatos, e não do autor, então, nós vamos desdobrar apenas essa conduta pontual dele". | cotidiano | Coronel suspeito de estuprar menina é investigado por desviar verba públicaLivre de dois processos no passado, um deles relacionado a maus-tratos contra crianças, o coronel reformado Pedro Chavarry Duarte, preso no último domingo (11) ao ser flagrado com uma menina de dois anos seminua dentro de um carro, terá agora duas investigações pela frente. Além da prisão preventiva decretada pela Justiça por acusação de estupro de vulnerável e corrupção ativa (por ter tentado subornar os policiais), ele é alvo de investigação no Ministério Público do Rio, que apura denúncia de suposto desvio de verba pública na Caixa Beneficente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, da qual era presidente até ser preso. A denúncia que chegou ao Ministério Público no início deste mês é de que Chavarry teria se apropriado de dinheiro recebido do governo estadual para pagamento de diversos tipos de benefícios devidos aos militares e que, para isso, se utilizaria de empresas abertas em nome de laranjas. A apuração deverá ficar a cargo de uma das promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da capital. O advogado Davi Elmôr, que defende o coronel, disse que o oficial alega inocência. "Está sendo feito agora um prejulgamento muito pesado do coronel Chavarry. É preciso respeitar o contraditório, a ampla defesa e a presunção da inocência", afirmou o defensor. SUSPEITA DE TRÁFICO DE CRIANÇAS Nos anos 1990, Chavarry havia sido acusado de envolvimento na lista de propina do jogo do bicho. Parte da investigação do caso esteve a cargo do também coronel Valmir Alves Brum, considerado o "xerife" da PM na época e que chegou a prender Chavarry 23 anos atrás. Outra acusação contra Chavarry também foi apurada por Brum na época. No dia 18 de março de 1993, Brum, então chefe da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária, enviou uma equipe de dois oficiais e dois soldados para verificar denúncia repassada pelo então deputado estadual Paulo Melo (PMDB): de que numa casa em um conjunto residencial de Bangu, zona oste do Rio, crianças ficavam abandonadas durante horas. Nesse dia, o então capitão Pedro Chavarry foi preso em flagrante ao chegar nessa residência, onde havia um bebê de três meses chorando, sozinho, em um colchonete no chão. Suspeito de tráfico de crianças não comprovado pela polícia, o oficial foi condenado a um ano de detenção por abandono e maus-tratos. Não cumpriu a pena, por ser réu primário, e posteriormente acabou sendo absolvido na Primeira Câmara do Tribunal de Alçada Criminal, que acatou recurso da defesa. Um ano mais tarde, em 30 de março de 1994, a fortaleza do contraventor Castor de Andrade, na rua Fonseca, 1.040, em Bangu (zona oeste do Rio), foi estourada em uma operação conjunta do Ministério Público e da polícia. Nela, foram encontradas listas com nomes de agentes públicos, primordialmente policiais, que receberiam propina para fazer vista grossa ao jogo do bicho. Entre as centenas de nomes constava o de Chavarry. Em maio daquele ano, Chavarry e outros 42 oficiais da PM, entre eles o então capitão Álvaro Lins, que posteriormente foi chefe de Polícia Civil e deputado cassado, foram processados por corrupção passiva. Quase quatro anos depois, foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento, quando 21 dos acusados foram absolvidos por insuficiência de provas e 22, incluindo Chavarry, condenados por unanimidade de votos. A decisão foi alvo de recurso tanto do Ministério Público, que pediu a condenação dos absolvidos e uma pena maior para os condenados, quanto da defesa, que tentou estender a absolvição ao restante dos envolvidos. Na argumentação, entre outros fatos, os defensores destacaram que o julgamento havia ocorrido em sessão secreta. A alegação foi acolhida pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, que anulou o julgamento, em sessão realizada em 25 de março de 2004. Um novo julgamento foi marcado para novembro de 2009, mas acabou suspenso por determinação da ministra Laurita Vaz, à época na 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que apreciou também um pedido de reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal. Como já havia passado mais de 16 anos desde o ajuizamento da ação, foi declarada extinta a punibilidade dos réus e todos foram absolvidos. JULGAMENTO SUSPENSO Antes de ganhar notoriedade nesta semana pela acusação de estupro de vulnerável, e depois de passar incólume pelos dois processos anteriores, Pedro Chavarry Duarte foi promovido junto com outros 53 tenentes-coronéis com base em lei que lhes dava esse direito após 32 anos de serviços prestados à corporação. Foi para a reserva com currículo que o habilitava a presidir a Caixa Beneficente da Polícia Militar, atividade agora também investigada por outras autoridades. Se antes o currículo de Pedro Chavarry era anunciado com pompa e circunstância no site da Caixa Beneficente - entidade que oferece aos associados "benefícios e serviços diferenciados, pensados especialmente para atender à família policial militar" -, atualmente seu nome não consta mais no expediente. A presidência é interinamente ocupada por Robson de Almeida Paulo, que acumula o cargo de vice. A Caixa Beneficente não quis se pronunciar sobre as denúncias de fraude levadas ao Ministério Público. Em nota, o presidente em exercício da entidade, Robson de Almeida Paulo, lamentou o ocorrido com o presidente licenciado e informou que "os fatos noticiados pela mídia serão apurados na instrução criminal, respeitados os princípios constitucionais da presunção da inocência, do devido processo legal e o contraditório". O coronel reformado de 62 anos preso no último fim de semana com a criança seminua no estacionamento de uma lanchonete em Ramos, zona norte do Rio, está respondendo também por corrupção ativa, acusado de tentar subornar os policiais militares que deram-lhe voz de prisão. Agora, a Polícia Civil investiga a existência de outras vítimas de crimes associados a pedofilia. DEFESA Além de dizer que seu cliente alega inocência, o advogado Davi Elmôr disse que Chavarry realiza ações sociais em várias comunidades carentes com crianças no Rio de Janeiro e que, por isso, não seria um "fato isolado ele estar com uma criança", referindo-se ao episódio do estacionamento. Sobre os processos anteriores, principalmente o referente aos maus-tratos e abandono do bebê, o advogado afirma que não devem ser considerados no caso presente: "Não podemos trazer à tona esse fato porque ele foi absolvido no passado, então, essa é uma questão que não merece ser desdobrada. O Judiciário não vai analisar o que é o coronel Chavarry durante toda a vida dele. Um processo penal é um processo penal dos fatos, e não do autor, então, nós vamos desdobrar apenas essa conduta pontual dele". | 6 |
Bebê é retirada de útero, operada, e colocada de volta por mais três meses | Nascer costuma ser uma experiência única e irreplicável, mas não foi assim com Lynlee Boemer. A bebê de Lewisville, no Estado do Texas, "veio ao mundo" duas vezes. Primeiro, quando pesava apenas 530 gramas. Ela foi retirada do útero de sua mãe por 20 minutos para uma cirurgia vital após um ultrassom de rotina na 16ª semana de gestação revelar um tumor na sua coluna. Esse tumor, teratoma sacrococcígeo, vinha competindo com o feto por sangue –e elevando seu risco de ter uma falência cardíaca. A mãe de Lynlee, Margaret Boemer, estava esperando gêmeos, mas perdeu um dos bebês no primeiro trimestre de gravidez. Quando veio o diagnóstico do bebê sobrevivente, os médicos recomendaram que ela interrompesse a gestação por completo. Porém, havia uma opção: uma arriscada cirurgia que que seria a vida ou morte para a criança. A bebê teria 50% de chances de viver. O tumor e Lynlee tinham quase o mesmo tamanho quando a operação foi realizada, na 23ª semana de gestação. "A escolha era entre deixar o tumor fazer o coração dela parar ou dar a ela uma chance de vida", diz Margaret. "Foi uma decisão fácil: escolhemos dar vida a ela." 'SEU CORAÇÃO PAROU' O teratoma sacrococcígeo é o tipo mais comum de tumor encontrado em bebês, segundo o médico Darrel Cass, que fez parte da equipe do Hospital Infantil do Texas que operou Lynlee. Ainda assim, é bastante raro, sendo registrado em um a cada 30 mil a 70 mil nascimentos. Sua causa é desconhecida, e é quatro vezes comum em meninas que em meninos. Cass disse que o tumor de Lynlee era tão grande que foi necessária uma incisão "enorme" para retirá-lo. Em dado momento, o coração da bebê parou de funcionar e um especialista a manteve viva enquanto a maioria do tumor era retirado. Ao fim do procedimento, ela foi colocada de volta no útero de sua mãe. Margaret passou 12 semanas em total repouso, e Lynlee "nasceu pela segunda vez" em 6 de junho, através de uma cirurgia cesariana feita próximo do fim da gravidez. Ela veio ao mundo saudável e pesando 2,4 kg. O nome, Lynlee, é uma homenagem às suas avós. Aos oito dias de vida, teve de ser operada de novo para remover o restante do tumor de seu cóccix. Hoje, está em casa e se recupera muito bem, segundo seu médico. | equilibrioesaude | Bebê é retirada de útero, operada, e colocada de volta por mais três mesesNascer costuma ser uma experiência única e irreplicável, mas não foi assim com Lynlee Boemer. A bebê de Lewisville, no Estado do Texas, "veio ao mundo" duas vezes. Primeiro, quando pesava apenas 530 gramas. Ela foi retirada do útero de sua mãe por 20 minutos para uma cirurgia vital após um ultrassom de rotina na 16ª semana de gestação revelar um tumor na sua coluna. Esse tumor, teratoma sacrococcígeo, vinha competindo com o feto por sangue –e elevando seu risco de ter uma falência cardíaca. A mãe de Lynlee, Margaret Boemer, estava esperando gêmeos, mas perdeu um dos bebês no primeiro trimestre de gravidez. Quando veio o diagnóstico do bebê sobrevivente, os médicos recomendaram que ela interrompesse a gestação por completo. Porém, havia uma opção: uma arriscada cirurgia que que seria a vida ou morte para a criança. A bebê teria 50% de chances de viver. O tumor e Lynlee tinham quase o mesmo tamanho quando a operação foi realizada, na 23ª semana de gestação. "A escolha era entre deixar o tumor fazer o coração dela parar ou dar a ela uma chance de vida", diz Margaret. "Foi uma decisão fácil: escolhemos dar vida a ela." 'SEU CORAÇÃO PAROU' O teratoma sacrococcígeo é o tipo mais comum de tumor encontrado em bebês, segundo o médico Darrel Cass, que fez parte da equipe do Hospital Infantil do Texas que operou Lynlee. Ainda assim, é bastante raro, sendo registrado em um a cada 30 mil a 70 mil nascimentos. Sua causa é desconhecida, e é quatro vezes comum em meninas que em meninos. Cass disse que o tumor de Lynlee era tão grande que foi necessária uma incisão "enorme" para retirá-lo. Em dado momento, o coração da bebê parou de funcionar e um especialista a manteve viva enquanto a maioria do tumor era retirado. Ao fim do procedimento, ela foi colocada de volta no útero de sua mãe. Margaret passou 12 semanas em total repouso, e Lynlee "nasceu pela segunda vez" em 6 de junho, através de uma cirurgia cesariana feita próximo do fim da gravidez. Ela veio ao mundo saudável e pesando 2,4 kg. O nome, Lynlee, é uma homenagem às suas avós. Aos oito dias de vida, teve de ser operada de novo para remover o restante do tumor de seu cóccix. Hoje, está em casa e se recupera muito bem, segundo seu médico. | 8 |
Papa Francisco faz missa na Filadélfia, nos EUA, e defende liberdade religiosa | O papa Francisco realizou neste sábado (26) missa para cerca de 1.600 fiéis na Filadélfia, terceira e última parada de sua viagem aos Estados Unidos. Antes, o pontífice passou por Washington e Nova York. Um dia após seu discurso na ONU, em Nova York, o papa esteve na cidade que é o berço da independência americana para defender a liberdade religiosa e pedir que a igreja valorize mais as mulheres. A missa foi realizada na Basílica de São Pedro e Paulo da Filadélfia e, durante a homilia, Francisco afirmou que o futuro da Igreja Católica nos EUA exige um papel muito mais ativo dos católicos. O papa criticou a perseguição a cristãos e a outras minorias religiosas no Oriente Médio. Ele também destacou o papel das mulheres. "Isso significa valorizar a imensa contribuição que a mulher fez e continua a fazer para a vida de nossas comunidades", afirmou. Após a missa, o pontífice foi ao Independence Hall, edifício do século 18 onde os dois documentos que deram origem aos EUA, a Declaração de Independência e a Constituição, foram instituídos. Ali, em frente a cerca de 40 mil pessoas, o papa se dirigiu aos milhares de imigrantes que vivem nos Estados Unidos. "Vocês trazem muitos dons a sua nova nação. Não se envergonhem nunca de suas tradições", disse. "Ao contribuir com seus dons, vocês não só encontrarão seu lugar aqui, mas ajudarão a renovar a sociedade por dentro." O papa também participou na noite de sábado do Encontro Mundial de Famílias, onde fez declarações bem-humoradas e improvisadas. Ali, comparou a família "a uma fábrica de esperanças" e disse que crianças e idosos devem receber especial cuidado no seio familiar. "Na família, às vezes os pratos voam. Às vezes os filhos trazem dores de cabeça. E nem vou falar das sogras...", disse, provocando risadas. Francisco encerra seu sexto dia de sua viagem aos EUA neste domingo (27), com uma missa em frente ao edifício neoclássico do Museu de Arte da Filadélfia, para a qual são esperadas 1,5 milhão de pessoas. Em seguida, volta para o Vaticano. DISCURSO NA ONU Na sexta-feira (25), em discurso na Assembleia Geral da ONU, o papa destacou que os cristãos e outros grupos no Oriente Médio "tem sido forçados a testemunhar a destruição de seus locais de culto, sua herança cultural e religiosa e suas casas e propriedades", sendo obrigados a fugir para não enfrentar a morte ou a escravidão. O papa também denunciou em seu discurso "uma sede egoísta e sem limites por poder e prosperidade material" no mundo, o que leva a um mau uso dos recursos naturais e a exclusão dos "fracos e desfavorecidos". Francisco também fez na quinta-feira o primeiro pronunciamento de um pontífice no Congresso dos Estados Unidos. Ele pediu a abolição da pena de morte, condenou o fundamentalismo religioso e voltou a defender os imigrantes. "Toda vida é sagrada, toda pessoa humana é dotada de dignidade inalienável, e a sociedade só pode se beneficiar da reabilitação daqueles condenados por crimes", disse Francisco, que fez um apelo direto aos congressistas americanos contra a pena capital. Embora não seja inédito, o pronunciamento do papa em um parlamento não é um acontecimento corriqueiro. Só dois pontífices já haviam feito o mesmo, João Paulo 2º e Bento 16. ESTÁTUA DA LIBERDADE Antes de chegar ao aeroporto JFK, em Nova York, para embarcar no voo que o levaria à Filadélfia, o papa pediu que o helicóptero em que ele estava sobrevoasse a Estátua da Liberdade e Ellis Island, lugar onde por muito tempo os imigrantes aportavam na cidade. "Ele ficou muito, muito emocionado", disse aos repórteres o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que acompanhava Francisco. "E me disse 'Buenos Aires também é uma cidade de imigrantes'". Nascido na capital argentina em 1936, o papa é o mais velho dos cinco filhos de Mario Bergoglio, nascido na região italiana do Piemonte. | mundo | Papa Francisco faz missa na Filadélfia, nos EUA, e defende liberdade religiosaO papa Francisco realizou neste sábado (26) missa para cerca de 1.600 fiéis na Filadélfia, terceira e última parada de sua viagem aos Estados Unidos. Antes, o pontífice passou por Washington e Nova York. Um dia após seu discurso na ONU, em Nova York, o papa esteve na cidade que é o berço da independência americana para defender a liberdade religiosa e pedir que a igreja valorize mais as mulheres. A missa foi realizada na Basílica de São Pedro e Paulo da Filadélfia e, durante a homilia, Francisco afirmou que o futuro da Igreja Católica nos EUA exige um papel muito mais ativo dos católicos. O papa criticou a perseguição a cristãos e a outras minorias religiosas no Oriente Médio. Ele também destacou o papel das mulheres. "Isso significa valorizar a imensa contribuição que a mulher fez e continua a fazer para a vida de nossas comunidades", afirmou. Após a missa, o pontífice foi ao Independence Hall, edifício do século 18 onde os dois documentos que deram origem aos EUA, a Declaração de Independência e a Constituição, foram instituídos. Ali, em frente a cerca de 40 mil pessoas, o papa se dirigiu aos milhares de imigrantes que vivem nos Estados Unidos. "Vocês trazem muitos dons a sua nova nação. Não se envergonhem nunca de suas tradições", disse. "Ao contribuir com seus dons, vocês não só encontrarão seu lugar aqui, mas ajudarão a renovar a sociedade por dentro." O papa também participou na noite de sábado do Encontro Mundial de Famílias, onde fez declarações bem-humoradas e improvisadas. Ali, comparou a família "a uma fábrica de esperanças" e disse que crianças e idosos devem receber especial cuidado no seio familiar. "Na família, às vezes os pratos voam. Às vezes os filhos trazem dores de cabeça. E nem vou falar das sogras...", disse, provocando risadas. Francisco encerra seu sexto dia de sua viagem aos EUA neste domingo (27), com uma missa em frente ao edifício neoclássico do Museu de Arte da Filadélfia, para a qual são esperadas 1,5 milhão de pessoas. Em seguida, volta para o Vaticano. DISCURSO NA ONU Na sexta-feira (25), em discurso na Assembleia Geral da ONU, o papa destacou que os cristãos e outros grupos no Oriente Médio "tem sido forçados a testemunhar a destruição de seus locais de culto, sua herança cultural e religiosa e suas casas e propriedades", sendo obrigados a fugir para não enfrentar a morte ou a escravidão. O papa também denunciou em seu discurso "uma sede egoísta e sem limites por poder e prosperidade material" no mundo, o que leva a um mau uso dos recursos naturais e a exclusão dos "fracos e desfavorecidos". Francisco também fez na quinta-feira o primeiro pronunciamento de um pontífice no Congresso dos Estados Unidos. Ele pediu a abolição da pena de morte, condenou o fundamentalismo religioso e voltou a defender os imigrantes. "Toda vida é sagrada, toda pessoa humana é dotada de dignidade inalienável, e a sociedade só pode se beneficiar da reabilitação daqueles condenados por crimes", disse Francisco, que fez um apelo direto aos congressistas americanos contra a pena capital. Embora não seja inédito, o pronunciamento do papa em um parlamento não é um acontecimento corriqueiro. Só dois pontífices já haviam feito o mesmo, João Paulo 2º e Bento 16. ESTÁTUA DA LIBERDADE Antes de chegar ao aeroporto JFK, em Nova York, para embarcar no voo que o levaria à Filadélfia, o papa pediu que o helicóptero em que ele estava sobrevoasse a Estátua da Liberdade e Ellis Island, lugar onde por muito tempo os imigrantes aportavam na cidade. "Ele ficou muito, muito emocionado", disse aos repórteres o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que acompanhava Francisco. "E me disse 'Buenos Aires também é uma cidade de imigrantes'". Nascido na capital argentina em 1936, o papa é o mais velho dos cinco filhos de Mario Bergoglio, nascido na região italiana do Piemonte. | 3 |
Nova estilista da Hermès mantém herança da grife | "Impecável", "correto" e "clássico" foram as palavras mais usadas por fashionistas para definir o primeiro desfile da estilista Nadège Vanhee-Cybulski no comando da grife Hermès. Mas, dado anseio em torno da apresentação, um "superou expectativas" cairia bem. Não havia surpresas no emaranhado de referências ao histórico da grife, que nasceu em 1837 como uma confecção de itens de selaria. Na passarela, lenços aplicados em saias, o couro de qualidade incomparável e a discrição característica da marca. Tudo limpo, nada fora do lugar. Em certa medida, a falta de novidades não é algo ruim, afinal, trata-se da grife que guarda todo o ideal chique e minimalista da moda francesa –o desfile, aliás, foi realizado no prédio da Guarda Republicana, os cavaleiros de Paris. A escolha por um nome desconhecido para substituir Christophe Lemaire, que deixou o cargo no ano passado para investir em sua marca própria, serviu como resposta da marca ao circo de celebridades e de exibicionismo da moda. Os looks monocromáticos, o corte perfeito dos vestidos e os casacos longos em uma cartela enxuta reforçaram a escolha pela estilista: a herança deve ser preservada. Eles não trabalham com revoluções. | ilustrada | Nova estilista da Hermès mantém herança da grife"Impecável", "correto" e "clássico" foram as palavras mais usadas por fashionistas para definir o primeiro desfile da estilista Nadège Vanhee-Cybulski no comando da grife Hermès. Mas, dado anseio em torno da apresentação, um "superou expectativas" cairia bem. Não havia surpresas no emaranhado de referências ao histórico da grife, que nasceu em 1837 como uma confecção de itens de selaria. Na passarela, lenços aplicados em saias, o couro de qualidade incomparável e a discrição característica da marca. Tudo limpo, nada fora do lugar. Em certa medida, a falta de novidades não é algo ruim, afinal, trata-se da grife que guarda todo o ideal chique e minimalista da moda francesa –o desfile, aliás, foi realizado no prédio da Guarda Republicana, os cavaleiros de Paris. A escolha por um nome desconhecido para substituir Christophe Lemaire, que deixou o cargo no ano passado para investir em sua marca própria, serviu como resposta da marca ao circo de celebridades e de exibicionismo da moda. Os looks monocromáticos, o corte perfeito dos vestidos e os casacos longos em uma cartela enxuta reforçaram a escolha pela estilista: a herança deve ser preservada. Eles não trabalham com revoluções. | 1 |
Terapia de sujeiras passadas | RIO DE JANEIRO - Publicamente incréu em todos os departamentos, tenho uma tendência a atrair místicos de vários matizes, de doutores em ectoplasma e reencarnação a praticantes de faquirismo e dança do ventre, passando por militantes das mais diversas seitas e religiões. A todos ouço com respeito, e volta e meia sou informado de que, baseado na posição das estrelas no dia e hora do meu nascimento –sou do signo de Peixes, com ascendente em Marisco e lua em Camarão—, alguém descobriu que, em vidas passadas, fui pastor de cabras na Assíria, secretário de Platão em Atenas e, mais recentemente, perfumista no Havaí. Outras pessoas íntimas do Além já me confiaram que, há milênios, foram mascates de tâmaras em Bagdá, damas de honra de Cleópatra no Nilo ou cortesãs na Paris de Luís 15. Tudo muito distante e charmoso. Nunca encontrei alguém que me confessasse ter sido centerfór do Bonsucesso em 1949 ou copidesque do "Notícias Populares". Mas isso era antes. Ouço dizer agora que, graças a terapeutas especializados, muita gente está descobrindo que a razão de seus problemas nesta vida reside nas bandalheiras que praticou em outras vidas. Para isto, foi criada a terapia de vidas passadas. Com a ajuda de um profissional, o sujeito regride àquelas vidas e, de alguma maneira, vai limpando a pedra até chegar aos dias de hoje. Um amigo meu estava confiante, mesmo sabendo que vaiou Jesus Cristo no sermão da montanha. Outro, que descobriu ter sido soldado bárbaro, acha mais difícil escapar. O que os congressistas estão fazendo, ao tentar anistiar os gordos caixas dois que receberam no passado, é parecido. Se limparem suas sujíssimas fichas pregressas, prometem se comportar no futuro. Pois sim. Todo político brasileiro já foi soldado bárbaro, e não há terapia, passada ou presente, que o absolva. | colunas | Terapia de sujeiras passadasRIO DE JANEIRO - Publicamente incréu em todos os departamentos, tenho uma tendência a atrair místicos de vários matizes, de doutores em ectoplasma e reencarnação a praticantes de faquirismo e dança do ventre, passando por militantes das mais diversas seitas e religiões. A todos ouço com respeito, e volta e meia sou informado de que, baseado na posição das estrelas no dia e hora do meu nascimento –sou do signo de Peixes, com ascendente em Marisco e lua em Camarão—, alguém descobriu que, em vidas passadas, fui pastor de cabras na Assíria, secretário de Platão em Atenas e, mais recentemente, perfumista no Havaí. Outras pessoas íntimas do Além já me confiaram que, há milênios, foram mascates de tâmaras em Bagdá, damas de honra de Cleópatra no Nilo ou cortesãs na Paris de Luís 15. Tudo muito distante e charmoso. Nunca encontrei alguém que me confessasse ter sido centerfór do Bonsucesso em 1949 ou copidesque do "Notícias Populares". Mas isso era antes. Ouço dizer agora que, graças a terapeutas especializados, muita gente está descobrindo que a razão de seus problemas nesta vida reside nas bandalheiras que praticou em outras vidas. Para isto, foi criada a terapia de vidas passadas. Com a ajuda de um profissional, o sujeito regride àquelas vidas e, de alguma maneira, vai limpando a pedra até chegar aos dias de hoje. Um amigo meu estava confiante, mesmo sabendo que vaiou Jesus Cristo no sermão da montanha. Outro, que descobriu ter sido soldado bárbaro, acha mais difícil escapar. O que os congressistas estão fazendo, ao tentar anistiar os gordos caixas dois que receberam no passado, é parecido. Se limparem suas sujíssimas fichas pregressas, prometem se comportar no futuro. Pois sim. Todo político brasileiro já foi soldado bárbaro, e não há terapia, passada ou presente, que o absolva. | 10 |
Barril tem 1ª alta no ano e ajuda Bolsas | A recuperação nas Bolsas norte-americanas e um alívio na tendência de queda nos preços dos petróleo puxaram um dia positivo no mercado brasileiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 1,43%, para 39.500 pontos, após seis sessões de queda. O dólar comercial se desvalorizou em 0,29%, para R$ 3,999, enquanto a moeda à vista (que fecha mais cedo, por volta das 15h30 de Brasília) encerrou em alta de 0,24%, a R$ 4,003. Com a ausência de noticiário relevante no cenário interno, já que o Congresso permanece em recesso até fevereiro, e o volume abaixo no normal na Bolsa, os investidores se voltam para o exterior. Nesta quinta (14), os preços do petróleo Brent, negociado em Londres, registraram a primeira alta do ano, de 2,4%. No mercado de NY, a commodity também se valorizou (+2,4%). A elevação ajudou as Bolsas dos EUA, que, puxadas pelo setor de energia, subiram mais de 1%. | mercado | Barril tem 1ª alta no ano e ajuda BolsasA recuperação nas Bolsas norte-americanas e um alívio na tendência de queda nos preços dos petróleo puxaram um dia positivo no mercado brasileiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 1,43%, para 39.500 pontos, após seis sessões de queda. O dólar comercial se desvalorizou em 0,29%, para R$ 3,999, enquanto a moeda à vista (que fecha mais cedo, por volta das 15h30 de Brasília) encerrou em alta de 0,24%, a R$ 4,003. Com a ausência de noticiário relevante no cenário interno, já que o Congresso permanece em recesso até fevereiro, e o volume abaixo no normal na Bolsa, os investidores se voltam para o exterior. Nesta quinta (14), os preços do petróleo Brent, negociado em Londres, registraram a primeira alta do ano, de 2,4%. No mercado de NY, a commodity também se valorizou (+2,4%). A elevação ajudou as Bolsas dos EUA, que, puxadas pelo setor de energia, subiram mais de 1%. | 2 |
Facebook lança aplicativo que dá acesso gratuito à internet na Colômbia | O Facebook anunciou nesta quinta-feira (31) o lançamento do aplicativo Internet.org na Colômbia. A ferramenta dará acesso gratuito a serviços básicos de internet aos clientes da companhia de telefonia móvel local Tigo. A Colômbia é o primeiro país na América Latina e quarto no mundo a receber o novo serviço, destinado a usuários rurais e de baixa renda e disponível apenas para Android. O internet.org oferece mais de uma dezena de ferramentas, incluindo a enciclopédia Wikipedia, sites de previsão do tempo, catálogos de empregos e informativos de saúde, assim como a própria rede social Facebook e seu serviço de mensagens. Tudo sem cobrança ao usuário pela transferência de dados. Destinada a usuários rurais e de baixa renda, a ferramenta já foi lançada em três países africanos: Quênia, Tanzânia e Zâmbia. Segundo Mark Zuckerberg, presidente-executivo da companhia americana, a meta é dar um alcance global ao aplicativo. "Nossa meta é fazer do Internet.org um programa disponível em todo o mundo e ajudar todos a se conectarem à Internet", disse Zuckerberg em entrevista à "Reuters". "Vamos olhar para trás daqui a um ano e, com sorte, ver muito mais países com programas como esse." Durante sua primeira viagem a Bogotá, o empreendedor bilionário disse que o aplicativo se disseminaria muito rapidamente, à medida que as operadoras de telefonia se valham de um crescimento nos rendimentos proveniente de novos consumidores tendo acesso a seus serviços. Zuckerberg não revela qual será o próximo país a receber o aplicativo, mas aposta que ele se tornará em breve um "padrão" entre operadoras de telefonia móvel de todo mundo, visando a expansão do acesso à internet. Ele disse que o próximo lançamento do Internet.org pode ocorrer dentro de seis meses. Enquanto 85 por cento da população mundial vive em áreas com cobertura de telefonia móvel, apenas 30 por cento têm acesso à Internet. Cerca de 3 bilhões de pessoas possuíam acesso ao mundo online até o fim de 2014, segundo a União Internacional de Telecomunicações. | tec | Facebook lança aplicativo que dá acesso gratuito à internet na ColômbiaO Facebook anunciou nesta quinta-feira (31) o lançamento do aplicativo Internet.org na Colômbia. A ferramenta dará acesso gratuito a serviços básicos de internet aos clientes da companhia de telefonia móvel local Tigo. A Colômbia é o primeiro país na América Latina e quarto no mundo a receber o novo serviço, destinado a usuários rurais e de baixa renda e disponível apenas para Android. O internet.org oferece mais de uma dezena de ferramentas, incluindo a enciclopédia Wikipedia, sites de previsão do tempo, catálogos de empregos e informativos de saúde, assim como a própria rede social Facebook e seu serviço de mensagens. Tudo sem cobrança ao usuário pela transferência de dados. Destinada a usuários rurais e de baixa renda, a ferramenta já foi lançada em três países africanos: Quênia, Tanzânia e Zâmbia. Segundo Mark Zuckerberg, presidente-executivo da companhia americana, a meta é dar um alcance global ao aplicativo. "Nossa meta é fazer do Internet.org um programa disponível em todo o mundo e ajudar todos a se conectarem à Internet", disse Zuckerberg em entrevista à "Reuters". "Vamos olhar para trás daqui a um ano e, com sorte, ver muito mais países com programas como esse." Durante sua primeira viagem a Bogotá, o empreendedor bilionário disse que o aplicativo se disseminaria muito rapidamente, à medida que as operadoras de telefonia se valham de um crescimento nos rendimentos proveniente de novos consumidores tendo acesso a seus serviços. Zuckerberg não revela qual será o próximo país a receber o aplicativo, mas aposta que ele se tornará em breve um "padrão" entre operadoras de telefonia móvel de todo mundo, visando a expansão do acesso à internet. Ele disse que o próximo lançamento do Internet.org pode ocorrer dentro de seis meses. Enquanto 85 por cento da população mundial vive em áreas com cobertura de telefonia móvel, apenas 30 por cento têm acesso à Internet. Cerca de 3 bilhões de pessoas possuíam acesso ao mundo online até o fim de 2014, segundo a União Internacional de Telecomunicações. | 5 |
Espírito Santo quer retomar concessão da Petrobras | O governo do Espírito Santo quer tirar da Petrobras a concessão para distribuição de gás canalizado no Estado, operada pela estatal desde 1993, e licitar os ativos para outra companhia. A decisão atende a determinação judicial e já foi aprovada pela Assembleia Legislativa. O governador Paulo Hartung (PMDB) e a Petrobras negociam agora os termos da rescisão. A rede de gás canalizado do Espírito Santo é operada pela BR Distribuidora e é o único ativo da Petrobras no segmento que não faz parte da Gaspetro –empresa que teve 49% das ações vendidas à japonesa Mitsui ano passado. A concessão da rede de gás foi entregue pelo governo em 1993 sem licitação, em um contrato de 50 anos, prorrogável por mais 50. No ano passado, porém, a Justiça do Espírito Santo acatou ação popular que pedia a rescisão do contrato. No dia 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou lei proposta pelo governador que rescinde o contrato mediante o pagamento de indenização à Petrobras e estipula o prazo de dois anos para nova licitação. REUNIÃO A lei ainda não foi sancionada. Na quarta-feira (20), Hartung se reuniu com o presidente da empresa, Aldemir Bendine. Os termos da rescisão estiveram na pauta. O governo do Espírito Santo confirma as negociações. A Folha apurou que a proposta de indenização contempla o valor dos investimentos realizados, atualizado pela inflação, excluindo os lucros obtidos no período. De acordo com dados da Agência de Serviços Públicos em Energia (Aspe) a concessão recebeu R$ 317 milhões em investimentos até 2014, último dado disponível. A Petrobras não detalha os resultados desta empresa. Procurada, a companhia não respondeu ao pedido de entrevista. A empresa está vendendo boa parte de seus ativos de transporte e distribuição de gás natural. Negociações sobre a distribuidora capixaba, porém, enfrentariam entraves legais, já que o contrato é questionado pela Justiça. Segundo fontes do mercado, é grande o interesse pela concessão. A Folha apurou que representantes da espanhola GasNatural, que controla a concessão de gás no Rio, já estiveram em Vitória. De acordo com a Abegás (associação das distribuidoras de gás natural), a rede do Estado tem 450 quilômetros e movimenta 3,6 milhões de metros cúbicos por dia. | mercado | Espírito Santo quer retomar concessão da PetrobrasO governo do Espírito Santo quer tirar da Petrobras a concessão para distribuição de gás canalizado no Estado, operada pela estatal desde 1993, e licitar os ativos para outra companhia. A decisão atende a determinação judicial e já foi aprovada pela Assembleia Legislativa. O governador Paulo Hartung (PMDB) e a Petrobras negociam agora os termos da rescisão. A rede de gás canalizado do Espírito Santo é operada pela BR Distribuidora e é o único ativo da Petrobras no segmento que não faz parte da Gaspetro –empresa que teve 49% das ações vendidas à japonesa Mitsui ano passado. A concessão da rede de gás foi entregue pelo governo em 1993 sem licitação, em um contrato de 50 anos, prorrogável por mais 50. No ano passado, porém, a Justiça do Espírito Santo acatou ação popular que pedia a rescisão do contrato. No dia 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou lei proposta pelo governador que rescinde o contrato mediante o pagamento de indenização à Petrobras e estipula o prazo de dois anos para nova licitação. REUNIÃO A lei ainda não foi sancionada. Na quarta-feira (20), Hartung se reuniu com o presidente da empresa, Aldemir Bendine. Os termos da rescisão estiveram na pauta. O governo do Espírito Santo confirma as negociações. A Folha apurou que a proposta de indenização contempla o valor dos investimentos realizados, atualizado pela inflação, excluindo os lucros obtidos no período. De acordo com dados da Agência de Serviços Públicos em Energia (Aspe) a concessão recebeu R$ 317 milhões em investimentos até 2014, último dado disponível. A Petrobras não detalha os resultados desta empresa. Procurada, a companhia não respondeu ao pedido de entrevista. A empresa está vendendo boa parte de seus ativos de transporte e distribuição de gás natural. Negociações sobre a distribuidora capixaba, porém, enfrentariam entraves legais, já que o contrato é questionado pela Justiça. Segundo fontes do mercado, é grande o interesse pela concessão. A Folha apurou que representantes da espanhola GasNatural, que controla a concessão de gás no Rio, já estiveram em Vitória. De acordo com a Abegás (associação das distribuidoras de gás natural), a rede do Estado tem 450 quilômetros e movimenta 3,6 milhões de metros cúbicos por dia. | 2 |
