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Nova taxa do BNDES passará por primeira votação nesta semana
A nova taxa de juros do BNDES, proposta pelo governo, deverá "nascer" com o mesmo valor da atual TJLP, hoje em 7% ao ano. O governo propõe acabar com a taxa atual de juros e criar, em seu lugar, a TLP (taxa de longo prazo), cujo valor seguiria o título público NTN-B com validade de cinco anos. O resultado é que os juros do BNDES vão ficar mais altos, o que provoca a contrariedade do setor produtivo. O impacto da mudança, contudo, não seria imediato. Pelo texto da medida provisória que está em análise no Congresso, a TLP (taxa de longo prazo) sofrerá um efeito de ajuste no início de sua vigência, o que fará com que a nova taxa tenha como ponto de partida os juros atuais do BNDES. A transição durará cinco anos, e apenas em 2023 os juros do BNDES passariam a ser equivalentes aos cobrados do governo, hoje ao redor de 9,25% ao ano. A mudança da taxa de juros do banco estatal é tratada pelo Ministério da Fazenda como uma das principais medidas para controlar o aumento da dívida pública nos próximos anos, por reduzir os gastos com subsídios. Segundo estudo de economistas do Insper, a nova taxa geraria uma economia de quase R$ 100 bilhões aos cofres públicos. A primeira votação da TLP ocorre nesta terça-feira (22), em comissão mista no Congresso Nacional, com boa parte dos congressistas ainda resistentes à mudança. Em conversas na última semana, a equipe política e a equipe econômica de Michel Temer elencaram a TLP entre as prioridades do governo no Congresso nesta semana. O relator da medida provisória, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que é favorável à mudança, disse que preparou uma apresentação com "mitos e verdades" sobre a nova taxa do BNDES para conquistar parlamentares na hora da votação. Gomes pretende defender que a nova taxa não será volátil, como sugerem críticos, entre eles o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.
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Nova taxa do BNDES passará por primeira votação nesta semanaA nova taxa de juros do BNDES, proposta pelo governo, deverá "nascer" com o mesmo valor da atual TJLP, hoje em 7% ao ano. O governo propõe acabar com a taxa atual de juros e criar, em seu lugar, a TLP (taxa de longo prazo), cujo valor seguiria o título público NTN-B com validade de cinco anos. O resultado é que os juros do BNDES vão ficar mais altos, o que provoca a contrariedade do setor produtivo. O impacto da mudança, contudo, não seria imediato. Pelo texto da medida provisória que está em análise no Congresso, a TLP (taxa de longo prazo) sofrerá um efeito de ajuste no início de sua vigência, o que fará com que a nova taxa tenha como ponto de partida os juros atuais do BNDES. A transição durará cinco anos, e apenas em 2023 os juros do BNDES passariam a ser equivalentes aos cobrados do governo, hoje ao redor de 9,25% ao ano. A mudança da taxa de juros do banco estatal é tratada pelo Ministério da Fazenda como uma das principais medidas para controlar o aumento da dívida pública nos próximos anos, por reduzir os gastos com subsídios. Segundo estudo de economistas do Insper, a nova taxa geraria uma economia de quase R$ 100 bilhões aos cofres públicos. A primeira votação da TLP ocorre nesta terça-feira (22), em comissão mista no Congresso Nacional, com boa parte dos congressistas ainda resistentes à mudança. Em conversas na última semana, a equipe política e a equipe econômica de Michel Temer elencaram a TLP entre as prioridades do governo no Congresso nesta semana. O relator da medida provisória, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que é favorável à mudança, disse que preparou uma apresentação com "mitos e verdades" sobre a nova taxa do BNDES para conquistar parlamentares na hora da votação. Gomes pretende defender que a nova taxa não será volátil, como sugerem críticos, entre eles o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.
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Surpreso, Dunga diz que dirigir seleção olímpica é um grande desafio
O técnico da seleção brasileira, Dunga, afirmou que foi surpreendido com o convite de dirigir a seleção olímpica. O treinador foi confirmado no cargo na última sexta-feira (7) após a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciar a saída de Gallo, que dirigia o time olímpico e a seleção sub-20. "Para mim foi uma surpresa, mas ao mesmo tempo é um grande desafio. A Olimpíada é na nossa casa e vamos trabalhar para conquistar essa medalha de ouro. Acho que vai sair no momento oportuno. Eu acho que é um grande desafio para o Brasil e para mim nesse momento", disse Dunga em entrevista ao SporTV. "Na terça-feira, conversamos com o presidente [Marco Polo Del Nero] e com o Gilmar [Rinaldi, coordenador de seleções]. Eles colocaram as situações para mim e expuseram o que teria que ser feito. Colocaram as medidas que estavam sendo tomadas", contou. Neste sábado, Rinaldi disse a Folha que o momento para a troca não era o ideal, mas que era necessário para uma integração entre as seleções de base. Já a seleção sub-20 será comandada por Rogério Micalle, que comandou o time júnior do Atlético-MG. No último dia 29, Gallo, inclusive, havia convocado 26 jogadores o primeiro período de treinos visando o Mundial sub-20, que será realizado a partir de 30 de maio, na Nova Zelândia. Micalle, que já trabalhou no Figueirense, esteve ao lado de Erasmo Damiani, o homem convocado por Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções da CBF, para reformular a base da entidade. Damiani assumiu em 27 de fevereiro, justamente no lugar de Gallo, que acumulava o cargo de coordenador da base e técnico do sub-20 e time olímpico. Desde então, como se esperava, demitiu os técnicos do sub-15 e sub-17 e colocou pessoas próximas a ele no comando. Demitiu também toda a comissão técnica de Gallo, e pôs como auxiliar do agora ex-treinador André Luis Ferreira, amigo de Gilmar Rinaldi. A campanha ruim do time sub-20 no Sul-Americano categoria, em janeiro, se classificando para o Mundial com a última vaga, foi um dos motivos da queda de Gallo agora, mas não o único. A Folha apurou que Gilmar Rinaldi e Dunga consideravam o trabalho dele uma "caixa-preta", sem o retorno necessário. Rinaldi convenceu o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, que era preciso um nome experiente para comandar o Brasil na Olimpíada, principalmente por ser em casa. Há temor de que o efeito "7 a 1", a goleada sofrida na semifinal da Copa, possa atrapalhar o desempenho de um time que será formado principalmente por atletas novatos. A análise é que Gallo não seguraria o "tranco", e que qualquer outro treinador mais experiente não aceitaria o trabalho agora. Por isso a opção foi Dunga. A mudança vai afetar um dos principais projetos da CBF, que era a agenda paralela entre a seleção principal e a olímpica. Toda vez que, em uma data-Fifa, Dunga convocava atletas para amistosos, Gallo fazia o mesmo na Olímpica. Como Dunga não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, a direção da CBF estuda como manter o projeto de já testar jogadores com idade sub-23 para tentar ganhar a inédita medalha de ouro olímpica no Rio em 2016.
esporte
Surpreso, Dunga diz que dirigir seleção olímpica é um grande desafioO técnico da seleção brasileira, Dunga, afirmou que foi surpreendido com o convite de dirigir a seleção olímpica. O treinador foi confirmado no cargo na última sexta-feira (7) após a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciar a saída de Gallo, que dirigia o time olímpico e a seleção sub-20. "Para mim foi uma surpresa, mas ao mesmo tempo é um grande desafio. A Olimpíada é na nossa casa e vamos trabalhar para conquistar essa medalha de ouro. Acho que vai sair no momento oportuno. Eu acho que é um grande desafio para o Brasil e para mim nesse momento", disse Dunga em entrevista ao SporTV. "Na terça-feira, conversamos com o presidente [Marco Polo Del Nero] e com o Gilmar [Rinaldi, coordenador de seleções]. Eles colocaram as situações para mim e expuseram o que teria que ser feito. Colocaram as medidas que estavam sendo tomadas", contou. Neste sábado, Rinaldi disse a Folha que o momento para a troca não era o ideal, mas que era necessário para uma integração entre as seleções de base. Já a seleção sub-20 será comandada por Rogério Micalle, que comandou o time júnior do Atlético-MG. No último dia 29, Gallo, inclusive, havia convocado 26 jogadores o primeiro período de treinos visando o Mundial sub-20, que será realizado a partir de 30 de maio, na Nova Zelândia. Micalle, que já trabalhou no Figueirense, esteve ao lado de Erasmo Damiani, o homem convocado por Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções da CBF, para reformular a base da entidade. Damiani assumiu em 27 de fevereiro, justamente no lugar de Gallo, que acumulava o cargo de coordenador da base e técnico do sub-20 e time olímpico. Desde então, como se esperava, demitiu os técnicos do sub-15 e sub-17 e colocou pessoas próximas a ele no comando. Demitiu também toda a comissão técnica de Gallo, e pôs como auxiliar do agora ex-treinador André Luis Ferreira, amigo de Gilmar Rinaldi. A campanha ruim do time sub-20 no Sul-Americano categoria, em janeiro, se classificando para o Mundial com a última vaga, foi um dos motivos da queda de Gallo agora, mas não o único. A Folha apurou que Gilmar Rinaldi e Dunga consideravam o trabalho dele uma "caixa-preta", sem o retorno necessário. Rinaldi convenceu o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, que era preciso um nome experiente para comandar o Brasil na Olimpíada, principalmente por ser em casa. Há temor de que o efeito "7 a 1", a goleada sofrida na semifinal da Copa, possa atrapalhar o desempenho de um time que será formado principalmente por atletas novatos. A análise é que Gallo não seguraria o "tranco", e que qualquer outro treinador mais experiente não aceitaria o trabalho agora. Por isso a opção foi Dunga. A mudança vai afetar um dos principais projetos da CBF, que era a agenda paralela entre a seleção principal e a olímpica. Toda vez que, em uma data-Fifa, Dunga convocava atletas para amistosos, Gallo fazia o mesmo na Olímpica. Como Dunga não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, a direção da CBF estuda como manter o projeto de já testar jogadores com idade sub-23 para tentar ganhar a inédita medalha de ouro olímpica no Rio em 2016.
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Ai, Jesus: revelação do Brasil chega ao final da temporada criticado
Gabriel Jesus fará hoje seu jogo número 56 na temporada. São 43 pelo Palmeiras e 13 pelas seleções brasileiras. Com a atuação contra o Internacional, Gabriel superará a soma de partidas de Lionel Messi pelo Barcelona e pela seleção argentina na temporada passada. O Palmeiras completará contra o Inter 61 compromissos oficiais em 2016 –houve mais dois amistosos. O novo clube de Gabriel Jesus, o Manchester City, foi o clube com mais jogou na Europa em 2015/16. Atuou 59 vezes. A seca de gols de Gabriel Jesus é de sete jogos e a sequência de críticas às atuações do líder do Brasileirão estende-se desde 13 de outubro, data do empate contra o Cruzeiro. É impossível dizer que o bom futebol do primeiro turno, tanto de Gabriel Jesus quanto do Palmeiras, diminuiu por causa do acúmulo de partidas. Mas pode ser um dos fatores. Ao mesmo tempo em que se critica o excesso do calendário, esquece-se desse fator quando a qualidade cai. Nesta semana, foram anunciadas fórmulas de disputa dos campeonatos estaduais de São Paulo e do Rio. A diminuição do número de clubes não foi acompanhada pela queda do número de rodadas. Os campeões dos dois estaduais terão de entrar em campo 19 vezes. Se ganhar também a Libertadores e iniciar a campanha na primeira eliminatória, entrará em campo mais 18 vezes. Mais oito da Copa do Brasil e 38 do Brasileirão. Serão 83 partidas. Se for o Flamengo, ainda poderá vestir a camisa mais cinco vezes na Primeira Liga. "Nenhum jogador disputa todos os jogos", responde um presidente de federação. Mesmo assim. A maior revelação do futebol brasileiro depois de Neymar chega perto do final da temporada criticado, há sete jogos sem marcar, e sem ninguém cogitar o cansaço como um dos fatores. Lembre-se de que Gabriel Jesus disputou o clássico contra o São Paulo um dia após enfrentar a Colômbia, em Manaus, e pegou o Cruzeiro, em Araraquara, dois dias após atuar em Mérida contra a Venezuela. E já jogou uma partida a mais do que Messi, quatro a mais do que Navas, recordista de apresentações pelo Manchester City em 2015/16. Fágner já entrou em 54 partidas pelo Corinthians este ano, Thiago Mendes entrou em campo 59 vezes pelo São Paulo, Vanderlei jogará pela 61ª vez pelo Santos, William Arão disputou ontem seu 59º jogo do ano. Todos jogaram mais do que Cristiano Ronaldo. O português atuou ainda mais do que Messi e Navas, porque uniu 48 apresentações com a camisa do Real Madrid a 9 por Portugal. Não foi acaso passar três meses machucado. Nem é coincidência o Brasileirão mais empolgante dos últimos anos terminar sem imunidade às críticas. Houve jogos emocionantes no fim da temporada, como o empate no clássico Flamengo x Corinthians. Sempre alguém vai dizer que faltou algo do ponto de vista técnico. Nunca vai se lembrar que também falta no aspecto físico. O Palmeiras joga hoje contra o Inter e necessita de uma vitória para não ser ameaçado. O outro risco é nosso, dos analistas: esquecer que quem praticou o melhor futebol do campeonato foi o Palmeiras, nas primeiras quinze rodadas. O mesmo período em que Pep Guardiola abriu vantagem para ganhar todos os seus títulos nacionais.
colunas
Ai, Jesus: revelação do Brasil chega ao final da temporada criticadoGabriel Jesus fará hoje seu jogo número 56 na temporada. São 43 pelo Palmeiras e 13 pelas seleções brasileiras. Com a atuação contra o Internacional, Gabriel superará a soma de partidas de Lionel Messi pelo Barcelona e pela seleção argentina na temporada passada. O Palmeiras completará contra o Inter 61 compromissos oficiais em 2016 –houve mais dois amistosos. O novo clube de Gabriel Jesus, o Manchester City, foi o clube com mais jogou na Europa em 2015/16. Atuou 59 vezes. A seca de gols de Gabriel Jesus é de sete jogos e a sequência de críticas às atuações do líder do Brasileirão estende-se desde 13 de outubro, data do empate contra o Cruzeiro. É impossível dizer que o bom futebol do primeiro turno, tanto de Gabriel Jesus quanto do Palmeiras, diminuiu por causa do acúmulo de partidas. Mas pode ser um dos fatores. Ao mesmo tempo em que se critica o excesso do calendário, esquece-se desse fator quando a qualidade cai. Nesta semana, foram anunciadas fórmulas de disputa dos campeonatos estaduais de São Paulo e do Rio. A diminuição do número de clubes não foi acompanhada pela queda do número de rodadas. Os campeões dos dois estaduais terão de entrar em campo 19 vezes. Se ganhar também a Libertadores e iniciar a campanha na primeira eliminatória, entrará em campo mais 18 vezes. Mais oito da Copa do Brasil e 38 do Brasileirão. Serão 83 partidas. Se for o Flamengo, ainda poderá vestir a camisa mais cinco vezes na Primeira Liga. "Nenhum jogador disputa todos os jogos", responde um presidente de federação. Mesmo assim. A maior revelação do futebol brasileiro depois de Neymar chega perto do final da temporada criticado, há sete jogos sem marcar, e sem ninguém cogitar o cansaço como um dos fatores. Lembre-se de que Gabriel Jesus disputou o clássico contra o São Paulo um dia após enfrentar a Colômbia, em Manaus, e pegou o Cruzeiro, em Araraquara, dois dias após atuar em Mérida contra a Venezuela. E já jogou uma partida a mais do que Messi, quatro a mais do que Navas, recordista de apresentações pelo Manchester City em 2015/16. Fágner já entrou em 54 partidas pelo Corinthians este ano, Thiago Mendes entrou em campo 59 vezes pelo São Paulo, Vanderlei jogará pela 61ª vez pelo Santos, William Arão disputou ontem seu 59º jogo do ano. Todos jogaram mais do que Cristiano Ronaldo. O português atuou ainda mais do que Messi e Navas, porque uniu 48 apresentações com a camisa do Real Madrid a 9 por Portugal. Não foi acaso passar três meses machucado. Nem é coincidência o Brasileirão mais empolgante dos últimos anos terminar sem imunidade às críticas. Houve jogos emocionantes no fim da temporada, como o empate no clássico Flamengo x Corinthians. Sempre alguém vai dizer que faltou algo do ponto de vista técnico. Nunca vai se lembrar que também falta no aspecto físico. O Palmeiras joga hoje contra o Inter e necessita de uma vitória para não ser ameaçado. O outro risco é nosso, dos analistas: esquecer que quem praticou o melhor futebol do campeonato foi o Palmeiras, nas primeiras quinze rodadas. O mesmo período em que Pep Guardiola abriu vantagem para ganhar todos os seus títulos nacionais.
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Moradores recuperam praça no Jardim das Bandeiras, na zona oeste de SP
ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um grupo que mora perto da praça Horácio Sabino, na região de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), se uniu para recuperá-la. Arrecadou R$ 1 milhão e reformou a área de 14 mil metros quadrados. A ideia nasceu há cinco anos, diz a engenheira Maria Clara Kuyven, presidente da Associação Praça Horácio Sabino. Ela frequentava o lugar com uma das filhas e não se conformava com o abandono, como outros moradores. Eles se organizaram e descobriram, com a Associação dos Moradores do Jardim das Bandeiras, já existir um projeto de revitalização para a praça, que não foi adiante. Formaram então uma associação só para o problema, com sete pessoas. Três delas doaram recursos para as obras. A praça foi inaugurada nos anos 1960. O desenho original é de Rosa Kliass, arquiteta pioneira no paisagismo do país. Mas o projeto nunca foi totalmente implementado, explica o arquiteto Luciano Fiaschi, que trabalhou em parceria com a própria Kliass na revitalização. A associação retomou o projeto e foi atrás das aprovações na prefeitura. "Nunca tivemos a pretensão de reinventar a praça, só queríamos adequar aos tempos de hoje", diz Kuyven, 36. As obras começaram em outubro de 2016. O espaço foi entregue em meados deste ano. As mudanças incluíram drenagem, troca do piso, de iluminação e de bancos e melhora da acessibilidade. "A praça já era bastante frequentada, mas ficou muito mais depois da reforma. É um lugar de convivência ímpar", afirma Kuyven. Um exemplo é a horta comunitária. "Fica próxima a uma escola e as crianças vão lá plantar. Ainda é pequena, mas todo mundo pode pegar o que quiser, agora está cheia de tomate", comemora. Os desafios não acabaram. O acordo com a prefeitura prevê que a associação também faça a manutenção da praça por três anos. Depois, o acordo pode ser renovado. "Só tínhamos o dinheiro da obra, não da manutenção", explica a moradora. Foi aí que entrou um novo ator: uma plataforma de adoção colaborativa de praças. Idealizada pelo urbanista Marcelo Rebelo, a plataforma Praças funciona assim: moradores interessados em revitalizar uma praça cadastram o projeto no site (www.pracas.com.br) e captam recursos com a comunidade. Quem quiser faz uma contribuição mensal para a obra e manutenção posterior. Em troca, a plataforma empresta uma personalidade jurídica -e os moradores não precisam formar associação-, se responsabiliza pelas aprovações do projeto, contrata fornecedores e administra os recursos. Cobra 23% sobre o valor arrecadado. "Tiramos o trabalho dos moradores e arcamos com o risco do projeto", diz Rebelo. A prestação de contas é aberta na página do site.
sobretudo
Moradores recuperam praça no Jardim das Bandeiras, na zona oeste de SP ALESSANDRA MILANEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Um grupo que mora perto da praça Horácio Sabino, na região de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), se uniu para recuperá-la. Arrecadou R$ 1 milhão e reformou a área de 14 mil metros quadrados. A ideia nasceu há cinco anos, diz a engenheira Maria Clara Kuyven, presidente da Associação Praça Horácio Sabino. Ela frequentava o lugar com uma das filhas e não se conformava com o abandono, como outros moradores. Eles se organizaram e descobriram, com a Associação dos Moradores do Jardim das Bandeiras, já existir um projeto de revitalização para a praça, que não foi adiante. Formaram então uma associação só para o problema, com sete pessoas. Três delas doaram recursos para as obras. A praça foi inaugurada nos anos 1960. O desenho original é de Rosa Kliass, arquiteta pioneira no paisagismo do país. Mas o projeto nunca foi totalmente implementado, explica o arquiteto Luciano Fiaschi, que trabalhou em parceria com a própria Kliass na revitalização. A associação retomou o projeto e foi atrás das aprovações na prefeitura. "Nunca tivemos a pretensão de reinventar a praça, só queríamos adequar aos tempos de hoje", diz Kuyven, 36. As obras começaram em outubro de 2016. O espaço foi entregue em meados deste ano. As mudanças incluíram drenagem, troca do piso, de iluminação e de bancos e melhora da acessibilidade. "A praça já era bastante frequentada, mas ficou muito mais depois da reforma. É um lugar de convivência ímpar", afirma Kuyven. Um exemplo é a horta comunitária. "Fica próxima a uma escola e as crianças vão lá plantar. Ainda é pequena, mas todo mundo pode pegar o que quiser, agora está cheia de tomate", comemora. Os desafios não acabaram. O acordo com a prefeitura prevê que a associação também faça a manutenção da praça por três anos. Depois, o acordo pode ser renovado. "Só tínhamos o dinheiro da obra, não da manutenção", explica a moradora. Foi aí que entrou um novo ator: uma plataforma de adoção colaborativa de praças. Idealizada pelo urbanista Marcelo Rebelo, a plataforma Praças funciona assim: moradores interessados em revitalizar uma praça cadastram o projeto no site (www.pracas.com.br) e captam recursos com a comunidade. Quem quiser faz uma contribuição mensal para a obra e manutenção posterior. Em troca, a plataforma empresta uma personalidade jurídica -e os moradores não precisam formar associação-, se responsabiliza pelas aprovações do projeto, contrata fornecedores e administra os recursos. Cobra 23% sobre o valor arrecadado. "Tiramos o trabalho dos moradores e arcamos com o risco do projeto", diz Rebelo. A prestação de contas é aberta na página do site.
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La policía de Brasil detiene a otros dos sospechoso de terrorismo
GABRIEL MASCARENHAS GUSTAVO URIBE DE BRASILIA La Policía Federal de Brasil detuvo este jueves (11), en São Paulo, a dos sospechosos de simpatizar con el Estado Islámico (EI). La policía no reveló las identidades de los detenidos, que son brasileños y se encontraban en São Paulo. Ambos habían hecho un juramento virtual de lealtad al Estado Islámico y mantenían contacto con las 12 personas que fueron detenidas el mes pasado en el marco de la operación Hashtag, bajo sospecha de estar planeando un acto terrorista durante la Olimpíada. En las conversaciones con los otros detenidos, los sospechosos se ofrecían para ejecutar eventuales actos terroristas durante los Juegos Olímpicos de Río de Janeiro. Pese a que no hay registros de contactos directos con terroristas, uno de los sospechosos llegó a entrar en contacto con una empresa de armas para comprar un fusil AK-47, acción que no fue concretizada. Los sospechosos forman parte de un grupo que estaba siendo vigilado por el gobierno interino de Michel Temer por elogiar y compartir contenido a favor de grupos extremistas y atentados terroristas. En Río de Janeiro, una mochila encontrada dentro de la Arena Carioca 1, donde se disputan los partidos de básquet, provocó el accionar del Grupo Antibomba de la Policía Federal, en las primeras horas de la noche de este jueves (11). La sospecha de que había una bomba hizo que los agentes provocaran la explosión de la mochila. La del jueves fue la primera vez que el grupo es accionado dentro del Parque Olímpico. Hasta el día 7 de agosto, tanto la Policía Civil como la Federal recibieron 47 llamadas de amenazas de bombas en diferentes puntos de Río. Todas eran falsas. Traducido por NATALIA FABENI Lea el artículo original +Últimas noticias en español *La ceremonia de apertura de los Juegos Olímpicos, elogiada por la prensa internacional *En el morro da Mangueira hubo "área vip", música funk y asado durante la ceremonia de apertura *Cafeterías registran falta de comida en el primer día de los Juegos Olímpícos
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La policía de Brasil detiene a otros dos sospechoso de terrorismo GABRIEL MASCARENHAS GUSTAVO URIBE DE BRASILIA La Policía Federal de Brasil detuvo este jueves (11), en São Paulo, a dos sospechosos de simpatizar con el Estado Islámico (EI). La policía no reveló las identidades de los detenidos, que son brasileños y se encontraban en São Paulo. Ambos habían hecho un juramento virtual de lealtad al Estado Islámico y mantenían contacto con las 12 personas que fueron detenidas el mes pasado en el marco de la operación Hashtag, bajo sospecha de estar planeando un acto terrorista durante la Olimpíada. En las conversaciones con los otros detenidos, los sospechosos se ofrecían para ejecutar eventuales actos terroristas durante los Juegos Olímpicos de Río de Janeiro. Pese a que no hay registros de contactos directos con terroristas, uno de los sospechosos llegó a entrar en contacto con una empresa de armas para comprar un fusil AK-47, acción que no fue concretizada. Los sospechosos forman parte de un grupo que estaba siendo vigilado por el gobierno interino de Michel Temer por elogiar y compartir contenido a favor de grupos extremistas y atentados terroristas. En Río de Janeiro, una mochila encontrada dentro de la Arena Carioca 1, donde se disputan los partidos de básquet, provocó el accionar del Grupo Antibomba de la Policía Federal, en las primeras horas de la noche de este jueves (11). La sospecha de que había una bomba hizo que los agentes provocaran la explosión de la mochila. La del jueves fue la primera vez que el grupo es accionado dentro del Parque Olímpico. Hasta el día 7 de agosto, tanto la Policía Civil como la Federal recibieron 47 llamadas de amenazas de bombas en diferentes puntos de Río. Todas eran falsas. Traducido por NATALIA FABENI Lea el artículo original +Últimas noticias en español *La ceremonia de apertura de los Juegos Olímpicos, elogiada por la prensa internacional *En el morro da Mangueira hubo "área vip", música funk y asado durante la ceremonia de apertura *Cafeterías registran falta de comida en el primer día de los Juegos Olímpícos
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'Morte e Vida Severina' é traduzida e encenada pela 1ª vez em francês
"Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, será encenada nesta sexta-feira (26) no Teatro da Bastilha, em Paris, pela jovem companhia de teatro Amaü, criada por dois brasileiros e uma argentina. Apesar de ser um dos poemas mais importantes da literatura brasileira, a obra-prima do poeta pernambucano sobre a vida do retirante nordestino Severino, nunca tinha sido traduzida para o francês. Antes de subir no palco nesta sexta-feira, a trupe de jovens atores, formada quase exclusivamente por estrangeiros, recebeu a reportagem da RFI para um bate-papo. A companhia de teatro Amaü foi criada em 2015 por jovens estudantes universitários que se encontraram na Escola Normal Superior de Lyon, sul da França: os brasileiros Mariana Camargo e Thiago Pedroso, e a argentina Magdalena Bournot. Depois de duas peças, eles buscavam um texto que pudesse abordar a crise migratória atual e Mariana se lembrou de "Morte e Vida Severina". "O poema do João Cabral é um texto sobre uma migração nossa, brasileira, do Nordeste dos anos 1950, 1960. Mas ele é mais do que isso, ele é um texto que fala sobre a esperança de encontrar uma vida melhor em outro lugar, sobre as dificuldades que encontrarmos nos caminhos que traçamos. Apesar de ele ser cheio de regionalismo, que é o que traz a beleza dele, achamos que ele tem uma carga universal", conta Mariana. Magdalena, que assina a direção da peça, não conhecia o texto, adorou a proposta e os desafios começaram. As jovens descobriram que "Morte e Vida Severina", encenada apenas uma vez na França, em 1966, mas em português, nunca tinha sido traduzida para o francês. Passado o espanto, decidiram traduzir elas mesmas o poema dramático. Um trabalho difícil, que durou quase um ano, devido "às rimas e às palavras que nem nós lusófonos conhecemos". TÍTULO EM FRANCÊS NO PLURAL Primeira decisão polêmica, o título. Em francês, Severina passou para o plural ("Mort et Vie Séverines"). "O mais importante era conservar essa noção do nome que passa a ser uma condição de privação, que passa a ser um adjetivo. A gente colocou o "s" para os franceses entenderem logo que que Severina é a morte e a vida", e não apenas um simples nome, explica Magdalena. Mas, apesar da tradução, a peça apresentada no Teatro da Bastilha é bilíngue. Apenas atores brasileiros atuam e falam tanto em português, com legendas, quanto em francês, com sotaque. "A primeira vontade era que a língua viesse como um elemento da peça. Muitas vezes o imigrante sai de sua terra com uma língua, cruza muitas outras e chega numa língua completamente diferente. Então nossa vontade era fazer do francês essa língua que chega no final, que talvez seja a língua desse país estrangeiro que se chega." DIÁLOGO COM A MIGRAÇÃO ATUAL A travessia do retirante Severino, do sertão de Pernambuco até o Recife, também era uma possibilidade para a cia Amaü de conjugar suas duas orientações: teatro e cinema. A encenação é acompanhada por vídeos, realizados por Thiago Pedroso, que trazem imagem e movimento à poética de João Cabral e imprimem essa noção universal da viagem, da migração, mas sem abandonar por completo o regionalismo marcante da obra. "O Severino parte de uma terra seca e as imagens de vídeo marcam esse início. Mas, conforme a viagem vai evoluindo, as imagens vão perdendo esse tom localizado, nós vamos começando a inserir imagens de outros lugares do globo que apontam para o contemporâneo. Quando ele chega em Recife, não estamos em Recife, mas estamos numa grande cidade que poderia ser Paris e Hong-Kong ao mesmo tempo", revela o videasta. A música, criada por Yure Romão, que também atua na peça, ajuda a ampliar a noção da viagem. Ele decidiu construir "uma música só, mas dividida em vários momentos, guiada por um baixo do violão, que tece todas essas vozes que vão aparecendo." ATRIZ NO PAPEL DE SEVERINO Outra novidade da montagem em francês é que o personagem principal Severino é interpretado, talvez pela primeira vez, por uma mulher. "No poema, o severino não tem um gênero definido, é só um personagem que viaja. Muitas mulheres também fazem essa viagem. Por que é sempre o homem que acaba tendo esse papel principal de contar suas mazelas?" questiona Marina Camargo que interpreta Serverina. A peça traz ainda a participação da atriz Ana Laura Nascimento, que é natural de Pernambuco, para quem "redescobrir esse texto enquanto migrante é muito bom". O baiano Marcos Azevedo, que é psicólogo, realiza sua primeira experiência de fato no teatro e ressalta o interesse em "se fazer compreender e entrar em sintonia com um público e num lugar onde não fala a língua, onde não se apropria completamente as regras". A mineira Rita Grillo também integra a trupe. A apresentação no Teatro da Bastilha integra a programação do Festival Acte et Fac, que financiou a montagem da peça. Por enquanto, a diretora, o videasta e os atores participam como voluntários, sem salário. Mas eles esperam que depois dessa primeira encenação muitos programadores vão se interessar por essa "Mort et Vie Séverines", a cia Amaü vai se profissionalizar e eles vão poder levar o espetáculo para o Brasil. "Somos todos Severinos", dizem em coro os participantes da peça. Fazendo um paralelo com o desejo de uma vida melhor expressada pelo poema de João Cabral, eles dizem que para eles, do setor artístico e cultural, a França é o "Recife do retirante brasileiro". Assista ao trailer da peça: trailer
ilustrada
'Morte e Vida Severina' é traduzida e encenada pela 1ª vez em francês"Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, será encenada nesta sexta-feira (26) no Teatro da Bastilha, em Paris, pela jovem companhia de teatro Amaü, criada por dois brasileiros e uma argentina. Apesar de ser um dos poemas mais importantes da literatura brasileira, a obra-prima do poeta pernambucano sobre a vida do retirante nordestino Severino, nunca tinha sido traduzida para o francês. Antes de subir no palco nesta sexta-feira, a trupe de jovens atores, formada quase exclusivamente por estrangeiros, recebeu a reportagem da RFI para um bate-papo. A companhia de teatro Amaü foi criada em 2015 por jovens estudantes universitários que se encontraram na Escola Normal Superior de Lyon, sul da França: os brasileiros Mariana Camargo e Thiago Pedroso, e a argentina Magdalena Bournot. Depois de duas peças, eles buscavam um texto que pudesse abordar a crise migratória atual e Mariana se lembrou de "Morte e Vida Severina". "O poema do João Cabral é um texto sobre uma migração nossa, brasileira, do Nordeste dos anos 1950, 1960. Mas ele é mais do que isso, ele é um texto que fala sobre a esperança de encontrar uma vida melhor em outro lugar, sobre as dificuldades que encontrarmos nos caminhos que traçamos. Apesar de ele ser cheio de regionalismo, que é o que traz a beleza dele, achamos que ele tem uma carga universal", conta Mariana. Magdalena, que assina a direção da peça, não conhecia o texto, adorou a proposta e os desafios começaram. As jovens descobriram que "Morte e Vida Severina", encenada apenas uma vez na França, em 1966, mas em português, nunca tinha sido traduzida para o francês. Passado o espanto, decidiram traduzir elas mesmas o poema dramático. Um trabalho difícil, que durou quase um ano, devido "às rimas e às palavras que nem nós lusófonos conhecemos". TÍTULO EM FRANCÊS NO PLURAL Primeira decisão polêmica, o título. Em francês, Severina passou para o plural ("Mort et Vie Séverines"). "O mais importante era conservar essa noção do nome que passa a ser uma condição de privação, que passa a ser um adjetivo. A gente colocou o "s" para os franceses entenderem logo que que Severina é a morte e a vida", e não apenas um simples nome, explica Magdalena. Mas, apesar da tradução, a peça apresentada no Teatro da Bastilha é bilíngue. Apenas atores brasileiros atuam e falam tanto em português, com legendas, quanto em francês, com sotaque. "A primeira vontade era que a língua viesse como um elemento da peça. Muitas vezes o imigrante sai de sua terra com uma língua, cruza muitas outras e chega numa língua completamente diferente. Então nossa vontade era fazer do francês essa língua que chega no final, que talvez seja a língua desse país estrangeiro que se chega." DIÁLOGO COM A MIGRAÇÃO ATUAL A travessia do retirante Severino, do sertão de Pernambuco até o Recife, também era uma possibilidade para a cia Amaü de conjugar suas duas orientações: teatro e cinema. A encenação é acompanhada por vídeos, realizados por Thiago Pedroso, que trazem imagem e movimento à poética de João Cabral e imprimem essa noção universal da viagem, da migração, mas sem abandonar por completo o regionalismo marcante da obra. "O Severino parte de uma terra seca e as imagens de vídeo marcam esse início. Mas, conforme a viagem vai evoluindo, as imagens vão perdendo esse tom localizado, nós vamos começando a inserir imagens de outros lugares do globo que apontam para o contemporâneo. Quando ele chega em Recife, não estamos em Recife, mas estamos numa grande cidade que poderia ser Paris e Hong-Kong ao mesmo tempo", revela o videasta. A música, criada por Yure Romão, que também atua na peça, ajuda a ampliar a noção da viagem. Ele decidiu construir "uma música só, mas dividida em vários momentos, guiada por um baixo do violão, que tece todas essas vozes que vão aparecendo." ATRIZ NO PAPEL DE SEVERINO Outra novidade da montagem em francês é que o personagem principal Severino é interpretado, talvez pela primeira vez, por uma mulher. "No poema, o severino não tem um gênero definido, é só um personagem que viaja. Muitas mulheres também fazem essa viagem. Por que é sempre o homem que acaba tendo esse papel principal de contar suas mazelas?" questiona Marina Camargo que interpreta Serverina. A peça traz ainda a participação da atriz Ana Laura Nascimento, que é natural de Pernambuco, para quem "redescobrir esse texto enquanto migrante é muito bom". O baiano Marcos Azevedo, que é psicólogo, realiza sua primeira experiência de fato no teatro e ressalta o interesse em "se fazer compreender e entrar em sintonia com um público e num lugar onde não fala a língua, onde não se apropria completamente as regras". A mineira Rita Grillo também integra a trupe. A apresentação no Teatro da Bastilha integra a programação do Festival Acte et Fac, que financiou a montagem da peça. Por enquanto, a diretora, o videasta e os atores participam como voluntários, sem salário. Mas eles esperam que depois dessa primeira encenação muitos programadores vão se interessar por essa "Mort et Vie Séverines", a cia Amaü vai se profissionalizar e eles vão poder levar o espetáculo para o Brasil. "Somos todos Severinos", dizem em coro os participantes da peça. Fazendo um paralelo com o desejo de uma vida melhor expressada pelo poema de João Cabral, eles dizem que para eles, do setor artístico e cultural, a França é o "Recife do retirante brasileiro". Assista ao trailer da peça: trailer
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Irã recua de ponto-chave de acordo nuclear, diz jornal
A dois dias do prazo final para a obtenção de um acordo entre o Irã e as potências ocidentais do grupo P5+1, que inclui os EUA, o governo iraniano recuou de um ponto-chave das negociações e disse que não está mais disposto a enviar seu combustível nuclear para fora do país. Em Lausanne (Suíça), onde o acordo está sendo discutido, o vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, declarou a repórteres de seu país que a exportação de estoques de urânio enriquecido "não está no programa". "Não temos a intenção de mandá-lo para fora do país", frisou Araqchi. A declaração, reproduzida pela agência France Presse, foi confirmada pelo jornal americano "The New York Times" com funcionários dos governos ocidentais envolvidos na negociação. Sob anonimato, esses funcionários disseram que uma das opções estudadas é diminuir a concentração do urânio sem que ele precise sair do Irã. Por meses, os iranianos deram sinais de que concordavam provisoriamente em enviar uma grande parcela de seu estoque de urânio para a Rússia, onde ele não seria acessível para uso em nenhum futuro programa de armas. O recuo do Irã levantará um obstáculo potencial num momento delicado das negociações e deve intensificar as críticas ao acordo, vindas de vários setores –principalmente de Israel, da oposição republicana no Congresso e da Arábia Saudita. Para os críticos, é inviável permitir que grandes quantidades de combustível nuclear permaneçam em território iraniano. O objetivo das potências ocidentais é impedir que o Irã possa enriquecer urânio até níveis suficientes para produzir uma bomba atômica. Em troca disso, as sanções econômicas impostas ao regime iraniano seriam relaxadas. Teerã sempre negou que pretendesse produzir a bomba e diz que seu programa nuclear visa a obtenção de energia para fins pacíficos.
mundo
Irã recua de ponto-chave de acordo nuclear, diz jornalA dois dias do prazo final para a obtenção de um acordo entre o Irã e as potências ocidentais do grupo P5+1, que inclui os EUA, o governo iraniano recuou de um ponto-chave das negociações e disse que não está mais disposto a enviar seu combustível nuclear para fora do país. Em Lausanne (Suíça), onde o acordo está sendo discutido, o vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, declarou a repórteres de seu país que a exportação de estoques de urânio enriquecido "não está no programa". "Não temos a intenção de mandá-lo para fora do país", frisou Araqchi. A declaração, reproduzida pela agência France Presse, foi confirmada pelo jornal americano "The New York Times" com funcionários dos governos ocidentais envolvidos na negociação. Sob anonimato, esses funcionários disseram que uma das opções estudadas é diminuir a concentração do urânio sem que ele precise sair do Irã. Por meses, os iranianos deram sinais de que concordavam provisoriamente em enviar uma grande parcela de seu estoque de urânio para a Rússia, onde ele não seria acessível para uso em nenhum futuro programa de armas. O recuo do Irã levantará um obstáculo potencial num momento delicado das negociações e deve intensificar as críticas ao acordo, vindas de vários setores –principalmente de Israel, da oposição republicana no Congresso e da Arábia Saudita. Para os críticos, é inviável permitir que grandes quantidades de combustível nuclear permaneçam em território iraniano. O objetivo das potências ocidentais é impedir que o Irã possa enriquecer urânio até níveis suficientes para produzir uma bomba atômica. Em troca disso, as sanções econômicas impostas ao regime iraniano seriam relaxadas. Teerã sempre negou que pretendesse produzir a bomba e diz que seu programa nuclear visa a obtenção de energia para fins pacíficos.
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Por rede social, Anderson Silva agradece apoio de brasileiros
Após a derrota no sábado (27) para Michael Bisping no UFC Londres, Anderson Silva se pronunciou pela primeira vez nas redes sociais. Se logo após o duelo o lutador brasileiro disparou duras críticas quanto a decisão dos árbitros, nesta segunda ele usou sua conta no Instagram para agradecer aos fãs brasileiros. Juntamente com o agradecimento, "Spider" fez uma montagem com sua foto e uma mensagem. Anderson Silva Com a derrota para Bisping, Anderson aumentou uma má fase que já dura mais de dois anos. Primeiro, o lutador perdeu o cinturão para Chris Weidman, em julho de 2013, em uma das lutas mais empolgantes da categoria. Cinco meses depois veio a revanche, e Silva foi derrotado novamente após sofrer uma fratura na perna. "Spider", então, passou um ano fora de combate. Em seu retorno, em fevereiro de 2015, veio a redenção ao bater Nick Diaz. Porém, um exame de doping o tirou novamente dos octógonos. Mais um ano fora. Ainda não se sabe se o brasileiro continuará lutando profissionalmente.
esporte
Por rede social, Anderson Silva agradece apoio de brasileirosApós a derrota no sábado (27) para Michael Bisping no UFC Londres, Anderson Silva se pronunciou pela primeira vez nas redes sociais. Se logo após o duelo o lutador brasileiro disparou duras críticas quanto a decisão dos árbitros, nesta segunda ele usou sua conta no Instagram para agradecer aos fãs brasileiros. Juntamente com o agradecimento, "Spider" fez uma montagem com sua foto e uma mensagem. Anderson Silva Com a derrota para Bisping, Anderson aumentou uma má fase que já dura mais de dois anos. Primeiro, o lutador perdeu o cinturão para Chris Weidman, em julho de 2013, em uma das lutas mais empolgantes da categoria. Cinco meses depois veio a revanche, e Silva foi derrotado novamente após sofrer uma fratura na perna. "Spider", então, passou um ano fora de combate. Em seu retorno, em fevereiro de 2015, veio a redenção ao bater Nick Diaz. Porém, um exame de doping o tirou novamente dos octógonos. Mais um ano fora. Ainda não se sabe se o brasileiro continuará lutando profissionalmente.
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Republicanos ameaçam derrubar acordo com Irã após saída de Obama
Um grupo de 47 senadores republicanos divulgou uma carta nesta segunda-feira (9) ameaçando derrubar a aprovação dos EUA ao acordo com o Irã sobre o programa nuclear assim que terminar o mandato do presidente Barack Obama, em 2017. O documento é a segunda tentativa dos republicanos de interferir na política externa de Obama e é mais um capítulo da briga do mandatário americano com seus adversários políticos, que dominam o Legislativo desde novembro. Nele, os republicanos afirmam que qualquer acordo internacional requer a aprovação de dois terços do Senado. Caso contrário, só terá valor como um acordo do Executivo, que poderá ser derrubado após a saída de Obama. "O próximo presidente poderia revogar esse acordo do Executivo com uma canetada e legislaturas futuras poderão modificar seus termos a qualquer momento", dizem os senadores na carta. Os adversários de Obama afirmam que um acordo seria insuficiente e ineficaz para impedir que a República Islâmica tenha uma bomba atômica e já propuseram desde o endurecimento de sanções até uma declaração de guerra contra os iranianos. O presidente ironizou a postura dos rivais. "Acho que é um pouco irônico que alguns parlamentares queiram se juntar à mesma causa da linha dura iraniana. É uma coalizão incomum", disse. Ele disse confiar na aprovação popular do acordo. Pouco antes, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que a carta é um caminho para a guerra e uma tentativa de minar a política externa da administração Obama. Para o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, a carta é uma tentativa de minar as negociações, que terminam no fim do mês. "Esta carta não tem valor legal e é mais um esforço de propaganda". ISRAEL Dentre os esforços de propaganda citados por Zarif, está a visita do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que foi ao Congresso americano para se pronunciar contra o acordo nuclear com o Irã. O discurso provocou mal estar entre Netanyahu e a Casa Branca e foi a primeira tentativa dos rivais de desautorizar Obama em sua política externa desde novembro.
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Republicanos ameaçam derrubar acordo com Irã após saída de ObamaUm grupo de 47 senadores republicanos divulgou uma carta nesta segunda-feira (9) ameaçando derrubar a aprovação dos EUA ao acordo com o Irã sobre o programa nuclear assim que terminar o mandato do presidente Barack Obama, em 2017. O documento é a segunda tentativa dos republicanos de interferir na política externa de Obama e é mais um capítulo da briga do mandatário americano com seus adversários políticos, que dominam o Legislativo desde novembro. Nele, os republicanos afirmam que qualquer acordo internacional requer a aprovação de dois terços do Senado. Caso contrário, só terá valor como um acordo do Executivo, que poderá ser derrubado após a saída de Obama. "O próximo presidente poderia revogar esse acordo do Executivo com uma canetada e legislaturas futuras poderão modificar seus termos a qualquer momento", dizem os senadores na carta. Os adversários de Obama afirmam que um acordo seria insuficiente e ineficaz para impedir que a República Islâmica tenha uma bomba atômica e já propuseram desde o endurecimento de sanções até uma declaração de guerra contra os iranianos. O presidente ironizou a postura dos rivais. "Acho que é um pouco irônico que alguns parlamentares queiram se juntar à mesma causa da linha dura iraniana. É uma coalizão incomum", disse. Ele disse confiar na aprovação popular do acordo. Pouco antes, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que a carta é um caminho para a guerra e uma tentativa de minar a política externa da administração Obama. Para o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, a carta é uma tentativa de minar as negociações, que terminam no fim do mês. "Esta carta não tem valor legal e é mais um esforço de propaganda". ISRAEL Dentre os esforços de propaganda citados por Zarif, está a visita do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que foi ao Congresso americano para se pronunciar contra o acordo nuclear com o Irã. O discurso provocou mal estar entre Netanyahu e a Casa Branca e foi a primeira tentativa dos rivais de desautorizar Obama em sua política externa desde novembro.
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Criolo fará nova turnê do seu primeiro disco, que completa 10 anos
DE SÃO PAULO O rapper paulista Criolo estreia novo show da turnê "Ainda Há Tempo", baseada em seu primeiro disco, lançado há dez anos. Considerado fundamental para a história do hip-hop no Brasil, o CD traz canções como "To Pra Vê" e "No Sapatinho". Audio Club SP. Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, região oeste, tel. 3862-8279. 2.000 pessoas. Sex. (1º/4): 22h às 5h. 18 anos. Ingr.: R$ 80 (estudantes: R$ 40). Ingr. p/ ticket360.com.br. * ALESSANDRA MAESTRINI A cantora e comediante apresenta o show "Drama'n Jazz". Com o pianista João Carlos Coutinho, ela mostra canções autorais e clássicos do jazz e de musicais, como "I Feel Good (I Got You)", e adaptação para o português de "How Lucky Can You Get", do musical Funny Lady. Teatro Porto Seguro. Al. Br. de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, centro, tel. 3226-7300. 508 lugares. Ter. (29): 21h. Livre. Ingr.: R$ 60 e R$ 80 (estudantes: R$ 30 e R$ 40) p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. Estac. (R$ 20). Serviço de van grátis, na estação Luz da CPTM. ARMANDINHO Com quase duas décadas de carreira, Armandinho, conhecido por músicas como "Semente de Deus" e "Me Namora", apresenta seu novo single, "Eu Sou do Mar". Mesclando reggae com pop, o cantor revê também temas de seus cinco discos anteriores. O grupo Maneva faz a abertura. Audio Club SP. Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, tel. 3862-8279. 3.000 pessoas. Sáb. (2): 22h às 5h. 18 anos. Ingr.: R$ 160 e R$ 200 (estudantes: R$ 80 e R$ 100). Ingr. p/ ticket360.com.br. CAUBY PEIXOTO O veterano solta a voz em cinco línguas -português, inglês, espanhol, italiano e francês. Sentado em uma cadeira, interpreta temas de artistas como Frank Sinatra e Roberto Carlos, assim como sucessos que marcaram sua trajetória, tais quais "Bastidores", "Conceição" e "Granada". Bar Brahma. Av. São João, 677, República, região central, tel. 3224-1250. 220 pessoas. Seg. (28): 22h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 75. Valet (R$ 20). Ingr. p/ totalacesso.com. CHICO CHICO E MANTUANO TRIO Filho de Cássia Eller, e pela primeira vez em São Paulo, o compositor Chico Chico sobe ao palco com banda em apresentação única. Além de músicas do CD de estreia, "2 x 0 Vargem Alta" (2015), há composições novas que trazem influências de rock, blues, samba e folk, entre outros. Bourbon Street Music Club. R. dos Chanés, 127, Indianópolis, região sul, tel. 5095-6100. 450 pessoas. Qui. (31): 22h30. 80 min. 18 anos. Couv. art.: R$ 60. Valet (R$ 25). PAULO BRAGA, CUCA TEIXEIRA E ANDRÉ VASCONCELLOS Parte da série "Encontros Instrumentais", que reúne nomes expressivos da cena brasileira com o intuito de provocar novos diálogos com o instrumental, o pianista Paulo Braga, o baterista Cuca Teixeira e o baixista André Vasconcellos dialogam musicalmente sobre o cenário brasileiro, a linguagem erudita e o jazz. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. 356 lugares. Dom. (27): 19h. 180 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. SEPULTURA A banda mineira relembra clássicos de seus 30 anos de carreira. Conhecido por transitar pelas variações do gênero metal, como trash metal, death metal e nu metal, o grupo toca clássicos como "Refuse/Resist", "Arise" e "Roots Bloody Roots". Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 pessoas. Dom. (27): 19h. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 15 a R$ 50. Ingressos esgotados. Ingr. p/ sescsp.org.br. SIBA Remanescente do movimento manguebeat, o cantor e rabequista pernambucano transita pelos ritmos regionais nordestinos explorando sonoridades da cultura popular. No repertório, músicas de seu disco mais recente, "De Baile Solto" (2015), marcado por traços da canção congolesa, que conversa com a ciranda e o maracatu. Sesc Carmo - restaurante 1. R. do Carmo, 147, região central, tel. 3111-7000. 196 lugares. Seg. (28): 19h. 90 min. 16 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. THIAGO FRANÇA CONVIDA RICHARD RIBEIRO E MAURÍCIO TAKARA Na edição de março do projeto "Feito na Hora", que propõe um encontro inédito entre três grandes nomes da música instrumental, o saxofonista Thiago França (Metá Metá) convida os bateristas Maurício Takara (Hurtmold) e Richard Ribeiro, que acompanha artistas como Pélico. Sesc Pinheiros - auditório 3º andar. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 98 lugares. Ter. (29): 20h30. 10 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). Ingr. p/ sescsp.org.br. WILSON TEIXEIRA Em apresentação gratuita, o cantor celebra 15 anos de carreira. Com influência do folk contemporâneo mesclado ao timbre da viola caipira, o violeiro, nascido no interior de São Paulo, toca músicas de seu disco mais recente, "Casa Aberta" (2015). Museu da Casa Brasileira - terraço. Av. Brig. Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3032-3727. 250 pessoas. Dom. (27): 11h. 60 min. Livre. Estac. (R$ 14 e R$ 23). GRÁTIS TEMPORADAS BIBI FERREIRA Parte das comemorações dos 75 anos de sua carreira, a veterana faz show em que é acompanhada de orquestra. Ela canta temas que se tornaram sucesso na voz de Frank Sinatra, como "Night And Day". Renaissance - teatro. Al. Santos, 2.233, Cerqueira César, região oeste, tel. 3069-2286. 440 lugares. Sex. (1º/4) e sáb. (2): 22h. Até 24/4. 75 min. 14 anos. Ingr.: R$ 140 (estudantes: R$ 70). Valet (R$ 30). Ingr. p/ 2122-4070 ou compreingressos.com.
saopaulo
Criolo fará nova turnê do seu primeiro disco, que completa 10 anosDE SÃO PAULO O rapper paulista Criolo estreia novo show da turnê "Ainda Há Tempo", baseada em seu primeiro disco, lançado há dez anos. Considerado fundamental para a história do hip-hop no Brasil, o CD traz canções como "To Pra Vê" e "No Sapatinho". Audio Club SP. Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, região oeste, tel. 3862-8279. 2.000 pessoas. Sex. (1º/4): 22h às 5h. 18 anos. Ingr.: R$ 80 (estudantes: R$ 40). Ingr. p/ ticket360.com.br. * ALESSANDRA MAESTRINI A cantora e comediante apresenta o show "Drama'n Jazz". Com o pianista João Carlos Coutinho, ela mostra canções autorais e clássicos do jazz e de musicais, como "I Feel Good (I Got You)", e adaptação para o português de "How Lucky Can You Get", do musical Funny Lady. Teatro Porto Seguro. Al. Br. de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, centro, tel. 3226-7300. 508 lugares. Ter. (29): 21h. Livre. Ingr.: R$ 60 e R$ 80 (estudantes: R$ 30 e R$ 40) p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br. Estac. (R$ 20). Serviço de van grátis, na estação Luz da CPTM. ARMANDINHO Com quase duas décadas de carreira, Armandinho, conhecido por músicas como "Semente de Deus" e "Me Namora", apresenta seu novo single, "Eu Sou do Mar". Mesclando reggae com pop, o cantor revê também temas de seus cinco discos anteriores. O grupo Maneva faz a abertura. Audio Club SP. Av. Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, tel. 3862-8279. 3.000 pessoas. Sáb. (2): 22h às 5h. 18 anos. Ingr.: R$ 160 e R$ 200 (estudantes: R$ 80 e R$ 100). Ingr. p/ ticket360.com.br. CAUBY PEIXOTO O veterano solta a voz em cinco línguas -português, inglês, espanhol, italiano e francês. Sentado em uma cadeira, interpreta temas de artistas como Frank Sinatra e Roberto Carlos, assim como sucessos que marcaram sua trajetória, tais quais "Bastidores", "Conceição" e "Granada". Bar Brahma. Av. São João, 677, República, região central, tel. 3224-1250. 220 pessoas. Seg. (28): 22h. 60 min. Livre. Ingr.: R$ 75. Valet (R$ 20). Ingr. p/ totalacesso.com. CHICO CHICO E MANTUANO TRIO Filho de Cássia Eller, e pela primeira vez em São Paulo, o compositor Chico Chico sobe ao palco com banda em apresentação única. Além de músicas do CD de estreia, "2 x 0 Vargem Alta" (2015), há composições novas que trazem influências de rock, blues, samba e folk, entre outros. Bourbon Street Music Club. R. dos Chanés, 127, Indianópolis, região sul, tel. 5095-6100. 450 pessoas. Qui. (31): 22h30. 80 min. 18 anos. Couv. art.: R$ 60. Valet (R$ 25). PAULO BRAGA, CUCA TEIXEIRA E ANDRÉ VASCONCELLOS Parte da série "Encontros Instrumentais", que reúne nomes expressivos da cena brasileira com o intuito de provocar novos diálogos com o instrumental, o pianista Paulo Braga, o baterista Cuca Teixeira e o baixista André Vasconcellos dialogam musicalmente sobre o cenário brasileiro, a linguagem erudita e o jazz. Sesc Pompeia - teatro. R. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700. 356 lugares. Dom. (27): 19h. 180 min. 12 anos. Ingr.: R$ 9 a R$ 30. SEPULTURA A banda mineira relembra clássicos de seus 30 anos de carreira. Conhecido por transitar pelas variações do gênero metal, como trash metal, death metal e nu metal, o grupo toca clássicos como "Refuse/Resist", "Arise" e "Roots Bloody Roots". Sesc Pompeia - comedoria. R. Clélia, 93, Água Branca, região oeste, tel. 3871-7700. 800 pessoas. Dom. (27): 19h. 90 min. 18 anos. Ingr.: R$ 15 a R$ 50. Ingressos esgotados. Ingr. p/ sescsp.org.br. SIBA Remanescente do movimento manguebeat, o cantor e rabequista pernambucano transita pelos ritmos regionais nordestinos explorando sonoridades da cultura popular. No repertório, músicas de seu disco mais recente, "De Baile Solto" (2015), marcado por traços da canção congolesa, que conversa com a ciranda e o maracatu. Sesc Carmo - restaurante 1. R. do Carmo, 147, região central, tel. 3111-7000. 196 lugares. Seg. (28): 19h. 90 min. 16 anos. Ingr.: R$ 6 a R$ 20. Ingr. p/ sescsp.org.br. THIAGO FRANÇA CONVIDA RICHARD RIBEIRO E MAURÍCIO TAKARA Na edição de março do projeto "Feito na Hora", que propõe um encontro inédito entre três grandes nomes da música instrumental, o saxofonista Thiago França (Metá Metá) convida os bateristas Maurício Takara (Hurtmold) e Richard Ribeiro, que acompanha artistas como Pélico. Sesc Pinheiros - auditório 3º andar. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, região oeste, tel. 3095-9400. 98 lugares. Ter. (29): 20h30. 10 anos. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 25. Estac. (R$ 7,50 e R$ 10 p/ 3 h). Ingr. p/ sescsp.org.br. WILSON TEIXEIRA Em apresentação gratuita, o cantor celebra 15 anos de carreira. Com influência do folk contemporâneo mesclado ao timbre da viola caipira, o violeiro, nascido no interior de São Paulo, toca músicas de seu disco mais recente, "Casa Aberta" (2015). Museu da Casa Brasileira - terraço. Av. Brig. Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, região oeste, tel. 3032-3727. 250 pessoas. Dom. (27): 11h. 60 min. Livre. Estac. (R$ 14 e R$ 23). GRÁTIS TEMPORADAS BIBI FERREIRA Parte das comemorações dos 75 anos de sua carreira, a veterana faz show em que é acompanhada de orquestra. Ela canta temas que se tornaram sucesso na voz de Frank Sinatra, como "Night And Day". Renaissance - teatro. Al. Santos, 2.233, Cerqueira César, região oeste, tel. 3069-2286. 440 lugares. Sex. (1º/4) e sáb. (2): 22h. Até 24/4. 75 min. 14 anos. Ingr.: R$ 140 (estudantes: R$ 70). Valet (R$ 30). Ingr. p/ 2122-4070 ou compreingressos.com.
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Atividade econômica do Brasil sobe 0,20% em novembro, indica BC
A atividade econômica voltou ao azul em novembro, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira (13), também revisando positivamente os dados referentes a meses anteriores, mas num movimento que ainda não aponta uma retomada do crescimento após o país passar meses mergulhado em recessão. O IBC-Br, indicador de atividade econômica do Banco Central, teve alta de 0,20% em novembro na comparação com outubro, em dado dessazonalizado. O resultado veio melhor que a retração de 0,10% no mês estimada por analistas consultados pela Reuters. Também representou o primeiro crescimento mensal desde julho, quando o índice subiu, mas de forma bem modesta, de acordo com dados revisados pelo BC nesta sexta. Na comparação com mesmo mês de 2015, o IBC-Br caiu 2,08%. No acumulado em 12 meses, o tombo foi de 4,96%, sempre em números dessazonalizados. Em outubro, o índice sofreu uma contração de 0,15%, número que foi revisado pelo BC nesta sexta-feira após ter divulgado anteriormente um recuo maior, de 0,48% para o mês. Em todo o ano de 2016, o IBC-Br ficou positivo apenas em abril, junho, julho e novembro, além de ter ficado estável em setembro, sempre na comparação com o mês anterior. Índice de atividade econômica - Série com ajuste sazonal. Comparação com o mês anterior, em % Apesar da melhoria apontada na revisão de dados pelo BC, a própria autoridade monetária indicou nesta semana que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente ao reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, a 13% ao ano, contrariando projeção dominante no mercado de um corte de 0,50 ponto na taxa básica de juros. Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, a melhoria vista nos dados pode estar ligada a revisões referentes à produção agrícola ou mesmo à área de serviços. "Mas acho que isso não muda o quadro de fechar os dois últimos trimestres do ano passado ainda com variações negativas para PIB", ressalvou ele, acrescentando que o resultado de novembro foi puxado pelas vendas no varejo em função da Black Friday, algo que não deve se repetir daqui para frente. No mês, as vendas do varejo subiram 2% sobre outubro, no melhor resultado desde meados de 2013, mas num movimento de antecipação das compras de Natal com tendência de ser apenas pontual. Por sua vez, a produção industrial voltou a subir após forte queda no mês anterior, porém muito menos do que o esperado, com alta de 0,2% sobre outubro. O setor de serviços também exibiu alta de 0,1% na mesma base de comparação após três meses de queda, mas numa performance ainda tímida para apontar recuperação consistente. De olho nos dados fracos sobre a atividade, economistas preveem, na pesquisa Focus mais recente, uma expansão de apenas 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017 na sequência de um recuo de 3,49% estimado para 2016. O IBC-Br incorpora projeções para a produção no setor de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.
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Atividade econômica do Brasil sobe 0,20% em novembro, indica BCA atividade econômica voltou ao azul em novembro, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira (13), também revisando positivamente os dados referentes a meses anteriores, mas num movimento que ainda não aponta uma retomada do crescimento após o país passar meses mergulhado em recessão. O IBC-Br, indicador de atividade econômica do Banco Central, teve alta de 0,20% em novembro na comparação com outubro, em dado dessazonalizado. O resultado veio melhor que a retração de 0,10% no mês estimada por analistas consultados pela Reuters. Também representou o primeiro crescimento mensal desde julho, quando o índice subiu, mas de forma bem modesta, de acordo com dados revisados pelo BC nesta sexta. Na comparação com mesmo mês de 2015, o IBC-Br caiu 2,08%. No acumulado em 12 meses, o tombo foi de 4,96%, sempre em números dessazonalizados. Em outubro, o índice sofreu uma contração de 0,15%, número que foi revisado pelo BC nesta sexta-feira após ter divulgado anteriormente um recuo maior, de 0,48% para o mês. Em todo o ano de 2016, o IBC-Br ficou positivo apenas em abril, junho, julho e novembro, além de ter ficado estável em setembro, sempre na comparação com o mês anterior. Índice de atividade econômica - Série com ajuste sazonal. Comparação com o mês anterior, em % Apesar da melhoria apontada na revisão de dados pelo BC, a própria autoridade monetária indicou nesta semana que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente ao reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, a 13% ao ano, contrariando projeção dominante no mercado de um corte de 0,50 ponto na taxa básica de juros. Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, a melhoria vista nos dados pode estar ligada a revisões referentes à produção agrícola ou mesmo à área de serviços. "Mas acho que isso não muda o quadro de fechar os dois últimos trimestres do ano passado ainda com variações negativas para PIB", ressalvou ele, acrescentando que o resultado de novembro foi puxado pelas vendas no varejo em função da Black Friday, algo que não deve se repetir daqui para frente. No mês, as vendas do varejo subiram 2% sobre outubro, no melhor resultado desde meados de 2013, mas num movimento de antecipação das compras de Natal com tendência de ser apenas pontual. Por sua vez, a produção industrial voltou a subir após forte queda no mês anterior, porém muito menos do que o esperado, com alta de 0,2% sobre outubro. O setor de serviços também exibiu alta de 0,1% na mesma base de comparação após três meses de queda, mas numa performance ainda tímida para apontar recuperação consistente. De olho nos dados fracos sobre a atividade, economistas preveem, na pesquisa Focus mais recente, uma expansão de apenas 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017 na sequência de um recuo de 3,49% estimado para 2016. O IBC-Br incorpora projeções para a produção no setor de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.
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Justiça solta presos da fase 'Triplo X' da Lava Jato
O juiz federal Sergio Moro, que cuida da Operação Lava Jato, determinou nesta sexta-feira (5) a soltura da publicitária Nelci Warken e do empresário Ademir Auada, presos na última fase da operação, na semana passada, batizada de "Triplo X". Ambos haviam sido presos temporariamente, mas o próprio Ministério Público Federal informou que eles estão colaborando com as investigações e, por isso, ficava desnecessária a manutenção da prisão –mesmo tendo Auada sido flagrado destruindo provas. A força-tarefa da Lava Jato apura se Warken usou a estrutura de uma empresa sediada no Panamá para ocultar patrimônio e lavar dinheiro em favor do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e da cunhada dele, Marice Correa de Lima. Já Auada figura como procurador da offshore Murray Holdings, que aparece como proprietária de um apartamento no edifício Solaris, o mesmo em que o ex-presidente Lula teria um triplex no Guarujá (SP). Eles, porém, ficam proibidos de deixarem o Brasil ou mudar de endereço sem autorização judicial, além de obrigados a comparecer a todos atos do processo. Também foi determinado que entreguem seus passaportes à Polícia Federal. "Apesar do contexto de falsificação, ocultação e destruição de provas, (...) na qual um dos investigados foi surpreendido, em cognição sumária, destruindo quantidade significativa de provas, a aparente mudança de comportamento dos investigados não autoriza juízo de que a investigação e a instrução remanescem em risco", escreveu Moro ao justificar a soltura.
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Justiça solta presos da fase 'Triplo X' da Lava JatoO juiz federal Sergio Moro, que cuida da Operação Lava Jato, determinou nesta sexta-feira (5) a soltura da publicitária Nelci Warken e do empresário Ademir Auada, presos na última fase da operação, na semana passada, batizada de "Triplo X". Ambos haviam sido presos temporariamente, mas o próprio Ministério Público Federal informou que eles estão colaborando com as investigações e, por isso, ficava desnecessária a manutenção da prisão –mesmo tendo Auada sido flagrado destruindo provas. A força-tarefa da Lava Jato apura se Warken usou a estrutura de uma empresa sediada no Panamá para ocultar patrimônio e lavar dinheiro em favor do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e da cunhada dele, Marice Correa de Lima. Já Auada figura como procurador da offshore Murray Holdings, que aparece como proprietária de um apartamento no edifício Solaris, o mesmo em que o ex-presidente Lula teria um triplex no Guarujá (SP). Eles, porém, ficam proibidos de deixarem o Brasil ou mudar de endereço sem autorização judicial, além de obrigados a comparecer a todos atos do processo. Também foi determinado que entreguem seus passaportes à Polícia Federal. "Apesar do contexto de falsificação, ocultação e destruição de provas, (...) na qual um dos investigados foi surpreendido, em cognição sumária, destruindo quantidade significativa de provas, a aparente mudança de comportamento dos investigados não autoriza juízo de que a investigação e a instrução remanescem em risco", escreveu Moro ao justificar a soltura.
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Na Venezuela, 85% da população está insatisfeita, revela pesquisa
Levantamento do centro de pesquisas americano Pew divulgado nesta quinta-feira (3), três dias antes da eleição parlamentar deste domingo (6) na Venezuela, mostra que 85% por cento dos venezuelanos estão insatisfeitos com os rumos de seu país. Desde 2013, a insatisfação subiu 28 pontos percentuais –era de 57% naquele ano, quando o atual presidente, Nicolás Maduro, tomou posse. POPULAÇÃO INSATISFEITA - Como você se sente sobre o rumo atual da Venezuela A pesquisa mostra ainda que a inflação –que, segundo projeções do FMI, deve ficar bem acima dos 100% anuais em 2015– é o maior problema do país para 92% da população, seguida por falta de oportunidades de trabalho (85%), desabastecimento (84%) e criminalidade (82%). Para 46% dos venezuelanos, a grave crise que o país atravessa é culpa das políticas econômicas do governo; outros 43% a atribuem à queda nos preços do petróleo, principal produto de exportação da Venezuela. O levantamento expõe também a grande divisão ideológica na sociedade venezuelana depois de 16 anos de chavismo –o antecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez (1954-2013), chegou ao poder no país em 1999. Atualmente, 43% dos venezuelanos acreditam que o país deve dar prosseguimento às políticas implantadas por Chávez. O percentual é de 91% quando considerados apenas os entrevistados à esquerda no espectro político e de 20% entre os de direita. Do mesmo modo, a aprovação de Maduro, de 29% no total do país, é de 77% entre os eleitores à esquerda e só 9% no eleitorado à direita. A rejeição às principais figuras da oposição na Venezuela, como o governador de Miranda, Henrique Capriles, e o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López, preso desde 2014, é grande –acima de 50% da população–, mas menor que a do presidente. Conforme o Pew, López é visto desfavoravelmente por 55% da população, e Capriles, por 56%; ambos têm aprovação de 36%. A reprovação a Maduro chega a 68%. CRISE NA VENEZUELA - Quais os grandes problemas da Venezuela hoje? INFLUÊNCIA NEGATIVA O levantamento do instituto norte-americano revela também forte desconfiança dos venezuelanos em relação às instituições do Estado. Para 68% dos entrevistados, o governo tem influenciado negativamente o rumo do país. A maioria tem a mesma opinião sobre o Judiciário (65%) e os militares (63%). A visão da mídia (TV, rádio, jornais e revistas), por sua vez, é positiva: 59% dos venezuelanos consideram boa a sua influência no país, ante 39% que a reprovam. Divulgada apenas neste mês, a pesquisa do Pew foi realizada entre abril e maio na Venezuela, onde mil participantes foram entrevistados pessoalmente. De acordo com o instituto, a amostra é nacionalmente representativa, e a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
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Na Venezuela, 85% da população está insatisfeita, revela pesquisaLevantamento do centro de pesquisas americano Pew divulgado nesta quinta-feira (3), três dias antes da eleição parlamentar deste domingo (6) na Venezuela, mostra que 85% por cento dos venezuelanos estão insatisfeitos com os rumos de seu país. Desde 2013, a insatisfação subiu 28 pontos percentuais –era de 57% naquele ano, quando o atual presidente, Nicolás Maduro, tomou posse. POPULAÇÃO INSATISFEITA - Como você se sente sobre o rumo atual da Venezuela A pesquisa mostra ainda que a inflação –que, segundo projeções do FMI, deve ficar bem acima dos 100% anuais em 2015– é o maior problema do país para 92% da população, seguida por falta de oportunidades de trabalho (85%), desabastecimento (84%) e criminalidade (82%). Para 46% dos venezuelanos, a grave crise que o país atravessa é culpa das políticas econômicas do governo; outros 43% a atribuem à queda nos preços do petróleo, principal produto de exportação da Venezuela. O levantamento expõe também a grande divisão ideológica na sociedade venezuelana depois de 16 anos de chavismo –o antecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez (1954-2013), chegou ao poder no país em 1999. Atualmente, 43% dos venezuelanos acreditam que o país deve dar prosseguimento às políticas implantadas por Chávez. O percentual é de 91% quando considerados apenas os entrevistados à esquerda no espectro político e de 20% entre os de direita. Do mesmo modo, a aprovação de Maduro, de 29% no total do país, é de 77% entre os eleitores à esquerda e só 9% no eleitorado à direita. A rejeição às principais figuras da oposição na Venezuela, como o governador de Miranda, Henrique Capriles, e o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López, preso desde 2014, é grande –acima de 50% da população–, mas menor que a do presidente. Conforme o Pew, López é visto desfavoravelmente por 55% da população, e Capriles, por 56%; ambos têm aprovação de 36%. A reprovação a Maduro chega a 68%. CRISE NA VENEZUELA - Quais os grandes problemas da Venezuela hoje? INFLUÊNCIA NEGATIVA O levantamento do instituto norte-americano revela também forte desconfiança dos venezuelanos em relação às instituições do Estado. Para 68% dos entrevistados, o governo tem influenciado negativamente o rumo do país. A maioria tem a mesma opinião sobre o Judiciário (65%) e os militares (63%). A visão da mídia (TV, rádio, jornais e revistas), por sua vez, é positiva: 59% dos venezuelanos consideram boa a sua influência no país, ante 39% que a reprovam. Divulgada apenas neste mês, a pesquisa do Pew foi realizada entre abril e maio na Venezuela, onde mil participantes foram entrevistados pessoalmente. De acordo com o instituto, a amostra é nacionalmente representativa, e a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
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O amigo oculto do presidente
BRASÍLIA - Num discurso famoso, a presidente afastada disse que atrás de toda criança existe uma figura oculta, que é o cachorro. Nos últimos dias, os brasileiros estão percebendo que atrás do presidente interino existe outra figura, nem tão oculta. É o Eduardo Cunha. Mesmo afastado da Câmara por decisão do Supremo, o correntista suíço está dando as cartas no governo de Michel Temer, seu velho aliado. Emplacou o advogado na Casa Civil. Emplacou um assessor na Secretaria de Governo. Emplacou um aliado como ministro dos Transportes. Ajudou a emplacar outro advogado como ministro da Justiça. O escolhido vai comandar a Polícia Federal, que investiga políticos suspeitos de corrupção. Alguém pensou em conflito de interesses? Agora Cunha deu a demonstração definitiva da ascendência sobre Temer. Emplacou André Moura, o mais fiel de seus escudeiros, como líder do governo na Câmara. Ele terá carta branca para negociar e dar entrevistas em nome do presidente. Investigado na Lava Jato, Moura tem um prontuário de dar inveja ao padrinho. É réu em três ações penais no Supremo, sob acusação de desviar verba. Responde a mais três inquéritos, um deles por tentativa de homicídio. Foi condenado por improbidade após torrar dinheiro público para promover um churrasco. Filiado ao nanico PSC, o deputado gosta de ser chamado de André Cunha, tamanha a intimidade com o chefe. O petista Paulo Teixeira o batizou com outro apelido: "lambe-botas". As botas de Cunha, é claro. A escolha indignou até deputados que apoiaram o impeachment. Jarbas Vasconcelos, do PMDB, definiu a nomeação como "um escárnio". Ao promover o pau-mandado, Temer se apresenta ao país como um refém de Cunha. Se ele pretende terceirizar o governo ao correntista suíço, deveria entregar logo as chaves do palácio. Questionado sobre os processos, Moura disse não ter "nada a temer". É verdade. Nós é que temos.
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O amigo oculto do presidenteBRASÍLIA - Num discurso famoso, a presidente afastada disse que atrás de toda criança existe uma figura oculta, que é o cachorro. Nos últimos dias, os brasileiros estão percebendo que atrás do presidente interino existe outra figura, nem tão oculta. É o Eduardo Cunha. Mesmo afastado da Câmara por decisão do Supremo, o correntista suíço está dando as cartas no governo de Michel Temer, seu velho aliado. Emplacou o advogado na Casa Civil. Emplacou um assessor na Secretaria de Governo. Emplacou um aliado como ministro dos Transportes. Ajudou a emplacar outro advogado como ministro da Justiça. O escolhido vai comandar a Polícia Federal, que investiga políticos suspeitos de corrupção. Alguém pensou em conflito de interesses? Agora Cunha deu a demonstração definitiva da ascendência sobre Temer. Emplacou André Moura, o mais fiel de seus escudeiros, como líder do governo na Câmara. Ele terá carta branca para negociar e dar entrevistas em nome do presidente. Investigado na Lava Jato, Moura tem um prontuário de dar inveja ao padrinho. É réu em três ações penais no Supremo, sob acusação de desviar verba. Responde a mais três inquéritos, um deles por tentativa de homicídio. Foi condenado por improbidade após torrar dinheiro público para promover um churrasco. Filiado ao nanico PSC, o deputado gosta de ser chamado de André Cunha, tamanha a intimidade com o chefe. O petista Paulo Teixeira o batizou com outro apelido: "lambe-botas". As botas de Cunha, é claro. A escolha indignou até deputados que apoiaram o impeachment. Jarbas Vasconcelos, do PMDB, definiu a nomeação como "um escárnio". Ao promover o pau-mandado, Temer se apresenta ao país como um refém de Cunha. Se ele pretende terceirizar o governo ao correntista suíço, deveria entregar logo as chaves do palácio. Questionado sobre os processos, Moura disse não ter "nada a temer". É verdade. Nós é que temos.
