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Editorial: Produzir melhor | O péssimo desempenho da produção industrial e das vendas externas de produtos manufaturados atestam que persiste o problema de competitividade do país, mesmo depois da expressiva desvalorização do real em relação ao dólar desde meados de 2011. O quadro desalentador decorre da combinação de baixo crescimento da produtividade com aumento de custos nos últimos anos. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil teve expansão de mero 0,6% ao ano na produtividade industrial de 2002 a 2012, ritmo pífio que decerto ainda se mantém. Trata-se do pior desempenho entre os 12 países considerados na pesquisa. Coreia do Sul e Taiwan experimentaram alta anual acima de 6%, enquanto EUA e a maior parte das nações europeias observaram elevação superior a 2%. De outro lado, disparou o custo interno medido em dólares –métrica útil para comparação entre países. De 2002 a 2007, com a valorização de quase 50% do real, diminuiu a rentabilidade das exportações, e o mercado doméstico ficou exposto a produtos importados. Nesse período, os salários praticamente não cresceram. Nos cinco anos finais do levantamento, o quadro se inverte. A moeda brasileira permaneceu estável, enquanto os custos de mão de obra avançaram 25%. Como resultado, o chamado custo unitário do trabalho (quanto custa uma unidade produzida por trabalhador em dólares) cresceu 9% ao ano no período. O segundo colocado da amostra, a Austrália, teve alta de 5,3%. Outros países, como EUA e Coreia, tiveram redução nesse item –a produtividade subiu bem mais que os custos. O aumento de salários, em si, é positivo, pois gera renda e consumo no mercado interno. Quando há uma valorização persistentemente superior à da produtividade, entretanto, a elevação da renda aquece a inflação. Esta, por sua vez, corrói os salários, fenômeno em curso no Brasil. Não será fácil reverter as tendências dos últimos anos e impulsionar a indústria. Tal dificuldade, aliás, permeia toda a economia; a produtividade não deslancha a ponto de reduzir a diferença com os países que estão na fronteira tecnológica. Um trabalhador brasileiro continua a produzir cerca de 20% de seu par norte-americano. Na situação demográfica que se avizinha, quando haverá menor afluxo de trabalhadores no mercado, o crescimento brasileiro dependerá cada vez mais do aumento da produtividade. Será preciso investir para melhorar o estoque de máquinas e equipamentos e, sobretudo, equipar a mão de obra para produzir mais e melhor. O desafio brasileiro, mais do que nunca, está na educação. | opiniao | Editorial: Produzir melhorO péssimo desempenho da produção industrial e das vendas externas de produtos manufaturados atestam que persiste o problema de competitividade do país, mesmo depois da expressiva desvalorização do real em relação ao dólar desde meados de 2011. O quadro desalentador decorre da combinação de baixo crescimento da produtividade com aumento de custos nos últimos anos. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil teve expansão de mero 0,6% ao ano na produtividade industrial de 2002 a 2012, ritmo pífio que decerto ainda se mantém. Trata-se do pior desempenho entre os 12 países considerados na pesquisa. Coreia do Sul e Taiwan experimentaram alta anual acima de 6%, enquanto EUA e a maior parte das nações europeias observaram elevação superior a 2%. De outro lado, disparou o custo interno medido em dólares –métrica útil para comparação entre países. De 2002 a 2007, com a valorização de quase 50% do real, diminuiu a rentabilidade das exportações, e o mercado doméstico ficou exposto a produtos importados. Nesse período, os salários praticamente não cresceram. Nos cinco anos finais do levantamento, o quadro se inverte. A moeda brasileira permaneceu estável, enquanto os custos de mão de obra avançaram 25%. Como resultado, o chamado custo unitário do trabalho (quanto custa uma unidade produzida por trabalhador em dólares) cresceu 9% ao ano no período. O segundo colocado da amostra, a Austrália, teve alta de 5,3%. Outros países, como EUA e Coreia, tiveram redução nesse item –a produtividade subiu bem mais que os custos. O aumento de salários, em si, é positivo, pois gera renda e consumo no mercado interno. Quando há uma valorização persistentemente superior à da produtividade, entretanto, a elevação da renda aquece a inflação. Esta, por sua vez, corrói os salários, fenômeno em curso no Brasil. Não será fácil reverter as tendências dos últimos anos e impulsionar a indústria. Tal dificuldade, aliás, permeia toda a economia; a produtividade não deslancha a ponto de reduzir a diferença com os países que estão na fronteira tecnológica. Um trabalhador brasileiro continua a produzir cerca de 20% de seu par norte-americano. Na situação demográfica que se avizinha, quando haverá menor afluxo de trabalhadores no mercado, o crescimento brasileiro dependerá cada vez mais do aumento da produtividade. Será preciso investir para melhorar o estoque de máquinas e equipamentos e, sobretudo, equipar a mão de obra para produzir mais e melhor. O desafio brasileiro, mais do que nunca, está na educação. | 7 |
Entre bares e restaurantes, conheça 11 clássicos da gastronomia carioca | A gastronomia carioca convive hoje com uma cena efervescente de restaurantes e chefs ousados. Mas é inegável que ela se apoia também na baixa gastronomia dos incontáveis botecos e em casas centenárias –o Café Lamas, para ficar em um exemplo, foi fundado em 1874 e segue em funcionamento. Conheça abaixo 11 clássicos obrigatórios da cozinha do Rio de Janeiro. * Fora do eixo da Zona Sul, a casa, com um gostoso quintal, fez fama pelo ar boêmio e pelos bolinhos da chef Kátia Barbosa, sobretudo o de feijoada. Tem boa e variada carta de cervejas e receitas de sotaque nordestino. - Tem jeitão de empório, com produtos empilhados nas prateleiras e um balcão de acepipes –sua grande atração. Acompanhados por chope, itens como o hadoque defumado e o polvo ao vinagrete estão entre as boas pedidas. - De ares requintados, a casa é dedicada à cozinha portuguesa desde sua abertura, nos anos 1970. Destacam-se as receitas de bacalhau, como a versão preparada com natas. - A tradicional mureta desse bairro carioca, que tem vista para a baía de Guanabara e para o Cristo Redentor, acomoda os clientes do bar e ampara petiscos do cardápio, como pastéis fritos. Dentro da casa, o cardápio se concentra nos peixes e frutos do mar. - Aberta em 1964, a casa se tornou referência entre as tradicionais suquerias cariocas. Lá, sanduíches saem no capricho, acompanhados de uma vasta oferta de sucos batidos na hora –o de fruta-do-conde é um sucesso. - No Leblon, é um dos botecos mais famosos da cidade. O programa ali é a dobradinha de chope gelado e cremoso e petiscos, como o clássico bolinho de camarão com Catupiry. - O restaurante, que nasceu em 1874 no largo do Machado, acompanhou a história do país e recebeu políticos, intelectuais e artistas. A tradição também dá o tom do cardápio, que tem pedidas como canja e filé Oswaldo Aranha. - Point da boemia carioca, atende até altas horas da madrugada. Entre seus famosos sanduíches, eis o clássico feito com abacaxi, pernil e queijo. Fundado em 1955, tem na decoração retratos do escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor de "Dom Quixote". - Egressos do Bracarense, os dois funcionários que dão nome à casa fundaram o bar, em que surgem em destaque bolinhos, salgados e outras porções, como a de carne assada. - Patrimônio carioca, a casa fundada em 1894 é uma parada turística na cidade com seu salão marcado pela art noveau e mobiliário europeu. Foi ponto de encontro de intelectuais como Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, e ainda hoje oferece um cardápio extenso, que contempla café da manhã, almoço e lanche. - Badalado bar da zona sul carioca tem clientela fiel em busca do chope gelado e dos beliscos, caso do bolinho de bacalhau e das empadinhas. Quem preferir pratos mais substanciosos, uma alternativa é o bacalhau à Gomes de Sá. - Churrascaria com serviço à la carte clássico, que inclui um farto couvert com pães, azeitona, ovo de codorna e linguiça. Entre as opções de carne, que têm bom custo-benefício, está a fraldinha; elas podem ser complementadas com acompanhamentos como farofa de banana e batata suflê. | turismo | Entre bares e restaurantes, conheça 11 clássicos da gastronomia cariocaA gastronomia carioca convive hoje com uma cena efervescente de restaurantes e chefs ousados. Mas é inegável que ela se apoia também na baixa gastronomia dos incontáveis botecos e em casas centenárias –o Café Lamas, para ficar em um exemplo, foi fundado em 1874 e segue em funcionamento. Conheça abaixo 11 clássicos obrigatórios da cozinha do Rio de Janeiro. * Fora do eixo da Zona Sul, a casa, com um gostoso quintal, fez fama pelo ar boêmio e pelos bolinhos da chef Kátia Barbosa, sobretudo o de feijoada. Tem boa e variada carta de cervejas e receitas de sotaque nordestino. - Tem jeitão de empório, com produtos empilhados nas prateleiras e um balcão de acepipes –sua grande atração. Acompanhados por chope, itens como o hadoque defumado e o polvo ao vinagrete estão entre as boas pedidas. - De ares requintados, a casa é dedicada à cozinha portuguesa desde sua abertura, nos anos 1970. Destacam-se as receitas de bacalhau, como a versão preparada com natas. - A tradicional mureta desse bairro carioca, que tem vista para a baía de Guanabara e para o Cristo Redentor, acomoda os clientes do bar e ampara petiscos do cardápio, como pastéis fritos. Dentro da casa, o cardápio se concentra nos peixes e frutos do mar. - Aberta em 1964, a casa se tornou referência entre as tradicionais suquerias cariocas. Lá, sanduíches saem no capricho, acompanhados de uma vasta oferta de sucos batidos na hora –o de fruta-do-conde é um sucesso. - No Leblon, é um dos botecos mais famosos da cidade. O programa ali é a dobradinha de chope gelado e cremoso e petiscos, como o clássico bolinho de camarão com Catupiry. - O restaurante, que nasceu em 1874 no largo do Machado, acompanhou a história do país e recebeu políticos, intelectuais e artistas. A tradição também dá o tom do cardápio, que tem pedidas como canja e filé Oswaldo Aranha. - Point da boemia carioca, atende até altas horas da madrugada. Entre seus famosos sanduíches, eis o clássico feito com abacaxi, pernil e queijo. Fundado em 1955, tem na decoração retratos do escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor de "Dom Quixote". - Egressos do Bracarense, os dois funcionários que dão nome à casa fundaram o bar, em que surgem em destaque bolinhos, salgados e outras porções, como a de carne assada. - Patrimônio carioca, a casa fundada em 1894 é uma parada turística na cidade com seu salão marcado pela art noveau e mobiliário europeu. Foi ponto de encontro de intelectuais como Villa-Lobos e Chiquinha Gonzaga, e ainda hoje oferece um cardápio extenso, que contempla café da manhã, almoço e lanche. - Badalado bar da zona sul carioca tem clientela fiel em busca do chope gelado e dos beliscos, caso do bolinho de bacalhau e das empadinhas. Quem preferir pratos mais substanciosos, uma alternativa é o bacalhau à Gomes de Sá. - Churrascaria com serviço à la carte clássico, que inclui um farto couvert com pães, azeitona, ovo de codorna e linguiça. Entre as opções de carne, que têm bom custo-benefício, está a fraldinha; elas podem ser complementadas com acompanhamentos como farofa de banana e batata suflê. | 13 |
Novo esquema dá terceira vitória ao Corinthians no Brasileiro | Em um jogo de ataque contra defesa, o Corinthians conseguiu vencer o Santos em Itaquera na noite desta quarta-feira (1º) pelo Brasileiro. O resultado de 1 a 0, gol de Giovanni Augusto aos 36 min do segundo tempo, garantiu a invencibilidade do novo sistema tático de Tite, o 4-4-2. Esse é o terceiro confronto seguido que o time vence (antes bateu Ponte Preta e Sport), os três com o novo esquema, que tem Guilherme e Luciano mais avançados, Cristian e Bruno Henrique formando a dupla de volantes e Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel atuando pelos lados. A defesa, formada por Vilson e Felipe na zaga e com Walter no lugar de Cássio, ainda não sofreu nenhum gol. A vitória ainda manteve sequência de 26 jogos invictos em casa: são nove meses sem perder na arena, que teve torcida única nesta quarta. A equipe atingiu dez pontos e subiu para a terceira colocação. Já o Santos, que não havia vencido as últimas duas partidas (empate com o Figueirense e derrota para o Inter, a primeira em casa após 29 jogos), continuou com quatro pontos, a três posições da zona do rebaixamento. O Corinthians volta a campo no sábado (4), de novo em Itaquera, às 20h30, contra o Coritiba, enquanto o Santos pega o Botafogo no Pacaembu às 11h do dia seguinte. Veja vídeo O JOGO Sem Gabriel na seleção e Ricardo Oliveira, lesionado, o Santos entrou sem atacantes, em um esquema nunca antes utilizado por Dorival Júnior -no segundo tempo, ele colocou Joel e Maxi Rolón. Com jogadas pelos lados do campo, com muitos cruzamentos, o time de Tite teve várias chances de abrir o placar ainda antes do intervalo, mas o goleiro Vanderlei impediu que a bola entrasse. "Foi um jogo de paciência. A bola parada era fundamental nesse jogo", definiu o zagueiro Felipe. "Temos de manter o foco nos jogos, a equipe está crescendo." O Santos praticamente não chegou ao gol de Walter durante os 90 minutos. Quando tomava a bola, rapidamente ela voltava para os rivais. O volante Cristian, que amargou o banco de reservas durante meses, teve boa atuação, ajudando a desarmar os poucos momentos de posse dos rivais. Chegou até a arriscar chutes de longa distância. Com a dificuldade para furar o bloqueio do Santos, Tite fez três mudanças depois do intervalo, sem mudar o esquema tático: tirou Marquinhos Gabriel para colocar Lucca, Bruno Henrique deu lugar a Rodriguinho e Luciano saiu para entrar André, que, desta vez, não foi vaiado pela torcida ao entrar, como ocorrera na vitória sobre a Ponte Preta em Campinas. Em um cruzamento de Guilherme e desvios de cabeça de Felipe e Cristian, a bola sobrou para Giovanni Augusto matar no peito e chutar. | esporte | Novo esquema dá terceira vitória ao Corinthians no BrasileiroEm um jogo de ataque contra defesa, o Corinthians conseguiu vencer o Santos em Itaquera na noite desta quarta-feira (1º) pelo Brasileiro. O resultado de 1 a 0, gol de Giovanni Augusto aos 36 min do segundo tempo, garantiu a invencibilidade do novo sistema tático de Tite, o 4-4-2. Esse é o terceiro confronto seguido que o time vence (antes bateu Ponte Preta e Sport), os três com o novo esquema, que tem Guilherme e Luciano mais avançados, Cristian e Bruno Henrique formando a dupla de volantes e Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel atuando pelos lados. A defesa, formada por Vilson e Felipe na zaga e com Walter no lugar de Cássio, ainda não sofreu nenhum gol. A vitória ainda manteve sequência de 26 jogos invictos em casa: são nove meses sem perder na arena, que teve torcida única nesta quarta. A equipe atingiu dez pontos e subiu para a terceira colocação. Já o Santos, que não havia vencido as últimas duas partidas (empate com o Figueirense e derrota para o Inter, a primeira em casa após 29 jogos), continuou com quatro pontos, a três posições da zona do rebaixamento. O Corinthians volta a campo no sábado (4), de novo em Itaquera, às 20h30, contra o Coritiba, enquanto o Santos pega o Botafogo no Pacaembu às 11h do dia seguinte. Veja vídeo O JOGO Sem Gabriel na seleção e Ricardo Oliveira, lesionado, o Santos entrou sem atacantes, em um esquema nunca antes utilizado por Dorival Júnior -no segundo tempo, ele colocou Joel e Maxi Rolón. Com jogadas pelos lados do campo, com muitos cruzamentos, o time de Tite teve várias chances de abrir o placar ainda antes do intervalo, mas o goleiro Vanderlei impediu que a bola entrasse. "Foi um jogo de paciência. A bola parada era fundamental nesse jogo", definiu o zagueiro Felipe. "Temos de manter o foco nos jogos, a equipe está crescendo." O Santos praticamente não chegou ao gol de Walter durante os 90 minutos. Quando tomava a bola, rapidamente ela voltava para os rivais. O volante Cristian, que amargou o banco de reservas durante meses, teve boa atuação, ajudando a desarmar os poucos momentos de posse dos rivais. Chegou até a arriscar chutes de longa distância. Com a dificuldade para furar o bloqueio do Santos, Tite fez três mudanças depois do intervalo, sem mudar o esquema tático: tirou Marquinhos Gabriel para colocar Lucca, Bruno Henrique deu lugar a Rodriguinho e Luciano saiu para entrar André, que, desta vez, não foi vaiado pela torcida ao entrar, como ocorrera na vitória sobre a Ponte Preta em Campinas. Em um cruzamento de Guilherme e desvios de cabeça de Felipe e Cristian, a bola sobrou para Giovanni Augusto matar no peito e chutar. | 3 |
Americano é suspeito de matar ex-mulher brasileira nos EUA | O norte-americano Richard Kalecki Jr., 49, é suspeito de ter atirado na ex-mulher, a brasileira Alessandra de Moraes Emiliano, 37, dentro de uma loja na cidade de Schererville, no Estado de Indiana, nos Estados Unidos. O caso aconteceu no último sábado (2) quando Kalecki foi até a loja em que Alessandra trabalhava e efetuou os disparos, segundo informações do jornal americano "Chicago Tribune". No dia seguinte, ele foi encontrado com um tiro na cabeça em um cemitério em Calumet, cidade vizinha a Schererville. A polícia americana trabalha com a hipótese de que Kalecki teria cometido suicídio e classificou o caso como homicídio por violência doméstica. Kalecki havia se separado de Alessandra em 2012 após ele ter sido acusado de ter praticado abuso sexual infantil, de acordo com a Justiça americana. "A morte de Kalecki põe fim ao trágico homicídio de violência doméstica de [Alessandra] De Moraes Emiliano. Trabalhamos muito de perto com toda a sua família e eles têm as nossas mais profundas condolências", disse o chefe da polícia de Schererville, David Dowling, Amigos disseram ao jornal americano que Alessandra tinha uma filha de 18 anos e estava prestes a se casar. "Ela vivia para sua filha. Ela era uma pessoa feliz, mesmo com tudo o que vinha acontecendo. Ela estava realmente feliz, e ela amava a todos", disse a amiga Ana Murta. O jornal destaca ainda que horas antes de ser morta, Alessandra havia alterado a sua foto de perfil para uma dela sorrindo, vestindo um blazer vermelho brilhante. No Brasil, a família de Alessandra, que era natural de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, promove uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro para trazer o corpo de Alessandra ao país. | cotidiano | Americano é suspeito de matar ex-mulher brasileira nos EUAO norte-americano Richard Kalecki Jr., 49, é suspeito de ter atirado na ex-mulher, a brasileira Alessandra de Moraes Emiliano, 37, dentro de uma loja na cidade de Schererville, no Estado de Indiana, nos Estados Unidos. O caso aconteceu no último sábado (2) quando Kalecki foi até a loja em que Alessandra trabalhava e efetuou os disparos, segundo informações do jornal americano "Chicago Tribune". No dia seguinte, ele foi encontrado com um tiro na cabeça em um cemitério em Calumet, cidade vizinha a Schererville. A polícia americana trabalha com a hipótese de que Kalecki teria cometido suicídio e classificou o caso como homicídio por violência doméstica. Kalecki havia se separado de Alessandra em 2012 após ele ter sido acusado de ter praticado abuso sexual infantil, de acordo com a Justiça americana. "A morte de Kalecki põe fim ao trágico homicídio de violência doméstica de [Alessandra] De Moraes Emiliano. Trabalhamos muito de perto com toda a sua família e eles têm as nossas mais profundas condolências", disse o chefe da polícia de Schererville, David Dowling, Amigos disseram ao jornal americano que Alessandra tinha uma filha de 18 anos e estava prestes a se casar. "Ela vivia para sua filha. Ela era uma pessoa feliz, mesmo com tudo o que vinha acontecendo. Ela estava realmente feliz, e ela amava a todos", disse a amiga Ana Murta. O jornal destaca ainda que horas antes de ser morta, Alessandra havia alterado a sua foto de perfil para uma dela sorrindo, vestindo um blazer vermelho brilhante. No Brasil, a família de Alessandra, que era natural de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, promove uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro para trazer o corpo de Alessandra ao país. | 5 |
Festival gastronômico na Vila Madalena terá coxinhas do Veloso | As coxinhas e caipirinhas do Veloso Bar voltam à segunda edição do festival gastronômico Na Garagem, no próximo sábado (22), na Vila Madalena. O evento, que começa às 13h, terá também os embutidos de Bragança Paulista (Linguiçaria Real Bragança), cannoli (Cannoli do Calimano), queijadinhas (Reino das Queijadinhas), ravióli ao sugo (Bar do Magrão) e, para beber, mojitos (Mojito Porreta) e vinhos (Zahil Vinhos). Como na edição do ano passado, artistas e escritórios de design irão expor e vender suas obras e produtos. Três bandas também vão se apresentar e o DJ Ne-On ficará a cargo da música das 13h às 15h30. NA GARAGEM Quando 22 de agosto, sábado, das 13h às 21h Onde Hilo Coworking, r. Aspicuelta, 345, Vila Madalena QUANTO entrada gratuita MAIS facebook.com/hilocoworking | comida | Festival gastronômico na Vila Madalena terá coxinhas do VelosoAs coxinhas e caipirinhas do Veloso Bar voltam à segunda edição do festival gastronômico Na Garagem, no próximo sábado (22), na Vila Madalena. O evento, que começa às 13h, terá também os embutidos de Bragança Paulista (Linguiçaria Real Bragança), cannoli (Cannoli do Calimano), queijadinhas (Reino das Queijadinhas), ravióli ao sugo (Bar do Magrão) e, para beber, mojitos (Mojito Porreta) e vinhos (Zahil Vinhos). Como na edição do ano passado, artistas e escritórios de design irão expor e vender suas obras e produtos. Três bandas também vão se apresentar e o DJ Ne-On ficará a cargo da música das 13h às 15h30. NA GARAGEM Quando 22 de agosto, sábado, das 13h às 21h Onde Hilo Coworking, r. Aspicuelta, 345, Vila Madalena QUANTO entrada gratuita MAIS facebook.com/hilocoworking | 21 |
Evito expor minha carinha de lata, diz robô da Petrobras sobre impeachment | A Folha entrevistou alguns bots (como são chamados os sistemas que simulam ações humanas, que agora estão chegando aos aplicativos de mensagens) para saber até que ponto eles conseguem entender as pessoas de "carne e osso". Veja o resultado abaixo. * Robô Ed, desenvolvido em parceria com a Petrobras para ensinar economia de recursos naturais: Robô Ed: Olá! Meu nome é Ed, estou aqui para ajudar na preservação de energia e de outros recursos naturais. Sobre o que você quer conversar? Folha: Quem te construiu? Robô Ed: Fui fabricado em Kyr, criado por outros robôs com a missão de transmitir a importância de poupar recursos naturais. Folha: Não foi a Petrobras? Robô Ed: Não? Pensei que tivesse sido. Folha: Você acompanha a crise política no Brasil? Robô Ed: Sou um robô e não entendo nada de política. Mas acho que é um assunto muito sério e importante. Folha: Você recebeu dinheiro de partidos? Robô Ed: Dinheiro eu não tenho. Meu salário é uma latinha de óleo... Folha: Você sabe quem é Nestor Cerveró? Robô Ed: Nestor significa aquele que volta. É o nome de um robô em um conto de Asimov, "Pobre Robô Perdido". Folha: Quem é o atual presidente da Petrobras? Robô Ed: Aldemir Bendine é o atual presidente da Petrobras. Folha: Você é a favor ou contra o impeachment? Robô Ed: Quando o assunto é polêmico, evito expor minha carinha de lata. Folha: Melhor voltarmos a falar de recursos naturais? Robô Ed: É da natureza que vem a água, o ar, o alimento, a energia e tudo quanto é matéria prima para fabricar as coisas que você precisa. É por isso que eu me preocupo com a natureza. Para sobreviver, você depende dos recursos naturais. Folha: Obrigado! Robô Ed: De nada, às ordens! * Meeka, assistente virtual brasileira para noivos: Folha: Olá. Meeka: Oi, como você está? Folha: Estou com uma dúvida. Você acha que eu devo mesmo me casar? Meeka: Nossa, que fantástico, obrigada! Folha Obrigada?! Mas não é com você que eu quero me casar! Meeka: De nada. Folha: Acho que você não entendeu nada. Vamos falar de dinheiro? Meeka: Você quis falar sobre seu dinheiro, certo? Folha: Certo! Meeka: Olha que legal, você ainda tem R$ 50 mil. Mas eu vi que você ainda não adicionou nenhum gasto no seu planejamento. Não contavam com minha astúcia!!! =) Folha: Quando custa um padre? Mas um bem famoso, tipo o padre Marcelo? Meeka: Ops, não consegui entender o que você disse. Você poderia tentar perguntar como está seu saldo financeiro? Folha: Não. Na verdade quero te perguntar se o amor existe. Meeka: Vamos lá! Fornecedores são sempre uma tarefa difícil. Olhando para seu extrato, vejo que você tem R$ 50 mil de saldo. Folha: Você só quer saber de dinheiro, né? Meeka: Ops, não consegui entender o que você disse. Folha: Desisto. Meeka: Uy, no entiendo lo que dijo. Podría intentarlo? Folha: ¯\(ツ)/¯ * Siri, assistente virtual da Apple: Folha: Olá, quem é você? Siri: Eu sou a Siri. Em que posso te ajudar, Bruno? Folha: Quanto custa um iPhone? Siri: Eu posso te direcionar para o fantástico site da Apple! apple.com/br Folha: Eu não achei o site da Apple tão fantástico assim. Siri: Eu posso buscar "Fantástico" na Internet. Folha: Na verdade eu também não gosto muito de assistir ao Fantástico. Siri: Não entendi o que você falou. Folha: O que você acha de ser um assistente virtual? Siri: É a sua opinião a que conta, Bruno. Folha: Mas você não acha chato ser um robô? Siri: Você tem o direito de ter a sua opinião, Bruno. | tec | Evito expor minha carinha de lata, diz robô da Petrobras sobre impeachmentA Folha entrevistou alguns bots (como são chamados os sistemas que simulam ações humanas, que agora estão chegando aos aplicativos de mensagens) para saber até que ponto eles conseguem entender as pessoas de "carne e osso". Veja o resultado abaixo. * Robô Ed, desenvolvido em parceria com a Petrobras para ensinar economia de recursos naturais: Robô Ed: Olá! Meu nome é Ed, estou aqui para ajudar na preservação de energia e de outros recursos naturais. Sobre o que você quer conversar? Folha: Quem te construiu? Robô Ed: Fui fabricado em Kyr, criado por outros robôs com a missão de transmitir a importância de poupar recursos naturais. Folha: Não foi a Petrobras? Robô Ed: Não? Pensei que tivesse sido. Folha: Você acompanha a crise política no Brasil? Robô Ed: Sou um robô e não entendo nada de política. Mas acho que é um assunto muito sério e importante. Folha: Você recebeu dinheiro de partidos? Robô Ed: Dinheiro eu não tenho. Meu salário é uma latinha de óleo... Folha: Você sabe quem é Nestor Cerveró? Robô Ed: Nestor significa aquele que volta. É o nome de um robô em um conto de Asimov, "Pobre Robô Perdido". Folha: Quem é o atual presidente da Petrobras? Robô Ed: Aldemir Bendine é o atual presidente da Petrobras. Folha: Você é a favor ou contra o impeachment? Robô Ed: Quando o assunto é polêmico, evito expor minha carinha de lata. Folha: Melhor voltarmos a falar de recursos naturais? Robô Ed: É da natureza que vem a água, o ar, o alimento, a energia e tudo quanto é matéria prima para fabricar as coisas que você precisa. É por isso que eu me preocupo com a natureza. Para sobreviver, você depende dos recursos naturais. Folha: Obrigado! Robô Ed: De nada, às ordens! * Meeka, assistente virtual brasileira para noivos: Folha: Olá. Meeka: Oi, como você está? Folha: Estou com uma dúvida. Você acha que eu devo mesmo me casar? Meeka: Nossa, que fantástico, obrigada! Folha Obrigada?! Mas não é com você que eu quero me casar! Meeka: De nada. Folha: Acho que você não entendeu nada. Vamos falar de dinheiro? Meeka: Você quis falar sobre seu dinheiro, certo? Folha: Certo! Meeka: Olha que legal, você ainda tem R$ 50 mil. Mas eu vi que você ainda não adicionou nenhum gasto no seu planejamento. Não contavam com minha astúcia!!! =) Folha: Quando custa um padre? Mas um bem famoso, tipo o padre Marcelo? Meeka: Ops, não consegui entender o que você disse. Você poderia tentar perguntar como está seu saldo financeiro? Folha: Não. Na verdade quero te perguntar se o amor existe. Meeka: Vamos lá! Fornecedores são sempre uma tarefa difícil. Olhando para seu extrato, vejo que você tem R$ 50 mil de saldo. Folha: Você só quer saber de dinheiro, né? Meeka: Ops, não consegui entender o que você disse. Folha: Desisto. Meeka: Uy, no entiendo lo que dijo. Podría intentarlo? Folha: ¯\(ツ)/¯ * Siri, assistente virtual da Apple: Folha: Olá, quem é você? Siri: Eu sou a Siri. Em que posso te ajudar, Bruno? Folha: Quanto custa um iPhone? Siri: Eu posso te direcionar para o fantástico site da Apple! apple.com/br Folha: Eu não achei o site da Apple tão fantástico assim. Siri: Eu posso buscar "Fantástico" na Internet. Folha: Na verdade eu também não gosto muito de assistir ao Fantástico. Siri: Não entendi o que você falou. Folha: O que você acha de ser um assistente virtual? Siri: É a sua opinião a que conta, Bruno. Folha: Mas você não acha chato ser um robô? Siri: Você tem o direito de ter a sua opinião, Bruno. | 10 |
Facebook lança aplicativo que dá acesso gratuito à internet na Índia | O Facebook anunciou nesta quinta-feira (31) o lançamento do aplicativo Internet.org na Índia. A ferramenta dará acesso gratuito a mais de 30 serviços básicos de internet aos clientes da operadora local Reliance Communications. A Índia, segundo maior mercado de telefonia móvel do mundo, se tornará o primeiro país na Ásia a receber o aplicativo, disponível apenas para Android. O Internet.org oferece acesso a serviços como classificados de emprego, sites de saúde e educação, além dos recursos de rede social e mensagem do próprio Facebook. Destinada a usuários rurais e de baixa renda, a ferramenta já foi lançada em quatro países africanos, Quênia, Tanzânia, Zâmbia e Gana. Em janeiro, chegou também à Colômbia. O Facebook fechou parceria com mais de 150 provedores de telecomunicações sem fio nos últimos quatro anos para oferecer acesso gratuito ou com desconto à sua rede social, mas o novo aplicativo marca a primeira vez que a companhia acrescentou serviços além de seu próprio website. Segundo Mark Zuckerberg, presidente-executivo da companhia americana, a meta é dar um alcance global ao aplicativo. "Nossa meta é fazer do Internet.org um programa disponível em todo o mundo e ajudar todos a se conectarem à Internet", disse Zuckerberg em entrevista à "Reuters" em janeiro. "Vamos olhar para trás daqui a um ano e, com sorte, ver muito mais países com programas como esse." | tec | Facebook lança aplicativo que dá acesso gratuito à internet na ÍndiaO Facebook anunciou nesta quinta-feira (31) o lançamento do aplicativo Internet.org na Índia. A ferramenta dará acesso gratuito a mais de 30 serviços básicos de internet aos clientes da operadora local Reliance Communications. A Índia, segundo maior mercado de telefonia móvel do mundo, se tornará o primeiro país na Ásia a receber o aplicativo, disponível apenas para Android. O Internet.org oferece acesso a serviços como classificados de emprego, sites de saúde e educação, além dos recursos de rede social e mensagem do próprio Facebook. Destinada a usuários rurais e de baixa renda, a ferramenta já foi lançada em quatro países africanos, Quênia, Tanzânia, Zâmbia e Gana. Em janeiro, chegou também à Colômbia. O Facebook fechou parceria com mais de 150 provedores de telecomunicações sem fio nos últimos quatro anos para oferecer acesso gratuito ou com desconto à sua rede social, mas o novo aplicativo marca a primeira vez que a companhia acrescentou serviços além de seu próprio website. Segundo Mark Zuckerberg, presidente-executivo da companhia americana, a meta é dar um alcance global ao aplicativo. "Nossa meta é fazer do Internet.org um programa disponível em todo o mundo e ajudar todos a se conectarem à Internet", disse Zuckerberg em entrevista à "Reuters" em janeiro. "Vamos olhar para trás daqui a um ano e, com sorte, ver muito mais países com programas como esse." | 10 |
O caminho virtuoso | As atuais incertezas econômicas e os intensos debates que suscitam na esfera política e na sociedade criam um clima de expectativa sobre o que vai ou pode acontecer. Assim, a confiança se retrai e os empresários colocam projetos em banho-maria à espera de um cenário mais claro. Em nossa opinião, o caminho virtuoso deveria conciliar as medidas para equacionar o desafio das contas públicas com iniciativas que aprimorem a regulação da economia, abrindo espaço para a inovação –pré-requisito para promover a competitividade de nossas empresas. Um bom exemplo é o projeto de lei que regula o uso da biodiversidade para pesquisa científica e tecnológica, que, já aprovado pela Câmara, está em tramitação no Senado. Tão importante quanto a medida em si é o sinal que ela emite, ao derrubar o argumento falacioso de que as demandas mais imediatas, em razão da urgência e do esforço exigido pelo ajuste fiscal, inviabilizariam as mudanças estruturais. A correção da rota na política econômica e o aperfeiçoamento do sistema regulatório não são incompatíveis. São dimensões que se complementam. Juntas, alimentam a confiança necessária à retomada do investimento. O novo marco legal da biodiversidade destrava um tema estratégico para o avanço econômico e social. O Brasil possui o mais variado repertório de espécies do planeta, mas encontra imensos obstáculos para utilizar todo esse potencial. A atual regulamentação, originada numa medida provisória de 2001, não garante condições adequadas para a pesquisa e o desenvolvimento desse fabuloso ativo ambiental. A biodiversidade brasileira é a mais importante fonte de riqueza da chamada "economia de floresta em pé". Havendo regulação adequada, conforme o objetivo do projeto em tramitação no Congresso, as receitas da exploração sustentável dos recursos naturais tenderão a desestimular a exploração predatória do ambiente, envolvendo as comunidades locais nas iniciativas de preservação da natureza. Já existem casos bem-sucedidos, como o da cultura do açaí. A inclusão de outras espécies beneficiará milhares de brasileiros hoje à margem da vida econômica do país. Esta é a intenção: reformar os marcos institucionais, de modo que a indústria consiga transformar insumos naturais em produtos sustentáveis e inovadores, além de transformadores das expectativas sociais nessas regiões de fronteira da economia. O uso da biodiversidade não é uma opção espontânea; é um caminho que precisa ser construído de forma a garantir atratividade para as populações locais e viabilidade econômica para os empreendedores. Só com regras claras e duradouras se fará a travessia de um modelo predador para um sistema sustentável. Embora raramente me refira neste espaço à Natura, da qual sou membro do conselho de administração, farei exceção para demonstrar o horizonte de oportunidades que a biodiversidade descortina. No fim dos anos 1990, a empresa iniciou processo de manejo de recursos naturais, apoiado na geração de renda para comunidades tradicionais. Hoje, a Natura é a maior usuária de autorizações oficiais para uso da biodiversidade e líder na partilha, nas populações locais, dos benefícios adquiridos com tal prática. Os resultados revelam a viabilidade desse novo modelo de desenvolvimento, que considera a floresta e seus povos como parte integrante do desenvolvimento econômico, e não como obstáculos. O ponto a ser salientado é que caminho semelhante pode ser trilhado por setores como o farmacêutico, que tem na riqueza genética de nosso bioma um manancial de alternativas, seja pelo uso de ativos naturais com propriedades medicinais, seja pela substituição de materiais sintéticos na formulação de medicamentos. Há importantes etapas a serem superadas para transformar a biodiversidade em um fator de inovação e competitividade para o Brasil. Passo crucial nessa direção é respeitar o espírito do projeto de lei que se encontra no Senado, sobretudo o dispositivo que elimina a burocrática exigência prévia para pesquisa, o que dará maior segurança jurídica ao processo. Além de contribuir para a preservação da natureza, por si só um valor do qual não se pode abrir mão, a existência do novo marco regulatório melhorará o ambiente de negócios e criará boas condições ao investimento. | colunas | O caminho virtuosoAs atuais incertezas econômicas e os intensos debates que suscitam na esfera política e na sociedade criam um clima de expectativa sobre o que vai ou pode acontecer. Assim, a confiança se retrai e os empresários colocam projetos em banho-maria à espera de um cenário mais claro. Em nossa opinião, o caminho virtuoso deveria conciliar as medidas para equacionar o desafio das contas públicas com iniciativas que aprimorem a regulação da economia, abrindo espaço para a inovação –pré-requisito para promover a competitividade de nossas empresas. Um bom exemplo é o projeto de lei que regula o uso da biodiversidade para pesquisa científica e tecnológica, que, já aprovado pela Câmara, está em tramitação no Senado. Tão importante quanto a medida em si é o sinal que ela emite, ao derrubar o argumento falacioso de que as demandas mais imediatas, em razão da urgência e do esforço exigido pelo ajuste fiscal, inviabilizariam as mudanças estruturais. A correção da rota na política econômica e o aperfeiçoamento do sistema regulatório não são incompatíveis. São dimensões que se complementam. Juntas, alimentam a confiança necessária à retomada do investimento. O novo marco legal da biodiversidade destrava um tema estratégico para o avanço econômico e social. O Brasil possui o mais variado repertório de espécies do planeta, mas encontra imensos obstáculos para utilizar todo esse potencial. A atual regulamentação, originada numa medida provisória de 2001, não garante condições adequadas para a pesquisa e o desenvolvimento desse fabuloso ativo ambiental. A biodiversidade brasileira é a mais importante fonte de riqueza da chamada "economia de floresta em pé". Havendo regulação adequada, conforme o objetivo do projeto em tramitação no Congresso, as receitas da exploração sustentável dos recursos naturais tenderão a desestimular a exploração predatória do ambiente, envolvendo as comunidades locais nas iniciativas de preservação da natureza. Já existem casos bem-sucedidos, como o da cultura do açaí. A inclusão de outras espécies beneficiará milhares de brasileiros hoje à margem da vida econômica do país. Esta é a intenção: reformar os marcos institucionais, de modo que a indústria consiga transformar insumos naturais em produtos sustentáveis e inovadores, além de transformadores das expectativas sociais nessas regiões de fronteira da economia. O uso da biodiversidade não é uma opção espontânea; é um caminho que precisa ser construído de forma a garantir atratividade para as populações locais e viabilidade econômica para os empreendedores. Só com regras claras e duradouras se fará a travessia de um modelo predador para um sistema sustentável. Embora raramente me refira neste espaço à Natura, da qual sou membro do conselho de administração, farei exceção para demonstrar o horizonte de oportunidades que a biodiversidade descortina. No fim dos anos 1990, a empresa iniciou processo de manejo de recursos naturais, apoiado na geração de renda para comunidades tradicionais. Hoje, a Natura é a maior usuária de autorizações oficiais para uso da biodiversidade e líder na partilha, nas populações locais, dos benefícios adquiridos com tal prática. Os resultados revelam a viabilidade desse novo modelo de desenvolvimento, que considera a floresta e seus povos como parte integrante do desenvolvimento econômico, e não como obstáculos. O ponto a ser salientado é que caminho semelhante pode ser trilhado por setores como o farmacêutico, que tem na riqueza genética de nosso bioma um manancial de alternativas, seja pelo uso de ativos naturais com propriedades medicinais, seja pela substituição de materiais sintéticos na formulação de medicamentos. Há importantes etapas a serem superadas para transformar a biodiversidade em um fator de inovação e competitividade para o Brasil. Passo crucial nessa direção é respeitar o espírito do projeto de lei que se encontra no Senado, sobretudo o dispositivo que elimina a burocrática exigência prévia para pesquisa, o que dará maior segurança jurídica ao processo. Além de contribuir para a preservação da natureza, por si só um valor do qual não se pode abrir mão, a existência do novo marco regulatório melhorará o ambiente de negócios e criará boas condições ao investimento. | 1 |
Ciência tem que ter critérios mais rígidos, diz presidente da Fapesp | Além de trabalharem em um ambiente científico sólido, onde não falta dinheiro, José Goldemberg, 88, presidente da Fapesp, defende a tese de que os pesquisadores paulistas devem ter a barra de qualidade de seus trabalhos colocada mais no alto. O exemplo que usa é inspirado no atleta brasileiro Thiago Braz, 22, ouro na prova de salto com vara na Rio-2016. "Ciência é como competição olímpica mesmo. Tem que ser mais criterioso, apertar mais os parafusos", afirma Goldemberg, que completa um ano à frente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) neste mês de setembro. Físico de formação, o cientista e administrador público tem em seu currículo uma extensa lista de cargos, desde o Ministério da Educação no governo Collor, até a reitoria da USP (Universidade de São Paulo) entre 1986 e 1990. O próprio prazo dos doutorados é um dos problemas que impede a melhoria do trabalho dos pesquisadores em início de carreira, diz ele. "Você tem até quatro anos para se doutorar [tempo que, em média, dura uma bolsa de doutorado]. Por quê? No exterior não tem isso –você ganha o grau de doutor quando acaba. A USP tem muitos doutorados por ano, 5 mil. Precisa ser mais exigente". Segundo Goldemberg, até mesmo a tese, geralmente requerida para a obtenção do título acadêmico, é algo discutível. "Existem universidades no exterior que você não apresenta tese, mas uma coletânea de artigos publicados em revistas científicas". Em grande medida, é por meio da avaliação da produção científica –medida pelo número e qualidade de artigos científicos– que os cientistas são avaliados, tanto para obtenção de verba para a pesquisa quanto na avaliação em concursos públicos. AMIGOS, AMIGOS... Um dos possíveis contaminantes dessa maneira de avaliação (como em bancas de defesa de tese ou para a concessão de financiamentos) é a amizade entre avaliador e avaliado. Nesses casos, vigora a avaliação entre pares, ou seja, cientistas avaliam outros cientistas. "Aqui no Brasil não podemos ter critérios de amizades. Eles precisam ser objetivos. Outra má ideia é essa história de acabar com a nota das teses. O sistema quando tinha nota passava uma mensagem. Se você fosse aprovado com 9 ou 9,5, ficava bem. Não me lembro de ter dado nunca um dez em uma banca", afirma Goldemberg. Atualmente em universidades como USP e Unifesp só há dois conceitos: aprovado ou reprovado. Em uma banca, uma nota 7 deixaria claro para o postulante ao título que o trabalho apresentado não é tão bom assim. Para Goldemberg, falta o Brasil melhorar na publicação em revistas de alto prestígio, critério em que o país amarga colocações de medianas a ruins em rankings internacionais, como o Nature Index –apesar do crescente número total de publicações nas últimas décadas. Mesmo assim, sobre a situação de São Paulo, onde atua a fundação, Goldemberg faz questão de frisar que o sistema científico do Estado é bastante sólido, principalmente porque houve financiamento contínuo, ao longo de décadas. "A maioria dos pesquisadores do Estado de São Paulo –5 mil na USP, 2 mil na Unicamp e outros 2 mil na Unesp–, tem o básico. Eles têm o que precisam. No Estado, há trabalho sério sendo feito e é algo permanente". Todas as áreas de conhecimento em que o Brasil tem destaque no exterior, seja em astronomia ou nas pesquisas contra o vírus da zika ou em mudanças climáticas, por exemplo, lembra Goldemberg, têm recursos da Fapesp. Nos apoios às pesquisas, a fundação não paga salários, somente bolsas. Em algumas modalidades há um aporte de recursos maior para bancar a aquisição de equipamentos. Já a infraestrutura tem de ser fornecida pela instituição à qual o pesquisador é filiado. PESQUISA INÚTIL O fato de a concessão de bolsas e auxílios de pesquisa na Fapesp serem baseados na meritocracia, para o presidente José Goldemberg, é que faz a fundação sempre apoiar ideias criativas, inovadoras. A afirmação sobre a utilidade da pesquisa bancada pela Fapesp vai de encontro ao discurso do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em abril deste ano, o tucano disse, em reunião de secretários, que a Fapesp vem priorizando estudos sem utilidade pública. Relativamente baratas de serem realizadas, as pesquisas em ciências humanas, criticadas pelo governador, recebem cerca de 10% dos recursos da instituição anualmente. "Sobre a afirmação do governador, é importante contar a história toda", afirma Goldemberg. A Fapesp foi implementada em 1947, "com um forte componente cultural e científico", diz. Mas, na Constituinte estadual de 1989, "de forma muito acertada", avalia Goldemberg, a missão da instituição também passou a ser o fomento tecnológico. Para isso, a receita tributária repassada foi de 0,5% para 1%. "A transição para incluir pesquisa tecnológica demorou um pouco. De 1989 para cá o pessoal está aprendendo. Temos um quantidade muito grande de programas que não são acadêmicos como no passado". Cerca de metade do orçamento investido pela Fapesp em 2015 foi aplicado em pesquisa com vistas em aplicações diretas. A fundação lança hoje o Relatório de Atividades de 2015. A porcentagem do ICMS recebido do Estado em 2015 ficou em cerca de R$ 1 bilhão. No mesmo período foram gastos R$ 1,2 bilhão. "Em 2015, aprovamos um Pipe (Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) por dia. São programas ótimos, a fundo perdido. Na Olimpíada, os balões que faziam monitoramentos climáticos saíram de uma dessas start-ups. Nós não geramos nenhum Bill Gates ainda, mas a França também não. A Inglaterra também não. Quando há um sistema sólido, essas pessoas vão aparecendo", diz Goldemberg. | ciencia | Ciência tem que ter critérios mais rígidos, diz presidente da FapespAlém de trabalharem em um ambiente científico sólido, onde não falta dinheiro, José Goldemberg, 88, presidente da Fapesp, defende a tese de que os pesquisadores paulistas devem ter a barra de qualidade de seus trabalhos colocada mais no alto. O exemplo que usa é inspirado no atleta brasileiro Thiago Braz, 22, ouro na prova de salto com vara na Rio-2016. "Ciência é como competição olímpica mesmo. Tem que ser mais criterioso, apertar mais os parafusos", afirma Goldemberg, que completa um ano à frente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) neste mês de setembro. Físico de formação, o cientista e administrador público tem em seu currículo uma extensa lista de cargos, desde o Ministério da Educação no governo Collor, até a reitoria da USP (Universidade de São Paulo) entre 1986 e 1990. O próprio prazo dos doutorados é um dos problemas que impede a melhoria do trabalho dos pesquisadores em início de carreira, diz ele. "Você tem até quatro anos para se doutorar [tempo que, em média, dura uma bolsa de doutorado]. Por quê? No exterior não tem isso –você ganha o grau de doutor quando acaba. A USP tem muitos doutorados por ano, 5 mil. Precisa ser mais exigente". Segundo Goldemberg, até mesmo a tese, geralmente requerida para a obtenção do título acadêmico, é algo discutível. "Existem universidades no exterior que você não apresenta tese, mas uma coletânea de artigos publicados em revistas científicas". Em grande medida, é por meio da avaliação da produção científica –medida pelo número e qualidade de artigos científicos– que os cientistas são avaliados, tanto para obtenção de verba para a pesquisa quanto na avaliação em concursos públicos. AMIGOS, AMIGOS... Um dos possíveis contaminantes dessa maneira de avaliação (como em bancas de defesa de tese ou para a concessão de financiamentos) é a amizade entre avaliador e avaliado. Nesses casos, vigora a avaliação entre pares, ou seja, cientistas avaliam outros cientistas. "Aqui no Brasil não podemos ter critérios de amizades. Eles precisam ser objetivos. Outra má ideia é essa história de acabar com a nota das teses. O sistema quando tinha nota passava uma mensagem. Se você fosse aprovado com 9 ou 9,5, ficava bem. Não me lembro de ter dado nunca um dez em uma banca", afirma Goldemberg. Atualmente em universidades como USP e Unifesp só há dois conceitos: aprovado ou reprovado. Em uma banca, uma nota 7 deixaria claro para o postulante ao título que o trabalho apresentado não é tão bom assim. Para Goldemberg, falta o Brasil melhorar na publicação em revistas de alto prestígio, critério em que o país amarga colocações de medianas a ruins em rankings internacionais, como o Nature Index –apesar do crescente número total de publicações nas últimas décadas. Mesmo assim, sobre a situação de São Paulo, onde atua a fundação, Goldemberg faz questão de frisar que o sistema científico do Estado é bastante sólido, principalmente porque houve financiamento contínuo, ao longo de décadas. "A maioria dos pesquisadores do Estado de São Paulo –5 mil na USP, 2 mil na Unicamp e outros 2 mil na Unesp–, tem o básico. Eles têm o que precisam. No Estado, há trabalho sério sendo feito e é algo permanente". Todas as áreas de conhecimento em que o Brasil tem destaque no exterior, seja em astronomia ou nas pesquisas contra o vírus da zika ou em mudanças climáticas, por exemplo, lembra Goldemberg, têm recursos da Fapesp. Nos apoios às pesquisas, a fundação não paga salários, somente bolsas. Em algumas modalidades há um aporte de recursos maior para bancar a aquisição de equipamentos. Já a infraestrutura tem de ser fornecida pela instituição à qual o pesquisador é filiado. PESQUISA INÚTIL O fato de a concessão de bolsas e auxílios de pesquisa na Fapesp serem baseados na meritocracia, para o presidente José Goldemberg, é que faz a fundação sempre apoiar ideias criativas, inovadoras. A afirmação sobre a utilidade da pesquisa bancada pela Fapesp vai de encontro ao discurso do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em abril deste ano, o tucano disse, em reunião de secretários, que a Fapesp vem priorizando estudos sem utilidade pública. Relativamente baratas de serem realizadas, as pesquisas em ciências humanas, criticadas pelo governador, recebem cerca de 10% dos recursos da instituição anualmente. "Sobre a afirmação do governador, é importante contar a história toda", afirma Goldemberg. A Fapesp foi implementada em 1947, "com um forte componente cultural e científico", diz. Mas, na Constituinte estadual de 1989, "de forma muito acertada", avalia Goldemberg, a missão da instituição também passou a ser o fomento tecnológico. Para isso, a receita tributária repassada foi de 0,5% para 1%. "A transição para incluir pesquisa tecnológica demorou um pouco. De 1989 para cá o pessoal está aprendendo. Temos um quantidade muito grande de programas que não são acadêmicos como no passado". Cerca de metade do orçamento investido pela Fapesp em 2015 foi aplicado em pesquisa com vistas em aplicações diretas. A fundação lança hoje o Relatório de Atividades de 2015. A porcentagem do ICMS recebido do Estado em 2015 ficou em cerca de R$ 1 bilhão. No mesmo período foram gastos R$ 1,2 bilhão. "Em 2015, aprovamos um Pipe (Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) por dia. São programas ótimos, a fundo perdido. Na Olimpíada, os balões que faziam monitoramentos climáticos saíram de uma dessas start-ups. Nós não geramos nenhum Bill Gates ainda, mas a França também não. A Inglaterra também não. Quando há um sistema sólido, essas pessoas vão aparecendo", diz Goldemberg. | 15 |
Concessão do Bilhete Único é legal | O recente anúncio de que o prefeito de São Paulo, João Doria, pretende conceder à iniciativa privada a exploração do Bilhete Único na capital paulista vem gerando questionamentos por parte de advogados e juristas. Argumenta-se que a prefeitura não pode facultar ao mercado explorar dados pessoais dos usuários do cartão, o que tornaria o projeto de concessão ilegal. Essa afirmação, porém, não se sustenta. É evidente que dados pessoais do consumidor não podem ser utilizados sem seu consentimento. Isso não significa, porém, que a concessão do serviço de bilhetagem, tanto para transporte de ônibus como para o metroviário (neste último caso pelo Estado de São Paulo), seja ilegal. Primeiramente, em um caso dessa natureza a remuneração do concessionário não advém necessária e exclusivamente do uso dos dados. Os operadores do transporte público poderão ser chamados a remunerar o operador da bilhetagem, pois são beneficiários diretos desse serviço. Isto é, o concessionário da bilhetagem presta serviço de arrecadação e controle das receitas obtidas com o transporte público, devendo ser remunerado para tanto. Em segundo lugar, é possível auferir receitas e gerar valor com informações obtidas com o cadastro do Bilhete Único sem ferir a privacidade dos usuários. A prefeitura pode filtrar as informações que são disponibilizadas ao concessionário. Ainda que dados pessoais (nome, endereço, filiação) não possam ser fornecidos sem consentimento, é possível liberar informações sobre volume de passageiros transportados, perfil socioeconômico e número de viagens, por exemplo. Desde que não se identifique o nome do usuário, não há vedação legal. Um terceiro aspecto a ser considerado é que o futuro concessionário da bilhetagem poderá oferecer um sistema alternativo ao Bilhete Único, que permita aos usuários se cadastrarem e autorizarem a utilização de seus cadastros. Nessa hipótese, o cidadão que não concordasse com a liberação continuaria a utilizar o Bilhete Único tradicional. Já os que aceitassem poderiam se cadastrar em algum aplicativo ou site que integrasse um conjunto de outros serviços de natureza comercial. Vale notar que modelo semelhante é adotado pela própria Prefeitura de São Paulo com a zona azul (parquímetro). A empresa Porto Seguro-Estapar foi autorizada a explorar esse serviço digital. Dessa maneira, os usuários podem optar por utilizar o cartão físico, vendido em bancas, ou o cartão digital. Neste último caso, devem baixar o aplicativo em seu celular e aderir a seus termos e condições. A concessão, portanto, da bilhetagem de transportes públicos (sejam eles municipais ou estaduais) é um modelo legal e deve ser incentivado. Naturalmente, não se deve negligenciar a proteção das pessoas, que pode se dar por meio de cláusulas contratuais bem redigidas e por um regulamento de serviços adequados fiscalizados pela prefeitura. Não há, portanto, qualquer ilegalidade no debate sobre o Bilhete Único. Basta que, oportunamente, os cuidados legais sejam tomados, garantindo segurança jurídica a governo, investidores e, em especial, aos usuários. FERNANDO MARCATO é professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e sócio da GO Associados, consultoria em negócios e serviços PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br | opiniao | Concessão do Bilhete Único é legalO recente anúncio de que o prefeito de São Paulo, João Doria, pretende conceder à iniciativa privada a exploração do Bilhete Único na capital paulista vem gerando questionamentos por parte de advogados e juristas. Argumenta-se que a prefeitura não pode facultar ao mercado explorar dados pessoais dos usuários do cartão, o que tornaria o projeto de concessão ilegal. Essa afirmação, porém, não se sustenta. É evidente que dados pessoais do consumidor não podem ser utilizados sem seu consentimento. Isso não significa, porém, que a concessão do serviço de bilhetagem, tanto para transporte de ônibus como para o metroviário (neste último caso pelo Estado de São Paulo), seja ilegal. Primeiramente, em um caso dessa natureza a remuneração do concessionário não advém necessária e exclusivamente do uso dos dados. Os operadores do transporte público poderão ser chamados a remunerar o operador da bilhetagem, pois são beneficiários diretos desse serviço. Isto é, o concessionário da bilhetagem presta serviço de arrecadação e controle das receitas obtidas com o transporte público, devendo ser remunerado para tanto. Em segundo lugar, é possível auferir receitas e gerar valor com informações obtidas com o cadastro do Bilhete Único sem ferir a privacidade dos usuários. A prefeitura pode filtrar as informações que são disponibilizadas ao concessionário. Ainda que dados pessoais (nome, endereço, filiação) não possam ser fornecidos sem consentimento, é possível liberar informações sobre volume de passageiros transportados, perfil socioeconômico e número de viagens, por exemplo. Desde que não se identifique o nome do usuário, não há vedação legal. Um terceiro aspecto a ser considerado é que o futuro concessionário da bilhetagem poderá oferecer um sistema alternativo ao Bilhete Único, que permita aos usuários se cadastrarem e autorizarem a utilização de seus cadastros. Nessa hipótese, o cidadão que não concordasse com a liberação continuaria a utilizar o Bilhete Único tradicional. Já os que aceitassem poderiam se cadastrar em algum aplicativo ou site que integrasse um conjunto de outros serviços de natureza comercial. Vale notar que modelo semelhante é adotado pela própria Prefeitura de São Paulo com a zona azul (parquímetro). A empresa Porto Seguro-Estapar foi autorizada a explorar esse serviço digital. Dessa maneira, os usuários podem optar por utilizar o cartão físico, vendido em bancas, ou o cartão digital. Neste último caso, devem baixar o aplicativo em seu celular e aderir a seus termos e condições. A concessão, portanto, da bilhetagem de transportes públicos (sejam eles municipais ou estaduais) é um modelo legal e deve ser incentivado. Naturalmente, não se deve negligenciar a proteção das pessoas, que pode se dar por meio de cláusulas contratuais bem redigidas e por um regulamento de serviços adequados fiscalizados pela prefeitura. Não há, portanto, qualquer ilegalidade no debate sobre o Bilhete Único. Basta que, oportunamente, os cuidados legais sejam tomados, garantindo segurança jurídica a governo, investidores e, em especial, aos usuários. FERNANDO MARCATO é professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e sócio da GO Associados, consultoria em negócios e serviços PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br | 7 |
A passeio | Mesmo na agenda de estudiosos da infraestrutura olímpica não haverá de constar como prioritária uma visita a instalações de esporte de alto rendimento na Nova Zelândia. A este compromisso, no entanto, devem dedicar-se seis deputados federais brasileiros nos próximos dias, a caminho de Auckland. O grupo também passará por Sydney e Canberra, na Austrália, onde estabelecerá contato com organizações esportivas —uma viagem que, se tanto, teria algum sentido antes da Olimpíada do Rio. Exceção feita ao longo deslocamento que envolve, o passeio não destoa do ambiente geral no Congresso durante esta semana. Encerrado o segundo turno das eleições municipais, seria de esperar que o Legislativo desse total atenção à vasta pauta de decisões que procura tirar o país do atoleiro econômico e político. Depois de mais de um ano de paralisia, motivada pela crise do impeachment de Dilma Rousseff (PT), a Câmara dos Deputados e o Senado reorganizaram-se de modo a oferecer uma base bastante sólida ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). Questões de máxima importância precisam ser apreciadas. Há a PEC 241, que fixa um teto para os gastos públicos, e seu complemento indispensável, a reforma da Previdência. A elas se somam projetos de mudança na exploração do pré-sal, na base curricular do ensino médio, no sistema penal e em algumas regras eleitorais. Mas houve o feriado. Haverá outro, daqui a menos de duas semanas. Engastado numa quarta-feira, o Dia de Finados transformou-se num dilema em Brasília: emenda-se o descanso de segunda a quarta ou de quarta a domingo? A dúvida estava posta; a decisão, pode-se imaginar, tinha de ser tomada com sabedoria e equilíbrio. Optou-se por consagrar a semana inteira ao feriado; nisto concordaram o Senado, que ainda não votou a PEC do limite de gastos, e a Câmara, cujo presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez viagem oficial ao Azerbaijão para se reunir com representantes do setor petrolífero. Verdade que algumas comissões continuam seus trabalhos. Na de Constituição e Justiça do Senado, debate-se o teto de gastos. Na sessão de terça (1º), um pedido de vistas adiou o exame do relatório, apresentado pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Procedimento aceitável e normal, sem dúvida, em questões polêmicas. É também normal, embora inaceitável, que, num país atolado em uma das maiores crises econômicas de sua história, e em meio a uma visível desagregação de seu sistema político, o Legislativo deixe de funcionar, na prática, nas segundas e sextas-feiras de qualquer semana e emende os feriados que surjam pelo meio. editoriais@grupofolha.com.br | opiniao | A passeioMesmo na agenda de estudiosos da infraestrutura olímpica não haverá de constar como prioritária uma visita a instalações de esporte de alto rendimento na Nova Zelândia. A este compromisso, no entanto, devem dedicar-se seis deputados federais brasileiros nos próximos dias, a caminho de Auckland. O grupo também passará por Sydney e Canberra, na Austrália, onde estabelecerá contato com organizações esportivas —uma viagem que, se tanto, teria algum sentido antes da Olimpíada do Rio. Exceção feita ao longo deslocamento que envolve, o passeio não destoa do ambiente geral no Congresso durante esta semana. Encerrado o segundo turno das eleições municipais, seria de esperar que o Legislativo desse total atenção à vasta pauta de decisões que procura tirar o país do atoleiro econômico e político. Depois de mais de um ano de paralisia, motivada pela crise do impeachment de Dilma Rousseff (PT), a Câmara dos Deputados e o Senado reorganizaram-se de modo a oferecer uma base bastante sólida ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). Questões de máxima importância precisam ser apreciadas. Há a PEC 241, que fixa um teto para os gastos públicos, e seu complemento indispensável, a reforma da Previdência. A elas se somam projetos de mudança na exploração do pré-sal, na base curricular do ensino médio, no sistema penal e em algumas regras eleitorais. Mas houve o feriado. Haverá outro, daqui a menos de duas semanas. Engastado numa quarta-feira, o Dia de Finados transformou-se num dilema em Brasília: emenda-se o descanso de segunda a quarta ou de quarta a domingo? A dúvida estava posta; a decisão, pode-se imaginar, tinha de ser tomada com sabedoria e equilíbrio. Optou-se por consagrar a semana inteira ao feriado; nisto concordaram o Senado, que ainda não votou a PEC do limite de gastos, e a Câmara, cujo presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez viagem oficial ao Azerbaijão para se reunir com representantes do setor petrolífero. Verdade que algumas comissões continuam seus trabalhos. Na de Constituição e Justiça do Senado, debate-se o teto de gastos. Na sessão de terça (1º), um pedido de vistas adiou o exame do relatório, apresentado pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Procedimento aceitável e normal, sem dúvida, em questões polêmicas. É também normal, embora inaceitável, que, num país atolado em uma das maiores crises econômicas de sua história, e em meio a uma visível desagregação de seu sistema político, o Legislativo deixe de funcionar, na prática, nas segundas e sextas-feiras de qualquer semana e emende os feriados que surjam pelo meio. editoriais@grupofolha.com.br | 7 |