Seleção masculina de basquete tem quatro anos para se reinventar
| Análise LUÍS CURRO ENVIADO ESPECIAL AO RIO Ficar mas mãos de um terceiro para se classificar é sempre sofrido. A seleção masculina de basquete superou a Nigéria na rodada final da primeira fase (86 a 69), mas já não dependia só de si para avançar aos mata-matas da Rio-2016. Precisava da ajuda Argentina, justo de quem. E a Argentina levou, horas depois, uma sova da Espanha (92 a 73). O Brasil, comandado pelo argentino Ruben Magnano, teve a classificação nas mãos justamente contra a Argentina, no jogo anterior. Ganhava por três pontos faltando 21 segundos para o fim. Tinha de ter feito o óbvio: uma falta antes do arremesso, o que levaria o rival para a linha de lances livres e lhe permitiria um máximo de dois pontos. Posse de bola recuperada, poderia administrar o jogo, gastando o tempo e, em caso de faltas do rival, convertendo lances livres. Uma estratégia simples e que possivelmente seria eficaz. Não fez a falta. E a Argentina empatou e levou a melhor após duas prorrogações. Esse jogo foi chave. Nele, o Brasil teve chance real de vitória. Nos outros reveses (Lituânia e Croácia), foi dominado, em especial diante dos lituanos. A Espanha os brasileiros venceram no sufoco, por um ponto de diferença, com uma cesta chorada faltando cinco segundos. Esperava-se mais de uma seleção treinada por um campeão olímpico (em Atenas-2004, com a Argentina) e com jogadores que atuam ou atuaram na NBA (Huertas, Leandrinho, Marquinhos, Nenê, Felício). Mais: que tinham terminado o último Mundial, em 2014, em sexto lugar, e a última Olimpíada, em 2012, em quinto. Posições honrosas, animadoras. Na Rio-2016, mesmo com a torcida empurrando a todo instante, em nenhum jogo o Brasil convenceu. Sofreu nas disputa de rebotes (especialmente diante de Espanha e Croácia), exibiu um rol limitado de jogadas ofensivas, perdeu bolas bobas, mostrou visível instabilidade emocional. Passou 0% de confiança. Haverá as desculpas: dois pivôs, Anderson Varejão e Tiago Splitter, também atletas de NBA, não puderam jogar, devido a lesões. Só que há resposta às desculpas: contusões precisam estar no planejamento em qualquer ciclo olímpico —são quatro anos de preparação para se precaver contra possíveis imprevistos. Com a eliminação precoce, a seleção masculina completa 52 anos sem uma medalha olímpica. A última, de bronze, foi em Tóquio-1964. Em 2020, os Jogos voltam a Tóquio. O Brasil tem mais quatro anos para se reinventar e tentar a voltar ao pódio. Do jeito que está, não conseguirá. Brasileiros classificados para a Olimpíada | esporte |
Seleção masculina de basquete tem quatro anos para se reinventar
Análise LUÍS CURRO ENVIADO ESPECIAL AO RIO Ficar mas mãos de um terceiro para se classificar é sempre sofrido. A seleção masculina de basquete superou a Nigéria na rodada final da primeira fase (86 a 69), mas já não dependia só de si para avançar aos mata-matas da Rio-2016. Precisava da ajuda Argentina, justo de quem. E a Argentina levou, horas depois, uma sova da Espanha (92 a 73). O Brasil, comandado pelo argentino Ruben Magnano, teve a classificação nas mãos justamente contra a Argentina, no jogo anterior. Ganhava por três pontos faltando 21 segundos para o fim. Tinha de ter feito o óbvio: uma falta antes do arremesso, o que levaria o rival para a linha de lances livres e lhe permitiria um máximo de dois pontos. Posse de bola recuperada, poderia administrar o jogo, gastando o tempo e, em caso de faltas do rival, convertendo lances livres. Uma estratégia simples e que possivelmente seria eficaz. Não fez a falta. E a Argentina empatou e levou a melhor após duas prorrogações. Esse jogo foi chave. Nele, o Brasil teve chance real de vitória. Nos outros reveses (Lituânia e Croácia), foi dominado, em especial diante dos lituanos. A Espanha os brasileiros venceram no sufoco, por um ponto de diferença, com uma cesta chorada faltando cinco segundos. Esperava-se mais de uma seleção treinada por um campeão olímpico (em Atenas-2004, com a Argentina) e com jogadores que atuam ou atuaram na NBA (Huertas, Leandrinho, Marquinhos, Nenê, Felício). Mais: que tinham terminado o último Mundial, em 2014, em sexto lugar, e a última Olimpíada, em 2012, em quinto. Posições honrosas, animadoras. Na Rio-2016, mesmo com a torcida empurrando a todo instante, em nenhum jogo o Brasil convenceu. Sofreu nas disputa de rebotes (especialmente diante de Espanha e Croácia), exibiu um rol limitado de jogadas ofensivas, perdeu bolas bobas, mostrou visível instabilidade emocional. Passou 0% de confiança. Haverá as desculpas: dois pivôs, Anderson Varejão e Tiago Splitter, também atletas de NBA, não puderam jogar, devido a lesões. Só que há resposta às desculpas: contusões precisam estar no planejamento em qualquer ciclo olímpico —são quatro anos de preparação para se precaver contra possíveis imprevistos. Com a eliminação precoce, a seleção masculina completa 52 anos sem uma medalha olímpica. A última, de bronze, foi em Tóquio-1964. Em 2020, os Jogos voltam a Tóquio. O Brasil tem mais quatro anos para se reinventar e tentar a voltar ao pódio. Do jeito que está, não conseguirá. Brasileiros classificados para a Olimpíada | 4 |
STF suspende enxurrada de ações contra jornalistas do Paraná | Depois de percorrerem 9.000 quilômetros e participarem de 25 audiências na Justiça, jornalistas da "Gazeta do Povo", do Paraná, conseguiram suspender o andamento das ações por danos morais movidas por dezenas de juízes e promotores do Estado contra eles. A decisão de paralisar os processos, considerados uma "ação orquestrada" pelo jornal e criticados por entidades de imprensa, foi dada pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), na noite desta quinta (30). "É uma vitória. Nossos cinco profissionais finalmente voltam a ter uma rotina normal de trabalho, de vida", afirma o diretor de redação da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior. Os magistrados e promotores afirmam terem sido ofendidos por uma reportagem sobre os "supersalários" da categoria, publicada em fevereiro. Na avaliação dos autores, a matéria foi "tendenciosa" e "irresponsável", já que sugeriu que a categoria cometia irregularidades. O jornal usou dados públicos para mostrar que, na soma, a remuneração de juízes e promotores ultrapassava o teto constitucional. A categoria argumenta, porém, que férias, 13° e outros benefícios não se somam ao teto. Eles entraram com 48 ações individuais de dano moral em 19 cidades do Paraná –num caso que lembra a enxurrada de processos de fiéis da Igreja Universal contra a repórter Elvira Lobato, da Folha, em 2008. "Os juízes têm total direito constitucional de entrar com as demandas, embora eu não concorde com o mérito delas. O problema é o abuso desse direito, numa ação orquestrada para tentar intimidar os jornalistas. A ministra Rosa Weber mostrou uma vez mais a isenção e a imparcialidade do STF em matéria dessa natureza, que envolve a liberdade de expressão", diz o advogado Alexandre Kruel Jobim, que representa a Gazeta do Povo e seus jornalistas. Os cinco repórteres que produziram o material tiveram que viajar por dias a fio, numa van, para comparecerem às audiências, sob pena de responderem à revelia, o que acabou inviabilizando seu trabalho por semanas. As indenizações pedidas somam R$ 1,5 milhão. FUNDAMENTOS A decisão desta quinta reconsidera um despacho do final de maio, quando a ministra havia negado a suspensão dos processos. A defesa da Gazeta do Povo argumentava que nenhum juiz do Paraná seria isento para julgar a causa –26 deles já haviam se declarado impedidos nas ações, muitos porque também haviam entrado com pedidos de indenização. Na época, Weber entendeu que não havia discussão de interesse da magistratura, e sim de direitos fundamentais da personalidade de cada autor. Agora, a ministra reviu a decisão e decidiu suspender o trâmite dos processos até o julgamento do mérito da ação no STF. A ANJ (Associação Nacional de Jornais) comemorou a decisão da ministra e afirmou que "em hipótese alguma questiona o direito constitucional de todo cidadão de recorrer à Justiça em defesa de seus direitos, mas entende que as ações propostas coordenadamente por magistrados e integrantes do Ministério Público buscavam intimidar a 'Gazeta do Povo' e a imprensa brasileira de um modo geral". "Diante da decisão da ministra Rosa Weber, a ANJ confia que, ao julgar o mérito da reclamação da 'Gazeta do Povo', o Supremo Tribunal Federal decidirá com a isenção, reconhecendo o primado da liberdade de expressão tal como assegurado pela Constituição Federal." Em nota, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) disse que "aplaude e expressa" profundo alivio com a decisão, que "corrige grave injustiça imposta aos jornalistas". "O suplício a que foram submetidos os repórteres do Jornal, alvo de vendeta de reduzida parcela de membros do judiciário do Paraná, não poderia perdurar por mais tempo sob pena de se legitimar um processo inquisitório em pleno século 21." DIREITO DE AÇÃO A Amapar (Associação dos Magistrados do Paraná) defende que os juízes e promotores que se sentiram ofendidos exerceram seu "direito de ação", previsto na Constituição. "A imprensa deve ser livre, mas, se abuso houver, ele deve ser reparado", informou, em nota. Para a associação, a Gazeta do Povo "extrapolou o direito à liberdade de expressão" e prestou um "desserviço" à sociedade ao sugerir que a categoria havia cometido irregularidades ao receber seu salário. O jornal afirma que seu objetivo era "expor e debater o sentido do teto constitucional". A Amapar, por sua vez, nega ter articulado uma reação coordenada, embora tenha oferecido assistência jurídica a quem se sentisse ofendido. | poder | STF suspende enxurrada de ações contra jornalistas do ParanáDepois de percorrerem 9.000 quilômetros e participarem de 25 audiências na Justiça, jornalistas da "Gazeta do Povo", do Paraná, conseguiram suspender o andamento das ações por danos morais movidas por dezenas de juízes e promotores do Estado contra eles. A decisão de paralisar os processos, considerados uma "ação orquestrada" pelo jornal e criticados por entidades de imprensa, foi dada pela ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), na noite desta quinta (30). "É uma vitória. Nossos cinco profissionais finalmente voltam a ter uma rotina normal de trabalho, de vida", afirma o diretor de redação da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior. Os magistrados e promotores afirmam terem sido ofendidos por uma reportagem sobre os "supersalários" da categoria, publicada em fevereiro. Na avaliação dos autores, a matéria foi "tendenciosa" e "irresponsável", já que sugeriu que a categoria cometia irregularidades. O jornal usou dados públicos para mostrar que, na soma, a remuneração de juízes e promotores ultrapassava o teto constitucional. A categoria argumenta, porém, que férias, 13° e outros benefícios não se somam ao teto. Eles entraram com 48 ações individuais de dano moral em 19 cidades do Paraná –num caso que lembra a enxurrada de processos de fiéis da Igreja Universal contra a repórter Elvira Lobato, da Folha, em 2008. "Os juízes têm total direito constitucional de entrar com as demandas, embora eu não concorde com o mérito delas. O problema é o abuso desse direito, numa ação orquestrada para tentar intimidar os jornalistas. A ministra Rosa Weber mostrou uma vez mais a isenção e a imparcialidade do STF em matéria dessa natureza, que envolve a liberdade de expressão", diz o advogado Alexandre Kruel Jobim, que representa a Gazeta do Povo e seus jornalistas. Os cinco repórteres que produziram o material tiveram que viajar por dias a fio, numa van, para comparecerem às audiências, sob pena de responderem à revelia, o que acabou inviabilizando seu trabalho por semanas. As indenizações pedidas somam R$ 1,5 milhão. FUNDAMENTOS A decisão desta quinta reconsidera um despacho do final de maio, quando a ministra havia negado a suspensão dos processos. A defesa da Gazeta do Povo argumentava que nenhum juiz do Paraná seria isento para julgar a causa –26 deles já haviam se declarado impedidos nas ações, muitos porque também haviam entrado com pedidos de indenização. Na época, Weber entendeu que não havia discussão de interesse da magistratura, e sim de direitos fundamentais da personalidade de cada autor. Agora, a ministra reviu a decisão e decidiu suspender o trâmite dos processos até o julgamento do mérito da ação no STF. A ANJ (Associação Nacional de Jornais) comemorou a decisão da ministra e afirmou que "em hipótese alguma questiona o direito constitucional de todo cidadão de recorrer à Justiça em defesa de seus direitos, mas entende que as ações propostas coordenadamente por magistrados e integrantes do Ministério Público buscavam intimidar a 'Gazeta do Povo' e a imprensa brasileira de um modo geral". "Diante da decisão da ministra Rosa Weber, a ANJ confia que, ao julgar o mérito da reclamação da 'Gazeta do Povo', o Supremo Tribunal Federal decidirá com a isenção, reconhecendo o primado da liberdade de expressão tal como assegurado pela Constituição Federal." Em nota, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) disse que "aplaude e expressa" profundo alivio com a decisão, que "corrige grave injustiça imposta aos jornalistas". "O suplício a que foram submetidos os repórteres do Jornal, alvo de vendeta de reduzida parcela de membros do judiciário do Paraná, não poderia perdurar por mais tempo sob pena de se legitimar um processo inquisitório em pleno século 21." DIREITO DE AÇÃO A Amapar (Associação dos Magistrados do Paraná) defende que os juízes e promotores que se sentiram ofendidos exerceram seu "direito de ação", previsto na Constituição. "A imprensa deve ser livre, mas, se abuso houver, ele deve ser reparado", informou, em nota. Para a associação, a Gazeta do Povo "extrapolou o direito à liberdade de expressão" e prestou um "desserviço" à sociedade ao sugerir que a categoria havia cometido irregularidades ao receber seu salário. O jornal afirma que seu objetivo era "expor e debater o sentido do teto constitucional". A Amapar, por sua vez, nega ter articulado uma reação coordenada, embora tenha oferecido assistência jurídica a quem se sentisse ofendido. | 0 |
Em discurso inflamado, Dilma falará de 'golpe' e justificará 'pedaladas' | A presidente Dilma Rousseff vai usar um evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), nesta terça-feira (13) em São Paulo, para endurecer o discurso sobre a abertura de um processo de impeachment contra seu mandato e justificar as manobras do governo nas chamadas "pedaladas fiscais". Segundo a Folha apurou, Dilma vai voltar a falar de "golpe" ao se referir às tentativas da oposição e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de abrir um processo de impeachment contra ela, e vai conclamar a plateia –simpática ao governo– a unir forças para defender o projeto e o legado do PT. A fala da presidente vai acontecer horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) suspender o rito estabelecido por Cunha para a tramitação de eventuais processos de impedimento contra a petista. Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma repetirá que as pedaladas fiscais, manobras que consistem em atrasar o repasse do Tesouro a bancos públicos para financiar programas de subsídios da União, são atos administrativos utilizados por vários governos. Na semana passada, o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitou, por unanimidade, as contas de 2014 do governo Dilma, principalmente por causa das pedaladas fiscais. A decisão deve ser usada pela oposição no Congresso para justificar um pedido de impeachment. A presidente vai dizer mais uma vez que o Brasil vive um momento difícil, com a crise política e econômica, e que o ajuste foi feito para, segundo ela, reequilibrar as contas públicas. Dilma repetirá que o ajuste não vai atingir os programas sociais, principais bandeiras do governo petista. Sabe-se, porém, que o ajuste proposto pelo Planalto para cobrir o déficit das contas da União já atingiu o Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec, e o Ciência Sem Fronteiras. Dilma queria fazer um discurso ainda mais duro, mas, segundo a Folha apurou, foi aconselhada por auxiliares a baixar o tom e manter aberta a possibilidade de diálogo com partidos de oposição e com o próprio presidente da Câmara. O Planalto ainda considera "imprevisíveis" os movimentos de Cunha, alvo de denúncias de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras, e já enviou emissários, inclusive o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), para conversas com o peemedebista. | poder | Em discurso inflamado, Dilma falará de 'golpe' e justificará 'pedaladas'A presidente Dilma Rousseff vai usar um evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), nesta terça-feira (13) em São Paulo, para endurecer o discurso sobre a abertura de um processo de impeachment contra seu mandato e justificar as manobras do governo nas chamadas "pedaladas fiscais". Segundo a Folha apurou, Dilma vai voltar a falar de "golpe" ao se referir às tentativas da oposição e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de abrir um processo de impeachment contra ela, e vai conclamar a plateia –simpática ao governo– a unir forças para defender o projeto e o legado do PT. A fala da presidente vai acontecer horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) suspender o rito estabelecido por Cunha para a tramitação de eventuais processos de impedimento contra a petista. Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma repetirá que as pedaladas fiscais, manobras que consistem em atrasar o repasse do Tesouro a bancos públicos para financiar programas de subsídios da União, são atos administrativos utilizados por vários governos. Na semana passada, o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitou, por unanimidade, as contas de 2014 do governo Dilma, principalmente por causa das pedaladas fiscais. A decisão deve ser usada pela oposição no Congresso para justificar um pedido de impeachment. A presidente vai dizer mais uma vez que o Brasil vive um momento difícil, com a crise política e econômica, e que o ajuste foi feito para, segundo ela, reequilibrar as contas públicas. Dilma repetirá que o ajuste não vai atingir os programas sociais, principais bandeiras do governo petista. Sabe-se, porém, que o ajuste proposto pelo Planalto para cobrir o déficit das contas da União já atingiu o Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec, e o Ciência Sem Fronteiras. Dilma queria fazer um discurso ainda mais duro, mas, segundo a Folha apurou, foi aconselhada por auxiliares a baixar o tom e manter aberta a possibilidade de diálogo com partidos de oposição e com o próprio presidente da Câmara. O Planalto ainda considera "imprevisíveis" os movimentos de Cunha, alvo de denúncias de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras, e já enviou emissários, inclusive o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), para conversas com o peemedebista. | 0 |
Igrejinha | à memória de Marco Aurélio Sanchez Coelho uma igrejinha cor-de-rosa no estilo gótico brejeiro não vai durar, não vai durar é claro que não vai durar mas ela é única a seu modo desprotegido e despojado e me comove quando subo a Frei Caneca de ressaca penso na catedral de Chartres daqui a dois ou três mil anos toda cercada por turistas — se ainda houver gente no mundo — e nenhum deles saberá que um dia houve uma igrejinha perto de casa, cor-de-rosa no estilo gótico rasteiro com uma torre de chapéu verde, de ardósia, o mais simpático de todos os chapéus de igreja e no entanto condenado como essas nuvens e estas mãos | colunas | Igrejinhaà memória de Marco Aurélio Sanchez Coelho uma igrejinha cor-de-rosa no estilo gótico brejeiro não vai durar, não vai durar é claro que não vai durar mas ela é única a seu modo desprotegido e despojado e me comove quando subo a Frei Caneca de ressaca penso na catedral de Chartres daqui a dois ou três mil anos toda cercada por turistas — se ainda houver gente no mundo — e nenhum deles saberá que um dia houve uma igrejinha perto de casa, cor-de-rosa no estilo gótico rasteiro com uma torre de chapéu verde, de ardósia, o mais simpático de todos os chapéus de igreja e no entanto condenado como essas nuvens e estas mãos | 10 |
PUC entra com recurso contra veto da igreja à cátedra Foucault | A direção acadêmica da PUC de São Paulo entregou recurso na segunda-feira (4) ao cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da universidade, contra a decisão de vetar a cátedra Michel Foucault. Essa é a última medida institucional possível para evitar a devolução dos áudios de aulas ministradas pelo pensador francês entre 1971 e 1984 no Collège de France. A PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo é a única instituição fora da França a ter acesso ao material, doado numa parceria que começou em 2011, com intermediação do Consulado Geral da França em São Paulo e outras nove universidades estrangeiras. Ainda que não tivesse sido oficializada, a cátedra já tinha permitido, na prática, um intercâmbio mais intenso entre pesquisadores brasileiros e instituições internacionais, com, por exemplo, doutorados de cotutela (dois orientadores) em Paris e Bordeaux, na França, e no Canadá. A cátedra funcionaria como um centro internacional de estudo e pesquisa sobre a obra de Foucault (1926-1984), que era homossexual e morreu em decorrência da Aids. Crítico das instituições de controle social como o presídio e o manicômio, o francês é autor, entre outras obras, de "Vigiar e Punir" e a "História da Sexualidade". O Conselho Superior da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, composto por dom Odilo, cinco bispos e a reitora, Anna Maria Marques Cintra, vetou a criação da unidade no final do ano passado. Desde então, os representantes acadêmicos da cátedra dentro da PUC adotaram medidas para reverter a decisão. Os professores Márcio Alves da Fonseca e Salma Muchail chegaram a se reunir com o cardeal de São Paulo. O recurso final protocolado é assinado pelo Conselho Universitário, composto pela reitoria, os diretores de todas as unidades da PUC e representantes discentes, docentes e de funcionários. Também são coautores o Conselho da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes, da qual Fonseca é diretor, e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. A Fundação São Paulo não tem um prazo previsto de resposta ao recurso. No documento, os autores defendem o "caráter estritamente acadêmico" e a isenção ideológica da cátedra, que fora aprovada "com louvor" pelo Conselho Universitário. A PUC disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a questão ainda tramita e uma decisão é aguardada para "breve". "Não há qualquer prevenção ou proibição à pesquisa de Foucault ou qualquer outro pensador na universidade", afirma. Em nota publicada na quarta-feira passada (29), a reitoria afirmou que a "PUC-SP não pode deixar de registrar, porém, que sempre apoiou, apoia e não deixará de apoiar a pesquisa". "Além de ser um dos três pilares que fundamentam o sistema universitário, o incentivo à investigação científica e à produção de conhecimento são marcas da universidade, como comprova nossa história ousada em busca da liberdade e da verdade. Não poderia ser diferente: a expressão "A sapiência e a ciência serão aumentadas", escrita em nosso brasão, é vivenciada por nossos docentes e alunos desde a criação da instituição, em 1946", diz a nota. O centro de estudos não traria custos extras ou despesas administrativas à universidade, de acordo com os proponentes. Ao contrário, poderia trazer financiamentos como o já feito pelo Consulado da França para a realização de colóquio sobre Foucault, que foi cancelado devido ao veto à cátedra. Há ainda um prejuízo simbólico, diz Salma Muchail, que é professora emérita da PUC e titular da Faculdade de Filosofia. "Internamente, a PUC não vê por que impedir um instrumento que só traz ganhos, dignifica e internacionaliza a universidade." A PUC já possui um grupo de estudos sobre Foucault composto por quase 40 pessoas, que realiza atividades regulares de pesquisa sobre os desdobramentos da obra do pensador. Já há cátedras em atividade como a João Paulo 2º, da Faculdade de Teologia, cujo objetivo é debater o tema da "nova evangelização". | educacao | PUC entra com recurso contra veto da igreja à cátedra FoucaultA direção acadêmica da PUC de São Paulo entregou recurso na segunda-feira (4) ao cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da universidade, contra a decisão de vetar a cátedra Michel Foucault. Essa é a última medida institucional possível para evitar a devolução dos áudios de aulas ministradas pelo pensador francês entre 1971 e 1984 no Collège de France. A PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo é a única instituição fora da França a ter acesso ao material, doado numa parceria que começou em 2011, com intermediação do Consulado Geral da França em São Paulo e outras nove universidades estrangeiras. Ainda que não tivesse sido oficializada, a cátedra já tinha permitido, na prática, um intercâmbio mais intenso entre pesquisadores brasileiros e instituições internacionais, com, por exemplo, doutorados de cotutela (dois orientadores) em Paris e Bordeaux, na França, e no Canadá. A cátedra funcionaria como um centro internacional de estudo e pesquisa sobre a obra de Foucault (1926-1984), que era homossexual e morreu em decorrência da Aids. Crítico das instituições de controle social como o presídio e o manicômio, o francês é autor, entre outras obras, de "Vigiar e Punir" e a "História da Sexualidade". O Conselho Superior da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, composto por dom Odilo, cinco bispos e a reitora, Anna Maria Marques Cintra, vetou a criação da unidade no final do ano passado. Desde então, os representantes acadêmicos da cátedra dentro da PUC adotaram medidas para reverter a decisão. Os professores Márcio Alves da Fonseca e Salma Muchail chegaram a se reunir com o cardeal de São Paulo. O recurso final protocolado é assinado pelo Conselho Universitário, composto pela reitoria, os diretores de todas as unidades da PUC e representantes discentes, docentes e de funcionários. Também são coautores o Conselho da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes, da qual Fonseca é diretor, e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. A Fundação São Paulo não tem um prazo previsto de resposta ao recurso. No documento, os autores defendem o "caráter estritamente acadêmico" e a isenção ideológica da cátedra, que fora aprovada "com louvor" pelo Conselho Universitário. A PUC disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a questão ainda tramita e uma decisão é aguardada para "breve". "Não há qualquer prevenção ou proibição à pesquisa de Foucault ou qualquer outro pensador na universidade", afirma. Em nota publicada na quarta-feira passada (29), a reitoria afirmou que a "PUC-SP não pode deixar de registrar, porém, que sempre apoiou, apoia e não deixará de apoiar a pesquisa". "Além de ser um dos três pilares que fundamentam o sistema universitário, o incentivo à investigação científica e à produção de conhecimento são marcas da universidade, como comprova nossa história ousada em busca da liberdade e da verdade. Não poderia ser diferente: a expressão "A sapiência e a ciência serão aumentadas", escrita em nosso brasão, é vivenciada por nossos docentes e alunos desde a criação da instituição, em 1946", diz a nota. O centro de estudos não traria custos extras ou despesas administrativas à universidade, de acordo com os proponentes. Ao contrário, poderia trazer financiamentos como o já feito pelo Consulado da França para a realização de colóquio sobre Foucault, que foi cancelado devido ao veto à cátedra. Há ainda um prejuízo simbólico, diz Salma Muchail, que é professora emérita da PUC e titular da Faculdade de Filosofia. "Internamente, a PUC não vê por que impedir um instrumento que só traz ganhos, dignifica e internacionaliza a universidade." A PUC já possui um grupo de estudos sobre Foucault composto por quase 40 pessoas, que realiza atividades regulares de pesquisa sobre os desdobramentos da obra do pensador. Já há cátedras em atividade como a João Paulo 2º, da Faculdade de Teologia, cujo objetivo é debater o tema da "nova evangelização". | 11 |
Evidente que a casa não está em ordem, diz ministro Levy, da Fazenda | O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o governo precisa "botar a casa em ordem" para conseguir reverter o atual cenário de crise na economia. A declaração foi dada um dia após entregar ao Senado a previsão de Orçamento de 2016 com deficit inédito de R$ 30,5 bilhões, medida anunciada com visível desconforto do ministro. "Há um desafio para todo mundo. Para a sociedade, para o governo, e também para o Congresso, para botar a casa em ordem. Evidente que ela não está em ordem, e a gente precisa crescer e ter a confiança para não ver o dólar disparar", afirmou Levy nesta terça-feira (1), em audiência na Câmara dos Deputados. Ao citar que o ambiente favorável dos últimos anos na economia brasileira chegou ao fim, Levy disse que cenários piores são reveladores de problemas maiores. "Como diz um ditado americano, quando a maré é baixa é que você descobre quem está de calção e quem está sem calção", disse. "É uma realidade, nós vinhamos de um período de expansão e a maré mudou. A ficha tem que cair, temos que entender isso", afirmou Levy, que acredita que ações rápidas devem ser tomadas. "Estamos enfrentando um cenário diferente. Deixamos o toldo aberto e começou a chover. Temos que correr para consertar o telhado antes que a chuva aperte", afirmou. O ministro da Fazenda disse que o momento requer maturidade na busca de soluções, visando a retomada da rota do crescimento. "Isso vai certamente exigir sacrifício do próprio governo. Teremos que estar atento às despesas, saber eleger quais são dispensáveis e repensar modos de oferecer serviços ao cidadão", disse. Levy cobrou seriedade de todos para encarar a crise econômica e comparou o atual momento com o que foi atravessado pelo Brasil na década de 1980, com queda nos preços das commodities. "A diferença é que agora temos US$ 370 bilhões em reservas internacionais, naquela época tínhamos dívida externa de US 100 bilhões", comparou. Para superar o momento, o governo precisa definir uma estratégia de médio prazo, com menos gastos e maior controle fiscal, na avaliação de Levy. "O orçamento não deve ser interpretado como uma receita para viver em déficit", disse. "Se a gente não quer mais impostos, a gente tem que prestar atenção para não ter mais despesas". ESTADOS Levy também descartou a possibilidade de desbloquear as contas do Rio Grande do Sul. O bloqueio foi feito hoje pela União, após novo atraso do pagamento mensal da dívida. "Não há acerto. Há o cumprimento da lei". disse o ministro. A resposta foi o momento mais tenso da audiência, e foi dada após Levy ser questionado, em tom mais elevado, pelo deputado Giovani Cherini (PDT-RS), sobre a possibilidade de suspender o bloqueio, uma vez que o Estado teria receitas a receber que não são reconhecidas pelo ministério. Deputados da bancada do Rio Grande do Sul foram os que mais realizaram questionamentos ao ministro Levy, que apresentou dados mostrando a expansão da dívida estadual ao longo dos últimos anos. Durante as perguntas e considerações dos parlamentares, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) fez uma dura crítica ao ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ao chamá-lo de "assassino de contas públicas" e culpando Genro pelo atual estado das finanças daquele estado. VETOS PRESIDENCIAIS Está prevista para amanhã, às 11h30, uma sessão conjunta do Congresso Nacional que deve avaliar vetos presidenciais. Dois deles podem trazer problemas para o poder executivo: o projeto de reajuste para servidores do judiciário e o projeto do fator previdenciário. Levy demonstrou preocupação com a possibilidade de derrubada dos vetos e a turbulência na economia brasileira que seria gerada com esse movimento dos parlamentares. "A manutenção dos vetos é muito importante para manter o nível de equilíbrio da economia. Sustentar o veto é a maneira de combater o desemprego e dar tranquilidade", afirmou. Levy também destacou que não há mais espaço para ampliação dos gastos, "Se a gente der aumento agora, depois podemos ter grandes dificuldades para pagar o prometido", afirmou. | poder | Evidente que a casa não está em ordem, diz ministro Levy, da FazendaO ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o governo precisa "botar a casa em ordem" para conseguir reverter o atual cenário de crise na economia. A declaração foi dada um dia após entregar ao Senado a previsão de Orçamento de 2016 com deficit inédito de R$ 30,5 bilhões, medida anunciada com visível desconforto do ministro. "Há um desafio para todo mundo. Para a sociedade, para o governo, e também para o Congresso, para botar a casa em ordem. Evidente que ela não está em ordem, e a gente precisa crescer e ter a confiança para não ver o dólar disparar", afirmou Levy nesta terça-feira (1), em audiência na Câmara dos Deputados. Ao citar que o ambiente favorável dos últimos anos na economia brasileira chegou ao fim, Levy disse que cenários piores são reveladores de problemas maiores. "Como diz um ditado americano, quando a maré é baixa é que você descobre quem está de calção e quem está sem calção", disse. "É uma realidade, nós vinhamos de um período de expansão e a maré mudou. A ficha tem que cair, temos que entender isso", afirmou Levy, que acredita que ações rápidas devem ser tomadas. "Estamos enfrentando um cenário diferente. Deixamos o toldo aberto e começou a chover. Temos que correr para consertar o telhado antes que a chuva aperte", afirmou. O ministro da Fazenda disse que o momento requer maturidade na busca de soluções, visando a retomada da rota do crescimento. "Isso vai certamente exigir sacrifício do próprio governo. Teremos que estar atento às despesas, saber eleger quais são dispensáveis e repensar modos de oferecer serviços ao cidadão", disse. Levy cobrou seriedade de todos para encarar a crise econômica e comparou o atual momento com o que foi atravessado pelo Brasil na década de 1980, com queda nos preços das commodities. "A diferença é que agora temos US$ 370 bilhões em reservas internacionais, naquela época tínhamos dívida externa de US 100 bilhões", comparou. Para superar o momento, o governo precisa definir uma estratégia de médio prazo, com menos gastos e maior controle fiscal, na avaliação de Levy. "O orçamento não deve ser interpretado como uma receita para viver em déficit", disse. "Se a gente não quer mais impostos, a gente tem que prestar atenção para não ter mais despesas". ESTADOS Levy também descartou a possibilidade de desbloquear as contas do Rio Grande do Sul. O bloqueio foi feito hoje pela União, após novo atraso do pagamento mensal da dívida. "Não há acerto. Há o cumprimento da lei". disse o ministro. A resposta foi o momento mais tenso da audiência, e foi dada após Levy ser questionado, em tom mais elevado, pelo deputado Giovani Cherini (PDT-RS), sobre a possibilidade de suspender o bloqueio, uma vez que o Estado teria receitas a receber que não são reconhecidas pelo ministério. Deputados da bancada do Rio Grande do Sul foram os que mais realizaram questionamentos ao ministro Levy, que apresentou dados mostrando a expansão da dívida estadual ao longo dos últimos anos. Durante as perguntas e considerações dos parlamentares, o deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) fez uma dura crítica ao ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ao chamá-lo de "assassino de contas públicas" e culpando Genro pelo atual estado das finanças daquele estado. VETOS PRESIDENCIAIS Está prevista para amanhã, às 11h30, uma sessão conjunta do Congresso Nacional que deve avaliar vetos presidenciais. Dois deles podem trazer problemas para o poder executivo: o projeto de reajuste para servidores do judiciário e o projeto do fator previdenciário. Levy demonstrou preocupação com a possibilidade de derrubada dos vetos e a turbulência na economia brasileira que seria gerada com esse movimento dos parlamentares. "A manutenção dos vetos é muito importante para manter o nível de equilíbrio da economia. Sustentar o veto é a maneira de combater o desemprego e dar tranquilidade", afirmou. Levy também destacou que não há mais espaço para ampliação dos gastos, "Se a gente der aumento agora, depois podemos ter grandes dificuldades para pagar o prometido", afirmou. | 0 |
