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Interior da Lua contém água, afirmam cientistas | A partir de dados coletados por satélite, pesquisadores da Universidade Brown afirmam que há água presa no interior de depósitos vulcânicos lunares. Os cientistas usaram espectrômetros para analisar a luz refletida pela superfície da Lua. Com isso, os pesquisadores conseguiram ter uma ideia da composição do solo e da radiação emitida conforme a área é aquecida, dados que posteriormente foram cruzados com as informações obtidas do material lunar coletado pelas missões Apollo. Com os detalhados resultados em mãos, os cientistas americanos dizem ter encontrado vestígios de água em quase todos os grandes depósitos vulcânicos mapeados na superfície lunar. A partir de 2008, cientistas começaram a encontrar evidências de vestígios de água na Lua. A possível presença de água na Lua é importante para o melhor entendimento da formação lunar. Uma futura exploração lunar também poderia ser impactada pela descoberta, com a possibilidade de extração de água do solo. A pesquisa foi publicada na revista científica "Nature Geoscience", nesta segunda (24). | ciencia | Interior da Lua contém água, afirmam cientistasA partir de dados coletados por satélite, pesquisadores da Universidade Brown afirmam que há água presa no interior de depósitos vulcânicos lunares. Os cientistas usaram espectrômetros para analisar a luz refletida pela superfície da Lua. Com isso, os pesquisadores conseguiram ter uma ideia da composição do solo e da radiação emitida conforme a área é aquecida, dados que posteriormente foram cruzados com as informações obtidas do material lunar coletado pelas missões Apollo. Com os detalhados resultados em mãos, os cientistas americanos dizem ter encontrado vestígios de água em quase todos os grandes depósitos vulcânicos mapeados na superfície lunar. A partir de 2008, cientistas começaram a encontrar evidências de vestígios de água na Lua. A possível presença de água na Lua é importante para o melhor entendimento da formação lunar. Uma futura exploração lunar também poderia ser impactada pela descoberta, com a possibilidade de extração de água do solo. A pesquisa foi publicada na revista científica "Nature Geoscience", nesta segunda (24). | 15 |
Autocrítica e vontade | Uma das palavras mais evitadas na política brasileira atual é "autocrítica". Para muitos, ela é sinal de fraqueza, coisa de quem tem a estranha compulsão por jogar no time adversário ou o infantilismo de quem desconhece a dureza da realidade do embate político. No máximo, autocrítica é algo que se faz entre quatro paredes, sem exposição pública e de forma discreta. Esta perspectiva, infelizmente, é moeda corrente em todas as posições e espectros políticos. Há de se perguntar, entretanto, que tipo de pensamento político é este no qual a autoinspeção pública de suas crenças e práticas é compreendida como impotência, e não como a verdadeira força. Um pensamento que precisa alimentar a ilusão falocêntrica de infalibilidade ou de que, como se diz à cantonada atualmente, "estamos sendo julgados pelas nossas virtudes, não pelos nossos erros". Tal pensamento insistirá que agora não é hora para autocrítica, afinal nos encontramos em embate renhido contra forças opostas. No entanto, é interessante como, para seus defensores, a hora da autocrítica nunca deve chegar, até porque sempre estaremos em luta constante, sempre será necessário alimentar a mobilização através do "não podemos parar agora". Contudo, para o tempo da autocrítica chegar, eles deveriam aceitar que o melhor governo não é aquele que repete compulsivamente que fizemos tudo certo, mesmo que tudo tenha dado errado. O melhor governo é aquele que reconhece o caráter falível de suas ações e a necessidade de revê-las a partir de suas consequências. Segurança ontológica não existe em política e saber disso é a única maneira de ser realmente fiel ao que realmente conta. Porém, o mais interessante nesse tipo de pensamento é o que acontece quando são criticadas as opções de governo, como essas que foram feitas nos nossos últimos anos de democracia formal, já que democracia agora não há, nem mesmo em sua versão formal. Se você insiste nas consequências catastróficas das opções gradualistas e conciliatórias que marcaram nossos últimos anos, a acusação imediata será a de "voluntarismo político". Afinal, dizem, você acha que é simplesmente tendo vontade que se produzem transformações em um país como o Brasil? O que eu particularmente mais gosto nesses tipos de afirmações é seu tom de reprimenda paterna. Lembra o pai que, de forma impaciente, volta-se contra o filho e diz: "Mas você não sabe nada do mundo, a realidade é muito mais complexa. Você verá como o curso das coisas quebrará a petulância da sua vontade". Há muito mais "pais de plantão" do que imagina sua vã filosofia. Afirmações como essas, todavia, são um boa maneira de expor não exatamente o onirismo do filho, mas a impotência do pai, ou melhor, sua tentativa de travestir a impotência com as vestes da sabedoria. Algo muito comum entre nós atualmente. Mais honesto seria começar por lembrar como esquecemos, nestes últimos anos, de um princípio elementar: nada pode ser transformado se as estruturas políticas permanecem as mesmas. A primeira coisa a fazer quando aqueles comprometidos com transformações profundas assumem o poder é exatamente modificar o poder, e não tentar operar aceitando suas regras explícitas e, principalmente, implícitas. Mas aqueles de boa memória lembrarão que a primeira ação da esquerda brasileira no poder foi, pasmem, uma reforma previdenciária, e não uma refundação da institucionalidade política brasileira. Sequer discussão séria e pressão política houve nesse sentido. Falar em correlação desfavorável de forças em governos que chegaram a ter impressionantes 80% de popularidade é algo da ordem da desonestidade intelectual. Creio que isso, na verdade, diz muito a respeito do que os defensores da "autocrítica depois" ou da "autocrítica tudo bem, mas de leve" talvez realmente queiram, porém sem saber. Talvez eles queiram, atualmente, apenas que tudo volte a ser como antes. Difícil imaginar que se vai muito longe assim. | colunas | Autocrítica e vontadeUma das palavras mais evitadas na política brasileira atual é "autocrítica". Para muitos, ela é sinal de fraqueza, coisa de quem tem a estranha compulsão por jogar no time adversário ou o infantilismo de quem desconhece a dureza da realidade do embate político. No máximo, autocrítica é algo que se faz entre quatro paredes, sem exposição pública e de forma discreta. Esta perspectiva, infelizmente, é moeda corrente em todas as posições e espectros políticos. Há de se perguntar, entretanto, que tipo de pensamento político é este no qual a autoinspeção pública de suas crenças e práticas é compreendida como impotência, e não como a verdadeira força. Um pensamento que precisa alimentar a ilusão falocêntrica de infalibilidade ou de que, como se diz à cantonada atualmente, "estamos sendo julgados pelas nossas virtudes, não pelos nossos erros". Tal pensamento insistirá que agora não é hora para autocrítica, afinal nos encontramos em embate renhido contra forças opostas. No entanto, é interessante como, para seus defensores, a hora da autocrítica nunca deve chegar, até porque sempre estaremos em luta constante, sempre será necessário alimentar a mobilização através do "não podemos parar agora". Contudo, para o tempo da autocrítica chegar, eles deveriam aceitar que o melhor governo não é aquele que repete compulsivamente que fizemos tudo certo, mesmo que tudo tenha dado errado. O melhor governo é aquele que reconhece o caráter falível de suas ações e a necessidade de revê-las a partir de suas consequências. Segurança ontológica não existe em política e saber disso é a única maneira de ser realmente fiel ao que realmente conta. Porém, o mais interessante nesse tipo de pensamento é o que acontece quando são criticadas as opções de governo, como essas que foram feitas nos nossos últimos anos de democracia formal, já que democracia agora não há, nem mesmo em sua versão formal. Se você insiste nas consequências catastróficas das opções gradualistas e conciliatórias que marcaram nossos últimos anos, a acusação imediata será a de "voluntarismo político". Afinal, dizem, você acha que é simplesmente tendo vontade que se produzem transformações em um país como o Brasil? O que eu particularmente mais gosto nesses tipos de afirmações é seu tom de reprimenda paterna. Lembra o pai que, de forma impaciente, volta-se contra o filho e diz: "Mas você não sabe nada do mundo, a realidade é muito mais complexa. Você verá como o curso das coisas quebrará a petulância da sua vontade". Há muito mais "pais de plantão" do que imagina sua vã filosofia. Afirmações como essas, todavia, são um boa maneira de expor não exatamente o onirismo do filho, mas a impotência do pai, ou melhor, sua tentativa de travestir a impotência com as vestes da sabedoria. Algo muito comum entre nós atualmente. Mais honesto seria começar por lembrar como esquecemos, nestes últimos anos, de um princípio elementar: nada pode ser transformado se as estruturas políticas permanecem as mesmas. A primeira coisa a fazer quando aqueles comprometidos com transformações profundas assumem o poder é exatamente modificar o poder, e não tentar operar aceitando suas regras explícitas e, principalmente, implícitas. Mas aqueles de boa memória lembrarão que a primeira ação da esquerda brasileira no poder foi, pasmem, uma reforma previdenciária, e não uma refundação da institucionalidade política brasileira. Sequer discussão séria e pressão política houve nesse sentido. Falar em correlação desfavorável de forças em governos que chegaram a ter impressionantes 80% de popularidade é algo da ordem da desonestidade intelectual. Creio que isso, na verdade, diz muito a respeito do que os defensores da "autocrítica depois" ou da "autocrítica tudo bem, mas de leve" talvez realmente queiram, porém sem saber. Talvez eles queiram, atualmente, apenas que tudo volte a ser como antes. Difícil imaginar que se vai muito longe assim. | 1 |
Apple adia produção de iPad com tela grande | A Apple, que se vê estagnada nas vendas de iPad, irá adiar a produção da versão do produto com uma tela maior, de acordo com a agência de notícias Bloomberg. Enquanto o iPad mini tem tela com 7,9 polegadas e o iPad Air tem tela com 9,7 polegadas, esse novo produto teria uma de 12,9 polegadas. Sua produção está prevista para começar em meados de setembro. Segundo fonte que preferiu não se revelar em entrevista à agência de notícias, isso se deu por conta de atrasos envolvendo o fornecimento dos painéis de exibição. O lançamento desse novo produto aparece como tentativa do chefe executivo da empresa, Tim Cook, em aumentar as vendas do iPad que decaíram nos últimos trimestres –nos últimos três meses de 2014, a companhia vendeu 21,42 milhões de unidades, 17,6% a menos do que no mesmo período do ano anterior. O produto também enfrenta competição direta com os próprios Iphones de grandes dimensões que foram lançados em setembro. No entanto, mesmo com essa queda nas vendas, o mercado oferece oportunidades de crescimento para o iPad, que também pode ser encarado como um substituto de laptops. | tec | Apple adia produção de iPad com tela grandeA Apple, que se vê estagnada nas vendas de iPad, irá adiar a produção da versão do produto com uma tela maior, de acordo com a agência de notícias Bloomberg. Enquanto o iPad mini tem tela com 7,9 polegadas e o iPad Air tem tela com 9,7 polegadas, esse novo produto teria uma de 12,9 polegadas. Sua produção está prevista para começar em meados de setembro. Segundo fonte que preferiu não se revelar em entrevista à agência de notícias, isso se deu por conta de atrasos envolvendo o fornecimento dos painéis de exibição. O lançamento desse novo produto aparece como tentativa do chefe executivo da empresa, Tim Cook, em aumentar as vendas do iPad que decaíram nos últimos trimestres –nos últimos três meses de 2014, a companhia vendeu 21,42 milhões de unidades, 17,6% a menos do que no mesmo período do ano anterior. O produto também enfrenta competição direta com os próprios Iphones de grandes dimensões que foram lançados em setembro. No entanto, mesmo com essa queda nas vendas, o mercado oferece oportunidades de crescimento para o iPad, que também pode ser encarado como um substituto de laptops. | 10 |
Obama publica foto de sua turma de 5ª série em homenagem a professora | O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, publicou nesta terça-feira (3) em sua página no microblog Twitter uma foto sua na quinta série do ensino fundamental americano, em 1971. A foto foi uma homenagem a sua professora naquela época, Mabel Hefty. "Para a minha professora da quinta série e para os educadores que inspiram nossos jovens todos os dias. Obrigado", escreveu na publicação da foto. Obama Obama, que é o terceiro no alto da foto, estava em seu primeiro ano na escola Punahou, em Honolulu, no Havaí. Ele havia voltado à ilha para morar com seus avós maternos, Madelyn e Stanley Dunham. Antes da quinta série, o atual presidente havia passado quatro anos na Indonésia, depois que sua mãe, Stanley Ann, se casou com Lolo Soetoro. No período, Obama era aluno de escolas indonésias e aprendeu inglês em casa. Bolsista na Punahou, o presidente ficou na escola até o fim do ensino médio, em 1979, quando se mudou para Los Angeles. Quatro anos antes, sua mãe havia voltado à Indonésia para aprofundar seus estudos de antropologia. | mundo | Obama publica foto de sua turma de 5ª série em homenagem a professoraO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, publicou nesta terça-feira (3) em sua página no microblog Twitter uma foto sua na quinta série do ensino fundamental americano, em 1971. A foto foi uma homenagem a sua professora naquela época, Mabel Hefty. "Para a minha professora da quinta série e para os educadores que inspiram nossos jovens todos os dias. Obrigado", escreveu na publicação da foto. Obama Obama, que é o terceiro no alto da foto, estava em seu primeiro ano na escola Punahou, em Honolulu, no Havaí. Ele havia voltado à ilha para morar com seus avós maternos, Madelyn e Stanley Dunham. Antes da quinta série, o atual presidente havia passado quatro anos na Indonésia, depois que sua mãe, Stanley Ann, se casou com Lolo Soetoro. No período, Obama era aluno de escolas indonésias e aprendeu inglês em casa. Bolsista na Punahou, o presidente ficou na escola até o fim do ensino médio, em 1979, quando se mudou para Los Angeles. Quatro anos antes, sua mãe havia voltado à Indonésia para aprofundar seus estudos de antropologia. | 4 |
Governo faz acordo com estudantes e adia desocupação de colégios no PR | A Justiça do Paraná emitiu uma ordem de reintegração de posse para 25 colégios ocupados por estudantes em Curitiba –entre eles, o Colégio Estadual do Paraná, maior do Estado. Em acordo com os estudantes e o Ministério Público, porém, o governo decidiu adiar em dez dias o cumprimento da medida, com o objetivo de abrir nova negociação com os estudantes. A decisão estabelecia desocupação imediata e multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Na tarde desta sexta, os estudantes propuseram sair de 24 escolas, mas manter a ocupação no Colégio Estadual do Paraná. O governo Beto Richa (PSDB) aceitou o acordo, por meio da Procuradoria-Geral do Estado. Com isso, 24 colégios serão desocupados até segunda (31). Nessas escolas, alunos poderão fazer a prova do Enem normalmente –o prazo dado pelo MEC para a desocupação era até segunda. Cerca de 850 colégios (de um total de 2.100 unidades) foram ocupados nas últimas semanas por estudantes no Paraná, em protesto contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Grupos de pais e alunos, porém, pedem a desocupação e a volta às aulas, em especial devido à proximidade do vestibular e do Enem. A Folha apurou que a maioria dos alunos cogitava deixar as ocupações assim que notificados da decisão judicial, para evitar confrontos. Os estudantes do Colégio Estadual do Paraná, porém, resistiram à ideia e fizeram um cordão de isolamento em torno da escola. O Ministério Público e a Defensoria intervieram, e chegaram ao acordo com o governo. TENSÃO Os estudantes enfrentaram resistência nesta semana: na segunda (24), pais arrombaram o portão do Guido Arzua e tentaram desocupar o local. Na quinta (27), um grupo de manifestantes e pais, junto com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), forçaram a entrada no Colégio Lysímaco Ferreira da Costa, também na tentativa de desocupação. No início da semana, um estudante morreu assassinado em uma das ocupações, depois de uma briga com um colega. Desde então, as tensões pró e contra o movimento se acirraram. Na decisão que deferiu a reintegração, a juíza Patrícia Bergonse afirmou que as ocupações "vêm criando atmosfera de medo, insegurança e desordem pública, impedindo o exercício do direito de acesso dos estudantes, professores e funcionários aos estabelecimentos de ensino". "A ocupação se mostra lesiva aos direitos e à própria segurança dos estudantes", escreveu a juíza, que disse que, embora o direito à manifestação esteja protegido pela Constituição, assim também estão o direito à educação e à segurança. A orientação na maioria das escolas é para evitar confrontos com a Polícia Militar, que tem autorização judicial para agir em caso de resistência. O governo do Paraná, porém, que pediu as reintegrações, tem afirmado que o uso da força pela PM "só se dará após esgotadas todas as vias de negociação pacíficas", como "a última medida". Na página do Ocupa Paraná, uma postagem comemora que escolas que foram reintegradas, no interior do Estado, estão sendo reocupadas novamente. "Resistência! Não tem arrego! Ocupa tudo!", diz a imagem. O movimento, porém, diz que cabe a cada colégio decidir sobre a ocupação, e que não há uma orientação específica a respeito. Segundo a secretaria da Educação, há 491 escolas ocupadas no momento –na última sexta (21), eram 831. O Ocupa Paraná nega arrefecimento e diz que o número se mantém em cerca de 800 escolas. | educacao | Governo faz acordo com estudantes e adia desocupação de colégios no PRA Justiça do Paraná emitiu uma ordem de reintegração de posse para 25 colégios ocupados por estudantes em Curitiba –entre eles, o Colégio Estadual do Paraná, maior do Estado. Em acordo com os estudantes e o Ministério Público, porém, o governo decidiu adiar em dez dias o cumprimento da medida, com o objetivo de abrir nova negociação com os estudantes. A decisão estabelecia desocupação imediata e multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Na tarde desta sexta, os estudantes propuseram sair de 24 escolas, mas manter a ocupação no Colégio Estadual do Paraná. O governo Beto Richa (PSDB) aceitou o acordo, por meio da Procuradoria-Geral do Estado. Com isso, 24 colégios serão desocupados até segunda (31). Nessas escolas, alunos poderão fazer a prova do Enem normalmente –o prazo dado pelo MEC para a desocupação era até segunda. Cerca de 850 colégios (de um total de 2.100 unidades) foram ocupados nas últimas semanas por estudantes no Paraná, em protesto contra a reforma do ensino médio proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Grupos de pais e alunos, porém, pedem a desocupação e a volta às aulas, em especial devido à proximidade do vestibular e do Enem. A Folha apurou que a maioria dos alunos cogitava deixar as ocupações assim que notificados da decisão judicial, para evitar confrontos. Os estudantes do Colégio Estadual do Paraná, porém, resistiram à ideia e fizeram um cordão de isolamento em torno da escola. O Ministério Público e a Defensoria intervieram, e chegaram ao acordo com o governo. TENSÃO Os estudantes enfrentaram resistência nesta semana: na segunda (24), pais arrombaram o portão do Guido Arzua e tentaram desocupar o local. Na quinta (27), um grupo de manifestantes e pais, junto com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), forçaram a entrada no Colégio Lysímaco Ferreira da Costa, também na tentativa de desocupação. No início da semana, um estudante morreu assassinado em uma das ocupações, depois de uma briga com um colega. Desde então, as tensões pró e contra o movimento se acirraram. Na decisão que deferiu a reintegração, a juíza Patrícia Bergonse afirmou que as ocupações "vêm criando atmosfera de medo, insegurança e desordem pública, impedindo o exercício do direito de acesso dos estudantes, professores e funcionários aos estabelecimentos de ensino". "A ocupação se mostra lesiva aos direitos e à própria segurança dos estudantes", escreveu a juíza, que disse que, embora o direito à manifestação esteja protegido pela Constituição, assim também estão o direito à educação e à segurança. A orientação na maioria das escolas é para evitar confrontos com a Polícia Militar, que tem autorização judicial para agir em caso de resistência. O governo do Paraná, porém, que pediu as reintegrações, tem afirmado que o uso da força pela PM "só se dará após esgotadas todas as vias de negociação pacíficas", como "a última medida". Na página do Ocupa Paraná, uma postagem comemora que escolas que foram reintegradas, no interior do Estado, estão sendo reocupadas novamente. "Resistência! Não tem arrego! Ocupa tudo!", diz a imagem. O movimento, porém, diz que cabe a cada colégio decidir sobre a ocupação, e que não há uma orientação específica a respeito. Segundo a secretaria da Educação, há 491 escolas ocupadas no momento –na última sexta (21), eram 831. O Ocupa Paraná nega arrefecimento e diz que o número se mantém em cerca de 800 escolas. | 12 |
'Destruidor' de lares, miniporco de estimação movimenta mercado pet | A domesticação de porcos, que não para de crescer no Brasil, começa a fomentar negócios e a movimentar o mercado de bichos de estimação.O "micropig", no jargão dos criadores, resulta do cruzamento de bichos pequenos e sai a R$ 1.200. Leia mais aqui | tv | 'Destruidor' de lares, miniporco de estimação movimenta mercado petA domesticação de porcos, que não para de crescer no Brasil, começa a fomentar negócios e a movimentar o mercado de bichos de estimação.O "micropig", no jargão dos criadores, resulta do cruzamento de bichos pequenos e sai a R$ 1.200. Leia mais aqui | 11 |
Sexta tem previsão de chuva, show de Pepeu Gomes e peça sobre diferentes perspectivas do amor | BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 16 de setembro de 2016. Sexta-feira. Bom dia para você que pelos poderes de Grayskull terá forças no fim de semana para combater a rotina e a monotonia! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Novos velhos baianos | O músico baiano Pepeu Gomes, guitarrista do conjunto Novos Baianos, apresenta show que celebra suas cinco décadas de trajetória. No repertório deste show no Sesc Pompeia estão novas versões para temas já conhecidos pelo público, como "Masculino e Feminino" e "Eu Também Quero Beijar". Ingressos custam de R$ 9 a R$ 30. Veja mais aqui. O que o escritor tem a dizer? | Iniciada na quinta (15), a Pauliceia Literária, evento realizado pela Aasp (Associação dos Advogados de São Paulo), segue em sua terceira edição até o sábado (17). O festival de literatura tem participação de autores do Brasil e de outros países. Nesta sexta (16), Humberto Werneck divide com Fernando Bonassi a mesa "cronistas da irrealidade cotidiana". Veja mais informações aqui. Teatro | A peça "A Reunificação das Duas Coreias" chega nesta sexta ao Teatro MorumbiShopping. Com texto do francês Joël Pommerat, a encenação é dividida em 18 cenas independentes que apresentam o amor sob diversas perspectivas. A direção é de João Fonseca, responsável por musicais como "Tim Maia" e "Cazuza". No elenco estão atores como Leticia Isnard, Marcelo Valle e Gustavo Machado. Ingressos custam R$ 50 e R$ 70. Cantoria | O ginasta Diego Hypólito, prata na Olimpíada Rio-2016, inaugura hoje sala de videokê com seu nome no Coconut Brasil, na rua Canuto do Val, na Santa Cecília. * PARA TER ASSUNTO Pronunciamento | Um dia após ser denunciado pela força-tarefa da Lava Jato sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em pronunciamento que é inocente e se disse indignado. "Prova uma corrupção minha que irei a pé ser preso", declarou no diretório do PT em São Paulo. Previdência | O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a proposta de reforma da Previdência que o presidente Michel Temer promete enviar ao Congresso neste mês só será votada em plenário em 2017. Preconceito | Pela primeira vez, a CBF pode ser multada pela Fifa devido a atitudes homofóbicas de torcedores brasileiros. Na partida entre Brasil e Colômbia, em 6 de setembro, pelas eliminatórias da Copa de 2018, boa parte das pessoas presentes na Arena da Amazônia, em Manaus, gritou "bicha" enquanto o goleiro Ospina cobrava os tiros de meta. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Cidade | A Câmara Municipal realiza reunião do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente das 10h às 13h e audiência pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia, às 19h. Veja a programação aqui. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A previsão é de chuvisco ao longo do dia, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A temperatura máxima prevista é de 21ºC. A mínima, de 12ºC. Centro | A rua Santa Ifigênia será interditada entre as avenidas Ipiranga e Cásper Líbero para a realização do evento "Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição", de responsabilidade da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Os bloqueios ocorrem das 20h às 23h30 desta sexta (16) e no dia 22. Bloqueios também serão realizados das 16h às 23h do sábado (17) e de domingo (18). Centro 2 | A rua Elisa Witacker, no Brás, fica interditada entre as ruas Monsenhor Andrade e Rodrigues dos Santos até 23/9 para manutenção de adutora d'água. A rua Sergipe, em Higienópolis, está interditada para o trânsito de veículos na altura da rua Ceará. O bloqueio se dá em razão de obras da futura estação Angélica/Mackenzie da linha 6-laranja do metrô e deve durar aproximadamente três anos. Zona sul | A rua Arizona, no Brooklyn, será bloqueada entre as ruas Califórnia e Nova York, até as 18h de sábado (10) para estacionamento de guindaste e içamento de materiais. A rua Pedro de Toledo também fica interditada entre as ruas Domingos de Morais e Tenente Gomes Ribeiro para a continuação de obras da linha 5-lilás do metrô. O bloqueio segue até fevereiro de 2018. A rua José Guerra fica fechada entre as ruas da Paz e Alexandre Dumas até 30 de outubro para obras de extensão na av. Dr. Chucri Zaidan. Zona sul 2 | A Avenida João Dias será parcialmente interditada no sentido bairro entre as ruas Doutor Fritz Martin e Missionários a partir das 23h desta sexta-feira (16/09). A interdição se dá devido à continuidade das obras de construção da extensão Viária Chucri Zaidan, e dura até a próxima sexta (23). | saopaulo | Sexta tem previsão de chuva, show de Pepeu Gomes e peça sobre diferentes perspectivas do amorBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 16 de setembro de 2016. Sexta-feira. Bom dia para você que pelos poderes de Grayskull terá forças no fim de semana para combater a rotina e a monotonia! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Novos velhos baianos | O músico baiano Pepeu Gomes, guitarrista do conjunto Novos Baianos, apresenta show que celebra suas cinco décadas de trajetória. No repertório deste show no Sesc Pompeia estão novas versões para temas já conhecidos pelo público, como "Masculino e Feminino" e "Eu Também Quero Beijar". Ingressos custam de R$ 9 a R$ 30. Veja mais aqui. O que o escritor tem a dizer? | Iniciada na quinta (15), a Pauliceia Literária, evento realizado pela Aasp (Associação dos Advogados de São Paulo), segue em sua terceira edição até o sábado (17). O festival de literatura tem participação de autores do Brasil e de outros países. Nesta sexta (16), Humberto Werneck divide com Fernando Bonassi a mesa "cronistas da irrealidade cotidiana". Veja mais informações aqui. Teatro | A peça "A Reunificação das Duas Coreias" chega nesta sexta ao Teatro MorumbiShopping. Com texto do francês Joël Pommerat, a encenação é dividida em 18 cenas independentes que apresentam o amor sob diversas perspectivas. A direção é de João Fonseca, responsável por musicais como "Tim Maia" e "Cazuza". No elenco estão atores como Leticia Isnard, Marcelo Valle e Gustavo Machado. Ingressos custam R$ 50 e R$ 70. Cantoria | O ginasta Diego Hypólito, prata na Olimpíada Rio-2016, inaugura hoje sala de videokê com seu nome no Coconut Brasil, na rua Canuto do Val, na Santa Cecília. * PARA TER ASSUNTO Pronunciamento | Um dia após ser denunciado pela força-tarefa da Lava Jato sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em pronunciamento que é inocente e se disse indignado. "Prova uma corrupção minha que irei a pé ser preso", declarou no diretório do PT em São Paulo. Previdência | O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a proposta de reforma da Previdência que o presidente Michel Temer promete enviar ao Congresso neste mês só será votada em plenário em 2017. Preconceito | Pela primeira vez, a CBF pode ser multada pela Fifa devido a atitudes homofóbicas de torcedores brasileiros. Na partida entre Brasil e Colômbia, em 6 de setembro, pelas eliminatórias da Copa de 2018, boa parte das pessoas presentes na Arena da Amazônia, em Manaus, gritou "bicha" enquanto o goleiro Ospina cobrava os tiros de meta. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Cidade | A Câmara Municipal realiza reunião do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente das 10h às 13h e audiência pública da Comissão Permanente de Trânsito, Transportes, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia, às 19h. Veja a programação aqui. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A previsão é de chuvisco ao longo do dia, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A temperatura máxima prevista é de 21ºC. A mínima, de 12ºC. Centro | A rua Santa Ifigênia será interditada entre as avenidas Ipiranga e Cásper Líbero para a realização do evento "Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição", de responsabilidade da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Os bloqueios ocorrem das 20h às 23h30 desta sexta (16) e no dia 22. Bloqueios também serão realizados das 16h às 23h do sábado (17) e de domingo (18). Centro 2 | A rua Elisa Witacker, no Brás, fica interditada entre as ruas Monsenhor Andrade e Rodrigues dos Santos até 23/9 para manutenção de adutora d'água. A rua Sergipe, em Higienópolis, está interditada para o trânsito de veículos na altura da rua Ceará. O bloqueio se dá em razão de obras da futura estação Angélica/Mackenzie da linha 6-laranja do metrô e deve durar aproximadamente três anos. Zona sul | A rua Arizona, no Brooklyn, será bloqueada entre as ruas Califórnia e Nova York, até as 18h de sábado (10) para estacionamento de guindaste e içamento de materiais. A rua Pedro de Toledo também fica interditada entre as ruas Domingos de Morais e Tenente Gomes Ribeiro para a continuação de obras da linha 5-lilás do metrô. O bloqueio segue até fevereiro de 2018. A rua José Guerra fica fechada entre as ruas da Paz e Alexandre Dumas até 30 de outubro para obras de extensão na av. Dr. Chucri Zaidan. Zona sul 2 | A Avenida João Dias será parcialmente interditada no sentido bairro entre as ruas Doutor Fritz Martin e Missionários a partir das 23h desta sexta-feira (16/09). A interdição se dá devido à continuidade das obras de construção da extensão Viária Chucri Zaidan, e dura até a próxima sexta (23). | 9 |
Vídeo detalha em 4 minutos de que forma o PIB afeta seus investimentos | Depois de dois anos de recessão, o Brasil teve um crescimento do PIB de 0,2%. Esse movimento pode, é claro, ter impactos nos seus investimentos –da mesma forma que a queda na taxa de juros, arma do governo para tentar melhorar a economia. Saber como esse impacto pode se dar é bom para ajudar a escolher a melhor opção de aplicação pela frente, tanto quanto conhecer seu perfil de investidor. Neste vídeo da série Folhainvest, produzida pela TV Folha, a repórter de "Mercado" Danielle Brant detalha as relações entre seus investimentos e o PIB. | tv | Vídeo detalha em 4 minutos de que forma o PIB afeta seus investimentosDepois de dois anos de recessão, o Brasil teve um crescimento do PIB de 0,2%. Esse movimento pode, é claro, ter impactos nos seus investimentos –da mesma forma que a queda na taxa de juros, arma do governo para tentar melhorar a economia. Saber como esse impacto pode se dar é bom para ajudar a escolher a melhor opção de aplicação pela frente, tanto quanto conhecer seu perfil de investidor. Neste vídeo da série Folhainvest, produzida pela TV Folha, a repórter de "Mercado" Danielle Brant detalha as relações entre seus investimentos e o PIB. | 11 |
Cientistas fabricam tijolos a partir de solo marciano artificial | Cientistas disseram nesta quinta-feira (27) que fabricaram pequenos tijolos a partir de solo marciano artificial, usando uma técnica simples que poderia ajudar na construção de abrigos nas futuras colônias humanas no planeta vermelho. A técnica exige apenas que os blocos sejam comprimidos de uma forma precisa, sem a necessidade de usar um forno ou elementos adicionais. "As pessoas que irão a Marte serão incrivelmente corajosas, serão pioneiras, e eu ficaria honrado de ser seu fabricante de tijolos", disse Yu Qiao, professor da Universidade da Califórnia em San Diego e autor principal de um estudo publicado na revista "Scientific Reports". Engenheiros estruturais usaram uma mistura de poeira preparada pela Nasa que imita o solo marciano para fazer centenas de tijolos em forma de disco de 3 milímetros de espessura. Eles descobriram, acidentalmente, que a compressão de alta pressão endureceu o solo artificial na forma de estruturas sólidas como rochas, mais fortes do que concreto reforçado com aço. Em março, o congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei –assinada pelo presidente Donald Trump– que determina que a Nasa enviará uma missão tripulada a Marte em 2033. Qiao acredita que o solo marciano verdadeiro poderia ser compactado camada por camada para formar uma parede ou modelado na forma de tijolos maiores. Ideias anteriores para fazer materiais de construção em Marte incluíram fornos que funcionam com energia nuclear e o transporte de grandes quantidades de polímero da Terra. A alvenaria proposta pelo professor Qiao, por outro lado, seria 100% feita em Marte e requereria recursos mínimos. "Todos os métodos anteriores envolveram aquecimento intensivo com energia ou transporte espacial bastante significativo de aditivos a partir da Terra", disse o pesquisador à AFP. Acredita-se que o óxido de ferro –o componente que dá a Marte seu tom avermelhado– é o "agente de cimentação" que torna o solo tão maleável. Qiao admite que ainda não se sabe se o solo marciano verdadeiro reagiria da mesma forma, e que isso só poderia ser confirmado por testes no local. Mas ele espera que sua abordagem seja considerada. Qiao inicialmente começou a usar solo lunar para fazer cimento. Quando aplicou a mesma técnica ao solo marciano, descobriu suas propriedades excepcionais. O rover Curiosity da Nasa coletou amostras de poeira e areia marciana pela primeira vez em 2012, e sua composição foi analisada em um laboratório dentro do robô móvel. A análise revelou que o solo marciano contém uma química complexa de água, enxofre e substâncias de cloro, mas nenhum vestígio de compostos de carbono orgânico que poderiam indicar sinais de vida. | ciencia | Cientistas fabricam tijolos a partir de solo marciano artificialCientistas disseram nesta quinta-feira (27) que fabricaram pequenos tijolos a partir de solo marciano artificial, usando uma técnica simples que poderia ajudar na construção de abrigos nas futuras colônias humanas no planeta vermelho. A técnica exige apenas que os blocos sejam comprimidos de uma forma precisa, sem a necessidade de usar um forno ou elementos adicionais. "As pessoas que irão a Marte serão incrivelmente corajosas, serão pioneiras, e eu ficaria honrado de ser seu fabricante de tijolos", disse Yu Qiao, professor da Universidade da Califórnia em San Diego e autor principal de um estudo publicado na revista "Scientific Reports". Engenheiros estruturais usaram uma mistura de poeira preparada pela Nasa que imita o solo marciano para fazer centenas de tijolos em forma de disco de 3 milímetros de espessura. Eles descobriram, acidentalmente, que a compressão de alta pressão endureceu o solo artificial na forma de estruturas sólidas como rochas, mais fortes do que concreto reforçado com aço. Em março, o congresso dos Estados Unidos aprovou uma lei –assinada pelo presidente Donald Trump– que determina que a Nasa enviará uma missão tripulada a Marte em 2033. Qiao acredita que o solo marciano verdadeiro poderia ser compactado camada por camada para formar uma parede ou modelado na forma de tijolos maiores. Ideias anteriores para fazer materiais de construção em Marte incluíram fornos que funcionam com energia nuclear e o transporte de grandes quantidades de polímero da Terra. A alvenaria proposta pelo professor Qiao, por outro lado, seria 100% feita em Marte e requereria recursos mínimos. "Todos os métodos anteriores envolveram aquecimento intensivo com energia ou transporte espacial bastante significativo de aditivos a partir da Terra", disse o pesquisador à AFP. Acredita-se que o óxido de ferro –o componente que dá a Marte seu tom avermelhado– é o "agente de cimentação" que torna o solo tão maleável. Qiao admite que ainda não se sabe se o solo marciano verdadeiro reagiria da mesma forma, e que isso só poderia ser confirmado por testes no local. Mas ele espera que sua abordagem seja considerada. Qiao inicialmente começou a usar solo lunar para fazer cimento. Quando aplicou a mesma técnica ao solo marciano, descobriu suas propriedades excepcionais. O rover Curiosity da Nasa coletou amostras de poeira e areia marciana pela primeira vez em 2012, e sua composição foi analisada em um laboratório dentro do robô móvel. A análise revelou que o solo marciano contém uma química complexa de água, enxofre e substâncias de cloro, mas nenhum vestígio de compostos de carbono orgânico que poderiam indicar sinais de vida. | 15 |
Mega-Sena acumula novamente, e prêmio deve ir a R$ 90 milhões | Novamente nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 1.809 da Mega-Sena, realizado neste sábado (16), em São Paulo. Na quarta-feira (20), o próximo concurso deve pagar em torno de R$ 90 milhões em caso de único acertador. Os números sorteados na noite deste sábado foram: 09 - 12 - 23 - 24 - 46 - 54. A quina (cinco acertos) teve 188 apostas ganhadoras, no valor de R$ 26.361,78 cada uma. Já a quadra (quatro acertos) teve 13.704 ganhadores. Cada um deles receberá R$ 516,63. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio. Os sorteios da Mega-Sena acontecem, em geral, duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultados das loterias | cotidiano | Mega-Sena acumula novamente, e prêmio deve ir a R$ 90 milhõesNovamente nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 1.809 da Mega-Sena, realizado neste sábado (16), em São Paulo. Na quarta-feira (20), o próximo concurso deve pagar em torno de R$ 90 milhões em caso de único acertador. Os números sorteados na noite deste sábado foram: 09 - 12 - 23 - 24 - 46 - 54. A quina (cinco acertos) teve 188 apostas ganhadoras, no valor de R$ 26.361,78 cada uma. Já a quadra (quatro acertos) teve 13.704 ganhadores. Cada um deles receberá R$ 516,63. A aposta mínima, de seis números, é de R$ 3,50 e pode ser feita até as 19h (horário de Brasília) do dia do sorteio. Os sorteios da Mega-Sena acontecem, em geral, duas vezes por semana, às quartas e aos sábados. Acompanhe o resultados das loterias | 5 |
Campeão mundial, técnico da seleção de handebol critica estrutura do Brasil | Atual campeã, a seleção feminina de handebol está invicta em Mundiais há 13 jogos– 12 vitórias, a mais recente por 23 a 19 sobre a Argentina, nesta quinta-feira (10), e um empate. Nesta sexta (11), na Dinamarca, elas enfrentam a França, às 15h (de Brasília), com vaga assegurada nas oitavas de final, para fechar a primeira fase em primeiro no grupo. Um panorama positivo para a equipe que, além do título em 2013, também foi sexta colocada na Olimpíada de 2012 e é favorita ao pódio na Rio-2016, certo? Não para o técnico Morten Soubak. Desde 2009 à frente da seleção, o dinamarquês está tão inquieto quanto nos momentos tensos das partidas à beira da quadra. "O handebol brasileiro é mais do que as seleções", afirma Morten à Folha. "O que eu queria explicar ao falar que o handebol não melhorou depois do título mundial é que não vejo onde temos mais talentos, mais equipes competitivas etc. A Liga Nacional é curta, tem poucos times e rodadas nos períodos de jogos da seleção adulta", critica o técnico, referindo-se à reclamação que fez nesta semana, em entrevista ao UOL, empresa do Grupo Folha, que publica a Folha, sobre o atraso do handebol nacional mesmo depois do título Mundial de 2013. E o reflexo pode atingir a seleção? "Eu acho que o nosso nível nem caiu e nem subiu muito nestes dois anos. Está bem nivelado", afirma. A Liga Nacional feminina, principal competição de clubes do país, durou menos de três meses neste ano (de agosto a novembro) e teve apenas seis equipes. E, além dessa, Morten tem outras preocupações que afetam diretamente a seleção. Uma delas é a falta de estrutura para a prática do esporte no país. "Quando a seleção adulta está no Brasil, tenho que cancelar muitos treinos por conta das condições das quadras", conta o treinador. O torneio Quatro Nações, contra Eslovênia, Argentina e Sérvia, em Brasília (DF), preparatório para a seleção brasileira, uma semana antes do embarque para o Mundial, não aconteceu em razão de goteiras no ginásio, por exemplo. Outro problema que surgiu em dois anos foi o fim da parceria com o clube austríaco Hÿpo, fator crucial no sucesso do handebol brasileiro e que já não existe desde 2014. Com um acordo com a Confederação Brasileira de Handebol, o Hÿpo concentrava a base da seleção, chegou a ter oito atletas, além de ser comandado pelo próprio Morten. Assim, elas ficavam o ano todo treinando e jogando juntas contra as melhores do mundo na Europa. "Espero que não tenha tanta influência na equipe. Nós temos um bom time, experiente, competitivo. E mesmo sem o convênio com o Hÿpo, espero que a experiência que elas estão levando de outros e novos clubes dê um bom retorno para a seleção", diz. Das 16 atletas da seleção neste Mundial, dez jogam na Europa atualmente. Em 2013, eram 12. Autodenominado "baiano" (e assim é chamado até por atletas), Morten já trabalha no Brasil há dez anos (começou pela equipe masculina do Pinheiros) e se preocupa constantemente com o desenvolvimento da modalidade no país que não pretende deixar (é casado com uma brasileira, com quem tem um filho, e mora em São Paulo). Ele mesmo é responsável por algumas clínicas para estimular crianças a jogar handebol. As categorias de base, afinal, são outra grande preocupação do comandante da seleção. Afinal, ele pensa em 2016, mas também 2017, 2018... | esporte | Campeão mundial, técnico da seleção de handebol critica estrutura do BrasilAtual campeã, a seleção feminina de handebol está invicta em Mundiais há 13 jogos– 12 vitórias, a mais recente por 23 a 19 sobre a Argentina, nesta quinta-feira (10), e um empate. Nesta sexta (11), na Dinamarca, elas enfrentam a França, às 15h (de Brasília), com vaga assegurada nas oitavas de final, para fechar a primeira fase em primeiro no grupo. Um panorama positivo para a equipe que, além do título em 2013, também foi sexta colocada na Olimpíada de 2012 e é favorita ao pódio na Rio-2016, certo? Não para o técnico Morten Soubak. Desde 2009 à frente da seleção, o dinamarquês está tão inquieto quanto nos momentos tensos das partidas à beira da quadra. "O handebol brasileiro é mais do que as seleções", afirma Morten à Folha. "O que eu queria explicar ao falar que o handebol não melhorou depois do título mundial é que não vejo onde temos mais talentos, mais equipes competitivas etc. A Liga Nacional é curta, tem poucos times e rodadas nos períodos de jogos da seleção adulta", critica o técnico, referindo-se à reclamação que fez nesta semana, em entrevista ao UOL, empresa do Grupo Folha, que publica a Folha, sobre o atraso do handebol nacional mesmo depois do título Mundial de 2013. E o reflexo pode atingir a seleção? "Eu acho que o nosso nível nem caiu e nem subiu muito nestes dois anos. Está bem nivelado", afirma. A Liga Nacional feminina, principal competição de clubes do país, durou menos de três meses neste ano (de agosto a novembro) e teve apenas seis equipes. E, além dessa, Morten tem outras preocupações que afetam diretamente a seleção. Uma delas é a falta de estrutura para a prática do esporte no país. "Quando a seleção adulta está no Brasil, tenho que cancelar muitos treinos por conta das condições das quadras", conta o treinador. O torneio Quatro Nações, contra Eslovênia, Argentina e Sérvia, em Brasília (DF), preparatório para a seleção brasileira, uma semana antes do embarque para o Mundial, não aconteceu em razão de goteiras no ginásio, por exemplo. Outro problema que surgiu em dois anos foi o fim da parceria com o clube austríaco Hÿpo, fator crucial no sucesso do handebol brasileiro e que já não existe desde 2014. Com um acordo com a Confederação Brasileira de Handebol, o Hÿpo concentrava a base da seleção, chegou a ter oito atletas, além de ser comandado pelo próprio Morten. Assim, elas ficavam o ano todo treinando e jogando juntas contra as melhores do mundo na Europa. "Espero que não tenha tanta influência na equipe. Nós temos um bom time, experiente, competitivo. E mesmo sem o convênio com o Hÿpo, espero que a experiência que elas estão levando de outros e novos clubes dê um bom retorno para a seleção", diz. Das 16 atletas da seleção neste Mundial, dez jogam na Europa atualmente. Em 2013, eram 12. Autodenominado "baiano" (e assim é chamado até por atletas), Morten já trabalha no Brasil há dez anos (começou pela equipe masculina do Pinheiros) e se preocupa constantemente com o desenvolvimento da modalidade no país que não pretende deixar (é casado com uma brasileira, com quem tem um filho, e mora em São Paulo). Ele mesmo é responsável por algumas clínicas para estimular crianças a jogar handebol. As categorias de base, afinal, são outra grande preocupação do comandante da seleção. Afinal, ele pensa em 2016, mas também 2017, 2018... | 3 |
Arlindo Barreto, o Bozo da vida real, encontrou Jesus e virou pastor | "Bozo era movido a cocaína na TV." Não tinha marmelada alguma na manchete de 24 de novembro de 1998 do "Notícias Populares". Arlindo Tadeu Barreto Montanha de Andrade, 62, que encarnou o ídolo da criançada, ainda hoje lembra de cheirar pó a ponto de corroer seu nariz por dentro –diagnóstico de um médico do SBT, onde fazia seu programa. Na cinebiografia "O Rei das Manhãs", o personagem inspirado nele, Bingo, se frusta por ser o anônimo mais famoso do Brasil, já que ninguém conhece seu rosto de verdade. "É um floreio do roteirista. Nunca me senti mal por não ser identificado", conta Arlindo. O que o levou a chafurdar num fundo do poço cheio de uísque e cocaína (dupla favorita), diz, foi a morte da mãe. A atriz Márcia de Windsor (1933-1982), que começou como vedete no Copacabana Palace, era "a mulher mais elegante do país" para o filho. Ele sempre levou jeito para "bon vivant". Colecionava carros luxuosos (Escort conversível, Alfa Romeo), namoradas (como Gretchen, "a Betinha", com quem atuou em 1979, em "Vamos Cantar o Disco, Baby") e gosto por drogas (curtia pó, maconha e ácido). O tombo foi literal: em 1986, cortou o braço num acidente e perdeu "quase todo o sangue". O médico lhe disse: "Você acredita em Deus? Que pena, talvez Ele pudesse ajudar". Arlindo se safou, casou com uma evangélica e se converteu. Foi avisar Silvio Santos: "Vou embora, encontrei Jesus". E o patrão: "Você não pode ficar com Ele aqui na TV?". Preferiu não. Hoje pastor, personifica em alguns de seus cultos o Mr. Clown, "palhaço de Deus" que usa as cores do uniforme para pregar. "Digo às crianças: o vermelho vem do preço que Jesus pagou na cruz do calvário." | ilustrada | Arlindo Barreto, o Bozo da vida real, encontrou Jesus e virou pastor"Bozo era movido a cocaína na TV." Não tinha marmelada alguma na manchete de 24 de novembro de 1998 do "Notícias Populares". Arlindo Tadeu Barreto Montanha de Andrade, 62, que encarnou o ídolo da criançada, ainda hoje lembra de cheirar pó a ponto de corroer seu nariz por dentro –diagnóstico de um médico do SBT, onde fazia seu programa. Na cinebiografia "O Rei das Manhãs", o personagem inspirado nele, Bingo, se frusta por ser o anônimo mais famoso do Brasil, já que ninguém conhece seu rosto de verdade. "É um floreio do roteirista. Nunca me senti mal por não ser identificado", conta Arlindo. O que o levou a chafurdar num fundo do poço cheio de uísque e cocaína (dupla favorita), diz, foi a morte da mãe. A atriz Márcia de Windsor (1933-1982), que começou como vedete no Copacabana Palace, era "a mulher mais elegante do país" para o filho. Ele sempre levou jeito para "bon vivant". Colecionava carros luxuosos (Escort conversível, Alfa Romeo), namoradas (como Gretchen, "a Betinha", com quem atuou em 1979, em "Vamos Cantar o Disco, Baby") e gosto por drogas (curtia pó, maconha e ácido). O tombo foi literal: em 1986, cortou o braço num acidente e perdeu "quase todo o sangue". O médico lhe disse: "Você acredita em Deus? Que pena, talvez Ele pudesse ajudar". Arlindo se safou, casou com uma evangélica e se converteu. Foi avisar Silvio Santos: "Vou embora, encontrei Jesus". E o patrão: "Você não pode ficar com Ele aqui na TV?". Preferiu não. Hoje pastor, personifica em alguns de seus cultos o Mr. Clown, "palhaço de Deus" que usa as cores do uniforme para pregar. "Digo às crianças: o vermelho vem do preço que Jesus pagou na cruz do calvário." | 6 |
Aos 100, serviço de parques nacionais dos EUA registra público recorde | Em 1914, o secretário do interior dos Estados Unidos, Franklin Lane, recebeu uma carta de protesto do naturalista Stephen Mather, sobre a deterioração dos parques nacionais do país. "Se você não gosta da forma como são administrados, venha aqui em Washington e faça melhor", respondeu o secretário. Dois anos depois, estava criado o Serviço Nacional de Parques, com o naturalista Mather na direção. A história é contada em Joshua Tree, um dos 59 parques nacionais gerenciados pelo órgão, que completou cem anos em agosto último. A agência, equivalente ao Instituto Chico Mendes brasileiro, cuida de 412 áreas, entre parques e monumentos históricos (como a Casa Branca), que somam 340 mil km² (o mesmo que o Estado de Goiás). Em entrevista ao jornal "The New York Times", a coordenadora do centenário, Alexa Viets, disse que a maioria dos americanos não entende a amplitude do serviço. Como parte das ações do centenário, a agência lançou a campanha de conscientização "Find Your Park" (encontre seu parque). Os organizadores acreditam que a ação vai revitalizar o Serviço Nacional de Parques e os próprios espaços –cujo conceito remonta a 1832, com a criação da primeira reserva do país, Hot Springs, no Arkansas, conhecido como "spa dos americanos", por causa de suas águas termais. Quarenta anos depois, a ideia de preservar paisagens com parques públicos ganhou forma com a criação do que é considerado o primeiro parque nacional do mundo, Yellowstone, no Wyoming. Historiadores contam que à ideia de proteger ecossistemas raros foi adicionada a iniciativa de promover o turismo no país. Estradas e hotéis rústicos, então, passaram a ser construídos dentro dos parques. Em 1916, o conceito ganhou ainda mais força com o estabelecimento do Serviço Nacional de Parques. RECORDE No ano passado, as áreas preservadas receberam recorde de público: mais de 307 milhões de visitantes, um aumento de 14 milhões de pessoas comparado a 2014. Em 2016, ano do centenário, funcionários ouvidos pela Folha projetavam o verão local (do hemisfério Norte) como o mais movimentado da história. De desertos a áreas subtropicais, a reportagem percorreu alguns dos parques mais populares do país, nos extremos das costas leste e oeste. | turismo | Aos 100, serviço de parques nacionais dos EUA registra público recordeEm 1914, o secretário do interior dos Estados Unidos, Franklin Lane, recebeu uma carta de protesto do naturalista Stephen Mather, sobre a deterioração dos parques nacionais do país. "Se você não gosta da forma como são administrados, venha aqui em Washington e faça melhor", respondeu o secretário. Dois anos depois, estava criado o Serviço Nacional de Parques, com o naturalista Mather na direção. A história é contada em Joshua Tree, um dos 59 parques nacionais gerenciados pelo órgão, que completou cem anos em agosto último. A agência, equivalente ao Instituto Chico Mendes brasileiro, cuida de 412 áreas, entre parques e monumentos históricos (como a Casa Branca), que somam 340 mil km² (o mesmo que o Estado de Goiás). Em entrevista ao jornal "The New York Times", a coordenadora do centenário, Alexa Viets, disse que a maioria dos americanos não entende a amplitude do serviço. Como parte das ações do centenário, a agência lançou a campanha de conscientização "Find Your Park" (encontre seu parque). Os organizadores acreditam que a ação vai revitalizar o Serviço Nacional de Parques e os próprios espaços –cujo conceito remonta a 1832, com a criação da primeira reserva do país, Hot Springs, no Arkansas, conhecido como "spa dos americanos", por causa de suas águas termais. Quarenta anos depois, a ideia de preservar paisagens com parques públicos ganhou forma com a criação do que é considerado o primeiro parque nacional do mundo, Yellowstone, no Wyoming. Historiadores contam que à ideia de proteger ecossistemas raros foi adicionada a iniciativa de promover o turismo no país. Estradas e hotéis rústicos, então, passaram a ser construídos dentro dos parques. Em 1916, o conceito ganhou ainda mais força com o estabelecimento do Serviço Nacional de Parques. RECORDE No ano passado, as áreas preservadas receberam recorde de público: mais de 307 milhões de visitantes, um aumento de 14 milhões de pessoas comparado a 2014. Em 2016, ano do centenário, funcionários ouvidos pela Folha projetavam o verão local (do hemisfério Norte) como o mais movimentado da história. De desertos a áreas subtropicais, a reportagem percorreu alguns dos parques mais populares do país, nos extremos das costas leste e oeste. | 13 |
Alalaô: Falta d'água vira tema de marchinhas de Carnaval em São Paulo | A maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo está servindo de inspiração para marchinhas de Carnaval. Uma das que mais fazem sucesso em São Paulo é "Sereia da Cantareira", feita por um grupo de amigos, incluindo o... Leia post completo no blog | cotidiano | Alalaô: Falta d'água vira tema de marchinhas de Carnaval em São PauloA maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo está servindo de inspiração para marchinhas de Carnaval. Uma das que mais fazem sucesso em São Paulo é "Sereia da Cantareira", feita por um grupo de amigos, incluindo o... Leia post completo no blog | 5 |
Foi correta a decisão de fatiar a votação do impeachment de Dilma? NÃO | VIOLAÇÃO FLAGRANTE DA CONSTITUIÇÃO Causou perplexidade aos cidadãos brasileiros a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de desdobrar o quesito a ser apresentado aos senadores para a deliberação sobre a prática de crime de responsabilidade de Dilma Rousseff. Não é para menos, diante da clareza da norma esculpida no parágrafo único do artigo 52 da Constituição Federal: "Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública". A lei nº 1.079, de 10 de abril de 1.950, traz o procedimento para o reconhecimento de crime de responsabilidade e consequente afastamento do presidente da República (impeachment). Não há nessa lei nenhum dispositivo que determine, ou dê a entender, que as penas de perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública possam ser aplicadas isoladamente. O artigo 2º afirma: "Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública". Por mais que tenhamos boa vontade e façamos todo o esforço hermenêutico possível, não conseguimos visualizar a possibilidade de ser feita a cisão do quesito para aplicação isolada de uma das penas, que são autônomas, mas devem ser aplicadas cumulativamente por mandamento constitucional. A Constituição Federal expressamente diz que a condenação pelo crime de responsabilidade ensejará a perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública. A preposição "com" indica obrigação, não faculdade. Não há margem para a aplicação de uma pena sem a outra. O constituinte não teria redigido o dispositivo dessa forma se a intenção fosse a de possibilitar a aplicação das penas isoladamente. Ao fatiar o quesito em dois, o presidente do STF violou flagrantemente a Constituição, criando uma norma inexistente em nosso ordenamento jurídico. Somente com procedimento próprio, previsto na Magna Carta, poderia haver alteração. É princípio básico de hermenêutica jurídica que a norma infraconstitucional deve ser interpretada de acordo com a Constituição Federal, nunca o contrário. Nem o regimento interno do Senado ou mesmo a lei nº 1.079 poderiam ser interpretados de modo a contrariar uma norma constitucional que expressamente determina o cúmulo material das penas de perda do cargo e de inabilitação para o exercício de função pública. No julgamento do ex-presidente Fernando Collor, como houve renúncia ao mandato, deliberou-se prosseguir com o processo de impeachment para aplicação da pena de inabilitação. Foi impugnada a decisão com a impetração de mandado de segurança, por fim indeferido. Decidiu-se que "não é possível a aplicação da pena de perda do cargo, apenas, nem a pena de inabilitação assume caráter de acessoriedade". Entendendo-se que a pena de inabilitação é acessória, no caso de renúncia ao mandato no decorrer do processo não seria possível sua aplicação diante da inexistência da pena principal. Acreditamos que, por motivos políticos, o resultado do julgamento não será alterado pelo STF, pois isso implicaria rever decisão de mérito proferida pelo Senado Federal, com ofensa ao princípio da separação dos Poderes. CÉSAR DARIO MARIANO DA SILVA, mestre em direito das relações sociais pela PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é promotor de Justiça em São Paulo PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | opiniao | Foi correta a decisão de fatiar a votação do impeachment de Dilma? NÃOVIOLAÇÃO FLAGRANTE DA CONSTITUIÇÃO Causou perplexidade aos cidadãos brasileiros a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de desdobrar o quesito a ser apresentado aos senadores para a deliberação sobre a prática de crime de responsabilidade de Dilma Rousseff. Não é para menos, diante da clareza da norma esculpida no parágrafo único do artigo 52 da Constituição Federal: "Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública". A lei nº 1.079, de 10 de abril de 1.950, traz o procedimento para o reconhecimento de crime de responsabilidade e consequente afastamento do presidente da República (impeachment). Não há nessa lei nenhum dispositivo que determine, ou dê a entender, que as penas de perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública possam ser aplicadas isoladamente. O artigo 2º afirma: "Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública". Por mais que tenhamos boa vontade e façamos todo o esforço hermenêutico possível, não conseguimos visualizar a possibilidade de ser feita a cisão do quesito para aplicação isolada de uma das penas, que são autônomas, mas devem ser aplicadas cumulativamente por mandamento constitucional. A Constituição Federal expressamente diz que a condenação pelo crime de responsabilidade ensejará a perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública. A preposição "com" indica obrigação, não faculdade. Não há margem para a aplicação de uma pena sem a outra. O constituinte não teria redigido o dispositivo dessa forma se a intenção fosse a de possibilitar a aplicação das penas isoladamente. Ao fatiar o quesito em dois, o presidente do STF violou flagrantemente a Constituição, criando uma norma inexistente em nosso ordenamento jurídico. Somente com procedimento próprio, previsto na Magna Carta, poderia haver alteração. É princípio básico de hermenêutica jurídica que a norma infraconstitucional deve ser interpretada de acordo com a Constituição Federal, nunca o contrário. Nem o regimento interno do Senado ou mesmo a lei nº 1.079 poderiam ser interpretados de modo a contrariar uma norma constitucional que expressamente determina o cúmulo material das penas de perda do cargo e de inabilitação para o exercício de função pública. No julgamento do ex-presidente Fernando Collor, como houve renúncia ao mandato, deliberou-se prosseguir com o processo de impeachment para aplicação da pena de inabilitação. Foi impugnada a decisão com a impetração de mandado de segurança, por fim indeferido. Decidiu-se que "não é possível a aplicação da pena de perda do cargo, apenas, nem a pena de inabilitação assume caráter de acessoriedade". Entendendo-se que a pena de inabilitação é acessória, no caso de renúncia ao mandato no decorrer do processo não seria possível sua aplicação diante da inexistência da pena principal. Acreditamos que, por motivos políticos, o resultado do julgamento não será alterado pelo STF, pois isso implicaria rever decisão de mérito proferida pelo Senado Federal, com ofensa ao princípio da separação dos Poderes. CÉSAR DARIO MARIANO DA SILVA, mestre em direito das relações sociais pela PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é promotor de Justiça em São Paulo PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | 7 |