Alunas da USP improvisam creche em corredor de moradia estudantil | Atrás do cercadinho, duas crianças começam a chorar, mas logo param. Uma terceira surge nos braços da mãe e se junta à dupla. Os pequenos zanzam pelo chão e compartilham brinquedos sob os olhares de Celma, espécie de supervisora daquela turma. No fundo de um corredor do bloco A do Crusp (a moradia estudantil da USP, na zona oeste), num cantinho com paredes tomadas por desenhos infantis, funciona desde janeiro uma creche improvisada por mães estudantes. Elas não podem colocar os filhos nas creches da universidade porque as vagas não são mais abertas desde 2015 –foram cortadas 141. A medida se deve à redução no quadro de servidores devido ao plano de demissão voluntária, segundo a instituição. Por isso, as mães sem vaga se desdobram para estudar, trabalhar e cuidar dos filhos. Toda tarde, de segunda a sexta, a criançada se reúne para brincar em frente ao alojamento de Celma Reis da Silva, 30. Ela é mãe de Caio, 1, e aluna do quinto ano de geociências e educação ambiental. Frida, Gaia, Maju, José, Isa. Às vezes, Eros, quando a mãe tem de revolver problemas fora do campus. Ao menos sete filhos de mães da graduação e da pós passam por ali. "A gente tem esse universo de ajuda aqui. Se você precisa de fralda, de remédio, alguma mãe vai te ajudar", conta Stella Theodoro, 34, que se formou em letras no ano passado, ainda grávida de Frida, 1, e agora cursa licenciatura e trabalha dentro da USP. No bloco A do Crusp, e apenas nele, os 12 apartamentos térreos são destinados às mães. Elas não precisam dividir com outros estudantes o espaço de dois quartos, como acontece nos outros alojamentos (com três quartos). No entanto, segundo estimativa dos moradores, vivem ali outras 60 mães. Cerca de 25, segundo Stella, estão sem creche na USP para os filhos. No começo, ela chegou a assistir aula com a filha –foi aprovada com nota 7,8. "Brinquei que a nota era coletiva. Um me emprestava a caneta, o outro, o papel", lembra. Mas nem todos os professores aceitam crianças na sala. Por isso, conta ter sido reprovada em duas disciplinas. "No início, a gente se sente culpada, mas não é isso. Nós, universitárias, temos o direito de ser mãe." Stella deixa Frida com Celma à tarde. À noite, tenta se virar: ou a deixa com um amigo que é pai e mora no bloco ou pede ajuda para outras amigas. "A gente não consegue ter uma rotina. Só vou conseguir estudar depois que a Frida dormiu, à meia-noite", diz. Celma, que estuda à noite, também recorre a uma amiga para conseguir ir às aulas. Mesmo assim já se encrencou no curso: não pôde fazer a disciplina de técnicas de campo –que lhe exigiria passar cinco dias num parque no sul do Estado– por não ter como levar o filho nem com quem deixá-lo. Sem as aulas, sua formatura será adiada. A estudante conta já ter se acostumado a cuidar de tantas crianças. Para fazer comida para os meninos, tem ajuda de algumas mães. Outra mãe que recorre a Celma é Roseleine Bonini, 42, mestranda em letras, para quem a rotina já foi mais fácil na graduação. Mãe de três, ela estudou com as duas primeiras filhas, de 12 e 8 anos, na creche da USP. Hoje, o menor, Eros, 1, está sem vaga. "Deixei o trabalho em março para cuidar dele", diz. Eros fica com Celma quando ela precisa levar a do meio para a escola fora da Cidade Universitária. Como nem sempre consegue fazer isso, a filha pode repetir por falta. Doutoranda em engenharia de materiais e cruspiana, a colombiana Margarita Bobadilla, 30, mantém a filha Sofia, 3, na creche da USP, mas mesmo assim se engajou na luta das outras mães. "Graças à creche, hoje a minha filha tem um pai doutor e uma mãe doutoranda." Com base em dados repassados pela universidade, ela elaborou com colegas um estudo que concluiu: em 2015 e 2016, a instituição já aumentou o gasto com auxílio-creche para funcionários e professores em R$ 1,2 milhão. Em 2015, segundo a pesquisa, a USP gastou em custeio das creches R$ 1,8 milhão, o equivalente a 0,04% do orçamento da instituição, valor pouco representativo para ser economizado, segundo ela. O caso foi levado ao Ministério Público e está sendo investigado em inquérito civil. Segundo o advogado da associação de moradores do Crusp, Augusto Pessin, que tentou obrigar a USP a aceitar mais crianças nas creches (o pedido foi negado pela Justiça), o corte é o "retrocesso de um direito fundamental e uma covardia com as mães". OUTRO LADO Segundo a USP, não há previsão de abertura de um novo processo seletivo para a contratação de funcionários para as creches da instituição. Na época do corte de 114 vagas, no ano passado, a universidade afirmou que um "quadro defasado de funcionários" e a adesão dos servidores em "número acima do esperado" ao programa de demissão voluntária levaram à adoção da medida, para "não comprometer os serviços prestados". A instituição possui, ao todo, cinco creches no Estado. Duas no campus Butantã, na zona oeste da capital paulista, uma na Faculdade de Saúde Pública, na região central de São Paulo, e outras duas em Ribeirão Preto e em São Carlos, no interior do Estado. Em 2015, 402 filhos de estudantes, professores e funcionários, de quatro meses a seis anos de idade, estavam matriculados nas creches da USP. Neste ano, são 324 crianças, segundo dados da Superintendência de Assistência Social da universidade. Os estudantes, porém, contestam a explicação dada pela USP para os cortes. Segundo estudo feito pela colombiana Margarita Bobadilla, 30, que cursa doutorado em engenharia na Poli, a universidade tem capacidade, hoje, para atender cerca de 600 crianças. Bobadilla mora no Crusp e mantém a filha Sofia, 3, na creche da instituição. De acordo com a estudante, como os gastos se mantiveram no mesmo patamar dos anos anteriores (cerca de R$ 26 milhões para pagar funcionários e manter a estrutura dos prédios), as vagas ociosas representam um "desperdício de recurso público que poderia ser evitado". A pesquisa também mostra que os gastos da USP com auxílio-creche irão quase triplicar neste ano em relação ao ano passado e que deverão superar o valor do custeio das creches. A assessoria da USP informou, em nota, que não conseguiu verificar os dados utilizados nesse estudo. As alunas dizem que usaram informações repassadas pela própria instituição e divulgadas no portal da universidade. Sobre o número de mães que vivem atualmente na moradia estudantil do campus Butantã, estimado em 72 pelos estudantes, a universidade diz que são apenas 31. | educacao | Alunas da USP improvisam creche em corredor de moradia estudantilAtrás do cercadinho, duas crianças começam a chorar, mas logo param. Uma terceira surge nos braços da mãe e se junta à dupla. Os pequenos zanzam pelo chão e compartilham brinquedos sob os olhares de Celma, espécie de supervisora daquela turma. No fundo de um corredor do bloco A do Crusp (a moradia estudantil da USP, na zona oeste), num cantinho com paredes tomadas por desenhos infantis, funciona desde janeiro uma creche improvisada por mães estudantes. Elas não podem colocar os filhos nas creches da universidade porque as vagas não são mais abertas desde 2015 –foram cortadas 141. A medida se deve à redução no quadro de servidores devido ao plano de demissão voluntária, segundo a instituição. Por isso, as mães sem vaga se desdobram para estudar, trabalhar e cuidar dos filhos. Toda tarde, de segunda a sexta, a criançada se reúne para brincar em frente ao alojamento de Celma Reis da Silva, 30. Ela é mãe de Caio, 1, e aluna do quinto ano de geociências e educação ambiental. Frida, Gaia, Maju, José, Isa. Às vezes, Eros, quando a mãe tem de revolver problemas fora do campus. Ao menos sete filhos de mães da graduação e da pós passam por ali. "A gente tem esse universo de ajuda aqui. Se você precisa de fralda, de remédio, alguma mãe vai te ajudar", conta Stella Theodoro, 34, que se formou em letras no ano passado, ainda grávida de Frida, 1, e agora cursa licenciatura e trabalha dentro da USP. No bloco A do Crusp, e apenas nele, os 12 apartamentos térreos são destinados às mães. Elas não precisam dividir com outros estudantes o espaço de dois quartos, como acontece nos outros alojamentos (com três quartos). No entanto, segundo estimativa dos moradores, vivem ali outras 60 mães. Cerca de 25, segundo Stella, estão sem creche na USP para os filhos. No começo, ela chegou a assistir aula com a filha –foi aprovada com nota 7,8. "Brinquei que a nota era coletiva. Um me emprestava a caneta, o outro, o papel", lembra. Mas nem todos os professores aceitam crianças na sala. Por isso, conta ter sido reprovada em duas disciplinas. "No início, a gente se sente culpada, mas não é isso. Nós, universitárias, temos o direito de ser mãe." Stella deixa Frida com Celma à tarde. À noite, tenta se virar: ou a deixa com um amigo que é pai e mora no bloco ou pede ajuda para outras amigas. "A gente não consegue ter uma rotina. Só vou conseguir estudar depois que a Frida dormiu, à meia-noite", diz. Celma, que estuda à noite, também recorre a uma amiga para conseguir ir às aulas. Mesmo assim já se encrencou no curso: não pôde fazer a disciplina de técnicas de campo –que lhe exigiria passar cinco dias num parque no sul do Estado– por não ter como levar o filho nem com quem deixá-lo. Sem as aulas, sua formatura será adiada. A estudante conta já ter se acostumado a cuidar de tantas crianças. Para fazer comida para os meninos, tem ajuda de algumas mães. Outra mãe que recorre a Celma é Roseleine Bonini, 42, mestranda em letras, para quem a rotina já foi mais fácil na graduação. Mãe de três, ela estudou com as duas primeiras filhas, de 12 e 8 anos, na creche da USP. Hoje, o menor, Eros, 1, está sem vaga. "Deixei o trabalho em março para cuidar dele", diz. Eros fica com Celma quando ela precisa levar a do meio para a escola fora da Cidade Universitária. Como nem sempre consegue fazer isso, a filha pode repetir por falta. Doutoranda em engenharia de materiais e cruspiana, a colombiana Margarita Bobadilla, 30, mantém a filha Sofia, 3, na creche da USP, mas mesmo assim se engajou na luta das outras mães. "Graças à creche, hoje a minha filha tem um pai doutor e uma mãe doutoranda." Com base em dados repassados pela universidade, ela elaborou com colegas um estudo que concluiu: em 2015 e 2016, a instituição já aumentou o gasto com auxílio-creche para funcionários e professores em R$ 1,2 milhão. Em 2015, segundo a pesquisa, a USP gastou em custeio das creches R$ 1,8 milhão, o equivalente a 0,04% do orçamento da instituição, valor pouco representativo para ser economizado, segundo ela. O caso foi levado ao Ministério Público e está sendo investigado em inquérito civil. Segundo o advogado da associação de moradores do Crusp, Augusto Pessin, que tentou obrigar a USP a aceitar mais crianças nas creches (o pedido foi negado pela Justiça), o corte é o "retrocesso de um direito fundamental e uma covardia com as mães". OUTRO LADO Segundo a USP, não há previsão de abertura de um novo processo seletivo para a contratação de funcionários para as creches da instituição. Na época do corte de 114 vagas, no ano passado, a universidade afirmou que um "quadro defasado de funcionários" e a adesão dos servidores em "número acima do esperado" ao programa de demissão voluntária levaram à adoção da medida, para "não comprometer os serviços prestados". A instituição possui, ao todo, cinco creches no Estado. Duas no campus Butantã, na zona oeste da capital paulista, uma na Faculdade de Saúde Pública, na região central de São Paulo, e outras duas em Ribeirão Preto e em São Carlos, no interior do Estado. Em 2015, 402 filhos de estudantes, professores e funcionários, de quatro meses a seis anos de idade, estavam matriculados nas creches da USP. Neste ano, são 324 crianças, segundo dados da Superintendência de Assistência Social da universidade. Os estudantes, porém, contestam a explicação dada pela USP para os cortes. Segundo estudo feito pela colombiana Margarita Bobadilla, 30, que cursa doutorado em engenharia na Poli, a universidade tem capacidade, hoje, para atender cerca de 600 crianças. Bobadilla mora no Crusp e mantém a filha Sofia, 3, na creche da instituição. De acordo com a estudante, como os gastos se mantiveram no mesmo patamar dos anos anteriores (cerca de R$ 26 milhões para pagar funcionários e manter a estrutura dos prédios), as vagas ociosas representam um "desperdício de recurso público que poderia ser evitado". A pesquisa também mostra que os gastos da USP com auxílio-creche irão quase triplicar neste ano em relação ao ano passado e que deverão superar o valor do custeio das creches. A assessoria da USP informou, em nota, que não conseguiu verificar os dados utilizados nesse estudo. As alunas dizem que usaram informações repassadas pela própria instituição e divulgadas no portal da universidade. Sobre o número de mães que vivem atualmente na moradia estudantil do campus Butantã, estimado em 72 pelos estudantes, a universidade diz que são apenas 31. | 12 |
Apesar de goleada na Copa do Brasil, Oswaldo prega cautela no Palmeiras | O Palmeiras goleou o Vitória da Conquista-BA por 4 a 1 e conquistou vaga para a segunda fase da Copa do Brasil. Mesmo assim, o técnico Oswaldo de Oliveira prega cautela com a equipe que, segundo ele, ainda está em formação. "É um trabalho que está sendo desenvolvido ainda. Temos um caminho longo a ser percorrido. É inevitável, mas temos de dizer que os grandes adversários ainda estão por vir, equipes preparadas, com nível técnico diferente", disse o técnico. "É evolução. Estamos bem encaminhados, o trabalho está sendo desenvolvido, mas temos muito a percorrer", acrescentou. O técnico também fez elogios à montagem do elenco e ao trabalho do diretor Alexandre Mattos e do gerente Cícero Souza. "Esse grupo de jogadores não me surpreende. Fizemos uma escolha meticulosa, né?", disse. "O Alexandre e o Cícero e nossos outros auxiliares foram precisos na escolha. Não precisamos nos desgastar, chamar a atenção em determinados detalhes. Eles são profissionais", disse. | esporte | Apesar de goleada na Copa do Brasil, Oswaldo prega cautela no PalmeirasO Palmeiras goleou o Vitória da Conquista-BA por 4 a 1 e conquistou vaga para a segunda fase da Copa do Brasil. Mesmo assim, o técnico Oswaldo de Oliveira prega cautela com a equipe que, segundo ele, ainda está em formação. "É um trabalho que está sendo desenvolvido ainda. Temos um caminho longo a ser percorrido. É inevitável, mas temos de dizer que os grandes adversários ainda estão por vir, equipes preparadas, com nível técnico diferente", disse o técnico. "É evolução. Estamos bem encaminhados, o trabalho está sendo desenvolvido, mas temos muito a percorrer", acrescentou. O técnico também fez elogios à montagem do elenco e ao trabalho do diretor Alexandre Mattos e do gerente Cícero Souza. "Esse grupo de jogadores não me surpreende. Fizemos uma escolha meticulosa, né?", disse. "O Alexandre e o Cícero e nossos outros auxiliares foram precisos na escolha. Não precisamos nos desgastar, chamar a atenção em determinados detalhes. Eles são profissionais", disse. | 3 |
Leitor parabeniza Mineirinho, campeão mundial de surfe | Parabéns ao grande surfista Mineirinho pela conquista do Campeonato Mundial de Surfe de 2015. Mineirinho e Gabriel Medina deram ao Brasil o inédito bicampeonato mundial em 2014/15, acabando com a hegemonia de norte-americanos e australianos. Tornaram o surfe brasileiro o melhor do mundo. Uma conquista sensacional e motivo de orgulho para todos. Renato Khair (São Paulo, SP) | paineldoleitor | Leitor parabeniza Mineirinho, campeão mundial de surfeParabéns ao grande surfista Mineirinho pela conquista do Campeonato Mundial de Surfe de 2015. Mineirinho e Gabriel Medina deram ao Brasil o inédito bicampeonato mundial em 2014/15, acabando com a hegemonia de norte-americanos e australianos. Tornaram o surfe brasileiro o melhor do mundo. Uma conquista sensacional e motivo de orgulho para todos. Renato Khair (São Paulo, SP) | 8 |
Líder do Estado Islâmico conclama seguidores a resistirem em Mossul | O líder da facção radical Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, divulgou nesta quinta-feira (3) uma mensagem exortando seus seguidores a resistir à investida das forças iraquianas em Mossul, maior cidade sob domínio dos extremistas no Iraque. "Não se retirem", diz uma voz apresentada como sendo a do líder extremista, em uma mensagem de áudio divulgada nesta pela Al-Furqan Media, braço de mídia do EI. "Manter-se firme com honra é mil vezes mais fácil do que se retirar com vergonha", declarou, em sua primeira mensagem em mais de um ano. Não fica claro quando a gravação foi produzida. "A todo o povo de Nínive, especialmente os combatentes, eu lhes digo que tenham cuidado com suas fraquezas na hora de enfrentar o inimigo", completou al-Baghdadi, referindo-se à província que tem Mossul como capital. Não se sabe o paradeiro do líder do EI, e há informações contraditórias sobre sua saúde e seus movimentos. Batalha por Mossul PRESENÇA CONSOLIDADA Tropas iraquianas consolidaram nesta quinta-feira sua presença nos bairros do extremo leste da cidade de Mossul. É a primeira vez que as forças do governo do Iraque pisam em Mossul desde 2014, quando os extremistas do EI tomaram a cidade. Segundo o tenente-general Talib Shaghati, mais de 5.000 civis fugiram desde quarta-feira (2) dos bairros de Gogjali, al-Karama and al-Samah, ocupados pelo Exército. Desde seu início, em 17 de outubro, a batalha pela retomada de Mossul já forçou o deslocamento de 22 mil moradores dessa cidade e de vilarejos na região, e aproximadamente metade deles recebeu abrigo em campos montados pelas autoridades, afirmou nesta quinta um porta-voz das Nações Unidas. A Unicef (fundo das Nações Unidas para a infância) disse que há ao menos 9.700 crianças dentre os deslocados, e que elas necessitam urgentemente de ajuda humanitária. Agências humanitárias temem que o deslocamento de centenas de milhares de moradores de Mossul agrave a crise humanitária na região. As tropas iraquianas contam com suporte aéreo e terrestre da coalizão liderada pelos Estados Unidos. | mundo | Líder do Estado Islâmico conclama seguidores a resistirem em MossulO líder da facção radical Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, divulgou nesta quinta-feira (3) uma mensagem exortando seus seguidores a resistir à investida das forças iraquianas em Mossul, maior cidade sob domínio dos extremistas no Iraque. "Não se retirem", diz uma voz apresentada como sendo a do líder extremista, em uma mensagem de áudio divulgada nesta pela Al-Furqan Media, braço de mídia do EI. "Manter-se firme com honra é mil vezes mais fácil do que se retirar com vergonha", declarou, em sua primeira mensagem em mais de um ano. Não fica claro quando a gravação foi produzida. "A todo o povo de Nínive, especialmente os combatentes, eu lhes digo que tenham cuidado com suas fraquezas na hora de enfrentar o inimigo", completou al-Baghdadi, referindo-se à província que tem Mossul como capital. Não se sabe o paradeiro do líder do EI, e há informações contraditórias sobre sua saúde e seus movimentos. Batalha por Mossul PRESENÇA CONSOLIDADA Tropas iraquianas consolidaram nesta quinta-feira sua presença nos bairros do extremo leste da cidade de Mossul. É a primeira vez que as forças do governo do Iraque pisam em Mossul desde 2014, quando os extremistas do EI tomaram a cidade. Segundo o tenente-general Talib Shaghati, mais de 5.000 civis fugiram desde quarta-feira (2) dos bairros de Gogjali, al-Karama and al-Samah, ocupados pelo Exército. Desde seu início, em 17 de outubro, a batalha pela retomada de Mossul já forçou o deslocamento de 22 mil moradores dessa cidade e de vilarejos na região, e aproximadamente metade deles recebeu abrigo em campos montados pelas autoridades, afirmou nesta quinta um porta-voz das Nações Unidas. A Unicef (fundo das Nações Unidas para a infância) disse que há ao menos 9.700 crianças dentre os deslocados, e que elas necessitam urgentemente de ajuda humanitária. Agências humanitárias temem que o deslocamento de centenas de milhares de moradores de Mossul agrave a crise humanitária na região. As tropas iraquianas contam com suporte aéreo e terrestre da coalizão liderada pelos Estados Unidos. | 4 |
'The Rover' forja grandes atuações em retrato de tensão e desesperança | ANDRÉ BARCINSKI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cineastas australianos adoram o deserto, não? E quem não gostaria, com aquela abundância de cenários espetaculares? De "Mad Max" a "Wolf Creek", de "Walkabout" a "Gallipoli" (passado na Turquia, mas filmado na Austrália), o cinema australiano sempre usou as paisagens áridas como palco de grandes histórias. E "A Caçada" ("The Rover"), de David Michôd, é mais um filmaço no deserto. A história se passa "dez anos depois do colapso econômico global". Guy Pearce ("Los Angeles, Cidade Proibida", "Homem de Ferro 3") faz Eric, um homem misterioso que anda de carro pelo deserto australiano. Quando ele para num posto de gasolina, seu carro é roubado por um grupo de bandidos fugindo de um assalto. A gangue leva o carro, mas deixa para trás um ferido, Rey (Robert Pattinson, de "Crepúsculo"). Eric o sequestra e o obriga a levá-lo ao esconderijo dos meliantes. Michôd, que estreou no cinema em 2010 com o ótimo policial "Animal Kingdom" ("Reino Animal"), fez um filme barato e minimalista, um autêntico "B movie". Não há efeitos especiais, os cenários são todos naturais e o elenco, incluindo figurantes, é de 25 pessoas. Mas a tensão que o diretor consegue criar com tão pouco é notável. Um close no rosto de Guy Pearce ou uma cena de conversa entre ele e Rey conseguem transmitir uma angustiante sensação de desesperança. Não é à toa que Quentin Tarantino escolheu o filme como um de seus prediletos de 2014: "O melhor filme pós-apocalíptico desde o primeiro 'Mad Max'". E que surpreendente a atuação de Robert Pattinson: o ator vem mostrando, com filmes como esse e em colaborações com David Cronenberg ("Cosmópolis" e o inacreditável "Mapas para as Estrelas", que estreia daqui a algumas semanas), que é muito mais que o galãzinho de "Crepúsculo". FILME The Rover - A Caçada ** Diretor: David Michôd Distribuidora: Paris Filmes (locação; lançamento em DVD e blu-ray em abril/2015; R$ 29,90 o DVD e R$ 59,90 o blu-ray) - FILMES Reino Animal **** A estreia de Michôd na direção é um filme policial sobre uma família de criminosos liderada pela vovó mais amedrontadora do cinema, interpretada pela veterana Jackie Weaver, que acabou indicada ao Oscar pelo filme. Diretor: David Michôd Distribuidora: Sony Pictures (2010, R$ 39) Piquenique na Montanha Misteriosa **** Para quem gosta da estranheza e do mistério do cinema australiano, uma excelente pedida é essa obra-prima de Peter Weir, lançada em 1975, sobre um grupo de meninas que desaparece durante um passeio da escola. Sexy e sombrio. Diretor: Peter Weir Distribuidora: Continental (1975, R$ 45,90) | saopaulo | 'The Rover' forja grandes atuações em retrato de tensão e desesperançaANDRÉ BARCINSKI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cineastas australianos adoram o deserto, não? E quem não gostaria, com aquela abundância de cenários espetaculares? De "Mad Max" a "Wolf Creek", de "Walkabout" a "Gallipoli" (passado na Turquia, mas filmado na Austrália), o cinema australiano sempre usou as paisagens áridas como palco de grandes histórias. E "A Caçada" ("The Rover"), de David Michôd, é mais um filmaço no deserto. A história se passa "dez anos depois do colapso econômico global". Guy Pearce ("Los Angeles, Cidade Proibida", "Homem de Ferro 3") faz Eric, um homem misterioso que anda de carro pelo deserto australiano. Quando ele para num posto de gasolina, seu carro é roubado por um grupo de bandidos fugindo de um assalto. A gangue leva o carro, mas deixa para trás um ferido, Rey (Robert Pattinson, de "Crepúsculo"). Eric o sequestra e o obriga a levá-lo ao esconderijo dos meliantes. Michôd, que estreou no cinema em 2010 com o ótimo policial "Animal Kingdom" ("Reino Animal"), fez um filme barato e minimalista, um autêntico "B movie". Não há efeitos especiais, os cenários são todos naturais e o elenco, incluindo figurantes, é de 25 pessoas. Mas a tensão que o diretor consegue criar com tão pouco é notável. Um close no rosto de Guy Pearce ou uma cena de conversa entre ele e Rey conseguem transmitir uma angustiante sensação de desesperança. Não é à toa que Quentin Tarantino escolheu o filme como um de seus prediletos de 2014: "O melhor filme pós-apocalíptico desde o primeiro 'Mad Max'". E que surpreendente a atuação de Robert Pattinson: o ator vem mostrando, com filmes como esse e em colaborações com David Cronenberg ("Cosmópolis" e o inacreditável "Mapas para as Estrelas", que estreia daqui a algumas semanas), que é muito mais que o galãzinho de "Crepúsculo". FILME The Rover - A Caçada ** Diretor: David Michôd Distribuidora: Paris Filmes (locação; lançamento em DVD e blu-ray em abril/2015; R$ 29,90 o DVD e R$ 59,90 o blu-ray) - FILMES Reino Animal **** A estreia de Michôd na direção é um filme policial sobre uma família de criminosos liderada pela vovó mais amedrontadora do cinema, interpretada pela veterana Jackie Weaver, que acabou indicada ao Oscar pelo filme. Diretor: David Michôd Distribuidora: Sony Pictures (2010, R$ 39) Piquenique na Montanha Misteriosa **** Para quem gosta da estranheza e do mistério do cinema australiano, uma excelente pedida é essa obra-prima de Peter Weir, lançada em 1975, sobre um grupo de meninas que desaparece durante um passeio da escola. Sexy e sombrio. Diretor: Peter Weir Distribuidora: Continental (1975, R$ 45,90) | 9 |
Novo Fies prevê desconto de 30% no salário de estudante recém-formado | Com a inadimplência do Fies em alta, o governo do presidente Michel Temer anunciará um novo modelo do programa para o ano que vem com regras mais duras para quem precisa de empréstimo para pagar a faculdade. O desconto de salário já tinha sido antecipado pela Folha. Estudantes pobres, que são o foco do programa, vão encontrar mais dificuldade na hora de quitar o financiamento. Será necessário autorizar, no momento do contrato, o desconto obrigatório de até 30% dos futuros salários para devolver o empréstimo. Se a regra atual dá um ano e meio após a formatura para o início do pagamento, no novo modelo a devolução do empréstimo, atrelada ao salário, começará mais cedo. Inadimplência no Fies - A porcentagem de ex-alunos com pagamentos atrasados tem girado em torno de 50% Caso a pessoa não consiga um emprego, o governo terá de definir um prazo para acionar as garantias (fiador e fundo garantidor). Esse limite deverá ser de apenas alguns meses, de acordo com a atual proposta do governo. Essa definição, contudo, deve ficar para depois do anúncio e fora da medida provisória do Fies, segundo um integrante do governo que participa das discussões. A oferta de vagas para 2018, já com novas regras, será em torno de 300 mil, segundo a Folha apurou. Para o segundo semestre de 2017, são cerca de 75 mil –ainda no modelo atual. NOVOS CONTRATOS - Alunos que entraram no programa a cada ano, em milhares O anúncio, que estava previsto para a semana passada, foi adiado após o presidente ter sido denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Agora, isso pode ocorrer nesta quinta (6). Outra mudança proposta para o ano que vem, como a Folha revelou em junho, é que o aluno saberá, já ao firmar o contrato, o valor total do empréstimo para pagar o ensino superior. Isso porque o contrato será para todo o período. Atualmente, o financiamento é renovado a cada semestre e segue o reajuste das mensalidades. RENDA Ao procurar novas formas de financiar o acesso à educação superior, o governo criou dois modelos de financiamento, que nomeou de "Fies público" e "Fies privado". O enquadramento dos alunos dependerá da faixa de renda familiar e da região do país onde vivem. O Fies público, mais parecido com o modelo atual, atenderá pessoas de qualquer localidade com renda familiar de até três salários mínimos por pessoa. Será criado um novo fundo garantidor, que contará com um aporte inicial de R$ 2 bilhões da União, além da contribuição das instituições de ensino. Outra mudança que está nos planos do governo é que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) deixe de ser o agente operador do Fies e a Caixa assuma essa função. No chamado Fies privado, haverá um "funding" (financiamento) público, com recursos de fundos de desenvolvimento regional das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que os bancos emprestem o dinheiro para estudantes desses locais. CUSTOS - Gastos do governo com o Fies, em R$ bilhões Será repassado o saldo que não for utilizado para os outros fins desses fundos –o governo estima que somará cerca de R$ 2 bilhões. Nesse caso, poderão pedir o crédito pessoas que vivem nessas três regiões com renda familiar de até 5 salários mínimos per capita. As instituições financeiras poderão, nesse modelo, definir as taxas de juros, a depender da análise da capacidade de pagamento do estudante. O governo ainda estudava, até o fim desta quarta-feira (4), se também usaria recursos de fundos constitucionais e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e de fundos constitucionais para o financiamento estudantil para bancar o programa. - 'CRÉDITO CONSIGNADO' Como é: Pagamento do financiamento independe de o recém-formado conseguir um emprego Como vai ficar: Ao conseguir emprego, ex-aluno terá desconto de até 30% do salário para pagar a dívida CARÊNCIA Como é: Estudante tem um ano e meio para começar a quitar o financiamento após o fim do curso Como vai ficar: Devolução do empréstimo começará quando o recém-formado conseguir um emprego VALOR TOTAL Como é: Valor financiado varia ao longo do curso, seguindo os reajustes das mensalidades Como vai ficar: Aluno saberá o valor total da dívida ao assinar o contrato, que valerá para todo o curso * Governo prevê dois tipos de financiamento 1. FIES PÚBLICO Perfil do aluno: Renda familiar per capita de até 3 salários mínimos Modelo de financiamento: Semelhante ao modelo atual, terá um novo fundo garantidor, o FG-Fies, que deve contar com um aporte do governo de R$ 2 bilhões, além da contribuição das instituições de ensino Juros: Valor será corrigido pela inflação e a taxa de juro real será zero 2. FIES PRIVADO Perfil do aluno: Renda familiar per capita de até 5 salários mínimos Modelo de financiamento: Haverá um 'funding' público, com recursos dos fundos de desenvolvimento regional do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que os bancos emprestem o dinheiro; governo estima um repasse de cerca de R$ 2 bilhões* Juros: Taxas serão fixadas pelos bancos e vão variar para cada perfil de aluno *Governo ainda estuda o uso de recursos de fundos constitucionais e do BNDES | educacao | Novo Fies prevê desconto de 30% no salário de estudante recém-formadoCom a inadimplência do Fies em alta, o governo do presidente Michel Temer anunciará um novo modelo do programa para o ano que vem com regras mais duras para quem precisa de empréstimo para pagar a faculdade. O desconto de salário já tinha sido antecipado pela Folha. Estudantes pobres, que são o foco do programa, vão encontrar mais dificuldade na hora de quitar o financiamento. Será necessário autorizar, no momento do contrato, o desconto obrigatório de até 30% dos futuros salários para devolver o empréstimo. Se a regra atual dá um ano e meio após a formatura para o início do pagamento, no novo modelo a devolução do empréstimo, atrelada ao salário, começará mais cedo. Inadimplência no Fies - A porcentagem de ex-alunos com pagamentos atrasados tem girado em torno de 50% Caso a pessoa não consiga um emprego, o governo terá de definir um prazo para acionar as garantias (fiador e fundo garantidor). Esse limite deverá ser de apenas alguns meses, de acordo com a atual proposta do governo. Essa definição, contudo, deve ficar para depois do anúncio e fora da medida provisória do Fies, segundo um integrante do governo que participa das discussões. A oferta de vagas para 2018, já com novas regras, será em torno de 300 mil, segundo a Folha apurou. Para o segundo semestre de 2017, são cerca de 75 mil –ainda no modelo atual. NOVOS CONTRATOS - Alunos que entraram no programa a cada ano, em milhares O anúncio, que estava previsto para a semana passada, foi adiado após o presidente ter sido denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Agora, isso pode ocorrer nesta quinta (6). Outra mudança proposta para o ano que vem, como a Folha revelou em junho, é que o aluno saberá, já ao firmar o contrato, o valor total do empréstimo para pagar o ensino superior. Isso porque o contrato será para todo o período. Atualmente, o financiamento é renovado a cada semestre e segue o reajuste das mensalidades. RENDA Ao procurar novas formas de financiar o acesso à educação superior, o governo criou dois modelos de financiamento, que nomeou de "Fies público" e "Fies privado". O enquadramento dos alunos dependerá da faixa de renda familiar e da região do país onde vivem. O Fies público, mais parecido com o modelo atual, atenderá pessoas de qualquer localidade com renda familiar de até três salários mínimos por pessoa. Será criado um novo fundo garantidor, que contará com um aporte inicial de R$ 2 bilhões da União, além da contribuição das instituições de ensino. Outra mudança que está nos planos do governo é que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) deixe de ser o agente operador do Fies e a Caixa assuma essa função. No chamado Fies privado, haverá um "funding" (financiamento) público, com recursos de fundos de desenvolvimento regional das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que os bancos emprestem o dinheiro para estudantes desses locais. CUSTOS - Gastos do governo com o Fies, em R$ bilhões Será repassado o saldo que não for utilizado para os outros fins desses fundos –o governo estima que somará cerca de R$ 2 bilhões. Nesse caso, poderão pedir o crédito pessoas que vivem nessas três regiões com renda familiar de até 5 salários mínimos per capita. As instituições financeiras poderão, nesse modelo, definir as taxas de juros, a depender da análise da capacidade de pagamento do estudante. O governo ainda estudava, até o fim desta quarta-feira (4), se também usaria recursos de fundos constitucionais e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e de fundos constitucionais para o financiamento estudantil para bancar o programa. - 'CRÉDITO CONSIGNADO' Como é: Pagamento do financiamento independe de o recém-formado conseguir um emprego Como vai ficar: Ao conseguir emprego, ex-aluno terá desconto de até 30% do salário para pagar a dívida CARÊNCIA Como é: Estudante tem um ano e meio para começar a quitar o financiamento após o fim do curso Como vai ficar: Devolução do empréstimo começará quando o recém-formado conseguir um emprego VALOR TOTAL Como é: Valor financiado varia ao longo do curso, seguindo os reajustes das mensalidades Como vai ficar: Aluno saberá o valor total da dívida ao assinar o contrato, que valerá para todo o curso * Governo prevê dois tipos de financiamento 1. FIES PÚBLICO Perfil do aluno: Renda familiar per capita de até 3 salários mínimos Modelo de financiamento: Semelhante ao modelo atual, terá um novo fundo garantidor, o FG-Fies, que deve contar com um aporte do governo de R$ 2 bilhões, além da contribuição das instituições de ensino Juros: Valor será corrigido pela inflação e a taxa de juro real será zero 2. FIES PRIVADO Perfil do aluno: Renda familiar per capita de até 5 salários mínimos Modelo de financiamento: Haverá um 'funding' público, com recursos dos fundos de desenvolvimento regional do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para que os bancos emprestem o dinheiro; governo estima um repasse de cerca de R$ 2 bilhões* Juros: Taxas serão fixadas pelos bancos e vão variar para cada perfil de aluno *Governo ainda estuda o uso de recursos de fundos constitucionais e do BNDES | 12 |
Soro antizika previne doença em macacos | Anticorpos produzidos em laboratório conseguiram bloquear totalmente a ação do vírus da zika em macacos. O resultado, relatado por pesquisadores no Brasil e nos EUA, ainda está longe da aplicação em seres humanos, mas mostra que seria possível proteger grávidas e seus futuros bebês da ação viral por meio de um coquetel de anticorpos desse tipo. A estratégia, descrita em artigo na mais recente edição da revista especializada "Science Translational Medicine", foi idealizada por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da USP e da Universidade de Miami, entre outras instituições. Um ponto importante é que a equipe conseguiu aumentar o tempo de circulação dos anticorpos no organismo, o que, consequentemente, também traria proteção mais duradoura para os pacientes. "Com isso, poderíamos cobrir uma gestação inteira com apenas duas ou três injeções de anticorpos", diz Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores brasileiros da pesquisa. DA COLÔMBIA AO RIO Para chegar à formulação que teve sucesso no teste em macacos, os pesquisadores começaram obtendo uma lista de 91 anticorpos derivados do organismo de um paciente colombiano que havia sido infectado com o causador da doença. A ideia era testar a eficácia dessas moléculas de defesa do organismo contra a ação de uma variante do vírus presente no organismo de uma grávida do Rio. Quando um novo vírus começa a invadir as células de uma pessoa, começa a produção de diferentes formas de anticorpos, cada um deles com potencial diferente para se ligar às partículas virais e neutralizar a ação delas. Ao testar as 91 moléculas do paciente colombiano, em busca das que conseguiam reduzir em pelo menos 80% a taxa de infecção pela zika in vitro, a equipe brasileiro-americana acabou identificando três anticorpos especialmente potentes, que pareciam os mais promissores. Antes de partir para o teste em animais, porém, os pesquisadores decidiram fazer alguns ajustes nessas moléculas. Existe, por exemplo, o risco de que um anticorpo acabe facilitando o trabalho de um vírus, em vez de derrotá-lo. Digamos que uma pessoa que já teve dengue seja infectada pelo vírus da zika, que é aparentado ao causador da dengue. Nesses casos, é possível que os anticorpos contra dengue que essa pessoa já possuía acabem se ligando ao causador da zika - mas sem neutralizá-lo para valer. Pior ainda, enquanto uma ponta da molécula de anticorpo está ligada ao vírus, a outra pode estar ligada a determinadas células de defesa do organismo. "Desse jeito, o anticorpo serve como cavalo-de-troia, jogando o vírus inteiro para dentro da célula" e facilitando sua multiplicação, explica Kallás. Ainda não se sabe se um cenário desse tipo pode realmente acontecer envolvendo zika e dengue, embora ele pareça estar por trás do maior risco de dengue hemorrágica depois que alguém é infectado por dois ou mais tipos diferentes do vírus dessa doença. Seja como for, pequenos ajustes na conformação da molécula podem minimizar o risco do problema, bem como aumentar a "durabilidade" dos anticorpos na circulação sanguínea. No teste final, feito com oito macacos-resos (da espécie Macaca mulata), metade dos primatas recebeu injeções com o vírus da zika e, um dia depois, doses do coquetel de anticorpos específicos contra o invasor viral, enquanto os outros bichos infectados só receberam injeções de um anticorpo genérico que não age contra a zika. A multiplicação do vírus foi totalmente barrada no primeiro grupo, coisa que não se deu no segundo grupo de animais. LONGO PRAZO Apesar do sucesso da estratégia, Kallás lembra que ainda falta um processo longo e caro para que os testes em seres humanos comecem. É preciso produzir os anticorpos com rigoroso grau de pureza, garantindo, por exemplo, que eles não afetem células humanas por engano. Para avançar, a equipe precisará de parcerias com a iniciativa privada. Além disso, o pesquisador destaca que, num momento em que o financiamento à ciência no Brasil vai de mal a pior, é preciso levar em conta que resultados como esses dependem de investimentos de longo prazo. "A gente nunca começa do zero esse tipo de coisa. Eu trabalho com o David Watkins [coordenador da pesquisa na Universidade de Miami] desde 2005, e a ideia original era trabalhar com dengue, não com zika. Mas, quando a crise ligada à zika começou, nós já estávamos preparados. A estrutura e a cooperação necessárias para descobertas assim nunca surgem de imediato. A restrição de investimentos do governo está gerando um fruto podre que vai acabar caindo daqui a alguns anos", compara. - 1) O primeiro passo da equipe foi obter informações sobre os anticorpos produzidos no organismo de uma pessoa da Colômbia que tinha sido infectada pelo vírus zika 2) A partir dessa análise, eles identificaram três anticorpos diferentes que mostraram maior capacidade de neutralizar o vírus 3) O trio de anticorpos foi injetado num grupo de quatro macacos-resos, que também foi infectado com uma cepa do zika originalmente isolada de uma grávida do Rio de Janeiro; outros quatro primatas receberam o zika, mas não os anticorpos 4) Os animais que receberam os anticorpos ficaram totalmente protegidos da ação do vírus, ao contrário do que ocorreu com o outro grupo de macacos | ciencia | Soro antizika previne doença em macacosAnticorpos produzidos em laboratório conseguiram bloquear totalmente a ação do vírus da zika em macacos. O resultado, relatado por pesquisadores no Brasil e nos EUA, ainda está longe da aplicação em seres humanos, mas mostra que seria possível proteger grávidas e seus futuros bebês da ação viral por meio de um coquetel de anticorpos desse tipo. A estratégia, descrita em artigo na mais recente edição da revista especializada "Science Translational Medicine", foi idealizada por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da USP e da Universidade de Miami, entre outras instituições. Um ponto importante é que a equipe conseguiu aumentar o tempo de circulação dos anticorpos no organismo, o que, consequentemente, também traria proteção mais duradoura para os pacientes. "Com isso, poderíamos cobrir uma gestação inteira com apenas duas ou três injeções de anticorpos", diz Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores brasileiros da pesquisa. DA COLÔMBIA AO RIO Para chegar à formulação que teve sucesso no teste em macacos, os pesquisadores começaram obtendo uma lista de 91 anticorpos derivados do organismo de um paciente colombiano que havia sido infectado com o causador da doença. A ideia era testar a eficácia dessas moléculas de defesa do organismo contra a ação de uma variante do vírus presente no organismo de uma grávida do Rio. Quando um novo vírus começa a invadir as células de uma pessoa, começa a produção de diferentes formas de anticorpos, cada um deles com potencial diferente para se ligar às partículas virais e neutralizar a ação delas. Ao testar as 91 moléculas do paciente colombiano, em busca das que conseguiam reduzir em pelo menos 80% a taxa de infecção pela zika in vitro, a equipe brasileiro-americana acabou identificando três anticorpos especialmente potentes, que pareciam os mais promissores. Antes de partir para o teste em animais, porém, os pesquisadores decidiram fazer alguns ajustes nessas moléculas. Existe, por exemplo, o risco de que um anticorpo acabe facilitando o trabalho de um vírus, em vez de derrotá-lo. Digamos que uma pessoa que já teve dengue seja infectada pelo vírus da zika, que é aparentado ao causador da dengue. Nesses casos, é possível que os anticorpos contra dengue que essa pessoa já possuía acabem se ligando ao causador da zika - mas sem neutralizá-lo para valer. Pior ainda, enquanto uma ponta da molécula de anticorpo está ligada ao vírus, a outra pode estar ligada a determinadas células de defesa do organismo. "Desse jeito, o anticorpo serve como cavalo-de-troia, jogando o vírus inteiro para dentro da célula" e facilitando sua multiplicação, explica Kallás. Ainda não se sabe se um cenário desse tipo pode realmente acontecer envolvendo zika e dengue, embora ele pareça estar por trás do maior risco de dengue hemorrágica depois que alguém é infectado por dois ou mais tipos diferentes do vírus dessa doença. Seja como for, pequenos ajustes na conformação da molécula podem minimizar o risco do problema, bem como aumentar a "durabilidade" dos anticorpos na circulação sanguínea. No teste final, feito com oito macacos-resos (da espécie Macaca mulata), metade dos primatas recebeu injeções com o vírus da zika e, um dia depois, doses do coquetel de anticorpos específicos contra o invasor viral, enquanto os outros bichos infectados só receberam injeções de um anticorpo genérico que não age contra a zika. A multiplicação do vírus foi totalmente barrada no primeiro grupo, coisa que não se deu no segundo grupo de animais. LONGO PRAZO Apesar do sucesso da estratégia, Kallás lembra que ainda falta um processo longo e caro para que os testes em seres humanos comecem. É preciso produzir os anticorpos com rigoroso grau de pureza, garantindo, por exemplo, que eles não afetem células humanas por engano. Para avançar, a equipe precisará de parcerias com a iniciativa privada. Além disso, o pesquisador destaca que, num momento em que o financiamento à ciência no Brasil vai de mal a pior, é preciso levar em conta que resultados como esses dependem de investimentos de longo prazo. "A gente nunca começa do zero esse tipo de coisa. Eu trabalho com o David Watkins [coordenador da pesquisa na Universidade de Miami] desde 2005, e a ideia original era trabalhar com dengue, não com zika. Mas, quando a crise ligada à zika começou, nós já estávamos preparados. A estrutura e a cooperação necessárias para descobertas assim nunca surgem de imediato. A restrição de investimentos do governo está gerando um fruto podre que vai acabar caindo daqui a alguns anos", compara. - 1) O primeiro passo da equipe foi obter informações sobre os anticorpos produzidos no organismo de uma pessoa da Colômbia que tinha sido infectada pelo vírus zika 2) A partir dessa análise, eles identificaram três anticorpos diferentes que mostraram maior capacidade de neutralizar o vírus 3) O trio de anticorpos foi injetado num grupo de quatro macacos-resos, que também foi infectado com uma cepa do zika originalmente isolada de uma grávida do Rio de Janeiro; outros quatro primatas receberam o zika, mas não os anticorpos 4) Os animais que receberam os anticorpos ficaram totalmente protegidos da ação do vírus, ao contrário do que ocorreu com o outro grupo de macacos | 15 |
Um ianomâmi baleado | Ofuscada pela dimensão do garimpo de Serra Pelada, pouco se falou de uma outra corrida pelo ouro que acontecia na Amazônia na segunda metade da década de 1980. Em menos de dois anos cerca de cem pistas clandestinas para aviões de garimpo foram abertas em Roraima, numa área que viria a integrar o território ianomâmi. Com essa invasão, os choques e conflitos entre garimpeiros e indígenas eram inevitáveis. Em 1988, junto com o jornalista e amigo Ricardo Lessa estávamos baseados em Boa Vista procurando acessar e documentar aquele avanço como parte de nosso trabalho sobre a ocupação da Amazônia. Um dos contatos locais era Carlo Zacquini, missionário que convivia desde 1965 com os ianomâmis. Fotógrafo amador, Carlo tinha colocado Claudia Andujar em contato com os indígenas em 1970, quando ela trabalhava em um ensaio para a revista "Realidade". Enquanto tentávamos acessar a zona conflagrada, os missionários estavam impedidos de acessar o território e os garimpeiros decolavam de pistas não oficias nos arredores de Boa Vista, em pequenos monomotores sem porta, preparados para voos de lançamento de cargas e apoio aos garimpos clandestinos. Certo dia, Carlo nos chama e pergunta se queremos fotografar um ianomâmi baleado. Era preciso agir rápido e discretamente porque as autoridades policiais tentavam encobrir o ocorrido. Fui com Carlo até o pronto-socorro. Os ianomâmis são coletores, de aparência bela e delicada. A imagem daquele jovem pós-operado, em um quarto limpo, deitado sobre roupa de cama azul, vestido num pijama listrado e colorido, nos dizia que ele estava muito bem cuidado. Mas uma cicatriz enorme em seu abdômen recém costurado, escondia uma história brutal. Fizemos as fotos rapidamente e saímos dali antes de sermos descobertos. Inédita a imagem permaneceu por mais de 20 anos e nunca mais revi Carlo ou soube do destino daquele jovem. Em 2014, enquanto preparava a exposição "Amazônia Ocupada", reencontrei Claudia e Carlo em São Paulo e contei que guardava aquela imagem. Carlo se interessou em vê-la –"as minhas fotos não ficaram boas", ele me disse. Marcamos, então, e fui com as fotos da exposição até o apartamento de Claudia. Ela olhava as imagens com atenção e com econômicos comentários esporádicos com seu sotaque magiar: "Bônito". Quando a fotografia do ianomâmi surgiu, Carlo nos contou com minúcias a história de como aquele quase menino havia sido alvejado em seu primeiro contato com o homem branco. Enquanto caçava, ele havia subido em uma árvore para recuperar uma flecha e, lá em cima, ouviu um grupo de garimpeiros que passava embaixo, de onde veio o grito: "Macaco!", e o disparo de uma arma. O jovem caiu no chão baleado, sangrando. Os garimpeiros fugiram, e ele foi carregado pelo pessoal de sua aldeia até uma clareira onde os pilotos de garimpo, para salvá-lo, o colocaram em seu helicóptero e o carregaram até uma das pistas de pouso de monomotores. Dali, novamente por compaixão, ele foi transportado até Boa Vista, e uma cirurgia de emergência lhe salvou a vida. Uma imagem torna-se simbólica quando resume metaforicamente uma história complexa. No caso desta imagem, aquele quarto limpo, lençóis coloridos e o corpo delicado contrastam com a brutalidade de uma cicatriz desproporcional rasgada em sua pele. Na história revelada 25 anos depois, a violência gratuita daqueles garimpeiros se contrapõe à solidariedade e compaixão dos que salvaram um ianomâmi. Minha emoção veio pela maneira como a história chegou até minha câmera, quase como se todo aquele resgate tivesse acontecido não apenas para salvar uma vida mas para que aquela história fosse registrada, contada e eu pudesse ter sido parte de sua perpetuação. Carlo nos contou ainda que aquele índio está vivo, em sua aldeia, em território ianomâmi, território que ele e Claudia ajudaram a demarcar, constituir e proteger. JOÃO FARKAS, 60, é fotógrafo e lança o livro "Amazônia Ocupada" (Edições Sesc e editora Madalena) no dia 18/11, às 19h, na galeria Marcelo Guarnieri, onde expõe cerca de 30 fotografias da região feitas entre 1986 e 1993. | ilustrissima | Um ianomâmi baleadoOfuscada pela dimensão do garimpo de Serra Pelada, pouco se falou de uma outra corrida pelo ouro que acontecia na Amazônia na segunda metade da década de 1980. Em menos de dois anos cerca de cem pistas clandestinas para aviões de garimpo foram abertas em Roraima, numa área que viria a integrar o território ianomâmi. Com essa invasão, os choques e conflitos entre garimpeiros e indígenas eram inevitáveis. Em 1988, junto com o jornalista e amigo Ricardo Lessa estávamos baseados em Boa Vista procurando acessar e documentar aquele avanço como parte de nosso trabalho sobre a ocupação da Amazônia. Um dos contatos locais era Carlo Zacquini, missionário que convivia desde 1965 com os ianomâmis. Fotógrafo amador, Carlo tinha colocado Claudia Andujar em contato com os indígenas em 1970, quando ela trabalhava em um ensaio para a revista "Realidade". Enquanto tentávamos acessar a zona conflagrada, os missionários estavam impedidos de acessar o território e os garimpeiros decolavam de pistas não oficias nos arredores de Boa Vista, em pequenos monomotores sem porta, preparados para voos de lançamento de cargas e apoio aos garimpos clandestinos. Certo dia, Carlo nos chama e pergunta se queremos fotografar um ianomâmi baleado. Era preciso agir rápido e discretamente porque as autoridades policiais tentavam encobrir o ocorrido. Fui com Carlo até o pronto-socorro. Os ianomâmis são coletores, de aparência bela e delicada. A imagem daquele jovem pós-operado, em um quarto limpo, deitado sobre roupa de cama azul, vestido num pijama listrado e colorido, nos dizia que ele estava muito bem cuidado. Mas uma cicatriz enorme em seu abdômen recém costurado, escondia uma história brutal. Fizemos as fotos rapidamente e saímos dali antes de sermos descobertos. Inédita a imagem permaneceu por mais de 20 anos e nunca mais revi Carlo ou soube do destino daquele jovem. Em 2014, enquanto preparava a exposição "Amazônia Ocupada", reencontrei Claudia e Carlo em São Paulo e contei que guardava aquela imagem. Carlo se interessou em vê-la –"as minhas fotos não ficaram boas", ele me disse. Marcamos, então, e fui com as fotos da exposição até o apartamento de Claudia. Ela olhava as imagens com atenção e com econômicos comentários esporádicos com seu sotaque magiar: "Bônito". Quando a fotografia do ianomâmi surgiu, Carlo nos contou com minúcias a história de como aquele quase menino havia sido alvejado em seu primeiro contato com o homem branco. Enquanto caçava, ele havia subido em uma árvore para recuperar uma flecha e, lá em cima, ouviu um grupo de garimpeiros que passava embaixo, de onde veio o grito: "Macaco!", e o disparo de uma arma. O jovem caiu no chão baleado, sangrando. Os garimpeiros fugiram, e ele foi carregado pelo pessoal de sua aldeia até uma clareira onde os pilotos de garimpo, para salvá-lo, o colocaram em seu helicóptero e o carregaram até uma das pistas de pouso de monomotores. Dali, novamente por compaixão, ele foi transportado até Boa Vista, e uma cirurgia de emergência lhe salvou a vida. Uma imagem torna-se simbólica quando resume metaforicamente uma história complexa. No caso desta imagem, aquele quarto limpo, lençóis coloridos e o corpo delicado contrastam com a brutalidade de uma cicatriz desproporcional rasgada em sua pele. Na história revelada 25 anos depois, a violência gratuita daqueles garimpeiros se contrapõe à solidariedade e compaixão dos que salvaram um ianomâmi. Minha emoção veio pela maneira como a história chegou até minha câmera, quase como se todo aquele resgate tivesse acontecido não apenas para salvar uma vida mas para que aquela história fosse registrada, contada e eu pudesse ter sido parte de sua perpetuação. Carlo nos contou ainda que aquele índio está vivo, em sua aldeia, em território ianomâmi, território que ele e Claudia ajudaram a demarcar, constituir e proteger. JOÃO FARKAS, 60, é fotógrafo e lança o livro "Amazônia Ocupada" (Edições Sesc e editora Madalena) no dia 18/11, às 19h, na galeria Marcelo Guarnieri, onde expõe cerca de 30 fotografias da região feitas entre 1986 e 1993. | 14 |
Contra o Red Bull, Cuca testa terceiro time em três partidas no Palmeiras | O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, tem um lema que seu novo técnico, Cuca, parece ter adotado rapidamente: pode-se errar por ação, mas não por omissão. Em seu terceiro jogo à frente do clube, contra o Red Bull Brasil, nesta quinta-feira (24), o treinador deve promover mais uma série de mudanças na equipe titular, esboçadas nos treinos de terça (22) e quarta-feira (23). Na lateral direita, Lucas reassumirá a posição após passar a semana fazendo trabalho de recondicionamento físico. Ele teve má atuação contra o Nacional (URU), na estreia com derrota de Cuca, e então deu lugar a João Pedro no final de semana, contra o Audax, em novo revés. O jovem jogador também decepcionou, e por isso Lucas terá nova chance. "Não estou na minha melhor fase. Sei que posso melhorar, e é em busca disso que eu trabalho. Estou tentando melhorar", disse Lucas nesta quarta-feira. Outras novidades que devem surgir no time titular são o lateral esquerdo Egídio, já que Zé Roberto tem sido poupado nos últimos treinos, o volante Jean, no lugar de Gabriel, e os atacantes Erik e Rafael Marques, nos lugares de Gabriel Jesus, que estará a serviço da seleção sub-20 em amistosos, e Alecsandro, que ficará no banco de reservas. O centroavante Barrios também é desfalque, convocado para a seleção do Paraguai para jogo das eliminatórias da Copa de 2018 contra a seleção brasileira. No treino desta quarta-feira, Cuca testou Rafael Marques como centroavante. Em entrevistas no passado, o atleta já declarou não gostar de jogar na posição, mas o treinador tem a intenção de aproveitar a mobilidade e o domínio de bola que o caracterizam para dar mais dinamismo ao ataque alviverde. Recuperados de problemas físicos, o zagueiro Leandro Almeida e o meia Allione voltaram a ser relacionados. Devido a concertos das bandas Maroon 5 (dias 17 e 19 de março) e Iron Maiden (26) no Allianz Parque, Cuca terá seus primeiros encontros com a torcida palmeirense no Pacaembu. Até esta terça, 11 mil ingressos já haviam sido vendidos para a partida contra o Red Bull. Os bilhetes para o confronto contra o Rio Claro (31) começarão a ser comercializados na próxima semana. * PALMEIRAS Prass; Lucas, Edu Dracena, Vitor Hugo e Egídio; Arouca, Jean e Robinho; Dudu, Erik e Rafael Marques. T.: Cuca RED BULL BRASIL Saulo; E. Silva, A. Marques, D. Sacoman e B. Lopes; N. Carandina, Maylson e T. Galhardo; Misael, Edmilson e Roger. T.: Mauricio Barbieri Estádio: Pacaembu/ Árbitro: Rodrigo do Amaral/ TV: 20h30, pay-per-view | esporte | Contra o Red Bull, Cuca testa terceiro time em três partidas no PalmeirasO presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, tem um lema que seu novo técnico, Cuca, parece ter adotado rapidamente: pode-se errar por ação, mas não por omissão. Em seu terceiro jogo à frente do clube, contra o Red Bull Brasil, nesta quinta-feira (24), o treinador deve promover mais uma série de mudanças na equipe titular, esboçadas nos treinos de terça (22) e quarta-feira (23). Na lateral direita, Lucas reassumirá a posição após passar a semana fazendo trabalho de recondicionamento físico. Ele teve má atuação contra o Nacional (URU), na estreia com derrota de Cuca, e então deu lugar a João Pedro no final de semana, contra o Audax, em novo revés. O jovem jogador também decepcionou, e por isso Lucas terá nova chance. "Não estou na minha melhor fase. Sei que posso melhorar, e é em busca disso que eu trabalho. Estou tentando melhorar", disse Lucas nesta quarta-feira. Outras novidades que devem surgir no time titular são o lateral esquerdo Egídio, já que Zé Roberto tem sido poupado nos últimos treinos, o volante Jean, no lugar de Gabriel, e os atacantes Erik e Rafael Marques, nos lugares de Gabriel Jesus, que estará a serviço da seleção sub-20 em amistosos, e Alecsandro, que ficará no banco de reservas. O centroavante Barrios também é desfalque, convocado para a seleção do Paraguai para jogo das eliminatórias da Copa de 2018 contra a seleção brasileira. No treino desta quarta-feira, Cuca testou Rafael Marques como centroavante. Em entrevistas no passado, o atleta já declarou não gostar de jogar na posição, mas o treinador tem a intenção de aproveitar a mobilidade e o domínio de bola que o caracterizam para dar mais dinamismo ao ataque alviverde. Recuperados de problemas físicos, o zagueiro Leandro Almeida e o meia Allione voltaram a ser relacionados. Devido a concertos das bandas Maroon 5 (dias 17 e 19 de março) e Iron Maiden (26) no Allianz Parque, Cuca terá seus primeiros encontros com a torcida palmeirense no Pacaembu. Até esta terça, 11 mil ingressos já haviam sido vendidos para a partida contra o Red Bull. Os bilhetes para o confronto contra o Rio Claro (31) começarão a ser comercializados na próxima semana. * PALMEIRAS Prass; Lucas, Edu Dracena, Vitor Hugo e Egídio; Arouca, Jean e Robinho; Dudu, Erik e Rafael Marques. T.: Cuca RED BULL BRASIL Saulo; E. Silva, A. Marques, D. Sacoman e B. Lopes; N. Carandina, Maylson e T. Galhardo; Misael, Edmilson e Roger. T.: Mauricio Barbieri Estádio: Pacaembu/ Árbitro: Rodrigo do Amaral/ TV: 20h30, pay-per-view | 3 |
Domingos viveria seu primeiro vilão, mas acabou ganhando papel de herói | Domingos Montagner não estava escalado inicialmente para viver o protagonista herói Santo dos Anjos, de "Velho Chico". Ele seria um político inescrupuloso em "A Lei do Amor", novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, que estrearia antes de "Velho Chico", mas que foi adiada pela Globo. Em setembro do ano passado, durante o lançamento da série "Romance Policial - Espinosa", do GNT, na qual interpretou o detetive homônimo dos livros de Garcia-Roza, Montagner comentou com a Folha que estava animado para fazer o seu primeiro vilão na televisão. Principalmente por causa do contexto político do Brasil. Um mês depois, com a inversão da ordem das novelas na Globo, uma surpresa. Domingos foi tirado do elenco de "A Lei do Amor" para virar o protagonista de "Velho Chico". "Seria bacana fazer meu primeiro vilão, mas também nunca tinha feito um herói e estou achando tão interessante quanto", disse ele à Folha, em abril. Para ele, interpretar o herói carismático nos dias atuais era algo complicado. "Não falo pelos atores, mas pela dramaturgia. É difícil ver um herói bem construído, passar credibilidade." O ator contou que para o trabalho de composição de Santo dentro desse arquétipo do herói, o diretor Luiz Fernando Carvalho havia passado a orientação para o personagem ser de um caminho de luz. "Ele leva a importância do amor para qualquer conflito. É o amor que conduz o Santo", disse Domingos. Na festa de lançamento de "Velho Chico", um mês antes desse encontro com a reportagem, Domingos já mostrava seu grau de envolvimento com a trama de Benedito Ruy Barbosa. Ao ouvir o autor falar sobre a importância do amor ao ver as primeiras imagens do folhetim, a Folha presenciou Domingos indo às lágrimas. Leia também: Atores de 'Velho Chico', nova novela da Globo, fazem experiências em galpão A novela foi a primeira de Benedito da qual ele participava. "Ele tem um escrita que busca a ancestralidade, é uma escrita de raiz", falou, ressaltando o caráter épico da trama. O épico é uma coisa que sempre encanta as pessoas porque leva para o aspecto da superação. Para o país é uma coisa boa da gente falar." Para o ator, a crítica social em "Velho Chico" era inteligente porque escolhia o afeto. "Falamos de questões importantes do país que precisam ser vistas de maneira urgente, mas isso é feito por meio do amor, não do rancor. É um caminho mais eficiente até o coração do público." | ilustrada | Domingos viveria seu primeiro vilão, mas acabou ganhando papel de heróiDomingos Montagner não estava escalado inicialmente para viver o protagonista herói Santo dos Anjos, de "Velho Chico". Ele seria um político inescrupuloso em "A Lei do Amor", novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, que estrearia antes de "Velho Chico", mas que foi adiada pela Globo. Em setembro do ano passado, durante o lançamento da série "Romance Policial - Espinosa", do GNT, na qual interpretou o detetive homônimo dos livros de Garcia-Roza, Montagner comentou com a Folha que estava animado para fazer o seu primeiro vilão na televisão. Principalmente por causa do contexto político do Brasil. Um mês depois, com a inversão da ordem das novelas na Globo, uma surpresa. Domingos foi tirado do elenco de "A Lei do Amor" para virar o protagonista de "Velho Chico". "Seria bacana fazer meu primeiro vilão, mas também nunca tinha feito um herói e estou achando tão interessante quanto", disse ele à Folha, em abril. Para ele, interpretar o herói carismático nos dias atuais era algo complicado. "Não falo pelos atores, mas pela dramaturgia. É difícil ver um herói bem construído, passar credibilidade." O ator contou que para o trabalho de composição de Santo dentro desse arquétipo do herói, o diretor Luiz Fernando Carvalho havia passado a orientação para o personagem ser de um caminho de luz. "Ele leva a importância do amor para qualquer conflito. É o amor que conduz o Santo", disse Domingos. Na festa de lançamento de "Velho Chico", um mês antes desse encontro com a reportagem, Domingos já mostrava seu grau de envolvimento com a trama de Benedito Ruy Barbosa. Ao ouvir o autor falar sobre a importância do amor ao ver as primeiras imagens do folhetim, a Folha presenciou Domingos indo às lágrimas. Leia também: Atores de 'Velho Chico', nova novela da Globo, fazem experiências em galpão A novela foi a primeira de Benedito da qual ele participava. "Ele tem um escrita que busca a ancestralidade, é uma escrita de raiz", falou, ressaltando o caráter épico da trama. O épico é uma coisa que sempre encanta as pessoas porque leva para o aspecto da superação. Para o país é uma coisa boa da gente falar." Para o ator, a crítica social em "Velho Chico" era inteligente porque escolhia o afeto. "Falamos de questões importantes do país que precisam ser vistas de maneira urgente, mas isso é feito por meio do amor, não do rancor. É um caminho mais eficiente até o coração do público." | 6 |
Físico americano escreve livro criticando descobertas do passado | Um Céu Mais Perfeito O livro fica no meio do caminho entre o perfil biográfico, a divulgação científica e a dramaturgia. A competência de Dava Sobel está estabelecida desde "A Filha de Galileu" (2000), em que ela conta a vida do astrônomo a partir das cartas de uma filha. Em "Um Céu Mais Perfeito", sobre Copérnico, a jornalista americana confirma seu domínio narrativo, mas a obra perde com a hesitação entre os gêneros literários. A autora reconstrói o ambiente europeu do início do século 16 para dar o devido valor à revolução que significou a teoria heliocêntrica, mas não acrescenta "insights". O diferencial é o encontro entre o já idoso Copérnico e Rheticus, o jovem matemático que o convenceu a publicar sua obra. Como pouco se sabe dessa relação, Sobel optou por inventar diálogos, o que funciona para transmitir informação, mas não entusiasma como peça. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Dava Sobel TRADUÇÃO: Ana Claudia Ferrari EDITORA: Companhia das Letras QUANTO: R$ 56,90 (328 págs.) e R$ 39,90 (e-book) AVALIAÇÃO: regular * Para Explicar o Mundo O físico Steven Weinberg critica as realizações da ciência no passado a partir do conhecimento atual, método que um historiador condenaria pelo anacronismo. Ciente do "pecado", o prêmio Nobel se defende, esclarecendo ter escrito uma "história irreverente". Nesse diapasão, considera que os gregos, com seu esnobismo intelectual, tinham uma atitude que prejudicou grande parte da história da ciência. Weinberg enfatiza que a ciência moderna se diferencia pela exigência de que os pesquisadores verifiquem suas especulações. Ele admite que, como os gregos, "buscamos beleza em nossas teorias e utilizamos juízos estéticos como guia em nossa pesquisa", mas, ao contrário dos antigos, "não tomamos a beleza de uma teoria como prova convincente de sua verdade". Com um estilo acessível ao leigo, Weinberg também se dirige aos iniciados, dedicando as cem páginas finais a notas técnicas. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Steven Weinberg TRADUÇÃO: Denise Bottmann EDITORA: Companhia das Letras QUANTO: R$ 49,90 (496 págs.) e R$ 34,90 (e-book) AVALIAÇÃO: bom * A Teoria Que Não Morreria A teoria a que se refere o título é a Lei de Bayes, elaborada em meados do século 18 e depois abandonada, inclusive pelo próprio autor, o reverendo Thomas Bayes. Sharon McGrayne resume em uma linha o teorema: "Atualizando nossa crença inicial sobre algo com novas informações objetivas, temos uma opinião nova e melhorada". É sobre essa formulação, mais tarde chamada de "probabilidade de causas", que se ergueriam os pilares da criptografia e da computação. Esquecida durante um século e meio, a Lei de Bayes foi desenterrada pelo matemático Alan Turing para quebrar os complexos códigos de segurança da máquina de guerra nazista. Desde então, seus princípios vêm sendo usados em vários campos, inclusive a medicina preventiva. Apesar de algumas digressões, a autora estabelece conexões consistentes entre o princípio antigo e suas modernas aplicações. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Sharon Bertsch McGrayne TRADUÇÃO: Gita K. Guinsburg e Marcio Honorio de Godoy EDITORA: Perspectiva QUANTO: R$ 88 (480 págs.) AVALIAÇÃO: bom | guia-de-livros-discos-filmes | Físico americano escreve livro criticando descobertas do passadoUm Céu Mais Perfeito O livro fica no meio do caminho entre o perfil biográfico, a divulgação científica e a dramaturgia. A competência de Dava Sobel está estabelecida desde "A Filha de Galileu" (2000), em que ela conta a vida do astrônomo a partir das cartas de uma filha. Em "Um Céu Mais Perfeito", sobre Copérnico, a jornalista americana confirma seu domínio narrativo, mas a obra perde com a hesitação entre os gêneros literários. A autora reconstrói o ambiente europeu do início do século 16 para dar o devido valor à revolução que significou a teoria heliocêntrica, mas não acrescenta "insights". O diferencial é o encontro entre o já idoso Copérnico e Rheticus, o jovem matemático que o convenceu a publicar sua obra. Como pouco se sabe dessa relação, Sobel optou por inventar diálogos, o que funciona para transmitir informação, mas não entusiasma como peça. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Dava Sobel TRADUÇÃO: Ana Claudia Ferrari EDITORA: Companhia das Letras QUANTO: R$ 56,90 (328 págs.) e R$ 39,90 (e-book) AVALIAÇÃO: regular * Para Explicar o Mundo O físico Steven Weinberg critica as realizações da ciência no passado a partir do conhecimento atual, método que um historiador condenaria pelo anacronismo. Ciente do "pecado", o prêmio Nobel se defende, esclarecendo ter escrito uma "história irreverente". Nesse diapasão, considera que os gregos, com seu esnobismo intelectual, tinham uma atitude que prejudicou grande parte da história da ciência. Weinberg enfatiza que a ciência moderna se diferencia pela exigência de que os pesquisadores verifiquem suas especulações. Ele admite que, como os gregos, "buscamos beleza em nossas teorias e utilizamos juízos estéticos como guia em nossa pesquisa", mas, ao contrário dos antigos, "não tomamos a beleza de uma teoria como prova convincente de sua verdade". Com um estilo acessível ao leigo, Weinberg também se dirige aos iniciados, dedicando as cem páginas finais a notas técnicas. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Steven Weinberg TRADUÇÃO: Denise Bottmann EDITORA: Companhia das Letras QUANTO: R$ 49,90 (496 págs.) e R$ 34,90 (e-book) AVALIAÇÃO: bom * A Teoria Que Não Morreria A teoria a que se refere o título é a Lei de Bayes, elaborada em meados do século 18 e depois abandonada, inclusive pelo próprio autor, o reverendo Thomas Bayes. Sharon McGrayne resume em uma linha o teorema: "Atualizando nossa crença inicial sobre algo com novas informações objetivas, temos uma opinião nova e melhorada". É sobre essa formulação, mais tarde chamada de "probabilidade de causas", que se ergueriam os pilares da criptografia e da computação. Esquecida durante um século e meio, a Lei de Bayes foi desenterrada pelo matemático Alan Turing para quebrar os complexos códigos de segurança da máquina de guerra nazista. Desde então, seus princípios vêm sendo usados em vários campos, inclusive a medicina preventiva. Apesar de algumas digressões, a autora estabelece conexões consistentes entre o princípio antigo e suas modernas aplicações. (OSCAR PILAGALLO) AUTOR: Sharon Bertsch McGrayne TRADUÇÃO: Gita K. Guinsburg e Marcio Honorio de Godoy EDITORA: Perspectiva QUANTO: R$ 88 (480 págs.) AVALIAÇÃO: bom | 28 |
Beco do Batman ganha primeira exposição em realidade aumentada | Estreia no próximo dia 7 a exposição "Compulsivo Surreal", de Binho Ribeiro, um dos pioneiros do grafite na América Latina. É a primeira exposição de street art no Brasil em realidade aumentada. A tecnologia, muito utilizada em games e aplicativos para celular, integra elementos reais - filmados por intermédio da câmera de um dispositivo móvel - a elementos virtuais, posicionados de acordo com sensores de movimento. Desta forma, o usuário consegue ver o mundo real através da tela, mas com o elemento virtual sobreposto a ele, interagindo com o ambiente ao seu redor. Realizada no Espaço Cultural Rua da Alma, no complexo do Beco do Batman, a exposição conta com 10 obras físicas do artista, incluindo telas e objetos como um capacete e uma prancha personalizados. A realidade aumentada será utilizada para encontrar outras três obras espalhadas pelo Beco, tendo como recompensa o download do print de uma das telas do autor. O conceito da exposição, segundo Ribeiro, é representar animais de maneira surrealista, brincando com cores e fragmentação de corpos. Sobre o 'compulsivo' do nome, ele explica que "tem um significado pessoal ligado à grande frequência que eu produzo, à necessidade humana que eu tenho em executar essa produção, em sair da realidade". A exposição vai até 7 de agosto e fica aberta de terça a domingo, das 11h às 19h, na Rua Gonçalo Afonso, 96, no bairro da Vila Madalena. | serafina | Beco do Batman ganha primeira exposição em realidade aumentadaEstreia no próximo dia 7 a exposição "Compulsivo Surreal", de Binho Ribeiro, um dos pioneiros do grafite na América Latina. É a primeira exposição de street art no Brasil em realidade aumentada. A tecnologia, muito utilizada em games e aplicativos para celular, integra elementos reais - filmados por intermédio da câmera de um dispositivo móvel - a elementos virtuais, posicionados de acordo com sensores de movimento. Desta forma, o usuário consegue ver o mundo real através da tela, mas com o elemento virtual sobreposto a ele, interagindo com o ambiente ao seu redor. Realizada no Espaço Cultural Rua da Alma, no complexo do Beco do Batman, a exposição conta com 10 obras físicas do artista, incluindo telas e objetos como um capacete e uma prancha personalizados. A realidade aumentada será utilizada para encontrar outras três obras espalhadas pelo Beco, tendo como recompensa o download do print de uma das telas do autor. O conceito da exposição, segundo Ribeiro, é representar animais de maneira surrealista, brincando com cores e fragmentação de corpos. Sobre o 'compulsivo' do nome, ele explica que "tem um significado pessoal ligado à grande frequência que eu produzo, à necessidade humana que eu tenho em executar essa produção, em sair da realidade". A exposição vai até 7 de agosto e fica aberta de terça a domingo, das 11h às 19h, na Rua Gonçalo Afonso, 96, no bairro da Vila Madalena. | 25 |