Temer Presidente! Sexta-feira 13! | Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Contagem regressiva pra Voadora da Dilma! E onde está a Dilma hoje? Ela quase não está no Planalto. É a charge do Nani. Ele botou a foto do Planalto com a legenda: "Dilma, você quase não está aqui!". Aliás, a Dilma magra e com aquelas olheiras tá parecendo a Noiva Cadáver! No lugar dela, eu também estaria! Rarará! E o novo apelido da Marta é Relaxa e Golpe. Rarará! E é verdade que o Temer vai assumir numa sexta-feira 13? Ele já tem cara de Drácula, fama de satanista e vai assumir numa sexta-feira 13? Uruca! Não vai ter mais sol no Brasil! Só raios! Sexta-feira 13: você passa embaixo duma escada, cruza com um gato preto e Temer presidente! Rarará! E atenção! Bafo! Substituto do Cunha, mistura de Tiririca com Compadre Washington, anula processo do impeachment! Não tô entendendo mais nada. Vai ser com emoção? Mudou tudo? É o golpe do golpe? Rarará! E aí hoje muda tudo de novo! Vai ter impeachment! Golpe no golpe do golpe! Não se comemora vitória antes do apito final, é isso? O Brasil tá tão louco que não dá pra acompanhar! Rarará! E o Brasil é lúdico! Olha essa promoção no Dia das Mães direto de Maceió: "Promoção! No mês das mães, na compra de três peças, ganhe uma rasteira grátis". Promoção! Rasteira na mãe. Deve ser alguém do PMDB! Que dá rasteira até na mãe! Foi nessa loja que o Temer comprou o presente pra Dilma? Rarará! E o Tasso Jereissati para o Desenvolvimento! Gente, esse ministério do Temer tá parecendo o Cemitério dos Elefantes! É mole? É mole, mas sobe! Os Predestinados! E um amigo foi demitido da empresa. Falaram pra ele: "Agora você passa no RH e fala com a Nadia Apocalypse". Rarará! "Apocalypse Now" na empresa! Vai demitir o Brasil inteiro! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! | colunas | Temer Presidente! Sexta-feira 13!Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Contagem regressiva pra Voadora da Dilma! E onde está a Dilma hoje? Ela quase não está no Planalto. É a charge do Nani. Ele botou a foto do Planalto com a legenda: "Dilma, você quase não está aqui!". Aliás, a Dilma magra e com aquelas olheiras tá parecendo a Noiva Cadáver! No lugar dela, eu também estaria! Rarará! E o novo apelido da Marta é Relaxa e Golpe. Rarará! E é verdade que o Temer vai assumir numa sexta-feira 13? Ele já tem cara de Drácula, fama de satanista e vai assumir numa sexta-feira 13? Uruca! Não vai ter mais sol no Brasil! Só raios! Sexta-feira 13: você passa embaixo duma escada, cruza com um gato preto e Temer presidente! Rarará! E atenção! Bafo! Substituto do Cunha, mistura de Tiririca com Compadre Washington, anula processo do impeachment! Não tô entendendo mais nada. Vai ser com emoção? Mudou tudo? É o golpe do golpe? Rarará! E aí hoje muda tudo de novo! Vai ter impeachment! Golpe no golpe do golpe! Não se comemora vitória antes do apito final, é isso? O Brasil tá tão louco que não dá pra acompanhar! Rarará! E o Brasil é lúdico! Olha essa promoção no Dia das Mães direto de Maceió: "Promoção! No mês das mães, na compra de três peças, ganhe uma rasteira grátis". Promoção! Rasteira na mãe. Deve ser alguém do PMDB! Que dá rasteira até na mãe! Foi nessa loja que o Temer comprou o presente pra Dilma? Rarará! E o Tasso Jereissati para o Desenvolvimento! Gente, esse ministério do Temer tá parecendo o Cemitério dos Elefantes! É mole? É mole, mas sobe! Os Predestinados! E um amigo foi demitido da empresa. Falaram pra ele: "Agora você passa no RH e fala com a Nadia Apocalypse". Rarará! "Apocalypse Now" na empresa! Vai demitir o Brasil inteiro! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! | 10 |
Réus choram diante de jurados e dizem rezar por vítimas de chacina | O interrogatório dos acusados da participação na maior chacina da história de São Paulo foi marcado nesta quarta (20) pelo choro dos policiais militares, que negaram participação nas mortes e disseram rezar pelas famílias das vítimas. O soldado Thiago Barbosa Henklain, por exemplo, chegou a chorar compulsivamente em suas declarações finais, a ponto de provocar a suspensão do julgamento por cerca de cinco minutos para que ele pudesse se recompor. Neste momento, parte do público, formado em sua maioria por famílias de policiais militares e guardas municipais, também foi às lágrimas. "Sou inocente. Não posso colocar minha dor no mesmo patamar dessas famílias, mas minha família tem sofrido muito nesse dois anos. Estou preso, não pude ver os primeiros passos do meu filho...", disse Henklain, quando entrou em prantos. Quando retornou ao plenário, disse que jamais participaria de "cenas tão bárbaras" como as vistas na noite de 13 de agosto de 2013 e que tem "orado para todas essas famílias". O policial é acusado de participar da morte de 17 pessoas em 13 de agosto de 2013. Ele é policial em Osasco e trabalhava na mesma unidade do PM assassinado dias antes e que teria desencadeado a chacina. Já o soldado da Rota Fabrício Eleutério, que chorou ao falar dos pais, iniciou sua fala dizendo que queria ser castigado por Deus se mentisse aos jurados. "Minha religião não permite rezar, mas quero que Deus me dê um câncer se o que eu falar aqui não forem coisas verdadeiras", disse ele. "Eu sou inocente. Não tirei a vida de nenhuma dessas vítimas", afirmou o policial que disse ser cristão e que "ama amar o próximo". O mais comedido dos réus foi o guarda municipal de Barueri, Sérgio Manhanhã, que não chorou e apenas respondeu às perguntas feitas pela Justiça e pelo Ministério Público, sem declarações como as dos colegas. Ele é acusado de dar apoio moral ao afastar carros da guarda de regiões onde iriam ocorrer os ataques. Os comandantes da guarda à época, porém, afirmam que ele não tinha autoridade para movimentar as patrulhas, que ficaram nos postos pré-estabelecidos no início do mês. Nenhum dos réus se recusou a responder perguntas da acusação. Nesta quinta (21) devem iniciar os debates. O julgamento deve terminar na sexta (22). | cotidiano | Réus choram diante de jurados e dizem rezar por vítimas de chacinaO interrogatório dos acusados da participação na maior chacina da história de São Paulo foi marcado nesta quarta (20) pelo choro dos policiais militares, que negaram participação nas mortes e disseram rezar pelas famílias das vítimas. O soldado Thiago Barbosa Henklain, por exemplo, chegou a chorar compulsivamente em suas declarações finais, a ponto de provocar a suspensão do julgamento por cerca de cinco minutos para que ele pudesse se recompor. Neste momento, parte do público, formado em sua maioria por famílias de policiais militares e guardas municipais, também foi às lágrimas. "Sou inocente. Não posso colocar minha dor no mesmo patamar dessas famílias, mas minha família tem sofrido muito nesse dois anos. Estou preso, não pude ver os primeiros passos do meu filho...", disse Henklain, quando entrou em prantos. Quando retornou ao plenário, disse que jamais participaria de "cenas tão bárbaras" como as vistas na noite de 13 de agosto de 2013 e que tem "orado para todas essas famílias". O policial é acusado de participar da morte de 17 pessoas em 13 de agosto de 2013. Ele é policial em Osasco e trabalhava na mesma unidade do PM assassinado dias antes e que teria desencadeado a chacina. Já o soldado da Rota Fabrício Eleutério, que chorou ao falar dos pais, iniciou sua fala dizendo que queria ser castigado por Deus se mentisse aos jurados. "Minha religião não permite rezar, mas quero que Deus me dê um câncer se o que eu falar aqui não forem coisas verdadeiras", disse ele. "Eu sou inocente. Não tirei a vida de nenhuma dessas vítimas", afirmou o policial que disse ser cristão e que "ama amar o próximo". O mais comedido dos réus foi o guarda municipal de Barueri, Sérgio Manhanhã, que não chorou e apenas respondeu às perguntas feitas pela Justiça e pelo Ministério Público, sem declarações como as dos colegas. Ele é acusado de dar apoio moral ao afastar carros da guarda de regiões onde iriam ocorrer os ataques. Os comandantes da guarda à época, porém, afirmam que ele não tinha autoridade para movimentar as patrulhas, que ficaram nos postos pré-estabelecidos no início do mês. Nenhum dos réus se recusou a responder perguntas da acusação. Nesta quinta (21) devem iniciar os debates. O julgamento deve terminar na sexta (22). | 6 |
Reforma política quer manter tudo do jeito que está, diz Dallagnol em SP | A reforma política em discussão na Câmara dos Deputados e que tem entre os principais pontos o chamado distritão e o fundo de financiamento eleitoral objetiva manter "tudo como sempre esteve", afirmou neste sábado (26) o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Em palestra no 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, Dallagnol afirmou que, como está hoje, a reforma política não será suficiente para desestimular práticas de corrupção no país. "A reforma que está sendo proposta objetiva mudar tudo para que tudo permaneça como está", afirmou no evento, promovido pela empresa B3, em Campos do Jordão (SP). "O contexto desta reforma é um contexto em que existe uma secagem das fontes ilícitas a partir da Lava Jato." Para ele, as propostas que foram oferecidas tendem a manter quem está lá, "a velha política no seu lugar". "O distritão objetiva tornar as campanhas bastante caras, por meio de eleições em grandes distritos, que são os Estados, com o uso das máquinas eleitorais a que os políticos tradicionais têm acesso", disse. Pelo distritão, apenas os candidatos com mais votos são eleitos. Hoje, os votos são computados para o candidato e para o partido dele. Já o fundo de financiamento às campanhas, "em época de crise fiscal, colocará uma verba extraordinária nas mãos de caciques partidários, que poderão distribuir para os velhos políticos que estiveram ali por décadas". Segundo ele, os sistemas corruptos não mudam "porque quem tem o poder de mudar as coisas não quer, porque sempre se beneficiou com isso e, se o sistema mudar, essas pessoas correm o risco de ser punidas". Para Dallagnol, o ponto-chave da reforma política deveria ser a queda dos custos das campanhas eleitorais, para diminuir os "estímulos" para que pessoas busquem fontes de arrecadação "à margem da legalidade". Ele defendeu ainda a redução do número de partidos no país, para tornar um sistema de presidencialismo de coalizão "viável". GILMAR Dallagnol afirmou no evento que o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), fere o espírito da Lava Jato e coloca em risco a credibilidade da Justiça. Dallagnol criticou decisões recentes do magistrado de soltar presos na operação. "O que chama a atenção da postura do ministro Gilmar Mendes é uma postura que contraria o espírito da Lava Jato, que é o espírito de que todos devem ser iguais debaixo da lei", afirmou. "O que vemos são manifestações em desacordo com regras que regem a relação com a imprensa e a suspeição e que estão nos nossos códigos dos processos penal e civil, lançando dúvidas sobre a credibilidade de toda a Justiça." O procurador criticou ainda "mudanças de postura" do magistrado. "As posturas dele acabam desgastando a credibilidade da Justiça quando mudanças de posição são realizadas sem que ocorra uma mudança de fato, o que aparentemente aconteceu no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e parece acontecer agora no tocante à execução provisória da pena", disse Dallagnol. "Observamos que a sociedade brasileira tem fome de justiça. E a mudança de posição do Supremo mata a sociedade brasileira de inanição." Nesta semana, Gilmar Mendes concedeu habeas corpus (liberdade provisória) a um homem que estava preso depois de ser condenado por um juiz e por um tribunal. A decisão contraria a posição do próprio ministro em 2016 durante julgamento no Supremo. O ministro também mandou soltar empresários de ônibus do Rio presos em desdobramento da Lava Jato. PRETENSÃO POLÍTICA No evento, Dallagnol negou que estude uma eventual candidatura política. "Não tenho nenhuma pretensão política, mas não descarto nenhum plano de carreira para o futuro em diferentes profissões públicas ou privadas em que eu possa encontrar meio para servir a sociedade", afirmou. Ele disse ter sido procurado por quatro partidos políticos, sem citar quais. "Mas, por entender que isso não seria adequado, a partir da posição em que estou, que esse contato poderia ser mal-interpretado, eu decidi recusar educadamente esses quatro convites que recebi para conhecer, não para disputar eleições, nada explícito nesse sentido", ressaltou. PARTIDOS DEMAIS O congresso, que reúne especialistas do mercado financeiro, teve também a participação do economista Eduardo Giannetti e do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ao defender a diminuição do número de partidos no Brasil, o economista afirmou: "Não dá para imaginar um país como o nosso com mais de quatro ou cinco partidos que de fato representam correntes de opinião relevantes na sociedade brasileira". "Nós precisamos sair da relação entre Congresso e Executivo, que é uma relação de parasito-hospedeiro, para uma relação em que o Executivo tem no Congresso uma base de sustentação calcada em programa e acordo de propostas." Giannetti elogiou a Lava Jato, mas afirmou que a operação "não é suficiente para a resolução dos problemas" do país. "Se não mudarmos as regras do jogo político, se não melhorarmos a qualidade dos jogadores, o jogo vai degringolar de novo", disse. "A Lava Jato escancarou o tamanho da encrenca e o tamanho do câncer que tem no Brasil". LULA Eduardo Giannetti falou ainda sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018. Segundo ele, se o petista for candidato, "é quase inevitável uma polarização extrema do processo eleitoral". "Será o Lula versus o 'anti-Lula'. Rapidamente vai se configurar uma situação de polarização extrema", afirmou. Ele defendeu uma solução rápida para a incerteza jurídica em torno da habilitação do ex-presidente para o pleito. "É fundamental para a boa campanha que nós evitemos um cenário de judicialização, ou seja, a questão jurídica se o candidato poderá ou não participar da campanha esteja a todo momento voltando e comandando as atenções e o próprio debate." Nesta sexta (25), reportagem da Folha mostrou que o recurso do ex-presidente chegou em tempo recorde ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, em Porto Alegre. Ele vê dois candidatos desempenhando esse papel de "anti-Lula": o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). "Com Lula candidato, a polarização é quase inevitável. Se Lula não for candidato e tivermos uma decisão rápida do órgão do Judiciário barrando a participação dele pela Lei da Ficha Limpa, vislumbro um cenário de pulverização, inclusive com candidatos se animando a participar da eleição, visto que a eleição estará muito aberta." "O meu grande pesadelo é um segundo turno entre Lula e Bolsonaro", disse. "Será uma campanha sem diálogo, porque ficará interditado o diálogo. Não vejo isso como construtivo para marcarmos os problemas brasileiros. Será um enfrentamento sem construção, de polos que não se comunicam." Para o senador Ronaldo Caiado, mesmo se Lula for impedido de participar da eleição, ele não estará proibido de comparecer aos palanques de candidatos. "Eu preferiria o Lula candidato, para não criarmos no Brasil mais um [Hugo] Chávez [presidente venezuelano morto em 2013], um [Juan Domingo] Perón [ex-presidente argentino], situações que vão dificultar que o Brasil saia dessa cultura populista que foi disseminada entre a população brasileira, com o Estado sendo um gestor e capaz de resolver o problema de todos pela distribuição de dinheiro." "Gostaria que nas eleições de 2018 pudéssemos enfrentá-lo e derrotá-lo nas urnas. Interrompemos um caminho para se chegar à Venezuela", afirmou Caiado. A repórter viajou a convite da empresa B3 | poder | Reforma política quer manter tudo do jeito que está, diz Dallagnol em SPA reforma política em discussão na Câmara dos Deputados e que tem entre os principais pontos o chamado distritão e o fundo de financiamento eleitoral objetiva manter "tudo como sempre esteve", afirmou neste sábado (26) o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato. Em palestra no 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, Dallagnol afirmou que, como está hoje, a reforma política não será suficiente para desestimular práticas de corrupção no país. "A reforma que está sendo proposta objetiva mudar tudo para que tudo permaneça como está", afirmou no evento, promovido pela empresa B3, em Campos do Jordão (SP). "O contexto desta reforma é um contexto em que existe uma secagem das fontes ilícitas a partir da Lava Jato." Para ele, as propostas que foram oferecidas tendem a manter quem está lá, "a velha política no seu lugar". "O distritão objetiva tornar as campanhas bastante caras, por meio de eleições em grandes distritos, que são os Estados, com o uso das máquinas eleitorais a que os políticos tradicionais têm acesso", disse. Pelo distritão, apenas os candidatos com mais votos são eleitos. Hoje, os votos são computados para o candidato e para o partido dele. Já o fundo de financiamento às campanhas, "em época de crise fiscal, colocará uma verba extraordinária nas mãos de caciques partidários, que poderão distribuir para os velhos políticos que estiveram ali por décadas". Segundo ele, os sistemas corruptos não mudam "porque quem tem o poder de mudar as coisas não quer, porque sempre se beneficiou com isso e, se o sistema mudar, essas pessoas correm o risco de ser punidas". Para Dallagnol, o ponto-chave da reforma política deveria ser a queda dos custos das campanhas eleitorais, para diminuir os "estímulos" para que pessoas busquem fontes de arrecadação "à margem da legalidade". Ele defendeu ainda a redução do número de partidos no país, para tornar um sistema de presidencialismo de coalizão "viável". GILMAR Dallagnol afirmou no evento que o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), fere o espírito da Lava Jato e coloca em risco a credibilidade da Justiça. Dallagnol criticou decisões recentes do magistrado de soltar presos na operação. "O que chama a atenção da postura do ministro Gilmar Mendes é uma postura que contraria o espírito da Lava Jato, que é o espírito de que todos devem ser iguais debaixo da lei", afirmou. "O que vemos são manifestações em desacordo com regras que regem a relação com a imprensa e a suspeição e que estão nos nossos códigos dos processos penal e civil, lançando dúvidas sobre a credibilidade de toda a Justiça." O procurador criticou ainda "mudanças de postura" do magistrado. "As posturas dele acabam desgastando a credibilidade da Justiça quando mudanças de posição são realizadas sem que ocorra uma mudança de fato, o que aparentemente aconteceu no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e parece acontecer agora no tocante à execução provisória da pena", disse Dallagnol. "Observamos que a sociedade brasileira tem fome de justiça. E a mudança de posição do Supremo mata a sociedade brasileira de inanição." Nesta semana, Gilmar Mendes concedeu habeas corpus (liberdade provisória) a um homem que estava preso depois de ser condenado por um juiz e por um tribunal. A decisão contraria a posição do próprio ministro em 2016 durante julgamento no Supremo. O ministro também mandou soltar empresários de ônibus do Rio presos em desdobramento da Lava Jato. PRETENSÃO POLÍTICA No evento, Dallagnol negou que estude uma eventual candidatura política. "Não tenho nenhuma pretensão política, mas não descarto nenhum plano de carreira para o futuro em diferentes profissões públicas ou privadas em que eu possa encontrar meio para servir a sociedade", afirmou. Ele disse ter sido procurado por quatro partidos políticos, sem citar quais. "Mas, por entender que isso não seria adequado, a partir da posição em que estou, que esse contato poderia ser mal-interpretado, eu decidi recusar educadamente esses quatro convites que recebi para conhecer, não para disputar eleições, nada explícito nesse sentido", ressaltou. PARTIDOS DEMAIS O congresso, que reúne especialistas do mercado financeiro, teve também a participação do economista Eduardo Giannetti e do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ao defender a diminuição do número de partidos no Brasil, o economista afirmou: "Não dá para imaginar um país como o nosso com mais de quatro ou cinco partidos que de fato representam correntes de opinião relevantes na sociedade brasileira". "Nós precisamos sair da relação entre Congresso e Executivo, que é uma relação de parasito-hospedeiro, para uma relação em que o Executivo tem no Congresso uma base de sustentação calcada em programa e acordo de propostas." Giannetti elogiou a Lava Jato, mas afirmou que a operação "não é suficiente para a resolução dos problemas" do país. "Se não mudarmos as regras do jogo político, se não melhorarmos a qualidade dos jogadores, o jogo vai degringolar de novo", disse. "A Lava Jato escancarou o tamanho da encrenca e o tamanho do câncer que tem no Brasil". LULA Eduardo Giannetti falou ainda sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018. Segundo ele, se o petista for candidato, "é quase inevitável uma polarização extrema do processo eleitoral". "Será o Lula versus o 'anti-Lula'. Rapidamente vai se configurar uma situação de polarização extrema", afirmou. Ele defendeu uma solução rápida para a incerteza jurídica em torno da habilitação do ex-presidente para o pleito. "É fundamental para a boa campanha que nós evitemos um cenário de judicialização, ou seja, a questão jurídica se o candidato poderá ou não participar da campanha esteja a todo momento voltando e comandando as atenções e o próprio debate." Nesta sexta (25), reportagem da Folha mostrou que o recurso do ex-presidente chegou em tempo recorde ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, em Porto Alegre. Ele vê dois candidatos desempenhando esse papel de "anti-Lula": o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). "Com Lula candidato, a polarização é quase inevitável. Se Lula não for candidato e tivermos uma decisão rápida do órgão do Judiciário barrando a participação dele pela Lei da Ficha Limpa, vislumbro um cenário de pulverização, inclusive com candidatos se animando a participar da eleição, visto que a eleição estará muito aberta." "O meu grande pesadelo é um segundo turno entre Lula e Bolsonaro", disse. "Será uma campanha sem diálogo, porque ficará interditado o diálogo. Não vejo isso como construtivo para marcarmos os problemas brasileiros. Será um enfrentamento sem construção, de polos que não se comunicam." Para o senador Ronaldo Caiado, mesmo se Lula for impedido de participar da eleição, ele não estará proibido de comparecer aos palanques de candidatos. "Eu preferiria o Lula candidato, para não criarmos no Brasil mais um [Hugo] Chávez [presidente venezuelano morto em 2013], um [Juan Domingo] Perón [ex-presidente argentino], situações que vão dificultar que o Brasil saia dessa cultura populista que foi disseminada entre a população brasileira, com o Estado sendo um gestor e capaz de resolver o problema de todos pela distribuição de dinheiro." "Gostaria que nas eleições de 2018 pudéssemos enfrentá-lo e derrotá-lo nas urnas. Interrompemos um caminho para se chegar à Venezuela", afirmou Caiado. A repórter viajou a convite da empresa B3 | 0 |
Presente de grego | Tiago acabou de entrar na universidade e recebeu um presente inesperado do banco, logo depois de abrir uma conta-corrente: um cartão de crédito com limite de R$ 4.000! Aos 18 anos, sem emprego fixo e sem nenhuma fonte de renda, achou o máximo! O cartão de crédito caiu como uma luva! Ele estava mesmo precisando de dinheiro para dar uma melhorada no visual, um celular novo, comprar livros acadêmicos, acompanhar os amigos nos bares mais frequentados. Sem nenhuma experiência ou orientação, Tiago não sabe que se trata de um presente de grego, que, em vez de um benefício, trará malefício e grandes problemas financeiros se for usado de forma equivocada. Tiago fez a primeira compra, um smartphone é claro, no valor de R$ 800, e pagou com o cartão de crédito. O que ele não sabe é que acabou de contrair uma dívida, sem juros, até a data do vencimento da fatura. Após essa data, sobre o valor que não foi pago (saldo devedor), pagará juros de 15% ao mês, parecido com os juros cobrados por agiotas em operações de crédito muito arriscadas. Isso mesmo, pagará em um único mês mais do que o mercado paga em aplicações financeiras de um ano inteiro! Com que dinheiro ele vai pagar a fatura? Não faz ideia... Quem sabe até lá ele ganha na loteria ou arranja um emprego, ou melhor ainda, o banco diz que era mesmo um presente e que não precisa pagar nada. A informação está lá, na fatura do cartão, mas ele não leu, e, se leu, não tem noção do que significa. Então vou explicar, em alto e bom som! Cartão de crédito não é dinheiro! Na verdade, é dinheiro, só que dos outros, e não seu! Se você usar esse generoso presente que não pediu e o surpreendeu quando ganhou, vai entrar em um rolo compressor do qual será muito difícil se desvencilhar. A dívida de Tiago, que parece inocente, afinal é apenas uma pequena parte do limite que alguém teve a coragem e a ousadia de oferecer, vai crescer muito rápido até se transformar em um valor impagável. Se Tiago não comprar mais nada, o valor da segunda fatura será de R$ 920. A terceira fatura, R$ 1.058; a quarta R$ 1.216. No próximo aniversário, quando completar 19 anos, Tiago terá uma dívida de R$ 4.280. E pensar que tudo começou com uma compra de R$ 800. Um ano depois ele deve mais de cinco vezes o valor financiado! Se a empolgação fosse maior e Tiago tivesse usado todo o limite de R$ 4.000, um ano depois, teria uma dívida de R$ 21.400!! Impensável para um jovem, ainda estudante, em busca do primeiro emprego, que se deixou levar pela sensação de poder comprar o que bem entendesse. Parece piada de mau gosto, mas não é. O problema é muito mais sério do que, a princípio, as pessoas imaginam. Muita gente, jovem e adulta, está em situação semelhante à de Tiago. Silvia, 40 anos, ganha R$ 4.000 e deve R$ 100 mil, dívida contraída para pagar compromissos assumidos com o cartão de crédito. Se a dívida fosse congelada hoje, todo o salário dela dos próximos dois anos seria destinado para pagar essa dívida. Como isso não vai acontecer, a dívida vai continuar crescendo em ritmo acelerado, e Silvia tem um problemão para resolver. Não caia nessa armadilha. Compre somente o que cabe no seu bolso. Use o velho e bom método de pagar tudo em dinheiro. Mude seus hábitos de consumo. Pense, planeje antes de gastar. Esqueça o limite que te deram e estabeleça o seu limite para gastar. Faça escolhas, priorize, compre só o necessário, o que realmente tem importância. Se endividado, peça ajuda a parentes e amigos. Não me refiro a pedir dinheiro emprestado, mas ajuda para encontrar o caminho certo e mudar o final dessa história. Mantenha esse cavalo de troia bem longe de você! | colunas | Presente de gregoTiago acabou de entrar na universidade e recebeu um presente inesperado do banco, logo depois de abrir uma conta-corrente: um cartão de crédito com limite de R$ 4.000! Aos 18 anos, sem emprego fixo e sem nenhuma fonte de renda, achou o máximo! O cartão de crédito caiu como uma luva! Ele estava mesmo precisando de dinheiro para dar uma melhorada no visual, um celular novo, comprar livros acadêmicos, acompanhar os amigos nos bares mais frequentados. Sem nenhuma experiência ou orientação, Tiago não sabe que se trata de um presente de grego, que, em vez de um benefício, trará malefício e grandes problemas financeiros se for usado de forma equivocada. Tiago fez a primeira compra, um smartphone é claro, no valor de R$ 800, e pagou com o cartão de crédito. O que ele não sabe é que acabou de contrair uma dívida, sem juros, até a data do vencimento da fatura. Após essa data, sobre o valor que não foi pago (saldo devedor), pagará juros de 15% ao mês, parecido com os juros cobrados por agiotas em operações de crédito muito arriscadas. Isso mesmo, pagará em um único mês mais do que o mercado paga em aplicações financeiras de um ano inteiro! Com que dinheiro ele vai pagar a fatura? Não faz ideia... Quem sabe até lá ele ganha na loteria ou arranja um emprego, ou melhor ainda, o banco diz que era mesmo um presente e que não precisa pagar nada. A informação está lá, na fatura do cartão, mas ele não leu, e, se leu, não tem noção do que significa. Então vou explicar, em alto e bom som! Cartão de crédito não é dinheiro! Na verdade, é dinheiro, só que dos outros, e não seu! Se você usar esse generoso presente que não pediu e o surpreendeu quando ganhou, vai entrar em um rolo compressor do qual será muito difícil se desvencilhar. A dívida de Tiago, que parece inocente, afinal é apenas uma pequena parte do limite que alguém teve a coragem e a ousadia de oferecer, vai crescer muito rápido até se transformar em um valor impagável. Se Tiago não comprar mais nada, o valor da segunda fatura será de R$ 920. A terceira fatura, R$ 1.058; a quarta R$ 1.216. No próximo aniversário, quando completar 19 anos, Tiago terá uma dívida de R$ 4.280. E pensar que tudo começou com uma compra de R$ 800. Um ano depois ele deve mais de cinco vezes o valor financiado! Se a empolgação fosse maior e Tiago tivesse usado todo o limite de R$ 4.000, um ano depois, teria uma dívida de R$ 21.400!! Impensável para um jovem, ainda estudante, em busca do primeiro emprego, que se deixou levar pela sensação de poder comprar o que bem entendesse. Parece piada de mau gosto, mas não é. O problema é muito mais sério do que, a princípio, as pessoas imaginam. Muita gente, jovem e adulta, está em situação semelhante à de Tiago. Silvia, 40 anos, ganha R$ 4.000 e deve R$ 100 mil, dívida contraída para pagar compromissos assumidos com o cartão de crédito. Se a dívida fosse congelada hoje, todo o salário dela dos próximos dois anos seria destinado para pagar essa dívida. Como isso não vai acontecer, a dívida vai continuar crescendo em ritmo acelerado, e Silvia tem um problemão para resolver. Não caia nessa armadilha. Compre somente o que cabe no seu bolso. Use o velho e bom método de pagar tudo em dinheiro. Mude seus hábitos de consumo. Pense, planeje antes de gastar. Esqueça o limite que te deram e estabeleça o seu limite para gastar. Faça escolhas, priorize, compre só o necessário, o que realmente tem importância. Se endividado, peça ajuda a parentes e amigos. Não me refiro a pedir dinheiro emprestado, mas ajuda para encontrar o caminho certo e mudar o final dessa história. Mantenha esse cavalo de troia bem longe de você! | 10 |