Primeira-ministra britânica assina carta que dá início ao 'brexit' | A primeira-ministra britânica, Theresa May, já assinou a carta com que dará início ao "brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia. May aparece em uma fotografia divulgada por seu governo na terça-feira (28) com uma caneta em mãos. O documento será entregue durante a quarta-feira (29) a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, ativando formalmente o artigo 50 do Tratado de Lisboa. Esse artigo, evocado por May, colocará em marcha a saída britânica do bloco econômico após 44 anos de integração. As negociações devem durar até dois anos. Uma vez iniciada, a saída do Reino Unido dificilmente poderá ser interrompida. O artigo 50 não menciona essa possibilidade. Acredita-se que seria preciso o consenso de todas as nações do bloco. - O BREXIT EM MARCHA Proximidade da ativação do artigo 50 gera tensão entre países do Reino Unido O QUE É O ARTIGO 50? - Dispositivo do Tratado de Lisboa que libera a saída unilateral de países-membros da União Europeia - Detalhes do processo, que pode durar dois anos, estão descritos no texto - Uma vez iniciada a separação, ela só pode ser interrompida por decisão unânime dos Estados CRONOLOGIA E PRÓXIMOS PASSOS 18.set.2014 Escócia faz plebiscito e decide ficar no Reino Unido, por 55% a 45% *23.jun.2016 * Em plebiscito, Reino Unido aprova o "brexit", a saída da União Europeia 28.abr.2017 Escócia aprova convocação de referendo sobre independência do país 29.abr.2017 Data em que a primeira-ministra Theresa May deve ativar o artigo 50 mar. 2019 Os membros da União Europeia, o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu precisam ter ratificado o acordo dois anos após a ativação do Artigo 50. O Parlamento britânico também deve ter direito ao voto. Abril de 2019 O Reino Unido já não deve fazer parte da União Europeia. - O Conselho Europeu, que reúne a liderança dos países-membros, deve reagir à carta em até 48 horas. As 27 nações restantes na UE precisam aprovar sua estratégia de negociação, o que pode acontecer em em Bruxelas nos próximos dois meses. A União Europeia quer que o acordo esteja pronto em outubro de 2018, para que ambos os lados tenham tempo de ratificar o acordo até o fim do prazo de dois anos, contados a partir da ativação do Artigo 50. NEGOCIAÇÕES O "brexit" é resultado de um referendo realizado em junho de 2016 no Reino Unido, quando 52% da população votou por deixar a UE. Um dos principais temas em debate foi a devolução de uma série de poderes, hoje em mãos das autoridades europeias, ao Reino Unido. O controle da imigração teve especial impacto no voto. Isso inclui os cerca de 3 milhões de cidadãos europeus que hoje moram no Reino Unido, cujos direitos vão depender do acordo travado entre o governo britânico e a União Europeia. O negociador-chefe europeu, Michel Barnier, afirmou na terça-feira que irá defender esses direitos durante o processo. Barnier havia afirmado, na semana passada, que essa seria uma de suas "prioridades absolutas". Segundo o jornal local "Guardian", o governo britânico pode determinar que os direitos em discussão aos cidadãos europeus valem apenas para aqueles que entraram no Reino Unido antes da ativação do artigo 50. O Parlamento Europeu, porém, teria planos de vetar qualquer acordo que inclua essa data-limite, ainda segundo a publicação britânica. Guy Verhofstadt, que chefia as discussões do "brexit" entre os legisladores europeus, afirmou que "qualquer decisão que limite os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido [...] seria contrária à lei europeia". "Essa não seria a maneira correta de iniciar as negociações. | mundo | Primeira-ministra britânica assina carta que dá início ao 'brexit'A primeira-ministra britânica, Theresa May, já assinou a carta com que dará início ao "brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia. May aparece em uma fotografia divulgada por seu governo na terça-feira (28) com uma caneta em mãos. O documento será entregue durante a quarta-feira (29) a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, ativando formalmente o artigo 50 do Tratado de Lisboa. Esse artigo, evocado por May, colocará em marcha a saída britânica do bloco econômico após 44 anos de integração. As negociações devem durar até dois anos. Uma vez iniciada, a saída do Reino Unido dificilmente poderá ser interrompida. O artigo 50 não menciona essa possibilidade. Acredita-se que seria preciso o consenso de todas as nações do bloco. - O BREXIT EM MARCHA Proximidade da ativação do artigo 50 gera tensão entre países do Reino Unido O QUE É O ARTIGO 50? - Dispositivo do Tratado de Lisboa que libera a saída unilateral de países-membros da União Europeia - Detalhes do processo, que pode durar dois anos, estão descritos no texto - Uma vez iniciada a separação, ela só pode ser interrompida por decisão unânime dos Estados CRONOLOGIA E PRÓXIMOS PASSOS 18.set.2014 Escócia faz plebiscito e decide ficar no Reino Unido, por 55% a 45% *23.jun.2016 * Em plebiscito, Reino Unido aprova o "brexit", a saída da União Europeia 28.abr.2017 Escócia aprova convocação de referendo sobre independência do país 29.abr.2017 Data em que a primeira-ministra Theresa May deve ativar o artigo 50 mar. 2019 Os membros da União Europeia, o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu precisam ter ratificado o acordo dois anos após a ativação do Artigo 50. O Parlamento britânico também deve ter direito ao voto. Abril de 2019 O Reino Unido já não deve fazer parte da União Europeia. - O Conselho Europeu, que reúne a liderança dos países-membros, deve reagir à carta em até 48 horas. As 27 nações restantes na UE precisam aprovar sua estratégia de negociação, o que pode acontecer em em Bruxelas nos próximos dois meses. A União Europeia quer que o acordo esteja pronto em outubro de 2018, para que ambos os lados tenham tempo de ratificar o acordo até o fim do prazo de dois anos, contados a partir da ativação do Artigo 50. NEGOCIAÇÕES O "brexit" é resultado de um referendo realizado em junho de 2016 no Reino Unido, quando 52% da população votou por deixar a UE. Um dos principais temas em debate foi a devolução de uma série de poderes, hoje em mãos das autoridades europeias, ao Reino Unido. O controle da imigração teve especial impacto no voto. Isso inclui os cerca de 3 milhões de cidadãos europeus que hoje moram no Reino Unido, cujos direitos vão depender do acordo travado entre o governo britânico e a União Europeia. O negociador-chefe europeu, Michel Barnier, afirmou na terça-feira que irá defender esses direitos durante o processo. Barnier havia afirmado, na semana passada, que essa seria uma de suas "prioridades absolutas". Segundo o jornal local "Guardian", o governo britânico pode determinar que os direitos em discussão aos cidadãos europeus valem apenas para aqueles que entraram no Reino Unido antes da ativação do artigo 50. O Parlamento Europeu, porém, teria planos de vetar qualquer acordo que inclua essa data-limite, ainda segundo a publicação britânica. Guy Verhofstadt, que chefia as discussões do "brexit" entre os legisladores europeus, afirmou que "qualquer decisão que limite os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido [...] seria contrária à lei europeia". "Essa não seria a maneira correta de iniciar as negociações. | 4 |
Imigração na prática | A despeito de algumas dúvidas quanto a seus efeitos, o texto da nova Lei de Migração, aprovado pelo Congresso Nacional, é meritório e merece a sanção presidencial. Sua virtude mais indiscutível é aposentar o arcaico Estatuto do Estrangeiro, legislação dos tempos da ditadura militar repleta de dispositivos inspirados por preocupações caducas —como os que proíbem os não brasileiros de participar de atividades políticas, incluindo "desfiles, passeatas, comícios e reuniões de qualquer natureza". O projeto votado pelo Legislativo pode ser descrito como uma peça moderna e generosa, que desburocratiza as exigências para a entrada de imigrantes e procura combater a xenofobia e o racismo. Não obstante, o texto tem sido alvo de ataques veementes de grupos mais conservadores, que chegam a pedir que o presidente Michel Temer (PMDB) o vete por inteiro. Há grande dose de exagero nas críticas. Parece difícil sustentar, por exemplo, que o novo diploma escancare as fronteiras do país para terroristas e traficantes. Sua redação mostra especial cuidado em evitar a entrada de pessoas condenadas ou processadas por crimes dessa natureza —ou mesmo que simplesmente figurem como suspeitos de tais atividades em listas de órgãos internacionais. A novidade é exigir que as autoridades apresentem razões objetivas para negar a entrada de alguém no país. Isso, convenha-se, é princípio que deveria nortear todos os atos administrativos. Outro temor é que a extensão aos imigrantes de todos os direitos garantidos aos brasileiros —já prevista, embora de maneira menos explícita, na legislação hoje em vigor— cause grande pressão sobre as finanças públicas. Entretanto nada indica que o Brasil, cujo retrospecto econômico está longe de despertar a admiração global, corra o risco de receber multidões em busca do acesso ao SUS ou ao Bolsa Família. É possível que surjam dificuldades decorrentes da maior liberalização, mas só as conheceremos na prática. Muitas delas, ademais, provavelmente serão solucionáveis com mudanças na regulamentação da lei, sem que seja necessário sacrificar os princípios que a norma enuncia. Não raro o senso comum vê estrangeiros como ameaça; vários estudos acadêmicos mostram, porém, que sua atração traz mais efeitos positivos do que negativos para o progresso da sociedade. Especialmente num momento em que boa parte do mundo se fecha aos imigrantes, é importante que o Brasil, historicamente forjado por um mosaico de povos e culturas, demonstre entender a importância da contribuição deles. editoriais@grupofolha.com.br | opiniao | Imigração na práticaA despeito de algumas dúvidas quanto a seus efeitos, o texto da nova Lei de Migração, aprovado pelo Congresso Nacional, é meritório e merece a sanção presidencial. Sua virtude mais indiscutível é aposentar o arcaico Estatuto do Estrangeiro, legislação dos tempos da ditadura militar repleta de dispositivos inspirados por preocupações caducas —como os que proíbem os não brasileiros de participar de atividades políticas, incluindo "desfiles, passeatas, comícios e reuniões de qualquer natureza". O projeto votado pelo Legislativo pode ser descrito como uma peça moderna e generosa, que desburocratiza as exigências para a entrada de imigrantes e procura combater a xenofobia e o racismo. Não obstante, o texto tem sido alvo de ataques veementes de grupos mais conservadores, que chegam a pedir que o presidente Michel Temer (PMDB) o vete por inteiro. Há grande dose de exagero nas críticas. Parece difícil sustentar, por exemplo, que o novo diploma escancare as fronteiras do país para terroristas e traficantes. Sua redação mostra especial cuidado em evitar a entrada de pessoas condenadas ou processadas por crimes dessa natureza —ou mesmo que simplesmente figurem como suspeitos de tais atividades em listas de órgãos internacionais. A novidade é exigir que as autoridades apresentem razões objetivas para negar a entrada de alguém no país. Isso, convenha-se, é princípio que deveria nortear todos os atos administrativos. Outro temor é que a extensão aos imigrantes de todos os direitos garantidos aos brasileiros —já prevista, embora de maneira menos explícita, na legislação hoje em vigor— cause grande pressão sobre as finanças públicas. Entretanto nada indica que o Brasil, cujo retrospecto econômico está longe de despertar a admiração global, corra o risco de receber multidões em busca do acesso ao SUS ou ao Bolsa Família. É possível que surjam dificuldades decorrentes da maior liberalização, mas só as conheceremos na prática. Muitas delas, ademais, provavelmente serão solucionáveis com mudanças na regulamentação da lei, sem que seja necessário sacrificar os princípios que a norma enuncia. Não raro o senso comum vê estrangeiros como ameaça; vários estudos acadêmicos mostram, porém, que sua atração traz mais efeitos positivos do que negativos para o progresso da sociedade. Especialmente num momento em que boa parte do mundo se fecha aos imigrantes, é importante que o Brasil, historicamente forjado por um mosaico de povos e culturas, demonstre entender a importância da contribuição deles. editoriais@grupofolha.com.br | 7 |
Painel discute modelos de negócios dos jornais | Embora as assinaturas digitais dos jornais estejam crescendo, as receitas publicitárias não acompanham essa tendência. Isso cria desafios para os veículos, que foram discutidos pelos participantes da primeira mesa de debate do Encontro Folha de Jornalismo, seminário que celebra os 95 anos do jornal.O painel, realizado nesta quinta (18) no MIS (Museu da Imagem e do Som), em S?o Paulo, contou com Vera Brandimarte, diretora de redação do "Valor Econômico", Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e Leão Serva, colunista da Folha. A mediação foi do editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila.Confira a página especial sobre o aniversário | tv | Painel discute modelos de negócios dos jornaisEmbora as assinaturas digitais dos jornais estejam crescendo, as receitas publicitárias não acompanham essa tendência. Isso cria desafios para os veículos, que foram discutidos pelos participantes da primeira mesa de debate do Encontro Folha de Jornalismo, seminário que celebra os 95 anos do jornal.O painel, realizado nesta quinta (18) no MIS (Museu da Imagem e do Som), em S?o Paulo, contou com Vera Brandimarte, diretora de redação do "Valor Econômico", Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e Leão Serva, colunista da Folha. A mediação foi do editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila.Confira a página especial sobre o aniversário | 11 |
Saiba como usar fone no escritório barulhento sem se isolar em 'bolha'
| CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO A tendência de escritórios sem divisórias ajuda a integrar a equipe, mas cria um efeito colateral: deixa o ambiente mais barulhento. De acordo com uma pesquisa feita pelo LinkedIn em agosto com 1.030 profissionais, 65% das pessoas afirmam usar fone de ouvido durante o expediente e 19% dizem escutar música para abafar o barulho ao redor. "Fui obrigada a comprar um fone caro e potente, daqueles que cancelam o ruído externo, para conseguir raciocinar", conta a designer Beatriz (nome fictício), 27. Há seis meses, desde que passou a trabalhar em uma agência em São Paulo, ela se sente incomodada com os decibéis das conversas de seus colegas de escritório. "O espaço já é pequeno, e as pessoas gritam para se comunicar com quem está do lado oposto. Falam da vida pessoal, do signo, de muita coisa que ninguém pediu para saber", afirma. Depois de reclamações, alguns profissionais foram trocados de lugar, mas nada adiantou. "O barulho atrapalha o prazo de entrega de trabalhos e me deixa estressada." Com excesso de ruído, o cérebro gasta mais energia para se concentrar, diz a neurologista Jerusa Smid, membro da Academia Brasileira de Neurologia. Em áreas como vendas ou marketing, não há o que fazer: telefonemas e interação entre as pessoas da equipe fazem parte do trabalho. Mas em situações como a vivida por Beatriz o profissional deve manifestar sua insatisfação, sempre com delicadeza. O primeiro passo é falar com o colega. "É preciso deixar claro que não é pessoal e pedir para encontrarem uma solução juntos", diz Isis Borge, gerente de divisão da consultoria Robert Half. Se não adiantar, o caminho é procurar o gestor, sem partir para o combate com o colega. Segundo a especialista, o ideal é comunicar o que está acontecendo e propor alternativas, como trocar de lugar ou trabalhar alguns dias em casa. Aí, cabe ao chefe decidir como lidar com o caso. MÚSICA CERTA Os fones de ouvido, de fato, podem ser a saída, desde que a pessoa tome cuidados. "O aparelho pode ser usado no momento que requer maior atenção, mas não o tempo todo, porque aí a pessoa entra numa bolha", diz Gabriel Almeida, gerente da consultoria Talenses. Antes de colocar os fones, é bom o profissional avisar ao gestor e aos colegas que vai iniciar uma atividade de maior concentração, mas que, se preciso, podem chamá-lo. A seleção das músicas tem que ser bem pensada, para aumentar a produtividade em vez de atrapalhar, diz a neurocientista Carla Tieppo. A sequência deve ser sempre a mesma, com músicas conhecidas. Sua duração precisa ser de, no máximo, 50 minutos –é quanto dura o estado de atenção plena. "O cérebro já antecipa o que vai acontecer e não se distrai com o que está tocando", afirma ela. Também é preciso ficar atento ao volume, lembra o otorrinolaringologista Paulo Lazarini, professor da Santa Casa. "Se a pessoa está em um ambiente com muito ruído, acaba colocando a música numa intensidade ainda maior e fica predisposto a ter problemas de audição." De acordo com o médico, o fone do tipo concha, que cobre a orelha, é melhor do que o inserido no canal do ouvido. O volume não deve exceder a metade da barra de som. SALA DO SILÊNCIO Preocupada com o excesso de ruído, a Sprinklr, empresa de monitoramento de redes sociais, criou seis salas com isolamento acústico que podem ser usadas por todos os funcionários. "Passo pelo menos 20% do meu dia em uma delas", afirma Maria Fernanda Vieira, 30, gerente de marketing na companhia. Lá, ela faz tarefas como revisão de textos, por exemplo. "Sou sensível ao barulho. Não consigo usar o fone. Com esse espaço, é possível manter a interação e sair quando necessário", diz. A recém-inaugurada sede da PepsiCo conta com áreas de "refúgio", de cabines a espaços com pufes e poltronas espalhados pelos andares. Danielle Ogeda, coordenadora de assuntos corporativos da empresa, faz uso desses locais quando precisa realizar atividades que exigem mais atenção ou fazer ligações. "Já recebi feedbacks de que falo muito alto, então faço isso para não atrapalhar meus colegas. Isso melhora o clima entre as pessoas, porque evita conflitos ", diz. | sobretudo |
Saiba como usar fone no escritório barulhento sem se isolar em 'bolha'
CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO A tendência de escritórios sem divisórias ajuda a integrar a equipe, mas cria um efeito colateral: deixa o ambiente mais barulhento. De acordo com uma pesquisa feita pelo LinkedIn em agosto com 1.030 profissionais, 65% das pessoas afirmam usar fone de ouvido durante o expediente e 19% dizem escutar música para abafar o barulho ao redor. "Fui obrigada a comprar um fone caro e potente, daqueles que cancelam o ruído externo, para conseguir raciocinar", conta a designer Beatriz (nome fictício), 27. Há seis meses, desde que passou a trabalhar em uma agência em São Paulo, ela se sente incomodada com os decibéis das conversas de seus colegas de escritório. "O espaço já é pequeno, e as pessoas gritam para se comunicar com quem está do lado oposto. Falam da vida pessoal, do signo, de muita coisa que ninguém pediu para saber", afirma. Depois de reclamações, alguns profissionais foram trocados de lugar, mas nada adiantou. "O barulho atrapalha o prazo de entrega de trabalhos e me deixa estressada." Com excesso de ruído, o cérebro gasta mais energia para se concentrar, diz a neurologista Jerusa Smid, membro da Academia Brasileira de Neurologia. Em áreas como vendas ou marketing, não há o que fazer: telefonemas e interação entre as pessoas da equipe fazem parte do trabalho. Mas em situações como a vivida por Beatriz o profissional deve manifestar sua insatisfação, sempre com delicadeza. O primeiro passo é falar com o colega. "É preciso deixar claro que não é pessoal e pedir para encontrarem uma solução juntos", diz Isis Borge, gerente de divisão da consultoria Robert Half. Se não adiantar, o caminho é procurar o gestor, sem partir para o combate com o colega. Segundo a especialista, o ideal é comunicar o que está acontecendo e propor alternativas, como trocar de lugar ou trabalhar alguns dias em casa. Aí, cabe ao chefe decidir como lidar com o caso. MÚSICA CERTA Os fones de ouvido, de fato, podem ser a saída, desde que a pessoa tome cuidados. "O aparelho pode ser usado no momento que requer maior atenção, mas não o tempo todo, porque aí a pessoa entra numa bolha", diz Gabriel Almeida, gerente da consultoria Talenses. Antes de colocar os fones, é bom o profissional avisar ao gestor e aos colegas que vai iniciar uma atividade de maior concentração, mas que, se preciso, podem chamá-lo. A seleção das músicas tem que ser bem pensada, para aumentar a produtividade em vez de atrapalhar, diz a neurocientista Carla Tieppo. A sequência deve ser sempre a mesma, com músicas conhecidas. Sua duração precisa ser de, no máximo, 50 minutos –é quanto dura o estado de atenção plena. "O cérebro já antecipa o que vai acontecer e não se distrai com o que está tocando", afirma ela. Também é preciso ficar atento ao volume, lembra o otorrinolaringologista Paulo Lazarini, professor da Santa Casa. "Se a pessoa está em um ambiente com muito ruído, acaba colocando a música numa intensidade ainda maior e fica predisposto a ter problemas de audição." De acordo com o médico, o fone do tipo concha, que cobre a orelha, é melhor do que o inserido no canal do ouvido. O volume não deve exceder a metade da barra de som. SALA DO SILÊNCIO Preocupada com o excesso de ruído, a Sprinklr, empresa de monitoramento de redes sociais, criou seis salas com isolamento acústico que podem ser usadas por todos os funcionários. "Passo pelo menos 20% do meu dia em uma delas", afirma Maria Fernanda Vieira, 30, gerente de marketing na companhia. Lá, ela faz tarefas como revisão de textos, por exemplo. "Sou sensível ao barulho. Não consigo usar o fone. Com esse espaço, é possível manter a interação e sair quando necessário", diz. A recém-inaugurada sede da PepsiCo conta com áreas de "refúgio", de cabines a espaços com pufes e poltronas espalhados pelos andares. Danielle Ogeda, coordenadora de assuntos corporativos da empresa, faz uso desses locais quando precisa realizar atividades que exigem mais atenção ou fazer ligações. "Já recebi feedbacks de que falo muito alto, então faço isso para não atrapalhar meus colegas. Isso melhora o clima entre as pessoas, porque evita conflitos ", diz. | 17 |
Lendário | O mítico espetáculo "Ornitorrinco Canta Brecht & Weill", criado em 1977 e encenado por Antônio Carlos Brunet, Cida Moreira e Cacá Rosset (na foto, da esq. para a dir.), comemora os 40 anos do grupo Teatro do Ornitorrinco com duas apresentações, dias 19 e 20/5, na Casa de Francisca. Ornitorrinco Canta Brecht & Weill Casa de Francisca - Rua Quintino Bocaiúva, 22, Sé, região central. Sex. (19) e sáb. (20): 22h. Couvert artístico: R$ 53. Reservas p/ casadefrancisca.art.br/novo/programacao | saopaulo | LendárioO mítico espetáculo "Ornitorrinco Canta Brecht & Weill", criado em 1977 e encenado por Antônio Carlos Brunet, Cida Moreira e Cacá Rosset (na foto, da esq. para a dir.), comemora os 40 anos do grupo Teatro do Ornitorrinco com duas apresentações, dias 19 e 20/5, na Casa de Francisca. Ornitorrinco Canta Brecht & Weill Casa de Francisca - Rua Quintino Bocaiúva, 22, Sé, região central. Sex. (19) e sáb. (20): 22h. Couvert artístico: R$ 53. Reservas p/ casadefrancisca.art.br/novo/programacao | 9 |
Pesquisadores caçam de tudo na longínqua ilha da Trindade | Tem gente que caça pokémon com celular. Já a pesquisadora Nathália da Luz vai ficar dois meses na distante e diminuta ilha da Trindade caçando um bicho real bem mais interessante, e também dotado de muita variabilidade de formas: os ostracodes. Os bichos são crustáceos (como os camarões e lagostas), têm no máximo poucos milímetros e possuem anatomia variável, todos vivendo em ambientes aquáticos. Estima-se que existam mais de 65 mil espécies; eles são tão versáteis que vivem até na água de bromélias. Esses "minipokémon" do mar são úteis vivos ou mortos. Como microfósseis, são espetaculares indicadores de períodos geológicos e para o entendimento da ecologia do passado. Conseguem ser úteis tanto a geólogos, geógrafos, biólogos ou oceanógrafos. E são úteis até para a indústria petrolífera; suas assembleias –conjuntos de espécies e outros seres vivos associados– ajudam a descobrir jazidas de petróleo. Aluna de doutorado na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Nathália vai fazer coletas em torno de Trindade com ajuda de um bote da Marinha. A coleta é preservada em um dos dois laboratórios da Estação Científica da ilha, e depois levada para estudo na universidade. Ela e seu orientador, João Carlos Coimbra, descobriram recentemente uma nova espécie de ostracode no arquipélago de São Pedro e São Paulo que recebeu o apropriado nome de Xestoleberis brasilinsularis. Existem várias "brasilinsularis" –Fernando de Noronha, Abrolhos, São Pedro e São Paulo, Trindade e Martin Vaz. Essas ilhas oceânicas têm um grande valor econômico apenas pela sua localização, pois aumentam a zona econômica exclusiva do país no mar em torno de 200 milhas delas (cerca de 370 km). Por isso tem que ser ocupadas por brasileiros. Em alguns casos, como Trindade, por guarnições da Marinha, hoje com cerca de 30 homens. BASE DISTANTE Mas, para a ciência, essas ilhas são um achado ainda maior. São raros laboratórios a céu aberto. Nathália da Luz e dois outros pesquisadores que estão hoje na ilha podem fazer suas pesquisas porque as instalações que a permitem foram criadas pelo Protrindade – Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade. "Havia uma grande demanda da comunidade científica para realização de pesquisas em Trindade", diz o capitão-de-fragata Sidnei da Costa Abrantes, gerente do Protrindade. Ao mesmo tempo, havia uma "ausência de infraestrutura". A criação do Protrindade em 2007, e, mais ainda, a inauguração da Estação Científica na ilha em 2011, com dois laboratórios e vaga para oito pesquisadores, deslanchou um boom na pesquisa. Já foram atendidos mais de 500 pesquisadores, diz o capitão-de-fragata. Lauro J. Calliari, da FURG (Universidade Federal do Rio Grande) está interessado nas praias e nas ondas. Ali existem riscos graves, como a chamada "onda camelo" que chega de repente e pode arrastar vítimas insuspeitas para o mar, ou esfolá-las em rochas. A onda, que lembra a corcova do animal, causou setes mortes desde 1963. A plataforma insular estreita –dez metros de profundidade a meros 500 metros da praia traz como consequência "a pouca dissipação da energia das ondas", segundo Calliari. Isso significa que as praias do Príncipe e da Calheta "apresentam um comportamento similar as praias continentais do sudeste-sul do Brasil", já riscos permanentes existem "nas rochas na zona de surf e face da praia, arrebentação mergulhante e aumento brusco de profundidade durante a maré alta", afirma a equipe de Calliari. Por sua vez, Franciane Pellizzari, da Unespar (Universidade Estadual do Paraná) foi monitorar algas, tentar entender como seu tamanho e sua composição química poderiam ser capazes de revelar compostos úteis para a indústria farmacêutica, e servir de indicadores de poluição do mar por metais pesados. O jornalista viajou a convite da Marinha do Brasil, a bordo do NDCC Almirante Saboia | ambiente | Pesquisadores caçam de tudo na longínqua ilha da TrindadeTem gente que caça pokémon com celular. Já a pesquisadora Nathália da Luz vai ficar dois meses na distante e diminuta ilha da Trindade caçando um bicho real bem mais interessante, e também dotado de muita variabilidade de formas: os ostracodes. Os bichos são crustáceos (como os camarões e lagostas), têm no máximo poucos milímetros e possuem anatomia variável, todos vivendo em ambientes aquáticos. Estima-se que existam mais de 65 mil espécies; eles são tão versáteis que vivem até na água de bromélias. Esses "minipokémon" do mar são úteis vivos ou mortos. Como microfósseis, são espetaculares indicadores de períodos geológicos e para o entendimento da ecologia do passado. Conseguem ser úteis tanto a geólogos, geógrafos, biólogos ou oceanógrafos. E são úteis até para a indústria petrolífera; suas assembleias –conjuntos de espécies e outros seres vivos associados– ajudam a descobrir jazidas de petróleo. Aluna de doutorado na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Nathália vai fazer coletas em torno de Trindade com ajuda de um bote da Marinha. A coleta é preservada em um dos dois laboratórios da Estação Científica da ilha, e depois levada para estudo na universidade. Ela e seu orientador, João Carlos Coimbra, descobriram recentemente uma nova espécie de ostracode no arquipélago de São Pedro e São Paulo que recebeu o apropriado nome de Xestoleberis brasilinsularis. Existem várias "brasilinsularis" –Fernando de Noronha, Abrolhos, São Pedro e São Paulo, Trindade e Martin Vaz. Essas ilhas oceânicas têm um grande valor econômico apenas pela sua localização, pois aumentam a zona econômica exclusiva do país no mar em torno de 200 milhas delas (cerca de 370 km). Por isso tem que ser ocupadas por brasileiros. Em alguns casos, como Trindade, por guarnições da Marinha, hoje com cerca de 30 homens. BASE DISTANTE Mas, para a ciência, essas ilhas são um achado ainda maior. São raros laboratórios a céu aberto. Nathália da Luz e dois outros pesquisadores que estão hoje na ilha podem fazer suas pesquisas porque as instalações que a permitem foram criadas pelo Protrindade – Programa de Pesquisas Científicas na Ilha da Trindade. "Havia uma grande demanda da comunidade científica para realização de pesquisas em Trindade", diz o capitão-de-fragata Sidnei da Costa Abrantes, gerente do Protrindade. Ao mesmo tempo, havia uma "ausência de infraestrutura". A criação do Protrindade em 2007, e, mais ainda, a inauguração da Estação Científica na ilha em 2011, com dois laboratórios e vaga para oito pesquisadores, deslanchou um boom na pesquisa. Já foram atendidos mais de 500 pesquisadores, diz o capitão-de-fragata. Lauro J. Calliari, da FURG (Universidade Federal do Rio Grande) está interessado nas praias e nas ondas. Ali existem riscos graves, como a chamada "onda camelo" que chega de repente e pode arrastar vítimas insuspeitas para o mar, ou esfolá-las em rochas. A onda, que lembra a corcova do animal, causou setes mortes desde 1963. A plataforma insular estreita –dez metros de profundidade a meros 500 metros da praia traz como consequência "a pouca dissipação da energia das ondas", segundo Calliari. Isso significa que as praias do Príncipe e da Calheta "apresentam um comportamento similar as praias continentais do sudeste-sul do Brasil", já riscos permanentes existem "nas rochas na zona de surf e face da praia, arrebentação mergulhante e aumento brusco de profundidade durante a maré alta", afirma a equipe de Calliari. Por sua vez, Franciane Pellizzari, da Unespar (Universidade Estadual do Paraná) foi monitorar algas, tentar entender como seu tamanho e sua composição química poderiam ser capazes de revelar compostos úteis para a indústria farmacêutica, e servir de indicadores de poluição do mar por metais pesados. O jornalista viajou a convite da Marinha do Brasil, a bordo do NDCC Almirante Saboia | 23 |
Casamento investigado foi em balada de luxo com show de até R$ 70 mil | Uma festa luxuosa para 120 convidados, na badalada praia de Jurerê Internacional (SC), com show de sertanejo famoso foi paga com recursos públicos da Lei Rouanet, segundo aponta investigação da Polícia Federal.O casamento de Felipe Amorim e Caroline Monteiro, apurado na operação Boca Livre, deflagrada nesta terça (28), aconteceu à beira-mar em 22 de abril no 300 Cosmo Beach Club, que, na internet, é descrito como uma "balada chique em ambiente contemporâneo com cozinha fina". O local cobra em média R$ 300 por convidado no aluguel para festas.A atração musical foi o sertanejo Leo Rodriguez, que interpreta hits como "Bara Bará Bere Berê", "Vai No Cavalinho" e "Gordinho da Saveiro". Ele cobra entre R$ 50 mil e R$ 70 mil para cantar nesse tipo de evento. O empresário do músico afirmou que não tinha conhecimento sobre a forma como a festa foi financiada, e que o contrato foi firmado como em qualquer outro evento.Leia a reportagem | tv | Casamento investigado foi em balada de luxo com show de até R$ 70 milUma festa luxuosa para 120 convidados, na badalada praia de Jurerê Internacional (SC), com show de sertanejo famoso foi paga com recursos públicos da Lei Rouanet, segundo aponta investigação da Polícia Federal.O casamento de Felipe Amorim e Caroline Monteiro, apurado na operação Boca Livre, deflagrada nesta terça (28), aconteceu à beira-mar em 22 de abril no 300 Cosmo Beach Club, que, na internet, é descrito como uma "balada chique em ambiente contemporâneo com cozinha fina". O local cobra em média R$ 300 por convidado no aluguel para festas.A atração musical foi o sertanejo Leo Rodriguez, que interpreta hits como "Bara Bará Bere Berê", "Vai No Cavalinho" e "Gordinho da Saveiro". Ele cobra entre R$ 50 mil e R$ 70 mil para cantar nesse tipo de evento. O empresário do músico afirmou que não tinha conhecimento sobre a forma como a festa foi financiada, e que o contrato foi firmado como em qualquer outro evento.Leia a reportagem | 11 |
Era. Não era | RIO DE JANEIRO - Mario de Andrade, o escritor de 1.001 utilidades e cujos 70 anos de morte se deram esta semana, sairá finalmente do armário. Uma biografia em preparo por Jason Tércio vai responder à pergunta que, até agora, impediu que se vasculhasse sua vida por escrito –se Mario era ou não homossexual. Não que dessa resposta dependa a cotação de Mario nas bolsas literárias. O problema é que, há décadas, todos os interessados em biografá-lo esbarraram nos responsáveis por seu espólio, os quais davam a entender que não queriam que se tocasse no assunto. Foi inábil da parte deles porque, como nunca houve uma biografia de Mario, subentendeu-se que ele era, sim, homossexual. Mario não é uma unanimidade. A torcida a seu favor é esmagadora, mas ele já teve também desafetos poderosos –um deles, o poeta Decio Pignatari, que, em entrevista ao "Correio da Manhã", em 1965, chamou-o de "palhaço, inculto e chutão". E Mario não estava livre de contradições. Como explicar, por exemplo, que, em 1920, apenas dois anos antes da Semana de Arte Moderna, o chefe do Modernismo ainda acompanhasse procissões pelas ruas de São Paulo, de vela na mão, e pedisse permissão aos padres para ler certos escritores europeus? Mas aí é que está. Os melhores biografados são os que apresentam mais contradições –Nelson Rodrigues não era um "anjo pornográfico"? Nesse sentido, Mario deve ser um biografado exemplar. Pena que a conspiração de silêncio à sua volta o reduzisse a essa questão menor, sobre se ele era ou não homo. Jason Tércio é autor de "Órfão da Tempestade", magnífica biografia do cronista José Carlos (Carlinhos) de Oliveira. Se repetir a façanha com Mario, teremos um grande livro. E, talvez para tirar do sistema, já começou a responder à famosa pergunta. Mario não era homossexual, diz ele. Era bi. | colunas | Era. Não eraRIO DE JANEIRO - Mario de Andrade, o escritor de 1.001 utilidades e cujos 70 anos de morte se deram esta semana, sairá finalmente do armário. Uma biografia em preparo por Jason Tércio vai responder à pergunta que, até agora, impediu que se vasculhasse sua vida por escrito –se Mario era ou não homossexual. Não que dessa resposta dependa a cotação de Mario nas bolsas literárias. O problema é que, há décadas, todos os interessados em biografá-lo esbarraram nos responsáveis por seu espólio, os quais davam a entender que não queriam que se tocasse no assunto. Foi inábil da parte deles porque, como nunca houve uma biografia de Mario, subentendeu-se que ele era, sim, homossexual. Mario não é uma unanimidade. A torcida a seu favor é esmagadora, mas ele já teve também desafetos poderosos –um deles, o poeta Decio Pignatari, que, em entrevista ao "Correio da Manhã", em 1965, chamou-o de "palhaço, inculto e chutão". E Mario não estava livre de contradições. Como explicar, por exemplo, que, em 1920, apenas dois anos antes da Semana de Arte Moderna, o chefe do Modernismo ainda acompanhasse procissões pelas ruas de São Paulo, de vela na mão, e pedisse permissão aos padres para ler certos escritores europeus? Mas aí é que está. Os melhores biografados são os que apresentam mais contradições –Nelson Rodrigues não era um "anjo pornográfico"? Nesse sentido, Mario deve ser um biografado exemplar. Pena que a conspiração de silêncio à sua volta o reduzisse a essa questão menor, sobre se ele era ou não homo. Jason Tércio é autor de "Órfão da Tempestade", magnífica biografia do cronista José Carlos (Carlinhos) de Oliveira. Se repetir a façanha com Mario, teremos um grande livro. E, talvez para tirar do sistema, já começou a responder à famosa pergunta. Mario não era homossexual, diz ele. Era bi. | 1 |
Arquivo Aberto - Sábados pernambucanos | Quando cheguei ao Recife, em 1997, Miguel Arraes cumpria seu penúltimo ano como governador de Pernambuco e, com ele Ariano Suassuna, à frente da Secretaria de Cultura. Ao lado do mestre, lembro de percorrer os amplos corredores do Palácio das Princesas e de participar de conversas e discussões, sem ter a real dimensão de suas consequências e de como eu estaria conectado àquilo 18 anos depois. Ariano quebrava paradigmas, trazia o foco para a cultura popular e reconhecia os "mestres do saber". Fazia muito com pouco e fundava os alicerces para um extraordinário desenvolvimento que Pernambuco viveria na área da cultura anos depois. Eu era um garoto aventureiro percorrendo o Brasil em busca de um sonho. Na época, lançava meu primeiro disco, "João Pernambuco - O Poeta do Violão", dedicado aos 50 anos da morte desse ícone da cultura brasileira. O objetivo era encontrar o Brasil de Heitor Villa-Lobos e ativar genes adormecidos pela poluição. Ariano abriu-me as portas de um rico e vasto mundo e criou as condições para eu me estabelecer na cidade. Foram anos profícuos que resultaram em dois discos dedicados a João Pernambuco (um em duo com Baden Powell e outro com músicos de Pernambuco e da Paraíba, como os antológicos Quinteto de Paraíba e o Quinteto Brassil, do saudoso mestre do trombone Radegundis Feitosa), e numa dissertação de mestrado no departamento de história da UFPE, sobre música e sociedade no Recife da primeira metade do século 19. Em nossos papos, deliciávamo-nos com os relatos dos viajantes estrangeiros que visitaram Pernambuco naquela época, como a britânica Maria Graham, o francês Tollenare, o pastor norte-americano Daniel P. Kidder e o alemão Rugendas. Relemos os "Anais Pernambucanos" de Pereira da Costa, as pesquisas do padre Jaime Diniz, e nos divertimos com as indignações de "O Carapuceiro", editado e redigido pelo padre Miguel do Sacramento Lopes Gama entre 1832 e 1847, entre tantos outros. Tudo isso serviu de alimento para inesquecíveis tardes de sábado, em conversas na cadeira de balanço que se prolongavam até um delicioso lanche no início da noite, com direito a queijo coalho de produção própria, vindo de sua chácara em Taperoá. Mas, na verdade, tudo isso era um pretexto para conversarmos sobre o Brasil, sobre literatura, sobre estética e filosofia. Ariano ia descortinando um rico país real, bem diferente daquele oficial, caricato e burlesco, como ele dizia referindo-se a Machado de Assis. Guiava-me para os núcleos de cultura popular, viva e pulsante, que se espalhavam pela Zona da Mata pernambucana e, ao seu lado, vivi momentos inesquecíveis, como quando os maracatus se encontraram em sua homenagem no espaço Ilumiara Zumbi, fundado por ele mesmo alguns anos antes. Aos 20 e poucos anos, com a personalidade em plena formação, tive a oportunidade de conviver com um grande artista, sábio e generoso. Hoje, vejo o tamanho desse privilégio e de como foi profunda sua marca em minha alma. Vejo com clareza a importância que tem para nosso país e como será grande nossa responsabilidade de levar adiante suas ideias. Seu exemplo de integridade e compromisso com a cultura brasileira continuarão servindo de inspiração para a construir o futuro de nosso país. LEANDRO CARVALHO, 39, é secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso e diretor artístico e regente da Orquestra do Estado de Mato Grosso. | ilustrissima | Arquivo Aberto - Sábados pernambucanosQuando cheguei ao Recife, em 1997, Miguel Arraes cumpria seu penúltimo ano como governador de Pernambuco e, com ele Ariano Suassuna, à frente da Secretaria de Cultura. Ao lado do mestre, lembro de percorrer os amplos corredores do Palácio das Princesas e de participar de conversas e discussões, sem ter a real dimensão de suas consequências e de como eu estaria conectado àquilo 18 anos depois. Ariano quebrava paradigmas, trazia o foco para a cultura popular e reconhecia os "mestres do saber". Fazia muito com pouco e fundava os alicerces para um extraordinário desenvolvimento que Pernambuco viveria na área da cultura anos depois. Eu era um garoto aventureiro percorrendo o Brasil em busca de um sonho. Na época, lançava meu primeiro disco, "João Pernambuco - O Poeta do Violão", dedicado aos 50 anos da morte desse ícone da cultura brasileira. O objetivo era encontrar o Brasil de Heitor Villa-Lobos e ativar genes adormecidos pela poluição. Ariano abriu-me as portas de um rico e vasto mundo e criou as condições para eu me estabelecer na cidade. Foram anos profícuos que resultaram em dois discos dedicados a João Pernambuco (um em duo com Baden Powell e outro com músicos de Pernambuco e da Paraíba, como os antológicos Quinteto de Paraíba e o Quinteto Brassil, do saudoso mestre do trombone Radegundis Feitosa), e numa dissertação de mestrado no departamento de história da UFPE, sobre música e sociedade no Recife da primeira metade do século 19. Em nossos papos, deliciávamo-nos com os relatos dos viajantes estrangeiros que visitaram Pernambuco naquela época, como a britânica Maria Graham, o francês Tollenare, o pastor norte-americano Daniel P. Kidder e o alemão Rugendas. Relemos os "Anais Pernambucanos" de Pereira da Costa, as pesquisas do padre Jaime Diniz, e nos divertimos com as indignações de "O Carapuceiro", editado e redigido pelo padre Miguel do Sacramento Lopes Gama entre 1832 e 1847, entre tantos outros. Tudo isso serviu de alimento para inesquecíveis tardes de sábado, em conversas na cadeira de balanço que se prolongavam até um delicioso lanche no início da noite, com direito a queijo coalho de produção própria, vindo de sua chácara em Taperoá. Mas, na verdade, tudo isso era um pretexto para conversarmos sobre o Brasil, sobre literatura, sobre estética e filosofia. Ariano ia descortinando um rico país real, bem diferente daquele oficial, caricato e burlesco, como ele dizia referindo-se a Machado de Assis. Guiava-me para os núcleos de cultura popular, viva e pulsante, que se espalhavam pela Zona da Mata pernambucana e, ao seu lado, vivi momentos inesquecíveis, como quando os maracatus se encontraram em sua homenagem no espaço Ilumiara Zumbi, fundado por ele mesmo alguns anos antes. Aos 20 e poucos anos, com a personalidade em plena formação, tive a oportunidade de conviver com um grande artista, sábio e generoso. Hoje, vejo o tamanho desse privilégio e de como foi profunda sua marca em minha alma. Vejo com clareza a importância que tem para nosso país e como será grande nossa responsabilidade de levar adiante suas ideias. Seu exemplo de integridade e compromisso com a cultura brasileira continuarão servindo de inspiração para a construir o futuro de nosso país. LEANDRO CARVALHO, 39, é secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso e diretor artístico e regente da Orquestra do Estado de Mato Grosso. | 14 |
Com rodízio rígido, morador de Guarulhos fica 48 h sem uma gota de água | Quarta não teve, quinta também não. Nenhuma gota subiu ao morro de Las Vegas. Nesse bairro de Guarulhos (Grande SP), as caixas-d'água estão tão secas quanto o deserto da cidade americana. Nesta sexta, ela voltou. Lava roupa, lava louça, lava carro. Mas aí, sábado e domingo, ela some de novo. Mais dois dias sem água. Agora é assim no morro de Las Vegas e outros 17 bairros de Guarulhos . Há 12 dias, o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), autarquia responsável pelo serviço de abastecimento de água da cidade, implantou um rodízio no esquema de dois dias sem e outro com –55 mil foram afetados. Segundo município mais populoso do Estado, Guarulhos historicamente consome mais água do que é capaz de produzir. Parte do volume usado na cidade é comprado da Sabesp. Outra vem de um reservatório próprio, o Cabuçu –que está com níveis baixos de armazenamento diante da pior crise hídrica da história do Estado de São Paulo. Os bairros agora em rodízio mais severo recebem água do Cabuçu. O corte na distribuição foi implantado para "evitar um colapso no abastecimento", justifica o Saae. Parte dos bairros de Guarulhos já passa por rodízio de água há pelo menos seis anos. Ele é menos drástico, porém –de "só" um por um (já na capital, o racionamento deixa milhares sem água por até 20 horas por dia). "Duas semanas atrás passou um carro de som avisando que seriam dois dias sem água. Aí azedou de novo", conta a cozinheira Nazaré de Freitas, 61, dona de um bar. Nazaré pensou em comprar outra caixa-d'água para amenizar a secura, cozinhar e lavar as louças do bar. "Muito cara", reclama, com uma panela na mão. Comprou dois baldes de 100 litros cada. CAIXA GIGANTE Benedito Matias, 45, dono de um lava-rápido, não economizou... o bolso. A água, sim. Comprou uma caixa nova e construiu outra, de alvenaria, com 4.000 litros. Nela, guarda o que vem da chuva e lava os carros que chegam. O rodízio novo acabou com seu concorrente no morro de Las Vegas, que fechou as portas por falta de água. "Ou eles lavavam os carros ou a louça. Preferiram fechar", diz, mas não comemora a desgraça. "Se eu sou pessimista? Sou otimista, acho que vai é faltar mais água", brinca o aposentado Júlio César de Oliveira, 54, morador do Continental 2, outro bairro afetado pelo rodízio. Ele passou o último feriado prolongado sem uma gota. Teve que pedir ao vizinho, o vigilante Jeferson Machado, 43, que tem duas caixas de 1.000 litros. Os dois, em cima das lajes, jogaram água de uma casa para outra. Nem santo ajuda a água a subir ao bairro deles, no topo de um morro. "Quando chega, chega fraquinha", diz Jeferson, que também tem o quintal tomado por baldes. "E no dia do sim, dá 6h da tarde e ela some de novo", reclama o vigilante. O Saae afirma que o sistema de abastecimento "é variável", como resultado do consumo diário, e pede que a população "continue a colaborar economizando água". Quando soube da nova situação, a aposentada Carlita dos Santos, 62, passou no posto de saúde e pegou um vidrinho de cloro para colocar na água que armazena. "Deixo a água limpinha para jogar nas plantas", diz, apontando para o quintal. E para o resto da casa, como faz sem água, dona Carlita? "Uma hora ela aparece, meu irmão. Aí deixo rolar igual escada rolante", fala. | cotidiano | Com rodízio rígido, morador de Guarulhos fica 48 h sem uma gota de águaQuarta não teve, quinta também não. Nenhuma gota subiu ao morro de Las Vegas. Nesse bairro de Guarulhos (Grande SP), as caixas-d'água estão tão secas quanto o deserto da cidade americana. Nesta sexta, ela voltou. Lava roupa, lava louça, lava carro. Mas aí, sábado e domingo, ela some de novo. Mais dois dias sem água. Agora é assim no morro de Las Vegas e outros 17 bairros de Guarulhos . Há 12 dias, o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), autarquia responsável pelo serviço de abastecimento de água da cidade, implantou um rodízio no esquema de dois dias sem e outro com –55 mil foram afetados. Segundo município mais populoso do Estado, Guarulhos historicamente consome mais água do que é capaz de produzir. Parte do volume usado na cidade é comprado da Sabesp. Outra vem de um reservatório próprio, o Cabuçu –que está com níveis baixos de armazenamento diante da pior crise hídrica da história do Estado de São Paulo. Os bairros agora em rodízio mais severo recebem água do Cabuçu. O corte na distribuição foi implantado para "evitar um colapso no abastecimento", justifica o Saae. Parte dos bairros de Guarulhos já passa por rodízio de água há pelo menos seis anos. Ele é menos drástico, porém –de "só" um por um (já na capital, o racionamento deixa milhares sem água por até 20 horas por dia). "Duas semanas atrás passou um carro de som avisando que seriam dois dias sem água. Aí azedou de novo", conta a cozinheira Nazaré de Freitas, 61, dona de um bar. Nazaré pensou em comprar outra caixa-d'água para amenizar a secura, cozinhar e lavar as louças do bar. "Muito cara", reclama, com uma panela na mão. Comprou dois baldes de 100 litros cada. CAIXA GIGANTE Benedito Matias, 45, dono de um lava-rápido, não economizou... o bolso. A água, sim. Comprou uma caixa nova e construiu outra, de alvenaria, com 4.000 litros. Nela, guarda o que vem da chuva e lava os carros que chegam. O rodízio novo acabou com seu concorrente no morro de Las Vegas, que fechou as portas por falta de água. "Ou eles lavavam os carros ou a louça. Preferiram fechar", diz, mas não comemora a desgraça. "Se eu sou pessimista? Sou otimista, acho que vai é faltar mais água", brinca o aposentado Júlio César de Oliveira, 54, morador do Continental 2, outro bairro afetado pelo rodízio. Ele passou o último feriado prolongado sem uma gota. Teve que pedir ao vizinho, o vigilante Jeferson Machado, 43, que tem duas caixas de 1.000 litros. Os dois, em cima das lajes, jogaram água de uma casa para outra. Nem santo ajuda a água a subir ao bairro deles, no topo de um morro. "Quando chega, chega fraquinha", diz Jeferson, que também tem o quintal tomado por baldes. "E no dia do sim, dá 6h da tarde e ela some de novo", reclama o vigilante. O Saae afirma que o sistema de abastecimento "é variável", como resultado do consumo diário, e pede que a população "continue a colaborar economizando água". Quando soube da nova situação, a aposentada Carlita dos Santos, 62, passou no posto de saúde e pegou um vidrinho de cloro para colocar na água que armazena. "Deixo a água limpinha para jogar nas plantas", diz, apontando para o quintal. E para o resto da casa, como faz sem água, dona Carlita? "Uma hora ela aparece, meu irmão. Aí deixo rolar igual escada rolante", fala. | 5 |
Dilma, Moro e Neymar gigantes estarão em Carnaval de Olinda | O juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato, vai ser um dos destaques do Carnaval de Olinda (PE) neste ano. Bem, se não estiver pessoalmente descendo as ladeiras do centro antigo, ao menos estará representado em uma versão gigante. O magistrado é uma das novidades preparadas pelo artista Leandro Castro, da Embaixada de Pernambuco, para o tradicional desfile de bonecos –programado, neste ano, para sair na segunda-feira de Carnaval (dia 8) em Olinda e na terça (dia 9) no Recife. A Embaixada, espaço cultural criado em 2008 como atração turística, expõe 63 bonecos gigantes de diversas personalidades: do mundo político, como a presidente Dilma Rousseff (que ficou de fora do Carnaval do ano passado) e o ex-juiz do STF Joaquim Barbosa; do esporte, a exemplo de Pelé, Neymar, Ayrton Senna e Galvão Bueno; e das artes, como os cantores Michael Jackson, Ivete Sangalo, Roberto Carlos e Rita Lee. Os tradicionais bonecos, que demoram 40 dias para ficarem prontos, com o trabalho de ao menos sete pessoas, podem chegar a 4 metros de altura. Antes esculpidos em isopor, hoje são confeccionados com argila e fibra de vidro, para depois ganhar tecidos, pintura e implante de cabelos. Eles pesam de 16 a 20 quilos –por causa do peso, no desfile, o manipulador é capaz de conduzir os bonecos pelas ruas por um período de 40 a 50 minutos. Além do Carnaval os bonecos de Olinda participam de outros eventos, como o Brazilian Day (nos EUA), um encontro mundial de bonecos gigantes na França, viradas culturais e jogos de futebol. O jornalista viajou a convite do resort Vila Galé Cabo de Santo Agostinho | turismo | Dilma, Moro e Neymar gigantes estarão em Carnaval de OlindaO juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava Jato, vai ser um dos destaques do Carnaval de Olinda (PE) neste ano. Bem, se não estiver pessoalmente descendo as ladeiras do centro antigo, ao menos estará representado em uma versão gigante. O magistrado é uma das novidades preparadas pelo artista Leandro Castro, da Embaixada de Pernambuco, para o tradicional desfile de bonecos –programado, neste ano, para sair na segunda-feira de Carnaval (dia 8) em Olinda e na terça (dia 9) no Recife. A Embaixada, espaço cultural criado em 2008 como atração turística, expõe 63 bonecos gigantes de diversas personalidades: do mundo político, como a presidente Dilma Rousseff (que ficou de fora do Carnaval do ano passado) e o ex-juiz do STF Joaquim Barbosa; do esporte, a exemplo de Pelé, Neymar, Ayrton Senna e Galvão Bueno; e das artes, como os cantores Michael Jackson, Ivete Sangalo, Roberto Carlos e Rita Lee. Os tradicionais bonecos, que demoram 40 dias para ficarem prontos, com o trabalho de ao menos sete pessoas, podem chegar a 4 metros de altura. Antes esculpidos em isopor, hoje são confeccionados com argila e fibra de vidro, para depois ganhar tecidos, pintura e implante de cabelos. Eles pesam de 16 a 20 quilos –por causa do peso, no desfile, o manipulador é capaz de conduzir os bonecos pelas ruas por um período de 40 a 50 minutos. Além do Carnaval os bonecos de Olinda participam de outros eventos, como o Brazilian Day (nos EUA), um encontro mundial de bonecos gigantes na França, viradas culturais e jogos de futebol. O jornalista viajou a convite do resort Vila Galé Cabo de Santo Agostinho | 13 |
Citibank Hall é eleita a melhor casa de shows de SP por 20% dos entrevistados | NATÁLIA ALBERTONI DE SÃO PAULO Antes de se apresentar em São Paulo, em novembro de 2000, Lou Reed, ex-líder da mitológica banda The Velvet Underground, perdeu um isqueiro da sorte, seu talismã. Alexandre Faria, 41, diretor artístico do Citibank Hall, palco do show, foi acionado. "Ele estava inseguro. Tive de chamar a Zippo [marca da peça] para trazer a coleção completa e encontrar um igual ao dele." Bingo! Inaugurado como Credicard Hall em 1999, o local foi o mais lembrado pelos paulistanos entre as casas de shows em pesquisa do Datafolha. Segundo o instituto, a preferência é ainda maior entre a classe A (24%) e entre moradores da zona sul (23%). Infográfico/Arte Folha O título guarda uma curiosidade: 20% dos entrevistados citaram o nome antigo, e 6%, o atual. A mudança ocorreu em 2013. Os contratos de patrocínio duram entre cinco e dez anos -o do Citibank vigora até 2019. A proprietária, a Time for Fun, líder no entretenimento ao vivo na América do Sul, reconhece a confusão. Faria, porém, não vê problema: "Ninguém vai ao endereço errado". Casas grandes como essa (para até 10 mil pessoas) somam-se às médias e pequenas criando o "ecossistema da música" da cidade, diz a produtora cultural Fabiana Batistela, 38, da Inker Agência Cultural. O palco já recebeu nomes fortes do rock, como Ringo Starr e Deep Purple. Mas não é só desse gênero que é feita a programação, que tem cem shows por ano, em média -sendo março, abril, setembro e outubro os meses mais movimentados, com até quatro artistas gringos por período. Em 2015, haverá Backstreet Boys (12/6, 13/6 e 14/6) e a atração "teen" Violetta (dois shows por dia em 27/6 e 28/6), ambos esgotados. A diversidade, diz Faria, está no DNA da casa. Nessa constelação, não faltam histórias. Mark Knopfler (do Dire Straits) viajava com 80 guitarras e as queria no camarim. Já Bob Dylan demandava um hotel com janelas que pudessem ser abertas para sentir o cheiro da cidade. A casa não tem reformas à vista. Até porque os 15 mil m² se adaptam: mediante reconfiguração, formaturas, jantares corporativos e entregas de prêmios podem alternar a capacidade de 2.500 a até 7.000 lugares. Serviço: casa de espetáculos musicais O que oferece: hospeda eventos e pode variar a capacidade de 2.500 a 7.000 pessoas Criação: criado em 1999 como Credicard Hall, passou a se chamar Citibank Hall em 2013 Contato: av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588 e site t4f.com.br Mapa/Folha | saopaulo | Citibank Hall é eleita a melhor casa de shows de SP por 20% dos entrevistadosNATÁLIA ALBERTONI DE SÃO PAULO Antes de se apresentar em São Paulo, em novembro de 2000, Lou Reed, ex-líder da mitológica banda The Velvet Underground, perdeu um isqueiro da sorte, seu talismã. Alexandre Faria, 41, diretor artístico do Citibank Hall, palco do show, foi acionado. "Ele estava inseguro. Tive de chamar a Zippo [marca da peça] para trazer a coleção completa e encontrar um igual ao dele." Bingo! Inaugurado como Credicard Hall em 1999, o local foi o mais lembrado pelos paulistanos entre as casas de shows em pesquisa do Datafolha. Segundo o instituto, a preferência é ainda maior entre a classe A (24%) e entre moradores da zona sul (23%). Infográfico/Arte Folha O título guarda uma curiosidade: 20% dos entrevistados citaram o nome antigo, e 6%, o atual. A mudança ocorreu em 2013. Os contratos de patrocínio duram entre cinco e dez anos -o do Citibank vigora até 2019. A proprietária, a Time for Fun, líder no entretenimento ao vivo na América do Sul, reconhece a confusão. Faria, porém, não vê problema: "Ninguém vai ao endereço errado". Casas grandes como essa (para até 10 mil pessoas) somam-se às médias e pequenas criando o "ecossistema da música" da cidade, diz a produtora cultural Fabiana Batistela, 38, da Inker Agência Cultural. O palco já recebeu nomes fortes do rock, como Ringo Starr e Deep Purple. Mas não é só desse gênero que é feita a programação, que tem cem shows por ano, em média -sendo março, abril, setembro e outubro os meses mais movimentados, com até quatro artistas gringos por período. Em 2015, haverá Backstreet Boys (12/6, 13/6 e 14/6) e a atração "teen" Violetta (dois shows por dia em 27/6 e 28/6), ambos esgotados. A diversidade, diz Faria, está no DNA da casa. Nessa constelação, não faltam histórias. Mark Knopfler (do Dire Straits) viajava com 80 guitarras e as queria no camarim. Já Bob Dylan demandava um hotel com janelas que pudessem ser abertas para sentir o cheiro da cidade. A casa não tem reformas à vista. Até porque os 15 mil m² se adaptam: mediante reconfiguração, formaturas, jantares corporativos e entregas de prêmios podem alternar a capacidade de 2.500 a até 7.000 lugares. Serviço: casa de espetáculos musicais O que oferece: hospeda eventos e pode variar a capacidade de 2.500 a 7.000 pessoas Criação: criado em 1999 como Credicard Hall, passou a se chamar Citibank Hall em 2013 Contato: av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, região sul, tel. 4003-5588 e site t4f.com.br Mapa/Folha | 9 |
Visitantes poderão ver o nascer do sol no topo do prédio mais alto do mundo | Para ter a emoção de ver o nascer do sol, há quem se esforce para acordar mais cedo e fazer trilhas até o topo de uma montanha. A partir de agora, é possível também poupar parte do esforço e subir de elevador. É que o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), vai passar a abrir mais cedo seu observatório em alguns dias de semana. O mirante no 124o andar do edifício, que só começava a funcionar às 8h30, passou a aceitar reservas para a partir de 5h30 –entradas são feitas a cada 30 minutos. A visita mais cedo está disponível apenas para as sextas e sábados, o "fim de semana" local. O observatório, com uma vista de 360 graus, fica a cerca de 450 metros do chão; o prédio tem 828 metros. O outro mirante, uma sala VIP no 148o andar, manterá seu funcionamento das 10h às 22h. Os ingressos custam a partir de 125 dirhams (o equivalente a R$ 130) e podem ser comprados com antecedência pelo site da atração. | turismo | Visitantes poderão ver o nascer do sol no topo do prédio mais alto do mundoPara ter a emoção de ver o nascer do sol, há quem se esforce para acordar mais cedo e fazer trilhas até o topo de uma montanha. A partir de agora, é possível também poupar parte do esforço e subir de elevador. É que o prédio mais alto do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), vai passar a abrir mais cedo seu observatório em alguns dias de semana. O mirante no 124o andar do edifício, que só começava a funcionar às 8h30, passou a aceitar reservas para a partir de 5h30 –entradas são feitas a cada 30 minutos. A visita mais cedo está disponível apenas para as sextas e sábados, o "fim de semana" local. O observatório, com uma vista de 360 graus, fica a cerca de 450 metros do chão; o prédio tem 828 metros. O outro mirante, uma sala VIP no 148o andar, manterá seu funcionamento das 10h às 22h. Os ingressos custam a partir de 125 dirhams (o equivalente a R$ 130) e podem ser comprados com antecedência pelo site da atração. | 13 |
Consumismo e publicidade infantil são tema de livro e debate em SP | Há dez anos, o consumismo infantil era um tema pouco debatido e o mercado avançava cada vez mais suas ações voltadas para esse público. Hoje, o cenário começa mudar e o assunto está em pauta em universidades e órgãos estatais. Para comemorar uma década do projeto Criança e Consumo, criado pelo Instituto Alana para divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, a organização realiza um debate na PUC-SP, na quinta-feira (14). Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Junto do evento, o livro "Criança e Consumo - 10 anos de transformação" será lançado e distribuído gratuitamente para os presentes. A obra traz uma retrospectiva das conquistas do projeto e 15 artigos de especialistas no assunto. Na abertura do debate, serão apresentadas algumas cenas da peça Homo Shoppiens, do Grupo Teatro Livre, que retrata de maneira bem humorada situações do cotidiano em que o impulso de comprar substitui atividades essenciais. O evento é gratuito, mas tem vagas limitadas. Para inscrever-se, preencha o formulário on-line. 10 anos do projeto Criança e Consumo - Tucarena - PUC-SP - rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo, SP. Qui. (14): 18h30. Para inscrever-se, preencha o formulário on-line. GRÁTIS | empreendedorsocial | Consumismo e publicidade infantil são tema de livro e debate em SPHá dez anos, o consumismo infantil era um tema pouco debatido e o mercado avançava cada vez mais suas ações voltadas para esse público. Hoje, o cenário começa mudar e o assunto está em pauta em universidades e órgãos estatais. Para comemorar uma década do projeto Criança e Consumo, criado pelo Instituto Alana para divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, a organização realiza um debate na PUC-SP, na quinta-feira (14). Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Junto do evento, o livro "Criança e Consumo - 10 anos de transformação" será lançado e distribuído gratuitamente para os presentes. A obra traz uma retrospectiva das conquistas do projeto e 15 artigos de especialistas no assunto. Na abertura do debate, serão apresentadas algumas cenas da peça Homo Shoppiens, do Grupo Teatro Livre, que retrata de maneira bem humorada situações do cotidiano em que o impulso de comprar substitui atividades essenciais. O evento é gratuito, mas tem vagas limitadas. Para inscrever-se, preencha o formulário on-line. 10 anos do projeto Criança e Consumo - Tucarena - PUC-SP - rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo, SP. Qui. (14): 18h30. Para inscrever-se, preencha o formulário on-line. GRÁTIS | 20 |
Lauro Gonzalez, Eduardo Diniz e Adrian Cernev: Repensando a inclusão financeira e a atuação do governo | Início de governo é sempre um momento propício para repensar políticas e estratégias de interesse nacional, como é o caso da inclusão financeira. Baseados em pesquisas e estudos de casos, acreditamos que o próximo governo precisará redefinir sua estratégia de atuação baseado no que convencionamos chamar "tripé da inclusão financeira": incentivo à poupança, captura de sinergias com/entre políticas públicas e revisão do microcrédito produtivo orientado. O incentivo à poupança amplia a capacidade de acumular ativos como forma de superar situações de vulnerabilidade. É falsa a ideia de que pobres não poupam. Há inúmeros registros de mecanismos informais de poupança em todo o mundo. Pesquisa recente mostrou que, no Brasil, 9,3% das pessoas guardam dinheiro em casa . A título de comparação, menos de 1% da população brasileira investe em ações e títulos de longo prazo. Há evidências de que muitas pessoas querem poupar, só não encontram maneiras adequadas de fazê-lo. Ademais, o incentivo à poupança se contrapõe a ações excessivamente voltadas para crédito e consumo. O tamanho atual do mercado de crédito ao consumo no Brasil representa 15,3% do PIB, a mais alta proporção entre as economias da América Latina. Somente em 2013, as operações dos bancos públicos aumentaram 30%. As consequências são sobre-endividamento familiar e maior inadimplência, comprometendo a própria inclusão financeira no longo prazo. O segundo elemento do tripé proposto passa por uma maior integração da inclusão financeira com as políticas públicas vigentes. O caso emblemático é o Programa Bolsa Família. Há dados disponíveis, como o Cadastro Único, que podem ser conjugados com mecanismos inovadores das finanças proximidade, tais como o uso de agentes de microfinanças. Estes poderiam ser multiplicadores de conceitos básicos de educação financeira e poupança, essenciais para promover a efetiva emancipação dos beneficiários dos diversos programas de transferência de renda. Uma novidade que permite alavancar a sinergia entre programas sociais e inclusão financeira é a regulamentação dos arranjos e serviços de pagamento, ocorrida no final de 2013. A ideia central é que a inclusão digital via telecomunicações móveis pode potencializar a inclusão financeira de milhões de brasileiros. O governo é fundamental para viabilização de um ecossistema interoperável, que permita reduzir custos de transação. Por fim, acreditamos que o microcrédito produtivo demanda uma nova estratégia. O Programa Crescer incentivou uma atuação mais agressiva por parte de alguns bancos públicos e trouxe de volta o subsídio. O crescimento forçadamente acelerado aumenta a inadimplência e ignora a curva de aprendizado do próprio Banco do Nordeste, cuja experiência exitosa se construiu ao longo de quase duas décadas. Adicionalmente, cabe indagar se é desejável que o espaço do microcrédito produtivo seja ocupado quase exclusivamente pelos bancos públicos. Acreditamos que essa estratégia compromete, a médio e longo prazo, a capacidade de inovação que pode ser trazida pelo setor privado e pelas instituições de microfinanças. Enfim, é preciso concluir dizendo que não há desenvolvimento sem um sistema financeiro inclusivo. Cumpre consolidar e aperfeiçoar o que já foi conquistado sem deixar de reconhecer erros e redefinir estratégias de forma a incorporar novas soluções. Só assim poderemos continuar avançando. LAURO GONZALEZ, EDUARDO DINIZ e ADRIAN CERNEV são professores da Fundação Getulio Vargas - FGV e Pesquisadores do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (GVcemif) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Lauro Gonzalez, Eduardo Diniz e Adrian Cernev: Repensando a inclusão financeira e a atuação do governoInício de governo é sempre um momento propício para repensar políticas e estratégias de interesse nacional, como é o caso da inclusão financeira. Baseados em pesquisas e estudos de casos, acreditamos que o próximo governo precisará redefinir sua estratégia de atuação baseado no que convencionamos chamar "tripé da inclusão financeira": incentivo à poupança, captura de sinergias com/entre políticas públicas e revisão do microcrédito produtivo orientado. O incentivo à poupança amplia a capacidade de acumular ativos como forma de superar situações de vulnerabilidade. É falsa a ideia de que pobres não poupam. Há inúmeros registros de mecanismos informais de poupança em todo o mundo. Pesquisa recente mostrou que, no Brasil, 9,3% das pessoas guardam dinheiro em casa . A título de comparação, menos de 1% da população brasileira investe em ações e títulos de longo prazo. Há evidências de que muitas pessoas querem poupar, só não encontram maneiras adequadas de fazê-lo. Ademais, o incentivo à poupança se contrapõe a ações excessivamente voltadas para crédito e consumo. O tamanho atual do mercado de crédito ao consumo no Brasil representa 15,3% do PIB, a mais alta proporção entre as economias da América Latina. Somente em 2013, as operações dos bancos públicos aumentaram 30%. As consequências são sobre-endividamento familiar e maior inadimplência, comprometendo a própria inclusão financeira no longo prazo. O segundo elemento do tripé proposto passa por uma maior integração da inclusão financeira com as políticas públicas vigentes. O caso emblemático é o Programa Bolsa Família. Há dados disponíveis, como o Cadastro Único, que podem ser conjugados com mecanismos inovadores das finanças proximidade, tais como o uso de agentes de microfinanças. Estes poderiam ser multiplicadores de conceitos básicos de educação financeira e poupança, essenciais para promover a efetiva emancipação dos beneficiários dos diversos programas de transferência de renda. Uma novidade que permite alavancar a sinergia entre programas sociais e inclusão financeira é a regulamentação dos arranjos e serviços de pagamento, ocorrida no final de 2013. A ideia central é que a inclusão digital via telecomunicações móveis pode potencializar a inclusão financeira de milhões de brasileiros. O governo é fundamental para viabilização de um ecossistema interoperável, que permita reduzir custos de transação. Por fim, acreditamos que o microcrédito produtivo demanda uma nova estratégia. O Programa Crescer incentivou uma atuação mais agressiva por parte de alguns bancos públicos e trouxe de volta o subsídio. O crescimento forçadamente acelerado aumenta a inadimplência e ignora a curva de aprendizado do próprio Banco do Nordeste, cuja experiência exitosa se construiu ao longo de quase duas décadas. Adicionalmente, cabe indagar se é desejável que o espaço do microcrédito produtivo seja ocupado quase exclusivamente pelos bancos públicos. Acreditamos que essa estratégia compromete, a médio e longo prazo, a capacidade de inovação que pode ser trazida pelo setor privado e pelas instituições de microfinanças. Enfim, é preciso concluir dizendo que não há desenvolvimento sem um sistema financeiro inclusivo. Cumpre consolidar e aperfeiçoar o que já foi conquistado sem deixar de reconhecer erros e redefinir estratégias de forma a incorporar novas soluções. Só assim poderemos continuar avançando. LAURO GONZALEZ, EDUARDO DINIZ e ADRIAN CERNEV são professores da Fundação Getulio Vargas - FGV e Pesquisadores do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (GVcemif) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