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Zona do euro fecha acordo para negociar 3º resgate a favor da Grécia
Após mais de 16 horas de negociação em Bruxelas nesta segunda (13), líderes da zona do euro chegaram a um acordo para iniciar as negociações de um terceiro pacote de empréstimos com duração de três anos, que permitiria à Grécia permanecer na zona do euro. Segundo documento da Comissão Europeia sobre a decisão, a necessidade de ajuda financeira do país está entre € 82 bilhões e € 86 bilhões (cerca de R$ 341 bilhões), que seriam concedidos pelo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade). Além dessa quantia, a Comissão se compromete a trabalhar pela mobilização de até € 35 bilhões via programas da União Europeia para financiar investimentos na Grécia. O documento afirma que, caso aprovado, um resgate incluiria a liberação "imediata" de € 10 bilhões para o setor bancário grego —há duas semanas, os bancos gregos estão fechados e com os saques limitados. Os ministros de Finanças da zona do euro devem se reunir nesta segunda-feira para tratar de detalhes do acordo. Para que as negociações continuem a avançar, o país deverá implementar uma série de reformas classificadas pelo jornal britânico "Financial Times" como "o programa de supervisão econômica mais intrusivo jamais estruturado na União Europeia". Parte das mudanças precisam ser aprovadas pelo parlamento grego até quarta-feira (leia mais abaixo). Caso seja aprovado pela Grécia, a negociação do acordo deve ser debatida pelo parlamento alemão, segundo o presidente da instituição, Norbert Lammert. Dentre os pontos está também um novo fundo de € 50 bilhões, que seria criado a partir da privatização de ativos gregos. Metade desse valor será utilizada para o pagamento e recapitalização dos bancos, 25% para o pagamento da dívida e 25% para investimentos. O fundo seria baseado em Atenas, e não em Luxemburgo —uma exigência inicial dos alemães à qual o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras se opôs frontalmente. Também estão previstos aumento e simplificação de impostos, reforma no sistema de pensão, relaxamento a restrições ao comércio aos domingos e "modernização" das leis de negociação e demissão coletivas. O anúncio do acordo grego impulsionou os principais mercados europeus. Às 10h45 (horário de Brasília), a Bolsa de Londres tinha alta de 0,68%, para 6.718 pontos, enquanto em Paris o índice CAC-40 tinha valorização de 1,78%, para 4.990 pontos. Em Frankfurt, o DAX subia 1,15%, para 11.446 pontos Na Ásia, o acordo sobre Grécia ajudou a impulsionar os mercados, ajudados também pelos dados de exportação da China, que surpreenderam positivamente os analistas. O índice MSCI, que reúne as ações da região Ásia-Pacífico com exceção das do Japão, teve alta de 0,88%. O índice japonês Nikkei subiu 1,57%, para 20.089 pontos. Em Xangai, a Bolsa fechou em alta de 2,41%, para 3.971 pontos. Em Seul, o índice Kospi teve valorização de 1,49%, para 2.061 pontos. LÍDERES Em entrevista coletiva, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk afirmou que "acertamos em princípio que estamos preparados para começar as negociações para levar um programa ao MEE, o que em outras palavras significa continuar o apoio à Grécia". Quando questionado se não seriam "leoninas" as condições do acordo para Atenas, o presidente francês François Hollande afirmou que o acordo foi justo e destacou a perspectiva de concessão de € 80 bilhões e "o programa de investimentos de € 35 bilhões". No dia 20 de julho, os gregos têm que pagar € 4,2 bilhões de juros para o Banco Central Europeu. "Enfrentamos dilemas e tivemos que fazer concessões difíceis para evitar a aplicação dos planos de alguns círculos ultraconservadores europeus", disse o premiê grego Alexis Tsipras ao término do Conselho Europeu, no qual foi acertado iniciar negociações para o terceiro resgate. Para chanceler alemã Angela Merkel, o acordo "está em linha com os programas que acertamos com outros países. Enda Keny [Irlanda], Passos Coelho [Portugal] e Mariano Rajoy [Espanha] falaram muito de seus programas e que este não era nada especial, com exceção dos valores que envolve", acrescentou. Merkel afirmou que vai recomendar "com total convicção" ao parlamento de seu país que autorize as negociações assim que a Grécia aprovar o pacote e promulgar as leis iniciais. Grécia Até esta quarta-feira (15) Simplificação do IVA (Imposto Sobre o Valor Agregado) —o imposto sobre o consumo—, e ampliação da base fiscal para aumentar a receita do governo. Adoção de medidas que tornem o sistema de aposentadoria e pensões sustentável a longo prazo. Garantia de total independência da Autoridade Helênica de Estatísticas. Implementação completa do Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governança na União Econômica e Europeia. Ele foi assinado, em 2012 pelos chefes de Estado do grupo, com exceção do Reino Unido e da República Tcheca. O acordo ressalta a necessidade de tornar o conselho fiscal operante e introduzir cortes de gastos "quase automáticos" no caso de afastamento da meta de economia para pagamento de juros da dívida. Até o dia 22 A adoção de um código de procedimento civil, com o objetivo de acelerar processos judiciais e cortar custos. A aplicação da diretiva relativa à recuperação e resolução de bancos (DRRB), disposição aprovada pelo Parlamento Europeu que prevê formas de recuperar bancos com problemas.
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Zona do euro fecha acordo para negociar 3º resgate a favor da GréciaApós mais de 16 horas de negociação em Bruxelas nesta segunda (13), líderes da zona do euro chegaram a um acordo para iniciar as negociações de um terceiro pacote de empréstimos com duração de três anos, que permitiria à Grécia permanecer na zona do euro. Segundo documento da Comissão Europeia sobre a decisão, a necessidade de ajuda financeira do país está entre € 82 bilhões e € 86 bilhões (cerca de R$ 341 bilhões), que seriam concedidos pelo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade). Além dessa quantia, a Comissão se compromete a trabalhar pela mobilização de até € 35 bilhões via programas da União Europeia para financiar investimentos na Grécia. O documento afirma que, caso aprovado, um resgate incluiria a liberação "imediata" de € 10 bilhões para o setor bancário grego —há duas semanas, os bancos gregos estão fechados e com os saques limitados. Os ministros de Finanças da zona do euro devem se reunir nesta segunda-feira para tratar de detalhes do acordo. Para que as negociações continuem a avançar, o país deverá implementar uma série de reformas classificadas pelo jornal britânico "Financial Times" como "o programa de supervisão econômica mais intrusivo jamais estruturado na União Europeia". Parte das mudanças precisam ser aprovadas pelo parlamento grego até quarta-feira (leia mais abaixo). Caso seja aprovado pela Grécia, a negociação do acordo deve ser debatida pelo parlamento alemão, segundo o presidente da instituição, Norbert Lammert. Dentre os pontos está também um novo fundo de € 50 bilhões, que seria criado a partir da privatização de ativos gregos. Metade desse valor será utilizada para o pagamento e recapitalização dos bancos, 25% para o pagamento da dívida e 25% para investimentos. O fundo seria baseado em Atenas, e não em Luxemburgo —uma exigência inicial dos alemães à qual o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras se opôs frontalmente. Também estão previstos aumento e simplificação de impostos, reforma no sistema de pensão, relaxamento a restrições ao comércio aos domingos e "modernização" das leis de negociação e demissão coletivas. O anúncio do acordo grego impulsionou os principais mercados europeus. Às 10h45 (horário de Brasília), a Bolsa de Londres tinha alta de 0,68%, para 6.718 pontos, enquanto em Paris o índice CAC-40 tinha valorização de 1,78%, para 4.990 pontos. Em Frankfurt, o DAX subia 1,15%, para 11.446 pontos Na Ásia, o acordo sobre Grécia ajudou a impulsionar os mercados, ajudados também pelos dados de exportação da China, que surpreenderam positivamente os analistas. O índice MSCI, que reúne as ações da região Ásia-Pacífico com exceção das do Japão, teve alta de 0,88%. O índice japonês Nikkei subiu 1,57%, para 20.089 pontos. Em Xangai, a Bolsa fechou em alta de 2,41%, para 3.971 pontos. Em Seul, o índice Kospi teve valorização de 1,49%, para 2.061 pontos. LÍDERES Em entrevista coletiva, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk afirmou que "acertamos em princípio que estamos preparados para começar as negociações para levar um programa ao MEE, o que em outras palavras significa continuar o apoio à Grécia". Quando questionado se não seriam "leoninas" as condições do acordo para Atenas, o presidente francês François Hollande afirmou que o acordo foi justo e destacou a perspectiva de concessão de € 80 bilhões e "o programa de investimentos de € 35 bilhões". No dia 20 de julho, os gregos têm que pagar € 4,2 bilhões de juros para o Banco Central Europeu. "Enfrentamos dilemas e tivemos que fazer concessões difíceis para evitar a aplicação dos planos de alguns círculos ultraconservadores europeus", disse o premiê grego Alexis Tsipras ao término do Conselho Europeu, no qual foi acertado iniciar negociações para o terceiro resgate. Para chanceler alemã Angela Merkel, o acordo "está em linha com os programas que acertamos com outros países. Enda Keny [Irlanda], Passos Coelho [Portugal] e Mariano Rajoy [Espanha] falaram muito de seus programas e que este não era nada especial, com exceção dos valores que envolve", acrescentou. Merkel afirmou que vai recomendar "com total convicção" ao parlamento de seu país que autorize as negociações assim que a Grécia aprovar o pacote e promulgar as leis iniciais. Grécia Até esta quarta-feira (15) Simplificação do IVA (Imposto Sobre o Valor Agregado) —o imposto sobre o consumo—, e ampliação da base fiscal para aumentar a receita do governo. Adoção de medidas que tornem o sistema de aposentadoria e pensões sustentável a longo prazo. Garantia de total independência da Autoridade Helênica de Estatísticas. Implementação completa do Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governança na União Econômica e Europeia. Ele foi assinado, em 2012 pelos chefes de Estado do grupo, com exceção do Reino Unido e da República Tcheca. O acordo ressalta a necessidade de tornar o conselho fiscal operante e introduzir cortes de gastos "quase automáticos" no caso de afastamento da meta de economia para pagamento de juros da dívida. Até o dia 22 A adoção de um código de procedimento civil, com o objetivo de acelerar processos judiciais e cortar custos. A aplicação da diretiva relativa à recuperação e resolução de bancos (DRRB), disposição aprovada pelo Parlamento Europeu que prevê formas de recuperar bancos com problemas.
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Reforma da Previdência acabará com 85/95 e fator nas aposentadorias
O fator previdenciário e a regra 85/95, que são as atuais fórmulas de cálculo para as aposentadorias por tempo de contribuição, deixarão de existir se a reforma da Previdência for aprovada. Os benefícios concedidos após a reforma serão equivalentes a 51% da média salarial do segurado, acrescidos de 1% para cada ano de recolhimentos ao INSS. O presidente Michel Temer confirmou na terça (6) o envio da proposta à Câmara. A idade mínima será de 65 anos e o tempo de contribuição exigido, de 25 anos. As alterações acabarão com o atual benefício por tempo de contribuição, que não requer idade mínima e tem o período de recolhimentos de 35 anos (homem) e 30 anos (mulher). Também deixará de existir a atual aposentadoria por idade, concedida a segurados do INSS que completam 15 anos de contribuição e atingem os 60 ou 65 anos de vida, para mulheres e homens, respectivamente. Escapará de quaisquer mudanças quem, no momento da aprovação da reforma, já tiver os requisitos para se aposentar pelas regras atuais. Nada mudará para quem já é aposentado. Homens a partir dos 50 anos de idade e mulheres com 45 anos ou mais não terão a idade mínima, mas, em vez disso, entrarão na regra de transição, que exigirá mais tempo de contribuição. Nesses casos, além do tempo mínimo de contribuição exigido hoje, será preciso ter mais 50% do que falta para se aposentar quando as novas regras passarem a valer. Até os segurados da transição terão o benefício calculado pelas novas regras. - Tempo de contribuição exigido >>O segurado terá de cumprir um pedágio, que é um tempo extra de contribuição >>O pedágio deverá ser de 50% sobre o tempo que falta para se aposentar considerando as regras atuais Quanto segurados terão de trabalhar a mais - Para homens com mais de 50 anos Cálculo das aposentadorias Fim do fator previdenciário >>O fator previdenciário deverá deixar de existir >>A fórmula 85/95, que dá benefício integral, também deve acabar >>Valerá apenas a nova fórmula de cálculo que será proposta pelo governo Tempo mínimo Para se aposentar, o governo irá exigir dos trabalhadores pelo menos 25 anos de contribuição ao INSS Cálculo de todas as aposentadorias deverá mudar >>O redutor deverá ser de 51% sobre a média salarial mais 1% por ano de contribuição >>Como o tempo mínimo será de 25 anos, todo segurado deverá ganhar um benefício de, no mínimo, 76% sobre a média salarial Para todos os benefícios A mesma regra deverá valer para quem se aposentar com a idade mínima EXEMPLO >>Um homem com 55 anos de idade e 33 anos de contribuição ao INSS e média salarial de R$ 3.000 >>Pelas regras atuais, ele teria que trabalhar por dois anos, para chegar aos 35 anos de contribuição >>Com o pedágio, ele terá de trabalhar mais três anos para se aposentar >>Esse segurado só conseguirá se aposentar com 36 anos de pagamentos ao INSS Como será calculada a aposentadoria R$ 3.000 (média salarial) x 87% (36 anos de contribuição e 51% do novo cálculo do governo) = R$ 2.610 (valor final da aposentadoria) QUEM AINDA TERÁ O FATOR E A FÓRMULA 85/95 Todos os trabalhadores que completarem as condições para se aposentar com essas regras até a reforma ser totalmente aprovada, o que deve ocorrer até julho 1. Com o fator previdenciário Todos os trabalhadores que tiverem pelo menos 35 anos de contribuição (homens) e 30 anos (mulheres) 2. Com a fórmula 85/95 Garantirá a aposentadoria integral quem tiver, até a aprovação da reforma: Tempo mínimo de contribuição ao INSS: 30 (mulheres) e 35 (homens) A soma da idade e do tempo de contribuição ao INSS precisa ser de: 85 pontos (mulheres) e 95 pontos (homens)
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Reforma da Previdência acabará com 85/95 e fator nas aposentadoriasO fator previdenciário e a regra 85/95, que são as atuais fórmulas de cálculo para as aposentadorias por tempo de contribuição, deixarão de existir se a reforma da Previdência for aprovada. Os benefícios concedidos após a reforma serão equivalentes a 51% da média salarial do segurado, acrescidos de 1% para cada ano de recolhimentos ao INSS. O presidente Michel Temer confirmou na terça (6) o envio da proposta à Câmara. A idade mínima será de 65 anos e o tempo de contribuição exigido, de 25 anos. As alterações acabarão com o atual benefício por tempo de contribuição, que não requer idade mínima e tem o período de recolhimentos de 35 anos (homem) e 30 anos (mulher). Também deixará de existir a atual aposentadoria por idade, concedida a segurados do INSS que completam 15 anos de contribuição e atingem os 60 ou 65 anos de vida, para mulheres e homens, respectivamente. Escapará de quaisquer mudanças quem, no momento da aprovação da reforma, já tiver os requisitos para se aposentar pelas regras atuais. Nada mudará para quem já é aposentado. Homens a partir dos 50 anos de idade e mulheres com 45 anos ou mais não terão a idade mínima, mas, em vez disso, entrarão na regra de transição, que exigirá mais tempo de contribuição. Nesses casos, além do tempo mínimo de contribuição exigido hoje, será preciso ter mais 50% do que falta para se aposentar quando as novas regras passarem a valer. Até os segurados da transição terão o benefício calculado pelas novas regras. - Tempo de contribuição exigido >>O segurado terá de cumprir um pedágio, que é um tempo extra de contribuição >>O pedágio deverá ser de 50% sobre o tempo que falta para se aposentar considerando as regras atuais Quanto segurados terão de trabalhar a mais - Para homens com mais de 50 anos Cálculo das aposentadorias Fim do fator previdenciário >>O fator previdenciário deverá deixar de existir >>A fórmula 85/95, que dá benefício integral, também deve acabar >>Valerá apenas a nova fórmula de cálculo que será proposta pelo governo Tempo mínimo Para se aposentar, o governo irá exigir dos trabalhadores pelo menos 25 anos de contribuição ao INSS Cálculo de todas as aposentadorias deverá mudar >>O redutor deverá ser de 51% sobre a média salarial mais 1% por ano de contribuição >>Como o tempo mínimo será de 25 anos, todo segurado deverá ganhar um benefício de, no mínimo, 76% sobre a média salarial Para todos os benefícios A mesma regra deverá valer para quem se aposentar com a idade mínima EXEMPLO >>Um homem com 55 anos de idade e 33 anos de contribuição ao INSS e média salarial de R$ 3.000 >>Pelas regras atuais, ele teria que trabalhar por dois anos, para chegar aos 35 anos de contribuição >>Com o pedágio, ele terá de trabalhar mais três anos para se aposentar >>Esse segurado só conseguirá se aposentar com 36 anos de pagamentos ao INSS Como será calculada a aposentadoria R$ 3.000 (média salarial) x 87% (36 anos de contribuição e 51% do novo cálculo do governo) = R$ 2.610 (valor final da aposentadoria) QUEM AINDA TERÁ O FATOR E A FÓRMULA 85/95 Todos os trabalhadores que completarem as condições para se aposentar com essas regras até a reforma ser totalmente aprovada, o que deve ocorrer até julho 1. Com o fator previdenciário Todos os trabalhadores que tiverem pelo menos 35 anos de contribuição (homens) e 30 anos (mulheres) 2. Com a fórmula 85/95 Garantirá a aposentadoria integral quem tiver, até a aprovação da reforma: Tempo mínimo de contribuição ao INSS: 30 (mulheres) e 35 (homens) A soma da idade e do tempo de contribuição ao INSS precisa ser de: 85 pontos (mulheres) e 95 pontos (homens)
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Tiroteio nos EUA mata três policiais; ex-'marine' é identificado como autor
Três policiais foram mortos e ao menos outros três feridos no domingo (17), em Baton Rouge (Louisiana). A 12 km da cena, um ambulante que vendia CDs foi baleado por um agente branco, 12 dias atrás. A polícia identificou o estudante Gavin Eugene Long, 29, como autor dos disparos que mataram os policiais —um deles negro, assim como Long, segundo agências de notícias. Morto no confronto, ele vestia máscara e roupa pretas. Não estava claro, até o início da noite deste domingo, o que o motivou a alvejar os policiais —ideologia ou crime comum. A notícia do tiroteio bastou para acelerar a escalada de tensão racial no país, num mês de morte dos dois lados e embates violentos entre polícia e ativistas. Long atuou nos Fuzileiros Navais (os "marines") entre 2005 e 2010 e foi enviado ao Iraque por cerca de seis meses. Outro ex-veterano do Exército, que se dizia "aborrecido" com a morte de negros, executou cinco policiais no Texas, no início do mês. À época, o presidente Barack Obama afirmou que o país "não está tão dividido quanto alguns sugerem". O presidente, que em quase oito anos na Casa Branca deu ao menos 16 declarações após chacinas com armas de fogo, desta vez frisou que pela segunda vez em duas semanas agentes da lei foram assassinados de forma "covarde e repreensível". "Podemos não saber as razões deste ataque, mas quero deixar claro: não há justificativa para violência contra as forças de segurança. Nenhuma." O ataque aconteceu próximo a um estabelecimento onde policiais costumam comprar café, numa via pública com postos de gasolina e lojas de desconto. A região é descrita como ponto de tráfico. O site Broadcastify, que grava áudios de chamadas policiais, registrou o alerta de um policial: "Uma senhora veio aqui e disse que viu um sujeito de casaco e rifle atrás da loja". Em seguida, um segundo agente reporta que um deles fora baleado. "Não houve papo, só bala", disse depois um porta-voz da corporação. Vídeo enviado à WAFB, uma TV local, mostra a voz de uma mulher (não se sabe se a mesma) contando que viu "um mascarado que parecia um ninja". Os dois virtuais candidatos à Casa Branca reagiram ao ataque. O republicano Donald Trump, que depois do Texas acusou o grupo Black Lives Matter (vidas negras importam) de "dividir a América", continuou com a tese de "A" contra "B". "Estamos tentando combater o Estado Islâmico, e nosso próprio povo está matando nossa polícia. O país está dividido e fora de controle", tuitou. A democrata Hillary Clinton pregou a união. "Não devemos ser indiferentes uns aos outros. Devemos nos juntar para rejeitar a violência e fortalecer nossas comunidades." BATON ROUGE Com 230 mil residentes (55% negros), Baton Rouge vive sob tensão desde a morte do camelô Alton Sterling. Na semana passada, a polícia anunciou a prisão de três suspeitos de planejar a morte de agentes. Um deles tinha 13 anos. Dois dias antes, DeRay Mckesson, porta-voz do Black Lives Matter, foi detido num protesto em que a polícia, segundo ele, "estava provocando" o público, com armas à mostra. Ao "New York Times", neste domingo (17), ele disse que "o movimento começou como um chamado contra a violência, e esse chamado continua". Professor da Universidade de Louisiana, Christopher Tyson descreveu em editorial do jornal um conto de duas cidades. Tem a parte onde ele vive, ao sul, onde seu pai "abriu um escritório antes de virar juiz". E tem a que Sterling vivia, no norte, "uma coleção antiga de estruturas negligenciadas". "Há uma linha cortando Baton Rouge. É uma linha de cor, de classe. Uma linha pela qual você pode medir qual vida importa mais." "Se este não for um momento definitivo para nós, para construir pontes e sair com uma voz unificada, então não sei o que seria", afirmou o prefeito da cidade, Kip Holden, que é negro. Segundo o "Washington Post", 30 policiais já foram mortos em serviço em 2016, quase o dobro dos 16 assassinados no mesmo período de 2015. No ano passado, agentes mataram ao menos 258 negros. Neste ano, até aqui, foram 129.
mundo
Tiroteio nos EUA mata três policiais; ex-'marine' é identificado como autorTrês policiais foram mortos e ao menos outros três feridos no domingo (17), em Baton Rouge (Louisiana). A 12 km da cena, um ambulante que vendia CDs foi baleado por um agente branco, 12 dias atrás. A polícia identificou o estudante Gavin Eugene Long, 29, como autor dos disparos que mataram os policiais —um deles negro, assim como Long, segundo agências de notícias. Morto no confronto, ele vestia máscara e roupa pretas. Não estava claro, até o início da noite deste domingo, o que o motivou a alvejar os policiais —ideologia ou crime comum. A notícia do tiroteio bastou para acelerar a escalada de tensão racial no país, num mês de morte dos dois lados e embates violentos entre polícia e ativistas. Long atuou nos Fuzileiros Navais (os "marines") entre 2005 e 2010 e foi enviado ao Iraque por cerca de seis meses. Outro ex-veterano do Exército, que se dizia "aborrecido" com a morte de negros, executou cinco policiais no Texas, no início do mês. À época, o presidente Barack Obama afirmou que o país "não está tão dividido quanto alguns sugerem". O presidente, que em quase oito anos na Casa Branca deu ao menos 16 declarações após chacinas com armas de fogo, desta vez frisou que pela segunda vez em duas semanas agentes da lei foram assassinados de forma "covarde e repreensível". "Podemos não saber as razões deste ataque, mas quero deixar claro: não há justificativa para violência contra as forças de segurança. Nenhuma." O ataque aconteceu próximo a um estabelecimento onde policiais costumam comprar café, numa via pública com postos de gasolina e lojas de desconto. A região é descrita como ponto de tráfico. O site Broadcastify, que grava áudios de chamadas policiais, registrou o alerta de um policial: "Uma senhora veio aqui e disse que viu um sujeito de casaco e rifle atrás da loja". Em seguida, um segundo agente reporta que um deles fora baleado. "Não houve papo, só bala", disse depois um porta-voz da corporação. Vídeo enviado à WAFB, uma TV local, mostra a voz de uma mulher (não se sabe se a mesma) contando que viu "um mascarado que parecia um ninja". Os dois virtuais candidatos à Casa Branca reagiram ao ataque. O republicano Donald Trump, que depois do Texas acusou o grupo Black Lives Matter (vidas negras importam) de "dividir a América", continuou com a tese de "A" contra "B". "Estamos tentando combater o Estado Islâmico, e nosso próprio povo está matando nossa polícia. O país está dividido e fora de controle", tuitou. A democrata Hillary Clinton pregou a união. "Não devemos ser indiferentes uns aos outros. Devemos nos juntar para rejeitar a violência e fortalecer nossas comunidades." BATON ROUGE Com 230 mil residentes (55% negros), Baton Rouge vive sob tensão desde a morte do camelô Alton Sterling. Na semana passada, a polícia anunciou a prisão de três suspeitos de planejar a morte de agentes. Um deles tinha 13 anos. Dois dias antes, DeRay Mckesson, porta-voz do Black Lives Matter, foi detido num protesto em que a polícia, segundo ele, "estava provocando" o público, com armas à mostra. Ao "New York Times", neste domingo (17), ele disse que "o movimento começou como um chamado contra a violência, e esse chamado continua". Professor da Universidade de Louisiana, Christopher Tyson descreveu em editorial do jornal um conto de duas cidades. Tem a parte onde ele vive, ao sul, onde seu pai "abriu um escritório antes de virar juiz". E tem a que Sterling vivia, no norte, "uma coleção antiga de estruturas negligenciadas". "Há uma linha cortando Baton Rouge. É uma linha de cor, de classe. Uma linha pela qual você pode medir qual vida importa mais." "Se este não for um momento definitivo para nós, para construir pontes e sair com uma voz unificada, então não sei o que seria", afirmou o prefeito da cidade, Kip Holden, que é negro. Segundo o "Washington Post", 30 policiais já foram mortos em serviço em 2016, quase o dobro dos 16 assassinados no mesmo período de 2015. No ano passado, agentes mataram ao menos 258 negros. Neste ano, até aqui, foram 129.
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Palocci retoma participação em reuniões políticas
O ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci foi reabilitado nas discussões mais amplas promovidas pelo Instituto Lula em busca de uma solução para a atual crise política. Nos últimos quinze dias, Palocci participou de ao menos três encontros a convite de Lula. Ele é apontado como uma ponte informal do governo com a classe média e o empresariado. Nesta segunda (30), Lula reuniu petistas e diretores de seu instituto para uma conversa com o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Palocci era um dos convidados. O ex-ministro é um defensor do ajuste fiscal, que ainda enfrenta resistência em diversos setores do PT. Na última quinta (26), Palocci e Lula estiveram com Nilson Teixeira, economista chefe do Credit-Suisse, em São Paulo, com a participação do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), entre outros petistas, para tratar do cenário econômico.
poder
Palocci retoma participação em reuniões políticasO ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci foi reabilitado nas discussões mais amplas promovidas pelo Instituto Lula em busca de uma solução para a atual crise política. Nos últimos quinze dias, Palocci participou de ao menos três encontros a convite de Lula. Ele é apontado como uma ponte informal do governo com a classe média e o empresariado. Nesta segunda (30), Lula reuniu petistas e diretores de seu instituto para uma conversa com o novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Palocci era um dos convidados. O ex-ministro é um defensor do ajuste fiscal, que ainda enfrenta resistência em diversos setores do PT. Na última quinta (26), Palocci e Lula estiveram com Nilson Teixeira, economista chefe do Credit-Suisse, em São Paulo, com a participação do prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), entre outros petistas, para tratar do cenário econômico.
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Juiz Sergio Moro faz campanha em vídeo para doação de medula
O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, gravou um vídeo para ajudar a campanha "Doação de Medula - Vamos Lutar pelo Henrique Gravatá". A ideia é estimular as pessoas a entrarem no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). A iniciativa partiu de uma comunidade criada na internet para ajudar o jovem Henrique, de 11 anos. Ele foi recebeu um diagnóstico de leucemia e precisa urgentemente de um transplante de medula óssea. No video, Moro alterna falas com a mulher, Rosângela. "Essa é para o Henrique de Gravatã", começa o magistrado. "Aqui é o juiz Sergio Moro. Muito trabalho por aqui. Você nem pode imaginar. Mas hoje tirei um tempinho para me cadastrar como doador de medula. Isso pode salvar uma vida. Quem salva uma vida pode salvar a si mesmo." A mulher dele segue: "E você que está assistindo a esse vídeo, uma vida pode estar em suas mãos. Tudo o que você precisa fazer é se dirigir a um hemobanco. Faça a sua parte". Moro então finaliza: "E acima de tudo, força, Henrique. Estamos torcendo por você". O vídeo está sendo divulgado pelo Whatsapp.
colunas
Juiz Sergio Moro faz campanha em vídeo para doação de medulaO juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, gravou um vídeo para ajudar a campanha "Doação de Medula - Vamos Lutar pelo Henrique Gravatá". A ideia é estimular as pessoas a entrarem no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). A iniciativa partiu de uma comunidade criada na internet para ajudar o jovem Henrique, de 11 anos. Ele foi recebeu um diagnóstico de leucemia e precisa urgentemente de um transplante de medula óssea. No video, Moro alterna falas com a mulher, Rosângela. "Essa é para o Henrique de Gravatã", começa o magistrado. "Aqui é o juiz Sergio Moro. Muito trabalho por aqui. Você nem pode imaginar. Mas hoje tirei um tempinho para me cadastrar como doador de medula. Isso pode salvar uma vida. Quem salva uma vida pode salvar a si mesmo." A mulher dele segue: "E você que está assistindo a esse vídeo, uma vida pode estar em suas mãos. Tudo o que você precisa fazer é se dirigir a um hemobanco. Faça a sua parte". Moro então finaliza: "E acima de tudo, força, Henrique. Estamos torcendo por você". O vídeo está sendo divulgado pelo Whatsapp.
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A multa de uma locadora de DVD que deu origem à Netflix
O americano Reed Hastings mal tinha acabado de vender sua primeira empresa de tecnologia, em 1997, quando teve a ideia de criar uma nova companhia. O estopim: ter de pagar à rede de locadoras Blockbuster uma multa de US$ 40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme "Apollo 13". Hastings havia recebido US$ 750 milhões pela venda da Pure Software, que criava produtos para solucionar problemas de softwares, e se juntou ao sócio Mark Randolph na empreitada. A empresa fundada por eles seria a Netlfix, que se tornaria uma das gigantes do mundo do entretenimento. Mas não foi algo fácil. A ideia inicial era bem diferente do serviço que conhecemos hoje. Consistia no aluguel de filmes pelo correio mediante o pagamento de uma taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O objetivo era justamente evitar o problema corriqueiro à época, do qual Hastings foi "vítima": ter pagar uma multa ao esquecer de devolver um filme a uma locadora. Mas apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. O preço das ações na Bolsa eram baixos, o que forçou os proprietários a tentar vender 95% da companhia para a própria Blockbuster em 2000 - a proposta era agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da então gigante das locadoras. Não foi aceita. DO DVD AO STREAMING A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix fez uma mudança importante no tipo de serviço que prestava: saiu o aluguel de DVDs pelo correio, entrou o streaming digital de filmes e outros conteúdos audiovisuais. Nessa época, a empresa tinha 4,5 milhões de usuários. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso: alcançou 16 milhões de clientes em 2010 e disparou em direção dos 81 milhões nos dias atuais, 47 milhões só nos EUA - um dos 190 países cobertos pela ferramenta. Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da América do Norte, em setembro de 2011 - apesar de não comentar sobre países específicos, Hastings disse em 2015 que o Brasil é o "foguete" da empresa. O crescimento trouxe também um novo braço para a empresa —a produção de conteúdo original. Preocupados com a concorrência de outros serviços de streaming como o Hulu ou a própria Amazon, os diretores da empresa - Hastings e o responsável pelo conteúdo, Ted Sarandos - decidiram, em 2013, lançar a primeira série original: House of Cards . O sucesso foi imediato e arrebatador: com Kevin Spacey como protagonista e David Fincher na direção, a série conquistou três Emmys, o principal prêmio da televisão nos EUA. Além do prêmio, a empresa também registrou outra conquista: naquele ano, o preço das ações da Netflix ficaram 9.925% acima do preço de sua estreia na Bolsa. De lá para cá, já foram lançadas várias outras séries originais de sucesso - é difícil que algum amante desse tipo de entretenimento nunca tenha ouvido falar, por exemplo, de Orange is the New Black , Narcos e Stranger Things . CAMINHOS MISTERIOSOS Segundo a revista Forbes , atualmente, o patrimônio do fundador, Reed Hastings é avaliado em US$ 1,5 bilhão, a maioria relacionado a ações da Netflix. O sucesso de público, no entanto, é difícil de medir: ao contrário dos canais de televisão, a empresa não divulga os dados de audiência. Hoje, a empresa trabalha com o tripé tecnologia, marketing e conteúdo. E esse último cresceu tanto que parte da infraestrutura foi transferida do Vale do Silício para Hollywood, onde a empresa deve expandir sua atuação - e suas instalações - em 2017. Atento ao crescimento de sua cria - e de seus concorrentes - Hastings leva a sério a precisão dos algoritmos que oferecem conteúdo aos usuários da Netflix para fazer com que eles continuem assistindo. Mas admite não saber exatamente quais caminhos a empresa deve seguir no futuro. "Nós não sabemos ao certo. Não é a Netflix que está fazendo as mudanças, é a internet. Todos os anos a gente descobre como usar a internet para melhorar a experiência do consumidor. Todo ano é um novo experimento", disse ele em janeiro à revista Venture Beat . Para o empresário, a tecnologia é um "veículo para criar uma experiência melhor e mais moderna para o conteúdo da empresa". "Nós estamos competindo, de forma geral, pelo tempo das pessoas", declarou ele à Bloomberg . Além de ser fundador e CEO do Netflix, Hastings também atua hoje nos conselhos diretores do Facebook e da Microsoft. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Além de ter contribuído para mudar a forma como as pessoas acessam o conteúdo audiovisual e veem televisão, Hastings tem outro interesse: a educação. Filho de um advogado que chegou a trabalhar no governo de Richard Nixon, ele se formou em matemática no Bowdoin College, em 1983, e fez um mestrado em inteligência artificial na renomada Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Logo depois de se formar, decidiu se unir ao Corpo da Paz e se tornou professor de matemática na Suazilândia entre 1983 e 1985. De lá para cá, vem apoiando diversos projetos de educação, se tornou um filantropo da área, além de um incentivador e apoiador das chamadas charter schools - modelo de escola pública com gestão privada. Em 1998, financiou uma campanha para mudar a legislação da Califórnia justamente para diminuir as restrições a esse tipo de instituição. Ele chegou a ser presidente do Departamento de Educação do Estado entre 2001 e 2004, defendendo a reforma escolar. Atualmente, faz parte da comissão educacional de várias instituições, como CCSA, DreamBox e outras. Em 2012, Hastings e a mulher, Patty Quillen, prometeram doar a maior parte da herança deles à caridade. Os dois vivem com os dois filhos adolescentes em Santa Cruz, na Califórnia. Um ano depois, ele investiu US$ 14 milhões em um projeto chamado DreamBox Learning, um programa online para o aprendizado de matemática para estudantes do ensino fundamental e médio. No início de 2016, anunciou a criação de um fundo filantrópico de educação, o Hastings Fund, com um investimento inicial de US$ 100 milhões (R$ 327 mi). "Muitas crianças não tem acesso a escolas brilhantes. Nosso objetivo é fazer parcerias com comunidades para aumentar significativamente o número de estudantes com acesso a experiências de educação holísticas e ricas", diz a apresentação do fundo. A ideia de investir em educação surgiu no período em que ele passou lecionando na Suazilândia. "Muitos dos alunos tinham uma preparação desigual. Muitos estavam comprometidos com a educação, mas a pobreza tornava tudo mais difícil. É preciso se conectar com as crianças", disse Hastings ao portal Education Next. Para ele, a tecnologia é aliada do aprendizado, e pode personalizar o processo da educação. "A tecnologia é global. Precisamos que todas as crianças tenham uma boa educação em todo lugar, no México, Nigéria, ou no Paquistão".
mercado
A multa de uma locadora de DVD que deu origem à NetflixO americano Reed Hastings mal tinha acabado de vender sua primeira empresa de tecnologia, em 1997, quando teve a ideia de criar uma nova companhia. O estopim: ter de pagar à rede de locadoras Blockbuster uma multa de US$ 40 por ter devolvido com atraso um DVD do filme "Apollo 13". Hastings havia recebido US$ 750 milhões pela venda da Pure Software, que criava produtos para solucionar problemas de softwares, e se juntou ao sócio Mark Randolph na empreitada. A empresa fundada por eles seria a Netlfix, que se tornaria uma das gigantes do mundo do entretenimento. Mas não foi algo fácil. A ideia inicial era bem diferente do serviço que conhecemos hoje. Consistia no aluguel de filmes pelo correio mediante o pagamento de uma taxa fixa, sem cobrança de multas ou data fixa para entrega. O objetivo era justamente evitar o problema corriqueiro à época, do qual Hastings foi "vítima": ter pagar uma multa ao esquecer de devolver um filme a uma locadora. Mas apesar de considerada inovadora para a época, a empresa inicialmente não decolou. O preço das ações na Bolsa eram baixos, o que forçou os proprietários a tentar vender 95% da companhia para a própria Blockbuster em 2000 - a proposta era agir como um serviço de entrega de DVDs pelo correio da então gigante das locadoras. Não foi aceita. DO DVD AO STREAMING A sorte mudou apenas em 2005, quando a Netflix fez uma mudança importante no tipo de serviço que prestava: saiu o aluguel de DVDs pelo correio, entrou o streaming digital de filmes e outros conteúdos audiovisuais. Nessa época, a empresa tinha 4,5 milhões de usuários. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso: alcançou 16 milhões de clientes em 2010 e disparou em direção dos 81 milhões nos dias atuais, 47 milhões só nos EUA - um dos 190 países cobertos pela ferramenta. Brasil e América Latina foram palco da estreia do serviço fora da América do Norte, em setembro de 2011 - apesar de não comentar sobre países específicos, Hastings disse em 2015 que o Brasil é o "foguete" da empresa. O crescimento trouxe também um novo braço para a empresa —a produção de conteúdo original. Preocupados com a concorrência de outros serviços de streaming como o Hulu ou a própria Amazon, os diretores da empresa - Hastings e o responsável pelo conteúdo, Ted Sarandos - decidiram, em 2013, lançar a primeira série original: House of Cards . O sucesso foi imediato e arrebatador: com Kevin Spacey como protagonista e David Fincher na direção, a série conquistou três Emmys, o principal prêmio da televisão nos EUA. Além do prêmio, a empresa também registrou outra conquista: naquele ano, o preço das ações da Netflix ficaram 9.925% acima do preço de sua estreia na Bolsa. De lá para cá, já foram lançadas várias outras séries originais de sucesso - é difícil que algum amante desse tipo de entretenimento nunca tenha ouvido falar, por exemplo, de Orange is the New Black , Narcos e Stranger Things . CAMINHOS MISTERIOSOS Segundo a revista Forbes , atualmente, o patrimônio do fundador, Reed Hastings é avaliado em US$ 1,5 bilhão, a maioria relacionado a ações da Netflix. O sucesso de público, no entanto, é difícil de medir: ao contrário dos canais de televisão, a empresa não divulga os dados de audiência. Hoje, a empresa trabalha com o tripé tecnologia, marketing e conteúdo. E esse último cresceu tanto que parte da infraestrutura foi transferida do Vale do Silício para Hollywood, onde a empresa deve expandir sua atuação - e suas instalações - em 2017. Atento ao crescimento de sua cria - e de seus concorrentes - Hastings leva a sério a precisão dos algoritmos que oferecem conteúdo aos usuários da Netflix para fazer com que eles continuem assistindo. Mas admite não saber exatamente quais caminhos a empresa deve seguir no futuro. "Nós não sabemos ao certo. Não é a Netflix que está fazendo as mudanças, é a internet. Todos os anos a gente descobre como usar a internet para melhorar a experiência do consumidor. Todo ano é um novo experimento", disse ele em janeiro à revista Venture Beat . Para o empresário, a tecnologia é um "veículo para criar uma experiência melhor e mais moderna para o conteúdo da empresa". "Nós estamos competindo, de forma geral, pelo tempo das pessoas", declarou ele à Bloomberg . Além de ser fundador e CEO do Netflix, Hastings também atua hoje nos conselhos diretores do Facebook e da Microsoft. EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Além de ter contribuído para mudar a forma como as pessoas acessam o conteúdo audiovisual e veem televisão, Hastings tem outro interesse: a educação. Filho de um advogado que chegou a trabalhar no governo de Richard Nixon, ele se formou em matemática no Bowdoin College, em 1983, e fez um mestrado em inteligência artificial na renomada Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Logo depois de se formar, decidiu se unir ao Corpo da Paz e se tornou professor de matemática na Suazilândia entre 1983 e 1985. De lá para cá, vem apoiando diversos projetos de educação, se tornou um filantropo da área, além de um incentivador e apoiador das chamadas charter schools - modelo de escola pública com gestão privada. Em 1998, financiou uma campanha para mudar a legislação da Califórnia justamente para diminuir as restrições a esse tipo de instituição. Ele chegou a ser presidente do Departamento de Educação do Estado entre 2001 e 2004, defendendo a reforma escolar. Atualmente, faz parte da comissão educacional de várias instituições, como CCSA, DreamBox e outras. Em 2012, Hastings e a mulher, Patty Quillen, prometeram doar a maior parte da herança deles à caridade. Os dois vivem com os dois filhos adolescentes em Santa Cruz, na Califórnia. Um ano depois, ele investiu US$ 14 milhões em um projeto chamado DreamBox Learning, um programa online para o aprendizado de matemática para estudantes do ensino fundamental e médio. No início de 2016, anunciou a criação de um fundo filantrópico de educação, o Hastings Fund, com um investimento inicial de US$ 100 milhões (R$ 327 mi). "Muitas crianças não tem acesso a escolas brilhantes. Nosso objetivo é fazer parcerias com comunidades para aumentar significativamente o número de estudantes com acesso a experiências de educação holísticas e ricas", diz a apresentação do fundo. A ideia de investir em educação surgiu no período em que ele passou lecionando na Suazilândia. "Muitos dos alunos tinham uma preparação desigual. Muitos estavam comprometidos com a educação, mas a pobreza tornava tudo mais difícil. É preciso se conectar com as crianças", disse Hastings ao portal Education Next. Para ele, a tecnologia é aliada do aprendizado, e pode personalizar o processo da educação. "A tecnologia é global. Precisamos que todas as crianças tenham uma boa educação em todo lugar, no México, Nigéria, ou no Paquistão".
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Programa de proteção ao emprego terá pagamento antecipado a empresas
O governo federal alterou as regras do PPE (Programa de Proteção do Emprego) para tentar agilizar o pagamento feito às empresas que aderiram ao plano de preservação de postos de trabalho. Uma portaria do Ministério do Trabalho e Previdência Social publicada nesta quarta-feira (9) possibilita às empresas o envio prévio da folha de pagamento e posterior compensação, caso haja diferenças após o fechamento dos valores pagos. Reportagem da Folha publicada na semana passada mostrou que algumas empresas relatam atrasos de até três meses no pagamento da contrapartida devida pelo governo. De acordo com o ministro Miguel Rossetto, muitas empresas não conseguem enviar a folha de pagamento finalizada dentro do prazo exigido pelo ministério, por isso a mudança vai agilizar a liberação de recursos. Antes, para receber o dinheiro, as empresas precisavam enviar um arquivo contendo dados dos trabalhadores e os respectivos valores de salário até o 12º dia útil antes da data de pagamento. Pela nova regra, a empresa faz o envio prévio da folha ainda aberta, quando não for possível entregar a posição fechada no prazo, e encaminha depois o documento final, até o quarto dia útil após a data de pagamento. "As eventuais diferenças de valores serão compensadas posteriormente, seja de repasse complementar ou de devolução ao ministério", afirmou Rossetto. De acordo com o ministério, a empresa deve compensar a diferença até o 15º dia contado da data do recebimento da notificação expedida pelo ministério. Vencido o prazo, haverá correção dos valores pelo Sistema Atualização de Débito do Tribunal de Contas da União. Se a empresa demorar mais de 30 dias para fazer a compensação, poderá ser excluída do PPE e terá seu nome registrado no Cadin (cadastro de devedores do setor público federal). As empresas que entraram no PPE podem reduzir em até 30% a jornada de trabalho e os salários dos empregados. Metade da redução salarial é bancada pelo governo, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalho). Até o início de março, havia 83 empresas no programa, abrangendo 54.539 trabalhadores, com uma despesa para o FAT de R$ 152 milhões desde o início do PPE. Estavam em análise outros 26 pedidos de inclusão ao programa, somando mais 1.214 empregos.
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Programa de proteção ao emprego terá pagamento antecipado a empresasO governo federal alterou as regras do PPE (Programa de Proteção do Emprego) para tentar agilizar o pagamento feito às empresas que aderiram ao plano de preservação de postos de trabalho. Uma portaria do Ministério do Trabalho e Previdência Social publicada nesta quarta-feira (9) possibilita às empresas o envio prévio da folha de pagamento e posterior compensação, caso haja diferenças após o fechamento dos valores pagos. Reportagem da Folha publicada na semana passada mostrou que algumas empresas relatam atrasos de até três meses no pagamento da contrapartida devida pelo governo. De acordo com o ministro Miguel Rossetto, muitas empresas não conseguem enviar a folha de pagamento finalizada dentro do prazo exigido pelo ministério, por isso a mudança vai agilizar a liberação de recursos. Antes, para receber o dinheiro, as empresas precisavam enviar um arquivo contendo dados dos trabalhadores e os respectivos valores de salário até o 12º dia útil antes da data de pagamento. Pela nova regra, a empresa faz o envio prévio da folha ainda aberta, quando não for possível entregar a posição fechada no prazo, e encaminha depois o documento final, até o quarto dia útil após a data de pagamento. "As eventuais diferenças de valores serão compensadas posteriormente, seja de repasse complementar ou de devolução ao ministério", afirmou Rossetto. De acordo com o ministério, a empresa deve compensar a diferença até o 15º dia contado da data do recebimento da notificação expedida pelo ministério. Vencido o prazo, haverá correção dos valores pelo Sistema Atualização de Débito do Tribunal de Contas da União. Se a empresa demorar mais de 30 dias para fazer a compensação, poderá ser excluída do PPE e terá seu nome registrado no Cadin (cadastro de devedores do setor público federal). As empresas que entraram no PPE podem reduzir em até 30% a jornada de trabalho e os salários dos empregados. Metade da redução salarial é bancada pelo governo, por meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalho). Até o início de março, havia 83 empresas no programa, abrangendo 54.539 trabalhadores, com uma despesa para o FAT de R$ 152 milhões desde o início do PPE. Estavam em análise outros 26 pedidos de inclusão ao programa, somando mais 1.214 empregos.
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Do Fuleco ao Pixuleco
RIO DE JANEIRO - Em tese, a ideia era boa: um boneco que o Brasil reconhecesse como significativo, ajudasse a divulgar uma causa nobre e simbolizasse comercialmente um evento importante. O boneco era o Fuleco; a causa era defender o tatu-bola da extinção, e a expectativa era a de que, por causa da Copa de 2014, de que ele era símbolo, o Fuleco fosse para o colo ou para debaixo do braço de milhões de brasileiros. Fabricaram-se Fulecos de todos os tamanhos, desde os gigantes, para pairar sobre os estádios, até Fulecos em escala humana, para servir de guardiães à porta das instituições, e Fulecos portáteis, de 30 cm, para serem transportados por crianças e adultos. Mas, para surpresa da Fifa, os brasileiro souberam separar o seu amor pelo futebol dos símbolos com que se tentava revestir a Copa de uma oficialidade espúria –daí acompanharam loucamente os jogos, mas enxotaram Dilma a vaia dos estádios e nem quiseram saber do Fuleco. Mesmo antes de a Copa começar, o Fuleco já era um fiasco. Nem ofertas de leve-três-pague-dois e descontos de 70% impediram os encalhes-monstro no varejo. Até o Mug, um boneco com que Chico Buarque e Wilson Simonal andavam para cima e para baixo em 1967, vendeu mais. Já o Pixuleco é diferente. O nome surgiu da forma carinhosa com o que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari chamava as propinas que recebia dos empreiteiros com contratos com a Petrobras. Por achar que o ex-presidente Lula se beneficiava dessa prática, chamou-se de Pixuleco o Lula gigante inflável que está percorrendo as capitais para gáudio de multidões. Se passarem a fabricar o Pixuleco portátil e vendê-lo no mercado, tudo indica que terá o sucesso que o Fuleco não conheceu. Afinal, milhões de brasileiros sabem o que ele significa, que divulga uma causa nobre e é símbolo de um importante evento.
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Do Fuleco ao PixulecoRIO DE JANEIRO - Em tese, a ideia era boa: um boneco que o Brasil reconhecesse como significativo, ajudasse a divulgar uma causa nobre e simbolizasse comercialmente um evento importante. O boneco era o Fuleco; a causa era defender o tatu-bola da extinção, e a expectativa era a de que, por causa da Copa de 2014, de que ele era símbolo, o Fuleco fosse para o colo ou para debaixo do braço de milhões de brasileiros. Fabricaram-se Fulecos de todos os tamanhos, desde os gigantes, para pairar sobre os estádios, até Fulecos em escala humana, para servir de guardiães à porta das instituições, e Fulecos portáteis, de 30 cm, para serem transportados por crianças e adultos. Mas, para surpresa da Fifa, os brasileiro souberam separar o seu amor pelo futebol dos símbolos com que se tentava revestir a Copa de uma oficialidade espúria –daí acompanharam loucamente os jogos, mas enxotaram Dilma a vaia dos estádios e nem quiseram saber do Fuleco. Mesmo antes de a Copa começar, o Fuleco já era um fiasco. Nem ofertas de leve-três-pague-dois e descontos de 70% impediram os encalhes-monstro no varejo. Até o Mug, um boneco com que Chico Buarque e Wilson Simonal andavam para cima e para baixo em 1967, vendeu mais. Já o Pixuleco é diferente. O nome surgiu da forma carinhosa com o que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari chamava as propinas que recebia dos empreiteiros com contratos com a Petrobras. Por achar que o ex-presidente Lula se beneficiava dessa prática, chamou-se de Pixuleco o Lula gigante inflável que está percorrendo as capitais para gáudio de multidões. Se passarem a fabricar o Pixuleco portátil e vendê-lo no mercado, tudo indica que terá o sucesso que o Fuleco não conheceu. Afinal, milhões de brasileiros sabem o que ele significa, que divulga uma causa nobre e é símbolo de um importante evento.
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Filha de Luiz Carlos Prestes, Anita lança biografia admirada sobre o pai
O pai foi o maior líder comunista que o Brasil já pariu, coletando êxitos e fracassos em uma atuação pública –ainda que em alguns momentos clandestina– que se estendeu por sete décadas, consolidando-o como um dos brasileiros com maior projeção internacional no século 20. A filha, fruto de uma incendiária relação com a agente comunista alemã Olga Benario, nasceu em um campo de concentração nazista e só foi conhecer o pai aos nove anos. Mais tarde, se tornariam praticamente inseparáveis, construindo uma relação (ela seria também sua secretária por 32 anos) que só terminou com a morte dele, em 1990. Historiadora por formação e aspirante a revolucionária comunista no século passado, por herança familiar, Anita Leocadia Prestes, 78, apresenta na próxima semana o seu "Luiz Carlos Prestes - Um Comunista Brasileiro" (ed. Boitempo), livro em que trabalhou por mais de três décadas e que classifica como uma "biografia política". Evitando destrinchar detalhes da vida pessoal de Prestes, alguns deles espinhosos para a própria autora, como a ruidosa relação com a segunda e última mulher do pai, Maria do Carmo Ribeiro, Anita refaz a trajetória do personagem com uma inegável admiração que enfatiza a imagem mitológica do Prestes herói, embora também não o poupe de críticas. "Mesmo quem não gosta dele reconhece que ele foi uma das lideranças mais importantes do século 20. Não dá para negar isso", afirma a historiadora à Folha. Calcada em pesquisa documental e inúmeros depoimentos gravados no fim da vida de Prestes, a biografia aborda o período que moldou o Brasil moderno, que começa nas primeiras revoltas tenentistas, no início dos anos 1920, e termina na eleição de 1989, a primeira após a redemocratização, quando o comunista, ainda que relutante com o PT, declarou apoio a Lula no segundo turno da disputa contra Collor. "Se há alguém que nunca se iludiu com o PT foi Prestes. Ele nunca considerou o PT um partido socialista ou revolucionário, ele achava o partido burguês. Inclusive o Lula, em quem ele reconhecia talento e inteligência, mas dizia a ele que era preciso estudar, pois só talento, sem conhecimento, não resolve nada", diz. Segundo a historiadora Anita Leocadia Prestes, foi intencional a sua opção por ignorar aspectos da vida pessoal do pai, biografado em "Luiz Carlos Prestes - Um Comunista Brasileiro". "Só entrou o necessário da vida pessoal para montar o quadro da participação dele em determinados episódios. Prestes não se distingue por ter sido, por exemplo, um excelente pai de família", diz. Anita e as tias nunca tiveram boa relação com a segunda mulher de Prestes, que a conheceu nos anos 1950, durante um período em que vivia na clandestinidade. Ela iria acompanhá-lo até o fim da vida. Nas 560 páginas, Maria do Carmo Ribeiro só é citada uma vez –ela ao menos aparece em uma das fotos, reproduzida nesta página. "No meu livro, [ela] não interessava muito. Mesmo sobre Olga, minha mãe, só falei o indispensável", conta. Fatos polêmicos da vida política de Prestes também foram ignorados, como a participação do comunista em um ato político em São Paulo, em 1947, no mesmo palanque de Getúlio Vargas. Na década anterior, ao liderar o fracassado levante comunista que tentara derrubar Getúlio, Prestes foi preso e condenado, enquanto sua mulher –alemã, judia e grávida– fora enviada por determinação do então presidente a um campo de concentração na Alemanha de Hitler. Olga morreu anos depois do nascimento de Anita. A historiadora afirma que, ao escrever, optou pelos "momentos mais importantes". "Prestes nunca fez aliança com Getúlio, nunca apertou sua mão. O que houve foi uma contingência política. Cirilo Júnior era candidato a vice-governador em São Paulo e era apoiado por Getúlio, líder maior do PTB, e por Prestes, líder do PCB. Eles apareceram juntos. Não achei que houvesse necessidade de escrever esses detalhes", ressalta a filha, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de outros livros sobre o pai (como um que aborda a Coluna Prestes) e a história do comunismo no Brasil. Anita, contudo, critica a atuação de Prestes em certos episódios, como no justiçamento realizado pelos revolucionários, em 1936, contra a namorada de um dirigente do Parido Comunista. Prestes foi um dos defensores da punição, e a jovem falsamente acusada pelos camaradas acabou executada. "Meu objetivo era deixar registrada para as futuras gerações a atuação dele durante quase todo o século 20. Ser filha me ajudou a ter acesso a ele, mas fiz o livro como historiadora", defende-se. Anita, pelo menos, não escreve em nenhum momento na primeira pessoa –forma utilizada em algumas poucas notas biográficas, e segundo ela por solicitação da editora.
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Filha de Luiz Carlos Prestes, Anita lança biografia admirada sobre o paiO pai foi o maior líder comunista que o Brasil já pariu, coletando êxitos e fracassos em uma atuação pública –ainda que em alguns momentos clandestina– que se estendeu por sete décadas, consolidando-o como um dos brasileiros com maior projeção internacional no século 20. A filha, fruto de uma incendiária relação com a agente comunista alemã Olga Benario, nasceu em um campo de concentração nazista e só foi conhecer o pai aos nove anos. Mais tarde, se tornariam praticamente inseparáveis, construindo uma relação (ela seria também sua secretária por 32 anos) que só terminou com a morte dele, em 1990. Historiadora por formação e aspirante a revolucionária comunista no século passado, por herança familiar, Anita Leocadia Prestes, 78, apresenta na próxima semana o seu "Luiz Carlos Prestes - Um Comunista Brasileiro" (ed. Boitempo), livro em que trabalhou por mais de três décadas e que classifica como uma "biografia política". Evitando destrinchar detalhes da vida pessoal de Prestes, alguns deles espinhosos para a própria autora, como a ruidosa relação com a segunda e última mulher do pai, Maria do Carmo Ribeiro, Anita refaz a trajetória do personagem com uma inegável admiração que enfatiza a imagem mitológica do Prestes herói, embora também não o poupe de críticas. "Mesmo quem não gosta dele reconhece que ele foi uma das lideranças mais importantes do século 20. Não dá para negar isso", afirma a historiadora à Folha. Calcada em pesquisa documental e inúmeros depoimentos gravados no fim da vida de Prestes, a biografia aborda o período que moldou o Brasil moderno, que começa nas primeiras revoltas tenentistas, no início dos anos 1920, e termina na eleição de 1989, a primeira após a redemocratização, quando o comunista, ainda que relutante com o PT, declarou apoio a Lula no segundo turno da disputa contra Collor. "Se há alguém que nunca se iludiu com o PT foi Prestes. Ele nunca considerou o PT um partido socialista ou revolucionário, ele achava o partido burguês. Inclusive o Lula, em quem ele reconhecia talento e inteligência, mas dizia a ele que era preciso estudar, pois só talento, sem conhecimento, não resolve nada", diz. Segundo a historiadora Anita Leocadia Prestes, foi intencional a sua opção por ignorar aspectos da vida pessoal do pai, biografado em "Luiz Carlos Prestes - Um Comunista Brasileiro". "Só entrou o necessário da vida pessoal para montar o quadro da participação dele em determinados episódios. Prestes não se distingue por ter sido, por exemplo, um excelente pai de família", diz. Anita e as tias nunca tiveram boa relação com a segunda mulher de Prestes, que a conheceu nos anos 1950, durante um período em que vivia na clandestinidade. Ela iria acompanhá-lo até o fim da vida. Nas 560 páginas, Maria do Carmo Ribeiro só é citada uma vez –ela ao menos aparece em uma das fotos, reproduzida nesta página. "No meu livro, [ela] não interessava muito. Mesmo sobre Olga, minha mãe, só falei o indispensável", conta. Fatos polêmicos da vida política de Prestes também foram ignorados, como a participação do comunista em um ato político em São Paulo, em 1947, no mesmo palanque de Getúlio Vargas. Na década anterior, ao liderar o fracassado levante comunista que tentara derrubar Getúlio, Prestes foi preso e condenado, enquanto sua mulher –alemã, judia e grávida– fora enviada por determinação do então presidente a um campo de concentração na Alemanha de Hitler. Olga morreu anos depois do nascimento de Anita. A historiadora afirma que, ao escrever, optou pelos "momentos mais importantes". "Prestes nunca fez aliança com Getúlio, nunca apertou sua mão. O que houve foi uma contingência política. Cirilo Júnior era candidato a vice-governador em São Paulo e era apoiado por Getúlio, líder maior do PTB, e por Prestes, líder do PCB. Eles apareceram juntos. Não achei que houvesse necessidade de escrever esses detalhes", ressalta a filha, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de outros livros sobre o pai (como um que aborda a Coluna Prestes) e a história do comunismo no Brasil. Anita, contudo, critica a atuação de Prestes em certos episódios, como no justiçamento realizado pelos revolucionários, em 1936, contra a namorada de um dirigente do Parido Comunista. Prestes foi um dos defensores da punição, e a jovem falsamente acusada pelos camaradas acabou executada. "Meu objetivo era deixar registrada para as futuras gerações a atuação dele durante quase todo o século 20. Ser filha me ajudou a ter acesso a ele, mas fiz o livro como historiadora", defende-se. Anita, pelo menos, não escreve em nenhum momento na primeira pessoa –forma utilizada em algumas poucas notas biográficas, e segundo ela por solicitação da editora.
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Condenados pela morte do filho de Cissa Guimarães são levados ao IML do Rio
O pai e o filho envolvidos na morte de Rafael Mascarenhas foram encaminhados na tarde deste sábado (24) para a sede do IML (Instituto Médico Legal) antes de serem levados para um presídio no Complexo de Bangu, na zona oeste do Rio. Lá, eles cumprirão a pena pela morte do filho da atriz Cissa Guimarães atropelado, em julho de 2010. Os dois passaram a noite na 13ª Delegacia de Polícia, em Copacabana. Na sexta, eles foram sentenciados por crime de corrupção ativa. A Justiça do Rio condenou o motorista Rafael de Souza Bussamra a sete anos de reclusão (regime fechado) e mais cinco anos e nove meses de detenção (regime semiaberto). Já Roberto Martins Bussamra, pai do motorista, terá que cumprir oito anos e dois meses de reclusão (regime fechado) e mais nove meses de detenção (regime semiaberto). Depois do atropelamento, dois policiais teriam deixado de registrar o acidente e de qualificar os investigados, além de não verificar as avarias no veículo que atropelou Rafael. Segundo denúncia do Ministério Público, contra os PMs, eles teriam cobrado R$ 10 mil, mas receberam R$ 1.000. O ex-sargento Marcelo José Leal Martins e o ex-cabo Marcelo de Souza Bigon foram expulsos da corporação e condenados a cinco anos de prisão em regime semiaberto por decisão do Conselho Permanente de Justiça da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Rafael e Roberto Martins Bussamra declaram que foram coagidos pelos PMs a oferecer pagamento. Na decisão, Rafael Bussamra foi condenado também pelos crimes de homicídio culposo, inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico, afastamento do local do acidente para fugir à responsabilidade penal e participação em competição automobilística não autorizada (racha). Ele também teve a carteira de habilitação suspensa por quatro anos e meio. Roberto, por sua vez, também foi sentenciado pelo crime de inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico. Na sentença, o juiz Guilherme Schilling criticou a atitude do pai em corromper os policiais militares. "O caso vertente retrata não apenas policiais que acobertam e omitem o crime (sendo, por isso, também criminosos), mas também os falsos pais que superprotegem os filhos criando pessoas socialmente desajustadas. Impõe-se uma reflexão sobre o tipo de sociedade que pretendemos para as futuras gerações ou, mais ainda, que tipo de cidadãos somos. Afinal é essa uma das dificuldades atuais da humanidade no plano da ética. De nada vale o Estado reconhecer a dignidade da pessoa se a conduta de cada indivíduo não se pautar por ela", escreveu o magistrado. "Neste tocante, aliás, o que se observa é um comportamento reprovável e malicioso dos réus, que através de uma enxurrada de inverdades, buscaram não somente eximirem-se da responsabilidade penal, mas na realidade transferi-la com maior peso a outras pessoas. Percebe-se uma verdadeira degradação de valores morais em uma família de classe média, que talvez por mero individualismo, ou abraçando uma cultura brasileira de tolerar exceções, tende a apontar os erros dos outros, e colocando um verdadeiro véu sobre seus erros", acrescentou o juiz. Os advogados da família Bussamra podem recorrer da decisão. Eles, porém, não foram localizados para comentar a sentença.
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Condenados pela morte do filho de Cissa Guimarães são levados ao IML do RioO pai e o filho envolvidos na morte de Rafael Mascarenhas foram encaminhados na tarde deste sábado (24) para a sede do IML (Instituto Médico Legal) antes de serem levados para um presídio no Complexo de Bangu, na zona oeste do Rio. Lá, eles cumprirão a pena pela morte do filho da atriz Cissa Guimarães atropelado, em julho de 2010. Os dois passaram a noite na 13ª Delegacia de Polícia, em Copacabana. Na sexta, eles foram sentenciados por crime de corrupção ativa. A Justiça do Rio condenou o motorista Rafael de Souza Bussamra a sete anos de reclusão (regime fechado) e mais cinco anos e nove meses de detenção (regime semiaberto). Já Roberto Martins Bussamra, pai do motorista, terá que cumprir oito anos e dois meses de reclusão (regime fechado) e mais nove meses de detenção (regime semiaberto). Depois do atropelamento, dois policiais teriam deixado de registrar o acidente e de qualificar os investigados, além de não verificar as avarias no veículo que atropelou Rafael. Segundo denúncia do Ministério Público, contra os PMs, eles teriam cobrado R$ 10 mil, mas receberam R$ 1.000. O ex-sargento Marcelo José Leal Martins e o ex-cabo Marcelo de Souza Bigon foram expulsos da corporação e condenados a cinco anos de prisão em regime semiaberto por decisão do Conselho Permanente de Justiça da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Rafael e Roberto Martins Bussamra declaram que foram coagidos pelos PMs a oferecer pagamento. Na decisão, Rafael Bussamra foi condenado também pelos crimes de homicídio culposo, inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico, afastamento do local do acidente para fugir à responsabilidade penal e participação em competição automobilística não autorizada (racha). Ele também teve a carteira de habilitação suspensa por quatro anos e meio. Roberto, por sua vez, também foi sentenciado pelo crime de inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico. Na sentença, o juiz Guilherme Schilling criticou a atitude do pai em corromper os policiais militares. "O caso vertente retrata não apenas policiais que acobertam e omitem o crime (sendo, por isso, também criminosos), mas também os falsos pais que superprotegem os filhos criando pessoas socialmente desajustadas. Impõe-se uma reflexão sobre o tipo de sociedade que pretendemos para as futuras gerações ou, mais ainda, que tipo de cidadãos somos. Afinal é essa uma das dificuldades atuais da humanidade no plano da ética. De nada vale o Estado reconhecer a dignidade da pessoa se a conduta de cada indivíduo não se pautar por ela", escreveu o magistrado. "Neste tocante, aliás, o que se observa é um comportamento reprovável e malicioso dos réus, que através de uma enxurrada de inverdades, buscaram não somente eximirem-se da responsabilidade penal, mas na realidade transferi-la com maior peso a outras pessoas. Percebe-se uma verdadeira degradação de valores morais em uma família de classe média, que talvez por mero individualismo, ou abraçando uma cultura brasileira de tolerar exceções, tende a apontar os erros dos outros, e colocando um verdadeiro véu sobre seus erros", acrescentou o juiz. Os advogados da família Bussamra podem recorrer da decisão. Eles, porém, não foram localizados para comentar a sentença.
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Suspenso, Ganso está fora do clássico contra o Santos, e negocia renovação
O meia Ganso, do São Paulo, recebeu o terceiro cartão amarelo na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo-SP, nesta quarta-feira (23), e cumprirá suspensão no clássico contra o Santos, no próximo domingo (27), na Vila Belmiro. Depois da partida, Ganso –que deu assistência para o atacante Calleri marcar o único gol do jogo– lamentou a ausência contra o seu ex-clube. "Difícil, a gente sempre quer jogar, principalmente nos grandes jogos. A gente não venceu clássico ainda, mas vou me preparar para o próximo" disse o meia. Em alta, com cinco gols nas últimas sete partidas, Ganso negocia com o São Paulo a renovação de seu contrato, que se encerra em setembro de 2017. Ele recusou a primeira oferta, mas a diretoria o vê como essencial para a reformulação que deve ser implantada no meio deste ano, com novas aquisições de jogadores. "O Ganso tem contrato por um bom tempo e pretendemos reforçar. Para isso, temos de estar tranquilos quanto à posição do Ganso. Queremos fazer um contrato mais longo para buscar atletas de outras posições, sabendo que nosso maestro estará conosco", afirmou o diretor de futebol Luiz Cunha, no Pacaembu. "Ele [Ganso] sinalizou positivamente, tem interesse em negociar. Quem tem interesse em negociar, quer chegar a bom termo", disse.
esporte
Suspenso, Ganso está fora do clássico contra o Santos, e negocia renovaçãoO meia Ganso, do São Paulo, recebeu o terceiro cartão amarelo na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo-SP, nesta quarta-feira (23), e cumprirá suspensão no clássico contra o Santos, no próximo domingo (27), na Vila Belmiro. Depois da partida, Ganso –que deu assistência para o atacante Calleri marcar o único gol do jogo– lamentou a ausência contra o seu ex-clube. "Difícil, a gente sempre quer jogar, principalmente nos grandes jogos. A gente não venceu clássico ainda, mas vou me preparar para o próximo" disse o meia. Em alta, com cinco gols nas últimas sete partidas, Ganso negocia com o São Paulo a renovação de seu contrato, que se encerra em setembro de 2017. Ele recusou a primeira oferta, mas a diretoria o vê como essencial para a reformulação que deve ser implantada no meio deste ano, com novas aquisições de jogadores. "O Ganso tem contrato por um bom tempo e pretendemos reforçar. Para isso, temos de estar tranquilos quanto à posição do Ganso. Queremos fazer um contrato mais longo para buscar atletas de outras posições, sabendo que nosso maestro estará conosco", afirmou o diretor de futebol Luiz Cunha, no Pacaembu. "Ele [Ganso] sinalizou positivamente, tem interesse em negociar. Quem tem interesse em negociar, quer chegar a bom termo", disse.
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Crítica: Sganzerla produz cinema de resistência, mas com humor
Talvez o nome de "marginal", que hoje pega tão bem para certa parte do cinema brasileiro, não seja o melhor. Nem mesmo experimental, ou ainda de invenção. O que é "Copacabana Mon Amour" (1970, TV Brasil, 0h, 16 anos), que Rogério Sganzerla filmou logo que mudou para o Rio? Talvez o mais exato seja chamar a esse cinema de independente. Com isso, ele se aproximaria de muitos outros filmes –talentosos, dignos, indignos, idiotas etc.– feitos à margem dos financiamentos oficiais. O que torna "Copacabana" mais radical é o fato de nunca ter sido exibido comercialmente, de maneira que quase ninguém conhece Sônia Silk (Helena Ignez, claro), a loura oxigenada que se prostitui enquanto alimenta o sonho de virar cantora de rádio. É também um cinema de resistência, no momento de ditadura apertada. O que não impede Sganzerla de nos fazer olhar e rir.
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Crítica: Sganzerla produz cinema de resistência, mas com humorTalvez o nome de "marginal", que hoje pega tão bem para certa parte do cinema brasileiro, não seja o melhor. Nem mesmo experimental, ou ainda de invenção. O que é "Copacabana Mon Amour" (1970, TV Brasil, 0h, 16 anos), que Rogério Sganzerla filmou logo que mudou para o Rio? Talvez o mais exato seja chamar a esse cinema de independente. Com isso, ele se aproximaria de muitos outros filmes –talentosos, dignos, indignos, idiotas etc.– feitos à margem dos financiamentos oficiais. O que torna "Copacabana" mais radical é o fato de nunca ter sido exibido comercialmente, de maneira que quase ninguém conhece Sônia Silk (Helena Ignez, claro), a loura oxigenada que se prostitui enquanto alimenta o sonho de virar cantora de rádio. É também um cinema de resistência, no momento de ditadura apertada. O que não impede Sganzerla de nos fazer olhar e rir.
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Radialista é morto a tiros em cidade próxima a João Pessoa
O radialista Ivanildo Viana foi assassinado em uma rodovia federal em Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, na sexta-feira (27). O caso foi denunciado pelo CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), uma organização internacional independente que se dedica a defender a liberdade de expressão. Viana foi morto com três tiros no tórax e um na cabeça. Segundo relatos de testemunhas à imprensa local, o jornalista voltava para casa dirigindo sua motocicleta pela BR-101 Norte quando dois suspeitos, em outra moto, se aproximaram e efetuaram os disparos, fugindo em seguida. Outra hipótese é que o crime tenha tido o apoio de comparsas que estavam nas proximidades, em um carro branco. A Polícia Civil de Santa Rita apura o envolvimento de três suspeitos. Amigos da vítima afirmaram que Viana nunca relatou ter sofrido nenhum tipo de ameaça devido à sua profissão nem que tivesse algum desentendimento pessoal. No programa de rádio que ele apresentava, "100% Você", Viana trazia músicas intercaladas com notícias de variedades, além de promover ações filantrópicas. O CPJ fez um apelo para que as autoridades brasileiras investiguem com rigor o assassinato do jornalista paraibano, diante dos recentes casos de morte de profissionais no país no exercício da profissão. "Os jornalistas no Brasil têm enfrentado uma onde de violência letal nos últimos anos e, na maioria dos casos, os assassinos ficam impunes", afirmou o coordenador-sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. Desde 2011, pelo menos 13 jornalistas foram assassinados, segundo o CPJ, em represália direta por seu trabalho.
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Radialista é morto a tiros em cidade próxima a João PessoaO radialista Ivanildo Viana foi assassinado em uma rodovia federal em Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, na sexta-feira (27). O caso foi denunciado pelo CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), uma organização internacional independente que se dedica a defender a liberdade de expressão. Viana foi morto com três tiros no tórax e um na cabeça. Segundo relatos de testemunhas à imprensa local, o jornalista voltava para casa dirigindo sua motocicleta pela BR-101 Norte quando dois suspeitos, em outra moto, se aproximaram e efetuaram os disparos, fugindo em seguida. Outra hipótese é que o crime tenha tido o apoio de comparsas que estavam nas proximidades, em um carro branco. A Polícia Civil de Santa Rita apura o envolvimento de três suspeitos. Amigos da vítima afirmaram que Viana nunca relatou ter sofrido nenhum tipo de ameaça devido à sua profissão nem que tivesse algum desentendimento pessoal. No programa de rádio que ele apresentava, "100% Você", Viana trazia músicas intercaladas com notícias de variedades, além de promover ações filantrópicas. O CPJ fez um apelo para que as autoridades brasileiras investiguem com rigor o assassinato do jornalista paraibano, diante dos recentes casos de morte de profissionais no país no exercício da profissão. "Os jornalistas no Brasil têm enfrentado uma onde de violência letal nos últimos anos e, na maioria dos casos, os assassinos ficam impunes", afirmou o coordenador-sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. Desde 2011, pelo menos 13 jornalistas foram assassinados, segundo o CPJ, em represália direta por seu trabalho.