Temer flexibiliza preservação em floresta do Pará e legaliza posseiros | Em ação criticada por ambientalistas e celebrada por posseiros, o presidente Michel Temer assinou uma medida provisória que abre o caminho para a regularização de dezenas de estabelecimentos rurais localizados dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxin, no sudoeste do Pará. A MP 756, publicada nesta quarta (20), retirou 305 mil hectares (o equivalente a quase duas cidades de São Paulo) da Flona, que agora passam a ser parte da recém-criada Área de Proteção Ambiental (APA) Jamanxin. Com isso, se reduz o nível de proteção legal, permitindo a permanência dos posseiros. A mudança contraria relatório de 2009 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), segundo o qual apenas uma área de 35 mil hectares deveria ser excluída da Flona. "Existem apenas posseiros, basicamente com documentos de compra e venda, com pretensões fundiárias quase que exclusivamente de grandes extensões, com alta concentração fundiária, e que refletem uma ocupação voltada à pecuária extensiva", afirma o relatório, que defendia a "desintrusão" da maioria dos ocupantes ilegais. A criação da APA, que incorpora outras 230 mil hectares de áreas que não estavam protegidas, faz parte de um pacote de mudanças, por meio de duas medidas provisórias, em quatro unidades de conservação no entorno da rodovia BR-163, usada para escoar a produção agrícola de Mato Grosso. A Flona Jamanxin é a unidade de conservação com o maior incremento de desmatamento do país. A área de influência da rodovia concentra 70% dos novos desmates da Amazônia Legal. A unidade tem registrado episódios de violência relacionados à madeira e ao garimpo. Em junho, um PM foi morto a tiros quando participava de uma operação do Ibama contra madeireiros. A criação da APA contradiz recomendação do Ministério Público Federal, que entrou com uma ação civil pública contra qualquer mudança na Flona. A Justiça Federal ainda não julgou o caso. Para Elis Araújo, da ONG Imazon, a mensagem que o governo transmite é de que "vale a pena ocupar terra pública dentro de unidade de conservação". "Como se justifica alterar uma unidade de conservação para beneficiar médios e grandes pecuaristas? Que tipo de atividade o governo está estimulando para o país?" Em linha semelhante, Nurit Bensusan, do ISA (Instituto Socioambiental), afirma que as alterações, embora aumentem a área preservada, deverão estimular invasões em unidades de conservação. "Do ponto de vista aritmético, não foi tão ruim assim. Mas o problema é o precedente que isso abre. Depois que a Flona foi criada, muitas áreas foram desmatadas. E agora eles estão pegando parte dessas áreas e colocando pra fora da Flona". Beneficiada pela medida, Mônica dos Santos, presidente da Associação dos Produtores Rurais das Glebas Embaúba e Gorotire, disse que "foi um grande avanço nestes oito anos de luta". Ela afirma que 80% dos posseiros ficaram dentro da APA. Santos ocupa mil hectares e diz ter cerca de 200 cabeças de gado. Ela afirma que respeita os 80% de área preservada exigidos pela lei, mas que não sabe por que a Flona tem altas taxas de desmate. Segundo Paulo Carneiro, diretor de criação e manejo de unidades de conservação do ICMBio, houve mudanças no conhecimento da região desde 2009 e que a APA permitirá que o órgão aprimore a governabilidade no local. Carneiro admitiu que regularizar áreas desmatadas é um caminho prejudicial, mas que, nesse caso, a mudança diminuirá o desmate. "Investimos em ações de comando e controle e estávamos numa escalada de conflito que estava exterminando as nossas possibilidades de diálogo." - FLORESTA NACIONAL (FLONA) DO JAMANXIM CRIADA EM: 2006 com 1.301.000 hectares MUDANÇA: a área perdeu 743,5 mil hectares. Desse total, 304,8 mil hectares foram para a recém-criada Área de Proteção Ambiental Jamanxim, onde está a maioria dos posseiros, que agora podem ser regularizados. O restante foi para o Parque Nacional Rio Novo. ÁREA DESMATADA: 11,7% ESTABELECIMENTOS RURAIS: 257 TAMANHO MÉDIO DAS PROPRIEDADES: 1.772 ha 81% praticam pecuária como atividade principal 67,7% dos moradores chegaram pouco antes ou depois da criação da Flona 80% se beneficiaram com a MP Fonte: ICMBio, Prodes (Inpe) e Associação dos Produtores Rurais das Glebas Embaúba e Gorotire. | ambiente | Temer flexibiliza preservação em floresta do Pará e legaliza posseirosEm ação criticada por ambientalistas e celebrada por posseiros, o presidente Michel Temer assinou uma medida provisória que abre o caminho para a regularização de dezenas de estabelecimentos rurais localizados dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxin, no sudoeste do Pará. A MP 756, publicada nesta quarta (20), retirou 305 mil hectares (o equivalente a quase duas cidades de São Paulo) da Flona, que agora passam a ser parte da recém-criada Área de Proteção Ambiental (APA) Jamanxin. Com isso, se reduz o nível de proteção legal, permitindo a permanência dos posseiros. A mudança contraria relatório de 2009 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), segundo o qual apenas uma área de 35 mil hectares deveria ser excluída da Flona. "Existem apenas posseiros, basicamente com documentos de compra e venda, com pretensões fundiárias quase que exclusivamente de grandes extensões, com alta concentração fundiária, e que refletem uma ocupação voltada à pecuária extensiva", afirma o relatório, que defendia a "desintrusão" da maioria dos ocupantes ilegais. A criação da APA, que incorpora outras 230 mil hectares de áreas que não estavam protegidas, faz parte de um pacote de mudanças, por meio de duas medidas provisórias, em quatro unidades de conservação no entorno da rodovia BR-163, usada para escoar a produção agrícola de Mato Grosso. A Flona Jamanxin é a unidade de conservação com o maior incremento de desmatamento do país. A área de influência da rodovia concentra 70% dos novos desmates da Amazônia Legal. A unidade tem registrado episódios de violência relacionados à madeira e ao garimpo. Em junho, um PM foi morto a tiros quando participava de uma operação do Ibama contra madeireiros. A criação da APA contradiz recomendação do Ministério Público Federal, que entrou com uma ação civil pública contra qualquer mudança na Flona. A Justiça Federal ainda não julgou o caso. Para Elis Araújo, da ONG Imazon, a mensagem que o governo transmite é de que "vale a pena ocupar terra pública dentro de unidade de conservação". "Como se justifica alterar uma unidade de conservação para beneficiar médios e grandes pecuaristas? Que tipo de atividade o governo está estimulando para o país?" Em linha semelhante, Nurit Bensusan, do ISA (Instituto Socioambiental), afirma que as alterações, embora aumentem a área preservada, deverão estimular invasões em unidades de conservação. "Do ponto de vista aritmético, não foi tão ruim assim. Mas o problema é o precedente que isso abre. Depois que a Flona foi criada, muitas áreas foram desmatadas. E agora eles estão pegando parte dessas áreas e colocando pra fora da Flona". Beneficiada pela medida, Mônica dos Santos, presidente da Associação dos Produtores Rurais das Glebas Embaúba e Gorotire, disse que "foi um grande avanço nestes oito anos de luta". Ela afirma que 80% dos posseiros ficaram dentro da APA. Santos ocupa mil hectares e diz ter cerca de 200 cabeças de gado. Ela afirma que respeita os 80% de área preservada exigidos pela lei, mas que não sabe por que a Flona tem altas taxas de desmate. Segundo Paulo Carneiro, diretor de criação e manejo de unidades de conservação do ICMBio, houve mudanças no conhecimento da região desde 2009 e que a APA permitirá que o órgão aprimore a governabilidade no local. Carneiro admitiu que regularizar áreas desmatadas é um caminho prejudicial, mas que, nesse caso, a mudança diminuirá o desmate. "Investimos em ações de comando e controle e estávamos numa escalada de conflito que estava exterminando as nossas possibilidades de diálogo." - FLORESTA NACIONAL (FLONA) DO JAMANXIM CRIADA EM: 2006 com 1.301.000 hectares MUDANÇA: a área perdeu 743,5 mil hectares. Desse total, 304,8 mil hectares foram para a recém-criada Área de Proteção Ambiental Jamanxim, onde está a maioria dos posseiros, que agora podem ser regularizados. O restante foi para o Parque Nacional Rio Novo. ÁREA DESMATADA: 11,7% ESTABELECIMENTOS RURAIS: 257 TAMANHO MÉDIO DAS PROPRIEDADES: 1.772 ha 81% praticam pecuária como atividade principal 67,7% dos moradores chegaram pouco antes ou depois da criação da Flona 80% se beneficiaram com a MP Fonte: ICMBio, Prodes (Inpe) e Associação dos Produtores Rurais das Glebas Embaúba e Gorotire. | 7 |
Retrato fiel do Rio, 'Rappa Mundi' completa 20 anos | RIO DE JANEIRO - Há 20 anos foi lançado um disco que traduziu como poucos o caos social do Rio de então: "O Rappa Mundi", da banda carioca capitaneada pelos Marcelos Yuka (principal compositor e baterista) e Falcão (vocalista). Da abertura com "A Feira" — sobre o movimento de uma boca de drogas, na qual "vem maluco, vem madame, vem maurício, vem atriz" — até o encerramento com "Óia o Rapa" (sobre as famigeradas blitze contra os camelôs), são diversas as faixas que retratam com humor e sagacidade a metrópole em ebulição. É um tanto desalentador ouvir o CD e perceber que ele reflete o Rio atual, que está retrocedendo ao pandemônio de duas décadas atrás. Os confrontos na Cidade de Deus no último sábado (19) são apenas mais um sintoma. Após a operação policial na favela, que resultou na queda de um helicóptero da PM e na morte de seus quatro ocupantes, sete corpos de moradores foram encontrados com sinais de execução em uma mata. Traficantes, dizem os policiais. "Tudo bem, ele era o bicho, mas saiu daqui inteiro e até chegar ao hospital ganhou três tiros no peito. E a galera daqui fez igual fizeram em Vigário Geral: todo mundo pra rua, aumentar o som, pra causar algum tipo de repercussão", diz a letra de "Tumulto". Com a notícia de que uma juíza autorizou a polícia a fazer buscas e apreensões coletivas na favela —uma temeridade, para dizer o mínimo—, é sempre bom lembrar que "menos de 5% dos caras do local são dedicados a alguma atividade marginal" e que "a grande maioria daria um livro por dia, sobre arte, honestidade e sacrifício", como Falcão e seu xará D2 (outro grande cronista daqueles tempos) cantam na ótima versão para "Hey Joe". Tomara que, assim como em 1996, estes tempos sombrios ao menos sirvam de inspiração para jovens atentos fazerem denúncia em forma de arte duradoura. | colunas | Retrato fiel do Rio, 'Rappa Mundi' completa 20 anosRIO DE JANEIRO - Há 20 anos foi lançado um disco que traduziu como poucos o caos social do Rio de então: "O Rappa Mundi", da banda carioca capitaneada pelos Marcelos Yuka (principal compositor e baterista) e Falcão (vocalista). Da abertura com "A Feira" — sobre o movimento de uma boca de drogas, na qual "vem maluco, vem madame, vem maurício, vem atriz" — até o encerramento com "Óia o Rapa" (sobre as famigeradas blitze contra os camelôs), são diversas as faixas que retratam com humor e sagacidade a metrópole em ebulição. É um tanto desalentador ouvir o CD e perceber que ele reflete o Rio atual, que está retrocedendo ao pandemônio de duas décadas atrás. Os confrontos na Cidade de Deus no último sábado (19) são apenas mais um sintoma. Após a operação policial na favela, que resultou na queda de um helicóptero da PM e na morte de seus quatro ocupantes, sete corpos de moradores foram encontrados com sinais de execução em uma mata. Traficantes, dizem os policiais. "Tudo bem, ele era o bicho, mas saiu daqui inteiro e até chegar ao hospital ganhou três tiros no peito. E a galera daqui fez igual fizeram em Vigário Geral: todo mundo pra rua, aumentar o som, pra causar algum tipo de repercussão", diz a letra de "Tumulto". Com a notícia de que uma juíza autorizou a polícia a fazer buscas e apreensões coletivas na favela —uma temeridade, para dizer o mínimo—, é sempre bom lembrar que "menos de 5% dos caras do local são dedicados a alguma atividade marginal" e que "a grande maioria daria um livro por dia, sobre arte, honestidade e sacrifício", como Falcão e seu xará D2 (outro grande cronista daqueles tempos) cantam na ótima versão para "Hey Joe". Tomara que, assim como em 1996, estes tempos sombrios ao menos sirvam de inspiração para jovens atentos fazerem denúncia em forma de arte duradoura. | 10 |
LinkedIn lança sistema de mensagens que permite uso de GIFs e figurinhas | Principal rede social com foco profissional, o LinkedIn lançou nesta terça-feira (1º) uma reformulada ferramenta para chats entre os usuários. O novo serviço, que começou a ser disponibilizado gradativamente para quem usa a rede, lembra muito o do Facebook, com uma barra na esquerda mostrando os contatos das últimas conversas, além de uma tela no meio, onde aparecem as mensagens. Além das opções de anexar fotos e documentos nas conversas, que já existiam, agora também será possível mandar figurinhas, emojis e GIFs para os contatos. O LinkedIn ainda anunciou mudanças no sistema de notificações sobre as conversas enviadas por e-mail ou para o celular. O novo chat começou a ser liberado para usuários de países de língua inglesa nesta segunda, tanto para a versão desktop da rede social quanto para quem usa o aplicativo em celulares com sistema operacional Android e iOS. Os demais membros da rede vão receber as novidades nas próximas semanas. No post em seu blog oficial, o LinkedIn disse que está trabalhando em um assistente virtual para facilitar as conversas, que poderá sugerir outros usuários para iniciar um bate-papo e dar mais informações sobre a pessoa, além de mudanças nas opções em áudio e vídeo. No fim de julho, o LinkedIn já havia anunciado um plano para diminuir o número de e-mails enviados, uma das principais reclamações dos usuários da rede. | tec | LinkedIn lança sistema de mensagens que permite uso de GIFs e figurinhasPrincipal rede social com foco profissional, o LinkedIn lançou nesta terça-feira (1º) uma reformulada ferramenta para chats entre os usuários. O novo serviço, que começou a ser disponibilizado gradativamente para quem usa a rede, lembra muito o do Facebook, com uma barra na esquerda mostrando os contatos das últimas conversas, além de uma tela no meio, onde aparecem as mensagens. Além das opções de anexar fotos e documentos nas conversas, que já existiam, agora também será possível mandar figurinhas, emojis e GIFs para os contatos. O LinkedIn ainda anunciou mudanças no sistema de notificações sobre as conversas enviadas por e-mail ou para o celular. O novo chat começou a ser liberado para usuários de países de língua inglesa nesta segunda, tanto para a versão desktop da rede social quanto para quem usa o aplicativo em celulares com sistema operacional Android e iOS. Os demais membros da rede vão receber as novidades nas próximas semanas. No post em seu blog oficial, o LinkedIn disse que está trabalhando em um assistente virtual para facilitar as conversas, que poderá sugerir outros usuários para iniciar um bate-papo e dar mais informações sobre a pessoa, além de mudanças nas opções em áudio e vídeo. No fim de julho, o LinkedIn já havia anunciado um plano para diminuir o número de e-mails enviados, uma das principais reclamações dos usuários da rede. | 5 |
Prefeito eleito de Osasco sai da prisão e vai pagar fiança após feriado | O prefeito eleito de Osasco, Rogério Lins (PTN) deixou a a penitenciária estadual de Tremembé, no interior de São Paulo, no começo da tarde desta sexta-feira (30). A Justiça de São Paulo autorizou que ele pague a fiança no valor de R$ 300 mil estipulada para a libertação dele após o feriado bancário de Ano Novo. A defesa de Lins alegou ao Tribunal de Justiça de São Paulo que o fechamento dos bancos impede o pagamento da fiança e a corte determinou que ele faça a quitação no dia 2, primeiro dia útil após o feriado, sob pena de revogação da decisão de soltura. Lins estava preso desde o dia 25 sob a suspeita de ter participado de um esquema envolvendo funcionários fantasmas na Câmara Municipal de Osasco, da qual atualmente é vereador. A decisão de liberar Lins foi tomada pelo desembargador Fábio Gouvêa, da Seção de Direito Criminal do Tribunal de Justiça paulista na quinta (29). Para o magistrado, não havia a necessidade de manter a prisão preventiva de Lins pois ele se apresentou espontaneamente à Polícia Federal no aeroporto internacional de Guarulhos quando voltou de viagem ao exterior. O desembargador estendeu a decisão de soltura a outros 13 vereadores de Osasco que haviam sido atingidos pela decretação de prisão preventiva no âmbito da Operação Caça-Fantasmas promovida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Gouvêa determinou ainda que todos os suspeitos paguem uma fiança no valor de R$ 300 mil, não se ausentem do país e entreguem seus passaportes às autoridades. O magistrado não impôs restrições à posse de Lins como prefeito de Osasco, prevista para o dia 1º de janeiro. O advogado Flávio Christensen Nobre, defensor de Lins, afirmou que "a medida judicial de primeira instância de decretação da prisão foi extremada". "A decisão do Tribunal de Justiça foi legal, legítima e sobretudo técnica, o que não ocorreu em primeira instância", comentou Nobre. Lins foi considerado foragido da Justiça entre o dia 5 de dezembro, data da deflagração de uma das fases da Caça-Fantasmas, e o dia 25, quando se entregou depois de retornar dos Estados Unidos. No último dia 16, quando ainda estava foragido, o atual vereador enviou um representante com uma procuração para receber o diploma de prefeito eleito de Osasco entregue pela Justiça Eleitoral. Após essa diplomação, Lins passou a ter foro privilegiado, e as acusações contra ele serão julgadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. De acordo com as investigações, o esquema em Osasco teria desviado R$ 21 milhões e ainda há suspeitas de que os vereadores também tenham ficado com parte do salário de seus servidores. COLABORAÇÃO No dia 6 de dezembro, o vereador divulgou nota por meio de sua assessoria de imprensa na qual negou a prática de qualquer crime sob apuração na Caça-Fantasmas. Na nota, o vereador disse desconhecer "qualquer motivo que pudesse justificar a medida extrema proferida em seu desfavor, até porque tem colaborado intensamente com as investigações do Ministério Público". Lins apontou que compareceu a uma oitiva em 18 de novembro após intimação da Promotoria e afirmou que naquela oportunidade demonstrou "pormenorizadamente o seu não envolvimento com qualquer ilicitude". "Não bastasse isso, todos os funcionários lotados em seu gabinete foram intimados pelo Ministério Público, e apresentaram informações/defesas por escrito, acompanhadas de documentos comprobatórios do fiel desempenho das funções, não havendo qualquer fraude, ou ato ilícito que possa induzir ao conceito de crime", completou o prefeito eleito. | poder | Prefeito eleito de Osasco sai da prisão e vai pagar fiança após feriadoO prefeito eleito de Osasco, Rogério Lins (PTN) deixou a a penitenciária estadual de Tremembé, no interior de São Paulo, no começo da tarde desta sexta-feira (30). A Justiça de São Paulo autorizou que ele pague a fiança no valor de R$ 300 mil estipulada para a libertação dele após o feriado bancário de Ano Novo. A defesa de Lins alegou ao Tribunal de Justiça de São Paulo que o fechamento dos bancos impede o pagamento da fiança e a corte determinou que ele faça a quitação no dia 2, primeiro dia útil após o feriado, sob pena de revogação da decisão de soltura. Lins estava preso desde o dia 25 sob a suspeita de ter participado de um esquema envolvendo funcionários fantasmas na Câmara Municipal de Osasco, da qual atualmente é vereador. A decisão de liberar Lins foi tomada pelo desembargador Fábio Gouvêa, da Seção de Direito Criminal do Tribunal de Justiça paulista na quinta (29). Para o magistrado, não havia a necessidade de manter a prisão preventiva de Lins pois ele se apresentou espontaneamente à Polícia Federal no aeroporto internacional de Guarulhos quando voltou de viagem ao exterior. O desembargador estendeu a decisão de soltura a outros 13 vereadores de Osasco que haviam sido atingidos pela decretação de prisão preventiva no âmbito da Operação Caça-Fantasmas promovida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Gouvêa determinou ainda que todos os suspeitos paguem uma fiança no valor de R$ 300 mil, não se ausentem do país e entreguem seus passaportes às autoridades. O magistrado não impôs restrições à posse de Lins como prefeito de Osasco, prevista para o dia 1º de janeiro. O advogado Flávio Christensen Nobre, defensor de Lins, afirmou que "a medida judicial de primeira instância de decretação da prisão foi extremada". "A decisão do Tribunal de Justiça foi legal, legítima e sobretudo técnica, o que não ocorreu em primeira instância", comentou Nobre. Lins foi considerado foragido da Justiça entre o dia 5 de dezembro, data da deflagração de uma das fases da Caça-Fantasmas, e o dia 25, quando se entregou depois de retornar dos Estados Unidos. No último dia 16, quando ainda estava foragido, o atual vereador enviou um representante com uma procuração para receber o diploma de prefeito eleito de Osasco entregue pela Justiça Eleitoral. Após essa diplomação, Lins passou a ter foro privilegiado, e as acusações contra ele serão julgadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. De acordo com as investigações, o esquema em Osasco teria desviado R$ 21 milhões e ainda há suspeitas de que os vereadores também tenham ficado com parte do salário de seus servidores. COLABORAÇÃO No dia 6 de dezembro, o vereador divulgou nota por meio de sua assessoria de imprensa na qual negou a prática de qualquer crime sob apuração na Caça-Fantasmas. Na nota, o vereador disse desconhecer "qualquer motivo que pudesse justificar a medida extrema proferida em seu desfavor, até porque tem colaborado intensamente com as investigações do Ministério Público". Lins apontou que compareceu a uma oitiva em 18 de novembro após intimação da Promotoria e afirmou que naquela oportunidade demonstrou "pormenorizadamente o seu não envolvimento com qualquer ilicitude". "Não bastasse isso, todos os funcionários lotados em seu gabinete foram intimados pelo Ministério Público, e apresentaram informações/defesas por escrito, acompanhadas de documentos comprobatórios do fiel desempenho das funções, não havendo qualquer fraude, ou ato ilícito que possa induzir ao conceito de crime", completou o prefeito eleito. | 0 |
Casa reabre nos Jardins moderna e promissora | Para quem conheceu o primeiro restaurante Tête à Tête, que funcionou em Higienópolis entre 2008 e 2009, o primeiro impacto ao visitar sua nova versão, nos Jardins, é produzido pelo ambiente. Antes era uma antiga casa com atmosfera de residência, e era tocada de modo familiar por mãe e filho. Agora, tem uma arquitetura moderna, austera, até fria, totalmente projetada para a função. O novo restaurante é tocado por uma dupla, mas não mais em família. Um deles, oriundo da casa original, é Gabriel Matteuzzi, 38, com formação em Barcelona e passagem por restaurantes importantes como o francês Michel Bras e o brasileiro D.O.M. Foi neste, onde esteve entre 2011 e 2014, que conheceu seu atual sócio, Guilherme Vinha, 31, que tinha estudado na Espanha e trabalhado, em Lima, no Astrid y Gastón. Como no passado, o Tête à Tête arrisca centrar sua oferta no menu-degustação. Hoje existe um menu, bem curto, e é possível pedir à la carte. Mas há duas propostas de degustação, com quatro ou seis pratos principais –basicamente versões reduzidas dos pratos servidos à la carte. A cozinha é moderna, mas está longe de ser experimental ou vanguardista. Com referências a pratos europeus ou brasileiros (há também um peruano), são combinações que parecem familiares, embora procurem surpreender com associações inusitadas. É o que transparece em entradas como o ceviche de frutos do mar, com caldo de tucupi, maracujá e flores de jambu; nas curcubitáceas, um arranjo de vegetais que evoca Michel Bras (mix de abobrinhas e abóboras com vinagrete de toranja e folhas de agrião); e na terrine de foie gras com compota de cupuaçu com damasco, azeite de ciboulette, rúcula e gengibre confit. Nota-se cuidado técnico na preparação de pratos como o linguado, cozido suavemente com creme de couve-flor, azedinha, ervilha-torta e demi-glace; e na costela de boi braseada com manteiga de mandioquinha, catalônia e farofa de mandioca crocante. A sobremesa pode ser um baba no qual o bolo, no lugar de rum, leva uísque 12 anos, e é servido com creme de café ao uísque e sorvete de café. Termina uma degustação leve, num restaurante que retorna promissor. TÊTE À TÊTE - BOM ENDEREÇO r. Doutor Melo Alves, 216, Jardins; tel.(11) 3796-0090 HORÁRIO de ter. a sáb., das 12h às 15h e das 19h30 à 0h AMBIENTE moderno, um pouco frio SERVIÇO competente VINHOS carta pouco extensa, bons produtores, preços nem tanto PREÇOS entradas, de R$ 35 a R$ 45; pratos, de R$ 45 a R$ 72; sobremesas, de R$ 28 a R$ 35; menu-degustação, de R$ 200 a R$ 280; almoço executivo, R$ 49,90 | comida | Casa reabre nos Jardins moderna e promissoraPara quem conheceu o primeiro restaurante Tête à Tête, que funcionou em Higienópolis entre 2008 e 2009, o primeiro impacto ao visitar sua nova versão, nos Jardins, é produzido pelo ambiente. Antes era uma antiga casa com atmosfera de residência, e era tocada de modo familiar por mãe e filho. Agora, tem uma arquitetura moderna, austera, até fria, totalmente projetada para a função. O novo restaurante é tocado por uma dupla, mas não mais em família. Um deles, oriundo da casa original, é Gabriel Matteuzzi, 38, com formação em Barcelona e passagem por restaurantes importantes como o francês Michel Bras e o brasileiro D.O.M. Foi neste, onde esteve entre 2011 e 2014, que conheceu seu atual sócio, Guilherme Vinha, 31, que tinha estudado na Espanha e trabalhado, em Lima, no Astrid y Gastón. Como no passado, o Tête à Tête arrisca centrar sua oferta no menu-degustação. Hoje existe um menu, bem curto, e é possível pedir à la carte. Mas há duas propostas de degustação, com quatro ou seis pratos principais –basicamente versões reduzidas dos pratos servidos à la carte. A cozinha é moderna, mas está longe de ser experimental ou vanguardista. Com referências a pratos europeus ou brasileiros (há também um peruano), são combinações que parecem familiares, embora procurem surpreender com associações inusitadas. É o que transparece em entradas como o ceviche de frutos do mar, com caldo de tucupi, maracujá e flores de jambu; nas curcubitáceas, um arranjo de vegetais que evoca Michel Bras (mix de abobrinhas e abóboras com vinagrete de toranja e folhas de agrião); e na terrine de foie gras com compota de cupuaçu com damasco, azeite de ciboulette, rúcula e gengibre confit. Nota-se cuidado técnico na preparação de pratos como o linguado, cozido suavemente com creme de couve-flor, azedinha, ervilha-torta e demi-glace; e na costela de boi braseada com manteiga de mandioquinha, catalônia e farofa de mandioca crocante. A sobremesa pode ser um baba no qual o bolo, no lugar de rum, leva uísque 12 anos, e é servido com creme de café ao uísque e sorvete de café. Termina uma degustação leve, num restaurante que retorna promissor. TÊTE À TÊTE - BOM ENDEREÇO r. Doutor Melo Alves, 216, Jardins; tel.(11) 3796-0090 HORÁRIO de ter. a sáb., das 12h às 15h e das 19h30 à 0h AMBIENTE moderno, um pouco frio SERVIÇO competente VINHOS carta pouco extensa, bons produtores, preços nem tanto PREÇOS entradas, de R$ 35 a R$ 45; pratos, de R$ 45 a R$ 72; sobremesas, de R$ 28 a R$ 35; menu-degustação, de R$ 200 a R$ 280; almoço executivo, R$ 49,90 | 26 |
Eles têm emoções enormes, diz Sandra Bullock sobre os Minions; veja vídeo | Sandra Bullock e os criadores de "Minions" lançaram um vídeo em que apresentam Kevin, Stuart e Bob, o trio de criaturas amarelas que estrela o filme lançado no fim do mês de junho no Brasil. "Eles podem ser baixinhos, mas as emoções deles são enormes. Você sente o que eles estão dizendo", diz Bullock no vídeo exclusivo. A atriz empresta a voz à vilã Scarlet Overkill. A animação conta a história da origem dos Minions, antes de eles encontrarem Gru, o vilão que lidera a turma em "Meu Malvado Favorito". Criaturas que existem desde o começo dos tempos, os Minions sempre tiveram um único propósito: servir os supervilões. Mas, depois de diversos fracassos, decidem se refugiar em uma caverna de gelo. É aí que aparece Kevin, Stuart e Bob. Os três têm planos bem diferentes e resolvem se aventurar pelo mundo até que conhecem Scarlet Overkill, a personagem de Bullock. | folhinha | Eles têm emoções enormes, diz Sandra Bullock sobre os Minions; veja vídeoSandra Bullock e os criadores de "Minions" lançaram um vídeo em que apresentam Kevin, Stuart e Bob, o trio de criaturas amarelas que estrela o filme lançado no fim do mês de junho no Brasil. "Eles podem ser baixinhos, mas as emoções deles são enormes. Você sente o que eles estão dizendo", diz Bullock no vídeo exclusivo. A atriz empresta a voz à vilã Scarlet Overkill. A animação conta a história da origem dos Minions, antes de eles encontrarem Gru, o vilão que lidera a turma em "Meu Malvado Favorito". Criaturas que existem desde o começo dos tempos, os Minions sempre tiveram um único propósito: servir os supervilões. Mas, depois de diversos fracassos, decidem se refugiar em uma caverna de gelo. É aí que aparece Kevin, Stuart e Bob. Os três têm planos bem diferentes e resolvem se aventurar pelo mundo até que conhecem Scarlet Overkill, a personagem de Bullock. | 27 |
História de coelho poeta volta aos palcos neste final de semana | Já viu um coelho que escreve poesias? Neste domingo (8), no Sesc Santo André, crianças e adultos podem conhecer a história da peça "Felpo Filva", baseada no livro de Eva Funari. As apresentações ocorrem todos os domingos, às 12h, até o dia 5 de abril. A peça tem 50 minutos de duração e os ingressos custam de R$ 5 a R$ 17. No espetáculo, Felpo é um coelhinho muito famoso que recebe dezenas de cartas dos seus fãs. O problema é que ele nunca as abre. Um dia ele se depara com um envelope lilás e bem grande, e muito curioso, resolve abrir a carta que mudará a sua história. PARA CONFERIR FELPO FILVA Quando de 08/03 a 05/04, aos domingos, sempre às 12h Onde Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar; tel. 11/4469-1200) Quanto de R$ 5 a R$ 17 Indicação livre | folhinha | História de coelho poeta volta aos palcos neste final de semanaJá viu um coelho que escreve poesias? Neste domingo (8), no Sesc Santo André, crianças e adultos podem conhecer a história da peça "Felpo Filva", baseada no livro de Eva Funari. As apresentações ocorrem todos os domingos, às 12h, até o dia 5 de abril. A peça tem 50 minutos de duração e os ingressos custam de R$ 5 a R$ 17. No espetáculo, Felpo é um coelhinho muito famoso que recebe dezenas de cartas dos seus fãs. O problema é que ele nunca as abre. Um dia ele se depara com um envelope lilás e bem grande, e muito curioso, resolve abrir a carta que mudará a sua história. PARA CONFERIR FELPO FILVA Quando de 08/03 a 05/04, aos domingos, sempre às 12h Onde Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar; tel. 11/4469-1200) Quanto de R$ 5 a R$ 17 Indicação livre | 27 |
'Jogai por nós' | Acredite se quiser, caro leitor: autodeclarados arautos da ultramegapós-modernidade linguística dizem que a escola não deveria mais ensinar a segunda pessoa, porque ela "morreu". Acredite: isso está em livros que discutem política linguística, que pregam outras incríveis bobagens, como a supressão do pretérito mais-que-perfeito (também "morto", segundo esses gênios). De fato, a segunda do plural ("vós") morreu na oralidade; a do singular ("tu") continua viva, com características que variam de acordo com a região do país. Se a segunda do plural de fato morreu na oralidade, não seria mesmo o caso de bani-la dos livros de português? Não e não, caro leitor. Só em cérebros e almas míopes podem medrar e grassar ideias desse jaez. O ensino e o estudo da língua não se fazem só com o que é comum na oralidade, na novela da vez etc. No caso da segunda do plural, é primário lembrar que boa parte dos brasileiros são religiosos e que nos textos ligados ao tema o predomínio da segunda do plural é mais do que evidente ("...que [vós] estais nos céus..."; "Bendita sois vós entre..."). Também é primário lembrar que em boa parte da nossa literatura clássica abundam textos escritos na segunda do plural: "Vós ficastes aterrados; eu agradeci o acontecimento aos céus" (Machado de Assis). Mesmo nos escritos de hoje não é raro o "vós": "Transformai (vós) as velhas formas..." (Gilberto Gil); "Se vós não sereis minha, vós não sereis de mais..." (Chico Buarque). Pois bem. Sabe o que é que se lê no Itaquerão, nos corredores que os jogadores do Corinthians percorrem para chegar ao gramado? Simplesmente isto: "Jogai por nós". O que é "jogai"? É a segunda pessoa do plural (vós) do imperativo afirmativo do verbo "jogar". Como se sabe, o imperativo é o modo verbal da ordem, do pedido, da súplica, do rogo. Em "Perdoai as nossas ofensas", os fiéis pedem ao Criador que lhes perdoe as ofensas perpetradas. Em que pessoa os fiéis se dirigem ao Criador? Na segunda do plural ("vós"), que, nesse caso, assume tom supremo, dedicado a Deus e a algumas divindades ou santidades. Como é mesmo que se formam as segundas pessoas ("tu" e "vós") do imperativo afirmativo culto? Elimina-se o "s" final da forma correspondente do presente do indicativo. Se as duas segundas pessoas do presente do indicativo de "jogar" são "tu jogas" e "vós jogais", no imperativo afirmativo as formas correspondentes são "joga" (tu) e "jogai" (vós). O único verbo que não segue esse modelo é "ser", que tem formas autônomas: "sê" (tu) e "sede" (vós): "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes" (Fernando Pessoa). No caso da frase corintiana, é evidente a vontade do criador da mensagem de dar tom sagrado ao que se refere à paixão do bando de loucos pelo seu time. E qual foi a forma escolhida pelo criador da mensagem? É claro que, a despeito do ridículo delírio dos gênios da ultramegapós-modernidade linguística, a forma escolhida foi a "morta", ou seja, a segunda pessoa do plural. Experimente trocá-la, nesse caso, pela mais usada hoje em dia ("Joguem por nós"). Consegue-se o mesmo efeito? Nem com reza braba. Como se vê, qualquer tentativa de ultrassabichões de definir o que é vivo e o que já morreu na língua pode esbarrar no ridículo. É isso. | colunas | 'Jogai por nós'Acredite se quiser, caro leitor: autodeclarados arautos da ultramegapós-modernidade linguística dizem que a escola não deveria mais ensinar a segunda pessoa, porque ela "morreu". Acredite: isso está em livros que discutem política linguística, que pregam outras incríveis bobagens, como a supressão do pretérito mais-que-perfeito (também "morto", segundo esses gênios). De fato, a segunda do plural ("vós") morreu na oralidade; a do singular ("tu") continua viva, com características que variam de acordo com a região do país. Se a segunda do plural de fato morreu na oralidade, não seria mesmo o caso de bani-la dos livros de português? Não e não, caro leitor. Só em cérebros e almas míopes podem medrar e grassar ideias desse jaez. O ensino e o estudo da língua não se fazem só com o que é comum na oralidade, na novela da vez etc. No caso da segunda do plural, é primário lembrar que boa parte dos brasileiros são religiosos e que nos textos ligados ao tema o predomínio da segunda do plural é mais do que evidente ("...que [vós] estais nos céus..."; "Bendita sois vós entre..."). Também é primário lembrar que em boa parte da nossa literatura clássica abundam textos escritos na segunda do plural: "Vós ficastes aterrados; eu agradeci o acontecimento aos céus" (Machado de Assis). Mesmo nos escritos de hoje não é raro o "vós": "Transformai (vós) as velhas formas..." (Gilberto Gil); "Se vós não sereis minha, vós não sereis de mais..." (Chico Buarque). Pois bem. Sabe o que é que se lê no Itaquerão, nos corredores que os jogadores do Corinthians percorrem para chegar ao gramado? Simplesmente isto: "Jogai por nós". O que é "jogai"? É a segunda pessoa do plural (vós) do imperativo afirmativo do verbo "jogar". Como se sabe, o imperativo é o modo verbal da ordem, do pedido, da súplica, do rogo. Em "Perdoai as nossas ofensas", os fiéis pedem ao Criador que lhes perdoe as ofensas perpetradas. Em que pessoa os fiéis se dirigem ao Criador? Na segunda do plural ("vós"), que, nesse caso, assume tom supremo, dedicado a Deus e a algumas divindades ou santidades. Como é mesmo que se formam as segundas pessoas ("tu" e "vós") do imperativo afirmativo culto? Elimina-se o "s" final da forma correspondente do presente do indicativo. Se as duas segundas pessoas do presente do indicativo de "jogar" são "tu jogas" e "vós jogais", no imperativo afirmativo as formas correspondentes são "joga" (tu) e "jogai" (vós). O único verbo que não segue esse modelo é "ser", que tem formas autônomas: "sê" (tu) e "sede" (vós): "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes" (Fernando Pessoa). No caso da frase corintiana, é evidente a vontade do criador da mensagem de dar tom sagrado ao que se refere à paixão do bando de loucos pelo seu time. E qual foi a forma escolhida pelo criador da mensagem? É claro que, a despeito do ridículo delírio dos gênios da ultramegapós-modernidade linguística, a forma escolhida foi a "morta", ou seja, a segunda pessoa do plural. Experimente trocá-la, nesse caso, pela mais usada hoje em dia ("Joguem por nós"). Consegue-se o mesmo efeito? Nem com reza braba. Como se vê, qualquer tentativa de ultrassabichões de definir o que é vivo e o que já morreu na língua pode esbarrar no ridículo. É isso. | 10 |