PT compactua com os malfeitos do escândalo da Petrobras, diz leitor | O PT e o Palácio do Planalto esperam que a troca da relatoria e do ministro Dias Toffoli no TSE vá beneficiar a presidente (PT aposta em novo TSE para salvar Dilma ). Isso confirma que o partido, além de ser contra a ética na administração pública, compactua com os malfeitos do maior escândalo de corrupção da Petrobras. O juiz Sergio Moro confirmou que as campanhas eleitorais foram abastecidas com o dinheiro do petrolão. Espero que o TSE casse logo o mandato desta presidente, que só faz mal ao país. LUCAS RIGHETTI (Severínia, São Paulo) * * Ferreira Gullar pergunta, em Dos três poderes sobrou um, onde está a oposição a este governo inoperante, que não se anima a falar alto? É fácil de responder. A oposição está escondida, em silêncio, atrás dos mesmos escândalos cometidos pela situação. Uma não pode acusar a outra sem cometer autoacusação, já que ambas pactuam das mesmas safadezas contra o povo e o país. O Judiciário assusta os outros dois, mas será que merece mesmo a confiança do povo? ANTÔNIO LINUS RECH (São Paulo, SP) * Não sou advogado, mas é óbvio que o professor Ives Gandra está correto (O Supremo constituinte ). Ao estabelecer que o Senado julga a atitude da Câmara, o STF mudou a Constituição. Temos um Supremo que não defende a Constituição, mas que a escreve. De que adiantou a última Constituinte e toda a luta contra a ditadura? O STF rasgou a Carta Magna e jogou-a no lixo. Vergonha. O Supremo é pau mandado daqueles que defende. MARCOS BONASSI, professor (São Paulo, SP) * O artigo de Ives Gandra está irrepreensível. O Supremo errou propositadamente em proteger Dilma ou o fez por inocência? Louvo a coragem do ministro Dias Toffoli, jovem talentoso tido como do PT e crucificado pela imprensa, mas única voz contra e aberração da mudança do rito do impeachment. Faz-me lembrar a frase do ex-ministro Nelson Hungria: "O Supremo tem a primazia de errar por último". PEDRO GOMES DE MATOS NETO (Fortaleza, CE) * Tanto Dilma como o ministro da Justiça deveriam cuidar mais de seus papeis e mandatos (Campanha de Dilma não teve caixa 2, diz Cardozo ). Deveriam deixar o Lula de lado. Ele não precisa de ajuda para se justificar, está muito rico e tem dinheiro suficiente para se virar sozinho diante das acusações de envolvimento com esquemas de corrupção envolvendo seus amigos empresários. EVERSON CARLIN (São José dos Pinhais, PR) * * Com o aumento da inadimplência devido aos juros mais altos do planeta, os bancos foram obrigados a aumentar os juros. Os economistas de porta de banco rasgam as vestes clamando por independência do Banco Central para trabalhar em sintonia com os rentistas do mercado financeiro e os bancos. EDGARDO VICTOR OLASZEK (Guarujá, SP) * O artigo de Eduardo Scolese sobre as eleições municipais em pequenas cidades nordestinas, com os métodos de persuasão do eleitor por políticos inescrupulosos, bem daria uma série de reportagens da Folha para mostrar que o tempo passa, o país se renova em vários setores, mas o coronelismo persiste nos rincões com reflexos na política nacional. ADEMIR VALEZI (São Paulo, SP) * É com grande preocupação sobre a crise que vem acontecendo nesse último ano que resolvi escrever. Muitos desempregados e empresas falindo. E se a crise piorar, talvez poucas empresas pequenas vão sobreviver. O que cada um pode fazer para que essa situação melhore, como será o futuro do nosso país? SAMUEL SILVA TEIXEIRA (Guarulhos, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | paineldoleitor | PT compactua com os malfeitos do escândalo da Petrobras, diz leitorO PT e o Palácio do Planalto esperam que a troca da relatoria e do ministro Dias Toffoli no TSE vá beneficiar a presidente (PT aposta em novo TSE para salvar Dilma ). Isso confirma que o partido, além de ser contra a ética na administração pública, compactua com os malfeitos do maior escândalo de corrupção da Petrobras. O juiz Sergio Moro confirmou que as campanhas eleitorais foram abastecidas com o dinheiro do petrolão. Espero que o TSE casse logo o mandato desta presidente, que só faz mal ao país. LUCAS RIGHETTI (Severínia, São Paulo) * * Ferreira Gullar pergunta, em Dos três poderes sobrou um, onde está a oposição a este governo inoperante, que não se anima a falar alto? É fácil de responder. A oposição está escondida, em silêncio, atrás dos mesmos escândalos cometidos pela situação. Uma não pode acusar a outra sem cometer autoacusação, já que ambas pactuam das mesmas safadezas contra o povo e o país. O Judiciário assusta os outros dois, mas será que merece mesmo a confiança do povo? ANTÔNIO LINUS RECH (São Paulo, SP) * Não sou advogado, mas é óbvio que o professor Ives Gandra está correto (O Supremo constituinte ). Ao estabelecer que o Senado julga a atitude da Câmara, o STF mudou a Constituição. Temos um Supremo que não defende a Constituição, mas que a escreve. De que adiantou a última Constituinte e toda a luta contra a ditadura? O STF rasgou a Carta Magna e jogou-a no lixo. Vergonha. O Supremo é pau mandado daqueles que defende. MARCOS BONASSI, professor (São Paulo, SP) * O artigo de Ives Gandra está irrepreensível. O Supremo errou propositadamente em proteger Dilma ou o fez por inocência? Louvo a coragem do ministro Dias Toffoli, jovem talentoso tido como do PT e crucificado pela imprensa, mas única voz contra e aberração da mudança do rito do impeachment. Faz-me lembrar a frase do ex-ministro Nelson Hungria: "O Supremo tem a primazia de errar por último". PEDRO GOMES DE MATOS NETO (Fortaleza, CE) * Tanto Dilma como o ministro da Justiça deveriam cuidar mais de seus papeis e mandatos (Campanha de Dilma não teve caixa 2, diz Cardozo ). Deveriam deixar o Lula de lado. Ele não precisa de ajuda para se justificar, está muito rico e tem dinheiro suficiente para se virar sozinho diante das acusações de envolvimento com esquemas de corrupção envolvendo seus amigos empresários. EVERSON CARLIN (São José dos Pinhais, PR) * * Com o aumento da inadimplência devido aos juros mais altos do planeta, os bancos foram obrigados a aumentar os juros. Os economistas de porta de banco rasgam as vestes clamando por independência do Banco Central para trabalhar em sintonia com os rentistas do mercado financeiro e os bancos. EDGARDO VICTOR OLASZEK (Guarujá, SP) * O artigo de Eduardo Scolese sobre as eleições municipais em pequenas cidades nordestinas, com os métodos de persuasão do eleitor por políticos inescrupulosos, bem daria uma série de reportagens da Folha para mostrar que o tempo passa, o país se renova em vários setores, mas o coronelismo persiste nos rincões com reflexos na política nacional. ADEMIR VALEZI (São Paulo, SP) * É com grande preocupação sobre a crise que vem acontecendo nesse último ano que resolvi escrever. Muitos desempregados e empresas falindo. E se a crise piorar, talvez poucas empresas pequenas vão sobreviver. O que cada um pode fazer para que essa situação melhore, como será o futuro do nosso país? SAMUEL SILVA TEIXEIRA (Guarulhos, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | 8 |
Saneamento é o inimigo do mosquito | Surtos de doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti dependem de dois fatores. O primeiro, um tanto óbvio, é gente, muita gente. Havia muita gente no Rio de Janeiro entre o final do século 19 e o início do século 20, quando a cidade foi atacada pelo Aedes, na época vetor da febre amarela. Em 1900, a capital da República tinha 700 mil habitantes - quase 40% da população das 20 capitais existentes. A aglomeração desordenada no centro Rio era impressionante. Basta ler "O Cortiço", de Aluísio Azevedo. Naquele tempo, São Paulo e Salvador tinham pouco mais de 200 mil habitantes cada, e Recife, cerca de 100 mil. Hoje há 142 municípios com mais de 200 mil habitantes. Acima de 100 mil, 300. As 26 regiões metropolitanas abrigam mais de 90 milhões de pessoas. O Aedes aegypti agradece. A expansão do mosquito se vale de outro fator: a sujeira. Cristalizou-se a fantasia de que o mosquito da dengue, do Chikungunya e do zika vírus gosta de água limpa. Não é bem assim. Os criadouros das larvas têm sido localizados principalmente no lixo. Pneus velhos, material plástico, isopor, potes, latas, carcaças de móveis e de eletrodomésticos transformam-se em reservatórios do que se convencionou chamar de "água limpa". Se o lixo sai, a reprodução do inseto fica mais difícil. Há mais de cem anos, o Rio enfrentou a febre amarela porque era uma cidade imunda. Não era à toa que era chamada de "Cidade da Morte" e "Porto Sujo". Em 1903, o presidente Rodrigues Alves e o prefeito Pereira Passos patrocinaram aquela que é, até hoje, a maior intervenção urbana da história da cidade. Abriram-se e alargaram-se ruas, criaram-se estruturas de saneamento básico. Mais de 1.700 construções em péssimo estado de conservação do centro da cidade foram demolidas para dar lugar a novas edificações. Estima-se que um quarto da população vivia em cortiços. Dez anos antes, quase 5.000 pessoas haviam morrido por febre amarela. Cinco anos depois, foram quatro óbitos. No Rio antigo, o governo agiu com rigor criando brigadas mata-mosquitos autorizadas a invadir domicílios e cuidar da limpeza de calhas, telhados e caixas d'água. Era no jeito ou na força. O esforço não foi em vão, mas a situação só melhorou após as ações de saneamento da cidade. Sanear uma cidade é promover o recolhimento e o descarte apropriado dos resíduos sólidos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil está devendo nessa área. Pouco mais da metade dos resíduos sólidos urbanos coletados tem disposição final adequada em aterros sanitários. Perto de 25% dos resíduos ainda é despejado em lixões. Avançamos muito no manejo do água, mas ainda há o que evoluir. Perto de 10 milhões de habitantes de áreas urbanas não estão conectados à rede de abastecimento. No esgoto, a situação é vergonhosa. O sistema coleta de forma apropriada 48,6% do esgoto produzido. Coletado e tratado, apenas 39%. No ritmo em que avançamos, apenas em 2054 alcançaríamos a universalização do saneamento básico. É tanto tempo que, até lá, as crianças de hoje já serão avós. É fundamental exigirmos do governo o cumprimento das ações estruturantes para atingirmos as metas estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento. Saneamento é um problema que diz respeito, diretamente, às prefeituras. Que tal cobrarmos os candidatos para que assumam um compromisso de transformação com a sociedade? Ou agimos e pressionamos ou vamos esperar passivamente o surgimento de um novo surto, de um novo vírus da zika. NEWTON LIMA AZEVEDO, é engenheiro, governador brasileiro do Conselho Mundial da Água e vice-presidente da Abdib - Associação Brasileira da Indústria de Base | opiniao | Saneamento é o inimigo do mosquitoSurtos de doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti dependem de dois fatores. O primeiro, um tanto óbvio, é gente, muita gente. Havia muita gente no Rio de Janeiro entre o final do século 19 e o início do século 20, quando a cidade foi atacada pelo Aedes, na época vetor da febre amarela. Em 1900, a capital da República tinha 700 mil habitantes - quase 40% da população das 20 capitais existentes. A aglomeração desordenada no centro Rio era impressionante. Basta ler "O Cortiço", de Aluísio Azevedo. Naquele tempo, São Paulo e Salvador tinham pouco mais de 200 mil habitantes cada, e Recife, cerca de 100 mil. Hoje há 142 municípios com mais de 200 mil habitantes. Acima de 100 mil, 300. As 26 regiões metropolitanas abrigam mais de 90 milhões de pessoas. O Aedes aegypti agradece. A expansão do mosquito se vale de outro fator: a sujeira. Cristalizou-se a fantasia de que o mosquito da dengue, do Chikungunya e do zika vírus gosta de água limpa. Não é bem assim. Os criadouros das larvas têm sido localizados principalmente no lixo. Pneus velhos, material plástico, isopor, potes, latas, carcaças de móveis e de eletrodomésticos transformam-se em reservatórios do que se convencionou chamar de "água limpa". Se o lixo sai, a reprodução do inseto fica mais difícil. Há mais de cem anos, o Rio enfrentou a febre amarela porque era uma cidade imunda. Não era à toa que era chamada de "Cidade da Morte" e "Porto Sujo". Em 1903, o presidente Rodrigues Alves e o prefeito Pereira Passos patrocinaram aquela que é, até hoje, a maior intervenção urbana da história da cidade. Abriram-se e alargaram-se ruas, criaram-se estruturas de saneamento básico. Mais de 1.700 construções em péssimo estado de conservação do centro da cidade foram demolidas para dar lugar a novas edificações. Estima-se que um quarto da população vivia em cortiços. Dez anos antes, quase 5.000 pessoas haviam morrido por febre amarela. Cinco anos depois, foram quatro óbitos. No Rio antigo, o governo agiu com rigor criando brigadas mata-mosquitos autorizadas a invadir domicílios e cuidar da limpeza de calhas, telhados e caixas d'água. Era no jeito ou na força. O esforço não foi em vão, mas a situação só melhorou após as ações de saneamento da cidade. Sanear uma cidade é promover o recolhimento e o descarte apropriado dos resíduos sólidos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil está devendo nessa área. Pouco mais da metade dos resíduos sólidos urbanos coletados tem disposição final adequada em aterros sanitários. Perto de 25% dos resíduos ainda é despejado em lixões. Avançamos muito no manejo do água, mas ainda há o que evoluir. Perto de 10 milhões de habitantes de áreas urbanas não estão conectados à rede de abastecimento. No esgoto, a situação é vergonhosa. O sistema coleta de forma apropriada 48,6% do esgoto produzido. Coletado e tratado, apenas 39%. No ritmo em que avançamos, apenas em 2054 alcançaríamos a universalização do saneamento básico. É tanto tempo que, até lá, as crianças de hoje já serão avós. É fundamental exigirmos do governo o cumprimento das ações estruturantes para atingirmos as metas estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento. Saneamento é um problema que diz respeito, diretamente, às prefeituras. Que tal cobrarmos os candidatos para que assumam um compromisso de transformação com a sociedade? Ou agimos e pressionamos ou vamos esperar passivamente o surgimento de um novo surto, de um novo vírus da zika. NEWTON LIMA AZEVEDO, é engenheiro, governador brasileiro do Conselho Mundial da Água e vice-presidente da Abdib - Associação Brasileira da Indústria de Base | 7 |
Prepare-se: domingo com peça de Ary Fontoura e dois shows gratuitos | DE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Arriscar e amar até o fim!" Fabio Queiroz, 41, promoter, Jardins * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | saopaulo | Prepare-se: domingo com peça de Ary Fontoura e dois shows gratuitosDE SÃO PAULO PERSONAGEM DO DIA "Arriscar e amar até o fim!" Fabio Queiroz, 41, promoter, Jardins * TEMPO * O QUE AFETA SUA VIDA * CULTURA E ENTRETENIMENTO AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Wesley Klimpel Edição: Fabiana Seragusa Reportagem: Carolina Dantas (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | 9 |
Li Jinzhang: Cooperação nos trará mais frutos | Celebramos em 2014 os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil. Foram quatro décadas de ricos frutos. Colhemos, em primeiro lugar, o fruto de uma profunda confiança política mútua. Em 1993, foi estabelecida a parceria estratégica China-Brasil, algo inédito entre a China e outro país em desenvolvimento. Em 2012, o Brasil se tornou o primeiro parceiro global em diálogo com a China em toda a América Latina. Os dois países têm mantido estreita coordenação na ONU e em mecanismos como OMC (Organização Mundial do Comércio), G20, Brics e Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China), salvaguardando em conjunto direitos e interesses dos países em desenvolvimento. Partimos de uma corrente de comércio bilateral de US$ 17,42 milhões no início de relações diplomáticas para a cifra atual de quase US$ 90 bilhões. A China é o maior parceiro comercial do Brasil há cinco anos consecutivos, e o Brasil é o principal destino dos investimentos chineses na América Latina. Os investimentos mútuos tendem a ser mais diversificados, sofisticados e abrangentes. Em julho último, durante sua visita ao Brasil, o presidente da China, Xi Jinping, manteve conversas muito frutíferas com a presidenta Dilma Rousseff. Foram assinados 56 acordos de cooperação, cujo valor atingiram US$ 35 bilhões e abrangem áreas como investimento, finanças, ciência e inovação, tecnologia da informação e infraestrutura. O projeto CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla em inglês) é pioneiro entre os países em desenvolvimento no campo da alta tecnologia. Saudamos o recente lançamento do CBERS-4 e vamos continuar a oferecer gratuitamente as imagens do satélite aos países amigos africanos e latino-americanos. O Banco do Brasil já inicia em Xangai as operações da primeira agência de um banco da América Latina na China. A maior empresa de serviço de buscas da China, Baidu, lançou o serviço de buscas em português no Brasil. Isso é prova da confiança e da alta importância atribuídas à cooperação, além de revelar a perspectiva promissora dessa parceria e cabe a nós explorar ainda mais o grande potencial que vemos pela frente. Na área de infraestrutura, com o Programa de Investimentos em Logística, que prevê um investimento de R$ 240 bilhões nos próximos anos, o Brasil entrará em uma fase crucial de crescimento econômico e novos postos de emprego. A ferrovia bioceânica Brasil-Peru, fundamental para o desenvolvimento da região, terá participação da China. A primeira reunião ministerial do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em Pequim neste mês, é uma nova plataforma para aprofundar a cooperação entre China, Brasil e América Latina. Queremos continuar a coordenação com o Brasil nos assuntos internacionais relevantes. Compartilhamos pontos idênticos ou semelhantes sobre uma série de temas. Neste momento, a China está aprofundando reformas para garantir um funcionamento estável e firme da economia. O desenvolvimento da China significa maiores oportunidades de mercado, de investimento e de crescimento. Defendemos um novo tipo de relações internacionais cuja essência é a cooperação e o ganho compartilhado. Queremos construir uma rede de parcerias e definimos a meta de ampliar a união com os grandes países em desenvolvimento. China e Brasil devem e podem construir um caso exemplar de cooperação entre grandes emergentes caraterizado por união, colaboração e desenvolvimento comum. Os desafios e as dificuldades não serão poucos. Apesar disso, China e Brasil irão materializar o sonho de cooperação e progresso. LI JINZHANG, 60, é embaixador da República Popular da China no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Li Jinzhang: Cooperação nos trará mais frutosCelebramos em 2014 os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Brasil. Foram quatro décadas de ricos frutos. Colhemos, em primeiro lugar, o fruto de uma profunda confiança política mútua. Em 1993, foi estabelecida a parceria estratégica China-Brasil, algo inédito entre a China e outro país em desenvolvimento. Em 2012, o Brasil se tornou o primeiro parceiro global em diálogo com a China em toda a América Latina. Os dois países têm mantido estreita coordenação na ONU e em mecanismos como OMC (Organização Mundial do Comércio), G20, Brics e Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China), salvaguardando em conjunto direitos e interesses dos países em desenvolvimento. Partimos de uma corrente de comércio bilateral de US$ 17,42 milhões no início de relações diplomáticas para a cifra atual de quase US$ 90 bilhões. A China é o maior parceiro comercial do Brasil há cinco anos consecutivos, e o Brasil é o principal destino dos investimentos chineses na América Latina. Os investimentos mútuos tendem a ser mais diversificados, sofisticados e abrangentes. Em julho último, durante sua visita ao Brasil, o presidente da China, Xi Jinping, manteve conversas muito frutíferas com a presidenta Dilma Rousseff. Foram assinados 56 acordos de cooperação, cujo valor atingiram US$ 35 bilhões e abrangem áreas como investimento, finanças, ciência e inovação, tecnologia da informação e infraestrutura. O projeto CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla em inglês) é pioneiro entre os países em desenvolvimento no campo da alta tecnologia. Saudamos o recente lançamento do CBERS-4 e vamos continuar a oferecer gratuitamente as imagens do satélite aos países amigos africanos e latino-americanos. O Banco do Brasil já inicia em Xangai as operações da primeira agência de um banco da América Latina na China. A maior empresa de serviço de buscas da China, Baidu, lançou o serviço de buscas em português no Brasil. Isso é prova da confiança e da alta importância atribuídas à cooperação, além de revelar a perspectiva promissora dessa parceria e cabe a nós explorar ainda mais o grande potencial que vemos pela frente. Na área de infraestrutura, com o Programa de Investimentos em Logística, que prevê um investimento de R$ 240 bilhões nos próximos anos, o Brasil entrará em uma fase crucial de crescimento econômico e novos postos de emprego. A ferrovia bioceânica Brasil-Peru, fundamental para o desenvolvimento da região, terá participação da China. A primeira reunião ministerial do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em Pequim neste mês, é uma nova plataforma para aprofundar a cooperação entre China, Brasil e América Latina. Queremos continuar a coordenação com o Brasil nos assuntos internacionais relevantes. Compartilhamos pontos idênticos ou semelhantes sobre uma série de temas. Neste momento, a China está aprofundando reformas para garantir um funcionamento estável e firme da economia. O desenvolvimento da China significa maiores oportunidades de mercado, de investimento e de crescimento. Defendemos um novo tipo de relações internacionais cuja essência é a cooperação e o ganho compartilhado. Queremos construir uma rede de parcerias e definimos a meta de ampliar a união com os grandes países em desenvolvimento. China e Brasil devem e podem construir um caso exemplar de cooperação entre grandes emergentes caraterizado por união, colaboração e desenvolvimento comum. Os desafios e as dificuldades não serão poucos. Apesar disso, China e Brasil irão materializar o sonho de cooperação e progresso. LI JINZHANG, 60, é embaixador da República Popular da China no Brasil * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Cidade de Porto, em Portugal, se revitaliza como polo tecnológico | Maior economia do norte de Portugal e com longa tradição de prosperidade industrial e financeira, a cidade do Porto precisou lidar com o empobrecimento e a degradação provocados pelas sucessivas crises e pelo fechamento de grandes fábricas. Com uma combinação de políticas públicas e investimento privado, a cidade está se reinventando como um importante polo tecnológico na Europa e assiste a uma acelerada renovação de seu espaço urbano. O Porto tem apostado na recuperação de prédios abandonados e de grandes áreas industriais devolutas. Esses espaços, antes ociosos e degradados, têm sido transformados em moradias populares e espaços de criação de tecnologia e serviços. "O poder público não pode fazer tudo. Então nós queremos criar as condições ideais para que as empresas possam se desenvolver. Não podemos ser nós a plantarmos todas as árvores, mas podemos atuar como jardineiros e preparar o terreno", explica Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto (o equivalente ao prefeito da cidade). O trabalho de "jardinagem" promovido pela administração do Porto inclui benefícios fiscais, fomento ao desenvolvimento tecnológico e uma forte campanha para promover, para investidores estrangeiros, a cidade como uma espécie de Vale do Silício do sul da Europa. As temperaturas amenas, os índices de segurança e a popularidade como destino turístico -a taxa de crescimento de visitantes tem sido de 15% ao ano- também contam a favor do Porto em comparação com outras cidades. "Mas Portugal como um todo tem condições muito atraentes. Os custos são mais baixos do que em outros lugares da Europa, há estabilidade política, a população fala muito bem inglês e há facilidade de acesso para qualquer lugar via companhias aéreas, inclusive de baixo custo", avalia João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria de Portugal. Vasconcelos ressalta que, em todo o mundo, as empresas de tecnologia são uma importante ferramenta de "revitalização dos centros históricos" e, em Portugal, o movimento não é diferente. POLO MULTIÚSO Apostando nesse conceito, a cidade do Porto criou um ambicioso projeto para converter o antigo Matadouro Industrial de Campanhã, instalado em uma área de 29 mil m² e abandonado há 20 anos, em um polo multiúso que agrega tecnologia, arte, cultura e formação profissional. "É um investimento de 10 milhões de euros [R$ 40 milhões] que será feito pela Câmara. Vamos entregar o espaço completamente reabilitado, mas o acabamento ficará por conta das empresas", explica Moreira. As obras estão prestes a começar, e o projeto já tem investidores externos. Não por acaso, o governo português escolheu o Porto -e o matadouro municipal- para lançar nesta segunda (6)um programa nacional de incentivo tecnológico. Batizada de "Startup Portugal", a iniciativa será um pacote de medidas para incentivar os investimentos e o desenvolvimento tecnológicos em todo o país. Embora o governo ainda não confirme, é dado como certa a criação de volumosos incentivos fiscais para quem investir nas start-ups. Além disso, a administração do socialista António Costa deve promover ainda uma mudança no regime de vistos, criando um tipo especial para atrair "cérebros" para esses projetos. A alteração facilitaria a contratação de profissionais brasileiros. NO BRASIL O presidente da Câmara Municipal do Porto, além de outros políticos e empresários portugueses, desembarcarão nesta semana em São Paulo para participar do evento "Experimenta Portugal 2016", promovido pelo consulado português na capital paulista. Haverá uma mesa redonda para discutir o empreendedorismo e as políticas públicas de inovação adotadas em Portugal, bem como possíveis abordagens para o cenário brasileiro. Segundo Rui Moreira, embora em escalas bastante diferentes -só o Estado de São Paulo é maior que Portugal inteiro-, há algumas questões semelhantes entre a realidade portuguesa e a brasileira. Um dos problemas comuns seria a gentrificação -valorização excessiva de imóveis e serviços que empurra a população menos favorecida para áreas periféricas. "Há em São Paulo, como há no Rio também. Os ricos viverem próximos ao centro e os pobres viverem afastados é algo terrível para uma cidade, porque as pessoas passam a gastar muito tempo e dinheiro para se locomover. Nós temos de criar maneiras de promover bairros em que as classes coexistam", avalia o administrador municipal. Onde fica o Porto | mundo | Cidade de Porto, em Portugal, se revitaliza como polo tecnológicoMaior economia do norte de Portugal e com longa tradição de prosperidade industrial e financeira, a cidade do Porto precisou lidar com o empobrecimento e a degradação provocados pelas sucessivas crises e pelo fechamento de grandes fábricas. Com uma combinação de políticas públicas e investimento privado, a cidade está se reinventando como um importante polo tecnológico na Europa e assiste a uma acelerada renovação de seu espaço urbano. O Porto tem apostado na recuperação de prédios abandonados e de grandes áreas industriais devolutas. Esses espaços, antes ociosos e degradados, têm sido transformados em moradias populares e espaços de criação de tecnologia e serviços. "O poder público não pode fazer tudo. Então nós queremos criar as condições ideais para que as empresas possam se desenvolver. Não podemos ser nós a plantarmos todas as árvores, mas podemos atuar como jardineiros e preparar o terreno", explica Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto (o equivalente ao prefeito da cidade). O trabalho de "jardinagem" promovido pela administração do Porto inclui benefícios fiscais, fomento ao desenvolvimento tecnológico e uma forte campanha para promover, para investidores estrangeiros, a cidade como uma espécie de Vale do Silício do sul da Europa. As temperaturas amenas, os índices de segurança e a popularidade como destino turístico -a taxa de crescimento de visitantes tem sido de 15% ao ano- também contam a favor do Porto em comparação com outras cidades. "Mas Portugal como um todo tem condições muito atraentes. Os custos são mais baixos do que em outros lugares da Europa, há estabilidade política, a população fala muito bem inglês e há facilidade de acesso para qualquer lugar via companhias aéreas, inclusive de baixo custo", avalia João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria de Portugal. Vasconcelos ressalta que, em todo o mundo, as empresas de tecnologia são uma importante ferramenta de "revitalização dos centros históricos" e, em Portugal, o movimento não é diferente. POLO MULTIÚSO Apostando nesse conceito, a cidade do Porto criou um ambicioso projeto para converter o antigo Matadouro Industrial de Campanhã, instalado em uma área de 29 mil m² e abandonado há 20 anos, em um polo multiúso que agrega tecnologia, arte, cultura e formação profissional. "É um investimento de 10 milhões de euros [R$ 40 milhões] que será feito pela Câmara. Vamos entregar o espaço completamente reabilitado, mas o acabamento ficará por conta das empresas", explica Moreira. As obras estão prestes a começar, e o projeto já tem investidores externos. Não por acaso, o governo português escolheu o Porto -e o matadouro municipal- para lançar nesta segunda (6)um programa nacional de incentivo tecnológico. Batizada de "Startup Portugal", a iniciativa será um pacote de medidas para incentivar os investimentos e o desenvolvimento tecnológicos em todo o país. Embora o governo ainda não confirme, é dado como certa a criação de volumosos incentivos fiscais para quem investir nas start-ups. Além disso, a administração do socialista António Costa deve promover ainda uma mudança no regime de vistos, criando um tipo especial para atrair "cérebros" para esses projetos. A alteração facilitaria a contratação de profissionais brasileiros. NO BRASIL O presidente da Câmara Municipal do Porto, além de outros políticos e empresários portugueses, desembarcarão nesta semana em São Paulo para participar do evento "Experimenta Portugal 2016", promovido pelo consulado português na capital paulista. Haverá uma mesa redonda para discutir o empreendedorismo e as políticas públicas de inovação adotadas em Portugal, bem como possíveis abordagens para o cenário brasileiro. Segundo Rui Moreira, embora em escalas bastante diferentes -só o Estado de São Paulo é maior que Portugal inteiro-, há algumas questões semelhantes entre a realidade portuguesa e a brasileira. Um dos problemas comuns seria a gentrificação -valorização excessiva de imóveis e serviços que empurra a população menos favorecida para áreas periféricas. "Há em São Paulo, como há no Rio também. Os ricos viverem próximos ao centro e os pobres viverem afastados é algo terrível para uma cidade, porque as pessoas passam a gastar muito tempo e dinheiro para se locomover. Nós temos de criar maneiras de promover bairros em que as classes coexistam", avalia o administrador municipal. Onde fica o Porto | 4 |
Fazer pós-graduação apenas pelo título não adianta, dizem recrutadores | Mais do que corresponder a uma área em alta ou acompanhar uma carreira da moda, o curso de pós-graduação deve se encaixar na trajetória do profissional, dizem recrutadores e diretores de RH. "Fazer uma pós apenas pelo título não funciona. O grande questionamento é por que o candidato investiu tempo e dinheiro nisso", diz Rodrigo Vianna, diretor-executivo da consultoria de recrutamento Talenses. "Quando perguntamos qual a razão de o candidato fazer a pós, muitos não sabem responder", complementa. "Sem ter experiência, o aluno não vai ter muito conteúdo além do teórico para compartilhar", explica Sueli Campos, diretora de recursos humanos da Johnson & Johnson Medical. Ela considera que os jovens recém-formados ficam ansiosos para fazer uma pós e não refletem sobre como o curso irá contribuir para a carreira. Já a vice-presidente de recursos humanos do banco Santander, Vanessa Lobato, defende que o estudante procure na pós uma formação complementar. "Se o perfil do candidato é muito lógico e matemático, e ele busca uma pós em gestão, essa é uma atitude positiva. Alguém que fez engenharia e foi buscar uma pós em RH também é interessante", diz. Modalidade dos curso de pós-graduação FAZ TUDO Para Gley Xavier, coordenador-geral de pós-graduação da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), a especialização ideal oferece ao candidato conhecimentos que permitem ampliar seu horizonte profissional e podem ser facilmente utilizados em diversos setores. Ele cita, por exemplo, a área de gestão de projetos, que permite a atuação em empresas de qualquer segmento. "É um curso generalista, mas muito prático, muito aplicável", diz. De acordo com Lucas Nogueira, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half, as empresas buscam profissionais empreendedores, capazes de dar soluções dentro da organização. Por isso, recomenda cursos que tenham esse viés ou que permitam ao profissional atuar em diversos setores diferentes, como um curso da área contábil. Foi o que fez Mirian Azevedo, 33. Formada em administração, ela se matriculou em uma especialização em controladoria financeira. Ao concluir o curso, em 2014, mudou de emprego e hoje trabalha como auxiliar financeira na petrolífera YPF. "Já estou procurando outra pós, agora mais específica para a área de tributação", diz. Ela considera que ter o curso no currículo ajudou a abrir as portas. Para Vianna, da Talenses, muitas vezes o profissional que está estudando leva uma vantagem na hora de disputar uma vaga. "O fato de ele estar antenado, participando de discussões e trocando figurinhas com gente do mercado às vezes conta mais que o conteúdo", observa. | educacao | Fazer pós-graduação apenas pelo título não adianta, dizem recrutadoresMais do que corresponder a uma área em alta ou acompanhar uma carreira da moda, o curso de pós-graduação deve se encaixar na trajetória do profissional, dizem recrutadores e diretores de RH. "Fazer uma pós apenas pelo título não funciona. O grande questionamento é por que o candidato investiu tempo e dinheiro nisso", diz Rodrigo Vianna, diretor-executivo da consultoria de recrutamento Talenses. "Quando perguntamos qual a razão de o candidato fazer a pós, muitos não sabem responder", complementa. "Sem ter experiência, o aluno não vai ter muito conteúdo além do teórico para compartilhar", explica Sueli Campos, diretora de recursos humanos da Johnson & Johnson Medical. Ela considera que os jovens recém-formados ficam ansiosos para fazer uma pós e não refletem sobre como o curso irá contribuir para a carreira. Já a vice-presidente de recursos humanos do banco Santander, Vanessa Lobato, defende que o estudante procure na pós uma formação complementar. "Se o perfil do candidato é muito lógico e matemático, e ele busca uma pós em gestão, essa é uma atitude positiva. Alguém que fez engenharia e foi buscar uma pós em RH também é interessante", diz. Modalidade dos curso de pós-graduação FAZ TUDO Para Gley Xavier, coordenador-geral de pós-graduação da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), a especialização ideal oferece ao candidato conhecimentos que permitem ampliar seu horizonte profissional e podem ser facilmente utilizados em diversos setores. Ele cita, por exemplo, a área de gestão de projetos, que permite a atuação em empresas de qualquer segmento. "É um curso generalista, mas muito prático, muito aplicável", diz. De acordo com Lucas Nogueira, gerente da consultoria de recrutamento Robert Half, as empresas buscam profissionais empreendedores, capazes de dar soluções dentro da organização. Por isso, recomenda cursos que tenham esse viés ou que permitam ao profissional atuar em diversos setores diferentes, como um curso da área contábil. Foi o que fez Mirian Azevedo, 33. Formada em administração, ela se matriculou em uma especialização em controladoria financeira. Ao concluir o curso, em 2014, mudou de emprego e hoje trabalha como auxiliar financeira na petrolífera YPF. "Já estou procurando outra pós, agora mais específica para a área de tributação", diz. Ela considera que ter o curso no currículo ajudou a abrir as portas. Para Vianna, da Talenses, muitas vezes o profissional que está estudando leva uma vantagem na hora de disputar uma vaga. "O fato de ele estar antenado, participando de discussões e trocando figurinhas com gente do mercado às vezes conta mais que o conteúdo", observa. | 12 |
Eurocopa-2016 terá estreantes, Inglaterra 100%, favoritas modificadas e Holanda fora | A fase de grupos das eliminatórias para a Eurocopa-2016 foi encerrada nesta terça-feira (13) e já é possível conhecer 20 das 24 seleções que estarão na França a partir de junho do ano que vem. Quase todas as grandes favoritas marcarão presença, mas também há espaço para surpresas e estreantes. Em novembro, as últimas quatro seleções participantes serão definidas na repescagem. Confira os destaques entre as classificadas: Se você nunca viu as seleções da Islândia, Albânia, Irlanda do Norte e País de Gales jogar, a Euro-2016 será uma ótima oportunidade. A presença das equipes pela primeira vez no torneio é motivada pelo aumento no número de participantes –16 para 24 –, mas não se explica só por isso. Com exceção dos galeses, que tem Aaron Ramsey, do Arsenal, e Gareth Bale, do Real Madrid, no elenco, as estreantes tiveram no jogo coletivo a arma para superar rivais mais tradicionais como Holanda, Dinamarca e Grécia. Após a eliminação na primeira fase da Copa do Mundo de 2014, a Inglaterra emplacou uma série de 10 vitórias em 10 jogos nas eliminatórias. Com 100% de aproveitamento e a melhor campanha do classificatório, a equipe de Wayne Rooney sonha com dias melhores na competição europeia. O Brasil até poderia comemorar se disputasse a Eurocopa. Responsável pela eliminação brasileira na Copa de 2010 e vencedora da disputa pelo terceiro lugar em 2014, os algozes holandeses não jogarão o torneio na França. O time de Van Persie, Robben, Sneijder e companhia foi superado por República Tcheca, Islândia e Turquia no grupo A. No melancólico epílogo, Van Persie fez um gol contra. A campeã mundial Alemanha só confirmou sua classificação na última rodada das eliminatórias com uma vitória difícil contra a Geórgia. A equipe tem novidades com relação à que brilhou no Brasil e ainda está se adaptando à aposentadoria de Philipp Lahm. A Espanha, atual bicampeã europeia, também passou por reformulação após o fracasso em 2014 e as aposentadorias de Xavi, Xabi Alonso e Villa. | asmais | Eurocopa-2016 terá estreantes, Inglaterra 100%, favoritas modificadas e Holanda foraA fase de grupos das eliminatórias para a Eurocopa-2016 foi encerrada nesta terça-feira (13) e já é possível conhecer 20 das 24 seleções que estarão na França a partir de junho do ano que vem. Quase todas as grandes favoritas marcarão presença, mas também há espaço para surpresas e estreantes. Em novembro, as últimas quatro seleções participantes serão definidas na repescagem. Confira os destaques entre as classificadas: Se você nunca viu as seleções da Islândia, Albânia, Irlanda do Norte e País de Gales jogar, a Euro-2016 será uma ótima oportunidade. A presença das equipes pela primeira vez no torneio é motivada pelo aumento no número de participantes –16 para 24 –, mas não se explica só por isso. Com exceção dos galeses, que tem Aaron Ramsey, do Arsenal, e Gareth Bale, do Real Madrid, no elenco, as estreantes tiveram no jogo coletivo a arma para superar rivais mais tradicionais como Holanda, Dinamarca e Grécia. Após a eliminação na primeira fase da Copa do Mundo de 2014, a Inglaterra emplacou uma série de 10 vitórias em 10 jogos nas eliminatórias. Com 100% de aproveitamento e a melhor campanha do classificatório, a equipe de Wayne Rooney sonha com dias melhores na competição europeia. O Brasil até poderia comemorar se disputasse a Eurocopa. Responsável pela eliminação brasileira na Copa de 2010 e vencedora da disputa pelo terceiro lugar em 2014, os algozes holandeses não jogarão o torneio na França. O time de Van Persie, Robben, Sneijder e companhia foi superado por República Tcheca, Islândia e Turquia no grupo A. No melancólico epílogo, Van Persie fez um gol contra. A campeã mundial Alemanha só confirmou sua classificação na última rodada das eliminatórias com uma vitória difícil contra a Geórgia. A equipe tem novidades com relação à que brilhou no Brasil e ainda está se adaptando à aposentadoria de Philipp Lahm. A Espanha, atual bicampeã europeia, também passou por reformulação após o fracasso em 2014 e as aposentadorias de Xavi, Xabi Alonso e Villa. | 22 |
Real faz quatro gols em 17 minutos e massacra Sporting Gijón | O Real Madrid teve muita facilidade para vencer o Sporting Gijón, em jogo válido pela 20ª rodada do Campeonato Espanhol. Jogando em casa, a equipe da capital fez quatro gols nos primeiros 17 minutos de jogo, e bateu o Sporting Gijón, que se encontra na zona de rebaixamento, por 5 a 1. Foi a segunda goleada consecutiva da equipe no segundo jogo em que é comandada pelo técnico Zinedine Zidane. Na semana passada, o time havia aplicado 5 a 0 no Deportivo La Coruña. O Real abriu o placar aos 6 min de jogo, com Gareth Bale escorando de cabeça após cobrança de escanteio. Dois minutos depois, Cristiano Ronaldo fez o primeiro de seus dois gols no jogo, com um chute forte no ângulo do goleiro adversário. Aos 11 min, o atacante francês Karim Benzema fez o gol mais bonito do jogo, em um belo voleio. Aos 17 min, Cristiano Ronaldo pôs fim à "blitz" madrilenha, após completar cruzamento. O Real Madrid ainda faria o quinto gol aos 40 min do primeiro tempo, com Benzema, após bela jogada de Isco. O segundo tempo transcorreu em ritmo de treino para o Real, que praticamente não se esforçou para alterar o placar. O Sporting Gijón ainda conseguiu seu gol de honra, aos 17 min, com Isma López. Com o resultado, o Real continua na terceira colocação, com 43 pontos, quatro a menos do que o rival e líder Atlético de Madri, que venceu o Las Palmas por 3 a 0. 20ª RODADA DO CAMPEONATO ESPANHOL SÁBADO (16) Sevilla 2x1 Málaga Celta de Vigo 4x3 Levante Villarreal 0x0 Betis Real Sociedad 1x1 Deportivo LaCoruña DOMINGO (17) Valencia 2x2 Rayo Vallecano Real Madrid 5x1 Sporting Gijón Getafe 3x1 Espanyol Las Palmas 0x3 Atlético de Madri Barcelona 6x0 Athletic Bilbao SEGUNDA (18) Eibar x Granada | esporte | Real faz quatro gols em 17 minutos e massacra Sporting GijónO Real Madrid teve muita facilidade para vencer o Sporting Gijón, em jogo válido pela 20ª rodada do Campeonato Espanhol. Jogando em casa, a equipe da capital fez quatro gols nos primeiros 17 minutos de jogo, e bateu o Sporting Gijón, que se encontra na zona de rebaixamento, por 5 a 1. Foi a segunda goleada consecutiva da equipe no segundo jogo em que é comandada pelo técnico Zinedine Zidane. Na semana passada, o time havia aplicado 5 a 0 no Deportivo La Coruña. O Real abriu o placar aos 6 min de jogo, com Gareth Bale escorando de cabeça após cobrança de escanteio. Dois minutos depois, Cristiano Ronaldo fez o primeiro de seus dois gols no jogo, com um chute forte no ângulo do goleiro adversário. Aos 11 min, o atacante francês Karim Benzema fez o gol mais bonito do jogo, em um belo voleio. Aos 17 min, Cristiano Ronaldo pôs fim à "blitz" madrilenha, após completar cruzamento. O Real Madrid ainda faria o quinto gol aos 40 min do primeiro tempo, com Benzema, após bela jogada de Isco. O segundo tempo transcorreu em ritmo de treino para o Real, que praticamente não se esforçou para alterar o placar. O Sporting Gijón ainda conseguiu seu gol de honra, aos 17 min, com Isma López. Com o resultado, o Real continua na terceira colocação, com 43 pontos, quatro a menos do que o rival e líder Atlético de Madri, que venceu o Las Palmas por 3 a 0. 20ª RODADA DO CAMPEONATO ESPANHOL SÁBADO (16) Sevilla 2x1 Málaga Celta de Vigo 4x3 Levante Villarreal 0x0 Betis Real Sociedad 1x1 Deportivo LaCoruña DOMINGO (17) Valencia 2x2 Rayo Vallecano Real Madrid 5x1 Sporting Gijón Getafe 3x1 Espanyol Las Palmas 0x3 Atlético de Madri Barcelona 6x0 Athletic Bilbao SEGUNDA (18) Eibar x Granada | 3 |
Editorial: Supremas questões | As tensões no relacionamento entre o Poder Legislativo e o Planalto, para nada dizer do descrédito geral vivido pelo sistema petista, fazem prever um dia de trepidação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta terça-feira (12), quando se dará a sabatina de Luiz Edson Fachin. Indicado pela presidente Dilma Rousseff (PT) para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, o nome do advogado gaúcho acrescenta algumas arestas ao que o simples confronto entre situação e oposição já faria pressentir na presente conjuntura. O registro das declarações de Fachin a favor da candidatura petista à Presidência em 2010, assim como de algumas enfáticas atitudes suas em defesa do MST, por certo tende a exacerbar a polêmica ideológica em torno de sua indicação. Surgem ainda dificuldades destacadas em nota técnica do próprio Senado, questionando o fato de Fachin ter acumulado o cargo de procurador do Estado do Paraná com atividades na advocacia particular. Circunstâncias semelhantes, vale lembrar, não impediram a nomeação de Dias Toffoli ou de Luís Roberto Barroso para o STF –e, no caso de Fachin, sua prática tem o respaldo da OAB do Paraná e do procurador-geral do Estado. O tema, ainda assim, deve aparecer na CCJ, sendo natural, no jogo político, que todo tipo de teste e inquirição incida sobre o indicado. Mas será contraproducente se questionamentos de ordem pessoal predominarem sobre uma série de assuntos mais amplos, a que nem sempre as sabatinas do Senado conferem suficiente destaque. Ainda que habitualmente os candidatos a ministro evitem questões difíceis dizendo não querer adiantar seu voto em casos específicos, é direito do Senado, e de toda a sociedade, conhecer a opinião de Fachin sobre os limites ao financiamento das campanhas eleitorais, ou sobre a proposta de redução da maioridade penal. Embora se trate de dois assuntos de natureza totalmente diversa, subjaz a ambos um mesmo problema institucional mais amplo. Invocando a defesa da norma constitucional, o STF muitas vezes se antecipou ou mesmo se contrapôs às intenções do Legislativo. O chamado ativismo judicial terá em Fachin mais um adepto? O respeito à ordem legal terá, em suas mãos, prioridade sobre o ardor das militâncias sociais? O que pensa das atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)? É a favor de que as sessões do Supremo sejam televisionadas? E o que tem a dizer sobre os pedidos de vista, que os ministros têm usado como um indevido poder de veto? Princípios gerais só se esclarecem, a rigor, na medida em que forem precisos os casos descritos em cada pergunta da sabatina. É de esperar que a prática institucional –e a agudeza do conflito político– gere algum progresso nesse sentido. Se sessões desse tipo eram apenas homologatórias até bem pouco tempo atrás, que não se tornem, agora, pretexto para o simples alarido partidário e ideológico. | opiniao | Editorial: Supremas questõesAs tensões no relacionamento entre o Poder Legislativo e o Planalto, para nada dizer do descrédito geral vivido pelo sistema petista, fazem prever um dia de trepidação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta terça-feira (12), quando se dará a sabatina de Luiz Edson Fachin. Indicado pela presidente Dilma Rousseff (PT) para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, o nome do advogado gaúcho acrescenta algumas arestas ao que o simples confronto entre situação e oposição já faria pressentir na presente conjuntura. O registro das declarações de Fachin a favor da candidatura petista à Presidência em 2010, assim como de algumas enfáticas atitudes suas em defesa do MST, por certo tende a exacerbar a polêmica ideológica em torno de sua indicação. Surgem ainda dificuldades destacadas em nota técnica do próprio Senado, questionando o fato de Fachin ter acumulado o cargo de procurador do Estado do Paraná com atividades na advocacia particular. Circunstâncias semelhantes, vale lembrar, não impediram a nomeação de Dias Toffoli ou de Luís Roberto Barroso para o STF –e, no caso de Fachin, sua prática tem o respaldo da OAB do Paraná e do procurador-geral do Estado. O tema, ainda assim, deve aparecer na CCJ, sendo natural, no jogo político, que todo tipo de teste e inquirição incida sobre o indicado. Mas será contraproducente se questionamentos de ordem pessoal predominarem sobre uma série de assuntos mais amplos, a que nem sempre as sabatinas do Senado conferem suficiente destaque. Ainda que habitualmente os candidatos a ministro evitem questões difíceis dizendo não querer adiantar seu voto em casos específicos, é direito do Senado, e de toda a sociedade, conhecer a opinião de Fachin sobre os limites ao financiamento das campanhas eleitorais, ou sobre a proposta de redução da maioridade penal. Embora se trate de dois assuntos de natureza totalmente diversa, subjaz a ambos um mesmo problema institucional mais amplo. Invocando a defesa da norma constitucional, o STF muitas vezes se antecipou ou mesmo se contrapôs às intenções do Legislativo. O chamado ativismo judicial terá em Fachin mais um adepto? O respeito à ordem legal terá, em suas mãos, prioridade sobre o ardor das militâncias sociais? O que pensa das atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)? É a favor de que as sessões do Supremo sejam televisionadas? E o que tem a dizer sobre os pedidos de vista, que os ministros têm usado como um indevido poder de veto? Princípios gerais só se esclarecem, a rigor, na medida em que forem precisos os casos descritos em cada pergunta da sabatina. É de esperar que a prática institucional –e a agudeza do conflito político– gere algum progresso nesse sentido. Se sessões desse tipo eram apenas homologatórias até bem pouco tempo atrás, que não se tornem, agora, pretexto para o simples alarido partidário e ideológico. | 7 |
Comissários raciais | O "Diário Oficial da União" desta terça-feira (2) traz um documento sinistro, a orientação normativa número 3 da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento. A norma dispõe sobre aferição da veracidade da autodeclaração de candidatos pretos e pardos em concursos públicos. A inclusão de cotas raciais entre os critérios para ingresso no serviço público federal decorre de decisão do Congresso sancionada pela presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), em 2014. Um mínimo de 20% das vagas fica reservado por dez anos a pretos e pardos. Em português claro, o novo regulamento estipula a criação de verdadeiros comitês raciais. Pior, tenta encobrir com um manto de equanimidade o trabalho desses fiscais de negritude ao determinar que os membros da comissão deliberativa se distribuirão por gênero, cor e naturalidade. Se houvesse na matéria margem para troça, seria de perguntar quem vai atestar a veracidade da cor dos próprios comissários. De toda maneira, a questão, por ironia, remete à pura e simples impossibilidade de formar um juízo definitivo e justo acerca da condição racial de uma pessoa. Sim, pode haver, e ocasionalmente há, má-fé na autodefinição da cor, em especial quando o bônus em vista —um emprego público ou vaga em universidade gratuita— é recompensador. Mas não se conhece forma objetiva de traçar a fronteira entre cores de pele. A orientação do Planejamento evita a esparrela de amparar-se na ciência, o que tampouco seria factível, pois esta não dispõe de definição inequívoca do que seja raça. Pela norma ministerial, os comitês devem julgar com base apenas nos aspectos fenotípicos do candidato, vale dizer, na sua aparência, e o farão na presença do próprio. Difícil imaginar situação mais constrangedora, se não humilhante. Terá decerto efeito dissuasório sobre quem cogitar recorrer à porta racial com intenção desonesta, mas parece fadada também a afastar os pretos e pardos que não admitirem passar pela provação. A autodeclaração pura, desprovida de tal inquérito sobre raça, constitui a única forma de utilizar o critério racial na seleção de funcionários públicos ou estudantes universitários, se isso for inevitável. Todas as dificuldades seriam contornadas, porém, com o uso de cotas socioeconômicas, como defende a Folha. Elas beneficiariam pretos e pardos de modo automático, pois eles tendem a ser mais pobres, e seriam baseadas apenas em dados mensuráveis, sem recurso a duvidosos juízos subjetivos. editoriais@grupofolha.com.br | opiniao | Comissários raciaisO "Diário Oficial da União" desta terça-feira (2) traz um documento sinistro, a orientação normativa número 3 da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento. A norma dispõe sobre aferição da veracidade da autodeclaração de candidatos pretos e pardos em concursos públicos. A inclusão de cotas raciais entre os critérios para ingresso no serviço público federal decorre de decisão do Congresso sancionada pela presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), em 2014. Um mínimo de 20% das vagas fica reservado por dez anos a pretos e pardos. Em português claro, o novo regulamento estipula a criação de verdadeiros comitês raciais. Pior, tenta encobrir com um manto de equanimidade o trabalho desses fiscais de negritude ao determinar que os membros da comissão deliberativa se distribuirão por gênero, cor e naturalidade. Se houvesse na matéria margem para troça, seria de perguntar quem vai atestar a veracidade da cor dos próprios comissários. De toda maneira, a questão, por ironia, remete à pura e simples impossibilidade de formar um juízo definitivo e justo acerca da condição racial de uma pessoa. Sim, pode haver, e ocasionalmente há, má-fé na autodefinição da cor, em especial quando o bônus em vista —um emprego público ou vaga em universidade gratuita— é recompensador. Mas não se conhece forma objetiva de traçar a fronteira entre cores de pele. A orientação do Planejamento evita a esparrela de amparar-se na ciência, o que tampouco seria factível, pois esta não dispõe de definição inequívoca do que seja raça. Pela norma ministerial, os comitês devem julgar com base apenas nos aspectos fenotípicos do candidato, vale dizer, na sua aparência, e o farão na presença do próprio. Difícil imaginar situação mais constrangedora, se não humilhante. Terá decerto efeito dissuasório sobre quem cogitar recorrer à porta racial com intenção desonesta, mas parece fadada também a afastar os pretos e pardos que não admitirem passar pela provação. A autodeclaração pura, desprovida de tal inquérito sobre raça, constitui a única forma de utilizar o critério racial na seleção de funcionários públicos ou estudantes universitários, se isso for inevitável. Todas as dificuldades seriam contornadas, porém, com o uso de cotas socioeconômicas, como defende a Folha. Elas beneficiariam pretos e pardos de modo automático, pois eles tendem a ser mais pobres, e seriam baseadas apenas em dados mensuráveis, sem recurso a duvidosos juízos subjetivos. editoriais@grupofolha.com.br | 7 |
Programa de renda básica universal seria vantajoso para o Brasil? SIM | MAIS LIBERDADE AO CIDADÃO O Brasil foi o primeiro país do mundo a aprovar, por consenso de todos os partidos, e a sancionar, em 8 de janeiro de 2004, lei que institui a Renda Básica de Cidadania para todos os cidadãos, inclusive aos estrangeiros aqui residentes há pelo menos cinco anos. A lei aguarda regulamentação para entrar em vigor. A renda será, com o progresso do país, na medida do possível, suficiente para atender as necessidades básicas de cada pessoa. Um benefício igual para todos, não importando a origem, o sexo, a idade, a condição civil e sócio econômica de cada um. Será anual ou pago em parcelas iguais e mensais. Será instituído por etapas, a critério do Poder Executivo, priorizando os mais necessitados, como o faz o programa Bolsa Família. Então os que ganham mais também receberão a renda básica? Sim, mas contribuirão proporcionalmente mais, para que eles e todos os demais venham a receber. Dessa forma, advirão grandes vantagens. Eliminaremos toda e qualquer burocracia envolvida em saber quanto cada um ganha no mercado formal ou informal. Acabaremos com o estigma ou sentimento de vergonha que uma pessoa tem ao dizer que só ganha certo montante e, por isso, precisa de um complemento. Aboliremos o fenômeno da dependência, segundo o qual a pessoa que está por decidir se vai ou não aceitar um trabalho fica a pensar: "Se eu aceitar receber esta renda, o governo retirará parte do que ganhei dentro do programa social, então eu desisto e entro na armadilha do desemprego ou da pobreza". A maior vantagem é do ponto de vista da dignidade e da liberdade do ser humano, como nos fala o Nobel de Economia Amartya Sen. Desenvolvimento deve significar maior grau de liberdade para todos. No dia em que houver renda suficiente para atender as necessidades básicas de uma mulher que, por falta de escolha, resolve vender seu corpo para sustentar a família, ou as de um homem que, pelo mesmo motivo, resolve se tornar um membro de quadrilha de narcotraficantes, essas pessoas ganharão o direito de dizer não às alternativas que ferem a dignidade e colocam a saúde em risco. É nesse sentido que a Renda Básica de Cidadania tem a sua maior vantagem. As pessoas com mais recursos compreenderão que a transferência universal resultará em maior sentimento de solidariedade e fraternidade entre todos, menor grau de criminalidade e, consequentemente, na possibilidade de vivermos num país com muito menos violência. De qualquer forma de riqueza gerada numa comunidade, num município, num país, sempre poderemos separar uma parcela para financiar a Renda Básica de Cidadania. A experiência mais bem-sucedida é no Estado do Alasca, nos Estados Unidos. Após 34 anos de exercício de um programa de renda mínima universal, o Alasca passou de Estado mais desigual do país, nos anos 1980, para o mais igualitário, ao lado de Utah. Constitui suicídio político para qualquer liderança no Alasca propor o fim desse sistema. EDUARDO MATARAZZO SUPLICY, 74, doutor em economia pela Universidade Estadual de Michigan (EUA), senador pelo PT-SP entre 1991 e 2014, é pré-candidato a vereador de São Paulo nas eleições deste ano PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | opiniao | Programa de renda básica universal seria vantajoso para o Brasil? SIMMAIS LIBERDADE AO CIDADÃO O Brasil foi o primeiro país do mundo a aprovar, por consenso de todos os partidos, e a sancionar, em 8 de janeiro de 2004, lei que institui a Renda Básica de Cidadania para todos os cidadãos, inclusive aos estrangeiros aqui residentes há pelo menos cinco anos. A lei aguarda regulamentação para entrar em vigor. A renda será, com o progresso do país, na medida do possível, suficiente para atender as necessidades básicas de cada pessoa. Um benefício igual para todos, não importando a origem, o sexo, a idade, a condição civil e sócio econômica de cada um. Será anual ou pago em parcelas iguais e mensais. Será instituído por etapas, a critério do Poder Executivo, priorizando os mais necessitados, como o faz o programa Bolsa Família. Então os que ganham mais também receberão a renda básica? Sim, mas contribuirão proporcionalmente mais, para que eles e todos os demais venham a receber. Dessa forma, advirão grandes vantagens. Eliminaremos toda e qualquer burocracia envolvida em saber quanto cada um ganha no mercado formal ou informal. Acabaremos com o estigma ou sentimento de vergonha que uma pessoa tem ao dizer que só ganha certo montante e, por isso, precisa de um complemento. Aboliremos o fenômeno da dependência, segundo o qual a pessoa que está por decidir se vai ou não aceitar um trabalho fica a pensar: "Se eu aceitar receber esta renda, o governo retirará parte do que ganhei dentro do programa social, então eu desisto e entro na armadilha do desemprego ou da pobreza". A maior vantagem é do ponto de vista da dignidade e da liberdade do ser humano, como nos fala o Nobel de Economia Amartya Sen. Desenvolvimento deve significar maior grau de liberdade para todos. No dia em que houver renda suficiente para atender as necessidades básicas de uma mulher que, por falta de escolha, resolve vender seu corpo para sustentar a família, ou as de um homem que, pelo mesmo motivo, resolve se tornar um membro de quadrilha de narcotraficantes, essas pessoas ganharão o direito de dizer não às alternativas que ferem a dignidade e colocam a saúde em risco. É nesse sentido que a Renda Básica de Cidadania tem a sua maior vantagem. As pessoas com mais recursos compreenderão que a transferência universal resultará em maior sentimento de solidariedade e fraternidade entre todos, menor grau de criminalidade e, consequentemente, na possibilidade de vivermos num país com muito menos violência. De qualquer forma de riqueza gerada numa comunidade, num município, num país, sempre poderemos separar uma parcela para financiar a Renda Básica de Cidadania. A experiência mais bem-sucedida é no Estado do Alasca, nos Estados Unidos. Após 34 anos de exercício de um programa de renda mínima universal, o Alasca passou de Estado mais desigual do país, nos anos 1980, para o mais igualitário, ao lado de Utah. Constitui suicídio político para qualquer liderança no Alasca propor o fim desse sistema. EDUARDO MATARAZZO SUPLICY, 74, doutor em economia pela Universidade Estadual de Michigan (EUA), senador pelo PT-SP entre 1991 e 2014, é pré-candidato a vereador de São Paulo nas eleições deste ano PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | 7 |