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Quatro organizadas do Corinthians são proibidas de acompanhar jogos no Rio
Quatro torcidas organizadas do Corinthians estão proibidas de acompanhar qualquer evento esportivo no Rio de Janeiro nos próximos três anos. A decisão da Justiça foi proferida nesta quinta-feira (26), após ação civil do Ministério Público. O juiz Marcelo Rubiolli foi o responsável pela decisão. Ele é o mesmo que, há cerca de dez dias, determinou a soltura dos 30 corintianos presos no Complexo Penitenciário de Bangu por conta da confusão no dia último dia 23 de outubro, no jogo entre Corinthians e Flamengo, no Maracanã. Rubiolli determinou que o grupo respondesse ao processo em liberdade, mas também proibiu a ida dos mesmos a jogos da equipe. Agora a restrição se estendeu às quatro torcidas organizadas, entre elas a Gaviões da Fiel, em jogos no estado do Rio. Os grupos ainda deverão se manter cinco quilômetros afastados dos estádios. Veja vídeo O CASO Ao todo, 31 homens foram detidos no dia 23 de outubro e presos preventivamente, após uma briga com policiais que ocorreu antes do jogo de reabertura do Maracanã pela Rio-2016. Em campo, o time do Parque São Jorge empatou com os cariocas, por 2 a 2. Até agora, cinco deles (incluindo um menor de idade que foi liberado pela vara da infância) haviam sido soltos para aguardar o julgamento em liberdade. O Ministério Público acusa os corintianos de tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa. Se forem condenados, as penas podem chegar a 21 anos de prisão. A prisão preventiva e a denúncia contra os corintianos gerou polêmica. A detenção é criticada por familiares, advogados e especialistas em direito penal pela suposta arbitrariedade e falta de provas. Na decisão que transformou a prisão em flagrante dos torcedores em preventiva, constavam imagens de TV de apenas quatro dos 31 presos –os outros foram reconhecidos por quatro policiais. Alguns detidos apresentaram imagens que indicam que eles não estavam na briga. * 23.out Por volta das 16h30, corintianos e PMs entram em confronto; após a partida, cerca de 60 são detidos. 25.out A juíza Marcela Caram determina a prisão preventiva de 31 dos torcedores, entre eles um menor de idade. 9.nov O Ministério Público do Rio denuncia os 31 corintianos, por tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa. 16.nov A vara da infância do Rio libera o adolescente, após concluir que ele não estava no estádio na hora da briga. 29.nov A desembargadora Suimei Cavalieri concede habeas corpus a Michael Ricci e Gustavo Inocêncio; 28 ainda seguiam presos preventivamente. 13.dez TJ do Rio julga três pedidos de habeas corpus, concede dois (a Leandro Coelho e Victor Hugo de Oliveira) e nega um, na última sessão do tribunal antes do recesso do Judiciário. 27.dez Juízes de plantão do TJ negam pedido de revogação da prisão preventiva a 14 torcedores. 13.jan Corintianos presos enviam cartas a colegas de torcida organizada relatando medo da guerra entre facções que dominam Bangu e pedem ajuda para conseguir transferência de presídio. 17.jan O juiz de primeira instância Marcelo Rubiolli determina a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares do grupo, que aguardará o julgamento em liberdade.
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Quatro organizadas do Corinthians são proibidas de acompanhar jogos no RioQuatro torcidas organizadas do Corinthians estão proibidas de acompanhar qualquer evento esportivo no Rio de Janeiro nos próximos três anos. A decisão da Justiça foi proferida nesta quinta-feira (26), após ação civil do Ministério Público. O juiz Marcelo Rubiolli foi o responsável pela decisão. Ele é o mesmo que, há cerca de dez dias, determinou a soltura dos 30 corintianos presos no Complexo Penitenciário de Bangu por conta da confusão no dia último dia 23 de outubro, no jogo entre Corinthians e Flamengo, no Maracanã. Rubiolli determinou que o grupo respondesse ao processo em liberdade, mas também proibiu a ida dos mesmos a jogos da equipe. Agora a restrição se estendeu às quatro torcidas organizadas, entre elas a Gaviões da Fiel, em jogos no estado do Rio. Os grupos ainda deverão se manter cinco quilômetros afastados dos estádios. Veja vídeo O CASO Ao todo, 31 homens foram detidos no dia 23 de outubro e presos preventivamente, após uma briga com policiais que ocorreu antes do jogo de reabertura do Maracanã pela Rio-2016. Em campo, o time do Parque São Jorge empatou com os cariocas, por 2 a 2. Até agora, cinco deles (incluindo um menor de idade que foi liberado pela vara da infância) haviam sido soltos para aguardar o julgamento em liberdade. O Ministério Público acusa os corintianos de tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa. Se forem condenados, as penas podem chegar a 21 anos de prisão. A prisão preventiva e a denúncia contra os corintianos gerou polêmica. A detenção é criticada por familiares, advogados e especialistas em direito penal pela suposta arbitrariedade e falta de provas. Na decisão que transformou a prisão em flagrante dos torcedores em preventiva, constavam imagens de TV de apenas quatro dos 31 presos –os outros foram reconhecidos por quatro policiais. Alguns detidos apresentaram imagens que indicam que eles não estavam na briga. * 23.out Por volta das 16h30, corintianos e PMs entram em confronto; após a partida, cerca de 60 são detidos. 25.out A juíza Marcela Caram determina a prisão preventiva de 31 dos torcedores, entre eles um menor de idade. 9.nov O Ministério Público do Rio denuncia os 31 corintianos, por tumulto em eventos esportivos, lesão corporal, dano ao patrimônio público, resistência, corrupção de menor e associação criminosa. 16.nov A vara da infância do Rio libera o adolescente, após concluir que ele não estava no estádio na hora da briga. 29.nov A desembargadora Suimei Cavalieri concede habeas corpus a Michael Ricci e Gustavo Inocêncio; 28 ainda seguiam presos preventivamente. 13.dez TJ do Rio julga três pedidos de habeas corpus, concede dois (a Leandro Coelho e Victor Hugo de Oliveira) e nega um, na última sessão do tribunal antes do recesso do Judiciário. 27.dez Juízes de plantão do TJ negam pedido de revogação da prisão preventiva a 14 torcedores. 13.jan Corintianos presos enviam cartas a colegas de torcida organizada relatando medo da guerra entre facções que dominam Bangu e pedem ajuda para conseguir transferência de presídio. 17.jan O juiz de primeira instância Marcelo Rubiolli determina a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares do grupo, que aguardará o julgamento em liberdade.
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André marca no fim, e Corinthians arranca empate com o São Bento
O técnico Tite havia dito que o time precisava aprender a "jogar sob pressão" após ter ficado duas vezes atrás do placar contra a Ferroviária no domingo (21) e ter empatado. Nesta quarta (24), contra o invicto São Bento, em Sorocaba, pelo Paulista, os jogadores sentiram na pele o conselho. O Corinthians perdia por 1 a 0, mas empatou aos 43 min do segundo tempo com golaço de André –reforço da equipe para a temporada de 2016–, que acertou o ângulo e marcou pela primeira vez com a camisa do time alvinegro. O resultado mantém a invencibilidade do clube paulista em 2016. O Corinthians venceu cinco vezes (sendo uma pela Libertadores) e empatou outras duas. Veja vídeo Dentro de campo, apesar do bom resultado –dada as circunstâncias da partida–, o Corinthians não teve boa atuação e pouco se encontrou. Mesmo atrás do placar durante a maior parte do jogo –o São Bento abriu o placar aos 21 min do primeiro tempo com Rossi –, a equipe alvinegra foi bem anulada e quase não incomodou o goleiro adversário. A primeira chance de perigo do Corinthians aconteceu pela primeira vez apenas na segunda etapa, em cobrança de falta de Edílson aos 6 min, que assustou a torcida adversária. À frente no placar, a equipe do interior recuou a partir da metade do segundo tempo. Aos 19 min, o Corinthians teve a chance de empatar com Lucca, que desperdiçou ótima chance em cabeceio. Até então sumido na partida, André fez a torcida corintiana soltar o grito no fim foi o protagonista. Outro motivo de comemoração do torcedor do Corinthians foi o retorno do atacante Luciano, que voltou a campo após seis meses. Ele se lesionou em agosto de 2015, quando era titular da equipe. O Corinthians volta a campo pelo Campeonato Paulista no sábado (27), contra o Oeste, no Itaquerão. Já o São Bento joga contra visita o Água Santa, também no sábado. O time alvinegro lidera o Grupo D com 14 pontos, enquanto o São Bento é o primeiro do Grupo A, com dez 10 pontos.
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André marca no fim, e Corinthians arranca empate com o São BentoO técnico Tite havia dito que o time precisava aprender a "jogar sob pressão" após ter ficado duas vezes atrás do placar contra a Ferroviária no domingo (21) e ter empatado. Nesta quarta (24), contra o invicto São Bento, em Sorocaba, pelo Paulista, os jogadores sentiram na pele o conselho. O Corinthians perdia por 1 a 0, mas empatou aos 43 min do segundo tempo com golaço de André –reforço da equipe para a temporada de 2016–, que acertou o ângulo e marcou pela primeira vez com a camisa do time alvinegro. O resultado mantém a invencibilidade do clube paulista em 2016. O Corinthians venceu cinco vezes (sendo uma pela Libertadores) e empatou outras duas. Veja vídeo Dentro de campo, apesar do bom resultado –dada as circunstâncias da partida–, o Corinthians não teve boa atuação e pouco se encontrou. Mesmo atrás do placar durante a maior parte do jogo –o São Bento abriu o placar aos 21 min do primeiro tempo com Rossi –, a equipe alvinegra foi bem anulada e quase não incomodou o goleiro adversário. A primeira chance de perigo do Corinthians aconteceu pela primeira vez apenas na segunda etapa, em cobrança de falta de Edílson aos 6 min, que assustou a torcida adversária. À frente no placar, a equipe do interior recuou a partir da metade do segundo tempo. Aos 19 min, o Corinthians teve a chance de empatar com Lucca, que desperdiçou ótima chance em cabeceio. Até então sumido na partida, André fez a torcida corintiana soltar o grito no fim foi o protagonista. Outro motivo de comemoração do torcedor do Corinthians foi o retorno do atacante Luciano, que voltou a campo após seis meses. Ele se lesionou em agosto de 2015, quando era titular da equipe. O Corinthians volta a campo pelo Campeonato Paulista no sábado (27), contra o Oeste, no Itaquerão. Já o São Bento joga contra visita o Água Santa, também no sábado. O time alvinegro lidera o Grupo D com 14 pontos, enquanto o São Bento é o primeiro do Grupo A, com dez 10 pontos.
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Ações chinesas têm maior queda desde agosto com investigação de corretoras
As ações da China caíram em mais de 5% —a queda mais acentuada desde o colapso do mercado de ações no terceiro trimestre— no pregão da tarde de sexta-feira (27), em meio a informações de que as autoridades regulatórias estavam aprofundando as investigações de supostas violações das normas financeiras por corretoras. O índice composto da bolsa de Xangai fechou em queda de 5,5%, mas chegou a mostrar 6,1% de baixa até 15 minutos antes do fechamento, enquanto o índice composto da bolsa de Shenzhen fechou em queda de 6,1%, depois de ter caído em até 6,8%. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, fechou em queda de 1,9%. Esta semana surgiu a informação de que a maior corretora da China, a Citic Securities, havia superestimado em 1,06 trilhão de yuan (US$ 166 bilhões) os seus ativos em derivativos, alguns meses atrás. Na quinta-feira (26), a empresa anunciou que cooperaria com a agência chinesa de fiscalização do mercado de títulos em uma investigação sobre a suposta violação dos regulamentos chineses para transações de valores mobiliários. As ações da Citic Securities, cotadas em bolsas da China continental, fecharam em queda de 10% —o limite diário— na sexta-feira, enquanto suas ações cotadas em Hong Kong fecharam com queda de 5,5%. A corretora é controlada pelo China Citic Group, um conglomerado financeiro e industrial controlado pelo gabinete chinês. Pelo menos sete executivos de primeiro escalão do grupo foram acusados de transações com o uso de informações privilegiadas, o que levou à renúncia do presidente do conselho da instituição na semana passada. A concorrente Guosen Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Shenzhen, anunciou que também estava sob investigação por suspeita de violações. Suas ações fecharam em queda de 10% na sexta-feira. Na manhã de sexta-feira, a Haitong Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Hong Kong, estava em queda de 3,8% antes de solicitar que as transações com suas ações fossem suspensas, medida para a qual não apresentou motivo. A companhia está sob investigação da Comissão Regulatória de Valores Mobiliários da China por supostas violações, de acordo com a agência de notícias Reuters. O sentimento negativo com relação às ações do setor financeiro ganhou ímpeto no pregão da tarde, levando a uma onda de vendas no final do período. Antes da queda da sexta, a volatilidade que havia caracterizado o mercado da China durante o terceiro trimestre estava aparentemente controlada. A sexta-feira foi o maior dia de queda para o índice composto da bolsa de Xangai desde 25 de agosto, quando ele caiu em 7,7%, e foi a maior queda para o índice de Shenzhen desde 14 de setembro. Desde o estouro da bolha no mercado de ações da China, em 12 de junho, os índices caíram em mais de 40% até atingirem recordes de baixa no final de agosto. As autoridades adotaram uma série de medidas extraordinárias para acalmar os nervos dos investidores, entre as quais a proibição de ofertas públicas iniciais de ações, a restrição de vendas de ações a descoberto e a proibição a grandes vendas de ações por acionistas com postos nos conselhos das empresas. Pequim também apoiou o mercado por meio de compras de ações em larga escala, que aparentemente causaram diversos fortes saltos em finais de pregões, tirando as cotações de grandes quedas registradas ao longo do dia. Mas as autoridades terminaram por abandonar esses esforços e mudaram de foco, optando por intervir no mercado de câmbio a fim de dar sustentação ao yuan enfraquecido. Como resultado dessas aquisições em larga escala, a "seleção nacional" do país agora detém pelo menos 6% das ações em circulação na China continental. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Ações chinesas têm maior queda desde agosto com investigação de corretorasAs ações da China caíram em mais de 5% —a queda mais acentuada desde o colapso do mercado de ações no terceiro trimestre— no pregão da tarde de sexta-feira (27), em meio a informações de que as autoridades regulatórias estavam aprofundando as investigações de supostas violações das normas financeiras por corretoras. O índice composto da bolsa de Xangai fechou em queda de 5,5%, mas chegou a mostrar 6,1% de baixa até 15 minutos antes do fechamento, enquanto o índice composto da bolsa de Shenzhen fechou em queda de 6,1%, depois de ter caído em até 6,8%. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, fechou em queda de 1,9%. Esta semana surgiu a informação de que a maior corretora da China, a Citic Securities, havia superestimado em 1,06 trilhão de yuan (US$ 166 bilhões) os seus ativos em derivativos, alguns meses atrás. Na quinta-feira (26), a empresa anunciou que cooperaria com a agência chinesa de fiscalização do mercado de títulos em uma investigação sobre a suposta violação dos regulamentos chineses para transações de valores mobiliários. As ações da Citic Securities, cotadas em bolsas da China continental, fecharam em queda de 10% —o limite diário— na sexta-feira, enquanto suas ações cotadas em Hong Kong fecharam com queda de 5,5%. A corretora é controlada pelo China Citic Group, um conglomerado financeiro e industrial controlado pelo gabinete chinês. Pelo menos sete executivos de primeiro escalão do grupo foram acusados de transações com o uso de informações privilegiadas, o que levou à renúncia do presidente do conselho da instituição na semana passada. A concorrente Guosen Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Shenzhen, anunciou que também estava sob investigação por suspeita de violações. Suas ações fecharam em queda de 10% na sexta-feira. Na manhã de sexta-feira, a Haitong Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Hong Kong, estava em queda de 3,8% antes de solicitar que as transações com suas ações fossem suspensas, medida para a qual não apresentou motivo. A companhia está sob investigação da Comissão Regulatória de Valores Mobiliários da China por supostas violações, de acordo com a agência de notícias Reuters. O sentimento negativo com relação às ações do setor financeiro ganhou ímpeto no pregão da tarde, levando a uma onda de vendas no final do período. Antes da queda da sexta, a volatilidade que havia caracterizado o mercado da China durante o terceiro trimestre estava aparentemente controlada. A sexta-feira foi o maior dia de queda para o índice composto da bolsa de Xangai desde 25 de agosto, quando ele caiu em 7,7%, e foi a maior queda para o índice de Shenzhen desde 14 de setembro. Desde o estouro da bolha no mercado de ações da China, em 12 de junho, os índices caíram em mais de 40% até atingirem recordes de baixa no final de agosto. As autoridades adotaram uma série de medidas extraordinárias para acalmar os nervos dos investidores, entre as quais a proibição de ofertas públicas iniciais de ações, a restrição de vendas de ações a descoberto e a proibição a grandes vendas de ações por acionistas com postos nos conselhos das empresas. Pequim também apoiou o mercado por meio de compras de ações em larga escala, que aparentemente causaram diversos fortes saltos em finais de pregões, tirando as cotações de grandes quedas registradas ao longo do dia. Mas as autoridades terminaram por abandonar esses esforços e mudaram de foco, optando por intervir no mercado de câmbio a fim de dar sustentação ao yuan enfraquecido. Como resultado dessas aquisições em larga escala, a "seleção nacional" do país agora detém pelo menos 6% das ações em circulação na China continental. Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Crianças tomam vacina e contam como evitar a gripe H1N1; conheça o vírus
Na última semana, Pedro Henrique de Jesus, 10, foi se vacinar contra gripe H1N1 em um laboratório particular de São Paulo. "Nossa, demorei bastante tempo na fila", conta. Você já deve ter ouvido falar nesse tipo de gripe, que é conhecida popularmente como gripe suína. Ela vem causando preocupação em muita gente. Até o último dia 2 de abril, 102 pessoas morreram no Brasil devido à doença, segundo o Ministério da Saúde. "Quando assisto ao jornal, vejo muita gente ficando doente. Fiquei preocupada", diz Marcela Cordeiro, 10. Isso fez com que a procura pela vacina aumentasse e gerasse as filas vistas por Henrique. Letícia Toledo, 12, conta que na escola todos passaram a tomar medidas de precaução. "Os professores mandam a gente sempre lavar as mãos", diz. Isso porque doença é transmitida por contato do vírus com os olhos, o nariz e a boca (saiba mais sobre a gripe e como se prevenir a ela na pág. 3). "Se eu vejo alguém espirrando sem tampar a boca, dou uma bronca", diz José dos Santos, 10, que teve um tio diagnosticado com H1N1. Para Ana Rayssa Gregório Lopes, 10, todos devem se prevenir. "Se você não se cuidar, vai infectar pessoas que não têm nada a ver com isso", diz. QUE VÍRUS É ESSE? Saiba mais sobre o H1N1 O que é gripe? A gripe (ou influenza) é uma doença provocada por um vírus e costuma ser mais forte que um resfriado. Os sintomas são febre, congestionamento de vias respiratórias, dores de cabeça e no corpo. Os vírus que causam a gripe podem ser do tipo influenza A ou influenza B. O que é vírus? São organismos que invadem células de outros seres (pessoas, bichos e até plantas!) e as utilizam para se multiplicar. Dessa forma, mais vírus são "criados". A boa notícia é que nosso corpo tem células de defesa, que combatem esses seres microscópicos. O que é H1N1? O H1N1 é um vírus do tipo influenza A e é o causador da gripe H1N1, conhecida popularmente como "gripe suína". Ela recebeu esse nome porque nasceu nos porcos. O primeiro caso em humanos foi registrado em 2009, no México Qual a diferença entre H1N1 e outras gripes? Os sintomas são os mesmos. O grande problema dessa gripe H1N1 é que, como o vírus é bem recente, nosso corpo ainda não sabe muito bem como combatê-lo. Como se prevenir? O H1N1 se aloja no sistema respiratório e é transmitido por meio de gotículas (como a saliva, por exemplo). Como essas gotinhas são pesadas, elas não ficam muito tempo suspensas no ar e caem em superfícies, como mesas e objetos, ao alcance das mãos. Por isso, lavá-las com água e sabão é o principal modo de prevenção. O vírus pode sobreviver de 8 horas a 3 dias ao ar livre. Como funciona a vacina? A vacina contém uma versão mais leve do vírus. Assim, o corpo "conhece" a doença e fica sabendo como combatê-la no futuro. Crianças de até nove anos que nunca tomaram a vacina devem tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias entre elas; para quem é maior de nove anos ou já tomou a vacina, a dose é única. Onde encontrá-la? A rede pública disponibiliza a vacina para crianças menores de cinco anos, idosos, mulheres grávidas e quem tem doenças graves. Ela também pode ser encontrada em hospitais e laboratórios particulares, mas, devido à grande procura, está em falta em muitos deles. Como essa doença chegou ao Brasil? A principal hipótese é que pessoas que contraíram a gripe H1N1 no início do ano no hemisfério norte, quando lá é inverno, vieram ao Brasil nos últimos meses -e fizeram com que a doença se espalhasse no país. Fontes: Alexandre Barbosa, professor da Faculdade de Medicina da Unesp, e Alessandra Cristina Guedes Pellini, do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo
folhinha
Crianças tomam vacina e contam como evitar a gripe H1N1; conheça o vírusNa última semana, Pedro Henrique de Jesus, 10, foi se vacinar contra gripe H1N1 em um laboratório particular de São Paulo. "Nossa, demorei bastante tempo na fila", conta. Você já deve ter ouvido falar nesse tipo de gripe, que é conhecida popularmente como gripe suína. Ela vem causando preocupação em muita gente. Até o último dia 2 de abril, 102 pessoas morreram no Brasil devido à doença, segundo o Ministério da Saúde. "Quando assisto ao jornal, vejo muita gente ficando doente. Fiquei preocupada", diz Marcela Cordeiro, 10. Isso fez com que a procura pela vacina aumentasse e gerasse as filas vistas por Henrique. Letícia Toledo, 12, conta que na escola todos passaram a tomar medidas de precaução. "Os professores mandam a gente sempre lavar as mãos", diz. Isso porque doença é transmitida por contato do vírus com os olhos, o nariz e a boca (saiba mais sobre a gripe e como se prevenir a ela na pág. 3). "Se eu vejo alguém espirrando sem tampar a boca, dou uma bronca", diz José dos Santos, 10, que teve um tio diagnosticado com H1N1. Para Ana Rayssa Gregório Lopes, 10, todos devem se prevenir. "Se você não se cuidar, vai infectar pessoas que não têm nada a ver com isso", diz. QUE VÍRUS É ESSE? Saiba mais sobre o H1N1 O que é gripe? A gripe (ou influenza) é uma doença provocada por um vírus e costuma ser mais forte que um resfriado. Os sintomas são febre, congestionamento de vias respiratórias, dores de cabeça e no corpo. Os vírus que causam a gripe podem ser do tipo influenza A ou influenza B. O que é vírus? São organismos que invadem células de outros seres (pessoas, bichos e até plantas!) e as utilizam para se multiplicar. Dessa forma, mais vírus são "criados". A boa notícia é que nosso corpo tem células de defesa, que combatem esses seres microscópicos. O que é H1N1? O H1N1 é um vírus do tipo influenza A e é o causador da gripe H1N1, conhecida popularmente como "gripe suína". Ela recebeu esse nome porque nasceu nos porcos. O primeiro caso em humanos foi registrado em 2009, no México Qual a diferença entre H1N1 e outras gripes? Os sintomas são os mesmos. O grande problema dessa gripe H1N1 é que, como o vírus é bem recente, nosso corpo ainda não sabe muito bem como combatê-lo. Como se prevenir? O H1N1 se aloja no sistema respiratório e é transmitido por meio de gotículas (como a saliva, por exemplo). Como essas gotinhas são pesadas, elas não ficam muito tempo suspensas no ar e caem em superfícies, como mesas e objetos, ao alcance das mãos. Por isso, lavá-las com água e sabão é o principal modo de prevenção. O vírus pode sobreviver de 8 horas a 3 dias ao ar livre. Como funciona a vacina? A vacina contém uma versão mais leve do vírus. Assim, o corpo "conhece" a doença e fica sabendo como combatê-la no futuro. Crianças de até nove anos que nunca tomaram a vacina devem tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias entre elas; para quem é maior de nove anos ou já tomou a vacina, a dose é única. Onde encontrá-la? A rede pública disponibiliza a vacina para crianças menores de cinco anos, idosos, mulheres grávidas e quem tem doenças graves. Ela também pode ser encontrada em hospitais e laboratórios particulares, mas, devido à grande procura, está em falta em muitos deles. Como essa doença chegou ao Brasil? A principal hipótese é que pessoas que contraíram a gripe H1N1 no início do ano no hemisfério norte, quando lá é inverno, vieram ao Brasil nos últimos meses -e fizeram com que a doença se espalhasse no país. Fontes: Alexandre Barbosa, professor da Faculdade de Medicina da Unesp, e Alessandra Cristina Guedes Pellini, do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo
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Leitores saúdam Revolução de 1932
A morte de quatro estudantes, (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo) num confronto com a polícia quando se manifestavam contra a ditadura de Getúlio Vargas foi o estopim da revolta paulista que viria eclodir em 9 de julho de 1932, em favor de uma constituição. Após 87 dias de combates, em 3 de outubro de 1932, as tropas paulistas acabaram se rendendo. A constituição, porém, viria a ser promulgada só em 1934. Parabéns ao meu querido e batalhador Estado pelos 83 anos desta data histórica. Edgard Gobbi (Campinas, SP) * Meu saudoso avô João Baptista Isnard, então com 22 anos, participou da Revolução de 1932, como "Cabo 91". O 9 de Julho é motivo de orgulho para o povo paulista, por todos aqueles que lutaram por São Paulo e pelo Brasil. Renato Khair (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitores saúdam Revolução de 1932A morte de quatro estudantes, (Martins, Miragaia, Drausio e Camargo) num confronto com a polícia quando se manifestavam contra a ditadura de Getúlio Vargas foi o estopim da revolta paulista que viria eclodir em 9 de julho de 1932, em favor de uma constituição. Após 87 dias de combates, em 3 de outubro de 1932, as tropas paulistas acabaram se rendendo. A constituição, porém, viria a ser promulgada só em 1934. Parabéns ao meu querido e batalhador Estado pelos 83 anos desta data histórica. Edgard Gobbi (Campinas, SP) * Meu saudoso avô João Baptista Isnard, então com 22 anos, participou da Revolução de 1932, como "Cabo 91". O 9 de Julho é motivo de orgulho para o povo paulista, por todos aqueles que lutaram por São Paulo e pelo Brasil. Renato Khair (São Paulo, SP) * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Trump anuncia retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre o clima
Sob a justificativa de colocar os Estados Unidos "em primeiro lugar" -seu lema de campanha-, o presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (1º) que o país deixará o Acordo de Paris sobre o clima, assinado em dezembro de 2015 por 195 partes. Segundo Trump, a decisão representa uma "reafirmação da soberania americana", já que, na sua leitura, o acordo "paralisa os EUA enquanto empodera algumas das nações mais poluidoras do mundo". Ele disse que iniciará conversas -inclusive com democratas- para apresentar uma proposta que tenha "termos justos" em relação ao país. "Os Estados Unidos vão se retirar do Acordo de Paris sobre o clima, mas vão começar negociações para entrar novamente no Acordo de Paris ou em um acordo completamente novo", disse Trump em declaração nos jardins da Casa Branca. O plano, porém, já enfrenta resistência de outros países. Em comunicado conjunto, Alemanha, França e Itália disseram que o acordo não pode ser renegociado. A decisão era aguardada com ansiedade em todo o mundo, já que os EUA são o segundo maior emissor de gás carbônico do mundo, atrás apenas da China. O compromisso assumido pelo país era de reduzir de 26% a 28% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2025.O governo de Barack Obama foi um dos fiadores do tratado. Trump repetiu várias vezes que tomou a decisão pensando nos empregos do país e em acabar com a "tremenda e debilitante desvantagem" que o tratado impunha aos trabalhadores americanos, segundo ele. "Fui eleito para representar os eleitores de Pittsburgh [cidade industrial no Estado da Pensilvânia], não de Paris", disse. Segundo Trump, o acordo de Paris é uma "redistribuição maciça da riqueza dos EUA para outros países". "Os mesmos países que nos pedem para ficar no acordo são os países que, coletivamente, custam trilhões aos Estados Unidos", disse. O republicano ainda argumentou que, com um crescimento maior prometido por ele no país, os EUA vão precisar "de todas as formas de energia americana disponível". "Com um crescimento de 1%, as fontes renováveis ​​de energia podem atender a nossa demanda doméstica. Mas com um crescimento de 3% ou 4%, que é o que eu espero, precisamos de todas as formas de energia disponível para o nosso país", afirmou. REAÇÕES O presidente da França, Emmanuel Macron, descartou qualquer renegociação do acordo e disse que seu homólogo americano "cometeu um erro para os interesses de seu país, seu povo e um erro para o futuro de nosso planeta". "A França acredita em vocês [EUA], o mundo acredita em vocês, mas não cometam um erro com o clima, não há plano B porque não há planeta B", afirmou, chamando os cientistas americanos para trabalharem na França. A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou a decisão de Trump e disse que o país continuará com "todos os esforços de política climática para salvar nossa Terra", em comunicado de seu porta-voz, Steffen Seibert. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em nota que a saída do acordo foi "uma grande decepção" e que tem confiança nas ações de cidades, empresas e Estados para combater as mudanças climáticas. Em comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente, o governo brasileiro afirmou ter "profunda preocupação" com a decisão de Trump de deixar o Acordo de Paris. "Preocupa-nos o impacto negativo de tal decisão no diálogo e cooperação multilaterais para o enfrentamento de desafios globais", diz a nota, que ainda cita a disposição em continuar o diálogo sobre as mudanças climáticas. Enquanto Trump ainda falava, Obama divulgou comunicado no qual diz que o atual governo está se unindo a um "pequeno punhado de países que rejeita o futuro". Os dois que não assinaram foram Síria e Nicarágua. O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, também criticou a decisão e disse que seu Estado está comprometido em seguir as metas do Acordo de Paris "independentemente das ações irresponsáveis de Washington". Durante a campanha eleitoral, Trump já havia ameaçado retirar o país do acordo, enquanto defendia que o aquecimento global era uma "farsa". No entanto, havia divergências dentro da própria equipe do presidente sobre o destino do compromisso assumido na gestão Obama. Enquanto o administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), Scott Pruitt, e o estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon, defendiam que o país abandonasse o acordo, outro grupo, liderado pela filha do presidente, Ivanka, e seu marido, Jared Kushner, e pelo secretário de Estado, Rex Tillerson, advogava pela permanência, prevendo que o acordo dá margem para ajustes nas metas assumidas. Ivanka e Jared não estavam presentes ao anúncio. Segundo a CNN, um funcionário da Casa Branca disse que a filha do presidente não participou do evento porque estava em casa, respeitando o feriado judeu do Shavuot, e que Kushner tinha um encontro. Segundo um levantamento do Programa de Yale em Comunicação sobre Mudanças Climáticas, apenas 28% dos eleitores de Trump acham que os EUA não deveriam fazer parte do Acordo de Paris. TRATADO O tratado de Paris é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, criando o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C (em relação à era pré-industrial) até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5°C. Na cúpula do G7 (grupo das sete principais economias desenvolvidas) na semana passada na Itália, Trump fora pressionado por líderes mundiais a manter os EUA no pacto. A saída dos EUA deve comprometer metas do acordo e mudar a forma como outros governos, sobretudo os de países em desenvolvimento como China e Índia, tratam o compromisso. Durante as negociações, esses países arrogaram-se o "direito de poluir" por mais tempo, já que sua industrialização e sua consequente ação poluidora é mais tardia. No entanto, a China anunciará nesta sexta (2) um acordo com a União Europeia para tomar medidas que "acelerem o processo irreversível de reduzir o uso de combustíveis fósseis". Tal entendimento e o consequente engajamento chinês no processo poderiam, segundo analistas, mitigar parte do efeito da saída dos EUA do Acordo de Paris.
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Trump anuncia retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre o climaSob a justificativa de colocar os Estados Unidos "em primeiro lugar" -seu lema de campanha-, o presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (1º) que o país deixará o Acordo de Paris sobre o clima, assinado em dezembro de 2015 por 195 partes. Segundo Trump, a decisão representa uma "reafirmação da soberania americana", já que, na sua leitura, o acordo "paralisa os EUA enquanto empodera algumas das nações mais poluidoras do mundo". Ele disse que iniciará conversas -inclusive com democratas- para apresentar uma proposta que tenha "termos justos" em relação ao país. "Os Estados Unidos vão se retirar do Acordo de Paris sobre o clima, mas vão começar negociações para entrar novamente no Acordo de Paris ou em um acordo completamente novo", disse Trump em declaração nos jardins da Casa Branca. O plano, porém, já enfrenta resistência de outros países. Em comunicado conjunto, Alemanha, França e Itália disseram que o acordo não pode ser renegociado. A decisão era aguardada com ansiedade em todo o mundo, já que os EUA são o segundo maior emissor de gás carbônico do mundo, atrás apenas da China. O compromisso assumido pelo país era de reduzir de 26% a 28% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2025.O governo de Barack Obama foi um dos fiadores do tratado. Trump repetiu várias vezes que tomou a decisão pensando nos empregos do país e em acabar com a "tremenda e debilitante desvantagem" que o tratado impunha aos trabalhadores americanos, segundo ele. "Fui eleito para representar os eleitores de Pittsburgh [cidade industrial no Estado da Pensilvânia], não de Paris", disse. Segundo Trump, o acordo de Paris é uma "redistribuição maciça da riqueza dos EUA para outros países". "Os mesmos países que nos pedem para ficar no acordo são os países que, coletivamente, custam trilhões aos Estados Unidos", disse. O republicano ainda argumentou que, com um crescimento maior prometido por ele no país, os EUA vão precisar "de todas as formas de energia americana disponível". "Com um crescimento de 1%, as fontes renováveis ​​de energia podem atender a nossa demanda doméstica. Mas com um crescimento de 3% ou 4%, que é o que eu espero, precisamos de todas as formas de energia disponível para o nosso país", afirmou. REAÇÕES O presidente da França, Emmanuel Macron, descartou qualquer renegociação do acordo e disse que seu homólogo americano "cometeu um erro para os interesses de seu país, seu povo e um erro para o futuro de nosso planeta". "A França acredita em vocês [EUA], o mundo acredita em vocês, mas não cometam um erro com o clima, não há plano B porque não há planeta B", afirmou, chamando os cientistas americanos para trabalharem na França. A chanceler alemã, Angela Merkel, criticou a decisão de Trump e disse que o país continuará com "todos os esforços de política climática para salvar nossa Terra", em comunicado de seu porta-voz, Steffen Seibert. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em nota que a saída do acordo foi "uma grande decepção" e que tem confiança nas ações de cidades, empresas e Estados para combater as mudanças climáticas. Em comunicado conjunto dos ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente, o governo brasileiro afirmou ter "profunda preocupação" com a decisão de Trump de deixar o Acordo de Paris. "Preocupa-nos o impacto negativo de tal decisão no diálogo e cooperação multilaterais para o enfrentamento de desafios globais", diz a nota, que ainda cita a disposição em continuar o diálogo sobre as mudanças climáticas. Enquanto Trump ainda falava, Obama divulgou comunicado no qual diz que o atual governo está se unindo a um "pequeno punhado de países que rejeita o futuro". Os dois que não assinaram foram Síria e Nicarágua. O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, também criticou a decisão e disse que seu Estado está comprometido em seguir as metas do Acordo de Paris "independentemente das ações irresponsáveis de Washington". Durante a campanha eleitoral, Trump já havia ameaçado retirar o país do acordo, enquanto defendia que o aquecimento global era uma "farsa". No entanto, havia divergências dentro da própria equipe do presidente sobre o destino do compromisso assumido na gestão Obama. Enquanto o administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), Scott Pruitt, e o estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon, defendiam que o país abandonasse o acordo, outro grupo, liderado pela filha do presidente, Ivanka, e seu marido, Jared Kushner, e pelo secretário de Estado, Rex Tillerson, advogava pela permanência, prevendo que o acordo dá margem para ajustes nas metas assumidas. Ivanka e Jared não estavam presentes ao anúncio. Segundo a CNN, um funcionário da Casa Branca disse que a filha do presidente não participou do evento porque estava em casa, respeitando o feriado judeu do Shavuot, e que Kushner tinha um encontro. Segundo um levantamento do Programa de Yale em Comunicação sobre Mudanças Climáticas, apenas 28% dos eleitores de Trump acham que os EUA não deveriam fazer parte do Acordo de Paris. TRATADO O tratado de Paris é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, criando o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C (em relação à era pré-industrial) até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5°C. Na cúpula do G7 (grupo das sete principais economias desenvolvidas) na semana passada na Itália, Trump fora pressionado por líderes mundiais a manter os EUA no pacto. A saída dos EUA deve comprometer metas do acordo e mudar a forma como outros governos, sobretudo os de países em desenvolvimento como China e Índia, tratam o compromisso. Durante as negociações, esses países arrogaram-se o "direito de poluir" por mais tempo, já que sua industrialização e sua consequente ação poluidora é mais tardia. No entanto, a China anunciará nesta sexta (2) um acordo com a União Europeia para tomar medidas que "acelerem o processo irreversível de reduzir o uso de combustíveis fósseis". Tal entendimento e o consequente engajamento chinês no processo poderiam, segundo analistas, mitigar parte do efeito da saída dos EUA do Acordo de Paris.
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Turma do STJ nega pedido de liberdade a um dos doleiros da Lava Jato
A Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou nesta terça-feira (24) um pedido de liberdade feito pelo doleiro Carlos Habib Chater, dono do posto de gasolina em Brasília onde havia uma casa de câmbio e uma lavanderia que acabaram por batizar a operação que o levou à prisão: Lava Jato. Preso desde março de 2014, quando a operação foi deflagrada, Chater alegou ao STJ que não teve direito a ampla defesa e nem tempo para ler as mais de 50 mil páginas do processo antes de poder apresentar a peça que rebateria as acusações. O relator do pedido, ministro Newton Trisotto, já havia negado liminarmente o pedido de liberdade. Nesta terça, sua posição foi referendada, por unanimidade, na turma. De acordo com ele, Chater teve direito a ampla defesa e, na prática, dispôs até mesmo mais tempo que o legal para se defender das acusações. O ministro destacou que o Código de Processo Penal dá 10 dias para que acusados se defendam das imputações feitas pelo Ministério Público. Mas, no caso de Chater, Trisotto disse que, como parte das investigações subiram ao STF (Supremo Tribunal Federal) e posteriormente foram desmembradas para as instâncias inferiores da Justiça, ele acabou disponde de 30 dias para sua defesa.
poder
Turma do STJ nega pedido de liberdade a um dos doleiros da Lava JatoA Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou nesta terça-feira (24) um pedido de liberdade feito pelo doleiro Carlos Habib Chater, dono do posto de gasolina em Brasília onde havia uma casa de câmbio e uma lavanderia que acabaram por batizar a operação que o levou à prisão: Lava Jato. Preso desde março de 2014, quando a operação foi deflagrada, Chater alegou ao STJ que não teve direito a ampla defesa e nem tempo para ler as mais de 50 mil páginas do processo antes de poder apresentar a peça que rebateria as acusações. O relator do pedido, ministro Newton Trisotto, já havia negado liminarmente o pedido de liberdade. Nesta terça, sua posição foi referendada, por unanimidade, na turma. De acordo com ele, Chater teve direito a ampla defesa e, na prática, dispôs até mesmo mais tempo que o legal para se defender das acusações. O ministro destacou que o Código de Processo Penal dá 10 dias para que acusados se defendam das imputações feitas pelo Ministério Público. Mas, no caso de Chater, Trisotto disse que, como parte das investigações subiram ao STF (Supremo Tribunal Federal) e posteriormente foram desmembradas para as instâncias inferiores da Justiça, ele acabou disponde de 30 dias para sua defesa.
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Em novo aceno a taxistas, Haddad planeja afrouxar exigência de vistoria
Em novo aceno aos taxistas, a gestão Fernando Haddad (PT) planeja acabar com a vistoria anual obrigatória dos cerca de 38 mil veículos que fazem esse tipo de transporte em São Paulo. O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, diz que a intenção é fazer as vistorias (que analisam as condições do táxi) só por amostragem, em algo em torno de 10% da frota por ano, ou por meio de denúncias. A grande quantidade de obrigações para a renovação do Condutáxi (habilitação para dirigir) e do alvará (licença para táxis) é uma das principais reclamações dos taxistas, que travam um embate nos últimos meses com a gestão Haddad devido à regulamentação do Uber. Entre as queixas da categoria está a de que os motoristas do aplicativo fazem concorrência desleal, por terem exigências diferentes. A vistoria custa pouco mais de R$ 100. Segundo o sindicato dos taxistas, o atendimento é feito por ordem de chamada e se costuma perder uma diária completa para ter o veículo revisado. Luiz Célio Bottura, consultor de engenharia urbana, não vê problemas em se fazer a vistoria de forma randômica, desde que a ideia seja revista caso o número de táxis com problemas seja grande. "Na indústria automobilística, o controle de qualidade é feito de forma aleatória. Serve para se ter uma dimensão do problema", afirma. Já Sérgio Ejzenberg, mestre em transportes pela Poli- USP, entende que a medida é um erro. "Um carro normal roda, em média, 10 mil km por ano. Um táxi faz, facilmente, 100 mil km por ano." Para ele, "a vistoria é necessária, é a garantia da segurança. Na crise, a primeira coisa que as pessoas abandonam é a manutenção. A prefeitura está colocando o interesse da categoria acima do interesse público", diz Ejzenberg. O plano é mais um agrado que Haddad faz aos taxistas desde que definiu a regulamentação do Uber e outros aplicativos de transporte que conectam motoristas a passageiros, no último dia 10. Haddad autorizou taxistas a usarem as faixas de ônibus à direita o dia todo, mesmo sem passageiros, e os corredores à esquerda exclusivos a coletivos em todos os horários, desde que com passageiros. Autorizou também a Secretaria Municipal de Finanças a contratar táxis pretos no lugar de frota de aluguel. Em seguida, decidiu liberar os táxis pretos, que atuavam por aplicativos, a também pegar passageiros nas ruas e cobrar tarifa igual à dos taxistas do modelo branco, para não perder mercado diante do preço 25% superior previsto originalmente. EXIGÊNCIAS Motoristas do Uber não são submetidos aos mesmos testes, cursos e atualizações de documentos exigidos dos taxistas, como mostrou a Folha na semana passada. Segundo a prefeitura, uma portaria a ser publicada nos próximos meses obrigará os motoristas particulares a terem uma autorização semelhante ao Condutáxi. Para Tatto, não faz sentido a administração municipal ser a responsável por fiscalizar todos os táxis. A obrigação de zelar pelo carro, na opinião dele, é do motorista. Rodrigo Pirajá, presidente da SPNegócios (empresa municipal responsável pela regulamentação do Uber), disse que não deverão ser necessários cursos presenciais tanto para taxistas como para motoristas particulares. A ideia é que tudo seja pela internet. "O que importa é o conteúdo, que terá que respeitar requisitos mínimos, não o método", afirma.
cotidiano
Em novo aceno a taxistas, Haddad planeja afrouxar exigência de vistoriaEm novo aceno aos taxistas, a gestão Fernando Haddad (PT) planeja acabar com a vistoria anual obrigatória dos cerca de 38 mil veículos que fazem esse tipo de transporte em São Paulo. O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, diz que a intenção é fazer as vistorias (que analisam as condições do táxi) só por amostragem, em algo em torno de 10% da frota por ano, ou por meio de denúncias. A grande quantidade de obrigações para a renovação do Condutáxi (habilitação para dirigir) e do alvará (licença para táxis) é uma das principais reclamações dos taxistas, que travam um embate nos últimos meses com a gestão Haddad devido à regulamentação do Uber. Entre as queixas da categoria está a de que os motoristas do aplicativo fazem concorrência desleal, por terem exigências diferentes. A vistoria custa pouco mais de R$ 100. Segundo o sindicato dos taxistas, o atendimento é feito por ordem de chamada e se costuma perder uma diária completa para ter o veículo revisado. Luiz Célio Bottura, consultor de engenharia urbana, não vê problemas em se fazer a vistoria de forma randômica, desde que a ideia seja revista caso o número de táxis com problemas seja grande. "Na indústria automobilística, o controle de qualidade é feito de forma aleatória. Serve para se ter uma dimensão do problema", afirma. Já Sérgio Ejzenberg, mestre em transportes pela Poli- USP, entende que a medida é um erro. "Um carro normal roda, em média, 10 mil km por ano. Um táxi faz, facilmente, 100 mil km por ano." Para ele, "a vistoria é necessária, é a garantia da segurança. Na crise, a primeira coisa que as pessoas abandonam é a manutenção. A prefeitura está colocando o interesse da categoria acima do interesse público", diz Ejzenberg. O plano é mais um agrado que Haddad faz aos taxistas desde que definiu a regulamentação do Uber e outros aplicativos de transporte que conectam motoristas a passageiros, no último dia 10. Haddad autorizou taxistas a usarem as faixas de ônibus à direita o dia todo, mesmo sem passageiros, e os corredores à esquerda exclusivos a coletivos em todos os horários, desde que com passageiros. Autorizou também a Secretaria Municipal de Finanças a contratar táxis pretos no lugar de frota de aluguel. Em seguida, decidiu liberar os táxis pretos, que atuavam por aplicativos, a também pegar passageiros nas ruas e cobrar tarifa igual à dos taxistas do modelo branco, para não perder mercado diante do preço 25% superior previsto originalmente. EXIGÊNCIAS Motoristas do Uber não são submetidos aos mesmos testes, cursos e atualizações de documentos exigidos dos taxistas, como mostrou a Folha na semana passada. Segundo a prefeitura, uma portaria a ser publicada nos próximos meses obrigará os motoristas particulares a terem uma autorização semelhante ao Condutáxi. Para Tatto, não faz sentido a administração municipal ser a responsável por fiscalizar todos os táxis. A obrigação de zelar pelo carro, na opinião dele, é do motorista. Rodrigo Pirajá, presidente da SPNegócios (empresa municipal responsável pela regulamentação do Uber), disse que não deverão ser necessários cursos presenciais tanto para taxistas como para motoristas particulares. A ideia é que tudo seja pela internet. "O que importa é o conteúdo, que terá que respeitar requisitos mínimos, não o método", afirma.
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Documentário oferece um 'tour de luxo' pelas paixões de Leonilson
Através das lentes dos multifocais consigo reconhecer lá na frente a porteira dos meus 60 anos atravessando uma estrada que ora foi espinhosa, via dolorosa dos pecados de toda uma geração, ora foi forrada de diamantes, via expressa para o prazer e o sorver de tudo de bom que sempre esteve ao nosso alcance. Já ficou para trás tanta buraqueira nesse caminho acidentado, que eu não sei mais identificar se meu mal estar são saudades do Leo ou da gente, daquilo que éramos e tínhamos pela frente. Leo – José Leonilson –, artista celebrado em vida e mito "post mortem" da chamada Geração 80, foi meu amigão na juventude. Sentia por ele uma afinidade especial. Éramos praticamente comadres. Leonilson morreu em 1993. Virou propriedade pública, patrimônio, deixou de ser o confidente com quem eu passava as tardes jogando conversa fora sobre aquilo que nos tocava, mas principalmente nos feria. Daqueles tempos para cá, minha memória derreteu, foi muita farra seguida de reparação, recaída e reconstrução. Já não consigo e nem quero mais sentir. Mas de vez em quando milagres acontecem, como há poucos meses, quando um dos diretores da Pinacoteca de São Paulo, Paulo Vicelli, me chamou para visitar a sala com as ilustrações que Leonilson fez para a coluna "Talk of the Town", espaço na página 2 do caderno "Cotidiano" deste jornal, que inaugurei em 1990. Ficamos só nós, as ilustrações enfileiradas na parede, as lembranças e eu, cara a cara, naquele salão. Matando saudades. Esse encontro com Leonilson foi há uns seis meses. Apesar de minha criminosa falta de memória, as ilustrações trouxeram lembranças de Leo explicando, como se eu fosse retardada, que a ilustração x ou y retratava seu sangue infectado, um tema recorrente depois de ele ser fisgado pelo HIV; lembrei dele também falando da mãe adorada, a quem sempre retratava como figura mastodôntica, representada por montanhas ou formas monumentais. Tive novo reencontro com Leonilson na semana passada. Desta vez, fui colhida de surpresa por um documentário com características de Lázaro, que me tocou profundamente por fazer ressuscitar em mim neurônios que conseguiram reativar minha memória. "A Paixão de JL", de Carlos Nader, longa-metragem que faz parte do festival "É Tudo Verdade" e está na Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens, fornece a possibilidade de fazer um tour de luxo pela alma de Leonilson. E, a reboque, pela figura do artista e pelos sentimentos que ele narra com sua candura típica, permitindo que se revisite (ou tome conhecimento) daquelas décadas que nós vivemos com a leveza de quem ainda tem a vida adulta pela frente. As paixões que moveram as décadas de 80 e 90, o clima político no Brasil, no mundo, a estética, a cultura pop, as motivações artísticas e, em particular, deste artista tão emblemático de seu tempo... Está tudinho ali. Carlos Nader era muito próximo de Leonilson, convivia com ele, compartilhava de sua intimidade, integrava aquele mundo dos garotos bem-nascidos providos de miolos que Leonilson frequentava e que tudo podiam. Para fazer seu documentário dispôs de um material luxuoso: o diário gravado pelo próprio artista, que o manteve de 1990 até 1993, quando morreu vítima da Aids. Leo pretendia talvez transformar o diário falado em livro. Não deu tempo. Em "A Paixão de JL", sua voz é que faz as vezes de narrador, ator principal, cenografia e trilha sonora. SAGRADO CORAÇÃO Nosso mundinho, as imagens que recheavam o imaginário de Leo, de Carlos Nader, meu e de muitos outros nossos contemporâneos, o David Cassidy, da "Família Dó-Ré-Mi", que Leonilson menciona querer colecionar como miniatura, o filme "Paris, Texas", de Wim Wenders com o Travis andarilho que despertou uma autocomiseração geral na turma, "Asas do Desejo", de Derek Jarman... A certa altura, Leonilson exclama ressabiado: "Nunca gostei de ser bichinha. Eu sou homem". E era mesmo. Põe machão nisso. Além de particularmente bravo. Se no começo de suas conversas com o gravador os grandes questionamentos são seus amores, uma paixão incessante canalizada pela pulsão sexual, quando se descobre soropositivo ele se volta para outro tipo de "paixão", o Sagrado Coração de Jesus, tema recorrente de sua obra. Leonilson conversa com Deus (de igual para igual, diga-se), procurando desesperadamente se encaixar num mundo que não aceita, mas ainda assim o amedronta. "Como posso pedir a Deus para segurar a minha barra se ele deixou as coisas chegarem a este ponto? Onde mais vai chegar?", pergunta depois de descobrir no resultado de um exame de sangue que seus linfócitos diminuíram pela metade. Leo pinta e borda por assuntos como o Plano Collor, a Guerra do Iraque, a novela. Fala em arrependimento e sobretudo no amor, que nunca está à altura de sua fantasia. Carlos Nader mostra um dos bordados do artista: "Leo não consegue salvar o mundo". Lembro que, naqueles anos, não chovia nunca na nossa horta. Em matéria de namorado (ele) e namorada (eu) éramos o retrato da Cantareira atual. Ele aceitava qualquer migalha, eu também me contentava com muito pouco. Pois, visto que esse era nosso assunto principal, percebo no documentário pelo tanto de namorado loiro e estrangeiro mencionado (um clássico) que minha orelha lhe foi tão útil quanto o gravador. Na tela surge mais uma imagem típica de suas pinturas, um coração, depois mais uma obra de Leonilson exibindo um cordão umbilical que liga duas figuras masculinas e daí vem um bordado com uma gotícula que pode ser gota de sangue como pode ser lágrima. O artista está morrendo, ele liga o gravador e descreve o que sente, o que vê quando abre os olhos. Ele está deitado na cama do hospital. Em seguida vem o vazio. "Nenhuma direção para correr". A PAIXÃO DE JL DIREÇÃO: CARLOS NADER PRODUÇÃO: BRASIL, 2014, 14 ANOS QUANDO: QUA. (15), ÀS 21H E QUI. (16), ÀS 15H, NO CINE LIVRARIA CULTURA
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Documentário oferece um 'tour de luxo' pelas paixões de LeonilsonAtravés das lentes dos multifocais consigo reconhecer lá na frente a porteira dos meus 60 anos atravessando uma estrada que ora foi espinhosa, via dolorosa dos pecados de toda uma geração, ora foi forrada de diamantes, via expressa para o prazer e o sorver de tudo de bom que sempre esteve ao nosso alcance. Já ficou para trás tanta buraqueira nesse caminho acidentado, que eu não sei mais identificar se meu mal estar são saudades do Leo ou da gente, daquilo que éramos e tínhamos pela frente. Leo – José Leonilson –, artista celebrado em vida e mito "post mortem" da chamada Geração 80, foi meu amigão na juventude. Sentia por ele uma afinidade especial. Éramos praticamente comadres. Leonilson morreu em 1993. Virou propriedade pública, patrimônio, deixou de ser o confidente com quem eu passava as tardes jogando conversa fora sobre aquilo que nos tocava, mas principalmente nos feria. Daqueles tempos para cá, minha memória derreteu, foi muita farra seguida de reparação, recaída e reconstrução. Já não consigo e nem quero mais sentir. Mas de vez em quando milagres acontecem, como há poucos meses, quando um dos diretores da Pinacoteca de São Paulo, Paulo Vicelli, me chamou para visitar a sala com as ilustrações que Leonilson fez para a coluna "Talk of the Town", espaço na página 2 do caderno "Cotidiano" deste jornal, que inaugurei em 1990. Ficamos só nós, as ilustrações enfileiradas na parede, as lembranças e eu, cara a cara, naquele salão. Matando saudades. Esse encontro com Leonilson foi há uns seis meses. Apesar de minha criminosa falta de memória, as ilustrações trouxeram lembranças de Leo explicando, como se eu fosse retardada, que a ilustração x ou y retratava seu sangue infectado, um tema recorrente depois de ele ser fisgado pelo HIV; lembrei dele também falando da mãe adorada, a quem sempre retratava como figura mastodôntica, representada por montanhas ou formas monumentais. Tive novo reencontro com Leonilson na semana passada. Desta vez, fui colhida de surpresa por um documentário com características de Lázaro, que me tocou profundamente por fazer ressuscitar em mim neurônios que conseguiram reativar minha memória. "A Paixão de JL", de Carlos Nader, longa-metragem que faz parte do festival "É Tudo Verdade" e está na Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens, fornece a possibilidade de fazer um tour de luxo pela alma de Leonilson. E, a reboque, pela figura do artista e pelos sentimentos que ele narra com sua candura típica, permitindo que se revisite (ou tome conhecimento) daquelas décadas que nós vivemos com a leveza de quem ainda tem a vida adulta pela frente. As paixões que moveram as décadas de 80 e 90, o clima político no Brasil, no mundo, a estética, a cultura pop, as motivações artísticas e, em particular, deste artista tão emblemático de seu tempo... Está tudinho ali. Carlos Nader era muito próximo de Leonilson, convivia com ele, compartilhava de sua intimidade, integrava aquele mundo dos garotos bem-nascidos providos de miolos que Leonilson frequentava e que tudo podiam. Para fazer seu documentário dispôs de um material luxuoso: o diário gravado pelo próprio artista, que o manteve de 1990 até 1993, quando morreu vítima da Aids. Leo pretendia talvez transformar o diário falado em livro. Não deu tempo. Em "A Paixão de JL", sua voz é que faz as vezes de narrador, ator principal, cenografia e trilha sonora. SAGRADO CORAÇÃO Nosso mundinho, as imagens que recheavam o imaginário de Leo, de Carlos Nader, meu e de muitos outros nossos contemporâneos, o David Cassidy, da "Família Dó-Ré-Mi", que Leonilson menciona querer colecionar como miniatura, o filme "Paris, Texas", de Wim Wenders com o Travis andarilho que despertou uma autocomiseração geral na turma, "Asas do Desejo", de Derek Jarman... A certa altura, Leonilson exclama ressabiado: "Nunca gostei de ser bichinha. Eu sou homem". E era mesmo. Põe machão nisso. Além de particularmente bravo. Se no começo de suas conversas com o gravador os grandes questionamentos são seus amores, uma paixão incessante canalizada pela pulsão sexual, quando se descobre soropositivo ele se volta para outro tipo de "paixão", o Sagrado Coração de Jesus, tema recorrente de sua obra. Leonilson conversa com Deus (de igual para igual, diga-se), procurando desesperadamente se encaixar num mundo que não aceita, mas ainda assim o amedronta. "Como posso pedir a Deus para segurar a minha barra se ele deixou as coisas chegarem a este ponto? Onde mais vai chegar?", pergunta depois de descobrir no resultado de um exame de sangue que seus linfócitos diminuíram pela metade. Leo pinta e borda por assuntos como o Plano Collor, a Guerra do Iraque, a novela. Fala em arrependimento e sobretudo no amor, que nunca está à altura de sua fantasia. Carlos Nader mostra um dos bordados do artista: "Leo não consegue salvar o mundo". Lembro que, naqueles anos, não chovia nunca na nossa horta. Em matéria de namorado (ele) e namorada (eu) éramos o retrato da Cantareira atual. Ele aceitava qualquer migalha, eu também me contentava com muito pouco. Pois, visto que esse era nosso assunto principal, percebo no documentário pelo tanto de namorado loiro e estrangeiro mencionado (um clássico) que minha orelha lhe foi tão útil quanto o gravador. Na tela surge mais uma imagem típica de suas pinturas, um coração, depois mais uma obra de Leonilson exibindo um cordão umbilical que liga duas figuras masculinas e daí vem um bordado com uma gotícula que pode ser gota de sangue como pode ser lágrima. O artista está morrendo, ele liga o gravador e descreve o que sente, o que vê quando abre os olhos. Ele está deitado na cama do hospital. Em seguida vem o vazio. "Nenhuma direção para correr". A PAIXÃO DE JL DIREÇÃO: CARLOS NADER PRODUÇÃO: BRASIL, 2014, 14 ANOS QUANDO: QUA. (15), ÀS 21H E QUI. (16), ÀS 15H, NO CINE LIVRARIA CULTURA
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Chapecoense perde para o Avaí, mas conquista o 1º título após tragédia
Foi com susto, foi sofrido, mas a Chapecoense ganhou o Campeonato Catarinense e levantou em casa o primeiro troféu depois do acidente em Medellín em novembro do ano passado. O título veio com derrota em casa diante do Avaí por 1 a.0. O título veio com derrota em casa diante do Avaí por 1 a 0. Na partida de ida, a Chape venceu pelo mesmo placar em Florianópolis e fez valer a vantagem de dois resultados iguais por ter a melhor campanha. O resultado é fundamental para a equipe e para a torcida porque a decisão do campeonato era considerada a confirmação do renascimento da Chapecoense. Mas o homem que levantou o troféu foi o causador do susto e nervosismo do público que lotou a Arena Condá, esgotando os ingressos antes do dia do jogo. O capitão e goleiro, Artur Moraes, falhou aos 27 minutos do primeiro tempo. O lateral direito do Avaí Leandro Silva chutou cruzado de longe na direção em que Artur estava. Ainda assim, a bola estufou as redes. O lance mudou o andamento da partida, que até então era dominada pelos donos da casa. O Avaí não conseguia anular a Chape e muito menos criar chances de gol. Mas, com a vantagem no placar, criou chances de fazer o segundo e ficar com título. Na volta do intervalo os dois times tiveram chance de marcar, mas o placar continuava o mesmo. Jogadores e torcida permaneceram nervosos, sentimento que aumentou quando o árbitro decretou cinco minutos de acréscimos. Houve até um princípio de confusão no banco, e Nenê da Chape foi expulso aos 47 minutos do segundo tempo. Um gol para qualquer um dos lados definiria o campeão. Mas ele não aconteceu e o apito final que confirmou o título da Chapecoense. Ser campeão com derrota não é o ideal, mas o mais importante é ser campeão. Com este sentimento os donos da casa ergueram o troféu. Foi o sexto campeonato estadual do time e a primeira vez que ele conquistou duas taças seguidas. O trabalho coroou a melhor campanha de uma equipe reconstruída às pressas. Neste ano, 27 jogadores chegaram para o elenco. Na próxima quinta a Chape tem outra decisão. O time viaja justamente para Medellín onde enfrenta o Atlético Nacional pela final da Recopa. O time catarinense ganhou o jogo de ia por 2 a 1.
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Chapecoense perde para o Avaí, mas conquista o 1º título após tragédiaFoi com susto, foi sofrido, mas a Chapecoense ganhou o Campeonato Catarinense e levantou em casa o primeiro troféu depois do acidente em Medellín em novembro do ano passado. O título veio com derrota em casa diante do Avaí por 1 a.0. O título veio com derrota em casa diante do Avaí por 1 a 0. Na partida de ida, a Chape venceu pelo mesmo placar em Florianópolis e fez valer a vantagem de dois resultados iguais por ter a melhor campanha. O resultado é fundamental para a equipe e para a torcida porque a decisão do campeonato era considerada a confirmação do renascimento da Chapecoense. Mas o homem que levantou o troféu foi o causador do susto e nervosismo do público que lotou a Arena Condá, esgotando os ingressos antes do dia do jogo. O capitão e goleiro, Artur Moraes, falhou aos 27 minutos do primeiro tempo. O lateral direito do Avaí Leandro Silva chutou cruzado de longe na direção em que Artur estava. Ainda assim, a bola estufou as redes. O lance mudou o andamento da partida, que até então era dominada pelos donos da casa. O Avaí não conseguia anular a Chape e muito menos criar chances de gol. Mas, com a vantagem no placar, criou chances de fazer o segundo e ficar com título. Na volta do intervalo os dois times tiveram chance de marcar, mas o placar continuava o mesmo. Jogadores e torcida permaneceram nervosos, sentimento que aumentou quando o árbitro decretou cinco minutos de acréscimos. Houve até um princípio de confusão no banco, e Nenê da Chape foi expulso aos 47 minutos do segundo tempo. Um gol para qualquer um dos lados definiria o campeão. Mas ele não aconteceu e o apito final que confirmou o título da Chapecoense. Ser campeão com derrota não é o ideal, mas o mais importante é ser campeão. Com este sentimento os donos da casa ergueram o troféu. Foi o sexto campeonato estadual do time e a primeira vez que ele conquistou duas taças seguidas. O trabalho coroou a melhor campanha de uma equipe reconstruída às pressas. Neste ano, 27 jogadores chegaram para o elenco. Na próxima quinta a Chape tem outra decisão. O time viaja justamente para Medellín onde enfrenta o Atlético Nacional pela final da Recopa. O time catarinense ganhou o jogo de ia por 2 a 1.
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Com bonecos, grupo franco-brasileiro encena 'gritos' de incompreendidos
Para conceber "Gritos", espetáculo em cartaz em São Paulo, a dupla André Curti e Artur Luanda Ribeiro, da companhia Dos à Deux, criou réplicas de si mesmos em formato de bonecos -com colaboração da marionetista russa Natacha Belova e do brasileiro Bruno Dante. Por quase duas semanas, restringiram-se a se sentar nas cadeiras de diretores e contemplar seus duplos por horas a fio, sem saber ao certo o que fariam deles. O caminho se abriu quando decidiram desmembrar seus bonecos. Não num ato "macabro", lembra Artur, "mas algo totalmente poético e lúdico". Das partes, nasceram os personagens que compõem a peça, figuras marginalizadas, incompreendidas, em busca de sua identidade e da ternura dos outros. "Nosso ponto de partida foi a palavra 'amor'. Estávamos sendo conduzido por pedaços de pessoas, por coisas que nos rasgam", diz Artur. A narrativa é composta de três "gritos cênicos", como define a dupla. São três histórias que transitam pelos temas da peça, como a de Louise, uma transexual incompreendida e incumbida de cuidar da mãe doente; um homem que perde a cabeça e se vê separado dela por um muro; uma mulher cuja dança é interrompida pela violência. "Fomos escultores mesmo em cena, trabalhando e improvisando", conta Artur. Atores e diretores, Artur e André manipulam no palco as partes das marionetes, dando vida aos personagens somente com gestos, sem palavras. O cenário (indicado ao Prêmio Shell, assim como a direção) é composto de molas de colchões, que tanto dão a ideia de labirinto quanto a de conforto. "É a metáfora dessa temática do amor", afirma o codiretor. "É um colchão, mas que não te acalenta mais, do qual foi tirada a espuma." No espetáculo, os artistas exploraram muito a plasticidade da cena, aproximando-se, mais do que em outros trabalhos, da linguagem das artes plásticas. "É uma coisa [o aspecto plástico] que estava um pouco em retenção. É como se a gente tivesse empurrado um pouco os muros e pudesse se expandir", continua. FRANCO-BRASILEIRA Em "Gritos", a dupla volta a dividir a cena como em sua primeira peça, "Dos à Deux" (1998), que deu nome à companhia fundada pelos dois quando trabalhavam na França. É um grupo que se firmou na pesquisa do teatro gestual. Também é um trabalho desenvolvido no Brasil. Quase todas as montagens do coletivo foram concebidos na Europa, muitas vezes em parceria com artistas do continente -outra exceção foi "Ausência" (2013), monólogo com o ator Luís Melo criado por aqui. Há cinco anos, a companhia passou a ter duas sedes: uma na França, já existente, e outra no Rio, um casarão de 1846 que abrigava um cortiço no bairro carioca da Glória. A ideia da dupla, que derrubou paredes do imóvel e transformou os 40 quartos em nove, mais espaçosos, é fazer do espaço um local de residências artísticas. * GRITOS QUANDO seg., sex. e sáb., às 20h; dom., às 19h; até 24/4 ONDE Centro Cultural Banco do Brasil, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651 QUANTO R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 14 anos
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Com bonecos, grupo franco-brasileiro encena 'gritos' de incompreendidosPara conceber "Gritos", espetáculo em cartaz em São Paulo, a dupla André Curti e Artur Luanda Ribeiro, da companhia Dos à Deux, criou réplicas de si mesmos em formato de bonecos -com colaboração da marionetista russa Natacha Belova e do brasileiro Bruno Dante. Por quase duas semanas, restringiram-se a se sentar nas cadeiras de diretores e contemplar seus duplos por horas a fio, sem saber ao certo o que fariam deles. O caminho se abriu quando decidiram desmembrar seus bonecos. Não num ato "macabro", lembra Artur, "mas algo totalmente poético e lúdico". Das partes, nasceram os personagens que compõem a peça, figuras marginalizadas, incompreendidas, em busca de sua identidade e da ternura dos outros. "Nosso ponto de partida foi a palavra 'amor'. Estávamos sendo conduzido por pedaços de pessoas, por coisas que nos rasgam", diz Artur. A narrativa é composta de três "gritos cênicos", como define a dupla. São três histórias que transitam pelos temas da peça, como a de Louise, uma transexual incompreendida e incumbida de cuidar da mãe doente; um homem que perde a cabeça e se vê separado dela por um muro; uma mulher cuja dança é interrompida pela violência. "Fomos escultores mesmo em cena, trabalhando e improvisando", conta Artur. Atores e diretores, Artur e André manipulam no palco as partes das marionetes, dando vida aos personagens somente com gestos, sem palavras. O cenário (indicado ao Prêmio Shell, assim como a direção) é composto de molas de colchões, que tanto dão a ideia de labirinto quanto a de conforto. "É a metáfora dessa temática do amor", afirma o codiretor. "É um colchão, mas que não te acalenta mais, do qual foi tirada a espuma." No espetáculo, os artistas exploraram muito a plasticidade da cena, aproximando-se, mais do que em outros trabalhos, da linguagem das artes plásticas. "É uma coisa [o aspecto plástico] que estava um pouco em retenção. É como se a gente tivesse empurrado um pouco os muros e pudesse se expandir", continua. FRANCO-BRASILEIRA Em "Gritos", a dupla volta a dividir a cena como em sua primeira peça, "Dos à Deux" (1998), que deu nome à companhia fundada pelos dois quando trabalhavam na França. É um grupo que se firmou na pesquisa do teatro gestual. Também é um trabalho desenvolvido no Brasil. Quase todas as montagens do coletivo foram concebidos na Europa, muitas vezes em parceria com artistas do continente -outra exceção foi "Ausência" (2013), monólogo com o ator Luís Melo criado por aqui. Há cinco anos, a companhia passou a ter duas sedes: uma na França, já existente, e outra no Rio, um casarão de 1846 que abrigava um cortiço no bairro carioca da Glória. A ideia da dupla, que derrubou paredes do imóvel e transformou os 40 quartos em nove, mais espaçosos, é fazer do espaço um local de residências artísticas. * GRITOS QUANDO seg., sex. e sáb., às 20h; dom., às 19h; até 24/4 ONDE Centro Cultural Banco do Brasil, r. Álvares Penteado, 112, tel. (11) 3113-3651 QUANTO R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 14 anos
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Evento gratuito aproxima público do universo empreendedor
A empresa júnior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP organiza o Empreender, com atividades teóricas e práticas para aproximar o público do universo empreendedor, na segunda (18) e terça-feira (19). Nesta edição, os participantes serão motivados a identificar e formar uma nova cultura do empreendedorismo a partir do conhecimento de novas vertentes. Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Estão programados palestras e workshops interativos. Além disso, a atividade Mão na Massa foi pensada para a habilitação prática dos interessados. Entre os convidados estão Alexandre Serodio, CEO do Beleza na WEB, Renata Moraes, CEO da ImpulsoBeta e Rodrigo Dantas, CEO da Vindi. As inscrições são pelo site ou na FEA-USP durante os dias do evento. Empreender - FEA-USP - avenida professor Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo, SP. Seg. (18) e ter. (19): das 11h20 às 19h. Informações e inscrições, no site.
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Evento gratuito aproxima público do universo empreendedorA empresa júnior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP organiza o Empreender, com atividades teóricas e práticas para aproximar o público do universo empreendedor, na segunda (18) e terça-feira (19). Nesta edição, os participantes serão motivados a identificar e formar uma nova cultura do empreendedorismo a partir do conhecimento de novas vertentes. Os prêmios Empreendedor Social e Folha Empreendedor Social de Futuro já estão com as inscrições abertas; participe Estão programados palestras e workshops interativos. Além disso, a atividade Mão na Massa foi pensada para a habilitação prática dos interessados. Entre os convidados estão Alexandre Serodio, CEO do Beleza na WEB, Renata Moraes, CEO da ImpulsoBeta e Rodrigo Dantas, CEO da Vindi. As inscrições são pelo site ou na FEA-USP durante os dias do evento. Empreender - FEA-USP - avenida professor Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo, SP. Seg. (18) e ter. (19): das 11h20 às 19h. Informações e inscrições, no site.
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Tradição ou atualização
RIO DE JANEIRO - Polêmica que nunca acabará: lembro uma briga antiga que empolgou não a plebe rude, mas a plebe erudita. Mais precisamente, o mundo lírico: tradição ou atualização? O pretexto foi a montagem de uma ópera, "Madama Butterfly", no Municipal do Rio. Deve-se atualizar o passado? O gênero é conservador, até mesmo reacionário. No caso específico de Madama Butterfly, uma das mais populares de Puccini, a cenarista Tomie Ohtake tentou romper a tradição atualizando o cenário de uma casa em Nagasaki antes da bomba atômica. Preferiu a atualização, que às vezes torna ridícula qualquer representação. Já vi uma "Carmem" em que o toureiro entra em cena vestido com um macacão vermelho, igual ao do Airton Sena. Na estreia do "Barbeiro de Sevilha", um gato invadiu o palco justo na hora em que o Conde de Almaviva cantava sua famosa ária. Assustado, o ator tropeçou num móvel, arrebentou o nariz, o sangue jorrou. Não querendo perder seu melhor momento, continuou em cena, secando o sangue com o lenço que era de papel cenográfico. Daí para cá, os atores que interpretam o Conde, ao chegar a grande ária, apanham um lenço e esfregam o nariz A paisagem japonesa, que admiramos nas xícaras de chá, nas ventarolas dos bailes infantis do Municipal, nas lanternas de papel crepom, inspiraram Puccini, que espalhou, pela sua partitura, vários temas e acordes da música oriental (fez o mesmo com o hino dos Estados Unidos, marcando a presença do cônsul americano em Nagasaki). Vi em Verona uma peça de Shakespeare adaptada à Guerra do Vietnã. E no Metropolitan, um musculoso Pery cantando com um relógio de pulso. Não é botando minissaia em nossa avó que ela fica moderna e atual: ficará mais feia e lamentável.
colunas
Tradição ou atualizaçãoRIO DE JANEIRO - Polêmica que nunca acabará: lembro uma briga antiga que empolgou não a plebe rude, mas a plebe erudita. Mais precisamente, o mundo lírico: tradição ou atualização? O pretexto foi a montagem de uma ópera, "Madama Butterfly", no Municipal do Rio. Deve-se atualizar o passado? O gênero é conservador, até mesmo reacionário. No caso específico de Madama Butterfly, uma das mais populares de Puccini, a cenarista Tomie Ohtake tentou romper a tradição atualizando o cenário de uma casa em Nagasaki antes da bomba atômica. Preferiu a atualização, que às vezes torna ridícula qualquer representação. Já vi uma "Carmem" em que o toureiro entra em cena vestido com um macacão vermelho, igual ao do Airton Sena. Na estreia do "Barbeiro de Sevilha", um gato invadiu o palco justo na hora em que o Conde de Almaviva cantava sua famosa ária. Assustado, o ator tropeçou num móvel, arrebentou o nariz, o sangue jorrou. Não querendo perder seu melhor momento, continuou em cena, secando o sangue com o lenço que era de papel cenográfico. Daí para cá, os atores que interpretam o Conde, ao chegar a grande ária, apanham um lenço e esfregam o nariz A paisagem japonesa, que admiramos nas xícaras de chá, nas ventarolas dos bailes infantis do Municipal, nas lanternas de papel crepom, inspiraram Puccini, que espalhou, pela sua partitura, vários temas e acordes da música oriental (fez o mesmo com o hino dos Estados Unidos, marcando a presença do cônsul americano em Nagasaki). Vi em Verona uma peça de Shakespeare adaptada à Guerra do Vietnã. E no Metropolitan, um musculoso Pery cantando com um relógio de pulso. Não é botando minissaia em nossa avó que ela fica moderna e atual: ficará mais feia e lamentável.