Nas ruas de Teerã, iranianos se dizem otimistas com fim das sanções | Quando saiu o anúncio de que as sanções econômicas contra o Irã seriam revogadas, pouco parecia ter mudado nas ruas de Teerã, capital do país persa. Já passava de meia-noite no horário local e a maioria dos iranianos não acompanhou a notícia que tem potencial para tirar o país de um longo isolamento econômico. Mas na manhã neste domingo (16), o clima nas ruas era de majoritariamente de otimismo. Muitos moradores da capital expressaram otimismo com o futuro econômico do país. A revogação das sanções econômicas abre caminho para o país persa se integrar à economia mundial, além de acesso a cerca de US$ 100 bilhões em bens congelados. A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu. "Inacreditável! Este é um dia sem sanções após anos", disse o taxista Reza Khoei. "Eu perdi meu trabalho como técnico em um complexo petroquímico no sul do Irã por conta dessas malditas sanções", disse o iraniano. Fahimeh Lotfi, dona de casa e mãe de dois, disse estar muito feliz. "Agora nós somos como os outros países. Não mais precisamos ir para a cama toda noite nos preocupando com a piora da situação". "Bravo Rowhani!", resumiu Hassan Dehghani, 26, varredor de rua, se referindo ao presidente iraniano, Hassan Rowhani. "Eu espero que isso ajude a prefeitura a pagar meu salário no dia certo. Algumas vezes eles nos pagam com meses de atraso", disse. Mas nem todos estavam felizes. Hossein Barati, morador da capital, questionou a ressalva do acordo pela qual, se o Irã não cumprir suas obrigações futuras, as sanções podem ser restauradas. "Se os EUA restaurarem as sanções, Irã poderá restaurar seu programa nuclear?", perguntou, visivelmente irritado. "Não, ele não pode. Eles desmontaram todas as centrífugas [de processamento de urânio]. Quantos anos vamos levar para que o Irã restaure seu programa nuclear?." Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos. Nos jornais iranianos, o tom foi de otimismo. O estatal "Iran" trouxe na primeira página a manchete "O colapso das sanções". Já o pró-reforma "Shargh" trouxe fotos do chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e da chefe de Potlítica Externa da União Europeia, Federica Mogherini, com a manchete "Agora, sem sanções". Até mesmo o jornal de linha-dura "Kayhan" disse que é tempo da implementação das promessas do Ocidente. | mundo | Nas ruas de Teerã, iranianos se dizem otimistas com fim das sançõesQuando saiu o anúncio de que as sanções econômicas contra o Irã seriam revogadas, pouco parecia ter mudado nas ruas de Teerã, capital do país persa. Já passava de meia-noite no horário local e a maioria dos iranianos não acompanhou a notícia que tem potencial para tirar o país de um longo isolamento econômico. Mas na manhã neste domingo (16), o clima nas ruas era de majoritariamente de otimismo. Muitos moradores da capital expressaram otimismo com o futuro econômico do país. A revogação das sanções econômicas abre caminho para o país persa se integrar à economia mundial, além de acesso a cerca de US$ 100 bilhões em bens congelados. A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu. "Inacreditável! Este é um dia sem sanções após anos", disse o taxista Reza Khoei. "Eu perdi meu trabalho como técnico em um complexo petroquímico no sul do Irã por conta dessas malditas sanções", disse o iraniano. Fahimeh Lotfi, dona de casa e mãe de dois, disse estar muito feliz. "Agora nós somos como os outros países. Não mais precisamos ir para a cama toda noite nos preocupando com a piora da situação". "Bravo Rowhani!", resumiu Hassan Dehghani, 26, varredor de rua, se referindo ao presidente iraniano, Hassan Rowhani. "Eu espero que isso ajude a prefeitura a pagar meu salário no dia certo. Algumas vezes eles nos pagam com meses de atraso", disse. Mas nem todos estavam felizes. Hossein Barati, morador da capital, questionou a ressalva do acordo pela qual, se o Irã não cumprir suas obrigações futuras, as sanções podem ser restauradas. "Se os EUA restaurarem as sanções, Irã poderá restaurar seu programa nuclear?", perguntou, visivelmente irritado. "Não, ele não pode. Eles desmontaram todas as centrífugas [de processamento de urânio]. Quantos anos vamos levar para que o Irã restaure seu programa nuclear?." Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos. Nos jornais iranianos, o tom foi de otimismo. O estatal "Iran" trouxe na primeira página a manchete "O colapso das sanções". Já o pró-reforma "Shargh" trouxe fotos do chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e da chefe de Potlítica Externa da União Europeia, Federica Mogherini, com a manchete "Agora, sem sanções". Até mesmo o jornal de linha-dura "Kayhan" disse que é tempo da implementação das promessas do Ocidente. | 4 |
Armas são proibidas durante discurso de Trump em convenção de armas | Para os entusiásticos integrantes da Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês), a associação norte-americana que promove o direito ao porte de armas, um aspecto da presença do presidente Donald Trump em sua reunião anual foi motivo de decepção: a entrada de armas foi proibida. Na Geórgia, o porte de armas é permitido na maior parte dos lugares públicos, o que inclui o Centro Mundial de Congressos de Atlanta, onde a NRA está realizando sua reunião anual neste final de semana. Mas na maioria das visitas presidenciais a eventos, armas não são permitidas. A regra incomodou um pouco a alguns dos presentes nesta sexta-feira (28), por não poderem entrar no centro de convenções carregando qualquer das armas que estão acostumados a portar - o que inclui facas e spray de pimenta. No entanto, muitos deles imaginaram que estariam seguros mesmo assim, já que o local foi vasculhado horas antes do evento pelo Serviço Secreto, e havia cães policiais e detectores de metais fiscalizando a entrada dos participantes. "Se o presidente não estivesse aqui, estaríamos armados. Estamos no lugar mais seguro do mundo, no momento", disse Mark Swinson, instrutor certificado pela NRA e dono, com sua mulher, de uma empresa que treina pessoas para usar armas de fogo. Ainda assim, ele confessou que "me senti meio nu quando estava caminhando para cá", vindo de um hotel a alguns quarteirões de distância. A reunião da NRA acontece em um espaçoso centro de convenções a um quarteirão da sede da CNN e bem perto do Centennial Olympic Park, onde uma bomba foi detonada durante a olimpíada de 1996. A sede da CNN, que tem um restaurante aberto ao público no primeiro andar, também tem violência em seu histórico: em 2007, um atirador entrou no local e matou sua namorada, que trabalhava no hotel anexo. É parte das regras que armas de fogo não sejam autorizadas em locais que o presidente visita. O mesmo se aplica quando acontecem visitas de candidatos à presidência. Quando Trump discursou na reunião da NRA no ano passado, os espectadores tampouco estavam autorizados a portar armas. A NRA ofereceu armários gratuitos para que as pessoas guardassem suas armas quando estivessem visitando a área na qual Trump discursou, na sexta-feira. Nas outras partes do centro de convenções, não havia restrições, e depois da partida do presidente os visitantes estão autorizados a recuperar suas armas. Christopher Bernard, que vive perto de Palm Beach, Flórida, disse que não se incomodava em deixar a arma como precaução de segurança, para a visita do presidente. E Bill Scott, membro do Conselho de Esportes de Tiro do Estado do Utah, disse que só se preocuparia se não houvesse um reforça da segurança e dezenas de agentes do serviço secreto para oferecer proteção. "Se não houvesse nada disso neste evento, e me dissessem que não posso entrar armado, eu não aceitaria". Tradução de PAULO MIGLIACCI | mundo | Armas são proibidas durante discurso de Trump em convenção de armasPara os entusiásticos integrantes da Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês), a associação norte-americana que promove o direito ao porte de armas, um aspecto da presença do presidente Donald Trump em sua reunião anual foi motivo de decepção: a entrada de armas foi proibida. Na Geórgia, o porte de armas é permitido na maior parte dos lugares públicos, o que inclui o Centro Mundial de Congressos de Atlanta, onde a NRA está realizando sua reunião anual neste final de semana. Mas na maioria das visitas presidenciais a eventos, armas não são permitidas. A regra incomodou um pouco a alguns dos presentes nesta sexta-feira (28), por não poderem entrar no centro de convenções carregando qualquer das armas que estão acostumados a portar - o que inclui facas e spray de pimenta. No entanto, muitos deles imaginaram que estariam seguros mesmo assim, já que o local foi vasculhado horas antes do evento pelo Serviço Secreto, e havia cães policiais e detectores de metais fiscalizando a entrada dos participantes. "Se o presidente não estivesse aqui, estaríamos armados. Estamos no lugar mais seguro do mundo, no momento", disse Mark Swinson, instrutor certificado pela NRA e dono, com sua mulher, de uma empresa que treina pessoas para usar armas de fogo. Ainda assim, ele confessou que "me senti meio nu quando estava caminhando para cá", vindo de um hotel a alguns quarteirões de distância. A reunião da NRA acontece em um espaçoso centro de convenções a um quarteirão da sede da CNN e bem perto do Centennial Olympic Park, onde uma bomba foi detonada durante a olimpíada de 1996. A sede da CNN, que tem um restaurante aberto ao público no primeiro andar, também tem violência em seu histórico: em 2007, um atirador entrou no local e matou sua namorada, que trabalhava no hotel anexo. É parte das regras que armas de fogo não sejam autorizadas em locais que o presidente visita. O mesmo se aplica quando acontecem visitas de candidatos à presidência. Quando Trump discursou na reunião da NRA no ano passado, os espectadores tampouco estavam autorizados a portar armas. A NRA ofereceu armários gratuitos para que as pessoas guardassem suas armas quando estivessem visitando a área na qual Trump discursou, na sexta-feira. Nas outras partes do centro de convenções, não havia restrições, e depois da partida do presidente os visitantes estão autorizados a recuperar suas armas. Christopher Bernard, que vive perto de Palm Beach, Flórida, disse que não se incomodava em deixar a arma como precaução de segurança, para a visita do presidente. E Bill Scott, membro do Conselho de Esportes de Tiro do Estado do Utah, disse que só se preocuparia se não houvesse um reforça da segurança e dezenas de agentes do serviço secreto para oferecer proteção. "Se não houvesse nada disso neste evento, e me dissessem que não posso entrar armado, eu não aceitaria". Tradução de PAULO MIGLIACCI | 4 |
Grupo anti-Dilma exibe em painel lista de deputados contra impeachment | O Vem Pra Rua, um dos principais organizadores dos protestos antigoverno, inaugurou neste domingo (3) um painel para exibir os deputados federais contrários ou indecisos em relação à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A ação faz parte da estratégia do grupo de fazer com que congressistas se sintam pressionados por suas bases eleitorais. Para seguir ao Senado, o processo de impedimento precisa do apoio de ao menos 342 dos 513 deputados –o presidente da Casa não votaria, mas Eduardo Cunha decidiu romper a tradição. O ato foi realizado na avenida Paulista, em São Paulo, em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que distribuiu balões aos presentes. O Vem Pra Rua não divulgou estimativa de presentes, mas o público ocupou uma pista da avenida na altura da federação. O Vem Pra Rua pretende voltar a erguer o painel nas eleições para exibir os políticos que o grupo não recomenda. Um banner foi estendido em frente à Fiesp com todos os deputados eleitos por São Paulo que estão na lista negra do Vem Pra Rua. Ato na av. Paulista No banner, indecisos aparecem no alto, com a mensagem "vamos pressionar eles": Antonio Bulhões (PRB), Marcio Alvido (PR), Miguel Lombardi (PR), Milton Monti (PR), Nelson Marquezelli (PTB), Renata Abreu (PTN), Tiririca (PR) e Vinicius Carvalho (PRB). Os contrários ao impeachment aparecem abaixo, com a mensagem "nomes para nunca mais votar". São 14 parlamentares: Ana Perugini (PT), Vicente Candido (PT), Nilto Tatto (PT), Paulo Teixeira (PT), Luiza Erundina (PSOL), Carlos Zarattini (PT), Paulo Maluf (PP), Orlando Silva (PC do B), Arlindo Chinaglia (PT), José Mentor (PT), Vincentinho (PT), Ivan Valente (PSOL), Valmir Prascidelli (PT) e Andres Sanchez (PT). De acordo com Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua, a intenção é pressionar aqueles que estão se fazendo de indecisos para barganhar cargos com o governo. "O número de votos a favor [do impeachment] está muito apertado e o nome de votos contra está muito distante, então esse jogo não acabou e a gente precisa que a população esteja totalmente empenhada", declarou. "É fundamental que a população saiba quem são os parlamentares que estão a favor da maioria e quais são os que estão barganhando sua posição", acrescentou. Dilma concordou em aumentar no governo o espaço de aliados como PP e PR, considerados essenciais para brecar o impeachment. O Mapa do Impeachment, outra iniciativa do Vem Pra Rua, publica a posição dos congressistas na internet. Também com o objetivo de fazer pressão MBL (Movimento Brasil Livre), outro influente grupo antigoverno divulgou na internet o celular de três deputados que pretendem negociar cargos. | poder | Grupo anti-Dilma exibe em painel lista de deputados contra impeachmentO Vem Pra Rua, um dos principais organizadores dos protestos antigoverno, inaugurou neste domingo (3) um painel para exibir os deputados federais contrários ou indecisos em relação à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A ação faz parte da estratégia do grupo de fazer com que congressistas se sintam pressionados por suas bases eleitorais. Para seguir ao Senado, o processo de impedimento precisa do apoio de ao menos 342 dos 513 deputados –o presidente da Casa não votaria, mas Eduardo Cunha decidiu romper a tradição. O ato foi realizado na avenida Paulista, em São Paulo, em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que distribuiu balões aos presentes. O Vem Pra Rua não divulgou estimativa de presentes, mas o público ocupou uma pista da avenida na altura da federação. O Vem Pra Rua pretende voltar a erguer o painel nas eleições para exibir os políticos que o grupo não recomenda. Um banner foi estendido em frente à Fiesp com todos os deputados eleitos por São Paulo que estão na lista negra do Vem Pra Rua. Ato na av. Paulista No banner, indecisos aparecem no alto, com a mensagem "vamos pressionar eles": Antonio Bulhões (PRB), Marcio Alvido (PR), Miguel Lombardi (PR), Milton Monti (PR), Nelson Marquezelli (PTB), Renata Abreu (PTN), Tiririca (PR) e Vinicius Carvalho (PRB). Os contrários ao impeachment aparecem abaixo, com a mensagem "nomes para nunca mais votar". São 14 parlamentares: Ana Perugini (PT), Vicente Candido (PT), Nilto Tatto (PT), Paulo Teixeira (PT), Luiza Erundina (PSOL), Carlos Zarattini (PT), Paulo Maluf (PP), Orlando Silva (PC do B), Arlindo Chinaglia (PT), José Mentor (PT), Vincentinho (PT), Ivan Valente (PSOL), Valmir Prascidelli (PT) e Andres Sanchez (PT). De acordo com Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua, a intenção é pressionar aqueles que estão se fazendo de indecisos para barganhar cargos com o governo. "O número de votos a favor [do impeachment] está muito apertado e o nome de votos contra está muito distante, então esse jogo não acabou e a gente precisa que a população esteja totalmente empenhada", declarou. "É fundamental que a população saiba quem são os parlamentares que estão a favor da maioria e quais são os que estão barganhando sua posição", acrescentou. Dilma concordou em aumentar no governo o espaço de aliados como PP e PR, considerados essenciais para brecar o impeachment. O Mapa do Impeachment, outra iniciativa do Vem Pra Rua, publica a posição dos congressistas na internet. Também com o objetivo de fazer pressão MBL (Movimento Brasil Livre), outro influente grupo antigoverno divulgou na internet o celular de três deputados que pretendem negociar cargos. | 0 |
Brasil no Parapan expõe êxitos na natação e surpresa no tênis de mesa | O Brasil abriu caminho, durante o final de semana, para a conquista do tricampeonato em Jogos Parapan-americanos. Ao todo, 16 ouros foram conquistados até este domingo (9), na competição de Toronto, no Canadá, aberta no último sábado (8). A maior parte do resultado brasileiro, primeiro lugar com larga vantagem no quadro de medalhas, veio das piscinas do centro aquático: dez ouros, um deles, nos 100m livres para homens, categoria S5, de Daniel Dias. Umas das surpresas de resultado para o Brasil veio do tênis de mesa, com a catarinense Danielle Rauen, 17, a mais jovem da delegação e que levou o ouro na disputa após vencer uma atleta brasileira, uma chilena e uma argentina. "Nunca imaginei que conseguiria chegar a um resultado desses. Comecei no esporte apenas para fazer fisioterapia do meu corpo. Fui me profissionalizando e tudo aconteceu muito rápido. Chegar em meu primeiro Pan e já conquistar o ouro e um vaga para o Rio 2016 é um sonho", diz Rauen. A mascote do elenco brasileiro tem uma doença degenerativa chamada artrite reumatoide, que, aos poucos, pode tirar seus movimentos. Ela joga pela classe 9/10. Nos jogos paradesportivos, os competidores são divididos conforme suas habilidades de movimentos. "Essa vaga e essa conquista aumentam as minhas forças, a minha vontade e a minha motivação para treinar forte e me dedicar ainda mais. Quero uma medalha paraolímpica". DUPLA Da bocha, modalidade disputada por atletas com deficiências muito debilitantes, como a paralisia cerebral, vieram duas medalhas de ouro. Uma delas foi garantida pela dupla campeã paraolímpica Dirceu e Eliseu. "Ainda precisamos corrigir alguns pontos. Erramos bolas fáceis, mas conseguimos vencer", afirma Dirceu. O país já garantiu 34 premiações. O jornalista JAIRO MARQUES viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro | esporte | Brasil no Parapan expõe êxitos na natação e surpresa no tênis de mesaO Brasil abriu caminho, durante o final de semana, para a conquista do tricampeonato em Jogos Parapan-americanos. Ao todo, 16 ouros foram conquistados até este domingo (9), na competição de Toronto, no Canadá, aberta no último sábado (8). A maior parte do resultado brasileiro, primeiro lugar com larga vantagem no quadro de medalhas, veio das piscinas do centro aquático: dez ouros, um deles, nos 100m livres para homens, categoria S5, de Daniel Dias. Umas das surpresas de resultado para o Brasil veio do tênis de mesa, com a catarinense Danielle Rauen, 17, a mais jovem da delegação e que levou o ouro na disputa após vencer uma atleta brasileira, uma chilena e uma argentina. "Nunca imaginei que conseguiria chegar a um resultado desses. Comecei no esporte apenas para fazer fisioterapia do meu corpo. Fui me profissionalizando e tudo aconteceu muito rápido. Chegar em meu primeiro Pan e já conquistar o ouro e um vaga para o Rio 2016 é um sonho", diz Rauen. A mascote do elenco brasileiro tem uma doença degenerativa chamada artrite reumatoide, que, aos poucos, pode tirar seus movimentos. Ela joga pela classe 9/10. Nos jogos paradesportivos, os competidores são divididos conforme suas habilidades de movimentos. "Essa vaga e essa conquista aumentam as minhas forças, a minha vontade e a minha motivação para treinar forte e me dedicar ainda mais. Quero uma medalha paraolímpica". DUPLA Da bocha, modalidade disputada por atletas com deficiências muito debilitantes, como a paralisia cerebral, vieram duas medalhas de ouro. Uma delas foi garantida pela dupla campeã paraolímpica Dirceu e Eliseu. "Ainda precisamos corrigir alguns pontos. Erramos bolas fáceis, mas conseguimos vencer", afirma Dirceu. O país já garantiu 34 premiações. O jornalista JAIRO MARQUES viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro | 3 |
Na Augusta, Titi Müller mostra seis "trequinhos" que valem a aquisição | AMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Quando se mudou para São Paulo, em 2008, a apresentadora do Multishow Titi Müller, 29, diz ter enlouquecido com as lojinhas da rua Augusta. "Em Porto Alegre, tinha umas três legais, aqui é uma em cada esquina, todas descoladas." Na época, ela morava na esquina da Fernando de Albuquerque com a Bela Cintra, na região central. Todas as vezes em que descia para almoçar na Augusta, gastava alguns minutos a mais checando as novidades das vitrines. "Sempre entrava em alguma loja e comprava até o que não precisava. Foi a minha fase mais consumista." O que ficou foi o gosto pelos "trequinhos": discos, enfeites, quadrinhos e outros badulaques sempre têm prioridade na lista de presentes. | saopaulo | Na Augusta, Titi Müller mostra seis "trequinhos" que valem a aquisiçãoAMANDA MASSUELA DE SÃO PAULO Quando se mudou para São Paulo, em 2008, a apresentadora do Multishow Titi Müller, 29, diz ter enlouquecido com as lojinhas da rua Augusta. "Em Porto Alegre, tinha umas três legais, aqui é uma em cada esquina, todas descoladas." Na época, ela morava na esquina da Fernando de Albuquerque com a Bela Cintra, na região central. Todas as vezes em que descia para almoçar na Augusta, gastava alguns minutos a mais checando as novidades das vitrines. "Sempre entrava em alguma loja e comprava até o que não precisava. Foi a minha fase mais consumista." O que ficou foi o gosto pelos "trequinhos": discos, enfeites, quadrinhos e outros badulaques sempre têm prioridade na lista de presentes. | 9 |
Tablet briga com PCs usando pacote Office e corpo à prova d'água; assista | Um tablet à prova d'água, aplicativos do Pacote Office e a mesma espessura do iPad Air. Essas são as armas incluídas pela Sony no aparelho Xperia Z4 para competir com os notebooks. No ano passado, a companhia deixou o mercado de computadores, mas de alguma forma ainda quer competir nele. O novo aparelho vem equipado com o Snapdragon 810, processador topo de linha da Qualcomm, e tem um teclado Bluetooth destacável, parecido com o do Microsoft Surface, o tablet da companhia fundada por Bill Gates. E, caso o executivo precise trabalhar submerso, o Xperia Z4 aguenta até 30 minutos a 1,5 metro de profundidade. | tec | Tablet briga com PCs usando pacote Office e corpo à prova d'água; assistaUm tablet à prova d'água, aplicativos do Pacote Office e a mesma espessura do iPad Air. Essas são as armas incluídas pela Sony no aparelho Xperia Z4 para competir com os notebooks. No ano passado, a companhia deixou o mercado de computadores, mas de alguma forma ainda quer competir nele. O novo aparelho vem equipado com o Snapdragon 810, processador topo de linha da Qualcomm, e tem um teclado Bluetooth destacável, parecido com o do Microsoft Surface, o tablet da companhia fundada por Bill Gates. E, caso o executivo precise trabalhar submerso, o Xperia Z4 aguenta até 30 minutos a 1,5 metro de profundidade. | 10 |
Gasto de brasileiro no exterior cai 62% em janeiro | Os gastos dos brasileiros em viagens internacionais caíram 62% em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo o Banco Central, foram gastos US$ 840 milhões, menor valor para este mês do ano desde 2009. O valor representa pouco mais de um terço do recorde de US$ 2,4 bilhões registrado em julho de 2014. No ano passado, os gastos com viagens internacionais haviam recuado 32% em relação a 2014. No momento em que os dados foram divulgados, às 10h30, a série histórica do Banco Central começava em 2010, por isso a Folha informou que o gasto com viagens internacionais era o menor desta série. Por volta das 12h, o BC informou que iria disponibilizar os dados do setor externo retroagindo a 1995. Com isso, foi possível atualizar o texto informando que o número era o menor desde 2009. O encarecimento das viagens por causa da desvalorização do real e a queda na renda dos brasileiros são os principais fatores que influenciaram esse resultado. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o aumento no Imposto de Renda nas remessas de agências de viagens também teve impacto. Gastos dos brasileiros no exterior A receita com turistas estrangeiros, por outro lado, cresceu 14% na mesma comparação, para US$ 650 milhões, maior valor para este mês do ano desde 2013 (US$ 672 milhões). Segundo Maciel, dados preliminares para fevereiro apontam queda de 40% nas despesas com viagens e aumento de 21% nas receitas. A queda nas despesas com viagens é um dos fatores que contribuem para reduzir o deficit do Brasil nas suas transações de bens, serviços e rendas com outros países. Em janeiro, o deficit externo somou US$ 4,8 bilhões, queda de 60% em relação a janeiro de 2015. O investimento direto no país, principal fonte de financiamento dessa conta, recuou 5%, para US$ 5,5 bilhões. No acumulado em 12 meses, o deficit está em 2,94% do PIB, retornando ao mesmo nível de setembro de 2012. Em abril de 2015, o indicador chegou a 4,51% do PIB, pico da atual série histórica. | mercado | Gasto de brasileiro no exterior cai 62% em janeiroOs gastos dos brasileiros em viagens internacionais caíram 62% em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo o Banco Central, foram gastos US$ 840 milhões, menor valor para este mês do ano desde 2009. O valor representa pouco mais de um terço do recorde de US$ 2,4 bilhões registrado em julho de 2014. No ano passado, os gastos com viagens internacionais haviam recuado 32% em relação a 2014. No momento em que os dados foram divulgados, às 10h30, a série histórica do Banco Central começava em 2010, por isso a Folha informou que o gasto com viagens internacionais era o menor desta série. Por volta das 12h, o BC informou que iria disponibilizar os dados do setor externo retroagindo a 1995. Com isso, foi possível atualizar o texto informando que o número era o menor desde 2009. O encarecimento das viagens por causa da desvalorização do real e a queda na renda dos brasileiros são os principais fatores que influenciaram esse resultado. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o aumento no Imposto de Renda nas remessas de agências de viagens também teve impacto. Gastos dos brasileiros no exterior A receita com turistas estrangeiros, por outro lado, cresceu 14% na mesma comparação, para US$ 650 milhões, maior valor para este mês do ano desde 2013 (US$ 672 milhões). Segundo Maciel, dados preliminares para fevereiro apontam queda de 40% nas despesas com viagens e aumento de 21% nas receitas. A queda nas despesas com viagens é um dos fatores que contribuem para reduzir o deficit do Brasil nas suas transações de bens, serviços e rendas com outros países. Em janeiro, o deficit externo somou US$ 4,8 bilhões, queda de 60% em relação a janeiro de 2015. O investimento direto no país, principal fonte de financiamento dessa conta, recuou 5%, para US$ 5,5 bilhões. No acumulado em 12 meses, o deficit está em 2,94% do PIB, retornando ao mesmo nível de setembro de 2012. Em abril de 2015, o indicador chegou a 4,51% do PIB, pico da atual série histórica. | 2 |
Turca presa pede liberdade em carta lida na Feira do Livro, em Frankfurt | A abertura da Feira do Livro de Frankfurt, principal evento editorial do mundo, que vai desta quarta (19) até segunda (23), foi marcada pelo pedido de liberdade para a autora e ativista turca Asli Erdogan, presa desde agosto, depois que o jornal para o qual trabalhava foi acusado de apoiar o terrorismo curdo. A surpresa foi que, da prisão, a escritora conseguiu contrabandear uma carta para ser lida no evento. O documento foi apresentado pelo presidente da Associação de Editoras e Livrarias Alemãs, Heinrich Riethmueller. "Peço ajuda a vocês atrás do concreto, das pedras e dos arames farpados. A consciência está sendo esmagada em meu país... Eles estão tentando matar a verdade", disse ela, em referência as prisões de opositores do presidente Recep Tayyip Erdogan, depois da tentativa fracassada de golpe contra ele, em julho. Ao lado da escritora, que participou da Feira de Frankfurt em 2008, quando a Turquia foi homenageada, cerca de 20 jornalistas foram presos. Em agosto, já havia circulado um manifesto internacional de escritores pedindo a libertação dela, com autores como o argentino Alberto Manguel, o cubano Leonardo Padura e o brasileiro Bernardo Carvalho –os dois últimos colunistas da Folha. O presidente do parlamento europeu, Martin Schulz, também presente no evento, expressou "total solidariedade" à romancista e a outros autores presos na Turquia. Ele fez um apelo ao governo do país para que os libertasse. Mais cedo, em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da feira, Juergen Boos, já havia mencionado a Turquia ao falar das ameaças à liberdade de expressão do mundo. De acordo com Boos, mais de 30 editoras já fecharam as portas no país depois da tentativa de golpe. Ele também mencionou o "desastre humanitário" na Síria e defendeu que tais problemas sejam tratados com "uma cultura de discussão aberta e robusta civilidade". O evento editorial, que este ano terá 7.100 expositores, tem a Holanda e a região de Flandres, no norte da Bélgica, como homenageados. Na cerimônia de abertura, também estiveram presentes o rei Willem Alexander, dos Países Baixos, e o rei Felipe, da Bélgica, além do romancista holandês Arnon Grunberg. SEM TEXTÃO A Feira de Frankfurt parece ter se inspirado na escolha de um músico –o cantor Bob Dylan– para Nobel de Literatura e também decidiu sair do protocolo. Na sua abertura, foi destaque a apresentação do artista plástico britânico David Hockney. O pintor e gravurista apresentou o "Bigger Book" (maior livro), que pesa 35 kg e custa US$ 2.500 (cerca de R$ 8.000). Só não dá para falar em textão, porque é um livro com desenhos feitos por Hockney nos últimos 60 anos. A edição ficou a cargo da Taschen. Com 79 anos, o artista ainda falou de sua paixão por desenhar em seu iPad e iPhone e mostrou vídeos do processo de desenhar amigos, a Torre Eiffel e flores. "Quem diria que o telefone ia reviver o desenho?", afirmou ele. Hockney é um dos convidados de honra da feira deste ano, como parte da série de conferências THE ARTS+, que discutirão o papel das novas tecnologias na produção de conteúdo. A iniciativa é mais um passo do evento em aglutinar não só a cadeia do livro mas de outras mídias –como o cinema e os videogames. | ilustrada | Turca presa pede liberdade em carta lida na Feira do Livro, em FrankfurtA abertura da Feira do Livro de Frankfurt, principal evento editorial do mundo, que vai desta quarta (19) até segunda (23), foi marcada pelo pedido de liberdade para a autora e ativista turca Asli Erdogan, presa desde agosto, depois que o jornal para o qual trabalhava foi acusado de apoiar o terrorismo curdo. A surpresa foi que, da prisão, a escritora conseguiu contrabandear uma carta para ser lida no evento. O documento foi apresentado pelo presidente da Associação de Editoras e Livrarias Alemãs, Heinrich Riethmueller. "Peço ajuda a vocês atrás do concreto, das pedras e dos arames farpados. A consciência está sendo esmagada em meu país... Eles estão tentando matar a verdade", disse ela, em referência as prisões de opositores do presidente Recep Tayyip Erdogan, depois da tentativa fracassada de golpe contra ele, em julho. Ao lado da escritora, que participou da Feira de Frankfurt em 2008, quando a Turquia foi homenageada, cerca de 20 jornalistas foram presos. Em agosto, já havia circulado um manifesto internacional de escritores pedindo a libertação dela, com autores como o argentino Alberto Manguel, o cubano Leonardo Padura e o brasileiro Bernardo Carvalho –os dois últimos colunistas da Folha. O presidente do parlamento europeu, Martin Schulz, também presente no evento, expressou "total solidariedade" à romancista e a outros autores presos na Turquia. Ele fez um apelo ao governo do país para que os libertasse. Mais cedo, em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da feira, Juergen Boos, já havia mencionado a Turquia ao falar das ameaças à liberdade de expressão do mundo. De acordo com Boos, mais de 30 editoras já fecharam as portas no país depois da tentativa de golpe. Ele também mencionou o "desastre humanitário" na Síria e defendeu que tais problemas sejam tratados com "uma cultura de discussão aberta e robusta civilidade". O evento editorial, que este ano terá 7.100 expositores, tem a Holanda e a região de Flandres, no norte da Bélgica, como homenageados. Na cerimônia de abertura, também estiveram presentes o rei Willem Alexander, dos Países Baixos, e o rei Felipe, da Bélgica, além do romancista holandês Arnon Grunberg. SEM TEXTÃO A Feira de Frankfurt parece ter se inspirado na escolha de um músico –o cantor Bob Dylan– para Nobel de Literatura e também decidiu sair do protocolo. Na sua abertura, foi destaque a apresentação do artista plástico britânico David Hockney. O pintor e gravurista apresentou o "Bigger Book" (maior livro), que pesa 35 kg e custa US$ 2.500 (cerca de R$ 8.000). Só não dá para falar em textão, porque é um livro com desenhos feitos por Hockney nos últimos 60 anos. A edição ficou a cargo da Taschen. Com 79 anos, o artista ainda falou de sua paixão por desenhar em seu iPad e iPhone e mostrou vídeos do processo de desenhar amigos, a Torre Eiffel e flores. "Quem diria que o telefone ia reviver o desenho?", afirmou ele. Hockney é um dos convidados de honra da feira deste ano, como parte da série de conferências THE ARTS+, que discutirão o papel das novas tecnologias na produção de conteúdo. A iniciativa é mais um passo do evento em aglutinar não só a cadeia do livro mas de outras mídias –como o cinema e os videogames. | 6 |
Confira atrações para fugir dos grandes hotéis-palácio de Las Vegas | Para escapar um pouco da vida dos grandes hotéis-palácio, uma alternativa é procurar alguns dos bistrôs contemporâneos, caso do Carson Kitchen, um local informal que faz releituras de comidas americanas e fica próximo de Freemont Street, na 124 South Sixth Street. Já ver Las Vegas das alturas, a nova roda-gigante High Roller é considerada hoje a mais alta do mundo, tem cerca de 168 metros de altura e, numa volta completa que dura meia hora, propicia uma vista completa da região de Las Vegas Strip. Ao redor, um bairro de diversões fechado e feéricamente iluminado reúne pequenas lojas e restaurantes onde é possível passear em segurança até a madrugada. Para quem procura pechinchas, Las Vegas tem dois Premium Outlets: o North, com 150 lojas, e o South, com 140. Entre elas, há nehócios das marcas Puma, Michael Coors, Calvin Klein, Nautica e Guess. Mas quem quer mesmo fugir, deve investir num passeio da Maverick Helicopters e ir até o vizinho Grand Canyon, no Estado de Arizona, num cenário que mescla curiosas formações rochosas, rio e reservatórios como o lago Mead e o Hoover Dam, sobrevoando ainda o território indígena de Hualupai e voltando num vôo panorâmico sobre o centro de Las Vegas. Operando helicópteros franceses Eurocopter, a empresa oferece diferentes passeios que partem de um heliponto ao lado do aeroporto. Há inclusive passeios mais em conta que só sobrevoam a cidade a noite e que custam US$ 119 por pessoa. Mas em geral os passeios mais longos da Maverick têm preços variam cerca de US$ 160 até US$ 600. O jornalista viajou a convite da Brand USA, organização de fomento ao turismo dos EUA | turismo | Confira atrações para fugir dos grandes hotéis-palácio de Las VegasPara escapar um pouco da vida dos grandes hotéis-palácio, uma alternativa é procurar alguns dos bistrôs contemporâneos, caso do Carson Kitchen, um local informal que faz releituras de comidas americanas e fica próximo de Freemont Street, na 124 South Sixth Street. Já ver Las Vegas das alturas, a nova roda-gigante High Roller é considerada hoje a mais alta do mundo, tem cerca de 168 metros de altura e, numa volta completa que dura meia hora, propicia uma vista completa da região de Las Vegas Strip. Ao redor, um bairro de diversões fechado e feéricamente iluminado reúne pequenas lojas e restaurantes onde é possível passear em segurança até a madrugada. Para quem procura pechinchas, Las Vegas tem dois Premium Outlets: o North, com 150 lojas, e o South, com 140. Entre elas, há nehócios das marcas Puma, Michael Coors, Calvin Klein, Nautica e Guess. Mas quem quer mesmo fugir, deve investir num passeio da Maverick Helicopters e ir até o vizinho Grand Canyon, no Estado de Arizona, num cenário que mescla curiosas formações rochosas, rio e reservatórios como o lago Mead e o Hoover Dam, sobrevoando ainda o território indígena de Hualupai e voltando num vôo panorâmico sobre o centro de Las Vegas. Operando helicópteros franceses Eurocopter, a empresa oferece diferentes passeios que partem de um heliponto ao lado do aeroporto. Há inclusive passeios mais em conta que só sobrevoam a cidade a noite e que custam US$ 119 por pessoa. Mas em geral os passeios mais longos da Maverick têm preços variam cerca de US$ 160 até US$ 600. O jornalista viajou a convite da Brand USA, organização de fomento ao turismo dos EUA | 13 |
Vera Holtz fala sobre terrível vilã que interpreta em 'A Lei do Amor' | Era um garotinho serelepe de mais ou menos dez anos. Acompanhava a mãe na fila do caixa de uma padaria em Higienópolis, em São Paulo. Passava das 21h de sábado, e as TVs exibiam as últimas notícias do "Jornal Nacional". O menino tentava inutilmente chamar a atenção da mãe. De olho na TV, ficava cada vez mais agitado até que seus murmúrios deram lugar a um ultimato, que pronunciou alto e bom som: "Mãe, anda logo. Quero ver a má!". "Má" de maldosa, malvada, maléfica, malévola, maligna e outros tantos adjetivos que orbitam o universo protagonizado por Magnólia Costa Leitão –ou simplesmente Mág, a personagem de Vera Holtz em "A Lei do Amor". Em se tratando da atuação dessa veterana, "má" também pode ser de "maravilhosa". Vera não permite que Magnólia se torne uma caricatura, ainda que a personagem colecione uma lista invejável de maldades. Sua Mág provoca ódio, mas também fascínio –afinal, ser sensual aos 64 não é para qualquer uma. Esse é um dos traços dessa personagem, que já recebeu em sua alcova homens de várias idades, todos vividos por atores cobiçados por gerações. "Vamos falar sem julgamento: Magnólia é amada, desejada, sensual. É uma mulher madura pegadora", nas palavras da atriz. Fausto Leitão era vivido pelo veterano Tarcísio Meira. Ciro Noronha é o personagem do bonitão Thiago Lacerda. Para encarnar a virilidade de Tião Bezerra, só mesmo José Mayer. Precisa mais? "As mulheres me encontram na rua e comentam. Elas se sentem privilegiadas", conta Vera. A construção da personagem vai além do talento de Vera, do texto e da direção: as roupas impecáveis e a luz especial garantem à vilã a aura de empoderamento. É com entusiasmo que Vera vive sua primeira experiência de interpretar uma mulher má: "Magnólia só me preenche". Faltando menos de 30 capítulos para o fim da trama, a malvada já começa a enfrentar as consequências de seus atos. Pode o enredo se encaminhar para a esperada catarse no final, com a punição exemplar do mal e a vitória do bem, mas essa é apenas uma possibilidade. Se depender de Vera, o desfecho pode tomar outro rumo: "Muitos torcem para que ela seja julgada pelas suas ações, mas outros não. Quero que ela se dê bem". Maria Adelaide Amaral, uma das autoras da novela, acredita que a personagem ganhou na interpretação de Vera uma gama tão rica de emoções que o público acaba se compadecendo dela. Em geral, o que se reserva às megeras é o fim trágico: foi assim com Odete Roitman (Beatriz Segall), assassinada em "Vale Tudo", com Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), morta ou desaparecida (?) em "Senhora do Destino", e com Carminha (Adriana Estevez), que terminou seus dias no lixão de "Avenida Brasil". Com atuações muito elogiadas, as três atrizes conquistaram seu lugar na galeria de vilãs, um espaço nada desprezível na dramaturgia. Para Vera Holtz, é a memória das pessoas que garante ao ator um nicho nesse panteão: "É o tempo em que ela [Magnólia] ficará no imaginário do público que vai garantir (ou não) um assento reservado nesse espaço". Depois de uma pausa, a atriz sintetiza: "Afinal, você não recebe o troféu no começo da disputa". * Vera Holtz * NA TV A Lei do Amor Quando: seg. a sáb., depois do "Jornal Nacional", na faixa das 21h | ilustrada | Vera Holtz fala sobre terrível vilã que interpreta em 'A Lei do Amor'Era um garotinho serelepe de mais ou menos dez anos. Acompanhava a mãe na fila do caixa de uma padaria em Higienópolis, em São Paulo. Passava das 21h de sábado, e as TVs exibiam as últimas notícias do "Jornal Nacional". O menino tentava inutilmente chamar a atenção da mãe. De olho na TV, ficava cada vez mais agitado até que seus murmúrios deram lugar a um ultimato, que pronunciou alto e bom som: "Mãe, anda logo. Quero ver a má!". "Má" de maldosa, malvada, maléfica, malévola, maligna e outros tantos adjetivos que orbitam o universo protagonizado por Magnólia Costa Leitão –ou simplesmente Mág, a personagem de Vera Holtz em "A Lei do Amor". Em se tratando da atuação dessa veterana, "má" também pode ser de "maravilhosa". Vera não permite que Magnólia se torne uma caricatura, ainda que a personagem colecione uma lista invejável de maldades. Sua Mág provoca ódio, mas também fascínio –afinal, ser sensual aos 64 não é para qualquer uma. Esse é um dos traços dessa personagem, que já recebeu em sua alcova homens de várias idades, todos vividos por atores cobiçados por gerações. "Vamos falar sem julgamento: Magnólia é amada, desejada, sensual. É uma mulher madura pegadora", nas palavras da atriz. Fausto Leitão era vivido pelo veterano Tarcísio Meira. Ciro Noronha é o personagem do bonitão Thiago Lacerda. Para encarnar a virilidade de Tião Bezerra, só mesmo José Mayer. Precisa mais? "As mulheres me encontram na rua e comentam. Elas se sentem privilegiadas", conta Vera. A construção da personagem vai além do talento de Vera, do texto e da direção: as roupas impecáveis e a luz especial garantem à vilã a aura de empoderamento. É com entusiasmo que Vera vive sua primeira experiência de interpretar uma mulher má: "Magnólia só me preenche". Faltando menos de 30 capítulos para o fim da trama, a malvada já começa a enfrentar as consequências de seus atos. Pode o enredo se encaminhar para a esperada catarse no final, com a punição exemplar do mal e a vitória do bem, mas essa é apenas uma possibilidade. Se depender de Vera, o desfecho pode tomar outro rumo: "Muitos torcem para que ela seja julgada pelas suas ações, mas outros não. Quero que ela se dê bem". Maria Adelaide Amaral, uma das autoras da novela, acredita que a personagem ganhou na interpretação de Vera uma gama tão rica de emoções que o público acaba se compadecendo dela. Em geral, o que se reserva às megeras é o fim trágico: foi assim com Odete Roitman (Beatriz Segall), assassinada em "Vale Tudo", com Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), morta ou desaparecida (?) em "Senhora do Destino", e com Carminha (Adriana Estevez), que terminou seus dias no lixão de "Avenida Brasil". Com atuações muito elogiadas, as três atrizes conquistaram seu lugar na galeria de vilãs, um espaço nada desprezível na dramaturgia. Para Vera Holtz, é a memória das pessoas que garante ao ator um nicho nesse panteão: "É o tempo em que ela [Magnólia] ficará no imaginário do público que vai garantir (ou não) um assento reservado nesse espaço". Depois de uma pausa, a atriz sintetiza: "Afinal, você não recebe o troféu no começo da disputa". * Vera Holtz * NA TV A Lei do Amor Quando: seg. a sáb., depois do "Jornal Nacional", na faixa das 21h | 6 |
Facebook não se tornará empresa de mídia, diz Zuckerberg | O Facebook não se tornará uma empresa de mídia, disse seu fundador e presidente-executivo, Mark Zuckerberg, nesta segunda-feira (29), afirmando a estudantes que a empresa continuará sendo uma plataforma de tecnologia. Um número cada vez maior de usuários está se voltando às redes sociais, como Facebook e Twitter, para encontrar notícias, mas Zuckerberg disse que sua empresa não tem ambições de se tornar uma provedora de conteúdo. "Não, nós somos uma empresa de tecnologia, não uma empresa de mídia", disse Zuckerberg, após um jovem italiano perguntar a ele se o Facebook pretendia se tornar uma editora de notícias. Embora tenha consciência do papel que o Facebook tem em oferecer notícias aos usuários por meio de suas conexões e ressaltando as vantagens de obter informações de diferentes partes do mundo. "Nós produzimos ferramentas, não criamos qualquer conteúdo", afirmou Zuckerberg. "Esse mundo precisa de empresas de mídia, mas também de plataformas de tecnologia, como a que fazemos. Nós levamos nosso papel nisso muito a sério", disse ele, falando na Universidade Luiss, em Roma. PAPA Mais cedo nesta segunda-feira, Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan, tiveram um encontro privado com o papa Francisco para falar sobre como ajudar os mais pobres, anunciou o Vaticano em um comunicado. Os três conversaram sobre como utilizar as tecnologias de comunicação para paliar a pobreza, estimular a cultura do encontro, fazer chegar uma mensagem de esperança, principalmente as pessoas mais desfavorecidas, segundo o comunicado emitido. Zuckerberg contou que deu ao papa um modelo de Aquila, o drone movido a energia solar do Facebook que tem meta de ampliar o acesso à internet em lugares com pouca infraestrutura. "Discutimos a importante de conectar as pessoas, especialmente em partes do mundo sem acesso à Internet", disse Zuckerberg. Na mensagem por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa defendeu um "bom uso da comunicação, que ajude a sair dos círculos viciosos das condenações e das vinganças". Em janeiro, o papa já se reuniu com outra grande nome das novas tecnologias, o CEO da Apple, Tim Cook, e com o presidente executivo do Google, Eric Schmidt. CURADOR, NÃO PRODUTOR O discurso de Zuckerberg é recorrente e, por vezes, a empresa recebe reclamações de que está suprimindo informações por meio da curadoria feita nos trending topics e pelo algoritmo da rede, que determina o que cada usuário vê de acordo com seus hábitos de navegação na internet. Em maio, o Facebook abriu uma "investigação completa sobre as acusações de que editores da empresa haviam impedido reportagens de veículos de mídia conservadores de aparecer em uma seção do serviço de redes sociais", de acordo com o "New York Times". Com isso, veio à tona uma questão mais óbvia que muitos não tinham levado em conta. De acordo com o jornal americano, as declarações de Zuckerberg evidenciaram a equipe de editores que o Facebook —que não divulgada o número de pessoas que desempenham esta função— e outras grandes empresas de mídias sociais montaram para selecionar, adequar e preencher lacunas no material produzido por usuários e companhias de mídia. | tec | Facebook não se tornará empresa de mídia, diz ZuckerbergO Facebook não se tornará uma empresa de mídia, disse seu fundador e presidente-executivo, Mark Zuckerberg, nesta segunda-feira (29), afirmando a estudantes que a empresa continuará sendo uma plataforma de tecnologia. Um número cada vez maior de usuários está se voltando às redes sociais, como Facebook e Twitter, para encontrar notícias, mas Zuckerberg disse que sua empresa não tem ambições de se tornar uma provedora de conteúdo. "Não, nós somos uma empresa de tecnologia, não uma empresa de mídia", disse Zuckerberg, após um jovem italiano perguntar a ele se o Facebook pretendia se tornar uma editora de notícias. Embora tenha consciência do papel que o Facebook tem em oferecer notícias aos usuários por meio de suas conexões e ressaltando as vantagens de obter informações de diferentes partes do mundo. "Nós produzimos ferramentas, não criamos qualquer conteúdo", afirmou Zuckerberg. "Esse mundo precisa de empresas de mídia, mas também de plataformas de tecnologia, como a que fazemos. Nós levamos nosso papel nisso muito a sério", disse ele, falando na Universidade Luiss, em Roma. PAPA Mais cedo nesta segunda-feira, Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan, tiveram um encontro privado com o papa Francisco para falar sobre como ajudar os mais pobres, anunciou o Vaticano em um comunicado. Os três conversaram sobre como utilizar as tecnologias de comunicação para paliar a pobreza, estimular a cultura do encontro, fazer chegar uma mensagem de esperança, principalmente as pessoas mais desfavorecidas, segundo o comunicado emitido. Zuckerberg contou que deu ao papa um modelo de Aquila, o drone movido a energia solar do Facebook que tem meta de ampliar o acesso à internet em lugares com pouca infraestrutura. "Discutimos a importante de conectar as pessoas, especialmente em partes do mundo sem acesso à Internet", disse Zuckerberg. Na mensagem por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa defendeu um "bom uso da comunicação, que ajude a sair dos círculos viciosos das condenações e das vinganças". Em janeiro, o papa já se reuniu com outra grande nome das novas tecnologias, o CEO da Apple, Tim Cook, e com o presidente executivo do Google, Eric Schmidt. CURADOR, NÃO PRODUTOR O discurso de Zuckerberg é recorrente e, por vezes, a empresa recebe reclamações de que está suprimindo informações por meio da curadoria feita nos trending topics e pelo algoritmo da rede, que determina o que cada usuário vê de acordo com seus hábitos de navegação na internet. Em maio, o Facebook abriu uma "investigação completa sobre as acusações de que editores da empresa haviam impedido reportagens de veículos de mídia conservadores de aparecer em uma seção do serviço de redes sociais", de acordo com o "New York Times". Com isso, veio à tona uma questão mais óbvia que muitos não tinham levado em conta. De acordo com o jornal americano, as declarações de Zuckerberg evidenciaram a equipe de editores que o Facebook —que não divulgada o número de pessoas que desempenham esta função— e outras grandes empresas de mídias sociais montaram para selecionar, adequar e preencher lacunas no material produzido por usuários e companhias de mídia. | 10 |
Contas duvidosas | Às vésperas do envio do Orçamento de 2017 ao Congresso, restam dúvidas fundamentais acerca da elaboração da peça, a primeira sob a nova política econômica. Imagina-se que o projeto obedecerá à diretriz de manter, em termos reais, a mesma despesa primária —sem contar os encargos da dívida— deste ano, conforme a proposta do governo interino de Michel Temer (PMDB) para o ajuste das finanças públicas. Não está claro, entretanto, como essa contenção de gastos será levada a cabo. Com dezenas de aumentos salariais concedidos, os dispêndios com funcionalismo, que somam 20% do total, ameaçam crescer acima da inflação. A pasta do Planejamento negou a possibilidade, mas já teve de rever, para cima, estimativas de impacto dos reajustes. Mais previsível é a expansão dos encargos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cuja clientela se torna mais numerosa a cada ano em razão do envelhecimento da população do país. Como uma reforma previdenciária levará tempo para ser votada e gerar resultados, a participação dessa despesa no Orçamento tende a superar os atuais 40%. Ainda haverá pela frente resistências políticas ferozes à suspensão das normas constitucionais que vinculam os desembolsos em saúde e ensino a percentuais fixos da arrecadação. Noticia-se, inclusive, que o governo já cogita fazer concessões nessa seara. Do lado das receitas, o cenário não é menos nebuloso. Anunciou-se, em julho, que seria necessário obter R$ 55 bilhões —por meio de privatizações e outras fontes extras de recursos— para a desejada redução do imenso deficit orçamentário, de R$ 170,5 bilhões para R$ 139 bilhões no próximo ano. Ao lidar com uma incógnita de tais dimensões, a equipe de Michel Temer coleciona declarações contraditórias sobre a possibilidade de elevação dos impostos, ora admitida, ora rechaçada. Em circunstâncias normais, esse expediente seria desaconselhável em um país de renda média cuja carga tributária já consome um terço dos ganhos da população. Entretanto, a rápida ascensão da dívida pública —que, próxima dos 70% do PIB, é a maior entre os principais emergentes— pode exigir medidas mais drásticas. Diante de tantas incertezas, é crucial que o governo resista à inclinação de produzir um Orçamento com projeções fantasiosas para o crescimento da economia e da receita, na prática adiando as decisões para o ano seguinte. Tal caminho nos levou à atual crise política e econômica, ainda por superar. editoriais@grupofolha.com.br | opiniao | Contas duvidosasÀs vésperas do envio do Orçamento de 2017 ao Congresso, restam dúvidas fundamentais acerca da elaboração da peça, a primeira sob a nova política econômica. Imagina-se que o projeto obedecerá à diretriz de manter, em termos reais, a mesma despesa primária —sem contar os encargos da dívida— deste ano, conforme a proposta do governo interino de Michel Temer (PMDB) para o ajuste das finanças públicas. Não está claro, entretanto, como essa contenção de gastos será levada a cabo. Com dezenas de aumentos salariais concedidos, os dispêndios com funcionalismo, que somam 20% do total, ameaçam crescer acima da inflação. A pasta do Planejamento negou a possibilidade, mas já teve de rever, para cima, estimativas de impacto dos reajustes. Mais previsível é a expansão dos encargos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cuja clientela se torna mais numerosa a cada ano em razão do envelhecimento da população do país. Como uma reforma previdenciária levará tempo para ser votada e gerar resultados, a participação dessa despesa no Orçamento tende a superar os atuais 40%. Ainda haverá pela frente resistências políticas ferozes à suspensão das normas constitucionais que vinculam os desembolsos em saúde e ensino a percentuais fixos da arrecadação. Noticia-se, inclusive, que o governo já cogita fazer concessões nessa seara. Do lado das receitas, o cenário não é menos nebuloso. Anunciou-se, em julho, que seria necessário obter R$ 55 bilhões —por meio de privatizações e outras fontes extras de recursos— para a desejada redução do imenso deficit orçamentário, de R$ 170,5 bilhões para R$ 139 bilhões no próximo ano. Ao lidar com uma incógnita de tais dimensões, a equipe de Michel Temer coleciona declarações contraditórias sobre a possibilidade de elevação dos impostos, ora admitida, ora rechaçada. Em circunstâncias normais, esse expediente seria desaconselhável em um país de renda média cuja carga tributária já consome um terço dos ganhos da população. Entretanto, a rápida ascensão da dívida pública —que, próxima dos 70% do PIB, é a maior entre os principais emergentes— pode exigir medidas mais drásticas. Diante de tantas incertezas, é crucial que o governo resista à inclinação de produzir um Orçamento com projeções fantasiosas para o crescimento da economia e da receita, na prática adiando as decisões para o ano seguinte. Tal caminho nos levou à atual crise política e econômica, ainda por superar. editoriais@grupofolha.com.br | 7 |
Mamães paulistanas contam como a maternidade transformou suas vidas | ANA RIBEIRO COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo "Mãe é tudo igual, só muda de endereço." Esse dizer antigo não podia estar mais errado: mãe é tudo diferente. Cada uma é uma. Talvez o que toda mãe tenha em comum seja o sentido de imperfeição. (Calma! Pode ser que a sua mãe seja perfeita, e nesse caso ela será assunto para uma próxima reportagem.) A verdade é que todas as melhores intenções não serão suficientes para erigir alguém -uma supermãe?- com capacidade de controle integral sobre coisa alguma. Tudo tem limite -até a vontade mais aguerrida de uma mãe. O Dia das Mães é para homenagear todas elas. Aquelas que não estão mais aqui, as que queriam estar mais presentes, aquelas para quem a maternidade foi a melhor coisa da vida e as que fazem o possível. Escolhemos cinco mães para representar toda essa "categoria". Conheça-as a seguir. CLARISSA PASSOS, 39 Domenico Lui Passos Baitello nasceu no dia 19 de abril deste ano, com 3,95 kg e 52 centímetros. "É um barato ser mãe!", celebra a editora Clarissa Passos. "Não vejo a hora de mostrar o mundo para ele." O menino é o primeiro filho dela e do marido, o engenheiro Ricardo Baitello, que estão casados há dez anos. "Ótima" é como Clarissa classifica sua gestação. "Não tive dores ou inchaço, só um pouquinho de enjoo e falta de ar", lembra. No terceiro trimestre, porém, houve uma complicação: ela desenvolveu diabetes gestacional. "Controlei no início com dieta e depois com insulina", explica, sobre a disfunção que passaria com a chegada do bebê. Ela montou uma lista das coisas que queria comer quando o nenê nascesse. Em primeiro lugar? "Pastel de feira. Hmmmmm." Para além das mudanças físicas, Clarissa viu os nove meses de gravidez como um período de preparo e de reflexão. "Ao mesmo tempo em que minha idealização sobre ser mãe foi se tornando mais realista, aumentou a expectativa do 'Ric' sobre ser pai." Surpresa foi perceber como, na sua opinião, é mínimo o controle da mãe sobre o processo de gestação de uma criança. "O bebê vai se fazendo por conta dele. Você [mãe] é apenas o lugar onde isso está acontecendo. [Com a proximidade do parto] Me sentia à beira de um trampolim, na hora do salto. Olhando para baixo, para o azul profundo, pensando: vou mergulhar nisso aí." * CAMILA MARTINES, 32 Um telefonema mudou a vida de Camila Martines. "Vocês ainda têm interesse em adotar uma criança?", foi a pergunta do outro lado da linha. Os corações de Camila e de seu marido, Eduardo Martines da Silva, 38, deram um salto. Camila e Eduardo começaram a namorar quando ela tinha 15 anos. Casaram-se em 2009. Mesmo com tratamentos hormonais (e até simpatias), ela nunca engravidou. Em dezembro de 2014, eles entraram com o pedido de adoção na Vara da Infância e da Juventude de Itaquera. Depois, cumpriram uma peregrinação burocrática para reunir documentos, laudos clínicos e psicológicos, frequentar cursinhos e receber visitas de assistentes sociais. "Até escrevi uma carta para meu filho, explicando como ele foi adotado", diz Camila. No dia 18 de novembro de 2016, foram chamados para conhecer João Vitor, de um ano e quatro meses. João ganhou uma nova família em 25 de novembro. "Finalmente, o quartinho mobiliado e vazio agora tem vida", celebra a mãe. Em abril, Camila foi informada de que nascera uma irmã biológica de João e a prioridade para adoção era do casal. Ela e Eduardo decidiram ficar com o bebê de quatro meses. "Queremos que os irmãos cresçam juntos", disse Camila. Na última terça (2), a avó biológica pediu a guarda da menina. "Ficamos tristes, mas ao menos ela estará com a família. Pedimos a Deus que receba muito carinho." * TATIANA HERRERIAS, 41 Tatiana Herrerias e Augusto Machado, 46, a Tati e o Guga, viveram uma história de amor digna de novela. Conheceram-se quando ainda eram adolescentes. Ela tinha 16 anos e ele, 22. Ao entrar na faculdade de odontologia, o jovem desistiu de namorar a menina, que ainda estava no colégio. E por um bom tempo que se seguiu, eles se perderam de vista. Em seu primeiro casamento, que durou dez anos, Tati fez inseminação artificial, mas perdeu o bebê. Guga, por sua vez, casou-se com a mãe de suas filhas mais velhas, Beatriz, 14, e Ana Clara, 4. Tati e Guga estavam separados quando se reencontraram por meio de redes sociais. Estão casados há dois anos. Na casa de vila em que moram na Aclimação, o quarto, que Ana e Bia ocupam quando ficam na guarda do pai, ganhou um berço. "Cada pedaço é de uma, para não dar confusão", diz a enfermeira Tati. Júlia nasceu no dia 4 de abril deste ano, com pouco mais de 3 kg e 48 cm. Tati completou 41 anos no dia 16 de abril. "Parei de tomar pílula aos 40. Três meses depois, estava grávida. Quando a menstruação atrasou, pensei que era menopausa. Nunca achei que fosse engravidar", diz ela. "Minha gestação foi perfeita." O papel do ginecologista Samir Abdallah Mustafa foi importante para ajudá-la a entender o que viria a seguir. "Ele me convenceu de que vou ter que desacelerar por alguns meses", conta. "E me aconselhou a não pirar e virar uma dessas mães consumistas. Depois a criança cresce e a gente fica com um monte de coisa entulhada que o bebê nem usou." Hoje, ela está serena. "Ser mãe é delicioso." * MARIANA ELISABETSKY, 38 Imagine uma casa em que, para entreter as crianças, a mãe se senta ao piano e entoa canções do musical "O Rei Leão". A plateia, no caso, são Mia e Gael, gêmeos de seis anos de idade, filhos de Mariana Elisabetsky e Paula Izzo, 42. Mariana é atriz, cantora, dentista e, mais recentemente, roteirista e tradutora. "Quando tive filhos, quis buscar uma atividade que pudesse fazer de casa", conta. São dela as versões em português dos musicais "Wicked" e "Rent" e de canções do filme "A Bela e a Fera" e da animação "Moana", da Disney. Mariana sempre sonhou com a maternidade. Aos 17 anos, ela começou a namorar meninas. À época, ficou sem saber como ia conciliar a vontade de ser mãe, que vinha desde pequena, com sua orientação sexual. Aos 18, teve diagnosticada uma mutação nos genes BRCA, alteração que eleva as chances de mulheres com mais de 30 anos de desenvolverem câncer de mama. Mariana decidiu, então, que ficaria grávida antes dos 30. Aos 29 anos, interpretou a boneca Emília em uma montagem de "Sítio do Picapau Amarelo", na qual Paula trabalhava como cenógrafa. As duas se apaixonaram, e Mariana contou a Paula sobre o projeto urgente de ser mãe. Paula topou. As duas procuraram um médico de reprodução e escolheram um doador anônimo após avaliar, segundo Mariana, diferentes características (como idade, cor de olhos e cabelos e hábitos de vida) em "uma planilha de Excel". Os óvulos e a barriga usados na gestação foram de Mariana. Paula passou por tratamento para também poder amamentar. "Tínhamos a ilusão de que, com dois bebês e quatro peitos, as duas poderiam dormir mais. Isso nunca aconteceu", diz Mariana. O volume de leite que Paula produziu não era suficiente para uma mamada completa. "A gente brincava que ela servia a salada ou a sobremesa, mas o prato principal era comigo." Mariana amamentou Mia e Gael por um ano e dois meses. Há dois anos, o casal se separou. Mas as duas seguem juntas no projeto de maternidade. Sempre falaram abertamente da família que construíram. "Quanto mais gente souber que existem famílias com duas mães, mais fácil será a vida dos nossos filhos no futuro. As pessoas vão acomodando isso na cabeça." * FERNANDA ARANDA, 32 Mãe das gêmeas Clara e Olívia, Fernanda Aranda descobriu em dezembro que estava grávida novamente. O bebê não foi planejado. Clara e Olívia às vezes sofrem com a ideia da criança que vem aí, mas Fernanda sabe que não é justo deixar de sentir felicidade com as piruetas que Martin faz em sua barriga. Ela descobriu que, para ser "mãe coletiva", é preciso lidar com alegrias e tristezas individuais. A seguir, diário escrito por Fernanda durante um mês e meio de sua gestação. 13 de março - 17ª semana "Ter um filho aos 30 e poucos anos, com a carreira evoluindo, parece disparate. Após madrugadas em claro para cuidar da febre da Clara, lições de casa de Olívia, véspera de reunião importante, pergunto-me: 'Dou conta de mais um?' Na volta, elas anunciam o 'presente especial' para o futuro irmão ou irmã. 'Ele vai adorar ganhar presentes e comer tapioca', decreta Olívia." 20 de março - 18ª semana "Achei que estava fazendo tudo certo. Comprei duas bananadas, os doces preferidos de Olívia e Clara, e corri à escola delas para contar a novidade, confirmada duas horas antes pelo ultrassom: é um menino. 'É o Martin que está aqui dentro', digo às duas. Elas não gostaram. Fizeram birra, jogaram-se no chão. Mas não dispensaram o doce -isso seria demais. Já na cama, arrisco: 'Beijo de boa noite?' Olívia beijou minha barriga. Clara finalizou: 'Tchau, Martin'." 27 de março - 19ª semana "Me pego zerada no enxoval. Deu tempo de começar a pensar no quarto e comprar algumas roupas. A 'bisa' está fazendo um casaquinho lindo de lã azul. Tinha tanta certeza de que só teria duas filhas que me desfiz dos berços. O garoto inesperado faz tudo ficar novo de novo. Azia matinal das bravas." 3 de abril - 20ª semana "Martin deve 'nascer dourado, com os olhos verdes e laranjas', segundo as irmãs. Ele se remexe dentro da barriga, mas não tem lugar garantido no banco traseiro do carro. Os automóveis populares não parecem feitos para famílias com três cadeirinhas. Os avós ficam com as gurias no fim de semana -eu e Fábio resolvemos sair para jantar. Voltamos às 21h30. O travesseiro é a atual balada que não troco por nada." 10 de abril - 21ª semana "Saudade da época em que a barriga era o centro de tudo: avós de primeira viagem, marido que ainda não era pai, amigos entusiasmados. Agora é vida real, né?" 17 de abril - 22ª semana "Ando como o pato Donald e sinto a lombar queimar. Martin já chuta forte. Clara e Olívia ensinam a tornar a espera mais gentil. Se antes delas eu vivia a certeza de uma paixão avassaladora e à vista, com o Martin sinto a tranquilidade de um vínculo sereno e a prazo, que se forma a cada dia." 27 de abril - 24ª semana "Totalmente grávida, com um bebê de 531 g no ventre. Em cada braço, equilibro uma filha de 15 kg. Olho para Clara e para Olívia e agradeço. Com elas, a expectativa era de um amar impossível, que virou frustração diante do cansaço. Agora, sei amar mesmo na insônia. O passatempo predileto é montar a trilha sonora para o dia em que o parto virar realidade. LEIA MAIS: Teté Ribeiro fala sobre as inquietudes de ser mãe por barriga de aluguel | saopaulo | Mamães paulistanas contam como a maternidade transformou suas vidasANA RIBEIRO COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo "Mãe é tudo igual, só muda de endereço." Esse dizer antigo não podia estar mais errado: mãe é tudo diferente. Cada uma é uma. Talvez o que toda mãe tenha em comum seja o sentido de imperfeição. (Calma! Pode ser que a sua mãe seja perfeita, e nesse caso ela será assunto para uma próxima reportagem.) A verdade é que todas as melhores intenções não serão suficientes para erigir alguém -uma supermãe?- com capacidade de controle integral sobre coisa alguma. Tudo tem limite -até a vontade mais aguerrida de uma mãe. O Dia das Mães é para homenagear todas elas. Aquelas que não estão mais aqui, as que queriam estar mais presentes, aquelas para quem a maternidade foi a melhor coisa da vida e as que fazem o possível. Escolhemos cinco mães para representar toda essa "categoria". Conheça-as a seguir. CLARISSA PASSOS, 39 Domenico Lui Passos Baitello nasceu no dia 19 de abril deste ano, com 3,95 kg e 52 centímetros. "É um barato ser mãe!", celebra a editora Clarissa Passos. "Não vejo a hora de mostrar o mundo para ele." O menino é o primeiro filho dela e do marido, o engenheiro Ricardo Baitello, que estão casados há dez anos. "Ótima" é como Clarissa classifica sua gestação. "Não tive dores ou inchaço, só um pouquinho de enjoo e falta de ar", lembra. No terceiro trimestre, porém, houve uma complicação: ela desenvolveu diabetes gestacional. "Controlei no início com dieta e depois com insulina", explica, sobre a disfunção que passaria com a chegada do bebê. Ela montou uma lista das coisas que queria comer quando o nenê nascesse. Em primeiro lugar? "Pastel de feira. Hmmmmm." Para além das mudanças físicas, Clarissa viu os nove meses de gravidez como um período de preparo e de reflexão. "Ao mesmo tempo em que minha idealização sobre ser mãe foi se tornando mais realista, aumentou a expectativa do 'Ric' sobre ser pai." Surpresa foi perceber como, na sua opinião, é mínimo o controle da mãe sobre o processo de gestação de uma criança. "O bebê vai se fazendo por conta dele. Você [mãe] é apenas o lugar onde isso está acontecendo. [Com a proximidade do parto] Me sentia à beira de um trampolim, na hora do salto. Olhando para baixo, para o azul profundo, pensando: vou mergulhar nisso aí." * CAMILA MARTINES, 32 Um telefonema mudou a vida de Camila Martines. "Vocês ainda têm interesse em adotar uma criança?", foi a pergunta do outro lado da linha. Os corações de Camila e de seu marido, Eduardo Martines da Silva, 38, deram um salto. Camila e Eduardo começaram a namorar quando ela tinha 15 anos. Casaram-se em 2009. Mesmo com tratamentos hormonais (e até simpatias), ela nunca engravidou. Em dezembro de 2014, eles entraram com o pedido de adoção na Vara da Infância e da Juventude de Itaquera. Depois, cumpriram uma peregrinação burocrática para reunir documentos, laudos clínicos e psicológicos, frequentar cursinhos e receber visitas de assistentes sociais. "Até escrevi uma carta para meu filho, explicando como ele foi adotado", diz Camila. No dia 18 de novembro de 2016, foram chamados para conhecer João Vitor, de um ano e quatro meses. João ganhou uma nova família em 25 de novembro. "Finalmente, o quartinho mobiliado e vazio agora tem vida", celebra a mãe. Em abril, Camila foi informada de que nascera uma irmã biológica de João e a prioridade para adoção era do casal. Ela e Eduardo decidiram ficar com o bebê de quatro meses. "Queremos que os irmãos cresçam juntos", disse Camila. Na última terça (2), a avó biológica pediu a guarda da menina. "Ficamos tristes, mas ao menos ela estará com a família. Pedimos a Deus que receba muito carinho." * TATIANA HERRERIAS, 41 Tatiana Herrerias e Augusto Machado, 46, a Tati e o Guga, viveram uma história de amor digna de novela. Conheceram-se quando ainda eram adolescentes. Ela tinha 16 anos e ele, 22. Ao entrar na faculdade de odontologia, o jovem desistiu de namorar a menina, que ainda estava no colégio. E por um bom tempo que se seguiu, eles se perderam de vista. Em seu primeiro casamento, que durou dez anos, Tati fez inseminação artificial, mas perdeu o bebê. Guga, por sua vez, casou-se com a mãe de suas filhas mais velhas, Beatriz, 14, e Ana Clara, 4. Tati e Guga estavam separados quando se reencontraram por meio de redes sociais. Estão casados há dois anos. Na casa de vila em que moram na Aclimação, o quarto, que Ana e Bia ocupam quando ficam na guarda do pai, ganhou um berço. "Cada pedaço é de uma, para não dar confusão", diz a enfermeira Tati. Júlia nasceu no dia 4 de abril deste ano, com pouco mais de 3 kg e 48 cm. Tati completou 41 anos no dia 16 de abril. "Parei de tomar pílula aos 40. Três meses depois, estava grávida. Quando a menstruação atrasou, pensei que era menopausa. Nunca achei que fosse engravidar", diz ela. "Minha gestação foi perfeita." O papel do ginecologista Samir Abdallah Mustafa foi importante para ajudá-la a entender o que viria a seguir. "Ele me convenceu de que vou ter que desacelerar por alguns meses", conta. "E me aconselhou a não pirar e virar uma dessas mães consumistas. Depois a criança cresce e a gente fica com um monte de coisa entulhada que o bebê nem usou." Hoje, ela está serena. "Ser mãe é delicioso." * MARIANA ELISABETSKY, 38 Imagine uma casa em que, para entreter as crianças, a mãe se senta ao piano e entoa canções do musical "O Rei Leão". A plateia, no caso, são Mia e Gael, gêmeos de seis anos de idade, filhos de Mariana Elisabetsky e Paula Izzo, 42. Mariana é atriz, cantora, dentista e, mais recentemente, roteirista e tradutora. "Quando tive filhos, quis buscar uma atividade que pudesse fazer de casa", conta. São dela as versões em português dos musicais "Wicked" e "Rent" e de canções do filme "A Bela e a Fera" e da animação "Moana", da Disney. Mariana sempre sonhou com a maternidade. Aos 17 anos, ela começou a namorar meninas. À época, ficou sem saber como ia conciliar a vontade de ser mãe, que vinha desde pequena, com sua orientação sexual. Aos 18, teve diagnosticada uma mutação nos genes BRCA, alteração que eleva as chances de mulheres com mais de 30 anos de desenvolverem câncer de mama. Mariana decidiu, então, que ficaria grávida antes dos 30. Aos 29 anos, interpretou a boneca Emília em uma montagem de "Sítio do Picapau Amarelo", na qual Paula trabalhava como cenógrafa. As duas se apaixonaram, e Mariana contou a Paula sobre o projeto urgente de ser mãe. Paula topou. As duas procuraram um médico de reprodução e escolheram um doador anônimo após avaliar, segundo Mariana, diferentes características (como idade, cor de olhos e cabelos e hábitos de vida) em "uma planilha de Excel". Os óvulos e a barriga usados na gestação foram de Mariana. Paula passou por tratamento para também poder amamentar. "Tínhamos a ilusão de que, com dois bebês e quatro peitos, as duas poderiam dormir mais. Isso nunca aconteceu", diz Mariana. O volume de leite que Paula produziu não era suficiente para uma mamada completa. "A gente brincava que ela servia a salada ou a sobremesa, mas o prato principal era comigo." Mariana amamentou Mia e Gael por um ano e dois meses. Há dois anos, o casal se separou. Mas as duas seguem juntas no projeto de maternidade. Sempre falaram abertamente da família que construíram. "Quanto mais gente souber que existem famílias com duas mães, mais fácil será a vida dos nossos filhos no futuro. As pessoas vão acomodando isso na cabeça." * FERNANDA ARANDA, 32 Mãe das gêmeas Clara e Olívia, Fernanda Aranda descobriu em dezembro que estava grávida novamente. O bebê não foi planejado. Clara e Olívia às vezes sofrem com a ideia da criança que vem aí, mas Fernanda sabe que não é justo deixar de sentir felicidade com as piruetas que Martin faz em sua barriga. Ela descobriu que, para ser "mãe coletiva", é preciso lidar com alegrias e tristezas individuais. A seguir, diário escrito por Fernanda durante um mês e meio de sua gestação. 13 de março - 17ª semana "Ter um filho aos 30 e poucos anos, com a carreira evoluindo, parece disparate. Após madrugadas em claro para cuidar da febre da Clara, lições de casa de Olívia, véspera de reunião importante, pergunto-me: 'Dou conta de mais um?' Na volta, elas anunciam o 'presente especial' para o futuro irmão ou irmã. 'Ele vai adorar ganhar presentes e comer tapioca', decreta Olívia." 20 de março - 18ª semana "Achei que estava fazendo tudo certo. Comprei duas bananadas, os doces preferidos de Olívia e Clara, e corri à escola delas para contar a novidade, confirmada duas horas antes pelo ultrassom: é um menino. 'É o Martin que está aqui dentro', digo às duas. Elas não gostaram. Fizeram birra, jogaram-se no chão. Mas não dispensaram o doce -isso seria demais. Já na cama, arrisco: 'Beijo de boa noite?' Olívia beijou minha barriga. Clara finalizou: 'Tchau, Martin'." 27 de março - 19ª semana "Me pego zerada no enxoval. Deu tempo de começar a pensar no quarto e comprar algumas roupas. A 'bisa' está fazendo um casaquinho lindo de lã azul. Tinha tanta certeza de que só teria duas filhas que me desfiz dos berços. O garoto inesperado faz tudo ficar novo de novo. Azia matinal das bravas." 3 de abril - 20ª semana "Martin deve 'nascer dourado, com os olhos verdes e laranjas', segundo as irmãs. Ele se remexe dentro da barriga, mas não tem lugar garantido no banco traseiro do carro. Os automóveis populares não parecem feitos para famílias com três cadeirinhas. Os avós ficam com as gurias no fim de semana -eu e Fábio resolvemos sair para jantar. Voltamos às 21h30. O travesseiro é a atual balada que não troco por nada." 10 de abril - 21ª semana "Saudade da época em que a barriga era o centro de tudo: avós de primeira viagem, marido que ainda não era pai, amigos entusiasmados. Agora é vida real, né?" 17 de abril - 22ª semana "Ando como o pato Donald e sinto a lombar queimar. Martin já chuta forte. Clara e Olívia ensinam a tornar a espera mais gentil. Se antes delas eu vivia a certeza de uma paixão avassaladora e à vista, com o Martin sinto a tranquilidade de um vínculo sereno e a prazo, que se forma a cada dia." 27 de abril - 24ª semana "Totalmente grávida, com um bebê de 531 g no ventre. Em cada braço, equilibro uma filha de 15 kg. Olho para Clara e para Olívia e agradeço. Com elas, a expectativa era de um amar impossível, que virou frustração diante do cansaço. Agora, sei amar mesmo na insônia. O passatempo predileto é montar a trilha sonora para o dia em que o parto virar realidade. LEIA MAIS: Teté Ribeiro fala sobre as inquietudes de ser mãe por barriga de aluguel | 9 |