Leões estrelas de documentário são envenenados no Quênia | Dois leões morreram e oito estão sendo tratados após envenenamento no Quênia Dois pastores de gado da tribo queniana Maasai foram acusados de envenenar um grupo de leões na cidade de Narok, no sudoeste do país africano, segundo uma autoridade local. Simindei Naururi e Kulangash Toposat teriam colocado veneno no corpo de uma vaca morta na reserva Maasai de Mara Game. Os leões teriam se alimentado dos restos do animal. Oito leões estão sendo tratados por envenenamento. Dois outros morreram. Leia também: Como a disputa interna do PMDB pode selar o futuro de Dilma A ação teria sido motivada pelo fato de o grupo de leões ter matado três vacas dos pastores dentro da reserva. O Serviço de Conservação da Vida Selvagem do Quênia alertou que outros animais podem ter sido afetados pelo envenenamento. Os leões haviam participado de um documentário da BBC chamado Big Cat Diary. O envenenamento foi reportado em uma página do Facebook dedicada a essa família de leões. Leia também: Da Bélgica a Gaza: O trajeto de um fuzil europeu até as mãos de extremistas Siga a BBC Brasil no Facebook e no Twitter Um dos animais mortos era Bibi, uma fêmea de 17 anos de idade. Uma equipe da BBC que trabalhava na região informou que ela foi encontrada ofegante e espumando pela boca. Depois de morrer, o outro leão foi comido por hienas, segundo o porta-voz do Serviço de Conservação da Vida Selvagem do Quênia, Paul Udoto. Outra leoa, Sienna, está desaparecida, segundo outra organização que luta pela conservação dos animais. O filhote dela, que tem dois anos, está sendo tratado por veterinários. Segundo o correspondente da BBC em Nairóbi, Alastais Leithead, há um conflito entre os grandes felinos e os pastores Maasai. No passado, eles já haviam envenenado leões que abateram seu gado. | bbc | Leões estrelas de documentário são envenenados no QuêniaDois leões morreram e oito estão sendo tratados após envenenamento no Quênia Dois pastores de gado da tribo queniana Maasai foram acusados de envenenar um grupo de leões na cidade de Narok, no sudoeste do país africano, segundo uma autoridade local. Simindei Naururi e Kulangash Toposat teriam colocado veneno no corpo de uma vaca morta na reserva Maasai de Mara Game. Os leões teriam se alimentado dos restos do animal. Oito leões estão sendo tratados por envenenamento. Dois outros morreram. Leia também: Como a disputa interna do PMDB pode selar o futuro de Dilma A ação teria sido motivada pelo fato de o grupo de leões ter matado três vacas dos pastores dentro da reserva. O Serviço de Conservação da Vida Selvagem do Quênia alertou que outros animais podem ter sido afetados pelo envenenamento. Os leões haviam participado de um documentário da BBC chamado Big Cat Diary. O envenenamento foi reportado em uma página do Facebook dedicada a essa família de leões. Leia também: Da Bélgica a Gaza: O trajeto de um fuzil europeu até as mãos de extremistas Siga a BBC Brasil no Facebook e no Twitter Um dos animais mortos era Bibi, uma fêmea de 17 anos de idade. Uma equipe da BBC que trabalhava na região informou que ela foi encontrada ofegante e espumando pela boca. Depois de morrer, o outro leão foi comido por hienas, segundo o porta-voz do Serviço de Conservação da Vida Selvagem do Quênia, Paul Udoto. Outra leoa, Sienna, está desaparecida, segundo outra organização que luta pela conservação dos animais. O filhote dela, que tem dois anos, está sendo tratado por veterinários. Segundo o correspondente da BBC em Nairóbi, Alastais Leithead, há um conflito entre os grandes felinos e os pastores Maasai. No passado, eles já haviam envenenado leões que abateram seu gado. | 18 |
Barcelona representa o melhor do futebol sul-americano, diz leitor | Sobre a final do Mundial de Clubes da Fifa, PVC escreve, em sua coluna, que a final aconteceu entre o melhor time do planeta e um sul-americano que não representa o melhor futebol do continente ("O abismo", Esporte, 21/12). Na verdade, o Barcelona representa também, e muito, o melhor do futebol sul-americano. | paineldoleitor | Barcelona representa o melhor do futebol sul-americano, diz leitorSobre a final do Mundial de Clubes da Fifa, PVC escreve, em sua coluna, que a final aconteceu entre o melhor time do planeta e um sul-americano que não representa o melhor futebol do continente ("O abismo", Esporte, 21/12). Na verdade, o Barcelona representa também, e muito, o melhor do futebol sul-americano. | 8 |
Alexandre Nero faz análise para entender mundo das celebridades | Alexandre Nero, 45, coloca sobre a mesa de uma sala de reunião do Projac, centro de estúdios da Globo, no Rio, uma mochila e uma bolsa que parece uma lancheira de adulto. Desta, retira uma pequena filmadora e pergunta: "Tudo bem se eu gravar [a nossa conversa]?". Com a resposta afirmativa, o ator e cantor curitibano ajeita a câmera, confere o enquadramento e aperta o "rec". "Não é pra pensar que tô fiscalizando o trabalho de vocês [jornalistas]", diz. Com 25 anos de profissão, ele conta estar registrando o seu dia a dia desde o ano passado, quando protagonizou sua primeira novela. A "pesquisa", como define, poderá virar um documentário. "Quero ver o que é essa maluquice de ser protagonista de uma potência como a novela das nove." Seu comendador José Alfredo de "Império", trama de Aguinaldo Silva acabada em março, conquistou milhares de fãs e lhe garantiu contrato de cinco anos com a Globo. Em julho, passou a ser agenciado comercialmente pela agência do ex-jogador Ronaldo. Com a superexposição, Nero, que chegou a cantar com Roberto Carlos no especial de Natal do ano passado, se viu, a contragosto, em uma posição de celebridade –algo que ele diz não saber ser, mas inveja quem tem esse talento. "Tem gente que chega em camarote, tira foto e se sente bem. Eu fico envergonhado." Com as filmagens que anda fazendo e que pretende mostrar para antropólogos e jornalistas, Nero quer entender que "surto" é esse que faz com que as pessoas o amem ou odeiem gratuitamente. "E por que é tão importante ou tão desimportante a opinião desse cara de uma hora para outra? E por que as pessoas querem tanto chegar perto de mim e antes não queriam?", indaga. Até o momento, não encontrou respostas. Mas nos próximos meses terá um vasto material para registro, já que aceitou o que define como "insanidade": protagonizar uma segunda trama das nove em um intervalo de seis meses no canal de maior audiência do país. Nero será Romero Rômulo em "A Regra do Jogo", que estreia no dia 31/8. O folhetim de João Emanuel Carneiro, com direção de Amora Mautner, é o mais aguardado do ano, afinal trata-se do autor e diretora do sucesso "Avenida Brasil". A trama de 2012 foi vendida para 130 países. O ator não estava cotado para o papel, mas, com a desistência de Murilo Benício, Amora implorou literalmente para ele fazer um teste. ANTIVILÃO Nero havia dito para si mesmo que seu próximo personagem principal de uma novela seria daqui a sete anos. "Não porque eu não quero ou não goste, mas porque fisicamente não dá!" Depois de muita insistência e de "conhecer melhor" o personagem, aceitou o convite. O fato de Romero ser divertido, ao contrário do comendador, ajudou no sim. "Existe algo de achar que o protagonista da novela é algo maior que os outros personagens. Quem diz isso não entende do ofício. Ninguém faz novela sozinho", fala. O personagem principal de "A Regra do Jogo", novela que abordará uma questão filosófica do que é certo e errado, do que é passível ou não de punição, é um ex-vereador que possui uma ONG de fachada para recuperação de presos. Mas é ele mesmo, na verdade, um criminoso. "Se o comendador foi um anti-herói, eu sinto que o Romero será um antivilão. A coisa peculiar nele é que ele não sabe muito bem quem é", conta. "Ele quer ser o bandidão, mas é um fracassado. É um bandido incompetente, uma ironia." O desafio, diz, será construir a dualidade de Romero. "O bacana é que o João Emanuel não subestima o público, vai dar rasteira o tempo inteiro", avisa. "E eu também não quero subestimar, dar de mão beijada: 'ah, agora ele está mentindo'." Nero não acredita que, de maneira geral, muitos novelistas desdenhem da capacidade de compreensão do telespectador. Para ele, se isso acontece, está relacionado ao trabalho do ator. Se o texto apresentar um personagem maniqueísta, que seja bonzinho, por exemplo, "por que precisa falar sempre de maneira princesinha? O ator é quem decide como dizer o texto". Em todas as novelas das quais participou, garante ter tido liberdade para imprimir seu tom. "O ator é um coautor. O autor que subestima isso está equivocado." A superexposição que ganhou com o comendador levou Nero ao divã. Desde o ano passado, além de filmar seu dia a dia, faz análise. NO DIVÃ "Eu estava enlouquecendo com a invasão da minha vida, as invenções", afirma. "Voltei pra análise para isso não invadir a minha vida, influenciar o meu trabalho. Porque senão você começa o tempo inteiro a querer agradar as pessoas." A maior armadilha para um artista, diz, é querer que as pessoas gostem de seu trabalho. "Tenho que gostar antes. Eu entrei no 'mainstream', mas continuo com o trabalho artesanal." A terapia tem ajudado Nero a se conter nas redes sociais, território em que é totalmente irônico e verborrágico. Recentemente, postou que passaria a cobrar por suas opiniões. "Acho que tô mais calmo, falando menos", diz. E não só via redes sociais. "Via vida! É importante falar menos, e olha que falei bastante aqui. Antigamente eu podia falar o que fosse e a coisa ficava na minha tribo, no meu universo. Agora meu universo aumentou." Imagina depois que a novela estrear... | ilustrada | Alexandre Nero faz análise para entender mundo das celebridadesAlexandre Nero, 45, coloca sobre a mesa de uma sala de reunião do Projac, centro de estúdios da Globo, no Rio, uma mochila e uma bolsa que parece uma lancheira de adulto. Desta, retira uma pequena filmadora e pergunta: "Tudo bem se eu gravar [a nossa conversa]?". Com a resposta afirmativa, o ator e cantor curitibano ajeita a câmera, confere o enquadramento e aperta o "rec". "Não é pra pensar que tô fiscalizando o trabalho de vocês [jornalistas]", diz. Com 25 anos de profissão, ele conta estar registrando o seu dia a dia desde o ano passado, quando protagonizou sua primeira novela. A "pesquisa", como define, poderá virar um documentário. "Quero ver o que é essa maluquice de ser protagonista de uma potência como a novela das nove." Seu comendador José Alfredo de "Império", trama de Aguinaldo Silva acabada em março, conquistou milhares de fãs e lhe garantiu contrato de cinco anos com a Globo. Em julho, passou a ser agenciado comercialmente pela agência do ex-jogador Ronaldo. Com a superexposição, Nero, que chegou a cantar com Roberto Carlos no especial de Natal do ano passado, se viu, a contragosto, em uma posição de celebridade –algo que ele diz não saber ser, mas inveja quem tem esse talento. "Tem gente que chega em camarote, tira foto e se sente bem. Eu fico envergonhado." Com as filmagens que anda fazendo e que pretende mostrar para antropólogos e jornalistas, Nero quer entender que "surto" é esse que faz com que as pessoas o amem ou odeiem gratuitamente. "E por que é tão importante ou tão desimportante a opinião desse cara de uma hora para outra? E por que as pessoas querem tanto chegar perto de mim e antes não queriam?", indaga. Até o momento, não encontrou respostas. Mas nos próximos meses terá um vasto material para registro, já que aceitou o que define como "insanidade": protagonizar uma segunda trama das nove em um intervalo de seis meses no canal de maior audiência do país. Nero será Romero Rômulo em "A Regra do Jogo", que estreia no dia 31/8. O folhetim de João Emanuel Carneiro, com direção de Amora Mautner, é o mais aguardado do ano, afinal trata-se do autor e diretora do sucesso "Avenida Brasil". A trama de 2012 foi vendida para 130 países. O ator não estava cotado para o papel, mas, com a desistência de Murilo Benício, Amora implorou literalmente para ele fazer um teste. ANTIVILÃO Nero havia dito para si mesmo que seu próximo personagem principal de uma novela seria daqui a sete anos. "Não porque eu não quero ou não goste, mas porque fisicamente não dá!" Depois de muita insistência e de "conhecer melhor" o personagem, aceitou o convite. O fato de Romero ser divertido, ao contrário do comendador, ajudou no sim. "Existe algo de achar que o protagonista da novela é algo maior que os outros personagens. Quem diz isso não entende do ofício. Ninguém faz novela sozinho", fala. O personagem principal de "A Regra do Jogo", novela que abordará uma questão filosófica do que é certo e errado, do que é passível ou não de punição, é um ex-vereador que possui uma ONG de fachada para recuperação de presos. Mas é ele mesmo, na verdade, um criminoso. "Se o comendador foi um anti-herói, eu sinto que o Romero será um antivilão. A coisa peculiar nele é que ele não sabe muito bem quem é", conta. "Ele quer ser o bandidão, mas é um fracassado. É um bandido incompetente, uma ironia." O desafio, diz, será construir a dualidade de Romero. "O bacana é que o João Emanuel não subestima o público, vai dar rasteira o tempo inteiro", avisa. "E eu também não quero subestimar, dar de mão beijada: 'ah, agora ele está mentindo'." Nero não acredita que, de maneira geral, muitos novelistas desdenhem da capacidade de compreensão do telespectador. Para ele, se isso acontece, está relacionado ao trabalho do ator. Se o texto apresentar um personagem maniqueísta, que seja bonzinho, por exemplo, "por que precisa falar sempre de maneira princesinha? O ator é quem decide como dizer o texto". Em todas as novelas das quais participou, garante ter tido liberdade para imprimir seu tom. "O ator é um coautor. O autor que subestima isso está equivocado." A superexposição que ganhou com o comendador levou Nero ao divã. Desde o ano passado, além de filmar seu dia a dia, faz análise. NO DIVÃ "Eu estava enlouquecendo com a invasão da minha vida, as invenções", afirma. "Voltei pra análise para isso não invadir a minha vida, influenciar o meu trabalho. Porque senão você começa o tempo inteiro a querer agradar as pessoas." A maior armadilha para um artista, diz, é querer que as pessoas gostem de seu trabalho. "Tenho que gostar antes. Eu entrei no 'mainstream', mas continuo com o trabalho artesanal." A terapia tem ajudado Nero a se conter nas redes sociais, território em que é totalmente irônico e verborrágico. Recentemente, postou que passaria a cobrar por suas opiniões. "Acho que tô mais calmo, falando menos", diz. E não só via redes sociais. "Via vida! É importante falar menos, e olha que falei bastante aqui. Antigamente eu podia falar o que fosse e a coisa ficava na minha tribo, no meu universo. Agora meu universo aumentou." Imagina depois que a novela estrear... | 6 |
Saiba diferenças entre limites para declarar IR e de renda isenta | A existência de dois limites no IR -um para declarar e outro de isenção- pode causar surpresa ao contribuinte na hora de prestar contas à Receita. Embora existissem no passado, esses dois limites foram criados "oficialmente" em 2011. Motivo: em muitos casos, o contribuinte era obrigado a declarar porque sua renda superava o limite anual de isenção (renda mensal isenta multiplicada por 12). Mas, ao declarar, bastava usar o desconto simplificado de 20% (dedução permitida em substituição aos abatimentos legais) para que ele não tivesse nem IR a restituir nem a pagar. Foi para não receber declarações "desnecessárias" que a Receita fixou os dois limites. Como eles são distintos, o contribuinte terá de prestar muita atenção para não deixar para o leão um imposto já pago, mas que, por lei, deve voltar ao seu bolso. Assim, para este ano devem prestar atenção os contribuintes que ganharam, em 2014, até R$ 26.816,55. Para a Receita, esses contribuintes não estão obrigados a declarar, considerando apenas a variável "renda tributável", uma vez que há outras que determinam quem deve declarar ou não. O limite de isenção anual, de R$ 21.453,24, corresponde a 12 vezes o limite mensal de isenção de 2014, de R$ 1.787,77. Significa dizer que quem ganhou entre R$ 21.453,24 e R$ 26.816,55 no ano passado provavelmente teve IR retido na fonte. Um contribuinte que teve rendimento até menor do que R$ 21.453,24 -por exemplo, quem trabalhou por apenas quatro meses e recebeu R$ 5.000 por mês- também teve imposto retido. Assim, para reaver esse dinheiro, será preciso que esses contribuintes apresentem a declaração, pois a Receita não devolve o dinheiro se não recebê-la. | mercado | Saiba diferenças entre limites para declarar IR e de renda isentaA existência de dois limites no IR -um para declarar e outro de isenção- pode causar surpresa ao contribuinte na hora de prestar contas à Receita. Embora existissem no passado, esses dois limites foram criados "oficialmente" em 2011. Motivo: em muitos casos, o contribuinte era obrigado a declarar porque sua renda superava o limite anual de isenção (renda mensal isenta multiplicada por 12). Mas, ao declarar, bastava usar o desconto simplificado de 20% (dedução permitida em substituição aos abatimentos legais) para que ele não tivesse nem IR a restituir nem a pagar. Foi para não receber declarações "desnecessárias" que a Receita fixou os dois limites. Como eles são distintos, o contribuinte terá de prestar muita atenção para não deixar para o leão um imposto já pago, mas que, por lei, deve voltar ao seu bolso. Assim, para este ano devem prestar atenção os contribuintes que ganharam, em 2014, até R$ 26.816,55. Para a Receita, esses contribuintes não estão obrigados a declarar, considerando apenas a variável "renda tributável", uma vez que há outras que determinam quem deve declarar ou não. O limite de isenção anual, de R$ 21.453,24, corresponde a 12 vezes o limite mensal de isenção de 2014, de R$ 1.787,77. Significa dizer que quem ganhou entre R$ 21.453,24 e R$ 26.816,55 no ano passado provavelmente teve IR retido na fonte. Um contribuinte que teve rendimento até menor do que R$ 21.453,24 -por exemplo, quem trabalhou por apenas quatro meses e recebeu R$ 5.000 por mês- também teve imposto retido. Assim, para reaver esse dinheiro, será preciso que esses contribuintes apresentem a declaração, pois a Receita não devolve o dinheiro se não recebê-la. | 2 |
'Bola de fogo' explode sobre Atlântico a mil quilômetros da costa do Brasil | O maior meteoro já visto desde o que atingiu a cidade russa de Chelyabinsk há 3 anos entrou na atmosfera da Terra sobre o oceano Atlântico, perto da costa brasileira. O evento, que só foi divulgado agora, ocorreu às 11h55 do dia 6 de fevereiro. Ao queimar-se na atmosfera, a rocha espacial liberou o equivalente a 13 mil toneladas de TNT. Esse é o evento mais grandioso do gênero desde o ocorrido em Chelyabinsk, em 15 de fevereiro de 2013. O meteoro que atingiu a região liberou 500 mil toneladas de TNT. Mais de mil pessoas foram feridas na ocasião –a maioria atingidas por estilhaços de vidro de janelas. COSTA BRASILEIRA Já a bola de fogo sobre o Atlântico provavelmente passou despercebida. Ela se desintegrou a cerca de 30 km da superfície do mar, a mil quilômetros da costa brasileira. A Nasa (agência espacial americana) listou o acontecimento em uma página de internet que relata a ocorrência de meteoros e bolas de fogo. Cerca de 30 pequenos asteroides (que medem entre 1 e 20 metros) entram na atmosfera da Terra anualmente, segundo pesquisas científicas. Como a maior parte da superfície terrestre é coberta por água, maioria deles cai nos oceanos e não afeta áreas habitadas. | ciencia | 'Bola de fogo' explode sobre Atlântico a mil quilômetros da costa do BrasilO maior meteoro já visto desde o que atingiu a cidade russa de Chelyabinsk há 3 anos entrou na atmosfera da Terra sobre o oceano Atlântico, perto da costa brasileira. O evento, que só foi divulgado agora, ocorreu às 11h55 do dia 6 de fevereiro. Ao queimar-se na atmosfera, a rocha espacial liberou o equivalente a 13 mil toneladas de TNT. Esse é o evento mais grandioso do gênero desde o ocorrido em Chelyabinsk, em 15 de fevereiro de 2013. O meteoro que atingiu a região liberou 500 mil toneladas de TNT. Mais de mil pessoas foram feridas na ocasião –a maioria atingidas por estilhaços de vidro de janelas. COSTA BRASILEIRA Já a bola de fogo sobre o Atlântico provavelmente passou despercebida. Ela se desintegrou a cerca de 30 km da superfície do mar, a mil quilômetros da costa brasileira. A Nasa (agência espacial americana) listou o acontecimento em uma página de internet que relata a ocorrência de meteoros e bolas de fogo. Cerca de 30 pequenos asteroides (que medem entre 1 e 20 metros) entram na atmosfera da Terra anualmente, segundo pesquisas científicas. Como a maior parte da superfície terrestre é coberta por água, maioria deles cai nos oceanos e não afeta áreas habitadas. | 15 |
Conheça dez mulheres que mudam o mundo como empreendedoras | O Brasil é um país com cada vez mais empreendedoras. O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Médias Empresas) afirma que, na última década, o número de mulheres empreendendo cresceu 16% no país, chegando a 7,3 milhões. O motivo que leva as mulheres empreender, segundo uma recente pesquisa feita pela Rede Mulher Empreendedora, no entanto, também merece destaque, pois sua principal motivação não é o lucro, mas o impacto positivo que terão no mundo. A representatividade delas varia no empreendedorismo social. Apesar do crescimento expressivo em relação a 2015, as mulheres lideravam 22% das empresas aceleradas em 2016 pela Artemisia. Já na Rede Folha de Empreendedores Sociais, formada por finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social, realizado pela Folha com a Fundação Schwab, elas representam 40% dos 92 líderes inovadores. Conheça dez delas e o trabalho que estão fazendo para mudar o mundo. | empreendedorsocial | Conheça dez mulheres que mudam o mundo como empreendedorasO Brasil é um país com cada vez mais empreendedoras. O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Médias Empresas) afirma que, na última década, o número de mulheres empreendendo cresceu 16% no país, chegando a 7,3 milhões. O motivo que leva as mulheres empreender, segundo uma recente pesquisa feita pela Rede Mulher Empreendedora, no entanto, também merece destaque, pois sua principal motivação não é o lucro, mas o impacto positivo que terão no mundo. A representatividade delas varia no empreendedorismo social. Apesar do crescimento expressivo em relação a 2015, as mulheres lideravam 22% das empresas aceleradas em 2016 pela Artemisia. Já na Rede Folha de Empreendedores Sociais, formada por finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social, realizado pela Folha com a Fundação Schwab, elas representam 40% dos 92 líderes inovadores. Conheça dez delas e o trabalho que estão fazendo para mudar o mundo. | 20 |
Macri articula pacote de investimentos em busca de maioria no Congresso | Em meio a tensões sociais e a uma recessão, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, articula novas políticas na tentativa de eleger, no ano que vem, membros de seu partido (PRO) no Congresso. Ao ver que a economia não voltou a crescer no segundo semestre, como havia prometido após a posse, o mandatário elevou o gasto público e pediu agilidade nos projetos de investimentos para que a economia mude de trajetória a partir de outubro. Nos sete primeiros meses de governo, os prognósticos de recessão e inflação alta não mudaram. Em julho, o FMI reviu sua projeção de queda do PIB do país de 1% para 1,5% neste ano. Já a inflação chegou a 45% na cidade de Buenos Aires nos 12 meses encerrados em junho. A elevação das tarifas de serviços como água e gás em 500% em média impulsionaram essa alta dos preços e o mau humor da população. Nesta quarta (3), porém, a Justiça bloqueou o reajuste da luz, em segunda derrota para a política econômica de Macri —o incremento do gás havia sido anulado em julho. Esse panorama fez Macri voltar atrás na promessa de melhora na economia. "Não disse que todos os problemas estariam resolvidos no segundo semestre", afirmou. A meta agora é estar em forma para as eleições de 2017. Um bom resultado no pleito do ano que vem, que renovará metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, poderá lhe dar mais facilidade para governar e ainda alavancar sua reeleição. Hoje, Macri tem apenas 15 das 72 cadeiras do Senado e 87 das 257 da Câmara. Ele tem conseguido aprovar leis com alianças com a Frente Renovadora, do ex-presidenciável Sergio Massa, e com peronistas não ligados à ex-presidente Cristina Kirchner. A crise ainda causou indecisão no governo. O PRO e os partidos da aliança Mudemos avaliam se convém anunciar seus candidatos agora para aproveitar o mau momento que vive a oposição kirchnerista ou se é melhor aguardar uma retomada da economia. A oposição perdeu parte do apoio popular que tinha após vários de seus políticos, inclusive Cristina Kirchner, serem mais afetados pelo avanço de seus processos na Justiça. "As coisas estão muito incertas. A corrupção não é suficiente se o governo erra com o tarifaço [reajuste dos serviços básicos]", diz Marcos Novaro, diretor do Cipol (Centro de Investigações Políticas). Se tiver sucesso com a nova política adotada para fazer o PIB crescer e acalmar os ânimos dos argentinos, porém, Macri deverá ganhar posições não só na eleição legislativa, mas também na corrida presidencial de 2019. "Se o governo de Macri sair fortalecido [das eleições legislativas], principalmente na província de Buenos Aires [o maior colégio eleitoral da Argentina, com 37% do eleitorado do país], imediatamente começarão a falar da reeleição", destaca Novaro. Em julho, o presidente falou pela primeira vez que tentar um segundo mandato é uma "possibilidade", mas frisou que discutir o assunto sete meses após assumir a Presidência é uma "loucura". Para o professor de ciência política Marcelo Leiras, da Universidade de San Andrés, a eleição será um indicador de popularidade do dirigente, mas não deverá afetar diretamente o pleito de 2019. "Haverá ainda dois anos de distância, muita coisa pode mudar no período e a popularidade é bastante volátil." Um avanço no Legislativo permitiria a Macri governar nos últimos dois anos de seu mandato sem ter de recorrer a alianças. Diante desse cenário, o PRO mudou sua postura em relação aos opositores. Se em 2015 não queria contato com nenhum peronista, agora tenta fechar alianças com alguns que estão insatisfeitos com o kirchnerismo. | mundo | Macri articula pacote de investimentos em busca de maioria no CongressoEm meio a tensões sociais e a uma recessão, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, articula novas políticas na tentativa de eleger, no ano que vem, membros de seu partido (PRO) no Congresso. Ao ver que a economia não voltou a crescer no segundo semestre, como havia prometido após a posse, o mandatário elevou o gasto público e pediu agilidade nos projetos de investimentos para que a economia mude de trajetória a partir de outubro. Nos sete primeiros meses de governo, os prognósticos de recessão e inflação alta não mudaram. Em julho, o FMI reviu sua projeção de queda do PIB do país de 1% para 1,5% neste ano. Já a inflação chegou a 45% na cidade de Buenos Aires nos 12 meses encerrados em junho. A elevação das tarifas de serviços como água e gás em 500% em média impulsionaram essa alta dos preços e o mau humor da população. Nesta quarta (3), porém, a Justiça bloqueou o reajuste da luz, em segunda derrota para a política econômica de Macri —o incremento do gás havia sido anulado em julho. Esse panorama fez Macri voltar atrás na promessa de melhora na economia. "Não disse que todos os problemas estariam resolvidos no segundo semestre", afirmou. A meta agora é estar em forma para as eleições de 2017. Um bom resultado no pleito do ano que vem, que renovará metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, poderá lhe dar mais facilidade para governar e ainda alavancar sua reeleição. Hoje, Macri tem apenas 15 das 72 cadeiras do Senado e 87 das 257 da Câmara. Ele tem conseguido aprovar leis com alianças com a Frente Renovadora, do ex-presidenciável Sergio Massa, e com peronistas não ligados à ex-presidente Cristina Kirchner. A crise ainda causou indecisão no governo. O PRO e os partidos da aliança Mudemos avaliam se convém anunciar seus candidatos agora para aproveitar o mau momento que vive a oposição kirchnerista ou se é melhor aguardar uma retomada da economia. A oposição perdeu parte do apoio popular que tinha após vários de seus políticos, inclusive Cristina Kirchner, serem mais afetados pelo avanço de seus processos na Justiça. "As coisas estão muito incertas. A corrupção não é suficiente se o governo erra com o tarifaço [reajuste dos serviços básicos]", diz Marcos Novaro, diretor do Cipol (Centro de Investigações Políticas). Se tiver sucesso com a nova política adotada para fazer o PIB crescer e acalmar os ânimos dos argentinos, porém, Macri deverá ganhar posições não só na eleição legislativa, mas também na corrida presidencial de 2019. "Se o governo de Macri sair fortalecido [das eleições legislativas], principalmente na província de Buenos Aires [o maior colégio eleitoral da Argentina, com 37% do eleitorado do país], imediatamente começarão a falar da reeleição", destaca Novaro. Em julho, o presidente falou pela primeira vez que tentar um segundo mandato é uma "possibilidade", mas frisou que discutir o assunto sete meses após assumir a Presidência é uma "loucura". Para o professor de ciência política Marcelo Leiras, da Universidade de San Andrés, a eleição será um indicador de popularidade do dirigente, mas não deverá afetar diretamente o pleito de 2019. "Haverá ainda dois anos de distância, muita coisa pode mudar no período e a popularidade é bastante volátil." Um avanço no Legislativo permitiria a Macri governar nos últimos dois anos de seu mandato sem ter de recorrer a alianças. Diante desse cenário, o PRO mudou sua postura em relação aos opositores. Se em 2015 não queria contato com nenhum peronista, agora tenta fechar alianças com alguns que estão insatisfeitos com o kirchnerismo. | 4 |
Peças de decoração deixam casa de veraneio com mais estilo; veja opções
| DE SÃO PAULO Uma casa de praia deve ter móveis em cores ligadas à ideia de frescor, como azul, branco e verde. Para os imóveis no campo, tons mais quentes, como amadeirados e terrosos, são indicados. A dica, para uma decoração que torne o ambiente de férias mais acolhedor, é de Ronald Monreal, professor de design de interiores do Senac. "É preciso ter cuidado, contudo, para manter o equilíbrio entre o ambiente e os móveis e acessórios." Também é importante atentar à qualidade do material de cada item, levando em conta o clima do lugar: na praia, priorize móveis que sejam resistentes à maresia; no campo, à umidade e ao vento. | sobretudo |
Peças de decoração deixam casa de veraneio com mais estilo; veja opções
DE SÃO PAULO Uma casa de praia deve ter móveis em cores ligadas à ideia de frescor, como azul, branco e verde. Para os imóveis no campo, tons mais quentes, como amadeirados e terrosos, são indicados. A dica, para uma decoração que torne o ambiente de férias mais acolhedor, é de Ronald Monreal, professor de design de interiores do Senac. "É preciso ter cuidado, contudo, para manter o equilíbrio entre o ambiente e os móveis e acessórios." Também é importante atentar à qualidade do material de cada item, levando em conta o clima do lugar: na praia, priorize móveis que sejam resistentes à maresia; no campo, à umidade e ao vento. | 17 |
Naufrágio no PA ainda pode ter sobreviventes, diz Corpo de Bombeiros | Ainda pode haver sobreviventes desaparecidos do naufrágio de uma embarcação com 70 pessoas no oeste do Pará na noite desta terça-feira (22). É essa a avaliação do coronel Augusto Lima, subcomandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, que está a cargo das operações de resgate. O acidente aconteceu a 500 metros da margem do rio, segundo o militar, o que facilitou que os sobreviventes chegassem a terra firme. "As buscas continuam em profundidade e em superfície. É um local de difícil comunicação. Das três aeronaves que encaminhamos ao local, uma é só para estabelecer um centro de telecomunicações." Até esta noite, 24 pessoas tinham sido resgatadas e 10 corpos foram encontrados –entre eles, um adolescente de cerca de 15 anos e uma criança com idade entre um e dois anos. O barco Comandante Ribeiro saiu de Santarém com destino a Vitória do Xingu, onde fica o porto mais próximo para passageiros que vão à cidade de Altamira. Por volta das 18h30, segundo o coronel Lima, o barco aportou em Porto de Moz, e o acidente aconteceu cerca de 40 quilômetros adiante, por volta das 21h, próximo à praia do Maruá, num local conhecido como Ponta Negra. Após o barco deixar a cidade, uma tempestade se formou na região. Ela é tratada como a principal causa do naufrágio. ACIDENTE Os bombeiros estimam cerca de 70 passageiros na embarcação, um dos principais meios de locomoção pelo interior do Pará, onde, em muitos casos, a única maneira possível de viajar é cruzando rios. É comum que esses barcos viagem acima da capacidade máxima permitida, dizem moradores da região, sobretudo por onde o barco passava, onde a fiscalização é difícil. A Marinha diz que autua barcos com excesso de passageiros, e que as multas podem variar entre R$ 80 e R$ 3.200. Naufrágio no rio Xingu O acidente registrado nesta terça ocorre 20 dias após outro naufrágio no Pará, que ocorreu no rio Amazonas, com nove desaparecidos. Em 2015, outro navio afundou com 5.000 bois vivos no nordeste do Estado. "Os barcos são as nossas ruas. Tem barco-motor o dia todo passando para um lado e para o outro, é muito comum. É como o trânsito de São Paulo, batidas acontecem. É muito grande o fluxo de navios, barco a motor, lancha. Não tem como não acontecer acidente", afirma o coronel Lima. Equipes do governo montaram uma sala de comando em Belém e uma sala de operações na Câmara Municipal de Porto de Moz, onde atuará o Centro de Perícias Científicas, para determinar as causas do naufrágio. TEMPESTADE O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) detectou um intenso deslocamento de nuvens saindo de Altamira em direção a Porto de Moz no início da noite desta terça, quando o naufrágio aconteceu. De acordo com José Raimundo Abreu e Souza, coordenador do instituto, imagens de satélite detectaram na região a presença de nuvens do tipo cúmulo-nimbo, que são conhecidas por causar tempestades. Elas têm extensão vertical de alguns quilômetros e geralmente ganham grande volume a partir do choque intenso entre massas de ar quente e frio. Ao perder calor e umidade dentro de uma "nuvem de tempestade", o ar se torna pesado e desce em forma de vento –que, ao bater no chão, se irradia e causa destruição por onde passa. "As nuvens cúmulo-nimbo causam chuvas severas e nada uniformes com ventos que chegam a atingir 80 km/h", diz o coordenador do Inmet. Em Porto de Moz choveu 14 milímetros entre 20h e 23h de terça, segundo o instituto. A velocidade do vento na região não foi medida porque o Inmet não possui equipamentos que fazem esse tipo de registro. | cotidiano | Naufrágio no PA ainda pode ter sobreviventes, diz Corpo de BombeirosAinda pode haver sobreviventes desaparecidos do naufrágio de uma embarcação com 70 pessoas no oeste do Pará na noite desta terça-feira (22). É essa a avaliação do coronel Augusto Lima, subcomandante geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, que está a cargo das operações de resgate. O acidente aconteceu a 500 metros da margem do rio, segundo o militar, o que facilitou que os sobreviventes chegassem a terra firme. "As buscas continuam em profundidade e em superfície. É um local de difícil comunicação. Das três aeronaves que encaminhamos ao local, uma é só para estabelecer um centro de telecomunicações." Até esta noite, 24 pessoas tinham sido resgatadas e 10 corpos foram encontrados –entre eles, um adolescente de cerca de 15 anos e uma criança com idade entre um e dois anos. O barco Comandante Ribeiro saiu de Santarém com destino a Vitória do Xingu, onde fica o porto mais próximo para passageiros que vão à cidade de Altamira. Por volta das 18h30, segundo o coronel Lima, o barco aportou em Porto de Moz, e o acidente aconteceu cerca de 40 quilômetros adiante, por volta das 21h, próximo à praia do Maruá, num local conhecido como Ponta Negra. Após o barco deixar a cidade, uma tempestade se formou na região. Ela é tratada como a principal causa do naufrágio. ACIDENTE Os bombeiros estimam cerca de 70 passageiros na embarcação, um dos principais meios de locomoção pelo interior do Pará, onde, em muitos casos, a única maneira possível de viajar é cruzando rios. É comum que esses barcos viagem acima da capacidade máxima permitida, dizem moradores da região, sobretudo por onde o barco passava, onde a fiscalização é difícil. A Marinha diz que autua barcos com excesso de passageiros, e que as multas podem variar entre R$ 80 e R$ 3.200. Naufrágio no rio Xingu O acidente registrado nesta terça ocorre 20 dias após outro naufrágio no Pará, que ocorreu no rio Amazonas, com nove desaparecidos. Em 2015, outro navio afundou com 5.000 bois vivos no nordeste do Estado. "Os barcos são as nossas ruas. Tem barco-motor o dia todo passando para um lado e para o outro, é muito comum. É como o trânsito de São Paulo, batidas acontecem. É muito grande o fluxo de navios, barco a motor, lancha. Não tem como não acontecer acidente", afirma o coronel Lima. Equipes do governo montaram uma sala de comando em Belém e uma sala de operações na Câmara Municipal de Porto de Moz, onde atuará o Centro de Perícias Científicas, para determinar as causas do naufrágio. TEMPESTADE O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) detectou um intenso deslocamento de nuvens saindo de Altamira em direção a Porto de Moz no início da noite desta terça, quando o naufrágio aconteceu. De acordo com José Raimundo Abreu e Souza, coordenador do instituto, imagens de satélite detectaram na região a presença de nuvens do tipo cúmulo-nimbo, que são conhecidas por causar tempestades. Elas têm extensão vertical de alguns quilômetros e geralmente ganham grande volume a partir do choque intenso entre massas de ar quente e frio. Ao perder calor e umidade dentro de uma "nuvem de tempestade", o ar se torna pesado e desce em forma de vento –que, ao bater no chão, se irradia e causa destruição por onde passa. "As nuvens cúmulo-nimbo causam chuvas severas e nada uniformes com ventos que chegam a atingir 80 km/h", diz o coordenador do Inmet. Em Porto de Moz choveu 14 milímetros entre 20h e 23h de terça, segundo o instituto. A velocidade do vento na região não foi medida porque o Inmet não possui equipamentos que fazem esse tipo de registro. | 5 |
Costa-riquenha conta seus lugares preferidos no Brasil | A consultora de investimentos costa-riquenha Priscilla Guerrero Pazos, 30, diz que puxou a mãe no gosto por viajar. Há quatro anos, ela saiu de San José, capital da Costa Rica, para fazer um mestrado no Rio de Janeiro, onde morou por dois anos até se mudar para São Paulo. Seu objetivo é fazer ao menos uma viagem por ano, sempre para um destino diferente. Abaixo, ela conta os seus quatro lugares preferidos no Brasil. * MAC-USP (SP) "O pôr do sol no topo do Museu de Arte Contemporânea da USP é incrível e tem vista para o Ibirapuera, meu parque favorito em São Paulo." PARQUE DA INDEPENDÊNCIA (SP) "Não sou brasileira, mas sinto algo muito forte quando vou para lá fazer exercícios. Sempre paro em frente da pira do Monumento à Independência." ARPOADOR (RJ) "Quando morei no Rio, as minhas corridas de rua terminavam ali. O local reúne as coisas que mais adoro: esporte e belas paisagens." FOZ DO IGUAÇU (PR) "A natureza de lá faz a gente sentir uma vibração. Estava com a minha mãe quando conheci o local, o que o torna mais especial | turismo | Costa-riquenha conta seus lugares preferidos no BrasilA consultora de investimentos costa-riquenha Priscilla Guerrero Pazos, 30, diz que puxou a mãe no gosto por viajar. Há quatro anos, ela saiu de San José, capital da Costa Rica, para fazer um mestrado no Rio de Janeiro, onde morou por dois anos até se mudar para São Paulo. Seu objetivo é fazer ao menos uma viagem por ano, sempre para um destino diferente. Abaixo, ela conta os seus quatro lugares preferidos no Brasil. * MAC-USP (SP) "O pôr do sol no topo do Museu de Arte Contemporânea da USP é incrível e tem vista para o Ibirapuera, meu parque favorito em São Paulo." PARQUE DA INDEPENDÊNCIA (SP) "Não sou brasileira, mas sinto algo muito forte quando vou para lá fazer exercícios. Sempre paro em frente da pira do Monumento à Independência." ARPOADOR (RJ) "Quando morei no Rio, as minhas corridas de rua terminavam ali. O local reúne as coisas que mais adoro: esporte e belas paisagens." FOZ DO IGUAÇU (PR) "A natureza de lá faz a gente sentir uma vibração. Estava com a minha mãe quando conheci o local, o que o torna mais especial | 13 |
Em vídeo, Cliff Williams anuncia sua saída do AC/DC após fim de turnê | O baixista Cliff Williams anunciou sua saída do AC/DC em um vídeo publicado no canal da banda no Youtube, nesta terça (20), dia em que o grupo arrematou a turnê Rock or Bust na Filadélfia. Williams disse estar "pronto para sair da estrada" e precisar de mais tempo para passar com a família e relaxar. O músico é o segundo membro da banda a deixá-la neste ano e o quarto desde 2014. O vocalista Brian Johnson deixou de viajar em turnê em março, sob preocupação de perda de audição. O guitarrista Malcolm Young se aposentou devido a razões de saúde em 2014 e o baterista Phil Rudd deixou a banda no mesmo ano em meio a acusações por uso de drogas. Williams disse que as saídas de seus parceiros não exerceu influência sobre sua decisão de deixar o grupo. Vídeo AC/DC | ilustrada | Em vídeo, Cliff Williams anuncia sua saída do AC/DC após fim de turnêO baixista Cliff Williams anunciou sua saída do AC/DC em um vídeo publicado no canal da banda no Youtube, nesta terça (20), dia em que o grupo arrematou a turnê Rock or Bust na Filadélfia. Williams disse estar "pronto para sair da estrada" e precisar de mais tempo para passar com a família e relaxar. O músico é o segundo membro da banda a deixá-la neste ano e o quarto desde 2014. O vocalista Brian Johnson deixou de viajar em turnê em março, sob preocupação de perda de audição. O guitarrista Malcolm Young se aposentou devido a razões de saúde em 2014 e o baterista Phil Rudd deixou a banda no mesmo ano em meio a acusações por uso de drogas. Williams disse que as saídas de seus parceiros não exerceu influência sobre sua decisão de deixar o grupo. Vídeo AC/DC | 6 |
Exotismo da nova fotografia chinesa atrai olhares ocidentais | Ele é chinês, mas seus olhos parecem menos rasgados do que os de seus pares orientais. Embora Ka Xiaoxi esteja imerso no universo da juventude de Xangai, a estética que imprime às suas imagens é só uma repetição da fórmula que cultuados artistas do Ocidente, como os alemães Juergen Teller e Wolfgang Tillmans, disseminaram no começo dos anos 1990. Nesse diário visual, cujas composições milimetricamente desleixadas foram reproduzidas por uma geração de fotógrafos de moda, o flash é agressivo, as cores são saturadas e os personagens —designers, músicos, artistas— parecem superdescolados e ultraentediados. Não à toa, as fotografias de Xiaoxi chamaram a atenção da "Dazed & Confused" e da "Vice", revistas que consagraram e, ainda hoje, celebram o estilo. Mas o autor de "Never Say Goodbye to Planet Booze" não é o único jovem fotógrafo chinês a fazer sucesso nos EUA. Ren Hang, 29, virou sensação na América, mas de maneira mais impressionante. No ano passado, após já ter realizado mostras em Paris, Alemanha e Dinamarca, expôs em Nova York, viu uma de suas imagens estampar a capa da publicação editada pela fundação Aperture, de fomento à fotografia, e foi um dos destaques da compilação "The Chinese Photobook", curada por Martin Parr. Cerceado pela censura de seu país, que não o deixa expor imagens de gente nua em galerias locais, Hang foi abraçado pelo Ocidente, que está obcecado pelos monstros sexuais que ele registra. Mãos, pênis, pernas, genitais e cabeças se entrelaçam e se desintegram para criar novas formas e humanos-animais em meio a orgias. Além do flash estourado e de uma abordagem calculadamente tosca, Hang e Xiaoxi se encontram na temática da vida íntima. As composições do primeiro, porém, vão além das inofensivas imagens de Xiaoxi, que estão mais para a estética de anúncios da grife American Apparel. Já Hang brinca com fetiches e provoca ao colocar o espectador diante de um zoológico humano. A atração pelo exotismo chinês segundo olhos ocidentais, aliás, continua sendo prática comum, como no caso de Thomas Sauvin, que recuperou 500 mil negativos datados entre 1985 e 2005 e condenados à reciclagem de prata em um lixão de Pequim. Para o fotolivro "Until Death Do Us Part", o francês editou fotografias de casamentos na China, onde há a tradição em que a noiva deve acender os cigarros de todos os homens na festa. A partir daí, tanto ela quanto o noivo iniciam uma série de brincadeiras que envolvem desde garrafas PET com furos para acomodar vários cigarros ao mesmo tempo até disputas por uma maçã amarrada a uma corda. São cenas indescritíveis e engraçadíssimas —ao menos para nós. Tanto Xiaoxi quanto Hang e Sauvin imprimem estilos bem distantes da sutileza de Chen Zhe, 26. Em 2011, ano em que terminou sua graduação no Art Center College of Design, em Los Angeles, a artista lançou "Bees", fotolivro sobre mulheres que se mutilam —o que também a inclui. A predileção por temas comportamentais mostra que a nova fotografia chinesa é menos centrada em particularidades locais e abordagens documentais. A nova leva é mais global, e o resto do mundo está de olhos bem abertos. | serafina | Exotismo da nova fotografia chinesa atrai olhares ocidentaisEle é chinês, mas seus olhos parecem menos rasgados do que os de seus pares orientais. Embora Ka Xiaoxi esteja imerso no universo da juventude de Xangai, a estética que imprime às suas imagens é só uma repetição da fórmula que cultuados artistas do Ocidente, como os alemães Juergen Teller e Wolfgang Tillmans, disseminaram no começo dos anos 1990. Nesse diário visual, cujas composições milimetricamente desleixadas foram reproduzidas por uma geração de fotógrafos de moda, o flash é agressivo, as cores são saturadas e os personagens —designers, músicos, artistas— parecem superdescolados e ultraentediados. Não à toa, as fotografias de Xiaoxi chamaram a atenção da "Dazed & Confused" e da "Vice", revistas que consagraram e, ainda hoje, celebram o estilo. Mas o autor de "Never Say Goodbye to Planet Booze" não é o único jovem fotógrafo chinês a fazer sucesso nos EUA. Ren Hang, 29, virou sensação na América, mas de maneira mais impressionante. No ano passado, após já ter realizado mostras em Paris, Alemanha e Dinamarca, expôs em Nova York, viu uma de suas imagens estampar a capa da publicação editada pela fundação Aperture, de fomento à fotografia, e foi um dos destaques da compilação "The Chinese Photobook", curada por Martin Parr. Cerceado pela censura de seu país, que não o deixa expor imagens de gente nua em galerias locais, Hang foi abraçado pelo Ocidente, que está obcecado pelos monstros sexuais que ele registra. Mãos, pênis, pernas, genitais e cabeças se entrelaçam e se desintegram para criar novas formas e humanos-animais em meio a orgias. Além do flash estourado e de uma abordagem calculadamente tosca, Hang e Xiaoxi se encontram na temática da vida íntima. As composições do primeiro, porém, vão além das inofensivas imagens de Xiaoxi, que estão mais para a estética de anúncios da grife American Apparel. Já Hang brinca com fetiches e provoca ao colocar o espectador diante de um zoológico humano. A atração pelo exotismo chinês segundo olhos ocidentais, aliás, continua sendo prática comum, como no caso de Thomas Sauvin, que recuperou 500 mil negativos datados entre 1985 e 2005 e condenados à reciclagem de prata em um lixão de Pequim. Para o fotolivro "Until Death Do Us Part", o francês editou fotografias de casamentos na China, onde há a tradição em que a noiva deve acender os cigarros de todos os homens na festa. A partir daí, tanto ela quanto o noivo iniciam uma série de brincadeiras que envolvem desde garrafas PET com furos para acomodar vários cigarros ao mesmo tempo até disputas por uma maçã amarrada a uma corda. São cenas indescritíveis e engraçadíssimas —ao menos para nós. Tanto Xiaoxi quanto Hang e Sauvin imprimem estilos bem distantes da sutileza de Chen Zhe, 26. Em 2011, ano em que terminou sua graduação no Art Center College of Design, em Los Angeles, a artista lançou "Bees", fotolivro sobre mulheres que se mutilam —o que também a inclui. A predileção por temas comportamentais mostra que a nova fotografia chinesa é menos centrada em particularidades locais e abordagens documentais. A nova leva é mais global, e o resto do mundo está de olhos bem abertos. | 25 |
Aplicativo usa localização de cliente via GPS para enviar promoções | Durante uma viagem de compras a Nova York, Lisa Libretto recebeu um alerta em seu celular: uma bolsa da marca Vince Camuto que ela havia cobiçado em um site de compras estava com desconto de US$ 25 (R$ 101) em uma loja das redondezas. O alerta soou quando ela se aproximava da entrada do estabelecimento. Em seguida, ela comprou a bolsa. O momento do alerta não foi coincidência. O aplicativo ShopAdvisor usa uma nova tecnologia de marketing chamada "beacon" (farol), em que sensores digitais interagem com smartphones e seus usuários a partir de sua localização por GPS. Os comerciantes estão conscientes de que, apesar da popularidade das compras on-line, quase 92% das vendas no varejo são feitas em lojas concretas. Com a onipresença dos smartphones,varejistas e empresas de tecnologia passaram os últimos anos tentando encontrar maneiras de criar aplicativos que estimulassem o consumo. No entanto, clientes que baixaram apps de lojas muitas vezes se viram inundados por alertas repetidos e inoportunos Agora, a ShopAdvisor, empresa de quatro anos sediada em Massachusetts (EUA), incorporou a tecnologia "beacon" de uma nova maneira. Ela usa análises de dados que filtram as preferências de cada consumidor e permite que comerciantes enviem alertas personalizados oferecendo descontos, divulgando liquidações e divulgando conteúdo que possa influenciar na decisão de compra. "Quando você envia a um cliente uma mensagem de marketing sobre algo que ele realmente quer, em um lugar onde ele possa aproveitar, não parece um anúncio ou um incômodo", afirma Scott Cooper, fundador e presidente da ShopAdvisor. As receitas da ShopAdvisor vêm de taxas pagas por seus clientes, empresas de marketing e varejistas. Uma das ações da empresa foi em parceria com uma revista feminina americana e marcas anunciantes da publicação. Nela, o aplicativo da ShopAdvisor detectava quando uma leitora da revista estava perto de uma loja e enviava uma notificação. Para funcionar, os sensores, ou "faróis", foram instalados em mais de 1.600 lojas. Leah Robert, vice-presidente-executiva da marca de bolsas Vince Camuto, participante da ação, afirma que, em uma semana, as vendas médias aumentaram 30%. PRIVACIDADE Preocupações com a privacidade são o maior desafio para empresas que contatam os usuários de smartphones. "Os clientes querem se sentir especiais, mas não querem sentir que estão no Big Brother", diz Robert. Parte do sucesso da ShopAdvisor vem da capacidade de identificar clientes que demonstraram um sério interesse por produtos e que usam o aplicativo da empresa. "Se você nunca tiver demonstrado o menor interesse por um produto, nós a deixaremos em paz", diz Cooper. Tradução de PAULO MIGLIACCI | mercado | Aplicativo usa localização de cliente via GPS para enviar promoçõesDurante uma viagem de compras a Nova York, Lisa Libretto recebeu um alerta em seu celular: uma bolsa da marca Vince Camuto que ela havia cobiçado em um site de compras estava com desconto de US$ 25 (R$ 101) em uma loja das redondezas. O alerta soou quando ela se aproximava da entrada do estabelecimento. Em seguida, ela comprou a bolsa. O momento do alerta não foi coincidência. O aplicativo ShopAdvisor usa uma nova tecnologia de marketing chamada "beacon" (farol), em que sensores digitais interagem com smartphones e seus usuários a partir de sua localização por GPS. Os comerciantes estão conscientes de que, apesar da popularidade das compras on-line, quase 92% das vendas no varejo são feitas em lojas concretas. Com a onipresença dos smartphones,varejistas e empresas de tecnologia passaram os últimos anos tentando encontrar maneiras de criar aplicativos que estimulassem o consumo. No entanto, clientes que baixaram apps de lojas muitas vezes se viram inundados por alertas repetidos e inoportunos Agora, a ShopAdvisor, empresa de quatro anos sediada em Massachusetts (EUA), incorporou a tecnologia "beacon" de uma nova maneira. Ela usa análises de dados que filtram as preferências de cada consumidor e permite que comerciantes enviem alertas personalizados oferecendo descontos, divulgando liquidações e divulgando conteúdo que possa influenciar na decisão de compra. "Quando você envia a um cliente uma mensagem de marketing sobre algo que ele realmente quer, em um lugar onde ele possa aproveitar, não parece um anúncio ou um incômodo", afirma Scott Cooper, fundador e presidente da ShopAdvisor. As receitas da ShopAdvisor vêm de taxas pagas por seus clientes, empresas de marketing e varejistas. Uma das ações da empresa foi em parceria com uma revista feminina americana e marcas anunciantes da publicação. Nela, o aplicativo da ShopAdvisor detectava quando uma leitora da revista estava perto de uma loja e enviava uma notificação. Para funcionar, os sensores, ou "faróis", foram instalados em mais de 1.600 lojas. Leah Robert, vice-presidente-executiva da marca de bolsas Vince Camuto, participante da ação, afirma que, em uma semana, as vendas médias aumentaram 30%. PRIVACIDADE Preocupações com a privacidade são o maior desafio para empresas que contatam os usuários de smartphones. "Os clientes querem se sentir especiais, mas não querem sentir que estão no Big Brother", diz Robert. Parte do sucesso da ShopAdvisor vem da capacidade de identificar clientes que demonstraram um sério interesse por produtos e que usam o aplicativo da empresa. "Se você nunca tiver demonstrado o menor interesse por um produto, nós a deixaremos em paz", diz Cooper. Tradução de PAULO MIGLIACCI | 2 |
Leitor elogia jogador que ganhou prêmio de gol mais bonito do ano | O otimismo é uma arma poderosíssima para vencer na vida. Poucos, porém, sabem utilizá-la adequadamente. O exemplo vem do humilde jogador do Goianésia Wendell Lira. Ao agradecer a honraria pelo mais belo gol do futebol mundial, conferida pela Fifa, deixou a seguinte mensagem bíblica: "Quando Golias apareceu, disseram: 'Ele é muito forte, grande, não tem como ganhar dele'. Davi disse: 'Ele é muito grande, não tem como não acertar". * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | paineldoleitor | Leitor elogia jogador que ganhou prêmio de gol mais bonito do anoO otimismo é uma arma poderosíssima para vencer na vida. Poucos, porém, sabem utilizá-la adequadamente. O exemplo vem do humilde jogador do Goianésia Wendell Lira. Ao agradecer a honraria pelo mais belo gol do futebol mundial, conferida pela Fifa, deixou a seguinte mensagem bíblica: "Quando Golias apareceu, disseram: 'Ele é muito forte, grande, não tem como ganhar dele'. Davi disse: 'Ele é muito grande, não tem como não acertar". * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | 8 |
Foto de tubarão nadando com surfista e outros incríveis finalistas de prêmio global | O prêmio "Wildlife Photographer of the Year", que premia as melhores imagens da vida selvagem, revelou algumas das fotos finalistas da edição de 2015. A imagem de um surfista ao lado de um tubarão, tirada por Thomas Peschak em Durban, na África do Sul, é uma delas. Os vencedores do 51º Wildlife Photographer of the Year, realizado pelo Museu de História Natural de Londres, serão revelados no dia 13 de outubro de 2015. | bbc | Foto de tubarão nadando com surfista e outros incríveis finalistas de prêmio globalO prêmio "Wildlife Photographer of the Year", que premia as melhores imagens da vida selvagem, revelou algumas das fotos finalistas da edição de 2015. A imagem de um surfista ao lado de um tubarão, tirada por Thomas Peschak em Durban, na África do Sul, é uma delas. Os vencedores do 51º Wildlife Photographer of the Year, realizado pelo Museu de História Natural de Londres, serão revelados no dia 13 de outubro de 2015. | 18 |
São Paulo confirma expectativa e bate recorde de público no Brasil em 2016 | O São Paulo bateu, nesta quarta-feira (13), o recorde de público no Brasil em 2016. Apesar de ter tido um ano com muitos jogos para poucos torcedores, a partida decisiva contra o River Plate (ARG), pela Libertadores, atraiu 51.342 torcedores ao Morumbi. O número é superior aos 48.204 que assistiram ao clássico entre Grêmio e Inter pelo Campeonato Gaúcho, no dia 6 de março. Neste ano, o São Paulo chegou a colocar menos de 3.000 torcedores no Pacaembu, em partida do Paulista, contra o Botafogo-SP, e teve prejuízo em três dos sete jogos como mandante no Estadual. Em contraste, a renda do jogo desta quarta foi de R$ 2.550.465. O São Paulo venceu o River por 2 a 1, com dois gols de Calleri, e agora só precisa de um empate contra o The Strongest (BOL), na próxima quinta (21), para se classificar às oitavas de final da competição sul-americana. | esporte | São Paulo confirma expectativa e bate recorde de público no Brasil em 2016O São Paulo bateu, nesta quarta-feira (13), o recorde de público no Brasil em 2016. Apesar de ter tido um ano com muitos jogos para poucos torcedores, a partida decisiva contra o River Plate (ARG), pela Libertadores, atraiu 51.342 torcedores ao Morumbi. O número é superior aos 48.204 que assistiram ao clássico entre Grêmio e Inter pelo Campeonato Gaúcho, no dia 6 de março. Neste ano, o São Paulo chegou a colocar menos de 3.000 torcedores no Pacaembu, em partida do Paulista, contra o Botafogo-SP, e teve prejuízo em três dos sete jogos como mandante no Estadual. Em contraste, a renda do jogo desta quarta foi de R$ 2.550.465. O São Paulo venceu o River por 2 a 1, com dois gols de Calleri, e agora só precisa de um empate contra o The Strongest (BOL), na próxima quinta (21), para se classificar às oitavas de final da competição sul-americana. | 3 |
Governo do RS paga salários, mas dá novo calote em dívida com a União | O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), anunciou na manhã desta terça-feira (11) o pagamento dos salários atrasados dos servidores e novo calote da dívida do Estado com a União, cujo vencimento é o último dia de cada mês. Desde abril, o governo gaúcho vem atrasando o pagamento das parcelas da dívida, mas sempre quitou os R$ 280 milhões mensais até no máximo dia 10 do mês seguinte. Agora, em agosto, o atraso se estendeu ainda mais e o governo gaúcho já teme que a União bloqueie o repasse de verbas federais nos próximos meses. O atraso nos salários dos funcionários estaduais gerou uma paralisação da categoria e consequentemente problemas à população, como policiamento reduzido nas ruas e escolas fechadas na semana passada. Com o Estado em crise financeira, Sartori havia decidido parcelar os pagamentos para os servidores com salários maiores do que R$ 2.150 mensais (48% do total). Esses funcionários receberiam em duas parcelas: em 13 e 25 de agosto, quase na data do pagamento do próximo mês. Agora, Sartori anunciou o pagamento integral nesta terça, exatamente uma semana antes da greve geral de professores, policiais e demais categorias, marcada para 18 de agosto. A mudança de planos ocorreu devido ao ingresso da receita do ICMS (imposto sobre mercadorias e serviços) nos cofres do Estado. Para o mês que vem, porém, o governo não garantiu o pagamento em dia dos salários. 'ESCOLHA DE RISCOS' Sobre o atraso no pagamento da parcela deste mês da dívida com a União, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, disse se tratar de "uma escolha com riscos". Além do atraso de salários, diversos fornecedores do Estado sofreram calote no início do ano com os cortes no orçamento anunciados pelo governador. O déficit nos cofres gaúchos é calculado pela atual administração em R$ 5 bilhões, deixados, segundo Sartori, pelo governador anterior, Tarso Genro (PT). PARALISAÇÕES No dia 3 de agosto policias militares, civis e professores paralisaram suas atividades. Desde então, outras diversas paralisações estão sendo organizadas em cidades no interior como preparação para a greve geral de 18 de agosto. O governo tenta reverter no STF a ordem que determina pagamento integral dos servidores. O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, votou contra o recurso do governo por entender que o salário é "verba alimentar" e, por isso, é prioridade. Lewandowski lembrou da possibilidade de intervenção federal no Estado, o que provocou uma viagem de Sartori a Brasília para tentar convencer ministros indecisos sobre a questão. O recurso ainda não foi votado. | poder | Governo do RS paga salários, mas dá novo calote em dívida com a UniãoO governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), anunciou na manhã desta terça-feira (11) o pagamento dos salários atrasados dos servidores e novo calote da dívida do Estado com a União, cujo vencimento é o último dia de cada mês. Desde abril, o governo gaúcho vem atrasando o pagamento das parcelas da dívida, mas sempre quitou os R$ 280 milhões mensais até no máximo dia 10 do mês seguinte. Agora, em agosto, o atraso se estendeu ainda mais e o governo gaúcho já teme que a União bloqueie o repasse de verbas federais nos próximos meses. O atraso nos salários dos funcionários estaduais gerou uma paralisação da categoria e consequentemente problemas à população, como policiamento reduzido nas ruas e escolas fechadas na semana passada. Com o Estado em crise financeira, Sartori havia decidido parcelar os pagamentos para os servidores com salários maiores do que R$ 2.150 mensais (48% do total). Esses funcionários receberiam em duas parcelas: em 13 e 25 de agosto, quase na data do pagamento do próximo mês. Agora, Sartori anunciou o pagamento integral nesta terça, exatamente uma semana antes da greve geral de professores, policiais e demais categorias, marcada para 18 de agosto. A mudança de planos ocorreu devido ao ingresso da receita do ICMS (imposto sobre mercadorias e serviços) nos cofres do Estado. Para o mês que vem, porém, o governo não garantiu o pagamento em dia dos salários. 'ESCOLHA DE RISCOS' Sobre o atraso no pagamento da parcela deste mês da dívida com a União, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, disse se tratar de "uma escolha com riscos". Além do atraso de salários, diversos fornecedores do Estado sofreram calote no início do ano com os cortes no orçamento anunciados pelo governador. O déficit nos cofres gaúchos é calculado pela atual administração em R$ 5 bilhões, deixados, segundo Sartori, pelo governador anterior, Tarso Genro (PT). PARALISAÇÕES No dia 3 de agosto policias militares, civis e professores paralisaram suas atividades. Desde então, outras diversas paralisações estão sendo organizadas em cidades no interior como preparação para a greve geral de 18 de agosto. O governo tenta reverter no STF a ordem que determina pagamento integral dos servidores. O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, votou contra o recurso do governo por entender que o salário é "verba alimentar" e, por isso, é prioridade. Lewandowski lembrou da possibilidade de intervenção federal no Estado, o que provocou uma viagem de Sartori a Brasília para tentar convencer ministros indecisos sobre a questão. O recurso ainda não foi votado. | 0 |
Pc Farias, 20 anos: O crime que abalou o país | Dois tiros sem nenhum autor. Dois mortos numa casa vigiada por quatro seguranças sem nenhum culpado.O assassinato de Paulo César Cavalcante Farias e de Suzana Marcolino da Silva completa duas décadas com a mesma pergunta sem resposta: "Quem matou PC Farias?".Faz 20 anos que se busca uma solução para um crime que abalou a política brasileira nos anos 90 e que, desde o júri em 2013, foi reconhecido como duplo homicídio.Até hoje, porém, não se sabe quem atirou no tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor (1990-92). Nem se houve mandante para o assassinato da peça central do esquema de corrupção que levou ao primeiro impeachment do país, em 1992.PC foi encontrado morto na manhã de 23 de junho de 1996 pelos seguranças. Vestindo pijama, estava na cama, ao lado da namorada, numa casa de praia em Guaxuma, litoral norte de Maceió. Cada um levara um tiro no peito.Leia mais: http://temas.folha.uol.com.br/20-do-assassinato-de-pc-farias/ | tv | Pc Farias, 20 anos: O crime que abalou o paísDois tiros sem nenhum autor. Dois mortos numa casa vigiada por quatro seguranças sem nenhum culpado.O assassinato de Paulo César Cavalcante Farias e de Suzana Marcolino da Silva completa duas décadas com a mesma pergunta sem resposta: "Quem matou PC Farias?".Faz 20 anos que se busca uma solução para um crime que abalou a política brasileira nos anos 90 e que, desde o júri em 2013, foi reconhecido como duplo homicídio.Até hoje, porém, não se sabe quem atirou no tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor (1990-92). Nem se houve mandante para o assassinato da peça central do esquema de corrupção que levou ao primeiro impeachment do país, em 1992.PC foi encontrado morto na manhã de 23 de junho de 1996 pelos seguranças. Vestindo pijama, estava na cama, ao lado da namorada, numa casa de praia em Guaxuma, litoral norte de Maceió. Cada um levara um tiro no peito.Leia mais: http://temas.folha.uol.com.br/20-do-assassinato-de-pc-farias/ | 11 |