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Os patos vão para o paraíso
Foi necessária a fuga de informações sobre centenas de milhares de operações oriundas da firma de advogados Mossack Fonseca, sediada no Panamá, para que o mundo tomasse conhecimento dos meandros e personagens de um amplo sistema "offshore" desenhado, sobretudo, para legalizar a sonegação de impostos e a lavagem de dinheiro. As informações preliminares sugerem que entre os usuários do sistema estão a oligarquia russa; autocratas sauditas; o presidente da Argentina, Mauricio Macri; o jogador Lionel Messi; ao menos 29 multimilionários listados na revista "Forbes"; o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o filho de Paulo Skaf, presidente da Fiesp –a entidade que lançou a agora célebre campanha "Não vou pagar o pato". No paraíso cartorial dos patos, convivem sonegadores, bancos que querem escapar da regulação, corruptores, corruptos, traficantes e até mesmo terroristas. É da necessidade de fuga –da lei, dos impostos ou da regulação– que se alimenta essa rede complexa, que não começa nem termina no Panamá. Algo une todos os clientes: o mundo das "offshore" parece só ser acessível aos mais ricos. Como escreveu a deputada portuguesa Mariana Mortágua, "para os demais, os que trabalham e ganham o salário mínimo, ou o médio, fica o peso de uma administração tributária implacável e a responsabilidade de, com os seus impostos, financiar os Estados". No Brasil, segundo a organização de pesquisa e consultoria Global Financial Integrity (GFI), a saída ilícita de capitais chegou a US$ 226,6 bilhões em dez anos (2004-2013), o que nos torna o sexto país em desenvolvimento a mais sofrer com a saída de recursos. Na Operação Zelotes, que trata de sonegação e corrupção –tudo junto e misturado– em território nacional, a Polícia Federal investiga desvios da ordem de R$ 20 bilhões. Os tais patos, indignados com o olho grande do Estado sobre sua renda e/ou patrimônio, querem o melhor dos mundos, no qual a Mossack Fonseca vende lotes na terra prometida. Buscam ao mesmo tempo uma qualidade de vida escandinava e uma capacidade de fiscalização e arrecadação da Somália. Não parecem enxergar nenhuma incompatibilidade entre a conquista de tal qualidade de vida, que só existe de verdade ao final de uma travessia de alto crescimento e forte redução das desigualdades e, por exemplo, o tipo de ajuste fiscal que demandam do Estado brasileiro. Concentram suas forças em pressionar o governo por amplas desonerações fiscais e impedir a volta da cobrança de Imposto de Renda da Pessoa Física sobre lucros distribuídos, a elevação dos impostos sobre grandes heranças ou a criação de um imposto sobre grandes fortunas. Enquanto isso, trabalhadores e pequenos empresários sofrem com a carga tributária pesada e demasiado complexa sobre o consumo e a produção. Alguns desses, sem perceber que são os únicos patos dessa história, parecem sentir-se representados pela campanha da Fiesp. Se mais bem informados e conscientes de que direitos sociais, sonegação e corrupção não cabem no mesmo orçamento, certamente trocariam de alvo e substituiriam os gritos de "Vai pra Cuba!" pelos de "Vai pro Panamá!".
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Os patos vão para o paraísoFoi necessária a fuga de informações sobre centenas de milhares de operações oriundas da firma de advogados Mossack Fonseca, sediada no Panamá, para que o mundo tomasse conhecimento dos meandros e personagens de um amplo sistema "offshore" desenhado, sobretudo, para legalizar a sonegação de impostos e a lavagem de dinheiro. As informações preliminares sugerem que entre os usuários do sistema estão a oligarquia russa; autocratas sauditas; o presidente da Argentina, Mauricio Macri; o jogador Lionel Messi; ao menos 29 multimilionários listados na revista "Forbes"; o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o filho de Paulo Skaf, presidente da Fiesp –a entidade que lançou a agora célebre campanha "Não vou pagar o pato". No paraíso cartorial dos patos, convivem sonegadores, bancos que querem escapar da regulação, corruptores, corruptos, traficantes e até mesmo terroristas. É da necessidade de fuga –da lei, dos impostos ou da regulação– que se alimenta essa rede complexa, que não começa nem termina no Panamá. Algo une todos os clientes: o mundo das "offshore" parece só ser acessível aos mais ricos. Como escreveu a deputada portuguesa Mariana Mortágua, "para os demais, os que trabalham e ganham o salário mínimo, ou o médio, fica o peso de uma administração tributária implacável e a responsabilidade de, com os seus impostos, financiar os Estados". No Brasil, segundo a organização de pesquisa e consultoria Global Financial Integrity (GFI), a saída ilícita de capitais chegou a US$ 226,6 bilhões em dez anos (2004-2013), o que nos torna o sexto país em desenvolvimento a mais sofrer com a saída de recursos. Na Operação Zelotes, que trata de sonegação e corrupção –tudo junto e misturado– em território nacional, a Polícia Federal investiga desvios da ordem de R$ 20 bilhões. Os tais patos, indignados com o olho grande do Estado sobre sua renda e/ou patrimônio, querem o melhor dos mundos, no qual a Mossack Fonseca vende lotes na terra prometida. Buscam ao mesmo tempo uma qualidade de vida escandinava e uma capacidade de fiscalização e arrecadação da Somália. Não parecem enxergar nenhuma incompatibilidade entre a conquista de tal qualidade de vida, que só existe de verdade ao final de uma travessia de alto crescimento e forte redução das desigualdades e, por exemplo, o tipo de ajuste fiscal que demandam do Estado brasileiro. Concentram suas forças em pressionar o governo por amplas desonerações fiscais e impedir a volta da cobrança de Imposto de Renda da Pessoa Física sobre lucros distribuídos, a elevação dos impostos sobre grandes heranças ou a criação de um imposto sobre grandes fortunas. Enquanto isso, trabalhadores e pequenos empresários sofrem com a carga tributária pesada e demasiado complexa sobre o consumo e a produção. Alguns desses, sem perceber que são os únicos patos dessa história, parecem sentir-se representados pela campanha da Fiesp. Se mais bem informados e conscientes de que direitos sociais, sonegação e corrupção não cabem no mesmo orçamento, certamente trocariam de alvo e substituiriam os gritos de "Vai pra Cuba!" pelos de "Vai pro Panamá!".
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Leitor critica fotografia de Dilma na Primeira Página da Folha
A Folha poderia ter publicado uma foto bem melhor da presidente Dilma Rousseff colocando a faixa presidencial na sua Primeira Página. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitor critica fotografia de Dilma na Primeira Página da FolhaA Folha poderia ter publicado uma foto bem melhor da presidente Dilma Rousseff colocando a faixa presidencial na sua Primeira Página. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Dólar fecha em alta após preocupação econômica ofuscar alívio com EUA
Depois de ter reduzido a alta sobre o real com a decisão do banco central americano de manter inalterado o juro básico dos Estados Unidos, o dólar voltou a ganhar força no final da sessão desta quinta-feira (17) e fechou com valorização de mais de 1%. O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, encerrou o dia em alta de 1,25%, cotado em R$ 3,883 na venda. A moeda, que de manhã havia atingido a máxima de R$ 3,909, registrou mínima de R$ 3,835 após a decisão do Federal Reserve, mas logo retomou o fôlego. Também é o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,910 (ou R$ 6,62 hoje). Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou antes do anúncio de política monetária nos EUA, com alta de 1,58%, para R$ 3,885. É o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,901 (ou R$ 6,60 hoje, após correção inflacionária). "Houve um alívio momentâneo no câmbio com a decisão do Fed, mas logo o mercado se deu conta que nosso grande problema é interno", disse Paulo Petrassi, sócio gestor da Leme Investimentos. "O ajuste fiscal proposto pelo governo tem algumas medidas com grandes chances de serem barradas no Congresso, como a volta da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], o que é negativo", completou. Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest, a deterioração dos cenários político e econômico no Brasil devem continuar pressionando o dólar para cima. "Todos os dias tem uma nova notícia sobre desentendimento entre as várias áreas do governo. Não há segurança para investir", afirmou. Sobre a decisão do Fed, Cardoso disse que a manutenção do juro já era esperada. "Tem uma lógica no discurso dela, mas está claro que, mesmo que venha um aumento ainda neste ano, o processo de aperto monetário será gradual, lento, até porque a inflação vai demorar para chegar na meta da autoridade monetária americana." Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos, acredita que a alta dos juros nos EUA deve ficar para dezembro. "A decisão desta quinta-feira mostrou um Fed mais paciente e preocupado com o cenário internacional. Além disso, a queda do petróleo e de outras commodities derruba a inflação americana. Então, apesar de a economia estar mais forte, o Fed pode se manter paciente", disse. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, a presidente do Fed, Janet Yellen, não descartou uma elevação do juro americano já na próximo reunião da autoridade, que ocorre nos dias 27 e 28 de outubro. "Em qualquer reunião, o comitê pode tomar a decisão e isso, certamente, inclui outubro", afirmou. Os juros futuros nos EUA mostram chance de 22,7% de aumento da taxa de juros americana em outubro, contra 41% antes da decisão desta tarde. A probabilidade de isso acontecer em dezembro caiu a 49%, ante 64% apontados pela manhã. CRISE BRASILEIRA Reportagem do jornal "Valor Econômico" publicada nesta quinta-feira afirmou que o Instituto Lula e o PT (Partido dos Trabalhadores) estão formulando uma política econômica para flexibilizar as políticas fiscal e monetária, estimulando assim o crescimento do país nos próximos anos. A ideia do projeto seria abandonar o ajuste fiscal em curso e reduzir a taxa básica de juros (Selic) "na marra". O Instituto Lula, no entanto, divulgou nota durante a tarde negando a proposta de mudança na política econômica do país. As incertezas econômicas têm elevado o clima de aversão ao risco entre os investidores, encarecendo o dólar. Por isso, o Banco Central do Brasil segue vigiando de perto a volatilidade da moeda americana. Nesta quinta-feira, a autoridade deu continuidade à rolagem de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos previstos para o próximo mês. A operação, que tem sido feita diariamente, equivale a uma venda futura de dólares. "O BC pode fazer novos empréstimos de dólar com compromisso de recompra no futuro em operações pontuais, sempre quando o avanço da moeda for exagerado. Mas a autoridade tem deixado a cotação bastante livre, o que é bom", disse Petrassi, da Leme. ZERO A ZERO No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quinta-feira estável, aos 48.551 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,459 bilhões. O Ibovespa chegou a subir 1,73% após a decisão do Fed, mas perdeu força, acompanhando as Bolsas de Nova York. A queda da Petrobras, na esteira de nova baixa nos preços do petróleo no exterior, segurou o desempenho do índice. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, perderam 3,44%, para R$ 7,86 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, cederam 2,11%, para R$ 9,28. Na contramão, a Oi liderou as altas do Ibovespa, com valorização de 8,86%, para R$ 3,81. A operadora de telefonia está realizando um processo para converter ações preferenciais em ordinárias, o que gerou volatilidade nos preços de seus papéis.
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Dólar fecha em alta após preocupação econômica ofuscar alívio com EUADepois de ter reduzido a alta sobre o real com a decisão do banco central americano de manter inalterado o juro básico dos Estados Unidos, o dólar voltou a ganhar força no final da sessão desta quinta-feira (17) e fechou com valorização de mais de 1%. O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, encerrou o dia em alta de 1,25%, cotado em R$ 3,883 na venda. A moeda, que de manhã havia atingido a máxima de R$ 3,909, registrou mínima de R$ 3,835 após a decisão do Federal Reserve, mas logo retomou o fôlego. Também é o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,910 (ou R$ 6,62 hoje). Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou antes do anúncio de política monetária nos EUA, com alta de 1,58%, para R$ 3,885. É o maior valor desde 23 de outubro de 2002, quando valia R$ 3,901 (ou R$ 6,60 hoje, após correção inflacionária). "Houve um alívio momentâneo no câmbio com a decisão do Fed, mas logo o mercado se deu conta que nosso grande problema é interno", disse Paulo Petrassi, sócio gestor da Leme Investimentos. "O ajuste fiscal proposto pelo governo tem algumas medidas com grandes chances de serem barradas no Congresso, como a volta da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], o que é negativo", completou. Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest, a deterioração dos cenários político e econômico no Brasil devem continuar pressionando o dólar para cima. "Todos os dias tem uma nova notícia sobre desentendimento entre as várias áreas do governo. Não há segurança para investir", afirmou. Sobre a decisão do Fed, Cardoso disse que a manutenção do juro já era esperada. "Tem uma lógica no discurso dela, mas está claro que, mesmo que venha um aumento ainda neste ano, o processo de aperto monetário será gradual, lento, até porque a inflação vai demorar para chegar na meta da autoridade monetária americana." Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos, acredita que a alta dos juros nos EUA deve ficar para dezembro. "A decisão desta quinta-feira mostrou um Fed mais paciente e preocupado com o cenário internacional. Além disso, a queda do petróleo e de outras commodities derruba a inflação americana. Então, apesar de a economia estar mais forte, o Fed pode se manter paciente", disse. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, a presidente do Fed, Janet Yellen, não descartou uma elevação do juro americano já na próximo reunião da autoridade, que ocorre nos dias 27 e 28 de outubro. "Em qualquer reunião, o comitê pode tomar a decisão e isso, certamente, inclui outubro", afirmou. Os juros futuros nos EUA mostram chance de 22,7% de aumento da taxa de juros americana em outubro, contra 41% antes da decisão desta tarde. A probabilidade de isso acontecer em dezembro caiu a 49%, ante 64% apontados pela manhã. CRISE BRASILEIRA Reportagem do jornal "Valor Econômico" publicada nesta quinta-feira afirmou que o Instituto Lula e o PT (Partido dos Trabalhadores) estão formulando uma política econômica para flexibilizar as políticas fiscal e monetária, estimulando assim o crescimento do país nos próximos anos. A ideia do projeto seria abandonar o ajuste fiscal em curso e reduzir a taxa básica de juros (Selic) "na marra". O Instituto Lula, no entanto, divulgou nota durante a tarde negando a proposta de mudança na política econômica do país. As incertezas econômicas têm elevado o clima de aversão ao risco entre os investidores, encarecendo o dólar. Por isso, o Banco Central do Brasil segue vigiando de perto a volatilidade da moeda americana. Nesta quinta-feira, a autoridade deu continuidade à rolagem de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos previstos para o próximo mês. A operação, que tem sido feita diariamente, equivale a uma venda futura de dólares. "O BC pode fazer novos empréstimos de dólar com compromisso de recompra no futuro em operações pontuais, sempre quando o avanço da moeda for exagerado. Mas a autoridade tem deixado a cotação bastante livre, o que é bom", disse Petrassi, da Leme. ZERO A ZERO No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quinta-feira estável, aos 48.551 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,459 bilhões. O Ibovespa chegou a subir 1,73% após a decisão do Fed, mas perdeu força, acompanhando as Bolsas de Nova York. A queda da Petrobras, na esteira de nova baixa nos preços do petróleo no exterior, segurou o desempenho do índice. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociados e sem direito a voto, perderam 3,44%, para R$ 7,86 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, cederam 2,11%, para R$ 9,28. Na contramão, a Oi liderou as altas do Ibovespa, com valorização de 8,86%, para R$ 3,81. A operadora de telefonia está realizando um processo para converter ações preferenciais em ordinárias, o que gerou volatilidade nos preços de seus papéis.
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Em Belém, Bolsonaro promete 'arma para todos'
Numa visita marcada por espera de uma hora para discursar e vidro quebrado no local de uma palestra, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu nesta quinta-feira (5) em Belém a ampliação do porte de armas no país e afirmou que, com ele, "não existirá o politicamente correto". Bolsonaro, um dos vice-líderes na corrida presidencial, conforme a mais recente pesquisa Datafolha, visitou a capital paraense no período de festejos do Círio de Nazaré, uma das maiores festas populares do Brasil, e uma semana após ter o título de cidadão belenense negado pela Câmara de Belém. Recebido por apoiadores no aeroporto, Bolsonaro desembarcou na cidade por volta das 14h30, mas teve de esperar cerca de uma hora até que a chuva cessasse. Em carro aberto, discursou ao lado da "bancada da bala" paraense –deputado federal delegado Éder Mauro (PSD), deputado estadual coronel Neil (PSD) e vereador sargento Silvano (PSD)– e disse que, com ele, "não existirá o politicamente correto". "No que depender de mim, com a ajuda de vocês, todos terão porte de arma de fogo", afirmou. MAM Sobraram críticas também à performance do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo, em que um homem aparece nu. "Essa história de criança passar a mão em homem nu não vai ter não." Disse ainda que "não vai ter dinheiro da Lei Rouanet para esses picaretas". Durante o discurso, Bolsonaro vestiu as camisas de Remo e Paysandu, maiores times de futebol no Pará. A programação previa uma palestra do deputado no auditório de uma loja de informática no centro da capital. Uma multidão se formou à entrada e, quando foi anunciado que os ingressos estavam esgotados, o público tentou entrar à força. Houve confusão e partes da vidraça e da porta foram depredadas. Ninguém ficou ferido. O deputado, então, começou o discurso do lado de fora. Os proprietários da loja cancelaram o evento, mas Bolsonaro falou num trio elétrico que estava na rua. O trânsito foi interrompido. "Vocês estão em cima de uma Serra Pelada. A política mineral vai ter que mudar", disse. Também nesta quinta, o presidente Michel Temer (PMDB) defendeu os indicadores econômicos de seu governo em viagem a Belém, onde assinou protocolo que destina um terreno da União à Arquidiocese de Belém. DORIA Outro pré-candidato a disputar palanque durante o Círio de Nazaré será o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele desembarca em Belém nesta sexta-feira (6), para palestra na Associação Comercial do Pará. Durante o evento, receberá o título de cidadão belenense e a medalha de cidadão paraense. À tarde, o prefeito se reúne com o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e outros governadores e prefeitos da Amazônia. No sábado (7), Doria ainda participa do Círio Fluvial, romaria de embarcações que percorre o rio Guamá e a baía do Guajará, na orla de Belém, além de almoço no Consulado da Finlândia.
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Em Belém, Bolsonaro promete 'arma para todos'Numa visita marcada por espera de uma hora para discursar e vidro quebrado no local de uma palestra, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu nesta quinta-feira (5) em Belém a ampliação do porte de armas no país e afirmou que, com ele, "não existirá o politicamente correto". Bolsonaro, um dos vice-líderes na corrida presidencial, conforme a mais recente pesquisa Datafolha, visitou a capital paraense no período de festejos do Círio de Nazaré, uma das maiores festas populares do Brasil, e uma semana após ter o título de cidadão belenense negado pela Câmara de Belém. Recebido por apoiadores no aeroporto, Bolsonaro desembarcou na cidade por volta das 14h30, mas teve de esperar cerca de uma hora até que a chuva cessasse. Em carro aberto, discursou ao lado da "bancada da bala" paraense –deputado federal delegado Éder Mauro (PSD), deputado estadual coronel Neil (PSD) e vereador sargento Silvano (PSD)– e disse que, com ele, "não existirá o politicamente correto". "No que depender de mim, com a ajuda de vocês, todos terão porte de arma de fogo", afirmou. MAM Sobraram críticas também à performance do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo, em que um homem aparece nu. "Essa história de criança passar a mão em homem nu não vai ter não." Disse ainda que "não vai ter dinheiro da Lei Rouanet para esses picaretas". Durante o discurso, Bolsonaro vestiu as camisas de Remo e Paysandu, maiores times de futebol no Pará. A programação previa uma palestra do deputado no auditório de uma loja de informática no centro da capital. Uma multidão se formou à entrada e, quando foi anunciado que os ingressos estavam esgotados, o público tentou entrar à força. Houve confusão e partes da vidraça e da porta foram depredadas. Ninguém ficou ferido. O deputado, então, começou o discurso do lado de fora. Os proprietários da loja cancelaram o evento, mas Bolsonaro falou num trio elétrico que estava na rua. O trânsito foi interrompido. "Vocês estão em cima de uma Serra Pelada. A política mineral vai ter que mudar", disse. Também nesta quinta, o presidente Michel Temer (PMDB) defendeu os indicadores econômicos de seu governo em viagem a Belém, onde assinou protocolo que destina um terreno da União à Arquidiocese de Belém. DORIA Outro pré-candidato a disputar palanque durante o Círio de Nazaré será o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele desembarca em Belém nesta sexta-feira (6), para palestra na Associação Comercial do Pará. Durante o evento, receberá o título de cidadão belenense e a medalha de cidadão paraense. À tarde, o prefeito se reúne com o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e outros governadores e prefeitos da Amazônia. No sábado (7), Doria ainda participa do Círio Fluvial, romaria de embarcações que percorre o rio Guamá e a baía do Guajará, na orla de Belém, além de almoço no Consulado da Finlândia.
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Risadaria terá 260 shows em 31 dias de humor; veja as novas atrações
FABIANA SERAGUSA DE SÃO PAULO O Risadaria ficou mais longo e neste ano será realizado de 1º/7 a 31/7 em 15 espaços da capital paulista —no ano passado, foram 24 dias no total. Nesta sétima edição, 115 artistas e grupos fazem apresentações para adultos e crianças em 198 shows grátis e 62 pagos (o mais caro custa R$ 50). A programação do festival de humor, divulgado como o maior do mundo, conta com estreantes, como é o caso de Sergio Mallandro, Evandro Santo, Bruna Louise, Merenda dos Astros, Muca Muriçoca e Hermes e Renato. Eles se juntam a nomes como Marco Luque, Rafael Cortez, Victor Sarro, Marcelo Marrom, Diogo Portugal, Marlei Cevada e Paulinho Serra, que participam de uma série de sessões por toda a cidade. Auditório Ibirapuera, Teatro Sérgio Cardoso, Livraria Cultura, Teatro Gamaro, Comedians, Teatro APCD, Museu de Futebol e Grand Plaza, em Santo André, são alguns dos espaços escolhidos para receber as atrações —esse último será palco para o Risadaria Kids. Além dos shows cômicos, o público também poderá ver exposições que revelam o humor na fotografia, na internet, no rádio, na TV e em cartuns —as obras estarão no Conjunto Nacional, no Tietê Plaza Shopping e no SP Market. A venda de ingressos para o Risadaria, idealizado por Paulo Bonfá, começa na terça (31), e costuma ser disputada. A seguir, a sãopaulo adianta alguns destaques da programação. NOVATOS NO FESTIVAL 1º/7 (16h) - Merenda dos Astros 11/7 (16h) - Muca Muriçoca SP Market - av. das Nações Unidas, 22.540, Jurubatuba. Livre. Grátis. * 10/7 (17h e 20h) - Sergio Mallandro Com Diogo Portugal, Thiago Ventura e Rey Biancchi. Sérgio Cardoso - r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br ) * 15/7 (21h30) - Hermes e Renato Com Marco Antônio Alves, Adriano Pereira, Felipe Torres e Franco Fanti. 16/7 (18h e 21h) - Evandro Santos Com Marco Luque, Marlei Cevada e Marcelo Marrom. 17/7 (17h e 20h) - Bruna Louise Com Rafael Cortez, Gabriel Louchard e Robson Nunes. APCD - r. Voluntários da Pátria, 547, Santana. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br ) * 24/7 (17h e 20h) - Tirullipa Com os humoristas Léo Lins, Paulo Vieira e Marcelo Serrado. Teatro Gamaro - r. Dr. Almeida Lima, 1.176, Mooca. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br )
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Risadaria terá 260 shows em 31 dias de humor; veja as novas atraçõesFABIANA SERAGUSA DE SÃO PAULO O Risadaria ficou mais longo e neste ano será realizado de 1º/7 a 31/7 em 15 espaços da capital paulista —no ano passado, foram 24 dias no total. Nesta sétima edição, 115 artistas e grupos fazem apresentações para adultos e crianças em 198 shows grátis e 62 pagos (o mais caro custa R$ 50). A programação do festival de humor, divulgado como o maior do mundo, conta com estreantes, como é o caso de Sergio Mallandro, Evandro Santo, Bruna Louise, Merenda dos Astros, Muca Muriçoca e Hermes e Renato. Eles se juntam a nomes como Marco Luque, Rafael Cortez, Victor Sarro, Marcelo Marrom, Diogo Portugal, Marlei Cevada e Paulinho Serra, que participam de uma série de sessões por toda a cidade. Auditório Ibirapuera, Teatro Sérgio Cardoso, Livraria Cultura, Teatro Gamaro, Comedians, Teatro APCD, Museu de Futebol e Grand Plaza, em Santo André, são alguns dos espaços escolhidos para receber as atrações —esse último será palco para o Risadaria Kids. Além dos shows cômicos, o público também poderá ver exposições que revelam o humor na fotografia, na internet, no rádio, na TV e em cartuns —as obras estarão no Conjunto Nacional, no Tietê Plaza Shopping e no SP Market. A venda de ingressos para o Risadaria, idealizado por Paulo Bonfá, começa na terça (31), e costuma ser disputada. A seguir, a sãopaulo adianta alguns destaques da programação. NOVATOS NO FESTIVAL 1º/7 (16h) - Merenda dos Astros 11/7 (16h) - Muca Muriçoca SP Market - av. das Nações Unidas, 22.540, Jurubatuba. Livre. Grátis. * 10/7 (17h e 20h) - Sergio Mallandro Com Diogo Portugal, Thiago Ventura e Rey Biancchi. Sérgio Cardoso - r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br ) * 15/7 (21h30) - Hermes e Renato Com Marco Antônio Alves, Adriano Pereira, Felipe Torres e Franco Fanti. 16/7 (18h e 21h) - Evandro Santos Com Marco Luque, Marlei Cevada e Marcelo Marrom. 17/7 (17h e 20h) - Bruna Louise Com Rafael Cortez, Gabriel Louchard e Robson Nunes. APCD - r. Voluntários da Pátria, 547, Santana. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br ) * 24/7 (17h e 20h) - Tirullipa Com os humoristas Léo Lins, Paulo Vieira e Marcelo Serrado. Teatro Gamaro - r. Dr. Almeida Lima, 1.176, Mooca. 16 anos. Ingr.: R$ 50 (na bilheteria ou pelo ingressorapido.com.br )
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Quarta tem dia mais quente e reestreia de musical sobre Mamonas Assassinas
BRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 16 de novembro de 2016. Quarta-feira. Bom dia para você que já reservou sua passagem e hotel para a viagem de ano novo! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Brasília amarela | O espetáculo "O Musical Mamonas" reestreia em temporada no teatro Procópio Ferreira. A peça faz uma homenagem ao grupo formado por cinco garotos de Guarulhos que, 20 anos atrás, sacudiram o mundo da música com seu pop-rock cômico. Ingressos custam R$ 50. Veja mais aqui. Indie | Conhecida pelo hit "Home" (2009), a banda americana de folk-pop Edward Shape and Magnetic Zeros apresenta músicas de seu trabalho mais recente, "PersonA". A apresentação também terá participação da cantora australiana Courtney Barnett, cultuada no mundo da música independente, que mescla grunge e rock em suas canções. Ingressos custam de R$ 200 a R$ 400. Saiba mais aqui. Show | Comemorando 40 anos de carreira, o duo australiano Air Supply, formado por Graham Russell e Russell Hitchcock, apresenta repertório recehado de hits, como "Lost in Love" e "Making Love Out of Nothing at All". O show acontece no Espaço das Américas, e tem ingressos vendidos por valores entre R$ 90 e R$ 320. Veja mais aqui. * PARA TER ASSUNTO Combustível | No Rio de Janeiro, postos pararam a venda de álcool após detectarem presença de metanol no combustível. O produto foi recolhido e as empresas terão de reprocessar o combustível, a fim de retirar da mistura o metanol, produto altamente inflamável, mais poluente que o álcool hidratado e que traz perigos à saúde. Eficiência | No Japão, uma cratera de 15 metros de profundidade que se abriu em uma avenida foi consertada em 48 horas, por uma equipe que trabalhou em turnos ininterruptos. Paz | Na Colômbia, o acordo de paz com as Farc segue gerando debates entre o governo e opositores, que querem regras mais duras para os ex-guerrilheiros. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Cidade | A Câmara Municipal volta de feriadão prolongado com diversas reuniões de comissões marcadas para acontecer a partir das 9h30. Confira a agenda completa aqui. Estado | A CPI criada para apurar o fornecimento de merendas em escolas públicas do Estado de São Paulo se reúne na Assembleia Legislativa, na zona sul, a partir das 9h. Às 11h, tem início uma recepção de vereadores e prefeitos eleitos em 2016. Veja a agenda da casa aqui. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista pelo Inmet é de 27ºC. A mínima deve ficar em 15ºC. O céu deve ficar parcialmente nublado e deve haver pancadas de chuva isoladas. Trânsito | O rodízio municipal de veículos volta a valer nesta quarta. Zona leste | O sentido bairro da av. Sapopemba será interditado, entre as ruas Francisca Marinho e Milton Cruz, das 23h desta quarta às 5h de quinta-feira (17/11). O bloqueio ocorre em razão de obras da Linha 15 Prata do monotrilho do metrô.
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Quarta tem dia mais quente e reestreia de musical sobre Mamonas AssassinasBRUNO B. SORAGGI DE SÃO PAULO São Paulo, 16 de novembro de 2016. Quarta-feira. Bom dia para você que já reservou sua passagem e hotel para a viagem de ano novo! Veja o que você precisa saber para tocar e aproveitar o seu dia: * PARA CURTIR A CIDADE Brasília amarela | O espetáculo "O Musical Mamonas" reestreia em temporada no teatro Procópio Ferreira. A peça faz uma homenagem ao grupo formado por cinco garotos de Guarulhos que, 20 anos atrás, sacudiram o mundo da música com seu pop-rock cômico. Ingressos custam R$ 50. Veja mais aqui. Indie | Conhecida pelo hit "Home" (2009), a banda americana de folk-pop Edward Shape and Magnetic Zeros apresenta músicas de seu trabalho mais recente, "PersonA". A apresentação também terá participação da cantora australiana Courtney Barnett, cultuada no mundo da música independente, que mescla grunge e rock em suas canções. Ingressos custam de R$ 200 a R$ 400. Saiba mais aqui. Show | Comemorando 40 anos de carreira, o duo australiano Air Supply, formado por Graham Russell e Russell Hitchcock, apresenta repertório recehado de hits, como "Lost in Love" e "Making Love Out of Nothing at All". O show acontece no Espaço das Américas, e tem ingressos vendidos por valores entre R$ 90 e R$ 320. Veja mais aqui. * PARA TER ASSUNTO Combustível | No Rio de Janeiro, postos pararam a venda de álcool após detectarem presença de metanol no combustível. O produto foi recolhido e as empresas terão de reprocessar o combustível, a fim de retirar da mistura o metanol, produto altamente inflamável, mais poluente que o álcool hidratado e que traz perigos à saúde. Eficiência | No Japão, uma cratera de 15 metros de profundidade que se abriu em uma avenida foi consertada em 48 horas, por uma equipe que trabalhou em turnos ininterruptos. Paz | Na Colômbia, o acordo de paz com as Farc segue gerando debates entre o governo e opositores, que querem regras mais duras para os ex-guerrilheiros. * A POLÍTICA DO DIA A DIA Cidade | A Câmara Municipal volta de feriadão prolongado com diversas reuniões de comissões marcadas para acontecer a partir das 9h30. Confira a agenda completa aqui. Estado | A CPI criada para apurar o fornecimento de merendas em escolas públicas do Estado de São Paulo se reúne na Assembleia Legislativa, na zona sul, a partir das 9h. Às 11h, tem início uma recepção de vereadores e prefeitos eleitos em 2016. Veja a agenda da casa aqui. * É MELHOR SE PREVENIR... Tempo | A temperatura máxima prevista pelo Inmet é de 27ºC. A mínima deve ficar em 15ºC. O céu deve ficar parcialmente nublado e deve haver pancadas de chuva isoladas. Trânsito | O rodízio municipal de veículos volta a valer nesta quarta. Zona leste | O sentido bairro da av. Sapopemba será interditado, entre as ruas Francisca Marinho e Milton Cruz, das 23h desta quarta às 5h de quinta-feira (17/11). O bloqueio ocorre em razão de obras da Linha 15 Prata do monotrilho do metrô.
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Como passista, Guinão viu o samba de SP se transformar
Wagner José de Moraes, conhecido como Guinão, guarda como relíquia os seus sapatos de verniz. Eles são de todas os tipos: brancos, azuis, vermelhos, com fivela na lateral, de bico fino. Para usá-los neste Carnaval, Guinão já começou a limpá-los e lustra-los.Guinão é há décadas passista do Vai-Vai. Sambando, ele participou da transformação do samba paulista que no final dos anos 60 se afastou de suas origens interioranas e se aproximou da fórmula inventada pela escolas de samba cariocas. Leia mais em Cotidiano
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Como passista, Guinão viu o samba de SP se transformarWagner José de Moraes, conhecido como Guinão, guarda como relíquia os seus sapatos de verniz. Eles são de todas os tipos: brancos, azuis, vermelhos, com fivela na lateral, de bico fino. Para usá-los neste Carnaval, Guinão já começou a limpá-los e lustra-los.Guinão é há décadas passista do Vai-Vai. Sambando, ele participou da transformação do samba paulista que no final dos anos 60 se afastou de suas origens interioranas e se aproximou da fórmula inventada pela escolas de samba cariocas. Leia mais em Cotidiano
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Prefeitura de SP tomba praça da Biblioteca Mário de Andrade
Dois ícones da arquitetura e da história paulistana entraram na seleta lista de bens tombados da Prefeitura de São Paulo. O cemitério da Consolação e a praça Dom José Gaspar, ambos localizados no centro da cidade, foram tombados pelo Conpresp (conselho municipal do patrimônio). A medida foi publicada no "Diário Oficial" da cidade desta segunda-feira (29). A praça Dom José Gaspar, localizada entre a avenida São Luís e as ruas da Consolação e Dr. Bráulio Gomes, foi tombada como bem cultural de interesse artístico, urbanístico, paisagístico, histórico e turístico. Estão protegidos o traçado viário do espaço, a configuração da praça e as árvores ali plantadas. Qualquer intervenção no local, agora, terá que passar por avaliação do Conpresp. A praça homenageia o segundo arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d'Afonseca e Silva. Dom Gaspar morreu em agosto de 1943 em um acidente aéreo no Rio de Janeiro, no qual também estava o jornalista Cásper Líbero. A praça passou a homenagear o religioso em 1949. O local sedia um conjunto de bares, a galeria Metrópole e a Biblioteca Mário de Andrade, cujo acervo conta com mais de 365 mil livros. CEMITÉRIO DE ESCULTURAS O cemitério da Consolação já havia sido tombado pelo Estado em 2005. Agora também ganhou o mesmo status na prefeitura. Construído em 1858, o espaço é referência na arte tumular. Ostenta uma galeria a céu aberto de esculturas que atraem muitos turistas. Nomes como Victor Brecheret, Galileo Emendabili, Bruno Giorgi, Materno Giribaldi, Nicola Rollo e Francisco Leopoldo e Silva têm obras no local. Considerado um dos mais tradicionais cemitérios da capital paulista, guarda restos mortais de personalidades que fizeram parte da história da cidade, como o escritor Mário de Andrade e o mausoléu da família Matarazzo. Para o Conpresp, o traçado interno do cemitério da Consolação e os seus equipamentos, como "a capela, o ossário, e o portal projetados por Ramos de Azevedo são representativos dos cemitérios construídos entre o final do século 19 e o começo do 20, período em que ocorreu um processo de laicização desse tipo de construção", segundo trecho da lei. Os cemitérios dos protestantes e o da Ordem Terceira do Carmo também foram tombados pela prefeitura. Estão sob a tutela do Conpresp o traçado das alamedas, as quadras e as ruas do entorno dos três espaços para enterros. No cemitério da Consolação, a proteção atinge ainda a capela, o pórtico de entrada e o ossário, além das inúmeras esculturas de valor arquitetônico presentes no local.
cotidiano
Prefeitura de SP tomba praça da Biblioteca Mário de AndradeDois ícones da arquitetura e da história paulistana entraram na seleta lista de bens tombados da Prefeitura de São Paulo. O cemitério da Consolação e a praça Dom José Gaspar, ambos localizados no centro da cidade, foram tombados pelo Conpresp (conselho municipal do patrimônio). A medida foi publicada no "Diário Oficial" da cidade desta segunda-feira (29). A praça Dom José Gaspar, localizada entre a avenida São Luís e as ruas da Consolação e Dr. Bráulio Gomes, foi tombada como bem cultural de interesse artístico, urbanístico, paisagístico, histórico e turístico. Estão protegidos o traçado viário do espaço, a configuração da praça e as árvores ali plantadas. Qualquer intervenção no local, agora, terá que passar por avaliação do Conpresp. A praça homenageia o segundo arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d'Afonseca e Silva. Dom Gaspar morreu em agosto de 1943 em um acidente aéreo no Rio de Janeiro, no qual também estava o jornalista Cásper Líbero. A praça passou a homenagear o religioso em 1949. O local sedia um conjunto de bares, a galeria Metrópole e a Biblioteca Mário de Andrade, cujo acervo conta com mais de 365 mil livros. CEMITÉRIO DE ESCULTURAS O cemitério da Consolação já havia sido tombado pelo Estado em 2005. Agora também ganhou o mesmo status na prefeitura. Construído em 1858, o espaço é referência na arte tumular. Ostenta uma galeria a céu aberto de esculturas que atraem muitos turistas. Nomes como Victor Brecheret, Galileo Emendabili, Bruno Giorgi, Materno Giribaldi, Nicola Rollo e Francisco Leopoldo e Silva têm obras no local. Considerado um dos mais tradicionais cemitérios da capital paulista, guarda restos mortais de personalidades que fizeram parte da história da cidade, como o escritor Mário de Andrade e o mausoléu da família Matarazzo. Para o Conpresp, o traçado interno do cemitério da Consolação e os seus equipamentos, como "a capela, o ossário, e o portal projetados por Ramos de Azevedo são representativos dos cemitérios construídos entre o final do século 19 e o começo do 20, período em que ocorreu um processo de laicização desse tipo de construção", segundo trecho da lei. Os cemitérios dos protestantes e o da Ordem Terceira do Carmo também foram tombados pela prefeitura. Estão sob a tutela do Conpresp o traçado das alamedas, as quadras e as ruas do entorno dos três espaços para enterros. No cemitério da Consolação, a proteção atinge ainda a capela, o pórtico de entrada e o ossário, além das inúmeras esculturas de valor arquitetônico presentes no local.
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Universidades sob lupa
A sexta edição do Ranking Universitário Folha (RUF), publicada nesta segunda-feira (18), registra a inversão de posições entre universidades estaduais paulistas, com a Unicamp ultrapassando a USP para ocupar o segundo lugar. A UFRJ mantém-se na liderança. Isso também poderá suscitar alguma surpresa, em vista da crise de financiamento que ronda as instituições federais. Dado que a maior parte das verbas do ensino superior se destina ao pagamento de salários de professores e funcionários —a maioria com estabilidade no emprego—, a margem possível para cortes de despesa se dá no custeio e nos investimentos das instituições. O Orçamento da União destina neste ano R$ 33,7 bilhões ao setor, dos quais R$ 21,2 bilhões para pessoal. O restante é e será alvo de contingenciamentos, em razão da queda de receitas tributárias e do avanço inexorável das despesas com a Previdência Social. Também problemática se mostra a situação das universidades estaduais paulistas, a despeito de contarem com um percentual fixo da arrecadação de ICMS (9,57%). A receita de USP, Unicamp e Unesp basicamente só dá conta da folha de salários e aposentadorias. Mas, assim como no caso federal, seria prematuro atribuir suas posições relativas no ranking a percalços financeiros. A classificação, em realidade, reflete investimentos passados. Ao que parece, tão cedo não será alterada a dominância, no RUF, das universidades públicas –basta constatar que a primeira instituição privada da lista aparece em 18º lugar (PUC-RS), e mesmo assim uma entidade sem fins lucrativos. Não se deve atribuir valor exagerado, ademais, à troca de posições entre as líderes paulistas. Na realidade, as três primeiras colocadas carregam notas totais muito próximas: UFRJ, 97,42; Unicamp, 97,31; e USP, 97,24. A USP, em geral reconhecida como a mais importante universidade do Brasil, só não aparece em primeiro ou segundo lugar porque boicota o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. A prova, aliás, é um das fontes da deficiência da avaliação universitária no país. Não poucos alunos a ignoram, ou entregam o exame em branco —algo que só mudará quando o resultado integrar o histórico escolar e afetar a colocação no mercado de trabalho. O acesso de formados ao emprego, que no mundo todo contribui para a reputação de universidades, é uma lacuna nas estatísticas do setor. O Ministério da Educação deve ao país um plano consistente para agregar essa informação crucial ao acervo de dados construído nas últimas duas décadas. editoriais@grupofolha.com.br
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Universidades sob lupaA sexta edição do Ranking Universitário Folha (RUF), publicada nesta segunda-feira (18), registra a inversão de posições entre universidades estaduais paulistas, com a Unicamp ultrapassando a USP para ocupar o segundo lugar. A UFRJ mantém-se na liderança. Isso também poderá suscitar alguma surpresa, em vista da crise de financiamento que ronda as instituições federais. Dado que a maior parte das verbas do ensino superior se destina ao pagamento de salários de professores e funcionários —a maioria com estabilidade no emprego—, a margem possível para cortes de despesa se dá no custeio e nos investimentos das instituições. O Orçamento da União destina neste ano R$ 33,7 bilhões ao setor, dos quais R$ 21,2 bilhões para pessoal. O restante é e será alvo de contingenciamentos, em razão da queda de receitas tributárias e do avanço inexorável das despesas com a Previdência Social. Também problemática se mostra a situação das universidades estaduais paulistas, a despeito de contarem com um percentual fixo da arrecadação de ICMS (9,57%). A receita de USP, Unicamp e Unesp basicamente só dá conta da folha de salários e aposentadorias. Mas, assim como no caso federal, seria prematuro atribuir suas posições relativas no ranking a percalços financeiros. A classificação, em realidade, reflete investimentos passados. Ao que parece, tão cedo não será alterada a dominância, no RUF, das universidades públicas –basta constatar que a primeira instituição privada da lista aparece em 18º lugar (PUC-RS), e mesmo assim uma entidade sem fins lucrativos. Não se deve atribuir valor exagerado, ademais, à troca de posições entre as líderes paulistas. Na realidade, as três primeiras colocadas carregam notas totais muito próximas: UFRJ, 97,42; Unicamp, 97,31; e USP, 97,24. A USP, em geral reconhecida como a mais importante universidade do Brasil, só não aparece em primeiro ou segundo lugar porque boicota o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. A prova, aliás, é um das fontes da deficiência da avaliação universitária no país. Não poucos alunos a ignoram, ou entregam o exame em branco —algo que só mudará quando o resultado integrar o histórico escolar e afetar a colocação no mercado de trabalho. O acesso de formados ao emprego, que no mundo todo contribui para a reputação de universidades, é uma lacuna nas estatísticas do setor. O Ministério da Educação deve ao país um plano consistente para agregar essa informação crucial ao acervo de dados construído nas últimas duas décadas. editoriais@grupofolha.com.br
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Ex-detentos da prisão de Guantánamo reivindicam ajuda financeira dos EUA
Os ex-presos de Guantánamo acolhidos pelo governo do Uruguai criaram um blog em que protestam contra a falta de apoio financeiro do governo dos EUA após a sua liberação. Eles fazem um protesto desde a noite de sexta (24) em frente à embaixada americana em Montevidéu. No site, quatro ex-detentos (três sírios e um tunisiano) reclamam que ficaram presos durante 13 anos, sem julgamento, de maneira equivocada. "Agora, eles [EUA] deveriam nos prover o necessário para que possamos levar uma vida normal como seres humanos. Eles não podem delegar seus erros aos outros, deveriam nos ajudar com moradia e com suporte financeiro", afirmam. Em dezembro do ano passado, o Uruguai recebeu seis ex-detentos da prisão americana. Dois não participaram do protesto. O governo do Uruguai apoia o pedido dos ex-detentos ao governo americano. No mês passado, o presidente Tabaré Vázquez fez declarações públicas em que afirmou que os EUA têm que se responsabilizar pela situação dos refugiados. Nos últimos dias, porém, os ex-detentos se desentenderam com o governo do Uruguai. Eles não aceitam assinar um convênio com validade até fevereiro do ano que vem proposto pelo governo. Segundo o Ministério de Relações Exteriores do Uruguai, o documento pede que eles se comprometam a aprender espanhol, fazer exames periódicos de saúde e a fazer cursos de capacitação para o trabalho. Pelo blog, os ex-detentos afirmam que o convênio não prevê ajuda financeira. "Quando nos reunimos com o ministro [de Relações Exteriores], ele nos disse que somos refugiados políticos e nos prometeu que o governo nos proveria moradia e também que cobriria as contas (água, luz, gás e internet) por três anos. A situação agora é que não temos nenhum tipo de ajuda", afirmam. "Não queremos parecer ingratos com o povo uruguaio nem com o governo. Apreciamos muito tudo o que fizeram por nós, mas não concordamos com as condições da SEDHU [entidade de direitos humanos que cortou a ajuda financeira até que eles assinem o convênio]", afirmam. O Ministério de Relações Exteriores do Uruguai emitiu uma nota nesta segunda (27) em que afirma que a ajuda oferecida pela entidade é financiada pelo governo e que, sem a assinatura do convênio, não poderá mantê-la. "O documento de compromisso é uma manifestação escrita da vontade de ambas as partes de alcançar a inserção e a adaptação a nossa sociedade. Sem a assinatura do documento, que é individual e voluntária, a SEDHU não poderá continuar em seu trabalho de apoio e acompanhamento", afirmou. A imprensa local informa que dois refugiados aceitaram firmar o convênio, entre eles o sírio Jihad Ahmad Diyab, que fez greve de fome em Guantánamo e ainda usa muletas em sua recuperação. Ele expressou o desejo de trazer sua família para morar no país. Sua mulher está refugiada na Turquia.
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Ex-detentos da prisão de Guantánamo reivindicam ajuda financeira dos EUAOs ex-presos de Guantánamo acolhidos pelo governo do Uruguai criaram um blog em que protestam contra a falta de apoio financeiro do governo dos EUA após a sua liberação. Eles fazem um protesto desde a noite de sexta (24) em frente à embaixada americana em Montevidéu. No site, quatro ex-detentos (três sírios e um tunisiano) reclamam que ficaram presos durante 13 anos, sem julgamento, de maneira equivocada. "Agora, eles [EUA] deveriam nos prover o necessário para que possamos levar uma vida normal como seres humanos. Eles não podem delegar seus erros aos outros, deveriam nos ajudar com moradia e com suporte financeiro", afirmam. Em dezembro do ano passado, o Uruguai recebeu seis ex-detentos da prisão americana. Dois não participaram do protesto. O governo do Uruguai apoia o pedido dos ex-detentos ao governo americano. No mês passado, o presidente Tabaré Vázquez fez declarações públicas em que afirmou que os EUA têm que se responsabilizar pela situação dos refugiados. Nos últimos dias, porém, os ex-detentos se desentenderam com o governo do Uruguai. Eles não aceitam assinar um convênio com validade até fevereiro do ano que vem proposto pelo governo. Segundo o Ministério de Relações Exteriores do Uruguai, o documento pede que eles se comprometam a aprender espanhol, fazer exames periódicos de saúde e a fazer cursos de capacitação para o trabalho. Pelo blog, os ex-detentos afirmam que o convênio não prevê ajuda financeira. "Quando nos reunimos com o ministro [de Relações Exteriores], ele nos disse que somos refugiados políticos e nos prometeu que o governo nos proveria moradia e também que cobriria as contas (água, luz, gás e internet) por três anos. A situação agora é que não temos nenhum tipo de ajuda", afirmam. "Não queremos parecer ingratos com o povo uruguaio nem com o governo. Apreciamos muito tudo o que fizeram por nós, mas não concordamos com as condições da SEDHU [entidade de direitos humanos que cortou a ajuda financeira até que eles assinem o convênio]", afirmam. O Ministério de Relações Exteriores do Uruguai emitiu uma nota nesta segunda (27) em que afirma que a ajuda oferecida pela entidade é financiada pelo governo e que, sem a assinatura do convênio, não poderá mantê-la. "O documento de compromisso é uma manifestação escrita da vontade de ambas as partes de alcançar a inserção e a adaptação a nossa sociedade. Sem a assinatura do documento, que é individual e voluntária, a SEDHU não poderá continuar em seu trabalho de apoio e acompanhamento", afirmou. A imprensa local informa que dois refugiados aceitaram firmar o convênio, entre eles o sírio Jihad Ahmad Diyab, que fez greve de fome em Guantánamo e ainda usa muletas em sua recuperação. Ele expressou o desejo de trazer sua família para morar no país. Sua mulher está refugiada na Turquia.
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SP fica sem tornozeleira eletrônica para monitorar saída de presos
O governo de São Paulo não tem mais usado, desde a semana passada, tornozeleiras eletrônicas para monitorar os presos do Estado com direito de sair da prisão. O contrato da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) com o consórcio que forneceu os equipamentos nos últimos cinco anos expirou em 14 de março, sem a possibilidade de renovação. O governo só deve publicar uma nova licitação para a prestação do serviço na primeira quinzena de abril, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária. O Estado contava com 4.800 aparelhos para monitorar durante 24 horas, a distância, presos que cumprem pena em regime semiaberto. Com o fim do contrato, as tornozeleiras foram recolhidas. "Estamos fazendo um alerta sobre essa situação pois a falta de monitoramento facilita que presos cometam crimes e retornem às unidades sem ser identificados", afirma Gilson Barreto, presidente do Sindcop (Sindicato dos Servidores Públicos do Sistema Penitenciário Paulista). Nas saídas, presos são proibidos de frequentar bares e determinadas regiões. Caso isso ocorra, a Central de Monitoramento aciona a polícia e os detentos podem perder o direito a novas saídas, entre outras punições. O uso do aparelho visa ainda evitar fugas. Do total de tornozeleiras que o governo dispunha, 3.000 eram usadas em presos do semiaberto que cumpriam pena em casa ou que saíam durante o dia para trabalhar. Os 1.800 restantes ficavam disponíveis para os presos com o direito à saída temporária. O uso da tornozeleira é determinado pela Justiça, que analisa caso a caso a necessidade do monitoramento. PÁSCOA A falta do equipamento deixará sem monitoramento presos com o direito de passar até sete dias fora da prisão na Páscoa. O problema não impede que eles saiam. No ano passado, 16.401 presos deixaram temporariamente as penitenciárias do Estado na Páscoa –668 (4% do total) não retornaram. O governo Alckmin não informou quantos deles usaram tornozeleira eletrônica. Só presos do semiaberto podem sair da prisão, até cinco vezes em um ano. O juiz decide a data em que o benefício será usufruído, para evitar que todos saiam ao mesmo tempo (na Páscoa, pode ser antes ou após o feriado). Para ter o direito, o condenado precisa apresentar bom comportamento e ter cumprido um sexto da pena, se for réu primário, ou um quarto dela, caso seja reincidente. O consórcio SDS, formado pelas empresas paranaenses Spacecom, Daiken e Sascar, fornecia os aparelhos ao governo Alckmin desde o final de 2010 e já havia renovado o contrato anteriormente. O governo de São Paulo, primeiro Estado do país a adotar o acompanhamento eletrônico por tornozeleiras, em 2010, afirma que irá ampliar para 8.000 no próximo contrato a quantidade de aparelhos utilizados. A Secretaria da Administração Penitenciária diz que lançou concorrência para contratar os serviços em junho de 2015, mas que ela foi suspensa após pedido de alterações feito pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O órgão diz não saber quando os equipamentos voltarão a ser usados, pois dependerá do andamento da licitação. NOVA LICITAÇÃO A Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo afirmou, por meio de nota à reportagem, que uma nova licitação para contratar empresas que forneçam tornozeleiras eletrônicas deverá ser lançada na primeira quinzena de abril. No final da noite desta terça-feira (22), a secretaria informou que havia lançado um edital de concorrência em junho de 2015 para evitar a interrupção do serviço. O TCE (Tribunal de Contas do Estado), no entanto, suspendeu a licitação, segundo a pasta. "Por conta disso, o procedimento foi suspenso e a Comissão de Licitação da SAP iniciou outro processo licitatório, que está em fase de conclusão e deverá ser lançado na primeira quinzena de abril/2016 com o objetivo de monitorar 8.000 presos, número 67% maior do que o contrato anterior", diz a nota. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirma ainda que a volta do uso dos equipamentos dependerá do andamento da licitação e que, por esse motivo, não há uma previsão de data para que o serviço seja retomado. FERIADO A Secretaria de Administração Penitenciária não informou quantos presos em semiaberto devem sair temporariamente das prisões durante o feriado da Páscoa. A pasta disse que só divulgará números depois do período previsto para a concessão do benefício no Estado.
cotidiano
SP fica sem tornozeleira eletrônica para monitorar saída de presosO governo de São Paulo não tem mais usado, desde a semana passada, tornozeleiras eletrônicas para monitorar os presos do Estado com direito de sair da prisão. O contrato da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) com o consórcio que forneceu os equipamentos nos últimos cinco anos expirou em 14 de março, sem a possibilidade de renovação. O governo só deve publicar uma nova licitação para a prestação do serviço na primeira quinzena de abril, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária. O Estado contava com 4.800 aparelhos para monitorar durante 24 horas, a distância, presos que cumprem pena em regime semiaberto. Com o fim do contrato, as tornozeleiras foram recolhidas. "Estamos fazendo um alerta sobre essa situação pois a falta de monitoramento facilita que presos cometam crimes e retornem às unidades sem ser identificados", afirma Gilson Barreto, presidente do Sindcop (Sindicato dos Servidores Públicos do Sistema Penitenciário Paulista). Nas saídas, presos são proibidos de frequentar bares e determinadas regiões. Caso isso ocorra, a Central de Monitoramento aciona a polícia e os detentos podem perder o direito a novas saídas, entre outras punições. O uso do aparelho visa ainda evitar fugas. Do total de tornozeleiras que o governo dispunha, 3.000 eram usadas em presos do semiaberto que cumpriam pena em casa ou que saíam durante o dia para trabalhar. Os 1.800 restantes ficavam disponíveis para os presos com o direito à saída temporária. O uso da tornozeleira é determinado pela Justiça, que analisa caso a caso a necessidade do monitoramento. PÁSCOA A falta do equipamento deixará sem monitoramento presos com o direito de passar até sete dias fora da prisão na Páscoa. O problema não impede que eles saiam. No ano passado, 16.401 presos deixaram temporariamente as penitenciárias do Estado na Páscoa –668 (4% do total) não retornaram. O governo Alckmin não informou quantos deles usaram tornozeleira eletrônica. Só presos do semiaberto podem sair da prisão, até cinco vezes em um ano. O juiz decide a data em que o benefício será usufruído, para evitar que todos saiam ao mesmo tempo (na Páscoa, pode ser antes ou após o feriado). Para ter o direito, o condenado precisa apresentar bom comportamento e ter cumprido um sexto da pena, se for réu primário, ou um quarto dela, caso seja reincidente. O consórcio SDS, formado pelas empresas paranaenses Spacecom, Daiken e Sascar, fornecia os aparelhos ao governo Alckmin desde o final de 2010 e já havia renovado o contrato anteriormente. O governo de São Paulo, primeiro Estado do país a adotar o acompanhamento eletrônico por tornozeleiras, em 2010, afirma que irá ampliar para 8.000 no próximo contrato a quantidade de aparelhos utilizados. A Secretaria da Administração Penitenciária diz que lançou concorrência para contratar os serviços em junho de 2015, mas que ela foi suspensa após pedido de alterações feito pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O órgão diz não saber quando os equipamentos voltarão a ser usados, pois dependerá do andamento da licitação. NOVA LICITAÇÃO A Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo afirmou, por meio de nota à reportagem, que uma nova licitação para contratar empresas que forneçam tornozeleiras eletrônicas deverá ser lançada na primeira quinzena de abril. No final da noite desta terça-feira (22), a secretaria informou que havia lançado um edital de concorrência em junho de 2015 para evitar a interrupção do serviço. O TCE (Tribunal de Contas do Estado), no entanto, suspendeu a licitação, segundo a pasta. "Por conta disso, o procedimento foi suspenso e a Comissão de Licitação da SAP iniciou outro processo licitatório, que está em fase de conclusão e deverá ser lançado na primeira quinzena de abril/2016 com o objetivo de monitorar 8.000 presos, número 67% maior do que o contrato anterior", diz a nota. O governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirma ainda que a volta do uso dos equipamentos dependerá do andamento da licitação e que, por esse motivo, não há uma previsão de data para que o serviço seja retomado. FERIADO A Secretaria de Administração Penitenciária não informou quantos presos em semiaberto devem sair temporariamente das prisões durante o feriado da Páscoa. A pasta disse que só divulgará números depois do período previsto para a concessão do benefício no Estado.
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Idade mínima da aposentadoria deve subir a cada dois anos a partir de 2020
As idades mínimas da nova aposentadoria, previstas para partir dos 50 anos (mulher) e 55 anos (homem), começarão a subir em 2020, segundo mudanças acordadas entre o governo e o relator da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Para quem é vinculado ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e vai se aposentar por tempo de contribuição, o piso etário chegará a 65 anos em 2038, de acordo com a versão do relatório fechada nos últimos dias. Nesse modelo, a ideia é criar uma trava para evitar que o trabalhador fique perseguindo a idade mínima sem conseguir se aposentar, já que ela subirá, a cada 2 anos, 1 ano para homens e 1 ano e 6 meses para mulheres. O primeiro critério a ser observado é o pedágio de 30% sobre o tempo de contribuição que falta para a aposentadoria. Hoje a regra exige 30 anos de contribuição para mulheres e 35 para homens. Depois, o trabalhador deve calcular quando completará o requisito do pedágio e observar a idade mínima exigida para aquele ano. Uma mulher que termina de cumprir o pedágio em 2022, por exemplo, poderá se aposentar com 53 anos -mesmo que ela só complete essa idade anos depois. Todas as mudanças dependem de aprovação do Congresso. Na terça (18), o relator apresentará o parecer à comissão especial da Câmara. A ideia é votá-lo na semana que vem e fazer a votação em primeiro turno no plenário da Câmara na primeira quinze de maio. Para evitar mudanças no Senado, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), foi escalado por Temer para tentar blindar a ofensiva do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), sobre a base aliada. A ideia é que, aprovado o texto na Câmara em maio, o presidente promova em junho um jantar com a base aliada em no Senado para fazer um apelo pela manutenção da proposta aprovada. DE ANO EM ANO - Proposta discutida entre governo e relator da reforma da Previdência prevê 'escadinha' na transição para nova aposentadoria SERVIDOR Outra mudança prevista, segundo a Folha apurou, afeta os servidores públicos federais que ingressaram antes de 2003. Eles têm direito a paridade e integralidade -ou seja, se aposentam com um valor igual ao último salário e recebem o mesmo reajuste de quem está na ativa. A ideia é incluir no relatório que quem quiser manter esse direito deverá cumprir a nova regra de aposentadoria e ir direto para a idade mínima de 65 anos, sem transição. O texto do governo permitia a esses servidores a integralidade e a paridade. A proposta inicial enviada pelo presidente Michel Temer previa transição, com pedágio de 50%, para homens a partir de 50 anos e mulheres a partir de 45. O modelo foi considerado duro pelos parlamentares e será alterado. HORA DA BARGANHA - Pontos essenciais da reforma da Previdência Já o tempo de contribuição para o benefício integral foi reduzido de 49 para 40 anos. Para isso, porém, diminui-se o valor de partida: quem tiver 65 anos e 25 anos de contribuição terá direito a 70% da média salarial, e não 76%, como previa o texto original. O percentual de 70% subirá 1,5 ponto percentual de 25 a 30 anos de contribuição; 2 pontos dos 30 aos 35 anos; e 2,5 pontos dos 35 aos 40. Outra mudança que reduz o valor do benefício é que esse novo percentual deve incidir sobre a média de todas as contribuições do trabalhador, em vez de ser calculado em cima das 80% maiores contribuições, como é hoje. As regras que serão previstas no relatório vão variar porque hoje há muitas situações distintas. Para policiais, por exemplo, que hoje não têm idade mínima, a ideia é chegar aos 60 anos em 2038. Para categorias que hoje têm idade mínima, a idade subirá um ano a cada dois anos. Colaboraram DANIEL CARVALHO e GUSTAVO URIBE. Assista ao vídeo
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Idade mínima da aposentadoria deve subir a cada dois anos a partir de 2020As idades mínimas da nova aposentadoria, previstas para partir dos 50 anos (mulher) e 55 anos (homem), começarão a subir em 2020, segundo mudanças acordadas entre o governo e o relator da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Para quem é vinculado ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e vai se aposentar por tempo de contribuição, o piso etário chegará a 65 anos em 2038, de acordo com a versão do relatório fechada nos últimos dias. Nesse modelo, a ideia é criar uma trava para evitar que o trabalhador fique perseguindo a idade mínima sem conseguir se aposentar, já que ela subirá, a cada 2 anos, 1 ano para homens e 1 ano e 6 meses para mulheres. O primeiro critério a ser observado é o pedágio de 30% sobre o tempo de contribuição que falta para a aposentadoria. Hoje a regra exige 30 anos de contribuição para mulheres e 35 para homens. Depois, o trabalhador deve calcular quando completará o requisito do pedágio e observar a idade mínima exigida para aquele ano. Uma mulher que termina de cumprir o pedágio em 2022, por exemplo, poderá se aposentar com 53 anos -mesmo que ela só complete essa idade anos depois. Todas as mudanças dependem de aprovação do Congresso. Na terça (18), o relator apresentará o parecer à comissão especial da Câmara. A ideia é votá-lo na semana que vem e fazer a votação em primeiro turno no plenário da Câmara na primeira quinze de maio. Para evitar mudanças no Senado, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), foi escalado por Temer para tentar blindar a ofensiva do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), sobre a base aliada. A ideia é que, aprovado o texto na Câmara em maio, o presidente promova em junho um jantar com a base aliada em no Senado para fazer um apelo pela manutenção da proposta aprovada. DE ANO EM ANO - Proposta discutida entre governo e relator da reforma da Previdência prevê 'escadinha' na transição para nova aposentadoria SERVIDOR Outra mudança prevista, segundo a Folha apurou, afeta os servidores públicos federais que ingressaram antes de 2003. Eles têm direito a paridade e integralidade -ou seja, se aposentam com um valor igual ao último salário e recebem o mesmo reajuste de quem está na ativa. A ideia é incluir no relatório que quem quiser manter esse direito deverá cumprir a nova regra de aposentadoria e ir direto para a idade mínima de 65 anos, sem transição. O texto do governo permitia a esses servidores a integralidade e a paridade. A proposta inicial enviada pelo presidente Michel Temer previa transição, com pedágio de 50%, para homens a partir de 50 anos e mulheres a partir de 45. O modelo foi considerado duro pelos parlamentares e será alterado. HORA DA BARGANHA - Pontos essenciais da reforma da Previdência Já o tempo de contribuição para o benefício integral foi reduzido de 49 para 40 anos. Para isso, porém, diminui-se o valor de partida: quem tiver 65 anos e 25 anos de contribuição terá direito a 70% da média salarial, e não 76%, como previa o texto original. O percentual de 70% subirá 1,5 ponto percentual de 25 a 30 anos de contribuição; 2 pontos dos 30 aos 35 anos; e 2,5 pontos dos 35 aos 40. Outra mudança que reduz o valor do benefício é que esse novo percentual deve incidir sobre a média de todas as contribuições do trabalhador, em vez de ser calculado em cima das 80% maiores contribuições, como é hoje. As regras que serão previstas no relatório vão variar porque hoje há muitas situações distintas. Para policiais, por exemplo, que hoje não têm idade mínima, a ideia é chegar aos 60 anos em 2038. Para categorias que hoje têm idade mínima, a idade subirá um ano a cada dois anos. Colaboraram DANIEL CARVALHO e GUSTAVO URIBE. Assista ao vídeo
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BNDES contesta reportagem sobre custo de subsídio à União
A cifra que embasa a reportagem Subsídio ao BNDES custa R$ 184 bi à União apresenta uma visão que reflete apenas um dos cenários sobre o impacto dos créditos concedidos pelo Tesouro ao banco. Estimativas feitas pelo BNDES que levam em conta benefícios como o incremento na arrecadação e dividendos pagos ao Tesouro, além de considerar a perspectiva futura de queda da Selic, apontam para resultados diferentes. O BNDES lamenta o fato de não ter sido informado do teor da reportagem e não ter tido, assim, a oportunidade de colocar ao leitor da Folha sua visão sobre o tema. FÁBIO KERCHE, assessor da presidência do BNDES (Rio de Janeiro, RJ) RESPOSTA DOS JORNALISTAS ISABEL VERSIANI E DIMMI AMORA - O valor destacado na reportagem é a projeção do Ministério da Fazenda levada em conta nas estimativas para a evolução da dívida pública. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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BNDES contesta reportagem sobre custo de subsídio à UniãoA cifra que embasa a reportagem Subsídio ao BNDES custa R$ 184 bi à União apresenta uma visão que reflete apenas um dos cenários sobre o impacto dos créditos concedidos pelo Tesouro ao banco. Estimativas feitas pelo BNDES que levam em conta benefícios como o incremento na arrecadação e dividendos pagos ao Tesouro, além de considerar a perspectiva futura de queda da Selic, apontam para resultados diferentes. O BNDES lamenta o fato de não ter sido informado do teor da reportagem e não ter tido, assim, a oportunidade de colocar ao leitor da Folha sua visão sobre o tema. FÁBIO KERCHE, assessor da presidência do BNDES (Rio de Janeiro, RJ) RESPOSTA DOS JORNALISTAS ISABEL VERSIANI E DIMMI AMORA - O valor destacado na reportagem é a projeção do Ministério da Fazenda levada em conta nas estimativas para a evolução da dívida pública. * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Temer defenderá companhias aéreas com 100% de capital estrangeiro
O possível governo de Michel Temer vai apoiar no Congresso que estrangeiras possam ter controle total sobre companhias aéreas brasileiras sem que seus países ofereçam o mesmo ao Brasil. Desde março, já tramita no Legislativo uma medida provisória sobre o assunto, enviada pelo governo Dilma. Ela aumenta a permissão de capital estrangeiro nas empresas nacionais dos atuais 20% para até 49%, e prevê elevação desse percentual a até 100%, mas somente nos casos em que haja reciprocidade da medida. A equipe de Temer quer ampliar essa permissão e vai trabalhar para que o texto seja alterado por emendas, já apresentadas, que permitem o controle de 100% por estrangeiros em qualquer caso. O relator Zé Geraldo (PT-PA), responsável por aceitar ou rejeitar as emendas, ainda não apresentou relatório à comissão que debate o tema. Após análise da comissão, a MP tem que ser aprovada na Câmara e no Senado. Medidas provisórias entram em vigor assim que apresentadas, mas os novos percentuais propostos em março não levaram a nenhum pedido de empresas estrangeiras para ingressar no país, de acordo com a Anac (agência reguladora da aviação). INVESTIMENTO A abertura das empresas aéreas ao capital estrangeiro teria como objetivo atrair investimento para acelerar a retomada do crescimento. Dois dos principais aliados de Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha, foram ministros da Aviação Civil do governo Dilma e apoiavam a abertura total para o capital estrangeiro, defendida por parte dos técnicos da pasta. Para eles, as empresas brasileiras já são na prática controladas por estrangeiras, por meio de acordos de acionistas, e a abertura total ajudaria a trazer mais empresas para competir com as atuais. O controle total por estrangeiros, no entanto, tinha a oposição de Dilma. O ex-ministro Moreira Franco chegou a negociar com o Congresso inclusão da permissão em uma MP em 2014, mas a tentativa foi barrada. Neste ano, com a queda ainda maior do número de passageiros e prejuízos crescentes das companhias nacionais, o Planalto acabou cedendo, mas com limites à participação. O número de passageiros aéreos no país está em queda desde agosto de 2015. Em março, ele foi 7,2% menor que o mesmo mês de 2015, voltando ao nível de 2013, com 7,2 milhões de passageiros. A oferta de assentos também está em queda e, em março, foi a menor desde o ano de 2010. A demanda de passageiros internacionais das empresas brasileiras, que vinha crescendo desde 2013, também caiu pela primeira vez desde 2013. - AÇÕES DE DILMA E TEMER NA AVIAÇÃO O que quer Temer > Permitir o controle de 100% das companhias aéreas brasileiras por capital estrangeiro > Objetivo é atrair investimento para acelerar o crescimento > MP proposta por Dilma também prevê a possibilidade de elevar percentual de 20% para até 100%, mas somente nos casos em que haja a reciprocidade de outros países O que quer Dilma > Presidente mandou equipe acelerar aprovação de editais para a concessão de quatro aeroportos: Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Fortaleza (CE) > A orientação de Dilma é deixar sua marca na privatização dos aeroportos, com a publicação dos editais antes de seu provável afastamento. A previsão é que os leilões aconteçam até setembro
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Temer defenderá companhias aéreas com 100% de capital estrangeiroO possível governo de Michel Temer vai apoiar no Congresso que estrangeiras possam ter controle total sobre companhias aéreas brasileiras sem que seus países ofereçam o mesmo ao Brasil. Desde março, já tramita no Legislativo uma medida provisória sobre o assunto, enviada pelo governo Dilma. Ela aumenta a permissão de capital estrangeiro nas empresas nacionais dos atuais 20% para até 49%, e prevê elevação desse percentual a até 100%, mas somente nos casos em que haja reciprocidade da medida. A equipe de Temer quer ampliar essa permissão e vai trabalhar para que o texto seja alterado por emendas, já apresentadas, que permitem o controle de 100% por estrangeiros em qualquer caso. O relator Zé Geraldo (PT-PA), responsável por aceitar ou rejeitar as emendas, ainda não apresentou relatório à comissão que debate o tema. Após análise da comissão, a MP tem que ser aprovada na Câmara e no Senado. Medidas provisórias entram em vigor assim que apresentadas, mas os novos percentuais propostos em março não levaram a nenhum pedido de empresas estrangeiras para ingressar no país, de acordo com a Anac (agência reguladora da aviação). INVESTIMENTO A abertura das empresas aéreas ao capital estrangeiro teria como objetivo atrair investimento para acelerar a retomada do crescimento. Dois dos principais aliados de Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha, foram ministros da Aviação Civil do governo Dilma e apoiavam a abertura total para o capital estrangeiro, defendida por parte dos técnicos da pasta. Para eles, as empresas brasileiras já são na prática controladas por estrangeiras, por meio de acordos de acionistas, e a abertura total ajudaria a trazer mais empresas para competir com as atuais. O controle total por estrangeiros, no entanto, tinha a oposição de Dilma. O ex-ministro Moreira Franco chegou a negociar com o Congresso inclusão da permissão em uma MP em 2014, mas a tentativa foi barrada. Neste ano, com a queda ainda maior do número de passageiros e prejuízos crescentes das companhias nacionais, o Planalto acabou cedendo, mas com limites à participação. O número de passageiros aéreos no país está em queda desde agosto de 2015. Em março, ele foi 7,2% menor que o mesmo mês de 2015, voltando ao nível de 2013, com 7,2 milhões de passageiros. A oferta de assentos também está em queda e, em março, foi a menor desde o ano de 2010. A demanda de passageiros internacionais das empresas brasileiras, que vinha crescendo desde 2013, também caiu pela primeira vez desde 2013. - AÇÕES DE DILMA E TEMER NA AVIAÇÃO O que quer Temer > Permitir o controle de 100% das companhias aéreas brasileiras por capital estrangeiro > Objetivo é atrair investimento para acelerar o crescimento > MP proposta por Dilma também prevê a possibilidade de elevar percentual de 20% para até 100%, mas somente nos casos em que haja a reciprocidade de outros países O que quer Dilma > Presidente mandou equipe acelerar aprovação de editais para a concessão de quatro aeroportos: Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Fortaleza (CE) > A orientação de Dilma é deixar sua marca na privatização dos aeroportos, com a publicação dos editais antes de seu provável afastamento. A previsão é que os leilões aconteçam até setembro
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Justiça manda suspender aumento de salários de vereadores de São Paulo
O reajuste de 26,3% dos salários dos vereadores de São Paulo –aprovado por eles mesmos na semana passada– foi barrado na tarde de domingo (25), feriado de Natal, pela Justiça de São Paulo. Os ganhos dos 55 vereadores passariam dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68, a partir do início de 2017. Essa suspensão, que tem caráter provisório (liminar), foi determinada pelo juiz Alberto Alonso Muñoz –no plantão do judiciário paulista– atendendo pedido feito por autora de ação popular. Para o magistrado, o aumento concedido pelos próprios vereadores minutos antes do recesso parlamentar, no dia 20, feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal. "Eu entendo que viola a LRF na medida em que o aumento aconteceu [a menos de] 180 dias do fim da legislatura. A própria lei, ao meu ver, expressamente [proíbe]", disse o magistrado à Folha. De acordo com o parágrafo 21 da LRF: "Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo poder ou órgão". Em sua sentença, Muñoz diz que a suspensão imediata é necessária pelos riscos de haver "lesão ao erário, dado o caráter irrepetível da verba, de caráter alimentar". "Por fim, a medida é perfeitamente reversível, uma vez que, na hipótese de ser revista esta decisão, a verba poderá ser imediatamente paga", diz trecho da sentença. Procurada, a Câmara informou que ainda não foi comunicada oficialmente da decisão porque o Legislativo municipal está em recesso até dia 2 de fevereiro de 2017. Um posicionamento dos parlamentares deverá ser feito na tarde desta segunda (26). O entendimento dos vereadores é de que há amparo legal para o reajuste porque se dará de uma legislatura para outra –conforme interpretação da Constituição Federal e, também, da Lei Orgânica. O processo em que a decisão de Muñoz foi proferida será distribuído para um magistrado da Fazenda Pública, após o fim do recesso do Judiciário –no dia 9 de janeiro. Como Muñoz é magistrado da Fazenda Pública, os autos podem ser distribuídos para ele mesmo –hipótese na qual a decisão deve ser mantida. Os vereadores podem recorrer aos tribunais superiores. "Como é uma decisão que foi tomada em plenário, com base em parecer favorável do jurídico da Câmara, que garantiu que o aumento é legal, naturalmente, a procuradoria [da Casa] deve defender essa decisão", diz um dos autores do projeto de aumento, vereador Milton Leite (DEM). O vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), discorda. Ele diz que irá propor à bancada de seu partido a possibilidade de a Câmara não apresentar recurso contra a decisão. ANSEIO Em meio à crise econômica, e após o futuro prefeito, João Doria (PSDB) vetar seu próprio reajuste, do vice-prefeito e dos secretários, a aprovação do aumento para os vereadores foi criticada até mesmo por alguns parlamentares. "Está em total desconexão com a realidade", disse Toninho Vespoli (PSOL), um dos 11 votos contrários –30 foram favoráveis. Além do salário, os vereadores têm direito a R$ 22 mil de verba de gabinete mensal. Os custos com salários e benefícios de 20 servidores aos quais os vereadores têm direito chegam a R$ 140 mil mensais. No entanto, o aumento aos parlamentares não altera em nada a folha salarial dos funcionários. Estes continuam tendo como teto o salário do prefeito (R$ 24,1 mil), que não sofreu alterações. A autora da ação é Juliana Donato, que já foi candidata a deputada estadual pelo PSTU, em 2010. O advogado de Juliana, Bruno Figueiredo, diz esperar que a decisão seja mantida porque "reflete os anseios da população". "Eles tomaram essa decisão depois das eleições, já sabendo quem eram os eleitos, assim, passaram a legislar praticamente em causa própria", afirmou o advogado. Ainda segundo ele, se os vereadores tivessem respeitado a lei, as votações deveriam ter ocorrido antes das eleições e, assim, teriam que explicar aos eleitores a decisão. "Mas deixaram para o último dia para tentar inviabilizar isso, para que não pudesse haver uma reação da população", disse. A aprovação do reajuste dos salários ocorreu no último dia de sessão legislativa. Levou apenas cinco minutos entre a colocação do projeto em pauta e a aprovação. Na sequência, houve aprovação do Orçamento, encerou-se a sessão e deu-se início ao recesso parlamentar. O aumento só para a Câmara é automático e não depende de sanção do prefeito. Os vereadores voltarão para a posse no dia 1º. Em seguida, retornam ao recesso, que só acaba em fevereiro.
cotidiano
Justiça manda suspender aumento de salários de vereadores de São PauloO reajuste de 26,3% dos salários dos vereadores de São Paulo –aprovado por eles mesmos na semana passada– foi barrado na tarde de domingo (25), feriado de Natal, pela Justiça de São Paulo. Os ganhos dos 55 vereadores passariam dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68, a partir do início de 2017. Essa suspensão, que tem caráter provisório (liminar), foi determinada pelo juiz Alberto Alonso Muñoz –no plantão do judiciário paulista– atendendo pedido feito por autora de ação popular. Para o magistrado, o aumento concedido pelos próprios vereadores minutos antes do recesso parlamentar, no dia 20, feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal. "Eu entendo que viola a LRF na medida em que o aumento aconteceu [a menos de] 180 dias do fim da legislatura. A própria lei, ao meu ver, expressamente [proíbe]", disse o magistrado à Folha. De acordo com o parágrafo 21 da LRF: "Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo poder ou órgão". Em sua sentença, Muñoz diz que a suspensão imediata é necessária pelos riscos de haver "lesão ao erário, dado o caráter irrepetível da verba, de caráter alimentar". "Por fim, a medida é perfeitamente reversível, uma vez que, na hipótese de ser revista esta decisão, a verba poderá ser imediatamente paga", diz trecho da sentença. Procurada, a Câmara informou que ainda não foi comunicada oficialmente da decisão porque o Legislativo municipal está em recesso até dia 2 de fevereiro de 2017. Um posicionamento dos parlamentares deverá ser feito na tarde desta segunda (26). O entendimento dos vereadores é de que há amparo legal para o reajuste porque se dará de uma legislatura para outra –conforme interpretação da Constituição Federal e, também, da Lei Orgânica. O processo em que a decisão de Muñoz foi proferida será distribuído para um magistrado da Fazenda Pública, após o fim do recesso do Judiciário –no dia 9 de janeiro. Como Muñoz é magistrado da Fazenda Pública, os autos podem ser distribuídos para ele mesmo –hipótese na qual a decisão deve ser mantida. Os vereadores podem recorrer aos tribunais superiores. "Como é uma decisão que foi tomada em plenário, com base em parecer favorável do jurídico da Câmara, que garantiu que o aumento é legal, naturalmente, a procuradoria [da Casa] deve defender essa decisão", diz um dos autores do projeto de aumento, vereador Milton Leite (DEM). O vereador eleito Eduardo Suplicy (PT), discorda. Ele diz que irá propor à bancada de seu partido a possibilidade de a Câmara não apresentar recurso contra a decisão. ANSEIO Em meio à crise econômica, e após o futuro prefeito, João Doria (PSDB) vetar seu próprio reajuste, do vice-prefeito e dos secretários, a aprovação do aumento para os vereadores foi criticada até mesmo por alguns parlamentares. "Está em total desconexão com a realidade", disse Toninho Vespoli (PSOL), um dos 11 votos contrários –30 foram favoráveis. Além do salário, os vereadores têm direito a R$ 22 mil de verba de gabinete mensal. Os custos com salários e benefícios de 20 servidores aos quais os vereadores têm direito chegam a R$ 140 mil mensais. No entanto, o aumento aos parlamentares não altera em nada a folha salarial dos funcionários. Estes continuam tendo como teto o salário do prefeito (R$ 24,1 mil), que não sofreu alterações. A autora da ação é Juliana Donato, que já foi candidata a deputada estadual pelo PSTU, em 2010. O advogado de Juliana, Bruno Figueiredo, diz esperar que a decisão seja mantida porque "reflete os anseios da população". "Eles tomaram essa decisão depois das eleições, já sabendo quem eram os eleitos, assim, passaram a legislar praticamente em causa própria", afirmou o advogado. Ainda segundo ele, se os vereadores tivessem respeitado a lei, as votações deveriam ter ocorrido antes das eleições e, assim, teriam que explicar aos eleitores a decisão. "Mas deixaram para o último dia para tentar inviabilizar isso, para que não pudesse haver uma reação da população", disse. A aprovação do reajuste dos salários ocorreu no último dia de sessão legislativa. Levou apenas cinco minutos entre a colocação do projeto em pauta e a aprovação. Na sequência, houve aprovação do Orçamento, encerou-se a sessão e deu-se início ao recesso parlamentar. O aumento só para a Câmara é automático e não depende de sanção do prefeito. Os vereadores voltarão para a posse no dia 1º. Em seguida, retornam ao recesso, que só acaba em fevereiro.