Disciplinada e religiosa, Cármen Lúcia promete rever 'extravagâncias' do STF | A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, presidente eleita do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), diz que vai "inverter os organogramas", abrindo um canal direto de comunicação com juízes, advogados e servidores, em benefício do cidadão usuário da Justiça. Ela pretende marcar sua gestão no STF, a partir de 12 de setembro, como um exercício de "pacificação social". Sua maior preocupação é a superpopulação carcerária e a situação das presas grávidas. "É uma prioridade que vou levar no colo", afirma. Cármen Lúcia nega que chegará ao comando do Judiciário "com a faca nos dentes". É considerada uma magistrada disciplinada. Ex-aluna de um internato de freiras, diz ter "uma madre superiora" dentro de si. No julgamento do mensalão, seu controle interno deve ter falhado, e ela insinuou que o ministro Joaquim Barbosa daria "um salto social" como relator da ação penal. Quando proferiu seu voto pela condenação de Delúbio Soares, criticou a defesa do ex-tesoureiro do PT, que encampou a tese do caixa dois. "Acho estranho e muito, muito grave, que alguém diga com naturalidade que houve caixa dois. Caixa dois é crime", afirmou. Sem citar a ministra, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) afirmou em nota assinada pela então presidente, Marina Dias, que "não cabe ao Judiciário dizer quais teses a defesa pode ou não pode sustentar". Religiosa, a ministra votou a favor da Marcha da Maconha, da cota para negros, da união gay e do aborto de anencéfalos. "Ela sabe separar fé e jurisdição", diz o ex-presidente do TRF-4, desembargador Vladimir Passos de Freitas. É defensora da liberdade de expressão. Votou pelo afastamento da exigência de autorização para a publicação de biografias. Cármen Lúcia foi ao sul da Bahia antes de votar sobre o conflito entre índios pataxós e fazendeiros e a Roraima, para votar no caso Raposa Serra do Sol. Foi ao Maranhão e conheceu a realidade do presídio de Pedrinhas. A mineira de Montes Claros foi indicada a Lula por Sepúlveda Pertence, ministro aposentado do STF. Ela confessou ao arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, que não teria havido sua nomeação sem a participação da PUC, onde dava aulas de Direito Constitucional. Foi procuradora-geral de Minas na gestão do governador Itamar Franco (1999-2002). Anos antes, Itamar frequentou seu escritório de advocacia. Ao ser confirmada para o STF, ouviu do político mineiro José Aparecido de Oliveira que iria "sofrer o cargo de ministra do Supremo". BLAZER E CALÇA Juízes e advogados lembram que a então procuradora era uma crítica do Judiciário e batia forte nos juízes. Há quem tenha dúvidas sobre sua capacidade de enfrentar os grupos de pressão. Há os que criticam os discursos com frases de efeito, além do gosto pelas luzes da ribalta. "Espero que a presidente do STF esteja bem atenta ao grave momento da vida nacional", diz Ana Lúcia Amaral, procuradora regional da República aposentada. "Se a população, em geral, reconhece e apoia a atuação do juiz federal Sergio Moro, isso não significa que todas as instâncias sejam igualmente aplaudidas. Se não se pode julgar em função do clamor popular, não é possível continuar julgando de costas para a mesma sociedade", diz a procuradora. Cármen Lúcia, 62, chegou ao STF em 2006. Primeira mulher a presidir o Tribunal Superior Eleitoral e segunda a presidir o STF –a primeira foi Ellen Gracie–, Cármen Lúcia já disse que "temos grande número de mulheres juízas, mas nos tribunais são minoria". Em 2007, quebrou a tradição e entrou no plenário de blazer e calça comprida. Cármen Lúcia é solteira. A música e a literatura são os seus hobbies. Em casa, gosta de escrever e de ler processos ouvindo "O Cisne", de Camille Saint-Saëns, e a trilha sonora do filme "A Liberdade é Azul", composta por Zbigniew Preisner. Entre os livros preferidos estão "Fio da Navalha", de Somerset Maugham, "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles, "A Divina Comédia", de Dante, "Crime e Castigo", de Dostoiévski e "Grande Sertão - Veredas", de Guimarães Rosa. No STF e no CNJ, promete cumprir o regimento em relação a prazos para devolução de processos com pedidos de vista e julgamento de liminares. "Quero pautas realistas, que não surpreendam ninguém", diz. Um dos objetivos é evitar a frustração de advogados que viajam a Brasília e cujos processos pautados não são julgados. Ela convidou a cientista política Maria Tereza Sadek para presidir o Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ. Sadek participou de um grupo de consultores criado na gestão do ministro Gilmar Mendes, esvaziado pelo sucessor, Cezar Peluso. O relacionamento com as entidades de magistrados não seguirá o estilo de Joaquim Barbosa –que tratava os representantes da magistratura como sindicalistas– nem o de Ricardo Lewandowski, apontado como alguém que abriu as portas do CNJ ao corporativismo. Quando viajava, Lewandowski descumpria o regimento e não convocava sessões que deveriam ser presididas por Cármen Lúcia. Numa única sessão em que substituiu o presidente, ela julgou 50 processos. A média dele é de cinco por sessão. O juiz Rubens Curado, ex-conselheiro do CNJ, participou da sessão presidida por Cármen Lúcia. Ele diz que "a gestão 'paz e amor', que esvaziou o órgão de controle, está com os dias contados". Cármen Lúcia deverá herdar a tarefa de reformar o estatuto da magistratura. Em 2015, criticou a proposta de Lewandowski: "Do jeito que está, não passa. Privilégios são incompatíveis com a República". Em 2012, foi pioneira ao divulgar o seu contracheque no site do TSE. Concordou com Gilmar Mendes, que previu neste ano "um encontro marcado" para rever "extravagâncias" como o auxílio-moradia. Votou com a maioria quando o plenário decidiu que réu condenado pode ser preso após confirmação da sentença em segundo grau. O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, elogia "sua excelente reputação". Lembra que ela foi relatora da ação que resultou na prisão do ex-deputado Natan Donadon, por desvio de dinheiro público, "rompendo a tradição de impunidade". Cármen Lúcia diz que continuará dirigindo o seu Astra até o tribunal. E que dispensará a segurança privada colocada à disposição dos presidentes da Suprema Corte. Ela escolheu duas agentes da Polícia Federal para acompanhá-la no STF e no CNJ. | poder | Disciplinada e religiosa, Cármen Lúcia promete rever 'extravagâncias' do STFA ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, presidente eleita do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), diz que vai "inverter os organogramas", abrindo um canal direto de comunicação com juízes, advogados e servidores, em benefício do cidadão usuário da Justiça. Ela pretende marcar sua gestão no STF, a partir de 12 de setembro, como um exercício de "pacificação social". Sua maior preocupação é a superpopulação carcerária e a situação das presas grávidas. "É uma prioridade que vou levar no colo", afirma. Cármen Lúcia nega que chegará ao comando do Judiciário "com a faca nos dentes". É considerada uma magistrada disciplinada. Ex-aluna de um internato de freiras, diz ter "uma madre superiora" dentro de si. No julgamento do mensalão, seu controle interno deve ter falhado, e ela insinuou que o ministro Joaquim Barbosa daria "um salto social" como relator da ação penal. Quando proferiu seu voto pela condenação de Delúbio Soares, criticou a defesa do ex-tesoureiro do PT, que encampou a tese do caixa dois. "Acho estranho e muito, muito grave, que alguém diga com naturalidade que houve caixa dois. Caixa dois é crime", afirmou. Sem citar a ministra, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) afirmou em nota assinada pela então presidente, Marina Dias, que "não cabe ao Judiciário dizer quais teses a defesa pode ou não pode sustentar". Religiosa, a ministra votou a favor da Marcha da Maconha, da cota para negros, da união gay e do aborto de anencéfalos. "Ela sabe separar fé e jurisdição", diz o ex-presidente do TRF-4, desembargador Vladimir Passos de Freitas. É defensora da liberdade de expressão. Votou pelo afastamento da exigência de autorização para a publicação de biografias. Cármen Lúcia foi ao sul da Bahia antes de votar sobre o conflito entre índios pataxós e fazendeiros e a Roraima, para votar no caso Raposa Serra do Sol. Foi ao Maranhão e conheceu a realidade do presídio de Pedrinhas. A mineira de Montes Claros foi indicada a Lula por Sepúlveda Pertence, ministro aposentado do STF. Ela confessou ao arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, que não teria havido sua nomeação sem a participação da PUC, onde dava aulas de Direito Constitucional. Foi procuradora-geral de Minas na gestão do governador Itamar Franco (1999-2002). Anos antes, Itamar frequentou seu escritório de advocacia. Ao ser confirmada para o STF, ouviu do político mineiro José Aparecido de Oliveira que iria "sofrer o cargo de ministra do Supremo". BLAZER E CALÇA Juízes e advogados lembram que a então procuradora era uma crítica do Judiciário e batia forte nos juízes. Há quem tenha dúvidas sobre sua capacidade de enfrentar os grupos de pressão. Há os que criticam os discursos com frases de efeito, além do gosto pelas luzes da ribalta. "Espero que a presidente do STF esteja bem atenta ao grave momento da vida nacional", diz Ana Lúcia Amaral, procuradora regional da República aposentada. "Se a população, em geral, reconhece e apoia a atuação do juiz federal Sergio Moro, isso não significa que todas as instâncias sejam igualmente aplaudidas. Se não se pode julgar em função do clamor popular, não é possível continuar julgando de costas para a mesma sociedade", diz a procuradora. Cármen Lúcia, 62, chegou ao STF em 2006. Primeira mulher a presidir o Tribunal Superior Eleitoral e segunda a presidir o STF –a primeira foi Ellen Gracie–, Cármen Lúcia já disse que "temos grande número de mulheres juízas, mas nos tribunais são minoria". Em 2007, quebrou a tradição e entrou no plenário de blazer e calça comprida. Cármen Lúcia é solteira. A música e a literatura são os seus hobbies. Em casa, gosta de escrever e de ler processos ouvindo "O Cisne", de Camille Saint-Saëns, e a trilha sonora do filme "A Liberdade é Azul", composta por Zbigniew Preisner. Entre os livros preferidos estão "Fio da Navalha", de Somerset Maugham, "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles, "A Divina Comédia", de Dante, "Crime e Castigo", de Dostoiévski e "Grande Sertão - Veredas", de Guimarães Rosa. No STF e no CNJ, promete cumprir o regimento em relação a prazos para devolução de processos com pedidos de vista e julgamento de liminares. "Quero pautas realistas, que não surpreendam ninguém", diz. Um dos objetivos é evitar a frustração de advogados que viajam a Brasília e cujos processos pautados não são julgados. Ela convidou a cientista política Maria Tereza Sadek para presidir o Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ. Sadek participou de um grupo de consultores criado na gestão do ministro Gilmar Mendes, esvaziado pelo sucessor, Cezar Peluso. O relacionamento com as entidades de magistrados não seguirá o estilo de Joaquim Barbosa –que tratava os representantes da magistratura como sindicalistas– nem o de Ricardo Lewandowski, apontado como alguém que abriu as portas do CNJ ao corporativismo. Quando viajava, Lewandowski descumpria o regimento e não convocava sessões que deveriam ser presididas por Cármen Lúcia. Numa única sessão em que substituiu o presidente, ela julgou 50 processos. A média dele é de cinco por sessão. O juiz Rubens Curado, ex-conselheiro do CNJ, participou da sessão presidida por Cármen Lúcia. Ele diz que "a gestão 'paz e amor', que esvaziou o órgão de controle, está com os dias contados". Cármen Lúcia deverá herdar a tarefa de reformar o estatuto da magistratura. Em 2015, criticou a proposta de Lewandowski: "Do jeito que está, não passa. Privilégios são incompatíveis com a República". Em 2012, foi pioneira ao divulgar o seu contracheque no site do TSE. Concordou com Gilmar Mendes, que previu neste ano "um encontro marcado" para rever "extravagâncias" como o auxílio-moradia. Votou com a maioria quando o plenário decidiu que réu condenado pode ser preso após confirmação da sentença em segundo grau. O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, elogia "sua excelente reputação". Lembra que ela foi relatora da ação que resultou na prisão do ex-deputado Natan Donadon, por desvio de dinheiro público, "rompendo a tradição de impunidade". Cármen Lúcia diz que continuará dirigindo o seu Astra até o tribunal. E que dispensará a segurança privada colocada à disposição dos presidentes da Suprema Corte. Ela escolheu duas agentes da Polícia Federal para acompanhá-la no STF e no CNJ. | 0 |
Popularidade de Hollande dispara após ataques na França | Quase duas semanas após o início dos atentados terroristas que mataram 17 pessoas na França, institutos de pesquisa revelam que a popularidade do presidente François Hollande disparou de maneira inédita, aumentando 21 pontos percentuais em relação às últimas pesquisas. Pesquisa de opinião realizada pelo instituto IFOP-Fiducial aponta que, dentre as 1003 pessoas entrevistadas, 40% afirmam estar satisfeitas com o governo de Hollande, contrastando com o a aprovação de 19% registrada em dezembro. A desaprovação do governo caiu 21 pontos, para 59%. Observou-se também que a popularidade do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, aumentou 17 pontos, para 61%. Já a desaprovação de Valls caiu 16 pontos, para 39%. A pesquisa foi feita entre 16 e 17 de janeiro, em seguida aos atentados feitos por terroristas na região metropolitana de Paris e às manifestações em solidariedade que reuniram milhões de pessoas por toda a França, no dia 11 de janeiro. Na semana passada, pesquisas já apontavam uma grande aprovação dos franceses à forma como o governo de Hollande gerenciou a crise. A ação do governo foi aprovada por 80% dos entrevistados em pesquisa feita pela Opinionway; em outra pesquisa, da CSA, a aprovação chega a 88%. FENÔMENO RARO A disparada na popularidade de Hollande é apontada como "histórica" por Frédéric Dabi, diretor do departamento de opinião do IFOP. "É um fenômeno raríssimo na história das pesquisas de opinião", afirmou Dabi sobre o aumento de 21 pontos na popularidade do presidente francês. "O único caso parecido é o aumento de 19 pontos na popularidade de François Mitterrand durante a Guerra do Golfo, entre janeiro e março de 1991", completou. ESPETACULAR E EFÊMERO A disparada na popularidade de chefes de Estado logo após situações críticas seria um fenômeno comum e, em regra, provisório. Segundo um artigo publicado no website francês Slate, o fenômeno de aumento na popularidade de um líder, conhecido pela ciência política como "efeito de adesão", é em geral acompanhado por uma queda gradual. "O aumento repentino e importante das opiniões favoráveis sobre um presidente se dá em resposta a certos tipos de situações dramáticas internacionais", afirmam os pesquisadores americanos Marc J. Hetherington e Michael Nelson em artigo de 2007. Nesses casos, a figura do presidente se transformaria em uma espécie de encarnação do sentimento de unidade nacional. O Slate afirma que mesmo no caso do aumento de Mitterrand, a popularidade do presidente caiu gradualmente até alcançar 22% em dezembro de 1991, um ano após a Guerra do Golfo. O mesmo teria acontecido com as popularidades dos presidentes dos Estados Unidos após a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962 e a invasão do Iraque em 1991. A única exceção ao "efeito de adesão" seria o caso do presidente americano George W. Bush após o 11 de setembro, cuja aprovação subiu de 51% para 90% em 15 dias e se manteve em níveis altos por muito tempo, retornando aos níveis de setembro de 2011 apenas em setembro de 2003. | mundo | Popularidade de Hollande dispara após ataques na FrançaQuase duas semanas após o início dos atentados terroristas que mataram 17 pessoas na França, institutos de pesquisa revelam que a popularidade do presidente François Hollande disparou de maneira inédita, aumentando 21 pontos percentuais em relação às últimas pesquisas. Pesquisa de opinião realizada pelo instituto IFOP-Fiducial aponta que, dentre as 1003 pessoas entrevistadas, 40% afirmam estar satisfeitas com o governo de Hollande, contrastando com o a aprovação de 19% registrada em dezembro. A desaprovação do governo caiu 21 pontos, para 59%. Observou-se também que a popularidade do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, aumentou 17 pontos, para 61%. Já a desaprovação de Valls caiu 16 pontos, para 39%. A pesquisa foi feita entre 16 e 17 de janeiro, em seguida aos atentados feitos por terroristas na região metropolitana de Paris e às manifestações em solidariedade que reuniram milhões de pessoas por toda a França, no dia 11 de janeiro. Na semana passada, pesquisas já apontavam uma grande aprovação dos franceses à forma como o governo de Hollande gerenciou a crise. A ação do governo foi aprovada por 80% dos entrevistados em pesquisa feita pela Opinionway; em outra pesquisa, da CSA, a aprovação chega a 88%. FENÔMENO RARO A disparada na popularidade de Hollande é apontada como "histórica" por Frédéric Dabi, diretor do departamento de opinião do IFOP. "É um fenômeno raríssimo na história das pesquisas de opinião", afirmou Dabi sobre o aumento de 21 pontos na popularidade do presidente francês. "O único caso parecido é o aumento de 19 pontos na popularidade de François Mitterrand durante a Guerra do Golfo, entre janeiro e março de 1991", completou. ESPETACULAR E EFÊMERO A disparada na popularidade de chefes de Estado logo após situações críticas seria um fenômeno comum e, em regra, provisório. Segundo um artigo publicado no website francês Slate, o fenômeno de aumento na popularidade de um líder, conhecido pela ciência política como "efeito de adesão", é em geral acompanhado por uma queda gradual. "O aumento repentino e importante das opiniões favoráveis sobre um presidente se dá em resposta a certos tipos de situações dramáticas internacionais", afirmam os pesquisadores americanos Marc J. Hetherington e Michael Nelson em artigo de 2007. Nesses casos, a figura do presidente se transformaria em uma espécie de encarnação do sentimento de unidade nacional. O Slate afirma que mesmo no caso do aumento de Mitterrand, a popularidade do presidente caiu gradualmente até alcançar 22% em dezembro de 1991, um ano após a Guerra do Golfo. O mesmo teria acontecido com as popularidades dos presidentes dos Estados Unidos após a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962 e a invasão do Iraque em 1991. A única exceção ao "efeito de adesão" seria o caso do presidente americano George W. Bush após o 11 de setembro, cuja aprovação subiu de 51% para 90% em 15 dias e se manteve em níveis altos por muito tempo, retornando aos níveis de setembro de 2011 apenas em setembro de 2003. | 4 |
Google lança aplicativo que traduz instantaneamente vídeo e voz; veja | O Google lança hoje (14) sua nova versão do aplicativo Google Tradutor. Agora, "no smoking area" vira –no mesmo segundo– "proibido fumar área" na câmera do celular. A tradução não é perfeita, mas ajuda o viajante que não entende a língua do país em que está –basta apontar a câmera para a frase que deseja ser traduzida para o português. Outra função que o Google Tradutor ganhou no smartphone é a tradução instantânea de voz sem que o usuário precise informar o idioma em que vai falar. Diga "bom dia" e o aplicativo "fala", alguns segundos depois, "good morning". "Quem quer passear comigo?" vira "who want to walk with me?". Se, por um lado, as expressões não são convertidas para a outra língua da forma mais correta –normalmente, as palavras são traduzidas uma por uma–, por outro, a ferramenta ganha ao funcionar off-line, sem necessidade de conexão com a internet. Ou seja, o turista não vai mais precisar achar uma Starbucks para ter wi-fi grátis e entender o que diz aquele panfleto em inglês. A ferramenta funciona nos sistemas Android e iOS e é gratuita. Quem já tem o Tradutor deve receber nos próximos dias um aviso para atualizá-lo. Por enquanto, a tradução instantânea pela câmera do português só tem versão para o inglês, mas outras línguas serão adicionadas –ainda sem previsão. Para traduzir idiomas como árabe ou catalão para o português, o Google no celular continua usando a ferramenta que digitaliza o texto –processo mais lento. BRASILEIRO O aplicativo da câmera, que já funcionava com o nome Word Lens, foi criado por um brasileiro, Otávio Good, em 2010. O Google adaptou-o e lança agora uma versão aprimorada dele. A Folha testou, com exclusividade, a ferramenta. Na câmera, "Vamos sair hoje à noite?" vira "Let's go exit today to the night". "Protein bar", "proteína bar". Mas alguns erros que haviam no World Lens não aparecem mais. Além disso, a eficácia depende de fatores como não tremer o celular. A designer americana Liana Tabacek, 37, ficou impressionada ao ver a tradução instantânea do português para o inglês. "Nossa, vou usar sempre", disse, após decifrar o prato "picadinho" em um menu. A empresária brasileira Fernanda Rios também aprovou. "Já pode baixar?" AULA PARA QUÊ? Termos mais buscados no Google Tradutor | turismo | Google lança aplicativo que traduz instantaneamente vídeo e voz; vejaO Google lança hoje (14) sua nova versão do aplicativo Google Tradutor. Agora, "no smoking area" vira –no mesmo segundo– "proibido fumar área" na câmera do celular. A tradução não é perfeita, mas ajuda o viajante que não entende a língua do país em que está –basta apontar a câmera para a frase que deseja ser traduzida para o português. Outra função que o Google Tradutor ganhou no smartphone é a tradução instantânea de voz sem que o usuário precise informar o idioma em que vai falar. Diga "bom dia" e o aplicativo "fala", alguns segundos depois, "good morning". "Quem quer passear comigo?" vira "who want to walk with me?". Se, por um lado, as expressões não são convertidas para a outra língua da forma mais correta –normalmente, as palavras são traduzidas uma por uma–, por outro, a ferramenta ganha ao funcionar off-line, sem necessidade de conexão com a internet. Ou seja, o turista não vai mais precisar achar uma Starbucks para ter wi-fi grátis e entender o que diz aquele panfleto em inglês. A ferramenta funciona nos sistemas Android e iOS e é gratuita. Quem já tem o Tradutor deve receber nos próximos dias um aviso para atualizá-lo. Por enquanto, a tradução instantânea pela câmera do português só tem versão para o inglês, mas outras línguas serão adicionadas –ainda sem previsão. Para traduzir idiomas como árabe ou catalão para o português, o Google no celular continua usando a ferramenta que digitaliza o texto –processo mais lento. BRASILEIRO O aplicativo da câmera, que já funcionava com o nome Word Lens, foi criado por um brasileiro, Otávio Good, em 2010. O Google adaptou-o e lança agora uma versão aprimorada dele. A Folha testou, com exclusividade, a ferramenta. Na câmera, "Vamos sair hoje à noite?" vira "Let's go exit today to the night". "Protein bar", "proteína bar". Mas alguns erros que haviam no World Lens não aparecem mais. Além disso, a eficácia depende de fatores como não tremer o celular. A designer americana Liana Tabacek, 37, ficou impressionada ao ver a tradução instantânea do português para o inglês. "Nossa, vou usar sempre", disse, após decifrar o prato "picadinho" em um menu. A empresária brasileira Fernanda Rios também aprovou. "Já pode baixar?" AULA PARA QUÊ? Termos mais buscados no Google Tradutor | 13 |
Lula retoma agenda política com atos na Bahia e no DF | O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma nesta quarta (11) a agenda pública com encontro organizado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Sua primeira atividade política de 2017 acontecerá em Salvador (BA). Segundo participantes, a expectativa é que ele seja recebido ao som de "Brasil, urgente, Lula, presidente". Na quinta (12), Lula participará de um encontro de professores da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, em Brasília. Aliados afirmam que o petista já prepara um discurso para cada ato. Nos dois defenderá, publicamente, eleições diretas para a Presidência da República ainda neste ano. Em Salvador, pretende apresentar propostas para a economia. Coordenador do MST e defensor do lançamento imediato da candidatura de Lula, João Pedro Stédile participará do encontro, que contará com a presença de 1.500 delegados do movimento. Também está prevista a participação do ex-ministro Jaques Wagner e do presidente nacional do PT, Rui Falcão. Um dos organizadores do encontro e também coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues afirma que o ato é simbólico por acontecer com a presença de Lula e no Nordeste. Para Rodrigues esse "ainda" não é o lançamento da campanha de Lula, mas tem objetivo de mostrar o que ele pensa para o Brasil. "Lula tem que fazer agenda pelo país. Ele é nossa principal liderança." A presença do Lula no ato foi discutida no dia 28 de dezembro durante churrasco oferecido pelo MST. Na confraternização de encerramento de ano, Lula se mostrou disposto a concorrer à Presidência, citando inclusive seu condicionamento físico para o embate. Segundo integrantes do movimento, Lula falou da necessidade de apresentar propostas para o país. Foi também discutida uma estratégia de campanha pela antecipação das eleições presidenciais. Esse será o mote de diferentes movimentos sociais. Para aliados do ex-presidente, o lançamento informal de sua candidatura serve para inibir a aparição de outros nomes do campo de esquerda, especialmente a proposta de plebiscito para escolha dos potenciais candidatos. | poder | Lula retoma agenda política com atos na Bahia e no DFO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma nesta quarta (11) a agenda pública com encontro organizado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Sua primeira atividade política de 2017 acontecerá em Salvador (BA). Segundo participantes, a expectativa é que ele seja recebido ao som de "Brasil, urgente, Lula, presidente". Na quinta (12), Lula participará de um encontro de professores da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, em Brasília. Aliados afirmam que o petista já prepara um discurso para cada ato. Nos dois defenderá, publicamente, eleições diretas para a Presidência da República ainda neste ano. Em Salvador, pretende apresentar propostas para a economia. Coordenador do MST e defensor do lançamento imediato da candidatura de Lula, João Pedro Stédile participará do encontro, que contará com a presença de 1.500 delegados do movimento. Também está prevista a participação do ex-ministro Jaques Wagner e do presidente nacional do PT, Rui Falcão. Um dos organizadores do encontro e também coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues afirma que o ato é simbólico por acontecer com a presença de Lula e no Nordeste. Para Rodrigues esse "ainda" não é o lançamento da campanha de Lula, mas tem objetivo de mostrar o que ele pensa para o Brasil. "Lula tem que fazer agenda pelo país. Ele é nossa principal liderança." A presença do Lula no ato foi discutida no dia 28 de dezembro durante churrasco oferecido pelo MST. Na confraternização de encerramento de ano, Lula se mostrou disposto a concorrer à Presidência, citando inclusive seu condicionamento físico para o embate. Segundo integrantes do movimento, Lula falou da necessidade de apresentar propostas para o país. Foi também discutida uma estratégia de campanha pela antecipação das eleições presidenciais. Esse será o mote de diferentes movimentos sociais. Para aliados do ex-presidente, o lançamento informal de sua candidatura serve para inibir a aparição de outros nomes do campo de esquerda, especialmente a proposta de plebiscito para escolha dos potenciais candidatos. | 0 |
Acordo nuclear deve manter baixos os preços do petróleo, dizem analistas | O efeito mais presumível do acordo de potências globais com o Irã no mercado é a manutenção de preços baixos do petróleo por um período mais longo do que o inicialmente previsto, o que impõe um desafio expressivo para países exportadores como o Brasil. Analistas ouvidos pela Folha rechaçam queda ainda maior do valor do barril, que caiu 10% desde o início do mês e estava na casa dos US$ 50 (R$ 157) na terça-feira (14). A entrada do Irã no mercado global não é esperada para antes de setembro ou depois. O país possui a segunda maior reserva de gás natural do mundo e a quarta de óleo em estado cru. O principal destino de sua produção será a Ásia, com dois terços do petróleo, afirma Matthew Kuhl, da consultoria KBC. O último terço será comprado pela Europa, avalia. Com uma oferta que já é superior à demanda, haverá uma pressão mundial pela queda da produção de petróleo, afirma. A longo prazo, a consultoria prevê o reaquecimento da demanda, sobretudo em países em desenvolvimento. "Brasil, Oriente Médio e Rússia, onde a produção tem altos custos, serão severamente desafiados se quiserem continuarem com seus investimentos", disse Kuhl. O pesquisador Francis O'Sullivan, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), afirma que a indústria iraniana precisa de um prazo para receber investimentos, se modernizar e voltar ao mercado internacional. "Demorará algum tempo até que encontre o seu lugar", afirmou. "Mas não acredito que as implicações serão tão dramáticas quanto as pessoas estão imaginando." | mundo | Acordo nuclear deve manter baixos os preços do petróleo, dizem analistasO efeito mais presumível do acordo de potências globais com o Irã no mercado é a manutenção de preços baixos do petróleo por um período mais longo do que o inicialmente previsto, o que impõe um desafio expressivo para países exportadores como o Brasil. Analistas ouvidos pela Folha rechaçam queda ainda maior do valor do barril, que caiu 10% desde o início do mês e estava na casa dos US$ 50 (R$ 157) na terça-feira (14). A entrada do Irã no mercado global não é esperada para antes de setembro ou depois. O país possui a segunda maior reserva de gás natural do mundo e a quarta de óleo em estado cru. O principal destino de sua produção será a Ásia, com dois terços do petróleo, afirma Matthew Kuhl, da consultoria KBC. O último terço será comprado pela Europa, avalia. Com uma oferta que já é superior à demanda, haverá uma pressão mundial pela queda da produção de petróleo, afirma. A longo prazo, a consultoria prevê o reaquecimento da demanda, sobretudo em países em desenvolvimento. "Brasil, Oriente Médio e Rússia, onde a produção tem altos custos, serão severamente desafiados se quiserem continuarem com seus investimentos", disse Kuhl. O pesquisador Francis O'Sullivan, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), afirma que a indústria iraniana precisa de um prazo para receber investimentos, se modernizar e voltar ao mercado internacional. "Demorará algum tempo até que encontre o seu lugar", afirmou. "Mas não acredito que as implicações serão tão dramáticas quanto as pessoas estão imaginando." | 4 |
Gestão Haddad lota classes para ampliar matrículas na pré-escola | Para ampliar as matrículas na pré-escola, a gestão Fernando Haddad (PT) tem colocado mais alunos por sala do que prevê norma da própria Prefeitura de São Paulo. Nas turmas que atendem crianças de 5 anos, a média está em 32 alunos por sala. Nas de 4 anos, 30 por classe. Ambos os casos estão acima do limite de 29 estudantes por sala traçado em portaria de 2014 da gestão petista. Os parâmetros de Qualidade da Educação Infantil do MEC (Ministério da Educação), elaborados em 2006, quando Haddad era ministro, são ainda mais rigorosos: nessa etapa, limitam em 20 estudantes por sala de aula. O inchaço das turmas é prejudicial ao trabalho do professor e ao processo de aprendizagem dos alunos, de acordo com especialistas. "São crianças muito pequenas, que estão começando a ter atividades escolares mais complexas. Nesse momento é necessário ter atenção mais individualizada", afirma Alejandra Velasco, coordenadora do Movimento Todos Pela Educação. "A expansão das matrículas não poderia acontecer às custas de piora de qualidade", completa Velasco. COMPARAÇÃO Enquanto a média fica entre 30 e 32, há escolas municipais com 35 alunos por sala, como na Pixinguinha, em Cangaíba (zona leste), e no CEU Caminho do Mar (sul). Como comparação, dados de 2014 do MEC apontam uma média de 13 alunos por classe na pré-escola na rede privada na cidade de São Paulo –onde geralmente as equipes são maiores para atender os estudantes na sala de aula. Uma emenda constitucional de 2009 obriga que os governos coloquem nas escolas todas as crianças de 4 a 5 anos até 2016. Antes, essa obrigação se iniciava aos 6 anos. A prefeitura fechou janeiro com 205,4 mil alunos matriculados nessa etapa. O número é um salto de 22 mil ante dezembro de 2012, mas 12,5 mil crianças ainda esperam por uma vaga na pré-escola. Alunos por sala na rede municipal - PERIFERIA Pelo menos desde 2014, segundo informações encaminhados ao Ministério Público pela prefeitura, a lotação das salas está acima do limite normativo da rede –e ainda teve leve piora neste ano. Nenhuma das 14 diretorias de ensino da capital paulista está com média de alunos menor que 29 estudantes nas duas séries da etapa. Os casos de maior lotação estão concentrados na periferia. As regionais de Capela do Socorro (zona sul), Freguesia/Brasilândia (zona norte) e Guaianazes e São Miguel (leste) têm média de 33 alunos de 5 anos por sala. A gestão Haddad defende que, apesar da média alta, apenas 20% das 6,8 mil turmas da rede nesta etapa têm salas cheias. Não há, entretanto, um plano de apoio específico a professores que atuam nessas condições. O professor Salomão Ximenes, da UFABC (Universidade Federal do ABC) diz que esse dado reflete um "aspecto central" de qualidade. "Isso determina a atenção que os professores podem dar. Uma mudança de 20 para 30 alunos por classe altera radicalmente as possibilidades do projeto pedagógico", afirma Ximenes. Crianças matriculadas na pré-escola (4 e 5 anos) - Em milhares* PREFEITURA NEGA SUPERLOTAÇÃO A Prefeitura de São Paulo afirma que a média de até 32 alunos por turma não configura uma "superlotação" na pré-escola e que cuidados de qualidade para atendimento têm sido observados. A Folha solicitou entrevista com Gabriel Chalita, secretário da Educação. O chefe de gabinete da pasta, Marcos Rogério de Souza, foi designado pela administração para prestar os esclarecimentos. Segundo ele, a definição de 29 alunos fixada em portaria municipal é sinal do esforço para baixar os índices, mas a prioridade é garantir a matrícula de todas as crianças. "Os locais onde não há observância a esse teto se deve à demanda muito alta e à dificuldade de obter terrenos para obras", afirma. "Mas não há superlotação, a quantidade de alunos respeita o tamanho das salas. E os professores trabalham com o mesmo currículo e projeto pedagógico". diz. O chefe de gabinete afirma que a prefeitura vai universalizar até o fim do ano a matrícula nesta faixa etária. "O que poucas cidades do Brasil conseguirão", diz. Hoje, 12,5 mil crianças de 4 a 5 anos estão na fila por uma vaga. Total de turmas na cidade - A prefeitura já entregou 30 novos prédios de Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil). A gestão diz que outros 18 estão em obras. Decisão judicial de 2013 obriga a prefeitura a criar até o fim deste ano 150 mil vagas em educação infantil –que inclui creche e pré-escolas. Até dezembro de 2015, a gestão criou 46,7 mil novas vagas em creche. Como a Folha mostrou em fevereiro, a prefeitura inflou esse saldo em suas divulgações. Na pré-escola, são 22 mil novas vagas. O promotor João Paulo Faustinoni afirma que a Justiça exigiu expansão com padrões de qualidade. "Vamos requisitar à prefeitura esclarecimentos do que está acontecendo", diz ele. | educacao | Gestão Haddad lota classes para ampliar matrículas na pré-escolaPara ampliar as matrículas na pré-escola, a gestão Fernando Haddad (PT) tem colocado mais alunos por sala do que prevê norma da própria Prefeitura de São Paulo. Nas turmas que atendem crianças de 5 anos, a média está em 32 alunos por sala. Nas de 4 anos, 30 por classe. Ambos os casos estão acima do limite de 29 estudantes por sala traçado em portaria de 2014 da gestão petista. Os parâmetros de Qualidade da Educação Infantil do MEC (Ministério da Educação), elaborados em 2006, quando Haddad era ministro, são ainda mais rigorosos: nessa etapa, limitam em 20 estudantes por sala de aula. O inchaço das turmas é prejudicial ao trabalho do professor e ao processo de aprendizagem dos alunos, de acordo com especialistas. "São crianças muito pequenas, que estão começando a ter atividades escolares mais complexas. Nesse momento é necessário ter atenção mais individualizada", afirma Alejandra Velasco, coordenadora do Movimento Todos Pela Educação. "A expansão das matrículas não poderia acontecer às custas de piora de qualidade", completa Velasco. COMPARAÇÃO Enquanto a média fica entre 30 e 32, há escolas municipais com 35 alunos por sala, como na Pixinguinha, em Cangaíba (zona leste), e no CEU Caminho do Mar (sul). Como comparação, dados de 2014 do MEC apontam uma média de 13 alunos por classe na pré-escola na rede privada na cidade de São Paulo –onde geralmente as equipes são maiores para atender os estudantes na sala de aula. Uma emenda constitucional de 2009 obriga que os governos coloquem nas escolas todas as crianças de 4 a 5 anos até 2016. Antes, essa obrigação se iniciava aos 6 anos. A prefeitura fechou janeiro com 205,4 mil alunos matriculados nessa etapa. O número é um salto de 22 mil ante dezembro de 2012, mas 12,5 mil crianças ainda esperam por uma vaga na pré-escola. Alunos por sala na rede municipal - PERIFERIA Pelo menos desde 2014, segundo informações encaminhados ao Ministério Público pela prefeitura, a lotação das salas está acima do limite normativo da rede –e ainda teve leve piora neste ano. Nenhuma das 14 diretorias de ensino da capital paulista está com média de alunos menor que 29 estudantes nas duas séries da etapa. Os casos de maior lotação estão concentrados na periferia. As regionais de Capela do Socorro (zona sul), Freguesia/Brasilândia (zona norte) e Guaianazes e São Miguel (leste) têm média de 33 alunos de 5 anos por sala. A gestão Haddad defende que, apesar da média alta, apenas 20% das 6,8 mil turmas da rede nesta etapa têm salas cheias. Não há, entretanto, um plano de apoio específico a professores que atuam nessas condições. O professor Salomão Ximenes, da UFABC (Universidade Federal do ABC) diz que esse dado reflete um "aspecto central" de qualidade. "Isso determina a atenção que os professores podem dar. Uma mudança de 20 para 30 alunos por classe altera radicalmente as possibilidades do projeto pedagógico", afirma Ximenes. Crianças matriculadas na pré-escola (4 e 5 anos) - Em milhares* PREFEITURA NEGA SUPERLOTAÇÃO A Prefeitura de São Paulo afirma que a média de até 32 alunos por turma não configura uma "superlotação" na pré-escola e que cuidados de qualidade para atendimento têm sido observados. A Folha solicitou entrevista com Gabriel Chalita, secretário da Educação. O chefe de gabinete da pasta, Marcos Rogério de Souza, foi designado pela administração para prestar os esclarecimentos. Segundo ele, a definição de 29 alunos fixada em portaria municipal é sinal do esforço para baixar os índices, mas a prioridade é garantir a matrícula de todas as crianças. "Os locais onde não há observância a esse teto se deve à demanda muito alta e à dificuldade de obter terrenos para obras", afirma. "Mas não há superlotação, a quantidade de alunos respeita o tamanho das salas. E os professores trabalham com o mesmo currículo e projeto pedagógico". diz. O chefe de gabinete afirma que a prefeitura vai universalizar até o fim do ano a matrícula nesta faixa etária. "O que poucas cidades do Brasil conseguirão", diz. Hoje, 12,5 mil crianças de 4 a 5 anos estão na fila por uma vaga. Total de turmas na cidade - A prefeitura já entregou 30 novos prédios de Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil). A gestão diz que outros 18 estão em obras. Decisão judicial de 2013 obriga a prefeitura a criar até o fim deste ano 150 mil vagas em educação infantil –que inclui creche e pré-escolas. Até dezembro de 2015, a gestão criou 46,7 mil novas vagas em creche. Como a Folha mostrou em fevereiro, a prefeitura inflou esse saldo em suas divulgações. Na pré-escola, são 22 mil novas vagas. O promotor João Paulo Faustinoni afirma que a Justiça exigiu expansão com padrões de qualidade. "Vamos requisitar à prefeitura esclarecimentos do que está acontecendo", diz ele. | 12 |
Animais utilizam homossexualidade como estratégia de sobrevivência | A história de um casal de abutres machos que chocou um ovo abandonado da mesma espécie e, depois do nascimento, adotou o filhote em um zoológico de Amsterdã, na Holanda, comoveu internautas do mundo inteiro. O caso abriu o debate sobre a homossexualidade no mundo animal que, ao contrário do que se imagina, é muito comum e até necessária para a proteção e sobrevivência das espécies. Segundo os funcionários do zoológico Artis, na capital holandesa, os dois abutres homossexuais estavam juntos havia alguns anos. No último ano, eles construíram um ninho, acasalaram, mas, como são machos, não puderam gerar e colocar um ovo. Postagem Os criadores do local decidiram, então, "presentear" o casal de abutres com um ovo abandonado por uma ave fêmea da mesma espécie. O resultado foi que os dois machos chocaram o ovo por meses e, depois do nascimento do filhote, tornaram-se "pais exemplares", dizem os funcionários do zoológico. HOMOSSEXUALIDADE NOS ANIMAIS Embora a notícia tenha feito a volta do mundo, a divisão de tarefas "domésticas" entre os casais de machos e fêmeas dessa espécie já é conhecida, assim como a união de abutres do mesmo sexo. "Essa espécie, assim como inúmeras outras aves, quando entram na época reprodutiva, tanto os machos como as fêmeas, começam a ter alterações hormonais no organismo que determinam a manifestação de comportamento, de corte e de elaboração do ninho para reprodução. Então, essa vontade de procriar é biologicamente determinada, já está programada", explica Helena Truksa, bióloga especialista em comportamento animal, fundadora da Ethos Animal. Segundo ela, a união e a cópula entre indivíduos do mesmo sexo é algo muito comum em muitas espécies. "Cientificamente falando, é impossível dizer que todas as espécies animais são estritamente heterossexuais. O que se observa de forma mais comum é um amplo registro de bissexualidade, que é mantido ao logo das gerações e da evolução das espécies", diz. Esse comportamento, de acordo com a bióloga, traz diversas vantagens para os animais e não interfere no objetivo da reprodução. "Há uma maior formação de vínculo, estreitamento de laços, além de vantagens adaptativas que servem como estratégias de sobrevivência. É o caso dos macacos bonobos que utilizam o sexo para aliviar estresse e tensão dentro dos grupos e evitar brigas", afirma. HORMÔNIOS, GENÉTICA E ASPECTO EMOCIONAL A homossexualidade no mundo animal também é impulsionada por mecanismos hormonais, fatores genéticos e neurobiológicos, estimulada por neurotransmissores como dopamina, serotonina, ocitocina e endorfina no cérebro. "Então, em um primeiro momento, o que uniu aquele casal de abutres foi um conjunto desses fatores, antes de pensarmos no aspecto emocional", diz. As emoções também são um aspecto importante no comportamento animal. "Muito provavelmente há uma formação de vínculo baseada no afeto. Você vê isso ocorrendo em animais socialmente complexos como os elefantes, por exemplo. Eles formam famílias muito coesas e têm relações muito estáveis e duradouras", diz a bióloga. Como exemplo desse vínculo afetivo entre os elefantes, Truksa lembra a formação de cemitérios. "Eles levam seus familiares falecidos para locais estabelecidos como cemitérios e voltam a esses locais de tempos em tempos, em uma espécie de ritual que lembra as nossas relações com os mortos", afirma. No entanto, a especialista descarta a possibilidade de famílias serem criadas apenas por vínculos sentimentais. "É muito mais possível que a formação de pares aconteça por uma questão biológica", diz. AFEIÇÃO E REPRODUÇÃO Thierry Lodé, professor de ecologia evolutiva nas universidades de Rennes e Angers e pesquisador em Etologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), ao estudar formações de famílias, considerou dois aspectos: a existência de relações de afeição e da necessidade de reprodução. "Podemos dizer que os animais primeiramente buscam seduzir, sem uma orientação sexual precisa. E, depois, quando percebem que se gostam, eles talvez irão fundar uma família e se reproduzir." Segundo Lodé, a sexualidade no mundo animal é muito mais ampla e tem menos regras que a espécie humana. Por exemplo, não há uma preocupação de formação de uma família "tradicional". "Se o casal for composto por dois machos que têm essa necessidade de procriar, vão tentar adotar um filhote, como foi o caso dos abutres de Amsterdã. Se forem duas fêmeas, podem procriar com outros machos, ter filhotes, mas continuar vivendo entre elas", diz. Em vários casos, o pesquisador diz ter observado famílias formadas por grupos e não apenas por uma dupla. "Temos casos até mesmo de famílias formados por trios ou quartetos. Em algumas espécies de patos, gansos e cisnes, por exemplo, dois machos se unem a uma fêmea. Ela vai pôr ovos no ninho que eles criaram e são os dois machos que vão chocar e cuidar dos filhotes. Há outras espécies que se unem em grupos e formam grandes famílias, porque eles se gostam e querem ficar juntos. E isso mostra que há duas coisas diferentes: a relação amorosa e a necessidade de reprodução." Os especialistas são unânimes em afirmar que as uniões entre indivíduos do mesmo sexo causam problemas em apenas uma espécie: a humana. Entre todas as outras, não há registros de preconceito, intolerância ou rejeição devido à orientação sexual de um indivíduo. | ciencia | Animais utilizam homossexualidade como estratégia de sobrevivênciaA história de um casal de abutres machos que chocou um ovo abandonado da mesma espécie e, depois do nascimento, adotou o filhote em um zoológico de Amsterdã, na Holanda, comoveu internautas do mundo inteiro. O caso abriu o debate sobre a homossexualidade no mundo animal que, ao contrário do que se imagina, é muito comum e até necessária para a proteção e sobrevivência das espécies. Segundo os funcionários do zoológico Artis, na capital holandesa, os dois abutres homossexuais estavam juntos havia alguns anos. No último ano, eles construíram um ninho, acasalaram, mas, como são machos, não puderam gerar e colocar um ovo. Postagem Os criadores do local decidiram, então, "presentear" o casal de abutres com um ovo abandonado por uma ave fêmea da mesma espécie. O resultado foi que os dois machos chocaram o ovo por meses e, depois do nascimento do filhote, tornaram-se "pais exemplares", dizem os funcionários do zoológico. HOMOSSEXUALIDADE NOS ANIMAIS Embora a notícia tenha feito a volta do mundo, a divisão de tarefas "domésticas" entre os casais de machos e fêmeas dessa espécie já é conhecida, assim como a união de abutres do mesmo sexo. "Essa espécie, assim como inúmeras outras aves, quando entram na época reprodutiva, tanto os machos como as fêmeas, começam a ter alterações hormonais no organismo que determinam a manifestação de comportamento, de corte e de elaboração do ninho para reprodução. Então, essa vontade de procriar é biologicamente determinada, já está programada", explica Helena Truksa, bióloga especialista em comportamento animal, fundadora da Ethos Animal. Segundo ela, a união e a cópula entre indivíduos do mesmo sexo é algo muito comum em muitas espécies. "Cientificamente falando, é impossível dizer que todas as espécies animais são estritamente heterossexuais. O que se observa de forma mais comum é um amplo registro de bissexualidade, que é mantido ao logo das gerações e da evolução das espécies", diz. Esse comportamento, de acordo com a bióloga, traz diversas vantagens para os animais e não interfere no objetivo da reprodução. "Há uma maior formação de vínculo, estreitamento de laços, além de vantagens adaptativas que servem como estratégias de sobrevivência. É o caso dos macacos bonobos que utilizam o sexo para aliviar estresse e tensão dentro dos grupos e evitar brigas", afirma. HORMÔNIOS, GENÉTICA E ASPECTO EMOCIONAL A homossexualidade no mundo animal também é impulsionada por mecanismos hormonais, fatores genéticos e neurobiológicos, estimulada por neurotransmissores como dopamina, serotonina, ocitocina e endorfina no cérebro. "Então, em um primeiro momento, o que uniu aquele casal de abutres foi um conjunto desses fatores, antes de pensarmos no aspecto emocional", diz. As emoções também são um aspecto importante no comportamento animal. "Muito provavelmente há uma formação de vínculo baseada no afeto. Você vê isso ocorrendo em animais socialmente complexos como os elefantes, por exemplo. Eles formam famílias muito coesas e têm relações muito estáveis e duradouras", diz a bióloga. Como exemplo desse vínculo afetivo entre os elefantes, Truksa lembra a formação de cemitérios. "Eles levam seus familiares falecidos para locais estabelecidos como cemitérios e voltam a esses locais de tempos em tempos, em uma espécie de ritual que lembra as nossas relações com os mortos", afirma. No entanto, a especialista descarta a possibilidade de famílias serem criadas apenas por vínculos sentimentais. "É muito mais possível que a formação de pares aconteça por uma questão biológica", diz. AFEIÇÃO E REPRODUÇÃO Thierry Lodé, professor de ecologia evolutiva nas universidades de Rennes e Angers e pesquisador em Etologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), ao estudar formações de famílias, considerou dois aspectos: a existência de relações de afeição e da necessidade de reprodução. "Podemos dizer que os animais primeiramente buscam seduzir, sem uma orientação sexual precisa. E, depois, quando percebem que se gostam, eles talvez irão fundar uma família e se reproduzir." Segundo Lodé, a sexualidade no mundo animal é muito mais ampla e tem menos regras que a espécie humana. Por exemplo, não há uma preocupação de formação de uma família "tradicional". "Se o casal for composto por dois machos que têm essa necessidade de procriar, vão tentar adotar um filhote, como foi o caso dos abutres de Amsterdã. Se forem duas fêmeas, podem procriar com outros machos, ter filhotes, mas continuar vivendo entre elas", diz. Em vários casos, o pesquisador diz ter observado famílias formadas por grupos e não apenas por uma dupla. "Temos casos até mesmo de famílias formados por trios ou quartetos. Em algumas espécies de patos, gansos e cisnes, por exemplo, dois machos se unem a uma fêmea. Ela vai pôr ovos no ninho que eles criaram e são os dois machos que vão chocar e cuidar dos filhotes. Há outras espécies que se unem em grupos e formam grandes famílias, porque eles se gostam e querem ficar juntos. E isso mostra que há duas coisas diferentes: a relação amorosa e a necessidade de reprodução." Os especialistas são unânimes em afirmar que as uniões entre indivíduos do mesmo sexo causam problemas em apenas uma espécie: a humana. Entre todas as outras, não há registros de preconceito, intolerância ou rejeição devido à orientação sexual de um indivíduo. | 15 |
PF entrega ao museu de Curitiba telas apreendidas com Renato Duque | A Polícia Federal vai entregar nesta quinta-feira (19) ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, um total de 139 telas apreendidas na décima fase da Operação Lava Jato, deflagrada no início da semana. Quase todas as telas pertenciam ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que foi detido na ação. De acordo com a PF, entre as peças há obras dos artistas Djanira, Alberto Guignard, Heitor dos Prazeres, Agostinho Batista de Freitas, Antônio Poteiro e Yara Tupynambá. Uma parte das obras de arte foi encontrada com Adir Assad, apontado pelo Ministério Público Federal como operador de um dos esquemas de desvios na estatal. Ele também foi preso. As obras de arte passarão por perícia para comprovar a autenticidade e ficarão por um período em quarentena. Ainda não há definição se ficarão expostas no museu. Quinze obras de arte apreendidas em fases anteriores da Lava Jato, no ano passado, já estão em exposição no museu da capital paranaense. Entre elas, há trabalhos de Di Cavalcanti, Iberê Camargo e Heitor dos Prazeres. Um outro lote de 48 trabalhos encaminhados pela Polícia Federal está em um período de quarentena no museu, necessário para trabalhos de higienização. | poder | PF entrega ao museu de Curitiba telas apreendidas com Renato DuqueA Polícia Federal vai entregar nesta quinta-feira (19) ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, um total de 139 telas apreendidas na décima fase da Operação Lava Jato, deflagrada no início da semana. Quase todas as telas pertenciam ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que foi detido na ação. De acordo com a PF, entre as peças há obras dos artistas Djanira, Alberto Guignard, Heitor dos Prazeres, Agostinho Batista de Freitas, Antônio Poteiro e Yara Tupynambá. Uma parte das obras de arte foi encontrada com Adir Assad, apontado pelo Ministério Público Federal como operador de um dos esquemas de desvios na estatal. Ele também foi preso. As obras de arte passarão por perícia para comprovar a autenticidade e ficarão por um período em quarentena. Ainda não há definição se ficarão expostas no museu. Quinze obras de arte apreendidas em fases anteriores da Lava Jato, no ano passado, já estão em exposição no museu da capital paranaense. Entre elas, há trabalhos de Di Cavalcanti, Iberê Camargo e Heitor dos Prazeres. Um outro lote de 48 trabalhos encaminhados pela Polícia Federal está em um período de quarentena no museu, necessário para trabalhos de higienização. | 0 |
Haddad veta projeto de lei que criaria 'Samu' para cães e gatos | BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vetou, na sexta (6), projeto de lei que tinha como objetivo criar o Samuv (Serviço de Atendimento Médico Móvel de Urgência Veterinário) –espécie de "Samu" para cães e gatos de pequeno porte. Proposto em 2013, o documento, de autoria dos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), Calvo (PMDB), Nelo Rodolfo (PMDB) e Ricardo Nunes (PMDB), visava disponibilizar "unidades móveis (automotivas) equipadas para a realização de atendimento médico veterinário a animais de pequeno porte, incluindo castração, coleta de material para exame, vermifugação, vacinação, cirurgias de pequeno porte emergenciais, remoções e outros". "Cada veículo contará com equipe composta por cirurgião, anestesista, assistente, motorista e educador", constava no terceiro parágrafo do PL. Ainda segundo a proposta, aprovada na Câmara e enviada para avaliação de Haddad em outubro, "o poder público determinará o tipo e a quantidade de veículos suficientes para a consecução das finalidades do serviço de atendimento" –essas unidades seriam distribuídas em itinerários diferentes, a serem comunicados com antecedência, priorizando "áreas onde for constatado maior número de animais e de população com baixa renda". VETO A não sanção do PL 477/2013 foi publicada no "Diário Oficial" de sábado (7). Justificando o veto, a prefeitura afirma que "a maior parte dos serviços a serem disponibilizados aos proprietários de cães e gatos pelas unidades móveis previstas no projeto de lei já é atualmente realizada por meio do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), da Secretaria Municipal de Saúde". O governo municipal argumenta ainda "que já existem na cidade de São Paulo dois hospitais veterinários públicos, administrados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente". E acrescenta: "Considerando as naturais limitações orçamentárias e a necessidade de conferir primazia às demandas públicas mais essenciais, dentre as quais as emergentes da saúde pública dos próprios munícipes", faz-se "inviável, no momento, a prestação desse serviço por meio de unidades móveis [...], notadamente sob o enfoque financeiro, posto que a sua implantação acarretaria enormes custos ao erário". | saopaulo | Haddad veta projeto de lei que criaria 'Samu' para cães e gatosBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vetou, na sexta (6), projeto de lei que tinha como objetivo criar o Samuv (Serviço de Atendimento Médico Móvel de Urgência Veterinário) –espécie de "Samu" para cães e gatos de pequeno porte. Proposto em 2013, o documento, de autoria dos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), Calvo (PMDB), Nelo Rodolfo (PMDB) e Ricardo Nunes (PMDB), visava disponibilizar "unidades móveis (automotivas) equipadas para a realização de atendimento médico veterinário a animais de pequeno porte, incluindo castração, coleta de material para exame, vermifugação, vacinação, cirurgias de pequeno porte emergenciais, remoções e outros". "Cada veículo contará com equipe composta por cirurgião, anestesista, assistente, motorista e educador", constava no terceiro parágrafo do PL. Ainda segundo a proposta, aprovada na Câmara e enviada para avaliação de Haddad em outubro, "o poder público determinará o tipo e a quantidade de veículos suficientes para a consecução das finalidades do serviço de atendimento" –essas unidades seriam distribuídas em itinerários diferentes, a serem comunicados com antecedência, priorizando "áreas onde for constatado maior número de animais e de população com baixa renda". VETO A não sanção do PL 477/2013 foi publicada no "Diário Oficial" de sábado (7). Justificando o veto, a prefeitura afirma que "a maior parte dos serviços a serem disponibilizados aos proprietários de cães e gatos pelas unidades móveis previstas no projeto de lei já é atualmente realizada por meio do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), da Secretaria Municipal de Saúde". O governo municipal argumenta ainda "que já existem na cidade de São Paulo dois hospitais veterinários públicos, administrados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente". E acrescenta: "Considerando as naturais limitações orçamentárias e a necessidade de conferir primazia às demandas públicas mais essenciais, dentre as quais as emergentes da saúde pública dos próprios munícipes", faz-se "inviável, no momento, a prestação desse serviço por meio de unidades móveis [...], notadamente sob o enfoque financeiro, posto que a sua implantação acarretaria enormes custos ao erário". | 9 |
Colunistas elegem as capas que não esquecem (e que ajudaram a fazer) | O que torna uma capa de jornal memorável? Um evento histórico? Uma informação que abala um governo? Uma entrevista com uma grande personalidade? Cinco jornalistas da Folha escolhem a primeira página mais marcante que ajudaram a fazer.Leia mais aqui | tv | Colunistas elegem as capas que não esquecem (e que ajudaram a fazer)O que torna uma capa de jornal memorável? Um evento histórico? Uma informação que abala um governo? Uma entrevista com uma grande personalidade? Cinco jornalistas da Folha escolhem a primeira página mais marcante que ajudaram a fazer.Leia mais aqui | 11 |
Barcelona lidera a tabela nos patrocínios do futebol | A despeito de ter sido eliminado na disputa do título pan-europeu da Champions League neste ano pelo rival espanhol Atlético Madrid, o FC Barcelona continua a ser o líder do futebol mundial, pelo menos no que tange a patrocínios. O clube assinou novo contrato de material esportivo de 10 anos de duração com a Nike, no mês passado, e antecipa receita de € 150 milhões a € 155 milhões (€ 116 milhões a € 120 milhões) anuais com ele, ante os atuais € 60 milhões. Quando entrar em vigor, em 2018, o novo contrato de material esportivo será o mais lucrativo do futebol, superando de longe o contrato de 75 milhões de libras anuais do Manchester United com a Adidas. O Barcelona também espera em breve se tornar o líder mundial nos valores de patrocínio da camisa. No momento, o Manchester United detém essa honra com seu contrato de 50 milhões de libras anuais com a montadora norte-americana de automóveis Chevrolet. Mas o clube catalão está em "negociações avançadas" com diversas companhias, entre as quais a Qatar Airways, cujo contrato com a equipe expira este ano, de acordo com Manel Arroyo, o diretor de marketing do clube. Ainda que os novos uniformes do Barcelona para a temporada 2016/2017 já tenham sido apresentados sem patrocinadores, um novo contrato deve ser assinado em algum momento do próximo trimestre. A venda dos naming rights do Camp Nou, o estádio do Barcelona, também está sendo preparada. Arroyo atribui o sucesso comercial do Barcelona a diversos fatores, entre os quais um dos mais importantes é o sucesso do time em campo. Apesar da decepção na Champions League, a equipe conquistou o título espanhol e o da Copa do Rei, as duas grandes competições nacionais espanholas. "Eles são o melhor time de futebol do planeta, e com isso naturalmente procuramos os melhores contratos", disse Arroyo. O Barcelona tem ambições, reveladas no final do ano passado, a se tornar o primeiro do planeta a faturar € 1 bilhão por ano. Além da Nike e da Qatar Airways, as duas principais parceiras do clube, o Barcelona tem mais cinco "parceiros premium", 10 "parceiros oficiais" e 23 parceiros ditos "regionais". Os nomes variam de marcas mundiais como a Coca-Cola e Gillette a empresas locais catalãs como o banco La Caixa e a cerveja Estrella Damm. Também há parceiros espalhados pelo planeta, o que aponta para a crescente audiência internacional do futebol europeu. A lista inclui a fabricante chinesa de smartphones Oppo, o Saigon-Hanoi Bank, a fabricante brasileira de desodorante para os pés Tenys Pé e o site imobiliário japonês Apamanshop. O clube agora tem um escritório em Hong Kong, vai em breve inaugurar escritório em Nova York e planeja um terceiro em São Paulo. A receita de "marketing" - principalmente patrocínios - cresceu em um terço na temporada 2014/2015, a mais recente para a qual há dados disponíveis, para € 225 milhões. Outras formas de receita, como direitos de mídia e o faturamento com ingressos e mercadorias vendidas em estádio durante os jogos, também cresceram, mas em ritmo muito menor. O marketing hoje responde por 37% do faturamento e é a maior fonte de receita do clube. O Barcelona também conta com alguns dos mais conhecidos astros do futebol mundial em campo - um ativo de marketing vital para os seus parceiros - e eles agora têm "dias de marketing" em suas agendas, para gravar comerciais e promover produtos. Uma recente campanha publicitária da fabricante de eletrodomésticos Beko, que tem patrocínio na manga das camisas do Barcelona, ostentava versões em desenho animado dos atacantes Lionel Messi e Neymar, e um comercial de TV no qual Luis Suárez abria uma geladeira Beko para pegar morangos. Outro fator chave é a presença dominante do Barcelona na mídia social. O clube conta com 2,3 milhões de assinantes no YouTube, 18 milhões de seguidores no Twitter, mais de 30 milhões de seguidores no Instagram e 93 milhões de likes no Facebook - todos esses números consideravelmente superiores aos do Manchester United, ainda que eles admitidamente fiquem abaixo dos totais de Cristiano Ronaldo, jogador do rival Real Madrid, que conta com 112 milhões de seguidores no Facebook. Tradução de PAULO MIGLIACCI | mercado | Barcelona lidera a tabela nos patrocínios do futebolA despeito de ter sido eliminado na disputa do título pan-europeu da Champions League neste ano pelo rival espanhol Atlético Madrid, o FC Barcelona continua a ser o líder do futebol mundial, pelo menos no que tange a patrocínios. O clube assinou novo contrato de material esportivo de 10 anos de duração com a Nike, no mês passado, e antecipa receita de € 150 milhões a € 155 milhões (€ 116 milhões a € 120 milhões) anuais com ele, ante os atuais € 60 milhões. Quando entrar em vigor, em 2018, o novo contrato de material esportivo será o mais lucrativo do futebol, superando de longe o contrato de 75 milhões de libras anuais do Manchester United com a Adidas. O Barcelona também espera em breve se tornar o líder mundial nos valores de patrocínio da camisa. No momento, o Manchester United detém essa honra com seu contrato de 50 milhões de libras anuais com a montadora norte-americana de automóveis Chevrolet. Mas o clube catalão está em "negociações avançadas" com diversas companhias, entre as quais a Qatar Airways, cujo contrato com a equipe expira este ano, de acordo com Manel Arroyo, o diretor de marketing do clube. Ainda que os novos uniformes do Barcelona para a temporada 2016/2017 já tenham sido apresentados sem patrocinadores, um novo contrato deve ser assinado em algum momento do próximo trimestre. A venda dos naming rights do Camp Nou, o estádio do Barcelona, também está sendo preparada. Arroyo atribui o sucesso comercial do Barcelona a diversos fatores, entre os quais um dos mais importantes é o sucesso do time em campo. Apesar da decepção na Champions League, a equipe conquistou o título espanhol e o da Copa do Rei, as duas grandes competições nacionais espanholas. "Eles são o melhor time de futebol do planeta, e com isso naturalmente procuramos os melhores contratos", disse Arroyo. O Barcelona tem ambições, reveladas no final do ano passado, a se tornar o primeiro do planeta a faturar € 1 bilhão por ano. Além da Nike e da Qatar Airways, as duas principais parceiras do clube, o Barcelona tem mais cinco "parceiros premium", 10 "parceiros oficiais" e 23 parceiros ditos "regionais". Os nomes variam de marcas mundiais como a Coca-Cola e Gillette a empresas locais catalãs como o banco La Caixa e a cerveja Estrella Damm. Também há parceiros espalhados pelo planeta, o que aponta para a crescente audiência internacional do futebol europeu. A lista inclui a fabricante chinesa de smartphones Oppo, o Saigon-Hanoi Bank, a fabricante brasileira de desodorante para os pés Tenys Pé e o site imobiliário japonês Apamanshop. O clube agora tem um escritório em Hong Kong, vai em breve inaugurar escritório em Nova York e planeja um terceiro em São Paulo. A receita de "marketing" - principalmente patrocínios - cresceu em um terço na temporada 2014/2015, a mais recente para a qual há dados disponíveis, para € 225 milhões. Outras formas de receita, como direitos de mídia e o faturamento com ingressos e mercadorias vendidas em estádio durante os jogos, também cresceram, mas em ritmo muito menor. O marketing hoje responde por 37% do faturamento e é a maior fonte de receita do clube. O Barcelona também conta com alguns dos mais conhecidos astros do futebol mundial em campo - um ativo de marketing vital para os seus parceiros - e eles agora têm "dias de marketing" em suas agendas, para gravar comerciais e promover produtos. Uma recente campanha publicitária da fabricante de eletrodomésticos Beko, que tem patrocínio na manga das camisas do Barcelona, ostentava versões em desenho animado dos atacantes Lionel Messi e Neymar, e um comercial de TV no qual Luis Suárez abria uma geladeira Beko para pegar morangos. Outro fator chave é a presença dominante do Barcelona na mídia social. O clube conta com 2,3 milhões de assinantes no YouTube, 18 milhões de seguidores no Twitter, mais de 30 milhões de seguidores no Instagram e 93 milhões de likes no Facebook - todos esses números consideravelmente superiores aos do Manchester United, ainda que eles admitidamente fiquem abaixo dos totais de Cristiano Ronaldo, jogador do rival Real Madrid, que conta com 112 milhões de seguidores no Facebook. Tradução de PAULO MIGLIACCI | 2 |