Medidas de segurança do paciente têm resistência de médicos, diz anestesista | A alta mortalidade dos pacientes no país está relacionada com a grande quantidade de erros médicos –ou "eventos adversos", no jargão–, diz o médico anestesista Enis Donizetti Silva, 55, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. Enis aponta resistência dos médicos, tanto em na rede pública quando em hospitais de elite, a procedimentos padronizados e mesmo a medidas simples como lavar as mãos. Ele capitaneia a criação da Fundação para a Segurança do Paciente, que congrega várias entidades médicas e será lançada em novembro. * Folha - Por que uma fundação pela segurança do paciente? Enis Donizetti Silva - Se você ficar internado uma semana em um hospital brasileiro, é muito grande a chance de acontecer algo errado com a sua medicação. Dose errada, hora errada, paciente errado, medicação errada. São quase 40% de eventos adversos nos hospitais brasileiros, contra 15% em outros países. Como se faz essa conta? Contamos todo mundo que entra no hospital. Isso é o que consideramos 100%. De todos esses pacientes, no Brasil, quase 40% tiveram eventos adversos. O que são eventos adversos? É o que antigamente chamávamos de erro médico: tudo que sai fora do padrão estabelecido de diagnóstico ou tratamento e trouxe algum dano ao paciente. Mas convenhamos que, a 40%, a mensagem é que é melhor ficar em casa... Sem dúvida. Há alguns caminhos para reduzir isso, como checklists. É como quando um avião vai voar. Combustível? Instrumentos de voo? Na medicina é a mesma coisa. É este o paciente mesmo? É esta a perna certa? Mas poucos hospitais brasileiros fazem checklists. Em geral, só os que procuram ter acreditação [certificações internacionais de qualidade]. Mas há também uma resistência altíssima dos médicos ao checklist, não? Muito grande. Total. Até porque em geral ele não é comandado pelo médico. É o enfermeiro, o técnico. Então isso significa uma perda de poder do médico. Sim. Quando você implanta uma cultura de segurança, você dá poder ao lado mais fraco: técnicos, enfermeiros, fisioterapeutas. O médico vai perder aquela aura. E isso tem de ser ensinado desde a faculdade. Porque o que ensinam hoje é que eu vou lá, examino, faço diagnóstico, estabeleço o tratamento e... dou uma ordem para a enfermeira. Muitos médicos dizem que realizar checklists é burocratizar a medicina. Depois que uma cultura está estabelecida, é difícil mudá-la. Ainda temos muitos problemas com médicos que não lavam a mão. Mas veja: na faculdade, não há aulas sobre a importância da lavagem. Resultado: mais de 90% dos casos de infecções de corrente sanguínea e infecção associada a cateter estão associadas a isso... Quando surgiram as acreditações, elas eram tratadas jocosamente. "Vou preencher a burocracia." Médicos são às vezes um entrave a mudanças importantes. É importante, por exemplo que os dados do paciente sejam anotados em um sistema eletrônico. Assim não vou injetar dipirona no paciente alérgico porque esqueci, porque não estava na minha ficha, porque a caligrafia do outro era incompreensível. Se temos tantos problemas de procedimento, parece um tanto claro que despejar dinheiro em hospitais com procedimentos falhos não vai resolver o problema. Só vai piorar. O grande problema de eventos adversos não é falta de infraestrutura. É o processo. E olha que nossa média já é muito alta: a mortalidade hospitalar do SUS na modalidade cirúrgica é de 3,72%. Em outros países, esse valor é de 0,5%. Sem falar no altíssimo tempo de internação. Não adianta eu recuperar sua pneumonia mas deixar você 27 dias no hospital, porque eu causei um monte de eventos adversos. Pacientes que deixamos duas semanas internados ficam só quatro dias no hospital no exterior. Isso cria filas enormes no sistema de saúde. Um paciente ocupa o lugar de cinco. Sem falar no risco de, lá pelo décimo dia de internação, alguém errar o seu remédio... Além do checklist, o que mais pode ser feito? Um estudo clássico americano mostrou que a taxa de mortalidade em cirurgia cardíaca feita em um hospital que fazia o procedimento 30 vezes por ano era de 27%. Em um hospital que operava 10 mil doentes por ano, 6%. Por que isso acontece? Quando você faz um volume grande, começa a estabelecer algo como uma linha de produção: cria procedimentos, estabelece padrões. Desse modo, hospitais abaixo de cem leitos começaram a ser questionados e fechados nos EUA. Mas sabe quantos leitos têm a maior parte dos hospitais brasileiros? Uns 50, menos. A incidência de complicações é altíssima, porque o médico vai fazer um determinado tipo de cirurgia só uma ou duas vezes por ano. Fechar hospitais pequenos é uma bandeira um tanto ingrata... Fico imaginando que político vai querer falar isso na cidadezinha do interior. É terrível. O que se pode fazer é criar níveis de cuidado, deixando tais hospitais com procedimentos mais simples. Outra dificuldade política é apontar problemas de gestão de processos no SUS. Uma ala dos especialistas defende que isso é um jeito de desviar o foco do financiamento. Pois é. Minha bandeira é esfarrapada, o mastro é fraco e o vento é forte. O que tem de bonito nos processos? Nada. Não há glamour. Não estou falando em tratamento nos melhores lugares. Não estou falando em transporte de helicóptero, de jato, em superUTI. O que digo é justamente que o helicóptero, o jato, a superUTI podem contribuir enormemente mal para sua saúde. Mas é difícil. Porque o que todo mundo quer é ter o plano top da Omint, da SulAmérica. Mas às vezes não é isso. Nesse sentido, como é a situação da segurança do paciente em hospitais como o Sírio-Libanês ou o Einstein? Parece que mesmo eles têm problemas. Eles vão bem na maior parte dos indicadores, até porque eles têm uma marca a proteger, mas há várias falhas, e eles sabem que há problemas graves. Uma questão é a própria lavagem das mãos. Os hospitais sempre fazem campanhas –e sempre fica claro que a adesão é baixa. Uma das dificuldades desses hospitais é o fato de eles terem o corpo clínico aberto [ou seja, os médicos não são funcionários do hospital]. Isso dificulta padronizar processos. Aqui ficamos discutindo autonomia médica, se "o protocolo emburrece". E quão factível seria não ter corpo clínico aberto? É muito difícil. Porque, no nosso modelo, o paciente procura o médico, e o médico leva o paciente para o hospital. Então o hospital precisa cativar o médico. Imagina chamar o médico e dar bronca porque não lavou a mão... "Vai que ele fica chateado e não vai querer mais internar aqui..." Especialmente se você é um médico que põe 200 pacientes por mês no hospital. Uma crítica comum a hospitais de elite é que eles seriam pequenas indústria de exames, procedimentos... Ninguém pisa neles impune, vai sair no mínimo com algum exame. Vai sair. E temos de informar ao paciente que o excesso de exames traz prejuízos. O doente tem que saber que, ao pressionar o médico por um monte de exames desnecessários, está correndo risco. Porque os exames não são perfeitos. Tem falso positivo. Eu já vi casos assim: um exame estava apontando uma alteração que só poderia ser confirmada por uma biópsia no fígado. Pegaram uma veia importante, teve sangramento. Aí teve de fazer uma cirurgia no abdômen para dar ponto no fígado. Foi para a UTI. Internação. Sabe qual o diagnóstico no final? Fígado normal. Check-up bom é um bom exame clínico. Pegar uma lista de 40 exames e botar X em tudo? Pode ter certeza, seis ou sete virão com alterações. É uma reclamação frequente dos pacientes: o médico é ruim, só ficou de conversinha, não pediu nenhum exame... Exato. E virou uma indústria. É o lado perverso: o médico também quer bastante exame, até cirurgias, porque vai ter uma participação. - RAIO-X - ENIS DONIZETTI SILVA Idade 55 anos Carreira > Médico pela Faculdade de Medicina de Valença (RJ) > Residência em clínica médica e em anestesiologia > Coordenador do serviço de anestesia do Hospital Sírio-Libanês | equilibrioesaude | Medidas de segurança do paciente têm resistência de médicos, diz anestesistaA alta mortalidade dos pacientes no país está relacionada com a grande quantidade de erros médicos –ou "eventos adversos", no jargão–, diz o médico anestesista Enis Donizetti Silva, 55, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. Enis aponta resistência dos médicos, tanto em na rede pública quando em hospitais de elite, a procedimentos padronizados e mesmo a medidas simples como lavar as mãos. Ele capitaneia a criação da Fundação para a Segurança do Paciente, que congrega várias entidades médicas e será lançada em novembro. * Folha - Por que uma fundação pela segurança do paciente? Enis Donizetti Silva - Se você ficar internado uma semana em um hospital brasileiro, é muito grande a chance de acontecer algo errado com a sua medicação. Dose errada, hora errada, paciente errado, medicação errada. São quase 40% de eventos adversos nos hospitais brasileiros, contra 15% em outros países. Como se faz essa conta? Contamos todo mundo que entra no hospital. Isso é o que consideramos 100%. De todos esses pacientes, no Brasil, quase 40% tiveram eventos adversos. O que são eventos adversos? É o que antigamente chamávamos de erro médico: tudo que sai fora do padrão estabelecido de diagnóstico ou tratamento e trouxe algum dano ao paciente. Mas convenhamos que, a 40%, a mensagem é que é melhor ficar em casa... Sem dúvida. Há alguns caminhos para reduzir isso, como checklists. É como quando um avião vai voar. Combustível? Instrumentos de voo? Na medicina é a mesma coisa. É este o paciente mesmo? É esta a perna certa? Mas poucos hospitais brasileiros fazem checklists. Em geral, só os que procuram ter acreditação [certificações internacionais de qualidade]. Mas há também uma resistência altíssima dos médicos ao checklist, não? Muito grande. Total. Até porque em geral ele não é comandado pelo médico. É o enfermeiro, o técnico. Então isso significa uma perda de poder do médico. Sim. Quando você implanta uma cultura de segurança, você dá poder ao lado mais fraco: técnicos, enfermeiros, fisioterapeutas. O médico vai perder aquela aura. E isso tem de ser ensinado desde a faculdade. Porque o que ensinam hoje é que eu vou lá, examino, faço diagnóstico, estabeleço o tratamento e... dou uma ordem para a enfermeira. Muitos médicos dizem que realizar checklists é burocratizar a medicina. Depois que uma cultura está estabelecida, é difícil mudá-la. Ainda temos muitos problemas com médicos que não lavam a mão. Mas veja: na faculdade, não há aulas sobre a importância da lavagem. Resultado: mais de 90% dos casos de infecções de corrente sanguínea e infecção associada a cateter estão associadas a isso... Quando surgiram as acreditações, elas eram tratadas jocosamente. "Vou preencher a burocracia." Médicos são às vezes um entrave a mudanças importantes. É importante, por exemplo que os dados do paciente sejam anotados em um sistema eletrônico. Assim não vou injetar dipirona no paciente alérgico porque esqueci, porque não estava na minha ficha, porque a caligrafia do outro era incompreensível. Se temos tantos problemas de procedimento, parece um tanto claro que despejar dinheiro em hospitais com procedimentos falhos não vai resolver o problema. Só vai piorar. O grande problema de eventos adversos não é falta de infraestrutura. É o processo. E olha que nossa média já é muito alta: a mortalidade hospitalar do SUS na modalidade cirúrgica é de 3,72%. Em outros países, esse valor é de 0,5%. Sem falar no altíssimo tempo de internação. Não adianta eu recuperar sua pneumonia mas deixar você 27 dias no hospital, porque eu causei um monte de eventos adversos. Pacientes que deixamos duas semanas internados ficam só quatro dias no hospital no exterior. Isso cria filas enormes no sistema de saúde. Um paciente ocupa o lugar de cinco. Sem falar no risco de, lá pelo décimo dia de internação, alguém errar o seu remédio... Além do checklist, o que mais pode ser feito? Um estudo clássico americano mostrou que a taxa de mortalidade em cirurgia cardíaca feita em um hospital que fazia o procedimento 30 vezes por ano era de 27%. Em um hospital que operava 10 mil doentes por ano, 6%. Por que isso acontece? Quando você faz um volume grande, começa a estabelecer algo como uma linha de produção: cria procedimentos, estabelece padrões. Desse modo, hospitais abaixo de cem leitos começaram a ser questionados e fechados nos EUA. Mas sabe quantos leitos têm a maior parte dos hospitais brasileiros? Uns 50, menos. A incidência de complicações é altíssima, porque o médico vai fazer um determinado tipo de cirurgia só uma ou duas vezes por ano. Fechar hospitais pequenos é uma bandeira um tanto ingrata... Fico imaginando que político vai querer falar isso na cidadezinha do interior. É terrível. O que se pode fazer é criar níveis de cuidado, deixando tais hospitais com procedimentos mais simples. Outra dificuldade política é apontar problemas de gestão de processos no SUS. Uma ala dos especialistas defende que isso é um jeito de desviar o foco do financiamento. Pois é. Minha bandeira é esfarrapada, o mastro é fraco e o vento é forte. O que tem de bonito nos processos? Nada. Não há glamour. Não estou falando em tratamento nos melhores lugares. Não estou falando em transporte de helicóptero, de jato, em superUTI. O que digo é justamente que o helicóptero, o jato, a superUTI podem contribuir enormemente mal para sua saúde. Mas é difícil. Porque o que todo mundo quer é ter o plano top da Omint, da SulAmérica. Mas às vezes não é isso. Nesse sentido, como é a situação da segurança do paciente em hospitais como o Sírio-Libanês ou o Einstein? Parece que mesmo eles têm problemas. Eles vão bem na maior parte dos indicadores, até porque eles têm uma marca a proteger, mas há várias falhas, e eles sabem que há problemas graves. Uma questão é a própria lavagem das mãos. Os hospitais sempre fazem campanhas –e sempre fica claro que a adesão é baixa. Uma das dificuldades desses hospitais é o fato de eles terem o corpo clínico aberto [ou seja, os médicos não são funcionários do hospital]. Isso dificulta padronizar processos. Aqui ficamos discutindo autonomia médica, se "o protocolo emburrece". E quão factível seria não ter corpo clínico aberto? É muito difícil. Porque, no nosso modelo, o paciente procura o médico, e o médico leva o paciente para o hospital. Então o hospital precisa cativar o médico. Imagina chamar o médico e dar bronca porque não lavou a mão... "Vai que ele fica chateado e não vai querer mais internar aqui..." Especialmente se você é um médico que põe 200 pacientes por mês no hospital. Uma crítica comum a hospitais de elite é que eles seriam pequenas indústria de exames, procedimentos... Ninguém pisa neles impune, vai sair no mínimo com algum exame. Vai sair. E temos de informar ao paciente que o excesso de exames traz prejuízos. O doente tem que saber que, ao pressionar o médico por um monte de exames desnecessários, está correndo risco. Porque os exames não são perfeitos. Tem falso positivo. Eu já vi casos assim: um exame estava apontando uma alteração que só poderia ser confirmada por uma biópsia no fígado. Pegaram uma veia importante, teve sangramento. Aí teve de fazer uma cirurgia no abdômen para dar ponto no fígado. Foi para a UTI. Internação. Sabe qual o diagnóstico no final? Fígado normal. Check-up bom é um bom exame clínico. Pegar uma lista de 40 exames e botar X em tudo? Pode ter certeza, seis ou sete virão com alterações. É uma reclamação frequente dos pacientes: o médico é ruim, só ficou de conversinha, não pediu nenhum exame... Exato. E virou uma indústria. É o lado perverso: o médico também quer bastante exame, até cirurgias, porque vai ter uma participação. - RAIO-X - ENIS DONIZETTI SILVA Idade 55 anos Carreira > Médico pela Faculdade de Medicina de Valença (RJ) > Residência em clínica médica e em anestesiologia > Coordenador do serviço de anestesia do Hospital Sírio-Libanês | 8 |
Corrupção e bola pra frente | A principal semelhança entre governantes e dirigentes esportivos é que eles lidam com dinheiro que não lhes pertence. A diferença é que a legislação penal alcança políticos desonestos. O problema transcende o futebol. Não existe no Brasil a figura da corrupção privada. Condutas condenáveis no âmbito da administração pública, como prometer vantagem para funcionário praticar determinado ato ou exigir algo em troca de contratações, quando acontecem na iniciativa privada e não geram prejuízo para a empresa, representam apenas quebra de confiança. Ficam no território da ética. A antiga Lei de Imprensa, revogada pelo STF, punia o jornalista que procurava obter vantagem para não publicar uma notícia. O Estatuto do Torcedor estabelece prisão de dois a seis anos para quem aceita ou oferece pagamento para alterar resultado de competição esportiva. Mas o vácuo legislativo existe e projetos tramitam no Congresso. Grandes corporações criam mecanismos internos de controle para tentar inviabilizar desvios de conduta. Mas, no Brasil, se um executivo receber suborno para escolher entre dois fornecedores que apresentaram propostas semelhantes de preço para produtos similares, estará livre de processo criminal. Isso significa que escândalos do futebol que atingiram Fifa e CBF ou as desastrosas administrações do São Paulo Futebol Clube, caso não se configurem um prejuízo econômico concreto, estarão impunes por aqui. O que pode proporcionar eventual punição são os aspectos laterais da corrupção, como fraude fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mas a receita para a legitimação da propina é simples. Basta a simulação bem feita de pagamento de honorários profissionais ou de consultoria em favor de parente ou amigo do beneficiário, com impostos devidamente recolhidos, para que contratações milionárias de atletas, patrocínio ou direitos de transmissão sejam firmados em desfavor da contratante. A aquisição de um jogador de futebol, por exemplo, pode estar dentro do subjetivo e infinito mercado da bola, mas o dirigente encontra espaço para abocanhar um pedaço do valor. Tecnicamente, confederações e clubes são entidades privadas e seus dirigentes dizem atuar por "amor" ao esporte ou à camisa. José Maria Marin e Ricardo Teixeira vivem as aflições criminais de hoje porque os subornos que supostamente receberam tiveram como origem empresas com sede nos EUA ou porque a dinheirama circulou por bancos norte-americanos. Caso contrário, estariam bem humorados e reafirmando que não devem satisfação a ninguém. Política e esporte caminham de mãos dadas. Até o venerável Ulysses Guimarães foi cartola do Santos. O corintiano Andrés Sanchez é o deputado paulista com mais votos no PT. O filho de Lula conseguiu a proeza de arranjar patrocínio de grandes empresas para um torneio de futebol americano que, no Brasil, tem tanto apelo popular como o simpático "curling" dos Jogos Olímpicos de Inverno. E por falar em Olimpíada, os comitês organizadores nacionais e internacionais também são entidades privadas. Em meio ao ufanismo carioca e à desenfreada realização de obras, a possibilidade de algum escândalo se revelar no rescaldo da Rio-2016 não parece ser remota. | colunas | Corrupção e bola pra frenteA principal semelhança entre governantes e dirigentes esportivos é que eles lidam com dinheiro que não lhes pertence. A diferença é que a legislação penal alcança políticos desonestos. O problema transcende o futebol. Não existe no Brasil a figura da corrupção privada. Condutas condenáveis no âmbito da administração pública, como prometer vantagem para funcionário praticar determinado ato ou exigir algo em troca de contratações, quando acontecem na iniciativa privada e não geram prejuízo para a empresa, representam apenas quebra de confiança. Ficam no território da ética. A antiga Lei de Imprensa, revogada pelo STF, punia o jornalista que procurava obter vantagem para não publicar uma notícia. O Estatuto do Torcedor estabelece prisão de dois a seis anos para quem aceita ou oferece pagamento para alterar resultado de competição esportiva. Mas o vácuo legislativo existe e projetos tramitam no Congresso. Grandes corporações criam mecanismos internos de controle para tentar inviabilizar desvios de conduta. Mas, no Brasil, se um executivo receber suborno para escolher entre dois fornecedores que apresentaram propostas semelhantes de preço para produtos similares, estará livre de processo criminal. Isso significa que escândalos do futebol que atingiram Fifa e CBF ou as desastrosas administrações do São Paulo Futebol Clube, caso não se configurem um prejuízo econômico concreto, estarão impunes por aqui. O que pode proporcionar eventual punição são os aspectos laterais da corrupção, como fraude fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mas a receita para a legitimação da propina é simples. Basta a simulação bem feita de pagamento de honorários profissionais ou de consultoria em favor de parente ou amigo do beneficiário, com impostos devidamente recolhidos, para que contratações milionárias de atletas, patrocínio ou direitos de transmissão sejam firmados em desfavor da contratante. A aquisição de um jogador de futebol, por exemplo, pode estar dentro do subjetivo e infinito mercado da bola, mas o dirigente encontra espaço para abocanhar um pedaço do valor. Tecnicamente, confederações e clubes são entidades privadas e seus dirigentes dizem atuar por "amor" ao esporte ou à camisa. José Maria Marin e Ricardo Teixeira vivem as aflições criminais de hoje porque os subornos que supostamente receberam tiveram como origem empresas com sede nos EUA ou porque a dinheirama circulou por bancos norte-americanos. Caso contrário, estariam bem humorados e reafirmando que não devem satisfação a ninguém. Política e esporte caminham de mãos dadas. Até o venerável Ulysses Guimarães foi cartola do Santos. O corintiano Andrés Sanchez é o deputado paulista com mais votos no PT. O filho de Lula conseguiu a proeza de arranjar patrocínio de grandes empresas para um torneio de futebol americano que, no Brasil, tem tanto apelo popular como o simpático "curling" dos Jogos Olímpicos de Inverno. E por falar em Olimpíada, os comitês organizadores nacionais e internacionais também são entidades privadas. Em meio ao ufanismo carioca e à desenfreada realização de obras, a possibilidade de algum escândalo se revelar no rescaldo da Rio-2016 não parece ser remota. | 10 |
Maria Alice Setubal: Da retórica aos resultados | No momento em que um novo ano letivo se inicia, com um novo ministro afirmando que a prioridade de sua gestão será a qualidade da educação no Brasil, é fundamental que a sociedade brasileira tenha maior clareza de que um sistema educacional de qualidade exige muito mais do que os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) podem mostrar. Estudos apontam como componentes que contribuem para a qualidade da educação a formação e qualificação dos professores, gestão por resultados com metas e expectativas de aprendizagem, currículo e material didático diversificado, acompanhamento personalizado dos estudantes, uso de novas tecnologias e a participação dos pais. No entanto, são as diferentes combinações dessas dimensões e, sobretudo, o modo de implementá-las, que faz com que algumas redes alcancem qualidade e outras não. A complexidade da questão educacional pode ser evidenciada pela dificuldade de encontrar parâmetros comuns entre os dez países mais bem colocados nas avaliações do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), para além da prioridade da educação e da valorização dos professores. No Brasil, passamos a atribuir, a comparar e a classificar a qualidade das redes de ensino e das escolas brasileiras a partir dos resultados do Ideb. Apesar do avanço do índice, ele é um indicador composto pelas notas de língua portuguesa e matemática da Prova Brasil e pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Ou seja, não estamos medindo condições vitais para a qualidade da educação como as diferenças na infraestrutura física das escolas, sua localização e tamanho, a qualificação dos docentes e diretores, além do currículo e da ausência de avaliação das demais disciplinas e séries. Isso sem mencionar o clima escolar e a capacidade da escola em preparar seus alunos. É, portanto, reducionista comparar o Ideb de um município com menos de dez escolas com os resultados dos sistemas de ensino de grandes cidades e metrópoles, com diversidade e complexidade maiores. Ou, então, colocar no topo do ranking redes que alcançam melhores resultados em decorrência de processos de seleção, que acirram as desigualdades ao excluir parcelas mais vulneráveis da população. A qualidade tem que estar estreitamente relacionada com equidade. O Brasil precisa alcançar um nível básico de qualidade da educação para todas as crianças e jovens. As diversidades regional, cultural e educacional de um país com as dimensões brasileiras inviabilizam políticas únicas e rígidas para realidades tão distintas. Se a prioridade é o ensino médio, é preciso ter um olhar sistêmico para levarmos em conta a qualidade dos ciclos anteriores e as diferentes necessidades e potencialidades de cada rede de ensino. Não bastam políticas genéricas. Temos que analisar todos os aspectos que envolvem a educação. O mundo globalizado e o século 21 exigem que o Brasil prepare seus estudantes para participar de uma sociedade complexa e sustentável, baseada em valores como inovação, criatividade, autoria e trabalho colaborativo. É isso o que esperamos deste novo governo. MARIA ALICE SETUBAL, a Neca, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Fundação Tide Setubal. Foi assessora de Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PSB na eleição de 2014 * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Maria Alice Setubal: Da retórica aos resultadosNo momento em que um novo ano letivo se inicia, com um novo ministro afirmando que a prioridade de sua gestão será a qualidade da educação no Brasil, é fundamental que a sociedade brasileira tenha maior clareza de que um sistema educacional de qualidade exige muito mais do que os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) podem mostrar. Estudos apontam como componentes que contribuem para a qualidade da educação a formação e qualificação dos professores, gestão por resultados com metas e expectativas de aprendizagem, currículo e material didático diversificado, acompanhamento personalizado dos estudantes, uso de novas tecnologias e a participação dos pais. No entanto, são as diferentes combinações dessas dimensões e, sobretudo, o modo de implementá-las, que faz com que algumas redes alcancem qualidade e outras não. A complexidade da questão educacional pode ser evidenciada pela dificuldade de encontrar parâmetros comuns entre os dez países mais bem colocados nas avaliações do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), para além da prioridade da educação e da valorização dos professores. No Brasil, passamos a atribuir, a comparar e a classificar a qualidade das redes de ensino e das escolas brasileiras a partir dos resultados do Ideb. Apesar do avanço do índice, ele é um indicador composto pelas notas de língua portuguesa e matemática da Prova Brasil e pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. Ou seja, não estamos medindo condições vitais para a qualidade da educação como as diferenças na infraestrutura física das escolas, sua localização e tamanho, a qualificação dos docentes e diretores, além do currículo e da ausência de avaliação das demais disciplinas e séries. Isso sem mencionar o clima escolar e a capacidade da escola em preparar seus alunos. É, portanto, reducionista comparar o Ideb de um município com menos de dez escolas com os resultados dos sistemas de ensino de grandes cidades e metrópoles, com diversidade e complexidade maiores. Ou, então, colocar no topo do ranking redes que alcançam melhores resultados em decorrência de processos de seleção, que acirram as desigualdades ao excluir parcelas mais vulneráveis da população. A qualidade tem que estar estreitamente relacionada com equidade. O Brasil precisa alcançar um nível básico de qualidade da educação para todas as crianças e jovens. As diversidades regional, cultural e educacional de um país com as dimensões brasileiras inviabilizam políticas únicas e rígidas para realidades tão distintas. Se a prioridade é o ensino médio, é preciso ter um olhar sistêmico para levarmos em conta a qualidade dos ciclos anteriores e as diferentes necessidades e potencialidades de cada rede de ensino. Não bastam políticas genéricas. Temos que analisar todos os aspectos que envolvem a educação. O mundo globalizado e o século 21 exigem que o Brasil prepare seus estudantes para participar de uma sociedade complexa e sustentável, baseada em valores como inovação, criatividade, autoria e trabalho colaborativo. É isso o que esperamos deste novo governo. MARIA ALICE SETUBAL, a Neca, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Fundação Tide Setubal. Foi assessora de Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PSB na eleição de 2014 * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 14 |