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O ambiente para Temer não mudou
Algo me diz que o presidente interino, Michel Temer, errou no tempo verbal em uma das frases que pronunciou na terça-feira, 24. Disse Temer, para demonstrar que é um presidente forte (ainda que interino): "Fui secretário de Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos. Tratava, não, cara pálida. Trata ainda, a julgar pelo currículo (ou folha corrida?) do líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-CE): réu em três ações penais no STF, investigado em três inquéritos —um deles sobre tentativa de homicídio— e condenado por improbidade administrativa. Longe de mim concordar com a sabedoria popular que diz que "todo político é ladrão". Mas meu prestígio junto à família e aos amigos sempre fica profundamente ferido quando tento defender a tese —o que, aliás, faço sempre— de que toda generalização é injusta e, portanto, nem todo político é ladrão. O problema é que os políticos não me ajudam: podem não ser os bandidos com os quais Temer tratava como secretário de Segurança Pública, mas uma fatia importante deles cai, facilmente, na categoria de criminosos de colarinho branco. Afinal, 60% dos congressistas têm algum tipo de acusação/suspeita pairando sobre seus colarinhos, conforme dados da Transparência Internacional. Em sendo assim, qual a surpresa com a gravação em que o senador Romero Jucá, efêmero ministro do Planejamento de Temer, aparece defendendo a decapitação de Dilma Rousseff como a melhor forma de parar a Lava Jato? Afinal, como escreveu para o site da Folha esse excelente repórter/analista que é Igor Gielow, "os diálogos com [Sérgio] Machado, revelados pela Folha nesta segunda (23), são estarrecedores, como de resto são praticamente todas as conversas entre políticos sem a presença ostensiva de um gravador". Pois é. O apodrecimento do mundo político, que já apontei na coluna publicada no dia em que a Câmara aprovou o encaminhamento do impeachment ao Senado, faz com que a Operação Lava Jato paire como um fantasma tanto sobre a base política do governo anterior como sobre a atual —de resto, parecida. O que surpreende é menos o estarrecedor diálogo de Jucá com Machado e mais o fato de que a Lava Jato continue firme e forte apesar de contrariar interesses poderosos. Contraria o PT, como ficou claro pelo fato de que vários de seus quadros estão envolvidos na lama, como contraria o PMDB, o novo/velho partido de governo, de que a gravação com Jucá é uma evidência definitiva e cristalina. E, claro, contraria o empresariado, do qual ilustres representantes foram para a cadeia. Jucá poderia ser tomado como símbolo desse mundo político apodrecido: foi líder em sucessivos governos dos últimos 20 anos. Ser líder significa que é considerado um modelo tanto por seus pares (deputados e/ou senadores) como pelos presidentes que o indicaram. Se o modelo é esse que Jucá escancarou nas gravações, algo só pode estar podre no mundo político. A saída de Jucá do Planejamento não saneia o sistema.
colunas
O ambiente para Temer não mudouAlgo me diz que o presidente interino, Michel Temer, errou no tempo verbal em uma das frases que pronunciou na terça-feira, 24. Disse Temer, para demonstrar que é um presidente forte (ainda que interino): "Fui secretário de Segurança Pública duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos. Tratava, não, cara pálida. Trata ainda, a julgar pelo currículo (ou folha corrida?) do líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-CE): réu em três ações penais no STF, investigado em três inquéritos —um deles sobre tentativa de homicídio— e condenado por improbidade administrativa. Longe de mim concordar com a sabedoria popular que diz que "todo político é ladrão". Mas meu prestígio junto à família e aos amigos sempre fica profundamente ferido quando tento defender a tese —o que, aliás, faço sempre— de que toda generalização é injusta e, portanto, nem todo político é ladrão. O problema é que os políticos não me ajudam: podem não ser os bandidos com os quais Temer tratava como secretário de Segurança Pública, mas uma fatia importante deles cai, facilmente, na categoria de criminosos de colarinho branco. Afinal, 60% dos congressistas têm algum tipo de acusação/suspeita pairando sobre seus colarinhos, conforme dados da Transparência Internacional. Em sendo assim, qual a surpresa com a gravação em que o senador Romero Jucá, efêmero ministro do Planejamento de Temer, aparece defendendo a decapitação de Dilma Rousseff como a melhor forma de parar a Lava Jato? Afinal, como escreveu para o site da Folha esse excelente repórter/analista que é Igor Gielow, "os diálogos com [Sérgio] Machado, revelados pela Folha nesta segunda (23), são estarrecedores, como de resto são praticamente todas as conversas entre políticos sem a presença ostensiva de um gravador". Pois é. O apodrecimento do mundo político, que já apontei na coluna publicada no dia em que a Câmara aprovou o encaminhamento do impeachment ao Senado, faz com que a Operação Lava Jato paire como um fantasma tanto sobre a base política do governo anterior como sobre a atual —de resto, parecida. O que surpreende é menos o estarrecedor diálogo de Jucá com Machado e mais o fato de que a Lava Jato continue firme e forte apesar de contrariar interesses poderosos. Contraria o PT, como ficou claro pelo fato de que vários de seus quadros estão envolvidos na lama, como contraria o PMDB, o novo/velho partido de governo, de que a gravação com Jucá é uma evidência definitiva e cristalina. E, claro, contraria o empresariado, do qual ilustres representantes foram para a cadeia. Jucá poderia ser tomado como símbolo desse mundo político apodrecido: foi líder em sucessivos governos dos últimos 20 anos. Ser líder significa que é considerado um modelo tanto por seus pares (deputados e/ou senadores) como pelos presidentes que o indicaram. Se o modelo é esse que Jucá escancarou nas gravações, algo só pode estar podre no mundo político. A saída de Jucá do Planejamento não saneia o sistema.
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Estácio faz B.O. por violação de computador de seu presidente
A Estácio Participações prestou queixa policial sobre a violação de dados e dispositivos de informática utilizados pelo seu presidente, Pedro Thompson, após concluir investigação sobre o vazamento de mensagens entre o executivo e uma advogada sobre a fusão com a Kroton Educacional. O boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira (18) na 16ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro. O material vazado continha mensagens eletrônicas entre Thompson e a advogada Paola Pugliese, que assessorava a empresa perante o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no âmbito da fusão com a Kroton. Informações contidas no B.O. mostram que a investigação conduzida pela israelense ICTS em parceria com auditoria interna da Estácio concluiu haver fortes indícios de que o vazamento tenha sido realizado por acesso físico ao computador antigo de Thompson. Segundo a investigação interna, o ex-funcionário de TI da empresa, Israel Silva, e o funcionário da área de operações, Luiz Walnei, estariam envolvidos no caso. A ICTS e a auditoria interna da companhia apontam ainda indícios de que o ex-presidente da Estácio, Rogério Melzi, teria participação ou relação direta com a suposta violação da máquina de Thompson e o consequentemente vazamento das informações. Procurada, a Estácio não quis comentar o assunto. O presidente da Estácio foi afastado do grupo de trabalho no Cade em 17 de março, e a israelense ICTS foi contratada para investigar o caso no dia seguinte. Em 12 de abril, a empresa informou que investigação interna apontou não haver evidências de que Thompson teria trabalhado para inviabilizar a fusão.
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Estácio faz B.O. por violação de computador de seu presidenteA Estácio Participações prestou queixa policial sobre a violação de dados e dispositivos de informática utilizados pelo seu presidente, Pedro Thompson, após concluir investigação sobre o vazamento de mensagens entre o executivo e uma advogada sobre a fusão com a Kroton Educacional. O boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira (18) na 16ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro. O material vazado continha mensagens eletrônicas entre Thompson e a advogada Paola Pugliese, que assessorava a empresa perante o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no âmbito da fusão com a Kroton. Informações contidas no B.O. mostram que a investigação conduzida pela israelense ICTS em parceria com auditoria interna da Estácio concluiu haver fortes indícios de que o vazamento tenha sido realizado por acesso físico ao computador antigo de Thompson. Segundo a investigação interna, o ex-funcionário de TI da empresa, Israel Silva, e o funcionário da área de operações, Luiz Walnei, estariam envolvidos no caso. A ICTS e a auditoria interna da companhia apontam ainda indícios de que o ex-presidente da Estácio, Rogério Melzi, teria participação ou relação direta com a suposta violação da máquina de Thompson e o consequentemente vazamento das informações. Procurada, a Estácio não quis comentar o assunto. O presidente da Estácio foi afastado do grupo de trabalho no Cade em 17 de março, e a israelense ICTS foi contratada para investigar o caso no dia seguinte. Em 12 de abril, a empresa informou que investigação interna apontou não haver evidências de que Thompson teria trabalhado para inviabilizar a fusão.
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Pedaço de mim
"Oh, pedaço de mim / Oh, metade amputada de mim / Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada / É assim como uma fisgada / No membro que já perdi." É o que a minha Zizi Possi interior cantarola fininho enquanto, pela quinta vez num espaço de uma hora, procuro o meu celular no bolso descendo a Fradique em direção ao metrô. A dor do membro fantasma, aquela que pacientes sentem em braços amputados –e ex-amantes em algum lugar entre o coração e o estômago– manifesta-se em mim como se eu fosse um ciborgue. Há quatro dias perdi meu iPhone numa dessas maratonas etílicas com duvidosas escalas entre o Cupido e o Parlapatões. Perdi ou fui roubado, pouco importa. Fato é que, desde então, minha existência se transformou numa coleção de sobressaltos. Saio de casa. Todo um mundo pulsante de notícias, imagens brilhantes, solicitações e mensagens urgentes é arrancado da minha consciência assim que desligo o computador e fecho a porta. Ando pela rua com o pensamento manco, desacostumado com tamanho silêncio. O que acontecerá enquanto estou fora? Minhas ansiedades são respondidas com o eco de uma planície indiferente e sem paisagem. Vácuo, branco, nihil novi. O sinal fecha para os pedestres e me vejo sem saber o que fazer com as mãos. O mesmo acontece em qualquer pausa de conversa, espera no restaurante, ponto de ônibus ou vagão de metro. Entro na composição debaixo da terra e observo com inveja os outros seres humanos manipulando seus smartphones, absortos entre fones de ouvido e uma pequena tela de cristal líquido a oferecer uma torrente inesgotável de pequenas recompensas. Eu, excluído, já faço parte de uma outra categoria. E entendo o ladrão. Seria capaz de abraçá-lo, solidário. Não controlo meus pensamentos. Cogito correr agora mesmo comprar um telefone roubado baratinho ali no chão do Viaduto Santa Efigênia (sim, agora penso, convicto, fui roubado, talvez até ache o meu!) mas, entre a covardia e um impulso de ética, logo abandono a ideia e me distraio com a cidade de São Paulo. Trata-se de um tipo de distração muito concentrada. E vejo um pombo gordo no arame farpado de um prédio tumular, uma moça equilibrando o violão na faixa do sinal vermelho, um arranjo geométrico de cabos entre dois postes contra o céu, uma poça de esgoto a refletir o edifício luxuoso do lado do sobrado. Busco o telefone para registrar o momento e pendurá-lo no meu Instagram. Nada. E para que serve tudo isso se não posso tirar fotografias e me gabar para desconhecidos? Ou melhor, guardá-las e nunca mais ver? Passado o primeiro episódio de abstinência, começo a pensar no livro que estou editando. Depois de semanas improdutivas, tenho ideias simultâneas sobre diferentes capítulos num soluço desenfreado de frases inteiras. Começo a fazer planos para o futuro, enxergo possibilidades de trabalho, traço estratégias de fuga. Minhas cadeias de pensamento são longas e cada vez mais complexas, flutuo sobre o asfalto como se estivesse entupido de nootrópicos, marcho offline entre os transeuntes, agora já enxergo o caminho sem aplicativos ou mapas, e este caminho é o da iluminação: sou tomado por um despertar que descortina as coxias do teatro e arranca dos prédios suas fachadas. Um satori entre as árvores da Praça da República. Logo a compreensão dá lugar a mania, o pânico, a fisgada no bolso vazio, o terremoto invisível, o incêndio sem fuga, o ar rarefeito: eu preciso conferir o meu e-mail. Corro para casa onde descubro que ninguém escreveu, o dinheiro ainda não saiu, aquela notícia não chegou. Acaba a tarde inútil, abro as janelas e vejo o engarrafamento lá embaixo. Dentro dos carros, eles olham seus celulares tentando esquecer alguma coisa.
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Pedaço de mim"Oh, pedaço de mim / Oh, metade amputada de mim / Leva o que há de ti / Que a saudade dói latejada / É assim como uma fisgada / No membro que já perdi." É o que a minha Zizi Possi interior cantarola fininho enquanto, pela quinta vez num espaço de uma hora, procuro o meu celular no bolso descendo a Fradique em direção ao metrô. A dor do membro fantasma, aquela que pacientes sentem em braços amputados –e ex-amantes em algum lugar entre o coração e o estômago– manifesta-se em mim como se eu fosse um ciborgue. Há quatro dias perdi meu iPhone numa dessas maratonas etílicas com duvidosas escalas entre o Cupido e o Parlapatões. Perdi ou fui roubado, pouco importa. Fato é que, desde então, minha existência se transformou numa coleção de sobressaltos. Saio de casa. Todo um mundo pulsante de notícias, imagens brilhantes, solicitações e mensagens urgentes é arrancado da minha consciência assim que desligo o computador e fecho a porta. Ando pela rua com o pensamento manco, desacostumado com tamanho silêncio. O que acontecerá enquanto estou fora? Minhas ansiedades são respondidas com o eco de uma planície indiferente e sem paisagem. Vácuo, branco, nihil novi. O sinal fecha para os pedestres e me vejo sem saber o que fazer com as mãos. O mesmo acontece em qualquer pausa de conversa, espera no restaurante, ponto de ônibus ou vagão de metro. Entro na composição debaixo da terra e observo com inveja os outros seres humanos manipulando seus smartphones, absortos entre fones de ouvido e uma pequena tela de cristal líquido a oferecer uma torrente inesgotável de pequenas recompensas. Eu, excluído, já faço parte de uma outra categoria. E entendo o ladrão. Seria capaz de abraçá-lo, solidário. Não controlo meus pensamentos. Cogito correr agora mesmo comprar um telefone roubado baratinho ali no chão do Viaduto Santa Efigênia (sim, agora penso, convicto, fui roubado, talvez até ache o meu!) mas, entre a covardia e um impulso de ética, logo abandono a ideia e me distraio com a cidade de São Paulo. Trata-se de um tipo de distração muito concentrada. E vejo um pombo gordo no arame farpado de um prédio tumular, uma moça equilibrando o violão na faixa do sinal vermelho, um arranjo geométrico de cabos entre dois postes contra o céu, uma poça de esgoto a refletir o edifício luxuoso do lado do sobrado. Busco o telefone para registrar o momento e pendurá-lo no meu Instagram. Nada. E para que serve tudo isso se não posso tirar fotografias e me gabar para desconhecidos? Ou melhor, guardá-las e nunca mais ver? Passado o primeiro episódio de abstinência, começo a pensar no livro que estou editando. Depois de semanas improdutivas, tenho ideias simultâneas sobre diferentes capítulos num soluço desenfreado de frases inteiras. Começo a fazer planos para o futuro, enxergo possibilidades de trabalho, traço estratégias de fuga. Minhas cadeias de pensamento são longas e cada vez mais complexas, flutuo sobre o asfalto como se estivesse entupido de nootrópicos, marcho offline entre os transeuntes, agora já enxergo o caminho sem aplicativos ou mapas, e este caminho é o da iluminação: sou tomado por um despertar que descortina as coxias do teatro e arranca dos prédios suas fachadas. Um satori entre as árvores da Praça da República. Logo a compreensão dá lugar a mania, o pânico, a fisgada no bolso vazio, o terremoto invisível, o incêndio sem fuga, o ar rarefeito: eu preciso conferir o meu e-mail. Corro para casa onde descubro que ninguém escreveu, o dinheiro ainda não saiu, aquela notícia não chegou. Acaba a tarde inútil, abro as janelas e vejo o engarrafamento lá embaixo. Dentro dos carros, eles olham seus celulares tentando esquecer alguma coisa.
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Uber lança programa piloto de serviço de carro sem motorista nos EUA
A empresa de transporte urbano por aplicativo Uber lançou nesta quarta-feira (14) na cidade norte-americana de Pittsburgh um programa piloto com carros sem motorista, na primeira vez que um serviço do tipo é oferecido ao público dos Estados Unidos. A companhia de tecnologia, avaliada em US$ 68 bilhões, planeja substituir muitos de seus 1,5 milhão de motoristas por carros autônomos. Mas não é que robôs vão assumir a direção em Pittsburgh agora. A frota autônoma da Uber na cidade é formada por quatro carros, sendo que duas pessoas ficarão nos bancos da frente dos veículos para assumirem o controle quando necessário. A companhia está competindo em um campo já bastante disputado. Do Google à Baidu, Tesla e General Motors, companhias de tecnologia e montadoras de veículos estão correndo para desenvolverem planos de negócios para o segmento que, acredita-se, vai transformar a mobilidade pessoal ao redor do mundo. "Vamos ver um mundo muito mais seguro e muito mais eficiente onde usaremos menos energia para movimentar as pessoas", disse Andrew Moore, reitor da Escola de Ciência da Computação da Universidade Carnegie Mellon. Porém, ele afirmou que é preciso mais uma década de pesquisa e desenvolvimento para que um número significativo de veículos autônomos ingressem nas ruas das cidades. Os carros autônomos da Uber em Pittsburgh consistem de sedãs Ford Fusion equipados com câmeras 3D, sistema de posicionamento por satélite e tecnologia que usa laser para identificar o formato e a distância de objetos. Apesar de a direção autônoma em estradas ser relativamente simples de se desenvolver —pesquisadores da Carnegie Mellon criaram uma minivan em 1995 que cruzou o país em modo autônomo em 98% do tempo—, mas nas ruas das cidades, com pedestres, trânsito, buracos e obras, a questão é diferente. "Desde meados dos anos de 1990 praticamente a maior parte desse campo tem se concentrado neste último passo", disse Aaron Steinfeld, pesquisador do Instituto de Robótica da Carnegie Mellon.
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Uber lança programa piloto de serviço de carro sem motorista nos EUAA empresa de transporte urbano por aplicativo Uber lançou nesta quarta-feira (14) na cidade norte-americana de Pittsburgh um programa piloto com carros sem motorista, na primeira vez que um serviço do tipo é oferecido ao público dos Estados Unidos. A companhia de tecnologia, avaliada em US$ 68 bilhões, planeja substituir muitos de seus 1,5 milhão de motoristas por carros autônomos. Mas não é que robôs vão assumir a direção em Pittsburgh agora. A frota autônoma da Uber na cidade é formada por quatro carros, sendo que duas pessoas ficarão nos bancos da frente dos veículos para assumirem o controle quando necessário. A companhia está competindo em um campo já bastante disputado. Do Google à Baidu, Tesla e General Motors, companhias de tecnologia e montadoras de veículos estão correndo para desenvolverem planos de negócios para o segmento que, acredita-se, vai transformar a mobilidade pessoal ao redor do mundo. "Vamos ver um mundo muito mais seguro e muito mais eficiente onde usaremos menos energia para movimentar as pessoas", disse Andrew Moore, reitor da Escola de Ciência da Computação da Universidade Carnegie Mellon. Porém, ele afirmou que é preciso mais uma década de pesquisa e desenvolvimento para que um número significativo de veículos autônomos ingressem nas ruas das cidades. Os carros autônomos da Uber em Pittsburgh consistem de sedãs Ford Fusion equipados com câmeras 3D, sistema de posicionamento por satélite e tecnologia que usa laser para identificar o formato e a distância de objetos. Apesar de a direção autônoma em estradas ser relativamente simples de se desenvolver —pesquisadores da Carnegie Mellon criaram uma minivan em 1995 que cruzou o país em modo autônomo em 98% do tempo—, mas nas ruas das cidades, com pedestres, trânsito, buracos e obras, a questão é diferente. "Desde meados dos anos de 1990 praticamente a maior parte desse campo tem se concentrado neste último passo", disse Aaron Steinfeld, pesquisador do Instituto de Robótica da Carnegie Mellon.
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Defensor que mais finaliza, Danilo vira astro e busca quartas da Champions
Danilo, 23, não é Neymar. Mas nas últimas semanas recebeu tanta atenção da imprensa esportiva europeia quanto o maior astro do futebol brasileiro na atualidade. O lateral direito do Porto, que recebe o suíço Basel nesta terça (10) pela classificação para as quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, virou alvo de disputa dos gigantes do continente. O primeiro a mostrar interesse em tirá-lo do time português foi o Barcelona, no mês passado. Na sequência, foram publicados em vários jornais intenções –mais ou menos efetivas– de Juventus, Arsenal, Liverpool e Manchester United em contratar o ex-jogador do Santos. De acordo com o espanhol "Marca", o destino de Danilo já está definido. Por € 20 milhões (R$ 68 milhões), ele será do Real Madrid a partir da próxima temporada. O negócio, contudo, ainda não foi confirmado. Confirmado o valor da transação, ele será o segundo lateral direito brasileiro mais caro de todos os tempos, atrás apenas de Daniel Alves, que trocou o Sevilla pelo Barcelona em 2008 por € 35,5 milhões (R$ 120,3 milhões, na cotação atual). A valorização de Danilo está ligada a três fatores: sua força no apoio ao ataque, escassez de talentos na posição e sua consolidação com a camisa da seleção. Na última quinta-feira (5), foi convocado para a seleção brasileira. O jogador é o dono absoluto da camisa 2 amarelinha desde que Maicon (hoje na Roma) chegou atrasado na volta de uma folga e foi afastado pelo técnico Dunga. A falta de concorrência que Danilo enfrenta na seleção também se aplica à dificuldade que os gigantes europeus têm tido na lateral direita. Os dois jogadores do Real Madrid para a posição, Carvajal e Arbeloa, estão entre os mais criticados do elenco. O Manchester precisa improvisar Valencia no setor. Já o Barcelona tem um titular bem definido, Daniel Alves, mas o brasileiro já tem 31 anos e só mais três meses de contrato. Ex-volante e parceiro de Neymar na conquista da Libertadores de 2011 pelo Santos, Danilo se destaca, assim como o próprio Daniel Alves, pela volúpia com quem chega ao ataque. O lateral do Porto é o jogador de defesa que mais finaliza na Liga dos Campeões. Em seis partidas, acertou o gol cinco vezes e mandou para fora seis conclusões. Seu único gol foi justamente o que deixou o time português com a vantagem de empatar sem gols nesta terça e ainda continuar vivo no badalado torneio interclubes. Danilo converteu o pênalti, nascido em jogada dele próprio, que selou o empate por 1 a 1 no primeiro jogo entre Porto e Basel, na Suíça. REAL NA BOA Se o Porto já está perto de passar pelas oitavas de final, o provável futuro time de Danilo está em uma situação ainda mais favorável. Após vencer o Schalke 04 por 2 a 0 na Alemanha, o Real Madrid, atual campeão europeu, pode perder por até um gol de diferença em casa, na terça, que irá às quartas.
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Defensor que mais finaliza, Danilo vira astro e busca quartas da ChampionsDanilo, 23, não é Neymar. Mas nas últimas semanas recebeu tanta atenção da imprensa esportiva europeia quanto o maior astro do futebol brasileiro na atualidade. O lateral direito do Porto, que recebe o suíço Basel nesta terça (10) pela classificação para as quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, virou alvo de disputa dos gigantes do continente. O primeiro a mostrar interesse em tirá-lo do time português foi o Barcelona, no mês passado. Na sequência, foram publicados em vários jornais intenções –mais ou menos efetivas– de Juventus, Arsenal, Liverpool e Manchester United em contratar o ex-jogador do Santos. De acordo com o espanhol "Marca", o destino de Danilo já está definido. Por € 20 milhões (R$ 68 milhões), ele será do Real Madrid a partir da próxima temporada. O negócio, contudo, ainda não foi confirmado. Confirmado o valor da transação, ele será o segundo lateral direito brasileiro mais caro de todos os tempos, atrás apenas de Daniel Alves, que trocou o Sevilla pelo Barcelona em 2008 por € 35,5 milhões (R$ 120,3 milhões, na cotação atual). A valorização de Danilo está ligada a três fatores: sua força no apoio ao ataque, escassez de talentos na posição e sua consolidação com a camisa da seleção. Na última quinta-feira (5), foi convocado para a seleção brasileira. O jogador é o dono absoluto da camisa 2 amarelinha desde que Maicon (hoje na Roma) chegou atrasado na volta de uma folga e foi afastado pelo técnico Dunga. A falta de concorrência que Danilo enfrenta na seleção também se aplica à dificuldade que os gigantes europeus têm tido na lateral direita. Os dois jogadores do Real Madrid para a posição, Carvajal e Arbeloa, estão entre os mais criticados do elenco. O Manchester precisa improvisar Valencia no setor. Já o Barcelona tem um titular bem definido, Daniel Alves, mas o brasileiro já tem 31 anos e só mais três meses de contrato. Ex-volante e parceiro de Neymar na conquista da Libertadores de 2011 pelo Santos, Danilo se destaca, assim como o próprio Daniel Alves, pela volúpia com quem chega ao ataque. O lateral do Porto é o jogador de defesa que mais finaliza na Liga dos Campeões. Em seis partidas, acertou o gol cinco vezes e mandou para fora seis conclusões. Seu único gol foi justamente o que deixou o time português com a vantagem de empatar sem gols nesta terça e ainda continuar vivo no badalado torneio interclubes. Danilo converteu o pênalti, nascido em jogada dele próprio, que selou o empate por 1 a 1 no primeiro jogo entre Porto e Basel, na Suíça. REAL NA BOA Se o Porto já está perto de passar pelas oitavas de final, o provável futuro time de Danilo está em uma situação ainda mais favorável. Após vencer o Schalke 04 por 2 a 0 na Alemanha, o Real Madrid, atual campeão europeu, pode perder por até um gol de diferença em casa, na terça, que irá às quartas.
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'O futebol está doente', diz pai de torcedor atirado de arquibancada
A história já se tornou conhecida na Argentina. O presidente da AFA (Associação Argentina de Futebol), Claudio Tapia, telefonou para Raúl Balbo. Perguntou se ele precisava de alguma coisa. "Sim. Preciso de um filho", respondeu Balbo. Emanuel, filho de Raúl, morreu na segunda (17). Ele foi atirado da arquibancada do estádio Mario Kempes, em Córdoba (700 km de Buenos Aires), durante o clássico entre Belgrano e Talleres, disputado no sábado (15). "Ele [presidente da AFA] queria ajudar. Tarde demais. Ninguém pode ajudar. Ninguém pode devolver a vida do meu filho", disse Balbo à Folha, por telefone. Seis pessoas envolvidas no crime já foram presas. Outras duas são procuradas pela polícia. De acordo com a Salvemos al Fútbol (Salvemos o Futebol, em espanhol), organização não governamental que combate a violência no esporte, Emanuel foi a 318ª morte ocorrida na Argentina por violência de torcidas. Além do crime em si, o caso mobiliza o país pela história por atrás do assassinato de Emanuel Balbo. "O futebol está doente. A dor é indescritível. A dor de quem não consegue dormir, de quem não consegue comer. A dor de quem perde filhos por causa da violência", completa o pai de Emanuel. Filhos. No plural. Há quase cinco anos, Augustín Balbo, irmão de Emanuel, foi morto, atropelado por um veículo em alta velocidade que disputava racha pelas ruas de Córdoba. Os detidos pelo crime ficaram presos por um mês e, em seguida, liberados. Emanuel viu um dos envolvidos, Oscar Gómez, conhecido como "Sapito", na arquibancada do estádio. Começou uma discussão e Gómez gritou que Balbo era torcedor do Talleres. O mando do jogo era do Belgrano, time do coração de Emanuel. Na Argentina, assim como nos clássicos em São Paulo, é proibida a presença da torcida visitante. Pessoas que estavam próximos ao bate-boca não quiseram conversa. Diante da acusação, agrediram Emanuel Balbo e o atiraram da arquibancada superior. Na queda, a vítima bateu a cabeça. Agonizando no chão, teve os tênis roubados. "Algumas pessoas que participaram desse ato selvagem não têm antecedentes criminais. Isso é o que nos assusta. Como explicar? Como podem se comportar de uma forma daquelas quando entram em um estádio de futebol?", questiona Diego Hak, chefe de segurança de Córdoba. Abalado, o pai de Emanuel diz não ter assistido as imagens do filho em queda livre. E não pretende ver jamais. Assim como promete jamais entrar novamente em um estádio de futebol. "Como alguém pode tomar uma atitude dessas contra uma pessoa que sequer conhece? Havíamos feito uma aposta para o resultado do jogo...", confessa, ele sim torcedor do Talleres, afirmando que o perdedor no clássico compraria quatro quilos de carne para o "assado" (como é chamado churrasco na Argentina) do dia seguinte. DIREITO DE ADMISSÃO Após o crime, começou a busca por explicações. No futebol argentino existe o "direito de admissão". É como se chama a lista com os nomes de quem não podem entrar nos estádios. O objetivo é proibir que barras bravas (o núcleo violento das torcidas organizadas) condenados ou acusados de crimes estejam nos locais dos jogos. O Belgrano não apresentou nenhuma relação. De acordo com o presidente Armando Pérez, também ex-presidente da junta diretiva da AFA, isso aconteceu porque seu clube não tem nenhum barra brava. "Sapito Gómez não tinha restrição para entrar em estádios. Não houve qualquer determinação da Justiça quanto a isso", afirma Hak. "Não vejo como um problema do futebol apenas. É um problema da nossa sociedade." O crime mobilizou os jogadores dos rivais de Córdoba. Jogadores do Belgrano publicaram imagens nas redes sociais fazendo o sinal de "T" com os braços, símbolo do Talleres. Atletas do Talleres se fotografaram tapando um dos olhos com a mão, como sem fossem piratas, apelido do Belgrano. A Folha tentou entrar em contato com Mónica Picco, advogada de Gómez, mas não obteve contato. Em entrevista à imprensa argentina, ela disse que seu cliente não foi responsável pela morte e que Emanuel Balbo cometeu suicídio ao se jogar da arquibancada. PRISÕES Nesta quarta-feira (19), foi preso Yamil Salas, 22, sexto acusado de participar da morte de Emanuel Balbo. Ele foi apresentado à promotora Liliana Sánchez, que comanda a investigação do caso. Também estão detidos Oscar Gómez, 36; Cristian Oliva, 42; Matías Oliva, 20; Martín Vergara, 22; e Pablo Robledo, 18. "Há câmeras de segurança que nos dão exata ideia do que aconteceu. Estamos em busca de todas as pessoas. Fazemos o possível, mas é claro que o mais importante está além dos nossos poderes. Não poderemos trazer a vida de Emanuel de volta", disse Diego Hak, chefe de segurança de Córdoba. Ele também procura a pessoa que roubou os tênis da vítima após a queda. O Belgrano anunciou que todos os torcedores acusados estão proibidos de entrarem em jogos da equipe para sempre. Los Piratas Celestes de Alberdi, a principal "barra brava" (torcida organizada) do Belgrano, tentou se distanciar do crime. Em entrevista ao diário "Clarín", de Buenos Aires, Roberto Ponce, chefe da facção, disse não conhecer Gómez.
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'O futebol está doente', diz pai de torcedor atirado de arquibancadaA história já se tornou conhecida na Argentina. O presidente da AFA (Associação Argentina de Futebol), Claudio Tapia, telefonou para Raúl Balbo. Perguntou se ele precisava de alguma coisa. "Sim. Preciso de um filho", respondeu Balbo. Emanuel, filho de Raúl, morreu na segunda (17). Ele foi atirado da arquibancada do estádio Mario Kempes, em Córdoba (700 km de Buenos Aires), durante o clássico entre Belgrano e Talleres, disputado no sábado (15). "Ele [presidente da AFA] queria ajudar. Tarde demais. Ninguém pode ajudar. Ninguém pode devolver a vida do meu filho", disse Balbo à Folha, por telefone. Seis pessoas envolvidas no crime já foram presas. Outras duas são procuradas pela polícia. De acordo com a Salvemos al Fútbol (Salvemos o Futebol, em espanhol), organização não governamental que combate a violência no esporte, Emanuel foi a 318ª morte ocorrida na Argentina por violência de torcidas. Além do crime em si, o caso mobiliza o país pela história por atrás do assassinato de Emanuel Balbo. "O futebol está doente. A dor é indescritível. A dor de quem não consegue dormir, de quem não consegue comer. A dor de quem perde filhos por causa da violência", completa o pai de Emanuel. Filhos. No plural. Há quase cinco anos, Augustín Balbo, irmão de Emanuel, foi morto, atropelado por um veículo em alta velocidade que disputava racha pelas ruas de Córdoba. Os detidos pelo crime ficaram presos por um mês e, em seguida, liberados. Emanuel viu um dos envolvidos, Oscar Gómez, conhecido como "Sapito", na arquibancada do estádio. Começou uma discussão e Gómez gritou que Balbo era torcedor do Talleres. O mando do jogo era do Belgrano, time do coração de Emanuel. Na Argentina, assim como nos clássicos em São Paulo, é proibida a presença da torcida visitante. Pessoas que estavam próximos ao bate-boca não quiseram conversa. Diante da acusação, agrediram Emanuel Balbo e o atiraram da arquibancada superior. Na queda, a vítima bateu a cabeça. Agonizando no chão, teve os tênis roubados. "Algumas pessoas que participaram desse ato selvagem não têm antecedentes criminais. Isso é o que nos assusta. Como explicar? Como podem se comportar de uma forma daquelas quando entram em um estádio de futebol?", questiona Diego Hak, chefe de segurança de Córdoba. Abalado, o pai de Emanuel diz não ter assistido as imagens do filho em queda livre. E não pretende ver jamais. Assim como promete jamais entrar novamente em um estádio de futebol. "Como alguém pode tomar uma atitude dessas contra uma pessoa que sequer conhece? Havíamos feito uma aposta para o resultado do jogo...", confessa, ele sim torcedor do Talleres, afirmando que o perdedor no clássico compraria quatro quilos de carne para o "assado" (como é chamado churrasco na Argentina) do dia seguinte. DIREITO DE ADMISSÃO Após o crime, começou a busca por explicações. No futebol argentino existe o "direito de admissão". É como se chama a lista com os nomes de quem não podem entrar nos estádios. O objetivo é proibir que barras bravas (o núcleo violento das torcidas organizadas) condenados ou acusados de crimes estejam nos locais dos jogos. O Belgrano não apresentou nenhuma relação. De acordo com o presidente Armando Pérez, também ex-presidente da junta diretiva da AFA, isso aconteceu porque seu clube não tem nenhum barra brava. "Sapito Gómez não tinha restrição para entrar em estádios. Não houve qualquer determinação da Justiça quanto a isso", afirma Hak. "Não vejo como um problema do futebol apenas. É um problema da nossa sociedade." O crime mobilizou os jogadores dos rivais de Córdoba. Jogadores do Belgrano publicaram imagens nas redes sociais fazendo o sinal de "T" com os braços, símbolo do Talleres. Atletas do Talleres se fotografaram tapando um dos olhos com a mão, como sem fossem piratas, apelido do Belgrano. A Folha tentou entrar em contato com Mónica Picco, advogada de Gómez, mas não obteve contato. Em entrevista à imprensa argentina, ela disse que seu cliente não foi responsável pela morte e que Emanuel Balbo cometeu suicídio ao se jogar da arquibancada. PRISÕES Nesta quarta-feira (19), foi preso Yamil Salas, 22, sexto acusado de participar da morte de Emanuel Balbo. Ele foi apresentado à promotora Liliana Sánchez, que comanda a investigação do caso. Também estão detidos Oscar Gómez, 36; Cristian Oliva, 42; Matías Oliva, 20; Martín Vergara, 22; e Pablo Robledo, 18. "Há câmeras de segurança que nos dão exata ideia do que aconteceu. Estamos em busca de todas as pessoas. Fazemos o possível, mas é claro que o mais importante está além dos nossos poderes. Não poderemos trazer a vida de Emanuel de volta", disse Diego Hak, chefe de segurança de Córdoba. Ele também procura a pessoa que roubou os tênis da vítima após a queda. O Belgrano anunciou que todos os torcedores acusados estão proibidos de entrarem em jogos da equipe para sempre. Los Piratas Celestes de Alberdi, a principal "barra brava" (torcida organizada) do Belgrano, tentou se distanciar do crime. Em entrevista ao diário "Clarín", de Buenos Aires, Roberto Ponce, chefe da facção, disse não conhecer Gómez.
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Três 'gigantes' consagram a Paulista como principal eixo cultural de SP
Em 2017, após investimento de quase R$ 300 milhões, três gigantes vão despontar na avenida Paulista e consolidar uma mudança de perfil do cartão-postal: de centro comercial e financeiro para eixo das artes de São Paulo. Três centros culturais abrirão suas portas nos dois extremos da via no segundo semestre, o que transformará o endereço no principal corredor cultural da capital. Estreiam ali a Japan House, o novo Sesc Paulista e o Instituto Moreira Salles Paulista, todos com projetos arquitetônicos arrojados, pensados para abrigar exposições, cinemas, teatros, bibliotecas e restaurantes em estruturas verticais. Todas essas iniciativas se juntam ao decano Masp, de Lina Bo Bardi, à Casa das Rosas, ao Itaú Cultural, ao Centro Cultural Fiesp, a livrarias, teatros e 54 salas de cinema. "A Paulista já vinha se desenhando como o grande eixo cultural de São Paulo", avalia Flávio Pinheiro, superintentende-executivo do Instituo Moreira Salles. "A presença desses três edifícios consolida isso." Para Marcello Dantas, diretor de programação da Japan House, ambicioso projeto do Ministério das Relações Exteriores do Japão que conciliará arte, tecnologia e negócios em edifício projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, a avenida "está sob um processo de ressignificação e revalorização". "Poucas cidades do mundo têm essa concentração de equipamentos culturais. Com as três instituições, São Paulo ganha sua praça criativa, sua ilha de museus, como existe em cidades como Nova York e Berlim." BULEVAR Com isso, a Paulista ganha ao menos 15 novas exposições por ano, espalhadas pelas três instituições, além de mais de uma centena de eventos, entre seminários, oficinas, espetáculos e concertos, e um provável bulevar. Isso porque Sesc Paulista e Itaú Cultural, edifícios vizinhos, cada um numa esquina da rua Leôncio de Carvalho, propuseram à prefeitura o fechamento de parte da via para a criação de um calçadão com iluminação e mobiliário urbano. O projeto, já avalizado por algumas secretarias, será apresentado ao futuro prefeito João Doria (PSDB). "Queremos promover a animação deste espaço, respeitando seus usos atuais, para o lazer e a contemplação da população", explica Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, cuja nova unidade terá 15 andares e um restaurante na cobertura, com vista para a avenida. O prédio já abrigou a sede do Sesc, mas estava fechado desde 2010 para reforma. Reabre agora como unidade Paulista, com salas de espetáculos, espaço de exposição e os equipamentos que acompanham os Sesc, a não ser o ginásio e a piscina. A unidade terá atividades com foco no corpo e na tecnologia. "Vamos propor a formação de um grupo ou uma rede de entidades da Paulista para que possamos defender os interesses não imobiliários nem financeiros nem de gentrificação, mas da cultura como peça de melhoria e transformação da cidade", diz Miranda. CORREDOR Segundo Lorenzo Mammì, coordenador-chefe de programação do IMS Paulista, a avenida está virando um corredor não só de cultura mas também de práticas sociais. A este segundo ponto, os projetos do IMS e da Japan House prestam tributo especial. Em ambos os casos, os térreos dos edifícios formam praças contíguas com a calçada. Desde que a Paulista abriu só para pedestres aos domingos, a permeabilidade entre espaço público e privado passou a ser algo desejável. "O prédio traz a rua para dentro do instituto. O desafio é dar conta da transformação da avenida e ser um espaço mais ativo", diz Mammì. Para o futuro subprefeito da Sé, Eduardo Odloak, a avenida seguirá aberta para pedestres aos domingos e há interesse em fazer parcerias público-privadas para financiar shows nas ruas. "O espaço já foi conquistado pela população. O desafio é a zeladoria." Segundo ele, a ocupação das calçadas por artistas não pode ser abusiva. A proliferação de camelôs é outra preocupação. "Calçada deve ser ocupada por pedestre." - Abertura de três novos centros culturais em 2017 consagra a avenida Paulista como principal eixo cultural de São Paulo O que é: Primeira de três unidades que o Ministério das Relações Exteriores do Japão vai construir no mundo para disseminar a imagem do Japão contemporâneo, com foco em cultura, tecnologia e negócios. O espaço terá exposições, palestras, performances e eventos, além de biblioteca e restaurante-café nipônico Projeto: Kengo Kuma e FGMF Arquitetos Área: 2.500 m² Inauguração: 2º semestre de 2017 Investimento: R$ 100 milhões * O que é: Centro cultural do IMS em São Paulo, com sete andares, todos com pé direito duplo, onde serão realizadas exposições, aulas e oficinas. O espaço abriga ainda um cineteatro, uma biblioteca especializada em fotografia (com 10 mil itens e cursos livres), uma livraria e um café-restaurante Projeto: Andrade Morettin Arquitetos Área: 6.082 m2 Inauguração: julho de 2017 Investimento: R$ 80 milhões * O que é: Ex-sede do Sesc e da Federação do Comércio, o edifício está em reforma desde 2010 e abrigará uma nova unidade do Sesc com salas de espetáculos, oficinas culturais e espaço para exposições com foco em arte, corpo e tecnologia, além de espaço para leitura e uma área para comer na cobertura Projeto: Königsberger Vannucchi Área: 15.807 m² Inauguração: 2º semestre de 2017 Investimento: R$ 100 milhões - Paulista, 125
cotidiano
Três 'gigantes' consagram a Paulista como principal eixo cultural de SPEm 2017, após investimento de quase R$ 300 milhões, três gigantes vão despontar na avenida Paulista e consolidar uma mudança de perfil do cartão-postal: de centro comercial e financeiro para eixo das artes de São Paulo. Três centros culturais abrirão suas portas nos dois extremos da via no segundo semestre, o que transformará o endereço no principal corredor cultural da capital. Estreiam ali a Japan House, o novo Sesc Paulista e o Instituto Moreira Salles Paulista, todos com projetos arquitetônicos arrojados, pensados para abrigar exposições, cinemas, teatros, bibliotecas e restaurantes em estruturas verticais. Todas essas iniciativas se juntam ao decano Masp, de Lina Bo Bardi, à Casa das Rosas, ao Itaú Cultural, ao Centro Cultural Fiesp, a livrarias, teatros e 54 salas de cinema. "A Paulista já vinha se desenhando como o grande eixo cultural de São Paulo", avalia Flávio Pinheiro, superintentende-executivo do Instituo Moreira Salles. "A presença desses três edifícios consolida isso." Para Marcello Dantas, diretor de programação da Japan House, ambicioso projeto do Ministério das Relações Exteriores do Japão que conciliará arte, tecnologia e negócios em edifício projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, a avenida "está sob um processo de ressignificação e revalorização". "Poucas cidades do mundo têm essa concentração de equipamentos culturais. Com as três instituições, São Paulo ganha sua praça criativa, sua ilha de museus, como existe em cidades como Nova York e Berlim." BULEVAR Com isso, a Paulista ganha ao menos 15 novas exposições por ano, espalhadas pelas três instituições, além de mais de uma centena de eventos, entre seminários, oficinas, espetáculos e concertos, e um provável bulevar. Isso porque Sesc Paulista e Itaú Cultural, edifícios vizinhos, cada um numa esquina da rua Leôncio de Carvalho, propuseram à prefeitura o fechamento de parte da via para a criação de um calçadão com iluminação e mobiliário urbano. O projeto, já avalizado por algumas secretarias, será apresentado ao futuro prefeito João Doria (PSDB). "Queremos promover a animação deste espaço, respeitando seus usos atuais, para o lazer e a contemplação da população", explica Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, cuja nova unidade terá 15 andares e um restaurante na cobertura, com vista para a avenida. O prédio já abrigou a sede do Sesc, mas estava fechado desde 2010 para reforma. Reabre agora como unidade Paulista, com salas de espetáculos, espaço de exposição e os equipamentos que acompanham os Sesc, a não ser o ginásio e a piscina. A unidade terá atividades com foco no corpo e na tecnologia. "Vamos propor a formação de um grupo ou uma rede de entidades da Paulista para que possamos defender os interesses não imobiliários nem financeiros nem de gentrificação, mas da cultura como peça de melhoria e transformação da cidade", diz Miranda. CORREDOR Segundo Lorenzo Mammì, coordenador-chefe de programação do IMS Paulista, a avenida está virando um corredor não só de cultura mas também de práticas sociais. A este segundo ponto, os projetos do IMS e da Japan House prestam tributo especial. Em ambos os casos, os térreos dos edifícios formam praças contíguas com a calçada. Desde que a Paulista abriu só para pedestres aos domingos, a permeabilidade entre espaço público e privado passou a ser algo desejável. "O prédio traz a rua para dentro do instituto. O desafio é dar conta da transformação da avenida e ser um espaço mais ativo", diz Mammì. Para o futuro subprefeito da Sé, Eduardo Odloak, a avenida seguirá aberta para pedestres aos domingos e há interesse em fazer parcerias público-privadas para financiar shows nas ruas. "O espaço já foi conquistado pela população. O desafio é a zeladoria." Segundo ele, a ocupação das calçadas por artistas não pode ser abusiva. A proliferação de camelôs é outra preocupação. "Calçada deve ser ocupada por pedestre." - Abertura de três novos centros culturais em 2017 consagra a avenida Paulista como principal eixo cultural de São Paulo O que é: Primeira de três unidades que o Ministério das Relações Exteriores do Japão vai construir no mundo para disseminar a imagem do Japão contemporâneo, com foco em cultura, tecnologia e negócios. O espaço terá exposições, palestras, performances e eventos, além de biblioteca e restaurante-café nipônico Projeto: Kengo Kuma e FGMF Arquitetos Área: 2.500 m² Inauguração: 2º semestre de 2017 Investimento: R$ 100 milhões * O que é: Centro cultural do IMS em São Paulo, com sete andares, todos com pé direito duplo, onde serão realizadas exposições, aulas e oficinas. O espaço abriga ainda um cineteatro, uma biblioteca especializada em fotografia (com 10 mil itens e cursos livres), uma livraria e um café-restaurante Projeto: Andrade Morettin Arquitetos Área: 6.082 m2 Inauguração: julho de 2017 Investimento: R$ 80 milhões * O que é: Ex-sede do Sesc e da Federação do Comércio, o edifício está em reforma desde 2010 e abrigará uma nova unidade do Sesc com salas de espetáculos, oficinas culturais e espaço para exposições com foco em arte, corpo e tecnologia, além de espaço para leitura e uma área para comer na cobertura Projeto: Königsberger Vannucchi Área: 15.807 m² Inauguração: 2º semestre de 2017 Investimento: R$ 100 milhões - Paulista, 125
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Putin ratifica acordo de mobilização militar 'indefinida' na Síria
O presidente russo Vladimir Putin ratificou um acordo entre Damasco e Moscou sobre a mobilização por tempo indeterminado das Forças Aéreas do país na base militar de Hmeimim, na Síria, anunciou nesta sexta-feira (14)o Kremlin. O acordo, assinado em 26 de agosto de 2015, permite a presença permanente de aviões militares russos nesta base, que a Rússia utiliza para coordenar operações de apoio ao regime de Bashar al-Assad. Mais de um ano depois do início de sua intervenção militar na Síria, a Rússia continua reforçando a presença militar neste país, onde executa bombardeios aéreos contra Aleppo, apesar das críticas dos países ocidentais, que acusam as forças aliadas sírias e russas de crimes de guerra. Quase 4.300 militares russos estão na Síria, em sua grande maioria na base aérea de Hmeimim, perto de Latakia, região noroeste do país, reduto do regime de Assad. Na segunda-feira, Moscou anunciou que vai transformar suas instalações no porto de Tartus, também no noroeste do país, em uma "base naval russa permanente".
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Putin ratifica acordo de mobilização militar 'indefinida' na SíriaO presidente russo Vladimir Putin ratificou um acordo entre Damasco e Moscou sobre a mobilização por tempo indeterminado das Forças Aéreas do país na base militar de Hmeimim, na Síria, anunciou nesta sexta-feira (14)o Kremlin. O acordo, assinado em 26 de agosto de 2015, permite a presença permanente de aviões militares russos nesta base, que a Rússia utiliza para coordenar operações de apoio ao regime de Bashar al-Assad. Mais de um ano depois do início de sua intervenção militar na Síria, a Rússia continua reforçando a presença militar neste país, onde executa bombardeios aéreos contra Aleppo, apesar das críticas dos países ocidentais, que acusam as forças aliadas sírias e russas de crimes de guerra. Quase 4.300 militares russos estão na Síria, em sua grande maioria na base aérea de Hmeimim, perto de Latakia, região noroeste do país, reduto do regime de Assad. Na segunda-feira, Moscou anunciou que vai transformar suas instalações no porto de Tartus, também no noroeste do país, em uma "base naval russa permanente".
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Governo Temer pode sofrer sarneyzação
Os fracos resultados econômicos no trimestre terminado em setembro somados ao desarranjo mundial provocado pela vitória de Donald Trump formam quadro perigoso para o Brasil. A situação já indicava dificuldades estruturais para uma volta dos empregos. Agora, a incerteza produzida pelo trumpismo deverá congelar as decisões de investimento ao redor do planeta até que, empossado, o novo ocupante da Casa Branca mostre o que realmente vai fazer. Diante dessa mudança conjuntural, o governo Temer parece inerme, perdido na ilusão de que a austeridade bastará para recolocar o "país nos trilhos", como gosta de dizer o presidente. Governar requer alterar rotas quando o horizonte muda. Na ausência de resposta, o caos ameaça tomar conta. A curta semana pós-proclamação da República foi típica de avião sem piloto na cabine de comando. Enquanto a sociedade se agitava de maneira furiosa — seja pela legítima revolta dos funcionários públicos cariocas, seja pela amalucada invasão da Câmara Federal por nostálgicos do regime militar —, instituições do âmbito judiciário continuavam a triturar o mundo político. Desta vez caíram os ex-governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, além de surgirem novas denúncias contra o PSDB de São Paulo. Emblema de toda a confusão, o Rio de Janeiro ficou parecendo uma Grécia em escala subnacional, na qual estivesse em curso também uma megaoperação Mãos Limpas. No meio do furdunço, o Planalto repetia o discurso monocórdio de que a volta do crescimento depende de mais arrocho, entoando o mantra "acalma mercado" da reforma previdenciária. Até que ponto os luminares do PMDB acham que os prejudicados vão aguentar em silêncio? Pode ser que, sustentado pela maioria parlamentar que derrubou Dilma Rousseff, o Executivo consiga até fazer passar a pretendida mudança na idade mínima para aposentadoria. Mas se os empregos não reaparecerem, Michel padecerá de rápida sarneyzação. Convém lembrar que o ex-presidente José Sarney conseguiu vencer no Congresso constituinte a difícil batalha em favor do mandato de cinco anos para si, o que não o impediu de deixar a Presidência com uma das maiores rejeições registradas desde o retorno dos civis ao poder. A seguir assim, a dupla Temer/Meirelles, que pretendia emular a dobradinha Itamar/FHC, acabará abrindo a porta para algum salvacionista de ocasião, como diria Chico de Oliveira. Com a Lava Jato pondo abaixo as estruturas partidárias, torna-se fácil o surgimento, filiado a qualquer microlegenda, de um messias que prometa colocar ordem na bagunça — tal como Fernando Collor de Mello jurava dar um fim à inflação em 1989. Venceu.
colunas
Governo Temer pode sofrer sarneyzaçãoOs fracos resultados econômicos no trimestre terminado em setembro somados ao desarranjo mundial provocado pela vitória de Donald Trump formam quadro perigoso para o Brasil. A situação já indicava dificuldades estruturais para uma volta dos empregos. Agora, a incerteza produzida pelo trumpismo deverá congelar as decisões de investimento ao redor do planeta até que, empossado, o novo ocupante da Casa Branca mostre o que realmente vai fazer. Diante dessa mudança conjuntural, o governo Temer parece inerme, perdido na ilusão de que a austeridade bastará para recolocar o "país nos trilhos", como gosta de dizer o presidente. Governar requer alterar rotas quando o horizonte muda. Na ausência de resposta, o caos ameaça tomar conta. A curta semana pós-proclamação da República foi típica de avião sem piloto na cabine de comando. Enquanto a sociedade se agitava de maneira furiosa — seja pela legítima revolta dos funcionários públicos cariocas, seja pela amalucada invasão da Câmara Federal por nostálgicos do regime militar —, instituições do âmbito judiciário continuavam a triturar o mundo político. Desta vez caíram os ex-governadores Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, além de surgirem novas denúncias contra o PSDB de São Paulo. Emblema de toda a confusão, o Rio de Janeiro ficou parecendo uma Grécia em escala subnacional, na qual estivesse em curso também uma megaoperação Mãos Limpas. No meio do furdunço, o Planalto repetia o discurso monocórdio de que a volta do crescimento depende de mais arrocho, entoando o mantra "acalma mercado" da reforma previdenciária. Até que ponto os luminares do PMDB acham que os prejudicados vão aguentar em silêncio? Pode ser que, sustentado pela maioria parlamentar que derrubou Dilma Rousseff, o Executivo consiga até fazer passar a pretendida mudança na idade mínima para aposentadoria. Mas se os empregos não reaparecerem, Michel padecerá de rápida sarneyzação. Convém lembrar que o ex-presidente José Sarney conseguiu vencer no Congresso constituinte a difícil batalha em favor do mandato de cinco anos para si, o que não o impediu de deixar a Presidência com uma das maiores rejeições registradas desde o retorno dos civis ao poder. A seguir assim, a dupla Temer/Meirelles, que pretendia emular a dobradinha Itamar/FHC, acabará abrindo a porta para algum salvacionista de ocasião, como diria Chico de Oliveira. Com a Lava Jato pondo abaixo as estruturas partidárias, torna-se fácil o surgimento, filiado a qualquer microlegenda, de um messias que prometa colocar ordem na bagunça — tal como Fernando Collor de Mello jurava dar um fim à inflação em 1989. Venceu.
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Conheça a bizarra história do suposto 'evangelho da mulher de Jesus'
O "Evangelho da Mulher de Jesus" –um misterioso fragmento de papiro de 1.300 anos de idade no qual o próprio Cristo afirma ser casado– provavelmente é uma fraude, admitiu a historiadora da Universidade Harvard (EUA) responsável por publicar o texto pela primeira vez. Revelações sobre o proprietário do papiro, Walter Fritz, um empresário alemão radicado na Flórida, vieram a público num artigo que estará na edição de julho da revista americana "The Atlantic". A investigação da revista revelou fortes indícios de que Fritz tinha tanto capacidade técnica quanto motivação para forjar o texto. "Ele basicamente mentiu para mim", declarou à publicação Karen King, especialista em história do cristianismo primitivo que concordou em analisar o fragmento a pedido do empresário, sob a condição de não revelar o nome dele, e que divulgou seu conteúdo durante uma conferência em Roma, em 2012. Como era de se esperar, o "Evangelho da Mulher de Jesus" chamou a atenção de milhões de pessoas mundo afora. Em copta, o idioma nativo do Egito na época do Império Romano, o texto (do tamanho de um cartão de crédito) continha frases como "Jesus disse a eles: 'Minha mulher'" e "Quanto a mim, habito com ela". Com base em outros textos cristãos antigos, especulou-se que a mulher seria Maria Madalena. Parecia ser um manuscrito tardio demais para trazer informações relevantes sobre a figura história de Jesus, tendo sido escrito centenas de anos depois de sua morte. Mesmo assim, Karen defendia que a existência do fragmento poderia influenciar o debate sobre sexualidade e celibato nos primeiros séculos do cristianismo. Para ela, o papiro era um indício de que ao menos algumas correntes cristãs não viam incompatibilidade entre casamento (e sexo) e liderança religiosa. Logo que imagens do fragmento vieram a público, porém, especialistas questionaram sua autenticidade. Havia esquisitices na caligrafia e no aspecto "limpo" do papiro. E trechos pareciam ter sido simplesmente copiados de outro manuscrito copta famoso, o Evangelho de Tomé, que contém enigmáticos ensinamentos atribuídos a Jesus. Em 2014, essas dúvidas receberam um golpe quando a Universidade Harvard anunciou o resultado de testes de carbono-14 (método padrão de datar matéria orgânica antiga, o que inclui o papiro) e de análises da tinta. O papiro em si teria sido produzido por volta do ano 750 da Era Cristã, e a tinta era semelhante à encontrada em manuscritos típicos da época entre os anos 400 e 800 d.C. Isso, porém, não calou os críticos: não seria impossível que um falsificador tivesse comprado um papiro antigo e criasse uma tinta caseira com características semelhantes às usadas entre o fim da Antiguidade e o começo da Idade Média para tentar enganar os especialistas. COPTA E PORNÔ Disposto a desfazer o mistério, o repórter Ariel Sabar, da "Atlantic", passou a rastrear como o papiro teria sido passado de mão em mão ao longo das décadas, e o resultado foi uma trama bizarra envolvendo egiptologia, misticismo e pornografia caseira que parece ter saído do best-seller "O Código da Vinci". Walter Fritz dissera ter comprado o papiro de seu conterrâneo Hans-Ulrich Laukamp, dono de uma pequena fábrica de peças automotivas que também se mudara para os EUA. Laukamp, por sua vez, teria mostrado o fragmento, nos anos 1980, a dois egiptologistas da Universidade Livre de Berlim, que assinaram cartas dizendo ter identificado trechos de antigos textos cristãos no papiro. Acontece que Fritz não guardou os originais de nenhum desses documentos – só cópias ou fotografias. Além disso, ele declarou à historiadora que era só um colecionador curioso e que não tinha ligações com a comunidade acadêmica. Não era verdade, descobriu o repórter do "Atlantic" após viagens para a Alemanha e para a Flórida. Fritz fizera mestrado em egiptologia na Universidade Livre de Berlim (poderia, portanto, forjar o texto). Laukamp, suposto dono original, era um sujeito simples que nunca se interessou por antiguidades ou cristianismo primitivo, segundo seus parentes –mas foi sócio de Fritz, que poderia ter forjado a assinatura do ex-sócio no contrato de venda. Como se não bastasse, a mulher de Fritz é autora de um livro de "escrita automática" no qual afirma receber revelações místicas de anjos, e os dois mantiveram durante anos um site pornô caseiro no qual o alemão exibia filmes dela fazendo sexo com outros homens (cerimônias com sexo grupal teriam sido parte das tradições de antigos grupos cristãos não ortodoxos, segundo seus detratores). Em entrevista à "Atlantic", Fritz alegou ter sido abusado sexualmente por um padre na infância e defendeu que os Evangelhos gnósticos –que costumam dar papel de destaque a Maria Madalena– seriam historicamente mais confiáveis do que os da Bíblia, opinião que quase nenhum especialista adota hoje. Fritz ainda convidou o repórter da revista a escrever um romance no estilo de "O Código da Vinci" em parceria com ele. Tudo isso levou Karen King a admitir que "a balança agora pende a favor da ideia de falsificação", já que Fritz omitiu todas as informações relevantes sobre si mesmo. "Nunca mais concordarei em fazer esse tipo de estudo com base num doador anônimo. Aprendi minha lição", declarou ao jornal "Boston Globe". Para o frei Jacir de Freitas, franciscano que é um dos principais especialistas do Brasil em textos cristãos apócrifos –que não foram incluídos na Bíblia–, o aparecimento de falsificações desse tipo é natural, considerando o imenso interesse do público sobre o que teria realmente acontecido durante a vida de Jesus. Por outro lado, isso não altera o fato de que a participação das mulheres na Igreja primitiva provavelmente foi muito intensa, lembra. "Certamente havia mulheres com papel de liderança ativa, e Maria Madalena se tornou uma espécie de símbolo para elas", afirma.
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Conheça a bizarra história do suposto 'evangelho da mulher de Jesus'O "Evangelho da Mulher de Jesus" –um misterioso fragmento de papiro de 1.300 anos de idade no qual o próprio Cristo afirma ser casado– provavelmente é uma fraude, admitiu a historiadora da Universidade Harvard (EUA) responsável por publicar o texto pela primeira vez. Revelações sobre o proprietário do papiro, Walter Fritz, um empresário alemão radicado na Flórida, vieram a público num artigo que estará na edição de julho da revista americana "The Atlantic". A investigação da revista revelou fortes indícios de que Fritz tinha tanto capacidade técnica quanto motivação para forjar o texto. "Ele basicamente mentiu para mim", declarou à publicação Karen King, especialista em história do cristianismo primitivo que concordou em analisar o fragmento a pedido do empresário, sob a condição de não revelar o nome dele, e que divulgou seu conteúdo durante uma conferência em Roma, em 2012. Como era de se esperar, o "Evangelho da Mulher de Jesus" chamou a atenção de milhões de pessoas mundo afora. Em copta, o idioma nativo do Egito na época do Império Romano, o texto (do tamanho de um cartão de crédito) continha frases como "Jesus disse a eles: 'Minha mulher'" e "Quanto a mim, habito com ela". Com base em outros textos cristãos antigos, especulou-se que a mulher seria Maria Madalena. Parecia ser um manuscrito tardio demais para trazer informações relevantes sobre a figura história de Jesus, tendo sido escrito centenas de anos depois de sua morte. Mesmo assim, Karen defendia que a existência do fragmento poderia influenciar o debate sobre sexualidade e celibato nos primeiros séculos do cristianismo. Para ela, o papiro era um indício de que ao menos algumas correntes cristãs não viam incompatibilidade entre casamento (e sexo) e liderança religiosa. Logo que imagens do fragmento vieram a público, porém, especialistas questionaram sua autenticidade. Havia esquisitices na caligrafia e no aspecto "limpo" do papiro. E trechos pareciam ter sido simplesmente copiados de outro manuscrito copta famoso, o Evangelho de Tomé, que contém enigmáticos ensinamentos atribuídos a Jesus. Em 2014, essas dúvidas receberam um golpe quando a Universidade Harvard anunciou o resultado de testes de carbono-14 (método padrão de datar matéria orgânica antiga, o que inclui o papiro) e de análises da tinta. O papiro em si teria sido produzido por volta do ano 750 da Era Cristã, e a tinta era semelhante à encontrada em manuscritos típicos da época entre os anos 400 e 800 d.C. Isso, porém, não calou os críticos: não seria impossível que um falsificador tivesse comprado um papiro antigo e criasse uma tinta caseira com características semelhantes às usadas entre o fim da Antiguidade e o começo da Idade Média para tentar enganar os especialistas. COPTA E PORNÔ Disposto a desfazer o mistério, o repórter Ariel Sabar, da "Atlantic", passou a rastrear como o papiro teria sido passado de mão em mão ao longo das décadas, e o resultado foi uma trama bizarra envolvendo egiptologia, misticismo e pornografia caseira que parece ter saído do best-seller "O Código da Vinci". Walter Fritz dissera ter comprado o papiro de seu conterrâneo Hans-Ulrich Laukamp, dono de uma pequena fábrica de peças automotivas que também se mudara para os EUA. Laukamp, por sua vez, teria mostrado o fragmento, nos anos 1980, a dois egiptologistas da Universidade Livre de Berlim, que assinaram cartas dizendo ter identificado trechos de antigos textos cristãos no papiro. Acontece que Fritz não guardou os originais de nenhum desses documentos – só cópias ou fotografias. Além disso, ele declarou à historiadora que era só um colecionador curioso e que não tinha ligações com a comunidade acadêmica. Não era verdade, descobriu o repórter do "Atlantic" após viagens para a Alemanha e para a Flórida. Fritz fizera mestrado em egiptologia na Universidade Livre de Berlim (poderia, portanto, forjar o texto). Laukamp, suposto dono original, era um sujeito simples que nunca se interessou por antiguidades ou cristianismo primitivo, segundo seus parentes –mas foi sócio de Fritz, que poderia ter forjado a assinatura do ex-sócio no contrato de venda. Como se não bastasse, a mulher de Fritz é autora de um livro de "escrita automática" no qual afirma receber revelações místicas de anjos, e os dois mantiveram durante anos um site pornô caseiro no qual o alemão exibia filmes dela fazendo sexo com outros homens (cerimônias com sexo grupal teriam sido parte das tradições de antigos grupos cristãos não ortodoxos, segundo seus detratores). Em entrevista à "Atlantic", Fritz alegou ter sido abusado sexualmente por um padre na infância e defendeu que os Evangelhos gnósticos –que costumam dar papel de destaque a Maria Madalena– seriam historicamente mais confiáveis do que os da Bíblia, opinião que quase nenhum especialista adota hoje. Fritz ainda convidou o repórter da revista a escrever um romance no estilo de "O Código da Vinci" em parceria com ele. Tudo isso levou Karen King a admitir que "a balança agora pende a favor da ideia de falsificação", já que Fritz omitiu todas as informações relevantes sobre si mesmo. "Nunca mais concordarei em fazer esse tipo de estudo com base num doador anônimo. Aprendi minha lição", declarou ao jornal "Boston Globe". Para o frei Jacir de Freitas, franciscano que é um dos principais especialistas do Brasil em textos cristãos apócrifos –que não foram incluídos na Bíblia–, o aparecimento de falsificações desse tipo é natural, considerando o imenso interesse do público sobre o que teria realmente acontecido durante a vida de Jesus. Por outro lado, isso não altera o fato de que a participação das mulheres na Igreja primitiva provavelmente foi muito intensa, lembra. "Certamente havia mulheres com papel de liderança ativa, e Maria Madalena se tornou uma espécie de símbolo para elas", afirma.