Mudança em lei encarece imóveis em SP, diz entidade | As mudanças previstas no projeto de lei de revisão do zoneamento da cidade de São Paulo vão encarecer ainda mais os preços dos imóveis na capital, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação). O setor já enfrenta uma elevação nos custos desde 2014, por causa de regras do novo Plano Diretor que causaram alta nos valores de terrenos e taxas necessárias para construção de prédios maiores. De janeiro a maio deste ano, o número de unidades residenciais lançadas na capital caiu 15% em relação ao mesmo período de 2014, enquanto nas demais cidades da região metropolitana houve um aumento de 25%. A ampliação das exigências na capital deverá reforçar essa a migração. "Se o empreendedor não consegue viabilizar o projeto aqui [em São Paulo], vai fazer na cidade vizinha", diz ele. "O preço é mais atrativo, a pessoa vai morar lá, mas continua trabalhando aqui, o que desvirtua o objetivo de melhora da mobilidade." Com o Plano Diretor, já existia uma previsão feita pelo Secovi-SP de que, em cerca de 70% dos novos projetos imobiliários, haveria um aumento médio de 5% no preço final das unidades. A priorização de empreendimentos em eixos de transporte de massa, como nas proximidades de estações de metrô e corredores de ônibus, também fez com que houvesse um aumento nos preços dos terrenos nesses locais. "Está muito complicado porque ficou difícil viabilizar os empreendimentos. Até dois meses atrás nenhum projeto havia sido aprovado no novo Plano Diretor", diz. "Agora, há dispositivos no projeto da lei de zoneamento enviado à Câmara que elevam ainda mais os custos." Queixas Entre os pontos questionados pelo Secovi-SP está a obrigatoriedade de criação de loteamentos para empreendimentos que ocupem mais de 15 mil metros quadrados –hoje, não existe limitação. Nesses projetos de loteamentos, o empreendedor tem de doar ao poder público 40% do espaço total para áreas verdes e ruas. "Só isso aumenta o custo da unidade final em mais 8%." O endurecimento da norma que proíbe prédios com mais de oito andares nos miolos dos bairros, fora dos eixos de transporte de massa, é outra questão levantada. Também há o receio de que não haverá demanda suficiente para a ocupação de áreas comerciais no térreo de edifícios mistos, cuja construção será incentivada. Os temas foram levados pelo Secovi-SP ao prefeito Fernando Haddad em uma reunião há duas semanas. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano não informou o número de projetos aprovados neste ano. Em nota, afirmou que avalia as demandas e que elas poderão ser debatidas em audiências públicas na Câmara, antes da aprovação final da lei. "Como forçar a colocação de comércios em térreos de prédios onde não há potencialidade?" "O Plano Diretor não considerava o incremento nos preços dos terrenos. A conta não fecha. O empreendedor vai construir na cidade vizinha" Claudio Bernardes, presidente do sindicato da habitação Infográfico MOBILIDADE PARA FORA DE SP - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress * Confiança do empresário cai para mínima histórica Após registrar leve alta em junho, a confiança do comerciante brasileiro voltou a cair em julho e atingiu seu menor nível histórico: 85 pontos (em escala de 0 a 200). Na comparação com julho do ano passado, houve retração de 21,6%. Em relação a junho de 2015, o recuo foi de 1,7%, segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio). Dos empresários entrevistados pela entidade, 92,8% afirmaram que houve piora no cenário econômico nos últimos 12 meses. Entre os itens analisados, condições atuais do comerciante tiveram o pior desempenho: queda de 45% na comparação com o ano passado e de 5% ante junho. As expectativas são o subíndice em melhora patamar: 125,5 pontos. Ao todo, 6.000 pessoas foram ouvidas. Infográfico CONFIANÇA DO COMERCIANTE - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress * Vidro oriental A Kwangjin, fabricante sul-coreana de peças automotivas, investirá R$ 35 milhões para instalar sua primeira unidade na América do Sul, em Sumaré (SP). A empresa vai fornecer mecanismos para janelas de carros para montadoras de veículos no Brasil. "Apesar das adversidades econômicas, já estudávamos vir para o país. Vemos potencial nesse mercado", afirma Daniel Kim, diretor-executivo da companhia. A unidade terá capacidade para oferecer peças para 600 mil automóveis por ano e gerará 170 empregos diretos. A princípio, as peças serão importadas e somente montadas em São Paulo. "Temos planos de longo prazo. Até 2020, pretendemos investir mais R$ 70 milhões para ampliar nossa capacidade e talvez nacionalizar a produção", diz Kim. US$ 660 milhões foi o faturamento do grupo em 2014, cerca de R$ 2,3 bilhões na cotação atual 16 é o número de países onde a empresa tem fábricas * Campo... A petroleira norueguesa Statoil completou, na última semana, 100 milhões de barris de óleo produzidos no Campo de Peregrino, na costa do Rio de Janeiro. ...brasileiro Esse é o maior campo de exploração de petróleo e gás operado pela empresa fora da Noruega. Bem... A Racon Consórcios, marca de franquias do grupo Randon, deverá aumentar em mais de 20% o número de lojas neste ano. ...parcelado No fim de 2014, eram 110 pontos em operação –hoje são 130. * Hora do café com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI | colunas | Mudança em lei encarece imóveis em SP, diz entidadeAs mudanças previstas no projeto de lei de revisão do zoneamento da cidade de São Paulo vão encarecer ainda mais os preços dos imóveis na capital, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação). O setor já enfrenta uma elevação nos custos desde 2014, por causa de regras do novo Plano Diretor que causaram alta nos valores de terrenos e taxas necessárias para construção de prédios maiores. De janeiro a maio deste ano, o número de unidades residenciais lançadas na capital caiu 15% em relação ao mesmo período de 2014, enquanto nas demais cidades da região metropolitana houve um aumento de 25%. A ampliação das exigências na capital deverá reforçar essa a migração. "Se o empreendedor não consegue viabilizar o projeto aqui [em São Paulo], vai fazer na cidade vizinha", diz ele. "O preço é mais atrativo, a pessoa vai morar lá, mas continua trabalhando aqui, o que desvirtua o objetivo de melhora da mobilidade." Com o Plano Diretor, já existia uma previsão feita pelo Secovi-SP de que, em cerca de 70% dos novos projetos imobiliários, haveria um aumento médio de 5% no preço final das unidades. A priorização de empreendimentos em eixos de transporte de massa, como nas proximidades de estações de metrô e corredores de ônibus, também fez com que houvesse um aumento nos preços dos terrenos nesses locais. "Está muito complicado porque ficou difícil viabilizar os empreendimentos. Até dois meses atrás nenhum projeto havia sido aprovado no novo Plano Diretor", diz. "Agora, há dispositivos no projeto da lei de zoneamento enviado à Câmara que elevam ainda mais os custos." Queixas Entre os pontos questionados pelo Secovi-SP está a obrigatoriedade de criação de loteamentos para empreendimentos que ocupem mais de 15 mil metros quadrados –hoje, não existe limitação. Nesses projetos de loteamentos, o empreendedor tem de doar ao poder público 40% do espaço total para áreas verdes e ruas. "Só isso aumenta o custo da unidade final em mais 8%." O endurecimento da norma que proíbe prédios com mais de oito andares nos miolos dos bairros, fora dos eixos de transporte de massa, é outra questão levantada. Também há o receio de que não haverá demanda suficiente para a ocupação de áreas comerciais no térreo de edifícios mistos, cuja construção será incentivada. Os temas foram levados pelo Secovi-SP ao prefeito Fernando Haddad em uma reunião há duas semanas. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano não informou o número de projetos aprovados neste ano. Em nota, afirmou que avalia as demandas e que elas poderão ser debatidas em audiências públicas na Câmara, antes da aprovação final da lei. "Como forçar a colocação de comércios em térreos de prédios onde não há potencialidade?" "O Plano Diretor não considerava o incremento nos preços dos terrenos. A conta não fecha. O empreendedor vai construir na cidade vizinha" Claudio Bernardes, presidente do sindicato da habitação Infográfico MOBILIDADE PARA FORA DE SP - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress * Confiança do empresário cai para mínima histórica Após registrar leve alta em junho, a confiança do comerciante brasileiro voltou a cair em julho e atingiu seu menor nível histórico: 85 pontos (em escala de 0 a 200). Na comparação com julho do ano passado, houve retração de 21,6%. Em relação a junho de 2015, o recuo foi de 1,7%, segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio). Dos empresários entrevistados pela entidade, 92,8% afirmaram que houve piora no cenário econômico nos últimos 12 meses. Entre os itens analisados, condições atuais do comerciante tiveram o pior desempenho: queda de 45% na comparação com o ano passado e de 5% ante junho. As expectativas são o subíndice em melhora patamar: 125,5 pontos. Ao todo, 6.000 pessoas foram ouvidas. Infográfico CONFIANÇA DO COMERCIANTE - Crédito: Editoria de Arte/Folhapress * Vidro oriental A Kwangjin, fabricante sul-coreana de peças automotivas, investirá R$ 35 milhões para instalar sua primeira unidade na América do Sul, em Sumaré (SP). A empresa vai fornecer mecanismos para janelas de carros para montadoras de veículos no Brasil. "Apesar das adversidades econômicas, já estudávamos vir para o país. Vemos potencial nesse mercado", afirma Daniel Kim, diretor-executivo da companhia. A unidade terá capacidade para oferecer peças para 600 mil automóveis por ano e gerará 170 empregos diretos. A princípio, as peças serão importadas e somente montadas em São Paulo. "Temos planos de longo prazo. Até 2020, pretendemos investir mais R$ 70 milhões para ampliar nossa capacidade e talvez nacionalizar a produção", diz Kim. US$ 660 milhões foi o faturamento do grupo em 2014, cerca de R$ 2,3 bilhões na cotação atual 16 é o número de países onde a empresa tem fábricas * Campo... A petroleira norueguesa Statoil completou, na última semana, 100 milhões de barris de óleo produzidos no Campo de Peregrino, na costa do Rio de Janeiro. ...brasileiro Esse é o maior campo de exploração de petróleo e gás operado pela empresa fora da Noruega. Bem... A Racon Consórcios, marca de franquias do grupo Randon, deverá aumentar em mais de 20% o número de lojas neste ano. ...parcelado No fim de 2014, eram 110 pontos em operação –hoje são 130. * Hora do café com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI | 1 |
Delegado da Lava Jato questiona acidente e pede investigação | Um dos principais investigadores da Operação Lava Jato, o delegado federal Marcio Adriano Anselmo pediu a investigação "a fundo" da morte do ministro Teori Zavascki, "na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht". "Esse 'acidente' deve ser investigado a fundo", escreveu em sua página no Facebook, destacando a palavra "acidente" entre aspas. Anselmo afirmou que a morte de Teori é "o prenúncio do fim de uma era" e disse que ele "lavou a alma do STF à frente da Lava Jato". "Surpreendeu a todos pelo extremo zelo com que suportou todo esse período conturbado", afirmou. À Folha, Anselmo disse que o post foi um "desabafo pessoal". "Ele fez história", afirmou. A Polícia Federal informou, por meio de nota, que abriu inquérito para apurar as causas do acidente aéreo que matou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, e outras três pessoas. Uma equipe de policiais especializados nesse tipo de investigação está a caminho de Paraty, segundo a PF. Paralelamente às investigações da PF e do MPF, o Ministério Público do Rio de Janeiro também determinou a instauração de inquérito policial para apurar as causas da queda do avião. A Promotoria diz que acompanha o caso com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ, dando apoio à apuração, e que vai aguardar a perícia do Cenipa para avaliar os próximos passos da investigação. Teori Zavascki, 68, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, morreu na tarde desta quinta-feira (19) em um acidente de avião na costa de Paraty (RJ). O Corpo de Bombeiros do Rio confirmou que ao menos três pessoas morreram na queda. De acordo com os bombeiros, o avião permanece submerso e três pessoas estão presas nas ferragens. Não há informações até o momento sobre demais ocupantes. A capacidade da aeronave é de sete pessoas, incluindo tripulantes. Juiz da corte desde 2012, ele era responsável pelos casos da Lava Jato que envolvem pessoas com foro privilegiado, como congressistas e ministros. | poder | Delegado da Lava Jato questiona acidente e pede investigaçãoUm dos principais investigadores da Operação Lava Jato, o delegado federal Marcio Adriano Anselmo pediu a investigação "a fundo" da morte do ministro Teori Zavascki, "na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht". "Esse 'acidente' deve ser investigado a fundo", escreveu em sua página no Facebook, destacando a palavra "acidente" entre aspas. Anselmo afirmou que a morte de Teori é "o prenúncio do fim de uma era" e disse que ele "lavou a alma do STF à frente da Lava Jato". "Surpreendeu a todos pelo extremo zelo com que suportou todo esse período conturbado", afirmou. À Folha, Anselmo disse que o post foi um "desabafo pessoal". "Ele fez história", afirmou. A Polícia Federal informou, por meio de nota, que abriu inquérito para apurar as causas do acidente aéreo que matou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, e outras três pessoas. Uma equipe de policiais especializados nesse tipo de investigação está a caminho de Paraty, segundo a PF. Paralelamente às investigações da PF e do MPF, o Ministério Público do Rio de Janeiro também determinou a instauração de inquérito policial para apurar as causas da queda do avião. A Promotoria diz que acompanha o caso com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ, dando apoio à apuração, e que vai aguardar a perícia do Cenipa para avaliar os próximos passos da investigação. Teori Zavascki, 68, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, morreu na tarde desta quinta-feira (19) em um acidente de avião na costa de Paraty (RJ). O Corpo de Bombeiros do Rio confirmou que ao menos três pessoas morreram na queda. De acordo com os bombeiros, o avião permanece submerso e três pessoas estão presas nas ferragens. Não há informações até o momento sobre demais ocupantes. A capacidade da aeronave é de sete pessoas, incluindo tripulantes. Juiz da corte desde 2012, ele era responsável pelos casos da Lava Jato que envolvem pessoas com foro privilegiado, como congressistas e ministros. | 0 |
Novo filme mostra que errantes de Wenders perdem lugar no mundo | Faz poucos meses eu revi "Paris-Texas" (1984). Talvez não seja mais tão atual quanto era na época. Pouco importa: o talento de Wim Wenders ali é evidente, a força das imagens continua a impressionar. Era o tempo, ainda, em que os personagens do cineasta alemão andavam de um lado para o outro, atravessando ora um deserto, ora um país. Buscavam alguma coisa? Ou não buscavam nada? Esses seres errantes sumiram desde então. Wenders acumulou filmes ora desinteressantes, ora fracassados. Alguns deviam seu encanto quase exclusivamente ao objeto ("Buena Vista Social Club"). Em outros casos, mesmo o interesse que desperta o objeto ficou pelo caminho (em "Pina", em função do uso do 3D). O que teria acontecido, enfim, a ex-Wim? —pode-se perguntar nesta era de super-heróis em série? Eis a questão que "Os Belos Dias de Aranjuez" nos força a encarar. Primeiro, existem os super-heróis, claro. A dúvida (assim como sua gêmea, a tolerância) passou a ser mal avaliada: é como se cada um tivesse de antemão todas as certezas. Não é o melhor ambiente para Wim lançar seus personagens errantes, à procura de algo que às vezes nem eles sabiam o que era. Isto é: talvez não seja por acaso que seu último filme memorável, "Asas do Desejo" (1987), tenha sido feito pouco antes do fim do Muro de Berlim. Wenders parece não caber no mundo que daí surgiu. Tampouco o dramaturgo Peter Handke, seu parceiro nos melhores dias e agora, novamente, em "Aranjuez". Tudo começa com um escritor diante da máquina de escrever. Logo ele começa a conceber sua história: há um jardim, bem à sua frente, onde um homem e uma mulher conversam, sentados, em torno de uma mesa. O que parece que vai se estabelecer é um diálogo libertino, incitado pelo homem (Reda Kateb), que pergunta à mulher (Sophie Semin) sobre sua primeira vez (primeira experiência sexual, é evidente). Eis uma questão que combina com a paisagem, mas não com o 3D. O 3D é muito bom para fazer aparecer diante de nós um tubarão ou algo assim. Não para um diálogo filosófico, que é o que se desenha desde então. Na verdade não é bem um diálogo: o homem coloca questões, a mulher responde. Ela não parece ter interesse maior por ele. E as perguntas que ele formula, a partir de certo instante (logo) parecem não raro mera formalidade. MULHER DIÁFANA À questão inicial a mulher responderá dizendo que sua "primeira vez" foi sozinha e na infância. Que primeira vez é essa? Algo muito especial, sem dúvida. E todo o desenvolvimento se dará em torno dessa mulher diáfana demais, profunda demais para um diálogo libertino. Especial é também o suave sotaque dos dois atores: o falar do homem e da mulher nos remetem à dicção dos personagens de "Hiroshima Meu Amor". E, como no filme de Alain Resnais, eles parecem irremediavelmente deslocados: franceses de origens provavelmente distintas em Aranjuez (Espanha), assim como Handke é um austríaco escrevendo, aqui, em francês. E Wenders é o alemão internacional fazendo, na Espanha, um filme em francês. Ou seja, algo restou do ex-Wenders errante. Não muito. * OS BELOS DIAS De ARANJUEZ QUANDO: estreia na quinta (30) ELENCO: Reda Kateb, Sophie Semin, Jenz Harzer PRODUÇÃO: Alemanha, 2016, 12 anos DIREÇÃO: Wim Wenders | ilustrada | Novo filme mostra que errantes de Wenders perdem lugar no mundoFaz poucos meses eu revi "Paris-Texas" (1984). Talvez não seja mais tão atual quanto era na época. Pouco importa: o talento de Wim Wenders ali é evidente, a força das imagens continua a impressionar. Era o tempo, ainda, em que os personagens do cineasta alemão andavam de um lado para o outro, atravessando ora um deserto, ora um país. Buscavam alguma coisa? Ou não buscavam nada? Esses seres errantes sumiram desde então. Wenders acumulou filmes ora desinteressantes, ora fracassados. Alguns deviam seu encanto quase exclusivamente ao objeto ("Buena Vista Social Club"). Em outros casos, mesmo o interesse que desperta o objeto ficou pelo caminho (em "Pina", em função do uso do 3D). O que teria acontecido, enfim, a ex-Wim? —pode-se perguntar nesta era de super-heróis em série? Eis a questão que "Os Belos Dias de Aranjuez" nos força a encarar. Primeiro, existem os super-heróis, claro. A dúvida (assim como sua gêmea, a tolerância) passou a ser mal avaliada: é como se cada um tivesse de antemão todas as certezas. Não é o melhor ambiente para Wim lançar seus personagens errantes, à procura de algo que às vezes nem eles sabiam o que era. Isto é: talvez não seja por acaso que seu último filme memorável, "Asas do Desejo" (1987), tenha sido feito pouco antes do fim do Muro de Berlim. Wenders parece não caber no mundo que daí surgiu. Tampouco o dramaturgo Peter Handke, seu parceiro nos melhores dias e agora, novamente, em "Aranjuez". Tudo começa com um escritor diante da máquina de escrever. Logo ele começa a conceber sua história: há um jardim, bem à sua frente, onde um homem e uma mulher conversam, sentados, em torno de uma mesa. O que parece que vai se estabelecer é um diálogo libertino, incitado pelo homem (Reda Kateb), que pergunta à mulher (Sophie Semin) sobre sua primeira vez (primeira experiência sexual, é evidente). Eis uma questão que combina com a paisagem, mas não com o 3D. O 3D é muito bom para fazer aparecer diante de nós um tubarão ou algo assim. Não para um diálogo filosófico, que é o que se desenha desde então. Na verdade não é bem um diálogo: o homem coloca questões, a mulher responde. Ela não parece ter interesse maior por ele. E as perguntas que ele formula, a partir de certo instante (logo) parecem não raro mera formalidade. MULHER DIÁFANA À questão inicial a mulher responderá dizendo que sua "primeira vez" foi sozinha e na infância. Que primeira vez é essa? Algo muito especial, sem dúvida. E todo o desenvolvimento se dará em torno dessa mulher diáfana demais, profunda demais para um diálogo libertino. Especial é também o suave sotaque dos dois atores: o falar do homem e da mulher nos remetem à dicção dos personagens de "Hiroshima Meu Amor". E, como no filme de Alain Resnais, eles parecem irremediavelmente deslocados: franceses de origens provavelmente distintas em Aranjuez (Espanha), assim como Handke é um austríaco escrevendo, aqui, em francês. E Wenders é o alemão internacional fazendo, na Espanha, um filme em francês. Ou seja, algo restou do ex-Wenders errante. Não muito. * OS BELOS DIAS De ARANJUEZ QUANDO: estreia na quinta (30) ELENCO: Reda Kateb, Sophie Semin, Jenz Harzer PRODUÇÃO: Alemanha, 2016, 12 anos DIREÇÃO: Wim Wenders | 6 |
Veja o cartum da série "ogro" publicado neste domingo | RAFAEL CAMPOS ROCHA, 46, é ilustrador e cartunista. | ilustrissima | Veja o cartum da série "ogro" publicado neste domingoRAFAEL CAMPOS ROCHA, 46, é ilustrador e cartunista. | 14 |
Aneel aprova aumento de 83% para bandeira tarifária vermelha | A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou preliminarmente o aumento de 83% para a bandeira tarifária vermelha, que passa de R$ 3 a cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos para R$ 5,50 pela mesma quantidade utilizada. As chamadas "bandeiras tarifárias" tornam possível o ajuste mensal do preço da energia elétrica, conforme elevação de gastos do setor. A proposta da agência é de que a nova fórmula comece a valer a partir de 1º de março. Antes disso, porém, o processo será submetido a um período de audiência pública entre 9 e 20 de fevereiro para "aprimoramentos". Os valores propostos podem ser alterados, mas dificilmente diminuídos, já que os custos que serão levados em consideração pelas bandeiras tarifárias não serão apenas os extraordinários com uso de usinas térmicas, como atualmente, mas todos os gastos adicionais das distribuidoras em um determinado mês, como compra extra de energia, chamada exposição involuntária. Para a bandeira tarifária amarela, o aumento aprovado inicialmente é de 66,7%, passando de R$ 1,50 a cada 100 kWh consumidos para R$ 2,50. A faixa verde segue o mesmo desenho do sistema em vigor e não deve trazer nenhum aumento para os consumidores. AUMENTOS O diretor-geral da agência, Romeu Rufino, destacou que, apesar de estar em vigor apenas há dois meses, a norma precisou ser alterada porque foi pensada, discutida e regulamentada em 2013. "Devia ter entrado em 2014, mas a data foi postergada para 2015 e a experiência em administrar esses custos leva a esse aperfeiçoamento da bandeira", disse. "Não fosse esse incremento, a revisão extraordinária teria que incorporar parte desses custos e a revisão ordinária também", completou. Em outras palavras, os aumentos que virão esse ano serão menores já que parte dos gastos serão considerados pelas bandeiras. Mesmo assim, o reajuste médio extraordinário para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste já está estimada em 26%. "Não é a criação de um novo custo, [o aumento] reflete a elevação dos preços de maneira mais apropriada", complementou Rufino. Nesta quinta, Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, havia garantido que o aumento não seria superior a 50%. Nos dois primeiros meses deste ano a bandeira tarifária aplicada foi a vermelha, mais cara. Em 2014, a bandeira vermelha também foi aplicada em praticamente todos os meses em todas as regiões do país, exceto em janeiro, quando ela foi amarela para todas as regiões. Em julho, a bandeira também foi amarela, mas apenas para a região Sul. A arrecadação máxima no ano pelo modelo atual das bandeiras tarifárias seria de R$ 10,6 bilhões (mantendo o sinal vermelho ao longo de todo o ano). Com a mudança proposta pela Aneel, a arrecadação pode chegar a R$ 17 bilhões em doze meses. "Vamos dar uma boa notícia quando ela surgir. Não não temos prazer em dar noticia ruim. A Aneel aplica o regulamento", disse Rufino. | mercado | Aneel aprova aumento de 83% para bandeira tarifária vermelhaA Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou preliminarmente o aumento de 83% para a bandeira tarifária vermelha, que passa de R$ 3 a cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos para R$ 5,50 pela mesma quantidade utilizada. As chamadas "bandeiras tarifárias" tornam possível o ajuste mensal do preço da energia elétrica, conforme elevação de gastos do setor. A proposta da agência é de que a nova fórmula comece a valer a partir de 1º de março. Antes disso, porém, o processo será submetido a um período de audiência pública entre 9 e 20 de fevereiro para "aprimoramentos". Os valores propostos podem ser alterados, mas dificilmente diminuídos, já que os custos que serão levados em consideração pelas bandeiras tarifárias não serão apenas os extraordinários com uso de usinas térmicas, como atualmente, mas todos os gastos adicionais das distribuidoras em um determinado mês, como compra extra de energia, chamada exposição involuntária. Para a bandeira tarifária amarela, o aumento aprovado inicialmente é de 66,7%, passando de R$ 1,50 a cada 100 kWh consumidos para R$ 2,50. A faixa verde segue o mesmo desenho do sistema em vigor e não deve trazer nenhum aumento para os consumidores. AUMENTOS O diretor-geral da agência, Romeu Rufino, destacou que, apesar de estar em vigor apenas há dois meses, a norma precisou ser alterada porque foi pensada, discutida e regulamentada em 2013. "Devia ter entrado em 2014, mas a data foi postergada para 2015 e a experiência em administrar esses custos leva a esse aperfeiçoamento da bandeira", disse. "Não fosse esse incremento, a revisão extraordinária teria que incorporar parte desses custos e a revisão ordinária também", completou. Em outras palavras, os aumentos que virão esse ano serão menores já que parte dos gastos serão considerados pelas bandeiras. Mesmo assim, o reajuste médio extraordinário para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste já está estimada em 26%. "Não é a criação de um novo custo, [o aumento] reflete a elevação dos preços de maneira mais apropriada", complementou Rufino. Nesta quinta, Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, havia garantido que o aumento não seria superior a 50%. Nos dois primeiros meses deste ano a bandeira tarifária aplicada foi a vermelha, mais cara. Em 2014, a bandeira vermelha também foi aplicada em praticamente todos os meses em todas as regiões do país, exceto em janeiro, quando ela foi amarela para todas as regiões. Em julho, a bandeira também foi amarela, mas apenas para a região Sul. A arrecadação máxima no ano pelo modelo atual das bandeiras tarifárias seria de R$ 10,6 bilhões (mantendo o sinal vermelho ao longo de todo o ano). Com a mudança proposta pela Aneel, a arrecadação pode chegar a R$ 17 bilhões em doze meses. "Vamos dar uma boa notícia quando ela surgir. Não não temos prazer em dar noticia ruim. A Aneel aplica o regulamento", disse Rufino. | 2 |
Chery QQ convence na cidade, mas não foi feito para pegar a estrada
| EDUARDO SODRÉ COLUNISTA DA FOLHA Os contornos arredondados dos faróis e do capô dão ao zero-quilômetro mais barato do país um ar simpático. O Chery QQ custa a partir de R$ 26 mil em uma versão básica, voltada para frotistas. O modelo que interessa ao público passou pelo teste Folha-Mauá. É a versão Act, equipada ar-condicionado, direção hidráulica, acionamento elétrico de vidros, travas e retrovisores, computador de bordo e som. Ainda assim, seu preço não passa de R$ 31,5 mil. São R$ 8.500 a menos que um Renault Kwid com pacote semelhante. Antes de ir para a pista, o QQ passeia pela cidade de São Paulo. O motorista tem um painel digital de boa leitura diante dos olhos e não sofre para encontrar a melhor posição para dirigir. Os bancos acompanham toda a extensão das coxas, algo raro entre carros desse porte –o Chery tem 13 cm a menos que o Volkswagen Up. O espaço na cabine surpreende, embora faltem porta-objetos mais volumosos. Em cerca de 100 quilômetros percorridos em três dias de trânsito pesado, o Chery prova ser um urbanoide que não teme ladeiras. Porém, na estrada, o carro fica deslocado –embora seu desempenho permita acompanhar o fluxo com desenvoltura. O problema está no ajuste de suspensão, calibrada para rodar confortavelmente em grandes cidades. Nas rodovias, sente-se a carroceria inclinar em curvas fechadas. Outro ponto que torna o Chery QQ um carro pouco aconselhável para se viajar é a capacidade do porta-malas. Cabem 160 litros de bagagens, o equivalente a duas mochilas de porte médio. "O QQ foi idealizado para ser uma opção de mobilidade urbana, com bom espaço para quem vai na frente ou atrás, mas não tem milagre. Para permitir essa configuração focada nos passageiros, o porta-malas tem que ser reduzido", explica Henrique Sampaio gerente de marketing da Chery do Brasil. De acordo com Sampaio, a montadora prepara a expansão de sua rede concessionária. Hoje há 25 lojas, concentradas nas regiões Sul e Sudeste. No passado, eram 150. A produção nacional permite um mix diversificado, segundo Sampaio. Em breve, o utilitário Tiggo 2 fará companhia aos compactos QQ e Celer na fábrica de Jacareí (a 84 km de São Paulo). Por ter fábrica no país e planos de crescer, a Chery já merece mais atenção. O preço ainda é o principal chamariz, mas a evolução construtiva do QQ é perceptível. * CHERY QQ 1.0 FLEX MOTOR Dianteiro, flex, transversal, 998 cm3, 3 cilindros, 12 válvulas POTÊNCIA 75 cv (e) e 74 cv (g) a 6.000 rpm TORQUE 10,1 kgfm (e) e 9,7 kgfm (g) a 4.500 rpm CÂMBIO manual, de cinco marchas PORTA-MALAS 160 litros PESO 940 kg PNEUS 175/65 R14 ACELERAÇÃO (0 a 100 km/h) 17,1s (e) e 17,9s (g) RETOMADA 21s (e) e 23,8s (g) CONSUMO URBANO 10,3 km/l (e) e 13,2 km/l (g) CONSUMO RODOVIÁRIO 13,4 km/l (e) e 18,8 km/l (g) PREÇO a partir de R$ 26 mil | sobretudo |
Chery QQ convence na cidade, mas não foi feito para pegar a estrada
EDUARDO SODRÉ COLUNISTA DA FOLHA Os contornos arredondados dos faróis e do capô dão ao zero-quilômetro mais barato do país um ar simpático. O Chery QQ custa a partir de R$ 26 mil em uma versão básica, voltada para frotistas. O modelo que interessa ao público passou pelo teste Folha-Mauá. É a versão Act, equipada ar-condicionado, direção hidráulica, acionamento elétrico de vidros, travas e retrovisores, computador de bordo e som. Ainda assim, seu preço não passa de R$ 31,5 mil. São R$ 8.500 a menos que um Renault Kwid com pacote semelhante. Antes de ir para a pista, o QQ passeia pela cidade de São Paulo. O motorista tem um painel digital de boa leitura diante dos olhos e não sofre para encontrar a melhor posição para dirigir. Os bancos acompanham toda a extensão das coxas, algo raro entre carros desse porte –o Chery tem 13 cm a menos que o Volkswagen Up. O espaço na cabine surpreende, embora faltem porta-objetos mais volumosos. Em cerca de 100 quilômetros percorridos em três dias de trânsito pesado, o Chery prova ser um urbanoide que não teme ladeiras. Porém, na estrada, o carro fica deslocado –embora seu desempenho permita acompanhar o fluxo com desenvoltura. O problema está no ajuste de suspensão, calibrada para rodar confortavelmente em grandes cidades. Nas rodovias, sente-se a carroceria inclinar em curvas fechadas. Outro ponto que torna o Chery QQ um carro pouco aconselhável para se viajar é a capacidade do porta-malas. Cabem 160 litros de bagagens, o equivalente a duas mochilas de porte médio. "O QQ foi idealizado para ser uma opção de mobilidade urbana, com bom espaço para quem vai na frente ou atrás, mas não tem milagre. Para permitir essa configuração focada nos passageiros, o porta-malas tem que ser reduzido", explica Henrique Sampaio gerente de marketing da Chery do Brasil. De acordo com Sampaio, a montadora prepara a expansão de sua rede concessionária. Hoje há 25 lojas, concentradas nas regiões Sul e Sudeste. No passado, eram 150. A produção nacional permite um mix diversificado, segundo Sampaio. Em breve, o utilitário Tiggo 2 fará companhia aos compactos QQ e Celer na fábrica de Jacareí (a 84 km de São Paulo). Por ter fábrica no país e planos de crescer, a Chery já merece mais atenção. O preço ainda é o principal chamariz, mas a evolução construtiva do QQ é perceptível. * CHERY QQ 1.0 FLEX MOTOR Dianteiro, flex, transversal, 998 cm3, 3 cilindros, 12 válvulas POTÊNCIA 75 cv (e) e 74 cv (g) a 6.000 rpm TORQUE 10,1 kgfm (e) e 9,7 kgfm (g) a 4.500 rpm CÂMBIO manual, de cinco marchas PORTA-MALAS 160 litros PESO 940 kg PNEUS 175/65 R14 ACELERAÇÃO (0 a 100 km/h) 17,1s (e) e 17,9s (g) RETOMADA 21s (e) e 23,8s (g) CONSUMO URBANO 10,3 km/l (e) e 13,2 km/l (g) CONSUMO RODOVIÁRIO 13,4 km/l (e) e 18,8 km/l (g) PREÇO a partir de R$ 26 mil | 17 |
Lava Jato produz espetáculos irrelevantes, critica leitora | LAVA JATO A cada dia a Lava Jato e o juiz federal Sergio Moro, de Curitiba, produzem um espetáculo diferente. Quase todos irrelevantes, em minha opinião. Com tanta experiência de palco, não é surpresa que os ingressos para as palestras de Moro se esgotem rapidamente. Acho que o juiz deveria refletir sobre aquele ditado: "menos é mais." Por ora, o ego está falando mais alto. CELIA REGINA FREITAS (São Paulo, SP) * Considero uma afronta ao Estado democrático de Direito a campanha negativa orquestrada por Lula e seus partidários contra o Ministério Público Federal, o juiz Sergio Moro ou qualquer outra instância do Poder Judiciário que ouse investigar os crimes em que o chefe petista possa ser indiciado. Não podemos tolerar que nossas instituições tenham sua autonomia cerceada. LUÍS ROBERTO NUNES FERREIRA (Guarujá, SP) * O respeitado jornalista Reinaldo Azevedo se equivoca na leitura, por ele mesmo transcrita, do despacho do juiz Sergio Moro. Nele Moro diz que o ex-presidente Lula exercerá sua defesa enquanto a acusação produzirá a prova. Salvo engano, o texto do juiz deixa bem delimitada a função de cada uma das partes no processo. GERALDO CAETANO (Belo Horizonte, MG) * Mesmo a contragosto, sou obrigado a concordar com o colunista Reinaldo Azevedo. O juiz Sergio Moro, ao aceitar a denúncia contra o ex-presidente Lula, conclui que "o processo é uma oportunidade para ambas as partes". Não é não. O acusado, por óbvio, não tem que provar nada. Aos acusadores é que cabe "produzir provas, acima de qualquer dúvida razoável, de suas alegações". ADEMAR G. FEITEIRO (São Paulo, SP) * O ouvidor-geral do Estado de São Paulo, Gustavo Ungaro, menciona em seu texto a nefasta dominação de estatais por organizações criminosas. Dá como exemplo o mensalão e o petrolão. Estaria de pleno acordo se citasse também o mensalão mineiro, o superfaturamento no Metrô e CPTM em São Paulo e outros casos envolvendo PSDB, DEM e PMDB. Por que a Lava Jato não chega até eles? FRANCISCO GONÇALVES (Piracicaba, SP) - REPATRIAÇÃO Se o problema do governo Temer é arrecadar, e já que concedeu anistia para a repatriação de dinheiro não declarado no exterior, por que não oferece o mesmo para a regularização do patrimônio e capital existentes no país e também não declarados? Por que não permite a atualização dos imóveis, mediante alíquota de, por exemplo, 5 % de Imposto de Renda sobre a diferença entre o valor constante na declaração e o valor real? Ou seja, vai antecipar uma receita que só teria quando o proprietário vendesse o imóvel. Vai arrecadar muito mais que com a repatriação. FLÁVIO R. FONSECA (Mendes, RJ) - ELEIÇÕES A AME Jardins informa que inexiste qualquer constatação ou reclamação de descumprimento da Lei de Zoneamento no imóvel da rua Prudente Correia, mencionado pela Folha. Repudiamos informações atribuídas à nossa entidade em sentido contrário. Informações descontextualizadas da entrevista, concedida de boa-fé, provocaram interpretações errôneas, repercutindo equivocadamente na mídia. João Doria, vice-presidente licenciado, fundador e um dos principais líderes desta entidade, é merecedor de nosso maior apreço e respeito. FERNANDO COSTA, presidente da AME Jardins, e p(tagline). JOÃO MARADEI, diretor-executivo (São Paulo, SP) RESPOSTA DA JORNALISTA THAIS BILENKY - A informação foi dada pelo diretor João Maradei, que disse ter recebido reclamações que foram levadas à campanha de Doria no primeiro semestre. A conversa está gravada. * Causou-me estranheza a nota em que sou citado na coluna "Painel". Não fui procurado para me posicionar, assim como reitero que também não fui procurado por qualquer candidatura a prefeito de São Paulo para prestar apoio e auxiliar no programa de governo. Estou em campanha pela reeleição do prefeito Fernando Haddad, assim como todos os integrantes do meu grupo político. Isso poderia ser facilmente percebido dando uma passada de olhos nas minhas redes sociais. GERSON BITTENCOURT, ex deputado estadual e secretário estadual de organização do PT (São Paulo, SP) RESPOSTA DA JORNALISTA THAIS ARBEX - O ex-deputado Gerson Bittencourt foi procurado pela coluna por e-mail, mas não respondeu. - COLUNISTA Ler Vladimir Safatle é sempre um prazer. Não foi diferente com sua última coluna. Vivemos a maior epidemia da história da humanidade, uma epidemia de sofrimento psíquico e de abuso de medicações neuropsiquiátricas. Muitos sofrem e, excessivamente, muitos prescrevem. O governo, a indústria e os profissionais da área têm grande responsabilidade por esta nova peste que nos aflige. Vladimir nos convida a repensar o tema. GUSTAVO AMARANTE (São Paulo, SP) PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | paineldoleitor | Lava Jato produz espetáculos irrelevantes, critica leitoraLAVA JATO A cada dia a Lava Jato e o juiz federal Sergio Moro, de Curitiba, produzem um espetáculo diferente. Quase todos irrelevantes, em minha opinião. Com tanta experiência de palco, não é surpresa que os ingressos para as palestras de Moro se esgotem rapidamente. Acho que o juiz deveria refletir sobre aquele ditado: "menos é mais." Por ora, o ego está falando mais alto. CELIA REGINA FREITAS (São Paulo, SP) * Considero uma afronta ao Estado democrático de Direito a campanha negativa orquestrada por Lula e seus partidários contra o Ministério Público Federal, o juiz Sergio Moro ou qualquer outra instância do Poder Judiciário que ouse investigar os crimes em que o chefe petista possa ser indiciado. Não podemos tolerar que nossas instituições tenham sua autonomia cerceada. LUÍS ROBERTO NUNES FERREIRA (Guarujá, SP) * O respeitado jornalista Reinaldo Azevedo se equivoca na leitura, por ele mesmo transcrita, do despacho do juiz Sergio Moro. Nele Moro diz que o ex-presidente Lula exercerá sua defesa enquanto a acusação produzirá a prova. Salvo engano, o texto do juiz deixa bem delimitada a função de cada uma das partes no processo. GERALDO CAETANO (Belo Horizonte, MG) * Mesmo a contragosto, sou obrigado a concordar com o colunista Reinaldo Azevedo. O juiz Sergio Moro, ao aceitar a denúncia contra o ex-presidente Lula, conclui que "o processo é uma oportunidade para ambas as partes". Não é não. O acusado, por óbvio, não tem que provar nada. Aos acusadores é que cabe "produzir provas, acima de qualquer dúvida razoável, de suas alegações". ADEMAR G. FEITEIRO (São Paulo, SP) * O ouvidor-geral do Estado de São Paulo, Gustavo Ungaro, menciona em seu texto a nefasta dominação de estatais por organizações criminosas. Dá como exemplo o mensalão e o petrolão. Estaria de pleno acordo se citasse também o mensalão mineiro, o superfaturamento no Metrô e CPTM em São Paulo e outros casos envolvendo PSDB, DEM e PMDB. Por que a Lava Jato não chega até eles? FRANCISCO GONÇALVES (Piracicaba, SP) - REPATRIAÇÃO Se o problema do governo Temer é arrecadar, e já que concedeu anistia para a repatriação de dinheiro não declarado no exterior, por que não oferece o mesmo para a regularização do patrimônio e capital existentes no país e também não declarados? Por que não permite a atualização dos imóveis, mediante alíquota de, por exemplo, 5 % de Imposto de Renda sobre a diferença entre o valor constante na declaração e o valor real? Ou seja, vai antecipar uma receita que só teria quando o proprietário vendesse o imóvel. Vai arrecadar muito mais que com a repatriação. FLÁVIO R. FONSECA (Mendes, RJ) - ELEIÇÕES A AME Jardins informa que inexiste qualquer constatação ou reclamação de descumprimento da Lei de Zoneamento no imóvel da rua Prudente Correia, mencionado pela Folha. Repudiamos informações atribuídas à nossa entidade em sentido contrário. Informações descontextualizadas da entrevista, concedida de boa-fé, provocaram interpretações errôneas, repercutindo equivocadamente na mídia. João Doria, vice-presidente licenciado, fundador e um dos principais líderes desta entidade, é merecedor de nosso maior apreço e respeito. FERNANDO COSTA, presidente da AME Jardins, e p(tagline). JOÃO MARADEI, diretor-executivo (São Paulo, SP) RESPOSTA DA JORNALISTA THAIS BILENKY - A informação foi dada pelo diretor João Maradei, que disse ter recebido reclamações que foram levadas à campanha de Doria no primeiro semestre. A conversa está gravada. * Causou-me estranheza a nota em que sou citado na coluna "Painel". Não fui procurado para me posicionar, assim como reitero que também não fui procurado por qualquer candidatura a prefeito de São Paulo para prestar apoio e auxiliar no programa de governo. Estou em campanha pela reeleição do prefeito Fernando Haddad, assim como todos os integrantes do meu grupo político. Isso poderia ser facilmente percebido dando uma passada de olhos nas minhas redes sociais. GERSON BITTENCOURT, ex deputado estadual e secretário estadual de organização do PT (São Paulo, SP) RESPOSTA DA JORNALISTA THAIS ARBEX - O ex-deputado Gerson Bittencourt foi procurado pela coluna por e-mail, mas não respondeu. - COLUNISTA Ler Vladimir Safatle é sempre um prazer. Não foi diferente com sua última coluna. Vivemos a maior epidemia da história da humanidade, uma epidemia de sofrimento psíquico e de abuso de medicações neuropsiquiátricas. Muitos sofrem e, excessivamente, muitos prescrevem. O governo, a indústria e os profissionais da área têm grande responsabilidade por esta nova peste que nos aflige. Vladimir nos convida a repensar o tema. GUSTAVO AMARANTE (São Paulo, SP) PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br | 8 |
Cozinha é ambiente militar, dizem Dayse e Marcelo do 'MasterChef' | Dayse Paparoto e Marcelo Verde, finalistas do "MasterChef", foram os convidados do "TV Folha" na tarde desta sexta-feira (16).A vencedora, Dayse, e o colega comentaram as controvérsias que foram discutidas ao longo do programa, como a questão de gênero e os planos futuros após a participação no reality gastronômico da Band. | tv | Cozinha é ambiente militar, dizem Dayse e Marcelo do 'MasterChef'Dayse Paparoto e Marcelo Verde, finalistas do "MasterChef", foram os convidados do "TV Folha" na tarde desta sexta-feira (16).A vencedora, Dayse, e o colega comentaram as controvérsias que foram discutidas ao longo do programa, como a questão de gênero e os planos futuros após a participação no reality gastronômico da Band. | 11 |
Propaganda de cerveja e alimentos é 'obscena', diz ex-ministro da Saúde | Para dar conta dos desafios da saúde, o Brasil deve procurar a tecnologia de ponta, mas também apostar numa prevenção que comece na alimentação. A discussão entre o equilíbrio da tecnologia no tratamento e no próprio acesso à saúde dominou o Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha, na manhã desta segunda (31), no teatro Tucarena, em São Paulo. O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho abriu o evento, defendendo o uso da tecnologia no serviço público. "A tecnologia pode estar presente no serviço público com condições de competir com os serviços privados." Diretor do Instituto Estadual do Cérebro, do Rio de Janeiro, Niemeyer Filho citou a criação de quatro hospitais e um centro de diagnóstico, que "mudaram o paradigma de eficiência no serviço público". Na primeira mesa do dia, que debateu a ampliação do acesso à saúde e o uso de novas tecnologias, Jarbas Barbosa, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), afirmou que o país precisa de um "ambiente regulatório que favoreça a inovação". "Tivemos aprovações que facilitam a realização de experimentos sem uso de animais, com foco no uso de banco de tecidos." Também presente à mesa, o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão mostrou preocupação com o índice de obesidade na sociedade brasileira, que, segundo ele, se aproxima dos EUA, referência negativa no tema. Ainda sobre o tema, o ex-ministro disparou contra o Congresso. "É incapaz de regular a propaganda obscena de cerveja e alimentos infantis." O ex-ministro também cobrou uma reforma fiscal e tributária para financias o SUS (Sistema Único de Saúde). Citando o sociólogo alemão Norbert Elias, autor de "O Processo Civilizador", Temporão afirmou que o SUS faz parte do processo civilizatório brasileiro. Outro participante do debate, Marcos Boscolo, líder de healthcare da consultoria KPMG no Brasil, fez menção à crise econômica em sua fala. "Com o aumento do desemprego, mais pessoas estão ficando sem planos de saúde." Na segunda mesa do dia, Lumena Furtado, da Secretaria de Atenção à Saúde, criticou a "cultura de excesso de medicalização" no país. "Acesso de qualidade à saúde nem sempre é mais medicamentos." A redução dos gastos no futuro, segundo Lumena, também passa pela mesa dos brasileiros e pode estar em medidas relativamente simples, como a diminuição do sódio em alimentos processados. De acordo com a especialista, uma parceria do Ministério da Saúde com as empresas produtoras de alimentos reduziu a presença do sal nos pratos brasileiros em 7.600 toneladas em 2 anos. A meta é chegar a 2022, retirando 22 mil toneladas. A ação, segundo ela, levará à diminuição do consumo de remédios para pressão em cerca de 1 milhão de pessoas. Para Lumena, "é fundamental avançar no cuidado clínico além do uso de medicamentos". "Se eu penso em cuidar de 200 milhões de brasileiros, temos que entender a transição demográfica e a tecnologia que dê suporte, como o consultório de rua, que vão onde as pessoas estão." Entrando no aspecto financeiro da situação da saúde no Brasil, a secretária afirmou não existe planejamento de médio a longo prazo sem financiamento sustentável. "US$ 525 por habitante é o gasto médio com saúde no Brasil, o ideal é que seja US$ 3.000." O diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), José Carlos de Souza Abrahão, seguiu na mesma linha. "O desperdício de recursos é alto ainda. Mesmo sendo o Brasil referenciado em imunização e transplantes, teríamos que investir US$ 3.000 por habitante, como é nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) [como Áustria, Japão, Reino Unido, Austrália, Chile]. Temos buscado o diálogo com o setor de saúde suplementar. O que o consumidor adquirir ele tem que receber." Representante do setor de saúde suplementar, Marcio Coriolano, que é presidente da FenaSaúde, criticou a lei segundo a qual os planos de saúde são obrigados a atender todas as doenças descritas na CID (Classificação Internacional de Doenças). "É quase impossível." Nessa situação, diz Coriolano, cresce o custo das operadoras, que acabam repassando para os clientes. "É o custo da medicina cada vez mais incompatível com a capacidade de pagamento da sociedade brasileira". Abrahão rebateu afirmando que o alto custo é consequência da regulação da cadeia produtiva. "Só as operadoras são reguladas, o restante da cadeia, não." E acrescentou: "O setor vivia solto na década de 1960, eram mais de 2.000 operadoras na época, hoje são mil. Há 15 anos, a sobrevida do brasileiro era de 65 anos, hoje é de 75 anos. O perfil das doenças também mudou, de epidemiológicas para degenerativas, e os planos precisam acompanhar". "Ajustes são naturais e nossa Constituição já definiu que o privado entra onde o sistema público não é capaz de atender a população. Essa relação é importante", completou a secretária de Atenção à Saúde. CPMF Na terceira mesa do dia, o assunto debatido foi o papel do diagnóstico no tratamento e na prevenção de doenças. Segundo Robinson Poffo, diretor de cirurgia minimamente invasiva do Hospital Albert Einstein, não há como tratar os pacientes a qualquer custo. "Dada a escassez de recursos, devemos pensar na sustentabilidade tecnológica." Segundo o médico, além da aquisição, há o custo da manutenção, por isso "a tendência é que poucos centros usem cirurgia robótica no Brasil, como acontece na Europa e nos EUA". Armando Lopes, vice-presidente de Healthcare da Siemens, seguiu na mesma linha. "É muito claro que a tecnologia tem que se pagar, deve ser um investimento que possamos pagar." Já Álvaro Nagib Attalah, diretor da Cochrane-Brasil, afirmou que é possível economizar "em tudo", "menos em avaliação tecnológica de qualidade". A quarta e última mesa do dia tratou das tendências da saúde no Brasil. De acordo com Paulo Chapchap, diretor do programa de transplante de fígado e superintendente de estratégia corporativa do Hospital Sírio-Libanês, faltam médicos em todas as áreas da saúde. "É preciso aumentar em 50% o número de médico no Brasil para que o acesso aumente", afirmou Chapchap. Além da falta de médicos, Claudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, acredita que os profissionais sejam desvalorizados. "Somos mal remunerados. Recebemos pelo paciente que fica doente, não para cuidar da saúde da população. Deveria existir um incentivo para quem for mais eficiente." O projetado de recriação da CPMF, que durou apenas três dias, também deu as caras no debate. "A sociedade renegou a recriação da CPMF, que dá um sinal sobre falta de preocupação com o investimento em saúde", disse Paulo Furquim, pesquisador do Insper. "A sociedade não renegou o investimento. Só quis dizer 'não quero que tirem de mim'", rebateu Chapchap. | seminariosfolha | Propaganda de cerveja e alimentos é 'obscena', diz ex-ministro da SaúdePara dar conta dos desafios da saúde, o Brasil deve procurar a tecnologia de ponta, mas também apostar numa prevenção que comece na alimentação. A discussão entre o equilíbrio da tecnologia no tratamento e no próprio acesso à saúde dominou o Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha, na manhã desta segunda (31), no teatro Tucarena, em São Paulo. O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho abriu o evento, defendendo o uso da tecnologia no serviço público. "A tecnologia pode estar presente no serviço público com condições de competir com os serviços privados." Diretor do Instituto Estadual do Cérebro, do Rio de Janeiro, Niemeyer Filho citou a criação de quatro hospitais e um centro de diagnóstico, que "mudaram o paradigma de eficiência no serviço público". Na primeira mesa do dia, que debateu a ampliação do acesso à saúde e o uso de novas tecnologias, Jarbas Barbosa, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), afirmou que o país precisa de um "ambiente regulatório que favoreça a inovação". "Tivemos aprovações que facilitam a realização de experimentos sem uso de animais, com foco no uso de banco de tecidos." Também presente à mesa, o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão mostrou preocupação com o índice de obesidade na sociedade brasileira, que, segundo ele, se aproxima dos EUA, referência negativa no tema. Ainda sobre o tema, o ex-ministro disparou contra o Congresso. "É incapaz de regular a propaganda obscena de cerveja e alimentos infantis." O ex-ministro também cobrou uma reforma fiscal e tributária para financias o SUS (Sistema Único de Saúde). Citando o sociólogo alemão Norbert Elias, autor de "O Processo Civilizador", Temporão afirmou que o SUS faz parte do processo civilizatório brasileiro. Outro participante do debate, Marcos Boscolo, líder de healthcare da consultoria KPMG no Brasil, fez menção à crise econômica em sua fala. "Com o aumento do desemprego, mais pessoas estão ficando sem planos de saúde." Na segunda mesa do dia, Lumena Furtado, da Secretaria de Atenção à Saúde, criticou a "cultura de excesso de medicalização" no país. "Acesso de qualidade à saúde nem sempre é mais medicamentos." A redução dos gastos no futuro, segundo Lumena, também passa pela mesa dos brasileiros e pode estar em medidas relativamente simples, como a diminuição do sódio em alimentos processados. De acordo com a especialista, uma parceria do Ministério da Saúde com as empresas produtoras de alimentos reduziu a presença do sal nos pratos brasileiros em 7.600 toneladas em 2 anos. A meta é chegar a 2022, retirando 22 mil toneladas. A ação, segundo ela, levará à diminuição do consumo de remédios para pressão em cerca de 1 milhão de pessoas. Para Lumena, "é fundamental avançar no cuidado clínico além do uso de medicamentos". "Se eu penso em cuidar de 200 milhões de brasileiros, temos que entender a transição demográfica e a tecnologia que dê suporte, como o consultório de rua, que vão onde as pessoas estão." Entrando no aspecto financeiro da situação da saúde no Brasil, a secretária afirmou não existe planejamento de médio a longo prazo sem financiamento sustentável. "US$ 525 por habitante é o gasto médio com saúde no Brasil, o ideal é que seja US$ 3.000." O diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), José Carlos de Souza Abrahão, seguiu na mesma linha. "O desperdício de recursos é alto ainda. Mesmo sendo o Brasil referenciado em imunização e transplantes, teríamos que investir US$ 3.000 por habitante, como é nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) [como Áustria, Japão, Reino Unido, Austrália, Chile]. Temos buscado o diálogo com o setor de saúde suplementar. O que o consumidor adquirir ele tem que receber." Representante do setor de saúde suplementar, Marcio Coriolano, que é presidente da FenaSaúde, criticou a lei segundo a qual os planos de saúde são obrigados a atender todas as doenças descritas na CID (Classificação Internacional de Doenças). "É quase impossível." Nessa situação, diz Coriolano, cresce o custo das operadoras, que acabam repassando para os clientes. "É o custo da medicina cada vez mais incompatível com a capacidade de pagamento da sociedade brasileira". Abrahão rebateu afirmando que o alto custo é consequência da regulação da cadeia produtiva. "Só as operadoras são reguladas, o restante da cadeia, não." E acrescentou: "O setor vivia solto na década de 1960, eram mais de 2.000 operadoras na época, hoje são mil. Há 15 anos, a sobrevida do brasileiro era de 65 anos, hoje é de 75 anos. O perfil das doenças também mudou, de epidemiológicas para degenerativas, e os planos precisam acompanhar". "Ajustes são naturais e nossa Constituição já definiu que o privado entra onde o sistema público não é capaz de atender a população. Essa relação é importante", completou a secretária de Atenção à Saúde. CPMF Na terceira mesa do dia, o assunto debatido foi o papel do diagnóstico no tratamento e na prevenção de doenças. Segundo Robinson Poffo, diretor de cirurgia minimamente invasiva do Hospital Albert Einstein, não há como tratar os pacientes a qualquer custo. "Dada a escassez de recursos, devemos pensar na sustentabilidade tecnológica." Segundo o médico, além da aquisição, há o custo da manutenção, por isso "a tendência é que poucos centros usem cirurgia robótica no Brasil, como acontece na Europa e nos EUA". Armando Lopes, vice-presidente de Healthcare da Siemens, seguiu na mesma linha. "É muito claro que a tecnologia tem que se pagar, deve ser um investimento que possamos pagar." Já Álvaro Nagib Attalah, diretor da Cochrane-Brasil, afirmou que é possível economizar "em tudo", "menos em avaliação tecnológica de qualidade". A quarta e última mesa do dia tratou das tendências da saúde no Brasil. De acordo com Paulo Chapchap, diretor do programa de transplante de fígado e superintendente de estratégia corporativa do Hospital Sírio-Libanês, faltam médicos em todas as áreas da saúde. "É preciso aumentar em 50% o número de médico no Brasil para que o acesso aumente", afirmou Chapchap. Além da falta de médicos, Claudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, acredita que os profissionais sejam desvalorizados. "Somos mal remunerados. Recebemos pelo paciente que fica doente, não para cuidar da saúde da população. Deveria existir um incentivo para quem for mais eficiente." O projetado de recriação da CPMF, que durou apenas três dias, também deu as caras no debate. "A sociedade renegou a recriação da CPMF, que dá um sinal sobre falta de preocupação com o investimento em saúde", disse Paulo Furquim, pesquisador do Insper. "A sociedade não renegou o investimento. Só quis dizer 'não quero que tirem de mim'", rebateu Chapchap. | 24 |
ONGs apostam em serviços para garantir sustentabilidade financeira | Uma coisa é certa: as crises sempre podem ser vistas como oportunidades para a inovação. Nesse cenário, no qual observa-se a diminuição de fontes de recursos para o terceiro setor por diferentes razões, desde crise econômica até a saída de grandes fundações do país, vê-se também o surgimento de vários braços de negócios socioambientais de impacto criados pelas OSCs (organizações da sociedade civil) a partir da capacidade criativa e empreendedora. Esses visam assegurar a sustentabilidade financeira dessas organizações por meio de serviços e de produtos voltados para o mercado. Identificar esses ativos dentro das organizações sem perder de vista a missão das mesmas, seus recursos humanos e as necessidades do mercado torna-se um ponto chave para a sustentabilidade do terceiro setor. A pesquisa "Lições da prática: reflexões sobre os elos entre organizações da sociedade civil e negócios de impacto socioambientais", produzido pela Ashoka, pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) e pelo CEATS-USP (Centro de Empreendedorismo Social da Universidade de São Paulo), lançada nesta terça-feira (19), aponta que há uma tendência na criação de novos formatos organizacionais híbridos, que antes eram vistos como incompatíveis por buscar ao mesmo tempo a geração de recursos financeiros e de valor socioambiental. O estudo analisou os dados levantados a partir de entrevistas, workshops e webinar com empreendedores sociais e gestores de 29 OSCs de diferentes regiões do Brasil. A amostra revela que vivemos uma época de reinvenção na qual a inteligência social pode e deve, não apenas trazer soluções para os desafios para a construção de um mundo melhor para todas e para todos, mas também reverter em recursos financeiros para que as OSCs sejam capazes de manter e ampliar sua atuação. São vários os caminhos possíveis. O estudo identificou quatro deles, não excludentes entre si: a mudança no modelo de atuação, como a promovida pelo ISES (Instituto de Socioeconomia Solidária), que foi criado em 2004 com o objetivo de fomentar negócios de base comunitária na periferia paulistana e hoje atua como provedor de soluções socioambientais, utilizando uma lógica de ação B2B. A criação de unidades de negócios, como a Gastromotiva, integrante da Rede Folha de Empreendedores, que utiliza seu espaço de formação e empregabilidade de jovens em gastronomia para gerar renda para a organização por meio da oferta de almoços para executivos e eventos corporativos. A criação de uma empresa, como fez o CIES (Centro de Integração de Educação e Saúde), também integrante da Rede Folha da Empreendedores, ao criar a Fleximedical, que é responsável pela construção e logística de unidades móveis em saúde enquanto o CIES tem foco na operacionalização dos atendimentos à população. E a prestação de serviços, modelo adotado pelo IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), que desde 2002 mantém uma unidade de negócios sustentáveis com equipe autônoma voltada a garantir a sustentabilidade do instituto no longo prazo e é parte da Rede Folha de Empreendedores. O processo de adaptação das tecnologias sociais ao mercado, no entanto, deve levar em consideração alguns desafios. A terminologia do terceiro setor precisa ser alinhada com a do mundo dos negócios. Além disso, questões de mercado como concorrência, demanda existente, formas de divulgação, recursos humanos e financeiros envolvidos devem fazer parte de um planejamento consistente e abrangente. Para criar esses novos modelos e implementá-los, também é necessário criar equipes com competências híbridas, que consigam formatar produtos e serviços para o mercado, gerando retorno financeiro, mas que não percam de foco o impacto social. Esses fatores devem ser analisados cuidadosamente para garantir que o novo modelo não implique na perda da identidade e do propósito da organização. Ainda faltam investimentos, como capital semente, e a resistência do mercado de remunerar a prestação de serviços e os produtos criados por OSCs de maneira competitiva. Mas as evidências apontam que modelos híbridos podem representar uma nova maneira de pensar a sustentabilidade financeira e autonomia do terceiro setor. A missão institucional da organização deve ser o fato norteador das ações e das inovações. A lógica de mercado é uma oportunidade para que as OSCs expandam seu impacto, demonstrando que é possível atuar em um contexto competitivo com valores e princípios voltados para a colaboração intersetorial e transformação positiva. É também uma maneira de demonstrar às empresas que é possível atuar com responsabilidade socioambiental. DEISE HAJPEK, administradora, com MBA em gestão e controladoria, é coordenadora da rede de empreendedores sociais da Ashoka MIRELLA DOMENICH, mestre em relações internacionais e estudos desenvolvimento e MBA em empreendedorismo e gestão de novos negócios, é coordenadora de busca e reconhecimento de empreendedores sociais da Ashoka | empreendedorsocial | ONGs apostam em serviços para garantir sustentabilidade financeiraUma coisa é certa: as crises sempre podem ser vistas como oportunidades para a inovação. Nesse cenário, no qual observa-se a diminuição de fontes de recursos para o terceiro setor por diferentes razões, desde crise econômica até a saída de grandes fundações do país, vê-se também o surgimento de vários braços de negócios socioambientais de impacto criados pelas OSCs (organizações da sociedade civil) a partir da capacidade criativa e empreendedora. Esses visam assegurar a sustentabilidade financeira dessas organizações por meio de serviços e de produtos voltados para o mercado. Identificar esses ativos dentro das organizações sem perder de vista a missão das mesmas, seus recursos humanos e as necessidades do mercado torna-se um ponto chave para a sustentabilidade do terceiro setor. A pesquisa "Lições da prática: reflexões sobre os elos entre organizações da sociedade civil e negócios de impacto socioambientais", produzido pela Ashoka, pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) e pelo CEATS-USP (Centro de Empreendedorismo Social da Universidade de São Paulo), lançada nesta terça-feira (19), aponta que há uma tendência na criação de novos formatos organizacionais híbridos, que antes eram vistos como incompatíveis por buscar ao mesmo tempo a geração de recursos financeiros e de valor socioambiental. O estudo analisou os dados levantados a partir de entrevistas, workshops e webinar com empreendedores sociais e gestores de 29 OSCs de diferentes regiões do Brasil. A amostra revela que vivemos uma época de reinvenção na qual a inteligência social pode e deve, não apenas trazer soluções para os desafios para a construção de um mundo melhor para todas e para todos, mas também reverter em recursos financeiros para que as OSCs sejam capazes de manter e ampliar sua atuação. São vários os caminhos possíveis. O estudo identificou quatro deles, não excludentes entre si: a mudança no modelo de atuação, como a promovida pelo ISES (Instituto de Socioeconomia Solidária), que foi criado em 2004 com o objetivo de fomentar negócios de base comunitária na periferia paulistana e hoje atua como provedor de soluções socioambientais, utilizando uma lógica de ação B2B. A criação de unidades de negócios, como a Gastromotiva, integrante da Rede Folha de Empreendedores, que utiliza seu espaço de formação e empregabilidade de jovens em gastronomia para gerar renda para a organização por meio da oferta de almoços para executivos e eventos corporativos. A criação de uma empresa, como fez o CIES (Centro de Integração de Educação e Saúde), também integrante da Rede Folha da Empreendedores, ao criar a Fleximedical, que é responsável pela construção e logística de unidades móveis em saúde enquanto o CIES tem foco na operacionalização dos atendimentos à população. E a prestação de serviços, modelo adotado pelo IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), que desde 2002 mantém uma unidade de negócios sustentáveis com equipe autônoma voltada a garantir a sustentabilidade do instituto no longo prazo e é parte da Rede Folha de Empreendedores. O processo de adaptação das tecnologias sociais ao mercado, no entanto, deve levar em consideração alguns desafios. A terminologia do terceiro setor precisa ser alinhada com a do mundo dos negócios. Além disso, questões de mercado como concorrência, demanda existente, formas de divulgação, recursos humanos e financeiros envolvidos devem fazer parte de um planejamento consistente e abrangente. Para criar esses novos modelos e implementá-los, também é necessário criar equipes com competências híbridas, que consigam formatar produtos e serviços para o mercado, gerando retorno financeiro, mas que não percam de foco o impacto social. Esses fatores devem ser analisados cuidadosamente para garantir que o novo modelo não implique na perda da identidade e do propósito da organização. Ainda faltam investimentos, como capital semente, e a resistência do mercado de remunerar a prestação de serviços e os produtos criados por OSCs de maneira competitiva. Mas as evidências apontam que modelos híbridos podem representar uma nova maneira de pensar a sustentabilidade financeira e autonomia do terceiro setor. A missão institucional da organização deve ser o fato norteador das ações e das inovações. A lógica de mercado é uma oportunidade para que as OSCs expandam seu impacto, demonstrando que é possível atuar em um contexto competitivo com valores e princípios voltados para a colaboração intersetorial e transformação positiva. É também uma maneira de demonstrar às empresas que é possível atuar com responsabilidade socioambiental. DEISE HAJPEK, administradora, com MBA em gestão e controladoria, é coordenadora da rede de empreendedores sociais da Ashoka MIRELLA DOMENICH, mestre em relações internacionais e estudos desenvolvimento e MBA em empreendedorismo e gestão de novos negócios, é coordenadora de busca e reconhecimento de empreendedores sociais da Ashoka | 20 |