A fé cristã nasceu universalista, ao contrário do islamismo | RESUMO A "Ilustríssima" adianta trecho de "A Nação", que o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) deixou inacabado. O selo Três Estrelas lança agora a edição brasileira. Na obra, Mauss examina a formação das modernas nações capitalistas e como elas tendem a criar uma ordem internacional de pendor socialista. * O direito internacional, público e privado, desenvolveu-se no Ocidente em uma atmosfera em parte latina e em parte cristã. Poderíamos até dizer que precisava simultaneamente, além de todas as condições descritas da civilização ocidental, desses dois elementos de moral: a noção do direito nacional –"discretæ gentes"– e a de fraternidade humana; um só não bastava. Prova disso é a notável ausência desse direito em todos os países da Europa Oriental, de tradição bizantina, imperial, maquiavélica. [...] A Igreja Romana, em meio às ruínas do Império do Ocidente, foi herdeira teórica da paz romana e grande inovadora de coisas e ideias internacionais. Seria extremamente incorreto dela fazer abstração. A religião cristã, desde São Paulo, era profundamente universalista. Cristo salvara todos os homens, não só um povo e os que se converteram a esse povo. Pois uma diferença importante separa o cristianismo do budismo, que o precedeu, e do islã, que o sucedeu. Também Buda salvou todos os homens, mas apenas fora da vida secular, na igreja, ou melhor, no mosteiro. Seu reino é extraterrestre e filosófico. Somente ao final da reencarnação é que todos os homens serão salvos. O futuro Buda Maitreya, criação exclusiva do budismo do Norte, pode ser posterior a Cristo; ainda não nasceu aquele que fará reinar o amor, a amizade e a paz entre os homens. Ainda é um simples Bodhisattva, que nasce e renasce; centenas de milhões de homens esperam por ele no Oriente. O budismo, religião de um deus salvador universal, porém absolutamente desaparecido, não é mais que pura religião. Nesse sentido, o islã é uma regressão em relação ao cristianismo. O Profeta decerto também "viu" a salvação dos homens, e Alá, por sua boca, a ela conclama o Universo e lhe promete a paz ("islã" significa paz e salvação). No entanto, o mundo islâmico inteiro concebe a si mesmo como a uma espécie de vasto povo eleito; trata-se, no fundo, de um judaísmo com proselitismo. A unidade da língua sagrada, da circuncisão, da lei civil criminal e religiosa, até mesmo a unidade política em torno do califa, em torno de duas capitais, Meca e Istambul, o vaivém dos peregrinos, as sociedades secretas e as ordens religiosas, isso tudo faz com que se aparente mais a um movimento de nacionalismo que de internacionalismo. Some-se a isso a luta secular contra o cristianismo, que não é, de modo algum, vencedor, sobretudo na África, assim como a atual necessidade de independência dos povos muçulmanos colocados sob tutela por dois ou três povos cristãos, e o islã se mostrará com mais fortes tendências à unidade nacional que à unidade humana, algo que hoje, aliás, é mais perceptível que nunca. O mundo islâmico está tomando consciência de sua unidade. Os turcos não encontraram melhores protetores que os muçulmanos da Índia. Em todos os países do Norte da África, onde o muçulmano se instrui, tem acesso à civilização, enriquece, uma crescente necessidade de independência política vem surgindo, como atestam as dificuldades encontradas pela Inglaterra no Egito e por nós na Síria. [...] No entanto, é, evidentemente, um absurdo tratar o islã como religião pura, sem nada de temporal, buscando garantir tão somente a salvação no além e podendo ser exilada da esfera laica da vida nas regiões do ideal, como foi o cristianismo. O islã ainda terá seus madis, seus profetas guerreiros, seus messias, que o tornarão um povo seguro de si antes de torná-lo uma nação e, com mais forte razão, uma inter-nação. O cristianismo dos três primeiros séculos foi, ao contrário, vigorosamente universalista. Estendeu a toda a humanidade o respeito à pessoa humana, que, juntos, gregos e judeus tinham fundado –os primeiros, em moral, sobretudo com os estoicos; os segundos, em religião, sobretudo com os profetas pós-exílicos (Lev. 19,18: "Amarás teu próximo como a ti mesmo"; Atos, 15,15, citando Jer. 12,15; Gál. 3,28)– e que os romanos tinham fundado em direito, mas sempre dentro de um povo, das cidades, da nação. Entretanto, foi Paulo, e talvez em um momento preciso de sua missão, aquele que se manifesta na Epístola aos Gálatas, quem, à imagem de Cristo, tornou todos os homens "filhos de Deus" (3,26), disse a eles que não havia diferença entre o homem livre e o escravo, que não existia liberdade senão na fé e que fora "para a liberdade que Cristo libertara os homens" [Gál. 5,1]. Ainda se tratava então, sem dúvida, da liberdade buscada na libertação da carne e da querela da circuncisão. Porém, foi esse o momento decisivo em que os mesmos direitos e os mesmos privilégios foram reivindicados para todos os homens que aderiam a uma mesma fé. Essa moral desenvolveu-se de maneira magnífica, e a Igreja Romana, que se diz católica, ou seja, universal, permanece, em parte, dentro da autêntica tradição de seu tempo. Recusa de portar armas, reprovação da guerra, ideal de paz –inúmeros mártires, inúmeras igrejas foram até esse ponto e ainda vão; a prova: conscientious objectors [objetores de consciência], que as leis de circunscrição inglesas foram obrigadas a reconhecer. A semente nunca cessou de fermentar nas almas cristãs. No entanto, as igrejas, com sua vitória nos séculos 4º e 5º, triunfaram. Foi quando mudaram sua forma política. Tal como as antigas religiões que haviam substituído, sobretudo a romana, tornaram-se instrumentos de reinado nas mãos dos imperadores, tornaram-se imperiais. A legenda "In hoc signo vinces" [com este sinal vencerás] assinala o fim do período puramente humanístico do cristianismo. Foi um compromisso, os imperadores renunciaram a sua divindade, a Igreja renunciou a sua humanidade. Ela foi nacional por um tempo, o tempo que durou o Império; manteve-se bem pouco internacionalista ou mesmo proselitista no Oriente ortodoxo, onde o imperador para o qual se celebraria a missa em Santa Sofia se identificou com o futuro patrono da Igreja. No Ocidente, tornou-se ferramenta dos reis e imperadores herdeiros do Sacro Império, isso quando eles não se sujeitavam a ser seus instrumentos. [...] O cânone de Gregório 2º é a base e o princípio do direito internacional público (Decretal, 9, 2). A unidade do direito canônico na cristandade muito contribuiu para a unidade dos direitos modernos, a qual, por sua vez, permitiu a instauração do direito internacional privado. Esse internacionalismo, esse pacifismo, essa moral foram pouco aplicados nos períodos violentos. Houve, porém, um momento, na época de Inocêncio 3º, em que a Igreja chegou a acreditar que todos os reis consentiriam em se tornar vassalos dos papas, mas isso não passou de teoria. Não importa; já era alguma coisa essas ideias serem proclamadas, por vezes observadas, sempre respeitadas a título de ideal. Por fim –e esse não é o menor dos fatos–, a Igreja fundou e desenvolveu uma educação uniforme de ponta a ponta da Europa católica. As universidades são obra sua; até o século 14, foram todas essencialmente clericais, daí a unidade de doutrina, de língua –o latim–, de ciência em toda a Europa. Só mais tarde, depois da lenta vitória das línguas ditas vulgares, depois da Reforma, da Renascença, é que a universidade deixou de ser coisa da Igreja e, portanto, internacional. Contudo, as pretensões teológicas da Sorbonne duraram mais tempo que o caráter da educação, que o caráter clerical da universidade em si. A universidade tem origem internacional, universal. Universidade não quer dizer tão somente a das artes, do direito e da teologia, mas também o caráter universal dos ensinamentos transmitidos de maneira idêntica às "nações", pois é no jargão universitário e dos cônsules que se desenvolveu, principalmente na Idade Média, o próprio conceito de nação. A Reforma pôs fim a tal movimento. Por esse prisma, poderíamos tachá-la de reacionária, se não soubéssemos que há que passar pelo estágio das nações antes de realizar a inter-nação. As pretensões da Igreja eram insuportáveis para os grandes Estados em via de formação; era necessária a independência dos poderes políticos, assim como devolver à Igreja a sua verdadeira função espiritual. Uns, a maioria dos povos de origem germânica, constituíram então igrejas nacionais, reformadas; outros, a maioria dos povos romandos, formaram Estados laicos, embora continuassem a se autodenominar mui cristãos, christianissimus e apostólicos. Foi esse um momento importante na vida das nações. MARCEL MAUSS (1872-1950) foi um sociólogo e antropólogo francês. DOROTHÉE DE BRUCHARD é tradutora. | ilustrissima | A fé cristã nasceu universalista, ao contrário do islamismoRESUMO A "Ilustríssima" adianta trecho de "A Nação", que o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) deixou inacabado. O selo Três Estrelas lança agora a edição brasileira. Na obra, Mauss examina a formação das modernas nações capitalistas e como elas tendem a criar uma ordem internacional de pendor socialista. * O direito internacional, público e privado, desenvolveu-se no Ocidente em uma atmosfera em parte latina e em parte cristã. Poderíamos até dizer que precisava simultaneamente, além de todas as condições descritas da civilização ocidental, desses dois elementos de moral: a noção do direito nacional –"discretæ gentes"– e a de fraternidade humana; um só não bastava. Prova disso é a notável ausência desse direito em todos os países da Europa Oriental, de tradição bizantina, imperial, maquiavélica. [...] A Igreja Romana, em meio às ruínas do Império do Ocidente, foi herdeira teórica da paz romana e grande inovadora de coisas e ideias internacionais. Seria extremamente incorreto dela fazer abstração. A religião cristã, desde São Paulo, era profundamente universalista. Cristo salvara todos os homens, não só um povo e os que se converteram a esse povo. Pois uma diferença importante separa o cristianismo do budismo, que o precedeu, e do islã, que o sucedeu. Também Buda salvou todos os homens, mas apenas fora da vida secular, na igreja, ou melhor, no mosteiro. Seu reino é extraterrestre e filosófico. Somente ao final da reencarnação é que todos os homens serão salvos. O futuro Buda Maitreya, criação exclusiva do budismo do Norte, pode ser posterior a Cristo; ainda não nasceu aquele que fará reinar o amor, a amizade e a paz entre os homens. Ainda é um simples Bodhisattva, que nasce e renasce; centenas de milhões de homens esperam por ele no Oriente. O budismo, religião de um deus salvador universal, porém absolutamente desaparecido, não é mais que pura religião. Nesse sentido, o islã é uma regressão em relação ao cristianismo. O Profeta decerto também "viu" a salvação dos homens, e Alá, por sua boca, a ela conclama o Universo e lhe promete a paz ("islã" significa paz e salvação). No entanto, o mundo islâmico inteiro concebe a si mesmo como a uma espécie de vasto povo eleito; trata-se, no fundo, de um judaísmo com proselitismo. A unidade da língua sagrada, da circuncisão, da lei civil criminal e religiosa, até mesmo a unidade política em torno do califa, em torno de duas capitais, Meca e Istambul, o vaivém dos peregrinos, as sociedades secretas e as ordens religiosas, isso tudo faz com que se aparente mais a um movimento de nacionalismo que de internacionalismo. Some-se a isso a luta secular contra o cristianismo, que não é, de modo algum, vencedor, sobretudo na África, assim como a atual necessidade de independência dos povos muçulmanos colocados sob tutela por dois ou três povos cristãos, e o islã se mostrará com mais fortes tendências à unidade nacional que à unidade humana, algo que hoje, aliás, é mais perceptível que nunca. O mundo islâmico está tomando consciência de sua unidade. Os turcos não encontraram melhores protetores que os muçulmanos da Índia. Em todos os países do Norte da África, onde o muçulmano se instrui, tem acesso à civilização, enriquece, uma crescente necessidade de independência política vem surgindo, como atestam as dificuldades encontradas pela Inglaterra no Egito e por nós na Síria. [...] No entanto, é, evidentemente, um absurdo tratar o islã como religião pura, sem nada de temporal, buscando garantir tão somente a salvação no além e podendo ser exilada da esfera laica da vida nas regiões do ideal, como foi o cristianismo. O islã ainda terá seus madis, seus profetas guerreiros, seus messias, que o tornarão um povo seguro de si antes de torná-lo uma nação e, com mais forte razão, uma inter-nação. O cristianismo dos três primeiros séculos foi, ao contrário, vigorosamente universalista. Estendeu a toda a humanidade o respeito à pessoa humana, que, juntos, gregos e judeus tinham fundado –os primeiros, em moral, sobretudo com os estoicos; os segundos, em religião, sobretudo com os profetas pós-exílicos (Lev. 19,18: "Amarás teu próximo como a ti mesmo"; Atos, 15,15, citando Jer. 12,15; Gál. 3,28)– e que os romanos tinham fundado em direito, mas sempre dentro de um povo, das cidades, da nação. Entretanto, foi Paulo, e talvez em um momento preciso de sua missão, aquele que se manifesta na Epístola aos Gálatas, quem, à imagem de Cristo, tornou todos os homens "filhos de Deus" (3,26), disse a eles que não havia diferença entre o homem livre e o escravo, que não existia liberdade senão na fé e que fora "para a liberdade que Cristo libertara os homens" [Gál. 5,1]. Ainda se tratava então, sem dúvida, da liberdade buscada na libertação da carne e da querela da circuncisão. Porém, foi esse o momento decisivo em que os mesmos direitos e os mesmos privilégios foram reivindicados para todos os homens que aderiam a uma mesma fé. Essa moral desenvolveu-se de maneira magnífica, e a Igreja Romana, que se diz católica, ou seja, universal, permanece, em parte, dentro da autêntica tradição de seu tempo. Recusa de portar armas, reprovação da guerra, ideal de paz –inúmeros mártires, inúmeras igrejas foram até esse ponto e ainda vão; a prova: conscientious objectors [objetores de consciência], que as leis de circunscrição inglesas foram obrigadas a reconhecer. A semente nunca cessou de fermentar nas almas cristãs. No entanto, as igrejas, com sua vitória nos séculos 4º e 5º, triunfaram. Foi quando mudaram sua forma política. Tal como as antigas religiões que haviam substituído, sobretudo a romana, tornaram-se instrumentos de reinado nas mãos dos imperadores, tornaram-se imperiais. A legenda "In hoc signo vinces" [com este sinal vencerás] assinala o fim do período puramente humanístico do cristianismo. Foi um compromisso, os imperadores renunciaram a sua divindade, a Igreja renunciou a sua humanidade. Ela foi nacional por um tempo, o tempo que durou o Império; manteve-se bem pouco internacionalista ou mesmo proselitista no Oriente ortodoxo, onde o imperador para o qual se celebraria a missa em Santa Sofia se identificou com o futuro patrono da Igreja. No Ocidente, tornou-se ferramenta dos reis e imperadores herdeiros do Sacro Império, isso quando eles não se sujeitavam a ser seus instrumentos. [...] O cânone de Gregório 2º é a base e o princípio do direito internacional público (Decretal, 9, 2). A unidade do direito canônico na cristandade muito contribuiu para a unidade dos direitos modernos, a qual, por sua vez, permitiu a instauração do direito internacional privado. Esse internacionalismo, esse pacifismo, essa moral foram pouco aplicados nos períodos violentos. Houve, porém, um momento, na época de Inocêncio 3º, em que a Igreja chegou a acreditar que todos os reis consentiriam em se tornar vassalos dos papas, mas isso não passou de teoria. Não importa; já era alguma coisa essas ideias serem proclamadas, por vezes observadas, sempre respeitadas a título de ideal. Por fim –e esse não é o menor dos fatos–, a Igreja fundou e desenvolveu uma educação uniforme de ponta a ponta da Europa católica. As universidades são obra sua; até o século 14, foram todas essencialmente clericais, daí a unidade de doutrina, de língua –o latim–, de ciência em toda a Europa. Só mais tarde, depois da lenta vitória das línguas ditas vulgares, depois da Reforma, da Renascença, é que a universidade deixou de ser coisa da Igreja e, portanto, internacional. Contudo, as pretensões teológicas da Sorbonne duraram mais tempo que o caráter da educação, que o caráter clerical da universidade em si. A universidade tem origem internacional, universal. Universidade não quer dizer tão somente a das artes, do direito e da teologia, mas também o caráter universal dos ensinamentos transmitidos de maneira idêntica às "nações", pois é no jargão universitário e dos cônsules que se desenvolveu, principalmente na Idade Média, o próprio conceito de nação. A Reforma pôs fim a tal movimento. Por esse prisma, poderíamos tachá-la de reacionária, se não soubéssemos que há que passar pelo estágio das nações antes de realizar a inter-nação. As pretensões da Igreja eram insuportáveis para os grandes Estados em via de formação; era necessária a independência dos poderes políticos, assim como devolver à Igreja a sua verdadeira função espiritual. Uns, a maioria dos povos de origem germânica, constituíram então igrejas nacionais, reformadas; outros, a maioria dos povos romandos, formaram Estados laicos, embora continuassem a se autodenominar mui cristãos, christianissimus e apostólicos. Foi esse um momento importante na vida das nações. MARCEL MAUSS (1872-1950) foi um sociólogo e antropólogo francês. DOROTHÉE DE BRUCHARD é tradutora. | 18 |
Mercosul mencionará Venezuela em comunicado; Maduro cancela viagem | Os países do Mercosul mencionarão as eleições na Venezuela e o tema dos direitos humanos na declaração conjunta que será divulgada após a reunião de presidentes, nesta segunda-feira (21). Com o tema no centro da agenda dos países do Mercosul, reunidos na cúpula do bloco, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cancelou a sua participação em cima da hora, na noite deste domingo (20). Segundo a diplomacia uruguaia, os países concordaram em criar uma comissão para monitorar temas de direitos humanos no bloco, como sugeriu o Paraguai. Isso permitirá aos países acompanhar questão que divide os presidentes dos bloco: a prisão de políticos opositores na Venezuela. Argentina e Paraguai têm opinião mais crítica em relação à Venezuela e queriam incluir um discurso mais duro sobre o tema na declaração dos países, mas enfrentam resistência do Brasil. Na declaração que será divulgada nesta segunda, os países vão elogiar as eleições na Venezuela, em que a oposição saiu vitoriosa. Os integrantes evitarão, contudo, pressionar Maduro pela adesão ao protocolo de Assunção, sobre o compromisso com os direitos humanos. O tema não constará da declaração conjunta dos países. A adesão a esse instrumento permitiria que a Venezuela pudesse ser punida por casos que desrespeitem o protocolo, como a prisão de opositores —um dos defensores das punições a Caracas é o recém-empossado presidente argentino, Mauricio Macri. Ainda não está claro se só a criação da comissão bastaria para pressionar e eventualmente punir o país. A presidente Dilma Rousseff chegou nesta segunda (21) por volta de 9h30 (10h30, no horário de Brasília), e pretende ficar no Paraguai apenas até o início da tarde. Em Brasília, ela participa da posse do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Também já estão em Assunção os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Michelle Bachelet. | mundo | Mercosul mencionará Venezuela em comunicado; Maduro cancela viagemOs países do Mercosul mencionarão as eleições na Venezuela e o tema dos direitos humanos na declaração conjunta que será divulgada após a reunião de presidentes, nesta segunda-feira (21). Com o tema no centro da agenda dos países do Mercosul, reunidos na cúpula do bloco, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cancelou a sua participação em cima da hora, na noite deste domingo (20). Segundo a diplomacia uruguaia, os países concordaram em criar uma comissão para monitorar temas de direitos humanos no bloco, como sugeriu o Paraguai. Isso permitirá aos países acompanhar questão que divide os presidentes dos bloco: a prisão de políticos opositores na Venezuela. Argentina e Paraguai têm opinião mais crítica em relação à Venezuela e queriam incluir um discurso mais duro sobre o tema na declaração dos países, mas enfrentam resistência do Brasil. Na declaração que será divulgada nesta segunda, os países vão elogiar as eleições na Venezuela, em que a oposição saiu vitoriosa. Os integrantes evitarão, contudo, pressionar Maduro pela adesão ao protocolo de Assunção, sobre o compromisso com os direitos humanos. O tema não constará da declaração conjunta dos países. A adesão a esse instrumento permitiria que a Venezuela pudesse ser punida por casos que desrespeitem o protocolo, como a prisão de opositores —um dos defensores das punições a Caracas é o recém-empossado presidente argentino, Mauricio Macri. Ainda não está claro se só a criação da comissão bastaria para pressionar e eventualmente punir o país. A presidente Dilma Rousseff chegou nesta segunda (21) por volta de 9h30 (10h30, no horário de Brasília), e pretende ficar no Paraguai apenas até o início da tarde. Em Brasília, ela participa da posse do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Também já estão em Assunção os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Michelle Bachelet. | 3 |
Justiça libera projeto de Alckmin para vender imóveis de R$ 1,4 bilhão em SP | Uma decisão do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo liberou a tramitação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa que prevê a venda de imóveis do governo do Estado. As áreas estão avaliadas em R$ 1,43 bilhão. A decisão desta terça-feira (2), do juiz Carlos Bueno, reverte uma liminar concedida pelo próprio magistrado em junho, quando ele havia sustado a tramitação do projeto de lei 328/2016, e gerou queixas da comunidade científica. Em abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou projeto à Assembleia pedindo autorização para vender 79 imóveis pertencentes ao Estado para fazer caixa e equilibrar as contas do governo. Além do valor de venda, o governo afirma que a medida resultará em uma economia de R$ 508 mil por ano. A medida gerou embate especialmente com a comunidade científica porque parte da lista contempla centros de pesquisas inteiros, localizados em Jundiaí, Brotas, Gália e Itapeva. Há casos em que Alckmin quer vender apenas parte da área, como em Ribeirão Preto. Os pesquisadores afirmam que não foram realizadas audiências públicas com a categoria, pré-requisito para que a venda possa se concretizar. O agravo interposto pelo Estado apontava que não havia vício no processo legislativo, pois a venda só poderá ocorrer após a realização de audiência com a comunidade científica e a aprovação pelos deputados, não necessariamente nesta sequência. "A atividade legislativa não estaria condicionada à realização da audiência", diz trecho da decisão de Bueno. O pedido de Alckmin foi enviado em regime de urgência e envolve áreas usadas principalmente pelas secretarias da Agricultura, do Desenvolvimento Econômico e pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Segundo o Estado, as áreas estão sem uso ou apresentam ociosidade parcial. Esse argumento foi um dos motivadores para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadir a fazenda de Ribeirão no mês passado. Agora, com a decisão, a Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo vai tentar convencer deputados a aprovarem emendas. Uma delas prevê a retirada de 12 áreas usadas pela Secretaria da Agricultura do projeto. "A decisão surpreendeu, pois o próprio juiz voltou atrás em seu entendimento. O principal problema desse projeto é que não houve discussão nenhuma com a comunidade científica", disse Joaquim Azevedo Filho, presidente da associação. Segundo ele, outras emendas foram feitas por deputados de oposição a Alckmin com o objetivo de preservar imóveis específicos. PROJETOS O Centro de Engenharia e Automação, de Jundiaí, é um dos espaços atingidos. No local, há 40 projetos em andamento, feitos por 12 pesquisadores e 22 funcionários, diz a associação de pesquisadores. A entidade menciona a presença no local de um conjunto de laboratórios, estruturas de campo e de transferência tecnológica para produtores, além de pista de ensaio de tratores e outros veículos agrícolas com 1 km, que não podem ser transferidos. "Os prejuízos nas atividades de pesquisa serão enormes", disse Azevedo Filho. Em Brotas, são relatados dez projetos sobre avicultura em andamento, com investimento recente na recuperação da infraestrutura e pastagem sob cerrado, ambiente incomum entre as unidades de pesquisa do Estado. No centro de Gália, pesquisadores citam comprometimento de projetos para a agricultura familiar, como as pesquisas sobre bicho-da-seda. Já em Ribeirão Preto, animais usados em estudos científicos, como o da "vaca vitaminada", já foram transferidos para a unidade de Nova Odessa e os barracões estão vazios. CAIXA De acordo com a Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), órgão do governo Alckmin responsável por administrar as áreas, não haverá nenhum prejuízo para as atividades de pesquisa no Estado e a análise sobre as fazendas é feita desde 2012. Segundo o governo, o objetivo não é só economizar dinheiro, mas também otimizar as pesquisas. Um comunicado divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Estado afirma que a venda dos imóveis "aumentará as receitas estaduais para custear investimentos necessários à população em projetos diretamente ligados às pastas que têm a propriedade dos imóveis". Além disso, os recursos obtidos com a alienação poderão elevar o capital da CPP (Companhia Paulista de Parcerias) e poderão ser usados em garantias em projetos contratados por meio de parcerias público-privadas, conforme o governo. | cotidiano | Justiça libera projeto de Alckmin para vender imóveis de R$ 1,4 bilhão em SPUma decisão do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo liberou a tramitação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa que prevê a venda de imóveis do governo do Estado. As áreas estão avaliadas em R$ 1,43 bilhão. A decisão desta terça-feira (2), do juiz Carlos Bueno, reverte uma liminar concedida pelo próprio magistrado em junho, quando ele havia sustado a tramitação do projeto de lei 328/2016, e gerou queixas da comunidade científica. Em abril, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou projeto à Assembleia pedindo autorização para vender 79 imóveis pertencentes ao Estado para fazer caixa e equilibrar as contas do governo. Além do valor de venda, o governo afirma que a medida resultará em uma economia de R$ 508 mil por ano. A medida gerou embate especialmente com a comunidade científica porque parte da lista contempla centros de pesquisas inteiros, localizados em Jundiaí, Brotas, Gália e Itapeva. Há casos em que Alckmin quer vender apenas parte da área, como em Ribeirão Preto. Os pesquisadores afirmam que não foram realizadas audiências públicas com a categoria, pré-requisito para que a venda possa se concretizar. O agravo interposto pelo Estado apontava que não havia vício no processo legislativo, pois a venda só poderá ocorrer após a realização de audiência com a comunidade científica e a aprovação pelos deputados, não necessariamente nesta sequência. "A atividade legislativa não estaria condicionada à realização da audiência", diz trecho da decisão de Bueno. O pedido de Alckmin foi enviado em regime de urgência e envolve áreas usadas principalmente pelas secretarias da Agricultura, do Desenvolvimento Econômico e pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Segundo o Estado, as áreas estão sem uso ou apresentam ociosidade parcial. Esse argumento foi um dos motivadores para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadir a fazenda de Ribeirão no mês passado. Agora, com a decisão, a Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo vai tentar convencer deputados a aprovarem emendas. Uma delas prevê a retirada de 12 áreas usadas pela Secretaria da Agricultura do projeto. "A decisão surpreendeu, pois o próprio juiz voltou atrás em seu entendimento. O principal problema desse projeto é que não houve discussão nenhuma com a comunidade científica", disse Joaquim Azevedo Filho, presidente da associação. Segundo ele, outras emendas foram feitas por deputados de oposição a Alckmin com o objetivo de preservar imóveis específicos. PROJETOS O Centro de Engenharia e Automação, de Jundiaí, é um dos espaços atingidos. No local, há 40 projetos em andamento, feitos por 12 pesquisadores e 22 funcionários, diz a associação de pesquisadores. A entidade menciona a presença no local de um conjunto de laboratórios, estruturas de campo e de transferência tecnológica para produtores, além de pista de ensaio de tratores e outros veículos agrícolas com 1 km, que não podem ser transferidos. "Os prejuízos nas atividades de pesquisa serão enormes", disse Azevedo Filho. Em Brotas, são relatados dez projetos sobre avicultura em andamento, com investimento recente na recuperação da infraestrutura e pastagem sob cerrado, ambiente incomum entre as unidades de pesquisa do Estado. No centro de Gália, pesquisadores citam comprometimento de projetos para a agricultura familiar, como as pesquisas sobre bicho-da-seda. Já em Ribeirão Preto, animais usados em estudos científicos, como o da "vaca vitaminada", já foram transferidos para a unidade de Nova Odessa e os barracões estão vazios. CAIXA De acordo com a Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), órgão do governo Alckmin responsável por administrar as áreas, não haverá nenhum prejuízo para as atividades de pesquisa no Estado e a análise sobre as fazendas é feita desde 2012. Segundo o governo, o objetivo não é só economizar dinheiro, mas também otimizar as pesquisas. Um comunicado divulgado nesta quarta-feira (3) pelo Estado afirma que a venda dos imóveis "aumentará as receitas estaduais para custear investimentos necessários à população em projetos diretamente ligados às pastas que têm a propriedade dos imóveis". Além disso, os recursos obtidos com a alienação poderão elevar o capital da CPP (Companhia Paulista de Parcerias) e poderão ser usados em garantias em projetos contratados por meio de parcerias público-privadas, conforme o governo. | 6 |
Preço do boi gordo tem maior queda da história em 12 meses, aponta Cepea | A arroba de boi gordo caiu 17,7% nos últimos 12 meses até junho, a maior queda nominal da história nesse período do ano, segundo Mariane Crespolini, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Essa série de preços foi iniciada em 1997. Para Crespolini, a média de preço para este mês —até terça-feira (27)— foi de R$ 128,89. Em igual período de 2016, o valor era de R$ 156,67. O preço do bezerro também teve queda histórica. A comparação das médias mensais de junho de 2016 e deste mês mostrou recuo de 18,4%, conforme o Indicador Esalq/BM&FBovespa. O preço atual do bezerro caiu para R$ 1.093,11, em comparação com R$ 1.338,82 em junho de 2016. Essa foi a redução mais expressiva nesse período desde o início da série do Cepea, em 2000. A intensa redução de preços no pasto não foi registrada no mercado atacadista de carne com osso, segundo Crespolini. O valor da carcaça casada de boi recuou apenas 1,02% no período. "No primeiro semestre deste ano, o preço da arroba de boi gordo caiu 13,68%, o do bezerro, 12,38%, e o da carcaça casada, 5,48%", afirmou a pesquisadora. A forte desaceleração dos preços ocorreu porque os investimentos realizados por pecuaristas resultaram em ganhos de produtividade e disponibilidade maior de fêmeas para abate. Esse cenário e a demanda, ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido, pressionaram as cotações já no início do ano. Além disso, a Operação Carne Fraca e os reflexos da delação premiada da JBS fizeram que a principal indústria do setor reduzisse o volume de abates. Isso dificultou a comercialização do gado, o que também se deve ao fato de o setor ser composto de uma grande quantidade de pecuaristas com pouca organização em comercialização conjunta e, ao mesmo tempo, o elo intermediário da cadeia, mais concentrado e organizado, ter administrado bem as compras, a ponto de não inundar o mercado atacadista, como explica Crespolini. As exportações seriam um caminho, mas os problemas internos do setor prejudicam a imagem da cadeia produtiva no exterior. Mercado mundial de carne bovina passa por grandes mudanças Aconteceu de tudo nesse segundo trimestre do ano no mercado internacional de carne bovina. O Brasil, maior exportador mundial, viu seu mercado virar de ponta-cabeça. Operações da Polícia Federal, delação premiada dos donos da JBS e as porteiras fechadas nos Estados Unidos para a carne "in natura" do Brasil marcaram esse mercado. Os Estados Unidos, maiores produtores mundial de carne bovina, voltam a se recuperar. Os americanos estão com um rebanho maior, produzem mais e elevam as exportações. Para assegurar esse bom desempenho, os Estados Unidos vão contar com uma ajudazinha da China. O país asiático, após 13 anos, abriu novamente as portas para a carne bovina americana. Outra importante mudança no mercado vem da Índia, país que disputa com o Brasil a liderança nas exportações mundiais: o governo indiano impôs limitações ao abate de gado. Estudo dos técnicos do Rabobank, banco especializado no agronegócio, indica que a China será o grande diferencial desse mercado. A demanda cresce muito, e a oferta interna é insuficiente. Por esse motivo, o país asiático abriu o seu mercado para os brasileiros em 2015 e, agora, o libera para a carne americana. Na avaliação do Rabobank, a China, que importou 15% do volume de carne que consome em 2016, vai buscar 20% em 2020. Serão 2 milhões de toneladas. O Brasil, líder em exportações para a China, ainda manterá essa liderança nos próximos anos. Os americanos vão ter de se adaptar a algumas exigências do mercado chinês, tais como rastreabilidade, quantidade de hormônio e uso de ractopamina para o crescimento e ganho de peso do animal. A abertura da China vem em boa hora para os americanos. As exportações dos Estados Unidos nunca superaram 10% da produção de carne, o que acaba de acontecer no primeiro quadrimestre deste ano. Os americanos são favorecidos ainda pela fraqueza das exportações brasileiras, que recuaram 10% de janeiro a maio, em relação a igual período do ano passado. Austrália e Nova Zelândia, outros dois países importantes para o mercado internacional, estão com oferta menor de gado e preços elevados. A produção australiana de carne bovina caiu 10% de janeiro a abril, em relação ao ano passado. Já os preços subiram 10% de janeiro a maio, segundo o Rabobank. Nos Estados Unidos, a produção de carne aumentou 4% até maio; a exportação, 20%. | colunas | Preço do boi gordo tem maior queda da história em 12 meses, aponta CepeaA arroba de boi gordo caiu 17,7% nos últimos 12 meses até junho, a maior queda nominal da história nesse período do ano, segundo Mariane Crespolini, pesquisadora do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Essa série de preços foi iniciada em 1997. Para Crespolini, a média de preço para este mês —até terça-feira (27)— foi de R$ 128,89. Em igual período de 2016, o valor era de R$ 156,67. O preço do bezerro também teve queda histórica. A comparação das médias mensais de junho de 2016 e deste mês mostrou recuo de 18,4%, conforme o Indicador Esalq/BM&FBovespa. O preço atual do bezerro caiu para R$ 1.093,11, em comparação com R$ 1.338,82 em junho de 2016. Essa foi a redução mais expressiva nesse período desde o início da série do Cepea, em 2000. A intensa redução de preços no pasto não foi registrada no mercado atacadista de carne com osso, segundo Crespolini. O valor da carcaça casada de boi recuou apenas 1,02% no período. "No primeiro semestre deste ano, o preço da arroba de boi gordo caiu 13,68%, o do bezerro, 12,38%, e o da carcaça casada, 5,48%", afirmou a pesquisadora. A forte desaceleração dos preços ocorreu porque os investimentos realizados por pecuaristas resultaram em ganhos de produtividade e disponibilidade maior de fêmeas para abate. Esse cenário e a demanda, ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido, pressionaram as cotações já no início do ano. Além disso, a Operação Carne Fraca e os reflexos da delação premiada da JBS fizeram que a principal indústria do setor reduzisse o volume de abates. Isso dificultou a comercialização do gado, o que também se deve ao fato de o setor ser composto de uma grande quantidade de pecuaristas com pouca organização em comercialização conjunta e, ao mesmo tempo, o elo intermediário da cadeia, mais concentrado e organizado, ter administrado bem as compras, a ponto de não inundar o mercado atacadista, como explica Crespolini. As exportações seriam um caminho, mas os problemas internos do setor prejudicam a imagem da cadeia produtiva no exterior. Mercado mundial de carne bovina passa por grandes mudanças Aconteceu de tudo nesse segundo trimestre do ano no mercado internacional de carne bovina. O Brasil, maior exportador mundial, viu seu mercado virar de ponta-cabeça. Operações da Polícia Federal, delação premiada dos donos da JBS e as porteiras fechadas nos Estados Unidos para a carne "in natura" do Brasil marcaram esse mercado. Os Estados Unidos, maiores produtores mundial de carne bovina, voltam a se recuperar. Os americanos estão com um rebanho maior, produzem mais e elevam as exportações. Para assegurar esse bom desempenho, os Estados Unidos vão contar com uma ajudazinha da China. O país asiático, após 13 anos, abriu novamente as portas para a carne bovina americana. Outra importante mudança no mercado vem da Índia, país que disputa com o Brasil a liderança nas exportações mundiais: o governo indiano impôs limitações ao abate de gado. Estudo dos técnicos do Rabobank, banco especializado no agronegócio, indica que a China será o grande diferencial desse mercado. A demanda cresce muito, e a oferta interna é insuficiente. Por esse motivo, o país asiático abriu o seu mercado para os brasileiros em 2015 e, agora, o libera para a carne americana. Na avaliação do Rabobank, a China, que importou 15% do volume de carne que consome em 2016, vai buscar 20% em 2020. Serão 2 milhões de toneladas. O Brasil, líder em exportações para a China, ainda manterá essa liderança nos próximos anos. Os americanos vão ter de se adaptar a algumas exigências do mercado chinês, tais como rastreabilidade, quantidade de hormônio e uso de ractopamina para o crescimento e ganho de peso do animal. A abertura da China vem em boa hora para os americanos. As exportações dos Estados Unidos nunca superaram 10% da produção de carne, o que acaba de acontecer no primeiro quadrimestre deste ano. Os americanos são favorecidos ainda pela fraqueza das exportações brasileiras, que recuaram 10% de janeiro a maio, em relação a igual período do ano passado. Austrália e Nova Zelândia, outros dois países importantes para o mercado internacional, estão com oferta menor de gado e preços elevados. A produção australiana de carne bovina caiu 10% de janeiro a abril, em relação ao ano passado. Já os preços subiram 10% de janeiro a maio, segundo o Rabobank. Nos Estados Unidos, a produção de carne aumentou 4% até maio; a exportação, 20%. | 10 |