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Autoridades britânicas lutam contra crescente ameaça de extorsão digital
As empresas britânicas estão cada vez mais cedendo a extorsões on-line em vez de comunicar os ataques à polícia. Autoridades lutam para responder à crescente ameaça do chamado "ransomware", um vírus que utiliza criptografia para bloquear o acesso dos usuários aos arquivos digitais. O uso do computador permanece restrito até que um "resgate" monetário seja pago, muitas vezes em bitcoin, em troca de uma senha de desbloqueio. Os casos de ransomware globais aumentaram quase 170% em 2015. O Reino Unido foi "desproporcionalmente atingido", de acordo com a Intel Security. No entanto, uma análise realizada para o "Financial Times" pela ActionFraud, centro para reportar fraude e crime cibernético do Reino Unido, mostrou que o número de casos relatados à polícia no país diminuiu 16% no mesmo período. O ransomware é normalmente transmitido por e-mails. Quando uma rede é infectada, ele não pode ser removido como um vírus tradicional. Especialistas em segurança temem que os alvos simplesmente paguem os hackers para recuperar arquivos em vez de gastar tempo relatando os crimes às autoridades. Os arquivos criptografados não podem ser desbloqueados a menos que a polícia consiga encontrar os servidores de controle dos criminosos, que ficam geralmente escondidos, podendo estar em qualquer lugar do mundo. Raj Samani, diretor de tecnologia da Intel Security para Europa, Oriente Médio e África, disse que "ataques de ransomware estão crescendo em um ritmo alarmante e não mostram sinais de desaceleração". "Os serviços de ransomware são surpreendentemente fáceis de serem encontrados on-line a custo muito baixo, permitindo que mesmo criminosos mais amadores ataquem empresas e indivíduos", acrescentou. Os criminosos inicialmente focavam em consumidores individuais, mas agora estão se voltando para empresas e organizações governamentais com pedidos de resgate mais altos. No início deste ano, os sistemas de TI do Conselho do Condado de Lincolnshire caíram por quase uma semana, quando o órgão se recusou a pagar um pedido de resgate. Nos EUA, que enfrentam o maior número de ataques em todo o mundo, um hospital de Los Angeles pagou US$ 17 mil após ataques bloquearem o acesso aos registros eletrônicos dos prontuários. O inspetor-chefe Andy Fyfe, do Departamento Nacional de Inteligência e Fraude da Polícia da Cidade de Londres, classificou a ascensão de ataques ransomware como "um problema significativo" tanto no Reino Unido quanto no exterior. O ransomware tem menos a ver com a sofisticação tecnológica e mais com a exploração do elemento humano. É uma virada digital em uma velha tática criminal de séculos atrás. As pequenas e médias empresas, que são suscetíveis a terem buffers de segurança mais fracos e menos sistemas de backup regular de dados, são particularmente ameaçadas pelos ataques. Um relatório de fevereiro sobre ransomware da Bitdefender, empresa de segurança na internet, revelou que quase metade das vítimas inquiridas em toda a Europa e nos EUA cedeu a extorsões, pagando para recuperar dados, mesmo que não houvesse garantia de que os arquivos seriam devolvidos. Tanto os grupos de segurança quanto as forças policiais dizem que pagar resgates sustenta modelos de negócios dos criminosos – a família de criptografia de malware Cryptowall gerou cerca de US$ 325 milhões no ano passado, de acordo com o Cyber Threat Alliance, grupo formado por empresas de segurança, como a Intel. Funcionários admitiram a dificuldade de combater a ameaça. Um agente do FBI nos EUA disse em uma conferência no ano passado que a criptografia se tornou tão avançada que "para ser honesto, nós, muitas vezes, aconselhamos as pessoas apenas a pagarem o resgate". Um porta-voz da UK Home Office incentivou os usuários a denunciarem os ataques à polícia. "Estamos trabalhando com integrantes da indústria para melhorar os padrões de segurança cibernética, tomar medidas para melhorar a conscientização dos consumidores sobre o que podem fazer para se proteger on-line e trabalhar com a aplicação da lei para garantir que o crime seja investigado e os infratores, punidos", disse. Tradução de MARIA PAULA AUTRAN
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Autoridades britânicas lutam contra crescente ameaça de extorsão digitalAs empresas britânicas estão cada vez mais cedendo a extorsões on-line em vez de comunicar os ataques à polícia. Autoridades lutam para responder à crescente ameaça do chamado "ransomware", um vírus que utiliza criptografia para bloquear o acesso dos usuários aos arquivos digitais. O uso do computador permanece restrito até que um "resgate" monetário seja pago, muitas vezes em bitcoin, em troca de uma senha de desbloqueio. Os casos de ransomware globais aumentaram quase 170% em 2015. O Reino Unido foi "desproporcionalmente atingido", de acordo com a Intel Security. No entanto, uma análise realizada para o "Financial Times" pela ActionFraud, centro para reportar fraude e crime cibernético do Reino Unido, mostrou que o número de casos relatados à polícia no país diminuiu 16% no mesmo período. O ransomware é normalmente transmitido por e-mails. Quando uma rede é infectada, ele não pode ser removido como um vírus tradicional. Especialistas em segurança temem que os alvos simplesmente paguem os hackers para recuperar arquivos em vez de gastar tempo relatando os crimes às autoridades. Os arquivos criptografados não podem ser desbloqueados a menos que a polícia consiga encontrar os servidores de controle dos criminosos, que ficam geralmente escondidos, podendo estar em qualquer lugar do mundo. Raj Samani, diretor de tecnologia da Intel Security para Europa, Oriente Médio e África, disse que "ataques de ransomware estão crescendo em um ritmo alarmante e não mostram sinais de desaceleração". "Os serviços de ransomware são surpreendentemente fáceis de serem encontrados on-line a custo muito baixo, permitindo que mesmo criminosos mais amadores ataquem empresas e indivíduos", acrescentou. Os criminosos inicialmente focavam em consumidores individuais, mas agora estão se voltando para empresas e organizações governamentais com pedidos de resgate mais altos. No início deste ano, os sistemas de TI do Conselho do Condado de Lincolnshire caíram por quase uma semana, quando o órgão se recusou a pagar um pedido de resgate. Nos EUA, que enfrentam o maior número de ataques em todo o mundo, um hospital de Los Angeles pagou US$ 17 mil após ataques bloquearem o acesso aos registros eletrônicos dos prontuários. O inspetor-chefe Andy Fyfe, do Departamento Nacional de Inteligência e Fraude da Polícia da Cidade de Londres, classificou a ascensão de ataques ransomware como "um problema significativo" tanto no Reino Unido quanto no exterior. O ransomware tem menos a ver com a sofisticação tecnológica e mais com a exploração do elemento humano. É uma virada digital em uma velha tática criminal de séculos atrás. As pequenas e médias empresas, que são suscetíveis a terem buffers de segurança mais fracos e menos sistemas de backup regular de dados, são particularmente ameaçadas pelos ataques. Um relatório de fevereiro sobre ransomware da Bitdefender, empresa de segurança na internet, revelou que quase metade das vítimas inquiridas em toda a Europa e nos EUA cedeu a extorsões, pagando para recuperar dados, mesmo que não houvesse garantia de que os arquivos seriam devolvidos. Tanto os grupos de segurança quanto as forças policiais dizem que pagar resgates sustenta modelos de negócios dos criminosos – a família de criptografia de malware Cryptowall gerou cerca de US$ 325 milhões no ano passado, de acordo com o Cyber Threat Alliance, grupo formado por empresas de segurança, como a Intel. Funcionários admitiram a dificuldade de combater a ameaça. Um agente do FBI nos EUA disse em uma conferência no ano passado que a criptografia se tornou tão avançada que "para ser honesto, nós, muitas vezes, aconselhamos as pessoas apenas a pagarem o resgate". Um porta-voz da UK Home Office incentivou os usuários a denunciarem os ataques à polícia. "Estamos trabalhando com integrantes da indústria para melhorar os padrões de segurança cibernética, tomar medidas para melhorar a conscientização dos consumidores sobre o que podem fazer para se proteger on-line e trabalhar com a aplicação da lei para garantir que o crime seja investigado e os infratores, punidos", disse. Tradução de MARIA PAULA AUTRAN
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Queda de Geddel e menção a Temer são notícia internacional
A queda do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e a crise política que citou também o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) repercutiu internacionalmente. "Um membro-chave da Esplanada pediu demissão do governo nesta sexta-feira (25) após alegações de que o presidente Michel Temer tentou usar sua influência para ajudar o ministro em um negócio imobiliário", resumiu o jornal americano The Wall Street Journal. A publicação, voltada à economia, ressaltou que a nova crise se instaurou enquanto o governo tenta aprovar medidas de austeridade no Congresso. Temer foi citado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em depoimento à Polícia Federal. Segundo ele, o presidente o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) em Salvador (BA). O depoimento foi revelado pela Folha no fim da tarde de quinta (24) e agravou a crise política que envolve o Palácio do Planalto desde a semana passada. O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador, está centro da controvérsia. Na semana passada, Calero pediu demissão e acusou Geddel, em entrevista à Folha, de "pressioná-lo" para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário, onde o ministro adquiriu uma unidade.
poder
Queda de Geddel e menção a Temer são notícia internacionalA queda do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e a crise política que citou também o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) repercutiu internacionalmente. "Um membro-chave da Esplanada pediu demissão do governo nesta sexta-feira (25) após alegações de que o presidente Michel Temer tentou usar sua influência para ajudar o ministro em um negócio imobiliário", resumiu o jornal americano The Wall Street Journal. A publicação, voltada à economia, ressaltou que a nova crise se instaurou enquanto o governo tenta aprovar medidas de austeridade no Congresso. Temer foi citado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em depoimento à Polícia Federal. Segundo ele, o presidente o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) em Salvador (BA). O depoimento foi revelado pela Folha no fim da tarde de quinta (24) e agravou a crise política que envolve o Palácio do Planalto desde a semana passada. O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador, está centro da controvérsia. Na semana passada, Calero pediu demissão e acusou Geddel, em entrevista à Folha, de "pressioná-lo" para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário, onde o ministro adquiriu uma unidade.
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Leitora sugere que Caetano e Gil doem cachê de show em Israel
Num gesto de humanidade e grandeza, que tal nossos dois artistas ofertarem parcela de seu precioso cachê às vítimas e órfãos palestinos do ainda recente massacre em Gaza? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Leitora sugere que Caetano e Gil doem cachê de show em IsraelNum gesto de humanidade e grandeza, que tal nossos dois artistas ofertarem parcela de seu precioso cachê às vítimas e órfãos palestinos do ainda recente massacre em Gaza? * PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@uol.com.br
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Lula diz não ser o problema do país: 'Se fosse, me matava'
No primeiro discurso da caravana pelos Estados nordestinos, em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comparou a Tiradentes, criticou as elites "de São Paulo" e disse não ser o problema do país. "O problema [para os adversários] não é o Lula, são os milhares de brasileiros que tem consciência política. Se o problema fosse eu, eu me matava", disse, afirmando na sequência que não quer ser "nenhum revolucionário, mas um despertador de consciências". Ao citar o mártir da Inconfidência Mineira, Lula disse que Tiradentes foi resgatado e transformado em herói durante a Proclamação da República pela elite que apoiou a sua morte no final do século 18. "Gente lá de São Paulo", afirmou. Falando para uma plateia de militantes petistas, Lula falou que está sofrendo uma "perseguição". "Eles pensam que me incomodam, e às vezes incomoda, mas não estou com medo do que está acontecendo comigo. Mas [estou com medo] dos milhões de crianças que estão ficando desnutridas no Brasil, do Brasil ter voltado ao mapa da fome", disse o ex-presidente. HOMENAGEM BARRADA Lula também lamentou a decisão da Justiça Federal de suspender a entrega de um título de doutor honoris causa da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). E criticou o vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM), que moveu a ação popular pedindo a suspensão da honraria. "Ele tem o direito de não gostar de mim porque ele é do DEM e quem é do DEM não precisa gostar de mim porque eu não gosto deles. () Talvez esse vereador não pediu [a suspensão] pelo que eu fiz, ele está com medo é que eu receba o título pelo que vamos fazer daqui para frente", afirmou. O ex-presidente afirmou que a entrega do título é "uma formalidade", mas que vai à cidade de Cruz das Almas, sede da universidade, "dar um beijo na testa do reitor e dos professores e um abraço nos alunos". DORIA E CRACOLÂNDIA No ato, Lula fez o lançamento de uma das etapas do site Museu da Democracia e criticou a decisão da Justiça de embargar a cessão do terreno em São Paulo onde seria erguido um memorial para brigar o seu acervo presidencial. Ele vai prestar depoimento à Justiça sobre o terreno. E arrematou com uma crítica ao prefeito de São Paulo João Doria, que intensificou sua agenda no Nordeste nesta semana. "Nós íamos fazer [o museu] na região da cracolândia. () Se o prefeito de São Paulo já invadiu a cracolândia, imagine se fizermos o Museu da Democracia na cracolândia o que vai acontecer", disse. Nesta sexta-feira (18), Lula visitará as cidades de Cruz das Almas e São Francisco do Conde, no recôncavo baiano. A caravana deve durar 20 dias e passar por 28 cidades do Nordeste.
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Lula diz não ser o problema do país: 'Se fosse, me matava'No primeiro discurso da caravana pelos Estados nordestinos, em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comparou a Tiradentes, criticou as elites "de São Paulo" e disse não ser o problema do país. "O problema [para os adversários] não é o Lula, são os milhares de brasileiros que tem consciência política. Se o problema fosse eu, eu me matava", disse, afirmando na sequência que não quer ser "nenhum revolucionário, mas um despertador de consciências". Ao citar o mártir da Inconfidência Mineira, Lula disse que Tiradentes foi resgatado e transformado em herói durante a Proclamação da República pela elite que apoiou a sua morte no final do século 18. "Gente lá de São Paulo", afirmou. Falando para uma plateia de militantes petistas, Lula falou que está sofrendo uma "perseguição". "Eles pensam que me incomodam, e às vezes incomoda, mas não estou com medo do que está acontecendo comigo. Mas [estou com medo] dos milhões de crianças que estão ficando desnutridas no Brasil, do Brasil ter voltado ao mapa da fome", disse o ex-presidente. HOMENAGEM BARRADA Lula também lamentou a decisão da Justiça Federal de suspender a entrega de um título de doutor honoris causa da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). E criticou o vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM), que moveu a ação popular pedindo a suspensão da honraria. "Ele tem o direito de não gostar de mim porque ele é do DEM e quem é do DEM não precisa gostar de mim porque eu não gosto deles. () Talvez esse vereador não pediu [a suspensão] pelo que eu fiz, ele está com medo é que eu receba o título pelo que vamos fazer daqui para frente", afirmou. O ex-presidente afirmou que a entrega do título é "uma formalidade", mas que vai à cidade de Cruz das Almas, sede da universidade, "dar um beijo na testa do reitor e dos professores e um abraço nos alunos". DORIA E CRACOLÂNDIA No ato, Lula fez o lançamento de uma das etapas do site Museu da Democracia e criticou a decisão da Justiça de embargar a cessão do terreno em São Paulo onde seria erguido um memorial para brigar o seu acervo presidencial. Ele vai prestar depoimento à Justiça sobre o terreno. E arrematou com uma crítica ao prefeito de São Paulo João Doria, que intensificou sua agenda no Nordeste nesta semana. "Nós íamos fazer [o museu] na região da cracolândia. () Se o prefeito de São Paulo já invadiu a cracolândia, imagine se fizermos o Museu da Democracia na cracolândia o que vai acontecer", disse. Nesta sexta-feira (18), Lula visitará as cidades de Cruz das Almas e São Francisco do Conde, no recôncavo baiano. A caravana deve durar 20 dias e passar por 28 cidades do Nordeste.
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Economia se expandiu e há sinais de alta dos salários, aponta BC dos EUA
A economia dos Estados Unidos continuou a expandir entre o fim de fevereiro e o início de abril e o desemprego baixo parece estar provocando alguma aceleração do crescimento dos salários, informou nesta quarta-feira (13) o Federal Reserve, banco central norte-americano. Os salários cresceram em 11 dos 12 distritos regionais do Fed e vários relataram sinais de aceleração do crescimento dos salários, segundo o relatório Livro Bege, que compila informações coletadas com contatos empresariais em todo o país. O Fed tem sinalizado cautela ao elevar os juros nesse ano, enquanto espera para avaliar se a economia do país consegue superar o impacto da desaceleração do crescimento econômico global e os riscos relacionados ao dólar forte e ao período prolongado de preços baixos do petróleo. A estagnação dos salários também tem afetado a inflação, que tem girado abaixo da meta de 2% do Fed. O relatório traz motivos tanto para otimismo quanto para cautela sobre a perspectiva econômica dos EUA. Os gastos do consumidor cresceram de forma apenas modesta na maioria dos distritos e, embora os gastos de capital tenham aumentado de forma geral, houve apenas relatos dispersos de gastos para expansão de capacidade. QUALIFICAÇÃO A manufatura cresceu na maioria dos distritos, mas as expectativas para o crescimento futuro são mistas. Um ponto otimista em particular no mercado de trabalho foi o setor de saúde, que cresceu em ritmo sólido em vários distritos, disse o Fed. Os distritos de Boston, Cleveland e St. Louis citaram relevantes aumentos salariais para empregos nos setores de serviços de tecnologia da informação, vagas qualificadas no segmento de construção e manufatura. Na Filadélfia, as empresas "indicaram que aumentaram seus salários iniciais para atrair funcionários de maior qualidade", enquanto em Chicago mais contatos aumentaram os salários para cargos iniciais de baixa qualificação. Vários distritos também relataram dificuldades em preencher certas vagas de baixa e alta qualificação, incluindo posições em varejo em Boston e construção em Cleveland, Richmond, Atlanta e São Francisco. O Fed se reúne novamente em 26 e 27 de abril. O banco central reduziu as expectativas de altas de juros neste ano após elevá-los em 0,25 ponto percentual de quase zero em dezembro. Autoridades como um todo agora preveem duas altas nesse ano, mas investidores veem poucas chances de aumento de juros antes de dezembro. O Livro Bege foi compilado pelo Fed de Chicago com informações coletadas até 7 de abril de 2016.
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Economia se expandiu e há sinais de alta dos salários, aponta BC dos EUAA economia dos Estados Unidos continuou a expandir entre o fim de fevereiro e o início de abril e o desemprego baixo parece estar provocando alguma aceleração do crescimento dos salários, informou nesta quarta-feira (13) o Federal Reserve, banco central norte-americano. Os salários cresceram em 11 dos 12 distritos regionais do Fed e vários relataram sinais de aceleração do crescimento dos salários, segundo o relatório Livro Bege, que compila informações coletadas com contatos empresariais em todo o país. O Fed tem sinalizado cautela ao elevar os juros nesse ano, enquanto espera para avaliar se a economia do país consegue superar o impacto da desaceleração do crescimento econômico global e os riscos relacionados ao dólar forte e ao período prolongado de preços baixos do petróleo. A estagnação dos salários também tem afetado a inflação, que tem girado abaixo da meta de 2% do Fed. O relatório traz motivos tanto para otimismo quanto para cautela sobre a perspectiva econômica dos EUA. Os gastos do consumidor cresceram de forma apenas modesta na maioria dos distritos e, embora os gastos de capital tenham aumentado de forma geral, houve apenas relatos dispersos de gastos para expansão de capacidade. QUALIFICAÇÃO A manufatura cresceu na maioria dos distritos, mas as expectativas para o crescimento futuro são mistas. Um ponto otimista em particular no mercado de trabalho foi o setor de saúde, que cresceu em ritmo sólido em vários distritos, disse o Fed. Os distritos de Boston, Cleveland e St. Louis citaram relevantes aumentos salariais para empregos nos setores de serviços de tecnologia da informação, vagas qualificadas no segmento de construção e manufatura. Na Filadélfia, as empresas "indicaram que aumentaram seus salários iniciais para atrair funcionários de maior qualidade", enquanto em Chicago mais contatos aumentaram os salários para cargos iniciais de baixa qualificação. Vários distritos também relataram dificuldades em preencher certas vagas de baixa e alta qualificação, incluindo posições em varejo em Boston e construção em Cleveland, Richmond, Atlanta e São Francisco. O Fed se reúne novamente em 26 e 27 de abril. O banco central reduziu as expectativas de altas de juros neste ano após elevá-los em 0,25 ponto percentual de quase zero em dezembro. Autoridades como um todo agora preveem duas altas nesse ano, mas investidores veem poucas chances de aumento de juros antes de dezembro. O Livro Bege foi compilado pelo Fed de Chicago com informações coletadas até 7 de abril de 2016.
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Deve acabar a restrição a capital estrangeiro em empresas de transporte aéreo? Não
EM DEFESA DA AVIAÇÃO NACIONAL Existem vários projetos de lei no Congresso que tratam da participação do capital internacional nas empresas aéreas brasileiras, porém dois deles se destacam pelo absurdo de propor a abertura total e irrestrita, permitindo que as companhias sejam 100% controladas por estrangeiros, sem que haja nenhum estudo de impacto ou análise de risco. São os Projetos de Lei do Senado nº 2/15 e o nº 330/15, ambos em pauta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) daquela Casa. Os maiores mercados do mundo mantêm controle sobre sua aviação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o limite para participação de capital estrangeiro nas companhias locais é de 25%. Nos países da União Europeia, esse índice é de 49%. O Brasil, que hoje possui o quarto maior mercado mundial de aviação, tem limite de 20%. Defender esse mercado é estratégico para o país, já que todas as previsões apontam para um crescimento ainda maior do setor –será o terceiro maior do planeta em 2017, segundo projeção da Associação Internacional de Transporte Aéreo. Nada justifica entregarmos esse mercado a estrangeiros, correndo risco de um impacto direto nos empregos e de um escoamento bilionário de divisas para o exterior. O mercado 100% aberto ao capital estrangeiro tende ao monopólio, causado pela concorrência predatória entre as gigantes do exterior e as empresas domésticas, que acabam sendo compradas pelas mais fortes ou indo à falência. O governo não possui controle sobre empresas dominadas por capital estrangeiro para forçar a operação por interesses sociais e para locais isolados ou de pouca demanda. Dessa forma, perde a economia local e perdem os usuários do transporte aéreo, com oferta de voos limitada por interesses econômicos. Além disso, as estrangeiras passariam a ditar as tarifas, colocando a população à mercê de um mercado fora do controle nacional. A experiência de países que adotaram esse modelo mostra impactos desastrosos. Como um exemplo claro é possível citar o caso da companhia Aerolíneas Argentinas, que teve 85% de seu capital adquirido pela espanhola Iberia. Após uma diminuição drástica das rotas e sucateamento das aeronaves, a companhia foi reestatizada, em um processo que custou milhões de dólares ao governo argentino. Poucos países tiveram sucesso com esse modelo de abertura –nenhum com posicionamento geográfico privilegiado e com dimensões continentais como o nosso. A pergunta que devemos fazer é esta: a quem poderia interessar a abertura total e irrestrita do capital no Brasil? Hoje, temos quatro empresas aéreas de grande porte no país e todas já possuem alguma participação de capital estrangeiro. Vários outros projetos já tratam de alguma forma da abertura dos céus no Brasil, tanto no Legislativo como no Executivo e agências de regulação –acordos bilaterais, fusão de marcas, intercâmbio de aeronaves e liberdade de licenças e de matrículas. Nenhum desses projetos, porém, está sendo considerado na discussão dos projetos de lei que tratam da abertura do capital. A aprovação de uma lei nesse sentido, somada a todos esses fatores, poderá resultar na instituição da cabotagem camuflada no país, similar ao que ocorre no sistema marítimo (marinha mercante), em que empresas estrangeiras ditam as regras de todo o transporte de grande porte realizado aqui. O que o Brasil precisa é decidir se está disposto a entregar também a sua aviação. Precisa definir também se o fará por falta de competência ou por alguns interesses escusos. JOSÉ ADRIANO CASTANHO FERREIRA, 40, comandante de linha aérea, é presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Deve acabar a restrição a capital estrangeiro em empresas de transporte aéreo? NãoEM DEFESA DA AVIAÇÃO NACIONAL Existem vários projetos de lei no Congresso que tratam da participação do capital internacional nas empresas aéreas brasileiras, porém dois deles se destacam pelo absurdo de propor a abertura total e irrestrita, permitindo que as companhias sejam 100% controladas por estrangeiros, sem que haja nenhum estudo de impacto ou análise de risco. São os Projetos de Lei do Senado nº 2/15 e o nº 330/15, ambos em pauta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) daquela Casa. Os maiores mercados do mundo mantêm controle sobre sua aviação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o limite para participação de capital estrangeiro nas companhias locais é de 25%. Nos países da União Europeia, esse índice é de 49%. O Brasil, que hoje possui o quarto maior mercado mundial de aviação, tem limite de 20%. Defender esse mercado é estratégico para o país, já que todas as previsões apontam para um crescimento ainda maior do setor –será o terceiro maior do planeta em 2017, segundo projeção da Associação Internacional de Transporte Aéreo. Nada justifica entregarmos esse mercado a estrangeiros, correndo risco de um impacto direto nos empregos e de um escoamento bilionário de divisas para o exterior. O mercado 100% aberto ao capital estrangeiro tende ao monopólio, causado pela concorrência predatória entre as gigantes do exterior e as empresas domésticas, que acabam sendo compradas pelas mais fortes ou indo à falência. O governo não possui controle sobre empresas dominadas por capital estrangeiro para forçar a operação por interesses sociais e para locais isolados ou de pouca demanda. Dessa forma, perde a economia local e perdem os usuários do transporte aéreo, com oferta de voos limitada por interesses econômicos. Além disso, as estrangeiras passariam a ditar as tarifas, colocando a população à mercê de um mercado fora do controle nacional. A experiência de países que adotaram esse modelo mostra impactos desastrosos. Como um exemplo claro é possível citar o caso da companhia Aerolíneas Argentinas, que teve 85% de seu capital adquirido pela espanhola Iberia. Após uma diminuição drástica das rotas e sucateamento das aeronaves, a companhia foi reestatizada, em um processo que custou milhões de dólares ao governo argentino. Poucos países tiveram sucesso com esse modelo de abertura –nenhum com posicionamento geográfico privilegiado e com dimensões continentais como o nosso. A pergunta que devemos fazer é esta: a quem poderia interessar a abertura total e irrestrita do capital no Brasil? Hoje, temos quatro empresas aéreas de grande porte no país e todas já possuem alguma participação de capital estrangeiro. Vários outros projetos já tratam de alguma forma da abertura dos céus no Brasil, tanto no Legislativo como no Executivo e agências de regulação –acordos bilaterais, fusão de marcas, intercâmbio de aeronaves e liberdade de licenças e de matrículas. Nenhum desses projetos, porém, está sendo considerado na discussão dos projetos de lei que tratam da abertura do capital. A aprovação de uma lei nesse sentido, somada a todos esses fatores, poderá resultar na instituição da cabotagem camuflada no país, similar ao que ocorre no sistema marítimo (marinha mercante), em que empresas estrangeiras ditam as regras de todo o transporte de grande porte realizado aqui. O que o Brasil precisa é decidir se está disposto a entregar também a sua aviação. Precisa definir também se o fará por falta de competência ou por alguns interesses escusos. JOSÉ ADRIANO CASTANHO FERREIRA, 40, comandante de linha aérea, é presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Preparations for Olympics Ahead of Those for World Cup but Difficulties Remain
TIAGO RIBAS GUILHERME SETO FROM SÃO PAULO ITALO NOGUEIRA FROM RIO With 100 days to go until the Olympics, Rio is further ahead in its preparation for the event than Brazil was at the same point before the World Cup in 2014. However, the country as a whole, and the state of Rio de Janeiro in particular, are in a much more precarious economic situation than two years ago. This has had a negative effect on ticket sales. In addition, the political crisis has projected a negative image of the country to the world, which may lead foreign tourists to abandon plans to visit. The good news is that work on all the main sporting arenas is nearly finished. According to a survey by the Municipal Olympic Company (EOM), the Barra Olympic Park, which will host most of the events, is 98% complete. Within it, the project which is currently furthest behind schedule is the velodrome, where the track cycling events will be held. This is 85% complete. The EOM survey does not, however, cover the reformation work on existing arenas. There are two arenas which fall into this category which are currently concerning organizers: the National Equestrianism Center in Deodoro, and the Engenhão Stadium. The Rio city government guarantees that everything will be ready for the Games. Compared with the World Cup, preparations for the Olympics are much further ahead. At 100 days from the World Cup, four of the twelve stadiums had yet to be completed. Nonetheless, preparations have been far from smooth. Due to the recession, the organizing committee had to cut costs by 30% in October 2015. "We took longer to sell the tickets and we still haven't sold all of them," said Mario Andrada, communications director at the Rio 2016 Committee. "Several companies haven't used their sponsorship rights as much as we thought they would, or as much as they usually do." By March, nearly 50% of the tickets had been sold. In the case of the Paralympics, the situation is far worse, with just 10% of the tickets having been sold. INFRASTRUCTURE Likewise, in terms of infrastructure, the situation ahead of the Olympics is better than that ahead of the World Cup two years ago. Problems remain, but this is still a useful point of comparison. 100 days before the World Cup, just 20% of promised infrastructure work had been completed. Ultimately, much of the work was put off until after the event, and in some cases, even abandoned entirely. In Rio, the project about which the authorities are most concerned is Line 4 of the Metro. Not only is it behind schedule, but a new threat to the project has emerged. Courts have ruled that the state must pay outstanding money to pensioners and retired people. This may affect nearly R$40 million ($11.3 million) from loans which has been earmarked for construction work on the Metro. The state could not say whether the account relating to work on the Metro would be among those affected. However, the Department for Transport guaranteed on Tuesday (26) that work on the line and the five stations along it would be finished in July. Despite the improved pace of preparations for the Games, the political crisis and incidents like the recent collapse of part of the Tim Maia cycle path have affected the prestige of Rio on the global stage. Translated by TOM GATEHOUSE Read the article in the original language +Latest news in English *President And Vice President's Conflicting Impeachment Views In International Press *Part of New Bicycle Path Collapses in Rio de Janeiro Leaving Two Deaths *Rousseff Pledges Long Fight Against Proposed Impeachment
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Preparations for Olympics Ahead of Those for World Cup but Difficulties Remain TIAGO RIBAS GUILHERME SETO FROM SÃO PAULO ITALO NOGUEIRA FROM RIO With 100 days to go until the Olympics, Rio is further ahead in its preparation for the event than Brazil was at the same point before the World Cup in 2014. However, the country as a whole, and the state of Rio de Janeiro in particular, are in a much more precarious economic situation than two years ago. This has had a negative effect on ticket sales. In addition, the political crisis has projected a negative image of the country to the world, which may lead foreign tourists to abandon plans to visit. The good news is that work on all the main sporting arenas is nearly finished. According to a survey by the Municipal Olympic Company (EOM), the Barra Olympic Park, which will host most of the events, is 98% complete. Within it, the project which is currently furthest behind schedule is the velodrome, where the track cycling events will be held. This is 85% complete. The EOM survey does not, however, cover the reformation work on existing arenas. There are two arenas which fall into this category which are currently concerning organizers: the National Equestrianism Center in Deodoro, and the Engenhão Stadium. The Rio city government guarantees that everything will be ready for the Games. Compared with the World Cup, preparations for the Olympics are much further ahead. At 100 days from the World Cup, four of the twelve stadiums had yet to be completed. Nonetheless, preparations have been far from smooth. Due to the recession, the organizing committee had to cut costs by 30% in October 2015. "We took longer to sell the tickets and we still haven't sold all of them," said Mario Andrada, communications director at the Rio 2016 Committee. "Several companies haven't used their sponsorship rights as much as we thought they would, or as much as they usually do." By March, nearly 50% of the tickets had been sold. In the case of the Paralympics, the situation is far worse, with just 10% of the tickets having been sold. INFRASTRUCTURE Likewise, in terms of infrastructure, the situation ahead of the Olympics is better than that ahead of the World Cup two years ago. Problems remain, but this is still a useful point of comparison. 100 days before the World Cup, just 20% of promised infrastructure work had been completed. Ultimately, much of the work was put off until after the event, and in some cases, even abandoned entirely. In Rio, the project about which the authorities are most concerned is Line 4 of the Metro. Not only is it behind schedule, but a new threat to the project has emerged. Courts have ruled that the state must pay outstanding money to pensioners and retired people. This may affect nearly R$40 million ($11.3 million) from loans which has been earmarked for construction work on the Metro. The state could not say whether the account relating to work on the Metro would be among those affected. However, the Department for Transport guaranteed on Tuesday (26) that work on the line and the five stations along it would be finished in July. Despite the improved pace of preparations for the Games, the political crisis and incidents like the recent collapse of part of the Tim Maia cycle path have affected the prestige of Rio on the global stage. Translated by TOM GATEHOUSE Read the article in the original language +Latest news in English *President And Vice President's Conflicting Impeachment Views In International Press *Part of New Bicycle Path Collapses in Rio de Janeiro Leaving Two Deaths *Rousseff Pledges Long Fight Against Proposed Impeachment
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Coração da teologia semita é relação entre mal, perdão e misericórdia
Basta de política, pelo menos por um breve momento. Busco refúgio em algo superior, talvez mesmo improvável, busco refúgio hoje na teologia, essa minha paixão secreta. Pobre teologia, traída pelos seus. Já chegamos ao dia em que Deus será sustentado por ateus, já que a maioria dos teólogos se entregaram à política, tentando justificar sua pobre louca da casa (a teologia) na ética e na justiça, esquecendo-se de que o coração da teologia semita é a misteriosa relação entre mal e misericórdia. A teologia semita é aquela do patriarca Abraão, que reúne judaísmo, cristianismo e islamismo, três religiões irmãs. A teologia mais barata é a pastoral, cada vez mais uma subdisciplina do marketing, mesmo quando aplicada aos "menos favorecidos". Nesse caso, torna-se irmã caçula do populismo. Minha paixão secreta é pela teologia que fala ao fundo de nosso coração, ali onde batem todos os erros que cometemos ao longo da vida, como na confissão de medo de Fiódor Karamázov, o pai terrível dos irmãos Karamázov, de Dostoiévski. Erros que muitas vezes destroem nossa vida e que, ao mesmo tempo, revelam o sofisticado encanto do perdão e da misericórdia, que brotam em nós da mesma raiz de nossa agonia, o mal. Encanto este que nos une às outras pessoas. Testemunhas, algozes e vítimas de nosso próprio enredo. O fundo do coração, ali onde o "acaso é feito à nossa semelhança". Onde conhecemos nossa "paixão desinteressada pela mentira". Essas são frases de Georges Bernanos (1888-1948), escritor francês conhecido como "le Dostoiévski français". Autores como ele, Dostoiévski e Lev Tolstói fazem melhor teologia do que muitos teólogos profissionais. Frases como essas descrevem um dos núcleos da obra de Bernanos: a ideia de que existe em nós uma "mística inversa" (termo usado por Guillaume Louet e Sarah Lacoste no prefácio da edição conjunta de dois romances do escritor, "Un Crime" e "Un Mauvais Rêve", pela editora Le Castor Astral de 2016). Este último, "Um Sonho Ruim", foi traduzido no Brasil pela editora É Realizações. Essa "mística inversa", presente em personagens como a famosa Mouchette (a "Mosquinha"), representa a hipótese de Bernanos segundo a qual existe em nós uma dolorida perversão profunda que no fundo do nosso coração nos abre a fonte da mais profunda mística da misericórdia. Sob efeito do "sol de Satã" que derrete suas almas, essa "mística inversa" só nos é acessível se rompemos com o pietismo barato segundo o qual não há mal em nós, mas apenas nas estruturas do mundo que nos fazem ser mal. Em Bernanos,"sofremos" o mal assim como "sofremos" a misericórdia. Somos seres visitados, e, nisso, nosso francês soa mesmo russo. Na teologia russa, o homem é um ser visitado pelo sobrenatural, nas suas dimensões doce e sombria. Em Bernanos, o sobrenatural caminha entre as pedras, como galinhas, cães e gatos. Escutamos seus passos à noite. Arquétipos de bem e mal que se relevam inseparáveis. Não há como amar alguém sem ver nele o mal. O mal nos leva às lágrimas. Essa aparente contradição está presente no coração de livros bíblicos como os "Salmos" do rei Davi, onde vemos como o coração justo aquele mesmo torturado pelo mal. A teologia semita nunca foi uma teologia do bem. Equívoco clássico da vaidade dos especialistas. Ela sempre foi uma teologia em que a rota para a relação com Deus passa pelo reconhecimento do vazio em nós. Só o grito do miserável é ouvido por Deus. O hebraísmo antigo é uma teologia da santidade e todo santo é um especialista no mal. Essa fina antropologia teológica também pode ser vista nas figuras bíblicas pintadas por El Greco (1541-1614): personagens que parecem surgir do fogo, arder nele e serem consumidos por ele. Não há como separar miséria e amor na teologia semita. Se nos é possível traçar uma "causa" do amor de Deus pela humanidade, ela é, justamente, essa nossa "paixão desinteressada pela mentira", essa nossa vocação à desordem que tanto encanta a Deus. Fôssemos nós amantes da verdade, Deus seria um indiferente. ponde.folha@uol.com.br @l_fponde
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Coração da teologia semita é relação entre mal, perdão e misericórdiaBasta de política, pelo menos por um breve momento. Busco refúgio em algo superior, talvez mesmo improvável, busco refúgio hoje na teologia, essa minha paixão secreta. Pobre teologia, traída pelos seus. Já chegamos ao dia em que Deus será sustentado por ateus, já que a maioria dos teólogos se entregaram à política, tentando justificar sua pobre louca da casa (a teologia) na ética e na justiça, esquecendo-se de que o coração da teologia semita é a misteriosa relação entre mal e misericórdia. A teologia semita é aquela do patriarca Abraão, que reúne judaísmo, cristianismo e islamismo, três religiões irmãs. A teologia mais barata é a pastoral, cada vez mais uma subdisciplina do marketing, mesmo quando aplicada aos "menos favorecidos". Nesse caso, torna-se irmã caçula do populismo. Minha paixão secreta é pela teologia que fala ao fundo de nosso coração, ali onde batem todos os erros que cometemos ao longo da vida, como na confissão de medo de Fiódor Karamázov, o pai terrível dos irmãos Karamázov, de Dostoiévski. Erros que muitas vezes destroem nossa vida e que, ao mesmo tempo, revelam o sofisticado encanto do perdão e da misericórdia, que brotam em nós da mesma raiz de nossa agonia, o mal. Encanto este que nos une às outras pessoas. Testemunhas, algozes e vítimas de nosso próprio enredo. O fundo do coração, ali onde o "acaso é feito à nossa semelhança". Onde conhecemos nossa "paixão desinteressada pela mentira". Essas são frases de Georges Bernanos (1888-1948), escritor francês conhecido como "le Dostoiévski français". Autores como ele, Dostoiévski e Lev Tolstói fazem melhor teologia do que muitos teólogos profissionais. Frases como essas descrevem um dos núcleos da obra de Bernanos: a ideia de que existe em nós uma "mística inversa" (termo usado por Guillaume Louet e Sarah Lacoste no prefácio da edição conjunta de dois romances do escritor, "Un Crime" e "Un Mauvais Rêve", pela editora Le Castor Astral de 2016). Este último, "Um Sonho Ruim", foi traduzido no Brasil pela editora É Realizações. Essa "mística inversa", presente em personagens como a famosa Mouchette (a "Mosquinha"), representa a hipótese de Bernanos segundo a qual existe em nós uma dolorida perversão profunda que no fundo do nosso coração nos abre a fonte da mais profunda mística da misericórdia. Sob efeito do "sol de Satã" que derrete suas almas, essa "mística inversa" só nos é acessível se rompemos com o pietismo barato segundo o qual não há mal em nós, mas apenas nas estruturas do mundo que nos fazem ser mal. Em Bernanos,"sofremos" o mal assim como "sofremos" a misericórdia. Somos seres visitados, e, nisso, nosso francês soa mesmo russo. Na teologia russa, o homem é um ser visitado pelo sobrenatural, nas suas dimensões doce e sombria. Em Bernanos, o sobrenatural caminha entre as pedras, como galinhas, cães e gatos. Escutamos seus passos à noite. Arquétipos de bem e mal que se relevam inseparáveis. Não há como amar alguém sem ver nele o mal. O mal nos leva às lágrimas. Essa aparente contradição está presente no coração de livros bíblicos como os "Salmos" do rei Davi, onde vemos como o coração justo aquele mesmo torturado pelo mal. A teologia semita nunca foi uma teologia do bem. Equívoco clássico da vaidade dos especialistas. Ela sempre foi uma teologia em que a rota para a relação com Deus passa pelo reconhecimento do vazio em nós. Só o grito do miserável é ouvido por Deus. O hebraísmo antigo é uma teologia da santidade e todo santo é um especialista no mal. Essa fina antropologia teológica também pode ser vista nas figuras bíblicas pintadas por El Greco (1541-1614): personagens que parecem surgir do fogo, arder nele e serem consumidos por ele. Não há como separar miséria e amor na teologia semita. Se nos é possível traçar uma "causa" do amor de Deus pela humanidade, ela é, justamente, essa nossa "paixão desinteressada pela mentira", essa nossa vocação à desordem que tanto encanta a Deus. Fôssemos nós amantes da verdade, Deus seria um indiferente. ponde.folha@uol.com.br @l_fponde
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Afundadas em dívidas, empresas anunciam devolução de Viracopos
Afundadas em dívidas, as empresas que compõem o consórcio que administra Viracopos, em Campinas (SP), decidiram que vão devolver a concessão para o governo. O aeroporto, leiloado com ágio de 160%, por R$ 3,8 bilhões, em 2012, na gestão Dilma Rousseff, é o primeiro caso de devolução de um terminal privatizado. Também é o primeiro pedido do tipo desde que entrou em vigor a medida provisória que prevê o distrato amigável de concessionárias em dificuldades. À Folha o secretário de Aviação Civil, Dario Rais Lopes, disse que a "solução" permitirá relicitá-lo no novo modelo, sem a estatal Infraero. Segundo ele, agora, a secretaria do PPI (Programa de Parceria em Investimentos) analisará a solvência da concessionária e, caso confirmada, a União fará acerto de contas. Serão calculados os investimentos feitos e, no fim, haverá pagamento de indenização pelo Estado ou, ao contrário, ressarcimento à União por saldo devedor pela concessionária. Um dos fatores dessa conta depende da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que precisa definir a multa pelo atraso nas obras do terminal de passageiros. A secretaria do PPI diz que o processo será rápido para que o aeroporto seja relicitado em breve. O prazo legal é de até dois anos. No período, a concessionária continua administrando Viracopos. "Defendo que Viracopos entre já na próxima rodada de leilões", afirmou Lopes. TURBULÊNCIA - Fluxo de passageiros, em milhões O Ministério dos Transportes estuda privatizar mais aeroportos até o fim do ano, mas não decidiu se haverá mais de uma rodada. Uma das ideias em discussão é fazer um leilão só com diversos aeroportos (lucrativos e que dão prejuízo), que seriam vendidos em blocos. "A vantagem é que essa venda [de Viracopos] será feita sem a Infraero", disse Lopes. "Isso dará a flexibilidade que faltou lá atrás." O secretário criticou o modelo de concessão de Dilma, que obrigou os concessionários a se tornar sócios da Infraero, que entrou no negócio com 49% de participação. "O problema é que, como estatal, a Infraero não podia tomar empréstimos para ajudar a resolver problemas que, normalmente, surgem na vida das empresas [privadas]." Ainda segundo o secretário, Viracopos teve lance muito elevado e a outorga foi dividida pelos anos de vigência da concessão, como estabeleciam as regras. "O novo modelo [de Temer] melhora isso ao permitir que as empresas deem 25% na assinatura do contrato e só passem a pagar as outorgas após cinco anos", disse. "Isso permite que elas façam os investimentos antes de retomarem o pagamento [de outorgas]." A Azul, principal companhia aérea de Viracopos, não comentou a devolução. LAVA JATO São acionistas do consórcio que administra Viracopos as construtoras UTC e Triunfo e a francesa Egis (minoritária), que têm, somadas, 51% do total. A Infraero tem 49%. Envolvida na Lava Jato, a UTC passou a enfrentar restrições de crédito. Endividada, a Infraero também não acompanhou o ritmo do investimento. A Triunfo ficou sobrecarregada, tendo de honrar compromissos no lugar dos sócios e também entrou em dificuldades. Viracopos deve marcar uma nova etapa de devoluções de concessões de rodovias e ferrovias do governo Dilma. Estão nessa situação as BRs 153, 040, 10, que passaram a ter prejuízos porque o preço do pedágio foi projetado num cenário econômico que não se concretizou.
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Afundadas em dívidas, empresas anunciam devolução de ViracoposAfundadas em dívidas, as empresas que compõem o consórcio que administra Viracopos, em Campinas (SP), decidiram que vão devolver a concessão para o governo. O aeroporto, leiloado com ágio de 160%, por R$ 3,8 bilhões, em 2012, na gestão Dilma Rousseff, é o primeiro caso de devolução de um terminal privatizado. Também é o primeiro pedido do tipo desde que entrou em vigor a medida provisória que prevê o distrato amigável de concessionárias em dificuldades. À Folha o secretário de Aviação Civil, Dario Rais Lopes, disse que a "solução" permitirá relicitá-lo no novo modelo, sem a estatal Infraero. Segundo ele, agora, a secretaria do PPI (Programa de Parceria em Investimentos) analisará a solvência da concessionária e, caso confirmada, a União fará acerto de contas. Serão calculados os investimentos feitos e, no fim, haverá pagamento de indenização pelo Estado ou, ao contrário, ressarcimento à União por saldo devedor pela concessionária. Um dos fatores dessa conta depende da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que precisa definir a multa pelo atraso nas obras do terminal de passageiros. A secretaria do PPI diz que o processo será rápido para que o aeroporto seja relicitado em breve. O prazo legal é de até dois anos. No período, a concessionária continua administrando Viracopos. "Defendo que Viracopos entre já na próxima rodada de leilões", afirmou Lopes. TURBULÊNCIA - Fluxo de passageiros, em milhões O Ministério dos Transportes estuda privatizar mais aeroportos até o fim do ano, mas não decidiu se haverá mais de uma rodada. Uma das ideias em discussão é fazer um leilão só com diversos aeroportos (lucrativos e que dão prejuízo), que seriam vendidos em blocos. "A vantagem é que essa venda [de Viracopos] será feita sem a Infraero", disse Lopes. "Isso dará a flexibilidade que faltou lá atrás." O secretário criticou o modelo de concessão de Dilma, que obrigou os concessionários a se tornar sócios da Infraero, que entrou no negócio com 49% de participação. "O problema é que, como estatal, a Infraero não podia tomar empréstimos para ajudar a resolver problemas que, normalmente, surgem na vida das empresas [privadas]." Ainda segundo o secretário, Viracopos teve lance muito elevado e a outorga foi dividida pelos anos de vigência da concessão, como estabeleciam as regras. "O novo modelo [de Temer] melhora isso ao permitir que as empresas deem 25% na assinatura do contrato e só passem a pagar as outorgas após cinco anos", disse. "Isso permite que elas façam os investimentos antes de retomarem o pagamento [de outorgas]." A Azul, principal companhia aérea de Viracopos, não comentou a devolução. LAVA JATO São acionistas do consórcio que administra Viracopos as construtoras UTC e Triunfo e a francesa Egis (minoritária), que têm, somadas, 51% do total. A Infraero tem 49%. Envolvida na Lava Jato, a UTC passou a enfrentar restrições de crédito. Endividada, a Infraero também não acompanhou o ritmo do investimento. A Triunfo ficou sobrecarregada, tendo de honrar compromissos no lugar dos sócios e também entrou em dificuldades. Viracopos deve marcar uma nova etapa de devoluções de concessões de rodovias e ferrovias do governo Dilma. Estão nessa situação as BRs 153, 040, 10, que passaram a ter prejuízos porque o preço do pedágio foi projetado num cenário econômico que não se concretizou.
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Retrospectiva 2016: crises na música clássica foram apenas institucionais
Escândalos no Theatro Municipal, cortes nos organismos musicais estaduais -com a iminente extinção da Banda Sinfônica do Estado-, anúncio do fim das temporadas de assinaturas do Mozarteum e da Oficina de Música de Curitiba: é possível dizer com razão que o ano não foi nada fácil para a música clássica. Mas, como mostra a lista seguinte, a qualidade musical foi alta, o que atesta que a "crise na música" não é "da música", e menos ainda "dos músicos". Veja abaixo os destaques da música clássica em 2016:
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Retrospectiva 2016: crises na música clássica foram apenas institucionaisEscândalos no Theatro Municipal, cortes nos organismos musicais estaduais -com a iminente extinção da Banda Sinfônica do Estado-, anúncio do fim das temporadas de assinaturas do Mozarteum e da Oficina de Música de Curitiba: é possível dizer com razão que o ano não foi nada fácil para a música clássica. Mas, como mostra a lista seguinte, a qualidade musical foi alta, o que atesta que a "crise na música" não é "da música", e menos ainda "dos músicos". Veja abaixo os destaques da música clássica em 2016:
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Nus de Alair Gomes e outras seis indicações da semana
LIVRO | VELÁZQUEZ A coletânea traz os principais ensaios que o filósofo José Ortega y Gasset dedicou ao pintor espanhol, com tradução e notas da artista Célia Euvaldo. Inédita no país, a edição inclui textos publicados em "Papeles sobre Velázquez y Goya" (1950), a introdução do livro "Velázquez" (1954) e a transcrição de uma aula ministrada pelo autor em 1947. WMF Martins Fontes | R$ 49,90 (232 págs.) LIVRO | CHACAL "Tudo (e Mais um Pouco)" é uma seleção de poemas e um peça de teatro que abrange toda a carreira do carioca, desde seu primeiro livro, de 1971, até o mais recente, de 2016. Feitos para serem performados, seus textos trazem influência do movimento punk. Editora 34 | R$ 45 (408 págs.) DANÇA | BALÉ DA CIDADE Seis bailarinos da companhia paulista apresentam coreografias próprias na quarta edição do projeto Dançographismus. Realizado duas vezes por ano desde 2014, o evento traz dançarinos da casa desempenhando outras funções, como as de intérpretes, figurinistas, cenógrafos e coreógrafos. Centro Cultural Olido | tel. (11) 3331-8399 | sáb. e dom., às 19h grátis | até 17/7 EXPOSIÇÃO | PEDRO DAVID Com 18 fotografias e três peças de bronze, todas obras inéditas, a exposição "360 Metros Quadrados", do artista plástico mineiro (Santos Dumont, 1977), explora as medidas da casa de David, nos arredores de Belo Horizonte. O trabalho foi inspirado no conto "Do Rigor na Ciência", de Jorge Luis Borges, em que o autor descreve um mapa tão minucioso que chegaria a ter o tamanho natural do território representado. Blau Projects | tel. (11) 3467-8801 | de ter. a sáb., das 11h às 19h grátis | até 13/7 EXPOSIÇÃO | VÂNIA MIGNONE No Rio, a paulista (Campinas, 1967) apresenta "Hoje em Dia", com 28 obras inéditas divididas em duas séries de pinturas e colagens. Para o crítico de arte Luiz Camillo Osorio, que fez o texto de apresentação da exposição, Mignone trabalha uma figuração crua e direta, em consonância com a comunicação gráfica urbana e com estética dos cordéis. "Ela aposta em personagens solitários e em uma paleta fria, com cores chapadas. O vermelho é vermelho. O amarelo, amarelo. O preto traz luz própria, algo que vem da xilogravura", escreve ele. galeria Mercedes Viegas | tel. (21) 2294-4305 | de seg. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 15h às 19h | grátis | até 16/7 EXPOSIÇÃO | ALAIR GOMES Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição "Young Male: Fotografias de Alair Gomes" traz 95 imagens, 60 delas exibidas pela primeira vez ao público, além de textos, páginas de diário, testes de laboratório e pesquisas do fotógrafo e crítico carioca (1921-92). Inclui séries famosas, como "Symphony of Erotic Icons" (1966-78), além de 40 fotos inéditas feitas em um único ensaio com um mesmo modelo em seu apartamento em Ipanema, na década de 1970. Casa Triângulo | tel. (11) 3167-5621 | de seg. a sáb., das 10h às 19h | grátis | última semana CONCERTO | VIOLAS DA GAMBA Trio formado por Kristina Augustin, Mario Orlando (viola da gamba, instrumento de corda com dimensões de um violoncelo tocado com arco) e Eduardo Antonello (cravo) apresenta obras de compositores ingleses do século 16, além de um lundu do século 19 e uma peça escrita por Antonello inspirada no barroco francês. O concerto faz parte do projeto Sons das Igrejas do Centro, do Sesc. igreja Nossa Senhora da Boa Morte | tel. (11) 3111-7000 ter. (12), às 13h | grátis
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Nus de Alair Gomes e outras seis indicações da semanaLIVRO | VELÁZQUEZ A coletânea traz os principais ensaios que o filósofo José Ortega y Gasset dedicou ao pintor espanhol, com tradução e notas da artista Célia Euvaldo. Inédita no país, a edição inclui textos publicados em "Papeles sobre Velázquez y Goya" (1950), a introdução do livro "Velázquez" (1954) e a transcrição de uma aula ministrada pelo autor em 1947. WMF Martins Fontes | R$ 49,90 (232 págs.) LIVRO | CHACAL "Tudo (e Mais um Pouco)" é uma seleção de poemas e um peça de teatro que abrange toda a carreira do carioca, desde seu primeiro livro, de 1971, até o mais recente, de 2016. Feitos para serem performados, seus textos trazem influência do movimento punk. Editora 34 | R$ 45 (408 págs.) DANÇA | BALÉ DA CIDADE Seis bailarinos da companhia paulista apresentam coreografias próprias na quarta edição do projeto Dançographismus. Realizado duas vezes por ano desde 2014, o evento traz dançarinos da casa desempenhando outras funções, como as de intérpretes, figurinistas, cenógrafos e coreógrafos. Centro Cultural Olido | tel. (11) 3331-8399 | sáb. e dom., às 19h grátis | até 17/7 EXPOSIÇÃO | PEDRO DAVID Com 18 fotografias e três peças de bronze, todas obras inéditas, a exposição "360 Metros Quadrados", do artista plástico mineiro (Santos Dumont, 1977), explora as medidas da casa de David, nos arredores de Belo Horizonte. O trabalho foi inspirado no conto "Do Rigor na Ciência", de Jorge Luis Borges, em que o autor descreve um mapa tão minucioso que chegaria a ter o tamanho natural do território representado. Blau Projects | tel. (11) 3467-8801 | de ter. a sáb., das 11h às 19h grátis | até 13/7 EXPOSIÇÃO | VÂNIA MIGNONE No Rio, a paulista (Campinas, 1967) apresenta "Hoje em Dia", com 28 obras inéditas divididas em duas séries de pinturas e colagens. Para o crítico de arte Luiz Camillo Osorio, que fez o texto de apresentação da exposição, Mignone trabalha uma figuração crua e direta, em consonância com a comunicação gráfica urbana e com estética dos cordéis. "Ela aposta em personagens solitários e em uma paleta fria, com cores chapadas. O vermelho é vermelho. O amarelo, amarelo. O preto traz luz própria, algo que vem da xilogravura", escreve ele. galeria Mercedes Viegas | tel. (21) 2294-4305 | de seg. a sex., das 11h às 19h; sáb., das 15h às 19h | grátis | até 16/7 EXPOSIÇÃO | ALAIR GOMES Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição "Young Male: Fotografias de Alair Gomes" traz 95 imagens, 60 delas exibidas pela primeira vez ao público, além de textos, páginas de diário, testes de laboratório e pesquisas do fotógrafo e crítico carioca (1921-92). Inclui séries famosas, como "Symphony of Erotic Icons" (1966-78), além de 40 fotos inéditas feitas em um único ensaio com um mesmo modelo em seu apartamento em Ipanema, na década de 1970. Casa Triângulo | tel. (11) 3167-5621 | de seg. a sáb., das 10h às 19h | grátis | última semana CONCERTO | VIOLAS DA GAMBA Trio formado por Kristina Augustin, Mario Orlando (viola da gamba, instrumento de corda com dimensões de um violoncelo tocado com arco) e Eduardo Antonello (cravo) apresenta obras de compositores ingleses do século 16, além de um lundu do século 19 e uma peça escrita por Antonello inspirada no barroco francês. O concerto faz parte do projeto Sons das Igrejas do Centro, do Sesc. igreja Nossa Senhora da Boa Morte | tel. (11) 3111-7000 ter. (12), às 13h | grátis
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Fotógrafo Martin Parr revela o 'British way of life' em retrospectiva no MIS-SP
Martin Parr é casado e não está à procura de um affaire, mas há pouco contratou uma especialista em fotos para aplicativos de paquera –a mais nova moda no Reino Unido– para que fizesse seu retrato. "É um preço baixo a se pagar pelo amor", ironiza o fotógrafo britânico. "Se você vai ao supermercado e olha as embalagens, já sabe que a foto do lado de fora é muito mais atraente do que o que está dentro. É a mentira fundamental que funciona como propaganda. E o maior propósito da fotografia é melhorar a aparência das coisas, tanto na moda quanto na publicidade." E também nas redes sociais. Não por acaso, Parr abre sua retrospectiva agora no Museu da Imagem e do Som com um mural de selfies que fez pelo mundo –muitos deles, aliás, não são autorretratos, mas imagens feitas por outros para que parecessem como tal. Desde que despontou na fotografia há três décadas, Parr, hoje um dos fotógrafos mais influentes do mundo, ancora sua obra nesse jogo de aparências. É como se desconstruísse em cada imagem todos os truques para arquitetar uma cena glamorosa –seu estilo é escancarar a decepção, a desilusão, a pobreza material e de espírito em momentos que, de outro ângulo, talvez fossem sedutores. "Nunca altero as cenas, apago detalhes ou pessoas, porque gosto da autenticidade da imagem", diz Parr. "Mas também gosto da ideia de que minhas fotos sejam vistas como uma forma de ficção. Faço ficção com base na realidade." No caso, a realidade britânica. Parr, que nasceu em Epsom, vilarejo no sudeste da Inglaterra conhecido, como todo o país, pelo mau tempo, o mau humor de seus habitantes, corridas de cavalos frequentadas pela rainha e certo tédio corrosivo, encarna isso tudo em suas imagens. Sua primeira série, realizada ainda em preto e branco nos anos 1980, antes que ele adotasse cores berrantes como marca, mostra seus conterrâneos valentes encarando temporais e tempestades de neve, mas sem o deboche de suas obras mais célebres –nesse primeiro trabalho, Parr buscava certa graça ou leveza em cenas que retratava com um extremo cuidado estético. SUNGAS E BIQUÍNIS Mas o rigor dos enquadramentos e toda a seriedade dessas imagens foi cedendo lugar ao longo dos anos para composições mais espontâneas, quase acidentais, de cores saturadas e o uso um tanto indecente do flash –é como se Parr copiasse a falta de estilo do turista que não aprendeu a usar os filtros do Instagram. Nesse sentido, sua obra é um comentário irônico sobre a ideia de paisagens, viagens, comida e até relacionamentos como objetos de consumo. "Comprar e consumir é uma parte do que somos", diz Parr. "É por isso que o consumismo é um assunto tão importante." E parece ser em sungas e biquínis desavergonhados desfilando pelas praias pedregosas da Inglaterra que essa questão se revela em toda a sua –quase– nudez. Na mais famosa de suas séries, Parr retrata o comportamento dos britânicos na praia. Num país onde o sol pouco brilha, ali eles surgem despidos, branquelos e sem graça diante de praias que mais parecem zonas industriais. De crianças babando a velhinhos com sandálias e meias aos mais entusiastas do bronze que surgem alaranjados sob um céu de chumbo, essas imagens parecem ancoradas num desencanto permanente, mesmo encharcadas de humor. "Ele comenta muito bem o mundo contemporâneo do consumo", diz Iatã Cannabrava, que organiza a mostra. "É o fotógrafo mais irônico e sarcástico do cenário atual." Ironia à parte, Parr não gosta de definir a natureza de suas imagens. "Nós, os britânicos, acreditamos na arte de falar menos, com mais sutileza", afirma. "Você nunca sabe se estamos mentindo. São esses gracejos que estão na base do senso de humor britânico." Outra série do artista resume bem esse jogo entre verdade e mentira. Parr retrata casais que se encaram em restaurantes sem o menor traço de interesse, como se mergulhados no mais profundo tédio e indiferença. Ele mesmo, que se diz feliz no casamento, já se retratou com a mulher numa imagem desse trabalho, talvez dizendo que a fotografia engana ou que a realidade é mais do que um dia na praia. Neste sábado, às 13h, Parr participa de um debate com o curador Iatã Cannabrava no auditório do MIS. A conversa será mediada por Daigo Oliva, jornalista da Folha que assina o blog Entretempos. A entrada é gratuita. Ingressos podem ser retirados na bilheteria a partir das 12h. MARTIN PARR QUANDO abre neste sábado (18), às 12h; de ter. a sáb., das 12h às 21h; dom., 11h às 20h; até 24/7 ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777 QUANTO R$ 6
ilustrada
Fotógrafo Martin Parr revela o 'British way of life' em retrospectiva no MIS-SPMartin Parr é casado e não está à procura de um affaire, mas há pouco contratou uma especialista em fotos para aplicativos de paquera –a mais nova moda no Reino Unido– para que fizesse seu retrato. "É um preço baixo a se pagar pelo amor", ironiza o fotógrafo britânico. "Se você vai ao supermercado e olha as embalagens, já sabe que a foto do lado de fora é muito mais atraente do que o que está dentro. É a mentira fundamental que funciona como propaganda. E o maior propósito da fotografia é melhorar a aparência das coisas, tanto na moda quanto na publicidade." E também nas redes sociais. Não por acaso, Parr abre sua retrospectiva agora no Museu da Imagem e do Som com um mural de selfies que fez pelo mundo –muitos deles, aliás, não são autorretratos, mas imagens feitas por outros para que parecessem como tal. Desde que despontou na fotografia há três décadas, Parr, hoje um dos fotógrafos mais influentes do mundo, ancora sua obra nesse jogo de aparências. É como se desconstruísse em cada imagem todos os truques para arquitetar uma cena glamorosa –seu estilo é escancarar a decepção, a desilusão, a pobreza material e de espírito em momentos que, de outro ângulo, talvez fossem sedutores. "Nunca altero as cenas, apago detalhes ou pessoas, porque gosto da autenticidade da imagem", diz Parr. "Mas também gosto da ideia de que minhas fotos sejam vistas como uma forma de ficção. Faço ficção com base na realidade." No caso, a realidade britânica. Parr, que nasceu em Epsom, vilarejo no sudeste da Inglaterra conhecido, como todo o país, pelo mau tempo, o mau humor de seus habitantes, corridas de cavalos frequentadas pela rainha e certo tédio corrosivo, encarna isso tudo em suas imagens. Sua primeira série, realizada ainda em preto e branco nos anos 1980, antes que ele adotasse cores berrantes como marca, mostra seus conterrâneos valentes encarando temporais e tempestades de neve, mas sem o deboche de suas obras mais célebres –nesse primeiro trabalho, Parr buscava certa graça ou leveza em cenas que retratava com um extremo cuidado estético. SUNGAS E BIQUÍNIS Mas o rigor dos enquadramentos e toda a seriedade dessas imagens foi cedendo lugar ao longo dos anos para composições mais espontâneas, quase acidentais, de cores saturadas e o uso um tanto indecente do flash –é como se Parr copiasse a falta de estilo do turista que não aprendeu a usar os filtros do Instagram. Nesse sentido, sua obra é um comentário irônico sobre a ideia de paisagens, viagens, comida e até relacionamentos como objetos de consumo. "Comprar e consumir é uma parte do que somos", diz Parr. "É por isso que o consumismo é um assunto tão importante." E parece ser em sungas e biquínis desavergonhados desfilando pelas praias pedregosas da Inglaterra que essa questão se revela em toda a sua –quase– nudez. Na mais famosa de suas séries, Parr retrata o comportamento dos britânicos na praia. Num país onde o sol pouco brilha, ali eles surgem despidos, branquelos e sem graça diante de praias que mais parecem zonas industriais. De crianças babando a velhinhos com sandálias e meias aos mais entusiastas do bronze que surgem alaranjados sob um céu de chumbo, essas imagens parecem ancoradas num desencanto permanente, mesmo encharcadas de humor. "Ele comenta muito bem o mundo contemporâneo do consumo", diz Iatã Cannabrava, que organiza a mostra. "É o fotógrafo mais irônico e sarcástico do cenário atual." Ironia à parte, Parr não gosta de definir a natureza de suas imagens. "Nós, os britânicos, acreditamos na arte de falar menos, com mais sutileza", afirma. "Você nunca sabe se estamos mentindo. São esses gracejos que estão na base do senso de humor britânico." Outra série do artista resume bem esse jogo entre verdade e mentira. Parr retrata casais que se encaram em restaurantes sem o menor traço de interesse, como se mergulhados no mais profundo tédio e indiferença. Ele mesmo, que se diz feliz no casamento, já se retratou com a mulher numa imagem desse trabalho, talvez dizendo que a fotografia engana ou que a realidade é mais do que um dia na praia. Neste sábado, às 13h, Parr participa de um debate com o curador Iatã Cannabrava no auditório do MIS. A conversa será mediada por Daigo Oliva, jornalista da Folha que assina o blog Entretempos. A entrada é gratuita. Ingressos podem ser retirados na bilheteria a partir das 12h. MARTIN PARR QUANDO abre neste sábado (18), às 12h; de ter. a sáb., das 12h às 21h; dom., 11h às 20h; até 24/7 ONDE MIS, av. Europa, 158, tel. (11) 2117-4777 QUANTO R$ 6
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Brasil teve dez filmes indicados a categorias do Oscar; veja retrospectiva
A comissão do Ministério da Cultura escolheu, nesta segunda (12), "Pequeno Segredo", de David Schurmann, representar o país em uma possível vaga ao Oscar. Se também for selecionado pela Academia, o filme será a 11ª produção brasileira a concorrer a uma estatueta. O primeiro a receber uma indicação ao prêmio, na categoria de melhor filme estrangeiro, foi "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, em 1962. Apesar de perder o prêmio para o francês "Sempre aos Domingos", de Serge Bourguignon, o brasileiro ganhou o Palma de Ouro no festival de Cannes do mesmo ano. Foi somente após mais de duas décadas, em 1985, que o país retornou à disputa, desta vez com "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco, morto neste ano. O romance com Sonia Braga no elenco concorreu nas categorias de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor direção, levando o prêmio de melhor ator pela perfomance de William Hurt como o prisioneiro Luis Molina. Em 1995 foi a vez de "O Quatrilho", de Fábio Barreto, disputar o melhor filme estrangeiro, vaga que foi ocupada dois anos depois pela produção do irmão do cineasta, Bruno Barreto, com "O Que É Isso, Companheiro?", em 1997. No ano seguinte, Fernanda Montenegro foi indicada na categoria de melhor atriz por interpretar Dora em "Central do Brasil", filme que também esteve na disputa pelo prêmio de melhor filme estrangeiro. Apesar de não levar o prêmio da Academia, o filme de Walter Salles venceu os prêmios Globo de Ouro, BAFTA e Urso de Ouro, entre outros. Já "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles (co-dirigido por Kátia Lund), recebeu indicações a quatro categorias em 2003, incluindo a de melhor direção e a de melhor roteiro adaptado. Recentemente, o longa esteve na lista de melhores filmes do século 21. OUTROS FORMATOS Documentários e curtas-metragens também representaram o Brasil no prêmio mais famoso do cinema. Em 2000, "Uma História de Futebol", live-action (animação com atores reais) de Paulo Machline, esteve na disputa de curta-metragens. Na 83ª edição da premiação, em 2010, o documentário "Lixo Extraordinário" perdeu para "Trabalho Interno", de Charles Fergusson com Matt Damon no elenco. "O Sal da Terra", em que Wim Wenders documenta o trabalho de Sebastião Salgado, foi desbancado por "Citizenfour", que reuniu encontros com Edward Snowden. A indicação mais recente foi a da animação "O Menino e o Mundo", de Alê Abreu, que esteve na disputa em 2015.
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Brasil teve dez filmes indicados a categorias do Oscar; veja retrospectivaA comissão do Ministério da Cultura escolheu, nesta segunda (12), "Pequeno Segredo", de David Schurmann, representar o país em uma possível vaga ao Oscar. Se também for selecionado pela Academia, o filme será a 11ª produção brasileira a concorrer a uma estatueta. O primeiro a receber uma indicação ao prêmio, na categoria de melhor filme estrangeiro, foi "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, em 1962. Apesar de perder o prêmio para o francês "Sempre aos Domingos", de Serge Bourguignon, o brasileiro ganhou o Palma de Ouro no festival de Cannes do mesmo ano. Foi somente após mais de duas décadas, em 1985, que o país retornou à disputa, desta vez com "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco, morto neste ano. O romance com Sonia Braga no elenco concorreu nas categorias de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor direção, levando o prêmio de melhor ator pela perfomance de William Hurt como o prisioneiro Luis Molina. Em 1995 foi a vez de "O Quatrilho", de Fábio Barreto, disputar o melhor filme estrangeiro, vaga que foi ocupada dois anos depois pela produção do irmão do cineasta, Bruno Barreto, com "O Que É Isso, Companheiro?", em 1997. No ano seguinte, Fernanda Montenegro foi indicada na categoria de melhor atriz por interpretar Dora em "Central do Brasil", filme que também esteve na disputa pelo prêmio de melhor filme estrangeiro. Apesar de não levar o prêmio da Academia, o filme de Walter Salles venceu os prêmios Globo de Ouro, BAFTA e Urso de Ouro, entre outros. Já "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles (co-dirigido por Kátia Lund), recebeu indicações a quatro categorias em 2003, incluindo a de melhor direção e a de melhor roteiro adaptado. Recentemente, o longa esteve na lista de melhores filmes do século 21. OUTROS FORMATOS Documentários e curtas-metragens também representaram o Brasil no prêmio mais famoso do cinema. Em 2000, "Uma História de Futebol", live-action (animação com atores reais) de Paulo Machline, esteve na disputa de curta-metragens. Na 83ª edição da premiação, em 2010, o documentário "Lixo Extraordinário" perdeu para "Trabalho Interno", de Charles Fergusson com Matt Damon no elenco. "O Sal da Terra", em que Wim Wenders documenta o trabalho de Sebastião Salgado, foi desbancado por "Citizenfour", que reuniu encontros com Edward Snowden. A indicação mais recente foi a da animação "O Menino e o Mundo", de Alê Abreu, que esteve na disputa em 2015.