Unesp, 40 anos: jovem e bem-sucedida | A Unesp (Universidade Estadual Paulista) fez em 40 anos o que algumas universidades do mundo ainda não fizeram em 400 anos. É hoje exemplo de universidade descentralizada e multicampus. Passou de uma universidade quase desconhecida a uma instituição lembrada e respeitada no Brasil e no exterior. Ao olhar para esses 40 anos de continuidade positiva, estável e durável de boas implementações acadêmicas, administrativas e políticas, pode-se dizer que a Unesp é exitoso modelo de universidade pública. Criada em 1976, a partir de 15 institutos isolados de ensino superior que existiam em várias regiões do Estado de São Paulo, a Unesp é hoje uma das maiores e mais importantes universidades brasileiras, com destacada atuação no ensino, na pesquisa e na extensão de serviços à comunidade. Abriga, atualmente, mais de 50 mil alunos, sendo 37 mil na graduação e 13 mil na pós-graduação. Tem cerca de 10 mil em cursos à distância e 2.000 que aprendem mandarim no seu Instituto Confúcio, premiado duas vezes como o melhor do mundo. A Unesp é responsável por, aproximadamente, 22% da produção científica do Estado de São Paulo e 8% da produção do Brasil. A destacada produção científica tem contribuído para o bom posicionamento em diversos rankings, sendo, por exemplo, a primeira no país entre as universidades de até 40 anos. Considerando o Academic Ranking of World Universities (ARWU), a instituição ocupa a posição 301ª a 400ª entre as universidades internacionais. No Brasil, está entre a 2ª/5ª posição. Entre as Top 50 abaixo dos 50 anos, do Ranking QS, está entre as posições 71ª-80ª do mundo, sendo a terceira da América do Sul e a segunda do Brasil. Comparando apenas as universidades dos países de economias emergentes, a Unesp é a 27ª colocada. No ranking da Nature Global Index, que analisou as áreas de física, química, ciências biológicas, ciências da terra e meio ambiente, a Unesp é a segunda universidade brasileira e a quarta da América do Sul, ficando entre as 500 do mundo. A instituição tem também um papel muito importante nas cidades nas quais está presente. Os serviços ligados aos trabalhos acadêmicos e administrativos desenvolvidos nas 24 unidades universitárias e na reitoria contribuem para manter 11 mil empregos diretos e injetam na economia desses municípios perto de R$ 2,3 bilhões, valor somado dos gastos com pessoal, encargos, equipamentos e investimentos. A presença da Unesp em regiões distantes da capital paulista aumentou a possibilidade de instrução de jovens socialmente carentes. Isso se consolidou com a adoção do sistema de cotas para alunos da escola pública (42,9% dos matriculados) e, entre eles, os racialmente discriminados (pretos, pardos e índios, 22,6% dos matriculados). Em síntese, a melhor avaliação e a maior prova do sucesso é o grande interesse de todos os municípios do Estado em ter um campus da Unesp, promovendo ações sociais, culturais, intelectuais, políticas e econômicas. JULIO CEZAR DURIGAN engenheiro agrônomo, é reitor da Unesp - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo | opiniao | Unesp, 40 anos: jovem e bem-sucedidaA Unesp (Universidade Estadual Paulista) fez em 40 anos o que algumas universidades do mundo ainda não fizeram em 400 anos. É hoje exemplo de universidade descentralizada e multicampus. Passou de uma universidade quase desconhecida a uma instituição lembrada e respeitada no Brasil e no exterior. Ao olhar para esses 40 anos de continuidade positiva, estável e durável de boas implementações acadêmicas, administrativas e políticas, pode-se dizer que a Unesp é exitoso modelo de universidade pública. Criada em 1976, a partir de 15 institutos isolados de ensino superior que existiam em várias regiões do Estado de São Paulo, a Unesp é hoje uma das maiores e mais importantes universidades brasileiras, com destacada atuação no ensino, na pesquisa e na extensão de serviços à comunidade. Abriga, atualmente, mais de 50 mil alunos, sendo 37 mil na graduação e 13 mil na pós-graduação. Tem cerca de 10 mil em cursos à distância e 2.000 que aprendem mandarim no seu Instituto Confúcio, premiado duas vezes como o melhor do mundo. A Unesp é responsável por, aproximadamente, 22% da produção científica do Estado de São Paulo e 8% da produção do Brasil. A destacada produção científica tem contribuído para o bom posicionamento em diversos rankings, sendo, por exemplo, a primeira no país entre as universidades de até 40 anos. Considerando o Academic Ranking of World Universities (ARWU), a instituição ocupa a posição 301ª a 400ª entre as universidades internacionais. No Brasil, está entre a 2ª/5ª posição. Entre as Top 50 abaixo dos 50 anos, do Ranking QS, está entre as posições 71ª-80ª do mundo, sendo a terceira da América do Sul e a segunda do Brasil. Comparando apenas as universidades dos países de economias emergentes, a Unesp é a 27ª colocada. No ranking da Nature Global Index, que analisou as áreas de física, química, ciências biológicas, ciências da terra e meio ambiente, a Unesp é a segunda universidade brasileira e a quarta da América do Sul, ficando entre as 500 do mundo. A instituição tem também um papel muito importante nas cidades nas quais está presente. Os serviços ligados aos trabalhos acadêmicos e administrativos desenvolvidos nas 24 unidades universitárias e na reitoria contribuem para manter 11 mil empregos diretos e injetam na economia desses municípios perto de R$ 2,3 bilhões, valor somado dos gastos com pessoal, encargos, equipamentos e investimentos. A presença da Unesp em regiões distantes da capital paulista aumentou a possibilidade de instrução de jovens socialmente carentes. Isso se consolidou com a adoção do sistema de cotas para alunos da escola pública (42,9% dos matriculados) e, entre eles, os racialmente discriminados (pretos, pardos e índios, 22,6% dos matriculados). Em síntese, a melhor avaliação e a maior prova do sucesso é o grande interesse de todos os municípios do Estado em ter um campus da Unesp, promovendo ações sociais, culturais, intelectuais, políticas e econômicas. JULIO CEZAR DURIGAN engenheiro agrônomo, é reitor da Unesp - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo | 7 |
Falta de luz causa confusão no shopping Villa-Lobos, zona oeste de SP | Sentada em um banco no térreo do shopping Villa-Lobos, na zona oeste da capital paulista, na tarde de domingo (8), a autônoma Maria Leonor Rocha, 62, balançava as pernas impacientemente. Já havia 15 minutos que a moradora da Lapa estava no local às escuras, esperando que a luz voltasse e ela pudesse retomar seu passeio. "Bom, pelo menos moro aqui perto e não vai ser um problemão ir para casa", afirmou Maria Leonor. Por volta das 14h, a energia elétrica acabou e o centro comercial ficou às escuras. Às 17h, a luz não havia voltado e as lojas começaram a fechar e a dispensar os funcionários. Como o gerador não funcionou, as pessoas foram embora ao mesmo tempo, provocando uma confusão no centro de compras. "Muitas famílias estavam com crianças descendo as escadas. A fila no estacionamento era enorme. Aí, liberaram a cobrança", disse uma frequentadora que pediu para não ser identificada. O administrador Marcos Spighel, 33, que almoçava com a mulher e os filhos gêmeos de 1 ano e seis meses quando a energia acabou, reclamou da falta de orientação e infraestrutura do local. "Descemos as escadas com as crianças e o carrinho e só quando estávamos chegando ao estacionamento um segurança veio ajudar", afirmou. AES ELETROPAULO De acordo com funcionários do shopping, o fornecimento de luz voltou ao normal por volta das 18h. A BR Malls, administradora do Villa-Lobos, diz que "ocorreu um problema no fornecimento de energia" e que os geradores não suportaram a carga porque queimaram com as oscilações na rede. Procurada pela Folha, a AES Eletropaulo informou que a falta de energia aconteceu entre 14h20 e 15h20 por conta de uma manutenção na rede na rua Massacá. A concessionária acrescenta que no sábado (7), galhos de árvore sobre a rede causaram interrupção no fornecimento entre 19h37 e 20h28 na região e que foram mobilizados 12 técnicos para o atendimento das ocorrências. | cotidiano | Falta de luz causa confusão no shopping Villa-Lobos, zona oeste de SPSentada em um banco no térreo do shopping Villa-Lobos, na zona oeste da capital paulista, na tarde de domingo (8), a autônoma Maria Leonor Rocha, 62, balançava as pernas impacientemente. Já havia 15 minutos que a moradora da Lapa estava no local às escuras, esperando que a luz voltasse e ela pudesse retomar seu passeio. "Bom, pelo menos moro aqui perto e não vai ser um problemão ir para casa", afirmou Maria Leonor. Por volta das 14h, a energia elétrica acabou e o centro comercial ficou às escuras. Às 17h, a luz não havia voltado e as lojas começaram a fechar e a dispensar os funcionários. Como o gerador não funcionou, as pessoas foram embora ao mesmo tempo, provocando uma confusão no centro de compras. "Muitas famílias estavam com crianças descendo as escadas. A fila no estacionamento era enorme. Aí, liberaram a cobrança", disse uma frequentadora que pediu para não ser identificada. O administrador Marcos Spighel, 33, que almoçava com a mulher e os filhos gêmeos de 1 ano e seis meses quando a energia acabou, reclamou da falta de orientação e infraestrutura do local. "Descemos as escadas com as crianças e o carrinho e só quando estávamos chegando ao estacionamento um segurança veio ajudar", afirmou. AES ELETROPAULO De acordo com funcionários do shopping, o fornecimento de luz voltou ao normal por volta das 18h. A BR Malls, administradora do Villa-Lobos, diz que "ocorreu um problema no fornecimento de energia" e que os geradores não suportaram a carga porque queimaram com as oscilações na rede. Procurada pela Folha, a AES Eletropaulo informou que a falta de energia aconteceu entre 14h20 e 15h20 por conta de uma manutenção na rede na rua Massacá. A concessionária acrescenta que no sábado (7), galhos de árvore sobre a rede causaram interrupção no fornecimento entre 19h37 e 20h28 na região e que foram mobilizados 12 técnicos para o atendimento das ocorrências. | 5 |
Pessoas esperam que marcas partam para a ação, diz empreendedor | Para sobressair em um mundo em que o consumidor é o grande influenciador de decisões de compra, as marcas precisam gerar experiências que façam sentido e que toquem de alguma forma seu público. "Marcas que têm um propósito claro começam a ter um diferencial competitivo mensurável. Deixou de ser uma coisa que as marcas estão fazendo pois querem ser boazinhas e se posicionar institucionalmente como responsável e passou a ser uma coisa efetiva, com influência na decisão de compra", diz Marcelo Tripoli, autor de "Meaningful Marketing - Como A sua Vida Pode ter Significado na Vida das Pessoas" (Clube Select). Empreendedor e especialista em mídias digitais, vice-presidente da SapientNitro para a América Latina, Tripoli falou na edição deste mês do Arena do Marketing, programa da "TV Folha" com transmissão ao vivo e que foi ao ar na quarta (16). O bate-papo teve ainda a presença de Ismael Rocha, diretor acadêmico de graduação da ESPM-SP. ★ Definição O advento digital mudou a dinâmica do nosso dia a dia, e as marcas não conseguem mais manter a sua relevância só pela mensagem que entregam e mostrar que estão ali para fazer alguma coisa ou gerar um valor para aquelas pessoas. O manual tradicional do marketing, focado nos quatro Ps [produto, preço, praça e promoção], está completamente desatualizado. Cada um de nós virou um emissor de mensagem, não só um receptor. A gente saiu de uma posição passiva em que éramos impactados pelos meios de massa e passou a ser ativo e a influenciar na decisão de compra de outros consumidores. O sonho de consumo de uma empresa é que os clientes voluntariamente recomendem seu produto para os amigos. Ser bonzinho Marcas que têm um propósito claro começam a ter um diferencial competitivo mensurável. Deixou de ser uma coisa que as marcas estão fazendo pois querem ser boazinhas e se posicionar institucionalmente como responsável e passou a ser uma coisa efetiva, com influência na decisão de compra. Hoje em dia, as marcas que não têm propósito são vistas como mercadoria. E mercadoria você compra o mais barato. Propósito "Meaningful marketing" é mais uma relação de propósito entre quem está consumindo o produto e quem está oferecendo. Não necessariamente tem que estar conectado com os valores da corporação. Idealmente está. Se tudo estiver conectado, a empresa vai ser mais bem-sucedida no longo prazo. Mas já dá para considerar uma relação significativa se naquela transação a empresa está preocupada com a experiência do consumidor por inteiro. Experiência Experiência de produto é marketing. Melhorar o produto ou serviço está no coração do marketing bem-sucedido. É preciso cuidar da relação com o consumidor não só na hora da transação. E, para cada momento da jornada do consumidor com a sua marca, identificar quais as oportunidades de fazer algo pra tornar a experiência mais prazeirosa, mais conveniente, mais significativa. Por onde começar É muito mais fácil para uma start-up que já nasce com propósito claro. Mas as marcas têm de começar por algum lugar, pode ser com um produto. As empresas são conglomerados muito grandes. Se forem fazer trabalho de cima para baixo, para que o propósito chegue à raiz de uma empresa que durante muito anos teve uma atuação muito diferente, dificilmente você vira esse barco. Coerência Não pode haver diferença entre entre o que a marca diz e o que ela faz. Não adianta uma marca de esporte vender imagem de "pratique esporte", sem ajudar a empoderar a pessoa para praticar esporte de fato. Temos visto marcas construindo equipamentos esportivos nas cidades para ajudar as pessoas a fazer esporte. O banco ajuda ou ele só tem uma campanha que fala da importância do crédito consciente? O que ele faz de fato para que as pessoas sejam mais conscientes no uso do crédito? As pessoas esperam que as marcas partam para a ação. Sem limitações Acho que aqui a gente volta no contexto do mundo digital. Antigamente, no mundo off-line, as empresas eram mais limitadas em termos de canais para poder partir para ação. Ela tinha que comprar um espaço na TV. Agora ela cria canal no youtube e pode dar um tutorial de educação financeira. O custo dos meios de distribuição de conteúdo tende a zero. Isso destravou a possibilidade da marca sair da falar e ir para a ação. Repensar a comunicação O digital traz novas possibilidades para as marcas, mas, para isso, é preciso repensar o modelo. A comunicação e o marketing podem influenciar na concepção do produto, pois ele tem o pulso no consumidor, faz pesquisa, tem acesso à informação e sensibilidade. E isso é extremamente rico para a concepção do próprio produto. Recomendação Uma relação de consumo com significado gera fidelidade e também recomendação espontânea. O Uber cresceu a sua base basicamente no boca a boca. Eles não investem em publicidade. Isso acontece quando você usa o serviço e acha incrível. Claro que o Uber incentiva, oferecendo crédito e estimulando as pessoas a recomendar. Mas, se a experiência de uso não for boa, ela não vai passar a diante. E o principal motivo para o Uber ter experiência que é considerada acima da média é não precisar usar o cartão para pagar. Você chega, abre a porta e sai. O momento de pagar é desgastante, emocionalmente ruim. Ai alguém pensou em melhorar a experiência e eliminou isso. O consumidor é um agente para ajudar a fazer a marca ser construída. Mas a briga pelo tempo das pessoas é feroz. E você só conquista o tempo dela se você der algo que tenha um significado mais profundo para aquela pessoa. Relação com consumidor Tem muito que evoluir. Não dá para uma marca ser significante se ela é líder de reclamação. Ela precisa prestar bom serviço e entregar aquilo a que se propõe. Há um efeito rebote no Brasil que é o contrário. A gente como sociedade tem sentimento geral de levar vantagem. Tem muita marca que não faz o seu papel e merece estar no Reclame Aqui. Mas muitas vezes as empresas não melhoram a experiência pois o consumidor abusa. Nos EUA, você compra qualquer coisa e, seis meses depois, você pode trocar. A premissa é que o cara não vai usar a roupa na festa e depois vai devolver. Aqui, o que vem primeiro? Não sei responder. Mas os dois lados precisam mudar. Existe uma responsabilidade do consumidor como cidadão. E empresas querendo ganhar dinheiro em cima de não oferecer a melhor experiência para o consumidor. É um péssimo sinal que a gente tenha tantas entidades de defesa do consumidor, mediando e infantilizando a vida de todos nós. Como sociedade isso é muito ruim. A melhor receita para isso é concorrência. | mercado | Pessoas esperam que marcas partam para a ação, diz empreendedorPara sobressair em um mundo em que o consumidor é o grande influenciador de decisões de compra, as marcas precisam gerar experiências que façam sentido e que toquem de alguma forma seu público. "Marcas que têm um propósito claro começam a ter um diferencial competitivo mensurável. Deixou de ser uma coisa que as marcas estão fazendo pois querem ser boazinhas e se posicionar institucionalmente como responsável e passou a ser uma coisa efetiva, com influência na decisão de compra", diz Marcelo Tripoli, autor de "Meaningful Marketing - Como A sua Vida Pode ter Significado na Vida das Pessoas" (Clube Select). Empreendedor e especialista em mídias digitais, vice-presidente da SapientNitro para a América Latina, Tripoli falou na edição deste mês do Arena do Marketing, programa da "TV Folha" com transmissão ao vivo e que foi ao ar na quarta (16). O bate-papo teve ainda a presença de Ismael Rocha, diretor acadêmico de graduação da ESPM-SP. ★ Definição O advento digital mudou a dinâmica do nosso dia a dia, e as marcas não conseguem mais manter a sua relevância só pela mensagem que entregam e mostrar que estão ali para fazer alguma coisa ou gerar um valor para aquelas pessoas. O manual tradicional do marketing, focado nos quatro Ps [produto, preço, praça e promoção], está completamente desatualizado. Cada um de nós virou um emissor de mensagem, não só um receptor. A gente saiu de uma posição passiva em que éramos impactados pelos meios de massa e passou a ser ativo e a influenciar na decisão de compra de outros consumidores. O sonho de consumo de uma empresa é que os clientes voluntariamente recomendem seu produto para os amigos. Ser bonzinho Marcas que têm um propósito claro começam a ter um diferencial competitivo mensurável. Deixou de ser uma coisa que as marcas estão fazendo pois querem ser boazinhas e se posicionar institucionalmente como responsável e passou a ser uma coisa efetiva, com influência na decisão de compra. Hoje em dia, as marcas que não têm propósito são vistas como mercadoria. E mercadoria você compra o mais barato. Propósito "Meaningful marketing" é mais uma relação de propósito entre quem está consumindo o produto e quem está oferecendo. Não necessariamente tem que estar conectado com os valores da corporação. Idealmente está. Se tudo estiver conectado, a empresa vai ser mais bem-sucedida no longo prazo. Mas já dá para considerar uma relação significativa se naquela transação a empresa está preocupada com a experiência do consumidor por inteiro. Experiência Experiência de produto é marketing. Melhorar o produto ou serviço está no coração do marketing bem-sucedido. É preciso cuidar da relação com o consumidor não só na hora da transação. E, para cada momento da jornada do consumidor com a sua marca, identificar quais as oportunidades de fazer algo pra tornar a experiência mais prazeirosa, mais conveniente, mais significativa. Por onde começar É muito mais fácil para uma start-up que já nasce com propósito claro. Mas as marcas têm de começar por algum lugar, pode ser com um produto. As empresas são conglomerados muito grandes. Se forem fazer trabalho de cima para baixo, para que o propósito chegue à raiz de uma empresa que durante muito anos teve uma atuação muito diferente, dificilmente você vira esse barco. Coerência Não pode haver diferença entre entre o que a marca diz e o que ela faz. Não adianta uma marca de esporte vender imagem de "pratique esporte", sem ajudar a empoderar a pessoa para praticar esporte de fato. Temos visto marcas construindo equipamentos esportivos nas cidades para ajudar as pessoas a fazer esporte. O banco ajuda ou ele só tem uma campanha que fala da importância do crédito consciente? O que ele faz de fato para que as pessoas sejam mais conscientes no uso do crédito? As pessoas esperam que as marcas partam para a ação. Sem limitações Acho que aqui a gente volta no contexto do mundo digital. Antigamente, no mundo off-line, as empresas eram mais limitadas em termos de canais para poder partir para ação. Ela tinha que comprar um espaço na TV. Agora ela cria canal no youtube e pode dar um tutorial de educação financeira. O custo dos meios de distribuição de conteúdo tende a zero. Isso destravou a possibilidade da marca sair da falar e ir para a ação. Repensar a comunicação O digital traz novas possibilidades para as marcas, mas, para isso, é preciso repensar o modelo. A comunicação e o marketing podem influenciar na concepção do produto, pois ele tem o pulso no consumidor, faz pesquisa, tem acesso à informação e sensibilidade. E isso é extremamente rico para a concepção do próprio produto. Recomendação Uma relação de consumo com significado gera fidelidade e também recomendação espontânea. O Uber cresceu a sua base basicamente no boca a boca. Eles não investem em publicidade. Isso acontece quando você usa o serviço e acha incrível. Claro que o Uber incentiva, oferecendo crédito e estimulando as pessoas a recomendar. Mas, se a experiência de uso não for boa, ela não vai passar a diante. E o principal motivo para o Uber ter experiência que é considerada acima da média é não precisar usar o cartão para pagar. Você chega, abre a porta e sai. O momento de pagar é desgastante, emocionalmente ruim. Ai alguém pensou em melhorar a experiência e eliminou isso. O consumidor é um agente para ajudar a fazer a marca ser construída. Mas a briga pelo tempo das pessoas é feroz. E você só conquista o tempo dela se você der algo que tenha um significado mais profundo para aquela pessoa. Relação com consumidor Tem muito que evoluir. Não dá para uma marca ser significante se ela é líder de reclamação. Ela precisa prestar bom serviço e entregar aquilo a que se propõe. Há um efeito rebote no Brasil que é o contrário. A gente como sociedade tem sentimento geral de levar vantagem. Tem muita marca que não faz o seu papel e merece estar no Reclame Aqui. Mas muitas vezes as empresas não melhoram a experiência pois o consumidor abusa. Nos EUA, você compra qualquer coisa e, seis meses depois, você pode trocar. A premissa é que o cara não vai usar a roupa na festa e depois vai devolver. Aqui, o que vem primeiro? Não sei responder. Mas os dois lados precisam mudar. Existe uma responsabilidade do consumidor como cidadão. E empresas querendo ganhar dinheiro em cima de não oferecer a melhor experiência para o consumidor. É um péssimo sinal que a gente tenha tantas entidades de defesa do consumidor, mediando e infantilizando a vida de todos nós. Como sociedade isso é muito ruim. A melhor receita para isso é concorrência. | 2 |
Quinta fria tem audiência pública em Santana e show de Walter Franco | DE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA * TEMPO * CULTURA E LAZER PERSONAGEM DO DIA Renata Sales, 32, produtora cultural, República A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não... Agora é brincar de viver... Isso é Maria Bethânia, incrível. O mundo seria bem mais triste sem músicas. É fantástico esse poder sonoro de nos transformar... * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Bruno Soraggi (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | saopaulo | Quinta fria tem audiência pública em Santana e show de Walter FrancoDE SÃO PAULO O QUE AFETA SUA VIDA * TEMPO * CULTURA E LAZER PERSONAGEM DO DIA Renata Sales, 32, produtora cultural, República A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não... Agora é brincar de viver... Isso é Maria Bethânia, incrível. O mundo seria bem mais triste sem músicas. É fantástico esse poder sonoro de nos transformar... * AMANHÃ As dicas do dia seguinte são publicadas aqui sempre às 20h Coordenação: Ricardo Ampudia Reportagem: Bruno Soraggi (cidades e agenda) e Paulo Troya + Renan Teles (personagem do dia) | 9 |
Segunda tem interdição de rua em Higienópolis, mais Olimpíada e teatro grátis | BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 8 de agosto de 2016. Segunda-feira. Bom dia para você que vai levar o espírito olímpico para uma semana motivada e produtiva! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Água na boca | O espaço Unibes Cultural encerra nesta segunda a mostra Panoramas da Comida no Brasil. Com curadoria de Alex Atala, a individual de Sergio Coimbra exibe imagens de comidas de rua e do universo gastronômico brasileiro. A entrada é gratuita. Olimpíada | Veja opções de bares e restaurantes que o "Guia" selecionou para assistir às competições olímpicas. Semanal | O projeto Teatro na Mário, que leva peças de teatro gratuitas à Biblioteca Mário de Andrade, recebe quatro montagens neste mês. Nesta segunda entra em cena o espetáculo "A Balada de Gisberta", que fala sobre a transexual paulistana Gisberta Salce Júnior, que saiu do Brasil para fugir da violência e acabou assassinada em Portugal em 2006. A sessão ocorre às 20h com entrada gratuita. Boi nos ares | Especializado em carnes, o restaurante argentino Corrientes 348 recebe até o dia 13/8 o Festival Red Ruby Devon. No evento, realizado em parceria com uma marca de carnes, três unidades da rede oferecem cardápio exclusivo com cortes da raça bovina Red Ruby Devon, celebrada pela maciez e marmoreio da carne. * PARA TER ASSUNTO Vai, Brasil! | A seleção olímpica de futebol masculino decepcionou mais uma vez e não saiu do empate sem gols contra o Iraque. No entanto, o Brasil teve outras conquistas no domingo: as meninas da ginástica artística avançaram à final; conseguimos uma vaga na semifinal da canoagem slalom e avançamos para as oitavas no tênis de mesa. Acompanhe a cobertura completa e saiba a agenda do dia. Impressionante | Durante a prova feminina de ciclismo de estrada, a holandesa Annemiek van Vleuten caiu feio e foi hospitalizada. Ela teve uma concussão e três pequenas fraturas na espinha lombar. Ficou pequeno | A Folha fez um levantamento de quais são os maiores templos religiosos da cidade, baseado em uma lista divulgada pela Prefeitura. A Catedral da Sé, por exemplo, ocupa é só a 21ª posição na lista. Saiba qual é o maior (e o menor). * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista pelo Inmet é de 30ºC. A mínima deve ficar em 17ºC com céu parcialmente nublado. Centro | A rua Sergipe, em Higienópolis, está interditada para o trânsito de veículos na altura da rua Ceará desde domingo. O bloqueio se dá em razão de obras da futura estação Angélica/Mackenzie da linha 6-laranja do metrô e deve durar aproximadamente três anos. Zona sul | A rua dos Otonis está bloqueada entre as ruas Varpa e Pedro de Toledo até o mês de setembro para obras da estação Clemente, da linha 5 do metrô. A rua Laguna, no Jardim Caravelas, também fica interditada no cruzamento com a rua Bragança Paulista até o dia 11 de agosto devido a obras de expansão da Chucri Zaidan. Zona leste | A av. Itaquera tem bloqueio nos dois sentidos entre as av. Sylvio Torres e Guiomar Ataliba Penteado até o dia 11 de agosto. A interdição se dá para a construção do corredor de ônibus. A rua Gregório Ramalho também fica interditada para obras entre as ruas Flores do Piauí e Victório Santim. Zona oeste | A rua João Ramalho, na região de Perdizes, fica totalmente interditada na altura da rua Cardoso de Almeida, por cerca de três anos. A mudança começou em 17 de julho e acontece devido às obras da futura estação PUC-Cardoso de Almeida, da linha 6-laranja do metrô. | saopaulo | Segunda tem interdição de rua em Higienópolis, mais Olimpíada e teatro grátisBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 8 de agosto de 2016. Segunda-feira. Bom dia para você que vai levar o espírito olímpico para uma semana motivada e produtiva! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Água na boca | O espaço Unibes Cultural encerra nesta segunda a mostra Panoramas da Comida no Brasil. Com curadoria de Alex Atala, a individual de Sergio Coimbra exibe imagens de comidas de rua e do universo gastronômico brasileiro. A entrada é gratuita. Olimpíada | Veja opções de bares e restaurantes que o "Guia" selecionou para assistir às competições olímpicas. Semanal | O projeto Teatro na Mário, que leva peças de teatro gratuitas à Biblioteca Mário de Andrade, recebe quatro montagens neste mês. Nesta segunda entra em cena o espetáculo "A Balada de Gisberta", que fala sobre a transexual paulistana Gisberta Salce Júnior, que saiu do Brasil para fugir da violência e acabou assassinada em Portugal em 2006. A sessão ocorre às 20h com entrada gratuita. Boi nos ares | Especializado em carnes, o restaurante argentino Corrientes 348 recebe até o dia 13/8 o Festival Red Ruby Devon. No evento, realizado em parceria com uma marca de carnes, três unidades da rede oferecem cardápio exclusivo com cortes da raça bovina Red Ruby Devon, celebrada pela maciez e marmoreio da carne. * PARA TER ASSUNTO Vai, Brasil! | A seleção olímpica de futebol masculino decepcionou mais uma vez e não saiu do empate sem gols contra o Iraque. No entanto, o Brasil teve outras conquistas no domingo: as meninas da ginástica artística avançaram à final; conseguimos uma vaga na semifinal da canoagem slalom e avançamos para as oitavas no tênis de mesa. Acompanhe a cobertura completa e saiba a agenda do dia. Impressionante | Durante a prova feminina de ciclismo de estrada, a holandesa Annemiek van Vleuten caiu feio e foi hospitalizada. Ela teve uma concussão e três pequenas fraturas na espinha lombar. Ficou pequeno | A Folha fez um levantamento de quais são os maiores templos religiosos da cidade, baseado em uma lista divulgada pela Prefeitura. A Catedral da Sé, por exemplo, ocupa é só a 21ª posição na lista. Saiba qual é o maior (e o menor). * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista pelo Inmet é de 30ºC. A mínima deve ficar em 17ºC com céu parcialmente nublado. Centro | A rua Sergipe, em Higienópolis, está interditada para o trânsito de veículos na altura da rua Ceará desde domingo. O bloqueio se dá em razão de obras da futura estação Angélica/Mackenzie da linha 6-laranja do metrô e deve durar aproximadamente três anos. Zona sul | A rua dos Otonis está bloqueada entre as ruas Varpa e Pedro de Toledo até o mês de setembro para obras da estação Clemente, da linha 5 do metrô. A rua Laguna, no Jardim Caravelas, também fica interditada no cruzamento com a rua Bragança Paulista até o dia 11 de agosto devido a obras de expansão da Chucri Zaidan. Zona leste | A av. Itaquera tem bloqueio nos dois sentidos entre as av. Sylvio Torres e Guiomar Ataliba Penteado até o dia 11 de agosto. A interdição se dá para a construção do corredor de ônibus. A rua Gregório Ramalho também fica interditada para obras entre as ruas Flores do Piauí e Victório Santim. Zona oeste | A rua João Ramalho, na região de Perdizes, fica totalmente interditada na altura da rua Cardoso de Almeida, por cerca de três anos. A mudança começou em 17 de julho e acontece devido às obras da futura estação PUC-Cardoso de Almeida, da linha 6-laranja do metrô. | 9 |
Recessão no Brasil não afetará Olimpíada, diz Nuzman | A recessão no Brasil e a perspectiva de uma retração prolongada na economia nacional não irão afetar a reta final dos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016, afirmou nesta terça-feira (1) o presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman. "Olhando para os Jogos, tudo está encaminhado. Não temos atrasos, todas as companhias estão trabalhando e estamos seguindo isso todo dia. Toda essa situação não irá afetar entregarmos os Jogos e as obras em tempo", disse Nuzman durante entrevista coletiva em Londres. Na semana passada, dados oficiais confirmaram que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil encolheu 1,9% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro. Os investimentos também estão em queda ininterrupta há dois anos, o que torna mais distante o horizonte de recuperação. No início do mês, antes da divulgação dos resultados do PIB, Nuzman já havia dito que "o Brasil está parado, mas o Rio está andando". Agora, diante do diagnóstico de retração, retomou a avaliação: "Está andando. Até hoje eu garanto". BAÍA NA BERLINDA A grande preocupação de Nuzman durante a entrevista à imprensa internacional foi minimizar a polêmica sobre a situação da baía de Guanabara, que abrigará competições aquáticas na Olimpíada e não ficará totalmente limpa para a competição. Casos recentes de atletas que contraíram infecções após eventos na baía alimentaram suspeitas sobre os potenciais impactos negativos dos poluentes sobre os competidores. "Não tenho dúvida que teremos as competições de vela na baía de Guanabara sem problemas", afirmou Nuzman. Para ele, não há comprovação de que a água da baía tenha sido a causa do mal-estar dos atletas. Sobre o episódio do alemão Eric Heil, hospitalizado com uma infecção multirresistente nas pernas após velejar na baía no mês passado durante um evento-teste para os Jogos, Nuzman sugeriu que tenha sido algo isolado - o atleta responsabilizou a água. "Ele é alérgico à penicilina, então teve que tomar outro tipo de antibiótico, que demorou um pouco mais para agir. Ele estará pronto para retomar os treinos em breve", afirmou o dirigente. Nuzman disse que a nova tubulação que irá desviar o despejo da água que chega à Marina da Glória - um dos locais de competições na baía - estará pronta até o fim do ano, deixando o local "completamente limpo". Ele evitou, contudo, ao ser questionado, assegurar que não haverá nenhum incidente. "(Atletas) algumas vezes comem coisas às quais não estão acostumados." TRANSPARÊNCIA Órgãos públicos e de imprensa vêm cobrando maior transparência das autoridades envolvidas na organização dos Jogos. No mês passado, por exemplo, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou mais transparência do Comitê Organizador e recomendou a publicação dos contratos da entidade na internet. Questionado pela BBC Brasil a respeito, Nuzman disse que há cláusulas de confidencialidade com parceiros privados que impedem a publicação de todos os contratos. "Tem alguns contratos que têm confidencialidade de patrocinadores, e as companhias têm que ser respeitadas. (...) Vamos terminar os Jogos e fazer a prestação de contas total da parte que diz respeito ao Comitê Organizador. (Sobre) os demais, cada um fala por si", disse. DESEMPENHO EM XEQUE O dirigente procurou minimizar os resultados abaixo das expectativas que o Brasil obteve em competições mundiais de esportes importantes para o país, como judô, atletismo e natação. Para ele, isso não é consequência de possíveis falhas no planejamento esportivo nacional. "A maioria dos resultados que estamos tendo no quadriênio são muito bons. Se neste ano não tivemos os resultados que esperávamos no atletismo, no judô e mesmo na natação, temos enorme confiança no trabalho que eles estão fazendo. E ter resultado positivo no ano que vem é o que importa." | bbc | Recessão no Brasil não afetará Olimpíada, diz NuzmanA recessão no Brasil e a perspectiva de uma retração prolongada na economia nacional não irão afetar a reta final dos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2016, afirmou nesta terça-feira (1) o presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman. "Olhando para os Jogos, tudo está encaminhado. Não temos atrasos, todas as companhias estão trabalhando e estamos seguindo isso todo dia. Toda essa situação não irá afetar entregarmos os Jogos e as obras em tempo", disse Nuzman durante entrevista coletiva em Londres. Na semana passada, dados oficiais confirmaram que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil encolheu 1,9% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro. Os investimentos também estão em queda ininterrupta há dois anos, o que torna mais distante o horizonte de recuperação. No início do mês, antes da divulgação dos resultados do PIB, Nuzman já havia dito que "o Brasil está parado, mas o Rio está andando". Agora, diante do diagnóstico de retração, retomou a avaliação: "Está andando. Até hoje eu garanto". BAÍA NA BERLINDA A grande preocupação de Nuzman durante a entrevista à imprensa internacional foi minimizar a polêmica sobre a situação da baía de Guanabara, que abrigará competições aquáticas na Olimpíada e não ficará totalmente limpa para a competição. Casos recentes de atletas que contraíram infecções após eventos na baía alimentaram suspeitas sobre os potenciais impactos negativos dos poluentes sobre os competidores. "Não tenho dúvida que teremos as competições de vela na baía de Guanabara sem problemas", afirmou Nuzman. Para ele, não há comprovação de que a água da baía tenha sido a causa do mal-estar dos atletas. Sobre o episódio do alemão Eric Heil, hospitalizado com uma infecção multirresistente nas pernas após velejar na baía no mês passado durante um evento-teste para os Jogos, Nuzman sugeriu que tenha sido algo isolado - o atleta responsabilizou a água. "Ele é alérgico à penicilina, então teve que tomar outro tipo de antibiótico, que demorou um pouco mais para agir. Ele estará pronto para retomar os treinos em breve", afirmou o dirigente. Nuzman disse que a nova tubulação que irá desviar o despejo da água que chega à Marina da Glória - um dos locais de competições na baía - estará pronta até o fim do ano, deixando o local "completamente limpo". Ele evitou, contudo, ao ser questionado, assegurar que não haverá nenhum incidente. "(Atletas) algumas vezes comem coisas às quais não estão acostumados." TRANSPARÊNCIA Órgãos públicos e de imprensa vêm cobrando maior transparência das autoridades envolvidas na organização dos Jogos. No mês passado, por exemplo, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou mais transparência do Comitê Organizador e recomendou a publicação dos contratos da entidade na internet. Questionado pela BBC Brasil a respeito, Nuzman disse que há cláusulas de confidencialidade com parceiros privados que impedem a publicação de todos os contratos. "Tem alguns contratos que têm confidencialidade de patrocinadores, e as companhias têm que ser respeitadas. (...) Vamos terminar os Jogos e fazer a prestação de contas total da parte que diz respeito ao Comitê Organizador. (Sobre) os demais, cada um fala por si", disse. DESEMPENHO EM XEQUE O dirigente procurou minimizar os resultados abaixo das expectativas que o Brasil obteve em competições mundiais de esportes importantes para o país, como judô, atletismo e natação. Para ele, isso não é consequência de possíveis falhas no planejamento esportivo nacional. "A maioria dos resultados que estamos tendo no quadriênio são muito bons. Se neste ano não tivemos os resultados que esperávamos no atletismo, no judô e mesmo na natação, temos enorme confiança no trabalho que eles estão fazendo. E ter resultado positivo no ano que vem é o que importa." | 18 |
Veja os lançamentos da área jurídica em destaque nesta semana | A Folha seleciona semanalmente sugestões de livros jurídicos. Confira os destaques: * JUSTIÇA COMENTADA Autor Alexandre de Moraes Editora Atlas / (11) 5080-0770 Quanto R$ 59 (224 págs.) A obra reúne artigos sucintos do autor sobre o funcionamento da Justiça brasileira, anteriormente publicados em sua coluna na revista eletrônica Consultor Jurídico. Comentários técnicos são combinados com argumentos retóricos para sustentar seu posicionamento pessoal sobre acontecimentos institucionais entre os anos de 2013 e 2014. - PUB - UMA REVISTA PARA O ADVOGADO PÚBLICO LER APÓS O EXPEDIENTE Autor Guilherme José P. de Figueiredo (edição) Editora Letras do Pensamento / (11) 3107-6501 Quanto R$ 40 (160 págs.) Em seu primeiro volume, a revista explora a interface entre direito e literatura. É produto da colaboração de diferentes associações de procuradores. Divulga contos, crônicas e poesias, além de matérias relacionadas ao direito. - O BILL OF RIGHTS AMERICANO Autores Adhemar Ferreira Maciel Editora Del Rey / (31) 3273-2971 Quanto R$ 250 (592 págs.) É um livro de direito comparado, que tem como subtítulo "Reflexos no Direito Constitucional Brasileiro". O autor apresenta a história do direito norte-americano e sua evolução ao longo do tempo. Detalha emendas à Constituição e casos judiciais relevantes. A leitura é interessante. - MINISTÉRIO PÚBLICO E PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO EFICIENTE Autores Fábio André Guaragni e Eduardo Cambi (coords.) Editora Almedina / (11) 3885-6624 Quanto R$ 98 (320 págs.) A obra coletiva adota a visão de que direitos fundamentais devem ser defendidos contra o Estado e por meio dele. Concebe o Ministério Público como detentor de ampla parcela da responsabilidade pela política criminal. | cotidiano | Veja os lançamentos da área jurídica em destaque nesta semanaA Folha seleciona semanalmente sugestões de livros jurídicos. Confira os destaques: * JUSTIÇA COMENTADA Autor Alexandre de Moraes Editora Atlas / (11) 5080-0770 Quanto R$ 59 (224 págs.) A obra reúne artigos sucintos do autor sobre o funcionamento da Justiça brasileira, anteriormente publicados em sua coluna na revista eletrônica Consultor Jurídico. Comentários técnicos são combinados com argumentos retóricos para sustentar seu posicionamento pessoal sobre acontecimentos institucionais entre os anos de 2013 e 2014. - PUB - UMA REVISTA PARA O ADVOGADO PÚBLICO LER APÓS O EXPEDIENTE Autor Guilherme José P. de Figueiredo (edição) Editora Letras do Pensamento / (11) 3107-6501 Quanto R$ 40 (160 págs.) Em seu primeiro volume, a revista explora a interface entre direito e literatura. É produto da colaboração de diferentes associações de procuradores. Divulga contos, crônicas e poesias, além de matérias relacionadas ao direito. - O BILL OF RIGHTS AMERICANO Autores Adhemar Ferreira Maciel Editora Del Rey / (31) 3273-2971 Quanto R$ 250 (592 págs.) É um livro de direito comparado, que tem como subtítulo "Reflexos no Direito Constitucional Brasileiro". O autor apresenta a história do direito norte-americano e sua evolução ao longo do tempo. Detalha emendas à Constituição e casos judiciais relevantes. A leitura é interessante. - MINISTÉRIO PÚBLICO E PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO EFICIENTE Autores Fábio André Guaragni e Eduardo Cambi (coords.) Editora Almedina / (11) 3885-6624 Quanto R$ 98 (320 págs.) A obra coletiva adota a visão de que direitos fundamentais devem ser defendidos contra o Estado e por meio dele. Concebe o Ministério Público como detentor de ampla parcela da responsabilidade pela política criminal. | 5 |
Com 2ª melhor nota no Enem, colégio do CE aposta em filosofia e psicologia | Classificado como a segunda melhor escola do país pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o colégio Farias Brito, do Ceará, tinha ao menos 80% dos alunos vindos de outras três unidades da instituição para a que prestaria a prova neste ano. Dos 44 que fizeram a prova, só 20% estudaram na mesma unidade desde o início do ensino médio. O presidente do colégio, Tales de Sá Cavalcante, nega que a transferência tenha sido uma estratégia para melhorar no ranking do Enem. Ele afirma que a unidade, que realizou a prova do Enem, tem grupos de estudos específicos para grandes vestibulares, como o ITA, USP e Unicamp, o que acaba atraindo estudantes de outras unidades do grupo. Clique na infografia: Desempenho Enem 2014 Para entrar no colégio, o aluno precisa passar por um exame. Essa avaliação, de acordo com o presidente, indica até a turma que o estudante vai frequentar. Isso, segundo ele, é para melhorar a integração. "Cada aluno é observado dentro do seu rendimento e tem acompanhamento individual", disse. A mensalidade mais cara, referente ao 3º ano do ensino médio, é de R$ 1.469. Para ele, o desempenho do colégio pode ser atribuído a uma equipe de psicólogos e ao foco na filosofia. Segundo Tales, desde o primeiro ano do ensino fundamental, os alunos estudam a disciplina. "Antes até mesmo de aprender a ler." Sobre os psicólogos, Cavalcante diz que eles oferecem atendimento individual aos alunos. "O objetivo é evitar que conflitos prejudiquem o desempenho do aluno. Cada ser humano é dono de um universo próprio e a psicologia é um dos princípios da educação." Com unidades na capital Fortaleza e em Sobral, no interior do Estado, o grupo tem 15,3 mil alunos desde o berçário até a faculdade. Segundo o dirigente, o Farias Brito aprovou 28 alunos no último vestibular do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), um dos mais concorridos do país. "O menino do Nordeste tem muita vontade de vencer. Somado ao nosso projeto pedagógico, conseguimos esses resultados", disse Cavalcante, cujos pais fundaram a instituição há 80 anos. Segundo Cavalcante, os professores são avaliados constantemente e recebem bônus por produtividade, com valor que corresponde a 10% do salário. Isso acontece quando o profissional cumpre toda a agenda escolar e não falta às aulas. A maioria dos docentes são do Ceará. | educacao | Com 2ª melhor nota no Enem, colégio do CE aposta em filosofia e psicologiaClassificado como a segunda melhor escola do país pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o colégio Farias Brito, do Ceará, tinha ao menos 80% dos alunos vindos de outras três unidades da instituição para a que prestaria a prova neste ano. Dos 44 que fizeram a prova, só 20% estudaram na mesma unidade desde o início do ensino médio. O presidente do colégio, Tales de Sá Cavalcante, nega que a transferência tenha sido uma estratégia para melhorar no ranking do Enem. Ele afirma que a unidade, que realizou a prova do Enem, tem grupos de estudos específicos para grandes vestibulares, como o ITA, USP e Unicamp, o que acaba atraindo estudantes de outras unidades do grupo. Clique na infografia: Desempenho Enem 2014 Para entrar no colégio, o aluno precisa passar por um exame. Essa avaliação, de acordo com o presidente, indica até a turma que o estudante vai frequentar. Isso, segundo ele, é para melhorar a integração. "Cada aluno é observado dentro do seu rendimento e tem acompanhamento individual", disse. A mensalidade mais cara, referente ao 3º ano do ensino médio, é de R$ 1.469. Para ele, o desempenho do colégio pode ser atribuído a uma equipe de psicólogos e ao foco na filosofia. Segundo Tales, desde o primeiro ano do ensino fundamental, os alunos estudam a disciplina. "Antes até mesmo de aprender a ler." Sobre os psicólogos, Cavalcante diz que eles oferecem atendimento individual aos alunos. "O objetivo é evitar que conflitos prejudiquem o desempenho do aluno. Cada ser humano é dono de um universo próprio e a psicologia é um dos princípios da educação." Com unidades na capital Fortaleza e em Sobral, no interior do Estado, o grupo tem 15,3 mil alunos desde o berçário até a faculdade. Segundo o dirigente, o Farias Brito aprovou 28 alunos no último vestibular do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), um dos mais concorridos do país. "O menino do Nordeste tem muita vontade de vencer. Somado ao nosso projeto pedagógico, conseguimos esses resultados", disse Cavalcante, cujos pais fundaram a instituição há 80 anos. Segundo Cavalcante, os professores são avaliados constantemente e recebem bônus por produtividade, com valor que corresponde a 10% do salário. Isso acontece quando o profissional cumpre toda a agenda escolar e não falta às aulas. A maioria dos docentes são do Ceará. | 12 |
Ônibus é incendiado na zona sul de SP | Um ônibus foi incendiado na Vila Santa Lúcia, zona sul de São Paulo, na noite de terça-feira (24). Este é o quarto ataque a ônibus em menos de uma semana na região. Por volta das 21h30, um grupo cercou o coletivo no cruzamento das ruas Olga Moretti Ferrari e Syria Bueno de Moraes. O grupo obrigou o motorista, cobrador e passageiros desembarcarem e colocou fogo no coletivo. Não houve feridos, mas o ônibus ficou destruído. Nenhum suspeito foi preso. Na noite do último domingo (22), um grupo de pessoas incendiou um ônibus na avenida Guarapiranga, no Jardim São Luís. Na semana passada, outros dois ônibus foram incendiados na Estrada do M'Boi Mirim. | cotidiano | Ônibus é incendiado na zona sul de SPUm ônibus foi incendiado na Vila Santa Lúcia, zona sul de São Paulo, na noite de terça-feira (24). Este é o quarto ataque a ônibus em menos de uma semana na região. Por volta das 21h30, um grupo cercou o coletivo no cruzamento das ruas Olga Moretti Ferrari e Syria Bueno de Moraes. O grupo obrigou o motorista, cobrador e passageiros desembarcarem e colocou fogo no coletivo. Não houve feridos, mas o ônibus ficou destruído. Nenhum suspeito foi preso. Na noite do último domingo (22), um grupo de pessoas incendiou um ônibus na avenida Guarapiranga, no Jardim São Luís. Na semana passada, outros dois ônibus foram incendiados na Estrada do M'Boi Mirim. | 5 |
Assessor de Celso Russomanno dá expediente em clínica de Dr. Rey | Quem quiser falar com Fabio Bonchristiano, assessor do deputado Celso Russomanno (PRB-SP), tem boas chances de encontrá-lo não no escritório político do parlamentar, no Ipiranga (zona sul de São Paulo), mas na clínica Estética Hollywood, em Moema, uma franquia do cirurgião plástico pop Dr. Rey. A mulher do deputado e apresentador de TV, Lovanni, é dona da franquia, informa o registro na Junta Comercial de São Paulo. Outros assessores de Russomanno dizem que Bonchristiano "dificilmente aparece" no gabinete parlamentar e sugeriram que a reportagem o procurasse na clínica. Neste endereço, a Folha constatou sua presença, em horário de trabalho, em três dias úteis recentes: na terça 8 de agosto às 11h e às 14h30; na sexta 11, às 13h e 14h30; e na quinta 24, às 14h. Nomeado funcionário da Câmara dos Deputados em 10 de abril, ele recebeu, em julho, salário bruto de R$ 5.195,36, mais R$ 982,29 em benefícios. Bonchristiano exerce, formalmente, o cargo de secretário parlamentar. Funcionários do escritório de Russomanno não souberem dizer qual era a função dele ali –apenas que era administrador da clínica. À Folha o assessor minimizou vínculos com a franquia. Disse que sua presença na Estética Hollywood tinha como objetivo apresentar a trajetória de Russomanno a Paulo Silvestre, responsável pela venda de novas franquias. Uma das funções do assessor parlamentar, segundo a Folha apurou, é cuidar da expansão da clínica de cirurgia plástica. Em 25 de março, Bonchristiano sorriu para uma selfie ao lado de Dr. Rey, que vestia uma camisa com listras roxas e verdes sob o jaleco. O encontro foi registrado no Facebook: "Inauguração Estética Hollywood Dr. Rey em Petrolina [PE]...". A presença de Rey é garantida na abertura da versão "premium" de uma franquia, que sai por R$ 200 mil. A versão "select" custa R$ 40 mil. Brasileiro radicado em Los Angeles, Rey licencia sua imagem, mas não participa do negócio. Em 2014, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSC em São Paulo. Teve 21,3 mil votos e não se elegeu. REINCIDÊNCIA Funcionários comissionados que atuam em negócios privados ligados ao parlamentar não são novidade na carreira de Russomanno. Em 2015, a Folha flagrou cinco assessores remunerados por seu gabinete trabalhando diariamente no Inadec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor), criado por Russomanno. Outro caso semelhante quase custou a candidatura do deputado a prefeito de São Paulo, no ano passado. Ele era acusado pelo Ministério Público Federal por pagar, com recursos da Câmara, o salário de Sandra de Jesus, que trabalhava na produtora de vídeo do deputado, a Night and Day. O STF acabou inocentando-o. OUTRO LADO O assessor parlamentar Fabio Bonchristiano justifica a frequência na clínica dizendo que vai a reuniões com Paulo Silvestre, seu "amigo pessoal" e diretor do estabelecimento. Segundo o assessor, eles conversam sobre "a história do deputado Celso Russomanno e a história da clínica". "Estou brifando ele. A clínica nem é do deputado, é da esposa dele. Mas ele, com o casamento, tem responsabilidade também", disse Bonchristiano à Folha, pelo telefone da Estética Hollywood, na quinta (24). Ele afirma também que é inverídica a informação de que não frequenta o escritório de Russomanno. Já o deputado afirmou que questionou o assessor sobre sua presença na clínica. "Ele me relatou que além de manter amizade com o administrador, realizou ali alguns tratamentos", disse em nota. O parlamentar afirmou que iria descontar do salário de Bonchristiano os horários em que o funcionário esteve na clínica. Russomanno afirmou ainda que não utiliza imóvel funcional e outros auxílios da Câmara dos Deputados e, com isso, economizou R$ 1,5 milhão em mandatos anteriores. "Não compactuo com práticas erradas, minha postura, demonstrada diariamente e publicamente, confirmam minha honradez", afirmou. | poder | Assessor de Celso Russomanno dá expediente em clínica de Dr. ReyQuem quiser falar com Fabio Bonchristiano, assessor do deputado Celso Russomanno (PRB-SP), tem boas chances de encontrá-lo não no escritório político do parlamentar, no Ipiranga (zona sul de São Paulo), mas na clínica Estética Hollywood, em Moema, uma franquia do cirurgião plástico pop Dr. Rey. A mulher do deputado e apresentador de TV, Lovanni, é dona da franquia, informa o registro na Junta Comercial de São Paulo. Outros assessores de Russomanno dizem que Bonchristiano "dificilmente aparece" no gabinete parlamentar e sugeriram que a reportagem o procurasse na clínica. Neste endereço, a Folha constatou sua presença, em horário de trabalho, em três dias úteis recentes: na terça 8 de agosto às 11h e às 14h30; na sexta 11, às 13h e 14h30; e na quinta 24, às 14h. Nomeado funcionário da Câmara dos Deputados em 10 de abril, ele recebeu, em julho, salário bruto de R$ 5.195,36, mais R$ 982,29 em benefícios. Bonchristiano exerce, formalmente, o cargo de secretário parlamentar. Funcionários do escritório de Russomanno não souberem dizer qual era a função dele ali –apenas que era administrador da clínica. À Folha o assessor minimizou vínculos com a franquia. Disse que sua presença na Estética Hollywood tinha como objetivo apresentar a trajetória de Russomanno a Paulo Silvestre, responsável pela venda de novas franquias. Uma das funções do assessor parlamentar, segundo a Folha apurou, é cuidar da expansão da clínica de cirurgia plástica. Em 25 de março, Bonchristiano sorriu para uma selfie ao lado de Dr. Rey, que vestia uma camisa com listras roxas e verdes sob o jaleco. O encontro foi registrado no Facebook: "Inauguração Estética Hollywood Dr. Rey em Petrolina [PE]...". A presença de Rey é garantida na abertura da versão "premium" de uma franquia, que sai por R$ 200 mil. A versão "select" custa R$ 40 mil. Brasileiro radicado em Los Angeles, Rey licencia sua imagem, mas não participa do negócio. Em 2014, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSC em São Paulo. Teve 21,3 mil votos e não se elegeu. REINCIDÊNCIA Funcionários comissionados que atuam em negócios privados ligados ao parlamentar não são novidade na carreira de Russomanno. Em 2015, a Folha flagrou cinco assessores remunerados por seu gabinete trabalhando diariamente no Inadec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor), criado por Russomanno. Outro caso semelhante quase custou a candidatura do deputado a prefeito de São Paulo, no ano passado. Ele era acusado pelo Ministério Público Federal por pagar, com recursos da Câmara, o salário de Sandra de Jesus, que trabalhava na produtora de vídeo do deputado, a Night and Day. O STF acabou inocentando-o. OUTRO LADO O assessor parlamentar Fabio Bonchristiano justifica a frequência na clínica dizendo que vai a reuniões com Paulo Silvestre, seu "amigo pessoal" e diretor do estabelecimento. Segundo o assessor, eles conversam sobre "a história do deputado Celso Russomanno e a história da clínica". "Estou brifando ele. A clínica nem é do deputado, é da esposa dele. Mas ele, com o casamento, tem responsabilidade também", disse Bonchristiano à Folha, pelo telefone da Estética Hollywood, na quinta (24). Ele afirma também que é inverídica a informação de que não frequenta o escritório de Russomanno. Já o deputado afirmou que questionou o assessor sobre sua presença na clínica. "Ele me relatou que além de manter amizade com o administrador, realizou ali alguns tratamentos", disse em nota. O parlamentar afirmou que iria descontar do salário de Bonchristiano os horários em que o funcionário esteve na clínica. Russomanno afirmou ainda que não utiliza imóvel funcional e outros auxílios da Câmara dos Deputados e, com isso, economizou R$ 1,5 milhão em mandatos anteriores. "Não compactuo com práticas erradas, minha postura, demonstrada diariamente e publicamente, confirmam minha honradez", afirmou. | 0 |
Veja versão acessível de musical com Luiza Caspary | "Sonho com um dia em que a gente tenha um show e não precise colocar a palavra 'acessível' ou 'inclusivo' depois". As intenções de Luiza Caspary não se restringem às palavras. Cantora, compositora, atriz e dubladora, ela faz questão de realizar sessões musicais com acessibilidade completa (libras, legendas e audiodescrição). Participante deste sábado (2) do "TV Folha Playlist", Luiza cita a realização de eventos como a Virada Cultural, em São Paulo, que chegou a contemplar a acessibilidade em uma de suas atrações, mas lamenta que ações assim não estejam nascendo por escolha dos próprios artistas envolvidos. Clique aqui para ver versões sem acessibilidade dos vídeos A cantora diz ainda usar artifícios do teatro para "se soltar", tanto nos palcos como nos estúdios, enquanto dubla personagens como Ellie do game "The Last Of Us". Após cantar "Cuidado" (veja abaixo), Luiza diz que a canção evidencia a falta de diálogo nos relacionamentos. Veja o vídeo Já a canção "Caminho Certo" (veja abaixo), segundo ela, é uma espécie de oração. Composta aos 16 anos na casa de sua avó, a letra sofreu forte influência dos sarais que a família realizava sempre após os jantares da casa. "Todo mundo se identifica de alguma forma", diz. Veja o vídeo | tv | Veja versão acessível de musical com Luiza Caspary"Sonho com um dia em que a gente tenha um show e não precise colocar a palavra 'acessível' ou 'inclusivo' depois". As intenções de Luiza Caspary não se restringem às palavras. Cantora, compositora, atriz e dubladora, ela faz questão de realizar sessões musicais com acessibilidade completa (libras, legendas e audiodescrição). Participante deste sábado (2) do "TV Folha Playlist", Luiza cita a realização de eventos como a Virada Cultural, em São Paulo, que chegou a contemplar a acessibilidade em uma de suas atrações, mas lamenta que ações assim não estejam nascendo por escolha dos próprios artistas envolvidos. Clique aqui para ver versões sem acessibilidade dos vídeos A cantora diz ainda usar artifícios do teatro para "se soltar", tanto nos palcos como nos estúdios, enquanto dubla personagens como Ellie do game "The Last Of Us". Após cantar "Cuidado" (veja abaixo), Luiza diz que a canção evidencia a falta de diálogo nos relacionamentos. Veja o vídeo Já a canção "Caminho Certo" (veja abaixo), segundo ela, é uma espécie de oração. Composta aos 16 anos na casa de sua avó, a letra sofreu forte influência dos sarais que a família realizava sempre após os jantares da casa. "Todo mundo se identifica de alguma forma", diz. Veja o vídeo | 11 |
Alunos de atos de 2015 apoiam ocupação de sede de escolas em SP | Estudantes que participaram das ocupações a escolas estaduais no ano passado agora estão entre os alunos que entraram na Etec (Escola Técnica Estadual), no centro da capital. No fim de 2015, cerca de 200 colégios foram tomados por alunos em protesto contra a reorganização escolar da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). O plano iria criar ciclos únicos de ensino nas unidades (só ensino médio, por exemplo), transferir 311 mil alunos e fechar 92 escolas. O movimento conseguiu derrubar o projeto do tucano, que prometeu aprofundar o diálogo com alunos, pais e estudantes. Herman Voorwald, então secretário da Educação na época, deixou o cargo. O cadeira foi assumida por José Renato Nalini. A estudante Biana Alencar, 18, participou das ocupações no ano passado. Mesmo tendo se formado, ela aderiu ao movimento dos alunos do Centro Paula Souza. "Unificou a luta. A luta é pela melhoria do ensino do Estado", disse. Outra presente dessa vez é Mariana Martins, 16, estudante do Fernão Dias Paes, escola estadual de Pinheiros (zona oeste) que virou símbolo do movimento do ano passado. Em um protesto em dezembro, Mariana foi agredida por um motorista revoltado com o fechamento de uma avenida. Neste ano, alunos das ocupações chegaram a engrossar os protestos do Movimento Passe Livre contra o aumento das passagens. Agora, afirmam que lutam contra os cortes de orçamento que prejudicam não só a alimentação, mas toda a estrutura do ensino. OCUPAÇÃO - Estudantes fazem protesto no Centro Paula Souza | cotidiano | Alunos de atos de 2015 apoiam ocupação de sede de escolas em SPEstudantes que participaram das ocupações a escolas estaduais no ano passado agora estão entre os alunos que entraram na Etec (Escola Técnica Estadual), no centro da capital. No fim de 2015, cerca de 200 colégios foram tomados por alunos em protesto contra a reorganização escolar da gestão Geraldo Alckmin (PSDB). O plano iria criar ciclos únicos de ensino nas unidades (só ensino médio, por exemplo), transferir 311 mil alunos e fechar 92 escolas. O movimento conseguiu derrubar o projeto do tucano, que prometeu aprofundar o diálogo com alunos, pais e estudantes. Herman Voorwald, então secretário da Educação na época, deixou o cargo. O cadeira foi assumida por José Renato Nalini. A estudante Biana Alencar, 18, participou das ocupações no ano passado. Mesmo tendo se formado, ela aderiu ao movimento dos alunos do Centro Paula Souza. "Unificou a luta. A luta é pela melhoria do ensino do Estado", disse. Outra presente dessa vez é Mariana Martins, 16, estudante do Fernão Dias Paes, escola estadual de Pinheiros (zona oeste) que virou símbolo do movimento do ano passado. Em um protesto em dezembro, Mariana foi agredida por um motorista revoltado com o fechamento de uma avenida. Neste ano, alunos das ocupações chegaram a engrossar os protestos do Movimento Passe Livre contra o aumento das passagens. Agora, afirmam que lutam contra os cortes de orçamento que prejudicam não só a alimentação, mas toda a estrutura do ensino. OCUPAÇÃO - Estudantes fazem protesto no Centro Paula Souza | 5 |
Lanterna do Brasileiro, Joinville contrata seu 3º técnico na temporada | Último colocado na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, o Joinville apresentou nesta terça-feira (28) PC Gusmão como o seu novo técnico. "Vocês podem esperar muito trabalho. Precisamos desta união, com time, clube, diretoria e torcedores juntos para sermos vencedores. Lá dentro do campo, um jogar pelo outro. Só assim vamos iniciar a nossa reação, que começa hoje", disse o treinador em sua apresentação. Gusmão é o terceiro técnico do Joinville na temporada. A equipe começou o Campeonato Brasileiro com Hemerson Maria, que durou apenas cinco rodadas. O clube decidiu então pela contratação de Adilson Batista, que caiu no último domingo (26) após a derrota por 2 a 0 para o Santos. Em 15 jogos no Nacional, o Joinville soma apenas nove pontos. Tem duas vitórias, três empates e dez derrotas. | esporte | Lanterna do Brasileiro, Joinville contrata seu 3º técnico na temporadaÚltimo colocado na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, o Joinville apresentou nesta terça-feira (28) PC Gusmão como o seu novo técnico. "Vocês podem esperar muito trabalho. Precisamos desta união, com time, clube, diretoria e torcedores juntos para sermos vencedores. Lá dentro do campo, um jogar pelo outro. Só assim vamos iniciar a nossa reação, que começa hoje", disse o treinador em sua apresentação. Gusmão é o terceiro técnico do Joinville na temporada. A equipe começou o Campeonato Brasileiro com Hemerson Maria, que durou apenas cinco rodadas. O clube decidiu então pela contratação de Adilson Batista, que caiu no último domingo (26) após a derrota por 2 a 0 para o Santos. Em 15 jogos no Nacional, o Joinville soma apenas nove pontos. Tem duas vitórias, três empates e dez derrotas. | 3 |