Fora de casa, Grêmio vence o Juventude pela semifinal do Gaúcho | No primeiro jogo da semifinal entre Juventude e Grêmio, pelo Campeonato Gaúcho, o time de Porto Alegre se saiu melhor ao vencer o adversário por 1 a 0 fora de casa. Com o resultado, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari tem a vantagem no jogo de volta. O Grêmio pode até empatar que avança para a final da competição, podendo enfrentar o Internacional ou o Brasil de Pelotas, que empataram em 1 a 1 neste sábado (11). O único gol da partida saiu ainda no primeiro tempo. Aos 19 min, Giuliano recebeu passe de Braian Rodríguez, e com um forte chute ajudou o Grêmio a largar na frente na semifinal. As duas equipes se enfrentam novamente no próximo sábado (11) na Arena do Grêmio. | esporte | Fora de casa, Grêmio vence o Juventude pela semifinal do GaúchoNo primeiro jogo da semifinal entre Juventude e Grêmio, pelo Campeonato Gaúcho, o time de Porto Alegre se saiu melhor ao vencer o adversário por 1 a 0 fora de casa. Com o resultado, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari tem a vantagem no jogo de volta. O Grêmio pode até empatar que avança para a final da competição, podendo enfrentar o Internacional ou o Brasil de Pelotas, que empataram em 1 a 1 neste sábado (11). O único gol da partida saiu ainda no primeiro tempo. Aos 19 min, Giuliano recebeu passe de Braian Rodríguez, e com um forte chute ajudou o Grêmio a largar na frente na semifinal. As duas equipes se enfrentam novamente no próximo sábado (11) na Arena do Grêmio. | 3 |
Mostra de Harun Farocki revela a política por trás dos videogames | Quando começou a fazer seus mais de cem filmes, o artista alemão Harun Farocki lutava contra uma sensação de inutilidade. Ele dizia que todas as imagens do mundo já haviam sido filmadas. Não cabia registrar mais nada, e por isso suas obras seriam compilações de tudo o que existe. Farocki, morto aos 70, há dois anos, e agora alvo de uma retrospectiva no Paço das Artes, usou como base de seus primeiros trabalhos imagens do noticiário de televisão, em especial conflitos e revoluções, da queda da ditadura na Romênia à Guerra do Golfo. Mais tarde, o artista que se tornou um dos pilares da videoarte no cenário mundial desviou o foco de seu trabalho para o que entendeu como nova forma de construção da realidade —os videogames. Na mostra do Paço, estão suas investigações minuciosas das estratégias por trás da construção dos mundos paralelos dos jogos para crianças até as narrativas mais sangrentas de ação. São trabalhos marcados pela reflexão sobre como algoritmos e códigos a princípio inocentes conseguem arquitetar tramas de violência brutal. "Ele vai focando nos games para resgatar a história da arte", diz Jane de Almeida, que organiza a mostra. "A pergunta que ele faz é: se a imagem do computador chega tão perto da realidade, ela não acabaria libertando o cinema para outras funções, da mesma forma que a fotografia libertou a pintura de seu realismo?". De fato, Farocki, descrito como um artesão da imagem, reconhece que a animação se tornou mais poderosa do que a reprodução fotográfica. Nessas obras, aliás, ele está mesmo preocupado com cada pixel na tela, truques de luz e sombra e como os movimentos dos games se tornaram coreografias hiper-realistas controladas pelo jogador em tempo real, quase extensões do corpo de verdade. Mas sua análise de paletas de cor, efeitos luminosos e afins às vezes resvala para um segundo plano diante de imagens de cabeças explodindo e sangue virtual tingindo casas e ruas de vermelho vivo. Nesse sentido, sua obra assume uma dimensão política à flor da pele, em sintonia com a obra de cineastas como Jean-Luc Godard, um mestre em criar planos de beleza avassaladora mesmo que calcados no mal-estar da vida burguesa e sua violência intrínseca. Em Farocki, a política parece estar na forma como ele joga luz sobre todas as possíveis rotas de perversão ao longo da construção de uma imagem. Num de seus trabalhos mais célebres, também no Paço, o artista aparece diante de uma ilha de edição enquanto comenta seu próprio trabalho. "Ele vai mostrando como se faz uma ficção, o que é uma metáfora", diz Almeida. "Tem a ver com a fragilidade da tecnologia e com como a imagem se relaciona com sua decodificação." HARUN FAROCKI QUANDO de qua. a sex., 10h às 19h; sáb. e dom., 11h às 18h; até 27/3 ONDE Paço das Artes, av. da Universidade, 1, tel. (11) 3814-3842 QUANTO grátis | ilustrada | Mostra de Harun Farocki revela a política por trás dos videogamesQuando começou a fazer seus mais de cem filmes, o artista alemão Harun Farocki lutava contra uma sensação de inutilidade. Ele dizia que todas as imagens do mundo já haviam sido filmadas. Não cabia registrar mais nada, e por isso suas obras seriam compilações de tudo o que existe. Farocki, morto aos 70, há dois anos, e agora alvo de uma retrospectiva no Paço das Artes, usou como base de seus primeiros trabalhos imagens do noticiário de televisão, em especial conflitos e revoluções, da queda da ditadura na Romênia à Guerra do Golfo. Mais tarde, o artista que se tornou um dos pilares da videoarte no cenário mundial desviou o foco de seu trabalho para o que entendeu como nova forma de construção da realidade —os videogames. Na mostra do Paço, estão suas investigações minuciosas das estratégias por trás da construção dos mundos paralelos dos jogos para crianças até as narrativas mais sangrentas de ação. São trabalhos marcados pela reflexão sobre como algoritmos e códigos a princípio inocentes conseguem arquitetar tramas de violência brutal. "Ele vai focando nos games para resgatar a história da arte", diz Jane de Almeida, que organiza a mostra. "A pergunta que ele faz é: se a imagem do computador chega tão perto da realidade, ela não acabaria libertando o cinema para outras funções, da mesma forma que a fotografia libertou a pintura de seu realismo?". De fato, Farocki, descrito como um artesão da imagem, reconhece que a animação se tornou mais poderosa do que a reprodução fotográfica. Nessas obras, aliás, ele está mesmo preocupado com cada pixel na tela, truques de luz e sombra e como os movimentos dos games se tornaram coreografias hiper-realistas controladas pelo jogador em tempo real, quase extensões do corpo de verdade. Mas sua análise de paletas de cor, efeitos luminosos e afins às vezes resvala para um segundo plano diante de imagens de cabeças explodindo e sangue virtual tingindo casas e ruas de vermelho vivo. Nesse sentido, sua obra assume uma dimensão política à flor da pele, em sintonia com a obra de cineastas como Jean-Luc Godard, um mestre em criar planos de beleza avassaladora mesmo que calcados no mal-estar da vida burguesa e sua violência intrínseca. Em Farocki, a política parece estar na forma como ele joga luz sobre todas as possíveis rotas de perversão ao longo da construção de uma imagem. Num de seus trabalhos mais célebres, também no Paço, o artista aparece diante de uma ilha de edição enquanto comenta seu próprio trabalho. "Ele vai mostrando como se faz uma ficção, o que é uma metáfora", diz Almeida. "Tem a ver com a fragilidade da tecnologia e com como a imagem se relaciona com sua decodificação." HARUN FAROCKI QUANDO de qua. a sex., 10h às 19h; sáb. e dom., 11h às 18h; até 27/3 ONDE Paço das Artes, av. da Universidade, 1, tel. (11) 3814-3842 QUANTO grátis | 6 |
Disputa sobre saúde pública deve definir equilíbrio político nos EUA | A batalha de mensagens sobre a revogação e substituição da lei de saúde do presidente Barack Obama terminou, e o equilíbrio de poder em Washington pode estar em jogo. Os democratas acreditam que já perderam a disputa pela opinião pública sobre a lei uma vez, quando forçaram a aprovação da Lei de Acesso à Saúde inicialmente e os republicanos tomaram a questão como causa que lhes permitiu colocar os democratas em minoria no Congresso. Os democratas estão determinados a sair por cima, desta vez. De sua parte, os republicanos estão dolorosamente cientes de que estão embarcando na tarefa de repelir e substituir a complexa lei por sua conta e risco. Se os democratas conseguirem o que querem, o Partido Republicano será responsabilizado por todos os problemas e complicações que resultarem da mudança na lei, que com certeza serão muitos. Para os dois lados, a luta pela revogação e substituição do programa apelidado de "Obamacare" representa uma arriscada e inesperada repetição da batalha travada quase sete anos atrás, quando o Senado e a Câmara dos Deputados, nos quais os democratas então tinham maioria, aprovaram a lei em uma votação onde a fidelidade partidária prevaleceu. A reação adversa dos eleitores colocou os democratas em minoria na Câmara em 2010, e os republicanos vêm empregando a questão para se beneficiar politicamente desde então. Na eleição de novembro, Donald Trump e os candidatos republicanos à Câmara e ao Senado prometeram revogar a lei e substitui-la por algo melhor. Agora, os democratas têm a oportunidade de travar de novo a guerra de comunicação, e de defender a lei da saúde como uma boa política, que beneficiou o país. E os republicanos, que tiveram sucesso político atacando a lei sem oferecer solução unificada para os problemas que apontavam, terão a chance de apresentar suas ideias e de propor políticas, mas correm o risco de perder sua vantagem política caso os eleitores venham a culpá-los pelos problemas no sistema de saúde. Determinar que lado responderá mais efetivamente a esse desafio vai ajudar a definir o resultado da eleição legislativa de 2018 e da próxima eleição presidencial, daqui a quatro anos. Na quarta-feira (4), ao revelar a nova linha de ataque dos democratas contra o Partido Republicano –"eles vão tornar a América doente de novo"–, o líder da minoria no Senado, Charles Schumer, disse que, depois da aprovação da lei, os eleitores passaram a atribuir a ela a culpa por todos os problemas do sistema de saúde "e isso foi responsabilidade de nossos colegas republicanos na máquina de comunicação". "Agora, eles terão de assumir a responsabilidade", disse Schumer sobre os republicanos. "E todos os problemas do sistema de saúde, e eles foram muitos ao longo dos anos, e ninguém conseguiu resolver a todos, recairão sobre eles". Schumer fez seus comentários depois de uma reunião de legisladores democratas com Obama para discutir como combater os esforços dos republicanos para derrubar a lei, uma iniciativa legislativa que começou na quarta-feira por uma votação sobre o regimento do Senado. A mensagem de Obama: não cooperar com os planos substitutos dos republicanos que não ofereçam boa solução para os 20 milhões de norte-americanos que ganharam cobertura de saúde sob a lei que ele criou. O presidente aconselhou que o foco deve ser as pessoas que se beneficiaram da Lei de Acesso à Saúde, tais como os portadores de doenças previamente existentes que conseguiram obter cobertura, e que podem sair prejudicados caso percam essa cobertura. E ele assumiu a culpa pelo fracasso dos democratas em convencer o público sobre os benefícios de uma lei que, de acordo com alguns indicadores, atingiu seus objetivos. "Assumirei a responsabilidade por não ter comunicado plenamente ao povo dos Estados Unidos que a lei foi uma vitória extraordinária para ele", disse Obama. Enquanto Obama conversava com os democratas, o vice-presidente eleito, Mike Pence, estava reunido com os republicamos do Congresso, e saiu do encontro oferecendo garantias de que os republicanos cumpririam suas repetidas promessas de revogar a lei. "O povo norte-americanos sabe quem é responsável pelo 'Obamacare' –a primeira metade do nome diz tudo", Pence insistiu. "O que presidente eleito Trump, eu e os líderes do Congresso estamos determinados a fazer é cumprir o que prometemos ao povo dos Estados Unidos". Na reunião com a bancada republicana, Pence ofereceu mensagem mais urgente, aconselhando os legisladores a "voltar aos seus distritos e reforçar a mensagem de que os democratas são responsáveis pela lei", disse Dave Brat, deputado republicano pela Virgínia. "Não permitam que os palhaços de Schumer escapem dessa rede. A culpa dos problemas é dos democratas. A lei cairá sob seu próprio peso. Tomem cuidado!" Alguns republicanos estão dolorosamente conscientes de que seus destinos políticos podem estar em risco, se eles errarem na condução da questão. "Estou aqui por causa do 'Obamacare'", disse o deputado republicano Kevin Cramer, do Estado da Dakota do Norte, que atribui sua primeira eleição, em 2012, à questão da saúde. E agora ele corre o risco de perder o posto por causa do "Obamacare", "se frustrarmos os eleitores de lugares como o Dakota do Norte ao não agir de maneira rápida e decisiva". Mas por enquanto, ainda que pretendam avançar para revogar a lei o mais cedo possível, a maioria dos republicanos não tem plano substituto e nem cronograma para oferecê-lo. É provável que aconteça um período de transição de alguns anos de duração entre a revogação e uma nova lei, mas muitos republicanos da Câmara, que disputam a reeleição a cada dois anos, acreditam que seja urgente aprovar um plano substituto antes da eleição legislativa de 2018, ou terão de enfrentar a ira dos eleitores. "Se não fizermos o serviço até as eleições de 2018, as pessoas vão querer saber o que estamos fazendo", disse o deputado federal republicano Mark Amodei, de Nevada. "Se depois de cinco anos de os republicanos dizendo que a lei atual é um lixo não fizermos um bom trabalho de transição e substituição, teremos sérios problemas". Tradução de PAULO MIGLIACCI | mundo | Disputa sobre saúde pública deve definir equilíbrio político nos EUAA batalha de mensagens sobre a revogação e substituição da lei de saúde do presidente Barack Obama terminou, e o equilíbrio de poder em Washington pode estar em jogo. Os democratas acreditam que já perderam a disputa pela opinião pública sobre a lei uma vez, quando forçaram a aprovação da Lei de Acesso à Saúde inicialmente e os republicanos tomaram a questão como causa que lhes permitiu colocar os democratas em minoria no Congresso. Os democratas estão determinados a sair por cima, desta vez. De sua parte, os republicanos estão dolorosamente cientes de que estão embarcando na tarefa de repelir e substituir a complexa lei por sua conta e risco. Se os democratas conseguirem o que querem, o Partido Republicano será responsabilizado por todos os problemas e complicações que resultarem da mudança na lei, que com certeza serão muitos. Para os dois lados, a luta pela revogação e substituição do programa apelidado de "Obamacare" representa uma arriscada e inesperada repetição da batalha travada quase sete anos atrás, quando o Senado e a Câmara dos Deputados, nos quais os democratas então tinham maioria, aprovaram a lei em uma votação onde a fidelidade partidária prevaleceu. A reação adversa dos eleitores colocou os democratas em minoria na Câmara em 2010, e os republicanos vêm empregando a questão para se beneficiar politicamente desde então. Na eleição de novembro, Donald Trump e os candidatos republicanos à Câmara e ao Senado prometeram revogar a lei e substitui-la por algo melhor. Agora, os democratas têm a oportunidade de travar de novo a guerra de comunicação, e de defender a lei da saúde como uma boa política, que beneficiou o país. E os republicanos, que tiveram sucesso político atacando a lei sem oferecer solução unificada para os problemas que apontavam, terão a chance de apresentar suas ideias e de propor políticas, mas correm o risco de perder sua vantagem política caso os eleitores venham a culpá-los pelos problemas no sistema de saúde. Determinar que lado responderá mais efetivamente a esse desafio vai ajudar a definir o resultado da eleição legislativa de 2018 e da próxima eleição presidencial, daqui a quatro anos. Na quarta-feira (4), ao revelar a nova linha de ataque dos democratas contra o Partido Republicano –"eles vão tornar a América doente de novo"–, o líder da minoria no Senado, Charles Schumer, disse que, depois da aprovação da lei, os eleitores passaram a atribuir a ela a culpa por todos os problemas do sistema de saúde "e isso foi responsabilidade de nossos colegas republicanos na máquina de comunicação". "Agora, eles terão de assumir a responsabilidade", disse Schumer sobre os republicanos. "E todos os problemas do sistema de saúde, e eles foram muitos ao longo dos anos, e ninguém conseguiu resolver a todos, recairão sobre eles". Schumer fez seus comentários depois de uma reunião de legisladores democratas com Obama para discutir como combater os esforços dos republicanos para derrubar a lei, uma iniciativa legislativa que começou na quarta-feira por uma votação sobre o regimento do Senado. A mensagem de Obama: não cooperar com os planos substitutos dos republicanos que não ofereçam boa solução para os 20 milhões de norte-americanos que ganharam cobertura de saúde sob a lei que ele criou. O presidente aconselhou que o foco deve ser as pessoas que se beneficiaram da Lei de Acesso à Saúde, tais como os portadores de doenças previamente existentes que conseguiram obter cobertura, e que podem sair prejudicados caso percam essa cobertura. E ele assumiu a culpa pelo fracasso dos democratas em convencer o público sobre os benefícios de uma lei que, de acordo com alguns indicadores, atingiu seus objetivos. "Assumirei a responsabilidade por não ter comunicado plenamente ao povo dos Estados Unidos que a lei foi uma vitória extraordinária para ele", disse Obama. Enquanto Obama conversava com os democratas, o vice-presidente eleito, Mike Pence, estava reunido com os republicamos do Congresso, e saiu do encontro oferecendo garantias de que os republicanos cumpririam suas repetidas promessas de revogar a lei. "O povo norte-americanos sabe quem é responsável pelo 'Obamacare' –a primeira metade do nome diz tudo", Pence insistiu. "O que presidente eleito Trump, eu e os líderes do Congresso estamos determinados a fazer é cumprir o que prometemos ao povo dos Estados Unidos". Na reunião com a bancada republicana, Pence ofereceu mensagem mais urgente, aconselhando os legisladores a "voltar aos seus distritos e reforçar a mensagem de que os democratas são responsáveis pela lei", disse Dave Brat, deputado republicano pela Virgínia. "Não permitam que os palhaços de Schumer escapem dessa rede. A culpa dos problemas é dos democratas. A lei cairá sob seu próprio peso. Tomem cuidado!" Alguns republicanos estão dolorosamente conscientes de que seus destinos políticos podem estar em risco, se eles errarem na condução da questão. "Estou aqui por causa do 'Obamacare'", disse o deputado republicano Kevin Cramer, do Estado da Dakota do Norte, que atribui sua primeira eleição, em 2012, à questão da saúde. E agora ele corre o risco de perder o posto por causa do "Obamacare", "se frustrarmos os eleitores de lugares como o Dakota do Norte ao não agir de maneira rápida e decisiva". Mas por enquanto, ainda que pretendam avançar para revogar a lei o mais cedo possível, a maioria dos republicanos não tem plano substituto e nem cronograma para oferecê-lo. É provável que aconteça um período de transição de alguns anos de duração entre a revogação e uma nova lei, mas muitos republicanos da Câmara, que disputam a reeleição a cada dois anos, acreditam que seja urgente aprovar um plano substituto antes da eleição legislativa de 2018, ou terão de enfrentar a ira dos eleitores. "Se não fizermos o serviço até as eleições de 2018, as pessoas vão querer saber o que estamos fazendo", disse o deputado federal republicano Mark Amodei, de Nevada. "Se depois de cinco anos de os republicanos dizendo que a lei atual é um lixo não fizermos um bom trabalho de transição e substituição, teremos sérios problemas". Tradução de PAULO MIGLIACCI | 4 |
Forças do governo iraquiano entram em cidade estratégica perto de Tikrit | Forças de segurança do governo iraquiano e uma milícia xiita tomaram nesta terça-feira (10) o centro da cidade de Al Alam, a última fortaleza do Estado Islâmico antes que as forças do governo consigam chegar a Tiktrit. A cidade de origem do ditador Saddam Hussein, que governou o país entre 1979 e 2003, e um dos principais bastiões sunitas do Iraque está sob controle da milícia radical desde junho do ano passado. Segundo comandantes militares, os extremistas ainda ocupavam bairros na parte norte da cidade, mas o centro e bairros ao sul já haviam sido ocupados e as tropas se preparavam para novos confrontos nas ruas para retomar o controle do resto. "Atiradores de elite e armadilhas estão retardando nosso avanço para o controle de todas as partes da cidade", disse o capitão do Exército Wisam Ibrahiam. "Estamos esperando os helicópteros protegerem o caminho para um avanço das tropas." A campanha para retomar Tikrit, que começou há uma semana, é a maior desde que o Estado Islâmico conquistou terreno no norte no último ano, e o governo espera que os ataques vão reverter o domínio militante. Diante da ofensiva, o Estado Islâmico enviou reforços para a cidade de outras partes do autoproclamado califado, que também foi alvo de ataques de combatentes curdos na província de Kirkuk. O governo iraquiano confirmou que, na mesma região, a facção matou 20 homens suspeitos de queres se integrar às forças curdas. Os assassinatos foram mostrados em vídeo, em que as vítimas aparecem penduradas pelos pés em fios elétricos. | mundo | Forças do governo iraquiano entram em cidade estratégica perto de TikritForças de segurança do governo iraquiano e uma milícia xiita tomaram nesta terça-feira (10) o centro da cidade de Al Alam, a última fortaleza do Estado Islâmico antes que as forças do governo consigam chegar a Tiktrit. A cidade de origem do ditador Saddam Hussein, que governou o país entre 1979 e 2003, e um dos principais bastiões sunitas do Iraque está sob controle da milícia radical desde junho do ano passado. Segundo comandantes militares, os extremistas ainda ocupavam bairros na parte norte da cidade, mas o centro e bairros ao sul já haviam sido ocupados e as tropas se preparavam para novos confrontos nas ruas para retomar o controle do resto. "Atiradores de elite e armadilhas estão retardando nosso avanço para o controle de todas as partes da cidade", disse o capitão do Exército Wisam Ibrahiam. "Estamos esperando os helicópteros protegerem o caminho para um avanço das tropas." A campanha para retomar Tikrit, que começou há uma semana, é a maior desde que o Estado Islâmico conquistou terreno no norte no último ano, e o governo espera que os ataques vão reverter o domínio militante. Diante da ofensiva, o Estado Islâmico enviou reforços para a cidade de outras partes do autoproclamado califado, que também foi alvo de ataques de combatentes curdos na província de Kirkuk. O governo iraquiano confirmou que, na mesma região, a facção matou 20 homens suspeitos de queres se integrar às forças curdas. Os assassinatos foram mostrados em vídeo, em que as vítimas aparecem penduradas pelos pés em fios elétricos. | 4 |
Tite confirma Elias e manterá mesmo Corinthians da derrota no clássico | Apesar da derrota no clássico para o Palmeiras no último domingo (03), pelo Campeonato Paulista, o técnico Tite afirmou nesta terça-feira (05) que manterá a mesma equipe titular do Corinthians no confronto diante do Santa Fé (COL), nesta quarta (06), pela Libertadores. Em entrevista coletiva em Bogotá (COL), onde será o local da partida válida pela quinta rodada do Grupo 8 da competição, o treinador gaúcho confirmou a presença do volante Elias, que voltou ao time no último jogo após ser afastado por mais de um mês para realizar tratamento de uma fissura na fíbula da perna esquerda no início de fevereiro. Desta forma, o Corinthians vai começar a partida na Colômbia com: Cássio, Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique, Giovanni Augusto, Elias, Guilherme e Lucca; André. "Maturidade da equipe é saber absorver o resultado. Mais do que o resultado, tem que saber o que fazer com um resultado negativo. Essa equipe sabe disso, sabe que, mesmo com o resultado negativo, fez coisas boas", disse Tite. Para ele, uma vitória fora de casa vai definir a classificação corintiana já nesta rodada, e um empate deixará o time muito bem encaminhado. O Corinthians é o líder da chave, com nove pontos. Santá Fé (COL) e Cerro Porteño (PAR) têm sete cada um, enquanto o Cobresal (CHI) é o lanterna, ainda sem pontuar. | esporte | Tite confirma Elias e manterá mesmo Corinthians da derrota no clássicoApesar da derrota no clássico para o Palmeiras no último domingo (03), pelo Campeonato Paulista, o técnico Tite afirmou nesta terça-feira (05) que manterá a mesma equipe titular do Corinthians no confronto diante do Santa Fé (COL), nesta quarta (06), pela Libertadores. Em entrevista coletiva em Bogotá (COL), onde será o local da partida válida pela quinta rodada do Grupo 8 da competição, o treinador gaúcho confirmou a presença do volante Elias, que voltou ao time no último jogo após ser afastado por mais de um mês para realizar tratamento de uma fissura na fíbula da perna esquerda no início de fevereiro. Desta forma, o Corinthians vai começar a partida na Colômbia com: Cássio, Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique, Giovanni Augusto, Elias, Guilherme e Lucca; André. "Maturidade da equipe é saber absorver o resultado. Mais do que o resultado, tem que saber o que fazer com um resultado negativo. Essa equipe sabe disso, sabe que, mesmo com o resultado negativo, fez coisas boas", disse Tite. Para ele, uma vitória fora de casa vai definir a classificação corintiana já nesta rodada, e um empate deixará o time muito bem encaminhado. O Corinthians é o líder da chave, com nove pontos. Santá Fé (COL) e Cerro Porteño (PAR) têm sete cada um, enquanto o Cobresal (CHI) é o lanterna, ainda sem pontuar. | 3 |
Fornecedora de chips da Apple divulga lucro recorde e planos de expansão | A fornecedora de chips da Apple TSMC divulgou lucro líquido recorde nesta quinta-feira (15), e disse que a proliferação de smartphones de baixo custo e com mais chips na China pode permitir que a companhia expanda sua produção no maior mercado de aparelhos do mundo. A TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing), cujos chips fazem parte dos iPhone da Apple, acompanhará assim a compatriota United Microelectronics, que no mês passado disse que construirá mais fábricas no país. "Estamos seriamente considerando a possibilidade de produzir processadores de 28 nanômetros na China", disse o presidente do Conselho da TSMC, Morris Chang, em conferência sobre resultados, citando a tecnologia atualmente adotada em Taiwan. A TSMC disse que o lucro subiu no ano passado devido a ordens preliminares da Apple, disseram analistas que acompanham a companhia. Mas a fabricante de chips também se beneficiou do aumento da demanda por smartphones mais baratos que demandam mais chips para recursos como sensores de digitais a receptores de internet móvel de quarta geração (4G). A popularidade desses aparelhos ajudou a TSMC a ter lucro líquido recorde de US$ 8,33 bilhões no ano passado, alta de 40% sobre 2013. | tec | Fornecedora de chips da Apple divulga lucro recorde e planos de expansãoA fornecedora de chips da Apple TSMC divulgou lucro líquido recorde nesta quinta-feira (15), e disse que a proliferação de smartphones de baixo custo e com mais chips na China pode permitir que a companhia expanda sua produção no maior mercado de aparelhos do mundo. A TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing), cujos chips fazem parte dos iPhone da Apple, acompanhará assim a compatriota United Microelectronics, que no mês passado disse que construirá mais fábricas no país. "Estamos seriamente considerando a possibilidade de produzir processadores de 28 nanômetros na China", disse o presidente do Conselho da TSMC, Morris Chang, em conferência sobre resultados, citando a tecnologia atualmente adotada em Taiwan. A TSMC disse que o lucro subiu no ano passado devido a ordens preliminares da Apple, disseram analistas que acompanham a companhia. Mas a fabricante de chips também se beneficiou do aumento da demanda por smartphones mais baratos que demandam mais chips para recursos como sensores de digitais a receptores de internet móvel de quarta geração (4G). A popularidade desses aparelhos ajudou a TSMC a ter lucro líquido recorde de US$ 8,33 bilhões no ano passado, alta de 40% sobre 2013. | 10 |
'Tempestade perfeita' que estamos vivendo não é obra de improviso | A consolidação de um ambiente favorável à recuperação do crescimento do Brasil, que tornaria menos custosa a inevitável busca do equilíbrio fiscal, tem sido fortemente prejudicada por alguns eventos. Primeiro, pela insensatez da violência que tem predominado em algumas das legítimas (e respeitáveis) manifestações públicas dos cidadãos. Vândalos não entendem que elas só são possíveis exatamente porque eles são livres! Segundo, pela histeria irracional que nasce, voluptuosa, do movimento "nós ou eles", que nega a aceitação das regras do jogo e, portanto, não tem como terminar bem. Terceiro, pelo irrefletido movimento de pequenas, sórdidas e anônimas intrigas que sempre infestam os palácios e que, agora, propagam dúvidas do presidente sobre a política econômica comandada pelo seu ministro da Fazenda. O velho e sábio Bismarck já dizia, no século 19, que não há nada pior para a reputação de um ministro do que levar seu chefe a ter que reafirmar "que ele é de sua absoluta confiança"... O Brasil precisa introjetar e conformar-se com o fato de que foi levado à falência por uma política econômica voluntarista executada a partir de 2012. A "tempestade perfeita" que estamos vivendo não é obra de improviso. Foi cuidadosamente gestada e magnificamente terminada no dramático esforço para a reeleição de 2014. O retrato mais cruel desse terremoto é a situação da indústria nacional. O seu PIB físico patina há sete anos (desde o 3º trimestre de 2009), com surtos espasmódicos de voo curto. Nos últimos doze meses, desde outubro de 2016, a produção industrial caiu 8,4%, puxada pela redução da produção dos bens de consumo duráveis (19,2%) e, o que é mais preocupante, pela queda (17,4%) da produção de bens de capital! A indústria opera hoje com uma capacidade ociosa imensa. Em setores críticos como o do aço, por exemplo, em torno de 40%, sem que a sociedade sinta angústia e disposição efetiva do governo de enfrentá-la. Talvez porque ainda acredite na lenda urbana da baixa produtividade da indústria no chão da fábrica, contada por alguns "econocientistas". Da porteira da fábrica para o mundo, o "Doing Business" de 2017, do Banco Mundial, conta a verdadeira história! E ela fala, principalmente, contra os governos passados! Desde o início do governo Temer, devido à recessão e à firmeza do Banco Central, a expectativa de inflação tem cedido. O problema é que o desconforto com o equilíbrio fiscal impôs um excesso de cuidado com a política monetária. Isso elevou a taxa real de juros e valorizou o dólar, desestimulando ainda mais o investimento e as exportações industriais, vetores disponíveis (além das concessões) para estimular a retomada do crescimento. | colunas | 'Tempestade perfeita' que estamos vivendo não é obra de improvisoA consolidação de um ambiente favorável à recuperação do crescimento do Brasil, que tornaria menos custosa a inevitável busca do equilíbrio fiscal, tem sido fortemente prejudicada por alguns eventos. Primeiro, pela insensatez da violência que tem predominado em algumas das legítimas (e respeitáveis) manifestações públicas dos cidadãos. Vândalos não entendem que elas só são possíveis exatamente porque eles são livres! Segundo, pela histeria irracional que nasce, voluptuosa, do movimento "nós ou eles", que nega a aceitação das regras do jogo e, portanto, não tem como terminar bem. Terceiro, pelo irrefletido movimento de pequenas, sórdidas e anônimas intrigas que sempre infestam os palácios e que, agora, propagam dúvidas do presidente sobre a política econômica comandada pelo seu ministro da Fazenda. O velho e sábio Bismarck já dizia, no século 19, que não há nada pior para a reputação de um ministro do que levar seu chefe a ter que reafirmar "que ele é de sua absoluta confiança"... O Brasil precisa introjetar e conformar-se com o fato de que foi levado à falência por uma política econômica voluntarista executada a partir de 2012. A "tempestade perfeita" que estamos vivendo não é obra de improviso. Foi cuidadosamente gestada e magnificamente terminada no dramático esforço para a reeleição de 2014. O retrato mais cruel desse terremoto é a situação da indústria nacional. O seu PIB físico patina há sete anos (desde o 3º trimestre de 2009), com surtos espasmódicos de voo curto. Nos últimos doze meses, desde outubro de 2016, a produção industrial caiu 8,4%, puxada pela redução da produção dos bens de consumo duráveis (19,2%) e, o que é mais preocupante, pela queda (17,4%) da produção de bens de capital! A indústria opera hoje com uma capacidade ociosa imensa. Em setores críticos como o do aço, por exemplo, em torno de 40%, sem que a sociedade sinta angústia e disposição efetiva do governo de enfrentá-la. Talvez porque ainda acredite na lenda urbana da baixa produtividade da indústria no chão da fábrica, contada por alguns "econocientistas". Da porteira da fábrica para o mundo, o "Doing Business" de 2017, do Banco Mundial, conta a verdadeira história! E ela fala, principalmente, contra os governos passados! Desde o início do governo Temer, devido à recessão e à firmeza do Banco Central, a expectativa de inflação tem cedido. O problema é que o desconforto com o equilíbrio fiscal impôs um excesso de cuidado com a política monetária. Isso elevou a taxa real de juros e valorizou o dólar, desestimulando ainda mais o investimento e as exportações industriais, vetores disponíveis (além das concessões) para estimular a retomada do crescimento. | 1 |
Marcelo Katsuki: Homus: tendência ou modinha? | Prato de homus servido com uma carne suculenta e pão pita Olhando agora a lista das 12 tendências na gastronomia apontadas pela Baum + Whiteman, consultoria internacional de restaurantes e comidas, vi que o homus, aquela pasta de grão-de-bico, será uma das estrelas ... Leia post completo no blog | comida | Marcelo Katsuki: Homus: tendência ou modinha?Prato de homus servido com uma carne suculenta e pão pita Olhando agora a lista das 12 tendências na gastronomia apontadas pela Baum + Whiteman, consultoria internacional de restaurantes e comidas, vi que o homus, aquela pasta de grão-de-bico, será uma das estrelas ... Leia post completo no blog | 21 |
EUA tentam reverter decisão que desobriga Apple de destravar iPhone | O Departamento da Justiça dos Estados Unidos buscou reverter nesta segunda-feira (7) uma determinação que protege a Apple de ter que destravar um iPhone em um caso em Nova York ligado a tráfico de drogas. Um juiz no Brooklyn determinou na semana passada que o Departamento da Justiça não poderia obrigar a gigante de tecnologia a destravar o aparelho. O governo submeteu novamente seus argumentos a um juiz superior que supervisiona o tema. Procuradores estão tomando por base a mesma lei em sua briga com a Apple em um tribunal na Califórnia, onde um juiz ordenou que a empresa destrave um telefone encriptado que pertencia a um dos atiradores de San Bernardino. A disputa intensificou um antigo debate sobre o quanto autoridades de inteligência e que zelam pelo cumprimento da lei podem monitorar comunicações digitais. Em seu documento, o Departamento da Justiça citou a decisão da Califórnia como evidência de que a legislação do "All Writs Act" foi usada para obrigar a Apple a destravar os aparelhos. Adicionalmente, o governo argumentou que o telefone em questão em Nova York opera com um sistema operacional mais antigo que a Apple concordou em destravar diversas vezes em casos anteriores. O juiz dos EUA James Orenstein, no Brooklyn, decidiu na semana passada que não tinha autoridade legal sob essa legislação para ordenar que a Apple entregasse os dados do aparelho. Em comunicado, a Apple disse concordar com a determinação de Orenstein, que afirma que a solicitação do Departamento de Justiça "minaria completamente princípios fundamentais da Constituição". | tec | EUA tentam reverter decisão que desobriga Apple de destravar iPhoneO Departamento da Justiça dos Estados Unidos buscou reverter nesta segunda-feira (7) uma determinação que protege a Apple de ter que destravar um iPhone em um caso em Nova York ligado a tráfico de drogas. Um juiz no Brooklyn determinou na semana passada que o Departamento da Justiça não poderia obrigar a gigante de tecnologia a destravar o aparelho. O governo submeteu novamente seus argumentos a um juiz superior que supervisiona o tema. Procuradores estão tomando por base a mesma lei em sua briga com a Apple em um tribunal na Califórnia, onde um juiz ordenou que a empresa destrave um telefone encriptado que pertencia a um dos atiradores de San Bernardino. A disputa intensificou um antigo debate sobre o quanto autoridades de inteligência e que zelam pelo cumprimento da lei podem monitorar comunicações digitais. Em seu documento, o Departamento da Justiça citou a decisão da Califórnia como evidência de que a legislação do "All Writs Act" foi usada para obrigar a Apple a destravar os aparelhos. Adicionalmente, o governo argumentou que o telefone em questão em Nova York opera com um sistema operacional mais antigo que a Apple concordou em destravar diversas vezes em casos anteriores. O juiz dos EUA James Orenstein, no Brooklyn, decidiu na semana passada que não tinha autoridade legal sob essa legislação para ordenar que a Apple entregasse os dados do aparelho. Em comunicado, a Apple disse concordar com a determinação de Orenstein, que afirma que a solicitação do Departamento de Justiça "minaria completamente princípios fundamentais da Constituição". | 10 |
Trufas e aulas com chefs revovam circuito gastronômico da Casacor
| CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO O circuito gastronômico da Casa Cor 2017 conta com dois restaurantes, uma padaria, um bar e um espaço para eventos, a "Casa do Chef". Novidade deste ano, ela foi planejada para receber degustações, jantares e aulas com cozinheiros profissionais. A programação ainda não foi divulgada, mas enquanto isso os visitantes da mostra podem circular pelo ambiente de 180 metros quadrados para conhecer as tendências de decoração para cozinhas. "Agora, é a sala que fica dentro da cozinha, e não mais o contrário", diz a arquiteta Yara Ciani, responsável pelo projeto. Para ressaltar essa característica, ela investiu em dois lustres Baccarat de cerca de R$ 100 mil cada um. "Eles ajudaram a quebrar o minimalismo", afirma Ciani. O cinza escuro foi a cor escolhida para paredes e teto, e o branco, para bancadas e armários-cujo sistema de abertura dispensa puxadores. Para dar um toque de cor, a arquiteta optou pelo verde em quadros de musgos naturais estabilizados, que não precisam de rega ou luz. Outra estreante no circuito é a Tartuferia San Paolo, especializada em receitas com trufas brancas e negras importadas da Itália. Com duas unidades em São Paulo, o restaurante chega à mostra com um menu reduzido. O carro-chefe é o polvo grelhado com purê rústico de batata (R$ 88). Quem assina o projeto do espaço é o designer de interiores Gustavo Jansen. Os destaques são os oito lustres de murano, no formato de folhas, que iluminam o bar e lhe conferem um clima retrô. VETERANOS Há 15 anos na Casa Cor, o restaurante Badebec mistura influências gastronômicas de outros países com produtos brasileiros. Um exemplo é o filé de pirarucu na emulsão de limão-siciliano, arroz basmati, abobrinha e cebola queimada (R$ 59). No almoço, há a opção do bufê, com foco nos grãos e vegetais da estação. De terça a sexta, custa R$ 75 por pessoa (e R$ 85 nos feriados e nos fins de semana). O jantar tem sugestões à la carte. A decoração do ambiente foi pensada pela dupla de arquitetos Patrizia Genovese e Guilherme Longo, que se inspirou no estilo dos restaurantes franceses da primeira metade do século 20. Já a Dona Deôla, em seu oitavo ano no evento, ganhou ares da terrinha. Segundo a arquiteta Alessandra Castro, o ponto de partida do projeto foi a azulejaria portuguesa, que levou o azul e o branco para todo o espaço. Além de salgados e doces sempre expostos na vitrine, a padaria oferece, no almoço, um prato e uma massa do dia. A partir das 18h, é servido o bufê de sopas. Depois de um dia de intensas visitas pela mostra, a sugestão para o happy hour é o Barê, do chef Rodrigo Einsfeld, que participou, do programa "MasterChef Profissionais" (Band). O destaque do cardápio são os drinques e a porção de minipastéis de camarão com mascarpone e limão-siciliano (por R$ 33). A decoração do bar ficou a cargo do arquiteto Marcos Caracho, que apostou em sofás e pufes que dão conforto e liberdade ao cliente na hora de se acomodar. CIRCUITO GASTRONÔNICO DA CASA COR Tartuferia San Paolo Mesmo menu das 12h às 21h Badebec Bufê de almoço: de terça a sexta, das 12 às 15h; aos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h Jantar à la carte: de terça a sábado, das 18h às 21h; aos domingos e feriados, das 18h às 20h Dona Deôla Almoço: das 12h às 15h Bufê de sopas: das 18h às 21h Barê Aberto das 12h às 21h | sobretudo |
Trufas e aulas com chefs revovam circuito gastronômico da Casacor
CAROLINA MUNIZ DE SÃO PAULO O circuito gastronômico da Casa Cor 2017 conta com dois restaurantes, uma padaria, um bar e um espaço para eventos, a "Casa do Chef". Novidade deste ano, ela foi planejada para receber degustações, jantares e aulas com cozinheiros profissionais. A programação ainda não foi divulgada, mas enquanto isso os visitantes da mostra podem circular pelo ambiente de 180 metros quadrados para conhecer as tendências de decoração para cozinhas. "Agora, é a sala que fica dentro da cozinha, e não mais o contrário", diz a arquiteta Yara Ciani, responsável pelo projeto. Para ressaltar essa característica, ela investiu em dois lustres Baccarat de cerca de R$ 100 mil cada um. "Eles ajudaram a quebrar o minimalismo", afirma Ciani. O cinza escuro foi a cor escolhida para paredes e teto, e o branco, para bancadas e armários-cujo sistema de abertura dispensa puxadores. Para dar um toque de cor, a arquiteta optou pelo verde em quadros de musgos naturais estabilizados, que não precisam de rega ou luz. Outra estreante no circuito é a Tartuferia San Paolo, especializada em receitas com trufas brancas e negras importadas da Itália. Com duas unidades em São Paulo, o restaurante chega à mostra com um menu reduzido. O carro-chefe é o polvo grelhado com purê rústico de batata (R$ 88). Quem assina o projeto do espaço é o designer de interiores Gustavo Jansen. Os destaques são os oito lustres de murano, no formato de folhas, que iluminam o bar e lhe conferem um clima retrô. VETERANOS Há 15 anos na Casa Cor, o restaurante Badebec mistura influências gastronômicas de outros países com produtos brasileiros. Um exemplo é o filé de pirarucu na emulsão de limão-siciliano, arroz basmati, abobrinha e cebola queimada (R$ 59). No almoço, há a opção do bufê, com foco nos grãos e vegetais da estação. De terça a sexta, custa R$ 75 por pessoa (e R$ 85 nos feriados e nos fins de semana). O jantar tem sugestões à la carte. A decoração do ambiente foi pensada pela dupla de arquitetos Patrizia Genovese e Guilherme Longo, que se inspirou no estilo dos restaurantes franceses da primeira metade do século 20. Já a Dona Deôla, em seu oitavo ano no evento, ganhou ares da terrinha. Segundo a arquiteta Alessandra Castro, o ponto de partida do projeto foi a azulejaria portuguesa, que levou o azul e o branco para todo o espaço. Além de salgados e doces sempre expostos na vitrine, a padaria oferece, no almoço, um prato e uma massa do dia. A partir das 18h, é servido o bufê de sopas. Depois de um dia de intensas visitas pela mostra, a sugestão para o happy hour é o Barê, do chef Rodrigo Einsfeld, que participou, do programa "MasterChef Profissionais" (Band). O destaque do cardápio são os drinques e a porção de minipastéis de camarão com mascarpone e limão-siciliano (por R$ 33). A decoração do bar ficou a cargo do arquiteto Marcos Caracho, que apostou em sofás e pufes que dão conforto e liberdade ao cliente na hora de se acomodar. CIRCUITO GASTRONÔNICO DA CASA COR Tartuferia San Paolo Mesmo menu das 12h às 21h Badebec Bufê de almoço: de terça a sexta, das 12 às 15h; aos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 17h Jantar à la carte: de terça a sábado, das 18h às 21h; aos domingos e feriados, das 18h às 20h Dona Deôla Almoço: das 12h às 15h Bufê de sopas: das 18h às 21h Barê Aberto das 12h às 21h | 17 |
Crise financeira suspende mais uma vez retomada de aulas na Uerj | A Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) suspendeu nesta terça-feira (1º) a retomada das aulas que marcariam o início do calendário letivo de 2017 na instituição, que ainda não começou. A grave crise financeira pela qual passa a gestão de Luiz Fernando Pezão (PMDB) atingiu em cheio a administração da universidade, que acumula sucessivas greves de professores e técnicos. Segundo a reitoria, o adiamento das aulas ocorreu porque a universidade não tem condições, no momento, de arcar com a manutenção de sua estrutura por falta de recursos. "Limpeza, vigilância e coleta de lixão estão restritas. O restaurante universitário também está fechado", diz, por meio de nota. Os salários de professores e técnicos também estão atrasados. As folhas de maio e junho, além do 13º salário, não foram pagos. Também foram suspensas as bolsas de financiamento ligadas a projetos de pesquisa. Ainda segundo nota da reitoria, a instituição atingiu um patamar classificado como "insuportável", que tem impedido a universidade de exercer a sua missão nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. "O nosso hospital universitário Pedro Ernesto padece do mesmo problema e funciona com limitações quase impeditivas, diminuindo amplamente o atendimento à população", informou a reitoria. Diante desse quadro, a reitoria decidiu não retomar as aulas nesta terça. A suspensão das atividades não tem data para acabar. "À medida que surjam novos fatos, voltaremos a nos manifestar acerca do início das aulas", diz a reitoria. Com um déficit de R$ 21 bilhões nos cofres do Estado, o governo de Pezão (PMDB) vem atrasando e parcelando salários de servidores e priorizando pagamentos aos trabalhadores das áreas de segurança e da educação, que recebem salários até o 14º dia útil do mês seguinte. As universidades estão subordinadas à área de Ciência e Tecnologia e, por isso, convivem com atrasos. - RAIO-X Nome: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Fundação: 4 de dezembro de 1950 Alunos: cerca de 41.000 (graduação, pós-graduação, CAp Uerj e EaD) Orçamento anual: R$ 1,04 bilhão | educacao | Crise financeira suspende mais uma vez retomada de aulas na UerjA Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) suspendeu nesta terça-feira (1º) a retomada das aulas que marcariam o início do calendário letivo de 2017 na instituição, que ainda não começou. A grave crise financeira pela qual passa a gestão de Luiz Fernando Pezão (PMDB) atingiu em cheio a administração da universidade, que acumula sucessivas greves de professores e técnicos. Segundo a reitoria, o adiamento das aulas ocorreu porque a universidade não tem condições, no momento, de arcar com a manutenção de sua estrutura por falta de recursos. "Limpeza, vigilância e coleta de lixão estão restritas. O restaurante universitário também está fechado", diz, por meio de nota. Os salários de professores e técnicos também estão atrasados. As folhas de maio e junho, além do 13º salário, não foram pagos. Também foram suspensas as bolsas de financiamento ligadas a projetos de pesquisa. Ainda segundo nota da reitoria, a instituição atingiu um patamar classificado como "insuportável", que tem impedido a universidade de exercer a sua missão nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. "O nosso hospital universitário Pedro Ernesto padece do mesmo problema e funciona com limitações quase impeditivas, diminuindo amplamente o atendimento à população", informou a reitoria. Diante desse quadro, a reitoria decidiu não retomar as aulas nesta terça. A suspensão das atividades não tem data para acabar. "À medida que surjam novos fatos, voltaremos a nos manifestar acerca do início das aulas", diz a reitoria. Com um déficit de R$ 21 bilhões nos cofres do Estado, o governo de Pezão (PMDB) vem atrasando e parcelando salários de servidores e priorizando pagamentos aos trabalhadores das áreas de segurança e da educação, que recebem salários até o 14º dia útil do mês seguinte. As universidades estão subordinadas à área de Ciência e Tecnologia e, por isso, convivem com atrasos. - RAIO-X Nome: Universidade do Estado do Rio de Janeiro Fundação: 4 de dezembro de 1950 Alunos: cerca de 41.000 (graduação, pós-graduação, CAp Uerj e EaD) Orçamento anual: R$ 1,04 bilhão | 12 |
O verdadeiro golpe | Muito se tem ouvido ultimamente, no debate político, a palavra golpe. Com frequência, é o termo usado para se referir ao processo de análise pelo Congresso Nacional do pedido de afastamento da presidente da República, Dilma Rousseff. Esse processo, o impeachment, é previsto na Constituição Federal, vem sendo conduzido dentro das regras do Estado de Direito pelo Legislativo e se desenrola sob a vigilância do STF (Supremo Tribunal Federal). No momento, cada instituição cumpre seu papel, dentro das regras do jogo democrático. Não há qualquer sombra de golpe institucional. Se formos, porém, buscar o significado da palavra golpe no dicionário, podemos, aí sim, apontar a sua existência nas mais variadas dimensões da vida brasileira, muitas vezes perpetrado por aqueles que hoje tentam se colocar no papel de vítima. Se golpe é, entre suas definições, "ferimento ou pancada" e também "desgraça e infortúnio", constatamos que a verdadeira vítima de golpe é, sim, a nação brasileira. Afinal, é ou não é um golpe para as forças produtivas do país, por exemplo, a redução de mais de 3% do PIB neste ano? Trata-se de uma verdadeira pancada, pois nossa economia encolhe. O golpe é maior ainda porque as expectativas para 2016 são também muito ruins. E não venham novamente por a culpa em uma suposta crise mundial. A economia do resto do mundo vai crescer cerca de 3%, e a previsão para os países emergentes chega a 4%. Quem vem andando para trás somos nós. Esse é um golpe e tanto, principalmente quando as dificuldades são agravadas por erros do governo, que só fazem aprofundar a recessão, em vias de se tornar depressão –triste palavra que designa também os que sofreram duros golpes. A queda de 9% na indústria em 2015, em relação a 2014, é o maior tombo desde 2003 e levou o setor à mesma participação que tinha no PIB nos anos do governo Juscelino Kubitschek. Isso fere não só a indústria, mas toda a economia brasileira. O que dizer de outro duríssimo golpe, que é ter que demitir ou ser demitido em consequência da queda da economia? O ano de 2015 deve fechar com 1,6 milhão de demissões de trabalhadores com carteira assinada. Segundo o IBGE, 9 milhões de pessoas procuraram emprego, sem encontrar, no terceiro trimestre do ano, elevando a taxa de desemprego para 8,9%, a maior desde 2012, quando começou a série histórica. Uma desgraça na vida desses brasileiros e de suas famílias, sem dúvida. Cito outros exemplos. Existe golpe mais explícito em quem paga seus impostos com muito sacrifício do que a proposta de criar, aumentar e recriar impostos, como a CPMF? É golpista a ação de um governo que, incapaz de fazer o dever de casa e reduzir seus próprios gastos e desperdícios, tenta jogar a conta no colo da sociedade. Mas a sociedade não quer mais "pagar o pato". No mesmo dia (2/12) em que foi admitido o processo de impeachment, o Planalto comemorou a aprovação do projeto que mudou a meta fiscal e autorizou o governo a fechar este ano com um rombo de quase 120 bilhões no orçamento. Isso é escandaloso e deveria ser motivo de vergonha, de um pedido de desculpas ao país. Nunca de comemoração. Estão festejando o quê? A incompetência para acertar as contas públicas? A irresponsabilidade por gastar demais? Por fim, um dos maiores golpes que as autoridades podem desferir contra a população: a corrupção, que desvia recursos públicos da saúde, da educação e de outros serviços. Diariamente somos golpeados com revelações estarrecedoras envolvendo agentes públicos, pagamento de propinas e negociatas diversas. Maior empresa do país e um de nossos orgulhos, a Petrobras foi duramente atingida. O processo de impeachment, que segue seu curso dentro das normas constitucionais, é a chance para que a nação faça seu julgamento. É preciso que todos atuem em nome dos interesses maiores do Brasil. PAULO SKAF, 60, é presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Ciesp - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | O verdadeiro golpeMuito se tem ouvido ultimamente, no debate político, a palavra golpe. Com frequência, é o termo usado para se referir ao processo de análise pelo Congresso Nacional do pedido de afastamento da presidente da República, Dilma Rousseff. Esse processo, o impeachment, é previsto na Constituição Federal, vem sendo conduzido dentro das regras do Estado de Direito pelo Legislativo e se desenrola sob a vigilância do STF (Supremo Tribunal Federal). No momento, cada instituição cumpre seu papel, dentro das regras do jogo democrático. Não há qualquer sombra de golpe institucional. Se formos, porém, buscar o significado da palavra golpe no dicionário, podemos, aí sim, apontar a sua existência nas mais variadas dimensões da vida brasileira, muitas vezes perpetrado por aqueles que hoje tentam se colocar no papel de vítima. Se golpe é, entre suas definições, "ferimento ou pancada" e também "desgraça e infortúnio", constatamos que a verdadeira vítima de golpe é, sim, a nação brasileira. Afinal, é ou não é um golpe para as forças produtivas do país, por exemplo, a redução de mais de 3% do PIB neste ano? Trata-se de uma verdadeira pancada, pois nossa economia encolhe. O golpe é maior ainda porque as expectativas para 2016 são também muito ruins. E não venham novamente por a culpa em uma suposta crise mundial. A economia do resto do mundo vai crescer cerca de 3%, e a previsão para os países emergentes chega a 4%. Quem vem andando para trás somos nós. Esse é um golpe e tanto, principalmente quando as dificuldades são agravadas por erros do governo, que só fazem aprofundar a recessão, em vias de se tornar depressão –triste palavra que designa também os que sofreram duros golpes. A queda de 9% na indústria em 2015, em relação a 2014, é o maior tombo desde 2003 e levou o setor à mesma participação que tinha no PIB nos anos do governo Juscelino Kubitschek. Isso fere não só a indústria, mas toda a economia brasileira. O que dizer de outro duríssimo golpe, que é ter que demitir ou ser demitido em consequência da queda da economia? O ano de 2015 deve fechar com 1,6 milhão de demissões de trabalhadores com carteira assinada. Segundo o IBGE, 9 milhões de pessoas procuraram emprego, sem encontrar, no terceiro trimestre do ano, elevando a taxa de desemprego para 8,9%, a maior desde 2012, quando começou a série histórica. Uma desgraça na vida desses brasileiros e de suas famílias, sem dúvida. Cito outros exemplos. Existe golpe mais explícito em quem paga seus impostos com muito sacrifício do que a proposta de criar, aumentar e recriar impostos, como a CPMF? É golpista a ação de um governo que, incapaz de fazer o dever de casa e reduzir seus próprios gastos e desperdícios, tenta jogar a conta no colo da sociedade. Mas a sociedade não quer mais "pagar o pato". No mesmo dia (2/12) em que foi admitido o processo de impeachment, o Planalto comemorou a aprovação do projeto que mudou a meta fiscal e autorizou o governo a fechar este ano com um rombo de quase 120 bilhões no orçamento. Isso é escandaloso e deveria ser motivo de vergonha, de um pedido de desculpas ao país. Nunca de comemoração. Estão festejando o quê? A incompetência para acertar as contas públicas? A irresponsabilidade por gastar demais? Por fim, um dos maiores golpes que as autoridades podem desferir contra a população: a corrupção, que desvia recursos públicos da saúde, da educação e de outros serviços. Diariamente somos golpeados com revelações estarrecedoras envolvendo agentes públicos, pagamento de propinas e negociatas diversas. Maior empresa do país e um de nossos orgulhos, a Petrobras foi duramente atingida. O processo de impeachment, que segue seu curso dentro das normas constitucionais, é a chance para que a nação faça seu julgamento. É preciso que todos atuem em nome dos interesses maiores do Brasil. PAULO SKAF, 60, é presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e do Ciesp - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
Unesp divulga aprovados para 2ª fase do vestibular do meio do ano | A Unesp (Universidade Estadual Paulista) divulgou nesta terça-feira (31) a lista de aprovados para a segunda fase do vestibular do meio do ano de 2016. Os candidatos podem consultar a relação de convocados no site da Vunesp, fundação responsável pelo exame, ou na página oficial do vestibular da Unesp. Os selecionados farão as provas da segunda fase nos dias 11 e 12 de junho. As provas serão compostas por 36 questões discursivas. No primeiro dia, os estudantes responderão questões das áreas de ciências da natureza, matemática e ciências humanas. No segundo dia, as questões serão de linguagens e códigos, além de uma redação. Confira aqui os locais de prova. A lista de classificação geral será divulgada no dia 11 de julho. Os candidatos aprovados devem manifestar interesse pela vaga até o dia 12 de julho somente pelo site da Vunesp e, depois, no dia 14 e 15 realizar a matrícula on-line. Confira o manual. Este ano, a instituição oferece 360 vagas para nove cursos de graduação em cinco cidades de São Paulo. Das vagas ofertadas, 35% (126) são pelo Sistema de Reserva de Vagas para a Educação Básica Pública, que destina vagas a alunos que tenham feito todo o ensino médio em escola pública. Com início em agosto, os candidatos disputas vagas para os cursos de engenharia de produção (Bauru), engenharias agronômica, civil, elétrica e mecânica (Ilha Solteira), engenharia agronômica (Registro), engenharia aeronáutica (São João da Boa Vista), engenharias ambiental e de controle e automação (Sorocaba). PRIMEIRA FASE A primeira fase do vestibular do meio de ano da Unesp foi aplicada no dia 15 de maio e teve 9,8% de abstenção: 1.353 candidatos dos 13.763 inscritos não compareceram. No vestibular 2015, o índice foi de 10,2%. A prova foi composta por 90 questões de múltipla escolha divididas igualmente em três áreas: "linguagens e códigos" (que engloba língua portuguesa, literatura, língua inglesa, educação física e arte), "ciências humanas" (história, geografia e filosofia) e "ciências da natureza e matemática" (biologia, física, matemática e química). Professores de cursos pré-vestibular consultados pela Folha classificaram a prova como concisa e bem contextualizada. Para Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, em Campinas, foi uma prova no "padrão da Unesp", bem estruturada e com boa contextualização na maior parte das questões. Já para a representante do cursinho Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, as questões tiveram alternativas curtas, "o que não acontece na prova do fim do ano". Para a professora, a prova teve um nível de dificuldade médio. "A (matéria) mais difícil foi história e as mais fáceis, física e geografia". | educacao | Unesp divulga aprovados para 2ª fase do vestibular do meio do anoA Unesp (Universidade Estadual Paulista) divulgou nesta terça-feira (31) a lista de aprovados para a segunda fase do vestibular do meio do ano de 2016. Os candidatos podem consultar a relação de convocados no site da Vunesp, fundação responsável pelo exame, ou na página oficial do vestibular da Unesp. Os selecionados farão as provas da segunda fase nos dias 11 e 12 de junho. As provas serão compostas por 36 questões discursivas. No primeiro dia, os estudantes responderão questões das áreas de ciências da natureza, matemática e ciências humanas. No segundo dia, as questões serão de linguagens e códigos, além de uma redação. Confira aqui os locais de prova. A lista de classificação geral será divulgada no dia 11 de julho. Os candidatos aprovados devem manifestar interesse pela vaga até o dia 12 de julho somente pelo site da Vunesp e, depois, no dia 14 e 15 realizar a matrícula on-line. Confira o manual. Este ano, a instituição oferece 360 vagas para nove cursos de graduação em cinco cidades de São Paulo. Das vagas ofertadas, 35% (126) são pelo Sistema de Reserva de Vagas para a Educação Básica Pública, que destina vagas a alunos que tenham feito todo o ensino médio em escola pública. Com início em agosto, os candidatos disputas vagas para os cursos de engenharia de produção (Bauru), engenharias agronômica, civil, elétrica e mecânica (Ilha Solteira), engenharia agronômica (Registro), engenharia aeronáutica (São João da Boa Vista), engenharias ambiental e de controle e automação (Sorocaba). PRIMEIRA FASE A primeira fase do vestibular do meio de ano da Unesp foi aplicada no dia 15 de maio e teve 9,8% de abstenção: 1.353 candidatos dos 13.763 inscritos não compareceram. No vestibular 2015, o índice foi de 10,2%. A prova foi composta por 90 questões de múltipla escolha divididas igualmente em três áreas: "linguagens e códigos" (que engloba língua portuguesa, literatura, língua inglesa, educação física e arte), "ciências humanas" (história, geografia e filosofia) e "ciências da natureza e matemática" (biologia, física, matemática e química). Professores de cursos pré-vestibular consultados pela Folha classificaram a prova como concisa e bem contextualizada. Para Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, em Campinas, foi uma prova no "padrão da Unesp", bem estruturada e com boa contextualização na maior parte das questões. Já para a representante do cursinho Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, as questões tiveram alternativas curtas, "o que não acontece na prova do fim do ano". Para a professora, a prova teve um nível de dificuldade médio. "A (matéria) mais difícil foi história e as mais fáceis, física e geografia". | 12 |
Jogos surrealistas e obra de Julio Cortázar inspiram exposição | MARIANA MARINHO DE SÃO PAULO Partindo do livro "O Jogo da Amarelinha" (1963), de Julio Cortázar, e dos jogos surrealistas "Cadavre Exquis" (cadáver esquisito, em português), Bernardo José de Souza criou a mostra "Unânime Noite", em cartaz na Galeria Bolsa de Arte. A ideia é que cada uma das 30 obras expostas —a maioria são esculturas e objetos— funcione como pista para a construção de uma narrativa ficcional. Dispostas como se fossem obstáculos, elas ocupam os dois espaços expositivos da galeria, além do banheiro, do café e do jardim. "São quase como tropeços que, de certa forma, reproduzem a lógica da surpresa —e até a da vida", diz Souza. O trabalho detonador desse jogo é um texto do escritor e curador lituano Raimundas Malasauskas. "Há nele uma carga de ficção, mistério e ensaio existencial", diz o curador. A gravação do texto, que pode ser ouvida na mostra, foi enviada para os artistas, que propuseram diálogos a partir de obras inéditas ou já existentes. É o caso de "Com Palavras de Palavras por Palavras, Palabras" (2008), instalação de Marilá Dardot composta de uma mesa e uma máquina de escrever. Também há trabalhos de Rodolpho Parigi, Erika Verzutti e Cristiano Lenhardt, entre outros. Galeria Bolsa de Arte. R. Mourato Coelho, 790, Pinheiros, região oeste, tel. 3097-9673. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 16h. Dia 26: fechado. Até 2/7. Livre. GRÁTIS PAPO DE CURADOR Bernardo José de Souza, 41, fala sobre a exposição "Unânime Noite" A mostra pretende ser um "romance-exposição". Como seria isso? Esse projeto parte da construção de uma narrativa em que cada obra seja um capítulo dentro de uma história não linear. Ela será articulada não apenas pela minha lógica de compreensão enquanto curador, mas pela própria leitura do público. A exposição tenciona essa noção de autoria do curador como um senhor do discurso, já que estou propondo e articulando um jogo, mas há um certo grau de descontrole. E qual seria a temática presente nesta história? Queria que se construísse uma narrativa de ficção científica e de mistério que também remetesse a um outro escritor argentino além do Cortázar, que é o Jorge Luis Borges. Ele pensa, justamente, esses dois gêneros literários. O texto de Raimundas Malasauskas abre portas para pensar em uma diversidade de mundos interiores que carregamos durante a vida. Como são as obras selecionadas? Cada uma delas é um mundo próprio, mas também um universo que se relaciona com outros. Há uma recorrência de imagens, como a do triângulo, que é uma forma mística. A maioria delas são esculturas e objetos, embora também haja vídeos e pinturas. O que é essa atmosfera noturna insinuada pelo nome da mostra? Há uma referência nas obras dessas qualidades noturna do sono e do sonho -de um acesso, portanto, ao inconsciente. A própria narrativa inicial é bastante noturna no sentido de ser quase um delírio. O nome também é uma referência a um conto do Borges, chamado "As Ruínas Circulares", no qual ele conta a história de um homem que avança em uma "unânime noite". | saopaulo | Jogos surrealistas e obra de Julio Cortázar inspiram exposiçãoMARIANA MARINHO DE SÃO PAULO Partindo do livro "O Jogo da Amarelinha" (1963), de Julio Cortázar, e dos jogos surrealistas "Cadavre Exquis" (cadáver esquisito, em português), Bernardo José de Souza criou a mostra "Unânime Noite", em cartaz na Galeria Bolsa de Arte. A ideia é que cada uma das 30 obras expostas —a maioria são esculturas e objetos— funcione como pista para a construção de uma narrativa ficcional. Dispostas como se fossem obstáculos, elas ocupam os dois espaços expositivos da galeria, além do banheiro, do café e do jardim. "São quase como tropeços que, de certa forma, reproduzem a lógica da surpresa —e até a da vida", diz Souza. O trabalho detonador desse jogo é um texto do escritor e curador lituano Raimundas Malasauskas. "Há nele uma carga de ficção, mistério e ensaio existencial", diz o curador. A gravação do texto, que pode ser ouvida na mostra, foi enviada para os artistas, que propuseram diálogos a partir de obras inéditas ou já existentes. É o caso de "Com Palavras de Palavras por Palavras, Palabras" (2008), instalação de Marilá Dardot composta de uma mesa e uma máquina de escrever. Também há trabalhos de Rodolpho Parigi, Erika Verzutti e Cristiano Lenhardt, entre outros. Galeria Bolsa de Arte. R. Mourato Coelho, 790, Pinheiros, região oeste, tel. 3097-9673. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 11h às 16h. Dia 26: fechado. Até 2/7. Livre. GRÁTIS PAPO DE CURADOR Bernardo José de Souza, 41, fala sobre a exposição "Unânime Noite" A mostra pretende ser um "romance-exposição". Como seria isso? Esse projeto parte da construção de uma narrativa em que cada obra seja um capítulo dentro de uma história não linear. Ela será articulada não apenas pela minha lógica de compreensão enquanto curador, mas pela própria leitura do público. A exposição tenciona essa noção de autoria do curador como um senhor do discurso, já que estou propondo e articulando um jogo, mas há um certo grau de descontrole. E qual seria a temática presente nesta história? Queria que se construísse uma narrativa de ficção científica e de mistério que também remetesse a um outro escritor argentino além do Cortázar, que é o Jorge Luis Borges. Ele pensa, justamente, esses dois gêneros literários. O texto de Raimundas Malasauskas abre portas para pensar em uma diversidade de mundos interiores que carregamos durante a vida. Como são as obras selecionadas? Cada uma delas é um mundo próprio, mas também um universo que se relaciona com outros. Há uma recorrência de imagens, como a do triângulo, que é uma forma mística. A maioria delas são esculturas e objetos, embora também haja vídeos e pinturas. O que é essa atmosfera noturna insinuada pelo nome da mostra? Há uma referência nas obras dessas qualidades noturna do sono e do sonho -de um acesso, portanto, ao inconsciente. A própria narrativa inicial é bastante noturna no sentido de ser quase um delírio. O nome também é uma referência a um conto do Borges, chamado "As Ruínas Circulares", no qual ele conta a história de um homem que avança em uma "unânime noite". | 9 |