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Debate por 'Brexit' causa 'guerra civil' entre os conservadores britânicos
"Desonestos", "enganosos" e "esquálidos": Sir John Major, antigo primeiro-ministro britânico conhecido pelos bons modos, não economizou no vocabulário, alguns dias atrás, ao definir seus colegas conservadores que estão liderando a campanha para tirar o Reino Unido da União Europeia. "Os desatinos amargurados de um homem vingativo", replicou Jacob Rees-Mogg, membro do Parlamento pelo Partido Conservador e ardoroso adversário da integração britânica à União Europeia. Inicialmente, o primeiro-ministro David Cameron prometeu um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia como maneira de aquietar a rebelião dos conservadores que não apoiam a união. Mas a votação a ser realizada em 23 de junho —depois de uma venenosa campanha que opõe diferentes alas do Partido Conservador, de centro-direita— ameaça pôr fim à carreira política de Cameron, nos próximos dias, e envenenar o partido por anos. Um partido tão seriamente fracionado pode enfrentar dificuldades para continuar governando o Reino Unido nos quatro anos de mandato que lhe restam. Se os britânicos votarem por deixar a União Europeia, a maioria dos parlamentares acredita que Cameron renunciará ao posto. Mesmo que o voto seja pela permanência, ele pode ter de encarar uma disputa pela liderança do partido contra Boris Johnson, outro conservador, ex-prefeito de Londres e hoje um dos líderes da campanha pela saída do bloco europeu, e Johnson teria chances reais de vitória. GUERRA CIVIL O partido, que obteve uma vitória retumbante na eleição do ano passado, agora vive em estado de guerra civil. "Não quero apunhalar o primeiro-ministro pelas costas —quero apunhalá-lo pela frente, para poder ver sua cara quando o fizer", disse ao "Sunday Times" um dos parlamentares conservadores que se opõem à permanência britânica na União Europeia. Os partidários de Cameron não estão se comportando de modo muito mais contido. "O que o primeiro-ministro precisa fazer é fuzilar alguns dos rebeldes à beira da estrada", disse um veterano parlamentar sobre seus colegas conservadores. Os conservadores favoráveis a deixar a União Europeia estão enfurecidos com a campanha de Cameron para manter o Reino Unido como parte do bloco e com seus alertas severos sobre as consequências da saída. Alguns deles questionaram abertamente as realizações políticas de Cameron e contestaram sua integridade. Nadine Dorries, membro do Parlamento pelo Partido Conservador, acusou Cameron de "mentir profundamente" sobre as possíveis consequências de deixar a União Europeia. "Se o primeiro-ministro tivesse adotado uma postura menos parcial e se colocado acima da disputa, teria sido muito melhor para o partido", disse outro colega. INTEGRAÇÃO Os conservadores há muito se orgulham de ser o partido governista natural do Reino Unido, e os melhores condutores de sua economia. Mas há três décadas se veem divididos pela questão da integração com a Europa, que desafia os preceitos de soberania e nacionalidade do partido. Antes das dificuldades de Sir Major com a questão, Margaret Thatcher perdeu o poder em 1990 depois de entrar em disputa com seus assessores quanto à união monetária da Europa. Grande número de conservadores há muito veem Bruxelas como ameaça às tradições de livre mercado do Reino Unido e à soberania de seu Parlamento. Mas o partido se tornou quase que uniformemente cético quanto à União Europeia, depois da passagem de Sir Major por sua liderança, nos anos 90. Os desacordos de hoje concernem à forma que essa oposição à integração com a Europa deve tomar —se o Reino Unido deveria permanecer na União Europeia e buscar mudá-la ou se deveria sair. PRÓXIMAS ELEIÇÕES As tensões no debate sobre o referendo deste ano também foram alimentadas por ambições políticas e pela vulnerabilidade política do primeiro-ministro —ainda que, teoricamente, o governo devesse estar em ascensão, porque enfrenta uma oposição enfraquecida da parte do Partido Trabalhista, agora sob a liderança de Jeremy Corbyn, um socialista de extrema-esquerda. Cameron já prometeu que deixará o posto antes da eleição de 2020, e o referendo ofereceu uma plataforma aos candidatos à sua sucessão —especialmente Johnson, que se tornou o astro da campanha pela saída da União Europeia. As aparições diárias de Johnson na mídia permitiram que ele divulgasse propostas que às vezes parecem constituir um programa alternativo de governo. Já que a maioria funcional do governo no Parlamento é de apenas 17 cadeiras, um pequeno grupo de rebeldes extremistas poderia, para todos os efeitos, chantagear Cameron. É improvável que essa ala seja silenciada por uma vitória da campanha pela permanência na União Europeia. "Todos os problemas de nossa participação na União Europeia não desaparecerão se a campanha do 'fique' sair vitoriosa", disse Bernard Jenkin, um veterano parlamentar que participou das disputas com Sir Major nos anos 90. "Eles só vão piorar." Alguns analistas sugerem que o primeiro-ministro encontrará tamanha pressão que resistir será difícil. "Ele passou praticamente todo o seu tempo na liderança do partido tentando acomodar os inimigos da integração com a Europa", disse Tim Bale, conhecido historiador do Partido Conservador. "Mas sempre que Cameron lhes deu um dedo eles tomaram uma mão inteira e exigiram ainda mais." Bale prevê que a melhor esperança de Cameron seja acomodar seus adversários internos com medidas duras quanto a questões centrais como a imigração e um programa econômico liberal de direita. RENOVAÇÃO DO TRIDENT O partido também poderia buscar resolver suas divisões partindo para o ataque. Há forte expectativa de que Cameron tente desviar a agenda noticiosa para questões sobre as quais os conservadores estão unidos e os trabalhistas, divididos, como a renovação do sistema Trident de dissuasão nuclear. "Precisamos voltar àquilo que fazemos melhor —descer a botina nos trabalhistas", disse um parlamentar conservador. Essa prioridade interessa à nova geração de parlamentares conservadores, que encaram com desagrado a disputa interna gerada pelo referendo. Muitos dos parlamentares eleitos nos últimos seis anos, embora céticos quanto à União Europeia, não compartilham dos sentimentos de seus colegas mais experientes em Westminster. "Não quero, dentro de 20 anos, ser definido antes de tudo como cético quanto à União Europeia; preocupo-me com muitas outras questões além dessa", disse um parlamentar que chegou a Westminster no ano passado e apoia a saída da União Europeia. "Não quero ferrar minha carreira pelos princípios dos outros." Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Debate por 'Brexit' causa 'guerra civil' entre os conservadores britânicos"Desonestos", "enganosos" e "esquálidos": Sir John Major, antigo primeiro-ministro britânico conhecido pelos bons modos, não economizou no vocabulário, alguns dias atrás, ao definir seus colegas conservadores que estão liderando a campanha para tirar o Reino Unido da União Europeia. "Os desatinos amargurados de um homem vingativo", replicou Jacob Rees-Mogg, membro do Parlamento pelo Partido Conservador e ardoroso adversário da integração britânica à União Europeia. Inicialmente, o primeiro-ministro David Cameron prometeu um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia como maneira de aquietar a rebelião dos conservadores que não apoiam a união. Mas a votação a ser realizada em 23 de junho —depois de uma venenosa campanha que opõe diferentes alas do Partido Conservador, de centro-direita— ameaça pôr fim à carreira política de Cameron, nos próximos dias, e envenenar o partido por anos. Um partido tão seriamente fracionado pode enfrentar dificuldades para continuar governando o Reino Unido nos quatro anos de mandato que lhe restam. Se os britânicos votarem por deixar a União Europeia, a maioria dos parlamentares acredita que Cameron renunciará ao posto. Mesmo que o voto seja pela permanência, ele pode ter de encarar uma disputa pela liderança do partido contra Boris Johnson, outro conservador, ex-prefeito de Londres e hoje um dos líderes da campanha pela saída do bloco europeu, e Johnson teria chances reais de vitória. GUERRA CIVIL O partido, que obteve uma vitória retumbante na eleição do ano passado, agora vive em estado de guerra civil. "Não quero apunhalar o primeiro-ministro pelas costas —quero apunhalá-lo pela frente, para poder ver sua cara quando o fizer", disse ao "Sunday Times" um dos parlamentares conservadores que se opõem à permanência britânica na União Europeia. Os partidários de Cameron não estão se comportando de modo muito mais contido. "O que o primeiro-ministro precisa fazer é fuzilar alguns dos rebeldes à beira da estrada", disse um veterano parlamentar sobre seus colegas conservadores. Os conservadores favoráveis a deixar a União Europeia estão enfurecidos com a campanha de Cameron para manter o Reino Unido como parte do bloco e com seus alertas severos sobre as consequências da saída. Alguns deles questionaram abertamente as realizações políticas de Cameron e contestaram sua integridade. Nadine Dorries, membro do Parlamento pelo Partido Conservador, acusou Cameron de "mentir profundamente" sobre as possíveis consequências de deixar a União Europeia. "Se o primeiro-ministro tivesse adotado uma postura menos parcial e se colocado acima da disputa, teria sido muito melhor para o partido", disse outro colega. INTEGRAÇÃO Os conservadores há muito se orgulham de ser o partido governista natural do Reino Unido, e os melhores condutores de sua economia. Mas há três décadas se veem divididos pela questão da integração com a Europa, que desafia os preceitos de soberania e nacionalidade do partido. Antes das dificuldades de Sir Major com a questão, Margaret Thatcher perdeu o poder em 1990 depois de entrar em disputa com seus assessores quanto à união monetária da Europa. Grande número de conservadores há muito veem Bruxelas como ameaça às tradições de livre mercado do Reino Unido e à soberania de seu Parlamento. Mas o partido se tornou quase que uniformemente cético quanto à União Europeia, depois da passagem de Sir Major por sua liderança, nos anos 90. Os desacordos de hoje concernem à forma que essa oposição à integração com a Europa deve tomar —se o Reino Unido deveria permanecer na União Europeia e buscar mudá-la ou se deveria sair. PRÓXIMAS ELEIÇÕES As tensões no debate sobre o referendo deste ano também foram alimentadas por ambições políticas e pela vulnerabilidade política do primeiro-ministro —ainda que, teoricamente, o governo devesse estar em ascensão, porque enfrenta uma oposição enfraquecida da parte do Partido Trabalhista, agora sob a liderança de Jeremy Corbyn, um socialista de extrema-esquerda. Cameron já prometeu que deixará o posto antes da eleição de 2020, e o referendo ofereceu uma plataforma aos candidatos à sua sucessão —especialmente Johnson, que se tornou o astro da campanha pela saída da União Europeia. As aparições diárias de Johnson na mídia permitiram que ele divulgasse propostas que às vezes parecem constituir um programa alternativo de governo. Já que a maioria funcional do governo no Parlamento é de apenas 17 cadeiras, um pequeno grupo de rebeldes extremistas poderia, para todos os efeitos, chantagear Cameron. É improvável que essa ala seja silenciada por uma vitória da campanha pela permanência na União Europeia. "Todos os problemas de nossa participação na União Europeia não desaparecerão se a campanha do 'fique' sair vitoriosa", disse Bernard Jenkin, um veterano parlamentar que participou das disputas com Sir Major nos anos 90. "Eles só vão piorar." Alguns analistas sugerem que o primeiro-ministro encontrará tamanha pressão que resistir será difícil. "Ele passou praticamente todo o seu tempo na liderança do partido tentando acomodar os inimigos da integração com a Europa", disse Tim Bale, conhecido historiador do Partido Conservador. "Mas sempre que Cameron lhes deu um dedo eles tomaram uma mão inteira e exigiram ainda mais." Bale prevê que a melhor esperança de Cameron seja acomodar seus adversários internos com medidas duras quanto a questões centrais como a imigração e um programa econômico liberal de direita. RENOVAÇÃO DO TRIDENT O partido também poderia buscar resolver suas divisões partindo para o ataque. Há forte expectativa de que Cameron tente desviar a agenda noticiosa para questões sobre as quais os conservadores estão unidos e os trabalhistas, divididos, como a renovação do sistema Trident de dissuasão nuclear. "Precisamos voltar àquilo que fazemos melhor —descer a botina nos trabalhistas", disse um parlamentar conservador. Essa prioridade interessa à nova geração de parlamentares conservadores, que encaram com desagrado a disputa interna gerada pelo referendo. Muitos dos parlamentares eleitos nos últimos seis anos, embora céticos quanto à União Europeia, não compartilham dos sentimentos de seus colegas mais experientes em Westminster. "Não quero, dentro de 20 anos, ser definido antes de tudo como cético quanto à União Europeia; preocupo-me com muitas outras questões além dessa", disse um parlamentar que chegou a Westminster no ano passado e apoia a saída da União Europeia. "Não quero ferrar minha carreira pelos princípios dos outros." Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Basta chuva forte e alagamento para avanço do cólera em áreas do Haiti
Em áreas do Haiti arrasadas pelo furacão Matthew, que matou centenas de pessoas no início de outubro, basta uma chuva forte seguida de alagamento para ver subir o total de casos de cólera. "O número aumentou imediatamente após o furacão [que passou na ilha na primeira semana de outubro], começou a cair com as medidas tomadas, mas com a chuva forte do último dia 20, cresceu de novo", afirma Jean Luc Poncelet, representante da Opas (braço da OMS para as Américas) no país. Apesar da temporada de chuvas favorecer a transmissão da doença, por água e comida contaminada, é possível medir pelos números o impacto que teve o furacão. A passagem do Matthew, em si, matou ao menos 546 pessoas segundo dados oficiais, mas agências de notícias relataram ao menos mil mortes. Nas cinco semanas antes do Matthew, a região de Grand'Anse (onde fica a cidade de Jérémie) registrava até 50 casos suspeitos de cólera por semana. Na semana do furacão, os registros pularam para 128. E, na semana seguinte, entre 9 e 15, foram a 313, segundo dados da Opas. "Esses números, em termos absolutos, ainda são gerenciáveis. Mas você percebe como o cólera está muito presente no Haiti", diz ele. A ONU calcula que mais de 9.200 pessoas morreram da doença no Haiti desde outubro de 2010, quando o cólera foi introduzido no país. Estudos científicos já apontaram evidências de que a doença tenha chegado ao Haiti com tropas na Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) vindas do Nepal para ajudar na reconstrução do país após o sismo de 2010, que matou mais de 200 mil haitianos. Entre 2010 e 2011, mais de 537 mil casos suspeitos foram registrados. O impacto do cólera, endêmico, caiu desde então —2015 registrou pouco mais de 36 mil casos. O debate sobre a responsabilidade das Nações Unidas na chegada do cólera no Haiti, porém, não arrefeceu. No fim de outubro, Philip Alston, relator especial de pobreza extrema e direitos humanos, especialista independente no sistema de direitos humanos da ONU, chamou de "uma desgraça" a forma como a organização lida com o caso. E cobrou a admissão de responsabilidade legal. Desde 2011, um grupo tenta obter, da organização, compensação financeira e o pedido formal de desculpas. O caso, que pretende virar uma ação coletiva em nome de 5.000 vítimas, está na Justiça norte-americana desde 2013, mas sem sucesso até aqui pela atribuída imunidade às Nações Unidas. O próximo passo seria ir à Suprema Corte, após a rejeição de um recurso em agosto. "Estamos em compasso de espera", diz Beatrice Lindstrom, advogada do IJDH (Instituto para Justiça e Democracia no Haiti), uma das entidades que atuam no caso. "A rejeição do nosso recurso coincidiu com o anúncio pela ONU de um novo plano para o cólera no Haiti, então parece que eles finalmente estão reconhecendo um papel na epidemia e dizendo que farão algo", afirma. Este ano, a ONU reconheceu seu possível envolvimento no caso e falou em "responsabilidade moral". No fim do mês, a organização disse que tenta levantar US$ 200 milhões como compensação às famílias dos que morreram. ÁGUA E ESGOTO O haitiano Carl Frédéric, coordenador-adjunto dos Médicos Sem Fronteiras no país, diz que o maior problema que eles enfrentam, hoje, é acesso à água potável —que já era um obstáculo no passado e foi agravado após a destruição e contaminação provocadas pelo furacão Matthew (estima-se que 90% do sistema de água encanada no sudoeste do Haiti foi danificada). "Todos precisam ter acesso à água potável, é o ponto principal. Em segundo lugar, é preciso promoção da higiene, que precisa ser reforçada, porque as pessoas tendem, quando não há promoção da higiene, a achar que não há mais cólera", afirma ele. Poncelet faz uma comparação com a realidade paulistana. "Se você tem uma epidemia em São Paulo, uma família de cinco pessoas com cólera, você provavelmente teria contaminação dos contatos diretos das pessoas, mas não espalharia, porque há acesso amplo a água e redes de saneamento", diz. Dominique Legros, especialista em cólera da Organização Mundial de Saúde, ressalta que o total de casos caiu 90% entre 2011 e 2015 e que, com a grande contaminação do ambiente pela bactéria e a precária infraestrutura do país, não chega a ser uma surpresa que se leve alguns anos para controlar a doença. Legros destaca a importância de investir no país não apenas emergencialmente e se diz otimista sobre a eliminação do cólera no Haiti. "É possível. Tenho certeza de que é possível", afirma.
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Basta chuva forte e alagamento para avanço do cólera em áreas do HaitiEm áreas do Haiti arrasadas pelo furacão Matthew, que matou centenas de pessoas no início de outubro, basta uma chuva forte seguida de alagamento para ver subir o total de casos de cólera. "O número aumentou imediatamente após o furacão [que passou na ilha na primeira semana de outubro], começou a cair com as medidas tomadas, mas com a chuva forte do último dia 20, cresceu de novo", afirma Jean Luc Poncelet, representante da Opas (braço da OMS para as Américas) no país. Apesar da temporada de chuvas favorecer a transmissão da doença, por água e comida contaminada, é possível medir pelos números o impacto que teve o furacão. A passagem do Matthew, em si, matou ao menos 546 pessoas segundo dados oficiais, mas agências de notícias relataram ao menos mil mortes. Nas cinco semanas antes do Matthew, a região de Grand'Anse (onde fica a cidade de Jérémie) registrava até 50 casos suspeitos de cólera por semana. Na semana do furacão, os registros pularam para 128. E, na semana seguinte, entre 9 e 15, foram a 313, segundo dados da Opas. "Esses números, em termos absolutos, ainda são gerenciáveis. Mas você percebe como o cólera está muito presente no Haiti", diz ele. A ONU calcula que mais de 9.200 pessoas morreram da doença no Haiti desde outubro de 2010, quando o cólera foi introduzido no país. Estudos científicos já apontaram evidências de que a doença tenha chegado ao Haiti com tropas na Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) vindas do Nepal para ajudar na reconstrução do país após o sismo de 2010, que matou mais de 200 mil haitianos. Entre 2010 e 2011, mais de 537 mil casos suspeitos foram registrados. O impacto do cólera, endêmico, caiu desde então —2015 registrou pouco mais de 36 mil casos. O debate sobre a responsabilidade das Nações Unidas na chegada do cólera no Haiti, porém, não arrefeceu. No fim de outubro, Philip Alston, relator especial de pobreza extrema e direitos humanos, especialista independente no sistema de direitos humanos da ONU, chamou de "uma desgraça" a forma como a organização lida com o caso. E cobrou a admissão de responsabilidade legal. Desde 2011, um grupo tenta obter, da organização, compensação financeira e o pedido formal de desculpas. O caso, que pretende virar uma ação coletiva em nome de 5.000 vítimas, está na Justiça norte-americana desde 2013, mas sem sucesso até aqui pela atribuída imunidade às Nações Unidas. O próximo passo seria ir à Suprema Corte, após a rejeição de um recurso em agosto. "Estamos em compasso de espera", diz Beatrice Lindstrom, advogada do IJDH (Instituto para Justiça e Democracia no Haiti), uma das entidades que atuam no caso. "A rejeição do nosso recurso coincidiu com o anúncio pela ONU de um novo plano para o cólera no Haiti, então parece que eles finalmente estão reconhecendo um papel na epidemia e dizendo que farão algo", afirma. Este ano, a ONU reconheceu seu possível envolvimento no caso e falou em "responsabilidade moral". No fim do mês, a organização disse que tenta levantar US$ 200 milhões como compensação às famílias dos que morreram. ÁGUA E ESGOTO O haitiano Carl Frédéric, coordenador-adjunto dos Médicos Sem Fronteiras no país, diz que o maior problema que eles enfrentam, hoje, é acesso à água potável —que já era um obstáculo no passado e foi agravado após a destruição e contaminação provocadas pelo furacão Matthew (estima-se que 90% do sistema de água encanada no sudoeste do Haiti foi danificada). "Todos precisam ter acesso à água potável, é o ponto principal. Em segundo lugar, é preciso promoção da higiene, que precisa ser reforçada, porque as pessoas tendem, quando não há promoção da higiene, a achar que não há mais cólera", afirma ele. Poncelet faz uma comparação com a realidade paulistana. "Se você tem uma epidemia em São Paulo, uma família de cinco pessoas com cólera, você provavelmente teria contaminação dos contatos diretos das pessoas, mas não espalharia, porque há acesso amplo a água e redes de saneamento", diz. Dominique Legros, especialista em cólera da Organização Mundial de Saúde, ressalta que o total de casos caiu 90% entre 2011 e 2015 e que, com a grande contaminação do ambiente pela bactéria e a precária infraestrutura do país, não chega a ser uma surpresa que se leve alguns anos para controlar a doença. Legros destaca a importância de investir no país não apenas emergencialmente e se diz otimista sobre a eliminação do cólera no Haiti. "É possível. Tenho certeza de que é possível", afirma.
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Ex-ministro das Relações Exteriores da Alemanha morre aos 54 em Colônia
O ex-ministro de Relações Exteriores da Alemanha Guido Westerwelle morreu nesta sexta-feira (18) em um hospital de Colônia, aos 54 anos. Ele havia sido diagnosticado em 2014 com leucemia mieloide aguda (células cancerosas malignas no sangue e na medula óssea) e estava internado desde novembro do ano passado. Ele comandou o Ministério do Exterior entre 2009 e 2013, durante o segundo mandato da chanceler Angela Merkel. O anúncio foi feito no site da Fundação Westerwelle, acompanhado da seguinte mensagem, assinada pelo ex-ministro e por seu parceiro, Michael Kronz: "Nós lutamos. Tínhamos um objetivo em mente. Nós somos gratos pelo tempo inacreditavelmente agradável que passamos juntos. O amor fica." Westerwelle revelou sua homossexualidade em 2004, numa entrevista ao tabloide alemão "Bild". Durante seu período no ministério, Westerwelle se destacou pela posição dura em relação ao escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), revelado pelo técnico Edward Snowden. A Alemanha foi um dos países que mais criticaram o governo americano –a chanceler Angela Merkel era uma das autoridades espionadas, e o presidente Barack Obama lhe pediu desculpas. Westerwelle também foi presidente do Partido Liberal (FDP, na sigla em alemão) entre 2001 e 2011. A tradicional sigla chegou a formar a coalizão com Merkel em seu segundo gabinete, mas em 2013 não conseguiu superar a cláusula de barreira de 5% nas eleições gerais e perdeu todas as 93 cadeiras que tinha no Parlamento. Sem representação no governo, Westerwelle deixou a política e criou uma fundação com seu nome, com o objetivo de promover o diálogo internacional.
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Ex-ministro das Relações Exteriores da Alemanha morre aos 54 em ColôniaO ex-ministro de Relações Exteriores da Alemanha Guido Westerwelle morreu nesta sexta-feira (18) em um hospital de Colônia, aos 54 anos. Ele havia sido diagnosticado em 2014 com leucemia mieloide aguda (células cancerosas malignas no sangue e na medula óssea) e estava internado desde novembro do ano passado. Ele comandou o Ministério do Exterior entre 2009 e 2013, durante o segundo mandato da chanceler Angela Merkel. O anúncio foi feito no site da Fundação Westerwelle, acompanhado da seguinte mensagem, assinada pelo ex-ministro e por seu parceiro, Michael Kronz: "Nós lutamos. Tínhamos um objetivo em mente. Nós somos gratos pelo tempo inacreditavelmente agradável que passamos juntos. O amor fica." Westerwelle revelou sua homossexualidade em 2004, numa entrevista ao tabloide alemão "Bild". Durante seu período no ministério, Westerwelle se destacou pela posição dura em relação ao escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), revelado pelo técnico Edward Snowden. A Alemanha foi um dos países que mais criticaram o governo americano –a chanceler Angela Merkel era uma das autoridades espionadas, e o presidente Barack Obama lhe pediu desculpas. Westerwelle também foi presidente do Partido Liberal (FDP, na sigla em alemão) entre 2001 e 2011. A tradicional sigla chegou a formar a coalizão com Merkel em seu segundo gabinete, mas em 2013 não conseguiu superar a cláusula de barreira de 5% nas eleições gerais e perdeu todas as 93 cadeiras que tinha no Parlamento. Sem representação no governo, Westerwelle deixou a política e criou uma fundação com seu nome, com o objetivo de promover o diálogo internacional.
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Para governo, venda da Eletrobras não precisa de autorização do Congresso
O governo Michel Temer avalia que a privatização da Eletrobras não terá que passar pelo Congresso para ser concluída, até o segundo semestre do ano que vem. Segundo o ministro Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e técnicos da Casa Civil consultados pela reportagem, apesar de haver divergência sobre o tema entre o dispositivo interno da estatal e o Programa Nacional de Desestatização, a norma federal é o que prevalece e, portanto, não será necessário o aval dos parlamentares para que a empresa seja vendida. "O que precisa passar pelo Congresso é a medida provisória que vai oferecer à Eletrobras o conjunto de usinas cotizadas que foi retirado da empresa com a MP 579. O governo vai ofertar à Eletrobras o direito de ter de volta essas usinas", afirma o ministro. A lei nacional será utilizada pelo Palácio do Planalto como argumento a aliados que detêm cargos no setor elétrico e, por isso, resistem à privatização da estatal, como mostrou a Folha. Auxiliares próximos a Temer admitem que políticos do PMDB, como o ex-presidente José Sarney (AP) e os senadores Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA), querem manter feudos no setor elétrico e que, por isso, reagem contra a decisão anunciada pelo governo. Mapeamento do Planalto dá conta de cargos de aliados do peemedebista na Eletronorte, Eletrosul, Itaipu, Furnas, Chesf, entre outras. O presidente, que participou pessoalmente do processo decisório para a venda da estatal, já começou a ouvir as reclamações e demandas dos aliados, de acordo com assessores, mas vai adotar o discurso de que a lei nacional é o que vale e que a privatização será importante para ajudar a cobrir o deficit previsto para o próximo ano, de R$ 159 bilhões. Ex-ministro de Minas e Energia, Lobão, por exemplo, já falou publicamente contra a privatização. RESISTÊNCIA Apesar de conseguir driblar o Congresso para implantar seu programa de prvatizações, o governo também gerou contrariedade entre partidos aliados que detém o comando político de outros setores afetados pelo pacote, além do sistema elétrico. A cúpula PR, por exemplo, reprovou a decisão de incluir o aeroporto de Congonhas na lista de privatizações. O partido ocupa desde 2003 o Ministério dos Transportes, atualmente responsável pela Secretaria de Aviação Civil e pela Infraero. "Somos totalmente contrários a isso. É o aeroporto mais rentável da Infraero e essa decisão acaba com a empresa", diz o líder do partido na Câmara, José Rocha (BA). Parte do PP, que comanda a Caixa, também criticou a decisão de vender a Lotex –a "raspadinha" operada pelo banco. "Isso prejudica as pequenas loterias que são concessionárias da Caixa. Sou contra essa decisão", afirma o deputado Arthur Lira (AL), líder da sigla.
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Para governo, venda da Eletrobras não precisa de autorização do CongressoO governo Michel Temer avalia que a privatização da Eletrobras não terá que passar pelo Congresso para ser concluída, até o segundo semestre do ano que vem. Segundo o ministro Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e técnicos da Casa Civil consultados pela reportagem, apesar de haver divergência sobre o tema entre o dispositivo interno da estatal e o Programa Nacional de Desestatização, a norma federal é o que prevalece e, portanto, não será necessário o aval dos parlamentares para que a empresa seja vendida. "O que precisa passar pelo Congresso é a medida provisória que vai oferecer à Eletrobras o conjunto de usinas cotizadas que foi retirado da empresa com a MP 579. O governo vai ofertar à Eletrobras o direito de ter de volta essas usinas", afirma o ministro. A lei nacional será utilizada pelo Palácio do Planalto como argumento a aliados que detêm cargos no setor elétrico e, por isso, resistem à privatização da estatal, como mostrou a Folha. Auxiliares próximos a Temer admitem que políticos do PMDB, como o ex-presidente José Sarney (AP) e os senadores Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA), querem manter feudos no setor elétrico e que, por isso, reagem contra a decisão anunciada pelo governo. Mapeamento do Planalto dá conta de cargos de aliados do peemedebista na Eletronorte, Eletrosul, Itaipu, Furnas, Chesf, entre outras. O presidente, que participou pessoalmente do processo decisório para a venda da estatal, já começou a ouvir as reclamações e demandas dos aliados, de acordo com assessores, mas vai adotar o discurso de que a lei nacional é o que vale e que a privatização será importante para ajudar a cobrir o deficit previsto para o próximo ano, de R$ 159 bilhões. Ex-ministro de Minas e Energia, Lobão, por exemplo, já falou publicamente contra a privatização. RESISTÊNCIA Apesar de conseguir driblar o Congresso para implantar seu programa de prvatizações, o governo também gerou contrariedade entre partidos aliados que detém o comando político de outros setores afetados pelo pacote, além do sistema elétrico. A cúpula PR, por exemplo, reprovou a decisão de incluir o aeroporto de Congonhas na lista de privatizações. O partido ocupa desde 2003 o Ministério dos Transportes, atualmente responsável pela Secretaria de Aviação Civil e pela Infraero. "Somos totalmente contrários a isso. É o aeroporto mais rentável da Infraero e essa decisão acaba com a empresa", diz o líder do partido na Câmara, José Rocha (BA). Parte do PP, que comanda a Caixa, também criticou a decisão de vender a Lotex –a "raspadinha" operada pelo banco. "Isso prejudica as pequenas loterias que são concessionárias da Caixa. Sou contra essa decisão", afirma o deputado Arthur Lira (AL), líder da sigla.
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Para ministro, governo deve evitar que denúncias afetem votos no Congresso
Primeiro ministro a sair em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta (4), Miguel Rossetto (Trabalho e Emprego) avaliou que o petista foi alvo de um "ato de arbítrio e violência" e disse esperar que sejam corrigidos desvios de integrantes de instituições envolvidas na Operação Lava Jato. Ele defendeu que, a partir de agora, o governo federal deve trabalhar para que as suspeitas e acusações não afetem a votação de propostas consideradas prioritárias pelo Palácio do Planalto no Congresso, como a recriação da CPMF e a reforma previdenciária. Para ele, a operação contra o petista não afetou seu patrimônio político e não acaba com a possibilidade dele disputar a sucessão presidencial em 2018. * Como o senhor avaliou a expedição de um mandado de condução coercitiva e a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está acima da lei. Mas nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está também abaixo da lei. O que nós assistimos não foi um ato de Justiça, ocorreu a violação de direitos, o que é inaceitável. Lula, em todos os momentos, colocou-se à disposição do Poder Judiciário e prestou todas as informações. Ele merece o respeito pela sua liderança, pela sua história e por ser referência internacional. O senhor acredita que o próximo passo da Polícia Federal é um movimento mais efetivo de cerco contra a presidente? Eu acredito nas instituições e na garantia de que não haverá arbítrio e violência. Nós devemos acreditar e fortalecer a conduta das instituições e corrigir desvios de membros das instituições. O senhor avalia que a Polícia Federal têm agido com excessos? O ato foi de arbítrio e de violência. Quando o senhor fala em instituições, refere-se a quem? A várias instituições, porque há um debate aberto entre membros das instituições sobre esse tema. Há, por exemplo, um debate aberto dentro do Poder Judiciário, entre juízes. Como o governo federal atuará para evitar que o desgaste causado pela operação fortaleça o movimento pelo impeachment da petista? Não há fundamento, não há julgamento e não há fato comprovado. Não há nada que justifique o impeachment. Nós temos que interromper uma escalada onde as denúncias são feitas e depois descartadas. Há um desrespeito claro à legalidade. Com a imagem do Palácio do Planalto afetada pelas suspeitas recentes, não fica cada vez mais difícil aprovar no Congresso Nacional medidas como CPMF e a reforma da Previdência? É evidente que temos de ter um clima de responsabilidade, onde os temas que importam ao país façam parte de um ambiente responsável. Nós temos de trabalhar para que eles não sejam afetados. E que se construa uma base de unidade em torno desses temas. Nas últimas revelações, inclusive sobre a deleção premiada de Delcídio do Amaral, o Palácio do Planalto tem evitado fazer uma defesa enfática do petista. O senhor tem sentido falta de manifestações de solidariedade pela presidente Dilma Rousseff? Ao contrário, eu tenho visto solidariedade e o apoio por parte da presidente ao ex-presidente. As suspeitas e acusações contra o petista ameaçam o patrimônio político dele? O ex-presidente tem um patrimônio extraordinário e ele será preservado. Com tantas acusações contra ele, o petista ainda tem condições de disputar a sucessão presidencial em 2018? Claro que sim. Ele é uma liderança extraordinária e terá todas as condições de disputar em 2018. Fatos como esses criam um amplo processo de mobilização da sociedade em defesa da democracia e de um processo político.
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Para ministro, governo deve evitar que denúncias afetem votos no CongressoPrimeiro ministro a sair em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta (4), Miguel Rossetto (Trabalho e Emprego) avaliou que o petista foi alvo de um "ato de arbítrio e violência" e disse esperar que sejam corrigidos desvios de integrantes de instituições envolvidas na Operação Lava Jato. Ele defendeu que, a partir de agora, o governo federal deve trabalhar para que as suspeitas e acusações não afetem a votação de propostas consideradas prioritárias pelo Palácio do Planalto no Congresso, como a recriação da CPMF e a reforma previdenciária. Para ele, a operação contra o petista não afetou seu patrimônio político e não acaba com a possibilidade dele disputar a sucessão presidencial em 2018. * Como o senhor avaliou a expedição de um mandado de condução coercitiva e a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está acima da lei. Mas nenhum cidadão, nem mesmo o ex-presidente Lula, está também abaixo da lei. O que nós assistimos não foi um ato de Justiça, ocorreu a violação de direitos, o que é inaceitável. Lula, em todos os momentos, colocou-se à disposição do Poder Judiciário e prestou todas as informações. Ele merece o respeito pela sua liderança, pela sua história e por ser referência internacional. O senhor acredita que o próximo passo da Polícia Federal é um movimento mais efetivo de cerco contra a presidente? Eu acredito nas instituições e na garantia de que não haverá arbítrio e violência. Nós devemos acreditar e fortalecer a conduta das instituições e corrigir desvios de membros das instituições. O senhor avalia que a Polícia Federal têm agido com excessos? O ato foi de arbítrio e de violência. Quando o senhor fala em instituições, refere-se a quem? A várias instituições, porque há um debate aberto entre membros das instituições sobre esse tema. Há, por exemplo, um debate aberto dentro do Poder Judiciário, entre juízes. Como o governo federal atuará para evitar que o desgaste causado pela operação fortaleça o movimento pelo impeachment da petista? Não há fundamento, não há julgamento e não há fato comprovado. Não há nada que justifique o impeachment. Nós temos que interromper uma escalada onde as denúncias são feitas e depois descartadas. Há um desrespeito claro à legalidade. Com a imagem do Palácio do Planalto afetada pelas suspeitas recentes, não fica cada vez mais difícil aprovar no Congresso Nacional medidas como CPMF e a reforma da Previdência? É evidente que temos de ter um clima de responsabilidade, onde os temas que importam ao país façam parte de um ambiente responsável. Nós temos de trabalhar para que eles não sejam afetados. E que se construa uma base de unidade em torno desses temas. Nas últimas revelações, inclusive sobre a deleção premiada de Delcídio do Amaral, o Palácio do Planalto tem evitado fazer uma defesa enfática do petista. O senhor tem sentido falta de manifestações de solidariedade pela presidente Dilma Rousseff? Ao contrário, eu tenho visto solidariedade e o apoio por parte da presidente ao ex-presidente. As suspeitas e acusações contra o petista ameaçam o patrimônio político dele? O ex-presidente tem um patrimônio extraordinário e ele será preservado. Com tantas acusações contra ele, o petista ainda tem condições de disputar a sucessão presidencial em 2018? Claro que sim. Ele é uma liderança extraordinária e terá todas as condições de disputar em 2018. Fatos como esses criam um amplo processo de mobilização da sociedade em defesa da democracia e de um processo político.
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Doria extinguirá programa, mas manterá ações anticrack de Haddad
A administração do prefeito eleito João Doria (PSDB) vai acabar com o programa Braços Abertos, marca da gestão Fernando Haddad (PT), na cracolândia. Manterá, porém, parte de suas ações, incorporadas e condicionadas ao Recomeço, da gestão estadual de Geraldo Alckmin (PSDB). Essências do programa de Haddad, a hospedagem e a remuneração por trabalhos específicos (como varrição) serão preservadas, mas sob uma condição: que os dependentes se comprometam a fazer tratamentos e desintoxicação ligados ao Recomeço, segundo o secretário de Desenvolvimento Social do Estado, o tucano Floriano Pesaro. O certo é que a bandeira anticrack da gestão petista perderá o nome, como Doria já havia prometido. "Tudo será Recomeço", diz o secretário do governo Geraldo Alckmin. Os programas da prefeitura da cidade e do Estado de SP para dependentes de crack têm princípios opostos. O Recomeço, criado em 2013 pela gestão Alckmin, propõe tratamentos por internação, às vezes involuntárias, e passagens por comunidades terapêuticas. Já o de Haddad, do início de 2014, preconiza a redução de danos: o dependente deve diminuir o consumo das drogas enquanto aumenta sua autonomia, sem internação, por meio da oferta de emprego e moradia. Beneficiários vivem em hotéis e trabalham em serviços como varrição e reciclagem. Com avanços lentos e pontuais, essas ações são alvo de críticas, especialmente pelo cenário desolador que pouco muda na cracolândia, com usuários perambulando pelo centro da cidade e o tráfico de drogas sempre presente. TRANSIÇÃO Com a eleição de Doria, beneficiários do Braços Abertos temem ser despachados. Mas, segundo o secretário de Alckmin, o que acontecerá a partir de janeiro é a "integração" entre os programas. "É óbvio que ninguém vai ficar sem moradia, ninguém vai ser posto para fora [dos hotéis]." Quem mora nos hotéis do programa ficará ali "o período necessário para fazer sua reinserção social". E o trabalho será mantido, desde que se comprove que "o sujeito esteja disposto a largar a droga". Pesaro diz que Doria "está de acordo" com as propostas. "Está sendo combinado com ele. Isso já foi amplamente discutido na formulação de seu programa de governo." Professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, Jair Mari diz que "tem pacientes que vão se dar bem com um programa e outros com outro". "Por que não combinar os dois programas?" Já para o psiquiatra Dartiu Xavier, também professor da Unifesp e ex-integrante do Braços Abertos, "esse híbrido pode se tornar um 'Frankenstein', e a maioria não vai querer passar obrigatoriamente por tratamento para ter moradia e trabalho. "O caminho é melhorar a vida antes de tirar a droga, e não o contrário." PROGRAMAS Hoje, os usuários usam a estrutura de ambos. Sob o ardente sol de quarta (19), eles consumiam crack no meio da rua; outros esperavam para tomar banho no prédio do Recomeço, um dos serviços que elogiam. Em frente, na tenda do Braços Abertos, com violão e pandeiro, um grupo participava de uma sessão musical com técnicos da ação. A taxa de sucesso dos projetos é aferida de forma diferente: no caso do Recomeço, o governo diz que o índice de recuperação é de 70%, sem mostrar dados que comprovem a estatística. Segundo a gestão, das 2.817 pessoas que passaram em comunidades terapêuticas em 2015, 1.809 continuaram referenciadas nos serviços de saúde e 862 nos serviços de assistência social –mas não há detalhes de que forma e com que frequência. Já no Braços Abertos, segundo pesquisa da Plataforma Brasileira de Política de Droga, 67% reduziram o uso de crack após ingressar no programa. Mas foram colhidos depoimentos de só 80 beneficiários, quando o total era de 370. Hoje, são cerca de 500. A equipe de Doria diz que "nada será interrompido, mas sim, possivelmente, transformado". "Inicialmente será feito o plano de transição do modelo de atendimento", disse, em nota. Para Paulo Leal, 53, ex-usuário há dois anos, "nenhum projeto sozinho consegue tirar alguém das drogas –80% depende do usuário". Mesmo assim, avalia, a cracolândia, onde ele viveu por dez anos, "nunca vai acabar". CARTAS AO PREFEITO No dia seguinte à eleição de João Doria (PSDB), os moradores de um edifício no centro da capital pediram não uma (como é o normal), mas duas assembleias entre eles. Como uma terapia em grupo, desabafaram sobre um medo em comum: perder o teto e o emprego quando Doria assumir a prefeitura. Um grupo de 106 beneficiários do Braços Abertos, programa da prefeitura, mora ali desde 1º de agosto, quando o prédio com 27 quartos foi inaugurado. O último dos sete andares, com sala de TV e laje onde às vezes há churrascos, abriga as assembleias. Foi ali que, dois dias após as eleições e um dia depois da assembleia, assistiram a uma entrevista na qual ouviram Doria dizer que os usuários da cracolândia eram "pessoas condenadas à morte". Esses beneficiários moraram anos na rua, no meio da cracolândia, a 1,5 km dali. Hoje, admitem voltar para lá de vez em quando para comprar pedras de crack. Continuam usando, mas com menos frequência, segundo dizem. Miúda, Fernanda Dias, 35, abre um sorriso quando recebe a reportagem em seu quarto. Ela está varrendo o chão, e o cão do vizinho, Pancinha, brinca com ela, que pede "desculpa pela bagunça", embora o quarto esteja organizado. Cabeleireira pelo Braços Abertos, vive com o marido no prédio. Os dois se conheceram na cracolândia, para onde voltam aos fins de semana para fumar crack. "Durante a semana, não fumamos mais. Andamos mais limpinhos, demos uma engordada", diz ela, usuária há 11 anos, com cinco de cracolândia nas costas. "Se não estivéssemos aqui, estaríamos no fluxo usando a droga." "São quase 13h e eu não fumei nenhuma pedra", constata Yóry Kym, 56. "Antes do projeto, já teria fumado quatro. Hoje, passo dois, três dias sem fumar." Orgulhoso das manchas de tinta em sua roupa, resultado de seu trabalho pintando telas, ele diz que "estaria numa calçada qualquer" se não estivesse no hotel. "Se o programa acabar, vou ter que morar na rua de novo." Ele diz gostar de ter um lugar para se fechar e guardar suas tintas e telas. E é crítico do tratamento por internação –"voltam loucos por um trago, na maior fissura"– e nas clínicas religiosas –"nunca ouvi dizer que 'Ave Maria' desintoxica drogado." Depois de viver o medo com o possível fim do programa, os moradores do prédio agora discutem soluções. Escreveram cartas para o prefeito eleito e pediram para o coordenador do hotel gravar vídeos para colocar em redes sociais, contando suas histórias. As cartas foram entregues a Eduardo Suplicy (PT), eleito vereador, para que ele repasse a Doria. Ele diz que o fará em novembro, quando têm um encontro marcado. Nas cartas, usuários falam sobre como querem melhorar, lembram suas famílias, agradecem técnicos do projeto, fazem reclamações, como a de que os quartos não são limpos, e pedem que Doria mantenha o Braços Abertos.
cotidiano
Doria extinguirá programa, mas manterá ações anticrack de HaddadA administração do prefeito eleito João Doria (PSDB) vai acabar com o programa Braços Abertos, marca da gestão Fernando Haddad (PT), na cracolândia. Manterá, porém, parte de suas ações, incorporadas e condicionadas ao Recomeço, da gestão estadual de Geraldo Alckmin (PSDB). Essências do programa de Haddad, a hospedagem e a remuneração por trabalhos específicos (como varrição) serão preservadas, mas sob uma condição: que os dependentes se comprometam a fazer tratamentos e desintoxicação ligados ao Recomeço, segundo o secretário de Desenvolvimento Social do Estado, o tucano Floriano Pesaro. O certo é que a bandeira anticrack da gestão petista perderá o nome, como Doria já havia prometido. "Tudo será Recomeço", diz o secretário do governo Geraldo Alckmin. Os programas da prefeitura da cidade e do Estado de SP para dependentes de crack têm princípios opostos. O Recomeço, criado em 2013 pela gestão Alckmin, propõe tratamentos por internação, às vezes involuntárias, e passagens por comunidades terapêuticas. Já o de Haddad, do início de 2014, preconiza a redução de danos: o dependente deve diminuir o consumo das drogas enquanto aumenta sua autonomia, sem internação, por meio da oferta de emprego e moradia. Beneficiários vivem em hotéis e trabalham em serviços como varrição e reciclagem. Com avanços lentos e pontuais, essas ações são alvo de críticas, especialmente pelo cenário desolador que pouco muda na cracolândia, com usuários perambulando pelo centro da cidade e o tráfico de drogas sempre presente. TRANSIÇÃO Com a eleição de Doria, beneficiários do Braços Abertos temem ser despachados. Mas, segundo o secretário de Alckmin, o que acontecerá a partir de janeiro é a "integração" entre os programas. "É óbvio que ninguém vai ficar sem moradia, ninguém vai ser posto para fora [dos hotéis]." Quem mora nos hotéis do programa ficará ali "o período necessário para fazer sua reinserção social". E o trabalho será mantido, desde que se comprove que "o sujeito esteja disposto a largar a droga". Pesaro diz que Doria "está de acordo" com as propostas. "Está sendo combinado com ele. Isso já foi amplamente discutido na formulação de seu programa de governo." Professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, Jair Mari diz que "tem pacientes que vão se dar bem com um programa e outros com outro". "Por que não combinar os dois programas?" Já para o psiquiatra Dartiu Xavier, também professor da Unifesp e ex-integrante do Braços Abertos, "esse híbrido pode se tornar um 'Frankenstein', e a maioria não vai querer passar obrigatoriamente por tratamento para ter moradia e trabalho. "O caminho é melhorar a vida antes de tirar a droga, e não o contrário." PROGRAMAS Hoje, os usuários usam a estrutura de ambos. Sob o ardente sol de quarta (19), eles consumiam crack no meio da rua; outros esperavam para tomar banho no prédio do Recomeço, um dos serviços que elogiam. Em frente, na tenda do Braços Abertos, com violão e pandeiro, um grupo participava de uma sessão musical com técnicos da ação. A taxa de sucesso dos projetos é aferida de forma diferente: no caso do Recomeço, o governo diz que o índice de recuperação é de 70%, sem mostrar dados que comprovem a estatística. Segundo a gestão, das 2.817 pessoas que passaram em comunidades terapêuticas em 2015, 1.809 continuaram referenciadas nos serviços de saúde e 862 nos serviços de assistência social –mas não há detalhes de que forma e com que frequência. Já no Braços Abertos, segundo pesquisa da Plataforma Brasileira de Política de Droga, 67% reduziram o uso de crack após ingressar no programa. Mas foram colhidos depoimentos de só 80 beneficiários, quando o total era de 370. Hoje, são cerca de 500. A equipe de Doria diz que "nada será interrompido, mas sim, possivelmente, transformado". "Inicialmente será feito o plano de transição do modelo de atendimento", disse, em nota. Para Paulo Leal, 53, ex-usuário há dois anos, "nenhum projeto sozinho consegue tirar alguém das drogas –80% depende do usuário". Mesmo assim, avalia, a cracolândia, onde ele viveu por dez anos, "nunca vai acabar". CARTAS AO PREFEITO No dia seguinte à eleição de João Doria (PSDB), os moradores de um edifício no centro da capital pediram não uma (como é o normal), mas duas assembleias entre eles. Como uma terapia em grupo, desabafaram sobre um medo em comum: perder o teto e o emprego quando Doria assumir a prefeitura. Um grupo de 106 beneficiários do Braços Abertos, programa da prefeitura, mora ali desde 1º de agosto, quando o prédio com 27 quartos foi inaugurado. O último dos sete andares, com sala de TV e laje onde às vezes há churrascos, abriga as assembleias. Foi ali que, dois dias após as eleições e um dia depois da assembleia, assistiram a uma entrevista na qual ouviram Doria dizer que os usuários da cracolândia eram "pessoas condenadas à morte". Esses beneficiários moraram anos na rua, no meio da cracolândia, a 1,5 km dali. Hoje, admitem voltar para lá de vez em quando para comprar pedras de crack. Continuam usando, mas com menos frequência, segundo dizem. Miúda, Fernanda Dias, 35, abre um sorriso quando recebe a reportagem em seu quarto. Ela está varrendo o chão, e o cão do vizinho, Pancinha, brinca com ela, que pede "desculpa pela bagunça", embora o quarto esteja organizado. Cabeleireira pelo Braços Abertos, vive com o marido no prédio. Os dois se conheceram na cracolândia, para onde voltam aos fins de semana para fumar crack. "Durante a semana, não fumamos mais. Andamos mais limpinhos, demos uma engordada", diz ela, usuária há 11 anos, com cinco de cracolândia nas costas. "Se não estivéssemos aqui, estaríamos no fluxo usando a droga." "São quase 13h e eu não fumei nenhuma pedra", constata Yóry Kym, 56. "Antes do projeto, já teria fumado quatro. Hoje, passo dois, três dias sem fumar." Orgulhoso das manchas de tinta em sua roupa, resultado de seu trabalho pintando telas, ele diz que "estaria numa calçada qualquer" se não estivesse no hotel. "Se o programa acabar, vou ter que morar na rua de novo." Ele diz gostar de ter um lugar para se fechar e guardar suas tintas e telas. E é crítico do tratamento por internação –"voltam loucos por um trago, na maior fissura"– e nas clínicas religiosas –"nunca ouvi dizer que 'Ave Maria' desintoxica drogado." Depois de viver o medo com o possível fim do programa, os moradores do prédio agora discutem soluções. Escreveram cartas para o prefeito eleito e pediram para o coordenador do hotel gravar vídeos para colocar em redes sociais, contando suas histórias. As cartas foram entregues a Eduardo Suplicy (PT), eleito vereador, para que ele repasse a Doria. Ele diz que o fará em novembro, quando têm um encontro marcado. Nas cartas, usuários falam sobre como querem melhorar, lembram suas famílias, agradecem técnicos do projeto, fazem reclamações, como a de que os quartos não são limpos, e pedem que Doria mantenha o Braços Abertos.
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'Não fui preso, fui solto', afirma Maluf em depoimento no STF
Ao prestar depoimento na ação em que é acusado de ter praticado caixa dois nas eleições de 2010, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) adotou o discurso político. Afirmou que já dormiu embaixo de goteira, que não tem condenação e, perguntado se já havia sido preso, saiu-se com essa: 'Não fui preso, fui solto'. O deputado foi ouvido no STF (Supremo Tribunal federal) nesta quarta (24), onde tramita o processo em que ele é réu, acusado de fraude na prestação de contas. Segundo a denúncia do Ministério Público federal, a empresa Eucatex, pertencente à família de Maluf, bancou R$ 168,6 mil de sua campanha. De acordo com os procuradores, esse montante não foi informado à Justiça Eleitoral. O juiz auxiliar do gabinete do ministro Luiz Fux, relator do caso do Supremo, perguntou se o deputado já havia ido para a cadeia. "Excelência, muitas vezes me perguntam se fui preso. Eu respondo o seguinte, fui solto, pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou minha prisão ilegal, sem base legal. Não fui preso, fui solto pelo STF", afirmou. Maluf e seu filho, Flávio, foram detidos em 2005, suspeitos de crimes financeiros. Acabaram libertados 30 dias depois, por determinação do Supremo, que acolheu pedido de habeas corpus da defesa. Ao juiz, o deputado disse guardar uma mágoa do período em que passou no cárcere. Isso porque, segundo Maluf, ele jamais empregou parentes em cargos públicos. "Tenho aqui na vida pública um pequeno ressentimento, que prenderam meu filho. E eu, Paulo Salim Maluf, não tenho histórico de ter nomeado nenhum parente, irmãos, cunhados, sobrinhos, nunca, meu filho nunca exerceu nenhum papel público". Maluf e Flávio foram detidos porque, à época, eram suspeitos de terem cometido os crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O parlamentar, que foi governador de São Paulo e prefeito da capital, negou ao magistrado que já havia sido condenado. Em março deste ano, no entanto, a Justiça da França o condenou a três anos de prisão por lavagem de dinheiro. Maluf passou a figurar na lista de procurados da Interpol. COPA DE 70 O deputado lembrou ainda de uma ação popular da qual foi alvo na década de 70, quando resolveu presentear com um fusca cada um dos jogadores da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo daquele ano. Ele acabou absolvido décadas mais tarde. Ao falar sobre o ocorrido, Maluf disse que contribuiu para o título histórico, conquistado pela geração de Pelé, Tostão e Gerson. "Até quero dizer a vossa excelência que me sinto feliz de ter contribuído para o tricampeonado porque foi a festa mais linda que vi no Vale do Anhangabaú. Dois milhões de pessoas, eu era prefeito da cidade de São Paulo, com 37 anos, aplaudindo Pelé, Rivelino, Tostão, Leão. É uma das coisas que marcam o coração da gente, e eu sou um patriota convicto", considerou. E acrescentou que se sentiu injustiçado, já que teve de arcar com os custos do processo: "E acho muito injustas as ações populares porque a gente gasta recursos com advogados e quem propõe ações não tem custo nenhum no final", justificou. Maluf aproveitou para relatar supostas agruras vividas durante a corrida eleitoral. "Vou para comícios, feiras livres, para supermercados, programas de rádio, de televisão. A gente, normalmente, sai de casa 7h da manhã e, olha lá, quando pode chegar em casa 23h ou 24h[...]. Eu queria dizer que já dormi, excelência, em camas, onde a noite na chuva tinha goteiras. Mas para buscar o voto a gente tem que ir pessoalmente [...].", afirmou. ACUSAÇÕES Depois de dissertar sobre casos do passado e fazer brincadeiras, Maluf foi confrontado com as acusações do Ministério Público. Em relação às suspeitas, disse que, como candidato, jamais tomou conhecimento das questões financeiras relativas à campanha. "O candidato normalmente não fica no diretório ou fazendo contabilidade de campanha [...] Nunca tomei conta de finanças nenhuma de campanha. Não sei quanto recebeu, quanto gastou de gasolina no automóvel, nem quanto gastou de comício, era tudo pelo comitê financeiro que estava registrado no TRE", afirmou. O deputado reconheceu ser um dos fundadores da Eucatex, empresa de sua família que teria bancado despesas de campanha não declaradas, mas disse que não tem qualquer ingerência sobre a companhia há três décadas. "Excelência, a Constituição impede o deputado, senador, ministros, participem da diretoria ou do conselho. Mas sou um dos fundadores, mas não tenho participação nela, seguramente, há 30 anos", falou. O magistrado apresentou documentos e perguntou se Maluf reconhecia algumas das assinaturas que constavam nele. "Eu vou lhe confessar o seguinte, isso é mais letra de médico", opinou. Em seguida, porém, disse que se tratava da rubrica de tesoureiro de campanha, já falecido e que, segundo o deputado, era um homem "sério" e de sua "absoluta confiança". O juiz insistiu em saber se o parlamentar não tinha qualquer conhecimento a respeito do fluxo do caixa de sua campanha. Perguntou se a empresa da família do parlamentar pode ter pago despesas da campanha. "Não tenho conhecimento", disse Maluf, sucintamente. O magistrado continuou: "O senhor contratou empresa de artes gráficas em Sorocaba?". "Não, e não conheço essa empresa", disse o parlamentar. O juiz, então, questionou: "Se eles fizeram material para sua campanha, não foi a seu mando?". "Não tenho conhecimento", finalizou Maluf.
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'Não fui preso, fui solto', afirma Maluf em depoimento no STFAo prestar depoimento na ação em que é acusado de ter praticado caixa dois nas eleições de 2010, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) adotou o discurso político. Afirmou que já dormiu embaixo de goteira, que não tem condenação e, perguntado se já havia sido preso, saiu-se com essa: 'Não fui preso, fui solto'. O deputado foi ouvido no STF (Supremo Tribunal federal) nesta quarta (24), onde tramita o processo em que ele é réu, acusado de fraude na prestação de contas. Segundo a denúncia do Ministério Público federal, a empresa Eucatex, pertencente à família de Maluf, bancou R$ 168,6 mil de sua campanha. De acordo com os procuradores, esse montante não foi informado à Justiça Eleitoral. O juiz auxiliar do gabinete do ministro Luiz Fux, relator do caso do Supremo, perguntou se o deputado já havia ido para a cadeia. "Excelência, muitas vezes me perguntam se fui preso. Eu respondo o seguinte, fui solto, pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou minha prisão ilegal, sem base legal. Não fui preso, fui solto pelo STF", afirmou. Maluf e seu filho, Flávio, foram detidos em 2005, suspeitos de crimes financeiros. Acabaram libertados 30 dias depois, por determinação do Supremo, que acolheu pedido de habeas corpus da defesa. Ao juiz, o deputado disse guardar uma mágoa do período em que passou no cárcere. Isso porque, segundo Maluf, ele jamais empregou parentes em cargos públicos. "Tenho aqui na vida pública um pequeno ressentimento, que prenderam meu filho. E eu, Paulo Salim Maluf, não tenho histórico de ter nomeado nenhum parente, irmãos, cunhados, sobrinhos, nunca, meu filho nunca exerceu nenhum papel público". Maluf e Flávio foram detidos porque, à época, eram suspeitos de terem cometido os crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O parlamentar, que foi governador de São Paulo e prefeito da capital, negou ao magistrado que já havia sido condenado. Em março deste ano, no entanto, a Justiça da França o condenou a três anos de prisão por lavagem de dinheiro. Maluf passou a figurar na lista de procurados da Interpol. COPA DE 70 O deputado lembrou ainda de uma ação popular da qual foi alvo na década de 70, quando resolveu presentear com um fusca cada um dos jogadores da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo daquele ano. Ele acabou absolvido décadas mais tarde. Ao falar sobre o ocorrido, Maluf disse que contribuiu para o título histórico, conquistado pela geração de Pelé, Tostão e Gerson. "Até quero dizer a vossa excelência que me sinto feliz de ter contribuído para o tricampeonado porque foi a festa mais linda que vi no Vale do Anhangabaú. Dois milhões de pessoas, eu era prefeito da cidade de São Paulo, com 37 anos, aplaudindo Pelé, Rivelino, Tostão, Leão. É uma das coisas que marcam o coração da gente, e eu sou um patriota convicto", considerou. E acrescentou que se sentiu injustiçado, já que teve de arcar com os custos do processo: "E acho muito injustas as ações populares porque a gente gasta recursos com advogados e quem propõe ações não tem custo nenhum no final", justificou. Maluf aproveitou para relatar supostas agruras vividas durante a corrida eleitoral. "Vou para comícios, feiras livres, para supermercados, programas de rádio, de televisão. A gente, normalmente, sai de casa 7h da manhã e, olha lá, quando pode chegar em casa 23h ou 24h[...]. Eu queria dizer que já dormi, excelência, em camas, onde a noite na chuva tinha goteiras. Mas para buscar o voto a gente tem que ir pessoalmente [...].", afirmou. ACUSAÇÕES Depois de dissertar sobre casos do passado e fazer brincadeiras, Maluf foi confrontado com as acusações do Ministério Público. Em relação às suspeitas, disse que, como candidato, jamais tomou conhecimento das questões financeiras relativas à campanha. "O candidato normalmente não fica no diretório ou fazendo contabilidade de campanha [...] Nunca tomei conta de finanças nenhuma de campanha. Não sei quanto recebeu, quanto gastou de gasolina no automóvel, nem quanto gastou de comício, era tudo pelo comitê financeiro que estava registrado no TRE", afirmou. O deputado reconheceu ser um dos fundadores da Eucatex, empresa de sua família que teria bancado despesas de campanha não declaradas, mas disse que não tem qualquer ingerência sobre a companhia há três décadas. "Excelência, a Constituição impede o deputado, senador, ministros, participem da diretoria ou do conselho. Mas sou um dos fundadores, mas não tenho participação nela, seguramente, há 30 anos", falou. O magistrado apresentou documentos e perguntou se Maluf reconhecia algumas das assinaturas que constavam nele. "Eu vou lhe confessar o seguinte, isso é mais letra de médico", opinou. Em seguida, porém, disse que se tratava da rubrica de tesoureiro de campanha, já falecido e que, segundo o deputado, era um homem "sério" e de sua "absoluta confiança". O juiz insistiu em saber se o parlamentar não tinha qualquer conhecimento a respeito do fluxo do caixa de sua campanha. Perguntou se a empresa da família do parlamentar pode ter pago despesas da campanha. "Não tenho conhecimento", disse Maluf, sucintamente. O magistrado continuou: "O senhor contratou empresa de artes gráficas em Sorocaba?". "Não, e não conheço essa empresa", disse o parlamentar. O juiz, então, questionou: "Se eles fizeram material para sua campanha, não foi a seu mando?". "Não tenho conhecimento", finalizou Maluf.
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'Escadão fitness' da Sumaré atrai paulistanos que buscam corpo sarado
O músico Felipe Ricardo, 30, acelera o passo para transpor os 153 degraus que vão testar sua resistência após uma sequência de exercícios nas proximidades da avenida Sumaré, zona oeste de São Paulo. Enquanto ele dá um sprint para chegar ao topo da escadaria, a fisioterapeuta Hérica Nickel, 32, desce no sentido contrário com o suor escorrendo pela roupa de ginástica. Entre idas e vindas, serão pelo menos dez repetições que deixarão pernas e glúteos "queimando". Tudo em busca do corpo ideal. Todo dia é assim no escadão da Sumaré, como é conhecido o acesso que liga a praça Irmãos Karmann à rua André Dreifus. Solitários ou em grupos de até 20, atletas amadores transformaram aquele pedaço do bairro Sumaré num dos points mais procurados por quem adota a malhação ao ar livre. A ideia é sair do ambiente fechado das academias. O vaivém de pessoas, sob um sol escaldante, em movimentos que incluem pesos nos tornozelos e bolas medicinais fez do local uma espécie de centro de treinamento no domingo passado (17). A nova vocação do local deu vida à passagem, antigamente frequentada somente pelas poucas pessoas que se aventuravam ali para chegar à "parte de cima" do bairro. A Sumaré atrai esportistas não é de hoje, já que o canteiro central sempre foi usado para isso. Mas com a revitalização da ciclovia e o fechamento de parte da via para carros aos domingos, a procura vem aumentando. A escadaria entrou no circuito. GRAFITE E PLACA No melhor estilo Rocky Balboa –personagem do filme que ganhou o Oscar em 1977, estrelado por Silvester Stallone– o lutador de boxe Rodrigo Leite, 32, vai ao escadão toda semana não só para fazer os exercícios que mantêm suas pernas prontas para buscar cinturões na categoria médio-ligeiro, mas também para reunir amigos e alunos para treinar. Frequentador da escadaria desde 2001, entre 2015 e este ano decidiu fazer do acesso uma referência para quem gosta de se cuidar. Levou ali celebridades que expõem o corpo nas redes sociais, como a musa fitness e blogueira Gabriela Pugliesi. A apresentadora Sabrina Sato também é vista por ali. Fotos de Pugliesi exibindo seu abdômen esculpido com o escadão ao fundo circulam na web. Já Sabrina Sato se preparou ali para enfrentar o sambódromo como rainha de bateria da Gaviões da Fiel. Há cerca de um mês, Leite fez uma vaquinha entre seus seguidores e juntou R$ 800 para ajudar nos custos de um grafite que adorna os degraus. O artista plástico Antonio Massola desenhou ali carpas gigantes. "Tem uma simbologia. São peixes que nadam contra a corrente. A ideia é encorajar as pessoas a superar limites", diz Leite. O lutador diz que há alguns anos a escadaria estava abandonada, com poucos frequentadores. Para formalizar a intenção de transformar a área em point, Leite foi à subprefeitura da Lapa e pediu autorização para fazer pinturas. Para ele, a escadaria é um espaço democrático, pois é útil tanto para atletas profissionais que pegam mais pesado como para aqueles com ritmo mais abaixo. Além do novo grafite, Leite providenciou uma placa prateada, espécie de marco para formalizar a vocação do local para atrair atletas. "Não existe elevador para o sucesso. Você tem que subir degrau por degrau", diz.
cotidiano
'Escadão fitness' da Sumaré atrai paulistanos que buscam corpo saradoO músico Felipe Ricardo, 30, acelera o passo para transpor os 153 degraus que vão testar sua resistência após uma sequência de exercícios nas proximidades da avenida Sumaré, zona oeste de São Paulo. Enquanto ele dá um sprint para chegar ao topo da escadaria, a fisioterapeuta Hérica Nickel, 32, desce no sentido contrário com o suor escorrendo pela roupa de ginástica. Entre idas e vindas, serão pelo menos dez repetições que deixarão pernas e glúteos "queimando". Tudo em busca do corpo ideal. Todo dia é assim no escadão da Sumaré, como é conhecido o acesso que liga a praça Irmãos Karmann à rua André Dreifus. Solitários ou em grupos de até 20, atletas amadores transformaram aquele pedaço do bairro Sumaré num dos points mais procurados por quem adota a malhação ao ar livre. A ideia é sair do ambiente fechado das academias. O vaivém de pessoas, sob um sol escaldante, em movimentos que incluem pesos nos tornozelos e bolas medicinais fez do local uma espécie de centro de treinamento no domingo passado (17). A nova vocação do local deu vida à passagem, antigamente frequentada somente pelas poucas pessoas que se aventuravam ali para chegar à "parte de cima" do bairro. A Sumaré atrai esportistas não é de hoje, já que o canteiro central sempre foi usado para isso. Mas com a revitalização da ciclovia e o fechamento de parte da via para carros aos domingos, a procura vem aumentando. A escadaria entrou no circuito. GRAFITE E PLACA No melhor estilo Rocky Balboa –personagem do filme que ganhou o Oscar em 1977, estrelado por Silvester Stallone– o lutador de boxe Rodrigo Leite, 32, vai ao escadão toda semana não só para fazer os exercícios que mantêm suas pernas prontas para buscar cinturões na categoria médio-ligeiro, mas também para reunir amigos e alunos para treinar. Frequentador da escadaria desde 2001, entre 2015 e este ano decidiu fazer do acesso uma referência para quem gosta de se cuidar. Levou ali celebridades que expõem o corpo nas redes sociais, como a musa fitness e blogueira Gabriela Pugliesi. A apresentadora Sabrina Sato também é vista por ali. Fotos de Pugliesi exibindo seu abdômen esculpido com o escadão ao fundo circulam na web. Já Sabrina Sato se preparou ali para enfrentar o sambódromo como rainha de bateria da Gaviões da Fiel. Há cerca de um mês, Leite fez uma vaquinha entre seus seguidores e juntou R$ 800 para ajudar nos custos de um grafite que adorna os degraus. O artista plástico Antonio Massola desenhou ali carpas gigantes. "Tem uma simbologia. São peixes que nadam contra a corrente. A ideia é encorajar as pessoas a superar limites", diz Leite. O lutador diz que há alguns anos a escadaria estava abandonada, com poucos frequentadores. Para formalizar a intenção de transformar a área em point, Leite foi à subprefeitura da Lapa e pediu autorização para fazer pinturas. Para ele, a escadaria é um espaço democrático, pois é útil tanto para atletas profissionais que pegam mais pesado como para aqueles com ritmo mais abaixo. Além do novo grafite, Leite providenciou uma placa prateada, espécie de marco para formalizar a vocação do local para atrair atletas. "Não existe elevador para o sucesso. Você tem que subir degrau por degrau", diz.
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Erramos: Editorial: Sanear a rede
Diferentemente do que informou o editorial "Sanear a rede", publicado na versão impressa e no site da Folha (Opinião - 07/06/2015 - 02h00), os percentuais de coleta e tratamento de esgotos nos municípios da região metropolitana de São Paulo atendidos pela Sabesp são, respectivamente, 87% e 67% (e não 85% e 77%, índices gerais da empresa em todos os 364 municípios paulistas que atende). O texto foi corrigido.
opiniao
Erramos: Editorial: Sanear a redeDiferentemente do que informou o editorial "Sanear a rede", publicado na versão impressa e no site da Folha (Opinião - 07/06/2015 - 02h00), os percentuais de coleta e tratamento de esgotos nos municípios da região metropolitana de São Paulo atendidos pela Sabesp são, respectivamente, 87% e 67% (e não 85% e 77%, índices gerais da empresa em todos os 364 municípios paulistas que atende). O texto foi corrigido.
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Temer é recebido pelo imperador do Japão, Akihito
Em um encontro de 28 minutos, o presidente Michel Temer foi recebido pelo imperador Akihito, do Japão, na manhã desta quarta (19), no horário local. A visita foi considerada um passo importante para aparar as arestas diplomáticas entre os dois países, agastadas por sucessivos atrasos e cancelamentos durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Temer chegou sozinho às 9h09, em um automóvel Mercedes azul cobalto, com as cortinas dos vidros traseiros abertos. O imperador o esperava na porta de um dos pavilhões da casa imperial (goshyo, literalmente ser superior, em japonês). Os dois trocaram cumprimentos, com a intermediação de um intérprete, e fizeram uma reunião fechada. Segundo diplomatas, no encontro, protocolar, trocam-se gentilezas e reforçam-se pontos em comum —no caso do Japão e do Brasil, as respectivas comunidades bastante numerosas em ambos os países. Está no Brasil a maior população japonesa fora do Japão. Já os brasileiros são a terceira maior população estrangeira no Japão e fica no país asiático a terceira maior comunidade emigrante brasileira. Os Jogos Olímpicos, que acontecerão em Tóquio em 2020 depois de terem sido sediados no Brasil, neste ano, também era um tema previsto. O encontro terminou às 9h37. O imperador, vestindo terno e gravata azul escuro, esperou que o carro com o presidente deixasse a aleia de entrada. Depois, fez um leve aceno de cabeça para os jornalistas que esperavam em frente ao hall de entrada. CANSADO Em agosto, o imperador Akihito, 82, expressou desejo de que as leis que o obrigam a exerceu seu cargo atá a morte fossem reformadas. "Estou preocupado pela dificuldade de cumprir com minhas obrigações como símbolo do Estado", declarou o monarca, cujo reinado começou em 1989, que reconheceu ter às vezes "algumas limitações", como sua condição física. Akihito não pronunciou a palavra "abdicação" em seu discurso solene, já que a Constituição o obriga a exercer o cargo até sua morte e usar este termo seria considerado um ato político, algo que está proibido desde a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-45). PROPAGANDA OLÍMPICA A realização da Olimpíada no Brasil tem sido um tema recorrente da delegação brasileira nas relações com o Japão. Em Tóquio, nos arredores do hotel em que o presidente Temer está hospedado e nas ruas pelas quais ele deve passar em sua visita, foram colocadas nos postes bandeiras do Brasil e do Japão. O governo japonês vê nos Jogos de Tóquio um auxílio para seu plano de reativação da economia, estagnada desde os anos 1990. Tóquio também aposta na Olimpíada para ganhar projeção política e diplomática na Ásia. Antiga segunda maior economia do mundo e maior potência da região, o Japão se viu ultrapassado pela China há alguns anos, tanto no tamanho do PIB quanto na projeção política. AGENDA OFICIAL Depois do encontro com o imperador, Temer seguiu para a federação de industriais japoneses, a Keidanren, onde teve uma reunião fechada com empresários. Além do presidente e de diretores da federação, participaram executivos e conselheiros da Nomura Securities, Mitsui Sumitomo, Teijin, Canon Marketin, Nippon Steel & Sumitomo Metal Co. e Toyota Motor. Do lado brasileiro, estavam o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, os ministros Moreira Franco (PPI), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Mauricio Quintella (Transportes) e Leonardo Picciani (Esportes). O presidente e a comitiva vão almoçar na sede da federação. Temer, depois, se reúne com o primeiro-ministro Shinzo Abe. À noite, ele e a primeira-dama, Marcela, serão recebidos por Abe em um jantar.
mundo
Temer é recebido pelo imperador do Japão, AkihitoEm um encontro de 28 minutos, o presidente Michel Temer foi recebido pelo imperador Akihito, do Japão, na manhã desta quarta (19), no horário local. A visita foi considerada um passo importante para aparar as arestas diplomáticas entre os dois países, agastadas por sucessivos atrasos e cancelamentos durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Temer chegou sozinho às 9h09, em um automóvel Mercedes azul cobalto, com as cortinas dos vidros traseiros abertos. O imperador o esperava na porta de um dos pavilhões da casa imperial (goshyo, literalmente ser superior, em japonês). Os dois trocaram cumprimentos, com a intermediação de um intérprete, e fizeram uma reunião fechada. Segundo diplomatas, no encontro, protocolar, trocam-se gentilezas e reforçam-se pontos em comum —no caso do Japão e do Brasil, as respectivas comunidades bastante numerosas em ambos os países. Está no Brasil a maior população japonesa fora do Japão. Já os brasileiros são a terceira maior população estrangeira no Japão e fica no país asiático a terceira maior comunidade emigrante brasileira. Os Jogos Olímpicos, que acontecerão em Tóquio em 2020 depois de terem sido sediados no Brasil, neste ano, também era um tema previsto. O encontro terminou às 9h37. O imperador, vestindo terno e gravata azul escuro, esperou que o carro com o presidente deixasse a aleia de entrada. Depois, fez um leve aceno de cabeça para os jornalistas que esperavam em frente ao hall de entrada. CANSADO Em agosto, o imperador Akihito, 82, expressou desejo de que as leis que o obrigam a exerceu seu cargo atá a morte fossem reformadas. "Estou preocupado pela dificuldade de cumprir com minhas obrigações como símbolo do Estado", declarou o monarca, cujo reinado começou em 1989, que reconheceu ter às vezes "algumas limitações", como sua condição física. Akihito não pronunciou a palavra "abdicação" em seu discurso solene, já que a Constituição o obriga a exercer o cargo até sua morte e usar este termo seria considerado um ato político, algo que está proibido desde a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-45). PROPAGANDA OLÍMPICA A realização da Olimpíada no Brasil tem sido um tema recorrente da delegação brasileira nas relações com o Japão. Em Tóquio, nos arredores do hotel em que o presidente Temer está hospedado e nas ruas pelas quais ele deve passar em sua visita, foram colocadas nos postes bandeiras do Brasil e do Japão. O governo japonês vê nos Jogos de Tóquio um auxílio para seu plano de reativação da economia, estagnada desde os anos 1990. Tóquio também aposta na Olimpíada para ganhar projeção política e diplomática na Ásia. Antiga segunda maior economia do mundo e maior potência da região, o Japão se viu ultrapassado pela China há alguns anos, tanto no tamanho do PIB quanto na projeção política. AGENDA OFICIAL Depois do encontro com o imperador, Temer seguiu para a federação de industriais japoneses, a Keidanren, onde teve uma reunião fechada com empresários. Além do presidente e de diretores da federação, participaram executivos e conselheiros da Nomura Securities, Mitsui Sumitomo, Teijin, Canon Marketin, Nippon Steel & Sumitomo Metal Co. e Toyota Motor. Do lado brasileiro, estavam o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, os ministros Moreira Franco (PPI), Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia), Mauricio Quintella (Transportes) e Leonardo Picciani (Esportes). O presidente e a comitiva vão almoçar na sede da federação. Temer, depois, se reúne com o primeiro-ministro Shinzo Abe. À noite, ele e a primeira-dama, Marcela, serão recebidos por Abe em um jantar.
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Novo embaixador prepara reaproximação de Brasil e Bolívia
A Embaixada do Brasil em La Paz se prepara para uma reaproximação com o governo boliviano, após dois anos sem embaixador no país. Raymundo Magno, cujo nome foi aprovado pelo Senado em setembro, assumirá o posto até a primeira quinzena de novembro, e sua tarefa não será das mais fáceis. O episódio da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, trazido de carro ao Brasil em agosto de 2013 pelo então encarregado de negócios da representação, Eduardo Saboia, azedou mais as relações com o governo de Evo Morales –já estremecidas, em grande parte, pelo asilo concedido ao opositor na representação de La Paz. Desde então, o fato de o Brasil não ter embaixador na Bolívia só aumentou a distância entre os vizinhos. La Paz também não indicou nenhum novo nome para a embaixada em Brasília desde a saída de Jerjes Justiniano, em fevereiro deste ano. O comércio entre os dois países viu uma queda de 26% em 2015, em comparação com o período entre janeiro e setembro de 2014. Entre 2013 e 2014, a redução fora de 2,5%. Nenhum novo projeto foi desenvolvido nos últimos dois anos. As negociações para a renovação do contrato de exportação do gás boliviano para o Brasil, que vence em 2019, ainda não começaram. Um relatório apresentado ao Senado em julho pelo atual encarregado de negócios da embaixada, Rui Vasconcellos, diz que nenhuma empresa brasileira participou das 51 concorrências abertas para estrangeiros na Bolívia desde janeiro de 2014. O texto expõe dificuldades com a falta de representação. "A embaixada ressentiu-se, em determinados momentos-chave, da falta de interlocução em alto nível que só a experiência de um ministro de primeira classe mandatado para tal pode desenvolver", diz o documento, sobre a ausência de um embaixador. O Itamaraty chegou a enviar altos diplomatas para servirem como encarregado de negócios, o mais alto posto na ausência de um embaixador. Mas a constante mudança de interlocutores –foram quatro enviados em dois anos– também causou incômodo ao governo boliviano, segundo a Folha apurou. Relações abaladas - Balança comercial, em US$ bilhões DEMORA O nome de Magno, que foi assessor especial de Dilma Rousseff na Casa Civil em 2006, havia sido indicado por ela em 2013, logo após a remoção do então embaixador Marcel Biato, na sequência da fuga de Pinto Molina. No Senado brasileiro, porém, opositores como Aloysio Nunes (PSDB-SP), presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores), seguravam a convocação da sabatina de Magno enquanto a situação de Pinto Molina e de Saboia não era resolvida. Em maio deste ano, o Itamaraty divulgou a punição para Saboia –20 dias de suspensão–, e o diplomata foi convidado a trabalhar com Aloysio na CRE. Mas foi só em agosto que o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) concedeu status de refugiado ao senador boliviano, abrindo finalmente espaço para a aprovação de Magno. Agora, a expectativa é que Magno trabalhe para tornar a embaixada novamente relevante. Uma das apostas é um projeto antigo, retomado em julho com a assinatura de um memorando de entendimento, da construção de uma hidrelétrica binacional no lado boliviano do rio Madeira. O projeto está em fase de estudo, mas, segundo a Folha apurou, já atrai empreiteiras brasileiras. Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS ainda mantêm escritórios no país, mas com atividade reduzida. A OAS teve contrato de US$ 415 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão, em valores atuais) cancelado em 2013 para a construção de uma estrada após protestos indígenas. Por se tratar de um projeto dos dois governos, porém, a hidrelétrica se tornaria uma opção mais segura.
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Novo embaixador prepara reaproximação de Brasil e BolíviaA Embaixada do Brasil em La Paz se prepara para uma reaproximação com o governo boliviano, após dois anos sem embaixador no país. Raymundo Magno, cujo nome foi aprovado pelo Senado em setembro, assumirá o posto até a primeira quinzena de novembro, e sua tarefa não será das mais fáceis. O episódio da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, trazido de carro ao Brasil em agosto de 2013 pelo então encarregado de negócios da representação, Eduardo Saboia, azedou mais as relações com o governo de Evo Morales –já estremecidas, em grande parte, pelo asilo concedido ao opositor na representação de La Paz. Desde então, o fato de o Brasil não ter embaixador na Bolívia só aumentou a distância entre os vizinhos. La Paz também não indicou nenhum novo nome para a embaixada em Brasília desde a saída de Jerjes Justiniano, em fevereiro deste ano. O comércio entre os dois países viu uma queda de 26% em 2015, em comparação com o período entre janeiro e setembro de 2014. Entre 2013 e 2014, a redução fora de 2,5%. Nenhum novo projeto foi desenvolvido nos últimos dois anos. As negociações para a renovação do contrato de exportação do gás boliviano para o Brasil, que vence em 2019, ainda não começaram. Um relatório apresentado ao Senado em julho pelo atual encarregado de negócios da embaixada, Rui Vasconcellos, diz que nenhuma empresa brasileira participou das 51 concorrências abertas para estrangeiros na Bolívia desde janeiro de 2014. O texto expõe dificuldades com a falta de representação. "A embaixada ressentiu-se, em determinados momentos-chave, da falta de interlocução em alto nível que só a experiência de um ministro de primeira classe mandatado para tal pode desenvolver", diz o documento, sobre a ausência de um embaixador. O Itamaraty chegou a enviar altos diplomatas para servirem como encarregado de negócios, o mais alto posto na ausência de um embaixador. Mas a constante mudança de interlocutores –foram quatro enviados em dois anos– também causou incômodo ao governo boliviano, segundo a Folha apurou. Relações abaladas - Balança comercial, em US$ bilhões DEMORA O nome de Magno, que foi assessor especial de Dilma Rousseff na Casa Civil em 2006, havia sido indicado por ela em 2013, logo após a remoção do então embaixador Marcel Biato, na sequência da fuga de Pinto Molina. No Senado brasileiro, porém, opositores como Aloysio Nunes (PSDB-SP), presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores), seguravam a convocação da sabatina de Magno enquanto a situação de Pinto Molina e de Saboia não era resolvida. Em maio deste ano, o Itamaraty divulgou a punição para Saboia –20 dias de suspensão–, e o diplomata foi convidado a trabalhar com Aloysio na CRE. Mas foi só em agosto que o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) concedeu status de refugiado ao senador boliviano, abrindo finalmente espaço para a aprovação de Magno. Agora, a expectativa é que Magno trabalhe para tornar a embaixada novamente relevante. Uma das apostas é um projeto antigo, retomado em julho com a assinatura de um memorando de entendimento, da construção de uma hidrelétrica binacional no lado boliviano do rio Madeira. O projeto está em fase de estudo, mas, segundo a Folha apurou, já atrai empreiteiras brasileiras. Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS ainda mantêm escritórios no país, mas com atividade reduzida. A OAS teve contrato de US$ 415 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão, em valores atuais) cancelado em 2013 para a construção de uma estrada após protestos indígenas. Por se tratar de um projeto dos dois governos, porém, a hidrelétrica se tornaria uma opção mais segura.