Mário de Andrade será o autor homenageado da 13ª edição da Flip | O paulista Mário de Andrade, autor de "Macunaíma" e "Amar, Verbo Intransitivo", será o homenageado da 13ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre os dias 1º e 5 de julho. A homenagem ao poeta, romancista, agitador e gestor cultural acontece no ano em que completam 70 anos de sua morte –e, portanto, no ano que antecede a queda de sua obra em domínio público. "O nome de Mário sempre vem à baila, sempre esteve na mira da Flip. Neste ano, além de uma efeméride – os 70 anos de morte – que, no caso dele, pode ter o peso de uma verdadeira revisão da obra, de novas leituras e perspectivas para compreender sua obra, pesou a ligação da obra dele com projetos que a Casa Azul, que faz a Flip, está desenvolvendo, por exemplo no Museu do Território", diz o curador da Flip, Paulo Werneck. Ele lembra que a Flip deve muito a Mário de Andrade, inclusive porque "Paraty está preservada porque Mário criou o Sphan [Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] no final dos anos 30. Hoje Paraty é candidata a patrimônio da humanidade da Unesco e abriga a Flip, que deve muito à Semana de Arte Moderna, por exemplo". Entre os temas de interesse do autor e que podem pautar o debate nesta edição, estão a cultura popular e a indústria cultural, o patrimônio material e imaterial, a língua falada e escrita e a cultura indígena –além, é claro, da literatura. TRANSFORMAÇÕES O diretor geral da Flip, Mauro Munhoz, diz que a obra de Mário "reverbera de maneira ainda mais intensa numa cidade como Paraty, que ainda vive em seu dia a dia os dilemas culturais da modernização." Dois autores cujas obras são ligadas a Mário de Andrade, o artista Odilon Moraes, que ilustrou "Será o Benedito!" (Cosac Naify), e a escritora Luciana Sandroni, que assina a biografia "O Mário que Não É de Andrade" (Companhia das Letrinhas), estão confirmados para a Flipinha. A Nova Fronteira, que detém até o final do ano os direitos exclusivos da obra literária do modernista, planeja uma edição do romance inédito "Café", preparado pela equipe do Institudo de Estudos Brasileiros (IEB/USP), além de um volume de contos e crônicas e uma versão em HQ de "Macunaíma". Além do também modernista Oswald de Andrade (amigo e depois desafeto de Mário), homenageado em 2011, a Flip já celebrou Millôr Fernandes, Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Gilberto Freyre, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos. | ilustrada | Mário de Andrade será o autor homenageado da 13ª edição da FlipO paulista Mário de Andrade, autor de "Macunaíma" e "Amar, Verbo Intransitivo", será o homenageado da 13ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre os dias 1º e 5 de julho. A homenagem ao poeta, romancista, agitador e gestor cultural acontece no ano em que completam 70 anos de sua morte –e, portanto, no ano que antecede a queda de sua obra em domínio público. "O nome de Mário sempre vem à baila, sempre esteve na mira da Flip. Neste ano, além de uma efeméride – os 70 anos de morte – que, no caso dele, pode ter o peso de uma verdadeira revisão da obra, de novas leituras e perspectivas para compreender sua obra, pesou a ligação da obra dele com projetos que a Casa Azul, que faz a Flip, está desenvolvendo, por exemplo no Museu do Território", diz o curador da Flip, Paulo Werneck. Ele lembra que a Flip deve muito a Mário de Andrade, inclusive porque "Paraty está preservada porque Mário criou o Sphan [Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] no final dos anos 30. Hoje Paraty é candidata a patrimônio da humanidade da Unesco e abriga a Flip, que deve muito à Semana de Arte Moderna, por exemplo". Entre os temas de interesse do autor e que podem pautar o debate nesta edição, estão a cultura popular e a indústria cultural, o patrimônio material e imaterial, a língua falada e escrita e a cultura indígena –além, é claro, da literatura. TRANSFORMAÇÕES O diretor geral da Flip, Mauro Munhoz, diz que a obra de Mário "reverbera de maneira ainda mais intensa numa cidade como Paraty, que ainda vive em seu dia a dia os dilemas culturais da modernização." Dois autores cujas obras são ligadas a Mário de Andrade, o artista Odilon Moraes, que ilustrou "Será o Benedito!" (Cosac Naify), e a escritora Luciana Sandroni, que assina a biografia "O Mário que Não É de Andrade" (Companhia das Letrinhas), estão confirmados para a Flipinha. A Nova Fronteira, que detém até o final do ano os direitos exclusivos da obra literária do modernista, planeja uma edição do romance inédito "Café", preparado pela equipe do Institudo de Estudos Brasileiros (IEB/USP), além de um volume de contos e crônicas e uma versão em HQ de "Macunaíma". Além do também modernista Oswald de Andrade (amigo e depois desafeto de Mário), homenageado em 2011, a Flip já celebrou Millôr Fernandes, Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Gilberto Freyre, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos. | 6 |
Anvisa irá propor regras para alimentos integrais | A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve passar a regular o mercado de alimentos integrais no país. A ideia é fazer com que os consumidores possam identificar quais desses alimentos são, de fato, compostos por cereais integrais. A iniciativa por regular o tema foi aprovada em reunião da diretoria colegiada da agência na última terça-feira (21). Após a aprovação, a proposta de normas para o setor passa a ser estudada e elaborada pela equipe técnica do órgão, que regula alimentos, medicamentos e outros produtos no Brasil. Uma das possibilidades é propor níveis específicos de presença de cereais integrais para a definição do alimento como integral. "Ainda vamos iniciar o processo regulatório. Mas o objetivo geral é que o consumidor quando faz a escolha por alimentos integrais tenha a certeza de que ali têm grãos integrais de determinado teor e que ele consiga ver isso no rótulo", afirmou à Folha o diretor-presidente da agência, Jarbas Barbosa. "Muitas vezes, não há uma coerência entre o que está informado no rótulo e o que tem dentro [do produto]." Segundo Barbosa, a expectativa é que a proposta de uma nova resolução com as normas para esses alimentos esteja finalizada até 2017. Antes, o tema também deve ser submetido à consulta pública. A decisão por regular o tema foi divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A iniciativa ocorre diante do crescimento do mercado de alimentos integrais no país, que têm ganhado espaço nas prateleiras. Em geral, os alimentos integrais são aqueles compostos basicamente por grãos e cereais (como arroz, trigo, aveia e centeio) que não passaram por processos de refinação e, com isso, possuem maior teor de fibras, sendo considerados mais ricos em nutrientes. | equilibrioesaude | Anvisa irá propor regras para alimentos integraisA Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve passar a regular o mercado de alimentos integrais no país. A ideia é fazer com que os consumidores possam identificar quais desses alimentos são, de fato, compostos por cereais integrais. A iniciativa por regular o tema foi aprovada em reunião da diretoria colegiada da agência na última terça-feira (21). Após a aprovação, a proposta de normas para o setor passa a ser estudada e elaborada pela equipe técnica do órgão, que regula alimentos, medicamentos e outros produtos no Brasil. Uma das possibilidades é propor níveis específicos de presença de cereais integrais para a definição do alimento como integral. "Ainda vamos iniciar o processo regulatório. Mas o objetivo geral é que o consumidor quando faz a escolha por alimentos integrais tenha a certeza de que ali têm grãos integrais de determinado teor e que ele consiga ver isso no rótulo", afirmou à Folha o diretor-presidente da agência, Jarbas Barbosa. "Muitas vezes, não há uma coerência entre o que está informado no rótulo e o que tem dentro [do produto]." Segundo Barbosa, a expectativa é que a proposta de uma nova resolução com as normas para esses alimentos esteja finalizada até 2017. Antes, o tema também deve ser submetido à consulta pública. A decisão por regular o tema foi divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A iniciativa ocorre diante do crescimento do mercado de alimentos integrais no país, que têm ganhado espaço nas prateleiras. Em geral, os alimentos integrais são aqueles compostos basicamente por grãos e cereais (como arroz, trigo, aveia e centeio) que não passaram por processos de refinação e, com isso, possuem maior teor de fibras, sendo considerados mais ricos em nutrientes. | 16 |
Carnaval em São Paulo terá palcos 'ímã' de dispersão só no centro | Para atender aos foliões que quiserem estender o Carnaval de rua em São Paulo, a prefeitura oferecerá palcos com shows em três pontos no centro expandido da cidade –excluindo a periferia, que no ano passado também recebeu programação cultural. A gestão João Doria (PSDB) instalará esses palcos 'ímã' de dispersão dos foliões no Anhangabaú, na praça das Artes (ambos no centro) e no largo da Batata (zona oeste), com shows sempre à tarde e até as 23h. No ano passado, a gestão Fernando Haddad (PT) incluiu também palcos em Pirituba (zona norte), M'Boi Mirim (zona sul) e Itaquera (zona leste). Não houve shows na praça das Artes (centro). A iniciativa começou em 2015, com shows apenas no largo da Batata. "Na Vila Madalena e na região da Sé teremos dois palcos, que ficarão funcionando com programação até mais tarde justamente para estimular as pessoas que queiram continuar se divertindo a se dirigir para esses locais", afirmou o secretário municipal de Cultura, André Sturm, em entrevista à imprensa na manhã desta segunda (13). Segundo a gestão Doria, "a principal função dos palcos é para dispersão do público dos blocos". "As prefeituras regionais de Pinheiros e Sé reúnem a maior quantidade de blocos e precisam de ações específicas para auxiliar na dispersão, problema que não ocorre na periferia", afirmou, em nota, após a entrevista. "A cidade tem centenas de opções durante o Carnaval. Regiões que não receberam blocos no ano passado como Aricanduva/Vila Formosa, Capela do Socorro, Itaim Paulista, Perus e Sapopemba terão pela primeira vez desfiles dentro do período oficial entre 17 de fevereiro e 5 de março." A região da Sé receberá 119 blocos neste ano, 30% do total de 391 blocos confirmados para o Carnaval de rua em São Paulo. Nesta manhã, a prefeitura também anunciou que o patrocínio –da Ambev e da Caixa– será de R$ 15 milhões, número quatro vezes superior ao do ano passado, de R$ 3,5 milhões. "A prefeitura gastará muito menos do que o ano passado", disse Sturm, sem especificar o valor que, segundo a gestão Doria, só poderá ser calculado depois da festa. No ano passado, a prefeitura gastou R$ 7 milhões em infraestrutura. Acompanhando o crescimento do Carnaval de rua –o número de blocos cresceu em 25%–, a prefeitura aumentou o número de banheiros químicos nas ruas. Serão 14 mil diárias de banheiros químicos, ante 8 mil no ano passado. O número de ambulantes credenciados para a venda no Carnaval dobrou. Serão 8 mil em 2017; em 2016, foram 3.775. Vila Madalena (zona oeste) e praça Roosevelt (centro) terão circulação restrita. A prefeitura aumentou de 8 para 23 o número de vias onde não serão permitidos os desfiles em Pinheiros. E repetiu medida da gestão Fernando Haddad (PT), proibindo blocos com mais de 20 mil pessoas. "Ninguém vai ficar com marcador [para contar o número de pessoas]. Não serão os muros que evitarão as pessoas de entrar, mas efetivamente as próprias pessoas", afirmou Sturm. Na Roosevelt, concentração e dispersão de blocos foram vetadas. Megablocos que se cadastraram para desfilar na Vila Madalena foram deslocados dali para outras regiões. E, segundo a prefeitura, a cantora Daniela Mercury com seu bloco está confirmada para o período do pós-Carnaval, por um valor menor que os R$ 240 mil exigidos inicialmente por Doria para os grandes blocos de fora. Busca Blocos | cotidiano | Carnaval em São Paulo terá palcos 'ímã' de dispersão só no centroPara atender aos foliões que quiserem estender o Carnaval de rua em São Paulo, a prefeitura oferecerá palcos com shows em três pontos no centro expandido da cidade –excluindo a periferia, que no ano passado também recebeu programação cultural. A gestão João Doria (PSDB) instalará esses palcos 'ímã' de dispersão dos foliões no Anhangabaú, na praça das Artes (ambos no centro) e no largo da Batata (zona oeste), com shows sempre à tarde e até as 23h. No ano passado, a gestão Fernando Haddad (PT) incluiu também palcos em Pirituba (zona norte), M'Boi Mirim (zona sul) e Itaquera (zona leste). Não houve shows na praça das Artes (centro). A iniciativa começou em 2015, com shows apenas no largo da Batata. "Na Vila Madalena e na região da Sé teremos dois palcos, que ficarão funcionando com programação até mais tarde justamente para estimular as pessoas que queiram continuar se divertindo a se dirigir para esses locais", afirmou o secretário municipal de Cultura, André Sturm, em entrevista à imprensa na manhã desta segunda (13). Segundo a gestão Doria, "a principal função dos palcos é para dispersão do público dos blocos". "As prefeituras regionais de Pinheiros e Sé reúnem a maior quantidade de blocos e precisam de ações específicas para auxiliar na dispersão, problema que não ocorre na periferia", afirmou, em nota, após a entrevista. "A cidade tem centenas de opções durante o Carnaval. Regiões que não receberam blocos no ano passado como Aricanduva/Vila Formosa, Capela do Socorro, Itaim Paulista, Perus e Sapopemba terão pela primeira vez desfiles dentro do período oficial entre 17 de fevereiro e 5 de março." A região da Sé receberá 119 blocos neste ano, 30% do total de 391 blocos confirmados para o Carnaval de rua em São Paulo. Nesta manhã, a prefeitura também anunciou que o patrocínio –da Ambev e da Caixa– será de R$ 15 milhões, número quatro vezes superior ao do ano passado, de R$ 3,5 milhões. "A prefeitura gastará muito menos do que o ano passado", disse Sturm, sem especificar o valor que, segundo a gestão Doria, só poderá ser calculado depois da festa. No ano passado, a prefeitura gastou R$ 7 milhões em infraestrutura. Acompanhando o crescimento do Carnaval de rua –o número de blocos cresceu em 25%–, a prefeitura aumentou o número de banheiros químicos nas ruas. Serão 14 mil diárias de banheiros químicos, ante 8 mil no ano passado. O número de ambulantes credenciados para a venda no Carnaval dobrou. Serão 8 mil em 2017; em 2016, foram 3.775. Vila Madalena (zona oeste) e praça Roosevelt (centro) terão circulação restrita. A prefeitura aumentou de 8 para 23 o número de vias onde não serão permitidos os desfiles em Pinheiros. E repetiu medida da gestão Fernando Haddad (PT), proibindo blocos com mais de 20 mil pessoas. "Ninguém vai ficar com marcador [para contar o número de pessoas]. Não serão os muros que evitarão as pessoas de entrar, mas efetivamente as próprias pessoas", afirmou Sturm. Na Roosevelt, concentração e dispersão de blocos foram vetadas. Megablocos que se cadastraram para desfilar na Vila Madalena foram deslocados dali para outras regiões. E, segundo a prefeitura, a cantora Daniela Mercury com seu bloco está confirmada para o período do pós-Carnaval, por um valor menor que os R$ 240 mil exigidos inicialmente por Doria para os grandes blocos de fora. Busca Blocos | 5 |
Estudo de processo de reciclagem em células rende Nobel a japonês | O Nobel de fisiologia ou medicina deste ano foi para uma área bastante fundamental da ciência biológica. O japonês Yoshinori Ohsumi, 71, foi o escolhido de 2016 por causa de sua pesquisa sobre como a autofagia realmente funciona. Trata-se uma função ligada ao reaproveitamento do "lixo celular" e também ligada a doenças. A falha do processo faz com que a célula não consiga se livrar de partes problemáticas, causando seu acúmulo e favorecendo o aparecimento de doenças como diabetes e câncer. Etimologicamente, autofagia significa "comer a si próprio" e o conceito surgiu durante as décadas de 1950 e 60. O processo está intimamente relacionado à organela conhecida como lisossomo –já velha conhecida dos livros de biologia. O belga Christian de Duve (1917-2013) ganhou o mesmo Nobel, em 1974, pela descoberta do lisossomo. Restava saber, no entanto, como era a estratégia da célula para fazer o "carregamento" de lixo celular chegar até a organela. Os cientistas já haviam observado que outros compartimentos celulares (que passaram a ser denominados autofagossomos) tinham aparentemente uma rota certa até encontrarem o lisossomo. O problema era entender como isso funcionava. Aí entra a grande sacada do japonês, que traçou uma estratégia que permitiu o estudo do mecanismo de autofagia em levedura –organismos unicelulares do reino dos fungos fáceis de se manter em laboratório. Ele conseguiu produzir leveduras mutantes que não conseguiam completar o processo de reaproveitamento do material celular, o que ajudou no estudo da autofagia. O trabalho foi publicado em 1993 e desde então o volume de trabalhos da área aumentou em várias ordens de grandeza. "Antes se pensava que esse mecanismo era 'desregulado', carente de algum controle celular", diz Rubem Sadok Menna-Barreto, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. A autofagia pode ser usada pela célula para prover energia rapidamente para alguma demanda interna ou externa e também para fornecer "peças" para a construção de outras proteínas e componentes que sejam mais necessários do que a parte descartada ou defeituosa. O mecanismo, finamente controlado por 15 genes, também é importante na resposta à falta de nutrientes e outras condições de estresse. Além de identificar esses genes, Ohsumi conseguiu caracterizar cada estágio da autofagia, desde a formação e a fusão de vesículas até o desfecho do processo, com a renovação dos componentes. INFECÇÃO E CÂNCER A autofagia também acontece, por exemplo, quando é necessário eliminar vírus, bactérias e outros micróbios em uma infecção. Menna-Barreto atua nessa linha de pesquisa, estudando os mecanismos de autofagia na doença de Chagas e na leishmaniose, doenças negligenciadas prevalentes no Brasil. A proposta dele e de seu grupo é estudar o mecanismo tanto nos patógenos (protozoários) quanto no hospedeiro (células de mamífero). Conseguir ativar no momento certo a resposta autofágica tanto em um quanto em outro pode ajudar a combater as doenças, afirma Mena-Barreto. "Nossa ideia é ver se a via molecular pela qual acontece a autofagia é semelhante com aquela descrita por Ohsumi em leveduras." A desregulação de algum dos 15 genes envolvidos também pode fazer com que haja outras consequências negativas para o organismo. Por exemplo, o mal de Parkinson e o diabetes tipo 2, além de outras doenças ligadas ao envelhecimento estão associadas à falhas na autofagia. Outra implicação do mau funcionamento do processo é o aparecimento de câncer. Já existem pesquisas de drogas e outras estratégias que têm como alvo elementos do processo autofágico para combater a doença. Uma dessas pesquisas é a do pesquisador da UFRGS Guido Lenz, que estuda autofagia em casos de câncer. Para ele, a coisa não é tão simples assim. "A autofagia tem uma resposta dual, pode ser boa em alguns casos e ruim em outros. Ela parece ser um dos mecanismos que elimina as células tumorais no surgimento do câncer, mas que, em fases avançadas [quando o tumor deixa de se alimentar de nutrientes do sangue], ela acaba sendo um mecanismo de sobrevivência". "Quase todo tratamento de câncer com quimioterápicos induz a autofagia –que faz parte da resposta de estresse da célula. Mas não se sabe ainda se é melhor forçar a célula a fazer mais autofagia ou a bloquear esse processo." Lenz estuda possíveis estratégias para escolher a hora certa de ativar ou bloquear a autofagia no câncer. ESCOLHA A escolha do vencedor do mais importante prêmio da área é realizada por um grupo de 50 pesquisadores ligados ao Instituto Karolinska, na Suécia, escolhido por Alfred Nobel em seu testamento para eleger aquele que tenha feito notáveis contribuições ao futuro da humanidade para receber a láurea. Segundo Menna-Barreto e Lenz, já se cogitava que a autofagia poderia ser a área que ganharia um Nobel -e ninguém melhor que Ohsumi para recebê-lo. A reunião que define os vencedores da láurea de fisiologia ou medicina acontece na primeira segunda-feira de outubro, e os vencedores são anunciados logo em seguida. A escolha é feita com base em uma pré-seleção de dezenas de indicados (neste ano foram 273) por instituições convidadas ou outro laureados, por exemplo. Após a chegada das indicações, há um processo de filtragem e avaliação ao longo do ano até o anúncio em outubro do ano seguinte. A cerimônia de premiação propriamente dita acontece só em dezembro. Entre as descobertas premiadas no passado estão a descoberta da estrutura do DNA por James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins (1962), a da penicilina por Fleming e outros (1945), a do ciclo do ácido cítrico por Hans Krebs (1953), e a da estrutura do sistema nervoso por Camillo Golgi e Santiago Ramón y Cajal (1906). Outras descobertas notáveis premiadas pelo Nobel de Medicina ou Fisiologia são a da insulina (1932), da relação entre HPV e câncer (2008), a da fertilização in vitro (2010), a de que existem grupos sanguíneos (1930) e a de como agem os hormônios (1971). Os vencedores dividirão o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (pouco mais de R$ 3 milhões). O dinheiro vem de um fundo (de mais de 4 bilhões de coroas suecas, ou R$ 1,52 bilhão, em valores atuais) deixado pelo patrono do prêmio, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite. Os prêmios são distribuídos desde 1901. Em 2015 os vencedores do prêmio nobel foram cientistas da Irlanda, Japão e China pela descoberta de substâncias que ajudam a controlar verminoses e malária. QUÍMICA E FÍSICA Na terça (4) e na quarta (5) serão anunciados os prêmios nas áreas de física e de química, respectivamente. Os dois são distribuídos pela Academia Real Sueca de Ciências. Em 2015 ganharam o Nobel de física um japonês e um canadense pela descoberta de que neutrinos (pequenas partículas que compõem o Modelo Padrão da física) têm massa. No mesmo ano, o prêmio de química ficou com um sueco, um americano e um turco pela descoberta de mecanismos enzimáticos de reparo de DNA no organismo –o que evita, por exemplo, o surgimento de cânceres por causa de mutações provocadas pela radiação solar. 4.out (Terça) Nobel de Física 5.out (Quarta) Nobel de Química 7.out (Sexta) Nobel da Paz 10.out (Segunda) Prêmio de Ciências Econômicas | equilibrioesaude | Estudo de processo de reciclagem em células rende Nobel a japonêsO Nobel de fisiologia ou medicina deste ano foi para uma área bastante fundamental da ciência biológica. O japonês Yoshinori Ohsumi, 71, foi o escolhido de 2016 por causa de sua pesquisa sobre como a autofagia realmente funciona. Trata-se uma função ligada ao reaproveitamento do "lixo celular" e também ligada a doenças. A falha do processo faz com que a célula não consiga se livrar de partes problemáticas, causando seu acúmulo e favorecendo o aparecimento de doenças como diabetes e câncer. Etimologicamente, autofagia significa "comer a si próprio" e o conceito surgiu durante as décadas de 1950 e 60. O processo está intimamente relacionado à organela conhecida como lisossomo –já velha conhecida dos livros de biologia. O belga Christian de Duve (1917-2013) ganhou o mesmo Nobel, em 1974, pela descoberta do lisossomo. Restava saber, no entanto, como era a estratégia da célula para fazer o "carregamento" de lixo celular chegar até a organela. Os cientistas já haviam observado que outros compartimentos celulares (que passaram a ser denominados autofagossomos) tinham aparentemente uma rota certa até encontrarem o lisossomo. O problema era entender como isso funcionava. Aí entra a grande sacada do japonês, que traçou uma estratégia que permitiu o estudo do mecanismo de autofagia em levedura –organismos unicelulares do reino dos fungos fáceis de se manter em laboratório. Ele conseguiu produzir leveduras mutantes que não conseguiam completar o processo de reaproveitamento do material celular, o que ajudou no estudo da autofagia. O trabalho foi publicado em 1993 e desde então o volume de trabalhos da área aumentou em várias ordens de grandeza. "Antes se pensava que esse mecanismo era 'desregulado', carente de algum controle celular", diz Rubem Sadok Menna-Barreto, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. A autofagia pode ser usada pela célula para prover energia rapidamente para alguma demanda interna ou externa e também para fornecer "peças" para a construção de outras proteínas e componentes que sejam mais necessários do que a parte descartada ou defeituosa. O mecanismo, finamente controlado por 15 genes, também é importante na resposta à falta de nutrientes e outras condições de estresse. Além de identificar esses genes, Ohsumi conseguiu caracterizar cada estágio da autofagia, desde a formação e a fusão de vesículas até o desfecho do processo, com a renovação dos componentes. INFECÇÃO E CÂNCER A autofagia também acontece, por exemplo, quando é necessário eliminar vírus, bactérias e outros micróbios em uma infecção. Menna-Barreto atua nessa linha de pesquisa, estudando os mecanismos de autofagia na doença de Chagas e na leishmaniose, doenças negligenciadas prevalentes no Brasil. A proposta dele e de seu grupo é estudar o mecanismo tanto nos patógenos (protozoários) quanto no hospedeiro (células de mamífero). Conseguir ativar no momento certo a resposta autofágica tanto em um quanto em outro pode ajudar a combater as doenças, afirma Mena-Barreto. "Nossa ideia é ver se a via molecular pela qual acontece a autofagia é semelhante com aquela descrita por Ohsumi em leveduras." A desregulação de algum dos 15 genes envolvidos também pode fazer com que haja outras consequências negativas para o organismo. Por exemplo, o mal de Parkinson e o diabetes tipo 2, além de outras doenças ligadas ao envelhecimento estão associadas à falhas na autofagia. Outra implicação do mau funcionamento do processo é o aparecimento de câncer. Já existem pesquisas de drogas e outras estratégias que têm como alvo elementos do processo autofágico para combater a doença. Uma dessas pesquisas é a do pesquisador da UFRGS Guido Lenz, que estuda autofagia em casos de câncer. Para ele, a coisa não é tão simples assim. "A autofagia tem uma resposta dual, pode ser boa em alguns casos e ruim em outros. Ela parece ser um dos mecanismos que elimina as células tumorais no surgimento do câncer, mas que, em fases avançadas [quando o tumor deixa de se alimentar de nutrientes do sangue], ela acaba sendo um mecanismo de sobrevivência". "Quase todo tratamento de câncer com quimioterápicos induz a autofagia –que faz parte da resposta de estresse da célula. Mas não se sabe ainda se é melhor forçar a célula a fazer mais autofagia ou a bloquear esse processo." Lenz estuda possíveis estratégias para escolher a hora certa de ativar ou bloquear a autofagia no câncer. ESCOLHA A escolha do vencedor do mais importante prêmio da área é realizada por um grupo de 50 pesquisadores ligados ao Instituto Karolinska, na Suécia, escolhido por Alfred Nobel em seu testamento para eleger aquele que tenha feito notáveis contribuições ao futuro da humanidade para receber a láurea. Segundo Menna-Barreto e Lenz, já se cogitava que a autofagia poderia ser a área que ganharia um Nobel -e ninguém melhor que Ohsumi para recebê-lo. A reunião que define os vencedores da láurea de fisiologia ou medicina acontece na primeira segunda-feira de outubro, e os vencedores são anunciados logo em seguida. A escolha é feita com base em uma pré-seleção de dezenas de indicados (neste ano foram 273) por instituições convidadas ou outro laureados, por exemplo. Após a chegada das indicações, há um processo de filtragem e avaliação ao longo do ano até o anúncio em outubro do ano seguinte. A cerimônia de premiação propriamente dita acontece só em dezembro. Entre as descobertas premiadas no passado estão a descoberta da estrutura do DNA por James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins (1962), a da penicilina por Fleming e outros (1945), a do ciclo do ácido cítrico por Hans Krebs (1953), e a da estrutura do sistema nervoso por Camillo Golgi e Santiago Ramón y Cajal (1906). Outras descobertas notáveis premiadas pelo Nobel de Medicina ou Fisiologia são a da insulina (1932), da relação entre HPV e câncer (2008), a da fertilização in vitro (2010), a de que existem grupos sanguíneos (1930) e a de como agem os hormônios (1971). Os vencedores dividirão o prêmio de 8 milhões de coroas suecas (pouco mais de R$ 3 milhões). O dinheiro vem de um fundo (de mais de 4 bilhões de coroas suecas, ou R$ 1,52 bilhão, em valores atuais) deixado pelo patrono do prêmio, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite. Os prêmios são distribuídos desde 1901. Em 2015 os vencedores do prêmio nobel foram cientistas da Irlanda, Japão e China pela descoberta de substâncias que ajudam a controlar verminoses e malária. QUÍMICA E FÍSICA Na terça (4) e na quarta (5) serão anunciados os prêmios nas áreas de física e de química, respectivamente. Os dois são distribuídos pela Academia Real Sueca de Ciências. Em 2015 ganharam o Nobel de física um japonês e um canadense pela descoberta de que neutrinos (pequenas partículas que compõem o Modelo Padrão da física) têm massa. No mesmo ano, o prêmio de química ficou com um sueco, um americano e um turco pela descoberta de mecanismos enzimáticos de reparo de DNA no organismo –o que evita, por exemplo, o surgimento de cânceres por causa de mutações provocadas pela radiação solar. 4.out (Terça) Nobel de Física 5.out (Quarta) Nobel de Química 7.out (Sexta) Nobel da Paz 10.out (Segunda) Prêmio de Ciências Econômicas | 16 |
Sem votos para vencer essa parada, governo não tem base, diz Berzoini | Responsável pela articulação política do Palácio do Planalto e um dos auxiliares mais próximos a Dilma Rousseff, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) afirmou à Folha que, se não conseguir os 171 votos necessários para derrubar o pedido de impeachment no plenário da Câmara, "o governo não tem base política para se manter como governo". "A afirmação virá pelo voto", disse o ministro. Em sua primeira entrevista após a deflagração do processo de impedimento da presidente, Berzoini afirmou que o Planalto vai trabalhar para que "uma importante parcela da sociedade" dê apoio para parlamentares votarem a favor de Dilma. Na avaliação do Planalto, segundo o ministro, o processo deve ser liquidado "o mais rápido possível", para reduzir incertezas econômicas e permitir a tomada de decisão por parte de investidores e empresários de maneira consciente. Leia a seguir os principais trechos da entrevista. * Folha - O que é melhor para o governo: uma vitória no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o impeachment ou no plenário da Câmara? Ricardo Berzoini - São coisas diferentes. O STF tem papel de controlar a constitucionalidade das atividades e certamente pode se posicionar. Na política, o juízo é efetivamente de valor. Se procede ou não o pedido, se tem conteúdo de mérito para justificar uma decisão tão grave. Eu prefiro ganhar no voto. As pessoas sabem o que está em jogo e a origem dessa decisão do presidente da Câmara. Qual é a origem? A que está declarada até pelo advogado Miguel Reale Jr. [um dos autores do pedido de impeachment], que declarou que o presidente da Câmara jogou areia nos olhos da nação. Uma pessoa que assinou o pedido diz que o processo nasce comprometido em termos de legitimidade. O sr. preferir ganhar no voto tem algo a ver com o fato de o STF já ter rejeitado duas ações para barrar o ato de Cunha? Quando se vai ao Judiciário não se pode, depois da decisão, adotar uma posição de técnico de futebol que perdeu o jogo. Tem que respeitar. Vencer no voto do plenário é mais seguro? Não. É mais forte. A afirmação do governo virá pelo voto. Ou temos votos suficientes para vencer essa parada ou significa que o governo não tem base política para se manter como governo. Alguns empresários dizem que essa é uma oportunidade para a presidente se fortalecer –ou hora de abrir caminho para outro processo. O sr. concorda? Concordo que é uma oportunidade para o Brasil sair do impasse. Um setor da sociedade, a oposição e o candidato derrotado nas eleições [Aécio Neves, PSDB] já pediram recontagem de votos, auditoria nas urnas, deram declarações de que as eleições não haviam sido legítimas. Se existe tentativa de se criar um ambiente de conflito, é melhor tomar a decisão. O governo não tem medo do processo decisório. Mas o governo ficou parado durante este ano. Fico impressionado [com essa declaração]. O governo está entregando 350 mil casas do Minha Casa, Minha Vida, aumentou em mais de 90 mil as vagas nas universidades, aprovou a reoneração da folha de pagamento, acabou de aprovar a revisão da meta fiscal, já aprovou a LDO na comissão e pretende aprovar no plenário, fizemos uma redução de ministérios... A despeito disso tudo, a imagem que passa é de um governo paralisado. Consultorias que acompanham a economia divulgaram que o impacto da Lava Jato –não estou discutindo a legitimidade do combate à corrupção– alcança 2,5 pontos percentuais do PIB. Tivemos queda nas commodities, seca que dura seis anos e crise política. Aquilo que vivemos hoje é consequência de fatores externos e internos da economia e da política. Não estou tirando a responsabilidade do governo, mas buscamos um cenário novo. O sr. não acha que a presidente adota uma posição perigosa ao partir para o confronto com o presidente da Câmara? A presidente não partiu para o confronto, simplesmente manifestou um sentimento, que acho que é de boa parte da sociedade, de que não se estabelece qualquer tipo de negociação em questões tão importantes quanto as de ética parlamentar. O sr. se refere ao governo ter garantido salvar Cunha no Conselho de Ética da Câmara em troca do arquivamento dos pedidos de impeachment? Me refiro àquilo que a gente viu nos jornais, de hipóteses de troca entre as questões. Isso não faz sentido em uma democracia como a nossa. Como o sr. classifica o comportamento de Eduardo Cunha nesse processo? É complicado, ele passou meses vazando informações de que poderia, se insatisfeito, provocar o impeachment, esquecendo-se que é um ato que exige responsabilidade e total impessoalidade. Creio que não é correto. A deflagração do impeachment causou essa sensação de alívio na presidente Dilma, como relataram assessores? Agora o jogo fica claro. É em campo aberto, com a sociedade assistindo, e onde podemos debater se há ou não fundamento para o pedido e que motivações levaram [Cunha] a aceitar a denúncia. Ao governo interessa votar o impeachment no plenário da Câmara o mais rápido possível. É viável garantir o trabalho do Congresso no recesso? Não, porque depende do comparecimento de deputados e senadores. O que queremos dizer é que não temos interesse em postergar o processo. Não é justo com o Brasil, do ponto de vista dos impactos econômicos e indefinições para o povo. O quanto antes puder haver decisão, acreditamos que será melhor, porque reduz incertezas e permite que empresários, investidores e pessoas que tenham decisões a tomar possam tomá-las sabendo quem vai estar à frente do governo. O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, pediu demissão. O sr. não teme um desembarque do PMDB do governo? Não há sinal do PMDB nesse sentido. Padilha não conversou com Dilma. Ele deu uma contribuição importante e, se ficar, continuará a dá-la. Em nenhum momento ele anunciou, inclusive no PMDB, que sairia por divergências sobre impeachment. Padilha é braço direito do vice-presidente Michel Temer, que tem se distanciado do governo. Essa demissão não significa que a ala ligada a Temer está deixando o governo? Conheço o Michel há muito tempo e me sinto responsável pela chapa Dilma-Temer, porque era presidente nacional do PT à época. Não posso falar por ele, mas tenho confiança de que ele vai se manter ao lado da democracia e não vai ter proximidade com essa aventura [a entrevista foi concedida antes da frase de Temer sobre Dilma nunca ter confiado nele ter vindo a público]. Qual vai ser a estratégia concreta do governo para garantir os votos contra o impeachment no Congresso? Ninguém garante votos. Esse vai ser um processo longo e que tem que ser tratado com muita humildade. O governo conta com a coesão e a solidariedade dos partidos. Mas vamos trabalhar dia por dia para que o governo não sofra perda política na sua base e consiga demonstrar para a sociedade que estamos com as razões justas do nosso lado. O que os parlamentares vão precisar é apoio de parcela importante da sociedade. E qual é o argumento para esse voto? O mandato legítimo, conquistado pelo voto. As razões do pedido de impeachment não têm fundamento –as chamadas pedaladas fiscais. Temos uma visão clara que o processo das contas não foi julgado no Congresso, só recebeu o parecer do TCU (Tribunal de Contas da União). O ministro Jaques Wagner disse que a presidente tem "pressa" para votar o processo. Esse diálogo que o sr. está propondo não leva muito tempo? Quando a gente fala em pressa, não é no sentido de apressar e atropelar. Acreditamos que têm que se cumprir as regras regimentais para que a Câmara conduza isso com legalidade e idoneidade. As pessoas podem se convencer num prazo razoável, os prazos mínimos. * RAIO-X - RICARDO BERZOINI Idade 55 anos Cargo Ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência Trajetória Iniciou-se na política no Sindicato dos Bancários; foi deputado federal, ministro da Previdência e do Trabalho (governo Lula) e de Relações Institucionais e das Comunicações (governo Dilma); presidiu o PT (2005-2010) Formação Engenharia (incompleto) | poder | Sem votos para vencer essa parada, governo não tem base, diz BerzoiniResponsável pela articulação política do Palácio do Planalto e um dos auxiliares mais próximos a Dilma Rousseff, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) afirmou à Folha que, se não conseguir os 171 votos necessários para derrubar o pedido de impeachment no plenário da Câmara, "o governo não tem base política para se manter como governo". "A afirmação virá pelo voto", disse o ministro. Em sua primeira entrevista após a deflagração do processo de impedimento da presidente, Berzoini afirmou que o Planalto vai trabalhar para que "uma importante parcela da sociedade" dê apoio para parlamentares votarem a favor de Dilma. Na avaliação do Planalto, segundo o ministro, o processo deve ser liquidado "o mais rápido possível", para reduzir incertezas econômicas e permitir a tomada de decisão por parte de investidores e empresários de maneira consciente. Leia a seguir os principais trechos da entrevista. * Folha - O que é melhor para o governo: uma vitória no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o impeachment ou no plenário da Câmara? Ricardo Berzoini - São coisas diferentes. O STF tem papel de controlar a constitucionalidade das atividades e certamente pode se posicionar. Na política, o juízo é efetivamente de valor. Se procede ou não o pedido, se tem conteúdo de mérito para justificar uma decisão tão grave. Eu prefiro ganhar no voto. As pessoas sabem o que está em jogo e a origem dessa decisão do presidente da Câmara. Qual é a origem? A que está declarada até pelo advogado Miguel Reale Jr. [um dos autores do pedido de impeachment], que declarou que o presidente da Câmara jogou areia nos olhos da nação. Uma pessoa que assinou o pedido diz que o processo nasce comprometido em termos de legitimidade. O sr. preferir ganhar no voto tem algo a ver com o fato de o STF já ter rejeitado duas ações para barrar o ato de Cunha? Quando se vai ao Judiciário não se pode, depois da decisão, adotar uma posição de técnico de futebol que perdeu o jogo. Tem que respeitar. Vencer no voto do plenário é mais seguro? Não. É mais forte. A afirmação do governo virá pelo voto. Ou temos votos suficientes para vencer essa parada ou significa que o governo não tem base política para se manter como governo. Alguns empresários dizem que essa é uma oportunidade para a presidente se fortalecer –ou hora de abrir caminho para outro processo. O sr. concorda? Concordo que é uma oportunidade para o Brasil sair do impasse. Um setor da sociedade, a oposição e o candidato derrotado nas eleições [Aécio Neves, PSDB] já pediram recontagem de votos, auditoria nas urnas, deram declarações de que as eleições não haviam sido legítimas. Se existe tentativa de se criar um ambiente de conflito, é melhor tomar a decisão. O governo não tem medo do processo decisório. Mas o governo ficou parado durante este ano. Fico impressionado [com essa declaração]. O governo está entregando 350 mil casas do Minha Casa, Minha Vida, aumentou em mais de 90 mil as vagas nas universidades, aprovou a reoneração da folha de pagamento, acabou de aprovar a revisão da meta fiscal, já aprovou a LDO na comissão e pretende aprovar no plenário, fizemos uma redução de ministérios... A despeito disso tudo, a imagem que passa é de um governo paralisado. Consultorias que acompanham a economia divulgaram que o impacto da Lava Jato –não estou discutindo a legitimidade do combate à corrupção– alcança 2,5 pontos percentuais do PIB. Tivemos queda nas commodities, seca que dura seis anos e crise política. Aquilo que vivemos hoje é consequência de fatores externos e internos da economia e da política. Não estou tirando a responsabilidade do governo, mas buscamos um cenário novo. O sr. não acha que a presidente adota uma posição perigosa ao partir para o confronto com o presidente da Câmara? A presidente não partiu para o confronto, simplesmente manifestou um sentimento, que acho que é de boa parte da sociedade, de que não se estabelece qualquer tipo de negociação em questões tão importantes quanto as de ética parlamentar. O sr. se refere ao governo ter garantido salvar Cunha no Conselho de Ética da Câmara em troca do arquivamento dos pedidos de impeachment? Me refiro àquilo que a gente viu nos jornais, de hipóteses de troca entre as questões. Isso não faz sentido em uma democracia como a nossa. Como o sr. classifica o comportamento de Eduardo Cunha nesse processo? É complicado, ele passou meses vazando informações de que poderia, se insatisfeito, provocar o impeachment, esquecendo-se que é um ato que exige responsabilidade e total impessoalidade. Creio que não é correto. A deflagração do impeachment causou essa sensação de alívio na presidente Dilma, como relataram assessores? Agora o jogo fica claro. É em campo aberto, com a sociedade assistindo, e onde podemos debater se há ou não fundamento para o pedido e que motivações levaram [Cunha] a aceitar a denúncia. Ao governo interessa votar o impeachment no plenário da Câmara o mais rápido possível. É viável garantir o trabalho do Congresso no recesso? Não, porque depende do comparecimento de deputados e senadores. O que queremos dizer é que não temos interesse em postergar o processo. Não é justo com o Brasil, do ponto de vista dos impactos econômicos e indefinições para o povo. O quanto antes puder haver decisão, acreditamos que será melhor, porque reduz incertezas e permite que empresários, investidores e pessoas que tenham decisões a tomar possam tomá-las sabendo quem vai estar à frente do governo. O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, pediu demissão. O sr. não teme um desembarque do PMDB do governo? Não há sinal do PMDB nesse sentido. Padilha não conversou com Dilma. Ele deu uma contribuição importante e, se ficar, continuará a dá-la. Em nenhum momento ele anunciou, inclusive no PMDB, que sairia por divergências sobre impeachment. Padilha é braço direito do vice-presidente Michel Temer, que tem se distanciado do governo. Essa demissão não significa que a ala ligada a Temer está deixando o governo? Conheço o Michel há muito tempo e me sinto responsável pela chapa Dilma-Temer, porque era presidente nacional do PT à época. Não posso falar por ele, mas tenho confiança de que ele vai se manter ao lado da democracia e não vai ter proximidade com essa aventura [a entrevista foi concedida antes da frase de Temer sobre Dilma nunca ter confiado nele ter vindo a público]. Qual vai ser a estratégia concreta do governo para garantir os votos contra o impeachment no Congresso? Ninguém garante votos. Esse vai ser um processo longo e que tem que ser tratado com muita humildade. O governo conta com a coesão e a solidariedade dos partidos. Mas vamos trabalhar dia por dia para que o governo não sofra perda política na sua base e consiga demonstrar para a sociedade que estamos com as razões justas do nosso lado. O que os parlamentares vão precisar é apoio de parcela importante da sociedade. E qual é o argumento para esse voto? O mandato legítimo, conquistado pelo voto. As razões do pedido de impeachment não têm fundamento –as chamadas pedaladas fiscais. Temos uma visão clara que o processo das contas não foi julgado no Congresso, só recebeu o parecer do TCU (Tribunal de Contas da União). O ministro Jaques Wagner disse que a presidente tem "pressa" para votar o processo. Esse diálogo que o sr. está propondo não leva muito tempo? Quando a gente fala em pressa, não é no sentido de apressar e atropelar. Acreditamos que têm que se cumprir as regras regimentais para que a Câmara conduza isso com legalidade e idoneidade. As pessoas podem se convencer num prazo razoável, os prazos mínimos. * RAIO-X - RICARDO BERZOINI Idade 55 anos Cargo Ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência Trajetória Iniciou-se na política no Sindicato dos Bancários; foi deputado federal, ministro da Previdência e do Trabalho (governo Lula) e de Relações Institucionais e das Comunicações (governo Dilma); presidiu o PT (2005-2010) Formação Engenharia (incompleto) | 0 |
Catalogar todas as espécies de árvores da Amazônia levaria 300 anos | A Floresta Amazônica tem uma variedade tão grande espécies de árvores que catalogá-las levaria três séculos, segundo estimativas de um novo estudo. O trabalho publicado no periódico "Scientific Reports" fez um levantamento dos mais de 500 mil exemplares reunidos por museus nos últimos 300 anos. E mostrou que aproximadamente 12 mil espécies foram descobertas até hoje. Com base nesse número, cientistas preveem que ainda restam a serem descobertos ou descritos em detalhes cerca de 4.000 tipos raros de árvores. Só foi possível elaborar essa lista graças à digitalização dos acervos de museus ao redor do mundo. Os pesquisadores dizem que ela ajudará quem busca proteger a florestal tropical com a maior biodiversidade do mundo. "A lista dará aos cientistas uma melhor noção do que há de fato na bacia amazônica, e isso contribuirá com os esforços de preservação", diz um dos autores do estudo, Hans ter Steege, do Centro de Biodiversidade Naturalis, da Holanda. Dentre os países que abrigam a Floresta Amazônica, o Brasil é o país com o maior número de amostras de coletadas: 278.165. Do total de espécies identificadas, 61% foram coletadas na Amazônia brasileira. No entanto, o estudo aponta que maior parte da pesquisa realizada por cientistas, especialmente os brasileiros, sobre a flora nacional é feita em outros ecossistemas que não a Amazônia, que representa metade do país territorialmente. Das 2.875 espécies brasileiras descritas entre 1990 e 2006, somente 20% eram da Amazônia. E, enquanto 50% de novas espécies de ecossistemas não amazônicos foram descritas por cientistas brasileiros, esse índice cai para 20% entre as espécies da floresta. O estudo ainda destaca que o esforço de pesquisa brasileiro sobre flora está concentrado no Sul e no Sudeste do país. "É nestas regiões que estão localizados 59 dos 92 herbários do país e 67% das amostras coletadas. A região amazônica tem só cinco herbários registrados e abriga 11% das coleções botânicas." | ambiente | Catalogar todas as espécies de árvores da Amazônia levaria 300 anosA Floresta Amazônica tem uma variedade tão grande espécies de árvores que catalogá-las levaria três séculos, segundo estimativas de um novo estudo. O trabalho publicado no periódico "Scientific Reports" fez um levantamento dos mais de 500 mil exemplares reunidos por museus nos últimos 300 anos. E mostrou que aproximadamente 12 mil espécies foram descobertas até hoje. Com base nesse número, cientistas preveem que ainda restam a serem descobertos ou descritos em detalhes cerca de 4.000 tipos raros de árvores. Só foi possível elaborar essa lista graças à digitalização dos acervos de museus ao redor do mundo. Os pesquisadores dizem que ela ajudará quem busca proteger a florestal tropical com a maior biodiversidade do mundo. "A lista dará aos cientistas uma melhor noção do que há de fato na bacia amazônica, e isso contribuirá com os esforços de preservação", diz um dos autores do estudo, Hans ter Steege, do Centro de Biodiversidade Naturalis, da Holanda. Dentre os países que abrigam a Floresta Amazônica, o Brasil é o país com o maior número de amostras de coletadas: 278.165. Do total de espécies identificadas, 61% foram coletadas na Amazônia brasileira. No entanto, o estudo aponta que maior parte da pesquisa realizada por cientistas, especialmente os brasileiros, sobre a flora nacional é feita em outros ecossistemas que não a Amazônia, que representa metade do país territorialmente. Das 2.875 espécies brasileiras descritas entre 1990 e 2006, somente 20% eram da Amazônia. E, enquanto 50% de novas espécies de ecossistemas não amazônicos foram descritas por cientistas brasileiros, esse índice cai para 20% entre as espécies da floresta. O estudo ainda destaca que o esforço de pesquisa brasileiro sobre flora está concentrado no Sul e no Sudeste do país. "É nestas regiões que estão localizados 59 dos 92 herbários do país e 67% das amostras coletadas. A região amazônica tem só cinco herbários registrados e abriga 11% das coleções botânicas." | 23 |
Mercado já estima 10% de chances de que Fed só suba juros em 2017 | O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vem mantendo taxas de juros zero há 81 meses, agora, período ainda mais longo do que o da era pós-Depressão e Segunda Guerra Mundial. Os investidores nos mercados de títulos estão apostando que esse histórico indesejável será prolongado por tempo significativo. Uma série de indicadores econômicos não muito animadores ajudou a conter as expectativas quanto aos juros nos Estados Unidos, depois que o Fed decidiu que não agiria em setembro, o que justifica ao menos em parte a postura cautelosa da instituição. A maioria dos economistas e das autoridades econômicas ainda prevê pelo menos uma elevação nos juros este ano, e quatro mais em 2016. Pelo final de 2017, a taxa de fundos federais do Fed deve estar em cerca de 2,5%, de acordo com projeções dos dirigentes do banco central norte-americano em setembro. Diversos deles, entre os quais a chairwoman Janet Yellen, recentemente reiteraram que o cenário primário envolve elevar juros este ano. Mas o mercado de títulos respondeu com um "calma lá". Há muito existe um descompasso entre os contratos futuros de juros e as projeções do Fed, mas neste final de ano a divergência se alargou ainda mais, e na semana passada dois dirigentes do Fed expressaram reservas quanto a um aperto da política monetária neste ano, o que sugere que existem cisões no primeiro escalão. Um descompasso como esse trará ou embaraços para o banco central norte-americano ou um choque desagradável e potencialmente desestabilizador para os mercados. Os contratos futuros da taxa de fundos federais incorporam aos seus preços chances de apenas um terço de que o banco central norte-americano aumente seus juros este ano, e probabilidade um pouco maior, de 50%, de que esperem até depois da reunião do comitê de open market em março de 2016 para fazê-lo. Os mercados indicam, de fato, que há cerca de 10% de chance de que o Fed decida esperar até 2017. "Eles obviamente ainda desejam elevar os juros este ano, mas não acreditamos que poderão fazê-lo", disse Michael Lillard, vice-presidente de investimento da Prudential Fixed Income. "Pode até ser que não o façam no ano que vem. Os dados não justificaram alta em 2015, e podem voltar a fazê-lo em 2016. Não se trata de nossa projeção básica, mas certamente é uma possibilidade". A maioria dos administradores de ativos confia em que o Fed terá de ao menos mover suas projeções quanto aos juros para mais perto das projeções do mercado, e a história está com eles - as projeções do banco central norte-americano são continuamente reduzidas a fim de se enquadrarem melhor à visão do mercado. Como resultado, as projeções para o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano no mercado, hoje de 2,04%, se moderaram. A projeção média para o título de 10 anos é de 2,32% para o final de dezembro, 2,62% na metade do ano que vem e 2,87% no final de 2016. Alguns duvidam que o rendimento venha a subir em breve, dada a economia morna, o Fed pacifista e até os rendimentos mais baixos dos títulos internacionais. "Os títulos do Tesouro dos Estados Unidos continuam a ser o instrumento de alto rendimento nos mercados mundiais de títulos públicos, e por isso é difícil ser muito negativo quanto a eles", diz John Brigg, chefe de estratégia do Royal Bank of Scotland para os Estados Unidos. QUANDO OS JUROS SUBIREM O mais poderoso banco central do planeta está considerando se eleva suas taxas de juros, que estão em baixa recorde há quase uma década. Antes que o Fed tome sua decisão, os efeitos já reverberam na economia mundial, e nosso projeto explora de que forma isso acontece. Prever o percurso de rendimento dos títulos do Tesouro levou muitos estrategistas a tropeçar nos últimos anos, já que eles vêm se mantendo sempre abaixo das expectativas. Um dos analistas que os prevê com maior precisão está apostando em que isso acontecerá de novo. Steven Major, diretor de pesquisa de títulos de renda fixa no HSBC, calcula que o rendimento dos títulos de 10 anos ficará mais ou menos no patamar atual até o final do ano, e depois cairá para cerca de 1,5% no segundo semestre de 2016, quando o Fed cautelosamente elevar os juros. Um dos principais propulsores será o relaxamento quantitativo adicional por parte do Banco Central Europeu (BCE), que Major antecipa reduzirá rendimentos em todo o mundo. No entanto, o analista do HDSC também está cético quanto à capacidade do Fed para normalizar sua política monetária. "O problema é que talvez já seja tarde demais, porque o começo da próxima recessão está mais próximo que o final da precedente", ele argumenta. "O Fed vem afirmando consistentemente que o percurso dos juros será raso quando enfim chegar a hora de elevá-los. De fato, estamos vendo uma alta nos riscos de reversão de qualquer aumento, com o tempo". Ainda assim, alguns administradores de fundos dizem que com rendimentos tão baixos para os títulos do Tesouro, as potenciais recompensas simplesmente não são dignas do risco. Cerca de um quarto dos US$ 43 bilhões que a Manning & Napier tem sob administração estão investidos em títulos, mas o valor dedicado aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos é ínfimo, segundo Marc Bushallow, que comanda os investimentos em renda fia da companhia. "Não somos pagos para assumir esse tipo de risco", ele argumenta. A taxa central de inflação - excluídos os preços da energia e comida - inesperadamente subiu no mês passado, o que elevou modestamente os rendimentos, de novo. Já que a parte de criar empregos, na dupla missão do Fed, está realizada, quaisquer sinais de que as pressões deflacionárias estão se aliviando pode ter impacto maior do que no passado. O perigo primário, porém, não é o de que o período de economia lenta passe, a inflação suba e o Fed aumente os juros, mas o que os números mornos atuais sinalizem que a economia dos Estados Unidos está se desacelerando e talvez ingressando em nova recessão. Com os juros já em zero e dúvidas quanto ao impacto de novos pacotes de relaxamento quantitativo, a capacidade do banco central para estimular a economia é vista como limitada. "A confiança em que as autoridades econômicas sejam capazes de estabilizar o avião desapareceu", disse Michala Marcussen, economista chefe do Société Générale. "Não há limite para os riscos que existem, e se tivermos uma nova desaceleração a política monetária não ajudará". Tradução de PAULO MIGLIACCI | mercado | Mercado já estima 10% de chances de que Fed só suba juros em 2017O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vem mantendo taxas de juros zero há 81 meses, agora, período ainda mais longo do que o da era pós-Depressão e Segunda Guerra Mundial. Os investidores nos mercados de títulos estão apostando que esse histórico indesejável será prolongado por tempo significativo. Uma série de indicadores econômicos não muito animadores ajudou a conter as expectativas quanto aos juros nos Estados Unidos, depois que o Fed decidiu que não agiria em setembro, o que justifica ao menos em parte a postura cautelosa da instituição. A maioria dos economistas e das autoridades econômicas ainda prevê pelo menos uma elevação nos juros este ano, e quatro mais em 2016. Pelo final de 2017, a taxa de fundos federais do Fed deve estar em cerca de 2,5%, de acordo com projeções dos dirigentes do banco central norte-americano em setembro. Diversos deles, entre os quais a chairwoman Janet Yellen, recentemente reiteraram que o cenário primário envolve elevar juros este ano. Mas o mercado de títulos respondeu com um "calma lá". Há muito existe um descompasso entre os contratos futuros de juros e as projeções do Fed, mas neste final de ano a divergência se alargou ainda mais, e na semana passada dois dirigentes do Fed expressaram reservas quanto a um aperto da política monetária neste ano, o que sugere que existem cisões no primeiro escalão. Um descompasso como esse trará ou embaraços para o banco central norte-americano ou um choque desagradável e potencialmente desestabilizador para os mercados. Os contratos futuros da taxa de fundos federais incorporam aos seus preços chances de apenas um terço de que o banco central norte-americano aumente seus juros este ano, e probabilidade um pouco maior, de 50%, de que esperem até depois da reunião do comitê de open market em março de 2016 para fazê-lo. Os mercados indicam, de fato, que há cerca de 10% de chance de que o Fed decida esperar até 2017. "Eles obviamente ainda desejam elevar os juros este ano, mas não acreditamos que poderão fazê-lo", disse Michael Lillard, vice-presidente de investimento da Prudential Fixed Income. "Pode até ser que não o façam no ano que vem. Os dados não justificaram alta em 2015, e podem voltar a fazê-lo em 2016. Não se trata de nossa projeção básica, mas certamente é uma possibilidade". A maioria dos administradores de ativos confia em que o Fed terá de ao menos mover suas projeções quanto aos juros para mais perto das projeções do mercado, e a história está com eles - as projeções do banco central norte-americano são continuamente reduzidas a fim de se enquadrarem melhor à visão do mercado. Como resultado, as projeções para o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano no mercado, hoje de 2,04%, se moderaram. A projeção média para o título de 10 anos é de 2,32% para o final de dezembro, 2,62% na metade do ano que vem e 2,87% no final de 2016. Alguns duvidam que o rendimento venha a subir em breve, dada a economia morna, o Fed pacifista e até os rendimentos mais baixos dos títulos internacionais. "Os títulos do Tesouro dos Estados Unidos continuam a ser o instrumento de alto rendimento nos mercados mundiais de títulos públicos, e por isso é difícil ser muito negativo quanto a eles", diz John Brigg, chefe de estratégia do Royal Bank of Scotland para os Estados Unidos. QUANDO OS JUROS SUBIREM O mais poderoso banco central do planeta está considerando se eleva suas taxas de juros, que estão em baixa recorde há quase uma década. Antes que o Fed tome sua decisão, os efeitos já reverberam na economia mundial, e nosso projeto explora de que forma isso acontece. Prever o percurso de rendimento dos títulos do Tesouro levou muitos estrategistas a tropeçar nos últimos anos, já que eles vêm se mantendo sempre abaixo das expectativas. Um dos analistas que os prevê com maior precisão está apostando em que isso acontecerá de novo. Steven Major, diretor de pesquisa de títulos de renda fixa no HSBC, calcula que o rendimento dos títulos de 10 anos ficará mais ou menos no patamar atual até o final do ano, e depois cairá para cerca de 1,5% no segundo semestre de 2016, quando o Fed cautelosamente elevar os juros. Um dos principais propulsores será o relaxamento quantitativo adicional por parte do Banco Central Europeu (BCE), que Major antecipa reduzirá rendimentos em todo o mundo. No entanto, o analista do HDSC também está cético quanto à capacidade do Fed para normalizar sua política monetária. "O problema é que talvez já seja tarde demais, porque o começo da próxima recessão está mais próximo que o final da precedente", ele argumenta. "O Fed vem afirmando consistentemente que o percurso dos juros será raso quando enfim chegar a hora de elevá-los. De fato, estamos vendo uma alta nos riscos de reversão de qualquer aumento, com o tempo". Ainda assim, alguns administradores de fundos dizem que com rendimentos tão baixos para os títulos do Tesouro, as potenciais recompensas simplesmente não são dignas do risco. Cerca de um quarto dos US$ 43 bilhões que a Manning & Napier tem sob administração estão investidos em títulos, mas o valor dedicado aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos é ínfimo, segundo Marc Bushallow, que comanda os investimentos em renda fia da companhia. "Não somos pagos para assumir esse tipo de risco", ele argumenta. A taxa central de inflação - excluídos os preços da energia e comida - inesperadamente subiu no mês passado, o que elevou modestamente os rendimentos, de novo. Já que a parte de criar empregos, na dupla missão do Fed, está realizada, quaisquer sinais de que as pressões deflacionárias estão se aliviando pode ter impacto maior do que no passado. O perigo primário, porém, não é o de que o período de economia lenta passe, a inflação suba e o Fed aumente os juros, mas o que os números mornos atuais sinalizem que a economia dos Estados Unidos está se desacelerando e talvez ingressando em nova recessão. Com os juros já em zero e dúvidas quanto ao impacto de novos pacotes de relaxamento quantitativo, a capacidade do banco central para estimular a economia é vista como limitada. "A confiança em que as autoridades econômicas sejam capazes de estabilizar o avião desapareceu", disse Michala Marcussen, economista chefe do Société Générale. "Não há limite para os riscos que existem, e se tivermos uma nova desaceleração a política monetária não ajudará". Tradução de PAULO MIGLIACCI | 2 |