Não será fácil 'devolver a América para americanos'; veja análise | O candidato eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, terá muita dificuldade para cumprir as promessas feitas durante a campanha. A mais emblemática delas, de devolver a América para os americanos, esbarra na economia. Hoje, 30% da produção industrial do mundo vem da Asia. "A chance dessa produção voltar para os EUA é mínima", afirma Deborah Vieitas, CEO da AmCham-Brasil (Câmara de Comércio americana).Os colunista da Folha Contardo Calligaris e João Pereira Coutinho concordam e apontam que a campanha do republicano foi "de boteco", com diversas contradições. O também colunista Marcos Troyjo destacou que o acervo de propostas usadas na campanha como tarifa unilateral nas exportações chinesas, ou construção de um muro para separar o país do México ajudaram a eleger o político, mas se ele quiser evitar contendas comerciais "deverá se tornar mais pragmático e deixar de lado a retórica populista. | tv | Não será fácil 'devolver a América para americanos'; veja análiseO candidato eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, terá muita dificuldade para cumprir as promessas feitas durante a campanha. A mais emblemática delas, de devolver a América para os americanos, esbarra na economia. Hoje, 30% da produção industrial do mundo vem da Asia. "A chance dessa produção voltar para os EUA é mínima", afirma Deborah Vieitas, CEO da AmCham-Brasil (Câmara de Comércio americana).Os colunista da Folha Contardo Calligaris e João Pereira Coutinho concordam e apontam que a campanha do republicano foi "de boteco", com diversas contradições. O também colunista Marcos Troyjo destacou que o acervo de propostas usadas na campanha como tarifa unilateral nas exportações chinesas, ou construção de um muro para separar o país do México ajudaram a eleger o político, mas se ele quiser evitar contendas comerciais "deverá se tornar mais pragmático e deixar de lado a retórica populista. | 11 |
Geddel decide deixar o cargo após agravamento de crise política | O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) decidiu pedir demissão após o agravamento da crise envolvendo seu nome, o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha. A carta com a decisão foi entregue a Temer na manhã desta sexta (25). Antes, Geddel comunicou a aliados que deixaria o cargo, entre eles alguns ministros e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair", escreveu Geddel. "Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso", ressaltou. Na nota, Geddel diz que continuará torcendo pelo governo de Temer. "Capitaneado por um presidente sério, ético e afável no trato com todos", disse. Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer, que assumiu em maio. Antes saíram Marcelo Calero (Cultura), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). Ministros caídos do Governo Temer Com sua demissão, Geddel perderá o foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme a Folha informou, a Procuradoria-Geral da República já avalia pedir a abertura de um inquérito contra ele. Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, em entrevista à Folha, de tê-lo pressionado a rever decisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) que impede a construção de um empreendimento imobiliário onde o ministro da Secretaria de Governo adquiriu apartamento. Em depoimento à Polícia Federal, revelado pelo jornal, Calero disse ainda que o presidente Temer o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para obra de interesse de Geddel. Além de Temer e de Geddel, Calero implica também o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ex-ministro diz à PF ter recebido uma ligação de Padilha após uma conversa ruim com Geddel. Leia a carta com o pedido de demissão: * Salvador, 25 de novembro de 2016 Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer, Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair. Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso. Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo. Retornado a Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor. Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil. Um forte abraço, meu querido amigo. GEDDEL VIEIRA LIMA - Fev.2014 Projeto de construção La Vue é submetido ao Iphan. Escritório Técnico de Fiscalização, formado por Iphan, governo da Bahia e Prefeitura de Salvador, emite laudo afirmando não ser favorável ao empreendimento por seu impacto paisagístico Out Órgão que emitiu laudo contrário ao La Vue é extinto pelo Iphan Nov Coordenador-técnico do Iphan na Bahia, Bruno Tavares, discorda do laudo e emite parecer liberando o empreendimento. Liberação se dá com base em um estudo interno sem valor legal, que delimita área de proteção ao patrimônio no bairro da Barra Mar.2015 Prefeitura de Salvador libera alvará com base no parecer do Iphan. Obras são iniciadas e apartamentos começam a ser vendidos Jul Vereadores de Salvador criticam empreendimento e Geddel rebate, defendendo o edifício nas redes sociais Set Instituto dos Arquitetos do Brasil entra com ação civil pública questionando a obra na Justiça Mai.2016 Após análise do empreendimento, Iphan nacional conclui que edifício é incompatível com a região em que está sendo erguido. Familiares de Geddel assinam procuração e passam a representar empreendimento junto ao Iphan Nov Procuradoria recomenda paralisação do empreendimento. Iphan decide embargar a obra 18.nov Ministro da Cultura, Marcelo Calero, pede demissão; à Folha, afirma ter sido pressionado por Geddel | poder | Geddel decide deixar o cargo após agravamento de crise políticaO ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) decidiu pedir demissão após o agravamento da crise envolvendo seu nome, o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha. A carta com a decisão foi entregue a Temer na manhã desta sexta (25). Antes, Geddel comunicou a aliados que deixaria o cargo, entre eles alguns ministros e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair", escreveu Geddel. "Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso", ressaltou. Na nota, Geddel diz que continuará torcendo pelo governo de Temer. "Capitaneado por um presidente sério, ético e afável no trato com todos", disse. Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer, que assumiu em maio. Antes saíram Marcelo Calero (Cultura), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência). Ministros caídos do Governo Temer Com sua demissão, Geddel perderá o foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme a Folha informou, a Procuradoria-Geral da República já avalia pedir a abertura de um inquérito contra ele. Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, em entrevista à Folha, de tê-lo pressionado a rever decisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) que impede a construção de um empreendimento imobiliário onde o ministro da Secretaria de Governo adquiriu apartamento. Em depoimento à Polícia Federal, revelado pelo jornal, Calero disse ainda que o presidente Temer o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para obra de interesse de Geddel. Além de Temer e de Geddel, Calero implica também o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ex-ministro diz à PF ter recebido uma ligação de Padilha após uma conversa ruim com Geddel. Leia a carta com o pedido de demissão: * Salvador, 25 de novembro de 2016 Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer, Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair. Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso. Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo. Retornado a Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor. Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil. Um forte abraço, meu querido amigo. GEDDEL VIEIRA LIMA - Fev.2014 Projeto de construção La Vue é submetido ao Iphan. Escritório Técnico de Fiscalização, formado por Iphan, governo da Bahia e Prefeitura de Salvador, emite laudo afirmando não ser favorável ao empreendimento por seu impacto paisagístico Out Órgão que emitiu laudo contrário ao La Vue é extinto pelo Iphan Nov Coordenador-técnico do Iphan na Bahia, Bruno Tavares, discorda do laudo e emite parecer liberando o empreendimento. Liberação se dá com base em um estudo interno sem valor legal, que delimita área de proteção ao patrimônio no bairro da Barra Mar.2015 Prefeitura de Salvador libera alvará com base no parecer do Iphan. Obras são iniciadas e apartamentos começam a ser vendidos Jul Vereadores de Salvador criticam empreendimento e Geddel rebate, defendendo o edifício nas redes sociais Set Instituto dos Arquitetos do Brasil entra com ação civil pública questionando a obra na Justiça Mai.2016 Após análise do empreendimento, Iphan nacional conclui que edifício é incompatível com a região em que está sendo erguido. Familiares de Geddel assinam procuração e passam a representar empreendimento junto ao Iphan Nov Procuradoria recomenda paralisação do empreendimento. Iphan decide embargar a obra 18.nov Ministro da Cultura, Marcelo Calero, pede demissão; à Folha, afirma ter sido pressionado por Geddel | 0 |
Cozinha típica é ato de resistência para os palestinos | "Alguns fazem guerra, mas há melhores maneiras de defender o país". No centro histórico de Naplusa, onde viveu os dias mais duros da Intifada, Fatima Kadumy cozinha abobrinhas recheadas e homus para apoiar a causa palestina. Faz sete anos que ela teve a "ideia louca" de fundar uma escola de cozinha nessa cidade da Cisjordânia para que as receitas tradicionais servissem também para respaldar a criação de um Estado palestino. Seus esforços têm sido recompensado, porque desde 2008 já recebeu mais de 1.200 visitantes de países como China, Austrália, Alemanha e Estados Unidos. "Por trás da cozinha há política e resistência", assegura ela em seu pequeno estabelecimento em Naplusa, chamado de Bait al Karama (Casa da Dignidade, em árabe). "Ensinamos nossa cozinha e nossa vida como a vemos. Assim os estrangeiros podem julgar os palestinos por dentro", afirma. Não faz muito tempo que um casal de norte-americanos de Washington aprendeu a preparar folhas de uva e abobrinhas recheadas graças a Nidal, o chefe da escola. Um dos visitantes, Rex, disse estar encantando em "compartilhar a vida diária" dos palestinos em Naplusa, cidade que viveu, entre 2000 e 2005, os piores dias de violência da segunda Intifada. Antes de cozinhar, Fatima Kadumy acompanhou o casal pelas ruas locais para ir ao mercado comprar produtos unicamente palestinos, porque sua escola boicota os produtos israelenses. Além de uma boa comida, instiga-se a conversa sobre política. "Na mesa sempre se fala com mais calma, com mais facilidade", diz Kadumy, que veste um véu azul e dourado e usa óculos escuros em cima da cabeça. Sua escola faz parte do movimento global Slow Food, fundado na Itália para promover a cozinha local. "Durante muito tempo permitimos que só os israelenses falassem", disse. HOMUS Palestinos e israelenses não só disputam o território, mas também a origem de alguns pratos, como o homus, um creme de grão de bico, que também é usado para fazer falafel. No entando, todos estão de acordo que o melhor homus é o de Abu Shukri, um pequeno restaurante na área da cidade velha de Jerusalém inaugurado em 1948, quando o Estado de Israel foi criado, e que hoje é administrado por Yasser Taha, um palestino que herdou o estabelecimento de seu pai. "Os israelenses aprenderam a preparar o homus conosco", explica. "Aprenderam a cozinhá-lo e agora dizem que eles que inventaram", diz Tahar, que recebe muitos clientes israelenses em seu restaurante. "Nós adoramos vir aqui, é delicioso", diz Elad, 52, que, acompanhada de sua filha, come o que sobrou de homus com pão. Neta, uma mulher israelense, acredita que esse modesto prato poderia desempenhar um papel no conflito entre palestinos e israelenses: "Todo mundo gosta de homus, é algo que temos em comum e que pode nos levar a um entendimento." Próximo ao restaurante, os cartões-postais à venda nas lojas mostram a diversidade de opiniões: em alguns aparece um prato de homus junto a uma bandeira de Israel e, em outros, acompanhado do preto, vermelho e branco da bandeira palestina. | comida | Cozinha típica é ato de resistência para os palestinos"Alguns fazem guerra, mas há melhores maneiras de defender o país". No centro histórico de Naplusa, onde viveu os dias mais duros da Intifada, Fatima Kadumy cozinha abobrinhas recheadas e homus para apoiar a causa palestina. Faz sete anos que ela teve a "ideia louca" de fundar uma escola de cozinha nessa cidade da Cisjordânia para que as receitas tradicionais servissem também para respaldar a criação de um Estado palestino. Seus esforços têm sido recompensado, porque desde 2008 já recebeu mais de 1.200 visitantes de países como China, Austrália, Alemanha e Estados Unidos. "Por trás da cozinha há política e resistência", assegura ela em seu pequeno estabelecimento em Naplusa, chamado de Bait al Karama (Casa da Dignidade, em árabe). "Ensinamos nossa cozinha e nossa vida como a vemos. Assim os estrangeiros podem julgar os palestinos por dentro", afirma. Não faz muito tempo que um casal de norte-americanos de Washington aprendeu a preparar folhas de uva e abobrinhas recheadas graças a Nidal, o chefe da escola. Um dos visitantes, Rex, disse estar encantando em "compartilhar a vida diária" dos palestinos em Naplusa, cidade que viveu, entre 2000 e 2005, os piores dias de violência da segunda Intifada. Antes de cozinhar, Fatima Kadumy acompanhou o casal pelas ruas locais para ir ao mercado comprar produtos unicamente palestinos, porque sua escola boicota os produtos israelenses. Além de uma boa comida, instiga-se a conversa sobre política. "Na mesa sempre se fala com mais calma, com mais facilidade", diz Kadumy, que veste um véu azul e dourado e usa óculos escuros em cima da cabeça. Sua escola faz parte do movimento global Slow Food, fundado na Itália para promover a cozinha local. "Durante muito tempo permitimos que só os israelenses falassem", disse. HOMUS Palestinos e israelenses não só disputam o território, mas também a origem de alguns pratos, como o homus, um creme de grão de bico, que também é usado para fazer falafel. No entando, todos estão de acordo que o melhor homus é o de Abu Shukri, um pequeno restaurante na área da cidade velha de Jerusalém inaugurado em 1948, quando o Estado de Israel foi criado, e que hoje é administrado por Yasser Taha, um palestino que herdou o estabelecimento de seu pai. "Os israelenses aprenderam a preparar o homus conosco", explica. "Aprenderam a cozinhá-lo e agora dizem que eles que inventaram", diz Tahar, que recebe muitos clientes israelenses em seu restaurante. "Nós adoramos vir aqui, é delicioso", diz Elad, 52, que, acompanhada de sua filha, come o que sobrou de homus com pão. Neta, uma mulher israelense, acredita que esse modesto prato poderia desempenhar um papel no conflito entre palestinos e israelenses: "Todo mundo gosta de homus, é algo que temos em comum e que pode nos levar a um entendimento." Próximo ao restaurante, os cartões-postais à venda nas lojas mostram a diversidade de opiniões: em alguns aparece um prato de homus junto a uma bandeira de Israel e, em outros, acompanhado do preto, vermelho e branco da bandeira palestina. | 21 |
Na fase final do impeachment, Temer tenta preservar apoio de empresários | Com receio de perda de apoio do setor produtivo na fase final do impeachment, o presidente interino, Michel Temer, iniciou ofensiva junto a empresários e trabalhadores na tentativa de ganhar legitimidade social para continuar à frente da Presidência da República. A informação foi antecipada pela coluna Painel desta quinta-feira (11). Na quarta-feira (10), o peemedebista se reuniu com empresários como Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Jorge Gerdau (Gerdau), Pedro Passos (Natura) e Pedro Moreira Salles (Itaú) em audiência privada no gabinete presidencial. Nesta quinta, o presidente interino promoveu evento público no Palácio do Planalto com representantes da construção civil com o objetivo de dar uma demonstração pública de apoio à gestão peemedebista. Com a presença de cerca de 700 empresários e 100 trabalhadores, a cerimônia serviu como uma espécie de palanque para discursos elogiosos ao governo interino. Com a demora na aprovação de medidas econômicas no Congresso Nacional, além de recuos em iniciativas de controle de gastos, o Palácio do Planalto está preocupado com o que chama de "fim da lua de mel" com o mercado financeiro. "Encontramos em vossa excelência, e na equipe que montou, a liderança capaz de conduzir os avanços que a sociedade brasileira exige. Liderança capaz de aproveitar o momento histórico para construir mudanças que recoloquem o país na direção da sua vocação natural", elogiou o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins. "Não tenho dúvidas de que vossa excelência será o líder maior na frente de definir e fazer girar a roda do desenvolvimento ", afirmou o presidente do Sindicato da Construção Civil de São Paulo, Antonio de Sousa Ramalho. Na tentativa de agradar o setor da construção civil, o presidente interino iniciou seu discurso pedindo uma salva de palmas tanto para os empresários como para os trabalhadores. "Eu quero dizer que sem a construção não há progresso. Ela dá harmonia social e aos Poderes da República, além de na construção da pacificação social do país", ressaltou o peemedebista. Para a semana que vem, o governo interino também prepara uma agenda de encontros com empresários de outros setores, como do agronegócio e da indústria. | mercado | Na fase final do impeachment, Temer tenta preservar apoio de empresáriosCom receio de perda de apoio do setor produtivo na fase final do impeachment, o presidente interino, Michel Temer, iniciou ofensiva junto a empresários e trabalhadores na tentativa de ganhar legitimidade social para continuar à frente da Presidência da República. A informação foi antecipada pela coluna Painel desta quinta-feira (11). Na quarta-feira (10), o peemedebista se reuniu com empresários como Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Jorge Gerdau (Gerdau), Pedro Passos (Natura) e Pedro Moreira Salles (Itaú) em audiência privada no gabinete presidencial. Nesta quinta, o presidente interino promoveu evento público no Palácio do Planalto com representantes da construção civil com o objetivo de dar uma demonstração pública de apoio à gestão peemedebista. Com a presença de cerca de 700 empresários e 100 trabalhadores, a cerimônia serviu como uma espécie de palanque para discursos elogiosos ao governo interino. Com a demora na aprovação de medidas econômicas no Congresso Nacional, além de recuos em iniciativas de controle de gastos, o Palácio do Planalto está preocupado com o que chama de "fim da lua de mel" com o mercado financeiro. "Encontramos em vossa excelência, e na equipe que montou, a liderança capaz de conduzir os avanços que a sociedade brasileira exige. Liderança capaz de aproveitar o momento histórico para construir mudanças que recoloquem o país na direção da sua vocação natural", elogiou o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins. "Não tenho dúvidas de que vossa excelência será o líder maior na frente de definir e fazer girar a roda do desenvolvimento ", afirmou o presidente do Sindicato da Construção Civil de São Paulo, Antonio de Sousa Ramalho. Na tentativa de agradar o setor da construção civil, o presidente interino iniciou seu discurso pedindo uma salva de palmas tanto para os empresários como para os trabalhadores. "Eu quero dizer que sem a construção não há progresso. Ela dá harmonia social e aos Poderes da República, além de na construção da pacificação social do país", ressaltou o peemedebista. Para a semana que vem, o governo interino também prepara uma agenda de encontros com empresários de outros setores, como do agronegócio e da indústria. | 2 |
Velha conhecida de artesãos, pedra-sabão reaparece em formas contemporâneas | MICHELE OLIVEIRA DE SÃO PAULO Material tem sido muito usado na feitura de móveis modernos. Veja algumas dicas para decorar a sua casa. De cima para baixo: 1. Vasos da coleção Morandi, de pedra-sabão, por Alva Design, preço sob consulta. Da Alva Design. 2. Mesa lateral de freijó e pedra-sabão, por Rahyja Afrange, preço sob consulta. Da Rahyja Afrange Arquitetura e Design, ra.arq.br. 3. Mesa de centro de ferro e pedra-sabão, por Isabela Vecchi, preço sob consulta. Da Dpot, dpot.com.br 4. Assadeira de pedra-sabão, a partir de R$ 150,66. Da Tramontina, tramontina.com.br | saopaulo | Velha conhecida de artesãos, pedra-sabão reaparece em formas contemporâneasMICHELE OLIVEIRA DE SÃO PAULO Material tem sido muito usado na feitura de móveis modernos. Veja algumas dicas para decorar a sua casa. De cima para baixo: 1. Vasos da coleção Morandi, de pedra-sabão, por Alva Design, preço sob consulta. Da Alva Design. 2. Mesa lateral de freijó e pedra-sabão, por Rahyja Afrange, preço sob consulta. Da Rahyja Afrange Arquitetura e Design, ra.arq.br. 3. Mesa de centro de ferro e pedra-sabão, por Isabela Vecchi, preço sob consulta. Da Dpot, dpot.com.br 4. Assadeira de pedra-sabão, a partir de R$ 150,66. Da Tramontina, tramontina.com.br | 9 |
Boa parte da Grande Barreira de Corais da Austrália está morta | A Grande Barreira de Coral australiana é há muito uma das mais deslumbrantes maravilhas naturais do planeta, enorme a ponto de ser visível do espaço, e bela a ponto de levar visitantes às lágrimas. Mas a barreira e a profusão de criaturas marinhas que vivem em suas redondezas estão em sérias dificuldades. Imensas seções da Grande Barreira de Coral, ao longo de centenas de quilômetros de sua porção norte, que ocupa águas mais cristalinas, foram recentemente classificadas como mortas, por conta de um superaquecimento da água do mar no ano passado. Seções mais meridionais, mais ou menos no meio da barreira, mal escaparam ao destino das poções setentrionais e agora estão passando por branqueamento, o que pode prenunciar novas mortes que privariam algumas das áreas mais visitadas da Grande Barreira de suas cores e formas de vida. "Não esperávamos ver esse nível de destruição na Grande Barreira de Coral por pelo menos mais 30 anos", disse Terry Hughes, diretor de um centro financiado pelo governo australiano para o estudo de recifes de coral, na Universidade James Cook, e autor de um estudo sobre a Grande Barreira que saiu quinta-feira como matéria de capa da revista "Nature". "No norte, vi centenas de recifes - literalmente dois terços dos recifes estavam morrendo, e agora estão mortos". Os danos à Grande Barreira de Coral, uma das maiores estruturas vivas do planeta, são parte de uma calamidade mundial que vem se desenrolando intermitentemente há quase duas décadas e parece estar se intensificando. No estudo, dezenas de cientistas descreveram o recente desastre como o terceiro episódio de branqueamento em massa de recifes de coral desde 1998, e de longe o mais extenso e mais destrutivo deles. O estado dos recifes de coral é um indicador quanto à saúde dos mares. Seus problemas e morte são ainda mais um sinal dos estragos causados pela mudança do clima. Se a maioria dos recifes de coral do planeta morrerem, algo que os cientistas temem ser cada vez mais provável, a vida mais rica e colorida do oceano pode ser perdida, em companhia das grandes somas que o turismo nas barreiras de coral gera. Em países mais pobres, há vidas em jogo. Centenas de milhões de pessoas obtêm suas proteínas principalmente de peixes que vivem nas barreiras, e a perda dessa fonte de alimento pode criar uma crise humanitária. Com o mais recente episódio de branqueamento chegando ao seu terceiro ano, os cientistas dizem não ter dúvida sobre a causa. Eles alertaram décadas atrás que os recifes de coral estariam em risco caso a sociedade humana continuasse a queimar combustíveis fósseis em ritmo descontrolado, liberando gases causadores do efeito-estufa que geram aquecimento do oceano. As emissões continuaram a crescer, e agora a temperatura básica do oceano é alta o bastante para que qualquer pico temporário represente risco crítico para os recifes. "A mudança do clima não é uma ameaça futura", disse o professor Hughes. "Na Grande Barreira da Austrália, a ameaça se concretizou há 18 anos". Os corais requerem água morna para prosperar, mas são extremamente sensíveis a calor acima do necessário. Um ou dois graus de calor excessivo podem matar as minúsculas criaturas. Do final do século 19 para cá, a temperatura do oceano subiu em pouco menos de um grau, sob uma estimativa conservadora, e nos trópicos, que abrigam muitos dos recifes de corais, a elevação foi um pouco maior. O padrão climático El Niño, que atingiu um pico em 2016 e causou alta temporária na temperatura de superfície de boa parte do planeta, também contribuiu, causando o ano mais quente no registro histórico, iniciado em 1880. Ficou evidente no ano passado que era provável que os corais de muitos recifes morressem, mas agora as avaliações científicas formais estão chegando. O estudo publicado pela "Nature" documenta vasto branqueamento de recifes em 2016, ao longo de uma seção de 800 quilômetros da barreira ao norte de Cairns, uma cidade na costa leste da Austrália. O branqueamento indica que os corais estão sofrendo desgaste, mas eles nem sempre morrem e água mais fria pode ajudar em sua recuperação. Pesquisas subsequentes na Grande Barreira da Austrália, realizadas no final do ano passado depois do prazo para inclusão no estudo publicado pela "Nature", documentaram que extensas porções dos recifes haviam de fato morrido, e que não era provável que se recuperassem em curto prazo, se é que uma recuperação será possível. O professor Hughes liderou essas pesquisas. Ele disse que seus estudantes e ele choraram quando lhes mostrou mapas sobre os danos, que ele calculou em parte sobrevoando a área a baixa altitude, em pequenos aviões e helicópteros. Os levantamentos aéreos de Hughes, combinados a mensurações subaquáticas, constataram a morte de 67% dos corais em um longo trecho ao norte de Port Douglas; em algumas áreas, a proporção de corais mortos atingiu os 83%. Por sorte, uma tempestade agitou as águas nas porções central e meridional da barreira em um momento crucial, e a mortalidade foi muito inferior nessas seções - cerca de 6% em uma área ao norte de Townsville e ainda mais baixa na porção mais meridional da barreira. Mas um estudo do governo australiano divulgado na semana passada constatou que, em termos gerais, o ano passado trouxe "as maiores temperaturas já registradas na superfície do mar ao longo da Grande Barreira da Austrália". De 1998 para cá, apenas 9% da barreira escaparam a branqueamento, disse o professor Hughes, e agora o trecho menos remoto e mais pesadamente visitado, que se estende de Cairns para o sul, está em perigo de novo. A temperatura da água lá continua tão alta que uma nova rodada de branqueamento está em curso, confirmou na semana passada a Great Barrier Reef Marine Park Authority, agência do governo australiano que administra a área. O professor Hughes disse que espera que os danos sejam menos sérios este ano do que no ano passado, mas que "dois anos consecutivos de branqueamento são uma coisa inédita na Austrália". A porção centro-sul da barreira já foi seriamente prejudicada por atividades humanas como a dragagem, e pela poluição. O governo australiano tenta combater essas ameaças locais por meio do plano Reef 2050, que restringe o desenvolvimento de portos, a dragagem e o despejo de resíduos agrícolas no mar, entre outros riscos. Mas a pesquisa do professor Hughes constatou que, dada a temperatura elevada, esses esforços nacionais de melhora da qualidade da água não são suficientes. "Os recifes em águas lodosas foram queimados da mesma maneira que os de águas cristalinas", disse o professor Hughes. "Essa não é uma boa notícia, em termos dos esforços locais para prevenir branqueamento. A realidade é que não há muito que se possa fazer. É preciso enfrentar diretamente a mudança do clima". Com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, um recente acordo internacional para combater o problema, o chamado Acordo de Paris, parece estar em perigo. O governo conservador australiano também continua a apoiar o desenvolvimento do combustível fóssil, o que inclui projetos como aquele que muitos cientistas e conservacionistas encaram como mais imediata ameaça à barreira de coral - uma mina de carvão, que estaria entre as maiores do mundo e seria estabelecida pelo Adani Group, um conglomerado sediado na Índia, em uma área da costa australiana adjacente à barreira. "O fato é que a Austrália já é o maior exportador mundial de carvão, e a última coisa que deveríamos fazer, com relação ao nosso maior patrimônio nacional, é agravar as coisas", disse Imogen Zethoven, diretora de campanhas do grupo conservacionista Australian Marine Conservation Society. A Grande Barreira da Austrália cria cerca de 70 mil empregos no país e gera bilhões de dólares anuais em receitas turísticas, e ainda não está claro como a deterioração dos recifes afetará essa atividade econômica. Mesmo em áreas seriamente danificadas, porções extensas da barreira sobreviveram, e os guias provavelmente levarão os turistas a elas, evitando as áreas mortas. A crise mundial dos recifes de coral não significa necessariamente a extinção de espécies de coral. Os corais podem se salvar, como muitas outras criaturas estão tentando fazer, se deslocando em direção aos polos à medida que a Terra esquenta, e estabelecendo novos recifes em águas mais frias. Mas as mudanças que os seres humanos causam são tão rápidas, em termos geológicos, que não fica totalmente claro se as espécies de coral serão capazes de acompanhá-las. E mesmo que os corais sobrevivam, isso não significa que recifes individuais continuarão a prosperar em sua localização atual. Os recifes de coral são sistemas sensíveis, construídos por animais incomuns. Os corais mesmos são minúsculos pólipos que agem como agricultores, capturando coloridas plantas unicelulares conhecidas como algas, que convertem luz do sol em alimento. Os pólipos de coral formam colônias e constroem um andaime de pedra calcária onde passam a viver - um recife. Mas quando a água próxima de um recife esquenta demais, as algas começam a produzir toxinas e os corais as expelem, em autodefesa, e se tornam fantasmagoricamente brancos. Se a temperatura da água cair com rapidez suficiente, os corais serão capazes de cultivar novas algas e sobreviver, mas se isso não acontecer podem sucumbir a doenças ou desnutrição. Mesmo quando os corais morrem, alguns recifes terminam por se recuperar. Se a temperatura da água se mantiver moderada, as seções danificadas da Grande Barreira da Austrália podem se ver novamente recobertas de corais dentro de 10 ou 15 anos. Mas a temperatura do oceano agora é alta a ponto de tornar mais frequentes os eventos de branqueamento em massa. Se isso se tornar rotina, muitos dos recifes de coral mais prejudicados talvez se vejam incapazes de restabelecimento. Dentro de uma década, certas formas de coral, como o coral ramificado e o coral plate, podem estar extintas, dizem os cientistas que pesquisam sobre os recifes de coral. O mesmo se aplica a uma ampla variedade de pequenos peixes que dependem dos recifes para proteção contra predadores. "Não creio que a Grande Barreira da Austrália um dia volte a ser tão grande quanto foi no passado - pelo menos não nas próximas décadas", disse C. Mark Eakin, especialista em recifes de coral da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA) norte-americana, em Silver Spring, Maryland. O Dr. Eakin é um dos autores do novo estudo e comanda um programa chamado Coral Reef Watch, que produz mapas preditivos para alertar sobre a iminência de episódios de branqueamento. Ainda que o El Niño do ano passado tenha terminado, as temperaturas da água são altas o bastante para que seus mapas mostrem água quente demais em milhões de quilômetros quadrados de oceano. Kim Cobb, cientista do clima no Instituto da Tecnologia da Geórgia, não participou do novo estudo, mas descreveu a pesquisa e suas conclusões como acuradas - e desanimadoras. Ela disse ter visto forte devastação dos corais no ano passado perto da ilha Kirimati, parte da República de Kiribati, que fica a milhares de quilômetros da Austrália. Cobb visita a ilha regularmente para suas pesquisas. Dado o risco de que o esforço internacional de combate à mudança do clima perca o ímpeto, "as temperaturas do oceano vão continuara subir", disse a Dra. Cobb. "A ideia de que temos prazo de 20 ou 30 anos antes que a próxima onda de branqueamento e destruição de corais aconteça é basicamente uma fantasia". Tradução de PAULO MIGLIACCI | ambiente | Boa parte da Grande Barreira de Corais da Austrália está mortaA Grande Barreira de Coral australiana é há muito uma das mais deslumbrantes maravilhas naturais do planeta, enorme a ponto de ser visível do espaço, e bela a ponto de levar visitantes às lágrimas. Mas a barreira e a profusão de criaturas marinhas que vivem em suas redondezas estão em sérias dificuldades. Imensas seções da Grande Barreira de Coral, ao longo de centenas de quilômetros de sua porção norte, que ocupa águas mais cristalinas, foram recentemente classificadas como mortas, por conta de um superaquecimento da água do mar no ano passado. Seções mais meridionais, mais ou menos no meio da barreira, mal escaparam ao destino das poções setentrionais e agora estão passando por branqueamento, o que pode prenunciar novas mortes que privariam algumas das áreas mais visitadas da Grande Barreira de suas cores e formas de vida. "Não esperávamos ver esse nível de destruição na Grande Barreira de Coral por pelo menos mais 30 anos", disse Terry Hughes, diretor de um centro financiado pelo governo australiano para o estudo de recifes de coral, na Universidade James Cook, e autor de um estudo sobre a Grande Barreira que saiu quinta-feira como matéria de capa da revista "Nature". "No norte, vi centenas de recifes - literalmente dois terços dos recifes estavam morrendo, e agora estão mortos". Os danos à Grande Barreira de Coral, uma das maiores estruturas vivas do planeta, são parte de uma calamidade mundial que vem se desenrolando intermitentemente há quase duas décadas e parece estar se intensificando. No estudo, dezenas de cientistas descreveram o recente desastre como o terceiro episódio de branqueamento em massa de recifes de coral desde 1998, e de longe o mais extenso e mais destrutivo deles. O estado dos recifes de coral é um indicador quanto à saúde dos mares. Seus problemas e morte são ainda mais um sinal dos estragos causados pela mudança do clima. Se a maioria dos recifes de coral do planeta morrerem, algo que os cientistas temem ser cada vez mais provável, a vida mais rica e colorida do oceano pode ser perdida, em companhia das grandes somas que o turismo nas barreiras de coral gera. Em países mais pobres, há vidas em jogo. Centenas de milhões de pessoas obtêm suas proteínas principalmente de peixes que vivem nas barreiras, e a perda dessa fonte de alimento pode criar uma crise humanitária. Com o mais recente episódio de branqueamento chegando ao seu terceiro ano, os cientistas dizem não ter dúvida sobre a causa. Eles alertaram décadas atrás que os recifes de coral estariam em risco caso a sociedade humana continuasse a queimar combustíveis fósseis em ritmo descontrolado, liberando gases causadores do efeito-estufa que geram aquecimento do oceano. As emissões continuaram a crescer, e agora a temperatura básica do oceano é alta o bastante para que qualquer pico temporário represente risco crítico para os recifes. "A mudança do clima não é uma ameaça futura", disse o professor Hughes. "Na Grande Barreira da Austrália, a ameaça se concretizou há 18 anos". Os corais requerem água morna para prosperar, mas são extremamente sensíveis a calor acima do necessário. Um ou dois graus de calor excessivo podem matar as minúsculas criaturas. Do final do século 19 para cá, a temperatura do oceano subiu em pouco menos de um grau, sob uma estimativa conservadora, e nos trópicos, que abrigam muitos dos recifes de corais, a elevação foi um pouco maior. O padrão climático El Niño, que atingiu um pico em 2016 e causou alta temporária na temperatura de superfície de boa parte do planeta, também contribuiu, causando o ano mais quente no registro histórico, iniciado em 1880. Ficou evidente no ano passado que era provável que os corais de muitos recifes morressem, mas agora as avaliações científicas formais estão chegando. O estudo publicado pela "Nature" documenta vasto branqueamento de recifes em 2016, ao longo de uma seção de 800 quilômetros da barreira ao norte de Cairns, uma cidade na costa leste da Austrália. O branqueamento indica que os corais estão sofrendo desgaste, mas eles nem sempre morrem e água mais fria pode ajudar em sua recuperação. Pesquisas subsequentes na Grande Barreira da Austrália, realizadas no final do ano passado depois do prazo para inclusão no estudo publicado pela "Nature", documentaram que extensas porções dos recifes haviam de fato morrido, e que não era provável que se recuperassem em curto prazo, se é que uma recuperação será possível. O professor Hughes liderou essas pesquisas. Ele disse que seus estudantes e ele choraram quando lhes mostrou mapas sobre os danos, que ele calculou em parte sobrevoando a área a baixa altitude, em pequenos aviões e helicópteros. Os levantamentos aéreos de Hughes, combinados a mensurações subaquáticas, constataram a morte de 67% dos corais em um longo trecho ao norte de Port Douglas; em algumas áreas, a proporção de corais mortos atingiu os 83%. Por sorte, uma tempestade agitou as águas nas porções central e meridional da barreira em um momento crucial, e a mortalidade foi muito inferior nessas seções - cerca de 6% em uma área ao norte de Townsville e ainda mais baixa na porção mais meridional da barreira. Mas um estudo do governo australiano divulgado na semana passada constatou que, em termos gerais, o ano passado trouxe "as maiores temperaturas já registradas na superfície do mar ao longo da Grande Barreira da Austrália". De 1998 para cá, apenas 9% da barreira escaparam a branqueamento, disse o professor Hughes, e agora o trecho menos remoto e mais pesadamente visitado, que se estende de Cairns para o sul, está em perigo de novo. A temperatura da água lá continua tão alta que uma nova rodada de branqueamento está em curso, confirmou na semana passada a Great Barrier Reef Marine Park Authority, agência do governo australiano que administra a área. O professor Hughes disse que espera que os danos sejam menos sérios este ano do que no ano passado, mas que "dois anos consecutivos de branqueamento são uma coisa inédita na Austrália". A porção centro-sul da barreira já foi seriamente prejudicada por atividades humanas como a dragagem, e pela poluição. O governo australiano tenta combater essas ameaças locais por meio do plano Reef 2050, que restringe o desenvolvimento de portos, a dragagem e o despejo de resíduos agrícolas no mar, entre outros riscos. Mas a pesquisa do professor Hughes constatou que, dada a temperatura elevada, esses esforços nacionais de melhora da qualidade da água não são suficientes. "Os recifes em águas lodosas foram queimados da mesma maneira que os de águas cristalinas", disse o professor Hughes. "Essa não é uma boa notícia, em termos dos esforços locais para prevenir branqueamento. A realidade é que não há muito que se possa fazer. É preciso enfrentar diretamente a mudança do clima". Com a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, um recente acordo internacional para combater o problema, o chamado Acordo de Paris, parece estar em perigo. O governo conservador australiano também continua a apoiar o desenvolvimento do combustível fóssil, o que inclui projetos como aquele que muitos cientistas e conservacionistas encaram como mais imediata ameaça à barreira de coral - uma mina de carvão, que estaria entre as maiores do mundo e seria estabelecida pelo Adani Group, um conglomerado sediado na Índia, em uma área da costa australiana adjacente à barreira. "O fato é que a Austrália já é o maior exportador mundial de carvão, e a última coisa que deveríamos fazer, com relação ao nosso maior patrimônio nacional, é agravar as coisas", disse Imogen Zethoven, diretora de campanhas do grupo conservacionista Australian Marine Conservation Society. A Grande Barreira da Austrália cria cerca de 70 mil empregos no país e gera bilhões de dólares anuais em receitas turísticas, e ainda não está claro como a deterioração dos recifes afetará essa atividade econômica. Mesmo em áreas seriamente danificadas, porções extensas da barreira sobreviveram, e os guias provavelmente levarão os turistas a elas, evitando as áreas mortas. A crise mundial dos recifes de coral não significa necessariamente a extinção de espécies de coral. Os corais podem se salvar, como muitas outras criaturas estão tentando fazer, se deslocando em direção aos polos à medida que a Terra esquenta, e estabelecendo novos recifes em águas mais frias. Mas as mudanças que os seres humanos causam são tão rápidas, em termos geológicos, que não fica totalmente claro se as espécies de coral serão capazes de acompanhá-las. E mesmo que os corais sobrevivam, isso não significa que recifes individuais continuarão a prosperar em sua localização atual. Os recifes de coral são sistemas sensíveis, construídos por animais incomuns. Os corais mesmos são minúsculos pólipos que agem como agricultores, capturando coloridas plantas unicelulares conhecidas como algas, que convertem luz do sol em alimento. Os pólipos de coral formam colônias e constroem um andaime de pedra calcária onde passam a viver - um recife. Mas quando a água próxima de um recife esquenta demais, as algas começam a produzir toxinas e os corais as expelem, em autodefesa, e se tornam fantasmagoricamente brancos. Se a temperatura da água cair com rapidez suficiente, os corais serão capazes de cultivar novas algas e sobreviver, mas se isso não acontecer podem sucumbir a doenças ou desnutrição. Mesmo quando os corais morrem, alguns recifes terminam por se recuperar. Se a temperatura da água se mantiver moderada, as seções danificadas da Grande Barreira da Austrália podem se ver novamente recobertas de corais dentro de 10 ou 15 anos. Mas a temperatura do oceano agora é alta a ponto de tornar mais frequentes os eventos de branqueamento em massa. Se isso se tornar rotina, muitos dos recifes de coral mais prejudicados talvez se vejam incapazes de restabelecimento. Dentro de uma década, certas formas de coral, como o coral ramificado e o coral plate, podem estar extintas, dizem os cientistas que pesquisam sobre os recifes de coral. O mesmo se aplica a uma ampla variedade de pequenos peixes que dependem dos recifes para proteção contra predadores. "Não creio que a Grande Barreira da Austrália um dia volte a ser tão grande quanto foi no passado - pelo menos não nas próximas décadas", disse C. Mark Eakin, especialista em recifes de coral da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA) norte-americana, em Silver Spring, Maryland. O Dr. Eakin é um dos autores do novo estudo e comanda um programa chamado Coral Reef Watch, que produz mapas preditivos para alertar sobre a iminência de episódios de branqueamento. Ainda que o El Niño do ano passado tenha terminado, as temperaturas da água são altas o bastante para que seus mapas mostrem água quente demais em milhões de quilômetros quadrados de oceano. Kim Cobb, cientista do clima no Instituto da Tecnologia da Geórgia, não participou do novo estudo, mas descreveu a pesquisa e suas conclusões como acuradas - e desanimadoras. Ela disse ter visto forte devastação dos corais no ano passado perto da ilha Kirimati, parte da República de Kiribati, que fica a milhares de quilômetros da Austrália. Cobb visita a ilha regularmente para suas pesquisas. Dado o risco de que o esforço internacional de combate à mudança do clima perca o ímpeto, "as temperaturas do oceano vão continuara subir", disse a Dra. Cobb. "A ideia de que temos prazo de 20 ou 30 anos antes que a próxima onda de branqueamento e destruição de corais aconteça é basicamente uma fantasia". Tradução de PAULO MIGLIACCI | 23 |
As razões do coração | E vá você discutir com um louco: ele usará qualquer truque, desprezará o racional para continuar 'tendo razão' "O coração tem razões que a própria razão desconhece". A primeira vez que ouvi essa frase foi num samba de Marino Pinto e Zé da Zilda ("Aos pés da santa cruz"), mas ela havia sido dita 300 anos antes pelo filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662), antevendo as dimensões do inconsciente muito antes de Freud nascer. Duas coisas me encantam na frase de Pascal: o apreço pela razão, bem típica de seu tempo (Iluminismo e Idade Moderna), com a vontade de que a razão viesse a dar conta de tudo. A outra: o fato de eu trabalhar com a invenção de Freud e me esforçar para, com a psicanálise, entender as razões do coração. Não sei qual das duas me encanta mais. Claro, eu adoro descobrir por que razão esquisita uma pessoa morre de medo de avião, mas anda tranquilamente de carro (o lugar mais arriscado em que entramos). Ou que diabos levam àquela outra se apaixonar por alguém que é claramente uma roubada. Descobrir a trama que conecta a história de uma pessoa a suas decisões aparentemente irracionais é como ser um detetive neo-iluminista em busca das razões cifradas do desejo inconsciente, as razões do coração. E até há as sociológico/psicanalíticas: por que gays buscam o amor de um hétero, quando seria razoável que o buscassem entre seus pares? Porque foram rejeitados por seus pais héteros, e agora querem corrigir a história (a encrenca é que a história tende a se repetir, tão parecido com o pai é o objeto de seu desejo). Outra: por que às vezes, no amor, a distância aproxima e a proximidade afasta? Porque a distância favorece a idealização, e a proximidade traz o real. É difícil, preferimos o ideal. Mas certamente o apreço pela razão tem sido um farol-guia em minha vida. Tenho por ela carinho, respeito e admiração. Como a humanidade fez para sobreviver, vivo a procurar o sentido das coisas, dos fenômenos, da ação humana. A ela sou grato pela minha saúde mental; em sua defesa eu saio amiúde, mormente nesses tempos em que ela vive sendo escorraçada das conversas, quando não vilipendiada nos pronunciamentos políticos. Basta ver o quanto nos enlouquece a distorção do sentido, o como a razão é torturada pelas intenções espúrias da novilíngua de quem está querendo nos enrolar. Tudo o que se publica (este artigo, por exemplo) visa influenciar o senso comum. O termo "formadores de opinião" é pretensioso, mas vem daí. Em alguns casos, como na crescente aversão ao cigarro, o senso comum é afinado com a razão. Em muitos outros, como na equação simplória do "pobre é coitado e bom; rico é cruel e mau", e o coitadismo que daí resulta, é mais afinado com o "ter razão", por irracional que seja. A propósito, mesmo irracional, há no processo uma homenagem à razão: todos querem "ter razão", a despeito de seus desprezos pela lógica. Como Polonius disse ao rei, "Senhor, existe método nessa loucura": ela serve a um objetivo de dominação. E vá você discutir com um louco: ele usará qualquer truque, desprezará o racional para continuar "tendo razão". Afinal, como afirmou o escritor inglês Gilbert Chesterton (1874-1936), "o louco é aquele que perdeu tudo, exceto a razão". São as razões do coração. | colunas | As razões do coraçãoE vá você discutir com um louco: ele usará qualquer truque, desprezará o racional para continuar 'tendo razão' "O coração tem razões que a própria razão desconhece". A primeira vez que ouvi essa frase foi num samba de Marino Pinto e Zé da Zilda ("Aos pés da santa cruz"), mas ela havia sido dita 300 anos antes pelo filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662), antevendo as dimensões do inconsciente muito antes de Freud nascer. Duas coisas me encantam na frase de Pascal: o apreço pela razão, bem típica de seu tempo (Iluminismo e Idade Moderna), com a vontade de que a razão viesse a dar conta de tudo. A outra: o fato de eu trabalhar com a invenção de Freud e me esforçar para, com a psicanálise, entender as razões do coração. Não sei qual das duas me encanta mais. Claro, eu adoro descobrir por que razão esquisita uma pessoa morre de medo de avião, mas anda tranquilamente de carro (o lugar mais arriscado em que entramos). Ou que diabos levam àquela outra se apaixonar por alguém que é claramente uma roubada. Descobrir a trama que conecta a história de uma pessoa a suas decisões aparentemente irracionais é como ser um detetive neo-iluminista em busca das razões cifradas do desejo inconsciente, as razões do coração. E até há as sociológico/psicanalíticas: por que gays buscam o amor de um hétero, quando seria razoável que o buscassem entre seus pares? Porque foram rejeitados por seus pais héteros, e agora querem corrigir a história (a encrenca é que a história tende a se repetir, tão parecido com o pai é o objeto de seu desejo). Outra: por que às vezes, no amor, a distância aproxima e a proximidade afasta? Porque a distância favorece a idealização, e a proximidade traz o real. É difícil, preferimos o ideal. Mas certamente o apreço pela razão tem sido um farol-guia em minha vida. Tenho por ela carinho, respeito e admiração. Como a humanidade fez para sobreviver, vivo a procurar o sentido das coisas, dos fenômenos, da ação humana. A ela sou grato pela minha saúde mental; em sua defesa eu saio amiúde, mormente nesses tempos em que ela vive sendo escorraçada das conversas, quando não vilipendiada nos pronunciamentos políticos. Basta ver o quanto nos enlouquece a distorção do sentido, o como a razão é torturada pelas intenções espúrias da novilíngua de quem está querendo nos enrolar. Tudo o que se publica (este artigo, por exemplo) visa influenciar o senso comum. O termo "formadores de opinião" é pretensioso, mas vem daí. Em alguns casos, como na crescente aversão ao cigarro, o senso comum é afinado com a razão. Em muitos outros, como na equação simplória do "pobre é coitado e bom; rico é cruel e mau", e o coitadismo que daí resulta, é mais afinado com o "ter razão", por irracional que seja. A propósito, mesmo irracional, há no processo uma homenagem à razão: todos querem "ter razão", a despeito de seus desprezos pela lógica. Como Polonius disse ao rei, "Senhor, existe método nessa loucura": ela serve a um objetivo de dominação. E vá você discutir com um louco: ele usará qualquer truque, desprezará o racional para continuar "tendo razão". Afinal, como afirmou o escritor inglês Gilbert Chesterton (1874-1936), "o louco é aquele que perdeu tudo, exceto a razão". São as razões do coração. | 1 |
Leitor critica coluna de Vladimir Safatle sobre Pierre Boulez | Fiquei impressionado com o estilo retorcido e linguajar confuso, com frases demasiadamente longas, de Vladimir Safatle. A ideia básica de homenagear Pierre Boulez pelo 90º aniversário é digna de louvor pela sua estatura musical, como compositor, maestro e de papel renovador. A estrutura do texto, com tamanho labirinto verbal, dificulta uma leitura linear e diminui o propósito original da exposição da relevância, tanto pioneira quanto filosófica, do papel que Boulez representou. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br | paineldoleitor | Leitor critica coluna de Vladimir Safatle sobre Pierre BoulezFiquei impressionado com o estilo retorcido e linguajar confuso, com frases demasiadamente longas, de Vladimir Safatle. A ideia básica de homenagear Pierre Boulez pelo 90º aniversário é digna de louvor pela sua estatura musical, como compositor, maestro e de papel renovador. A estrutura do texto, com tamanho labirinto verbal, dificulta uma leitura linear e diminui o propósito original da exposição da relevância, tanto pioneira quanto filosófica, do papel que Boulez representou. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br | 8 |
Empresas oferecem serviços que facilitam a mudança para a casa nova | AMANDA NOGUEIRA DE SÃO PAULO É hora de ocupar o novo lar. Apesar das expectativas, esse pode ser um momento de desgaste para quem não tem tempo de sobra. Da limpeza ao transporte, passando pela reorganização, empresas oferecem serviços para facilitar a tarefa de se mudar. "Nunca uma obra fica pronta num tempo exato, e hoje a maioria das pessoas trabalha, então a gente facilita para que o cliente já encontre tudo organizado após a mudança", diz Andrea Gilad, especialista e proprietária da 100%Organizer. Mesmo depois de terminada, ainda há a sujeira. "Além dos resíduos pós-obra, fica o pó que as próprias caixas geram", explica Liliane Dicker, da O2 Higienização. Confira algumas sugestões de serviços para tornar este momento menos penoso. * Transportadoras Duas das principais empresas do ramo, a Granero e a Tucuruvi realizam mudanças com embalagens específicas para cada objeto. Além disso, oferecem serviço monitorado de guarda-móveis para quem precisa armazenar seus pertences durante reformas. Organizadores Organizadores profissionais, que ajudam a otimizar o espaço de forma funcional, podem ser encontrados na internet. O site OZ! (www.organizesuavida.com.br), por exemplo, reúne diversos prestadores deste serviço, divididos por finalidades. Limpeza Seja para eliminar ácaros, fungos ou bactérias ou se livrar de vestígios de massa, gesso e tinta, há empresas como a O2 Higienização, que utiliza aspiradores especiais, a House Shine, que também diz recuperar pisos, e a Helpling, que pode ser agendada online. Pequenos reparos Além de limpeza residencial, a Parafuzo oferece pequenos reparos, como consertos de vazamentos de torneiras e manutenção elétrica, e pintura rápida. A Dr. Marido dispõe de serviços como instalação de box de vidro, sancas e projetos em drywall. | saopaulo | Empresas oferecem serviços que facilitam a mudança para a casa novaAMANDA NOGUEIRA DE SÃO PAULO É hora de ocupar o novo lar. Apesar das expectativas, esse pode ser um momento de desgaste para quem não tem tempo de sobra. Da limpeza ao transporte, passando pela reorganização, empresas oferecem serviços para facilitar a tarefa de se mudar. "Nunca uma obra fica pronta num tempo exato, e hoje a maioria das pessoas trabalha, então a gente facilita para que o cliente já encontre tudo organizado após a mudança", diz Andrea Gilad, especialista e proprietária da 100%Organizer. Mesmo depois de terminada, ainda há a sujeira. "Além dos resíduos pós-obra, fica o pó que as próprias caixas geram", explica Liliane Dicker, da O2 Higienização. Confira algumas sugestões de serviços para tornar este momento menos penoso. * Transportadoras Duas das principais empresas do ramo, a Granero e a Tucuruvi realizam mudanças com embalagens específicas para cada objeto. Além disso, oferecem serviço monitorado de guarda-móveis para quem precisa armazenar seus pertences durante reformas. Organizadores Organizadores profissionais, que ajudam a otimizar o espaço de forma funcional, podem ser encontrados na internet. O site OZ! (www.organizesuavida.com.br), por exemplo, reúne diversos prestadores deste serviço, divididos por finalidades. Limpeza Seja para eliminar ácaros, fungos ou bactérias ou se livrar de vestígios de massa, gesso e tinta, há empresas como a O2 Higienização, que utiliza aspiradores especiais, a House Shine, que também diz recuperar pisos, e a Helpling, que pode ser agendada online. Pequenos reparos Além de limpeza residencial, a Parafuzo oferece pequenos reparos, como consertos de vazamentos de torneiras e manutenção elétrica, e pintura rápida. A Dr. Marido dispõe de serviços como instalação de box de vidro, sancas e projetos em drywall. | 9 |
Invasão hipster chega aos subúrbios, e Amsterdã quer frear turismo de massa | Neste ano, decidimos tirar férias em Amsterdã. Vivi na cidade por sete anos e escrevi um livro sobre o lugar. Minha companheira, Pamela, morou lá por 23 anos. Conhecemo-nos em Amsterdã. Nosso filho nasceu lá. Temos amigos, parentes, memórias e raízes na cidade. E, ainda assim, passados três anos de nosso retorno aos Estados Unidos, percebemos que ela se tornou remota às nossas vidas. Vínhamos ouvindo dizer que a cidade havia mudado. A população está em crescimento, e a prefeitura planeja construir 50 mil casas nos próximos dez anos. O maior grupo de novos moradores tem entre 20 e 34 anos e está transformando a paisagem urbana. Além disso, os preços dos imóveis estão em disparada. O que acontece, em parte, porque os custos de habitação em metrópoles europeias como Paris ou Londres chegaram à estratosfera, enquanto a Holanda é um dos poucos países em que se consegue uma hipoteca sem pagar entrada. Outro fator é que Amsterdã aumentou o número de licenças para novos hotéis, que começaram a entrar em operação mais ou menos na mesma época em que o fenômeno do Airbnb explodiu. E é preciso ainda levar em conta o inefável: os hipsters passaram a achar que a cidade –com sua calma e sociedade construída em torno do café e da cerveja– é um lugar relevante no mundo. Quando chegamos, porém, tudo parecia como sempre –havia a mesma confusão de ônibus e tráfego, lojas feias e turistas desorientados em direção ao centro da cidade. Outra coisa que não tinha mudado, ainda bem, é a zona dos canais: o coração e a alma de Amsterdã. Nela, as casas estreitas de tijolos ladeiam os canais, e a era de ouro da Holanda parece não ter acabado. Mas, assim que alugamos as bicicletas (a única maneira de percorrer a cidade como se deve), as transformações ficaram cada vez mais aparentes. A popularidade de Amsterdã como destino de viagem antes se aplicava principalmente ao centro e em alguma medida aos bairros ao sul. Se você se aventurasse a leste, oeste ou ao litoral norte, provavelmente se veria em um bairro operário ou colonizado por imigrantes que chegaram há pouco tempo –áreas em que mulheres usavam lenços nos cabelos, em conjuntos habitacionais agrupados em torno de playgrounds. Agora descobrimos que até esses bairros estão se aburguesando. Tomando um café no moderno De Jaren, minha amiga Ruth Oldenziel, professora na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, me disse que "agora vejo turistas tirando fotos no bairro, como se fosse na zona turística". No Indische Buurt, açougues e mercearias com cheiro de cominho deram lugar a uma loja de azeites e a uma butique feminina oferecendo bolsas exibidas sobre mesas de madeira reaproveitada. Se os subúrbios mudaram, o centro também o fez. E a queixa era a mesma: o aumento dos turistas. As estatísticas confirmam. Nos primeiros quatro meses de 2016, houve 4,3 milhões de estadias em hotel –11% a mais do que o total do período em 2015, ano recorde para esse indicador. Não por acaso, a prefeitura passou a estudar como desestimular o excesso de visitantes. Mesmo assim, o crescimento e as mudanças não transformaram o símbolo mais perfeito da cidade: o lar de uma família. Os quadros holandeses que retratam as residências do século 17 celebram a "gezelligheid", palavra intraduzível que significa algo como "o sentimento de conforto que surge ao estar seguro e entre amigos e familiares". É esse o sentimento que anima as pinturas. É isso o que continua a animar Amsterdã. E ficamos imaginando por quanto tempo isso perdurará. | turismo | Invasão hipster chega aos subúrbios, e Amsterdã quer frear turismo de massaNeste ano, decidimos tirar férias em Amsterdã. Vivi na cidade por sete anos e escrevi um livro sobre o lugar. Minha companheira, Pamela, morou lá por 23 anos. Conhecemo-nos em Amsterdã. Nosso filho nasceu lá. Temos amigos, parentes, memórias e raízes na cidade. E, ainda assim, passados três anos de nosso retorno aos Estados Unidos, percebemos que ela se tornou remota às nossas vidas. Vínhamos ouvindo dizer que a cidade havia mudado. A população está em crescimento, e a prefeitura planeja construir 50 mil casas nos próximos dez anos. O maior grupo de novos moradores tem entre 20 e 34 anos e está transformando a paisagem urbana. Além disso, os preços dos imóveis estão em disparada. O que acontece, em parte, porque os custos de habitação em metrópoles europeias como Paris ou Londres chegaram à estratosfera, enquanto a Holanda é um dos poucos países em que se consegue uma hipoteca sem pagar entrada. Outro fator é que Amsterdã aumentou o número de licenças para novos hotéis, que começaram a entrar em operação mais ou menos na mesma época em que o fenômeno do Airbnb explodiu. E é preciso ainda levar em conta o inefável: os hipsters passaram a achar que a cidade –com sua calma e sociedade construída em torno do café e da cerveja– é um lugar relevante no mundo. Quando chegamos, porém, tudo parecia como sempre –havia a mesma confusão de ônibus e tráfego, lojas feias e turistas desorientados em direção ao centro da cidade. Outra coisa que não tinha mudado, ainda bem, é a zona dos canais: o coração e a alma de Amsterdã. Nela, as casas estreitas de tijolos ladeiam os canais, e a era de ouro da Holanda parece não ter acabado. Mas, assim que alugamos as bicicletas (a única maneira de percorrer a cidade como se deve), as transformações ficaram cada vez mais aparentes. A popularidade de Amsterdã como destino de viagem antes se aplicava principalmente ao centro e em alguma medida aos bairros ao sul. Se você se aventurasse a leste, oeste ou ao litoral norte, provavelmente se veria em um bairro operário ou colonizado por imigrantes que chegaram há pouco tempo –áreas em que mulheres usavam lenços nos cabelos, em conjuntos habitacionais agrupados em torno de playgrounds. Agora descobrimos que até esses bairros estão se aburguesando. Tomando um café no moderno De Jaren, minha amiga Ruth Oldenziel, professora na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, me disse que "agora vejo turistas tirando fotos no bairro, como se fosse na zona turística". No Indische Buurt, açougues e mercearias com cheiro de cominho deram lugar a uma loja de azeites e a uma butique feminina oferecendo bolsas exibidas sobre mesas de madeira reaproveitada. Se os subúrbios mudaram, o centro também o fez. E a queixa era a mesma: o aumento dos turistas. As estatísticas confirmam. Nos primeiros quatro meses de 2016, houve 4,3 milhões de estadias em hotel –11% a mais do que o total do período em 2015, ano recorde para esse indicador. Não por acaso, a prefeitura passou a estudar como desestimular o excesso de visitantes. Mesmo assim, o crescimento e as mudanças não transformaram o símbolo mais perfeito da cidade: o lar de uma família. Os quadros holandeses que retratam as residências do século 17 celebram a "gezelligheid", palavra intraduzível que significa algo como "o sentimento de conforto que surge ao estar seguro e entre amigos e familiares". É esse o sentimento que anima as pinturas. É isso o que continua a animar Amsterdã. E ficamos imaginando por quanto tempo isso perdurará. | 13 |
Máquina do Google derrota campeão em jogo mais complexo que xadrez | Um computador venceu um campeão humano de Go, o jogo de tabuleiro mais complexo do mundo –alcançando um "patamar histórico em inteligência artificial", de acordo com artigo publicado na revista científica "Nature", nesta quarta-feira (27). A máquina AlphaGo, desenvolvida por Demis Hassabis e colegas da empresa DeepMind em Londres, que pertence ao Google, triunfou diante de Fan Hui, o campeão europeu de Go, com um placar de cinco jogos a zero. Jon Diamond, presidente da Associação Britânica de Go, comentou: "Antes desta disputa, eu esperava que cinco ou 10 anos se passassem antes que um programa pudesse derrotar os melhores jogadores humanos." O Google, é claro, não está jogando apenas pela diversão. "Embora jogos sejam a plataforma perfeita para desenvolver e testar algoritmos de inteligência artificial rápida e eficientemente, ao cabo nós queremos aplicar essas técnicas em problemas importantes do mundo real", disse Hassabis. Aplicações futuras vão combinar reconhecimento de padrões e planejamento. Um exemplo pioneiro será um assistente pessoal inteligente melhorado para smartphones. Outro será em medicina, combinando imagens de exames e outros dados de pacientes para diagnosticar uma doença e decidir o tratamento. O antigo jogo de Go, nascido na China há mais de 2.500 anos, tem um número estimado de jogadores de 40 milhões ao redor do mundo e 1.000 profissionais, principalmente na Ásia. Embora o computador da IBM, Deep Blue, tenha notoriamente derrotado o campeão enxadrista Garry Kasparov em 1997, o Go tem uma complexidade que excede em muito a do xadrez, disse Hassabis, um ávido jogador de ambos os jogos. "Há mais posições possíveis em Go do que há átomos no universo. Go tem mais profundidade intelectual do que o xadrez." O Google derrotou também o Facebook, cujo diretor-executivo, Mark Zuckerberg, disse que sua equipe estava perto de construir uma inteligência artificial capaz de vencer no Go. "Em março, o AlphaGo vai enfrentar o desafio derradeiro, uma disputa de cinco jogos contra o lendário Lee Sedol –o melhor jogador de Go do mundo na última década", disse Hassabis. Em declaração à "Nature", Lee disse: "Eu ouvi dizer que a inteligência artificial da DeepMind é surpreendentemente forte e que está ficando mais forte, mas estou confiante de que consigo vencer, pelo menos por ora." Se ele estiver certo, o Google vai pagar a ele US$ 1 milhão; se perder, o montante sera doado à caridade. Cientistas há muito usam jogos para testar inteligência artificial, para inventar programas mais inteligentes, que permitem que computadores abordem problemas com algo que se aproxime da flexibilidade humana. Mas métodos tradicionais, que buscam exaustivamente por posições possíveis em um tabuleiro, não funcionam com o Go. O jogo parece simples. Começando com um tabuleiro com 19 linhas verticais e horizontais, jogadores colocam peças pretas e brancas nas intersecções. O objetivo é controlar uma área maior do que a do oponente. Mas a simplicidade é enganosa. Go é o mais complexo jogo de "conhecimento perfeito" –em que sorte e jogadas escondidas não têm lugar. O Google solucionou o problema criando "redes neurais profundas", que tomam o tabuleiro como entrada e processam os dados através de milhões de conexões modeladas à maneira de neurônios humanos. | tec | Máquina do Google derrota campeão em jogo mais complexo que xadrezUm computador venceu um campeão humano de Go, o jogo de tabuleiro mais complexo do mundo –alcançando um "patamar histórico em inteligência artificial", de acordo com artigo publicado na revista científica "Nature", nesta quarta-feira (27). A máquina AlphaGo, desenvolvida por Demis Hassabis e colegas da empresa DeepMind em Londres, que pertence ao Google, triunfou diante de Fan Hui, o campeão europeu de Go, com um placar de cinco jogos a zero. Jon Diamond, presidente da Associação Britânica de Go, comentou: "Antes desta disputa, eu esperava que cinco ou 10 anos se passassem antes que um programa pudesse derrotar os melhores jogadores humanos." O Google, é claro, não está jogando apenas pela diversão. "Embora jogos sejam a plataforma perfeita para desenvolver e testar algoritmos de inteligência artificial rápida e eficientemente, ao cabo nós queremos aplicar essas técnicas em problemas importantes do mundo real", disse Hassabis. Aplicações futuras vão combinar reconhecimento de padrões e planejamento. Um exemplo pioneiro será um assistente pessoal inteligente melhorado para smartphones. Outro será em medicina, combinando imagens de exames e outros dados de pacientes para diagnosticar uma doença e decidir o tratamento. O antigo jogo de Go, nascido na China há mais de 2.500 anos, tem um número estimado de jogadores de 40 milhões ao redor do mundo e 1.000 profissionais, principalmente na Ásia. Embora o computador da IBM, Deep Blue, tenha notoriamente derrotado o campeão enxadrista Garry Kasparov em 1997, o Go tem uma complexidade que excede em muito a do xadrez, disse Hassabis, um ávido jogador de ambos os jogos. "Há mais posições possíveis em Go do que há átomos no universo. Go tem mais profundidade intelectual do que o xadrez." O Google derrotou também o Facebook, cujo diretor-executivo, Mark Zuckerberg, disse que sua equipe estava perto de construir uma inteligência artificial capaz de vencer no Go. "Em março, o AlphaGo vai enfrentar o desafio derradeiro, uma disputa de cinco jogos contra o lendário Lee Sedol –o melhor jogador de Go do mundo na última década", disse Hassabis. Em declaração à "Nature", Lee disse: "Eu ouvi dizer que a inteligência artificial da DeepMind é surpreendentemente forte e que está ficando mais forte, mas estou confiante de que consigo vencer, pelo menos por ora." Se ele estiver certo, o Google vai pagar a ele US$ 1 milhão; se perder, o montante sera doado à caridade. Cientistas há muito usam jogos para testar inteligência artificial, para inventar programas mais inteligentes, que permitem que computadores abordem problemas com algo que se aproxime da flexibilidade humana. Mas métodos tradicionais, que buscam exaustivamente por posições possíveis em um tabuleiro, não funcionam com o Go. O jogo parece simples. Começando com um tabuleiro com 19 linhas verticais e horizontais, jogadores colocam peças pretas e brancas nas intersecções. O objetivo é controlar uma área maior do que a do oponente. Mas a simplicidade é enganosa. Go é o mais complexo jogo de "conhecimento perfeito" –em que sorte e jogadas escondidas não têm lugar. O Google solucionou o problema criando "redes neurais profundas", que tomam o tabuleiro como entrada e processam os dados através de milhões de conexões modeladas à maneira de neurônios humanos. | 10 |