STF recebe nova investigação contra Renan Calheiros | O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu uma nova investigação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem relação com o inquérito em andamento no tribunal que apura se o peemedebista usou dinheiro de empreiteira para pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento. O caso está em segredo de justiça e será analisado pelo ministro Luiz Edson Fachin. O escândalo, ocorrido em 2007, foi um dos fatores que levou Renan a renunciar à presidência do Senado na época. A nova linha de investigação seria um desdobramento do inquérito e apura crimes de lavagem de dinheiro e peculato. A suspeita é de possíveis fraudes tributárias. Além desses dois procedimentos, Renan é alvo de outros seis inquéritos que apuram sua suposta ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. Na sexta (19), Fachin decidiu retirar de pauta para julgamento denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente do Senado no inquérito original sobre o caso do pagamento de pensão. Não há prazo para a acusação ser analisada. Se a denúncia for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan passa a ser réu, respondendo pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. O ministro Ricardo Lewandowski era o relator original do caso, mas deixou o processo quando assumiu a presidência do STF, em setembro de 2014. Fachin assumiu o caso em junho de 2015, logo após tomar posse no Supremo. Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos da pensão, Renan apresentou documentos e disse que tinha recebido uma parte com a venda de gado. O suposto comprador negou que tenha adquirido bois do senador. Na denúncia, a Procuradoria disse que Renan não possuía recursos disponíveis para custear os valores repassados a jornalista Mônica Veloso entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006, e que inseriu "informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira". A pena prevista no Código Penal para o crime de peculato (quando servidor utiliza o cargo para desviar dinheiro público) é de 2 a 12 anos de prisão. Se Renan for condenado pelos três crimes, a soma de suas penas pode variar de 5 a 23 anos de cadeia, mais pagamento de multa a ser estipulada pelo STF. | poder | STF recebe nova investigação contra Renan CalheirosO STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu uma nova investigação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem relação com o inquérito em andamento no tribunal que apura se o peemedebista usou dinheiro de empreiteira para pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento. O caso está em segredo de justiça e será analisado pelo ministro Luiz Edson Fachin. O escândalo, ocorrido em 2007, foi um dos fatores que levou Renan a renunciar à presidência do Senado na época. A nova linha de investigação seria um desdobramento do inquérito e apura crimes de lavagem de dinheiro e peculato. A suspeita é de possíveis fraudes tributárias. Além desses dois procedimentos, Renan é alvo de outros seis inquéritos que apuram sua suposta ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. Na sexta (19), Fachin decidiu retirar de pauta para julgamento denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente do Senado no inquérito original sobre o caso do pagamento de pensão. Não há prazo para a acusação ser analisada. Se a denúncia for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan passa a ser réu, respondendo pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. O ministro Ricardo Lewandowski era o relator original do caso, mas deixou o processo quando assumiu a presidência do STF, em setembro de 2014. Fachin assumiu o caso em junho de 2015, logo após tomar posse no Supremo. Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos da pensão, Renan apresentou documentos e disse que tinha recebido uma parte com a venda de gado. O suposto comprador negou que tenha adquirido bois do senador. Na denúncia, a Procuradoria disse que Renan não possuía recursos disponíveis para custear os valores repassados a jornalista Mônica Veloso entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006, e que inseriu "informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira". A pena prevista no Código Penal para o crime de peculato (quando servidor utiliza o cargo para desviar dinheiro público) é de 2 a 12 anos de prisão. Se Renan for condenado pelos três crimes, a soma de suas penas pode variar de 5 a 23 anos de cadeia, mais pagamento de multa a ser estipulada pelo STF. | 0 |
Em 2012, show de Leonard Cohen terminou com 15 mil pessoas chorando | Leonard Cohen sabia que o fim estava próximo. O cantor canadense, que morreu em Los Angeles, aos 82 anos, de causas não divulgadas, havia acabado de lançar "You Want It Darker", seu 14º e último disco de inéditas. O tom do álbum é de despedida. Na faixa-título, ele canta: "Estou pronto, meu Senhor". Doente e fraco, Cohen nem saiu de casa. Gravou na sala, com a ajuda do filho, Adam, produtor da obra. Sua voz nunca esteve tão grave, áspera e sussurrada, o que colabora para o clima confessional e íntimo que domina o trabalho. "You Want It Darker" é um dos melhores discos de Cohen e encerra com brilhantismo uma carreira de 49 anos, iniciada em 1967 com o LP "Songs of Leonard Cohen". A carreira musical de Leonard Cohen começou tarde. Ele já tinha 33 anos quando lançou o primeiro disco, com músicas que se tornariam clássicas de seu repertório, como "Suzanne", "So Long, Marianne", "Sisters of Mercy" e "That's No Way to Say Goodbye". Até então, era conhecido por um pequeno grupo de fãs como um poeta e romancista de talento. Mas a literatura não pagava as contas. Cohen vivia como um beatnik, frequentando cafés e saraus literários em Montreal e Nova York. No início dos anos 1960, viveu na ilha grega de Hydra, onde conheceu Marianne Ihlen, uma linda norueguesa que inspiraria canções como "Bird on the Wire" e "So Long, Marianne". Foi depois de conhecer os primeiros discos de Bob Dylan, seu grande ídolo musical, que Cohen percebeu ser possível fazer música pop com um texto de alta qualidade. A música também prometia mais dinheiro que a poesia, e por isso ele resolveu arriscar uma carreira de compositor. Seus primeiros discos foram inspirados pelo folk de Dylan e de outro músico cujas letras admirava, o cantor country Hank Williams (1923-1953). Desde o primeiro LP, Leonard Cohen mostrou-se obcecado por três temas: sexo, amor e espiritualidade. Um judeu que estudou Cabala, flertou com a Cientologia e no fim da vida virou monge budista, Cohen era um homem profundamente espiritualizado e escreveu muitas letras sobre os mistérios da fé e dos livros sagrados. Sua canção mais famosa, "Hallelujah", de 1984, menciona trechos da Bíblia e foi regravada cerca de 300 vezes, incluindo versões de Jeff Buckley, k.d. Lang e John Cale. Até o filme "Shrek" usou a canção. "Hallelujah" também é um exemplo do método de composição perfeccionista e obsessivo de Cohen, que costumava levar meses burilando uma letra até se dar por satisfeito. A canção teve cerca de 80 versões e levou quase cinco anos para ficar pronta. mulheres Mais que a fé, o tema que realmente dominou a obra de Leonard Cohen foi o amor. Ele teve uma vida amorosa das mais intensas e frequentemente descreveu-a em canções."The Gypsy's Wife" (1979) fala do fim de seu relacionamento com Suzanne Elrod, mãe de sua filha, Lorca, e de seu filho, Adam. "Chelsea Hotel # 2" (1974) narra uma noite de sexo com uma amante, que Cohen, num raríssimo ato de indiscrição, revelou ser a cantora Janis Joplin (1943-1970). Outra cantora famosa que caiu de amores por ele foi Joni Mitchell. Nos anos 1990, Cohen teve um romance com a atriz Rebecca De Mornay. Leonard Cohen era um compositor dos compositores. Nunca fez sucesso comercial, mas era cultuado por seus pares. Suas canções foram regravadas por Nick Cave, Johnny Cash, R.E.M., Pixies, Willie Nelson, Nina Simone, Neil Diamond e muitos outros. Kurt Cobain o homenageou na letra de "Pennyroyal Tea", do Nirvana. Mas a maior homenagem talvez seja a do cantor country Kris Kristofferson, que pediu para ter o refrão de "Bird on the Wire" (1969) impresso em sua lápide: "Como um pássaro no fio / como um bêbado em um coral da meia-noite / eu tenho tentado, a meu modo, ser livre". Em 1994, Cohen se aposentou da música e foi para um monastério budista na Califórnia. O retiro durou cinco anos. Por volta de 2004, descobriu que sua empresária havia roubado quase todo seu dinheiro. Ele a processou, mas precisou voltar aos palcos para recuperar suas finanças. O trambique da empresária foi péssimo para Cohen, mas um verdadeiro delírio para seus fãs: em 2008, já com 74 anos de idade, voltou aos palcos depois de quase 15 anos, fez 387 shows em todo o mundo (exceto no Brasil!) e gravou sete discos, sendo três de estúdio e quatro ao vivo. Na verdade, Leonard Cohen vinha se despedindo de seu público há algum tempo. Em 5 de outubro de 2012, subiu ao palco do Palacio de Deportes de Madri, vestido impecavelmente de terno e chapéu, e disse: "Amigos, não sei quando voltaremos a nos encontrar. Por isso vamos fazer dessa noite um momento especial. Vamos dar a vocês tudo que temos". E fez um show de 33 músicas e 4h15 de duração, que terminou com 15 mil pessoas chorando e jogando flores no palco. Foi a última vez que ele se apresentou na Espanha, terra de seu poeta favorito, Federico Garcia Lorca. | ilustrada | Em 2012, show de Leonard Cohen terminou com 15 mil pessoas chorandoLeonard Cohen sabia que o fim estava próximo. O cantor canadense, que morreu em Los Angeles, aos 82 anos, de causas não divulgadas, havia acabado de lançar "You Want It Darker", seu 14º e último disco de inéditas. O tom do álbum é de despedida. Na faixa-título, ele canta: "Estou pronto, meu Senhor". Doente e fraco, Cohen nem saiu de casa. Gravou na sala, com a ajuda do filho, Adam, produtor da obra. Sua voz nunca esteve tão grave, áspera e sussurrada, o que colabora para o clima confessional e íntimo que domina o trabalho. "You Want It Darker" é um dos melhores discos de Cohen e encerra com brilhantismo uma carreira de 49 anos, iniciada em 1967 com o LP "Songs of Leonard Cohen". A carreira musical de Leonard Cohen começou tarde. Ele já tinha 33 anos quando lançou o primeiro disco, com músicas que se tornariam clássicas de seu repertório, como "Suzanne", "So Long, Marianne", "Sisters of Mercy" e "That's No Way to Say Goodbye". Até então, era conhecido por um pequeno grupo de fãs como um poeta e romancista de talento. Mas a literatura não pagava as contas. Cohen vivia como um beatnik, frequentando cafés e saraus literários em Montreal e Nova York. No início dos anos 1960, viveu na ilha grega de Hydra, onde conheceu Marianne Ihlen, uma linda norueguesa que inspiraria canções como "Bird on the Wire" e "So Long, Marianne". Foi depois de conhecer os primeiros discos de Bob Dylan, seu grande ídolo musical, que Cohen percebeu ser possível fazer música pop com um texto de alta qualidade. A música também prometia mais dinheiro que a poesia, e por isso ele resolveu arriscar uma carreira de compositor. Seus primeiros discos foram inspirados pelo folk de Dylan e de outro músico cujas letras admirava, o cantor country Hank Williams (1923-1953). Desde o primeiro LP, Leonard Cohen mostrou-se obcecado por três temas: sexo, amor e espiritualidade. Um judeu que estudou Cabala, flertou com a Cientologia e no fim da vida virou monge budista, Cohen era um homem profundamente espiritualizado e escreveu muitas letras sobre os mistérios da fé e dos livros sagrados. Sua canção mais famosa, "Hallelujah", de 1984, menciona trechos da Bíblia e foi regravada cerca de 300 vezes, incluindo versões de Jeff Buckley, k.d. Lang e John Cale. Até o filme "Shrek" usou a canção. "Hallelujah" também é um exemplo do método de composição perfeccionista e obsessivo de Cohen, que costumava levar meses burilando uma letra até se dar por satisfeito. A canção teve cerca de 80 versões e levou quase cinco anos para ficar pronta. mulheres Mais que a fé, o tema que realmente dominou a obra de Leonard Cohen foi o amor. Ele teve uma vida amorosa das mais intensas e frequentemente descreveu-a em canções."The Gypsy's Wife" (1979) fala do fim de seu relacionamento com Suzanne Elrod, mãe de sua filha, Lorca, e de seu filho, Adam. "Chelsea Hotel # 2" (1974) narra uma noite de sexo com uma amante, que Cohen, num raríssimo ato de indiscrição, revelou ser a cantora Janis Joplin (1943-1970). Outra cantora famosa que caiu de amores por ele foi Joni Mitchell. Nos anos 1990, Cohen teve um romance com a atriz Rebecca De Mornay. Leonard Cohen era um compositor dos compositores. Nunca fez sucesso comercial, mas era cultuado por seus pares. Suas canções foram regravadas por Nick Cave, Johnny Cash, R.E.M., Pixies, Willie Nelson, Nina Simone, Neil Diamond e muitos outros. Kurt Cobain o homenageou na letra de "Pennyroyal Tea", do Nirvana. Mas a maior homenagem talvez seja a do cantor country Kris Kristofferson, que pediu para ter o refrão de "Bird on the Wire" (1969) impresso em sua lápide: "Como um pássaro no fio / como um bêbado em um coral da meia-noite / eu tenho tentado, a meu modo, ser livre". Em 1994, Cohen se aposentou da música e foi para um monastério budista na Califórnia. O retiro durou cinco anos. Por volta de 2004, descobriu que sua empresária havia roubado quase todo seu dinheiro. Ele a processou, mas precisou voltar aos palcos para recuperar suas finanças. O trambique da empresária foi péssimo para Cohen, mas um verdadeiro delírio para seus fãs: em 2008, já com 74 anos de idade, voltou aos palcos depois de quase 15 anos, fez 387 shows em todo o mundo (exceto no Brasil!) e gravou sete discos, sendo três de estúdio e quatro ao vivo. Na verdade, Leonard Cohen vinha se despedindo de seu público há algum tempo. Em 5 de outubro de 2012, subiu ao palco do Palacio de Deportes de Madri, vestido impecavelmente de terno e chapéu, e disse: "Amigos, não sei quando voltaremos a nos encontrar. Por isso vamos fazer dessa noite um momento especial. Vamos dar a vocês tudo que temos". E fez um show de 33 músicas e 4h15 de duração, que terminou com 15 mil pessoas chorando e jogando flores no palco. Foi a última vez que ele se apresentou na Espanha, terra de seu poeta favorito, Federico Garcia Lorca. | 1 |
Em Moscou, Putin se reúne com a ultradireitista francesa Marine Le Pen | O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu nesta sexta-feira (24), pela primeira vez no Kremlin, a líder da extrema direita francesa e candidata presidencial Marine Le Pen. Putin assegurou, no entanto, que a "Rússia não interferirá na eleição", segundo declarações divulgadas pelas agências russas. "Não queremos, em caso algum, ter qualquer influência em acontecimentos futuros, mas nos reservamos o direito de nos comunicarmos com todos os representantes de todas as forças do país, como fazem nossos parceiros europeus ou os Estados Unidos", declarou o presidente russo. "É interessante discutir a forma de desenvolver nossas relações bilaterais e a situação na Europa. Sei que a senhora representa um espectro político europeu que evolui muito rápido", acrescentou, dirigindo-se a Le Pen. É algo excepcional que Putin receba um candidato presidencial em uma data tão próxima da votação –o primeiro turno ocorrerá em 23 de abril, e o desempate em 7 de maio. Segundo o costume e protocolo, ele deveria receber apenas chefes de Estado de seu escalão ou, ocasionalmente, chefes de Governo com regime parlamentar. "Sou partidária de desenvolver relações com a Rússia dentro da longa história que une nossos países", afirmou Le Pen no encontro. Ela lidera as pequisas de intenção de voto para o primeiro turno nas eleições francesas. Junto a outros líderes europeus de extrema direita, Le Pen defende uma aproximação em relação a Putin não se opõe à anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia, realizada em 2014. O encontro entre Putin e Le Pen ocorre em meio a temores da União Europeia de que o governo russo tente interferir em eleições na região em favor de candidatos de extrema direita. Nos Estados Unidos, os serviços de inteligência acusam o Kremlin de ter ordenado ciberataques durante as eleições presidenciais para beneficiar o republicano Donald Trump. A Rússia nega qualquer interferência. | mundo | Em Moscou, Putin se reúne com a ultradireitista francesa Marine Le PenO presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu nesta sexta-feira (24), pela primeira vez no Kremlin, a líder da extrema direita francesa e candidata presidencial Marine Le Pen. Putin assegurou, no entanto, que a "Rússia não interferirá na eleição", segundo declarações divulgadas pelas agências russas. "Não queremos, em caso algum, ter qualquer influência em acontecimentos futuros, mas nos reservamos o direito de nos comunicarmos com todos os representantes de todas as forças do país, como fazem nossos parceiros europeus ou os Estados Unidos", declarou o presidente russo. "É interessante discutir a forma de desenvolver nossas relações bilaterais e a situação na Europa. Sei que a senhora representa um espectro político europeu que evolui muito rápido", acrescentou, dirigindo-se a Le Pen. É algo excepcional que Putin receba um candidato presidencial em uma data tão próxima da votação –o primeiro turno ocorrerá em 23 de abril, e o desempate em 7 de maio. Segundo o costume e protocolo, ele deveria receber apenas chefes de Estado de seu escalão ou, ocasionalmente, chefes de Governo com regime parlamentar. "Sou partidária de desenvolver relações com a Rússia dentro da longa história que une nossos países", afirmou Le Pen no encontro. Ela lidera as pequisas de intenção de voto para o primeiro turno nas eleições francesas. Junto a outros líderes europeus de extrema direita, Le Pen defende uma aproximação em relação a Putin não se opõe à anexação pela Rússia da península ucraniana da Crimeia, realizada em 2014. O encontro entre Putin e Le Pen ocorre em meio a temores da União Europeia de que o governo russo tente interferir em eleições na região em favor de candidatos de extrema direita. Nos Estados Unidos, os serviços de inteligência acusam o Kremlin de ter ordenado ciberataques durante as eleições presidenciais para beneficiar o republicano Donald Trump. A Rússia nega qualquer interferência. | 3 |
Veja dez sugestões de presentes do "Comida" para mães gourmet | O Dia das Mães está chegando. Se sua mãe é cozinheira –ou adora comer bem– um presente gastronômico com certeza é boa pedida (neste caso, esqueça aquela história de que dar panela pega mal). O "Comida" selecionou dez sugestões de presentes, com preços e propostas variadas, para os filhos baterem o martelo ou se inspirarem. São ingredientes, utensílios e | comida | Veja dez sugestões de presentes do "Comida" para mães gourmetO Dia das Mães está chegando. Se sua mãe é cozinheira –ou adora comer bem– um presente gastronômico com certeza é boa pedida (neste caso, esqueça aquela história de que dar panela pega mal). O "Comida" selecionou dez sugestões de presentes, com preços e propostas variadas, para os filhos baterem o martelo ou se inspirarem. São ingredientes, utensílios e | 26 |
Ação pede revogação de nomeações antes da votação do impeachment | Uma ação popular ajuizada na Justiça Federal de São Paulo pede que o governo Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se abstenham de negociar cargos nas vésperas da votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. A peça, protocolada pelo advogado Adelmo Emerenciano nesta terça-feira (12), afirma que é uma "frontal violação do sistema jurídico" permitir que "terceiros" façam a seleção de ocupantes de cargos da administração pública. A ação também pede liminar para que o governo divulgue a lista de cargos vagos para livre nomeação e suspenda as indicações feitas desde 29 de março, quando o PMDB oficializou a saída do governo federal. A petição faz ainda referência à atuação de Lula em negociações no hotel Golden Tulip em Brasília e pede que o estabelecimento forneça a lista de pessoas que estiveram no apartamento do ex-presidente. Ainda não há uma resposta da Justiça ao pedido. O Planalto sustenta que não há "compra de votos" de congressistas em andamento. Diz ainda que os defensores do impeachment vêm "cooptando" deputados com promessas de cargos e vantagens. | poder | Ação pede revogação de nomeações antes da votação do impeachmentUma ação popular ajuizada na Justiça Federal de São Paulo pede que o governo Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se abstenham de negociar cargos nas vésperas da votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. A peça, protocolada pelo advogado Adelmo Emerenciano nesta terça-feira (12), afirma que é uma "frontal violação do sistema jurídico" permitir que "terceiros" façam a seleção de ocupantes de cargos da administração pública. A ação também pede liminar para que o governo divulgue a lista de cargos vagos para livre nomeação e suspenda as indicações feitas desde 29 de março, quando o PMDB oficializou a saída do governo federal. A petição faz ainda referência à atuação de Lula em negociações no hotel Golden Tulip em Brasília e pede que o estabelecimento forneça a lista de pessoas que estiveram no apartamento do ex-presidente. Ainda não há uma resposta da Justiça ao pedido. O Planalto sustenta que não há "compra de votos" de congressistas em andamento. Diz ainda que os defensores do impeachment vêm "cooptando" deputados com promessas de cargos e vantagens. | 0 |
Com cortes de gastos e cargos, Temer vai pedir voto de confiança | Talvez Eduardo Cunha não saiba, mas foi ele o principal motor da decisão de Michel Temer de colocar um freio nas negociações de cargos com partidos aliados e retomar o plano de implementar um corte no número de ministérios de seu futuro governo. Já era noite quando, naquela quarta-feira (4), o ainda presidente da Câmara entrou no Palácio do Jaburu. Cunha queria convencer Temer a entregar o Ministério da Previdência a um bloco de partidos nanicos em troca do apoio ao novo governo na Câmara. O vice não gostou do tom do aliado, pediu que ele não falasse alto dentro de sua casa e disse que não topava aquela negociação. Cunha rebateu. Ressaltou que ele próprio havia garantido o acerto. Temer fez uma tréplica: em tom duro, disse que acordo, ali, só chancelado por ele. Fim de papo. Cunha nega que tenha tido qualquer discussão. No dia seguinte, amanheceu com um oficial de Justiça à porta de casa e a notícia de que havia sido afastado do cargo e do mandato. Temer, por sua vez, despertou incomodado. Já antevia as críticas da imprensa e de aliados ao "toma lá, dá cá" que havia se instaurado no Jaburu. Permitiu-se uma confidência a um aliado: se fosse para ser presidente daquele jeito, melhor não ser. O resultado do impasse com Cunha colocou fim a um processo errático, no qual Temer titubeou diversas vezes entre manter o aceno público de austeridade que havia feito inicialmente ou dar vazão à negociação em troca de uma base parlamentar folgada no Congresso. A dificuldade do vice em decidir, garantem seus melhores amigos e principais aliados, é um traço de sua personalidade. Temer não é dado a arroubos. Sua experiência no Parlamento e à frente do PMDB acabou deixando-o talhado a ouvir. A preferência histórica pela negociação ao confronto sempre foi vista como uma qualidade, mas é hoje o cartão de visitas do que é visto como o seu maior desafio no Palácio do Planalto: conviver com a solidão do poder. É consenso que a dificuldade em manter posição sem ceder à contemporização acabou levando o peemedebista a cometer o seu primeiro tropeço antes mesmo de assumir o governo. Nas últimas semanas, Temer protagonizou um verdadeiro vaivém. Primeiro, prometeu uma redução drástica na máquina pública e a nomeação de notáveis. Com a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, começou a rever sua posição, negociando espaços com partidos que abandonaram a petista às vésperas da votação para viabilizar o afastamento. Dias depois, já admitia que o corte não seria o imaginado –poderia se restringir a três pastas. Por fim, decidiu que nem sequer anunciaria o enxugamento quando tomasse posse. A profusão de nomes para os mais variados espaços ampliou o clima de decepção e despertou críticas mesmo entre os aliados mais antigos de Temer. O sinal de alerta tocou quando Temer acenou com a indicação do bispo licenciado da Universal e presidente do PRB, Marcos Pereira, para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Ali começou a se cristalizar a sensação de que ele corria o risco de "ser mais do mesmo" e gerar uma grande decepção na largada. Na visão de um amigo, um caminho perigoso para quem chega sem votos e precisa atender a voz das ruas. AMARGURA E IRRITAÇÃO Amargurado com as críticas e irritado com Cunha, Temer decidiu se isolar em sua casa, em São Paulo, no último fim de semana, para reavaliar todo o quadro. Recebeu pesquisas e relatos de que estava, de saída, se mostrando aquém das expectativas. Fez a ponderação de que seria impossível acenar para o Congresso e para a sociedade ao mesmo tempo. No sábado avisou que iria cancelar parte das negociações feitas até ali. "Está me custando muito caro. Se não der para fazer do melhor jeito, não vamos fazer", afirmou o peemedebista. Temer concluiu que, se apostasse todas as fichas no Congresso sem popularidade e lastro social, se tornaria um refém permanente dos deputados e senadores. Mudou de estratégia e optou por arriscar-se a desagradar a parte dos neoaliados agora em vez de enfrentar a insatisfação social já de saída. "Há uma diferença grande entre o impeachment de Fernando Collor [em 1992] e o de Dilma", reflete Moreira Franco, amigo e aliado de Temer. "No de Collor, as pessoas tinham uma só demanda, que era tirá-lo. Agora, querem o 'fora Dilma', o combate à corrupção e a eficiência da máquina pública." Moreira defende Temer das críticas sobre seu processo decisório. "Poder não é mandar. Poder é ser obedecido. Ninguém segue arrogância, segue decisões sábias. Ele é uma pessoa prudente, cautelosa. Não é impulsivo." Na tentativa de ganhar um voto de confiança, Temer pretende, uma vez no Planalto, anunciar toda sua equipe de ministros, com dez pastas a menos do que a estrutura deixada por Dilma. Para além do impeachment DISCURSO AO PAÍS Pretende fazer um pronunciamento, defender a Operação Lava Jato, prometer mudança de rumos e um voto de confiança do povo. Acenará com o corte de cargos e gastos para dizer que a população não será a única a fazer sacrifícios. O peemedebista inicia a gestão, no entanto, expondo as fragilidades de seu discurso. A que mais preocupa seu entorno é a aposta em nomes da Esplanada dos Ministérios que estão envolvidos na Lava Jato, como Romero Jucá, titular do Planejamento, e Henrique Eduardo Alves, que chefiará o Turismo. Seus aliados já anteveem uma investida da imprensa e dos investigadores sobre o novo ministério. Esperam que, mesmo pressionado, Temer banque as suas opções. Em resumo, afirmam: Temer precisa entender que agora é presidente da República e atingiu um novo estágio na sua carreira política. | poder | Com cortes de gastos e cargos, Temer vai pedir voto de confiançaTalvez Eduardo Cunha não saiba, mas foi ele o principal motor da decisão de Michel Temer de colocar um freio nas negociações de cargos com partidos aliados e retomar o plano de implementar um corte no número de ministérios de seu futuro governo. Já era noite quando, naquela quarta-feira (4), o ainda presidente da Câmara entrou no Palácio do Jaburu. Cunha queria convencer Temer a entregar o Ministério da Previdência a um bloco de partidos nanicos em troca do apoio ao novo governo na Câmara. O vice não gostou do tom do aliado, pediu que ele não falasse alto dentro de sua casa e disse que não topava aquela negociação. Cunha rebateu. Ressaltou que ele próprio havia garantido o acerto. Temer fez uma tréplica: em tom duro, disse que acordo, ali, só chancelado por ele. Fim de papo. Cunha nega que tenha tido qualquer discussão. No dia seguinte, amanheceu com um oficial de Justiça à porta de casa e a notícia de que havia sido afastado do cargo e do mandato. Temer, por sua vez, despertou incomodado. Já antevia as críticas da imprensa e de aliados ao "toma lá, dá cá" que havia se instaurado no Jaburu. Permitiu-se uma confidência a um aliado: se fosse para ser presidente daquele jeito, melhor não ser. O resultado do impasse com Cunha colocou fim a um processo errático, no qual Temer titubeou diversas vezes entre manter o aceno público de austeridade que havia feito inicialmente ou dar vazão à negociação em troca de uma base parlamentar folgada no Congresso. A dificuldade do vice em decidir, garantem seus melhores amigos e principais aliados, é um traço de sua personalidade. Temer não é dado a arroubos. Sua experiência no Parlamento e à frente do PMDB acabou deixando-o talhado a ouvir. A preferência histórica pela negociação ao confronto sempre foi vista como uma qualidade, mas é hoje o cartão de visitas do que é visto como o seu maior desafio no Palácio do Planalto: conviver com a solidão do poder. É consenso que a dificuldade em manter posição sem ceder à contemporização acabou levando o peemedebista a cometer o seu primeiro tropeço antes mesmo de assumir o governo. Nas últimas semanas, Temer protagonizou um verdadeiro vaivém. Primeiro, prometeu uma redução drástica na máquina pública e a nomeação de notáveis. Com a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, começou a rever sua posição, negociando espaços com partidos que abandonaram a petista às vésperas da votação para viabilizar o afastamento. Dias depois, já admitia que o corte não seria o imaginado –poderia se restringir a três pastas. Por fim, decidiu que nem sequer anunciaria o enxugamento quando tomasse posse. A profusão de nomes para os mais variados espaços ampliou o clima de decepção e despertou críticas mesmo entre os aliados mais antigos de Temer. O sinal de alerta tocou quando Temer acenou com a indicação do bispo licenciado da Universal e presidente do PRB, Marcos Pereira, para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Ali começou a se cristalizar a sensação de que ele corria o risco de "ser mais do mesmo" e gerar uma grande decepção na largada. Na visão de um amigo, um caminho perigoso para quem chega sem votos e precisa atender a voz das ruas. AMARGURA E IRRITAÇÃO Amargurado com as críticas e irritado com Cunha, Temer decidiu se isolar em sua casa, em São Paulo, no último fim de semana, para reavaliar todo o quadro. Recebeu pesquisas e relatos de que estava, de saída, se mostrando aquém das expectativas. Fez a ponderação de que seria impossível acenar para o Congresso e para a sociedade ao mesmo tempo. No sábado avisou que iria cancelar parte das negociações feitas até ali. "Está me custando muito caro. Se não der para fazer do melhor jeito, não vamos fazer", afirmou o peemedebista. Temer concluiu que, se apostasse todas as fichas no Congresso sem popularidade e lastro social, se tornaria um refém permanente dos deputados e senadores. Mudou de estratégia e optou por arriscar-se a desagradar a parte dos neoaliados agora em vez de enfrentar a insatisfação social já de saída. "Há uma diferença grande entre o impeachment de Fernando Collor [em 1992] e o de Dilma", reflete Moreira Franco, amigo e aliado de Temer. "No de Collor, as pessoas tinham uma só demanda, que era tirá-lo. Agora, querem o 'fora Dilma', o combate à corrupção e a eficiência da máquina pública." Moreira defende Temer das críticas sobre seu processo decisório. "Poder não é mandar. Poder é ser obedecido. Ninguém segue arrogância, segue decisões sábias. Ele é uma pessoa prudente, cautelosa. Não é impulsivo." Na tentativa de ganhar um voto de confiança, Temer pretende, uma vez no Planalto, anunciar toda sua equipe de ministros, com dez pastas a menos do que a estrutura deixada por Dilma. Para além do impeachment DISCURSO AO PAÍS Pretende fazer um pronunciamento, defender a Operação Lava Jato, prometer mudança de rumos e um voto de confiança do povo. Acenará com o corte de cargos e gastos para dizer que a população não será a única a fazer sacrifícios. O peemedebista inicia a gestão, no entanto, expondo as fragilidades de seu discurso. A que mais preocupa seu entorno é a aposta em nomes da Esplanada dos Ministérios que estão envolvidos na Lava Jato, como Romero Jucá, titular do Planejamento, e Henrique Eduardo Alves, que chefiará o Turismo. Seus aliados já anteveem uma investida da imprensa e dos investigadores sobre o novo ministério. Esperam que, mesmo pressionado, Temer banque as suas opções. Em resumo, afirmam: Temer precisa entender que agora é presidente da República e atingiu um novo estágio na sua carreira política. | 0 |