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Sala de emergência homeopática
SÃO PAULO - Se dependesse de mim, sites como o YouTube iriam à falência. Meu negócio são letras e palavras. É raríssimo eu clicar num vídeo. Mas, de vez em quando, em geral por recomendação de leitores, acabo abrindo um. Foi assim que, alguns anos atrás, topei com uma das coisas mais hilariantes que já vi na minha vida. Falo do "sketch" da dupla britânica David Mitchell e Robert Webb que faz troça de uma emergência médica homeopática. Você pode vê-lo com legendas clicando aqui. Não pude deixar de lembrar desse vídeo ao ler na Folha a notícia de que a cidade de São Paulo, na contramão do que está acontecendo no resto do país, poderá gastar mais recursos com a homeopatia. Isso ocorre porque a Câmara de vereadores aprovou há pouco uma legislação que cria o Serviço de Atendimento Homeopático na Rede Hospitalar de Saúde do município. O texto da lei é muito sucinto e não esclarece nada, mas, pela reportagem, dá para intuir que os partidários dessa pseudociência terão agora os instrumentos legais para pressionar as autoridades para que a rede municipal disponibilize médicos homeopatas em seus serviços de emergência. A ideia é que adeptos dessa filosofia tenham um especialista em homeopatia a que possam recorrer em todas as circunstâncias. Eu acredito no método científico, mas, como bom democrata que sou, não exijo que todos me acompanhem nisso. Quem quiser tratar-se com placebo deve ser livre para fazê-lo. Que o poder público mantenha um ou outro serviço de homeopatia nem me incomoda tanto. O que me parece absurdo é tentar fazer com que, numa situação de penúria na saúde pública, em que os hospitais mal conseguem fechar as escalas de plantão, nós criemos a figura do emergencista homeopata. O que ele vai fazer quando chegar uma fratura exposta? A resposta está no vídeo.
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Sala de emergência homeopáticaSÃO PAULO - Se dependesse de mim, sites como o YouTube iriam à falência. Meu negócio são letras e palavras. É raríssimo eu clicar num vídeo. Mas, de vez em quando, em geral por recomendação de leitores, acabo abrindo um. Foi assim que, alguns anos atrás, topei com uma das coisas mais hilariantes que já vi na minha vida. Falo do "sketch" da dupla britânica David Mitchell e Robert Webb que faz troça de uma emergência médica homeopática. Você pode vê-lo com legendas clicando aqui. Não pude deixar de lembrar desse vídeo ao ler na Folha a notícia de que a cidade de São Paulo, na contramão do que está acontecendo no resto do país, poderá gastar mais recursos com a homeopatia. Isso ocorre porque a Câmara de vereadores aprovou há pouco uma legislação que cria o Serviço de Atendimento Homeopático na Rede Hospitalar de Saúde do município. O texto da lei é muito sucinto e não esclarece nada, mas, pela reportagem, dá para intuir que os partidários dessa pseudociência terão agora os instrumentos legais para pressionar as autoridades para que a rede municipal disponibilize médicos homeopatas em seus serviços de emergência. A ideia é que adeptos dessa filosofia tenham um especialista em homeopatia a que possam recorrer em todas as circunstâncias. Eu acredito no método científico, mas, como bom democrata que sou, não exijo que todos me acompanhem nisso. Quem quiser tratar-se com placebo deve ser livre para fazê-lo. Que o poder público mantenha um ou outro serviço de homeopatia nem me incomoda tanto. O que me parece absurdo é tentar fazer com que, numa situação de penúria na saúde pública, em que os hospitais mal conseguem fechar as escalas de plantão, nós criemos a figura do emergencista homeopata. O que ele vai fazer quando chegar uma fratura exposta? A resposta está no vídeo.
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Escola do Recife repreende roupa curta dos pais, e modelo diz ser discriminada
Faz quase duas semanas que a modelo Madelayne Cavalcanti, 29, caiu como uma mosca na sopa da elite da zona sul do Recife. Em 27 de março, o Santa Maria, um dos colégios mais tradicionais da cidade, enviou aos pais uma circular em que dizia ser "pertinente que o responsável por deixar e por buscar os alunos usem roupas menos curtas, menos decotadas, menos extravagantes". Madelayne, segundo pais de alunos, era o alvo da circular, cujo teor foi apontado como abuso do direito em representação enviada ao Ministério Público de Pernambuco. Além de modelo, Madelayne é professora de ginástica, musa do Santa Cruz (o time de futebol) e já posou nua para a revista "Sexy". Sua filha de seis anos estuda no primeiro ano do ensino fundamental (mensalidade de R$ 1.200). Ela vai buscar a garota com roupas que costuma usar no dia a dia do calorento Recife. "Às vezes vou com a roupa da academia, às vezes com short jeans, nada de anormal. Tem mães que vão com menos roupa." Mães ouvidas pela Folha confirmam o que ela diz. Na circular não estava escrito, mas os fatos que se seguiram reforçam a tese de que o documento foi feito sob medida para Madelayne. No mesmo dia do envio, a modelo conta ter sido chamada para uma reunião na sala da diretora da escola, Rosa Amélia Muniz. "Ela disse que aquele era um ambiente familiar e uma escola tradicional e depois pediu para eu falar um pouco da minha vida e da minha filha. Eu disse que trabalho com publicidade, sou modelo, atriz e musa do Santa Cruz. Ela só baixou a bola quando eu disse que meu marido trabalha na Justiça do Trabalho", relata Madelayne. Também naquele dia 27 começaram a chover, em grupos de mães em aplicativos de celular, fotos da modelo seminua, em poses sensuais, em postagens que a apontavam como motivo da circular. Desde então, Madelayne diz que a filha é boicotada por colegas. Enquanto a mãe falava com a Folha, a garota pegou o celular e disse: "A sala 1 [em que ela estuda] não quer mais brincar comigo". Uma psicóloga da escola, diz a mãe, tem acompanhado a garota. A modelo também se queixa de que gritam seu nome na rua quando vai caminhando deixar a filha no colégio e que passou a ter de tomar ansiolíticos. Ela diz que não pretende tirar a filha do Santa Maria. Uma mãe ouvida pela reportagem, que participa de três grupos de mães do Santa Maria no WhatsApp, disse que nesses fóruns prevalece um juízo depreciativo sobre Madelayne e há apoio integral à atitude da escola. Antes do envio da circular, um grupo de mães fora à direção reclamar dos trajes da modelo. "O que incomoda não são minhas roupas, é o meu trabalho", observa Madelayne. Ao saber do caso, a professora de direito constitucional e procuradora do Distrito Federal Roberta Fragoso, recifense que vive em Brasília e não conhecia Madeleyne, disse ter ficado revoltada. "É possível que uma entidade particular discrimine seus consumidores? Que uma loja, por exemplo, por ser cult, só aceite como clientes pessoas bonitas? No Brasil, não. A Constituição não permite essa discriminação." "Creio que houve preconceito quanto à origem humilde da moça, que ganha dinheiro hoje com sua profissão, mas não é de uma família tradicional de usineiros falidos", afirma Roberta Fragoso. A procuradora formulou, então, uma representação ao Ministério Público de PE, em que pede a investigação do caso e "aplicação de todas as medidas punitivas cabíveis, inclusive indenização por dano moral coletivo". A petição foi encaminhada ao promotor de Defesa dos Direitos Humanos Maxwell Vignoli, que não quis se manifestar antes de analisar os autos. Procurada, a direção da escola não quis dar entrevista. Em nota de um parágrafo, semelhante ao de uma circular enviada aos pais depois da repercussão do caso, disse: "O Colégio Santa Maria esclarece que emitiu um comunicado geral em data de 27.03.2017, compartilhando com os pais alguns valores que compõem a orientação que lastreia nossas atividades educacionais. Lamentamos caso alguém tenha interpretado de forma equivocada".
cotidiano
Escola do Recife repreende roupa curta dos pais, e modelo diz ser discriminadaFaz quase duas semanas que a modelo Madelayne Cavalcanti, 29, caiu como uma mosca na sopa da elite da zona sul do Recife. Em 27 de março, o Santa Maria, um dos colégios mais tradicionais da cidade, enviou aos pais uma circular em que dizia ser "pertinente que o responsável por deixar e por buscar os alunos usem roupas menos curtas, menos decotadas, menos extravagantes". Madelayne, segundo pais de alunos, era o alvo da circular, cujo teor foi apontado como abuso do direito em representação enviada ao Ministério Público de Pernambuco. Além de modelo, Madelayne é professora de ginástica, musa do Santa Cruz (o time de futebol) e já posou nua para a revista "Sexy". Sua filha de seis anos estuda no primeiro ano do ensino fundamental (mensalidade de R$ 1.200). Ela vai buscar a garota com roupas que costuma usar no dia a dia do calorento Recife. "Às vezes vou com a roupa da academia, às vezes com short jeans, nada de anormal. Tem mães que vão com menos roupa." Mães ouvidas pela Folha confirmam o que ela diz. Na circular não estava escrito, mas os fatos que se seguiram reforçam a tese de que o documento foi feito sob medida para Madelayne. No mesmo dia do envio, a modelo conta ter sido chamada para uma reunião na sala da diretora da escola, Rosa Amélia Muniz. "Ela disse que aquele era um ambiente familiar e uma escola tradicional e depois pediu para eu falar um pouco da minha vida e da minha filha. Eu disse que trabalho com publicidade, sou modelo, atriz e musa do Santa Cruz. Ela só baixou a bola quando eu disse que meu marido trabalha na Justiça do Trabalho", relata Madelayne. Também naquele dia 27 começaram a chover, em grupos de mães em aplicativos de celular, fotos da modelo seminua, em poses sensuais, em postagens que a apontavam como motivo da circular. Desde então, Madelayne diz que a filha é boicotada por colegas. Enquanto a mãe falava com a Folha, a garota pegou o celular e disse: "A sala 1 [em que ela estuda] não quer mais brincar comigo". Uma psicóloga da escola, diz a mãe, tem acompanhado a garota. A modelo também se queixa de que gritam seu nome na rua quando vai caminhando deixar a filha no colégio e que passou a ter de tomar ansiolíticos. Ela diz que não pretende tirar a filha do Santa Maria. Uma mãe ouvida pela reportagem, que participa de três grupos de mães do Santa Maria no WhatsApp, disse que nesses fóruns prevalece um juízo depreciativo sobre Madelayne e há apoio integral à atitude da escola. Antes do envio da circular, um grupo de mães fora à direção reclamar dos trajes da modelo. "O que incomoda não são minhas roupas, é o meu trabalho", observa Madelayne. Ao saber do caso, a professora de direito constitucional e procuradora do Distrito Federal Roberta Fragoso, recifense que vive em Brasília e não conhecia Madeleyne, disse ter ficado revoltada. "É possível que uma entidade particular discrimine seus consumidores? Que uma loja, por exemplo, por ser cult, só aceite como clientes pessoas bonitas? No Brasil, não. A Constituição não permite essa discriminação." "Creio que houve preconceito quanto à origem humilde da moça, que ganha dinheiro hoje com sua profissão, mas não é de uma família tradicional de usineiros falidos", afirma Roberta Fragoso. A procuradora formulou, então, uma representação ao Ministério Público de PE, em que pede a investigação do caso e "aplicação de todas as medidas punitivas cabíveis, inclusive indenização por dano moral coletivo". A petição foi encaminhada ao promotor de Defesa dos Direitos Humanos Maxwell Vignoli, que não quis se manifestar antes de analisar os autos. Procurada, a direção da escola não quis dar entrevista. Em nota de um parágrafo, semelhante ao de uma circular enviada aos pais depois da repercussão do caso, disse: "O Colégio Santa Maria esclarece que emitiu um comunicado geral em data de 27.03.2017, compartilhando com os pais alguns valores que compõem a orientação que lastreia nossas atividades educacionais. Lamentamos caso alguém tenha interpretado de forma equivocada".
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Congresso encaminha para Fazenda contraproposta de correção do IR
O Congresso encaminhou nesta terça (10) ao Ministério da Fazenda proposta alternativa para a correção da tabela do Imposto de Renda. Segundo a sugestão do Legislativo, a tabela seria corrigida em 6,5%, 6%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa salarial -quanto menor a faixa, maior a correção. A decisão não valerá para as declarações de Imposto de Renda feitas neste ano, mas apenas para as prestações de contas que serão realizadas em 2016. Por esse modelo, a faixa de isenção será elevada de R$ 1.787,77 para R$ 1.903,98. A faixa salarial sujeita à maior tributação, de 27,5%, será acima de R$ 4.664,68 -atualmente, esse limite é de R$ 4.463,81. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o governo enviou ao Congresso uma proposta semelhante de ajuste escalonado do Imposto de Renda, com pequenas diferenças em relação à proposta da Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que espera uma resposta de Levy até o final desta terça sobre a proposta alternativa apresentada pelo Congresso. Se o governo acatar a sugestão, o Congresso deve fechar acordo para manter o veto da presidente Dilma Rousseff à correção de 6,5% na tabela do imposto. A sessão para análise do veto está marcada para esta quarta (11). A presidente defende o índice de 4,5%, uma de suas promessas de campanha eleitoral. O Congresso insiste nos 6,5% e promete derrubar o veto da petista, caso o Planalto não acate a proposta alternativa. O Palácio do Planalto era resistente à correção maior porque não quer reduzir sua arrecadação, mas o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou nesta terça-feira que o governo já estuda conceder um reajuste de até 6,5% para as faixas salariais mais baixas. "Juntos, vamos construir um caminho para amanhã não termos que derrubar esse veto", afirmou Renan. A oposição não concorda com a nova sugestão de correção escalonada em faixas de renda e promete votar pela derrubada do veto. Mas a expectativa é que os aliados de Dilma acatem o acordo, liderado pelo PMDB. "Não vamos nos dobrar a uma negociação faz de conta. O governo já teve ganhos. Em dois meses que esse veto à medida provisória não foi analisado, o governo economizou R$ 600 milhões por mês. O que querem agora é dourar a pílula", disse o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN). ARRECADAÇÃO O aumento do reajuste da tabela do Imposto de Renda eleva a faixa de isenção e as de tributação. Com isso, a União arrecadaria menos com IR. A correção de 4,5% corresponde à meta de inflação do governo e que deveria ser perseguida pelo Banco Central, mas não cobre a variação que tem sido apresentada por índices de preços. Neste ano, por exemplo, a projeção de economistas é que o IPCA (índice oficial de inflação) suba mais que 7%, superando o teto da meta do governo, de 6,5%. Em 2014, o IPCA registrou alta de 6,41%.
mercado
Congresso encaminha para Fazenda contraproposta de correção do IRO Congresso encaminhou nesta terça (10) ao Ministério da Fazenda proposta alternativa para a correção da tabela do Imposto de Renda. Segundo a sugestão do Legislativo, a tabela seria corrigida em 6,5%, 6%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa salarial -quanto menor a faixa, maior a correção. A decisão não valerá para as declarações de Imposto de Renda feitas neste ano, mas apenas para as prestações de contas que serão realizadas em 2016. Por esse modelo, a faixa de isenção será elevada de R$ 1.787,77 para R$ 1.903,98. A faixa salarial sujeita à maior tributação, de 27,5%, será acima de R$ 4.664,68 -atualmente, esse limite é de R$ 4.463,81. Mais cedo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o governo enviou ao Congresso uma proposta semelhante de ajuste escalonado do Imposto de Renda, com pequenas diferenças em relação à proposta da Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que espera uma resposta de Levy até o final desta terça sobre a proposta alternativa apresentada pelo Congresso. Se o governo acatar a sugestão, o Congresso deve fechar acordo para manter o veto da presidente Dilma Rousseff à correção de 6,5% na tabela do imposto. A sessão para análise do veto está marcada para esta quarta (11). A presidente defende o índice de 4,5%, uma de suas promessas de campanha eleitoral. O Congresso insiste nos 6,5% e promete derrubar o veto da petista, caso o Planalto não acate a proposta alternativa. O Palácio do Planalto era resistente à correção maior porque não quer reduzir sua arrecadação, mas o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou nesta terça-feira que o governo já estuda conceder um reajuste de até 6,5% para as faixas salariais mais baixas. "Juntos, vamos construir um caminho para amanhã não termos que derrubar esse veto", afirmou Renan. A oposição não concorda com a nova sugestão de correção escalonada em faixas de renda e promete votar pela derrubada do veto. Mas a expectativa é que os aliados de Dilma acatem o acordo, liderado pelo PMDB. "Não vamos nos dobrar a uma negociação faz de conta. O governo já teve ganhos. Em dois meses que esse veto à medida provisória não foi analisado, o governo economizou R$ 600 milhões por mês. O que querem agora é dourar a pílula", disse o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN). ARRECADAÇÃO O aumento do reajuste da tabela do Imposto de Renda eleva a faixa de isenção e as de tributação. Com isso, a União arrecadaria menos com IR. A correção de 4,5% corresponde à meta de inflação do governo e que deveria ser perseguida pelo Banco Central, mas não cobre a variação que tem sido apresentada por índices de preços. Neste ano, por exemplo, a projeção de economistas é que o IPCA (índice oficial de inflação) suba mais que 7%, superando o teto da meta do governo, de 6,5%. Em 2014, o IPCA registrou alta de 6,41%.
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Oposição venezuelana nomeia tribunal paralelo em ofensiva contra Maduro
A oposição venezuelana nomeará nesta sexta-feira (21) no Parlamento, onde é maioria, uma Suprema Corte paralela em sua ofensiva para forçar o presidente Nicolás Maduro a suspender a eleição de uma Assembleia Constituinte. "Vamos manter a pressão. Nomearemos os juízes e, no sábado (22), retornaremos às ruas. A próxima semana será crucial para a mudança na Venezuela e para revertermos essa falsa Constituinte", declarou o deputado opositor Freddy Guevara. Os parlamentares da oposição farão uma sessão pública em uma praça no leste de Caracas, onde irão nomear 33 magistrados para integrar essa Suprema Corte paralela. Nesta quinta-feira (20), o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou nulo esse processo por considerar que o Congresso continua em "desacato" desde que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) assumiu em janeiro de 2016. "Qualquer um que assumir indevidamente funções públicas –civis, ou militares–, será culpado do crime de usurpação", declarou o TSJ. O líder chavista Diosdado Cabello, candidato à Assembleia Constituinte, ameaçou prender os "usurpadores" após a eleição da Constituinte. "A ditadura nos acusa de montar um 'Estado paralelo'. Quem usurpou as funções do Parlamento? Nós somos o Estado constitucional", disse Guevara. A nomeação será feita depois do encerramento da greve geral de 24 horas que deixou dois jovens, de 23 e 24 anos, mortos. Esses novos óbitos elevam para 99 o número de mortos em quase quatro meses de protestos. Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes foram relatados durante a paralisação em Caracas e em outras cidades, com um saldo de 367 detidos, de acordo com a ONG Foro Penal. Até a madrugada desta sexta, pequenos grupos de manifestantes ainda bloqueavam algumas das ruas com barricadas. A oposição estima que 85% dos trabalhadores aderiram à greve geral, com o comércio fechado e a circulação dos transportes públicos parcialmente afetada. De acordo com Maduro, a paralisação foi um fracasso, porque setores-chave da economia, como a indústria do petróleo, continuaram em operação. A oposição continua animada pelos 7,6 milhões de votos obtidos no plebiscito simbólico organizado no domingo (16) contra a Assembleia Constituinte, cujos 545 membros serão eleitos em 30 de julho. Os opositores devem boicotar a Constituinte, argumentando que não foi convocada por meio de referendo e que seu sistema eleitoral é "fraudulento". Maduro enfrenta também uma forte pressão internacional. Governos da América Latina, a União Europeia e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediram que o presidente retire o projeto de Constituinte. A cúpula do Mercosul, bloco integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, pretende exigir nesta sexta que Maduro desista do projeto. Em meio às tensões, o diplomata venezuelano nas Nações Unidas, Isaías Medina, renunciou ao posto, ao denunciar as violações dos direitos humanos em seu país.
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Oposição venezuelana nomeia tribunal paralelo em ofensiva contra MaduroA oposição venezuelana nomeará nesta sexta-feira (21) no Parlamento, onde é maioria, uma Suprema Corte paralela em sua ofensiva para forçar o presidente Nicolás Maduro a suspender a eleição de uma Assembleia Constituinte. "Vamos manter a pressão. Nomearemos os juízes e, no sábado (22), retornaremos às ruas. A próxima semana será crucial para a mudança na Venezuela e para revertermos essa falsa Constituinte", declarou o deputado opositor Freddy Guevara. Os parlamentares da oposição farão uma sessão pública em uma praça no leste de Caracas, onde irão nomear 33 magistrados para integrar essa Suprema Corte paralela. Nesta quinta-feira (20), o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou nulo esse processo por considerar que o Congresso continua em "desacato" desde que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) assumiu em janeiro de 2016. "Qualquer um que assumir indevidamente funções públicas –civis, ou militares–, será culpado do crime de usurpação", declarou o TSJ. O líder chavista Diosdado Cabello, candidato à Assembleia Constituinte, ameaçou prender os "usurpadores" após a eleição da Constituinte. "A ditadura nos acusa de montar um 'Estado paralelo'. Quem usurpou as funções do Parlamento? Nós somos o Estado constitucional", disse Guevara. A nomeação será feita depois do encerramento da greve geral de 24 horas que deixou dois jovens, de 23 e 24 anos, mortos. Esses novos óbitos elevam para 99 o número de mortos em quase quatro meses de protestos. Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes foram relatados durante a paralisação em Caracas e em outras cidades, com um saldo de 367 detidos, de acordo com a ONG Foro Penal. Até a madrugada desta sexta, pequenos grupos de manifestantes ainda bloqueavam algumas das ruas com barricadas. A oposição estima que 85% dos trabalhadores aderiram à greve geral, com o comércio fechado e a circulação dos transportes públicos parcialmente afetada. De acordo com Maduro, a paralisação foi um fracasso, porque setores-chave da economia, como a indústria do petróleo, continuaram em operação. A oposição continua animada pelos 7,6 milhões de votos obtidos no plebiscito simbólico organizado no domingo (16) contra a Assembleia Constituinte, cujos 545 membros serão eleitos em 30 de julho. Os opositores devem boicotar a Constituinte, argumentando que não foi convocada por meio de referendo e que seu sistema eleitoral é "fraudulento". Maduro enfrenta também uma forte pressão internacional. Governos da América Latina, a União Europeia e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediram que o presidente retire o projeto de Constituinte. A cúpula do Mercosul, bloco integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, pretende exigir nesta sexta que Maduro desista do projeto. Em meio às tensões, o diplomata venezuelano nas Nações Unidas, Isaías Medina, renunciou ao posto, ao denunciar as violações dos direitos humanos em seu país.
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Dilma critica 'vale tudo' e diz que é preciso pensar primeiro no Brasil
A uma semana das manifestações contrárias ao seu governo, a presidente Dilma Rousseff criticou o que chamou de "vale-tudo" para atingir "qualquer governo" e disse que não adianta ficar "um brigando com o outro", porque isso prejudica o país. Nesta segunda-feira (10), durante entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida em São Luís (MA), ela afirmou que é preciso pensar "primeiro no Brasil" para que o país atravesse as graves crises política e econômica que enfrenta, antes dar prioridade a partidos e projetos pessoais. "O Brasil precisa, mais do que nunca, que as pessoas pensem primeiro nele, Brasil, no que serve à população, à nação, e só depois em seus partidos e em seus projetos pessoais", afirmou a presidente, dando um recado para grupos da oposição que defendem o seu impeachment –ou até mesmo a sua renúncia do cargo. Dilma fez um apelo à população para que não fique insegura e apreensiva com a crise porque é um situação passageira, em que o país "faz uma travessia". "Mas é necessário um grande esforço do governo. Eu trabalho dia e noite, incansavelmente, para que essa travessia seja a mais breve possível", disse. A presidente pediu ainda estabilidade política para fazer a "travessia". "É como numa família. Diante de uma dificuldade, não adianta um ficar brigando com o outro. É preciso que as medidas sejam tomadas. Ninguém que pensa no Brasil, no povo, deve aceitar a teoria dos que pensam assim: 'ah, eu não gosto do governo, vou enfraquecer ele'... 'Quanto pior, melhor'. Melhor para quem? É pior para a população, para o povo, para todos nós", disse. Dilma mandou um recado ao Congresso, que tem aprovado, principalmente na Câmara dos Deputados, propostas que aumentam gastos da União, ao dizer que o governo não concorda com nenhuma medida aprovada que leve à instabilidade política e econômica e o caos financeiro a Estados e municípios. "Quero fazer um apelo. Vamos repudiar sistematicamente o vale-tudo para atingir qualquer governo, seja federal, estadual ou municipal. Quem acaba sendo atingido é a população. Tudo o que estamos fazendo tem o objetivo claro de dar condições para a gente entrar em um novo ciclo", disse. Dilma também participou da inauguração do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, em São Luís. Em agradecimento aos que trabalharam na construção do terminal, afirmou que eles ajudam no nascimento de um novo país "que vai ser responsável por garantir que a nossa travessia, de um momento de dificuldade para o novo momento, que é o da prosperidade e do crescimento, seja o mais leve possível". A presidente ressaltou que o país ainda possui um estoque de investimento em infraestrutura que "estão sendo maturados" agora. "O Brasil não está parado. [...] O nosso país tem hoje uma diferença do país de antes e por isso nós nos sentimos muito mais em condições de enfrentar as dificuldades, que acreditamos transitórias, que a economia enfrenta, justamente pela quantidade de investimento em infraestrutura feita nos últimos anos", disse. A petista ressaltou que o mundo passa por uma crise em que se vive o fim do chamado superciclo das commodities. "É justamente agora que a nossa infraestrutura vai ser chamada a ter um desemprenho para garantir a nossa competitividade", disse. MANIFESTAÇÕES A uma semana das manifestações marcadas para o próximo domingo (16), a presidente recebeu amplo apoio dos correligionários que a acompanharam na entrega das chaves do Minha Casa Minha Vida. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), listou uma série de programas do governo federal, como o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família e o Luz para Todos, e afirmou que o Estado "está com Dilma". "Aqui defendemos a democracia sobre qualquer tipo de golpe que é ensaiado no nosso país. Estamos aqui manifestando o que se passa no coração do povo mais pobre desse país", disse. Dino foi interrompido pelos presentes que gritaram "não vai ter golpe" em diversos momentos de seu discurso. O governador ressalvou que é preciso investigar as denúncias de corrupção, mas que elas não podem ensejar a defesa do impeachment. "É claro que todos nós somos contra a corrupção e, claro que defendemos a apuração e investigação contra qualquer um que tenha cometido coisas erradas. Mas nós defendemos que haja tudo isso mas com respeito à Constituição, democracia, às regras do jogo que foram estabelecidas", afirmou Dino. O apoio dado por Dino foi reconhecido por Dilma. "Quem tem parceiros como ele tem apoio efetivo e real", disse a presidente. MORADIAS No evento de São Luís foram entregues 2.020 moradias. O evento também marcou a entrega de outras mil unidades na cidade de Caxias (MA). O governo ainda entregou casas em Mato Grosso do Sul, sendo 688 em Campo Grande (MS) e 759 em Anastácio (MS), totalizando 4.400 residências nos dois Estados. A entrega das chaves nas outras cidades foi transmitida por meio de uma teleconferência. Pelo vídeo, Dilma escutou histórias de alguns dos novos moradores. Ela foi representada pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades) em Campo Grande, Tereza Campello (Desenvolvimento Social) em Anastácio, e a presidente da Caixa, Miriam Belchior, em Caxias. Desde que a crise se intensificou, a presidente tenta implementar uma agenda positiva para minimizar os desgastes e dar holofotes para os programas do governo. Nesta segunda, as presidentes da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral, e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Bárbara Melo, e representantes de movimentos sociais por moradia acompanharam Dilma no evento. Ao chegar ao Residencial Santo Antônio, em São Luís, a presidente foi recebida aos gritos de "Dilma guerreira da pátria brasileira" e "Renova a esperança, a Dilma é guerrilheira e da luta não se cansa". O senador Edson Lobão (PMDB-MA) e a ministra Kátia Abreu (Agricultura) foram vaiados pelos moradores que acompanharam o evento. O ministro Edinho Araújo (Portos) e o governador do Maranhão também acompanharam a comitiva. TERMINAL DE GRÃOS O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, em São Luís, é fruto de uma parceria público-privada que teve um investimento total de R$ 640 milhões, sendo que desse total, R$ 245 milhões foram financiados com recursos do BNDES e do Banco do Nordeste. O terminal irá expandir o escoamento de grãos para a região do chamado Arco Norte, que engloba os portos do Norte e Nordeste do país, dando vazão à produção também do Centro-Oeste. "Este passa a ser um dos pontos focais da logística do nosso país", disse Dilma. O lançamento foi acompanhado por funcionários do porto e do terminal, empresários e integrantes da CUT (Central Única do Trabalhador) e CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Mais comedidos do que no primeiro evento, os presentes entoaram breves gritos de guerra para a presidente.
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Dilma critica 'vale tudo' e diz que é preciso pensar primeiro no BrasilA uma semana das manifestações contrárias ao seu governo, a presidente Dilma Rousseff criticou o que chamou de "vale-tudo" para atingir "qualquer governo" e disse que não adianta ficar "um brigando com o outro", porque isso prejudica o país. Nesta segunda-feira (10), durante entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida em São Luís (MA), ela afirmou que é preciso pensar "primeiro no Brasil" para que o país atravesse as graves crises política e econômica que enfrenta, antes dar prioridade a partidos e projetos pessoais. "O Brasil precisa, mais do que nunca, que as pessoas pensem primeiro nele, Brasil, no que serve à população, à nação, e só depois em seus partidos e em seus projetos pessoais", afirmou a presidente, dando um recado para grupos da oposição que defendem o seu impeachment –ou até mesmo a sua renúncia do cargo. Dilma fez um apelo à população para que não fique insegura e apreensiva com a crise porque é um situação passageira, em que o país "faz uma travessia". "Mas é necessário um grande esforço do governo. Eu trabalho dia e noite, incansavelmente, para que essa travessia seja a mais breve possível", disse. A presidente pediu ainda estabilidade política para fazer a "travessia". "É como numa família. Diante de uma dificuldade, não adianta um ficar brigando com o outro. É preciso que as medidas sejam tomadas. Ninguém que pensa no Brasil, no povo, deve aceitar a teoria dos que pensam assim: 'ah, eu não gosto do governo, vou enfraquecer ele'... 'Quanto pior, melhor'. Melhor para quem? É pior para a população, para o povo, para todos nós", disse. Dilma mandou um recado ao Congresso, que tem aprovado, principalmente na Câmara dos Deputados, propostas que aumentam gastos da União, ao dizer que o governo não concorda com nenhuma medida aprovada que leve à instabilidade política e econômica e o caos financeiro a Estados e municípios. "Quero fazer um apelo. Vamos repudiar sistematicamente o vale-tudo para atingir qualquer governo, seja federal, estadual ou municipal. Quem acaba sendo atingido é a população. Tudo o que estamos fazendo tem o objetivo claro de dar condições para a gente entrar em um novo ciclo", disse. Dilma também participou da inauguração do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, em São Luís. Em agradecimento aos que trabalharam na construção do terminal, afirmou que eles ajudam no nascimento de um novo país "que vai ser responsável por garantir que a nossa travessia, de um momento de dificuldade para o novo momento, que é o da prosperidade e do crescimento, seja o mais leve possível". A presidente ressaltou que o país ainda possui um estoque de investimento em infraestrutura que "estão sendo maturados" agora. "O Brasil não está parado. [...] O nosso país tem hoje uma diferença do país de antes e por isso nós nos sentimos muito mais em condições de enfrentar as dificuldades, que acreditamos transitórias, que a economia enfrenta, justamente pela quantidade de investimento em infraestrutura feita nos últimos anos", disse. A petista ressaltou que o mundo passa por uma crise em que se vive o fim do chamado superciclo das commodities. "É justamente agora que a nossa infraestrutura vai ser chamada a ter um desemprenho para garantir a nossa competitividade", disse. MANIFESTAÇÕES A uma semana das manifestações marcadas para o próximo domingo (16), a presidente recebeu amplo apoio dos correligionários que a acompanharam na entrega das chaves do Minha Casa Minha Vida. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), listou uma série de programas do governo federal, como o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família e o Luz para Todos, e afirmou que o Estado "está com Dilma". "Aqui defendemos a democracia sobre qualquer tipo de golpe que é ensaiado no nosso país. Estamos aqui manifestando o que se passa no coração do povo mais pobre desse país", disse. Dino foi interrompido pelos presentes que gritaram "não vai ter golpe" em diversos momentos de seu discurso. O governador ressalvou que é preciso investigar as denúncias de corrupção, mas que elas não podem ensejar a defesa do impeachment. "É claro que todos nós somos contra a corrupção e, claro que defendemos a apuração e investigação contra qualquer um que tenha cometido coisas erradas. Mas nós defendemos que haja tudo isso mas com respeito à Constituição, democracia, às regras do jogo que foram estabelecidas", afirmou Dino. O apoio dado por Dino foi reconhecido por Dilma. "Quem tem parceiros como ele tem apoio efetivo e real", disse a presidente. MORADIAS No evento de São Luís foram entregues 2.020 moradias. O evento também marcou a entrega de outras mil unidades na cidade de Caxias (MA). O governo ainda entregou casas em Mato Grosso do Sul, sendo 688 em Campo Grande (MS) e 759 em Anastácio (MS), totalizando 4.400 residências nos dois Estados. A entrega das chaves nas outras cidades foi transmitida por meio de uma teleconferência. Pelo vídeo, Dilma escutou histórias de alguns dos novos moradores. Ela foi representada pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades) em Campo Grande, Tereza Campello (Desenvolvimento Social) em Anastácio, e a presidente da Caixa, Miriam Belchior, em Caxias. Desde que a crise se intensificou, a presidente tenta implementar uma agenda positiva para minimizar os desgastes e dar holofotes para os programas do governo. Nesta segunda, as presidentes da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral, e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Bárbara Melo, e representantes de movimentos sociais por moradia acompanharam Dilma no evento. Ao chegar ao Residencial Santo Antônio, em São Luís, a presidente foi recebida aos gritos de "Dilma guerreira da pátria brasileira" e "Renova a esperança, a Dilma é guerrilheira e da luta não se cansa". O senador Edson Lobão (PMDB-MA) e a ministra Kátia Abreu (Agricultura) foram vaiados pelos moradores que acompanharam o evento. O ministro Edinho Araújo (Portos) e o governador do Maranhão também acompanharam a comitiva. TERMINAL DE GRÃOS O Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, em São Luís, é fruto de uma parceria público-privada que teve um investimento total de R$ 640 milhões, sendo que desse total, R$ 245 milhões foram financiados com recursos do BNDES e do Banco do Nordeste. O terminal irá expandir o escoamento de grãos para a região do chamado Arco Norte, que engloba os portos do Norte e Nordeste do país, dando vazão à produção também do Centro-Oeste. "Este passa a ser um dos pontos focais da logística do nosso país", disse Dilma. O lançamento foi acompanhado por funcionários do porto e do terminal, empresários e integrantes da CUT (Central Única do Trabalhador) e CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Mais comedidos do que no primeiro evento, os presentes entoaram breves gritos de guerra para a presidente.
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'Devemos impedir que crise econômica seja desperdiçada', diz Dilma
No mesmo dia em que foi divulgado o crescimento da taxa de desemprego para 7,9% em outubro, maior taxa para o mês desde 2007, a presidente Dilma Rousseff afirmou que as medidas fiscais adotadas pelo governo federal têm como objetivo retomar o nível de emprego no país e defendeu que a crise econômica não seja "desperdiçada". Na avaliação dela, diante de um cenário atual "muito doloroso", é possível melhorar as condições existentes, sobretudo na regulação do processo produtivo, e garantir que medidas estabelecidas pelo governo federal assegurem mais oportunidades no mercado de trabalho. "A crise é um momento muito doloroso e nós devemos impedir que ela seja desperdiçada. Em uma crise, podemos não só buscar melhorar as condições existentes, mas também garantir que as decisões tomadas para enfrentá-la sejam aquelas que asseguram aos trabalhadores mais oportunidades", disse nesta quinta-feira (19). A presidente sancionou nesta quarta (18), sem vetos, medida provisória de criação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), proposta para tentar desestimular demissões em "empresas que se encontram em dificuldades financeiras temporárias". A proposta foi sancionada com três mudanças estabelecidas pelo Congresso Nacional: o aumento da vigência da iniciativa até dezembro de 2017, a simplificação para a adesão até dezembro de 2016 de pequenas empresas e a criação de uma cláusula de saída rápida caso haja melhora no cenário econômico. Segundo a presidente, diante do quadro de crise econômica, a proposta protege o emprego e garante que o gasto governamental seja inferior do que com o despendido no pagamento do seguro-desemprego. "Nós continuamos de forma obstinada para reorganizar a situação fiscal do país, reduzir a inflação e restaurar o crescimento e a confiança na economia. Todas as medidas que adotamos até agora têm como objetivo permitir que estabeleçamos condições mais sustentáveis para o crescimento da produção e do emprego", disse. A proposta sancionada permite a redução da jornada de trabalho em até 30%, com redução também do salário –no caso da redução de jornada de 30%, essa redução será de no mínimo 15%, já que o governo deve complementar outros 15% com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A complementação será limitada a 65% do maior benefício do seguro-desemprego (R$ 1.385,91 x 65% = R$ 900,84). O programa, cuja vigência teve início no dia 7 de julho com a publicação de medida provisória, foi resultado de negociação das centrais sindicais, indústria e o Palácio do Planalto.
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'Devemos impedir que crise econômica seja desperdiçada', diz DilmaNo mesmo dia em que foi divulgado o crescimento da taxa de desemprego para 7,9% em outubro, maior taxa para o mês desde 2007, a presidente Dilma Rousseff afirmou que as medidas fiscais adotadas pelo governo federal têm como objetivo retomar o nível de emprego no país e defendeu que a crise econômica não seja "desperdiçada". Na avaliação dela, diante de um cenário atual "muito doloroso", é possível melhorar as condições existentes, sobretudo na regulação do processo produtivo, e garantir que medidas estabelecidas pelo governo federal assegurem mais oportunidades no mercado de trabalho. "A crise é um momento muito doloroso e nós devemos impedir que ela seja desperdiçada. Em uma crise, podemos não só buscar melhorar as condições existentes, mas também garantir que as decisões tomadas para enfrentá-la sejam aquelas que asseguram aos trabalhadores mais oportunidades", disse nesta quinta-feira (19). A presidente sancionou nesta quarta (18), sem vetos, medida provisória de criação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), proposta para tentar desestimular demissões em "empresas que se encontram em dificuldades financeiras temporárias". A proposta foi sancionada com três mudanças estabelecidas pelo Congresso Nacional: o aumento da vigência da iniciativa até dezembro de 2017, a simplificação para a adesão até dezembro de 2016 de pequenas empresas e a criação de uma cláusula de saída rápida caso haja melhora no cenário econômico. Segundo a presidente, diante do quadro de crise econômica, a proposta protege o emprego e garante que o gasto governamental seja inferior do que com o despendido no pagamento do seguro-desemprego. "Nós continuamos de forma obstinada para reorganizar a situação fiscal do país, reduzir a inflação e restaurar o crescimento e a confiança na economia. Todas as medidas que adotamos até agora têm como objetivo permitir que estabeleçamos condições mais sustentáveis para o crescimento da produção e do emprego", disse. A proposta sancionada permite a redução da jornada de trabalho em até 30%, com redução também do salário –no caso da redução de jornada de 30%, essa redução será de no mínimo 15%, já que o governo deve complementar outros 15% com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A complementação será limitada a 65% do maior benefício do seguro-desemprego (R$ 1.385,91 x 65% = R$ 900,84). O programa, cuja vigência teve início no dia 7 de julho com a publicação de medida provisória, foi resultado de negociação das centrais sindicais, indústria e o Palácio do Planalto.
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Médicos gêmeos cobaias comparam porre com consumo social de álcool
Há pesquisas que dizem que tomar um pouco de vinho por dia faz até bem para saúde. Outras afirmam que fazer uma pausa de 48 horas após uma bebedeira ajuda seu corpo a se recuperar. E há quem acredite que beber só aos fins de semana não faz mal a ninguém. Diante de tantas informações desencontradas, os irmão gêmeos Chris e Alexander Van Rulleken, que são médicos, resolveram tirar essa história a limpo e fazer um experimento científico para descobrir o que é pior para a saúde: tomar um porre uma vez por semana ou beber socialmente todo dia? Os dois tomavam a mesma quantidade de bebida por semana, mas com uma diferença. Todos os sábados durante um mês, Alexander tinha como companhia muitos copos -e garrafas- de vodca, vinho e cerveja. Já Chris passou o mês bebendo socialmente, um pouco por dia. Os dois já haviam feito uma experiência semelhante, para medir os efeitos da açúcar e da gordura no saúde. EMPOLGAÇÃO INICIAL Durante esses 30 dias, ambos foram monitorados de perto, com testes que iam de simples bafômetros a exames detalhados sobre toxinas na corrente sanguínea. A experiência dos gêmeos - e a conclusão a que se chegou - foi transformada em uma edição especial do programa da BBC Horizon, com o título Is binge drinking really that bad? (Bebedeiras fazem mesmo tão mal?), que foi ao ar nesta quarta-feira. Antes de começar o teste, Alexander disse que estava empolgado, porque, em última instância, estava sendo pago para ficar bêbado. "Mas foi horrível", disse. Chris também relatou sua frustração. "Eu admito que consumir álcool pode ser algo envolvente. Mas não dessa vez." Os dois ficaram um mês sem beber uma gota de álcool, para começarem de igual para igual. Em seguida, foram submetidos a uma bateria de testes médicos, a começar com um exame de fígado. "Enquanto em esperava o resultado, fiquei apreensivo, lembrando de todos os litros de cerveja e vinho que eu já havia tomado na vida", afirmou Chris. "Mas, surpreendentemente, depois de um mês de abstinência total de álcool, meu fígado e o do meu irmão estavam em ótimo estado. Passamos no teste com louvor. Mas estão começou a bebedeira..." BEBENDO NON-STOP Chris conta que ficou feliz com sua "missão" de tomar uma taça grande de vinho (250 ml), todas as noites. Isso equivale a 3 unidades por dia, ou 21 por semana. "Confesso que, no saldo final, isso é menos do que eu bebo normalmente. Mas a diferença é que nunca havia bebido tão frequentemente, sem nenhum dia de folga." Alexander também não reclamou, já que achava que a bebedeira de sábado (incluindo as 21 unidades de bebida de uma só vez) teria como consequência apenas uma ressaca no domingo, mas que ele ficaria bem no restante da semana. No primeiro sábado, ele optou por tomar vodca, acreditando que seria mais rápido tomar 21 doses do destilado do que de outra bebida. "Até um certo ponto, eu estava me divertindo ao ver o Alexander ficar cada vez mais incoerente. Mas quando eu comecei a pensar no que o álcool estava fazendo com o cérebro, o fígado e o coração dele, não foi nada engraçado", conta Chris. "Eu tive de fazer o papel do irmão responsável e até colocá-lo para dormir, porque ele ficou imprestável." Alexander contou que não se lembra de nada nas últimas duas horas da bebedeira e que ficou feliz que a equipe de filmagem só chegou em sua casa no fim da manhã seguinte. RISCO DE MORTE Os exames mostraram que Alexander, apesar de ter se recuperado rápido da ressaca, realmente ficou em uma situação arriscada durante a bebedeira. O nível de álcool em seu sangue era alto o suficiente para, de acordo com pesquisadores, colocá-lo em risco de morte. Já Chris disse que a princípio se irritou um pouco quando sua taça esvaziava e ele ainda queria beber um pouco mais de vinho. "Mas percebi que eu comecei a não render tanto no trabalho", conta o médico, que é infectologista, dizendo que passou então a espalhar suas três unidades de bebida no decorrer do dia. 'FICAMOS CHOCADOS' Após um mês, os irmãos contam que ambos ficaram chocados com os resultados de seus exames. Aliás, até mesmo os hepatologistas que os acompanharam ficaram surpresos. Eles já sabiam que as bebedeiras de Alexander iam prejudicar sua saúde, mas não esperavam que seus efeitos no corpo perdurassem por tantos dias, o que significava que ele nunca se recuperava totalmente entre um sábado e outro. "Mas até mais surpreendente do que isso foram os meus resultados, que foram quase tão ruins quando os de Alexander. Ficamos chocados", conta Chris. "Mas e agora? Noites com ou sem bebedeiras? Bem, nós aprendemos duas coisas após essa experiência." "A primeira é que as recomendações atuais (veja abaixo) de três ou quatro unidades por dia não me fizeram nada bem", disse o médico, dizendo que acha ótimo que o governo britânico esteja atualmente revisando essas sugestões e deve anunciar novos parâmetros em poucos meses. "A segunda lição é que nossos fígados podem voltar à forma atual, mas precisam de muito mais tempo para se recuperarem. Isso ficou tão claro que os médicos que conduziram nossos testes agora vão fazer um estudo clínico aprofundado sobre isso." * RECOMENDAÇÕES DO GOVERNO BRITÂNICO Fonte: NHS (sistema de saúde público britânico)
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Médicos gêmeos cobaias comparam porre com consumo social de álcoolHá pesquisas que dizem que tomar um pouco de vinho por dia faz até bem para saúde. Outras afirmam que fazer uma pausa de 48 horas após uma bebedeira ajuda seu corpo a se recuperar. E há quem acredite que beber só aos fins de semana não faz mal a ninguém. Diante de tantas informações desencontradas, os irmão gêmeos Chris e Alexander Van Rulleken, que são médicos, resolveram tirar essa história a limpo e fazer um experimento científico para descobrir o que é pior para a saúde: tomar um porre uma vez por semana ou beber socialmente todo dia? Os dois tomavam a mesma quantidade de bebida por semana, mas com uma diferença. Todos os sábados durante um mês, Alexander tinha como companhia muitos copos -e garrafas- de vodca, vinho e cerveja. Já Chris passou o mês bebendo socialmente, um pouco por dia. Os dois já haviam feito uma experiência semelhante, para medir os efeitos da açúcar e da gordura no saúde. EMPOLGAÇÃO INICIAL Durante esses 30 dias, ambos foram monitorados de perto, com testes que iam de simples bafômetros a exames detalhados sobre toxinas na corrente sanguínea. A experiência dos gêmeos - e a conclusão a que se chegou - foi transformada em uma edição especial do programa da BBC Horizon, com o título Is binge drinking really that bad? (Bebedeiras fazem mesmo tão mal?), que foi ao ar nesta quarta-feira. Antes de começar o teste, Alexander disse que estava empolgado, porque, em última instância, estava sendo pago para ficar bêbado. "Mas foi horrível", disse. Chris também relatou sua frustração. "Eu admito que consumir álcool pode ser algo envolvente. Mas não dessa vez." Os dois ficaram um mês sem beber uma gota de álcool, para começarem de igual para igual. Em seguida, foram submetidos a uma bateria de testes médicos, a começar com um exame de fígado. "Enquanto em esperava o resultado, fiquei apreensivo, lembrando de todos os litros de cerveja e vinho que eu já havia tomado na vida", afirmou Chris. "Mas, surpreendentemente, depois de um mês de abstinência total de álcool, meu fígado e o do meu irmão estavam em ótimo estado. Passamos no teste com louvor. Mas estão começou a bebedeira..." BEBENDO NON-STOP Chris conta que ficou feliz com sua "missão" de tomar uma taça grande de vinho (250 ml), todas as noites. Isso equivale a 3 unidades por dia, ou 21 por semana. "Confesso que, no saldo final, isso é menos do que eu bebo normalmente. Mas a diferença é que nunca havia bebido tão frequentemente, sem nenhum dia de folga." Alexander também não reclamou, já que achava que a bebedeira de sábado (incluindo as 21 unidades de bebida de uma só vez) teria como consequência apenas uma ressaca no domingo, mas que ele ficaria bem no restante da semana. No primeiro sábado, ele optou por tomar vodca, acreditando que seria mais rápido tomar 21 doses do destilado do que de outra bebida. "Até um certo ponto, eu estava me divertindo ao ver o Alexander ficar cada vez mais incoerente. Mas quando eu comecei a pensar no que o álcool estava fazendo com o cérebro, o fígado e o coração dele, não foi nada engraçado", conta Chris. "Eu tive de fazer o papel do irmão responsável e até colocá-lo para dormir, porque ele ficou imprestável." Alexander contou que não se lembra de nada nas últimas duas horas da bebedeira e que ficou feliz que a equipe de filmagem só chegou em sua casa no fim da manhã seguinte. RISCO DE MORTE Os exames mostraram que Alexander, apesar de ter se recuperado rápido da ressaca, realmente ficou em uma situação arriscada durante a bebedeira. O nível de álcool em seu sangue era alto o suficiente para, de acordo com pesquisadores, colocá-lo em risco de morte. Já Chris disse que a princípio se irritou um pouco quando sua taça esvaziava e ele ainda queria beber um pouco mais de vinho. "Mas percebi que eu comecei a não render tanto no trabalho", conta o médico, que é infectologista, dizendo que passou então a espalhar suas três unidades de bebida no decorrer do dia. 'FICAMOS CHOCADOS' Após um mês, os irmãos contam que ambos ficaram chocados com os resultados de seus exames. Aliás, até mesmo os hepatologistas que os acompanharam ficaram surpresos. Eles já sabiam que as bebedeiras de Alexander iam prejudicar sua saúde, mas não esperavam que seus efeitos no corpo perdurassem por tantos dias, o que significava que ele nunca se recuperava totalmente entre um sábado e outro. "Mas até mais surpreendente do que isso foram os meus resultados, que foram quase tão ruins quando os de Alexander. Ficamos chocados", conta Chris. "Mas e agora? Noites com ou sem bebedeiras? Bem, nós aprendemos duas coisas após essa experiência." "A primeira é que as recomendações atuais (veja abaixo) de três ou quatro unidades por dia não me fizeram nada bem", disse o médico, dizendo que acha ótimo que o governo britânico esteja atualmente revisando essas sugestões e deve anunciar novos parâmetros em poucos meses. "A segunda lição é que nossos fígados podem voltar à forma atual, mas precisam de muito mais tempo para se recuperarem. Isso ficou tão claro que os médicos que conduziram nossos testes agora vão fazer um estudo clínico aprofundado sobre isso." * RECOMENDAÇÕES DO GOVERNO BRITÂNICO Fonte: NHS (sistema de saúde público britânico)
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A Argentina será capaz de falar bem com todo mundo, diz nova chanceler
Em sua primeira viagem internacional após tomar posse como chanceler do novo governo argentino, Susana Malcorra disse à Folha, na Colômbia, que, "neste momento, não cabe acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela", pois o governo daquele país deu prova de maturidade ao aceitar a derrota nas urnas nas eleições legislativas. Durante sua campanha, o recém-empossado presidente Mauricio Macri havia dito que tomaria a medida. "Precisamos trabalhar agora para diminuir as tensões", disse Malcorra, 61, que, por essa razão, não quis comentar o fato de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia venezuelana, tê-la chamado de agente da CIA (inteligência americana). Para assumir o cargo de chanceler, Malcorra, 61, retorna à Argentina após 12 anos fora de seu país. Primeiro, trabalhou no Programa Mundial de Alimentos, da ONU. No cargo, destacou-se durante o tsunami de 2004, na região do Oceano Índico. Em 2008, se tornou chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Antes da carreira no exterior, havia ocupado postos na iniciativa privada em seu país: primeiro na IBM, depois na Telecom Argentina. Em suas primeiras entrevistas a meios locais, Malcorra disse que a proposta do novo governo será "desideologizar" as relações exteriores da Argentina, revisar os contratos assinados pelo kirchnerismo com a China e reaproximar o país do Mercosul e dos EUA. Antes de assumir, Malcorra acompanhou Macri em visitas ao Brasil e ao Chile. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que concedeu à Folha, durante reunião de chanceleres iberoamericanos, realizada em Cartagena. * Folha – Como foi o encontro entre Macri e Dilma? Susana Malcorra – Foi sumamente positivo. Eu definiria o encontro como uma reunião de trabalho, o que foi um pouco insólito para aquele momento, porque Macri havia viajado como presidente eleito e ainda não empossado. Normalmente, em ocasiões como essa, as coisas são mais protocolares, mas não foi assim. Nesse caso, falou-se de coisas muito concretas: de Mercosul, do vínculo entre Argentina e Brasil e das coisas que precisamos resolver para destravar questões complexas da relação bilateral. Falamos ainda da integração Mercosul e União Europeia, e justamente acaba de ocorrer a reunião em Paris na qual a União Europeia tomou um passo muito positivo. Concordamos que, definitivamente, um Mercosul funcionando bem nos posiciona muito melhor para qualquer negociação. Além disso, o presidente Macri foi muito enfático, com a concordância da presidente Rousseff, sobre a necessidade de, definitivamente, pôr em movimento as coisas de aspiração do Mercosul, para que a integração seja realmente total e que possamos nos propor a eliminação das barreiras alfandegárias, além de eventualmente a integração da moeda. É algo que hoje parece distante, mas que se colocamos como objetivo, é a única maneira para que esteja mais próximo. A integração das moedas dos países do Mercosul foi um dos temas da reunião? Sim, como coisa aspiracional. Nada disso vai ocorrer amanhã. Mas, se pensamos num Mercosul totalmente integrado, em algum momento temos de pensar nisso também. O presidente Macri está convencido de que isso tem de ser algo que coloquemos como objetivo a longo prazo. O acordo do Mercosul com a União Europeia sai na próxima reunião do bloco, em Assunção, no dia 21? A intenção é essa, e estive conversando nos últimos dias com os amigos paraguaios, de novo com Brasil, com uma intenção de dizer que ambas as partes [Mercosul e UE] coloquem propostas sobre a mesa de forma simultânea. Sim, porque havia alguma dúvida a respeito disso. Estou convencida de que, se vamos ser sócios, temos de entregar as propostas de maneira simultânea e sem que nada fique de fora, sobretudo nada que diga respeito ao setor agrário, uma das questões potencialmente ríspidas. A eleição de Macri parece marcar uma mudança na orientação política na região. Em que ponto está sua intenção de acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela? Cada país constitui uma dinâmica própria. Não creio que alguém possa dizer que isso é uma guinada ditada num sentido ou no outro. Os povos se expressam de distintas maneiras. Do meu ponto de vista, a chegada do presidente Macri aporta uma visão de integração muito forte, de integração efetiva, mas também aporta uma visão de reconhecimento de que é preciso investir mais no capital humano, nas pessoas, e que não se pode deixá-las fora do sistema nesse avanço e nessa integração. É uma visão bastante equilibrada. Uma visão que tem a projeção para fora, com o objetivo de gerar trabalho, de promover o desenvolvimento das pessoas. Especificamente com relação à Venezuela e à aplicação da cláusula democrática do Mercosul, isso foi em vista das eleições que já passaram e que mostraram um resultado que foi respeitado pelo governo. Portanto, desse ponto de vista, a cláusula democrática, que se baseia em fatos objetivos, não se aplica. Seguiremos trabalhando com o Mercosul e com os irmãos venezuelanos para propor objetivos que sigam sendo vigentes com relação às liberdades, aos direitos humanos, ao fortalecimento da democracia, e também no que diz respeito à libertação dos presos políticos na Venezuela. Porém, creio que, por enquanto, não é necessário aplicar a cláusula. Como conseguir essa integração quando o governo venezuelano fala em armar trabalhadores para lutar contra o 'fascismo'? E o que achou de Diosdado Cabello ter dito que a senhora pertencia à CIA? Quanto à declaração de Cabello, não vou comentar nada. Tive a ocasião de conhecer o sr. presidente da Assembleia, não farei nenhum comentário a respeito. Parece-me que, muitas vezes, há reações intempestivas, que se articulam com uma linguagem difícil. Mas todos esperamos que o governo da Venezuela, assim como mostrou uma enorme maturidade ao reconhecer os resultados das eleições parlamentares, siga demonstrando-a ao compartilhar o espaço de poder no qual haverá um governo de uma cor no Executivo e um governo de outra cor na Assembleia, e ambos terão de trabalhar e conviver. Não tem por que ser algo problemático, porque ocorre em muitos países. Os EUA são um exemplo. Ali, há um Congresso que não é da mesma cor que o presidente Obama. Obviamente é difícil, mas se faz necessário encontrar as formas de convivência. Creio que o mais importante agora é tratar de baixar as tensões e conseguir que a democracia prevaleça e que a convivência prevaleça. Pode parecer algo teórico, mas se todos trabalharmos para passar essas mensagens para ajudar os irmãos venezuelanos, creio que é factível. Está no horizonte um encontro entre Macri e Maduro? Não há nada específico por enquanto, mas não está fora da agenda tampouco. O presidente Macri vai se reunir com todos com os quais tenha oportunidade e colocará, quando se reunir, sua visão em determinados temas com total clareza. Uma das coisas que queremos é explicar a todos os nossos sócios potenciais do mundo, a todos os amigos, mas sobretudo na América Latina e no Mercosul, que vamos trabalhar apoiados nas coisas sobre as quais temos acordo, e sobre as quais não há diferença, reconhecendo que vai haver coisas a respeito das quais vamos ter diferenças. Vamos ser capazes de falar bem com todo mundo, ressaltando também quais são os aspectos sobre os quais diferimos, mas sem que esses aspectos signifiquem que vamos romper o diálogo, porque, se rompemos o diálogo, não podemos construir e ajudar a construir. Qual sua visão sobre o acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc? A Argentina oferecerá algum apoio? Não existe outra opção que não a de apoiar os diálogos de paz aqui na Colômbia. A Argentina estará disposta se for necessário produzir algum tipo de monitoramento nesse processo, seguramente ofereceremos nossa contribuição. A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite da Segib (Secretaría General Iberoamericana)
mundo
A Argentina será capaz de falar bem com todo mundo, diz nova chancelerEm sua primeira viagem internacional após tomar posse como chanceler do novo governo argentino, Susana Malcorra disse à Folha, na Colômbia, que, "neste momento, não cabe acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela", pois o governo daquele país deu prova de maturidade ao aceitar a derrota nas urnas nas eleições legislativas. Durante sua campanha, o recém-empossado presidente Mauricio Macri havia dito que tomaria a medida. "Precisamos trabalhar agora para diminuir as tensões", disse Malcorra, 61, que, por essa razão, não quis comentar o fato de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia venezuelana, tê-la chamado de agente da CIA (inteligência americana). Para assumir o cargo de chanceler, Malcorra, 61, retorna à Argentina após 12 anos fora de seu país. Primeiro, trabalhou no Programa Mundial de Alimentos, da ONU. No cargo, destacou-se durante o tsunami de 2004, na região do Oceano Índico. Em 2008, se tornou chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Antes da carreira no exterior, havia ocupado postos na iniciativa privada em seu país: primeiro na IBM, depois na Telecom Argentina. Em suas primeiras entrevistas a meios locais, Malcorra disse que a proposta do novo governo será "desideologizar" as relações exteriores da Argentina, revisar os contratos assinados pelo kirchnerismo com a China e reaproximar o país do Mercosul e dos EUA. Antes de assumir, Malcorra acompanhou Macri em visitas ao Brasil e ao Chile. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que concedeu à Folha, durante reunião de chanceleres iberoamericanos, realizada em Cartagena. * Folha – Como foi o encontro entre Macri e Dilma? Susana Malcorra – Foi sumamente positivo. Eu definiria o encontro como uma reunião de trabalho, o que foi um pouco insólito para aquele momento, porque Macri havia viajado como presidente eleito e ainda não empossado. Normalmente, em ocasiões como essa, as coisas são mais protocolares, mas não foi assim. Nesse caso, falou-se de coisas muito concretas: de Mercosul, do vínculo entre Argentina e Brasil e das coisas que precisamos resolver para destravar questões complexas da relação bilateral. Falamos ainda da integração Mercosul e União Europeia, e justamente acaba de ocorrer a reunião em Paris na qual a União Europeia tomou um passo muito positivo. Concordamos que, definitivamente, um Mercosul funcionando bem nos posiciona muito melhor para qualquer negociação. Além disso, o presidente Macri foi muito enfático, com a concordância da presidente Rousseff, sobre a necessidade de, definitivamente, pôr em movimento as coisas de aspiração do Mercosul, para que a integração seja realmente total e que possamos nos propor a eliminação das barreiras alfandegárias, além de eventualmente a integração da moeda. É algo que hoje parece distante, mas que se colocamos como objetivo, é a única maneira para que esteja mais próximo. A integração das moedas dos países do Mercosul foi um dos temas da reunião? Sim, como coisa aspiracional. Nada disso vai ocorrer amanhã. Mas, se pensamos num Mercosul totalmente integrado, em algum momento temos de pensar nisso também. O presidente Macri está convencido de que isso tem de ser algo que coloquemos como objetivo a longo prazo. O acordo do Mercosul com a União Europeia sai na próxima reunião do bloco, em Assunção, no dia 21? A intenção é essa, e estive conversando nos últimos dias com os amigos paraguaios, de novo com Brasil, com uma intenção de dizer que ambas as partes [Mercosul e UE] coloquem propostas sobre a mesa de forma simultânea. Sim, porque havia alguma dúvida a respeito disso. Estou convencida de que, se vamos ser sócios, temos de entregar as propostas de maneira simultânea e sem que nada fique de fora, sobretudo nada que diga respeito ao setor agrário, uma das questões potencialmente ríspidas. A eleição de Macri parece marcar uma mudança na orientação política na região. Em que ponto está sua intenção de acionar a cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela? Cada país constitui uma dinâmica própria. Não creio que alguém possa dizer que isso é uma guinada ditada num sentido ou no outro. Os povos se expressam de distintas maneiras. Do meu ponto de vista, a chegada do presidente Macri aporta uma visão de integração muito forte, de integração efetiva, mas também aporta uma visão de reconhecimento de que é preciso investir mais no capital humano, nas pessoas, e que não se pode deixá-las fora do sistema nesse avanço e nessa integração. É uma visão bastante equilibrada. Uma visão que tem a projeção para fora, com o objetivo de gerar trabalho, de promover o desenvolvimento das pessoas. Especificamente com relação à Venezuela e à aplicação da cláusula democrática do Mercosul, isso foi em vista das eleições que já passaram e que mostraram um resultado que foi respeitado pelo governo. Portanto, desse ponto de vista, a cláusula democrática, que se baseia em fatos objetivos, não se aplica. Seguiremos trabalhando com o Mercosul e com os irmãos venezuelanos para propor objetivos que sigam sendo vigentes com relação às liberdades, aos direitos humanos, ao fortalecimento da democracia, e também no que diz respeito à libertação dos presos políticos na Venezuela. Porém, creio que, por enquanto, não é necessário aplicar a cláusula. Como conseguir essa integração quando o governo venezuelano fala em armar trabalhadores para lutar contra o 'fascismo'? E o que achou de Diosdado Cabello ter dito que a senhora pertencia à CIA? Quanto à declaração de Cabello, não vou comentar nada. Tive a ocasião de conhecer o sr. presidente da Assembleia, não farei nenhum comentário a respeito. Parece-me que, muitas vezes, há reações intempestivas, que se articulam com uma linguagem difícil. Mas todos esperamos que o governo da Venezuela, assim como mostrou uma enorme maturidade ao reconhecer os resultados das eleições parlamentares, siga demonstrando-a ao compartilhar o espaço de poder no qual haverá um governo de uma cor no Executivo e um governo de outra cor na Assembleia, e ambos terão de trabalhar e conviver. Não tem por que ser algo problemático, porque ocorre em muitos países. Os EUA são um exemplo. Ali, há um Congresso que não é da mesma cor que o presidente Obama. Obviamente é difícil, mas se faz necessário encontrar as formas de convivência. Creio que o mais importante agora é tratar de baixar as tensões e conseguir que a democracia prevaleça e que a convivência prevaleça. Pode parecer algo teórico, mas se todos trabalharmos para passar essas mensagens para ajudar os irmãos venezuelanos, creio que é factível. Está no horizonte um encontro entre Macri e Maduro? Não há nada específico por enquanto, mas não está fora da agenda tampouco. O presidente Macri vai se reunir com todos com os quais tenha oportunidade e colocará, quando se reunir, sua visão em determinados temas com total clareza. Uma das coisas que queremos é explicar a todos os nossos sócios potenciais do mundo, a todos os amigos, mas sobretudo na América Latina e no Mercosul, que vamos trabalhar apoiados nas coisas sobre as quais temos acordo, e sobre as quais não há diferença, reconhecendo que vai haver coisas a respeito das quais vamos ter diferenças. Vamos ser capazes de falar bem com todo mundo, ressaltando também quais são os aspectos sobre os quais diferimos, mas sem que esses aspectos signifiquem que vamos romper o diálogo, porque, se rompemos o diálogo, não podemos construir e ajudar a construir. Qual sua visão sobre o acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc? A Argentina oferecerá algum apoio? Não existe outra opção que não a de apoiar os diálogos de paz aqui na Colômbia. A Argentina estará disposta se for necessário produzir algum tipo de monitoramento nesse processo, seguramente ofereceremos nossa contribuição. A jornalista SYLVIA COLOMBO viajou a convite da Segib (Secretaría General Iberoamericana)
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Gérard Depardieu negocia protagonizar versão francesa de 'House of Cards'
O ator francês, Gérard Depardieu está negociando interpretar um personagem equivalente ao de Kevin Spacey, em "House of Cards", numa série francesa para o Netflix, "Marseille". A produção terá oito episódios e tratará de conflitos políticos na Marselha, cidade ao sul da França. Nela, o prefeito da cidade há 25 anos, Robert Taro (papel cobiçado por Depardieu), irá competir contra um candidato, muito mais jovem, que quer ocupar seu cargo. O roteiro é de Dan Franck, da minissérie "Carlos", e a direção contará com Florent-Emilio Siri ("Hostage") e Samuel Benchetrit ("J'ai toujours rêvé d'être un gangster"). A última aparição de Depardieu no cinema foi no longa "Valley of Love", que competiu na seleção oficial do Festival de Cannes 2015. Sua negociação pelo papel em "Marseille" não foi confirmada pela assessoria do Netflix. As informações são da revista norte americana "Variety".
ilustrada
Gérard Depardieu negocia protagonizar versão francesa de 'House of Cards'O ator francês, Gérard Depardieu está negociando interpretar um personagem equivalente ao de Kevin Spacey, em "House of Cards", numa série francesa para o Netflix, "Marseille". A produção terá oito episódios e tratará de conflitos políticos na Marselha, cidade ao sul da França. Nela, o prefeito da cidade há 25 anos, Robert Taro (papel cobiçado por Depardieu), irá competir contra um candidato, muito mais jovem, que quer ocupar seu cargo. O roteiro é de Dan Franck, da minissérie "Carlos", e a direção contará com Florent-Emilio Siri ("Hostage") e Samuel Benchetrit ("J'ai toujours rêvé d'être un gangster"). A última aparição de Depardieu no cinema foi no longa "Valley of Love", que competiu na seleção oficial do Festival de Cannes 2015. Sua negociação pelo papel em "Marseille" não foi confirmada pela assessoria do Netflix. As informações são da revista norte americana "Variety".
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Victor pega pênalti, Atlético-MG vence a 2ª e é líder do Mineiro
O Atlético-MG venceu neste sábado (7) o Mamoré por 2 a 0, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro, em Pato de Minas. Com os seis pontos acumulados, o time do técnico Levir Culpi assumiu a liderança da competição provisoriamente. O Cruzeiro, que soma três pontos, pega a Caldense no domingo. O Mamoré ainda não somou pontos e está na lanterna, em 12º lugar. Jemerson marcou primeiro para os visitantes. Após ficar com o rebote de uma cobrança de escanteio, ele tentou duas vezes para conseguir finalizar. O zagueiro quase possibilitou o empate do Mamoré ao cometer pênalti em Bruno Limão. A cobrança de Diego Sales, porém, parou nas mãos do goleiro Victor. No segundo tempo, o Mamoré apertou a marcação e o Atlético só conseguiu o segundo gol com um chute de fora da área de Luan. O atacante deixou o campo para a entrada de Jô, que voltou ao time após ser afastado por indisciplina em novembro de 2014. No próximo sábado (14), o Atlético recebe o Democrata e o Mamoré visita o URT, na quarta-feira (11). CONFIRA OS RESULTADOS DA 2ª RODADA DO CAMPEONATO MINEIRO QUARTA-FEIRA (4) América-MG 2 x 1 URT SÁBADO (7) Mamoré 0 x 2 Atlético-MG DOMINGO (8) Vila Nova x Guarani Tupi x Tombense Cruzeiro x Caldense Boa Esporte x Democrata
esporte
Victor pega pênalti, Atlético-MG vence a 2ª e é líder do MineiroO Atlético-MG venceu neste sábado (7) o Mamoré por 2 a 0, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro, em Pato de Minas. Com os seis pontos acumulados, o time do técnico Levir Culpi assumiu a liderança da competição provisoriamente. O Cruzeiro, que soma três pontos, pega a Caldense no domingo. O Mamoré ainda não somou pontos e está na lanterna, em 12º lugar. Jemerson marcou primeiro para os visitantes. Após ficar com o rebote de uma cobrança de escanteio, ele tentou duas vezes para conseguir finalizar. O zagueiro quase possibilitou o empate do Mamoré ao cometer pênalti em Bruno Limão. A cobrança de Diego Sales, porém, parou nas mãos do goleiro Victor. No segundo tempo, o Mamoré apertou a marcação e o Atlético só conseguiu o segundo gol com um chute de fora da área de Luan. O atacante deixou o campo para a entrada de Jô, que voltou ao time após ser afastado por indisciplina em novembro de 2014. No próximo sábado (14), o Atlético recebe o Democrata e o Mamoré visita o URT, na quarta-feira (11). CONFIRA OS RESULTADOS DA 2ª RODADA DO CAMPEONATO MINEIRO QUARTA-FEIRA (4) América-MG 2 x 1 URT SÁBADO (7) Mamoré 0 x 2 Atlético-MG DOMINGO (8) Vila Nova x Guarani Tupi x Tombense Cruzeiro x Caldense Boa Esporte x Democrata
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Metade dos principais grupos do país vende ativos para pagar dívida
Metade dos principais grupos do país está vendendo empresas ou participações para pagar dívidas, principalmente os títulos emitidos no exterior (bonds), segundo levantamento da Fitch junto às 150 companhias monitoradas pela agência de risco. "Os grupos estão se desfazendo do que não faz parte do negócio principal", afirma Mauro Storino, diretor sênior da área de empresas da Fitch. A situação já deixou em alerta os bancos privados, que nos últimos anos emprestaram cerca de R$ 1,1 trilhão só para esses grupos. Com a recessão, o primeiro passo foi renegociar as dívidas. O Banco Central já vinha captando essa movimentação. Somente entre julho e dezembro de 2015, houve um aumento de 6,7% para 7,6% no saldo renegociado da carteira de crédito das empresas. Para evitar o calote e o aumento de reservas para cobrir perdas, os bancos optaram por oferecer condições de pagamento que antes estavam fora de questão. Deixaram, por exemplo, que o pagamento da dívida principal -que normalmente entra no cálculo da parcela- fosse adiado por um ano. Mas muitas empresas descartaram a renegociação porque o custo financeiro das operações aumentou cerca de 30%. Por isso, após muitas medidas de contenção, como corte de investimentos e de dividendos, várias companhias decidiram "queimar caixa" e pagar dívidas. O resultado é que a taxa de rolagem (renegociação) caiu de 56%, no primeiro semestre de 2015, para 38% no mesmo período deste ano. A situação abrange diversos setores, além das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. A Eletrobras está se desfazendo das distribuidoras. Com uma dívida de R$ 11,7 bilhões, a mineira Cemig pode sair das usinas de Belo Monte e Santo Antônio. No Paraná, a Copel, que já tinha reduzido dividendos para manter investimentos, agora está se desfazendo da fatia na Sanepar (empresa de saneamento). Para conseguir um empréstimo de US$ 300 milhões, a Gol deu boa parte de suas ações no programa de fidelidade Smiles para sua parceira americana Delta. Para Storino, o impacto do "feirão" na taxa de rolagem de dívidas medida pelo BC só deve começar a aparecer no último trimestre. Segundo os bancos privados, o que mais pressiona as empresas atualmente são os vencimentos dos títulos emitidos no exterior. O levantamento da Fitch mostra que o estoque desses papéis com vencimentos até 2030 é de US$ 96 bilhões (cerca de R$ 312 bilhões) -mais de dois terços da dívida total das empresas no exterior é de bonds. Até o final de 2017, as empresas têm de pagar US$ 11,2 bilhões (R$ 36,4 bilhões).
mercado
Metade dos principais grupos do país vende ativos para pagar dívidaMetade dos principais grupos do país está vendendo empresas ou participações para pagar dívidas, principalmente os títulos emitidos no exterior (bonds), segundo levantamento da Fitch junto às 150 companhias monitoradas pela agência de risco. "Os grupos estão se desfazendo do que não faz parte do negócio principal", afirma Mauro Storino, diretor sênior da área de empresas da Fitch. A situação já deixou em alerta os bancos privados, que nos últimos anos emprestaram cerca de R$ 1,1 trilhão só para esses grupos. Com a recessão, o primeiro passo foi renegociar as dívidas. O Banco Central já vinha captando essa movimentação. Somente entre julho e dezembro de 2015, houve um aumento de 6,7% para 7,6% no saldo renegociado da carteira de crédito das empresas. Para evitar o calote e o aumento de reservas para cobrir perdas, os bancos optaram por oferecer condições de pagamento que antes estavam fora de questão. Deixaram, por exemplo, que o pagamento da dívida principal -que normalmente entra no cálculo da parcela- fosse adiado por um ano. Mas muitas empresas descartaram a renegociação porque o custo financeiro das operações aumentou cerca de 30%. Por isso, após muitas medidas de contenção, como corte de investimentos e de dividendos, várias companhias decidiram "queimar caixa" e pagar dívidas. O resultado é que a taxa de rolagem (renegociação) caiu de 56%, no primeiro semestre de 2015, para 38% no mesmo período deste ano. A situação abrange diversos setores, além das empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. A Eletrobras está se desfazendo das distribuidoras. Com uma dívida de R$ 11,7 bilhões, a mineira Cemig pode sair das usinas de Belo Monte e Santo Antônio. No Paraná, a Copel, que já tinha reduzido dividendos para manter investimentos, agora está se desfazendo da fatia na Sanepar (empresa de saneamento). Para conseguir um empréstimo de US$ 300 milhões, a Gol deu boa parte de suas ações no programa de fidelidade Smiles para sua parceira americana Delta. Para Storino, o impacto do "feirão" na taxa de rolagem de dívidas medida pelo BC só deve começar a aparecer no último trimestre. Segundo os bancos privados, o que mais pressiona as empresas atualmente são os vencimentos dos títulos emitidos no exterior. O levantamento da Fitch mostra que o estoque desses papéis com vencimentos até 2030 é de US$ 96 bilhões (cerca de R$ 312 bilhões) -mais de dois terços da dívida total das empresas no exterior é de bonds. Até o final de 2017, as empresas têm de pagar US$ 11,2 bilhões (R$ 36,4 bilhões).
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