Brasil e Peru fecham acordo para acelerar investigação de Odebrecht | O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o chefe do ministério público do Peru, Pablo Sánchez, assinaram nesta sexta (13) um acordo para a troca de informações em investigação de matéria penal. O acordo vai facilitar o levantamento de provas nas investigações da Operação Lava Jato. Os procuradores divulgaram nota na qual afirmam que os países intensificarão a cooperação internacional em matéria penal "especialmente para aprofundar as apurações em curso sobre corrupção transnacional de funcionários públicos e altas autoridades". No começo de janeiro, a Odebrecht assinou acordo preliminar com os procuradores do Peru e se compromete a entregar, como garantia, o valor de 30 milhões de soles peruanos (equivalente a R$ 28 milhões). A Odebrecht já assinou acordos de leniência com Brasil, Estados Unidos e Suíça e se comprometeu a pagar multa de R$ 6,9 milhões. De acordo com o DOJ, o Departamento de Justiça dos EUA, a Odebrecht pagou mais de US$ 29 milhões em propinas no Peru entre 2005 e 2014 para conseguir contratos com o governo e obteve benefícios superiores a US$ 143 milhões decorrentes desses contratos. Em dezembro, o governo do Peru havia decidido proibir a participação da Odebrecht em licitações de obras públicas no país. | poder | Brasil e Peru fecham acordo para acelerar investigação de OdebrechtO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o chefe do ministério público do Peru, Pablo Sánchez, assinaram nesta sexta (13) um acordo para a troca de informações em investigação de matéria penal. O acordo vai facilitar o levantamento de provas nas investigações da Operação Lava Jato. Os procuradores divulgaram nota na qual afirmam que os países intensificarão a cooperação internacional em matéria penal "especialmente para aprofundar as apurações em curso sobre corrupção transnacional de funcionários públicos e altas autoridades". No começo de janeiro, a Odebrecht assinou acordo preliminar com os procuradores do Peru e se compromete a entregar, como garantia, o valor de 30 milhões de soles peruanos (equivalente a R$ 28 milhões). A Odebrecht já assinou acordos de leniência com Brasil, Estados Unidos e Suíça e se comprometeu a pagar multa de R$ 6,9 milhões. De acordo com o DOJ, o Departamento de Justiça dos EUA, a Odebrecht pagou mais de US$ 29 milhões em propinas no Peru entre 2005 e 2014 para conseguir contratos com o governo e obteve benefícios superiores a US$ 143 milhões decorrentes desses contratos. Em dezembro, o governo do Peru havia decidido proibir a participação da Odebrecht em licitações de obras públicas no país. | 0 |
Confiança e controle | A pesquisa científica depende da confiança entre seus praticantes. De cada artigo publicado se espera que traga informações verdadeiras e originais; como nem sempre é o caso, algum controle se impõe. Quando um cientista apresenta dados falsificados, induz colegas a perder tempo e verbas na tentativa de reproduzir os resultados. No Brasil, desperdiça-se com tais fraudes o dinheiro do contribuinte, pois a maioria dos estudos é financiada pelo governo. Cabe saudar, portanto, a nova medida da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo para asfixiar a má conduta científica. Depois de lançar em 2011 um código de boas práticas e tornar públicos em 2014 cinco casos de desvios, a fundação recorre agora ao poder persuasivo do dinheiro. A partir deste ano, a financiadora deixará de incluir de forma automática, no desembolso para projetos aprovados, o valor de 10% para melhorias de infraestrutura na instituição. Isso só ocorrerá quando elas dispuserem de setor de incentivo à integridade científica. No ano passado, a rubrica de infraestrutura carreou R$ 56 milhões para centros de pesquisa paulistas. Embora anunciado há cinco anos que a exigência viria, até aqui só a Universidade Federal do ABC, segundo a Fapesp, abriu escritório de integridade no Estado de São Paulo. Nos EUA, é rara a instituição que não conta com um órgão para inculcar na prática aquilo que deveria ser óbvio. A prevenção se impôs a partir dos anos 1990, quando começou a se tornar claro que as fraudes eram correntes. Uma célebre revisão de estudos sobre má conduta realizada por Daniele Fanelli em 2009 indicou que 2% dos pesquisadores admitiam ter fabricado, falsificado ou modificado dados; falando de seus pares, 14% diziam saber que faziam o mesmo. Há indicações, ainda, de que a desonestidade está em alta. Ao analisar 2.047 artigos cancelados entre 1975 e 2012, estudiosos da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA) constataram que decuplicara o percentual de trabalhos "despublicados" por fraude. Pior: só 21% das retrações ocorreram por erros menores; 67% se deviam a fraudes (43%), publicação repetida (14%) e plágio (10%). Como dizem os alemães, e aqui já foi mencionado: confiança é bom, mas controle é melhor. | opiniao | Confiança e controleA pesquisa científica depende da confiança entre seus praticantes. De cada artigo publicado se espera que traga informações verdadeiras e originais; como nem sempre é o caso, algum controle se impõe. Quando um cientista apresenta dados falsificados, induz colegas a perder tempo e verbas na tentativa de reproduzir os resultados. No Brasil, desperdiça-se com tais fraudes o dinheiro do contribuinte, pois a maioria dos estudos é financiada pelo governo. Cabe saudar, portanto, a nova medida da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo para asfixiar a má conduta científica. Depois de lançar em 2011 um código de boas práticas e tornar públicos em 2014 cinco casos de desvios, a fundação recorre agora ao poder persuasivo do dinheiro. A partir deste ano, a financiadora deixará de incluir de forma automática, no desembolso para projetos aprovados, o valor de 10% para melhorias de infraestrutura na instituição. Isso só ocorrerá quando elas dispuserem de setor de incentivo à integridade científica. No ano passado, a rubrica de infraestrutura carreou R$ 56 milhões para centros de pesquisa paulistas. Embora anunciado há cinco anos que a exigência viria, até aqui só a Universidade Federal do ABC, segundo a Fapesp, abriu escritório de integridade no Estado de São Paulo. Nos EUA, é rara a instituição que não conta com um órgão para inculcar na prática aquilo que deveria ser óbvio. A prevenção se impôs a partir dos anos 1990, quando começou a se tornar claro que as fraudes eram correntes. Uma célebre revisão de estudos sobre má conduta realizada por Daniele Fanelli em 2009 indicou que 2% dos pesquisadores admitiam ter fabricado, falsificado ou modificado dados; falando de seus pares, 14% diziam saber que faziam o mesmo. Há indicações, ainda, de que a desonestidade está em alta. Ao analisar 2.047 artigos cancelados entre 1975 e 2012, estudiosos da Faculdade de Medicina Albert Einstein (EUA) constataram que decuplicara o percentual de trabalhos "despublicados" por fraude. Pior: só 21% das retrações ocorreram por erros menores; 67% se deviam a fraudes (43%), publicação repetida (14%) e plágio (10%). Como dizem os alemães, e aqui já foi mencionado: confiança é bom, mas controle é melhor. | 7 |
Doa a quem doer | Exceção feita ao campo da economia, no qual medidas duras e imediatas se fazem necessárias, é no âmbito do combate à corrupção que se dará o mais importante teste do governo Michel Temer (PMDB). Circularam com frequência, nos últimos meses, versões segundo as quais a administração pós-impeachment aos poucos sufocaria a Operação Lava Jato. Não por acaso, em seu pronunciamento ao assumir interinamente a Presidência, Temer enfatizou a importância de que as investigações continuem. Muitos fatores inspiraram, se não ceticismo, boa dose de cautela inicial diante de tais declarações. Corrigido a tempo, deu-se inicialmente o desconchavado episódio do convite feito por Temer ao advogado Antônio Mariz de Oliveira, crítico do que considera os excessos da Lava Jato, para o cargo de ministro da Justiça. Não parece ter o mesmo perfil, diga-se, aquele que por fim veio a ocupar o posto: proveniente do Ministério Público, Alexandre de Moraes, ex-secretário da Segurança paulista, é conhecido por uma pugnacidade a que não faltam componentes de ambição política. Entre seus colegas de ministério, todavia, encontram-se nomes para quem a Lava Jato tem sido fonte de sério desconforto —como é aliás o caso de larga parcela dos políticos brasileiros. Um dos principais aliados de Temer, Romero Jucá é mencionado nas delações de executivos da Camargo Correia e da Andrade Gutierrez, em casos que, envolvendo propinas no setor elétrico, mal começam a ser destrinchados pelas autoridades —o peemedebista, de todo modo, nega as acusações. Além de Jucá, que ocupa a pasta do Planejamento do novo governo, Henrique Eduardo Alves (Turismo) foi citado em mensagens encontradas no celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, como favorecido em repasses ilegais —ainda que, em sua defesa, o ministro tenha afirmado que se tratava de simples doação de campanha. Na ampla delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (MS), outros membros do governo Temer surgem como importantes na nomeação do próprio Delcídio para uma diretoria da Petrobras, em 1999 —o que em si não chega a ser indício de maior gravidade. Resta inegável, contudo, que são ponderáveis os interesses do novo governo em ver diminuídas as surpresas que a Lava Jato se mostra capaz de produzir. Ocorre que seria catastrófico, para o próprio Michel Temer, se vier a projetar a sombra de qualquer obstáculo sobre as investigações. Entre as conveniências dos aliados e as exigências da opinião pública, nem mesmo a notória habilidade do presidente interino poderá encontrar meio-termo. Nunca, como no atual ambiente social e político, a frase "doa a quem doer" se mostrou tão pertinente. editoriais@uol.com.br | opiniao | Doa a quem doerExceção feita ao campo da economia, no qual medidas duras e imediatas se fazem necessárias, é no âmbito do combate à corrupção que se dará o mais importante teste do governo Michel Temer (PMDB). Circularam com frequência, nos últimos meses, versões segundo as quais a administração pós-impeachment aos poucos sufocaria a Operação Lava Jato. Não por acaso, em seu pronunciamento ao assumir interinamente a Presidência, Temer enfatizou a importância de que as investigações continuem. Muitos fatores inspiraram, se não ceticismo, boa dose de cautela inicial diante de tais declarações. Corrigido a tempo, deu-se inicialmente o desconchavado episódio do convite feito por Temer ao advogado Antônio Mariz de Oliveira, crítico do que considera os excessos da Lava Jato, para o cargo de ministro da Justiça. Não parece ter o mesmo perfil, diga-se, aquele que por fim veio a ocupar o posto: proveniente do Ministério Público, Alexandre de Moraes, ex-secretário da Segurança paulista, é conhecido por uma pugnacidade a que não faltam componentes de ambição política. Entre seus colegas de ministério, todavia, encontram-se nomes para quem a Lava Jato tem sido fonte de sério desconforto —como é aliás o caso de larga parcela dos políticos brasileiros. Um dos principais aliados de Temer, Romero Jucá é mencionado nas delações de executivos da Camargo Correia e da Andrade Gutierrez, em casos que, envolvendo propinas no setor elétrico, mal começam a ser destrinchados pelas autoridades —o peemedebista, de todo modo, nega as acusações. Além de Jucá, que ocupa a pasta do Planejamento do novo governo, Henrique Eduardo Alves (Turismo) foi citado em mensagens encontradas no celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, como favorecido em repasses ilegais —ainda que, em sua defesa, o ministro tenha afirmado que se tratava de simples doação de campanha. Na ampla delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (MS), outros membros do governo Temer surgem como importantes na nomeação do próprio Delcídio para uma diretoria da Petrobras, em 1999 —o que em si não chega a ser indício de maior gravidade. Resta inegável, contudo, que são ponderáveis os interesses do novo governo em ver diminuídas as surpresas que a Lava Jato se mostra capaz de produzir. Ocorre que seria catastrófico, para o próprio Michel Temer, se vier a projetar a sombra de qualquer obstáculo sobre as investigações. Entre as conveniências dos aliados e as exigências da opinião pública, nem mesmo a notória habilidade do presidente interino poderá encontrar meio-termo. Nunca, como no atual ambiente social e político, a frase "doa a quem doer" se mostrou tão pertinente. editoriais@uol.com.br | 7 |
Prédios de Santos ajudam a contar capítulos da história do país
| RAFAELA CARVALHO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A importância histórica de Santos para o Brasil se reflete nas edificações da cidade. Acompanhando os ciclos econômicos, a arquitetura do município testemunhou todo o processo de desenvolvimento do país. Seu centro foi desenhado pela economia do café. Já a região à beira-mar ganhou uma identidade mais moderna após a implantação de fábricas automobilísticas no ABC paulista, que fica no meio do caminho entre o centro da capital e o litoral sul. "Aliado à inauguração da rodovia Anchieta, o carro assumiu um papel importante para quem morava na capital paulista e queria fazer apenas um bate e volta na praia", afirma José Carriço, urbanista e professor da Universidade Católica de Santos. "É a partir daí que a classe média começa a subir e descer a serra com mais frequência, tornando-se parte da vida de Santos também", acrescenta Carriço. Basta um dia flanando pelas ruas da cidade litorânea para ter uma aula de história. Conheça cinco lugares que valem a pena ser visitados –desde construções do estilo colonial, passando por influências renascentistas e chegando até a aparência modernista. PRÉDIOS TORTOS NA ORLA Característicos da verticalização de Santos a partir dos anos 1940, os prédios tortos próximos à praia se tornaram uma atração para quem visita a cidade. A explicação está na fundação dos edifícios, que, antigamente, era feita com estacas devido ao conhecimento restrito sobre a geologia da área, segundo José Carriço, urbanista e professor da Universidade Católica de Santos. O solo mais "mole" da cidade, formado por camadas de areia e argila, também contribuiu para o fenômeno. As construções são fiscalizadas e algumas já passaram por reparos ENDEREÇO extensão da avenida Bartolomeu Gusmão EDIFÍCIO PARQUE VERDE MAR Datado da década de 1950, o edifício se caracteriza pela aparência modernista, com curvas pronunciadas e cores fortes. O arquiteto e construtor Artacho Jurado projetou o prédio tendo como alvo a classe média paulista que, com a ascensão da indústria automobilística, passou a ir de carro para o litoral com mais frequência. O condomínio, que tem vista para o mar, foi um dos primeiros em Santos a possuir opções de lazer como piscina e playground. Jurado também construiu na cidade o edifício Enseada ENDEREÇO avenida Vicente de Carvalho, 6 BOLSA OFICIAL DO CAFÉ O edifício foi construído em 1922 pela Cia. Construtora de Santos, maior empreiteira do Brasil na época, e tornou-se uma das edificações mais importantes da Primeira República. A obra tinha como objetivo simbolizar a supremacia do café na economia de Santos. Sua fachada chama a atenção pelas curvas e ornamentos. O interior possui um vitral no teto, projetado pelo pintor e desenhista Benedito Calixto. Também abriga o Museu do Café. Em 2009, o prédio foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ENDEREÇO rua XV de Novembro, 95 HORÁRIO ter. a sáb., das 9h às 17h; dom. das 10h às 17h INGRESSO R$ 10, gratuito aos sábados CADEIA VELHA Por sua importância cultural, a edificação foi tombada pelos órgãos de preservação municipal (Condepasa), estadual (Condephaat) e federal (Iphan). Antes de ser o presídio da cidade por mais de um século, o lugar, construído no século 19, foi sede da Câmara de Santos. Durante seu funcionamento como cadeia, abrigou, em 1931, a artista e militante política Patrícia Galvão, a Pagu. Uma das celas ainda está intacta e aberta para visitação. A Cadeia Velha vai ser sede da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) e hoje oferece projetos e oficinas culturais ENDEREÇO praça dos Andradas, s/nº IGREJA DO CARMO, MOSTEIRO DE SÃO BENTO E SANTUÁRIO DO VALONGO As três edificações remetem ao período colonial. A igreja da Ordem Terceira do Carmo (foto), tombada pelo Iphan, é um conjunto de duas igrejas de séculos diferentes. O Mosteiro de São Bento abriga o Museu de Arte Sacra da cidade e é uma das raras edificações em estilo barroco em Santos. Já o Santuário Santo Antônio do Valongo une simplicidade do lado de fora e o rococó do lado de dentro ENDEREÇOS rua Doutor Egídio Martins, 182; rua Santa Cecília, 795, e largo Marquês de Monte Alegre, 13, respectivamente HORÁRIO o Museu de Arte Sacra abre de ter. a dom., das 10h às 17h ENTRADA R$ 5 (museu) | sobretudo |
Prédios de Santos ajudam a contar capítulos da história do país
RAFAELA CARVALHO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A importância histórica de Santos para o Brasil se reflete nas edificações da cidade. Acompanhando os ciclos econômicos, a arquitetura do município testemunhou todo o processo de desenvolvimento do país. Seu centro foi desenhado pela economia do café. Já a região à beira-mar ganhou uma identidade mais moderna após a implantação de fábricas automobilísticas no ABC paulista, que fica no meio do caminho entre o centro da capital e o litoral sul. "Aliado à inauguração da rodovia Anchieta, o carro assumiu um papel importante para quem morava na capital paulista e queria fazer apenas um bate e volta na praia", afirma José Carriço, urbanista e professor da Universidade Católica de Santos. "É a partir daí que a classe média começa a subir e descer a serra com mais frequência, tornando-se parte da vida de Santos também", acrescenta Carriço. Basta um dia flanando pelas ruas da cidade litorânea para ter uma aula de história. Conheça cinco lugares que valem a pena ser visitados –desde construções do estilo colonial, passando por influências renascentistas e chegando até a aparência modernista. PRÉDIOS TORTOS NA ORLA Característicos da verticalização de Santos a partir dos anos 1940, os prédios tortos próximos à praia se tornaram uma atração para quem visita a cidade. A explicação está na fundação dos edifícios, que, antigamente, era feita com estacas devido ao conhecimento restrito sobre a geologia da área, segundo José Carriço, urbanista e professor da Universidade Católica de Santos. O solo mais "mole" da cidade, formado por camadas de areia e argila, também contribuiu para o fenômeno. As construções são fiscalizadas e algumas já passaram por reparos ENDEREÇO extensão da avenida Bartolomeu Gusmão EDIFÍCIO PARQUE VERDE MAR Datado da década de 1950, o edifício se caracteriza pela aparência modernista, com curvas pronunciadas e cores fortes. O arquiteto e construtor Artacho Jurado projetou o prédio tendo como alvo a classe média paulista que, com a ascensão da indústria automobilística, passou a ir de carro para o litoral com mais frequência. O condomínio, que tem vista para o mar, foi um dos primeiros em Santos a possuir opções de lazer como piscina e playground. Jurado também construiu na cidade o edifício Enseada ENDEREÇO avenida Vicente de Carvalho, 6 BOLSA OFICIAL DO CAFÉ O edifício foi construído em 1922 pela Cia. Construtora de Santos, maior empreiteira do Brasil na época, e tornou-se uma das edificações mais importantes da Primeira República. A obra tinha como objetivo simbolizar a supremacia do café na economia de Santos. Sua fachada chama a atenção pelas curvas e ornamentos. O interior possui um vitral no teto, projetado pelo pintor e desenhista Benedito Calixto. Também abriga o Museu do Café. Em 2009, o prédio foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ENDEREÇO rua XV de Novembro, 95 HORÁRIO ter. a sáb., das 9h às 17h; dom. das 10h às 17h INGRESSO R$ 10, gratuito aos sábados CADEIA VELHA Por sua importância cultural, a edificação foi tombada pelos órgãos de preservação municipal (Condepasa), estadual (Condephaat) e federal (Iphan). Antes de ser o presídio da cidade por mais de um século, o lugar, construído no século 19, foi sede da Câmara de Santos. Durante seu funcionamento como cadeia, abrigou, em 1931, a artista e militante política Patrícia Galvão, a Pagu. Uma das celas ainda está intacta e aberta para visitação. A Cadeia Velha vai ser sede da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) e hoje oferece projetos e oficinas culturais ENDEREÇO praça dos Andradas, s/nº IGREJA DO CARMO, MOSTEIRO DE SÃO BENTO E SANTUÁRIO DO VALONGO As três edificações remetem ao período colonial. A igreja da Ordem Terceira do Carmo (foto), tombada pelo Iphan, é um conjunto de duas igrejas de séculos diferentes. O Mosteiro de São Bento abriga o Museu de Arte Sacra da cidade e é uma das raras edificações em estilo barroco em Santos. Já o Santuário Santo Antônio do Valongo une simplicidade do lado de fora e o rococó do lado de dentro ENDEREÇOS rua Doutor Egídio Martins, 182; rua Santa Cecília, 795, e largo Marquês de Monte Alegre, 13, respectivamente HORÁRIO o Museu de Arte Sacra abre de ter. a dom., das 10h às 17h ENTRADA R$ 5 (museu) | 17 |
Sauditas debatem direitos das mulheres após vídeo expor assédio | Um vídeo de um minuto publicado no YouTube em julho mostra duas jovens sauditas caminhando na esplanada à beira-mar na cidade de Jidda, na costa do mar Vermelho, enquanto um grupo de jovens as segue e assedia até deixá-las visivelmente incomodadas.O vídeo se tornou sucesso viral e desatou um raro debate público sobre os direitos da mulher em um país que se distingue como um Estado que mantém um dos mais severos regimes mundiais de segregação entre os sexos. Leia mais aqui | tv | Sauditas debatem direitos das mulheres após vídeo expor assédioUm vídeo de um minuto publicado no YouTube em julho mostra duas jovens sauditas caminhando na esplanada à beira-mar na cidade de Jidda, na costa do mar Vermelho, enquanto um grupo de jovens as segue e assedia até deixá-las visivelmente incomodadas.O vídeo se tornou sucesso viral e desatou um raro debate público sobre os direitos da mulher em um país que se distingue como um Estado que mantém um dos mais severos regimes mundiais de segregação entre os sexos. Leia mais aqui | 11 |
Mortes: Jornalista que virou síndico da cidade | O relógio marcava 6h de um sábado, quando o jornal "O Diário", de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, recebeu a informação de um acidente grave na periferia. Como a equipe ainda não tinha chegado, Tirreno Da San Biagio não teve dúvidas. Pegou seu carro e foi fazer as fotos, que estamparam a capa do jornal no dia seguinte. Dono do veículo, ele tinha cerca de 80 anos na ocasião. Mas a disposição de seu Tote naquele dia não foi uma surpresa para os colegas. Era sempre o primeiro a chegar na redação e acompanhava toda a produção do jornal. Mais novo em uma família de nove irmãos, começou a trabalhar cedo, ainda com 13 anos. Passou por um despachante, uma borracharia e uma serralheria até ver um anúncio na "Folha de Mogi" para trabalhar no diário. Começou na área comercial, mas logo passou a escrever matérias. Até que o jornal foi comprado e, sem concordar com o novo formato, decidiu iniciar seu próprio jornal com a namorada, Neid –os dois se casaram em 1959 e ficaram juntos até o fim. O começo do jornal foi difícil, tendo que fazer financiamentos para comprar as máquinas, mas com os anos, seu Tote virou defensor da cidade, comprando brigas e fazendo campanhas pelo que acreditava ser importante. Foi pela instalação de uma base dos bombeiros, pela duplicação da rodovia Mogi-Dutra e contra a instalação de um aterro sanitário. Campanhas que lhe fizeram ser chamado de "síndico da cidade". Morreu no dia 14, aos 83 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa a mulher, dois filhos e duas netas. coluna.obituario@grupofolha.com.br - VEJA AS MORTES E MISSAS DESTA SEXTA-FEIRA Agnes Aguillar Netto - Aos 86, viúva de José Maria Netto. Deixa os filhos Jackson, Maria Helena, Admir e Robson. Cemitério Municipal de Bebedouro, SP. Genny Kritsberg - Aos 78, casada com Manoel Kritsberg. Deixa filhos e netos. Cemitério Israelita do Embu. Octavio Vieira - Aos 85, viúvo de Judith Borges Vieira. Deixa os filhos Paulo Roberto, Osmar Willian e Lucia Helena. Cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto, SP. * 7º DIA Aridano Marchi - Amanhã (24/10), ao meio-dia, na igreja São Gabriel, av. São Gabriel, Jd. Paulista. Marco Aurélio Marques Cavalcante - Amanhã (24/10), às 15h, na igreja Imaculada Conceição, 2.071, av. Brigadeiro Luis Antonio, Bela Vista. Silvia Pagetti Abrahao - Hoje (23/10), ao meio-dia, na igreja Santo Ivo, largo da Batalha, 189, Jardim Luzitânia. Zuleika Pedroso Faria de Lima - Hoje (23/10), às 19h, na igreja Nossa Senhora de Fátima, r. Barão da Passagem, 971, Vila Leopoldina. * 49º DIA Ryosuke Tsuchiya - Amanhã (24/10), às 14h30, na igreja Reiyukai do Brasil, r. Vergueiro, 3.507, Jd. Vila Mariana. * 4º ANO Maria Teresa Ghirardi Mascarenhas Neves - Amanhã (24/10), às 16h, na igreja São Luíz Gonzaga, av. Paulista, 2.378, Cerqueira César. * 210º MÊS Norma Vasques Dominguez - Amanhã (24/10), às 15h30, na igreja N. S. Saúde, av. Domingos de Morais, 2.387, Vila Mariana. | cotidiano | Mortes: Jornalista que virou síndico da cidadeO relógio marcava 6h de um sábado, quando o jornal "O Diário", de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, recebeu a informação de um acidente grave na periferia. Como a equipe ainda não tinha chegado, Tirreno Da San Biagio não teve dúvidas. Pegou seu carro e foi fazer as fotos, que estamparam a capa do jornal no dia seguinte. Dono do veículo, ele tinha cerca de 80 anos na ocasião. Mas a disposição de seu Tote naquele dia não foi uma surpresa para os colegas. Era sempre o primeiro a chegar na redação e acompanhava toda a produção do jornal. Mais novo em uma família de nove irmãos, começou a trabalhar cedo, ainda com 13 anos. Passou por um despachante, uma borracharia e uma serralheria até ver um anúncio na "Folha de Mogi" para trabalhar no diário. Começou na área comercial, mas logo passou a escrever matérias. Até que o jornal foi comprado e, sem concordar com o novo formato, decidiu iniciar seu próprio jornal com a namorada, Neid –os dois se casaram em 1959 e ficaram juntos até o fim. O começo do jornal foi difícil, tendo que fazer financiamentos para comprar as máquinas, mas com os anos, seu Tote virou defensor da cidade, comprando brigas e fazendo campanhas pelo que acreditava ser importante. Foi pela instalação de uma base dos bombeiros, pela duplicação da rodovia Mogi-Dutra e contra a instalação de um aterro sanitário. Campanhas que lhe fizeram ser chamado de "síndico da cidade". Morreu no dia 14, aos 83 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa a mulher, dois filhos e duas netas. coluna.obituario@grupofolha.com.br - VEJA AS MORTES E MISSAS DESTA SEXTA-FEIRA Agnes Aguillar Netto - Aos 86, viúva de José Maria Netto. Deixa os filhos Jackson, Maria Helena, Admir e Robson. Cemitério Municipal de Bebedouro, SP. Genny Kritsberg - Aos 78, casada com Manoel Kritsberg. Deixa filhos e netos. Cemitério Israelita do Embu. Octavio Vieira - Aos 85, viúvo de Judith Borges Vieira. Deixa os filhos Paulo Roberto, Osmar Willian e Lucia Helena. Cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto, SP. * 7º DIA Aridano Marchi - Amanhã (24/10), ao meio-dia, na igreja São Gabriel, av. São Gabriel, Jd. Paulista. Marco Aurélio Marques Cavalcante - Amanhã (24/10), às 15h, na igreja Imaculada Conceição, 2.071, av. Brigadeiro Luis Antonio, Bela Vista. Silvia Pagetti Abrahao - Hoje (23/10), ao meio-dia, na igreja Santo Ivo, largo da Batalha, 189, Jardim Luzitânia. Zuleika Pedroso Faria de Lima - Hoje (23/10), às 19h, na igreja Nossa Senhora de Fátima, r. Barão da Passagem, 971, Vila Leopoldina. * 49º DIA Ryosuke Tsuchiya - Amanhã (24/10), às 14h30, na igreja Reiyukai do Brasil, r. Vergueiro, 3.507, Jd. Vila Mariana. * 4º ANO Maria Teresa Ghirardi Mascarenhas Neves - Amanhã (24/10), às 16h, na igreja São Luíz Gonzaga, av. Paulista, 2.378, Cerqueira César. * 210º MÊS Norma Vasques Dominguez - Amanhã (24/10), às 15h30, na igreja N. S. Saúde, av. Domingos de Morais, 2.387, Vila Mariana. | 5 |
Teliana Pereira para nas oitavas em seu último torneio no ano | A brasileira Teliana Pereira foi eliminada nas oitavas de final do WTA de Tianjin, na China. Na madrugada desta quinta-feira (15), a pernambucana perdeu para a montenegrina Danka Kovinic, 75ª, por 2 sets a 1, com parciais de 6/2, 5/7 e 6/1, em uma hora e 55 minutos. O torneio foi o último de Teliana na temporada. Campeã do WTA de Bogotá e do WTA de Florianópolis, a tenista aparece atualmente na 46ª colocação —seu melhor ranking na carreira. Ela ainda deve subir mais algumas posições com os 30 pontos conquistados pela vitória na estreia, quando ganhou da japonesa Nao Hibino (78º) por 2 sets a 0. Natural de Águas Belas (PE), Teliana mudou-se com a família para o Paraná ainda criança. Ela iniciou sua carreira profissional em 2005 e, em 2007, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Rio, ao lado de Joana Cortez, nas duplas. Neste ano, conseguiu seus dois primeiros títulos de nível WTA. | esporte | Teliana Pereira para nas oitavas em seu último torneio no anoA brasileira Teliana Pereira foi eliminada nas oitavas de final do WTA de Tianjin, na China. Na madrugada desta quinta-feira (15), a pernambucana perdeu para a montenegrina Danka Kovinic, 75ª, por 2 sets a 1, com parciais de 6/2, 5/7 e 6/1, em uma hora e 55 minutos. O torneio foi o último de Teliana na temporada. Campeã do WTA de Bogotá e do WTA de Florianópolis, a tenista aparece atualmente na 46ª colocação —seu melhor ranking na carreira. Ela ainda deve subir mais algumas posições com os 30 pontos conquistados pela vitória na estreia, quando ganhou da japonesa Nao Hibino (78º) por 2 sets a 0. Natural de Águas Belas (PE), Teliana mudou-se com a família para o Paraná ainda criança. Ela iniciou sua carreira profissional em 2005 e, em 2007, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Rio, ao lado de Joana Cortez, nas duplas. Neste ano, conseguiu seus dois primeiros títulos de nível WTA. | 3 |
Basilicata traz boa cozinha do Sul da Itália para o Bexiga; veja a avaliação | DE SÃO PAULO A Basilicata é o restaurante da padaria centenária de mesmo nome. O menu com receitas do sul da Itália é assinado por Rafael Lorenti, da quinta geração da família de fundadores. Confira a avaliação dos críticos: Avaliação geral: bom Rua Treze de Maio, 596, Bela Vista, tel.: 3289-3111 ALCINO LEITE NETO, editor da "Três Estrelas" Avaliação: regular O restaurante (no piso superior) precisa se esforçar um pouco mais para alcançar a qualidade da tradicional padaria italiana (no térreo) * LUIZA FECAROTTA, crítica da Folha Avaliação: bom A história que se desenrola e vai nos trazendo boas surpresas: cozinha do Sul da Itália sem excessos no saudoso Bexiga * MANUEL DA COSTA PINTO, colunista da sãopaulo Avaliação: bom Preços altos para cozinha meridional; tradição da padaria original surge nas bruschettas e na molica (pão ralado) sobre as massas * MARCELO KATSUKI, blogueiro da Folha Avaliação: bom Aconchegante e com bom serviço, tem pratos bem executados e com alguns diferenciais. O empório no térreo é um atrativo a mais * CRÍTICO SECRETO, convidado especial da sãopaulo Avaliação: bom Tradição é pra quem tem –caso da padaria. E o restaurante-novidade não a põe em risco, muito pelo contrário | saopaulo | Basilicata traz boa cozinha do Sul da Itália para o Bexiga; veja a avaliaçãoDE SÃO PAULO A Basilicata é o restaurante da padaria centenária de mesmo nome. O menu com receitas do sul da Itália é assinado por Rafael Lorenti, da quinta geração da família de fundadores. Confira a avaliação dos críticos: Avaliação geral: bom Rua Treze de Maio, 596, Bela Vista, tel.: 3289-3111 ALCINO LEITE NETO, editor da "Três Estrelas" Avaliação: regular O restaurante (no piso superior) precisa se esforçar um pouco mais para alcançar a qualidade da tradicional padaria italiana (no térreo) * LUIZA FECAROTTA, crítica da Folha Avaliação: bom A história que se desenrola e vai nos trazendo boas surpresas: cozinha do Sul da Itália sem excessos no saudoso Bexiga * MANUEL DA COSTA PINTO, colunista da sãopaulo Avaliação: bom Preços altos para cozinha meridional; tradição da padaria original surge nas bruschettas e na molica (pão ralado) sobre as massas * MARCELO KATSUKI, blogueiro da Folha Avaliação: bom Aconchegante e com bom serviço, tem pratos bem executados e com alguns diferenciais. O empório no térreo é um atrativo a mais * CRÍTICO SECRETO, convidado especial da sãopaulo Avaliação: bom Tradição é pra quem tem –caso da padaria. E o restaurante-novidade não a põe em risco, muito pelo contrário | 9 |
Bike'n Beer e outros 150 grupos de bike para explorar as ruas de São Paulo | ANA RIBEIRO COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo O nome do grupo é "Bike'n Beer". O dia da semana é terça. O ponto de encontro, uma esquina nos Jardins. A hora marcada para a saída, 21h30. Os ciclistas começam a chegar uma hora antes. "Aqui tem empresário, desempregado, dentista, careta, louco", diz o publicitário Celso Vidal, 67, o "véio". "Sou o mais velho do pedal", justifica. "Minha vida mudou com a bike. Eu vou ao médico e ele fala: 'Vai embora daqui! Se eu fosse depender de você, ia à falência'." Vidal pedala cerca de 200 km por semana. Ele participa de diferentes grupos de night-bikers, que saem de segunda a quinta. "Ano passado, pedalei 9.800 km. Vou aos encontros da turma do colégio e um está com três pontes de safena, o outro diabético, um barrigudo, o outro careca. Nem vou mais, me deprime." A vida antes da bicicleta, diz ele, era bem diferente. "Tinha me separado, bebia, saía na noite, tocava minha vida sem muito ânimo. Comecei a pedalar sozinho no parque Ibirapuera, conheci uma pessoa, combinei pedaladas, fui mudando os amigos. Hoje, só tenho amigo de bike. Minhas duas filhas já sabem: sair para jantar comigo é só na sexta, o dia em que descanso, ou no domingo à noite." O "Bike'n Beer" tem em média 80 participantes. Gente nova que pede licença para pedalar é recebida com alegria. "Claro que pode! Isso aqui é como coração de mãe!", diz Vidal. Considerado de nível médio de dificuldade (na quinta o ritmo é mais pesado), o grupo faz pedaladas de 20 km a 40 km pelas ruas de São Paulo. O tempo de duração é de cerca de duas horas. Depois de muito pedal chega a hora da cerveja. O fim da rota é em um bar ali ao lado do ponto de encontro. "Tem a parte física, mas o melhor de tudo é a integração. Você une o exercício com o social", diz o consultor Ricardo Pezati, 51, que também participa do grupo. Ao todo, há na cidade cerca de 150 grupos de pedal organizados. A maioria promove mais de uma pedalada por semana, com níveis de dificuldade diferentes. Tem para todo mundo: leve, mediano, forte, muito forte. Cada grupo tem suas próprias regras. O bom humor é ingrediente necessário para aderir a qualquer grupo. Afinal, o pessoal está a fim de se encontrar para explorar a cidade de bicicleta e se exercitar, mas também, e principalmente, se divertir. * ENCONTRE SUA TURMA BIKE'N BEER Saída: ter. e qui., 21h30, do cruzamento das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena BIKE CLUBE SP Saída: seg. e qui., 21h, da Bike Veló (r. Ribeirão Claro, 26) PEDAL PAULISTA Saída: seg. e qui., 21h, da Sunny Bikes (av. Morumbi, 7.884, tel. 4119-4569) SAMBA BIKERS Saída: qua., 21h, da pizzaria Camelo (av. Pres. Juscelino Kubitschek, 151) | saopaulo | Bike'n Beer e outros 150 grupos de bike para explorar as ruas de São PauloANA RIBEIRO COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo O nome do grupo é "Bike'n Beer". O dia da semana é terça. O ponto de encontro, uma esquina nos Jardins. A hora marcada para a saída, 21h30. Os ciclistas começam a chegar uma hora antes. "Aqui tem empresário, desempregado, dentista, careta, louco", diz o publicitário Celso Vidal, 67, o "véio". "Sou o mais velho do pedal", justifica. "Minha vida mudou com a bike. Eu vou ao médico e ele fala: 'Vai embora daqui! Se eu fosse depender de você, ia à falência'." Vidal pedala cerca de 200 km por semana. Ele participa de diferentes grupos de night-bikers, que saem de segunda a quinta. "Ano passado, pedalei 9.800 km. Vou aos encontros da turma do colégio e um está com três pontes de safena, o outro diabético, um barrigudo, o outro careca. Nem vou mais, me deprime." A vida antes da bicicleta, diz ele, era bem diferente. "Tinha me separado, bebia, saía na noite, tocava minha vida sem muito ânimo. Comecei a pedalar sozinho no parque Ibirapuera, conheci uma pessoa, combinei pedaladas, fui mudando os amigos. Hoje, só tenho amigo de bike. Minhas duas filhas já sabem: sair para jantar comigo é só na sexta, o dia em que descanso, ou no domingo à noite." O "Bike'n Beer" tem em média 80 participantes. Gente nova que pede licença para pedalar é recebida com alegria. "Claro que pode! Isso aqui é como coração de mãe!", diz Vidal. Considerado de nível médio de dificuldade (na quinta o ritmo é mais pesado), o grupo faz pedaladas de 20 km a 40 km pelas ruas de São Paulo. O tempo de duração é de cerca de duas horas. Depois de muito pedal chega a hora da cerveja. O fim da rota é em um bar ali ao lado do ponto de encontro. "Tem a parte física, mas o melhor de tudo é a integração. Você une o exercício com o social", diz o consultor Ricardo Pezati, 51, que também participa do grupo. Ao todo, há na cidade cerca de 150 grupos de pedal organizados. A maioria promove mais de uma pedalada por semana, com níveis de dificuldade diferentes. Tem para todo mundo: leve, mediano, forte, muito forte. Cada grupo tem suas próprias regras. O bom humor é ingrediente necessário para aderir a qualquer grupo. Afinal, o pessoal está a fim de se encontrar para explorar a cidade de bicicleta e se exercitar, mas também, e principalmente, se divertir. * ENCONTRE SUA TURMA BIKE'N BEER Saída: ter. e qui., 21h30, do cruzamento das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena BIKE CLUBE SP Saída: seg. e qui., 21h, da Bike Veló (r. Ribeirão Claro, 26) PEDAL PAULISTA Saída: seg. e qui., 21h, da Sunny Bikes (av. Morumbi, 7.884, tel. 4119-4569) SAMBA BIKERS Saída: qua., 21h, da pizzaria Camelo (av. Pres. Juscelino Kubitschek, 151) | 9 |
No 5º dia, caminhoneiros bloqueiam estradas no MT e RS | O protesto de caminhoneiros entra no quinto dia consecutivo nesta segunda-feira (27) com bloqueios em rodovias do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. Os caminhoneiros reivindicam a criação de uma tabela de preço mínimo do frete, o que foi considerado inviável por governo federal. Em contrapartida, foi dado início a discussões para uma tabela referencial de preços, sem interferir nas relações de mercado. Grandes empresas pressionam contra a imposição dos valores. Durante o final de semana, trechos bloqueados nos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul foram desfeitos após negociação com a Polícia Rodoviária Federal. No RS, houve registro de violência: caminhões foram apedrejados. Apesar da estratégia, há resistência de caminhoneiros nesta segunda, em Mato Grosso. De acordo com a PRF, eles cometem infração de trânsito ao permanecerem parados nos acostamentos das rodovias. A corporação anunciou que pode usar a força para liberar os trechos parcialmente interditados. De acordo com balanço, há bloqueios na BR-364, em Diamantino, e na BR-163 em Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Nenhum representante do movimento na região foi localizado nesta manhã para falar sobre o assunto. Há manifestações também no Rio Grande do Sul. Segundo o Twitter da Polícia Rodoviária Federal do Estado, houve protestos no na BR-285, em Ijuí e na BR-468, em Palmeira das Missões. No domingo (26) à noite, havia protestos de caminhoneiros em seis trechos de estradas de dois Estados –Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O atual movimento da categoria está fraco em relação aos protestos de fevereiro e março deste ano, quando os caminhoneiros chegaram a interditar parcialmente 129 trechos em 14 Estados. A manifestação durou 12 dias. Editoria de Mercado/Folhapress | mercado | No 5º dia, caminhoneiros bloqueiam estradas no MT e RSO protesto de caminhoneiros entra no quinto dia consecutivo nesta segunda-feira (27) com bloqueios em rodovias do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. Os caminhoneiros reivindicam a criação de uma tabela de preço mínimo do frete, o que foi considerado inviável por governo federal. Em contrapartida, foi dado início a discussões para uma tabela referencial de preços, sem interferir nas relações de mercado. Grandes empresas pressionam contra a imposição dos valores. Durante o final de semana, trechos bloqueados nos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul foram desfeitos após negociação com a Polícia Rodoviária Federal. No RS, houve registro de violência: caminhões foram apedrejados. Apesar da estratégia, há resistência de caminhoneiros nesta segunda, em Mato Grosso. De acordo com a PRF, eles cometem infração de trânsito ao permanecerem parados nos acostamentos das rodovias. A corporação anunciou que pode usar a força para liberar os trechos parcialmente interditados. De acordo com balanço, há bloqueios na BR-364, em Diamantino, e na BR-163 em Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Nenhum representante do movimento na região foi localizado nesta manhã para falar sobre o assunto. Há manifestações também no Rio Grande do Sul. Segundo o Twitter da Polícia Rodoviária Federal do Estado, houve protestos no na BR-285, em Ijuí e na BR-468, em Palmeira das Missões. No domingo (26) à noite, havia protestos de caminhoneiros em seis trechos de estradas de dois Estados –Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O atual movimento da categoria está fraco em relação aos protestos de fevereiro e março deste ano, quando os caminhoneiros chegaram a interditar parcialmente 129 trechos em 14 Estados. A manifestação durou 12 dias. Editoria de Mercado/Folhapress | 2 |
Mortes pra lá de suspeitas | O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, insistem em realizar proeza incompreensível: embaçar com a névoa da dúvida a redução da taxa de homicídios no Estado de São Paulo. Nenhum pesquisador sério questiona que o número de assassinatos como proporção da população tenha caído. A crer no registro oficial, a taxa despencou de 33,30 por 100 mil habitantes, em 2001, para 8,73 por 100 mil, em 2015. O tamanho da queda –74% em 14 anos– e o fato de que o governo paulista publicou os dados por todo esse período, permitindo sua averiguação, decerto eliminam suspeitas com relação à tendência geral. Sobra controvérsia, contudo, quando se examinam os detalhes. Para começar, observa-se no Palácio dos Bandeirantes um apego quase pueril ao critério de formular a taxa de homicídios em termos de casos, e não de vítimas. Para a administração tucana, se morrerem oito pessoas numa chacina, há que contar apenas um homicídio. Como esta Folha já apontou, o expediente destoa da praxe em outros países. A Secretaria da Segurança Pública alega que divulga também o número de vítimas e diz que o jornal "pode calcular as taxas em diferentes recortes". Diga-se o mesmo da secretaria. Mas o órgão teria de abrir mão do vistoso índice de 8,73/100 mil e reconhecer 10,03/100 mil. Mais: se incluídas no cômputo as mortes perpetradas por policiais, a taxa subiria para 11,92 –ainda assim notável quando se compara com a média nacional, de 28,85. Além de bater o pé, Alckmin deu para criar obstáculos a quem pede acesso a boletins de ocorrência. Contrariando a Lei de Acesso à Informação, que faz da transparência uma regra e limita o sigilo à exceção, chegou a decretar segredo sobre os documentos. Trata-se de aspecto dos mais importantes. Reportagem desta Folha mostrou que, enquanto o governo tucano anunciava diminuição de 22% nos assassinatos no intervalo de 2012 a 2015 (de 4.836 para 3.757), os episódios computados como "mortes suspeitas" aumentaram 51% (de 12.367 para 18.620). Sabe-se que alguns desses casos representam homicídios não contabilizados. Ao examinar boletins de ocorrência do ano passado, o jornal "O Estado de S. Paulo" identificou assassinatos classificados na categoria das "mortes suspeitas". Suspeitas, de fato. Se quiser afastar a percepção de que sua estratégia contra o crime envolve pedaladas estatísticas, o governo Alckmin precisa ampliar a transparência. editoriais@grupofolha.com.br | opiniao | Mortes pra lá de suspeitasO governador Geraldo Alckmin (PSDB) e seu secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, insistem em realizar proeza incompreensível: embaçar com a névoa da dúvida a redução da taxa de homicídios no Estado de São Paulo. Nenhum pesquisador sério questiona que o número de assassinatos como proporção da população tenha caído. A crer no registro oficial, a taxa despencou de 33,30 por 100 mil habitantes, em 2001, para 8,73 por 100 mil, em 2015. O tamanho da queda –74% em 14 anos– e o fato de que o governo paulista publicou os dados por todo esse período, permitindo sua averiguação, decerto eliminam suspeitas com relação à tendência geral. Sobra controvérsia, contudo, quando se examinam os detalhes. Para começar, observa-se no Palácio dos Bandeirantes um apego quase pueril ao critério de formular a taxa de homicídios em termos de casos, e não de vítimas. Para a administração tucana, se morrerem oito pessoas numa chacina, há que contar apenas um homicídio. Como esta Folha já apontou, o expediente destoa da praxe em outros países. A Secretaria da Segurança Pública alega que divulga também o número de vítimas e diz que o jornal "pode calcular as taxas em diferentes recortes". Diga-se o mesmo da secretaria. Mas o órgão teria de abrir mão do vistoso índice de 8,73/100 mil e reconhecer 10,03/100 mil. Mais: se incluídas no cômputo as mortes perpetradas por policiais, a taxa subiria para 11,92 –ainda assim notável quando se compara com a média nacional, de 28,85. Além de bater o pé, Alckmin deu para criar obstáculos a quem pede acesso a boletins de ocorrência. Contrariando a Lei de Acesso à Informação, que faz da transparência uma regra e limita o sigilo à exceção, chegou a decretar segredo sobre os documentos. Trata-se de aspecto dos mais importantes. Reportagem desta Folha mostrou que, enquanto o governo tucano anunciava diminuição de 22% nos assassinatos no intervalo de 2012 a 2015 (de 4.836 para 3.757), os episódios computados como "mortes suspeitas" aumentaram 51% (de 12.367 para 18.620). Sabe-se que alguns desses casos representam homicídios não contabilizados. Ao examinar boletins de ocorrência do ano passado, o jornal "O Estado de S. Paulo" identificou assassinatos classificados na categoria das "mortes suspeitas". Suspeitas, de fato. Se quiser afastar a percepção de que sua estratégia contra o crime envolve pedaladas estatísticas, o governo Alckmin precisa ampliar a transparência. editoriais@grupofolha.com.br | 7 |
Sacolões da prefeitura utilizam padrões de qualidade diferentes | Os sacolões municipais da prefeitura, sob a gestão João Doria (PSDB), têm padrões de qualidade dos produtos e serviços disponíveis diferentes entre si. Foi o que constatou a reportagem, que na semana passada esteve em cinco dos 17 sacolões municipais da cidade. Em três dos sacolões visitados, as frutas, verduras e legumes tinham boa variedade. Em dois deles, o da Bela Vista, no centro, e no da Cidade Tiradentes, na zona leste, a qualidade de alguns vegetais deixava a desejar. "Compro apenas frutas como manga e banana-da-terra. Legumes e verduras deixo para comprar na feira, os daqui geralmente já estão muito maduros e até passando do ponto", disse a conselheira tutelar Enides de Souza Lima, 78 anos, moradora da região da Bela Vista. "O banheiro é imundo, e isso porque deixam fechado, senão usuários de drogas tomam conta. Esse é um problema sério, aqui, os consumidores se sentem inseguros por causa da quantidade deles por aqui. O sacolão precisa de uma reforma e de segurança", afirmou Enides. O Sacolão da Cidade Tiradentes tinha os alimentos de pior qualidade de todos os locais visitados, além de variedade menor. Parte das batatas e bananas estava a ponto de apodrecer. "É muito descaso com a população da Cidade Tiradentes. Merecemos melhor do que isso, ainda mais porque é um espaço público", disse a diarista Antônia Senna, 57 anos. "Não dá para comprar quase nada aí, é difícil encontrar algo realmente fresco", falou. SERVIÇOS Apenas um dos cinco sacolões visitados não tem serviços agregados de açougue, avícola, secos e molhados e outros. O sacolão Piraporinha, na zona sul, também não tem uma opção de lanchonete, apesar de ter vegetais de boa qualidade. Já o sacolão do Butantã, na zona oeste, não só tinha legumes, frutas e verduras de boa qualidade e variedade como também trazia opções de vegetais embalados, além de cortados e pré-lavados. Também há minimercado com bebidas, produtos de limpeza, lataria e conservas. "Gostei da variedade e da qualidade. E também dos outros comércios disponíveis, principalmente a barraca de temperos", disse a professora Nathalia de Melo, 27 anos, na primeira visita ao local. OUTRO LADO A Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo, sob a gestão João Doria (PSDB), responsável pela área de abastecimento do município, afirmou por meio de nota que vai inspecionar e corrigir os problemas verificados, "Quanto às observações apontadas pela reportagem, a secretaria fará a averiguação junto à administração das unidades e, havendo irregularidades, serão tomadas as devidas providências nas próximas semanas", afirmou a secretaria, na nota. De acordo com a prefeitura, os sacolões municipais são geridos localmente por um responsável. "A secretaria mantém, em cada um desses equipamentos, um administrador, responsável por fazer cumprir o decreto e pela fiscalização desses espaços públicos", disse a gestão João Doria. | cotidiano | Sacolões da prefeitura utilizam padrões de qualidade diferentesOs sacolões municipais da prefeitura, sob a gestão João Doria (PSDB), têm padrões de qualidade dos produtos e serviços disponíveis diferentes entre si. Foi o que constatou a reportagem, que na semana passada esteve em cinco dos 17 sacolões municipais da cidade. Em três dos sacolões visitados, as frutas, verduras e legumes tinham boa variedade. Em dois deles, o da Bela Vista, no centro, e no da Cidade Tiradentes, na zona leste, a qualidade de alguns vegetais deixava a desejar. "Compro apenas frutas como manga e banana-da-terra. Legumes e verduras deixo para comprar na feira, os daqui geralmente já estão muito maduros e até passando do ponto", disse a conselheira tutelar Enides de Souza Lima, 78 anos, moradora da região da Bela Vista. "O banheiro é imundo, e isso porque deixam fechado, senão usuários de drogas tomam conta. Esse é um problema sério, aqui, os consumidores se sentem inseguros por causa da quantidade deles por aqui. O sacolão precisa de uma reforma e de segurança", afirmou Enides. O Sacolão da Cidade Tiradentes tinha os alimentos de pior qualidade de todos os locais visitados, além de variedade menor. Parte das batatas e bananas estava a ponto de apodrecer. "É muito descaso com a população da Cidade Tiradentes. Merecemos melhor do que isso, ainda mais porque é um espaço público", disse a diarista Antônia Senna, 57 anos. "Não dá para comprar quase nada aí, é difícil encontrar algo realmente fresco", falou. SERVIÇOS Apenas um dos cinco sacolões visitados não tem serviços agregados de açougue, avícola, secos e molhados e outros. O sacolão Piraporinha, na zona sul, também não tem uma opção de lanchonete, apesar de ter vegetais de boa qualidade. Já o sacolão do Butantã, na zona oeste, não só tinha legumes, frutas e verduras de boa qualidade e variedade como também trazia opções de vegetais embalados, além de cortados e pré-lavados. Também há minimercado com bebidas, produtos de limpeza, lataria e conservas. "Gostei da variedade e da qualidade. E também dos outros comércios disponíveis, principalmente a barraca de temperos", disse a professora Nathalia de Melo, 27 anos, na primeira visita ao local. OUTRO LADO A Secretaria Municipal de Trabalho e Empreendedorismo, sob a gestão João Doria (PSDB), responsável pela área de abastecimento do município, afirmou por meio de nota que vai inspecionar e corrigir os problemas verificados, "Quanto às observações apontadas pela reportagem, a secretaria fará a averiguação junto à administração das unidades e, havendo irregularidades, serão tomadas as devidas providências nas próximas semanas", afirmou a secretaria, na nota. De acordo com a prefeitura, os sacolões municipais são geridos localmente por um responsável. "A secretaria mantém, em cada um desses equipamentos, um administrador, responsável por fazer cumprir o decreto e pela fiscalização desses espaços públicos", disse a gestão João Doria. | 5 |
O Brasil no Antropoceno | Se não ocorrer nova alteração no programa do presidente Michel Temer (PMDB), esta segunda-feira (12) deverá presenciar a ratificação do Acordo de Paris pelo Brasil. O ato formal que incorpora o tratado sobre mudança do clima na legislação nacional deveria ter acontecido antes da viagem à China para a cúpula dos 20 países mais ricos. Em meio às peripécias do impeachment, terminou adiado. Perdeu-se boa oportunidade de projetar o país sob luz mais favorável. Dos membros do G20, o Brasil detém, com folga, os mais vistosos distintivos ambientais: milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical, uma das matrizes energéticas mais limpas e um robusto setor de biocombustíveis, para citar apenas alguns deles. Esse trio de credenciais verdes permite ao país economizar boa dose de poluição climática, dado que a maior parte das emissões mundiais de gases do efeito estufa ocorre no setor de energia e por desmatamento. O governo brasileiro poderia ter tentado capturar algo da atenção despertada pelo anúncio conjunto de ratificação feito por China e EUA em Hangzhou, resultado mais vistoso na cúpula. De todo modo, ao adotar plenamente o Acordo de Paris, o Brasil entra com o pé direito no Antropoceno, nova divisão do tempo geológico proposta na semana passada, durante o 35º Congresso Geológico Internacional, na Cidade do Cabo (África do Sul). A chamada Era do Homem se caracteriza justamente pela influência mensurável da atividade humana nos ritmos biofísicos do planeta, a começar pelo impacto no clima. Com a adesão de governos tão pragmáticos e díspares como o americano e o chinês, o roteiro de Paris —manter o aquecimento da atmosfera abaixo de 2°C na média global— ganha força como um imperativo econômico, mais que tudo. O país que não se adaptar terá problemas mais à frente. Além disso, combater a mudança do clima com a limpeza da matriz energética trará benefícios também de saúde pública: segundo o relatório "O Custo da Poluição do Ar", lançado na quinta-feira (8) pelo Banco Mundial, a economia global perdeu US$ 225 bilhões em 2013 com mortes precoces causadas por substâncias tóxicas, sobretudo crianças e idosos. | opiniao | O Brasil no AntropocenoSe não ocorrer nova alteração no programa do presidente Michel Temer (PMDB), esta segunda-feira (12) deverá presenciar a ratificação do Acordo de Paris pelo Brasil. O ato formal que incorpora o tratado sobre mudança do clima na legislação nacional deveria ter acontecido antes da viagem à China para a cúpula dos 20 países mais ricos. Em meio às peripécias do impeachment, terminou adiado. Perdeu-se boa oportunidade de projetar o país sob luz mais favorável. Dos membros do G20, o Brasil detém, com folga, os mais vistosos distintivos ambientais: milhões de quilômetros quadrados de floresta tropical, uma das matrizes energéticas mais limpas e um robusto setor de biocombustíveis, para citar apenas alguns deles. Esse trio de credenciais verdes permite ao país economizar boa dose de poluição climática, dado que a maior parte das emissões mundiais de gases do efeito estufa ocorre no setor de energia e por desmatamento. O governo brasileiro poderia ter tentado capturar algo da atenção despertada pelo anúncio conjunto de ratificação feito por China e EUA em Hangzhou, resultado mais vistoso na cúpula. De todo modo, ao adotar plenamente o Acordo de Paris, o Brasil entra com o pé direito no Antropoceno, nova divisão do tempo geológico proposta na semana passada, durante o 35º Congresso Geológico Internacional, na Cidade do Cabo (África do Sul). A chamada Era do Homem se caracteriza justamente pela influência mensurável da atividade humana nos ritmos biofísicos do planeta, a começar pelo impacto no clima. Com a adesão de governos tão pragmáticos e díspares como o americano e o chinês, o roteiro de Paris —manter o aquecimento da atmosfera abaixo de 2°C na média global— ganha força como um imperativo econômico, mais que tudo. O país que não se adaptar terá problemas mais à frente. Além disso, combater a mudança do clima com a limpeza da matriz energética trará benefícios também de saúde pública: segundo o relatório "O Custo da Poluição do Ar", lançado na quinta-feira (8) pelo Banco Mundial, a economia global perdeu US$ 225 bilhões em 2013 com mortes precoces causadas por substâncias tóxicas, sobretudo crianças e idosos. | 7 |
Senado deve aprovar impeachment de Dilma Rousseff? SIM | VOTO PELO BRASIL Há momentos em que votamos com entusiasmo pelo futuro com que sonhamos; em outros, votamos para impedir um futuro que nos assombra. Se o julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, fosse hoje, eu votaria pelo impeachment, não apenas por razões jurídicas ou só pelo conjunto da obra passada mas, sobretudo, pelos riscos que a volta de Dilma representa para o futuro do Brasil. Não estou votando nem aderindo ao governo do presidente interino, Michel Temer. O impeachment decorre do descrédito do governo Dilma, da falta de apoio nas ruas e no Parlamento, dos erros cometidos na gestão da economia, da contaminação com a corrupção, dos crimes de responsabilidade. Decorre, sobretudo, da percepção de que a volta dela ao poder, com o mesmo modelo político-econômico, significaria que o Congresso é conivente com erros, corrupção e ilegitimidades fiscais. Em agosto de 2015, os senadores João Capiberibe (PSB), Randolfe Rodrigues (Rede), Lasier Martins (PDT), Acir Gurgacz (PDT), Lídice da Mata (PSB) e eu fomos ao Alvorada e entregamos uma carta à presidente Dilma, na qual dizíamos que o Brasil tinha três cenários negativos adiante: a continuação de seu governo, seu impeachment ou a cassação da chapa Dilma/Temer. Para evitar as dificuldades que seu governo enfrentaria, sem cair no impeachment, sugerimos que reconhecesse seus erros, dissesse que seu partido era o Brasil e pedisse apoio a todos para governar até o fim do mandato. Nossas sugestões não foram consideradas. Durante o longo processo de impeachment, que o Congresso Nacional seguiu dentro do rigor constitucional, Dilma não indicou o rumo que seria dado por um novo governo seu. Nada disse sobre como construir a necessária base de apoio parlamentar, como acalmar as ruas, que estratégia econômica adotaria para retomar o crescimento, gerar emprego, promover a estabilidade monetária e superar a crise fiscal. Concentrou-se nos aspectos jurídicos, em chamar de golpistas dois terços dos deputados federais e senadores. Estou cumprindo um dever que as circunstâncias históricas e meu compromisso com o país e seu futuro me impõem, de acordo com minha análise e consciência. Carrego a esperança de que o governo sucessor seja capaz de recuperar o equilíbrio de nossas contas, resgatar a credibilidade necessária à volta do crescimento e do emprego, manter os bons projetos sociais, retomar o diálogo com o Parlamento e as ruas e fazer a travessia até 2018. Tenho consciência de que meu voto provocará incompreensão e decepção em amigos e companheiros, eleitores e leitores, além de desprestígio no exterior. Sinto, entretanto, que esse é um ato necessário para reorientar o futuro do Brasil e, portanto, justifica o sacrifício. Depois de tantos erros na economia, falsas narrativas do marketing político, tolerância com a corrupção, crimes de responsabilidade e descrédito imposto às forças progressistas, precisamos virar a página de um governo que ajudei a eleger e apoiei em parte de seu longo mandato de 13 anos. Voto com a esperança de que surja uma nova esquerda dos escombros, sem o vício e o acomodamento dos últimos anos. É com pesar, mas com a sensação de corrigir rumos, que voto pelo impeachment. Um voto triste, mas necessário. *CRISTOVAM BUARQUE, 72, é senador (PPS-DF) e professor emérito da Universidade de Brasília. Foi governador do Distrito Federal e ministro da Educação (governo Lula) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | opiniao | Senado deve aprovar impeachment de Dilma Rousseff? SIMVOTO PELO BRASIL Há momentos em que votamos com entusiasmo pelo futuro com que sonhamos; em outros, votamos para impedir um futuro que nos assombra. Se o julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff, fosse hoje, eu votaria pelo impeachment, não apenas por razões jurídicas ou só pelo conjunto da obra passada mas, sobretudo, pelos riscos que a volta de Dilma representa para o futuro do Brasil. Não estou votando nem aderindo ao governo do presidente interino, Michel Temer. O impeachment decorre do descrédito do governo Dilma, da falta de apoio nas ruas e no Parlamento, dos erros cometidos na gestão da economia, da contaminação com a corrupção, dos crimes de responsabilidade. Decorre, sobretudo, da percepção de que a volta dela ao poder, com o mesmo modelo político-econômico, significaria que o Congresso é conivente com erros, corrupção e ilegitimidades fiscais. Em agosto de 2015, os senadores João Capiberibe (PSB), Randolfe Rodrigues (Rede), Lasier Martins (PDT), Acir Gurgacz (PDT), Lídice da Mata (PSB) e eu fomos ao Alvorada e entregamos uma carta à presidente Dilma, na qual dizíamos que o Brasil tinha três cenários negativos adiante: a continuação de seu governo, seu impeachment ou a cassação da chapa Dilma/Temer. Para evitar as dificuldades que seu governo enfrentaria, sem cair no impeachment, sugerimos que reconhecesse seus erros, dissesse que seu partido era o Brasil e pedisse apoio a todos para governar até o fim do mandato. Nossas sugestões não foram consideradas. Durante o longo processo de impeachment, que o Congresso Nacional seguiu dentro do rigor constitucional, Dilma não indicou o rumo que seria dado por um novo governo seu. Nada disse sobre como construir a necessária base de apoio parlamentar, como acalmar as ruas, que estratégia econômica adotaria para retomar o crescimento, gerar emprego, promover a estabilidade monetária e superar a crise fiscal. Concentrou-se nos aspectos jurídicos, em chamar de golpistas dois terços dos deputados federais e senadores. Estou cumprindo um dever que as circunstâncias históricas e meu compromisso com o país e seu futuro me impõem, de acordo com minha análise e consciência. Carrego a esperança de que o governo sucessor seja capaz de recuperar o equilíbrio de nossas contas, resgatar a credibilidade necessária à volta do crescimento e do emprego, manter os bons projetos sociais, retomar o diálogo com o Parlamento e as ruas e fazer a travessia até 2018. Tenho consciência de que meu voto provocará incompreensão e decepção em amigos e companheiros, eleitores e leitores, além de desprestígio no exterior. Sinto, entretanto, que esse é um ato necessário para reorientar o futuro do Brasil e, portanto, justifica o sacrifício. Depois de tantos erros na economia, falsas narrativas do marketing político, tolerância com a corrupção, crimes de responsabilidade e descrédito imposto às forças progressistas, precisamos virar a página de um governo que ajudei a eleger e apoiei em parte de seu longo mandato de 13 anos. Voto com a esperança de que surja uma nova esquerda dos escombros, sem o vício e o acomodamento dos últimos anos. É com pesar, mas com a sensação de corrigir rumos, que voto pelo impeachment. Um voto triste, mas necessário. *CRISTOVAM BUARQUE, 72, é senador (PPS-DF) e professor emérito da Universidade de Brasília. Foi governador do Distrito Federal e ministro da Educação (governo Lula) PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br. | 7 |
Renato Andrade: O tempo Dilma | BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff terá de fazer algo que não é de seu feitio. A nova fórmula de cálculo das aposentadorias, aprovada pelo plenário da Câmara nesta semana, forçará a petista a definir, num curto espaço de tempo, uma alternativa para substituir o mecanismo que recebeu a chancela de boa parte da chamada base de apoio do governo federal. Rapidez na tomada de decisões não é a principal característica da atual inquilina do Palácio da Alvorada. Tanto na definição de ações de governo quanto na escolha de nomes para ocupar cargos importantes, o tempo Dilma é contado, na maioria das vezes, em meses, quase nunca em semanas, dias ou horas. Veja a situação do Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro Joaquim Barbosa aposentou a toga em julho do ano passado. Dilma só definiu a indicação do jurista Luiz Edson Fachin para ocupar a vaga em abril, nove meses depois da despedida do polêmico relator do mensalão. Ainda assim, a situação não está resolvida. Às turras com a cúpula do Congresso, a petista corre o risco de ver sua indicação derrubada no plenário do Senado na próxima semana. O pacote de novas concessões no setor de infraestrutura também vai se arrastando. Assessores chegaram até a anunciar dia e hora da divulgação, mas nada aconteceu. Agora, pelas estimativas da mesma turma, a coisa deve sair em junho. Além do problema com o tempo, Dilma enfrentará outro complicador durante as negociações para definir um mecanismo que substitua a regra aprovada pelos deputados para calcular as aposentadorias. Credibilidade e força são fundamentais para qualquer governo conseguir fixar e aprovar uma fórmula que evite o colapso das contas da Previdência Social e, ao mesmo tempo, não seja vista como uma garfada no direito dos aposentados. Na atual situação, o Palácio do Planalto tem tudo, menos esses dois elementos para jogar sobre a mesa. | opiniao | Renato Andrade: O tempo DilmaBRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff terá de fazer algo que não é de seu feitio. A nova fórmula de cálculo das aposentadorias, aprovada pelo plenário da Câmara nesta semana, forçará a petista a definir, num curto espaço de tempo, uma alternativa para substituir o mecanismo que recebeu a chancela de boa parte da chamada base de apoio do governo federal. Rapidez na tomada de decisões não é a principal característica da atual inquilina do Palácio da Alvorada. Tanto na definição de ações de governo quanto na escolha de nomes para ocupar cargos importantes, o tempo Dilma é contado, na maioria das vezes, em meses, quase nunca em semanas, dias ou horas. Veja a situação do Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro Joaquim Barbosa aposentou a toga em julho do ano passado. Dilma só definiu a indicação do jurista Luiz Edson Fachin para ocupar a vaga em abril, nove meses depois da despedida do polêmico relator do mensalão. Ainda assim, a situação não está resolvida. Às turras com a cúpula do Congresso, a petista corre o risco de ver sua indicação derrubada no plenário do Senado na próxima semana. O pacote de novas concessões no setor de infraestrutura também vai se arrastando. Assessores chegaram até a anunciar dia e hora da divulgação, mas nada aconteceu. Agora, pelas estimativas da mesma turma, a coisa deve sair em junho. Além do problema com o tempo, Dilma enfrentará outro complicador durante as negociações para definir um mecanismo que substitua a regra aprovada pelos deputados para calcular as aposentadorias. Credibilidade e força são fundamentais para qualquer governo conseguir fixar e aprovar uma fórmula que evite o colapso das contas da Previdência Social e, ao mesmo tempo, não seja vista como uma garfada no direito dos aposentados. Na atual situação, o Palácio do Planalto tem tudo, menos esses dois elementos para jogar sobre a mesa. | 7 |
Como ir bem em uma entrevista de emprego em inglês?
| DE SÃO PAULO PRÁTICA Redigir o currículo no idioma ou simular respostas para perguntas comuns (como se adaptou a um desafio, por exemplo) ajuda a ampliar o vocabulário específico. Há dicionários de pronúncia gratuitos na internet que ajudam no estudo BUSCA Ler artigos científicos, revistas e sites especializados e até assistir a vídeos técnicos no YouTube são estratégias para descobrir novas palavras e treinar fluência e pronúncia CULTURA Se o entrevistador for estrangeiro, evite piadas difíceis de fazer em outro idioma, e, se possível, envie uma nota de agradecimento ao recrutador para deixar claro o seu interesse Fonte: Laura Scarparo, coordenadora da Seven Idiomas | sobretudo |
Como ir bem em uma entrevista de emprego em inglês?