Aumentar impostos e contribuições é a melhor solução para fechar as contas do governo? Sim | SAIR DO CÍRCULO VICIOSO O ajuste fiscal ganhou relevância nas eleições presidenciais do ano passado. Na época, a desaceleração da economia brasileira, combinada com a desoneração fiscal, esvaziava a arrecadação do governo, contribuindo para o aumento da relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto). Para estancar a ascensão relativa do endividamento público, setores da oposição defendiam a adoção de um choque fiscal, com elevação do superavit primário para mais de 3% do PIB. Já o governo apontava para medidas graduais, sem alteração das políticas fiscais e monetárias. A troca da equipe econômica no segundo mandato do governo da presidente Dilma Rousseff foi acompanhada da redução inicial da meta de superavit primário para o ano de 2015, de 2,5% (R$ 143,3 bilhões) para 1,2% (R$ 66,3 bilhões) do PIB. Ao mesmo tempo, medidas contraditórias de ajuste fiscal e monetário foram implementadas, com o corte dos gastos operacionais (áreas sociais e de investimento) e a elevação das despesas financeiras como o aumento dos juros e dos swaps cambiais –operação que equivale a uma venda futura de dólares. Sem contar com maior arrecadação tributária, a meta de superavit fiscal terminou sendo mais uma vez diminuída para 0,15% do Produto Interno Bruto (R$ 8,7 bilhões). Apesar do esforço governamental, a relação entre a dívida pública e o PIB continuou a aumentar. A principal razão disso se deve à recessão, que, fomentada pela forte elevação dos juros sem frear a inflação, contribui tanto para o crescimento do endividamento público como para a menor arrecadação tributária. Mesmo com o contingenciamento dos gastos públicos, o superavit fiscal não apareceu. Torna-se por demais complexo combinar positivamente a recessão com o ajuste fiscal. O corte do gasto público contrai o nível de atividade da economia, reduzindo a arrecadação de impostos, taxas e contribuições, o que exige nova rodada de contenção das despesas públicas e leva, na sequência, a mais retração simultânea no nível de produção e na arrecadação governamental. O resultado final deságua no desajuste fiscal. A saída desse círculo vicioso passa prioritariamente pela retomada do crescimento econômico, o único caminho possível para elevar a arrecadação tributária acima das despesas públicas e, dessa maneira, reduzir a relação entre dívida pública e PIB. Paralelamente ao crescimento da produção, abrem-se possibilidades para a revisão do padrão de financiamento do Estado e da gestão do endividamento público e das reservas externas. O balanço dos impostos tem sido perverso para a população com menores rendimentos. A elevação da carga tributária para os segmentos de maior renda seria importante, bem como a redução do fisco sobre os assalariados. Assim, caberia tanto o aumento de tributos sobre a repatriação da renda evadida do país, os lucros e dividendos, os fluxos financeiros, imposto sobre as grandes fortunas e heranças, como também a redução relativa dos impostos indiretos que atuam sobre o consumo, como o IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Da mesma forma, a modernização do Estado racionalizaria gastos improdutivos –juros elevados, subsídios e desonerações generalizadas, por exemplo– e estabeleceria a integração das políticas públicas e a eficiente gestão do setor produtivo estatal. MARCIO POCHMANN, 53, é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Aumentar impostos e contribuições é a melhor solução para fechar as contas do governo? SimSAIR DO CÍRCULO VICIOSO O ajuste fiscal ganhou relevância nas eleições presidenciais do ano passado. Na época, a desaceleração da economia brasileira, combinada com a desoneração fiscal, esvaziava a arrecadação do governo, contribuindo para o aumento da relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto). Para estancar a ascensão relativa do endividamento público, setores da oposição defendiam a adoção de um choque fiscal, com elevação do superavit primário para mais de 3% do PIB. Já o governo apontava para medidas graduais, sem alteração das políticas fiscais e monetárias. A troca da equipe econômica no segundo mandato do governo da presidente Dilma Rousseff foi acompanhada da redução inicial da meta de superavit primário para o ano de 2015, de 2,5% (R$ 143,3 bilhões) para 1,2% (R$ 66,3 bilhões) do PIB. Ao mesmo tempo, medidas contraditórias de ajuste fiscal e monetário foram implementadas, com o corte dos gastos operacionais (áreas sociais e de investimento) e a elevação das despesas financeiras como o aumento dos juros e dos swaps cambiais –operação que equivale a uma venda futura de dólares. Sem contar com maior arrecadação tributária, a meta de superavit fiscal terminou sendo mais uma vez diminuída para 0,15% do Produto Interno Bruto (R$ 8,7 bilhões). Apesar do esforço governamental, a relação entre a dívida pública e o PIB continuou a aumentar. A principal razão disso se deve à recessão, que, fomentada pela forte elevação dos juros sem frear a inflação, contribui tanto para o crescimento do endividamento público como para a menor arrecadação tributária. Mesmo com o contingenciamento dos gastos públicos, o superavit fiscal não apareceu. Torna-se por demais complexo combinar positivamente a recessão com o ajuste fiscal. O corte do gasto público contrai o nível de atividade da economia, reduzindo a arrecadação de impostos, taxas e contribuições, o que exige nova rodada de contenção das despesas públicas e leva, na sequência, a mais retração simultânea no nível de produção e na arrecadação governamental. O resultado final deságua no desajuste fiscal. A saída desse círculo vicioso passa prioritariamente pela retomada do crescimento econômico, o único caminho possível para elevar a arrecadação tributária acima das despesas públicas e, dessa maneira, reduzir a relação entre dívida pública e PIB. Paralelamente ao crescimento da produção, abrem-se possibilidades para a revisão do padrão de financiamento do Estado e da gestão do endividamento público e das reservas externas. O balanço dos impostos tem sido perverso para a população com menores rendimentos. A elevação da carga tributária para os segmentos de maior renda seria importante, bem como a redução do fisco sobre os assalariados. Assim, caberia tanto o aumento de tributos sobre a repatriação da renda evadida do país, os lucros e dividendos, os fluxos financeiros, imposto sobre as grandes fortunas e heranças, como também a redução relativa dos impostos indiretos que atuam sobre o consumo, como o IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Da mesma forma, a modernização do Estado racionalizaria gastos improdutivos –juros elevados, subsídios e desonerações generalizadas, por exemplo– e estabeleceria a integração das políticas públicas e a eficiente gestão do setor produtivo estatal. MARCIO POCHMANN, 53, é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Priorizar tarefas e dividir semana em blocos economizam tempo no trabalho
| ANNA RANGEL DE SÃO PAULO Para produzir mais e gastar menos tempo no trabalho, a receita é simples: planejar o dia, priorizar tarefas e manter a agenda atualizada. Mas, se falar é fácil, por que é tão difícil manter a disciplina na prática? Segundo Luiz Carlos Queirós Cabrera, especialista em RH e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), poupar energia é um instinto do ser humano. "Ninguém usa mais do que 70% do seu potencial no trabalho, porque se distrai quando tem algum tempo a mais." De acordo com Cabrera, para aproveitar bem os outros 30%, é preciso respeitar uma equação: esforço concentrado significa menos horas de trabalho e menos recursos desperdiçados. O especialista em produtividade Geronimo Theml, autor de "Produtividade para Quem Quer Tempo" (editora Gente, R$ 20,60, 160 págs.), diz que alta performance não vem de trabalhar mais horas, mas de criar mecanismos que deem disposição para vencer a lista de afazeres. Para Não Procrastinar "Não adianta separar o 'eu' profissional do pessoal", afirma Theml. "Quem não tem equilíbrio entre ambos não terá energia para produzir." Vale encaixar atividades físicas diárias e sair com amigos durante a semana, diz o especialista em produtividade Christian Barbosa. "Quatro horas de lazer espalhadas pelos cinco dias úteis são suficientes", diz. Para que a bateria não acabe tão rápido, Theml sugere dividir as atividades em tarefas de produção e de ocupação (leia no quadro abaixo). As primeiras, estratégicas, devem ser priorizadas. Agenda Funcional "Outra coisa que ajuda é planejar o dia na noite anterior e organizar a semana em 'blocos', concentrando reuniões, por exemplo, em um dia só", afirma. Roberto Camanho, líder do laboratório de produtividade da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), lembra que manter a produção sempre alta é inviável. "O profissional deve ter consciência de que todos temos oscilações no trabalho, e não há por que se preocupar quando um dia é menos proveitoso", diz. * CUMPRIR AGENDA EXIGE DISCIPLINA E FLEXIBILIDADE Há três anos, o engenheiro Daniel Silva, 39, trabalhava 12 horas por dia e não tinha tempo nem para atividades de lazer nem para ficar com a família. "Percebi que havia algo errado quando li um estudo que atribuía a sensação de passagem rápida do tempo ao fato de perdermos muitas horas com atividades que não dão resultado concreto. Era como eu me sentia", explica. Silva começou a estudar métodos para ser mais produtivo. Foi assim que aprendeu a identificar quais pendências eram mais importantes para alcançar seus objetivos e equilibrar melhor os compromissos profissionais com a vida pessoal. "Meu dia começa na noite anterior, quando faço um planejamento do expediente e estipulo de cinco a oito atividades que preciso concluir." O processo dura cerca de 20 minutos. Para ajudar, usa aplicativos de gestão de tempo -como o Remember the Milk (disponível para Android e iOS). "Hoje, me limito a trabalhar dez horas por dia e deixo algumas lacunas na agenda para me reorganizar se surge um problema", afirma. Nesse processo, Silva passou a usar o tempo que gasta no trânsito para ouvir podcasts de tecnologia em inglês. "Foi útil para melhorar a minha fluência e me atualizar na área, já que coordeno uma escola técnica", diz. Para colher resultados, ele diz ser necessário ter disciplina para manter o plano e flexibilidade para adaptá-lo. * PLANO SEMANAL AJUDA A DRIBLAR SOBRECARGA Para fazer duas faculdades ao mesmo tempo (economia e administração pública), o estudante Vinícius Bueno, 22, precisou aprender a antecipar os compromissos. Seu método inclui organizar a semana no domingo à noite, separando atividades essenciais e aquilo que pode ser terceirizado. "Procuro pensar nos papéis que desempenho durante a semana, como estudante, profissional, filho e amigo, e vou incluindo as pendências", afirma. Assim, é possível recusar atividades que não cabem no planejamento. Segundo ele, a técnica é fundamental para conseguir ser gestor não apenas do próprio tempo, mas da sua energia. "Nem sempre consigo fazer tudo, mas sei o que posso deixar para depois." Bueno também tenta economizar tempo em cada atividade, estando superpresente nos compromissos. Durante as aulas, ele diz não mexer no celular de jeito algum. "Assim, consigo fixar o conteúdo de forma eficiente e não preciso passar tempo em casa estudando." O estudante admite que nem sempre consegue se manter concentrado, principalmente quando está muito cansado. E conta que abre mão do lazer com frequência -o que pode causar sobrecarga no fim do semestre. "Mas acho que sei a hora de reduzir o ritmo e me divertir um pouco", diz. Para manter a energia em alta, faz questão de jogar futebol e praticar corrida. | sobretudo |
Priorizar tarefas e dividir semana em blocos economizam tempo no trabalho
ANNA RANGEL DE SÃO PAULO Para produzir mais e gastar menos tempo no trabalho, a receita é simples: planejar o dia, priorizar tarefas e manter a agenda atualizada. Mas, se falar é fácil, por que é tão difícil manter a disciplina na prática? Segundo Luiz Carlos Queirós Cabrera, especialista em RH e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), poupar energia é um instinto do ser humano. "Ninguém usa mais do que 70% do seu potencial no trabalho, porque se distrai quando tem algum tempo a mais." De acordo com Cabrera, para aproveitar bem os outros 30%, é preciso respeitar uma equação: esforço concentrado significa menos horas de trabalho e menos recursos desperdiçados. O especialista em produtividade Geronimo Theml, autor de "Produtividade para Quem Quer Tempo" (editora Gente, R$ 20,60, 160 págs.), diz que alta performance não vem de trabalhar mais horas, mas de criar mecanismos que deem disposição para vencer a lista de afazeres. Para Não Procrastinar "Não adianta separar o 'eu' profissional do pessoal", afirma Theml. "Quem não tem equilíbrio entre ambos não terá energia para produzir." Vale encaixar atividades físicas diárias e sair com amigos durante a semana, diz o especialista em produtividade Christian Barbosa. "Quatro horas de lazer espalhadas pelos cinco dias úteis são suficientes", diz. Para que a bateria não acabe tão rápido, Theml sugere dividir as atividades em tarefas de produção e de ocupação (leia no quadro abaixo). As primeiras, estratégicas, devem ser priorizadas. Agenda Funcional "Outra coisa que ajuda é planejar o dia na noite anterior e organizar a semana em 'blocos', concentrando reuniões, por exemplo, em um dia só", afirma. Roberto Camanho, líder do laboratório de produtividade da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), lembra que manter a produção sempre alta é inviável. "O profissional deve ter consciência de que todos temos oscilações no trabalho, e não há por que se preocupar quando um dia é menos proveitoso", diz. * CUMPRIR AGENDA EXIGE DISCIPLINA E FLEXIBILIDADE Há três anos, o engenheiro Daniel Silva, 39, trabalhava 12 horas por dia e não tinha tempo nem para atividades de lazer nem para ficar com a família. "Percebi que havia algo errado quando li um estudo que atribuía a sensação de passagem rápida do tempo ao fato de perdermos muitas horas com atividades que não dão resultado concreto. Era como eu me sentia", explica. Silva começou a estudar métodos para ser mais produtivo. Foi assim que aprendeu a identificar quais pendências eram mais importantes para alcançar seus objetivos e equilibrar melhor os compromissos profissionais com a vida pessoal. "Meu dia começa na noite anterior, quando faço um planejamento do expediente e estipulo de cinco a oito atividades que preciso concluir." O processo dura cerca de 20 minutos. Para ajudar, usa aplicativos de gestão de tempo -como o Remember the Milk (disponível para Android e iOS). "Hoje, me limito a trabalhar dez horas por dia e deixo algumas lacunas na agenda para me reorganizar se surge um problema", afirma. Nesse processo, Silva passou a usar o tempo que gasta no trânsito para ouvir podcasts de tecnologia em inglês. "Foi útil para melhorar a minha fluência e me atualizar na área, já que coordeno uma escola técnica", diz. Para colher resultados, ele diz ser necessário ter disciplina para manter o plano e flexibilidade para adaptá-lo. * PLANO SEMANAL AJUDA A DRIBLAR SOBRECARGA Para fazer duas faculdades ao mesmo tempo (economia e administração pública), o estudante Vinícius Bueno, 22, precisou aprender a antecipar os compromissos. Seu método inclui organizar a semana no domingo à noite, separando atividades essenciais e aquilo que pode ser terceirizado. "Procuro pensar nos papéis que desempenho durante a semana, como estudante, profissional, filho e amigo, e vou incluindo as pendências", afirma. Assim, é possível recusar atividades que não cabem no planejamento. Segundo ele, a técnica é fundamental para conseguir ser gestor não apenas do próprio tempo, mas da sua energia. "Nem sempre consigo fazer tudo, mas sei o que posso deixar para depois." Bueno também tenta economizar tempo em cada atividade, estando superpresente nos compromissos. Durante as aulas, ele diz não mexer no celular de jeito algum. "Assim, consigo fixar o conteúdo de forma eficiente e não preciso passar tempo em casa estudando." O estudante admite que nem sempre consegue se manter concentrado, principalmente quando está muito cansado. E conta que abre mão do lazer com frequência -o que pode causar sobrecarga no fim do semestre. "Mas acho que sei a hora de reduzir o ritmo e me divertir um pouco", diz. Para manter a energia em alta, faz questão de jogar futebol e praticar corrida. | 17 |
Cientistas acreditam que manipulação da flora intestinal possa curar doenças | E se beber água contendo uma bactéria típica da flora intestinal fosse capaz de curar os principais sintomas do autismo? À primeira vista, soa quase como curandeirismo, um jeito estapafúrdio de tentar enfrentar um problema neurológico altamente complexo, mas deu certo –ao menos em camundongos. Uma descrição detalhada dos experimentos, coordenados pelo pesquisador uruguaio Mauro Costa-Mattioli, do Baylor College of Medicine (EUA), acaba de sair na "Cell", uma das mais importantes revistas científicas do mundo. "Temos de ter muito cuidado, ainda há muitos estudos pela frente. A mensagem definitivamente não é que os pais de crianças com autismo deveriam sair por aí entupindo seus filhos de probióticos na esperança de que eles se curem. Mesmo assim, estou extremamente empolgado com as perspectivas", disse Costa-Mattioli à Folha. VOCÊ E SEUS MICRÓBIOS AMESTRADOS OBESIDADE E DIABETES Estudos como o do uruguaio, revelando correlações entre os micro-organismos que habitam nosso corpo e os aspectos mais insuspeitos da saúde humana, ganharam massa crítica nos últimos anos, conta a zoóloga britânica Alanna Collen em seu livro "10% Humano", que acaba de chegar ao Brasil. Para ela, manipular a microbiota –ou seja, a coleção de milhares de espécies microbianas que fizeram do organismo humano o seu lar– poderia ter impactos positivos na epidemia global de obesidade, em doenças autoimunes tão diferentes quanto a esclerose múltipla e o diabetes e numa lista de problemas mentais que, além do autismo, inclui a depressão e o transtorno bipolar. Aqui, é crucial frisar o verbo "poderia" porque, como enfatiza Costa-Mattioli, trata-se de uma área de pesquisa extremamente nova, com conhecimento novo sendo gerado o tempo todo num ritmo muito rápido (e, às vezes, contraditório). O ponto de partida está resumido no título do livro de Collen: só 10% das células no corpo de uma pessoa são realmente dela. Os outros 90% pertencem a bactérias e outros microrganismos que exploram diferentes partes do corpo (como a pele gordurosa do nariz ou as regiões quentes e úmidas da virilha). Nesse processo evolutivo de longo prazo, os micróbios não só aprenderam a se aproveitar das condições do organismo humano para se reproduzir como também aprenderam, em muitos casos, a oferecer diferentes vantagens a seus hospedeiros – é, afinal, um jogo de "ganha-ganha", no qual a saúde da pessoa permite que a comunidade microbiana fique mais próspera, e vice-versa. É por isso que uma flora intestinal vigorosa e diversificada é uma boa, como os médicos já sabem há bastante tempo. Os micróbios do intestino ajudam os seres humanos (e muitos outros animais) a digerir alimentos difíceis, produzem nutrientes que nosso organismo não é capaz de fabricar sozinho e competem com outros seres unicelulares que, se estivessem sozinhos, causariam doenças. Há indícios de que o tipo de microbiota pode influenciar diretamente a propensão a engordar. Alguns testes em animais de laboratório e pessoas sugerem que essa abordagem seria um caminho para enfrentar muitos casos de excesso de peso, que não teriam relação direta com o quanto a pessoa come e se exercita, mas sim com a variedade de espécies de bactéria em seu organismo. IMPACTO MENTAL BACTÉRIAS E AUTISMO As possíveis conexões da flora intestinal com ao menos parte do espectro do autismo começaram a ser exploradas porque é comum que as crianças com as diferentes formas do problema também sofram de problemas digestivos, tenham usado muitos antibióticos (que costumam matar as bactérias do organismo indiscriminadamente) e sejam filhos de mães com histórico de obesidade. Costa-Mattioli e seus colegas testaram a ideia ao comparar o comportamento de camundongos gerados por fêmeas que receberam uma dieta rica em gordura com os de filhotes que nasceram de mães com dieta normal Além de diferenças significativas em sua microbiota, os dois grupos tinham diferenças consideráveis de comportamento. Os camundongos do "grupo da gordura" tinham muito menos interesse em interações sociais e agiam de forma repetitiva -duas características clássicas do espectro do autismo em seres humanos. No entanto, os cientistas dores conseguiram contornar isso simplesmente colocando filhotes dos dois grupos na mesma gaiola. Ao comer o cocô dos colegas, ingerindo assim sua microbiota intestinal, os roedores do primeiro grupo passaram a ter uma vida social normal. O mesmo resultado foi observado quando os cientistas ofereceram a eles a água com Lactobacillus reuteri, micróbio comum no organismo dos bichos normais, mas quase ausente no dos roedores "autistas". "Uma das possibilidades é que as mudanças na ecologia do intestino estejam levando a alterações na produção de neurotransmissores [mensageiros químicos do sistema nervoso], levando a esse efeito", explica Costa-Mattioli. "A outra é que existe uma espécie de via expressa entre o cérebro e o sistema digestivo, que são ligados pelo nervo vago." Ele e seus colegas esperam publicar em breve um estudo elucidando esse mecanismo. Hipóteses como essa, se estiverem corretas, provavelmente levarão especialistas e médicos a repensar quando e como receitar antibióticos ou marcar cesarianas (esse tipo de parto priva o contato do bebê com a flora microbiana da vagina da mãe). Já há inclusive experimentos de "transplante microbiano" para bebês que nascem de cesariana –basta esfregar uma gaze na vagina materna e depois passá-la na boca e na pele da criança–, com resultados preliminares interessantes. 10% HUMANO AUTORA Alanna Collen EDITORA sextante QUANTO R$ 39,90 (288 págs.) | equilibrioesaude | Cientistas acreditam que manipulação da flora intestinal possa curar doençasE se beber água contendo uma bactéria típica da flora intestinal fosse capaz de curar os principais sintomas do autismo? À primeira vista, soa quase como curandeirismo, um jeito estapafúrdio de tentar enfrentar um problema neurológico altamente complexo, mas deu certo –ao menos em camundongos. Uma descrição detalhada dos experimentos, coordenados pelo pesquisador uruguaio Mauro Costa-Mattioli, do Baylor College of Medicine (EUA), acaba de sair na "Cell", uma das mais importantes revistas científicas do mundo. "Temos de ter muito cuidado, ainda há muitos estudos pela frente. A mensagem definitivamente não é que os pais de crianças com autismo deveriam sair por aí entupindo seus filhos de probióticos na esperança de que eles se curem. Mesmo assim, estou extremamente empolgado com as perspectivas", disse Costa-Mattioli à Folha. VOCÊ E SEUS MICRÓBIOS AMESTRADOS OBESIDADE E DIABETES Estudos como o do uruguaio, revelando correlações entre os micro-organismos que habitam nosso corpo e os aspectos mais insuspeitos da saúde humana, ganharam massa crítica nos últimos anos, conta a zoóloga britânica Alanna Collen em seu livro "10% Humano", que acaba de chegar ao Brasil. Para ela, manipular a microbiota –ou seja, a coleção de milhares de espécies microbianas que fizeram do organismo humano o seu lar– poderia ter impactos positivos na epidemia global de obesidade, em doenças autoimunes tão diferentes quanto a esclerose múltipla e o diabetes e numa lista de problemas mentais que, além do autismo, inclui a depressão e o transtorno bipolar. Aqui, é crucial frisar o verbo "poderia" porque, como enfatiza Costa-Mattioli, trata-se de uma área de pesquisa extremamente nova, com conhecimento novo sendo gerado o tempo todo num ritmo muito rápido (e, às vezes, contraditório). O ponto de partida está resumido no título do livro de Collen: só 10% das células no corpo de uma pessoa são realmente dela. Os outros 90% pertencem a bactérias e outros microrganismos que exploram diferentes partes do corpo (como a pele gordurosa do nariz ou as regiões quentes e úmidas da virilha). Nesse processo evolutivo de longo prazo, os micróbios não só aprenderam a se aproveitar das condições do organismo humano para se reproduzir como também aprenderam, em muitos casos, a oferecer diferentes vantagens a seus hospedeiros – é, afinal, um jogo de "ganha-ganha", no qual a saúde da pessoa permite que a comunidade microbiana fique mais próspera, e vice-versa. É por isso que uma flora intestinal vigorosa e diversificada é uma boa, como os médicos já sabem há bastante tempo. Os micróbios do intestino ajudam os seres humanos (e muitos outros animais) a digerir alimentos difíceis, produzem nutrientes que nosso organismo não é capaz de fabricar sozinho e competem com outros seres unicelulares que, se estivessem sozinhos, causariam doenças. Há indícios de que o tipo de microbiota pode influenciar diretamente a propensão a engordar. Alguns testes em animais de laboratório e pessoas sugerem que essa abordagem seria um caminho para enfrentar muitos casos de excesso de peso, que não teriam relação direta com o quanto a pessoa come e se exercita, mas sim com a variedade de espécies de bactéria em seu organismo. IMPACTO MENTAL BACTÉRIAS E AUTISMO As possíveis conexões da flora intestinal com ao menos parte do espectro do autismo começaram a ser exploradas porque é comum que as crianças com as diferentes formas do problema também sofram de problemas digestivos, tenham usado muitos antibióticos (que costumam matar as bactérias do organismo indiscriminadamente) e sejam filhos de mães com histórico de obesidade. Costa-Mattioli e seus colegas testaram a ideia ao comparar o comportamento de camundongos gerados por fêmeas que receberam uma dieta rica em gordura com os de filhotes que nasceram de mães com dieta normal Além de diferenças significativas em sua microbiota, os dois grupos tinham diferenças consideráveis de comportamento. Os camundongos do "grupo da gordura" tinham muito menos interesse em interações sociais e agiam de forma repetitiva -duas características clássicas do espectro do autismo em seres humanos. No entanto, os cientistas dores conseguiram contornar isso simplesmente colocando filhotes dos dois grupos na mesma gaiola. Ao comer o cocô dos colegas, ingerindo assim sua microbiota intestinal, os roedores do primeiro grupo passaram a ter uma vida social normal. O mesmo resultado foi observado quando os cientistas ofereceram a eles a água com Lactobacillus reuteri, micróbio comum no organismo dos bichos normais, mas quase ausente no dos roedores "autistas". "Uma das possibilidades é que as mudanças na ecologia do intestino estejam levando a alterações na produção de neurotransmissores [mensageiros químicos do sistema nervoso], levando a esse efeito", explica Costa-Mattioli. "A outra é que existe uma espécie de via expressa entre o cérebro e o sistema digestivo, que são ligados pelo nervo vago." Ele e seus colegas esperam publicar em breve um estudo elucidando esse mecanismo. Hipóteses como essa, se estiverem corretas, provavelmente levarão especialistas e médicos a repensar quando e como receitar antibióticos ou marcar cesarianas (esse tipo de parto priva o contato do bebê com a flora microbiana da vagina da mãe). Já há inclusive experimentos de "transplante microbiano" para bebês que nascem de cesariana –basta esfregar uma gaze na vagina materna e depois passá-la na boca e na pele da criança–, com resultados preliminares interessantes. 10% HUMANO AUTORA Alanna Collen EDITORA sextante QUANTO R$ 39,90 (288 págs.) | 16 |
Qual é o jeito certo de limpar bancos de tecido e de couro?
| DE SÃO PAULO Veja a maneira correta de limpar bancos de tecido e de couro. * RAPIDEZ Tire a sujeira o mais rápido possível, com algo absorvente. Depois, esfregue o local com um pano úmido e detergente neutro. Aplique o sabão no pano, nunca no tecido. Se a mancha penetrou na espuma do banco, faça uma limpeza profissional DELICADEZA No banco de couro, a mancha deve ser removida com um pano úmido. Se ela não sair, passe uma esponja virada para o lado macio, com sabão neutro. Esfregue delicadamente. Limpe de novo com o pano para retirar todo o sabão SEM ÁLCOOL Jamais aplique no couro produtos à base de álcool. A química agride as fibras e provoca ressecamento. Para manter o couro bonito, o ideal é hidratá-lo a cada seis meses com produtos específicos. Não use hidratantes de pele Fonte: Anderson Morais, gerente da Tapeçaria Alemão, e Dante Ross, supervisor do Lave Park | sobretudo |
Qual é o jeito certo de limpar bancos de tecido e de couro?
DE SÃO PAULO Veja a maneira correta de limpar bancos de tecido e de couro. * RAPIDEZ Tire a sujeira o mais rápido possível, com algo absorvente. Depois, esfregue o local com um pano úmido e detergente neutro. Aplique o sabão no pano, nunca no tecido. Se a mancha penetrou na espuma do banco, faça uma limpeza profissional DELICADEZA No banco de couro, a mancha deve ser removida com um pano úmido. Se ela não sair, passe uma esponja virada para o lado macio, com sabão neutro. Esfregue delicadamente. Limpe de novo com o pano para retirar todo o sabão SEM ÁLCOOL Jamais aplique no couro produtos à base de álcool. A química agride as fibras e provoca ressecamento. Para manter o couro bonito, o ideal é hidratá-lo a cada seis meses com produtos específicos. Não use hidratantes de pele Fonte: Anderson Morais, gerente da Tapeçaria Alemão, e Dante Ross, supervisor do Lave Park | 17 |
UFSCar divulga peso e nota mínima para concorrer a uma vaga pelo Sisu | A UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) divulgou o peso de cada disciplina e a nota mínima para entrar em cada um dos cursos da universidade por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A instituição oferece 2.873 vagas de 63 cursos de graduação a candidatos selecionados por meio do Sisu, que usa a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A universidade ainda anunciou a criação de 50 vagas no curso de administração e outras 40 em ciências biológicas, todas no campus Lagoa do Sino, localizado na cidade de Buri (a 257 km de SP). Os dois cursos são de bacharelado em período integral. A universidade vai publicar o cronograma completo de seleção do Sisu logo após o MEC divulgar os resultados do Enem 2015. As datas de chamadas, matrículas e o calendário completo das inscrições estarão disponíveis no site da UFSCar . Para mais informações o estudante deve entrar em contato com a coordenadoria do vestibular da UFSCar pelo telefone (16) 3351-8152 ou pelo e-mail covest@ufscar.br. | educacao | UFSCar divulga peso e nota mínima para concorrer a uma vaga pelo SisuA UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) divulgou o peso de cada disciplina e a nota mínima para entrar em cada um dos cursos da universidade por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A instituição oferece 2.873 vagas de 63 cursos de graduação a candidatos selecionados por meio do Sisu, que usa a nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A universidade ainda anunciou a criação de 50 vagas no curso de administração e outras 40 em ciências biológicas, todas no campus Lagoa do Sino, localizado na cidade de Buri (a 257 km de SP). Os dois cursos são de bacharelado em período integral. A universidade vai publicar o cronograma completo de seleção do Sisu logo após o MEC divulgar os resultados do Enem 2015. As datas de chamadas, matrículas e o calendário completo das inscrições estarão disponíveis no site da UFSCar . Para mais informações o estudante deve entrar em contato com a coordenadoria do vestibular da UFSCar pelo telefone (16) 3351-8152 ou pelo e-mail covest@ufscar.br. | 12 |
Dia dos Namorados: Fazenda em SP garante o isolamento de casais | Logo ali, depois da janela, um pé carregado de caquis viçosos desperta o paladar. Mais adiante, em uma casa colonial do século 19, um piano, uma biblioteca, uma cozinha cheia de gostosuras. Mas a ideia da reportagem, nesta ida à Fazenda Catuçaba, foi ficar dentro do quarto, em casal. A experiência, que poderia ser claustrofóbica, revelou-se um tipo de retiro. O quarto proporciona um isolamento raro de provar em São Paulo. Não se veem pelas janelas outros hóspedes. Não se ouve barulho além dos ruídos da natureza. A falta de TV, de internet e de telefone reforçam a sensação. A fazenda é um lugar onde se fica completamente desconectado –nem o celular tem sinal. O receio de ficar isolado se desfez ao passar das horas: sono tranquilo, conversas de perder a hora e leitura sem concorrência. Para alguns, no entanto, pode soar inconveniente o fato de nem sequer haver interfone no quarto –tampouco frigobar. Para qualquer pedido, há que caminhar à sede. Vigas de madeira à mostra e flores colhidas nas redondezas enfeitam o espaço, cujo coração é uma enorme cama, bem acolchoada, com travesseiros macios. No banheiro, mais chama a atenção uma ducha forte, sob a qual se alonga no banho sem culpa –a água vem de minas locais. Para embalar o corpo, gostosas toalhas de algodão egípcio. De toda sorte, é preciso sair do quarto para fazer as refeições –que valorizam ingredientes frescos e orgânicos, da horta de cultivo próprio. Outra alternativa é escolher, para a estadia, a casa do lago. Trata-se de uma construção pequenina, de 1840, que carrega o espírito daquela época nos quartos, no banheiro e na sala com cozinha. Um faqueiro de antigamente fica exposto num canto. No outro, uma vitrola portátil com LPs ao lado –dá para pinçar, por exemplo, "Double Fantasy", no qual John Lennon está a beijar Yoko Ono na capa. Mas também ali é preciso locomover-se até o casarão central para fazer as refeições. No máximo, é possível alinhar os almoços por lá –café da manhã e jantar, não. Da varanda, com redes e uma mesa de madeira, uma vista para admirar em silêncio: um lago rodeado por uma pacífica paisagem verde. > Pacotes para 12/jun de R$ 1.120 a R$ 1.900 > Diária (jul) a partir de R$ 1.120 > Mais catucaba.com | turismo | Dia dos Namorados: Fazenda em SP garante o isolamento de casaisLogo ali, depois da janela, um pé carregado de caquis viçosos desperta o paladar. Mais adiante, em uma casa colonial do século 19, um piano, uma biblioteca, uma cozinha cheia de gostosuras. Mas a ideia da reportagem, nesta ida à Fazenda Catuçaba, foi ficar dentro do quarto, em casal. A experiência, que poderia ser claustrofóbica, revelou-se um tipo de retiro. O quarto proporciona um isolamento raro de provar em São Paulo. Não se veem pelas janelas outros hóspedes. Não se ouve barulho além dos ruídos da natureza. A falta de TV, de internet e de telefone reforçam a sensação. A fazenda é um lugar onde se fica completamente desconectado –nem o celular tem sinal. O receio de ficar isolado se desfez ao passar das horas: sono tranquilo, conversas de perder a hora e leitura sem concorrência. Para alguns, no entanto, pode soar inconveniente o fato de nem sequer haver interfone no quarto –tampouco frigobar. Para qualquer pedido, há que caminhar à sede. Vigas de madeira à mostra e flores colhidas nas redondezas enfeitam o espaço, cujo coração é uma enorme cama, bem acolchoada, com travesseiros macios. No banheiro, mais chama a atenção uma ducha forte, sob a qual se alonga no banho sem culpa –a água vem de minas locais. Para embalar o corpo, gostosas toalhas de algodão egípcio. De toda sorte, é preciso sair do quarto para fazer as refeições –que valorizam ingredientes frescos e orgânicos, da horta de cultivo próprio. Outra alternativa é escolher, para a estadia, a casa do lago. Trata-se de uma construção pequenina, de 1840, que carrega o espírito daquela época nos quartos, no banheiro e na sala com cozinha. Um faqueiro de antigamente fica exposto num canto. No outro, uma vitrola portátil com LPs ao lado –dá para pinçar, por exemplo, "Double Fantasy", no qual John Lennon está a beijar Yoko Ono na capa. Mas também ali é preciso locomover-se até o casarão central para fazer as refeições. No máximo, é possível alinhar os almoços por lá –café da manhã e jantar, não. Da varanda, com redes e uma mesa de madeira, uma vista para admirar em silêncio: um lago rodeado por uma pacífica paisagem verde. > Pacotes para 12/jun de R$ 1.120 a R$ 1.900 > Diária (jul) a partir de R$ 1.120 > Mais catucaba.com | 13 |
Veja os lançamentos de economia e negócios em destaque nesta semana | NACIONAIS Pare de Pensar Como Empregado "" Os 10 Segredos dos Empreendedores de Sucesso AUTOR Keith Cameron Smith EDITORA Benvirá QUANTO R$ 24,90 (120 págs.) Distingue o comportamento de empregados e de empreendedores, mostrando como cada um lida com temas como fracasso e busca de soluções. Você Pode Mais - 99,9% Não É 100% AUTOR Marcos Scaldelai EDITORA Gente QUANTO R$ 29 (160 págs.) Executivo que chegou a presidência da BomBril em 2013, aos 36 anos, dá dicas para se atingir o sucesso, como ser autêntico, ousare ser acessível e cativante. Gestão de Projetos AUTOR Fábio Câmara EDITORA Pearson QUANTO R$ 78,30 (352 págs.) Apresenta informações sobre as principais áreas de conhecimento em gestão de projetos. Trata de modelos de gestão estratégica, gerenciamento do tempo, pessoas, recursos, aquisições, qualidade e custos. Varejo Competitivo (Vol. 19) AUTORES Vários EDITORA Saint Paul QUANTO R$ 116,90 (168 págs.) Traz seis trabalhos apresentados em 2014 no 19º Prêmio Excelência em Varejo Provar "" Ibevar, promovido anualmente. Inlclui temas como "Black Friday" e descarte no varejo. INTERNACIONAIS Inequality - What Can Be Done? AUTOR Anthony B. Atkinson EDITORA Harvard University Press QUANTO US$ 29,95 (400 págs.) Economista propõe medidas para diminuir a desigualdade. Discute ideias relacionadas aos temas tecnologia, emprego, seguridade social, compartilhamento de capital e tributação. Elon Musk - Quest for a Fantastic Future AUTOR Ashlee Vance EDITORA Ecco QUANTO US$ 17 na Amazon (400 págs.) Jornalista traça perfil do empresário do Vale do Silício responsável pela criação de empresas como PayPal, Tesla Motors e SpaceX. | mercado | Veja os lançamentos de economia e negócios em destaque nesta semanaNACIONAIS Pare de Pensar Como Empregado "" Os 10 Segredos dos Empreendedores de Sucesso AUTOR Keith Cameron Smith EDITORA Benvirá QUANTO R$ 24,90 (120 págs.) Distingue o comportamento de empregados e de empreendedores, mostrando como cada um lida com temas como fracasso e busca de soluções. Você Pode Mais - 99,9% Não É 100% AUTOR Marcos Scaldelai EDITORA Gente QUANTO R$ 29 (160 págs.) Executivo que chegou a presidência da BomBril em 2013, aos 36 anos, dá dicas para se atingir o sucesso, como ser autêntico, ousare ser acessível e cativante. Gestão de Projetos AUTOR Fábio Câmara EDITORA Pearson QUANTO R$ 78,30 (352 págs.) Apresenta informações sobre as principais áreas de conhecimento em gestão de projetos. Trata de modelos de gestão estratégica, gerenciamento do tempo, pessoas, recursos, aquisições, qualidade e custos. Varejo Competitivo (Vol. 19) AUTORES Vários EDITORA Saint Paul QUANTO R$ 116,90 (168 págs.) Traz seis trabalhos apresentados em 2014 no 19º Prêmio Excelência em Varejo Provar "" Ibevar, promovido anualmente. Inlclui temas como "Black Friday" e descarte no varejo. INTERNACIONAIS Inequality - What Can Be Done? AUTOR Anthony B. Atkinson EDITORA Harvard University Press QUANTO US$ 29,95 (400 págs.) Economista propõe medidas para diminuir a desigualdade. Discute ideias relacionadas aos temas tecnologia, emprego, seguridade social, compartilhamento de capital e tributação. Elon Musk - Quest for a Fantastic Future AUTOR Ashlee Vance EDITORA Ecco QUANTO US$ 17 na Amazon (400 págs.) Jornalista traça perfil do empresário do Vale do Silício responsável pela criação de empresas como PayPal, Tesla Motors e SpaceX. | 2 |
'Combate ao crack virou jogo político', diz cantora que é ex-moradora de rua | MARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Ao entrar na casa de Esmeralda Ortiz, em Pirituba, na zona norte paulistana, já se vê um quadro com o sorriso dela pendurado acima da porta. Nas paredes, prateleiras de livros —como "Terras do Sem-Fim", de Jorge Amado— dividem espaço com um violão. Fica difícil imaginar que, por dez anos, ela viveu entre as ruas do centro de São Paulo e a extinta Febem (hoje, Fundação Casa). Cheirou cola, fumou crack, roubou, sofreu abuso sexual. Foi detida mais de 50 vezes. Mas sempre escrevia, gostava de criar sambas. Destas e de outras composições nasceu o álbum "Guerreira", lançado na última quinta (3) no Sesc Pompeia. Há 18 anos "limpa", Esmeralda formou-se em jornalismo, escreveu dois livros e, agora, realiza seu sonho: cantar. sãopaulo - Qual é a sua história com o samba? Esmeralda - Com dez anos, quando eu estava na rua, tive contato com a música. O Toniquinho Batuqueiro [compositor] ia lá no Anhangabaú e tirava a cola de todo mundo. Ele parava com um caminhão e entregava instrumentos, ensinava a gente a tocar. A partir daí montamos nossa bandinha e eu cantava. Minha primeira música foi "Criança Esperança", que era uma homenagem ao ECA. Mas, com o crack, tudo isso se desfez. As composições do CD são suas? Várias são, mas tem Pixinguinha, Candeia, Katia Pretel [do Samba da Vela], Luizinho Mixaria, que mora na rua... Metade dos compositores faz parte de alguma comunidade da cidade. A Esmeralda de hoje é mais escritora, cantora ou mãe? Decidi fazer da minha vida um bolo e fatiar em partes. Quando saí da rua, não podia ir direto para o samba, ia dar merda. Aí pensei: Dona Ivone Lara é formada, Martinho da Vila também, preciso estudar. Escrevi meu primeiro livro com apoio do Gilberto Dimenstein, tive meu filho, terminei a faculdade de jornalismo. Só depois me senti realmente preparada para a música. O que acha das ações da prefeitura para o combate ao crack? Vou falar com uma experiência pessoal. Meu irmão morou na rua por 32 anos. Ele ficava entre o viaduto Alcântara Machado e a Sé. De tanto ficar por ali, o pessoal arrumou um trabalho. Agora, ele acabou de alugar a primeira casa da vida dele: um quarto e uma cozinha. E ainda levou uma menina que morava na rua e um bebê. Ele foi comigo fazer feira e até chorou. Você tem noção do que é isso? Acho legal a prefeitura dar trabalho. Claro que nem todo mundo usará de forma coerente, mas quem realmente quer e necessita, vai. O que falta para acabar com o crack em São Paulo? Interesse, isso virou jogo de política. Tem que trabalhar a pessoa, a família, e dar condições. Hoje, só se aborda essa questão porque ela atingiu a classe média. Quando eram só os pretinhos fumando pedra, ninguém queria saber. Enquanto o crack for trabalhado com discriminação e indiferença, enquanto for campanha eleitoral, não vai mudar. Eu fui uma sortuda, e não fui achada pela mídia. Fui resgatada por alguém que me olhou como ser humano. Tem que ter alguém no poder que trabalhe junto com a sociedade civil. | saopaulo | 'Combate ao crack virou jogo político', diz cantora que é ex-moradora de ruaMARIANA AGUNZI DE SÃO PAULO Ao entrar na casa de Esmeralda Ortiz, em Pirituba, na zona norte paulistana, já se vê um quadro com o sorriso dela pendurado acima da porta. Nas paredes, prateleiras de livros —como "Terras do Sem-Fim", de Jorge Amado— dividem espaço com um violão. Fica difícil imaginar que, por dez anos, ela viveu entre as ruas do centro de São Paulo e a extinta Febem (hoje, Fundação Casa). Cheirou cola, fumou crack, roubou, sofreu abuso sexual. Foi detida mais de 50 vezes. Mas sempre escrevia, gostava de criar sambas. Destas e de outras composições nasceu o álbum "Guerreira", lançado na última quinta (3) no Sesc Pompeia. Há 18 anos "limpa", Esmeralda formou-se em jornalismo, escreveu dois livros e, agora, realiza seu sonho: cantar. sãopaulo - Qual é a sua história com o samba? Esmeralda - Com dez anos, quando eu estava na rua, tive contato com a música. O Toniquinho Batuqueiro [compositor] ia lá no Anhangabaú e tirava a cola de todo mundo. Ele parava com um caminhão e entregava instrumentos, ensinava a gente a tocar. A partir daí montamos nossa bandinha e eu cantava. Minha primeira música foi "Criança Esperança", que era uma homenagem ao ECA. Mas, com o crack, tudo isso se desfez. As composições do CD são suas? Várias são, mas tem Pixinguinha, Candeia, Katia Pretel [do Samba da Vela], Luizinho Mixaria, que mora na rua... Metade dos compositores faz parte de alguma comunidade da cidade. A Esmeralda de hoje é mais escritora, cantora ou mãe? Decidi fazer da minha vida um bolo e fatiar em partes. Quando saí da rua, não podia ir direto para o samba, ia dar merda. Aí pensei: Dona Ivone Lara é formada, Martinho da Vila também, preciso estudar. Escrevi meu primeiro livro com apoio do Gilberto Dimenstein, tive meu filho, terminei a faculdade de jornalismo. Só depois me senti realmente preparada para a música. O que acha das ações da prefeitura para o combate ao crack? Vou falar com uma experiência pessoal. Meu irmão morou na rua por 32 anos. Ele ficava entre o viaduto Alcântara Machado e a Sé. De tanto ficar por ali, o pessoal arrumou um trabalho. Agora, ele acabou de alugar a primeira casa da vida dele: um quarto e uma cozinha. E ainda levou uma menina que morava na rua e um bebê. Ele foi comigo fazer feira e até chorou. Você tem noção do que é isso? Acho legal a prefeitura dar trabalho. Claro que nem todo mundo usará de forma coerente, mas quem realmente quer e necessita, vai. O que falta para acabar com o crack em São Paulo? Interesse, isso virou jogo de política. Tem que trabalhar a pessoa, a família, e dar condições. Hoje, só se aborda essa questão porque ela atingiu a classe média. Quando eram só os pretinhos fumando pedra, ninguém queria saber. Enquanto o crack for trabalhado com discriminação e indiferença, enquanto for campanha eleitoral, não vai mudar. Eu fui uma sortuda, e não fui achada pela mídia. Fui resgatada por alguém que me olhou como ser humano. Tem que ter alguém no poder que trabalhe junto com a sociedade civil. | 9 |
'Ainda temos poucos brasileiros', diz reitor do MIT | Primeiro latino-americano a se tornar reitor de uma das melhores universidades americanas, o venezuelano L. Rafael Reif, 64, conta que chegou aos EUA em 1974 "quase sem falar inglês". À frente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), única universidade no mundo que está, ao mesmo tempo, entre as cinco mais premiadas com o Nobel e entre as cinco maiores detentoras de patentes nos EUA, Reif diz que os professores precisam ser estimulados a "resolver problemas do mundo real" e a se "beneficiar" com suas descobertas, inclusive abrindo empresas. E que crianças devem aprender a programar computadores "o mais cedo possível". Ele diz que o número de estudantes brasileiros no MIT ainda é baixo, comparado a outros emergentes, "talvez porque não saibam que ajudamos os estudantes sem recursos, o importante é se candidatar a uma vaga". Em sua primeira visita ao Brasil no cargo, ele se reunirá com reitores brasileiros e líderes da comunidade judaica em São Paulo. A seguir, trechos da entrevista. * AJUDA FINANCEIRA Só há 76 estudantes brasileiros no MIT, de um total de 11 mil alunos: 19 na graduação e 57 na pós-graduação. É relativamente pouco. Talvez o MIT não seja suficientemente conhecido no Brasil. Mas talvez a maior razão seja que muita gente acredite que seja caro demais ou inviável estudar aqui. É importante avisar que não olhamos a capacidade financeira na hora da inscrição. Você se candidata e, se for aceito, nós ajudamos em tudo que for possível. Um terço dos estudantes de graduação não paga nenhuma anuidade. A muitos outros damos algum apoio. Com isso em mente, talvez mais brasileiros ao menos concorreriam às nossas vagas. SEM FALAR INGLÊS É possível chegar a uma universidade americana quase sem falar inglês. Eu não recomendo, porque foi muito duro. Eu não falava nada de inglês. Eu estudei o inglês técnico de matemática e engenharia na Venezuela, lia apostilas, muita coisa escrita por professores do MIT. Muita coisa não era traduzida para o espanhol, então eu tinha que me virar. Mas não conseguia ler jornal, por exemplo. No meu primeiro ano nos EUA, lembro que anotava foneticamente muitas coisas que os professores falavam e à noite eu usava um dicionário para saber o que tinham dito. Foi puxado, mas deu para superar. NOBEL E PATENTE A missão do MIT diz que devemos usar o conhecimento para resolver os maiores desafios da humanidade, e por 150 anos fazemos isso. Somos uma rara universidade que tem igual sucesso em prêmios Nobel como em patentes. Mil empresas por ano são criadas por nossos alunos. 25 empresas são criadas com propriedade intelectual de professores por ano. Celebramos tanto quem estuda a origem da vida como quem descobre mais água potável e comercializa a descoberta. PROFESSOR-EMPREENDEDOR O ambiente aqui premia os cientistas que, por definição, querem encontrar soluções para um problema. Ninguém vai brecar você com seus experimentos. Temos um escritório de licenciamento que conecta nossos pesquisadores com empresas que queiram comercializar as descobertas e os ajudamos a patentear. Mas diversos professores querem abrir suas próprias empresas, e isso também é estimulado. Temos cientistas com mais de mil patentes. É nosso DNA. CRIANÇA PROGRAMANDO Quanto mais cedo as crianças estudarem e se interessarem por ciências, tecnologia, engenharias e matemática, mais cedo elas se divertirão e estarão preparadas para uma economia que gera empregos criados para quem tem essas capacidades. Nossa educação básica ainda não chegou lá, temos que começar bem mais cedo que hoje. Quanto mais cedo uma criança aprender a programar, melhor. Quando eu tinha oito anos, vi um datilógrafo usando uma máquina de escrever e fiquei fascinado. Quis aprender, claro. E isso me serviu muito depois. MULHERES E CIÊNCIA Em boa parte do mundo, as mulheres estão sub-representadas no mundo da ciência e da tecnologia, mas não no MIT. Admitimos os melhores e temos quase paridade: 49% dos alunos na graduação são mulheres. A mudança começa assim. PESQUISAS NO MIT Poderia passar um dia inteiro contando o que se pesquisa hoje no MIT. Estamos estudando o uso de nanopartículas para detectar mais rapidamente o estágio inicial de doenças como câncer, algo a ser utilizado naquela avaliação médica anual a que os americanos se submetem. Outro grupo está usando nanotecnologia para descobrir como capturar o oxigênio e evitar que alimentos se estraguem antes de chegar a seu destino Ð1/3 do alimento do mundo é desperdiçado. E, para falar de algo que sei que interessa em São Paulo, pelo que leio nos jornais, estamos estudando como dessalinizar a água do mar em grande escala e de forma mais barata. PARCERIA COM O BRASIL A razão da minha visita é descobrir quais parcerias são possíveis entre o MIT e o Brasil. É minha primeira viagem como presidente [reitor] ao país. Como qualquer tipo de interação, me interessa saber o que podemos fazer juntos. Descobrir de que questões ou problemas brasileiros o MIT pode ser parte da solução. Até mesmo pensar em uma futura presença do MIT no Brasil. Já estive três vezes no Brasil. A primeira, não oficial, foi quando minha filha escolheu o Brasil para fazer um estágio. Ela passou um semestre em Salvador. Adoramos, claro. VENEZUELA Quando deixei a Venezuela para estudar nos EUA, em 1974, eu saí apenas para fazer o doutorado. Sempre pensei que voltaria, era onde estavam minha família e meus amigos. É um país lindo que eu amo e é muito doloroso para mim ver o que está acontecendo por lá. Mas as oportunidades começaram a surgir nos EUA sem parar e fui ficando. DIPLOMA ON-LINE Algumas universidades já estão concedendo créditos e até títulos com cursos on-line. Fazendo cursos com grupos menores e notas. O MIT desenvolveu parte dessa tecnologia, mas ainda não damos créditos. Temos que achar um jeito confortável de fazer isso. A experiência que você tem no campus ainda não consegue ser substituída on-line, seus trabalhos em equipe. É difícil imaginar como se pode "embalar" essa experiência no mundo on-line, ainda que certamente seja melhor aprender pela internet do que não ter nada. | educacao | 'Ainda temos poucos brasileiros', diz reitor do MITPrimeiro latino-americano a se tornar reitor de uma das melhores universidades americanas, o venezuelano L. Rafael Reif, 64, conta que chegou aos EUA em 1974 "quase sem falar inglês". À frente do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), única universidade no mundo que está, ao mesmo tempo, entre as cinco mais premiadas com o Nobel e entre as cinco maiores detentoras de patentes nos EUA, Reif diz que os professores precisam ser estimulados a "resolver problemas do mundo real" e a se "beneficiar" com suas descobertas, inclusive abrindo empresas. E que crianças devem aprender a programar computadores "o mais cedo possível". Ele diz que o número de estudantes brasileiros no MIT ainda é baixo, comparado a outros emergentes, "talvez porque não saibam que ajudamos os estudantes sem recursos, o importante é se candidatar a uma vaga". Em sua primeira visita ao Brasil no cargo, ele se reunirá com reitores brasileiros e líderes da comunidade judaica em São Paulo. A seguir, trechos da entrevista. * AJUDA FINANCEIRA Só há 76 estudantes brasileiros no MIT, de um total de 11 mil alunos: 19 na graduação e 57 na pós-graduação. É relativamente pouco. Talvez o MIT não seja suficientemente conhecido no Brasil. Mas talvez a maior razão seja que muita gente acredite que seja caro demais ou inviável estudar aqui. É importante avisar que não olhamos a capacidade financeira na hora da inscrição. Você se candidata e, se for aceito, nós ajudamos em tudo que for possível. Um terço dos estudantes de graduação não paga nenhuma anuidade. A muitos outros damos algum apoio. Com isso em mente, talvez mais brasileiros ao menos concorreriam às nossas vagas. SEM FALAR INGLÊS É possível chegar a uma universidade americana quase sem falar inglês. Eu não recomendo, porque foi muito duro. Eu não falava nada de inglês. Eu estudei o inglês técnico de matemática e engenharia na Venezuela, lia apostilas, muita coisa escrita por professores do MIT. Muita coisa não era traduzida para o espanhol, então eu tinha que me virar. Mas não conseguia ler jornal, por exemplo. No meu primeiro ano nos EUA, lembro que anotava foneticamente muitas coisas que os professores falavam e à noite eu usava um dicionário para saber o que tinham dito. Foi puxado, mas deu para superar. NOBEL E PATENTE A missão do MIT diz que devemos usar o conhecimento para resolver os maiores desafios da humanidade, e por 150 anos fazemos isso. Somos uma rara universidade que tem igual sucesso em prêmios Nobel como em patentes. Mil empresas por ano são criadas por nossos alunos. 25 empresas são criadas com propriedade intelectual de professores por ano. Celebramos tanto quem estuda a origem da vida como quem descobre mais água potável e comercializa a descoberta. PROFESSOR-EMPREENDEDOR O ambiente aqui premia os cientistas que, por definição, querem encontrar soluções para um problema. Ninguém vai brecar você com seus experimentos. Temos um escritório de licenciamento que conecta nossos pesquisadores com empresas que queiram comercializar as descobertas e os ajudamos a patentear. Mas diversos professores querem abrir suas próprias empresas, e isso também é estimulado. Temos cientistas com mais de mil patentes. É nosso DNA. CRIANÇA PROGRAMANDO Quanto mais cedo as crianças estudarem e se interessarem por ciências, tecnologia, engenharias e matemática, mais cedo elas se divertirão e estarão preparadas para uma economia que gera empregos criados para quem tem essas capacidades. Nossa educação básica ainda não chegou lá, temos que começar bem mais cedo que hoje. Quanto mais cedo uma criança aprender a programar, melhor. Quando eu tinha oito anos, vi um datilógrafo usando uma máquina de escrever e fiquei fascinado. Quis aprender, claro. E isso me serviu muito depois. MULHERES E CIÊNCIA Em boa parte do mundo, as mulheres estão sub-representadas no mundo da ciência e da tecnologia, mas não no MIT. Admitimos os melhores e temos quase paridade: 49% dos alunos na graduação são mulheres. A mudança começa assim. PESQUISAS NO MIT Poderia passar um dia inteiro contando o que se pesquisa hoje no MIT. Estamos estudando o uso de nanopartículas para detectar mais rapidamente o estágio inicial de doenças como câncer, algo a ser utilizado naquela avaliação médica anual a que os americanos se submetem. Outro grupo está usando nanotecnologia para descobrir como capturar o oxigênio e evitar que alimentos se estraguem antes de chegar a seu destino Ð1/3 do alimento do mundo é desperdiçado. E, para falar de algo que sei que interessa em São Paulo, pelo que leio nos jornais, estamos estudando como dessalinizar a água do mar em grande escala e de forma mais barata. PARCERIA COM O BRASIL A razão da minha visita é descobrir quais parcerias são possíveis entre o MIT e o Brasil. É minha primeira viagem como presidente [reitor] ao país. Como qualquer tipo de interação, me interessa saber o que podemos fazer juntos. Descobrir de que questões ou problemas brasileiros o MIT pode ser parte da solução. Até mesmo pensar em uma futura presença do MIT no Brasil. Já estive três vezes no Brasil. A primeira, não oficial, foi quando minha filha escolheu o Brasil para fazer um estágio. Ela passou um semestre em Salvador. Adoramos, claro. VENEZUELA Quando deixei a Venezuela para estudar nos EUA, em 1974, eu saí apenas para fazer o doutorado. Sempre pensei que voltaria, era onde estavam minha família e meus amigos. É um país lindo que eu amo e é muito doloroso para mim ver o que está acontecendo por lá. Mas as oportunidades começaram a surgir nos EUA sem parar e fui ficando. DIPLOMA ON-LINE Algumas universidades já estão concedendo créditos e até títulos com cursos on-line. Fazendo cursos com grupos menores e notas. O MIT desenvolveu parte dessa tecnologia, mas ainda não damos créditos. Temos que achar um jeito confortável de fazer isso. A experiência que você tem no campus ainda não consegue ser substituída on-line, seus trabalhos em equipe. É difícil imaginar como se pode "embalar" essa experiência no mundo on-line, ainda que certamente seja melhor aprender pela internet do que não ter nada. | 12 |
Casos de microcefalia crescem 6% e chegam a 1.271 no país, diz ministério | O Brasil já soma 1.271 casos confirmados de bebês com microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, segundo boletim atualizado do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (4). Os dados foram contabilizados até o dia 30 de abril. Balanço anterior, com dados até 23 de abril, apontava 1.198 casos confirmados, o que representa um aumento de 6% no período. Ao todo, os casos confirmados estão espalhados em 470 municípios de 25 Estados. A região Nordeste, no entanto, ainda concentra 90% dos registros. O balanço aponta ainda que, desde outubro de 2015, quando iniciaram as investigações sobre a microcefalia, já foram notificados 7.343 casos de bebês com suspeita do problema, situação que é verificada pelo perímetro da cabeça do bebê. Destes, cerca de metade, ou 51%, já foram classificados após resultados de exames: 1.271 confirmados e 2.492 descartados. Essa última avaliação ocorre após exames não demonstrarem alterações no cérebro dos bebês ou apontarem causas não infecciosas para o problema, como fatores hereditários. Já entre os casos confirmados, 203 tiveram resultado positivo para o vírus zika em exames. Apesar do número baixo de confirmações, o Ministério da Saúde diz considerar que a maioria dos casos esteja ligado ao vírus, identificado no país em abril de 2015. Zika e microcefalia | cotidiano | Casos de microcefalia crescem 6% e chegam a 1.271 no país, diz ministérioO Brasil já soma 1.271 casos confirmados de bebês com microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, segundo boletim atualizado do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (4). Os dados foram contabilizados até o dia 30 de abril. Balanço anterior, com dados até 23 de abril, apontava 1.198 casos confirmados, o que representa um aumento de 6% no período. Ao todo, os casos confirmados estão espalhados em 470 municípios de 25 Estados. A região Nordeste, no entanto, ainda concentra 90% dos registros. O balanço aponta ainda que, desde outubro de 2015, quando iniciaram as investigações sobre a microcefalia, já foram notificados 7.343 casos de bebês com suspeita do problema, situação que é verificada pelo perímetro da cabeça do bebê. Destes, cerca de metade, ou 51%, já foram classificados após resultados de exames: 1.271 confirmados e 2.492 descartados. Essa última avaliação ocorre após exames não demonstrarem alterações no cérebro dos bebês ou apontarem causas não infecciosas para o problema, como fatores hereditários. Já entre os casos confirmados, 203 tiveram resultado positivo para o vírus zika em exames. Apesar do número baixo de confirmações, o Ministério da Saúde diz considerar que a maioria dos casos esteja ligado ao vírus, identificado no país em abril de 2015. Zika e microcefalia | 5 |
Brechas diminuem chances de punir caixa 2 em delações | Políticos acusados da prática de caixa dois clássico, ou seja, de ocultar da Justiça Eleitoral a real movimentação financeira de suas campanhas, têm se beneficiado de brechas na legislação para escaparem de punição criminal e eleitoral. Quando não há indício de malversação de dinheiro público, os casos de caixa dois são enquadrados criminalmente em um artigo do Código Eleitoral, o 350, de falsidade ideológica, em que não há jurisprudência pacífica no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para condenação. A lei diz que a pena poderia ser de até cinco anos de prisão, mas, segundo o tribunal, até hoje não houve condenação neste sentido. Já em julgamento somente eleitoral, com a pena de perda de mandato e inelegibilidade, há o risco de não haver tempo hábil para punição se a acusação ocorrer fora do prazo estipulado pela Constituição. "O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude", segundo a Constituição. Nos depoimentos decorrentes de delações premiadas, executivos da Odebrecht relataram que a empreiteira gastou de US$ 500 milhões a US$ 680 milhões para financiar campanhas eleitorais no Brasil via caixa dois entre 2006 e 2014. Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, contou aos procuradores da Lava Jato que parte da doação de R$ 150 milhões à campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer foi por meio de caixa dois. O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, disse em depoimento ao TSE que a empreiteira baiana doou R$ 9 milhões por fora para campanhas eleitorais do PSDB. Diante dessas e de outras revelações, lideranças políticas de vários partidos têm buscado um discurso para minimizar o peso do uso da prática de caixa dois eleitoral. Nos pedidos de abertura de 83 inquéritos para investigar políticos citados pela Odebrecht, a Procuradoria-Geral da República tem buscado diferenciar o chamado caixa dois "puro", sem prova de contrapartida ilícita, do caixa dois em que há elementos que mostram que, em troca da doação por fora, houve pagamento de vantagem indevida. Para aqueles que aparecem com alguma suspeita de terem atuado em favor dos doadores ou que tenham prometido alguma ação nesse sentido, a PGR pede investigação pelo crime de corrupção passiva, cuja pena de prisão pode chegar a até 12 anos. O ministro Henrique Neves, TSE, reconhece que a limitação para o pedido de impugnação de uma chapa suspeita de caixa dois dificulta sua punição no campo eleitoral, mas ressalta que há espaço ainda no campo criminal, mesmo que não haja jurisprudência formada. "Permanece o prazo para o oferecimento de ação penal em razão de informação falsa que tenha sido prestada, pois o crime só prescreve em 12 anos", disse. O advogado eleitoral Ricardo Vita Porto também alerta que a questão não está ainda consolidada. "Há outros precedentes do TSE indicando que esta análise deve ser feita somente após o recebimento da denúncia. Havendo indícios de materialidade e autoria a denúncia deve ser recebida, dando assim início a ação penal contra os acusados", diz. LACUNAS Ainda que uma jurisprudência de condenação criminal do caixa dois "puro" venha a ser consolidada pela Justiça no futuro, há outras duas formas de os políticos escaparem de uma prisão. A primeira é utilizando um artigo da lei que prevê suspensão de processos, por dois a quatro anos, em casos em que os crimes têm como mínimo o período igual ou inferior a um ano. De acordo com a legislação, expirado esse prazo, sem revogação, a punibilidade estará extinta. A outra forma, como já foi alertado até mesmo pelo Ministério Público, é a não apresentação da prestação de contas. Assim, não poderá haver a acusação de omissão ou falsificação de documento, justamente aquilo que poderia gerar uma ação. | poder | Brechas diminuem chances de punir caixa 2 em delaçõesPolíticos acusados da prática de caixa dois clássico, ou seja, de ocultar da Justiça Eleitoral a real movimentação financeira de suas campanhas, têm se beneficiado de brechas na legislação para escaparem de punição criminal e eleitoral. Quando não há indício de malversação de dinheiro público, os casos de caixa dois são enquadrados criminalmente em um artigo do Código Eleitoral, o 350, de falsidade ideológica, em que não há jurisprudência pacífica no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para condenação. A lei diz que a pena poderia ser de até cinco anos de prisão, mas, segundo o tribunal, até hoje não houve condenação neste sentido. Já em julgamento somente eleitoral, com a pena de perda de mandato e inelegibilidade, há o risco de não haver tempo hábil para punição se a acusação ocorrer fora do prazo estipulado pela Constituição. "O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude", segundo a Constituição. Nos depoimentos decorrentes de delações premiadas, executivos da Odebrecht relataram que a empreiteira gastou de US$ 500 milhões a US$ 680 milhões para financiar campanhas eleitorais no Brasil via caixa dois entre 2006 e 2014. Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, contou aos procuradores da Lava Jato que parte da doação de R$ 150 milhões à campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer foi por meio de caixa dois. O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, disse em depoimento ao TSE que a empreiteira baiana doou R$ 9 milhões por fora para campanhas eleitorais do PSDB. Diante dessas e de outras revelações, lideranças políticas de vários partidos têm buscado um discurso para minimizar o peso do uso da prática de caixa dois eleitoral. Nos pedidos de abertura de 83 inquéritos para investigar políticos citados pela Odebrecht, a Procuradoria-Geral da República tem buscado diferenciar o chamado caixa dois "puro", sem prova de contrapartida ilícita, do caixa dois em que há elementos que mostram que, em troca da doação por fora, houve pagamento de vantagem indevida. Para aqueles que aparecem com alguma suspeita de terem atuado em favor dos doadores ou que tenham prometido alguma ação nesse sentido, a PGR pede investigação pelo crime de corrupção passiva, cuja pena de prisão pode chegar a até 12 anos. O ministro Henrique Neves, TSE, reconhece que a limitação para o pedido de impugnação de uma chapa suspeita de caixa dois dificulta sua punição no campo eleitoral, mas ressalta que há espaço ainda no campo criminal, mesmo que não haja jurisprudência formada. "Permanece o prazo para o oferecimento de ação penal em razão de informação falsa que tenha sido prestada, pois o crime só prescreve em 12 anos", disse. O advogado eleitoral Ricardo Vita Porto também alerta que a questão não está ainda consolidada. "Há outros precedentes do TSE indicando que esta análise deve ser feita somente após o recebimento da denúncia. Havendo indícios de materialidade e autoria a denúncia deve ser recebida, dando assim início a ação penal contra os acusados", diz. LACUNAS Ainda que uma jurisprudência de condenação criminal do caixa dois "puro" venha a ser consolidada pela Justiça no futuro, há outras duas formas de os políticos escaparem de uma prisão. A primeira é utilizando um artigo da lei que prevê suspensão de processos, por dois a quatro anos, em casos em que os crimes têm como mínimo o período igual ou inferior a um ano. De acordo com a legislação, expirado esse prazo, sem revogação, a punibilidade estará extinta. A outra forma, como já foi alertado até mesmo pelo Ministério Público, é a não apresentação da prestação de contas. Assim, não poderá haver a acusação de omissão ou falsificação de documento, justamente aquilo que poderia gerar uma ação. | 0 |