O que determina uma boa cerveja? 'Lei da pureza' alemã completa 500 anos | Os alemães festejam neste ano os 500 anos da chamada "lei da pureza da cerveja". Há meio milênio, ela determina o que uma boa cerveja alemã deve conter e, ainda hoje, é seguida à risca pela maioria dos produtores do país. Essa lei promulgada em 1516 na Baviera é considerada a regulamentação mais antiga do setor alimentício ainda em vigor no mundo e se baseia em um decreto do duque Guilherme 4º da Baviera, que visava proteger os consumidores da época de produtos feitos com ingredientes tóxicos. Por isso, em 23 de abril, dia em que foi promulgado esse documento, chamado localmente de "Reinheitsgebot", será festejado em todo o país o "Dia da Cerveja". Esse é um dos orgulhos da indústria cervejeira alemã, que alega produzir a bebida mais pura do mundo. A data vai ser comemorada com festas por todo o país, principalmente no sul, onde a lei foi originalmente promulgada e onde se bebe mais cerveja do que no norte da Alemanha. Além das festas, estão planejados shows, mostras itinerantes sobre a história da cerveja na Alemanha e até um grande festival de três dias em Munique, em julho, quando mais de cem cervejarias servirão seus produtos e mostrarão o processo de produção. REGULAMENTAÇÃO Há 500 anos, o consumo de cerveja já era muito difundido na Alemanha. No entanto, a produção não era regulamentada. Muitos produtos ilegais continham ingredientes tóxicos como beladona, papoula ou rosmarinho silvestre. O decreto de Guilherme 4º valia originalmente só na região da Baviera, mas acabou sendo adotado em todas as regiões do país. A lei impunha penas severas para quem a desrespeitasse. Até hoje, a cerveja feita na Alemanha se limita, por lei, a quatro ingredientes básicos –além de água, malte de cevada e lúpulo, a levedura de cerveja também foi incluída na lista com o passar dos anos. No entanto, nem toda cerveja consumida na Alemanha respeita o Reinhaitsgebot. Em 1987, os alemães tiveram que se curvar à pressão da União Europeia e liberar a importação de cervejas que não seguem a lei da pureza, para não prejudicar o livre comércio entre os países-membros. Desde então, a produção de cervejas com outros ingredientes é permitida na Alemanha. É necessário, no entanto, obter uma autorização especial para fazê-lo. "Só uma parte minúscula da produção alemã não segue a lei, algo como 0,001%", diz Lothar Ebbertz, presidente da associação de cervejarias da Baviera. CONSUMO Mas há quem não dê tanto valor assim à lei da pureza, como Sandra Ganzenmueller, sommelier especializada em cervejas e porta-voz da associação do setor na Alemanha, com sede em Munique. Ela diz à BBC Brasil que tecnicamente a limitação aos conteúdos originais em si não melhora nem piora o sabor da cerveja. "O importante é que seja uma bebida harmoniosa, mesmo que tenha ingredientes adicionais", afirma a especialista. Algumas marcas oferecem cerveja com gosto de banana, cereja ou gengibre, e a popularidade dessas bebidas está crescendo na Alemanha, assim como no Brasil e em outras partes do mundo. "Quanto mais variedade de cervejas existir no mercado, melhor para o consumidor", diz Ganzenmueller, que vê com simpatia a proliferação de microcervejarias no país, que não seguem à risca as antigas receitas. Há mais de 1.300 cervejarias na Alemanha, que produzem cerca de 95 milhões de hectolitros por ano –85% da produção é consumida no próprio país. O consumo de cerveja caiu nos últimos dez anos de 116 para 106 litros por pessoa por ano. No entanto, os alemães continuam entre os maiores bebedores de cerveja do mundo em termos de consumo per capita - ranking que costuma ser liderado pela República Tcheca. | comida | O que determina uma boa cerveja? 'Lei da pureza' alemã completa 500 anosOs alemães festejam neste ano os 500 anos da chamada "lei da pureza da cerveja". Há meio milênio, ela determina o que uma boa cerveja alemã deve conter e, ainda hoje, é seguida à risca pela maioria dos produtores do país. Essa lei promulgada em 1516 na Baviera é considerada a regulamentação mais antiga do setor alimentício ainda em vigor no mundo e se baseia em um decreto do duque Guilherme 4º da Baviera, que visava proteger os consumidores da época de produtos feitos com ingredientes tóxicos. Por isso, em 23 de abril, dia em que foi promulgado esse documento, chamado localmente de "Reinheitsgebot", será festejado em todo o país o "Dia da Cerveja". Esse é um dos orgulhos da indústria cervejeira alemã, que alega produzir a bebida mais pura do mundo. A data vai ser comemorada com festas por todo o país, principalmente no sul, onde a lei foi originalmente promulgada e onde se bebe mais cerveja do que no norte da Alemanha. Além das festas, estão planejados shows, mostras itinerantes sobre a história da cerveja na Alemanha e até um grande festival de três dias em Munique, em julho, quando mais de cem cervejarias servirão seus produtos e mostrarão o processo de produção. REGULAMENTAÇÃO Há 500 anos, o consumo de cerveja já era muito difundido na Alemanha. No entanto, a produção não era regulamentada. Muitos produtos ilegais continham ingredientes tóxicos como beladona, papoula ou rosmarinho silvestre. O decreto de Guilherme 4º valia originalmente só na região da Baviera, mas acabou sendo adotado em todas as regiões do país. A lei impunha penas severas para quem a desrespeitasse. Até hoje, a cerveja feita na Alemanha se limita, por lei, a quatro ingredientes básicos –além de água, malte de cevada e lúpulo, a levedura de cerveja também foi incluída na lista com o passar dos anos. No entanto, nem toda cerveja consumida na Alemanha respeita o Reinhaitsgebot. Em 1987, os alemães tiveram que se curvar à pressão da União Europeia e liberar a importação de cervejas que não seguem a lei da pureza, para não prejudicar o livre comércio entre os países-membros. Desde então, a produção de cervejas com outros ingredientes é permitida na Alemanha. É necessário, no entanto, obter uma autorização especial para fazê-lo. "Só uma parte minúscula da produção alemã não segue a lei, algo como 0,001%", diz Lothar Ebbertz, presidente da associação de cervejarias da Baviera. CONSUMO Mas há quem não dê tanto valor assim à lei da pureza, como Sandra Ganzenmueller, sommelier especializada em cervejas e porta-voz da associação do setor na Alemanha, com sede em Munique. Ela diz à BBC Brasil que tecnicamente a limitação aos conteúdos originais em si não melhora nem piora o sabor da cerveja. "O importante é que seja uma bebida harmoniosa, mesmo que tenha ingredientes adicionais", afirma a especialista. Algumas marcas oferecem cerveja com gosto de banana, cereja ou gengibre, e a popularidade dessas bebidas está crescendo na Alemanha, assim como no Brasil e em outras partes do mundo. "Quanto mais variedade de cervejas existir no mercado, melhor para o consumidor", diz Ganzenmueller, que vê com simpatia a proliferação de microcervejarias no país, que não seguem à risca as antigas receitas. Há mais de 1.300 cervejarias na Alemanha, que produzem cerca de 95 milhões de hectolitros por ano –85% da produção é consumida no próprio país. O consumo de cerveja caiu nos últimos dez anos de 116 para 106 litros por pessoa por ano. No entanto, os alemães continuam entre os maiores bebedores de cerveja do mundo em termos de consumo per capita - ranking que costuma ser liderado pela República Tcheca. | 26 |
CBF diz que não foi prejudicada por Rosell em recurso para liberar cartola | Um documento da CBF assinado pelo secretário-geral Walter Feldman foi apresentado pelo advogado de Sandro Rosell nesta quinta-feira (22) na tentativa de conseguir a liberda-de provisória do cartola catalão. Na carta entregue aos representantes da Audiência Nacional, Feldman nega que a CBF tenha sido prejudicada pelo ex-presidente do Barcelona e amigo de Ricardo Teixeira, ex-chefe da entidade por mais de duas décadas. A informação foi revelada pelo jornal "Mundo Deportivo", da Espanha. À Folha, a CBF confirmou o envio do documento, mas disse que não comentaria o seu teor. Rosell foi preso em maio na operação denominada Rimet –em alusão à taça Jules Rimet, entregue aos campeões mundiais até 1970 e roubada no Brasil. A operação tem como principal alvo as relação de Rosell e a CBF. De acordo com investigadores, mais de 15 milhões de euros (cerca de R$ 50 milhões) foram divididos pelo catalão e por Teixeira. Os valores teriam sido recebidos de forma ilegal na negociação dos direitos de imagem da seleção brasileira. A operação é um trabalho do Ministério Público da Espanha em colaboração com autoridades suíças e o FBI. Além de apresentar o documento assinado por Feldman, o defensor de Rosell pediu a libertação do cartola alegando que não existe risco de fuga do cartola. Apontado como sócio oculto de Teixeira, o ex-presidente do Barcelona repassou pelo menos R$ 23,8 milhões ao cartola mineiro e seus familiares. A maior parte foi embolsada no final do seu último mandato, em março de 2012. O ex-presidente do Barcelona começou sua amizade com Teixeira no final dos anos 1990, quando Rosell se mudou para o Brasil como executivo da Nike, empresa que patrocinava a seleção. Após a Copa de 2002, Rosell deixou a multinacional e se tornou parceiro da CBF. O catalão fundou a Brasil 100% Marketing, empresa que promovia os amistosos da seleção. Ele ainda criou a Ailanto, outra firma montada para realizar um jogo da seleção em 2008 em Brasília. | esporte | CBF diz que não foi prejudicada por Rosell em recurso para liberar cartolaUm documento da CBF assinado pelo secretário-geral Walter Feldman foi apresentado pelo advogado de Sandro Rosell nesta quinta-feira (22) na tentativa de conseguir a liberda-de provisória do cartola catalão. Na carta entregue aos representantes da Audiência Nacional, Feldman nega que a CBF tenha sido prejudicada pelo ex-presidente do Barcelona e amigo de Ricardo Teixeira, ex-chefe da entidade por mais de duas décadas. A informação foi revelada pelo jornal "Mundo Deportivo", da Espanha. À Folha, a CBF confirmou o envio do documento, mas disse que não comentaria o seu teor. Rosell foi preso em maio na operação denominada Rimet –em alusão à taça Jules Rimet, entregue aos campeões mundiais até 1970 e roubada no Brasil. A operação tem como principal alvo as relação de Rosell e a CBF. De acordo com investigadores, mais de 15 milhões de euros (cerca de R$ 50 milhões) foram divididos pelo catalão e por Teixeira. Os valores teriam sido recebidos de forma ilegal na negociação dos direitos de imagem da seleção brasileira. A operação é um trabalho do Ministério Público da Espanha em colaboração com autoridades suíças e o FBI. Além de apresentar o documento assinado por Feldman, o defensor de Rosell pediu a libertação do cartola alegando que não existe risco de fuga do cartola. Apontado como sócio oculto de Teixeira, o ex-presidente do Barcelona repassou pelo menos R$ 23,8 milhões ao cartola mineiro e seus familiares. A maior parte foi embolsada no final do seu último mandato, em março de 2012. O ex-presidente do Barcelona começou sua amizade com Teixeira no final dos anos 1990, quando Rosell se mudou para o Brasil como executivo da Nike, empresa que patrocinava a seleção. Após a Copa de 2002, Rosell deixou a multinacional e se tornou parceiro da CBF. O catalão fundou a Brasil 100% Marketing, empresa que promovia os amistosos da seleção. Ele ainda criou a Ailanto, outra firma montada para realizar um jogo da seleção em 2008 em Brasília. | 4 |
Temer começou voando, mas deveria correr | SÃO PAULO - "Estamos no sétimo dia útil de governo e às vezes parece que foram anos." Esse foi Henrique Meirelles, aquilo era maio, e isso bem poderia abrir um discurso do Estado da União se ele existisse por aqui. O novo velho governo precisará provar que é melhor do que o que o antecedeu. Até agora, a aprovação popular a Michel Temer não difere muito da de Dilma Rousseff. A história reúne métricas das mais díspares para avaliar um líder político. Há monarcas que demonstraram força pelos fusos horários de seus domínios, e presidentes que fizeram seu nome com sucessivas reeleições. Abaixo da unidade "um mandato", como no caso de Temer, a escala da régua vem em dias —ele somará 963 deles até o fim de 2018. Pouco tempo? Tudo é sempre relativo. Trata-se de período muito parecido ao de John Kennedy, que governou por 1.036 dias. Nesse intervalo, teve sangue-frio (e sorte) para evitar que o mundo fosse daquela para pior na crise dos mísseis nucleares. Acabou por virar um dos mais populares presidentes da história dos EUA. Aqui no Brasil, Getúlio Vargas precisou de tempo semelhante (976 dias) após a eleição em 1950 para duas importantes criações: a Petrobras e o que viria a ser o BNDES. Caso mais próximo ao atual, por motivos óbvios, é o de Itamar Franco. Foi um governo de 820 dias, sempre lembrado pelo Fusca, por Lilian Ramos e pela alta rotação de ministros da Fazenda (seis). Mas foi nele que se formulou o Plano Real. Criada e moída pelo "sistema", Dilma agora é história. O processo de impeachment está encerrado, e entramos no primeiro dia útil inteiro de Temer como presidente sem acréscimo de adjetivo. Ao mesmo tempo trata-se do 113º dia do governo Temer. E Temer nem presidente em exercício é, pois tomou um avião durante a noite rumo à China. Com 75 anos, o mais velho presidente da história do Brasil começou voando, mas deveria mesmo é correr. | colunas | Temer começou voando, mas deveria correrSÃO PAULO - "Estamos no sétimo dia útil de governo e às vezes parece que foram anos." Esse foi Henrique Meirelles, aquilo era maio, e isso bem poderia abrir um discurso do Estado da União se ele existisse por aqui. O novo velho governo precisará provar que é melhor do que o que o antecedeu. Até agora, a aprovação popular a Michel Temer não difere muito da de Dilma Rousseff. A história reúne métricas das mais díspares para avaliar um líder político. Há monarcas que demonstraram força pelos fusos horários de seus domínios, e presidentes que fizeram seu nome com sucessivas reeleições. Abaixo da unidade "um mandato", como no caso de Temer, a escala da régua vem em dias —ele somará 963 deles até o fim de 2018. Pouco tempo? Tudo é sempre relativo. Trata-se de período muito parecido ao de John Kennedy, que governou por 1.036 dias. Nesse intervalo, teve sangue-frio (e sorte) para evitar que o mundo fosse daquela para pior na crise dos mísseis nucleares. Acabou por virar um dos mais populares presidentes da história dos EUA. Aqui no Brasil, Getúlio Vargas precisou de tempo semelhante (976 dias) após a eleição em 1950 para duas importantes criações: a Petrobras e o que viria a ser o BNDES. Caso mais próximo ao atual, por motivos óbvios, é o de Itamar Franco. Foi um governo de 820 dias, sempre lembrado pelo Fusca, por Lilian Ramos e pela alta rotação de ministros da Fazenda (seis). Mas foi nele que se formulou o Plano Real. Criada e moída pelo "sistema", Dilma agora é história. O processo de impeachment está encerrado, e entramos no primeiro dia útil inteiro de Temer como presidente sem acréscimo de adjetivo. Ao mesmo tempo trata-se do 113º dia do governo Temer. E Temer nem presidente em exercício é, pois tomou um avião durante a noite rumo à China. Com 75 anos, o mais velho presidente da história do Brasil começou voando, mas deveria mesmo é correr. | 10 |
Contabilidade da Odebrecht cometeu o maior dos pecados | Um conhecedor da contabilidade de grandes empresas acha que todos os que propagaram a ideia segundo a qual a Odebrecht era um modelo de gestão eficaz e moderna deveriam pedir desculpas ao público. Ela cometeu o maior dos pecados: misturou o caixa um com o caixa dois. Isso bicheiro sério não faz. Leia a coluna completa aqui | colunas | Contabilidade da Odebrecht cometeu o maior dos pecadosUm conhecedor da contabilidade de grandes empresas acha que todos os que propagaram a ideia segundo a qual a Odebrecht era um modelo de gestão eficaz e moderna deveriam pedir desculpas ao público. Ela cometeu o maior dos pecados: misturou o caixa um com o caixa dois. Isso bicheiro sério não faz. Leia a coluna completa aqui | 10 |
México vota neste domingo sob temor de cartéis e descrença de partidos | O presidente Enrique Peña Nieto tentou, mas não conseguiu evitar que a violência fosse o principal assunto dos mexicanos nas semanas que antecederam as eleições que ocorrem neste domingo (7). Desde o começo da campanha, houve cinco assassinatos de candidatos por cartéis e 70 episódios de violência entre militantes partidários. Já o aumento dos efetivos policiais e militares em Estados conflagrados levou a massacres como o de Tanhuato, em Michoacán, quando 42 civis e um policial morreram. Segundo pesquisa do Centro de Estudios Sociales y de Opinión Pública, 70% dos mexicanos não confiam nos três partidos majoritários. Na votação deste domingo, o México renova a totalidade das cadeiras (500) da Câmara dos Deputados e elege nove governadores, 17 legislaturas estatais e 300 prefeitos. Historicamente, as eleições de meio de mandato são um termômetro da popularidade dos presidentes mexicanos. Peña Nieto, cuja aprovação caiu de 50% a 39% em um ano, tem anunciado novos investimentos estrangeiros no país, além de acordos internacionais como os que firmou com o Brasil na visita da presidente Dilma Rousseff. A tática é atrair o foco para o bom desempenho econômico do país, cuja projeção de crescimento para 2015 é de 3,5%, acima da média da região. Porém, para analistas ouvidos pela Folha, as acusações de corrupção que apontam para a cúpula do governo e a ineficácia na mortífera guerra entre Exército e narcotráfico falam mais alto. Espera-se que 50% do eleitorado se abstenha (o voto é facultativo). Segundo pesquisa do grupo Mitofsky, o PRI continuará o partido mais bem representado no Congresso, mas terá menos vagas e precisará negociar maioria. "O racha da oposição e a força histórica do PRI farão com que o partido ainda seja a maior bancada, apesar do desgaste", diz o analista político Carlos Petersen. A campanha pela abstenção espalhou-se pelas redes sociais com a hashtag "#novotoynomecallo" (não voto e não me calo"). Pelas ruas da Cidade do México, pichações e cartazes dizem "Quem quer que ganhe, você perde". Um dos líderes é o poeta Javier Sicília, que teve um filho morto pelo narcotráfico. "Não questiono o sistema eleitoral, mas sim seus jogadores". REFORMA POLÍTICA A eleição deste ano traz uma novidade, após a aprovação de uma reforma política que permite que concorram candidatos sem partido. O caso mais midiático é o do palhaço Lagrimita, que disputa a prefeitura de Guadalajara. Mas o que tem mais chances é Jaime Rodriguez, favorito ao governo de Nuevo León, importante pólo econômico e estratégico na fronteira com os EUA. Sua vitória pode apontar uma tendência para as eleições presidenciais de 2018, a alternativa aos grandes partidos. "É um direito cidadão, e abre oportunidades para que independentes entrem na política", diz o analista José Antonio Crespo. ALERTA Tropas federais foram enviadas a sete Estados em alerta contra ações de pressão dos cartéis em favor de determinados candidatos. Os mais conflagrados são Michoacán, Oaxaca, Tamaulipas e Guerrero –onde desapareceram os 43 estudantes da escola Ayotzinapa e dois candidatos a prefeito foram mortos. | mundo | México vota neste domingo sob temor de cartéis e descrença de partidosO presidente Enrique Peña Nieto tentou, mas não conseguiu evitar que a violência fosse o principal assunto dos mexicanos nas semanas que antecederam as eleições que ocorrem neste domingo (7). Desde o começo da campanha, houve cinco assassinatos de candidatos por cartéis e 70 episódios de violência entre militantes partidários. Já o aumento dos efetivos policiais e militares em Estados conflagrados levou a massacres como o de Tanhuato, em Michoacán, quando 42 civis e um policial morreram. Segundo pesquisa do Centro de Estudios Sociales y de Opinión Pública, 70% dos mexicanos não confiam nos três partidos majoritários. Na votação deste domingo, o México renova a totalidade das cadeiras (500) da Câmara dos Deputados e elege nove governadores, 17 legislaturas estatais e 300 prefeitos. Historicamente, as eleições de meio de mandato são um termômetro da popularidade dos presidentes mexicanos. Peña Nieto, cuja aprovação caiu de 50% a 39% em um ano, tem anunciado novos investimentos estrangeiros no país, além de acordos internacionais como os que firmou com o Brasil na visita da presidente Dilma Rousseff. A tática é atrair o foco para o bom desempenho econômico do país, cuja projeção de crescimento para 2015 é de 3,5%, acima da média da região. Porém, para analistas ouvidos pela Folha, as acusações de corrupção que apontam para a cúpula do governo e a ineficácia na mortífera guerra entre Exército e narcotráfico falam mais alto. Espera-se que 50% do eleitorado se abstenha (o voto é facultativo). Segundo pesquisa do grupo Mitofsky, o PRI continuará o partido mais bem representado no Congresso, mas terá menos vagas e precisará negociar maioria. "O racha da oposição e a força histórica do PRI farão com que o partido ainda seja a maior bancada, apesar do desgaste", diz o analista político Carlos Petersen. A campanha pela abstenção espalhou-se pelas redes sociais com a hashtag "#novotoynomecallo" (não voto e não me calo"). Pelas ruas da Cidade do México, pichações e cartazes dizem "Quem quer que ganhe, você perde". Um dos líderes é o poeta Javier Sicília, que teve um filho morto pelo narcotráfico. "Não questiono o sistema eleitoral, mas sim seus jogadores". REFORMA POLÍTICA A eleição deste ano traz uma novidade, após a aprovação de uma reforma política que permite que concorram candidatos sem partido. O caso mais midiático é o do palhaço Lagrimita, que disputa a prefeitura de Guadalajara. Mas o que tem mais chances é Jaime Rodriguez, favorito ao governo de Nuevo León, importante pólo econômico e estratégico na fronteira com os EUA. Sua vitória pode apontar uma tendência para as eleições presidenciais de 2018, a alternativa aos grandes partidos. "É um direito cidadão, e abre oportunidades para que independentes entrem na política", diz o analista José Antonio Crespo. ALERTA Tropas federais foram enviadas a sete Estados em alerta contra ações de pressão dos cartéis em favor de determinados candidatos. Os mais conflagrados são Michoacán, Oaxaca, Tamaulipas e Guerrero –onde desapareceram os 43 estudantes da escola Ayotzinapa e dois candidatos a prefeito foram mortos. | 3 |
Embraer tem prejuízo de R$ 337 milhões no segundo trimestre | A Embraer informou nesta sexta-feira que sofreu prejuízo de R$ 337 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo resultado positivo que a companhia obteve no mesmo período de 2015. A fabricante brasileira cortou estimativas para entregas de aviões executivos neste ano para 70 a 80 jatos leves e 35 a 45 para aeronaves grandes e com isso a projeção para a receita líquida em 2016 da divisão responsável pela área foi reduzida para o intervalo de US$1,6 bilhão a US$ 1,75 bilhão de dólares ante previsão anterior de US$ 1,75 bilhão a US$ 1,9 bilhão. Pelo resultado negativo, as ações ordinárias da Embraer recuavam nesta sexta-feira 13,45%, a R$ 15,18, liderando o ranking de principais desvalorizações do Ibovespa, o principal índice da BM&FBovespa. | mercado | Embraer tem prejuízo de R$ 337 milhões no segundo trimestreA Embraer informou nesta sexta-feira que sofreu prejuízo de R$ 337 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo resultado positivo que a companhia obteve no mesmo período de 2015. A fabricante brasileira cortou estimativas para entregas de aviões executivos neste ano para 70 a 80 jatos leves e 35 a 45 para aeronaves grandes e com isso a projeção para a receita líquida em 2016 da divisão responsável pela área foi reduzida para o intervalo de US$1,6 bilhão a US$ 1,75 bilhão de dólares ante previsão anterior de US$ 1,75 bilhão a US$ 1,9 bilhão. Pelo resultado negativo, as ações ordinárias da Embraer recuavam nesta sexta-feira 13,45%, a R$ 15,18, liderando o ranking de principais desvalorizações do Ibovespa, o principal índice da BM&FBovespa. | 2 |
Nas ruas de Teerã, iranianos se dizem otimistas com fim das sanções | Quando saiu o anúncio de que as sanções econômicas contra o Irã seriam revogadas, pouco parecia ter mudado nas ruas de Teerã, capital do país persa. Já passava de meia-noite no horário local e a maioria dos iranianos não acompanhou a notícia que tem potencial para tirar o país de um longo isolamento econômico. Mas na manhã neste domingo (16), o clima nas ruas era de majoritariamente de otimismo. Muitos moradores da capital expressaram otimismo com o futuro econômico do país. A revogação das sanções econômicas abre caminho para o país persa se integrar à economia mundial, além de acesso a cerca de US$ 100 bilhões em bens congelados. A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu. "Inacreditável! Este é um dia sem sanções após anos", disse o taxista Reza Khoei. "Eu perdi meu trabalho como técnico em um complexo petroquímico no sul do Irã por conta dessas malditas sanções", disse o iraniano. Fahimeh Lotfi, dona de casa e mãe de dois, disse estar muito feliz. "Agora nós somos como os outros países. Não mais precisamos ir para a cama toda noite nos preocupando com a piora da situação". "Bravo Rowhani!", resumiu Hassan Dehghani, 26, varredor de rua, se referindo ao presidente iraniano, Hassan Rowhani. "Eu espero que isso ajude a prefeitura a pagar meu salário no dia certo. Algumas vezes eles nos pagam com meses de atraso", disse. Mas nem todos estavam felizes. Hossein Barati, morador da capital, questionou a ressalva do acordo pela qual, se o Irã não cumprir suas obrigações futuras, as sanções podem ser restauradas. "Se os EUA restaurarem as sanções, Irã poderá restaurar seu programa nuclear?", perguntou, visivelmente irritado. "Não, ele não pode. Eles desmontaram todas as centrífugas [de processamento de urânio]. Quantos anos vamos levar para que o Irã restaure seu programa nuclear?." Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos. Nos jornais iranianos, o tom foi de otimismo. O estatal "Iran" trouxe na primeira página a manchete "O colapso das sanções". Já o pró-reforma "Shargh" trouxe fotos do chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e da chefe de Potlítica Externa da União Europeia, Federica Mogherini, com a manchete "Agora, sem sanções". Até mesmo o jornal de linha-dura "Kayhan" disse que é tempo da implementação das promessas do Ocidente. | mundo | Nas ruas de Teerã, iranianos se dizem otimistas com fim das sançõesQuando saiu o anúncio de que as sanções econômicas contra o Irã seriam revogadas, pouco parecia ter mudado nas ruas de Teerã, capital do país persa. Já passava de meia-noite no horário local e a maioria dos iranianos não acompanhou a notícia que tem potencial para tirar o país de um longo isolamento econômico. Mas na manhã neste domingo (16), o clima nas ruas era de majoritariamente de otimismo. Muitos moradores da capital expressaram otimismo com o futuro econômico do país. A revogação das sanções econômicas abre caminho para o país persa se integrar à economia mundial, além de acesso a cerca de US$ 100 bilhões em bens congelados. A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu. "Inacreditável! Este é um dia sem sanções após anos", disse o taxista Reza Khoei. "Eu perdi meu trabalho como técnico em um complexo petroquímico no sul do Irã por conta dessas malditas sanções", disse o iraniano. Fahimeh Lotfi, dona de casa e mãe de dois, disse estar muito feliz. "Agora nós somos como os outros países. Não mais precisamos ir para a cama toda noite nos preocupando com a piora da situação". "Bravo Rowhani!", resumiu Hassan Dehghani, 26, varredor de rua, se referindo ao presidente iraniano, Hassan Rowhani. "Eu espero que isso ajude a prefeitura a pagar meu salário no dia certo. Algumas vezes eles nos pagam com meses de atraso", disse. Mas nem todos estavam felizes. Hossein Barati, morador da capital, questionou a ressalva do acordo pela qual, se o Irã não cumprir suas obrigações futuras, as sanções podem ser restauradas. "Se os EUA restaurarem as sanções, Irã poderá restaurar seu programa nuclear?", perguntou, visivelmente irritado. "Não, ele não pode. Eles desmontaram todas as centrífugas [de processamento de urânio]. Quantos anos vamos levar para que o Irã restaure seu programa nuclear?." Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos. Nos jornais iranianos, o tom foi de otimismo. O estatal "Iran" trouxe na primeira página a manchete "O colapso das sanções". Já o pró-reforma "Shargh" trouxe fotos do chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e da chefe de Potlítica Externa da União Europeia, Federica Mogherini, com a manchete "Agora, sem sanções". Até mesmo o jornal de linha-dura "Kayhan" disse que é tempo da implementação das promessas do Ocidente. | 3 |
Livro aponta valor da confiança para negócios; veja lançamentos | O Cifras & Letras seleciona semanalmente lançamentos mais recentes na área de negócios e economia. Confira abaixo os destaques desta semana: NACIONAIS Confiança - O Principal Ativo Intangível de uma Empresa AUTOR Marco Tulio Zanini EDITORA FGV QUANTO R$ 39 (220 págs.) Analisa o papel econômico das relações baseadas em confiança e, em especial, como ativo para organizações e seu papel na gestão. Introdução à Ciência de Dados AUTOR Fernando Amaral EDITORA Alta Books QUANTO R$ 59,90 (320 págs.) Traz informações sobre o uso de dados eletrônicos, incluindo discussões sobre armazenamento, segurança e descarte. Apresenta técnicas para análise de informações, como classificação e agrupamento. Liderar com o Coração AUTORES Mike Krzyzewski e Jamie K. Spatola EDITORA Sextante QUANTO R$ 29,90 (144 págs.) Mike Krzyzewski, ex–jogador da equipe olímpica de basquete dos EUA e hoje coach e treinador, explica seu modo de conseguir o melhor desempenho de cada jogador. Fator de Enriquecimento AUTOR Paulo Vieira EDITORA Gente QUANTO R$ 34,90 (256 págs.) Coach e autor de "O Poder da Ação" mostra as variáveis que influenciam a capacidade de enriquecimento. Escreve sobre como eliminar crenças e hábitos negativos e fugir das dívidas. INTERNACIONAIS Competing Against Luck AUTORES Clayton Christensen, Taddy Hall, Karen Dillon, e David S. Duncan EDITORA Harper Business QUANTO R$ 50,60 (e-book na Amazon; 288 págs.) Autor de "O Dilema da Inovação" (M.Books) discute como empresas podem entender o que os clientes querem. The Man Who Knew AUTOR Sebastian Mallaby ( EDITORA Penguin Press QUANTO R$ 54,22 (e-book na Amazon; 800 págs.) Narra a trajetória do ex-presidente do FED (Banco Central dos EUA) Alan Greenspan. Discute como sua atuação contribuiu para a crise financeira que sucedeu seu mandato. | mercado | Livro aponta valor da confiança para negócios; veja lançamentosO Cifras & Letras seleciona semanalmente lançamentos mais recentes na área de negócios e economia. Confira abaixo os destaques desta semana: NACIONAIS Confiança - O Principal Ativo Intangível de uma Empresa AUTOR Marco Tulio Zanini EDITORA FGV QUANTO R$ 39 (220 págs.) Analisa o papel econômico das relações baseadas em confiança e, em especial, como ativo para organizações e seu papel na gestão. Introdução à Ciência de Dados AUTOR Fernando Amaral EDITORA Alta Books QUANTO R$ 59,90 (320 págs.) Traz informações sobre o uso de dados eletrônicos, incluindo discussões sobre armazenamento, segurança e descarte. Apresenta técnicas para análise de informações, como classificação e agrupamento. Liderar com o Coração AUTORES Mike Krzyzewski e Jamie K. Spatola EDITORA Sextante QUANTO R$ 29,90 (144 págs.) Mike Krzyzewski, ex–jogador da equipe olímpica de basquete dos EUA e hoje coach e treinador, explica seu modo de conseguir o melhor desempenho de cada jogador. Fator de Enriquecimento AUTOR Paulo Vieira EDITORA Gente QUANTO R$ 34,90 (256 págs.) Coach e autor de "O Poder da Ação" mostra as variáveis que influenciam a capacidade de enriquecimento. Escreve sobre como eliminar crenças e hábitos negativos e fugir das dívidas. INTERNACIONAIS Competing Against Luck AUTORES Clayton Christensen, Taddy Hall, Karen Dillon, e David S. Duncan EDITORA Harper Business QUANTO R$ 50,60 (e-book na Amazon; 288 págs.) Autor de "O Dilema da Inovação" (M.Books) discute como empresas podem entender o que os clientes querem. The Man Who Knew AUTOR Sebastian Mallaby ( EDITORA Penguin Press QUANTO R$ 54,22 (e-book na Amazon; 800 págs.) Narra a trajetória do ex-presidente do FED (Banco Central dos EUA) Alan Greenspan. Discute como sua atuação contribuiu para a crise financeira que sucedeu seu mandato. | 2 |
Livros do século 19 podem ser levados pra casa em biblioteca da Assembleia Legislativa | RAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Andar entre os estreitos corredores da biblioteca do terceiro andar da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) é uma pequena viagem no tempo. Nas prateleiras, há volumes com mais de cem anos, como a série "Costumes, Usos e Trajos de Todos os Povos do Mundo", de Augusto Wahlen, em edição de 1878. No corredor ao lado, há um conjunto com a obra completa de Shakespeare (1564-1616) impressa em Paris, em 1904. Outra coleção de destaque por lá é a Brasiliana, série de cerca de 400 livros publicados a partir de 1930 que traz estudos e visões sobre o Brasil a partir de várias áreas do conhecimento, como história e biologia. Antes restrito aos funcionários da Alesp e a pedidos de empréstimo de outras instituições, boa parte deste acervo pode ser consultado e emprestado por qualquer pessoa desde o começo deste mês. O cadastro exige RG e comprovante de endereço e permite levar até três livros por vez, com devolução em 15 dias. A maior parte dos 9.000 volumes trata das várias áreas do direito. "Temos projetos de lei e discursos feitos desde o tempo do Império, alguns deles anotados à mão", diz o deputado Cauê Macris (PSDB), presidente da Alesp, que busca atrair mais público para a casa, sediada no Palácio 9 de Julho, edifício de 1948, em frente ao parque Ibirapuera. "Queremos que as pessoas não venham apenas para os debates, mas que usem mais o prédio." Outra prateleira que vale prestar atenção é a que contém volumes sobre a história paulista, com livros escritos em várias décadas. Lá estão os volumes publicados nos anos 1920 pelo historiador Affonso d'Escragnole Taunay (1876-1958) e também o recente "A Capital da Solidão", de Roberto Pompeu de Toledo. Além da biblioteca, a instituição também abre ao público seu acervo histórico, com cerca de 150 mil fotografias e outros milhares de itens, como medalhas, mapas e cartas. Uma delas, de 1901, veio de Paris. Santos Dumont (1873-1932) escrevia ao então Congresso de São Paulo para contar as novidades de seus planos de voar. Assembleia Legislativa - Palácio 9 de Julho. Av. Pedro Álvares Cabral, 201, 3º andar, Ibirapuera, tel. 3886-6000. Seg. à sex.: 9h às 19h. Grátis. * 5 destaques do acervo | saopaulo | Livros do século 19 podem ser levados pra casa em biblioteca da Assembleia LegislativaRAFAEL BALAGO DE SÃO PAULO Andar entre os estreitos corredores da biblioteca do terceiro andar da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) é uma pequena viagem no tempo. Nas prateleiras, há volumes com mais de cem anos, como a série "Costumes, Usos e Trajos de Todos os Povos do Mundo", de Augusto Wahlen, em edição de 1878. No corredor ao lado, há um conjunto com a obra completa de Shakespeare (1564-1616) impressa em Paris, em 1904. Outra coleção de destaque por lá é a Brasiliana, série de cerca de 400 livros publicados a partir de 1930 que traz estudos e visões sobre o Brasil a partir de várias áreas do conhecimento, como história e biologia. Antes restrito aos funcionários da Alesp e a pedidos de empréstimo de outras instituições, boa parte deste acervo pode ser consultado e emprestado por qualquer pessoa desde o começo deste mês. O cadastro exige RG e comprovante de endereço e permite levar até três livros por vez, com devolução em 15 dias. A maior parte dos 9.000 volumes trata das várias áreas do direito. "Temos projetos de lei e discursos feitos desde o tempo do Império, alguns deles anotados à mão", diz o deputado Cauê Macris (PSDB), presidente da Alesp, que busca atrair mais público para a casa, sediada no Palácio 9 de Julho, edifício de 1948, em frente ao parque Ibirapuera. "Queremos que as pessoas não venham apenas para os debates, mas que usem mais o prédio." Outra prateleira que vale prestar atenção é a que contém volumes sobre a história paulista, com livros escritos em várias décadas. Lá estão os volumes publicados nos anos 1920 pelo historiador Affonso d'Escragnole Taunay (1876-1958) e também o recente "A Capital da Solidão", de Roberto Pompeu de Toledo. Além da biblioteca, a instituição também abre ao público seu acervo histórico, com cerca de 150 mil fotografias e outros milhares de itens, como medalhas, mapas e cartas. Uma delas, de 1901, veio de Paris. Santos Dumont (1873-1932) escrevia ao então Congresso de São Paulo para contar as novidades de seus planos de voar. Assembleia Legislativa - Palácio 9 de Julho. Av. Pedro Álvares Cabral, 201, 3º andar, Ibirapuera, tel. 3886-6000. Seg. à sex.: 9h às 19h. Grátis. * 5 destaques do acervo | 17 |