DE SÃO PAULO PRÁTICA Redigir o currículo no idioma ou simular respostas para perguntas comuns (como se adaptou a um desafio, por exemplo) ajuda a ampliar o vocabulário específico. Há dicionários de pronúncia gratuitos na internet que ajudam no estudo BUSCA Ler artigos científicos, revistas e sites especializados e até assistir a vídeos técnicos no YouTube são estratégias para descobrir novas palavras e treinar fluência e pronúncia CULTURA Se o entrevistador for estrangeiro, evite piadas difíceis de fazer em outro idioma, e, se possível, envie uma nota de agradecimento ao recrutador para deixar claro o seu interesse Fonte: Laura Scarparo, coordenadora da Seven Idiomas | 17 |
Márcio Holland: Quatro anos de desafios e conquistas | A economia brasileira experimentou quatro anos de grandes desafios. Logo no começo de 2011, foi preciso enfrentar o diagnóstico de que a economia estava superaquecida, além de a inflação ter se acelerado de 2009 para 2010. Depois do derretimento global de 2008 para 2009, o mundo ensaiava voltar a crescer. De posse desse diagnóstico, foi desenhado um programa de consolidação fiscal, que levou o superavit primário a 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto). A crise financeira internacional de 2008 havia adquirido outros contornos, particularmente na zona do euro e na periferia da Europa. Após crescer 10,4%, a China começou a desacelerar para um crescimento em torno de 7,5%. O crescimento do comércio mundial se retraiu e as taxas de desemprego aumentaram. Por isso, de 2012 para 2013 foi preciso acionar um amplo conjunto de medidas econômicas para evitar que a população sofresse os efeitos dessa crise, como o uso de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações de câmbio visando diminuir o impacto sobre apreciação do Real, desonerações tributárias e redução nas taxas de juros em operações de crédito direcionado. A economia brasileira resistiu e cresceu, em média, 2% ao ano entre 2011 e 2013. Choques de oferta associados à seca e ao aumento da volatilidade na taxa de câmbio vieram acompanhados de protestos e da redução de popularidade de governantes. A economia sentiu. A confiança de consumidores e empresários foi abalada. O país passou a esperar para investir. Mesmo nesse contexto de adversidades, colocamos em prática medidas microeconômicas que devem, ao longo do tempo, gerar resultados positivos para a economia. Entre as medidas para estimular os mercados de capitais e de crédito privado de longo prazo estão os incentivos à abertura de capitais para empresas de porte médio, a concentração de atos da matrícula dos imóveis (o "Renavam dos imóveis"), o Programa Crescer de microcrédito produtivo orientado e a alteração na regra de remuneração da caderneta de poupança, que removeu o piso da taxa de juros. Buscando fomentar a transparência dos indicadores fiscais, passamos a publicar todo ano o cálculo dos subsídios de todos os fundos e programas do governo federal e o cálculo da carga tributária líquida. Na mesma direção, conseguimos concluir a primeira edição do "Monitor de Política Fiscal", que acaba de ser divulgado também no site da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Contratamos junto à Fundação Getulio Vargas estudos independentes, que, em breve, serão colocados à disposição da sociedade, para avaliar a efetividade da desoneração da folha de pagamento. Ao longo desses quatro anos, estimulamos aperfeiçoamentos nos planos anuais de financiamento da agricultura empresarial e familiar para aumentar os investimentos em inovação e construção de armazéns. No campo tributário, não se pode negar o esforço em reduzir o peso dos impostos sobre investimentos e produção, além da preparação da proposta de reforma do PIS-Cofins e do ICMS interestadual para pôr fim à "guerra fiscal". Os últimos quatro anos foram desafiadores e não posso dizer que os próximos serão diferentes. Temos de conduzir o país rumo a mais um processo de consolidação fiscal, promover a expansão da poupança e, ao mesmo tempo, conduzir a inflação para o centro da meta. MÁRCIO HOLLAND, 49, economista, é professor da Escola de Economia da FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2011-2015) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | Márcio Holland: Quatro anos de desafios e conquistasA economia brasileira experimentou quatro anos de grandes desafios. Logo no começo de 2011, foi preciso enfrentar o diagnóstico de que a economia estava superaquecida, além de a inflação ter se acelerado de 2009 para 2010. Depois do derretimento global de 2008 para 2009, o mundo ensaiava voltar a crescer. De posse desse diagnóstico, foi desenhado um programa de consolidação fiscal, que levou o superavit primário a 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto). A crise financeira internacional de 2008 havia adquirido outros contornos, particularmente na zona do euro e na periferia da Europa. Após crescer 10,4%, a China começou a desacelerar para um crescimento em torno de 7,5%. O crescimento do comércio mundial se retraiu e as taxas de desemprego aumentaram. Por isso, de 2012 para 2013 foi preciso acionar um amplo conjunto de medidas econômicas para evitar que a população sofresse os efeitos dessa crise, como o uso de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em operações de câmbio visando diminuir o impacto sobre apreciação do Real, desonerações tributárias e redução nas taxas de juros em operações de crédito direcionado. A economia brasileira resistiu e cresceu, em média, 2% ao ano entre 2011 e 2013. Choques de oferta associados à seca e ao aumento da volatilidade na taxa de câmbio vieram acompanhados de protestos e da redução de popularidade de governantes. A economia sentiu. A confiança de consumidores e empresários foi abalada. O país passou a esperar para investir. Mesmo nesse contexto de adversidades, colocamos em prática medidas microeconômicas que devem, ao longo do tempo, gerar resultados positivos para a economia. Entre as medidas para estimular os mercados de capitais e de crédito privado de longo prazo estão os incentivos à abertura de capitais para empresas de porte médio, a concentração de atos da matrícula dos imóveis (o "Renavam dos imóveis"), o Programa Crescer de microcrédito produtivo orientado e a alteração na regra de remuneração da caderneta de poupança, que removeu o piso da taxa de juros. Buscando fomentar a transparência dos indicadores fiscais, passamos a publicar todo ano o cálculo dos subsídios de todos os fundos e programas do governo federal e o cálculo da carga tributária líquida. Na mesma direção, conseguimos concluir a primeira edição do "Monitor de Política Fiscal", que acaba de ser divulgado também no site da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Contratamos junto à Fundação Getulio Vargas estudos independentes, que, em breve, serão colocados à disposição da sociedade, para avaliar a efetividade da desoneração da folha de pagamento. Ao longo desses quatro anos, estimulamos aperfeiçoamentos nos planos anuais de financiamento da agricultura empresarial e familiar para aumentar os investimentos em inovação e construção de armazéns. No campo tributário, não se pode negar o esforço em reduzir o peso dos impostos sobre investimentos e produção, além da preparação da proposta de reforma do PIS-Cofins e do ICMS interestadual para pôr fim à "guerra fiscal". Os últimos quatro anos foram desafiadores e não posso dizer que os próximos serão diferentes. Temos de conduzir o país rumo a mais um processo de consolidação fiscal, promover a expansão da poupança e, ao mesmo tempo, conduzir a inflação para o centro da meta. MÁRCIO HOLLAND, 49, economista, é professor da Escola de Economia da FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2011-2015) * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |
'O Julgamento de Viviane Amsalem' desnorteia ao abordar o patriarcado em Israel | É quase uma reinvenção do filme de tribunal. Ao mostrar o longo processo de divórcio entre Viviane (Ronit Elkabetz) e Elisha (Simon Abkarian), "O Julgamento de Viviane Amsalem" revela-se um belo drama entre quatro paredes sobre o patriarcado em Israel. Essas quatro paredes não são as de um tribunal convencional, do tipo que vemos frequentemente no cinema, mas de uma sala bem iluminada onde juízes rabinos tentam alguma solução para uma pendenga que só o marido pode solucionar. A atriz principal, Elkabetz (protagonista do ótimo "Casamento Arranjado", de 2001), dirige o filme, acompanhada de seu irmão Shlomi Elkabetz. É o terceiro longa que comandam juntos. O início é forte. O advogado encara Viviane, que ainda não foi revelada pela câmera. Em seguida, dirige-se aos juízes, resumindo o problema: Viviane pediu o divórcio há três anos e saiu de casa. Só agora o marido resolveu aparecer a uma audiência. E é justamente ele que vemos em seguida. Seu rosto inspira piedade. É um homem de traços fortes, mas parece gentil demais para ser um vilão (impressão que será modificada várias vezes). Elisha fala com Viviane, implora para ela voltar, e ela não responde. Por isso, a câmera não a mostra ainda. O advogado dela, Carmel Ben Tovim (Menashe Noy), conversa com o juiz principal, mas só vemos o marido, desapontado. Sabemos onde Viviane está, mas não sabemos como ela reage por enquanto. A renúncia temporária em nos mostrar o outro lado faz com que demoremos para tomar conhecimento de tudo que está em jogo. E, assim, somos manipulados pela direção. Quando Viviane finalmente aparece, ela encara Elisha com um olhar firme, mas ressentido. É um olhar que nos faz pender para seu lado. Ao mesmo tempo, Elisha só nos é antipático porque não quer ceder o divórcio. Ele detém o poder. Absurdamente, os juízes não podem fazer nada. Não somos desnorteados apenas pelo que a câmera escolhe mostrar. Estamos o tempo todo sem saber como será a próxima cena, qual será o próximo movimento narrativo. Sabemos apenas que a coisa beira o surreal. O processo todo demora mais quatro anos, com várias audiências, as paredes da sala envelhecendo com os personagens. As testemunhas se multiplicam, muitas vezes fornecendo alívio cômico ao drama de Viviane. A força do filme vem dessa maneira singular de mostrar uma situação demasiadamente injusta. O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM (Gett) DIREÇÃO: RONIT ELKABETZ E SHLOMI ELKABETZ ELENCO: RONIT ELKABETZ, SIMON ABKARIAN, MENASHE NOY PRODUÇÃO: ISRAEL/FRANÇA/ALEMANHA, 2014 CLASSIFICAÇÃO: 10 ANOS QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (20) | ilustrada | 'O Julgamento de Viviane Amsalem' desnorteia ao abordar o patriarcado em IsraelÉ quase uma reinvenção do filme de tribunal. Ao mostrar o longo processo de divórcio entre Viviane (Ronit Elkabetz) e Elisha (Simon Abkarian), "O Julgamento de Viviane Amsalem" revela-se um belo drama entre quatro paredes sobre o patriarcado em Israel. Essas quatro paredes não são as de um tribunal convencional, do tipo que vemos frequentemente no cinema, mas de uma sala bem iluminada onde juízes rabinos tentam alguma solução para uma pendenga que só o marido pode solucionar. A atriz principal, Elkabetz (protagonista do ótimo "Casamento Arranjado", de 2001), dirige o filme, acompanhada de seu irmão Shlomi Elkabetz. É o terceiro longa que comandam juntos. O início é forte. O advogado encara Viviane, que ainda não foi revelada pela câmera. Em seguida, dirige-se aos juízes, resumindo o problema: Viviane pediu o divórcio há três anos e saiu de casa. Só agora o marido resolveu aparecer a uma audiência. E é justamente ele que vemos em seguida. Seu rosto inspira piedade. É um homem de traços fortes, mas parece gentil demais para ser um vilão (impressão que será modificada várias vezes). Elisha fala com Viviane, implora para ela voltar, e ela não responde. Por isso, a câmera não a mostra ainda. O advogado dela, Carmel Ben Tovim (Menashe Noy), conversa com o juiz principal, mas só vemos o marido, desapontado. Sabemos onde Viviane está, mas não sabemos como ela reage por enquanto. A renúncia temporária em nos mostrar o outro lado faz com que demoremos para tomar conhecimento de tudo que está em jogo. E, assim, somos manipulados pela direção. Quando Viviane finalmente aparece, ela encara Elisha com um olhar firme, mas ressentido. É um olhar que nos faz pender para seu lado. Ao mesmo tempo, Elisha só nos é antipático porque não quer ceder o divórcio. Ele detém o poder. Absurdamente, os juízes não podem fazer nada. Não somos desnorteados apenas pelo que a câmera escolhe mostrar. Estamos o tempo todo sem saber como será a próxima cena, qual será o próximo movimento narrativo. Sabemos apenas que a coisa beira o surreal. O processo todo demora mais quatro anos, com várias audiências, as paredes da sala envelhecendo com os personagens. As testemunhas se multiplicam, muitas vezes fornecendo alívio cômico ao drama de Viviane. A força do filme vem dessa maneira singular de mostrar uma situação demasiadamente injusta. O JULGAMENTO DE VIVIANE AMSALEM (Gett) DIREÇÃO: RONIT ELKABETZ E SHLOMI ELKABETZ ELENCO: RONIT ELKABETZ, SIMON ABKARIAN, MENASHE NOY PRODUÇÃO: ISRAEL/FRANÇA/ALEMANHA, 2014 CLASSIFICAÇÃO: 10 ANOS QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (20) | 6 |
Veja as manchetes dos principais jornais deste sábado | * Jornais nacionais Folha de S.Paulo Geração de empregos em 2014 foi a pior dos anos PT Agora S.Paulo Justiça garante benefício especial a trabalhadores da área da saúde O Estado de S.Paulo Planalto vê cenário 'crítico' da água e pede ajuda à população Correio Braziliense Curso sobre "cura gay" reabre polêmica no DF Estado de Minas Jogar água fora vai pesar no bolso Zero Hora RS tem menor geração de emprego desde 2003 * Jornais internacionais The Guardian (Reino Unido) Revelado: como Blair foi conivente em segredo com o regime Gaddafi El País (Espanha) Rajoy busca uma saída pressão entre pressão de Aznar e ameaças de Bárcenas The New York Times (EUA) Voto na Grécia coloca austeridade contra o medo do desconhecido | poder | Veja as manchetes dos principais jornais deste sábado* Jornais nacionais Folha de S.Paulo Geração de empregos em 2014 foi a pior dos anos PT Agora S.Paulo Justiça garante benefício especial a trabalhadores da área da saúde O Estado de S.Paulo Planalto vê cenário 'crítico' da água e pede ajuda à população Correio Braziliense Curso sobre "cura gay" reabre polêmica no DF Estado de Minas Jogar água fora vai pesar no bolso Zero Hora RS tem menor geração de emprego desde 2003 * Jornais internacionais The Guardian (Reino Unido) Revelado: como Blair foi conivente em segredo com o regime Gaddafi El País (Espanha) Rajoy busca uma saída pressão entre pressão de Aznar e ameaças de Bárcenas The New York Times (EUA) Voto na Grécia coloca austeridade contra o medo do desconhecido | 0 |
Rapper Lil Wayne é hospitalizado após sofrer convulsões durante voo | Um dos nomes mais poderosos do rap, o cantor Lil Wayne foi hospitalizado em Omaha, Nebraska (EUA), após dois pousos de emergência do avião onde estava, informou a imprensa americana nesta terça (14). Ele sofreu convulsões durante uma viagem de Milwaukee para a Califórnia e passará pelo menos uma noite internado, segundo a emissora local KETV. De acordo com o site "TMZ", o rapper se recusou a receber atendimento médico em solo depois do primeiro ataque. Por isso, seu avião teria decolado novamente e feito um segundo pouso de emergência, após nova convulsão de Wayne. Representantes do músico não comentaram o episódio. Em 2012, Wayne também foi parar no hospital após sofrer uma convulsão no ar. Na ocasião, seu jato particular fez um pouso de emergência no Texas. Meses depois, em entrevista a uma rádio de Los Angeles, ele revelou que sofre de epilepsia desde a infância. | ilustrada | Rapper Lil Wayne é hospitalizado após sofrer convulsões durante vooUm dos nomes mais poderosos do rap, o cantor Lil Wayne foi hospitalizado em Omaha, Nebraska (EUA), após dois pousos de emergência do avião onde estava, informou a imprensa americana nesta terça (14). Ele sofreu convulsões durante uma viagem de Milwaukee para a Califórnia e passará pelo menos uma noite internado, segundo a emissora local KETV. De acordo com o site "TMZ", o rapper se recusou a receber atendimento médico em solo depois do primeiro ataque. Por isso, seu avião teria decolado novamente e feito um segundo pouso de emergência, após nova convulsão de Wayne. Representantes do músico não comentaram o episódio. Em 2012, Wayne também foi parar no hospital após sofrer uma convulsão no ar. Na ocasião, seu jato particular fez um pouso de emergência no Texas. Meses depois, em entrevista a uma rádio de Los Angeles, ele revelou que sofre de epilepsia desde a infância. | 6 |
Expansão de frota e fiscalização do Uber serão desafios na gestão Doria | Sem propostas definidas para a regulamentação dos aplicativos que conectam motoristas particulares a passageiros, como o Uber, o prefeito eleito João Doria (PSDB) precisará tomar medidas para controlar o crescente números de carros nessas plataformas, evitar a precarização do serviço e garantir receita para São Paulo. Se o atual prefeito Fernando Haddad (PT) teve de enfrentar a resistência de taxistas contrários aos aplicativos para legalizá-los, agora são os motoristas do Uber que reúnem reclamações. Eles também querem que Doria interceda no controle dos valores de tarifas para aumentar os ganhos e reduzir a carga de trabalho necessária para obter lucros. Durante a campanha, o tucano prometeu melhorar o atual decreto que regulamenta o Uber e impedir a concorrência predatória com táxis. Para poder rodar, as empresas de aplicativos –que incluem ainda Cabify, Easygo e 99– pagam atualmente à cidade R$ 0,10 a cada quilômetro rodado. Diante de um iminente monopólio do Uber, Haddad criou uma espécie de sobretaxa, aumentando em até 300% a cobrança, de acordo com a quantidade de quilômetros rodados por empresa. O Uber, no entanto, obteve uma liminar e conseguiu derrubar a cobrança extra. A reportagem apurou que não só a companhia americana como as demais cadastradas questionaram o novo método de cobrança. Diante disso, modelos de controle de monopólio precisam ser estudados. Em nota, a gestão Doria afirma que a equipe de transição prioriza neste momento estudos sobre transporte coletivo. "O tema dos aplicativos é reconhecidamente importante e, no momento oportuno, será apresentada a análise da questão" diz o texto. Superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Mantovani Néspoli afirma que, além de evitar o domínio do Uber, é necessário o controle frequente da demanda e da qualidade, com avaliações periódicas do serviço e dados sobre oscilações de oferta e demanda. "O Estado não deve estar ausente numa regra de mercado. Por exemplo, a lei que regulamenta o serviço tem que exigir controle sobre a documentação dos veículos, com a certificação de que o licenciamento está em dia", disse. O Uber não divulga o total de carros cadastrados na cidade nem a quantidade de kms rodados. A Folha, porém, teve acesso a um gráfico que mostra a evolução de suas viagens. De 2015 para 2016, o serviço que antes se limitava ao centro expandido começou a se expandir para áreas periféricas da cidade. Para Nelson Bazolli, da Amparu (Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas de Transporte), a grande quantidade de descontos nas viagens do Uber reduziu os ganhos dos motoristas, tendo como consequência um pior serviço. "A redução dos lucros foi drástica e isso impacta na qualidade. Se ela piora, o passageiro foge." Motoristas do aplicativo também pedem soluções para recentes casos de violência, algo que extrapola a competência do prefeito, mas vem sendo motivo de queixas. Na última sexta-feira, cerca de cem motoristas fizeram um protesto na região do Pacaembu. Eles pedem maior rigor no cadastro de passageiros. "Hoje, qualquer pessoa faz o cadastro com um número de celular e email. Com esse cadastro, ele aciona a gente para assaltar", disse o motorista Júlio César Brasil, 40. Já taxistas exigem limite ao número dos concorrentes de aplicativos. "Tem que haver controle de carros e de tarifa, que não pode ser menor do que a dos táxis", disse Wagner Caetano, da Movitáxi. Desafios de Doria CONCORRÊNCIA Para Matheus Moraes, diretor de política e comunicação da 99, só a maior fiscalização dos serviços pode barrar o monopólio. "O crescimento desenfreado deixa de lado a qualidade", disse. Segundo ele, a 99 só aceita motoristas após cursos presenciais, o que o Uber atualmente não exige. "Falta uma regulamentação para exigir cursos de formação", disse. Já o Uber afirma que o modelo ideal de regulamentação deve preservar o direito de escolha dos clientes. A empresa diz que o melhor controle da qualidade é a avaliação mútua entre passageiros e motoristas vigente. Diz ainda que a segurança de passageiros e motoristas é prioridade. "Estamos realizando encontros com motoristas parceiros para ouvir as preocupações, e para buscar, em conjunto, a construção de soluções", afirma em nota. Expansão do Uber em SP | cotidiano | Expansão de frota e fiscalização do Uber serão desafios na gestão DoriaSem propostas definidas para a regulamentação dos aplicativos que conectam motoristas particulares a passageiros, como o Uber, o prefeito eleito João Doria (PSDB) precisará tomar medidas para controlar o crescente números de carros nessas plataformas, evitar a precarização do serviço e garantir receita para São Paulo. Se o atual prefeito Fernando Haddad (PT) teve de enfrentar a resistência de taxistas contrários aos aplicativos para legalizá-los, agora são os motoristas do Uber que reúnem reclamações. Eles também querem que Doria interceda no controle dos valores de tarifas para aumentar os ganhos e reduzir a carga de trabalho necessária para obter lucros. Durante a campanha, o tucano prometeu melhorar o atual decreto que regulamenta o Uber e impedir a concorrência predatória com táxis. Para poder rodar, as empresas de aplicativos –que incluem ainda Cabify, Easygo e 99– pagam atualmente à cidade R$ 0,10 a cada quilômetro rodado. Diante de um iminente monopólio do Uber, Haddad criou uma espécie de sobretaxa, aumentando em até 300% a cobrança, de acordo com a quantidade de quilômetros rodados por empresa. O Uber, no entanto, obteve uma liminar e conseguiu derrubar a cobrança extra. A reportagem apurou que não só a companhia americana como as demais cadastradas questionaram o novo método de cobrança. Diante disso, modelos de controle de monopólio precisam ser estudados. Em nota, a gestão Doria afirma que a equipe de transição prioriza neste momento estudos sobre transporte coletivo. "O tema dos aplicativos é reconhecidamente importante e, no momento oportuno, será apresentada a análise da questão" diz o texto. Superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Mantovani Néspoli afirma que, além de evitar o domínio do Uber, é necessário o controle frequente da demanda e da qualidade, com avaliações periódicas do serviço e dados sobre oscilações de oferta e demanda. "O Estado não deve estar ausente numa regra de mercado. Por exemplo, a lei que regulamenta o serviço tem que exigir controle sobre a documentação dos veículos, com a certificação de que o licenciamento está em dia", disse. O Uber não divulga o total de carros cadastrados na cidade nem a quantidade de kms rodados. A Folha, porém, teve acesso a um gráfico que mostra a evolução de suas viagens. De 2015 para 2016, o serviço que antes se limitava ao centro expandido começou a se expandir para áreas periféricas da cidade. Para Nelson Bazolli, da Amparu (Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas de Transporte), a grande quantidade de descontos nas viagens do Uber reduziu os ganhos dos motoristas, tendo como consequência um pior serviço. "A redução dos lucros foi drástica e isso impacta na qualidade. Se ela piora, o passageiro foge." Motoristas do aplicativo também pedem soluções para recentes casos de violência, algo que extrapola a competência do prefeito, mas vem sendo motivo de queixas. Na última sexta-feira, cerca de cem motoristas fizeram um protesto na região do Pacaembu. Eles pedem maior rigor no cadastro de passageiros. "Hoje, qualquer pessoa faz o cadastro com um número de celular e email. Com esse cadastro, ele aciona a gente para assaltar", disse o motorista Júlio César Brasil, 40. Já taxistas exigem limite ao número dos concorrentes de aplicativos. "Tem que haver controle de carros e de tarifa, que não pode ser menor do que a dos táxis", disse Wagner Caetano, da Movitáxi. Desafios de Doria CONCORRÊNCIA Para Matheus Moraes, diretor de política e comunicação da 99, só a maior fiscalização dos serviços pode barrar o monopólio. "O crescimento desenfreado deixa de lado a qualidade", disse. Segundo ele, a 99 só aceita motoristas após cursos presenciais, o que o Uber atualmente não exige. "Falta uma regulamentação para exigir cursos de formação", disse. Já o Uber afirma que o modelo ideal de regulamentação deve preservar o direito de escolha dos clientes. A empresa diz que o melhor controle da qualidade é a avaliação mútua entre passageiros e motoristas vigente. Diz ainda que a segurança de passageiros e motoristas é prioridade. "Estamos realizando encontros com motoristas parceiros para ouvir as preocupações, e para buscar, em conjunto, a construção de soluções", afirma em nota. Expansão do Uber em SP | 5 |
'Crianças têm que saber que o mundo não é de pelúcia', diz artista e escritora | RAFAEL GREGORIO EDITOR-ASSISTENTE DA sãopaulo A voz da paulistana Katia Canton emana de casinhas habitadas por bonecas-princesas: "Adormecida, sono profundo, feito delírio induzido. E, então, vem o susto: sexo não consentido. Enquanto isso, um belo príncipe de armadura marcha. Eternamente ausente". São instalações da artista, que apresenta sua visão dos contos de fadas na mostra "Ontem". Em cartaz na galeria Paralelo até 4/4, a exposição inclui desenhos, pinturas e objetos que decifram e atualizam as fábulas. No tempo, grande parte das histórias remonta à Idade Média —não raro em narrativas originalmente violentas. No espaço, ganharam o mundo. "Cinderela foi encontrada em 409 versões da Índia à China", diz a artista, comunicadora, escritora e vice-diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP. * sãopaulo - Qual a sua fábula preferida? Katia Canton - A "Cinderela", esperando a atenção do príncipe, como 99,9% das mulheres que entrevistei. Nossos desejos, no fundo, estão ligados ao ideal romântico. E como surgiu o amor pelos contos? Eu fui uma criança tímida, não brincava na rua. Uma tia-avó, a Cecília, vivia no mesmo prédio e era contadora de histórias. Ela nunca saiu de mim; estudei, dei aulas de dança, desenhei e escrevi poesia, mas sempre me perguntei: por que todas as princesas eram loiras de olho azul? Por que faziam tantos sacrifícios em nome de um príncipe? Elas ainda o fazem? Com certeza. O príncipe hoje é um conceito variado, mas ainda permanece a busca de ser feliz para sempre. Como surgiram os contos de fadas? São dramas reais que se propagaram pela tradição oral. O Homo sapiens conviveu com outras espécies, como o Neandertal, e o que nos fez sobreviver foi a capacidade de criar histórias. Manuscritos medievais já traziam essas narrativas em versões eróticas e violentas. Por exemplo? "A Bela Adormecida" é um conto de estupro. Era comum nas Cruzadas que os cavaleiros voltassem de viagem e pegassem as moças dormindo. Algo permitido. Qual o papel atual das fábulas? Elas transcendem as dificuldades e ensinam pelo lúdico e pelo trágico. Participo de projetos na periferia e vejo como os contos ajudam o jovem a projetar alternativas. O ruim é que se conheçam só versões congeladas, como as dos estúdios Disney, o Lobo Mau amigo dos porquinhos... Lobos comem porcos. A violência é importante. A criança deve saber que o mundo não é fofo, feito de pelúcia. Como é conciliar arte e trabalho? A vice-diretoria do MAC é uma honra, mas algo que aceitei porque tem momentos para começar e terminar. Neste ano, vou expor em Roma e Berlim. Rejuvenesci desde que voltei às artes. Qual é o seu bairro? Pinheiros, onde vivo. Gosto de andar a pé, imprimir minhas fotos, comprar telas e molduras. Na esquina de casa tem uma editora jovem, com uma moçada bonita e toda tatuada, e do outro lado da rua há velhinhos que ainda plantam rosas na calçada. Essa é a graça. | saopaulo | 'Crianças têm que saber que o mundo não é de pelúcia', diz artista e escritoraRAFAEL GREGORIO EDITOR-ASSISTENTE DA sãopaulo A voz da paulistana Katia Canton emana de casinhas habitadas por bonecas-princesas: "Adormecida, sono profundo, feito delírio induzido. E, então, vem o susto: sexo não consentido. Enquanto isso, um belo príncipe de armadura marcha. Eternamente ausente". São instalações da artista, que apresenta sua visão dos contos de fadas na mostra "Ontem". Em cartaz na galeria Paralelo até 4/4, a exposição inclui desenhos, pinturas e objetos que decifram e atualizam as fábulas. No tempo, grande parte das histórias remonta à Idade Média —não raro em narrativas originalmente violentas. No espaço, ganharam o mundo. "Cinderela foi encontrada em 409 versões da Índia à China", diz a artista, comunicadora, escritora e vice-diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP. * sãopaulo - Qual a sua fábula preferida? Katia Canton - A "Cinderela", esperando a atenção do príncipe, como 99,9% das mulheres que entrevistei. Nossos desejos, no fundo, estão ligados ao ideal romântico. E como surgiu o amor pelos contos? Eu fui uma criança tímida, não brincava na rua. Uma tia-avó, a Cecília, vivia no mesmo prédio e era contadora de histórias. Ela nunca saiu de mim; estudei, dei aulas de dança, desenhei e escrevi poesia, mas sempre me perguntei: por que todas as princesas eram loiras de olho azul? Por que faziam tantos sacrifícios em nome de um príncipe? Elas ainda o fazem? Com certeza. O príncipe hoje é um conceito variado, mas ainda permanece a busca de ser feliz para sempre. Como surgiram os contos de fadas? São dramas reais que se propagaram pela tradição oral. O Homo sapiens conviveu com outras espécies, como o Neandertal, e o que nos fez sobreviver foi a capacidade de criar histórias. Manuscritos medievais já traziam essas narrativas em versões eróticas e violentas. Por exemplo? "A Bela Adormecida" é um conto de estupro. Era comum nas Cruzadas que os cavaleiros voltassem de viagem e pegassem as moças dormindo. Algo permitido. Qual o papel atual das fábulas? Elas transcendem as dificuldades e ensinam pelo lúdico e pelo trágico. Participo de projetos na periferia e vejo como os contos ajudam o jovem a projetar alternativas. O ruim é que se conheçam só versões congeladas, como as dos estúdios Disney, o Lobo Mau amigo dos porquinhos... Lobos comem porcos. A violência é importante. A criança deve saber que o mundo não é fofo, feito de pelúcia. Como é conciliar arte e trabalho? A vice-diretoria do MAC é uma honra, mas algo que aceitei porque tem momentos para começar e terminar. Neste ano, vou expor em Roma e Berlim. Rejuvenesci desde que voltei às artes. Qual é o seu bairro? Pinheiros, onde vivo. Gosto de andar a pé, imprimir minhas fotos, comprar telas e molduras. Na esquina de casa tem uma editora jovem, com uma moçada bonita e toda tatuada, e do outro lado da rua há velhinhos que ainda plantam rosas na calçada. Essa é a graça. | 9 |
Nave russa que perdeu controle se desintegra sobre o oceano Pacífico | A nave espacial não tripulada Progress se desintegrou completamente na atmosfera acima do oceano Pacífico durante sua queda livre em direção à Terra, uma semana após os operadores russos terem perdido o controle da nave. Os operadores de voo russos haviam perdido o controle da Progress horas após seu lançamento há uma semana propulsada por um foguete Soyuz. A nave espacial deveria ter se aproximado em 28 de abril da Estação Espacial Internacional (ISS) para abastecê-la, mas fracassou em sua missão. A Progress começou então uma queda descontrolada em direção à Terra. A agência espacial russa (Roskosmos) não deu mostras de preocupação, já que praticamente todas as naves espaciais deste tipo se desintegram na atmosfera ou aterrissam nos oceanos, que ocupam a maior parte da superfície terrestre. A queda do cargueiro não coloca em risco a tripulação da ISS, que dispõe de vários meses de reservas. Uma nave de abastecimento Dragon, da companhia americana SpaceX, deve chegar à ISS a partir de 19 de junho com 2,2 toneladas de material científico e provisões. A perda desta nave, que custou quase 500 milhões de euros, constitui um duro golpe para a indústria espacial russa, um setor estratégico que historicamente foi um orgulho para o país. Uma comissão de investigação russa esclarecerá as circunstâncias do incidente, que parece ter ocorrido no momento da separação entre a nave e o foguete, disse o vice-presidente da Roskosmos, Alexandre Ivanov. Os resultados da investigação serão divulgados até 13 de maio. NOVOS PLANOS DE LANÇAMENTO "O lançamento e o voo do foguete ocorreram com normalidade, mas um segundo e meio antes da separação da nave (da última parte do foguete), os instrumentos de medição pararam de transmitir", explicou o presidente da Roskosmos, Igor Komarov. Alguns dias antes deste incidente, um foguete experimental russo havia explodido logo após seu lançamento em uma zona desabitada do norte da Rússia. No verão de 2013, um foguete Proton com seus três caros satélites Glonass - o futuro sistema de navegação por satélite russo - explodiu no momento da decolagem. No entanto, a Roskosmos apontou as circunstâncias imprevistas no caso da Progress, que não colocavam em xeque futuros lançamentos de foguetes Soyuz para levar suprimentos aos astronautas da ISS. "Vamos corrigir os planos de lançamento das duas Progress deste ano, um previsto para o terceiro trimestre e o outro para o quarto", indicou Ivanov, lembrando que, de 1.800 lançamentos, a taxa de sucesso é de 91,3%. As agências de notícias russas, citando fontes da indústria aeroespacial do país, informaram na quinta-feira que a próxima missão espacial que deveria enviar astronautas à ISS, prevista para 26 de maio, poderá ser adiada em duas semanas devido aos problemas na Progress. No entanto, a Roskosmos não confirmou estas informações, e apenas cancelou uma coletiva de imprensa marcada para esta sexta-feira com os três membros da tripulação desta expedição. | ciencia | Nave russa que perdeu controle se desintegra sobre o oceano PacíficoA nave espacial não tripulada Progress se desintegrou completamente na atmosfera acima do oceano Pacífico durante sua queda livre em direção à Terra, uma semana após os operadores russos terem perdido o controle da nave. Os operadores de voo russos haviam perdido o controle da Progress horas após seu lançamento há uma semana propulsada por um foguete Soyuz. A nave espacial deveria ter se aproximado em 28 de abril da Estação Espacial Internacional (ISS) para abastecê-la, mas fracassou em sua missão. A Progress começou então uma queda descontrolada em direção à Terra. A agência espacial russa (Roskosmos) não deu mostras de preocupação, já que praticamente todas as naves espaciais deste tipo se desintegram na atmosfera ou aterrissam nos oceanos, que ocupam a maior parte da superfície terrestre. A queda do cargueiro não coloca em risco a tripulação da ISS, que dispõe de vários meses de reservas. Uma nave de abastecimento Dragon, da companhia americana SpaceX, deve chegar à ISS a partir de 19 de junho com 2,2 toneladas de material científico e provisões. A perda desta nave, que custou quase 500 milhões de euros, constitui um duro golpe para a indústria espacial russa, um setor estratégico que historicamente foi um orgulho para o país. Uma comissão de investigação russa esclarecerá as circunstâncias do incidente, que parece ter ocorrido no momento da separação entre a nave e o foguete, disse o vice-presidente da Roskosmos, Alexandre Ivanov. Os resultados da investigação serão divulgados até 13 de maio. NOVOS PLANOS DE LANÇAMENTO "O lançamento e o voo do foguete ocorreram com normalidade, mas um segundo e meio antes da separação da nave (da última parte do foguete), os instrumentos de medição pararam de transmitir", explicou o presidente da Roskosmos, Igor Komarov. Alguns dias antes deste incidente, um foguete experimental russo havia explodido logo após seu lançamento em uma zona desabitada do norte da Rússia. No verão de 2013, um foguete Proton com seus três caros satélites Glonass - o futuro sistema de navegação por satélite russo - explodiu no momento da decolagem. No entanto, a Roskosmos apontou as circunstâncias imprevistas no caso da Progress, que não colocavam em xeque futuros lançamentos de foguetes Soyuz para levar suprimentos aos astronautas da ISS. "Vamos corrigir os planos de lançamento das duas Progress deste ano, um previsto para o terceiro trimestre e o outro para o quarto", indicou Ivanov, lembrando que, de 1.800 lançamentos, a taxa de sucesso é de 91,3%. As agências de notícias russas, citando fontes da indústria aeroespacial do país, informaram na quinta-feira que a próxima missão espacial que deveria enviar astronautas à ISS, prevista para 26 de maio, poderá ser adiada em duas semanas devido aos problemas na Progress. No entanto, a Roskosmos não confirmou estas informações, e apenas cancelou uma coletiva de imprensa marcada para esta sexta-feira com os três membros da tripulação desta expedição. | 15 |
Egito deixa de considerar Hamas organização terrorista, diz agência de notícias | A agência de notícias egípcia "Mena" informou que no sábado (05) a Corte de Apelação de Assuntos Urgentes revogou a decisão de considerar o grupo radical palestino Hamas, que governa a faixa de Gaza, como organização terrorista. Os juízes observaram que havia uma brecha quanto à abrangência da jurisdição da corte que tomou a decisão anterior. O governo egípcio ainda não se pronunciou sobre a mudança. O Egito declarou o grupo organização terrorista em fevereiro. A medida isolou o Hamas, que antes encontrava amplo apoio sob o governo do ex-presidente Mohammed Mursi. O atual governo egípcio começou a realizar operações na fronteira com a faixa de Gaza, numa tentativa de destruir uma rede de túneis locais, que o Hamas considera vitais. O Hamas não se comentou a decisão da Corte de Apelação. | mundo | Egito deixa de considerar Hamas organização terrorista, diz agência de notíciasA agência de notícias egípcia "Mena" informou que no sábado (05) a Corte de Apelação de Assuntos Urgentes revogou a decisão de considerar o grupo radical palestino Hamas, que governa a faixa de Gaza, como organização terrorista. Os juízes observaram que havia uma brecha quanto à abrangência da jurisdição da corte que tomou a decisão anterior. O governo egípcio ainda não se pronunciou sobre a mudança. O Egito declarou o grupo organização terrorista em fevereiro. A medida isolou o Hamas, que antes encontrava amplo apoio sob o governo do ex-presidente Mohammed Mursi. O atual governo egípcio começou a realizar operações na fronteira com a faixa de Gaza, numa tentativa de destruir uma rede de túneis locais, que o Hamas considera vitais. O Hamas não se comentou a decisão da Corte de Apelação. | 4 |
TVs produzem conteúdo já pensando em como viralizá-lo | A final do "MasterChef", da Band, bateu o recorde da audiência do programa na televisão, com 10 pontos de média no Ibope, o que fez com que a emissora fosse líder por 21 minutos. Mas a emissora bateu bumbo mesmo para a marca de 1 milhão de tuítes durante o programa –no fim, a soma chegou a mais de 1,8 milhão de publicações na plataforma. Sinal da importância que as emissoras dão às redes sociais. O SBT, por exemplo, tem investido nas pegadinhas do "Programa Sílvio Santos" para conseguir espalhar seu conteúdo nesse tipo de site. Em apenas 48 horas, a pegadinha do palhaço que distribui tortas na cara em um shopping de São Paulo conseguiu 48 milhões de visualizações no Facebook, recorde para a emissora. Câmera Escondida, a pegadinha do SBT que é sucesso na internet "A TV ainda é a grande impulsora do conteúdo nas redes sociais. Ao mesmo tempo, sentimos um retorno positivo na televisão quando algo vai bem na internet. No caso das pegadinhas, por exemplo, influencia inclusive as próximas que estão sendo preparadas", afirma Fernando Pensado, gerente de plataformas digitais do SBT. Para Sergio Floris, diretor de TV do Twitter Brasil, as emissoras estão mais preocupadas, desde o início da produção, com a repercussão que o programa vai ter na internet. E procuram o Twitter em busca de estratégias, como as que foram pensadas para o "MasterChef", como a contagem de tuítes na tela da televisão e o anúncio ser feito primeiro na rede social. "O Twitter é hoje o maior sofá do mundo. Pessoas que não se conhecem interagem o tempo todo. Isso é interessante para qualquer emissora", afirma Floris. Masterchef é Programa mais comentado no twitter - Número de visualizações de tuítes sobre o programa, em milhões INTERVALO AO VIVO O programa "Mariana Godoy Entrevista", que estreou em maio, também tem seu conteúdo alterado em função das redes sociais. "Trouxemos vários convidados musicais que as pessoas pediam. E a gente começa a entrevista pelo tema mais abordado pelo público na internet", diz a apresentadora. Em alguns intervalos, ela aproveita para usar o app de transmissões ao vivo Periscope e mostrar os bastidores do programa. "As pessoas querem saber o que acontece na troca dos entrevistados, qual é a conversa enquanto bebem água. É como se o programa não saísse do ar", diz Matheus Carvalho, editor-executivo da atração. Os mais comentados - Número de tuítes de cada programa, em milhares A Record recebeu em março deste ano menção honrosa no "Shorty Awards", considerado o Oscar das redes sociais, na categoria "Melhor Uso de Memes", pela campanha feita para divulgar o seriado "Breaking Bad", que iria estrear na grade da emissora. Nos memes, o protagonista Walter White aparece como Rainha Má e dançando o "Lepo Lepo", dentre outros. "Foi algo pensado e idealizado para ser veiculado na internet. Não adianta adaptar o conteúdo de uma plataforma para a outra, tem que estar em uma rede o que de fato merece estar", afirma Antonio Guerreiro, diretor-geral de novas mídias da emissora. Outra iniciativa da empresa de Edir Macedo aconteceu com o recém-estreado "Programa Xuxa Meneghel", que conta com uma versão na internet, chamado de "Xuxa Online", apresentado ao vivo pela atriz Bárbara Borges. O Snapchat é usado para fazer a transição entre as duas atrações. A Globo tem em suas novelas o carro-chefe nas redes sociais. Tanto que no mais recente ranking semanal do Ibope Twitter TV Ratings, que mede a repercussão do conteúdo televisivo no ambiente digital, das dez primeiras posições, cinco são de novelas globais, com "Verdades Secretas" e "A Regra do Jogo". A importância da teledramaturgia na internet define um tipo de estratégia específica para ela. "São sete, oito meses no ar, portanto, achamos mais interessante promovê-la por um perfil específico do que criar um perfil novo, alimentá-lo, ter uma base de fãs, e, com o fim da novela, não ter mais conteúdo para postar", diz Carlos Alberto Ferreira, coordenador de mídias sociais da Globo. Ele será um dos palestrantes na conferência youPIX CON, na próxima quarta (23), em São Paulo. Algumas ações da emissora carioca têm sido pensadas na base da colaboração dos internautas, como a chamada para o filme "Amanhecer", da saga "Crepúsculo". As redes sociais ganharam uma chamada exclusiva, com base na resposta do público para a pergunta: "Qual o segredo de um amor eterno?". No entanto, a colaboração pode ter um reflexo negativo. Nos comentários, há críticas à emissora ter o costume de cortar alguns filmes. | tec | TVs produzem conteúdo já pensando em como viralizá-loA final do "MasterChef", da Band, bateu o recorde da audiência do programa na televisão, com 10 pontos de média no Ibope, o que fez com que a emissora fosse líder por 21 minutos. Mas a emissora bateu bumbo mesmo para a marca de 1 milhão de tuítes durante o programa –no fim, a soma chegou a mais de 1,8 milhão de publicações na plataforma. Sinal da importância que as emissoras dão às redes sociais. O SBT, por exemplo, tem investido nas pegadinhas do "Programa Sílvio Santos" para conseguir espalhar seu conteúdo nesse tipo de site. Em apenas 48 horas, a pegadinha do palhaço que distribui tortas na cara em um shopping de São Paulo conseguiu 48 milhões de visualizações no Facebook, recorde para a emissora. Câmera Escondida, a pegadinha do SBT que é sucesso na internet "A TV ainda é a grande impulsora do conteúdo nas redes sociais. Ao mesmo tempo, sentimos um retorno positivo na televisão quando algo vai bem na internet. No caso das pegadinhas, por exemplo, influencia inclusive as próximas que estão sendo preparadas", afirma Fernando Pensado, gerente de plataformas digitais do SBT. Para Sergio Floris, diretor de TV do Twitter Brasil, as emissoras estão mais preocupadas, desde o início da produção, com a repercussão que o programa vai ter na internet. E procuram o Twitter em busca de estratégias, como as que foram pensadas para o "MasterChef", como a contagem de tuítes na tela da televisão e o anúncio ser feito primeiro na rede social. "O Twitter é hoje o maior sofá do mundo. Pessoas que não se conhecem interagem o tempo todo. Isso é interessante para qualquer emissora", afirma Floris. Masterchef é Programa mais comentado no twitter - Número de visualizações de tuítes sobre o programa, em milhões INTERVALO AO VIVO O programa "Mariana Godoy Entrevista", que estreou em maio, também tem seu conteúdo alterado em função das redes sociais. "Trouxemos vários convidados musicais que as pessoas pediam. E a gente começa a entrevista pelo tema mais abordado pelo público na internet", diz a apresentadora. Em alguns intervalos, ela aproveita para usar o app de transmissões ao vivo Periscope e mostrar os bastidores do programa. "As pessoas querem saber o que acontece na troca dos entrevistados, qual é a conversa enquanto bebem água. É como se o programa não saísse do ar", diz Matheus Carvalho, editor-executivo da atração. Os mais comentados - Número de tuítes de cada programa, em milhares A Record recebeu em março deste ano menção honrosa no "Shorty Awards", considerado o Oscar das redes sociais, na categoria "Melhor Uso de Memes", pela campanha feita para divulgar o seriado "Breaking Bad", que iria estrear na grade da emissora. Nos memes, o protagonista Walter White aparece como Rainha Má e dançando o "Lepo Lepo", dentre outros. "Foi algo pensado e idealizado para ser veiculado na internet. Não adianta adaptar o conteúdo de uma plataforma para a outra, tem que estar em uma rede o que de fato merece estar", afirma Antonio Guerreiro, diretor-geral de novas mídias da emissora. Outra iniciativa da empresa de Edir Macedo aconteceu com o recém-estreado "Programa Xuxa Meneghel", que conta com uma versão na internet, chamado de "Xuxa Online", apresentado ao vivo pela atriz Bárbara Borges. O Snapchat é usado para fazer a transição entre as duas atrações. A Globo tem em suas novelas o carro-chefe nas redes sociais. Tanto que no mais recente ranking semanal do Ibope Twitter TV Ratings, que mede a repercussão do conteúdo televisivo no ambiente digital, das dez primeiras posições, cinco são de novelas globais, com "Verdades Secretas" e "A Regra do Jogo". A importância da teledramaturgia na internet define um tipo de estratégia específica para ela. "São sete, oito meses no ar, portanto, achamos mais interessante promovê-la por um perfil específico do que criar um perfil novo, alimentá-lo, ter uma base de fãs, e, com o fim da novela, não ter mais conteúdo para postar", diz Carlos Alberto Ferreira, coordenador de mídias sociais da Globo. Ele será um dos palestrantes na conferência youPIX CON, na próxima quarta (23), em São Paulo. Algumas ações da emissora carioca têm sido pensadas na base da colaboração dos internautas, como a chamada para o filme "Amanhecer", da saga "Crepúsculo". As redes sociais ganharam uma chamada exclusiva, com base na resposta do público para a pergunta: "Qual o segredo de um amor eterno?". No entanto, a colaboração pode ter um reflexo negativo. Nos comentários, há críticas à emissora ter o costume de cortar alguns filmes. | 10 |
Maioria dos paulistanos prefere a zona sul para viver, diz pesquisa Datafolha
| LEANDRO NOMURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A zona sul foi escolhida por 32% dos moradores paulistanos como a melhor região para residir em São Paulo, mostra pesquisa do Datafolha. Em segundo lugar na preferência ficou a zona leste, com 20%, seguida pelo centro (16%), zona norte (14%) e zona oeste (13%). "Historicamente, a zona sul concentra grande parte dos bairros de alto padrão", diz a professora de arquitetura Eunice Abascal, da Universidade Mackenzie. Ela explica que a renda alta leva edifícios corporativos para a área e que esses, por sua vez, atraem ainda mais infraestrutura, serviços, comércio e outros prédios residenciais, num ciclo virtuoso. "É um eixo de desenvolvimento", diz. Esse movimento resultou na valorização do metro quadrado dos imóveis da zona sul. De 2008 a 2017, o preço médio do metro quadrado na região saltou de R$ 3.276,03 para R$ 11.047,26, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). Foi o maior salto entre as cinco regiões da cidade. Em comparação, o metro quadrado dos novos apartamentos da zona leste passou de R$ 2.822,80 para R$ 6.604,13, em média, no mesmo período. A médica Karina Vince, 34, sempre viveu na zona sul. Nasceu no Jardim da Saúde, foi para Conceição, Planalto Paulista e Saúde. Hoje mora na Chácara Inglesa e não pensa em se mudar por nada. "Não me imagino morando em outro lugar de jeito nenhum. Se me colocarem na zona leste ou na zona norte, não sei nem o que fazer", diz. Vince aprendeu a apreciar a zona sul por causa da mãe, a professora Waldair Vince, 55, que também nasceu e cresceu por ali. "Alguns parentes vieram do interior e foram para Mauá (na Grande São Paulo). Meu avô veio para o Ipiranga. Eu agradeço por ter nascido aqui." LAZER Entre as qualidades da zona sul, Vince aponta as opções de lazer para a filha de três anos. "Sempre vou ao zoológico, ao aquário, ao Jardim Botânico. É tudo por aqui", afirma. Segundo o Datafolha, 30% dos paulistanos consideram a zona sul também como a melhor região da cidade em opções de lazer. Lá fica o parque Ibirapuera, que concentra alguns dos empreendimentos mais luxuosos de São Paulo. Um deles é o Curitiba 381, da incorporadora Tegra, no Paraíso, que deve ser entregue em 2019. Os 15 apartamentos, com áreas entre 332 e 719 metros quadrados e até cinco suítes custam a partir de R$ 9 milhões -sete já foram vendidos. Segundo João Mendes, diretor da Tegra, a localização privilegiada, a poucos metros do parque, e a escassez de lançamentos na área são as principais justificativas para o preço elevado. Perto dali, na Vila Nova Conceição, a Setin lançou o JL Life by Design, com 18 unidades e áreas entre 247 e 439 metros quadrados. O custo médio é de R$ 22 mil o metro quadrado e a entrega está prevista para 2019. No mês que vem, a Setin lança um prédio na rua Suzano, nas imediações do parque. Serão 14 apartamentos entre 216 e 328 metros quadrados."É para quem deseja usar o parque como morador, e não como turista", diz Eduardo Pompeo, diretor de incorporação da Setin. O Datafolha ouviu 493 pessoas das classes A, B e C de todas as regiões da capital entre os dias 10 e 12 de agosto. | sobretudo |
Maioria dos paulistanos prefere a zona sul para viver, diz pesquisa Datafolha
LEANDRO NOMURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA A zona sul foi escolhida por 32% dos moradores paulistanos como a melhor região para residir em São Paulo, mostra pesquisa do Datafolha. Em segundo lugar na preferência ficou a zona leste, com 20%, seguida pelo centro (16%), zona norte (14%) e zona oeste (13%). "Historicamente, a zona sul concentra grande parte dos bairros de alto padrão", diz a professora de arquitetura Eunice Abascal, da Universidade Mackenzie. Ela explica que a renda alta leva edifícios corporativos para a área e que esses, por sua vez, atraem ainda mais infraestrutura, serviços, comércio e outros prédios residenciais, num ciclo virtuoso. "É um eixo de desenvolvimento", diz. Esse movimento resultou na valorização do metro quadrado dos imóveis da zona sul. De 2008 a 2017, o preço médio do metro quadrado na região saltou de R$ 3.276,03 para R$ 11.047,26, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). Foi o maior salto entre as cinco regiões da cidade. Em comparação, o metro quadrado dos novos apartamentos da zona leste passou de R$ 2.822,80 para R$ 6.604,13, em média, no mesmo período. A médica Karina Vince, 34, sempre viveu na zona sul. Nasceu no Jardim da Saúde, foi para Conceição, Planalto Paulista e Saúde. Hoje mora na Chácara Inglesa e não pensa em se mudar por nada. "Não me imagino morando em outro lugar de jeito nenhum. Se me colocarem na zona leste ou na zona norte, não sei nem o que fazer", diz. Vince aprendeu a apreciar a zona sul por causa da mãe, a professora Waldair Vince, 55, que também nasceu e cresceu por ali. "Alguns parentes vieram do interior e foram para Mauá (na Grande São Paulo). Meu avô veio para o Ipiranga. Eu agradeço por ter nascido aqui." LAZER Entre as qualidades da zona sul, Vince aponta as opções de lazer para a filha de três anos. "Sempre vou ao zoológico, ao aquário, ao Jardim Botânico. É tudo por aqui", afirma. Segundo o Datafolha, 30% dos paulistanos consideram a zona sul também como a melhor região da cidade em opções de lazer. Lá fica o parque Ibirapuera, que concentra alguns dos empreendimentos mais luxuosos de São Paulo. Um deles é o Curitiba 381, da incorporadora Tegra, no Paraíso, que deve ser entregue em 2019. Os 15 apartamentos, com áreas entre 332 e 719 metros quadrados e até cinco suítes custam a partir de R$ 9 milhões -sete já foram vendidos. Segundo João Mendes, diretor da Tegra, a localização privilegiada, a poucos metros do parque, e a escassez de lançamentos na área são as principais justificativas para o preço elevado. Perto dali, na Vila Nova Conceição, a Setin lançou o JL Life by Design, com 18 unidades e áreas entre 247 e 439 metros quadrados. O custo médio é de R$ 22 mil o metro quadrado e a entrega está prevista para 2019. No mês que vem, a Setin lança um prédio na rua Suzano, nas imediações do parque. Serão 14 apartamentos entre 216 e 328 metros quadrados."É para quem deseja usar o parque como morador, e não como turista", diz Eduardo Pompeo, diretor de incorporação da Setin. O Datafolha ouviu 493 pessoas das classes A, B e C de todas as regiões da capital entre os dias 10 e 12 de agosto. | 17 |
Europa quer presentear jovens que fizerem 18 anos com viagem de trem | O Parlamento Europeu discutiu, nesta terça-feira (4), um projeto de presentear com uma passagem Interrail, o bilhete que permite viajar entre os países europeus, todos os jovens que completarem 18 anos. A ideia foi apresentada pelo alemão Manfred Weber na sessão plenária de setembro da União Europeia e visa incentivar o valor da união nos relacionamentos europeus, principalmente entre os jovens. A comissária do Transporte, Violeta Bulc, declarou durante o debate que se compromete a "avaliar cuidadosamente os potenciais custos e fontes de financiamento, bem como a sua viabilidade administrativa". Além disso, segundo a comissária, o projeto deve ser bem estudado pelo Executivo, para que "haja recursos financeiros de forma que seja acessível a todos e o mais inclusivo possível". Por isso, Bulc pediu aos eurodeputados para considerarem algumas possíveis variações da iniciativa, como a criação de um sorteio de um número considerável de passagens. A representante ainda sugeriu que seja estudada a criação de um concurso para jovens com menos de 25 anos, pelo qual as melhores ideias de mobilidade ganhariam os bilhetes. Bulc ainda adiantou que discutirá o assunto com os operadores ferroviários e que vai estudar a possibilidade de expandir a passagem não só aos trilhos. | turismo | Europa quer presentear jovens que fizerem 18 anos com viagem de tremO Parlamento Europeu discutiu, nesta terça-feira (4), um projeto de presentear com uma passagem Interrail, o bilhete que permite viajar entre os países europeus, todos os jovens que completarem 18 anos. A ideia foi apresentada pelo alemão Manfred Weber na sessão plenária de setembro da União Europeia e visa incentivar o valor da união nos relacionamentos europeus, principalmente entre os jovens. A comissária do Transporte, Violeta Bulc, declarou durante o debate que se compromete a "avaliar cuidadosamente os potenciais custos e fontes de financiamento, bem como a sua viabilidade administrativa". Além disso, segundo a comissária, o projeto deve ser bem estudado pelo Executivo, para que "haja recursos financeiros de forma que seja acessível a todos e o mais inclusivo possível". Por isso, Bulc pediu aos eurodeputados para considerarem algumas possíveis variações da iniciativa, como a criação de um sorteio de um número considerável de passagens. A representante ainda sugeriu que seja estudada a criação de um concurso para jovens com menos de 25 anos, pelo qual as melhores ideias de mobilidade ganhariam os bilhetes. Bulc ainda adiantou que discutirá o assunto com os operadores ferroviários e que vai estudar a possibilidade de expandir a passagem não só aos trilhos. | 13 |
De carrascos e cadafalsos | A Constituição Federal, em seu Título IV, "Da Organização dos Poderes", Capitulo I, do Poder Legislativo, enuncia em seu Artigo 45, o sistema eleitoral para a eleição de representantes do povo na Câmara dos Deputados, estabelecendo que a eleição se dá pelo sistema proporcional. A esta regra se subordina também a eleição de deputados estaduais para as Assembleias Legislativas e vereadores para as Câmaras Municipais. Em nenhum momento, ainda que de forma oblíqua, admite a Constituição condicionamentos para que a eleição de parlamentares para o Poder Legislativo, em todas as suas esferas, não se dê única e exclusivamente pelo sistema proporcional. A lei nº 13.165 de 29 de setembro de 2015, em seu Artigo 4º, ao alterar o Artigo 108 da lei nº 4.737 de 11 de julho de 1965 do Código Eleitoral, fere de morte o sistema proporcional para a eleição de representantes do povo, ao Poder Legislativo. Efetivamente, o novo diploma legal introduz no Artigo 108 do Código Eleitoral, a seguinte condição: alcançando um partido o quociente eleitoral, as vagas a que fizer jus, somente poderão ser preenchidas por candidatos que tiverem alcançado no mínimo 10% do quociente eleitoral. Não atingindo seus candidatos esta marca, o partido perderá as vagas que houver conquistado. Um exemplo prático em 2016, em São Paulo, um partido com chapa pura tem 84 candidatos a vereador. Se atingir uma média de 4.000 votos por candidato, terá alcançado 336.000 votos. Como o quociente eleitoral, estimado para as eleições municipais de São Paulo é de 110.000 votos, o partido teria conquistado 3 vagas. Entretanto, foi introduzida agora a exigência para que as vagas alcançadas pelo partido só possam ser preenchidas por candidatos que tenham alcançado uma votação igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, ou seja, 11 mil votos. Desta forma, se nenhum dos candidatos do partido tiver obtido esta marca (11 mil votos), mesmo conquistando 3 cadeiras, não terá conquistado nenhuma. Como Constituinte de 88, e sendo um dos autores da Constituição do meu país, repudio da forma mais veemente esta agressão à Lei Maior. A exemplo do que se pretendia, sorrateiramente, com o chamado "sistema distritão", esta violência constitucional também esmagará, mais uma vez, as minorias, favorecendo somente ricos, famosos e poderosos. Ao proporem tão vil agressão ao Direito, seus mentores assumem o papel de carrascos da Constituição e transformam o Congresso Nacional, em cadafalso. JOSÉ MARIA EYMAEL, 76, deputado constituinte e presidente nacional do PSDC * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | opiniao | De carrascos e cadafalsosA Constituição Federal, em seu Título IV, "Da Organização dos Poderes", Capitulo I, do Poder Legislativo, enuncia em seu Artigo 45, o sistema eleitoral para a eleição de representantes do povo na Câmara dos Deputados, estabelecendo que a eleição se dá pelo sistema proporcional. A esta regra se subordina também a eleição de deputados estaduais para as Assembleias Legislativas e vereadores para as Câmaras Municipais. Em nenhum momento, ainda que de forma oblíqua, admite a Constituição condicionamentos para que a eleição de parlamentares para o Poder Legislativo, em todas as suas esferas, não se dê única e exclusivamente pelo sistema proporcional. A lei nº 13.165 de 29 de setembro de 2015, em seu Artigo 4º, ao alterar o Artigo 108 da lei nº 4.737 de 11 de julho de 1965 do Código Eleitoral, fere de morte o sistema proporcional para a eleição de representantes do povo, ao Poder Legislativo. Efetivamente, o novo diploma legal introduz no Artigo 108 do Código Eleitoral, a seguinte condição: alcançando um partido o quociente eleitoral, as vagas a que fizer jus, somente poderão ser preenchidas por candidatos que tiverem alcançado no mínimo 10% do quociente eleitoral. Não atingindo seus candidatos esta marca, o partido perderá as vagas que houver conquistado. Um exemplo prático em 2016, em São Paulo, um partido com chapa pura tem 84 candidatos a vereador. Se atingir uma média de 4.000 votos por candidato, terá alcançado 336.000 votos. Como o quociente eleitoral, estimado para as eleições municipais de São Paulo é de 110.000 votos, o partido teria conquistado 3 vagas. Entretanto, foi introduzida agora a exigência para que as vagas alcançadas pelo partido só possam ser preenchidas por candidatos que tenham alcançado uma votação igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, ou seja, 11 mil votos. Desta forma, se nenhum dos candidatos do partido tiver obtido esta marca (11 mil votos), mesmo conquistando 3 cadeiras, não terá conquistado nenhuma. Como Constituinte de 88, e sendo um dos autores da Constituição do meu país, repudio da forma mais veemente esta agressão à Lei Maior. A exemplo do que se pretendia, sorrateiramente, com o chamado "sistema distritão", esta violência constitucional também esmagará, mais uma vez, as minorias, favorecendo somente ricos, famosos e poderosos. Ao proporem tão vil agressão ao Direito, seus mentores assumem o papel de carrascos da Constituição e transformam o Congresso Nacional, em cadafalso. JOSÉ MARIA EYMAEL, 76, deputado constituinte e presidente nacional do PSDC * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. | 7 |